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Janeiro de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

INTERROGAÇOES SOBRE O MODELO POLONES OS GRANDES MEIOS de comunicação so- mento de um novo modelo - intermediário entre cial do Ocidente vêm dando ao Uder sindical po- o comunismo soviético e a democracia liberal? lonês Walesa uma publicidade que o tomou mun- que suporia a composição entre os principais dialmente conhecido em apenas alguns meses. elementos em jogo: Igreja, governo ·polonês, sinOstensivamente ligado à Igreja, Walesa, e a dicatos livres do tipo de "Solidariedade" e Rúaaia. central sindical que lidera - "Solidariedade"-, Que caracterlsticaa apresentaria o novo moenfrentam o governo de Varsóvia. Mas não delo quanto à propriedade particular, por exemplo? desejam a derrocada do regime comunista em Na análise que publicamos à página 3, o seu pais. Pelo contrário, procuram compor-se com ele, tentando impor a voz da moderação aos leitor encontrará dados para melhor avaliar as setores mais descontentes do operariado e a interrogações que a situação polaca suscita. movimentos antimarxistas. Na foto, operários das usinas de carvão da A projeção conferida pela grande imprensa Silésia em greve recente, devido às péssimas ocidental à crise polonesa parece indicar o lança- condições de vida impostas pelo regime comunista.

São Francisco de Sales Patrono da boa imprensa

Anomalias recentes da vida familiar A SUêCIA, durante muito tempo considerada o "paraíso" do socialismo e da liberdade cm matéria de costumes, vive agora uma nova experiência: filhos se divorciam dos próprios pais. O caso mais comum passa-se da maneira seguinte: dois jove.os se casam, têm um ou dois filhos, e logo um dos cônjuges não encontra mais no outro os atrativos que os uniam. Depois de algumas brigas, o marido, por exemplo, abandona o lar e junta-se a uma concubina. E os filhos assistem a esse triste espetáculo. Como resultado, os primeiros casos de filhos que desejam abandonar o lar materno ou paterno já se encontram nos tribunais suecos. As decisões judiciais têm favorecido os filhos menores, que vão assim viver com outras famílias. Isso vem fornecendo pretexto à maior tutela e intromissão estatal no âmbito da familia, assunto agora cm discussão entre membros do parlamento sueco. Enquanto isso, na França, çomeça a surgir um tipo de papai sui generis: enquanto a mulher vai ao trabalho, ao cinema, ou cm casos de desquite e divórcio, o marido fica cuidando das crianças como fa. ria a dona-de-<:asa. Na página 6 o leitor encontrará um comentário sobre essa nova moda, que a imprensa está rotulando de "pais-galinhas". Nas fotos, flagrantes de um upaigalinha" francês.

A 24 DE JANEIRO celebra-se a festa de São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, apóstolo da Contra-Reforma, padroeiro dos escritores e jornalistas católicos. De nobre familia, nasceu na Sabóia a 21 de agosto de 1567, tendo estudado em Paris e depois Pádua. Ordenado Sacerdote a 18 de outubro de 1593, foi eleito Bispo de Genebra a 8 de dezembro de 1602. Oito anos depois fundou com Santa Joana de Chantal a Ordem da Visitação de Santa Maria. Faleceu em Lyon a 28 de janeiro de 1622. Em sua juventude, torturado por uma terrlvel tentação de desespero, prosternou-se aos pés de uma imagem da Virgem Santíssima, por cujo intermédio fez a seguinte oração: "Meu Deus, se devo sofrer a desgraça de Vos odiar eternamente.fazei ao menos que sobre a terra Vos ame de rodo o coração". Ao terminar esse ato de amor, a terna intercessão da Medianeira de todas as graças lhe devolveu inteiramente a paz de alma. De trato afável e ameno, diametralmente oposto à rigidez ácida dos calvinistas, São Francisco de Sales desempenhou relevante papel na Contra-Reforma. Sua luta intrépida contra a principal heresia da época, o protestantismo, reconduziu à Fé católica 72 mil hereges. Não obstante, foi obrigado a exercer seu múnus episcopal com sede na cidade francesa de Annecy, a tal ponto sua diocese de Genebra, cm território suiço, tomara-se foco do calvinismo. Seus escritos, em estilo sereno e agradável, revelam ao mesmo tempo seu zelo ardoroso. A "Introdução à Vida Devota" e o "Tratado do Amor de Deus" visavam o afervoramento dos fiéis para se oporem eficazmente às investidas do orgulho e da sensualidade que o neopaganismo renascentista e o protestantismo suscitavam então na Europa. As "Controvérsias" revelam o vigoroso polemista católico. Essas preciosas obras que legou aos tesouros doutrinários da Igreja expbcam a razão de ter sido escolhido como patrono dos escritores e jornalistas católicos. E, portanto, padroeiro de "Catolicismo", que, por ocasião de sua festa, a qual se comemora no corrente mês, aproveita o ensejo para prestar sua homenagem ao insigne Doutor da Igreja. O Papa Pio XI, dirigindo-se a todos aqueles que, pela publicação de jornais ou de outros escritos, explicam, propagam e defendem a doutrina católica, teceu as seguintes considerações, muito oportunas para ilustrar o tema: ''O exemplo do Santo Doutor (São Francisco de Sales] lhes traça claramente a linha de conduta: esrudàr com o maior cuidado a doutrina cat6lica, possui-la na medida de suas forças, evitar quer a alteração da verdade, quer a sua atenuação ou dissimulação com pretexto de não magoar·os adversdrios; atender à pureza e eleglincia de estilo. revestindo e adornando as idéias com uma linguagem brilhante que torne a verdade atraente ao leitor; impondo-se o combate, refutar os erros e opor-se à maUcia dos obreiros do mal, mostrando sempre estar-se animado de intenções retas e impulsionado acima de tudo por um nobre sentimento de caridade" (Encíclica "Rerum Omnium", de 26 de janeiro de 1923).


Vítima expiatória da Justiça Divina:

Santa Lydwina de Schiedam

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SOFRIMENTO, quando visto com olhos sobrenaturais, é tão sublime, que tem algo como que de sacramental. Com efeito, os santos comumente o chamam de 8. 0 Sacramento. Poderia ser diferente se o próprio Filho de Deus o escolheu amorosamente para Si, constituindo-o seu maior galardão aqui na terra? A vocação para o sofrimento é, por isso, uma das mais elevadas que há na Igreja. É bem verdade que se pode dizer que· ela se confunde com a vocação para a santidade, pois sem o sofrimento não se chega à prática heróica de todas as virtudes. No entanto, pode-se afirmar que, na senda da santidade, a vocação específica para o sofrimento é um requinte dentro do requinte. Um plus ultra dentro do plus ultra. É também por essa razão que, cm todas as épocas da vida da Igreja, a Providência suscita almas que, pela aceitação de um extremo de sofrimentos, sirvam de contrapeso na balança da Justiça Divina, suprindo o que falte no prato do Bem, para que a carga dos pecados do mundo não obrigue a Cólera Sacrossanta de Deus a abater-se sobre a terra. Uma dessas vítimas expiatórias foi Santa Lydwina de Schiedam, cuja vida foi escrita no começo de nosso século por J. K. Huysmans. Esse conhecido escritor francês, convertido no final do século passado dos mais profundos antros da antiIgreja - como ele próprio o narra em seu livro 'ºLà-Bas" - descreveu a vida dessa santa, apoiando-se em biografias escritas, pouco depois de sua morte, por três religiosos que a conheceram muito de perto e acompanharam a impressionante ascensão de sua vida espiritual.

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Contexto hlst6rlco O período que decorreu entre o fim da Idade Média até o precipitar-se da Europa "nessa cloaca de· senterrada do paganismo, que foi a Renascença" (Huysmans, op. eit., p. 51), consistiu numa das eras mais conturbadas da História. Assim descreveu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua admirável obra "Revolução e ContraRevolução", as profundas metamorfoses que se operaram então na Europa: "O apetite dos prazeres rerrenos se vai rransformando em ânsia. ( ... ) O anelo crescente por uma vida cheia de deleires da fanrasia e dos senridos vai produzindo progressivas 111anifestações de sensualidade e ,noleza. Há uni paularino deperecimenro da seriedade e da ausreridade dos a111igos te,npos. ( ...) Os corações se desprendem gradualme111e do amor ao saeriflcio .. da verdadeira

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Sem as mencionadas fontes bastante fidedignas - , dado o teor tão extraordinário da existência de Santa Lydwina, dificilmente se conceberia a série de catástrofes físicas, de intervenções sobrenaturais e prcternaturais que semearam a vida dessa ,virgem flamenga. Pareceu-nos oportuno focalizar aqui alguns aspectos da vida dessa alma expiatória, infelizmente pouco conhecida até mesmo nos ambientes católicos. É, pois, baseado em "Sainte Lydwine de Schiedam" (Librairie Plon, Lon-Nourrit et Cie., lrnprin1eurs-Éditeurs, Paris, 1901) do referido autor, e na "Histoire Universelle de /'Église Catholique", do Abbé Rohrbacher ( Ga11111e Freres, Libraires, Paris, 1845, tomo XXI), que apresentaremos tais traços dessa vida extraordinária.

Vitima reparadora

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.Nesta foto, um aspecto da bela cerimônia de ordenação sacerdotal ministrada por D. Antonio de Castro Mayer, em 8 de dezembro p.p., na Catedral Basllica Menor do Santíssimo Salvador, e m Campos. Ajoelhados, os novos Sacerdotes da Diocese: da direita para a esquerda, Pe . J osé Ronaldo Menezes, Pe. José Onofre Martins de Abreu e Pe. Alfredo Gualandi. 2

devoção à Cruz, e das aspirações de sanridade e vida ererna. A Cavalaria, outrora uma das mais altas expressões da ausreridade crisrã, se rorna amorosa e senlimenral. a lirerarura de amor invade rodos os países. os excessos do luxo e a conseqüe111e avidez de lucros se esrende111 por rodas as classes sociais"' (Op. cit., "Carolicismo" n.• 100 - Suplemento - 1959; Parte I, cap. l ll, 5, p. 19). As conseqüências religiosas e políticas desse estado de coisas foram catástroficas. Três Pontífices, em determinado momento, eleitos cada qual por um grupo de Cardeais, lançavam-se reciprocamente excomunhões e anátemas, dilacerando a unidade do Corpo Místico de Cristo, sendo apoiados por reis e senhores, na medida em que serviam aos interesses de cada um. Entrementes, pretendentes a uma mesma coroa, se entredigladiavam, recorrendo a todos os meios - inclusive aos assassinatos mais monstruosos e às alianças mais desonrantes - para atingir seus objetivos. E, à semelhança dos líderes espirituais e civis, os subordinados lutavam entre si cm sangrentas guerras fratricidas. Para. contrapor-se a tal situação apocalíptica, a Providência suscitou vários santos, entre os quais São Vicente Ferrer, Santa Catarina de Siena, Santa Brígida. E, como que pregada, durante 38 anos em seu leito de dor, Santa Lydwina de Schiedam. Schiedam é uma simpãtica cidadezinha da Holanda, próxima ao local onde o Rio Mosa se espraia no Mar do Norte. Foi ela escolhida, no Domingo de Ramos de 1380, para ser o berço de um dos mais gloriosos florões da hagiografia católica, Santa Lydwina. Filha de um guarda noturno da cidade, pouco se sabe de sua infância, senão que era muito piedosa e caritativa, e que, ao atingir seus 15 anos, muito formosa. Não é de admirar, pois, que seu pai a quisesse desposar com algum pretendente abastado, o que poderia ser de auxílio ao guarda noturno, cuja única riqueza consistia na sua imensa prole. Lydwina, porém, já consagra ra a Deus sua virgindade. Percebendo que sua aparência seria um contínuo obstáculo aos seus desejos, recorreu ao seu Celeste Esposo suplicando-Lhe arrebatasse a beleza fisica, para afastar os pretendentes. Suas preces foram ouvidas muito além do que ela pedira. Em breve contraiu moléstia que a tornou cadavérica, olhos fundos, pele macilenta e esverdeada. Começava assim para Lydwina o sublime martírio que duraria até o fim de sua vida.

Quando satanás alegou junto a Deus que Job, apesar de ter perdido todos os seus bens, permanecia "íntegro. reio. 1en1e111e a Deus e afasrado do ,na/" (Job, 2, 3) somente porque sua pele não fora atingida, respondeu-lhe o Criador: "Pois bem, ele está em reu poder, poupa-lhe so111en1e a vida" (ld., 2, 6). E a fúria do inferno recomeçou a abater-se sobre Job, desta vez ferindo-lhe o próprio corpo. Semelhante fói o que passou a ser a vida de Lyd wina, se bem que, em vez do demônio, foi a cólera do próprio Deus que se abateu sobre ela, com seu consentimento, para que expiasse pelo acabrunhante peso dos pecados de seu tempo. Não é possível narrar, nos limites de um artigo, todos os tormentos físicos, morais e espirituais de Santa Lydwina. Para se ter ·uma idéia, foi ela atingida por todas as meléstias conhecidas então, com exceção da lepra, considerada infamante por privar os que dela se contagiassem do convívio humano. E Lydwina deveria ser apóstola em seu leito de dor. Com o corpo roído por vermes, transformado numa imensa pústula - que, atestando sua origem sobre-

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Nosso Se.NHOR NA Cnuz - afresco de Fra Angelico ls4culo XV), Co nvento de Slo Marcoa. Florença (Itália). - Santa Lydwina de Schiedam meditava continuamente os mistérios da Redençlo. como a morte do Salvador, procurando faze r-lhe companhia em aeus sofrimentos.

natural, emanava suave perfume padeceu ela durante 38 anos. Nos primeiros quatro anos de suas doenças, Lydwina gemeu sob o peso dos sofrimentos, sem consolações e sem compreender sua razão. Desejava fugir deles, e perguntava a Deus por que a tratava tão duramente. Um Sacerdote veio então em seu auxílio, ensinando-a a oferecer seus sofrimentos em reparação pelos pecados do mundo. Nesse sentido, deveria ela meditar continuamente os mistérios de nossa Redenção, fazendo companhia a Nosso Senhor. A partir de então, uma vida nova abriu-se para ela. Compreendeu que sua missão era a de ser vítima expiatória, e que deveria reparar a J ustiça Divina pelas graves e imensas ofensas contra Ela cometidas. Mais tarde, o próprio Nosso Senhor far-lhe-ia compreender melhor sua missão, apresentando-lhe a situação da Europa naquele momento. "A Europa lhe aparecia (a Santa Lydwina] con vulsionada - escreve Huysmans - sobre o leiro de seu solo. procurando recolher sobre si, co111 111ãos rrêmulas. a coberrura de seus 111ares. para esconder seu corpo que se deco111pu11ha e que não era n1ais que u,n niagna de carnes, u,n limo de humores, uma lama de sangue; porque era uma podridão infernal que lhe rebenrava pelos flancos. Era uni frenesi de sacrilégios e de crimes que a fazia urrar como um ani111a/ que se ;·acrifica. Era a vermina de seus vícios que a despedaçava. Eram os cancros da si111011ia, os cânceres da luxúria que a devoravam viva. E. rerrificada, Lydwina olhava sua cabeça, ornada com riara. que oscilava, rejeirada ora para o lado de Avignon. ora para o de Roma. "Vê", disse-lhe Crisro. E, sobre um fundo de i11cêndios, percebeu ela, debaixo da condura de loucos coroados. a ,narilha sofra dos povos. Ele.r .re massacravam e se pilhavam sem piedade. Mais ao longe, ern regiões que pareciam pac{ficas, ela considerav.a os clausrros rransrornados pelas inrrigas de monges infiéis. o clero que rraftcava com a Carne de Crisro, que vendia e111 leilão as graças do Espfriro Sanro. Ela surpreendeu as heresias. os sabbats nas floresras. as 111iss0J· negras" (Op. cit., pp. 272-273). Em contrapartida, para que Lydwina compreendesse não estar só, mostrou o Redentor uma falange de santos que por toda parte se sacrificava, pregava e reformava, procurando restaurar a integridade do Corpo Místico de Cristo e a Cristandade, como São Bernardino de Siena, São Lourenço Justiniano, São Nicolau de Aue, Santa Joana D'Arc, São João de Capistrano e tantos outros. Os sofrimentos passaram a ser para ela uma necessidade. O que importavam seus males, se com eles reparava a Deus e evitava que um número maior de pessoas se precipitasse no inferno?

A par dos crescentes sofrimen-

tos, começou ela a gozar graças místicas tão assinaladas, que exclamava: "As consolações que sinro são proporcionais às provações que suporro, e eu as acho rão requinradas. que não as rrocaria por rodos os prazeres da terra". Algumas dessas graças consistiram na marca dos sagrados estigmas de Nosso Senhor em sua carne, e cm padecer com Ele os tormentos da Paixão. As visitas celestes se lhe tornaram fami liares, bem como a visão contínua de seu Anjo da Guarda, que não só a levava cm espírito aos lugares da terra santificados pela presença de nosso Divino Salvador, ou em que se passassem fatos marcantes para a vida da Igreja, nías também ao Purgatório e mesmo ao inferno. Levada igualmente ao Paraíso, foi muitas vezes obsequiada pela Santíssima Virgem, convivendo com Anjos e Santos. Embora todo seu corpo, com exceção da cabeça e do braço esquerdo, eslivessc paralisado, movia ela, não só pelo sofrimento, mas também por palavras, parte da História de seu tempo. Seu humilde quarto, onde jazia imóvel sobre um leito de palhas, recebeu a visita de inúmeras autoridades civis e eclesiásticas, de religiosos e de seculares de todas as camadas sociais. Sua casa tornou-se não só um local de peregrinação, mas um verdadeiro hospital para as almas. Deus a favoreceu com o dom de milagres e com o espírito profético.

O último milagre Santa Lydwina faleceu em 1432, aos 53 anos de idade. Antes de começar sua agonia, apareceu-lhe Nosso Senhor Jesus Cristo acompanhado da Santíssima Virgem, dos doze Apóstolos e de uma multidão de Anjos e Santos. Servido pelos Anjos, o Divino Salvador tomou os santos óleos e m.inistrou-lhe a Extrema Unção. Depois, tomando uma vela que um Anjo Lhe apresentou, colocou-a nas mãos de Lydwina, apresentando-lhe também o crucifixo, que ela osculou amorosamente, suplicando ao Salvador que lhe permitisse, até o momento em que sua alma se desligasse do corpo, sofrer tudo o que fosse necessário para que ela, então, pudesse ir contemplá-Lo face a face no Céu. Essa graça lhe foi concedida. Dois dias depois expirou, assistida apenas por seu sobrinho de doze anos. Catarina Simon, sua fiel enfermeira, viu sua alma ser recebida por Nosso Senhor no Paraíso Celeste. Enquanto isso, na terra, seu corpo consumido pelas moléstias e pelos sofrimentos, readquiria, no momento da morte, o frescor e a beleza que Lydwina possuira aos 15 anos de idade.

Plinio Solimeo

CATOLICISMO -

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polonês", acolhido com visível "torcida" pelos movimentos de esquerda "católica" do' Ocidente. De repente, movimentos atualmente com reservas à orientação imprimida por "Solidariedade", como por exemplo "KOR", sofreram duras criticas do Episcopado e do governo. O fato deu origem a uma união temporária da Igreja, governo e sindicatos livres. Um dos porta-vozes do referido movimento KOR havia chegado a declarar que desejava a derrubada do governo. Ainda não se sabe com clareza a força real e a orientação ideológica dos agrupamentos desejosos de comunicar maior vigor à ação operária. t necessário deixar correr o tempo para ver se assistimos à aurora, na Polônia, de um bloco forte contrário ao marxismo, ou se essas dissidências são, no geral, meras discrepâncias táticas quanto à melhor linha a ser seguida, sem renunciar ao socialismo.

S CAMINHOS da História, nestes dias de grave tensão internacional, se entrecruzam na Polônia. Cadinho de nova fórmula politica a ser proposta ao mundo? Ou mero prelúdio do baque surdo das tropas do Pacto de Varsóvia, invadindo-a para a esmagar no sangue e na dor? No Ocidente, alguns setores de esquerda, e notadamente da esquerda dita católica, assistem com notória simpatia ao desenrolar da crise polonesa. De tal crise esperam eles, finalmente, o nascimento do chamado "socialismo de rosto humano" para ser apresentado cm contraposição à desgastante experiência dos "países do socialismo real"? Quatro forças, em primeiro plano, influenciam a crise. De sua interação, nascerá o desfecho.

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O novo slndlcallsmo polonês O novo sindicalismo, distinto do oficial, é o pivô da crise. As duras condições de existência do operaria~o polonês, opresso pela máquina burocrática do comunismo, já haviam provocado as revoltas de 1956

A reação d•s palses do Ocidente

A• 1ub1tituiç6e1 de tftere, de Moacou na chefia do governo poloMa nlo mudaram a aituaçlo de penúri.e do povo: em Vereóvia (em cima) como em Brealau (Wroczlaw). filas para compra de alimento, fazem parte da rotina para a populaçlo

e 1970, e a respectiva troca de equipes dirigentes. Gomulka tornou-se secretário-geral do POUP (Partido Operário Unificado Polonês, o PC de lá) em 1956; Gierek em 1971. Em 1980 a dose foi repetida: caiu Gierek e entrou Kania com sua equipe. Desta vez, entretanto, a mera mudança de guarda e modificações de fachada não foram suficientes para aquietar os trabalhadores. Continuaram as reivindicações, expressas na maoria das vezes pela central sindical "Solidariedade", cujo lider, Lech Walesa, entrou nos últimos meses para o cenário mundial. Esse agrupamento de organizações operárias, que ostenta categórico alheamento ao PC e ao Estado, empreende vistosa disputa com o governo e os sindicatos oficiais. A existência de "Solidariedade" contesta o âmago da teoria marxista. Esta afirma que, após a derrubada do Estado burguês, já não subsiste antagonismo de classes, mas apenas contradições, que diminuirão à medida que a nova sociedade se aproxime do ideal comunista. A Polônia estaria na fase intermediária - república popular socialista -:- mas já governada pelo operariado. O Estado e o Partido - sua vanguarda - lhes estariam sujeitos. Dita situação é contestada pelos supostos donos do pocer, isto é, os operários. Não se sentem eles representados pelas cúpulas dirigentes, consideradas pelo operariado polonês como u.ma casta de privilegiados, desinteressada do bem autêntico dos trabalhadores e intensamente preocupada em manter as prerrogativas adquiridas. Por isso, a classe trabalhadora daquele país organiza-se, fora do bafejo do PC, e se lança na luta pela melhoria de suas condições de vida. A existência da central sindical "SolidarieCATOLICISMO -

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dade" desmente a "ortodoxia" marxista. Esse novo sindicalismo introduz corrosiva "heresia", pois a viabilidade de reagir contra a casta dos dominadores-ideólogos, encastelados nos órgãos da burocracia partidária e estatal. produz por contágio ondas desestabilizadoras nos outros paises da cortina-de-ferro. Os PCs de todos esses paises se veriam ainda mais na contingência de tratar as populações subjugadas à tirania vermelha como um exército invasor trata uma nação dominada. Tal realidade, em grande parte já existente, tenderia a se tornar insustentável.

1) Não intervir militarmente, deixar a liberalização avançar na Polônia e. com a inação, adquirir credibilidade no Ocidente, onde se louvariam a tolerância e a abertura dos russos aos novos ventos. A détenre poderia então continuar. Nessa perspectiva, a Rússia aceitaria a inclusão. no passivo da operação, dos perigos da conflagração interna nos paises do Pacto de Varsóvia, eventualmente causada pela possibilidade de expressão categórica de queixas generalizadas. 2) Ou intervir militarmente na Polônia, restabelecer a paz dos pântanos à custa das baionetas e reintroduzir aquela nação na "feliz convivência da mansa familia dos paises fraternais da Rússia". A détente ficaria em frangalhos; a opinião pública do Ocidente, já chocada com a invasão do Afeganistão, certamente ficaria traumatizada pelo horror do martírio da Polônia. Se os estrategistas do Cremlin julgarem excessivos os riscos da liberalização, correrão o risco de ver a détente se esfacelar, e as forças do Pacto de Varsóvia ocuparão brutalmente a cidade que lhe deu o nome.

Em quarto lu~ar, a possivcl posição do bloco ocidental. Bloco? Até isto é duvidoso. Países europeus já deram a entender que não seguirão Washington, se a retaliação proposta ultrapassar o que consideram ser a medida certa. E, nessa medida, ambos - Estados Unidos e Europa Ocidental - já excluíram a reação militar, caso as tropas do Pacto de Varsóvia se limitem a ª$ir dentro da reserva de domínio atnbuida aos soviéticos pela partilha das áreas de influência efetuada cm Yalta. A OTAN cobrirá exclusivamente a área prevista no tratado constitutivo da Aliança Atlântica. Se o Exército vermelho esmagar "só" a Polônia, as sanções serão econômicas, comerciais, diplomáticas, cuja efetivi-

ver os choques provocados J>«:IO surgimento da turbulência reivindicatória do operariado (que aprofundou dentro de "Solidariedade" uma divisão), certamente, nesta época de modelos, teremos mais um: o modelo polonês. Arquivados hoje os modelos chinês e iugoslavo, apresentar-se-ia agora um terceiro, gerado também no mundo comunista: o modelo representado pelo regime de Varsóvia, com aparências de novidade. Que características teria ele? Aumentaria a liberdade de comércio dos 4.300.000 pequenos proprietários rurais que reclamam contra a taxação arbitrária e empobrecedora de seus produtos? Possuem a terra, mas os frutos vão para o Estado, que paga pouco e mal. E admitir-seia o sistema de autogestão, mais ou menos real, das empresas industriais e comerciais pelos que nelas trabalham? Mas se tal é o novo modelo polonês, não se percebe no que ele se diferencia essencialmente do já embolorado regime iugoslavo. E, por conseguinte, o que tal modelo apresenta de novo. Se as liberdades realmente concedidas aos poloneses forem tão diminutas que se possa comparar com dificuldade ao sistema dirigista iugoslavo, então é o caso de se perguntar: é válido reconhecer o novo regime polonês como algo de fato diferente, em profundidade, dos outros regimes vigentes na Europa Oriental? Além disso, de que grau de liberdade política desfrutaria a população polonesa?

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Todas essas são interrogações cuja colocação ajuda a compreender qualquer das variantes pelas quais

A Igreja na crise polonesa

Há ainda que considerar dois fatores de peso: o papel da Igreja e as prováveis reações do bloco ocidental. Começo pela Igreja. Na Polônia, sempre se disse, o PC administra o Estado, a Igreja orienta a alma da nação. E o símbolo da atuação dela no pais é o Cardeal Wyszynski, presença de reconhecida importância, o qual, com decantada moderação, dirigiu o barco do catolicismo polonês nas úlO segundo fator: a RCíssla , timas décadas. Nesse ponto. entra a Rússia, guarNuma primeira fase, o Episcodiã do império vermelho. Toleraria pado parecia ter-se colocado numa ela a propagação do "bacilo polo- posição contrária ao governo de nês" em populações descontentes, Varsóvia e favorável ao movimento com os perigos increntes à possivel sindical "Solidariedade". Por sua implosão do edifício sociahsta? A vez, Walesa, principal lider desse fachada carrancuda dos Estados po- movimento, não esconde seus vínlicial-burocráticos esconde fissuras, culos com os dirigentes da Religião em que o espírito avisado dos diri- Católica na Polônia. Ostenta viva gentes maiores do comunismo deita prática religiosa, em muitas ocasiões toda a atenção. Os resmungos ad- traz na lapela a imagem de Nossa vindos de Moscou, as ameaças mal Senhora de Czcstochowa e parece veladas de repetir a dose de repres- inclinado a segu ir os passos dos são aplicada à Hungria cm 1956 e à Bispos poloneses. Tchecolováquia em 1968, indicam Entretanto, circunstâncias ainda os riscos que a experiência polo- mal conhecidas, das quais a única a nesa traz ao Pacto de Varsóvia. Um ser explicitamente mencionada foi o regime que não convenceu, que não discutivel perigo de uma invasão tem credibilidade na proposição de soviética na Polônia, modificaram um futuro próspero - e que, de inteiramente o panorama. As três concreto e autêntico, só trouxe ca- forças até então em dissidio (Episrência e ditadura - compreensivel- copado, governo comunista e "Solimente, não pode com despreocupa- dariedade") em fase mais recente ção abrir as comportas. O ímpeto uniram-se, manifestando uma terdas águas represadas sem dificulda- nura quase llrica. de arrasaria o obstinado trabalho Enquanto "Solidariedade" estadas últimas décadas. va em desacordo com as autoridades Aqui se coloca o dilema sovié- comunistas de Varsóvia, parecia elatico: borar-se na sombra o "novo modelo

Tanque, na preç.e de prefeitura de Stettin (Szceczin). para eamagar • revolta doe

polonesa, contra a eacauez de pio. em 1970

dade dependerá da coesão real dos paises não-<:omun.istas. Quanto tempo durarão? Não se reduzirão à la longue a pllios protestos como aqueles ocasionados pelas invasões da Hungria e Tchecoslováquia? Numa primeira etapa, a distensão pelo menos hibernará, o que seria prejudicial aos russos.

Modelo "novo". No quê? Caso a Rússia e o PC polonês consigam manobrar a crise e absor-

poderá enveredar a situação polonesa. Sobretudo, não se vê bem a razão das névoas e obscuridades em meio às quais o assunto é muitas vezes apresentado através do noticiário da imprensa. Tais noticias, ao menos tanto quanto nos tenham chegado ao conhecimento, omitem em boa medida tratar do assunto e dar resposta às questões básicas que o observador lúcido se formula.

Péricles Capanema 3


S F RONTEIRAS entre a paz e a guerra virtualmente desapareceram. A disputa ideológica acesa fc-L cessar, na prática, os longos períodos de paz que se sucediam ao violento entrechoque das armas. O mundo vive cm contínua guerra dos esp íritos, entremeada dcsconti nuamente pelo embate dos exércitos. O clarividente Winston Churchill, escrevendo em ··rhe Garhering Stor11i'· ("O acumular da tormenta") sobre as negociações que se sucederam à I Guerra Mundial, já afirmava: .. />assados estava,n os dias dos tratados de Utrecht e Viena. qu,mdo aris1ocrti1icos estadisu,s e

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diplornaras. vitoriosos e vencidos. se

encontravmu en, polida e cortês dispuM e. livres do estrépito e con(u.wio da democracia, podian, dar ·nova fornw aos sistemas cujos fun · dan,e~uos ermn aceitos por rodos". O fenômeno exacerbou-se extrao rdi nariamentc nestes 60 anos. A luta. mesmo quando não cruenta. tornou-se un iversal. pois os contendores não estão mais de acordo nem sobre os princípios b,\sicos q ue constituem a natureza humana. Brian Crozier, um dos mais co nceituados especialistas ingleses, figura de repercussão mundial, cofundador e atual diretor-geral do lnstilllle for 1he Study of Conjlict, desenvolveu com invulgar compc• tência o tema no livro .. StrategJ' of S,,rvivat' ("Estratégia de Sobrevivência"). editado cm Londres. cm 1978.

Discorre especialmente sobre o período 1944- 1978 (data da edição). no qual se deu ··a guerra qlle não ousou dizer o próprio 110,ne··. Nesta, a Rússia. utilizando as mais variadas tramas, ho~tilizou continuamente o mundo não-comunista. O autorqua .. lífica esse pcriodo de II l Guerra Mundia l, ··,una espécie diferente d1• g,n)rra. en,pr<'enditla na maior parte rom 1éc11icas nãu n1ili1t1rés conu, a

Nixon (à esquerda}. Podgorny e Brejnev (à d,ireita) brindam à inaugur~ç.lo . da era_ da d4tente. em Moscou (1972). A1 viagens de Nixon à China e à ROssia determinaram a queda das barreiras 1deol6g1ca1.

Indochina, não nos campos de bata· lha. ma.t nas telas """' l<·levi,\·ci<•.-.· de .<e11 povo. [... ] Os camponeses doutrinados e os trabalhadores do Vieurã do Norte não podiam protestar contra o recru tamento obrigatório. Nos Estados Unidos. entreu11110. este era impopular. A crescente espiral dos gastos militares i11con1odo11. Parécia que 0$ 110 T((!aQtnCTÍCOl10S gastavam sernpre ,nais e obtinha1n cada vez ,nenos. Essenciabnenre. o ,novirnenª to de pro1es10 era gen11íno. mas va111ajoso paro o grande rntíquina tio movi,nento conu111istt1 internacional. que forneceu aj,,da - lwbitllaln,enre não reconhecida co1110 tal pelos favorecidos - e,n escala nwciça. Os contesu,dores enc111udarmn (J onda dfl opini<io pública contra o envolvirnenro 11orte-an1<•rica110 no Vietnã.

O moral f oi minado e quase completam<•11t<' destruído . No Vie11ui du

Sul, un, bem or~anizado tráfko de drogas (no qual os comunistas chineses esravt11n twvolvido.t segundo Cltu E11.. Joi} df!vastou rerriv<)l111t>11t(!

que não es1ava vindo a 3. • Guerra M11ndial (4.• Guerra Mundial pelos critérios deste livro). poderiam ser levados a "compra,.. a idéia de ajudar a desenvolver a econon1ia soviética, de 1naneira que os russos. enriqueddos pela ajllda. continllariam a adq,,irir tudo o que o Oci· dente e o Japão pudessem oferecer. Enrrementes. os líderes soviéticos tJL11ne11raria1n ainda ,nais sua já preponderante força ,nilitar. fomenrando desta fonna a noção. especialmente na Europa Ociden1al. <le que não havia possibilidade de resistir aos russos. pois eram fortes de111ais para serenr desafiados. Essa era a lógica da Operação Détcnte. e funcionou quase na perfeição. A détentc rornou-se um prodigioso exercício de relações públicas. Brejnev - o sombrio. melmrcólico. laborioso chefe de partido, o apparatchik - repe11ri11a1nente par~c<>u rnais hu,nano .. (pp. 81-82). Crozíer co nsidera que para os russos a détente poderia ser qua lificada com a fórmu la: ..Se sair cara n ós gan/ra111os. .<e der coroa eles perde,n''.

Ourante os anos do auge distcnsionista, os Estad os Unidos passaram também por uma ··orgia de autoflagelação" (felizmente em regressão). Jornalistas e seus aliados no Congresso, cavalgando a onda do escândalo Wateriate, apoiados por generali1.ado sentrmento público de vergonha do suposto mau uso do poderio norte-americano e, como afirma o especialista inglês, ..ajudados e insrigados pela nráquina soviérica de subversão", lançaram-se à tarefa de erodir a iníluência do país no mundo. Na ocasião, desmantelaram muito da agi lidade operativa d a nação.

Os espiões da mente

••:a,,_

.

Nas escadarias do Pentágono. manifeataçlo contra a participação dos EUA na guerra do Vietnã. A campanha pacifista representou importante conquista soviética na guena psicológica, pois enfraqueceu rapidamente o poderio norte-americano.

subversão, a desinform a,tio. o rerr()ris,no. a guerra f)Sicológica e as negociações diplonuíticas, indusive t·onferências". Não me alongarei na já bastante conhecid a conquista feita pela sateli tização de países, pela ut ilização das campanhas a nticolonialistas, pelo incitamento às guerrilhas e sublevações populares. Comentarei matérias menos conhecidas do citado trabalho.

Arma: o vídeo; campo de batalha: o lar Croiicr relembra a importância crucial da opinião pública como fator decisivo do embate: .. Mais imporrantt? aind(I que

i,s

orrnas é a

guerrr, psicológica na própria fre,ue do inimigo - a bata/Ira pela opinião pública na., sociedades livres da área visada. Isto aconteceu com os.franceses n a lndoc/rina em /954 e na Argélia em 1962. I:: os norte-american<>s verdera,11 a 2." guerra da 4

o., soldados a,nericano.s. A gllerra já eJ·tava perdida quando Nixon e Ki~

singer decidira,n negociar co,n os comu11is1as vie11wmi1as ·· (pp. 57-58).

Cara ou coroa? O autor coloca a dérente entre as vitoriosas operações· de opinião pública. Diante do atraso econômico russo e da necessidade de tecnologia avançada, era preciso enganar o mundo livre. Brian Crozicr assi m a descreve: .. A 11u111eira 11wis fácil. verdtuleira,nentc a únic(J n1t111eirr1

p erceptívt?I para resolver i.vio, era cultivar a ilustio da détcntc e atrair o Ocide111e e o Japão com visões de 11111 enornw ,nercado russo. t:0111ple~ 1ame111e aberto para os produtos do odiado sis1e111a capiralista. Havia atg,,,nas vt1111agens colarerais. alétn da principal de 11,anter o siste11,a intacto. Se os governos ocidenrais (e e111 larga escala a opinião pú/ilica) podiam ser persuadidos de

Discorrendo ainda sobre ações de opinião pública, Brian Crozier relata at ividades específicas do Departa ment o de Desinformação da KGB, cuja função é debilitar, confundir e desconcertar o adversário. Espalha boatos falsos sobre os mais variados assuntos, difama oponentes do comunismo, sempr<- na intenção de predispor favoravelmente o público do Ocidente cm relação aos desígnios do Crcmlin. Nesta gama de atividades se localiza a insidiosa ação d o agente de iníluência (cfr. "Ca10/icismo" n.• 358. outubro de 1980). As sociedades ocidentais são tolerantes cm relação às opiniões, sendo raros os códigos penais que . contemplam o delito de opiniãó. Á punição à mera exposição de idéias cont raria os fundamentos do regime democrático. O agente d e ínOuência, por isso, à primeira vista, nada faz de ilegal. Pois sua missão é difundir os pontos d e vista que Moscou deseja ver cm circulação nos ambientes de destaque do Ocidente. Talvez sua ação fosse ilegal apenas no quesito de agir favorecendo potência estrangeira. Mas isso não é fácil de provar. Devido a tal situação. suas atividades se desenvolvem, na maior parte das vezes, desembaraçadas. Crozíer julga que para cada

agente de inOuência consciente e escolado nos métodos da KGB pode haver dezenas de inconscientes, gente que re pete o que ouviu do experiente funcionário dos serviços secretos russos. Não parece haver outra resposta à ação desta hábil espécie de novos espiões, os espiões da mente, senão inteligentes e eficazes campanhas de esclarecimento.

Como se vê. o livro do intelectual inglês analisa fenômenos para

os quais o grande público, imerso na tumultuada agitação do quotidiano, não tem o olhar voltado. Habitualmente, os meios de comunicação social não se alongam no trato desse imprescindível Oanco dos acontecimentos, induzindo inúmeros leitores a desconsiderar realidades mais abarcativas que lançariam luzes no panorama dos fatos. Uma simples rescensão não pode abranger a totalidade dos aspectos examinados pelo competente t.-specialista. Antes de terminar o comentário do livro, deixo ao leitor a tentativa de deslindar um problema diante do qual Brian Crozier, na sisudez da reOexão britânica, confessa-se vencido. O autor transcreve declarações de lideres comunistas que inequivocamente afirmam desejar a destruição do capitalismo, através da dé1e111e, considerada por eles uma etapa neste caminho. Depois expõe a questão: "Os ricos e poderosos dirigentes das e111presas gigantes que ajudam a ma111er no poder seus inimigo.t n1or1aisconhecem isto?

Sabem que a política não ,nudou' Que n1otivo os impele. senão o desejo da ,norte? Se o n101ivo é lucro. que lucro imediato co111pensa sua própria extinção? ExpllS essa questão. sob várias formas. para grupos de des1acados lro,nens de negócio, en, diversos países, e só tenho rece· bido respostas evasivas ... Ao leitor. o enigma... O que pensar dele?

P. Ferreira e Melo

Quem está por trás do terrorismo? PARIS - Uma bomba explode cm Munique, outra em Paris. Na Espanha como na Itália, militares e civis são vítimas de atentados. Não só na Europa e no conturbado Oriente Médio, como agora também nas Américas, o terrorismo vai tirando ao cidadão comum a tranquilidade da ordem da qual usufruía outrora. Em alguns casos, organizações armadas chamam a si a autoria deste ou daquele atentado. Outras vezes, o autor esconde-se no anonimato e os rumores correm num ou noutro sentido, atribuindo-o ora à "direita", ora à "esquerda... O observador inteligente não se contenta, no entanto, com a camada superficial do noticiário e indaga: "não haverá nessa orquestração de fogos um só maestro?"' Especialista no assunto é o general Frank Kitson, recentemente laureado com o t.ítulo de "Sir" e o posto de vice~omandante das forças armadas britânicas. Comandante da "Universidade da Guerra., inglesa - o Canrberley College - durante dois anos, o general Kitson ministrou aí seus conhecimentos adquiridos cm longa prática de combate ao terror no Quênia, Malásia, Chipre, Oman e Irlanda do Norte. Considerado um dos melhores teóricos e estrategistas do antiterrori.smo no mundo, Sir Kitson declarou à BBC: "A subversão de nossas ins1i1uições já está posta em prática na indústria e na imprensa. O nraior perigo d e nossa sociedade é o conrunista. ,nas se com isto enlendemos sobretudo a nrassa dos carros de combate de além .conina-de-ferro, então co1netemos um grande erro,.. Reforçando a opinião dos melhores teóricos militares, segundo os quais a guerra psicológica tornou-se, cm nossos dias, muito mais importante do que as próprias operações bélicas, prosseguiu o general inglês: ..A Rús.iia e seus satélires europeus já começaran, a subverter os países da Europa Ocidental, e as eventuais

aventuras nrilitares progranradas para esta área serão favorecidas pelo trabalho prepara1ório realizado nos vários países". E acrescentou que as desordens internas em cada nação, provocadas por agentes russos ou de outro país comunista (só na Alemanha Ocidental há 16 mil em operação), destinam-se a desgastar O$ exércitos ocidentais no caso de uma invasão vermelha. "Os rllssos poderiam criar. nos países que pretendem ocupar, uma frente nacional, ou dos movimentos extrenristas revolucionários, aparenten,ente ai/reios ao partido comunisla oficial". Ê a tática da 'Jrente única", aliada aos atos de terrorismo e sabotagem, para executar depois, ..no 1110,nento oportuno. a formação de um governo com o.t comunistasn. Um exemplo do modo como, no entender do general Kitson, poderiam agir os russos, é ilustrado com a "operação cidade dos dois rios". Executada como parte do treinamento dos oficiais de Cambcrley, a operação foi filmada como documentário e transmitida pela televisão da BBC, no inicio do ano passado. A ''cidade dos dois rios .. é Aberdcen. na Escócia, figurada na operação como foc.o de uma revolução organizada por nacionalistas escoceses. operários comunistas e estudantes marxistas, aos quais se aliam elementos da burguesia. Uma turba em a rmas domina as estradas, as forças policiais são submetidas e o governo de Londres não sabe o que fazer. Por fim, decide pela intervenção das tropas. Ao que um líder revolucionário responde: "Ótin10! Agora devemos provocar os soldados, para fazer com que nratem algum dos nossos. Se não o fizerem, pensaremos nós ,nesmos co,no criar nossos mártires... " O leitor não nota algo dessa tática nos movimentos que agitam também as Américas, inclusive o Brasil?

Jean Goyard

CATOLICISMO -

Janeiro de 1981


Velha e nca, a Europa tende à extinção Q

UE PENSARÁ o leitor de um país em que o número de nascimentos era, há dois séculos, maior que o atual? Em que as mulheres vão tendo cada vez menos filhos e as crianças que nascem já não são suficientes para substituir a geração que as antecede? Em que as pessoas idosas ou aposentadas ocupam um percentual cada vez mais elevado da população à custa da diminuição do número de crianças e adolescentes? Certamente julgará que é uma nação envelhecida, a caminho da extinção. Que se tornará presa fácil de outros povos dotados de mais juventude, mais energia e vital.idade, de maior poder de expansão. Parece tão absurdo pensar que um povo se lance voluntariamente ao próprio extermínio, que seria cabível perguntar se tal país realmente existe. Infelizmente, a respostá é afirmativa. E o mais lamentável é que uma das nações a que se aplicam essas tristes características foi outrora a filha primogênita da Igreja e um baluarte da Cristandade: a França. Mas não é só ela. São também quase todos os países da Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá, que se lançaram nas sendas da auto-extinção. Triste paradoxo! Os países mais ricos do mundo, entre os quais fi. gura a "Europa dos nove" - Estados que compõem o Mercado Comum Europeu - desfrutam de uma abundância de bens materiais, ao mesmo tempo que caminham para o desaparecimento enquanto nações ... Um brado de alerta contra odescalabro dessa situação é o livro "La France ridée" - "A França enrugada" - , da Collection P/11riel ( Ubrairie Générale Françoise, Paris, 1979), que tem por autores Pierre Chaunu , Gerard-François Dumont, Jean Legrand e Alfred Sauvy. Dele tiramos os dados que passamos a apresentar aos leitores. Fatos de importância inconteste, próprios a sugerir graves reílexões.

cesa levou os habitantes de várias regiões a ter somente um ou dois filhos a fim de não serem obrigados a repartir os bens. E muito significativo que uma lei que atentou contra a integridade da propriedade privada de caráter familiar, vai fornecer pretexto para uma alteração dos costumes, estimulando infrações da reta moral na vida conjugal. Em conseqüência, a França começou a envelhecer precocemente. As pessoas com mais de 60 anos já constituíam 8% da população no final do século XVIII, enquanto na Inglaterra e na Alemanha o mesmo só ocorreu em torno de 191 O. No transcurso do século XIX os óbitos muitas vezes eram mais numerosos que os nascimentos; no fim do mes-

mentos mantendo-se acima dos 800 mil por ano. Porém, desde 1964, o índice de fecundidade começou a diminuir de modo praticamente i.ninterrupto. Essa queda se tornou mais acentuada a partir de 1973, devido a dois fatores: a difusão dos contraceptivos e a liberação do aborto. Assim, em 1964 o índice de fe. cundidade (ver quadro abaixo) foi de 2,90, com 874 mil nascimentos. Em l 968 caiu para 2,58 e em 1972 para 2,40, embora os nascimentos se mantivessem em 833 mil e 875 mil. Isto se deve ao maior número de mulheres em idade de procriar, nascidas no períodq de após-guerra, mas já com o índice de fecundidade sensivelmente diminuído. Em 1973 os nascimentos caíram para 855 mil e a fecundidade para

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Passivei extinção de pafses europeus

Hã dois séculos decrescem nascimentos A França é o único país da Europa onde o número de nascimentos hoje é menor que há dois séculos. No reinado de Luís XVI, antes portanto da Revolução Francesa, havia anualmente mais de um milhão de recém-nascidos. A França era então o país mais populoso da Europa. Em 1801 ela tinha 28 milhões de habitantes, possuindo 22 milhões a Alemanha e 10 milhões a Inglaterra. A limitação voluntária da natalidade na França começou um século antes que em outros países. A supressão do direito de primogenitura efetuada pela Revolução Fran-

Na capa do livro ºLa France rid611n. um casal-sfmbolo do futuro freneis. se o pafs nlo resolver o problema da queda dos nascimentos, que vem se acentuando particu larmente nos últimos anos

mo século cada família francesa tinha, em média, uma criança a menos que familias inglesas ou alemãs. Durante a primeira metade do século XX a situação foi piorando progressivamente, com fases especialmente críticas por ocasião das duas guerras, quando foi grande o número de homens mortos ou aprisionados. Após a II Guerra Mundial, de l 946 a 1972, houve uma certa recuperação, com o número de nasci-

ÍNDICES • fNDICE DE FECUNDIDADE Consiste na relaçio entre o número de nascimentos num de.terminado ano e o número de mulheres em idade de procriar (15 a 49 anos). Nas condições atuais, considera-se o índice de 2,10 como neces5'rio para garantir a reposição das gerações.

• fNDICE DE REPOSIÇÃO DAS GERAÇliES Esse é eonstitufdo pelo índice de fecundidade acima exposto, dividido por 2,10. Tal algarismo corresponde ao número de filhos que cada mulher em Idade de procriar deve ter, em média, para assegurar a simples substítuíçio quantítativa das gerações.

Nota: A maneira de obter esses e outros [odices utilizados em demografia é explicada com ,detalhes nas paginas 21 a 34 da obra "!,.a France ridée", que sel,"Viu de base ,para o presente artigo. Não transcrevemos aqui tal método para se elabora·r os diversos índices apresentados no referido livro, devido à sua extensão e à linguagem bastante especializada empregada pelos auto,;es n'essa parte de seu trabalho. Pareceu-nos que a inserção de tal matéria transcenderia os limites e ·as caractedsticas de nosso artigo, o qual procura apresentar ao leitor comum de "Catolicismo" - e não precipuamente a demógrafos e especialistas no assunto - uma visão sintética e o quanto posslvel acesslvel de um tema, de si, consideravelmente compJe.xo. CATOLICISMO -

Janeiro de 1981

ções de procriar. Ou seja, extinção à vista. Se a população envelhece, ela também diminui, pois o equilíbrio nascimentos-óbitos se deteriora. O atual índice de reposição da França (0,87) levaria a 3 óbitos para cada 2 nascimentos por volta do ano 2040. O índice da Holanda e da Suécia (O, 77) a dois óbitos por nascimento, e o da Alemanha (0,66) a três óbitos por nascimento. Com a população de tal maneira envelhecida e reduzida, pode-se vislumbrar qual será o trágico destino da Europa se algum novo fator, interno ou externo, natural ou sobrenatural, não intervier possantemente para impedir que tal aconteça. A persistir a atual tendência, a partir de 1981 a proporção de jovens de menos de 20 anos na França cairá ao nível mais baixo de sua história (29,5%). A liberdade das gerações futuras estaria fatalmente comprometida em ·países povoados de anciãos e submetidos à pressão de outros com população mais jovem.

2,3. Em 1974: 799 mil e 2,08; cm 1975: 745 mil e 1,88. A lei de 17 de janeiro de 1975, liberando o aborto na França, contribuiu poderosamente para a queda da natalidade. Os 720 mil nascimentos ocorridos em 1976 confirmam ·essa suposição; o índice de fecundidade foi de 1,83. Apesar da discreta reação observada em 1977 (745 mil e 1,86), a França não está ma is substituindo suas gerações, pois para isso seria necessário um índice de fecundidade de 2,10 e um índice de reposição igual ou superior à unidade. Ora, nos três últimos anos assinalados o índice de reposição foi de 0,89, 0,87 e 0,88, respectivamente. Persistindo essa tendência, aquele pais marcha irremediavelmente para o envelhecimento e a redução de sua população, com a conseqüência inevitável de seu enfraquecimento como nação livre e soberana.

Como já dissemos, esse mal não atinge somente a França. São todos os países desenvolvidos do Ocidente que caminham rumo ao envelhecimento e à redução de suas populações. O índice necessário à reposição das gerações não é alcançado na Suécia desde 1967; na Finlândia e Dinamarca desde 1968; na Suiça e Alemanha Ocidental desde 1969; na Áustria, Bélgica, Estados Unidos e Canadá desde 1971 ; na Holanda e Inglaterra desde 1972; na França e Noruega desde 1974: na Itália desde 1975. A chamada "Europa dos nove", ou seja , os países que constituem o Mercado Comum Europeu (Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Irlanda e Dinamarca) teve 4.541 .000 nascimentos em 1964, enquanto em 1971 ap.enas 3. 153.600, quando lhe faltaram 800 mil recém-nascidos para assegurar-lhe tão-somente a sobrevivência. No mesmo período ( 196477) o número de mulheres em idade de procriar aumentou em 12%, enquanto o de nascimentos dim,inuiu em 30%. O índice de fecundidade dessa comunidade econômica européia era de 2,75 em 1964 e caiu para 1,72 em 1977. Esta cifra de 1,72 inclui igualmente os nascimentos de filhos de imigrantes, muito mais fecundos, e originários principalmente de países muçulmanos, africanos e asiáticos. Se formos considerar apenas a população de origem européia o índice seria de l ,66. Na Alemanha Ocidental, por exemplo, os filhos de trabalhadores imigrantes, que representavam 1% dos nascimentos em 1960, passaram a 19% em 1975, enquanto a fecundidade das mulheres de origem alemã caiu de 2,55 em 1964 para 1,3 em 1977.

A reposição das gerações só alcança 65% na Alemanha, 75% na Holanda, 78% na Inglaterra, 81% na Bélgica e 89% na França e Itália. Nos outros países ocorre o mesmo, pois em 1977 o índice de fecundidade era de 1,66 na Dinamarca, 1,50 no Luxemburgo, 1,63 na Áustria, J,67 na Finlândia, l ,77 na Noruega, l ,64 na Suécia, l ,52 na Suiça e 1,80 nos Estados Unidos e Canadá. Considerando-se que para a reposição das gerações é necessário um índice de 2, 10, vê-se que a Europa, mantendo-se a atual tendência e sem a intercorrência de nenhum fator externo, vai ser transformada, durante o século XXI, em um imenso asilo de velhos, com um número de óbitos duas vezes maior que o de nascimentos, e cuja população nativa será paulatinamente substituída por habitantes de o utras raças, de o utras religiões e de outros costumes, provenientes de países que outrora se constituíam nos maiores inimigos da velha Cris tandade medieval. É a autodestruição de uma civilização. Pior que isso, será o suicídio do que outrora foi, em larga medida, a gloriosa Civilização Cristã!

Exceção: t1·ês palses mais cat6llcos Dessa débâcle geral sa lvam-se apenas três nações: Espanha, Portugal e Irlanda. Justamente aquelas cuja população se conserva mais fiel aos princípios tradicionais da moral católica, Porém, se ainda não transpuseram o limite que marca a falta de reposição das gerações, já se observa uma diminuição ílagrante no índice de fecundidade. Comparando-se seu valor em 1964 e 1977, vêse que na Espanha caiu de 3,00 para 2,60; em Portugal de 3,14 para 2,45; e na Irlanda de 4, 10 para 3,40. Na medida em que seus habitantes forem aceitando a "moral nova" que admite a contracepção e o aborto, também elas se colocarão na via do suicídio em que já se encontram seus infelizes vi?.inhos.

Conclusão Todos esses dados, rigorosamente científicos, nos fornecem uma salutar lição. As nações que violam as leis de Deus e da natureza já são punidas nesta terra, conforme sustentava Santo Agostinho. Com efeito, os países europeus, que atualmente nadam na riqueza, violando tais leis pelo emprego de métodos contraceptivos e pela prática do aborto, estão cavando a própria sepultura. E caso não interfira algum fator externo ou dado de caráter sobrenatural, os europeus mais abastados do continente serão primeiramente dominados por imigran· tes, em sua maioria de outras raças e religíões. E, dentro de algumas décadas, já sujeitos a uma dominação humilhante, caminharão para uma extinção inglória.

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Murillo Galliez

Na A lemanha. como em outros países membros do M ercado Comum Europeu. há cada vez menos cri.ençes e maia velhos (foto: Impressões da Alemanha/Hamburgo)

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JE

fndlce de reposição e envelhecimento É fato constatado que, à medida que o índice de reposição decai, o envelhecimento se acentua. Se o índice for de 0,9, as pessoas com mais de 60 anos tomam-se tão numerosas como as de menos de 20. Com uma reposição de 0,8 são os de mais de 65 anos que igualam os de menos de 20. Com o índice de 0,62, que corresponde a 1,3 de fecundidade (observado atualmente na Alemanha Ocidental para as mulheres de origem alemã), haveria 28% com mais de 65 anos e apenas 15% com menos de 20; metade da população teria mais de 50 anos, sem condi5


Enquanto o feminismo cresce, surg e o pai-galinha': ..

Escrevem os leitores

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OVA MODA começa a ser insuílada na França. De início discretamente, mas com claros sinais de que pode se transformar em mania: é o que a revista francesa "L'Express" (4/ 10/ 80) denominou de "pais-galinhas". Desaparece a respeitável imagem do pai de família para dar lugar a uma figura envilecida do homem. O marido aparece como candidato a dona-<le-<:asa, deixando de lado o que os engajados no processo de "engalinhamento" chamam de "velhos preconceitos". As barreiras impostas pelo caráter tipicamente feminino de certos encargos domésticos já não são suficientes para impedir essa nova aventura rumo à degradação do homem e também da própria família. Em semelhantes ocupações, tais maridos e pais desenvolvem habilidades muito próprias às mulheres, como a faxina doméstica, preparação de alimentos infantis, canções de ninar e ... afetos

N

trar nisso uma nova "dimensão da paternidade". Maridos que, tomando-se viúvos, ou divorciados com direito à educação das crianças, assumem totalmente os cuidados para com os filhos, mesmo recémnascidos, negando-se a contratar uma babá ou confiar tais encargos a parentes do sexo feminino. "Eu não era 'pai-galinha' no co,neço. n,as essas crianças têm sido para mim uma revelação. [ ... ] Elas moram comigo e não passam en1 casa de meus sogros senão o dia de don,ingo", declara o viúvo Philippe Mauge, de 40 anos. Seus dois filhos, Fabrice c Olivia, têm 6 e 3 anos de idade. Como se vê claramente, o Sr. Mauge é um "pai-galinha" por convicção. Com filhos tão pequenos e parentes que certamente poderiam auxiliá-lo, prefere ele desincumbirse diretamente dos serviços do lar e dispensa a seus· filhos um afeto

Com este novo e inesperado fenômeno da vida familiar, temos, ao lado da condenável frieza e relaxamento de certos pais que não se interessam pela educação de sua prole, outros que, por uma inclinação desordenada, tentam conquistar um terreno próprio ao sexo feminino.

Curiosamente, simultâneo ao surgimento dos "pais-galinhas", dá-se algo que é aparentemente o oposto: o da "libertação" da mulher. Não há quem não tenha ouvido falar de mulheres que requisitam para si - ó surpresa! - os mesmos direitos que certos "pais-galinhas" abandonam. Desejam as chamadas "feministas" acabar com a supremacia do homem sobre a mulher, com a dependência econômica desta ao marido, bem como ao lar (o que

"maternos'~. Tudo isto não impede que vá crescendo o número de "pais-galinhas". Pelo contrário, há os q ue sentem atração pelos afazeres de dona-<le-<:asa.

O trabalho doméstico é, de si, honroso. Pela ordem natural das coisas, entretanto, deve ser ele executado pela mulher, sendo admissível que somente em circunstâncias muito especiais o homem deles se ocupe. Compreende-se, por exemplo, que alguém com a esposa doente, e não podendo contar com o auxilio de terceiros, desempenhe tarefas de si inteiramente femininas, cozinhando em casa, e até mesmo cuidando do bebê. Homens que se consagraram inteiramente a Deus encarregam-se eles mesmos de todos os trabalhos necessários à boa ordem do convento, sem com isto perder a dignidade própria da condição viril. Neste artigo, tratamos da questão sob outro aspecto: a tendência revolucionária de inverter a boa ordem, transferindo ao homem o que normalmente deve constituir atributo da mulher e vice-versa. Passaremos, pois, à consideração dos fatos.

A cadeia francesa de televisão "Antenne" iniciou, em 17 de outubro do ano passado, a transmissão de um seriado inspirado no livro intitulado ·· Papa Poule" (Papai-galinha). Seu autor, o escritor Daniel Goldenberg, é ele mesmo um "paigalinha" frustrado. Divorciado, não queria porém separar-se de seus filhos, pretendendo conservá-los consi,go, no que foi contrariado pela esposa. Atitude compreensível, não fosse o estranhq desejo de Goldenberg de se ocupar das funções próprias ao sexo feminino. Curiosa coincidência - ou promoção publicitária mais ampla do que à primeira vista pareceria - fez surgir, nos Estados Unidos, quase concomitantemente com o livro de Goldenberg na França, o filme "Kramer contra Kramer". A pelicula gira em tomo de uma vida famlliar fracassada. Por incompatibilidades, a mulher abandona o lar, deixando um filho aos cuidados do marido. Este, desejando se encarregar pessoalmente da educação da criança, realiza, além de suas tarefas normais, os trabalhos domésticos, transformando-se num "pai-galinha". Recusando qualquer ajuda alheia no atendimento da criança, dispensa a ela cuidados "maternais". Arrependida, a esposa retorna à casa, sendo prontamente repudiada por pai e filho como personna non grata. Baseada na pellcula e no livro, .. L'Express" descreve, em reportagem de três páginas, de modo ao mesmo tempo simpático e jocoso, alguns casos de pais que tomam a si as ocupações caseiras, para encon-

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"maternal". Entretanto, reconhece a necessidade da mãe numa familia, ao declarar: "Eu não desejo, de imediato, casar-me novamente. Mas, sem mãe, falta às crianças un, ponto de referência". Por que, então, não permitir que elas pelo menos gozem do afeto e cuidados das parentas? Jean-Pierre Apparu defe.nde opinião contrária. J ornalista , crê que "a pequena colmeia pode subsistir sem rainha". Vive só com seus dois filhos homens, de 10 e 12 anos, auxiliado de quando em quando pelos vi7Jnhos, ao precisar se ausentar por necessidade de sua profissão. Não é, certamente, uma educação exemplar a que Jean-Pierre dá a seus pequenos, pelo que facilmente se deduz. desta declaração de sua autoria: "Meusfilhos me educam. Eles adquiriram 1nesn10 direito de velar sobre n1inhas relações femininas". Os casos acima citados foram todos eles causados pela viuvez. Entretanto, como esclarece "L' Express", essas situações se passam, por vezes, em outras circunstâncias, como em caso de separação dos pais ou mesmo na vida familiar norma l. A legislação que rege a separação do casal, comum a quase todos os países, é causa de frustração de mmtos d ivorciados, candidatos a "pais-galinhas". Um deles, Stéphane Ditchev, divorciado, 36 anos, gostaria de cuidar da educação de suas duas filhas, de 9 e 5 anos, mas elas foram confiadas à guarda de sua esposa. Não podendo realizar seu desejo, espera-as de tempos em tempos na salda do c,olégio. Como secretário-geral do "Movimento da Condição Paterna", Ditchev declara que não constitui exceção: "Na França, onde Já se conta u,n divórcio por cinco casan1entos, a guarda das crianças é concedida à ,nãe em 85% dos casos". Somente em 12% dos casos são confiadas à tutela dos pais, e sob condição de que a mulher esteja de acordo.

rar um filho ainda pior: o "punkismo" dos anos 70. Jovens monstrificados, com feições intencionalmente desfiguradas, corpos retalhados ou mutilados, imersos num ritmo frenético, sucederam aos "hippies" sujos e vagabundos, perambulando sem eira nem beira. Pelo seu próprio dinamismo, as paixões humanas tendem cada vez mais a seu próprio paroxismo. Dado o primeiro passo, depois de uma fase de "hibernação", explode mais adiante em uma outra extravagância ainda mais radical. Este dinamismo foi magistralmente descrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu livro "Revolução e Contra-Revolução" ("Catolicismo" n. 0 100 - Suplemento - 1959, p. 24): "Essas tendências desordenadas se desenvolvem como os pruridos e os vícios, isto é. à medida n1esmo que se satisfazem, crescem em intensidade. As tendências produzem crises n1orais, doutrinas errôneas, e depois revoluções. Umas e outras, por sua vez, exarcebam as tendências. Estas últimas levam em seguida, e por um movimento antifogo, a novas crises, novos erros. novas revoluções. É o que explica que nos encontre,nos hoje em tal paroxismo da impiedade e da imoralidade, bem corno en, tal abismo de desordens e discórdias". Por outro lado, a extravagância que hoje é praticada por uns poucos "ousados", amanhã será a regra para todos. Com vistas, pois, a lançar um brado de alerta a espíritos desprevenidos é que chamamos a atenção para um fenômeno que hoje podemos considerar uma extravagância entre outras, mas que, à força de a presenciar com freqUilncia, amanhã poderémos tomá-lo como prática nt>rmal. E habituar-se ao que fere a ordem natural é voltar-se contra Deus, o Criador da natureza.

já é fato consumado, em alguma escala), e estabelecer igualdade de condições entre ambos - o que é antinatural - , de maneira que a mulher possa desempenhar qualquer função sem estar sujeita à "discriminação" de sexo. é sob o influxo de tal mentalidade que vemos, cada vez mais, e por vezes de maneira alam1ante, trabalhos próprios ao homem, bem como outros tradicionalmente realizados por este, sendo executados por mulheres. Na Alemanha, por exemplo - segundo o jornal "O Povo", de Forta.leza (24/ 2/80) moças exercem a profissão de mecânicas. O governo alemão, em colaboração com empresários, abriu 150 vagas de mecânicos, que foram preenchidas por candidatas. Enquanto isso, informa a revista norte-americana "Newsweek" (de 14 de abril de 1980) que rapazes adotam a profissão de "empregadas domésticas" em Paris, arrumando camas, cuidando do bebê da patroa, empunhando o espanador e o pano de lavar pratos ... Numa época em que a extravagância e a loucura praticadas por pessoas que se diriam normais invadiram o quotidiano da vida, não é de se estranhar que mais este desvario apareça. E ninguém, em sã razão, pode garantir que ele não se espalhará rapidamente pelo mundo, uma vez que hoje em dia os procedimentos humanos mais capazes de se propagar são precisamente os mais desatinados. Vêm eles assistidos por uma misteriosa força propulsora, e uma estranha capacidade de repercutir em certos ambientes - sobretudo em alguns órgãos de comunicação social - , como em verdadeiras caixas de ressonância, que se toma diflcil lhes tolher os passos. Tívemos nos anos 60 a onda do "hippismo" que contagiou o mundo. Este aparentemente saiu de moda. Na realidade recolheu-se para concentrar seus efeitos maléficos e ge-

Nesse vale de lágrimas, não são raras as vezes em que a tragédia nos bate à porta e desvia o curso de nossas vidas. Tal é a morte que tolhe ainda na juventude uma mãe, um pai, ou ainda uma irreconciliável briga familiar. É possível que se veja uma mulher na contingência de conseguir seu sustento, ou um homem na premência de executar trabalhos domésticos. Contudo, dois mil anos de civilização cristã provam que tais situações podem ser sanadas ao longo do tempo sem precisar tornarse regra a inversão de valores e da ordem natural das coisas. Não será, pois, a abolição de todas as leis ou normas de vida, de todas as desigualdades naturais existentes entre o homem e a mulher, que resolverá os problemas da sociedade moderna. Pelo contrário. Como vimos acima, concedidas tais "liberdades", logo outras serão reclamadas, o que nos conduziria, gradativa mas inexoravelmente, para o abis~o anárquico desejado pelo comurusmo.

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D. Maria das Dores Vleira Boaga, Juiz de Fora(MG): "Sou leitora ae longa data de CATOLICfSMO e aprofundo os meus conhecimentos com "T:lmJ)ere- 1

grino em Belém de Judá",,.Gontrastes harmônícos na alma de um grande santõ' 1, ",<1 fumaça de satan'ds no Templo de Deus", etc." Dr. Alcy Gigliotti, Catanduva (SP): "Órtão de evidente objetividatle, com matéria variada e atraente. Apreciei a forma nova, de revista, dada ao mesmo." Sr. FraQcisco Antonio de ;\lmeiü Monteiro, Recife (PE):. "Continuem denunciando aos verdadeiros católicos a ação 11efasta dos comunistas de batina ...

Sr. :Antonio Paulo Veiga, Rfbebio Preto (SP): "No entardece~ dos dertadeiros dias de nossa Civilização, que parece preste a deixar apagar suas últimas luzes, CATOLlCISM.O representa aps católicos sinceros, um autêntico farol que os ilumina no tortuoso e confuso caminho, trilhado atualmente por todos. Quero deixar aqui gravada minha pro(unda indignação J>Jl· lo conteúdo do liv(eto "Mês de 'Maria", apresentado no artigo "Progressismo distorce história sagrada'', publicado pelo mensário na edição de setembro último. A escuridão e ab.o minação são hoje tão concretas que nos ~m à,lembrança as palavras-do Profeta Daniel: ''Quando a abon1inação da desolação esJiver. pos/a no lugar santo... " Até quando os ho,mens poderão zombai de Deus? A insistência em demolir as mais sagradas verdades de Fé tornou-se obsessão dos homens comprometidos COJD o podef das trevas. Só podemos exe, crã-los do fundo da alma. Ao contrário, claridade e profundo mergulho na Doutrina Católica está presente no artigo de Dr. Plinio Corrêa de Oliveu-a, "Volta à torre de /Já· bel?". Acredito ter sido aquele artigo o mais importante pronunciamento àqueles que meditam no grandioso mistério de Nossa Senhora. Suas palavras baseadas no tex_to de São Luls Grignion de Montfort são simpJesmcnte ofuscantes por tanta luz derramada; trazendonos um tão grande bem-estar de alma, anima-nos a continuar na luta contra as forças do Mal. Aos que tanto têm colaborado para sustentar os pilares da Fé Católica, nosso in{inito muito obrigado assim como qõssas preces constantes."

Eduardo Queiroz da Gama

{Jj~~~~MO CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor: Paulo Corrb de Brito Filho Diretoria: Av. 7 de Sc1embro, 247 - Caixa PoSlaJ 333 • 28 100 - Campos. RJ. Admlnlstroçio: Rua Dr. Martfnico Prado. 271 • 01224 - Sã o Paulo, SP. Comp<>sto e imprC$$O na Ar1press - Pa~is e Artes Gráficas Ltda .. Rua Gari• baldi. 404 - or 135 - São Paulo, SP "Catolkbmo'" t uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/ C. Asslnaluro anual: comum C,S 600,00; cooperador C,S 900,00; benfeitor CrS 1.500,00; grande benfeitor CrS 3.000.00~ seminaristas e cstudances CrS 400,00. Exterior: eo-, mum USS 20,00; benfeitor USS 40,00. Número avulso: C,S 30.00. Os pagamentos, sempre cm nome de EdJtora P1drt B~lchior dt Pontes S/C, poderão ser encaminhados à Admi.ni$tração. Para mudança de endereço de assinantes t necessário mencionar tambtm o endereço antigo. A correspondt-ncia relativa a a$$inaturas e venda avulsa deve ser enviada à Admlnlstraçio: Rua Dr. Mutinico Prado, 271 • 01224 -

Sio Paulo, SP

CATOLICISMO -

Janeiro de 1981


ONDE O POVO IDEALIZA E REALIZA A FAMOSA província do sul de Portugal - pitoresca e caractcrlstica como poucas - florescem modos peculiares de vida e de alma que mostram riquezas e virtualidades insuspeitáveis do homem. O Algarve fica aquém do Mediterrâneo, numa região onde o horizonte se abre na amplidão do Atlântico. Ali os antigos atribulam a seus insignes heróis Hércules e Ulisses a glória de haverem chegado. Nessas costas, já não se medita apenas, como entre as paredes do Mediterrâneo mas sonha-se com grandes coisas'. E isto contagia em graus diversos toda a população portuguesa que não se tenha deixado despersonalizar no decorrer dos séculos. Nas costas do Algarve, a vida transcorre lenta e frutiferamente, entre o trabalho e o descanso, entre as durezas e as fantasias, forjando tipos humanos de lei.

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A primeira foto fixa o momento em que, depois de apanhar o atum, os pescadores se movimentam no auge do esforço. Levantaram-se de madrugada, partiram e lançaram certeiramente as redes nas águas salgadas; levaram de arrastão os enormes e agitados peixes, que fazem espuma com seu terror. Agora os algarvios lançam-se sobre as presas com a atenção, destreza e energia com que o Divino Mestre mandou os pescadores da Galiléia trazerem almas. Nesse rincão do Algarve, como se vê, a pesca foi abundante. Trabalho e resultado pictóricos. A sesta também deve sê-lo. Enquanto o sol se expande generosamente, e as sombras aos pou-

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cos se alongam, o homem se recoO são contacto com a realidade lhe. Na alva casa de pescadores da produz o são contacto com o munsegunda foto, há uma aparente inér- do dos sonhos. O equilíbrio, geralcia. No interior, obscuridade. Mas, mente, rompe-se quando a primeira como certas plantas, os sonhos se não é assumida apropriadamente em Nessa matéria ainda se encondesenvolvem mais nas sombras. A todo o seu impacto. Ir ao segundo tram no Algarve magníficos exemcasa está fechada. AJ o descanso se sem caminhar pela primeira é como plos. Abundam os personagens pooferece inteiro e exuberante, depois a ave que possuísse uma só asa. pulares com a maturidade e o viço da grande fadiga. Fora, silêncio, lim- Quando, na verdade, o pensamento das frutas de árvores que absorvepidez. Dentro, a fadiga e o contacto só voa com segurança pelos céus da ram seiva, sol e sereno durante anos, familiar com o Atlântico fazem so- metafisica quando equilibra a asa respeitando o processo protetor das nhar. E o sonho, como nuvem invi- do sonho com a outra da realidade. estações e os ritmos da natureza. sível, sobe cotidianamente pelas paredes caiadas e, ao sair pela chaminé, se cristaliza em rendilhados de reminiscências arabescas.

As fotos comentadas nesta página foram extraídas da evocativa obra "Algarve",

de Artur Pastor (Lisboa. 19651 CATOLICISMO -

Janeiro de 198 1

O descanso é como a arte. Mas nem sempre os antigos souberam ensiná-la às gerações posteriores, como se transmite de pai a filho o ofício de um artesão. Trabalhando ou descansando demasiado - ou demasiado pouco trabalha-se mal e se descansa mal. A boa administração das ho ras e das forças economiza tempo e rende vida.

Uma árvore é uma árvore, mas na fruta madura oferece naturalmente o melhor de si, com algo que se djria participante de uma ordem superior. Na fruta, a árvore como que sonha. Assim o homem em relação à atividade que realiza. Analisemos dois algarvios caracterlsticos, que ilustram melhor do que qualquer teoria a respeito. O primeiro (terceira foto) tem uns cinqüenta anos e seu rosto mostra uma singular harmonia entre os perfis angulosos e avultados. Experimenta vida árdua, mas não perdeu sua afabilidade. Embora sua postura indique certo cansaço, seu espírito é vivo e empreendedor. Está pronto para a faina, como para a boa conversa. Dá a conhecer também sua constância, tenacidade, sem que estas o dispensem de prever algum perigo ou alguma brusca mudança de circunstâncias: a experiência o preparou para as eventualidades. (: agudo no observar e recordar. No cachimbo, como nas mãos, ca-

losas, parece levar um cauda I de experiências inesgotáveis, aptas a serem consideradas e reconsideradas em qualquer momento livre. Sua agudeza e reflexão lhe conferem um fundo de certa ironia na observação das coisas, não faltando desconfiança e perspicácia típicas, diga-se de passagem, do algarvio. Sua pobreza notória desaparece ante a riqueza de sua personalidade. O chapéu- apresenta-se como uma auréola de sua perícia. Em nosso segundo personagem (última foto) destaca-se a dignidade sobranceira. Embora mais idoso que o primeiro, irradia um frcscor -

bastante sadio - que adorna sua indiscutível autoridade de velho lobo-do-mar. Os ombros e o busto lhe conferem a postura de um autêntico dignitário do mar. As maçãs do rosto e o nariz brilham com o fulgor da aventura. Ele sabe quem é nem mais nem menos - e tem consciência de que pode ensinar no plano em que se tornou mestre. Mas, sempre guiado pela prudência, não se mete naquilo que não conhece. Atingiu um grau de dignidade própria, que ostenta sem dificuldade nem afetação alguma. Identificou-se com o sonho de sua meninice, e o alcançou. No ombro esq uerdo leva um saco como se fosse um manto. E nele parece carregar o acervo de suas peripécias marinhas, como um tesouro de honra . Seu chapéu, modelado adequadamente pelos ventos da proeza, projetam sombra num olhar sério, respeitoso para consigo e para com o próximo, e com a superioridade de quem fez aquilo com que sonhou, a ponto de converter-se em legenda para as gerações futuras.

Na legenda, a realidade e o sonho como que se confundem. O labor diário, duro e ordenado, os momentos de espairecimento de espírito nas densas e profundas pausas, vão combinando por um lado a experiência e a apreciação da realídade, e por outro, expandem as fronteiras do ideali2.ável e do possível. O trabalho bem dirigido converte, em certo sentido, o sonho em realidade. A realidade converte em sonho o labor. O do lobo-<lo-mar, por exemplo. O sonho transforma o descanso cm realidade vindoura. E a realidade materializa o sonho no trabalho ... A questão é seguir a ordem natural das coisas. Realidade, honra, heroísmo. Quantas páginas de epopéia escreveu na História o Portugal dos sonhos e das realidades! Mar, costas marítimas, embarcações, descobrimentos. Grandes sonhos que se condensaram em grandes realidades. Uma destas chama-se Brasil.

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BAfOJLliCMSMO- - - - - - - - - - - - *

A esquerda católica ante a derrota de Carter PRONUNCIAMENTO popular nas últimas eleições norte-americanas continua a repercutir intensamente em todo o mundo livre, sendo objeto de análises e prognósticos feitos dos mais variados ângulos de observação. E é natural. Os Estados Unidos são ainda a nação de maior poderio econômico da Terra, detendo também, provavelmente, a hegemonia militar. Por mais que os últimos presidentes norte-americanos - notadamente Carter - tenham contribuido afincadamente para o declínio do prestígio internacional de sua nação, pela política de concessão sobre concessão e ajuda generosa à Rússia comunista, a liderança econômico-militar dos Estados Unidos no Ocidente permanece presente. Desse modo, uma manifestação tão categórica dos eleitores daquele país contra o achinca.lhamento a que vinha sendo arrastada sua pátria basta lembrar a vergonhosa entrega do Vietnã aos comunistas e a desmorali1.ação produzida pelo fracassado resgate dos reféns americanos no Irã - tem repercussões de todo tipo no jogo dos relacionamentos internacionais. Tais consequências são de caráter político, social, militar, religioso, econômico e até psicológico. Exorbitaria de muito os limites de um artigo querer abarcar toda a rede de corolários que se depreende daquele acontecimento. Além do mais seria prematuro. Só com o correr do tempo será possível verificar que rumos verdadeiramente se fixaram a partir do referido pleito.

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Odesaponto dos progressistas Um fato, porém, é desde já inconteste. A vitória de Reagan, não enquanto significando a vitória de um homem, mas enquanto marcando a derrota de uma politica, deixou desenxabidas as esquerdas do mundo todo. E, entre elas, sobretudo a esquerda "católica", que com esforços inusitados tem procurado, de modo claro ou velado, carrear para as águas do socialismo - soviético ou não, pouco importa - a massa da opinião católica. Vejamos um e xemplo desse malestar. A revista progressista espanhola "Vida Nueva" estampa, na página 40 de seu número de 8 de novembro de 1980, uma pequena notícia sobre o resultado das eleiç_ões norte-americanas. 1, uma nota de "última hora", mas já vem redigida com todos os molhos do desagrado. Diz que "as cartas jogadas

Mesmo antes da derrota de Carter - observa com finura de análise o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - já era possível constatar a enorme defasagem entre o que realmente pensa e deseja o operariado. de um lado, e o que a esquerda "católica", por outro lado, se esforça por que ele pense e queira. E desde que al~uém pretenda verificar isto, o Presidente do Conselho Nacional da TFP sugere o seguinte: "prestar atenção na 1nais insiste11te das palavras de ordem da "esquerda cat6lica": conscientizar, conscientizar... Pergunto: a quem? Ao operariado. Do quê? De que há razões para qz,e este se i11digne contra os patrões. Concluo: logo, essa i11dig11ação é menor do que a esquerda católica quer. E está sendo soprada a golpes de fole por esta" (4).

Fato concreto: esquerdismo ê Impopular

Encontro do Cardeal Arna (centro) com Jimmy Carter~ no Rio. em março de 1978.

por Reaga11 ( ...) deram resultado. Estas teclas soaram harn1011iosame11te aos ouvidos dos eleitores". Tais expressões, utilizadas pela revista, mais parecem s ugerir uma manipulação do eleitorado, do que uma escolha feita livremente por este. Prossegue: "Enz boa parte do mu11do a vitória de Reaga11 produz uma expectativa algo te11sa". Ora, parece-nos difícil entender como, a respeito de um fato de "última hora", já se possa ter conhecimento da reação que ele provocou "em boa parte do mu11do". Que "parte do mundo" é essa? A grei dos esquerdistas de diversos matizes? E no mundo que fica fora dessa "bqa parte", que repercussão produz.iu? A revista nada diz, limitando-se a qualificar de "i11esperada" a maioria que derrotou Carter.

O "namoro" de Carter com o progressismo A notícia de "Vida Nueva" representa apenas um exemplo. O apoio e o estímulo - para falar só nisso - que a esquerda católica, em todo o orbe, recebia da administração Carter era frisante. Quando , em maio de 1977, D. Evaristo Arns e Carter receberam juntos da Universidade norte-americana de NotreDame o título propagandístico de "doutor honoris causa em Direitos Humanos", começou o relacionamento entre eles (!). t o caso de lembrar aqui que os direitos humanos - que, evidentemente, podem ser encarados retamente, alguns deles até como princlpios de Direito

Natural - costumam, na prática, ser entendidos pela esquerda como próprios aos terroristas ou suspeitos de o serem. Segundo tal concepção, a consequência concreta é que o resto da humanidade parece não ter direitos ou não ser humano ... O relacionamento entre o presidente e o Prelado prosseguiu bastante amistoso, tanto que, em 29 de outubro de 1977, o Cardeal de São Paulo enviou a Carter - chefe de Estado de nação estrangeira - uma correspondência sobre os presos políticos brasileiros, dados como desaparecidos por uma comissão da arquidiocese de São Paulo (2). Tal carta foi divulgada posteriormente pela imprensa. E, por ocasião da visita de Carter ao Brasil, em março de 1978, muito se falou e publicou sobre a amizade consagrada pelo presidente a O. Arns. Sobretudo quando Carter convidou o Cardeal para acompanhá-lo no Cadillac blindado que conduziu o presidente ao aeroporto, e do colóquio de uma hora que mantiveram no percurso (3). Agora, tendo a atuação de Carter lhe valido rotunda derrota nas urnas, demonstrando mais uma vez um fato repetido frequentemente nos regimes representativos modernos - que o povo é geralmente mais conservador se comparado a seus líderes - o que fará a esquerda católica?

Opçlles para os progressistas Não cremos que o pronunciamento popular seja suficiente para

deter a esquerda "católica". De tal forma ela faz o jogo da esquerda internacional e encontra-se com esta comprometida, que nada faz pensar num retrocesso. Mas, a não deter-se e recuar, como prosseguir? Continuarão ostentando a bandeira dos direitos humanos, já tão amarfanhada pela unilateralidade com que foi usado o conceito, ou a jogarão fora, arvorando outro pretexto qualq uer que permita o prosseguimento da escalada esquerdista? Outro problema ainda enfrenta a esquerda católica. Caso não se detenha, corre ela o risco de desembestar à frente de um processo que o grosso da opinião pública ocidental parece decidido a não querer acompanhar. Falamos em opinião pública do Ocidente, pois, ao que tudo indica, o fenômeno norte-americano tem amplitude que vai além dos limites do seu território nacional. Diante desse panorama, surge uma questão: os eclesiásticos que compõem a esquerda "católica", com sua coorte de leigos agrupados em "comunidades de base" ou associações análogas, desejarão agora isolar-se? Ou pretenderão, em determinado momento, apelar para meios ainda não confessados? Tais perguntas se impõem, uma vez que os resultados por eles obtidos mediante o processo de esquerdização - denominado frequentemente de "conscientização" - das massas católicas é muito inferior ao esforço e recursos até agora empregados.

Em face de tal situação não é de se excluir que uma parte da esquerda católica seja tentada a correr o risco de uma aventura, lançando mão de meios extremos. Como também é possível que uma parte dela, pelo contrário, se veja na contingência de andar mais devagar no processo de esquerdização, para chegar com mais segurança ao seu termo. Algo disso, aliás, já se tem notado. Os esquerdistas que escolherem tal senda serão seguidos nessas condições? Em outras palavras, aqueles que pulam fora do carro quando este passa a correr demais, permanecerão nele se o mesmo diminuir a marcha? O futuro representa uma incógnita, até o momento em que se realizarem as promessas de Nossa Senhora em Fátima, fazendo cessar tal processo e concrcti,.ando a admirável vitória de seu Imaculado Coração. Quanto ao presente, uma coisa é certa: mais uma vez ficou provado que o esquerdismo não é popular.

Gregório Lopes NOTAS (1) to que afirma o corrcsp0ndcnte da "Fo-

lha de $. Paulo". Ricardo de Carvalho,

na edição de 30/ 3/78 desse matutino. (2) Idem, ibidem. (3) Ver. por exemplo, o farto noticiário publicado a respc1lo no ..Diárlo dt Ptrntm,buco", de 1.0 / 4/ 80, e na ..Fotho de S. Paulo" d:a mesma data. (4) Artigo intitulado ··co11scih1tizor. wnsci• emizar ... ", na "Folho de S. Poulo" de 17/ 11 / 80.

Padre ''comunista-cristão'' diz-se ''profeta''

' residentes em Campos e outras cidades do norte flwniCorrespondentes da TFP nense estiveram em São Paulo nos primeiros dias do ano, onde foram recebidos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (centro), após participar de intensa programação. O encontro dos correspondentes teve lugar nas diversas sedes da TFP, e foi ocasião para que pudessem atualizar-se a respeito das atividades e metas da associação.

NOVA YORK - "Sou um comu11ista-cristão", confessava em 24 de dezembro de 1972 o Pe. Ernesto Cardenal ao repórter Ruben Lau, do jornal ch.ileno "LA Nación", quando Allende ainda estava no poder em Santiago . Durante a visita de João Paulo li ao México, aquele Sacerdote nicaragUensc, hoje ministro da Cultura do regime sandinista, chamou a atenção por ter participado da chamada "conferência paralela" de Puebla, acompanhado de dois guerrilheiros de seu país. Agora lemos no jornal "The Catholic News" (31/7/80) a seguinte declaração do Pe. Cardenal: "Conzo sacerdote eu 111e vejo co1110 um profeta 110 se11tido bíblico da palavra, o que significa aquele que de11uncia injustiças e a11z,nda u111 novo reino de justiça na terra. E como poeta eu tambénz sou profeta naquilo que para mim também significa ser uni revolucio11ário". Afirma ainda o ministro da Cultura nicaragüense: "Estive recen1eme11te em Roma, 011de falei co,n o Cardeal Agostinho Casaroli, Secre-

Pe. Ernesto Cardena1. ministro da Cultura

da Nica"gua. diJ:-• ··comunlst11-crlstlo''

tório de Estado do Vaticano, e ele me disse que, para o Vatica110, o caso da Nicarágua é diferente, é uma exceção nas norn,as do Papa. Ele n,e disse que isto era unia nova experiência, toda uma nova concepção". No entanto, os fatos vêm comprovando que a "experiência" sandinista não é substancialmente muito diferente da cubana, exceto quanto ao apoio que o regime de Manágua vem ostensivamente recebendo da maioria do Clero.


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LL N.• 362 -

Fevereiro de 1981

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Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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Forças conservadoras crescem nos EUA JÁ NO SEGUNDO dia da administração Reagan, 22 de janeiro, aniversário da funesta decisão da Corte Suprema norteamericana permitindo o aborto, dezenas de organizações conservadoras encheram as ruas de Washington, promovendo gigantesca manifestação. Apesar do frio intenso, 200 mil pessoas, dentre as quais senadores, deputados federais e per· sonalidades de expressão nacional, desfilaram pela grande Avenida Pensilvânia, saindo das

imediações da Casa Branca em direção ao prédio do Congresso. No ano passado, manifestação semelhante teve a participação de 45 mil pessoas. Convidada, a TFP norte-americana fez-se representar por numerosa delegação. Seus membros portavam as caracterlsticas capas rubras e conduziam os estandartes com o leão áureo sobre fundo vermelho. Brados em defesa da famUia e contra o. aborto irrompiam en-

tre as estrofes do hino "Tradição, Famllia e Propriedade". Os dirigentes do ato público prometeram continuar a luta até cessar nos Estados Unidos o aborto legalizado. Nas páginas 4, 5 e 6, nosso colaborador Péricles Capanema analisa o fenômeno da Noua Direita, com informações exclusivas obtidas nos Estados Unidos. Na foto, estandartes da TFP americana tremulam diante do Capitólio, ao lado de faixas e cartazes de outras organizações.

Mártires das Missões Estrangeiras no Oriente -

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ELES NÃO RECUARAM ante o mart!.rio no Vietnã; enfrentaram torturas na China; remexeram cinzas e encontraram brasas para reacender a chama da Fé, agonizante no Japão havia dois séculos; e derramaram o sangue pela conversão da Coréia. São os mártires da Sociedade das Missões Estran· geiras de Paris, cuias rellquias podem ser vene-

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radas na capital francesa. A descrição de algumas cenas emocionantes do martirio desses heróis da Fé constitui o primeiro trabalho de nosso correspondente na França (página 2). Na foto, quadro representando o martirio do Pe. Dumoulin-Borie, em Tonquim (Vietnã). Nas vitrinas, objetos sagrados utilizados pelos missionários e instrumentos de supl1cio.

Afeganistão: 500 mil mortos, 2 milhões de refugiados NOVA YORK - Perto de meio milhão de pessoas já morreram no Afeganistão, enquanto outros dois milhões fugiram do país, especialmente para o Paquistão, segundo informações fomec.idas por Sayd Bahaouddin Majrron, ex-professor na Universidade de Cabul. A fim de quebrar a resistência da população, as forças soviéticas vêm empregando um gás que atinge

o sistema nervoso, além de bombas incendiárias e minas disfarçadas em brinquedos. Em consequência, estas últimas vêm fazendo grande número de vítimas entre as crianças. Por outro lado, Saddunin Shpoon, que trabalhou na representação da ONU em Cabul, afim1ou haver muita esperança, entre as fileiras de resistentes afegãos, de v.ênccr os russos. - "Precisamos de vossa ajuda,

,nas Jravaremos essa guerra co,n ou se111 a vossa ajuda", disse Shpoon. Começam a circular noticias de que os soviéticos pretenderiam "afeganizar" a luta, deixando a cargo do pequeno exército comunista afegão o combate contra os resistentes antimarxistas. Na foto, um grupo d~ resistentes, exibindo armas capturadas aos russos.


Mártires da Sociedade das Missões Estrangeiras ,

RELI UIAS DE UMA EPOPÉIA 1

chado de sangue e cortado pelos sucessivos golpes que despedaçaram o mártir. Outro quadro que sensibiliza o visitante é o do martírio do Bemaventurado Dumoulin-Boric, também cm Tonquim, em 1838. Condenado a ser decapitado, s ua cabeça só caiu ao nono golpe. O carrasco, tendo tido contatos com o condenado enquanto esperava a sentença imperial, só teve ânimo para ir à execução após embebedar-se. Tonto, não teve sucesso nos oito pri-

Caio V. Xavier da Silveira nosso correspondente PARIS - Rue du Bac, n.• 128. Bem no centro de Paris, a dois passos da capela onde Nossa Senhora apareceu em l 830 a Santa Catarina Labouré, erguem-se imponentes. em estilo francês do século XIX, os dois grandes edifícios da Direção Gera l e do Seminário Universitário da Sociedade das Missões Estrangeiras.

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Casa Generalfcia e Somin,rio Maior daa Missões Estrangeiras. na Ruo du Bsc. n.<> 128. em Paris

O carrasco hesitante Logo à entrada , num grande painel, aparecem os nomes dos mártires das Missões Estrangeiras entre dezembro de 1670 e 16 de abril de 1975. São cerca de 180 nomes. Vinte e três deles estão sublinhados: foram declarados Bem-aventurados pela Santa Igreja. Adiante, em vitrinas, podem-se ver objetos a eles pencncentes, instrumentos de seu suplicio, sentenças de morte etc. Acima dessas vitrinas, grandes quadros mostram cenas de alguns dos martírios. Foram pintados por católicos do povo, contemporâneos desses acontecimentos. O tamanho dos personagens figura nos quadros em função de sua importância. O maior é o mártir. Depois, os carrascos; em seguida os mandarins que, montados em elefantes, presidiam ao suplício; os soldados aparecem em tamanho ainda mais reduzido; e finalmente um rendilhado constituído pelo povinho, que a tudo presenciava contrito. Um dos quadros mais antigos representa o martírio do Bem -aventurado Cornay, em Tonquim, Vietnã. no ano de 1837. Seu corpo foi esq uartejado sobre um tapete vermelho. Por ordem imperial a cabeça devia ser cortada em último lugar. A vítima passava pelo terrível suplício de se ver despedaçada viva. Uma ve,. cortada sua cabeça, o carrasco corria o fio do cutelo por sua boca, acreditando com isso incorporar a si a coragem que reconhecia e admirava no mánir. O tapete vermelho ali está cm uma das vitri nas, man2

Tü-Düc, quarra lua, segundo dia. A despeito de severa proibição contra a Religião de Jesus, o chamado Augustin. sacerdote europeu, ousou vir aqui clandestinanrente para pregá-la e seduzir o povo. Preso, conf essou tudo. Seu crime é patente. Que o Sr. Augustin tenha a cabeça cortada. É' o VEREDICTO". Corria o ano de 1851.

Dois séculos de perseverança clandestina

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Ai foram formados, sobretud o no século passado, os heróicos missionários que no Extremo Oriente lutaram pela conversão da China, do Tibet, do Japão, da Coréia e do Vietnã. O resultado obtido no apostolado com esses povos foi magnifico. Em particular no Vietnã, a Fé Católica penetrou a fundo em extensos veios da população, permitindo a férrea resistência ao comunismo em nossos dias. Tão grande obra custou a muitos missionários um esforço sobrehumano, frequentemente o sacrifício da própria vida. A história de alguns desses homens que chegaram até o holocausto total de sua existência está' perpetuada em objetos vários, expostos na Sala dos Mártires, situada nesse Seminário Universitário.

dendo-a na morte. era um dos quatro santos da predileção dela. pelo valor com que combateu e morreu. Do Bem-aventurado Augustin Schoffler está conservada a sentença de mone, gravada em caracteres cl\incses numa estaca, que fora fincada ao lado do lugar de seu martírio: "Quarto ano do Imperador

meiros golpes, produzindo terríveis feridas no Pe. Dumoulin-Borie, a quem o carrasco admirava. Após a execução, este foi punido com vergastadas pelo mandarim. Diante do mánir; no chão, vê-se a canga: trave de madeira pesadíssima que os prisioneiros levavam ao pescoço até a hora da monc. Essa canga se conserva na Sala dos Mártires: mede 2,65 metros de altura por aproximadamente 40 cm de largura. Excepcionalmente, permaneceu inteira, pois eram habitualmente cortadas em pedaços, e estes guardados como relíquias pelos cristãos. Um lugar especial é resen•ado às correntes que prenderam o Bemaventurado Théophane Vénard. Junto se encontram estatuetas, sua trança, seu breviário e sua consagração como escravo de Nossa Senhora, segundo a fórmula de São Luís Maria Grignion de Montfort, assinada com o próprio sangue. Tendo vivido na mesma época de Sa nta Teresinha do Menino Jesus, e anteceAlguns instru mentos de aupll· cio e de martfrio de dois Padres misaionérios

Cordas que serviram para estrengular os Bemaventurados Pau-

lo M in, Pedro Dirong e Pedro T ru•

ât, em 1838, no Tonquim

Part icularmente tocantes são os crucifixos e medalhas da Santíssima Virgem que os católicos japoneses transmitiram de geração a geração, desde a grande perseguição que sofreram em princípios do século XVII, a partir da qua l o Japão se fechou inteiramente aos missionários. Eis um pouco de sua história, narrada a quem visita a Sala dos Mánires. Em 15 de agosto de 1549, São Francisco Xavier, o primeiro missionário do Japão, desembarcou em Kagoshima. Ele e seus sucessores trabalharam com êxito, e no início do século XVII os católicos japoneses eram 300 mil. Após perseguições, alternadas com fases de favores por parte das autoridades, a partir de 1613 prevaleceu o extermínio violento. O Japão isolou-se do mundo, todos os missionários estrangeiros foram banidos e a cristandade nipônica quase se extinguiu. Não estão alheios às perseguições os hereges !:olandeses, que promoveram intrigas contra os m.issionários junto ao trono japonês. Em 1859 o Japão aceitou abrir novamente alguns de seus portos aos navios estrangeiros. As Missões Estrangeiras de Paris foram encarregadas imediatamente de retomar a cvangeli,.ação do país. Em 1865 o Pc. Petitjcan inaugurou uma igreja em Nagasaki , observando certo dia aproximar-se um grupo de uns vinte japoneses. Estes olharam cautelosamente e lhe disseram: "Mostrainos a inragem de Santa Maria". O Sacerdote satisfez-lhes o pedido. Dentro da imobilidade de suas fisionomias, um imperceptível sorriso modelou seu lábios: "Sim, é Ela 1nesn1a. Nosso coração é então o 11,es1110

que o vosso".

Nas semanas seguintes, outros grupos se manifestaram, apresentando objetos de piedade e livros de doutrina, velhos de 300 anos. Formularam eles novas perguntas: "Onde estão vossos filhos? - É' o Chefe

do Reino de Ron,a que vos envia?" Mais de 20 mil cristãos clandestinos foram assim descobertos na região de Nagasaki. Sem Sacerdotes, durante dois séculos e meio tinham continuado a se batizar entre si e a conservar a essência da Fé. Nagasaki tornou-se cm 1927 a sede do primeiro Bispado japonês.

Os nobres convertidos do "Reino Eremita" A parte final dos mostruários é reservada aos mártires da Coré ia. A evangelização dessa península constitui na História da Igreja um fato duplamente excepcional. Primeiramente, de modo contrário ao habitual, foram os nobres, os man-

missionários. Leão XII confiou a perigosa cvangclir.ação da Coréia às Missões Estrangeiras de Paris. Finalmente, cm 1836, os Padres Maubant e Chastan entraram na "terra das 111anhãs calmas··. No ano seguinte, Mons. lmbcrt uniu-se a eles. A vitalidade da Igreja na Coréia atingiu então seu clíma x ... e a perseguição também. Num caso de extremo perigo para seus fiéis, Mons. lmbcrt afirmou:

"O bom pastor dá a vida por suas ovelhas". Para fazer cessar as perseguições, entregou-se juntamente com seus dois outros companheiros. Foram supliciados em 21 de setembro de 1839, em Seul. André Kim organizou, entretanto, o reingresso dos missionários. Preso em 1845, morreu no ano seguinte. Em 1866, o regente do reino decidiu acabar definitivamente com as missões, desencadeando a "grande perseguição". Dos 25 mil católicos, a metade pereceu no patí-

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N e Sala doa M ártires, reUquias preciosas testemunham o herofamo doa miaaionérioa

do século passado, especialmente na Indochina. J aplo e Cor6ia

darins e os homens de letra·s os primeiros a serem tocados pela graça e se converterem. Em segundo lugar, foram leigos não batizados - e portanto pagãos - os primeiros "missionários" desse país. A Coréia, por seu isolamento do resto do mundo, e mesmo dos outros países do Oriente, era conhecida como "o Reino Ere,nita". Repudiava visitantes de qualquer espécie. Não abria suas portas às embaixadas estrangeiras senão no Ano Novo. Nessa festa recebia tradicionalmente uma embaixada do imperador da China, que lhe enviava presentes. Aconteceu, entretanto, que em 1777 membros dessa embaixada levaram de Pequim livros católicos. Tais livros foram lidos pelos letrados do reino, que se entusiasmaram pela doutrina do Papa de Roma. E a tal ponto aderiram a ela, que tomaram a decisão de passar a viver segundo os preceitos católicos. Assim o fi1.eram, de maneira incipiente, mas muito fervorosa. Sete anos mais tarde, um deles, tomando parte na embaixada que ia a Pequim retribuir as amabilidades do imperador, recebeu o Batismo. De volta a seu país, organizou um embrião de Igreja, batizando vários de seus compatriotas. Em 1785, ocorreu o primeiro martírio: Thomas Kim, um dos recém-batizados, forçado a apostatar, recusou-se valentemente, tendo morrido cm meio a torturas. Não abalado em sua fé por esse manirio, mas desejoso de maior perfeição, esse primeiro grupo de fiéis escolheu e "nomeou" dentre seus membros um "bispo" e quatro "sacerdotes~. Somente mais tarde é q ue, melhor instruídos em conseqüência de novas embaixadas a Pequim, o referido grupo solicitou a vinda de um Padre. O Bispo .de Pequim enviou-lhe um missionário chinês, o qual foi descoberto e executado cm 1801. Transcorre ram trinta anos. Os cristãos coreanos já eram vários milhares, perseverando na Fé, embora sem Sacerdotes. Dirigiram eles então uma súplica ao Papa, pedindo

bulo; dois Bispos e sete missionários tiveram a mesma sorte. Mais tarde, cm 1875, um edito rea I pôs fim à perseguição, e a liberdade tão custosamente adquirida foi oficialmente reconhecida aos cristãos dez anos mais tarde (1884). É curioso notar que a Sala dos Mârti.res ostenta bem menos relíquias vindas do Coréia do que do Vietnã. Isso porque na Coréia as primeiras conversões deram-se nas classes mais elevadas. E nestas os gloriosos mártires não despertaram tanta atração e uma devoção sensível como sucedeu com o povo miúdo vietnamita. Os primeiros cristãos de Tonquim colhiam com grande respeito tudo o que pencncera ou havia tocado cm seus Padres imolados. Os nobres e intelectuais coreanos fervorosamente convertidos, afeitos sobretudo ao aspecto doutrinário do Cristianismo, negligenciavam as relíquias.

·- ------Sobre o estado atual do Catolicismo em cada um desses países, admiravelmente regados com sangue, muito se poderia dizer. Este artigo limita-se a notar que de um deles a Providência continua mais claramente a pedir o sangue dos católicos: o Vietnã. Inúmeros são os refugiados em todo o mundo, e especialmente na capital francesa. que presenciaram muitos martírios, tendo mesmo nos narrado vários deles. Falam também de seu próprio sofrimento - freqüentemente verdadeiro martírio moral - para chegar ao mundo IÍvre, escapando da mais terrível das perseguições que até hoje se abateu sobre sua pátria: o comunismo. Flagelo em relação ao q_ual a Igreja novamente sairá vitoriosa. Prevendo-o em 1917, na Cova da Iria, Nossa Senhora ali igualme nte predisse seu aniquilamento. Este não tardará se os verdadeiros católicos orarem e lutarem, a exemplo dos missionários do Oriente, cuja pugna heróica descreve!l)os acima.

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1981


ias e ODE SER DIFÍCIL para um homem - ou melhor. para um grupo de homens - desviar um curso de água. Ser-lhe-ia mais difícil ainda desviar de seu leito o Amazonas. "Difícil. não; impossível!" - objetar<, alguém. Impossível"/ Em tcrmc s. A própria impossibilidade tem matizes. pois teoricamente é condicionada pelo número de homens, peta qualidade e pela quantidade dos instrumentos. pelo tempo disponível etc. Impossível no sentido mais forte do adjetivo. seria verter num dedal o conteúdo de um copo dágua. Digo-o para evidenciar que. por vezes. certas pequenas operações estão mais fora do alcance do homem do que outms entretanto gigantescas. Assim. fazer caber cm um artigo de jornal matéria de si muito ampla, pode ser mais difícil do que redigir dez longos artigos. Desse modo. condensar cm dois artigos certos aspectos da publicidade feita cm torno da visita de Lcch Walcsa a João Paulo li dá-me a impressão de ser quase tão impraticável quanto verter a água de um copo em um dedal. Contudo. começo por descrever o complicado fundo de quadro do assunto.

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Não há quem ignore estar o povo polonês trabalhado por crescente descontentamento com o regime comunista vigente cm seu pais. O que pode levar à derrocada do regime. Segu ndo a versão tida por indiscutível (quanto a mim, acho-a de lodo em todo improvável). a Rússia ocuparia então a Polônia. E s ujeitâ-la-ia a uma carga ainda mais iguatitária e policialcsca. Tragédia para a Polônia e também tragédia para o mundo. Pois. sempre segundo a saga corrente. o Kremlin conservaria nas

~ garras a Polônia. ainda que tivesse • de enfrenta r o perigo de uma ação ~ norte-americana libertadora, o u seà ja. de uma guerra mundial. cvenl tuatmentc atômica. - Logo a Rús; sia. pondero cu: ela que se mani; festa incapa,. de deglutir o Afcga= nistão. pequeno como um besouro. • a prctcnsao • de donu.na r a no;< tena : brc {1guia branca da Polônia. e de

esouro

enfrentar depois o perigo de uma tum com a supcrpotcntc águia nor-

te-americana! Vistas as coisas a partir da saga. compreende-se <1uc Walcsa tome dimensões de figura mundial. Se o movimento que ele lidera derrubar o governo de Varsóvia. teremos a ca t,istrofc. Se não o derrubar. teremos a paz. Para a Polônia. o idc~I seria. assim, que Walcsa alcançasse êxito tão grande quanto o conscnti~scm os russos. Nem uma linha ,,iém disto. pois do contrário poderá vir a hecatombe. Obter esse êxito, e graduá-lo com tanta precisão. eis o que numerosos - e muito ilustres - poloneses dele esperam. E não só poloncses. como pacifistas extremados do mundo inteiro. Se bem que. entre os próprios poloneses. também haja uma corrente de peso. a q ual deseja dcrru- _ bar o governo de Varsóvia. certa de ,l! que nada sucederá.

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k JODO Pnulo !I. entre Gierek. ex-secretário do PC polonis. o Cardeal Wyszynski e Henry'k Jablonski. presidente da Repúblico Po· pular da Polônia, por ocasião da viagem do Pont(fice à sua terra nat al. Naquela época. nlo se havia tornado patente o deseontenu1mento pop,,lar atual. que ocasionou a queda de Gierok dos cargos que ocupava na hierarquia do PC e governo poloneses.

do eslavo. M istéri"s do jogo comuFace a tal quadro. quais as metas imediatas e mcd iatas do Vatica no·? As primeiras estão claramente enunciadas no discurso de .João Paulo ti. Consistem cm que Walesa opere exatamente a graduação necessária para ganhar algum tanto de terreno -

algum tantinho -

sem

provocar a guerra. Para o que, João

Paulo It deu a Walcsa a acolhida hars série que se viu. Co ntudo~ não me parece vcros· símil que o Vaticano, tão lúcido em sua diplomacia bimilenar. se deixe impressionar pela carantonha com

que os homens do K.-cmlin fitam o Ocidente, e se esqueça de que os homens da cara ntonha, terriveis quando vistos deste lado do mundo. estão sendo espancados no Oriente pelo anão afegão. Por que então temer a carantonha'? Mistérios do mundo detrás da cortina de ferro. Mistérios do mun-

nista internacional. Mistérios do sé·

c ulo XX . Um dia se vería c laro em tudo isso. Não é minha intenção dissertar sobre tão vasto tema. Não tentarei verter no dedal o oceano. Ma:i creio dar uma contribuição

sugestiva para a elucidação do assunto. pondo cm evidência que jornais romanos de centro, de centroesquerda e de esquerda - e cm med ida nada pequena também jorn.,is paulistanos - deram à acolhida proporcionada por João Paulo li a \Valesa uma publicidade acentuadamente maior do que lhe concedeu o cotidiano oficioso da Santa Sé. "l.'OsservlltOre Ronl{lno", :~ •l ·- ji\ .' ,.:;> • ,/, ~.:

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Neste fato, o que há para discernir e "subdisccrnir"?

Watesa não é senão um particular. O líder de uma corrente operária. E líder a tal ponto controvertido que •. segundo tem afirmado ma is de um analista internacional. João Pauto li lhe dispensou tão ressonante acolhida precisamente para lhe conferir o "q11a111u111" de prestigio que lhe falta para o seu difícil trabalho de regulagem. Ora. neste rumo, o Vaticano teve o concurso decidido das três maiores organizações sindicais da Itália. Cito-as na ordem de sua imponãncia numérica: CG IL comunista, CISL cató lica e UIL socialista. Essas organi7.ações facilitaram o ensejo da visita de Walcsa (eu ia c.scrcvendo Luta. mas corrigi a tempo), convidando-o para conferências cm Roma. recebendo-o no aeroporto de Fiumicino com díscurseira e copiosa claque. e proporcionandolhe contatos com bem fornidos auditórios operários.

Plinio Corrêa de Oliveira

A visita a Roma. assim desencadeada. tornaria natural um pedido de audiência de Walcsa (que viajava à maneira de celebridade, com familiares e séq uito numeroso) ao Sumo Pontífice. Bem entendido. o fruto essencial da viagem, ou seja, a suplementação de prestígio, adviria a Watesa incomparavelmente mais do Vaticano do que dos sindicatos italianos. Este o fundo de quadro. Veremos adiante que João Paulo li concedeu essa suplementação com libera lidade principesca. Por ora faço notar que ao mero particular que é Walesa, aguardava em Fiumicino, com o trio sindical, o próprio Mons. Achillc Silvestrini, Secretário do Conselho para Assuntos Públicos da Santa Sé. Pequeno mistério no meio de outros tão maiores: menciono Mons. Silvestrini porque o designa taxativamente "L'Osservatore Ron,ano" do dia 14 de janeiro p.p .. se bem q ue as agências noticiosas tenham afirmado estar presente não ele. mas Mons. Coppa, da Secretaria de Estado. Por que e para que esse lapso? Ignoro-o. Matiz dentro dos matizes. Mistério menor em meio a mistérios maiores.

O terrível genuíno e o temível balofo DIRIGENTE sindical polonês Lech Walesa visitou João Pauto II no dia 15 de janeiro p.p. E recebeu honras de chefe de Estado. Assim, togo ao chegar, foi recebido a sós por João Pauto II cm sua biblioteca privada. Em seguida tiveram acesso à sala a esposa e o padrasto de Walesa. E, por fim, todo o séquito dele. "João Paulo li quis reservar ao líder sindical polonês Lec/1 Waiesa ( ...] as honras que o protocolo varicano pres,·reve para os chefes de Estado, e que outrora era,n reservados aos sobe.. ranos do Sacro h11pério Romano. De faro. com a audiência de onten,, o Papa Woytila deu ,, Walesa e ao si11dicaro "Solidariedade" uma ver- · dadeir<i e genuína investidura, jun1t11ne,11e con1 o indicaçlio de uma li11ha de ,·omporramento. quando disse que o surgimento deste sindic1110 se enquadra 110 ·esforço elas ,emana., do outono (,u, Polónia). q11e não foi voltado contra 11inguém. ,nas fni e é voltlldo exc/11.,ivamente "'' hen, romum". É o que comenta. e ntre desvanecido e ufano o cotidiano de Roma "L'Unirà"(l6-1-81), órgão oficial do próprio Panido Comunista Italiano (PCl). Por que c.,sa

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Joio Paulo li recebeu Watesa. sua esposa o o pad,asto. em audiência na Sala do Consistório, unia das mais famosos do Vaticano

CATüLIClSMO -

Fevore,ro de 198 1

ufania? Por que esse desvanecimento com a "investidura" dada a Watesa, isto é, ao líder de uma corrente que parece criar tantos obstá· culos aos títeres que Moscou aboletou no governo de Varsóvia? M istério. Mistério ... Quanto é misterioso o Kremlin . desde os tempos sombrios de lvã, o Terrível, até Leonid Brejnev, o Temido (por todos. exceto pelos heróicos afegãos). Falava cu do que se passou na biblioteca de João Pauto li. O ponto alto da visita de Walesa ao Sumo Pontífice veio em seguida. "L'Osservatore Romano" (16-1 -81) narrou que, feitos os recebimentos na biblioteca, a audiência a Walesa prosseguiu "na Sala do Consist6rio, na presença de m1111erosos represe11ta11tes da comunidade polonesa residenre 110 Itália e de jornalistas de diversos jor11ais italia11os e estrangeiros". Sim. na legendária Sala do Consistório, uma das mais célebres e suntuosas do Vaticano, a qual prolonga. cm nossos dias, os esplendores do século XVII, em que foi inaugurada. A sala conhecida no mundo inteiro porque neta os So-

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UM FENÔMENO A O terrível... . beranos Pontífices vêm reunindo o mais augusto dos senados, isto é, o Sagrado Colégio dos Cardeais. Realmente, não consigo imaginar que em nossos dias se pudesse fazer mais para prestigiar um mero particular. Dando à minha reílexão a entonação discreta, imposta pelo respeito, devo dizer que nem sequer imaginei ser possível fazer tanto. Mas. oh assunto matizado! Aqui mesmo cabe uma observação

2. E agora quanto à substância. Enquanto o próprio fato do recebimento de Walesa e dos seus na Sala do Consistório de tal maneira coruscou na Polônia e no mundo, essa notícia em "L'Osservatore Romano" se apresenta bastante sóbria. Ela consiste principalmente na reprodução do texto do discurso pontifício em polonês e em italiano. Comparativamente com as referências bombásticas do jornal comunista à investidura dada a Walesa pelo Pontificc, e ao cotejo entre Walesa e os imperadores do Sacro Império, quanto é sóbria a língua-

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Na entrevista à imprensa, dirigida por um jornalista inglês {à direita), Walese foi eficientemente assessorado pelo intelectual polonês Tadeusz Masowi&eki {à esquerda)

rica cm significado psicológico, e em alcance. Máxime em se tratando - eu já o disse no artigo a nterior - da Santa Sé, cuja diplomacia passa por ser. a justo título. a mais famosa do mundo. Na medida em que seja lícita a metáfora. digo que a audiência dada por João Paulo li é comparável a uma potente lâmpada acesa junto a Walesa. Mas, a esta lâmpada, o próprio j ornal oficioso do Vaticano - de João Paulo li - circu nda com um abat-jour.

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Sabe-se que nos jornais atuali1.ados (e não há a menor dúvida de que "L'Osservatore Ronwno·· é um destes) cada título de noticia, mais ainda, cada palavra é cuidadosamente contada , medida e pesada. No escolher para uma noticia a página cm que deve ser publicada , e inclusive o lugar adequado na página, podem e ntrar subti le1.as sem fim. E muitÕ objetivas, porque em matéria de propaganda tudo pesa. · Ora, "L'Osservatore Romano" deu à visita de Walesa uma publicidade nada pequena. E nem poderia ser de outra maneira. Mas esta publicidade não tem as grandiloqüências do órgão do PC! sobre o mesmo assunto. Assim: 1. Em "L'Osservatore Romano" do dia 16, figura, no alio da primeira página, à direita, uma notí· eia sobre a audiência de João Paulo li ilustrada com fotografia. Mas a notícia ocupa só as três das sete colunas da página. Lado a lado, e também cm três colunas, no alto da página , há outra noticia, e mais uma vez sobre outra audiência do Sumo Pontífice. Foi esta "aos participantes do primeiro Congresso para a Família da África e da Europa". Lado a lado, que temas desigualmente importantes igualados entretanto na mesma prateleira ... Isto quanto à embalagem.

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gem de "L'Osservatore Romano "! Para fato tão coruscante, por que tanta sobriedade (a qual o jornal repete no resto da notícia, na página dois)? De outro lado, por que a publicidade do PCI põe uma lente de aumento na coruscação que beneficiou Walesa? Enigma, mistério. Talvez não seja demais acrescentar, desconcerto. 3. Saudando João Paulo li, Walesa lhe pediu diretrizes: "Esperamos teus conselhos, e sen1pre te servi* reinos com fidelidade" ("Avvenire", porta-voz do Episcopado italiano, 16-1-81). A esse pedido seguiu-se a alocução cm que o Sumo Pontífice dá suas diretrizes a Walesa. Elas poderiam resumir-se no binômio destemor e moderação. Com uma discreta mas definida tônica sobre a moderação. Ficou assim patente que Walesa se propõe a agir segundo o rumo desejado por João Paulo l l. E que este tem esperança na fidelidade do líder de "Solidariedade". Aqui está o núcleo da troca de discursos, o qual confere sentido a tudo mais. Entretanto, "L'Osservatore" não o deixa ver claramente, pela simples razão de que da saudação de Walcsa reproduz apenas tópicos menos significativos. Por que f~i om isso, precisamente neste ponto chave, o competentíssimo "L'Osservatore Ro-

1nano"? 4. Quanto ao jornal comunista "L'Unità", também não publica o pedido de diretrizes de Walesa, embora tal pedido contribua sensivelmente para caracterizar o que ele chama entusiasticamente de "investidura". Por que esta omissão? Mistérios. Ainda aqui, mistérios.

E mais uma vez me vem ao espírito o confronto entre !vã, o Terrível, e Leonid, o Temido. Entre a terribilidade louca e facinorosa do século XVI, mas autêntica, e a terribilidade balofa, suspeita, meio real e meio folclórica, do velhaco e banal Temível do século XX.

UE MUDOU O

S PRIMEIRAS notícias acerca da esmagadora vitória de Reagan sobre Carter provocaram ondas de espanto e incredulidade nas mais variadas camadas de opinião . A repetição monótona de conceituadas agências de pesquisa reafirmava , até a véspera do 4 de novembro, que estava indecisa adisputa pela suprema magistratura dos Estados Unidos; os dois candidatos corriam virtualmente empatados. Já na noite da eleição explodiu a noticia - como se sabe, o desafiante conservador esmagou o oponente: 51% a 41%. Em número de votos no colégio e leitoral , a vitória se apresentava ainda mais inequivoca: 489 a 49. Isto é, grosso modo, triunfou no país inteiro. Dos 51 Estados da Federação, Carter, a lém de sua nativa Georgia, venceu apenas cm Minnesota - terra de seu companheiro de chapa para a vicepresidência - , Havaí, Rhode lsland, Washington, Delaware, West Virgínia c Maryla.nd. Passadas algumas horas, a vitória conservadora se ampliava. O Senado norte-americano, onde se renovou um terço das 100 cadeiras, voltava a ter maioria do Partido Republicano. que conquistou 22 assentos, ficando os restantes 12 com o Partido Democrata. Como foi noticiado, entre os perdedores havia figuras esquerdistas de exp(.essão mundial, como McGovern, Javits, Bayh e Church. A Câmara Alta conta agora com 53 republica nos, 46 democratas e I independente. Nem todos os republicanos eleitos e ram conservadores, embora o fossem na quase totalidade. Entretanto, dentre os dcmocrarns do Senado há a lguns categoricamente anti-esquerdistas, cm especial os do sul, o que representa, no total, nítida vantagem numérica para o bloco conservador. As e leições para a Câmara Federal (House of Representatives) concomitantemente trouxeram novo golpe para a aturdida esquerda, já desconcertada com o resultado das disputas presidencial e senatorial. A maioria democrata naquela ocasião baixou de 114 para 51 deputados, mas, como confessa o

os ventos da modernidade malsã largamente acred itada no mundo inteiro - . e ra também inc ulcada nos Estados Unidos pelas tubas da propaganda, no seu homem médio. Quando este o lhava cm torno de si, via a maioria de seus conhecidos comp9sta de cidadãos decentes. chocados com a avalancha pcrmissivista e temerosos da vacilante e débil política frente aos russos. As eleições anteriores colocaram nos p.ostos representativos um bloco de esq uerdistas que não correspondiam ao sentir autêntico do conimon man. Algo de fa lseado existia entre o tom das vozes que falavam em nome do país e o timbre que seu habitante acharia normal. Uma trinca havia entre poderosas voz.es do contubérnio do mundo propagandistico e político e as multidões d_os pacatos cidadãos norte-americanos. Nessa trinca entrou como um .tufão a conjunção de forças conservadoras, hoje conhecida mundialmente sob o nome de "Nova Direit0". Mediante enérgica e inteligente ação, contribuiu significaiivamentc para mudar a feição publicitária dos Estados Unidos. As variadas táticns empregadas, das quais se falará, embora dentro dos acanhados limites de um artigo, se resumem num ponto: retirar a "maioria silenciosa" de sua apatia e alheamento dos problemas nacionais e levá-la a se ex primir com autenticidade. Numa palavra , utilizando expressão usada nos Estados Unidos, faz.er a "ma ioria silenciosa" rugir.

Tríncas a descoberto Quais eram os componentes principais das desavenças, muitas vez.es implícitas, segu idamente camuíladas, e nt re o que tonitruava a propaganda e a opinião do cidadão comum? Ei-las: • Acelerado armamentismo russo, ameaçando o país e ·a segu rança

insuspeito semanário "Tirne", entre

os democratas há 26 conservadores. Na realidade, o recém-constituído Forum De11rocrático Conservador já cm novembro do ano passado possuía 34 membros, o que configura, na prática , maioria anti · esquerdista. O semanário "Newsweek" (24-11-80), indo mais longe, afirmou: 'lOs republicanos] domino,n o Senado, pela prirneira vez desde 1954. e, co11ro supôs o senador democrata por Nova York. Patrick Moynihan, poderiam 111011tê-lo até o fim da década. Trans· formara,11 a Climara Federal. baixando a 11raioria democrata de / 14 para 51 e colocando tuna nzaioria

conservadora bipartidária 110 seu controle". Edward Walsh conjetura que, dependendo do tema , as causas conservadoras podem atrair entre 30 a 50 votos dos democratas da Câmara ("Washington Post'', 28-11-80). Que teria acontecido para determinar virada tão desconcertante? O que sucedera na alma da nação mais poderosa da Terra para mandar para casa importantes e numerosos esquerd istas (*), colocando em seu lugar figuras que realizaram a campanha eleitoral com base cm nítido programa conservador?

Fazer a "maioria silenciosa" rugir A imagem do Colosso do Nor1e, sempre tendendo a se enfunar com ( • ) ~ conveniente not:ir. ncSlà altura do anígo. que o tc,n10 esqucrdi.sta é aqui uti•

li1.;1do para designar o que os nortc-:imeric:inos qualificam de lihuol. Palavra que não tem a acepção de lil>cral em português. mas indica o p:'lrtid:h io do socialismo no terreno econômico e defensor do pcrmissivismo no campo moral. Em suas vári.ts gamas, o lihrro/ nortc-ameticano é uma rncscla de esquerdista. progrçS$iSW e pcrmissivisla. Paro o português, por não ter o tcrn~o liberal o mesmo S(ntido, u1ili1..imos 3 lmduçâo rsqt1t·rdb:ra, que pode cao,bem c,,globar cm seu si~niíicado o J)f(Jgrt~·si,\11.1 e o ptrmissfri,m ,.

ram forma e expressão ao descontentamento, o que permitiu a criação de uma estratégia nova, com amplas possibilidades de êxito.

As táticas conservadoras O grande propagandista da Novt, Direit0 é o eficiente homem de ação e observador perspicaz Richard Vigucrie, diretor da revista

"Francamente, o rnovimento vador está onde está por ci "mala direta''. Sem a "mala não haveria contra-força ao dismo e, certamente, não havi va Direita. [ ...) A maioria do. vadores políticos concorda esquerdistas têm efetivo conti meios de comunicação social tua/ monopólio na TV, rádio, e revistas." (Richard V "Conservative Digest" e da empresa de "111ass mailing" ("mala direta") - 77,e Viguerie Co. Ele explica que, independente da fi liação aos dois maiores partidos, o que desejava era a tingir o público que, de uma forma ou de outra, discordava dos rumos que os Estados ,U nidos trilhavam. Vigueric, em artigo de "Conser· vativ,• Digest" de outubro de 1980, constatava o fato de que, para a maioria dos observadores políticos, os esquerdistas têm "efetivo can· trole dos 111eios de comunicação de nwssa - un, 111onop6/io virtual li dt, TV. rádio. jornais e revistas", E , acrescentava: "Não é que meios de informação aprese11te111 as 11otlcit1s de maneira preconcebida. mas apre· sentam o lado positivo das causas esquerdistas, dos temas esquerdista.t, das pessoas esquerdistas e. 110 111aior parte das vezes. ig11ort11n as causas conservadoras. os tentas conservadores e personalidades conservadoras ou os apresentam de 111011eira desfavorável". Optou então pelo uso maciço dos serviços de "mala direta" para difusão de idéias, recolhimer.10 de contribuições, propaganda eleitoral

Robert Doman venCeu a mais acirrada disputa à Câmara Federal. pelo Estado da Califórnia. Seu oponente. filho do artista de cinema Gregory P&ek, recebeu milhões da dólares da organizações esquerdistas ou favorfiveis ao aborto.

do mundo livre, sem cessar sua expansão imperialista. • Aumento dos impostos e regulamentações, subindo a graus insuportáveis a ingerência estatal na vida privada. • Gran·de prcocuP.ação com a liberação do aborto. 1 • Na TV e cinema, a pornografia impune. • Ameaça aos fundamentos da vida familiar e social, com o feminismo exaltado da emenda constitucional ERA (Equal Right Ame11d111e11t). • O ateísmo crescente em vários campos da atividade humana. Enquanto os senh ores do poder político e publicitário procuravam dar a entender que a nação, como um bloco, desejava a détente, o aborto, a pornografia, o igualitarismo insensato entre os sexos, foramse constituindo, sem atrair os holofotes da atenç.ã o dos grandes meios de comunicação social, os grupos que emergiram para o proscênio, por ocasião das eleições de 1980. Tendo como centro de suas atenções o mal-estar generalizado, de-

Paul M. Weyrich. diretor do Commiltoo for tht1 Survival oi ti Froo Congro$$ {CO· mitê pela Sobrevivêncía de um Congresso Livre}, forma líderes pollticos conservadores.

de candidatos, campanha de denúncias etc. Tal sistema também é amplamente usado no suporte de institutos de estudos, os "rhink ranks", que serão comentados posteriormente. Nos últimos seis anos foram enviadas mais de um bilhão de cartas, afirmou Viguerie, acl'esccntando: "Por muitos anos. estáva,nos frustrados porque não tí11ha1110s u111 veículo parq 1ransn1i1ir nossa rnen· sagem aos eleitores. sen, passar pelos filtros dos 11,eios de i11for111afão tendentes à esquerda" ("Co11servative Digest", novembro de 1980). Explica Vigueric como tais métodos ajudaram a derrotar candidatos de esquerda: "Durante os anos 50. 60 e 70. os políticos de esquerda era,n capazes de fazer discursos que soava,n co,no se tivesse,n CATOLICISMO

1


• •

RUMO DOS ESTADOS UNIDOS sido escritos por Barry Goldwater [senador de direita]. Podiam ir para suas regiões eleitorais nos fins de sen,ana e fazer discursos defendendo 11111 Estados Unidos forte, araca11do o desperdicio 110 gove,110 e se lan1e11tando do gigantismo governan,ental. Então. nas seg1111das-feiras, os esquerdistas retornavam ao Congresso e votava,n contra novos siste,nas de armas. e11tregava111 o Ca11al

conserusa da direta" esqueriria Nos obserque os role dos virjornais

l

1

conferências, congressos, cursos etc. O Conserva tive Caucus ( Caucus Conservador). dirigido por Howard Phillips, se e mpenha especialmente nesse labor. Resta tratar de outros movimentos do uni'verso da Nova Direita e de suas instituições de pesquisa e estudo. Os primeiros combatem o assalto do permissivismo e do socialismo. Suas instituições de pensamento, ao lado d e livros tratando de temas espcclficos contrários à esquerda, tem um lado positivo: compõem o que se poderia chamar o programa conservador.

Os "thlnk tanks" da Nova Direita

Movimentos da Nova Direita

-

'iguerie) do Pana,ná, au111enrava111 i,npostos; criavarn novos departamento no governo e enfraqueciam a CIA. De vez em quando. visitavam líderes co,nunisras co1110 Fidel Castro e volravam elogiando-os. Mas a 111aioria dos eleitores de South Dakora 011 ltlaho nunca

1011,ava

conhecirnento

disto. Por que os eleitores de South Dakora. /daho. Iowa, Indiana. Wisconsin e outros Estados não conhecian, o duplo jogo de seus se11adores. de seus depurados f ederais (pareciam conservadores 11as regiões eleitorais. agiam como esquerdistas fora daí)? Porque a 111aior parte d os . ,neios de cornunicação social não informava ... Então as organizações conservadoras, por meio de cartas, folhetos, contatos pessoa is, chamadas telefônicas, informavam os eleitores como seus representantes haviam votado no Congresso e ... o resultado foi o conhecido. Em si lllonia com esse lrabalho. o atua nte Co111111it11l() for the Surl 'ÍWtl r~f d Ffi>( • C( JJIRN'SS (Comitê

rela Sohrcvivência de um Cnngres~o l.1\'rc) recruta. treina. assiste e <-1r4uitc1a a ca mpanha dos candi-

datos conservadores. Seu diretor, Pa ul M. Wcyrich. cm intensa e esclarecida ação. dotou o país de verdadeira mina de futuros lideres. De pa rte, há patrocinadores estáveis para programas de rádio e 1clcvisão que a tingem 20 milhões de pessoas. Tai.s programas. defendendo valores morais e fun-

º""ª

cionando ininterruptamente, conti-

nuam no a r mesmo nas épocas em que não se rea li1.am campanhas eleitorais. Outra atividade desse grupo de o rganizações é alvo das preocupações dos dirigentes das grandes redes de televisão. Verificam elas as empresa que patrocinam novelas e apresentações pornográficas na TV e procuram convencê-las a retirar o patrocínio de tais programas. Se não são atendidas, convidam o público a deixar de comprar os produtos dessas empresas. A companhia Warner-l.ambert, oitava nos Estados Unidos em gastos de publicidade pela televisão (60 milhões de dólares em 1979 cerca de 4,2 bilhões de eru1.ciros) cessou há poucas semanas o patrocínio de um programa imoral, temerosa das conseqüências do boicote a seus produtos. John Hurt, um d os lideres da campanha, declarou : "Os patrocinadores são o calcanhar de Aquiles da TV. [... ) A in1ençiio da ca,npanha não é tirar prog,anws do ar. 111as insistir e111 limpá-los para que não seja111 um insulto às pessoas decentes e não exerça111 uma influência negati va nos jovens" ( .. Time", 15- 12-80). Além dos recursos e nunciados acima, são amplamente utili1.ados o contato pessoal. a distribuição de folhetos de casa cm casa. o telefone. Fevereiro de 1981

Naturalmente, não será possivel discorrer sobre todos. São muito numerosos. Não o permitem os limites de um artigo. Serão tratados · apenas alguns dos mais significativos. A inteligente e persuasiva Sra. Phyllis Schlaíly dirige com discernimento a corrente de opinião em defesa da família. Luta com sucesso contra a aprovação da ERA, emenda constitucional que intenta oficializar legalmente um· feminismo extremado. O boletim "Eagle Forun1", sob sua direção. lembra que três mulheres disputaram as eleições para o Senado. Destas, Paula Hawkins, antifeminista , da Flórida, foi eleita, opondo-se à ERA. Elizabeth Holtzman . de Nova York, e Mary Buchanan, do Colo rado. favoráveis .à ERA, sofreram amarga derrota eleitoral. O boletim noticia ainda que em Iowa, no dia 4 de novembro, houve plebiscito sobre a controvertida e menda . 55% votaram ,uio. E a maior firma d e pesquisas de opinião pública do Estad-o havi·a predito a vitória para a ERA com maioria de 59%... Além da luta contra a ERA , a Sra. Phyllis Schlaíly dirige campanhas contra o aborto, discursa cm favor de candidatos que defendem a instituição da família e leva a cabo intensas atividades contrárias ao permissivismo moral. Tarefa me ritória executa o dinâmico A111erican Security Cow,cil (Conselho Norte-A mericano de Segurança). mostrando com seriedad e e abundânc ia de dados a impressionante corrida armamentista do imperialismo comunista e seus mancjos expansionistas. Para o escla recimento do público ed ita o boletim "Washington Report" e produz o difundido programa radiofô nico do mesmo nome. Vai ao ar também a "Radio Free An,erica.t ..,

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A Sra. Phyllis Schlafly. reconhecida lider necional conservadora. obteve importantes vitórias em sua luta contra o movimento feminista.

Em semelhante linha de atuação há o Cou11cil for lnter-America11 Security (Conselho para Segurança Inter-ame ricana) , que publica o bo letim "Wes1 Watch", onde o editor L. Francis Bouchey é conceituado especial ista em assuntos latino-americanos. Contam-se ainda e ntre os movimentos de importância 77,e A111erica11 Conserv(J/ive U11io11 (União Conservadora Americana), Moral Majority (Maioria Moral), Religious Roundtable ( Mesa Redonda Religiosa). National Christian A ction Coalitio11 (Coalizão de Ação Cristã Nacional), Natio11al Pro-Family Coalitio11 (Coali1.ão Nacional Pró-Família), Catholics for Christia11 Political A ction (Católicos por Ação Política Cristã), Concerned Wo111e11for America (Mulheres Preocupadas pelos Estados Un idos da América). Ao lado da lista supra , devem ser mencionadas duas figuras que simbo lizam enérgicas correntes de opinião. Uma delas é o novo senador pelo Alabama, Almirante Jeremia h Dento n, herói de guerra no Vietnã. Instado pelo hábil e ativo Paul Weyrich. diretor d o Com111i11ee for tire Survival of a Free Congress há pouco citado, a concorrer ao pleito, o Almirante Dcnton venceu a eleiç.'lo baseado num categórico programa anticomu nista e de defesa dos valores da família. • Outra figura de destaque é o deputado federal Robert (Bob} Dornan, orador íluente que, pela decidida postura favorável ao aumento

Resta falar dos institutos de pesquisa e investigação, os "think Umks ... A expressão inglesa significa •·reservatórios de pensa111e11to", locais onde se discutem e se colecionam idéias. Envoltos numa batalha ideológica - pois se trata de esclarecer, refutar ou convencer correntes de opinião - é justificável a merecida saliência conferida a tais institutos, onde parte ponderável da i11telligentsia conservadora reúne-se para a edição de livros, exposição de princípios e posições, elaboração de estudos contrários ao pensamento da esquerda, preparação de programas de governo para seus políticos eleitos a cargos d e direção. Os "think tanks", de outro lado. completam a formação e ampliam os horizontes de boa parte dos jovens promissores do movimento conservador. Entre tais instituições, destacase a Heritage Foundation (Fundação Heritage). criada cm 1974 para auxiliar membros do Congresso. Conta com o apoio atua lmente de 100 mil pequenos doadores e alguns grandes patrocinadores. Mantém laços estreitos com a nova administração federal, para a qual e nviou um plano de 20 volumes, contendo sugestões para um governo conservador. Embora não seja a maior instituição "think tank .., a agilidade intelectual de seus estudos a fazem merecedora de relevo especial entre tais institutos de pe nsamento. A prestigiosa Hoover /11sti111tion (Instituição Hoo11er), o ativo A111erican Enterprise lnstitute (Instituto Americano do Empreendimento), o

Parenthood planeja deixar de lado sua imagem gentil, tirar as luvas brancas e começá, uma ofensiva contra o que é descrito como uma ameaça à liberdade. da parte de u,na perigosa aliança nova. A assim chamada Nova Direita e,nergiu como u111a força altame11te vislvel e eloqiiente neste pois .. ("The New York Times", 5-9-80). A Planned Parenthood enviou carta de quatro páginas a milhares de a mericanos, pedindo contribuições e relatando atos de violência e vandalismo que estariam sendo cometidos por adversários do aborto. Como não havia na missiva nenhum nome ou fat!> que comprovasse as acusações, John D. Lofton Jr. telefonou à organização pedindo provas do que esr,a afjrm~va. Inicialmente, não obteve ó desejado. Depois de muito insist(r, foram-lhe enviados quatro artigos de jornais que nada comprovavam. Nem nomes, nenhum fato... Em outros termos, campanha de difamação e calúnia. Essa mesma organização publicou também propaganda de página inteira em "77,e New York Titnes". E prometeu continuar suas escaramuças, o que prenuncia disputas acirradas, pois, como se sabe, a

Pla11n ed Parenthood é a maior e ntidade internacional especializada na propagação e apoio técnico e financeiro às campanhas de contracepção, aborto e educação w xual. Outro movimento de esquerda, o American Civil liber1ies Union (União Americana pelas Liberdades Civis) adotou análogo procedimento. Publicou acerbos anúncios no mesmo jornal. A pornográfica revista "Playboy", em matéria paga, também em

. he Cor1servative Cz.u u

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Think tanks reservatórios de pensamento'') da Nova Direita (

Heritage Foundation Funaação l{eritage

The Hoov.er Institution lnstituiçãç Hoover

Georgetown Univer-sity Center for Strategic and Internacional Studies <!;entro de Estudos &t~atégieos e Internacionais da Universidade de Georgetown

Institute for Contemporary Studies Ins1i1utô. de Estudos C.onte,nporâneos

Institute f 0r Foreign Politieal Analysis lnstitute de Análise Política do. Exterior

A.merican Enter[J.rise Institute

lnstitute for Foreif{n Policy Analjlsis (Instituto de Análtse Política do Exterior) e o Georgetown University Center for Strategic and lnternational Studies (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade de Georgetown) são outras instituições a salientar. Destes centros saíram muitos auxi liares de primeiro nível do governo Reagan.

do potencial defensivo dos Estados Unidos, como por seus pronuncia. mentos anti-ERA e anti-aborto, tende a se transformar em figura nacional. Em seu Estado, a Califórnia, a esquerda tinha especial interesse em derrotá-19 e lançou contra Bob Dornan o filho de Gregory Peck, conhecido ator de Hollywood. Segundo alguns, foi a mais cara campanha para deputado dos Estados Unidos. Dornan lutou com denodo e obteve brilhante triunfo.

"Ele rnes,no. u,no recente vítima da

vi11ga11ça política da Nova Direita Moral"... McGovern e Johnny Greene escreveram na mencionada revista, atacando duramente a Novo Direito.

Reações da esquerda Era necessário que tão impressionante atuação conservadora despertasse as iras de esquerdistas prej udicados.

Instituto A1nerica110 do Empreendiniento diariamente transmitido cm espanhol por 34 e missoras. Alé m de livros publicados, o A111erican Secu rity Council promove conferências e reuníões em \Vashington , para de bates de problemas de segurança nacional. Sua última ação de repercussão em todo o país foi animar e coo rdenar a oposição vit oriosa contra a rat ificação do SALT-2, tratado concessionista assinado por Carter com a Rússia, sobre armamentos.

"Tire New York Times" (9-12-80), investiu furiosamente contra a Nova Direita, dizendo que ela ameaçava a liberdade de pensamento e ação. E anunciou com estas palavras um artigo do ex-senador McGovern:

"O fato é que o centro neste país moveu-se para a direita." (William Rusher) Essas não se fizeram esperar. Uma das organi1.ações atacadas, cm virtude de sua ativa campanha favorável ao aborto. foi a Planned Parenthoad (Paternidade Plânifi cada). O articulista Enid Nemy, noticiando a determinação da abastada organi1.ação, assevera: "Planned

O ex-senador pela South Dakota formou a Common Sense Coalition (Coalizão do Senso Comum), para combater permanentemente a onda ascensional da Nova Direita. Seu colega do Missouri, Eagleton, que quase não se reelegeu por causa da campanha conservadora, está preparando relatório para distribuir aos candidatos de sua corrente, sugerindo meios de contra-ataque. A disputa caminha para o terreno áspero. Os esquerdistas sentem que lh.es carece o principal: um apoio sólido éla opinião norte-americana. William Rusher, editor da "National Review", assim comenta a nova disposição do público: "O fato é que o centro neste país moveu-se paro a direita" ("Time", 15-12-80).

Péricles Capanema 5


..

Nova Direita E o colunista Edward Shorter defende opinião scmclhanic, a nalisando a derrocada generalizada dos candidatos de esquerda nas eleições americanas: "A razão. penso. é que os elei1ores 11or1e-omcrica110s estava,n ex1re1ntune11te desgostosos com o esquerdisnio do.r ano.< 60 Almirante Jeremiah Denton, herói de guerra no Vietnã. é o novo senador por

Alabama

de senadores e deputados que desejam derrotar e m 1982. Comen1ou o líder da Moral Majority. Jerry Falwell. cm 10m irônico, que os esqucrdisias que sobreviveram a 1980. devem renunciar a suas vias destrulivas ou "preparar-se para ficar desempregados". A Nova Direita ampliou o escopo de sua posiç.ã o anti-csquerd is1a. não se limitand o a reagir aos ataques de esquerdiitas ou permissivisias avançados. Deram um passo além. Alguns do principais de se us dirigentes 1ornaram públicas suas reservas a vários mcm~ bros da nova administração, lamentando o sabor Nixon-Ford que esta parecia adquirir. Levando a dian1e sua determinação de lutar con1ra a esquerda onde quer que es1eja. incluíram na lista de pessoas a serem derro1adas em 1982 também legisladores d o Partido Republicano. O inOuen1e Howard

Phillips, manifestando firmc,.a doutrinária, expressou com c lareza a atual posição preponderante nos arraiais da Nova Direita: "Nós. que son,os fiéis à causa conservadora e que nos preocupamos com a sobrevivência de nossa nação. em nossa hierarquia de valores devernos manter mais alta a lealdade a nossos princípios do que a lealdade a Ronald Reagan ou qualquer ourro candidato ou partido" ("Conservative Digest'', novembro de 1980).

Repercusslles internacionais (e nacionais) Admite-se como provável que os problemas econômicos tiveram sensível importância no resultado das eleições de 80. Não se poderia, portamo. debitar cegamente a inclinação para a direita do eleito rado apenas a considerações ideo-

1 General Daniel O. Graham. d iretor da Amorican Socurity Council (Cons.elho Norte -americano de Segurança)

e com o feminismo dos anos 70. inculcados sobre eles co,no se o passado 11orte-a111erica110 tivesse si· do destruído e o futuro estivesse completamente dissociado do pas· sado" ("Toronto Star". 8-11 -80). . Os or~anizadorc_s ~a Nova Direi/a reagiram com ammo aos contra-ataques e publicaram uma lista

Nenhum sorve· te deve ter ame·

n;zado o amargor da derrota sofrida pelo ex·

&eô"lador George /

McGovern.

P

,

a•

migo da Fidel Castro

lógicas. A própria Sra. SchlaOy, observadora perspica1.. afirmou: "Isto significa que a ERA e o abono forom os grandes temas da campanha eleitoral? Não necessariarne,ue. Acredita,nos que a in· fiação e a defesa nacional foram os grandes temas. Mas foran, os ten,as rnorais coma ERA e aborto que lançarom gente nova 110 processo polí1ico e nas urnas no dia da eleição .. (" Eagle Forurn", novembro de 1980). Das palavras da Sra. Schlafly se tira 1mportan1e conclusão. O fenômeno significa que. na prática, as fromeiras dos temas políticos e morais 1endem a se confundir nos Es1adcs Unidos. A defesa do feminismo e do aborto. aparentemente distante da defesa das leses poli1icas favoráveis ao comunismo (détente. por exemplo}, já é. na maior pane das vezes. suficiente para a caracicrização de esquerdismo. E a propugnação dos direitos do nascituro e de uma jus1a e proporcionada desigualdade cn1rc os sexos. já configura, mesmo sem alusão a temas poli-. ticos, a defesa de posições próprias à Nova Direita. Esse conjun10 de acontecimentos - mesmo que se possa ponderar. como foi dito acima. sobre a importância dos fa1ores econômicos - indica clara marcha d o centro norte-americano para a direita. Correntes de expressão na Europa lamentam a dissociação do público de posições favorecedoras da détente. is10 é, de uma politica de mão mole e con fiança ampla cm relação aos russos. Na Alemanha, a ala esquerda do SPD deseja

um dista nciamento em relação ao govcri10 Rcagan e teme uma nova adminis1raç.ã o enérgica. Na América Latina, é de se presumir como provável a cessação da inábil conduta de política dos "direitos humanos" de Car1er. O avanço militar marxista sobre a América Central, onde o auxílio es1ra1égico e militar de Cuba permitiu a vitória sandinista e já preparava o mesmo em EI Sa lvador, não terá a apa1ia vizinha da c umplicidade com que a adminis1ração Carter observou a queda de Manágua. Cuba (is10 é, a Rúss ia) armava os guerrilheiros e Washing1on boico1ava a ajuda aos governos agredidos. E no Brasil? Este artigo julga contribuir para a consideração profícua das manifestações inequívocas de descontentamento do eleit orado norte-americano. apresentando o que pretende ser uma descrição do fenô meno. sua gênese, estado atual e pers pecti vas fu1uras. Ao que saibamos. o público brasileiro não teve cm s uas mãos uma análise cabal da nova posição do público norte-americano. Desta forma, não dispunha com facilidade de dados suficientes sobre 1ema que lhe interessa de perto. Houve muita informação 1endenciosa ou incompleta. alguns ataques desa1inados, lamentações. camunagem. Mas tal ati1ude não consiste cm informar com objetividade e isenção de ânimo. O presente artigo espe ra ajudar a todos que desejam formar uma visão abarca1iva desse assunt o fundamcn1al para a determinação dos dcs1inos próximos do mu ndo.

ALTERAÇÕES NO PANORAMA MUNDIAL VITÓRIA conservadora nos Estados Unidos coloca, de imediato, problemas candentes no relacionamento do mundo não..:omunista. O eleitorado norte-americano manifestou inequivocamente seu desagrado com a oscilação anêmica da administração Cartcr. A política des1e tinha como uma de suas características concessões len1as, paula1inas e, tanto quanto possível , indolores, em fa. cc dos russos. No meio da descida, a lguns golpes bru1os, como o do Afeganistão, despertavam veementes protestos verbais e ocasionavam escassas medidas econômicas de re1aliação, de eficácia duvidosa. Reagan foi favorecido com o desconten1amento popular e sua eleição se deve . e n1re ou1ros fa. tores, a uma plataforma de defesa mais consistente do que a de Ca rter. Confirmando a extensão do desagrado da nação, vários depu1ados e senadores de orientação esquerdis1a viram-se surpreenden1emente ha1idos.

A

A Europa, mal acoslumada pé· la hesitação habitual em Washington, já se preparava para a censurável "détente divisível". Os en· cargos da defesa ficariam com os norte-americanos, os eu ropeus o cidentais se d edicariam a lucrativo comércio com o Leste. evitando despcnar a susccptibilidade russa. O caso afegão desli,.aria vagarosamen1c para o o lvido, ver-se-ia a Polônia como reserva de domínio soviética e. desde q ue não cessassem as 1rocas e o nuxo de divisas, no Velho Mundo en1re os dois blocos reinaria inalterável boa vi2inhança. No máximo, enfáticos

e inoperanies pro1estos diplomá1icos, rapidamente esquecidos. O panorama seria este. O resmungo mal-humorado da "maioria silenciosa .. dos Estados Unidos csiremeceu as perspectivas do futuro. O governo da lngla1crra viu-se prestigiado e re moçou. A conduta da Sra. Tha1cher, a cognominada " D11ma ue Ferro ", recebeu apoio ines1imável. Não cs1â mais só. a propor medidas eficazes de defesa diante do crescente poderio miliiar comunista. O mal-estar reina n1e no regime de relações especiais vigente entre Londres e Washing1on parece tender ao fim. Esmaeceu o brilho da vitória socia l-dcmocra1a na Alemanha. A mani festação eleitoral tcuta havia sido um apoio com reservas a Schmidt. Seu partido subiu de 214 a 218 deputados. Entretanlo, o parceiro liberal (PLD), favorável à livre empresa e considerado o freio da coligação, subiu de 39 para 53 represen1antes. Os democraia..:ristãos, que no parlame n10 alemão adotam linha tcnden1e ao conservadorismo. continuaram a 1cr a bancada partidária mais numerosa, com 226 assentos. Schmidt portanto não te m carta branca do eleiiorado. No campo internaciona l conje1ura-sc sobre poss íveis a tritos entre Bonn e Washing1on. caso o governo alemão tei me em conti·

nuar s ua "Os1politik" concessiva e perigosa . O chanceler belga. He nri Simonet. analisando o eventual a umento da tensão internacional. chega a afirmar: "O que rnais 111e p reól'UJJ{} agora ê O ÜJlf)lJ<:Jo que O 1en.wio terá sobre as rt>/ações entre Washing1011 e 801111. dentro da A· liança [A1lântica]" ("Jorrwl do Bra-

Em Bagdad, iraquianos socorrem vitima do um bombardeio iraniano. A guerra entre os dois grandes produtores de petróleo agruvou ainda mais a possibilidade de uma intervenção russa no Golfo Pérsico. podendo assumir o controle das principais fontAS de suprimento de óleo ao Ocidente.

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si/", 9/ 11 / 80). Discorrendo sobre o tratado de limitação de armas estratégicas, o SALT-2, censurado por Reagan durante a disputa eleitoral . sob a alegação de que consagrava a superioridade militar soviética. assevera Simonet. preocupado: .. Que vai fazer o n ovo presidente corri o tratado SA LT-2? É ,·erto que. se ele decidisse não l'()rrtirwar a ratificação no Congresso. contrariando os europeus. isso seria inconresravebnente unu1 gra ve crise n o interior da Aliança". Em outras palavras, o minis1ro do Exterior belga advcne o r,ovo governo sobre a má vontade européia em relação a uma política realisia cm face d os russos. Desejariam con1inuar no clima ilusório. fatal a longo 1ermo, ocasionado pela distensão e nganosa dos últimos a nos. A perspectiva de uma rachadura grave entre Washington e as capitais da Europa Ocidental in1rodu1., no panorama político, a possibilidade próxima da vinual "finlandi1.ação" d o Velho Mundo. Mostraria que na Europa continental nada de enérgico se tolera em relação a Moscou. embora pla tonicameo1e continuem as déclaraçõcs de aliança entre os Esiados Unidos e os países não..:omunistas do ou1ro lado do Allân1ico. A lenta, saga2 e o bstinada política soviética colheria magistral vitória. Resta observar se, no decorrer dos fatos, se cristali,À1rá tal hipó1ese ou um bom senso perspicaz levará os europeus a se alinharem com os Estados Unidos.

Concrc1i1.ada a rachadura, 1ornawsc quase inevitável o abandono

da Europa e. na ordem dos fatos, a instalação de um prote1orado soviético. A política norte-americana passaria a ter como primeira preocupação o Ca nadá, México, Argentina e Brasil, que se veriam cha mad os pelas exigências da nova ordenação imernacional, a constituín:m os primeiros do bloco contrário ao imperialismo hcgemônico dos russos. Hipótese con1ristadora, pois equivaleria à derrocada da Europa, mas que revela, de soslaio. as responsabilidades que a 1-lisiória vai colocando no ombro de algumas nações emergen1es neste fim de século. A China não é considerada obsuiculo rea l ao comunismo russo por compe1en1cs analistas internacio nais. A rn1;1o é simples: ela é comunista. E a dependência japo-

_,

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A vitória de Reagen torta1eceu a primeira·ministra inglesa. Sro . Thatcher. e entra· queceu a polltic.a frouxo do chancolor olomêo Schmidt em relação à Rússia

ncsa de suprimcnios ex1ernos coloca esse país cm posição de ex trema vulnerabilidade.

Outra questão de importância maior para a nova adm inis1ração republicana será a gestão da crise do petróleo, com suas ó bvias implicações es1ra tégicas. A prolongada guerra de a1ri10 en1re o Iraque e o Irã deu ocasião a subsianeia l aumcn10 do preço do petróleo e criou possíveis oportunidades de inte rvenção russa na região. A vida dos três colossos econômicos - Estados Unidos, Europa e Japão - depende do nuxo normal do ouro negro. Por isso, convulsões naq uela 1.ona instável estão ocasionando e - quem sabe? - ainda ocasionarão profundas repercussões no mundo imeiro. Já Lenine previu o controle das fonies su pridoras de ma1éria-prima como e1apa na derro1a das nações capitalistas. Ou os Estados Unidos coordena m, com a aj uda dos países interessados, uma política de con1enção da agressão russa a essas regiões. ou Moscou a s domina rá paula1inamente. cncos1ando assim um punhal na carótida do Ocidcn1c. Há espera nças de que homens de espírito lúcido subs1i1uam os incxpcl'ic111cs e vacilan1cs policy-nwkers q ue deram as cartas no período Carter. Para 1erminar, uma palavra sobre a América La1ina. A perigosa resva lada de países da América Cent ral cm direção ao cas1rismo - ocorrida d urante os úllimos anos, quando a Rússia, por intermédio de Cuba, armou, treinou e fina nciou guerrilhas e aios de subversão - talvez e ncon1re barreiras no ânimo redobrado das popu lações a1ingidas. Esperam es-

tas com razão não 1er ma is a má vontade da diplomacia none-a mcricana . até jancirc praticamcn1c inerte. cm face das manobras do imperia lismo soviético na região. E que a s ignifica1iva frase de Tomá s Borge , ministro do Interior da Nicarágua, não se realize. Ei-la: ''Cuba ontem . Nicarágua hoje. EI Salvador a,nanhã".

nf i~ AÍOLilCil§MO ~ --

MENSÁRIO

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CAM POS - ESTADO DO RIO Dirttor:

Paulo Corrê• de Brito Filho Dirttoria: Av. 7 de Scu:mbro. 247 -

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Os p:,gamcmos. S(;tnprc cm nome de Edi1ora Padre 8ckhior de Ponits

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rase venda avulsa dc\·c ser c1h'iada à Adminisw1çio: 8ua Or. Martiniço Prado, 271 Sio Paulo, SP

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1981


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Santo Inácio de Loyola: prodígio de ordenação da inteligência e vontade ANTO INÁCIO de Loyola, acometido de grave enfermidade, ji.zia em seu leito. Os Padres jesuítas que se encontravam em Roma naquela ocasião, prevendo para breve a extinção daquela vida extraordinária - a do Fundador de uma nova milícia religiosa, profundo psicólogo e mestre da. vida espiritual -

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símile desta, que o Pc. Ribadcneira, S.J. - conhecido biógrafo do Fundador da Companhia de Jesus - possuía cm Madrid desde 1584. Os mesmos Padres que encomendaram o quadro a Jacopino dei Conte, após o falecimento de Santo Inácio providenciaram a confecção de sua máscara mor-

traços de alma dignos de análise. O rosto é de um espanhol bem característico. Mais precisamente, de um basco que sempre con-· servou suas qualidades de antigo guerreiro, cheio de energia e determinação.

As vinhetas Que figuram nesta pá· gina; elmo e luva de um guerreiro da época de Santo

Inácio. Máscara mortuária de Santo Inácio. visto de frente e de perfil

No modo de olhar, nota-se que o Santo descortina um horizonte mental vasto e longínquo, universal. Por isso, sua fronte como que se ilumina, como a indicar uma inteligência aberta a todas as esferas do conhecimento, apta a analisar os mais diversos assuntos e temas. Contudo, não deixa de observar também as etapas intermediárias. Não se trata, portanto, de um esp:rito que sobe a considerações teóricas perdendo a noção da trajetória, descolando-se da realidade. Pelo contrário, Santo Inácio sabe examinar todos os detalhes do caminho.. Ele repousa a vista tranqüilamente nas últimas profundidades do que vê, sem necessidade do esforço que precisa fazer o homem de vistas curtas para discernir algo distante. Santo Inácio, não: sabe voar até as estrelas sem deixar de notar o obstáculo representado por um grão de areia. E percorre com igual serenidade todas as etapas intermediárias, adaptando facilmente a vista, ou seja, a inteligência, a todas as distâncias.

um cunho hierárquico às potências da alma humana, como a todas as criaturas visíveis e invisíveis. Assim, a inteligência deve guiar a vontade, e esta deve governar a sensibilidade. Decorrem do pecado original os atritos entre os apetites sensíveis e a vontade guiada pela razão. Mas a vontade, rainha reduzida a governar súditos em estado de contínua tentação de revolta, tem meios para vencer sempre... desde que Será objetivo tirar tantas connão resista à graça de Deus (cfr. seqüências da análise de uma Rom. 7, 23-25). simples pintura? - poderá perguntar o leitor? Respondemos valendo-nos de uma metáfora. Um bom observador, olhando uma gaivota voar baixo - junto à praia, por exemplo - sabe entretanto perceber Compreendemos então essa que ela é senhora das alturas. prodigiosa consonância entre in- Basta discernir o estilo sobranteligência e vontade na alma de ceiro com que ela percorre os Santo Inácio. A tal ponto a!Jlbas ares ... se harmonizam que se diria que elas se fundem. E de tal maneira SANTO INACIO OE Lovot.A - Quadro pin· ele tem o dominio das duas potên- tado por Sánchez Coello em Madrid. no de 1686. tendo o artista baseado cias (e, conseqüentemente, tam- ano sua obra numa cópia da máscara morbém da sensibilidade), que pode tuária do Santo focalizar com a mesma atenção, penetração e lucidez os objetos mais remotos, como também os mais próximos. Sempre com a mesma serenidade, sem se cansar, como o vemos no quadro.

Daí o distendido de sua face, a amenidade de sua fisionomia. Em aparente contradição com esse aspecto distendido, nota-se em seu olhar e nariz uma determinação total, absoluta e estável. Na serenidade, ele entretanto se mobiliza imediatamente para qualquer coisa, a qualquer momento. Nessa aparente contradição entre o distendido da face e a firmeza da deliberação, vemos SANTO INAc10 OE LOYOI.A - Pintura de Jacopino dei Conte. executada em Roma. um prodígio de ordenação da no próprio dia da morto do Santo (31 de julho do 1556) inteligência. Tem-se a impressão convocaram o pintor Jacopino tuária em gesso, da qual se tiraram de que Santo Inácio descolou seu dei Conte para deixar à posteri- duas cópias: uma de cera e outra pensame.vto de todos os aspectos dade um quadro do Santo. de gesso. Este último é reproduzido inferiores de sua inteligência, ou O artista felizmente ainda nas duas fotos ao alto da página. que pudessem conduzir a consiEntretanto, apesar de autên- derações secundárias, para manconseguiu imprimir na tela os Isso o tornava capaz de retraços que podemos admirar na tico e impressionante, o mode_lo ter suas cogitações no plano do solver os mais complexos problefoto acima. Essa obra foi execu- feito a partir da máscara mortuá- fim último estabelecido em fun- mas do governo da Companhia tada nos últimos instantes de vi- ria não é capaz de espelhar os ção da glória de Deus e da meta de Jesus, da diplomacia ou das . - Jesu1t1cas, . ' . com a mesma da de Santo Inácio, pois naquele matizes do olhar penetrante do derradeira a alcançar. E todo m1ssoes mesmo dia ·veio a falecer. Por condestável da Contra-Reforma, o restante de sua "bagagem" inte- facilidade com que poderia veriisso, a pintura manifesta algo de além de configurar ligeira incha- lectual, ele colocou em repouso ficar se seu sapato estava bem vitalidade e força que nem o ção dos lábios, própria ao estado para não atrapalhar no essencial limpo para apresentar-se a uma seus pensamentos e atividades. audiência importante. Dominanfamoso quadro do pintor espa- cadavérico. De tal maneira que suas faculnhol Cocllo - reproduzido ao do as distâncias e as situações, dades de alma pudessem funciopé desta página - pôde externar. ele é tão senhor de si no momennar como que em estado puro. Este não teve oportunidade de to de fazer algo banal como limretratar a figura de Santo Inácio O que o tornou capaz disto? par o sapato, quanto, por exemern vida, tendo tomado como A vontade bem ordenada, em plo, na hora de assestar impormodelo para seu trabalho a másNa pintura de Jacopino dei consonância com a inteligência. tante golpe contra um adversário, cara mortuária em cera, ou fac- Conte, entretanto, transparecem Como se sabe, Deus imprimiu em prol da Contra-Reforma.

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1981

Sua inteligência, bem como sua vontade, estão postas igualmente nas últimas conseqüências do que almeja. Por isso, ele está disposto, a todo momento, a qualquer tipo de mobilização ou guerra, sem o menor susto, hesitação ou estranheza. A tal ponto o Fundador da Companhia de Jesus governava sua alma, que por assim dizer a inteligência se transformava em vontade, e esta em inteligência. Nessa inter-relação, ambas as potências como que se fundem. E aí parece encontrar-se o aspecto mais recôndito da possante personalidade de Santo Inácio de Loyola, realçada neste quadro que analisamos. Como também a explicação mais profunda das qualidades naturais e do tipo de virtudes heróicas praticadas por esse esteio da Contra-Reforn1a.


_,-, iAf01llCISMO- --

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''PAPÉIS PROIBIDOS'': fruto típico do progressismo . R

ECEBI hú pouco um livro de autoria de Mons. 1nicsta, Bispo Auxiliar de Madrid. A impressão sugerida pela capa é confrangedora. Aparece a fotografia do Bispo tendo como fundo, cm vermelho berrante. um desenho que insinua uma muhidào cm revolta. O titulo da obra parece forjado para causar sensação, cm letras vermelhas sobre fundo preto: "Papéis Proibidos" (Edições Sedmay. Madrid , 1977). A leitura do livro não só coniirma. infelizmente, a impressão desoladora causada pela capa, mas a inda a acentua e a expl icita, como veremos. Não nos é possível, nem é nosso intuito, num s im ples artigo de jorna l, tratar de tudo quanto foi despejado nas 2 16 páginas dessa obra. por um autor que parece empenhado em participar do misterioso processo de "autode,nolição" da Igreja, segundo a expressão de Paulo VI. Entretanto. um ou oucro ponto é inccressante dar a conhecer a nossos leitores, para que se possa avaliar com que desin ibição o progressismo dico católico vai expelind o seu conteúdo venenoso, mesmo nã c:atólic:1 Espanha, utilizando-se até de um membro da Hierarquia, que escreve e a tua sem qualquer punição que se conheça.

Amnésia dos horrores revolucionârios Basta folhear qualquer compênd io de História recente, ou mesmo interroga r testemunhas ainda vivas, para se ter uma idéia dos horrores cometidos pelos comu niscas durante a revolução russa. Os fatos são por demais conhecidos para nos determos sobre eles. Basta r lembrar o esmagamento do levante anticomunista ocorrido na Hungria, em 1956, ou o Muro de Berlim. D. lniesta. porém . cm seu escrito. parece ter s ido acomecido por uma amnésia fundamental cm relação a todos esses fat os públicos e nocórios. E chega a afirmar, pura e simplesmente, que. no passado. "a Igreja se opôs às liberdades de1110crá1icas. corno ocorreu en, face dos m ovi111e111os da Revolução Francesa. do l. iberali.tmo. da Revolução Russa. eu·." (p. 22). Para não haver duvidas a respeito de seu pensamento. o Bispo espanhol explica que usa o termo democracia "no sentido ,nais tnnplo da palavra ... que val "dt1.ttle os ti<'· 111ocracias de tipo oâdenl(J/ [ ... ] até llS

brire,nos. ,ne.t1110 n o pe11s<111u!11to t-ristão. ter pé.t de barro" (p. 150).

A Igreja não deve impregnar os costumes...! Um dos aspectos mais delicados da ,uuação da Igreja é. e sempre foi. o que se exerce no campo da M ora l. O empenho especial que caracceri,.ou no passado os Pastores de alma. <111ando !ratavam de probkmas morais. é notóric,. Compreende-se cal posição, pois é um ponto da doutrina católica e da experiência com um que os homens. com facilidade. se vêem atraídos. por força do pecado original e da ação do demônio. p:ir:i a concupiscência. com a conseqüente perda da própria alma. além de propiciar o escândalo que arrnsta os demais. Ora, o Prelado chega a pôr cm düvida que a Igreja ai nda queira ~xcrccr seu essencial mllnus moral no âmbito da sociedade humana. São s uas palavra~: "Na <>rden, da opinirio pública não parece que a Igrej a possa. ne111 talvez queira.

co,uo em outros ttw1pos. 111onOJ)Q· lizar e impregnar os t·ritérios ,f<, atuação étic(I dn soâ edade. dando fón1111/as ,·011fessio11ais a todos. co111() se e.•.., ivé.,·se111os ainda 1111111 pa,:r de Cristandade. Praias. modas. costumes. espe1ándos. li1er(l(1,ra... " ( p. 71). Lui verde. por conseguinte, para todas as formas de pcrmissivismo moral. Abd icação. por parte da Igreja - ou daqueles que ainda se dizem Igreja - . de uma de suas mais graves obrigações. à qual Ela não pode esqu ivar-se. sob pena de perder a identidade consigo mesm·a. Parecendo ignorar que o C.t,:o· mento indissolüvel é não só um preceito da domrina católica. m:,s ta mbém da própria Lei naturnl. D. l nicsta investe contra ele. Sempre. evidentemente. com as distincõcs clássicas dos divorciscas de todo naipe. entre casamento cacólico indissolúvel e casamento civil. Di, expressamente: "Sou partidório dl' que na Espanh" seja co11t·edido o ,Jfrârcio dl'il ao.y que ,uio cri-em" (p. 14). Como faria mel hor o Pre lado hispânico se se dedicasse à conversão dos incréd ulos. em lugar de procurar defender o pseudo-di reito daqueles que não crêem de transgredir a l.l'Í na curai.

deno,ninadas 'de,nocracias pro-

gressistas· ou 'populares' dos países comw1ista.f' (p. 21). A tirania CO· munista situa-se, portanto. de modo explícito dentro de seu conceito de liberdade democrática ... Mas não é só o conccno de liberdade do aucor que se aproxima do marxismo. mas também o conceito de igua ldade. Ele aspira para a Igreja uma igua ldade parecida com aquela que Marx desejava para a sociedade em geral. Ou seja. igualdade tão radical quanto possível. Por isso diz: "A Igrej a deve ace111111,r

dentro de si ,nes,na tudo o qu,, une e continuar enterrando oruatv~t frfrv · M ons. lniesta. Bispo Auxiliar de Madrid. defendo greves erros doutrinários em seu livro "Pape/es Prohi bidos"

l:nfim, D. 1niesca parece querer uma revisão cabal da doutrina da Igreja. para adaptá-la aos pruridos ~evolucionários do momento. Ê por ,sso que afirma sem rcbuços: "Os conceitos de autoridade, propriedade privada, família. fé. com o fermento crítico... , tleven, ser repensados 1evlogicame111e" (p. 12).

Ê oportuno citar aqui um texto. onde o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com limpidez de pensamento.

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Os carros estacionados sobre o calçada, r entes às vitrinas da Asroflo t, nos Champs Etys6es. são da polícia. Af passam dias inteiros. Pr evinem event uais ataques de grupos ext remi.stas de direita (o q ue. aliás. t em tido como efeit o despertar a atenção para a esquecida co mpanhia de aviação). 4

recente e nwis extrenwdo do prt>·

te.tso revolucio11ário ".

Freiras de sindicato A religiosa sempre foi um símbolo da maternalidade ela Igreja. Seja dedicada à concemplação, ornndo e sacrificando-se pelo bem de todo o Corpo Místico de Cris co . seja cm a tividades apropriadas à psicologia feminina. como o exercício constante da caridade nos hospicais e nas tarefas pedagógicas - e em muitas outras circunstâncias - . tu· do o q uc era fciio por uma religiosa via-se s ublimado. cheio de unção sobrcnacural, fo1.cndo às almas um bem proporcionado, ou ,Hé maior, do que aquele feito aos corpos. Infelizmente, o acivismo <1ue. nos últimos anos vem deteriorando grande nú mero de Ordens e Congregações. desfigurou a verdadeira imagem da freira. reduzindo-a a ser uma pessoa a mais no mundo. e impedindo que ela faça aquele bem específico à Igreja e à sociedade cm geral que só uma religiosa é capai de fazer. Na rampa da awal decadência. eis que D. lnicsta desce agora mais baixo. e propugna a irnrodução da religiosa, já de urna vez, na luta s indical. e portanto. operando a metamorfose por o nde e la se to rnará instrumento da luta de classes. Diz o Prelado: .. Paret·e-me claro .<Ili<' Luna religiost) possa ,•ntH1r 110 111u11do do trnbalho norn1al e. pl'la

nu!!mra rauio. na luta sindical i' e111 suas estruturtJs". E prossegue: "DtA. vt~rian, rntror para tr<1balhar co,no uma tJutdquer, procurando não de· sempenhar tarefns de direção. e menos ainda ter ntit,ules paternalistas. m esmo que. por hipótese. pudessem fazê-lo" (p. 118). Ora. se uma freira cm nada deve distinguir-se de uma operiiria comum. então para que se,· re ligiosa'? Qual o significado de sua consagração a Cristo'/

Doís pesos e duas medidas

iguala. e deve reduzir ao nuíxi,nu tudo o que diferencia[ ... ]. Devemos los. dignidades, prerragat ivas. d istâncias e títulos" (pp. 140-14 1). É claro q ue, com tal co ncepção de igualdade, D. 1nicsta não pode nutrir simpatias pelo insti1u10 da propriedade pri,vada, admitido pela doutrina da Igreja e por documentos do Magistério Eclesiást ico como um dos fundamentos da sociedade, pois decorre ele diretamente da natureza humana. Assim é que, depois de repetir os surrados jargões da cs~uerda contra a sociedade capitalista, e de não esconder suas simpatias pelo marxismo, o Bispo ,\ uxiliar de Madrid tem a nelos por "uma Igreja que reexamine sua (J(itude 1eo/6gica ante o din•ito de propriedade. esse mito que logo desco-

cm sua o brn ·· Revolu(Yio e Contra.. R(•vo/ução". apresenta a verdadeira focc da realidade: "A se11su11/id11de. ,-evoltada cuntra os frdgeis obstárulos do divórcio. tende por si mtsnw ao tunor livrt. O orgullto. inimigo de toda superioridade~~ haveria de i11v<'Stir rontra a última desigu11/d(1de. isto é. 11 dt· fortunas. E assi11t. éhriu de sonhos d,, Rt,pública U11iver.wl. de s upressão tle ioda autoridad,, edesiâstica ou l·ivil. de aboli('iio de qualquer lg,-eja e. depois de 1111111 dit(ldufll operâria de 1ransição. tmnbém do próprio f':sl(JdO . aí estâ o neobârboro do século X X. produto nwi.v

O teor do livro ·· P"péi., Proihido.{· é de tal nível que, chegando a o fina l. D. lniesta sentiu a necessidade de inserir um texto onde explica ao leitor que não é comu· nista. mas luca pela "justiç;i". A ünica defesa válida de sua posição - e essa o Bispo Auxiliar de Madrid não a faz - cons istiria cm demonstrar que s uas afirmações diferem substancialmente das que os comunis cas fazem. Mas disso ele se guarda bem. E sai mais adiante com uma invectiva violenta contra os que não propugnam aqui lo que ele chama de justiça: "São hereges as ,·ris1ãos que não /1110111 p ela justiça. deformam a m ensagen,. deveriam converter.se ou dever ia,11 sair ·da Igrej a" (p. 214). E curioso observar essa at itude de intransigência contra todos os que não concordam com sua colocação do problema da justiça. O Bispo espanhol cão aberto e compreens ivo em relação ao marxismo. paradoxalmente demonstra uma férrea severidade contra.os que rejeitam essa posição concessiva. Dois pesos. duas medidas ...

Gregório Lopes

Em Paris, • pizza com vodka PARIS - Com seu esplendor, a capita l francesa é. talvez, de todas as cidades do mundo a mais procurada. Vir à Europa, para muitos, é vir a Paris. Todas as nacionalidades aqui são e ncontradas. Brasileiros, naturalmente, por toda a parte. Muito abertos à cultura e à língua francesas, não é raro vê-los nas ruas. praças e museus, como diante dos monumentos parisienses. Isso traz u ma conseqüência óbvia. Se por um lado, neste início d e ano as lojas de comércio, confeitarias, restaurantes. livrarias estão sempre lotados, por outro, regurgita m ainda mais as agências de viagens, aeroportos e estações. Para tomar um avião, se não se previu tudo com antecedência, tem-se invariavelmente que enfrentar uma incerta fila de espera e disputar algum lugar à última hora. Nos aeroportos. os alto-falantes anunciam partidas para todas as regiões do mundo. Árabes, japoneses. africanos, comumente embarcando com seus vistosos trajes nacionais: cores vivas. muito pano, cm cada dobra a evocação de uma legenda - aliás, nada afim com a modernidade do aeroporto. Centenas de aviões chegam de todo o mundo. Um caudal humano continuamente sai dos balcões da alfândega , contente, por vezes eufórico, à procura da grande Paris, seus palácios e teatros, suas praças e restaurantes. sua história e s ua grande1.a .

Em meio a toda essa movimentação, é impossível não se notar entre as grandes companhias aéreas um vazio, constituindo como que uma sombra no aeroporto. De fato, uma empresa choca pela vastidão de suas insta lações e o despovoado de suas dependências: a A erof/01 , linhas aéreas soviéticas. No aeroporto Charles de Gaulle seus imensos aviões pousam. Rolam pela pista . São seguidos por olhares com um misto de curiosidade e desconfiança. Estacionam e as portas são abertas. Não se vê sair o íluxo de passageiros dos outros aviões. Pingam · fora alguns técnicos europeus que foram passar tecnologia a setores atrasados da indústria comunista; russos a pisar o mundo livre com pé incerto. acanhados e em trajes rüst icos; alguns funcionários diplomáticos - e isso é tudo. Os passageiros da Europa livre sabidamente preferem suas linhas aéreas. ou as americanas, quando têm que ir a Moscou. Encerrarse num desses tubulões da Aeroflot e ser dirigido por misteriosas mãos russas ... não ! O homem ocidental ainda não se sente à vontade para

tal. Barreiras psicológicas ainda restam erectas entre ele e o comunismo. Quer no aeroporto, quer em s uas agências de Paris, o abandono pelos turistas é completo. Sua agência mais vistosa situa-se na famosa avenida dos Champs-Elysées. Posta ali para chamar atenção, ela atrai entretanto muito pouco. Imensa mas sombria, conflitante com a graça e a leveza francesas, ela se isola. Ninguém entra. Mesmo os que apenas passam por sua porta relutam em o lhar. Se de um la(lo a vista do transeunte é atraída pelas imensas fotos de seu interior ostentando as maravilhas da Rússia do tempo dos czares, é certo também que, por outro lado, a foice e o martelo no alto de suas paredes repugna. E pendurado junto, em relevo, descomunal, a fisionomia metálica e agressiva de Lenine, parecendo sair da parede para ameaçar Paris, cuja graça e cujo charme para ele não eram senão dignos de destruição. No total, o transeunte prefere não olhar. Por que a Rússia manteria uma imensa e inútil companhia aérea, claramente deficitária?

Um pedestre que a princípio prefere nem mesmo olhar para a agência da A eroflot pode, entretanto, desprevcnidamente aceitar um a lmoço numa aprazível piz1.aria, toda envidraçada, com vista panorâmica para a avenida dos Champs-Ely_sées. E em cima da ca·r ranca de Lenine, a centímetros da foice e do martelo, deliciar-se com iguarias italianas. Nada como os ambientes italianos para distender. Massas em abundância, preços razoávéis. Movimentação alegre e ligeira. Um copo de born vinho de Siena ou de um chiarei/o basta para acabar de amolecer a quela barreira psicológica que separava a pessoa desprevenida de tudo o que vem dos mantenedorcs da Lubianka e do Gulag. A carranca é esquecida, e a foice russa penetra indolor um pouco mais fundo na ílácida carne do homem ocidental. Seu bom senso foi amortecido e ele se habituou, nesse ponto especifico. com a propagação dos r ussos. Da próxima vez, ele poderá substituir o vinho pela vodka, por mais insólito que seja combinar a bebida russa corn a pi1.za. Triunfo da guerra psicológica revolucionária, que se vale de todos os meios, dispondo a todo momento de um fator específico, para levar insensivelmente cada grupo social. e até cada homem, a aproximar-se do comunismo. por pouco que seja.

Jean Goyard


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ll N. 0 363 -

Março de 1981 -

Ano XXXI

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Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ni_carágua: sandinistas ''cristãos'' tiram _a máscara Realmente, a revolução sandinista não está nada alheia ao sangue derramado cm nosso Continente, mas de modo especial cm EI Salvador e outros países da América Central. O que se torna cada vez mais difícil, no enta nto, é manter o rótulo de "cristão", que tão bem serviu aos interesses da guerrilha sandinista. Hoje, ..o povo nicaragüense vive sob u11UI ditadura CO· 1111111isu,··, conforme reconlteceu um ex-integrante da própria j unta de governo que assumiu o poder em 1979, Alfonso Robelo. "A Fren1e S<tndi11i>·u1 de Uberrn,·ão Nacional 1e111111edo de enfre111ar tuna tle1nocrt1cia e não a('eita a ret11id,u/(1 de que seus n,ernbros são apenas ,una

"NA N ICA RÁGUA dize1nos que ser <'ristãó é ser revo.. /udo,uírio.

Ein

nosso país

coi11cidirt1111 110 l f!IIIJJO l/111(/ , _

greja renovada, tuna Igreja tlliV<t e con1botiva. uma Igreja cristã. cu111 urn povo cristão, sandinisu1. lutando tontra uma ditadura s anguinária",

Assim se exprimia no TUCA - Teatro da Pontifícia Universidade Cató lica de São Paulo - . a 28 de feverei ro de 1980. dirigindo-se a Padres. freiras e a tivistas leigos das comunidades eclesiais de base, o dirigente sandi nista Daniel Ortega. hoje o homem forte d a Nicarágua. Insistindo no ca ráter "cristão" da revolução nicaragiiense. Ortega d isse. na mesma ocasião. q ue ela tampouco não estava alheia "ao

111i11oria (lr,ntula qut~ reprin1e 11111 povo it11eiro", acrescentou

.\Ymgue der,1111,ado e111 nosso Continen1c. ,,,,, /111a permaru1nte para alcançar a s ua /ibenação" (ver ··ca1olicismo ·· n.ºs 355-356, jul ho -agosto de 1980).

Robelo. cm declarações divulgadas por e missoras da Costa Rica. Em Ho nduras. o ex-membro d a junta voltou a acusar o

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regime sa ndinista de executar uma ..polí1ict1 101a/iuírfo 111arxis1a-le11inista para co111i1111ar

110 poder". .. Exis1e uma iden tificação plena en1re o governo d<t Fren1e Sandin ista e os guerrilheiros salvadorenhos. porque mnbos pertence,n a 111na ideologia comum··. destacou Robelo. Assim, uma revolução que se diz "cristã".. q ue recebeu o apoio de ponderáveis setores eclesiásticos. já não ensangiienta apenas o próprio país, mas avança sobre EI Sa lvador. As proporções cJuc va i a tingindo o poderio vermelho na América Central e no Caribc c hegam a preocupa r seria mente o governo norte-a merica no. ·•Um exército de 50 111i/ ho1nens. t·o,no o t1ue esrâ sendo organizado na Nicarág ua. não pode ser considerado uma força purt11ne111e defensiva e ·c,·r· u11nt111te não contribui p11ra ti es1abilidade na região", afirmou William Dycss. porta-voz do Departamento de Estado. Somando-se as forças militares da Nicarágua e de Cu':>a. ')ua poderosa ftlia~:a. -'S comun istas contariam com um

exército (!e 230 mil soldados (o Brasil tem cerca de 183 mil). ao qual se deveria soma r uma milícia popular de 300 mil homens. No momento cm que a subversão avanç(1 não só na América Cent ra l. mas assume

sérias proporções na Colômbia e começa a a presentar seus sintomas cm ,, osso próprio Pais. é elucidativa a análise da posição assumida po,· altas fi. gur,ts cclcsi:císticas da Nicar{,. gua. que âprcscntamos às páginas 4 e 5. Na foto. tanques sandin istas desfilam cm Man,ígua.

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TFP PRESTA AJUDA EM CAMPANHA CONTRA TIFO -

Sócios e cooperadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP - prestaram ajuda na campanha de vacinação contra o tifo, na cidade mineira de Conceição do Rio Verde, atingida pelas recentes inundações. A kombi com o estandarte rubro da TFP e munida de âho-falantes percorreu os bairros, convocando a população para comparecer ao posto médico.

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OESPOSSôRIO OE SA.oJOSl!('OM ,\ VIRGEM SANrtSSIMA

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---.ln•"·\• Fr.lAngclico(séc. XV). museu diocesano de Cmton:1

São José: a grandeza rejeitada NO DIA 19 DE MARÇO celebra-se a festa de São José, Patrono da Igreja, pai adotivo do Menino Deus, c-sposo da Santíssima Virgem . T ítu los de uma grandc-,a incompari,vel, que propomos ao leitor considerar. 1 O esposo deve ser proporcionado à esposa. Ora. quem é Nossa Senhora? A mais perfeita d e todas as criatu ras. a obraprima do Altíssimo. Se somarmos as virtudes de todos os Anjos, de todos os Santos, e de todos os ho mens até o íim do mundo. não teremos seq uer uma pá lida idéia da su blime pe rfeição da Mãe de Deus. Mas um homem foi escolhido entre todos, para ser proporcionado a essa excelsa criatura. Propo,·cionado, naturalmente, por seu amor de Deus, por sua sabedoria, pureza, justiça. por todas as qua lidades e virtudes. Esse homem foi São José. Má algo ainda mais insondável: o pai d eve ser proporcionado ao fi lh o. Era preciso um homem que carregasse com ioda dignidade a honra de ser pai adotivo de Deus. E houve um só. criado especialmente para essa 111 issãot com a alma adornada de todas as virtudes. inteiramente à altura de tão sublime vocação: tal homem foi São José. Era proporcionado a Jesus Cristo, era proporcionado a Maria Santíssima. Que mais seria preciso dizer? Tal é a d esproporção com os demais homens. que não podemos formar uma idéia de sua grandeza! Isto significa te r uma tal intimidade com o Verbo e ncarnado, penetrar de tal maneira na al ma sant íssima de Nossa Senhora, que o vocabuládo humano não encontra palavras para exprimir ad equadamente. Mais ainda: São José teve os lábios suficientemente puros e a humildade suficientemente grande para fazer esta coisa formidável: responder a Deus! Imagi nemos a cena: o Me nino Jesus, diante dele, pede um conselho: - "Como devo fazer tal coisa?" E o Patrono da Igreja, mera cria tu rn , sabendo que é Deus quem o interroga . dáLhe o conselho! Ou então Nossa Senhora ajoelhar-Se diante de São José para servi-lo. porque era o senhor e o esposo d Ela. E o grande

Santo ver Aquela que Se encontra no pináculo do Un iverso ajoelhada diante de si e aceitar que Ela o servisse! Imagine, leitor, se lhe for possível, um homem que teve bastante sabedoria e pure7.a para exercer a autoridade sobre Deus humanado e a Virgem Maria. Então compreenderá que São José é simplesmen te inimaginável, excede às cogitações humanas. Somente no Paraíso Celeste teremos idéia de sua perfeição sublime. Essa é a ~ra ndeza de São J osé. Como foi ela recebida pelos homens? Dii São Lucas (cap. 2, v. 7) que Maria "deu à luz o seu Filho primogêni10, r: O enfaixou e reclin ou 11u1na 1na11jedouro;

porque não havia lugar para eles "" es1alage111 ··. Verdade amarga: os homens têm particular diíiculdade em receber aqui lo que i: grande - mais ainda. o q ue é divino por causa d e sua mesqui nhez. Pensamos. às vezes, que o gosto dos ho mens cstú c m tratar com o que é importante, alto, sublime. Í: um gosto que ex iste. sim, mas apenas superficia l e interesseiro. O gra nde apego dos homens não se volta para a grandeza. nem para a riqueza; é para a mediocridade, part icularmente a um misto heterogêneo d e bem e de mal, com um gosto mais acentuado pelo mal que pelo bem. Então compreendemos porque não havia lugar para aquele casa l sumamente distinto e majestoso, mas pobre. São José - príncipe da Casa de David, da casa rea l deposta, decade nte, mas que estava c m seu apogeu porque dela nascià o Esperado das nações - bate à porta e é rejeitado! O sofrimento o golpeava como uma lança, po is era obrigado a conduzir Nossa Senhora a urna gruta, própria a animais, onde nasceria o Menino Jesus. Nesse lance de dor, vemos ao mesmo tempo sua glória. à qual se acumu laram · muitas outras: a glória de ser um homem

apagado. e mbora se lhe devesse honr,i pública; a glória de quem aceitou rc,ccbcr humilhações, igr½ominias e o peso do opróbrio_ que haveria de cair sobre Nosso Senhor. São José teve, desde o tomeço, a bem-aventurança especial de ser recusado por amor à justiça.


ripta de São ionísio, • • primeira Catedral de Paris PARIS - Na Fra nça. a todo instante, encont ra m-se recordações de seu passado. repleto de acontecimentos notáveis. Percorrê-la é esquadri nhar, seja qual íor a d ireção tomada, paragens da História. Tão numerosos são seus monu mentos

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os restos respeitáveis semeados através dos séculos. q ue freqiientemcnte não se sabe o nde deter a vista. Tantas relíquias históricas perduram desde a conversão de C lóvis, dos heróicos tempos das Cruzadas. do esplendor do gládio e da sabedoria de Carlos Magno, da diíusão da Fé por Cluny. das ca rgas de cavalaria empreendidas pela donz.ela Santa J oana D'Arc. Muitas tradições veneráveis nos reportam ainda à luta da Casa de Lorena contra a pscudo-rcíorma protestante. até os últimos folgares da di nastia dos Capetas. E no plano religioso, em época mais recente, às grandes aparições marianas d o século passado, na · Rue <111 Bac, cm Salctte ou Lourdcs. Em tal epopeia histórica. Paris represento u quase q ue ininterruptamente o principal papel. De um ou outro modo, ela foi o ceruro e a expressão mais nobre desse grandioso conglomerado humano que constituiu , segundo São Pio X. o povo e leito do Novo Testamento. A conversão de Paris, por conseqüência, teve para a França e pa\

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A primeira Catedral Conta Jacques Hillairet, em seu livro ·•Évo,·"tio11s du Vieux Paris", tomo I. que - segundo antiga legenda cristã, cujo início remonta ao século VI, retomada e desenvolvida no século IX por Hilduíno. Abade de Saint-Denis, e difundida la rgamente no século XIII por Jacques de Voragine, na célebre "Lege11dt1 Áurea" - São Dionísio-, Bispo da Santa Igreja, acompan hado por Eleutério e Rústico, veio d o sul da França pa ra iniciar a evangelizaç.'io de Lutécia (nome romano da fut ura Paris). Vendo a já grande cidade tomada por cultos idólatras e ocupada por ricos patricios romanos. s ubmetida à possante corporação dos " N(luf(Je />(lrisiaâ ", São Dionísio deteve-se à entrada da cid_adc, no lugar onde os galo-romanos sepultavam seus mortos. Existiam a li também pedreiras de o nde se retiravam as pedras para . a construção de Lutéc ia. Algumas delâs. subterrâneas, eram habitadas por pobres. servos, camponeses e colonos. Numa delas se instalou o Santo, e ali começou a formaçl"ío dos primciros cristãos. Era a primeira sede de reuniões daqueles primeiros fiéis, o primeiro palácio episcopal, a primeira Catedra l de Paris. Foi também lá que o prefeito Sisi nius Fesceninus, autori1.ado pelo imperador Domiciano. no fim do século 1. prendeu o Santo e seus dois co mpa nheiros. O apóstolo de Paris começou naquele local seu martírio. que terminaria com a decapitação. eíetuada no ílanco sul da colina de Montmartrc (*). No sécu lo VI uma capela, dedicada a Nossa Senhora dos Campos (Notre-Dam e des Cluu11ps). foi construida sobre essa ped reira. que assim se to rnou sua cripta. Ela íoi sempre intensamente visitada por peregrinos. Luís VI destinou uma verba especial para sua iluminação durante a o itava da festa de São Dionísio. Eni 995, os benedit inos da Abadia de Marmouticrs. pe rto de Tours. tornaram-se proprietários dela e lá fundaram, cm março de 1804. um primeiro convento. Na Capela de Notre-Dame dcs C harnps Co ram celebrados os funerais da primeira esposa de Luís XII . Por esta estreita escada sem ornatos

esquerda). o visitante desce à cripta de Slo Oionfsio (embaixo), que foi sede episcopal do Apóstolo de Pa ris

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Martírio de Sã-o Dionísio

A frente da imagem da Virgem, no altar principal da cripta. há uma outra. de São Oionlsio. que sustenta nas mãos a própria cabeça decapitada

vel lugar. Era a igreja do Carmelo da Encarnação, das carmelitas rcrormadas por Santa Teresa d'Ávila .

Sob a Revolução O mencionado autor J acques Híllairet , em seu "Dinionnaire IJistorique des rues <le Paris" (Les &li1io11s de Nli1111it. Paris. 7.• edição. 1967. vol. 1. pp. 629-630). re lata com pormenores as tra nsformações por que passou aquele templo religioso. bem como a veneranda cripta. A Revolu ção Francesa demoliu o convento carmelita e s ua igreja. As religiosas foram expulsas. A cripta. c ujas abóbadas havia m desabado. ameaçava desapa recer debaixo dos seus escombros. Uma rua foi abc rta no loca l onde se erguera o mosteiro. Passado o Terror revolucionário. e estando o povo ca nsado de tanto sa ngue~ as carmelitas re tornaram. Movidas pelo desejo de prc, . scrvar essn rchqma, o utrora vcnc .. r~\da corno das mais sa nws. elas consegu iram recuperar parte do seu a ntigo dbm inio. E <1li, num pequeno quadrilátero loca lizado na esquina de duas novas ruas. edifica ram um novo C1rmelo. com capela cm estilo ogiva l do século XI 1. Era um conjunto de proporções bastante modestas. mas através do q ual se tinha acesso à antiga pedreira · de São Dionísio. situad a deba ixo de uma casa da rua Picrrc•Nico lc. Luís XVIII. c m 18 17, restituiu às religiosas a lgumas obras de arte do antigo convento ca rmelita. A cripta entretanto se achava muito arruinada. Em 1855 conc luiu-se uma primeira restauração. Posteriormente foram colocadas algumas placas comemorativas. como por exemplo a lapide do Bem-aventurado Reginaldo. ant igo bcnf~i tor

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ra a Cristandade uma importância única. Pesq uisar os. fatos ligad os a ela é honrar as próprias o rigens da C ívilii.ação Cristã, além de contribuir para o enriquecimento dos conhecimentos históricos.

dos d ois fi lhos de Francisco J e de sua esposa, antes de serem trans ladados para a Basílica de Saint-Denis, sepulcro dos Reis de França. A parti r de 1603, uma rica igreja foi consiru ida sobre aq ucle venerá-

Altar do Bem-aventurado Reginaldo, da Ordem dos Domíni~nos (século XIII). Sepultado na famoS8 cripta. foi beati• ficado pelo Pape Pio IX, em 1876.

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( ' ) A rropósito do período histórico cm

P:1ris. n:;1li1ou o s:cu :1roslol:1do e selou com !>::tn-

<1uc S:to Dionisi<>. pri,nc.-iro Ui:epo de

guc a sua Fé, bem cozno sobre a idcntili• cação dc!>SC Santo com S:1o l)ioni:;io. o Aeropagi1:t. discípulo de S~o Paulo. a que se referem o~ "AloJ tlo.f Apá,wJa.,,... cap. 17, \', 34 1cma este que não ~bordamos no prc:::cme Mlit;Q - . ptiir:im d i\'Crg.ências entre os hiiaoriadorc.s. Parece-nos opor1u110. cntttt:lnto. a titulo de infonnaç.ão. adu-1.ir ;1qui :1lguns dado~ sobre a qu<:stiio.

O conceituado historiador írrinc(s Rohr· h3c:hcr sustentá que ..o.,· mái.t ,mtiko.t nu,rfÍ· rohi,:iüs ...inmm o m artlriu de• Slio Oiom'.vio,

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n Arrc)f'OJ:1111. no ,lia J e/«• 0 ,111,hrv. ,tab o im pe'tfo eh• A,lri(uU), qu(· ro111e•r ou ó rdnar 1w "'"' ,t,• t t9. Ctm.,·fll </1.lt' a cr,/iuo c•m t/tlt' u 101110 fi,; ,ttw1pil11t!o ,wm stu:; t'llmJ,tmlu:irQ.t wnmu ,, uom,· dr M<mtr 1/().t Mdr1irR., 0 11 M<mmumre". I! pouco ~dfontc 3crcscen1:1 o historiadOI" (r:ind'$ que "São /)iom~tio r he•· gm, às G"(i/io,f nv .~ ftulo primrím. Q bispo ,Jt, ,;1 lhWS t• " /Ji.tpo ,le />aris são o mc•.mw pc•o ·,ma,:,.,,,. ,, ,\'(' 1rm,1 \'t•Nlt11/('ir11mc•1uc• ,te Sào /Jhmú·io. o ANapogiw: e• us ,,,~um (w• los (h,s n>ntradíwrts uãu sõo-lrr,'fi111i,,•is" (cfr. Rohrb:u:hcr. "/liswirc· U11fr1>r,,.cll,.. ,te• l'Í.'gli:tc• Cmholique~··. Gaumc• Friw•s N J, l)uprey, f:iiitl'ur$, Paris. 4:" Odieâo. 1864 tomo 111. livro xxvn. pp. 22-37).

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EIS O RELATO do martírio de São Dionisio. conforme a "/..e· ge11<1a Áurea", do Bem-aventurado Jacques de Voraginc, da Ordem dos Pregadores e que faleceu como Arcebispo de Gênova, no fim do século XIII. A narração. entretanto. poderá apresentar lacunas. imprecisões e mesmo erros. do ponto de vista da crítica histórica es tritamente científica. Nem sequer foi o objetivo de seu autor redigir um compêndio de História . Mais que isso, sua " Le!J.e11dt1 Áurea" tem cm vista possrbilitar ao leitor dentro da fidelidade à doutrina da Santa Igreja - como que degustar a auréola sobrenatural e maravilhosa que orna a existênc ia dos católicos que levam a prí1tica das virtudes a um grau heróico. isto é. dos Santos:

" Tal

era a graça celeste que refulgia cm São Dionísio que, com freqüência, os sacerdotes idólatras sublevaram contra ele o povo, o qual, mais de uma vel, acorreu com armas visando ma· tá-lo. Mas, bastava ao Santo fitar a multidão, que esta perdia sua íerocidade e lançava-se a seus pés; ou então, apodera,•a-se dela um pavor, fugindo todos à sua simples aparição. Contudo, o demônio invejoso, vendo que todos os dias seu cain po se adelgaçava, triunfando a Igreja a través de numerosas conversões, excit ou em Domiciano tal crueldade, que este impera• dor decretou, para todos os cris tãos que rossem encontrados, a obrigatoriedade de sacrificar aos ídolos, sob pena de perecer mediant e suplícios. O prefeito Fesceninus, enviado de Roma a Paris para perseguir os cristãos, deparou São Dionísio pregando ao 1>ovo. Imediatamente, rê-lo prender, esboíetear, escarnecer, 1ombar, amarrar com correias bem ásperas e comparecer diante dele, juntamente cc-m São Rústico e Santo Eleutério. Ora, como os Santos persistissem em coníessar a Deus

da capela. Uma segunda resta uração (que praticamente remodelou a cripta) íoi terminada cm 1895 e procedeu-se no ano seguinte à solene consagração.

" ... aqui se fazem belos milagres" A noite da Fé. contudo. descia sobre essa relíquia arquitetônica. Quatorze anos depois. o C1rmelo foi fechado, e s uas instalações cedidas a uma garagem e uma casa editoria l. As janelas conventua is. encimadas por uma pequena cruz cm relevo. bem como as arcadas do c laustro que se podiam entrever, durante murto te mpo estiveram ainda e m pé, solitárias , como a lembrar aos transeuntes o vazio cm que a· impiedade crescente ia lançando a humanidade. ao banir o sobrenatural. Desde 1963, dois grandes prédios modernos ocupam esse lugar. atualmente na rua Henri llarbussc. n.• 25, no XIVe. arrondissement. Restou apenas, esquecida , a cripta de São Dionísio, hoje em dia situa da no subsolo desses ed iíicios. Os parisienses contemporâneos não se voltam mais para aquele que lhes trouxe a Fé e morreu por eles. A cripta não é vísitada. O culto divino deixou de ser ali prestado. Por aqueles espaços onde outrora desfilaram solenes carmelitas toma-

diante do prefeito, [ ... ) eles foram n agelados por doze soldados, depois do que, carregados de pe· sadas correntes, foram lançados na prisão. No dia seguinte, São Dionísio foi estendido nu sobre uma grelha, debaixo da qual ardia fogo violento. Ele, contudo, cantava louvores ao Senhor: "Vossa palavra é provada perfeitissimamente pelo fogo, e vosso servidor a ama exclusivamente" (cfr. Ps . CXV III, 140). Retiraram-no, então, das chamas para lançá-lo como repasto às feras, tanto m ais fero:ies quanto se as haviam deixado muitos dias sem comer. Mas quando elas correram para se precipitar sobre ele, o· Santo opôs-lhes o sinal da Cruz, e elas tornªram-se mansíssimas. Foi ele, a seguir, lan çado numa fo rnalha; o rogo, porém, ao invés de causar-lhe dano, extinguiu-se. Fi:ieram-no sair afinal, e trancaram-no na prisão com seus dois companheiros, e um grande número de fi éis. Celebrava ele ali a Missa, quando, no momento da Comunhão do povo, Nosso Senhor J esus C risto apareceu-lhe aureolado de imensa claridade; depois tomou Ele o Pão e lhe disse: "Toma isto, meu dileto, pois tua maior recompensa é de estar coMigo". Fora m eles em segu ida condu,idos à presen ça do jui,, que os submeteu a novos suplí-

cios. Por fim, os três confessores da Trindade tiveram a cabeça cortada a golpes de mach ado, diante do ídolo de Mercúrio. lncontinenti , o corpo de São Dionísio levantou-se, e sob o innu xo de um Anjo, precedido"" lu, celestial, carregou a própri:o cabeça entre os braços, num trajeto de duas milhas - desde o lugar chamado Monte dos Mártires até aquele que, pela providêncht de Deus, ele escolheu 1>ara repousar. Nesse local, os Anjos fizeram ressoar acordes melodiosos, em meio à multidão dos que ouviram e creram em J esus

Cristo."

das pelo ardor de Santa Teresa . reis e príncipes. que buscavam os fundamentos de seu Reino Cristianíssimo, além de peregri nos provenientes de todas as partes da França. hoje se vê o desenro lar da vida banal e freqüentemente vulgar de uma época já quase sem fé. Abandonada e fria. nela se encontram apenas uma imagem de Nossa Senhora e outra d e São Dionísio s ustentando a própria ca beça decapitada (Cato que se deu por o casião de seu mart írio). colocadas no altar princi pal. Num altar lateral. uma lápide indica a p resença ali do corpo do Bem-aventurado Rcginaldo. frade d ominicano, fa lecido no sécu lo X 111 e beat ificado por Pio 1X e m 1876: ··... durante séc11lo.r os parisienses vieram hv nrâ-lo e r11:ar neste s0111uário". Urna outra. a propósito da ação do Bem-;ivcnturado Regi nald o. dí1.: "... aqui s,• f a:em belos 1ni/{lgres e se t·ur,un tuda c~spé· âe de febres". ·· O Rei passar d. Ele us Jard sentar-se e lhes servirâ ... e lhes <listribuirâ os oceanos dessa fefici<lade tão ple11a", afirmou São Dionísio numa carta ao Bispo Tito, também a li inscrita e m lápide. O grande Santo parecia proíeti1.ar os dons que a Providência deveria conceder a esta nação que se to rnaria a .. Filha Primogênita da Igreja".

Nelson Ribeiro Fragelli CATOLICISMO -

Março de 1981


Sombrias perspectivas para a Europa

CAUSAS DA AUTODESTRUIÇÃO DEMOG M ARTIGO publicado num número anterior deste jornal ("Catolicismo" n.O 361. janeiro de 1981), transcrevemos e comentamos dados numéricos bastante signiíicativos, mostrando o envelhecimento e a red ução das populações de países da Europa Ocidental como fruto da limitação da natalidade. Na presente colaboração teceremos algumas considerações sobre as causas que determinaram essa tendência ao próprio extermínio, observada naquelas nações. Os dados informativos que aqui apresentamos. do mesmo modo que os do artigo precedente, foram extraídos do livro "lt1 Frf111,·e ridée" ("A França e11rugada", Ubrairie Générale Fra11çaise. Paris, 1979, de autoria de Gérard-François · Dumont, com a colabo ração de Pierre Chaunu. Jean Lcgrand e Alfrcd Sauvy).

E

popuhtrão crescl'/ue - ·so milhões vivc•ndo t:n1 2.5 ,nilhões de kn11, co,n '""ª de11sidaile de 35 hb/k111!, 110 a110 de 1250 - o 1111111do cristão foi adou11ulo. do .,·éculo XI ao .<tC'lilo X VI, a sol11<xio do cas(1111e1110 tardio.

O cerco contra famílias numerosas As pressões não são apenas psi cológicas. Ta mbém as de ordem econômica são utilizadas, tais como: • Leis tendentes a desagregar o 1>atrimônio familia r. como a aboliç.'io do direito de primogen itura e a partilha obrigatória dos bens, como vimos no artigo anterior. • Redução progressiva dos salários-família. desestimulando as pro-

A Europa érüui utilizou larganwnte a osce.tl' sexual da continência. A

pari ir do século X VI ela ,uio (•mprega mais que 50·60% da capacidtu/i.> reprodutiva de s uas popula-

ções. lósta solução <ifer,•,·e toda sorte de va11tage11s. [ ... ] Evita11do dissociar o co,nplexo s,,.n,alidtule-mnor-

/JrOcriarão

• Construção de casas e apartamemos de tamanho reduzido. tornando difícil ou quase impossível a lojar um casal com mais de dois íilhos. Aliás, o combate às familia_s numerosas constitui mais um elemento dentro de uma política demo gráfica cujo fim último scni a lenta cxtinç,io da população. Pois elas são ind ispensáveis para o crescimento e até para a manutenção do número

de habitantes. Um pais cm que os casais não tivessem rnais que três íilhos. veria o número de seus habita ntes estacionar e depois decrescer. Estudos demográficos recentes realizados na França mostram que cerca de 75%das crianças nascem de 25% das mulheres e que uma fami lia com sete íilhos contribui tanto parn o eq uilíbrio populacional como cinco famílias com três filhos. A diminuição das familias nunwrosas é o fator quantitativo prin · cipal ela diminuição da natalidade. Elas é que sustentam numcric-amente a populaç.cio de um pa ís e. na sua maioria. situarn-~c entre as fomilias católicas. Na Fra nça, entre 1920 e 1940, 68% dos recém-nascidos vieram de familias de três ou mais fi lhos. Nessa época ainda h:,via um resquício de catolicismo trad icional. minoritário mas pujante. que seguia as normas da Encíclica "Costi Co1111/Jii". de Pio XI. O documento

que ameacem sua sobrevivência. vão

pontifício reafirmava a doutrina tra-

havia t'OflSt>guido suprin,ir tis J{l'Ofltles oscilaçc)e.,· pluriseculares. [ ... ] 11 t (•voluftiu industrial ,uio modi/'i<·c>u prujiuult1111,•nte ,,.,·se sisuww ,náravi-

lhosmnente a11to-reg11!11do. [ ...] Fora ,,lguns tropeços. l'Ít• jiu1cionou perJl1itt11nl1nt<' até a revoluçtio co11tra-

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_,e,._,.-..

Este simpático casal de velhos. de algum recanto do interior da Itália. conserva em seu aspecto algo da dignidade e rec,a to de outrora. Entretanto. o contingente predominante de anciãos quo a atual onda de autodestruição demográfica faz prenunciar. será provavelmente constituída por homens sem fé nem esperanças.

Sendo de 2. 10 o índice de fecundidade necess,írio para a reposição das gerações. conforme explanamos no artigo anterio r. o governo que

estabelecer uma política demográfica no sentido de favorecer a constituição de famílias com apenas dois íilhos. ou. no m,iximo. trés. estar,, levando a população ao envelheci-

mento e o país it decadência. Pois um número apn.:ciüvcl de mulheres cm idade de procl'iar. por motivos diversos. não teni íilhos; outras terão apenas um . Se as restantes tiverem apenas dois ou . quand(.) muito. três1 isso não scr{1 suficiente

para equilibrar a balança. É nccess,írio que haja familias com cinco. seis

dominar progressivamente pelas ten-

dências. idéias e instituições revoluc ion{irias. voltand o as costas r>ara o

Frutos da apostasia e elo neopaganismo Está assim apontad<> o futuro da Europa que foi cristã e atualmente, cm larga medida. é neopflgã: a autodcstrui ç,'io pelo fato de se ter afastado da Lc.:i de Deus. da prfüica dos mandamentos e da própria Lei Natural. Notícias veicu1ad,1s recentemen te

pela imprensa francesa informam de que estaria havendo um recrudescimento da nata lidade em vários r;,íscs da Euror>a. Na Fra nç,,. cm

modo de ser e de viver autentica-

mente cmólicos da Cristandade medieval.

Desejando muit o mais o

gozo da vid.t terrena que a felicidade do Céu, rejeita ndo com horror tudo (IUC signifique renúncia. sacrifício. dor e espírito de Cruz. o homem dominado pela Revolução 1em a alma aberta para aceitar toda espécie de pcrmissivismo. por mais

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Exemplo hist(Jrico de admírãvel equilibrio demogrãfico

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sentido de que a gravidez deve ser mais ridicularizada que respeitada; as famílias numerosas encaradas com horror ou compaixão; a prática do aborto como solução inteiramente aggior11a1a; e a csterili ,..ação cirúrgica como algo que até confere

a populaçlo tenderá inexoravelmente ao

Março d e ' \:181

Minada h;í cinco séculos por uma crise universal, una. total, domina nte e processiva (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revoluriio /' Co11trll-Revol11r1io". Parte 1. Ca p. Ili . "C"'olici.,mo" n.O 100. abril de 1959), a Civilizaç,1o Cristã deixou-se

ousado que seja, desde <1ue apresentado com habilidade e na ocasião oportuna. Embriagado com uma sensua lidade onipresente e procur-dndo afastar tud o o que se opuser à su;, satisfação mais completa. o homem rcvolucion:\rio aceitou a idéia de que a vida sexual visa antes de tudo o prazer e não perpetuar a cspl-cie. E que os íilhos. na medida em que sejam um estorvo ou uma conseqüência indesejável, devem ser im pedidos de nascer. E isso por qua lquer método. pois. segundo tal concepção. a mulher é dona absoluta de seu próprio corpo. Não é de estranhar, portanto. que, para uma sociedade já impregnada desse modo de pensar, sendolhe dados os meios mais que suíicicntes para a tingir o fim desejado. a explosão antinatalista se tenha verificado e transformado cm verdadeira implosão populacional. ou seja, na autodestruição pelo envelhecimento e progressiva redução dos habitantes.

Na Europa do Mercado Comum: at famflias com fr&qübncia não têm mais de dois filhos. o que é insuficiente para compensar o número de óbitos. Nesse ritmo.

CATOLICISMO -

c(1priw1 tios anos 60. urna dose exfessivt, d11 qual. sofro ,un milagre. il'e,nos todo.t perecc•r".

sofismas, prc.ssõcs psicológicas, persuasõcs ou meras insinuações, no

E as conversas nas diferente.~ rodas de amiguinhas e familiares orientam-se geralmente no mesmo sentido: "Fulana está esperando mais um folho? Que horror!" - "Sicrana já teve sete crianças? Coitada!" -

i11stit11ição social do

<ifà.vta todo o perigo de ,,xplo.wio 011 de implos<io. (... ] 11 f.i,ropa ,·ris((i (•ra tJ única parte do ,nundo que

, ·~ e derramam sem cessar, sobre uma L populaç,1o indefesa, toda sorte de .§

starus...

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<·t1Sttmento. t1 t1,\·ces,., s,•xual da continf:ncio t•xtfft·<·o,,jugal p ossibilitou un, ,nodo de m110-l'l'K11lação que

les numerosas.

Por que motivo nações inteiras. altamente civilizadas, industrializadas. cm fase de pujança econômica. livres de guerras ou de outras crises se lançando assim no rumo inexonívcl da autodestruição? . À primeira vista, poder-se-ia dizer. de modo supcríicial e apressado, que tal s uicídio populacional se deve à difusão dos contraceptivos e 1, liberação do aborto. Na verdade, porém, a causa mais profunda é outra . Contraceptivos e aborto são apenas os instrumentos de que se valem as pessoas, jü intoxicadas até a medula por uma mentalidade antinatalista, para impedir que as crianças venham ao mundo. Esse estado de espírito já precedia de muitos anos a difusão maciça dos contraceptivos e a pn\tica gcnerali,..ada do aborto. O urante a década de 60, numerosos inquéritos efetuados cm maternidades na França, apontavam que 40-50% das crianças nascidas não eram desejadas pelas mães. Interrogadas sobre se teriam evitado o nascimento, caso houvessem tido a possibilidade de fazê-lo. quase todas respondiam que sim. A oferta super-abundante do maior, mais poderoso e mais diversificado arsenal antinatalist:i que jamais houve sobre a face da Terra. encc;>ntrou já preparado um mercado que o acolheu com sofreguidão e dele faz uso exaustivo. E assim, na voragem das pílulas, dos dispositi vos, das ligaduras, vasectomias e abortos, a civili,..ação atual. cada vez mais encharcada pelo neopaganismo. vai se lançando no abismo da extinção. Como surgiu. porém, tal mentalidade? Ainaa de maneira supcríicial e apressada poder-se-ia dizer que ela é fruto da pr.opaganda que teve origem nos Estados Unidos, logo após a descoberta da pílula anticoncepcional cm laborat ório. A façanha do Dr. Pincus precisava. segundo os antinatalistas. ser conhecida e adotada no mundo todo ... E para atingir tal meta. nada como uma maciça propaganda anticoncepcional a fim de criar mcrcado para o novo produt o! E fora de dúvida que nesse sentido vêm trabalhando, há muitos anos. praticamente todos os veiculos de difusão de idéias. Imprensa. rádio e televisão. teatro e cinema

1errônet1. /)imue do d,•safio de ltnW

"Beltrana submeteu-se a um aborto? É claro. Era a solução melhor para ,.. e 1a ....

dicional da Igreja de que a procriação é a principal finalidade do casa mento. Tais famílias fecundas se recrutavam principalmente na Bretanha e na Vandéia. regiões conhecidas por seu catolicismo tradicional: foram e las que permitiram a grande recuperação da natalidade dos anos 1945- 1964. Na Alemanha atual a situação só não é pior devido à fecundidade dos 'c,1mponeses católicos da Baviera.

envethecimonto. ou sete filhos para que a população possa realmente c rescer. As pressões econômicas levam, portanto. a uma mentalidade antinatalista, principalmente através do combate às famílias numerosas.

Raízes profundas da questão Entretanto, a causa mais profunda dessa mudança de mentalidade é outra.

Em Estados verdadeiramente católicos, ao contrári o, o nde o povo respeitava os preceitos da Lei Divina e da Lei Natural, os problemas populacionais não se verificavam, pois eram resolvidos antecipadamente. dentro da organicidade e da temperança características de unia Civi-

li,.ação Cristã. Sobre esse ponto é interessante o comentário feito por Pierre Chaunu, um dos colaboradores da obra citada, às páginas 154 e 155 da mesma. Após referir-se aos gra ndes desequilíbrios populacionais observados entre os povos pagãos. escreve e le: "Frente a essa.r grandes rupturas ergue-se a bela continuidade ,nedi-

Inquéritos efetuados na década do 60 em maternidades de França indicavam que as mães de 40·50% dos recémnascidos teriam evitado o filho. caso houvessem tido possibilidade de fezô-lo

1980. o númc,·o de nascimentos teria chegado a 795.000 - 38.000 a mais que no ano anterior - e o índice de fecundidade subido a 1.95. Entretanto. esse fato não é suíicicntc para se chegar à conclusão de que esteja havendo uma reversão est;\vcl no sentido da maior nata-

lidade. O p,·óprio Sr. Gérard Ca ll ot. diretor do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (da França), é cauteloso: "Ainda l!.<tanws /<111ge do índice de 2. 9 observado e,u 1964", comentou ele a respeito do eventual aumento da fecundidade. Realmente. o rrognóstico a nterior parece continuar válido por dois

motivos principais: 1) Os índi~-es atingidos não são suficientes para a reposição das gerações: pequenas oscilações são comuns mesmo cm fase de decadéncia . 2) As causas profundas que determinam a explosão antinata lista continuam sempre mais vivas e os meios para rcalizà~la estão sendo

obtid os com facilidade crescente. É uma derrocada que fa7. entrever o fim de um ciclo da História.

Murillo Galliez 3


. , 1cara ua: con

ito e 1

Guerrilheiro sandiniata fotografado diante do hoapital de,Matagatpa

d iante a incorporação de Sacerdo- tava e espalhava o desânimo nos tes e leigos à guerrilha. Efeito mais nicaragücnses desejosos de evitar o devastador teve sem dúvida o aba- domínio dos seguidores de Marx e · famento de desconfianças generali- Leni ne. zadas no povo nicaragiiense de que Tendo à frente a figura do Arassistia a uma revolução comunista .ccbispo de Mamlgua. D. Miguel O•• clássica. As resistências q uc o temor bando y Sra vo. Sacerdotes e leigos •;;'I: . > >'H , ·...:, levantaria foram corroídas pelo a- de relevo exprimiram inicialmente /J'1' ' poio generalizado do Clero à insur- com brandura seu desagrado em fareição sandinista. ce dos rumos que a revolução sanPÔS UMA PRIMEIRA fase A esquerda católica do mundo dinista tomava. Em e ntrevista a cm q ue o Episcopado da Ní- inteiro exu ltou com a ascensão dos Gustavo C. Cayéedo.-dc "EI Tie,npo" carágua. tomado e m seu con- sandinistas ao poder. de Bogotá. c m sua edição de 14:980, o Arcebispo expôs algumas das junto. apoiou enfaticamente a revoPassaram-se os meses... lução sa nd inista, verifica-se agora A revolução caminliava inexora- ponderações que apresentou aos novo tipo de relações en tre o go- vclmcnte rad icalizando seu próprio membros do governo: vcrno do país e os Bispos. Quais as processo. Aquilo que os o lhares • Os sete mil presos políticos caractcrísucas desta segunda fase? precavidos de alguns já vislumbra- cuja situação não está clara, a lém Que lições encerra para os latino- vam antes ,mesmo da queda do re- da fome a tro1. a que estão submetiamcricanos. já que o '"modelo nica- gime de Somoza - cujos excessos dos. (Se compararmos a população ragliense·· é apresentado por porta- cont ribuíam para o êxito da guer- da pequena Nicarág~a com a do vozcs da esquerda católica ou laica rilha - ia se to rnando tenebrosa Brasil , isto eq ui valeria f, existência como idea l a ser imitado? Que re- realidade. O · mantismo-leninismo em nosso País de mais de 350 mil percussões a revolução sandinista deixava aos poucos cair a máscara. presos políticos'). causou dentro da Igreja_? É o que Pluralismo sim. mas desde que con• A televisão e a liberdade de prctcndo tratar neste artigo. ' trolado, o q ual de nenhum modo ameaçasse o triunfo exclusivo do expressão. O ministro do Interior sandinismo. Campanhas de alfabe- reiterou q ue o governo ga rantia a tização, claro. Contudo . pelos mé- liberdade d e expressão, porém a te.. todos '"conscientizadorcs·· do triste- levisão seria estatizada. "Mas permente famoso Paulo Freire. Soltar 111itire,nos à Igreja que diga sua Inicialmente. cm rápidos traços, Missa". o quadro antigo. O governo de So- os presos politicos. naturalmente. moza incorreu cm práticas censuráPorém, não por enquanto. Seria pre• As escolas católicas. O minisveis. A Frente Sandinista de Liber- ciso antes urecducarº os sete mil tro respondeu: " Vou ser sincero. tação Naciona l (FSLN), cujos c he- infelizes anti-sandinistas que ainda Vão ser 11acio11a/izadas. nws pertnifes foram armados e treinados espe- jazem rias masmorras da ditadura. 1iren10.t que tis freirinhas 1rt1balhen1 cialmente cm Cuba . apresentou-se Eleições? Para o futuro ... nelt,s". como ponto de aglutinação dos seÊ d igno de nota o tom 1.o mbctores descontentes. Nunca negando tciro do sa ndinista: "n,as pern1itireseu caráter marxista-leninista. emmos à Igreja que diga sua t,,fissa"; bora dele não fazendo propaganda ···, nas perrnitirnnos que as freirinhas - disfarçando-o mesmo - para O Episcopado, que apoiara a trai>olhe111 neit,s". O porta-voz inevitar atemorizar os incaut os. a FSLN pouco a pouco foi a rregi- guerrilha contra o regime de So- suspeito do governo falava, na oca mentando cm torno de seu coman- moza, dia nte dos rumos que tomou sião. ao mais categorizado represend o as diversas oposições do pais. o sandinismo. procurou distanciar- tante d a força· que foi decisiva para Fortemente assistida por governos e se do processo revolucionário de- o triunfo da rcvolu1·ãof O carfücr ateu. a millt:.incia marinstituições de centro-esquerda e senvolvido pelo novo governo. Para um católico a utêntico. essa mudan- xisrn•leni nista. os controles e cerpor Cuba (entenda-se Rússia; Cuba ça s uscitava esperanças e era fonte cea mentos crescentes às liberdades por si só atualmente mal consegue 1>la ntar cana), investiu militarmen- de consolações. Pelo menos passara fizeram crescer as inconformidades te contra as tropas da Guarda Na- a fase inicial, c m que o inexplicável e o senso ca tólico arraigado no pocontubérnio do progressismo com vo reagiu com vigor. Os sa ndi nistas cional nicaragUense. Não apenas militarmente. Ao os marxistas da FSLN dcsconcer- revidaram com um duro comuni .. 1 mesmo tempo, desencadeou-se intensa propaganda pró-sandinista nos O Arcebispo do ManAgua. D. Miguel Orbando. fala aos reféns aprisionados pelos meios de comunicação social do O- sandini1to1 no Pak\cio Nacional. na capital da Nicaré'gua (agosto de 1978) cidente. Carter cortou o auxilio a Somoza, e nquanto a Rússia apoiava os guerrilheiros. Em conseqüência. Manágua tombou em mãos de um movimento - o sandinismo cuja cúpula toda era constituída por marxistas-leninistas. formados nas doutrinas e métodos das escolas do PC. Apenas os estudiosos do comunismo dotados de acuidade analítica vislumbravam com ccrtc1,.a a manobra política cm curso: um gru. po de revolucinários profissionais, exercitados nas técnicas de agitação e propaganda, a coma ndar massas de dcsco nten1es, com graus diferentes de doutrinamento marxista e de exa ltação temperamental. O fato de existir pessoas distantes do marxis mo na Frente Sa nd inista não lhe tira o ca ráter leninista . O próprio Lenine aceitava no partido todos aq ueles que concordassem cm se submeter a seu programa e diretrizes. Afirmava que aceitaria até sacerdotes. Humberto Ortega. atual ministro da Defesa e sandinista de destaque. declarou há poucos meses. ao ser entrevistado pela Rádio Sa ndino: "Nunca negamo., que fchse1nos nwrxisras-leninisras. Ten,os sempre declarado que som os sandi-

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nistas. ma.r nunca que não fôssen-,os 1narxistas-leni11is1as" (" Review o/ rhe News". 1J-8-80). Entreta nto. as promessas da FSLN eram de um tipo novo de revolução, res peitadora do pluralismo, sem sangue e sem cadeias.

A posição do Clero Jamais o Clero participou tão ativamente de uma revolução como essa da Nica rágua. Especialmente nas fases fina is do regime de So- ._ moza. ostentou sua militância me- < 4

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Os guerrilheiros esquerdistas de El Salvador estio em estreita llgaçlo com os

sandini.ataa "cristlos" da Nicarágua

cado publicado c m seu órgão oficial "/Jarric(lc/(1". de 7-10-80. onde expunham com cla1·c7.a sua posição.

A Frente Sandinista define-se sobre a Religião O comunicado da referida Frente começa censurand o os temores existentes no meio do povo. Assi nala: "Nestas campa11/t(ls co11/ 11sio11is1as o ten,a do religião o,·upt1 u,n lugar prt'fi.>rendal. já que 11111a alta porc<"ntage111 do povo nica,-agüense 1en1 sentimentos religiosos 1n11ito ar• núgados. (... ] esta ,·amp(111ha é particu/tJnnentl! perversa pois se refere o assuntos que 1oco1n senti111enu,s proji111dos de 11111iros nic(lragiienses". Nas e ntrelinhas, a confissão de que o maior receio dos atuais senhores do poder é a reação a n1isandinista e m 110 111c da Religião ... Lembra a participação a tiva do progressismo na revolução sandinista e ainda recorda que ··os cristãos 1ê111 sido paru• integrante de noss(I história revolucionária ;u11n grau se,n precedentes e111 nenhun, outro 111oviJJu!n10 revoludondrio dt1 A mérica Latina e possive/,11(•111e do 1111111do. Este fato abre no vas e i111eressa11tt!S possibilidtulcs à par1iâpt1ção dos crisl(ios n<1s revoluções de ourras larirudes. não só na etapa c/(1 /1110 pelo poder. senão u1111bém na erapa da c·onstrução da nova sociedade", Esperam os sandinistas. pelo que se vê. repet ir a dose e m outros pa íses. Será que estão certos de contar outra vez com a cumplicidade e a ingenuidade da parie de ponderáveis setores católicos? O comunicado afirma a inda gar:.ntir a liberdade religiosa. respeitar festas~ aceitar cristãos em pos· tos de responsabilidade etc. Mas "a FSLN declara seu direiro de defl•nder o povo e o l?evoluç,ío". Isto é. quando. segundo seus critérios. julgar que estão sendo prejudicados o povo e a revolução. imped irá o c ulto e todas as manifestações da vida religiosa que não se e nquadrem cm seus cânones. Trata-se. como se perce be. de linguagem típica de qualquer partido comunista. que sempre afirma defender a prática livre da religião. desde que... Bem, o resto é conhecido . A tal comunicado seco - o qual lembra a simpatia e o apoio que a esquerda católica sempre deu ao processo revolucionário e que rcfOrda. nas enirelinhas, não tolerar oposição séria. fundada em razões religiosas - a Conferência Episcopa l da Nicarágua respondeu com um manifesto enviado à Direção Nacional da Frente Sandinista.

(Utilizo aqu i a transcrição do Boletim Informati vo AICA n .0 1252. de 10-2-80, órgão do Episcopado argentino. que o pu bl icou na integra).

A resposta da Conferenci a Episcopal da Nicarãgua No primeiro parilgrnfo de seu documento. os Bispos da Nicarágua lembra m. cm linguagem diplomática. q ue a FSLN não provou que tem o apoio po pu lar. acentua ndo também que tal-movimento se mantém no poder pela força : " Ni11x11<'111 poderia arrogar-se por .w· 1n,,s1110. ou apoiado eni forfas est rtmlW.'i ao Puvo. o tlirei10 dt got'<'r11,1r e se

consliluir con,o ·Represenu1111,,. do ,nes,no. [ .. .) u,n Po\'O que IIÔll é consu/fado denfl·o dus cônont•s do

exercício da liberdade. é 11111 Pon1 humilhado ". Para quem está fugindo das clci· çõcs e se autoproclama continuamente "vanguarda consciente do povo·· a lembra nç.1 d e que tem pés de barro soa oportuna. , Elogiando o fato da publicação da Declaração de Princípios da Frente Sa nd inis1a. os Bispos. sempre desejosos do d iíilogo. insinuam. sem afirmâ·IO positiva mcn1c. que a revolução sandinista aprox ima-se da tira nia

comunista: "A Dt'rlnra('tio

ele f'rindpios [...] é uma Í><1s1, (JlJra o Diálogo cuJJ1 o Povo Crisllio. So1ne111'l a pt1rtfr d('.N(' Diâlogv f'Ode .,·urgir u1n taminho nov11 th~ n 1/a('Õês. p ara d ar à 11os.M Ut!\•olu('tio wn st'ntido

,» di111ensões

J1111,u11ws

pr6prias que a clifere11t'ien1 r,•<1/ e pusi1ivon1e111e das rigidezl•s dogmtí· tiens dt» outros ·11,odelos rt1 voludo11ôrios · a1é agora conhecido.{',

No meio da censu ra. não recusa m aceita r a aprovação que deram à guerri lha. que chamam de "nossa Rt!volu('â<>". Considcram-.na su,1 rnmbém; por isso lamentam queresvale perigosa mente ru mo a modelos totahtários. Os Prelados lembram q ue justifica ram a guerri lha. ajudando-a eficazmente. porque tinham-na como do povo: .. Na mo m enro de j usr/fi,.ar o direiro de i11s11rreição. fre111e a estruturas que não gt1ra111iam o /Je111 e o Seg11ra11,(I dos cidadãos. s11s1e111t11nos. ao mes1110 te111po. que 'u 111a Revolução }<unais p oderia ser do Povo. se o Povo não a apoiasse· (Mensagem cf,, 2 de j 1111/to de 1979)".

O perigo da instrumentalização O Episcopado nicaragUense reprova as teníativas da FSLN de utilizar a Religião como instrumento valioso à aquisição do apoio popular. - "Precisamos esclarecer os p ontos de vista em n101ério religic>CATOLICISMO -


ritre

p1scopa

sa. não apenas para fazer progredir o diálogo t, nível de Bispos e altos Dirigentes Civis e Militares. · mas 1>ara que o Povo adquirt1 Consciê11cia de seus próprios valores e direitos. Parf/ que o Povo não se reduzt1 a unw 'sirnples nwssa' dispos-

ta

ser i11s1run1e11ralizada'·'. Servindo-se de um exemplo bíblico apontam os Prelados o perigo da escravidão comunista: "A presença e ação da lgrejf/. está prefigurada no Povo de Israel. Um Povo que. através de sua História, busctJ (1

u111 Céu novo e u,na Terra nova. MtJs que 11111,ctJ se rendeu diante de nenhun, Faraó. Diante d.e 11enhunw forrna ou J'isterna es<;ravizante. ido· ldtrico ou areizanre. Escravizar é

converter o ho,nern en, ·,nero instrumento de produção'. A NicarlÍgua saiu à procurtJ de sua libertação histórica. Não na busca de um novo Faraó". E mostram alimentar esperanças de um diálogo com o atua l poder: •· Repetimos: fazen1os essas observações diante do Con,unicado dtJ

Ampla difusão de ''Catolicismo'' sobre a Noite ·sandinista "CA TOLICISA-10", em seu número duplo de julho-agosto de 1980, difundiu o penetrante e substancioso estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Naciona l da TFP. redigido a propósito das declarações de figuras do progressismo católico mais radical. numa das sessões públicas do IV Congresso Internacional Ecumênico de Teologia. Para este ato. realizado no dia 28 de fevereiro de 1980. foi cedido o audi tório do TUCA. da Pontifícia Universidade Ca tólica de São Paulo. Na referida sessão, usou da palavra. como se sabe. o comandante Daniel Ortega. membro da Junta de Governo da Nicarágua. Além da rede de assinantes do jornal - que tomou conhecimento do momentoso acontecimento - . as caravanas da TFP divulgaram o estudo através de nosso imenso território. contribuindo, deste modo, para informar a nação brasileira sobre a triste situação em que foi lançado o simpático povo nicaragiiense, devido à funesta aliança progressismosubversão. Era pouco conhecida, na ocasião. o caráter marxistaleninista dá Frente Sandinista de Libertação Nacional, e temos ra1.ões de esperar que a d ifusão do número duplo de "Co1olicis1110" haja contribuído significativamente para permitir aos brasileiros de espírito objetivo um julgamento seguro sobre a revolução nicaragüense. Até então. a imagem mais cm voga da mesma era a de jovens revoJucionários, idealistas. tomados por um afã ~omãntico

Argen1ina •• Colômbia • Equador Uruguai •• Estados Unidos Ch ile •• Bolívia • Brasi l

ja ./11sti111cionf// ou Hierârquica ao resro do Povo de Deus. acustmdo aquela de alie11a111e. Isto implica muna divisão na Igreja e lllna ÍIUI· ceirâvel negação ela hierarquit1". Numa Nica rágua dominada pelo sandinismo, a observação dos Bispos., transcrita cm çontinuação, tem ende reço certo: "E de se la111e111or que os que se opõe111 ao Magistério são tu1ueles que com 11wior ft,cilidade obedecem o que lhes é di{(Jdo pelos meios de conu111icação .'iodai ou por pa/m,ras de orde111 políticos".

editou novo documento. Desta vc1.. uma Carta Pastoral sob o no me so Revolucionário, iniciado na in· "Jesus Cristo e a unidade de sua surreição co111 o apoio do Povo Igreja "" Nicartígua ". Cristão, a partir de sua própria e Enq_uanto o documento intitulado "A Direção Nacional da Frenespecíjka responsabilidade religioso". Ê normal que os Bispos procu- te Sandinista e. para conheci111en10. rem uma solução através do diálogo ao Povo Católico" tratava especialcom os atuais detentores do pode r mente das questões te mpo rais. é ouna Nicarágua. Não vemos. no en- tra a tônica da Carta Pastoral. Fitanto. base para semelhante diálogo xa-se, com prioridade, nos temas eneiuanto o sandinismo não aban- religiosos e eclesiásticos, tentando donar seu ideal comunista. Essa a impedir o dilaceramento interno da tragédia a que levou a católica Ni- Igreja Católica. Da r o titulo "Jesus carágua, o conluio progressista-mar- Cristo e a unid/lde de sua Igrej a nn xista. Nicarâgua". Os dois documentos possuem em comum as queixas O sandinismo estaria. nessa perspectiva, abandonando um acordo quanto aos desvarios do esquerdistácito (ou foi tático?), caminhando mo - no campo temporal - , e do rumo à tirania clássica implantada progressismo - no campo religiopelo comunismo. · so. O vendava l progressista. estimulado pela fermentação revolucionáA declaração do Episcopado as- ria na sociedade civi l, radicalizou-se sinala, em continuação, pontos nos e quer realizar logo dentro da Igreja quais seus autores lamentam os o trabalho q ue seus companheiros atropelos ao exercício pacifico da de ideal efetuam na esfera própria Religião e aponta o crescente prose- ao Estado. litismo ateizame. FS LN. pt,rt, que elas sirvam de base ao diâlogo enriquecedor do Proces-

CEBs: lã jâ não sã o elogiadas... Os textos relati vos às comunidades eclesiais de base (CEB) na Carta Pastoral são secos e duros. Nem um elogio. O que insi nua estarem amplamente engajadas na construção da sociedade socia lista (leia-se marxista), que se recusam a admitir as normas e princípios da Igreja, quando estes não se adaptam às exigências dos senhores da ho ra. os sandinistas. Após enumera r características que tornam aceitável uma CEB. finaliza o documento episcopal: "P9ru1nto. ,uio podem sen1 ahusar da linguagen,, chanwr-se Conuozi-

O furacão progressista A propaganda do ateismo

Na capa do número duplo de " C•to• licismo ... • ailhuete de um guerrilheiro que. da torre da igreja. cont rola o centro de Leon, na Nicaniigua

de reconstrução, e fundadores de uma "sociedade nova". A realidade se incumbiu de desmitificar o modelo niearagüense, tão cuidadosamente preparado nos laboratórios da propaganda. Vai ela revelando, passo a passo. os preocupa ntes sintomas de tirania e miséria , seqüelas inseparáyeis da implantação do comumsmo.

O grande interesse da publi cação levou as TFPs ou movimentos afins de outros países a editar o mesmo estudo em suas respectivas p.ltrias, atendendo o desejo de co-nacionais seus. Apresentamos abaixo as nações em q ue se reproduziu "No noite so11dinis1a. o inci1a1ne11ro à guerrilha" e as respectivas tiragens:

12.000 exemplares 5.000 exemplares 5.000 exemplares 5.000 exempla res 4.000 exemplares 4.000 exemplares 4.0'00 exemplares 30.000 exemplares (I." edição) 6.500 exemplares (2.• edição)

No teatro da PUC de Slo Pauto. em fevereiro de 1980. Daniel Ortega,. atual-

mente coordenador da junt a de governo da Nicarágua, de punho cerrado (saudaçlo comunista). exaltou e m sua alocuçlo a revoluçlo cubana

· Marco de 1981

overno?

Declara o comunicado: "A j ulgar por esta declaração (da Frente Sandinista) em que se afir1110 1e.v1uab11e111e: 'Dentro dos marcos partidários da FSLN não cabe o proselitismo religioso. porque dcsnaturali1.a o caráter específico da Vanguarda e introduz fatores de desunião', não lhe in1eressa intr(uluzir fatores de desunião por 'discriminações· 011 interpretações de tipo religioso. Mas como conciliar esta declaração, com o que oficial e publicamente se faz 1·0111ra a Fé e contra ª . ~eligião. f/ffavés dos órgãos ofi· ; cw,s do Esuulo <' dos Quadros orgo- . nizarivos do 1nesn10? Doutrinu~se e .,e pres.siona por diversos e jâ conhecidos métodos. contra crença., e sentirnentos religiosos".

A .CEN, antes de entrar nos problemas internos da Igreja. adverte:

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Como serâ possivel à Igreja prosseguir a participação? A manifestação e piscopal. no fim, lembra mais uma vez que a .: própria FSLN reconhece que a 1- '; ~ greja Católica, como instituição, e o.§ , . 1 povo cristão "motivado na sua fé. ~ \ ~J fora111 partíl'ipes 110 vitória popu- ~ • ~ . . . lar". Ta l observação parece rcivin- Pe. ~r!'e110 Cardenal (de barba branca. ao centro). mm,stro da Cultura do regrme dicar autêntica participação da 1_ aand,noata. felendo eoa aeua aequezea em Meaaya (1979). greja na condução d o processo rcvolucion.lrio e não se contentar com "Julga111os que ê nosso dever não dades Eclesiais de Base. ainda que o mero apoio obrigatório e automá- deixar inermes nossos fiéis ante o tenhan, a pretensão de pe,·se,•erar tico. papel que é vislumbrado nas tJssédio das ideologias 111a1erialis1as 11t1 unidade da Igreja. tJs co11wniintenções das a utoridades sandinistas. c,n 1.·on1raste ,·0111 a Fé Católica ou d11des que se 111a11tén1 hostis à hie· Os altos hierarcas católicos lem- ,uio confonnes co111 ela, e de cerras rarquia". Naturalmente, a Cartá Pastora l bram também , embora indireta- seitas religiosas fa11atica111en te anrimente, o escândalo da panicipação earólicas [ ...]". O documento, logo a não trata só das q uestões internas de Sacerdotes cm vários dos princi- seguir, ressaha a "confusão doutri- da Igreja. Analisa também situações pais postos do governo e até da nária e 111oral que existe em alguns atinentes à ordem civil. E sobre elas. setores da Igrej a. lsro causa doloro- o to m. como seria de esperar. ê FSLN. O tom do documento episcopal. sas tensões en1 muitos católicos". semelhante ao do documento enviaPassa, então, o docume nto a ex- do i, Direção Nacional da Frente como se vê. é o de queixas dirigidas a quem se tinha por amigo, plica r a causa de algumas dessas Sandinista. mas com quem se decepciono u, em- tensões. Denuncia o escândalo da bora ainda se espere que vo lte a rebelião sacerdotal e da insubordi- Lições da experiência convivência tida como desej.lvel e nação de leigos ligados aos organis- nicaragüense imaginada como possível. Passa- mos da Igreja. Sem que os Bispos o ram-se alguns meses, desde o pro- d igam, não é temerário conjeturar Não causa surpresa o fato de os nunciamento episcopal, e não se per- como provável que a ânsia de clé- sandinistas tão rapidamente se tecebeu nenhuma modificação no rigos e leigos, colaboradores entu- rem revelado comunistas. Não é e.scomportamento dos sandinistas. Pe- siastas do sandinismo, e m trazer lo· se o único exemplo registrado pela lo contrário, tudo indica estarem go para dentro da Igreja os mes- História. Hoje tem. o Episcopado eles agora apoiando a guerrilha mos princípios que estão sendo im- nicaragüense motivos fundados pamarxista cm EI Salvador. O minis- pingidos à sociedade civil na Nica- ra lamentar o apoio que concedeu tro do Interior, Tomás Borge, che- r.\gua, constitui a causa geradora aos sandinistas durante o período gou me$mo a declarar: "Onre,n das tensões. da insurreição e nos primeiros meCuba. hoj e Nicarágua. amanhã E/ ses do novo governo. Salvador". A rebelião sacerdotal Pelo menos, isto de positivo Nesse contexto, a Conferência e de leigos engajados trouxe a lamentável colaboração ca~piscopal publicou mais um docutólico-marxista na Nicarágua: ela mento. Di1. a CEN: "Paro alguns [Sa- constitui dolorosa líç;io para os cacerdotes, religiosas ou religiosos). a tólicos de todo o mundo, e especialNova manifestação da disc:ip/i110 eclesiástica[... ] deixou de mente, os latino-americanos. Conferência Episcopal da obrigar em consciência. [ ... ] Nossos A questão acima enunciada importa sobremaneira porque, se os fa111ílias sofrem. às vezes. a desoNicaràgua (CEN) rientação devidf/ à fnlra de unidade comunistas não conseguiram subir Até aqui ana lisamos aspectos es- de critérios entre sacerdotes que se ao poder na Nicarágua sem o apoio senciais do pronunciamento-resposta aft1s1a111 do do111ri11a do Papa e dos dos cató licos, também é muito difída CEN, dado a público no dia 17 Bispos acerca de importantes aspec- cil que os vermelhos possam ma nde outubro de 1980. Cinco dias de- tos da ,nora/ familiar e social". ter-se nele sem o prosseguimento pois, datada porta nto de 22 de o uO desalento da Hierarquia nica- desta sustentação. tubro de 1980, a entidade que Con- ragüense continua: "Deseja-se ou se Péricles Capanema grega todos os Bispos daquele pais pretende opor. por e.,emplo, a lgre-

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Reforma Agrária em Portugal: uma injustiça e um fracasso do Granal. 110 érvideira. Eles bem <1ue ,ne t11neaçt1rt1n1, dizendo l/lU.' se não fosse paro eles. haviam de 111e castigar. Mas eu, 11e1n que 111orra, n1e ligarei o esses bandidos. ·•Eles clw111am-111e 'fascista" porque eu trabalho sem parar nwis a 111i11ho mulher e os meus dois filhos. Não ligo para as greves deles. pois penso que são manipuladas. E é por todo o meu rrobulho que consegui fazer de uma terra be,n r11irn, co,no é a mi,!lw. 11111 011tê11tico jardim. [... ] "E por eles sabere111 q11e nós. corno ,nenos. so,nos capazes de pro· d11zir mais. que so111os m elhores agricultores do que eles. que não nos deixam trabalhar e,11 paz - dissenos, por fim . Antonio Marias" ( 12). Aqui está, prezado leitor, o balanço de seis anos de Reforma Agrária cm Portugal. Uma "experiência" que custou o empobrecimento de incontáveis famílias e da própria nação.

Ronaldo Baccelli nosso correspondente ATt A REVOLUÇÃO de abri l de 1974, a explo ração agrícola e pecuária do solo português estava, na sua quase totalidade, confiada /1 livre iniciativa de pequenos, médios e grandes agricultores. Enqua nto os primeiros se distribuíam sobretudo pelo norte do país, os últimos tinham predomínio no sul, nas províncias do Ribatejo e Alentejo onde a fraca densidade populacional, a escassez de água, a ausência de montanhas c outros fatore.s, favoreciam a existência de grandes propriedades rurais chamadas herdades. Depois daquela revolução, implantou-se cm Portugal um regime marxista que, já pela sua natureza. jã pelos seus fins, é contrário à iniciativa privada. Esta viu-se. portanto, abandonada e desfavorecida, ou até caluniada e perseguida como foi o caso das herdades do Alentejo.

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( 1) "Vo: ele Portugaf', Rio de Janeiro,

Reforma Agrãri a: pretexto do PC para a conquista do poder Alegando injustiças sociais e um mau aproveitamento das terras, os comunistas declararam necessária a aniquilação das herdades, a expulsão dos seus legítimos proprietários e a realização de uma Reforma Agrária que garantisse um futuro melhor aos camponeses e à agl'icultura portuguesa. Essa Reforma Agrária, como o leitor adiante vcni, foi um verda· deiro fracasso. Mas apenas um fracasso enquanto Reforma Agrária. Pois, realizada pelos comunistas, ela não tinha, na verdade, o objetivo de favorecer os camponeses, mas, •

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ii-;.,._ Ourante a fracassada "experiência.. da Reforma Agréria em Portugal, esta nação conheceu a rotina das filas para a

compre de alimentos~ costume inexorável nos pafses comunistas

é sabido, alguns resultados preocupantes, oportuna mente denunciados pelo Sr. Pedro Roseta, con hecido membro do Part ido Social Democrata: "6111 dctermi,u,rf(ls zonas, certas leis não síío aplicadas por

não sere,n da conveniência do PC [...]. Por outro ludo. aquele partido rotulirârio detém a autoridade de faro em deter,ninodos conrelhos da região alenrejtma. f;sst, t1111oridad,• não se exprime apenas pelo poder polírico que. de faro. aí exerce. O PC compor.ta-se co1110 [... ] verdadeiro proprietârio de quase todas as unidades colerivus de produção. dispondo o seu bel-prazer de bens que p ertence,n a todos os portugueses e exercendo inrolerável pressão sobre as populações. nomeadamente detendo 11111 poder ubsoluro sobre o acesso ao e111prego e ao bem-esrar. Por outro lodo. diversos direiros fundamentais da pessoa h11111a110 não podem aí ser exercidos em virtud,, do clima de rerror que o PC n1antém. As próprias liberdades de expres.rão. de reunião, de associação. estão. de foto, limitadas" ( 1).

Miséria para todos

Enquanto se agravava a escassez de gêneros, oa promotores da Reforma A-

gréria no Alentejo inutilizaram cerca de 11 toneladas da batatas. E, amplo do interesse d oa comunistas em resolver o problema da f ome .••

pelo contrário, usá-los como instrumentos para uma revolução que fosse capaz de implantar a tirania comunista em PortugaL Le nine dizia _que era necessário criar dificuldades às classes trabalhadoras para que elas se revoltasse m. Os fatos demonstraram que o verdadeiro interesse do PC era, efetivamente, a conquista do poder e não o bem dos trabalhadores. Naquele campo, não foram os comunistas tão longe quanto desejariam. A lcançaram, no entanto, e pelos processos mais violentos como 6

Observe o leitor as fotos desta página. Em cima, uma fila junto a um posto de venda de frutas na cidade de Beja. Enq ua,uo a escassez de alimentos obriga essas pessoas a longas e. por vezes. mal recompensadas esperas (como nos pa ises socialistas), os "generosos" autores da Reforma Agrária, inutilizaram cerca de 11 toneladas de batatas (foto da esquerda) (2). Eis aqui um testemunho do "zelo" comu nista pelas dificuldades das classes trabalhadoras. Vejam-se agora as conseqüências da coletivização da terra e da mãodc-obra, ou seja, a substituição da iniciativa privada pela iniciativa única e ditatorial do PC e das células que ele criou para substituir os legítimos donos das terras - as Cooperativas Agrícolas e as Unidades Coletivas de Produção (UCP): • Até a revolução de 25 de abril de 1974, Portugal produzia cerca de 600 mil toneladas de trigo por ano. Com a introdução da Reforma Agrária, essa cifra desceu para 200 mil toneladas anuais. • Até 1974, Portugal comprava apenas 200 mil toneladas de trigo por ano. Atualmente, importa 4 vezes mais, isto é, 800 mi l toneladas (3). • Até 1974 eram os donos das herdades que sustentavam as despesas relativas à lavoura e ao pagamento dos camponeses, seus empregados. Depois de 1974 passaram a ser os cofres da nação, sendo que os

gastos acumulados até 1980 (em créditos agrícolas, ocupação e mau uso das terras, dilapidação do patrimônio agropecuário das herdades etc.) elevavam-se a 50 hilhõcs de escudos (mais de 60 bilhões de cruzeiros). Dessa avultada soma. 12 bilhões de escudos foram para o Crédito Agrícola de Emergência. um organismo ba ncário criado c m 1975 para financiar as atividades do PC na 1.ona da Reforma Agr:iria. Por isso. 95% desses 12 bilhões foram dados como irrccupcr:ivcis (4). • Em 1974, o sal;irio dos trabalhadores rurais era de 140 escudos por dia. Em 1980 - apesar da inílação - era apenas de 180 escudos por dia para os camponeses que trabalhavam nas cooperativas ou nas UCPs, enquanto que, para os que trabalhavam no setor privado, era de 400 ou 500 escudos por dia (5). Tais resu ltados. parecia prevêlos o Pa pa Leão XIII , há quase 100 anos, na Encíclica .. Rerum Navul'u111 ", de 15 de maio de 189 1: "Assin1. sub:uituintlo a providêncitJ paterno pela pro.vidência do l-:srndo. os so<·ialis,as vão contra a jus1içt1 natural e quebram os /aros da fa· n1ilia. "Ma.<. a/é,11 do injusri('O do seu sist t>111a. vée111•se be,n rodas as suas funesras t·onseqüh1cias: a perturbo~ ção de rodos as classes da sociedade. uma odiosa l' insupurrâve/ servidão para iodo.,· os l'idatlãos. porta aberta a todos os in vejas, a rodos os desco11te11ru111enros. a todas "-' discórdias: o rulenro ,, " /l(Jbi· /idade privados dos seus esrímulos e. co1110 ,~onseqiiência

necessária,

as

a ptópria natureza exige a reparriçf70 dos bens e111 domínios parriculores. precisamenre a fi111 de podere,n os coisas crinda.i; servir ao

bem

co111u111

de ,nodo ordenado e

('01/Sranre" (7). "A propriedade parricular [... ) é de di,-eito natural pura o h o111e11r: o eJ:ert·icio deste <lireiro é coisa não só per,nitida, sobreu,do a quen1 vive e,n .Yociedade. nws ainda absoluta• 111en1e 11ecessâriu" (8). Embora não se tenha feito eco destas palavras j unto aos camponeses - fato lamentável - eles procederam como se as tivessem ouvido.

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{\~\· ~

2-11-79, (2) João Cario, "Reforma Agrário: seara dt ó,Ho... Edições do Templo. Lisboa. 1977. p. 489. (3) "T'empo". Lisboa. 17-4·80. (4) "T,mpo ... Lisbo:i. 20-3-80. (S) "Ttmpo". Lisboa. 17-4-80. (6) "Diário dr NolÍcias .., Lisboa, 21 -7-80. (7) Pio XI, Encíclica ''Quodrogesimo An· no", IS de maio de 1931. (8) LEÃO XIII, Encíclica " Ru11m No -..·atum··. IS de maio de 1891. (9) "Vo.: de Portug,,I". Rio de Janeiro, 26- 12-80. t 10) .loão Garin, op. ci1., p. 571. ( 11) "Voz da Viwlade", Lis boa. 21-9-80. ( 12) João Garin. op. cit.. pp. 578 e 580.

Antonio Car los M atias. agricultor do Alentejo. covardemente espancado por elementos das Unidades Coletivas de Produção, por se ter recusado a filiar-se à Cooperat iva do Granal. na Ervideire

gJAf OJLF.CJ§MO MENSÁRIO

Conceição M aria. trabalhadora da her• dada do Paul. tem 8 3 anos. "O,alá Daua

nos ajudo e ao nosso antigo patrlo". dizia ela. referindo-se à expulsão do

com aprov1çio tcksiáslica

CAMPOS -

legítimo proprietário do Paul.

Oirtlor: P•ulo Corr~• dt Brilo filho

riquezas estancadas na sua fo111e: enfim. e111 luKor dessa igualdade ((io sonhada. a igualdade no nudez. 110 i11digh1cia e na n1ist!ria" .

A recuperação da iniciativa privada Embora demasiado tarde, o governo da Aliança Democrática compreendeu que o único meio para a recuperação da agricultura a lentejana e da trêmu la economia portuguesa , consistia cm revitalizar a iniciativa privada. Com esse objetivo, foi criado o Programa de F inanciamento a Arrendários Rurais (PAR), em cujo diploma de origem se afirma que "serão criados condições pura que as atividades ugríi:olas e pecuârios sejam levadas a ~feito predomi11anre111e11re e111 propriedades próprios. o t/ue es1itnulorá necessaria111e111e a produrividude dos solos" (6). Tal documento dá ocasião a que se recorde, uma vez mais, a doutrina tradicional da Igreja, sempre sábia e atual:

Alguns "desiludidos co111 a chamada refornw agrârio [... ]pediram a dissolução das uniões cooperativas de produção e111 que estavam integrados" (9). E outros. como a velha Conceição Maria (foto), de 83 anos. trabalhadora da herdade do Paul. lamentaram a injustiça que lhes fizeram ao expulsar o seu legitimo patrão ( 10). Foi assim que, nos últimos. meses de 1980, se operaram devoluções de terras a centenas de agricultores ( 11). Os resultados desta medida, tão urgente, justa e necessária, são já visíveis em muitos casos, apesar da encarniçada oposição e das constantes ameaças das UC Ps. Algumas chegaram à agressão fisica como foi o caso do agricultor Antonio Mat ias: .. Eu t inho vindo a um funeral o Ponte de Sôr - recordou - quando cinco ho111ens [ ... ], rodo.t eles diri· ge111cs de cooperativas. se (J(iraro111 o 111im e m e moeram de pancada. [... ] "E tudo isto [... ] p orque m e rerust~i a Jazer parte da Cooperatlva

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CATOLICISMO -

Março de 1981


Salões ingleses tema para reflexão BOA MESA é um prazer para o espírito. E o ambiente da sala de jantar, sa lão ou refeitório exerce. naturalmente. um papel importante nesse a to da vida cotidiana. E, por meio da linguagem das formas. esse a mbicnrc pode iníluir nas a lmas positiva ou negativamente. Este sa lão de jantar da mansão de lckworth, em Suffolk, Inglaterra. pode servi r-nos de exemplo.Embora concluído cm 1830. lckworth é um remanescente do estilo criado cm Viccnza {Itália) pelo arquiteto Palladio, do século XVI. O edifício é constituído de' duas alas. que se estendem em forma de U. tendo na base deste sua principal construção - a Rotunda - onde se encontra o salão de janta·r que vamos analisar. Clmmam a atenção cm primeiro lugar os aspectos bri lhantes realçados pela luz do sol: o imponente lustre de crista l. o espelho e console dourados. a opulenrn prataria.

A

Esta última. legado do século XVII I. est{, à altura das brilhantes conversas que marcal"~m essa época. Mas todo esse bri lho de engenho e orna mento está posto em uma certa medida. Um de seus contrafortes é a seriedade, que se manifesta na cor da parede, nas cortinas e no jogo central de móveis. bem como. na sobriedade do est uque. Isso, mais a presença de quad ros de antepassados da família dos Condes de Bristol. proprietários de lckworth, dá ao salão uma certa expressão de profundidade e repouso. Com o que, o vistoso dos elementos de ga la não podem ser qualificados de frívolos nem de objetos de ostentação. Outra característica deste salão é sua amenidade, ao lado da lucidez e gravidade mencionadas há pouco. Os espaços da sa la parecem estar calculados para um movimento humano, nem demasiado ligeiro, nem excessivamente solene. O teto não é alto demais e os espaços de

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circulação não são desmedidamente a mplos. As plantas e ílorcs não só contribuem para esta nota de amenidade, mas acrescenta m uma expressão de vida e continuidade à sala. A vida aí transcorre em proporções humanas, impregnando o salão. Por isso. ele não tem ar de museu e qualquer um acharia norma l saber que a família proprietá-

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• • CATOLICISMO -

M arço de 1981

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Sala de refeições da manalo de lckworth, em Suffolk, fnglaterra

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ria de lckworth nele se reúne todos os dias para o jantar. Bri lho autêntico, reílexão séria. educada afabilidade. Três características de um salão e de uma família inglesa. Três qualidades representadas nos, três antepassados, cujas figuras dominam a sala. O militar da direita é um avô que se sacrificou na luta. Ganhou condecorações e atingi u altas patentes. Sua honra brilha com toda autenticidade e ele a ma esse esplendor. mas na justa medida d o autêntico e do elegante. A dama à esquerda rcllcte no porte distinção. O personagem colocado no lugar mais proeminente, ao centro. - provavelmente um dos Condes de Bristol que construiram o castelo - aparenta ser homem de reílexão e conselho. Sua figura parece transmitir à sa la a principal nota de seriedade, que contrabalança com os aspectos brilhantes. mais próprios ao século X VII 1. De sua cátedra imaginária ele parece dizer: "Depois do jantar. passai por esta porta e sentai-vos comodamente na bibli oteca , e aí entregai-vos à boa leitura e à reflexão". Tais características - é supérnuo di7.ê-lo - são muito européias. e particularmente muito inglesas. E de modo ma is especial. dessa Inglaterra e mpreendedora e domi na nte do sécu lo XIX e parte do XX. Em ambientes assim impregnados, semelhantes a este, circularam um Wordsworth ou um Disraeli, como um Churchill c m sua infância.

Não precisamos sair da Ilha para examinar o utro ambiente, impregnado de espírito diverso. Trata-se de outro sa lão de jantar. desta vez na mansão de campo Parham Park. cm Susscx, construida cm estilo Tudor e a inda hoje em uso. A decoração do refeitório é sobretudo de estilo isabelino de fins do século XVI , mas a nota med ieval está muito presente e domina a cena. Tudo é amp lo. Grande chaminé. vastos espaços intermediários. A altura do teto, apesar da claridade da sala, não deixa de ser surpreendente. O conjunto convida a uma atitude de respeito, consideração e cerimônia. No entanto, não deixa de ser um ambiente propício à irradiação das personalidades, simboli1.ada. aliás. pelos colarinhos de renda e golas frísias do século XVI, que estão em relação à cabeça como o cálice em relação à nor. Poderíamos d istinguir três níveis de realidades ou de vida do espírito nesta sala. O primeiro é constituí-

do pelo espaço térreo, por assim dizer enquadrado pelos lambris de madeira. Nesse ambiente transcorre a vida cotidiana, com movimentos compassados e polidos. Os lambris. talhados à maneira renascentista cm estilo isabclino médio, comunica sua nota de aconchego e calma. Com os retratos. esse nível é ao mesmo tempo cotidia no e histórico. porem. sempre muito humano e concreto. Um segundo nível encont ra-se no espaço demarcado pelo término dos lambris e a gola q ue separa a parede do teto. Entre o branco das paredes. circula aí maior quantidade de luz, inclusive a iluminação noturna das velas. Os grandes quadros - que a foto não reprodu7. com nitide7. - representam cena s de caça. Enquanto o nível a nterior exprime a vida cotidiana e histórica de maneira elevada mas muito co ncreta. aqui parecem ex1>rcssar-se com clareza prototípica as realidades simbólicas da vida. A analogia lança lu1. sobre o assunto. Expli car-nos-emos. Para os antigos - ocidentais e orientais - a nature1..a servia de inesgotável fonte de alegoóas da vida humana. Daí a abundância de fábulas. apólogos e refrões sobre animais. Isso era muito vivo especialmente para os medievais. Hoje. esse mundo cheio de significado pa rece uma Atlântida submersa , mas na época cm que esta sa la foi construida, era a inda forte. As cenas de caça desse segundo nível são uma a legoria do que transcorre no primeiro nível, na atualidade e na História . A vida da própria dinastia Tudor, por exemplo, aqui representada por vários retratos que decoram o sa lão. foi uma contínua caça e contracaça humanas e políticas. Se o primeiro nível é histórico e concreto. o segundo alegórico e racional, o terceiro é metafísico e admonitório. Referimo-nos ao teto com suas nervuras e reminiscências góticas. Ele parece feito de desenhadas estalactites de neve, prontas a cair a qua lquer instante. figurando o mundo maravi lhoso e feérico do gótico. Oir-se-ia que ele representa. na sala. a lembrança do passado medieval, dos princípios e normas mais puros. do ideal mais sacra! que não foi seguido. Mas que subsiste por si mesmo e se acumula sobre nossas cabeças, como nuvens encantadas e benéficas. Correram os sécu los. As caçadas se repetiram. Mas o salão continua dominado pelo teto, com s ua metafísica advertência, pelo foto da · quele idea l ter sid o abando nado. Pelo menos para quem levanta o olhar. Ou para os que, como nós. a estamos vendo de cima. nesta foto. 7


AfOILliCI[SMO - ----------------------------------•

''Covadonga'' defende tradições hispânicas •

Córdoba, cidade espanhola, íamosa há séculos especialmente pelos embates que nela travara m católicos e muçul· manos. terra do Bispo Eulógio, morto no século IX em ,·irtude de s ua recusa em aceitar um moclus viv,•ndi com os infiéis. tornou-se foco novamente de

~

Sócios 8 COOJ)e• radores da Socie-

dade Cultural Covadonga. duran· t e o ato de desagravo realiza· do no Pstio do

los Narsnjos# em Córdoba. no ano

polêmica relig.iosa. O prefeito comunista da cidade, tendo promo,·ido recentemente a entrega de monurnentos de

d o 1976 .

caráter religioso, artí.slico e hís1órico nos

maometanos. provocou veenu:nte protesto da Sociedadt Cultural Co,·adoog_a - entidade hL~pinica afim à., 'fl;-Ps. Transcrevemo., a seguir a intc~ra do manifesto dn referida us.sociaç:io. publicado cm seu bolet im '"Covmlm,,;a it,-

/ormo·· n.0 41 e difundido pel:l im• prensa de Córdoba:

''U

mente à imprensa <1uc "e111bora IICJ

MA POLl":M ICAdcfund~ csscnciamencc n::li· g,oso concentrou nova-

O corpo incorrupto do Rei São . Fernando Ili. em sua urna funorá rie de c ristal. na Catedral de Sovi• lha (slo vislveis na foto os contornos do sua ca·

mente a atenção da maioria dos

espanhóis. provocando cm todos os recantos do país os mais variadot: comentários. com repercussões 110s principa is meios de informação na-

munidade islâmica denominada EI

Morabito. uma mesquita situada nos jardins do Campo d1, la Mert·ed. Valendo-se de tais aios, AI Kattani advogou o retorno do islã a

na gran,le nu!squita de Cdrd:,ha quando .fure,n t·en1e11llS ti() 111i/Jw .. res!"

Tal Hlit uclc provocou viva reação popu lar. obrigando o Bispo da diocese. D. Infante Florido, a intervir no assunto. qualificando de ..,.,._ ro hi.ttârico" a decisão do prefei to. O mesmo Prelado acrescentou que isso "suporia paro os f <Jrdobeses desandar o n1111i11ho d,, s(:culos e 1,0 .. <'Ílr o Cri.,·1la11i.w110 - q ue dw1t.011 11111i1u nwis lonf!.c~ ,:111 sua p<>rfeirlio c1spiri111nl - por 11111<1 rdi,:üio ,nui · 10 ,nais sin11Jl<~s f! ;nenos desf·1n·ol-

,,;t10". É lamcntúvcl que a declaração de D. Infante Florido não tenh.i sido slrficientcmcntc precisa e com-

pleta. deixando de qualificar devidamente a religião muçu lmana. Por alguma ra,Jio sempre mereceram os adeptos dela , desde o inicio. o qualificativo de i1!/iéis. dado pela própria Igreja Católica. O prefeito, entretanto, respondeu ao Prelado cm dcclaraçõc-s à imprensa que se caracterizam por

portada árab,,. o 1en1plo é cri.ruio desde o sé<:·ulo X V. época f!/11 qw, as innõs clarissas 111.:/e se i11su1/11rt1111. t()n1a,uJo..se <m1íio o con vento nwis

<ml/Ko de Córdoba. Por1a11to. d ,·v<' .ficar ,·faro <111e u que se dá aos

11,uçu/11,anos ,uío é 111na antiga ,uc-s· 1111i1a. ,nas unw igreja i11co111esuiv<'I

e clt1rtunen1e cristã".

Renovando o brado de alerta de anos anteriores. Covadonga eleva

as suas preces a uma figura exponencial da Reconquista. o santo e extraordinário Rei Fernando Ili de Castela. a fi m de cvirn r este autên·

tico delito religioso-cultu ra l que se está articulando contra a Igreja na Espanha."

entro1açadas so • bre o peito). As vitórias militares desse extraordi• nério monarcs reduziram o domínio árabe na Espanha apenas ao

Reino do Granada.

uma irreverente ousadia. muito pr<'> ..

pria de um membro do Partido Comunista Espa nhol.

dcira e com vanrngcm para uma religião falsa. A partir desse pon10. Covadonga. inspirada na Fé ca1ôlicél ~ não num laicismo ircnista.

levantou seu mais vccmen1c protesto. J í1 em 1976. procurando conri-

terras andaluzas. chegando a pro-

nu nciar esta frase que certamente terá efeito estremecer o corpo incorrupto do Rei São Ferna ndo: ··os tnltfttlnwnos de A,ula/11:ia re:trrtio

citado convento (de Santa Clara].</' veja 111n ahninar e restos lÍ<' unw

beça o as mãos

cionais.

Desta vez. o conílito foi causado pelo prefeito comu nista da cidade de Córdoba. sr. Julio Angui1a: que, num ato solene real izado no dia 26 de dezembro passado. entregou ao conselheiro do rei da Arábia Saudita. Ali AI Kattani. as chaves do antigo Convento de Sama Clara. Meses atrás. a mesma prefeitura também já havia cedido a uma co-

dras angu lares da Reconquista ibérica - esta entidade julgou necessário alertar todos os católicos espa nhóis (cfr. boletim "Covtu/011ga ln(or11w··. n.• 32, 33 e 34). · Agora. cm vista desses fatos recentes, a Sociedade Cul!llral Covadonga levanta nova mente seu clamor às autoridades religiosas e civis, sem esquecer, cntre1an10. aq ueles espanhóis que soubera m reagir cm tempo. Assim. lembra de um modo especial o Cônego e historiador D. Manuel Nicto Cumplido, o qua l saiu cm defesa da preciosa obra religiosa-artística da nação hispânica, nesta e noutras ocasiões. Este acadêmico e arquivista da Catedra l de Córdoba decla rou recente-

As causas do reaparecimento do problema muçulmano na Es1>anha rcmont~11n ao congresso islâmicoc ristão reunido cin Tripoli. cm fcvc1·ciro de 1976. Na declaração final desse congresso havia urna ci,\usu la. na qual o~ muçu lmanos sugeriam {t pane cristã que envidasse rodos os esforços e tcntal ivas pa ra que a mcsquirn de Córdoba. hoje catedral católic,1. lhes fosse restituída. Desde então. a SociNltulf' Cu/, tural Covadonga ficou sempre receosa de que os inimigos da Civi li,.ação Cristã inventassem rodos os pretextos. mais ou menos disfarçados de irenismo. para que o culto rnaomctano transpusesse uma vc7. mais o Estreito de Gibra ltar e se instalasse na É.spanha . com vilipên· dio da gloriosa ob ra da Reconquista. culminada pelos Reis Católicos. Os verdadeiros espa nh óis têm consciência de que a entrega dos mencionados edifícios históricos de Córdoba. proposta pelo sr . .Julio Anguiia. não constitui apenas um ato corn repercussões nacionais e

culturai~. alié'1s muito imporlantcs. Mais do que isso. é uma atit ude assumida por um prefeito com un ista cm dcsdouro da Religião verda-

Int erior da célebre Catedral de Córdoba - Origineriemente mesquita muçulmana. transformada em igreja c.atólica em 1623. ola bem simbolize todo o cuidado da Igreja em preservar e assimilar do s pcvos pagãos as manif estações culturais e artísticas oriundas da retidão natural. O prefoito comunista de Córdoba. entretanto, está promovendo a entrega de monument os católicos, análogos a est e. aos seguidores de M af oma.

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• •

nuar fiel cl memória dos numerosos

santos. mártires e confessores - pc-

.

- ,,.

-...

Criminalidade .e senso moral A CRIMINALIDADE. sobretudo nas grandes cidades. 10111ou cm nosso País proporções tais. que vem criando um clima de pân ico meio difuso e gcncmli?.3do, que aumcma ou dirn'inui de proporção conforme os meios de comunicação social tratam d~ modo mais especial ou não do :,ssunlo. E aílora entao a velha problemática: de quem é a culpa'! Da policiá, que deveria ser melhor aparelhada. mais numerosa. mais dedicada'! Das "i njustiças sociais''. que criam problemas insolúveis. como o dos menores a~andonados, das favelas, da miséria. enfim? Da urba11i1.aç,1o descontrolada e c.,ecssivamcn1e rápida. para que os ·necessários melhoramentos acompanhem o nitmo das construções'? Mil çausas ainda poderiam ser levantadas e o são comumentc no debate do assunto. Mas raramente se analisa, pelo menos com a suficiente profundidade, o cerne do problema: a criminalidade, cm todas as suas fonnas - não somente a da mão armada ou do assalto espetacular. mas da desonestidade mais ou menos corrente e,da imora\idadc aberrante e agressiva - não é senão o rcílcxo de uma causa mais p,ofunda, que é a perda do senso moraL Os problen1as sociológico~. estruturais ou funcionais, embora possam contrib.uir para criar condiçõe.s favoráveis à ,eclosão d.o crime, não são entretanto a sua causa, como pensavam os positivistas, para quem, "abrir escolas'' era "fechar cadeias". Na realidade, as cadeias não se fecharam, e seus ocupames cm ge,al frequentaram os bancos escolares. Ou seja. do ladrão. do escroque. do assassino ou traficante analfabetos, passamos ao bandido alfal)ctizado, não raro portador de título universitário.

De outro Jado. atribuir à miséria e às "inJustiça~ sociais". ou então às desigualdades d,, ostcutura social - como fa1.cm marxistas e clérigos progressistas - a fonte do crime. eximindo. cm muil(>s casos. os malfeitores de qualquer cul1ia. é cai,· num determinismo que faz do homem uma simples peça de engrenagem. sem capacidade de decidir sobre o p,ópno futuro. É politir.ar · um problema dQloroso e atual. r,arn ut i; lizá-lo como arma para 11errubar as estruturas sócio-poliricas e econômicas baseadas na pro2ciedade privada e iivrc iniciativa. Equerer. 11tilízar-sc de um mal para implàntar outro ainda maior: o sociàlismo. , A verdadeira rai1, do problema. co,no ficou dito. encontra-se no senso moral. a nogão de peçado e de virtude, existente cm cada homem. E tal senso ri1oral inclui um fator preponderante: o temor de Deus. Sem ele, o qual é o princípio da sabedoria, como diz a Escritura. que outro temor poderá imiJedir os ho1nens de se matarem .ou roubarem uns aos outros. sempre que tenham vontade ou oportunidade para iss<)1 A Rôllcia'? Só se fosse possivcl constituir um corpo policial praticamente igual ao número de habitantes. e que ele próprio fosse inteiràmentc imune à corrupção re·inante. ' Ou o hoincm teme a Deus e vê cm seu seme)hante uma imagem do Criador, a quem deve respeitar<. ou transforma-se num lobo para oufro homem. segundo a expressão de Hobbes, pronto a devorá-lo. Como dizia o Papa Leão :X U,\. na Encjclic.i ''Rer11111 Novarwn'', a chamada "questão social" é· emi11c·ntemcn1e uma questão religiosa e portanto só P,Ode ser resolvida. em l:1ltima analise, por rncio de uma restauração religiosa, pela

implantaç,io do Reino <(e Cris10 na Terra. De out ro modo, seria correr inutilmente de utopia c m utopia. as,quais apenas aumenta m a insolubil/dadé de todos os problemas modernos. l! ali,is o conselho que o próprio Divino Salvador formulou: •·fro<·11,ai pri111eirame111e o l?ei110 de Deus e-'"" j 1tsti<·a. e /11(/() 11u1is võs $eró dado de acréscimo .. (M 1. 6. 33). Um desses acrésci mos - e não pequeno - é a segurança de se leva-r urna vid a norma l cm sociedade. de se andar 1ra nqílilame111e pela rua a qualqoer hora do d ia ou da noite. sem o P,ânico de ser atacado por ma lfeito,es. Quando o <::Jcro, em sua gencràlidâdc, se preocupava sobretudo com o ensino dos Mandament os da Lei de Deus e em zelar pelo cum primento da 111ora l e dos bons cosntmes. a população ai nda gozava dessa relativa rranqüilidadc. 'Havia uma diferença bem nítida entre a maioria dos homc,,s comumente honestos e Qrdeiros e os depravados e rnalfcilorcs. Hoje en1 dia. c.xis1e tal diferença bem definida na opinião pública:/ ·Pelo me11cos 11.0 qµc di, respeito a um homem honrado. e um desonesto ou perdido quanto aos costumes? ~ucm é considerado atualmchtc um homem ou uma mulher imoral para o cidadão comum'? Estas lil)has tê,f!I a penas o fito de chamar a atenção dos leitores pára o denon1inador comum a todos os problemas da sociedade l\lOderna, cada vez mais inso1úveis: o afastamcl)to de Deus. a perda do senso do bem e do ma l, o desprezo da vida. casta e virtuosa. Deus parece estar longe... Não pode~á ser isto um dos êfcitos do castigo que Nossa Sel1hora anunciou, cm 19 17, cm Fátima'/

Luiz Solimeo


N. 0 364 -

Abril de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de

,~.

Em meio às trevas, a Igreja triunfará como Cristo ressurrecto GLORIOSA Ressurreição de Nosso Senhor nos oferece ensinamentos a respeito dos quais propomos ao leitor algumas reflexões. Tudo quanto se refere a Jesus Cristo tem sua aplicação analógica à Santa Igreja Católica, Apostólica. Romana. Vemos freqüentemente, na História da Igreja, que quando Ela parecia irremediavelmente perdida, e todos os sintomas de uma próxima catástrofe pareciam minar seu organismo, sobrevieram sempre fatos que A sustiveram viva contra toda a expectativa de seus adversários. Fato curioso: às vezes não são os amigos da Santa Igreja que vêm em seu socorro; são seus próprios inimigos. Numa época delicadíssima para o Catolicismo. como foi a de Napoleão, não ocorreu o episódio extremamente sugestivo de se ter reunido um Con"lave para eleição de Pio VII, sob a proteção das tropas russas, todas elas cismáticas e obedecendo a um soberano cismático? Na Rússia, a prática da Religião Católica era tolhida de mil maneiras. As tropas desse país asscg".,dva.n, entretanto, na Jtália, a livre eleição de um Soberano Ponti-

A

fice, precisamente no momento em que a vacância da Sé de Pedro teria acarretado para a Santa Igreja prejuízos dos quais, humanamente falando, Ela talvez não se pudesse ter soerguido jamais. Estes são meios maravilhosos de que a Providência lança mão para demonstrar que Ela tem o supremo governo de todas as coisas. Entretanto, não pensemos que a Igreja deveu sua salvação a Constantino, a Carlos Magno. a D. João d'Áustria, ou às tropas russas. Ainda mesmo quando Ela parece inteiramente abandonada, e qüando o concurso dos meios de vitória mais indispensáveis na ordem natural parece faltar-Lhe, estejamos certos de que a Santa Igreja não morrerá. Como Nosso Senhor, Ela se soerguerá com suas próprias forças, que são divinas. E quanto mais inexplicável for, humanamente falando, a aparente ressurreição da Igreja - aparente. acentuamos, porque a morte da Igreja nunca será real, ao contrário da de Nosso Senhor - tanto mais gloriosa será a vitória. Nestes dias turvos e tristonhos, confiemos pois. Confiemos na Providên~ia Divina que obrigar{, novamente os mares a se abrirem de par

em par, como sucedeu com o Mar Vermelho diante de Moisés, comoverá as montanhas e fará estremecer a terra inteira, se tal for necessário para o cumprimento da divina promessa: ..As portas do inferno não prevalecerão contra Ela".

Esta certeza tranqüila no poder · da Igreja, tranqüila de uma tranqüilidade toda feita de espírito sobrenatural, e não <lc qualquer indiferença ou indolência. podemos aprendê-la aos pés de Nossa Senhora. Só Ela conservou integra a F~. quando todas a~ circunstâncias pareciam ter demonstrado o fracasso total de seu Divino Filho. Descido da Cruz o Corpo de Cristo, vertida não só a última gota de Sangue, mas também da água, pela mão dos algozes; verificada a morte, não só pelo testemunho dos legionários romanos. como pelo dos próprios fiéis que procederam ao sepultamento; colocada junto à entrada do túmulo a pedra imensa que lhe devia servir de intransponiv~i fecho, tudo pa.. recia perdido.

A ResSURREIÇAO - Jean Colom·

be.

min,atura

do livro de horas do Duque de Berry (1485),

Museu Condé.

Chantilly

Mas, Maria Santíssima creu e confiou. Sua Fé se conservou tão segura, tão serena. tão normal nestes dias de suprema desolação. como em qualquer outra ocasião de sua vida. Ela sabia q~e seu Divino Filho haveria de ressuscitar. Nenhuma dúvida . nem ainda a mais leve. ma· culou seu espírito. Ê aos pés dEla.

portanto, que haveremos de implorar e obter essa constância na Fé e no espírito de Fé, que deve ser a suprema ambição de nossa vida espiritual. Medianeira de todas as graças, exempla r de todas as virtudes, Nossa Senhora não nos recusará qualquer dom que neste sentido Lhe peçamos.

Walesa, ''condestável'' fracassado? "LUTA REI co1110 11111 leão!", assegura, em arenga a grevistas de Gdansk (foto), o líder sindical Lech Walesa. Guindado à condição de "condcstável" pela prestigiosa acolhida que lhe foi dispensada em Roma, Walesa tentou impor aos poloncses inconformados sua linha de moderaç.'io. Assim, luta "co,110 11111 leão"... para que as massas não se revoltem contra o regime opressor de Varsóvia, títere de Moscou. Incontáveis polonescs. porém , não deram ouvidos às arengas

MOVIDOS POR LÍDERES filocomunistas, camponeses marcham pelas ruas de Recife cm apoio a Fidel Castro, no auge da agitação agrária promovida pelas Ligas Camponesas, em 1962. O lançamento da "idéia bomba" da Reforma Agrária - se apoiada por uma poderosa publicidade projeta na vida rural de um país toda espécie de estilhaços: discussões, tensões, reivindicações, contestações. A atmosfera se satura assim de germes d e discórdia. Torna-se, então, mais fácil para um partido comunista promover, a partir daí, as greves, os atentados e as agitações que caracterizam o clímax da luta de classes e conduzem à revolução social. O Brasil fica exposto, desta maneira, ao gravíssimo risco de uma luta de classes candente - bem exatamente como a quer o comu-

nismo - seguida. dia mais dia menos, pela capitulação dos proprietários. Esse risco volta a ameaçar a agricultura brasileira, a qual. durante as duas últimas décadas. acompanhou sa1isfa1oriamcn1e o ritmo acelerado de desenvolvimento do Pais. apontado por muitos como uma potência emergente neste íim de século.

O documento "Igreja e problemas da terra", aprovado pela 18.• Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB - manifesta o anelo enfático de que as grandes e médias propriedades rurais sejam divididas. Em seu mais recente livro, --sou católico: posso ser contra a Reforma Agrdria?", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, mostra que tal partilha violaria os princip1os da

justiça cristã, conduziria ao colapso a agricu ltura e lesaria gravemente os trabalhadores. --sou católh·o: posso ser contra a Refonna Agrdria?" (360 páginas) vem respaldado em bem fundamentada parte econõmica, de autoria de Carlos Patrício dei Campo. Lançada pela Ed itora Vera Cruz (Rua Dr. Martinico Prado, 246 - São Paulo), a obra vem enriquecida com documentos, quadros estatísticos e farta ilustração fotográfica. Nas páginas 4 e 5 apresentamos uma vista geral do novo livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que a TFP já está divulgando em todo o País. Aproximadamente dois meses após seu lançamento, a primeira edição do livro (11.000 exemplares) já está quase esgotada. A segunda edição (de mais 10.000 exemplares) começa a ser difundida.

conciliadoras de Walesa. E levaram adiante suas reivindicações. em aberto desafio aos comunistas, sem se deixar intimidar pelas manobras militares cênicas do Pacto de Varsóvia. Líderes operários chegaram a denunciar abertamente o "peleguismo" de Walesa. Na página 3, dois luminosos artigos do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira dissipam as brumas com que se procura ocu ltar as dificuldades do comunismo na Polônia.


A camponesa ·que acreditou nas vozes celestes 30 DE MA IO DE 1431 portanto, h{, 550 anos chegava a seu termo um dos mais iníquos julgamentos de que se tenha noticia. mas, tambêm, uma das mais sublimes histórias de heroísmo e santidade. Naquela longínqua manhã de maio, podiam-se avistar, na praça do Mercado Velho. em Rouen, três tablados. Num deles notava-se Henrique de Beaufort, Cardeal de Winc hester, entre seus Prelados. No outro. os personagens do sinistro drama: o pregador, os juízes. o bailio e, finalmente, a condenada. Mais além. erguià-se uma terceira plataforma, atulhada de lenha, e que amedrontava pela altura. Na base, um letreiro: "Joana. que se faz nomear a Donzela, dissoi,11a, invocadora . . de de,nônios. "PÓStal(I, he•

A

..

de obter de Joana. senão uma retratação, pelo menos alguma palavra que desmitificasse a legenda de santidade q ue sobre ela já se formava na opin ião francesa. Mas. enfim, era preciso te rminar. Dois oficiais a amarram no local do suplício. e o carrasco ateia o fogo, que sobe lenta mente. Ao percebê-lo, Santa Joana D'Arc tem, nesse terrível instante, um desses gestos a través dos quais se pode entrever o requ inte de perfeição que sua alma atingira: ela convida serenamente seu confessor, que até então estava a seu lado, a deixá-la! A hora de sua libertação ia começar. .. As labaredas subiam ... Cauchon ainda estava lá esperando · ouvir gritos desesperados ... Joana não cessava de bradar o nome de Jesus e

lhava com os matizes d o a rco-íris: o dourado da inocência, o rubro da combatividade e a púrpura d o martírio !

"Sant" Joana D'Arc é ,,,no doce e cas1a aparição do Céu en, ,neio às agitações tumultuosas da terra, um perfume do Porai.ro em nosso triste exílio. é Deus vindo até nós. desta vez ainda por 111110 senda virginal'' (2). Ela reúne cm si as vocações mais dispares: tem o a rdor de um apóstolo e· a contemplação de uma mística, a cand ura de uma criança e a sabedoria de um doutor, a delicadeza de uma pastora e· a energia de um guerreiro. "Nela, o na1ureza e a graça

Este

pedaço

de

muro. com os re· manoscentes de u •

ma alta c haminé gótica, é o que r&S·

ta da grande sala do castelo de Chi-

non.

onde.

em

1429 , uma jo vem camponesa de dezoito anos anunciou a Carlos Vil:

"Eu

mo

chamo

Joana. a Donzela, O Rei dosC6us vos mondo dizBt por

mim

que haveis

do ssr sagrado e coroado no cidade do Rcims... ··

abraçara,n•se corno duas irrnãs: a

inspiração divina deixou ioda sua parte ao gêniÓ nacional. iodo seu livre desenvofvilnento ao caráter

r(!IICIJ .

. A farsa começou com a pregação do mestre Nicolau Midy, um dos luminares da Universidade de Paris, que desenvolveu um tema de São Paulo: "Quando adoece um ,nembro. todos os ,nembros es1ão enfermos". E concluía pela necessidade de cortar o que estava co,rompido para preservar o que estava são. Ironia da História! Cinco séculos mais tarde Leão X li! lembraria "a iníqua condenação proferida por esses hon1ens. inimigos encarniçados desta Sé Apostólica", e São Pio X, colocando Joana sobre os altares, exaltaria "esta heroína vítinu, da baixo hipocrisi" e da crueldade de um reneg<ido vendido ao esJrongeiro" (1). Em seguida. o juiz eclesiástico, D. Pierre Cauchon, Bispo de Bcauvais, declarou Joana herética e relapsa, entregando-a ao braço secular.

A e squerda: tape-

çaria do sáculo XV representando a en· trada de S anta Joana O'Arc em Chi• no n ( Museu histó, rico de Orleans)

dos Santos. Envolta já pelas chamas, exclama: -

.

Joana D'Arc cai de joe!hos e reza. Levantando-se, protesta sua inocência, e por esta forma, defende seu rei. que a deixava morrer. Pede perdão a todos os presentes e, obtendo um crucifixo, abraça-o. oscula-o, derramando copiosas lágrimas. Chora por si e por esse povo que tanto quisera resgatar: "Rouen. Rouen. morrerei aqui? Serás 1t1 minha 11,oradi"?" Nesse momento supremo, tal é a grandeza e ncantadora dessa vítima de dezenove anos que a multidão se comove e se põe a chorar. Os próprios fautores do processo também não resistem: Cauchon e o Cardeal de Winchester choram. Mas essas lágrimas de falsidade não impedirão que seu cri me se consuma! Algu ns soldados ingleses, impacientando-se com a hora, gritam: "Como é, Padre. vaifr1Z1,r-nosjon1ar aqui?"

Os juízes haviam prolongado ao máximo a cerimónia. na esperança

'"As 111inlws vozes

ert11n de Deus. os ,ninhos vozes não ,ne enganaram". Enfim. gritando fortemente o santo nome de Jesus. Sa nta Joana D'Arc inclina a cabeça: um soldado inglês vê, então, dentre as chamas, evolar-se uma pomba para o lado do então Reino da França, cm direção ao céu. Em meio à tormenta, nasce uma f lor Na árvore esplendorosa do catolicismo francas sempre floresceram grandes Santas que perfumaram com suas virtudes a Cristandade. Para não citar as de nosso tempo, basta ver a influência que tiveram Santa Clotilde na conversão. dos francos e Santa Gcnoveva na salvação de Paris. Vendo-as, quem no e ntanto imaginaria que naquele entardecer da Idade Média, sob um céu plúrnbeo e tempestuoso, floresceria esse lírio alvíssimo que foi Santa Joana D'Arc? Mas o lírio era também uma est rela fulgurante q ue indicava o caminho, e cuja luz bri-

Cau de Sa nta Joana O'Arc, em ~ 1 1 •

2

f rancês. .... Ela é um 111odelo que se pode oferecer às mais diversas condi,ões. à filha dos pastores co1110 à filha dos reis. à 11111/her do século como à virgem do claustro. aos Padres e aos guerreiros. aos felizes do 11umdo e àqueles que sofrem" (3). Na junção de duas eras históricas, ela surge, como u m Anjo enviad o por Deus, para aliviar as misérias que afligiam seu povo, restaurando a ordem legítima cm sua pátria e salvando-a assim, com um século de antecedência, d o cisma e da heresia.

"A grande lãstim a que havia no Reino da França" Naqueles primeiros a nos do século XV, a França e a Inglaterra d igladiavam-sc numa guerra que já d urava 80 anos. Ao mesmo tempo, uma guerra civi l divid ia os fra nceses cm dois part idos: borgu inh ões e "rmagnacs. A miséria e a morte campeavam. O Rei da França, Carlos VI, era lo uco. O Duque de Borgonha, que tomou o poder, concluiu com o Rei da Inglaterra - em acord o com a Rainha Isabel, esposa de Carlos VI - um tratado pelo qual o monarca fra ncês deserdava o delfi m Carlos. seu filho, e oferecia a mão de sua filha Catarina ao soberano inglês. A jovem princesa levaria, como do.te, a Coroa da França! O futuro era sombrio para o delfim Carlos. Os ingleses. aliados aos borguin hões, dominavam o norte do pa is - exceto o Mo nte SaintMichel - e preparavam-se para a tacar Orlcans, no coração da França. Com o tesouro vazio, o exército desmoralizad o, a a utoridade contestada, abandonado pela própria mãe, Carlos VII duvidava de si mesmo. Nessa trágica circunstância. a jovem camponesa de Donremy, na Lorena. procurou Roberto de Baudricourt, o capitão de Vaucouleurs, e, sem intim idar-se com a riqueza e gravidade dos homens que o cercavam, d isse-lhe: '' Procuro-vos. Robeno. por parte de meu Senhor. " fim de que digais ao delfim que be111 se 111a111enho. pois meu Senhor o ajudará a1é o meio do Quaresma. O reino não pertence ao delfim. ele p eru.mce ao 111eu Senhor. l;ntre1a1110. 111eu Senhor quer que o delfim 1or11e-se rei e que lenha o reino e,11 penhor. Ele

será rei apesar de seus i11i1nigus e eu o conduzirei à sua sagraçiío". -· "E quem é teu Senhor?"' - "O R<'i do Céu". Mal-humorado, Baudricoun despediu-a, ameaçando surrá-la. Joana D'Arc retornou a sua aldeia, mas não esmoreceu. pois suas "vozes" advertiram deste apa· rente fracasso. Que vozes? Ela tinha então dezesseis ou dezessete a nos. Sempre fora uma menina que praticara as virtudes, meiga e piedosa. Nascera numa pequena aldeia, por assim d izer. sob as próprias paredes da igreja. Recebera os primeiros ensinamentos religiosos de sua mãe, narrados com ardente fé, em serões familiares. Certa ocasião, esta ndo no jardim de sua casa, viu uma luz deslu mbrante e uma voz lhe soou ao ouvido: "Joana. vai socor· rer o Rei do França, e tu lhe res1i1t1irás o reino". A luz deslumbrante era São Miguel e ele lhe contava a "grande lás1ima que havi" no Reino da França". Manifestavam-se depois os vu ltos claros de Sa nta Catarina e Santa Margarida, com ricos diademas na cabeça, e doces vozes q ue faziam chorar. Por ocasião do cerco de Orleans, suas vozes tornaram-se prementes e Joana dirigiu-se uma segunda vez a Vaucouleurs. Nada disse. porém, aos pais, pois temia que a impedissem de viajar, caso lhes revelasse sua missão. Seus juízes, ma is tarde, veriam nisso uma ofensa ao quarto Mandamento.

A Donzela persuade o delfim e os teõlogos Desta · vez. ante a ressonância favorável q ue Joana encontrou no público local, Baudricourt deixou-se convencer. A um fidalgo que a interrogou, Joana respondeu: " É preciso que es1eja dia,ue do rei. nen, que 1enlw que ir a pé. gas1a11do as pernas (llé os joelhos. Porque ninguém no inundo. ne,n reis. 11e111 duques. nem o filha do rei da Escócio, pode recuperar o Reino da França. O único socorro sou eu 111esn1a". Escoltada por cinco cavaleiros. J oana partiu enfim, levando consigo a penas sua fé, sua pureza e sua espada. Atravessaram território inimigo e a viagem foi longa e penosa.

Os soldados que a acompanharam diriam mais tarde que, vivendo a seu lado, jamais tiveram sequer a sombra de um mau pensamento. No castelo de Chinon, onde se encontrava -0 futuro Carlos VI l, este só se decidiu a ,·eccbê-la depois de muita insistência. Mas. para testá-la. d isfarç0u-sc entre outros senhores mais bem trajados. A Donzela, q ue jamais o vira. dirigiuwsc até ele, abraçou-lhe os joelhos, dizendo: "Gentil delfim. dimno-111e Jo(l/w, <t Donzela. O Rei dos Céus vos 1110,ula dizer por 111im que haveis de _ser sagrado e coroado 110 ci(/(lde de Reims. 1; sereis o lugar-1ene111e do Rei . dos Céus. que é o Rei da / ·rt111("t1

..

.

Carlos VII ficou pasmo: Joa na lhe revelava uma oração que fizera - um segredo entre ele e Deus num dia de angústia, q uando duvidava de sua legitim idade. e porta nto de seu direito à Coroa. A Donzela lhe t razia a resposta: "Eu vos digo da parte de Deus que sois o legi1imo herdeiro da França e filho do rei". O príncipe formou uma comissão de teólogos e doutores para examinar o caso. Questionada durante várias semanas, Joana os impressionou pela vivacidade e precisão de suas respostas. Vendo-os. porém, perderem-se cm d iscussões intermináveis, ela adverti u: "Escul(li. no livro de Deus. hâ mais do que nos vossos... Ei, não s,•i nern "a" nem "b", ,nas venho da parte de Deus para levantar o cerco de Orleons e sagr(lr o delfi,n em Reirns. A111e.t. tenho que escrever aos ingleses. Escrevei o que vou di1or: "A vâs. Suffolk, C/assidas e La Poule. eu vos inl i1no. e,n 11on1e do Rei dos Céus a vo/Jardes à Inglaterra..... Os examinadores ouvira m bo.. q uiabertos ... E termi naram por dar um parecer favorável. Joana podia partir para a rcali1.ação de sua epopéia: a libertação de Orleans e a expulsão dos ingleses. Epopéia que seria premiada com o martírio, executado pelos q ue traíram sua pátria e, sobretudo, sua Religião. Mas isto já seria assunto para outro art igo ...

Carlos W enzel (1) Picr'rc Virion . .. l.t• 111,1•.tti're 1/t> Jc•o,m(• o·tt,<"... t.ibr:1iric Ttqui. Paris. 1972, p. 139.

(2) Discurso do Cardeal Pie;. úptul op. ci1.. 1>. 248. (3) D iscurso <;lo Cardeal Pie. opUtl op. cil .. p. 248. (4) H. Wallon. "J,•om1l' {)'Are···. l.ibrniric de Firmin Oidot c1 Clé.. Pal'is. 1892. p. 214. • Réginc Pcrnoud. "Vi(''-'' mort 1/(' Jcomte l)'Arr", ffachcuc. PMi~. 1953.

CATOLI CIS MO -

Abri l de 1981


Os líderes sindicais Watesa o Gwiatda com o vice· primeiro·ministro Rakowski, após a, negocia· çõas de 31 de março último

Para onde? Plinio Corrêa de Oliveira CA BO DE LE R a notícia de que no PC ~olonês vai_acesa - a propós110 da proJetada greve operária - a luta entre duros e "moles". Estes últimos pleiteiam concessões ao sindicato livre "Solidariedade". com o intuito de abrandar o ânimo dos íautores da greve. Os primeiros, isto é. os duros. afirmam que concessões jamais abrand am o ânimo de organizações cm ascensão como é "Solida riedade". E que. pelo contrário, elas constituem arriscadas manifestações de fraque,À,, Essa divergência tem um alto aspecto teórico-prático. Ela levanta princípios de teoria d a ação, a propósito dos quais os homens se vêm dividindo, cm todos os tempos e em todos os lugares, no decurso das pugnas ideológicas e políticas mais diversas. Porém. no caso concreto, está muito menos em foco um a lto e a liás belo problema estratégico, d o que uma comédia patusca, uma sinistra velhacaria. Com efeito, a ludi pouco acima aos homens: sim, exceção feita dos da linha comunista-lcninista, os quais parecem segu ir inílexivclmentc, desde 191 7 até hoje, uma allcrnação perfeita mente estudada entre avanç0s e concessões. e ntre ameaças e sorrisos. No fundo. o empenho invariável de les é jugular o advcrscirio. Se ameaçam e avançam. é para isto. Se sorriem ou concedem, é também para isto. As táticas moles só lhes servem para bobear o advcrs{,rio, para dividi.. 10. e assim dc.~pojâ-lo. mais rápida e inteiramente, d os meios de luta. Para os leninistas-comunistas, cm última análise. toda distensão não é senão um artificio tático. Ê um modo de guerrear. Isto posto, não acredito na autenticidade das d iscussões entre du1·os e "mo les", que estariam sendo travadas nas reuniões de cúpula do PC polonês. Uns e outros são - por convicção ou por interesse - títeres do "lcnino"-comunismo instalado cm Moscou. Se deixa m fi ltrar para o público opostas teorias da ação, é com a lgum fim sorrateiro, comum a a mbos. Vendo os duros acusarem os "moles" de infiltrantes a serviço de "Solidariedade", e os "moles" revidarem acusando os d uros de infiltrantes do PC russo no PC polonês. a meu ver é impossível não desconfiar de que se está em presença de um bem ensaiado show.

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Mas para que ta l show? - perguntará algum ingênuo. A resposta é É simples. Ta mbém cm "Solidarieda[ de" - dizem os jornais - distinE guc-se entre duros e moles. "Soli;;i dariedade" não é, entreta nto, um !!, bloco monolitico como o PC polo,>; nês. Ele se compõe de grupos ideo~ lógicos e polít icos distintos, aos : qua is correspondem naturalmente ::'. posições temperamentais, como tá: ticas de ação, específicas. Diante da h presente alternativa, consumar ou ~ não a greve, é natural, e quase até forçoso. que estejam cm desacordo ~ ent re s i. Reúne-os tão-só a aversão v. ao comunismo. .'l Ora. é consider.ível a utilidade 1 do show comunista. ~ Com efeito, os moles de "Soli:., daricdade" - pelo menos em sua :'. maioria - são moles autênticos. Como tais, têm certa propensão cm ~ acreditar na s inceridade dos adver>' sários. Bem entendido, não na dos

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CATOLICISMO -

Abril de 1981

du ros do comunis mo. acerca dos pectivos d uros. É possível que chequais todos de a lém cortina de ferro guem a lirmar um acordo de moles, têm uma e xperiência horripilante. a que tenha ares de vitória para a pa1., q ual não to lera ilusões. Mas, pelo . e uma derrota para os duros. menos, tendem a espera r a lgo dos Mas, oh ilusão! Se assim cami"moles" do PC polonês. Entre mo- nharem os fatos, coisa muito diversa les. do esperar para o negociar só v;'ii se terá passado por detrás dessas aum passo. Do negociar para o con- parências enganosas. Os "moles" do cluir só vai mais outro. É tudo tão PC são meros fantoches dos seus correligionários duros. Eles terão pactua do com os moles de "Solidariedade" única e exclus ivamente as concessões que os duros do PC lhes tenham ma ndado fazer. Que concessões? As q ue fo re m necessárias para abri r nas fileiras de "So lida riedade" uma fissura profunda e ntre duros e mo les. para levar os moles (sempre e por toda parte maioria , pois a Escritu ra diz que é infinito o nú mero dos estultos) a assumirem a direção de :'Solidariedade", desbancando os duros (sempre uma minoria. porque é difici l, ingrato. penoso ser d uro). O que terão ganho com esta artimanha maq uiavélica os duros do PC? Terão ganho o ó bvio. Quando, e nt re dois grupos cm luta, um comeO leite cheg a para O$ g revistas ça a ser dirigid o pelos respectivos dos estaleiros de Gdansk. - ..Se ;sso duros e o utro pelos respectivos mota greve) durar um qno. resistire mos". les, todos os entrechoques passam a ditem os operários. ser os do pote de forro cont ra o pote fácil de combi na r quando os dois de barro... lados são moles ... Assi m, na mesa de negociações entre o PC polonês (do qua l o governo de Varsóvia não é senão um títere) e os representantes de "SoliTenhamos a coragem de ver a dariedade". começa a soprar o zé- realidade inteira. A ajudar os moles liro da concórdia entre "moles" e de "Solidariedade", deve haver. nesmoles. se tão simpático movimento. uma O que decorre daí? Os moles de esparsa e bem coordenada quintaambos os lados dão a impressão de coluna comunista. Po is é d esde semse estarem rebelando contra os rcs- pre conduta do comunismo ,·cprimir

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Aparato policial dianto da sedo dos agricultores poloneses, em Bydgoszcz. ocupada por sindicalistas de "Solidariedade ..

pela força todos os movimentos que contra ele tentem constituir-se. Mas. de outro lado, por pouco que algum desses movimentos pareça durável e capaz de tornar-se perigoso, o eomunismo já não se limita a combatê-lo s umariamente de fora para dentro. Sem abandonar as táticas da força, e le começará a usar também as da intcligi!ncia. Por exemplo. tentará infiltrar o adversário com espiões e com "desviacio nistas". Para ser espião é preciso ter certo grau de inteligência. Muito mais para ser "desviacionista". Consiste a missão deste cm infiltrar-se até no cerne do partido adversá rio, cm semear fato-

rcs de divisão, em s ugerir manobras erradas. em fomentar o desânimo decorrente dos reveses. Ou seja, cm produzir a derrota. Estremeço, a propósito de "So lidariedade", q uando penso nisto. Não estará o movimento infiltrado de espiões, de "desviacionístas'"! Que mal lhe estarão fazendo'! Tudo isto, para onde vai co nduzi ndo a Polônia e o mundo'? Sim, o mundo. Porque na Polônia está sendo forjado um "modelo" que. antes mesmo de ser defi nido e posto à prova, já vai sendo esperado com avidez pelas esquerdas de todo o mundo. Moles o " mo· tes""Om-'ne-•

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gociação, liderados porWale•

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moles ÃOTENHOIDÉIAdequem constitu i o cerne duro de "Solidariedade". E nem do que pensam os d este cerne. Mas, a ver a situação polonesa como ela se apresenta. quanto sou propenso a simpatizar com e les! Outrossim, vejo aqui e lá pessoas q ue conliam dcbandadamente em Wa lesa. E que, às preocupações q ue externei cm meu artigo anterior, oporiam um só mas triunfal argumento: "Walesa não permitirá que ocorra a hecatombe que o Sr. receia". Qualquer desacordo quanto à política de contcmpori1.ação de Walesa com os comunistas d o governo polonês soa-lhes como uma blasfêmia, quase uma heresia. Penso que há nessa incond icionalidade uma indigência de mo tivação, de análise. de penetração que me desconcerta. É verdade que o c hefe sindical tem cm seu favor a mais universal, contínua e e ntusiástica sinfonia pu-

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O grande dia de glória de Wates.a foi quando João Paulo li o acolheu em Roma com honras muito parecidas - a comparaçlo é de órglos da imprensa romana - às que os Papas dispensavam outrora aos mona rcas do Sacro Império RomanoAlemão. O que equivale à ontrega do um bastão de marechal. do condestévol.

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blicitária. Mas isto não é motivo para se co nfiar em ninguém. Antes pelo contrário ... Í'ara justificar a incondicionalidade com que alguns o seguem. que bagagem traz ele? O q uc de notável disse ele alguma vez? O que fez? A essas perguntas, seus mais ardorosos entusiastas nada de substancioso respondem. Limitam-se a lhes fechar os ouvidos. como se fossem blasfêmias.

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Não sei o que no passado ele disse ou fez. O grande público não sabe. Se ele fosse um fa ntoche da demagogia. as coisas não lhe correriam muito diversas. Figuras ass im como que não precisam de passado. O grande dia d e glória dele foi quando J oão Paulo li o acolheu com ho nras muito parecidas - a

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Novo livro do Prof. Plinio ''SOU CATÓLICO: POSSO SER CO,NrERj •

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M UM IMENSO casarão localizado no Município de lndaiatuba, no interior do Estado de São Paulo. antigo Noviciado dos Jesuítas. reúne-se respeitável Assembléia. Cerca de 230 membros de um alto organismo nacional discutem e depois votam importante documento destinado a exercer notável inílu~ncia sobre os dest inos do Pais. A imprensa toda assesta as luzes da publicidade sobre o magno acontecimento. Pelos ca rgos que ocupam e pelos litulos que ostentam. os respeitáveis membros da venerável Assembléia merecem a atenção da Nação inteira. Vista assim, do lado de fora. a Assembléia parece cercada de todas as formas de prestígio, respeita bilidade e iníluência. O documento final que irá produzir deveria conseqüentemente revestir-se de todas as características de competência, seriedade e solidez ,1ecessárias para se impor ao mais exigente dos críticos. A realidade, infelizmente, não condi1. com C9'a descrição. A fotografia da votação final, divulgada pelos jornais, ilustra bem o clima da Assembléia. Despojados. na grande maioria dos casos, das vestes próprias de sua condição, são os Bispos brasileiros que se retinem em ltaici. O documento que dão a público, ao final da Assembléia de fevereiro de 1980, intitula-se "Igreja e proble1nas da terra··.

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Problema de consciência para os catõlicos: é licito discordar do documento da CNBB? Os meios de comunicação social de todos os matizes ideológicos não cessam de apresentar a CNBB ao publico como porta-voz oficial de todo o Episcopado brasileiro. Os documentos emanados de suas asscmblCias gerais. rea lizadas habitualmente em fevereiro de cadn ano. cm ltaici. parecem impor-se ao acatamento de todos os íiéis. Isto coloca os católicos brasileiros numa difícil situação de consciênci:1. quando observam que. mêlis

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Aspecto de uma votação na 18.• Assembl4ia Geral de CNBB. reunida em ltaici (SP) em fevereiro de 1980, ao qual 172 Bispos aprovaram o documento agro-reformista "/grafa o problamas ds tBrraº

de uma vez, os pronunciamentos da CNBB não se compaginam, seja com a rea lidade nacional, seja - o que é mais grave - com o secular ensinamento do Magistério Supremo. Ora, os católicos bem formados sabem que, segundo tal doutrina. normalmente toca a cada fiel acatar com confia nça os pronunciamentos do Episcopado. Porém quando. quer por a lgo de estra nho na matéria. quer no modo de a expor. encontra o fiel prudente motivo para recear a lgum lapso cm documento episcopal. cabe-lhe o direito e até o dever de conferir os documentos do ensino autorii.ado e legítimo dos Pastores locais. com os e nsinamentos da C{,tcdra de São Pedro. Tornava-se explicável, portanto. que na atual contingência, criada pela publicação do documento da CNBB " Igreja e problemas da terra", alguém efetuasse tal conírontaç,io. Foi o que o fez, com a competência e o brilho que lhe são habituais. o PROi'. P 1..1N10 CORR~A OI' OuvEIRA, Presidente do Conselho Naciona l da TF'P. cm seu novo estudo, "Sou catôli<·o: posso ser contra a Reforma Agrária?·' (Editora Vera Crut Ltda., R. Dr. Martinico Prado, 246, São Paulo. 1981. 360 páginas). Em primeiro lugar, como já foi dilo, o documento "Igreja e problemas da terra" (que daqui por diante passa a ser designado pelas iniciais do seu titulo. IPT) adota uma posição agro-reformista que não encontra fundamento nos doA agricultura brasileira tõncia de propriedades e de tamanho familiar. à esquerda. Embaixo: terreiro ...

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requer a coexisgrandes. médias como a da foto o café soca no

cumcntos tradicionais do Supremo Magistério, disct'epando mes mo. em vi:írios pontos, de seus ensinamentos. Por outro lado. na apreciação das situações de fato. o I PT contenta-se com afirmações genéricas, apoiadas por vezes em documentaçiío escassa. quando não destituídas de qualquer documentação. Conseqüentemente, os católicos. enquanto católicos, têm não só o direito. mas. conforme o caso, o dever de opor-se à Reforma Agrária preconiwda pelo documento da CNBB. Dai o subtítulo do livro:

.. Po.,·so e devo ser co111r11 a Refornw AJ:rária -

Co11.viderações dourri-

1uírios". Com tal afirmação irrestrita. fundamentada numa análise exaustiva do I PT, o novo trabalho do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira aj uda os leitores na solução de um problema de consciência de fato aué'it1111e, mas na realidade inexistente.

final da

u1111es docume,uos é Jeiia quase sempre de t,fogadillto, q11a11do 1111,itos bispos já pt1rtirw11 de 11wdr11gada, quando todos estão ft11igados e alguns olhando os relógios, jâ de olho 110 ônibus pt1r<1 a rodoviârit1 ou o t1eropor10... Estâ claro que, 11estas circun.ttá11cias.

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tendênci,, é para

aprovar tudo o que aparet·e". Assim foi aprova do "Igreja e problemas da terra". !, para esse documento, estudado sem maior profundidade e votado ias carreiras, com muitos Bispos de o lho no relógio e dispostos a "aprovar tudo o que "parece". que a CN BB pede o assentimento dos católicos brasileiros! Como não conjeturar. diante do panorama traçado pelo Sr. Arcc-

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ção entre "terra de ex'p,lo'ráçãçi' ,e. "terra de trabalho") uma "(liSR{ta-· ção marxista", "inco,npaf{i,e(!·çóip 'á do111ri11a social da lgrejq,'1 ('' J.oc~'a l\ ,. do Brasil". 13-2-80). '~ . •fi < ' , Não é. este._ aliás, ·9, ))'ni~o· Ito~t~ de ªP.roxrmaçao e!'t[e a '~9~\_ç(na , marxista e a doutrm~ qu~. (I\SPJ.ÇOU· , os redatores do do'e~menro ~·dll!, CNBB, como mostra o Prof: P,linio· Corrêa de Oliveira cm. ~éu 'eS\ll~O, sobre o IPT. , · , 1: perfeitamente sabiefo gue;: l)o ., Brasil. o pioneiro na 'reiv\nd iéa.~ o1 da Reforma Agrária foi óJ Par,~ido,• Comunista, e isto desde OS' prill),Õr- 1'· dios de sua at uação, nos,. anos,:20. Isto é compreensível, pois sendo Q igualitarismo social ,e.;e_conômic.o ~ ~} meta co munista por essê'ncia. não se pode conceber nenhum ccgimc ,cp.munista. conserva ndo-se a propiiédadc privada no campo. Pois esta gera naturalmente a desigualdade. Ora. enquanto a doutrina católica postula uma sociedade harmonicamente hiera rquizada. a doutrina comunista quer tudo igualar, segundo se encontra definido no programa do PC russo: "O con1u11ismo é um regim(>social seJJ1 cla.tses. co,n uma única forma de propriedade dos meios de produ,ão - a propriedade de todo o povo - e com 111na plena igualdade social de todos os 1ne,11bros da sociedade" (apud E. Modrthinskaya - Ts. Stepanián "l;.'I futuro de la sociedad", Editorial Progrcso. Moscou . 1973. p. 374). Convém ressaltar a importância de tal ponto. na estratégia dos comunistas. Se estes, d omina ndo a Nação. conseguissem cstatiz,,r toda a propriedade industrial e urbana . continuando a inda privatizado o campo - o qual constitui, cm superfície, a imensa maioria cio País a situação simplesmente não se suste ntaria para eles. Dai a necessidade prioritária, para os comunistas. de implantar a Reforma Agrá-

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ria.

Ora, o I PT concebe a Reforma Agrária essencialmente como uma

Como a CNBB optou pela Reforma Ag rãria Essa conclusão, à qual se chega por uma análise intrínseca do I PT. é reforçada pela consideração de como foi aprovado o documento da CNBB. Descreve-o o Sr. Arcebispo de Be lém do Pará. D. Alberto Gaudêncio Ramos. em sua coluna "Recanto do Pastor", na "Vo1, de Nazaré" de 16-3-80. Depois de observar que os Srs. Bispos - muito. atarefados - dificilmente têm tempo para um estudo aprofundado do documento antes do inicio da Assembléia. limitando-se a um exame súmário durante a viagem para ltaici, o Sr. Arcebispo de Belém narra como é feita a discussão do texto. E mostra que. no rim, tudo fica na dependência da comissão encarregada da redação do texto. "q11e e.w1us1ivanu?111e seleciona e (lgrupa as opiniõPs si,nilores t>. a seu critério. as aceita uu re1·11sa". Inútil ressaltar quanto há-de iníluir. na forma final do texto. a oricntaç.'io dos elementos que compõem a referida comissão ... Segue-se a votaç.'io, item por item. do documento. Os Bispos sentam-se, na Assembléia. agrupados de acordo com as regiões de que lll'ocedem, segundo as quais está dividida a CNBB. Explica. então. o Sr. D . Gaudêncio Ramos: ··o., S<'· crl!tários dos Regionais co1110111 as e.ribições dos cartõe.,· e vão lc1 v(11· o resultado. em voz baixa. à mesa da secretaria. e ni.uo podt> haver UJJUJ 111t1rge111 de equívocos ou tlis1raçõl!s". Passa-se. por rim, à votação final. Todos os católicos brasi leiros esperariam que esta se fizesse num ambiente bem diferente do quedescreve o Sr. Arcebispo de Belém do Pará: "A aprovação de tão i111por4

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Coieta de assinaturas para o manifesto do apoio às te~s do livro ..Reforma Agnfri• - Ousstlo de Conscilnci•". na 10.• Exposiçlo AgropeclÃrie de AnáPolis (GO}. realiuda de. 17 a 24 de abril de 1964. - L,ançado em Bagé (RSI. o documento

recebeu a adeslo de 27 mil agricultores e pecuaristas. tendo sido entregue pela TFP ao Congresao Nacional.

bispo de Belém. que o I PT não Reforma .Fu ndiária. a ser executada represente com J>rccisão o pensa- sob a iníluência do principio de que, mento de todo o Episcopado brasi- do ponto de vista sócio-econômico. leiro, mas da pequena parcela que a pc(Juena propriedade de d imeninteiramente cônscia do que quer e sões familiares constitui o padrão do que fa1. - leva a maioria dos ideal. Dessa concepção utópica da Prelados a seguir-lhe as pegadas'! minipropriedadc-panacéia resulta a Tal conjetura ía1. lembrar o co- tendência invariável do IPT para a mentário em itido por outro Arce- fragmentação fundiária. bispo, D. Luciano Cabral Duarte, O IPT encaminha assim o Pais de Aracaju - entretanto pa rtidário preci sa mente pelas veredas há tanto ele próprio de uma Reforma Agr,,- tempo apontadas sem sucesso pelo ria - o qual afirmou: "Me pntece PC. E nisto atua como um precioso que esse clu,·1onen10 ,uio ,nereda ti · - na rea lidade, indispensável aprovaç,io da C N IJ IJ. E.,·uí r11in1 "companheiro de viagem" do PC. para 11111 flSs111uo <'Xtn•n1mne111e gra• Não estranha. pois. que o jornal ve e iluportmue co,uo ess().. ("Folha comun ista •· Voz da Unidade", sucesde S. Pau lo. 15-2-80). sor do "Voz Operária" como órgão oficia l do PCB. em seu n. 0 1, de 30 março a 5 de abril de 1980. tenha A inspiração marxista do IPT de feito os ma is francos elogios ao IPT: - A Reforma Agrãria, "O tlo,·11111e1110 'Igreja e prometa comunista bem conhecida blemas da terra' (... ] pode ser considerado co,no uJJ1 nwrco de releO Arcebispo de Aracaju vai mesvô11cia 110 trab(l//,o que h á cerca de mo além. e vê na terminologia em- 28 anos a CNBB vem dedicando ao pregada pelo documento (a distin- proble111a da terra [... ]. CATOLICISMO -


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de Oliveira PROF. PLINIO CORREA DE O LIVEIRA,

O IPT ofusca o leitor com estatlsticas impressionantes... mas inadequadas

que compõe o Títu lo Ida obra "Sou clllólico: posso ser contra li l?eforma Agrárill?"

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O Prof. PlinioCor· rh: de Oliveira re,ponde: "Pos• so o dovo sor contra II Refor•

ma Agr,ria".

O IPT é também consideravelmente falho do ponto de vista econômico

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O livro ''Sou Clltófico: posso ser contra li Refornlll Agrária?" mostra ainda que o I PT pratica uma flagrante interferência na esfera do Estado.

Sob o ângulo econômico, incumbiu-se de apontar as graves lacunas do IPT o Sr. CARi.OS PATRI· cio DEI. CAMPO. Master o/ Science em Economia Agrária pela Universidade da Califórnia, Berkeley(EUA). Seu bem fundamentado estudo constitui o Título 11 do livro. o qual demonstra que a visão que o IPT apresenta da crise brasi leira, bem como os remédios que propõe, só formam um todo coeso tendo-se como fundo de quadro a doutrina marxista. Ademais. em vários pontos do documento afloram múltiplas formulações explicitas coerentes com essa doutrina, o que revela.

Dii o documento da CNBB: "Em /950. para ,·(Jda lavr(Jdor não proprietário. havia 4. 2 que era,11 proprietários. E,n /975, para cada lavrador niio proprieuírio lwvia apl'nas 1.6 proprietários" (n.• 11). De onde concluir o IPT que "apropriedade da terra vem se tornando inacessível a 111n 11ún1ero crescente de lt,vradores'' (n.• 9). Como se vê, o IPT toma como base de sua argumentação um índice representado pela relação e ntre o número de lavradores não proprietários e o número de lavradores proprietários. Ora, este índice simplesmente não é adeq uado para medir a acessibilidade à propriedade da terra. pois. entre outras razões. independe d o tamanho da população ativa agrícola.

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A T FP organizou j ornadas a nticomuni1t81 para t rabelhadores da •zona ~navio ira ,em Alag0:91•. Pa!"3(ba e Pernambuco.

o, temas eram deeonvolvido1 em pale1tra1, representações t~tro11. proleçl o de filmes. aud1ov11ua,~ etc. E tamWm na inauguraçl o de oratórios em louvor de N ossa Senhora de Fét1ma, a qua. aparecendo na Cova da lna em 1917, alor1ou o mundo contra o perigo comunista . Segundo a Doutrina Católica, a cada Estado cabe promover o bem comum temporal do respect ivo povo. Assim, tudo quanto diz respeito à independência , prosperidade, bem-estar e progresso de um país está posto sob a ação do Estado. Quanto à Igreja, não cabe a Ela imiscuir-se cm assuntos temporais. a não ser ratione pec<'ati (isto é. quando a lgo na ordem civil viola a Lei de Deus, como é o caso do divórcio. da limitação da natalidade, da laicidade escolar etc.) (*). Ora. o I PT chama a si fazer uma critica global de todo o processo de desenvolvimento sócio-econômico brasileiro, externando sua convicção de que é indispensável sujeitar esse processo a uma completa reforma. segundo metas e métodos que o próprio IPT aponta. O que importa cm ir muito além das atribuições específicas do Episcopado. As observações até aqui feitas põem em realce as objeções que se podem levantar contra o I PT do ponto de vista da Doutrina Católica. Ê o que consta do estudo do

mais uma vez, uma inspiração ideológica marxista. Tratando de tema de ordem econômica , o qua l, e ntretanto, enquanto tal. escapa à competência e à autoridade dos Srs. Bispos, seria indispensável que o I PT fizesse referências a estudos e autores representativos das v,lrias escolas de pensamento econômico, para fundamentar sua análise em bases cientificas e dar consistência às soluções por ele propostas. Mas os estudos e os especia listas são simplesmente ignorados pelo IPT. Na ausência de tais referências. seria de esperar que o I PT fosse pelo menos rico em dados, formulações e raciocínios q ue just ificassem suas afirmações e conclusões. Mas. como patenteia o estudo do Sr. Carlos Patrício dei Campo, em tudo isso o texto do IPT é pobre. Alguns exemplos são suficientes para mostrar como o IPT manipula os dados estatísticos a fim de ofuscar o leitor e levá-lo a considerar a Reforma Agrária uma medida justa e necessária.

(9) Ncs.sc sen1ido, são muito elucidativas àS recomendações dirigidas por João Paulo

10,efa ,. ossumt• tom /rcqüh1t'ill mesm o otfri-

li aos Bispos brasileiros, em carrn da1adà de 10 de dc1.cmbro de 1980. Dessa missiva,

m;ss,1<> que é sra, <' qut' 11,•nlumw QUlro ln:rtándo r1.•oliz11rá. Sf:'

,eproduúda cm &randcs órgãos da i m1)rcnsa

diária. destacamos o sciuintc tópico: ..A lg"'jo /Ji!fdn;a su11 fr!t•111ultule nwis

profunda - e. com li i(/emidfl<it•. o suo <'ft"dihilidode ~ a .n w rficódo v('rdtulrira em to clus

os campos - se :wa lts;itinw tlf(!nfÕQ às ques1ék-s social.t o d istroíssf'm dt1t1m•lt1 missão essencialmtnlt religiosa que não é pdmQr -

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Abril de 1981

vc a s ua situação como de ext rema pen,iria e infelicidade. É inte ressante que o l PT não se arrisca aqui a fixar o número de milhões . Deixa o número pendurado no ar. Fala-se. ê verdade, em 30 a 40 milhões. Mas esses números. aparente mente tão elevados. deixam de impressionnr quando se conhece a definição de migrante utilizada pelo censo : 1nigrfl11t<~ é todo fl(Juele ,uio 11aturlll do nuu1ic1jJh, em que resitle

lltt1ttfme11te. Note-se que a definição não leva em conta o te mpo de residência no município. Ora. estudo recente re lati vo às regiões metro politanas· mostrou que 60% dos chefes de fa milia migrantes residiam há ma is de IOa nos no lugar de destino. e 75% há mais de 6 anos. Que sentido tem considerar como mig rante uma pessoa que reside há 5 ou 10 anos no mesmo lugar'? /\inda mais com a s conotações q ue o I PT atribui ao termo. Assim, o fenôme no migrat ório. tão no rmal nu m pais como o Brasi l, fica desde logo dcsinflacionado por essas considera ções. Outras se encontram no estudo do Sr. Ca rlos Patrício dei Campo. as q uais mostram como, a pa r de ser um fenômeno natura]. o processo migratório. quando co nsiderad o globa lmente, é promissor, fecundo e estimulante. O I PT não vê essa rca lidade. mas a pe nas os aspecto~ negativos que. como tud o que é humano. as mig rações a presentam.

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Explica o Sr. C1rlos Patrício dei Campo: .. Um e xemplu esdttrece nosso pensamento. Supo nhamos que " popt1façiio (ltiva seja ig11al a 20, dos qt1ais 5 são produtores proprietários. 10 prod11tores 11ão-proprietârios e 5 m eros <1s.w1/ariados. O i,ulice utilizado pelo I PT seria ig 11al a 0.50 (5 • = 0.50). "lmagi11e111os agora q11e <1 popu· lação ativa tlobre p<,ra 40. dos quais 10 sejam protlutores pro prietários. 5 produtores não -proprietários e 25 assalariados. O ,i,dice aun1e111ario para 2.00 (/0 <· 5 = 2.00) e indicttritt 111elhortt na acessibilidade à propriedade da terra. o que contradiz " própria evidência dos ntímeros" (op. cit., p . 276).

'º

Outro exemplo: o I PT re fere-se. sem se reportar a nenhuma fo nte. a ··111ilhões de ,nigrantes.. exh:tcntcs no Brasil (cfr. 1PT. n.• 25). e descrc-

Outro cavalo de batalha do I PT é o tema da co nce ntração da propriedade da terra . Diz ele: "O Censu Agropet·11ário de 1975 rev,•luu q ue 52.3% dos estahek•ci111e11tu.• rurm'.• do país têm m enos de 10 lu,. e ocu ptun tãv~.\·On1e111P a escassa Órl'fl d,, 2.8% de toda a terra pos.,·11ida. Em ,·011trapartida. 0.8% d os estllhelel'i1ne11to., têm mais de /.000 hecwres ,, oct1pam 42.6% dtt árett to tal. Mtti.• da metade dos estabelecim entos agropecutirios ocupa 111e11us tle 3% tia tern, e 111enos de 1% tios t)stabelecin1e11u>s o,·1.,pa qua.ve n,e,ade" (n. 0 8).

inte ressadas cm conhecer como o 1PT incidiu nesse e nout ros erros p rimários devem ler "So11 c·a1,jfico: posso ser ,·011tra a Refornw Agr<Í· ria?", p. 305 e seguintes. o nde os quadros e análises e laborad os elucidam convenie ntemente o a ssunto.

Inco ngruente e discre pa nte do po nto de vista da Dout ri na C,116lica. inconsistente e vago d o ponto de vista econômico. o I PT não tem nenhuma base pa ra se impor o\o acatamento dos católicos brnsílciros.

Na esteira dos livros anteriores da TFP: . fidelidade e ortodoxia Publicação oficial da TFP. a o bra " Sou nuc}lico: p osso s,)r cuntrtt tt f?efor11w Agrtiria ?" inscrc-sc na já longa esteira de livros d ivulgados pela c ntídadc. os q u;, is se d istingu iram pela ortodoxia irrcp rcensivel. e a conformidad e exata com os deve res morais do c,11ó lico e os preceitos do Di re ito Ca nônico. Nessa longa série. cabe destaca r especialmente o livro "Reforma A · grriri(J - Questão de Consdênc'io". publicado vi nte a nos a tr:ís. que contribuiu decisivamente para dcscn .. cadca r o grande movi mento de o pi nião que varreu do Pa ís o comunoj anguismo do início da década de 60. o q ual tentava impla ntar Cnlrc nós as reformas socialistas e confiscatórias. l?A-QC' provocou na ocasião um gra nde de ba te do utrinário e m torno das cha madas "reformas de b.isc". É possível que o presen te livro suscite a nálogos confrontos. Se dos no bres e a ltos a rra ia is explicavclmcntc desagradados com ele. alguém quiser refutá-lo. a TF P cstú disposta desde logo. com todo o respeito e serenidade d e a lma. a e ntabular um d iálogo. O q ue. d e um lado. só poderá trazer frutos de esclarecimento e de paz. E. de outrQ lado. ncnhu rna estra nheza tal proposta pode ca usar nestes dias cm que as ma is altas Auto ridades Eclcsiústicas são vistas a procurar o diá logo atê C(lm correntes situadas c m posições dia metra lmente o postas do ponto de vista religioso, cultural

Pa ra as pessoas desprevenidas e alheias aos temas econômicos. os números apresentados pelo I PT pareceriam indicar uma si tuação de e sôcio ..cconômico. e xtre ma anormalidad e: mais de 50% A. A. Borelli Machado dos estabelecimentos ocupam menos de 3% da terra , e me nos de 1% d os · estabelecimentos oc upam q uase 50% O idoal católico do justiça no torrono sócio·econ6 mico con$iste no convfvio da terra . das classes sociais om harmônica e O autor desfaz esse argumento. proporcionada desir:aualdude mostrando, com. exemplos numêricos. que um pais pode esta r engajado num processo crescente de difusão da propriedade e, contudo . os porccntuais. calculados .l ma neira do IPT, indicarem maior concentração da p ro priedade. As pessoas

Nlo 4 a minipropri&dade-penecéia. pleiteada pelo documento " /grBjB s da tsrra"., que resolverá os problemas da lav oura nacional

problom11$

dodt:s de ,m plén â 11. Não ,,od" / a:f~ta. /XJ·

rim, ""' dem'meruo do Elu miu o fl:t:r:

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c'(m1u dc•po.-.;,r1,;o

outc.,m k o o Pnlm•ra rt!\'i'fodo: t11um<'i11t o Ah, solutt> ,ft, Dt us : pteg,,r o n om e. o m,',-.,~:rio, o pt'S..'iQO 1/c• Íl!StlS Cris tó; p rodomor as /u m, ovtnturnnçil.S t 1,s vnlorc•s cvangêf;ros ,~ ron,•ülor à <"QIH'NSt'io: co,mmkár aos ho mt·n.t o m i.sthfo do Groro d e l)e11s 11QS S(J<'rtmt('IIIOS

,lu fé r! <·o nso Udt,r '1St(1 fi" - em umo polm·ro. ,·vo11gc•liwr t•. ewmgrfizomlo. ('(Jmtruir o Rt·i· no ,lt· Oeus. A Igreja com r1tdo uma trtdftio ao h()mrm .w·. com as mtllwre.t im,•ntõts. /lu• o/Nt'l't'SSt b t m •e.uar sodol mas lhe som•gasse Qu lhe tll'S.."ie <'S<'o.ts i1mt111,• tu/rtilo o <1ur 1m1is

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''Moles'' e ...

..

comparação é de órgãos da imprensa romana - ,\s que os ?apas dispensavam outrora aos monarcas do Sacro Império Romano-Alemão, cm visita a Roma. Para efeitos de opinião pública. tão solene bênção papal equivale ,\ outorga de um bastão de marechal, de condcst/1vcl, que guie o espírito do povo. Um bom estrategista preferiria mil vezes isto a um grande jornal. Walesa não teve sequer o cmbaraç(l da escolha: sabendo embora que ele é o homem de confiança da diplomacia do Vaticano, o governo polonês permitiu que começasse a circu lar no país uma ed ição mensa l (90 mil exemplares) cm polonês de "L'Osservatore Ronw110", órgão da Santa Se. Era cla ro que. no

agora, na Polônia. as tris1es àventuras da "primavera de Praga". Mas "Solidariedade", com seu cerne duro. avança.

E. com efeito. segundo já 'vimos no artigo anterior. de momento, a jogada comunista na Polônia parece consistir cm separa r o cerne duro. da periferia do movimento. E em estabelecer, para tal fim. uma negociação e ntre os "não-duros" do comunismo e os de "Solidariedade". O u seja, dos labiosos do comunis mo com a a la boba de "Solidariedade". Até q ue ponto esta última manobra, muito e muito provavelmente favorecida em "Solidariedade" por desviacionistas de todo gênero. terá êxito'? Não sei. Mas ou· Moscou não é mais Moscou. ou tudo deve estar acontecendo assi m no interio r de "Solidariedade". e também nas "mesas redondas" entre "moles" comunistas e moles poloneses. O objetivo de Moscou deve ser q ue "Solidariedade", devastado pelas d iscussões e pelas indecisões entre duros e moles. se divida. esmoreça, e acabe por perder o íôlcgo ingloriamente. E. ademais. sem nenhum derramamento de sa ngue. Sem emba rgo. talvez ocorra alguma esca ramuça. ou pouco mais do que isso. O menor insucesso podení con .. duzir. e ntão. os moles a ganhar 1al prestígio dentro de "Solidariedade". q ue os duros percam a liderança. O que poderá acontecer e ntão? Negociações entre "moles" e moles. das quais emerja uma fórmula "in-

Estes estudantes de Cracóvia, como

os do toda a Polônia. também se mani·

festaram contra o regime comunista

jornal. as esperanças d o Vaticano cm \Va lesa se rcflctíriam lisonjciramcntc.

Com tud o (!) isto, que terreno conseguiu Walcsa conquistar. até aqui, ao comunismo polonês'! Nenhum. Experimentou tão-só um fracasso que lança dura hipoteca sobre o prcscígio do Vaticano na Polônia.

Ou seja. "Solida riedade" inflou e chegou a seu auge sem dar ouvidos.

até aqui. às arengas conciliadoras de \Valesa. O movime nto também não se deixa intimida r J>cla possível hccmombe de uma invasão russa. E procede assim gloriosame nte. Pois na História nada se fez de pinacularmentc grande. q ue não importasse em enfrentar riscos de hecatombe. num ou outro sentido do termo.

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O fa to é que. impulsionado por um cerne de duros que no Ociden1e ninguém - ou quase ninguém conhece, mas cuja gesta os anticomunistas começamos a admirar. "Solidariedade" es1á desafiando Moscou. O "condcsi;ivel" apon1ou com o bastão para um lado: o povo íoi toma ndo outro lado . Não, Walcsa nada interrompeu, até o momento.

na cstrat~gia comunista.

Ou tro foto. Como que para quebrar o â nim o do cerne duro de "Solidariedade", os principais governos do Ocidente já deixaram bem claro q ue não intervirão militarrncn•

te, caso a Rússia queira repetir

termediária" entre o regime de aquém e o de a lém cortina de ferro. Ou seja. o chamado "modelo polonês", espécie de comun ismo de "mão estendida", com "face humana". de "eurocomunismo", que quase todos os meios de publicidade do Ocidente estão sendo preparados para a plaudir com frenesi. como sendo a solução para o século XXI. O que acontccení então com Walesa'? "Mo les" e moles o carregarão cm triu nfo. Terá sido o homem q ue previra tudo, que a ingratidão estúpida das massas afastara provisoriamente. e ao qual. por fim. os raios terão dado razão. Walesa o gênio. Walesa o condestávcl. Walesa o guru o lhará então com desdém para todos os homens de coração e de coragem. para todos os cernes duros. derrotados. isolados. desacreditados .

""·~ ir. .. .},-·~ ~~~,~:'-

Num salão do Kremlin. Brcjncv, com um copo de vodka na mão, olhará para seu ministro do Exterior. e lhe dirá, com riso sinistro (nele o que não é sinisiro'!): "Camarada, desta vez deu um pouco de 1rabalho, mas tudo acabou dando certo na Polônia". Silêncio de ambos, discreto e proíundamente eufórico. Ao cabo de alguns instantes, Gromiko diz a Brejnev: "Camarada, precisamos tratar de um casinho. O novo Núncio em Moscou quer apresenta r-te suas credenciais. Tens tempo'? Ou preferes que cu o faça, segundo a roti na que já fizemos aceitar pela Holanda, pela Suiça. e por a lgumas pequenas Repúblicas das Antilhas'? Pausa. "Responda ao Núncio que receberás tu as credenciais dele. Quando 1ivcrcs tempo".

Num salão do Kremlin. Brejnev. com riso sinístro. diria: "Camarada. desta vez deu um pouco de trabelho. mas tudo acabou dando certo na Polônia" ...

Por toda parte. o progressismo apresenta as mesmes fisionomias deturpadas de Nosso Senhor Jesus Cristo. da Santo Igreja e mesmo do povo. - No centro. folheto comemorativo do Oia do Sominário. distribu(do pelo Bispado de Bilbao (Espanha}; a figura monS1ruota simboliza a populaçlo desesperada. Os dois outros opúsculos. do "Centro de Reflexão Teológica". da Cidade do México. mostram Nosso Senhor e a fgroja como agitadores revolucionários.

PROGRESSISMO:

tema de conversa na rua ... NCONTREI recentemente um amigo de iníãncia que há muito não via. Ele estava indignado com o Pc. Crisa nto. Antes mesmo do cumprimento de estilo. íoi dizendo: - "O Pe. Crisanto negou-se a bat izar meu filho! t um absurdo! E se o menino morrer um dia d estes sem Batismo... O que scri, ele s ua alma?" - "Mas o que houve, Gilberto'/". perguntei. Embora não conhecesse esse Pad re. já tinha o uvido dizer c1ue alguns Sacerdotes "avançados" desaco nselham os fiéis a batizar as crianças. E que procuram inculcar a tese de que o Batismo somente deve ser ministrado aos adultos. - "Veja só! Ele disse que não ba tiza mais crianças. mas apenas pessoas que já ultrapassaram a iníância. E deu-me este panfleto para

E

estudar".

Tratava-se de um folhet o de 19 páginas, da Prelazia de São Félix do Araguaia - a mesma de D. Pedro Casaldá liga - editado pela "Vozes". e pertencemc a uma coleção inti· tu la da " Da base par" a base", cujos responsáveis são q uatro frades. con hccidos por suas posições progressistas: Frei Bctto, Frei Carlos Mcsters e os dois Boffs (Frei Clodovis e Frei Leonardo). O titulo do folheto: " O Batismo. o que é?" A indignação de Gilberto era ta l que ali mesmo. na rua . co meçou a ler cm voz a lta alguns 1rcchos para e u ouvir. Lia-se no opúsculo: "Não

jogue o Batismo 110 lixo (...]. Tem btuiu1dos que não são cristãos: os qu(~ vão só atrtis tio dinheiro; os que explora111 e oprin1e111 oR trabalha·

dores: os que t1dw111 t1ue a terra sâ foi Jeito para eles: estes não s,io cristãos ,uesmo que ace11dan1 velas pros smuos. visitem a igreja toda a vida. tléem ,,.wnola''. G ilberto lia o folheto num 10m de voz ião alto que alguns poucos curiosos pararam e começaram a ouvi:lo. Sem se importar. e le prosseguia: - "Veja só o que di1, aqui: "Ter fé é se unir t·o,n os t·o1n1u111heiros ti,, trt1balho. de luu,: é ter co1u·dh,cit1 que todos os luJ111e11s sfio igu(lis: é não aceitar o opressão dos grandes l' poderosos".

Um transeu nte mal encarado. que ouvira apenas as duas ühimas írases. parou e exclamo u: "Concordo com vocês. eu ta mbém penso

- "Então, comentava Gilberto. para ser bati%.ad o é preciso ser pecador? Um menino inocente não pode ser ba tizado? Que comunidade é essa de que fola o panfleto. na qual os inocentes não cabem'! Isso eles chamam de Igreja''" Por fim, atendendo a meu pedido. e le parou de ler. Não sem a ntes dizer-me. sempre indignado - e com qua nta razão! - que o panfleto terminava csrorçando-se por refutar maquiavelicamcntc os argu· mentos favor~·°lvcis ao Balismo das crianças. Fi nda a leitura. alguns curiosos

se dispersaram. comentando esca nda lizados o íolhctim da P,·elazia de D. Casaldáliga . publi,:ação per1c ncente a uma coleção d irigida por quatro frndcs... Um, porém. permaneceu. Era um senhor de fisionomia inteligente e bem co mposto, o qual se aprese ntou. Chamava-se Ramón. Era espa nhol e chegara recentebera boa íorrnação religiosa . - "Não é só no Br;,sil que o Clero progressisia se lança contra a Tradição da Igreja", disse-nos ele. "Vejam este impresso d istribuído pelo Bispado de Bilbao para comemorar o d ia do seminário!" Gilberto e cu o lhamos instintivamente. A figura esta mpada no impresso era monstruosa. Rcprcscn1ava vagamente um homem completa mente dcform,1do: pescoço exageradamente comprid o. grosso na rarte que toca o tronco. fino cm c ima: cabeça voltada de tal íorma para o alto que o q ue ixo projetava-se para ci ma e o cabelo para baixo: o lhos. nariz. boca. orelhas. tudo era horrendo. As mãos estiravam-se para o

céu. também dcíormadas. e seus dedos eram de grossuras mui10 desiguais. Parecia um co ndenado saído d o inferno. uivando de desespero. Na parte s~perior do impresso lia-se a frase: ·· J::t .i;irve 11 la ,/sp,~rtm:o··. E na parte inícrior do quadro podiamse discernir os dizeres: "8 de diâen,bre - dia dei st•1ni11ariu··. Não ê estra nho <1ue o Bispado de Bilbao 1cnha escolhido ta l quadro para comem orar o dia elas vocações'! - "Ê um detalhe de quadro do comunista Picasso". esclareceu o Sr. Ramón. E acrescentou: "Todos sabem q ue a arte modc,·na e o comunismo são muito relacionados; mas

Nossa reação fisionômica deve tt--lo amedrontado. pois ele esguei-

a espera nça que constitui para um

rou-se junto à parede e desa pareceu na primeira esq uina. Te ntei a lertar G ilberto. pois s ua leitura estava chamando a a tenção dos transeuntes. Ele. porém. não me ouviu e prosseguiu lendo: - "Não po11ha seu filho onde você não quer estar. O Batis,110 é con1pro1nisso de viverá fé e,n Jesus.

povo desva irado o Sacerdote ... Scr:i 4uc não havia símbolos m;i is adequados - e sobretud o mais católicos e menos subversivos para

)111110 ,·0111 os ou1ros cristãos[... ]. Se você não quer participar desta CQ· 1n1111idade dt1 cristãos, por qut' quer

Quem utiliza um símbolo desses. provavelmente serí, também contra o Batismo das crianças... e viccversa. O movimento deles é mundial". O Sr. Ramón despediu-se e afasto u-se. Eu também me desped i de Gilberto . Chegando cm casa. encon tre i o carteiro que entregava um pacote proveniente do México. Um parente me enviava uma coleção de 5 opúsculos, intitulada "Falenws do lgre· ja'', ed itada por um tal "Centro de Reflexão Teológica" da Cidade do México. Não faltavam os dii.eres: ·· con1 aprovllção edesiâstica". Folheei-os. Cada o púsculo era mais demagógico q ue ó outro . incitando o povo â subversão. Pouparei ao leitor novas citações. Limito-me a rcprodu1.ir as capas de dois deles. pois são bastante ilustra ti vas.

mente de sua terra nata l, onde rece-

o incrível é q ue certo Clero utilize wl figura como símbo lo. E segundo a explicação que figura no verso do impresso. o arbusto verde, que se vê através da janela. pretende signi licar

isso: sou marxista".

6

t·olocar dentro seu filho i110,·e111e?"

representar o povo e o sacerdócio'!''

E ao mesmo tempo em que nos presenteava com o im presso, prosseguiu: - "Peço descu lpas por ter in terferido na conversa. mas ac hei ilustrativo mostrar como o progressismo contamina o mundo todo.

Na manhã seguinte, ao acordar. algu ns aspectos da cena da véspera ai nda permaneciam vivos cm minha memória: a indignação de Gilberto contra o Pc. Crisanto, o risco espiritual que corria seu filho sem o Batismo , e a última frase do Sr. Ramón: "O movimento deles é mundia l". Então compreendi o sentido mais profundo da íamosa expressão de Paulo VI: "A _(,., maça de satanás pe11etró11 110 Te111plo ,Je Deu.('!

Jackson Santos

BAtoJLncn§MO -

MENSÁRIO com a1>rov11ção tC'lcsills1ic:s

CAM POS -

ESTA DO DO RIO

DirclOr: 1)11.ulo Corr(a dt Brilo Filho

Oirtloria: Av. 7 de Sctcmhro. 247 Postal .l.U • 28100 · (.';)rtl·

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SI'. "C:11t>lici:m10.. é uma JH1hlicação mcn-

s:·11 da Editora Padre lk lrhi\U (k Po,ucs S / C'. ,\ s.,;:inalur:a anu2I: comum CrS 700.00: cooperador CrS 1.000.00: bcMcitôr CtS 1.500.00: ~rnndc bcnícitor CrS

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C"rS 4t>0.00. t:). ltrior: eomum USS 20.00: b<nfci1or llSS ,10,00. 0!'- r,ag:uucnto~. scmrnc cm nome de Editorn Padr<' B<'khior d<' Pontes S/C. podcr;io li\'r crmuninh:Hlos :\ Admim)IWção. 1•~1r:1 mud:11,ç-:1 de Cri• dcrc.,,·o ele :is~inan1cs é ll\"CC~~i,.io mén· cion.u· t;)mbém o cndcn:ç~) :rn1ipo. A com..·~pond~nda ~Jnti\':1 ~ mi,"Ssn:itu• r:,s e vcod:t .ivuls-a deve !'-Cr cm•i:ula ;i ,\dmi11is1r:lç:lo:

Rua l)r. i\brlinico Prado. 271 S iio Paulo. S P

CATOLICISMO -

Abril de 1981


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Uma relíquia viva do Brasil perene

A ELEVAÇÃO, ·o VÔO E A GLÓRIA 10 DE JAN EIRO. cinco horas da tarde. Chegam as primeiras brisas do outono. Caminha mos cm dircç.ã o à famosa Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Não a cÓnhecíamos. Ao vê-la ao longe. uma primeira impressão de agradável surpresa: a proporcionalidade harmônica entre o conjunto da igreja e o outeiro. que se repele, como numa equação, entre a torre e

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Sua elegância cativante é realçada pela forma octogona l de suas naves, que lhe comunicam um suave movimento. em contraste com o

empinado cstútico de s ua 1orre. Rica em contrastes harmônicos.

atrai por s ua doçura. Uma doçurn própria do estilo colonial: ao mesmo tempo grave e festiva. ideal parn as ocasiões de gala. Doçura q ue se coaduna perfeitamente com o ar de

vigi lâ ncia perpétua e as linhas esÀ esquerda: na rampa que conduz ao topo do outeiro

laterais não impedem o observador de fixar a alenção na capcla-mór. As qualidades cx1criorcs adqui rem ai uma cono tação mais densa. O arco que a separa da nave da igreja é majestoso, mas o a ltar. no fundo, oferece um cálido ampa ro, acessível refúgio, amável convite. Em seu nicho. a figura que sinte liza e s ublima iodas as características da igreja: · Nossa Senhora da Glória. Com seus rcsplendore.~ gloriosos. lá se encontram. como dois sóis. as figuras do Padre Eterno e do Espíri10 Sa,110. parecendo guardiães da excclsilude da Mãe do Verbo Encar-

nado, que Ela lem em seus braços virginais. O que mais se poderia possuir? O que mais se poderia admi rar'! E o que mais pode ríamos nós fazer senão venerar a Mãe de Deus e pedir s ua benevolência? É o que fi,.cmos, jumo ao a liar.

Após uma pausa para reílexões. sa ímos com vagar e j,í saudosos. No arco exterior, recordamos a história

daquela o bra-pri ma do barroco brasileiro. Este outeiro foi reconquistado ao in vasor calvinista francês

cm 1567 pelo jovem capitão-mór Estácio de Sá. quando venceu o inimigo dois anos depois de fundar a cidade de São Sebast ião do Rio de Janeiro. O Ocm-avcnlurado José de

Em 1737. fundou-se uma irmançadc com o objetivo de prestar cu lto a Nossa Senhora da Glória. Não se sabe ao certo. mas calcula-se que foi por volta dessa data que se iniciou a construção da igreja. Com o correr do tempo foi crescendo a veneração pela capela. e Nossa Senhora da Glória 1ornou-sc. no século XIX. a principal devoção da íam ília imperia l. Aos pés daq uela imagem consagrou D. Ped ro I sua filha D. Maria da Glória. fulura Rainha de Portugal. A partir de então. estabeleceu-se o costume de se consagrar ali os príncipes e princesas brasileiros à Senhora da Glória. Afirma-se que ncssI, época os altares eram lodos dourados.

Anchieta o as:;istia nessa ocasião.

tendo provavelmente amparado espirilUalmcntc o bravo comandante cnl sua morte. causada por uma

a igreja. na qual se alternam a brancura das paredes e o belo cinzento d as partes que ostentam a pedra. Sua arquitcmra como que realiza uma proeza, cm busca de uma regra áurea de monumentalidade.

À direita: f achada da Igreja de Nossa Senhora da Glória Embaixo: o pórti·

co e a porte de entrada

da nave

Aproximamo-nos. Subindo pela rampa e escadaria. os vários mirantes fazem crescer a expectativa. De repente, surge, em toda sua nobre altivez, a torre e parte da fachada. Nota-se agora a riqueza de seu estilo arquitetônico, que não percebíamos ao longe. Continuamos a subir. A Igreja desaparece outra vez. por um momento, para ressurgir logo mais. q uando alingimos o topo da rnmpa. Já no átrio inferior. de1emo-nos por alguns instantes. Esbelta, forte. coerente e decidida na clareza de suas linhas, a igreja, embora de pequenas dimcns<>cs. compraz por sua discreta ostentação. que nela não é afã de mostrar-se. mas sim o rcílexo de um valor a utêntic.o . Em seu conju nto. ela representa um prodígio de proporção. Não é grande. mas imponente; apesar de não ser elaborada. ela é refinada ; não é volumosa . mas mani fes1a força; é séria sem ser 1ris1e; elevada sem ser alta; parece insondt,vcl sem ser extensa. Garbosa e vigilante como um castelo, solitária e austera como um anacoreta, altaneira e amável como

uma rainha, leve e bem cimentada como uma idéia possante no campo da lógica: eis a Igreja de Nossa Senhora da Glória a exprimir uma como que vida sensível em sua arqui1c1ura. Uma sensibilidade latente. diriamos. mas não à maneira de cenas construções que sugerem a idéia de uma vida ativa e rcspiralória, como a do leão ou da águia. A Igreja da Glória, não; sua "vida" é delicada e silenciosa como a do lírio... CATOLICISMO -

Abril de 1981

flechada no o lho . Contava e le apenas 24 anos de idade. Em 167 1. va mos encontrar no ouleiro da Glória o ermitão Antonio de Caminha, que era também escullor. A seu cinzel devemos a imagem de Nossa Senhora da G lória que hoje ali veneramos. Afirma-se que o eremita foi auxiliado nessa larcfa por "dois ,:(J/hardos 11wru·ebo.,·. "An,:élicus Arti/kes".

A c.apeJa.mór. vista do coro da igreja

..r: +

,%,., ...

A Virgem da Glória. no alter·mór

Várias obras de arte que se encontram na igreja datam da época de sua construção, como os painéis de azulejos representando temas a legóricos. Rccen1cmcn1e decifrou-se seu sentido: trata-se de cenas do ··ca,uico dos Cánti<"u.f'. livro da

guias de suas colu nas e coruchéus. como a ministrar u01,1 lição cons-

1an1e de que a verdadeira doçura é compan hcirn da fortaleza. da temperança e da justiç.i, Porque a Igreja da Glória, poder-se-ia afirmar. lembra o guardião de um tesouro: se ele não o proteger. perder{, a capacidade de se cxlasiar diante deste último.

Sagrada Escritura no qual. sob inspiração do Espírito Sa nto. Sa lomão prefigurou o amor de Deus a Maria Sa ntíssima e à Ig reja. cnq uan10 Esposas do Ahíssirno.

Em frcnlc à igreja , lançamos ainda um prolongado olhar ao templo, como a nos despedi r dele. O entardecer transfigura o ambiente. ban hado pelos rcílcxos dos úllimos raios de ouro. Tudo convida ao s ilêncio. Ouvc•se apenas o farfa lhar

das palmeiras. E a brisa ondulance, suave, cria no espírito a viva imprcs~

Como que saindo de um sonho para entrar em out ro, aproximamonos do arco e pórtico de pedra. Ambos atraem com sua graça, vigiam com sua solidez e severidade. Penetramos no sagrado recinto: Do a lto do coro, uma vista de conju·n10. Os magníficos retá bulos

são de que a igreja como que desejaria voar. Sem dúvida. ela exprime

l

uma tendência para o vôo. a um leve e seguro vôo rurno a um mundo de

~

alba pureza. Anoitece. Adeus. insigne igrej a. irmã das nu vens e dos sonhos, amiga das cst l'c las. t'cOcxo puro da e1crnidadc. capela coroada de glória!

7


.AfOlLICI SMO - --

- -- - - - - - - *

A conquista da América Latina por etapas .

S PARTIDOS democratacristãos da América têm uma entidade supranacional com sede cm Caracas para coordenar suas ações e servir como forum para troca de opiniões e idéias. Chama-se O rganiiação Democrata-Cristã de América (ODCA). A mencionada entidade dispõe de uma revista de informações· e doutrinas, o " Informe ODCA ... Seu n.0 36, de outubro de 1976, publica resumo de duas conferências do sociólogo Roberto Bosc. de a lto interesse para brasileiros preocupados com as intenções do Kremlin a respeito do País. Bosc declara-se católico, e, sem fazer uma análise crítica, apresenta para conhecimento dos políticos da Democracia Cristã um plano russo para conqu ista de países da América Latina. Como o estudo não foi difundido senão em círculos reduzidos, julgo interessante apresentálo à consideração dos leitores de "Ca10/icismo ".

zem parte de programas de partidos democrata-cristãos. Tocar no ponto nevrálgico de como se pode, num país com PC pequeno, levar adiante um programa de décadas, favorecedor do comunismo, seria desvendar cumplicidades ocultas, cuja eficácia provém precisamente da ambigUidadc na qual elas vivem. Residiria aí a razão do silêncio?

O

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Para as reflexiles do leitor

Autor Insuspeito Roberto Bose esteve dez vezes na Rússia, tendo lá feito dois estudos de extensão universitária. Ele viaja com seus a lu nos de Paris quase todos os anos à Rússia. Afirma ter feito cursos na Universidade Patrício Lumumba, onde, segundo éle, formam-se futuros líderes comunistas do Terceiro Mundo. Ali estudam mil latino-americanos. Como se vê, é um pro fessor universitário com boas chances de conhecer o que se passa na matriz d o comunismo...

Entre as matérias e nsin adas figuram, naturalmente, em lugar de destaque, as várias etapas da conquista do poder, meta constante dos PCs. Sofrendo cronicamente da falta de apoio popu lar, como atuar sobre u m país, com vistas a implantar o marxismo? Além do golpe de Estado repcmino, as o utras hipóteses comportam necessariamente a transformação gradual.

Um plano audacioso Eis um dos planos ensinados a fut uros Hderes: J.• etapa: Ascensão da burguesia nacional

Incentivar a ascensão da burguesia do pais e colocá-la em choque com os principais países do mundo capitalista. Para se manter nas posições de mando, tal burguesia procura alianças com militares progressistas e intelectuais de esquerda. O governo adota posição "anti-imperia lista", rompe a a lia nça militar com os Estados Unidos, mas ma nlém os laços econõmicos e d ipio· máticos. 2.• etapa: Fase nacional-democrática

Caminha-se aqui para o controle de todas as inversões estrangeiras e das atividades da burguesia do pais, e mbora se lhe permita ainda o lucro . O comércio exterior também é co ntrolado. Is to se fará pela mudança da legislação. O autor afirma ter visto na Rússia, no Centro de Investigação Jurídica, professores que preparavam livros destinados à transformação do Direito Civil nos países onde há boas possibilidades de tal plano lograr êxito. Esta mudança na legislação consolida a segunda etapa do processo. 3.• etapa: · As reformas democráticas Assim as chamam os soviéticos, porq ue elas podem ser efetuadas a ntes de o governo ser socialista. O

No Chile, apenas à guisa de exemplo, o papel da Democracia Cristã como preparadora da ascensão da coligação Unidade Popular (q ue conduziu Allende ao poder), foi magistralmente descrito pelo saudoso ex-diretor da TFP brasileira, Fábio Vidigal Xavie r da Silveira, em seu famoso ensaio "Frei. o Kerenski chileno", publicado em 1967, no auge do prestígio desse exmandatário andino.

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;;_______________ ,_ _ 1 Mia&a de réquiem na Catodrol do San Salvador, por sois guerrilheiros da Frente Democr4ti~ RevolucioMria (FOR) mortos em combate com o Exército. Atrás dos a.aettrdotoa, um guerrilheiro ergue o punho cerrado (saudaçlo comunista). - 01 comunis-taa fixam muito sue atenção na ajuda que o Clero de esquerda, militares progressi1te1 e parte da classe nMSdia podem conceder ao procasso revolucionério, diz Roberto Boa.e.

PC ai nda é fraco, sendo ilusória a te ntativa d e tomar o poder. Mas pode promover um pouco de violência, p.ira forçar o governo a and ar. .Nessa etapa localiza -se a c xecuçiio da Reforma Agrária, cujo objetivo nã o é aumentar a produção - sabeni os comunistas que e la ba ixará - mas destruir a a ntiga classe dos pro prietários n irais. Inclui-se nessa fase 1am bém a nacionali1.ação d os meios de comunicação socia l. So bre a impo rtância da Refo rma Agrária .nos planos russos, afirma Roberto Rose: "... u ma refonna agrário que foi 11111 .fracasso de prim eira c<llegoria. A <·oleiivizafâo das terras 110 tempo de Stalin foi um f racasso e aré hoje o campo russo não rec11pero 11 a f orça que tinha h á ci11qiie1110 anos. ( ... ) l: preciso f<1zer u11w ref or,na agrário [... ]. Pode ser que as cooperativas sejam unia boa solução, (... ) o es.re11ciol não é es1e ,nodelo único. ,nas romper as cstru· turas set11ife udois ou burg11esas. com o fim de destr11ir" classe dos an tigos proprieuiri"s ". 4.• etapa: Educação 80Cialista e luta contra a reli&ião

Pro move-se ativa educação baseada nos postul3dos do marxismolcninismo e combatem-se os princípios religiosos que impedem a adesão popular aos d itames do PC.

s.•

etapa: A revolução socialista Ourante todas as eta pas a nteriores. traba lho u-se no sentido de a umentar e consolidar o partido lcninista . Nesta fase, a numerosa classe operária, já traba lhada pelo comunismo, a lia-se aos ca mponeses e pa rte da classe média, tendo em vista galgar o poder.

Tais eta pas não são matema ticamente c ronológicas. A execução do plano depende de circunstâncias concretas. Em sua aplicação, lembra Bosc, os comunistas fixa m muito sua ate nção na aj uda q ue o Clero de esquerda, militares progressistas e parte da c lasse média podem conced er ao processo revolucionário.

Cita mesmo um fato sintomático. No Muse u d o Ateísmo. em Lcningrad o. há uma foto do sacerdote guerrilheiro da Colômbia, Pe. Camilo To rres. Na perspectiva marxista. ao atuar como aliado, tal sacerdote contribuiu para a difusão d o ateísmo.

O "kerenskísmo" democrata-cristão Acima o plano russo. Roberto Bosc não tra ta, e nt retanto, de um ponto nuclea r. Se o partido comunista, durante o desenvolvimento do mencio nado processo, habitualmen_-

te longo, é pequeno e muito combatido, como pode ter esperanças fundadas de orientar os acontecimentos na direção desejada? Será que a descrição pormenorizada das forças auxiliares e a factibilidadc de sua utiliwção pelo PC é dada noutro curso, ao qual não esteve presente o sociólogo? Sem forças muito ma is potentes traba lha ndo nesta direção, o processo não se desenvolveria rumo a seu ponto final. Como se fará , nos bastidores. a conjunção de esforços? Este ponlo não é tratado nas conferências de Bosc. Mesmo porque muitas dessas medidas. constantes das etapas intermediárias, fa-

A quem deseje analisar com maior segurança e amplidão de horizontes o lento deslizar de inúmeras nações rumo ao comunismo, apesar do P C ser fortemente minoritário. deixo aqui uma outra matéria para reíleKão, além da já citada importância das forças políticas auxiliares do programa comunista: a mudança de mentalidades. Tais forças auxiliares tornam-se organizações políticas de destaque porque correspondem à mentalidade e princípios de vasta ca mada da população. Como se atua nas psicologias para ir levando imensos contingentes humanos de posições conservador-as para a aproximação paulatina ao programa do PC? A matéria é muito vasta, transcende os limites est reitos de um artigo, cujo fim principal foi apresentar o programa descrito por Roberto Bosc. Fica à acuidade do leitor explicitar esse ponto final.

Péricles Capanema

Nos EUA, livro sobre a T FP "MEIO SÉCULO de epopéia anticomunista", obra la nçada no ano passado (ver "Ca10/icisn10" n. 0 354, junho de 1980), a q ual narra a atuação da T FP desde s ua fundação cm 1960, como também a pré-história da entidade, acaba de ser ed itada em inglês pela Fou11da1io11 for a Christian Civiliza1ion . de Nova York. Com 460 páginas fartamente ilustradas, o livro foca liza os cinqüenta a nos da epo péia conduzida pelo prof. Plí nio Corrêa de Oliveira, Presidente do Consel ho Nacional da associação, contra o comunismo e sua versão religiosa, o "progressismo". E chama .a atenção para a posição de relevo que o Brasil ocupa no mundo de hoje, juntamente com os demais países latino-americanos. 1anto do ponto de vista estratégico como geopolítico. Assinalam os promotores da edição norte-americana da obra que, apesar de seus contrastes físicos e culturais, o continente latino-americano encontra-se unid o pelo vinculo comum de s ua adesão à Igreja, formando a maior população católica do globo. Tais características levam-no a tornar-se um aliado na tura l dos

...•

Estados Unidos na resistência ao imperialismo comunista. Além disso, pela sua situação geográfica. por seus recursos naturais e potencial energético, o Brasil ocupa uma posição chave cm relação ao confronto ideológico entre o Ocidente e o Oriente. fato que não passa despercebido aos estrategistas de Moscou. Pelo contrário, há várias décadas a

Rússia tem envidado esforços para conquistar os países sul-america nos, seja através da guerra psicológica, seja mediante a infiltração ou a violência. Os estudiosos norte-americanos especializados cm assuntos brasi leiros - os chamados brazilia11is1s - muitos dos quais já têm tratado da TFP em seus livros, passam a dispor, a partir de agora, de um substancioso documentário a respeito da Socied ade Brasileira d e Defesa da Tradi~ão, Família e Propriedade, a ma,s antiga das várias e ntidades congêneres e autõnomas, existentes atualmente em treze países. Colocando ao alcance do público norte-america no a presente edição de «Meio século de epopéia anticomunista", a Foun· dation .for a Christian Civiliza1io11 tem em vista proporcionar estímu lo , princípios doutrinários e métodos de ação no sentido de defender o Ocidente contra a investida comunista. E visa também apresentar a história do confronto, verificado nas últimas décadas, entre os agentes do comunismo internacional, de um lado, e os herdeiros e propugnadores da civi lização cristã, de outro.


N.• 365 -

ENSÕES? Crises? É só do que se o uve fa lar. Nem a atenção se põe c m qualquer ponto do horizonte. por mais remoto que seja. sem as discernir, corroendo à tcrmita o u derrubando à bulldozer, aqui. lá e acolá. "Aqui": o que quer d izer isto? S im . aqui mesmo. Isto é. no Brasil. cm São Paulo. em torno de cada um. dentro mesmo de tantos e tantos! Tensões e crises. tanto do corpo quanto da alma. Para começar pelas do corpo. como vão lo nge os anos 30 - h;i meio século, pois - cm que a méd ia d as pessoas não tomava remédios porque não adoecia. O u porque. q uando acontecia adoece,·. era tão leveme nte. que a saúde robusta triunfava com o mero concurso de a lgum ingênuo remédio caseiro. o u com certa a titude de alma. levemente estóica. que o zépovinho rotulava pitorescamente de "chá de pouco caso". Não só as saúdes eram habi-

M.iio de 1981

-

Diretor: Paulo Corrêa de Brito FWio

A no XXXI

T

tua lmente boas, mas as almas eram

desanuviadas (tanto quanto neste vale de U1grimas se possa ser... ). Por todos os lados se trabalhava. Mas cm vitrios lados também se rezava. Rezav:1-se até mais do que nos anos 20. A grande re novação religiosa trazida pelo surto das Congregaçcics Marianas soprava sobre o Brasil. de ponta a ponrn. E havia alegria

também. notadamcntc nas burgucsias médi.i e pequena , e na classe operá ria. Alegria na vida das familias. resultante. em ccl'ta medida. dos elementos saudáveis de uma tradição cris1ã que teimava cm não

morrer. Alegria comunicati va. largamente rcOctida nas páginas dos jornais. e mais ainda nas das revistas. E q ue repercutia nas vitrolas e _; nos rád ios, com os quais se deli-

~ ciavam os contemporâncos.

-;; Saúde e gosto de viver confe.., riam à sociedad e humana um reluziº~ mento de estabi lidade distendida e E farta. e de a legre expectativa quan~ to aos dias vindouros. "' O homem su pcríicial de então ~ preferia não comentar a imorali-

'o ~

~

dade que. entretanto, se avolumava nos ambientes insensíveis ao renou-

veou católico. Nem dar atenção aos

"' fatores de agitação social e cconô~ mica, os quais cresciam mais r~ípidos .l!! do que o progresso industrial.

&

Sinto a antipatia de alguns leito res contra a hipótese que acabo de lançar. Essa antipatia não provirá

do fato de q ue desperto pressenti· mentos que estejam neles sem que ousem confessá-los a si próprios·? Neste caso, suas antipatias não se.rão tanto mais acirradas quãnto mais sintamt cm seu foro intimo,

Aurore boroa! no Alaska. 0$ traços brancos sio estrelas. deformades na foto grafia. devido à longa exposição da cãmera e ao movimento da Terra. O fenõmono observado na noito de 12 de abril p.p. nos Estados Unidos foi. segundo toste• munhas, muito mais brilhante. E o clarão não procedia do Norte - como é o caso das auroras boreais - mas do Leste.

De 25 para 26 de janeiro de 1938. Essas foram as etapas da dcrro· Portugal inteiro estremeceu. Pois cada de um mundo. o qual só queria aparecera nos céus noturnos da Lu- urna ex istência terrena impregnada sitâ nia fenômeno jamais visto, isto é. do prazer de viver. uma imensa aurora boreal. O povo, Já registrei quanto é diferente o quiçá impressionado pela perspec- mundo d e hoje. Padecimentos no tiva dos castigos com <1ue. no de· corpo de quase cada um. Padeciclinio da I Gucrrn Mundial. Nossa me nto das almas interesseiras. porSenhora de Fát ima. pela voz de que vêem vãs :::: suas cobiça$. no Lúcia. Jacinta e Francisco. amca~ socialismo e na decadência. Padeça,·a o mundo impenitente (difusão cimento das almas desinteressadas. dos erros d a Rússia por toda a por verem os padecimentos dos inte· Terra. nova gucl'ra mundial. nações resseiros. Padeci mento dos que não que desapareceriam etc.) se punha a têm Fé, por que não a têm. Paderezar pelas ruas. teme ndo a j ustiça cimento dos que têm Fé. por verem de Deus. Sinos tocavam. As igrejas o estado cm que se e ncontra a Santa se enchia m. Amanheceu normal- Igreja de Deus ... de tanta prostra· mente o dia. e a vida continuou sem ção, que se d iria não a terem pomais. Em outras nações cm que dido prever, hü a lgumas décadas. houvera a aurora borea l - o fenô- nem sequer os Anjos de Deus, no meno foi visto ,11é na Itália c na mais a lto dos Céus! Grécia - ni nguém se incomoda ra. Dir-sc-ia que cm todos zumbe. Algum tanto tendenciosa mente in- consciente ou inconsciente. confesformada pelas agências noticiosas sado ou incon fessado. o receio de internacionais, a opinião pública algo que vai acontc.ccr. de todos os países pôs-se a rir: "esse Portugal .. ," Mas veio o castigo. Em março de 38. a Alemanha anexava a Áustria. Neste quadro. ocorre um fenôEm o utubro. os sudetos. Em março meno aná logo ao de 1938. Na noite do ano seguinte fora m invadidos a de 12 de abril p.p. , um forte clarão Tchecoslováquia e o Mcmel (Lituâ- avermelhado, visto também com tonia). Em setembro, a Polônia. A nalidades esverdeadas, a laranjadas e gucl'ra começara. amarelo claro. iluminou o céu dos

Estados Unidos. O fenômeno foi observado cm mais de dois terços do território norte-americano, na costa

Oeste, no Meio-oeste e cm todo o Sul. atéc o Golfo do México. A noite ficou tão clara, que automóveis transitavam de faróis apagados. Qual a causi, do fenômeno·> Nuvens luminêscentcs. ac ror:.~ horC'al? ':':~:n, tistas aba lizados discutem. Quanto às auroras borea is. são raramente visíveis ao su l do para lelo 50 e inteiramente excepcionais no para· leio 30, o nd e se sit ua a costa Su l dos Estados Unidos. no Go lfo do México. O fenômeno do dia 12 de abril foi registrado pelo Serviço Naciona l de Meteorologia, peh1 Administração Oceânica e Atmosférica Nacional cm Bouldcr. Colorado. e pela NASA (cfr. "Report<·r Dispa1ch .. de White P la ins. Nova York. de 13-48 1, ··Folha da Tarde" e ··E:s1ado de Minas" de 14-4-81 ). Novo sinal. a ameaçar de novos castigos uma li umanidadc cuja impenitência vem afrontando Nossa Sen hora de Fátima? Explosão. desta vez ocorrida não mais cm um mun-

do alegre. q ue não a esperava, mas cm um mundo opresso. desvairado e impenitente? Em um mundo cujos pecados vão assum indo todas as modalidades do escândalo?

.....

_g

De repente, eis que sobre o ~ grande festiva l alegre, gaiato. porém g não sem traços de dign idade. projci!: tou-se uma luz inesperada.

que minha hipótese tem razão de ser? Pergunto-o com ânimo cristão para com todos. inclusive para com esses caros antipatizantes. Parece que o fenômeno luminoso insôlito de 1981 é simétrico com o de 1938. Assim. penso ser razoável conjccturar que a suite da de 198 1 serú simét rica com a de 1938. ''Quem avisa amigo é". Meu comentário é feito à vista de que ai nda é tempo de orar. de mudar de vida . e assim de evitar o castigo que ameaça as nações. Tu. meu antipatizante. não exigias ainda ontem a liberdade para

Plinio Corrêa de Oliveira

-

FATIMA: no andor coberto de flores. a Imagem de Nossa Senhora é conduzida da capota às escadarias do Santuário, poro uma M issa campal no ano pessedo. cercada por um mar de peregrinos.

todos. inclusive para os terroristas·? Sê coerente contigo, e respeita cord ialmente minha prôpria liberdade. Volto-me aos meus simpat izan· tcs. Meditemos e peçamos juntos a Nossa Senhora de Fátima. para que os homens se e mendem e o castigo seja assim evitado. na medida d o possível.

Campanha antinatalista no Brasil AUTOR IDADES governamentais do Pais pretendem implantar um programa de controle da nata-

lidade por meios naturais e difundir também métodos anific.iais ·- rejeitados pela Moral C.116lica - embora colocando algumas ressalvas para a difusão destes ú!timos. Com essa campanha antinatalista, o Brasil fica exposto ao risco de tornar-se uma nação decadente,

sem ter sequer povoado as vastidões da Amazônia, conquistada pela intrepidez de nossos bravos ante-

passados portugueses. Eles dilataram as fronteiras da Pátria além do imaginável, construindo praças desde Belém do Pará ao Forte Príncipe da Beira. em Ron-

dônia; ou de São Gabriel da Cachoeira. ao nordeste do Amazonas. até os pampas do Rio Grande do Sul. Renunciaremos a um futuro pujante· pará nos tornarmos uma decadente nação de velhos?

O fone que aparece ao lado foi construído no século XVII. cm Belém do Pará. Ele pode ser considerado um cdiffeio-simbolo. situado na região amazónica. do esforço ingente realiudo por nossos maiores no sentido de povoar e civilizar aquela zona. Nas páginas 4 e 5, nosso colaborador Murillo

Gallie,, secretário da Comissão Médica . da TFP. aponta as inconveniências da ofensiva cm prol do

controle da natalidade no Brasil.

O prese,n~ número de "Catolicismo" j á eBtav-a pJronto, quando ocorr.,eu o sacr.ilego atentado con.tra João Paulo II. A Redação desta folha pede a todos os seus )eito»es que dirijam, com ze lo especial, preces a Deus no transe dificil por que passa a Igreja em nossos dias.


A DESI NFORMA ÃO PLAN EJADA CONHECIDA e por VC'les anedótica desinformação que há cm muitos países a respeito do Brasil, e da América Latina de um modo geral, recebeu na última década um grande impulso. pois ao lado da mera desinformaç;io por ignorância desenvolveuse uma outra, articulada. planejada

A

Manipulando informações Lcrnoux manuseia um vasto arsenal de publicações. documentos e informações. com o que pretende ter colocado seu livro na categoria de bem documentado. Bem documentado'/ Não o diríamos.

..,

mcmo de uma melhor compreensão entre as Américas ...

\.l "'Clamor do Povo .. - vm livro repleto de distotções sobre a sit uação latino-ameri· cana. que não resiste a uma análise s6rie

'

e d isseminada por certas pessoas e entidades, com objetivos bem determinados e nem sempre confessados. Se havia norte-americanos e europeus c1uc acrescentavam aos mu itos atrativos de Buenos Aires o de ser a capital do Brasil, entre eles haverá agora os que consideram verdadeiras afirmações deste porte: "A persegui<:ãa à lgr<!ja Católica. e ramhé111 aos pru1es1a,11es, na A1néril·ll la .. tina. não 1ern ptlralelo na Nisu)ria ,noderna. 1nes1110 na Alenwnlta de Hitler e "" Unitio Soviétic" de S((1/i11··.

Na pressa, ta lve7., de receber o referido prémio jornalístico que lhe era destinado, a autora se esqueceu de utilizar uma parte importante da bibliografia e documentação disponíveis. Coincidentementc. foi deixada de lado justamente a parte d iante da qual suas teses não se sentiriam ,\ vontade. Ela prefere. para "documentar" a sua exposição, uma certa faixa de escritores, jornalistas e personalidades, faci lmente identificáveis por suas posições esquerdistas. Esse exclusivismo de fontes é tão dr{1stico que, mesmo ao se referir a obras que contrariam suas posições apriorísticas, ela o faz baseando-se cm comentários de escritores que desposam suas idéias. A honestidade profissional não se coaduna com um exclusivismo tão radical. A fim de predispor psicol ogicamente o leitor f, aceitação tácita de suas conclusões. ela transcreve logo nas primeiras páginas, e ainda ao longo do texto, relatos pessoais. minuciosos e patéticos, das torturas a que teriam sido submetidos Saccr-

midade o u semelhança de qualquer natureza. para ela dar como demonstrada a atuação daquela agência em vários casos concretos.

Um reflexo da autoflagelação A suspicácia da autora revela-se assim como rcílexo um tanto tardio da onda de ""10.flllgel"ção norteamericana. desencadeada a partir da voluntária derrota no Vietnã e avolumada com o rumoroso episódio de Watcrgate, época em que não faltou uma saraivada de recriminações a muitos organismos govcrnamenrnis e empresas privadas de seu país. O clima criado. especia lmente por aqueles dois acontecimc111os, propiciou o aparecimento da desastrosa administração Cartcr. durante a qua l a m11oflagda,ão teve seu pleno desenvolvimento e atingiu o auge. até que, pelos próprios excessos a que conduziu. surgiram as condições favoráveis para a sadia reação da opinião pública, de que se beneficiou o candidato Reagan. Como conscq Uência desse fenômeno de a111oflag(•lação, portanto, não poderiam faltar no livro vastas referências cm que a autora se orienta pela politica dos "direitos humanos", que a administração Ca rter como um "vaticano" infalivel pretendeu impor aos países amigos da América Latina. Para quem acompanhou com acuidade de vistas e sem idéias preconcebidas a luta contra a s ubversão e as guerrilhas, não é nccessiírio ressa ltar quanto representou de apoio a movimentos

principais armas de apoio a tais movimentos.

Um livro feito de encomenda Importa realçar que a autora se posiciona invariavelmente ao lado das figuras. organizações e publicações da esquerda católica. q ue ela menciona abu ndantemente. O que, mesmo sem a suspicácia que acima lhe atribuímos. nos faz entrever certas ligações. Se bem analisado, portanto, o livro "Cry o/ the People" nada mais fa,. do que repetir para o público

1

cr\comcnda.

Difamando um adversãrio incilmodo Em uma obra assim concebida e vazada nesses termos. não poderiam faltar os costumeiros chavões que as esquerdas de todos os mat izes não cessam de propagar a respeito das diversas TFPs. Pcnny Lernoux os

..

l J 1980: cooperado-

,es da TFP distribuem roupas e alimontos a flagelodos das enchontes do rio SAo Francis-

co. em Bom Josus da lapa. Bahia. •

,

1978: no trevo de Aparecida. o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (à direita do andor, de flã· mula) cumprimen· ta membros do Conselho Nacional do TFP. quo cho, gam om peregrinação. traz:endo uma

Perseguição à Igreja? Ninguém ignora hoje a infiltração comunista nos meios católicos. Essa infiltração atingiu proporções tais que o ex-secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro. Lui1. C,irlos Prestes, não vacila em dizer que a Igreja, de adversária que era dos comu nistas até 1964, transformou-se cm aliada (cfr. ".!ornai do /Jrasil". 10-12-79). Assim acobertados. os comunistas procuraram rotular de perseguição à Igreja o que na realidade não passa de denúncia e combate a comunistas infiltrados na Igreja. Isto que todos os brasileiros com dotes e leigos. Calcada nessas desisenção de ânimo reconhecem. é crições - que cm nada diferem das deliberadamente ignorado no voze- inúmeras outras com que os exilario que se instalou no Exterior a dos políticos procuraram desfigupropósito da repressão ao comunis- rar, no Exterior, a imagem dos mo cm países da América Latina. países que optaram pela via nãoUm exemplo da obra redigida den- comunista - a autora se sente tro desta ótica é o livro "Cry o/ the suíicicntcmcntc segura e desinibida Peop1,,·· ("Clm11or do Povo'), da para apresentar generalizações e jorna lista norte-americana Pcnny conclusões como a que citamos. Lernoux (Pcnny Lcrnoux, "Cr.v o/ the l'eople", Doublcday & Com- Visão distorcida da pany, Nova York. 1980. 535 pp.), América Latina dedicado ao estudo da situação política. socia l e religiosa da América Gcne,·a lizaçõe.~ e conclusões preLatina. cm especial ao "<mvolvi1ue11- cipitadas não é o que falta nas 535 10 dos Estados Unidos 110 ascens,io páginas da referida obra. do f"scismo. tortura e assassínio, e a Mrs. Lernoux focaliza com as perseguição ti Igreja Cmólico no mesmas lentes. e engloba cm um América loti,u,·· (subt ítulo do li- todo mais ou menos homogêneo, vro). Dele também tiramos a afir- países tão dispares como o Paramação mais acima (op. cit., p. 13). guai e o Brasil, a Colômbia e a É oportuno ressa ltar que a auArgentina, para concluir que cortora recebeu, em virtude des.~a obra, rupção administrativa. contrabando o prêmio "Cabot". distribuído pela e tráfico de entorpecentes, repressão Faculdade de Jorna lismo da Univer- policial, distribuição irregular da sidade de Colúmbia (Nova York), riquc7,a etc., são onipresentes, e recm fins do ano passado. Convém sultam da atuação dos regimes miliesclarecer que tal prêmio é um dos tares que ex istem no Continente. mais prestigiosos do jorna lismo norÉ com tal visualização estrábica te-americano. E ele foi concedido a que ela procura, por exemplo, mosPenny Lcrnoux - ó ironia dos trar que a CIA é o agente principal falos! - precisamente porque a da ação anticomunista na América referida faculdade considerou q ue os Latina. Baseando-se para isso em trabalhos jornalísticos dessa escri- tênues indícios ou suspeitas. cm que tora contribuem para o estabeleci- basta por vezes uma simples proxi2

ameaça comunista. Nisto Mrs. Lernoux se associa às inúmeras vozes que se dedicaram sem descanso a essa rnrefa. O que resultou, mais propriamente. em um livro feito de

~1

pró-comunistas cm países latinoamericanos a orquestrada campanha movida internacionalmente em defesa dos "direitos humanos", como os entendia a admin istração Carter. Essa foi mes mo uma das

i imogem de Nossa t Senhora A parecida ao longo de 22 km.

\ - Osdetratoresda entidade silenciam sobre as atividades fi lant rópicas ou manifestações 6e corâter religioso da TFP.

norte-americano os slogans, já agora um tanto fora de moda. que tiveram livre curso numa época cm que era necessário, para a propaganda esquerdista, denegrir aos olhos do mundo q ualqucr reação contra a

Concentreçlo reali1;ada em Nove Yotk, no ano de 1971, contréria à participaçl o dos Estados Unidos na guerra do Vietnl.

enfileira ao longo de nutridas quin7.C páginas, com o mesmo timbre e a mesma ausência de fundamc1110 com que periódica e infrutifcramcntc a imprensa esquerdista de todos os naipes o íaz: orga nização paramilitar; treinamento de guerrilhas; financiamento do Exterior: fundamento doutrinário nazi-fascista; atuação contra a Igreja. Em síntese. os costumeiros chavões que o povo brasi leiro ouve, desconfia. entende... e despreza. Porque sabe de onde vêm e com que objetivo. Não se justificaria, portanto. 10marmos o precioso tempo do leitor com estes comentários. se a autont tivesse publicado sua obra no Brasil. porque a ausência de fundamento a lançaria no mais retumbante ridícu· lo. Tão faccioso é o caudaloso texto. que seria difícil encontrar no Brasi l um editor sério que se interessasse cm publicá-lo. Mesmo a imprensa brasileira de esquerda tem mantido um cauteloso silêncio sobre a TFP - a maior organização civil anticomunista do País - c.~pecialmentc após a publicação da obra "Meio sé<·ulo de epopéia a111i<·o11111nis10", Nesta, a associação apresenta. com farta documentação, a doutrina, os métodos e os objetivos que norteiam sua atuação. E, ao mesmo tempo. pulveriza os a taques - singu larmente semelha ntes aos da autora norte-americana - lançados contra a TFP por órgãos de imprensa esquerdistas no Brasil. ao longo da profícua ação desenvolvida pela entidade. Lançado nos Estados Unidos em 1980, não nos consta que "Cry o/ the People" tenha despertado o interesse de qualquer editora para o lança men10 de uma tradução no Brasil, ou mesmo que ten ha sido objeto de qualquer comentário na imprensa brasileira. Obviamente, a obra se destina especialmente a divu lgar no Exterior imagem negativa do Brasil e demais países latinoamcricanos. como apoio para a atuação esquerdista que nestes se desenvolve internamente. A este titu lo , portanto, cabe-nos alertar e premunir os brasileiros para a desinformação planejada, com que certo tipo de escritores tem deturpado a imagem da vigorosa reação a ntiesquerdista que se vai operando em amplos setores da opinião públ ica mundial.

Gilberto Miranda CATOLI CISMO -

Maio de 1981


Formação cultural e trabalhos de artesanato ,

VISITA AO SETOR OPERARIO DA TFP Reportagem de C. Nunes Pires SETOR OPERÁRIO da TFP encontra-se cm franca expansão. Além de já funcionar, há certo tempo, em Belo Horizonte, tal setor existe agora cm São Paulo. Rio e Campos (RJ), a fim de proporcionar condições para a realização de palestras de formação e trabalhos de artesanato. Os cooperadores do Setor Operário recebem sólida formação cívíco-cultural, baseada na doutrina católica. além da orientação de cunho artesanal. Em matéria de trabalhos manuais. a trad ição - que figura como um dos valores mais importantes defendido pela entidade - tem se constituído para a TFP um campo propício para incentivar a criatividade. o esmero e até o requinte na produção artesanal. Ademais, mesmo cm ambientes extrínsecos à TFP registrou-se, de uns anos a esta parte, surto do estilo colonial inspirando a construção de residências e cdiflcios. Essa tendência não se restringiu à arquitetura. mas inílucnciou também o mobiliário, através da confecção de peças torneadas e entalhadas que são hoje apreciadas cm todo o Pais.

O

Peças de metal Quem visitar o Setor Operário da Secção mineira da TFP. cm Belo

-

Fino relicârio Imagens sacras A confecção de imagens sacras cm gesso é também uma especialidade dos artesãos da TFP em Belo Horizonte. Depois de algumas tentativas sem exito. essa atividade

ocas ião do último Nata l, uma visita a favelas da cidade a fim de distribuir terços e estampas de Nossa Senhora de Fátima. Algumas mães pediram aos cooperadores cariocas que instruíssem seus filhos, que não sabiam rezar. "É claro que nós convidamos aqueles que realmente desejavam aprender e se formar, a freqüentar nossos ambientes". comenta Noé Rocha de Araujo, cooperador da TFP que oriema o trabalho cio Setor Operário mantido pela Secção do Rio de Janeiro.

Estandartes

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No Setor Oper6"rio de Slo Paulo. cooperadores executam trabalhos de restauraçlo e pintura de imagens

Horizonte, logo ao se aproximar certamente escutará as marteladas com que alguma peça de metal. colocada sobre uma bigorna, esteja recebendo seu acabamento. Ouvirá. talvez, as músicas entoadas pelo coro da TFP, reproduzidas num gravador cassete. ''Cantos gregorianos. como os que figuram no ·· Liber Usualis"', são excelentes para propiciar um ambiemc de calma. Também gostamos muito das marchas inglesas e escocesas. E costumamos ouvir, de ve1. em q uando, minuetos como o de Ooccherini", comenta Edson Barbosa, responsável pelas atividades artesanais, na capital mineira. Embora já experiente no ramo, como antigo funcionário de uma empresa de mineração, Edson Barbosa está sempre empenhado cm descobrir fórmulas novas daquela modalidade de produção, ·não se restringindo, portanto, a repetir os métodos já conhecidos. Alguns anos atrás, por exemplo, notando que se partiam com freqüência as pontas dos mastros dos estandartes - em forma de ílor-delis, esculpida em madeira - ele experimentou fundir a mesma peça cm alumínio. dispondo de um equipamento rudimentar para a fundição deste metal. O objetivo foi alcançado, mas não chegou a ser adotado, uma vez que o peso daquela peça dificultava a mobilidade que os estandartes devem ter nas vias públicas. CATOLICISMO -

Maio de 1981

....

No Setor Operério do Belo Horizonte, Edson Barbosa orienta um trabalho artesanal importante para as campanhas da TFP; confecçlo de pontas. em forma do flor-do-li,. para fustea de est.andartes

estilo de trabalho manual exercido na TFP, que lembra a d ivisa de São Bento, adotada há mil e quinhentos anos pela Ordem Beneditina: "Ora et labora" (Reza e trabalha). Explica o cooperador Eduardo Zacarias de Paula: "Sabemos que, depois de uma semana de trabalho numa . fábrica. os operários estão fatigados e há quem deseje passar o sábado e o dom.ingo sem fazer absolutamente nada. Mas existe uma forma de descanso, diferente da apatia. e cujo valor não é difícil comprovar: consiste num trabalho de formação cultural. ministrado de forma acessível e com o emprego de muitos exemplos concretos, ilustrados mediante fatos de nossa H istória. Ao lado disso, o entretenimento próprio da at ividade artesanal, respeitado naturalmente o Mandamento do repouso dominical. "Assim, temos convidado com êxito muitos operários para rugirem do tédio e do va1.io, que tantas vezes caracterizam a vida moderna, e lhes indicamos o ideal da TFP. Sim, tal ideal que vem sendo defendido há mais de cinquenta anos pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da associação··.

tomou novo impulso quando Edson Barbosa conseguiu pôr cm prática a técnica de modelar formas de borracha, confeccionadas a partir de uma peça original, q ue vai sendo e nvolvida- por sucessivas camadas de látex salpicado de gesso. A receita, com vários detalhes aparentemente minúsculos. constitui para os profissionais do ramo um "segredo", transm itido a pouquissimas pessoas. a exemplo do que ocorria nos artesanatos e corporações de ofício da Idade Média. "No momento estamos fazendo imagens de Nossa Sen hora das Vitórias - informa ele - mas já confeccionamos anteriormente outras de Nosso Senhor, para crucifixos, muito usados junto à cabeceira de camas, nas sedes-moradia da TFP". Porta-retratos e outras peças de couro já estão sendo executados, ao mesmo tempo que, cm outro local, lâminas de metal são recortadas e, conforme o caso, submetidas à douração. com a uti lização de eletrodos. Sobre a mesa, alguns jovens ocupam-se com o acabamento de alabardas. Edson Barbosa comenta: "Como peças decorativas as alabardas são muito significat ivas. Pode-se considerá-las, de certo modo. como símbolo da dedicação e do heroísmo a serviço do bem"

Presentes a favelados No Rio de Janeiro, os membros do Setor Operário promoveram. por

Quando a TFP não con tava ainda com Setor Operário nas vária~ cidades. tarefas como a pintura de estandartes eram naturalmente desempenhadas por sócios e cooperadores de outros níveis profissionais. E desde que as circunstâncias o ex ijam, como por exemplo num:1 campanha de grande porte, tal participação ainda se verifica. "Para confecção de estandartes - explica Eduardo Zacarias de Paula, responsável pelo Setor Operário de São Paulo - utilizamos hoje um método que foi obtido depois de sucessivos aprimoramentos. Quando confeccionamos os primeiros. hã IS a nos. empregávamos muito mais tempo nessa tarefa, pois os leões eram pintados com sistemas "caseiros": papel de seda com o

figura seja reproduzida sobre uma superflcie, bastando para isso passar um pequeno rolo sobre a membrana perfurada, à maneira de um cstênci l de mimeografia".

Em Campos O Setor Operário da TFP na cidade de Campos atende hoje em dia os pedidos provenientes das sedes da TFP de todo o Brasil, bem como das Caravanas de propagandistas da Sociedade. referentes a estandartes. Para a pintura de estandartes grandes, o método de ··sifk-screen" não é viável. Em seu lugar, utilizam-se folhas de cartolina , tendo recortada a figura do leão. Os objetos confeccionados pelo Setor Operário das diversas cidades destinam-se exclusivamente às próprias sedes da TFP e às campanhas dela.

"Esse grande pensador católico - continua Zacarias de Paula tem dispensado caloroso estimulo ao Setor Operário. No ano passado, nossos colegas de Belo Horizonte confeccionaram um relicário dourado, com cerca de 30 ccntimetros de altura, cm forma de caixa, com as partes laterais de cristal, encimada por uma cobertura imitando o telhado da Sainte-Chapelle, de Paris. e torreões que evocam a Torre de Belém, em Lisboa. "O excelente acabamento da peça e os belos motivos de sua decoração foram muito apreciados pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e

"Ora et labora" Pouco tempo depois de instalada, a nova sede do Setor Operário no bairro do I piranga, em São Paulo, já dava início às programações de final de semana, com a apresentação de áudio-visuais e aulas de karatê. Oeste esporte praticado pelos jovens como um entretenimento sadio nos fins de semana - encarrega-se o nissei Shigueru lwabc, que normalmente pode Em Belo Hori·

zonto. o Setor

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Operário já confeccionou vá · rios medalhões dourados, com , a estampa da J. magem Pere· grina de N OS$8 Senhora de Fé·

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da). A direita, o serviço de ~etoques em 1ma· gens de gesso.

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desenho a ser estampado, papel carbono e lápis. "Mas a TFP tendo crescido continuamente, tornou-se necessário que aumentássemos também a rapidez do processo. Para isso, adotamos o "'silk-screen", aplicando essa técnica modernà a serviço da tradição. Ela permite que qualquer

ser encontrado em várias sedes da TFP, coordenando trabalhos de eletricistas. pedreiros e pintores. todos cooperadores do Setor Operário da entidade. Shigueru traz à cintura. junto com o martelo ou chaves de fenda, um terço vistoso e marcado pelo uso. Este objeto de piedade pode ser considerado um sim bolo do

por todos os sócios e cooperadores da entidade. E hoje o relicário achase exposto em lugar de destaque na Sede do Conselho Nacional, situada à Rua Maranhão, 541, na capital paulista". E observa, finalmente. o orientador do Setor Operário de São Paulo: "No interior desse relicário encontram -se atualmente as relíquias dos santos que a TFP escolheu como padroeiros: São Francisco de Sales, São João Bosco, São Gregório VII, São Luís Maria Grignion de Montfort, Santo Inácio de L9yola, São Pio X, Santa Tercsinha do Menino Jesus, além de outras relíquias, trazidas ao longo dos anos por sócios, cooperadores e amigos que as obtiveram, especialmente em visitas efetuadas a Roma", 3


Ainda a lilllitação da natalidade CONSEQÜÊNCIAS FUNESTAS ATINGEM ENVELHECIMENTO d,is populações cm países da Europa Ocidenta l como corohírio da limitação da natalidade e a causa principal do aparecimento dessa mcn1a lidadc an1inatalista fo· ram objeto de considerações cm an igos publicados nesta folha (cfr. ··ca1t,lici.,mo ... n."s 361 e 363. janeiro e março de 1981). Na pre.s cntc co laboração analisa-

O

para resolver os problemas econômicos e sociais de um pais. Segundo os antinatalistas r.anf1 · ticos, a miséria. a criminalidade e o desemprego seriam s ubprodutos de um excesso de popu laç,1o. A diminuição do número de na:-;cirncntos traria a solução par<1 aqueles malc.s e elevaria o nível de vida de todo o povo. Não haveria mais íamilias numerosas passando necessidade.

remos algumas dns conscq üências

nem menores dcscmprcg~1dos tt

desse envelhecimento populacional. E também· se a ameaça dc.,sc CS· tigma já começa a pairar sobre o f3rnsil . Como nos artigos precedentes. os dados relativos ;\ Europa foram retirados do livro "J.11 Fr111u·,• ridéé'"

mi nho da dclinqiiência. O pequeno número de postu lantes a empregos faria com que estes fossem suficien-

(..A Fflmça ,•11rugltd11..).

Transformação qualitativa e diminuição quantitatíva Pior do que a diminuição <1uan. tit;uiva da população é <'l tn111síormaç.ã o <1ualitativa que a precede. Uma nação com seus habitantes

envelhecidos. embora a inda não reduzidos cm número~ jt, é um pais decadente. À medida que pessoas de idade madurn e provecta vão se tornando

proporcionalmente mais numerosas.

Uma cla$S8 do Mobral. onde se difundem conhecimentos sobre a limitação da natalidade. Um estranho convénio firmou-se entre a CNBB o esse organismo governamental para a difusão de méto· dos naturais do

controle

cê1-

povos. desde a Antiguid,ldc pi,gã. A cxigüidadc do espaço nos impede de trarnr o a~su,uo com mais detalhes. Na França. o nde se começou ,, limitar a n;:italidttdc cm 11ns do século XVI li. o pcrccn1ual de scxagcmirios na população e ra de 7.1 cm 1780: 10.1 cm 1810: 12.3 cm lll50: 15.9 cm 1940 e 18. 1 atualmcn1e. Ourante o século XIX a população íran<:c;sa cresceu apenas cm 1/ J. cn· quanto a de oucros pa iscs duplicou ou triplicou. De acordo com a argumentação antinat;il ista. a França dcvcri;1 alcançar. no fi m do século

ve a população ser doiada de espírito criativo e poder de adaptação às novas circunstâncias. acei tando correr o risco de novas experiências. O que só é possível com uma população jovem. O aforisma de que a dificuldade é criadora não se aplica a uma população envelhecida e acomodada. Propor a lim itação da nata lidade como solução para o desemprego é desejar o a umento do número de inativos e aposentados cm dcirimcnto do setor produtivo da população. E os inativos de um pais só

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cio. Tal inicietive, contudo. tam• bém predisporá os casais a utili· zarem os meios ertifieiais o anti· naturais de limi- , tação.

a característica psicológica da população j,l muda cm seu conjunto. embora cada faixa ctátia conserve seus predicados próprios. A nota dominante, porém. jii não é dada pelo arroubo. ousadia e criatividade da juventude. mas pela mentalidade prudente. sccuritúria e egoist;i. mais natural à idade ll'1ndura e à velhice. Pouco amiga dos riscos e das

--

novas experiências, dominando os posto:-:: chaves da administràçào pú· blica. dos meios cmprcsaria i::; e da produção. almejando apenas uma aposentadoria segura que lhe proporcione a fruição de uma vida ca lma e despreocupada. afastando com horror qu;1lquer possibilidade de luta ou de sacrifício. uma popu lação envelhecida conduz o p;1ís não

só à estagnação e decadência cco-nõmica. corno também :1 uma futura

submissão polí1ic;i diante de povos mais jovens, dotados de cspi,·it o de luta.

Natalidade e problemas sócio-econômicos Isto mostra quão longe da verdade cs1iio os que propõem a limitação da natalidade como panacéia

1cs para todos. dispensando o recurso ao crime para a sobrevivência. Entretanto. a experiência históric<l moslra que ;:a re(l lid:.1dc é co rnplctamente difcren1c. A limitação da na talidade nunca foi solução para o problema do desemprego nenr trouxc elevação do nível de vida de 11111 país. Pelo contrário. ela é sempre posccri'o r ao progresso eco nômico e representa o inicio de uma fase de decadência.

Controle da natalidade, envelhecimento e decadência A seqüência: limitação da natalidade -? envelhecimento - > decadência e submissão, sempre se observou ao lo ngo da história dos

Na Amazônia. vastidões desabit adas. Como poder6 o País ocupar essa imensa região~ com a atual rn,entolid.ade antinatalista pregada pela.s autoridades gowmemen18i.s7

passado. um nível de vida. um de· senvolvimcmo industrial e uir1:1 produtividade agrícola bem superiores :1 de:: seus vizinhos. Entrc,anto. os dados econômicos most1·am que na· da dis.so ncontcccu. O envel hecimento trouxcrn uma mentalidade avessa às novas cxpctiências e aos e mpreendimentos de risco. Resultado: estagnação. A Europa do periodo após-guerra de 1945. c1uando houve gra nde :w mcn10 da narnlidadc . .-ccchcu aind<t 7 ,nilh õcs de imigr:_111tcs de ouln1~ partes do mundo. E houve emprego para todos.

Limitação de nascimentos e desempregos Outro exemplo bastante signi . . ficativo é o da A lemanha Ocidental que, desde 1973. ap.-escn1a os mais baixos índices de fecu ndidade de sua história. Mesmo cm 19 17, quando havia 7 milh ões de homens na frente de batalha; ou cm 1932-jJ, no auge de s ua pior crise econôm ica: ou ainda cm 1945. quando o pais se encontrava prat icamente destruído. o índice não atingiu as baixas cifras da última década. Sc$undo a concepção dos antinatahstas. deveria liavc.- empregos cm número bem maior que a procura. Entretanto. notícias recentes mostn,m que o dcscmp.-cgo atinge 4,8% da população ativa ("Time··. 26- 1-8 1. p. 28). Também na Inglaterra. pais cm que a con1racepção e o aborto ht muitos anos vêm fazendo suas devastações. a baixa natalidade não impediu o desemprego que atinge 10% dos 1rabalhadorcs. segu ndo reconhece o próprio governo britânico ( ..Jornal do Brasil". 28-1-8 1). O problema do desemprego não se resolve limiiando o número de candidatos, mas criando condições satisfatórias para que haja novos empregos. As estruturas econômicas de um país não são rígidas e fixas como é a sua superfície cm quilõmct.-os quadrados. Se um maior número de habitantes aumenta nc· cessa riamente a densidade demográfica. um maior número de candidatos não aumenta necessariamente o número de desempregados. Mas para que as estruturas econômicas ten ha m clas1icidadc e vitalidade. de-

4

podem viver à custa dos que produzem. Diminuindo a íorça de produção pela limitação ela nata lidade. a famosa previdência social irá à falência e os aposentados não terão como se s ustentar. O u irão procurar trabalho novamente. agravando ainda mais o problema do desemprego. Por outro lado. aurncntar o numero de inativos pela redução da idade para a aposentadoria. é aumentar o número de desempregados definitivos q ue passam a viver às c ustas do Estado. O Estado prcvidcnciàrio que limita a nata lidade de seus súditos é. portanto. um Estado potencia lmente fa lido. Se isso ocorre na Europa, o q ue se pas::.a no Brasil'! Estaní nossa pátri,i também rumando para o despenhadeiro·? (•)

O declinio da natalidade no Brasil O censo de 1980 revelou que estamos com uma população de 12 1.075.669 habitantes; contra uma estimativa de 123.032.100. Portanto. 2 milhões de habitantes a menos do que o esperado. A taxa de crescimcn10 anual da população durante a década de 1970-80 foi de 2,47%, contra uma estimativa de aproximadamente 2.8%. Nas décadas anteriores o crescimento anual foi: 1940-50 - 2.4%; 1950-60 - 3%; 1960-70 - 2,9%. A taxa bruta de natalidade. que no período 1872- 1890 foi de 46,5%. manteve-se praticamente cst,ívcl até o período de 1950-1960. quando atingiu 43.3%. Entretanto, no pe· riodo 1960-70 ca iu para 37,7%. o que representou. cm dez anos, uma queda de 5.6 pontos contra 3.2 dos sessenta anos anteriores. Algo deve ler sucedido nessa década. Ainda não temos os dados referentes ao pc.-íodo 1970-1980, mas tudo leva a c re r que a nata lidade baixo u a inda 1nais, tendo cm vista a queda acentuada da taxa de crescimento nesta última década. (•) Os dado$ sobre o 8r3Sil fomm obtidos

cm publi~1ções da Fundação lns1ilu10 Brasileiro de Geografia e Estatística. e nos rcsulrndos do rt<:cnseamcnto de 1980 public.ad os ()('13

imprcns.a di(1ria,

Também a taxa global de íccun-

didadc mostra uma <1ueda expressiva:

1930-40 - 6.2 1940-50 - 6.2 1950-60 - 6.3 1960-70 - 5.8 No período 1970-80. ela deve 1cr acompanhado a baixa do crescimento populacional e da taxa de natalidade. A taxa de mortalidade. devido naturalmente aos progressos da n,cdicina. teve uma queda muito mais acentuada. passando de 30.2% no período 1872-90 para 9.4% na década 1960-70. Poderíamos cnt,1o perguntar: uma vez que cm nossa P,ítria rnnto a narnlidade quanto a mortalidade estão decaindo. j:.'1 estanl cnvêl hccida a população brasileira? A resposta é: ainda 1uio. Rcal111en1e. os dados que temos a esse respeito não são alarmantes. Os menores de 20 anos eram 53.3% da população cm 1940 e passaram a 50.7% cm 1976: enquanto os de mais de sessenta anos constituíam 3.2% cm 1940. passarnm a 5.9% em 1976. Existe uma tendência par.a o e nvelhecimento. mas a nossa ainda não é uma popu lação envelhecida. Insisti mos no tel'mo ainda por<1uc a queda da morrnlid~1dc, cm sua primeira fase. atua como fator de rejuvenescimento da população. Só posteriormente age como fator de e nvelhecimento. conforme explica o Pro f. J oão Lyra Madeira c m seu estudo "A dinámica cio 1no,1imcl/lto natural dt1 popula{'cio hrasileira" (Fundi,ção IBG E. Rio de Janeiro. 1979. pp. 33 e .l4).

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A posição do Governo brasileiro em face da questão Tendo cm vista essa incon1cstávcl diminuição da natalidade observada cm nosso Pais. qual é a atitude do alua i governo'? Repetidas vezes. 1cm ele declarado que considera seu dever levar a todas as camadas da população o conhecimento e o fornecimento dos meios ant iconccptivos. a fim de que cada casa l possa limirnr o número de filhos. segundo sua consciência e suas necessidades. Essa mal disfarçada campanha de limitação da nata lidade faz parte de um 1,rograma governamental a ser implantado durante o ano corrente. O Sr. Waldyr Arcovcrdc. ministro da Saúde, declarou meses atrás:

"t 11e,·cssário que o c"sal decida

livre,nente o que Jazer parll evitar filhos; é po11to bási<·o que " população, especialmente a de l>aixa renda. esteja informada sobre os métodos preven1ivos··. Explicou ainda que ..o programa de co11trole dtJ 11atalid"de a ser i1nplo11tado pre1ende reduzir as gestações indesejáveis. a1ravés da divulgação de i11forma1ões e111 1odos os ,neios <Í<' rumu11icação. p rivilegiando os 111eios 11aturais e co11dicio11ondo os

ou1ros (pílula. diafrag11w e es1erilização) à indicação médica e à prévia tn·eiMção do càsar. E acrescentou o ministro: ..A di111inuição do 11ú111ero de noscilnentos é altan,ente

desejável do ponto de vis1a social devido aos problenws de geroçtio ,le empregos. que resolveria, e pela cco1101nia de et1uiJ)a111ei11os sociais.

hospiwis. escolas e habitações .. ("Jornal do /Jrasir, 28-1 2-80). Por essas declarações, vê-se que é realmente intenção do governo promover a limitação da natalidade. atendendo aos apelos daqueles que a indicam como tratamento infalível para a cura de inúmeros problemas de ordem econômica e social.

Oesestímulo

a natalidade

Essa meta ant inatalista torna-se mais evidente através da noticia de que ..o novo Es101t110 do FuncioCATOLICISMO


-- ..

VARIOS PAISES E O BRASIL nano Público Civil. a ser apredado em 1981 pelo Congresso Nacional. prevê que o servidor público cnn1 mais de três filhos terá red11zido o saltírfo familia. [... ] Serão adorados valores variâveis paro o pagan,ento do salârio-.familia. o que inc/11i aré sua elin1i11ação tios sen•idores d,~ salários 111(lis altos [...]. O ante· prt!ieto pretende desesrimular, através dessa redução de ajuda, o (·rescin1<mto da prole das classes 1nenos j,111oreddas" ("Jornal do Brasil", 24-1 1-80), Está assim perfeitamente configurado o favorecimento da contracepção e a guerra às famílias numerosas. Enquanto os que não desejam ter fi lhos merecem todo o amparo, os que têm a ousadia de optar por uma prole um pouco maior são castigados por se conformarem /1 Lei de Deus e à Lei natural... Os que as transgridem,

pelo contrário.

Núcleo de colo· niu ç.lo em Altomire, Pará. Somente femflies proUferaa poderio povoa·, satisfa to riamente o imenso território nacío

são

apoiados. Persegu ição ao bem e estimulo ao mal. Sintoir1a bastante

caractel'ist ico de nossa época. Ent retanto. para tornar eficiente um programa de controle da natalidade cm nível tão amplo. é necessário que ele seja aceíto pela população sobre a q ual deve incidir. .. Por i~·so. t>s proJJttUnlls de <'On·

rrole da 11t11a/id(ld/• d,• cunho ojkial. s,,,n a i11iciativt1 e a parridpaft7o dos próprios casais. tênJ sido d<· ,11,w i11e.ficiê11cia 1101ável. (... ) O erro fi.md"menwl das progrmnas ofidais d,, co,urule da 1u11alidtult• u,n sido o pressupos10 i111plídto. nesses prof!.tanws. de que a simples t>xistência

de nu!todos efiâent,•s de evilar ou tl{{kultar ,1 gravidez é sujiciente par(} induzir os povos a u1iliztíafos. Na renlidtule é ll<)cessâria. cn, prinu1 iro lu,:ar, unw 111udtin(·a cultural 110 sentitlu dt• que eles t1,.,se_jen1 lin1itar o

tamtmlw da _{(u11ília" (João Lyra Madeira e co laboradores, op. cit.. pp. 5 e 6). O que o au tor cham,, de "11111 dança ndturo/" é a aquisição dessa mentalidade ant inatalista, ind1spcnsávcl p;1ra a farta utiJização dos meios oferecidos. Por outro lado.j{, havendo essa menrnlidadc. de pouco

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nal ainda ine>1:·

piorado.

do ::iborto. como se v~. sob as vistas complacentes das autoridades. Para a aceitação de seu programa. a preocupação maior do governo brasileiro volta-se para a população pobre do meio r ura l. ,\ qua l tal programação especialmente se destina. Como incutir nesse povo. ;linda bastante inílucnciado pelos princípios morais e religiosos de sua fo,·mação católica tradicional. o desejo de limitar os íilhos'? Como transformar sua mentalidade n.H:t· lista cm antinatalista'? Era de ioda a conveniência que uma voz sumamente autorizada viesse crn seu auxílio.

Declarações da CNBB e de Bispos brasileiros sobre o assunto Ê verdade que a Hierarquia eclesi;istica se 1e m pronunciado divcrs;1s

nau1listt1 indiscrin,inada. a preu.,x10 dt' t'Xlgênda.v ee<Jltômica.,· do

hle11w

/Jl'lJ-

pop11/ocio1111/".

Considera ainda que "v trisu> exen,plo de nações que viole111tlft11n n co11sciê11cit1 co111ro/a11do a 11,ualida,1<~ do povo. 11,ostra co1110 se lorn11ram ,wçÕNi prt'cuct•1111.NU(' {>11 ve/J,e.

11111itas

cida.,... " ("O f~<imlt> de S. Pa11fo", 30- 12-80). A mesma atitude assumiu D. Luciano Mendes de Almeida. secretá rio-gem i da entidade. ao declarar: "A l,:,n~ja niio é t1 favor d<' UIJUI 111e11talidad,, anti11a111/ista. 1110s valoriza a 1>ro111oç1lo da ridti dl•ntro de critérios de f)llf<)rnidllc/f! rt"SfJIJll.Wi\'t.>Í,

por ,ntio ,1<~ 111étodos narurai.,· <'tict1111e,11e i11s1i(Íl'ado.<". Ou ainda: "O qu,,. nós ve,nos é que os poises quP r(>du zir11111 o seu <"rl•sci111e11to torna~ ranl-.\'<) pre,·o<·e11u•nte ,~nvelheddos. Nenh111na c,11npa11!,a antinatalisu, é dl'St i,wda <1 /llz(•r progredir 1wç,io ,u•nlwnw. Isto 1m11bén1 vale parti u nosso pm:1·" ("Jornal cio /Jrásil". 24 e 28- 1-8 1).

Estranho convénio entre a CNBB e o Mobral Em visrn de tais declarações. é de se estranhar que a CN BB 1cn ha consentido cm colaborar com o governo cm um amplo progran1a de controle da natalidade. Ao assinar com o pres idente do Mohrnl um convên io para o desenvolvimento de uma ação conjunta sol)re planejamento familiar. o sccrc1:irio-gcra l da CN80 declarou que "ess,, do,·11111e1110 é firmado l!llff(• pl!ssoas <' ,uio e111idtull!s <', por isso. ,uio qu,•r dizer {/LI(' (!Slllllll)S ''" lll'Ortio ('l)/)1 {I poli-

tiNI d<' ct>11troll' da 11111llliclad,, defe11did<1 pelo g11,·t•nu,··. O convênio vis;1

adiantam as medida~ restritivas <1uc o go, ! rno possa to mar. É sabido que. entre 1920 e 1940. uma das

fases de ma is intensa limitação da natalidade na França. t.i lllo o aborto como a contracepção eram considerados ilegais.

Inoculação da mentalidade antinatalista É d iante desse problema de opinião publica que se encontra o governo brasileiro. Como fazer accirnr pela população seu programa de controle da natalidade'? Ê fato que sua preocupação maior não é com a população das grnndes cidades. já suficientemente co ,·rompída do ponto de vista moral. cm todos os níveis socia is e cconômkos, e que há muitos anos vem fazendo uso amplo e irrestrito de todas as formas de contracepção e da pnítica cri minosa Maio de 1981

vezes sobre o assunto. A imprensa tem publicado declarações de vários Prelados condenando o controle indiscriminado da natalidade. espc· cialmcnte se realizado por meios anti naturais. moralmente ilícitos. Porém. declarando-se favoníveis c.i

"paccrnidadc responscível" e a uma d ivulgação maior dos meios nat urais de prevenção da concepção. A própria CNBB. quer cm nota crnitid,1 por sua diretoria. quer atra· vés de pronu nciamentos de seu sccrctcírio-geral. tem assumido idên· tica posição. Assim, a propósito do plano governamental de controle da ntlta· lidadc. a cm idade emitiu nota dcc'arando que "a /1:reja defende a .''-

/)(•rdade de opçt7o do cosa/ ,, o dirt•iro ao pla11ejame1110 familiar di> acordo com os princípios tlecorre11-

1es do valur e ,Jig11idtult> dt1 pes.<Oá hwn111111. Rejéi1t1 11 própagmuln mui-

uma ação conjunta de agentes do Programa de Ed ucação Comunitâ· ria para a Sa úde. pertencentes ao Mobral. e a membros das Comunidades Eclesia is de Base com vistas a divu lgação. entre outl'OS ensinamentos. dos mC1odos natuntis de limitação da natalidade. Tudo csti, contido no livro '"A trans111iss1io da vida". que servirú de upoio parn os monitores do programa e que. se· gundo D. Luciano. reílctc diretamente a atual orienrnção da Igreja ("O Estado de S. fau/o". 9-12-80). Não conseguimos entender a rcs· trição feita pelo secretário-geral da CNBB ao d izer que o documento era firmado enlrc pessoas e não en'trc ent idades. Poís é de se supor q ue o presidente de uma entidade e o secretário-geral de outra representem as respectivas sociedades. principalmente ao firmar convênios desse porte.

O convênio ji'i estã sendo amplamente aplicado O fato é que o convênio já entrou cm prát ica. pois cm 26 de ja neiro de

1981 . o Programa de Planejamento Fami liar. que scrú desenvolvido no plano naciona l mcdiêuHc aç(IO conj unta do Mobral e da CN BB. foi lançado cm Recife. Além dos cnsinamc1110s do livro "A 1r,ms1uiss<iO ,/11 vida". os agentes do prognuna utilizarão wmbêm. pal'a distribuição entre as populações mais carentes. de uma cartilha elaborada pelas duas cnt idades e que ex plica o plancjamerHo fami liar pelos métodos naturais. 'Tal publicação ele 87 p:'tginas é escrita cm linguagem sim• pies e com ilustrações que íacilit:tm a compreensão do tcx10. Tem por título "Carlos,, Maria pla11eja111 sua f111níli11". sendo auton1 da cartilha a lnnã Maria José Torres. consu ltora da CN 13B para a Pas1ornl da Fa mília. D. Luciano Mendes de Almeida fez <1uestão de salientar que a par1ici1>ação da CNB B no folheto teve cm vista somcn1e colaborar com explicações pan, urna "paternidade rt'SJ)Ollsâvd" ( ".lor1111/ do /Jrasil". 24 e 27-1-81). Bem mais explícito foi o ministro da Saúde ao declarar que o convênio entre a CNBB e o Mobral 'jl)i apenas " .fórnwla ('ll<'Ulllrtult1 pl>lo governo para dll!J.:.ltr à popula('ão de baixa rendo" ("0 l~vrado d,, S. Paulo". 6-2-8 1). O que confirma a necessidade de o governo se va ler do auxílio da Igreja para a tingir aquelas pessoas visadas pela can,pan ha anti na t,, 1ista. E assim o programa vai-se difundindo pelo Brasil. Ern Porto Alcg,·c. o Cardeal D. Vicente Scherer. cm 4 de ícvcrciro de 1981. prest igiou o curso de treinamento do Mobral. que fo rmará os superiores para o Programa Ed uca1ivo de Controle Natural da Natalidade. ao pronuncia r a conferência de abertura ('".lor110/ do Brasil". 5-2-81).

O curso é destinado a orienrnr 48 monitores do Mobral e ou1ras 100 pessoas convidadas. Os participantes vão ganhar a cartilha editada pelo Mobral com int rodução de O. Luciano Mendes de Almeida. onde em cerca de 90 páginas são t rans· mitidas noções de educação sexual e fórmulas para co111rolc da natalidadc ' por métodos naturais e plane-

ja mento famil ia r. A participação da Igreja nesse curso vai além da presença do Cardeal. As aulas serão ministradas na Vila Manrcsa, pertencente ao Clero, e o Cônego Augusto Dalvit, coordenador da CNBB para o Sul, é um dos conferencistas. Segundo o Cônego. "tJ Igreja é favorável aos 111é-

1odos na/l,rai.s de co111role da nata· /idade e ao pla11ejame1110 familiar, e hâ po111·0 mais de dois anos i111e11sijico11 sua divulgação". O Mobral e

a CNBll leva rão a iodo o R io

Grande do Su l. onde haja instituições d o M EC e da Igreja Cmólica. a cartilha ..Carlos ,, /14aria p/(l11('j11m s1111 .fim1í/it1", contendo informações e ilustrações sobre meios naturais de se evitar a gravidez ("O 1-,:<iado ,Je S. Paulo ··. 3 e 6-2-81 ). Estes são apenas alguns fatos que mostram o apoio ostensivo de figuras salientes do Episcopado à difusão ampla dos métodos n:1tura is de limitação da natalidade. Apesar do que. cm suas cautelosas declarações. os J'>reJados mostram-se sem· prc contnírios aos métodos antina tura is e também ao que chamam de controle indiscriminado da nata li· dadc. 4

Conclusão e objeções prudenciais Finalizando. queremos relembrar alguns conceitos sobre a matéria. e enunciar algumas objeções que surgem na. consciência de qualquer c:Hólíco prudcn1c e bem form,.do: • Como vi mos. quall1uer programa de limitaç5o d:1 mualidadc só terei êxito se os casais qui1>crcm rea lmente li mitar os íilhos. Trala·sc. portanto. de exercer uma ação prévia sobre a opinião pública, ou seja. criar uma mcmalidadc antin:italista. • A prtr ele pressões de ordem econômica e psicológica. é da maior importância a criação de um am biente de m i modo permissivo que esteja cont inuamente apelando para a sa tisfação da sensualidade. E que essa sa1isfação. livre de rcsponsabi· lidadc o u de conseqüências indesejáveis, se torne. de foto. o pl'incipal motivo da procura dos métodos de imped ir a concepção. • Por outro lado. o desejo constante de satisíazcr a sensu;1 lidadc ac:,rrcta uma dificu ldade cada vez maior para a pri1tica de qualquer tipo de continência. mesmo a periód ica. • Ora ... conscientizar'' uma população para o contl'olc d:1 natali· dadc. Cs1a ndo ela imersa cm um ambiente de pcrmissivismo moral impressionante e ofcrcccr·lhc apénas meios que exigem ,1sccsc e conti• nência. é destinar mi controle na· tural ao malogro. Ou então. provocar nas pessoas o desejo de procun1r outros métodos. • Ê portanto. muito de se tc· mcr que uma campanha visando uma difusão ampla dos métodos anticonccptivos naturais ven ha a produi.Ír dcpoís, nas próprias pessoas visadas pela campanha. um desejo de uti lização cios mé1odos antin:-1turais. • E estes serão racilmente encontrados. pois. na can,panha antina talista promovida pelo governo brasileiro, embora se afirme que se deve dar preferência aos métodos naturais. os contraceptivos ;irtifi· ciais também serão oíerccidos a todos os q ue os pedirem. • E assim. a CN BB tcr-se-(1 tornado. certamente sem o desejar. cúmplice das autoridi!dcs temporais na senda conden::',vel de condu1.ir a popu lação ao envelhecimento e a uma corrupção moral aind,t maior: e o Brasil à estagnação cm seu verdadeiro desenvolvimento. E. por íim. i, decadência. 4

Murillo Galliez 5


Santa Joana D' Are: ''A paz, só a teremos na ponta da lança'' M ARTIGO publicado na edição do mês passado, apresentamos alguns aspectos do início da epopéia de Santa Joana D'A,·c, bem como a narração do seu martírio, na praça do Mercado Velho. cm Rouen. Com este segundo artigo, encerra mos nossas considerações sobre a Santa guerreira, celebrada pela Igreja a 30 de maio, no dia de sua morte, ocorrida há 550 anos. Vimos como a jovem de Domremi convenceu o delfim Carlos de que era legítima sua sucessão ao trono da Fra nça. E como a própria Joana D'Arc fez com que se armasse um exército para libertar Orleans. sitiada pelos ingleses.

E

Libertação de Orleans e coroação do Rei Carlos VII reuniu finalmente um exército em Blois. Joana iniciou a marcha, ao som do "Veni Creator", empunhando. seu estandarte branco, bordado com flores-de-lis douradas, tendo no centro a imagem de Nosso Senhor e a inscrição: Jesus, Maria. Somente um símbolo vivo de Pureza e Cavalaria poderia comover aqueles capitães ar1110gnacs,

cm cidade, as quais se entregavam sem resistir - até transpor os umbrais da Catedral de Nossa Senhora de Reims. Neste lugar histórico da monarquia francesa, Carlos Vli recebeu, num domingo, do Arcebispo de Rcims a unção sagrada e a coroa. "Agora, disse-lhe a Donzela entre lágri mas, reolizou~se " vontade do Senhor". Joana D'Arc sabia que sua missão somente estaria cumprida quando a F rança fosse inteiramente libertada. Dirigiu-se, portanto. com o exército a Paris e, aguardando o ataque inimigo, estabeleceu-se na Abad ia de Saint-Denis.

o abandono e a prisão Sempre houve e haverá, porém. no mundo, um tipo de políticos que, como dizia Churchill, tendo a escolher entre a vergonha e a guerra, sacrificam a honra e acabam não evitando a guerra. O grande estadista inglês referia-se à política capitulacionista de Chamherla,in, que assinou o acordo de Munique cm 1938, fortalecendo Hitler. Este, logo depois, empreendeu várias agressões, dando origem à li Guerra

... . . ~ .., ' ..., -·•' ~. ...- \,~

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.. '"/~ ~--...~ Em cima: Santa Joana D 'Arc expulsa mulhera$ do má vida do acompamento militar (miniatura das .. Vigíli1.1s de Carlos Vllu) • A o lado: últimos momentos da vida de Santa Joana O'Arc. em ofrescó de Lenepveu. no PanthlJon do Paris

mais aventureiros que soldados. Joana D'Arc exigiu deles que abandonassem suas mulheres de vida airada e se confessassem. O cerco de Orleans, q ue durara sete meses, foi levantado por Santa .Joana D'Arc numa semana. Esse resultado miraculoso era devido inteiramente a sua intervenção pessoa l. Joana previu que, avançando pela margem direita do Loire, os ingleses não atacariam. Ela anunciou o lugar por onde entraria em Orlcans. A um capitão inglês predisse que ele morreria "sem sangrar ": com efeito, pereceu ele afogado. Enfim, antevendo o momento em que os ingleses cederiam, ela, apesar de trespassada por uma nccha no ombro, impeliu os soldados ao ataque, quando os capitães já ordenavam a retirada. E, fincando seu estandarte na trincheira inimiga, exclamou: "1iulo é vosso, e11trai".

O efeito da libertação de Orlcans, efetuada em 8 de maio de 1429. foi prodigioso. De todos os lados anuíram franceses atraídos pelos milagres de Joana, a nsiand o, como ela, qtfc o Rei fosse coroado em Reims. Este, indolente, deixouse conduzir por essa vaga humana de peregrinação e de cruzada. A marc ha para o norte, mais do que uma campan ha militar, foi um cortejo triunfal - cm que o estandarte de Joana penetrou de cidade 6

Mundial. O Chambcrla in fra ncês daquela época era o iníluentc conselheiro do Rei. La Tremoillc. Mas. enquanto Chamberlain era esguio e securitário como seu inseparável guarda-chuva, Tremoillc, corpu lento e gordo, parecia ter por deus o próprio ventre. O conselheiro de Carlos VII bem notava que se a capital fosse tomada, o élan de reconqu ista incu lcado por Joana ao povo francês seria

incontcnívcl. Ora, seu poder assentava-se na inércia do Rei ... Em vista disso, arquitetou La Trcmoillc com o Duque de Borgonha um "acordo de paz", isto é, uma entrega incondicional. Enquanto na penumbra da capela de Saint-Denis, Joana orava numa vigí.lia de armas. o futuro da França perigava. Carlos V li era assediado por La Tremoillc que lhe aconselhava: "Paz! Paz! Composição!" - "Mas a paz, dissera Joana. nós só a tere111os na ponta da lança". Carlos VII hesitava entre os dois partidos: o de Joa na, que era o de Deus. e o de La Trcmoille ... Dir-seia que, então, no próprio Céu se fez um instante de silêncio, pois "os atos da Providência não são tuos de fatalidade e ante 111110 ind/(erença cega à graça. Deus pode revogar as pro,nessas de sua misericórdia'' (*). Em Paris, Joana D'Arc sofreu seu primeiro revés. Durante o assalto , apesar de fel'ida por uma ílecha. ela manteve a ofensiva, provocando o pân ico nas hostes inimigas. Mas, os capitães de Carlos VII ordenaram a retirada, e Joana foi arrastada i, força - por ordem do Rei - a Saint-Denis. Suas vozes ainda lhe diziam que permanecesse na Abad ia "onde rc•boa o brado da França". Ela preparou-se então para novo ataque. Contud o, Carlos VII, confiando na promessa de Fel ipe "o Bom", Duque de Borgonha, de lhe entregar Paris, retornou com seu exército ao aprazível vale do Loire ... "A ,·idade [de Paris] 1eria sido tomadn", comentou Joana . Na AbaC-)

H . Wrdton, "J('11mw J)'An···. l .ibrniric de

Firmin Uido1 ct Cic .. Paris. 1892. p. 214.

Fachada da catedral de Reims, uma das mais belas rolfquias do estilo gótico. onde eram sagrados todos os Reis de França

d ia, num gesto característico dos cavaleiros da época, ela ofereceu suas armas à !1,1ãe de Deus. No entanto, pressentiu que uma traiç.~o se consumava e que sua via dolorosa ia começar... Abandonada pelos grandes da Corte, Joana D'Arc cont inuou, praticamente só, o combate. Em Compiegne, quando defendia a retirada de suas tropas, depois de uma incursão cont ra os borguinhõcs, encontrou a ponte levadiça do castelo já levantada, caindo prisioneira daq ueles. E foi entregue pelos borguinhões aos ingleses cm troca de um bom dinheiro. Carlos VII pouco fez para resgatá-la.

"Devolvam-me a Oeus..." O Cardeal de Winchcstcr, através de Pierre Cauchon, Bispo de Bcauvais, formou um tribunal de inquisição para julgá-la. Visava-se demonstrar que Joana era uma feiticeira a fim de invalidar a coroação de Ca rios Vli ... Esse processo, a pesar de todas as precauções de Cauc hon, foi juridicamente fraudulento em seu conteúdo e em sua forma. A Santa era interrogada cont inuamente por eclesi{,sticos. que deveria m tê-la amparado. Presa num cárcere civi l com mãos e pés acorrentados. vigiada constantemente por brutais carcereiros dos quais ela tinha tudo a temer, nos quatro meses que d urou seu processo, Joana D'Arc só encontrou refúgio, por alguns instantes, no celeste colóquio com suas .. vozes". Mas visa ndo mover uma avalanche de ca lúnias que a soterrasse completamente, esse processo de condenação outra coisa não conseguiu erguer senão um pedestal de glória, sobre o qual a heroicidade de suas virtudes brilharia para todo o sempre na memória dos homens. Nas respostas da jovem camponesa aos juízes, nota-se o sopro do Espírito Sant o. Eis algumas, colhidas ao acaso: - ..Joana, d iz o juiz com voz meliílua, como passaste desde o sâbado?" - .. Estais vendo - replica a pobre cativa - do ,nelhor ,naneira que me foi possível". - Vistes os Anjos. corporal e re(J/111cn1e?" -

"Eu os vi con1 ,neus olhos

corporais tão be111 como vos vejo. Quando eles se afastavam eu chorava e be111 quisera que me le-

vasse,n·'.

- "Que vos disseram elas [as vozes]?" - ..Que vos respondesse i11trepidm11ente ... - .. Santa Cmarina e San1a Margarida odeiam os ingleses?" - .. Elas prezam o que No.rso Senhor esti1110, e odeiam o que Ele detes1a ...

"Joana, presun,es estar en, esu,do de graça?" Essa pergunta capciosa a comprometeria, qualquer que fosse sua resposta. Se negasse: que confissão! Se afirmasse: que orgul ho! Se não respondesse: que indiferença! - "Se não estou, praza a Deus pór-,ne nele: se estou. prazo a Deus nele 111e conservar. Ah! se soubesse que não estou na graça de Deus seria a criatura mais aflita deste 11111ndo... En1re1a,uo, se eu estivesse ern pi!· cado. a voz. co,n certezq, não

viri(J... "

Aconselhada por um assessor, Joana pede para ser julgada em Roma. pelo Papa, ,nas Cauchon im põe silêncio ao tagarela: "Calaivos. pelo diabo... " Num momento, fatigada pelos debates, ela diz: .. Venho da par1e de Deus. nada tenho que fazer aqui. Devolvam-me a Deus de Quem viJnH.

Eles a enviaram ao Criador...

Carlos W enzel Bibliografia • H. Wallo1l, ..JMmt{' IYAr<'". Librairic de Fifmin Dido1 c1 Cic.. Paris. 1892. • •

Pierre Virion. "I,'! my .'ítÍ'r,· <Íl" J(·tuuulYArr ", Lihr:,iric T<'.-qui. P;tri~. 1912. Régi1H~ Pcrnoud, "Vh• 111 mnr, de• .h·uwtt' !)'Are·". B 11chcllc. P:1ri~. 195.l .

{IJAiíO~_,nCil§MO Mf.NSARIO C'om aprovação ~c1t-siástica

CAMPOS

ESTADO 00 RIO Oirtfor:

r:1ulo Corrf-:t de Rrilo Filho Oireforia: ,\v. 7 de Sttcmt>ro. 247

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CATOLICISMO -

Maio de 1981


na paz e na

uerra

, MUITOCONHECIOAadistinção que se costuma fazer cm política - e cm outros campos da atividade humana entre "pombos" e "falcões". Na linguagem corrente. aliás, é bastante comum aplicar a predicados humanos termos oriundos de analogias com o reino animal: "Fulano é um leão" - "Sicrano é uma raposa" "Mcngano é um touro", e muitos outros. por vezes menos elogiosos ... Isto se fundamenta numa indiscutível intuição humana. que dis-

E

Na era da guerra-relâmpago. o comandante do

blindados con-

tinua utiliuindo

P<)mbos-con&io ...

ticas para importantes unidades. Tendo cm vista alcançar segurança maior. duplicam-se as mensagens e

os pomoos. Hoje cm dia. o microfi lme multiplica a eficácia dos correios columbinos. Por sua vez o treinamento se aperfeiçoou. Os operadores devem ser dotados de uma an1pla reserva de cuidados e de paciência... Pouco a pouco, os cuidados na criaç.ã o tornam pombos de raça mais apurada, capazes de transportar mensagens de lugares cada

\

cerne. sem maiores rc1ciocínios. ana.. logias reais entre os seres de ordens

diversas da Criação. Mais ainda~ realçando as características de um animal cn1 concreto. a analogia se cnriql)ecc indefinidamente e aumen .. ta seu assombroso realismo.

As fábulas de Esopo ou de La Fontaine desenvolveram intencionalmente. e com sutil elaboração, esse singular senso humano das comparações com o reino animal. Nas linhas que seguem. analisaremos alguns perfis de pombos. E como eles. justamente cm virtude de suas peculiaridades. podem converter-se cm precioso elemento de combate. As comparações com os "pombos" humanos deixaremos à perspicácia do leitor. E as analogias mais

'

da África e · Birmânia. onde presta· ram grandes serviços a seus donos: salvaram barnlhõcs inteiros, tornaram poss ível a ocupação de grandes regiões. revelaram oportunidades tá-

,,'' t,:

)

O pombo-cor• reio carrega em seu dorso potente carga bélica: infor· mações e or-

vez mais remotos em tempo mais breve. t preciso recompensá-los sempre com a ração favorita. Do contrário,

dens.

pl'<)tubcrantcs, as ressaltaremos usando reticências .. .

; ...._..........~.....a....a.....,..."'-...a...~-----'-'J

- O que é um pombo? Em primeiro lugar, é um animal inofensivo. Não inspira. por conseguinte, medo ou desconfiança ... Além disso. entre suas virtudes mais si mpáticas c.~t.l uma suave simplicidade . uma candura alada e cálida doçura. O suficiente para ter sido ut ili,.ado como símbolo sagrado pelo próprio Deus. rio Batismo de Jesus (cfr. Lc. 3. 22). E Nosso Senhor. no Evangelho, aconselhou que os homens possuíssem a candura da pomba, aliada à astúcia da serpente (cfr. Mt . 10. 16). Um pombo correio típico: ) olho seguro. predispo· sição à velocidade, ânimo para voar ce· leremente a seu

I

O pombo evoca ao cspir1to as idéias de inocência. de bondade, de doçura que leva à generosidade. Mas possui também características. por onde pode ser empregado pelos exércitos. f: um animal sempre a lerta. Não para atacar. mas para não ser ata.. cado. Neste sentido, seus olhos são de uma cuidadosa vigilância ... São. ademais. o lhos que percebem de onde podem vir, não somente os perigos. mas os proveitos. As duas artes mais salientes do pombo são: evitar o perigo a qualquer custo e regressar rapidamente

1

:j J

para casa. Muitos imaginam que o

pombo, por ser assim doce nas horas de paz, d eixará que a ave de rapina

devore suas crias sem o menor ~entimcnto nem reação... Apenas esta a,·tc de colocar-se a salvo é maior que a arte de rctprnar à casa e de usufruir ao rn{1ximo de suas comodidades.

destino ...

'

Como pode um pombo ser instrumenta lizado para a guerra? Utilizando seu maravilhoso e preciso

Paraquedistas em aç.lio: morteiros? metralhadoras? lança-chamas? Nlo: pombos.

"radar" que lhe perm ite voltar ao próprio ninho. E a mensagem acabará chegando a quem controle o ninho... Por isso, já na Grécia antiga, os vencedores das ba1alhas eram anunciados às suas res pectivas cidades por intermédio deles. Tempos depois, os pombos apa-

recem nas guerras civis romanas. e reaparecem quando São Luís IX. Rei de Fra nça. desembarca sua Cruzada em Oamicta, no Egito. e os sarracenos avisam o suhão do Cairo po r meio de pombos. Sua velocidade é um fator propício como mensageiros. Chegam a a1ingir 150 km horários. Além disso. suas penas são recobertas de uma o leosidade especial que lhes possibilita enfrentar proeclas. e seus o lhos possuem uma 1erccira pálpebra. crisiali na. que os torna aptos a atravessar tempestades de areia. O instinto de regresso dessa ave é tão forte que uma pomba solta cm Arras (França) nos anos 30, voltou a seu local de origem cm Saigon (Indochina)! Ê também célebre o caso de um pombo-correio vendido em Caracas, capital da Venezuela. que regressou a Nova York. O trajeto ForJalcza-Belo Morizonte já foi coberto por ma is de um pomboCATOLICISMO -

Maio de 1981

correio, em tempo relativamente curto. Alguns atribuem este prodigioso instinto à sua vista agudíssima. Ê uma hipótc.~c plausível. Hâ entretanto casos de pombos que. transportados para lugares longínquos em caixas fechadas - e não dispondo portanto de memória visual - conseguem depois se orientar no vôo de retorno. Conta-se o episódio de um pombo que. banhado acidentalmente de azeite e impedido de alçar vôo. voltou para casa a pé! E há. finalmente, quem j ulgue tratarse de uma ex traord inária sensibilidade do coração columbino ...

~

Qua l é a missão especifica do

pombo? Est,\ dito: ser mensageiro. Fala•se até c m "pombogra ma". O pombo comunica. Ê pouco? Segundo alguns autores. o segredo da arte da guerra está no controle das comunicações ... Ê uma ave inofensiva e domés1ica; voa candidamente. Mas transporta uma carga bélica potentíssima: informações e ordens. Na última Guerra Mundial foram utilizados sobretudo na ltáfü1. norte

não haveria progressos. Muitas outras coisas se foram aprimorando. Existe agora treinamento para o retorno a pombais ambulantes. Selecionam-se raças de pombos de coloração mais escura, para não serem presas fáceis dos falcões ou gaviões.

E os falcões? Por vezes, o falcão apronta das suas ... Atua lmente contudo, o mais freqüente é que sejam mortos pelos criadores de pombos, que sistematicamente os exterminam a tiros de espingarda quando se aproximam dos pombais. E os pombos, além da boa vista e de m últiplos instintos de segurança, sentem-se protegidos por fatores a lheios e superiores ... Mostram até certa curiosidade em ver como são, afinal, seus tradicionais inimigos. os falcões. Decididamente, La Fontaine, em seu francês incomparável. bem teria podido escrever uma fábula com o título: "O pombo e o falcão". Porque upombof' e ºfalcõesº os h{, entre os homens. E nem sempre é o "pombo" apenas o símbolo da candura , ou o •falcão" da belicosidade....

7


,l i AfOILICXSMO -----------------------------------* CONCESSÕES AO COMUNISMO: SOBREVIVÊNCIA HOJE, MORTE AMANHÃ

e

OM O TÍTULO "A resi.,1ê11ât1 cuncessivti ante o conmnisn10: sobrevivên,·itJ parti ho· je, morte parti a11ranhã - l?eflexões da TF P sobre a situllção de f:.'I Salvador", a Sociedade Vcnczuela na de Defesa da Trad ição, Família e Propriedade lançou manifesto dedicado ao problema da luta entre o governo e os guerrilheiros na República de El Salvador, Apresentamos a seguir os pontos essenciais desse documento.

Na aparência. não deveria ter a TFP venezuelana a preocupação de se debruçar sobre questões da política interna de outro pais. Os fatos, porém. determinam o contrário. como adiante se verá. Realmente, depois que a Nicarágua foi brutalmente transferida para a esfera do domínio de Moscou. o caso de EI Salvador torna-se mais claro e suas conseqüências mais d o que previsíveis: a implantação de um regime comunista nesse pequeno pais. É o que pretende alcançar a guerrilha a li desencadeada artificialmente. Mas como a ambição impi)rialista de Moscou é ili mitada. o que sucederia depois da eventual queda de El Salvador seria, naturalmente. a tomada do poder na Guatemala, Honduras e toda a região centroamericana. até chegar à Venezuela e aos outros países da América do Sul.

fadliu,r a convulsão social co1u-

'p!eu1. por eles desejad11".

Lances da ofensiva psicológica comunista Mais adiante. numa clara advertência à Venezuela. o manifesto da TFP desse país mostra que o caso de EI Salvador. mais d o que uma luta armada. constitui "unw o/'ensiw1 psiculâgicn o fi,vor do coniu11is1no ". E nessa ofensiva os marxistas contam não só com a colaboração do regime vigente (:s<>cialista. de aparCnciél cristã). mas também com importantes setores dtt imprensa internacional e com destacadas autoridades politicas e cclcsiástic.as do mundo livre. A sua ação tem-se desenrolado sem pre no mesmo sent ido. quer se tr:uc de EI S:tlvador. quer se trate de ou1ros países rcccntcn1entc conquisiados pelo comunismo: Nicarágua, Moçambique. Angola, Etiópia. Vietnã ou Cambodgc.

o

miles 50

S.nVt«nto

Na análise do perigo que a eventual queda de EI Sa lvador no comunismo representa para vários paises da América. o documento da TFP venezuelana vai mais longe ao referir-se às declarações feitas pelo exchanceler daquele país. Dr. Aristides Calvani, secretário-geral da Organização Democrata C ristã de América (ODCA). no sentido de que o verdadeiro ol)jctivo comunista cm EI Salvado r é a Venei.uela .

Resistencia total ou resistencia concessiva? Como desviar esse perigo'! A TF P responde com estas perguntas: ·· Eviu1-se o con111nisnu, deixando de lutar. irnitando·o e cmninhando e,n direção a ele? Será co111 capitulações que se 11fas1a o perigo nwrxista? De 1110,u•irll nenluuna. Se-

rtí, então. to,n uma resistência concessiva. que (U) ceder vro,·ure di-

111i1111ir os rancores co1n1111istas, realiza,ulo si11111/tanea111e111e alitJnças t'Otn os sc111ito1nu11isu1s ern torno de 11111 progrmna i111er,neditirio. co,n vis1t1s o i1npedir a vitória do 111ar-

xismo radical? "Ou serd melhor 111110 resistência total (10 con11111ismo. que i11d11a a recusa de todos os seus erros e o u.vo de t{Jdós os 111eios lltitos para co111ba1i!-lo?" - Esrn última é, evidentemente. a solução que os verdadeiros anticomunistas devem procurar. Pois se aceitarem eles "u111 programa se1nicon1u11is10 ou sodalista - são eq11ivalen1es - tis 1·011tess,ies que se wio .fazendo nu c,11111>0 psit·ológil·o, ao viver ll('sses regi111es e resignar-se a eles. tê111 o ,feiu, cmastr<ífico [... ) de destruir " , ·1111 re.vistência ao con11111is11w total. A· daptando-se em parte aos hábitos 11,entais e tio es/Í/o c/p vida. à for nu, de sociedade propugnada por Marx. as pessoas perden, o viu1lidtuh• parti resistir 11 .finuras ofi•nsivas ver11u1 • /1111.<''. De concessão cm concessão c hega-se assim. insensivelmente. ao coleti vismo total, conclui a TFP vc nezuchina. Em resumo. a efetivação de alianças com scmicomunis1as produz um duplo efeito: ao impedir q ue o comunismo se imponha amanhã. gar;mte·O. entretanto. para depois de amanhã. "/>()rta1110. .<e h1 Salvador dispiJe

,J,, rec·ursos

ou st.>ja, <·er1ezt1 nos princípios da l'iviliia('ãv l'risti'í ,, t/('(t1 rtninaçtio de defNtdl>-Jos - para

t>niprec•,uMr unw re,,ç,iv arrisc,ula

Origens da revolução salvadorenha

lll(IS efi<'aZ. si1111tlli1/l('tlllU' llfi' COIJlr(I nun11;,;s1t1s (' ,\'{•111ico1111111is1,,s [ ... ].

sun lÍIIÍ<'ll saído". "l: a i11dt1 itulispenstiv,•I -

1,>111

Assim, declara a TFP venezuelana q ue o objetivo de seu manifesto consiste c m alertar a opinião pública para o processo <)ue deu origem à revolução de EI Salvador. "t.S·sa nação centro-omerirana ressalta o documento - ven, sendo

fruindo assin, suas resistências antinwrx istas". Por outro lado. "e:ai-

mu/aram de un, ,nodo ilu.lireto diversas Jorrn(JS de violência: a dos próprios afetados pelo co11fis co [... ] e <1 dos ele,ne,uos subversivos que vêen, nessas refornws 111u 1ueio tle

II

prOS·

('<11111111isl(1,\' ,.,,,wztll4anus estejom nlerltl p11rt1 in11u•dir qu<•. ,k ·fornw

.,·uc<·d<•u eu, HI Salvador L...). sejt1111 it11rodu::id11s en,

muílox11

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nosso pm:,· rifon1111s co,,ji.\'Cat,frias. i1:11ali1ária.,· e es101izu111es. Longe d,, .f<1wJ1'eC'et a j ustica. ('/tis .,·ó pvd,•uio

traurnatizoda [ ... ] por circ:u11s1ânâas

"Com efeito. aplica-se e111 E/ Salvador /ui mais de 11111 a110 11111 galopante programa que i11c/ui 11,acira R~f()r11w Agrária ,·011fisc(llória e coletivista. 11ssi,n con,o unia p1·ej11diâal nacio11ali.u1ção dos bt111cos e do con1ért..·io e:tterior de i111por1011tes produtos. Tudo isto, por superior derenninação ditatorin/", acrescenta. Tais reformas - prossegue o manifesto - 'foram inroxicando a opinião públh·a. induzindo-a a aceitar u,n .socialisn,o crescente, e des-

oi

segue o documento - que os a,ui-

não destacadas pela imprensa internaci()nal co11w flltores que prod11ze111 ô coos".

-

Em todos eles. os regimes vigentes começaram por ser alvos de ,uaqucs que. embora denunciassem por ve1.es as1>ectos realmente censur.iveist cxagcn1varn sobretudo as suas deficiências. bem como os rcsu ltados "vitoriosos" da ofcnsív.i militar com unista . E. por ou tro lado. silenci ava m as suas concessões ao marxismo. insinuando. si mullancamentc. q u~ "q11aisq11er q11e fosse,,, os gol'ernos qul' os sub.wÍluísse111. sen,pre h11vt!ria vlltllngen.t".

Uma vez levado o marxismo ao poder. ··os 111es111us elen,entos (i mprensa. setores políticos e cclcsi:'t s1icos] esttll•tm, ('11C·t1rrl!x,t1<los de tipre.'lNllttr o inrbulio morxis1a como irreversiw•I ,, inco,11ê11Ívt'I, 111.1,r:urm,do a uut '""' 1wrõe.,· un1 tlt•st ino senudh11111<· t• i11dunulo-t1s. 1/irnn ou indirn,unc•nte, n n •.,·ixnar--:w II e.we".

Policial morto por guerrilheiros. 1: curioso quo o sentimento de compaixão dos progressistas não $8 manifeste tamWm em rolaç.lo aos combatentes governamentais tombados na luta. mas apenas aos guerdlheiros.

abrir C<uninho à 11enetrt1('<io

co1m1•

nisto".

Depois de chamar a atcnç5o para a import~1ncin e os efeitos da guerra psicológica rcvolucio11{1ria. da qual as alternativas dcmagôgic,1:-.. as reformas de canítcr socialist;1 e o íalso anticomunismo são aspcclo:-. frcqi.ientc:,,;. a TFP venezuelana rn· cerra assim seu manifcs10: .. Qu(! Nossa Sn,hon, de Corow 11u110 ,·o nn·do a no.,·., " JJtÍff'Íll ,,,w

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Íll.\'t111dd,·,·I 11rall'('tio. para s mhll fl•sistir 111i,1 ,w; às m11,·11ra.,· dolc·nu,., do <'tJ11tt111i,,·1nn. nws 111111/)(:n, a .,,w, l'llf.:IIIU.)S(I.\' IIW(flllll{Jf(i('.\". {Jlf<' 1tf11 e/: ca:.t•s téni..,·l' 1110.,·1,·udo p11r11 " "'"' expan.,·õo 1111111t!ia/".

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Colômbia rompe relações com Cuba: TFP aplaude BOGOTÁ - A TFP colom- e do111ri11as nela in1rod11zidas de pondeu ;\ Tlº P de seu p"is. medianbia na pronunciou -se a respeito do modo irnpune. durante a últi1110 te telegrama. nos scguin1cs 11..·rrno!\. rompimento de relações de seu décndn> p(1 /o co111unis1110 interna"Agrade(·o./hes 11111i111 sin<·era· pa is com o regime cubano, envian- fional. Agtadecendo 11111ecipllda- nu1 111,, s ua estÍlnulante 111l'n.,·t1J.:c111 do a seguinte mensagem de felici- 111<'nt1• o V. f:.'.tcia. a atenção q11e dê por c>ct1siõo da .">uspensãu d,, n•la· tações ao Presidente da República, à presente, f or11111la111 aten ciosas ções ,·olórnbo·cubanos. t/11<' uma Sr. Julio César Turbay Ayala: .<t111d11çõe., (aa) Álvaro Mejia l..()J1- vez ,nais foz présente sua re.w,!uto "A Sociedade Colo111bia11a de do1io. Presidente / J11a11 Pablo vonttule de servir nos altos inu,r('.,.. Defesa da Tradicão. Famllia e Pro- M,•nizalde Escallón, Secretdrio." ses da Colô111bia. Cordialmente / priedade - TFP. ao inteirar-se da O Presidente da Colômbia res- Presidente 1i1rbay Ayllla." resolução de Vossa f:.'xcelência de cottar relações <,'()111 o governo q11e oprime a nação ,·ubmw. por t·ausa do apoio por ele pr(•stado à subDURANTE os massacres rea- . Os Bispos e Pad,·cs foram mortos versão <1ue ve111 transtornando nos- lí1.ados pelos khmers vermelhos. e os poucos católicos que sobreso país. tem a alegtia d e felicitar a os católicos do C,unbodge sofre- viveram à tragédia não recebem V. Dxcia. por tal 111edida. Ao 111es- ram perseguição c morte. até qua- assistência religiosa. 1no tempo, a TFP expressa votos se o exte,·mínio. Dos 60.000 exisInfelizmente não faltam entre · de que este seja 11111 ll11spicioso tentes antes da queda do país no os que restaram alguns colaboraprimeiro passo para efe1iva111e111e comunismo, não sobra mais do cionistas com o comunismo. Uma livrar a Colômbia das infiltracões que um punhado insignificante. publicação francesa informa que o antigo secretário do Bispo de Bat tambang construiu uma capela c m sua cidade, inaugunlda no Natal de 1919, com a presença de a utoROMA - Palermo, a simpáParisi. além de dotar sua citica capital da Sicília, transfigura- dade com um sistema de ilumi- ridades comunistas. se à noite. Os principa is manu- nação original, calcula q ue sua Não seri1 o regime comunista mcntos da cidade iluminam-se empresa pcrmiiirá uma economia que perderá com essa a proxima com tonalidades variadas, ressa l- de cerca de 400 milhões de liras ção. Os católicos incautos é ,1uc tando o esplendor da igreja ár,,bo- anua lmente, graças às inovações sofrerão as maléficas conseqüên normanda, da catedral normanda introdu1jdas. (Agência Boa Impren- cias de tal colaboracionismo. (A· ou dos antigos palácios. sa - ABIM) gêncía Boa Imprensa - ABIM) Entre as inovações evocativas introduzidas recentemente na iluminação de Palermo. inclui-se a volta ao romântico lampião a gás, DE ABRIL DE 1944 até nos- po-mór dos católicos ucran ianos. que a partir de dezembro último sos dias, dez Bispos, 1.400 Padres, Há anos, enquanto aplicam a passou a iluminar a lgumas partes 800 religiosas e milhares de fiéis tática do sorriso cm relação ao da cidade. A idéia de introduzir foram vitimas da feroz persegui- Ocidente com o objetivo d e ,mcsuma iluminaçiío diferente da vul- ção desencadeada pelo comunis- tcsiar sua reatividade ao comugar lâmpada elétrica ou da fria lur. ino na Ucrânia. Essa monumenta l nismo, os títeres dé Moscou proneon é do engenheiro Roberto cifra dos que morreram pela Fé movem perseguições àqueles que Parisi. diretor da Icem, empresa católica consta de um relatório mantém sua fidelidade a Deus e à encarregada dos serviços de e le- divulgado cm Roma, de autoria verdadeira Igreja. (Agência Boa Imtricidade de Palermo. do Cardeal Josyf Slypij, Arcebis- prensa - ABIM)

Cambodge: a Igreja em extinção

Palermo volta ao lampião a gás

Mártires da Ucrânia


N.• 366 -

Junho de 1981

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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Igreja abraça o ·socialismo

ESTIVERAM cm São Paulo nos d ias 1.0 e 2 de junho corrente, o S r. James P. Lucier, conselheiro da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, e o Sr. L. Francis Bouchey, vice-preside nte executivo do Conselho de Segurança lnteramericana, a convite da Sociedade Brasileira de Defesa da Trad ição, Fami lia e Propriedade TFP. No dia 1. 0 o Sr. James Lucier proferiu conferência para o público que lotou o auditório da Ca sa de Portugal (foto), sobre o tema: "O significado de direiu, e esquerda na política do mund o ocidenta l... Exercend o inílucnte cargo nos c1uad ros do Senado dos Estados Unidos. o Sr. Lucic r atm1 iunto ;\ Comissão de Relações Exlctturc:i; daq uela casa . ao lado do senador Jcssc Helms. presidente d a subcomissão do Hemisfério Ocidental. Ou seja . o setor da Com issã9 de Relações Exteriores que se ocupa da América Latina . No dia seguinte. o Sr. Francis Bouchcy pronunciou outra confc-

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HAMADA PELOS PAPAS de "Fi lha Primogenita da Igreja". a França foi a primeira nação européia que abraçou a Fé ca tólica, com o batismo de Clóvis. rei dos francos. no ano 497. A cena é ilustrada aqui numa tapeçaria sobre a vida de São Remígio. que se conserva no Museu de Rcims. À esquerda aparece a esposa de Clóvis. Santa Clotilde, que. como São Rcmigio. Bispo de Rcims (à direita). teve papel fu nda mental na conversão do rei franco. Os francos. como se sabe. eram b:írbaros que. como outras hordas oriundas do Leste. impuseram-se fa. cilmentc aos romanos. No e ntanto. apesar da rudeza de seus costumes, tinham a alma aberta para as maravilh:1s do pla no sobrenatura l e da civili1,1ção. que lhes oferecia a pregação da Religião verdadeira. Tocados pela graça, os francos converteram-se ao Cristianismo, tornandose, desde então, paladinos da causa de Cristo. E c m conscqiíência. na "'doce Frnnçn"' Ooresceu o que havia de melhor. exercendo ela poderosa iníluência na formação da civi li1A1ção cristã ocidental. A sant idade desabrochou c m personagens de alto re levo: os qua tro gra ndes Abades de Cluny, nos séculos XI e XII . reis como São Luís IX. fundadores de congregações religiosas do porte de São Luís Maria Grignion de Montfort. A inda no fim do século passado, perfumou a Igreja universal a virtude fulgurante de inocência de Sa nta Teresinha do Menino J esus. É à luz desse passado glorioso que devemos considerar o signifi-

cado da ascensão do socialismo na França. com a vitória de Fra nçois Mitterrand e de seu 1ianido. cm aliança com os comunistas, nas recentes eleições presidenciais e legislai ivas.

No tocante à propriedade privada. Mitterrand tem anunciado sua resolução de expandir o poder do Estado. O u seja, aniquilar pa ul:uinamente todo e q ua lquer patrimônio particular. Quanto à inst ituição da família. as metas do Partido Socialista Fra ncês, contidas no .. Projeto Socia/isw ptirn n Franç<1 dos anos 80 .. (programa do PSF) são ineq uívocas. Todo poder. ainda que detentor da menor parce la de autoridade, deve ser contestad o e desacreditado, segundo os socia listas. - ·· Uma t·oisa é certa: não se vol1t1rá otrtís: tis Jor,nas tradicionais de m.,u>ridl1dl' [do pai, d o pa trão, do marido etc.] não serão restaurtu/11.ç. Isto parti· cular111e111e no 1oca111e à {tunílio", acentua o ·· Projeto Socinlista ... O programa do partido de Mitterra nd defende ainda ··... a de1110cratização e o estabelecimento de pensões para jovens em confliro co111 suas jàmílias; livre es,·olhn da i:011trnt·epção voluntária dn gravidez para ,nenort!S; t1111 tiesen volvi111ento

considerdvel da educação sexunl nas e.ffOltJs tl a revisão (lãs atitud(>!i sis· terna1icmnentf! repressivas l'efel'e1ues

à sexualidade dos 111e11ores ... O Prof. Plínio Corrta de Oliveira. na página 3, a nalisa a especial forma de deterioração moral da grande família de almas que possibilitou a vitória do candidato das esquerdas na França: os medíocres.

rência. dirigindo-se a centenas de sócios e cooperadores da TFP, no aud itório São Miguel, dessa entidade. Descrevendo o aparecimento de ponderá vcl corrente de opinião nortc-amcrica na mais realista no rtfe· rente à amcaçé.1 soviética cm relação ao mundo livre. o Sr. Bouchcy destacou o emergir de um "novo rf!alis,110·· nos Estados Unidos. cm contraste com o 'fontíti<·o ro,ntmti.snw revoluciontírio .. predomina nte no pC· riodo da adm inistração Carter. O Conselho de Segurança Intcramericana. do qual o Sr. Fra ncis

Bouchey é vice.-presidente, é uma instituição independente com sede em Washington. q ue forneceu viirios especia listas e lideres aos escalões de alto nível do governo Rcagan. Essa instituição dedica-se ao estudo e pcs9 uisa da política ex terior. espcciahnmdo ..sc em assuntos relativos à segurança do Hemisfério. 110 contexto global do conílito existente entre ó bloco com unista e o mundo

livre. A América Latina constitui o a lvo principal de suas atenções. Na púgina 2. sintcti1~mos as conferências de ambos os visitantes.

Natividade consagrada aos SS. Corações "D. ANTONIO DE CAST RO MA VER" é agora nome de rua na cidudc de Natividade. no norte ílumincnsc. Esta homenagem ao Exmo. Sr. Bispo Diocesano foi prestada pelo Sr. Dcrmeval Lanncs Vieira. prefeito da cidade. por ocasião da solenidade da consagração do município ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculad o Coração de Maria. real izada no d ia 30 de maio p.p. A exemplo do que fez a municipalidade de 130111 .Jesus do ltabapoana no ano passado (cfr . .. Cl/111licismo.. n." 360. deze mbro de 1980). o prefeito de Naiivid,idc quis também colocar sua cidade oficialmente debaixo do patrocínio dos Sagrados Corações.

.. Aqui l!SttÍ to(ÍV <) M1111iCÍj1iu de Ntuivídade - leu o Sr. Dermcval na fórmula consceratória legi1ilnmnen1<~ rrprese:11ado pelo st10 l'r~(eito /1,/unicipal. p1•/o S/!11 Ptíroco. pelos se11s Verélldores. /léÍn., suas classes dirigentes e clufes de ftmlÍlin. pnrn dedarar. Senhor. qu,, nós Vos pertcncen1os e qu<• nosso desejo nwis ardente l; dl> runtl'i· buir par<i que Vossa Santo J.,1,,; seja e,u todo o Munie1íJio respeitada. amada e observad(l, de nu11u•irt1 que :wiais. Senhor. verdadeirmnente nosso Rei. "E ,·01110. segunde> U,\' de.,·1í;11ius anwhilíssilnos d<' Vossa Providência. iodas os Vossas groft1s nos ,·é111 pOI' 1Waria Snntis!iilna, nds a Ela nos entr<wantus. certos d,• 11ue S<"u

/

int•/tfrcl desvelo nuuer110 rurnarâ umo realidtule social esta nossa ('(JIISOgrt1ç,1o ". O ato contou com a 11resença de S. Excia. Rcvma . D. Antonio de Castro Mayer, cujo nome o prefeito colocou numa rua. inaugumda logo a pós a cerimônia da consagração. Esti veram presentes cooperadores da TFP, a convite do Sr. Dcrmcva l. Nas fotos, o prefeito de Natividade lê a consagração (acima) e Oagrante da inauguração da Rui, D. Antonio de Castro Mayer (ao lado).


Tradicio

1,0S

I,

"CONHEÇO os objetivos e os ideais que os Srs. defendem. é grande honra defender tais objetivos. Conheço o trabalho que os Srs. fizeram 110 passado e o papel que dese,npenl1t1ran1 na história recente

de seu país - e. creiam-n,e. nós. nos Estados Unidos. apreciamos esse paper. ' Com essas palavras referentes à Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade TFP, o conselheiro da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, Sr. James P. Lucicr. abriu s ua conferência para o público que lotava o amplo auditório da Casa de Portugal, em São Pau lo, onde falou no dia 1.• de junho último sobre: "O significado de direita e l!squerda na política do mundo ocidental". Na mesma sessão, presidida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP, usou da pa lavra inicialmente o Sr. L. Francis 8ouchcy, vice-presidente executivo do Conselho de Segurança l ntcramcri-

Numeroso público lotou o auditório da Casa de Portuqel. em São Paulo. para ouvir dois conferencistas norte-am ericanos convidado s pela TFP

.

Tradicionalistas X racionalistas

e

OM UMA RÁPIDA an{tlisc das modificações iniroduzidas na poli!ica exterior norte-americana pela administração Rcagan, o Sr. James Lucier salienta no início de sua exposição o papel do senti·mento moral e religioso nas atitudes de .uma nação. E registra a política contraditória dos Estados Unidos. que aparentemente adulam países de esquerda, como a Rússia, China, Cuba e nações do Terceiro Mundo. enquanto repreendem duramente e impõem sanções a ouiros países como Argentina: Brasil e Chile. "Não são os esquerdistas os inimigos acirrados dos Estados Unidos? Trata-se de vil covardia por parte dos líderes dos Estados Unidos ou é a política americana desenvolvida por traidores ocultos, como foi Kim Phi lby, da Inglaterra?" - indaga o conferencista. A partir dessa questão e com vistas a encontrar elementos para a resposta , o Sr. Jàmes Lucier mostra que a oposição direita- esquerda funda-se em pressupostos falsos. Na rea lidade essa oposição deveria se estabelecer entre 1radicio11alisu1s e racionalistas. Um lado é tradícionalista "porque resume e procura preservar a transmissão autêniica de

gc demais o seu racionalismo esquerdista". Depois de aduzir outros exemplos da impopula ridade do esq uerdismo, de um fado e da inau tenticidade do debate direita- esquerda. de outro. o Sr. James Lucier assi-

)

cana. Ambos vieram a São Pau lo a convite da TFP, conforme noticiamos na primeira página. "O !ienador Helms Já visitou o Brasil e vários outros paí.res da A,nérica latina. estando ele altan1e111e interes.rndo no trabalho anti111,irxista e anti-socialista que os Srs. têin realizado", assegura o Sr. Lucicr. E acrescenta: .. Não so111ente ele. No curso dos últi111os oito <uws. 111n bo,n ntímeru de novos se1u1dorel· co111por1illutm esses objetivos".' Segundo o conferencista . outros conselheiros do Senado none-americano de seu nível compreendem as metas pelas quais atua a TFP.

nalistas. defensores dos pri ncípios que deram origem à civi lização cristã ocidental, de um lado. e racionalistas, imbuídos dos princípios que levaram à Revolução Francesa e ao marx ismo, de outro. o conselheiro da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano mostra que udireita e esquerdo são vocábulos políticos, mas que descrevem a política do racionalismo". E exemplifica: "O termo capitalismo foi inventado, ou, pelo menos. definido por Marx. Os capitalistas do século XIX que Marx denunciou não eram tradicionalistas. Eram revolucionários que promoviam a Revolução Industrial". E afirma que esses capitalistas não eram d ifcrcmcs de Marx quanto a uma interpretação materialista da História. "Mesmo hoje em dia. - prossegue o Sr. James Lucicr - muitos representantes do capitalismo ocidental são essencia lmente racionalistas cm seu pensar e cm seu agir. Eles têm mais pontos em comum com capita listas de Estado como 8rejnev o u Dcng Ziao Ping do que com os operários de suas próprias

EUA

quer pessoa, mesmo um capitalista amoral. passando por várias ga mas

dos que defendem os pontos de vista religiosos e éticos tradicionai·s. "Entretanto, liberal, nos Estados Unidos, é uma palavra q ue não soa bem. exceto, é claro, parn os próprios 'liberais intra nsigentes. Co11serwulor é uma palavra que soa bem para a maioria dos norte-ame-.

ricanos, exceto para os liberais que controlam os termos do debate político". csélarccc o Sr. Lucicr.

Popularidade do conservadorismo A seguir, o conforcncista mostra como os conservadores são cm geral tratados com hostilidade, bem ou mal d isfarçada, por parte da imprensa, a qual, quando não ê abertamente esquerdista, procura promover uma terceira categoria: a dos ,noderados.

No entanto, pesquisas de opinião apresentadas pelo Sr. Lucier comprovam que forte parcela dos eleitores prefere auto-intitu lar-se conservadores. "Pesquisa da Gallup, realizada em setembro· de 1980, mostrou que 19% eram libera is, 49% centristas e 31% conservadores. O Centro Nacional de Opinião Pública fez outra pesquisa que revelou serem li berais 26%, moderados 41 % e conscrvado,·cs 34%. A revista .. 77me·· e a companhia de pesquisas Yankelovich realizaram outro teste. cm fins de agosto de 1980. que mostrou serem os liberais 13%, os moderados 41 % e os- conservadores a maioria com 441.1(,. l. Franci s Bouchey, \ ...:t:"f,

ex istem revolucionários a não ser na intelligentsia. Os racionalistas de esquerda não têm nenhuma esperança de impor um governo esquerdista, porque o povo se lcvaniaria aos milhões a fim de pô-los fora. E foi exatamente isso <1uc aconteceu em novembro de 1980, nas e leições presidencia is que derrotaram o presidente Carter, porque e le levou lon-

nala que essa dialética na rea lidade é irrelevante. O fato novo é o des-

pertar de uma polít ica anti-racionalista, que abala os pressupostos dessa dialética. Citando o dissidente russo Soljcnitsin, o conferencista conclui a1>ontando os clcmcntos essencii,is dessa política anti .. rnciona lista. se·

gundo a qual é preciso abandonar o caminho do culto ao homem e de suas necessidades materiais. e levar c m conta a herança de nossa civilização. atribuindo 11111 sentido su perior à vida.

Novo realismo norte-americano MODO de encarar o poderio soviético constitui o traço mais evidente do novo realismo norte-americano, que surge cm oposiç.ã o ao "romantismo revoluciocionário" do governo cartcr - salientou cm sua conferencia o Sr. Francis Bouchey. Assinalou ele que a política de dé1e11te ou distensão "transformou-se mais num exercício de autoengano dos políticos ocidentais do que em destreza de d iplomatas sofisticados". E o resultado concreto foi um substancial crescimento do poderio militar russo". "Em termos de custos para nossos povos é certamente mais inteligente e mais econômico evitar que o inimigo fabrique mais armas do que ajudá-lo nessa tarefa, obrigando-nos, em conseqüência, a gastar ainda mais para atingir o nível que ele alcançou com o nosso auxílio", ironizou -o conferencista, referindo-se à politica norte-americana em face da Rússia e outros países comunistas. Ac,·esccntou o vice-presidente executivo do Conselho de Segurança

O

l't

;,:~s,.. ,

vice-presidente executivo do Conse· t 1 _, ""' lho de Segurança ·~ ~ l nteramerica n &, -Í'J v. pronunciou conte• J • .;., réneía no auditório

São Miguel. do TFP. em São Paulo.

indústrias ou com seus vizinhos mais

próximos. Somos testemunhas do afã com que eles correm a fornecer aos russos e aos chineses tanto a

mostrou como ele abra nge outros campos, manifestando-se na oposição aos excessos do sistema previdenciário. que se 1cm revelado contraproducente tanto do ponto de vista social como econômico. Por outro lado, ao mesmo tempo q ue se notam no pais sinais de abandono do perm issivismo e da auto-indulgência, há uma tendência no sentido de dar maior ênfase à moralidade tradiciona l, ao principio de autoridade e à .autodisciplina. . O vice-presidente executivo do Conselho de Segurança lntcramericana explicou então as origens do movimento de opinião pública que concorreu decisiva mente para levar à vitória o candidato Reagan, nas últimas eleições presidenciais. Esse movimento começou há pelo menos 30 anos. esclareceu o Sr. Douchcy. como rcsu l!ado de uma lenta agluti nação e formação de intelect uais q ue se recusavam a pautar-se· pelas idéias relativistas e socia listas predominantes nas universidades. Nasceu então o Instituto de Estudos lmcruniversitários (IS I), que, passo a passo, foi criando condições para a formação de novos lideres cm duas gerações. Surgiram a partir dai novos organismos, c nll'c eles o Conselho de Segura nça lntera mericana . e, por ocasião da campanha eleitoral de 1980. as íorças conservadoras ou tradiciona listas podiam contar com um quadro de lideranças capai de influir nos acomecimentos.

México: objetivo russo na América Central

nossa herança cultura l em todos os seus aspectos tnmsccndentais e históricos". O outro lado "deve ser chamado de racionalista devido ao movimento do sécu lo XVIII , que nega as nossas origens transcendentais e coloca o homem e a ra,Jio humana como a única regra de um universo puramente material". "O ramo racionalista - acrescenia - é um crescimento canceroso, que procura destruir o corpo no qua l se abriga, enquanto ele se expande rapidamente, de modo exuberante". A partir dessa concepção, que eslabelccc a d ivisão entre tradicio2

tecnologia de que estes necessitam para suas fábricas, como a corda com a qual os comunistas os enforcarão".

Liberais e conservadores Mais adiante, o conferencista ana lisa a luta d ireita- esquerda nos Estados Unidos, onde o modo pelo qual se empregam os vocábulos é um pouco diferente de o utros países. Em lugar de direitistas e esquerdistas, lá se fala em conservadores e liberais. liberal pode ser qualquer pessoa, inclusive um marx ista. Um conservador também pode ser qual-

Lucicr acredita que em outros países desenvolvidos a sit uação seja semelhante. "Encontra-se cm cada lugar um pequeno grupo de pessoas educadas na tendência raciona lista e que acabam controlando o debate político. E de outro lado, encontrase também uma vasta maioria de pessoas ocupadas com a sua existência de cada dia, com suas preocupações e a legrias, e que não têm tempo pa,·a pensar cm ideologia. Quando a revolução começa, é sempre uma batalha entre a ala esquerda e a ala direita do eixo racio nalista. deixando a maioria das pessoas, que sustenta valores tradicionais, sofrer as conseqüê11cias. Não é por coincidência que as revoluções são sempre fermentadas nas un iversidades pelos fi lhos de executivos da alta classe média e de homens de negócios, enquanto o ho mem comum tem que ser enganado através do terror para que apóie a revolução".

"O povo se levantaria aos milhões" "Nos E.~tados Unidos, - co·n1inua o conferencista - quase não

lnteramericana: "Essa vantagem que

a Rússia alcançou em vários campos é evidentemente reversível. Mas a

sit uação não pode ser revertida em um dia, um ano, ou mesmo dois

anos. É por isso que os próximos cinco ou seis anos representam o que os analistas definiram como uma janela de oportunidades para o Kremlin". O conferencista foi aplaudido ao observar que "cabe aos Estados Unidos e aos demais países nãó comunistas fechar essa janela de oportunidades" . l_sso "requer algo mais do que aumentar os gastos com armamentos", prosseguiu o Sr. Bouchcy. ''Significa também que os homens de negócios e industria is do mundo livre precisam frear e impedir o fornecimento (aos comunistas) da alta tecnologia que não possuem e necessitam obter de nós para manter sua máqu ina de guerra".

Quadro de lideranças O Sr. Francis 8ouchey explicou a seguir que o novo rea lismo não se limita :\ questão de armamentos ou do expansionismo soviético. Ilustrando com exemplos concretos,

Respondendo a várias perguntas do auditório, o conferencista falou ainda sobre o papel da grande imprensa dos Estados Unidos, ident ificada. como a de todo o mundo, com a conira-cu llura. A respeito da Nicarágua. El Salvador. México, Panamá e Costa Rica , o Sr. Douchcy apresentou um pa norama realista e objetivo: "A meta comunista na América Central é, em ú ltima aná lise. o México". E explicou a seguir as razões. Em primeiro lugar. o petróleo. Em segundo, o fato de existir uma extensa fronteira entre Estados Unidos e Méx ico. altamente permeável, ao lado de uma enorme população de origem mex icana vivendo em território nonc-americano. "As medidas preventivas a esse respeito poderiam criar descontentamentos dentro dos Es1ados Unidos", afirmou o conferencista. acres-

centando: "Se houver um governo comunista no México, os Estados Unidos serão um alvo fácil para os guerrilheiros mexicanos. Sabemos que a KGB - polícia secreta soviética - executa amplas operações no México e no Canadá, com vistas a penetrar nos Estados Unidos". Ao final de s ua exposição, o Sr. Bouchcy des pertou nova reação no auditório. quando contou q ue a imprensa norte-americana infeliz.mente obteve ccr10 êxito cm pintar certas figuras esquerd istas como D. Heider Câmara, apresentando-o como um novo São Francisco de Assis... CATOLICISMO -

J unho de 1981


ÃO TENCIONO tratar hoje do socialismo in genen•. Nem provar que, cm concreto. o socialismo de Mittcrrand é o da 1ntcrnacional Socialista: matcrialis-

mo me alegraria vê-la desmentida ao final da apuração.

Plinio Corrêa de Oliveira

N

l<l e igua litário cm sua substâ ncia

.. .

Seja como for. o tema que abordei não é apenas francês. Os vegetativos. os mediocres. os pohrões de todos os centros e de tod.is as direitas do mundo parecem prontos a seguir a grande moda (o grande escânda lo) que seus congêneres fran-

fi losófica.. como também nas "refor. mas soc,o-cconom,cas que promove. Nem vou demonstrar que o sod:ilismo é. por isto mesmo. adverso ~

a tudo quanto as rosas simbolizam.

De onde, o socialismo de rosa cm punho, de Mitterrand, só se exprimir autenticamente pelo punh o. e

ceses acabam de lança r. Vejo-os que jfl se vão metamorfosca nd o. no Brasil. pc.ira ?1s grandes capitulações. Eles afrouxam. faí'cm ares despreocupados. tomam atitu-

não pela rosa. D ia vid, crn que o punho esmagará a rosa,

Meu tema é outro.

A comparação entre os resultados do 1.0 e 2." turnos da e leição presidencial francesa demonstram que H votação de centro e de direita. com que normalmente deveria contar Gisca rd, baixou de 1,04%. Ao passo que a votação que se concentrou em

Mittcrrand, no 2. 0 turno subiu de 4,96%. O que torna evidente terem votado a favor do candida to das esquerdas muitos eleitores. entretanto não socia listas nem comunistas.

Mas a defecção da direita e do centro não ficou apenas nisto. Toda a campanha eleitoral feita por uma e

país na rampa do socialismo (que eles mesmos afirmam resvaladia) rumo ao comunismo (que afirmam mortal), não fazem nada disto. Pelo contrário, correm cm direção ao socialismo, para estender-lhe a mão e colaborar com ele. Pretexto: a vitória socialista é um fato consumado. Como se hoje houvesse fatos consumados ... O socialismo vai aceitando essas mãos que se lhe estendem do centro e da direita. De outro lado. esse

samento e de ação? Do olhar da História'? Do olhar supremo de Deus'! Todas essas perguntas não concernem apenas às eleições presidenciais na França. Elas também dizem respeito i1s eleições legislativas que estão às portas. A conjunção entre os ca ndidatos do centro e da direita parece frouxa. A propaganda deles parece absohnamcnte carente de força de impacto. Tem-se a impressão de que, diante do "irreversível" da recente vitória socialista, ainda cresceu o número dos centristas e direitistas que, receosos de qua lquer lula, só aspiram hoje a vegetar. e a colaborar com o adversário. O resultado das eleições legislativas con-

••

firmará esta apreensão'? Não sei: Co-

1 (

Garboso . seguro. disciplinado. um trompoteiro do regimento doa dragões de Noaillea {acima). A marcha com·

posta por lully (músico da Corte de lufa XIV) pare 9"8 regimento foi adotado

por Mitterrand como múaiea própria do seu governo, e poderé eventualmente sor ouvida em manifestações de seus partidérioa. como esta (à esquerda), em Chàtoau-Chinon... - "Vitória da t111 ·

st1 11ncontr111em juntas", p11sssi11m de

braços sob o signo d8 n1t1diocridBde o dB indiferença".

outro, foi desinteressada. sem o e11-

1rai11, sem a force de /rappe indispensáveis para arrastar as multi-

mesmo socia lismo vive - ora mais às claras, ora menos - de mãos dadas com o comunismo. Essa faixa especifica de e leitores do centro e da direita, que a naliso. sabe que, quando dois inimigos aceitam de ser abraçados ao mesmo tempo por um rertius, implicitamente eles se reconciliam . Nesta convergência de tais centristas e de direitistas com o socialismo, há, implicito, um fato ainda mais desconcertante: é a reconciliação deles com o

culpar-se, cada grupelho, cada corpúsculo, cada laivo dentro dessa faixa, alega alguma ra1.ão1.inha: uma pequena velhacaria de quarteirão, um ressentimentozinho de clã ideológico ou econômico. algum rancorzinho sectário. Cada qua l usa, para encobrir-se, seu pequeno pretexto, seu minguado véu. Mas eles não se dão conta de que esses véus a ninguém de bom senso iludem, na França nem no mundo. Pergunto: por que se velam? Por que se escondem até de si mesmos? Imaginam esconder-se do olhar desconcertado de seus antigos companheiros de pen-

ç;ió dos Cravos çm Porh1g,tl'!

ETC.

diçõt1s qutJ outrora tqriam ..u,rado por

ximos, nem a si mesmos. Para des-

:-.cgu ra uma rosa. Sem pc1·<.·cher<.~m \fUC. quanto menos se lutar contra o :-.o<.·ialismo. tanto mais dcprc::,;sa chegará o dia crn que esse punho inimigo. repito. de todas ,1s rosas c~magar{1 ,, déhil ê grncinsa flnr. l.<.·mbra -sc o leitor da Rcvolu-

MEDIOCRATAS

diçlol Ningu6m so iluda. Ost11nsiva •firmação do indíftJrfntismo roin11ntfl. Todos os ilogismos. todas as contr11-

comun ismo. Fato tão desconcertante que. na maior parte, eles não ousam confessá-lo nem aos seus pró-

ao contrário do que sucedeu a

Don.i lnés por tempo indefinido. Tais cntrcguistas. à cspcr:.1 da clémência do vencedor. j.í sorriem para o simholo moderno do l',,rtid(l Socia lista: um punho c.:Crr'1do <.1uc

MEDÍOCRES,

.\ . •

de, de quem está posto p.irodio aqui e> episódio de Dona Inês de Castro num "engano da a/nw. ft•do <' c<'ga" (Lusíadas. canto Ili, est,i ncia CX X). Do ta 1 ..,.,,11,11w da alnw", acrescentou logo cm segu ida Camões. ··que a fortuna não dei.,·a durnr nutit<J·. Mas cSSél fumilié-1 dt alm"s ptircc<: prcssagictr que Mittcrrand lhe asscgurari1 esse benefício

OI AO CENTRO e â direita da França que dirigi as perguntas. ou melh or, as objurgatórias interrogativas de meu artigo anterior, escrito - é bom notar antes do primeiro tu,·no das eleições para o Legislativo. Porém, não tive cm mente. de modo indiscriminado. todos os integrantes dessas correntes. Os centristas e direitistas responsáveis pela catástrofe Miuerrand constituem uni.1 grande família de a lmas que. num contexto doutrinário vagamente "não-comunista" (mas que esquiva o qualificativo de anticomunisrn). aglutina quase exclusivamen te os mediocrcs. Minhas objurgatórias dirigia m-se. _pois. especificame nte aos

F

medíocres de centro e de direita , inclusive os que. não tendo embora votado cm Miuerrand , foram fracos. moles. displicentes na pugna pré-eleitoral.

~ tasse cm escandalosa coa lizão com

Distingo aqui entre mediocres e med ianos. Tem-se o direito de ser mediano, tanto quanto o de ter nascido com um estofo pessoal vigoroso. ou apenas suficiente. A mediocridade é o mal dos que. inteiramente absorvidos nas delícias da preguiça e pela exclusiva deleitação do que está ao alcance da m,io. pelo inteiro confinamento no imediato, fazem da estagnação a condição normal de suas ex istências. .\'ão o lham para trás: falta-lhes o senso histórico. Nem olham para írcn tc. ou para cima: não analisam nem prevêem. Têm preguiça de abstrair. de alinhar silogismos, de tirar concl usões. de arquitetar conjectu-

i

ras. Sua vida mental se cifra na sensação do imediato. A abastança

dões. O que do lado socialo-;;omunista não fa ltou. A todos os que se abstiveram , a todos os que foram moles. a todos os trânsfugas. cabe a minha pergunta. Como puderam proceder assim? Num dos povos mais lúcidos e civili1~1dos da Terra. esses eleitores antiesquerdistas não perceberam o desati nado de sua conduta? Prossigo . Há cerca de vi nte anos, todo centrista, todo direitista que se preu,sse. julgaria trair sua causa sufragando um candida to que fosse apresentado pelo Partido So,i cialista. Máximc se este se aprcsen-

J o Pa,·tido Comunista . Em 1981. cm muitos centristas e direitistas de di-

~

versas idades, esse sentimento de pundonor não agiu. E com uma i-' tranqüilidade . .indolente. e por vezes u " por vezes até sorridente, votaram ! cm Mitterrand. Mais uma vez per.e!. gunto: como pôde isto acontecer? u

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Por fim, uma tcrceirn pergunta, No mundo de hoje nada há de estávcl. "Definitivo" é uma palavra que parece niio corresponder a mais nada. na rea lidade concreta dos fotos. O pouco que ainda está de pé pode cair a qualquer momento. Mas há homens que, sem negar a cvidência disto, afirmam ser definitiva a conquista do terreno pelo socialismo. E por isto. cm lugar de fazercm uso das fra nquias politicas para se organizarem desde já numa oposição ordeira mas briosa , inarrcdávcl e fecunda, de modo a deter seu CATOLICISMO -

Junho de 1981

do dia. a poltrona cômoda. os chinelos e a televisão: não vai além seu pequeno parníso. Paraíso precário. que procuram

pr,itcgcr com toda espécie de seguros: de vida. de sa lldc. contra o fogo. contra acidentes etc. etc.

A campanha elei• torai da direita e do centro foi de·

sinte,essada. sem

a "garra". nern a force do frappo , indispensáveis pa, ra arrastar as mui·

tidões. O que do

E tanto mais feliz o mediocre se sente. quanto mais nota que todas '" portas que podem se abrir para a aventura. para o risco. para o esJlk ndoroso - e portanto, também. para os céus da Fé. pi,ra os largos horizontes da abstração. os imensos vúos da lógica e da arte, para a gr.tndc1.a de alma . para o heroísmo estão solidamente cerradas. Por meio do sufrágio universal. os mc-

lt

lado socialo·CO·

muniste não fal• tou.

(t'(JJ1tinua

Jl(I

ptixin(t ó)

3


Entrevista do Prof. Plínio Corrêa de C ATENTADOS EXPRIMEM ESTADO DE aurora boreal insólita, já não foi esse cast igo? Então, os fenômenos "De 1917 para cb. a impiedado a lum inosos vistos nos Estados Unio corrupção cios dos recentemente - aurora borea l costumos eras• ou não. a nature1.a científica pouco ceram onorme· impona - seriam uma espécie de monte. Do lato. a bis i11 idem. porque anunciariam Rússia espalhou seus e,ros por uma 11 1 Guerra Mundia l. quando já toda parto. As houve o casiigo da segunda. - A condições essen- rcspos1a é: por declarações que a ciais podidas por Irmã Lúcia fez posteriormente às Nossa Senhoro aparições, o cas1igo 1cria começado niio foram aten• did•s. É de se com a li Guerra Mu ndial. Mas, na tomar o castigo". concepção $leia, esta já se iniciou com o "Anschluss" (a anexação da Áusiria pela Alemanha, em 1938). O que é uma coisa que se pode sus1entar: foi, por assim di>.er, a primeira extravasão do III Rcich. Desse modo, a próxima guerra seria uma continuação da segu nda. Para entender isso, é preciso. O PROF. PLINIO CORRl,A DE OLIVEIRA concedeu à "Folha de naturalmente, familiarizar um pouco S. Paulo" a entrevista que aqui reproduzimos. a vista: a famosa "Guerra dos Cem Numa pequena introdução, o repórter Ricardo Kotscho explica que a razão que o fez solicitar a entrevista foi o interesse despertado pelo artigo Anos", na Idade Média, teve intersdo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - "Sê coerente... ·· - publicado no dia 9 tícios; não foram cem anos consecude maio p.p. por aquele matutino paulista (cír. ,.·catolicismo" n. 0 365, de tivos de guerra. Nesta perspcc1iva, maio deste ano). Quatro dias depois - precisamente no dia 13 de maio, se compreende que a III Guerra dia de Nossa Senhora de Fátima - ocorria o sacrílego atentado contra Mundial seja vista como continuação da segunda. João Paulo II. Como, em seu artigo, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira aventava "Folha" - Qual o significado justamente a hipótese de que estivéssemos no limiar do cumprimento das catástrofes anunciadas em Fátima, o espantoso do atentado de que foi dos atentados praticados contra Reavít ima o Pontífice impressionou vivamente grande número de leitores, gan e o Papa dentro deste contexto? parecendo confirmar. de algum modo, as terríveis previsões do artigo. PCO - Eu não tive isso em A mencionada introdução do repórter da "Folha de S. Paulo" apresenta, pois, um valor documental que a torna merecedora de ser vista, quando escrevi esse artigo, reproduzida aqui. Afirma o jornalista Ricardo Kotscho em sua introdução pois não me passou pela cabeça que (as afirmações sobre o caráter proféiico do artigo do Prof. Plínio Corrêa pudesse haver o atentado conira João Paulo 11. Mas acaba sendo de Oliveira correm, evidentemente, por conta do mesmo repórter): que, a posteriori, pode-se fazer uma "Tensões? Crises? É só do que se ouve falar". Assim con,eçava um pergunta. Naturalmente, tomar só o artigo do pensador católico tradicionalista Plínio Corrêa de Oliveira, atentado contra Reagan e Fátima, a presidente da TFP. publicado pela "Folha" no último dia 9 de rnaio, no aproximação dos fatos é um pouco qual fazia urna relação entre a aurora boreal vista r,os céus de Portugal e,n forçada. Mas uma vez que houve, 18, às vésperas da eclosão da 2.• Guerra Mundial. e Q n,esn,o fenómenc, depois do atentado contra Rcagan. que teria sido observado nos Estados Unidos. na noite de /2 de abril deste o atentado contra João Paulo li, ano. profetizando: "Parece que o fenómeno lumincso insá/itQ de 1981 é cabe a pergunta que o Sr. fez sobre simétrir<> con, o d,, 1938". E concluía: "Quen, avisa amigo é". o atentado a João 1>au lo li. e por "Po"''º depoi.t, ocorreria o atentado contra o Papa, no dia de Nossa conexão. sobre o a tentado contra Senhora de Fátima - exata111e11te .... em cujos revetorõesfeitas en, 19/7 Reagan. .... Piinio Corrêa de 0/iveirt, fundamentou sua tese sobre os castigos A rcsposla é a seguinte: esses advindos após o aparição da aurora boreal. Houve que,n visse nas atentados tiveram causas próximas profecias do presidente da TFP u,na interpretação apocalíptica para os especificas, que nós do público ignoatentados pratit'ados contra o pre.iidente dos Estados Unidos. Ronald Reagan. e o Papa João Paulo 2.0 - prenúncio de novas desgraças que poderian, desaguar na 3.• Guerra Mundial". A entrevista do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, publicada no dia 24 de maio p.p. pela "Folha de S. Paulo", foi compreensivelmente comprimida pelo jornalista, dentro das limitações de espaço habitualmente utilizadas pela grande Imprensa, tendo cm vista seu público específico, majoritariamente pouco afeito il reflexão. no corre-corre do dia-a-dia. "Catolicismo" se compraz, pois, em oferecer a seus leitores o texto in extenso da entrevista extraido da gravação em fita magnética - certo de que a rique>.a de pensamento e de expressão do grande líder católico brasileiro interessarão a um público mais afeiçoado a precisões e ma ti1.ações de caráter histórico e doutrinário. !'.: o seguinte o teor da entrevista: PROF. P L.INIO COR· AtA OE OLIVEIRA:

"Folho" - O Sr. poderia explicar sua tese, relacionando as revelações de Nossa Senhora cm Fátima, a aurora boreal de 38 e a li Guerra Mundial, a aurora boreal de 81 e a iminência de uma nova Guerra Mundial?

PCO - Minha teoria pa rtc das revelações feitas por Nossa Senhora

a três pastorinhos, Lúcia, Francisco

e Jacinta. no local chamado Cova da Iria, cm Fá1ima. no ano de 1917. Nossa Senhora disse então que o mundo estava cm estado de pecado gencrali1.ado muit(\ grave. O pecado é uma ofensa a Deus e atrai a cólera d Ele. Como Mãe de Deus e Mãe dos homens. Nossa Senhora se empenhava em evitar isso, rezando pelos homens. e aparecendo aos pastorinhos para pedir que o m undo se emendasse. isto é. cessasse de pecar e fizesse penitência. Os pecados eram a impiedade (ou seja. a falta de fé) e a impurc,.a. Nossa Senhora pedia, além disso. que o Papa consagrasse a Rússia ao Imaculado Coração d Ela , e in1rodu1.issc na Igreja a Comunhão reparadora nos primeiros sábados de cada mês. Na aparição do dia 13 de julho, Nossa Senhora comunicou aos pastorinhos um segredo cm trcs partes, duas das quais jâ foram reveladas. A primeira foi a visão do inferno, para onde vão as almas dos pecadores que morrem impenitentes. A segunda é um castigo que sobreviria para o mundo, se os homens não se 4

emendassem: a Rússia espalharia seus erros por toda pane, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Várias nações seriam a niquiladas. O sinal do inicio desses castigos seria uma noite iluminada por uma luz desconhecida. EmrcLanto, no mesmo segredo Nossa Senhora anuncia a conversão da Rússia e o triunfo final do seu Imaculado Coração. A terceira parte do segredo, ou simplesmente "terceiro segredo", como comumcntc se fa la, foi transmi1ido pela Jrmã Lúcia, por escrito, ao Bispo de Leiria, em 1944, e desde 1958 es1á em poder da Santa Sé. Sabe-se que João XXII ! tomou dele conhecimento, dando-o ainda a ler, sob sigilo. a algumas altas personalidades do Vaticano. Mas o seu con1eúdo é inteiramente desconhecido do público. " Folha" - Chegou-se a cogitar, na semana passada, que esse terceiro segredo falaria exatamente de um atentado contra o Papa.

PCO - Meu comentário é o seguinte. De 19 17 para cá, a impiedade e a corrupção dos costumes cresceram ·enormemente. De fato, a Rússia espalhou seus erros por toda parte. As condições essenciais pedidas por Nossa Senhora não foram atendidas. !'.: de se temer o castigo. Es1a é, pois, a teoria. Por brevidade, não tratei, em meu artigo, de uma objeção: a II Guerra Mundial, preced ida por uma

para a Mensagem de Fátima. bem pode acontecer que sejamos surprc· cndidos pelas punições previstas por Nossa Senhora. " Folha" - Segundo esse raciocínio, o atentado contra o Papa seria um a,•iso?

PCO - Até lá não chego. porq ue Deus não encarregaria um band ido de executar um crime para exprimir um aviso d Ele. Deus permite que isso aconteça, mas não ordena. não dispõe. O aicniado pode ser visto como a expressão da profundidade de um csiado de desordem. a qual, por sua vez. pode origin<ar as guerras e outras ca tástrofes previstas em Fátima. "Folha" - O que não consigo entender é como o próprio Papa seria castigado por isso. O castigo, então, atinge o próprio Papa?

PCO -

como castigo contra a pessoa do Papa. Trata-se de um fa10 que, de si, é fruto de uma desordem (a qual, por sua vez, é fruto e castigo do mal). e que a tinge vários homens. entre outros, um homem insigne, em inente, como é o Papa. "Folha" - Os atentad0$ terroristas praticados ultimamente no Brasil, especialmente o do Riocentro, também fariam parte deste q uadro?

PCO - A TFP tem evitado de se manifestar sobre assuntos de política interna. O que posso dizer é que o estado atual do Brasi l participa da agi1ação do mundo - e, como ta l, ele está integrado no conjunto de fatores que podem ocasionar uma expansão ainda maior dos erros do comunismo no mundo, bem como tensões e agitações, das mais variadas o rdens, dentro do panorama descrito por Nossa Senhora cm Fátima.

!'.: que o Sr. es1ai acei-

tando como líquido um ponto que cu não admiti na resposta que lhe dei: o de que esse castigo ten ha sido ordenado por Deus. Eu disse o contrário: esse castigo resulta de circunstf1ncias gerais que Nossa Senhora cm Fátima denunciou como más. Dessa corrupção sai, como uma bolha de dentro de um pântano, entre outras coisas, o crime contra o Papa. Ele é uma das vitimas. Assim como a humanidade é atingida em mil pontos, o Papa, que é um membro muitíssimo insigne da humanidade, também foi ati ngido. Não foi Deus que mandou o criminoso castigar o Papa. Não se trata disso. Ê como numa epidemia. Uma epidemia é um cast igo: morre durante a epidemia - vamos imaginar - o Papa. Isso não signi fica que a epidemia foi desfechada conira o Papa. Aqui 1ambém: traia-se de uma onda de crimes. Um crime desses a1ingc o Papa: não quer dizer que isto tenha sido ordenado diretamente Hitler entra em Viona, em 15 de

.

ma,ço de 1938.

,.,, para proclemar ~ oficialmente a a1nexação da Aus· nia("Anschluss'1 º DO domlnio na• i.ista. - Na noite do dia 25 para 26 de janeiro domesmo ano, um gran· de clarão íluminova os cóus da Europa. Era o sinal previsto em Fátima, que 8·

'l

. nunciava a li Guerra Mundial.

~ Embaixo:

operá•

ríos alemães de uma fábrica de dízima· 1bombas. dos durante a li Guorra M undiol.

" folha" - Qual a posição da TFP diante dos últimos acontecimentos que abalaram a vida nacional? •

PCO - A TFP é uma organ ização extrapartidária e ela só intervém na vida pública no que toca ,\ defesa dos princípios fundamentais da civilização cristã. Toma mos como critério de julga mento os Dez Mandamentos da Lei de Deus. Se confrontarmos os costumes cm vigor no Brasil cm 1917, com os que estão c m vigor hoje, veremos que se naquele tempo os Mandamentos eram transgredidos com uma amplitude e uma gravidade igua l a "x'', hoje o são na amplitude "x" multiplicada por "x". De o utro lado, o divórcio implantado no Brasil e a extensão do controle da natalidade marcam bem o disianciamento dos costumes sociais em relação aos Mandamentos. No campo sócio-econômico, a sociali,.ação, não só de metade do parque industrial, mas progressivamente de todo o pa1rimõnio privado, por meio de impostos gigantescos; a concenrração de populações, pane das quais g ravemente carente, cm centros urbanos hipertrofiados. quando nosso Pais cem abundância de terras devolu1as, que deveriam ser povoadas: os recursos quase inesgotáveis do mar, insuficientemente aproveitados para manter a populaç.io c1c., tudo isso compõe um quadro que causa preocupações profundas. O quadro é morboso, doentio. Por vários lados, o comunismo infeccio na esse gênero de d ocnças, agrava-as e nutre-se delas. Aproximamo-nos então da fase anunciada cm Fátima: o comunismo espalhará seus erros. Aí está o nexo entre uma coisa e outra.

ramos, pois não foram suficientemcn1c investigadas, ou ainda não foram publicadas. Mas o estado geral de desordem , de tensão e de descontentamento do mundo inteiro, de algum modo se refletem nesses a tentados. E esse dcscontcniamento, essa desordem podem ser vistos como efeitos da impiedade e da corrupção moral. No que diz respei10 ao atentado contra João Paulo 11, noto um nexo especial com Fátima no seguinte. - O Sr. me fc1. uma pergunta genérica sobre os dois atentados. Eu respondi genericamente. Agora trato especificamente do atentado contra o Papa. - Antes do atentado, muitas pessoas não tomavam a sério o aviso de Fá1ima, levadas pelo otimismo geral: "é improvável", "essas coisas não acontecem". "desastres assim não há" etc. Depois sobreveio o atentado, o qual traumatizou, a justo título, o mundo inteiro. São inconiáveis os que se dizem agora que nunca pensaram que as coisas fossem chegar tão longe. O atentado lhes faz ver que vivemos em dias excecionais, e que se não tivermos os ouvidos abertos CATOLICISMO -

Junho de 1981


)Jiveira

"Folha" - Gostaria que o Sr. definisse melhor a posição da TFP diante dos atentados terroristas praticados no Brasil. PCO - A TFP uruguaia publicou um livro(" Esquerdis,no na Igre-

ja. co,npanheiro de vi<,ge111 do comunismo·) muito bem pensado. que mostra como o terrorismo dos "tupamaros" foi um artifício da guerra

psicológica revolucionária - psywar cm inglês - pan, fazer caminhar no público uruguaio a aceitação do comunismo. O fundo de quadro da tese é que as guerrilhas na América do Sul também foram. cm últi-

ma an~tlise. artifícios d~1 guerra psicológica revolucionária com fim propagandístico: digamos assim. uma shon--H'<lf corno ar1ifício da ps.r· war. Cabe uma pergunta: o terrorismo não será também um artifício da shuu·-H'llr'!

"Folha" - Ocorre, Dr. Plínio, que há uma diferença fundamental entre os atentados terroristas prati· cados na época dos "tupamaros'~ no início dos anos 70, e os atuais. E

que aqueles foram todos esclarecidos, mostrando-se que se tratava de organizações de esquerda em luta armada contra os regimes militares de direita , enquanto os atuais, ao contrário, embora não esclarecidos, visam exatamente impedir a democratização. PCO - Na minha opinião pessoa l, nada disso foi demonstrado. Sou muito cético a esse respeito. porque vejo de permeio a suspeita. inteiramente infundada e tola. veiculada de cá e de lá, de que a TFP teria ligação com isso.

longo muro e, no · alto, uma caixa dágua para dar a idéia de uma torre de comando, de observação. E o muro, um longo muro sem portão; portanto misterioso. - Esse terreno, cm concreto, onde há o tal muro. tem duas de suas faces cercadas por uma tela de arame, de modo que o terreno é todo visível. O repórter fotografou o muro do outro lado e omitiu de dizer que o terreno é todo visível. Está-se vendo o artifício. De vez e m quando colocam a TFP entre as organii.açõcs que estariam promovendo esse terrorismo dito de direita. Ainda recentemente fizeram isso. A TFP não pratica e condena os que praticam o terro-

Ê totalmente falsa a acusação de que a TFP tem adestramento para a violência, armamentos, e que seria ao menos propensa ao terrorismo. Isso não tem sequer semelhança de fundamento, e tanto é assim , que um ou outro indício que se tem pretendido alegar nesse sentido, é fraudulento. Há anos que, de vez cm quando. sai essa cantilena.

"Folha" - Para finalizar, Dr. Plinio, diante desse quadro todo conturbado que existe hoje no Bra sil e no mundo, qual é o trabalho que a TFP faz para mudar isso? Qual é a saída, diante desse quadro?

Uma vez se publicou, para dar aparência de verdade, a foto de uma das nossas sedes. Aparecia um

PCO - Nossa atuação não visa fazer tudo. para mudar tudo. Nin-

rismo.

fmpre11ionante concentraçlo popular diante da Baaflica de Fátima. N oesa Senhora. em 1917. advertiu o mundo naquele local para a eventualidade

de um castigo. caao nlo se convertesse.

guém é capaz disso. Sugestões nos vêm: por que não cuidamos do problema do menor, da ação social etc.? Simplesmente porque outros o fazem. outros o devem fazer. Nós não podemos nos incumbir de tudo. Somos uma componente de um esforço geral. Não podemos arcar com ele. Nossa atuação comporta, sem dúvida, um aspecto caritativo. Nas caravanas de jovens que temos por todo o Pais. eles costumam visitar hospitais, orfanatos, favelas. levando auxílios) ora materiais, ora de caráter espiritual: Rosários, medalhas, e outras coisas assim: um bom

conselho, uma boà palavra, uma conversa com um doente. Mas qual é o nosso ponto especifico? Nós partimos da convicção de que a difusão de erros contrários /1 Doutrina Social ensinada pela Igreja prejudica a fundo toda solução que se queira dar a qualquer problema sócio-econômico. Reciprocamente. a difusão da doutrina positiva, nos seus acertos, favorece a fundo a solução. Nós temos agido no sentido de combater. no plano ideológico. esses erros e difundir essas verdades. A TFP é, portanto. uma organização essencialmente doutrincíria.

sonolência do Ocidente Manobras sovié· ticas na Alemanha Oriental. - Os ruS· sos só avançam porque encontram

um Ocidente dormitante. iludido. sem vontade de lutar.

ÓS. BRAS ILEIROS, nos acostumamos a apreciar a particular profundidade do pensamento alemão. Sempre nos chamaram a atenção as manifestações da intelectualidade dessa grande nação do Velho Mundo . Em vista disso. pareceu-me oportuno oferecer aos leitores de "Ca1alicis1110" um apanhado de duas obras que repercutem atualmente cm vastos círculos de destaque do Ocidente. Como não foram divulgadas no Brasil, seu conhecimento, embora restrito aos limites acanhados de um artigo, possibilitará melhor apreciação do panorama internacional, objeto delas. Por que dois livros num só comentário? Em primeiro lugar. porque, como foi dito há pouco, tratam de temas conexos, próprios a serem analisados numa só visão. Um deles tem como titulo "O araque - a inveslida de Moséou rurno à do111i· nação 111undial", publicado em Munique. O segundo foi editado cm Washington pelo Instituto de Relações .Internacionais e pelo Centro por urna Sociedade Livre, e se intitula : "Son,os rodos Afeganistão". Em segundo lugar, porque o aul<!>r é o mesmo. Destacado deputado federal alemão, eleito pela União Social Cristã (CSU) bávara, o Conde Hans Huyn aborda os referidos temas com finura de espirito e penetração · de análise. A característica mais not{1vel, comum às duas obras; procede da consideração ampla dos planos imperialistas de Moscou. O Conde Huyn demonstra que a Rússia tem um dcsignio constante, imutável, de domínação universal. Isso. que é conhecido pelos homens dotados de visão objetiva, adquire relevo por conter explanação rica cm dados e conhecimento seguro da matéria. Ex-<liplomata, especialista cm assuntos .internacionais, o autor traça as várias etapas do plano soviético destinado a asfixiar gradualmente o

N

CATOLICISMO -

Junho de 1981

Ocidente e, por fim, subjugá-lo. Trato agora sumariamente dessas etapas.

A grande tãtica: o debilitamento interno O comunismo tinha por primeiro e gra nde fim convencer as multidões do mundo. Nunca o conseguiu. Fracassou na pel'suasão. Como persegue incansavelmente seus pla nos de dominação universal , vieram para primeiro plano as táticas de debilitamento do adversário. T rata-se então, ao lado do fortalecimento militar do impéri o soviético, de enfraquecer psicológica e materialmente o Ocidente. Em posição de proeminência estão as gran· des manobras psicológicas e de conquista ideológica de setores-chaves dos países não-comunistas. Dentre elas convém ressaltar a infiltração e difusão das tendências comunistas nas v:irias igrejas, especialmente na Igreja Católica; o trabalho inte nso pela aceitação do espírito entreguista. ingênuo e desprevenido da détl!nte; as contínuas e extensas ati ..

vidades de desinformação para desorientar o público. E ainda se poderia acrescentar a influência nos meios de comunicação soei a I e dissemi nação em circulos da burgue.sia de idéias csq ucrd istas, tornando-os virtua lmente inaptos a reagir eficazmente contra as investidas dos estrategistas do comando soviético. Diante do adversário carcomido e desorientado. os manejos do Kremlin adquirem especial periculosidade, com ponderáveis perspectivas de vitória. E aí passamos para outro campo da luta, o político e econômico, descrito com acerto no primeiro livro mencionado acima araque - a investido de Moscou rumo à do1ni11ação ,nundial'' como fases da Ili Guerra Mundial. lncluem o domínio das rotas do petróleo, de suas regiões produtoras.

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dos países africanos ricos cm matérias-primas estratégicas. com o fito de colocar a economia do Ocidente à mercê dos russos, forçando desta forma o processo de "finlandização" da Europa e. finalmente. a circunva lação dos Estados Unidos. Ta l manobra. de dimensões cic lópicas. apresenta, contudo. uma retaguarda enfraquecida. Sobre as debilidades do comunismo. o experiente autor adu?. dados significativos.

O colosso com pés de barro A reação do povo afegão à brutal investida do poder militar soviético evidenciou as limitações da força das armas. quando estas encontram diante de si uma nação que não se rendeu no interior de sua alma. Assim descreve o Conde Huyn o ânimo afegão: "Quem co11heceu esra raça 1no1ua11hesa. amante da liberdade. altiva e brava. quer ,·01110 hóspede e111 11111 de seus refúgios 11as escarpas que fecham os altos vales de Hindu Kuch. ou nos bazares dos con1ertia111es de anuas c1n Pesho-

war. onde os armeiros copian, 1n1111ualn1e111e qualquer tipo d<' (lfllUJ. sabe que nunca se renderão volu111ari<11nen1e a um conquistador l!S· trangeiro". Porém. o perigo maior para os senhores do Kremlin parece locali 1.ar-sc não cm suas aventuras imperia listas. ma~ no instá vel interior de

seus domínios. A pujante reação de inconformidade manifestada pelas bases do operariado polonês constitui sintoma expressivo do desagr-.ido generalizad o reinante atrás da cortina de ferro, onde, significativamente, nunca se teve a coragem de realizar o que seria o ma ior golpe propagandistico do comunismo: uma eleição livre, sujeita à verificação imparcial de observadores do mundo inteiro. Entre os numerosos fatos relatados pelo autor, destaco um de especial significação para o católico

autêntico. Só na pequenina e católica Lituâ nia, há sete publicações c landestinas - samizdtu., - que são distribuídas de mão cm mão com

evidentes riscos. Reflexões Estes dois livros. pela clareza dos problemas colocados. sugerem de imediato a seus leitores uma conclusão. Se houvesse da 1>arte de pondcrâvcis setores rcspo ns,:lvcis no Ocidente atençã o seriamente posta na luta ideológica. na d isputa das a lmas. ficaria por várias décadas debilitado o plano russo de conquista mundial. Pe lo menos. Ele se torna vi:ivcl por enco ntrar diante de si um adversário dormitan te. iludid o. confundido e pouco apto /1 resistência. Tra tc1 ..se de traba lhar. já se vê. especialmente j unto àqueles que não desejam o comunismo. ma$

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se

encontram desconcertados e ahatidos face ;.\ aspereza do viver atual e das tfüic;.ts acima expostas cm poucas palavras. O comunismo perdeu a arma na qua l havia posto sua grande esperança. Fracassou cm convencer. Os povos não seguem suas idéias, vestidas com e nganosas roupagens de

"QutJm conhtJc11u tista raça montanhtJsa. •· mante da tibordade. sltiv11 o brava. f ...J ssbs qutJ nunes so rondorlo voluntsrilJmtJnt6 so conquistador Bstnngoiro·: diz o Conde Huyn a respeito dos 8• fegãos. cuja indômita oposi• ção aos soviéticos valo como lição ao mundo ocidental. E: que aqueles resisti · ram à guerra psicol6gice re, volucionéria, desenvolvida intensamente po. los russos no Ocidente. e não se deixaram anestesiar.

5

justiça social. e a cujo serviço hâ plêidades de grandes especialistas em propaganda, incontável quantidade de dinheiro e multidões de homens dedicados. Além disso, o revigorar de opiniões sadias no Ocidente influiria seguramente as populações de alémcortina de ferro, onde as pessoas de boa orientação - raciocinando na lógica dos fatos - devem sentir-se abatidas ao ver o abandono cm que as deixa o mundo ocidental. Essa prostração extinguir•sc-ia na medida cm que sentissem c,·cpitar do o utro lado da fronteira os mesmos sentime ntos de calorosa inconformidade e o mesmo desejo de pôr fim a um estados de coisas tirânico e inumano. Mas, sobretudo - razão preponderante para uma alma verdadeiramente católica - contrário aos principios do Evangelho e da Lei Natural. E, através do gelo das fronteiras. poder-se-ia estabelecer promissor arco voltaico da união dos inconformados. dispostos a combater, segundo dos principios da Lei Divina e da Lei Natura l, os ditames ímpios dos ateus do Kre mlin.

P. Ferreira e Melo


Medíocres ...

.

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,,,.

PURPURA QUE EVOCA

d iocrcs tizcram tantas leis, tantos regulamentos, instituíram tantas repartições públicas. que nenhuma fuga das almas superiores, para fora dos cubículos dessa med iocridade organizada, é possível. Sem terem a intenção de o fazer. os medíocres impõem, entretanto. às almas de largos horizontes, a ditadura da med iocridadc. Como todas as ditaduras. 1ambéo1 esta só se prolonga quando chega a monopolizar os meios de comunicação social. Cada vez mais

O SANGUE

as mcdiocracias vão penetrando nos

jornais. no magazine, no rádio e na televisão.

E se fosse só isso! O ecumenismo, com a infatigável e vã rngarclagcm de seu d iálogo, é bem a religião dos mediocratas. Uma espécie de seguro, o u de resseguro, para a vida e para a morte, mediante o qual todas as religiões são solicitadas a d izer cm coro que indiferentemente com qualquer delas. os homens podem alcançar para sua sa úde. seus negocí'nhos e sua segurança, e mesmo depois da morte. um bom convívio com Deus. Nesta perspectiva, parece <1uc a Deus é indiferente q,ue se siga qualq uer religião. Pode-se a té blasfemar contra Ele e persegui-Lo. Pode-se a té negá-Lo. Ele é indi ferente a todos os atos dos homens. Olímpicamente indiferente. Ecumenicamente indiferente. Como aliás os medíocres, por sua vez, tenham eles ou não algum Crucitixo, algum Buda

O menino segur.a a rosa. a:lmbolo do socialismo francês. Este esmagará a flor, como tambám destruirá a famllia

e deformará aa gerações futuras.

A sensualidade, atéia por essência. andava outrora de braços dados com os ma is cxaspcrad<>s desatinos do luxo. com os escândalos da prostituição, com os dramas d<> crime. Ela era vistosa. teatral. ro-

ca mbolesca. Correspondia e la ao ateísmo ulula nte e dcsbragado das massas revoluciom\rias de fins do século XVIII e do sécu lo XIX. q ue vibravam entoando a ·· Marselhesa". o "Çà-ita", ou a "/111er1wciona/", Mas esses cânticos estão fora de moda. Talvez os adotasse como símbolo de seu governo a lgum phnocrata q ue a Propaganda lev,tsse

ê't

direção do Estado. e que para fazer

ROMA - Segundo antigas crõnicas, o Apóstolo Sa nto André abençoou as colinas de Kiev e profetizou o triunfo do Cristia nismo na Ucrânia . São Clemente, terceiro Sucessor de São Pedro. foi exi lado por Trajano na Cri méia. onde morreu mártir: ele exerceu uma influência indelével sobre a Igreja ucr.1niana. Qui nhentos anos depois. o Papa Mart inho 1, também exilado. morreu martirizado junto às costas da Ucrânia, pela unidade da Igreja universa l. No n\omento em que sera,. silêncio a respeito da dura perseguiç.'ío sofrida pelos cató licos dctnis da cortina de ferro - silêncio observado até mesmo pelo Vaticano. imerso cm sua "Os1poli1ik .. - uma voz re lembra o que a li se passa com aqueles que conservam a Fé, concorrendo assim para despertar o Ocide nte adormecido cm seu conforto. seus prazeres. suas riquc1,as. Essa voz é a do Ca rdea l Josyf Slipyj. Arcebispo-mór de Lvov e Primaz da Ucrânia. q ue apresento u cm Roma um corajoso relato da Igreja ucrania na durante seus 35 a nos de perseguição. no nú mero de março deste a no da revista "Ajudll i, lgrejll qu,, .,ofr,,··. O Cardeal passou 18 de seus 89 a nos de vida cm diversos campos de co ncentração na Sibéria . nas regiões úrticas. na Ásia Central e cm Mordóvia.

permanecem unidos a Roma. País crescidos nu m Estado ateu dão agora a seus tilhos educação religiosa. Uma senh ora de 35 anos atirmou d iante de um tribunal. sem hesitação. ter feito batizar · seus quatro fi lhos e lhes ensinar o catecismo. No ano passado, a superiora de uma Congregação religiosa. c nvian-

imprensa dirigidos /, juventude até mesmo à juventude comunista o rga nizada - exorta ndo-a a não tomar parte nas ceri mônias reli-

giosas, demonstram claramente que co nsídcnível parte da população per: manecc unida à Fé católica. Acrescenta o Ca rdea l que "e.<1r1 Fé é rf,, ,ai nu1neirt1 forte que afasta ajuvcn1111/,·

Dez Bispos. 1.400 Padres. 800 freiras e dezenas de milhares de tiéis morreram pela Fé desde a bri l de 1945. quando a Igreja ucraniana teve s uas atividades proibidas pelas autoridades comunistas.

"Te,upos anwrgos se abateram sobre " Igreja Cal(i/ica ucra11illllll. N6s. fiéis desu, lgr~ia, somos obrigados a f azer balizar cfl111des1i1wme111e nossos .fi lhos. a cosar-11os, ti

O Catdeal S lipyj com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. na sede da TFP em São Paulo, onde o Purpurado foi homenageado em 1969

co,ifessar·nos e a enterrar o.t n1orros

A Revoluçlo dos Cravos em Portugal foi recebida com a mesma euforia que os meios de publicidade conferem à vitória de Mitterrand na França. Hoje. seis anos após o golpe de 26 de abril, os portugueses só guardam recordações emerges do socialismo. Liçlo que, os medfocres nlo aprenderam.

de louça ou cerâmica, ou a lgum amu leto, nos locais cm que dormem ou cm que traba lham, são olimpicamcnte indiferentes da Deus. Na atmosfera relativista dos paraísos cubiculares mcdíocráticos, Deus é - segundo o brocardo italiano - um ente ..con il q11ale o sen za il quale. il 11w,ulo va /(1/i! quafe". Nesta perspectiva ta mbém. Deus pagaria aos homens na mesma moeda. Poder-se-ia e ntão dizer que a humanidade é. pa ra Ele, o form igueiro (o u nó de víboras?) "con il quale o senzo i/ quale, lddio (o Senhor Deus) vil ,ale qual;,·. Tão freqüentes nas direitas e nos centros, nã o só da Fra nça corno do mundo inteiro, a mediocracia e o indifere ntismo religioso são corolàrios um do ou1r1>. Como. por sua vez. esse indiferentismo não é senão uma forma de ateísmo. O ateísmo dos que, mais radica is (cm certo sem ido) do que os próprios ateus convencionais, não tomam Deus a sério. Ao passo que o a teu. se tí· vcsse a evidência de que Deus existe, O odiaria ... ou, talvez. O serviria ... Mas, em todo caso. O toma ria a sério.

A esse ateísmo ecumênico e relativista corresponde uma especifica modalidade de deterioração moral. 6

demagogia esco lhesse a lgum desses câ nticos como seu prefixo musical.

Aberrações destas tigurarn na ordem d o d ia. Miuerrand. por exemplo. acaba de adota,· a música p,·ópria de seu governo. Ele não é um burguês carunchado mas um marxista "no vento". Por isso adotou a marcha composta por Lu lly para os dragões do r~símcnto do Marecha l-Duque de Noaílles. Vitória da tradição'! Ni nguém se iluda. Ostensiva atirmação do indiferentismo reinante. Todos os ilogísmos, todas as contradições que out rora teriam "urrado por se cncomrarcm jumas". passeiam de braços sob o signo da med iocridade e da indiferença. Ora, foi especialmente o governo de Giscard o paraíso de todas estas formas de medíocracia apoiada cm uma fração do eleitorado que

às escondidas. Nossos Padres so .. f rem nos asilos psiquiâ1ricos. onde são des1r11idos psiq11icame111e ... Ja· mais 110 pass11do os fiéis da Igreja de Crislo forllm perseiuidos co11w 1,11, nossos di11s... Dos meus .14 ll11os de vidll. 14 jd 1ra11scorrera111 em pri.rões, ,,,n ca,npos d<• co11cen1ração e institutos p.'<iiquiá1riros .. .

Sen,

o

tJ·

poio de 1odll a Cris1a11dade. os crimes no ,nundo t/{)s se111·De11s não 1erão fi111... S11p/i,·,1nu,.\. o no.,·sos irnuios ca1ólicos que defe11da111 a fgr,'}a C111ólic" 11cr1111i1111":·. - Esse é o brado lancinante de um jovem ticl, Josyf Tcrclia. que cm 6 de março de 1977 escrevia sobre as bordas de um tecido a Paulo VI. Citando correspondências clandestinas com a Ucrânia . o Cardeal Slipyj afirma que a Igreja Cató lica ucraniana conserva sua vitalidade na Rússia. o nde conta com pelo menos quatro milhões de liéis. que

do sa udações de Páscoa. assim se dirigiu ao Cardeal S lipyj: "Adorll111os o Sa1111:vsi1110 S11tro11,e11ru dia ,l noite... (1/g1111ws filhas Sl1 ct1sart11n". () que signítica que algumas freín1s jovens pronunciaram seus votos per-

pétuos. Em maio de 1980. quando foi encontrado na cidade de Zym na Vada o cadáver do Pc. lva ,, Kotyk. de 60 a nos, massacrado a porrctadas na fábricâ onde trabalhava. seus paroquianos ousaram sepultá-lo publicamente, canta nd o hinos religiosos. Havia tanta gente que o cortejo fúnebre estendeu-se por 600 metros ...

rência. nem entusiasmo. nem impacto. O q ue podia acon1cecr-lhcs senão perder? A lição aproveitar.\ pelo menos aos medíocres de outros países? Temo que não. Pois se há coisa que o medíocre não faz. é aproveitar a lição do vizin ho . Por definição. ele só vê perto. E só enxerga o dia de hoje. como eu acima disse.

11wu.1o· irr11ãos 1J1t11·tirizados".

Paulo 1-lenrique Chaves

({IAtOl~Cl§MO Apesar de mais de 60 anos de bazófia e propaganda atéia, o regime comunista não obteve o sucesS<> esperad o. Os contínuos apelos da

--

MENSARIO com a1>rovacio ccl~i:íslica CAMPOS ESTADO 1)0 RIO Diretor:

Paulo Corrê11 de 8rito Filho Diretoria: Av. 7 de Setembro, 247

Caixa Posrnl 333 • 28 100 C:11npo~. RJ . Admini.straçifo: Rua l)r. Martinko Prado. 27 1 • 01 22,,

São Pau•

lo. SP. COmp<>SlO i: imprcs:;,o na Artpr~~ Papéis e Art~ GrMica.s Ltda .. Rua G:)ribaldi. 404 - O11JS . São P:mlo.

sr.

"Calolids-rno" é uma public:ação mcn· sal da Editora Padre 8clchior de Pónlcs S/C.

não queria outra coisa.

Chegou. com o período pré-elcí1oral. a pugna. Os med íocres se de· fenderam à maneira deles. Mediocremente. Sem convicção, nem coe-

do i11f/11ê11cia ron1unisw e a t·ond · u Deus. So111enre que,n viveu .,, inferno ron,unisra pode (·o,npr,•,·n· ,1,.,. o pt,pel que a Igreja des,•., vofw, en1 11li11ha plÍtJ'ia co,no mestra da Fé ,. ela Morar. Aludind o ao dia cn• ,1uc Deus o levará desta vida. o P1, rpurado (com 89 anos). conclui: ·· Preu111do valernu: dl!.\'ffl oc1Hiào ..,,w talvez seja a ,i/tinw. para satisft1zer o desejo de

Casamento reli· gioso na Ucrãnia. - Apesar da per· seguição comu• nista. há um re· nascer do senti• mento religioso no pafs. onde se têm verificado

, numerosos ordenações sacerdo,

tais clandestinas. segundo relatório divulgado pelo

Cardeal Slipyjem

Assín:tlura anual: comum CrS 700.00: cooperador CrS 1,000.00: benfeitor CrS 1. 5-00.00: gt:1ndc bt:nícitor CrS 3.000.00~ $Cnlin:-irist:b e C$ludantc$ CrS 400.00. Exterior: comum USS 20,00: l>c11fci1or USS 40.00. Os 1>ag~11uc,uos. scmJ>re cm nome de Edi1orn Padre Belchior de Pontes S/C. poderão ser cncami11hados f1 Adnlinis1r:·1(!io. PMa nllld;rnça de en· dcrcço de assinanH.-s é necessário mcnc:io11:.1r rnrnbém o c1,dcrcto ~inti;o. A correspo11dCncia rcla1iva a ;:i,s.~m:1tu• ras e venda :r,•1.d:i;a deve s-cr c,wi:ida â Adrninis1racão: Ru• Dr. Màrtinito Pr:ado. 27 1 Sifo P:wlo. SP

Roma.

CATOLICISMO -

Junho de 1981


A pompa barroca de Lima PERU, nosso vizinho do Pacífic_o, apresen_ta para nós·, bras1 le1ros, um interesse especifico, não só por sua proximidade geográfica, como também pelas afinidades de espírito, dentro da família ibero-americana. A arte barroca, por sua vez, com todos seus contornos de alma e de modos de vida, foi o crisol de onde brotou o que há de mais significativo na arquitetura de ambos os países. Lima, onde residiu a Corte dos Vice-Reis durante quase três séculos, desenvolveu um estilo próprio. Outras cidades peruanas ostentam grandes monumentos religiosos, mas na capital peruana encontram-se as principais obras da arquitetura civil. Cidade onde apareceram místicos, e la também é marcada pelos tremores de terra, por vezes devastadores. Em 1684 e 1746 Lima foi destruídu e m sua melhor parte. Mas restaram alguns magníficos exemplos de arte colonial espan hola.

O

Acima: nave lateral da Igreja de São Pedro (sec. X VIII

Ao lado: o cunho senhorial ressalta na fachada do Pa· lácio dos Marquoses da Torre Tagle

.

Vejamos estes ângulos, banhados pela luz do sol, atenuada. cm certa medida, pela neblina, que, com maior ou menor intensidade, recobre

o céu limcnho a maior parte do ano, contribuindo para formar a atmosfera mística e imaginativa da legendá ria capital do Vice-Reino. O pórtico da Igreja de Santo Agostinho é frondoso e carregado, mas também vertical e altivo. 1: uma cascata imóvel de arabescos

(sec. XVIII),

em pedra, mas suas colu nas sugerem um movimento espiral cm ascensão. Todos os esmcros barrocos entram cm jogo. porém, numa sincera e ingê.n ua busca .da pompa sagrada. A suntuosa minuciosidade, lembrando prata lavrada, conjugase perfeitamente com uma alucinante e vivaz imponência.

Uma beleza imPonente resplandece no pórtico barroco da Igreja de Santo A gostinho (sec. XVIII

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O Palácio dos Marqueses de Torre Tagle é também uma ·fantasia. Em seu surpreendente pórtico, os grandes coruchéus repousam sobre massas de aparência mais pesada que as frágeis colunas principais, o que confere ao estilo uma impressão sonhadora. Em sua parte superior, véem:se duas colunas "aéreas", e termina em arabescos e coruchéus inopinados. Os balcões ·'miradores" são lugares de observação e comentário leve, como parecem sugerir as colu nctas que os coroam. Primoroso ,esforço da imaginação ordenada na conquista de novas formas "inúteis" e encantadoras: eis o que representa o conjunto. Em seu primor. falta-lhe uma certa lógica, mas sua vistosa liberdade mostra-se nobremente original e cortesmente superior.

Maiores ocasiões para imprevistos oferecem os interiores, pois aproveitam os e.spaços por onde se transita. A nave direita da Igreja de São Pedro aguarda com um altar dourado, atrás de cada um de seus arcos, à maneira de sucessivos cortinados de arabescos de ouro sobre fundo vermelho. No último, uma placa de mármore indica jazer a li o coração do Conde de Lemos, Grande de Espanha. Nos salões da mansão dos Condes de Fucntc Gon7..áles, os motivos dourados se mu ltiplicam indefinidamente por um jogo de espelhos e portas de crista l. A porta do primeiro plano conduz a outra e atrás há um espelho. Do mesmo modo. o espelho contíguo reflete uma porta que leva a outros lugares. Forma-se um verdadeiro arabesco de perspectivas e expectativas. que sugerem uma rica vida social, abu ndante cm plano~ de observação. (: preciso evocar nestes s~lões as numerosas perucas que meneiam . as sedas que roçam e os leq ues a abanar.

lia: "E/ que la sierpe mató, y con la injimut se casó" - O que matou a serpente e se casou com a infanta. Em meio à dispersão visual das salas da mansão dos Condes de Fucntc González~ muito à maneira espanhola, encontram-se móveis de madeira negra. Ao fundo da nave lateral da Igreja de São Pedro brilha a estrela que guiou os conquistadores: a Cruz. 1ncontú veis solenidades e celebrações eclesiásticas. oficiais e particulares. reali7.aram-sc nesses belos

das e dois interiores. As primeiras, de pedra, ostentam um valor perpétuo e lixo, de devoção ou de honra. Os outros dois, dourados, brincam suntuosamcnte com a alma de quem transita pelo ambiente. Dois exemplos da vida religiosa e dois da vida civil. Os primeiros se servem do luxo para elevar o espírito a considerações superiores. Os civis se utili1.~m do esplendor para realçar a vida social. Uns e outros surpreendem e atraem. Unc.. os uma artística e cerimoniosa continuidade. Nos quatro exemplos existe um esforço de magnificência e um anelo de transce ndência imaginativa. Ao lado de suas exuberantes ondulações barrocas. está presente o combate. San10 Agostinho esmaga os hereges e no pórtico do Palácio de Torre Taglc há um lema her:ildico que recorda a lcnd.i mcd ieva I da famí-

+

rnonumcntos de arte sacra e tem ..

poral. Das sacadas lançavam-se flores sobre as procissões e os salões se enchiam depois dos batizados. Quatro imagens de uma época na qual a disciplina dos valores do espíritú e o sentido das formalidades

mantinham t>em alto os fu lgores da pompa.

Cristais e espelhos multiplicam os arabescos dourados nos salões do mando dos Condes de fuente Gonm1e1 (soe. XVIII)

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Estreita harmonia vincu la essas quatro ilustrações. São duas faehaCATOLICISMO -

Junho de 1981

7

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_,~ jAto1ncxsfy110- - - - - - -- * Observações sobre a pureza e a integridade da Fé A PROPÓSITO do XVI centenário do I." Concílio de Constantinopla e o 1~50.0 aniversário do Concilio de Efcso, o Exmo. Sr. Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, enviou ao Clero e fiéis a seguinte rircular: .. Caríssimos cooperadores e amados lilhos. Quis o Papa João Paulo li destacar. com especia l solenidade. a ·passagem do X VI centenário do 1.0 Concílio de Consta ntinop la e o 1550." anivcrs{trio do Concilio ele Éfcs<>. Não é difícil encontrar r.izõcs que just iíiqucm essa solenidade especial. Os ·dois Concílios têm. no Cristianismo. suma imponãncia. porque asseguraram a pureza e intcgri~ dadc da Fé co ntra as inovações heréticas que então surgiram. No primeiro Concilio de Constantinopla, encerrado em 9 de julho de 381, a Igreja reivindicou a integridade da Fé contra os maocdonianos. assim chamados pela relação com Macedôn io. Patriarca da Cidade Imperial. Estes, seguindo as pegadas dos arianos. destruíam o dogma fundamental de toda a Revelação, a Santíssima Trindade. pois negavam a divindade da Terceira Pessoa Divina. o Espírito Santo. Por sua vez. o Concílio de Éfeso. terminado cm setembro de 43 1. defendeu essa mesma integridade d.i Fé. contra outro Patriarca de Cons-

tantinopla. Ncstbrio. e seus asseclas. Estes negavam a divindade de Jes us Cristo. e. conseqiienterncntc. a Maternidade Divina de Maria S.1ntissim,1. Nestório distinguia no Salvador duas pessoas. a pessoa divina. o Filho de Deus. e a pessoa humana. o homem Je~us Cri~to. Apenas o homem nos teria sa I vado com a morte na Cruz. 1nfcccionava. pois. o Dogma da Redenção que. no caso. seria obra de puro homem, e perderia seu caráter de reparação condigna e su-

perabundante, oferecida a Deus pelos pecados dos homens. Em decorrência desta heresia, Maria Santíssi ma deixaria de ser a Mãe de Deus. pois teria concebido. no seu seio puríssimo, apenas o homem Jesus. Sua intercessão passa ria Para a classe comum da intercessão dos Santos.

A obra dos dois Concilias O primeiro Concílio . de Constantinopla rcaíirrnou solenemente a verdade revelada do Mistério da Sa ntíssima T rindade, definindo a divi ndade do Espírito San to; e o Concilio de Éfeso ensinou. de modo categórico. definitivo. que cm Jesus

Cristo h;;', uma s6 pessoa. a Pessoa

do Filho de Deus, na qual subsisicm duas naturc1-as. reahnen1e distintas: a natur<•za divina. pela qual Jesus Cristo é verdadeiro Deus. e a natu~ reza humana. que O fat igualmente verdadeiro homem. E Maria Santíssima. declara o Co ncílio. como Mãe de Jesus Cristo to rnou-se vcrd.idciramentc Mãe de Deus. pois a relação materna termina na pessoa do filho. Mantiveram assim aqueles dois Concílios a Fé Católica. integra e sem deturpações.

A importãncia da Fé Ora, nas relações com Deus. q uc são as relações fundarnentais do homem. nada há mais importante do que a pureza e a integridade da Fé. Com efeito. pela Fé cremos. com certeza absoluta, verdades que superam nossa capacidade intelectual. somente porque Deus as revelou. Com isso. prestamos homcm,gc m ,, transcendência inefável de Deus, e reconhecemos a vassalagem que Lhe devemos por ser nosso Criador e · Soberano Sen hor. A heresia se opõe à Fé. · precisamente. porque nega

esse direito soberano de Deus. De fato. o herege reivindica para si o ju lgamento das verdades reveladas. rejeitando as que lhe parecem incom1>recnsivcis. ou contrárias a conclusões científicas. Dessa maneira. arvora-se cm juiz. do pensamento divino. Renova a rebelião de Lúcifer. que pretendia igualar-se a Deus, decidindo, por si. a verdade e o erro. Dai a importâ ncia suma de conservar a Fé. na sua pureza e integridade. Pois, como na accitaç,1o de cada uma das verdades reveladas prestamos nossa homenagem à Suma Sabedoria de Deus. assim. na rejeição de uma só delas há a recusa de nossa vassalagem a Nosso Senhor e Soberano. O mesmo se diga de uma verdade revelada. cujo conceito culposamente deturpamos. A Fé comanda toda nossa vida religiosa. A retidão do cu lto que prestamos a Deus, depende da pureza e integridade da Fé; pois Deus. Suma Verdade, não pode sat isfazerSe com um culto que desconhece sua Palavra. Também da pure'l.a e integridade da Fé depende a retidão de nossa caridade. que jamais pode praticar-se a expensas d,, Fé. São João, o Apóstolo do amor. não 1emc cm afirmar que aquele que não aceita a doutrina de Jesus Cristo. nem saud,\-lo devemos (2." Caria . 10). Eis que a Fé, pela qual cremos íirmcmcntc as verdades reveladas por Deus. é o fundamento indispcns{1vel de nossa salvação. "Se111 /.'é é i111posstvel agrtuft,r a Deus" (Heb. XI. 6).

o post-concilio: dúvidas e ambigüidades Depois do 2.° Conci lio do Vaticano, irromperam na Igreja dúvidas e ambigUidadcs. incompalivcis com a pureza e integridade da Fé. O testemunho é de Paulo V1. São

Divórçio: ''Covadonga'' pede referendum MADRID -- A Sociedade Cultural Covadonga, entidade afim à TFP, dirigiu apelo à Co11ferência Episcopal Espanhola. no sentido de que esta se pronunciasse categoricamente contra a introd ução do divórcio no pais. Ta l manifesto foi estampado no diário ·'A BC'", de Madrid, no dia 24 de maio p.p., antes ainda da aprovação da lei divorcista pelo Senado. Càvado>,ia está no momento e mpenhada numa ca mpanha pú· blica - juntamente com outras entidades, religiosas e civis - visando reéolher íirmas em prol de um abaixo-assinado, no qual se pede a realização de um refcrentlum sobre a lei. cm questão. A possibi lidade dessa votação popular é prevista no artigo 87 da Constituição hispânica e mais de 300 mil pessoas já subscreveram a petição. "É preciso que· <X111s1e nos anais da História espo11hola - diz o manifesto - q11e o sensus fidelium, represe,uado pela po.riçílo de Covadonga e d<1s diver.ias asso-

ciações que estão p/ei1eo11do a realização de um refere11d11m, não 11nc1uou com o atitude permi~·$ivisto de eclesiástirós e leigos ante o divórcio. "E é 11ecessário também que fique registrado em nossa His16ria que 111ilhares. provavel1ne11re nu··

/hões de espa11hóis a111idivorcisws se111e111-se 111orgi110/izado.< 1111 conjuntura atual".

pectiva de 111n referendum - comenta o documenlo ele Covado11-

"'º"ª

ga - "to11,·1i1ui de si 111110 pa1e,11e de q11e existe uma poder<>sa posiç,ío {tllfidivorcista arraigada e,n todo a p(,pulação". Nessas condições. bastaria que a Conferência Episcoptll Espa nhola,cm conjunto, assumisse uma posiçilo c lara e dclinidamcnte comrária ao divórcio, para que este não fosse introduzido na legislação. Covada11ga observa, entretan• • ' to, q uc, h 110s var,o, · 1tro11u11cw-

,,,e1110s que fez sobre o a.,s111110. co111 vistas a evitar ,·011fro1110 aberto rom parlnmentares, a C(mferéncin l:.'piscop"/ o//sreve-se de uma aftrmaç,1o nítido co111ra o divrirrio. 11<1 qual apel<1ss1• para a irref<>r,nobilidade do Direito Natura/". O manifesto transcreve extensamente manifestações individuais mais incisivas de diversos Prelados hispânicos, condenando o divórcio. Mas ressalta também a ausência, por parte do Episcopado tomado como um todo, de uma atitude clara, categórica cdc larga rcpc,·cussão, a esse respeito. Conclui o documento: "A So-

l'iednde C11!111ral Covado11ga, em espírito de co,,fio11ra, aguarda 911e a Hierarquia esponliola. através da Co11feré11cia /,?piscopal. ouça o brado a11g11s1ioso de suas ovelhas, que lhe i111ploram uma tomada de pq,,içãc, salvador<,, i11d/spe11sável par<, preservar o próprio hem 40· mwn da sociedade e~1Ja11h0Ja".

Posição do Episcopado espanhol

Brado de alerta

A antipatia com que os círculos divorcistas encaram a pers-

Há três anos a Sociedade Cultural Covadonga vem combatendo

as tentativas de introd ução .do divórcio na Espanha. ln ici.a ndo sua campanha cm 21 de janeiro de 1978. aos pés da Virgem do Pilar, cm Zaragozn, a associação lançou um apelo contra o divórcio às autoridades e ao público daq uela naç;io ibérica. Sócios e cooJ>Cradores de Covadonga, percorreram, a partir de então, praticamente todo o território do país, difundindo 300 mil exemplares . do manifesto. O aJ)oio que a entidade r.cccbeu cm vir1ude de tal iniciativa foi considerável. O referido apelo foi objeto de um abaixo-assinado de solidariedade, firmado 1>or mil Sacerdotes espa nhóis, que foi entregue às Cortes no d ia 18 de maio de 1978. Nesses últimos três anos, Covodonga prosseguiu cm seu esforço dcalertar a opinião pública de sua pátria, mediante publiéaçõcs e campanhas. Destaca-se, entre suas atitudes, o manifesto di~igido às Cortes e ao público espanho l, publicado no diário "A BC", de Madrid. cm 9 de novembro de 1980. sob titulo: "A luz brillm 11as ,revas (Jo. I. 4) - A ,·011/11,ção moder110 nãQ e11,•obre <1 daridade tio preceiro do Senhor: 1llío .~epare o ho111em o que Deus 1miu (Mt. /9, 6)" (cfr. "Carolicis,110'" n. • 360, deicmbro de 1980). E Covado11ga conclama cm seu último manifesto: ·'Chegou agora o momento de /a11çt1r o derradeiro brado de alerta. Que 11i11J!uém na l,spa11ha se mantenha inerte! Con, i1ne11sa tristeza con,\·-

1au1111os q11e o cáncer do div9rcio já pe111!1rou nas gloriosas terras de Fer,umdo Ili o Sa1110"'.

A

TRINDADE EM

SUA GLORIA, mi•

niatura de J ean Fouquet (sec. XV). no ..Livro ' do hou1s de É-

tienne

Chova- ·

Condé.

Chan,

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Museu

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lilly (FrançaJ. -

Os ConcUios de Constantinopla

e l:teso conde-

naram as here·

siasdo Maoedõ · nio e Ne1tório, que negavam. reapectivamen · te. a divindade do Esp(ritoSanto e a divindade do Nosso Se• nhor JNUs Cristo.

essas dllvidas e ambiguidades. afüís. jà ex istentes antes do Concilio. que deram origem a correntes de opinião que não se ajustam à Fé Católica. tradiciona l, e põem cm risco a autenticidade do culto divino e a salvação eterna das almas. Dois pontos. sobretudo. tratados no 2.° Concilio do Vaticano têm dado ensejo a posições distoantcs da verdade trad icional, revelada: a liberdade religiosa e o ecumenismo. Pontos. aliás. q ue se interpenetram. e sobre os quais a Igreja tem doutrina definida.

A liberdade relig iosa Assim. sobre a liberdade religiosa . podemos resumir cm 1rês itens o ensino oficia l do Magistério eclesiástico: a) ninguém pode ser coagido~ pela força, a abraçar a Fé Católica; b) o erro não tem direito nem à existência. nem à propaganda . nem à ação; e) este principio não .impede q ue o culto público das religiões fa lsas possa ser, cvcmualmente. tolerado pelos poderes civis. cm vista de um bem ma ior a obtcrsc. ou de um m.:il maior a cvitar•sc (cfr. Alocução de Pio XII. de 6-Xll 1953). Com o principio de bom senso. que tolera a even tual ex is1ência de religiões falsas. a doutrina da Igreja ,itcnde mesmo ,\s condições de fato de uma sociedade. religiosamente. plu ra lista. Não admite, porém. nem poderia admitir. no homem. um direito natural de seguir a religião de seu agrado, prescindindo de seu car:ítcr de verdadeira o u falsa. Aceitar semelha nte direito cm nome. por exemplo. da dignidade humana. cnv()lvc uma profunda inversão da ordem das coisas. Pois a dignidade do homem, que toda ela procede de Deus, passaria a sobrepor-se à obrigação fundamental <1uc tem esse mesmo homem com relação a Deus: a de cultuá-Lo na verdadeira Religião. Outra posição. lesiva dos di,·eitos divinos. está implícita naquele princípio: o Estado deveria ser necessariamente neutro cm matéria rc .. ligiosa . Deveria sempre dar plena li berdade de profissão e propaganda a qualquer culto. Atitude esta que contrad iz o ensino católico tradicional, urna vez que~ criatura de Deus. também a sociedade. como tal. tem o dever de cultuá-Lo na Religião verdadeira. e de não permitir que cultos falsos possam blasfemar o Santíssimo Nome do Senhor (cfr. Leão XIII , Encíclicas ··t,11111orwle Der· e .. libertas'). Não é difícil verifica r-se que este principio falsíssimo do Liberalismo corre cm meios católicos corno doutrina oficial.

O ecumenismo Intimamente relacionada com a liberdade religiosa está a questão do ecumenismo, como é ele entendido e praticado. A liberdade religiosa . que acabamos de ver, dá ao homem pleno direito de segu ir sua religião, a inda que falsa, e impõe ao Estado

dever de atender ilOS cidadãos no uso de semelhante direito. A liberdade religiosa. pois, favorece. quando não impõe. ., pluralismo reliO

gioso.

Ora, acontece que. numa sociedade. dilacerada por esse pluralismo. a identidade de origem de todos os homens. os mesmos problemas que resolver. as mesmas diíiculdadcs que enfrentar, despertam nos indivíduos o anseio de buscar uma unidade de fundo-religioso, visto que a comunhão na convicção religiosa é um meio excelente de congregar esforços. para a conquista do bem comum e do interesse público. Dai os movimentos visando c hegar à união das v,\rias religiões. mediante a aceitação de princípios comuns a lodas elas, sem ex igir a renúncia às características específicas de cada uma. que continuaria distinta das o utras.

Semelhante ecu men isn,o muitos o restringem às confissões que se dizem cristãs.

Seqüelas do ecumenismo Assim concebido. o ecu menismo tem os seguintes corolários: 1. a verdade é colocada ao lado do erro. em igualdad e de condições; 2. acciia-se. como coisa na tural e norma l, que a salvação seja possível em qualquer religião: 3. afasta-se o proselitismo, que seria um divisor e não um catali1.ador; 4. chega-se, logicamente. a aconselhar. aos 11ão católicos, a lidclidade e o afcrvoramcnto no crl'o cm que se encon· tram. não fa ltand o quem equipare religiões cristãs fa lsas à Igreja Católica. ao pensar que o Espírito Santo como da Igreja. assim daquelas coníissõcs também se serve. como meio de encaminhar seus adeptos ;\ salvação no seio de Deus. Não obstante essas conscqü~ncias. d iametralmente OJ>OStas à verdade católica. um tal ecumenismo é aceito cm meios católicos. Há mesmo tentativas de promover uma formação religiosa ecumênica, a ser ministrada. em comum, aos adeptos de várias conlissões cristãs. Sobre o ecumenismo. assim concebido. escreveu Pio XI a Enciclica ··1Horraliw11 011i1110.,· com data de <, de janeiro de 1928'. na qual o condena com energia. De o nde. uma renovação da 1grcjll. animada pelas orientações surgidas depois do Concilio. que aqui registramos, por atraente que seja. opõe-se à Fé, é inadmissível. Como antidoto a essa infiltração perigosa e subtil q ue nos distanciaria do caminho da salvação, rcalirmcmos cont inuamente nossa crença na única Igreja de Jesus Cristo. Santa, Católica e Apostólica - ··credo in u,wm. sa11cu1,n Cotholicmn e1 Apo.woliN1111 J:.,·desiam·· - fora da qual não há salvação, "extra quam m1//11s 011mi110 salvatur'" (Cone. Lat. IV). Co m bênção cordial l Antonio. Bispo de Campos Ca mpos. 1. 0 de junho de 1981".


N. 0 367 -

Julho de 1981 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XXXI

Coino El Salvador faz sua Reforina Agrária A AÇÃO do exército foi rápida. Em pouco tempo, caminhões. jipes e outros veícu los mi litares ocupavam todas as estradas e vias rurais do país. Em dois dias, o o bjetivo estava alcançado: pela coação da força e a si mples presença de um funcionário governamental, todas as propriedades rurais de tamanho superior a 485,6 hectares, num tota Ide 376 propriedades, passavam às mãos do Estado. Com exceção de algun s, que conseguiram ºnegociar.. a posse

de algum veículo ou bens pessoais.

todos os demais proprietários expropriados não puderam levar consigo senão a roupa do corpo. Não estamos descrevendo uma Reforma Agrária executada cm Cuba, na Rússia ou cm qualquer país comunista. O confisco brutal a que nos referimos foi realizado nos dias 5 e 6 de março de 1980 pelo governo de El Salvador - que certa imprensa qualifica, gratuitamente, de "direitista"... - com o apoio e a iníluência da administração Carter, através do "procõnsul" norte-americano cm San Salvador, Robert White. Essa ação rápida das forças armadas salvadorenhas contra a propriedade particular não constitui senão a primeira fase da Reforma Agrária. Na segunda etapa, será atingido um número muito mais elevado de propriedades menores. O mesmo governo que combate as guerrilhas insuíladas por Cuba e Nicarágua, executou outra reforma ao gosto dos ideólogos do Kremlin: a estati1.ação de toda a rede ban•

cária do pais ccntro·ameílcano.

O regime da Junta de El Salvador vai. assim, sob pretexto de combater o comunismo. fazendo gradat(va mcnte o qJe os con,unistas t'anam ... Na foto, armas da guerrilha aprecnd idas pelo governo. Na págma 3, o relato sobre a Reforma Agrária salvadorenha, segundo um abali,.ado estudo da Sra. Virgínia Preweu, ed itado pelo Conselho de Seg11rança lnteramericana, sed iado cm Washington.

A

V1s 1rA(:ÃO -

p;1incl de Fra Angclico (s6culo XV), Museu do Prado, cm Madrid

"... FEZ E.lf MIM grandes .:oi~as Aquele que é poderoso. e cujo nome é santo. E cuja 1niseric6rdia (se estende) de geração en, geração sobre aqueles que O remem" (Lc. 1, 49-50).

Essas foram palavras da Santissima Virgem no "Magnificai'', por ocasião da Visitação a sua prima Santa Isabel, mãe de São João Batista. A festa da Visitação, celebrada a 2 de julho, deu origem a uma das mais conhecidas instituições do mundo luso: as Irmandades da Misericórdia, cm

geral n11:ntcncdoras das Santas Casas espalhadas ainda hoje por incontáveis cidades brasileiras e outras partes do Globo. Inspirada nas palavras do cântico da Mãe de Deus, Dona Leonor, irmã do Rei D. Manuel o Venturoso, de Portuga l, fundou a primeira Irmandade da Misericórdia , rapidamente disseminada graças ao espírito católico dos fidalgos portugueses daquela época e de séculos posteriores, conforme o leitor poderá ler na matéria que publica mos a respeito, na página 2.

o'' perde insigne colaborador "CATOLICISMO" tem o pesar de comunicar a seus leitores o falecimento, ocorrido no dia 25 do corrente na capital paulista, de um dos seus mais antigos e insigncs colaboradores, o Prof. Fernando Furquim de Almeida. Iniciou este, ainda muito jovem,

Homenagem de TFP.. durante o cortejo que conduziu o esquife para o romulo

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ucatolicismo" convida seus leitores e amigos para assistirem à S anta Missa que fará rezar por alma de seu colaborador

PROF. FERNANDO FURQUIM DE ALMEIDA O ato religioso seri celebrado pelo Exmo. Sr. Bispo Diocesano, no dia 24 de agosto, às 6:30 horas, na Capela do Palácio Episcopal.

suas atividades no movimento católico, destacando-se nas Congregações Marianas, que ent ravam então na sua fase de maior expansão. Como aluno da Escola Politécnica e da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, foi dos militantes mais salientes da Ação Universitária Católica. Pouco depois começou a colaborar no hcbdomadário "Legionário", órgão oficioso da Cúria Metropolitana de São Paulo. Datam de então seus importantes estudos sobre os católicos franceses do sécu lo XIX. O Prof. Fernando Furquim de Almeida foi também membro da I.• Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo. Nessas atividades, tornou-se ele integrante do grupo de intelectuais católicos e homens e ação que, sob a presidência do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. fundaram no ano de 1960 a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP. Na primeira diretoria, ocupou ele a vice-presidência, cargo para o qual veio sendo reeleito sucessivamente e cm cujo exercício faleceu. Colaborador de "Catolicisn,o" desde sua fundação, cm 1951, o

Prof. Fernando Furquim de Almeida especializou-se em temas de História da Igreja. Suas brilhantes colaborações sobre católicos contra-revolucionários do século XIX e fases da História medieval alcançaram ampla ressonância. Sobre as mesmas temáticas, e particularmente a respeito da Reforma . beneditina de Cluny como fator preponderante do apogeu da civilização medieval, o extinto proferiu várias séries de conferências, que foram de grande importância para a formação dos sócios e cooperadores da TFP. O falecido teve a seu cargo por longo tempo a orientação dos contatos da TFP com o Exterior, tendo realizado para tal efeito múltiplas viagens de contatos pela Europa e América do Sul. Obteve por concurso, em 1951, a cátedra de Matemática na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Foi também catedrático de Matemática nas Faculdades de Filosofia de São Bento e Sedes Sapicntia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, bem como na Faculdade de Engenharia Industrial. de São Bernardo do Campo. Pertencia a várias sociedades cientificas de renome internacional. Modelar chefe de família, destacava-se pela afabilidade e distinção de seu trato, e go,.ava de merecido conceito nos círculos intelectuais e sociais de São Paulo. O corpo do Prof. Fernando Furquim de Almeida esteve exposto na

Prof. Fernando Furqulm de Almeida, vice-presidente da TFP

Sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão, n.• 341, em São Pau lo, tendo sido re,.ada Missa de corpo presente por S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos. O féretro saiu no dia 26, dom ingo, às 16 h, para o cemitério da Consolação, sendo acompanhado a pé por familiares e amigos do falecido, bem como por grande cortejo constituído de diretores, sócios e cooperadores da TFP. A beira da sepultura falou cm nome desta última o engenheiro P línio Vidigal Xavier da Silveira, membro do Conselho Naciona l da entidade.


Santas Casas obra de ,,o

Misericórdia: católicos fidalgos lusos não apena~ os moradores da vila, mas também qualquer forasteiro que ali chegasse.

E.TJ:.ºRNO. imenso e 1odopodero.ro Senhor das Miseri-

tórdias. t·ome('o. meio e fim de róda bondade. aceitando as preces e os rógos de alguns j11s1os e rementes o

Generosos testamentos

Ele. quis repartir com cooperadores parte de sua miserlcórtHa. " I:.' 11esres derrt1deiros ,lias inspirou a algun.f '1>0 11.t e fiéis ,·risuios e lhes deu nu,rd<>, força e caridlJde para formarem uma irmandade e confraria com o nomê e invocação da Santissirna Virtem ela

O testamento de Me m de Sá determinava que suas terras cm Sergipe passariam ã Misericórdia e ao Colégio dos J esu ítas, caso seus dois fühos. Francisco e Filipa, morressem sem ·deixar descendentes. Jsso realmente ocorreu, e após demorado processo que se aírastou por muitos anos, a Misericórdia recebeu sua parecia. Não havia chefe de família abastada que ao morrer não deixasse uma parcela de seus bens à Misericórdia, solicitando cm contrapartida o cuidado de seus fu nerais e, sobretudo, a celebração de Santas Missas cm sufrágio de sua

/l,fisericârdia''. Assim. à maneira de uma clave.

começa o Prólogo do "Compromisso·· da Irmandade de Nossa Senhora. Mãe de Deus, Virgem Maria da Misericórdia, cuja primeira edição foi lan"ç adr1 cm Lisboa . no ano de 1516. Tal publicação foi fei ta sob os auspícios do Rei Dom

Man0<:I. o Venturoso. e nela se basea-

ram todos os ramos da Confraria, rundados no vasto território metropolitano e ultram:trino de Portugal. A palavra "misericórdia'', na linguagem corrente de Portugal e dos territó rios ultramarinos passou então a dcsig1,ar não apenas uma virtude c ristã. mrts também essa benemérita instituição. Sua íundação teve lugar numa das capelas do claustro da Sé de Lisboa, a IS de agosto de 1498. festa da Assunção de Nossa Senhora. Naquele dia memorável ali se encontravam o Provincial da Ordem da Santíssima Trindade e Rede nção dos Cativos, Frei Miguel Contrciras: u Rainha Dona Leonor. irmã de Dom Manoel; Mestre Miguel, provavelmcnl(: médico: o livreiro Gonçalo Fernandes; e mais alguns o utros ilustres lisbocias. que constituíram o grupo fu ndador. Dona l.conor, muito dedicada à prática da caridade cristã, principalmente após haver enviuvado. íundara 15 anos antes o pioneiro hospital junto às f1guas te rinais de Caldas da Rainha. Para honrar a Virgem Santíssima . e nquanto modelo de Misericórdia, foi escolhida con,o fosta a ser celebrada com a maior so lcnidride~a Visitação d e Nossa Senhora à prima Santa Isabel. Nessa ocasião. confo rme narra o l;vangelis1a São Lucas, 3 Mãe de Deus ento ou o sublime cântico do " Magni. Jit·(l/' glorir.cando a Misericórdia di· vim1, tiuc se estende de geração cnl geração. sob,·c aqueles que O temem.

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Objetivos e funções da Confraria Tronscrevcndo o que ensinou o gran· d e Doutor da Igreja, São Tomás de Aquino, o "Comprom,:f.So" relaciona as obras de misericórdia que seriam cxcr· cidas pelos membros da Irmandade. Obras espirituais: 1. ensinar os igno· rantes; 2. dar bons conselhos; 3. punir os transgressorts com sabedoria; 4 . conso· lar os que sofrem; 5. perdoar as injúrias recebidas; 6. sofrer as faltas do próximo; 7. rezar pelos vivos e pelos mortos. Frei Miguel Contreire$. confessor da Rainhe Dona Leonor o mentor da Irmandade da Misericórdia

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alma.

Estandarte da Misericórdia da lisboa (14culo XVI)

Obras corporal~: 1. redimir O!> c..·u i.. vos e visitar os prisioneiros: 2. curar os doentcS; 3. vesti r os nus: 4. dar de comer a q uem te m íome; 5. dar de beber a quem tem sede; 6. dar abrigo aos peregrino~ e aos pobres~ 7. enterrar os mortos. No que diz respeito à admissão de membros. figuram como rtquisitos: ser temente a Deus, pa rticipar das festividades cm honra da Visirnção de Nossa Senhora. da Procissão de Quinta. f'cira Sania e do cortejo de enterro dos restos mortai.s de condenados à rnonc. Previa· se também o nllmero máxirno de 100 membros. em duas partes iguais, de nobres e de plebeus. O Provnlor, autoridade máxima, geralmente de boa posição socia l e financeira, linha a incumbência de supervi· sionar todas as atividades da Irmandade, defendendo os privilégios a ela outorga.d os, seja pelo poder civil, seja pelas leis da Igreja. O Concílio de Trento concedera inteira autonomia administrativa cm relação à Autoridade EcJe .. siástica. As tarefas mais absorventes passavam. mediante rodí>.io mensal, por toda a centena de irmãos. Divididos cm nove duplas, os c hamados Mordomos tinham a seu e ncargo tarefas especificas: levar ren1édios e alimentos aos doentes~ dar· lhes conforto espiritual: providenciai a cadá domingo a alimentação especial para os presos (sopa de carne, vinho e pão); levar esmolas ãs pessoas outrora abastadas que haviam caído na miséria - a chamada "po bre,.a envergonhada" - , cuja indicação cabia ao Vigário da respectiva paróquia~ controle das fi nanças da Irmandade; manutenção do culto sagrado~ e. finalmente, a assistência aos presos. Em visitas habituais às pris~s. os Mordomos encarregados verificavam e atendiam às necessidades de a limcrl • tação e higiene dos criminosos; interferindo também, credenciados oficialmente, no andamento do processo ju. dicíal. Anteriormente. já existiam cm Lis· boa, como aliá.s cm toda a Europa cristã, hospitais ma ntidos por Ordens religiosas. Dom Manoel procurou, para aper• feiçoá-los, colocar os hospitais sob os cuidados da Miscric<lrdia. Para isso solicitou autori,.ação da Santa Sé, a qual foi conce<Jida cm 23 de setembro de 1499, pela Bula "Cum sit cnrissinws" , do Papa Alexand re VI. Também nesse ano, através de alvará de Dom Manoel, os irmãos dessa instituição passaram a go1.ar de inteira exclusividade na coleta de donat ivos cm Lisboa, e depois em outras cidades. Para tal r.m percorriam as ruas com as caixas de esmolas e colocavam cofres c m lugares fixos, conhecidos como "cepos da Misericórdia". De tal modo expandiu-se a Confraria que. cm 1524, ao falecer Dona Leonor. nada menos que 61 cidades e vilas de Portugal já possuíam a sua Misericórdia. Destas proveio a fundação de novos ramos da Confraria, onde quer que se estabelecessem os soldados e

mercadorc.s lusos na América. África ou Oriente.

No Brasil, com as primeiras cidades Pode-se dizer que a introdução da Irmandade da Misericórdia em cada e.idade ou vila do Brasil coincidiu com

sua fundação or.eial. A Misericórdia de Santos, talvez a mais antiga de nosso Pais, por exemplo, foi cstcbelccida cm 1543 por Brás Cubas, fundado r da cidade. O ll<m-aventurado l'e. José de Anchieta tem seu nome ligado à fundação da Santa Casa de Misericórdia d o Rio de Janeiro. Ele incentivou•a vivamente, cm 1582, quando por ali passou a numerosa esquad m espanhola, comandada por Diogo Flores Valdcz, e que tra:i,ja a bordo três mil homens, mÜitos deles atingidos por grave epidemia e "necessitados de cura e agasalho 1 ' , con· forme registram as crônicas da ·época. Não é conhecida a data exata da fundação da Misericórdia da Bahia, pois todos os livros existentes em suas dcpen. dências a té 1624, foram completamente destruídos ,,cios hereges holandeses que invadiram Sa lvador naquele ano. Sabcse, ent retanto, que foi criada no período dos governos de Tomé de Souza e Mem de Sá,. isto é, depois de 1549 e antes de 1572, uma vez q ue o terceiro Governador Geral, íalcc.ido nesse ano, contemplou a Misericórdia cm seu testamento. Desde seus primórdios. anuíram ã Tesouraria da Misericórdia doações as mais diversas, em dinheiro, casas e terras, pois as obras cari1a1ivas deviam desenvolver-se sem depender de auxilio financeiro da Coroa. Em 1587 o Provedor Cristóvão de Barros visitou pessoalmente os fazen.. deiros do Recôncavo baiano, coletando ajuda para o primitivo hospital da Irmandade~ que atendia g ratuitamente,

A documencação existente nos arquivos da Misericórdia de Salvador d emonstra, além disso, o alcance de sua participação no mecanis mo de trans· missão de bens deixados cm testamentos. Por exemplo, um comerciante da capital baiana podia, ao morrer. nomear a Misericórdia como executante de seu testamento, solicitando que fizesse chegar a seus parentes cm Portugal uma parcela da herança. Nesse caso uma carta seria enviada pela Confraria à sua congênere de Lisboa. que confirmava o u não a locali1.ação dos favorecidos. encarregando-se cm seguida da eventual e ntrega. Os pedidos de celebrações de Missas periódicas foram se acumulando ao longo dos anos e dos séculos, a tal ponto que cm 1734 o Capelão da Irmandade, Pc. Francisco Martins Pereira, vendo-se na impossibilidade de atender milhares de celebrações do Santo Sacrificio. o bteve do Papa C lemente Xll a necessária comutação . O primitivo cdiOcio da Misericórdia de Salvador foi ampliado cm 1650. tal

como se encontra hoje. Ao lado da capela, situa-se o claustro junto ao qual, no andar superior, acha-se o amplo salão onde outrora reuniam-se os irmãos para a eleição da Mesa. A votação era realí,.ada anualmente, na festa da Visitação de Nossa Senhora. A escada de acesso à entrada do referido salão permite uma visão panorâmica da Baía de Todos os Santos, emoldurada por majestosos arcos de alvenaria.

Procissões e amparo aos condenados Nas paredes late rais da nave da capela observam-se grandes quadros de azulejos que r~tratan> duas procissões, as quais se realizavam a cargo da Confraria. A Procissão dos Ossos, instituída por alvará de Dom Manoel, efetuava-se no dia de Finados, durante a qual eram sepultados os restos mortais dos condenados à morte. A procissão da Quinta-Feira Santa, relembrando a prisão de Nosso Senhor Jc.sus Cristo, entregue pelo discípulo traidor, visitava , 1árias igrejas, a começar pela da Ajuda. E·m tais visitas, o Capelão entoava o cântic,o '"Se11hor Deus. misericórdla''. Precedidos pelo gra nde cstandanc da Confraria e a·o som de fago tes, os im,ãos, ladeados por Sacerdotes. conduz.iam quadros retra· tando cenas da Paixão. Escravos, cm grande número e trajados de gala, portavam grandes tochas, substitufdas de tempos cm tempos, as quais evocavam

aquelas usadas pelos soldados romanos no monte das Oliveiras. O cortejo r.cou conhecido, por isso. como a Procissão do · Fogaréu. Em 1716 foi instalado o asilo do Santíssimo Nome de Jesus. para órfãos. e dez anos depois foi introdu7.ido o sistema da ''roda ... o qual permitia a colocação nesta de recém-nascidos que fossem rejeitados pelas próprias mães. Os condenados à morte eram acom-panhados. no momento de subir à forca. pelos irmãos da Misericórdia. Indulgência plenária foi concedida pelo Papa Alexandre VIII ao condenado que, antes de ser morto, osculasse o Crucifixo apresentado pelo Capelão da Misericórdia. Além disso, um costume determinava que. na eventualidade de o enforcamento não se consumar - por exemp1ot cm caso de rompimento da corda - , o condenado fosse libertado, após ser encoberto pela bandeira da Misericórdia.

O sino que nao mais repica Ao cair da tarde,. quem se encontrar na Praça da Sé, cm Salvador, poderá contemplar a tualmente. de determinado ângulo. sugestivo quadro: o singelo e e nvelhecido campanário da Capela da Misericórdia, tendo como fundo de cena o belo céu que costuma ostentar a capital baiana. ao pôr do sol. Contudo, naquele venerável campanário - marco da piedade marial de Frei Miguel Contrciras, de Dona Leonor e de uma legião de almas abnegada.s - o sino não mais repica na hora do A11gelus, como outrora ... Por que? Abafaram-no, entre outras razões. a nefasta iníluência do natura· tismo, do agnosticismo e da impiedade daqueles que. ao lo ngo dos séculos. foram amortecendo cin Portugal e em outros países a adesão à Fé Católica. Dentre eles, um nome que alcançou triste realce cm terras lusas. foi Sebas-

tião de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Para os autênticos cat6Jicos. contudo, Nossa Senhora é verdadeiramente a Stela Matutina. que orienta os homens rumo à eterna bem..aventurança. Mas não é só. Seus fühos encontram. já nesta terra, uma forma de convívio e de amor ao próximo que os agnósticos e os lmpios jamais alcançam , e da qual a venerável Confraria de Nossa Senhora, Mãe de Deus, Virgem da Misericórdia, constitui significacivo exemplo.

Nunes Pires Obras consulladu • A... J. R. Russel~Wood, ··Ftdolgos oml Phllomhropists - 711e Somo Cosa da Miserir<Jrdia o/ /Johio. l5SO--IJ7l ", Uni-

vc:rsity of C-•lifomfa Prcss, Berkeley and Los Angeles. 196$ .. (Nota:. no Urasil essa obra secl editada cm breve pela Universidade de Brasília.). • Laima Misgravis. "A Sama Coso de

Afi$fritórdla ,Ir São Paulo, I SJ9?-l884". Edição do Conselho Estadual de Cultura, Silo Paulo. 1977. Fernando da Silva Correia, "Orig"',s e /ormorlo dos Misnicórtlias Portugu~sos". Henrique Torres Editor, Llsboa,

1944.

Ernesto de Sousa Campos, "B<md"fras ,. Em blemas das Misrricófllias", Ediç."io do Ministério da Edu~ção e Saúde, Serviço de Oocumcn1ação, Rio de Janeiro, 1948.

• "1Qmbomento ,los &:ns lmd..,Y!is ,1,, Sá.ma Caso ,tt Afiserkórdia dd /Johla". Edição da própri3 lm1and3de. Salvador. Bahia.

t862.

M:inoel Qucrino. ..A &hia de Outrora'',

Uvraria Progresso Editorn, Salvador,&· hia. 2.• edição, 1955.

CATOLICISMO -

Julho de 1981


Junta de El Salvador executa Reforma Agrária radical GOLPE MAIS OUSADO e radical élesíechado por Carter cm nome da política dos "direitos humanos" contra uma nação latino-americana verificou-se na fase final de seu governo, durante o ano de 1980. E a vítima íoi a pequena república centro-americana de EI Salvador. Tal golpe, notável por seu radicalismo e pela rapidez com que foi executado, encontra-se descrito e comentado no ensaio "Washington's lnstant S ocialism in E/ Salvador" (O socialismo instantâneo de Washington cm EI Salvador), de Virgínia Prewett, uma publicação do Council for lnter-A1nerica11 Security, Washington, 198 l. A autora é conceituada jornalista , especializada em assuntos da América Latina, os quais conhece em proíuodidade. Ao longo de vinte e cmco anos, tem ela publicado colunas cspeciali1.adas sobre assuntos latino-americanos cm importantes jornais como o "Washington Post" e o" Washington Daily News", além de escrever artigos para revistas como "Foreign Affairs Quarterly", " 11,e Reader's Digest", "Saturday Evening Post" etc. Também publicou vários .livros sobre temas referentes à América Latina. Além de viajar freqüentemente por nosso Continente, chegou a residir no México, Argentina e Brasil, onde viveu durante 3 anos como fazendeira no interior do País. Aliás, a Sra. Prewctt se interessa vivamente por assuntos ligados à propriedade rural e tem acompanhado e estudado todos os sistemas de reíorma agrária reali1.ados ou tentados cm países da América Latina. O que ela relata sobre El Salvador o faz, portanto, com proíundo conhecimento de causa.

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Ação militar contra a propriedade privada O que a obra relata como intervenção de um país grande - que se proclama campc.ã o da democracia - em outro país, pequeno, para neste promover, do modo mais drástico e violento, uma Reforma Agrária socialista e confiscatória, é simplesmente inacreditável. Foi, como diz a autora, "u,n acontecin1en10 que abalou 111110 nação, sen, precedi'nte na História do Novo Mundo". Ourante dois dias, 5 e 6 de março de 1980, caminhões, jipes e transportes militares, repletos de soldados cm uniíorme de campanha, percorreram todas as estradas e vias rurais de El Salvador, ocupando e confiscando a maioria das grandes íal'.endas que sustentavam a economia do pais. Dessa maneira, 376 propriedades rurais e empresas agrícolas, com área de 1.200 acres (485,6 ha.) ou mais, roram arrancadas de seus donos e passaram a ser administradas pelo Estado. Tudo íoi confiscado: colheitas nos campos e nos celeiros, sementes, tratores e maquinaria essencia l à lavoura mecanizada, caminhões, jipes, pequenos aviões, gasolina e peças de reposição; todo o equipamento para o plantio, colheita e processamento do caíé. Engenhos de açúcar; escolas e casas de empregados das fazendas. E, naturalmente, as casas dos proprietários com tudo o que elas continham. "Não pude .requer apanhar canas de 11,eus filhos que estavam em 111110 gaveta", disse um dos proprietários espoliados. Alguns conseguiram dos invasores a permissão para levar seus próprios automóveis. Outro negociou para manter seu pequeno avião. Mas a maioria teve mesmo que sair a pé, levando apenas a roupa do corpo. Pouco tempo depois do confisco das propriedades rurais à mão armada, os diretores de instituições financeiras particulares eram chamados por funcionários do governo para uma reunião. Enquanto lá estavam, destacamentos de soldados desenvolveram ação idêntica na ciCATOLICISMO -

Julho de 1981

dadc, cercando os bancos particulares e confiscando-os para o Estado. Com a produção agrícola e o crédito em seu poder, o governo passou a ser praticamente o único administrador da economia salvadorenha .

Quem estava por trãs da Junta Essa verdadeira façanha reali1.ada no plano das reíormas socialistas e confiscatórías íoi, n'a aparência, efetuada por ordem da Junta cívico-militar que, desde a deposição do então presidente, General carlos Romero, em outubro de 1979, vem governando o pais centro-americano com poderes discricionários. Na realidade, porém, tanto em relação à deposição de Romero quanto à rcali1.ação das reíormas socialistas, a interferência do governo Carter íoi decisiva. Os mesmos diplomatas americanos que, após tentarem inutilmente convencer Romero a renunciar, apoiaram sua deposição, íorneceram ao novo governo o plano de Reforma Agrária. A~rônomos salvadorenhos, foncionános do Estado, íoram mantidos durante três dias praticamente incomunicáveis, a fim de receber doutrinação maciça. Depois acompanharam os destacamentos mi litares que ocuparam as fazendas, para colocar logo cm prática a íórmula made in USA de socializar o campo cm EI Salvador. Essa "nova diplomacia" carteriana resolveu tomar EI Salvador como teatro de experiência de uma nova tática em matéria de política externa latino-americana. Consiste ela em implantar o socialismo em um pais para tirar a Cuba o pretexto de intervir. Ou seja, fazer o comunismo antes que os comunistas o façam ... A deíesa dos direitos humanos íoi a justificativa arranjada para essa experiência. Foi então amplamente divulgado um embuste: o poder econômico de El Salvador estava concentrado nas mãos de 14 famílias latiíundiárias que oprimiam os trabalhadores, negando-lhes condições mínimas para viver com dignidade. Portanto, segundo o raciocínio de Washington, para evitar uma intervenção de Cuba em El Salvador, e já que uma "mudança" era inevitável (por "mudança" entenda-se comunistização do país), o q ue deveria ser feito era uma redistribuição

ma dessas previsões otimistas se realizou. E tambéni como íoi patente a participação do governo norte-americano na manobra, agindo na base de mitos e embustes.

A comida não sossegou o leilo O fracasso mais evidente e protuberante em matéria de previsão íoi o de que a esquerda radical se aquietaria com as reíormas socialistas. E que haveria paz no país. Precisamente o oposto veio a suceder. Poucos dias depois do golpe reíormista, rormou-se uma frente ampla esquerdísia para combater a Junta e a intervenção norte-americana. A chamada Frente Democrática Revolucionária reuniu então sociais-democratas, socialistas, comunistas, católicos progressistas, ligas camponesas e orga nizações terroristas da esquerda radical. Ao todo, talvez, umas 250 mil pessoas preparadas para a luta violenta no país e no exterio r. A guerrilha recrudesceu e as matanças se sucederam de lado a lado. · A Junta alçada no poder e apoiada por Ca rter levou o pais a uma situação de violência jamais observada em governos anteriores. Panamenhos, cubanos e nicaragüenses vinham reíorçar as forças guerrilheiras que tentavam derrubar o regime. Cuba e Nicarágua serviam também como campos de treinamento e veiculadores de armas. Enquanto isso, a ala direitista das íorças a1·madas respondia com ações militares contra a guerrilha. Julián lgnacio Otero, que chegou a ser chefe de logística e finanças de uma organização terrorista as Forças Populares de Libertação (FPL) - declarou em entrevista à TV que a guerrilha salvadorenha recebe dinheiro para compra de armas. atravês de co ntas bancárias de jesuítas radicais de esquerda , comprometendo com o terrorismo os diretores da Universidade da América Central, instituição de ensino superior em EI Salvador, dirigida por aquela Ordem religiosa. Otero ai nda declarou que é no Comitê Político do Comando Central terrorista que a iníluência dos padres é mais forte; e que a Igreja está engajada em uma ativa campanha de agitação contra a Junta. Por isso a F PL, através do trabalho feito nas dioceses e nas paróqu ias, tem sido capaz de recrutar um grande número de ca mponeses que são enganados e empurrados para a luta armada contra o governo.

tal maneira são sujeitos a exigências nomeado pela "nova diplomac.ia" de regu lamentares para seu uso, que o Carter para embaixador naquele termo "propriedade" se transíorma pais. Porém, a missão de White não cm verdadeiro logro. Assim, durante era a de um simples embaixador, 30 anos, ou até que ele tenha pago mas sim a de verdadeiro "procônao Estado por sua terra, o "pro- su l", com a finalidade de comuprietário" não pode alugá-la ou ven- nisti?.ar o país. Bem significativas dê-la . E pode acontecer que e.la lhe são as palavras do então senador seja tirada e "vendida" a outro, caso Jacob Javits (republicano esquerdisnão satisfaça pontualmente às con- ta de Nova York, derrotado nas dições de pagamento que lhe são eleições de 1980), pro nunciadas na ditadas pelas autoridades governa- reunião da Comissão de Relações mentais. Que espécie de produção Exteriores do Senado que confirpode haver nessas pequenas "pro- mou a indicação de White: "... e,11priedades" cuja posse é tão precá- bora teoricamente o Sr. seja ,11n ria? Tudo acabará por cair sob o e111baixador mergulhado na burojugo do Estado, tanto mais que este cracia. para n6s o Sr. é 11111 projá controla o crédito, pela estati- cônsul; irá co,110 um e111baixador. zação dos bancos, e as exportações. porbn, se fizer apenas isto, os EsA economia de El Salvador de- tados Unidos não estarão be,11 serpendia exclusivamente da produção vidos. Na realidade terá que ser 11111 agrícola das grandes propriedades ativista e (irriscar sua carreira... cm regime de livre empresa. Creio que poderá contar com um Essa estrutura dava àquela na- forte apoio desta co,nissão. Neste ção auto-suficiência na produção de assunto o Sr. é um procônsul, e não alimentos e ainda abundante quan- apenas um e111baixador. U,n simples tidade de caíé para exportação. e111baixador não serve; não será Apesar de ter a maior densidade suficiente". As palavras de Javits foram endemográfica da América l.atina cerca de 500 habitantes por km2 dossadas por outro esquerdista, sua renda per capita era, proporcionalmente a essa densidade, uma das maiores do Continente. E sua produtividade agricola por km2 a mais elevada. Dados da Organii.ação das Nações Unidas, do Fundo Monetário Internacional, do Banco lntcramericano de Desenvolvimento, do Banco Mundial e da Organi1..ação dos Estados Americanos mostram que não havia excessiva concentração de rique1.as nas mãos de poucos, estando a renda rai.oavelmente distribuída por toda a popu lação. Assim, cm 1977, EI Salvador investiu em educação e saúde 32% de sua receita federal, enquanto paises considerados "democracias liberais", como Colômbia e Venezuela, investiram apenas 19,8% e 18,8%, e o semi-socialista México 18,5%. Em gastos militares EI Salvador dispcndeu apenas 6%. contra 9% da Venezuela e 17% da ColômUm guerrilheiro salvadorenho bia. Em El Salvador, 20% da população urbana e 30% da rural vivia m abaixo do que se considera como Frank Church, presidente da comisnivel de pobrc1.a, enquanto a média são, em nome de todos. White teve para a América Latina é de 43% e sua indicação confirmada por oito 41% respectivamente. Quanto aos votos a dois, e uma abstenção. índices de distribuição da renda Como é do conhecimento geral, naciona l, em El Salvador os 5% o termo procônsul, utilizado na épomais ricos retinham 24% dela e os ca do Império Romano, servia para 20% mais pobres recebiam 5. 7%, designar um governador nomeado enquanto a média para a América pela metrópole a fim de dirigir uma Latina é de 32% e 3, 7%, respec- colônia. Foi esta a função atribuída tivamente. a White pela "nova diplomacia" de Carter.

O mito das "quatorze familias"

Junta do Governo de EI Salvador, chefiada por Napoleón Duarte (o segundo da direita para a esquerda)

das riquezas, ou seja, tirar dos que têm muito para dar aos que têm pouco. E para isso nada melhor que estatizar os bancos e as grandes propriedades rurais, para serem transíormadas em cooperativas agrícolas administradas pelo governo, ou então, divididas em pequenos lotes a serem distribuídos aos colonos. Assim a opressão terminaria , as rendas seriam distribuidas e todos participariam da riqueza do pais. E a esquerda radical ficaria sem pretexto para tentar qualquer ação subversiva. E todos viveriam felizes na "paz dos pântanos" socialista. A autora mostra, com abundante documentação. como nenhu-

Outra "surpresa": a rulna da economia Outra conseqiiência do golpe reíormi.s1a íoi a deterioração da economia pela estati1.ação da produção agrícola. As cooperativas rurais criadas com o confiscô das grandes fazendas, transíormaram-se, na realidade, cm autênticas comunas estatais. E é bem sabido como é baixa a produção em terras administradas pelo governo. Por outro lado, os pequenos lotes de 17 acres "doados" ou "vendidos'' pelo Estado a pequenos fazendeiros, ou candidatos a sê-lo, de

Por esses números pode-se constatar como EI Salvador não correspondia à imagem difundida pela imprensa esquerdista, que o apontava como um país no qual pequeno número de latifundiários e capitalistas, mancomunados com o exército, exploravam o povo, procurando lucrar o máximo e pagar o mínimo aos empregados e ao tesouro nacional , impedindo qualquer tentativa de organização entre os lavradores ou operários.

O "Procftnsul" Essa visão sobre el Salvador era especialmente adotada e difundida por Robert White, o esquerdista

Para justificar o confisco, o "bode expiatório" inventado foi o mito das 14 famílias, depois ampliado pela imprensa esquerdista para 30 famílias. Porém, o número de atingidos íoi muito· superior ao daqueles que comporiam 14 o u 30 famílias. C1lcula-se que mais de cinco mil pessoas tiveram seus bens roubados pelo Estado; pois o pagamento pelo confisco íoi praticamente nulo, a não ser em bônus desvalorizados. Isso na primeira fase do plano reíormista, em que foram confiscadas propriedades de 485,6 ha. ou mais. Quando íor aplicada a segunda etapa da Reíorma Agrária , que prevê o confisco de propriedades menores, a partir de 250 acrcs, então um número ainda maior de pessoas será privado de seus bens. Como se vê, o golpe assestado não é apenas contra um número restrito de famílias "opressoras,,,

mas sim contra toda a classe de proprietários rurais e contra o próprio sistema de produção. Desse modo, a economia de El Salvador tende a um colapso, pois se destruiu a estrutura da livre empresa que a mantinha , com base no respeito à propriedade privada. Para o colapso econômico também contribuirá certamente a fuga cm massa de pessoas competentes

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(conrinua na página 6) 3


Terrorisrno internacional· dúvidas e certezas OBRE A ONDA de terrorismo que na última década invadiu vários países do Ocidente, provocando i.nstabilidade e tensão, conduzindo a opinião pública mundial a momentos dramáticos, e em alguns casos levando à derrocada governos estabelecidos, pairavam ao mesmo tempo uma dúvida cruciante e uma certeza unânime. Por um lado, cada um dos movimentos terroristas parecia autônomo e vinculado apenas a problemas locais, com lideranças próprias, doutrinas autóctones e métodos adaptados a cada país. Não havia provas que permitissem afirmar uma origem e propulsão única 11ara todos, ou mesmo para a maioria de tais movimentos. Mas havia também uma certeza moral, amplamente admitida por uma espécie de consenso universal. A de que, por trás de cada movimento terrorista e de cada ato terrorista,

S

ricano, impedidos pela administração Carter de transmitir ao governo as informações que o próprio governo lhes paga para obter, só é compreensível na hipótese de que os referidos informes entrassem cm choque com a política externa norteamericana. Ou seja, para prosseguir com a política de détente era necessário ignorar ceitas verdades. mesmo que evidentes. Como os fatos falavam em sentido contrário, tanto pior para os fatos ... Repr.esadas dessa forma nos desvãos da burocracia governamental, as informações tendiam a encontrar algum caminho de evasão. Por isso não espanta que, concomitantemente com a ascensão do novo governo norte•americano, estejam se acumulando na imprensa internacional extensos e bem fundamentados relatórios, alguns oficiais, que denunciam as vinculações do terrorismo com a Rússia. As deoún-

"A rede consiste numa 1nultidão de gn,pos terroristas, socorrendo-se uns aos outros e recebendo ajuda externa indispe11sável e não totalmente desin1eressada" (3). Da mesma forma, os autores Robert Kupperman e Darrel Trent afirmam que a "a U11ião Soviética susten1a indiretame11te os terroristas internacionais. através de um sistema complexo de intermediários" (4).

Por trãs dos p61os do terrorismo "As roízes da rede do terrorisn,o poden, ser localizadas diretamente no Congresso Tricontinental, realizado em Havano, em janeiro de /966. Naquele encontro, 1nais de 500 delegados aprovaram resoluções acentuando a necessidade de estreitar a cooperação entre os países socialistas e os ,novimentos de libertação nacionais. com o objetivo expresso de delinear uma estratégitl revolucionária ,nundiaf em oposição à do imperialismo norte-americano" (5). As atividades terroristas podem ser agrupadas, grosso modo. em duas categorias: terrorismo urbano e guerrilhas. Embora uma forma não exclua a outra e possam ambas ser conduúdas de comum acordo rumo a um objetivo determinado, cada uma aplica técnicas com características próprias. E há também divisão de tarefas mais ou menos bem delimitada, ficando o terrorismo urbano

para a OLP é de 300 por ano, principalmente nos campos científico e técnico" (8). ''Nos últi1110s anos, a KGB. direta ou indiretamente, te,n financiado ou treinado terroristas em centros menos p.ernw11e11tes foro da URSS - em Cuba, Chile. Alemanha Oriental. Tchecoslováquia, líbia, fê1nen do Sul e Coréia do Norte para atividades específicas" (9).

Em busca de alvos estratégicos "Depois do Afeganistão. é difi· cil evitar a conclusão de que Moscou te111 uma política a1iva de expandir sua esfera de influência, sernpre que possível e a qualquer custo. "O apoio da OLP possibili1a o uso soviético do Afeganistão co,no base para u1na futura exportação do terroris1110 para o mundo muçulmano. Mais cedo ou ,nais tarde. Moscou espera ver u,n canúnho aberto ru,no ao Irã ou ao Paquis1ão. pela Ásia Central. Essa rota levaria os soviéticos às fontes de petróleo e aos portos de águas quentes do Golfo Pérsico. há 11111ito tempo seu 'centro de aspirações·. co,no Stalin e Molotov explicaram a Hitler em 1940" (10). "À parte a ideologia, e mteressante notar as principais áreas en, que se sabe daren, os russos assistência ao terrorismo: Oriente Médio e norte da África (L.lbia, Argélia, a Organização de libertação da Palestina e seus componentes). África do Sul (através de Angola, Mo·

Na lrlonda do :ill''ll'lt: Norte. há anos o IRA vem espalhando o ter~ ror (à esquerda)

deveria estar uma longa ,nanus que - não era difícil concluir, e fazia parte do consenso - funcionava a partir de Moscou. Qualquer cidadão dotado de bom senso e com isenção de ânimo, a quem se perguntasse sobre o assunto, muito provavelmente responderia que o terrorismo era comandado pelo comunismo. Sem precisar de provas, que não as teria, mas concluindo com base na resposta mais adequada à clássica pergunta: a quem aproveita? Embora a fonte do terrorismo internacional fosse tão universalmente admitida, não havia um catalisador que determinasse a aglutinação desse consenso em uma ação antiterrorista que atingisse suas raízes, começando pela denúncia formal das suas vinculações. Por que não surgia essa denúncia? Estrabismo político? Indecisão? Conivência? Existem aí dúvidas e certezas de outro gênero, que caberá à História estudar.

Informantes proibidos de Informar

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Mas a imprensa internacional e os estudiosos do assunto vêm trazendo esclarecimentos que é bom conhecer desde já. Uma afirmação curiosa, que lança alguma luz sobre o tema, te-la Samuel T. Francis, especialista cm terrorismo internacional, membro do ··staff' da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, em recente artigo: "Aqueles men1bros da co,nunidade de inteligência dos Estados Unidos que tinham melhores informações [sobre a vinculação da Rússia com movimentos terroristas na América Central) teria,n seus memorandos engavetados e suas carreiras amputadas se expusessen, seus conhecirnentos aos superiores. A atitude do111inante em Washington era de que a União Soviética era bastante madura para querer co1npro111eter-se com o terroris1no internacional" (1). A esdrúxula situação dos funcionários do serviço secreto norte-ame4

cias são tantas e de tal gravidade, que parecem um verdadeiro desabafo dos serviços de inteligência. Faremos a seguir referências a algumas das mais significativas, tal como no-las apresentam fi~ras de destaque do jornalismo mternacional. Além de numerosos artigos e notícias publicados na imprensa, a alguns dos quais nos reportaremos, dois livros recentes servem de base a tais denúncias: "A Rede do Terror", d a escritora esquerdista Claire Sterling, e "Terrorismo: An1eaça,. Realidade. Resposta", de Robert Kupperman e Darrcll Trent.

Uma vasta rede Internacional Em linguagem sintética e viva, o famoso jornalista George Will põe cm evidência o entrelaçamento de movimentos terroristas dos diversos pa íses, e suas relações com o bloco comunista: "Nos anos 70, japoneses que foram treinados 110 Ubano, e municiados com armas da Tchecoslováquia entregues en1 Roma por 11111 comunista venezuelano, assassi11aram 26 pessoas (a maioria portorriquenhos em peregri11ação) no aeroporto israelense de Lod. Um almirante espanhol foi assassinado por uma o rganização terrori.rta basca, treinada em Cuba e no lê1nen do Sul por ale111ães orientais. palestinos e cubanos, que usavam explosivos con1prados de 1erroristas irla11deses, com os quais tiveram seu primeiro contato na Argélia. sob os ausplcios da KGB soviética" (2). A escritora Claire Sterling afirma q ue "há unia grande evidência de que a URSS e seus satélites fornecem o apoio necessário a terroristas cujos atos violentos têm conturbado o Ocidente na última década". E acrescenta existirem "provas 11,aciças de que a União Soviética e seus afiados estão por trás de uma rede n1undial de terror. cujo objetivo é a desestabilização da sociedade den,ocrática ociden1al. Eles fon1enta1n essa organização co,n armas. trei11a1nento e asilo político".

Aa Brigadas Vermelhea de

Itália jé fizeram numerosas víti-

mas. como esta, em Roma (à direita)

sob a orientação da OLP, enquanto os guerrilheiros são treinados e orientados por Cuba. São os dois pólos do terrorismo internacional. Sterling demonstra que "a Rússia tra11sfo rn1ou os dois 'pá/os magnéticos' do terrorismo. - Cuba e a 'resistência' palestina - e111 subsidiários completamente do1ni11ados. Ela argu111e11ta que nenhu1n dos bandos terroristas apontados e1n seu livro poderia ter trabalhado sem ajuda de Cuba ou dos palestinos, ou de ambos" (6). "Enquanto os cubanos iam, em grande nún,ero, treinar guerrilhas 110 Oriente Médio, a União Soviética organizava cursos extensivos sobre guerrilhas para os palestinos, na URSS. Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria e Bulgária. Ern /977, mais de 50 destes cursos eram n1inistrados no bloco soviético, sendo que 40 deles dentro da própria URSS. e envolvia111 milhares de guerrilheiros. Além disso. todas as formações de guerrilha pa festi11as. totalizando 16 mil homens. são hoje equipadas com ar1110s t,lo bloco soviético. O que se está tornando n,ais evidente agora é o quanto estas Ligações entre grupos terroristas tê111 sido forjadas propositadamente e continuam a ser ,nantidas pela União Sovié1ica, Cuba e os palestinos" (7). O lider palestino Mohammed lbrahim al-Shaier d isse que "centenas tle oficiais superiores palestinos formaram-se em academias 111ilitares soviéticas". E informou também que "2.000 palestinos estão estudando nas escolas soviéticas, e que o nún,ero de bolsas de estudo reservadas

çambique e Zâmbia) e agora. a América Central. Tais regiões são notáveis por duas razões: "Primeiro, cada uma delas situase próxima a uma 'rota marftima' ou ·ponto de choque· de valor estratégico i111enso - o Golfo Pérsico e o Estreito de Gibraltar, 110 caso do Oriente Médio e norte da África, o Cabo da Boa Esperança na África do Sul, e o Canal do Panamá e os portos do sul do Golfo do México, na região do Caribe. . "Segundo, cada umo dessas áreas está associada con, recursos naturais de importâ11cia vital para os Es1ados Unidos e outras 'econo,nias capitalistas avançadas·. bem como para o desenvolvimento econômico do terceiro 1111111do" (1 1). "No centro dos conflitos soviéticos, no Oriente Médio e Sul ,la África, Irava-se a luta pelo acesso aos críticos recursos de 111atériasprimas, como petróleo. gás natural, e 1ninerais raros co,no crorno e cobalto ( 12). É sintomática a afirmação de George Will: "Os alvos [terroristas] nunca incfufram u111 regime sob patroclnio soviético" (13).

"Seria muita tolice acreditar que un, grupo pequeno e dedicado não possa construir uma bo,nba atô1nica de p ouca potência, com rendimento entre alg11111as centenas de toneladas e um quifoton" ( 14). O senador Alan Cranston, da Ca lifórnia, observou em conferência pronunciada cm San Francisco que "acredi1a que grupos con10 a Organização de libertação da Pales1i11a, as Brigadas Vermelhas da Itália, ou os grupos Baader-Meinhoff da Afe1nanha Ocidental poderia1n obter u1na bomba atô111ica, desde que tivesse111 a ajuda de outra nação. E advertiu que a possibilidade existe, pois o líder radical da Ubia, Kadafi, anunciou a oferta per111a11ente de um bilhão de dólares por uma ar,na nuclear. no ,nercodo negro" (15).

Um depoimento insuspeito Os textos que vimos citando falam por si mesmos, e julgamos desnecessário acrescentar-lhes comentários. Para concluir, mencionaremos um depoimento insuspeito, porque emitido pelo próprio Leonid Brcjnev. Para se compreender o sentido profundo e real desse depoimento, no entanto, é necessário ter-se em vista que "a assistência soviética ao terrorismo - que os 111arxistas cha1nan, 'n1ovírnenros nacionais de fi. bertação' - é u1na parte integrante da estratégia de guerra política de Moscou. Na ideologio 1narxistafe11i11ista, o terceiro inunda é a 'colônia econômica' dos países capitalistas avançados. A 'libertação' deve provir. 110 ponto de vista soviético. de uma co111bi11ação de 'luta arn1ada' (isto é. terrorismo e guerra de guerrilhas) e ação política disciplinada, tanto 110 colônia quan10 110 Estado imperiafisto" (16). Respondendo às denúncias de envolvimento no terrorismo internacional, feitas contra a Rússia pelo governo norte-americano, Brejnev afirmou, durante a visita de Kadafi a Moscou (é sumamente significativo que, para negar a participação de seu pais no terrorismo, ele tenha escolhido como interlocutor um dos expoentes desse mesmo terrorismo), que "os imperialistas não tê,11 consideração pelas aspirações dos povos e ne111 pelas leis da História. Os dirigentes norte-americanos qualificam de terroris,no a luta por essas aspirações"... (17) Como é fácil compreender, diante dos princípios de estratégia comunista acima mencionados, a negação ex pressa pelo secretário-geral do PCUS significa mais propria mente uma confirmação. Depois que o expresidente Carter chegou à "brilhante" conclusão de que Brejnev mentiu a propósito do Afeganistão, é muito natural concluirmos nós que também a mencionada negação elimina dúvidas e conduz à certeza ...

Gilberto Miranda Rc-rerências (1) SanlUe1 T. Francis, Sc"iet SupJ>Ofl o/ 1"errorísm. '"Ncw York Times". 8/ 3/ 81. (2) George Will, f.:.rposing lhe Soviets os the J.fasterminds o/ Wôrld Turori.m,,

"NcW$da ··• 19/ 318 1. (3) Candis Ó..inninghain. O opoio indisptn· sáv,I ,i ..,~tie do terror·· em atividade 110 Oâdtnre, '-0 Estado de S. Paulo'\ 1914/ 8 1. (4) Curtos Wilkie, K//lcr Fk,s: U. S. M1,s1 Pri•pare for 1~rrorism. Study Say.1• ..S,. Loui.s Post-Dispatch", 8/ 3/81. (5) Ca ndis Cunningbsm. art. cil.

(6) Gcor~c Will, art. cii. (7) Cand1s Cunningham. art. cit. (8) PLO Soys ··11tmdrcds" Were Troined by Sovi<1, "Ncw York 'limes", 18/ 2/81. (9) Ray S. Clinc, O lerrôrismo soviético no mundo. .. Midstrcam Maga1jnc", opud

A bomba atllmlca em mãos terroristas

( 10) Ray S. Cline. ar1. cil.

Aflora, por fim, a grande preocupação atual dos serviços de inteligência do mundo ocidental: a possibilidade de os movimentos terroristas terem acesso ao uso de armas atômicas. Bastam as duas referências abaixo para se compreender que a hipótese não pode ser descartada.

( 11) Sarnuel T. Francis. :'lrt. cit, ( 12) Ray S. Cline, art. cit. (13) George Will, an. eit, ( 14) Curtis Wilkie. an. cit. (15) Larry Licbcrt. Sen. Cro11st01r Worns of Terroris1s with A•/Jombs. "'San Francisco Examincr.., 3/ 2/81. (16) Samue1 T. Francis, arl. ci1. (17) Ao receber Kodoji, Bre:lmt,, rtspomlt acrlSn(õe.t dos EUA , "O Estado de S. Paulo", 28/ 4/ 81.

"0 Estado de S. Paulo·, 19/ 4/ 81.

CATOLICISMO -

Ju lho de 1981


Tito, após a destruição do T

''Foi Deus Quem o fez'' ''OH!

EXCLAMOU o Divino Mestre às portas de Jerusalém no Domingo de Ramos. Se ao menos neste dia. que te é dado. tu conhecesses ainda Aquele que te pode trazer a paz! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque virão para ti dias e,n que os 1e11s inirnigos te cercarão de trincheiras, e 1e .sitiarão, e te apertarão por todos os lados; e te derribarão por terra a ,; e aos teus filhos. que estão dentro de ti. E não deixarão e,n ti p edra sobre pedra: porq11e não conheceste o tempo da t11a visita" (Lc. 19, 41 a 44). Não houve pormenor dessa predição divina que não se tivesse cumprido em toda sua extensão. Vários dos profetas do Antigo Testamento, ao proclamarem os castigos que se abateriam sobre a Cidade Santa ao longo dos séculos, apresentavam uma pré-figura do que seria sua destruição final pelas hostes de Ttto. Citaremos alguns trechos. Assim se exprime o profeta Soronias ao anunciar os castigos que cairiam sobre a Cidade de David por causa de sua idolatria: "Esquadrinharei Jerusalén1 com lanternas. e castigarei os /roniens que, n,ergulhados e,n s11a borra, dizem nos seus corações: O Senhor não faz bem ne,n mal". E, mais adiante, acrescenta: "Eu atribularei os homens .... e o seu sangue será derra,nado co,110 o p6 e suas entra11/ras co,no o lixo. Nem sua prata, 11en1 seu ouro poderão salvá-los no dia da c6lera do Senhor" (Soph., I, 12, 17-18).

Por sua vez, Jeremias, após a devastação de Jerusalém pelos caldeus, lamenta-se à vista das ruí.nas da cidade deserta: "O Senhor destruiu, sen1 nada poupar, tudo o que havia de belo em Jac6. E. em seu furor, arruinou as fortificações da filha de Judá. Úlnçou-as por terra: e conspurcou o reino e seus príncipes" (Lm .., 2, 2).

A situação da Judêla antes do ano 70 No ano 37 de nossa era, subindo Caligula ao trono imperial de Roma, para premiar Herodes Agrippa, seu companheiro de infância e ardoroso partidário, por sua fidelidade, íê-lo rei da Judéia, submetida aos romanos. Agrippa, que reinou de 37 a 44, construiu vános ediflcios em Jerusalém, rortificando e ampliando suas muralhas. Quando morreu, apesar da simpatia do novo imperador Cláudio, seu filho não chegou a governar senão minúscula parcela do reino, pois os romanos, temendo a fortificação da Cidade Santa, passaram quase toda a Judéia e Samaria para a jurisdição do procônsul da Síria. Jerusalém começou então a ser governada por procuradores romanos. Isso fez co1,1 que a antiga inimizade entre judeus e romanos se tornasse cada vez mais acirrada. Os procuradores romanos em Jerusalém roram, em geral, despóticos e cruéis. Quando Gesius Florus tomou posse em 64, excedeu a todos os seus antecessores em dure1,a, injustiça e avareza. Aproveitando uma sedição popular., foz matar 10 mil judeus. Tal fato serviu de estopim para a revolta geral. A guarnição romana da cidade teve que se render, sendo traçoeiramente apunhalada. Facções tomaram o poder na Palestina, dilacerando-se mutuamente em guerras intestinas. Nessa ocasião, o imperador Nero enviou o hábil general Vespasiano para pôr fim às desordens na Judéia. Depois de tomar toda a Galiléia e acercarse de Jerusalém, Vespasiano retirou-se, chamado por seus partidários, que, depois de algumas vitórias, o aclamaram imperador. Seu filho Ttto, também general de valor, roi encarregado de reconCATOLICISMO -

quistar a Cidade de David para o Império, no ano 70. Os historiadores baseiam-se principalmente em três autores para narrar a destruição de Jerusalém. O primeiro é Flávio Josero, j4~eu, testemunha ocular dos acontecimentos, que acompanhou Tito na qualidade de intérprete. O segundo é o célebre Tácito (Cornelius Tacitus), nascido na Úmbria no ano 54 e muito fidedigno em suas narrações. Por fim, Suetônio, nascido no ano 70, tribuno militar, depois advogado e secretário do imperador Adriano, que escreveu a vida dos doze Césares. São portanto esses autores, contemporâneos dos acontecimentos, credenciados para tal narrativa. Seguindo também autores modernos, basear -nos-emos nessas três rontes para o que se segue.

Sinais do Cêu O Messias apresentara como caracterização da época em que se cumpririam os castigos por Ele anunciados o aparecimento de sinais no céu. Eis que corria em sua normalidade a vida em Jerusalém no ano 65 quando, logo após a fosta da Páscoa, às 3:30 h da madrugada, uma grande claridade, circundando o Templo, nele penetrou, iluminando-o por meia hora como se fora dia. Numa outra noite, a grande porta do ediricio sagrado, que dificilmente 20 homens conseguiam mover, escancarou-se por si mesma. E, na tarde do dia 2 1 de maio desse mesmo ano, foram vistos no ar numerosos esquadrões-fantasmas em ordem de batalha, girando em tornQ da cidade. É presumível que prenunciassem as legiões romanas que mais tarde sitiariam Jerusalém . Dias depois, penetrando os sacerdotes no Santuário, à noite, ouviram grande ruído, com o aparecimento de vultos que se dirigiam para a salda do Templo, bradando: "Saiamos daqui, que este lugar não é mais nosso". Intérpretes supõem que eram os Anjos custódios daquele lugar que se afastavam. Finalmente, durante um ano inteiro, os hierosolimitanos puderam contemplar no ar um cometa em forma de espada incandescente, com a ponta voltada para sua cidade deicida. 1 Segundo Tácito, os judeus não viam nesses sinais presságios de acontecimentos íu nestos, mas julgavam serem, de acordo com antigos livros dos sacerdotes, indícios de que da Judéia sairiam naquela época os mestres do mundo. Tanto Tácito quanto Suetônio, romanos e pagãos, como também o judeu Flávio Josero, aplicam tais profecias a Vespasiano, que saiu da campanha na Judéia para ser imperador (apud Rohrbacher, "Histoire Universelle de/' Église Ca1holique", Gaume Fre-

A

CONQUISTA OE

JEAUSALE.M -

telo

de Nicolas Poussin (século XVII). Museu de História da Arte do

Viana

res, Libraires, Paris, 1843, tomo IV,

p. 456).

O cerco dos romanos Na época da invasão romana, a desordem era completa cm Jerusalém. Três facções rivais, êmulas entre si em toda sorte de crimes e abominações, dominavam a cidade. A descrição de Flávio Josefo parece repetir .o que escrevera Salomão, quase mil anos antes: ''T11do es1d nu,na confusão completa. sangue, homicídio-, furto, f raude. corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio, perseguição dos bons. esquecin1en10 de Deus. co11ta111inação das almas. perversão dos sexos. instabilidade das uniões. adultérios e ilnpudicícias" (Sab. 14, 25-26). O próprio Joscfo afirma que, mesmo que os romanos não tivessem tomado a cidade, esta certamente seria destruída por algum terremoto, submergida por um dilúvio, ou abrasada por rogo do céu como as cidades malditas, porque não era possível que Deus suportasse por mais tempo com impunidade tantos crimes e sacrilégios. Ttto procurou por todos os meios evitar o derramamento inútil de sangue. E vinha com di retrizes de reconquistar pacifica mente, se possível, aquela porção do Império. Mas os judeus roram tão irredutíveis, utilizaram tanto a fraude e a traição, que ele roi obrigado a ser implacável. Para mostrar até onde iria sua repressão à revolta, mandou crucificar todos os prisioneiros judeus diante dos muros da cidade. Flávio Josero narra que foram tantas as vítimas, que chegaram a faltar espaço para as cruzes e cruzes para os corpos; "Jam spatiwn crucibus deerat. e1 corporibus cruces" (cfr. Con. Joaquim Pinto de Campos, "Jerusalém", Jmprensa Nacional, Lisboa, 1874, p. 252). Como é tremenda a justiça de Deus! Quantos desses infelizes ou de seus pais possivelmente não teriam gritado, na Sexta-Feira Santa, "Tira-O. lira-O. crucifica-O! - Não temos outro rei, senão César" (J o.

Do Templo de Jerusalém nlo ficou pedra sobre pedra. conforma prediuera No1so Senhor. O atual ºmuro de lamentaçloº é apenas parte de uma muralfia inferior, ,obre a qual se erguia a face ocidental do Templo.

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Julho de 1981

19, 15)? Agora, por ordem do César

reinante sofriam eles o castigo que, trinta e sete anos antes haviam pedido para o Filho de Deus! Os Judeus, porém, longe de se atemonzarem, tornaram-se ma1s obstinados. Para poupar ainda a cidade da destruição, Tito íez abrir um valo cm torno de Jerusalém, o que roi executado em apenas três dias! E tinha 7,2 km de extensão (cfr. Flávio Josefo, apud J. B. Weiss, "Historia Universal", Tipografia La Educación, Barcelona, 1927, vol. III, p. 828). "Virá um 1e111po em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e te porão em grande aperto", dissera o Sen hor ... (cfr. Lc. 19, 43)

tes às tropas imperiais, prec,p,taraJll-Se sobre os judeus que vinham rerugiar-se no campo romano, abrindo-lhes o abdômen à procura do ouro. Em um só dia mais de dois mil judeus pereceram assim miseravelmente, testemunha Flávio Josefo.

As chamas consomem o Templo

Quando os romanos conseguiram penetrar na cidade, os sitiados refugiaram-se no Templo, continuando a combater. Tito teria recomendado - segundo Josefo - · muito insistentemente a seus soldados que poupassem o Templo. Embora Tácito, segundo Weiss, afirme que Tito julgava seu dever Quadros de horror destruí-lo, para suprimir maís comA rome e a desordem na Cidade pletamente a religião dos judeus e a Santa nos dias subseqüentes roram dos cristãos, pois a segunda tinha os indescritíveis. Segundo Flávio Jose- mesmos autores que a primeira. Arro ("His16ria dos Hebreus", trad. do rancada a raiz, mais facilmente perePe. Vicente Pedroso, Editora das ceriam os ramos (cfr. Bunscn. "Dios Américas, São Pau lo, Livro V, cap. en la Historia", apud Weiss, "His32), "afon,e. quese,npre aumentava. toria Universal", t. Ili, p. 829). devorava fan1ílias inteiras. As casas Apesar da recomendação, um solestavam cheias de cadáveres de mu- dado - "i111pelido por um movilheres e de crianças. e as ruas. de mento sobrenatural", observa Flácorpos de anciãos. Os moços, in- vio Josefo - subindo aos ombros de chados e ca,nbaleando p elas ruas. um companheiro, atirou uma tocha mais parecian, espectros do que ardente através da janela dourada, seres vivos e o menor obstáculo os em uma das salas contiguas ao fazia cair". E, pior ainda, bandos de Templo. Era o dia 5 de agosto de 70. O rogo propagou-se rapidamente celerados, "n10is cruéis que a niesma f on1e e que os animais f erozes. por todas as dependências do edientravan1 naquelas casas, que era,n íicio, no momento preciso cm que os mais sepulcro que lares, despoja- sacerdotes se preparavam para ofevam os mortos, tiravam-lhes até as recer o último sacriflcio da Antiga· vestes. e, acrescentando a zombaria Aliança e já entoavam cânticos rúa tão espantosa desumanidade, f e- nebres ou murmuravam maldições riam com golpes os que ainda respi- contra Tito (cfr. Wciss, op. cit., ravarn para experilnentar se as suas tomo Ili, p. 830). O general romano - afirma Rohrbacher, seespadas ainda tinham guine". Várias vezes Tito ordenou a Flá- guindo o parecer de Josero - fez tudo para que seus soldados auxivio Josero que subisse às muralhas e liassem a apagar as chamas. "Ele concitasse seu povo a depor as ameaçava, dava ordens aos armas. Os judeus respondiam com gritava, brados e aos e,npurrões, para que injúrias. apagassem o fogo. Os soldados. O general romano, certo dia, ao esquecendo-se das leis da disciplina ver os rossos que rodeavam as mura- que se,npre observaram rigorosalhas repletos de cadáveres já em mente antes, e 1ão-s6 atentos à putrefação, não pôde conter as lá- pilhage,n e ao ,nassacre. nem atengrimas e, levantando os braços ao d;a,n a seus gritos. ne,n respeitavarn céu, tomou a Deus por testemunha suas ordens, ne,n se inquietava,n de que não era o responsável por co111 suas ameaças" (Rohrbachcr, tantas desgraças (cfr. Con Joaquim op. cit., t. IV, p. 469). Weiss afirma Pinto de Campos, op. cit., p. 254). q ue T ito desejou então ver o inte·O episódio mais tenebroso que rior do Templo, o nde não podia ocorreu em meio de tantas desgra- entrar ninguém, exceto o Sumo Saças, teve como protagonista uma cerdote. Mas roi repelido pela íujudia chamada Maria, riquíssima, maça intensa que o obrigou a reiroque tinha vindo a Jerusalém para as ceder. restividadcs. Tendo sido despojada Do ediíicio sagrado não sobrou. de tudo que possuía, até do indis- conrorme predissera Nosso Senhor, pensável, no desespero, matou seu pedra sobre pedra. "No dia 8 de fi lho de colo, assou-o, comeu parte Gordiaeos (2 de setembro de 70) do corpo e guardou o resto para diz o historiador desta guerra - o mais tarde. Quando os bandos de sol amanheceu sobre as fumegantes degenerados, atraídos pelo odor de ruínas de Jerusalé111, cidade invejátão nefando festim, penetraram na vel se tivesse visto <lesde sua funcasa, ela lhes ofereceu os restos de dação tantos dias felizes quantos viu seu filhinho. Os próprios facínoras; miseráveis durante este sítio''. Abischeios de horror, rugiram, narrando mado ua contemplação de sua grano sucedido a tQda cidade (cfr. Flá- deza e rortale1,a, exclamou Ttto: vio Josefo, op. cit., Livro Vl, cap. 31). "!~·to não podian, fazer ,ninhas leAos que conseguiam evadir-se giões e máquinas de guerra;foi Deus para o acampamento romano não Quen1 o f ez. Que,n precipitou os estava reservada melhor sorte. Ten- judeus deste baluarte" (Stade, "Hisdo um dos soldados romanos visto toria dei Pueblo de Israel", t. li, p. que alguns judeus engoliam seu ouro 611, apud Wciss, op. cit., p. 831). antes de rugir, espalhou a notícia. Os soldados ãrabes e sírios, pertencenPlínio Solimeo 5


Diálogo cristão-marxista: pouco cristão, muito marxista M PAISES de alta expressão cultural e de longa tradição no trato dos problemas ideológicos, têm especial importância as questões atinentes ao choque ou à convergência dos grandes sistemas de pensamento. Grandes quer pelo valor da elaboração doutrinária, quer pela importância que adquiriram na determinação dos destinos humanos. Uma dessas nações é a Alemanha. · Na atualidade, como se sabe, as duas maiores correntes de pensamento a orientar com dinamismo a vida dos homens são o cristianismo e o marxismo. E o chamado diálogo cristão-marxista ocupa, por isso mesmo, lugar de destaque na vida intelectual alemã. Discorrerei brevemente sobre tal d iálogo comentando passagens de um artigo-orientação de Robert Steigerwald, membro diretivo do PC alemão. A importância deste estudo é realçada por sua publicação no órgão oficial do movimento comunista internacional sujeito a Moscou, a "World Marxist Review", de maio de 1979. Embora o artigo verse especialmente sobre a: Alemanha, as táticas empregadas e o proveito que dele esperam tirar os comunistas certamente têm validade universal, pelo menos em suas linhas-mestras. O que significa serem muito atuais também para o Brasil onde, sob várias formas. aplicam-se manobras táticas favorecedoras dos desígnios do Kremlin.

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Reconquista'' inaugura sede em Lisboa Ronaldo Baccelli nosso correspondente

LISBOA - Foi oficialmente inaugurada em Lisboa a nova sede do Centro Cultural Reconquista, entidade autônoma e co-irmã das TFPs existentes nas Américas e Europa. A fim de dar maior ressonância ao ato, Reconquista - à semelhança do que já fizera em 1972 - lançou um manifesto dirigido aos jovens portugueses. É o seguinte o texto do documento: «Nesta hora em que tantos oihos se voltam para a juventude, esperando dela o enunciado de rumos para o futuro, é de suma importância que se forme uma visão objetiva da mesma. É um lamentável equivoco considerar os jovens como um more 1>1agnum marcusiano que tende a impor ao mundo as maiores aberrações. É preciso, também, que não se pense que a juventude de hoje é, quando não adepta da filosofia de Marcuse ou de Levy-Strauss, indiferente aos problemas do espírito, obcecada apenas pela conquista de um diploma profissional. Para que essas falsas imagens não perdurem é necessário que se levantem vozes de dentro da própria mocidade para demonstrar a existência ·em Portugal de inúmeros jovens desejosos de autêntico progresso, q ue seja um desdobramento harmônico da tradição e t)ão uma brutal rejeição desta. '' Nesse sentido, apelamos para uma verdadeira mobilii,ação dos espíritos sãos, capazes de conjurar as graves ameaças do presente e forjar assim um Portugal sempre mais cristão e fiel a si mesmo, sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima. NEia encontraremos força, intrepide-1. e coragem para con-

duzir a luta ao seu vitorioso termo, profetizado na conclusão da sua sublime Mensagem: "Por fin,. o meu Imaculado Coração triunfará!"

ii~: • ,(>(',..

Os autores do manifosto esclarecem, cm seguida. os objetivos de Reconquista: "A associação estimula, auxilia e difunde, sem fins de lucro, trabalhos de caráter filosófico, histórico, social e econômico, relativos aos problemas nacionais e à procura das respectivas soluções, segundo os preceitos do Direito Natural, entendidos cm conformidade çom os princípios da ortodoxia católica e o imutável Magistério da Igreja. "Reconquista é uma associação civica e não religiosa. Os seus membros, no entanto, são católicos, apostólicos, romanos. E em conseqüência católica é a inspiração que eles pretendem dar a todos os empreendimentos que a entidade levará a cabo para o bem do país. "Portugal tem uma história grandiosa, marcada por feitos heróicos que despertaram a admiração até entre os seus adversários. "Infelizmente não falta quem deseje impedir um futuro ainda mais glorioso para a nação; quem deseje apagar a chama sagrada da civilii.ação cristã que os nossos antepassados nos legaram. [ ... ] "Jovem português, a luta ésagrada e pede heroísmo! Apresentamos-te saudações cordiais e pedimos-te que, no âmbito da tua influência e das tuas relações, não poupes esforços para defender os sagrados princípios pelos quais lutaram, morreram e venceram os "barões assinalados" que cobriram de glória o nome de Portugal!"

Diâlogo sem condições Kolner, um dos membros da Sociedade São Paulo, dedicada especialmente ao diálogo cristão-marxista, havia afirmado que uma preliminar para a ação conjunta de marxistas e cristãos seria a garantia da existência do cristianismo sob governos socialistas. É compreensível - embora ingênua - a proposta. Como as referidas ações coo.Juntas sempre favorecem a implantação do socialismo, que se garanta a um dos sócios a possibilidade de existir caso o outro triunfe, é o menor dos pedidos. Contudo, o dirigente marxista Steigerwald opta pela negativa. A luta ideológica cm prol do ateismo será intensa sob qualquer regime comunista. O que se pode garantir é a liberdade de consciência e de religião. Segundo ele, como a já existente nos países da Euro pa Oriental... Mas Steigerwald distingue dois tipos de ação conjunta e, neste ponto, o tema adquire atualidade para observadores lúcidos: o diálogo ideológico entre intelectuais dos dois lados e a luta conjunta para obter fins comuns.

Se houvesse uma só frente de cooperação, as imensas dificuldades doutrinárias atrapalhariam o combate ao que a sociedade ocidental tem de especificamente contrário ao comunismo. Os hábeis táticos do comunismo propõem então a divisão da colaboração para que todo o potencial utilizável não seja prejudicado pelos freios das dificuldades doutrinárias. Eis o que diz Steigerwald: "Temos consciência dos for1>1idáveis obstáculos 110 caminho da ação co11j11111a e111re crentes e ,narxisras quando as discussões são tratadas er,1 questões irrelevantes para a prática e que são apenas de interesse re6rico. A ação conju111a de marxistas e crentes já produziu em alguns ca,11pos 1>1ais resultados que tais discussões. A ação conj11111a é a luta sócio-econôrnica da classe trabalhadora, a lura pela participação na direção e contra um maior pisoteamento da democracia".

As discussões entre intelectuais dos dois lados

O membro da direção do PC alemão nota que os marxistas acompanham com atenção as diferenças ideológicas entre os cristãos. Obvia- Esperança na Amêrica Latina mente, em plano mundial, a atenção maior volta-se para a Igreja Cató· Steigerwald considera conservalica, quer pelo número de seus adep- dor o Clero da Alemanha , mas tos, quer pelá unidade propiciada manifesta esperanças acentuadas por sua estrutura e doutrina. E as quanto ao de outra região do munsimpatias do articuUsta orientam-se. do: "Há diferenças crescentes entre obviamente, para as correntes pro- aqueles que desejam 11,110 "renovagressistas, tendentes a entrar em ção" da Igreja e as forças conacordo com o comunismo. Chega servadoras. Os primeiros têrn apoio mesmo cJe a lamentar o fechamento sobretudo na América Latina". de uma publicação dialogante: "Na Contrista o fato de um destacado Ale1>1anha. a cresce111e atividade dos representante do comunismo interoponentes da détentc e de reacio- nacional julgar viável a utilização da nários está rendo um efeito negativo influência católica para a conseno desenvolvi1>1ento de tendências cução de seus fins. Mas é inegável ideológicas e políticas positivas en- que a visão igualitária da sociedade tre os crentes. Em relação ao diálogo · e o ódio rancoroso mesmo em relatambétn sucede o mesmo. Desta ção a desigualdades proporcionais e for1>1a, o lntcmationale Oialog-Zeit- legitimas, vão transformando, lenta schrift, que era publicado pelo teó- mas, infelizmente, com resultado, logo Herbert Forgrimler, foi dura- ponderável número de católicos esmente atacado e aniquilado". palhados por todo o mundo em Entretanto, para Steigerwald, o massa de manobra dos ateus do que mais importa é isolar tais dis- Kremlin. cussões, deixá-las desenvolverasc em A importância do artigo "Alguns redomas e colocar o acento tônico na cooperação prática. Como já aspectos do diálogo cristão-marxisafirmou Paul Bourget, ..cumpre vi- ta" de Robert Steigerwald advém ver como se pensa. sob pena de, especialmente de um fato: o destamais cedo 011 t110is tarde. acabar por cado dirigente do PC alemão conse pei,sar con,o se viveu" ("Le Dé- sidera com simpatia o desenvolvimon du Midi", Plon, Paris, 1914, me nto desse aspecto capital da estratégia da Internacional Comunisvol. 2, p. 375). ta. E manifesta ·esperanças de ver imensos contingentes não-comunisO esforço para implantar tas a reboque dos objetivos do a cooperação prãtlca movimento comunista internacional. Além de ta is contatos e discussões, de importância óbvia, o desejo Péricles Capanema

(ÍJÃÍOLICli§MO

Reforma Agrária em El Salvador

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para atuar nos planos da produção e das finanças. Basta dizer que, de acordo com o escritório de Costa Rica do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, somente nos primeiros oito meses de 1980, 35.000 sa lvadorcnhos foram obrigados a deixar seu país devido à revolução socialista. Eles não eram apenas os que perderam suas terras ou bancos particulares cm março de 1980. Engenheiros, agrônomos, técnicos em agricultura moderna, financistas, -administradores, médicos, advogados, contadores, editores, enfim, todo o sangue vital de uma economia, ou seja, as pessoas que sabem fazer as coisas, se esvaiu. Até trabalhadores rurais. que o golpe reformista pretensamente beneficiaria, preferiram dei xar o país. Muitos que ficaram foram vitimados por ataques terroristas. Em 15 de outubro de 1980, primeiro aniversário do golpe que iniciou a revolução socialista, a Agência France Press recebeu uma comunicação da Cruz Vermelha de E! Salvador, na qual esta declarava ter

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socorrido 24.000 refugiados do terrorismo esq uerd ista no nordeste do país, durante a semana anterior. Estas são as "massas" que a Junta diz ter beneficiado... A Cruz Vermelha informou que 60% desses infelizes eram crianças.

Os entreguistas do "ceder para não perder" Entretanto, se muitos fogem, outros preferem ficar e... negociar com o próprio carrasco. São os adeptos do "ceder para não perder", que não se incomodam que seja tirado dos outros desde que não se tire o que é seu. Ou então, q4e tirem o que é seu não hoje, mas somente amanhã. Não se guiam por princípios, mas por um egoísmo imediatista, que deixa de ser humano para se tornar meramente animal. Exemplo significativo desse tipo de gente é um grupo de empresários salvadorenhos que ainda não perdeu suas posses, mas q ue poderá vir a perdê-las na próxima etapa das rcformas. Reconhecendo que o novo socialismo está arrasando com a

economia do país, mostra-se disposto a conviver com as reformas já feitas, desde que possa contribuir para modificar o modelo econômico em favor da livre empresa. Ou seja, seus componentes aceitam como fa. to consumado o confisco dos bens alheios, desde que não haja novas leis que confisquem o que é deles. Tal grupo autodenominou-se "Aliança Produtiva", tendo declarado que não apóia nem se opõe à Junta (?!). A História tem demonstrado que pessoas desse tipo costumam ser as primeiras a serem penduradas nos postes quando eclodem as revoluções cruentas ... A autora Virginia Prcwctt ainda apresenta em seu ensaio outras conseqüências funestas, não só em relação a E! Salvador, como também ao próprio prestígio da política externa norte-americana junto à América Latina, resultante dessa desastrosa experiência da "nova diplomacia" carteriana. Ao comentarmos tais fatos, não tivemos a intenção de tripudiar sobre alguém já derrotado, como Cartcr e sua política dos "direitos hu-

do P C germânico é lançar os cristãos na reivindicação dos mesmos pontos de seu programa de ação. Sem se deixar enredar por diferenças ideológicas e a diametral oposição no campo religioso, a grande vitória dos comunistas consistirá em unir as vozes de protesto, deixando de lado o que separa os dois campos. Estes pontos discrepantes seriam tratados cm outro ambiente. Comenta Steigerwald, a propósito de um congresso de jovens católicos na Alemanha: "Ao 1nesmo te1>1po. durante o Co11gresso. cató· licos e 111arxisras ju111ara111-se n11111a rnanifesração na cidade de Friburgo, em menrória das vítimas do fascisn,o. Tal i11iciativa evfoenciou a urgência de u1>1 diálogo que iria alé,11 dos limites do círculo restrito dos intelectuais. Etn relação ao que foi dito, notemos algumas tendências da nova focalização. lnicialrnente, a enonne irnportância conce.. dida aos esforços destinados a co11seguir a cooperação prática". A reafirmação nitida de antiga tática leninista salienta a espera nça renovada na "política da mão estend ida", rejeitada por Pio XI e Pio XI I.

MENSÁRIO

manos". Nosso intuito foi antes o de chamar a atenção dos leitores para a ação nefasta daqueles que. sem se declararem comunistas ou socialistas, ou mesmo negando sê-lo, aceitam entretanto que certas "mudanças" são inevitáveis. Que os fatos ocorridos cm EI Salvador sirvam também de advertência para aqueles que julgam ser possível apaziguar o ímpeto da esquerda radical com concessões c9mo as que foram feitas ncqucle país. Pois os comunistas só esta rão satisfeitos quando conseguirem eliminar, não só seus adversários, como também seus "companheiros de viagem" e se instalarem sozinhos no poder. A única maneira de vencê-los é enfrentá-los com decisão e coragem, sem concessões de espécie alguma, discernindo neles toda a malícia de que são capazes, e agindo em conseqüência. Eis porque a guerrilha comunista em EI Salvador, apesar de não contar com o apoio da opinião pública da nação, amda não foi definitivamente eliminada.

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Júlio de Albuquerque CATOLICISMO -

J ulho de 1981


OA A TUBA legendária. ê na cidade de Jaipur, projetada em forma de xadrez e colorida de rosa. As grades das muralhas externas se eriçam com suas pontas de lanças, que as protegem contra ataques de elefantes. Ergue-se a tuba de tradições heróicas. O marajá de Jaipur dirigese ao reino de Jaisalmer para assistir a um casamento de parentes, descendentes como ele de antigos guerreiros. O trombeteiro, arqueado para sustentar o longo instrumento de bronze, parece apontar a tuba para uma região feérica, perdida no firmamento, onde se refugiam a · memória de seu povo e as lendas do passado. Os sons ecoam como uma conclamação à memória popular, onde repousam e se levantam intermitentemente nobres estórias e pretéritas fábulas.

S

resto, dormiente, sufocada pelo pragmatismo materialista de nosso tempo, é verdade. Índia dos sonhos estrangulada pela fndia dos horrores. que um paganismo satânico levou a extremos inenarrávcis: os banhos promíscuos de multidões supersticiosas nas águas do Ganges; os gurus, repelentes como os ídolos que adoram; populações de milhões de pessoas que padecem fome, enquanto o maior rebanho bovino do mundo permanece intocável, por considerá-lo sagrado a religião hinduísta ...

ambientes fabulosos: Rajputana (de rajput, "fi lho de rei"). A cultivada memória de suas proezas apresentava a base para manifestações de esplendor. Ê preciso lembrar que a fndia não conhecia a História verificativa e raciocinada, que apareceu com os gregos. A pujante imaginação oriental hindu não a podia conceber. O que de mais próximo à História existiu na Índia, nos séculos passados, foi uma narrativa da região de Cachemira, do século XVIII, escrita ... em versos!

marajás lançam moedas de ouro e prata. O luxo e o deserto se encontram e ambos crescem cm sig nificado simbólico. Um dos presentes é o senhor da cidade de Bundi, no Rajastão. por cujas portas saem seus elefantes a fazer o passeio matutino (última foto, embaixo). Poucas coisas há mais tipicamente hindus que esses enormes animais - pomposos, com seu pausado balanceio - transpondo os artísticos portais de uma cidade tradicional.

Em todos os povos se encontram qualidades e deficiências. pequenas ou grandes. Mas o melhor, em todos eles, mesmo nos obscurecidos pe la superstição pagã, reside cm sua tradição épica, legendária e guerreira. Essa sacia-se em dois mananciais que se enriquecem mutuamente. Um brota nas melhores zonas da alma. à maneira de um jato d'água iluminado. Ê o espírito de grandc1.a. Numa

regil:o

desártica e do

céu tfmpido.

mas repleta de reminiscências, emerge · das sombras o marajá de Jodhpur. conlo o noscor da aurora (aci-

ma)

Há pouco mais de três décadas, os trinta marajás de Rajputana dirigiram-se à cidade e corte de Jai salmer - um dos reinos da região aninhada cm um oásis do deserto de Thar. O marajá de Jodhpur casavase com uma princesa de Jaisalmer. (Rajá significa rei e ,narajó. grande rei, embora alguns o tradu1.am por duque. soberano ou pequeno rei). A cerimônia parecia um conto de mil e uma noites.

A iracunda a lga1,a rra dos e lefantes bélicos de Aníbal ressoa ainda na História, bem como o cortejo de quarenta elefante.s que precedeu uma das entradas triunfais de Júlio César cm Roma. Evoca-se ainda o fato pitoresco de que na corte do imortal Imperador Carlos Magno brincava o elefante Abulabás. Nas crônicas francesas da /Jelle Époquc recordam-se os elefantes da familia

de Broglie, no castelo de Chaumont, presenteados pelo marajá de Kapurtala, quando a li se hospedou. Os elefantes - ornamento próprio do legendário ambiente hindu - não podiam faltar nas bodas de Jaisalmer. ao lado de camelos e cavalos. Houve ainda lutas de tigre contra tigre, elefante contra elefante e tigre contra e lefante, bem como a exibição de espadachi ns. Por fim, um festival de fogos de ar1ificio que desenhavam no espaço noturno pavões reais.

Na idtima ilustração (/1 esquerda, embaixo), um cavaleiro rajput, bardo e gene~logista da corte de Jaisalmcr. Suas correias militares indicam o uso de cimitarra e adaga. Com a barba partida e solta mantém ele um cost ume de antiquíssima tradição. Herdou seus cargos e declama as nobres proe1.as dos antepassados rajputs, e com seus cânticos toca no mais fundo da imaginativa memória épica da corte e do povo. Por isso mesmo poderá, talvez. dar-se conta de que vive em uma é poca pouco propicia às recordações e aspirações heróicas. E poderá sentir.• com especial dor, o que significa o desvanecer das fábulas, nas quais os povos hindus encontravam sua alegria de viver.

01 elefantes da Corte transpõem o portal da cidade de Bundi. Numa foto contem~ oortnoa, 6 focalize.da cena milenar.

Bardo da Corte

do Jalaalmor jao lado). Os cantares atravessaram trinta S4Sculos,

como

os gerações de

seus antepas• sados.

de heroísmo, voltado para o maravilhoso e circundado de honra e esplendor. O outro ·mana dos ambientes que esse espírito plasma para manifestar suas potencialidades, reconhecer-se, diferenciar-se e corrigir suas lacunas e defeitos, cm busca da perfeição. dos vai/ires absolutos. Na fndia, tais memórias e ambientes conservaram-se através dos séculos, constituindo para o mundo um quadro fabuloso. Foi o . objeto dos sonhos de Dario, Alexandre Magno, Júlio César, Gengis Khan, Alfonso de Albuquerque e outros grandes, sem falar dos planos divinos, cuja reali1.ação foi tentada pelo legendârio empenho do Apóstolo São T~mé, ou pelo 1.elo abrasado de São Francisco Xavier. Essa fndia das fábulas sobrevive ainda até nossos dias. Em estado de CATOLICISMO -

Ju lho de 1981 '

A constituição atual da União India na, promulgada cm 1947, estabeleceu a unificação politica dos povos hindus. Em nada modificou, porém, os costumes pagãos das multidões. E a Índia dos sonhos? É para ela que nos voltamos agora, comentando um fato não muito longínquo, ocorrido em 1948.

Ao sudoeste da capital hindu, Nova Delhi, existe uma região onde o povo celebrava com ativo entusiasmo as recordações épicas e seus

Na foto acima, o marajá de Jodhpur entra na cidade de Jaisalmer. Ao fundo, entre um terreno sem vegeiação e um céu sem nuvens, vê-se uma fortale1.a destituída de adornos. Nada mais militar, cm sua austeridade. Conta-se que ela jamais foi subjugada por inimigos, exceto uma vez, pela fome. Firme pedestal histórico para o desenrolar das magnificências cerimoniais, como o desfilar das plumas, que nos varões ficam bem sobre c imos austeros. A essa cidade, que é uma espécie de capital do grande deserto hindu, chega o noivo c m seu cavalo branco, com numerosos pares e parentes que, segundo a etiqueta nupcial, vão a pé. A figura eqüestre surge da penumbra como da noite dos tempos, tranqüila e naturalmente como a aurora. Está recoberto de pedrarias e pérolas, e seu turbante dourado ostenta jóias e insígnias. Conduzem seu cavalo e o seguem atrás os soberanos de Rajputana, cujos turbantes côr de ouro e 'rosa têm uma longa cauda como a reíletir a tradição que os acompanha. Os turbantes de pessoas de outras categorias são gradativamente mais simples. O povo aplaude o cortejo e os

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O COMUNICADO que se seguiu à reunião plenária de ltaici. cm 1980, a CNBB lançou o documento "Igreja e problemas da 1erra" (IPT), verdadeiro manifesto agro-reforn1ista, o qual ecoou como um ribombo publicitário c m todo o País. O documento fazia notória sua má disposição para com as propriedades de tamanho médio ou grande. E proclamava sua veemente opção em favor da pequena propriedade: isto é, da que pode ser integralmente aproveitada pelo trabalh o de uma só família sem a cooperação de qualquer assalariado. Indo além, o IPT anunciava para 1981 outro documento da CNBB reivindicando uma reforma urbana, a qual seria a aplicação dos princípios fundiários agro-reformistas por analogia - ao solo urbano. Para data posterior entrevia-se que ficava uma reforma - também análoga - das empresas industriais e comerciais, a qual figuras altamente representativas da CNBB não têm deixado de preconizar.

N

Em fevereiro de 1981, a CNBB rea lizou nova reunião geral. Mas, ao contrário do que era de temer, a entidade, tão buliçosamente reformista no ano anterior, pareceu haver csq uecido desta vez o programa agressivo que há um ano tanto estrondo provocara. No comunicado final de ltaici-8 1, o grande tema abordado foi o das vocações sacerdotais. Nada mais próprio do que este último tema, para uma reunião de tão alto órgão eclesiástico. Contudo sendo de notoriedade pública qu~ os Srs. Bispos agro-reformistas continuam exatamente nas mesmas posições doutrinárias de 1980, é impossível não sentir algum desconcerto à vista de que em 1981 tenham julgado sem importância nem urgência a cascata de reformas, a qual haviam proclamado indispensável e urgente doze meses atrás. . Como explicar essa contradição? Que poder, q ue circunstância, que acontecimento sobreveio, bastante forte para determinar, de um ano para outro, tal diversificação de rumos? Não sei. O fato é que, nos meios católicos, a tríplice reforma caiu em seguida numa surpreendente modorra.

~

Entrementc, vinha eu elaborando, no silêncio de meu gabinete, o -~ livro "Sou católico: posso ser contra ~ a Refor11w Agrdria?". Pensado e E escrito nas minhas parcas horas de i lazer, ao longo de vários meses de : reflexão e de estudo, o trabalho se -;: destinou a reivindicar, cm face d o ]. IPT, meu direito de católico e de -:l brasileiro, de me opor à Reforma .. Agrária. Não só meu direito, mas o :; de todos os intelectuais católicos ':: analogamente discordes com o IPT. ':' Mais ai nda. Ou seja, o direito de ~ todos os proprietários rurais o u ur": banos, grandes ou médios, de (para ~ o seu bem e o do Pais) conservarem "• - tanto quanto os pequenos - na ~ santa paz de suas consciências, suas •• legítimas propriedades. Paralela; mente comigo, trabalhava na con·E fecção de uma análise econômica do IPT, para ser publicada no mes~ mo livro, meu jovem e brilhante

e

!

amigo, economista carlos Patrício dei campo. Ao contrário do que esperávamos de início, a elaboração de nossos estudos foi longa e complexa. Planejado para a ntes de l\aici-81, só saiu ele a lume em pnnc1p1os de março de 1981 (Ed itora Vera Cruz, São Paulo, 358 pp.). Quando deitamos mão à faina, supúnhamos que muito naturalmente o livro levantasse - quando publicado - celeuma proporcionada ao categórico de sua a rgumentação e de suas teses, bem como, e principalmente, à amplitude de sua difusão. Insisto quanto à difusão, pois infcli1.mcnte ela desempenha, cm nossos dias, u m papel mais acentuado na história de um livro, do que o mérito d este. Ora, nesses quatro meses de vida, "Sou católico" vem tendo de norte a sul do Pais difusão digna de nota. Graças ao zelo desinteressado e admirável de jovens cooperadores da TFP - honro-me cm notar, de passagem , que foi na qualida~c de Presidente do Conselho Nacional da entidade que escrevi meu trabalho - está para se esgotar a segunda edição de "Sou católico", totalizando 21 mil exemplares. Em se tratando de obra de caráter doutrinário e técnico, e nas condições do mercado brasileiro de livros, o resultado é incomum. E - aqui e ntra o ponto - não houve nos arraiais dos agro-reformistas católicos quem lhe opusesse qualquer réplica. Assim se. escoaram placidamente março, abnl, ma,o e junho. Julho já vai alto. E até agora nada.

Entretanto, nestes últimos trinta dias (isto é, cinco meses depois de Jtaici-81 e quatro meses depois do "Sou ca1ólico"), vem se fazendo ouvir uma rajada de declarações reformistas de procedência episcopal. Tomou a dianteira, falando no Rio Grande do Sul, o Sr. D. Pedro casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia. Começou ele por uma áspera censura à própria Igreja: se esta • "nos seus vinte séculos, seguisse o programa das bem-ave,uuranças, terfa111os uma' sociedade socializada [... ]. O ideal cristão equivale ao ideal do socialismo". Pouco adiante, o Prelado foi ainda mais claro quanto a seus pendores e simpatias: "Não cano11izo o socialismo soviético ou o cubano. ,nas existeni as· pec1os positivos: Cuba deu lições de sa,íde e educação para todo seu povo [ ... ). O socialismo na Nicardgua é um bom caminho'·. E, por fim, depois de contestar que o socialismo seja causador da insuficiência das safras na Rússia , o desinibido Prelado afirma: "Nos países socialistas o povo sobrevive ,nelhor, e a fome é me11or /d do que nos países capitalistas" ("Jorna l do Brasil", 17-6-81). O que é propriamente piramidal. A este disparo publicitário se seguiram outros. O que no artigo seguinte veremos.

MPETUOSA e açodadamcntc ag,·o-rcformista cm seu comunicado de ltaici-80, a CNBB parece ter recuado surpreendentemente no comunicado de ltaici-81. Mas, em impressionante vaivém, elementos de destaque da entidade iniciaram em junht> p.p. uma violenta rajada reformista de caráter publicitário. Foi o que descrevi em meu artigo anterior, "Co111eça a rajada'". no qual registrei o primeiro estampido da série, detonado por declarações, no Rio Grande do Sul, do Sr. O. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia. Também fizeram d eclarações de sabor agro-reformista, D. Edmundo Kunz, Bispo-auxilia r de Porto Alegre (cfr. "Zero Hora", 30-6-81); D. Anton io Zuqueto, Bispo-auxiliar de Teófilo Otoni (cfr. "Noticias", boletim semanal da CNBB, 2-7-81); D. Clemente lsnard , Bispo de Nova Friburgo e vice-presidente da CN 88 (cfr. "Jornal do Brasil", 11-7-81); e O. José Rodrigues, Bispo de Juazeiro (cfr. "Jornal do Brasil", 15-7-8 1).

I

Como não podia deixar de ser, D. Quirino Schmit1, Bispo de Teófilo Otoni, também se pronunciou: .. Quando as f{lmílias pobres estão cada vez ,nais pobres e os ricos afirma,n [ ... ] <1ue estd Judo bo111, o povo deve utilizar meios agressivos de reivindicar seus direitos". Pouco a ntes, o Prelado sublinhara que "São Tomds de Aquino [...]fala 11as perspectivas de co11jlitos civis annados, como estratégia para o restabelecimento da justiça e liberdade". É ir longe, não acha, leitor? Talvez por o ter sentido, o Sr. D. Quirino Schmitz acrescenta logo cm seguida que acha que "a solução não é a violência". Um passo atrás, portanto. Ou melhor, simplesmente meio passo: ele afirma pouco depois que compreenderia a atitude de revolta do povo, a q ucm "não faria nada para i111pedir [ ... ) de defender . vi"do ... a sua Mas, depois desse avanço vem novo recuo. Pois logo em seguida o Sr. D. Quirino afirma que "não é o Clero que incentivard o povo a lançar ,não de meios agressivos". E ziguc1.agueand o e ntre a cautela e a

imprudência, eis o Sr. Bispo de Teófi lo Otoni a insinuar que, cm certos casos, o Clero deve aplaudir a violência: "por exemplo na Nicardgua. para a derrubada de Somoza". E adverte, por fim, que em nosso País o povo já está "perdendo a paciência'' ("Jornal do Brasil", 67-81). O que faz alguém - povo o u indivíduo - quando deixa escapar a paciência? Insulta. ameaça, agride... O uso desta lingua)lem não importa cm 7jguczagucar à beira do abismo? Como explicar esse zigue1.ague?

Quem procurar resposta para essas perguntas certamente não as encontrará na recente palestra feita cm Porto Alegre, por ocasião do encerramento do seminário da Frente Agrária Gaúcha, por D. Ivo Lorscheiter, Bispo de Santa Maria e presidente da CNBB. Ante os trabalhadores rurais reunidos, não duvidou este em afi rmar que "e111 casos extremos, a ,ínica solução para a conquisto de 1nuda11ças sociais [ ...] é a luta annada. e a Igreja deve aceitar esw situação co,110 inevitd., ve1 . Mais adiante. assevera que o Clero "não pode ficar de braços cruzados (...) à espera de que as coisas aconteça111. Preciso ser combativo". 'lírada temerária! Porém, segundo o novo esti lo do agro-reformismo progressista, o Sr. D. Ivo acrescenta logo em seguida que "ser co111bativo" não importa em "incentivar atos violentos". é o ziguezague. Recuando ainda mais um pouco, o Prelado acrescenta que a lgreJa condena "todo espécie de violência [ ... ). Queremos uma luta ativo, ,nos não violenta",

Contudo, no vórtice do recuo, ele se volta para a frente, pois afirma ser possível que, em determinad os casos, o Clero apóie movimentos armados contra regimes ditatoriais. Como assim? D. Ivo pensa cm pegar cm armas? Certamente não. Ele prefere ficar meditando, "analisando", na retaguarda . Com efeito, o Prelado adverte que obviamente "não serão os Padres e os Bispos que irão para a linha de frente. [ ... ]

Plinio Corrêa de Oliveira

Esta solução extremo precisa ser profundamente analisada". Quem, então, adotando a "solu~·ão extre1na·· irá "para a linha de fren te"? O povo. Ele, D. Ivo, e provavelmente outros que pensam como ele, se instalarão na retaguarda, a "analisar", "antes que o povo part{I par{I o confronto radical". Não creio que jamais sua ênfase esq uerdista tenha c hegado tão longe. Porém. no vértice agora do avanço, ei-lo que mais uma vez recua. Ê o ziguc1.aguc. Lembra ele q ue São Tomás considera os conílitos civis armados a "derradeiro estratégia para o resJabelecimento da j ustiço e liberdade", e pondera: "O que nos garante que estão esgotadas todas as fornws pacificas de negociação co111 os regi,nes de força?" Ou seja, talvez (note o leitor: talvez) no Brasil ainda não seja a hora de o povo pegar em armas. Assim, talvei. seja a hora para tanto ... Fica a critério de qualquer um. decidir. Se alguns - ou muitos - acharem que sim, marchem então para a frente. O presidente da CN 88 não os desestimulará. Mas vem logo um recuo. Para o Sr. D. Ivo, será necessário que se aguarde "110 míni,110 n1ais ce,n anos para que se concluo que são invidveis os meios pacíficos de 111udança do nosso sistema". Pode haver algo mais ambíguo? Mais de cem pode ser IO1, como pode ser mil. "No n1í11i1110 mais cem" o que quer d izer nesse contexto? Tem-se a impressão de que, gracejando assim com o 11011-sense ou com o absurdo, o Sr. D. Ivo quer esporear as impaciências que ele acaba de exasperar cm tópicos anteriores. Finaliza ele dizendo que antes dessa data vaga, é ·•u111a precipitação muito arriscada falar em luta armada"("Jornal do Brasil", 5-7-81). Ora, o que acaba ele de fazer. senão falar de luta armada? Quando ele recua, contra quem procura o Sr. D. Ivo acobertar-se? Por que não o diz? De claro só há, cm suas palavras, um ponto: a identidade de quem ele procura atacar. Isto é, hoje, os proprietários rurais. Os proprietários urbanos amanhã, conforme o documento de ltaici-80. Por q ue todo esse ziguezaguear que, a partir de fevereiro de 1980, vem sacolejando, em ritmo mais lento de início, e nos últimos trinta dias cm ritmo frenético, a opinião católica do Brasil'/ A opinião católica do Brasil! O Brasi l inteiro, portanto ...



As luzes da legenda

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O

ANÚNCIO QUE REPRODUZIMOS na capa deste suplemento reflete uma apetência do público norte-americano, que provavelmente a maioria dos brasileiros ignora. A mansão com grades clássicas, insinuando uma vida social e cultural brilhante, poderia parecer aos olhos de muitos compatriotas nossos como ambiente exclusivo do gosto europeu. Grande engano! A publicidade, que acompanha cautelosamente o evoluir das tendências do público ao qual se dirige, percebeu que o norte-americano aprecia muito mais o tradicional e o clássico do que suporiam tantos brasileiros. "Uma legenda que ilumina lugares tão famosos como o Kennedy Center e a Abadia de Westminster. E talvez, logo mais, sua casa". Você sabia que o público norte-americano também se interessa pelo que é legendário? Pois aí está uma entre tantas propagandas a dizê-lo. Ela se refere a este lustre feito de cristal "nascido do fogo" e "talhado a mão".

lts havinQ tea with a princess ,n a palace that isn't make believe. Freshly-brewed tea. raspberry tarts anda grandfather who still believes in Cinderella. We've created a special world for you in the exquisite 100-year-old lounges of the new Helmsley Palace. the most m agnificent hotel to open in New York 1n this century.

Magnificência e esplendor THE HELMSLEY PALA CE, "o mais grandioso hotel a abrir em Nova York neste século'', soube explorar a apetência pelo esplendor no anúncio acima. Em seus salões cheios de cristais, ouro, pratarias, mármores e obras de arte, não falta "um vovô que ainda acredita em Cinderela". E ele pode tomar chá com sua "princesa" num "palácio de verdade"... O mesmo pendor para o tradicional, o requintado, o solene, observa-se no anúncio à direita, de um dos restaurantes mais em voga em Nova York. Note o leitor os trajes sóbrios e a nota de distinção de todo o ambiente. A decoração, os talheres e os cristais falam de magnificência.

Estilo e qualidade VEJA à esquerda o anúncio de uma indústria de móveis. Em matéria de mobiliário, sempre houve norte-americanos que conservaram sua preferência por estilos antigos. Hoje, contudo, a publicidade se ocupa com particular ênfase desse gênero de móveis, o que indica maior procura. Ao mesmo tempo, uma exigência de melhor qualidade vem se acentuando em vários campos. Artefatos de madeiras de lei, tecidos de seda pura, objetos de ouro, prata ou bronze, porcelanas finas, são produtos anunciados com freqüência nos principais jornais, revistas e emissoras de televisão, ressaltando-se os predicados da matéria-prima.


Modernidade do cast.elo antigo

NÃO PENSE, LEITOR, que as tendências que vimos apontando manifestam-se apenas em meios abastados. Pelo contrário, encontramo-las em todos os níveis sociais. Este sininho de mesa em porcelana pintada a mão, por exemplo, é vendido a 20 dólares. Como na foto do castelo francês, a propaganda parece evocar um sonho de cores maravilhosas. Sonhar... a propósito de um objeto "inútil", ou, pelo menos, "supérfluo"... Não é mais o americano pragmático, voltado só para o utilitário e o concreto.

PARA VENDER tapetes, uma grande indústria julgou que o mais atraente seria a foto à direita: vista de outono do castelo francês de Azay-le-Rideau, construído em 1518 ... Outra vitória da tradição, reconhecida pela publicidade, em 1981, pois estes anúncios se acham em revistas de grande circulação de junho, julho e agosto do corrente ano. Convém ressaltar ainda que tudo isso supõe a mobilização de grandes complexos industriais e comerciais, bem como de poderosos meios de comunicação social.

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No chateau should be without one.

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EDIÇÃO ESPECIAL para colecionadores ou estudiosos? Promoção publicitária medievalista lançada por saudosistas? Não! Papel de embrulho para presentes, comum nas lojas norte-americanas...

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Nothlng unimportant ever happens at The Plaza. ~~,V../~

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~ATOLICISMO------------ - -- - *

Nas modas, sobriedade e bom gosto ANÁLOGA PROPENSÃO verificase em relação às modas. Neste momento, costumes tradicionais têm livre curso na América do Norte. Vestidos para senhoras, moças ou meninas como estes embaixo e à direita - anunciados na conhecida revista feminina "Bazaar", de agosto último - são hoje freqüentes em figurinos norte-americanos, embora a nota de recato do traje seja muitas vezes contrastada pela aparência das manequins. Embaixo, no centro, modelo do que há de mais comum em matéria de traje

masculino. O corte de cabelo curto não é por acaso: ele voltou em grande estilo, pelo menos nas grandes metrópoles, segundo "The New York Times Magazine". Roupa esporte para ambos os sexos, na América do Norte, conserva um tom que surpreenderia quem imaginasse algo na linha da descontração total e extravagante. Quantos brasileiros e brasileiras não terão incorrido no erro de supor que "nos Estados Unidos não se usam mais roupas assim"?

ENTRE OS JOVENS norte-americanos, emergem tendências mais conservadoras ou tradicionalistas do que na geração de seus pais. Assim, com vistas ao recrutamento, o famoso Marine Corps (fuzileiros navais) publicou anúncio no qual aparecem soldados na selva, sujos e sofridos. Ou seja, em lugar de conforto, dinheiro ou pra.zer, o que atrai o jovem de hoje é o cumprimento árduo do dever a serviço de um alto ideal.

Por outro lado, na própria Casa Branca, vemos reflexos significativos do retorno de parte ponderável da opinião pública à tradição e aos valores morais. Um exemplo: na posse do novo governo, neste ano, houve desfile de tropas enver$ando o histórico uniforme com chapéu de três bicos, da guerra da independência, no século XVIII (foto). Enquanto isso, o cerimonial e o protocolo foram restaurados.

O QUE ACABAMOS de apresentar, no entanto, não constitui senão pequena amostra de um movimento de almas muito mais amplo e profundo. Não falamos aqui da volta aos valores familiares, do combate à imoralidade, do estímulo à prática da castidade entre os jovens, do lançamento de uma rede de televisão conservadora, da reversão apontada pelo censo de 1980, que indica um êxodo das metrópoles para o interior etc. Sobre esses e outros aspectos, Você encontrará dados em abundância na edição especial de "Catolicismo" à qual corresponde o presente suplemento. Você descobrirá então como a realidade norte-americana é diferente daquela geralmente pintada pelos meios de comunicação social. Lá, as modas, os costumes, as idéias, não caminham irreversivelmente para a extravagância total, para a dissolução dos costumes, como se poderia imaginar. Ao contrário, existem sinais palpáveis de que amplos setores da população dos Estados Unidos deslocam-se em sentido oposto. Antiquado, portanto, não é defender os valores fundamentais da civilização cristã. E sim ignorar a profunda transformação que ora se opera em grande parte da opinião norte-americana, para a qual

o antigo está voltando a ser moderno.


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==-MODERNA? Você é moderno?

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Agosto-Outu bro de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa d e Brito Filho

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O Ct É Sua casa é moderna? Seu vestido é moderno? Sua roupa é moderna? Suas idéias são modernas? Aí está um problema sobre o qual tantos discutem. E em geral todo mundo concorda: as coisas devem ser modernas. Mas, o que é ser ,noderno?

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DURANTE SÉCULOS, Paris foi a ponta da modernidade. Porém, as transformações que revolveram o mundo após duas guerras mundiais deslocaram, em larga medida , o centro das atenções para os Estados Unidos vitoriosos e estuantes de riqueza. Sobretudo a partir de 1945, ser moderno passou a ser, especialmente no mundo ocidental, estar de acordo com os padrões norte-americanos. Entretanto. os costumes. modas e idéias continuaram a evoluir. Suas saudades, leitora, leitor. não terão algo a lhe dizer? Talvez Você tenha saudades de coisas das quais gostava outrora. mas que já não se usam mais. Ou que Você hoje aprecia. mas receia que tenham caído em desuso. Renasce então a pergunta: o que está na moda? O que está "no vento"? Você ficará com a vclheira? , ",W ;l{~ Essa ·preocupação não é apenas sua. É de milhões de brasileiros. _e, tema de conversas e debates entre

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amigos. Muitos discutem essa questão consigo mesmos. E cada um percebe então que

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Móveis do passado. quadros clássicos. trajes de outrora... O que representam? O que leva as pessoas a escolherem entre o paletó e a gravata. e o b/11e-jea11? Em outros termos: essas coisas todas são apenas móveis. trajts. meros objetos? Ou são. sob retudo.

símbolos, emblemas, de estados de alma, de pensamentos. de princípios e de doutrinas'/

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A IMENSA REVOLUÇÃO que conduz das crises religiosas, culturais, poht1cas, · · J ..· sociais e econômicas dos séculos XV e XV I até essa tenebrosa "aurora"' do mundo anárquico e caótico que vai nascendo neste fim de século, decorreu do abandono •... -;:;.,:::;.::;:;:. ·• ·,t sempre maior da Fé, da moral e da civilização cristã. : ~~ ~ · .' Em função desse longo processo, ,noderno tomou toda a carga "hipnótica" das ·• :..::::.'"'., •• J palavras-talismãs. Indicou sempre o úl timo passo da Revolução: no pensamento como ::! · '~~ nos costumes, nas modas como nas instituições. Ser "moderno" passou a constituir um f' • · .,:,1 critério de escolha nos mais variados campos. Os seguidores de uma escola filosófica ' ou teológica, os propugnadores de um costume na vida social ou de um novo estilo de fazer propaganda, ou de viajar, sentiam-se confortados quando podiam alegar que sua ~ posição era "moderna". Da modernidade esperava-se firmemente que vencesse sempre. Como do que era antigo e tradicional receiava-se - ou desejava-se - que fosse desaparecendo sempre. Cri tério frívolo de um mundo relativista e superficial. Critério, pois, que "Carolici.wno", fiel à Igreja contra a Qual "as portas do inferno não prevalecerão'" jamais (Mt. 16, 18), recusa de modo categórico. Entretanto. a palavra m oderno campeia por aí com sua enorme força de impacto psicológica. Para ajudar aos que vivem sob o fascínio dela, "Catolicis,no" mostra nesta edição especial, acompanhada de um suplemento a cores, a contra-ofensiva da tradição, que se· va i delineando com largo êxito. E isto ocorre na própria terra da modernidade. ou seja,

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Nos Estados Unidos, o antigo está se tornando moderno

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M FAIXA DE OPINIÃO cada ve1. mais larga. o tradicional vai ficando moderno e o extravagante, o aloucado. o corrupto, o amoral, vão ficando velheira ... Hoje. grandes complexos industriais e importantes setores do comércio se mobili,.am: roupas. móveis, objetos de decoração cm estilo tradicional ou conservador são preferidos por um número ponderável de consumidores norte-americanos. E a população volta-se cm grande escala para os padrões familiarc$ e religiosos anteriormente abandonados. Pronuncia-se na América do Norte uma tendência no sentido de se adotarem modas. usos, costumes, estilos, atitudes e até idéias condizentes com a sadia moral. a tradição e o bom gosto. Formalidade. elegância clássica. pure,.a de costumes. são va lores que lá encontram curso muito mais amplo e livre do que supõem incontáveis brasileiros pouco informados ou desinformados sobre a rea lidade norteamericana.

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E a demanda nesse sentido não parte de minorias esq uálidas, retra!das. apagadas. Nem de círculos ricos ou de alta cultura. mas de pessoas das mais diversas condições sociais. Conforme os fatos e as fotos que colocamos ao alcance dos leitores neste número especia l. a procura de produtos tradicionais provém do homem comum dos grandes centros urba nos. Demonstra-o a utilização, por meios de publicidade dos mais poderosos, de ambientes, estilos, slogans condi,.entes com o tradicional, o antigo, o sóbrio e o puro. Não acredite, portanto, leitora, leitor, naquela velha lenda segundo a qual tudo o que possui essas qualidades atrai só o debique e a incompreensão. Os que impunham aos brasileiros a nociva "modernidade" cm nome de uma moda monolítica dominante nos Estados Unidos, já não podem mais criticar as pessoas que desejam mobiliar suas casas, vestir-se e conduzir-se de acordo com os bons padrões.

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ATRASADO não é quem defende a tradição, a família e a propriedade. Atrasado é quem ignora as coisas que se vão passando nos grandes centros do mundo. Livre-se, portanto, da nociv_a "hipnose" da modernidade. E conserve em paz todos aqueles móveis, trajes e objetos a que Você tanto quer bem. Se eles lhe recordam situações, entes queridos, valores e princípios do passado, é porque são simbolos de estados de alma, de pensamentos, de princípios e doutrinas. E estão ligados à sua personalidade por um vínculo de que as saudades sentidas por Você são sintoma. Por isso, Você se sente bem com eles. Algo vai ocorrendo amplo setor da opinião pública norte-americana, envolvendo milhões de pessoas, as quais agora se voltam para os valores tradicionais, depois de passarem pelas frustrações da modernidade revolucionária. Elas descobriran1 que

o tradicional vai sendo moderno.


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0 APRESENTAR esta edição especial acompanhada de suplemento a cores, "Ca1olicis1no"coloca ao alcance de seus. leitores um conjunto de informações da maíor importância para quem deseje atualizar-se cm relação à marcha dos acontecimentos no mundo atual. Expliquemo-nos. Em 1950, a população brasileira apenas ultrapassava a casa dos 50 milhões de habitantes. Em pouco mais de 30 anos. ela subiu para os atuais 123 milhões de almas. Ou seja, a grande maioria de nossos compatriotas nasceu e cresceu sob o influxo do sistema hodierno de vida. adotado por uma sociedade industrializada. com base no regime liberal de propriedade privada. Ê a esse regime - com suas qualidades. como também com todos os seus defeitos - ql\C está afeito nosso povo, em sua maioria. Qual é a nação-paradigma de tal sistema? A norte-americana. obviamente. Donde o hábito de grande número de b rasi leiros ver nos Estados Unidos o pais precursor dos progressos. costumes e estilos de vida que, d e acordo com essa visão. devemos alcançar se quisermos ocupar um lugar de destaque no mundo. Não é o momento de fazer aqui uma discriminação dos aspectos positivos e negativos do sistema vigente. Observamos apenas que desse sistema nasceram quer os seus admiradores como também seus detratores. Estes, lotando as esquerdas. desde as mais "moderadas" até a mais "extremada". A evolução pcrmissivista e extravagante de modas e costumes largamente difundidos através de jornais, revistas. rádio, cinema e televisão, parecia dizer ao defensor da tradição que ele estava colocado fora do tempo. E que todo o rumo dos acontecimentos voltava-se para o lado oposto: a "descontração" total, a dissolução dos princípios morais que sustentam a vida fami liar e a corrosão do senso da propriedade partic ular. Correspondia à realidade norte-americana a visão apresentada pelos cenários de Hollywood? Em parte, certa mente sim. Não porém cm sua totalidade, e c,im as cores carregadas pela publicidade e meios de comunicação. Na verdade. o brasileiro médio formou uma idéia distorcida; errada, a respeito do que seja o a'mbicntc norte-americano. E com o curso dos tempos essa concepção corre o risco de tornar-se ainda mais errônea. Por que? Porque rios Estados Unidos está ocorrendo uma grande mudança, atingindo ponderável parcela da população. Essa transformação delineia-se no sentido de fazer com que os ambientes, os costumes, o próprio "an,erican way of life", voltem a conformar-se aos princípios e padrões cada vez mais apontados como ant iquados pelos entusiastas da modernidade. Trata-se de uma tendência que começo u a esboçar-se apenas há alguns anos, e cuja gradual expansão poderá ampliar ainda inais sua área de influência, ganhando novos adeptos naquele país. Em tal caso. acentuar-se-ia a dccalagcm entre a realidade norte-americana e aquela falsa concepção mantida no espírito de mui tos brasileiros. Pois o curso dos fatos cm vastos setores da opinião pública dos Estados Unidos está se deslocando cm direção oposta à daqueles que imaginam ser anti-

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quado defender a tradição, os valores familiares e os principios perenes da civilização cristã . Tendo como único cri tério de julgamento a doutrina tradicional da Igreja, não estamos endossando aqui, naturalmente, todas as mutações que estão se operando nos Estados Unidos. Consig namos apenas que. em nome de um sistema de vida que "Cau1licis1no,. não adota se m reservas, to rna-se indispensável ajustar a visão da realidade

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mos e xplicitar o que se poderia c hama r de "filosofia" da nova tendência.

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Eis aqui a razão deste número especial: mostrar aos brasileiros que. nos Estados Unidos de hoje - e talvez mais ainda no d e amanhã - , atrasado não é quem defende a tradição. a família e a propriedade. Atrasado, pelo contrário, seria quem procurasse i~norar a g rande rotação que se vai pronunciando cm importantes setores de uma nação que ainda exerce papel decisivo no mundo.

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matcna a esse respeito é vasta e

abrange muitos campos, apesar de constituir apenas uma amostragem. Os fatos e as fotos falam por si, de maneira que nossos comentários limitar-se-ão a ressaltar ou aprofundar este o u a q uele aspecto.

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Dividi mos o tema nos seguintes itens: 1. Revi vem as normas de cortesia e etiq ueta; 2. Valores familiares ganham impulso: 3. Sinais de mudança na educação: 4. Em vigor os trajes tradicionais: 5. Combate a imoralidade e drogas: 6. Cresce a demanda de qualidade.

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Ve remos ainda novidades s urpreendentes sobre a valorização da castidade e do casamento entre os jovens, o sentido da propriedade privada, o corte de cabelo, a nova rede de televisão antiimoral, o movimento de negros conservadores, a crescente apetência de música não extravaga nte e a propagação de mobílias de estilo. Finalmente, tentarc-

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Este número especial é produto do tra- ~ balho de nosso correspondente nos Es' , tados Unidos, Sr. Mário Navarro da Costa. Contribuiram na redação do texto final membros do corpo de colaboradores e da Redação de "Catolicismo", orien tados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Trabalhos de d iagramação, montagem e fotografia, a cargo doe , 8Ctoree especializados de "Catolicismo".

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Antes de passarmos aos fatos e ilustra' ções, algumas observações esclarecedoras. Em primeiro lugar, a transformação em curso na América do Norte ocorre em um • co,ncx to de co nservado rismo político, o que • ·, aumenta seu significado. Cont udo, na prcse nte matéria não trataremos d essa temática, e mbora ela deva ser levada cm conta. Também não cogita remos aq ui do papel ' da graça divina, que certamente está' na , • • origem das boas apetências de al ma mani- ._, , • \' fcstadas nos Estados Unidos. O tema - q ue · ' se situaria no plano sobrenatural - . embora • de a lto interesse e a lcance. é por demais complexo e. como tal. foge ao o bjetivo de nosso trabalho. Por outro lado . o lei to r verá aparecerem com frcqüi:ncia, neste número, os vocábulos ,·o nservaclor~ liberal. perrnis.;;ivista. rradifio- .. f: . • nalísw. Tais palavras exigem uma explicação, • à ,. pois a impre nsa brasileira, por vezes. as emprega carregadas de uma conotação diversa d e seu sentido corrente nos Estados Unidos. Assim, liberal, para o norte-americano. é ". • um esq uerdista no campo p_olítico-socia l ~ ao· • • mesmo tempo um permrss1v1sta cm materra -, , de mora l e costumes. Seria o que no Brasil chamamos progressista, embora este termo indique mais bem uma posição religiosa nem 1 sempre coincidente com a no rte-americana. ,• O <-onservador, por s ua vez, não é apenas l . quem deseja conservar uma situação. Nos Estados Unidos. o vocábulo en trou cm uso • generalizado devido sobretud o aos meios de comunicação social, mas. na realidade. a palavra tornou-se um tanto elástica, e nglo, bando o tradicionalista. o antiperm issivista, o direitista. o reacionário (tomado o termo c m seu sentido normal. próx imo ao e timológico - o que reage contra a lgo de rui m - . .. e não com a conotação pejorativa q ue lhe atribui geralmente a imprensa esquerd ista • • . brasileira). Conservador pode exprimi r assi m f .._ vá rias posições de a lma, seja no campo ' ' - . po lítico, social, económico o u religioso. ~· A transcrição de fontes o briga-nos. pois, · • • a empregar os vários te rmos com certa elasticidadc. embora procuremos cscla rcccr-lhes o sentido mais próximo. sempre que possível. Por fim. consideremos uma objeção: se essa é u ma ..onda" e m ascensão agora. não • v• deverá, normalmen te. arrefecer em seguida 'para dar lugar a outra contrária? Não será ·• provável, portanto. a volta à informalidade e • ~ • à extravagância'/ A isso fazemos notar que, justamente por se tratar de um movimento q ue tende para valores estáveis - a seriedade, a qua lidade. a tradição - o normal é que não seja uma l • • simples vaga passageira. Pelo contrário. é lícito esperar que tais modas e cos tumes aume ntem cm força. volume e elevação. • ••

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um exempi<J 11;,i,·o da transfl>rmação qm, .w, \'()rifica nos l;$uu/o,f Unidos. Traia-se tle um papel de ernbrullro <'Sh, U>.tt,)

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lojas ,,orrewômericanas. ao /ado de Oulros do gênero. Como <> lei111r pod,t observar • (w!r tmnlJém na u1rt·ê'ira página do suple- · *4 mt•11u> a córés). o rc•mo d<•cora1ivo n 1procJuz uma i!umlnura mtdicva/.

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REVIVE AS NORMAS DE CORTESIA E ETI UETA PALAVRA HUMANA deixa entrever. na sua sonoridade, atributos da a lma. O modo pelo qual ela aflora aos lábios para exprimir um conceito denun-

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no Rcagan. todos podem constatar que houve grande mudança na etiqueta do palácio presidencial. a Casa Branca. A revista" Ne11·.11ve1,k ", de 9-2-81. traz o a rtigo .. l..<'I 1he111 ,•a1

cia, por vezes. movimentos insuspei-

N,ke -

tados do que há de mais interno cm uma pessoa ou sociedade, da mesma forma que as ondas do mar podem revelar os movimentos de suas profundezas. As maneiras de falar não são, portanto, alheias aos pendores da sociedade em seu conjunto. O conhecido colunista William Safire escreve cm "111e New York 11111es Magazinl!", de 1.0 -3-81. o artigo "L,mguage Lib" (Libertação da Linguagem), onde assinala: .. /)es-

( Deixe-os comer o bolo - mas não cm cima das mesas de trabalho). Aí

de que os norre-111nericanos a11si11· rtm, pelos velhos padrões di' valt;res, 10,110 a políti<'t1 1/a li11guagei11 co1110 a linguagem da política 1or11aram-se conservador as. l)esde que 11111 públi-

co in,'itruído d(•spertou alegre. o

per,nissivis,no ,·onverteu-.,·e <)nt palavrão. O slogan "vale tudo" jtí não ser via". E a linguagem é a moeda do trato humano: se ~cu valor :1umc nta. há cortesia; se decai, grosseria.

A nova era da polidez Outro reflexo dos gostos públicos é o ambiente da vida oficiá!, especialmente onde a inq uietude eleitoral é grande. como nos Estados Unidos. lnde9cndente de qualquer manifestação a favor o u contra o gover-

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Os blue-jeans J<>ra,n proibidos na Casa Branca. inclusive 110s fins de se1nana, ben1 co1110 a.r cairas co,npridas ./e111ininas. Paletó e gravata tornar(un-se obrigatórios para 0.1· ho111e11s.

thtir di•sks"

se comentam us normas elementares reinstauradas na Casa Branca pelo novo governo. O objetivo é "res((lurar a dig11iclac/1• da PN,si<lê11ât1, di111i11uída por <111<11ro <mos dl' i11for111alidade dl' Jimmy Cart<'r". Agora existem um

"código de vestir-st··· e "11or11ws de boas 111a11eiras". Os h/11r-jea11., foram proibidos. inclusive nos lins de semana. bem como as calças compri·

das femi ninas. Paletó e grava ta tornaram-se obrigatórios para os ho-

mens. Do mesmo modo. restaurou-se o trato de senhor. ao contrúrio do costume anterior de cha mar ~l pessoa por seu primeiro nome. "As .ticaro,t d(> pltistico fortim s ubslittlÍ· das por porcelana t' os fu ncíonârios fortm1 proibidos (/e 10,nar lanchtl

Na CaN Branca: coua um "'bitoet, h6 poU(:o tido como moderno. EM introduz outro h6bito. cona.iderado pouco tempo at:r61 como enecrõnico. - Caner e seu1 auxiliarei usavam na Casa Branca a camiaeta. Reagen e 1eu st•ff. detde 01 primeiros albore1 d a nova admini1traçlo none~americena. mot"tram-se ftéi1 ao pakttõ e à grevata.

111Js esrrirârio,.\"''.

Popularidade do grande cerimonial do poder

A sala de im1>rensa também foi colocada cm ordem. Os jornalistas devem "pentu11u•n•r set11tulos, ll'vm,.. 111, ,, nuiu ~ (•sp1:rar sua V<·z" na~ e ntrevistas. "ApNwr dl! seu ,·ostu1ue de p u/(Jr e gritar. u grêmio <Í<J i1nprensa obedeceu - um ben, edu· nulo inicio J)(Jf(J unw 11<"'" t-rtt de polith•z ". fin:1 1iz.:a •· N,:wsu-~1.·k ".

Rosalind Williams. do Massachusscts I nstit ute of Tcehnology (M IT). constata os fotos em ""f11e N,,11· York Time.,· .. de 25-2-81 e comenta: ·· Quase ninxuhn st• 1,~,ubra dos grandes acont<·,·imentos militare., e políticos do reinado dt• Luís X I V. Mas i odo 111111ulo sahe q11,• o R1•i Sol

vivia co111 ('Xlravrdintiriu esplendor Versall1c:.. Sl'rtÍ </li<' o 11u•s,no

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1u·v111ect·1·â co111 R,>agan. qw~ ,~:a,i s1/11do ulo ,·om,•nuulo por .,·, 11 c.,·1ilo de \'ida ('/egan1, ? O .fi,10 l<'ln 11111 s(s:,nijlcodo (Jll<' w.ti 111ui10 alén1 das col111uu· sodtds. A 01,uhi11da em q1w ,,frl! o ('(tsal prtJJ·idendul jltlll t'Íu· qii( 11u•,ne11t(• d111mw étfra svdal: é a exJ>r<'s.wiu de 1101 \'Ulor colt•tfr<,. l:.:'is<1, ,· vulurc.,; stio mais /undanu:n-wi.,· vara u vida .vociul (JW.! o prâpriu 1

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... Nd quatro a11os. - continua \Vil liams nós nies,nos e.,·,·olhe,nos ""' pr('sidt 111e t/lU' t.•11u11ww1 o i,gua1

litori.wno. o prosais,no. a roupa \'('• lha. A1:orü a.,·sis1imos e1u·<1111ado,,; tw espetáculo das J:r<1nd<'.'i linwsines, c/11,t :wnhuras usmulv /rajes d,· gala,. j<íiax, dos lunnn,.t \'('.,'tidos t1 l'itor". A comptaraç5o com Luís X V I é retórica. Não obsWnlc. cstú OCm caractcrii·ad a a 1ransformaç;\o da ;lpcténcia pública. A rcvisw "Tim<'". de 9-3-8 1. sob o titulo .. J),,nw11.i:1r11('<ie., 11,, J)ixni-dtule". insist e no 111.;smo tema: ··As solenes ,·,· rimôni11s r<•ttli;a.. dhs c•m Washi11J:!to11 para receber li

Entre a desilusão e o sonho foram notando, sohrctudo nos últi mos dez anos. ··Newsweek" ci ta cm s ua reportagem alguns casos típicos e por vezes pitorescos. como o de a lgumas cidadezinhas ou povoados onde a preocupaçã o dos habitantes é não pcrmit ir q uc eles cresça m e se tornem grandes ... Funcioná ri os da prefcit ura de Ga llatin. N. Y., por cxcm1>lo, íicar:un perplexos com o pedido de novos moradores do mu nicípio:

estradas de tcrr:, ruins em lugar de modernas rodovias. "Se quisésse111os 111nt1 (1 /itrtula nsf(Jltadn. <'Starianros na ,·idad<' p_rm1d(.•", di1.ia 1n tais pessoas. Outras localidades esr>alhadas pelo 1>aís fecham-se contra a invasão d os turistas e

forasteiros <-tuc

Povoado norte-americano tfpico

O CENSO DE 1980 revelou nos Estados Unidos uma grande desilusão: a das grandes cidades. Pela primeira vez. desde 1820. a percentagem de crescimento da po pu lação das área~ metropolitanas foi suplantada pela da zona rural e de pequenas cidades. Com um crescimento vertiginoso até a década de 50. as cidades grandes tivcrnm seu ritmo de expansão diminuído nos anos 60. A população rural (incluindo a das pequenas cidades). ao contrário. passou de uma pequena expansão :ué os anos 70 para um ;iccntuado aumento nos últimos dez anos. Fugi r das grandes "babéis" à procura da tranqiiilidadc d o interior é uma tendência especialmente s ignificativa qua ndo se conside-

ram as razões que levaram famí-lias inteiras a ;,ba ndonar os grandes ccmros urban os. Reportagem da revista "Nell'Sll't•ek" (6-7-81) fornece elementos curiosos ,,esse sentido. A maioria procu ra fugir do crime. da agitação. do barulho e

CATOLICISMO -

das diversas formas de tensão

modernas. cm busca de uma vida . . . ll'l3IS amena. lll~llS SCS,lfía. OlêllS compassada. ma,s fam,ha,-. Outra r.11010 determinante é de ordem mor~il: na cidade grand e. a educação dos filhos é co11tinuan1culc ameaçada rela deterioração do ensino e a agressividade dos costumes. A fug:1 do .1nonimnio rein:., nte nas mel rópoles também pesou na l'Cvcrsão de tendências constatada pelo censo de 1980. Muita gente percebeu que a cidade moderna não fa1 fa lrn e que a solidão do campo pode ser muito mais interessante do que a solidã o das massas urbanas. Outros. simplesmente. cansaram~sc da corrida tresloucada atrás de um prestígio q uc descobriram ser f:'11 uo . A hclcza de um panorama, o interessante e agradável do convívio familiar ou entre am igos. a segurança da vida compassada que não tem por objeti vo a busca continua do dinheiro: eis algumas outras vantagens que as pessoas

Agosto-Outubro de 1981

~)S

:;ameaçam...

Junto com a des ilusão a respeito das mcga lópolis. renasce c m grnndes setores da população o sonho de uma outra América do Norte. Essa América autêntica que se descob,·c ao cruzar o rio l'otomac ou o Hudson . deixando para trás Was hington ou Nova York. no dizer de um correspondente do jornal "A BC", de M.1drid ( 14-581). José Maria Ca rr:iscal. Essa América do Norte não cosmopolita deseja a volt,i de v:ilores como :, religião. a liberdade individual. a iniciativa privada, a limitaç,1o do poder csrnt:11. a responsabilidade de cada pesso;1 cm lugar da mcnrn lidadc prcvidc nci:,ria - que espera tudo do governo . o renascer do patr,otismo e da confiança da nação cm si mesma.

0

prhneira-111i11i.,·1ra ingh1.w1 '/ll(11d,er {úrum 11n1 ,·splt'ndido 1no111t•1110 ,t,, <li.t:nidod<· 111.1mn 1111ç,io ({li<' t•stâ fa· minta por ela. Rt.•a1t.m1 tc111 uma .fé ampla 110 cc ri111011iol. O senso ti,· dixnidtul,• (flll' o ,·,•rinu,nial protlu: ,uio d,•ve .\·e r "º'!fundido ""'" lid,~rmt('â. 111ns l'riu unw aura ,.,,, tor,u, cio J>fl•sid<'nl('. A tlfmu.~fera nt1 Ca.,·a /Jranca 11111do11. 7iulo ,,.,·fti cm or· d,•,n. u111a lim11e:11 J:l'rtlÍ /ai ('X<'CII· 1ad11. (I pi11tur11 foi f<'}<•ifll. U111a ou/ r11 11ovidt1d1• ,; tt pvlick•: do.,; 1

Jim citnuirios··. O diretor da Casa Branca. B:1kc1·. comentou: .. l:'w s [ os funcion/\ rios: d() gov<.!rno] stio u111 simholu para tJ nt1('iio <'. por isso. p 1·,~,·ismn s,, c,111iporu1r n11i\ '<)n i<'llfcme,u<~. 111e,l'· mo ,1111111</o niio e~,·1,•ja111 ,.,,, st•rvico.

H 11,·.,·1,· inido ,i<· }!.O\'('/'lla. U,•ag111t ' " "' sitio 1<io nu•riculosa em .\'lltt.\ \'(•,\'li11}1 111u,s t/lllllllo 110 lí11.c:11age11t'·, "I•: q,a• os 1,,,,m•n., (JII<' ,h·1ê111 o p vc/('J' tis V(':C.\' .w• ('X(JW'Ct'III d,_. 'fll(' ,·h·., .W i(J ,·rill('(l( ,lt~OU//'(/,\ pes.,·c,as, de outros acv111ecin1e11u,s ,, de u,1· tra., ,:pocas. A 11u111111c11rfio t/11 dix nidad,• no ,·,1rgo ,; 11 tlc111011.,1ra<·l io de lfllt' ele.\' ('(Ull/ll'l'<'lldcm quc 11aga111 11111 1rih1110 ,,.,·11edal a af.~o <JIU' ,•st,í al<!tn ,h)/(1.~· 111,,sm os··. conclui "1i'm ('". 1,\ '

1

Por outro lado. é de se indag,11·

que ra1.ücs teriam levado RcagcHl a nomear para Chefe do l'rotocnln do Departamento de Estado a Sra. Lconore Anncnbcrg, esposa do mull im iliomírio e antigo <:mbaix:1dor em

Londres. W:1hcr Anncnhcrg. Segundo seus am igos.:·, Sra. Anncnbcrg ~

uma "Jler}é<'cioni.,·u,-·. gosta <lc nw· refinados. porcch1nal\ de qualidade e nores frescas. .. ('011/u:ce q1ws,• todo.~ os 1:ra,ui<~s do 11111,ulo" e ··aplainou o caminho Jtt ira tJ Rainha /:'li: ohNh 1/". quando. h{, alguns anos. esta visitou os Estado:-- Unidos (" 7,,,, N t•u- York ·n111,·s ... 1C>-J-81 ). " Nen·su-eek·· eh; 25·.S.·8 1 trai um ,1r1igo sobre os cstiJos de.; protocolo na Casa Branca. csrnmpando 1rl•s tipos de músicos desse pahicio. com uniíormes ant igos. Tudo rl'st~1urado pelo atual governo. <Ili\.' o k1 ~ de se supor portonsi<lcrar a mc<l1<l:1. entre o utras côisas. popular.

1111,,;

O protocolo e o solene voltam à Casa Branca, como nesta corimõnia do r&eepçlo dos reMnt pn,101 no lrl. durante m • i1 de um ano

11:m,

1111111

mu ..

Cresce nos nor1c-amcricanos o

amor a tais va lores. sobretudo entre pondcrúvcis parcch1s da juventude. A tal pon to que o citado correspondente do gn.andc diúrio d e Madrid pôde comcnt:11·. sem exagero. que :l questão-chave do prcscutc consiste no ~ucndi111cnto

ou frustração desses anseios. por parte d:t administração Rcagan. "1.-.:t,·(1 ,; ti grmule incâgnita dos F:stadus U11idvs hoje. /;', de ,·<·no ,uodo, de toe/o o Ocid<'llf<t. !)ai. quando se cru:a o />otonlflr, a Jt(>ll/1' JU](J sabe S(' (' lllr(I IUJ Ollf('nl uu no an,anhtr·. conclu i.

3

3


Valores familiares ganham impulso 'IPJo,., ON e 1 OMO SE SABE. uma das "ondas" por muitos qua lificadas como tipicamente norte-americanas foi a da progressiva destruição da iostituição familiar, a través do divórcio. fem inismo. independência juvenil, controle da natal idade etc. Hoje cm dia. parece verificar-se um retrocesso em busca dos valores familiares. apesar de praticamente nada ter sido feito nesse sentido pela imprensa, o governo ou instituições religiosas. Contudo. deixemos fa larem os fatos. como vimos fa1.cndo, com a particularidade de que estes são transmitidos. cm grande parte. por fontes pcrmissivistas. as quais não tendem a favorecer os valores familiares tradicionais.

Propensões surpreendentes Na primeira página de "The New York Times". de 28-12-80. Dcna Kleiman começa seu artigo intit ulado " Muitos mulheres jovens agora ajirmt1m preferir a familia à cllT· reirll".

" Talvez a presente geração seja simplesn,ente nwis ingénua", comenta Kleiman. tentando explicar

a atual tendência. Note-se q ue este estudo baseia-se no depoimento de jovens que jâ estão compromctiçlas com a lguma carreira. Com relação às outras, os índices são provavelmente mais elevados, no sentido de mostrar a preferência pela família cm detrimento da carreira. "Olhando para o futuro. a 11,aior parte das mulheres entrevistadas por ''.11,e New York 1imes" tlisseram esperar que os h o,nens com os quais eventuabnente se casarem, se dediquem nwis a seus filhos do que seus prf}prios pais··. prossegue o artigo. "E not6rio o declínio de grande parte do Jer,nento fenlin ista da década passada 11as ins1i1uiçiies de c,ducação superior''. A publicação" Et1gle For,1111", de fevereiro de 1981. informa: "Que espécie de estilo de vida prefere a nwioria das rnulheres norte-ttrnericanas? Segundo uma pesquisa realizada 110 último verão para a conferé11cia sobre famílias da Casa 8ra11cu. 74% escolhe111 o casam<'' "º co,n filhos con,o " vida ,nais i,,. tt res.tante e sarisfató ria paro si ,nesma.,·. Somente 7% preferen, permanecer solteiras. livres ou ocupadas

Sra. Connie M arshner. líder da Coalizlo P'ró-Famllia

Manife1taçlo con- , tra a organi2açlo

pró-aborto • lim!-

t.eçlo da natehdade Planned Pa.. renthood. em Men-hattan, no centro de Novo York. Ao ato, promovido pela TFP norteamericana, aasociaram•S& duas mil

pe1.soa1.

.• , ,

'11\1\t

ra

Em jane i ro de 1981, 200 mi l

manifestante, pertencente, a numerosos movimentos contrlirios ao abor-

to, desfilaram pelas ruas de Washington, at.S o Cepitólio.

acordo em que o 111ovime11to pelos

co,n uma carreira de 1en1po integral".

Por outro lado. o semanário "C(l(hOlic Twin Cirde", de 22-2-81. c m seu editorial intitulado "Os sinos do casamenro esuiO voltando a to· ct,r''. afirma: "PessO(JSjovens ern 111ín1('r<J cada vez 11,aior estão ado tando essa ali· tude [de procurar o casamento]", Segundo o Centro Nacional de Estatísticas sobre a Saúde. mais d o que nunca os norte-a mericanos estão assumindo compromissos matrimo· niais. "Obvia11,ente isso se deve a""' 111ovir11ento geral da populaçiiu. mtrs s,,nre-se no ar que o nu11rin1ônio estâ o utra vez dando certo", prossegue o editorial. "Dura,11e muitos anos.(... ] o casm11c1110 foi vist<1 t·omo algo digamos - "quadrado", O "neg6do " era viver j untos. ··· rara qu,, co.,·ar-se?" era " slogan da épora ...

Comenta ainda a publicaçã o: .. Por <1ue a ascensão ,los indiC('S

ma1rilnoniois? Alguns áta,n o novo conservadoris,no soda/ que contribuiu para li es111agatlor11 vitórit, d,,

direitos do ,,borto perdeu terrn10. d,•.1;d(' que a Curte Supre,na deter111inuu. Nn 1973. tJUl' a.t n111/heres tén, tun dirtito <"Onstilucional para

escollu•r o aborto". Com efeito. atualmente há duas grandes ca mpa nhas promovidas por grandes organizações contrárias

constitucionais segund o as q uais o

direito huma no à vida começa legalmente no momento da fecundação. Para a sua aprovação são ncccss;1--

Rt>aga11 en1 nove,nbro. Existe. dizen, eles. 111n anseio naâonal de retorno

à família. ao.,· , •o /ores tradicionais. Recl•ntl' JJl',\'{Juisa e111fl~ jovens 11111·,·érsiuirio.,· 1nosrro11 que 63% colocmn o i1e111 ..constituir JonlÍlia" n,-

importonte finalidade de sua vida". A revista "New.;week", de 16-3· 81 , dedica amplo espaço ao assunto, 1110

Nova rede de TV é conservadora CONSTITUIU-SE recentemente nos EUA a Coalizão por uma TV Melhor.

ANEWWINDOW ONTHEWORLD

americana. Segundo a "Folha de S. Paulo" (5-6-81). essa frente congrega "mni.,· de duze1110.i moviml'IIIOS ronsnvndon1s e religiosos''. contando com

cinco milhõc-s de associados e simpa1i1.anlC$. Seu primeiro objetivo é o conlrole do ntimcro de cenas mconvenicntcs. nos programas e anúncios comerciais na telcvis.ão. para depois exercer uma pres. são pública sobre os programadores e as empresas qt1c mais violem a dec~ncia. Já existe urna cotação das empresas. de. melhor a pior. A Federação Nacional

Pró-Decência afirma dispor de 300 mil grupos de observação.

1-1/, também pressões de outro gênero. dirigidas contra esse meio de comunicação. Neil Postman. catedrático da Univcrsidadc de Nova York e autor do livro "O desflpnredmeuto da i1ifâ11l'ia", concedeu extensa cntrcvis1a ao scman:1· rio "U. S. N,•ws & World Repor/''. de

19-1 -8 1. Nela afirma que a TV "prej11,tko nas l'rianços n ap1id,io dt pensar <·om dórtz11", bem como suas capaci· d~tdes lingüísticas. Nos Estados Unidos existem três grandes redes de telcvisão. Como reação :\ nocividade moral e mental acima apontada. surgiu agora urna nova cadeia. de <."..1rátcr conservador: a Christian Broad-

CODE OF ETHICS f

Fully recogni,::ing the vast impact of televlsion on o ur lives. the Christian

,.

Broadcasling Network pledges to

you to maintain responsible programming that will: • Pteoorvc lhe high ideais and moral

principies upon w hich our great nalion is founded.

• Spread thc wonderful message o 1

God's love and hope throughout

Amedca and the world.

• Ptesent wholesome family viewing free trom unhealthy influences and

distortion. • Provide you and your tamdy with

supetiot btoadcasling designed 10 inspire. educate. entertain. and ln, form.

4

The Network you can depond on!

rios 2/ 3 cm ambas as Câ maras. A segunda. patrocinada pelo Senador .lesse Hclms. propõe uma lei federal que declare que o ser humano scj,i considerado e nquanto ia l desde o momento da concepção. Esta riroposta requer maioria simples. isto é. a metade mais um dos votos pa rla mentares.

"Exis1e 11111 anseio nacional de re1orno à fa,nília. aos valores 1radicionais". Por outro lado, " Newsweek" revela que "mais de 3.6 milhões de bebês nascera111 nos EUA no ano passado - a 111aior cifra desde 1970".

O sema nário "The Review ofthe News" dedica extensa matéria cm sua ed ição de 21-1-8 1 principa lmente à Sra. Connie Marsh ncr. lúcida e eficie nte líder da Coa li1.ão Pró-Famí lia . Esta é uma poderosa orga nização norte-americana voliada. como seu nome indica. para a instit uição familiar, e muito representativa do movimento emergente no pais. de inconformados com a marcha da modernidade corrupta. A Sra. Ma rshncr dirige, a lém disso. o mcns.'\rio "Family Prótection Repor('. Em e ntrevista a " The Review of the News", declara que o governo Rcagan deverá ser mais atento às tendência s das massas conservadoras que o e legera m e observa que, aluai mente, ··,nesn,o as mulheres que têm trabalho de periodo integral. o u mulheres que sef(ue111 umt1 t~arreira, ern sua ,naioria pensom e,11 termos dt1 próprit, família".

Contra o aborto: na polltica e na sociedade Em "The New York 77mes" de 16-2-8 1 lemos: "Grupos pelo direito ao aborto esperam tc,npos 11111ito duros". T rata-se de artigo de Linda

c.'Sting Network - CBN . A CBN pro-

põe-se a seguir um ··,i·ódigo de élica'· segundo o qual deve ··,,reservar m: olto,<e ideais e princ,j,ios morais " sobre os quais se funda a nação. bem como preservar a familia das "influênéiOs mals,is e <lis1orções".

sob o titulo ··A ma,ernidade. afinal". Depois de cita r vários casos e au toridades. di1. que mu itos especialistas vêem nisso ··si,wis de renovado tradicionolisn,o c,n tição. juntarnente con, a pressão de colegas ,, un, po1u·o dC' 111oda cJ,, volta ti família··.

Comentârios lúcidos

para combater "o violénâ o, a vulgari,1,ule I! os pn/ovrôes''. bem como a imoralidade em geral na televisão nor1e-

~10

a borto e cujas petições tramitam no Congresso. A primeira apresentou emendas

Grcenh ousc sobre o estado de espírito d os grupos pró-aborto cm sua reunião anual. "Os delegados que at1ui se encontran1 p arecen1 estar d,,

"A crise aba,eu -se sobre nós e o perigo é claro", declarou um diretor executivo da ca mpanha pró-aborto. segundo a mesma notícia. Tais iniciativas parlamentares aniiaborto go,,am de maiores probabilid ades devido à entrada de elementos antipcrmissivistas no Senado com as últimas eleições de novembro. Além disso, "em sua t·an,panha t!leitort1I o Sr. Reagan apoiou fortemente

u,na e,nendo

co11stit11cional que proibisse os abortos" (" The New York 17mes". 133-8 1). A propósito dessa campanha, também está se ampliando o movimento contra os anticonccpcionais.

Essa s diversas inclinações prófamília começam a refletir-se na conduta geral da sociedade. A se-

Senador Jesse Helms propõe unia lei .federal que declare que o ser lnunano seja considerado enquan10 1al desde o 1no1nen10 da concepção. guir, um exemplo promissor: no "Philtulelphia l11quirer", de 16-3-8 1. Rachel Goldcn. economista da Bluc Cross-Bluc Sh icld Associa tion. comenta as estatísticas que ind icam um au mento anual de 4% nos nascimcrnos. nos últ imos dois a nos. "Não exis1e teoria alguma capt,z de explicar porque", observa ela. " Isto é uma reviravo lta de 1e11dénl'i11s. O indice de fertilidade elevou -se firmemente desde os t1nos 30 até 1957, quando atinf(iu o m,ge e co111ero11 <1 b11ixar. Os anos 70 registraram menos ,wscirnentos que os anos 50 e 60'". As últimas estatísticas de 1980 também revelam um a umento de 4% cm re lação aos índices do ano ancerior.

CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 1981


SINAIS DE MUD UITOS BRASILEIROS poderiam imaginar que em matéria de educação juveni l a inclinação norte-americana rumasse inquestionavelmente para tudo quanto significasse falta de disciplina e laicismo. Noticias recentes apontam uma tendência atual para o contrário.

M

Procura de padrões morais favorece colégios particulares A publicação "Catholic Twi11 Circle", de 22-2-81, ocupa sua primeira página com a seguinte manchete: " Voltam os colégio.r parti um só sexo - O que há por trás da nova popularidade dos colégios católicos para ,noças''' A tendência atual, contudo, não se limita a esses dois pontos. O aumento da procura de estabelecimentos de ensino particulares mais resguardados contra a corrupção dos costumes, obrii:ou a se criarem organismos de orientação para os pais de família ("The New York Times", 4-1 -8 1); "Brilhante futuro para as escolas particulares" é a manchete de "The New York Ti111es" desse mesmo d ia, em artigo de Gene 1. Macroff. "Durante os anos 70 as 11101 ricuias nas escolas estatais dirninuíran, à razão de 11111 ,nilhão de alunos por ano". O mesmo autor assinala que isso será reforçado pelo fato de parlamentares conservadores chefiarem as comissões encarregadas da área. Cresce o número de novos colég ios particulares. especia lmente os religiosos, bem como o dos alunos neles matric ulados. "O público 11onearnerica110 está despertando pt,ra o fato de que a educ:a,ão não é algo 11e111ro qunnto aos v11/ores". comen-

ta M ons. Meycrs. presidente da Associação Educaciona l Católica Nacional. E acrescenta: "Muitíssima., pessoas estão preocupadas ago-

'" com os assuntos éticos e ,norais". O mesmo artigo cita Jack Clayton, representante de Washington na Associação Norte-americana de Escolas Cristãs, segundo o qual esse fenômeno constitui "uma resposta para as grandes con1o(·ôes nuJrais e espirituais da sociedade".

O "Washington Post" de 29-3-81 informa que a escola Fa irfax Christian Acadcmy, de orientação muito conservadora, representa a realização de um "movimento" que "poderá revolucionar a educação nortean,ericana", Acrescenta que os grandes mentores da Nova Direita política são seus principais clientes, com o que se converte cm um "viveiro da agora injluente e/ire politica conservadora". A conhecida revista "li/e", de março de 1981 , faz eco a essa propensão em sua série especial "Renovação Americana - Projeto Especial", com o artigo "Apelo para uma educação de qualidade", de Chcster E. Finn Jr., o qual insiste na

"O público norre-americano esrá desper1ando para o fato de que a educação não é algo neutro quanro aos valores". disciplina. seriedade dos exames. distinções para os melhores e lementos. boa educação e não-interferência estatal. como rumos que devem ser trilhados para se superar a triste herança de anos de educação permissivista. Em o utro artigo do mesmo número, "Life" destaca o êxito de uma escola de Chicago pela aplicação da d isciplina e o estimulo à seriedade. O "Jornal do Brasil'' ( 18-5-81) reproduz artigo de "The New York Ti111es" - "Onda de conservadorisrno atinge ensino a,nericano" onde se lê: "A onda de conserwulorisn10 re~ cen1e,11en1e surgida nos Estt1dos Unidos ameaça ficar ainda 111aior com o mírnero crescente de grupos de pais que, em todo o país, esuio exigindo que os prof essores e responsáveis pelas e.«·olas abandonem m étodos de ensino que qualificam de antifamiliares. a11tiamericanos e co111rários à religião".

"Alist•mtnto mllit•r? Os tstudantts dizttm sim". ··A vtlh• mod• da strvlr a p,tri• rtts· surgiu. tt nio porqu• • tonh•m prttglldo ... diz este artigo em "Tho Maryl•nd Wotkly".

Draft? Students Say Yes e,· KAm1t,'N rou~r,n

ÇA NA EDUCAÇÃO

Esses pais que defendem a moralidade e a tradição procuram também rever o que o articulista chama "algumas conquistas modernas. co· mo a sala de aula aberta, a nova mate111á1ica e a redação criativa. alegm,do que esses métodos acadê· 1nicos informais des1roe111 os padrões do que é c_erto e errado. esti· 11111lando a rebelião, a promiscuidade sexual e o cri111e".

Ur-.1í1

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'The old-fashioned idea of servire to rountry has reemerged, and not beca~ people have been preaching it."

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Não se podia rc1.ar nos colégios públicos norte-americanos devido ao impedimento constitucional de separação entre o Estado e as várias confissões religiosas. Em Tcnnessec, os membros da equipe de futebol americano de um estabelecimento público começaram a rezar antes e depois das disputas. Um juiz protestou. baseado no impedimento legal mencionado. Houve comoção geral. A equipe. depois de ganhar uma partida por 13 a O, desafiou o juiz no campo re,.ando e foi aplaudida de pé pelo público. "Tais exibições não são incomuns 110 Sul", relata "The New York Times" (7-12-80 e também 11-1-81). As autoridades ed ucacionais do Estado de Tcnnessee apóiam os orantes. O Estado de Louisiana legalizou as orações nas escolas, o que provocou grande furor e divisão ("'Tire New York Times'', 18-12-80). O mesmo diário novaiorquino informou cm 26-12-80 que cm muitos Estados. líderes antilaicistas, animados pelo êxito dos candidatos apoiados por grupos conservadores. "fizeram pressões 110 sentido de que as leis autorize,11 a ora(:ão vo('a/ organizada ou a meditação en, silêncio nas escolas públitas". Segundo um líder conservador da Califórnia, "a grande maioria está a favor de Deus e o pêndulo co1neço11 a 111overse nessa direção". No mesmo artigo informa-se que Louisiana , Massachussets, Arizona, Connecticut e outros Estados adotaram uma lei pró· oração. Menciona ainda movimentos nesse sentido na Califórnia, Tennessee, Ohio, Texas. Minnesota, Nova York e Kentucky. Reagan afirma-se partidário da oração nos estabelecimentos de ensino estatai s. de acordo com a mesma noticia.

O que querem os alunos

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CATOLICISMO -

•· Daily News", de Nova York (27-3-81). transmite despacho da agência UPI com o titulo: "Informe: Adolescentes dos ano.s 80 são mais l'Onservadores". "O deparramento de Educação dos Estados Unidos chegou ÍI essa conclusão após pesquisas feitas e,11 1972 e 1980". assevera o jornal. "Guinada à direita entre os adolescentes" é o titulo de uma noticia do semanário "Tire Review of rhe News'', de 17-12-80. "A décima primeira pesquisa anual de lítMres adolescen1,,., ret,lizada por" Who's Who Among America11 High Se/roo/ Students" (Quem é quem entre os estudantes secundários norte-americanos) indica que os alunos de hoje siío bastante conservadores. Responde· ran, à pesquisa 22 111il f11111ros líderes dos Estados Unidos. A grande n,aioria

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SHORT-HAIR

The longer hair styles that men have favoreci for many years are now being replaccd by shorter v ~ -looks thal raoge lrom t.he neat and conservative to lhe severe anel provocatiYe

LIMITAMO-NOS a traduzir alguns trechos de reportagem de "71,e_ New York Ti111e.i Magazine", de 7 de setembro de 1980. na qua l Elaine Louic toma depoimentos de vários barbeiros da g_rande metrópole norte-americana: "É raro que os estilos de corte de cabelo nrasculino mudem tle forma tão radical a ponto de

Além disso, entrou na moda o "esti lo preppy" . que consiste em vestir-se bem sem chamar a atenção. Caracteri1.a sobretudo jovens que freqüentam os melhores colégios particulares pré-universitários . No "Washington Post" de 22-181 , uma reportagem sobre a juventude apresenta o título: "Serviço Militar Obrigatório? Os estudantes dizem sim", A reportagem refere-se a "adole.scenres conservadores de hoje" e um entrevistado, diretor de colégio público. afirma: ''A tendência entre os rapazinho.,, por razões que não conheço inteirarnente. é t·ada vez mais conservadora e 11wis s11bn1issa··.

O leitor perguntará: o que aconteceu com os jovens agitadores e revoltosos das décadas anteriores? A

A teoria de Darwin "não deve ser tratada con-10 dog,na".

declarou-se contra o n1ovi-

me11to feminista ERA, o aborto e o pornografia". Essa mesma maioria manifestou-se a favor do se rviço militar obrigatório. da religião tradicional e de maior censura moral nos filmes, televisão. livros e revistas. Apenas 6% afirmaram haver tomado drogas. incluída a maconha. Repercussão em Santiago do Chi le: "Alguns professo res 1111iversi1drios nor1e-an1ericanos queixa,nse da onda de conservadorisn10 que parece dissen,inar-se en1re os es1uda111es. Quando ele,· eram alunos, as universiàades cons1i1ula,n o centro da luta "contra o estabelecido". Mas os esrudanres de hoje mostram po11co inleresse en, prorestar e ,nuito interesse e111 estabelecer-se" (" E/ Mercurio", Santiago. 22-2-81 ).

revista "U. S. News & World Report" ( 19-1-81) fornece um indício no artigo intitulado "Os radicais de ontem vesrem rerno cinza". O que significa uma espécie de aposentadoria precoce. Os líderes hippics, pacifistas etc. aparecem cm seus escritórios sorridentes, de terno e cabelo curto. Ao lado. a revista reproduz suas fotos antigas: cabeludos, agressivos, nervosos. Hoje. parecem rejuvenescidos.. ..

Evolucionismo questionado como matéria cientifica nos colégios Nos Estados Unidos, país de progresso cientifico e tecnológico marcante. ponderá veis setores do

dramar a attnrão. mas é o que aconteceu nos ú/1i,nos 1neses. pe· lo 111e11os em Nova York e e,n outras dreas rnetropolitan11.f'. "Subita,nente, homens de 10do.t os tipo.-; - artistas l! músico.,·. advogados e hornens de 11egócio - opiaram pelo cabelo curto", assevera a articulista , com base em observações dos referidos barbeiros.

publico estão procurando impedir que o evolucionismo seja ensinado como doutrina cien tificamente demonstrada, já que não existe fundamento na ciência para se provar essa teoria. Pelo menos, pedem que seja apresentada como uma doutrina qualquer e não como um fato inconteste. como se vem fa2.endo ("Tire New York Times", 1.•-3-81 ). O "Wa/1 Street Journa/", de 272-81, revela que os grandes editores de textos de biologia se vêem obrigados a "neglige11ciar a teoria de Darwin", devido a pressões do pti· blico. Todo o país licou em suspense com um julgamento sobre o assunto, efetuado na Califórnia. O juiz sentenciou que o ensino evolucionista atual não violava os direitos reli giosos dos que colocam objeções a essa doutrina; mas, não obstante, enviou uma circular aos colégios e editoras de textos escolares para que se enunciasse que a teoria de Darwin "não de ve ser tratada como dogma" ("71,e New York ·n mes", 10-3-81). Esse movimento antievolucionista se desenvolve apesar da inexpli cável oposição que encontra entre Bispos do pai!\, conforme noticiou "Our Sunday Visitar", de 29-3-81. Tais fatos, no entanto, mostram a força e a espontaneidade da tendência anticvolucionista. A chamada "matemática moderna" ou "nova matemática" (que não deve ser confundida com a Nova Matemática dos teóricos. mas sim um d iscutível método pedagógico) também está encontrando oposição de muitos mestres que não a consideram pedagógica. pois "força a 1nente a pensar de 1naneiro an1i11atural", afirma um artigo no "Reporter Dispatch" de 12-2-81. 5


Nada melhor que as fotos para ilustrar este capítulo. Note-se a atualidade e a importância das f antes. Incluímos também roupa esporte. Nossos comentários limitam-se a ressaltar alguns aspectos das ilustrações.

Em vigor os trajes tradicionais Este figurino é o primeiro da principa l matéria que "Nfe11'., Fushiu11s of the Times", suplcme1110 que "77,e New York Times Magazi11e", de 29-3-81, dedica às modas de verão no hemisfério Norte. O texto fala .de "tons escuros", do "clássico", da "sobriedade" e da 'farnwlidade". No~c:se como o modelo apresenta um estado de esptnto consonante com a roupa que veste. Passo firme. seriedade, rumo definido, expectativas razoávci~. Sobretudo, a foto procura apresentar um llpo human.o em que o raciocinio prepondera sobre a imaginação e a sensibilidade. O que sugere um padrão humano bem diferente do que até há pouco tempo atrás se costumava apresentar, no qual esse do.mini.o era nulo. Cons·ciente ou inconscientemente, o modelo reíletc os gostos e apetências do público, que ó fabricante tem interesse cm atender. Nas ilustrações eguintes, esse tom se repete, po ezes ainda mais acent~

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Na mesma revista há uma secção intitulada " /.,oose11i11g for the Summer" (descontraindo-se para o verão), o que naturalmente deveria dar azo à informalidade Mas não é o que se verifica: a maioria dos modelos de traje esporte usa gravata! Nesta foto o figurino veste roupa de cor clara, esportivamente, como se poderia estar nos anos 30...

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"fron1dy_. Ood, 1 wiih you'd get o b it more with il!'"

- "Fra1u·t11nênte. papai. eu gostaria ({Ili' o Sr. e.wives,fe um pouco 1nais na "Onda"!" A transformação dos gos10s não p:,ssou despercebida :i imprensa antiesquerdista. (Caricatur;l de l?Pvit1 w

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TRENDS

Edited by JANE ELl.IS

Preppy: old loo is a super selle~ 1

Nas modas femininas são freqüentes anúncios como este. O texto afirma que a casa de modas anunciante oferece vestidos para senhoras de gosto apurado. Tradução: "Neste dia e época é reconfortante saber que existe urna casa de vestidos q u e desenha trajes para rnulheres que ern geral não freqüenta,n discotecas até a madrugada, nern costu1na1n ir trabalhar deslizando e,n patins ou andar de n1otocicleta. É encantador saber que existe unia casa que desenha trajes apropriados para os ,nomentos ,naravilh osos da vida como este. Se esta é sua vida, seu vestido é Leslie Fay".

PREPPY IS a buzz word lhAt !;peaks ,volumes to lhe initfat.,d. H can be A comphment c,r a put,down. lt 's a look and a llíestyle thal's lnstantly recognfzable. ll',; a pa-~tcl sh~tland sweater, a madras sl<irt. ., navy blazer, a Nan, t uckei h andbag. And mueh mucb more. lt's lhe klnd or cl3$Slc

unlform that lhe old guard tradlllonaHsts and Uletr offspr'lng have $portcd for yeaJ'II. And Today lt's· a

major íashlon fad. Spurred by tl)e best-~1· llng 1'hé 0/fldal />rtJpPIJ llondbpok., Uae enterprlslng ventu.re ot tour young writ,

ets. (Worl<rnan PubUilblng,

$3.9:i), lhe t.raditlonallll look í.s becomlng a unlform for women Crom th~ cJás&. rooms to lhe otfl~. This toni:uc-in-check lorc ~! 1,n•ppydom, ed11cd by t

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Neste recorte do "Ne..,, cr~f;; York Post", de 1ion 26-2-81. afirma-se no ,e título: "Preppy: o •o velho aspecto é ,r o que vende ,nais". E ú ll mais abaixo: "O tipo IS nd de unifo rme clássico que os tradicio11alistas da velha guarda e he seus retardatários ,;ks osrenro,0111 durante :orrec:t anos. E hoje e111 dia é uma das grandes 111011ias da 11,oda". ; " O aspecto tradicionahe dicionalista está..se con.. !'1~ · Ohcltoa b-, tto1;1,cn 1(0t vertendo e,n uniforme 1t1r cd their rtrst catalogue ··Thls y~:.1 para os ,noços, desde " , for wc,men e.nd today 1~ní'd th,, , i k, ar,• (u11 of rnn, r.' aula do coIégio até o escrit 6rio". Preppy é a moda característica das moças que fazem o curso preparat6r11> para a un iversidade. Ê preciso ressaltar que nos Estados Unidos quase nâi> se usa u niforme em colégios, o que acrescenta espontaneidade à tendênd , conservadora. O comentário do" New York Post" assinala que antes un-li minoria usava vestimentas conservadoras. Hoje, é quase o contrário... E1 porcentagem de anúncios de cortes tradicionais parece confirmá-lo plenámente. Assim , o exemplo norte-americano não pode mais ser invoca1 para a imposição de uma extravagante e mal-entendida modernidad1-

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ITIS LoVELYTO KNow 6

CATOLICISMO -

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Anúncio publicado em "The New York Times" de 25-3-81. O corte deste traje é obviamente conservador. Mas note-se que a roupa exibida é de seda, tecido que, diga-se de passagem, vem sendo mais procurado do que antes, conforme pode-se medir pela propaganda nos meios de comunicação. Observe-se a postura de certo recato da modelo. Indício externo de valores morais.

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Anúncio no "Washing1on Posl'', de abril deste ano. "Os ho,nens estão caminhando decididamente para o passado nestes dias ... Estes sapa1os são o comple1nen10 para o /rajar clássico de hoje".

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Em "The New York Times" do mesmo mês aparece este anúncio: a loja Barney's dividiu-se em duas secções: a tradicional e a internacional, à direita e à esquerda, respectivamente. Mas observa-se na foto que até o sapato "esquerdista" aparece como conservador.

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LEWIS & THºS. i Como Você imaginaria uma roupa esporte de verão nos Estados Unidos? Bermudas estampadas com bi1.arros coqueiros? Camisetas .carimbadas. . com anunc1os promoc1ona1s de alguma universidade, clube, banco ou produto comercial? Não é essa a apetência de pelo menos uma grande parte do público norte-americano, a julgar por esta propaganda anullciada em "Men's Fashions", já citado anteriormente. "Se Vocêes/avaprocurando o último paletó de verão, seu navio acaba de chegar", diz este anúncio. Mas não imagine, leitor, algum desses pa,etós de tecido sintéticc, fabricados com derivados de petróleo. "Seda. Nenhuma outra coisa tem exatamente a mesma aparência oufala tão imediatamente de natural elegância e luxo", prossegue o anúncio. ;

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Trajada com elegância e recato, esta jovem senhora exprime predicados femininos tradicionais: delicadeza, modé~tia e decoro, ocupando-se em uma estética circunspecção e cm sensata consideração das coisas de seu âmbito. Consoante com as rosas, o vaso de porcelana, o móvel de estilo e a gravura, ela foi no entanto escolhida para a propaganda de... moderníssima aparelhagem de som! Na era da eletrônica, o antigo e o tradicional se valorizam.

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u.s, KEEP NARCOTICS OUT!

Luta contra a pornografia

Painel de propaganda contta drogaa noa E1tado1 U nido•

A

MATÉRIA da página 4 " Valores familiares ganham ilnpulso " -

está estreitamen-

te ligada a esta. Naquela assinalamos tópicos que se poderiam chamar especificamente pró-familia. Nesta, apontamos sintomas da antiimoralidadc. Ambas, naturalmente, se complementam.

Diminuição no uso de drogas Sobretudo a partir da chamada geração "be0t", do movimento hippie e de outras manifestações que impregnaram profundamente a sociedade ocidental - e mais marcadamente a norte-americana - . disseminou-se concomitantemente o uso das drogas. A importante revista "U.S. News & Wor/d Report'', de 2-3-81, informa cm sua seção "Newsgram-Ton,orrow" que "111n novo esrud<> indica que o uso de drogas dilninuiu 110 0110 passado". De acordo com as cifras citadas, o "uso de marijuana. que é a droga nwis ,·onsumida. de1,: rR!•<·<)U l 2o/o é o uso dl1 aluci116ge11os. b(lrbitúricos e 1ranqiiiliz,111u•s tambd,n btlixou". .. Por que es.«1 mudança?" pergunta a publicação, e responde: "Os jovens estão lendo e ac:redittmdo n os i11formt•s t!e jornt1is e revisu,s sobre <1 (!\·idb,cia científica que do<:un,enta vs nwus tfeiros da droga". A isto seja- nos permitido acrescentar uma observaç.ão: a mera "evi· dênda <'ientífit'<t''. por s i só. não é suficiente para premunir alguém do vicio. menos ainda para arrancar pessoas de vícios adquiridos. Podese sup()r, portanto, o concurso de um impulso moral complementar. "The New York Times" de 8-1280 noticia que "110 mais ampla pes· quisa já reolizada sohre o co11s11mo

de drogas e bebidas alco6licas 110 serviço militar, o Departamento de Defesa co11c/11i11 que_, pelo menos quanto a drogas for1es. a incidência declinou nos últimos cinco anos". "A percentogen, dos que dedararom usar estimulantes - prossegue a notícia - caiu de /5 poro 12%; os

"Uma recente pesquisa Gallup informou que qua1ro en1re dez norte-americanos julgam que as atuais restrições à imprensa [e,n 1na1éria ,nora/] 1uio são suficienternen/e restritas".

O mensário esquerdista e defensor da "liberdade sexual", "/mpact'80" (financiado pela organi,,,_ ção Planncd Parenthood. que promove o controle da natalidade e seus corolários imorais). cm sua edição de outubro de 1980, na primeira página apresenta, muito alarmado, as seguintes informações: • "Judith Krug. diretOr(J do Escritório de liberdade /11telectual. da Assoâação de livrarias Nurte-ameri,·anas. anuncia que "nos anos Íl"ti· vos de /978 e /979 ucorrerm11 nwis incideqres de elit11i11t1('ãO (' c1.ms11ra de livros de> que e111 qualquer o utra época. 110 período dos últimos 25 anos. pelo menos". • "O "Washington Post" i,ifor1110 que 111ais de 200 orga11izarões de nível naéional in.turgir<un·se como censoras e ,·titicas autonomeadas do livro", • "1:."'tn Warsau-, lndia,w. e outras localidades nort<.,-a,nerictrna.\·, ressurgiu a guerra aos livros (imorais]". /\inda que se possa discordar de a lguns desses ,uos. ninguém pode negar que se trata de um cloqlicntc indício de tendências socia is. Continua "lmpact'80": " Uma recente pesquisa Gallup Íl!/<>rmou 4 entre 10 nort<>-011,eric·anos julgant que as atuais restrirões à itnprensa [ cm matéria moral) 11ãu são s11fi-

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depressivos, de 11 para 5o/~ os oludnógenos. de /4 para 5%; e os norcó1icos co,no a hero ína tivertun seu co11sumo reduzido de 7 para 2%", Uma informação colateral refere-se ao hábit o de fumar. O fumo não pode, absolutamente. ser equiparado às drogas, mas, de alguma forma, seu consumo rcíletc uma tend~ncia de alma ... Forte declf11io 110 hábito quotiditmo de.fumar entre os es1uda11tes secundários" é o titulo do informe de Jvcr Petcrson em "The New York Times", de 15-1-81. "O nlÍtnt•ro de estudante.r secun• dtírios que J,11110 diariamente di,11in11i11 <'Ili Jllais de I / 4. de 1977 a 1980. e o bulice de declf11io esttí se afe· /era11do, segundo estudo feito pelos pesquisadores do l11stit11to Nacio11al do A !,uso de Drogas da Universidade de Michigo11'". Acrescenta o artigo que o hábito de fumar caiu mais rapidamenle entre as moças do que entre os rapazes.

Em geral. esse tipo de publicações deixa transparecer um forte temor. Em vista disso, procura lanç.a r as habituais ca lúnias e dcíor~ mações dos fatos contrn os <1ue combatem a imoralidade: essa onda. segundo .. l111r1llct"SO". seria pior do que "en, q11tdq11tr ipoca po.werior ti l'ra de Mc·Carthy". "The New York Tbnes", procurando aparentar imparcialidade nessa matéria, informa freqüentemente sobre campanhas antipornogr{1ficas disseminadas nos grandes e pequenos centros urbanos. Em uma cidade do Estado de Virgínia. por exemplo, três livrarias foram multadas "por vender revistas e brochuras obscenas". Em Virgínia Beach , no mesmo Estado. aconteceu algo semelhante, acrescenta a mesma notícia ("The New York Times", 14-12-80). O jornal "Corpus Christi Ct,ller", de 18-3-81, noticia que " o pro111otor

• O movimento conservador negro

A revista "Ne11•s1vei.>'k" de 9 de março de 1981 publica urnil reportagem de quatro páginas sobre o assunto: "The 8/ock Conservatives" (©s conservado«:s de c<,Jr), Em uma reunião deste· movimen1 •

8

te~. Edwi11 Mcese. principal conselheiro de Rtttgan, díSSê-lhes: "AI· gu,nas ~S&oas, qul p.re1endem representar a {óniunidadt negro, es-

t1io falando com base en1 idéio.r de dez anos atrás. Vocês estão fafo11dh das ide'ias dos pr<}xi,nos dez anos. e dof para frente".

• 1nquietudes sobre a música O "CONSERJIATIIIE DI· G EST' de janeiro de 198 1 transcreve dados do "Washingtô11 P,>st" de 21-12-80,acerca da Chr/$· tian Musi1,· (Música Cristã), ou seja, canções de estilo calmo ba.seadas em temas religiosos. dívul-

' Para que existe o governo?''

É ESSE O TITULO de um artigo de William Safifc. conhecido colunista de "The Ncu- Y11rl, 77mc>.f' (21-3-111 ). "/Jmo .fi,ralida,11: bási<·a do t,uverno é proteger a i·muídade da propriedadl! privada" (sie), afirma ele. Depois de enunciar razões pelas quais isso bcnefícia nã-o Só os <icos. mas todo o oorpo social. e de recordar os a1aqucs contínuos a essa instituiçã·o que garante a liberdade p<:ssoal. destaca: "R11111r,1

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Capa da revit ta ..Consorv•tiv11.

Digest ... - Um exemplo eloqüente de como milhões de norte- ~::;;

e111 hrevi? o ,liffito do proprie1drio será reçonhe,·itlo cop10 um pilar do lib,·rclà,le. 1•111 re/aç8o ao qual o go1·1trnv e.riste para profepr, em ,•t: ,Te ata(Or". Esse coll)entário é muito interessante. pois rcO~te. em um órgão de centro-e·squerda. o que a direita hoje proclama mais que nunca nos Estados Unidos. E. ademais, indica o robustecimento psieológii:o do· senso do propriedadl! na América do Norte.

gadas em discos ou por conjuntos musicais. Segundo tais h1formações, 1.400 das 7 .000 estações de rádío dos Estados Unidos estão difundindo a "músíc.a cristã", e seus programas cncon1ram-sc entre os de maior aumento de audiência. ''Tbe New York Times", de 22 de março de 1981, trai um artigo sobre a música pu11k, ou seja, o que há de mais radical em extravafãncia sonora. Segundo o jor, na , esse tipo de música ()$tá sobrevivendo dentro de um cireuito muito fechado. As preocupações antimodernistas generalizam-se na área mu$ical. Também a colunista Esthcr J ungrcis comenta: "Sim, que a música s~a 011villa nas ,uos dos Es1aclos Unidà.,, mas que, ,,eja músic•o enobrecedoro e i,dijitante paro 11 oln,a h11111ana".

ciam nos programas imorais. Na página 4 da presente edição já informamos sobre o aparecimento de uma nova rede nacional de televisão, de caráter conservador e oposta à imoralidade.

"U,na aliança de n,ais de duzentos 1novin1entos conservadores e religiosos que conta111 co,n cinco 111ilhões de associados e silnpatizantes". Um grande jornal de São Paulo noticiou, com certa hostilidade, repercussão a esse respeito: "U1110 campanha de granel<! e11vergad11ra para suprin,ir "o violêncit1. a vulgaridade e ()S palavrõl'.v· dt, televisão norte-anrericona foi desent:tuleada no país. aproveitando ,i onda conservadora e 1nort1lizonte que levou Reaga11 ao poder. No origen, des1a ofim.tiva esttí 11,na aliança de mais de duzentos ,novi· nwn1us conservadores e religiosos que co11ta111 5 milhões d,• 11s.,oâ1ulos e simpatiza,ues" (" Palha de S. Ptudo ... 5-6-81 ).

"º"'

americanos avaliam o papel da t etevislo

Retração de feministas e homossexuais

nos lares: lixo.

cientR1>U111te rl·s1riu1s" .

MAIS EXEMRLOS: ,. 1-/Â VÁRIOS a11os 1•em emergindo (nos EWA] uma nova gl'ro<'Õo d1' vigorosos e bem artic-ulados co11.re,v11dor11s de ,:or. [...] A[(ora suo existência foi reronhet:ida pelos ,neios de i!om1111i,•at1ào /10cio11al", assinala o "Jntellige11('t• L>ige.w " (Dunsley, lnglatcr.ra) de 14-1-81.

público 11u111da fechar as pornoshops de Atlanw", capital do Estado da Georgia, dizendo provar isso que "a forç(J ,la lei pôs 11 m1io sobre (J por11ografia". "Quen, precisar de 11rn livro sujo, terei que sair d,, A tla11ta para obtê/o". afirmou um fiscal. - "1:.:,tamos ctJnsados de lutar. esuunos saindo daqui"'. declarou um empregado de determinado estabelecimento imoral. O promotor público declarou que a população sob sua jurisdição "<1u, rit1 qw) li por11ugrafit1 fosst expulsa ··. Em Nova York . a estréia de um filme favorecido por grande publicidade e a presença de atores famosos, sofreu atraso devido a uma manifestação do movimento Mu lheres Contra a Pornografia, dessa metrópole. O diretor do filme não encontrou outra declaração a fazer senão esta: "S011 ,·0111ra a pornografia <"Om o rodo mu,ulo"... ("New York Post'', 20-3-8 1). O .. Dai/,, News". 18-3-81, da mesma cidade, transcreve as declarações do promotor do distrito ju-

dieial de Quecns. importante bairro novaiorquino: "A ,ínica for11w de deter a ondt1 de filmes pornogrtíjicos é fazer com que os .f11ncionários dos cine,nas se dê,1 1n t·o11111 de que e1ifre11tarão a 1·11deia f)Or apresenttÍ· los'". Segundo o mesmo promotor, já há um caso de prisão e outros nove pendentes.

·•Que,n precisar de u,n livro sujo. terd que sair de Atlanta para obtê-lo". O boletim d e fevereiro de 1981 da organização pró-família Eaglc Forum, dirigida pela conhecida líder antifeminista Phyl lis Schlaíly, anunciou a fundação de um novo movimento a nível nacional: Coaliião por uma TV Melhor, à qual aderiram mais de trezentas organizações. Essa coali11ío combate "a violência, a vulgaridade, a irreverência e a imoralidade sexual que co111i11ua111e11te são aprese11tadas no video", Um extenso plano de ação já começou a ser desenvolvido. Inclui o boicote às companhias que anun-

Fortes ataques e pesadas derrotas desconjuntam atualmente ambos os movimentos. de características afins entre si . Em anos anteriores. o feminismo concentrou seus avanços na pro· moção de cmcnd<l constitucional pela igualdade dos direitos de ambos os sexos (liq,wl Rights A111é11dme111 - HRA). cujo objetivo era a destruição da célula familiar. através da excessiva independência da mulher no lar. /\ ERA foi apresentada nas assembléias legislativas de cada Estado. Em 1980, o movimento Stop ERA. contrário ao feminismo, ob· 1eve grandes vitórias. "Ser anti-ERA era a posi('âo vitoriosa que o c011dida10 f/Odia to111ar", assevera o "Phyllis Schlafly Report'', de dezembro de 1980, acerca dos novos senadores eleitos cm novembro. O próprio Rcagan adotou enfaticamente essa posição e conseguiu q uc o programa de seu partido para as eleições também se manifestasse anti-ERA . O Stop ERA venceu cm Estados que ainda não haviam se pronunciado sobre a emenda constitucional: Illinois, Flórid&, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Oklahoma e Iowa. Em janeiro deste ano, a emenda feminista foi derrotada em Nevada "em menos de JO segundos" (" Washington Post'', 23-1-81). Também no ano passado. três mu lheres se candidataram ao Senado: uma anti-ERA, eleíta, e duas feministas, derrotadas(" l'hJ•llis Sd,lajly Repor/'', dezembro de 1980). O jorna l "Newsday", de Nova Yo rk ( 11-2-81), revela que "111110 coalizão d,, grupos fi111da111e11u1/is111s, qu,, deno1nint1 Sodo,na e Go-

CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 19 81


• l 1 citâria de um mi lhão de dólares. Seu chefe afirma que os homossexuais de San Fra ncisco - que di1.cm constituir 15% da população - não formam uma "1ni11orilt lt•gitinw". pois "seu único vínculo é a i1nora-

lid1ule e li aberraçcic> sexual". No e ntan10. considera demasiado violentos outros movimentos que se opõem a esses pecadores conirn a nature1.a.

Poderosa coligação moral Muitos outros sintomas proliferam em território norte-americano. Ê preciso considerar que sempre

O Senador Jesse Helms propôs lei contra o aborto

morr11 da nação " cidadl' de Sem Frtmcisco. 1111 Cal{fâr11i11. u,,n planos IÍ<' K<lStar três 111illtões

de deitares

(mais de 300 milhões de cruzeiros) em unw ct11np<111ha pu/1/iduírio cu11·

tra os ltumo.,·.•,;exuai.f', O porta- vo1

Sempre houve nos EUA certa ··111aioria silenciosa" u,n 1c11110 refratária à i,noralidade. 111as hoje ern dia existe t1111{1 verdadeira coligação de.forças organizadas. que 1111tl1iplica111 sua eficácia. sua.1· vitóri(l.1· e seu alcance. da c ntid;ide Maioria Moral de Sama Clara . um dos grupos da cou lilào. dcda rou: " Hstou ti<· m·ortlo ,.,,,,, 11 f)<'llll t!e 11,oru.• t• ('l'(•io

n /11,,uns·

qll()

.\'l',\'110/idade ,•.wtí 110 nível tio lun11i· cidio ,. 0111ros f)l'Ntdo.,·",

Em San Fra ncisco. que é efetivamente o centro dos homossexuais

nonc ..;:i.mcricanos. estes se têm queixado nos últimos meses de um

aumcnio da violência cont,·a e les. E alguns ma ni festa m su" preocupação de 4 uc "" cruzada preporad" ,./evorti as 1{1J1sões··. ~,inda conforme o .. Newsdtiy".

O diâ rio .. San Franl'isch Chru11ic!,, ·· ( 13-2-8 1). por sua vez. rcfcrc!iC ~1

outro grupo contra a imora li-

dade: Confiamos cm Deus - sem conexão com a Maioria Moral. se• gundo seu dirigente. Essa associação planeja uma campanha publi-

~AfO·JLilCil§MO i\H:Ns,\ HIO CAMPOS

ESºI ADO

no RIO

Dirttor: P:rnlo Corré-M d<' Brilo Filhc,

l)ircloria: Ru~a dos G()itac-~11.cs. 197 • 2NJ00 Campos. JU. Admini.s1nç:lo: R.u:i Or. Martinieo l't:u.lo. 27 1 • 01224 $.ão Pa u• lo, SP • Pj\llX 22 1·87SS ' (ramal

211 ),

(\ llll(l~J:.to ~ im1u~s,o na Ãrl!'lfC~ 1":1r>l°1s e An~:i. G1:ífic;·1i. t td;, .. Hu:1 ( i:11ihaldi. 404 01135 • Sà<.'1 P:11110.

SP. "("a1t,li<"i:,,.mo- ~ um:1 llUbli1.::1tão nu:n•

,.1I d:1 FJ111.1m P:-td1c lklchiM de Poll• li.",

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A~inalur:-i anual: comu,n OS 1.000.00: coopcrndo1 CrS 1.5-00.00. hcnfeitôl' ÇrS, 2.500.(){); grandé bcnf.,:i1or CrS S.CXl0.00: ,;~·min:,rí~ws e c,;wd:rntes ('rS 700,00, 1-'.xlt'ríor: comum USS

20.00: hc1,fo1to1 USS 40.00. Os !'):tg:uncnt()~. sempr<: cm nome de Editurn P.idrc- ll(lchior dr PonicsS/ Cº. (H)<lcr.lo

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Admini.slrnção: Rui Dr. !\1ílrllnko Prado. 271 SH.o P~uh). SP

CATOLICISMO -

houve nos EUA certa "ma ioria si lenciosa" um tanto refratária à imoralidade. mas hoje cm dia existe uma verdadeira coligação de forças organizadas, que multiplicam sua eficácia. suas vitórias e seu alcance. Ultimamenic . surgiu o "NO lnaton" - o dis1intivo NA-O - para ser usado por jovens mulheres que não desejam ser prcs.~ionadas por convites licenciosos. "A revista "Tinu:·· nu:nciona ,una clentmula (J1u>. no 11101ne11to. atingt· 11u1is dt>60 ,nil distintivo.t". afirma o '"Long /sland c,uholic". de 19-J-8 I.

De acordo com a mesma fonte, atualmente. ··1tornens e 1nulheres. todas (IS idades. l!S('r('Vl!/11 para co11sf!guir o distintivo··. Diver-

pl•SJO(IS (/(•

uma moralidade ultrapassada 011 superada". Em correspondência especial de Washington, "The New York 7i111es" (30-1-8 1) informa que Richard S. Schweikcr, o sccrcuírio da Saúde nomeado por Reagan. "n,io a('ha que seu 111inistério devo pro,nover a

ed11ca,·ão sexual" e os médicos que !ratam de casos de mulheres jovens no programa Mcdicaid "não 1êm per,nissão de ret·on,endar tmtitOn· cepcionais ...

"Marinho apefla regulamentos miliwres", informa "71,e Victoria

,·of!esia. apresenwçcio e disciplina

O secretário da Saúde non1eado por Reagan "não acha que seu 1ninis1ério deva pro,nover a educação sexual" e os rnédicos do prograrna Medicaid "não 1ê1n pennissão de reco1nendar ant iconcepcionais". Advocate" ( 18·-2-8 1). "A oficialidade dll Marinha esrti conieçflndo a reforçar. ,/e 111a11eira esrrittJ, as regra.f de

,nilitar: o que alguns nu,rinheiros vêe111 corno ,una volta aos "velhos

bons tempos", Largos scwrcs do público norteamericano apoiantm movimentos contrários à imoralidade na realização de campanhas desse gênero. O conjunto da popu lação também sente os efeitos desse clima moral. Vai ficando clara uma realidade expressa cspirituos~mcntc pela Sra. Phyllis Schlaíly: "/; 111elltor peflen<·c•r ci ,naioria ,nora/ do que à ntinoria i1noral".

Castidade, tema no Congresso QUE DIRIA o leitor se o Congresso Nacional se pusesse a discutir a conveniência de uma campa nha para estimular a prática d:1 castidade entre os jovens brasileiros? Surpresa. certamente. Entretanto. é o que, no momento. ocorre nos Estados Unidos. Com efeito. o Senador Jcremiah Denton. reprcscntan1e do Estado do Alabama (Partido Republicano). acaba de apresentar projc10 de lei para '"pro,nover o autodisciplilw e a caslidade". Temos cm mãos o tcx10 do projeto, editado pelo próprio Poder Lcgisla1ivo norte-americano.

O

sos órgãos de imprensa qua lificaram essa atitude como um verdadeiro su rto. Segundo o .. H1ashi11gto11 Post'' de J-4-81. para ··inv(>stigar os valo· rc,.~· norte-americanos ,, a 111edid11 em

esquerdistas e pcrmissivistas) que se "escandalizam·· com a pa lavra t·as~ fÍc}(ule. Nos Estados Unidos, porém. um político de prestigio como Denton pôde aprcseniar um projeto de lei pan1 _promover essa virtude. expri-

mindo assim não apenas suas convicções morais pessoais. como tam· bém a popularidade de que goza a medida cm largas camadas do eleitorado norte-americano. Popularidade ccrtamcnic inconcebível para tantas pessons cm outros países.

Qua l foi a sorte desse proje10? Apresentado no dia 30 de abril do corrente ano pelo Senador DenSenador Jeremiah Oen· ton. almirante de reserva (posaui as maia altas con• decoreçõe, t1lcançeda1 por um oficiei da Marinha

do• EUA). propõs ao Congro,ao emonda para promover a pr6tica da castidade entre a juventude.

q,w estes são co111J)t1rti/l,ados pelos

liderc•.t''. a Connccticut Mutual Lifc lnsurancc Co. encarregou a firma Rcscarch a nd Forccasis lnc. de fazer cx1cnso estudo. Conclusão: "Os lideres norte-a,nericanvs <~Sl{io dc•s· coltulos tio público dos /;stados

.. Eacandalizedo... o aena· dor Edward Kenn&dy nlo conseguiu derrotar o pro· jeto Oenton em aua co• misslo. ma, obteve a 1u· preaslo da palavra castí~ d•d•. substituindo-a por

Unidos. o qual é mais fl'l1"gioso e esuí ,nais preo,·upado cn111 os valor<1s morcii.,· do que as pessoas 11,ai.~ importontes e111 <JlltlSe tudus os cmn~ po.;;, <()1110 f1 ciência. o política. o jornali.,·1110 e ,, edut'O('ão ··.

xais') causa grande prejuízo mora l. emocional e físico. sendo que. cm 1978, por exemplo, só a metade das ado lescentes grávidas deram il luz efet ivamente, e, entre estas, mais da metade tiveram fi lhos cm conseqüência de relações extraconjugais. Ante a gravidade dos problemas sociais de ioda ordem que isso acarreia. o Congresso se propõe a promover a cas1idade e a oferecer ou1ras. soluções de tipo familiar. como a adoção de crianças. E para tal deve proporcionar assistência aos adolescentes e a suas famí lias. por meio da expansão e coordenação dos serviços públicos e privados nesse sentido. A lém disso. o Congresso deve promover ;1 investigação e o estudo dos problemas, bem como da nocividade que a promis-

cuidade e a gravidez causam nos adolcsccnics. Para isso. confere i, au1oridade pcrlincntc os fundos necessários para o novo serviço (30 milhões de dólares por ano . até 1984). bem como a subseqüente avaliação da efetiva aplicação dc.sª ses serviços. O projeto. como dissemos, passou à Com issão de Trab,,lho e RcClll'SOS Hunianos. onde foi aprovado

• utodlsciplln•.

0

John C. Pollock, que dirigiu a pesquisa. afirma 4ue "e111bora não houv<>sse intl'n('ÕO de focalizar a religiâo. ~sta .-.urgiu co1110 Q único ft11or que consi.fumu• t' dran1111it·a111e11te t1fcu1 os valor('.\' ,., " conduu,

"Os líderes 11orte-an1erica11os estão descolados do público dos Eçtados Unidos. o qual é 111ais n>/igioso e es1á 111ais preocupado co1n os valores 111orais do que as pessoas 111ais in1por1a111es en1 quase rodos os campos". dos norre-a111ericti11QS 1·'. "Não tÍl1hoª ,nos idéia. acrescenta, de que e11co11troríon1os isso. Mas aí esuí. t: ,nais do que um 111ovimen1h. É algo que percorre toda a cultura", Também s ignificativos são fatos como o de uma aeromoça demi1ida pela empresa de aviação Delta, "a cO,npanhia aérea de tnaior sucesso 110s Estados Unidos" no ano passado. por ter posado para a revista pornográfica "Playboy" ('"Tilne", 92-8 1). A empresa proíbe, além disso, o consumo de bebidas alcoólicas nas refeições dos funcionários. bem como o uso de barbas e costeletas muito longas por parte de seus empregados. Por outro lado, também são freqüentes na imprensa norte-americana cartas de leitores como a seguinte, enviada a" Newsweek" (23-38 1): "Três vivas à futura Rainlta da lng/(1lerro! (... ) fl pureza. a castidade e fl virgindad,• não são pecas de rnuseu. destrcu,u?nte escondidos. de

Agosto-Outubro de 1981

O jornal carioca "O G/obo"(7-581), sob o título "Senador quer os a,nericanos castos", tra nscrevcu por sua vez o segu inte telegrama proveniente de Washington: "Os políticos mais conservadores dos Estados Unidos vém aprese11to11do i111ímctras propostas ao governo. que jamais serion1 aprovadas pelos liberais. A última proposwfoi do Senador Jeremiah Denton. que esperll que o governo gaste JO 111ilhões de c/6/ares (mais de três bi lhões de cruzeiros) 1111111 prÓgr(111w para promover a castidade e11tre os adolesce,ues··. "O político acredito que o governo deve deixar de lado os programas de educação sexual e Chlltrole dt111ata/ídade, parfl se dediear à abstinência sexual dos jovens", acrescenta a notícia. Outrora, a promoção da imoralidade escandali1,,va a justo titulo pessoas de vida cristã autêntica. /Jnpureu,, obscenidadl! e ouiras palavras constituíam um vocabulário delicado. Hoje parece ocorrer o mesmo. porém. cm sentido contrário: são os liberais (termo usado nos Estados Unidos para designar os

ton, ju ntamente com o Senador Orrin Hatch (republicano. pelo Estado de Utah), o projé10 foi duas vezes lido em plenário e a seguir remetido à Comissão de Trabalho e Recursos Humanos do mesmo Senado. Antes de passar ao resultado da votação na referida Comissão. examinemos o caráter do projeto. Trata-se de uma emenda da Lei do Serviço de Saúde Pública (Publil' Health Service Ac1), que regula esse organismo. A emenda acrescentaria uma nova parte (t ítulo XI X) ao final da lei e anularia o atual titulo V1. introdu2-ido por emendas pcrrnissivistas de 1978. Em suma, o conteúdo do projeto é o seguinte: o Congresso julga que a promiscuidade entre os adolescentes (definida a promiscu idade como ··,-e/ações sexuais exrraconju·

por unanimidade. com certas modificações negociadas por um grupo de senadores do Parlido Democrata encabeçados por Edward Ken nedy. O protagonista do caso Chappaquiddick, ocorrido em 1969. "escandalizado" com a palavra /'asrida<ie. obteve a sua supressão. No novo texto, o projeto afirma que o Congresso se propõe a "pronwver a autodisâpli1111 e o utra.-r abord,igens prudí!ntes relt11ivas aos problemas das relt1(·ôes pré-1narrin1011it1is entre os ,ulolescentes. inclu.tive a gra-

videz" ('" Washi11Kto11 Post''. 25-681 ). Os fundos e a orga nização de serviços foram aprovados por inteiro. Acredita-se que o plenário do Congresso sancionará a nova lei. Foi uma vitória incompleta, mas significati va, dos que combatem a imoralidade.

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REVISTA ""U, S. News & World Repor/'' (24-11-80) traz extensa reportagem sobre as inclinações de compra no comércio. "Os clientes estão bus,·ando qualidade e valor. e estão rnenos interessados en, coisas capri· diost,s o u que estão n" moda do úflimo minuto"'. declarou o presidente da grande empresa comercial \Voolworth Co., uma das maiores cadeias de lojas dos Estados Unidos. E comenta a revista: "'As pesso" s estão econo,nizantlo para compr<Jr t(list,s ,nelhores. ainda que e111 menor qu(lntidade". Por que motivo no Brasil, por exemplo, foram sendo abandonados artigos de qualidade? Entre outros pretextos, estaria o d izer q ue nos moderníssimos Estados Unidos

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"LEMBRA-SE DO LUXO?"" - Para se venderen1 valises apresentan,-nas ao lado de símbolos suntuosos. Se estes produzisse,n antipatia ou indiferença, a publicidade não os utilizaria. Esta e,nprega hoje. co111 bastante freqüência, visões c:01110 que encantadas de a111bientes finos. Não será porque o sonho do luxo está ressurgindo na A111érica do Norte? Parece que sim.

EMBORA NUNCA tenham deixado de ex istir compradores de móveis cm est ilo trad icional nos Estados Unidos, a magnitude publicitária que ostcn-

mito de que a América do Norte era o reino do plástico, da fórmica e dos materiais desca rtáveis, artificiais e deterioráveis. Isso nunca foi inteiramente verdadei ro e hoje se manifesta uma forte propensão cm sentid o o posto. Vejamos a pro paganda comercial comum , que aparece nos jor0 nais e revistas de grande circulação. Te ndo cm conrn - repetimos - que a publicidade procura nunca dar tiros no escuro (com muito maior rai,.io no país da publicidade que são os Estad os Unidos). mas, pelo contritrio. vai de encontro às tendências do mercado. "Canws de bronze genuíno ''. "va· lor sólido en, cerejeira ,naciça". "lã p1irt1", ""efl'g,incia do sé,·11/0 X VIII"". ""reprodu(·ties do Vellto M1111do", 'fabuloso crism/", "port da11a pintada a

,não", "Carlos Magno foi o primeiro que desfrutou da grandeza deste queijo"", são alguns exemplos. Exemplos, no fundo, de que? De que os Estados Unidos estão se convertendo em uma compacta massa rca· cionária nesta matéria'! Não vamos tão longe. Mas sem dúvida são amostras inequívocas da ampla aceitação de tais artigos. com sérios indícios de incremento nos últimos tempos.

" Carlos Magno foi o prin1eiro que desfrutou da grandeza deste que(io". Entre os produtos que estão desperta ndo maio r interesse do mercado e ncontram-se as edições luxuosas de obras literárias clássicas. O que bem pode reve lar um gosto pelo ornato e não tanto pela leitura. mas indica a propensão p;tra a quali-

dade, tanto da apresentação como do conteúdo. mesmo qua11do este último não seja efetivamente lido. Várias casas editoriais estão multiplicando sua propaga nda d e coleções clássicas cuidadosamente encadernadas. Os produtos que a publicidade ressalta são o cristal e a prata . Um slogan sobre o primeiro é bem ca ractcríst ico: .. ltnporu1 nãó sâ o q,I(~esuí na bt•bid<1, mas wn,bhn no que a bebido estti"". O que realça a im portância da qualidade dos objetos de utilidade, cm contraste com o pragmático cálculo de calorias e pro -

tam hoje estes produtos dá lugar à suposição de que também quanto ao mobi liário trad icional as apetên· cias aumentaram. A seguir, amostras de propaganda:

Móveis Luís X V. es1ilo inglês do século XVIII, colonial americano e ,notivos chineses figura,n neste anúncio de 11111 diário 11orte-a1nericano de grande 1irage1n .

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Em um suplemento comercial de grande jornais con10 "The Boston Globe" e "The New York Times", vemos uma cama con, ''an1iquadfssimo" dossel e detalhes em geral "do tempo das bisavós". Mas o público é o de nossos dias, atingido pelos maiores meios de difusão impressa. A propaganda insiste muito na qualidade das madeiras, para ir de encon1ro aos desejos atuais dos norte-americanos. 10

CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 1981


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Depois de fornecer números e exemplos. conclui: "Algo do proveito d;sso vai para os negââos. ,nas a parte ,nais irnportante resulta na 111e/hora da qualitlade de nossos vila.'i e t.·idades peque,ws e grandes. PorttJtllo. i,nporta na n,elhnr qut1/i·

dade de nosso (lróprio nive/ de vida". "Newsweek" (23-3-81) afirma que está havendo um interesse sem precedentes na história da arquitetura americana, no sentido de

"As pessoas estão econorntzando para co,nprar coisas 1nelhores, ainda que en1 menor quantidade". restaurar edifícios antigos." Há 111111bén, ,naciça 11111da11ça de go.ttos. que vê em antigos estilos. antes des(lrezados, o tipo de e,noção estética até aqui reservada aós estilos novos. tlt! vanguarda", diz a revista . E concl ui estar ocorrendo uma "co 111ra-revolução" na arquitetura norte-americana. . Desde o ornato da vida privada até o aspecto dos ambientes públicos. é notável essa tendência. Uma notícia publicada no Brasil o confirma: "Rolls-Royce a11me1110 exportações". "F,Ste 0110, a RollsRoyce espera vender J.400 automóveis, co,n u,n volt111ut recorde tle 1.300 que serão des1inodos aos &-

Vêe,n-se con1 freqüência escritórios de executivos ,nobiliados com artigos de boa qualidade e estilo, como este, utilizado por uma indústria de n1óveis en1 anúncio de revistas. tcínas de alimentos. servidos em qualquer recipiente. Uma propaga nda de prataria traz uma frase que apela para o mesmo principio: ''Pouca.,· cni.sas na

80). de grande circulação. fala do boo,n (estouro) ou surto de estabelecimentos de luxo no artígo .. More Stoll?~I' Mansions" ( Mais mansões imponentes). que trata es-

vida proporcionam tanto pra;(,r t·o1110 tonwr d cPia n111na fina prata

stcrling". Um anúncio de página inteira cm "71,e Nell' Yo rk 1,mes" apresenta fotografias de 150 estilos de talheres de prata . E a propaganda adverte: "Apresse-sP", esclarecendo que se atendem encomendas pelo c-0rreio ou tclefonc...

"Seda. Nenh11n1a outra coisa re,n exauunente o 1nes1110 aspecto nen1 fala tão i111ediata111ente de natural elegância e luxo".

Saudades do luxo Imaginava-se que o luxo estava condenado a desaparecer. sobretudo depois da revolução hippie. Mas. apesar de certa propaganda em sentido contrá rio. o povo aprecia o luxo. E a publicidade não deixa de exp lorar essa apetência. Nos Estados Unid os hà provas de que o gosto pelo luxo aumenta, como veremos maís adiante. "Seda. Nt•nluuna outr" coisa te,n ~xa1tune111e o 1nes1110 aspecto nenr fala tão i1nedia101nen1t' dP natural

pecialmentc de novos hotéis de grande categoria que têm sido construidos ultimamente. A primeira referência diz respeito ao Grand Hyatt Hotel de Nova York, recentemente inaugurado: chafarizes. mármore Paradiso. esculturas de bronze ... "A úllin,a aquisição da cadeia hoteleira Hya11, observa "Newsweek", é típica de um pendor de proporção nacional:

o que corneçou con1 u,n n1odesto aumento es1á se converténdo ropido1nente em u1n boom. Há muitos ,notivos para o "estouro .. en, Nova York, ,nas o mais in,portante ruma abrupw demanda". assegura o semanário. referindo-se à procura de hotéis de luxo. Na publicação Ard1itn·t11ral Dige.1·t", de fcvcreíro de 1981. Russel Lyncs . diretor da revista "Har(ler's" e comentarista de arte e estilos, afirma que os grandes solares e casarões norte-americanos estão voltando a ser aproveitados. "Hti u,n ntin,ero t'rescente de e.rernp/(Js de reada(l10ção em quase lodos os lugares por onde se vive. Alf(11ns desses exemplos são oficiais. no sentido de que os conservadonistas os pro1nove1n: ,nas o utros sã<> in1eiramen1e particulares. porq11e pessoas irnaginativas viero,n a descobrir suas possibilidades. sejam estas

"The Yorktown" é um ,noderníssimo relógio fabricado para recordar a rendição de Cornwallis, em Yorktow11, a 19 de outubro de 1781. O "relógio vovô " não con1e1nora

apenas um lance do his16rio norte-americana. Ele revive um estilo de dois séculos. No 011ú11cio, o fabrica111e ressalta suas qualidades: es1ilo clássico Federal. entalhes a ,não. partes folheadas a ouro. pêndulo e mecanismos de qualidade.

tudos Unidos. [ ... ] O

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('Utfro dtt Nllf)resa. George 1:e111t. diss<· que o s,~grt•do du êxitu da companhia é a qualidad,, e não a

quantidade" ("O t:.:swdo tle S. P""" lo", 17-4-8 1). Para terminar. devemos esclarecer que o gosto pelo lux o não e só questão de rique-1.a . As tendências mais extravagantes proliferam sobretudo em setores a bastados d;, sociedade. Aci ma de tudo. é uma questão de gosto. de àmbito psicológico.

Populariza-se a porcelana tradicional, oferecida a preços competitivos no mercado norte-americano, para atender a uma apetência difundida 110 público.

elegânâa e luxo". é outro anúncio típico nos jornais comuns. fazendo eco a uma apetência crescente. Já se começa a comentar o fenômeno. A revista "Newsweek"(20.10-

"Poucas coisas na vida conferen1 tanto prazer quanto jantar em fina prata sterling", lemos neste anúncio. Segundo velhos preconceitos. imaginar-se-ia que esse prazer supremo seria melhor propiciado por u1n volumoso harnburger, uma viagen1 a Honolulu ou um chiclete de sabores múltiplos. "Nos anos futuros Você estará comprazido por sua sabedoria em haver escolhido Wallace. Porque nossos padrões são tão preciosos como o próprio n1e1al''. conclui a propaganda. - Futuro, sabedoria, padrões, preciosidade, oferecem grandes satisfações, de acordo com as projeções de mercados. CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 1981

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IJAtoLnCISMO

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THE BEST WAY to get to the 18th green at St. Andrews is ~ ·· i~bridge.built during · ~Third Crusade .. : over 800 yeárs a o.

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dadc e estabi lidade das coisas. Na vida pessoal, na educação, no mobiliário, nos gostos. Esta propaganda de whisky escocês sentencia: "The good things in life stay that way" (As coisas boas na vida pcrmanecen1 do mesmo jeito).

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• EXAMINAR E RESPEITAR a ordem dos valores é a melhor garantia do futuro. Na conduta pes.soal, no êxito dos planos individuais, familiares e sociais, na aquisição de bens ou produtos, na cultura, e com vistas à obtenção de segurança psicológica e materia l. Vejamos uma propaganda de cristais nesse sentido: "lnvest in tomorrow today" (Invista hoje no amanhã). Outro anúncio do mesmo gênero, não reproduzido aqui, diz sobre o produto: "Seu valor intrínseco cresce".

The good things in life · stay that way. Dewar's~never varies. "'~ e BUSCA DE FIRMEZA, solidez, durabili-

PA LAVRA filosofia tem, Neste sentido da palavra. as anos Estados Unidos, um sig- tuais inclinações tradicionalistas nornificado corrente particular. di- te-americanas têm uma "filosofia". ferente do usado no Brasil. Poder-se- lmplicita, é verdade, mas que orienia defini-la como "o conjunto de prin- ta todo o amplo espectro de suas cipios teóricos-práticos que orienta . manifestações. Como defini-la? determinada atividade ou agrupaEm certa ,medida, ela mesma mento social". Assim, pode-se falar vem se explicitando, conforme viem "filosofia dos negócios", "filo- nios em diversos exemplos, ao longo sofia da composição literária" ou da presente edição. Vejamos aqui "filosofia do livre sindicalismo". mais alguns:

• EMBAIXO, à direita, anúncio de talheres de prata: "A classic has nothing to do with fashion. And everything to do with style" (Um clássico não tem nada a ver com a moda. E tudo a ver com o estilo).

• OUTRO exemplo de valorização do ornato: "Você pode dizer pelo exterior que whisky é servido no interior". /

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• EM SUMA, procurar o valor interior e sua

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apresentação exterior, o ideal e o decoro, a decência por dentro e por fora. Uma "filosofia", portanto, de amplo alcance, já em curso, e que - salvo fatores imprevistos - tem possibilidades de dominar largos setores da população norte-americana.


N.0 371 -

Novembro de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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Ocupações, usucapião, Refonna Agrária EM ARTIGOS redigidos pa· ra a imprensa diária, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira vem apontando a grande ameaça que paira sobre o instituto da propriedade privada no Brasil. Um deles - "Ocupações: o caos" - mostra como as invasões de imóveis rurais e urbanos, que se vão generalizando pelo País afora, constituem uma afronta à Lei de Deus (" Não roubarás";

que, se fossem tomadas pelo Poder Público, resolveriam a situação deles. E aponta a grande culpada pelas invasões de propriedades: a esquerda dita católica. No artigo "A guerra do hissope", o ilustre pensador católico deixa claro o papel do clero progressista na agitação que sacode o Brasil. E como os expoentes dessa ala vão sendo guindados a postos elevados da. Hierarquia eclesiástica, apesar das denúncias de que vêm sendo objeto desde 1943, quando o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu "Em

"Não cobiçarás as coisas alheias") e à dos homens, pois a proprie-

dade particular fundamenta-se no direito natural. O Presidente do Conselho Nacional da TFP adverte que, a admitir-se como norma que qualquer pessoa pode ser juiz em causa própria, proclamar-se carente e ocupar o que é alheio, também a jóia da senhora, o automóvel do chefe de familia, a mercadoria da loja, a carteira de qualquer um podem ser "ocupados" por quem se julgar "carente". Em favor dos verdadeiros carentes, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pleiteia medidas efetivas,

defesa da Ação Cauflica".

Na página 3 desta edição, apresentamos outra colaboração do autor, que se relaciona .::om o tema: "Reforma Agrária e guerra psicológica", onde é comentado o papel do projeto de lei sobre o usucapião há pouco aprovado, na atual investida agro~reformista. Na foto, cena da ocupação da fazenda Itupu, no município de · São Paulo.

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Nicarágua marxista quer ajuda do Brasil EM SUA RECENTE visita a Brasília, onde foi recebido pelo chanceler Saraiva Guerreiro, e pelo VicePresidente Aureliano Chaves, então exercendo as funções de Presidente da República, o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Pc. Miguel d'Escoto, declarou que veio buscar "maior co,npreensão, e111endi11rento e solidariedade" para o regime sandinista. Referindo-se à obtenção de crl~ ditos brasileiros, o Pe. d'Escoto assinalou: "N6s temos uma ajuda econômica do Brasil indispensável, principalnrente no que nos é oferecido sob a forma de importação de veí· cu/os fabricado,· aqui, e assistência técnico. Isto é algo que agradecemos muito, tnas não é tudo nas relações

A verdadeira face de Santa Teresinha NÃO f RARO observar-se a deturpação da fisionomia dos santos, através de certa iconografia. Com a tendência protestanti7.antc de se eliminarem as imagens dos santos, tal deformação não deixou de existir, mas agravou-se, pois o progressismo em geral procura "reinterpretar" a própria vida dos bem-aventurados. Com relação a Santa Teresinha do Menino Jesus, contudo, uma esplêndida coleção de fotografias documenta sua verdadeira fisionomia, como o leitor pode comprovar nas páginas 4 e 5. Toma-se acessível, cm consequência, fazer sentir o contraste protuberante entre o genu!no perfil da carmelita de Lisieux e a imaiem adocicada e sen!imental, como é ela apresentada com freqUênc1a ainda hoje em dia.

entre os dois pofses. Nesta visita. querenros aprofundar mais o contato fraterno/, de grande interesse político poro os duas partes". O ministro nicaragUense ressaltou ainda que o governo sandinista vê com satisfação a maneira como a política externa do Brasil vem sendo conduzida. No Jtamaraty, onde duas horas antes havia estado o embaixador norte-americano, Pe. d'Escoto atacou violentamente os Estados Unidos. Embora tenha assegurado que seu pais ''não precisou recorrer ao supernrercado mundial das ideologias, pois já possuía uma, nocional. o sandinis,110", o padre-ministro evitou de tratar das contundentes afir-

mações de outro membro do governo da Nicarágua, o ministro da Defesa e chefe das milicias populares, Humberto Ortega, proferidas alguns meses atrás. Este declarara categoricamente: "Nossa força moral é o sandinismo. e nossa doutrina é o 1narx.is1no·leninisn10'',

Na página 6, publicamos os principais trechos do discurso do ministro da Defesa aos militares nicaragUenscs, o qual constitui irretorquívcl confirmação dos rumos da Nicarágua, denunciados por "Catolicismo" em sua edição especial sobre a "Noite Sandinista" (n.•s 355-356,julho-agosto de 1980). Na foto, o Pc. d'Escoto (à esquerda) sendo recebido no ltamaraty pelo chanceler brasileiro.


Há 800 anos nascia ESTE PRINCIPIO do uAno Franciscanon - iniciado a 4 de outubro com a fe.~ta litúrgica do Poverello de Assis "Catolicisrno" associa-se às alegrias da comemoração do 8. 0 centenário do nascimento desse grande santo cuja vida e obra tão profundamente marcaram a História da Igreja.

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"Cristo da Idade Média" Fazem notar os autores da Introdução, na edição da B.A.C. dos "Escritos de São Francisco de Assis", que, "entre os nomes gloriosos corn que o povo cristão chama o Estigmatizado do Monte Alverne, o de 'outro Cristo' ('alter Christus'} e o

descera ao Limbo para levar ao Céu as almas dos justos, assim também Francisco, no dia do aniversário de sua morte, pelos méritos de suas chagas, desceria ao Purgatório e de lá levaria para o Céu os membros de suas tras Ordens (Ordem Primeira, dos frades, Segunda, das monjas, e Terceira, dos Sacerdotes seculares e leigos), bem como os seus devotos, "para que Me sejas semelhantê na n1orte con ,o o és er11 vida" (Fioretti, p. 210). Não é, pois, de admirar que um dos discípulos do Seráfico São Francisco, cm êxtase, tenha visto o trono do qual caiu Lúcifer reservado para seu Fundador (3 Companheiros, p. 864).

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Vim ela Ballllca de Slo Franclaco, em Aula

de 'Cristo da Idade Média' são singularmente sigr1iftcativos. Aparecem mesn10. con10 se brotasser11 do sentir unânilne dos prin1eiros com· panheiros e biógrafos do santo. como a nota caracterlstica do ,nesmo" (1). Assim os famosos "Fiorelli" principiam já fazendo esse paralelo entre o Santo de Assis e o Divino Mestre (cap. 1, p. 93). E o Beato Tomás de Celano, discípulo e primeiro biógrafo de São Francisco (que, conforme ainda a Introdução da B.A.C., escreveu sua vida "cor11 precisão de testen1unha. con1 unção de sa11to, co,n paixão de poeta e adn,iração de filho"), acrescenta: "Creio que o bem-aventurado Pranâsco é um reflexo santfssirno da Santidade do Senhor e imagem de sua perfeição" (Vida, p. 403). Finalmente o grande São Boaventura, Doutor pela Universidade de Paris e Geral dos Franciscanos, por e le miraculado em criança, afirma, ao referir-se aos estigmas do Poverello: "Assim como havia in1itado a Cristo nos principais atos de sua vida, do mesmo modo deveria co11forn1ar-se a Ele nos sofrimentos da Paixão antes de abandonar esta vida n1ortal" (Legenda, p. 615) (2). Mas foi o próprio Redentor Quem fez esse primeiro paralelo.quando imprimiu nos membros de seu fiel disc(pulo os sagrados Estigmas da Paixão: "Sabes. Francisco, o que fiz contigo? Dei-te as Chagas que são sinais de mir1ha Paixão para que sejas rneu porta-estandarte". Prometeu-lhe cm seguida que, assim como Ele, depois de sua Paixão,

Missão do "Poverello" Não se pode ter idéia exata do papel dos grandes santos sem ter cm vista o contexto histórico no qual viveram, póis a Providência sempre os suscita para combater os defeitos mais proeminentes de sua época. São Francisco de Assis viveu num tempo em que já começava a declinar a "doce primavera ,la Fé", como um autor francês denominou a Idade Média. Época essa na qual já se poderiam, portanto, notar os germes de desagregação que se expandiram nos séculos seguintes e que tão bem foram descritos pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua magistral obra "Revolução e Contra-Revolução": "Começa a observar..se, na Europa cristã. urna transforrnação de mentalidade que ao longo do século X V cresce cada vez mais em nitidez. O apetite dos prazeres terrenos se vai 1ransforr11a11do ern ânsia. A.s diversões se vão tornando mais freqüentes e mais suntuosas. [...] Nos trajes, nas r11a11eiras. na linguagem, na literatura e na arte o anelo crescente por uma vida cheia de deleites da fantasia e dos ser1tidos vai produzindo progressivas manifestações de se11sualidade e moleza. Há um paulatino deperecitnento da, seriedade e da austeridade dos antigos tempos. Tudo tende ao risor1ho, ao gracioso, ao festivo. Os corações se desprendem gradualmente do amor ao sacrifício, da verdadeira devoç,io à Cruz, e das aspirações de santidade e vida eterna. A Cavalaria, outrora uma das rnais altas expressões da austeri-

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freqüentemente apresentado em nossos dias como das principais calamidades do mundo atual. Ressalvados os exageros demagógicos e não se considerando as calamidades muito maiores de ordem espiritual e moral de nossos dias, em certo sentido ela o é. Mas o significado de pobreza mudou para muitos de nossos moSÃO FRANCISCO RECEBE OS ESTIGMAS Taddeo Gaddi (Mculo XIV), Galeria de dernos teólogos. Pobre não é mais Academia. Florença aquele que por vontade divina, ou por incapacidade, e cm tantos casos dade cristã, se torna amorosa e por própria preguiça, ficou reduzido se11tirnental, a literatura de amor à condição mais humilde - não neinvade todo.v os poises. os excessos cessariamente a mais infeliz - da do luxo e a conseqüente avidez de população. Pelo contrário, é ele um lucros se estendem por todas as "injustiçado" que não tem o que aos classes sociais" (3). outros sobra. Uma pessoa a quem é Foi para sustar cm seu ·nasce- preciso "conscientizar" de seus didouro essa avalanche, então em es- reitos e a quem se deve, portanto, boço, que o Divino Redentor aler- fazer "justiça social", e que )amais tou Francisco: "Vê e repf,ra ,ninha será feliz enquanto não participar da Casa que. con10 podes observar. está posse, da direção e dos lucros da se arruinando toda" (Legenda, p. terra ou empresa cm que trabalha. 53 1 e 3 Companheiros, p. 804). Como vêem isso de modo diverso aqueles que alcançaram a heroiDespons6rio com a cidade das virtudes! Exemplificaremos com um santo de nossos dias, Dama Pobreza São Pio X, nascido e criado cm meio Não havia em Assis jovem mais à pobre1.a: Ao contemplar, quando alegre, mais dotado, mais atraente e Patriarca de Veneza, o uso demacomunicativo do que o filho de gógico que dela começavam a fazer, Pedro Bernardone, próspero comer- assim se exprimiu: "De onde vêrn ciante de tecidos. Por isso era ele a todos os erros ditos: socialismo, coalma propulsora da juventude local. n1u11isrno e todas essas utopias de Iniciado pelo pai nos afazeres mer- emancipação da car11e. de reabilicantis, exercia-os com eficiência, ob- tação da nature1.a, de igualdade de tendo grandes lucros que seu grande condições, de repartição dos bens, pra1,cr no bem vestir e comer. sua de soberania da razão? Todas essas generosidade para com os pobres e monstruosidades não admiter11 a prodigalidade com amigos levava a queda do hor11em e sua degradação esbanjar. Lamentava-se disso o ava- original. [ ... ] Admitir a Jesus Cristo ro Bernardone dizendo que os gas- é afirrnar a queda original. e corn ela tos de Francisco eram mais pró- a intervenção do sobrenatural, de prios aos do filho de algum príncipe Deus. da Redenção. o Eva11gelho. a (3 Companheiros, pp. 796-7). lei necessária do sofrimento e a Um dia quando, já tocado pela resignação. Admitir essas verdades é graça divina, percorria como de opor-se diretamente ao racionaliscostume as pitorescas ruas de Assis mo, ao naturalismo, ao socialismo e cercado pelo alegre bando de com- ao comunismo. [ ... ] é con1pree11der panheiros, Francisco mostrava-se facilmente o mistério inexplicóvel da sério e meditativo. Em tom de burla desigualdade dos ho111e11s sobre a perguntaram-lhe se estava enamo- terra, desigualdade necessária, inerado, pensando em casar-se. "Sim, vitável. ( ... ] O que quer que se faça, respondeu ele. E tomarei uma espo- será sempre impossível unir esses sa tão nobre e tão formosa como dois termos extrernos. os prirneiros e jamais vossos olhos terão visto, pois os últimos. os ricos e os pobres, os excede er11 gentileza e sabedoria a grandes e os pequenos, se não se cotodas as conhecidas" (Vida, p. 291). locam no rneio deles o Evangelho e Essa dama era a virtude da pobreza. a Cruz: a Cruz. a úr,ica arca da Proclamou-se então o "arauto aliança, o Evangelho. o único trado grande Rei" e, "arrebatado em tado de paz" (destaques nossos) (5). espirito, irrompia freqüente,nente Porque colocava Nosso Senhor em cânticos dilos em francês, e com Jesus Cristo no centro de tudo, o a aura da divina inspiração que Poverello de Assis amava e pregava suavemente percebiam seus ouvidos. a pobreza - sem jamais combater a experimentava tal júbilo que se via riqueza, a não ser para as pessoas compelido a manifestá-lo com es- consagradas mostrando-a, ao tranhas exclamações dilas também contrário do que fazem muitos dos na citada lingua" (Esp. Perf., p. atuais pregadores, como o estado 159). "Saboreava ele então co,n mais propício para a prática das devoção i11efável essa bondade sobe- perfeições evangélicas. rana de Deus, que se rnanifesta em todas as criaturas, fonte inesgotável O "Franciscanlsmo" de tudo o que é bom. E. con1preende11do un,a celeste harmonia Diz Tomás de Celano que São 110 concerto das diferentes quali- Francisco trou><e nova primavera ao dades e funções que Deus lhes deu, mundo. convidava-as amigavelrne111e a ca11Com efeito, haverá algo de mais 1ar co11sigo o louvor a Deus" (4). primaveril do que imaginar esta A par disso - eis outro traço cena: Frei Leão, a quem o santo caracteristico dessa personalidade chamava de "pequena ovelhinha de riquíssima - dilacerado pela consi- Deus" p or sua simplicidade e canderação dos sofrimentos de um dura, vendo seu Superior entrar em Deus por nós crucificado, cm pran- êxtase e levitar à altura de um hotos andava pelas ruas e pe los cam- mem, abraçar-se-lhe os pés, molhápos exclamando: "Choro a Paixão los de lágrimas, enquanto suplica a de meu Se11hor Jesus Cristo, por Deus: "Ser1hor, tem miseric6rdia de cujo motivo não deveria envergo- mim, pecador, pelos méritos deste 11har-me de correr todo o inundo santo homem"? (Fioretti, p. 202). chorando em alta voz" (3 Compa- Ou Frei Egídio, a quem Francisco nheiros, p. 805 e Esp. Perf., p. 758). chamava de "meu cavaleiro da Távola Redonda", acrescentar com singele-,.a quando seu mestre acabava Reabilitação da Pobreza de pregar: "Façan1 o que diz este As palavras de São Francisco meu pai espiritual. porque ele diz trazem à mente o drama da pobreza coisas muito boas" (6).

E, ao longo dos séculos, foram surgindo santos "tipicamente franciscanos", como São Francisco Solano, apaziiuando índios e feras com o violino que levava sempre junto ao breviário em suas andançi.s pelas selvas su.1-americanas. Ou então, São José de Cupertino, tão carente de q ualidades naturais que a si mesmo se intitulava "Irmão Asno", mas que à simples menção do Nome de Jesus entrava e m êxtase, indo pousar no alto das árvores como pássaro! Infelizmente toda essa atmosfera de poesia, de humildade e de singelc1,a sobrenaturais sofreu tremendo choque quando os novos ventos dessacralizantes - que Paulo VI qualificou como "auto demolição da Igreja" e "fumaça de satanás no Templo de Deus" - começaram a devastar o Corpo Místico de Cristo, nivelando tudo, laicizando tudo, vulgarizando tudo. Já não há mais grandes diferenças entre as várias famílius religiosas que formavam o mosaico esplendoroso da Igreja, como franciscanos, dominicanos, beneditinos etc. Infelizmente, há religiosos em nossos dias que abandonaram não só os trajes característicos de suas Ordens, mas também o espírito de seus santos Fundadores. Se o hábito não faz o monge, auxilia-o enormemente a impostar-se em determinado estado de espírito. É prov3 disso o grande amor e reverência que os santos tiveram sempre por suas túnicas, sinal da milícia na q ual combatiam. Até onde irá tal processo? Quem levantará de novo o verdadeiro espírito do Santo de Assis? Quando surgirá um novo São Pedro de Alcântara, restaurador no século XVI da primitiva disciplina franciscana? Que a Virgem de Fátima, que prenunciou sofrimentos por que passariam a Igreja e o mundo, faça raiar logo o Reino do seu Imaculado Coração, por Ela também predito, cm sua mensagem de 1917.

Plínio Solimeo SAo FRANCISCO - Afresco do sáculo XIII. Trata-se da pintura mais antiga repre• sentando o santo o se encontra na Capela de Slo Gregório. na Igreja Inferior do Sacro Sc,eco. em Subiaco.

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NOTAS ( l} U1ili:r.amos para. o pl"C$Cntc anigo os "Escritos Cotnplttos dt Son. FumciJco <lt Asfs y Biografias de su tp°'"a" da Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1945. cuj os tllulos estão ab,üxo indicados_, seguidos do modo como serão citados no anigo: • "/ Fiorttti" ("Floreei/las ,le San Fran· âsco1 - Fiorcui. • Tomás de Cela no, "Yldo dt Son Fran• âsco de Asls .. - Vida. • San Bucnavcntura, "Ü)'tndo dt San 1-Toncisco de Asis" - Legenda. • "&J>tjo d, Ptrfr«ión" - E$p. Pcrf.

2

• '' l.ey-endo de lo,t ,;t.s Comp<Jiieros" 3 Companheiros. Os ·•Fiore11i" s!fo a1ribuídos aos primeiros

com o título de ''úgemlo dos três Comp<i· nhtiros'". Dei a.nos mais tt1.rdc São Boaven-

e mais ínlimos discípulos de São Francisco: Frei Leão, 3 "ov~lhinho d~ Deus", e Frei Masco. No Capítulo Geral de G~nova. dr1244. o Ministro Gcrnl ordenou que todos os

lhantc. da qual rcsultaran1 as anotaç&s que cpnslituJram o "&pell,o de Perfeição'',

frades lhe comunicassem por escrito quanto

soubcs5(.m da vida e dos milagres de São

Francisco. Do eremitério de Grcccio. tr~ companheiros do san10 - Frei l.cão. Frei Rufino e Frej Ângelo - enviaram ao Su~ j>erior Cicral uma relação, publicada depois

tura, então Superior Geral, deu ordem sc·mc--

(2) Segundo a tradiç!o íranClsc-an,1, essa semelhança com o Divino Salvador deu-se até no nascimento de Sito Francisco. Estando a piedosa O. Oomenica Pica, mãe do

s,.anto, suponando as dores de um pano d iflcil, um percgrinO aconselhou-a q ue se

instalasse no estábulo e tudo correria bem.

A cena é s ingelamente retratada num dos nichos do claustro do Convento de Santo Antônio, no Rio, onde há um prct;épio representando o nascimento do Pov,•rello. com os seguintes versos de Frei Francisco de São

Carlos: ·•Em A ssls &ffm se renovo Com tsponlOSó.f sina;s Qual Jesus. f'rontisco nasce f)zlre brutos animol.t". (3) Plinio Corrêa de Oliveira, ·· Revolução

r Contro-Re\·Olução .., in "l'átolldsmo" n.0

100, obril de 1959 - Ponc t, C.p. Ili, SA. (4) Apud Abbt Rohrbachcr, " /liJl()ire Uniw1r.telfe de l'Êgllse Ca1ftofique··. Oaume f-"rtres, l.ibraircs., Paris. 1845. t . XVII, p. 691. (S) Alocução do então Cardeal Sano no Congresso dos ..Católicos Sociais" de toda a Jtálio. reunidos cm Pádua. sob su:;1 direção, cm agoslo de 1896. Apud René Baz.in. "Pi~ X". E. Aammarion, éditcur. Pari$. 1951 , pp. 155 e ss. (6) Llorca ... llis1oria de lo lgleJio Cotó· fica", B.A .C.. 1963, lomo li, p. 075.

CATOLICISMO -

Novembro de 1981


'

S

lnvaaore, fa:zem a partilha da terra na fazenda ftupu. em Slo Paulo. - Aa ocupaç6e1 organtzada1. bem como o projeto de u,ucapilo recentement e aprovado pelo Congreuo, preparem o clima para a apllcaç.lo de uma Reforma Agr6ria socialista e confiacatória.

necessidade de uma Reforma Agrária supos1amcntc exigida por populações famintas que "já não agUenta vam mais". ··· Preparai vossas 1nor-

1alhos, senhores barões da 1erra", canta va Vinicius de Morais. Os ambientes politicos se mostravam imersos no emba raço, marasmo e confusã o. A maior pa rte das cúpulas rurais os imitavam. A manipulação psicológica estava bem feita para que as esquerdas empurrasse m o Pais, de um momento para outro, pela ladeira da tão almejada reforma. De um modo ou doutro, sobreveio o tufão salvífico das "Ma rchas da Família'', e dentro do marasmo cintilou co mo uma faísca o livro "Reforn,a Agrário - Ques1fío de Consciência··. A guerra psicológica parou. O drama agro-reformista, que começa ra a encenar-se. se desfez. Os profetas do cataclismo agrário emudeceram. E s uas ameaças se evaporaram.

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Plínio Corrêa d:~ Oliveira

E - POR INFORTÚNIO eu fosse favorável a uma Reforma Agrária radical, teria pedido ao ministro Abi Ackel bem exatamente o projeto de lei de usucapião ru ral que, por proposta dele, o Presidente Aureliano Chaves acaba de enviar ao Congresso Nacional. Eu teria feito anteceder o projeto com uma mensagem exatamente idêntica à que o precede. E teria pedido aos meios de publicidade do País que fizessem cm torno do projeto precisamente o tipo de publicidade que a maior parte deles vem desdobrando em coro. Digo. assim, que o conjunto mensagem-projeto-publicidade constitui uma pequena obra-prima de política. Não emprego esta última palavra em seu sentido rampeiro, que é tantas vezes o corrente. Emprego-a, isto sim, no seu sentido mais fino e subtil. f:, o da política nas mentalidades e nos ambientes. mais do que diretamente nos fatos. A politica que manuseia os acontecimentos, para fazer ou desfaze r estados de espírito e posições ideológicas, abrir ou fechar veredas, na opinião pública, às grandes transformações nacionais. A política. enfim, que não se preocupa senão em terceira plana com problemas eleitoreiros deste ou daquele indivíduo ou clã. Neste campo se desenrolam os mil maquiavelismos da guerra psicológica. Esta, conduzem-na bem os que tendem para o achatamento de todas as classes sociais e a implantação de uma ordem igualitária integral. E mal, os que querem o contrário. Um dos maquiavelismos da 11uerra psicológica consiste cm que seus verdadeiros dirigentes quase nunca aparecem. E os responsáveis i ostensivos por ela sejam não raras : vezes inocentes úteis, propensos a -:: atentar apenas para os-efeitos imc~ diatos das coisas. Pode-se-lhes aplig car a metáfora, inegavelmente cspi~ rituosa, lançada pelo movimento da ;;; Sorbonne de 1968: quando uma -8 mão lhes mostra a lua, fixam a 'o atenção no dedo. .;

Em que sentido o projeto de {! usucapião rural foi uma operação de ·E guerra psicológica igualitária? ~ Já antes de 1964 se vinha arrasl:. tando no Pais uma cantilena sobre a

De algum tempo para cá , o coro dos pregoeiros de ameaças começou a repetir os mesmos slogans, os mesmos exageros e as mesmas pressões da e ra janguista. Desta vez, apóia a Reforma Agrária um dispositivo e piscopal ainda mais compacto. E uma publicidade muito mais ampla e bem treinada. O marasmo invadiu novamente a classe rural. Está tudo pronto para recomeçar. Mas com c uidado. Uma primeira tentativa de ação deu num recente fiasco. No Nordeste, a seca e nsejou cenas de violência que poderiam resultar numa e xplosão. Mas choveu, e a pólvora molhou. O bom povo brasileiro já não simpati,.ara com a violência, endeusada entretanto pela publicidade. O fiasco ocasionado pelas chuvas tornou-a suspeita - pelo menos - d e inautenticidade. Nosso povo, lúcido. desconfiou. O show-primeiro pifou. Deixou-se passar algum te mpo, e veio a onda dos quebra-que bras e

das ocupações. Os que toma m a publicidade como reflexo certo da opinião pública, julgara m que o mundo vinha abaixo. a pontapés de eclesiásticos e a golpes de hissopc. A tensão entre o Episcopad o (inco nformado) e o Governo (defensor da legalidade) c hega va ao auge. Subitamente, tudo pa rou sem se saber como nem porquê. O bo m povo continuara a viver e a trabalhar normalmente, sem se meter nas ocupações (evide ntemente organizadas), e indifere nte a os comícios clérico-<:omunistas a propósito da alta do custo de vida. Um dado, porém, se transformou. A "esquerda-<:a tólica" entrou dentro da ordem legal como uma espada entra na bainha. E neste hiato inesperado o Governo toma nas mãos o estandarte da Reforma Agrária da CNBB e o faz. avançar.

Feliza rda Reforma Agrária. Fra· cassados pelos idos de 60 os que bra ndiam a lei da força, foram lançados à ação, nos últinios anos, os que a legam a Lei de Deus. Porém não lograram sensibili,~~r a grande massa do Pa ís. Mas entram agora na liça , em favor da mesma causa, aqueles a quem toca agir c m nome da lei de Estado. Mas com quanta cautela! O projeto de lei de usucapião rural é tãosó um teste inicial. Tal projeto é muitíssimo mais grave pelo que faz

1961-1981 Vinte anos de lutas e vitórias em favor da propriedade privada • Em 1960, a agitação agroreformista promovida pelas esquerdas, e inclusive por eclesiáshcos esquerdistas, ameaçava eliminar no Brasil a propriedade particular nos campos. • Por detrás da Reforma Agrária , acenava-se com as reformas urbana, industrial, empresarial etc. Assim, o Brasil c ristão era empurrado para o abismo e m que hoje se encontram as infelizes nações subjugadas pelo comunismo.

• 1mpressionada pela ação da demagogia pseudo-<:atólica, a classe rural não via como resistir à avalanche, e começava a desanimar. • Naquela difícil emergência, um grupo de intelectuais católicos que acabava de fundar a TFP levantou como bandeira o livro "Reformo Agrária - Ques160 de Co11sciê11cio", que cm oito meses alcançou uma tiragem de 30.000 exemplares, cm quatro edições consecutivas. • A partir do segundo semestre de 1963 a campanha de difusão de "Reforma Agrária Ques1fío de Cc11sciê11cia'" foi assumida pela TFP, cujos sócios e cooperadores estenderam por todo o interior do Brasil a iníluên-

CATOLICISMO -

eia do /Jest-seller. Foi e nviado na ocasião ao Congresso Nacional um abaixo-assinado que contou co m 27 mil assinaturas de agricultores e pecuaristas - aos qua is se agregara m centenas de pre feitos municipais e vereadores - e m que se manifestava o repúdio da classe à Reforma Agrária confiscatória e socia lista, ao mesmo tempo em que se afirmava a solidariedade dos ho mens do campo às teses d efendidas em RA-QC. • Em torno desta bandeira aglutinou-se forte corrente de opinião, que, somada a outras forças sadias, jogou por terra os elementos que prete ndiam c ubanizar o Brasil. Pode-se apontar ainda como conseqüência dessa reação o fato de que as leis agroreformistas de inspiração esquerdistas aprovadas no Brasil não encontravam, até h.\ pouco tempo, ambiente para sua aplicação, a não se r de forma muito parc imoniosa.

• Derrotado e m 1964, o esquerdismo passou a utilizar requintadas técnicas de guerra psicológica, difundindo na opinião pública um clima de exagerado

Novembro de 1981

ot1m1smo. Este produziu como conseqüência, ao longo da década de 70, o adormecimento da excelente reação contra a Reforma Agrária que se formara no perlodo antenor à Revolução de 64. • Hoje, o agro-reformismo volta à carga, e desta vez com redobrado furor. Repetindo surrados slogans, a agitação comuno-progrcssista procura criar a ilusão de que o Brasil está prestes a explodir cm uma grande convulsão social, caso não seja aplicada de imediato uma radical Re· forma Agrária socialista e confiscatória. • Diante desta nova ameaça, a TFP ergueu uma vez mais sua voz em defesa de um direito sagrado, que é o direito de propriedade, com o lançamento do livro "Sou Cat6/ico: posso ser contra a Reforn,a Agrária?" Escrita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e enriquecida por estudo técnico do economista Carlos Patrício dei Campo, essa obra deixa sem argumentos o adversário. Pois demonstra que a Reforma Agrária socialista e confiscatória, apresentada como sendo a salvação do Pais, trará, caso seja aplicada, conseqüências das mais funestas, tanto do ponto de vista social quanto do econômico.

prenunciar. do que pelo que d iz. Sua leitura dá a impressão de q uc, uma vez aprovado, abrirá caminho para uma o nda agrária incontenlvel. É claro que as pessoas assim ameaçadas por ele gostariam de reagir cont ra a catástrofe. Ou seja, d e momento, contra o projeto do Governo. Quem procu re fazê-lo, ficará pasmo. Pois. à medida que é ana lisado, o projeto como q ue se esfarela. E desse modo, quem ·procura investir contra ele fica mais frustrado a cada passo que avança. A reação se imobiliza assim. E e-orno a publicidade apresenta o projeto como o começo do fim da atual ordem agrária, fica a massa do País com a impressão de uma derrota da propriedade agrícola. Tudo que os fazendeiros perdem com a prescrição qilinqUenária os prejudica incalculavelmcnte menos do que essa impressão de que sua derrota não tem remédio. Enquanto isso, os mentores da CN BB já parecem dar por vencida a atual estrutura agrária, e vão preparando a derrubada da propriedade urbana na reunião de ltaici-82. Espero que do seio da classe agrária brote a oposição que denuncie o que está se jogando. De qualquer forma - como vê o leitor - a lei de usucapião rural constitu i uma inegável obra-prima d e guerra psicológica agro-reformista. Q ue, entretanto, um grande rugido de contra-ofensiva da classe rural ainda pode frustrar. Virá c:;se rugido? É de desejar. A tempo? É de esperar ...

Comfclo em frente à e1taçlo de Centnll do Breolf, no Rio de Janeiro, "m 13 de março de 1964. - O Pai, eoú voltando ao clfma do agitação que marcou 016ltfmo1 m_, do governo Goutert, quando, oob o bafejo do PC. p roctamava-ae a necc,1.aidade de uma Reforma Ag,.ria "urgente". ;

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Rosas, lírios e violetas Durante muito tempo, desejei saber o porquê das predileções de Deus, porque todas as almas não recebiam o mesmo grau de graça; causava-me admiração vê-Lo prodigali7.ar favores extraordinários a Santos que O ofenderam, como São Paulo, Santo Agostinho e a quem forçava, por assim dizer, a receber graças; ou então, lend o a vida de Santos que Nosso Senhor Se comprazia cm mimosear do berço ao túmulo, não deixando, à sua passagem, nenhum obstáculo que os impedisse de se elevarem a Ele e prevenindo essas almas com tais favores que elas não pod iam manchar o brilho imaculado de sua veste batismal, eu me perguntava porque os pobres selvagens, por exemplo, morriam em grande níimero, antes mesmo de ouvir pronunciar o nome de Deus ... Jesus dignou-Se instruir-me sobre este mistério. Pôs-me ante os olhos o livro da natureza e compreendi que todas as flores que Ele criou são belas, que o esplendor da rosa e a brancura do lirio tão tiram o perfume à violctinha e a simplicidade encantadora à bonina... Compreendi que se todas as flores quisessem ser rosas, a natureza perderia seu ornato primaveril e os campos não seriam mais esmaltados de Oorinhas ... Acontece o mesmo no mundo das almas. que é o jardim de Jesus. Ele quis

Fisionomia e p

criar os grandes santos que podem ser comparados aos lírios e às rosas, mas criou também outros menores e estes devem contentar-se em ser bon inas ou violetas destinadas a deleitar os olhares do Senhor, q uando Ele os abaixa para seus pés. A perfeição consiste em fazer a sua vontade, em sermos o que Ele quer q ue sejamos...

Santa Teresinha POUCOS SANTOS deixaram à posteridade sinais tão palpáveis de sua vida como Santa Teresinha do Menino Jesus da Santa Face (187l-1897). A providencial circunstância de sua irmã Celina ter entrado para o Carmelo levando um invento ainda recente - a máquina fotográfica - permitiu registrar em toda a sua riqueza a fisionomia dessa alma que foi esplêndido florão do Carmelo e perfumou o ocaso do século passado. A coleção de fotografias de Santa Teresinha - "Visage de Thérêsc de Lisieux" - foi editada em 1961, em excelente apresentação gráfica, pelo Office Central de Lisieux (SI, rue du Carmel - Lisieux, Calvados - França), da qual selecionamos algumas, q ue ilustram estas pág\nas. Os textos reproduzidos são da própria Santa Teresinha, extraídos de seus "Manuscritos Autobiográficos", traduúdos e publicados no Brasil pelo Carmelo

(p. 30-32) Sonto Toroainho. aos 8 onos,

em 1881. com sua irml Celina

Enferma, recebe o sorriso da Virgem

-

Em fevereiro do 1886. com 13 anos

Não achando socorro algum sobre a terra, a pobre Teresinha voltara-se, também, para sua Mãe do Céu, suplicando-Lhe de todo seu coração, que tivesse, enfim, piedade dela ... De repente, a Sant íssima Virgem pareceu-me bela, tão bela como jamais vira algo semelhante;. seu rosto respirava uma bondade e uma ternura inefável, porém o que me penetrou até o fundo da alma foi o "encantador sorriso da Santíssima Virgem". Então, desvaneceramse todas as mjnhas penas, duas grossas lágrimas jorraram-me das pálpebras e correram-me silenciosamente pelas faces. Eram lágrimas de uma alegria sem mescla ... Ah! pensei, a Santíssima Virgem sorriu-me. Como sou feliz ... mas nunca o direi a ninguém, pois então minha felicidade desapareceria. Sem nenhum esforço, baixei os olhos e vi Maria {irmã de Santa Teresinha] que me olhava com amor; parecia emocionada como a pressentir o favor que a Santíssima Virgem me concedera... Ah! era a ela [Maria), às suas tocantes orações que eu devia a graça do sorriso da Rainha dos Céus. Vendo meu olhar fixo cm Nossa Senhora, ela pensou: "Teresa está curada!" Sim, a florzinha voltava a viver... (p. 95)

Sede de almas Olhando, certo domingo, uma fotografia [estampa] de Nosso Senhor na Cruz, fiquei emocionada. Vendo o sangue que corria de uma de suas mãos divinas, senti grande dor pensando que este sangue caía por terra sem que ninguém se apressasse em recolhê-lo. Resolvi conservarme cm espírito ao pé da Cruz para recolher o divino orvalho que dela corre, compreendendo que deveria, em seguida, espalhá-lo sobre as almas... O grito de Jesus na Cruz ressoava, contínuamente, em meu coração: "Tenho sede" (Jo. 19, 28). Estas palavras acendiam cm mim um ardor desconhecido e muito vivo ... Queria dar de beber a meu Bem-Amado e sentia-me também devorada pela sede das almas ... Não eram, ainda, as almas dos sacerdotes q ue me atraiam, mas as dos grandes pecadores; ardia no desejo de arrancá-las às chamas eternas ...

(p. 131)

A caminho de Roma... [No dia 7 de novell1bro de 1887, Teresa Martin; então co,n 14 anos, partiu de Paris, em companhia de seu pai e sua irmã Cetina, incorporados a uma peregrinação] Supliquei ainda a Aoa 16 anos. Esse penteado. ela o adotara entes do partir para Roma. a fim de p.arecer mais velha. Pois ia pedir ao Papa Leio XIII

permiulo para ontrer no Car•

melo aposar do nlo tor idade par& tal.

Nossa Senhora das Vitórias que afastasse de mim tudo o que pudesse manchar minha pureza; não ignorava que numa viagem como esta à Itália, encontrar-se-iam muitas coisas capazes de me perturbar, sobretudo porque, não conhe-, cendo o mal, temia descobri-lo. (p. 161)

...contemplando a natureza Achávamo-nos, por vezes, no cimo de uma montanha; a nossos pés, precipícios, cuja profundidade o olhar não podia sondar, pareciam prestes a nos engolir ... Ou, então, um encantador vilarejo com seus graciosos chalés e seu campanário, acima do qual balançavam docemente algumas nuvens cintilantes de brancura ... Mais longe, um vasto lago dourado pelos últimos raios do sol; as ondas calmas e puras, tomando o colorido azulado do céu, mesclado com os fogos do ocaso, apresentavam a nossos olhos maravilhados o espetáculo mais poético e encantador que se possa ver. Ao fundo do vasto horizonte percebiam-se montanhas, cujos contornos indecisos teriam escapado a nossos olhos se seus cumes nevados, que o sol tornava resplandecentes, não viessem acrescentar um encanto a mais ao belo lago que nos arrebatava ... (p. 163)

No C:..rmelo de

üsievx,

poucos dias epós tomar o

hábito de Noviça. em janeiro

de 1889

Na montanha do Carmelo, à sombra da Cruz

Com suas irmls e sua prima (de véu

branco}, noa cuidados da sacristia

A florzinha transplantada sobre a montanha do Carmelo devia desabrochar à sombra da Cruz; as lágrimas, o sangue de Jesus tornaram-se seu orvalho e a Face Adorável, velada de lágrimas, foi o seu Sol [no Carmelo, Teresa Martin recebeu o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus da Santa Face]. .... Compreendi o que era a verdadeira glória. Aquele cujo reino não é deste mundo (Jo. 18, 36) mostroume que a verdadeira sabedoria consiste em "querer ser ignorado e contado por nada" ("Imitação de Cristo", L. 1, cap. 11, 3) - "cm pôr sul\ alegria no desprezo de si mesmo" (id., L. 111, cap. XLIX, 7). Ah! queria que, como o de Jesus, "o

meu rosto fosse verdadeiramente escondido e que ninguém me reconhecesse sobre a terra" (ls. 53, 3). Tinha sede de sofrer e ser esquecida ... Quão misericordiosa é a via pela qual o Senhor sempre me conduziu; )amais me fez desejar alguma coisa que não ma desse; por isso meu cálice amargo pareceu-me delicioso. (pp. 195-196)

Desejo ardente de todas as vocações Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, por minha união conTigo, a mãe das almas, isto deveria bastar-me... Não é assim ... Este três privilégios - Carmelita, Esposa e Mãe - são, sem dúvida, minha vocação. Entretanto, sinto cm mim outras vocações. Sinto-me com a vocação de guerreiro, de P9dre, de Apóstolo, de Doutor, de Mártir Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por Ti, Jesus, todas as obras mais heróicas ... Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo pontiflcio. Quisera morrer sobre um campo de batalha, pela defesa da Igreja ... (p. 244) 4

CATOLICISMO -

Novembro de 1981


Sonhando com o martírio

ensamentos de

do Menino Jesus do Imaculado Coração de Maria e Santa Tcresinba (06700 - Cotia, São Paulo). Essa tradução constitui obra benemérita empreendida por aquele mosteiro contemplativo, empenhado em diíundir no Brasil o pensamento da extraordinária carmelita de Lisieux. Para maior íacilidade de leitura, alteramos a pontuação de algumas frases, onde virgulas Coram substituídas por pontos ou travessões. Eliminamos ainda algumas reticências, que aparece.m com muita freqüência no texto original. Pequenas mod ificações que, naturalmente, não alteram o pensamento da Santa. Ao oferecer esta sucinta compilação a nossos leitores, julgamos contribuir para o melhor conhecimento do que seja a autêntica santidade. Infelizmente, esta tornou-se desconhecida por parte de nossos contemporineos, parecendo estar como que,exílada deste mundo dom.i nado pelo materialismo e pela sensualidade.

Quisera percorrer a terra, pregar teu nome e implantar no solo infiel tua Cruz g loriosa. Mas. ó meu Bem-Amado, uma só missão não me bastaria. Quisera, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do mundo e até nas ilhas mais afastadas... Quisera ser missionária, não somente durante alguns anos, mas quisera tê-lo sido desde a criação do mundo e sê-lo até a ronsumação dos séculos... Quisera sobretudo, ó meu Bem-Amado Salvador, derramar meu sangue por Ti. até a última gota ... O Martírio, eis o sonho de minha juventude. Este sonho cresceu comigo nos claustros do Carmelo ... Sinto, todavia, que, nisto ainda, meu so nho é uma loucura, pois não me limito a desejar um gênero de martírio. Para satisfazer-me precisaria de todos... Co-

mo Tu, meu Esposo Adorado, quisera ser flagelada e crucificada ... Quisera ser esfolada como São Bartolomeu. Como São João, ser mergulhada no azeite fervendo. Quisera sofrer todos os suplícios infligidos aos mártires. Com Santa Inês e Santa Cecília, quisera apresentar meu pescoço à espada. E como Joana d'Arc, minha irmã querida, quisera, sobre a fogueira, murmurar teu nome, ó Jesus... Evocando os tormentos que serão a partilha dos cristãos no tempo do Anticristo, meu coração exu lta e quisera que estes tormentos me fossem reservados ... Jesus, Jesus, se quisesse escrever todos os meus desejos, ser-me-ia preciso tomar o livro da vida, onde são relatadas as ações de todos os Santos e essas ações quisera tê-las reali1.ado por Ti. (p. 245)

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Representando o papel de Sanl8 Joana d ' Arc, em 1896. numa peça

O Amor de Deus encerra todas as vocações

teatral repre• sentada ao

Na hora da oração, fazendo-me estes desejos sofrer um verdadeiro martírio, abri as epistolas de São Paulo, a fim de procurar alguma resposta. Os capítulos XII e XIII da primeira epístola aos Coríntios caíram-me sob os olhos ... Li, no primeiro, que todos não podem ser apóstolos, profetas, doutores etc., que a Igreja é composta de diferentes membros e que o olho não pode ser-, ao mesmo tempo, a mão. A resposta era clara, mas não satisfazia meus desejos .... Sem me desanimar, continuei a leitura e esta frase aliviou-me: "Procurai com ardor os dons mais perfeitos, mas vou mostrarvos, ainda, uma via mais excelente" (1 Cor. 12, 31). E o Apóstolo explica como os dons mais perfeitos nada são sem o Amor, e que a Caridade é a via excelente que conduz, seguramente, a Deus. Encontrei, enfim, o repouso... Considerando o Corpo Místico da Igreja, não me reconheci em nenhum dos membros descritos por São Paulo, ou antes, queria reconhecer-me cm todos. A Caridade deu-me a chave de minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o mais necessário, o mais nobre de todos. Compreendi que a Igreja tinha um Coração, e que este Coração era ardente de Amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja e que se o Amor viesse a se extinguir, os . Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires recusariam derramar seu sangue ... Compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que o Amor é tudo, abraça todos os tempos e todos os lugares ... Numa palavra, que ele é eterno! No excesso de minha alegria delirante. exclamei então: ó Jesus, meu Amor, encontrei enfim minha vocação. Minha vocação é o Amor! Sim, encontrei meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes ... No Coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor... assim serei tudo... assim será reali1.ado o meu sonho!!! (pp. 246-247)

Convento com as irmis do Noviciado

Santo Terosinha em

1895

Flores entre espinhos Cantarei, mesmo quando for preciso colher minhas flores entre os espinhos. Meu canto será tanto mais melodioso quanto mais longos e agudos forem os espinhos . (pp. 249-250) J6 visi· velmente atingida pela tuber· culose. em 7 de junho de 1897

A ''pequena via'': fazer as coisas pequeninas por amor de Deus Como, porém, testemunhará seu Amor, já que o Amor se prova pelas obras? Pois bem! A criancinha jogará flores, embalsamará com seus perfumes o trono real, cantará com s ua voz argentina o cântico do Amor. Sim, meu Bem-Amado, eis como se consumirá minha vida ... Não tenho outro meio de provar-Te meu amor a não ser jogando flores, isto é, não deixando escapar nenhum sacrificiozinho, nenhum olhar, nenhuma palavra, aproveitando todas as pequeninas coisas e fazendo-as por amor. (p. 249) Em 1 896. num dos trabalhos domésticos do Carmelo

Ne enfermaria do Convento. em 30 do agosto de 1897. debílltada pela tuberculose

Vítima expiatória do Amor Misericordioso Jesus, sou pequenina demais para fazer grandes coisas. Minha loucura consiste ·em esperar que teu Amor me aceitará como vitima. Minha loucura consiste em suplicar às Águias, minhas irmãs, obtenham-me o favor de voar até o sol do Amor com as próprias asas da Águia Divina (cfr. Deut. 32, 11). Ó meu Bem-Amado, teu passarinho ficará sem forças e sem asas todo o tempo que quiseres. Permanecerá sempre com os o lhos fixos cm Ti. Quer ser fascinado por teu divmo olhar, quer se tornar a Ilresa de teu Amor ... Tenho esperança de que um dia, Aguia Adorada, virás buscar teu passarinho e transportando-Te com ele ao Foco do Amor, mergulhá-lo-ás, por toda a etern.idade, no ardente Abismo deste Amor a9 qual se ofereceu como vítima. (p. 254) CATOLICISMO -

Novembro de 1981

No Parafao:

a 1.0 deoutubro do 1897, dia seguinte ao da eua morte

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Regime da Nicarágua co.nfessa-se marxista-leninista M SUA EDIÇÃO de 2 a 8-10-8 1, o órgão oficioso da Arquidiocese paulopolitana, "O São Paulo", pubhcou entrevista de dois nicaragüenses que permaneceram IS d ias no Brasil. T rata-se do Pc. Pedro Leoz, do Centro de Educação e Promoção Agríc,ola, e de Juan Isidro B'Etanco, coordenador das Comunidades Camponesas Cristãs da Nicarágua . Este apresentou como objetivo da visita "i11for11u,r e intercambiar o processo cristão da Nicardgua. que se fez a1ravés da.r Co1111midades Eclesiais de Base. 110 processo revoluâontírio". Sobre o proce.-.so revolucionário nicaragliense, "O São Paulo" reconhece que pairam dúvidas. E apresenta os "esclarecin1e11tos'' do Pe. Lcoz sobre uma delas: qual a tendência ideológica de tal processo? - "Não há 11enhuma n1ais inzponante ou predo,nina111e. Somos um povo e um gover110 que 011alisa a realidade do pais e age de acordo ro,11 essa 11ecessidade", responde o sacerdote. Acrescenta a seguir que a Junta do Governo da Nicarágua vem respor,dendo satisfatoriamente aos objetivos primeiros propostos pela Revo lução. Entretanto, o problema ainda é a burguesia que não queria uma troca de sistema. apenas de governo.

E

"Nossa doutrina é o marxismo-leninismo·• A declaração do Pe. Leoz entra cm rombuda contradição com o pronunciamento do ministro da Defesa nicaragUense, Humberto Ortega Saavedra, que afirmou: · - "Nossa/orça polltica e moral é o sandinismo. e fl nossa doutrina é o 1narxisn10-le11inis1no".

As declarações de Ortega, que é também comandante do "Exército

Popular Sandinista" e chefe nacional das "M ilíci'as Sandinistas", foram publicadas pelo jornal "La Naci611", de San José (capital da Costa Rica), em 9-10-81. 'é a primeira vez que um dos nove membros da direção nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) identifica de modo tão claro o regime nicaragUense com a ideologia marxista-leninista. Em seu discurso a cerca de 40 "especialistas" do Exército da Nicarágua, Ortega declarou ainda que "o

irnperia/isrno norte·americano, os i-

nimigos de classe i11ternos. a burguesifl vende-pá1ria. .... organizações de direita e demais forças contra-revolucionárias .... não descansam, 1raballlflm dia a dia para destruir nosso processo, apoiando os acampamentos dos guardas que foram derrotados pelo povo armado. e os contra-revolucionários de diversos poises onde o povo tomou o poder, con10 en, Cuba e no Vie111ã". Por isso, acrescenta Humberto Ortega, "nossa Revolução tem 11111 caráter pro/undmnente antii,nperialista, revolucionário, classista e antiburguês. .... nos guiamos pela doutrina científic<1 da Revolução, pelo 1narxis1no-leni11is1non. "O sandinis1110 é a expressão con-

creta do desenvolvimento his16rico da luta 110 Nicarágua; sem sandi· nismo não podemos ser 1narx is1asleninis1as e o sandinismo sem rr,arxismo-leninismo não pode ser revolucionário; por isso estão indissoluvelnzente unidos". - "O n1arxismoleni11ismo é o instrumento de antílise para entender o processo hist6rico da revolução nicaragüense".

Confisco em questão de horas Ao definir sua concepção dos blocos internacionais, Ortega colo-

cou implicitamente a Nicarágua no âmbito marxista, afirmando: "A humanidade se encontra polarizada em dois gra11des campos: de uni lado o imperialismo, o campo do capita/isn10 encabeçado pelos Estados Unídos e resto de países capitalistas da Europa e do mundo, e por outro lado o campo socialista, comP,osto por vários países da Europa, ifsia e América uuina, encabeçados pela União Soviética". Quanto à oposição ao processo revolucionário em seu pais, o ministro nicaragUense d isse: "Deven1os ton,ar en, co111a a atividade contrarevolucionária dos setores burgueses que ainda estão na Nicarágua. .... Por um lado temos o atraso do pais. a ínexperiê11cia da revolução por ser jovem; por ou1ro lado, .... a <llivi<lade dos capitalistas .... e <1 atividade do clero contra-revolucionário. que se opõe a que os religiosos patrioms e revolucionários c·olaborem de cheio com a revolução, como o estão fazendo Ernesto Cardenal, Fernando Cardenal. Miguel D' Escoto e Parrales". O "comandante da revolução", grau militar má.ximo q ue se confere na Nicarágua, deixou claro cm seu discurso que a aliança com outros setores que colaboraram para a vitória da FSLN é meramente tática, e reiterou que o atual regime é o que deve manter a hegemonia do processo. "Esta burguesia vende-pátrio foi acei1<1 porque p erntitimos, mas a qualquer mo,nento podemos tomar suas ftíbricas sem disparar um s6 tiro, porque não são capazes de ernpunhar suas nnn"s contra nós. pois são covardes". O confisco das propriedades da burguesia que permanece no país, concluiu o chefe sandinista, pode ser executada cm apenas meio dia.

Por outro lado, o ex-líder sandinista Gregório Cuadra, asilado na Costa Rica, revelou que o regime nicaragücnse aumentou o número de bases militares no pais com a ajuda de Cuba e da Rússia. Em suas declarações, publicadas também pelo jornal "La Naci6n", de San José. Cuadra informou que seis

Humborto Ortega Soavodra. chefo das miHcias pcpulares sandinistas

novas bases foram instaladas, com contingentes de 500 a 1.200 homens e equipad as com ta nques russos e aviões cubanos. Acrescentou ainda q ue o irmão de "Che" Guevara, Domingo Guevara, é agora "o ho1ne1n fone da Nicarágua". assessorando os serviços 'de segurança do regime.

mencionado mm1stro da Defesa, veio ao Brasil. Ele participou de uma reunião no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), em homenagem aos guerrilheiros sandinistas nicaragUenses, sendo freneticamente aplaudido por grande número de membros das comunidades de base, "teólogos" de várias confissões religiosas, padres e freiras. O anfitrião do encontro foi o próprio Cardeal D. Pau lo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da PUC-SP, tendo dirigido a sessão Frei Bctto, o dominicano envolvido com o movimento terrorista em 1968. Na ocasião, D. Pedro Casaldáliga, Bispo-Prelado de São Félix do Araguaia (MT), colocou a jaqueta do uniforme sandinista e afirmou: "Eu ,ne sinto. vestido de guerrilheiro. como me poderia sentir para111e11tado de padre". A platéia delirou. "O São Paulo" destacou o evento, estampando então na primeira página: "Fé, pol/tica, revolução e evangelho é uma s6 verdade. Nicarâgua é apenas "'" con,eço ". Daniel Ortega declarou naquela noite de 1980 que na Nicarágua "ser cristão é ser revolucionârio". Agora seu irmão completa: ser re volucionário ser marxista. Ou seja, ser ateu, concluímos. Todo esse comprometimento eclesiástico com a revolução nicaragüense foi denunciado com base cm farta documentação, por "Catolicis1110" de julho-agosto de 1980, n.•s

e

355-356.

Noite Sandinista No dia 28 de fevereiro de 1980, outro líder sandinista da Nicarágua, Daniel Ortega, atual chefe da Junta de Governo nicaragiiense e irmão do

Agora, aquela denúncia ganha novas cores, pois a própria revolução sandinista arranca sua máscara e mostra sua verdadeira face.

Carlos Sodré Lanna

Livre iniciativa ou mitos socialistas? WASHINGTON - "uvore111os conosco idéias profundas e construtivas. destinadas a desfechar uma estratégia de cooperação para o crescimento global. que beneficiarâ tanto as nações desenvolvidas quanto as em desenvolvimento". Foi o que declarou o presidente norteamericano Ronald Rcagan, cm Filadélfia (EUA), pouco antes da Conferência de Cancún, no México, onde se reuniram lfdcres de 22 Estados para estudar o relacionamento entre países desenvolvid os e cm desenvolvimento, d a qual participou o Brasil, ocupando papel de destaque. Nesse seu pronunciamento anterior à reunião de Cancún, Rcagan delineou a política norte-americana cm relação aos países cm desenvolvimento, enumerou os múltiplos benefícios j,\ concedidos a eles e rca Içou o valor da iniciativa privada nos empreendimentos e a cooperação desta com o governo como meio de os países e m desenvolvimento alcançarem o progresso econômico e tecnológico. "Povos livres constroem mercados livres, que desfecham no desenvolvimento dinâmico para 10-

dos. .... Os países e111 desenvolvimento que ,nais crescern na Ásia. África e América Latina são os que 111ai.1· liberdades dão a seus povos a liberdade de escolher. de adquirir propriedades. de decidir onde trabalhar e de investir num sonho fu-

""º"· E prova

sua tese lembrando a situação das nações dominada~ pelo comunismo. "Talvez a melhor prova de que o desenvolvimento e a liberdade eco11ô111il·a andam ele ,nãos dadas possa ser e11,·0111rada num país que nega a liberdade <10 seu povo - a União Soviética. .... Eles [os soviéticos] 1ê111estado numa continua maré baixa. .... Os 3% de toda a áret/ agrária nacio110/ que os agricultores soviéticos Jê1n per111issão/ para cultivar privadwnente .... pro, duzem 30% de todo o /e,te, carne e vegetais da Rússia, 33% dos ovos.e 61% das batatas!" (Como se saife, algo de análogo ocorre cm muitos outros palses da cortina de ferro). Apesar disto, acentuou Reagan, "fui uma vasta ca,npanha de propaganda para convencer o mundo de que o capitalismo dos Estados U11i-

dos é responsável pela pobreza e forr,e 1nundiais. .... No entanto, a cada ano. os Estados Unidos dão mais ajuda alimentar do que as outras nações combinadas. No ano passado. demos duas vezes mais ajuda oficial para o desenvo/vi,nen10 do que qualquer outro país". E Rcagan ai nda acrescentou que os EUA prodigalizarão mais benefícios aos países em desenvolvimento, principalmente a setores privados da agricultura e ao campo energético. Ta l pronunciamento do dirigente norte-americano seria de molde a arrancar expressões de contentamento e apoio por parte dos países 1 do Terceiro Mundo, que deveriam sentir-se estimulados a repudiar o sistema coletivista. Entretanto, a proposta de Reagan de incentivar o setor privado e a liberdade econômica não repercutiu favoravelmente c m Cancún. Ao mesmo tempo, as sucessivas sugestões que a França socialista vem fazendo - também reiteradas e m Cancún - para que os países do Terceiro Mundo formem um bloco monolítico a fim de resolverem seus próprios problemas,

granjearam-lhe larga publicidade. De si, a proposta não é má. Entretanto, quem pode garantir que Mitterrand não quererá atrair gradativamente os países do Terceiro Mundo pa ra sua área de influência e futuramente constituir com eles uma frente única hostil à política norteamcricana, a qua l ele vem paulatinamente criticando? Se isto ocorrer, de imediato será o socialismo francês q ue lucrará, enquanto enfraquecerá a posição dos Estados Unidos no Ocidente, isoland o-o. Ou seja, cm última análi.se, será a Rússia que será beneficiada com o avanço do prestígio da França socialista entre os países do Terceiro Mundo. Esta, além do mais, se alcançar as "boas graças" dos terceiromundistas, certamente aproveitará para instilar junto a eles o veneno socialista. Nessa atmosfera de expectativa, ocupa lugar decisivo o Brasil. Em Cancú n acentuou-se a posição de· liderança que o Brasil vai assumindo entre os países do Terceiro Mundo. Entretanto, o gigante brasileiro não poderá manter-se estavelmente só.

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A reunllo do Canc~n (M6,k:oJ compareceram numeroso, chefes de Eatado • do governo

Com o tempo, ele mesmo terá que apoiar-se numa das superpotências que se digladiam: Estados Unidos ou Rússia. Alimentamos a esperança de que o bom senso brasileiro venha a prevalecer, desviando o Pais da influência nefasta do totalitarismo ateu e antinatural, seja na versão brutal do bolchevismo, seja em sua expressão mais recente e risonha, representada pela França de Mitterrand . (Agência Boa Imprensa -

ABIM)

Mário A. Costa

8AtoLnCil§MO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor: Pa ulo Corrêa de Brito Filho

Diretoria: Ru.a dos Goitaca1.es. 197 • 28100 - Campos, RJ. AdmlnlS1raçlo: Rua Dr. Maninico Prado, 271 • 01224 - São Paulo, SP • PABX 221-87SS (ramal 211). Composto e impresso na Artprc$$ Papf1s e Artes Oráficas Ltda.. Rua

Garibatdi, 404 - Ot 13S - São Paulo, SP . .. Catolicismo"' ~ uma publicação mcn~ sal da Editora Padre Belchior de Pon-

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Sio Paul<>·t SP

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CATOLICISMO -

Novembro de 1981


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• BRILHO da Estrela d'Alva é intenso. Ao Oriente, o tom lilás vai levemente transformando o azul celeste, profundo no zênite, pálido ao nascente. Embalsama a madrugada a brisa fresca. No casebre próximo àquela encantadora praia do Nordeste brasileiro acende-se um lampião, abre-se uma janela. Jerônimo olha a espuma branca que acaricia a branca areia. E ouve ao longe o rugir de ondas que se espatifam contra arrecifes impávidos. É hora de começar a faina. Cabaça d'água, frugal repasto no embomal, instrumentos de pesca... é tudo. Encomenda-se a Deus e à Virgem dos Navegantes, troca algumas palavras com a mulher, toma seu café e dirige-se à velha jangada construída com simples troncos de madeira.

O

Momento raro: ali está o tubarão faminto rondando a jangada. Pendurada no mastro que sustenta a vela, o pescador previdente tem a arma com a qual vai enfrentá-lo. Trata-se da abóbora que mantém cozinhando num caldeirão amarrado a um pequeno fogareiro. O jangadeiro lança na água a quentíssima abóbora. Engole-a o perigoso peixe... E sofre as conseqüências intestinas do ali.mento esfriado apenas superficialmente, pelo contato com a água. No interior do tubarão, a abóbora desprende todas as calorias acumuladas. O De manhl. a partida Rumo ao alto mar, de.afiando o perigo

mam acarretar. Na solidão do mar, não precisa exibir-se a outras pessoas para aplaudirem sua audácia. Ele quer ser grande, sim. Mas daquele tipo de grandeza singela do mar, que ele admira e doma, e em cujos ares Jerônimo respira e cresce a seus próprios olhos. Ou melhor, aos olhos de Deus, em Quem ele crê e espera. E cuja solidão no Horto das Oliveiras, ele imita.

..

-· .....--

0 céu, há pouco róseo, enrubesceu, e logo mais estará dourado. E em douradas ondas navegarà o jangadeiro para alto mar. Só, Jerônimo parte para desafiar o oceano, ao sabor dos ventos, das tempestades ou das calmarias. Nesse mar de audácias, o jangadeiro sente-se à vontade. Espírito lúcido como a claridade do dia, afoito como as correntezas, varonil como um guerreiro, Jerônimo contempla a vastidão das águas, e tem vontade de enfrentá-la a fim de que sua alma se torne grande como ela. Porque só a vastidão do mar pode encher sua alma sedenta de proezas.

começa a despontar no horizonte. Aos poucos ele se aproxima, sendo saudado pelas crianças com saltos e gritos de alegria. São seus filhos. Em sua face, já marcada pelos anos de árdua labuta, estes percebem o dia de riscos e proezas por que ele passou. Ao cair a noite, sentadas junto aos coqueiros, as crianças pedem ao jangadeiro com insistência para contar aquele episódio, que repetirão mil vezes ao longo da vida, do estratagema que Je-· .. rônimo empregou para vencer o tubarão feroz. Um dia, porém, Jerônimo Antes do cair da tarde, é partiu. E não mais voltou. Morrera em seu campo de preciso voltar, aproveitando a batalha. O mar, em sua granmaré. Da praia, pode-se divisar a- de1..a , era digna sepultura de tão quele pequeno ponto branco que grande alma.

peixe se contorce, agita ás águas, Se a jangada vira, ele merfoge para morrer mais tarde. É gulha, dá un1 jeito de levantar o um inimigo vencido pela pers- mastro e coloca-se de pé novapicácia. ·mente. Dificilmente seus utensílios se perdem, porque ele os .. amarra sempre com cuidado. É nessa luta cotidiana que o jangadeiro se realiza. Aquela vastidão do mar lhe satisfaz o espíE Jerônimo continua a la- rito. Pobre, não cobiça riquezas buta, com a água a lhe banhar as e dispensa os mil dissabores e pernas e o sol a lhe tostar a pele. preocupações que estas costu-

Em ceNrioa chaioa de poesia, aliment a-ae o eaplrito 6plco doa homana do mar

Ao final da jorna da, o jangadeiro ramamon aa lutaa ampraendidaa a auaa oontamplaçõea na vaatldlo do oceano CATOLICISMO -

Novembro de 1981

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IJATOJLilC]§MO -

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O PAPA ESBOFETEADO Nelson Ribeiro Fragelli nosso correspondente

ROMA - No Canto XX do "Purgatórío" de sua "Divina Co,nédia", assim descreve Dante Alighieri o gravissímo ultraje de Anagni, cometido na pessoa do Sumo Pontífice pelo embaixador do Rei da França: "Veggio in Alagna intrar la fiordaliso, E nel Vicario suo Cristo esser cauo. Veggiolo uri'altra volta esser deriso; Veggio rinnovelar /'aceto e·/ /ele, · E tra vivi ladroni essera11ciso" (*). Corria o mês de setembro de 1303. O Papa Bonifácio VIII acabava de celebrar em 1300 o primeiro Ano Santo - instituição que a partir dele tornou-se costume na Igreja até nossos dias. Na França reinava Filipe IV, dito "o Belo" - neto do grande São Luís IX. modelo de soberano católico, que no leito de morte ditara ao filho as magníficas "Instruções'' de como bem reinar. O neto de São Luís, entretanto, não parece ter aproveitado as lições do avô. Por uma querela entre marinheiros, quase levou a França à guerra contra a Inglaterra, o que não ocorreu devido à intervenção do (•) "Vtjo c•rtlrar em Anagni a jlor-,lc-li:t, E Cristo em St'u Vigário .'tt r feito talivo. Vl'jo-0 ser outra ve: i'1juria<lo: V("jo-0 sorvtr 1ft 110,·o e ft"I e o vinagre. E ,•ntre vivos J"drões tt·r moru: lema",

Papa. Tendo o monarca mandado prender o Bispo de Pamiers, o Pontífice fez-lhe saber que o Prelado devia ser julgado por uma corte especial. E a esse propósito dirigiu ao Rei da França paternais admoestações, na Bula "Ausculta. fili". Ao recebê-la, Filipe IV convocou os Estados Gerais e moveu-os a apoiá-lo contra o Vigário de Cristo. Despachou então para Anagni terra natal de Bonifácio VIII, onde já se tornara costume residirem os Papas em certos períodos do ano -

na pequena cidade do Lácio na noite de 7 para 8 de setembro. Queimaram a porta da catedral, e por uma passagem coberta atingiram o palácio pontifício. Bonifácio VIII compreendeu o que se passava e preparou-se para tudo sofrer revestido de sua inteira dignidade. Envolveu-se no manto pontifical, ordenou que lhe colocassem a tiara e tomou numa das mãos as Chaves e na outra a Cruz. Assim aguardou os invasores, sentado em seu trono. E nessa posição o cnconO Palécio dos Papas. em A · nagni. palco do acontecimen10 que elguns his-

toriadores con•

sideram simbolizar o fim da supremecie do

Poder Espiritual

Embaixo: Sala do Ultraje. on-

Bonifácio

V111

foi insultado e proso polo em• b&ixador de Filipe IV. Rei da

França

traram e ultrajaram os enviados de Filipe IV. O legista sacrílego esbofeteou o Vigário de Cristo e o constituiu prisioneiro. Pouco depois, libertado por intervenção do povo de Anagni, Bonifácio VIII partiu para Roma onde, no mês seguinte, morreu de desgosto. Desde então, os Papas não mais retornaram a Anagni. Revestido de características tão graves, o ac-0ntecimento é apontado por vários historiadores de valor como o fato que simbolicamente marca o fim da Idade Média. Séculos de influência salutar da Igreja, modelando a mentalidade dos povos e formando a civilização cristã ali se encerram. A partir de então, instaurou-se nova mentalidade. O laicismo passou a predominar nas relações entre o Poder espiritual e o Poder temporal, entre os Estados, os grupos socia is e os indivíduos. O espírito sacra! que, embora já cm decadência, presidira até aquela ocasião a vida dos povos integrantes da Cristandade, foi abatido. Não sem razão, portanto, é Filipe o Belo considerado o primeiro dos soberanos modernos.

fB' ...

• Quem hoje visita Anagni - sobretudo por ocasião do aniversário da terrível injúria ocorrida há quase sete séculos - encontra a pequena

uma embaixada chefiada por Guilherme de Nogarct.

91' •Õ• Legista e articulador da política do Rei contra o Papa, o embaixador francês penetrou com seus sequazes

Falecem dois amigos de · ''Catolicismo'' JÁ ESTAVA pronto nosso número especial (agosto-outubro de 1981) sobre o rcvigoramento de modas e costumes tradicionais nos Estados Unidos, quando ocorreram ós falecimentos de dois grandes amigos de "Càtolicis1110": o Arcebispo Metropolitano de Cuia-

bá, D. Orlando Chaves, S.D.B., e o cooperador da TFP no Rio de Janeiro, engenheiro João Carlos Thomaz Pereira. Esta folha não poderia deixar de registrar com dor a perda deambos,quea títu· los diversos batalharam meritoriamente em prol da causa da Igreja.

Busto do Papa Bonifácio VIII, om Anagni (Amoito dí Cambio. 1245-1302)

cidade aprazível e acolhedora, bem parecida ao que era no tempo cm que abrigava os Papas. Erguida no alto de uma montanha onde continuamente cantam os ventos, suas construções de pedra, simples e imensas, sucedem-se sem nenhuma preocupação geométrica, deixando entre si lugar para vielas, becos e ladeiras. Arcos e pórticos de antigos edificios conduzem a outras travessas ou praças. que o visitante percorre, já quase sem saber em que século está vivendo ... Sisuda em sua graciosidade medieval, Anagni conserva ainda, na forma sensivelmente pesada de seu silêncio e de sua imobilidade, o estigma de uma vida brutalmente truncada naquela noite de setembro, quase 700 anos atrás. Noite trf,gica cm que um Papa ultrajado dela se retirou e seus sucessores nunca mais voltaram. Numa de suas vias pitorescamente tortuosas, a seta indica: Palácio dos Papas. Entra-se. Construído no século XII, o palácio atrai o visitante. Mas a atenção deste concentra-se num só ponto, e não sossega enquanto não o encontra. E achando-o, o que viu antes e verá depois perde-se nas brumas. Tal ponto é a sala do trono pontifício, conhecida depois de. 1303 como a Sala do Ultraje. Ela está práticamente sem móveis. M.as de modo algum vazia. Não há muito o que observar. No entanto, o homem com espírito de fé não se cansa de olhá-la. É pouco o que se teria a descrever, embora o que sugere ao espírito mereça um livro. Pois ali se vê um desenrolar histórico inesgotável. E as frases de Dante brotam na memória para ilustrar o imponderável do ambiente: ''Veggio in Alagna intrar lo fiordaliso... Veggiolo un'altra valta ... Veggio rinnovelar... "

_,..,..,._..,.~.,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,._.,.,..,..,..,..,..,..,...,.~..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,._,..

D. Orlando Chaves, S.D.B. D. Orlando Chaves nasceu em Campina Verde, no Triângulo Mineiro, em 17 de fevereiro de 1900. Tendo ingressado na Congregação Salesiana (Sociedade Dom Bosco), ordenou-se Sacerdote em 10 de julho de 1927. A 29 de fevereiro de 1948 foi eleito Bispo de Corumbá e a 18 de dezembro de 1956 promovido a Arcebispo Metropolitano de Cuiabá. Por ocasião do estrondo publicitário promovido contra a TFP em 1975, escreveu carta de aplauso à associação, "pela ati-

tude destemida co,n que ve,11 lutando contra a introdução do divórcio 110 Brasil". Depois de enumerar em sua missiva outras campanhas da entidade cm favor da civilização cristã e contra o comunismo, o Arcebispo assegurou: "Felizmente, as acusações que fazem .contra a TFP 11ão tê111 fundamento e cairão por si". Seu fecundo apostolado em terras matogrossenses lhe valeu gra nde estima popular. Faleceu em Cuiabá no dia 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora.

João Carlos Thomaz Pereira Nasceu a 16 de abril de 1938 no Rio de Janeiro, onde fez seus estudos e diplomou-se como engenheiro em 1963, pela Escola Nacional de Engenharia da an· liga Universidade do Brasil. Mais tarde graduou-se Master de Engenharia Industrial pela Universidade Estadual de Oklahoma (Estados Unidos). Conheceu a TFP na capital carioca em 1968, e, entusiasmando-se por seus ideais, tornou-se dedicado cooperador. Em fins de 1969 começou a sentir os primeiros sintomas da doença que iria marcar o resto de seus dias. Entretanto, em nada diminuiu seu empenho de dedicar à nobre causa que havia abraçado o melhor de suas atividades. Tendo sofrido

sucessivas cirurgias, a partir de maio de 1979 passou a viver na expectativa de um desenlace fatal, manifestando então um espírito sobrenatural de confiança na Providência Divina e de holocausto, que impressionou profundamente aos que conviviam com ele. Chefe de família modelar, deixou esposa e três filhos. Faleceu a 23 de agosto no Rio de Janeiro, onde residia, e foi sepultado no cemitério São João Batista. Na Missa de sétima dia, celebrada no dia 31 do mesmo mês; na capela do Palácio Guanabara, compareceram, além dos famili~ res e considerável número de amigos, os sócios e cooperadores da Secção cari'Oca da TFP.

Dívida externa: a deles e a nossa ANTES FOI a Polônia que pediu à comunidade bancária ocidental a dilatação do prazo para saldar suas dívidas, aliás concedida sem dificuldades. Agora é a Romênia que anuncia o pedido de prorrogação do pagamento de um quarto de sua dívida de 10 bilhões de dólares para com o Ocidente. Em seu conjunto, os empréstimos aos paises de além-cortina de ferro já totalizam hoje mais de 80 bilhões de dólares, sem contar as dividas da Rússia. Sete paises da Europa Oriental contraíram empréstimos bastante elevados com entidades financeiras ocidentais: Polônia, Romênia, Iuçoslávia, Bulgária, Tchecoslováqu,a, Alemanha Oriental e Hungria. A Polônia tem uma dívida estimada em 25 bilhões de dólares, vindo logo a seguir a Iugoslávia com 18 bilhões. O regime de Varsóvia está sem dinheiro até para comprar dinheiro ... Uma encomenda de papelmoeda feita aos ingleses não foi entregue porque não. havia dinheiro para pagá-la. "E o Brasil? Sozinho, nosso país deve mais de 50 bilhões ...", objetará algum leitor. Há uma grande diferença, respondo. Lá, afundam cm consequência do próprio regime antinatural a que estão aqueles povos submetidos à força. Aqui, afundamos misteriosamente cm meio às rique1,as. Bastaria desenterrar Carajás, mesmo le-

vando-se em consideração o número de anos necessários para isso, e adotar medidas eficazes para o aproveitamento das potencialidades do Pais. "Bastaria..." É claro que tais medidas em muitos casos seriam custosas e doloridas. Se deixamos crescer cm nosso corpo social o tumor da estatização coletivista - parecida com a do Leste europeu - é preciso extraí-lo ainda que seja doloroso. Haverá desemprego nas indústrias e nas cidades? - Encham-se os

campos, cultivem-se os cerrados, estabeleçam-se planos inteligentes de colonização. Serão os brasileiros de hoje menos capazes, empreendedores e corajosos que os de outrora'/ E as indústrias? Vivemos sem elas durante largo período de nossa História. Ademais, ainda hoje a lavoura alimenta, em boa medida, a indústria nacional. Voltemos, pois, ao bom senso abandonado. (Agência Boa Imprensa -

ABIM}

Peter Krone

Português deixa muletas a caminho de Fátima LISBOA - José Ferreira da Silva, 35 anos, casado e pai de 4 filhos, não podia andar sem muletas. Suas pernas não dobravam e além disso do!am muito. Mesmo para se locomover de muletas foi necessário colocar-lhe placas de platina nos ossos das pernas. Quando, porém, José fazia sua peregrinação a Fátima neste ano, aconteceu o inesperado: largou as muletas e passou a andar sem elas. "Foi 11111 111ilagre que Nossa Senhora de Fátima me fez e sv eu e Deus sabemos o que .rofr i até este momen-

10. pois agora felizmente e com a graça de Nossa Senhora, cami11ho com alguma dificuldade, mas sen, dor nenhuma e sem as muletas··, explicou ele ao "Jornal de Aveiro", de 25-9-81. Embora considere desnecessários os exames médicos - pois sua fé e devoção à Santíssima Virgem lhe são suficientes para acreditar - José Ferreira da Silva está disposto a ser radiografado para que a medicina possa dizer uma palavra sobre a sua cura extraordinária. (Aginda Boa

Imprensa -

ABIM)


1 •

ll N.0 372 -

Dezembro de 1981 -

Diretor: P a ulo Corrêa de Brito Filho

An o XXXI AooRAçAo oos

MAGOS -

Escola francesa (séc. XIV) - Bcrgello. Museu Nacional, Florença

ria .

LEGRIA DE NATAL? Sim. Mas muito mais do que isto. Alegria dos 365 dias do ano, para o católico verdadeiro. Pois na alma em que, pela graça, habita o Sa lvador, esta alegria dura sempre e jamais se apaga. Nem a dor, nem a luta, nem a doença e nem a morte a eliminam. Ê a alegria da fé e do sobrenatura l. A a legria da ordem sacra!. Oh! vós que andais pelo caminho, parai e vede se há uma dor semelhante á minha , exclamou Jeremias Profeta (cfr. Lm.

A

1, 12), antevendo a Paixão do Salvador e a compaixão de Maria. Mas ele também poderia ter dito, profetizando as alegrias cristãs perenes e indestrutíveis que o Natal leva a seu auge: oh! vós que passais pelo caminho, parai e vede se há alegria semelhante à minha. - Oh! vós que viveis cupidamente para o ouro, oh! vós que viveis tolamente para a vanglória, oh! vós que viveis torpemente para a sensualidade, oh! vós que viveis diabolicamente para a revolta e para o crime:

parai e vede as almas verdadeiramente católicas, iluminadas pela alegria do Natal: o que é a vossa alegria comparada à delas? Não vejais nestas palavras provocação, nem desdém. Elas são muito mais do que isto. São um convite para o Nata l perçne, que é a vida do verdadeiro fiel : "Cristianus alter Christu.f' - O cristão é um outro Jesus Cristo. Não, não há alegria igual. Até mesmo quando o católico está, como Jesus Nosso Senhor, cravado na cruz ...

EM CAMPOS: AS GRANDES HOMENAGENS A D. MAYER POUCO ANTES de entregar a direção da Diocese de Campos a D. Carlos Alberto Navarro, novo Bispo indicado para substitu-lo, D. Antonio de Castro Mayer foi repetidas vezes homenageado por seus diocesanos - Clero, autoridades civis, militares e fiéis em geral. Estes se emularam no louvável intento de distingui-lo com honrarias e demonstrações de afeto, em agradecimento por sua incomparável ação pastoral durante os 33 anos em que dirigiu as almas da Diocese, cuja guarda e orientação lhe fora confiada. Com esse intuito, no dia 1. 0 de novembro, Festa de Todos os Santos, inaugurou-se placa fixada na fachada da Catedral de Campos, com dizeres enaltecendo a pessoa de D. Antonio por seu labor apostólico. No dia 6, S. Excia. Revma. foi recebido no auditório do Palácio da Cultura de Campos e agraciado com a Medalha ~Saldanha da Gama", por iniciativa do Prefeito Municipal, Dr. Raul David Linhares Correa. Por sua vez, em J 3 do mesmo mês, o 8. 0 Batalhão da Polícia Militar do Estado do Rio de J aneiro, sediado em Campos, prestou-lhe honras militares, sendo inaugurada placa de broni.e em sua homenagem. Na ocasião, também recebeu a Comenda do Colar da Arquiepiscopal Irmandade de Nossa Senhora das Dores, em solenidade realizada no salão nobre da Policia Militar. A Comenda foi-lhe conferida a pedido do Ten.-Cel. Orlando do Couto Vieira, comandante daquela Corporação. Os pormenores das homenagens prestadas a D. Antonio de Castro Mayer o leitor encontrará na página 3.

M DESPEDIDA de seus diocesanos, D. Antonio de Castro Mayer celebrou no dia J.0 de novembro, Festa de Todos os Santos, Missa Pontifical na Catedral de Campos, lotada por autoridades civis e militares. personalidades locais e pelo povo em geral, que acorreu em massa para assistir ao ato religioso e haurir uma vez mais da sacraüdade das cerimônias tradicionais da Igreja. Além de fiéis da cidade de Campos, encontravam-se na Catedral representantes de cada uma das

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chidos inteiramente pelo público desejoso de assistir à solene Missa Pontifical. Ali reuniram-se fiéis que, ao longo de três décadas, viram D. Antonio pregar o Evangelho, combater os erros que grassam aberta ou subrepticiamente em nossa época. fora e dentro da Igreja, e administrar ·os Sacramentos. Eram gerações das mais diversas. Algumas acalentadas no fervor de sua juventude pelo Pastor que se despedia de seu rebanho. Outras haviam nascido quando já ele se encontrava à frente da Diocese. To-

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D. M ayer entra na Catedral de Campos abençoando a multidlo de fi611 que lotou a Igreja para auiatir a solene M iua Pontffical e prestar-lhe carinhosa homenagem.

paróquias da Diocese, mesmo das mais distantes, como é o caso de Varre-Sai, Porciúncula, Natividade e Miracema. Embora a cerimônia estivesse marcada para as 10 horas, às 8:30 h · todos os bancos já se encontravam ocupados.· E os espaços livres do interjor da Catedral foram precn-

dos, animados pela Fé e gratidão, ali estavam para honrá-lo, assistir à Missa por ele celebrada e receber de suas mãos o Sacramento da Eucaristia. À sua chegada na Catedral, D. Maycr estava revestido dos trajes episcopais: batina de frizo, sapatos vermelhos. capa roxa e Cruz pci-

torai. Sob os acordes de "Tu es Sacerdos Magnus", entoado pelo Coro do Seminário Diocesano, regido pelo Pe. Emanuel Possidente, com acompanhaménto de órgão, o Prelado avançou pela nave central do templo, à frente de pequeno cortejo. Antes do Santo Sacriflcio da Missa , já então com os paramentos de celebrante, Mitra e Báculo de Pastor, S. Éxcia. Revma. encabeçou outro cortejo pelo interior da Catedral, dando a bênção aos fiéis. Durante o ato religioso, viam-se pessoas emocionadas. Muitas delas contendo as lágrimas, talvez motivadas pela consideração de que aquela poderia ser a última cerimôn ia na qual pudessem .contemplar cm todo seu esplendor a grande1.a. da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, na cidade de Campos. O sermão foi proferido pelo Pe. Eduardo Athaide. que discorreu sobre a atual crise da Igreja, comparando-a com a que Ela se defrontou nos primeiros séculos de sua exis. tência, quando o arianismo e outras heresias distorciam gradativa e inexoravelmente as verdades mais fundamentais da Fé Católica. Em sua pregação, o orador apontou o inimigo que hoje tenta corroer internamente a Igreja - o progressismo - denunciado e firmemente combatido em seus primórdios por D. Antonio, desde sua mais remota mocidade, quando ainda Vigário Gera l da Arquidiocese de São Paulo, nos idos anos 30. Os fiéis demonstraram uma vez mais sua consideração por D. An. tonio, através do entusiasmo com que acompanharam, ao término do Pontifical, a inauguração de placa alusiva à atuação apostólica daquele Prelado e pelos calorosos cumprimentos por ele recebidos na Sacristia da Catedral. após a solenidade.


No 450. aniversário das Aparições de Guadalupe

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Surpreendentes constatações do milagre M 1531 a Santíssima Virgem aparecia no cerro de Tcpeyácac, na atual Cidade do México, ao índio Juan Diego, deixando como prova desse evento miraculoso Sua Imagem impressa no manto õu poncho do indígena. Transcorridos quatro séculos e meio desse acontecimento, este ganha em significado, em virtude de surpreendentes descobertas que se têm feito na análise científica desse venerável tecido (•). Apenas para situar os fatos, apresentaremos antes um rápido resumo das aparições da Virgem de Guadalupe, qu~ muitos de nossos leitores certamente já conhecem.

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Rosas de Castela Passados 10 anos do dia em que Cortês com seu pugilo de heróis conquistara o México, a situação mostrava-se periclitante para os espanhóis. Um surdo rumor crescia em intensidade, pois os astecas, desgostosos com a política seguida pel\:, Conselho de Governo que sucedera o Conquistador, premeditavam efetuar uma chacina dos ibéricos. Foi então que Juan Diego, humilde indígena da tribo dos mazahuales, batizado aos 48 anos, mas conservando até então. aos 56, a candura e simplicidade de criança, recebeu por cinco vezes a visita da Santíssima Virgem. Deu-lhe a Mãe de Deus a incumbência de pedir ao Bispo do México, D. Juan de Zumárraga, franciscano recém-chegado do Reino, que construísse no local das aparições um templo a Ela dedicado. Como o Prelado pedisse um sinal que comprovasse a veracidade das aparições, Nossa Senhora fez surgir no inóspito ce rro em que só medravam cactos e espinheiros, o,doriferas rosas de Castela que o índio, tomando em seu manto, levou ao Bispo. Diante deste, ao abrir Juan Die~o seu manto e ao deixar cair as milagrosas ílores, surgiu estampada no poncho a imagem de Maria, em Sua Conceição Imaculada. Todas as pessoas presentes à cena testemunharam o fato. A partir de então, Nossa Senhora quis ser Ela mesma a Apóstola e Missionária do México, sob a invocação de Guadalupe. E em menos de sete anos converteu Ela 8 milhões de índios. quando antes, no mesmo espaço de tempo, só 800 mil haviam aderido à Fé católica, em sua maioria crianças_e mulheres.

O manto de Juan Diego à luz da ciência Com os progressos da técnica em nosso século, aos poucos foram sendo reveladas 'maravilhas desconhecidas encerradas na manta de Juan Diego. A conservação desse rústico tecido de fibras, cuja duração normalmente não excede a 20 anos, exP,osto durante séculos sem nenhuma proteção, já parece inexplicável conforme o testemunho de estudiosos que mais adiante citaremos.

Quando mais tarde foi protegido por um cristal com moldura de ouro, um ourives encarregado de limpar a prata que resguardava a parte de trás do quadro que continha o valioso tecido, por imperícia, deixou escorrer ácido nítrico altamente corrosivo - ao longo do lado direito da manta. O ácido entretanto respeitou a imagem da Virgem. e parece ter perdido seu efeito corrosivo, pois o tecido atingido continuou intacto, podendo-se notar apenas uma amarelecida mancha que vai desaparecendo com o tempo (cfr. H. Rahm, op. cit., p. 46). No auge da perseguição comunista de Calles,, em 1921, mãos criminosas colocaram junto ao quadro da Senhora de Guadalupe uma bomba escondida em um bo11q11et de ílores. A explosão provocada retorceu um grande crucifixo de bronze do altar, como se ele fosse de cera, estilhaçando os vidros não só do santuário. como também da redon-

Na noite de 7 de maio de 1979, submeteram a sagrada imagem guadalupana à minuciosa análise fotográfica com raios infravermelhos, apresentando o Dr. Callahan o resultado em 40 laudas datilografadas. Eis alguns dados concludentes: 1. Não há nenhuma maneira de explicar nem a natureza dos pigmentos corantes utilir.ados, nem a pem,anência da luminosidade da cor e do brilho através dos séculos. É notável que depois de mais de quatro séculos não tenha ocorrido nenhuma rachadura nem apagamento do retrato original cm nenhuma parte do manto de agave, o qual, não tendo sido preparado anteriormente, deveria ter-se deteriorado há séculos (CRC, p. 33 e ABC). 2. Apesar de a pintura milagrosa ter estado sujeita às intempéries, ao tacto e ósculo dos fiéis, exposta num templo "que não era uma igreja ,noderna. com ar condicionado, ,nas certa,nente 11111 edifício com janelas

Ampliando-se e fotografia da imagem guadalupana. observa•ae a flgura de um homem (Juan Diego). Pelo proce110 de dlgitall~o. deacobriu•M recentamen-

te que a cena ocorrida na eeae do Biapo

do México, D. Zum6n-aga, em 1631. ead Inteiramente gravada na retine doa olho• da Virgem.

deza. O quadro milagroso, contudo, não sofreu qualquer dano (cfr. H. Rahm, p. 46c Handbook, p. l 16ss.).

O testemunho de um Prêmio Nobel Em 1936, foram levados para o Dr. Richard Kuhn, Prêmio Nobel de Química e diretor da secção dessa matéria no conhecido Kaiser Wilhelm lnstit11t, de Hcidelberg, Alemanha, dois fios do manto onde estava impressa a imagem da Santíssima Virgem - um amarelecido e outro vermelho - a fim de que ele examinasse a substância de seus corantes. O resultado da análise do famoso químico desconcertou muitos "espíritos fortes": nas fibras examinadas, os elementos corantes não pertenciam nem ao reino vegetal nem ao animal, nem ao mineral! (ABC e CRC, p. 27). Mais recentemente, outros dois especialistas, o Dr. Philip Serna CaUahan, da equipe da NASA, e o Prof. Jody Brandt Smith, catedrático de Fílosofia da Ciência no Pensacola College, foram chamados a dar seu parecer.

A Imagem d• No•aa Senhora de Guadalupe imprime-ae m11agroaamente no manto de Juan Diego. Bico de pena de J . Clanero1.

abertas. úmido e em at,nosfera enfu· maçada pela quantidade de velas", no entanto, a "pintura original está tão fresca e nítida como no dia en, que f o i realizada" (CRC, p. 33). 3. Nela "não há esboços prévios como os descobertos pelo 111esmo processo [raios infravermelhos) nos quadros de Velázquez, Rubens. EJ Grecco e 1'iziano". A imagem foi "pintada" diretamente, tal qual se vê, sem retoques nem retificações (CRC, p. 30 e ABC). 4. Não há nela pinceladas. A técnica empregada é desconhecida na história da pintura. "É inusual, incompreensível e irrepetível'' (ABC), Por fim , segundo conclui Dr. Callahan, o estudo com raios infravermelhos revelou ,que a imagem da Virgem no manto de Juan Diego "é um fenômeno inexplicável" (CRC p. 33). A análise mostrou també,..; que houve aplicação de ouro no sol, nas estrelas e no galão do manto· da Virgem, douração esta que apresenta certa deterioração. Afirma ainda que o anjo e a dobra do manto da Virgem, que ele segura, foram acrescentados à pintura original, Aliás, segundo seu parecer, "o olhar [do anjo) é vivo, mas não tem en, nada a beleza ou o gênio da técnica den,onstrada no elegante olhar da Virge111" (CRC, p. 32).

A cena refletida no olhar da Virgem A 29 de maio de 1951 , o desenhista J. Carlos Salinas Chávcz e~aminando com lupa uma foto d; Virgem de Guadalupe discerniu em sua pupila a figura de um homem. Essa descoberta deu início à série de revelações que seguem. As emissoras de rádio da Cidade do México divulgaram a 11 de dezembro de 1955 a sensacional notícia de que ampliações fotográficas dos olhos da imagem guadalupana apresentavam nitidamente a figura de um homem, possivelmente Juan Diego. Essa constatação foi tão impressionantes representam nova lufada de ar fresco em meio a este mundo laico e poluído em que vivemos. O que significará para os ditos ••católicos progressistas"?

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feita pelo cirurgião Dr. Rafael Torija Lavoignet, com auxílio de possante oftalmoscópio (Handbook, p. 73, ABC, art. cit., CRC, p. 27). Vem agora o fato mais impressiona nte, relatado pelo Prof. Torcuato Luca de Tena, da Real Academia Espanhola, cm artigo publicado no jornal ABC, de Madrid: baseado no princípio de que a córnea do olho humano reflete, como um espelho, a pessoa que vê no momento, e tendo feito essa comprovação examinando uma foto dos olhos de sua filha, o Dr. Aste Tonsmann, atualmente encarregado de captar as imagens da Terra transmitidas do espaço pelos satélites artificiais, "digitalizou" os olhos da imagem de Guadalupe. Sumariamente, a "di!\ita lização" consistiu em dividir a imagem do olho da Virgem guadalupana em quadradinhos microscópicos, de maneira a caberem 27.778 desses quadra'"llinhos em um milímetro qua-

drado. Por s ua vez, cada um desses miniquadrinhos foi ampliado duas mil vezes, o que permitiu então observarem-se detalhes impossíveis de sere m captados pelo olho humano. O que revelou essa super-ampliação nos olhos da imagem? Precisamente a cena que se passou há 450 anos no palácio de D. Zumárraga, quando Juan Diego abriu seu manto e nele surgiu estampada a imagem da Mãe de Deus! Exatamente a cena descrita poucos anos depois das aparições, cm língua nahualt, por um indlgena, e editada por Lasso de la Vega em 1649. Pôde-se ver na íris da Virgem um lndio no ato de desdobrar seu manto diante de um franciscano (D. Zumárraga), em cujo rosto se vê deslizar uma lágrima; um rapaz com a mão. posta na barba e exprimindo comoção; um índio com o dorso nu, em atitude quase orante; uma mulher de cabelo crespo, possivelmente uma negra da criadagem do Bispo; um homem, uma mulher e alguns meninos com a cabeça raspada; e fi_nalmente outros religiosos franciscanos. É de todo impossível que algum hábil miniaturista pudesse ter pintado em tão redu7.Ído espaço o que foi preciso ampliar milhares de vezes para se perceber.

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' Eatampa milagrosa de Noua Senhora de Guadalupe ·

milagre. e, portanto, a existência do sobrenatural.

O milagre e os progressistas Para os verdadeiros devotos da Santissima Virgem. essas revelações Com efeito, um tufão varre hoje em dia a Igreja de Deus. Já foi ele qualificado por Paulo VI de "processo de autodemolição" e de "fu1naça tle satanás 110 templo de Deus". Inexoravelmente vai ele tudo devastando no intuito de romper as ligações da Igreja com o seu próprio passado duas vezes milenar, considerado anacrônico pelo homem "adulto" e "esclarecido" dos dias de hoje. Segundo essa corrente dita "progressis ta". é necessário acabar com todas as referências "pseudo-religiosas" e "pseudo-sagradas·· da Religião católica tradicional, ressaltando as realidades de ordem puramente natural e humana. Para isso a Igreja deveria rever seus conceitos, seus Dogmas. sua Mora l e sua Liturgia - que escondem um infantilismo larvad o, segundo eles - pois o verdadeiro testemunho cristão seria o "co1npro1nisso temporal encarnado"' com todos aqueles que lutam "pela libertação dos opri111idos e explorados", sejam eles não católicos ou mesmo marxistas. Estes últimos seriam membros mais autê nticos dessa Nova Igreja do que um bati1.ado que não se engaje na luta revolucionária, a qual deverá ser levada a cabo até pela violência, se necessário (cfr. "Os Pequenos Grupos e a Corrente Profética" artigo publicado pela revista "Ecclesia", de Madrid , jan. de 1969, apud "Catolicismo", n.• 220/ 221, de abril/ maio de 1969), Uma última palavra: a partir das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe, as mães mexicanas passaram a dizer a seus filhos: "Possa Deus 1ratar-te como tratou Juan Diego!" (H. Rahm, p. 85). Peçamos a Nossa Senhora que, na proximidade dos castigos por Ela anunciados em Fátima caso a humanidade não se convertesse, queira trazer-nos na retina de seus olhos como trouxe o ditoso índio mexicano.

Plínio Solimeo (' ) NOTA Utiliwmos para a redação do presente anigo a seguinte bibliogr3fia: • ao~u~a-EvMARO, Fr. Bruno - "Nom~ Dame dé (iundal111>r (' I sem imag,• m cn•t>illtu· .11t d~wmr /'Ul.Hoire t i lo Sdenu", in "Lo Con1re-Rt/ormt Çatltoliq1,c, ou XX.e S(fcfe".

Será este o epílogo dos estudos feitos no manto de Juan Diego? Ou novas maravilhas estão ainda para serem reveladas? Seja como for, uma conclusão pode-se tirar. Quando, em 1531, Nossa Senhora operou esse prodígio, é bem provável que tivesse obtido de Deus que sua total ou quase total revelação se desse precisamente numa época em que, dentro da Igreja tivesse chegado ao auge uma revolução contra o divino, contra o sobrenatural. Como também é providencial ocorrerem essas descobertas numa época em que a ciência e a técnica se tornaram critério de fé para tantos. Nesse momento, a mesma ciência e técnica comprovam o

suplemento espc-cmt de setembro de 1980. Citaremos abreviadamente: (CRC). • LVCA or. 'l'llNA, Prof. Torcua10 - " l11t:<• plicohlt!'', artigo publicado na ediç.âo internacional do diáno ''ABC', de M:.idrid , n.~ 1657. Cit3rcmos abreviadamente: (ABC). • R1t.1tM, S.J .. Pc. Harold - "A Mõe das Amiriro.t", Ed. Loyola, São Pauto, 1974. Citaremos (H . Rahm). • "A 1/andbook on Guadalupe", by Franciscan Marycown Press. Kenosha. SI, USA, 1974, TAN Books & Publishers, Rockford. li. Cit3tcmos a$$im: (Handbook). • "Historia de los Aporldonts de Nutstro ~nóró dt Guadalupe". B:L,;ílic.a de Santa Marfa de GuadaluJ)<. México. 1969. Narración de A. Valcriano. "dt las 01>nrlrlonts .... de los .Primtros milogros .... asi como lo biogrojfa dt Juan Diego"', • VALER1.-.so, A.-Vclazquet. Primo r:. '' lo Virgen de Guodalufl<'". Bucna Ptt-nsa, México. Edi1orial Don Bosco S.A.. 1959. • V ALf.RI ANO. A. '"E/ Gron Acontecimlt mo", lmpl'cnsa de J uan Ruyz, Mhico, opud "Cristiondad", Barcelona. jan./fcv./ mar. de 1979. n.• 574/ 6.

CATOLICISMO -

Dezembro de 1981


Homenagens a D. Antonio de Castro Mayer Reportagem de Ober/aender S. Bianchini -

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OM O INTUITO de perpetuar a memória de Dom Antonio de Castro Mayer pelos inestimáveis beneflcios prestados em seus 33 anos de bispado, inaugurouse no dia 1.0 de novembro, após a celebração da Missa pontifical, uma placa fixada na Catedral de Campos, com dizeres enaltecendo a pessoa e a obra daquele Prelado. Na ocasião discursou o advogado Admardo da Cost,1. Peixoto que, em nome do povo campista, teceu elogios e externou gratidão pela atuação de D. Antonio na Diocese de Campos. Eis alguns tópicos de seu afetuoso discurso no qual soube realçar a fortaleza do Pastor contra os erros modernos que ameaçam seu rebanho: "A placa que perpetuará sua memória não é de ouro, o n,ais nobre dos metais. como convinha aos méritos de V. Excia. Reverendíssima. mas é de bronze. metal de grande resistência à ação corrosiva do tempo. e que bem representará as convicções inabaláveis do Pastor que sempre apascentou o seu rebanho com edificante humildade. Essa placa, colocada frente da Catedral representará a gratidão dos fiéis, pelos seus dizeres: "A D. ANTONIO DE' CASTRO MA YER, ZELOSO. SÁBIO E PRUDENTE BISPO D& CAMPOS. A GRATIDÃO DOS FltlS PEI.OS JJ ANOS DEDICADOS À CAUSA DA Ft E À SALVAÇÃO DAS ALMAS-. "É sábio porque é humilde. "É sábio porque ama. Ama a Deus e a,na ao próxin10 ... "É zeloso defensor da Igreja Católica, quando Ela é atacada, perseguida e assaltada pelo inimigo. "E prudente. E a prudência marcou bastante a paternal direção que exerceu na Diocese de Can,pos durante 33 anos. Ao mesmo tempo que alertava os seus filhos, Sacerdotes e leigos, para os perigos que ameaçavam e an,eaçam nossa Fé católica, que advertia contra práticas que não estavam dentro dos padrões da verdadeira Igreja Católica, que nos cone/amava à unidade. na Verdade, tambén, suportou com dor e pesar, seguran1en1e, a não obediência, a não aceitação de suas ponderações. "D. Antonio veio para Campos como Bispo Auxiliar e logo depois assumia a direção da Diocese, e posso dizer que novas luzes se acenderam na Catedral. "Desde sua cheçada, era e é para mim verdadeira felicidade ouvi-lo falar. D. Antonio é excelente pregador. "Além de grande orador, também é hábil e profundo na arte de escrever. As Cartas Pastorais, os diversos artigos, sermões e livros publicados atestam sua invulgar cultura e aguçada inteligência. "D. Antonio, nós lhe agradece,nos pela grande dedicação à Dio-

cese de Campos, nós lhe agradecemos a grande preocupação e o grande en,penho pelo aprimoramento das almas de seu rebanho, nós lhe agradecemos por todos os sacrificios, esforços e orações. "Agradecemos a Deus a grande dádiva que nos concedeu: sua presença entre nós como nosso Bispo, e esperamos poder continuar a convivência fraterna por muitos e muitos anos". Proferidas essas palavras de afeto filial, D. Antonio agradeceu as generosas alusões a sua pessoa e a seu trabalho apostólico, bem como as homenagens a ele prestadas de maneira tão entusiástica. Após a inauguração da placa, D. Mayer recolheu-se à Sacristia onde recebeu os cumprimentos de milhares de fiéis. Numa longa fila que chegava até a porta da Catedral, todos esperavam a oportunidade de uma vez mais oscular-lhe o anel episcopal. Quando se iniciaram os cumprimentos, pouco passava de meio-dia. Só terminaram por volta das 15 h quando D. Maycr pôde voftar ao Palácio Episcopal.

Prefeito agracia Bispo com medalha Associando-se às homenagens prestadas a D. Antonio de Castro Mayer pelos fiéis da Diocese de Campos, o Prefeito da cidade, Dr. Raul David Linhares Correa, organizou no dia 6 de novembro concorrida sessão no auditório do Palácio da Cultura, onde S. Excia. Revma. foi agraciada com Medalha do Mérito "Saldanha da Gama". Em seu discurso de saudação, o Sr. Raul David Unhares Correa externou seu apreço pela pessoa de D. Antonio, bem como a alta consideração devida ao trabalho pastoral realizado por ele em 33 anos de episcopado. "Entendemos que participar das n1anifestações de apreço que lhe são tributadas é un, dever sentin1ental a que não pode,nos fugir, não só pelas nossas obrigações religiosas, n1as, sobretudo, pela nossa condição de cidadãos reconhecidos ao seu trabalho, ao elevado serviço pastoral

Texto final de Nazareno A . Machado

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lnauguraçlo de placa comemorativa em homenagem a D. Moyer, na fachada do Cate<lral de Campoo. D. Antonio foi tam~m agraciado com a Comenda da Arquleplocopal Irmandade do No- Senhora da1 em grau de colar.

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que nos tem sido prestado por V. Excelência Reverendíssima no decorrer de quase 33 anos de exercício sacerdotal em nossa região. "A nossa hon1enagem é simples. mas tocada da mais profunda sinceridade", declarou na ocasião o chefe do Executivo municipal. E analisando a atuação pastoral do homenal!eado, prosseguiu o Prefeito municipal: "Assim, seu itinerário sacerdotal n o norte fluminense, prezado Dom Antonio de Castro Mayer, tem sido iluminado desse anseio de difundir a cultura cristã. Suas reflexões ultrapassaran, os limites de nossa geografia para alcançar um significado universal. Seus con ceitos lhe permitiram ampliar o rebanho divino. Bastar-nos-ia assinalar a criação do jornal "Catolicismo" e as pastorais de larga repercussão, como a que abordou os problen,as do apostolado moderno. ou a que cuidou do Sacrifício da Missa, ou ainda sobre os C,irsilhos de Cristandade, além das recentes mensagens apresentando aos fiéis os documentos conciliares do Vaticano li, para com-

Em Miracema. como em outras cidade•

da DIOCNe de Campoo, D. Antonio de Caotro Moyer foi alvo de tocanteo homenageno do povo fiel

preendermos sua in,portância na pedagogia do cristianismo. En, todos esses documentos e mais nas obras con, sua assinatura, verifica-se a expressão da bondade esclarecedora e o desejo de unir as pessoas en, torno do Evangelho de Cristo". Na ocasião, foi lida ainda a biografia de D. Antonio, evocando s~u Curso de_ Teologia na Universidade Gregonana de Roma, a ativid:ide sacerdotal por ele desenvolvida, a nomeação para Bispo de Campos, enumeradas as Cartas Pastorais de sua autoria e narrada sua atuação através do mensário "Catolicismo". Ao térmi,:io da sessão, os presentes cumprimenta ran1 o homenageado, seguindo-se um coquetel oferecido aos participantes da solenidade. CATOLICISMO -

Dezembro de 1981

Honras mllltares ao Prlnclpe da Igreja D. Antonio de Castro Mayer é um Prelado cuja personalidade apresenta facetas várias: além do múnus episcopal e de sua atividade intelectual, o Prelado dedicou-se à atividade jornalística. Embora assoberbado pelos afazeres da Diocese, D. Mayer colaborava no " Monitor Ca,npista". Para fica:r mais à vontade na escolha dos temas tratados nas páginas desse diário, assinava seus artigos simplesmente com as iniciais D. A. C. Certo dia, eis que D. A. C. escreveu um artigo elogiando o trabalho de assistência a meninos desvalidos realizado pela Policia Militar, numa tentativa de diminuir a de.linqili!ncia juvenil. Satisfeitos em verem sua benemérita obra comentada com simpatia nas colunas do "Monitor Campista", os dirigentes da Pol!cia Militar procuraram conhecer a identidade do autor do artigo. E constataram com surpresa e agrado tratarse nada mais nada menos que da pessoa insigne do Bispo Diocesano. Por esse e outros motivos, o comandante da PM em Campos, Ten.-Cel. Orlando de Castro Vieira, tomou a iniciativa de distinguir D. Antonio com algo de especial, gravando parte de seu artigo alusivo à campanha desenvolvida pela Polícia Militar em placa de bronze, exposta no pátio de entrada de uma das unidades da Corporação militar. Tendo isso em vista, cscol.heu-se o dia 13 de novembro para o descerramento da placa, ocasião em que D. Antonio foi alvo de várias homenagens. Pelíl manhã daquele dia, o carro oficial do Comandante da Polícia Militar de Campos, precedido por dois batedores motorizados, dirigiuse ao Palácio Episcopal, conduzindo D. Antqnio até à sede da Corporação. A chegada do veículo no pátio vestibular, o pelotão da guarda prestou honras m.ilitares ao Prelado, apresentando armas à sua passagem. Logo após, o veiculo dirigiu-se ao pátio do quartel onde a tropa se encontrava em rigida formação, estando presente o corpo de oficiais e seu Comandante, o Tel.-Cel. Pedro Marcant Junior, Comandante do 56. 0 Batalhão de Infantaria do Exército, o Prefeito Municipal e outras autoridades civis, membros do Magistério, personalidades locais e o povo cm geral. Procedeu-se ao hasteamento das bandeiras nacional e -do 8. 0 Batalhão da Polícia Militar ao som do Hino Nacional executado pela Banda da PM. Em seguida descerrou-se a placa de bronze localizada no pátio da entrada do quartel, a qual contém parte do artigo publicado no "Monitor Campista". Fazendo uso da palavra, o Ten.Cel. OrlandQ do Couto Vieira elogiou a atuação de D. Antonio, lem-

brando com agrado o apoio dado à Polícia Militar por meio de seu artigo publicado no "Monitor Campista" com o pseudônimo D. A. C. Instantes depois, no salão nobre do quartel da Polícia Militar, o representante do Conselho da Arquiepiscopal Irmandade de Nossa Senhora das Dores depôs sobre os ombros de D. Antonio o colar da principal comenda da Confraria, em agradecimento ao apoio prestado pelo Prelado àquela Corporação Militar. Destacou o mesmo representante que a condecoração oferecida por iniciativa do Ten.-Cel. Orlando do Couto Vieira foi concedida por unanimidade. Nas palavras de saudação, o representante do presidente da Arquiepiscopal Irmandade de N~ssa Senhora das Dores lembrou a origem da instituição no seio da Policia Militar do Rio de Janeiro. Teve ela inicio com a ermida de Nossa Senhora das Dores, erigida na rua Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro. Voluntários da Guerra do Paraguai edificaram a ermida em cumprimento de promessa feita a Nossa Senhora e cm agradecimento por terem retornado sãos e salvos a seus lares. Três anos depois de construída, em 1881, erigiu-se nessa ermida a Arquiepiscopal Irmandade de Nossa Senhora das Dores, com o objetivo de amparar os órfãos de guerra. Hoje ela ampara as familias dos soldados mortos no cumprimento do dever, vitimas da violência que enodoa nossas cidades. O ilustre Prelado agradeceu a homenagem recebida, destacando o nobre e generoso serviço que a Polícia Militar presta à população, dando-lhe tranquilidade de existência no trabalho e no repouso. Disse sentir-se honrado com o colar da Irmandade, cuja origem pode ser indicada como o exercício da grande virtude cristã da caridade. As homenagens a D. Antonio encerraram-se com um coquetel oferecido aos presentes, durante o qual .muitas pessoas aproveitaram a oportunidade para cumprimentá-lo. Assim, nas ocasiões aqui assinaladas, foram prestadas a D. Mayer congratulações pelo dedicado trabalho realizado no pastoreio das almas confiadas à sua tutela durante os 33 anos do profícuo bispado em Campos. "Catolicismo", publicando cm suas páginas tais homenagens tão merecidas, solidariza-se afetuosa e filialmente com elas. A Virgem Santíssima, Mãe Admirável, saberá conSCj!Uir de Seu Divino. Filho o prê-' m,o para quem cumpriu com denodo e eficãcia a árdua tarefa da guarda das almas e a defesa zelosa das verdades perenes ensinadas pela Igreja. E especialmente tendo em vista que essa tarefa efetuou-se na época de confusão em que vivemos, no decorrer da qual, segundo as expressões de Paulo VI, "a fumaça de satanás" penetrou no Templo de Deus. 3


A ''MISSA DO! Missa do· Negro ou in A "miua doa: quilombos" teve

todas as

aparênei:aa de

um culto exótico,

Inteiramente d iuonente da

verdadeira e tradicional liturgía da Igreja

ENTRE as contribuições raciais que c,o níluíram para a formação da nação brasileira, poucas são hoj e consideradas com tanto afeto quanto a do negro. A imagem da "mãe preta", por exemplo. amamentando com amor o menino branco, filho de sua senhora, imprimiu-se a fundo na mentalidade de nosso povo, como traço q ue bem exprime a harmonia racial aqui ex istente. ê sabido, aliás, q ue no Brasil a escravidão - apesar de abusos inegáveis - foi muito ma is branda do q ue cm p.tíses protestantes, c hegando a estabelecer-se relacionamento humano profundo e ntre o branco de origem lusa e o negro. O próprio fato de a senhora branca confiar seu filho à ama negra mostra bem o grau de confiança reciproca existente. Mesmo após a libertação, muitos ex-escravos preferiram contin uar gozando da proteção de seu antigo amo. Inúmeros tem sido os brasileiros bra neos. desde 1888 até hoje, q uc ficaram pessoalmente gr_a tos à Princesa Isabel, quase como se dela tivessem recebido um favor pessoal, pelo fato da abolição, tal é a simpatia de que goza o negro em nosso País. Bastaria a miscigenação entre brancos. negros e índios, realizada no Brasil de modo acentuado, sem qualquer impedimento religioso ou legal e considerada pela população com nawra lidade, para ficar provada a pouca força ou mesmo a au-

D

sência de preconceitos rac1a1s entre nós. Com exceção dos filhos mais ou menos recentes da imigração, poucos brasileiros poderiam afirmar não possuir nas veias nenhuma gota de sangue negro. A discriminação rígida - por vezes chocante, porq uc não-católica - existente c m outros países, não a conhecemos aqui. Mesmo que se l?ossa alegar, dura nte nossa História, a lguns episódios de confrontação e nt re brancos e negros: o certo é que, de modo geral, a popu laç.io negra nunca constituiu no Brasil problema racial nem social.

Batuques, contorções, imoralidade O que d izcr de alguém ou de alguns que. fazendo tóbula raJa do panorama geral e aproveitando restos de inadaptação porventura latentes, procurassem c riar "o caso do negro" no Brasi l de hoje, acirrando animosidades até agora praticamente inexistentes ou pouco importantes? E •. acresccnte-sc. sem q ualquer vantagem rea l para o negro e imenso proveito para o espírito de subversão'/ ê ao negro ou à subversão que estão servindo aqueles que tentam artificia lmente engendrar cm nossa Pátria uma questão racial? Pois bem, D. Helder Câmara, Arcebispo de O linda e Recife, D. José Maria Pires, Arcebispo da Paraíba e D. Pedro Casa ldáliga. BispoPrelado de São Fclix do Araguaia, liderando uma corrente de eclesiásticos e leigos, parecem tentar agora

aglú tinar os negros para lançá- los como força revolucionária coesa contra a sociedade brasi leira atual. E isto com vistas a uma utópica sociedade igualitária. sem classes. Nesse sentido, promoveram os três Prelados uma esdrúxula cerimônia. Chamaram-na ''missa dos Quilon,bos··, e m comemoração do episódio conhecido na História do Bra· sil como o "Quilombo dos Palmares". E recordando mais especialmente a morte - que e les denominam mart írio - do chefe quilombola Zumbi, o qual, segundo costume da época, teve depois sua cabeça exposta na praça onde ago ra foi reali1.ada a estran ha cerimônia. A " missa" - chamemo-la assim - foi certamente um ato de culto religioso, de uma religião na qua l seus organizadores pretendem reconhecer traços da Católica, Apostólica. Romana. Entreta nto. na cerimônia foram cultuados Obataló, 0loru,n, Oi6; pronunciaram-se fórmulas aparentemente rituais, como "Ara wara kosi mi fara", inteligíveis, ta lvez, a iniciados. mas não ao público católico. O batuque incessante dos tambores durante o ato. as contorções rituais de danç.1rinos e dançarinas. semidcspidos, o sentido de revolta dos cânticos, das recitações, dos sermões, tudo acenava para uma outra igreja. Não uma igrcJa dos negros, mas da s ubversão e da revolta . O negro, o simpático negro, um dos componentes raciais de nosso povo, foi o pretexto, como cm

Reportagem de Afonso Teixeira Marra Filho Texto de Gregório Lopes • Fotos de Gilberto de Oliveira A documentaçio sobre a "missa dos Quilombos", em que se baseia este artigo, é a seguinte: l - Reportagem feita 'in loco por correspondente de "Catolicismo"; l - Fita magnética gravada na própria praça; 3 - Folheto da "missa" da autoria de D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São FéU:x do Araguaia, e Milton Nascimento, contendo cânticos, recitações etc., que constituem o roteíro do ato. (As páginas Indicadas no artigo são as deste folheto).

outras ocasiões utilizaram o índio ou o pobre. O que houve de novo, então. na "missa dos Quilombos"? Nela tornou-se meridia namente clara a intensa carga revolucionária que anima o espírito de D. Hclder, D. Pires e D. Casald{tliga e seus seguidores.

como veremos a seguir.

A presença de negros não chegava a 100/o do plibllco A "missa" realizou-se no dia 22 de novembro último, às 19 horas, cm frente à catedral de Recife, a belíssima igreja barroca de Nossa Senhora do Carmo. G ra nde palanque de dois andares foi montado, de modo que os celebrantes (os três Prelados já ci-

a lto-fa lantes anunciaram), o número de assistentes atingia, se tanto. duas mil pessoas. Os negros não constituíam mais de 10% desse total. Não faltaram membros das comunidades eclesiais de base, universitários de classe média e alta. pessoas que freqüentam habitualmente as sacristias. Contudo, a maioria dos presentes parecia composta por curiosos q ue foram assistir à batucada, muitos dos quais preferiram ficar na periferia dos assistentes, como a marcar distância em relação

ao ato.

Obatalã: !dolo hermafrodita; Oxalã: andrõgino Lamentamos que o papel não possa transmitir o som. para que o

A História coloca pingos nos is A ''misso dos Quilombos:·, recentemente realizada em Recife.) procurou mi1iftcor o história do "quilombo dos Palmares" (século XVII. Alagoas), D· pre.te,uondo-o tomo um refúgio dt liberdade do negro per.teguido. A reolídode histórico, entretanto. difere bos-

1a,11e dessa ,,;ação mllica. Na verdade o quilombo espalhava terror mesmo entrt pmitos negro$. Zumbi rebelou~se contra o oco,rdo de por feito pelo rei,

seu tio. e assumiu o comando do

quilombo. Foi mono em luta por ocasião da "entrado" de Domingos Jorg~ Velho, e suo cabeço expo,uo numa praça de Recife (o mesma onde agora se reolr'zQu a ",nisso''). Transe.revemos abaixo re.-ctçJ signi-

ficotivos do livro de f,,di.ron €arneiro, "O Quilombo do$ Palmares" (&litora Civllizóção Brosile/ro, 3.• edição, 1966), que aclaram importantes aspectos tlá questão. Os subtftulos são nossos.

• Despotismo dos chefe.s

apetite é a regra de sua eleição - dizia um documento da época. Cada um tem as mu,lheres que quer'. 0 rei GangaZumba dava o exemplo, atendendo a três mulheres, duas negras e uma mulatá'' (p. 27).

• No Quilombo, escravldlo de negros ·,Os negros] com o tempo, desciam novamente para as cabeec1ras dos povoados, a fim de induzir outros escravos a acompanhá-los e raptar negras e moleques para os Palmares" (p, 1). En, corto, Fernão Carril/o diz que os negros dos Palmares "não só dão mau exemplo aos outros. mas os vêm persuadir a que rujam e, se voluntariame111c n1íó o fa1.em. os levem à força" (p. 33). "Os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam escravos" (pp. 26-27). O escravo no quilombo alcançava 11lforrio levando "para os mocambos dos Palmares algum negro cativo" (p. 27). "O soldado Antonio Garro da Câmara, que tomou ~arte na expedição de Manoel Lopes (1682), mencionava o rapto de 'algumas mulhere~ brancas' pelos negros" (p. 29).

"Nina Rodrigues esclarece que nos llalmares havia ·um governo central des)>ótico' semelhante aos da África na oc.,sião (,. ..) Nada indica que se proccssassim eleiçôes no quilombo'' (p. 4). "Sob1e·a atividade produliva material dos negros constituiu-se uma oligarquia - um grupo de chefes mais ou menos despó1icos, o Mestre de Campo • Fuga punida com a morte Ganga-Mulça, o Presidente do Conselho Gana-Zona, os chefes de mo"Se algum escravo fugia dos Palcambo Amaro e Pedro Capaeaça, o mares, eram enviados negros no seu 'potentado' Aeaiuba, os comandantes encalço e. se '"IPturado, era executado miHtares Gaspar, Ambrósio e João pela severa justiça do quilombo. Os Tapuia - cncabaçada pelo rei Ganga- holandeses diziam que entre eles reiZumba e, mais tarde, pelo general de nava o temor" (p. 27). armas Zumbi, chefe de mocambo, sobrinho do rei" (p. 2). • Devastaçtles dos quilombos "O chefe de cada mocambo encarnava, evidentemente, a suprem!\ auto· ocasionam '·entradas" ri~ade local (...) As decisões mais João do Rego Borros, Provedor da importantes cabiam ao rei GangaZumba, diante de quem lodos os Fazendo de Pernombul:o, disse: ";&;lquilombos se ajoelhavam. batendo pal- guns currais de gado que se avizimas, de cabeça curvada, num gesto de n))avam com os arraiais e mocambos dos negros. se haviam retirado pelo vassalagem" (p. 27). grande dano que lhe faziam os quilombolas" (p. 38). • Amor livre "As vilas de Porio Calvo. Alagoa e ''No casamento, os paJmarinos se- Serinhaem eram as mais expostas às guiam a simples lei da naturc1.a. ·o seu incursões dos negros. Este mesmo João

4

do Rego Barros falava na •cruel guerra· que os negros fa1..iam aos mo1adorcs- e antes. em três cartas para Sua Majestade - duas de t685 e uma de 1687 - o governador Souto Maior transmitia as 'continuas q_ucixas' que recebia dos moradores, pois os negros desciam dos seus mocambos para matar os brancos, saquear-lhes as casas, !ovar-lhes os escravos [ ...] e, 'vc)ldO a pouca oposição 9ue lhes fa7Jam. se desaforavam m3.1s do costumado" (p. 38). "Os quílombolas concertaram desde cedo certa modalidade de coméréio - o simples cscambo - com os moradores mais vizinhos [ ...]. Uma ou outra vez, porém, o escambo dcgencrava0sc em choque armado e a 'fronteira· d06 Palmares iluminava-se com o incêndio dos cannvjais, currais de gado. e plantações dos brancos ou ensanguentava-se com as escaramuças entre palmarinos e senhores de terras. Daí as 'entradas', as sucessivas expedições pela destruíção do Quilombo" (p. 2). "Um documento anônimo, sem data. mas certamente devido a um morador da região, declarava que 'não estão seguras as vidas, honras e fazendas dos moradores daquela conquista, 11orque dando assaltos repetidas vc1.es, cm várias partes, [os nêgros] as destroe,;n. roubando tudo, levando as mulheres e filhas donzelas e matandolhes os pais e maridos'. O autor desse documento dizia que as vilas de AJagoa, Porto Calvo e Rio de São Francisco (Penedo) 'cx~rimcn!am cotidianamen1e os seus insultos·. por ficarem mais próximos dos Palmares" (p. 38).

• Ascensão de Zumbi ap6s assassinato "Depois de feitas as pazes. cm 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo" (p. 35). "O Conselho Ultramarino em 1697, lembrava o negro Zumbi, tão célebre pelas hostilidades que fez em toda aquela capitania de Pernambuco, sendo o maior açoité para os povos dela" (p. 37).

D. Helder Cima111, O. Jol4 Maria Pirei e O. Pedro Caaald4ili~a. oxpoentea da

Igreja progreui•ta. concelebraram a discutível "miue do negro· •

tados, mais um Bispo inglês e três padres) pudessem permanecer no a ndar superior. O inferior era ocupado por numeroso conjunto musical e por mais de trinta dançari nos: homens sem camisa e mulheres tendo acima da cintura apenas uma faixa de pano a cobrir-lhes o busto. No mesmo andar inferior, na parte de trás, cerca de vinte sacerdotes assistiam sentados às cenas que se di:senrolavam. Farta quantidade de holofotes e spot-lights coloridos faziam sobressair, ora os celebrantes. ora os dançarinos e dançarinas, ora a orquestra ou os padres sentados ao fundo; além de cerca de quarenta potentíssimas caixas de som a transmitir tudo para a praça. O aparato técnico era impressionante, revelando o cm prego de considerável soma de recursos. A propaganda da "missa" iniciou-se com a ntecedência de mais de um mês: nas igrejas. na imprensa, como também através de cartazes afixados por toda a cidade. Apesar do enorme esforço de mobilização, que incluiu a vinda de gente de fora de Recife (conforme os

leitor - tra nsformado também em ouvinte - pudesse ava liar convenientemente os batuque.~. os sons delirantes que acompanharam toda a '"missa.,, próprios, talvez, ao candomblé e à n1acun1ba, mas nunca à liturgia católica. Só ai, em meio a tais cânticos, ora morbidamente dolentes, ora frenéticos, é que se pode formar urna idéia global do que se passou naquela praça. A letra dos cânticos, dos pregões, das recitações e de tudo o mais é, no que concerne aos ouvidos católicos, uma mistura indigna do Nome Sacratíssimo de .Jesus, bem como de Nossa Senhora e dos santos, com as invocações de "divindades" claramente pagãs. logo no inicio da "missa", há um cântico que diz: "Ern nome do Deus de todos os

no1nes: Javé, Obata/á, 0/orum, Oió [ ... ] Em no111e do Fílho. Jesus nosso ir,não" (p. 3). Ora, Oba,aló é nada menos do que o "!dolo hcr,nafrodita dos negros IJaianos" ("Novo Dicionário Aurélio", de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira); enquanto O/o-

CATOLICISMO -

Dezembro de 1981


; QUILOMBOS'': citamento à rebelião?D. Helder, D. Casaldáliga e D. Pires, seguidos dos demais sacerdotes presentes, resolveram seriamente adorar 0/orum, o ídolo hermafrodita e as demais "divindades" citadas. O que fica claro, porém, é que toda essa confusão serviu para exaltar a subversão. O negro foi utilizado como meio para pregar a rebelião social, como em outras ocasiões se tem procurado levantar o indio contra o branco (cfr. "Missa blâsfema na Catedral de São Paulo", "Catolicismo" n. 0 341, maio de 1979) e o pobre contra o rico. Eis alguns exemplos do espírito que anima a "missa", extraídos dos cânticos que a integram:

Após a comunhão, todos os que dançavam deitaram-se no chão, de costas, e ao som de sinistros tambores foram se levantando lentamente, com gestos rituais, como que cabalisticos, até que, de repente, lançaram-se numa dança frenética. Nesse clima, não é de se estranhar que a confusão religiosa tenha atingido até a Virgem Santíssima. E de tal modo, que chegou até às raias da blasfêmia. Nossa Senhora é confundida com uma tal de Mariama, mulata de uma favela de Naiaré, que é, ao mesmo tempo, "Mãe do Santo" (note-se como a expressão insinua Hmãe-de-santo", ou seja, macumbeira). Eis a canção, em seus trechos mais característicos:

O altar com sfmbolo1 grotesco, con-

lr111ãos

trasta com a serenidade da centen6ria totTe da Catedral de Nooaa Senhora do CatTno, de Reeífe

Responde o cântico:

"Mariama lya, lya, ô, Mãe do Bom Senhor! "Maria Mulata, Maria daquela colônia favela, que foi Nazaré. "Morena forn,osa, Mate, dolorosa, Sinhá vitoriosa. Rosário dos pretos. mistérios da Fé. ''Mãe do Santo, Santa, Comadre de tantas. liberta mulhé" (p. 20).

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11

"lrrnão que fala a Verdade aos

dá-nos tua nova libertação" (p. 9). A "nova libertação" o que é?

""" é ''o n,aior dos deuses ioru-

"Qu,'/o,nbolas livres do lucro e do medo" (p. 9).

nário do Folclore Brasileiro", de Luiz da Câmara Cascudo, Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, 1954). Mais adiante, prossegue o cântico:

A obsessão da Revolução desde Marx - contra o lucro aparece aqui cla ramente expressa. Notese que não é o lucro abusivo que o cântico condena, mas é o lucro enquanto tal o estigmatizado como fator de opressão. O que contraria claramente a doutrina tradicional da Igreja. Veja-se a seguinte recitação, que ao mesmo tempo procura jogar os negros contra os brancos e contra o lucro:

banos, o Senhor do Céu" ("Dicio-

"l:.in no,ne do povo que espera, na graça da Fé. à voz do Xangô. o Quilombo-Páscoa que o libertará" (p. 4).

Xangô, por sua vez, é "um dos orixás (divindades africanas) ,nais poderosos" ("Novo Dicionário Aurélio"). As invocações vão longe. Veja-se por exemplo o seguinte cântico que já excita à revolta em nome de

Olorum: "Recusa Olorum o grito, as correntes, e a voz do feitor, recebe o lamento, acolhe a revolta dos 11egros. Senhor/" (p. 12). No rito da Comunhão, encontramos a seguinte recitação:

"Todos u11idos num n,esmo Corpo. nada no mundo nos vencerá. Todos unidos e,n Cristo Jesus, Oxalá!" (p. 16). O leitor desprevenido ficará um pouco confuso. Não entenderá bem o que faz esse "Oxalá" no fim da frase. Pode parece r uma interjeição no sentido de simples augúrio de união. Mas por que a palavra aparece com inicial maiúscula? A resposta parece clara: Oxalá ou Orixalá é "o n,aior dos orixáç, entidade

"Com a força dos braços lavran,os a terra. cor1a,nos a cana> anra,.. ga doçura na mesa dos brancos. "Co,n a força dos braços cavamos a terra, colhe,nos o ouro que hoje recobre a igreja dos brancos. "Con, a força dos braços plantamos na terra, o negro café. perene ali1ne11to do lucro dos brtmcos" (p. 12). Uma estranha Ladainha dos Santos figura também no texto. Começa invocando "Zumbi dos Palmares. P,uriarca e Mártir de todos os Quilombos" (p. 17). Santos como Santo Agostinho, Santa lfigênia e outros, aparecem na litania ao lado de revoltosos como Amílcar Cabral, ~uerrilheiro-marxista da Guiné-Bissau, e outros:

"Lumwnba, tambor-tempestade da África levantada [ ...) "Amílcar Cabral, pai educador da liberdade Africana [ ... ] "Santo Dias. Con1panheiro, suor e sangue da Periferia, mártir na andrógina [...) tem caráter bissexual [... ] Oxalá identificou-se com [ ... ] Cruz da~· En,presas, e todos os Nosso Senhor do Bonfim" (' Dicio- retirantes. lavradores, bóias-frias e nário do Folclore 8ra.lileiro ", já operários, construtores do Sindicato livre e da Comunidade Fraterna" citado). Como explicar essa confusão religiosa na liturgia de uma missa celebrada por Bispos que se apresentam como católicos? Se a confusão existe entre os negros, se o sincretismo é um fato, cumpre sobretudo aos Pastores trabalhar para esclarecer a Fé e não para acentuar a ambigüidade e, ao menos indiretamente, o próprio paganismo de origem africana. Aliâs, a conversão ao catolicismo de tão grande número de pessoas de cor, fruto admirável da graça de Deus e da intercessão de Nossa Senhora - dá a impressão de irritar D. José Maria Pires, cm vez de a legTá-lo. Eis suas palavras, a respeito dos negros convertidos, no sermão que pronunciou:

"Viole111aran1-lhes a consciência, i111puseram-lhes uma Religião que não escolhera111 [...]". A generalidade da afirmação parece excluir a possibilidade de que, historicamente, tenha havido grande número de autênticas conversões entre os negros. O que significam essa consciência violentada e a mencionada Religião imposta? Não deveriam os sacerdotes ter exercido seu m únus apostólico junto aos negros? Não se deveria procurar convertê-los e ensinar-lhes a sã doutrina? Não era necessário batizar os adultos convertidos e as crianças a fim de abrir-lhes as portas do Céu?

(pp. 18- 19).

Não falta também, nesse amálgama de religiões - cujo denominador comum é a subversão - um pastor protestante:

"Martin Luther King. pastor 110 vida e na ,norte, voz pern1ane111e da marcha da libertação e todos os mártires da Paz perseguida" (p. 20).

Gestos rituais, Mariama As músicas eram acompanhadas pelos dançarinos e dançarinas em trajes sumários, dos modos mais extravagantes. No chamado "rito da paz", não só houve danças. e abraços dos dançarinos entre si, mas os padres também se apresentaram para o "rito", abraçando dançarinos dos dois sexos.

''Marian,a. Nossa Senhora [ ... ]".

Serra da Barriga e Monte Sinai... Um caeítulo à parte foram as falações. Houve várias durante a "missa". Logo no início, uma de D. Casaldáliga. O orador empregou hipérboles que, vistas no contexto geral, poder-se-iam qualificar de profundamente blasfemas, como a de comparar a Serra da Barriga, onde se estabeleceu o quilombo dos Palmares, com o Monte Sinai, onde Deus fa lou a Moisés face a face:

"A Serra da Barriga, verdadeiro Monte Sinai para a causa do povo negro do Brasil, na América, talvez no mundo". A Igreja é injustamente atacada. O Prelado de São Félix do Araguaia se esquece de que, desde a Antiguidade até hoje, a Esposa de Cristo não só procurou suavizar a situação em que se encontravam os escravos, mas também favorecer de modo ponderado, é certo, e não subversivo ' - um clima em prol da alforria. Diz e le:

"A Igrej a do Brasil, talvez representando um pouco a Igreja da América LA tina e ainda a Igreja de. todo o inundo, quer se penitenciar pelos séculos de omissão e de conivência com que ela se ten, co,npor· todo frente à escravidão, frente à marginalização do povo negro" (ouvem-se batuques).

D. Pires renova ataques aIgreja D. José Maria Pires, falando do quilombo dos Palmares, retomou a comparação blásfema acima, formulada por D. Casaldáliga :

"O Deus. [ ...] assim como mandastes Moisés para retirar os hebreus do cativeiro do Egito, mandastes Zu111bi e tantos outros para a libertação dos escravos do Brasil". Os ataques à Igreja são violentos: "No passado ela [a Igreja de Jesus Cristo) não se mostrou sufi·

ciente,nente solidária com a causa

01 quaia executaram dança, rituaia. contoraõea. e1tranho1 clntieoa e batuque~ de lnopiraçlo afric,,na.

dos escravos[... ]. não amaldiçoou o pelourinho, não abençoou os quilo111bos. não excomungou os exércitos que se organizaram para combatê-los e destruí-los". Note-se, de passagem, que as expedições armadas foram organi1.adas a pedido das populações vi,Jnhas ao quilombo, tais eram as devastações e o terror que os quilombolas espalhavam em torno de si (veja-se, a respeito, o quadro "A

História coloca pingos nos is). Falando em nome dos negros, D. Pires prossegue: 'lA Igreja) hoje [ ...) começa a

nos querer bem. a respeitar nossa cultura. e a não tratá-la n,ais como grosseira superstição". Ora, todo mundo sabe que a qualificação de "grosseira superstição" foi dada pela Igreja ao paganismo professado pelos negros que vinham da África, como também a vários outros tipos de paganismo: o de certas tribos indigenas americanas que praticavam sacrifícios humanos, o de muitos povos da Antiguidade etc. Por isso, a Igreja sempre considerou como supitmo ato de caridade em relação a tais povos oferecer-lhes condições de sair das trevas do paganismo para ingressar na verdadeira luz da Fé católica. A Liturgia do Natal canta admiravelmente esse fato. O Arcebispo de João Pessoa, entretanto, parece confundir o paganismo originário da África com algo denominado por ele de "nossa cultura", e elogia a Igreja de hoje (na realidade refere-se ao progressismo) por respeitar tal religião de orixás e ca11do111blés. Causa espanto tal inversão de valores!

Religião, liberdade, subversão A religiosidade que o sermão de D. Pires exala é própria a favorecer ial subversão. De fato, a confusão religiosa em que o Prelado lança seus ouvintes é espatosa. Ele parece misturar, como equivalentes às meritórias e respeitáveis irmandades católicas de homens de cor, formas de macumba como o candomblé e o

xangô: "Nas irmandades de Nossa Senhora do Rosário para os homens pretos, no candomblé ou 110 xangô. a religião ofereceu aos escravos um espaço de liberdade". Aliás, interpretado no conjunto da "missa dos Quilombos" o trecho supra citado parece indu,Jr os ouvintes à idéia de que a própria religião é secundária. O que importa é um certo tipo de liberdade. Não pense o leitor que se trata da liberdade como normalmente é entendida. Em mais de um lugar da

Todo o aparato dtnico montado para • .. mina dot quilombos" 1ugere m1i1 bem a iddia de um ·"ahow" musical do que da renovaçlo do Santo Saeriflcio do Cafv6rio

Liturgia da revolta De qualquer forma, essa mistura espúria de cristianismo com grosseiro paganismo é muito estranha na "m issa dos Quilombos". Dificilmente poder-se-ia adotar a tese de que CATOLICISMO -

Foi essa canção que "inspirou" o pronunciamento final de D. Helder, no qual deixou clara a aproximação que era feita. Assim iniciou ele:

Poupamo• 101 leitores a vista de danç1rlno1 com o tronco nu e d1nç.1rina1 vff'lidaa tembám sumariamente, tendo e·penaa urna faixa de tecido cobrindo o busto

Dezembro de 1981

"missa" há objurgatórias contra a libertação dos escravos concedida pela Princesa Isabel (pp. 6 e 14); fala-se num "Quilombo da Páscoa que libertará [o Povo]" (p. 4); numa "nova Libertação" qúe é preciso obter (p. 9). A "nova libertação" não é definida. Uma caracteristica dela, porém, aparece inequivoca: não se aceita que ela S\lrJa normalmente, mas deverá ser arrancada através da rebelião. Num dos cânticos da "missa" está dito, por exemplo: "Rom-

pendo cadeias. forç"ndo corninhos, ensaiam libertos a n,archa do Povo" (p. 13); e também: "a liberdade va,nos conquistá-la" (p. 15). E não só os negros e os pobres é que devem ser "libertados". Também os ricos precisam ser aliviados de suas riquezas para tornarem-se livres: "Porque não é livre quem junta de 1110is" (p. 16).

"A rebelião teve ta,nbén, sua m(lnifestação coletiva, ,nas organizada, e por isso mesmo mais eficaz: foram os quilombos [... ]. Chegou o tempo de tanto sangtie ser semente, de tanta semente gern,inar. Estd sendo longa a espera, meus irn,ãos. Da morte de Zumbi até nós são decorridos já quase três séculos. ,nas a terra conservou o sangue de nossos mártire.r. Esse sangue fala. cla111a. e seu clamor co,neça a ser ouvido''. D. Pires não hesita também em ligar o chamado problema do negro à conhecida "teologia da libertação", elaborada pela esquerda católica para justificar, com o rótulo de teologia, a Revolução.

"Hoje não falta quen, condene a teologia da libertação, tambén, chamada teologia do cativeiro, que justifica e incentiva, i, luz da Palavra de Deus. os esforços dos oprimidos para se livrarem da marginalização a que foran, reduzidos". Por fim, o Arcebispo de João Pessoa interpreta de modo estranho a presença de brancos à "missa", atribuindo-lhes um ato de humilhação diante dos negros:

"Aqui na praça em que foi espetada a cabeça de Zumbi, descendentes dos que hurnilharam nossos pais. se humilham e pede,n perdão".

"Missa dos Quilombos", Pastoral da ferra e dos índios Fazendo uma curiosa e sintomática aproximação da "missa dos Quilombos" com a pastoral da terra e a pastoral dos índios, D. Helder, na conclusão do ato, invoca a CN BB:

"O importante é que a CNBB embarque de cheio na cousa dos negros, como entrou de cheio na pastoral da terra e na pastoral dos índios". Tal aproximação é um dos pontos mais interessantes da "missa dos Quilombos", pois revela bem a unidade de ação da esquerda dita católica. Pastoral da terra, do indio ou do negro são aspectos de uma subversão total que se tenta reali,.ar, na qual o camponês, o índio ou o negro são apenas instrumentos utilizados, muitas vezes sem o desejarem. E lembrando-nos do que D. Pires asseverou sobre a "teologia da libertação", o quadro se esclarece ainda mais. Prosseguem as frases de efeito demagógico no pronunciamento do Arcebispo de Recife:

"Basta de uns cheios de mal-estar para poder comer ainda ,nais, e 50 n,ilhões morrendo de fon,e nun, ano só. Basta de uns com empresas se derra,nando pelo n,undo todo e (continua na página 6)

--t•~ 5


A juventude entre os tóxicos e a fome de Deus'' 11

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SABIDO QUE o perm1ss~v1smo moral é uma via que conduz, não necessariamente, mas em um número crescente de casos, ao uso e abuso das d rogas. E é e ntre os jovens, especificamente, que se observa com mais freqüência esse trágico roteiro. Vivendo e m ambiente encharcado de sensualidade, que justifica ou "compreende" todos os excessos e aberrações na linha dos costumes, os jovens logo se enfastiam dos prazeres sensuais e vão procurar no consumo das drogas a fruição de sensações ainda desconhecidas. É fato notório que nas grandes cidades brasileiras o consumo de tóxicos tem aumentado assustadoramente e ntre a população de idade escolar. A tal ponto que o Sr. Arnaldo Niskier, secretário da Educação do Estado do Rio de Janeiro, declarou na abertura do 1. 0 Seminário Nacional de Prevenç,'ío ao Uso do Tóxico que "as portas das escolas são verdadeiros supe,,nercados tio vício" ("Jornal do Brasil", 26-8-81). Anunciou a inda que em 1982 as 3. 500 escolas de 1.0 e 2. 0 graus do Rio de Janeiro terão aulas de ciências destinadas a alertar os alu nos sobre o perigo do uso de tóxicos. Para esse fim, cerca de 300 professores já estão sendo treinados ("Jornal tio Brasil", 29-8-81 ). Se a difusão das drogas a tal po nto preocupa uma Secretaria de Estado, é porque e la constitui um perigo em face do q ua l não é possível ficar indiferente. Tanto mais que um dos tóxicos cujo consumo vem aumentando progressivamente,

E

........~ A "Missa dos... 1>1ilhões se111 um s6 ,·en1ro onde ganhar o pão de cada dia". "Nem po/,res. nem ricos [ ... ] basra de escravos: um n1undo se111 senhores e sem escravos". A palavra escravo parece ter um sentido especial nesse linguaja r. Todo pobre seria a seu modo um escravo. Dai a necessidade de um mundo onde não houvesse "nen, pobres, ncn, ricos". É curioso que D. Hclder, pouco a ntes, denominava isto de "Evangelho de Crisro", quand o Nosso Senhor disse explicitamente: "Pobres sen,pre rereis enrre v6s" (Mt. 26, 11). O mundo de iguais, a nt i-h ierãrquico, preconizado por D. Helder, este sim não é evangélico. Seria uma humanidade onde a virtude teoloial da Caridade deixaria de ser praticada. Ninguém ajudaria a ninguém. Essa concepção igualitária e antinatura l levaria à conclusão d e que as relações entre os ho mens seriam regidas por uma desumana justiça.

Contraste com a doutrina tradicional da Igreja Sobre a verdadeira doutrina católica a respeito do assunto, eis o que diz o imortal Papa São Pio X: "A sociedade humana, ral qual Deus a e.,rabeleceu. é formada de elemenros desiguais, como desiguais são os ,nembros do corpo humano: torná-los rodos iguais é ilnpossível: resulraria disso a pr6pria desrruição da sociedade humana. ( ... ) Disro resulra que, segundo a ordem esrabelccida por Deus. deve haver na sociedade príncipes e vassalos, parrões e p rolerários, ricos e pobres. sábios e ignoranres, nobres e plebeus. os quais rodos. unidos por um laço comum de amor, se ajudam n1urua1nenrc, para alcançarem o seu fim úlrimo no Céu e o seu ben,-esrar 111oral e n,arerial na ferra" (Moru proprio "Fin dei/a prima", de 18 de dezembro de 1903, sobre a "Ação Popular Católica"; destaque nosso). As mencionadas palavras finais de D. Heldcr resumem bem o sentido e o espírito da "missa dos Quilombos". Trata-se - como fica claro pelo confronto delas com o texto de São Pio X - de uma formulação inspirada na utopia marxista. É a sociedade sem classes que se procura fazer engolir sob o

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rótulo de "Evangelho de Crisro ". a maconha, encontra da parte de muitos uma atitude complacente cm relação a seu uso, e até defensores de s ua liberação, alegando-se ser ela uma droga quase inócua, que não produz tolerância ou dependência, menos nociva que o álcool e até que o tabaco.

Trabalho benemérito Contra os defensores da inocuidade da maconha e os propugnadores de s ua liberação, é de justiça salienta r o traba lho q ue vem sendo desenvolvido pelo Prof. José Elias Murad, catedrático de Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, e de Farmacodinãmica da Faculdade de Farmácia da UFMG. Tanto pela realização de palestras nos meios estudantis como na direção de uma clínica especializada na recuperação de toxicômanos. o Prof. Murad vem se empenhando há vários anos cm imped ir que essa praga se a lastre no seio de nossa Juventude. Também procura ele alertar a opinião pública através de artigos sobre a difusão das drogas no meio estudantil e que são divulgados pela impre nsa diária de Belo Horizonte. Em 1980 veio a lume um opúsculo de sua autoria intitulado: "Maconha - conceiros aruais sobre suas ações orgânicas. psíquicas e 16xicas" (edição do autor, Belo Horizonte, 1980). Desse ensaio é que retiramos os dados q ue passamos a transmitir aos leitores sobre os malefícios que o uso da maconha pode acarretar. especia lmente do ponto de vista fisico. As funestas conseqüências que o tóxico provoca na parte psíquica do homem serão analisadas cm ulterior artigo.

batimentos cardíacos por minuto), congestão da conjuntiva, secura da boca e da garganta.

Nos usuãrlos crônicos agravam-se os males Entretanto, é no uso crônico da droga que .seus efeitos maléficos se manifestam mais claramente. Isto porque o THC, solúvel nas gorduras mas não na água, é excretado muito lentamente, acumulando-se nos tecidos dó organismo. Ou seja, cada vez que o usuário da maconha ingere certa quant idade da d roga, seu princípio ativo não é totalmente eliminado ou mctabolizado (transformado cm outras substâncias) até nova ingestão. Esta vai e ncontrar o organismo já com apre-

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(• ) Maconh.l, m:iriju:rna.. c:i.nnabis, cânhamo ou haxixe são termos uS3dos para

designar o mesmo tipo de tóxico.

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"As portas das escolas são verdadeiros supermercados do vício" (Secretário da Educação do Estado do Rio de Janeiro) . ( ) ~

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Efeitos nocivos da maconha Os maus efeitos da macon ha só puderam ser convenientemente estudados a partir de 1969, quando foram conhecidos OS' princípios ativos da droga, que são o delta-8 e o delta-9 tetahidrocanabinol (THC). Eles foram obtidos cm laboratório com alto grau de pureza, através de processo sintético, o que permit iu aos farmacologistas, clínicos e psiquia tras relacionar os efeitos psicopatológicos com a dose administrada, quer do extrato bruto da planta , q uer de princípios dela retirados, comparando-os com doses padronizadas do THC si ntético. Assim, tornou-se possivel estuda r os efeitos da maconha não só cm animais de laboratório, como também nos homens, quer através de estudos científicos feitos com a colaboração de voluntários, q uer através da observação dos fenômenos físicos ou psíquicos manifestados nos usuários crônicos. Estes, que geralmente apresentam dependência psíq uica em relação ã droga, podem ser considerados como pessoas que fumam alguns cigarros (3, 6 ou mais) diariamente, durante meses ou anos. A quantidade e o tempo de uso podem variar cm limites bem amplos, de acordo com o indivíduo, antes que seja caracterizada a cronicidade do uso com suas conseqüências. Só nos usuários crônicos é que os efeitos da maconha podem ser bem observados, pois ela age por ação cumulativa. O usuário eventual, experimentador ou curioso, geralmente não apresenta manifestações tóxicas, a não ser que consuma grande quantidade de uma só vez. Embora a toxicidade aguda da marijuana (*) em animais de laboratório seja relativamente baixa, pode haver casos de intoxicação aguda e severa em homens usuários de maconha. Mais comumente, porém, as alterações de caráter agudo provenientes de seu uso restringem-se à taquicardia (aumento do número de

Em outros sistemas orgânicos também podem ser constatadas lesões provocadas pela maconha. Com respeito ao aparelho respiratório, por exemplo, os fumantes crônicos podem apresentar irritação brônquica, laringite catarral crônica e asma. Recentemente foram isolados do cânhamo certas substâncias (esteróides e triterpenos) que pode m ser facilme nte transformadas em agentes cancerígenos. Também já foi demonstrado que a resina proveniente da fumaça condensada da maconha é carcinogênica para a pele dos camundongos, tal como acontece com o tabaco comum. Outro efeito nocivo significante da maconha manifesta-se no sistema imunitário do organismo, diminuin-

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ciável acúmulo da droga nos diferentes tecidos, o que provocará efeitos adversos e progressivos em numerosos órgãos. Entre os mais atingidos por essa estocagem crescente e crônica encontra-se o cérebro. É sabido que a intoxicação canábica, sobretudo durante a adolescência, atinge o funcionamento normal dos processos cereb rais, provocando mod ificações bioquímicas, principalmente no teor dos neurohormônios que os regulam. Tais alterações, após alguns anos, podem provocar mudanças definitivas nos processos de idcação e do comportamento.

"Mito" quebrado: inocuidade da maconha Campbell e colaboradores publicaram na revista médica "La11ce1" da Inglaterra (n.0 7736:1219, 1971) um artigo intitu!ado "Cerebral arrophy in young cannabis s,nokers", relatando a evidência de a trofia cerebral em dez jovens hippies que fumaram maconha diariamente por períodos variáveis de 3 a 11 a nos. Eles se 9ueixavam principalmente de cefaléia, amnésia em relação a fatos recentes, mudanças na personalidade e no temperamento, diminuição na clarc1,a e rapidez dos pensamentos e no desejo de trabalhar. A atrofia cerebral foi constatada radiologicamente, através de um processo especial de radiografia do cérebro, a pneumoencefalografia.

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do as capacidades de defesa da pessoa cm relação ã agressão dos agentes de moléstias. Os linfócitos, que são um tipo de glóbulos brancos utilizados especialmente na defesa do organismo, ficam com sua capacidade de proliferação bastante diminuída. Além disso, há uma diminuição na co ncentração de anticorpos circulantes do tipo da imunoglobulina G. e as célu las de baço cultivadas diminuem , sob efeito da droga, s ua capacidade de produzir anticorpos para a defesa do organismo. Nahas e cola boradores, em trabalho recente ("lnhibirion o/ celular n1ediared immuniry i11 111arihuana smokers" in "Science" n.0 183:419, 1974), chegou ã conclusão de que os fumantes de maconha, principalmente os ma1s jovens, tinham os seus mecanismos normais de defesa imunológica bastante diminuídos. Seus baixos índices foram comparados aos dos doentes cancerosos cujos mecanismos imunitá· rios se encontravam muito reduzidos pela ação da doença ou pelo emprego de drogas imunossuprcssoras. Quanto à ação sobre os órgãos reprodutores, basta dizer que, não só a diminuição das células reprodutoras masculinas como a redução do nível d e testosterona {hormônio sexual masculino) no sangue, podem levar um usuário crônico de maconha à infertilidade ou à impotência, as quais, entretanto, desapareceriam com a supressão da droga.

Deus ou t6xlcos? "A juvenrude não foi/eira para o prazer ,nas para o heroísmo''. Vem muito a propósito lembrar essa conhecida frase, de um autor francês, tão verdadeira, para indicar uma via ou valor elevado a fim de afastar os jovens da tentação de entregar-se ao uso de drogas. Com efeito, o mais detalhado esclarecimento e a mais cuidadosa repressão não são suficientes para afastar do mal uma juventude sem ideal heróico e sem disposição de dedicar-se a uma causa que ela considere como valendo mais que sua própria vida. Formada na mentalidade de uma sociedade de consumo que busca na satisfação de todas as suas apetências materiais a própria razão de viver, a juventude vê-se privada da solicitação ao sublime, ao mara vilhoso, ao transcendente. E vai procurar nas drogas algo de diferente que a civili1,ação materialista de nossos dias não lhe dá. Mas não se venha também com a cantilena, tão ao gosto dos csquerc(istas de todos os matizes, de que o vício das drogas é fruto exclusivo da sociedade capitalista. Se é verdade que a abundância de bens materiais aliada a uma propaganda incessante para o aproveitamento intemperante desses bens levam à procura desenfreada dos prazeres, também é verdade que uma vida completamente sociali1.ada por modos diversos. sejam eles estatizantes ou autogestionáriôs, cortando o .desenvolvimento próprio da personalidade humana através da opressão igualitária , leva a um tal estado de frustração que a procura da bebida e das drogas vem se · constituindo cm um dos vários métodos de fuga dos diversos tipos de "paraíso" socialista. Embora poucas notícias nos cheguem de a lémcorti na de ferro ou de bambu a este respeito, é bem conhecido o consumo a la rmante de bebidas alcoólicas nos países socialistas. Não é incutindo na juventude o ódio ao mundo capitalista que se conseguirá torná-la imune ao apelo das drogas. Mas sim, fazendo ver a ela q ue se deve existir algo de superior, de sublime, de sacral, uma autêntica civili1,ação cristã com todos seus valores espirituais e temporais, por cuja restauração ela deve lutar e dedicar o melhor dos seus esforços. Só assim os jovens poderão sentir-se inteiramente rea li zados e suas vidas nesta terra iianharão sentido, pois estarão dirigidas para seu autêntico fim último: Deus.

Murillo Galliez

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CATOLICISMO -

Dezembro de 198 1


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NESTA SALA a gente não tem medo de morrer!" Comentário singelo mas cheio de pensamento, que talvez muito intelectual progressista não teria alma para fazer. A exclamação, no entanto, é de uma velha mulher, simples empregada doméstica, ao ver pela primeira vez a sala apresentada nas fotos desta página. Essa semi-analfabeta compreendeu como tal ambiente predispõe para a eternidade. Bem mais explícito e elaborado foi o comentário de um nobre francês ao visitar esta sala, em uma de suas vindas ao Brasil: "Nunca vi tanta austeridade no fausto!" Muitas pessoas, dentre as numerosas que ai entraram, sentiram-se vivamente impressionadas pela sensação de maravilhoso que a sala produz. A perfeita harmonia do conjunto de móveis e objetos que a compõe, sua unidade possante dentro de uma variedade feérica, causam na alma reta um deleite interior que só a boa ordem pode oferecer. Por que? Não pelo luxo, por certo. Pois os móveis que a compõem, todos de muito bom gosto, entretanto não são luxuosos. A sala forma, contudo, determinado clima espiritual e simbólico, dentro do qual a alma se sente bem. O que há de ordenado no interior do homem se harmoniza com a ordem da sala. Esta não constitui um amontoado de móveis e objetos dentro de quatro paredes, mas um todo, um como que pequeno universo. t sabido que ao se colocarem na mesa taças de cristal de vários tamanhos, tocando-se uma delas com algum metal, esta emite o som que lhe é próprio. Tal som, por sua vez, se reproduz nas demais taças, por semelhança. Di.zemos então que os cristais são c-0nsonantes. Um faz vibrar os outros. Assim são as almas perante os ambientes. Serão consonantes com eles, se lhes forem semelhantes - ou diferentes, mas harmônicos. Serão

CATOLICIS MO -

dissonantes, se não se harmonizarem com eles. Os ambientes, por sua vez, são ao mesmo tempo frutos e formadores de determinadas mentalidades.

Exemplifiquemos com a sala apresentada nesta página. Trata-se da sala de reuniões da sede da Presidência e do Conselho Nacional da TFP brasileira, em São Pau lo. Bem analisada, vê-se que suas características são de uma sala temporal. Não é capela. De especificamente religioso, só possui a imagem de

douradas. Dir-se-ia que a gola iluminada é o diadema da sala. Embaixo, no entanto, o estandarte da TF'P no qual figura o leão rompante, a cáted ra, o tapete, as poltronas revestidas de veludo de lã, de cores variadas, conferem uma nota de dignidade, segurança e retidão ao conjunto. E contrastam harmoniosamente com certa frie1,a do lambri e o metódico dos pergaminhos nele entalhados, os quais, entretanto, conferem àquela nobre madeira uma originalidade e um esplendor dignos de nota. A sala apresenta muitos contrastes, nos quais os elementos desiguais completam-se, segundo um principio de unidade. O que não existe neste sala. Destina-se a um fim temporal, sim, mas a uma sociedade humana ambiente é a contradição, em que constituída de batizados, tendo co- elementos se opõem sem que um mo centro a Nosso Senhor Jesus principio de unidade os vincule num Cristo. Daí a nota de sacralidade. plano superior. Em outro ponto da sala, os Esta sala é sacral. vitrais das três jan.elas derramam luz dourada em seu interior. E a imagem de Nossa Senhorà impera laPara que•estas considerações não deada por quatro figuras de Anjos pareçam por demais abstratas, va- que refletem aquela pureza celestial, mos tentar explicitá-las mediante a característica do estilo de F'ra Ananálise das fotos aqui reproduzidas. gélico. Em primeiro lugar, a visão de No conjunto, contrastes harmôconjunto. Que ambiente superior! nicos que supõem unidade na varieharmônico! envolvente! nobre! cheio de doçura! - São exclamações cabíveis num primeiro relance de olhos, num primeiro contato com a sala. Depois, cada alma desdobrará sua primeira impressão em outras considerações, de acordo com seu feitio próprio. E a impressão de unidade brotará mais sólida no esplrito. Em um segundo movimento, a atenção recai sobre os diversos elementos decorativos da sala. Os tocheiros, por exemplo, cuja luz se difunde pelos pequenos vitrais multicolores de suas cinco lantenias. Nenhum deles repete o outro. Os tocheiros irradiam assim uqia luz especial, suave, matizada, a qual não procede da altura do teto, mas também não se loca liza no plano baixo de um abat-jour. Ela paira acima dos homens e dos objetos, constituindo uma esfera própria de irradiação, a meio caminho entre o teto e o piso. Seu brilho não cai perpendicularmente, aos jor- dade - a conhecida definição de ros, para suprimir o mistério ordem. natural a seres contingentes e limiA alma reta que contempla o tados como nós - , mas seu próprio ambiente pode, no entanto, ir aprocolorido vem ele mesmo cheio de fundando suas considerações, supenumbra e delicade1,a. bindo a patamares de panoramas Os olhos fixam-se com muita cada vêz ma.is vastos das regiões naturalidade no tapete da parede, meta.flsicas, tocando no sobrenatural. cujo sedoso tecido causa admiração. Não é, pois, sem razão, que a Com seus arabescos coloridos, do- TFP decorou com esmero esta sala. mina.dos ao centro por um vermelho Porque ela deixa ver de modo exrubi, meio furta-eores, ele cria no pressivo a mentalidade de uma famiobservador impressão cromática ac lia de almas, um universo de cogitraente e viva no conjunto cheio de tações no qual os espíritos estão serenidade da sala. t o tapete mani- convidados a habitar, em função dos festação de fantasia e variedade sem grandes panoramas históricos, cena qual a sala tornar-se-ia por demais trados na noção de Cristándade. E severa, contrastando ele com o equi- neste local destinado a reuniões, mas llbrio suave proveniente do influxo onde cabem também meditações e da Jgreja. orações, compreende-se que a graça Outra nota de fantasia enc-0ntra- divina possa penetrar e envolver se na gola de tecido vermelho. Onde todo o ambiente como os raios de se supunha que a parede iria termi- sol que, atravessando os vitrais de nar, verifica-se uma irrupção de suas janelas, projetam no piso as alegria escarlate deitando chamas belas figuras e desenhos coloridos.

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Nossa Senhora, ladeada por quatro pinturas representando Anjos, inspiradas naqueles que figuram em quadros e afrescos de Fra Angefico. No entanto, a sala convida à oração, à contemplação. Na realidade, aí se fazem reuniões nas quais o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira costuma expor o curso dos acontecimentos do mundo de hoje, especialmente no que tange à Cristandade. E em seguida ele analisa tais acontecimentos do ângulo da Filosofia e da Teologia da

Dezembro de 1981

História, tendo em vista o ensaio "Revolução e Contra-Revolução" (in "Catolicismo" n.• 100, abril de 1959, e n.• 313, janeiro de 1977), da autoria dele, que é o livro de cabeceira da TFP. Propriamente, no centro do panorama encontramos a luta entre a Cristandade e a revolução igualitária, esta em seus aspectos mais atuais, o comunismo e o socialismo

autogestionário. Compreende-se então a nota sui generis, imponderável, presente na

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A t o 1 n c I S M O - - - - - - - - - - - -- *

Autogestão, dedo e fuxico Plinio Corrêa de Oliveira S TFPs EXISTENTES em treze países deste e do velho continente acabam de lançar uma Mensagem às respectivas nações, sobre o socialismo autogestionário francês. Publicada no dia 9 do corrente no "Washington Post" e no "Frankfurter Allgemeine Zeillmg··, deverá ser reproduzida também por grandes jornais de nossa e de outras nações. Escrevo no dia 1Ode dezembro. Até o momento, já essas duas publicações iniciais provocaram uma chusma de pedidos de entrevista em televisões, rádios e jornais dos mais diversos países. O que bem faz ver o alto grau de interesse que o tema desperta. Não conheço ainda comentários sobre o conteúdo da Mensagem na imprensa estrangeira. Só os de certos órgãos da imprensa brasileira. A TFP brasileira pretende publicar o texto integral da Mensagem da qual sou autor, cm jornais brasileiros. Antes disso, era de esperar que aqueles órgãos se mantivessem em atitude de simpática expectativa. Pois não é outro o sentimento que lhes seria natural vendo um compatriota atuar como porta-voz de tantas entidades de vários países, em um esforço publicitário de escala mundial. Ao contrário, em lugar de nos pedir que antecipemos algo sobre o conteúdo da Mensagem, sobre sua essência, sobre seu pensamento, vejo-os, na maioria, avançarem raivosamente, como quem se sente mordido na carne viva. E apresentarem sobre o fato um noticiário carregado O Prof. Plínio Corrêa d<I Olíveira fala aobr• a Mensagem qu& oacrovou e 13 TFPa de insinuações, as quais fogem intei- publk:aram no, mais Importante• jomaie do mundo ocidental. ramente ao tema tratado, num empenho em arrastar a discussão para a vida social. Mais ainda, ele prc- classes. Negando não só o principio o campo do mero fuxico. tende influir a fundo na própria vida da autoridade como toda hicrarAs TFPs lhes apontam com o individual, modelando a seu gosto quia, o PS abre camo para essa luta. dedo um alto tema. E eles olham só os lazeres e o próprio arranjo inte- Na empresa, leva ntando os operápara o dedo... rior das casas. rios contra os patrões, e os dirigidos Paradoxal atitude de certo capiDe outra parte, essencialmente contra os dirigentes. Na familia, talismo putilicitário. O socialismÕ laico, ele visa admitir, em termo suscitando a luta dos filhos contra autogcstionário visa depená-lo e de- último, tão-só a escola autogestio- os pais. Na escola, entre os a lunos e pois liquidá-lo. Mas ai de quem nária laica, à qual os pais devem mestres. E assim por diante. entregar seus filhos logo que comO programa do PS não nega a para eles - põe reparos à autogestão! Esta solidariedade de certo pletem dois anos de idade. A escola liberdade de funcionamento da Jgrecapitalismo com o socialo-esquer- privada religiosa, ele visa aboli-la ja. Mas a Igreja - comenta a dismo não é nova. Quem a ex- e nquanto propriedade individual, e Mensagem - ficará redu?.ida a viver plicará? enquanto religiosa. numa sociedade inteiramente laiciSeja como for, absolutamente A essa reforma geral, não pode- zada até nos seus menores aspectos, não cooperarei, de minha parte, ria ficar alheia a família. O doeu- que, enquanto tal, não tomará em para que descambe até lá a con- mento mostra que o programa do qualquer linha de conta as obritenda. PS equipara inteiramente o casa- gações do homem para com Deus, E para isto me parece essencial mento à união livre entre os sexos, e nem os princípios da ordem natural apresentar desde já ao público brasi- reivindica a equivalência entre a delineados na Lei que Deus revelou leiro, as teses essencia is que a Men- união heterossexual e a união ho- a Moisés. Ela fica, pois, estranha à sagem das TFPs - vazada em alta e rnossexual. Feminista ao extremo, o ordem civil, que tomará um rumo serena linguagem doutrinária, sem socialismo autogestionário exige, a- oposto ao ensinamento dela. demais, para a mulher, a inteira O socialismo autogestionário ataques pessoais nem fuxicos contém. equivalência com o homem, inclu- francês se procla ma inteiramente A argumentação cm favor dessas sive na responsabilidade como no coerente com a trilogia da Revoluteses, a própria Mensagem as dará. fardo dos trabalhos com que ela ção de 1789: "Liberdade - Igual tenha a arcar. da_de - Fraternidade". Para ele, a A empresa , no final da evolução abolição do patronato na empresa é autogestionária, não tem patrão. A a conseqüência lógica da instauradireção dela cabe, cm última ins- ção da república. Ele aponta no tâneia, à assembléia geral dos tra- patrão um pequeno rei que remaA .Mensagem põe em evidência ba lhadores. Esta tem o direito de nesce no interior da empresa, e no que o socialismo autogestionário tomar periodicamente conhecimen- rei o grande patrão que a república ao contrário do que muitos ima- to de todas as atividades çmpre- democrática eliminou. Entre a vitóginam - não constitui uma moda- sariais. Nem sequer o segredo ind us- ria final do socialismo autogestiolidade do esquerdismo, avançada trial lhe pode ser oculto. Os diri- nário e a Revolução Francesa, e le _ sem dúvida, mas bonacheirona e gentes da empresa são eleit os pela traça toda uma genealogia de revo~ gradualista. As TFPs sustentam que assembléia dos trabalhadores, a qual luções: 1848, 1871 e a Sorbonne-li o programa autogestionário visa a é soberana no que di z respeito às 1968. ~ desagregação da sociedade atual em a tividades empresariais. A Enciclica de · João Paulo li ~ corpúsculos autônomos, dotados de Como se vê - e os documentos "Lábore111 Exercens" é uma versão .g uma quase soberania, o que redun- do PS o afirmam sem rebuços - católica do socialismo autogestio• dará na implantação da utopia anár- uma reforma tão completa da so- nário francês? Compreende-se o al"- qu1ca . na F rança. ciedade supõe uma reforma igual- cance da pergunta, especialmente na ~ Essa utopia, entretanto, o socia- mente completa do próprio homem. perspectiva católica, que é a das ,0 lismo autogestionário não a recoÊ em função da natureza humana TFPs e da Mensagem lançada por • nhece como desordenada e caótica. assim reformada, que o socialismo estas. Também este assunto vem ,e Yerdadeira'escola filosófica substan- autogestionário reclama não serqua- abordado no documento. ':: cialmente marxi.sta, e portanto tam- lificado de utópico. bém evolucionista, o socialismo O PS não espera realizar esta º francês espera promover, com a reforma total, da sociedade e do 'f- gradual aplicação da reforma autohomem, em um só salto, mas por ~ gcstionária, uma transformação funtransformações sucessivas. Um dos ·Edamental, não só da empresa indus- meios essenci~,, para .pôr em movi~ triai, comercial e rural, como tammento e levar a termo essa reforma A que titulo se ocupam as TFPs {:. bém da familia. da escola, e de toda do homem e da sociedade é a luta de de uma problemática à primeira

A

vista toda ela francesa, e ante a qual, por conseguinte, só competiria à TFP francesa tomar posição? A Mensagem põe cm realce o imperialismo doutrinário muito marcante que caracteriza a politica exterior do PS, e portanto também do atual governo francês. Ela mostra que a expansão internacional do socialismo autogestionário é meta relevante da diplomacia do Sr. François Mitterrand. E que o melhor meio para defender seus países contra o que, a justo titulo, qualificam de agressão ideológica socialista consiste cm rcvclhar-lhes a verdadeira face do socialismo autogestionário, conhecida pelos militantes do PS, não porém pelo grande público não socialista. No que diz respeito à França, a Mensagem demonstra que a-vitória socialista nas últimas eleições não

resultou de um aumento do eleitorado de esquerda. mas do grande número de abstenções que hoave no eleitorado não socialista, resultado de uma campanha conduzida sem o empenho necessário pelos partidos de centro-direita. Abrir todos os olhos, também na França, à verdadeira fisionomia da autogcstão, parece às TFPs ser o meio ma·is útil para que a população francesa, recusando seu apoio ao socialismo, obste a que o prestígio político e cu ltural da França seja empregado a serviço da agressão ideológica autogestionária. A Mensagem se encerra com um belo texto cm que o Papa São Pio X afirma s ua esperança de que a naç.'lo francesa venha a reluzir no mundo com todo o brilho cristão que lhe compete como filha primogênita e bem-amada da Igreja.

Até o final de dezembro de 1981, a Mensagem sobre o socialismo autogestionário francês, de autoria do Prof Plínio Corrêa de Oliveira, havia sido estampada sucessivamente nos seguintes jornais:

Frankfurter Allgemeine (Alemanha) The Washington Post The Globe and Mail (Toronto) La Vanguardia (Barcelona) The Observer (Londres) La Presse (Montreal) The New York Times Los Angeles Times Dallas Morning News Diário de Notícias (Lisboa) O Comércio do Porto (Portugal) Hoja dei Lunes (Madrid, Bilbao, Sevilha, Valencia) El Universal (Caracas) Diário de Caracas EI Mundo (Caracas)

.

:i

O mes,no estudo será publicado ainda nos jornais italianos li Tempo (Roma) e li Giornale Nuovo (Milão), na imprensa francesa e em ,nais J6 cidades, das principais da América do Sul. Catolicismo publicará em janeiro edição especial contendo esse documento.


N.•e 373-3174-Janeiro-Feverehode 1982-AnoXXXII • Diretor: Paulo Conta de Brito Filho

,. '

Na França: a vitória do PS põe em umQ encruzilhada a maioria do eleitorado centrista e direitista

No Ocidente: ,

...

a vitória eleitoral proporciona ao PS amplos meios diplomáticos e propagandístioos para incremento da guerra psicológica revolucionária no interior de todas as nações


eta socia ista para a França • Confirmação da laicidade estatal - o casamento equiparado à união livre - plena liberdade sexual - ''reabilitação'' da homossexualidade - livre acesso e gratuidade dos anticoncepcionais - liberdade de aborto para gestantes maiores e menores de idade - agonia e morte do ensino privado educação estatal a partir de dois anos. • As grandes e médias empresas urbanas nacionalizadas - socialização progressiva da vida rural ..:.. a via autogestionária a assembléia operária, poder supremo em cada empresa - a função obediencial dos dirigentes e dos técnicos nas empresas sem empresãrio individual - a luta de classes - a participação dos consumidores na direção da empresa. • O modelo autogestionário na familia: função autogestionária dos filhos, luta de classes com os pais - na escola: a função autogestionária dos alunos, a luta de classes com os professores.

-

~t NA CAPA: C o m a rosa e m p un h o sí n1bo lo d o P a rtid o S o cialis ta - M itter rand acena para s e u s p a rt id á rios en1 M on tpelli e r. t e n do atrás de si g r a n de cartaz com a próp ria figu ra

B. ,, AfOLICI§MO MENS ÁRIO CAMPOS -

ESTADO DO RIO

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Diretoria: Rua dos Goitaêazes, 197 • 28100 - Campos, RJ . Administração: Rua Dr. Ma rtinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo. S P e PABX 221-8755 (ramal 235).

• A sociedade autogestionária modela um novo tipo de homem - agnóstico - com uma moral oposta à cristã - com teto de progresso individual muito limitado - sujeito em tudo à maioria em comitês nos quais é eleitor que o ''ajudam'' planificando-lhe até o lazer, a diversão e o arranjo doméstico.

• Liberté - Egalité - Fraternité radicais: o achatamento das classes sociais, a desagregação do Estado - a galáxia das micro-comunidades - enquanto houver empresários, a monarquia não terá acabado de ser derrubada na França. • A autogestão socialista, meta internacional a serviço da qual o PS prometeu instrumentalizar o governo, as riquezas, o prestígio e o rayonnement mundial da França.

Composto e impresso na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Garibald i, 404 - O11 35 - São Paulo, S P. "Catolicismo" é uma publicação mensal da , Editora Padre Belchior de Pontes S/ C. Assinatura anual: com ufl) Cr$ 1.300,00; cooperador Cr$ 2.000,00; benfeitor Cr$ 3.000,00; grande benfeitor Cr$ 6.000,00; seminaristas e estudantes Cr$ 900,00. E xterior: comum US$ 20,00; benfeitor US$ 40,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Edito ra Padre Belchior d e Po ntes S/C, poderão ser encaminhados à Administração. Pa ra mud ança de endereço de assinantes é necessário mencio na r tam bém o endereço antigo. A correspo ndência relativa a assi naturas e venda avulsa deve ser enviada à

Ad1nini!ltra\lio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 São Paulo, SP

Errata: No quadro Ili , da página 6, fica ram falta ndo os números e porcentagens eleito rais relativos ao PC francês. São eles, por ordem de colunas, respectivamente: 5.870.402; 16,68; 4.065.540; ..... .

11,19.


~ronffurter ~llnemeint ,._..,______ - ... ....,..·-....::-,..-,-, ~ - ·~..

-

·~

~

Plinio Corrêa de Oliveira

O duplo jogo do socialismo francês: na estratégia gradualidade - na meta radicalidade

O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte? • A Tarde (Salvador) • II Tempo (Roma) • II Giornale (Milão)

Esta Mensagem foi publicada sucessivamente nos seguintes jornais:

• • • • • • • • • • • • • • • • • • •

• El Impulso (Barquisimeto, Venezuela) • Estado de Minas (Belo Horizonte) • Jornal de Santa Catarina (Blumenau) • O Estado do Paraná (Curitiba) • O Popular (Goidnia) • Jornal do Commercio (Recife) • El Universal (Caracas) • Pano:rama (Maracaibo, Venezuela) • La Nación (Buenos Aires) · • El Diario (La Paz) • El Mundo (Santa Cruz, Boltvia) • El Mercurio (Santiago do Chile) • El Pais (Montevidéu) • El Tiempo (Bogotá) • El Pais (Cali, Colômbia) • El Colombiano (Medellin) • El Comercio (Quito) • El Tiempo (Quito) • El Universo (Guayaquil, Equador)

Frankfurter Allgemeine (Alemanha) The Washington Post The Globe and Mail (Toronto) La Vanguardia (Barcelona) La Presse (Montreal) The Observer (Londres) Diário de Noticias (Lisboa) The New York Times O Comércio do Porto (Portugal) Dallas Morning News (EUA) Los Angeles Times (EUA) Hoja dei Lunes (Madrid) Hoja del Lunes (Bilb<W) Hoja del Lunes (Sevilha) Hoja dei Lunes (Valencia) Diário de Caracas El Mundo (Caracas) Folha de S. ·Paulo Última Hora (Rio de Janeiro)

.-.. Apresenta alguma relação com o dia-a-dia do Brasil o tema tratado nesta Mensagem? De um lado, em círculos intelectuais "pra frente" - mais especialmente os preocupados com a situação sócio-econômica - a autogestão ia se introduzindo como a última moda do pensamento, com sérias possibilidades de se irradiar para a imprensa e outros meios de comunicação social. Expansão essa que, aliás, já começou. Mas, sobretudo, a autogestão é o ideal preconizado em diversos ambientes da "esquerda católica", particularmente nas chamadas Comunidades Ecle-

siais de Base. Essas a&sociações, tais quais existem na maioria dos países latino-americanos, manifestam tendências evidentes para a autogestão. E por vezes se afirmam mesmo categoricamente a favor desta. A mencionada tendência das Comunidades de Base pode facilmente difundir a ânsia autogestinária por todo o Continente sul-americano. Além disso, é manifesta a préssão internacional exercida pelo atual governo francês no sentido de irradiar pelo mundo o socialismo autogestionário, como bem o demonstra sua interferência no caso de El Salvador.

l


= = ~AtOlLliC]§MO

I O centro e a direita ante o socialismo francês: a ilusão otimista, o alcance da derrota e a encruzilhada 1. A ilusão Para o "homem da rua" da maior parte dos países do Ocidente, o Partido Socialista francês resulta, como tantos outros, da conjugação de interesses e de vaidades em torno de um programa partidário aceito com mais convicção, ou menos. É explicável. O grande público internacional se informa sobre o socialismo principalmente na televisão, no rádio e na imprensa. E a imagem do PS, apresentada parte implicitamente, parte explicitamente por tais veículos de comunicação costuma ser esta: a) um eleitorado constituído em sua maioria por trabalhadores manuais imbuídos, em níveis diversos, da mentalidade do Partido, mas abarcando também não poucos burgueses, cujas tendências sócio-econômicas conciliatórias se conectam em um ou outro ponto com vagas simpatias tílosóficas por um . socialismo ''filantrópico"; b) quadros dirigentes formados pelo menos nos níveis alto e médio - por políticos profissionais, preocupados sobretudo com a conquista do poder. E, explicavelmente, habituados a todas as flexibilidades, a todas as audácias, como também a

2

todas as formas de concessão e de prudência que conduzam ao sucesso. Porém, esta visão global do socialismo tem pouco de objetivo. Ela corresponde às ilusões otimistas de tantos dos opositores políticos do PS. Ilusões estas que contribuíram em considerável medida para a recente vitória desse partido. E que abrem agora, ante o eleitorado francês de centro e de direita, uma encruzilhada decisiva.

2. Golpe de vista sobre o PS real Observado sem ilusões nem otimismo, o PS deixa ver um caráter ideológico monolíticamente forte. Dos princípios filosóficos que aceita, ele deduz sistematicamente todo o seu programa político, econômico e social. E a aplicação integral e inexorável deste último a cada indivíduo, a cada nação - à França, portanto, como a todo o gênero humano - é a meta de chegada da ação concreta que o Partido preconiza. Qual o meio para a obtenção desse objetivo gigantesco? A manipulação gradual - ser-

vida por táticas de dissimulação sofisticadas - tanto da cultura, quanto da ciência, do home1n e da natureza. E também a instrumentalização dos órgãos do Estado, no caso de o Partido alcançar o poder. Segundo o PS, essa gradualidade deve ser lenta, pois as c1rcunstanc1as quase sempre o exigem; mas se deve acelerar sempre que elas o comportem. Ao longo de toda essa trajetória, nenhuma palavra deve ser dita, nenhum passo deve ser dado, que não tenha por objetivo supremo a anarquia final (no sentido etimológico da palavra), ftm, aliás, visado também pelos teóricos do comunismo. Esse cunho do PS se patenteia nos doct1mentos oficiais do Partido, nos livros de autores representativos do pensamento do PS, e ainda nos escritos de circulação interna, destinados mais bem à formação de seus membros. Todo esse material, além de absorvido nas fileiras do PS, tem circulação em outros ambientes: esquerdas de distintos matizes, intelectuais e políticos extrínsecos à esquerda etc. E aí vai alargando processivamente o número de simpatizantes do Partido. Porém, é pouco ou nada lido pelo homem da rua alheio ao PS (1). •

A


Diôrio_ilr lloticino )[ IA

3. O alcance real da ascensão do socialismo na FrançaAbstenção, grande fator da derrota do centro e da direita Observadores e analistas das recentes eleições presidenciais francesas têm como certo que o candidato vitorioso das esquerdas se beneficiou dos votos de uma parcela ponderável do eleitorado de centro e de direita. Tendo sido de 1.065.956 votos (3,51 % dos "votos expressos", isto é, os votos apurados, dedu-

1.

A caracterização do PS, aqui feita, se baseia em segura documentação. Do Congresso de Epinay, em 1971, nasceu o atual Partido Socialista. A nova entidade política vem desde então dando à luz diversos documentos oficiais de caráter doutrinário e programático, especialmente por oeasião de seus congressos nacionais (de dois em dois anos) e das campanhas eleitorais. Ao que se soma um significativo número de publicações internas, destinadas à formação de seus aderentes, ou a difundir as conclusões de diversos colóquios e jornadas de estudo do Partido. Na impossibilidade de utilizar todos os textos oferecidos por essa abundante produção, serão citados aqui de preferência três documentos absolutamente fundamentais do PS: a) O Projet socialiste pour la France des années 80 (Club Socialiste du Livre, Paris, maio de 198 1, 380 pp.), apresenta as ambições do socialismo francês para os próximos dez anos. O Projet redefine as prioridades socialistas e anuncia de antemão as grandes iniciativas que marcarão diante do povo francês o sentido da ação do PS. Cumpre notar que ele não ab-roga os textos e programas anteriores do Partido (aos quais se fará referência em seguida). Antes "ele os prolonga, ampliando-lhes ao mesmo tempo o campo de ação e o panorama" (op. cit., p. 7).

ção feita dos brancos e nulos) a diferença de F. Mitterrand sobre seu opositor, no segundo ·- ... -- .---:~ turno das eleições, o vazamento de votos do centro-direita para o candidato socialista represen- mento da metade dessa difetou um fator ponderável rença resultaria no empate eleiquiçá decisivo - na apertada toral (ver Quadro I - De como disputa eleitoral. Para isso bas- 500 mil votos decidiram as eleita considerar que o desloca- ções presidenciais francesas). Quadro I

De coma 50·0 mil votos decidiram as eleições presidenciais francesas -

Eleiçio de 10-S-81 Eleitores inscritos Abstenç0es Votantes Brancos e nulos "Votos expressos" François Mitterrand V. Giscard d'Estaing Diferença Mitterrand-Giscard

------.

Votos

% cor:po eleitoral

36.398.762 5.149.2)0 3J.i49.552 898.094 30.350.568 15.708.262 )4.642.306

J00,00 14, 15 85,85 2,47 83,38 43,16 40,23

100,00 5),76 48,24

1.065.956

2,93

3,51

% ~otos expressos,,

-

Fonte: "Journal Officiel"~ 16-5-8 I. 6bservaçio: Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Francês de Opinião Rública (lfOP) em conjunto com a revista "Le Point" e publicada por ei;ta última no dia 2 de maio (entre o t. 0 e 2.0 turno das eleições presidenciais), considerável número de eleitores de centro-direita mal}ifestaram a intenção de votar em Mitterrand no 2. 0 tur:no. A terem · t,revalecido as porcentagens indicadas por essa pesquisa, o candidato socialista ter.ia recel>ido dos·eleitores do próprio Giscard 1% dos :votos (82.224 votos), de Chirac 1,8% (940.652 votos) e de diversos de direita 21% (182.373 votos), totalizando 1.205.249 votos de e;e_ptro-direita. Em contraposição, elcito.res de esqu,erda teriam carreado 55'2.513 votos para Gis~ard. Assim, _no balaJlÇO de v~tamento~ do een~ro-direitapara esquerda e vice-versa, M1tterrand se tena bénefie.a<lo com 652.736 votos. Sondagem realizada pelo instituro SOFRES após o 2.0 tumo das elejções presidenciais (entre 10 e 20 de maio) indica um vazamento de votos de Chirac para Mitterrand de 16% (836.135 votos), confir,mando assim a tendência assinalada por IFOP-Le Point (cfr. "Le Monae'1, 2-6-81). Estes élados conduzem à afirmação de que o vazamento de votos do cenrro-dir.éita para Mitterrand pode ter sido decisivo para a eleição deste.

Foi o Projet aprovado por 96% dos votos, na Convenção nacional do Partido, reunida em Alfortville em 13 de janeiro de 1980. No Projet se inspirou o posterior Manifesto de Créteil, de 24 de janeiro de 1981, bem como as 110 Propositions pour la France, que o acompanham. Com base nesses dois documentos, aprovados por unanimidade no Congresso de Créteil, o Partido Socialista lançou a campanha presidencial de Mitterrand (cfr. "Le

Poing et la Rose", n. 0 91, fevereiro de 1981 ). b) Em 1972, o PS e o PC entraram em negociações para estabelecer um contrato de governo, do que-resultou um Programme commun de gouvernement de la gauche, válido por cinco anos. Em 1977, não tendo havido entendimento entre os dois partidos para a renovação do acordo, o PS atualizou sob sua única responsabilidade tal Programa comum. No inicio de

3


Campanha superdinâmica da esquerda: até no bairro da burguesia mais rica de Paris (XVI). a foto de Marchais, chefe do PC, colocada sobre a de um candidato de centro-direita

Tal vazamento causa espanto. Há cerca de vinte anos, todo centrista, todo direitista cioso de sua autenticidade, julgaria trair sua causa sufragando um candidato que fosse proposto

pelo PS. Máxime se este se eia não agiu (3). E com uma apresentasse em ostensiva coali- tranqüilidade por vezes irreflezão com o Partido Comunista tida, por vezes indolente, vota(2). Em 1981, em muitos cen- ram em Mitterrand. Como pôtristas e direitistas de diversas de isto acontecer? idades, esse sentido de coerênMas as falhas da direita e do

1978, durante a campanha eleitoral, o PS divulgou o programa atualizado, com o intuito de proporcionar à opinião pública "a possibilidade de julgar com base em documentos" o que o partido faria caso vencesse as eleições, bem como permitir "a todos de acompanhar a sua aplicação" (cfr. Le pro-

cialiste du Livre, suplemento do n. 0 2, sem data, pp. 42-43) e pretendem ter dado conteúdo novo à idéia autogestionária (cfr. "Documentation Socialiste", n.0 5, sem data, p. 58). Com esses documentos, o PS reputava dar ao leitor comum um conjunto de noções suficienteménte amplo, de modo a Lhe obter a adesão refletida, e o voto. Eles constituem, pois, por assim dizer, a imagem de si mesmo desenhada pelo PS. Imagem cuja fidelidade não pode ser questionada, uma vez que se deve presumir como capaz de definir-se uma corrente que acaba de conseguir tão destra vitória estratégica. Aliás, os socialistas assumem decididamente a responsabilidade sobre o que publicam - como se lê no Projet socialiste - onde se afirma: "Somos os únicos a assumir o

gramme commun de gouvemement de la gauche - Propositions socialistes pour /'actualisation, Flammarion, Paris, 1978, 128 pp. - Prefácio de François Mitterrand, p. 3). c) Finalmente, as Quinze theses sur /'autogestion, adotadas pela Convenção nacional do Partido Socialista em 21 e 22 de junho de 1975 (cfr. "Le Poing et la Rose", suplemento do n. 0 45, 15 de novembro de 1975, 32 pp.), oferecem particular interesse, visto que os socialistas franceses apresentam a perspectiva de uma sociedade autogestionária como "a contribuição própria

do PS, no plano teórico por ora, à história do movimento operário" (cfr.

risco de expor nossas teses preto sobre o branco, com a irremissibilidade do papel impresso. .... Nós nos mostramos tais como somos" (op. cit., p. 11).

"Documentation Socialiste", Club So-

Já instalado no Poder, o Primeiro-

4

Ministro socialista Pierre Mauroy apresentou, na sessão da Assembiéia Nacional do dia 8 de julho, uma

Déclaration de politique générale du Gouvernement. Nessa Déclaration, e no debate parlamentar que se seguiu, o Primeiro-Ministro confirma a linha geral do Projet socialiste, pelo que fornece também importantes subsídios para a caracterização ideológica e programática do PS (cfr. "Journal Officiel - Débats Parlementaires", 9 e 10 de j ulho de 1981). Aliás, o PrimeiroMinistro afirmou expressamente, nessa ocasião, que tinha obtido "do Con-

selho de Ministros, a autorização de empenhar, nesta declaração de política geral, a responsabilidade do Governo, de acordo com o art. 49 da Constituição" ("Journal Officiel", 9-78t, p. 55). • A referência a estes documentos será feita, neste trabalho, de forma abreviada: Projet, Programme commun --

Propositions pour /'actualisation, Quinze theses, Déclaration de politique gé-


.. • •

centro não ficaram apenas nisto. Toda a campanha eleitoral feita por uma e por outro foi desinteressada, sem o impulso, sem a força de impacto indispensáveis para arrastar multidões. Predicados que do lado socialo-comunista não faltaram. Nas eleições legislativas, essa falta de empenho foi, natu-

ralmente, ainda mais acentuada, e produziu também outra conseqüência: o aumento das abstenções. Num pleito tão importante para os rumos da França e do mundo, nada menos do que l O. 783 .694 eleitores (...... . 29,67% do corpo eleitoral) se abstiveram, no primeiro turno. É significativo que o número de

Quadro II

Abstenções .e dispersão no centro e na direita

favoreceram as esquerdas, nas últimas eleições legislativas francesas '

0

Eleição - J. turno

'

Eleitores inser,itos ~0stenções Votaótes Nulos e br-ancos "\''o.tos e~ptessos"

Presidencial Legislativa (26-4-81) (14-6-$1)

Diferença

36.398.859 6.882.77/J 29.$1'6.Q82 47~.965 29.038.117/

36.34l.82o/ 1'0. :Z83. l)94 ' 25.559.133 368.092 25.19.1.041

868.444 5.22'5.848 8.222,43v2

90.422 713.582 5.249.670 4.839.294

Total centro-direita

Jr4. 3.J 6. 7i4

10.892.968

- 3.423.156

PS ('M,ltter,r,and)) PC '~Mareha:is) Di~ersos esquer,da E~trema-esquerda

rl.505.960 4.456.922 964.200 668.05:7

9.432.537 4.065.'540 ,193:63~ 334.674

+ 1.926.57?7

Total esquerda

13.595.139 1.126.254

Exrtrerna-direi'ta Diversos centro-diteita RPR (Chirac) UDP (Giscard)

Ecolegistas

'

56.032 + 3.900.917 - 3.956.949 - 109.8íl3 - 3.84í7.07i6 +

-

90.422

154.862 + 23.82,2 - 3.383.138

-

391.382 íl70.56ij 333.383

14.026.385

+

431.246

271.688

-

854.366

·" fonte: "Journal <;)fficiel", 30-4-81 e 8-5.,SJ; "l:.e Monde, 17, 23 e 244-81.

nérale, respectivamente. . . ,.,, Os,.,, destaques

em negrito nas c1taçoes sao nossos. • As publicações do PS usam a expressão Projet socialiste seja para designar especificamente o documento

expressão (ora específico, ora geral). O leitor facilmente se dará conta de um emprego e de outro, tanto mais que as citações aqui feitas, das fontes socialistas, não deixam margem a confusão.

Projet socialiste pour la France des anées 80, seja, de forma mais genérica,

2. Embora a aliança entre o PS e o

o novo projeto de sociedade que pro- PC seja ostensiva, deve apenas ser põem para a França e para o mundo, e- ligeiramente dissimulado o beneficiáque denominam projet autogestion- rio dela. Ou seja, os socialistas devem naire. Neste caso, Projet socialiste e assumir posição de destaque: projet autogestionnaire são sinônimos. "O Partido Comunista deve aceitar No texto do presente trabalho se man- esta evidência da política francesa: a tém o mesmo uso ambivalente da maioria dos franceses não confiará à

"t,

.........

•• - : 1

abstencionistas tenha sido então superior à quantidade de votos obtida pelo PS (9.432.537). O bloco que sofreu o grande recuo no último pleito foi o de centro-direita, que caiu de ....... 14.316.724 votos no primeiro turno das eleições presidenciais (26 de abril), para 10.892.968 votos no primeiro turno das eleições legislativas (14 de junho), perdendo assim 3.423.756 eleitores nesse curtíssimo período. Como o número de abstencionistas cresceu de 3.900.917, entre as duas eleições, e o conjunto das esquerdas, de outro lado, acusou um pequeno aumento (ver Quadro II - Abs-

tenções e dispersão no centro e na direita favoreceram as esquerdas, nas últimas eleições legislativas francesas), tudo indica que a maior parte das novas abstenções se verificou nas fileiras do centro e da di-

Esquerda o governo do País se não estiver certa de que o socialismo irá instituir a liberdade em nossos dias. Queira-se ou não, é preciso para tanto que o Partido Socialista surja

como a força de animação da aliança. Tal não diminui em nada o papel que nela deve desempenhar o Partido Comunista" (Projet, p. 366). De seu lado, os comunistas com-

preenderam bem o seu papel. Segundo o secretário-geral do PS, L~onel Jospin, um milhão e meio de eleitores do PC (um quarto do contingente desse partido) votaram em Mitterrand já no primeiro turno das eleições presidenciais (cfr. "Le Poing et la Rose", n. 0 83, 30-5-81, p. l ).

3. Nas referências do presente trabalho à direita, não se inclui a direita tradicionalista francesa, freqtientemente de inspiração católica, cuja presumível atuação nas eleições de 1974, 1978 e 1981 é difícil de discernir, e portanto de avaliar.

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~ AfOLEC]§MO reita. Entre estes normalmente terão sido muito mais numerosos os que tomaram a decisão de não votar, seja em conseqüência de querelas partidárias, seja por preferirem simplesmente viver o domingo eleitoral como lhes parecia mais cômodo e divertido. Tal fato - capital nesta emergência - se explica em boa medida pela ilusão de que não teria conseqüências dramáticas a eventual vitória de um partido, esquerdista sem dúvida, mas bonachão. lgualme'n te em razão dessa visão otimista, diferentes pe. .. quenas razoes c1rcunstanc1a1s

-

de ordem pessoal, regional etc., como também o deslumbramento ante a vitória de Mitterrand, tiveram suficiente força para levar não poucos eleitores provenientes do centro e da direita a votar no PS, contribuindo assim para vazamentos semelhantes aos ocorridos· nas eleições presidenciais. Em suma, tudo leva a pensar que a maior parte, quer das abstenções, quer dos votos dados por eleitores de um partido à legenda de outro, deve ter ocorrido nos partidos menos rigidamente estruturados. A não ser que se imaginasse um PS ou um PC em vias de amoleci-

Quadro !III

Estagrn&.;çãe da eleitor-ade de esquenta n.a s eleições legislativas de 1978 a 1981 Eleiçio - 1.1 turno

Legislativa % corpo Legislati:va % col!po 1978 eleitoral •981 eleJtoraJ

Eleitores inscritos

35.lW. l 52 100,00 36.342.8,-27 100,00

PS .PC Divenos esquetda E~trema-esquerda

6.451.151

18,32

9.432.§37

25;95

(*) 894.799 9'53!08·8

2,54

193.634 334.6'?4

0,53 0;9.2

'fota! esgu~rda

14.169.440 40,iS 14.0:26.385

38,59

~atai das ecologistas :Ec0logistas de esq. (**)

2! 71

612.100 1,74 [313.413) (0,9?)

2:71.688

0,75 ( l "3.994;) (0,4(),)

Total esq.com eool. ~·•) (Í4.493.853) (41,l?) (14.170.379) (38,99)

Fonte: Les é/ections législativ.es de mars 197-8, "Le ~onde ~ Dossjers et Documents1'; "Le Monde", 17, 23 e 24-6-81.

. (*) Estão compu,tatlos néste total 36,67% dos votos do item "qiveisos" '

constanu: do boletim do Ministério do Interior. Segundo "Le Monde" dos dias 1~ re 15-3-1.8, tal era, nesse item, a poroon~em dos eleitores de,oposi_ção.

(*'*) Terá sido algum tanto mais sensível o decllnio da esquerda, a ,se

considerarem nesse bloco os eco1og1stas que costumam canalizar seus votos, em dererminadas circun.stâncias, para ca~didatos ,dticlaradamente esquerdistas. Segundo sondagem do institt1to SG>F:RES, 53% dos ecologistas votaram em Mitterrand· no 2. 0 turno das ele~ções presidenciais, 26% em Giscard e 21% ·não se pronunciaram ('cfr. 1'Le Monde", 12.~-81). Pesquisa do IFOP indicava, para as mesmas tendências, respectivamente1 50o/~ 26% e 24% (efr. "Le Pojnt", 2-5-81). 0s valores entre parê,nttses, no l..luadro, foJ'am calculados com base na pesquisa do SOFRES.

6

mento disciplinar, ou empenhado em apostar corrida abstencionista com os adversários do centro ou da direita ... O PS ve~ceu, pois. Mas sua vitória não tem o significado de um aumento do eleitorado socialista, que a propaganda esquerdista vem habilmente difundindo pelo mundo. Comparadas as eleições legislativas de 1978 com as que acabam de se realizar, verificase que o contingente eleitoral de esquerda permaneceu praticamente inalterado: 14.169.440 em 1978: 14.026.385 em 1981 (dados referentes ao primeiro turno, único em que é possível fazer a comparação, devido às peculiaridades do sistema eleitoral francês). Considerando-se que o número de eleitores aumentou de 1.138.675 nesse período, a permanência no mesmo patamar representa uma queda percentual efetiva no conjunto do corpo eleitoral. Assim, as esquerdas, que conseguiram o apoio de 40,25% do corpo eleitoral em 1978, agora só obtiveram 38,59%, o que está bem longe de representar a maioria do corpo eleitoral (ver Quadro III - Estagnação do eleitorado de esquerda nas eleições legislativas de 1978 a 1981). A vitória eleitoral do PS nas recentes eleições se deve, pois, não tanto a um fortalecimento efetivo das esquerdas, mas em maior medida a um desinteresse e uma dispersão do centro e da direita. Dispersão esta provocada em parte - como adiante se verá - pela desorientação e pela fragmentação de considerável parcela do eleitorado católico. Se se tratasse do aumento do número de eleitores especificamente esquerdistas, o fenômeno talvez fosse dificilmente reversível. Mas, vindo a derrota da desorientação do centro e da direita, tudo pode ainda ser


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-- ~ ....,....,-... -·- .. .. ··-·• 1 multidões. Imaginam eles que o socialismo revelou na França uma força eleitoral muito maior do que a verdadeira. E f ogachos de entusiasmo socialista autogestionário começam a se fazer sentir em várias nações. Se a verdadeira imagem do PS corresponde· à do bonacheirão, es~ tas perspectivas socialistas não Com um apert o de mão. M ar chais. chefe do PC . sela com M itterrand a coalizão apresentam risco maior. Se, ped as esquerd as. em 1978 lo cont r áno, · o soc1a · lismo franreconquistado. À vitória socia- nista, e de 20 outros deputados cês visa exatamente as mesmas lista de 81 poderá suceder, pois, de pequenos partidos de esquer- metas finais do comunismo, enuma derrota da esquerda nos da, o PS dispõe da maioria tão é necessário esclarecer e prélios eleitorais futuros. absoluta na Câmara, com 265 alertar a opinião pública. Tanto Sirvam estas considerações deputados num total de 491 mais quanto ninguém sabe até de alento às pessoas que imagi- cadeiras. Para a reconquista de onde pode chegar, em nossos nam ser definitiva a conquista tudo que acaba de perder, a dias, a instrumentalização de do terreno pelo socialismo. E França do centro e de' direita qualquer tendência esquerdista que, assim, em lugar de se está pois na contingência de na opinião pública, por obra da organizarem desde já numa o- optar sobre qual a melhor estra- guerra psicológica revolucionáposição ordeira mas briosa, tégia em relação ao PS. Mas ria que Moscou move, com inarredável e fecunda, correm para tal, é necessário que ela evidente êxito, em todo o em direção aos vencedores para defina para si mesma o que é o mundo. estender-lhes a mão e colaborar PS. Que opte entre a versão com eles. Desse modo renun- algum tanto folclórica de um ciam a lutar para deter seu país PS oportunista e bonacheirão; 5. A escolha na rampa (que eles mesmo reco- e a cognição da realidade, isto da estratégia: nhecem resvaladia) do socia- é, de um PS propulsionador lismo, rumo ao comunismo (que eficiente da marcha gradual mas aspectos do eles mesmo reconhecem mor- decidida para o coletivismo insocialismo francês tal). Explicação que apresen- tegral. tam: a vitória socialista é um Face ao incremento das esfato consumado. Aliás, seria o querdas que a vitória do PS e a Sendo certo que. a escolha caso de perguntar se há fatos instauração do regime socialista dessa estratégia tanto mais adeconsumados neste mundo ins- na França acarretarão - por quada e rapidamente se fará tável de hoje. via de repercussão e pelas já quanto mais fiel e objetiva for a anunciadas ingerências do go- imagem que desde já o público verno francês atual - nos ou- se forme do PS - e na impos4. Posta a vitória do tros países, análoga questão es- sibilidade de abarcar no pretratégica se põe também nestes, sente resumo global tão vasto PS, o que fazer? para os elementos de centro e tema - parece este o momento de direita. A vitória do socia- oportuno para divulgar vários A encruzilhada lismo francês já começou a traços característicos da doudespertar em políticos de es- trina e das táticas do PS franDe momento, porém, os fa- querda da Europa e da América cês, de maneira a fazer cair tos aí estão... O PS tem hoje o a impressão de que a bandeira desde logo as ilusões otimistas Poder Executivo. E mesmo sem socialista se carregou subita- que podem propiciar a lentidão levar em conta o apoio dos 44 mente, em todo o Ocidente, de e a frouxidão na luta contra tão • deputados do Partido Comu- um novo poder de atrair as grave pengo.

7


II

Doutrina e estratégia no projeto de socialismo para a França 1. ''Liberdade, igualdade, fraternidade'' no ''Projet socialiste '' É próprio ao lema ser substancioso e preciso. Não corresponde a isto a trilogia da Revolução Francesa: "liberdade, igualdade, fraternidade". Entre as múltiplas interpretações e modos de aplicação a que tem dado azo, algumas deixaram na História marcas de impiedade, de desvario e de • • sangue que Jamais se apagarão (4).

4.

Na Carta Apostólica Notre Charge Aposto/ique, de 25 de agosto de 1910, em que condena o movimento francês Le Sillori, de Marc Sangnier, SÃO Pio X assim analisa a célebre trilogia: "O Sillon tem a nobre preocupação da dignidade humana, Mas, esta dignidade é compreendida ao modo de certos filósofos, de que a Igreja está ·longe de ter de se regozijar. O primeiro elemento desta dignidade é a liberdade, entendida neste sentido que, salvo em matéria de religião, cada homem é autônomo. Deste principio fundamental, tira as seguintes conclusões: Hoje em dia, o povo está sob tutela, debaixo de uma autoridade que lhe é distinta, e da qual se deve libertar: emancipação polftica. Ele está sob a dependência de patrões que, detendo seus instrumentos de trabalho, o exploram, o oprimem e o rebaixam; ele deve sacudir seu jugo: emancipaçio econômica. Enfim, ele é dominado por uma casta chamada dirigente, à qual o

8

Revolução Francesa: com o ataque do populacho à Realeza começaria a demolição da propriedade individual. O Partido Socialista francês afirma que o socia lismo autogestionário é filho das revoluções de 1789 e 1 848, da Comuna de Paris de 1871 e da explosão ideológica e temperamental da Sorbonne em 1968

desenvolvimento intelectual assegura uma preponderância indevida na direção dos negócios; ele deve subtrair-se à sua dominação: emancipação intelectual. O nivelamento das condições, deste triplice ponto de vista, estabelecerá entre os homens a igualdade, e esta igualdade é a verdadeira justiça humana. Uma organização po/(tica e social fundada sobre esta dupla base, liberdade e igualdade (às quais logo virá acrescentar-se a fraternidade), eis o que eles chamam Democracia. .... Fm primeiro lugar, em polftica, o Sillon não abole a autoridade,· pelo contrário, ele a considera necessária; mas ele a quer partilhar, ou para melhor dizer, ele a quer multiplicar de tal modo que cada cidadio se tornará uma espécie de rei. .... Guardadas as proporções, acontecerá o mesmo na ordem econômica. Subtraido a uma classe particular, o patronato será multiplicado de tal modo, que cada operário se tornará uma espécie de patrio. ....

Eis agora o elemento capital, o elemento moral. .... Arrancado à estreiteza de seus interesses privados e elevado até os interesses de sua profissão, e mais alto, até os da nação inteira e, mais alto ainda, até os da humanidade (porque o horizonte do Sillon nio se detém nas fronteiras da pátria, mas se estende a todos os homens até os confins do mundo), o coração humano, alargado pelo amor do bem comum, abraçaria todos os companheiros da mesma profissão, todos os compatriotas, todos os homens. E eis a( a grandeza e a nobreza humana ideal, realizada pela célebre trilogia: Uberdade, Igualdade, Fraternidade. .... Tal é, em resumo, a teoria, poderse-ia dizer o sonho, do Sillon" (Acta Aposto/icae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, Roma, 1910, vol. II, pp. 613-615). São Pio X se insere, portanto, na esteira de seus Predecessores, que desde Pio VI condenaram os erros sugeridos pelo lema da Revolução Francesa.


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1792 - A Revolução Francesa chega a seu auge: julgamento de um suspeito por tribunal revolucionário. ~ nela que se inspira Mitterrand.

Uma das interpretações mais mais dotados constituam em radicais a que a trilogia se proveito próprio alguma supepresta pode ser enunciada como rioridade de mando, de prestísegue. A justiça preceitua que gio ou de haveres. A verdadeira haja uma igualdade absoluta fraternidade decorre do relacioentre os homens. Só esta, supri- namento entre os homens inteimindo qualquer autoridade, rea- ramente iguais e livres. liza inteiramente a liberdade e a De 1789 até 1794 os sucessifraternidade. A liberdade só vos líderes revolucionários se admite um limite: o indispensá- foram inspirando em interprevel para impedir que homens tações da famosa trilogia, cada

vez mais próximas deste enunciado radical. Já agonizante, a Revolução Francesa tão aparatosamente moderada em seus primeiros dias, teve espasmos de significado nitidamente comunista. Como que repetindo em câmara lenta o processo dessa Revolução, o mundo democrático levou -- ou está acabando de levar - às suas úl-

Na Carta Decretai de 1O de março de 1791 ao Cardeal de la Rochefoucauld e ao Arcebispo de Aix-enProvence, sobre os princípios da Constituição . Civil do Clero, Pio VI assim se exprime: "Decreta-se, pois, nessa assembléia [a Assembléia Nacional francesa], ser um direito estabelecido que o homem constituído em sociedade goze de omnímodo liberdade, de tal sorte que não deve ser naturalmente perturbado no que respeita à Religião, e que está no seu arbítrio ·opinar, falar, escrever e até publicar o que quiser sobre assunto da própria Religião. .Monstruosidades es-

restringiu desde logo a liberdade, com este primeiro preceito? Porventura, em seguida, quando o homem se tornou réu pela desobediência, nãd lhe impôs um maior número de preceitos, por meio de Moisés? E se bem que o 'tivesse deixado em mãos de seu próprio alvedrio', para que pudesse merecer bem ou mal, contudo acrescentoulhe 'mandamentos e preceitos, a fim de que, se os quisesse observar, estes o salvassem' (Eccli. XV, 15-16). Onde fica, pois, a tal liberdade de pensar e de agir que os Decretos da Assembléia atribuem ao homem constituído em so_ciedade, como um direito imutável da própria natureza? .... Posto que o homem já desde o começo tem necessidade de sujeitar-se a seus maiores par(J ser .por eles governado e instruído, e para poder ordenar sua vida segundo a norma da razão, da. humanidade e da Religião, então é certo que desde o nascimento de cada um é nula e vã essa decantada igualdade e liberdade entre os homens. 'É

sas que proclamam derivar e emanar da igualdade dos homens entre si e da liberdade da natureza. Mas o que se pode excogitar de mais insensato do que estabelecer tal igualdade e liberdade entre todos, a ponto de em nada se levar em conta a razão, com que a natureza dotou especialmente o gênero humano, e pela qual ele se distingue dos outros animais? Quando Deus

criou o homem e o colocou no Paraíso de delícias, porventura não lhe prenunciou, ao mesmo. tempo, a pena de morte, se comesse da árvore da ciência do bem e do mal? Porventura não lhe Pio VI (1776-1799)

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9


(8Atotnc1SMO '

timas conseqüências o nivelamento político das classes, muito embora ainda conserve aspectos hierárquicos em sua cultura, como em seu regime social e econorruco. Pode-se discutir os fatos, os lugares e as datas em que, no século XIX, começaram os principais movimentos em favor do nivelamento cultural e sócioeconômico. O certo é que, em meados do século, eles se tinham estendido a muitos países e haviam adquirido forte consistência em vários. A ponto de inspirarem acontecimentos como, na França, a Revolução de 1848 e a Comuna de 1871. Ademais, é patente em nosso século a presença deles entre os fatores profundos da Revolução russa de 1917, e em conseqüência a propagação do regime comunista aos países além das cortinas de ferro e de bambu, e outros (5). Sem falar de todas A

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necessário que lhe sejais sujeitos' (Rom. XIII, 5). Por conseguinte, para que os homens pudessem reunir-se em sociedade civil, foi preciso constituir uma forma de governo, em virtude da qual os direitos da liberdade fossem circunscritos pelas leis e pelo poder supremo dos que governam. De onde se segue o que Santo Agostinho ensina com estas palavras: 'É pois um pacto geral da sociedade humana obedecer a seus Reis' (Confissões, livro lll cap. VIII, op. ed. Maurin., p. 94). Eis porque a origem deste poder deve ser buscada menos em um contrato social, que no próprio Deus, autor do que é reto e justo" (Pii VI Pont. Max. Acta, Typis S. Congreg. de Propaganda Fide, Roma, 1871, vol. I, pp. 70-71). P io VI condenou reiteradas vezes a falsa concepção de liberdade e de igualdade. No Consistório Secreto de 17 de junho de 1793, confirmando as palavras da Encíclica lnscrutabile Divinae Sapientiae de 25 de dezembro de 1775, declarou o seguinte: "Estes perfidíssimos filósofos acometem isto ainda: dissolvem todos aqueles vínculos pelos quais os homens se unem entre si e aos seus superiores e se mantêm no cumprimento do dever. E vão clamando e proclamando até à

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náusea que o homem nasce livre e não está sujeito ao império de ninguém; e que, por conseguinte, a sociedade não passa de um conjunto de homens estúpidos, cuja imbecilidade se prosterna diante dos sacerdotes (pelos quais são enganados) e diante dos reis (pelos quais são oprimidos); de tal sorte que a concórdia entre o sacerdócio e o império outra coisa não é que uma monstruosa conspiração contra a inata liberdade do homem (Encíclica Inscrutabile Divinae Sapientiae). A estafalsa e mentirosa palavra Liberdade, esses jactanciosos patronos do gênero humano atrelaram outra palavra igualmente falaz, a Igualdade. Isto é, como se entre os homens que se reuniram em sociedade civil, pelo fato de estarem sujeitos a disposições de ânimo variadas e se moverem de modo diverso e incerto, cada um segundo o impulso de seu desejo, não devesse haver alguém que, pela autoridade e pela força prevaleça, obrigue e governe, bem como chame aos deveres os que se conduzem de modo desregrado, a fim de qué a própria sociedade, pelo ímpeto tão temerário e contraditório de incontáveis paixões, não caia na Anarquia e se dissolva completamente; à semelhança do que se passa com a harmonia, que

se compõe da conformidade de muitos . sons, e que se nao consiste numa adequada combinação de cordas e vozes, esvai-se em rufdos desordenados e completamente dissonantes" (Pii VI Pont. Max. Acta, Typis S. Congreg. de Propaganda Fide, Roma, 1871, vol. II, pp. 26-27).

-

5. Além das cortinas de ferro e de bambu, o comunismo se implantou nos seguintes países: Coréia do Norte (1945), Vietnã do Norte (1945), Guiné (1958), Cuba (1959), Tanzânia (1964), Iêmen do Sul (1967), Congo (1968), Guiana (1968), Etiópia (1974), GuinéBissau (1974), Benin (1974), Cambodge (1975), Vietnã do Sul (1975), Cabo Verde (1975), São Tomé e Príncipe (1975), Moçambique (1975), Laos (1975), Angola (1975), Granada (1979), Nicarágua ( 1979). No Afeganistão, está no poder um governo de esquerda desde 1978, o qual permitiu. no ano seguinte, que·as tropas russas entrassem no país. Entretanto, a guerrilha anticomunista controla a maior parte do território. Além destes, cumpre ter presente os governos marxistas mais ou menos . disfarçados vigentes em diversas partes do mundo.


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A esquerda: 1848 - Revolucionários invadem a Câmara e proclamam a li República

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A Revolta da Comuna (1871) -

Quadro de Daumier

Embaixo: 1871 - Transformadas em clubes, igrejas são profanadas por correligionários da Comuna de Paris


as revoluções e agitações comunistas que têm abalado diversas partes do mundo. Entre as quais a explosão da Sorbonne de maio de 1968.

O Projet Socialiste pour la France des années 80 - com base no qual o PS concorreu às últimas eleições (cfr. Nota 1) se insere explícita e até ufanamente neste movimento geral (6). Lendo-o, constata-se claramente que sua meta última é a igualdade completa, da qual nasceriam a liberdade e a fraternidade integrais (7). Para ele, o fim principal do poder consis-

6. "Houve momentos privilegiados em nossa Hist6ria, que ficaram gravados na mem6ria coletiva: 1789, 1848, a Comuna de Paris e, mais perto de n6s, a Frente Popular, a libertação [da ocupação nazista] e Maio de 1968" (Projet, p. 157). "Da explosão de maio de 1968, o PS recolheu uma boa parte da energia e das aspiraçâoes positivas" (Projet, p. 23). "Esta extrema-esquerda difusa (que

te em impedir que a liberdade produza desigualdades (8). É verdade que a supressão inteira da autoridade, ele a qualifica de utopia. Mas a utopia não é, na lógica dele, um vazio, transposto· o qual se despenca no caos do anarquismo. Pelo contrário, é um horizonte em direção ao qual se deve voar mais e mais, valendo-se de todos os meios para chegar tão perto (ou t.ão pouco longe) quanto possível do irrealizável. Isto é, da supressão desse mal necessário, mas quão antipático, que é, segundo ele, a autQridade (9). apareceu aos olhos da opinião pública sobretudo depois de maio de 68) tem o mérito de levantar algumas questões incômodas para todos, o qµe é útil" ("Documentation Socialiste", n. 0 5, p. 36). "Assim, uma sensibilidade nova no seio da Esquerda viu na 'Revolução Cultural' nascida na Califórnia durante os anos sessenta - e da qual uma certa ideologia reportando-se a maio de 1968 foi a versão francesa - o

2. O PS, o centro e a direita Nesta perspectiva global se explica todo o Projet (10). O Projet aceita, e assume por inteiro, a herança política radicalmente igualitária acumulada na França a partir de 1789. Estima como medidas úteis as diversas leis postas em vigor até estes dias, para reduzir as desigualdades sociais e econômicas. E, ademais, quer pôr resoluadvento de uma 'critica de Esquerda do Progresso" (Projet, pp. 30-31 ).

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a pr6pria igualdade, uma das exigências mais importantes do movimento operdrio" (Projet, p. 127). "A idéia de igualdade continua sendo uma idéia nova e forte" (Projet , pp. 113-114). "É sem dúvida a inspiração do socialismo francês, mas é também a de Marx que suscita a idéia dq tomada do Giancarlo Botti

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1968 - Nas paredes da Sorbonne, os insurrectos homenageiam Lênin, Trotsky e "Che" Guevara (página oposta). E proclamam: "Abaixo o Estado" "Nem Deus nem senhor"

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Micltcl Cabaud/Fotogram

poder pelos produtores imediatos, a da eliminação da divisão do trabalho entre funções de direção e funções de execução, entre trabalho manual e intelectual, e, depois da Comuna de Paris, a do deperecimento do Estado" (Quinze theses, p. 6). "O questionamento das hierarquias de remuneração deve logicamente ser acompanhado de uma revalorização do trabalho manual e de um desenvolvimento da rotatividade das funções" (Quinze theses, p. 10). "Os teóricos socialistas mostraram como as desigualdades apresentadas como 'naturais' pelas classes dirigentes poderiam ser progressivamente superadas" (Quinze theses, p. 10). "A atual divisão do trabalho se verá progressivamente questionada com tudo o que implica de exploração e de alienação. .. .. Os valores hierárquicos instituídos pela sociedade capitalista concernem a todos os setores da vida social, abrangendo as relações entre homens e mulheres, jovens e adultos, professores e alunos, ativos e inativos . etc." ( Quinze theses, p. 1O). "Acabem-se com os preconceitos: que sejam abolidas as barreiras e as hierarquias entre atividades físicas, lúdicas, esportivas... e as outras atividades ditas 'intelectuais'" ( Projet,

p. 302).

8.

"As sociedades do Leste podem reivindicar, à primeira vista, traços que as aproximam do 'perfil tradicional socialista' .... : - apropriação jurfdica, pela coletividade, dos meios de produção essenciais; - planificação da economia; ....

Mas, em contrapartida, quantos traços tornam manifesto que as sociedades do Leste nada têm a ver com o socialismo. Elas continuam sociedades nãoigualitdrias .... A divisão sociàl do trabalho reveste formas que não são substancialmente diferentes das que existem nos países capitalistas. .... Os dirigentes .... exercem, em nome do proletariado, uma ditadura... sobre o proletariado .... Não só o Estado não se extinguiu, como se tornou uma máquina extremamente eficaz de controle social e policial. .... Por isso, embora os valores afirmados sejam os do socialismo (o que, aliás, não é destitufdo de importância), não podemos considerar associedades do Leste como 'socialistas'. A existência de classes sociais diferenciadas e a manutenção de um aparelho de Estado coercitivo .... são inerentes às relações de produção" (Projet, pp. 67-69, 71).

9.

"Alguém me dirá: o Sr. fala de autogestão e negligencia precisar-lhe o funcionamento,· o Sr. a apresenta como um objetivo abstrato, um caminho quimérico que conduziria a um vago paraíso terrestre. É verdade. Mas há uma razão para isto. Nós não queremos construir uma nova utopia, tão perfeita no papel quão impossível de realizar na prática. A autogestão é uma obra permanente e jamais acabada. .... Dizendo isto, permanecemos fiéis ao espírito do marxismo: Marx nunca pretendeu que o fim do capitalismo acarretaria ipso facto a instituição de um regime perfeito por toda a eternidade" {PIERRE MAuRov, Héritiers de

l'Avenir,

Stock,

Paris,

1977, pp.

278-279).' "A crise de autoridade é 14ma das dimensões maiores da crise do capitalismo avançado. Maio de 1968 foi, na França, a revelação mais espetacular desse Jato: o professor, o patrio, o pai,

o marido, o chefe pande ou pequeno, histórico ou que aspira a sê-lo, eis de agora em diante o inimigo. Todo poder é cada vez mais sentido como uma manipulação. .... O detentor da menor

parcela de autoridade é por isso mesmo contestado, quando não já desacreditado. Aos olhos do Partido Socialista, a existência desta crise é positiva. .. .. Desde que ela chegue até o seu termo: o advento de uma democracia nova" (Projet, pp. 123-124). "Uma coisa é certa: não se voltará atrás. As formas tradicionais de autoridade nio serio restauradas. E isso, em particular, na famOJa: a revolução contraceptiva, por exemplo, criou as condições de um equilíbrio novo no casal" (Projet , p. 125).

10.

"O Projeto socialista é um projeto global e radical de reorganização da sociedade, ainda que deva ser gradual" (Projet, p. 121). "Qualquer que seja o terreno considerado, a iniciativa autogestionária não tem sentido senão quando se insere em uma perspectiva global" (Projet, p. 234). "O Projeto socialista é fundamentalmente cultural. Dois postulados devem ser tomados em consideração .... : a) A cultura é global: ela .... concerne a todos os setores da atividade humana" (Projet, p. 280).

13


tamente em marcha a Fran, ça de hoje, rumo à aplicação mais radical da discutida trilogia (11). A fronteira entre o PS de um lado, o centro e a direita de outro, está em que estes dois últimos - pelo menos em sua maioria - aceitam a trilogia, não porém na interpretação radical que lhe dá o PS. De sorte que,. em lugar de se afirmarem desejosos de alcançar a meta igualitária última, dizem ou deixam entrever que desejam parar a uma distância indefinida desta (12).

3. PS e comunismo - A estratégia da gradualidade Tem o PS uma fronteira definida que o distingue do comunismo, na estratégia rumo à meta última que é a igualdade total? Sim: a) o PS teme que uma efetivação imediata da igualdade total desperte reações de tal vulto, que mais convém evitá-las; b) por esta razão, toda de circunstância, oportunidade e estratégia, segundo o PS a

aplicação dos princípios comunistas deve ser gradual, e as etapas dessa gradualidade devem ser medidas de forma a evitar choques excessivos (13). Certa moderação inicial dos socialistas franceses, na transição para a igualdade total, não é pois efeito de simpatia, compaixão ou indulgência para com o adversário vencido. É a transposição para a ação de um cálculo estritamente utilitário, e muito anterior à vitória. Convém entretanto sublinhar que o igualitarismo radical do PS francês procura bene-

1981 - M itterrand e Marchais no palácio presidencial do EIisée. - Socialistas e comunistas têm a mesma meta final : a "ordem" comunitária anárquica

11. "Declaramos desde logo que consideramos como nossa, por direito de sucessão, a herança da democracia política inaugurada pelos burgueses togados do tempo do rei Luís XVI'' (Projet, p. 15). "A perspectiva autogestionária dá sentido às lutas pelo controle, por parte dos trabalhadores, de seu próprio trabalho .... : lutas por vezes confusas, ampliadas após Maio de 68, mas que são o eco de uma longa tradição e de uma exigência tanto moral como material, que se concretizou outrora na Comuna. Enfim, nela desfecha a tradição especificamente francesa da responsabilidade acrescida dos cidadãos,

14

responsabilidade de que os revolucionários de 1789-1793 e de 1848 foram portadores. O projeto autogestionário, tal como o PS o concebe, é inseparável do pleno desenvolvimento das liberdades individuais e coletivas" ("Documentation Socialiste", mento do n.0 2, p. 43).

suple-

"Por todas as ações, a França restabelecerá seus vínculos com uma história que explica, em larga medida, sua audiência no mundo. Não há .... irradiação da França separável de sua cultura e de seu passado. A França, no estrangeiro, é antes de tudo a França da revolução de 1789, a França da audácia. .... Queremos que nosso Pais,

retomando sua tradição, erga alto e conduza longe os valores dos direitos humanos, da fraternidade .... " (Déclaration de politique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 55).

12.

A direita tradicionalista f rancesa, não incluída nas referências genéricas à direita aqui feitas, leva muito mais longe sua rejeição da trilogia.

13. "Os socialistas não aceitam nem as soluções voluntaristas do extremismo de esquerda, nem a política dos pequenos passos dos reformistas, nem o mito da coligação do populismo. .... O extremismo de esquerda é aquela


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no da Revolução de 1789, na empresa (15). Todo o Projet parece ver nas relações patrão-assalariado uma imagem residual das relações rei-povo. Ele quer "destronar" o "rei", extinguir-lhe a "soberania" na empresa, e transferir todo o mando ao nível da "plebe" empresarial, isto é, os assalariados. Mais especialmente aos trabalhadores manuais. A Revolução empregou diversas medidas para evitar que se reconstituíssem, no plano polí4. Autogestão tico, aristocracias de diversas índoles. Analogamente, o Prona empresa: jet se empenha em evitar que os mini-revolução diretores e os técnicos sobrevivam como aristocracias na s.ocio-economica empresa "republicanizada". O proprietário individual desapaA autogestão constitui, em rece desde já nas empresas miniatura, a implantação dos "grandes". O próprio conceito princípios e da forma de gover- tradicional de empresa é alarficiar-se da experiência sócioeconômica - que sabemos dura e decepcionante - de todos , . os pa1ses em que o comurusmo tem ou teve vigência. Por isso evita ele, em larga medida, as estatizações, tão características do comunismo o/d style, e visa implantar na totalidade - ou quase tanto - das empresas até aqui privadas, outra forma de igualitarismo democrático e radical. É a autogestão ( 14).

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forma particular de voluntarismo chamada maximalismo e que consiste em querer queimar as etapas para alcançar imediatamente o máximo. O maximalismo despreza e rejeita as medidas de transição, para saltar desde logo no socialismo realizado. Não distingue entre objetivo final e reformas intermediárias" ("Documentation Socialiste", n. 0 5, pp. 32-33).

''Recuso-me a entrar no debate reforma ou revoluçio. Debate puramente formal. Porque é-se reformista quando se aceitam melhorias temporárias da situação dos trabalhadores, e é-se revolucionário quando se considera necessária uma transformação fundamental da sociedade. Os sindicatos e os grandes partidos operários franceses sempre o admitiram; e fazem disso a base de sua política de todos os dias. Eles não aplicam o jogo irresponsável do 'tudo ou nada" (PIERRE MAuRov, Héritiers lie /'Avenir, Stock, Paris, 1977, p. 274). "O verdadeiro significado de maio de 1968 .... é que a transformação da sociedade exige um programa cujo conteúdo explore o possível. Mudar a sociedade .... é recusar a ilusio de uma revoluçio que fosse uma denubada e uma transformaçio instantinea. Não há transfo rmação instantânea, não há solução rápida e definitiva. É preciso

realizar um trabalho de grande fôlego, seguindo uma linha que eu chamaria de 'reformismo duro'. Para nós, a revolução é a mudança gradual das estruturas do regime vigente" (idem, ibidem, pp. 295-296).

14.

"A noção de autogestão .... se situa no ponto de encontro do socialismo científico com o socialismo utópico (peJo qual Marx e Engels, embora criticando-o, tinham algo mais do que simples respeito)" ("Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 42). "Hoje .... o socialismo pode cada vez mais dificilmente ser edificado segundo um modelo centralizado. É preciso fixar outras metas. O projeto autogestionário é - a partir da propriedade coletiva dos principais meios de produção e da planificação - a inversão da lógica que caracterizou até o presente a evolução das sociedades industriais" ( Quinze theses, p. 6). "Tal projeto autogestionário dá novo conteúdo à noção de utilidade social. Rompendo com uma visão por demais 'economicista' do socialismo, não se limita ele à esfera da produção, mas procura resolver os imensos problemas sócio-culturais. .... O projeto autogestionário associa sua finalidade igualitária .... à intervenção de mecanismos democráticos que permitirão

gado. Participam de um direito real sobre ela, e sobre o que ela produz, não só os que trabalham, como também delegados de organizações representativas dos consumidores, dos fornecedores etc. Ou seja, da sociedade inteira, especificada nos • corpos ou grupos proximamente atinentes à empresa (ver Quadro IV - A empresa autoges-

tionária ideal proposta pelos socialistas). À maneira de uma república democrática, cada empresa, regida em suprema instância pelo sufrágio universal dos trabalhadores, terá suas assembléias laborais para receber informações sobre o curso de todas as

pôr em causa ... . a divisão social do trabalho" ( Quinze theses, p. 11 ).

15. "A democracia francesa (atual] é largamente manipulada. Ela é também cuidadosamente circunscrita. Ela se detém à porta da empresa" (Projet, p. 231). "Estamos resolvidos a promover um progresso decisivo da democracia econômica e social. Cidadãos nas suas comunas, os franceses devem sê-lo também em seu local de trabalho. Os empregadores não devem temer nem contrariar esta evolução desejável e necessária" (Déc/aration de politique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 49).

"Em nossas sociedades ocidentais, a democracia é mais ou menos tolerada por toda parte. Menos na empresa. O patrão, seja ele um industrial independente ou um alto funcionário do Estado, conserva em mãos os poderes essenciais. Em detrimento de todos. .... A empresa é uma monarquia de estrutura piramidal. Em cada nível, o representante da hierarquia é todopoderoso: suas decisões sio inapeláveis. O trabalhador de base torna-se um homem sem poderes, que não tem direito nem à iniciativa nem à palavra" (P1ERRE MAuRov, Héritiers de l'Avenir, Stock, Paris, 1977, p. 276).

15


= = = ljAfOJL~CXSMO ~ = = = = = = = = = = = = = = = = coisas a ela ,atinentes, terá suas eleições de "representantes", ou seja, "deputados", os quais constituirão um comitê diretivo (mais ou menos um soviet), e este, por sua vez, terá como meros executores de sua vontade os empregados-diretores. Esse regime a si próprio se define co·mo autogestionário, e se afirma como o lógico desdobramento sócio-econômico da soberania popular no campo político. Uma república seria uma nação politicamente autogestionária .. Um regime autogestionário importaria na "republicanização" da estrutura sócio-econômica ( 16). Ou seja,

na implantação de um regime empresarial no qual a direção dos especialistas e dos técnicos é sujeita a assembléias e órgãos nos quais preponderam membros do corpo social de menor desenvolvimento intelectual.

5. A autogestão deve abranger toda a sociedade e o homem inteiro

6. Por que a reforma da empresa exige a reforma do homem

Tal "republicanização" deve abranger toda a estrutura social, e não só a empresa. Real-

A reforma do homem: a tal respeito, o Projet esbarra exatamente nas mesmas dificuldades que o comunismo estatista. Os princípios econômicos vigentes no Ocidente, mesmo quando tenham dado ocasião a abusos, emanam da própria natureza humana. Eles podem caracterizar-se, resumidamente, pela afirmação da legitimidade da propriedade individual, bem como da iniciativa e do lucro privados. Os socialistas se propõem, no entanto, implantar outro sistema econômico, orientado para outras finalidades e a partir de outros incentivos (cfr.

Mitterrand (de gorro) à frente de manifestantes metalúrgicos em Metz. O socialismo autogestionário quer "destronar" o "rei" da empresa - o patrão e extinguir sua "soberania", transferindo o mando à "plebe", isto é, os assalariados

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mente, segundo o Projet, a plena efetivação da autogestão supõe uma transformação profunda no homem, e a implantação das conseqüências mais exacerbadas da trilogia em tod<tJS os setores de atividade que, ad~mais da empresa, integram a sociedade: a família, a cultura, o ensino, o próprio lazer ( 17).

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tiers de l'Avenir, Stock, Paris, 1977, p. 295).

16. "Democracia econômica e de-

mocracia· política sio indissociáveis; seu desenvolvimento conjunto implica em que todo trabalhador, todo cidadio tenha, em todos os níveis, a possibilidade e os meios de participar de pleno direito na elaboração das decisões, na escolha dos meios, no éon~role da execução e dos resultados" (Programme commun - Propositions pour /'actualisation, p. 50). "Democracia econômica e democracia social constituem um todo só

16

com a democracia política" ("Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 145). "Os socialistas querem que os franceses deixem afinal de estar sob tutela. A descentralização está no cerne da experiência do governo de esquerda; o qual, nos três meses seguintes à sua ascensão ao poder, procederá à reforma mais significativa destes tempos incertos, devolvendo o poder aos cidadãos. A República se verá por fim livre da monarquia" (PIERRE MAUROY, Héri-

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17. "Para que o homem se veja

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livre das· alienações que o capitalismo lhe impõe, para que deixe de sofrer a condição de objeto .... é preciso que ele tenha acesso à responsabilidade nas empresas, nas universidades, bem como nas coletividades em todos os níveis" (Estatutos do Partído - Declaração de Princíp.ios, "Documentation Socialiste''., süplemento do n. 0 2, p. 48). "Uma estratégia global e descentralizada da ação educativa e cultural .... é uma dimensão decisiva de nossa luta pela autogestão. É essa uma das primeiras condições para que a mudança de mentalidades possa produzir-se ....


Projet, p. 173). À idéia do que eles qualificam de lucro só para alguns deve substit~ir-se progressivamente o critério da utilidade social, determinada pela vontade soberana do povo. Ou seja, os socialistas, como os comunistas, afirmam que o indivíduo existe para a sociedade, e deve produzir diretamente, não para seu próprio bem, mas para o da coletividade a que pertence. Com isto, o melhor estímulo do trabalho cessa, a produção decai forçosamente, a indolência e a miséria se generalizam por toda a sociedade. Com efeito, cada homem procura, pela luz da razão como .também por um movimento . . , 1nst1nt1vo continuo, possante e fecundo, prover antes de tudo a suas necessidades pesso~is e às de sua família. Quando se trata da própria conservação, a inteligência humana mais facilmente luta contra suas limitações, e cresce tanto em agudeza como em agilidade. A vontade vence com mais facilidade a preguiça e enfrenta com maior vigor os obstáculos e as lutas. Em suma, o trabalhador atinge o nível de produtividade quantitativa e qualitativamente correspondente às reais necessidades e conveniências sociais. É a partir desse

[A auto gestão] provocará uma modificação das concepções atuais sobre a família e o papel das mulheres" (Quinze theses, p. 21 ).

impulso. inicial - túmido de legítimo amor de si e dos seus - que o homem projeta as ondulações mais largas do amor ao próximo, as quais devem abarcar, em última etapa, todo o corpo social. E assim sua atividade, longe de beneficiar apenas o seu pequeno grupo familiar, toma amplitude proporcionada à sociedade. O socialismo, abolindo este primeiro estímulo natural e poderoso do trabalho, e instaurando, pelo contrário, um regime salarial cada vez mais igualitário, no qual os mais capazes não vêem compensado proporcionadamente seu maior serviço, instila o desânimo em todo trabalhador. Assim, todo o jorro da força de trabalho nacional se torna baixo, fraco, insuficiente, como acontece de modo tão evidente na Rússia e nos países satélites. Como acontece também, embora de modo talvez menos evidente, na Iugoslávia. E como acontecerá analogamente na França autogestionária ( 18). Importa acentuar aqui a força de estímulo da desigualdade e o efeito depressivo da igualdade geral, bem como das desigualdades microscópicas. Numa sociedade igualitária, é inevitável que o ganho do

trabalhador tenha um teto, igual para todos, ou tetos muito pouco desiguais. Quanto nela seja pequena essa desigualdade, torna-se patente se a compararmos às desigualdades de tetos . do regime sócio-econômico em vigor no Ocidente. Convém ponderar que, pela própria natureza das coisas, a capacidade de trabalho varia imensamente de homem para homem, e que a produtividade global do trabalho de uma nação supõe o pleno estímulo de todas as capacidades, notadamente a dos super-capazes. No regime sócio-econômico em vigor no Ocidente, os horizontes para as legítimas ambições dos super-capazes são indefinidos. Postos eles a caminho, estimulam de proche en proche toda a hierarquia das capacidades necessariamente menores, as quais têm também, diante de si, possibilidades de êxito proporcionadas. Limitado o surto dos super-capazes ou dos capazes, o ímpeto de produção do trabalho diminui. Aliás, onde os super-capazes efetuam um trabalho menor do

Em Varsóvia, longas filas para comprar um pouco de carne. - Os socialistas. como os comunistas, afirmam que o homem devo produzir para a coletividade e não para si e seus próximos. Resu ltado: desestimulo, queda na produção, miséria

18.

Este efeito psicológico negativo é intrínseco à autogestão. Tal não importa, entretanto, em que toda e qualquer empresa autogestionária, individualmente considerada, conduza a um fracasso. Pois fatores circunstanciais, de natureza psicológica ou outra, podem excecionalmente - em algum caso concreto - contrabalançar ou atenuar esse efeito da autogestão. Mas isto, que só esporadicamente pode ocorrer, não é de molde a constituir fundamento estável do conjunto o. empresarial de toda uma naçãQ. <

17


que suas forças, os capazes são, por sua vez, desestimulados, e todo o nível da produção baixa. O igualitarismo conduz, assim, e necessariamente, a uma produção inf~rior à soma das capacidades de trabalho de um país. E tanto menor quanto esse igualitarismo for mais radical. Ora, não parece que o teto concedido pelo Projet faça mais do que atender as modestas aspirações dos medianos.

7. A sociedade autogestionária . e a família

Pelo visto, O Projet parece imaginar que a familia, como objeto imediato do amor do homem e escalão intermediário

entre este e a sociedade, não transmite multiplicado, mas, pelo contrário, veda o é/an do amor do homem a todo o corpo social. Por isto, sem proibila (o que seria desde logo chocante e pouco gradualista), ele a declara veladamente desnecessária para o bem comum, pondo-a no mesmo nível que o amor livre e a união homossexual ( 19). A função procriativa, intrínseca à família, é desvinculada, pelo Projet, de seu fim natural, e é considerada como mera realiz.ação do indivíduo. A esterilidade dessa função é permitida e facilitada de todos os modos (20). A igualdade entre o homem e a mulher

deve ser a mais completa possível, não só quanto ao acesso às mais variadas profissões, como no cumprimento dos afazeres domésticos (21 ). Instável, estéril, no socialismo autogestionário a família se desidentificará naturalmente de si mesma, e se confundirá com qualquer união. Ruirá assim uma das muralhas que apóiam a personalidade de cada indivíduo. E, como se verá, a missão educativa, tão naturalmente própria à família, o Projet visa entregá-la por inteiro, e desde os primeiros anos, à escola, de preferência única, laica e socialista. Assim, avulso, desvinculado

A educação socialista - de preferência única e laica - deve começar na escola maternal, de acordo com o Projeto socialista para os anos 30

19.

"Se nas ·possibilidades de desenvolvimento da vida pessoal, o Partido Socialista considera que a famflia desempenha um papel muito importante, ele reconhece que existem, sem dúvida, outras formas de vida privada (celibato, unlio livre, paternidade ou maternidade celibat'1ias, comunidades). O PS se pronuncia, enfim, contra a repressio ou as discriminações que atingem os homossexuais. Seus direitos e sua dignidade devem ser respeitados. Não lhe cabe legislar sobre a maneira como cada um entende orientar sua vida" (Projet, pp. 151-152). ,g A radical equivalência entre o casa- 12 mento e outras formas de relação sexual é afirmada de modo implícito, mas chocante, pelo atual governo socialista. Antes mesmo de iniciar-se o mados ..grupos de repressão" dos hoperíodo legislativo, começou este a mossexuais, da policia de Paris (inssatisfazer as promessas feitas durante a petores encarregados do controle dos campanha eleitoral aos grupos de ho- estabelecimentos homossexuais, em especial de fazer respeitar os horários de mossexuais, cujo apoio recebeu: a) O Ministério da Saúde decidiu fechamento) e os fichários de homosque a França deixará de aplicar a sexuais (cuja existência, aliás, a preclassificação adotada pela Organiza- feitura de polícia nega peremptoriação Mundial da Saúde, que qualifica a mente. - Cfr. "Le Monde", 28/29homossexualidade de enfermidade 6-81). mental (cfr. "Le Monde", 28/29-6-81). 20. "A fraca difusão dos métodos b) A pedido dos homossexuais, o Ministério do Interior baixou instru- contraceptivos, as condições restritivas ções no sentido de suprimir os cha- para a interrupção voluntária da gra-

18

videz e a má aplicação da Lei Vei/ [sobre o aborto] fazem com que a maioria das mulheres não tenha o domínfo de sua sexualidade, nem o de sua maternidade. .. .. Pôr fim a essa situação significa educaçi~ sexual a partir da escola e livre acesso à contracepçio, bem como sua gratuidade" (Projet, p. 247).

21.

O Projet afirma, citando um discurso de Mitterrand em Marselha, em maio de 1979: "Não é possível .... ser socialista sem ser fem inista" (p. 45).


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Fem_inistas francesas em passeata pró-aborto. - O Projeto Socialista equipara o casamento à união livre e ao homossexualismo; defende o aborto e o acesso à contracepção, bem como a educação sexual nas escolas.

.

mo o é o comunismo em bene. Sempre gradualista, o PS fício do partido - se empenha afirma reconhecer o direito do também em organizar e em homem ao lazer. O leitor meinstrumentalizar o lazer hu- diano, bem impressionado com isto, não se dá conta assim de mano. Com efeito, o Projet entra que o PS -fundamentalmente também neste campo que, a não organizador e diretivo no que ser regulamentado por ele, seria diz respeito ao trabalho - proum refúgio último da liberdade fessa uma concepção nova do humana no mundo autogestio- lazer ... a qual apaga as fron8. O lazer nário. Pois no lazer o homem teiras entre este e o trabalho, e encontra peculiares possibilida- estabelece o planejamento sides de se conhecer a si próprio, multâneo de um e de outro. O Para essa absorção, o PS tão totalitário em benefício da de se exprimir, de formar rela- PS não é simpático ao lazer individual e personalizante. Ele sociedade autogestionária, co- ções e amizades.

da família, reduzida aliás ao mero casal, o homem só tem como ambiente a empresa autogestionária, a qual fica nas condições mais favoráveis para o .absorver todo inteiro, bem à maneira socialista.

Mas o feminismo do Projet se opõe ao reconhecimento e à glorificação dos predicados da mulher enquanto tal. Pois nisto vê, "oculta sob um discurso

modernista e pretensamente liberal .... a velha noção de 'feminilidade' que insiste nas aptidões particulares das mulheres, na força de seu instinto, na riqueza de seu mundo interior... Em suma; reencontra-se a idéia de uma 'natureza feminina' diferente da dos homens e que serviu sempre para justificar a marginalização das mulheres e sua dominação" (pp. 50--51). É

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precisamente essa diferença tão natural entre homem e mulher, que o PS contesta ... E por isto, segundo o PS, "a escola

comerciais. A meta deve ser que todas as opções sejam mistas" (Projet, p. 249). Por fim, o Projet afirma que a

deve encorajar ambos os sexos a terem as mesmas ambições quanto aos estudos e às carreiras profissionais. O ensino deve se tornar verdadeiramente misto, afim de que não haja mais aulas práticas em que, por exemplo. só as moças são relegadas ao aprendizado da costura ou do secretariado, enquanto os rapazes constituem a maioria nas secções técnicas, industriais e

"deve começar bem cedo, porque a criança também as compreende muito cedo e delas pode participar desde então. Tal participação, alcançada quando jovem, não deve diminuir para os rapazes nem aumentar para as moças na idade adulta. E, naturalmente, essa participação deve ser mantida também durante a velhice" (Projet, p. 307).

participação nas tarefas domésticas

.9


Quem organizará o lazer-trabadeseja o lazer coletivo. E até o 9. O controle das lho? A constituição de orgalazer no domicilio é por ele condições de vida nismos dirigistas se impõe neste planejado, a fim de manipular melhor os homens, preparandocampo, mesmo porque o PS os para as pesadas e estéreis Na sociedade autogestioná- visa anemizar e, por fim, deslabutas da vida autogestioná- ria, a empresa organiza totali- truir a família, campo natural, ria (22). tariamente o trabalho-lazer. por excelência, do lazer verda-

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Casas típicas tradicionais como esta em estilo normando não contam com a simpatia do socialismo autogestionário, o qual visa a influir até mesmo no arranjo interno das residências

.22.

"Na vida não há apenas o trabalho. A criaçio do Ministério do Tempo Livre corresponde a uma grande ambição: fazer com que o tempo livre seja tempo de viver, tempo libertado. A sociedade do tempo livre deve ser uma sociedade de cultura .... O florescimento cultural será uma das missões das coletividades locais" (PIERRE MAUROY, Debates sobre a Déc/aration de po/itique générale, ..Journal Officiel", 10-7-81, pp. 82-83). "A separação atual entre trabalho e tempo livre será questionada... A empresa socialista evoluirá assim para

formas de vida cada vez mais comunitárias, em seu seio .... como em sua periferia (serviços sociais, lazer, cultura, formação etc.)" (Projet, p. 158).

20

"Citemos por exemplo a possibilidade da utilização em comum de certos equipamentos domésticos ou de certos equipamentos de lazer... Realizar-se-á igualmente um esforço sistemático para transformar e animar o meio urbano, torná-lo mais comunitário e melhorar as condições de moradia coletiva. Empreender-se-á um esforço considerável para tornar esta última tão atraente .... quanto a casa particular, grande consumidora de espaço e de energia" ( Projet, p. 177). "O movimento associativo será o suporte privilegiado da nova cidadania, em particular pela valorização do tempo livre. .... Caberá a nós em particular apagar as segregações sociais no domlnio do tempo livre. Decicar-nos-emos .... ao desenvolvimento .

de formas sociais do lazer e do turismo" (Déclaration de po/itique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 51). "Viver de modo diferente é, pois: - primeiro, modificar seriamente

o conteúdo do trabalho para que dentro de algum tempo a distinçio entre trabalho e lazer nio mais tenha o mesmo significado que hoje. Mas se é verdade que este objetivo não pode ser atingido, primeiro e antes que tudo, a não ser pela transformação do trabalho, os socialistas devem propor para/elamente também uma transformação do lazer; .... Mas é preciso ir mais afundo rumo às outras concepções do lazer: - lazer de fim de dia, após o trabalho, na proximidade do domic,1io ou rzo próprio domicllio, que


deiro. O PS estimula assim a os próprios haustos de vida que criação de associações de bairro a atividade da empresa não e similares, das quais parece tenha absorvido. A vitima de tanta absorção esperar uma ação decisiva na distribuição das moradias, e na é o indivíduo, arregimentado e redistribuição não-segregativa "enquadrado" nos "quadros de proclamação de um direito indos bairros existentes ou por vida" ("cadres de vie'') auto- dividual; b) afirmação de uma serem construídos. Mais ainda: gestionários, e absorvido intei- função social desse direito; c) do próprio arranjo interior das ramente pelo todo empresa-as- planejamento dirigista do exercício desse direito, sob a alesociações paralelas (23). residências. Assim, organismos correlaO esquema da argumenta- gação que deve desempenhar tivos com a empresa absorverão ção com que o PS procura sua função social; d) conseem favor do plano socialista os justificar essa gigantesca absor- qüente absorção do direito por instantes, os restos de energia, ção é sempre o mesmo: a) meio de lei planejadora. NoTAS

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4

permita estabelecer progressivamente novos ritmos de vida, mudar a vida quotidiana, e que necessita, por exemplo, do desenvolvimento de equipamentos coletivos leves, de usos vários. Este lazer é um dos meios de ter uma vida familiar, cultural, militante; - lazer de fim de semana .... - lazer da aposentadoria .... Sem dúvida, o conteúdo do tempo livre será profundamente modificado pelas propostas que são feitas em outros campos: escola, formação continua, familia, descentralização, vida associativa, esporte, informação, saúde, consumo. Elas permitirão progressivamente fazer desse tempo livre um tempo autogerido. De qualquer maneira, no Projeto socialista deve haver

lugar para um tempo livre concebido como aquele que escapa às coerções e permite a cada um de se desenvolver, seja pelo esforço individual, seja por sua participação nas atividades coletivas" (Projet, pp. 307-309). ".... uma concepção global da vida social, na qual o tempo de educação, o tempo de trabalho, o tempo de lazer não são mais considerados como momentos isolados da existência individual e coletiva, mas como elementos de um conjunto coerente" (Projet, p.

289). A "coerência", bem entendido, não será a do pobre trabalhador "autogestionário", mas a do PS. Este o "paraíso" de liberdade e democracia do regime socialista autogestionário.

23. "O 'quadro de vida' (cadre de vie') faz parte aos tais conceitos novos surgidos nos anos 60, e que eclodiram em Maio de 1968... .... Este amplo conceito, que engloba tantas coisas, desde o habitat aos transportes, passando pelo urbanismo e a arquitetura, até o tempo livre muitas vezes esquecido, não foi nunca definido em sua globalidade. .. .. O 'quadro de vida' não pode ser isolado, cortado das realidades econômicas e sociais. Que quadro para qual vida? Percebe-se que a resposta é política e global: é transformando a vida, especialmente no trabalho, que se mudará o 'quadro de vida" (FRANÇOIS

MtTTERRAND no prefácio do livro de JEAN ÜLAVANY e PHILIPPE MARTIN,

Changer le cadre de vie, Club Socialiste du Livre, Paris, 1981, p. VII). Conjuntos habitacionais igualitários. como este no eubúrbio de Sarcelles, ao norte "É preciso pôr fim a uma das mais de Paris. servem ao objetivo dos socialistas. que atuam por meio de associações de bairro e similares inadmissfveis segregações: as cidades .... vão se tornando cada vez mais as cidades dos mais ricos, enquanto os subúrbios vão se tornando os subúrbios dos mais pobres. É preciso fazer com que a cidade seja, de uma maneira exemplar, o lugar onde precisamente os diferentes meios sociais convivam lado a lado" (PIERRE MAUROY, Debates sobre a Déclaration de politique généra/e, "Journal Officiel", 10-7-81, p. 81). "Tornar os franceses novamente senhores de sua vida quotidiana é também associá-los à edificação e à gestão do 'quadro de vida' ( cadre de vie') .:.. As coletividades locais controlarão os mercados imobiliários, o que significa o fim da especulação, e poderão levar avante um urbanismo voluntário . .... Restituiremos aos habitantes .... plenos poderes sobre seu 'quadro dé vida'. ... . O habitat e o 'quadro de vida' serão terras de eleição da nova cidadania" (Décla;ation âe politique géné.s. rale, "Journal Officiel", 9-7-8 1, p. 51).

21


{9Ato1nc1§MO 1O. A educação

Mais ainda. Na escola como ensino, a qual abrangerá todas as etapas desde o pré-primário na família, a "plebe" infantil ou até o universitário e o pós- juvenil será motivada e estimuResta ainda tratar da for- universitário. Seus diretores, lada à luta de classes sistemámação socialista e autogestio- professores e funcionários terão tica contra as autoridades donária da infância e da juventude. assim, na escola pública ou centes ou doméstiêas, terá suas Segundo o Projet, a edu- privada, papel muito análogo, assembléias, seus órgãos de apecação começa ao mais tardar se bem que não idêntico, ao dos lação e de julgam.e nto etc. (26). O currículo escolar, o conaos dois anos, quando é abso- diretores e dos técnicos na emlutamente desejável que a crian- presa autogestionária. Dentro junto do pessoal docente e o ça seja entregue a uma escola de do principio da ''planificação sentido socialista e laico da grau pré-primário ou maternal. democrática", dela participa- formação da inteligência deveEntretanto, a sociedade deve rão igualmente os pais e as rão estar sob a autoridade do estar aparelhada para receber, mães, como os demais interes- Poder público nas escolas estacom toda normalidade, as crian- sados no processo de educação. tizadas ou autogestionárias (27). ças cujas mães prefiram entre- A ''plebe" escolar, isto é, o O Projet não é inteiramente gá-las à educação socialista a corpo discente, terá no regime claro no que diz respeito às qualquer . momento, inclusive da autogestão - em toda a escolas que irão sobrevivendo ... quando recém-nascidas (24). medida do imaginável, e até em ou morrendo, em regime priComo tudo isto confere com muito do inimaginável - direi- vado, na medida em que o a esterilidade planificada, da tos análogos aos dos trabalha- disponha a estratégia graduafamília autogestionária ! dores da empresa autogestio- lista. Porém não é difícil conjeEm um período de transi- nária (25). turar que elas só conseguirão se ção "gradualista", certas escolas poderão ainda continuar em regime de ensino particular. Mas, mesmo estas serão conec- ·ã tadas com a máquina estatal de â 8

24. "O governo tomará as medidas necessárias para que o acesso de todas as crianças de dois a seis anos à escola maternal seja possível .... O governo tentará a organização de casas para a infância, que acolham crianças desde o nascimento até aos seis anos" (Programme commun Propositions pour l'actualisation, p. 30). "As casas para a pequena infância .... serão peças-chaves do dispositivo inicial. É nessa fase que começa a luta contra as desigualdades as segregações sociais" (Projet, p. 287). "A luta pela igualdade começa na escola maternal" ( Proje t, p. 311). "Mas como então despertar o senso democrático, hoje anestesiado? Antes de tudo, pela escola, concebida como o lugar por excelência do aprendizado da autogestão" (Projet, p. 132).

e

25. "A gestão tripartite (pais e filhos, funcionários; coletividades públicas), deve liberar as iniciativas, permitir, após livre discussão, a definição e a avaliaçã0 em comum dos objetivos e da responsabilidade que daí decorrem para cada um. .... O espírito de responsabilidade exige ... . o desapare-

22

Creche na França. - Nas "caias para a pequena inf&ncia" organizadas pelo governo socialista "começa a luta contra a desigualdade", segundo o ProJ•t

_cimento do controle hierárquico prévio" (Projet, p. 286). "As liberdades elementares nas instituições escolares e universitárias e no exército fazem parte igualmente das exigências do Projeto socialista: liberdade de expressão e de reunião nos colégios, liceus e universidades; residências sócio-educativas geridas diretamente pelos estudantes; participação efetiva dos alunos na vida e•na gestão de seu estabelecimento escolar; direito dos delegados de classe de participarem plenamente de seu conselho de classe, e dos alunos de a eles assistirem;

direito dos alunos de participarem da ordenação interna de seu liceu ou colégio; .... controle dos estudantes sobre a organização da universidade, sobre o conteúdo dos programas... ; instituiçúo de um verdadeiro estatuto do estudante" (Projet, p. 314). "Empreenderemos uma transformação profunda de nosso sistema educativo. Todos devem participar dele: pais, delegados dos alunos, associações, representantes dos empregados e dos empregadores e, antes de tudo, os professores .... A unificação do serviço público de


subtrair a essa influência e a esse poder, em escassa medida e a titulo precário. Se tanto ... (28). Tal rede educacional não é totalitária? - O Projet tenta subtrair-se a esta pergunta embaraçosa alegando o plano de direção do ensino, a ser elaborado democraticamente, de modo que todos e cada um possam exprimir sua opinião. Assim, tal plano representaria a vontade de todos. Neste sofisma se baseiam os socialistas para afirmar que o sistema unificado de ensino não é um monopólio. Como tachar de monopólio - dizem eles um sistema único, é verdade, mas no qual todos estão convidados a participar? Bem se vê que o Projet realiza muito a seu modo a trilogia "liberté, égalité, fraternité": no momento da decisão coletiva, todos são iguais: o poder decisório toca à maioria. Cabe-lhe decidir por inteiro da

educação será o resultado de um acordo e de uma negociação" (Déclaration de politique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 51).

26.

"O Projeto socialista reconhece às crianças seu lugar pleno na sociedade: a igualdade, a liberdade, o responsabilidade não são exclusivos dos adultos. Desde a escola deve-se reconhecer o direito à expressão, à atividade criadora, à tomado de decisão" (Projet, p. 31 1). A juventude tem também uma posição especifico: elo está sob tutelo [ na sociedade atual] ..... Seja qualfor o classe social a que pertençam, os jovens não têm nenhuma responsabilidade real, e pouco controle de sua vida. Há uma distância considerável entre suas possibilidades e aquilo que eles têm o direito de fazer no · sociedade" (Projet, pp. 311-312). "Nodo, portanto, é hoje mais importante do que reconhecer à juventude o direito de ser elo mesmo. Na família, o direito dos jovens de serem eles mesmos comporta: a possibilidade de recurso do jovem face a uma decisão concernente a ele (orien-

matéria educacional. E à minoria toca obedecer. Onde então se realiza a liberdade individual? No momento mesmo em que se dá a votação: pois O leitor habituado às emcada um é livre de discutir e de votar como entenda. E só nesse presas atuais talvez imagine que a aplicação dos padrões da momento ... democracia política à vida econômica e social das empresas 11. O direito autogestionátias tem um alcance mais bem literário e demade propriedade gógico do que real. Engana-se. • no regime Como já foi dito, o Poder soberano, a quem compete deautogestionário cidir sobre todas as grandes questões da empresa autogesToda a matéria até aqui tionária, é realmente a assemexposta toma claro o sentido bléia dos trabalhadores. Dessa socialista global (e não apenas assembléia emanarão, por via empresaria!, como imaginam de votação (pormenor impormuitos) do regime autogestio- tante: o Projet não fala em voto nário. E também evidencia o secreto... ), os órgãos diretivos. caráter gradualista da estraté- Por ela serão eleitos os compogia do PS. nentes desses órgãos. Para que Convém analisar agora es- esse ''sufrágio universal" acerte pecialmente a empresa autoges- em suas escolhas, o Projet prevê. reuniões do operariado de tionária.

tação escolar ou profissional, modo de vida ...); a democratização e o desenvolvimento de residências para o acolhimento dos jovens em conflito com a família; .... f ocilidodes poro o aluguel de apartamento pelos jovens .... ; o livre direito à contracepção e a supressão da autorização paterna para a interrupção voluntária da .gravidez pelas menores, um desenvolvimento considerável da edicação sexual na escola e a revisão das atitudes sistematicamente repressivas concernente à sexualidade · dos menores"_ (Projet, pp. 313-314).

27. "....

a concepção generosa e empreendedora dos socialistas por um grande serviço público unificado e laico de ensino, administrado democraticamente" (Projet, p. 284). "O governo definirá como objetivo a constituição desse corpo único de professores para todas as disciplinas, para o período de escolaridade que engloba a escola maternal, o primeiro e segundo graus, o segundo ciclo geral e o profissional" (Programme commun - Propositions pour /'actualisation, p. 35). "Todos os pais poderão propor-

cionar a seus filhos, fora dos estabelecimentos escolares e sem o concurso de fundos públicos, a educação religiosa e filosófica de suo escolha" (ibidem, p. 32).

28.

"Todos os setores do ensino inicial e uma parte importante da educação permanente serão reunidos em um serviço público, nacional e laico, dependente unicamente do Ministério da FAucação nocional. Desde a primeira legislatura, a instituição do serviço público de educação nacional será objeto de negociações... Os estabelecimentos privados - sejam eles patronais, com fim lucrativo ou confessional - que recebem subvenção pública, serão em regra geral nacionalizados. .... As· necessárias tronsferêr,cios de prédios excluirão qualquer espoliação. A situação · dos imóveis ou do pessoal dos estabelecimentos privados não subvencionados pelo Poder público poderão ser objeto, a seu pedido, de um exame em vista de sua eventual integração" (Progromme commun. Propositions pour l'actuolisation, pp.

31-32).

23


QUADRO IV 1 - lineamentos do projeto autogestlonArlo •

O projeto autogestionário tem por meta: a) que ''os próprios 1rabalhadores organizem o con1role da produção e a distribuição dos frutos de seu trabalho"; b) "e, de ,nodo mais geral. que os cidadãos decida,n, e,n todos os do,nínios, sobre tudo que concerne a sul! vida" ("Do~u~e~tation Socialiste", n. 0 5, p. 57). O proJeto autogest1onar10 assenta sobre o seguinte tripé: a) ·~socialização dos principais meios de produção"· b) "a plan(ficação de,nocrática"; ' c) "a trans_formação do Estado" (Quinze theses, p. 11).

li - Sociallzaçlo dos meios de produção •

O_ Projet socialis~e prevê a "nacionalização'' de determinadas categor1~s de empresas, que serão então coloc~das ~,ro,cess1varnente no regirne autogestionário. • Para isto, varias opções são concebíveis": a) gestão tripartite: ''representantes eleitos dos trabalhadores, representantes do l~stado (ou das regiões), ~epresentantes de certas categorias de usuários''; b) um conselho de gestão inteiramente eleito pelos trabalhadores da en1presa"; c) "a coexistência de u,r1 conselho de gestão eleito pelos trabalhadores e de u,n conselho /iscai cons1i1uído J>Or representanles do E~tado ... : e de certas categorias de usuários" ( Quinze theses, p. 12). • O_ PS p~e~c~dc que "nacionalização" assim concebida nao é s1 non1mo de "estatização" (cfr. Quinze 1heses, ~- I 2), nem redunda em "coletivis,no" que esmague a liberdade humana, porque "trabalhadores e fJ.,·uários são_. ... c~a,na~?s a participar do conselho das e,npresas nacrona/zzadas , de mod0 que "as sociedades nacionais d_isporão . ... d_e toda a autono,nia cie gestão de que fl v~re,n necessidade" (PIERRE MAuRov. Debates sobre a Declara1ion de politique générale, ".Journal Officiel" 10-7-81, p. 81). '

A empresa autogestionária

dores determinarão o modelo de desenvolvimento como, por quem e para quem produzir: "Produzir, trabalhar, sim! Mas para quem, por que e como? É do tipo de resposta que os trabalhadores obtivere,n para estas perguntas, ou ,ne/hor, que eles mesmos derem a elas, que depende o êxito da empresa. Antes de rnais nada, o modelo de desenvolvimento deve se tornar assunto dos próprios trabalhadores" ( Projet, p. 176). • Também os consumidores opinarão e manifestarão suas exigências: - "A adaptação da produção aos desejos dos consum_idores .... se .fará .... a partir de u,n diálogo organizado e constante entre os produtores. que indicarão suas limitações de orde,n técnica e financeira. e os consun1idores, que n1anifestarão suas exigências de qualidade e de preço'' (Projet, p. 177). • Ç) Pl[!nO que resulta desse amplo diálogo democrático e assim o grande regulador da economia: "Os socialistas .... sublinha,n que os investimentos que se regulam pelo preço e pelo lucro en1 u,n ,nomento dado au1nentan1 os abalos de conjunt,,ra e se adaptam mal à preparação do futuro. É pois o plano que deve decidir, em _função do interesse ger'!._I e das previsões a curto e longo prazo, a orientaçao dos grandes investúnentos. .... Deixando ao mercado o ajuste punctual entre a oferta e a procura, o plano é, aos olhos <ios socialistas, o regulador ~lobal_da economia" ( Projet, pp. 185-186). • Que resta pois de liberdade da empresa? - O Projet responde: - "Em surna. planificam-se as orientações, ,nas não o detalhe da execução. No ponto e,n que 0 plano se detém, a iniciativa dos agentes econômicos industriais, o espírito de ernpresa reto,nam seus direitos, e o papel do ,nercado sua utilidade" (Projet p. 188). . ,

Ili - Planlflcaçlo democritlca

IV - A transformação do Estado

S~g_und~ a. con~epção do PS, a sociedade autogestionar1a na0 1mphca en1 coerção da liberdade - antes pelo contrário - porque postula a participação de todos na elaboração do planejamento, em todas as esferas da vida social: - "O que torna co,npatível a planificação corn a autogestão é u,n processo de e/aboraçã0 democrática e descentralizada que supõe urna vasta participação popular antes da escolha de_finitiva das instituições po!íticas eleitas pe/0 su_frágio universal" ( Quinze the~es, p. 16). - "A nova sociedade valerá tão-só pelo rigor de seu princípio: nós 1endemos a realizar a unanimidade· nao_ pretendemos partir dela .... " ( Projet, p. 139).' A fi nalidade da empresa não será mais o lucro, nem os "reflexos egoístas" dos trabalhad0res, mas os "objetivos sociais" fixados pela ''planificação democrática": "A busca do lucro não deve mais decidir soberanamente do investin1ento nem dos bens. Ela deve ceder lugar à racionalidade dos cidadãos que 0:firmam democraticamente suas necessidades, através da plan(ficação e do mercado" (Projet, p. 172). "A autogestão não é .... um si,nples n1étodo de gestão destinado a substituir o capital pelo trabalho como agente de direção das empresas e a utilizar os reflex os egoístas das unidades de base e de seus trabalhadores, perpetuando os mecanisrnos e as ,no/as propulsoras da economia do capitalisn10. As unidades de produção devem levar em conla os objetivos sociais fixados pelos planos nacionais, regi~nais e locais" ( Quinze theses, p. l 5). Por 1ne10 da ''planificação democrática", os trabalha-

-

24

O mito marxista da extinção do Estado retorna no projeto autogestionário sob a n1anifestação da esperança de que "apareçam .for,nas novas de poder", e de que assim "seja,n transformadas a _função e a natureza do Estado" ( Quinze theses, p. 19). Para isto se prevê ''a redução das cornpetências do poder central": ''Certos setores que depende,n hoje diretamente do governo .... deverão ser transferidos para serviços ou organismos nacionais autônomos. Mas o ,náximo de responsabilidades deve recair sobre as coletividades locais, departamentais e regionais" ( Quinze theses, p. 22). Até as "associações de bairro" receberão parcelas do poder do Estado que assim se esfarela (cfr. Quinze theses, p. 22).

V - Funcionamento anãrqulco •

Na empresa autogestionária, não haverá hierarquia nem verdadeira autoridade: "Deve ficar bem claro que a nova legitinzidade se baseia em u,n poder delegado e responsável por seus atos peran1e os trabalhadores"; - "A relação mandantes-n1andatários pode restabelecer. ao menos parcia/n1ente. a relação dirigentesdirigidos. Os iugoslavos constatara,n-no clara,nente, depois de vin1e anos de experiência. . .. . Por conseguinte, o controle deve ser exercido de uma maneira au1ôn0ma, por meio dos comitês de e,npresa" ( Quinze theses, p. 13). Para evitar 0 restabelecimento de hierarquias, algumas medidas práticas são propostas:


ideal

proposta pelos socialistas-

-

t

"rotatividade das funções"; "revocabilidade dos responsáveis eleitos" ( Quinze theses, p. 10). Tudo na empresa autegestionária é decidido por todos e levado ao conhecimento de todos: - "Pela primeira vez, um debate sobre a política geral da empresa, seus investimentos, sua organizaçã0, suas práticas sociais, debate esse sancionado pela designação de representantes com _poder de decisão, será realizado diante do conjunto dos empregados" (Projet, p. 239). - "Deve ser estabelecido o princípio de livre acesso de representantes dos trabalhadores, e dos peritos dos quais estes possam fazer-se assisrir, a todcs as fontes de informação existentes na empresa. .... A parede do segredo não é, na realidade, senão a muralha do poder. Ela deve ser derrubada" ( Projet, pp. 241-242). Como se percebe, estas proposições estabelecetn uma completa suberdinação dos especi~lis!as e t~~nicos a assembléias e órgãos em que as ma1or1as dec1s1vas são normalmente constituídas por membras do corpo social de desenvolvimento intelectual menor.

VI - Gradualismo estratêglco •

A implantação da sociedade autogestionária não se fará, entretanto, de um momento para outro. O PS adotará uma estratégia gradualística: - "Para conduzir a bom termo essa missão temível e grandiosa [de transformar a sociedade1 o PS não pode dar ouvidos àqueles .... que exaltam a libe,:ação selvagem de todos os desejos: 'tudo, imediatamente, sempre e por toda parte: o transe permanente e generalizado'; menos ainda, bem entendido, àqueles que lisonjeiam tais impulses apenas para melhor desviar as energias e as vontades dos objetivos da Lransformação social" (Projet, p. 33). "Cabe-nos ir ao encalçó do ideal e compreender o real" (Déclaration de po/itique générale, "Journal Officiel", 9-7-8 l, p. 46). - "() rigor, evidentemente, exige prudência. Tais reformas serão lentas, mas n0ssa determinaçã0 é grande" (ibidem, p. 48).

VII - Perlodo de translçlo ao soclallsmo •

A estratégia gradualística pressupõe um ''primeiro período de transição ao socialismo" (Quinze theses, p. 14), durante o qual os trabalhadores irão pouco a pouco se assenhoreando das empresas que ainda restam na esfera privada. Isto se fará por um aumento gradual do poder e da importância dos "comitês de empresa". - "Os comitês .... serão obrigatoriamente consultados antes de qualquer medida relativa à c0ntratação, demissão, designação para os cargos, transferências, classificação dos trabalhadores, determinação do ;;1m0 de produçbo e, de m0do mais geral, do conjunto das condições àe trabalho" (Programme commun - Propositions pour /'actualisation, p. 53). - t'(J)s comitês de empresa .... receberão uma informação completa sobre os principais aspectos e os resultados da gestão das empresas" (ibidem, p. 53). - "Os comitês de empresa serão informados previamente e consultados sobre todos os projet0s ec0nômicos e financeir0s, sobre os programas de investimento e de financiamento, sobre os planos da empresa, a política de remuneração, de f0rmação e de promoção pessoal" (ibidem, p. 53). - "Para submeter essas informações à discussão do conjunto dos trabalhadores, os comitês de empresa

.. .. poderão em especial reunir o pessoal no local de trabalho .... uma hora por mês, tomada do tempo de trabalho" (ibidem, p. 53). • Nesse ''período de transiçifo ao s0cialismo", a intervenção do Estado consistirá especialmente em assegurar por meia de leis a continuidade do processo: - "Nisso reside, para os socialistas, uma responsabilidade essencial do Estado: intervir pela lei para combater tudo que, nas relações jurídicas de trabalho, enfraquece a segurança do emprego individual, bem como a organização coletiva dos trabalhadores na empresa" (Projet, p . 227). • A intervenção de Estado, já nessa fase do precesso, imporá uma série de medidas supostamente em beneficio dos trabalhadores, como, por exemplo: - "Contrato de duração indeterminada como base de relações normais de trabalho" (Projet, p. 227). - Proibição "dos empresas de trabalho temporário" (Projet, p. 227). - "Unidade da coletividade de trabalho .... face aos detentores de capital" (Projet, p. 227). - Proibição de "todo fechamento parcial ou total de uma empresa pelo empregador como meio de pressão ou de sanção" (Programme commun Propositions pour /'actualisation, pp. 52-53). - Proibição de "registrar numfichdrio .... informações dados ou apreciações, de caráter não profissional, suscetíveis de prejudicar o trabalhador" (ibidem, p. 53). - Direito de veto sobre as "decisões de contratação e de demissã0, as concernentes à organização do trabalho e ao plano de formação da empresa't (Projet, p. 242). Direito de "controle sobre todos os encargos da empresa ligados aos salários, contribuiç0es previdenciárias, orçamento para formação dos trabalhad0res, auxllio-habitaçã0 etc." (Projet, p. 242). - As inovações tecnológicas não devem resultar na demissão do trabalhador, porém na diminuição da jornada de trabalho: "O progresso técnico não se implantará na França a não ser com os trabalhadores, e não contra eles. Eles deverão ser 0s beneficiários e não as vítimas desse progresso" (Projet, p. 174). - "A demissão deixará de ser um direito discricionário do empregador. Para isto, a lei restabelecerá a necessidade de pedido de autorização prévia ao Inspetor do trabalho em todos os casos, sob pena de sanções penais e civis" (Pr0gramme commun Propositions pour l'actualisation, p. 51).

VIII - Meta final: llberdada, Igualdade, fratemldade •

A sociedade autogestionária é uma realizaçãe exacerbada do lema da Revoluçãe Francesa: "liberté, égalité, fraternité": - "Não há outra liberdade senã0 a do socialismo" (Projet, p. 10). - "A autogestão estendida ao conjunto da s0ciedade significa o fim da exploração, o desaparecimento das classes antagônicas, . a realidade da democracia" ("Documentation Socialiste", n. 0 5, p. 57). - "A autogestão é a democracia generalizada a todos os níveis, é a democracia realizada pelo e n0 socialismo" (ibidem, p. 57).

tou pequena Perguntamos a toda proprietário, a teda alta, média, autoridade dentro de uma empresa, se acham . que ela é praticável ne~sas condições. A ~esma pergunta fazemos a todo operário sensato e experiente. Para dar resposta a esta pergunta, imagine a empres~ da qual é proprietário ou em que tra~alha, organizada amanhã segundo este esquema. Ela funcionaria?

25


•AtoJLnCJI§MO cada empresa, nas quais, ao que parece, os órgãos diretivos darão informações concernentes à empresa, a serem debatidas pelos · presentes. Dir-se-ia que cada assembléia operária tentará reproduzir, em alguma escala, a democracia direta dos antigos municípios gregos ... Bem entendido, em certa

faixa de assuntos, as deliberações deverão ser tomadas em comum com os consumidores, ou usuários, e representantes da coletividade (ver Quadro IV -

29. Segundo a doutrina tradicio-

outrem suas forças e sua indústria, não o faz por outro motivo senão para obter os bens necessários a seu sustento e desenvolvimento; e por isso, com o seu trabalho, procura alcançar o direito verdadeiro e perfeito não só de cobrar um salário, mas de dispor dele como entenda. Portanto se, reduzindo suas despesas, poupou algo, e para mais seguramente conservar o fruto de suas economias, as aplica em um imóvel, evidentemenle, em tais condi. senao o çoes, este nao e, outra coisa salário transformado; e, por conseguinle, o bem de raiz assim adquirido pelo trabalhador será propriedade sua a mesmo título que a remuneração de seu trabalho. Mas é precisamente nisto, como facilmente se entende, que consiste o direito de propriedade mobiliária e imobiliária. Assim, com essa conversão da propriedade particular em propriedade comum, que os socialistas tanto pleiteiam, eles agravam a situação de todos os assalariados, pois ao retirar-lhes a livre disposição do seu salário, por isso mesmo os despojam de toda esperança e possibilidade de acrescerem o seu patrimônio e melhorarem a sua condição" (Acta Sanctae Sedis, Typographia Polyglotta S. C. de

nal da Igreja, o direito de propriedade resulta da ordem natural criada por Deus. Os seres animais, vegetais e minerais existem para uso dos homens. Estes - cada um destes - tem, pois, em virtude de sua própria condição humana, o direito de submeter a seu domlnio qualquer daqueles bens. É a apropriação. Esta última tem algo de exclusivo, no sentido de que o bem apropriado não pode ser usado por outros que não o seu dono. A esse respeito, diz Pio XI, na Encíclica Quadragesimo Anno, de 15 de maio de 1931: "Tftulos de aquisição da propriedade são a ocupação das coisas sem dono e a indústria (ou especificação, como a chamam), segundo e/aramente atestam a tradição de todos os tempos e a doutrina de Nosso Predecessor Leão Xlll De fato, não faz injustiça a ninguém, por mais que alguns digam levianamente · o contrário, quem se apossa de uma coisa abandonada ou sem dono; por outro lado, a indústria que o homem exerce em nome próprio, e por força da qual as coisas se transformam ou aumentam de valor, é um título qúe confere àquele que trabalha o direito sobre tais frutos" (Acta Apostolicae Sedis, Typis Poly-

glottis Vaticanis, Roma, 1931, vol. XXIII, p. 194). A propriedade também nasce do trabalho. Naturalmente dono de si, o homem o é de seu trabalho. Em conseqüência, cabe-lhe o direito ~e cobrar uma remuneração pelo serviço que presta. E assim lhe pertence o que adquirir, a título individual, com o fruto de seu trabalho. Tal é o ensinamento de LEÃO XIII na Encíclica Rerum Novarum, de 15 de maio de 1891: "Na verdade, como é fácil compreender, a razão intrínseca do trabalho empreendido por quem exerce uma atividade lucrativa, o fim imediato visado pelo trabalhador, é adquirir um bem que possuirá, por direito particular, como coisa sua e própria. Pois se coloca à disposição de

26

A empresa autogestionária ideal proposta pelos socialistas). Subsistirá a propriedade privada no regime concebido pelo Projet? Acautele-se o leitor.

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Propaganda Fide, Roma,. 1890-1891, vol. XXIII, p. 642). Por fim, a propriedade pode ainda ser adquirida por sucessão. Os filhos, continuidade natural dos pais, lhes herdam naturalmente os bens. Sobre esse caráter familiar da propriedade, afirma LEÃO XIII, na Encíclica Rerum Novarum: "Portanto, aquele direito de propriedade que, segundo demonstramos, a natureza confere ao indivíduo, importa atribuí-lo também ao homem enquanto chefe de família: e não apenas isso, como esse direito é até mais enérgico quando se considera que, na sociedade doméstica, a pessoa humana abarca um círculo mais amplo. É uma lei sagrada da natureza que o pai de família proveja ao sustento e a tudo que diz respeito à educação de seus filhos; como também decorre da mes-

Pois, segundo a linguagem do Projet, poderá ele receber, de um socialista francês, respostas das mais tranqüilizantes ... e ao mesmo tempo das mais vazias. Na linguagem corrente, opõe-se à propriedade estatal a propriedade privada (29). Neste sentido, a empresa autogestionária pode ser qualificada -

ma natureza que ele queira f armar e dispor para seus filhos - como aqueles que refletem a sua fisionomia e de algum modo constituem um prolongamento de sua pessoa - um patrimônio com que honestamente possam defender-se na perigosa jornada da vida, contra as surpresas da má fortuna. O que não pode alcançar efetivamente sem a propriedade de bens produtivos que transmita a seus filhos por via de herança" (Acta Sanctae Sedis, vol. XXIII, p. 646).

A propriedade tem, como todo direito, uma função social, mas não se reduz a uma função social. É o que ensina Pio XII em sua Radiomensagem de 14 de setembro de 1952 ao Katholikentag dç Viena: "Por isso a doutrina social católica se pronuncia, entre outras questões, ·tão conscientemente pelo direito de propriedade individual. Aqui estão também os motivos profundos por que os Papas das Encíclicas sociais, e Nós mesmo, Nos recusamos a deduzir, quer direta, quer indiretamente, da natureza do contrato de trabalho o direito de copropriedade do operário no capital da empresa e, conseqüentemente, seu direito de cogestão. Importava negar tal direito, pois por trás dele se enuncia um problema maior. O direito do indivíduo e da família à propriedade é uma conseqüência imediata da essência da pessoa, um direito da dignidade pessoal, um direito vinculado, é verdade, por deveres sociais; não é porém meramente uma função social" (Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, vol. XIV, p. 314).

Nesta perspectiva, se distingue a propriedade pública da privada. A primeira consiste normalmente nos bens que o Estado tem para a realização de sua missão. Sem exorbitar de sua função específica, pode também o Estado possuir e administrar para o interesse comum algum bem. Por exemplo, quando chama a si a exploração de alguma riqueza do subsolo, para, com o lucro dela, mino-


Grandes empresas como a Rhõne-Poulenc foram atingidas pelas nacionalizações

rar os impostos com os quais arca o cidadão. O que só deve fazer de modo restrito e em circunstâncias especiais. Ou ainda quando certo gênero de riqueza é tal que o indivíduo que a possuísse ficaria em situação de dominar o Estado. Os demais bens são do domínio privado, e não do domínio público. E o proprietário privado pode ser um proprietário individual, um grupo ou associação de proprietários· individuais. Naturalmente, essa doutrina e essa terminologia, existentes de modo explícito ou implícito na linguagem corrente, não são as do Projet. Este não afirma o direito natural de propriedade, dado por Deus ao homem. Hipertrofia a propriedade coleliva dos grupos sociais, transformando cada um destes, em relação a seus componentes, em um mini-Estado totalitário. E qualifica de privada a propri~dade autogestionária, se bem que esta seja instituída - em larga medida imposta - e até regulada discricionariamente pelo Estado.

• • •

A presente Mensagem estava acabando de ser redigida quando saía a lume, em meados de setembro, a Encíclica úiborem Exercens, de João Paulo II. Os mais importantes meios de comunicação social do Ocidente a

acolheram com ampla e simpática publicidade. Sem dúvida, a Encíclica apresenta ensinamentos novos, nem todos desenrolados até suas últimas conseqüências, doutrinárias e práticas. Isto propiciou que, o mais das vezes, a publicidade dada ao documento difundisse a impressão de que, conforme João Paulo II: a) não é um imperativo da natureza das coisas que a propriedade privada (e portanto não-estatal) s1tja habitualmente individual; b) em princípio (e notadamente nas modernas condições da vida econômica), é legítimo e até preferível que, normalmente, o direito de propriedade seja exercido, não por proprietários individuais, mas por grupos de pessoas. Pois dessa forma a propriedade atenderia melhor sua finalidade social. Nisto consistiria a "socialização" da propriedade. A ser aceita essa intelecção do documento de João Paulo II, seria preciso concluir que: a) Tal "socialização" estaria em forte contraste com os princípios do Magistério Pontifício tradicional, acima lembrados, e que ensinam ser a propriedade individual uma decorrência lógica da natureza pessoal do homem e da ordem natural das coisas;

Rhônc-Poulenc

b) Assim, o regime socializado, propugnado pelo PS francês, encontraria na úiborem Exercens importante respaldo. Ao católico zeloso seria penoso carregar nos ombros a responsabilidade de fazer sobre a Encíclica de João Paulo II essas duas afirmações. Pois teriam um alcance incalculável no plano religioso e sócio-econômico. Com efeito, a se admitir semelhante oposição entre o recente documento pontifício e os documentos tradicionais do Supremo Magistério da Igreja, daí se desdobrariam conseqüências teológicas, morais e canônicas sem conta. Como se vê no Capítulo II desta Mensagem, o PS francês afirma a conexão lógica entre a reforma autogestionária da empresa, por ele preconizada, e a da economia em geral, a do ensino, a da familia e a do próprio homem. Essas múltiplas reformas não são, para os socialistas franceses, senão aspectos de uma só reforma global. E têm razão: "Abyssus abyssum invocat" - "Um abismo atrai outro abismo" (Ps. 41, 8). Não se vê a possibilidade de que um Pontífice Romano, abrindo as comportas à autogestão pleiteada pelo soêialismo francês, apoie implícita ou explicitamente essa reforma global.

27


sob certos aspectos - de priva- qualificada de pequena, e pas- dias, as empresas agora havidas da. Pois sua situação em face sará a ser tida como média? çomo pequenas. Tudo para que do Estado não se confunde com Analogamente, a partir de que o número das propriedades innível a empresa média passará a dividuais pequenas (favorecidas a da empresa estatizada. ser qualificada de grande? Se- de momento no plano fiscal) se O Projet qualifica a empresa gundo nossos hábitos mentais, restrinja cada vez mais. autogestionária de "socializa- formados no atual regime, teBem entendido, na fisionoda". Ou seja, não-estatal (pri- mos a tal respeito noções gené- mia geral do Projet, a provada) sim, mas também não ricas, inspiradas no bom senso. priedade privada, mesmo quanpertencente a indivíduos, pois Mas estes hábitos mentais não do reduzida a tão exíguas progrosso modo as atribuições do coincidem com a sociedade no- porções, toma aspecto de uma proprietário individual passam va, a qual gerará outros. As- contradição. Pois mantém seu para a assembléia dos trabalha- sim, ficará dependendo da lei a caráter individual no seio de dores. fixação desses limites. O que uma ordem de coisas toda ela A propriedade particular so- abrirá para o Poder público a social. De onde decorre que o breviverá no regime socialista? possibilidade de ir achatando termo da gradualidade sociaSó durante um prazo muito "gradualisticamente" os níveis lista será a completa extinção exíguo - responde o Projet das propriedades (31 ). De tal de toda propriedade indivino tocante à empresa média e forma que em certo número de dual (32). Com efeito, o Projet adota a à pequena, numa duração al- anos venham a suportar as segum tanto maior, e condicio- veras taxações de grande pro- estratégia gradualista, a qual nada a múltiplas circunstân- priedade, empresas agora consi- recusa a extinção sumária de cias (30). A partir de que nível deradas médias. E sejam consi- todas as propriedades e dispõe uma empresa deixará de ser deradas como propriedades mé- as etapas para a extinção gradual delas. Segundo o Projet, o regime autogestionário comporJoio Paulo li recebe o cumprimento sorridente de Marchais

mente modificado e com obrigações novas" (Projet, pp. 153-154).

31. Segundo os so~ialistas, um dos objetivos da "planificação democrática" é determinar "como e até que ponto se opera a redução das desigualdades" (Quinze theses, p. 15). Ou seja, os Planos de governo, a serem elaborados em nível nacional, regional e local, já terão em vista a perspectiva do achatamento gradualista.

32.

30. •"Os socialistas são favoráveis ao princípio da socialização dos meios de produção em todos os setores em que a socialização das forças produ-

28

Nesta afirmação não se pretende incluir a propriedade do trabalhador (do artesão, por exemplo) sobre seu instrumento de trabalho, ou sobre os objetos duráveis adquiridos com o fruto do seu ganho pessoal. Mas para os eventuais herdeiros do trabalhador, este modesto patrimônio individual terá pouca ou. nenhuma expressão, à vista das limitações estabelecidas pelo Projet sobre as heranças: "O problema da herança .... será tratado no mesmo espírito: imposto ã:: fortemente progressivo sobre as gran::i des fortunas, mas grande dedução na base para as sucessões em linha direta, tivas já se tornou realidade. Vale dizer permitindo a transmissão do patrimôque, pelo contrário, as pequenas e nio afetivo (residência familiar) ou da médias empresas privadas subsistirão, exploração agrícola ou artesanal" embora em um contexto profunda- (Projet, p. 154).


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A imensa Oauauh, fabricante dos avi6es "Mirage", também foi atingida pelas necionaltzaçO.., com a colaboraçlo de seu próprio dono, Marcel Da11ault. que doou ao Estado 28% das açO.. de sua empresa. Miltérios do capitalismo filo-socialista ...

tará, durante certo tempo, pro- pois da extinção das propriepriedades pequenas, médias e dades médias e grandes, tamaté grandes. Mas - pelo menos bém a das pequenas? Aliás, como poderá um traestas duas últimas categorias em estado agônico, como há balhador do regime autogestiopouco foi dito. Como afirmar nário aceder à condição de proque, na lógica do seu iguali- prietário, com o simples acútarismo férreo, o Estado auto- mulo do que recebe para seu gestionário não visa, para de- sustento? Ao cabo de quanto

33.

"Não é possível haver autogestão num regime capitalista: uma empresa privada não pode ser autoadministrada" (Documentation Socialiste", n. 0 5, p . 57). "Creiam-me: antes que se passe muito tempo, a propriedade privada dos meios chaves da economia nacional se apresentará a nossos descendentes como uma curiosidade tão aberrante como nos parece hoje o regime feudal" (Afirmação do deputado socialista JEAN PoPEREN, durante os debates sobre a Déclaration de politique générale, "Journal Officiel", 10-7-81, p. 77). "Quer dizer que nós repudiamos. a propriedade privada? De modo nenhum. Sabemos muito bem que uma forma de sociedade não se substitui a outra em um dia, nem mesmo no espaço de uma geração. O capitalismo precisou de séculos para emergir das entranhas da sociedade feudal. E o próprio socialismo só se pôs em marcha, nos países capitalistas mais avançados, a partir de meados do século passado . .... Pode-se considerar que a manutenção da propriedade privada individual atende a certas exigências sobretudo psicológicas - de segurança. Mas nós pretendernos também de-

senvolver progressivamente o utras práticas (locação da terra aos agricultores, correção monetária da poupança, incremento das moradias de aluguel, promoção do turismo familiar no campo etc.)" (Projet, pp. 153- 154). "O Partido Socialista não somente não questiona o direito de cada um de possuir seus próprios bens duráveis adquiridos pelo fruto de seu trabalho ou instrumentos de trabalho de sua

tempo de trabalho? Para fruir então de sua propriedade apenas alguns poucos anos? Para deixá-la ao filho havido de algumas de suas ligações, entre~ gue na primeiríssima infância ao Estado, e cuja mentalidade tenha sido modelada exclusivamente por este, de sorte que seja um estranho para seus próprios pais, aliás verossimilmente estranhos também um para o outro, pois unidos numa ligação instável? Essas perguntas tornam bem claro quanto a propriedade, mesmo a pequena, se incrusta de modo forçado na contextura do mundo autogestionário. Ou seja, só vai sobrevivendo neste por gradualismo (33).

própria fabricação, como também garante o exercício desse direito. Em contrapartida, propõe substituir progressivamente a propriedade capitalista por uma propriedade social que pode revestir formas múltiplas, para a administração das quais os trabalhadores devem se preparar" (Estatutos do Partido - Declaração de princípios, "Documentation Socialiste", suplemento do n .0 2, p. 48).

Outra importante empresa visada pelas nacionalizações: a Matra, fabricante de armamentos · de alta tecnologia

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~ = 8AtoJLnCI§MO 12. A propriedade rural no ''Projet socialiste '' O Projet se deixa conhe• • cer muito mais em suas metas, do que nas etapas que admite ou tolera por necessidade estratégica. Nesta perspectiva, qual a situação da propriedade rural - isto é, da propriedade pequena e de dimen·sões familiares na sociedade modelada pelo PS? A pergunta supõe já eliminadas as grandes e médias propriedades. mais produtores, gradualisticaO Projet - como também a mente tolerados, sobrevivam Declaração de política geral do como puderem, ou definhem. Pergunta-se qual a consisGoverno feita pelo PrimeiroMinistro Pierre Mauroy - são tência dos direitos do pequeno vagos e ambíguos nesta ma- proprietário, já que o elemento principal das proposições sociatéria. O Projet propõe medidas listas é a criação de "conselhos que, à primeira vista, seriam de fundiários" ("offices f onciers''), . organ1zarao . sentido comum e de proteção os quais os mercaao agricultor: desenvolvimento dos e, entre outras coisas, esda produção, organização dos tarão "encarregados de promomercados, revalorização da con- ver urna melhor distribuição e dição do agricultor e· garantia utilização da terra". Ademais, esses "conselhos da terra. A única exceção é um sistema de proteção dos preços fundiários" consistirão na autodos produtos agrícolas, logica- gestão coletiva do conjunto dos mente só - ou quase só - para pequenos proprietários e dos os pequenos produtores: os de- consumidores sobre o conjunto

-

34.

"O DOMÍNIO E A GARANTIA DA TERRA. Instrumento de trabalho. a terra será protegida contra a especulação fundiária pelo estabelecimento de uma política baseada na criação de 'conselhos fundiários·· (offices fonciers') encarJegados de promover uma melhor distribuição e utilização da terra. Esta será igualmente protegida contra a deterioração e a perda da fertilidade que resultam da exploração intensiva e· do abuso de técnicas agressivas contra a natureza e o meio ambiente" (Projet, p. 208). "O mercado será organizado em torno dos 'conselhos'. Estes assegurarão aos cultivadores a justa remuneração de seu trabalho mediante a garantia de preços, levando em conta os custos da produção, nos limites de

30

A autogestão das propriedades rurais conduzirá a uma situação de reforma agrária permanente, através dos "conselhos fundiá rios". os quais imporão uma ditadura sobre os preços agrícolas

das terras cultiváveis. O que sujeitaria a cada momento toda pequena propriedade a modificações dos limites, divisões ou amalgamações em uma situação de reforma agrária permanente, e em uma ditadura sobre os preços agrícolas (34).

tttVisto assim no conjunto o que o Projet ·dispõe sobre a sociedade autogestionária, ocorrem duas perguntas concernentes ao âmago do pensamento que o inspira: é ele realmente liberal? Contém ele algo sobre religião? - É o que se passa a expor.

um quantum" (Projet, p. 206). querem fazer crer, estes 'conselhos' não "Administrados pelos representan- estabelecerão nem o coletivismo, nem tes dos agricultores, dos assalariados a coação! Não pode haver boa política agrícolas e das coletividades locais, [os fundiária a não ser que seja disc~tida, 'conselhos fundiários'] ... . assumirão concertada e aceita pelas distintas parespecialmente as funções seguintes: tes interessadas, agricultores, coletivi- .... intervirão nas locações. .... dades locais, administração. - Disporão de um direito de preSerão pois os próprios cultivadores empção perml1nente por ocasião de que administrarão os 'conselhos' canqualquer venda. Poderão seja reven- tonais e terão por função coordenar a der, seja alugar as terras asJim adqui- política fundiária, discuti-la em conridas aos agricultores que delas tive- junto, tomar as decisões de distrirem necessidade" (Pour une agricul- buição e de zoneamento das terras, que ture avec /es socia/istes, "Les cahiers de sejam as mais indicadas para a manuDocumentation Socialiste", n. 0 2, abril tenção da população ativa agrícola e de 1981, p. 20). para o máximo de instalações" (apud Mitterrand assim descreve o fun- CL MANCERON e B. P1NGAuo, François cionamento desses "conselhos fundiá- Mitterrand - L'homme, les idées, le rios": programme, Flammarion, Paris, 1981, "Contrariamente ao que alguns pp. 107-108).


III

O cerne doutrinário do ''Projet socialiste'': laicidade ''liberté, égalité, fratemité'' 1. Direitos do Homem na sociedade autogestionária: informar-se, dialogar e votar Já foi visto que o PS se dispõe a educar o cidadão desde o nascimento até a morte, modelando-lhe a alma no trabalho e no lazer, na cultura e na

arte, e influindo até mesmo no arranjo de sua moradia. Que reflexo tem este pendor sobre a liberdade individual? Confirma-se a esta altura o que foi dito de início sobre as relações entre liberdade e igualdade, na trilogia da Revolução Francesa. Se por liberdade se entende o não ter acima de si nada, nem ninguém, e em conseqüência fazer absolutamente o que se queira - pois esse é o significado radical e anárquico do termo - o cidadão auto-

gestionário só será livre na aparência. Efetivamente, porém. não o será em nenhum instante de sua vida. O cidadão autogestionário verá restringir-se cada vez mais a esfera de sua escolha puramente individual, na qual externe o caráter único e inconfundível de sua personalidade. Pois no trabalho, como no lazer, ele terá liberdade de ser · informado, de dialogar e de votar. Mas de ordinário a decisão tocará à coletividade. Sua

Mitterrand, ladeado por elementos do PS no dia de sua posse. A sua direita, o primeiro-ministro Mauroy e, na extremidade da foto, Willy Brandt, presidente da Internacional Socialista

31


ljAfOJLilC]SMO liberdade se cingirá em dizer o que entenda nos debates públicos, e em votar como queira. Como eleitor quando d·as escolhas de nomes, e :um votante quando das assembléias deliberativas, ele é livre. Como individuo, ele é empurrado pelo Projet até os limites do não-ser (35). Não imediatamente em benefício do Poder público, mas de um tecido ou um mecanismo social composto por grupos autogestionários empresariais e não-empresariais. O gráfico real do Poder na sociedade autogestionária, a partir das assembléias, passando pelos comitês e demais órgãos da sociedade, deverá ter por outro extremo o Estado. Bem entendido, enquanto a autogestão não rume para a desagregação final do Estado e a disseminação dos poderes deste em pequenas comunidades autocéfàlas (36). Na ótica do tra-

balhador, esse gráfico poderia ter o traçado de um losango. Em um ângulo estaria sua própria empresa, dentro da qual ele é molécula falante e votante. No ângulo oposto estaria o Estado. Mas este último se situaria no ápice do losango, e a assembléia dos trabalhadores no vértice inferior. Não que, uma vez implantada a autogestão, esta seja mera fachada atrás da qual o Estado manipule tudo. Tal pode suceder. Porém, não se consideram aqui as deformações que a sociedade autogestionária pode sofrer na prática. Só se tem em vista a miragem socialista se em sua inteira genuinidade ela fosse posta em prática. · Assim, o que vem ao caso salientar é que, na lógica do Projet: a) implantada a sociedade autogestionária, os poderes do

Estado irão minguando "grad ualisticamente"; b) porém, no ato de a implantar por lei, ele é onipotente. E enquanto tal lei servir de fundamento e de norma a essa sociedade, é em virtude da onipotência do ato estatal que a constituiu e que a organizou que ela viverá. Ato estatal que ao Poder público será facultado ab-rogar, ou ampliar como e quando entenda ... pelo menos enquanto existir; c) tão amplos poderes o Estado não exerce nas sociedades do Ocidente. Os Estados do Oriente e do Ocidente adotaram em tese o princfpio da soberania do sufrágio universal. Mas essa soberania é autocoibida no Ocidente pelo reconhecimento de liberdades individuais mais amplas, ou menos. Enquanto no Oriente esse princípio não tem valia efetiva. E, como se vê, não o terá na

No primeiro degrau. Mitterrand posa com o primeiro-ministro Pierre Mauroy à frente de seu ministério. Quatro pastas foram entregues a comunistas

35. "O reconhecimento das peque-

nas comunidades sociais e por conseguinte de interesses coletivos muito próximos do indivíduo e fáceis de compreender (família, atelier, turma de alunos, associação, bairro etc.) é um dos fundamentos da sociedade socialista autogestionária. Mas é preciso ainda que as decisões possam ser tomadas; a existência de um interesse coletivo deve traduzir-se, em última análise, em uma certa conduta. É por isso que os socialistas .... afirmam que a legitimidade não poderá proceder nunca, em última instância, amanhã como hoje. senão do sufrágio universal. O interesse geral e a democracia não estão em guerra entre .si. Simplesmente, o interesse geral nQo pode ser definido de outro modo senão pela democracia" (Projet, p. 131).

36.

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32

Tanto quanto os socialistas franceses, os comunistas têm como meta final a autogestão da sociedade. Lê-se no preâmbulo da Constituição russa que "o objetivo supremo do Estado soviético é edificar a sociedade comunista sem classes, na qual se desenvolverá a autogestão social co' . " (C . .' Le Fi 11 2 >.4"..!f • *!. ~-'j ~ ;:::,~~~ai _º"J:''faCl~ión dey Re;~~


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sociedade autogestionária, na qual a liberdade do indivíduo só consiste no uso da palavra e do voto nas assembléias. Assim, o Estado é quem dispõe tudo sobre a sociedade autogestionária. Ele aniquila a familia, e a substitui. Ele outorga às moléculas autogestionárias o farrapo de direitos que lhes restará na sociedade, ele tem o poder ilimitado de legislar sobre a autogestão empresarial, docente, ou de qualquer outro tipo. Ele ensina. Ele for-

blicas Socialistas Soviéticas, de 7 de outubro de 1977, Editorial Progreso, Moscou, 1980, p. 5). Nesse ponto não há, pois, divergência doutrinária entre comunistas e socialistas. Esta só aparece no modo como uns e outros concebem o desaparecimento do Estado. O Instituto de Filosofia da Academia de Ciências da Rússia soviética assim define o papel do Estado no período de transição rumo à sociedade autogestionária: "O desenvolvimento da democracia socialista fortalece o poder do Estado e, ao mesmo tempo, prepara as condições de sua extinção, e, a par disso, a passagem a um regime social em que a sociedade possa dirigir-se sem necessidade de um aparelho político, sem a coerção estatal. .... Ora,, exortar ao mais rápido desaparecimento do Estado sob o pretexto de combater o burocratismo e proclamar, por seu turno, a necessidade de renunciar ao poder estatal, equivale, nas condições do socialismo, quando ainda existe o mundo capitalista (e, o que é mais grave. no período de transição ao socialismo). a desarmar os trabalhadores face a seu inimigo de classe.

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ma, ele nivela, ele preenche os Quem será o Walesa brasileiro? lazeres. Em suma, ele se instala na mente do indivíduo. A este só resta a condição de autôEm uma palavra, a sociemato, cujos sinais de vida própria são tão-só informar-se, dia- dade autogestionária tem uma logar e votar. Esta trilogia seria moral, uma filosofia próprias a efetivação concreta d·a outra: (37), que o trabalhador autôaté mesmo no ar "liberdade, igualdade, fraterni- mato inalará • que respira. dade".

O processo de extinção do Estado não pode ser acelerado por nenhuma espécie de medidas artificiais. O Estado não será abolido por ninguém, mas irá se extinguindo paulatinamente à medida que o poder político deixe de ser necessário. Isso será possível quando o Estado socialista cumpra sua missão histórica. Mas isto exige, ao mesmo tempo. o fortalecimento do poder político. De onde não se poder contrapor, de um lado, a solicitude por fortalecer o Estado socialista, e, de outro lado. as perspectivas de sua extinção: ambas as coisas são como as duas. faces de uma mesma moeda. O problema da extinção do Estado, concebido dia/eticamente, é o problema da transformação do &tado socialista em autogestão comunista da sociedade. No comunismo subsistirão algumas funções análogas às que cumpre hoje o Estado, mas o seu caráter e as formas de seu exercício não serão os mesmos que na etapa atual de desenvolvimento. A extinção do Estado significa: 1) o desaparecimento da necessidade de coerção estatal, bem como dos órgãos que a empregam; 2) a transf armação das funções organizativas. econômicas e educativo-culturais que

ora cumpre o Estado em funções sociais; 3) a incorporação de todos os cidadãos nas funções de diteção dos assuntos públicos e o desaparecimento da necessidade de órgãos do poder político. Quando se apagar toda espécie de marcas da divisão da sociedade em classes, quando o comunismo triunfar definitivamente e safrem da cena as forças do mundo velho que se opõem ao comunismo. desaparecerá também a necessidade do Estado. A sociedade já não necessitará de destacamentos especiais de homens armados para garantir a ordem social e a disciplina. Então, como disse Engels, a máquina do Estado poderá ser depositada no museu de antiguidades junto com a roca e o machado de bronze" (A CADEMIA DE C1tNCIAS DA URSS INSTITUTO DE F1LOSOFJA, Fundamentos de la Fisolofía Marxista, Redação geral de F. V. KONSTANTINOV, Editorial Grijalbo, México, 2.ª ed., 1965, pp. 538-539).

37.

"Não é possível aderir ao socialismo sem uma certa visão do homem, do que ele quer, do que ele pode, do que ele deve, de seus direitos e de suas ~ecessidades" (Projet, p. 10).

33


2. A Religião e as religiões, no ''Projet'' A sociedade autogestionária não se limita a eliminar ou tolher as liberdades do individuo, mas, como se viu, procura formar até a sua própria consciência. Estas considerações conduzem naturalmente a analisar até que ponto os direitos da Religião são mutilados pelo Projet. a) Este último é laico em cada uma de suas palavras, dirse-ia em cada uma de suas letras. Ele não cogita de Deus. Para ele, a fonte de todos os direitos não é Deus, mas o homem, a sociedade. O Projet ignora inteiramente a outra Vida, a Revelação, a Igreja como Corpo Místico de Cristo (38). b) A Religião - para o Projet, as religiões, pois ele não reconhece o caráter sobrenatural de nenhuma - são apenas fatos sociais que sempre exis-

38. "O Partido Socialista não tem por objetivo comprazer-se ou dar testemunho em favor do além, mas transformar as estruturas da sociedade" (Projet, p. 33). "A explicação da sociedade .... é uma coisa, o destino último do homem é outra" - afirma o Projet. Como se

algo pudesse explicar-se abstração feita de seu fim. E acrescenta labiosamente, à guisa de ficha de consolação: "Na medida em que o clericalismo se apaga, o anticlericalismo perde sua justificação. Aí está um enriquecimento da laicidade e uma aquisição preciosa da luta socialista destes últimos anos" (Projet, p.

29). Na realidade, quem fica assim "apagado", no Projet, para além do clericalismo, é o Clero, é a Igreja.

tiram, e ainda existem. Fatos extrínsecos à sociedade autogestionária, e frontalmente discrepantes da laicidade dela. Isto induz a prever que a sociedade autogestionária, a qual tende a destruir tudo que lhe é extrínseco e contraditório, trabalhará para extinguir "gradualisticamente" as religiões. É bem certo que o Projet lhes garante a liberdade de culto. Mas circunscrita a um limite verdadeiramente mínimo, pois toda a ordem temporal será concebida e efetivada em sentido oposto ao da Igreja: a eco11omia, a organização social, o totalitarismo político, a perpetuação da espécie humana, a família e até o próprio homem (39). O Projet implica em uma visão de tal maneira global da sociedade, que tem necessariamente - se bem que de modo implícito - como pressuposto uma visão também global do Universo. Pois este último é, de algum modo, o contexto da sociedade. Uma sociedade glo-

bal, laica e fechada em si mesma corresponde a um universo analogamente laico, global e fechado em si mesmo. Por sua vez, uma visão do Universo implica na afirmação ou na negação de Deus. Negação perfeitamente autêntica, ainda que sua forma êle expressão seja o mutismo (40). O Projet é portanto "a-teu", sem Deus: ateu. O silêncio dele acerca de Deus - é lícito perguntar não é mera etapa "gradualista" rumo a algum panteísmo, verossímilmente evolucionista? A referência a este eventual panteísmo corresponde à função por assim dizer redentora, que o Projet atribui à coletividade, na qual o individuo se resgata do naufrágio em que o põe sua própria condição individual. E a via para a solução de todos os problemas (41). Por sua vez, a referência ao evolucionismo se relaciona com o caráter arbitrário, antinatural e artificial~ do reformismo socialista. E, mais ainda, do rela-

condescendente com a empresa autogestionária, se esforce por conceber uma aplicação do Projet estritamente limitada ao campo empresarial, sem reflexos no campo do homem, da familia e da educação. Ilusão. A natural corrélação entre a familia e a propriedade torna imposs[v~l essa separação de campos. E a simples leitura do presente trabalho torna claro que a autogestão empresarial - tal qual é descrita no Projet - é inseparável das concepções filosóficas e morais nas quais se funda. Estas, uma vez aceitas, repercutem forçosamente em todos os domínios.

sobre Ele. Alguns porém submetem a exame o problema de Deus por tal método, que parece carecer de sentido. Muitos, ultrapassando indebitamente os limites das ciências positivas, ou sustentam que só por este processo científico se explicam todas as coisas, ou, ao contrário, já não admitem de modo algum nenhuma verdade absoluta. Alguns exaltam o homem a tal ponto que a fé em Deus se torna como que enervada e dão a impressão de estar mais preocupados com a afirmação do homem que com a negação de Deus. .. .. Alguns não abordam sequer o problema de Deus: parece não sentirem nenhuma inquietação religiosa e nem atinarem por que deveriam preocupar-se com religião" (n. 0 19).

40.

39. É freqüente que o católico seja

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concilio Vaticano II, apresenta uma descrição bastante sintética e matizada do ateísmo moderno. É , útil citá-la, a esse titulo: "Pela

mais sensível às transgressões da Lei de Deus no que diz respeito à instituição da familia do que à instituição da propriedade. Assim, é possível que algum leitor católico mais ou menos

palavra ateísmo designam-se fenômenos bastante diversos entre si. Enquanto Deus é expressamente negado por uns, outros pensam que o homem não pode afirmar absolutamente nada

34

41.

"Entendemos que coletivo é sinônimo de grandeza, de beleza, de profundidade, de alegria de viver" (Projet, p. 153). O que importa em

dizer que grandeza, beleza, profundidade e alegria de viver são sinônimos de coletivo.


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tivismo fundamental que professa (42). A partir de concepções filosóficas muito obscuras, mas cuja influência o percorre de ponta a ponta, o Projet nega os princípios mais fundamentais da ordem natural (como a diferenciação entre a missão do homem e a da mulher, a familia, a autoridade marital, o pátrio-poder, o princípio da autoridade em todos os níveis e em todos os campos, a propriedade individual, a sucessão hereditária). O Projet visa reconstruir - a bem dizer em pé de guerra contra a obra do Criador - uma sociedade humana ao revés da natureza que Deus criou para o homem. Tudo isso pressupõe que a natureza, postulada pelo PS como indefinidamente maleável, pode ser modelada pelo homem como ele entenda. O que faz pensar no sistema evolucionista.

espíritos, será o de todas as nações do mundo até o fim dos tempos - à vista de que, ante eleições aptas a abrir o caminho do Poder aos mentores e propulsores do PS, a Conferência Episcopal Francesa não tenha tido uma só palavra d~ advertência sobre o perigo que o país assim corria. E com ele a Igreja, bem como os escombros ainda vivos da Cristandade. Pelo contrário, nas duas declarações que então divulgou (10 de fevereiro e 1. 0 de junho p.p.), o Conselho Permanente do Episcopado francês manifestou sua neutralidade ante os vários candidatos, afirmando não "querer pesar sobre as decisões pessoais" dos católicos franceses e fazendo um apelo para que a campanha eleitoral fosse vivida "no respeito dos

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ximo de nossa sociedade", fazia-o "não para apoiar um grupo. ou se opor .a quem . quer que ,.,,, se1a, mas para atrair a atençao homens e dos grupos, inclusive sobre os valores essenciais da os adversários" (Nota do dia 10 vida pessoal e comunitária dos de fevereiro de 1981) (43). homens". Com tal procedimen-

Na declaração do dia 1.0 de junho, ''por ocasião das eleições 3. O Episcopado legislativas", os Bispos assinafrancês ante o PS laram que "é próprio de uma sociedade democrática" escolher entre projetos e programas Feitas estas considerações, que "se proclamam e se ocomo católicos não podemos põem". Assim, a Igreja Catócalar nosso assombro - que, lica, ~o apresentar "sua própria passada a atual confusão dos reflexão sobre o futuro pró-

to, pretendiam os Bispos contribuir ''para a dignidade e a generosidade do debate" (44). Tal atitude é coerente com o documento Pour une pratique chrétienne de la politique, aprovado pela quase unanimidade dos Bispos em Lourdes, em 1972 (cfr. Politique, Eglise et Foi, Le Centurion, Lourdes,

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42.

"Todo o movimento da ciência .... se inscreve num permanente questionamento dos postulados da fase precedente" (Projet, p. 135). "A nosso ver, não pode existir um saber constitufdo de uma vez por todas. O conhecimento, porque implica em uma retificação e mesmo em uma reconstrução permanente da realidade, tal como nós nô-la representamos, não pode jamais dizer-se acabado e deve ser constantemente questionado" (Projet , pp. 136-137).

43.

Esta posição de esquiva neutralidade face às eleiç9es foi enfaticamente reafirmada · por Mgr. JeanMarie Lustiger, novo Arcebispo de Paris, a propósito de umá carta-~berta da JEC ao Prelado, publicada em "Le

36

Monde" (10 e 11-5-81), na qual aquele organismo da Ação Católica lhe pedia que confirmasse ou desmentisse as versões que corriam, segundo as quais ele teria pessoalmente tomado posição em favor do presidente cujo mandato terminava·. Em suas declarações, o Arcebispo manifesta o seu espant,;> diante da notícia, a qual desmente de modo formal, e se solidariza com a posição coletiva do Episcopado (cfr. "La Croix", 12-5-81). No contexto destas declarações, soam como insuficientes algumas vagas promessas de ação combativa feitas por Mgr. Jean Honoré, Bispo de Evreux e Presidente da Comissão Episcopal do Mundo Escolar, no sentido de que a escola católica não constitui para a Igreja "a prioridade das prio-

ridades". Os Bispos desejam reservar sua palavra ''para o dia em que a escola católica corra perigo" ("Informations

Catholiques lnternationales", n. 0 563, junho de 198 1).

44. A fim de não alongar o presente trabalho, não são reproduzidos aqui os referidos pronunciamentos do Episcopado francês sobre as recentes eleições presidenciais e legislativas. Entretanto, os leitores que desejarem obtê-los podem escrever para o endereço indicado na última capa. Mediante a remessa de Cr$ 150,00, o reembolso das despesas postais, ser-lhesá enviado o texto integral dos documentos, transcritos respectivamente de "La Documentation Catholique", n.0 1803, de 1-3-81, p. 248, e de "Le


?_:,,-:· _ il Gio~aj.e- :o;.,;;~ • - -··· - --=-~

1981 : Bispos franceses com o Cardeal Gantin (centro) em Lourdes. - Há 1 O ~~ i::!'."!"

anos a doutrina socialista vem penetrando impunemente no rebanho confiado pelo Espírito Santo aos Prelados da França

1972, pp. 75-110). Nesse documento os Prelados constatam que "os católicos franceses cobrem hoje todo o leque do tabuleiro [sic]político" (op. cit., p. 80), ou seja, também o PS e o PC. Ante esse fato monumental, os Bispos afirmam simplesmente a legitimidade do pluralismo e comentam com evidente simpatia o engajamento de "numerosos cristãos" no "movimento coletivo de libertação" animado pela luta de classes de inspiração marxista, a qual não condenam em termos definidos (45).

Monde", de 3-6-81, acompanhados de uma tradução para o português. (/l

45. No citado documento, dizem

~

os Bispos franceses: "' "Nosso ministério pastoral nos faz ; testemunhas do imperativo evangélico ~ que anima numerosos cristios, em .3 todos os meios sociais, e da esperança . _ . . _ . que os conduz quando participam D . ~ean-Mane ~ust1ger, n?vo Arceb1~po de_Paris, reafirmou ~nfat1camente a · e to colet· 0 de rbertaposição de esquiva nel!trah_dade da H1erarqu1a em face das eleições francesas. I nesse . movam n IV adormecendo as consc1ênc1as çio, Jun1o com aqueles com quem sao ou de quem se sentem solidários em sua vida de todos "s dias. Os Bispos da "Hoje um fato novo irrompe na termos de 'luta de classes' ajudou Comissão do Mundo Operário, entre atualidade. Cristios de diversos meios muitos militantes a delimitarem com outros, exprimiram-no no documento - operários, trabalhadores rurais, in- mais precisio os mecanismos estrude trabalho em que nos dão conta da telectuais - exprimem o que eles turais das injustiças e das desigualprimeira fase de suas conversações vivem com um vocabulário de 'luta de dades. É preciso também constatar com operários que fizeram a opçio classes'. .. .. que, fazendo assim, eles mais ou menos É evidente que esta análise em tomam como referência instrumentos socialista" (op. cit., p. 88). N

37


= = = ~AtoJLnCl§MO Diante des!es precedentes, já não causa maior estranheza o fato - de si também assombroso - de que a doutrina socialista há cerca de dez anos venha penetrando impunemente no rebanho confiado pelo Espírito Santo ao zelo e à vigilância dos Pastores fran-

de 11nlilise marxista da luta de classes. Para que seu desejo ardente de ;ealizar uma sociedade mais justa e mais fraterna não se degrade ao longo do caminho, e até se beneficie dos impulsos positivos do senso evangélico do homem, impõe-s,: um esforço de lucidez e de discernimento" (op. cit., p. 89).

46.

Assim o afirma a conhecida revista "católico-progressista" "lnformations Catholiques Internationales" (n. 0 563, junho de 1981): "Todos estão de acordo: os católicos definidos como praticantes repartiram-se à razão de um quarto a favor de F. Mitterrand e três quartos para V. Giscard. .... O fato de que um católico considerado praticante em cada quatro tenha votado em F. Mitterrand é de uma importância política decisiva: bem mais de um milhão de votos foram engrossar o campo da esquerda; ora, .... teria sido suficiente que a metade desses católicos tivesse votado no presidente cujo mandato terminava para que este fosse reeleito. François Mitterrand deve seu sucesso, entre outras causas, ao movimento que arrastou para a esquerda uma parte dos católicos". Note o leitor que a revista destaca apenas os "católicos praticantes". Caberia perguntar quantos batizados não praticantes, mas que se têm na conta de católicos, poderiam ser influenciados por uma palavra firme e esclarecedora do Episcopado, e recusar assim o seu voto ao candidato socialista. Ao apontar as razões da vitória de Mitterrand, insuspeitos e prestigiosos órgãos de imprensa comentam que o progresso mais significativo da esquerda se deu nas províncias católicas do Oeste, do Leste e do Maciço central (cfr. "La Croix", órgão oficioso da Arquidiocese de Paris, 12-5-81; "L'Express", 5/ 11-5-81 e 12/ 15-5-81; e mesmo "L'Humanité", órgão oficial" do PC, 15-5-81 ). Áaemais, os católicos não se limi-

38

ceses. De forma que a votação dos católicos tresmalhados para o eleitorado socialista colaborou ponderavelmente para a vitória autogestionária nas últimas eleições (46). Considerando esses fatos e tantos outros há no mundo contemporâneo - compreen-

de-se melhor toda a realidade de que a Santa Igreja se encontre hoje, como constatou Paulo VI, num misterioso processo de "autodemolição" (alocução de 7-12-68), e de que nEla haja penetrado, segundo o mesmo Pontífice, a ''fumaça de Satanás" (alocução de 29-6-72).

tam a votar no PS, mas chegam a po conservador. A Igreja, sacudida inscrever-se no Partido - ao que pela primeira revolução francesa, inparece, sem maiores problemas de quieta com os progressos do espírito consciência - como registra com gáu- voltairiano, se tinha colocado ao lado dio o Projet: "O Partido socialista do poder da burguesia, poder de uma sempre pretendeu aglutinar, sem dis- classe social, estreita, egolsta, feroz tinção de crença filosófica ou religiosa, quando preciso .. , ... todos os trabalhadores que fazem do Obscurecido o Cristo, a Igreja cúmsocialismo seu ideal e aceitam seus plice, não havia outra salda senão a princípios. Sio cada vez mais nume- luta, à viva força, para a conquista, rosos pois os cristãos que aderem não aqui e agora, de uma situação que nos somente ao Partido mas às próprias libertasse da escravidão, da miséria e análises socialistas, sem por isso da humilhação. Por uma rampa natumuito pelo contrário - renegarem sua ral, os socialistas aderiram, em sua . . ' . .. fé" (Projet, p. 29). maioria, as teorias que re1e1tavam a O que, aliás, é público e notório na e:,r;p/icação cristã. .... França. A consolidação do racionalismo e a Mas para que não haja dúvida expansão do marxismo acentuaram no quanto ao sentido do verbo "aderem" proletariado a rejeição da Igreja e de na citação acima, Mitterrand, em suas seu ensino. O socialismo, que se tinha "Conversations avec Guy Claisse", constituído sem ela, começou a ser transformadas em livro, assim escla- feito contra ela. Mas também, que rece: silêncio do cristianismo! Que longo "No Partido Socialista, os cató- silêncio! .... Entretanto, pelo fim do licos militantes não são para nós um século, Leão XIII em Roma e entre álibi. Eles aí estão como em sua nós o Sillon deram início à virada. A própria casa. Seu número é grande... primeira guerra mundial apressou a - Entre os militantes de base? evolução. As confraternizações da fren- Sim. Mas também na direção te de batalha, a morte por toda parte, a nacional e nos executivos locais" morte colhendo a todos, a pátria em (FRANÇ01s M1TTERRAND, lei et mainperigo ensinaram a cada um a aceitar tenant - Conversations avec Guy no outro os valores que este acatava, Claisse, Fayard, Paris, 1980, p. 12). embora a versão laica ou religiosa Assim sendo, a omissão do Epis- permanecesse distinta, quando não ancopado no esclarecimento desses cató- tagônica. Do fundo da Igreja e do licos é inteiramente inexplicável. mundo cristão se levantou novamente Cumpre, por fim, observar que essa o apelo inicial. O personalismo de Empermeabilidade de elementos católicos manuel Mounier acabou de conferir ao ao socialismo não é de hoje, mas vem socialismo cristão suas cartas de nodesde meados do século passado, como breza" (op. cit., pp. 14-15). se compraz em historiar o próprio Diante desse panorama histórico Mitterrand , no livro citado; - descrito, aliás, bem à maneira e ao "Minha conduta, desde o primeiro gosto dos socialistas, mas ao qual não dia, foi no sentido de que os cristãos faltam, infelizmente, numerosos elefiéis à sua fé, reconhecessem, em nosso mentos de verdade - seria de esperar Partido, elementos de sua própria fi- que o Episcopado francês imitasse a sionomia, e compreendessem que as têmpera e a coragem de um São múltiplas fontes do socialismo con- Pio X, que na Carta Apostólica Notre fluem para a mesma caudal. Em mea- Charge Apostolique de 25 de agosto de dos do século XI X, exceção feita da 191 O condenou veementemente o movanguarda dos Lamennais, dos Oza- vimento Le Sillon (cfr. Nota 4), objeto nam, dos Lacordaire, dos Arnaud, os de tão reverente recordação de Mitcatólicos franceses pertenciam ao cam- terrand.


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IV Intervenção nos assuntos internos da França? Tanto a eleição de um Chefe liste, a natureza do PS francês, na, e mais especialmente na luta de Estado quanto a dos depu- bem como a inevitável e ampla de classes dos demais países. tados à Câmara Legislativa repercussão da vitória socialista Portanto, uma vez que se asseconstitui, para cada país, um na vida política e cultural dos nhoreou do Poder, é de temer que utilize os recursos do Esassunto interno, e sua liberdade vários povos do Ocidente. de proceder a esses atos sem De fato, o Projet afirma ter tado francês, e da irradiação ingerência do Exterior é um como uma de suas metas, a internacional da França, para elemento fundamental da pró- interferência na política inter- levar a cabo tal propósito (47). pria soberania. Nessas condições, poder-se-ia estranhar que No México, condecorado pelo Presidente Portillo, Mitterrand fez declarações treze associações, sendo doze de categoricamente intervencionistas a respeito de EI Salvador outros países que não a França, se julguem no caso de dar a público em todo o Ocidente uma Mensagem cujo tema essencial é um comentário das recentes eleições francesas. Comentário este, por sua vez, voltado a propiciar a escolha de uma estratégia ante o resultado que elas trouxeram. Mas tal objeção só é concebível da parte de quem ignore o inteiro alcance do Projet socia-

47.

"Nio pode haver um Projeto socialista só para a França. O dilema 'liberdade ou servidio', 'socialismo ou barbárie' ultrapassa as fronteiras de nosso País" (Projet, p. 108). "O Partido Socialista é um partido ao mesmo tempo nacional e internacional" ("Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 50). "O -socialismo é internacional, por , natureza e por vocação" (Projet, p. 126). , "O Partido Socialista adere a Internacional Socialista" (Estatutos do PS, art. 2, "Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 51). "No momento em que a França deixar de se identificar com uma mensagem universal, ela cessará de existir. :,; ., A França é uma aspiração coletiva, QU ~ · •

39


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Lech Walesa

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sociedade autogestionária, na > qual a liberdade do indivíduo til ~ só consiste no uso da palavra e Mitterrand, o Walesa francês? do voto nas assembléias. Assim, o Estado é quem dispõe tudo sobre a sociedade ma, ele nivela, ele preenche os autogestionária. Ele aniquila a lazeres. Em suma, ele se instala familia, e a substitui. Ele outor- na mente do indivíduo. A este ga às moléculas autogestioná- só resta a condição de autôrias o farrapo de direitos que mato, cujos sinais de vida prólhes restará na sociedade, ele pria são tão-só informar-se, diatem o poder ilimitado de legis- logar e votar. Esta trilogia seria lar sobre a autogestão empre- a efetivação concreta da outra: sarial, docente, ou de qualquer "liberdade, igualdade, fraternioutro tipo. Ele ensina. Ele for- dade".

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Quem será o Walesa brasileiro?

Em uma palavra, a sociedade autogestionária tem uma moral, uma filosofia próprias (37), que o trabalhador autômato inalará até mesmo no ar • que respira.

blicas Socialistas Soviéticas, de 7 de O processo de extinção do Estado ora cumpre o Estado em funções outubro de 1977, Editorial Progreso, não pode ser acelerado por nenhuma sociais; 3) a incorporação de todos os Moscou, 1980, p. 5). espécie de medidas artificiais. O Es- cidadãos nas funções de direção dos Nesse ponto não há, pois, diver- tado não será abolido por ninguém, assuntos públicos e o desaparecimento gência doutrinária entre comunistas e mas irá se extinguindo paulatinamen- da necessidade de órgãos do poder socialistas. Esta só aparece no modo te à medida que o poder político deixe político. como uns e outros concebem o desa- de ser necessário. Isso será possível Quando se apagar toda espécie de parecimento do Estado. quando o Estado socialista cumpra sua marcas da divisão da sociedade em O Instituto de Filosofia da Aca- missão histórica. Mas isto exige, ao classes, quando o comunismo triunfar demia de Ciências da Rússia soviética mesmo tempo, o fortalecimento do definitivamente e saírem da cena as assim define o papel do Estado no poder político. De onde não se poder /orças do mundo velho que se opõem período de transição rumo à socie- contrapõr, de um lado, a solicitude por ao comunismo, desaparecerá também dade autogestionária: fortalecer o Estado socialista, e, de a necessidade do Estado. A sociedade "O desenvolvimento da democra- outro lado, as perspectivas de sua já não necessitará de destaéamentos cia socialista fortalece o poder do extinção: ambas as coisas são como as especiais de homens armados para Estado e, ao mesmo tempo, prepara as duas. faces de uma mesma moeda. garantir a ordem social e a disciplina. condições de sua extinção, e, a par O problema da extinção do Estado. Então, como disse F.ngels, a máquina disso, a passagem a um regime social concebido dialeticamente, é o proble- do Estado poderá ser depositada no en:, que a sociedade possa dirigir-se ma da transformação do Estado so- museu de antiguidades junto com a sem necessidade de um aparelho polí- cialista em autogestão comunista da roca e o machado de bronze" (A CAtico, sem a coerção estatal. .... sociedade. No comunismo subsistirão DEM IA DE C1tNCIAS DA URSS Ora, exortar ao mais rápido desa- algumas Junções análogas às que cum- INSTITUTO DE FILOSOFIA, Fundamentos parecimento do Estado sob o pretexto pre hoje o Estado, mas o seu caráter e de la Fisolofía Marxista, Redação de combater o burocratismo e pro- as formas de seu exercício não serão os geral de F. V. KoNSTANT1Nov, Editorial clamar, por seu turno. a necessidade de mesmos que na etapa atual de desen- Grijalbo, México, 2.ª ed., 1965, pp. renunciar ao poder estatal, equivale, volvimento. 538-539). nas condições do socialismo, quando A extinção do Estado significa: ainda existe o mundo capitalista (e, o 1) o desaparecimento da necessidade 37. "Não é possível aderir ao que é mais grave, no período de de coerção estatal, bem como dos socialismo sem uma certa visão do transição ao socialismo), a desarmar os órgãos que a empregam; 2) a trans- homem, do que ele quer, do que ele trabalhadores face a seu inimigo de formação das funções organizativas, pode, do que ele deve, de seus direitos e classe. econômicas e educativo-culturais que de suas '!ecessidades" (Projet , p. 10).

33


Glorioso porvir da França se~ doSãoPioX É-nos grato encerrar estas considerações pedindo a Nossa Senhora, Medianeira Universal das Graças, que torne confirmadas pelos fatos as palavras, com ressonâncias proféticas, do santo e inexcedível Pontífice São Pio X, concernentes à França: "Dia virá, e esperamos que não esteja muito distante, em que a França, como Saulo no caminho de Damasco, será envolta por uma luz celeste e ouvirá uma voz que lhe dirá novamente: 'Minha filha, por que me persegues?' E à resposta: 'Quem és tu, Senhor?', a voz replicará: 'Sou Jesus, a Quem persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te arruínas a ti mesma'. E ela, trêmula e atônita, dirá: 'Senhor, que queres que eu faça?' E Ele: 'Levanta-te, lava as manchas que te desfiguraram, desperta em teu seio os sentimentos adormecidos e o pacto da nossa aliança, e vai, filha primogênito da Igreja, nação predestinada, vaso de eleição, vai levar, como no passado, meu nome diante de todos os povos e de todos os reis da terra" (Alocução consistorial Vi ringrazio de 29 de novembro de 1911, Acta Apostilicae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, Roma, 1911 , p. 657). "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará", prometeu Nossa Senhora em Fátima. E o que Lhe pedimos para a França e para o mundo.

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1

São Pio X

No 64.0 aniversário da última Aparição de Nossa Senhora em Fátima. São Paulo, 13 de outubro de 1981.

Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade American Society for the Defense of Tradition, Family and Property Association Française pour la Défense de la Tradition, de la Familie et de la Propriété Centro Cultural Reconquista (Portugal) J óvenes Bolivianos pro Civilización Cristiana Sociedad Argentina de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Chilena de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Colombiana de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Cultural Covadonga (Espanha) Sociedad Ecuatoriana de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Uruguaya de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Venezolana de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Young Canadians for a Ch.ristian Civilization


REVOLUÇÃO FRANCESA, em I fms do século XVI/L os sismos I revolucionários de 1848, a ComuI na de Paris em 1871, a explosão ideológica e temperamental da Sorbonne em 1968 foram marcos importantes da His, tória da França. E também da História ' de todo o Ocidente. / Com efeito, esses movimentos, cada qual à sua maneira e em suas proporções especificas, deram expressão internacional a aspirações e doutrinas - nascidas algumas na França e outras alhures - mas que nesse país haviam f ermentado com uma carga de comunicatividade toda peculiar. Os acontecimentos históricos assim gerados na França encontraram e puseram em movimento, no espírito dos vários povos do Ocidente, aspirações, tendências e ideologias cujo surto marcou a evolução psicológica, cultural, política e sócio-econômica deles nos séculos seguintes. O mesmo vai ocorrendo com a "revoI lução" incruenta, mas nem por isso menos profunda, que a vitória eleitoral do PS nas eleifÕes de 1O de maio do ano Plinio Corrêa de Oliveira passado - e a conseqüente ascensão de Presidente do Conselho Nacional Mitterrand à Presidência da República da Sociedade Brasileira de Defesa começa a desdobrar em série. As crises da Tradição, Família e Propriedade que afetam (em medida aliás desigual) os regimes comunista e capitalista desperPL1mo CoRR~A DE OLIVEIRA nasceu em São Paulo em 1908. tam no mundo inteiro tendências e movi- Diplomado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, mentos que se gabam de especialmente destacou-se desde a juventude como orador, conferencista e jornamodernos e crêem encontrar no socia- lista católico. Um dos fundadores da Liga Eleitoral Católica, foi o lismo autogestionário, agora instalado no deputado mais votado no País para a Assembléia Constituinte federal poder em Paris, a expressão clara, concisa de 1934. Professor de História da Civilização no C. Universitário da e vitoriosa de tudo ou quase tudo quanto Universidade de São Paulo, bem como de História Moderna e pensam e desejam. O que, naturalmente, Contemporânea nas Faculdades São Bento e Sedes Sapientiae da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi Presidente da os vai pondo em marcha rumo à con- Junta da Ação Católica de São Paulo e diretor do quista de análogos êxitos nos respectivos órgão Arquidiocesana católico "Legionário". Colaborador destacado do mensário países. Isto para proveito e gáudio, note- "Catolicismo", escreve também para a "Folha de S. Paulo" desde 1968. se, do comunismo internacional, do qual Principais obras: Em Defesa da Ação Católica, Revolução e o socialismo autogestionário é apenas Contra-Revolução, Reforma Agrária - Questão de Consciência (em caudatário e "companheiro de viagem". colaboração com outros autores), A cordo com o regime comunista: Dando esta Mensagem ao conheci- p ara a Igreja, ·esperança ou autodemolição?, Baldeação ideológica mento do público brasileiro, a SOCIEDADE inadvertida e diálogo, A Igrej a ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos silenciosos, Tribalismo indígena, ideal comunoBRASILETRA DE D EFESA DA T RADIÇÃO, FAmissionário para o Brasil no século XXI e Sou Católico: posso ser MILIA E PROPRIEDADE tem a certeza de abordar um tema capaz de afetar af undo, contra a Reforma Agrária? Em 1960, fundou a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, nos próximos anos, o futuro de nosso país. FAM lLIA E P ROPRIEDADE - TFP. e tem sido, desde então, Presidente Firmada pelas entidades - autôno- do Cons~lho Nacional da entidade. Inspiradas em Revolução e mas e coirmãs - que constituem a grande Contra-Revolução e em outras obras do Prof. Plínio Corrêa de famz1ia das TFPs em treze países, esta Oliveira, TFPs e associações congêneres se desenvolveram igualmente Mensagem é da lavra do Professor em doze países das Américas e da Europa.

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N.0 375 -

AS TFPs de treze nações dó .Oddente estavam cxupadas, em (everéiro último, com o atendimento depedii:IÔS·· telefônicos, pessoais ou por via postal, relacionados com a repercu~o mundial da Mensagem O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte?, além do trabalho de difusão do luminoso Comunicado Na França: o punho estrangulando a rosa, de autoria do Prof. Plínio Corr~ de Olivei!a, quando no Brasil a revista "Manchete" publicou inusitada reportage.m .,Nela aparecem fotos de du~ pessoas, de costas, em local não identificável, praticando tiro ao alvo'contra uma fotografia de S.S. João Paulo JI.. Sem nenhum tipo de prova, a pub)~ção lançou a grave acusação dé <i.ue se tratava de elementos da TFP. . . Essa entidade desmentiu energicamente, em nota do seu Serviço d,e Imprensa, a mencionada rewrfagemíiction. D ias depois, entretanto, D. Eugênio Sales, Cardeal Arcebispo do Rio de J aneiro, através de nota oficial da Cúria Arquidicxesana, censurou o ato atribuído à TFP. A partir daí desenrolou-se uma série de réplicas e tréplicas, que "Catolicismo" julga neces.~ário levar ao conhecimento de seus leitores. A sucessão dos fatos que constituem tão insólito episódio está descrita nos próprios comunicados da TFP aqui transcritos, razão pela qual nos dispensamos de explicações mais por-

pai:a;:-·o público brasileiro, que de s~liêjo cónhece->l!-_..~tuação ordeira da ~y; n.ell),~ f~tl\Slo.saJt,portagcm de " ~a,;ic~ete , 11em q.est(anho~val que a ela d ÍÍ o Sr,. Çarj!eàl ~es; podem causar q~que~ imp~p. . Entr~ta'!to, des~~ch,?S e!~ agê'?c,as de noticias mternac1on is ififunihram

.

menori1,adas.

CERCA de recente reponagem sobre a TFP, publicada pela revista carioca ºManchete", a Ctiria Arquidiocesana do Rio de Janeiro distribuiu, através de sua Assessoria de Imprensa, nota oficial "de

ordem do Emmo. Sr. Cardeal-Arcebispo" censurando o ato - atribuído

por aquela revista à TFP - de exercício de tiro tendo por alvo uma fotograíia do Papa João Paulo li.

Março de 1982 -

A no XXXII

Diretor: P a ulo Corrêa de Brito F ilho

resumos .,_(ja reportagem:fiction .' de percussão _ainda ma~~ ampla .• ,~ b c "Manchete" para todo o mundo. E já pesa,1 qui: mstcumcnto de polcm1ca vários jorna:i:s do Exterior a p11b.lica- de primeira.:ord.e"1 para a imprensa\ ram, por exemplo c:n Bruxelas, Paris, ,cr)ptocomuni'sta., socialista e comu- · Valência e Buenos Aires. n_ista, um edita\ oficia( cm que um Tudo leva a crer que, por sµa vei, Cardeal pa;ece fázer· suas as acusaa, nota oíicial publicada pÓr oré!em ções lai)çadas contra uma entidade,. do $e. -~~deal Sales teQha uma re- como a TF'P! '

.. ' É a ,s~gJjnte .a rli1egr;,_'ti da·carta vés de importantes órgãos da im(os ,destaques em neg,~tlo ,são do prensa, désmentira a .TFP cate&oricamente,essa reporlágem (cfr. "UltiServiço de Imprensa '<la llilff): ma ·Hora" do dia 19 de fevereiro e

"Senhor Cardeal. -Gom meus atenciosos cumprimentos, ,passo a exp<>r o. que se~e~ t\ pu~licação,e~!IIU!J!Crososjornais, do, teitto de-um,Bdital da Cúria ,Âr,guidi?CCS3/lªAc!o de J~_neiro, conctrneQte a exerclcfos de tiro ao âlyo que t~ril!,m si!f.ó p,i:aticados por elementos da TFP contra a foto~ra(,a de S.S. João eaulo II, vem ca.~ do mlfgoa, est~a11heza,.~ jn. conformidade aos sócios, cooperadores e simpatizantés · da entidade em todo o território naciOQa)! · Com efeito, esse Edital, publicado "da parte do Emino. Ca{dealArccbispo". parece adm'itir a aíirmação, feita em recente rcponagcm da revista "Manchete" (edição de 27-2-82), de que seria efetivamente praticada em nossas íilciras uma ação que, vista de um ângulo seria sacrílega, e de outro ângulo, pesadamente burlesca. A menos que tenha ocorrido algum lapso na redação do Edital, é forçoso notar a este propósito que: J. "Manchete" não publica qualquer P.rova do que a rcpoQagcm noticia. A foto de. dois indivíduos . ' a fotografia do de costas, alveJando Santo Padre, foifeita em condições que não permitem a identificaçio deles, nem do local em que se encontram; ·' 2. Já anteriormente. ao Edital d a Cúria do Rio de Janeiro (cfr. "Jornal do Brasil", 27-2-82), e atra-

-~º

.

"Folha de,S. Paulo." do dia seguinte, te-xtos ,anexos)(*). Não se vê porque a Cííria do Rio haveria de lhe recuSlµ' cr,édito; ,3. Ao aceitar co.m o verídica essa acusa\jão, o Edital dá•Cúria Arquí~ diõcesarià do Rio de Janeiro se pronuncia tend~ oilvido a "~anchete", e n.ã o a TFfi, com inteira transgressão do prjneipio (undamcntal do Direito Romano: "audiaturet allera pars" (seja ouvida também a outra pane,; 4. Aliás, ~inha a Ctiria os elementos necessários para ajui1.ar de quanto ·o longQ e adamantino passado da TFP fala contra a reportagem da "Manchete", eois esta entidâde enviou a V. Emc1a. em 28 de julho de 19800 livro "Meio século de epopéia anticomunista", compêndio de sua própria His.tória; e de V. Emcia. recebeu uma Q:Sposta conês: ·como pede explicitamente, examinei a obra que teve delicadeza de me enviar..... A distância que nos separa não impede, entretanto, de respeitar suas intenções. Divirjo de suas posições, mas respeito-as". Permito-me ponderar ainda que, abrindo-se às afirmações dessa reportagem, o Edital da Cúria parece benevolamente conceder credibilidade também às dem_ais imputaç/>es

a

(') N. R.: Esse dc:smcntido. $ob 1iluto "TFP tsclor<'tt... cs1á reprodu1jdo na Ultima

J)âgina da pJ'(.'Sentc edição.

da reportagem.contra a TFP. E. por conexão, en volve em tal credibb lidade as imputações igualm'ente injustas que sãp -feitas , ' .e graves .• ,..,, extensamente, na mesma reporta.. · gem, contra a honorabilidade pessoal do ílibado e culto Bispo D. An' tonio de Castro Mayer, e •ponderâvel parcela do Clero diocesano de Campos'. Tendo urgente necessidade de defender ante o público a reputação da TFP cm emergência tão delicada, expresso minha esperança de receber de V. Emcia., ainda antes de me dirigir aos jornais, µma informação qu~ d,,sfaça o (lue não seja talvc1. - q ueira-o Deus - SCJlão mero equ ivoco. t esse pronunciamento, claro e tranqUilizador, que peço a V. Emcia., com a maior urgência, premido que, sou pela necessidade de entrc~ar algo aos jornais, já na terça-feira cedo, acerca da atitude da TFP ante o Edital aludido. Necessidade evidente, Sr. Cardeal, tomando em conta que há circunstâncias nas quais quem retarda, por pouco que seja. uma explicação, parece inseguro cm seu direito. Aqui se aplica, por extensão, outro princípio do Direito Romano,: '"gui tacet consentire vidctur" (quem calá parece consentir). Certo de que V. Emcia. comP,recndcrâ a justiça deste pedido, âpresento-lhe meus atenciosos cumprimentos e peço, para a TFP e para mim, suas valiosas orações e bênçãos.

Plinio Corrêa de Oliveira P residente do ConseUto'Nacional,,

O edital da Ctiria do Rio de Janeiro intercorrerá como fator de desorientação da opinião pública, desviando para acusações contra a TFP parte ,d as atenções voltadas até aqui para o,, silênêj,o confrangedor cm que .se v,nham mantendo os expoentes soc1alis1ás âutog'estion~rios ante a publica.ç ão da já histórica Mensagem das treze TFPs (cfr. "Folha de S. Paulo" e "Última Hora" do Rio de Janeiro de 8-1-82). ~ o que - prescindindo embora, respeitosamente, de qualquer indagaçãp de intenções - se deve constatar. Isto ponderado, o Prof. Plinio Corrêa 'de Oliveira, Presidente do Conselho Na.cional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP - decidiu enviar anteontem. domingo, ao Emmo. Cardeal Salés, carta em que ihe pede con;i reverente empenho, que procure prevenir, pela maneira que lhe fosse mais convenic.nte, os efeitos do que acabava de ser publicado pela Cúria do Rio. Mas, ao mesmo tempo, rogava permissã,o para ponderar que, a não receber de S. Emcia., até terçafeira pela manhã, uma palavra explicativa. a TFP se veria obrigada a defender por si mesma, através dos jornais, as~ própria reputação. Acarta ao Cardeal Sales, datada de 28 de fevereiro, fôi ·fevada em mãos ao Rio, e entregue no mesmo dia, na résidência do alto Prelado, às 21 , 15 horas. Como hoje, até as 15 horas, os plantões colocados nas sedes da TF P em São Paulo e na residência pessoal do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira não houvessem recebido qualquer comunicação, a TFP se vê na contingência de tomar pos.ição ante a nota da Cúria do Rio. Para isto, nada mais direto, elucidativo e documentário do que publicar a própria cana do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao Emmo. Sr. Cardeal D. Eugênio Sales. Essa missiva será igualmente dis, tribuída às agências noticiosas internacionais com sede no Rio e em São -Paulo. São• Paulo, 2 de março de 1982

Cardeal responde inas nao explica AI

SOBRE AS RECENTES e fantas iosas acusações de que foi alvoaTFP por parte da revista "Manchete", e a interferência, no assunto, de nota oficial da Ctiria do Rio put,licada "de

orde111 do En1inen1isJ'i1no Senhor Car· deal-Arcebispo", o SérviçÓ 'd.e Im-

prensa daquela entidade divulgou o seguinte comunicado: "Antes de tudo, a enumeração dos fatos sucessivos: A. A edição da revista "Manchete" que circula com a data de27-2-82 pu-

blica uma reportagem contra a TFP; B. Esta última replica em nota de seu Serviço de Imprensa (cfr. "Úlúma Hora" do Rio de Janeiro de 19-2-82 e "Folha de S. Paulo" de 20-2-82); C. Através de nota oíicial da Ctiria, publicada tia impreJ1sa diária no dia -27 dé fe'vcréiro, o Sr. Cardeal D. Eugênio Sáles "repudia'' a atitude atribulpa 'à TFP por "Manchete"; D , No dia 28 de fevereiro é entregue, na residência arquicpiscopal do Sumaré, no Rio de Janeiro, uma cana

do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, ao Sr. Cardeal Sales, pedindo uma palavra explicativa sobre a nota oficial da Cúria do Rio. Na carta. a TFP declara que aguardará resposta de S. Emcia. até terça-feira cedo. Não vindo esta, a sociedade se ju lgará na obrigação de publicar desde logo pela imprensa a sua defesa; E. Passam-se toda a segunda-feira e a manhã de terça-feira sem qualquer resposta do Sr. Cardeal. O Serviço de

Imprensa da TFP entrega, na tarde de terça-feira, à "Folha de S. Paulo", à "Última Hora" do Rio de Janeiro eao "Correio do Povo" de Porto Alegre' um comunicadO;

F. Os três cotidianos publicam o comunicado no dia 3 de ·m arço, qµ!lr· ta-feira; G. No dia seguinte, um jornal inforn,a ter o Purpurado declarado que enviou pelo Correio, na terçafcira, carta ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. S. Emcia. teria asseverado

quç tocava ao destinatário publicá-la se quisesse; H. missiva chega no dia. 4 de março, à tarde. O presente comumcado comenta-a, esclarecendo dever-se a pequena demora que há na presente pubJicação, ao ,fato de estarem todos os serviços administrativos da TFP superlotados ' com o atendimento de pedidos telefôrucos e pessoais procc-

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..

(conclui na última página)

N este número: O movimento pacifista alemão prepara a capitulação da Europa diante da ameaça comunista (p. 2)

Os malefícios da maconha . para a vida psíquica (p. 3 )

Reflexões em ~ torno do lco.~ ~' ne da Virgem 8 de V lad i mir '. i~·-. . ,.~.,._, 1/.~, ,J • •• (p . 7)

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Frinchas no dispositivo de sustentação do governo

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Manifeataç!o pacifista em Bonn (10 de outubro de 1981 ): preparando a hegemonia comunista na Europa

1111,,.

T O MEIO da atual confusão.

O MEIO da atual confusão, em boa medida passa despercebido ao grande público o crescente movimento pacifista em curso na Alemanha, que pode trazer perigo próximo e talvez fatal para o mundo livre. A sensate1. da maioria da população germânica havia impedido até há pouco importantes repercussões do danoso movimento. Entretanto, ele pode ser considerado - mormente com as proporções que alcançou cm virtude das manifestações públicas reali1.adas no segundo semestre do ano passado importante arma na guerra psicológica revolucionária movida pelo comunismo internacional. E$pecialmente nos últimos dois anos os promotores do movimento pacifista encontraram clima propício para intensificá-lo. sobret udo através do conhecido processo de conscienti1,ação. São particularmente eloqüentes em reforço dessa tese informações colhidas em recente artigo de Gerry O'Connell - membro. aliás, da notoriamente esquerdista Anistia Internacional, em Londres, e simpatizante dos movimentos pacifistas - publicado na revista progressista "America", dos jesuítas norte-ameçicanos e canadenses (edição de 3 de outubro de 1981). Basear-me-<:i nessas informações e em dados extraídos da imprensa diária para fundamentar os comentários que faço no presente artigo. Em 1980 houve semanas de estudo de apoio ao pacifismo em 340 cidades alemãs. As jornadas, onde o programa era mais intenso, tornaram-se comuns. Marchas, como a de Hamburgo, que reuniu 80 mil pessoas no dia 21 de junho de 1981, constituem outro aspecto do ingente esforço. Em 10 de outubro, no clímax do frenesi pacifista, 250 mil pessoas tomaram as ruas de Bonn. Manifestações análogas, na mesma ocasião, num bem concertado empenho propagandístico, deram-se nas · mais importantes cidades da Espanha, Inglaterra, Itália, Bélgica e Holanda. Tudo isto ocorreu sob a destra exploração do medo. As manifestações populares sucederam-se simultaneamente com a difusão maciça de boletins e folhetos versando sobre a probabilidade e os horrores do bombardeio atômico.

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Alvo pr6ximo: impedir a instalação dos _foguetes norte-americanos A NATO informou em 1978 que causava preocupação a seus especialisti!S a crescente superioridade soviética na Europa. Com base neste relatório, em dezembro de 1979, em Bruxelas, seus países membros resolveram adotar uma política de equilíbrio preventivo. A Rússia estava instalando foguetes de médio

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alcance com ogivas nucleares -

os

duas vezes neste século. o mero

alcance com ogivas nucleares - os SS-20 - expondo todas as capitais européias à destruição. E ela continua a fazê-lo. Hoje há por volta de 250 novos SS-20. Segundo o Departamento de Estado norte-americano, os russos instalam um novo SS-20 a cada cinco dias. Nisto consistiu a resposta da NATO: a partir de 1983 instalar-seiam na Alemanha, Inglaterra, Itália, Holanda e Bélgica 464 mísseis Cruise e 108 fogueies Pershing li, dotando assim a Aliança Atlântica de instrumento reta liatório. Imediatamente, a Rússia iniciou violenta campanha propagandistica contra o reforço defensivo, na esperança de obstar o plano já nas

duas vezes neste século, o mero anúncio do aumento dos orçamentos militares desencadeou no espírito de muitos estas últimas perspectivas. Atém do mais, a instalação de grande parte dos Cruises e Pershing li em seu territ~rio, torná-lo-ia o mais potente adversário dos soviéticos. E, portanto, seu alvo mais visado. O movimento pacifista aproveitou-se então 'dessas circunstâncias.

"Antes vermelho do que morto" Este lema covarde, tão cm moda nos anos 50. voltou à ordem do dia. Poderosas organizações movimentam-se no intuito de convencer a opinião pública da outrora decidida e aguerrida Alemanha que é preciso ceder e propugnar a paz desarmada, silenciando velhacamente a corrida armamentista soviética. O partido principal da coligação governante, o SPD, sofreu acentuada erosão interna em sua posição de que é necessária a aliança norteamericana e meios eficazes de defesa para a manutenção de uma pa1. honrosa.

Teste do mlssil Psrshing li. destinado à defesa da Europa

primeiras etapas de sua implantação. Pouco depois da decisão da NATO, o vacilante Jimmy Carter foi fragorosamente derrotado pelo atual Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. cuja plataforma eleitoral incluía enérgico programa de rearmamento. Esvaneceu-se a esperança de que a reeleição de Carter traria as costumeiras hesitações, recuos e adiamentos, sinais distintivos do antigo mandatário norte-americano. Da nova administração· cm Washington - era o sentir c'omum dos europeus - partiria orientaçã.o inequívoca: os russos não poderiam conservar a superioridade e esta meta seria levada adiante, custasse o que custasse. Em vista de tal clima, as tensões cresceram, principalmente na Alemanha, primeiro cam110 de batalha numa eventual invasãÕ soviética. O povo alemão julgou perceber pairar sobre o país as nuvens plúmbeas da guerra. Habituado a longa tradição militar, com seu território devastado

Um olhar retrospectivo na história dessa agremiação política ajudará a compreender sua metamorfose e o desli1.amento rumo ao neutralismo. O SPD, já no século passado, era marxista, partidário exaltado da luta de classes e pro. pugnador do mais crasso igualitarismo social. Após a revo lução bolc hevista. dele se destacou · nutrida corrente para fundar o· Partido Comunista AlemãC:! Nele continuaram fortes correntes marxistas que consideravam com simpatia o comunismo russo, embora manifestassem reservas quanto à metodologia empregada para a consecução dos fins que reconheciam idênticos. Com o "milagre" econômico alemão do pósguerra, ocorrendo simu ltaneamente aos regimes de tirania e miséria existentes atrás da cortina de ferro, tornou-se insustentável a posição dó SPD de defender as mesmas metas dos soviéticos, admitir o mesmo fundamento doutrinário e discrepar apenas nos métodos. Caso desejasse vir a ser partido de densa expressão eleitora l e aspirasse ao governo a curto prazo, deveria mudar. E o fe2.. Em 1959, no Congresso de Godesberg, oeidentali1.ou-se, vestiu fatiota no va, abandonou a atitude proletária que denunciava ressaibos de comunismo. E, com sua nova imagem, disputou com êxito as eleições e galgou o poder. De início, em 1966 com a CDU-CSU e, em 1969, já como partido principal da coligação, em aliança com o FDP (Partido Liberal). Entretanto, no correr destes últimos anos. o refluxo marxista in'tcrno cessou, inverteu-se o curso e cresceu a importância da esquerda extremada dentro do SPD.

Na polêmica sobre a instalação das armas norte-americanas, aquela ala do partido fez ouvir sua voz - e de modo estridente. Houve protestos em sua nutrida bancada no Bundes1ag, onde 58 membros assinaram moção apoiando as manifestações de 10 de outubro em Bonn. Helmut Schmidt considerou tal documento "declaração de guerra" contra sua política. A Juventude Socialista (250.000 membros), em seu congresso realizado em julho do ano passado, votou contra a instalação dos Cruise e Pershing li em território teuto. O antigo ministro Erhard Eppler, membro da diretoria do partido, juntou-se aos pacifistas. Heinrich Albertz, ex-prefeito de Berlim, fez o mesmo. E, de muito maior significação, o atual presidente do SPD e da Internacional Socialista, ex-ehanceler federal Willy Brandt, certamente sentindo ventos quiçá majoritários e ntre os delegados do partido, ofereceu-se como corifeu da corrente pacifista ao expressa r seu desacordo com a atual política do chanceler Helmut Schmidt, favorável à colocação dos foguetes norte-americanos na Alemanha Ocidental. Willy Brandt ao tomar tal posição certamente pensou no congresso partidário de abril de 1982, quando a questão será submetida aos delegados da organização. Se for derrotada a posição do governo Schmidt, tornar-se-á forçoso seu pedido de demissão. Neste caso. é bem provável a volta de Wilty Brandt à chefia do governo, no bojo de uma politica de forte coloração neutralista, com a subseqüente derrota do plano da NATO. Pois, fracassado na Alemanha, é muito difícil que sobreviva na Bélgica, Holanda, Itália e - quem sabe? - até mesmo na Inglaterra. O criador da Os1poli1ik daria nessa hipótese, seqüência lógica à sua politica e inauguraria tratativas com os russos em notória situação de inferioridade, agravada pela presumivel má-vontade norte-americana, provocada pela eventual rejeição de sua intenção de instalar os foguetes em território alemão. Também o parceiro do SPD no governo. o Partido Liberal (FDP), sofre os efeitos do movimento pacifista. Embora mais conservador que o SPD e considerado o freio na coligação, em seu mais recente congresso, um terç-0 dos delegados desaprovou a posição oficial de Bonn. E a juventude do partido igualmente manifestou sua desaprovação.

Apoio extraparlamentar ao movimento pacifista A batalha pela opinião pública, levada a cabo sobretudo pela exploração intensa do medo, fora de sua frente parlamentar, é conduzida por líderes religiosos. dirigentes sindicais, figuras do movimento ecológico e politicos do Partido Comunista . "Der Spiegel" ( 15-6-81), o importante semanário germânico, assim descreve essa conjugação de esforços: "Traia-se de u,na aliança colorida. Te,11os 11ela os a1ivis1as con11111is1as que condenam os fogueies 11or1e-americanos, ,11asj11s1iflcam os da União Soviélica. Figuram 1ombém os maoís1as que condenam

ambos. Par1icipam dela os sacerdo1es que se baseiam em Gandhi e Marlin Lu1her King, e igualmenre os a1iradores de pedras na. poUcia". O chancelér Schmidt, pressionado pela argumentação de ordem religiosa, retrucou apressadamente que recusava acreditar "ser o Sermão da Mon1anha um programa de ação para poli1icos". E concluiu: "Se não nos armarrnos 1erminon1os co-

mo o Afeganistão". Líderes pacifistas responderam afirmando ser preferível, neste caso, a posição da Polônia. Para não sofrer a agressão russa, aceita-se o comunismo -e depois se faz a oposição de dentro.

As reservas do pClblico O que estorva o movimento pacifista? Fundadas reservas na mentalidade popular, de difícil remoção. Esta é a razão principal. Os russos participam da campanha como também o PC alemão. Um partido pacifista fundado em 1960, a União Alemã da Paz, fundiu-se em 1969 com o Partido Comunista. Possuíam, como se vê, análogo programa. Os suspeitos ecologistas igualmente se declararam contra os foguetes norte-americanos. "Dize-me com quem andas e dir1e-ei q11e111 és". O interesse por demais evidente dos soviéticos na vitória do movimento pacifista induz à cautela mesmo aqueles. por te~peramento, tendentes ao otimismo. Se, apesar das restrições generalizadas existentes em correntes de opinião bem orientadas, tal tendência triunfar no Congresso do SPD que se realizará em abril próximo, resta ainda tênue possibilidade: o Partido Liberal mudar de parceiro. Traria então a CDU-CSU ao poder. Sabe-se. em abono dessa hipótese, que há descontentamento nas fileiras tiberais, .temerosas com a esquerdização acentuada do SPD. Neste caso, a posição suicida dos partidários da "defesa se111 annas" será derrotada. O legitimo e explicável amor pela paz não pode transformar-se cm pre texto para a demobilização e virtual rendição. raciocinam com acerto os alemães de boa orientação. "Si vis pacem. para bel/um" (Se queres a paz. prepara-te para a guerra). O d itado latino é especialmente verdadeiro para quem vive ao lado de vizinho agre.ssivo e bem armado.

Conseqüências no plano mundial A recente ascensão do socialismo aos governos da França e Grécia e o possível distanciamento da Alemanha da aliança ocidental mudarão, cm profundidade, o quadro mundial. Os Estados Unidos poderão tornar-se indesejáveis no continente europeu. Nunca foi tão forte a pressão antinorte-americana. Resta esperar para ver o eco que tal propaganda encontrará junto às camadas decisivas do Velho Continente. Na Alemanha, o congresso de abril do S PD será teste sintomático. Caso os delegados ~o partido sintam suficiente apoio popu lar, são poucas as possibilidades de que não entrem com rapidez na via neu tralista.

Péricles Capanema

Lenç,a dos de bom protegida, baMs inttaladat além doa Urais. os mftseia tovkStlcot podem atingir toda a Europa. Ot norte-americano,. com bases na Ai&i;nanha taCU· dida por agltaçõe, pacifista,. mal atingem a parte ocidental da Rú1.11a.

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CATOLICIS MO -

Março de 1982


Maconha: inócua para a vida psíquica? M ARTIGO anterior, "Uso crescente de tóxicos: falsa solução para a fome de Deus" ("Catolicismo" n. 0 372, dezembro de 1981), tivemos oportunidade de tecer algumas considerações sobre o aumento do consumo de tóxicos no Brasil, especialmente nos meios escolares. Em particular, abordamos os efeitos nocivos da maconha sobre o funcionamento normal de alguns órgãos e sistemas do corpo humano. Por falta de espaço deixamos para outra ocasião a explanação das conseqüências do uso daquela droga na esfera psíquica. ~ o que faremos no presente artigo baseando-nos, como no anterior, no opúsculo do Prof. José Elias Murad, "Maconha Conceitos atuais sobre suas ações orgânicas, psíquicas e tóxicas", e também em artigos de sua autoria publicados na imprensa diária de Belo Horizonte.

E

Consiste ela, geralmente, na perda da ambição, na ausência de objetivos e na falta de desejo de realizar as coisas. Ou seja, um comprometimento sério da vontade, uma das potências da alma. Os usuários tendem a viver aquele momento, aquele instante e parecem não ligar muito para as conseqüências de suas ações, rejeitando os valores usuais de nossa sociedade e de nossa cultura. Deixam de cuidar da aparência pessoal, da higiene, do modo de se vestir; não se interessam mais pelos estudos. Vemos, portanto, que a maconha age como fator poderoso na "hippificação" da sociedade capitalista ocidental, de modo a lançá-la diretamente da 4.• Revolução anárquica, sern passar pela etapa do comunismo estatal (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revolução e Contra-Revolução vinte anos depois", A VANTAGEM ot< NACONttA

Realmente, é ao abalar o psiquismo normal do homem que a maconha manifesta sua ação mais nociva. Farmacologicamente, ela é classificada entre os alucinógenos, ou seja, drogas capazes de produzir alucinações e delírios. Entretanto, a nocividade da maconha para a mente humana não se restringe a esses fenômenos mais agudos e menos freqüentes. É certo que a reação intensa de pânico e a ansiedade são geralmente os efeitos mais evidentes que se encontram nos usuários habituais da droga. Contudo, formas atenuadas de distúrbios psíquicos podem ser constatadas mais comumente. Dificuldades de memória, alterações na percepção do tempo e do espaço, desempenho prejudicado cm grande variedade de tarefas, diminuição da capacidade intelectual com perda do interesse pelo trabalho e por outras atividades convencionais, inclusive pelos estudos, são algumas das conseqüências do consumo habitual da maconha, confirmadas experimentalmente.

Perigo para os motoristas Devido à ação deletéria da maconha sobre a coordenação psicomotora, torna-se particularmente perigoso alguém tentar dirigir veiculos sob o efeito da droga. A capacidade de perceber as distâncias fica diminuída, os reflexos são mais lentos e a percepção dos estímulos periféricos se encontra comprometida. O motorista pode ter a impressão que um carro à sua frente está a 30 metros de distância quando, na realidade, ele estaria apenas a 3 metros. A lentidão dos reflexos pode afetar ações condicionadas, como frear um carro rapidamente diante de um perigo. A diminuição da coordenação psicomotora compromete o bom manejo da direção e leva a desastres graves. Este perigo torna-se ainda mais subtil devido ao fato de que as dificuldades de percepção e coordenação persistem além do periodo de intoxicação subjetiva. Ou seja, o indivíduo que usou maconha julga já estar livre de seus efeitos quando, na realidade, ainda se encontra sob sua ação. E pode tentar dirigir sem compreender que suas funções psíquicas e seus reflexos ainda não estão normais, embora ele não se sinta mais sob os efeitos da droga. Calculam os especialistas que, atualmente, a maconha ocupa o segundo lugar entre os tóxicos responsáveis por desastres em rodovias, sendo suplantada apenas pelas bebidas alcoólicas.

A "slndrome amotlvaclonal" Particularmente frisante entre as sequelas do consumo da maconha na esfera psíquica, é aquela que o Prof. Murad chama de "síndrome amotivaciona/", termo já ut ilizado em trabalhos cient[ficos sobre a matéria. CATOLICIS MO -

Março de '198 2

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anos de uso, empregam uma quantidade dez vezes maior do que aquela que seria suficiente para provocar colapso em usuário novato. É, portanto, sumamente discutível a afirmação de que a maconha, por não apresentar tolerância, pode ser consumida na mesma quantidade durante muitos anos, sem necessidade de aumentá-la. Na realidade, o uso freqüente e diário da maconha desenvolve tolerância, principalmente em relação aos efeitos psíquicos que ela provoca. Para obter as mesmas sensações agradáveis, o fumante habitual tende a aumentar progressivamente a dose, ou então a utilizar-se de outras drogas psicotrópicas ou alucinógenas mais potentes. Também no que diz respeito à dependência, é principalmente no psiquismo que ela se manifesta. Embora a supressão brusca do uso da

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CARRO, 'flôRMIMAl)O ESTE: CIGARRO

santes tantos vinhos e licores de fabricação esmerada, complemento adequado às refeições mais elaboradas e adorno indispensável ao brilho de toda a vida social. O que de maneira nenhuma se poderia alegar em favor do vicio vulgar, sujo e fétido que é o hábito de fumar maconha.

Mais nociva que o tabaco Quanto à comparação com os efeitos provocados pelo uso do tabaco, pode-se considerar que: a) A maconha provoca tolerância e o tabaco não. O fumante de cigarros geralmente fuma a mesma quantidade por longo tempo, sem necessidade de aumentar a dose. b) Os graves malefícios provocados pelo tabaco, como o enfisema ou o câncer pulmonar, a bronquite crônica obstrutiva etc., aparecem

Tolerãncla e dependência Os defensores da liberação da maconha costumam alegar que ela não _produz tolerância nem dependência. A tolerância consiste em uma resposta cada vez menor do organismo aos estímulos de uma determinada droga, o que obriga o usuário a ir aumentando progressivamente a dose. A dependência fisica da droga existe quando, além da tolerância, estão presentes mais dois fatores: 1) A compulsão pela droga, ou seja, a necessidade de obtê-la de qualquer maneira. 2) A sindrome de abstinência, que consiste no aparecimento de reações orgânicas e psíquicas violentas, causadas pela privação ou pela retirada brusca do tóxico. Estudos recentes mostram não ter base farmacológica a alegação de que a maconha não produz tolerância. Na Inglaterra foi constatado que adolescentes viciados foram aumentando progressivamente a dose para obter os mesmos efeitos. Na Grécia, fumantes de haxixe, que equivale à nossa maconha, com mais de 20

maconha não provoque efeitos físicos apreciáveis sobre o organismo, o desejo de voltar a consumir a droga permanece muito forte, o que caracteriza uma dependência psíquica. Isto sempre ocorre q uando uma pessoa util.iza produtos que lhe trazem "sensações" agradáveis. A lembrança desses efeitos, quando seu organismo já está livre das ações da droga, provoca o desejo de consumir o tóxico novamente. Com a vontade já debilitada pelo uso prévio, dificilmente resistirá a novas tentações para voltar ao vício. E essa dependência psíquica é a mais difícil de tratar ou de eliminar. É errôneo, portanto, classificar como perigosas somente as drogas que produzem dependência física ou orgânica. A cocaína, por exemplo, não produz síndrome de abstinência, sendo porém bem conhecidos os malefícios que seu uso provoca.

Menos perigosa que o ãlcool? Outra alegação dos partidários da liberação da maconha é a de que ela seria menos perniciosa que o álcool ou o tabaco. É fato que o álcool, à luz dos conhecimentos atuais, usado em quantidades abusivas, é mais nocivo que a maconha. Seus efeitos agudos sobre o sistema nervoso central podem levar até à morte por depressão do centro respiratório. Além d isso, produz dependência física. Entretanto, se seus efeitos são mais rápidos e espetaculares que os da maconha,o álcool, por ser hidrossolúvel, é eliminado do organismo muito mais rapidamente. O TH C (tetrahidrocanabinol), princípio ativo da maconha, solúvel somente nas gord uras; tende a acumular-se nos tecidos em que elas são abundantes, como o cérebro, prolongando assim seus efeitos nocivos. A médio e longo prazo, o uso constante de pequena quantidade de maconha acaba produzindo o mesmo efeito que o consumo abundante e intermitente de bebidas alcoólicas. Também deve ser levado em consideração o fato de que a permissão para o consumo de bebidas alcoólicas em todos os paises civilizados não é fruto de uma legislação liberal quanto aos tóxicos. Ela é,. isto sim, a consequência de uma tradição milenar de cultura e requinte, de que são exemplos fri-

ConseqUênéia especialmente nociva do uso da maconha é a de servir como "ponte" para o consumo de outras drogas. Pesquisas feitas pelo Dr. And·rew Malcolm, do Addiction Research Foundation de ·ontário, Canadá, mostram essa tendência. O Prof. Robert Heath, psiquiatra e neurologista da Universidade de Tulane (EUA), considera a maconha uma "droga-ponte" para as outras. Embora não forneça ao cérebro as substâncias químicas fundamentais que produzem o prazer, ela estimula certos neurotransmissores capazes disso. Com o tempo esses agentes vão perdendo sua potência; para manter a mesma sensação, o sistema necessita ser estimulado mais intensamente, o que leva o indivíduo à procura de algo mais forte para obter os mesmos efeitos.

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A difusão do vicio no Brasil

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É diflcil dizer com precisão qual a extensão do uso da maconha cm nosso País. Pois faltam, nas publicações de caráter científico, dados estatísticos recentes abrangendo áreas diversas do território nacional. Os dados disponíveis, quase sempre de fonte policial, ou são antigos ou se referem apenas a án,as limitadas, consideradas separadamente e não em seu conjunto. Embora existam informações sobre grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, faltam

in "Catolicismo·· n. 0 313, janeiro de 1977). Certa vez, o Prof. Murad, ao atender um viciado em maconha de cerca de 16 anos, em seu Centro de Orientação sobre Drogas ouviu o pai perguntar ao rapaz: - "Você não quer estudar, não quer trabalhar, não quer ajudar em casa! Afinal de contas, o que é que você quer?" Ao que o filho respondeu: - "O que eu quero é curtir". Esta amotivação reflete-se também no campo da libido, havendo mesmo, nos usuários habituais, uma perda de interesse pelo sexo. Em ,eu Centro de Orientação sobre Drogas, o Prof. Murad constatou que, entre 90 adolescentes atendidos, de 14 a 18 anos, a maconha ocupou o primeiro lugar entre as drogas utili,.adas, acarretando como principais CE>nseqüências: abandono dos estudos em 49, perda ou abandono do trabalho em 29, baixo rendimento escolar em 13. Conclui ele que é muito raro encontrar um usuário crônico de maconha que esteja indo bem no trabalho ou nos estudos.

"Ponte" para outras drogas

OÉ! EV VI ES!E CARRO A 20 ME.TR_OS DO MEO •. • E ELE

JÁ ESTAVA CoLA00/.1/

HIPPV CABELUDO! VOCÊ; É CEGO, 00 ESTÁ Dfl06ADO?

nos tabagistas que fumam 20, 40 ou mais cigarros por dia, durante muitos anos. Se a maconha fosse liberada e seus usuários consumissem o mesmo número de cigarros, seus efeitos seriam tão ou mais graves que os provocados pelo tabaco. Pois é sabido que os fumantes de maconha consomem apenas 3 a 6 cigarros por dia. De fato, estudos recentes demonstraram que a fumaça da maconha, em cultura de tecidos, é mais carcinogênica que a do tabaco. O que é agravado pelo hábito que têm os fumadores de maconha de manter a fumaça inalada nos pulmões durante certo tempo, o que a torna ainda mais nociva. Provavelmente os casos de câncer pulmonar ai.n da não são evidentes em fumantes de maconha porque o uso crônico de doses elevadas da drogll em uma substancial camada da população só tem aparecido nos últimos cinco ou dez anos. Com o tabaco, isto já se verifica há dois ou três séculos. Tudo faz crer que, em futuro próximo, já poderão ser- apresentados exemplos significat ivos e dados estatisticos mostrandp o câncer pulmonar em usuários de maconha. c) O tabaco tem pequena ação sobre o sistema nervoso central, enquanto a maconha é uma droga alucinógena. d) O tabaco pouco ou nada afeta o comportamento do individuo e sua capacidade de direção e discernimento. Por outro lado, já vimos como a maconha prejud ica a direção de veículos.

dados mais precisos sobre o consumo da droga em todo território nacional. Até dez ou vinte anos atrás a utilização da macon ha era restrita a pessoas de baixo nível social, marginais, delinquentes etc. Mais recentemente, talvez pela tendência à imitação do que ocorria em países mais "avançados'', tornouse moda cm nosso Pais, em ambientes de classe mais elevada, durante ou após reuniões sociais, algumas pessoas formarem um grupo para "tirar uma fumaça". Daí o consumo da maconha estendeu-se rapidamente aos meios escolares de nível universitário e até secundário. Ao longo da década de 70, o Prof. José Elias Murad realizou palestras e conferências em diversos locais de Minas Gerais, para estudantes de nivel universitário e secundário. Como complemento dessas palestras fez então pesquisas sobre a extensão do uso de drogas nos meios escolares. 'A primeira delas, publicada em 1973 (Murad, J. E. e cols., "O abuso de drogas em Minas Gerais - Levantamento estatístico", Belo Horizonte, 1973), revelou que, do total de indivíduos questionados, 16 J?Or cento declararam já ter consumido drogas que provocam dependência. .Delas, a mais ut ili1.ada foi a anfetamina, com 37 por cento de usuários, seguida pela maconha, com 29 por cento.

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(continua na pt/gina 6) 3


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mado no mais importante cargo do Vaticano, foi o pnmeiro a reoeber a Púrpura cardinalicia das mãos de São Pio X, que teve nele seu mais fiel aliado nas duras contendas que enfrentaria cm seu pontificado. As "Memorias dei Papa Pío X", do Cardeal Merry dei Vai, constituem a mais importante obra sobre a vida do Santo. t dela que extrairemos a seguir alguns trechos que revelam traços notáveis da personalidade do Papa que iluminou a Igreja no inicio de nosso século. Na primeira audiência concedida ao Corpo Diplomático, São Pio X impressionou profundamente os embaixadores, mesmo não católicos. Interpretando o sentimento dos demais, o representante da Prússia indagou ao Secretário de Estado: "Monsenhor, diga-nos, o que tem esse homem que tanto nos atrai?" "Quando os visitantes haviam saído, - escreve Mons. Merry dei Vai - suas palavras continuavam presentes em minha mente; e à pergunta de "Por que nos atrai desse modo?" parecia-me ouvir a resposta: "Porque é um homem de Deus". "Longe de diminuir, esse sentimento de profunda veneração e estima para com Pio X foi se acrescentando à medida que transcorria o

deRine

( V - ) .....,.., S1o Pio X

-.....

José Sarto tomou-se Padre com apenas 23 anos (à direita), exercendo seu ministério em aldeia.s campQneua da Diocese de Treviso

S DOMÍNIOS naturais da outrora Sereníssima República de Veneza estendiam-se por toda a planície que circunda a laguna e as suaves colinas que conduzem às escarpas dos Alpes, onde expiravam. Nessa planície, entre os rios Brenta e Piave, situa-se a pequena aldeia de Riese, a uns 30 quilômetros da sede episcopal de Trcviso. Região de população rústica, deu no entanto à Igreja o único Papa santo dos últimos três séculos: José Sarto, filho de um simples funcionário murucipal de Riese, futuro São Pio X. Depois de frequentar a escola na pequena cidade de Castelfranco, atraído pela vocação, ingressou no seminário de Pádua, passando mais tarde ao de Asolo, para receber a ordenação aos 23 anos de idade.

O

]

''Lembrai-vos de qui Conservando o

De Cura rural a Patriarca de Veneza

fresco, ;uvenil aos 50 anos de

idada. quando foi ereiro Bispo de Mântua, a fisionomia de

O jovem Pe. Sarto exerceu as funções de coadjutor na pequena paróquia de Tombolo, de 1858 a 1867. Daí passou a pároco de Salzano, até 1875, quando foi chamado a assumir em Treviso as funções simultâneas de Cônego da catedral, diretor espiritual do seminário e Chanceler. da Cúria. Ao falecer o Bispo de Treviso, foi Mons. Sarto designado paJa governar a diocese durante alguns meses, até a posse do novo BiSJ.>O. Sua experiência, seu zelo apostólico e sua dedicação desinteressada o conduziram ao episcopado. Em 16 de novembro de 1884, Leão X II 1 consagrava D. José Sarto, nomeado para Bispo de Mântua. Sede histórica mas então pobre e decadente, Mântua começava a ser convulsionada pelos primeiros abalos provocados pelo socialismo. D. Sarto teve de agar com toda energia e tacto para conseguir o lento reerguimento religioso de sua diocese. Com rendas insuficientes, teve de lecionar ele próprio no seminário diocesano. Um daa, encontrou a sala de aula agitada. Com um murro na mesa e o olhar dardejante, restabeleceu imediatamente a disciplina. Essa fortale,.a de alma iria crescer ainda mais no futuro, ao lado de sua costumeira bondade paternal. Com o falecimento do Cardeal Patriarca de Veneza, em 1891, a Santa Sé ofereceu a D. Sarto ocupar aquela sede vacante. O Bispo de Mântua recusou-se terminantemente. Em 1893, porém, não pôde rejeitar a proposta, após sua visita ad lirnina a Roma, recebendo do Papa o chapéu cardinalício ainda como Bispo de Mântua. Na sede patriarcal ocupada outrora por São Lourenço Justiniano, o Cardeal Sarto permaneceu até 26 de julho de 1903, quando, pouco depois da morte de Leão XIII, partiu para Roma, onde se reuniria em Conclave o Sacro Colégio.

Providencial ascensão ao Trono de São Pedro A escolha do sucessor de Leão XIII parecia favorecer seu Secretário de Estado, Cardea l Rampolla, o mais votado no primeiro escrutínio, em 3 de a:gosto. Mas nesse mesmo <lia o Cardeal Puszyma fazia valer pela última vez, em nome do Imperador da Áustria, seu di reito de veto, eliminando assim o Cardeal Rampolla da lista dos papabili. Nos escrutínios seguintes, foram aumentando progressivamente os

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D. José Surto exprime seu vigor e sua firmeza de cor6ter

votos em favor do Cardeal Sarto, certamente dos mais desconhecidos membros do Sacro Colégio. O Patriarca de Veneza, no entanto, recusava-se a aceitar o Papado. Foi quando o Cardeal Decano, Oreglia di Santo Stefano, pediu a Mons. Rafael Merry dei Vai, secretário do Conclave, que perguntasse ao Cardeal Sarto se estava disposto a persistir em sua negativa. Em tal caso, se autorizava o Cardeal Decano a declará-lo publicamente, com vistas à eleição de outro candidato. Em suas "Men,orias dei Papa Pío X", Mons. Merry dei Vai narra ele mesmo este seu primeiro encontro com o Cardeal Sarto: "Informaram-me que se achava cm sua habitação e que, provavelmente, o encontraria na Capela Paolina, à qual me dirigi apressadamente para cumprir meu encargo. "Seria perto do meio-dia quando entrei na silenciosa e escura capela. A lâmpada do Sacrário brilhava ardente com outras velas acesas no altar e colocadas de ambos os lados do quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho. "Vi um Cardeal ajoelhado sobre o piso de mármore, a certa distância da mesa de Comunhão, em oração diante do tabernáculo, com a cabeça entre as mãos e os cotovelos apoiados sobre um dos bancos de madeira. Não me lembro da presença de nenhuma outra pessoa na capela naquele momento. Era o Cardeal Sarto. Ajoelhei-me a seu lado· e em voz baixa lhe confiei a mensagem recebida" (Cardeal Mcrry dei Vai - "Men,6rias dei Papa Pío X" - Soe. Ed. Atenas, S.A., Madrid, 1946, pp. 4-6). À pergunta do Cardeal Decano se persistia em sua recusa, o Cardeal Sarto assim respondeu a Moos. Mcrry dei Vai: "Sim, sim, Monsenhor; diga ao Cardeal que me faça esta caridade". "Parecia repetir como um eco acrescenta Mons. Merry dei Vai nas "Memorias" - as palavras de seu Divino Mestre no Getsêmani: "Transeat a me calix iste". o. pai tardaria ainda em vir. As únicas

palavras que tive forças para proferir em resposta, e que saíram de meus lábios como inspiradas por out ro, foram: "Coragem, Eminência , o Senhor vos ajudará". "O Cardeal olhou-me fixamente, com aquela expressão sua tão profunda, que aprendi a conhecer tão bem: "Obrigado, obrigado", repetiu. E foi tudo quanto disse. . "De novo escondeu sua cabeça entre as mãos para terminar sua oração, e eu me afastei" (op. cit., pp. 6-7). Mons. Merry dei Vai conta a seguir que poucas horas depois, antes que o Cardeal Decano pudesse

anunciar a negativa do Cardeal Sarto, este havia desistido da mesma, premido pelos insistentes pedidos que lhe fizeram vários membros do Sacro Colégio. Na manhã seguinte, sua eleição era confirmada no sétimo escrutínio.

Admirado atê pelos não catõlicos Espanhol educado na Inglaterra, onde teve ancestrais, com apenas 38 anos de idade, Mons. Merry dei Vai foi escolhido por São Pio X para ser seu principal colaborador. Chama<lo a responder pela Secretaria de Estado provisoriamente, Mons. Merry dei Vai desempenhou-se dela com sabedoria e dedicação. Confir-

tempo", continua o Cardeal Mcrry dei Vai. "Mesmo naqueles momentos em que surgiram sérias divergências e conlli1os entre a San1a Sé e seus governos, esteve sempre patente a consideração especial e a reverência que os diplomatas experimentavam pessoalmente pelo Santo Padre. Ele lhes inspirava, invariavelmente, em qualquer ocasião grande confiança, e eles, por sua vez, deram constantes mostras da que depositavam em sua não fingida sinceridade e na elevação e pure1,a de suas vistas. Compreendiam perfeitamente que quando agia com energia em nome da Igreja e ainda quando mostrava severidade nas medidas que adotava em defesa de seus direitos, o fazia com amargura e

Em ,ua última visita (16·8·1902) à Grande Escola de Slo Roque. em Veneza,

o Cardeal Sarto. com sua bondade paternal. é cercado de respeitosa edmiraçlo pelo aeu rebanho

,.•,., ,

guiado tão-só pela íntima convicção de sua enorme responsabilidade" (p. 19).

Bondade, fortaleza, equlllbrlo A fidelidade à graça conferiu ao modesto filho de Riese o porte nobre que o caracteriza aqui. co~ mo Cerdeal Patriarca de Veneza

Mais adiante, o Cardeal Merry dei Vai adverte: "Mas seria grande erro crer que esta característaca tão atraente de Pio X o retratasse plenamente ou resumisse seus dotes e qualidades; nada mais longe da verdade. Ao lado dessa "bondade", e combinada

CATOLICISMO·


~

de modo feliz com a ternura de seu coração paternal, possuía uma indomável energia de caráter e uma força de vontade que os que realmente o conheceram poderiam atestar sem vacilação, embora em mais de uma oc:8$ião surpreendesse e até causasse estranheza àqueles que tão-só haviam tido ocasião de experimen-

"Em tais casos, ao cabo de muitos dias de reOcxão e noites em vigília, eu acostumava v~lo com uma mão estendida sobre a mesa, que ia se fechando pouco a pouco até apertar o punho; então, levantando a cabeça, com um olhar severo e decidido cm suas vistas habitualmente tão serenas e tranqüilas,

Slo p;o X, tnbalhendo em NU eocritório, 6 ,.tnttado por um pintor

Cardeal Merry dei Vai destaca um, realmente notável por sua linha clara e _categóriC!l. Trata-se de breve exortação aos Bispos franceses consagrados por ele mesmo no altar da Cátedra de São Pedro, ém 25 de fevereiro de 1906, após a ruptura da Concordata pelo governo fran~s. Sem o reconhecimento nem a ajuda oficial, tais Prelados se dispunham a travar a batalha, e ninguém poderia prever o que os esperava, observa o Cardeal Merry dei Vai. São Pio X recebeu-os privadamente cm sua biblioteca, não permitindo a presença de outra pessoa além do próprio Secre1ário de Estado. Eis trechos da exortação, que São Pio X quis ler em tom solene e que ·O Cardeal Merry dei Vai transcreve a partir do original manuscrito: "Estava ansioso por ver-vos todos reunidos para vos ·dirigir.•uma palavra de confiança e afeto, embora sob o sigilo do segredo, e expressar-vos q~anto aprecio o grande sacrificio que vos impusestes, de enfrentar a pobreza, as privações e até - Deus não o permita - com risco de ver menosprezada vossa autoridade ou serdes objeto de perseguição. [ ... ) "A seu devido tempo, sereis convocados para a assembléia geral dos

como são de expressar sua opinião sobre tudo aquilo que julguem possa redundar na maior glória de Deus, salvação das almas, honra do Clero e segurança da Religião na França. "Tudo o que vos peço é que, nessa conferência de Bispos a celebrar-se proximamente, ao dar vosso voto em resposta às perguntas que vos sejam submetidas: "1. 0 ) Sejais conformes ao espírito de Jesus Cristo, quacumque humana postposita (qualquer que seja odesprezo humano). "2. 0 ) Que vos lombreis que viemos para lutar - non veni pacem millere. sed gladium (não vim trazer a paz, mas a espada - Mt. 10, 34). "3.0 ) Que, ao formar vosso juízo, considereis o espírito dos verdadeiros católicos de vossa pátria. "4. º) Penseis que sois chamados a salvaguardar os princípios essenciais de justiça e defender os direitos da Igreja, que são os direitos de Deus. "5.0 ) Tenhais em conta não só o juízo de Deus, mas também o do mundo, que tem seus olhos postos em vós, se em alguma ocasião vos virdes tentados a faltar para com vossa dignidade ou para com os deveres que vos incumbem.

X: viemos para lutar'' tar sua delicadeza e reserva habituais. "Mantinha absoluto senhorio de si e dominava os impulsos de seu ardente temperamento. Não vacilava em ceder em assuntos que não considerava essenciais, e até estava disposto a considerar e aceitar a opinião de outros se isso não implicasse em risco para algum princípio; mas não havia nele nenhuma debilidade. "Quando surgia alguma questão na qual se fazia necessário definir e manter os direitos e liberdade da Igreja, quando a pureza e integridade da verdade católica requeriam afirmação e defesa ou era preciso sustentar a disciplina eclesiástica contra o relaxamento ou influência

- Março de 1982

Tal firmeza é testemunhada também por Mons. Baudrillart, membro da Academia Francesa e Reitor do Instituto Católico de Paris, em artigo na "Revue Pratique d'Apologétique", do qual o Cardeal Merry dei Vai transcreve trechos: "Seu olhar, sua conversa, todo seu ser, respiravam três coisas: bondade, firmeza, fé. [... ) Era preciso dizer-1.he as coisas tais quais eram, com simplicidade, e esperar sua resposta com a firme resolução de cumprir com a melhor vontade qualquer de suas indicações. "Às vezes parecia um pouco dura essa resposta. Com que energia, então, o Papa nos mandava extirpar a cizânia daquela parte da Igreja que havia confiado a nosso zelo!... Não tínhamos outra coisa a fazer que olhá-lo para ler em seus olhos suaves e tristes, brilhantes no fundo, mas velados por uma sombra, frases como estas: "Eu também sofro e mais do que vós, porque tenho que agir em todàs as direções, repreendendo e castigando, eu que sou o pai, o pai de todos; mas esse é o dever de meu oficio, o dever que não posso elidir: o perigo da Igreja mo impõe, o perigo de fora e, pior ainda. o de dentro; e ten ho a-caso direito de considerar meu próprio sofrimento?" (pp. 47-48).

Trovão, espada, bãlsamo

expressava-me sua resolução definitiva ou dava-me seu juízo em frases breves e comedidas. Sem necessidade de mais palavras, já se sabia a que ater-se". Pouco adiante, o autor das "Me· m6rias do Papa Pio X" resume a nota característica do Santo: "Uma feliz combinação de ternura paternal e de firmeza de caráter, que o fazia perfeito dono de si, conferia a sua alma fortaleza e equilíbrio e dava a sua expressão aquela mescla de gravidade, serenidade, condescendência e quase jovialidade, que tão fortemente atraía a .todos com seu encanto" (p. 50).

Luta contra o Inimigo Interno

mundanos, Pio X revelava então toda a força e energia de seu caráter e o intrépido valor de um grande Pontífice consciente da responsabilidade de seu sagrado ministério e dos devere,5 que julgava ter que cumprir a todo custo. "Era inútil, em tais ocasiões, alguém tratar de dobrar sua constância; toda tentativa de intimidá-lo com ameaças ou de afagá-lo com especiosos pretextos ou recursos meramente sentimentais estava condenada ao fracasso.

Cardeel Menv dei Vai, autor daa "Memorl• s dei P•!M Pio X"

No parágrafo seguinte, o Cardeal Merry dei Vai salienta as qualidades do "viril Pontífice na luta corpo a corpo com o modernismo". Percebendo, talvez, a extensão e a força da conjuração modernista, o biógrafo de São Pio X não entra em pormenores, limitando-se ao seguinte: "Pio X era um homem de visão clara e grande decisão. Não se prestava a deixar-se convencer por afagos reformadores ingenuamente ambiciosos de infundir novo sangue nas veias da Igreja que sonhavam modernizar, adaptando-a às fantasias e erros do protestantismo e do racionalismo modernos. Fiel à tradição católica, proclamava novamente o axioma que São Vicente de Lerins - discípulo, por sua vez, de São Cipriano, Bispo mártir do século III - empregava no século V contra aqueles que propugnavam um avanço doutrinário que a consciência cristã teria considerado não como um progresso, mas como uma revolução na qual teriam desaparecido todos os tesouros do passado: "Niltil innovetur nisi quando traditum est" (Nada de inovações: sede fiéis à tradição)". Entre os escritos de próprio pu· nho redigidos por São Pio X, o

O Papa lê jor• naie noa jardina

do Vaticano

Entn> os dois fiabeli. conduzido na sede gestatória.

cercado

por sua corte.

Slo Pio X dirige-se à sala das Bênçloa. para o consistório de 1912. . quando

impôs a púrpura a cineo Cerdeais

Bispos franceses, a fim de que -possais expor vossas opiniões sobre a nova lei, tão logo tenham sido publicados seus preceitos, a saber, se é conveniente suportá-la e sob que condições, quando e como será lícito opor-lhe resistência, etc. etc. "Não é improvável que durante vossa estadia em Roma tenhais ouvido alguma alusão sobre este assunto, e inclusive recebido sugestões relativas ao mesmo. Exorto-vos a que façais caso omisso delas, posto que o Papa, que até o presente se coibiu de revelar a alguém sua opinião antes de proferir sua última palavra, deseja conhecer os pontos de vista dé todos os Bispos, livres

"~ aqui termino afirmando-vos que inveJo vossa sorte, que prazerosamente compartiria vossas tristezas e ansiedades, permanecendo convosco para vos alentar. Mas, ainda que materialmente longe, estarei cm espírito constantemente ao vosso lado e nos encontraremos cada dia no Divino Sacrificio da Missa, ante o Santo Tabernáculo, onde obteremos forças para a batalha e meios seguros para a vitória" (pp. 53-56). Compreende-se que dessa alma indômita saíssem com freqüência as palavras: "Esto vir... " (Sê homem ... ), acompanhada de um gesto enérgico e firme.

E foi na tristeza dessa luta contra o inimigo interno, hoje triunfante, que São Pio X entregou sua alma ao Padre Eterno. cm 20 de agosto de 1914. Seu corpo encontra-se sob o altar da capela da Apresentação, na Basflica de São Pedro. A cabeça e as mãos do santo Pontífice foram revestidas de pratas. Sua lembrança, seu ensinamento, seu exemplo, continuam no entanto a confortar os verdadeiros filhos da Igreja que travam a árdua batalha contra os erros introduzidos por toda parte. Ao proclamar a beatitude de Pio X, em 3 de junho de 1951 , Pio XII dizia em seu discurso: "Sua palavra era trovão, era espada, era bálsamo: comunicava-se intensamente à Igreja e tinha eficácia para ser ouvida fora e ao longe; vinha cheia de irresistível vigor, graças não só à substância incontestável (!o conteúdo, como também ao seu profundo e penetrante calor''. O mesmo Pio Xll canonizou-o em 29 de maio de 1954, marcando sua festa litúrgica para •º dia 21 de agosto. o

No leito de morte. Slo Pio X parece deacanser. rejuveneacklo. das grande, batalhes que travou contra o modemi1mo Incrustado dentro da lg,.ja

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Teotônio, o Santo da fundação de Portugal

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Maconha: inócua...? Outra pesquisa, esta realizada apenas entre estudantes universitários, foi publicada em 1975 (Murad, J. E., Costa Filho, O. , "'The drug abuse among university students in Brazil"', VI Congress of Pharmacology, Helsinky, Finland, July 1975) e revelou que, apenas entre universitários, o consumo de drogas era maior, atingindo quase 25% dos questionados. Ai também a maconha ocupava o segundo lugar, sendo utilizada por 30,6 por cent~ dos viciados, enquanto a anfetamina o era por 39,6 por cento. Tudo leva a crer que, atualmente, devido às restrições legais impostas à prescrição das anfetaminas e ao rígido controle de sua fabricação e comercialização, a maconha já seja a droga m!lis difundida, não só entre os estudantes como nos diversos meios sociais.

~ rominica de Coimbra, onde

S&o Teo16nio foi &ducado

Preocupação das autoridades A imprensa diária vem publicando com freqüência pronunciamentos de autoridades diversas externando sua preocupação com o aumento do consumo de tóxicos entre a população em geral e, mais particularmente, no meio estudantil. No artigo anterior, citamos as declarações do Sr. Arnaldo Niskier, Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, proferidas durante o I Seminário Nacional de Prevenção ao Uso de Tóxicos, a res. peito da venda de drogas em portas de escolas. Durante o mesmo seminário, representantes da área médica, jurídica e policial também se pronunciaram no mesmo sentid o. O Seminário foi realizado cm agosto de 1981. Antes, em março de 1981, o Major da Policia Militar de São Paulo, Edson Ferrarini, em palestra pronunciada para profc~sores e diretores de escolas municipais, alertou para o fato de que 10% dos estudantes matriculados nas escolas de 1. 0 e 2.0 graus da capital do ·Estado de São Paulo são viciados ou já experimentaram drogas. M.a is recentemente, cm janeiro de 1982, a imprensa noticiou que o Conselho Federal de Entorpecentes, órgão criado há um ano e encarregado de implantar a política de combate aos tóxicos em todo o Brasil, va i realizar no presente ano o primeiro levantamento científico sobre os tipos de drogas e entorpecentes mais usados no País. Segundo o presidente do Conselho, Arthur Castilho, o levantamento será uma tentativa de apurar as causas reais do consumo de drogas pela juventude; serão distribuídos formulários-padrões entre estudantes do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. A campanha visa informar e a lertar os jovens sobre o perigo do uso de drogas e será feita de maneira a evitar despertar uma curiosidade contraproducente.

Ronaldo Baccelli nosso correspondente LISBOA - Se é verdade que o Portugal de hoje é uma nação te_rritorialmente pequena e economicamente débil, politicamente agitada e moralmente enfraquecida, isso devese ao fato de ter havido homens que a descristianizaram. Por outro lado, se é incontestável ter sido Portugal uma nação heróica, grande e forte, isso deve-se àquelas admiráveis figuras que souberam enaltecer o nome do país por sua santidade, bravura no campo de batalha ou pelo valor no trabalho. Tais figuras, houve-as em quase todas as épocas, mas sobretudo naqueles quatrocentos anos que se sucederam à fundação da nação portuguesa no século XII. Dom Afonso Henriques, o primeiro Rei, foi uma delas. Entretanto, é bom lembrar que as vitórias de sua espada não foram devidas apenas à sua bravura, mas principalmente à bênção que ela trazia dos claustros do Mosteiro de Santa Cruz de Coim bra onde vivia um santo chamado Teotônio.

Em Coimbra e Viseu

Comemora-se no presente ano o no no centenário do nascimento do grande santo que amparou e protegeu a pátria lusa em seus primeiros passos. Nascido em 1082, sob o pontificado de São Gregório Vli, Teotônio tinha ascendência nobre. Embora fos.se natural de Valença do Minho, recebeu educação na Sé Catedral de Coimbra onde teve por mestre o Arcediago Dom Telo , prestigiosa figura do Clero, que viria a ter influência determinante na sua ação futura. Desde logo revelou São Teotônio um "'agudo e perspicaz engenho", bem como uma série de edifiÍl louvâvel que autoridades e cantes virtudes e uma grande vocapessoas responsáveis se pronunciem, . ção religiosa (" Vida do Be,naventudesejando encontrar uma solução rado Padre Santo Theotonio. Pripara tão -grave problema. Lamenta- meiro Prior do Real Mosteiro de mos, entretanto, o fato de que al- Soneta Cruz de Coilnbra de Côneguns eclesiâsticos - cuja preocupa- gos Portugueses do Patriarcha Sancção por esse problema seria mais do 10 Agostinho", Coimbra , Anno que jústa e compreensível - pare1650, pp. 3 e 4). cem interessados quase exclusivaEntre os vinte e os vinte e sete mente no trabalho de agitação de anos foi ordenado Sacerdote e como uma eventual questão social, e não se mostrasse "rodo santo entre o em preservar a juventude da tra- povo de Deus" (op. cit., p. 7) não gédia do vicio. ta rdou que seus superiores começasPor fim. queremos lembrar. tal sem a chamá-lo para cargos de como o fizemos no artigo anterior, responsabilidade. O primeiro destes que o esclarecimento e a repressão foi o priorado da Sé de Viseu. Lá se são indispensáveis, mas não sufi- conservou durante a lguns anos até cientes. E quando mal conduzidos lhe pedirem que se tornasse Bispo podem levar a resultados opostos daquela cidade. aos desejados. Assustado, São Teotônio não E recordamos também que a quis aceitar o cargo. "Porque todas maneira mais eficiente d e subtrair a as cousas deste inundo tinha este juventude do caminho dos tóxicos é Apostólico varão por muito vis. daapresentar a ela um ideal contrário 11osas e caducas; portanto, fugindo ao prazer hedonista, ao egoísmo, à como de peste das ho11ras te111porais, libertinagem. Um ideal cheio de fé, · se conservava torre fortíssima de de ·sacriflcio e de heroísmo, a que ela hunrildade a que todos olhava111··. se-consagre inteiramente com o entusiasmo e o desprendimento carac- Na Terra Santa terísticos dessa fase da vida. Esta é, em seu aspecto mais Foi então que decidiu partir para profundo, a verdadeira solução do a Palestina, onde permaneceu duproblema. rante um ano. Depois de ter visitado com santa devoção os lugares Murillo Galliez que Nosso Senhor Jesus C risto per-

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correu, regressou ao Condado Portucalense, mais fortalecido na sua já admirável humildade e decidido a permanecer na obscuridade e no anonimato. Mas como suas virtudes crescessem, ele íoi se tornando cada vez mais notado e solicitado. Por isso, resolveu empreender mais uma viagem à Terra Santa. Ali conheceu, desta ve1., os Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, em cuja irmandade entrou, levado pelo entusiasmo que lhe despertaram a disciplina da Ordem e a sa ntidade da vida daqueles religiosos. Embora estivesse na disposição de ficar na Terra do Santo Sepulcro a té ao d ia da morte, São Teotônio viu-se, ao fim de a lgu_m tempo, na necessidade de volta r a Portugal.

Junto ao primeiro Monarca lusitano

varão de Deus, Dom Afonso foi-selhe afeiçoando cada vez mais. São Teotônio, por sua vez, votava ao Rei Conquistador uma amizade sempre crescente. E assim se pode dizer que em Santa C ruz passaram a decidirse os destinos de Portugal. Naquele mosteiro revelava o Rei seus planos de batalha ao Santo Prior. E na data combinada, enquanto Afonso Henriques abria clareiras nos exércitos mouros, São Teotônio chamava os frades e todos os fiéis à oração para que as armas da nação recém-fundada saíssem vitoriosas. "'... à boca cheia confessava devia as vitórias que dos inimigos alcançava mais às orações de Teotônio que ao esforço de seus exércitos ..... ("'Vida do Bema venturado Padre Sa,110 Theo10nio"', p. 28}, dizia o pró_prio R~i, qu 7, deste modo, reconhecia a pnmaz,a do Poder Espiritua l sobre o Temporal. Com efeito, não tinha limites a confiança que Dom Afonso Henriques depositava no Santo Prior de Coimbra.

Amigo de São Bernardo Uma vez, esta.ndo o Soberano com febre a ltíssima que a medicina não cu rava nem atenuava, veio São Teotônio "'e a11i111a11do-o co,n palavras de 111uito amor lhe pôs as ,nãos .fobre a cabeça lançando-lhe a bénção; logo a febre abrandou. el-Rei co111eu, cousa que havia dias não fazia pelo grande fastio que tinha; e finalment e dentro en, breves dias recuperou inteira e perfeita saúde" (op. cit. , p. 41 ). Em 1152, São Teotônio, já com 70 anos, renunciou ao priorado do Mosteiro de Santa Cruz. Durante os dez a nos que decorreriam daquela data até a sua morte, ele estreitou relações com São Bernardo de Claraval de quem recebeu um bordão, com o qual curou milagrosamente muitos doe ntes. Tendo crescido ainda mais sua fama de santidade, quis o Papa Anastácio IV distingui-lo com as honras prelatícias - mitra, báculo e anel - e o privilégio de dar a bênção ao povo.

Novamente em Viseu, o santo continuou a ser admirado por suas altas virtudes, entre as quais também sobressaía a devoção a Nossa Senhora. Conta-nos o Prof. João Ameai e m seu livro "Santos Portugueses"' (Livraria Tavares Martins, Porto, 1957, p. 17) que a Ra inha Don!! Teresa (mãe de Dom Afonso Henriques), sentindo-se um dia muito cansada. mandou um pagem pedir a Teotônio que abreviasse o santo Sacrifício da Missa que ele costumava demorar para melhor adorar Nosso Senhor presente na Hóstia. São Teotônio "'re,po11deu ao pagem do recado que dissesse à Rai11ha sua se11hora que outra Rai11ha estava no Céu, muito 1110is 11obre e melhor se,n comparação do que ela, à qual co111 ,nuita reverência e muito vagar ha·· Na gl6ria eterna via de celebrar aquela Missa... " hora da despedida veio, afinal, Quando São Teotônio se pre- em A 18 dê fevereiro de 1162. Com 80 parava para realizar a terceira via- anos de vida sempre votada ao gem à Terra Santa, operou-se um acontecimento que mudou o rumo serviço de Deus, São Teotônio sonesse dia que São Pedro, o de sua vida: o jovem Dom Afonso nhou Príncipe dos Apóstolos. mostravaHenriques, herd<:lro do Condado lhe uma escada que ia d o claustro de Portucalense, proclamou-se Rei danmosteiro até o Céu: Vendo nisso do assim origem a um novo Estado seu um si na l de que estava para morrer, independente na Península Ibérica. mandou reunir todos os frades para Guerreiro destemido e hábil estadista, Dom Afonso era também um lhes dar a última bênção. No moverdadeiro homem de fé. Durante mento em que partiu para a vida sereno e de rosto alegre, seu reinado ele não deixou, por- eterna, estava presente o 'Rei Dom Afonso, tanto, de proteger e fortificar a que exclamou cheio de dor: "PriIgreja em Portugal. No âmbito dessa meiro sua alma há de entrar obra tão meritória e ainda com o que o corpo na sepultura!" 110 Céu objetivo de mostrar sua fidelidade No ano seguinte, 1163, no mesao Papa Inocêncio II, o monarca mo dia de seu falecimento, foi soleportuguês incentivou e favoreceu nemente canonizado pelo Papa Alelargamente a construção do Mos- xandre III . teiro de Santa Cruz de Coimbra para os Cônegos Regrantes de Santo Agostinho. Na qualidade de membro dessa Ordem e acedendo às insistências de seu antigo mestre Dom Telo, Siio Teotônio entrou para o número dos NO ARTIGO in1i1ulado ..No 450. 0 doze frades fundadores. sendo por aniversdrio das Aparições de Guadalupe eles eleito Prior apesar de não o - Surpreendentes constatações do 1ni/oquerer. gre", que "Catolicismo" publicou cm seu Mas foi exatamente essa desta- n. 0 372, saíra m infeli1Jnente, por erro de cada posição de São Teotônio que montagem do jornal, dois parágrafos ma is veio a beneficia r Portugal em com sentido 1runcado. São eles: a) o último parágrafo da 3.• coluna sua cruzada contra os mouros, na deve lido assini: ..As emissoras de luta pela conquista de novas terras e rádio ser Cidade do México divulgaram pela expansão da Fé de Nosso Se- a 11 dedadezembro de 1955 a sensacional nhor Jesus Cristo. notícia de que ampliações fotográficas Reconhecendo no Prior de Santa dos olhos da imagem guadalupana apreC ruz as qualidades de um autêntico sentavam nitidamente a figura de um

Escrevem os leitores

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·.: ....·. .- --.

D. Suianna Cavenaghi Rec, chia, lblr' (SP): "Cada GAT0 LJC(SMO ql\e me chej!a às mãos, vem descansar minha mente, acalmar meu coração, e ajudar na lu.t a do dia-a-dia, hoje tão corrompido". D . Teresinha Abdo Assis, Par, de Minas (MG): "Leio e apre(;io os artigos de CAT0L[CISMO, e <lesejo que sua linha de tradi~o seja abençoada por Deus".

D. $eba.11iana Guerra de Almeida, lvaté (PR): "Este Jornal tem sido muito útil à nossa família, pois no~ traz 6t_imas informaçpes, ma,s especificamente de cunh.o religi,oso, o que, falta muito no mundo de hoje. As reportagens são bastante cocientes e correspondem a.os nossos anseios''. Sr. Jos'é Joelson Hénriques de Souza, Três Rios (RJ): "Considero este m.ensáno um baluarte, uma fr.cnte de lutas constantes de homens de boa vontade, filhos da Virgem, por um mun:do diferente com base nos valores do Cristianismo autêntico, sem mesclas de progressismos e ideologias anticristãs". Sr. Francisco Tavares de

Lima, Juazeiro do Norte (CE): "Muito aprecio este Jornal por sua combatividade ao comunismo em defesa da civilização cristã. Gostaria que nele fossem escritos mais artigos do Prof. Plínio Con:êa de Oliveira. • N.R.: Temos transcrito com muita frequência artigos do Prof. Plínio Corrêa de O livejra, que não tem escrito-para CATOLLCISMO por enéon, . trar-se excessi.vamente absorvido em outras ocupações.

liATOLl~E§MO M ENSÁRIO CAM POS - ESTADO DO RIO Dírt10r: Paulo Corrêa de Brito filho Dirttoria: Rua dos Goitacazes. 197 • 28100 - Campos, RJ. Administração: Rua Dr. M:trtinico Prado, 27 1 • 01224 - São Paulo. SP • PABX 221-8755 (rornol 235). Composto e i mpresso n.a Artpress -

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Aparições de Guadalupe homem, possivelmente Juan Diego. Essa constatação foi feita pelo cirurgião Dr.

Rafael Torija Lavoignet, com auxilio de possan1e oftalmoseópio (Handbook, p. 73. ABC, a rt. ci1., CRC. p. 27)". b) o primeiro parágrafo após .? subtítulo "O milagre e os progressista~ , na 5.ª coluna. deve ser lido como segue:

"Para os •crdadeiros dcvo10s da San1íssima Virgem. essas revelaçõe$ representam nova lufada de ar fresco em meio a

es1c mundo laico e poluído em que vivemos. O que significará para os dilos "católicos progressistas"?" CATOLICISMO -

Ma rço de 1982


MAGINEMOS, leitor, a grandiosa cena de Moisés adora ndo a Deus, que, no meio de uma sarça ardente, lhe aparece no alto do Monte Sinai. "E o Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo .... E disse: Não te aproximes daqui: tira as sandálias de teus pés porque o lugar en, que estds é uma terra santa. .... Cobriu Moisés o rosto porque não ousava olhar para Deus"... (Ex. 3, 2-6). As Escrituras narram o episódio com aquela simplicidade única, que, entretanto, confere ao texto sagrado uma vida, uma expressão, uma poesia · e uma força, como só as palavras do Espírito Santõ são capazes de conter. Pois esse amor a Deus, expresso de maneira tão perfeita, não é senão uma pálida idéia da adoração que Nossa Senhora vota ao Criador. Adoração superlativa! que o autor anônimo do célebre cone da Virgem de Vladimir - cuja fotografia estampamos nesta página - soube tão belamente representar. Nesse quadro, que veneração sem medida pela Santidade do Menino, que é Homem perfeitíssimo! Que adoração sem limites pelo Deus a li presente! Que senso de grande1,a transparece no !cone! A propósito dele convidamos o leitor a nos acompanhar cm algumas reflexões.

I

atenta dos olhos da Mãe de Deus, do seu gesto, da sua atitude fisionômica. Tudo nEla reflete estabilidade, elevação, superioridade - enfim, para dizer numa só palavra: reflete majestade, muito própria à Rainha do Céu e da Terra. Quanto recolhimento ! Ela tem o espírito voltado para as coisas mais altas interiores, sérias, sem. superficialidades. O olhar, lumi.noso, compensa de sobejo o que as cores escuras parecem recusar à consideração do observador.

Estamos em presença, então, da síntese de uma série de elementos positivos, ao lado de um negativo (o aspecto escuro do quadro). fica uma impressão de que o pintor teria realçado a presença de todos os fatores positivos, que ele quis simbolizar com o ouro que aplicou nas vestes do Menino Jesus, quase inteiramente douradas, bem como nos ornatos claros que se vêem nas bordas do manto da Virgem. Tratase, porém, de um ouro que se tornou meio fosco, à maneira do que ocor-

reu com a pele. Poder-se-ia dizer que esse ouro escuro está para o ouro novo, c,o mo a cor escura da cútis pode ser considerada em relação à pele clara. O ambiente escuro, contudo, realça os aspectos luminosos que aparecem de dentro do quadro, e eles vencem nobremente o que há de negro em torno. Prevalece um claroobscuro, representado por uma certa . penumbra, dentro da qual brilham reflexos dourados, como jóias no fundo da vitrina mal iluminada

A ternura exce sa Virgem

~r Procuremos, de modo ordenado, quase como num filme em câmara lenta, descrever a seqüência das reações que um bom católico poderia ter diante do ícone de Nossa Senhora de Vladimir. A fotografia aqui reproduzida, embora em branco e preto, dá uma idéia suficiente dessa obra-prima da arte re.ligiosa bizantina, da qual o leitor encontrará também breve histórico no quadro abaixo. Note-se, porém, que a beleza do quadro não se manifesta em todo o seu esplendor a observadores não habituados a analisar a arte bizantina o u de o utro estilo oriental. t necessário que o ocidental aprofunde s ua constatação do belo, que pode manifestar-se de modos bem diversos da emoção estética que se experimenta em relação a obras artísticas do Ocidente. Logo ao primeiro olhar. a imagem causa uma impressão global, que tem, naturalmente, caráter todo individual. À medida que continuamos a observar a fotografia , tal impressão vai se explicitando, de modo que podemos decompô-la em seus vários elementos. Dentro da impressão de conjunto sentimos, de início, uma certa estrjlnheza pelos tons escuros d o quadro, inclusive os da cútis da Virgem (serlío conseqüência dos maus tratos que, em épocas passadas, sofreu a pintura?). Pois as tonalidades escuras parecem um pouco desfavoráveis. para simbolizar a extraordinária delicadeza de alma de Nossa Senhora. Sentiríamos maior consonância se o rosto d Ela e suas mãos fossem claras. Apesar disso, há algo n Ela que agrada, combinando com a expressão de firmc,,a e seriedade que seus olhos manifestam. Posteriormente, nossa observação se aprofunda, na análise mais

de uma joalheria. Reluzem de cá, de lá, permitindo que nos fixemos no essencial: a grandeza, a seriedade, a nobreza da Personagem - virtudes presentes em tudo, intactas e ·de altíssimo grau. Além de uma acentuada nota de bondade materna. Observando com admiração o !cone, a oração surge espontaneamente em nosso espírito: "Salve Regina, Mater misericordiae. vita, dulcedo et spes nostra... " É o comentário mais apropriado que se possa fazer, segundo nos parece, da extraordinária obra de arte sacra.

i( Haverá a lguma outra virtude de Nossa Senhora que mais especia lmente t ranspareça neste fcone? Prestemos atenção na posição em que a Virgem sustenta o Menino, no trato d Ela para com o Divino Infante e no d Ele para com sua Mãe Puríssima. Quanto respeito o ternura! Não fosse a Mãe de Deus inteiramente senhora de suas ações e sentimentos, di r-se-ia que Ela quase não sabe para onde mover-Se de tanto adorar. E o faz do mais fundo de sua a lma, rumo ao mais alto de suas excelsas cogítações. O quadro reflete, pois, especial ternura, resultante de uma postura de alma muito estável, contemplativa e atenta, dentro do teor de uma vida que permite isto e que faz desse modo de ser seu próprio centro. As virtudes representadas nesse es tado de espírito são os pressupostos do ato de adoração que a Virgem dedica ao Menino Jesus. Podemos ver q ue se trata de uma a lma que fez da ternura - isto é, da consideração a tenta de um ser (no caso, seu Divino filho) - o objeto de uma atitude mental que a transpassa de lado a lado. E que Ela não é apenas terna para com Deus encarnado, mas nEla encontram-se como que iodas as ternuras de todos os tempos. Essas concentram e defluem dali, de seus braços e sua bondade, cm relação ao Menino Jesus, mas também para com todo aquele que.a Ela eleve uma oração. Nesse fcone, q uem é o Ente a Quem se dirigem tão excelsas ternura e adoração? É um Menino ao Qual é preciso dar leite. Mas que também é Deus. Não um Deus concebido apenas cm abstrato. mas Nosso Senhor Jesus C risto, aquele Homem hipostaticamentc unido à Divindade. E, portanto, com as perfeições que se resumem na palavra Jesus Cristo . 1: maravilhoso, magnífico, empolgante, cm suma, divino! Há um certo equilibrio inefável, sacra!, - repetimos - divino nessas palavras: Nosso Senhor Jesus Cristo, ou mais abreviadamente, no nome Jesus Cristo. David, reconhecendo o fundo de sua miséria. gravemente acrescida com seus pecados. compôs o conhecido salmo que todos nós humildemente repetimos. Que Nossa Senhora, por meio de sua intercessão onipotente e juntamente com sua oferenda perfeita, apresente ante o Trono do Altíssimo esse nosso canto: "De profundis e/amovi ad Te, Domine: Do-

1nine exaudi voce,n ,neo,n" - '' Desde o 11,ais profu ndo c,la111ei a Vós, Senhor: Senhor, ouvi a n1inlra voz"

(Ps. 129, 1).

A Virgem de Vladimir, penhor ·da conversão russa?

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Viata percial do interior da catedral da Anunçloi con1trufda em 1479 no lnterior do Kremlin p0r Floravanti di Bologrnii. Nela, durante maia de cinco 1116-

EMBORA CONCEBlDO e executadb por volta de 1030, em é ~ anterior ao Cisma do Oriente (ocorrido cm 1054), e portanto por mãos católicas, apostólicas e romanas, o famoso !cone conhecido atualmente como ··virgem ·de Vladimir" foi Jamcntavc)mente, durante muitos séculos, cwnodiado por um clero que aderiu maciçamente ao mencionado cisma. E desde 1917 encontra-se cm poder dos sov,iétiCQs. Pjntado cm painel de tília por um artista anônimo - que pode seguramente ser qualificado de genial - cm Constantinopla, capital do Império ·ajzantino, a ',Sírgcm de Vladimir foi levada em 1131 ]!ara ~iev, a mais antiga das cidades rll$$8s. · J:.á, cm meio a gi-andes cerif!lô.oias. foi emoldurada co.m ouro nas paredes do ~osteiro das Grutas, o "Petcherskaya Lavra•. Em 1169, Andrei Bogoliubsley, jovem prlncjpe da cidade de Rostov, saqueou e i:cduziu a rui.nas fumegantes a ~idade de Kiev. Após arrasar o mosteiro, o prlncipe levou consigo o fconc. Conta« que o cavalo que condu1.ia o ~recioso quadro de madeira a Rostov deteve-se e recusou-se a seguir adiante, ao vassar cm frente dos portões da cidade de Valadfmi,. Ali fixou--sc o

prlncipc Boioliubsky e poY mais de dois sé<!ulos o !cone da Virgem pcrmancecu nessa cidade, cujo nome a.ssociou-sc à sua invocação. Por duas vezes nesse pedodo o !cone teve suas molduras roubadas: a primei,a, de duro, furtada por bandidos, e a outra, de )ledrarias, foi arrebatada J)!llas hordas tártaras que, em Il.237, ocuparam Vladimir. Em virtude desse ataque, o quadro petdeu também grande parte de seu colorido bríginal. 0 Grão-Duque Vasili atribuiu a preservação da cidade de Moscou, assediada pelos tártaros em 1395, e a fuga de Tamcrlão. chefe dos sitiantes, à proteção da Virgem de Vladimir. Desde então, o !cone foi 11:ansfcrido para a catedral da l'.ssunção - situada no íntcrio, do Kremlin - , num nicho /í direita da porta do santuário. Eclodind.o em nosso ~ulo a Revolução eomu.nista,, o ~remlin foi fechado ao público e a Virgem de VJadimir levada para o Museu Histórico do Estado, ediflcio localizado na atual Praça Vermelha. Em (930 foi novamente transferida, desta vez,para o Museu Tretyakov, no o'utro lado do rio Móscou. onde ainda se acha, Contudo, os mantcnedorcs do regime ateu instalado ria Rllssia julgaram prudente, conservar

sem alterações as tr~ ,principais i$rejas existentes no intcrio, do Kremhn, das quais a catedral da A:ssunção é a mais importante. Ela pode ser analisada ainda hoje (foto), ornada interiormente como no tempo cm que ali estivera a Virgem de Wadimir, cm poder não dos comunistas, mas de cismáticos inimigos de Roma.

• • • Esse belo e afamado quadro desempenhará ainda algum papel na História, se levam,os cm consideração as revelações de Fátima? Nelas, cm J9.J7, pouco antes da Revolução Bolchevista, a Mãe de Deus revelou aos tr~ vidéntes que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo. WC· vendo grandes castigos se os homens n.ão se convertes.cm. Mas concluiu sua Mensagem àlirmando: "Por, fim, o meu lmaculado Coração ttiu11fard. O Santo Padre consagror-/ife-tÍ,a Rússia_. que st. coJw.errerd.. :· A ,V i~m de Vladim.ir - pintada aproxima damente ,há ~O ~nos por um artista, cátólico1 na Constantinopla ainda fiel a Roma - poder§ ser um penhor /IC tal conversão, Deus O (l.C.rmita! /, O casei de lembra, aqui o confiecjdo adã~o fra11~: ..Quem viver. verá". 0

culos conaervou•.se o lcone da Virgem de Vladimir .

CATOLICISMO -

. Março de 1982

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I_JAfOJLICISMO--

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França autogestionária quer fiscalizar ~érica Latina

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GOVERNO francês quer não somente aumentar sua presença econômica e comercial na América Latina, o que é normal, mas também acompanhar como se fosse um Estado "apostólico" e com olhos de juiz, a polltica interna de nossos palses. Essa fiscalização teria a finalidade de verificar se é aqui respeitado aquele amálgama de verdades e de non senses, de abstrações vazias e de erros, que o Partido Socialista francês dogmatiza serem os direitos humanos", afirmou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. "Assim, - observou o entrevistado - os critérios supremos pelos quais devem afinar as leis e os governos de todas as nações latinoamericanas seriam aqueles que figuram nas cartilhas do PSF e dirigem a mente do presidente Mitterrand".

Distanciamento dos EUA "Ainda conforme declarações do Sr. Huntzinger, - prosseguiu o catedrático paulista - a tal presença francesa deve exercer-se notadamente em alguns terrenos de luta que parecem conduzir certas sociedades latino-americanas para horizontes diferentes dos propostos pelos Estados Unidos. Mobilizando, exacerbando e levando à aventura familias de alma brasileiras habitadas por ressentimentos - alguns

Utopias

E acrescentou: "Embora a interíerêricia francesa se dê inicialmente nas pequenas repúblicas da América Central, ela visa atingir também outros países maiores, como a Argentina e o Chile, conforme declarou recentemente o Sr. Jacques Huntzinger, secretár io do PS francês para as relações internacionais. "Se o Brasil se deixar arrastar por essa via, não vejo que continue intacto "o sol da liberdade", o qual, segundo descreve o Hino Nacional, "brilhou no céu da Pátria neste instante", isto é, no momento em que D. Pedro I lançou o brado da Independência", disse o Presidente do Conselho Nacional da TFP.

Cardeal não explica

M ittomnd: chefe de Estado "apostólico", com vistàs à intervençlo na polhica in· t ema dos paf.ea latino--americanoa

em dar explicações precisas qua11do acusada de vilipendiar. con1 gesto ignó(co11clusão da primeira pági11a) bil, o retrato do Roma110 Pont(flce". Se esta é a resposta, só se pode dentes dos mais diversos países da dizer que resposta não houve. O leitor não consegue perceber, à América e da Europa, relacionados primeira vista, o nexo entre estes dois com a repercussão mundial da Mensagem O socialis1110 autogestionário: parágrafos da carta do Sr. Cardeal. em vista do co1nu11ismo. barreira ou Lidos à lupa, parecem querer dizer cabeça-de-ponte? e do Comunicado que S. Emcia. condenou não só o Na França: o punho estrangu/a11do gesto atribuído por "Manchete" à TFP, como também o fato de, em sua a rosa. nota-muxoxo-de-<lesdém (letra 8), a 1. A resposta de S. Emcia. ao entidade não haver censurado devidaProf. Plínio Corrêa de Oliveira se mente quem, por hipótese, desse tiros compõe de duas partes. A primeira numa foto do Sumo Pontífice. trata da nota oficial da Cúria do Rio A acJsação não poderia ser mais (letra C) e da carta do Prof. Plínio surpreendente. Não terá observado Corrêa de Oliveira (letra D). quanto de polêmico trazia consigo o A segunda parte trata de contro- tom conciso da nota-muxoxo, não só vérsias teológicas e canônicas, e dis- por ser absolutamente categórico, mas túrbios correlatos, ocorridos todos na também por ser muxoxo? Não terá o Diocese de Campos, e inteiramente Prelado percebido que, num simples alheios à TFP. muxoxo de desdém pode entrar uma 2. No que diz respeito à nota ofi- carga de repulsa mu,to maior do que cial (letra C), o Sr. Cardeal parece em toda uma catilinária? - E que querer explicá-la com estas palavras: curiosa condenação essa, fulminada "Ao agradecer sua comunicação. que- contra a TFP, não porque tenha falro sublinhar que a Nota Oficial da tado com o respeito ao Santo Padre, Cúria ·repudia um fato noticiado por mas simplesmente porque "não salvaum a revista (. .. )' e11volvendo a vem,- guardou s,,jiâe11ten11~11te o respeito randa pessoa do Santo · Padre. O re- devido'' a este! Ê muita vontade de · púdio, portanto, se dirige contra condenar! A TFP é acusada, entre uma atitude conforme foi 11oticiada". outras coisas, de ter exercido tiro ao Está implícito que, simplesmente por alvo contra a fotografia dele. Ela nega "Manchete" ter publicado, S. Emcia. categoricamente esta como as demais acreditou ... acusações, com enfático desdém. E Não conhecia S. Emcia. o desmen- ainda assim a nota oficial da Cúria tido da TFP (letra 8 ), categórico e (letra C) a condena por insuficiência lacônico como um altaneiro muxoxo de respeito ... de desdém? - S. Emcia. parece ter Ademais, não leu também o Purtido a intenção de responder a esta purado a_ carta (letra D) que lhe foi pergunta da caru que lhe dirigira o entregue domingo à noite, na qual o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (letra Prof. Plinio Corrêa de Oliveira trataD). Ao menos tem-se disto ·alguma va de "sacrílego" e "pesadamente impressão lendo os seguintes pará- burlesco" o tiro ao alvo que a rçporgrafos da resposta do Sr. Cardeal: tagem de "Manchete" atribuiu à TFP? "A nota da TFP ("Última Hora" No mesmo tópico de sua carta, há de / 9-2-82 e "Folha de São Paulo" de pouco citado, o Sr. Cardeal afirma 20-2-82). por ser demasiado genérica, que a TFP, quanto a essa acusação de não salvaguarda suficientemente ores- "Manchete", "se on1ire em dar explipeito devido à pessoa do Santo Padre, cações precisas". De sua parte, a TFP fundan1eí110 da unidade da Igreja Ca- tem certeza de ter esgotado todos os tólica Apostólica Romana. recursos da linguagem humana nor"A TFP (a respeito da qual tenho mal, para explicitar que nega a autoria restrições, co,no lembra em sua carta). daquele ato, ao qual qualifica severaSociedade que se gloria de professar. mente. Queira-nos S. Emcia propor sua Fé na Igreja Católica Apostólica . qualquer palavra que ainda julgue Romana, /an,entavelmente se omite necessário para tomar isto mais claro.

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destes clamorosamente justos contra os Estados Unidos, a presença francesa significaria também agitação cultural, com envio de técnicos de conscienti,.ação, de fermentação de massas e de tensão social. "Esse pleiteado esfriamento com os Estados Unidos tende a privarnos de um parceiro poderoso, rico, e movido por impulsos alternativos de egoísmo e de compreensão fraterna. A ficarmos privados desse parceiro, dada a estatura do Brasil atual, não nos bastariam a França, a GrãBretanha ou a Alemanha Ocidental. Porém, na estradà onde subitamente notaríamos que a solidão nos cercou, uma grande mão se apresentaria largamente aberta. A mão, ou melhor, a pata de urso da Rússia soviética".

"A posição assumida pela França - salientou o pe nsador católico - procurando aglutinar em tomo de si países latino-americanos fornecedores de matéria-prima, estaria a meio caminho entre o capitalismo e o comunismo. Seria a ideologia socialista autogestionária, denunciada em recente Mensagem divulgada em 41 dos principais jornais do Ocidente pelas treze TFPs". E concluiu o entrevistado: "Ê possível que tal jogo do socialismo francês seduza os amadores de política-jiction e de utopias. Na realidade, entretanto, a autogestão não é senão a meta última do comunismo. Pondo todo o mundo em autogestão, este último a si próprio se superaria. E a propriedade individual cairia por terra".

Pois não conseguimos excogitar qual possa ser ela. Em última análise, fica-nos a dolorosa certe,.a de que S. Emcia. deixou inexplicada a nota oficial da Cúria do Rio. 3. Abandonando celeremente esta matéria, a carta do Sr. Cardeal envereda, como foi referido acima, por assuntos específicos da Diocese de Campos. Ao contrário do que S. Emcia. parece imaginar, quando era Bispo daquela Diocese o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, jamais se intrometeu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm as-~untos dela. Não o consentiria a crônica falta de tempo do Presidente do CN da TFP. E menos ainda a forte personalidade desse ilustre Prelado. Quanto à posição da TFP ante a polêmica e distúrbios ocorridos em Campos, pena é que S. Emcia. não tenha consultado - antes de increpar o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - o atual Bispo D. Na,arro e o Sr. Núncio Apostólico D. Carmine Roeco. Eles lhe poderiam mostrar a correspondência que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira permutou com ambos sobre o assunto. E assim o Sr. Cardeal se teria poupado de fa1.er contra a TFP mais essa crítica infundada. De qualquer forma, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, na carta que escreveu a S. Emcia. (letra D) só aludiu aos assuntos de Campos com referência à ilibada honorabilidade pessoal do Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer e dos Padres que lhe seguem a orientação. Em sua resposta ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, S. Emcia. não se refere a este aspecto, mas à própria medula teológica do tema controvertido em Campos. Neste, a TFP não deseja entrar, máximeenquantodurar o presente carteio com S. Emcia., e por isso não publica os restantes tópicos da carta de S. Emcia. ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Se o Sr. Cardeal quer que suas apreciaçj5es sobre os fatos ocorridos em Campos cheguem ao conhecimento do Exmo. Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer e dos Sacerdotes tradicionalistas daquela Diocese, queira comunicar-se diretamente com eles. São Paulo, 8 de março de 1982"

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O s t•nd da TFP. na exposlçlo de gado da Associaçlo Brasileira de Criadores de Zebu de 1981. em Uberaba, foi dos mais visitados

Bispo agro-reformista investe contra a TFP A TFP TOMOU conhecimento, com eltplicável estranheza, das declarações feitas ao "Jornal da Manhã" de Uberaba (28-2-82) acerca desta entidade, pelo Sr. Arcebispo D. Benedito Ul.hoa Vieira. Enquanto de lábios episcopais os fiéis devem receber palavras de verdade, cordura e elevação, as dedarações do Prelado só ressumam a furor. Nelas borbulha o insulto, e se patenteia o desejo de que - embora em plena abertura política - o Poder público casse a liberdade de ação da TFP. Cabe notar. a este propósito, que ainda não há muito, vozes se faziam ouvir sempre que essa liberdade era negada pelo Poder público a integrantes da esquerda. Em favor destes se alegava que tal liberdade constitui um direito humano inviolável. O mesmo já não parece ser válido aqui, no tocante à TFP... O intuito de ofender e de desprestigiar, o pânico de que a TFP faça ouvir sua voz e torne conhecido seu pensamento também se expressam muito significativamente no pedido feito pelo Prelado, de que aos cooperadores da TFP sejam recusados desde já acesso, voz e vez na Feira da Associação Brasileira de Criadores de Zebu, a qual se deverá reunir na próspera cidade mineira no próximo mês de julho.

o qualificativo de hipócrita, ou de herege. Hipocrisia ... o insultante da expressão não pede explicações. Uma palavra sobre o qualificativo de herege. O título que o fiel mais preza é o de filho da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. A heresia é um delito que, segundo o Direito Canônico, desqualifica de católico quem o comete. Católico e herege são termos inconciliáveis. Portanto, a um católico não pode ser feito maior ultraje do que qualificá-lo de herege.

2. A gratuidade da injúria.

Toda acusação, máxime se feita de público exige provas. Na carência destas, só pode ser tida por inidônea. Quais são as provas alegadas pelo Sr. Arcebispo de Uberaba para fundamentar suas injúrias? Absolutamente nenhuma. Então, do que valem elas? - De nada: Poderia e ntretanto ficar de pé, no espírito de algum leitor, alguma dúvida contra a TFP. resultante da reportagem da revista carioca "Manchete" (edição de 27-2-82). Sobre esta, a TFP já apresen19u límpida e irretorquivel análise, publicada, na "Folha de S. Paulo", na "Última Hora" do Rio de Janeiro e no "Correio do Povo" 1. A gravidade da injúria. de Porto Alegre, no dia 3 de março Segundo o Sr. D. Benedito, os p.p., bem como no"Jornal da Maintegrantes da TFP "se dize,11, nhã" de Uberaba, de 4 de março embora falsamente. católicos". O p.p. Coin o que encerra o assunto. que significa que de fato não o são. Pois foi esta reportagem que o Sr. Ora, quando alguém "se diz " D. Benedito Ulhoa Vieira escocatólico. porém só o é 'falsa- lheu como peça mestra de seu 111e11te", é dificil que não mereça furioso ataque à TFP.

Resposta da TFP ao presidente da Associaçã o Brasileira de Criadores de Zebu A PROPÓSITO de reportagem sob o titulo "A BCZ não quer TFP 110 Exposição", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, fez as seguintes declarações: "Nem em Uberaba nem em qualquer outro lugar do Brasil alguma campanha da TFP jamais teve caráter de desordem ou d e agitação. Temos 2.927 documentos de autoridades j udiciais, municipais ou policiais que atestam a lisura de nosso procedimento em toda a nossa atuação pública, Espantame que o Sr. presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu ignore isto. Ainda mais me espanta que ele haja procurado informações

sobre a TFP, a campeã do direito de propriedade dos fazendeiros, junto ao Sr. Arcebispo d e Uberaba, um dos mais fervorosos partidários da Reforma Agrária proposta pela CNBB em 1980. Em última análise, se ele quer usar seu cargo para atacar os a migos da classe rural e favorecer a Reforma Agrária, pode até propor aos fazendeiros que entreguem, desde já, suas terras para o Sr. Arcebispo instaurarem Uberaba o sistema socialista autogestionário. A mim toca tão-só protestar categoricamente contra as versões erradas sobre a atuação da TFP, as quais o Sr. Manoel Barbosa toma como base de sua estranha atitude."

TFP esclarece O Serviço de Imprensa da TFP distribuiu a ·seguinte notll: "A elttensa reportage;n sobre a TFP, publicada pela revista "Manchete" datada de 27-2-82, é exemplo caracteristico do que um noticiário jornalístico não deve ser. Tudo quanto atribui à e_ntidade, esta não fez. E tudo quanto a TFP fei., sempre na observância escrupulosa da lei - campanhas, cursos, di{usão jomallst'lca, edi~o de livros, atividades beneficentes - a reportagem cala. A recente Mensagem das T FPs publicada em 41 dos maiores jornais do Ocidente, nem sequer é mencionada. A TFP, de sobejo co_nhecída em todo o Brasil pelo caráter idealista e ordeiro de suas atividades, se dispensa de maiores comentários sobre o assunto. E se limita a aduzir que nunca imaginou P.Osslvel q_ue chegasse a tal extremo o notório fanatismo anti-T FP daquela reVJsta."

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1 •

ll N.0 376 -

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Abril de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Já publicado em 24 jornais dos maiores de 11 Rações do Ocidente

Na França: o punho .e strangulando a rosa O PUNHO E A ROSA ... Um punho. que parece mais próprio para o boxe. seguia - prestes a espremêla - a haste de uma rosa. Esta se abre no extremo da haste, leve e graciosa como se estivesse posta num jarro \ \ de porcelana. Não é fácil explicitar o significado desses simbolos "heráldicos" hcterogcneos. máxime assim justapostos. 1 . A promessa - O operariado marxista conduzindo o país, que floresce na liberdade? - Talvez. Em todo caso, se eles tiverem sido concebidos para significar tal. dificilmente poderiam ser mais próprios. Pois exprimem bem as esperanças de liberdade que o "socialismo de face humana" se esmera cm despertar. Mas há também nos ~imbolos algo de obscuro e de contraditório. Pois esse punho agressivo e brutal parece incompativcl com a flor, como o murro o é com a rosa. Dir-se-ia que tal punho não poderia deixar de se pôr a estrangular a rosa. E que. se a rosa pudesse conhecer um punho como este. cessa ria - so• brcssaltada - de sorrir e começaria a oefinhar. Não são outras as rc2. A dúvida lações entre o socialismo e uma autêntica e harmoniosa liberdade. Por mais ênfase que ele manifeste em prometê-la. onde ele se instala, se põe a estrangulá-la. É o que se pode recear esteja acontecendo na gloriosa e querida França, bem antes de completado o primeiro ano do governo autogcstionário. É oportuno pô-lo em evidência neste momento em que, com o apoio da coligação socialo-<:omunista, o governo Millerrand empreende ativamente a propaganda da autogestão cm todo o Ocidente. Um exemplo concreto parece ilustrar adequadamente essa apreensão. Diz ele respeito precisamente a uma das liberdades cuja preservação os ingênuos mais esperam do governo Mil!errand, isto é, a liberdade de imprensa.

• • • Como geralmente se sabe, as treze Sociedades de Defesa da T radição, Família e Propriedade - TFPs - vêm publicando, a partir de 9 de dezembro p.p., em grandes cotidianos de quinze países (Alemanha. Argentina, Bolívia . Brasil, Canadá. Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, lnglaterrra, Itália, Portugal, Uruguai e Venezuela) uma Mensagem de alerta sobre a incompatibilidade entre os princípios perenes da civi lização cristã, de um lado, e, de outro lado, a reforma autogestionária, na qual o PS prometeu engajar a França, quando das eleições de 1981. Reforma esta gradual, mas também total, demolidora do direito de propriedade sobre o solo, a empresa, a escola privada, invadindo a familia para organizar os filhos contra os pais, e não poupando sequer, em seu termo final, os lazeres, o an1é11agement doméstico e a própria pessoa de cada francês. Em nenhum dos países mencionados encontraram as TFPs obstáculos para publicar, como matéria paga, sua Mensagem. De par em par, abriram-se para elas os órgãos de imprensa. E em nenhum momento estes se julgaram comprometidos, por tal, com um pensamento que, em parte ou no todo, não é o deles. Assim procedendo, tais óq:ãos foram estritamente coerentes com os prmcipios democráticos que proclamam como seus. Seria natural que nos grandes cotidianos franceses, ufanos de professar esses mesmos princípios democráticos, a Mensagem das TFPs fosse igualmente fácil de divulgar. Contudo, as TFPs fizeram, neste lance, a amarga

expericncia do contrário. E se julgam na obrigação de informar a esse respeito não só o público brasileiro. como o de cada um dos países cm que a Mensagem vem sendo publicada.

• • • Abstração feita dos órgãos declarada· mente socialistas ou comunistas. foi oferecida sucessivamente a seis diários franceses de grande porte, de tiragem superior a cem mil exemplares. a publicação do texto sereno e elevado da Mensagem das TFPs. Entretanto, todos esses órgl\os se negaram a fazê-lo. Atitude esta a vários títulos inexplicável, pois: a) Órgãos de publicidade ufanos de sua linha democrática - os quais. ademais. divergem entre si cm vários pontos importantes - neste caso concreto convergem. com desconcertante unanimidade, nessa recusa. Ficam assim as treze TFPs privadas de publicar. cm solo francês. seu pensamento oposto ao socialismo autogestionário; b) Acresce que dois desses jornais chegaram até a se comprometer formalmente a publicar a Mensagem das TFPs no dia 15 de dezembro p.p. (publicação adiada no último momento, por determinação da TFP francesa. pois a atenção do público estava então fortemente atraída pelo caso polonês). Tão firme era tal compromisso que. na perspectiva de tal publicação, e de acordo com ambas as partes. uma agência publicitária chegara, no dia 11 de dezembro. a receber integralmente o preço estipulado. Tudo isto não obstante. no dia 6 de janeiro p.p. essa agência prevenia às TFPs que os dois cotidianos em questão acabavam de se recusar a cumprir o compromisso assumid o. Motivo alegado: nenhum;

3.

O fato

c) Como violação arbitrária do pactuado, expõe naturalmente a empresa proprietária de ambos os jornais a ser cobrada por perdas e danos. Mas nem sequer a perspectiva de tal prejuízo constituiu óbice a essa atitude: d) Do ponto de vista desta, e das demais empresas jornalísticas recusantes, a matéria paga é uma das fontes de ingresso mais correntes. A extensão da Mensagem convidaria especialmente a publicá-la. A recusa é, pois, contra a índole das empresas jornalísticas e nquanto tais.

• • • Uma pergunta se impõe aqui: qual a razão dessa frente única de recusas, para coarctar a liberdade da_s trez.e TFPs, na França? E nos confins do horizonte, só uma hipótese explicativa se delineia. Como organizações privadas que são, as entidades publicitárias donas desses diversos jornais podem ser postas, de um momento para outro, no rol das empresas autogestionárias, por deliberação legislativa da maioria parlamentar socialo-comunista. Caso no qual seus atuais proprietários passariam normalmente à situação meramente gerencial, ou perderiam até toda função dentro da empresa. Assim, não será surpreendente que esses órgãos de im'prensa se abstenham de facultar às TFPs uma liberdade de expressão que neies mesmos está, pelo menos potencialmente, golpeada de modo tão profundo. Qual a liberdade efetiva de expressão em um regime no qual, sobre a cabeça de cada dono de empresa

A relaçio dos jornais que publicaram até o momento o Comunicado "Na França: o punho estrangulando a rosa" encontra-se na página 4.

Me,isage,ri das Soci.edades de Defesa da Tradú;ão, Famílm e

Propriedade -TFPs as T FPs esperam que a divulgação deste jornalística. está uma espada de Dâmocles, Comunicado fora da França consiga levá-lo suspensa por um cordel cuja extremidade ao conh ecimento de boa parte do povo francês. se acha em mãos do Governo? E também que, de outro lado, abra os olhos Qualquer que seja o calor consentido de do Ocidente para quanto há d e contraditório facto aos órgãos da oposição, a situação e impraticável na promessa autogestionária destes é, de jure. a de Dâmocles sob a espada. de socialismo com liberdade. Aliás, é perfeitamente admissível que as Esta constatação é de grande alcance. Pois oposições calorosas não sejam tão incômodas abstração feita da promessa de liberdade, só para um governo quanto outras que. com resta no regime autogestionário o que ele tem cortesia e serenidade, focalizam certos temas de afim com o comunismo. delicados, dos quais nem todas as correntes de opinião se deram conta. Ora, a Mensagem das treze TFPs põe • • • o dedo em certas chagas doloridas e ignoradas pelo compacto eleitorado católico, o qual foi A Mensagem das treze TFPs sobre o peso decisivo pró-socialismo nas eleições de socialismo autogcstionário vai abrindo seu 1981. Por exemplo, quando ela focali1.a o irrecaminho la rgamente pelo mundo afora. E, ao mediavelmente incompativel de um regime longo deste, tudo tem encontrado: ódios furiautogestionário compulsório, com a verdadeibundos, criticas infundadas. omissões inexra Doutrina da Igreja sobre o caráter naturalplicáveis, velhas e luminosas solidariedades mente ind ividual do direito de propriedade. que nunca se deixaram desonrar pelo medo. Ou quando aponta a equiparação entre o incontáveis adesões novas. algumas das quais matrimônio, a união livre e até a união hoinesperadas e magníficas. mossexual, segundo a doutrina e o programa Neste caminho, o presente Comunicado do Partido Socialista. constitui um lance a mais. Consoante com a Não é intuito das TFPs entrar em polêMensagem. ele concerne não só o socialismo mica com essas folhas, assim condicionadas autogcstionário, mas também o comunismo. pelo moloch autogestionário De tudo isto - e do que ainda acontecer - se socialista. Com a presente escreverá um dia a História. A História épica publicação, visam tão-só as de um dos supremos esforços empreendidos TFPs fa1.er sentir ao públi··;,, signo Crucis", a fim de evitar à civilização co dos maiores países do ocidental agonizante o soçobro final para o Mundo Livre, quanto já paqual esta se vai deixando rolar. rece confinada a liberdade, Depois das grandes campanhas - sempre neste inicio do regime sodoutrinárias e ordeiras - das TFPs contra cialista autogestionário. O o comunismo. este se cala. Não muito tempo que deve levar cada cidadão depois, com base cm deformações ou calúnias do Mundo Livre a temer sem alcance doutrinário, têm surgido contra por . sua própria liberdade . elas ofensivas publicitárias furiosas. Rcpetirindividual, caso o socialissc-á isto agora? ººQui vivra verra··. diz o mo autogestionário seja imadágio popular francês. plantado no respectivo pais. É-se assim levado a crer São Paulo, 11 de fevereiro de 1982 que uma cortina vai envolFesta de Nossa Senhora de Lourdes vendo a França de hoje. Não é ela de ferro, nem de Pela TFP brasileira, bem como - com bambu. É a cortina, como 4. A decepçio expressa delegação - pelas TFPs. e congêque impalpável, do silêncio neres, da Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, publicitário que, inevitavelmente, caminhará Colômbia, Equador. Espa nha, Estados Unipara ser total. dos, França, Portugal, Uruguai e Venezuela. É este fato que as TFPs levam ao conhePlinio Corrêa de Oliveira cimento de todo o Ocidente. A publicação do PRESIDENTE DO CN DA presente Comunicado será, por sua vez, soliSOCIEDADE BRASIi. EiRA DE DEFF.SA l)A citada aos mesmos jornais franceses. ConTRADIÇÃO, FAMII.IA E PROPRIEl)AOE tudo, ainda no caso de nova recusa coletiva,


SÃO PEDRO ARREPENDIOO -

,f',fifi), ,,1 f J

Exce- /

lente trabalho de Frei Agostinho da Piedade. em barro cozido ' ~•, (1640). A imagem é consido- 1 / reda como auto·retrato do I'artista e po<tence à igrejinha ft · de Monteuerrste. oo 1

f

J

Paixão de Cristo, Paixão da Igreja

Satvedor. Bahi.e. Exprime com vigor o abatimento do Apóstolo após negar por três vezea

o Divino Me,tre.

o acompanhou até a morte. Foi a ação salvífica exercida por ele que levou São Pedro a se converter e transformar-se em outro homem. E como seria belo imaginá-lo a cerrar os olhos, após a última visão terrena, sentindo sobre si o olhar afetuoso do inesquecível Mestre.

Ora. em face do sofrimento insondável da Igreja cm sua triste condição atual. a nós. católicos, cm graus, medidas e formas diversas, també m Nosso Senhor pergunta afetuosamente: "A ti , a quem escolhi

como filho, ouve em meu Coração o pulsar de uma imensa dor. Mede-a e participa dela. Para quem o fizer, Eu pagarei com todas as minhas suavidades, meus sorrisos. minhas bênçãos e minha recompensa. Meu fi. lho, queres ouvir o meu Coração?" Peçamos a Nossa Senhora que nos dê a determinação de olhar e medir por inteiro o panorama de desolação que nos cerca . Mas roguemos também a Ela a certeza sobrenatural de que a vitória virá e que toda a catástrofe atual não servirá senão para realçar sua glória. Dessa certeza nascem. na alma do varão que vê, se indigna e tem um pranto proporcionado a tal panorama. ale-

grias, amenidades, sorrisos, que já são o começo do triunfo do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria. Visão grandiosa e trágica, de um lado, mas, de outro, já prenunciativo de primaveras de belezas inexcogitáveis. É tão normal que ao extremo da desolação e da justiça punitiva suceda depois a reconciliação bondosa, o banquete para o filho pródigo que volta à casa paterna, o arco-íris que aparece. o homem que sai de dentro da arca ... Após participar das dores incomensuráveis da Paixão, os verdadeiros católicos são convidados a partilhar do júbilo da gloriosa Ressurreição de nosso Redentor.

Imagem tridimensional: nova comprovação da autenticidade do Santo Sudário A AUTENTICIDADE do sagrndo len9ol de linho que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a descida da Cruz - designado universalmente por Santo Sudário - vem recebendo confirmações as mais espetaculares da técnica moderna. Sucessivas pesquisas. realizadas dc.s de o sé<:ulo passado, chegaram sempre a resultados comprobatórios da autenticidade do Santo Sudário. Já em

"A elaboração eletrônica da face do Sudário faz aparecer cm relevo os filetes e pontos de s.a.nguc coagulado. Mas reve la ta1nbém ciue o sangue estava presente. cm alguma medida. cm toda a face - cm cada poro. por assini dizer. A explicação mais provável ê que aquele rosto tenha verdadeiramente suado sangue.

1904. o fra nc~ Oclage efetuou o cálculo. de 83 milhões de probabilidades

' ' ) 4° EU j

V.1

DEUS. meu Deus. por que Me nbando11ns1e?" (Mt. 27, 46) - bra-

dou Nosso Senhor do aho da Cruz. Ele proferiu aquele brado lancinante devido ao extremo desamparo em que o próprio Deus parece haver deixado o Verbo Encarnado. A Alma do Redentor sofria a terrível aílição espiritual causada pela ausência das consolações divinas. Contudo, sua dor, no que tinha de mais pungente, era ocasionada pela consideração dos pecados que Ele tinha diante de Si. Pecados. sem dúvida, daquele povo que O abandonava. Mas também ofensas a Deus que se cometeriam em todos os séculos, pois o Verbo Encarnado teve conhecimento de tudo e sofreu isto em sua via dolorosa. Toda a História passou diante de seu olhar exausto e inundado de Sangue, num Corpo do qual a vida se ia retirando. Certamente, o Divino Salvador foi acabrunhado pela visão da imensa e universal conturbação dos dias que correm. E alé.m de outros horrores, tal visão levou-O a proferir aquela angustiosa exclamação: "Deus 1ne11. Deus meu.

por que Me abandonaste?" Realmente, a Santa Igreja e a ordem temporal encontram-se hoje cm grande desolação. O lha-se para a Igreja; Ela está submetida a um misterioso "processo de nu1at1,,,110lição" e invadida pela "fu11wça de satanás". conforme constatou Paulo VI (cfr. Alocuções de 7-12-68 e 29-672, respectivamente), cujas manifestações desconcertam e estarrecem os corações genuinamente católicos. Se a nalisamos o estado da sociedade temporal , a visão que se nos depara é confrangedora. Subjugadas muitas nações pelo comunismo. ameaçadas outras pela versão mais recente deste - o socialismo autogestionário - . minadas profundamente, de um modo geral. por uma impure,.a avassaladora! Terras que heróis católicos levaram no passado à vitória vacilam hoje sem dar sinais de uma vitalidade e reatividade proporcionadas ao perigo que as ameaça. Pelo contrário, não se importam com o perigo e desprc,,am quem procura libertá-las.

2

Aos cató licos a quem a Providência concedeu presenciar o trágico panorama. o Redentor da humanidade convida a que abram os olhos e examinem a situação de frente, como Ele. no Ho rto das O li veiras, mediu todos os horrores de sua Paixão.

T al convite para o sofrimento pois é disso que. cm última análise, se trata - o Divino Mestre certamente fe,. àqueles que O seguiam. Algo semelhante pode ter-se passado, por exe mplo, com Verônica. que enxugou o santo rosto no caminho do Calvário . Com São Pedro. a quem o Redentor olhou após sua triplice negação.

É razoável supor que a Verónica Nosso Senhor Se tenha mostrado no horror d e seus sofrimentos fisicos e morais. Ela. então. lancinada por uma dor indi zivel , correu a seu encontro. enfrentando tudo. e enxugou-Lhe o sagrado rosto com uma toalha , onde a Face divina ficou estampada. Poderia ter sido uma confidência do Mestre, que se exprimiu assim a ela: "Não tens pena desta dor?" Talvci esse pensamento comunicado à santa mulher tenha lhe dado a coragem de ver de frente o sofrimento. A cena com São Pedro é bem conhecida. Após ter negado o Divino Mestre por três vezes. o galo cantou e o Salvador apenas lançou urn olhar ao Apóstolo que O renegara. Naquele olhar. que imensidade de dor moral Ele terá comunicado! Como São Pedro terá sentido e e ntendido melhor. nessa ocas ião. inc lusive as sacratíssimas dores físicas de J esus ! Era como uma confidência iluminadíssima que lhe dizia: ··vem e segue-Me". E ele c horou amargamente. S eguiram-se depois a glória e o martírio. Mas São Pedro, na horn d e morrer. ainda pediu para ser c rucificad o de cabeça para baixo. porque não se julgou digno de ser martirizado como Aquele que ele negara. ainda o mesmo olhar que

e

contra uma, de haver o precioso tecido realmente e nvolto o Corpo de Jesus. O

A projeçlo tridlmenaio-

referido cálculo foi endossado. cm 1978. por 40 especialistas da NASA.

Noaao Senhor gravada no Sud6rio da Turim

nal da sagrada effgie de

permitiu ao engenheiro Giovanni Tamburelli obter esta imagem em relevo. através de pro· ceuoa eletr<anicoa(foto

Estes. dispondo dos recursos mais avançados de nossos dias. elaboraram eletronicamente a imagem tridimensio-

nal do Sudário pela primcirn VC'I:, prova irrefutável de que, pelos relevos

ecima). A Sograda Face retocada porTambureUi a partir da figura tridimensional (foto ao lado)

que a foto aprcscnla. o tecido envolveu um corpo. Se a imagem impres$a no Sudário fosse uma pintura. os

cálculos efetuados por computador

deixa entrever a impressionante majeata-

não apresentariam o efeito da "cor•

de do Homem-Deus.

poreidade", "Catolicismo" de março de 1978. no artigo intitulado "lncompór<ivel ltma de mediração para a Semana Sanra", levou ao conhecimento de seus

leitores um histórico do Santo Sudário e os resultados de várias importan· tes pe$quisas até então realii adas. E

cm seu número de abril de 1980 divulgou as conclusões dos estudiosos

da NASA.

• • • No ano passado. fotos tridimcn· sionais mais perfeitas que as da NASA

"O Homem do Sudário teve o septo

nasal fraturado. e a foto tridin1ensional mostra que o s.angue verteu abundantemente do nariz.. com um

filete gotejando sobre os bigodes até formar um coágulo no lábio inícrior. A face direita (à esquerda de quem olha) aparece. ademais, tumcfala por um soco e. mais acima. por um golpe de bastão. ··A tradição oral di1. que C risto caiu

várias vezes no trajeto do Gólgota. O

Evangelho limita~sc a dizer que. em foram obtidas pelo Prof. Giovanni dado momento. os soldados romanos Tamburelli. engenheiro e docente de . obrigaram um passante a levar a Cru,., telecomunicações da Universidade de porque Jc~us. eviden1emcntc. não estaTurim. va mais em condições de fazê-lo . A Tais fotos, bem como declarações imagem tridimensional revela na face do próprio pesquisador italiano. foram esquerda várias escoriações pequenas:. publicadas pela revista "Gente·· de que podcrian1 ser devidas ao impacto.

Milão, de outubro de 1981, cm artigo de Maurizio Blondet. Transcrevemos a seguir as palavras do Prof. Tamburelli. cxp1icando sumariamente o processo

nas quedas. contra as pedras do caminho". .. A descoberta mais impressionante

utilizado para a obtenção das fotos e os pontos capitais das descobertas efetuadas.

que fiz com a foto tridimensional acrescenta o pesquisad9r - talvez seja a seguinte: na maçã esquerda do rosto,

Testemunhos da Paixão

ao lado do nariz., a foto revela uma incisão cm linha 1·e1a e. logo abaixo. outra incisão curva. Poderia ser a mar•

"Deixo de lado os detalhes técnicos. 13as1a rá dizer que um !iníssimo raio Inser primciramcnre "explorou" um slid,, do Sudário, assinalando um ·~valor de luminosidade" referente a

cada ponto da imagem. O computador. depois dessa operação, elaborou tais valores. O rc,s ultado foi, mes• mo para mim. inesperado e comovente. "Comovente? Sim , precisamente. O efeito de re levo da imagem tridimen·

sional não depende de efeitos fo tográficos ou. por exemplo, das caracteristicas do tecido do Sudário. A rugosidade. as sombras (que ai se vêem) são. entretanto, sinais da Pai~ xão: filetes de sangue. feridas, tume-

fações. Existem pelo menos uns 20 pormenores, jamais revelados antes. que confirmam ponto por ponto a narração evangélica.

ca de uma lança pontiaguda, cm forma de pequena foice. O soldado que deu de beber a Cristo provavelmente O feriu. "A parte esquerda da face apresenta um longo filete de sangue. que

sado. Além disso. essa última gota está mais cm posição "transversal" cm

relação à gota sanguínea que aparece debaixo do bigode. Provavelmente. no momento da monc. a face reclinou~se ainda mais.

"O Homem do Sudário continuou a sangrar (sin31 de que ainda estava

vivo). enquanto permane<:eu cm posi· ção vertical. Mas depois da dcpo~ição. quando o corpo foi colocado em posição horiiontal. já não sangrava mais. A foto rridimensional confirma que

todos os filetes de sangue estão voltados para a parte anterior do rosto. e nenhum filete cai para os lados, como teria acontecido se o Homem a inda

tivesse perdido sangue após a deposição".

Trinta anos "Quantos anos contava o Homem

do Sudário'!'" rclli. -

pergunta-se Tambu-

"Parece velho. muito mais

velho do que mados que os Jesus. Mas o ostenta é o de

os trinta anos aproxiEvangelhos atribuem a rosto que o Sudário

um homem supliciado. que sofreu torturas. tribulaç,õcs: e so· frimcntos incnarráveis. Para revelar os traços naturais, procedemos a uma espécie de "lava,g em clc1 rônica" da imagem. atenuando ou cancelando as

marcas do sangue e das feridas. Nosso

desce verticalmente pela fron te, a par· tir da ferida causada _por um espinho

procedimento - note-se - não íe1.. porém. desaparecer as rugas naturais

até quase o queixo. E sinal de que o Homem do Sudário ficou, durante algum tempo. com a cabeça erguida. Mas depois. "i11di11ou o cabeço" (cfr. Jo. 19, 30): e o sangue escorreu para o lado, ínvadindo a parte direita do rosto. Uma grande gota, bastante visível, formou-se sob 'o bigode direito. A

da idade. as saliências debaixo dos olhos e assim por diante".

morte deve ter sobrevindo pouco de-

pois: tam~m a queda de sangue da narina direita deu-se de modo trans· versai. mas ostenta uma peculiar for·

ma cm ponta. O sangue não mais saia senão lentamente do corpo, no qual a circulação já havia praticamente ces·

Foram ademais pintados de preto a

barba. os cabelos e as sobrancelhas: "Tomamos essa pequena liberdade" explica o Prof. Tamburelli. E conclui o docente da Universidade de Turim: "Apareceu então este rosto de um Homem de traços hebraicos (note-se o nariz levemente recurvo: não reio. como aparece nas fotos americanas).

com a boca pequena, a fronte alta e lisa. Um rosto de uma belc1.a severa. Que idade lhe atribuir? Cerca de trinta anos".

CATOLICISMO -

Abril de 1982


Saint-Laurent-sur-Sevre, cidade-relicário do Escravo de Caio V. Xavier da Silveira nosso correspondente PARIS - Era uma noite de janeiro. fria mas inusitadamente estrelada para o inverno francês. Para q ucm seguia como nós a estrada de Nantes a Poitiers, a certa a ltura do percurso. dois altos campanários atraíam a atenção. No fundo de um vale. graciosa em seu vulto noturno. Saint-Laurcnt-sur-S~vre dá a impressão a quem entra nela de penetrar numa página de algum álbum de aldeias medievais. Nela morreu e foi sepultado o grande São Luís Maria Grignion de Montfort, cuja festa a Igreja comemora no dia 28 de abril. Eram ainda dez horas da noite, mas nosso hoteleiro esperava-nos - dois amigos me acompanhavam - um pouco apreensivo, pois nesse horário em Saint-Laurent todos já estão se recolhendo. Não era possível terminar a noite sem olhar, ainda que de fora. a Basílica dentro da qua l está o corpo de São Luís. E à s ua porta ficamos algum tempo. O frio era intenso. Não se ouvia nada. a não ser o borbulhante rumor das águas do Scvre, que justamente ali passam pelos restos da pequena barragem de um velho moinho. E também, de quarto em quarto de hora, dois ou três relógios, postos não se podia distinguir be m onde, assinalavam o tempo com diferentes toques. cujo timbre vinha de outras épocas e parecia ser a expressão sonora daquela placidez .. No dia segu'inte. se bem que não fosse tão cedo, algumas estrelas ainda visíveis iam aos poucos desaparecendo. Uma ponte rústica atravessa o Scvre. Sobre e la se consegue um bom ângulo para observar a Basílica e o campanário cm flecha do convento ao lado. A manhã era tão gélid a que as águas do Scvrc, parecendo descer de regiões menos frias, agitadas ao passar pelo velho moinho, desprendiam uma névoa vaporosa que ia progressivamente assumindo as tonalidades do céu ao sol nascente. Na fímbria dessa massa nevoenta, cujos mati1.es iam se permutando, meio de neblina meio de pedra, configurava-se a Basilica: imensa. imponente. parecendo nascer do irreal e buscar as alturas. Nas proximidades. toda a vegetação estava cuidadosamente ornada por um delicado rendilhado de cristais de gelo. Os ramos desfolhados das árvores, a pastagem e as mil variedades de plantas tinham como que sido transformados numa vegetação encantada, pela invisível mão de um supremo artista que trabalhando na noite soubera adorná-la com subtilíssimos cristais. Aos primeiros raios do sol, galho por galho, folha por folha, iluminavamse em suas rendas cristalinas , cintilando mil arco-íris cm miniatura. O todo compunha-se magnificamente

' Vítta aérea de Saint-Laurent-sur-Sàvre. deatacando-,e a Basfliea e a capela das Filhas da Sabedori.a

Além da Basílica, há várias outras recordações deixadas pelo santo na cidade. O Convento da Sabedoria encerra hoje a antiga hospedaria do Chêne Vert, onde ele morreu. Sua imagem de moribundo está colocada num cscrínio no q uarto em que expirou. O escrínio tem a forma de uma arca . com a seguinte inscrição em sua base: "ln arca Dei Maria navigavit in vita''. Inúmeros objetos de seu uso e ncontram-se no museu do convento. Merece destaque a mesa na qual escreveu o "Trawdo da Verdadeira Devoção à Sa111íssima Virgem", sua principal obra.

A Vendêla militar Visitando seu túmulo - o qual poderia ser considerado como o

Basllica de Slo lufa Maria Grignion de Montfort. em Saint-Laurent•aur•Sàvre

com o céu. com a tênue luz que despontava e com a névoa de colorido cambiante do Stvre. de modo a nos dar a impressão de habitarmos por momento uma região fantástica e irreal.

A evocação de um gigante espiritual A vida e a obra de São Luís Maria Grignion de Montfort não dão uma impressão de grandeza fabulosa menor do que esse nascer do sol às margens do rio onde ele expirou. E estar junto de seu túmulo confirma tal idéia. À esquerda de quem entra na Basílica, sob um dossel de mármore sustentado por colunas, ele é visto sempre imerso cm recolhida penumbra. Ao lado. junto à parede, inscrita na lápide colocada cm seu primeiro túmulo, no dia seguinte ao de sua morte lêsc: "Digníssimo Padre, morto' em odor de santidade". Parece que um

Igreja de Chanzeau. com o çampaMrio hia1órico (ao fundo. li direita), onde 19 homens e 1 O mulheree opuseram heróica re.si•tência ao cerco doa revolucion6rio1

de 1789. Treze vendeanos. inclusive o P,roco, Pe. Blanvillain~ ali foram marti· ri:radoa no dia 9 de abril de 1796. O vitral lembra eae belo epieódio da contra·

Anjo está sentado junto a seu sepulcro e fala ao visitante quando ele aceita deixar-se penetrar pela a tmosfera ali existente, suscitando no peregrino recordações do que ouviu ou leu a respeito do santo. Recordações reveladoras de um fato: em determinado momento da vida da Igreja, a Providência concedeu a um homem a graça de conhecer e aprofundar, mediante o esforço do espírito - como talvez ninguém o fizera até aquela época - os mistérios da Mãe de Deus. Assumido pelo fogo amoroso que tal conhecimento lhe trouxe, São Luís Grignion efetuou a doação suprema de si mesmo como escravo de Maria , tornando-se o incansável apóstolo itinerante da verdadeira devoção à Virgem Santíssima. A mencionada doação de tal modo dilatou sua alma que. examinandosob qualquer ângulo, ela ostenta proporções grandiosas. Missionário, teólogo, místico, escritor, poeta, fundador de Congregação religiosa , ele foi sobretudo uma alma imensamente combativa. Seu grande desejo de jovem Sacerdote era evangelizar os índios iroq ueses do Canadá. Em Roma recebeu de Clemente XI a ordem de não partir para a América e permanecer na França como missionário na região oeste do país.

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A luta contra o Jansenlsmo

revoluçlo vendeana.

Naquela época, a heresia jansenista grassava na Vendéia, causando imenso dano aos fiéis. Foi a estes que o célebre missionário pregou a verdadeira devoção a Nossa Senhora, conclamando-os a se consagrarem a Ela como escravos. A fúria jansenista desencadeouse terrivelmente contra o grande teólogo mariano. São Luís sofreu contínuas perseguições, sobretudo por parte dos Bispos, infectados em sua grande maioria pelo espírito de Jansênio. Proibiam-nQ de pregar em suas dioceses, impeliam a polícia real a sustar e mesmo destruir suas obras. Entretanto, pelo pequeno povo de Deus São Luls Grignion fot sempre estimado; e quando morreu cm 1716, era já conhecido como santo. Contava apenas quarenta e três anos de idade. CATOLICISMO -

Abril de 1982

cercas vivas - a região mantém o hábito de separar as propriedades e os campos com arbustos plantados cm fila formando linhas divisórias - são as que existiam então. A cidade de Chanzeaux, dentre aquelas das proximidades de SaintLaurcnt. é certamente uma das que despertam maior admiração. O terrível cerco do campanário de sua igreja destruída assinalou um dos episódios mais gloriosos da guerra da Vendéia. Dezenove homens e dez mulheres com algumas crianças transformaram aquele campanário num valoroso fortim de guerra. Resistiram por três vezes ao assalto de uma coluna incendiária, dizimando os revolucionários. Por fim. estes conseguiram pôr fogo até no Íeto do campanário. Os últimos sobreviventes foram capturados. O combate deixou treze mortos no interior desse bastião improvisado; quatro deles eram mulheres. Falamos com o atual Pároco. Contou-nos histórias daqueles valorosos paroquianos de então. Levounos a té o campanário, cujo teto está reconstruído, mas cujas pedras conservam ainda numerosos sinais da violência da batalha. Ao tocá-las, tivemos bem presente que elas testemunharam tanta bravura , aflição, sendo, por fim, cobertas de sangue e de imensa glória.

"O Intrépido"

T6 mulo de Slo Lula Maria Grignion de Montfort na Basflíca

coração da Vendéia - , é preciso. cm seguida, sentir o que foi o pulsar da vida montfortiana nos lugares onde se travaram as batalhas dos católicos perseguidos contra os sequazes da Revolução Francesa. Aqueles fiéis que, ao fazerem a lápide para seu sepultamento, gravaram na pedra a declaração de que morria um santo, transmitiram através de gerações, a chama recebida do autor da "Oração Abrasada". E quase cem anos depois, foram seus descendentes que heroicamente se opuseram à Revolução Francesa quando ela se insurgiu contra o Poder Espiritual e o Poder Temporal. As redondezas de Saint-Laurent-sur-Scvre são marcadas por lugares onde a fidelidade de simples camponeses levou-os a praticar atos de bravura dos mais belos da História: Chemillé, Chanzeaux, Cholet, os rios Layon e Hyrôme... A região mudou pouco em relação aos dias dessa epopéia. As cidades continuam aproximadamente do mesmo porte, conservam igualmente as ruas, as igrejas quase sem exceção permanecem nos locais onde foram edificadas, se bem que tenham sido refeitas após as selvagens destruições dos revolucionários. As modernas estradas seguem, em larga medida , o traçado das que existiam na época anterior à Revolução Francesa. Em suas encruzilhadas, incontáveis são os oratórios dedicados a Nossa Senhora ou a seu Divino Filho, tal como naqueles tempos de fé. Até mesmo inúmeras

Jallais e Chemillé ainda estão imersas nesses ares épicos. Foram conquistadas aos revolucionários por Cathelineau, que, indignado em virtude das perseguições à Religião, juntamente com vinte homens, proclamara a guerra santa. Deixou esposa e seis filhos, e partiu para levantar a região de Mauges. Ali estâ Cholet onde, após a batalha de outubro de 1793, o Marquês de Bonchamps, tendo alcançado vitórias impressionantes, foi mortalmente ferido. E. ao expirar. exclamou: "Servi meu Deus, ,neu Rei e ,ninha Pá1ria". Dos heróis da cruzada vendeana - Forest, Stofflét, o Marquês de Lescure. d'Elbée e outros muitos cujos nomes são evocados por aqueles lugares, um particularmente atrai a admiração: Henri de La Rochejaquelein. Um numeroso grupo de camponeses decididos a pegar cm armas como os da região de Maugcs dirigiu-se a La Rochejaquelcin, solicitando sua chefia. Como soldado, ele já se distinguira enquanto oficial da guarda do Rei Luís XVI. Recebeu o pedido cm seu castelo de la Durbclliêre. Não hesitou em atcndêlo. Caminhou lentamente rumo à entrada do castelo, onde o esperavam. E, ao montar, deixando de lado as numerosas reflexões que provavclrnentc desfilavam por sua mente naquele instante, seu olhar iluminou-se. E exclamou, voltandose para os recém-constituídos comandados: "Se eu avançar, siga111n1e: se recuar, matern-rne: se ,norrer. vingue,n-,ne!" E partiu. No decorrer das primeiras batalhas, foi cognominado o "Intrépido". Proclamaram-no generalíssi mo da Vendéia quando contava apenas 20 anos. Ferido na fronte, morreu cm 1794 entre Nouaillé e Cholet. Expirou recostado em uma daquelas cercas vivas da região. O exato local onde tombou apresenta hoje uma aprazível pastagem como tantas outras. Ao lado, reside uma familia que se ocupa de seus animais e da agricultura. No en-

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(conlinua na página 6) 3


M MEIO a geral e "inexplicável" confusão de dados na imprensa francesa como em tantos jornais brasileiros, a vitória espetacular do bloco centro-direita sobre o bloco socialo-comunista, nas eleições cantonais da França, acabou por se tornar patente aos olhos do ·mundo.

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o itinerári

Essa vitória produzirá seus efeitos em dois planos diversos.

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Assim, de um lado, ela reforçará a oposição, a qual passará a contar, agora. não mais tão-só com a bancada minoritária do Parlamento, mas também com a maioria em 58 (num totai de 95) conselhos gerais de Departamentos. Cumpre notar que, por iniciativa do próprio governo socialo-comunista (provavelmente esperançoso de uma vitória eleitoral). o poder desses conselhos fora ponderavelmente ampliado por lei recente ... Acresce que essa tão grave derrota foi sofrida pela coligação das esquerdas quando esta. baseada nos sucessos de 1981, se imaginava sentada sobre um rochedo e "senhora do.r ventos e das situações" (T. S. Eliot). E agora e la se vê apeada de sua situação por ventos que ela não soube prever nem dominar. Ora. tal derrota alterará forçosamente o estado dos espíritos nos comandos intermediários e nas bases partidárias, tanto socialistas quanto comunistas. E como não haveria de mudar, se à lui esplendorosa do êxito de 81 sucedeu. no ambiente interno do PS e do PCF, a luz mortiça não muito diferente da de velório da derrota de 82? No ambiente assim irremediavelmente transformado, às altas cúpulas não adianta tentarem '~sustentar a nota''. subestimando a situação por meio da constatação do revés cm termos sóbrios, e até neugmáticos. A luz mudou, e pelo fato de os donos da casa sorrirem e procurarem parecer animosos dentro da penumbra. não convencerão eles a

terceiros que a penumbra pareça luz. caminhar atrás desse governo de A derrota iniludível imporá forçosa- aventureiros? mente um arrefecimento da força de Isto é muitíssimo duvidoso, tanimpacto, dos dinamismos. das audáto mais quanto as treze TFPs deicias, especialmente no PS. E, em xaram demonstrado, preto sobre o conseqüência, um arrefecimento na branco, em sua recente Mensagem ação do governo. A me nos que as "O socialisn10 autogestionário: em altas cúpulas do PS e do PCF vista do comunismo. barreira ou queiram cometer. ad intra dos rescabeça-de-ponte?", que os resultapectivos quadros, o mesmo erro que dos e leitorais de 81 se deveram, não nestes dez meses de governo Mi1tcra um específico aumento dos votos rand cometeram ad extra, isto é , na conduta face a toda a nação. Em da esquerda. mas ao glissernent quero evitar a palavra portuguesa outros termos, o governo vem caderrapagem - de um contingente minhando com passo resoluto na eleitoral calculado pela revista "Inlinha da depredação da propriedade formations Catholiqucs lntcrnatioindividual. E imaginou despreocunales" em 25% dos católicos pratipadamente que conduzia atrás de si, cantes. E à abstenção eleitoral, combatendo-lhe palmas e dizendo-lhe pactamente burguesa, de 29,67%dos sim. o mesmo eleitorado que nele eleitores. Ora. nas recentes eleições votou em 81. Vêm as eleições cancantonais se tornou patente que 1onais, e o governo. surpreso, enestes setores da opinião escaparam contra diante de si a maioria da parcialmente das mãos da esquerda. nação barrando-lhe o caminho e A burguesia compareceu muito mais dizendo-lhe não. Não se facilita com do que costumava fazer cm antea opinião pública. A repetição desse riores eleições cantonais. E tudo faz erro ad intra do PS e do PCF crer que a maioria do centro e da consistiria cm que o governo resoldireita se deveu menos a uma divesse enfrentar a opinião pública. munuição dos quadros socialista e depredando sempre mais a propriecomunista , do que aos contin,gcntes dade individual e agravando assim o eleitorais católicos ílutuantes, jâ adescontentamento da maioria. Os gora alertados, que recusaram novo quadros médios e as bases dos dois g/issen,ent. partidos veriam engajado seu futuro político cm uma aventura sem senEstas observações merecem anátido. E que facilmente poderia levar lise especial cm um ponto. Os arao imprevisível. pois tal é toda tífices do glissement de 1981 paraventura. Até que ponto esses qua- ticiparam festivamente do coro laudros e essas bases continuariam a datório da vitória socialo-comunis-

ta. Mas já algum tempo antes das eleições cantonais haviam emudecido. O episcopado francês, que comanda a "esquerda católica" mais arrojada da Europa, calou-se. Não se falava mais desta . Superando de longe seus amigos socialo-comunistas, ela parece ter percebido o erro em que estes caíam. E emudeceu. Como muda, mutíssima está agora, depois do revés. Ela prefere, provavelmente, reservar suas forças intactas, para investidas mais subtis e mais viáveis que venham a ser feitas de futuro contra toda e qualquer desigualdade sócio-econômica. e portanto contra a propriedade individual.

Em conseqüência de quanto foi dito, se o governo e as a ltas cúpulas socialo-comunistas resolverem assim mesmo avançar. ficarão cada vez mais isolados de seus próprios quadros. Isto é, cada vez com menos amigos à retaguarda e mais adversários diante de si. Será a marcha para o abismo. O itinerário de Allendc.

Devíamos passar agora para o segundo plano. Isso é, o da repercussão dessa derrota na opinião pública internacional. Mas isto fica para o próximo artigo.

Esquerdas derrotadas nas eleições cantonais francesas munistas. o ministro do lntcrior. Gaston Defcrrc, procedeu algum tempo antes

das eleições à criação de 161 novos cantões. remodelando e dividindo os antigos. Tal reestruturação provocou

protc.sios da direita: o mínisiro do Interior, b<m como o secretário-geral do PS. Lionel Jospín, admitiram que realmente a mencionada mudança iria beneficiar a esquerda (cfr. "Lc Figaro". 6-2-82). Ora. contrariamente a essa expectativa. os resultados eleitorais demonstraram que vários redutos, reputados pelos esquerdistas como seus. contavam. realmente. com maioria direitista.

Maio de 1981: $0Ciatistas celebram a vitória do Mitterrend pelas ru&s do Paris. Alegria que durou pouco ...

O NOTICIÁRIO inesperadamente pouco preciso e incompJcto cm vários

órgãos de imprensa franceses e brosilcíros. sobre os resullados das eleições francesas de março último para a renovação de metade dos conselheiros canton3is. dificulta a avaliação do que foi, na verdade, uma significa1iva derrota da

esquerda socialo-con1unista . Essa perda é indiscu1ível no 1ocantc ao nümcro de cadeiras conquistadas: 1. 198 cadeiras para os eandida1os de ccntro--dircita contra 816 para os da

esquerda, ao r.nal do segundo escru1ínio ('). A análise das porcentagens de votos

obtidos pode. en1rc1anto, causar alguma perplexidade a quem não tenha acom-

panhado a evolução do eleitorado francês de direita e de esquerda~nos últimos anos. Com efeito. cm virtude da dcsproporÇ<1o numérica cn1rc os habitantes

dos vários cantões. a essa folgada maioria de cadeiras obtida pelos candidatos de ccniro-direiia correspondeu uma dííercnça porccntual de votos desprezível no primeiro turno das eleições (o único em

que. dadas as peculiaridades do sis1ema clcj,toral francês cm votaÇÕ(:s desse gê-

nero, se pode aferir globalmente as

preferências do eleitorado): (') Os dados rclativôS aos totais de cadci-

rns foram colhidos cm .. Lc Monde" de 23-3-82.

As pol'ccntagens eleitorais enunciadas mais :tdiantc: são baseadas cm i11fom1açõc.s divulgadas pelo Ministério do ln1crior francês. publicadas cm .. Lc Monde" de 17·3-82.

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- 49 .6% para a coligação de esquerda: - 49,9% para a ccn1ro.<Jirci1a, com a irrisória vantagem de 0,3% dos votos v;llidos. Ou seja. praticamen,e um empate. Se levarmos cm consideração que. do pon .. to de vista da conquista de opinião pública. importa mais o contingente real que urna agremiação política arrasta atnís de si do que o número de cadeiras:

ganhas. deparamos. de fato. com uma França dividicfa em duas facções opos• tas, cada uma das quais com o respaldo de metade da população. Encarado sob esse ângulo. parece não se poder afirmar que houve uma vitória da ccntrodircita. E. no entanto. os líderes socialo comunistas têm toda rauio de csrnrcrn apreensivos. pois: a) Se comparamos os resultados ob·

tidos pela coligação de esquerda no primeiro turno das eleições c.antonais de 1976 e 1979, e os deste ano. verificaremos q uc houve uma sensivel decadência: 1976 - 56,33% dos votos válidos: 1979 - 55.33% dos vo1os válidos: 1982 - 49.61 % dos vo1os válidos. Ao mesmo tempo, as direitas alcançaram ponderável progresso:

1976 - 43.62% dos votos válidos: 1979 - 44,2()QA, dos votos v/alídos: 1982 - 49.90% dos votos válidos. b) Com o obje1ívo de assegurar a vitória dos candidatos socialistas e co-

e) Pouco antes das eleições. o governo Mitterrnnd ampliou consideravelmente o poder dos conselhos cantonais e das presidências departamentais (que agrupam vários cantões). confiando cercamente cm que esta. medida fortaleceria sua situação, pois esperava que boa parte de tai:s organismos regionais caíssem em mãos de partidários seus. Em

face do resullado das últimas eleições francesas. ca bcria uma oportuna observação: o feitiço virou contra o féiticeiro ...

Tudo isso não obstan1e, o quadro apresentado não justifica nenhum otimismo fácil. As esquerdas estão sofren-

do hemorragia de clei1orado: as direitas estão recuperando algo do terreno perdido. mas e las ainda não atingiram a

A ministra em apuros ANTES MESMO das eleições cantonais que evidenciaram a fragorosa derrota da esquerda na França, uma série de reações se fizeram notar após a publicação da Mensagem "O socialismo a,11oges-

tionário: e,n visto do co1nu11is1J,o, barreira ou c'abe,a-de-ponte?", de autoria do Prof. Plínio Corrêa de O liveira. Uma das ma is características manifestações nesse sentido registrou-se cm princípios de fevereiro, quando a ministra da Agricultura do governo Millcrrand, Edith Cresson, foi recebida com ovos podres, torrões de terra e pés de repolho pelos agricultores rcunid.os na Normandia. Não era o que a

ministra esperava, pois foi levar aos agricultores um "pacote" governamenta l correspondente a cerca de 1,5 bilhão de cru1.eiros. O dcscon1en1amcn10. porém. era tal , que estes não se deixaram comover. Após brindar a Sra. Cresson com produtos nada agradáveis, empurraram-na para um reservatório de esterco. A policia teve de agir com rapidez e eficiência para evitar o pior. Cercada de um cordão de gendarmes, a ministra foi conduzida para dentro de uma casa, onde teve de esperar durante uma hora, em meio aos apupos da multidão, até a chegada de uma tropa de choque e de um helicóptero para resgatá-la.

supremacia desejável. "0ATOL.ICl$MO" tem a satisfação de leva, ao conhe- rica do Norte já o tiüblícaram, bem como o diário "EI País" cimento de seus leitores o importante Comunicado das de M:ontevidéu. Oi: modo ãn"ogo à Mensagem ,·,o sociatrc1.e 'fFPs ''No França: o punho estrongu/011do o ro., a", de /isr,10 outogestionárió: em visto do camuniS1110, bar,eira 011 autoria, do Prof. Plínio Co.rrêa de ©livcíra, estámpado na cabeço-de-ponte?", o presente <.omu,nícado suscitou vivo primeira ~ágina dcstá edição. A difusão mundial desse interesse e larga repereussão. A correspondtncía que anuiu 0omunieado iniciou-se em 25 de- fevereiro P·I.>· pelas fá· a propósito de uma e outro às &des e Bureaux das TFPs gínas do "Frankfurter Allgemeine.. e "Washington Post , e já atingiu o total de vá~os milhares. até o momento jornais de 11> paises da Europa e A111éEis os jornais que püblicaram o Comunicado: • na Alemanlia: "Frankfurtei AliTimes", Los Angeles Times", Palermo e "Gaueua dei Sud" gemeil)e"; " L'Italo-Americano"de LosAnde Messina; • no Canad, : "La Presse" de geles e "Oallas Moming News"; • no Luxembur,go: "LuxcmburMontreal e "The 6Jobe .and • na Fran ça;-''lntemational ijeger Wol'I"; Mail" de ;J'oronto; rald Tribune" (em ling\13 in• cm Portugal: "O Dia" de Lis• na Espanha: "Hoja deJ Luglesa) e "Rivarol" d e Paris; boa-e "0 Comércio do Porto"; nes'' de Madrid, Barcelona, • na Jn11latt rra: "The Daily Te• na Sulça: "Tribune de GeneBilbao, Sevilha e Valência; legraplV' de Londres; ve" de 6enebJ'a; • nos Estados Unidos: "'I'he Wa• na l t"ia: "II Tempo" de Ro• no Uruguai: "El País" de Monsl\ington Pos1~, "The New "t:orl.< ma, "Giornale di Sícilia~ de tevjdé'U.

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culinária, um fio condu1or inlerno percorre lodos esses .,logans, como um espeto pcríura os vários pedaços de carne, tomate, toucinho e cebola. Se o prosaísmo da imagem choca o lei1or. cu lhe ofereço outra mais poética, mas por isto mesmo menos cabível. cm se tratando de socialismo e comunismo: como o fio passa pelas várias pérolas de um colar. Essa continuidade consis1e na benevolência e no espírilo de cola boração com o comunismo, e na execração, oh quão inexorável e me1iculosa , de tudo quanto seja anticomunismo. Pois tal é a característica comum a todas estas camuOagens. Ora , quando se tem bcne· volêncla ilimitada para com alguém, e se é adversário iJredutívcl de todos que fazem oposição a esse alguém . o que se é? - O aliado discreto e eficaz· desse mesmo a lguém ... A autogestão - demonstrou-o a Mensagem das TFPs - não é senão o último pedaço de carne do espe10.

Ira e la se ergueu - a Mensagem das TFPs - saiu a lume q uando ainda os 1enores e as prima-donas de esquerda entoavam, por toda a par· te, a ária da autogestão. Eles - e elas diminuíram um tanto o volume de voz porque, mais subtis do que Mitlcrrand e sua equipe, sentiram que no publico havia gente que não os ia acompanhando. Agora. com o insucesso e o brado de alcrla da França. a autogestão est{t congelada no mundo.

Como avançarú então o comunismo? Cada vc,. mais só, como talvez o façam os socialo-<:omunistas franceses, ou lançará outra camuOagcm? Porém não sentirão os comunistas que o publico está vendo que tudo isto não passa de camu· flagem? Não percebem eles que o Ocidente i111eiro os rejeita'? O insu·

ou estertor OM INTEIRA PRECISÃO, ensaiado succssivamcnle muitas cademonstraram as treze1FPs, muflagens. Cada uma dessas ilude. em sua recente Mensagem durante algum tempo de uso, um sobre o socialismo au1ogcstionário número ponderável de inocentes Ú· francês, que este serve - volens. teis. Mas depois se vai desmascanolens - ao imperialismo idcoló· rando, e perde seu poder de a1ração. gico mundial vermelho. A autoges- E assim o comunismo é obrigado a tão não é uma barreira ao comu~ 1rocá-la por outra, se ele quiser nismo. É. isto sim, uma rampa de continuar a avançar às ocultas. acesso rumo a ele. Remonto até os idos pouco sau· De há 1empo, o proselitismo dosos do segundo pós-guerra: "mão doutrinário comunista às cscâncaras estendida'", coexistência pacifica, não rende mais. O Ocideme o re- queda de barreiras ideológ,cas, dé· jeita. Ele é como um tumor circuns· tente. eurocomunismo, comunismo crito. que não consegue aumentar de face humana, expansionismo sua {1rea no organismo. Assim, só "missionário" dos direi1os humanos. restava ao socialismo avançar camu· 1udo isso tem uma continuidade Oado. Ora. de 1945 para cá, ele 1cm evidente. Para usar uma imagem

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Ou a mais reccme pérola do colar. Sem camuflagem, o imperialismo comunis1a não caminhará no mun· do. A opinião pública francesa. for· 1emen1e alertada , percebeu que a autogestão não é senão camuflagem. e a rejeitou nas últimas eleições cantonais. Por sua vez. a rejeição da camuflagem autoges1ionária na própria 1erra que lhe servia de foco de irradiação, enregelou e pôs de sobre· aviso Iodas as áreas da opinião mundial que logo depois dos êxi1os socialo-<:omunistas de 81 vinham se deixando contaminar por ela. Essa contaminação caminhava desprCO· cupada. O primeiro documento com publicidade inlcrnacional que con-

cesso eleitoral estrepi1oso sofrido nos últimos dias pelo socia lismo alemão. nas eleições da &aixa Saxô· nia, não lhes dissipará as ilusões obstinadas que a derrota na França talvez ainda neles haja deixado de pé? Observemos com ioda atenção qua l será o jeito ou o trejeito dos socialistas e comunistas, no decurso das próximas semanas. tanto na França quanto na Alemanha. E saberemos de antemão qual o jei10, o trejci10 ... ou o esterior com que tomarão a1i1ude em breve, para "superar" os efeitos da de rrota. Não é o momento de fazer prog· nósticos a tal respeito. Porém, real-

mente é difícil ver que saída rcstani

ao imperialismo ideológico de Mos•

cou. uma vez desprestigiada a ca· muílagcm autogestionária. Se Mitterrand con1inuar no C.t · minho dos confiscos. não só lcvan-

tani contra si - como fiz. notar cm meu último artigo - ,1 maioria cada vez mais compacta e mais indignada dos franceses, como ainda dari, im· plicitamentc razão à denúncia que as treze TFPs foram as primeiras a fazer à opinião mundial posta em profun· do letargo até aquele momento. É bem ccrio que. antes da Men· sagcm. já vozes de descontenta· mcnto se faziam ouvir na França. Mas eram vozes de franceses, que falavam para o público especifica· mcnic francês, acerca de aspectos circunstanciais e essencia lmcn1e lo· cais da atuação governa mental. Vozes, por1an10. de limi tado alcance, para premunir contra a autogcstão

considerada c m plano doutrinário e universal, a o pinião pública de iodo o Oc idente. /\ confirmação da Mensagem pelos fatos poderia criar e m torno dela a a1mosfcra que a catástrofe de A llende criou em torno do livro .. Frei. o Kere11sk v d1ile110", de meu inesquecível Fábio Vidigal Xavier da Silveira. Certamente, tal efeito reflexo, de um governo socialista de bi:avatas, seria coisa a que nenhu m governo ou part id o socialista do mundo ha· veria de ser indiferente. Se não for de bravatas esse governo. scn\ de ca1ás1rofc para o ·socialismo. Na França e no mundo. Pois a tanto equivaleria a dcgring olada do socialismo. da crista de onda cm que se encontrava. Quanto maior a altura, tanto maior o tombo. Recorrer a mais outra camuíla·

gem é saida para o socialismo? Depois de tudo isto,

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possivcl camuflar? A tal grau de cegueira, creio, a opinião mundial por enquanto ain· da não caiu.

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Sai a lume a íntegra da carta de D. Eugênio SEGUNDO NOTICIOU a imprensa. o Sr. Cardeal D. Eugênio Sales não prelende comentar a nota da TFP publiçada no dia 10 de março no jornal "Ultima Hora·· do Rio. Pois lendo o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. presidente do CN da TFP. escrito no dia 28 de fevereiro ultimo missiva a S. Emcia .. o Purpurado lhe teria enviado. no d ia I.• de março, cana que a Assessoria de Imprensa da Arquidiocese do Rio de Janeiro qualificou de "resposta cabar. Um ma1u1ino informou que S. Emcia. insistiu c m não divulgar o !cor da carta e que considerava o caso ''já encerrado". Mas a Asses· soria de Imprensa da Curia do Rio comcn1ou que o comunicado da TFP omi te os "trechos ,nais hnportantes" da resposta de D. Eugênio. A 1al respeito, a TFP 1em ai· gumas ponderações a fazer: 1. É muito c-0mprcensivel que o ilus1rc Prelado se abstenha de come111ar a mais recente no1a da TFP publicada na "Ú lt ima Hora". Poi; calar é a única ati1ude cabivcl para quem não 1cm o que alegar; 2. Poder-se-iam imerpretar as declarações do Sr. Cardeal Sales como conferindo à carta cará1er s[giloso. agora que ele se retira cxpli· c,tamente do assunto? Nenhuma circunstância lhe confere essa possibi· !idade. Pois ela foi escrita há quin1.e dias sem nenhum pedido de rcseiva. Ademais. cm declaração publicada na imprensa (cfr. "Folha de São Paulo" de 4 do correnlc). o Purpurado afirmou que tocava unicamente ao des1inatário publicar a carta. ou não. Por isso. o Prof. Plínio Corrêa_ de Oliveira já a publicou quase mtegralmeme. O que contém a pane ainda não publicada? Por 9ue não a terá publicado o Prof. Phnio Corrêa de Oliveira'? Tal publicação prejudicaria em algo a reputação da TFP? Essas são perguntas aguçadas já agora pela afirmação picante da Assessoria de Imprensa de S. Emcia .. de que a TFP omitira os "trechos ,nais importantes" dessa cana. Mais uma vez: por que o fez ela? Essas perguntas naturalm.e nte ocorrerão a muitos lei1ores intoxica-

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dos pelo no1iciário malévolo com que cenos órgãos de imprensa vêm d ifamando ultimamen1e a TFP. É, portan10, um direito desla dissipar qualquer dúvida,. proe<:<fend_o à pu· bhcação dos tópicos amda méd,tos daquela missiva. Em sua integra, os tópicos ainda não publicados. da cana de S. Emcia., são os seguin1es: "A ,nesma lm11en1ável on1issão se repere co111 relação à Diocese de Campos, tombem le111brada en, sua carta, onde parcela do Clero, pelo 111e11os admiradora da TFP, não ,na· nifesro filial adesão às orientações do Concílio Vaticano li e 111u i10 menos ao Ex1110. S r. Dom Carlos E. G. Na· varro, Bispo da Diocese. "Per111i1a-111e d izer-lhe, prezado Prof Plinio, que V. S. poderia ajudar o res1abelecin1en10 da di.rdplina ecle· siástica com un,a palavra de orienta· ção, dentro das diretrizes do Cond· fio Varicano li. dirigida àqueles sa· cerdotes. "São estas as considerações que faço à sua carta de 28 último. "A1enciosa111e111e e111 Cristo". Não quis a TFP dar a lume esses tópicos, apenas para não chamar sobre si a responsabilidade de paten· 1ear ainda mais Ioda a amplitude da controvérsia teológica que se vem desenvolvendo em campos. Fá-lo Ião-só para salvaguardar sua própria repu1ação. Não há panicipação da TFP nessa com rovérsia. Pois a en1idade é civica e o 1ema da controvérsia é teológico. Quan10 ao ca rá1er decisivo - ou quase 1anto - que S. Emcia. imagina ter uma db11ard1e do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira junto aos Sacer· do1es an1iprogressistas de Campos, há ~isto pelo menos muito exagero de S. Emcia. Basta notar que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com grande número dos probos e dignos Sa· cerdo1es ant iprogressistas, não leve a1é hoje mais do que um ou dois encontros passageiros, com mera troca de saudações. E a alguns não conhece pessoalmente. São Paulo, 15 de março de 1982.

''Manchete'' reconhece erro e publica desmentido A CORRESPONOiõNCIA da TFP com D. Eugênio Sales (ver "Catolicismo" n. 0 375, março de 1982), cujo ponlo de panida íoi uma no1a oficial da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro ccnsu· rando scvcrarnen1e a TFP. teve porepilo· go o comunicado des1a cniidade transcrito ao lado, seguido do silencio definitivo do Purpurado. Esse comunicado foi publica• do na in1cgra pela "Últirna Hora" do Rio em 17-3--82. A acusação-mestra do Purpurado IÍ· nha por base a no1icia divulgada pela revista carioca "Manchete·-. segundo a

qual a TFP manteria em município do norte fluminense campo de txcrcíc10s pa.. "Peço li publicação integral da presen1e carta em próximo número: Como dire1or do Serviço de Imprensa da TFP, vejo-me na neces· sidade de retificar reportagem publicada por "Manchete" com da1a de 27 de fevereiro sob o litulo "TFP Agora o alvo é o Papa", Pois, quer pelo q ue essa reportagem afirma. quer pelo que ela omite, apresenta ao público uma imagem gravemente errônea da TFP. Na impossibilidade de analisar uma por uma as numerosas acusações desfiadas con1ra ela ao longo das quatro páginas da reportagem, a entidade timbra em afirmar espe· cia lmen1c:

1. que a entidade jamais prati· cou agressão. ou sequer ameaça de agressão, cont ra quem quer que seja; 2. que a TFP nunca realizou no local mencionado pela reportagem - ou em qualquer oulro - exerci• cios paramililarcs; 3. que a TFP não promove treinamento de uso de armas de fogo, ou qualquer adestramento de 1iro ao a lvo, para seus sócios, ou seus CO· operadores: 4. e que, portanto, a fotografia de S. S. João Paulo li jamais foi obje10 de exercícios de tiro ao a lvo por parte de sócios ou cooperadores da entidade. E nem o poderia 1er

ramilitares, com treinamento de tiro com

armas de fogo, rendo por alvo uma ÍOIO· grafia de S.S. João Paulo li. Essa notícia já havia sido desmcnlida categoricamente pela TFP cm vários órgãos de imprensa, e não se explicava o estranho endosso que a ela coníenu o Arcebispo do Rio de Janeiro. Em todo o caso. a própria "Manchete" publicou, cm edição da1ada de 27 de março J?·P·, pormcnori7,ado desmcn1ido do Scrv,ço de Imprensa da TFP. ao qual não apôs qualquer comentário. Segundo a praxe vigente, tal atitude importa cm afirmar que, de sua pane, a revista nada 1cm a objetar ao desmentido que estampou. Eis a integra do desmentido: sido, pois 1al proccdimen10 - pesadamen1e sacrílego ou burlesco con1rastaria de todo em iodo com a Fé ca1ólica na qual todo o pensamenlo da TFP se baseia. Es1as, como as demais acusações da reportagem conlra a TFP. vêm publicadas na aludida reportagem sem apoio cm qualquer prova. Por exemplo, a fotografia de dois indivlduos atirando contra um a foto de J oão Paulo li os a presenta de cos· tas. Pelo que são ínidentificáveis. Como iníd entíficável também é o local onde a cena se passa. O Brasi l inteiro con hece a TFP, que 1em a trás de si um longo pas· sado de a1uação pública em favor da civilização cristã (cfr. "Meio século de epopéia a11ticornu11is1a'\ Editora Vera Cruz, São Paulo. 1980, 472 pp., quatro edições, 39 mil exem· piares). Esse passado transcorreu inteiro na mais exala conformidade com as leis de Deus e a s dos homens. Constantemente voltada para o combate doulrinário ao comunismo - adversário inexorável , e afei10 a iodas as formas de agressão - a TFP vem sendo objelo de campa· nhas de detração que se repetem mono1onamente umas às out ras, ao longo dos anos. sem que jamais haja sido exibida qualquer prova das acusações alegadas. Notadanien1e. possui a TFP 2.927 declarações de Delegados de

Policia, Prefeitos e outras autoridades municipais, atestando o caráter ordeiro de suas campanhas cm iodo o 1crri1ório nacional. Considerada a reportagem como um iodo, e não só no que concerne à TFP. salta aos olhos. ainda por ou1ro lado, a inteira carência de credibilidade da reponagem. Po is ela também lança acusações das mais graves - igualmen1e sem provas - contra a honestidade pessoal do dou10 e virtuoso Bispo D. Anlo· nio de cas1ro Mayer, e de ponderável parcela do C lero diocesano de Campos. O que a qualquer católico brasileiro, sem discriminação de cor· rente ou de tendência, repugna crer. Também em várias o utras ma1é· rias, a reportagem incide em erros Oagran1es. Assim. por exemplo, o 1erceiro segredo de Fátima não poderia ser "divulgado pelo Papa João X X li/, em 1980", pois esse Pontífice faleceu cm 1963. No índice das "Acta Apostolicae Sedis'" referente ao ano de 1969 não cons1a qualquer Encíclica la nçada por Paulo VI sobre " Novos Rumos··. Por certo. há na França , como em vários outros países. uma corrente de Sacerdo1es e de leigos que recusam o "Novus Ordo Missoe". Mas quem deu impulso a essa corrente não foi o ..cardeal Jra11i-ês Henry Lefel>vre .., como assevera a reportagem. Nem há Car· deal com esse nome. A reponagcm prc1endeu referir-se ao Arcebispo Mons. Lefcbvre, dire1or do Semi· nário de Ecône. Esse. porém, não se chama Henry. mas Marcel. Por fim. a reportagem também entra no terreno da fan1asia quando afirma que "o TFP ,:01110 com o apoio de do,:, cardeais que já se 11w11ife s1ara111 puhlic,amente: Ouaviani e Bacéi". Pela dupla razão de que ambos já

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morreram. e nunca aliás se manifestaram em favor da TFP.

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Es1ou ccr10 de que. por um sen1i• mento de justiça. V. Sa. não recusa•á a publicação aqu i solicitada ?'

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O Brasil no turbilh ao internacional POLARIZAÇÃO da política internacional vem trazendo mutações que atingem de modo pleno o Brasil e, quem sabe, com o tempo, a vida particular de cada um dos brasileiros. Estão trincadas as possibilidades de conseguir linearmente a détente das épocas de Ni>ton e Carter; sobraram restos dela. A vitória de Ronald Reagan foi o triunfo do eleitorado desejoso . de energia e rearmamento. Mitterrand na França significa o missionarismo autogestionário, ansioso de estender a influência de suas idéias ao Ocidente inteiro, o que provoca fricções e desagrados. Equivale ao "cavalo de Tróia" na cidadela do Mundo Livre. O clima da détente pressupunha otimismo da parte da opinião pública norte-americana; e

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da parte dos russos, gradualismo na obtenção de seus fins. A situação na América Central põe de lado na região a política do avanço cauteloso russo, rompe com a máxima de ação do finório socialista francês Millerand, que dizia: "Tenho n1edo de provocar o 111edo" (opud Georges Sorel, "Repexions sur lo violence", Mareei Riv1ere Ed., Paris, 1930, p. 141). A Rússia na América Central está criando o medo. Talvez premida pela necessidade de avançar mais rapidamente do que permite a capacidade de acomodação do desatento público ocidental, decidiu correr os riscos de ocasionar, em algum grau, uma levée de boucliers anticomunista. E conflagrar a América Central, onde estabeleceu sólida cabeça-<le-ponte na Nicarágua e promove guerrilha em quase todos os seus ·países. Essa região, sob o aspecto territorial e o de população, não tem grande peso. Entretanto, por força

da decisão política da administração Reagan de opor-se ali ao avanço comunista, transformou-se ela mutotis mutondis no que foram os Bálcãs por ocasião da I Guerra Mundial. Como se recorda, naquela península chocaram-se os interesses dos poderosos impérios dos Habsburgs e dos Romanovs, arrastando logo após, pela fatídica força dos tratados, a Europa inteira. Seria a América Central os Bálcãs da III Guerra Mundial?

Tal raciocínio, correto, parece- também perplexitantes orientações me abranger apenas parte da reali- do Itamaraty, que coloca sua recodade. Há também a imensa América nhecida capacidade diplomática na do Sul. único continente que, ao direção de políticas que destoam da lado da Austrália. tomado em bloco sensata linha anterior da Casa de se mantém fiel à aliança ocidental. A Rio Branco. Europa vacila: socialistas no poder Dentro desse quadro, importânna França e na Grécia, pacifismo na cia de primeira plana possuem as Alemanha, forte PC na Itália e amea- correntes influenciadas pela oriença da ascensão de um PS anti· tação da CNBB, propagandistas, NATO na Espanha. para o Brasil , de transformações de Ora, o tumulto na América Cen- cunho rad ical. e externamente comtral te nde a obscurecer a premência placentes com os avanços do totade estreitar laços de todas as ordens litarismo soviético, como no claentre as nações da emergente Amé- moroso caso da Nicarágua. Em 2 de A América do Sul no rica do Sul e os Estados Unidos. O março p.p., a imprensa noticiou que choque das superpotências abandono desta visualização equi- o próprio ministro do Exterior da Comenta-se com acerto que as valeria a apressar o já acelerado ditadura sandinista, Pe. Miguel rotas marítimas que passam pelo deslizar desta parte do globo rumo a d'Escoto, admitiu q ue a ideologia de Caribe são vitais para a segurança posições terceiromundistas - sob a seu país contém "ele,nentos de ,narnorte-americana. Delas os E.~tados égide pressurosa da França de M.it- xismo" e que o e xército nicaraterrand, à disposição para o papel. güense está sendo treinado pelos Naturalmente, a fórmula que ten- cubanos. deria a unir o bloco tereeiromunAs esperanças que o comunismo dista deveria passar pela difusão, em nutre em relação a tal situação esca la mundial , do modelo autogestionário que o socialista gaulês Pier- foram expressas claramente pelo exre Rosanvallon chama de "destrui- secretário-geral do PS chileno, Carção da propriedade como instituição los Altamirano, c ujo partido, de social"(" L'âge de l'autogestion", Ed . doutrina marxista-lenimsta, constidu Seuil, Paris, 1976, p. 112). Ainda tuía o núcleo principal da malono mesmo livro afirma: "No século grada Unidad Popular. Allende, coXVIII o cont·eito de den,ocracio mo se sabe, pertencia ao PS. Afircanalizou e exprimiu os esperanças ma Altamirano: "Seja qual for o revolucionários. No século XIX/oi o grau de influência que as correntes Guerrilheiro vez do sociolisn10. Nosso tese é que a progressistas e revolucionárias te· marxista em autogestão está destinada o repre- nham dentro da Igreja latino-ameriEI Salvador. N o exterior. sentar hoje o papel que foi ante- cana. o foto é que o fenômeno te111 grande al)Oio riormente da de,nocrocia e do SO· relevância dentro e foro dos setores publicitário para eclesiásticos. Na A111érico Latino, a eia/ismo" (op. cit. pp. 14-15). as investidas Igreja ma11tém suo ascendência sode Moscou rumo bre os massas. mais do que en, à conquista O Brasil na América do Sul qualquer outra porte do n1undo. da América Central. Co,11 antecipação e lucidez. Che A rota marítima que passa pelo Guevara jâ compreendera o signiUnidos não podem prescindir. sob Atlântico Sul fica na dependência de ficado dos cristãos do nosso contipena de entregarem sua vida econô- quem controla as costas da África nente e o papel que deveriam assumica e militar ao arbítrio do adver- ou do Brasil. Em caso de conflito, as mir no luto de libertação: 'Quando sário. Assim, para esta nação, a ex-eolõnias portuguesas de Angola e os cristãos se atreverem a dar um batalha pela América Central en- Moçambique, dirigidas por gover- testemunho revolucionário, então a volve, em alguma medida, a luta nantes marx istas, podem criar em- revolução latino-americana será inpela própria sobrevivência. Ela não baraços sérios aos navios carregados vencível'. Co,n igual sensibilidade, pode permitir um poder inimigo de petrôleo e materiais estratégicos Salvador A 1/ende diria a Regis Dedominando o Caribe e a América cm demanda dos Estados Unidos e broy: 'E>tiste um gérmen revolucioCentral, a menos que se conforme da Europa. O distanciamento do nário nas massas católicas, que é em perder a liberdade de acesso ao Brasi l em relação aos Estados Uni- uma coisa difícil de captar. Mas petróleo e materiais estratégicos ne- dos implica, nas co nsequências ex- precisamos organizar isso. Temos de cessários à sua e>tistência como na- tremas do processo, a perda do unificar essa coisa'. Disso tudo conção de fato independente. Racioci- Atlântico Sul como mar amigo do clui-se co1110 é importonte para o nam círculos dirigentes em Wa- Ocidente. Transformar-se-ia em re- 1novi1ne1110 revolucionário continenshington que a fachada social-<le- gião hostil. tal que não apenas o baixo clero. mocrata de figuras diretivas da guerNaturalmente contribuem den- mas ta111bém os dignitários esclarilha salvadorenha encobre, mais tro de nossa Pátria para essa asfixia recidos do hierarquia eclesiástico. uma vez, os reais mandantes, os gradual da nação norte-americana ossuma,n u111 papel co,nbotivo na soviéticos. Foi assim em Cuba e as correntes esquerdistas de vários batalha social. Já existe111 111uitas Nicarágua, onde a máscara só caiu matizes, determinadas a calar pru- figuras que têm construido uma depois de consolidados os marxis- dentemente os objetivos últimos de Igreja diferente, identificada com o tas no poder. Manter EI Salvador e seus esforços, mas cujos manejos rebeldia dos pobres e co,n a consimpedir o a lastramento das guerri- tendem sempre a estabelecer um trução de urna sociedade basicolhas, nessa ótica, transforma-se em fosso entre nós e aquele pais. Não n,ente socialista. [...] O n,ovimento imperativo da segurança nacional. raras ve1.es, caminham em tal rumo popular deve dar o justo valor ao

A esquerda:

Saint-Laurent-sur-... tanto, ali - bem como esparso por toda a região da Vendéia militar tem-se a impressão de que o olhar de Deus não cessou de passear pelos campos, comprazido com a epopéia reali1.ada em seu Nome, saudoso da época em que possuía bravos em suas fi leiras. Seu primeiro túmulo está situado ali perto. Visitei-o numa fria tarde de neblina. Entre árvores desfolhadas, um pedestal e uma cruz de pedra recordam a tristeza do desaparecimento do herói vendcano. As ruínas de seu castelo são imensamente expressivas. Evidentemente, foi incendiado cinco vezes e destruído pelos revolucionários como represália contra o jovem comandante .que lhe impôs pesadas derrotas. Nos resquícios do castelo distinguem-se ainda a capela. a torre de vigia. o pórtico e ou tras dependências. Seu antigo fosso contém água. Quem atravessa a ponte de acesso à frente do castelo. depara-se com o portal nobre. encimado pelo brasão da fam il ia . Certamente por ali passara La Rochejaquelein, no d ia em que. abandonando sua vida privada, segu iu fielmente a missão que a Providência lhe oferecia pelas

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ruínas do castelo de L& Rochejaquelein. herói da guetTa da VencMia contra a Revolução Francesa

A direita: prim&iro túmulo d o destemido comandante

vendeano La Rochejaquelein

mãos dos camponeses. os qua is conclamaram-no a assumir o comando d.i luta. Se se pudesse qualificá-las de ruínas intactas, assim cu as cha maria. Basta o lhá-las para sentir a cada instante a íma$inação arrastada a recompor os dias. os homens e a chama combativa que animou aqueles bravos guerreiros. Elas não nos aparecem principalmente como destroços ali deixados para os homens consta tarem o que acontece aos que ousam se opor à marcha da Revolução. Como. por exem pio. o sangue das vitimas que a Revolução Francesa guilhotínou, para amedron-

tar as populações do tempo. A impressão é de que, destroçado, o castelo sobrevive naquilo que simbolicamente e le significou. na espera de que um sopro ressuscite o épico espírito de outrora.

Frutos da pregação do arauto mariano São Luís Grignion terá previsto tudo isso? Em suas luzes proféticas foi-lhe também dado ver a propagação do fogo de sua palavra por distantes tempos futuros? Foi pensando nele que deixei o castelo de la Durbelliere e voltei mais uma vez a

Saint-Laurent-sur-Sevre, desta feita rapidamente, pois já era quase noite. Pude olhá-la e admirá-la ma is uma vez. Uma bruma descia sobre seus campa nários. O sol tinha desfei to a nature1.a d e cristal do amanhecer. O Scvre. para além do velho moinho. seguia suave e lentamente seu curso. Mais adiante, a Basílica. No seu interior. re pousa na doce paz de Maria, à espera da ressurreição. aquele formador de almas marianas. heróicas e contra-revolucionárias.

Pró<:er eoclalista chíl<lno Certos Att.nirano

papel extraordi11ario1nente positivo que o Igreja chilena ten, dese,npenhado. con,o evidência das 111udonços que estão ocorrendo dentro dela" (Carlos Altamirano, "Dialética de uma derrota, Chile /970- 1973", Ed . Brasiliense, 1979, pp. 250-251). No caso do Brasil, pode-se deduzir da opinião acima defendida por Carlos Altamirano que, sem um extenso combate doutrinário, ordeiro e conduzido com discernimento. dentro da opinião pública católica, o resva lar de grandes blocos rumo à esquerda tornará a desejada revolução de "Che" Guevara, segundo sua própria expressão. "inevitável". Pois só a inteligente apresentação de razões sólidas pode obstar os efeitos da poderosa propaganda esquerdista de ponderável setor ecles·iástico. Em virtude de seu território e população, o gigante sul--americano é o Brasil. Cabe-lhe nessas circuns· tâncias posição de primeira importância na determinação da apocaliptica luta que envolve os destinos do mundo. Pois se os Estados Unidos perderem a aliança da América do Sul, restar-lhe-ão aliados insuficientes - muitos deles duvidosos para fa1.cr frente à ameaça do imperialismo russo. Sob essa luz, compreende-se melhor o valor estratégico da disputa interna a propósito da orientação pró-ocidental do País ou seu deslizamento rumo à enganosa posição terceiromundista , ante-sala d a satelitização em torno dos interesses soviéticos.

Péricles Capanema Nota da Redação: Este artigo foi

escrito antes do crise a propósito das Malvinas, a qual põe ainda en, n1aior evidência o papel-chave de nosso País na atual conjuntura mundial.

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ONTA-SE que, na Antiguidade, um filósofo grego saiu certa vez pelas ruas de Atenas em plena luz do dia portando uma lanterna. Perambulando desse modo pelas vias e praças, provocou o desconcerto da população. Inquirido sobre as razões de Ião singular procedimento, redarguiu ele que "procurava um hom~m". Resposta sem dúvida bizarra. Caso fosse tal filósofo, entretanto, uma pessoa reta - este concretamente não o foi - poder-se-ia tentar atribuir a seu gesto um sábio significado simbólico. Com alguma boa vontade, talvez imaginássemos que ele procurava. no meio da corrupção e decadência tão freqüentes no paganismo, um homem de fato íntegro. Poderiamos ir mais longe, e figurar nosso. personagem como tendo eKcogitado, pela razão natural, uma idéia completa do que a natureza humana bem desenvolvida deveria engendrar. E retratá-lo amargurado, por encontrar apenas desmentidos da referida noção nos homens que, em concreto, ele conhecesse. e dizendo consigo mesmo: "Deve eKistir alguém sobre a Terra que tenha alcançado o auge da perfeição possível num ente humano; caso contrário, o homem seria um ser desordenado no seio da Criação". Veio-nos ao espírito a extravagante cena dessa "busca de um homem"... quando deparamos com o ambiente evocado pelas duas fotos reproduzidas nesta página . Trata-se do andar térreo (foto abaiKo) e da parte superior da famosa Sointe Chapei/e, construída no século XIII por ordem de São Luís IX, Rei da França.

prisioneira na Saintc Chapellc. acabasse por freqüentar mais amiúde o té rreo. Mas o andar superior, na linha da delicadeza e do ouramente espiritual é incomparável. Não existe algo assim nem na lindíssima Catedral de NotreDame de Paris. É uma profusão de cores e uma vàriedade de desenhos sem igual - note-se que não há dois vitrais idênticos. O vitral é, a liás, a obra-prima da genialidade medieval. Os homens daquela época produziram tantas coisas admiráveis: arquitetura, iluminuras etc. Nada disso supera o vitral. que é como cor em estado puro. E assim por diante, poderíamos ir compondo essa amigável porfia.

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A alma inocente, máxime quando é bati1.ada, tende por assim dizer instintivamente para as coisas belas. A civilização cristã tem produzido nessa linha grande número de obras e instituições magníficas. É evidente, porém, que o belo foi sendo gradualmente banido da face da Terra. E quem hoje percorresse as vastidões do globo à procura do belo, correria sério risco de fazer papel semelhante ao do "caçador do homem" da Grécia Sainte Chapelle: capeta superior antiga. Entretanto, como é nobre o homem inocente que revolve as ruínas ser pessoa sã que fugiu de um leproda desolação à busca do belo! Se sário. O contraste com o sublime pudéssemos idealizar uma pessoa aguça a noção de quanto a Revonessas condições, que admiração não lução gnóstica e igualitária é vil. surgiria cm sua mente se ela fosse de repente transportada para dentro da Saiote Chapelle, em meio a este jorro de luz, de ordem, de harmonia, de Em 18 de agosto de 1239, majesseriedade, de sacralidade, que ela toso cortejo percorria as ruas da representa? E que exclamações não Paris medieval. Nele, um personaaflorariam em seus lábios? Talvez gem, por sua elevada estatura e assim se exprimisse: maneiras nobres, sobressaía mui"Ô aspirações, ó desejos, ó esbo- to em relação aos demais circunsços de criação, que correspondem a tantes. Sua cabeça estava descoberta, uma parte do que há de mais deli- os pés descalços, e levava nas mãos cado em minha alma! Eu esperava com suma reverência algo parecido encontrar-vos e, sem ter r.erdido esta com um escrinio. Procedente de esperança, a bem dizer, Já não espe- Constantinopla, a Coroa de Espinhos rava mais. À força de desilusões, de Nosso Senhor Jesus Cristo era pensava que só vos poderia contem- conduzida por São Luís IX. Rei da plar no Céu ... Mas eis-vos aqui rcali- França, para a Catedral de Notre1.ados! Que pra1.er em ver-vos como Dame. Querendo honrar a sagrada eu vos imaginava; mas que alegria, de relíquia de modo condigno, mandou outro lado, por verificar que concreti- o monarca erigir, agregada a seu 1.ais de modo mais intenso aquilo palácio (cujos remanescentes estão que, nas brumas indecisas do meu hoje incorporados ao Palácio de Jusanelo. eu vos afigurava. Tinha-vos tiça), uma capela-relicário, construídesejado, não vos tinha planejado; da de 1242a 1248. Ela é composta de agora encontro-vos aqui rcaijzados". duas partes: uma inferior, reservada Em cada pormenor, o nosso pere- ao pessoal doméstico do palácio real; grino notaria um velho conhecido outra superior, destinada ao Rei e à muito sonhado, jamais delineado sua corte. É a Sainte Chapelle, indiscom precisão, mas amado profunda- cutivelmente o mais belo monumenmente. Acostumado aos revezes, às to da arte gótica. Podemos ali imaginar São Lu,ís desilusões, ele talvez procurasse certificar-se de que não se está deixando subindo a escada helicoidal eKistente do lado do Evangelho. para venerar levar por impressões superficiais. • Algo aqui não conduz a realização os Espinhos da Paixão. Parar defronde meus anseios até a su;i. plenitude? te à relíquia, rezar, meditar, relemAlgo dá a entender, pelo menor brar os sofrimentos indiz.íveis do desmentido, que o gênio que c-0nce- Divino Mestre. as passagens mais beu a Saiote Chapelle não teve inte- difíceis e gloriosas da Cruzada que o gralmente as noções de harmonia e próprio santo empreendeu ... A Coroa de Espinhos, entretanto, beleza que sempre desejei ver justapostas?" - Seu olhar anaijsa, porém, não mais se encontra nessa capela: foi com confiança e sem aflição, porque transladada para o Tesouro da Catequem pôde conceber e constrwr aqui- dral de Notre-Dame de Paris. lo não poderia deixar de estar certo em tudo. E seu espírito sente enlão o afago e o aconchego com que tal ambiente As limitações do branco e preto o envolve. - "Deixai-me descansar, não nos permitem, infelizmente, recurar as minhas feridas e recompor- produzir adequadamente toda a rime de todos os padecimentos que queza e o deslumbramento dos vitrais suportei, olhando para vós. Sede e da ornamentação da Saiote Chapara mim como a serpente de bronze pelle. Se nos fosse possível, apresenque Moisés apresentou aos judeus, taríamos as ilustrações em cores ou, sarando aqueles que a fixassem (cfr. melhor ainda, convidaríamos o leitor Num. 21, 8-9)". Nessa atmosfera de a visitá-la pessoalmente ... Ao menos, feeria, o peregrino tem a sensação de a exuberante beleza do pequeno tem-

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CATOLICISMO -

Abril de 1982

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pio e a rara felicidade na escolha dos ângulos fazem com que estas fotografias ainda nos possibilitem tecer algumas observações. Logo de imediato, desponta o contraste harmônico mas profundo entre os dois ambientes. A capela inferior, se não·fosse o andar térreo da outra, mereceria tornar-se célebre. Enq uanto o andar superior é uma linda coleção de vitrais, a capela baixa ostenta mais arquitetura. Poderíamos dizer que cm cima deparamos com o triunfo do decorador, e na parte inferior, o êxito do arquiteto. Embora ali também o riquíssimo colorido das pinturas deponha eloqüentemente em favor do seu decorador. A oposição dentro do harmônico é tão saliente 9.ue se é levado a conjecturar um diálogo entre os Anjos custódios de uma e outra capela. A parte alta exprime um triunfo que não se manifesta através de cores ofuscantes. t uma vitória subtil e diáfana, de cores que de tal maneira se

transcendem umas às outras rumo a perfeições cada vez maiores, que implicitamente afim1am a concepção de um mundo do qual todos os adversários dessas perfeições foram varridos. Se o andar superior glorifica uma conquista feita, o inferior glorifica a asoensão, a luta de quem se esforça por triunfar. Ora, há mais nobreza na asoensão, com todos os seus riscos. suas incertezas, do que no já realizado; uma festa da vitória nunca tem a mesma grandeza da batalha. O andar superior da Sainte Chapelle pertence mais ao mundo dos sonhos - dir-se-ia mesmo que é uma expressão do Reino dos Céus - , enquanto o térreo fala mais da vida terrena. Não obstante, há algo em baixo, por onde transluz mais ali a seriedade, sem que· haja nisso o menor desdouro ou censura à parte superior. E é até compreensível que uma pessoa, se acaso ficasse deliciosamente

A que propósito vêm tais considerações'/ Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas. cores. sons, perfumes. sabores e certos estados de alma. É claro que por estes meios se pode influenciar possantemente o homem. quer para o bem quer para o mal. . A Saiote Chapellc. como tantas obras de arte inspiradas pela Igreja Católica, cria uma atmosfera difusa. dificil de ser definida por palavras. mas muito real, que convida as almas ao sublime, toma fácil a aceitação das verdades de fé. e robustece e dá a lento às inclinações para a virtude. Na contemplação enlevada e entusiasmada de obras desse gênero, o católico de nossos dias pode se defender - como o hipotético "peregrino do belo" - das mil agressões da hediondez contemporânea, refazer-se de seus golpes, experimentar algo que lhe aumente a esperança dos esplendores do Paraíso Celeste. E também, na alma varonil, a indignação abrasada contra aquilo que contunde essas maravilhas. Aí pode o verdadeiro católico passear seu espirita pelos vitrais, fixando-se em ~lgum reflexo, ou num pedaço de cor. ou neste pormenor. Deter-se, por exemplo, diante de um azul especialmente belo e imaginar como seria o perfil moral do homem que tivesse a alma "azulada", isto é, que tivesse cm grau eminente aquela virtude moral que se prende. pelo nexo misterioso a que nos referimos acima, à cor azul. Poderia ir além e se pergumar: "Como seria o universo onde o mencionado azul desse a nota tônica?'' - Poderia também se encantar com o conjunto multicolor e correlacioná-lo. por exemplo, com a vida de tal personagem histórico, de tal santo. E. dentro dessa perspectiva. disoen1ir oerta analogia entre os vitrais e os espíritos humanos bem construídos, em cujos modos de ser e atitudes faiscam ora determinado matiz de certa cor, ora outro tom, cintilando como um glorioso vitral no momento em que o sol o incendeia. Como se poderia ir longe nessas cogitações! São as riquezas da Igreja de que hoje não se falam. Possamos também nós, como o nosso "caçador do belo", ao cabo dessas linhas sentir um pouco o aconchego da Saiote Chapelle que, no fundo, é participação da suavidade da Santa Igreja, do sorriso matemo de Nossa Senhora, da bênção patema e majestosa do Divino Redentor. Sainte Chapelle; capela inferior

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,.AfOJLICISMO ----------------------------*

Influência russa na crise das Malvinas O curso dos acontecimentos relacionados com as Ilhas Malvinas ameaça afetar, e a fundo, tanto a política externa como a interna do Brasil. Importa, pois, que a opinião pública brasileira conheça, em profundidade, o que vai se passando, a esse respeito, na Argentina. Para isso concorre, de modo capital, a leitura de um comunicado que a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade publicou no dia 13 do corrente, no importante matutino portenho ~La Nación". Constitui ele o primeiro documento vindo à luz no país irmão, a descrever as últimas e mais importantes perspectivas do engajamento militar argentino nas Malvinas. Dado o alcance desse pronunciamento, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP - enviou ao General João Batista Figueiredo, Presidente da República, a seguinte mensagem em telex datado de 13 do corrente:

ATLANTtCO NORTE

"'°'" A$ $Olé$ índi-

eam a rota da osquadra blitll· n ico,

.....

"Peço a alta atenção de V. Excia. Excia. que no balizamento da nossa para o Comunicado hoje dado a politica ante a crise das Malvinas, público no matutino portenho "La queira tomar em consideração as Nación" (p. 4) intitulado LA inde- preocupações da TFP argentina. Rogando à Providência que ilupendencia d e la Argentina católica ante la efectividad de la soberanía en mine a V. Excia. na fixação dos un territorio insular - LA TFP rumos de nosso País nesta delicada apela ai Gobierno, a las Fuer zas emergência, apresento-lhe as expresAnnadas y ai pueblo, da Soc1EDAD sões de minha atenciosa consideração. ARGENT INA DE DEFENSA OE LA TRADI•

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• Aeoondo 8AAStL

Caphal das Falklands (M alvinas). Port Stanley, rebatizado como Puerto Argentino. Valia a pena os platinos terem invadido as ilhas justamente agora. com o risco de dar inlcio a uma intromissão russo,cubana e uma conflagração internacional?

.....

t/6'\ltlto

ATIÂNTICO SUL

CIÔN, FAMILIA y PROPIEOAO.

Esse lúcido documento, de nobre e altaneira inspiração cristã, põe em des taque importante aspecto da crise das Malvinas, o qual, a meu ver, tem sidó insuficientemente notado tanto pela imprensa da Argentina quanto pela do Brasil. Na qua lidade de Presidente do CN da TFP brasileira, rogo a V.

PLINIO CORR~A DE OLIVEIRA

Presidente do C N da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade"

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Cl<..

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Po,t Si.~ :·~

Análoga mensagem foi enviada ao Sr. Saraiva Guerreiro, Ministro das Relações Exteriores.

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i?P

A independência da Argentina católica ante a efetivação da soberania em um TERRITÓRIO INSULAR A TFP argentina apela ao Governo, às Forças Annadas e ao povo O entusiasmo provocado pela recuperação das Malvinas fez com que a opinião pública de nosso País deixasse passar de forma inadvertida várias circunstâncias fundamentais que importa destacar, pois são de vida ou de morte para todos os argentinos que amam deveras a Pátria. 1. Se bem que o ato de soberania territorial sobre o Arquipélago seja importante, muitíssimo mais o é a sobrevivência de todo o País como nação independente do iníluxo e mesmo da tirania comunistas. A questão comunismo-anticomunismo é infinitamente maior que a questão das Malvinas. 2. Se para conservar as Malvinas, a Argentina vier a se aliar com a Rússia ou a aceitar o apoio militar russo, teremos perdido muito mais do que ganho, pois a intenção óbvia da Rússia consiste em impor. mais cedo ou mais tarde, um govcrno-t itere a nossa Pátria. 3- Há vários indícios de que a Rússia procura atrair nessa direção o Governo e a opinião pública de nosso País. No comunicado de 7 do corrente, já mencionamos como antecedentes a compra pela Rússia de quase 80% de nossos cereais. a assinatura de tratados sobre questões nucleares, a presença de submarinos soviéticos em águas próximas à Argentina e o oferecimento da embaixada russa de nos prestar auxilio militar. A estes indicias se junta agora o silêncio oficial guar-

dado sobre o assunto, apesar das noticias internacionais (ver, por exemplo, "El Dia" de Montevidéu de 7 do corrente, em primeira página: ·· URSS of<'ret:eu ajuda militar à Argentina e seus submarinos se manteriam vigilantes na área"). Assim, um desmentido do Governo referente a qualquer tipo de compromisso com a Rússia - o qual há tempos se vinha fazendo necessário - toma agora, a nosso ver, caráter de urgência. 4. Se a Rússia intervier do lado argentino, é quase certo que os Estados Unidos intervirão do lado inglês, desencadeando-se assim o jogo de todas as alianças. A Ili Guerra Mundial ter-se-ia desatado por causa das Ilhas Malvinas. E a Argentina formando parte do bloco soviético! 5. Essa situação criaria um problema de consciência para todos os argentinos, que em sua imensa maioria são católicos. Jamais poderiam eles aceitar uma aliança com a Rússia, e , pelo contrário, seu dever é resistir a ela , sob pena de pecado contra o primeiro Mandamento da Lei de Deus: amar a Deus sobre todas as coisas. Se por amor à integridade territorial da Pátria se aceitasse uma coalizão com os comunistas - que são inimigos declarados de Deus - se estaria afirmando implicitamente que a Pátria vale mais do que Deus. O que é uma blasfêmia intolerável. Os argentinos católicos deveriam, portanto, se opor

A TFP argentina alerta para a presença de submarinos soviéticos em águas próximas a seu pais. precisamente no momGnto em que eclode a crise das Malvinas

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por todos os meios lícitos a essa aliança. A Argentina, ou será católica ou não será. Com ou sem Malvinas. Deus. ~ue deu à nação argentina todo o seu território continental invejado pelo mundo inteiro por sua fecundidade e extensão - veria que nos a liamos com os inimigos dEle, só para tornar efetivo, neste momento e sem tardança, um direito sobre as Ilhas Malvinas, que, por outro lado, ninguém nos pode negar.

6. é sintomático que até os

terroristas "montoncros", com a assi natura de Mario Firmenich, tenham apoiado o Governo a propósito da recuperação das Malvinas . E em entrevista à imprensa, afirmem que desfilarão na Plaza de Mayo, na manifestação convocada pela Rádio Rivadávia, para demonstrar sua "solidariedade militante contra a agres· são i111perialis1a dos conservadores britânicos" (cfr. "Jornal da Tarde" de São Paulo de 10-4-82). Políticos e líderes sindicais pcronistas são conduzidos pelo Governo às Ilhas Malvinas como personalidades dignas de tal honra. e também o apóiam. Cumpre lembrar o papel que coube aos pcronistas no crescimento do terrorismo. as medidas socializantes com que arruinaram a convivência e a economia nacionais . e o

fato de que foram necessárias duas revoluções para os desalojar do Poder. Em vista disso, o presente gesto do Governo, em consonância com as declarações dos próprios peronistas e dos "montoncros", faz recear que, a exemplo do que sucedeu na Rússia de 1917, os eventos bélicos sirvam de ocasião para que se implante no País um governo de esquerda. O qual, por outro lado, seria amplamente favorecido pela Rússia, se tivermos a desgraça de ser apoiados por ela no conílito com a Inglaterra. 7 . Os integrantes das Forças Armadas argentinas. que cm sua imensa maioria são católicos e anticomunistas, estão sendo arrastados a esta situação sem saída, envolvidos numa atmosfera de entusiasmo patriótico .

Rogamos a Deus que na lúcida e patriótica rcílexão das Forças Armadas estejam inteiramente presentes, na atual tensão. as considerações que aca-bamos de lhes apresentar, bem como a todo o País. Pedir-lhes esta ponderação num momento de tão nobres ardores patrióticos de nenhum modo importa em pedir-lhes que debilitem seus esforços na defesa da Pátria , mas, pelo contrário, em revigorá-los contra seu inimigo mais profundo e terrível, que é o comunismo. O patriotismo que conduz à cegueira e ao suicídio não é patriotismo. é uma paixão manipulada por quem a provoca com objetivos friamente calculados. 8. A T FP pede ao Governo e às Forças Armadas que não permitam que esta situação, que pode facilmente tornar-se calamitosa, continue . É necessário esgotar todas as vias nobres e honestas que se nos apresentem para chegar a um acordo com o governo dos "conservadores britânicos" - tão odiados pelos "montoneros" - que ressalve nossos direitos, mas sobretudo preserve a Argentina do comunismo. E també m preserve contra qualquer divisão a aliança ocidental, pois essa divisão poderia dar ensejo não apenas a uma ação comunista cm nosso Pais, como a um debilitamento irremediável da referida aliança . Os responsáveis por muitos atos de entrega cm face do comunismo.

começando por Yalta e terminando pela Rodésia. ta lvez não o deplorem tanto. Mas na questão crucial de nosso tempo - a confrontação mundial comunismo-anticomunismo - nossa militância anticomunista deve ir além do entrcguismo das grandes potências (que, diga-se entre parêntesis, em muitos outros pontos usam de rigor contra seus verdadeiros amigos. mas não contra a Rússia e seus aliados). Se nos atrevemos a enfrentar a Inglaterra por amor às Malvinas. não nos atreveremos a rechaçar as ofertas da Rússia por amor a Deus? 9. O Governo deve denunciar os numerosos tratados firmados com os países comunistas, que cm seu conjunto sempre redundam em decepção e prejuízo para os países contratantes; e adotar uma política exte rior de cnfrcntamcnto do comunismo, especialmente no continente americano. Se assim o fi1.cr. por fidelidade à Lei de Deus. é prová vcl que se consol ide a reconquista das Malvinas e muito mais, porque também valem para as nações aquelas palavras de Nosso Senhor: ·· Buscai primeiro o Reino de Deus e sua Justiça, e todas estas coisa.< vos serão dadas de. acréscin10" (MI. VI, 33). Buenos Aires, 12 de abril de 1982 Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

Mais uma vez a TFP desmente AO lz,NCE~RAR seu Comuni'cado - publicado em ó'rgãos da grande imp;ensa norte-americana e europeia. sob o título ''Na Françg: o punho estrangulando a r.osa" (•) - sobre a desconcertante recusa. por parte da impre)lsa parisicn\e. de publica'r a Mensagem das treze TFPs concernente ao socialismo autogestioná,io de Mitterrand, o Prof. Plinio Cof rêa de Oliveira ese,evera em 11 de fevereiro !)..P,. : 1,De11ois. das grande,r ca111panhos - se,np're d outrinádas e ordeiras das TFPs contra o comunis1no: este se cala. Não. n11ti10 1e1npo. depois. eon, base em clefo.r.n,ações ou (laltinias se,n alcance doutrinário. tê1n surgido co..111ra elas ofensivas pu/llit:itáâa.• furiosas-. Repetir-se-á isto agora? 'Qui vivra vcrra', diz o adógio qopula~ fran (lês". /1,;o que parece vai se confirmando a p,rev_isão. Depois d~ reportagem inteiramente mvenilica e difamatória sob;e a TFP pubJícada por "Manchei~· (edição de 27-2-82), apareceu singularmente em Vi1ó'r1a e em órgão,s de imprensa de -v árias cap11ai,s (•) Ver a in1cgra desse € omunicado na

primeira p:ígina d? pr~cntc edição.

uma ooticia scnsacio:nalista a respeito de suposlo campo de treinamento paramilitar da TFP, que teria sido descóberto em Nova i Viçosa, sul da Bahia, O noti- 1 ciá'rio contém todos os elementos para impressionar cemo público de esquerda, afeito a dar crédito de antemão a tudo quanto se lhe diga contra a 'FFP.. O mencionado noticiário refere-se a armas de fogo de grosso calibre, priwati'1as das ForÇlls Armadas, a campos locali1.ados em pontos isoladtis·t a l)\;rsonagens miste~iosos vindos de Beto Horizonte para fazer tal treina'tnen10, a jo,,ens "entre /8 e 26 anos" e com "cabelo cortado rente'' que participariam do~ exercícios, a 'J;otogrtifias- de pe,sonalidades dfre,sas (indusive do Papa João Paulo Í,J)", e menciona os oomes de três pessoas d.e Belo Horizonte que terjam dirigido o referido treinamento. Em face de tais noticias, a TFP afirma, do modo mais· categórico. não terem elas o m,cn.or, fundamento na realidade. As três . na repo_rtagcm .' pessoas alud1itas não têm qualquer co,n\ato com a 'FFP. Esta jamais crealizou treinamentos de car~te~ militar naqµcle ou cm quali:juer outro local ao territósto brasileiro.


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ll N.0 377 -

Maio de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Eni Granada, a Virgeni verte lágriinas de sangue cio ou rezando o Rosário e cantando hinos marianos. No dia 13 de maio à noite, quando a policia insistiu junto à população para que se retirasse, o povo respondeu aos brados: "A Virge,n é de todos, queren,os vê-la". Dentro da capela , diante da imagem, desenrolavam-se cenas de piedade comovedoras. Em geral as pessoas mudavam de fisionomia, ficando sérias. Algumas senhoras começavam a chorar e a suspirar exclamando, por exemplo: "Ai, minha Mãe. Por que chorais assim?" - "Dai-n,e um pouco de vossa dor!"

Os prodfglos

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O superior dos Irmãos de São João de Deus, Frei Ernesto Ruii Ortega, manifestou-se claramente hostil a uma interpretação sobrenatural do acontecimento. "Não sé pode falar en, milagre", declarou ele ao "Diario 16" de 15-5-82. Mas admitiu em seguida: "Pode ser que seja isso. porque onten, pela tnanhã, quando descobrimos [o rosto da Virgem). as supostas lágrimas estavam ,nuito frescas e os olhos da imagem apresentavam um aspecto carnoso e além disso já estão se coagulando e tên, un, aspecto rachado''.

"A verdade - reconheceu ainda Frei Ernesto - é que estes eventos 1 ocorreran, se,n se saber conro, porque na igreja não encontran,os nada A artlatiea Imagem da Virgem das lágrimas. cujo pranto de sengue impressiona a Espanha, á obra de Josá de Mora ou de sua escola (sáculo XVIII), A cabeça e •• de anormal: que se haja forçado as mloa alo de madeira policromada. O busto d de vime e 01 broçoe alo articuladoa. portas, ferrolhos. janelas etc. A Virgem aparecia em seu nicho, co,no de A noticia espalhou-se rapida- costume, senr sinais de ter sido Pedro Paulo de Figueiredo mente pela cidade antes que o supef orçada a fechadura da porta de nosso correspondente rior da Ordem de São João de Deus cristal". O mesmo jornal atribuiu tamMADRID - Na manhã do dia - cujos Padres são guardiães da Basílica ordenasse a retirada da bém ao superior dos Irmãos de São 13 de maio último, data em que se imagem do local, como pretendia 0 João de Deus em Granada esta comemorou o 65. aniversário da em um primeiro momento, segundo declaração: "Isso não é mais do que primeira Aparição de Nossa Senhosuas declarações ao tablóide de cen111n fato que apareceu aí, que pode ra em Fátima, o Pe. Fernando tr<H!S(Juerda "Diario 16", de Madrid. ser verdade ou pode ser ,nentira. Villanueva abriu como de costume No dia seguinte ao acontecimen- Mus nesta casa não tenros ,nais que as portas da Basilica de São João de to, 70 mil pessoas já haviam des- inválidos e crianças. Pensamos que Deus, em Granada, onde está enterrado o Santo fundador. Eram sete filado ante a Virgem das Lágrimas, pudesse ser algum doente, mas a horas. Mas quando Pe. Fernando de acordo com o "Diario de Gra- verdade é que não te,nos pistas de acendeu as luzes da capela lateral do nada". A polícia organizou filas de nenhun,a classe", As palavras de Frei Ernesto surCristo da Caridade - na qual se 6, 8 e até 12 pessoas de largura por três ou quatro quadras de compripreendem por não levar em consiencontra o nicho com o busto de Nossa Senhora das Lágrimas - teve mento. Havia gente disposta a pas- deração antecedentes com relação à enorme surpresa e sentiu um pouco sar a noite no local, a fim de poder referida imagem, alguns relatados de medo: as lágrimas da imagem ver por um instante as lágrimas de por ele mesmo. Com efeito, outros sangue. Muitos esperavam em silên- prodígios são atribuídos à Virgem eram agora de sangue!

Brasil+Ar~~

das Lágrimas. Há dois a nos, por que procuraram claramente hostiexemplo, na Quinta·-Feira Santa lizar e colocar em descrédito o uma senhora afirmou, aos brados, prodigioso acontecimento do dia 13 que a imagem chorava. A mulher foi de maio último, como o "Diario 16" simplesmente expulsa da igreja, sem e o "Diario de Granada". Os últimos informes obtidos por ter sido esclarecido se houve realmente a lacrimação ou se foi feita este correspondente são de que, alguma averiguação nesse sentido. antes de se completar uma semana Na última sexta-feira da Semana da de veneração pública, a imagem da Paixão, o lenço que a Virgem leva Virgem das Lágrimas foi retirada de habitualmente nas mãos apareceu seu nicho na Basilica de São João de manchado de sangue. O próprio Deus. Afirma-se que ela será submesuperior da Basílica limitou-se a tida a exames por peritos, sendo esse trocá-lo por outro limpo, guardando o motivo alegado para subtraí-la à o primeiro, com as manchas de devoção popular. sangue, que conserva ainda em seu poder. Esse tecido foi bordado por A Virgem das LAgrfmas uma mulher cega que foi curada e o Segredo de FAtlma inexplicavelmente, e que tinha muita devoção à Virgem das Lágrimas. Muitas pessoas de Granada, da Por outro lado, Pe. Ernesto Ruiz Andaluzia ou de outras regiões espaadmite que muitas pessoas o pro- nholas, por onde a notícia se espacuraram, comunicando-lhe que por . lhou como um rastilho de pólvora, intercessão de Nossa Senhora das relacionam as lágrimas de sangue da Lágrimas ali venerada obtiveram a Virgem com a mensagem de Fátima cura das vistas ou saíram de um e a situação da Espanha e do munapuro. O religioso sustenta que não do, especialmente em relação ao viu ninguém que tenha podido apro- perigo comunista. A coincidência ximar-se da imagem e realizar nela realmente notável das datas - 65. 0 alguma modificação, já que está aniversário da primeira Aparição de protegida por uma urna de cristal Fátima - não significará que o cuja chave se guarda na sacristia. sofrimento manifestado pela Mãe de Dois repórteres tiraram fotogra- Deu.s atingiu um auge. em virtude fias do busto a intervalos de duas do aumento da impiedade e do horas. As chapas demonstram que oceano de pecados cometidos ;>ela as lágrimas iam descendo sobre o humanidade? Nas páginas 4 e 5 o leitor enconrosto da imagem. Este apresenta sinais de lágrimas de sangue coa- trará matéria do maior interesse gulado, segundo testemunhas ocula- para se formar uma idéia a tal res, registra "Diario 16". respeito. Trata-se de documentado É de se notar que, salvo este ou artigo sobre o Segredo de Fátima. aquele pormenor obtido por infor- Colateralmente, relembramos as dimações verbais, todas as notfcias versas manifestações da Santissima aqui reproduzidas foram divulgadas Virgem ao mundo nos últimos anos, pela imprensa, inclusive por órgãos por meio de imagens que choraram. Dezena• de milhares de peuoaa fizeram filai de trita a quatro quarteirões em Granada, para ver a Virgem que verteu 16grima• de sangue "

X Rússia Soviética

- "QUEM ENTENDEU esta guerra das Malvinas? O senhor entendeu? A senhora entendeu? É uma confusão... - É que nesta guerra há un, parceiro e,nbuçado. lni,nigo da Inglaterra, como inimigo da Argentina, a nossa irmã. Como inimigo de toda a América do Sul. É inimigo até de Deus! - Onde está esse,inimigo? - É a presença naval soviética nos mares do sul. Os soviéticos, dominadores árticos do longínquo Pólo Norte, o que têm que fazer na outra ponta do mundo, nos mares próximos ao Pólo Sul?"

brasileiras por sócios e cooperadores da TFP, anunciando em seguida a publicação de telex do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da associação, dirigido ao Presidente João Batista Figueiredo, a respeito da crise das Malvinas. A missiva do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao chefe de Estado analisa aspectos de peculiar alcance da guerra no Atlântico Sul, para o Brasil e toda a América do Sul, inclusive a eventual tomada de posição de nosso Pais ante aqµeles aspectos da conflagração_.

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O que o preclaro autor da carta considerou de seu dever tomar prioritariamente presente ao Presidente da República, convém que, por sua

Esse diálogo foi proclamaao em quase todas as principais capitais

vez, também o pondere cada brasileiro. E que, de modo muito particular, o ponderem os brasileiros em cuja alma o veio católico e conservador se apresenta com sua tradicional pujança. Assim, "Catolicismo" publica neste número a íntegra desse documento. Estampado sucessivamente em jornais,. de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Teresina, Curitiba, Salvador, Recife, Belém, São Luls, Fortaleza e Manaus (até o momento em que encerrávamos esta edição), o telex produziu ampla repercussão junto à opinião pública. Na foto, aspecto da campanha da TFP em São Paulo, anunciando a publicação do importante documento, reproduzido ná página 3.


O p.rimeiro e o último olhar de Jesus

Mi,S DE MAIO, mês de Maria, é também, a · usto título, o mês das mães. fpoca oportuna, portanto, para se meditar sobre o papel a ser desempenhado por toda verdadeira mãe, cujo modelo excelso é a Mãe de Deus. E também para se reíletir a respeito do amor filial, virtude divinamenle praticada pelo Filho de Deus encarnado.

O

O mundo contemporâneo - particularmente o ocidental e cristão vem sendo há séculos abalado por crises resultantes de uma Revolução universal, una, total, dominante e processiva (cfr: Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revolução e ContraRevolução", "Cato licismo" n.0 100, abril de 1959). Essa Revolução haveria, pois. de conspurc11r também o amor materno, fazendo-o fenecer, ao longo das gerações. Assim, cada vez menos os homens foram conhecendo mães modelares. O que representa tal conspurcação. tal desdouro? Para compreendê-lo, consideremos o Hornem perfeito, o HomemDeus, Nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua Humanidade Sacrossanta, Ele passou os nove meses presumíveis no claustro puríssimo de Nossa Sen hora, para nascer então cm Bc·-

lém, nas condições que conheceinos. E quando seus olhos divinos se abriram pela primeira vez para esta Terra, fitaram a face dAquela que resume cm Si todas as maravilhas do universo: Maria! E o Menino Jesus, que desde os primeiros instantes de sua vida humana tinha pleno uso da razão, certamente deu, com esse primeiro olhar, o primeiro sorriso para sua Mãe Santíssima. Com que amor o terá feito? Que palavras terâ dito em silêncio? Porque a Rainha da Criação é mais bela que o Reino ... E se Deus., após ter criado o mundo, viu que todas as coisas que tinha feito "eram muito boas" (Gen. 1, 31) e, como que satisfeito, "desca11sou 110 séti,no dia" (Gen. 11, 2), o que se terá passado com o Menino Jesus? Maria é, como afirma São Luís Grignion de Montfort citando São Leão Magno e São Bernardo, o paraíso terrestre do novo Adão - Jesus Cristo - e o especialíssimo mundo de Deus, onde hã belezas e tesouros inefáveis (cfr. "Tratado da Verdadeira Devoção à Sa11ríssima Virgen,··, Ed. Vozes, Petrópolis, 6.• ed., 1961. p. 19). Podemos, entretanto, supor que no primeiro olhar que Jesus dirigiu a sua Mãe, Ele tenha movido seus bracinhos e feito pela primeira vez o S inal da Cruz. E que Ela, entend endo perfeitamente esse símbolo do Sacrifício ao qual seu Filho estava destinado, com amor indiz.í-

Repercussão internacional de documentos das TFPs AS SOCIEDADES de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade e entidades afins de treze paises publicaram. a partir de 9 de dezembro do ano passado, em 46 jornais dentre os maiores d e 17 nações do Ocidente, substancioso estudo em forma de Mensagem à opinião pública. Intitulado "O socialismo autogestionário: em vista do co1nu11isn10 , barreira óu cabeça-de-ponte'", o documento é obra do conhecido pensador católico brasileiro Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da TFP bra sileira. . Seis diários, dos mais importantes de Paris, recusaram-se a estampar a Mensagem das TFPs. A empresa de publicidade proprietá ria de dois deles chegou a romper o contrato de publicação anteriormente assinado. Em face dessa situação, as treze TFPs lançaram, cm 26 órgãos de imprensa dos principais de 12 países ocidentais, um Comunicado, também de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, intitulado "Na França: o punho estrangulando a rosa", chamando a atenção das nações do Ocidente para a atitude de poderosos órgãos de imprensa franceses - situados em posições ideológicas de centro-esquerda, centro e direita os quais se negaram a transcrever o texto da referida Mensagem, sem alegar para isso nenhuma razão. O que faz supor o receio de tais empresas jornalísticas privadas de serem estatiz.adas pelo regime autogestionário de Mitterrand, caso estampassem o trabalho de autoria do Prof. 2

Plínio Corrêa de Oliveira (cfr. "Catolicismo", n.ºs 373-374 e 376. janeiro-fevereiro e abril de 1982). A repercussão internacional alcançada pela Mensagem e pelo Comunicado merece ser realçada. tendo as diversas TFPs recebido até o mome nto, a propósito desses documentos, um considerável número de correspondências, que já excedem o total de 8 mil.

vel, O tenha adorado naquele primeiro lance, vivo, crucificado e vitorioso. Aqueles olhos divinos que se erguiam a té Ela, haveriam de baixar ainda sobre a Virgem Santissima no momento em que o Redentor exalou seu último suspiro no Calvário. Podemos imaginar o instante em que os dois olhares se cruxaram. A Terra era como que um oceano de pecado, naquele momento em que satanâs alcançara aparente triunfo. Mas, havia para olhar algo de tão belo ou talvez mais, na despedida, do que quando o Salvador entrou para a vida humana: era a face de Maria Santíssima. E tal beleza excedia, em seu campo próprio, todos os horrores que no plano do mal O circundavam. O amor dEla era muito maior· na linha do belo do que o

próprio deicídio, no terreno do hediondo. Ele desejou, porta!Jto, um afeto de mãe quando abriu os olhos. E quis um afeto de mãe quando os fechou... Entre o primeiro e o último olhar de Jesus, que nexo magnífico! Que vinculação incomparável! •

Isso basta para se compreender o quanto vale o afeto matemo e qual seu papel na formação dos homens. Pois todas as mães cristãs que nos precederam no sinal da Fé, eram convidadas a exprimir algo - uma como que cintilação - do que Nosso Senhor viu em Maria Santissima. E assim, nas maiores alegrias, nas ternuras mais delicadas como nos

P ara pessoas de bom gosto, um salão rolante Nelson Ribeiro Fr agelli nosso correspondente

ROMA - Viaja-se muito de trem na Europa. A rede ferroviária de cada país é extensíssima. Para qualquer lado correm comboios, geralmente lotados. Entretanto, o prazer de viajar quase desapareceu, porque se está esvaindo a idéia de conforto dos velhos tempos. Conforto. hoje, resume-se cm ir de um ponto a outro da maneira ma:s rápida e sem nenhum contratempo. O que se vai tornando difícil conseguir nesta Europa cada ve1. mais socialista. Fazer uma excursão, por breve que seja, sem ser atrapalhado por uma greve, é felicidade rara! Greve de funcionários ferroviários, greve dos controladores do tráfego, greve nas usinas elétricas ... eis um fim de semana estragado ou uma visita perdida. Assim, ga nhar tempo e atingir o destino sem interrupções de funcionários reivindicativos tornam-se o supremo conforto do viajante moderno. Os irens mais confortáveis são portant o os mais rápidos. Precisamente os preferidos por certo gênero de homens de negócios ou executivos. Sisudos cm suas poltronas, ocupam-se de rela16rios, redigem memorandos, e ntretêm-se com suas pequenas calculadoras, consultam agendas, ainda que estejam atravessando o esplendoroso rio Loire povoado de castelos. as encostas

Felizmente é preciso notar que na segunda classe dos comboios não expressos ou rápidos, ainda se encontra cor e sabor nas viagens, sobretudo na Itália. ít um entra-e-sai contínuo de trabalhadores do campo, estudantes tagarelas, senhoras a tricotar e a bater língua bem mais rapidamente que agulhas, militares, pequenos comerciantes, professoras - todos sempre prontos a manter uma prosa . E conversa na Itália não existe outra senão a sonora e vivaz, agradavelmente animada por um fundo de sabedoria, própria a herdeiros do vigor com que íloresceu outrora, nestas terras, a civilização cristã. Estão sempre informados sobre o Brasil, onde infalivelmente têm amigos ou parentes. E também prontos a discorrer sobre suas cidades ou aldeias natais, tão pitorescas e cheias de história. Entretanto, as condições do mundo moderno forçam o europeu a preferir os expressos, rápidos e diretos. E assim o condenam a cair nas poltronas de certa categoria dos sisudos e insípidos homens de negócios. Ali, silencioso, quase triste, suavemente embalado pela marcha veloz e monótona do macio vagão, no sem-sabor da modernidade, por vezes o europeu hodierno é assaltado por nostalgias que freqüentemente constituem as asas do sonho. Assim é que precisamente um industrial - certamente mais saudosista do que homem de negócios desejoso de desabafar seu gosto (e o de tantos outros) pelo viajar em grande estilo. resolveu ressuscitar o

Reagan responde Por sua vez, o presidente da TFP norte-americana, John Russel Spann, enviou ao chefe do Executivo de seu pais, Ronald Reagan , a Mensagem das treze TFPs, acompanhada de missiva datada de 20 de dezembro p.p. O Presidente norte-a mericano, através de sua assessoria. remeteu em 5 de abril último ao Sr. Jo hn Spann a seguinte resposta: "O Presidente Reagan solicitou-,ne que agradecesse sua carta, que acon1panhou a Mensage1n das Sociedades de Defesa da Tradição. Fa,nília e Propriedade. Ele bem compreende a contradição entre os princípios que estão por rrás das várias fonnas de socialisn10 e aqueles que susrenra1n o sistema norte-a,nericano de liberdade. O Presidente co11sidera· com apreço a iniciativa dessa publicação. capaz de permitir assi1n aos outros de ver a/guinas das dificuldades i11erenres· ao aba11do110 de 11ossas 11oções 1radicio11ais sobre a liberdade hutnana". A carta é assinada por Anne Higgins, Assistente Especial do Presidente Diretora do Setor de Correspondência.

e

abandonos mais terriveis, <!onvinha que a lembrança daquele olhar matemo acompanhasse a cada um. Como a proporção e a harmonia entre a grandexa e a bondade teriam se mantido entre os homens, se todas as mães permanecessem inteiramente mães, ou seja, católicas! Como a palavra doçura tomaria outro sentido! E como a majestade da dignidade. materna seria grandiosa, e a luta de classes teria sido diflcil numa sociedade em que a mãe soubesse ser autenticamente mãe de seus filhos! Em que todos, plasmados por mães como deveriam ser, soubessem exercer um papel análogo ao delas em relação àqueles que lhes são subordinados. E todos os que devem obedecer, agissem à maneira de filhos para com os que exercem o mando sobre eles.

No OriBnt E1tprt1$S,

murtos podem matar as saudades do luxo e dlstinçlo de outros tempos

nevadas do Mont Blanc, nos Alpes, ou percorrendo encantadoras aldeias austríacas: Não conversam. Se alguém arrisca um elogio a um castelo ou a uma abadia histórica que acabou de ver, é mais ou menos considerado como criança por esses "sérios" adultos. Os vagões-restaurantes, onde até quinze anos atrás podia-se passar bons momentos diante de pratos e vinhos que alimentavam saborosas conversas, vão desaparecendo. O carrinho de sanduíches e biscoitos servidos com café sintético ou cocacola está se impondo à generalidade dos trens.

legendário trem das ave!lturas de romances, o Orie11t Express, entre Londres e Veneza. Os jornais de todo o mundo escreveram muito a respeito da insólita iniciativa, aliás muito bem sucedida. Percorrendo depósitos de velhas estações ferroviárias, comprando arcaicos vagões-leitos e restaurantes, conseguiu recompor o Orient Express, tão semelhante aos primeiros quanto possível.

O antigo Orie11t Express começou a circular em 1883. A viagem era

então uma aventura que fascinava as mentalidades românticas do século XIX . Paris- Viena- Bucareste. O Danúbio era atravessado de barco. De novo por ferrovia, chegava-se ao Mar Negro, onde vapores austríacos, serenos como os grandes veleiros até havia pouco em uso, levavam os passageiros a Constantinopla dos contos incríveis. Era ainda a época do bom gosto. A sociedade européia admirava a pujança e iníluência dos impérios centrais. A Alemanha, sob o impulso da Prússia, se enriquecia e esforçava-se para se impor cada vez mais ao mundo, quer nos campos de batalha, quer nos salões. A colossal Rússia dos Czares ostentava um fausto que parecia deixar intimidadas as potências ocidentais. A gloriosa Áustria-Hungria, sob o cetro dos Habsburgos, tinha em Francisco :José a figura do patriarca venerável que sustentava com garbo e doçura as tradições mais caras do Sacro Império. As três potências eram então fortemente marcadas pelos estilos ainda da velha França de antes da Revolução de 1789. O Orietll Express era de algum modo um · salão imperial rolante, que, deixando as encantadoras margens do Sena, saudava o Danúbio e conduzia o europeu para as terras legendárias e por vezes insidiosas do decadente império otomano. Os vagões-leitos eram recobertos pela boa tapeçaria oriental, iluminados por lustres de bronze e cristal. No restaurante podia-se encontrar cardápios variados e cozinheiros notáveis. Nos compartimentos de poltronas em fino couro marroquino e esmaltes franceses, movimentavamse .passageiros de todo gênero. Diplomatas ingleses, agentes governamentais, hindus, egípcios e árabes cm costumes regionais, reservados alguns, misteriosos quase todos. Serventes e comissários multiplicavam suas amabilidades. Diz-se que espionavam, não se sabe precisamente para quem. Com freqUência para lados adversários concomitantemente. Esse trem fantástico não servia apenas de salão para famílias em vilegiatura, mas também era palco de tramas comerciais, intrigas internacionais, c-0ntatos diplomáticos, foco de informações políticas obtidas em meio à fumaça dos charutos ou ao borbulhar da champagne. Crônicas da época relatam pactos ocultos ali firmados e até maquinação de crimes. Verdade? Romance? Hoje, cansado da monotonia da civilixação industrial, afogado no depauperamento geral dos estilos de vida, desejoso de respirar um pouco ares dos antigos esplendores, numa homenagem ao mundo do sonho, mesmo com a conotação de mistérios e perigos, restaura-se algo do brilho !! da legenda do passado. Valores estes dos quais muitos de nossos contemporâneos têm confessado sentir saudades. CATOLICISMO -

Maio de 1982


Brasil, Argentina e Inglaterra face a Ulll ini1nigo com.uJn: o poderio soviético O Brasil ante a guerra das Malvinas Senhor Presidente. - A leitura dos jornais torna claro que o agravamento crescente da crise anglo-argentina, concernente às Ilhas Malvinas, poderá colocar a qualquer momento nosso Governo em circunstâncias de tomar atitudes mais e mais próximas de um envolvimento. Diplomáticas de início. econômicas logo cm seguida . podem essas medidas chegar a ser de tal peso no curso dos acontecimentos que, por lim, qualquer dos incidentes inesperados, tão freqüentes nu ma guerra. pode afetar nossa Nação, a ponto de a arrastar a uma condição de beligerância, em que ela bem sente, entretanto, que não pode nem deve entra r.

O envolvimento que a Nação não quer No momento em que estas e outras gra ndes cogitaçõcs da mesma ordem estarão por certo presentes ao espírito de V. Excia .. a quem cabe a gloriosa mas gravíssima responsabi lidade de fixar o roteiro que o Brasi l há de seguir. está na índole da abertura política implantada por V. Excia. ao longo de seu mandato. que de V. Excia. se acerquem com respeito, direi mesmo com patriótico afeto. todos os setores da opinião nacional. a fim de 4uc assim. no momento das graves del iberações. V. Excia. tenha presente o pulsar de coração do Brasil inteiro.

A TFP, e a fibra conservadora e cristã da opinião nacional Entre essas correntes. Sr. Presidente, V. Excia. conhece que está a TFP. cuja voz se vem fazendo ouvir de ponta a ponta de nosso território. com ressonância suficiente para pôr em vibração - cm muitos lances. com

NA QUALIDADE de Presidente do CN da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira dirigiu ao ilustre Presidente da República João Batista Figueiredo, um telex sobre alguns aspectos de peculiar alcance da guerra das Malvinas, para o Brasil e toda a América do Sul . Na missiva, datada de 4 do corrente, analisa ele também a evtntual tomada de posição de nosso País ante aqueles aspectos da conflagração. Análogo telex foi enviado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao Chanceler Saraiva Guerreiro. Bem entendido, o título e os subtítulos não figuram na missiva e foram introduzidos no texto para a comodidade do leitor.

* * *

Ao di vulga r a presente missiva, cumpre especificar aos olhos do público um ponto que fôra supéríluo realçar ao Sr. Presidente da República . Grande e nobre é o sen timento da solidariedade continental entre as nações E por que sô ele. se tão mais longe, pela América do Sul inteira. estes tentáculos já se desdobraram. e e m outras ocasiões estenderam o terror. a insegurança e à desordem?

As esquerdas se acercam da Casa Rosada Essa si mbólica presença naval russa. a desperta r a esperança de um apoio pelo menos diplo mático e econômico de Moscou e de seus satélites à Argent ina. o consenso geral não tem duvidado em a relacionar com as s ucessivas visitas dos e mbaixadores da Rússia e da China à Chancelaria. e com a ostensiva aproximação ocorrida na Argentina, diretamente em virtude da ocupação das Ilhas. entre o governo - até então militantemente anticomunista - do Gen. Galtieri e as esquerdas argentinas de toda sorte. Mas onde Moscou espera algum proveito nunca é de braços cru,.ados que o espera. É seu vezo de sempre, intervir. o ra pela astúcia . ora pela força. para produzir ou apressar os acontec imentos dos quais conta depois auferir vantagem.

Uma vez desembarcados ... quem de lá os tira? Em Belo Horizonte. propagandistas da TF P anun• ciam a carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao Presidente Figueiredo sobre a guerra das Malvinas

quanta intensidade! - a libra conservadora e cristã que é uma das prestigiosas e incontestáveis componentes da menta lidade nacional. Nessas condições, Sr. Presidente, peço vénia para manifestar a V. Excia. o que ocorre à TFP acerca da atua l conjuntura internacional.

Presença naval soviética. Um símbolo. Uma ameaça Está especialmente no ângu lo de visão da TFP um dado da atual conjuntura, a que o noticiário dos meios de comunicação socia l não tem conferido todo o realce adequado: é - jâ antes da conílagração - a presença naval soviética nos mares sulinos, a qual permanece estável, tendo a seu alcance a zona que pouco depois entrou a conílagrar-se. E que tomou ipso facto o caráter de símbolo do firme propósito russo de tirar partido dos acontecimentos que se desenrolarem. Tirar partido em proveito do que. Sr. Presidente? De modo óbvio, em favor da expansão ideológica e colonialista do poderio soviético.

Tentáculos soviéticos na Argentina na América do Sul Tirar partido onde? De modo também óbvio, não só nos frios e escarpados penhascos das Malvinas, porém, segundo os bem conhecidos estilos do expansionismo soviético, para se estender eventualmente Argentina adentro, até onde puder. Ou seja, para que os tentáculos de Moscou alcancem o querido pais, nosso vizinho e nosso irmão. CATOLICISMO -

Maio de 1982

E isto, ainda que o Governo argentino, como afi rma, não tenha presentemente a intenção de pedir o apoio russo. Como se vê, esse apoio, concretizado na presença naval soviética, se posta prestativo no seu caminho. Nos vaivéns imprevisiveis de uma guerra, quem pode gara ntir que a ajuda episód ica de uma força naval russa, de um momento para outro não seja útil, ou quiçá até indispensável. à Argentina? Para expulsar do território continental algum contingente britânico ali desembarcado, digamos ... Descem então, muito naturalmente, os soviéticos, para uma me ra operação de limpeza. Mas depois... depois quem de lá conseguirá tirá-los? Uma vez desembarcados na Argentina os russos, o que inopinada mas facilmente pode ocorrer, se desenrolarão automaticamente, e como que em bobina, todas as conseqüências que, no mundo inteiro, se tornam plausiveis - e cm quantos pontos se têm tomado reais - logo a partir da presença militar russa. Antes de tudo, a velada remessa de novas tropas, se aos contingentes enviados a título de socorro não se reconhece desinibidamente uma crescente hegemonia. Depois ... Depois ... Para o entrever basta olhar para as conseqUências que, em longa esteira de humilhações e de dores, se têm desdobrado onde quer que tropas soviéticas deitem as garras. Para completar a previsão, é só excogitar aqui em que termos essa ameaça poderia concretizar-se dentro do atual panorama ibero-americano, mais especificamente dentro do atual panorama brasileiro. As eventuais correrias de tropas russas, argentinas e inglesas ensejariam incursões em território deste ou daquele país vizinho. As incursões russas, favorecidas, bem entendido, por guerrilhas locais de inspiração comunista, se intitulariam de "libertadoras". E no país invadido, ficaria desfraldado o estandarte da subversão. 3

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sul-americanas, unidas pela proximidade geográfica, como pela profissão comum da Santa Fé católica, pela afinidade da raça e a íntima semelhança dos idiomas. Esta solidariedade nos leva a sentir como certo que a grande maioria da nação irmã argentina, vivamente ciosa embora dos seus direitos sobre as Malvinas, de nenhum modo aprovaria que daí resultasse a incursão de tropas soviéticas, "cubanas>', ou outras análogas, em seu território n acional. E que a esta luz concorda sem subterfúgio com a máxima evangélica: "Quacrite primum regnum Dei et justitiam ejus, et haec omnia adjicicntur vobis" - "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua Justiça. e tudo o mais vos será dado por acréscimo" (Mt. VI, 33). Não sabemos como, na eventualidade de julgar necessário p ara seu país o recurso de tropas_ comunistas, agiria o governo Galtieri. E cert o, porém, que em nenhum caso a solidariedade internacional nos obrigaria a aplaudir que nosso Governo acolhesse em nossos portos, e fornecesse nossas riquezas, para tropas dos inim igos de Deus. Com tudo isto. a esperança animaria e poria em ação os organismos comunistas e socia listas que Moscou mantém vivos e m toda a América Latina, em todo o Brasil, Sr. Presidente. A "esquerda católica" se agitaria ainda mais atrevidamente, pregando mais ou menos veladamente a luta de classes, ao mesmo tempo que difund indo (com ardis dulçurosos todos seus) a inércia ent re os nãocomunistas. Por fim. os oportunistas. corre-

riam de encontro ao sol que se levanta. E o terrorismo reabriria as feridas de outrora, em toda a América Latina, por meio de assaltos. scqücstro.s. atentados! Nos extremos confins desse horizonte macabro, a experiência dolorosa mostra que quem quisesse resistir a essa agressão do superpoder soviético teria de recorrer ao superpoder norte-americano. Era a vietnamização do Brasil, da América espanhola, que teria comcça·d o.

O que mais importa é preservar o Brasil, a América do Sul Tudo isto, Sr. Presidente. conduz à conclusão de que, face à guerra das Malvinas, embora muito importe conhecer quem. em nome da Justiça, deve ficar com as Ilhas, se a Inglaterra. se a Argentina (e nossos corações de ibero-americanos propendem todos por esta última), algo importa mais ainda, incomensuravelmente mais. É saber se a Argentina, o Brasil, todo o Continente sul-americano continuàrão inteiramente livres das ingerências, das intrigas, das ameaças, das incu~sões à mão armada, e por lim da hegemonia soviética.

Confiança em nossas autoridades Bem sei que o quadro das conseqüências da tensão anglo-argentina não se reduz só a isso. Sei também que, para ponderar todos os outros aspectos da questão - numerosos. complexos, emaranhados - te m largo tirocínio e riquissima bagagem informativa nosso atual chefe de Estado, em cuja preclara carreira de homem público figuram longos anos à testa do SN 1. Por isto, acerca de nenhum desses aspectos aqui cogito.

Acima de tudo, o Reino de Deus Mas há uma máxima. Sr. Presidente. que os homens, arrastados no torvelinho das questões terrenas. são por vezes propensos a olvidar: "Quaerite ergo prim11111 regnu111 Dei et justitia111 ejus: et hae<· onmia adjicientur vobis" (Mt. VI, 33). Para o Brasil, para a Argentina. para os países irmãos da América do Sul. "proc11remos antes de t11do o Reino de De11s e s110 Justiça" e obteremos tudo o mais. Ou seja. acima de tudo mantenhamos afastado o inexorável inimigo de Deus, e a misericórdia deste nos galardoará com o resto. Esta máxima eva ngélica, tão sublime e tão suave, não é habitualmente aquilatada cm seu inteiro alcance pelos homens públicos de todo o mundo, nestes nossos dias laicos e agitados. Tornando-a presente a V. Excia., em espírito de cooperação respeitosa e cordial, estou certo de agir como melhor não poderia fazer o mais devotado de seus amigos, ou cooperadores. E porque o veio cristão e conservador da alma brasileira é todo voltado para a observância en levada dessa nobre e luminosa máxima, estou certo também de agir, quanto em mim está, para evitar ao nosso povo, dolorosos transes de alma, lembrando esta máxima ao Supremo Magistrado de meu Pais. O povo brasileiro, ordeiro e inarred.avelmente católico, por enquanto ainda desprevenido e tranquilo, GUe surpresa terá, Sr. Presidente, que vibrações de alma sentirá, e poderá extrovertidamente fazer sentir, caso as operações militares nas águas maritimas do S ul ensejem o desembarque de ingleses, e logo depois de russos, em território argentino! Russos, sim, russos soviéticos, os quais, na ordem profunda dos fatos, são inimigos tanto dos ingleses, quanto dos argentinos, como de toda nação que não professe seu

tenebroso credo ateu, nem se resigne em lhes ser humilde escrava ... Que estranheza. que desconcerto, que sensação alucinante de estarem desidentilicados da missão histórica da Terra de Santa Cruz, sentirão os brasi leiros católicos e conservadores quando notarem que os recursos táticos da configuração geográfica do Pais. as rique1.as de seu subsolo, de sua agricultura e de sua indústria estarão sendo úteis, cm última ~nálisc, para desígnios dos inimigos de Deus, isto é, da superpotência ideológica e imperialista cumulativamente inimiga da Inglaterra. da Argentina, em suma, de tudo quanto não seja ateísmo e di tadura do proletariado! A fim de poupar ao nosso povo o drama de consciência que agudamente sofreria com tudo isso, peço vênia pára atrair para este ponto primacia l a a lta atenção de V. Excia. Assim fazendo. mantenho-me fiel à vocação ininterruptamente seguida pela TFP, nestas décadas de atuação pública. Queira V. Excia., Sr. Presidente, ver na presente mensagem o cristão patriotismo da TFP, bem como todo o desejo de cooperação que a anima em relação ao Governo nacional. É rogando pela pessoa ilustre de V. Excia., para que a graça de Deus o ilumine na procura das trilhas que seguiremos, e para que a Providência cumule de êx ito a atuação de V. Excia. à frente do País, que com toda a TFP elevo preces a Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil. A' Ela suplicamos, acima de tudo, não consinta em que comunistas russos, inimigos de Deus, depois de eventuais andanças pelo território argentino, acabem por transformar em terra da foice e do martelo a Terra de Santa Cruz. P LJNIO CORRtA DE Ô LIVEIRA

Presidente do Conselho Nacional

A agência UPI distribuiu esta foto do navio oceanográfico Akadt1mik Knipovich entrando na beía de Uahuaia (extremo sul da Argentina}. no dia 4 de abril p.p., informando que oa russos estavam acompanhando os movimentos da frota britlnica


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Terceiro Se A esquerda: 01

três pastori·

nhot junto à igreja de F6· time, em 13 de julho de 1917, dia em que a Santla• aima Virgem lhes mostrou o inferno e confiou o Segredo

A direiU: aimplet ins· criçlo neste jaiigo do c&mi· tério ele Fátima: "Aqui

união com todos os Bispos do mundo (visão de 13 de junho de 1929, na Capela das Dorotéias em Tuy, Espanha). Através de seus confessores e do Bispo de Leiria, a Irmã Lúcia fez com que o pedido de Nossa Senhora chegasse, amda nesse ano, ao conhecimento do Papa Pio XI, o qual prometeu tomá-lo em consideração. Mas Fátima não tinha, nessa época, nem de longe a projeção internacional que depois adquiriu, e que vem desde .então crescendo sempre mais, até os nossos dias.

rtJpous•m os restos mort•is de Fr•nclsco 11

edo de Fátirr

Esses atos agradaram certamente a Mãe de Deus, como a Irmã Lúcia soube p_or uma revelação, mas infeli.zmente não preenchiam todas as condições postas por Nossa Senhora para o cumprimento de suas promessas. Em particular, faltara a solene união de todos os Bispos do mundo, ao ato de consagração feito pelo Santo Padre. Também é notório que a devoção dos cinco primeiros sábados consagrados ao Imaculado Coração de Maria não alcancou na Igreja uma propagação seq,uer comparável à das nove primeiras sextas-feiras, dedicadas à reparação das ofensas ao Sagrado Coração de Jesus.

OSegredo assume proporçlies de Interesse mundlaf

J11.clnt•,

a quem Nossa

Senhora

apareceu".

TRANSCURSO do 65.0 aniversário da primeira aparição da Virgem Santíssima cm Fátima torna oportuno recapitular o que se sabe a respeito das partes já reveladas do Segredo de fátima, e descrever a singular trajetória percorrida até aqui pela terceira parte, zelosamente afastada do conhecimento público pelas Autoridades eclesiásticas, sob cuja guarda tem estado e continua até o momento.

O

Um pedido de Nossa Senhora, nao atendido Como é sabido, Nossa Senhora comunicou ao? privilegiados VidenJosd Alves Correia da Silva, falecido tes, Lúcia. Francisco e Jacinta, no D. Bispo de Leiria. tem diante de si o en· dia 13 de julho de 1917, um Segredo velope contendo o bem guardado Se-. que não deviam contar a ninguém. grado de F6tima, que deveria ter sido As crianças sofreram inúmeras pres- revelado após 1960 sões para revelá-lo. mas sempre e constantemente resistiram do modo Jacinta e Francisco para o Céu. mais heróico. Os autores que escre- Jesus quer servir-Se de ti para Me veram a história de Fátima narram fazer conhecer e amar. Ele quer estacom vivacidade os maus bocados belecer no mundo a devoção ao ,neu por que tiveram de passar as ten- /n,oculodo Coração" (2.• Aparição, ras crianças. 13 de junho de 1917). Francisco e Jacinta levaram para Terminadas as Aparições, e após o túmulo o "seu" Segredo. O me- a morte de seus primos, Lúcia innino entregou sua bela alma a Deus gressou no Instituto de Santa Oorono dia 4 de abril de 1919. Nossa téia. Como freira dessa CongregaSenhora veio buscar Jacinta para o ção, Lúcia teve diversas visões, nas Céu no dia 20 de fevereiro de 1920. quais lhe foi revelada primeiramente Ficou assim como única depo- a devoção dos cinco primeiros sásitária do Segredo, Lúcia, a mais bados (visão de 10 de dezembro de velha dos três Videntes, a quem Nos- 1925, em sua cela, na Casa das Dosa Senhora conserva nesta vida para rotéias, em Pontevedra, Espanha) e o cumprimento de uma missão. "Tu posteriormente o pedido formal de ficas cá mais olgun, tempo - disse Nossa Senhora da consagração da Nossa Senhora a Lúcia, depois de Rússia ao Imaculado Coração de lhe comunicar que levaria em breve Maria, a ser feita pelo Papa em

Em"2 de dezembro de 1940 - já em pleno curso da li Guerra Mundial - a Irmã Lúcia dirigiu-se diretamente ao Papa Pio XII, em carta pessoal ao Ponúfice, pedindo novamente a consa6ração do mundo ao Imaculado Coração, com especial menção da Rússia, e a extensão a todo o o rbe católico da devoção dos cinco primeiros sábados. Em troca, a Santíssima Virgem prometia impedir a propagação dos erros da Rússia, converter esta nação. e abreviar os dias de tribulação com que tinha determinado punir o mundo de seus crimes. por meio da guerra, da fome e de várias perseguições à Igreja e a Sua Santidade, o Papa. No dia 31 de outubro de 1942, em Radiomensagem a Portugal por ocasião do encerramento do ano jubilar das Aparições de Fátima (25. 0 aniversário), Pio XII consagrou a Igreja e o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria. Em 1952, po r meio de uma Carta Apostólica, Pio XII consagrou os povos da Rú ssia ao Puríssimo Coração de Maria.

As duas partes conhecidas do Segredo A FIM de que o leitor possa formar com mais facilidade uma idéia global de um assunto relativamente complexo e evitar assim que se constituam visões

pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao

fragmentárias e dispersas a esse respeito. vão reproduzidas a seguir as duas primeiras partes do Segredo.

meu Imaculado Coração.

Se fizerem o que Eu vos disser. salvar-se-ão mui1as almas e lerão paz. A guerra vai acabar. mas se não deixarem de ofender a Deus. no rei-

PHmelra ~rte do Segredo: a vlslo do Inferno

nado de Pio XI começará outra pior.

Quando virdes uma noile alumiada

narra a Irmã Lúcia - (Nossa Senho-

A visão demorou apenas um momento, durante o qual Lúcia soltou

ra] abriu de novo as mãos como nos

um "ai!". Ela comenta que, se não

"Ao dizer estas últimos palavras -

dois meses passados. O reflexo [de luz

que elas expediam] pareceu penetrar a

terra e vimos como que um grande mor de fogo e mergulhados nesse fogo os demônios e as almas como se fos-

fosse a promessa de Nossa Senhora de os le·:ar para o Céu, os Videntes teriam morrido de susto e pavor.

flutuavam no incêndio levadas pelos chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo. caindo

paro todos os lados - semelhante ao cair das fagulhas nós grandes incêndios - sem peso nem equilíbrio, entre

gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e faziarn estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formos horríveis e asquerosos de animais espantosos e desconhecidos.

mos rronsporentes como negros car-

vões em brasa".

4

sagração da Rússla ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora

nos primeiros sábados. Se atenderem

sem brasas 1ron.rporen1es e negras ou

bronzeadas. com forma humana, que

por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes. por meio do guerra. da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedlr. vlrei pedir a con·

Segunda parte do Segredo: o anlinclo do castigo e os meios de evltA-lo

-

Assustados, pois, e como que a pedir socorro, os Videntes levantaram os olhos para Nossa Senhora, que lhes disse com bondade e tristeza: Nossa Senhora: " Vistes o inferno, para onde vão os almas dos pobres

a meus pedidos. a Rússia se conver1erá e terão paz: se não, espalhará seus erros pelo mundo. promovendo guer· ras e perseguições à Igreja: os bons serão martlrizados. o San/o Padre 1erá nwilo que sofrer. várias nações serão aniquiladas: por fim. o meu /moeu·

lodo Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-ó a Rússia. que se convenerá. e será concedido ao mundo

algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o Dogma do Fé. etc. Isto não o digais o ninguém. Ao Francisco. sim, podeis dizê-lo ...

Na carta de 2 de dezembro de 1940 ao Papa Pio XII, a Irmã Lúcia já apontava os frutos dessa consagração, como acima ficou dito: o estancamento da propagação do comunismo, a conversão da Rússia, a abreviação dos castigos materiais e espirituais que pendiam sobre a humanidade pecadora. Ora, estes pontos eram então inteiron,ente desconhecidos do público, pois constam justamente das partes do Segredo até então não reveladas. Começa, pois, aqui a caprichosa e surpreendente história da divulgação dos famosos Segredos. Em 194 1, o Cônego Galamba de Oliveira, destacado elemento do Clero de Leiria, preparava uma nova edição de seu precioso livrinho sobre Jacinta. Para ,sso,julgou conveniente pedir ao seu Bispo que desse ordem à Irmã Lúcia de escrever tudo o mais de que pudesse ainda lembrar"se a respeito da vida de sua prima. A primeira edição do livro do Cônego Galamba estava baseado em duas Men16rias já redigidas pela Vidente. A primeira , escrita em 1935, tinha cm vista primordialmente narrar a vida de Jacinta. Na segunda, datada de 1937. a Irmã Lúcia se estendia um pouco mais sobre as Aparições de Nossa Senhora, e tornava públicas. pela primeira vez, as Aparições do Anjo. Em atenção à nova ordem do Bispo de Leiria, a Irmã Lúcia acabou surpreendendo o mundo com a revelação das duas primeiras partes do Segredo. E a explicação era simples: ela não podia falar sobre a vida espiritual de Jacinta, toda centrada nos Segredos, sem manifestá-los! O relato é datado de 31 de agosto de 1941. O Cônego Galamba de Oliveira intuiu acertadamente que a Irmã Lúcia, talvez constrangida por compreensiveis relutâncias interiores, não dissera tudo ô que ainda tinha a dizer. Instou pois novamente o Bispo de Leiria que ordenasse à Vidente de fazer um hislórico completo das Aparições: .. Monde-lhe, Senhor Bispo, .... que escrevo TUDO. Mas TU DO. Que há-de dar 11111itos voltas no Purgat6rio por ter colado tonta coiso ... E a própria Irmã Lúcia que relata o episódio. ocorrido no Bispado de Leiria, e que deu origem ao quarto manuscrito - o mais completo - sobre as Aparições de Fátima. O precioso documento leva a data de 8 de dezembro de 1941. Foi então - e só então - que os acontecimentos de Fátima, mais bem circunscritos, até então, a Portugal e a alguns ambientes católicos de outras nações, tomaram uma dimensão verdadeiramente internacional. Os livros sobre o assunlo se multiplicaram por toda parte. Os principais autores, além de interrogarem as testemunhas ainda vivas, tiveram acesso aos manuscritos da Irmã Lúcia (os quais, entretanto, só vieram a ser publicados muito mais tarde, em 1973, por iniciativa do Pe. Antonio Maria Martins, S.J.). As duas partes do Segredo, que começaram então a ser divulgadas a partir de 1942, tiveram o condão de projetar Fátima para o zênite das cogitações de todo o orbe calólico, extravasando mesmo para o mundo

não católico (em particular no mundo muçulmano, onde o nome F~tima, de origem árabe, parece despertar ressonâncias especiais: sinal promissor de conversão desse vasto mundo?).

lrml Llicla redige a terceira parte do Segredo As obras de Deus, entretanto, caminham freqüentemente devàgar. Resta ainda por revelar a terceira parte do Segredo (ou, mais simplesmenle, "o terceiro Segredo", como se costuma falar). A este respeito, a primeira informação digna de registro é a da própria Irmã Lúcia, em seu quarto manuscrito. onde ela declara que ..odvertidamente" nele nada omitiu de quanto podia ainda se lembrar sobre as Aparições, salvo, evidentemente. a terceira parte do Segredo, que não tinha até então ordem de revelar. Em princípios de junho de 1943, a Irmã Lúcia foi atacada por uma pleurisia, inicialmente leve, mas que logo se agravou, apresentando febre bastante alta. No começo de julho, ela já estava melhor, mas voltou a recair. em conseqüência de uma infecção provocada por uma injeção deteriorada. A saúde da Irmã Lúcia preocupava o Bispo de Leiria. D. José Alves Correia da Silva. e os que o rodeavam na Cúria episcopal. Decidiu-se ordenar à Vidente que redigisse a parte ainda desconhecida do Segredo. A Irmã Lúcia redigiu o famoso Segredo entre o Natal de 1943 e o dia 9 de janeiro de 1944. O Segredo está escrito numa folha de papel e colocado dentro de um envelope, o qual foi em seguida lacrado. Mas apenas seis meses depois, no dia 17 de junho de 1944, a pedido do Bispo de Leiria, o Bispo titular de Gurza. O. Manuel Ferreira da Silva, diri-

A M no ayxílio da Virgem externa-se na ati1ude desse peregrino om F,tima

giu-se, com alguns acompanhantes que ignoravam sua real missão, a Valença, cidade limítrofe com Tuy, na Espanha (da qual a separa o rio Minho), e onde recebeu, das mãos da Irmã Lúcia, que para al.i também se deslocara, o precioso documento. Na mesma tarde o recebe D. José em uma propriedade sua, em Braga. Mais tarde, O. José o colocou em outro envelope maior, também lacrado, e do lado de fora escreveu, de seu punho e letra: "Este envelope. com o seu conteúdo, será entregue o Suo Eminência o Sr. Cardeal D. Manuel, Patriarca de lisboa. após a ,ninha n1orte. Leiria, 8 de dezembro de 1945. t José, Bispo de Leiria". O envelope foi colocado na caixa-forte da Cúria, e daí saiu apenas em raríssimas ocasiões, simplesmente para ser contemplado por fora por algumas pessoas privilegiadas. De uma dessas ocasiões é a foto do Bispo de Leiria tendo à sua frente o precioso documento (a qual reprodu1.imos, a título de ilustração, nesta página).

CATOLICISMO ·


ia: mistério para o público Em dez anos, quatro prantos NOS ÚLTIMOS dez anos o mundo conheceu vários avisos da Mãe de Deus. que Se manifestou através de imagens que choraram. Assim. em julho

de 1972 verteu lágrimas em Nova Orlea,1s (EUA) a Imagem Peregrina lnttr11acio110/ de Nosso Senhora de Fátlma. já conheclda de nossos leitores.

E,n 28 de julho de /977. a UP!divulgavaoutro pranto de u1na imagem de

Nossa Senhora de Fá1ima. ,w igreja do mesmo nome ern Damasco (Síria).

Eln 22 de obril de 1979. novo pranto. desta vez da imagem de Nossa Senhora das Necessidades da vila de Soalheira. em Portugal (cfr. "Catoli• cismo" n.0 344. agosto de 1979).

vesse escrito em português, ele n,e disse em seg11idà, que o tinha co,npreendido inreiran,enre. Depois ele mesmo recolocou o Segredo en, outro envelope. lacrou-o. e o pôs en, um desses arquivos que são co,no um poço profundo. negro. negro. 110 fundo do qual os. papéis caem e ni11guém vê 1nais 11ada. Portanto. é dificil dizer agora 011de se encontra o ..Segredo de Fátima .. ("La Documentation Catholique", n.• 1490, 193-67, p. 543).

A Imagem Peregrina Inter· nacional de Nossa Senhora de Fátima que verteu lágrimas em Nova Orlean1 (EUA) em 1972

E. finalmente. o espantoso pronto de sangue da Virgem das Lágrimas em Granada (Espanha}, run/orme notiâamos na primelra página desro edição.

Sem entrar no prubh1ma da ame,uiâdade e rompro,•oção científica de cada uma dessas manifestarões. observamos, contudo. um fato inegável para qualquer 1:atólico til• hot1 fé: o mundo atual viola os Mandamen1os de forma fada vez mais admvsa. o que de si justifit-aria que a Sanlí.uima Virgem e.nernasse de modo ião punge111e o seu desagrado.

A esquerdo:

Imagem de Nossa Senhora das Neoessi· dades. de vila po!1uguesa de Soalheira

O Segredo·no Vaticano

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Ao remeter o documento ao Bispo de Leiria - a informação é do Pe. JOAQUIN MARIA ALONSO (l..a verdad sobre e/ secreto de Fátima/ Fóti,na sin ,nitos, Cor Mariae Centrum, Madrid , 1976, p. 37) - a Irmã Lúcia sugeria ao Prelado que ele mesmo o guardasse, dispondo que fosse entregue, após a morte dele. ao Cardeal Cerejeira, então Patriarca de Lisboa. Em conversas pessoais com o Cardeal, D. José quis c-0nfiarlhe desde logo o. envelope, mas o Patriarca de Lisboa preferiu que o documento continuasse na Cúria de Leiria. Espalha-se então a noticia de que o Segredo está escrito e só poderá ser aberto em 1960, ou após a morte da Irmã Lúcia (se isto ocorresse antes de tal da.ta). Como era natural, à medida que os anos iam passando, a curiosidade mundial cm tomo do Segredo ia aumentando. Em determinado momento, a Sagrada Congregação do Santo Oficio pediu ao Bispo de Leiria que lhe remetesse o documento, ..para evitar que algo tão delicado, destinado a não ser dado ..in pasto .. ao público. fosse parar. por qualquer razão, ainda que fortuita, em n1ãos estranhas.. ("La Documentation Catholique", Paris, n.0 1490, 19-3-67, p. 543). A declaração é do Cardeal Ottaviani; prefeito da referida Congregação, em famosa conferência dada em Roma, em 11 de fevereiro de 1967, na aula magna da Pontifícia Academia Mariana Internacional, numa reunião preparatória do Cinquentenário das Aparições de Fátima. Ao que consta, a Sagrada Congregação pedira inicialmente (em princípios de 1957) à Cúria de Leiria uma fotocó!'ia de todos os escritos da l.rmã Lucia. Como entre estes estava o célebre envelope lacrado, o Bispo de Leiria não quis abri-lo nem fotocopiá-lo, remetendo-o tal qual estava para a Nunciatura Apostólica em Lisboa. Foi portador o então Bispo Auxiliar de Leiria, D. João Pereira Venâncio. O que permite situar a entrada do documento na Nunciatura em Lisboa antes de 4 de dezembro de 1957, quando faleceu o

Bispo D. José Alves Correia da Sil-

va. O Pe. Joaquim Maria Alonso

- Maio de 1982

afiança com foros de certeza que o Segredo estava ainda na Cúna de Leiria cm fins de fevereiro de 1957, e que na segunda quinzena de março já fora entregue ao Núncio em Lisboa (op. cit .. p. 41). Daí conclui o mesmo autor (cfr. op. cit., p. 42), que o documento teria chegado à Santa Sé ainda em tempos do Pontificado de Pio XII, o qual faleceu cm 9 de outubro de 1958. O Cônego Sebastião Martins dos Reis, autor de vários livros sobre Fátima, e geralmente tido como seguro em suas informações, crê entretanto poder afirmar que o Núncio e futuro Cardeal Fernando Cento só levou o documento para Roma entre outubro de 1958 e fevereiro de 1959. O que tornaria pouco provável que "La Documentation Catholique" Pio XII tivesse tido tempo de tomar explica que o Cardeal Ottaviani ha· conhecimento do Segredo. De qual- via distnbuído um texto escrito de quer modo, carecem de fundamento sua conferência, mas estando jà com sério as notícias de que o Pontifice a vista muito fraca. falou sem o te ria chorado, ou, segundo alguns, texto. Daí resulta que o texto proaté desmaiado, depois de ter lido o nunciado (que a revista extraiu de Segredo. Nega-o, aliás, 'categorica- uma fita gravada) é muito mais lonmente, o Pc. Leiber, íntimo colabo- go e sensivelmente diferente do texto rador de Pio XII: .. Isso é con,ple- escrito. tamenre gratuito. Não houve nada Não dispomos de elementos para disso .. (cfr. PE. J. M. ALONSO, op. saber se o texto que acaba de ser cit., p. 43). transcrito foi dito de improviso pelo O que é certo - e disto possuí- Cardeal, ou se já constava do texto mos dois testemunhos insuspeitos -escrito. O fato é que se a intenção do é que João XXIII leu o Segredo. Cardeal, falecido cm 1979, era abaO primeiro depoimento é o do far a curiosidade efervescente em Cardeal Ottaviani, na citada e ntre- torno do Segredo - como se deprevista, na qual declara textualmente: ende do contexto de toda a confe"O Segredo chegou. pois, à Co11gre· rência - ele talvez se tenha deixado gação para a Doutrina da Fé [então arrastar pelo empolgante do tema, e denominada do Santo Ofício]. e provocou um resultado inteiramente sempre fechado -foi transn1itido a contrário ao desejado. Com efeito, João XXII/. O Papa abriu o enve- qual seria esse 'poço profundo. nelope e leu-o. E embora o texto esri- gro. negro. 110 fu11do do qual os A Virgem du Ugrimu, que no Cottimodia 13 do maio chorou sangue (G ranada. Eopanha)

Imagem de N ona Senhora do Fátima, venerada na igreja do mesmo nome em Damasco ($Iria)

papéis cae111 e ningué,n vê ,nais_ nada ..? Ê óbvio que palavras tão enigmáticas - e, por que não d izer. intrigantes - não podiam deixar de a tiçar ainda mais a curiosidade do público em torno do momentoso tema.

• • • Um depoimento mais recente veio, entretanto, lançar nova lu1. sobre o assunto. Trata-se de ur,1a carta, datada de 20 de junho de 1977, de Mons. Loris Capovilla, ex-secretário particular de João XXIII, Arcebispo titular de Mesembria, atualmente residente em Loreto. Transcreve-a o PE. Jost GERALDES FREIRE - a quem era dirigida - cm seu livro Ô Segredo de Fótin,a: a terceira parte é sobre Portugal? (Santuário de Fátima, 1977, pp. 136137). Declara textualmente Mons. Capovilla: .., . No dia /7 de Agosto de /959 o papa João XXII/ recebeu das mãos do padre Paolo Philippe (então e,n Co111issão do San/o Ofício)a carta guardada no Santo Ofício relativa ao cha,nado ..Segredo de Fótinw ... E disse: .. Reservo-1ne para a ler co111 o n1eu confessor" (Mons. Alfredo Cavagna). 2 - De facto. a leitura foi feira alguns dias depois. Mas, tornandose ela dificil, mesmo por ,notivo de locuções linguísticas. foi pedido o auxílio do tradutor português da Secretaria de Estado, Mons. Paulo José Tavares (depois bispo de Macau). 3 - Foi dado conhecilnenro do conteúdo da carta a rodos os Chefes do Santo Ofício e da Secretaria de Estado; e ainda a algumas outras pessoas. De certeza. o Papa falou dele com os seus n,ais íntitnos colaboradores. 4 - Depois da leitura do texto, o Papa fez uma nota pessoal. transcrita pelo seu secretório, Mons. Capovi/la e incluída no sobrescrito que contém o "segredo". 5 - O Papa João não se pronunciou sobre o conteúdo. Disse que preferia re,neter para outros (o seu sucessor?) a apreciação. 6 - O docu,nentofoi guardado na secretória do aposento de João XX/li. até sua morte. 7 - Paulo VI pediu infor,nações sobre o documento logo após a sua eleição: não me· recordo se em Julho de 1963 ou alguns ,neses depois. Pode presumir-se que tenha visto o usegredo". Isto é tudo o que eu sei sobre o assunto". Como se vê, Mons. Capovilla entra em detalhes que o Cardeal Ottaviani não esmiuçou. Quanto ao destino do documento, foi, durante anos - pelo menos durante o Pontificado de João XXII! - um simples móvel dos aposentos do próprio Papa. Não se vê bem como conciliar as

dcclaraçôes do Cardeal Ottaviani e de Mons. Capovilla, ambas pessoas muito bem posicionadas para serem tidas como c-o rretamente informadas sobre o magno assunto. Cabe ainda salientar, nas declarações de Mons. Capovilla, que o Secretário de Estado, então o Cardeal Domenico Tardini, também leu o Segredo. além dos colaboradores mais íntimos do Papa, entre os quais nâo há porque não incluir Mons. Capovilla, seu secretário particular. Assim, uma boa meia dúzia de perso nalidades, algumas das quais da mais alta categoria no Vaticano, to· mou conhecimento do texto do Segredo. Dado importante a reter. Por fim, registre-se a informação de Mons. Capovilla de que a leitura do Segredo por João XXII! se deu ..alguns dias depois" de 17 de agosto de 1959.

Mensagem profética Aproximava-se desse modo o ano de 1960, estabelecendo-se uma singu lar disputa - dir-se-ia uma espécie de "queda-de-braço" - entre a opinião católica favorável à publicação do Segredo, e as autoridades eclesiásticas empenhadas em "esvaziar.. as vantagens e a importância de sua revelação. De um lado e de outro se perfilavam - e ainda hoje se perfilam - as publicações e os autores católicos que vêm tratando do assunto. Interessa acompanhar os diversos lances dessa disputa. Em maio de 1955, o Cardeal Ottaviani esteve com a Irmã Lúcia, e obteve dela um escla recimento importante a respeito da data apontada como marcd para a revelação do Se~rcdo. É o próprio Cardeal quem mforma: "A mensagem não devia ser aberta antes de 1960. Perguntei a Lúcia: .. Por que esta dara?" Ela n,e respondeu: .. Porque então ficará ,nais claro... O que me faz pensar que a mensagem era de 10,n profético. porque precisamente as profecias, como se vê na Sagrada Escritura. estão recobertas de un, · véu de mistério. Elas não são gerabnenre expressas em linguagem ,nanifesta, clara, compreensível para todo mundo: os exegetas dedicam-se ainda hoje em dia a interpretar as profecias do Antigo Testamento. E que dizer, por exemplo, das profe· cios contidas no Apocalipse? "Ern 1960 - disse-me ela - a mensagem se tornará mais clara" (cfr. "La Documentation Catholique", n.0 149(), 19-3-67, p. 542). Outros lances ocorreram ainda ao lo11go das últimas décadas a respeito do Segredo. A descrição desses lances e xigiria, entretanto, todo um estudo que ultrapassaria as dimensões deste artigo. Fica, talvez., para outra ocasião.

A. A. Borelli Machado 5


Os cavalos da Basílica de São Marcos A

PRAÇA de São Marcos, em Veneza - a feérica cidade italiana construída sobre as águas do mar Adriático - é de uma beleza que se situa nos limites da fantasia. Sua incomparável harmonia torna-a semelhante a uma estupenda sala de mármore cujo teto é o céu, e cujas paredes são formadas por .maravilhosos monumentos: Basilica de São Marcos, Fábrica Nova, Torre do Relógio, Procuradoria Velha ... Como sala bem decorada, a praça é acolhedora e recolhida. Sem os ruídos de veículos, os visitantes podem admirá-la com as centenas de pombos - tão domésticos que, frequentemente, lhes pousam nas mãos. ~ riquíssima em cores: os mármores brancos da Procuradoria, o vermelho do Campanário (situado ao lado da Basilica e com 99 metros de altura, em estilo românico), as colunetas policrômicas, os mosaicos dourados e as cinco refulgentes cúpulas da Basíli~. ~

~

:

A Basílica de São Marcos é um dos mais admiráveis monumentos religiosos do mundo, tanto pela originalidade do estilo (no qual se nota a influência bizantina), como pela variedade e riqueza de seus ómamentos. Construída no ano de 829 para guardar as relíquias do Evan$elista São Marcos, o patrono da cidade, foi destruída por um incêndio em 976 e reconstruída pelo Doge São Pedro Urséolo. A fachada da Basílica é, ao mesmo tempo, sólida e leve pelo incontável número de motivos decorativos de seus mármores e mosaicos, te ndo sido concebida num estilo que certos espíritos pseudo-equilibrados reputariam perfeitamente extravagante. O planç inferior da fachada é essencialmente formado por cinco

A frente do gran·

de arco central da fachada su-

perior da Baallica de Slo Marco,,, Q& quetro cavalos

de cobre doura· do dominavam a praça fronteiriç&

portas emolduradas por a rcos româ nicos. Sobre a porta central, colocados em colunas de mármore, havia quatro cavalos de cobre dourado, de tamanho pouco maior que o natural. Os cava los foram trai.idos de Constantinopla fatual lnstambul, na Turquia), como despojos de guerra. por ocasião da IV Cruzada, quando era doge de Veneza o ambicioso Dândolo. Fogosos, como que se precipitando no espaço, eles atraíam a atenção de todos os visitantes, e constituíam uma das o bras-primas de Veneza. Não há cavalo vivo que exprima tão bem as qualidades desta espécie animal, como aqueles de broni.e. Pois bem, eles foram de lá retirados não há muito, segundo notícia de um diário paulistano. - Fato sem maior alcance? Não. Precisa-

mente o contrário, na ordem dos valores imponderáveis.

~k~ ~ ..,. t : ~

Em que sentido? A fachada da Basílica de São Marcos é um dos fundos de quadro do pensamento contra-revolucionário no mundo (entendido o termo de acordo com o ensaio " Revolução e Contra-Revolução" do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira). Não porque ela seja particularmente con tra-revolucionária, mas pelo fato de esboçar um equilíbrio de ·beleza, de orna to com gravidade, que consiste numa das mais belas harmonias que têm sido até agora realizadas. O esti lo veneziano é, aliás, muito grave. Não se encontram nele os exageros da Renascença - como as musculaturas ostentadas nas obras de Michelângelo ou os sorrisos adocidados dos quadros de Rafael. A arte

veneziana antiga é tão amena, distinta , nobre e atraente, que ela representa um dos pontos de equilibrio mais elevados atingidos pelo espírito humano e - por que não dizê-lo? - do espírito católico. Mesmo quando não focaliza temas religiosos. Aqueles cavalos, por exemplo, não constituem, de si, um tema religioso. Mas houve um olho católico q ue os viu e teve a arte suficiente para os fixar naquilo que se poderia chamar um superinstantãneo incomparável, um instantâneo mental. Tocar, portanto, naqueles cavalos é violar um dos elementos que compõem o fundo de quad ro no qual se consubstanciam as realizações contra-revolucionárias do espírito humano ao longo dos séculos. Os cava los estavam dispostos numa simetria hierática e viva . Não o hierático freqüentemente frio, hirto, mumificado. Embora trazidos da

capital do Império Bizantino, durante da IV Cruzada, os cavalos da Basílica já estavam como que incorporados ao panorama artístico de Veneza, num contexto verdadeiramente católico. Substituídos por cópias - evidentemente estas jamais serão como os originais - os cavalos de Veneza deixam assim a fachada de São Marcos. Saem do palco, do mundo das legendas e das fábulas. São retirados do lugar onde deveriam sempre estar, pará se tornarem peças de museu no interior da Basílica. '

~

Qual a razão alegada para essa medida? - A poluição. Afirma-se, aliás, que devido a um conjunto industrial hipopotâmico de um bairro de Murano, vários palácios de Veneza (o Ca d'Oro, por e xemplo} estão sob a ameaça de terem inundadas suas salas térreas. Não conhecemos as explicações técnicas do fenômeno, mas o fato, a ser real, é lamentável. Como tudo isso deve causar dor à alma do verdadeiro católico, pois Veneza constitui uma das mais expressivas representações do maravilhoso que resta no mundo! E a Revolução igualitária e anárquica deseja extirpar da face da Terra tudo que é maravilhoso para substitui-lo por um mundo caótico, sujo e amoral, no qual vamos entrando.

Tito, otirano da Iugoslávia comunista, tem monumento em Campinas A HOMENAGEM indevida, a personagens sem mérito para tal, através da instalação de estátuas cm praças públicas, é própria a suscitar as formas de censura mais variadas. Já o Pc. Manoel Bernardes, clássico da literatura portuguesa do século XVII, refere-se ao assunto em sua conhecida obra"Nova Floresta'", ao tratar de um fato ocorrido na antiga Roma. Ali haviam sido erigidos a rcos triunfais e estátuas a diversos varões, sem que entre estes figurasse Catão. Como alguns amigos lhe apontassem a lacuna, o velho Catão respondeu: "Maior crédito ,neu é que perguntem os vindouros por que não me pusera111 estátua. do que por que a pusera,n". Em Campinas, cidade paulista que conta com mais de 600 mil habitantes, não são os vindouros mas os próprios contemporâneos que se perguntam o porquê de um singular monumento erigido em homenagem a Josip Broz Tito, chefe do

....ó-....

governo iugoslavo de 1946 a 1980, durante o qual, com mão férrea moveu dura perseguição à Igreja. Uma de suas vitimas, lembradas com veneração e respeito pelos católicos em todo o mundo. foi o C1rdeal Stepinac, condenado a 16 anos de prisão em Lepoglava, onde morreu sem ter podido receber o chapéu cardinalício que lhe fora concedido pelo Papa Pio XII. Tito procurou projetar-se, a partir de 1948, inaugurando uma forma atenuada de comunismo, desligada de Moscou, através de uma experiência autogcstionária como fórmu-

~

~

~

c:t

:E

ex ~ a: o.

O Poder Públíco' utili:iou espaço e

dinheiro para exaltar a memória de um ditador co-

munista. ao qual a Populoç&o de Campinas nlo sabe porque deve prel'tar homena-

gem. dedicando,lhe ampla praça e esdrúxulo monumento

6

la ca11a1. de at_ingir a longo prazo o regime marx ista .

Estãtua

Para homenagear o c hamado "Marecha l de Ferro", como ficou conhecido Tito, o Consulado da Iugoslávia encarregou-se de oferecer à Prefeitura de Campinas o seu busto em bronze. Este foi colocado no orifício de um pedestal vazado, ladeado por duas "asas" com fo-ma de "charutos·· em alinhamento, e que fica situado na área agora denominada Praça Marechal Tito, um canteiro ex istente entre duas pistas asfaltadas no bairro Vila Nova, em Campi nas. Nessa cidade não há imigrantes de origem iugoslava, e ninguém soube identificar a Sociedade Amigos da Iugoslávia, cujo nome figura na placa do pedestal, como sendo uma das entidades promotoras. De modo lacônico, a inauguração do monumento foi noticiada pelo "Diário do Povo" de Campinas ( 11-5-82). Dii. a noticia, sob o título de "O fim de se111a11a foi de inaugurações en, toda cidade": "O Prefeito Francisco Amaral cumpriu extensa agenda. entregando obras na periferia, estando nessa progra1110ção a i11a11g11ração do Monumento ao Marechal Tito. [ ...] A cerimónia contou com a presença do secretariado municipal, do cônsul geral da República Socialista Federativa da Iugoslávia. 1ne1nbros da Sociedade A111igos da Iugoslávia. autoridades estaduais e populares". Na foto que ilustra a notícia da inauguração aparecem apenas 19 pessoas junto ao exótico pedestal. De modo diverso, provavelmente, a agência noticiosa de propaganda do PC na Iugoslávia deve ter aproveitado o evento, alardeando que no Brasil tal é o conceito de Tito que lhe levantaram um monumento ...

TFP elege nova diretoria

REALIZOU-SE recentemente a 30.• Assembléia Geral Extraordinária da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, na qual foram eleitos os membros da mesa do Conselho Nacional e os da Direto(ia Administrativa e Financêira Nacional, que deverão exercer seu múnus no biênio 1982-1984. A mesa do Conselho Nacional ficou assim constituída: Presidente o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (vitalício), e Secretário o Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho. O cargo de Vice-Presidente permanece vago, como homena-

gem à memória do último titular, Prof. Fernando Furquim de Almeida , falecido no ano passado. O Consel ho Nacional é formado por 13 membros nato.s, que são os sócios que assinaram a ata de fundação da entidade, em 1960. A DAFN ficou composta da seguinte maneira: Superintendente o Sr. Plínio Vidi$al Xavier d a Silveira, Vice-Supenntendente os Srs. Caio Vidigal Xavier da Silveira, Eduardo de Barros Brotero e José Carlos Castilho de Andrade, e Vogais os Srs. Adolpho Lindenberg e Luiz Nazareno Teixeira de Assumpção Filho.

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CATO LICISMO -

Ma io de 1982


construída sobre a laguna esforçou-se para atingir em seus palácios. E quando se passeia por seus canais, tem-se a sensação de se penetrar no mundo do sonho, numa cidade refletida nas águas ... Isto porque Veneza tentou construir seu "sonho áquático"! Ao mesmo tempo, dir-se-ia que ela guarda. a convicção de que nunca os homens foram tão longe nessa meditação das águas, e na ponta de seu esforço ela descansa, a uma só vez gloriosa e tristonha, murmurando ao passante:

dicional, assume a atitude de um contemplativo imerso numa outra existência, em direção à qual ruma a vida inteira. E com serena nobreza de alma o espírito tem a impressão de aproximar-se um pouco das fronteiras de uma como que cidade ideal, para além da qual se encontra o próprio Céu. Veneza, a laguna, o mar! Quem não vê que o Adriático ali está como que a dizer aos venez,a,nos:

- "Fazei ainda coisas mais belas, qúe eu, mar, virei expirar

A direita: a torre marcada pelo leio do Evangelista, as figuras mitológicas que se perfilam sobre a colunata. o Poste elegante com suas lanternas de luz doura· da ... em cada detalhe. a busca da perfeiçlo. No conjunto. agradável harmonia. Veneza transfonna em realidades seus so• nhos.

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FRANÇA REAL é a França que sonha", afirmou certo autor. Levando mais longe a asserção, diríamos que toda e qualquer nação só tenderá à realização de sua missão histórica providencial na medida em que explicite seu próprio sonho, e o exprima em suas mais variadas manifestações culturais, artísticas, simbólicas, etc. Sonho que não é quimera nem devaneio de fantasiosa imaginação doentia, mas sim sonho de realidades. A cada povo corresponde um so.nho. Na sucessão dos tempos, ele procurará transformar em realidade o sonho que lhe exprima as mais recônditas e autênticas aspirações de alma. Se deitarmos os olhos em todos os povos que ficaram famosos na História, veremos como assim foi, porque, de algum modo, conseguiram conceber sua própria transrealidade de. sonho, e concretizá-la efetivamente, em certa medida ou de certa maneira.

Nesse sentido, Veneza servenos de exemplo dos mais eloquentes.

A esquerda: na festa do desponaório de Venez.a com o mar. o Buctntsuro destaca-se ante a fachada do Palécio dos Ooges, nesta pintura de Canaletto

Embaixo: na praça de Slo M arcos. esvoaçam os pombos diante do esguio campsnilo junto à Basllica

Consideremo-la no fastígio tica peculiar de sugestiva e enigde sua glória, nos séculos XIV mática melancolia, como de e XV. quem diz: A esplendorosa cidade dos - "Eu, Veneza, sou linda nos doges vive toda voltada para as meus palácios e monumentos. águas, procurando nelas o refle- mas tenho tristeza por aquilo que xo do ·modelo ideal de si mes- não sou e vejo projetado e,n ,nima, e certa forma de beleza que nhas águas". aspira, mas não realiza inteiraÉ uma certa melancolia das mente. águas paradas, do sonho não pleVislumbra-se em todo o am- namente realizado, de um ápice biente veneziano uma caracterís- não alcançado, mas que a cidade

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"Ouvi! Eu tenho a felicidade que se pode usufruir na terra. Mas o melhor dessa felicidade está e,n sonhar, melancólica., com o mundo ideal que vejo refletido nas águas. Aprendei os mistérios da tristeza deleitável, da ,nelancolia feliz, pr.ópria a esta terra de exílio, e vereis que em tais mistérios há mais felicidade do que em vossos risos".

subjugado aos pés dos palácios e monumentos que construirdes!" E a cidade, na festa da Ascensão de Cristo Nosso Senhor, de certo modo atende o pedido e aceita o desafio: o Doge, navegando pelo Lido na célebre gôndola Bucentauro (Casca de Ouro), realiza o simbólico desponsório da cidade com o mar, mediante a fórmula: - "Desponsamus te, mare, in signum veri perpetuique dominii" (Desposamos-te, ó mar, em No píncaro de tudo isso, o sinal de verdadeiro e perpétuo espírito veneziano, católico e tra- domínio).

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CATOLICISMO -

Maio de 1982

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istérios da Bolívia outras tribos menores espalhadas aliás não apenas pela Bollvia, mas também pelo Peru e outros países andinos. Em sua maioria, são remanescentes do império inca, cuja extensão abarcava desde o Equador até o norte do Chile. Quanto às riquezas naturais, é certo que as antigas minas de prata de Potosi e as m.mas de estanho de exploração mais recente não constituem senão pequena parte da incalculável reserva de minerais de que dispõe a Bollvia.

São Bartolomeu na Bolfvla

Wilson Gabriel da Silva enviado especial

SANTA CRUZ (Bolívia) - -Em um de seus famosos sonhos sobre o futuro da América do Sul e da Congregação Salesiana, da qual foi o fundador, São João Bosco per· corre nosso Continente de ponta a ponta, desde Cartagena, ao norte da Colômbia, até Punta Arenas, no extremo sul do Chile, passando pela floresta amazônica, ·p or terras brasileiras, uruguaias e argentinas. . "Eu via as entranhas dos ,nontes e as profundidades das planícies", conta D. Bosco. "Ttnha sob o olhar as riquezas inco,nparáveis desses países. que um dia serão descobertas. Via numerosas minas de n1etais preciosos, fontes inesgotáveis de carvão fóssil, depósitos de petróleo tão abundantes como até agora não se encontrou en, parte alguma. Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada largufssima e longufssi111a, que partia de um ponto onde formava 11111 lago. &11ão uma voz disse repetidas vezes: "Quando chegarem a escavar as minas escondidas entre estes montes, aparecerá a terra que mana leite e mel. Será uma riqueza inconcebível" (cf. "Biografia y Es_critos de San Juan Bosco", B.A.C. , Madrid, 1955, pp. 375 e ss.). As riquezas naturais são dom de Deus. No contexto do sonho de São João Bosco, elas parecem significar uma abundância material que acompanha uma abundância de graças espirituais, numa época futura de plena fidelidade da América do Sul aos Mandamentos da Lei de Deus. ~poca que, obviamente, não corresponde aos dias de ignomlnia nos quais vivemos. Chegou a propagar-se entre nós que São João Bosco estaria se referindo a Brasllia, ao mencionar o

m.isterioso lugar entre os paralelos 1~ e 20, conforme sublinhamos atrás. A modernissima (e já ultrapassada) capital brasileira seria, segundo seus entusiastas, o centro da civilização futura da América. Parece difícil, porém, chegar a tal conclusão pelas palavras do popular santo do século passado. Conforme o leitor pode ver pelo texto citado, ou, melhor ainda, pela leitura integral do sonho de D. Bosco, não há dúvida de que se trata de uma região montanhosa , muito provavelmente na Cordilheira dos Andes, à qual o santo se refere explicitamente logo após o trecho transcrito acima: "Mas isso não era tudo. O que mais me surpreendeu foi o ver em vários lugares que as cordilheiras, reentrando en, si ,nes,nas, for1navam vales. de cuja existência nem suspeitan, os geógrafos atuais. que imaginan, os sopés dos ,nontes como uma espécie de parede. Nestes seios e nestes vales. que às vezes abarcam quilôn,etros e ,nais quilô1ne1ros. habitam populações nunca vistas pelos europeus, co1npleta1nente desconhecidas" (op. cit., p. 376).

O lago do sonho O leitor estará se perguntando o que tem a ver com a Bolívia essa longa introdução sobre um sonho de São João Bosco, em pleno século XIX. A explicação é simples. A descrição do grande educador italiano parece corresponder perfeitamente a nosso vizinho do Oeste, no tocante aos trechos citados. Procure o leitor no inapa uma "enseada larguíssima e longuíssima" entre montanhas, à altura dos paralelos 15 e 20, sul: E verá como pode tratar-se do lajlO Titicaca, no Altiplano da Bolívia. Com efeito, grandes enseadas não

S anta Cruz de la Sierra: pa1'cio do gpvemo provincial e catedral

lhe faltam, sobretudo se considerarmos sua parte sul, separada do lago propriamente dito pelo estreito de Tiquina. Situado a quase quatro mil metros de altitude, junto aos grandes nevados da Cordilheira dos Andes, o lago Titicaca é o berço de povos milenares, cujos costumes pouco mudaram desde o início da colonização espanhola, pelo menos. Quêc huas ou quíchuas e aimarás, com línguas e costumes próprios, são os mais numerosos. Existem, porém,

Não foram entretanto as minas de ouro, prata ou estanho que me atraíram à Bolívia. Fascinou-me muito mais investigar a história de uma crui que, há quase dois mil anos, nos primeiros tempos do Cristianismo, um dos próprios Apóstolos de Nosso Senhor teria deixado na vila indígena de Carabuco, às margens do Titicaca. Conheci a narração cm "U11 viaje fascinante por la An,erica Hispano dei siglo X VI", de Frei Diei:o de Ocai'ia, que de 1599 a 1606 visitou o vasto domínio espanhol. Dizia o missionário franciscano que em Carabuco se havia retirado das águas do Titicaca uma cruz de madeira milagrosa. Segundo a tradição existente entre os índios, um Apóstolo (que Frei Ocaiia julgava ser São Bartolomeu) a teria deixado no povoado. Instigados pelos feiticeiros, parte dos indígenas tentou matá-lo. Por fim, ele se retirou misteriosamente pelas águas do lago. Quanto à cruz, tentaram queimá-la, sem sucesso. Mais tarde, uma parcela da população acabou por lançá-la às águas. embora outros índios fiéis ao

Apóstolo não o desejassem. Séculos depois, quando vieram os espanhóis de Pizarro, os missionários soube· ram da brumosa história. Verificando o local onde se diz.ia ter sido lançada a cruz do Apóstolo, acabaram por encontrá-la. Frei Ocaiia diz ter levado um pedacinho para a Espanha. A madeira, pesadíssima, desconhecida na região, afundava na água, por menor que fosse o pedaço. E produzia curas prodigiosas. Estaria ainda a cruz em Cara· buco? Confirmar-se-iam suas características fabulosas? Eis o fascinante tema para cujo exame convido o leitor, em futuro artigo, quando entrarei em pormenores.

Tambêm São Tiago Apóstolo Crônicas seiscentistas registram também a legendária presença no tempo da colonização espanhola de São Tiago Apóstolo na região de Santa Cruz, particularmente junto aos índios chiriguanos, aos quais exprobava os vícios e exortava à conversão. O Apóstolo aparecia jovem e resplandecente, tendo à sua frente uma cruz que o acompanhava movendo-se por si, milagrosamente. Ele a teria deixado na localidade de Saipuru, ao sul de Santa Cruz, onde mandou erigir uma igreja. Tudo isso levou-me a visitar esse nosso vizinho ocidental que, apesar de ser o país com o qual o Brasil possui sua mais extensa fronteira 3.126 km - , permanece para os brasileiros um grande descon~ecido. À guisa de introdução para um próximo artigo, apresentamos no quadro abaixo algumas informações e impressões que ajudarão o leitor a traçar o perfil da Bolívia atual.

Santa Cruz e Cochabarnba O PRINCIPAL portão de entrada para o brasileiro que visita a Bolhiia é Santa Cru1, de la Síerra. capital do Departamento de Sànta Cru.z., eujo teriitório ocupa cerca de 30 por cento ao pais e limita-se com nossos dois Mato Grossos. Ao atravessar o rio Paraguai, no pantanal matogrossense, não se nQta grande diferença coro o chaco boliviano, que constitui seu prolongamento natural. E se fór. por via aérea, o viajante observará a mesma paisagem de savanas até pouco além do aml)lO cinturão com que o rrio Grande envolve Santa Cruz de la Sierra, a poucos quilômetros dos primeiros contrafortes da Cordilheira Oriental. Com seu nascedouro na gigantesca Cordillleira Central, além de Cochabamba, o Rio Grande desce rumo ao sudeste, descreve um longo périplo, inclinando-se para o norte e noroeste, para formar o Mamoré, principal afluente do Madeira, por sua vez o maior tributirio meridional do Amazonas.

desestimulo das inundações a que estão sujeitas, seja pela natural indolência comum a todos os po· vos sul-americanos, as vastidões do Oriente e Amazônia bolivianos permanecem incultas, em sua maioi parte. Fundada em 1~92, Santa Cruz conserva aspectos tradicionais ao lado de intensa movimentação comereiál. No centro da cidade, é comum verem-se casas de telhados seculares, em cima dos quais crescem plantas e por ve:i:es até flores! Exemplo dessa exuberância vegetal enco.ntramos na vetusta torre da igreja dos franciscanos, Ordem que representou papel capital na evangelização daquelas tem1s, sobretudo &PÓS a expulsão dos jesultas, em 1,67.

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A uns 30 km de Santa Cruz, o Santuário de Nossa Senhora dé Cotoca atrai peregrinos de toda a região. As igrejas de Santa Cruz, como de toda a Bollvia, são íreque.ntadas em massa pelos fie1S. O "progressismo" avança com cautela e o aparente conservadorismo Santa Cruz não ~ apenas a · de muitos sacerdotes bolivianos principal cidade do Oriente boli- callSBria "escãndalo" no Brasil dos viano, mas também o mais impor- D. Casalcj&igas. 14n1e centro de comuniqção com Vivaz, aberto, de trato fácil, o Exterior ao lado de Là Paz. Sua combativo, o.,- crucenho - como pujante atividade econõmíca tal- também o boliviano do Norte amavez a coloq_ue em primeiro lugar zônico - pareceu-me temperano pais, sob esse ponto de vista. mentalmente muito afim, ao 6r&$i· Cr~ndo rumo aos 300 míl leiro. Essa afinidade, acentuada habitantes, constitui a maior con- pelo intercãmbio comercial com centração urbana depois de La nosso pais, não existe, contudo, Paz. Mas, paradoxalmente, todo o no Altiplano, cujo povo apresenta resto do imenso território do de- caracteristicas complet4mente dipartamento talvez não ultrapasse VCl'$8S. Talvez o íanico traço que outros 300 mil. E embora o none e una os quechuas e aimarás das leste boliviano detenham dois ter- cordilheiras com. os cbiquitos e ços das terras do pais - as mais chiriguanos do leste, estes de raça aptas ao cultivo - é nas asperezas guarani, seja a civilização hispldas cordilheiras que vive a maioria niéa. Mesmo assim, uns e outtos da população. Assim, seja pelo nlo a assimilaram senão em pane.

E em cenos casos misturaram irremediaveh:nente costumes cristãos e pagãos, à semelhança dos mozárabes durante a invasão maometana da EsP.8nha. Ao norte, ainda vivem tnbos nômàdes por ve:zes cm estado completamente selvagem.

. Antes de elevar-se às alturas vertigin'Osas da Cordilheira Central, o relevo andino da Bollvia apresenta OS' contrafortes mais amenos e verdejantes da Cordilheira Oriental. Encontram« ai vales proplcios à agricultura como também panoramas encantadores. Entre as duas cordilheiras, em um desses vales, a meio caminho entre Santa Cruz e La Paz, situase Cochabamba, a pouco mais de 2.SOO metros de altitude. Fundada em I S7S, conserva em seu centro o mesmo aspecto arquitetônico de um século atrás. Cenlro agrlcolà com algumas indíastrias, Cochabamba orgulha« de abrigar a sededaprincipalempresaa~reado pais, que ~va sua bandeira ao Exterior: o Uoyd Mtco Boliviano

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O brasileiro que visitar BoUvia já verá em Cochabamtia as primeiras neves ete,nas. Mas será voancfo a La Paz 9ue as encontrará cm abundlncaa. Saudará o majestoso llimani, rutilante de alwra. E veni: desfilarem ante se.115 olhos outros nevados que alcançam 6 ou 7 mil metros de altura. La Paz, a capital mais alta do mundo; Sucre, a cidade b.ranca da Amtrica; Potosi, ailida mais alta que La Paz, centto artlstieo de primeira fl'\lndeza, são outras cidades bolivianas que convidamos o leitQr a conhecer, pelo menos cm alguns aspectos, em próltimo artigo.


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N.° 378 -

ENOS barulhenta nos últimos tempos do que no final da década de 70 - quando a agitação social promovida por setores ligados ao Clero ameaçava, por meio de greves e grandes concentrações de protesto, submergir o Brasil numa imensa convulsão a atuação da esquerda dita católica não deixou de se alastrar pelo Pais. De um lado, tornou-se ela tão generalizada que, dir-se-ia, não há rincão no vasto territóri-o naci-onal onde não reboem, vez por outra, pelo menos os ecos de alguma ruidosa perturbação social, oriunda da pregação de cunho igualitário e socializante de elementos eclesiásticos. Por outro lado, as atenções do público - tantas vezes atraú:las apenas pelos fatos estrepitosos parecem tão pouco voltadas para tal fenômeno, que chegam a ser relativamente freqüentes declarações enfáticas e desinibidas de que absolutamente a infiltração de idéias marxistas no Clero não existe.

Ano XXXII

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Diretor: Pau lo Corrêa de Brito Filho

Reportagem de

Christóvão Nunes Pires NA LABORIOSA CIDADE de Mogi das Cruzes, o dia 31 de maio passado não foi uma segunda-feira comum. Marcou-a um ato público que merece ser analisado, porque tornou patente a agitação progressista existente aliás em vários pontos do Pais. Em sessão solene realizada . no Teatro Municipal, em que fez uso da palavra o Dr. José Eduardo Loureiro, representando a-Secção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, foi desagravada a classe, atingida por graves injúrias da parte de um sacerdote, o Pe. Luís Ceppi, Vigário da Paróquia de São José, no Mogilar. A mesa que presidiu ao ato estava assim composta: Dr. José de Castro Bigi, Presidente da Secção de São Paulo da OAB; Dr. Vítor Tomás Passos; Conselheiro José Célio Manso Vieira; Dra. Zulaê Ribeiro, Secretária da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo; Dr. Álvaro Carneiro, Vice-prefeito Municipal; Dr. Mário Pereira do Prado, Presidente da Associação dos Advoiados de Mogi das Cruzes; Dr. Alols10 Amaro de Lima, Presidente da S ubsecção da OAB de Mogi das Cruzes. O assunto remonta ao ano anterior, mais precisamente, ao dia 24 de maio de 1981, quando a Associa. ção dos Advogados de Mogi das Cruzes, tendo à frente o Dr. Valdir Rodrigues Ferreira, fez celebrar na Catedral Diocesana a Missa de Páscoa de seus membros. Não tendo comparecido o Bispo D. Emllio Pignoli, anteriormente convidado, seu substituto foi o sacerdote italiano Pe. Luís Ceppi. Durante o sermão, para desconcerto dos advogados presentes, o celebrante passou a invectivá-los com acusações genéricas de desonestidade e omissão: "Muitos presos - disse ele que se encontram na cadeia pública

foram condenados por terem sido ,na/ defendidas. Os advogados que se encontrarn presentes na Missa nada mais estão fazendo do que cumprir a ata. [...] O povo já tacha os advogados de ladrões." Acrescentou depois o pregador em tom sarcástico: "Sera que são rnesrno? Na cidade de Mogi, não · tem um só advogado que traballze de graça." Ambiente de surpresa, perl'lexidade, indignação. O Dr. Lúcio de Melo, conhecido advogado da cidade, retirou-se ostensivamente, acompanhado de outros cole~as, en~uanto o celebrante prosseguia o ato litúrgico. Algo de inusitado ocorrera: fora atingida a honra profissional dos _fiéis que desejavam cumprir o preceito pascal. A partir de então nas páginas do "Diário de Mogi" sucederam-se notas, comentários e noticias sobre o caso. Diversas tratativas a respeito do necessário desagravo ·chegaram a se ef~tivar, nos meses sµbseq_Uentes, reumndo membros da Secção local da Ordem dos Advogados do Brasil e o Bispo Diocesano, , D. E·mUio Pignoli. Este recusou-se a desabonar as graves acusações de caráter genérico lançadas pelo Pe. Ceppi, e convidou os advogados a1"caminharem com a Igreja". Alegou também que o padre "disse sin,plesmente a verda· de, ao afirmar que os advogados n,ogianos não estavam apoiando os necessi1ados".

A direita: mora· r:l!'!'I'"'!'!::"'."'~

diu doa pouei-

Dada a amplitude do tema, não podemos enfocar mais detidamente na presente edição senão alguns episódios ou publicações. O leitor, entretanto, não terá dificuú:lade em reconhecer, caso volte sua atenção para o assunto, fenômenos similares em muitos outros pontos de nosso Pats.

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e progressista injuria, OAB desagrava

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Em vista disso, "Catolicismo" julga de grande oportunidade levar ao conhecimento de seus leitores alguns Jatos recentes e sintomáticos da extensão e da profundidade da subversão eclesiástica no Brasil.

Junho de 1982 -

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roa no J•rdim

Nova Unilo. 01 quaia contem com o apoio do

Pe. Ceppl

Acima: a meaa que pre1i• diu 01 trabalhos do ato de deugravo. Na foto. o Dr.

JoMI Eduardo Loureiro, Conaelheiro da OAB (SPJ, proferindo aeu discur.o.

A direita: o Sacerdote Lula Ceppi gosta de ostentar a1pec10 de "padre pra frente". com cabelo e barba em revoluçlO

prensa nota em que afirma: "O povo já tacha os advogados de ladrões. Isto é o que ouvimos nas bocas das camadas mais oprimidas. tumaconstatação e não uma acusação. que só pode ofender a quem não se coloca ao lado dos ernpobrecidos." Ou seja, reafirmava, agora por escrito. o que dissera no sermão. Pela imprensa o Dr. Lúcio de Melo intimou o Pe. Ceppi a "dar nome aos bois", isto é, dizer a quem exatamente cabiam as acusações que fizera. Mas a resposta foi o silêncio. Também o presidente da 17.• Subsecção da OAB de Mogi das Cruzes, Dr. Aloísio Amaro de Lima, fez publicar um comunicado no qual, após lembrar a existência de atendimento juridico gratuito a pessoas sem recursos por parte dos advogados mogianos, esclareceu: "Apoiarnos os interesses dessas pessoas quando estão com a razão. Quando não têm razão justa, não apoiamos." Sua referência aos que não têm razão aplica-se especialmente aos posseiros, que também em Mogi das Cruzes no ano passado invadiram 2' propriedades para ali erguerem seus ~ barracos'de tábuas, tijolos ou blocos ~ de cimento (cfr. "Diário dé Mogi", g- 11-4-81 ). É o caso do Jardim Nova ~ União, na Vila Oliveira, onde se 3: encontram residindo cerca de 300

~, pessoas.

Embaixo: po1-aeiro1 do Jar·

dim Nova Unl6o forem ao Fo·· rum para pre1· lionar a1 auto• ridade1, em abril

do ano pauedo

A queixa e a exigência de retratação pleiteada por aqueles profissionais foram também apresentadas ao Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, a quem .foi exibido pelos membros da OAB o processo que apurou, com toda a precisão jurídica, a culpabilidade do sacerdote. Como solução foi proposta pelo Purpurado a celebração de outra Missa de Páscoa, sem qualquer retratação das ofensas assacadas contra toda uma categoria profissional. A iniciativa seria seguida de uma churrascada, sugestão que judiciosamente foi rejeitada pelos advogados. Ante o impacto que suas declarações provocaram . e.m Mogi das Cruzes, o Pe. Ccppi entregou à iro-

São merecedores de simpatia diga-se de passagem - os carentes autênticos, aos quais o Poder Público deve favorecer com ampla distribuição de suas terras i,:icultas, que abrangem cerca de 60% do território nacional. Contudo, o problema dessas invasões de terrenos particulares diz respeito diretamente, por exemplo, ao farmacêutico Naoji Takeuchi, da cidade de Suzano, que, em 1975, adquiriu quatro lotes na quadra 50 de um loteamento naquele bairro de Mogi. Invadidos tais lotes por posseiros, naturalmente coloca-se a questão para Naoji: seu trabalho, suas economias ali investidas deixarão cfe ter amparo legal? Na ótica do Pe. Ceppi, como na de eclesiásticos adeptos da "teologia da libertação", qualquer advoiado que defenda na Justiça os legítimos direitos dos proprietários merece o qualificativo de aliado dos "opressores".

Em abril do ano passado, por ocasião de audiência na 2.• Vara Cível do Forum de Mogi, quando era examinado o processo de reintegração de' posse dos proprietários de terrenos invadidos, ali esteve com

sua longa cabeleira revolta e abundante barba o Pe. Ceppi, à frente de uma delegação de posseiros, a fim de pressionar as autoridades no sentido de legitimar a invasão. Aos advogados que se recusaram a fazer o mesmo, o sacerdote acusa de omissos.

Enfim, essa investida do Padre italiano Luís Ceppi contra a classe dos advogados fai lembrar o escrito subversivo do Padre belga Joseph Comblin, cm 1968, e os comentá(Jos que teceu a respeito o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (16-11-1969), sob o título "Surpresa surpreendente": "Com efeito, a infiltração cornunista no Clero, quem no Brasil a negava a não ser uns poucos ambientes que vivern alheios à realidade atual ou certos meios simpáticos aos infiltradores? O documento Comblin - que ·constitui nesta matéria um marco ao qual há que se voltar sernpre - pôs às escâncaras as tendências comunistas e os propósitos subversivos de cerra facção do Clero." Como se recorda, em 1968, o Pe. Joseph Comblin, professor do Instituto Teológico do Recife, preconizava em seu co·nhecido documento a revolução na Igreja, a subversão do País, a derrubada do Governo, a dissolução das Forças Armadas e a instituição de uma ditadura socialista férrea. O sacerdote belga propunha expressamente: "Fm todo caso. será necessário montar um sistema repressivo: tribunais novos de exceç.i o contra quem se opõe às réformils. Os procedimentos ordinários da Justiça sio len!os demais. O Poder Legislativo também não pode depender de Assembléias deliberativas." Em vista disso, naquela ocasião, através de monumental abaixo-assinado, que contou com o apoio de 1.600.368 brasileiros, a TFP pediu a Paulo VI medidas urgentes contra a infiltração comunista na Igreja. Quinze anos depois, sem que qualquer iniciativa tenha sido tomada nesse sentido, estão disseminados nas mais variadas regiões do País, os mesmos erros, em proporções muito maiores. É comprecnslvel, portanto, que se mobilizem as forças vivas da Nação, em Mogi d,~s Cruzes e em outros pontos do Brasil, para contrapor ao progressismo dito católico um enérgico NÃO!


No cinqüentenário ~a r~volução constitucionalista

Discurso do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 1932 delineia perfil de um Brasil renovado SÃO. PAULO, 1.0 de setembro de /932. Após quase dois n1eses de revolução, os paulistas traídos e abandonados haviam compreendido que unia vitória militar não serio possfvel. Mos, conhecendo o insegurança e o froqueziJ dos bases de sustentação de Getúlio Vorgos, São Paulo prosseguia nurno resistência tenaz e heróica, no esperanço de que seu exe,nplo pudesse despertar novos focos de reação em outros pontos do Pofs. A esta altura, pelos ondas de duas en1issoros paulistanas. os Sociedades Rádio Educadora Paulista e Rádio Cruzeiro do Sul, chego a todos rincões do Estado o voz ardorosa e cheia de fé de Plínio Corrêo de Oliveira, o jovem lfder católico que tão importante papel iria dese,npenhor no fundação do ligo Eleitoral Católico, .e no defeso dos postulados religiosos durante o Constituinte de 1934. Foi o primeiro discurso a tratar dos assuntos relativos à organização que seria dada ao Brasil se vitoriosa o revolução de /932. Por este motivo, a censuro, querendo evitar explorações polfticos, permitiu que se pronunciasse o discurso, mos impediu suo divulgação pelos jornais. A próprio autorização concedida ao orador deveu-se ao fato de o texto se caracterizar pelo teor católico e extrapartidário. Como São Paulo estava sob severa censura de guerra, o orador teve que se ater estritamente às informações oficiais, divulgados pelo governo paulista. Os leitores notarão que os princfpios defendidos no discurso são exatamente os mesmos que nortearam, nos últimos 50 anos, todo o atuação pública do fundador e Plesidente do TFP. Poro este jornal, é particularmente grato ressaltar que tais princípios. em linhos gerais, são os mesmos que o Prof Plínio Corrêa de Oliveira teve e,n visto ao redigir, em janeiro de 1951, nosso editorial-programa "A Cruzada do Século XX". É esse discurso inédito que "Catolicismo" se rejubila em apresentar a seus leitores, por ocasião dos comemorações do cinqüentenário do revolução paulista:

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BELO BRASÃO de armas com que acaba de ser dotado o Estado de São Paulo, figura, como sinal heráldico principal, a espada com que a Igreja costuma representar o Apóstolo São Paulo, o indomável evangelizador dos gentios. f intenção da Igreja salientar assim o espírito combativo do grande Apóstolo. Nosso Estado, no momento da luta, ao escolher seu brasão de armas, homenageia seu Patrono, ostentando-lhe a espada, como que a indicar que a sua energia combativa, posta sempre a serviço da causa de Deus, é o grande modelo em que se inspiram os heroísmos de que nosso Estado tem sido fecundo. E foi desembainhando esta espada posta a serviço da causa da Pátria, da famOia, e da propriedade, que, no dia 9 de julho, o Estado de São Paulo se erguia como um só homem, para depor a Ditadura chefiada pelo Dr. Getúlio Vargas. Desde os primeiros instantes de luta, a maravilhosa unanimidade dos habitantes de Piratininga se revelava através de uma estreita colaboração, qu~ se ia estabelecendo entre todos os fatores econômicos, polfticos, sociais, intelectuais e espirituais do progresso paulista.

Como a árvore, que faz estalar sua velha casca, um Brasil novo surge e se manifesta, que por toda a parte se revolta contra a rede de interventores que o Governo Provisório espalhou sobre nosso território. A vitória se aproxima, portanto. Não nos esqueçamos, porém, nas alegrias do triunfo, das preocupações inerentes 'à reorganização nacional. Napoleão Bonaparte afirmava que vencer é pouco; o importante é aproveitar o sucesso. Modificando ligeiramente a afirmação do grande

Hoje, 1. 0 de setembro, depois de 5J dias de luta, a Ditadura pode constatar sua impotência em sufocar a revolução nascida em São Paulo. Em todas as frentes, os comunicados oficiais anunciam o fracasso das ofensivas tentadas por nossos adversários. Suas investidas encontraram na resistência paulista uma barreira intransponível, contra a qual se arremessaram cm vão os esforços da artilharia e os ardis maquiavélicos que, de há muito, o Direito prescreveu das guerras entre exércitos civilizados. Ainda que outros fatos mais favoráveis não existissem, esta resistência tenaz dos paulistas já nos poderia sorrir como auspicioso prenúncio da vitória. O Brasil, porém, acode todo ele pressuroso ao chamado de São Paulo. O Rio Grànde do Sul se convulsiona. Agita-se o Rio de Janeiro. Irrompe um levante em Minas. Motins ensanguentam a Bahia. Por toda a parte, enfim, uma reação decidida mostra à evidência que a condenação do escol dos brasileiros cai severamente sobre a Ditadura, abandonada por todos, e defendida apenas por um pequeno grupo de fiéis, que vão haurir no desespero toda a sua energia combativa.

É imprescindível que, quanto an-

tes, se dote o Brasil de uma Constituição realmente conforme às tradições espirituais e históricas do País. É imprescindível que novas leis venham pôr cobro a abusos que já se tornam velhos. Mas, de que valerão as melhores leis, e a mais perfeita Constituição, se uma profunda moralidade não lhes assegurar o cumprimento? Do que vale o voto, se não é dado pelo eleitor com sinceridade, e aceito pelo candidato com reta intenção?

Concentn,çlo clvica na Praça da Sé, durante a revoluçlo de 1932

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sos elementos de boa fé. Excluídos, porém, estes elementos, que são um mero joguete nas mãos do Clube 3 de Outubro, temos o espetáculo inédito de um sindicato de políticos, a feitorizar a Nação por um ano e meio, forçando finalmente a população a se levantar para impor um regime de ordem e de lei, contra o desejo - suprema ironia - das autoridades que deveriam ser as defensoras natas da mesma ordem e da mesma lei! Este fato gravíssimo nos força à reflexão. E, por menos que refli-

general corso, poderiamos dizer que vencer é muito, mas de nada vale, se não for bem aproveitada a vitória. Ora, a vitória não será bem aproveitada, enquanto não forem definitivamente removidos, até nas suas causas as mais remotas, os fatos que nos forçaram a apelar para o recurso extremo das armas. Não nos iludamos sobre as causas profundas da tremenda crise que o Brasil atravessa, e que enche de angústias a mais tormentosa quadra de nossa História. A crise do Brasil apresenta sintomas econômicos, sociais, políticos. Sua raiz, porém, é de ordem moral, e exclusivamente moral. E se alguém ainda duvidasse da existência ou da profundidade do mal, pir-lhe-lamos que atendesse ao fato simplesmente inquietante de, em um País que tem quatro séculos de História honrada e cheia de brilho, aparecer subitamente uma Ditadura cujos atos mereceriam figurar em operetas, e não em compêndios de História, que arvora a anarquia administrativa em sistema de governo, e a arte de despistar em arte de governar. ·· Qual o ponto de apoio desta Ditadura? Como o sepulcro de Maomé, suspenso entre o Céu e a terra, a Ditadura nenhum apoio tem, quer de Deus, quer dos homens. Quais os defensores desta Ditadura? Um grupo reduzido de ditadores do ditador, a lhe impor determinações, a tutelar Estados, e dividir o Brasil em Interventorias e vice-reinados, como crianças que entre si dividem um lote de brinquedos! É tal sua força convincente, tal o ardor com que fazem a apologia do estranho governo que apóiam, que conseguiram a adesão de diver-

tamos, vemos claramente que é na moralidade fraca de certos elementos, que reside a causa de tantas desgraças. E, enquanto não for sanada a causa de tal debilidade moral, estará aberta a porta a novas lutas, que condenarão o Brasil ao suplfcio tantálico de ver fugir-lhe dos lábios ressequidos a paz e a ordem que tanto almeja, logo que estas se aproximem por momentos de sua boca sedenta. Eternamente a construir revoluções e a destruir desencantado e desiludido a obra que levantara, o Brasil consumirá nesta tarefa ingrata o melhor de seu tempo, em lugar de caminhar decididamente para a alta missão que lhe reserva a Providência. Não constitui argumento alegar que é pequeno o número de elementos nefastos que provocaram e agora defendem a lamentável situação atual, que só conseguimos remover com o recurso às armas. O micróbio se vale justamente de sua pequenez, para iludir a atenção dos incautos, e vitimar em pouco tempo os mais robustos organismos. Agora que São Paulo, arrastando consigo todo o Brasil, enche páginas e páginas de glória, que legará ao futuro, é imprescindível que cogitemos seriamente das providências-necessárias para a definitiva pacificação do Brasil. A grandeza do heroísmo com que lutam nossos soldados_,a beleza da abnegação com que aflui às arcas do Tesouro o que de mais precioso continham as economias dos pobres e os cofres dos ricos, o edificante exemplo de solidariedade c!vica que damos hoje ao mundo inteiro, tudo isto precisa ser resguardado dos perigos que virão depois da vitória.

Do que serve um Congresso, se nele não se cuida dos interesses do Brasil, mas dos de uma facção? De que nos serve o mais bem municiado dos exércitos, se se desvia da ética militar, e se arvora em tutor ou feitor do País? Do que vale um perfeito aparelhamento escolar, se por seu intermédio se ensina a história do Egito ou a composição do sistema solar, mas se omite intencionalmente o estudo dos deveres para com a Religião e a Pátria? Todo o seu aparelhamento administrativo, que deveria ser para a Nação como o maquinismo que conduz o navio ao poito, não será outra coisa senão um fardo pesadíssimo e impossível de sustentar, se não for por toda a parte disseminada a seiva de uma profunda moralidade. E esta moralidade nova, o Brasil não deverá buscá-la nos ensinamentos amorais de um Lênin, ou nas fantasias mais ou menos -sedutoras de algum filósofo contemporâneo. Folheie o Brasil as páginas de sua própria História. Indague de Anchieta qual o fundamento de sua admirável abnegação apostólica; pergunte a Vieira qual a chama que acendeu cm prol das mais nobres causas o talento de sua inexcedível eloqüência; pergunte a Amador Bueno qual o princípio em virtude do qual se julgava obrigado a guardar fidelidade a seu Rei; interrogue o Duque de Caxias sobre o segredo que tornou gloriosa a sua espada no Paraguai; investigue as razões que , levaram a Princesa Isabel a abolir o cativeiro, com o sacrifício do próprio trono. E todos, a uma voi, apontarão para nosso céu estrelado, mostrando o Cruzeiro do Sul, simbolo bendito da Redenção, que a Providência desenhou em nosso firmamento."

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E

NGANA-SE muito quem ainda julga q ue o fenômeno de aberta subversão eclesiástica no Brasi.l está confinado a pequenos focos. Impune, ela vai ganhando grande número de dioceses, onde é promovida diretamente por elementos do Clero. . Há males evidentes que tal subversão vai desde já disseminando: risco grave de perdição eterna para inúmeras almas que procuram no Clero a direção de suas consciências; abalo profundo do que ainda resta de instituições básicas da civilização cristã, como a família e a propriedade; desvirtuamento da Igreja e da Pátria que tendem, sob esse influxo, a perder a identidade consitlo mesmas e degradar-se à condição de meros instrumentos da comunistização. Quanto à Igreja, existe a promessa de sua indefectibilidade, assegurada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas até que ponto poderá chegar a decadência do elemento humano da Esposa de Cristo sem afetar a referida promessa? E há também um mal que bem poderá ser consumado num futuro

A extensão e· o risco da· subversão eclesiástica muito próximo: a subversão eclesiástica organizada funcionar eventualmente como um rastilho de pólvora para incendiar o Brasil, na primeira ocasião em que alguma faísca de luta armada venha a atingir nossa Pátria. Qualquer problema mais grave em que o País se veja envolvido pode servir de pretexto aos setores progressistas para lançar-nos em desordens e conflagrações de proporções incalculáveis, procurando fazer com que a causa das esquerdas se confunda com a da Igreja. E manejando como escudo contra os opo-

sitores o slogan da perseguição religiosa. Slogan que não tardaria a encontrar eco nas esquerdas do mundo todo - eclesiásticas ou não unas e solidárias quando se trata de subverter. Numa situação de tragédia como essa. os defensores da verdadeira Fé e dos valores da ordem temporal de nossa Pátria seriam, por ce rto, apontados como perseguidores da Igreja, pelo fato de não quererem dobrar-se às imposições de caráter político, econômico e social de clérigos e leigos debandadamente esquerdist-á's. E a Nação poderia ser

Deturpações da Bíblia para justificar extremismos OBSERVA-SE atualmente nos meios da esquerda católica verdadeira obsessão de imprimir opúsculos, folhetos, folhetins etc., que se caracterizam por baixíssimo nível gráfico, intelectual e doutrinário e pela contínua tendência à subversão. O tema "pobre contra o rico" é repisado, sem originalidade, de todas as formas imaginâveis, tendo sempre como fundo de quadro a sociedade sem classes bem-amada de

Marx. Em meio a tal avalanche de panfletos figura o da Diocese de São Mateus (ES), intitulado "A Força do Povo", precedido por uma carta do Bispo local, D. Aldo Gerna, o qual assume a responsabilidade, pe-

lo menos de orientador, na redação após toneladas de papel impressas, do folheto. Não consta nenhum quantidade incalculável de sermões, outro nome de pessoa que haja esforços inaudi1os de organização, colaborado na confecção do o- produç.ã o em série de reuniões. propúsculo. paganda abundante, dinheiro do O tom dessa "literatura" é todo Exterior, e tudo o mais que se ele de molde a fomentar a luta de conhece, os frutos são até agora classes. São freqüentes frases como minguados. O povo brasileiro. esesta: "A gente não entende co,no o . perto e vivaz. tem oposto resistênpessoal possa aceitar calado uma cia - um tanto passiva, é verdade situação de apeno como aquela que - à escalada da subversão eclesiásestamos vivendo!" (p. 7). Em outros tica. Se tal resistência crescer e termos, o autor (ou autores) da frase passar à oposição declarada. ainda citada esperaria que a revolta popu- tudo se pode esperar para o futuro lar jâ estivesse desencadeada. do Brasil nas vias da civilização Aliás, diga-se de passagem, com- cristã. Caso contrário, nossa Pátria prova-se nesse trecho, mais uma vez, corre o risco de ser levada de roldão o desapontament o que se nota em p_clo aluvião subversivo do progrescírculos progressistas. Com efeito. sismo.

Fracassa a roça comun1tar1a li

A roç• comunlt,rl• ...

Texto e rotos de

Rafael Meneses EM DIVERSOS municípios brasileiros - como Lages, em Santa Catarina; Mirandópolis, no Estado de São Paulo; Nova Esperança, na Diocese de São Mateus (Espírito Santo) - tentou-se realizar experiências, na maioria fracassadas, das chamadas roças comunitárias. Promovidas pela ala "avançada" do Clero, essas roças pretendem, segundo parece, antecipar neste mundo "corrompido" pelas desigualdades sociais o "reino de Deus" igualitário com que sonham os progressistas. Tais experiências visam "educar" gradual'-mente as famílias para a "vida em comunidade", onde ninguém é proprietário e não se reconheçem preeminências. A "experiência" de Mirandópolis ganhou certo destaque com as recentes denúncias sobre atividades eclesiásticas de fundo político, com pregação da luta de classes marxista, na Diocese de Lins, à qual pertence aquele mu11icípio. Usando fundos provenientes da Misereor, poderosa organização assistencial da Alemanha Ocidental, o Padre irlandês Vicente McDevit, pároco do lugar, adquiriu uma gleba de 30 hectares e a distribuiu entre 12 familias de "bóias-frias". Por razões ainda não inteiramente esclarecidas, a iniciativa da Roça Comunitária São João Bo-

rista fracassou rotundamente. Moradores das cercanias garantem que a qualidade do solo ali é excelente e não conseguem explicar o estado de evidente abandono das suas áreas cultivadas, contcastando com o viço das plantações nos sítios vizinhos. O sacerdote aponta como causa o desinteresse dos beneficiados e o fato de ter surgido naqueles "ex-oprimidos" a cobiça característica dos "opressores". Os seus "protegidos", entretanto, não concordam com tal visualização: levaram o caso à Justiça do Trabalho, revoltados contra seu "protetor", conforme noticiou um matutino paulistano.

Abstração feita de fatores circunstanciais que, em concreto, possam haver contribuído para o malogro, surp,reendente mesmo se... em

CATOLICISMO -

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lnstllar 6dlo de morte Coerente com certa posição progressista, o folheto da Diocese de São Mateus faz uma acusação grave. A situação atual do País, que é apresentada em cores negras, não seria fruto de circunstâncias adversas, nem sequer de má organização, mas teria sido deliberadamente planejada. Ou seja, segundo D. Aldo Gerna e seus seguidores, haveria gente tão mal-intencionada (subentende-se. nas classes dirigentes) que desejaria o sofrimento dos pobres a ponto de. propositadamente, jogálos numa situação de miséria e desespero.

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A, ilu1traçõe1 (de um primarismo e acentuado

mau gosto} da cartilha ..A Força do Povo n

visam. como 1ua1 eon:96nere1, a fermen·

taçlo do ódio de cla1ae1

O. Aldo Gema, Biapo de Slo Mateus (ESJ. reaponaével pelo folheto "A Força do Povo"

li

ria se a "experiência" alcançasse êxito. Conglomerar pessoas que, por certo. não se sentem chamadas pela Provid ência a seguir ,determinada via rr\ais perfeita de renúncia e abnegação, própria a regras de uma Ordem religiosa. e imporlhes um estilo de vida em comum no plano temporal - eis ai uma iniciativa da qual, de fato, não se poderia esperar outro resu ltado. Eliminando o legíti /no interesse pessoal de acumular para si e para os seus, a roça ,·0111u11itdria acaba se tornando um sistema de produção marcado pela indolência, gerando a miséria. O fracasso e_m Mirandópolis não serenou o buliçoso pároco "de vanguarda" e foi ele um dos personagens mais visados nos protestos que se ergueram ultimamente naquela próspera região paulista contra os desvarios do progressismo dito católico.

Mirandópolis (SP). contando com &tiva participaçlo do vigário da

cidade. fraeas.so.u notoriamente

lançada no mais atroz dos conflitos: o de caráter religioso. Quimeras ou fantasias? Talvez para os que procuram fechar os olhos à realidade e não querem ouvir a ameaçadora violência verbal com que, desde já, se exprimem os progressistas. Ou para os que permanecem insensíveis à grande comburência do mundo atual onde um episódio tão localizado quanto inesperado como o das Malvinas imediatamente.envolveu o perigo de uma intervenção russa e debilitou. de modo assustador. as alianças no mundo. ocidental.

Essa possibilidade de ação da esquerda "católica" já foi prevista co.m fulgurante clar!!Za pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua carta ao Presidente Figueiredo, a propósito de uma possível intervenção direta dos soviéticos em nosso Continente, sob pretexto de ajudar a Argentina no conflito do Atlântico 'Sul: "As incursões russas. favorecidas. ben1 entendido, por guerrilhas locais de inspiração co,nunista, se intitularian, de "libertadoras". E no pais invadido, ficaria desfraldado o es,andarte da subversão. Co,n rudo isto. a esperança anin1aria e poria en1 ação os organismos co1nu11istas e socialistas que Moscou 1nantéln vivos en, toda a América latina, em rodo o Brasil, Sr. Presidente. A "esquerda católica" se agitaria ainda mais atrevidamente, pregando n1ais ou ,nenos veladan1e111e a lura de classes. ao ,nesmo ren,po que difundindo (<'0111 ardis dulçurosos todos seus) a inércia entre os não-,·o,nunistas" ("Folha de S. Paulo", 7-5-82). É à luz dessas considerações que o leitor deve anàlisar os documentos prog_ressistas que comentaremos a seguir.

Tal afirmação é de molde a instilar nos pobres um ódio de morte contra governantes e pessoas abastadas. Onde figuram as provas para tão grave acusação? As provas, ora as provas... Na falta delas o folheto limita-se a observar: "A situação que 11ás vivemos hoje estava prevista, porque ela foi "planejada". Esse planejamento. ou progra,na, previa várias etapas, que foram se realizando. Elas/oram a partir de 1964" (p. 8). As principais etapas teriam sido: arrocho salarial, controle sobre sindicatos, aperto das pequenas e médias empresas, favorecimento das multinacionais e do capital estrangeiro. Problemas todos da maior complexidade, cuja elucidação exigiria estudos econômicos e sociais de grande envergadura e seriedade, e que o folheto simplifica, apresentando-os como ... etapas de um plano de perseguição ao pobre. Tudo isso seria ridículo se não fosse trágico. Sumamente trágico, porque é no seio da Santa Igreja que circulam tais idéias. disseminadas por clérigos e leigos. Após· configurar sob esse ângulo a "realidade", o opúsculo pergunta: "Será que não há uma saída?" (p. 9). A resposta apresentada contém vários itens carregados de demagogia e do espírito da luta de classes. Entre eles não podia faltar a clássie<\, reivindicação em favor de uma RFforma Agrária. Mas talvez o ítem tnais característico do extremismo ' das soluções propostas seja o que apregoa: "Mudança total de todo o sisten,a polltico-econômico... " Não se trata, pois, da mudança de uma parte defeituosa, nem de corrigir desvios, o que poderia ser louvável A ênfase na mudança é tal que ela não se detém ante a clamorosa redundância gramatical: "total de roo. d .. .. . Mas, ao mesmo tempo que aparece a radicalidade, transparece o medo de revelar muito claramente às próprias bases para onde levaria tão

fundamental mudança. Pela pregação insistente do igualitarismo e por todo o contexto, infere-se que se trata da sociedade sem classes proposta pelo comunismo. Porém, não se diz isto claramente, pois parece temer-se que tal revelação afaste muitos daqueles que, por todos os modos, se deseja arrastar.

Deturpação da Sagrada Escritura Não pense o leitor que estam·os exagerando. Nas páginas 30 e 31, sob o título "O Plano de Deus é un, Projeto Igualitário" está dito: "Deus pro,neteu uma TERRA onde todos teriam vivido con,o irn,ãos: sen, exploradores e explorqdos. opressores e oprimidos, escr/Jvos e patrões" (p. 31). Veja-se como é cayiloso opor "escravos" a "patrões'', para _insinuar, sem declarar explicitamente, que onde hã patrões os O\Jlros são escravos. O complemento natural de patrão é empregado. Ora, a situação do empregado assalariado é, de si, digna e de acordo com a doutrina católica. É claro que pode haver casos de injustiça, como em todas as relações humanas os há. Mas insinuar uma identificação entre a situação de assalariado e a de escravo revela um extremismo que chega às raias do delírio. Para tentar justificar sua esdrúxula posição de atribuir a Deus um projeto igualitário, os autores do folheio apelam para a Sagrada Escritura: "Foi para garantir este Projeto de Igualdade que Deus ditou sua LEI [ ... ]. Quando o Povo de Israel chegou na Terra Prometida. repartiu as propriedades de acordo com a necessidade de cada um. Era proibido acumular terra (veja Levítico 25,4) porque a terra é um bem que deve ser de todos" (p. 31). Examinamos o texto citado do Levítico. Nada tem a ver com o tal "Projeto de Igualdade". Trata-se de leis existentes para os antigos judeus

(continua na página 6)

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Blumenau moderna prefere A mentalidade descartável arquitetura tradicional - "ISTO PERTENCEU ao um produto cujo único destino, meu bisavô!" após o uso, só pode ser o cesto do O leitor talvez tenha ouvido lixo. Onde não o recolherá nem em casa de algum amigo uma mesmo um pobre que necessite frase assim; e terá compartilhado de vasilhame para uso doméstico. a satisfação de quem, com justo Se em vez de comprar trinta desorgulho, lhe mostrou uma baixe- ses copos descartáveis, você usar la de prata, uma mesa de jaca- o mesmo dinheiro para comprar randá ou um relógio de pêndulo, uma xicara de porcelana, ao fim dessas peças cuja origem remonta de um mês você ainda terá a sua a gerações anteriores, de épocas valiosa xicara em perfeitas conantigas em que tudo era mais dições de uso. E não precisará durável: os bens, as amizades, os traba)har para pagar os trinta vínculos conjugais, as instituições, copos descartáveis do mês seguinaté mesmo a moeda. te. E os de muitos outros meses. E se, ao ver o objeto de estiDescartar após o uso é coisa mação do amigo, o leitor não que se pode fazer com qual~uer tinha na agenda algum outro com- produto, de boa ou má quabdapromisso urgente, ao qual aten- de. Imajtine a situação de um deria deslocando-se a alta velo- milionáno que pudesse desfazercidade em algum veículo descar- se de suas xícaras de porcelana tável - desses já decré1?itos após após o uso, jogando-as no lixo um ano de uso - , terá tido algum para evitar o trabalho de lavá-las. vagar para levantar a seguinte Julgá-lo-iam um louco que despergunta: por que as coisas hoje perdiça seu dinheiro. Proporciocm dia duram tão pouco? nalmente, é o mesmo que aconA constatação é óbvia: os bens tece quando nos desfazemos de de consumo atualmente não são um produto descartável. Mas com feitos para durar. Constatação não a enorme diferença de que os menos óbvia: são de má qualidade. pobres afluiriam para disputar o A indústria conseguiu a proe- lixo do milionário. za gigantesca de piorar indefiniDescartando um utensílio padamente a qualidade dos seus pro- ra evitar o trabalho de lavá-lo, dutos até chegar à era do "descar- cria-se a necessidade de trabalho tável". E a propaganda conseguiu para comprar outro. Trabalho por uma proeza ainda maior que é a trabalho, portanto, é prefer!vel de convencer o público a aceitar trabalhar para manter e usar o esses produtos. Argumento? Ape- que é seu, de boa qualidade e nas o de que você pode "usar durável. Cabe lembrar aqui o proe jogar fora". O atrativo que a vérbio antigo ... e durável: o barapropaganda maneja contra o con- to sai caro. E acrescentar a ele sumidor é de que ele não terá este outro: o preguiçoso trabalha o trabalho com a manutenção: em dobro. lavar, por exemplo. l, mais bem Isto que é válido para o exemum convite à preguiça. plo citado, o é também para a Mas, se bem anali~ado o argu- generalidade dos produtos desmento, ele deveria ser enunciado cartáveis ou semidescartáveis. Se assim: é tão ruim que você só todos agissem com bom senso, pode usá-lo uma vez. Portanto, optando por bens duráveis, a inuse e jogue fora, livre-se dele. dústria seria forçada a a primorar O contra-senso dessa atitude a qualidade dos seus produtos. não é evidente à primeira vista e Mas é pouco provável que a menpor isso apresento ao leitor uma talidade descartável sofra mudancomparação que o evidencia. Se .ças. Depois que o homem movocê usa, por exemplo, copinhos derno se acostumou com os prodescartáveis para café - desses dutos descartáveis, a sociedade que queimam os dedos, alteram o admitiu conviver com a má quagosto dl! bebida, não se adaptam lidade permanente. (Aginda Boa bem aos lábios e não resistem lmprtnSI - ABIM) à pressão dos dedos - já deve ter sentido todas as desvantagens de Paulo Silva Meira

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NA DfCADA DE 50, quando, sob a orientação dos religiosos franciscanos, planejava-se a construção de uma nova igreja-matriz na cidade de Blumenau, foi aventada a possibilidade de edificá-la em estilo gótico, que celebrizara tantas catedrais européias. Essa hipótesecontavacom a adesão da maioria dos fiéis. O plano, entretanto, acabou sendo recusado, sob a alegação de que tal estilo, caracterizado por belas ogivas e pela notável altura de suas colunas e torres, além dos vitrais, destoava dos novos ventos que começavam a soprar na segunda metade do século XX: os da mudança geral e irreversível para atender a uma suposta exigência do público, que estaria cada vez mais sedento de novidades. Assim, a Igreja-Matriz de São Paulo Apóstolo, cuja construção foi concluída em 1963, apresenta, além de seu estilo "modern9", vários. traços de nítida e exótica inovação: a pia de ãgua benta possui proporções inusitadas, com cerca de três metros de diâmetro, e os confessionários são brancos, de mármore. O público aceitou o novo templo com silencioso respeito, sem entusiasmo.

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O futuro, com efeito, encarregou-se de comprovar o apreço da população da9uela cidade pela arquitetura tradicional, recusando-se ela a seguir, nas construções civis, essa revolução estética. E o que se verifica, a partir da última década, é uma impressionante valorização das construções típicas alemãs, que já chegam a mais de duas dezenas no centro de Blumenau, além de residências também nesse estilo, espalhadas pelos vários bairros da cidade, tanto das classes mais abastadas qua.,to do operariado. Assim, prédios modernos e padronizados vão sendo demolidos para dar lugar a ediflcios que evocam a Alemanha tradicional, através do estilo denominado nesse pais fachwerkhaus (cuja tradução seria "casa construida em alvéolos de madeira preenchidos com alvenaria"), e na linguagem corrente da região conhe,. cido como es)ilo enxaímel. Residências, casas comerciais e bancos instalados em prédios que lembram a época medieval, com placas e dizeres escritos em caracteres góticos, eis o ~ue boje está amplamente em uso em Blumenau. Seus habitantes, em larga maioria descendentes de colonos alemães que se fixaram na zona no século passado, quando da fundação da cidade, sentem-se plenamente identificados com tais construções. E as pessoas que visitam a cidade descansam seu espfrito, podendo apreciar algo diferente dos monótonos arranha-<:éus e cubos de cimento-armado que pre-

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dominam nas megalópoles cosmopolitas de nossos dias. Incentivando esse renascer do tradicional, que vai modificando a paisa$em urbana de Blumenau, a Prefeitura Municipal, através da lei municipal n. 0 2.262, de 30 de junho de 1977, passou a conceder uma redução de 30% no imposto predial urbano para empresas, enquanto para residências o desconto é da ordem de 50%, desde que sigam as características do pitor:esco estilofachwerkhaus. Segundo este, as fachadas dos

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ediflcios apresentam vigas expostas de madeira, reforçando as paredes construidas com tijolos, que são, algumas vezes, de qualidade especial, o que dispensa o revestimento de reboco.

Luís Ramos

ª'CIMENTO DA RODÉSIA WASHINGTON -

Denis Wal-

kcr, deputado na Rodésia (atual

Zimbabwe), é branco, apoiou a independência do pais e os acordos que estabeleceram o atual governo. Membro do Parlamento por oito anos, foi ministro cinco vezes, em diversos gabinetes, destacando-se especialmente nas gestões do Ministério da Educação e posteriormente como Ministro do l.nterior. Foi membro do governo de transição de Muzorewa. "Estou muito preocupado - declarou - com o futuro do pais, pois o atual governo estã se movi.mentando para reformar a Constituição, transformando o Zimbabwe em regime de partido único. O governo está claramente adotando posições marxistas e caminha para uma ditadura esquerdista."

"Sou membro do Partido Frente pcnhada, mas sim, fºr quanto temRepublicano - acrescentou. - Ti- po ele as respeitar . nhamos muita esperança de que o "Muitos de nós no Zimbabwe já governo Muzorewa se transformasse prevíamos que isso . iria acontecer, num governo de união nacional, pacificando o pais e mantendo-o no Robert Mugabe, primelro-minlatro marbloco ocidental. Essas esperanças não xlate do Zlmbabwe (antiga RocUala) se concretizaram e o atual governo de Mugabe, após ter-se comprometido a respeitar os acordos de Lancaster, em que são garantidos a liberdade e os direitos a todas as minorias, passa de repente a advogar idéias marxistas e a se inclinar na , direção do bloco comunista. Ele cumpriu sua promessa de respeitâr os direitos e liberdades do povo apenas no início de seu governo. Mas agora ele se mostra comunista. E, como se sabe, a um comunista não se pergunta se ele respeitará suas promessas, sua palavra cm-

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mas nossas palavras não foram ouvidas. Os ingleses exigiram de todos os modos os acordos de Lancaster, que instituíram o governo de união nacional, com o líder esquerdista Mugabe à frente, garantindo que respeitaria as demais for_ças polfticas e as minorias do pais. Porém, logo após, ele expropnou todos os jornais, eliminando a liberdade de imprensa, e mais recentemente as reuniões polfticas foram proibidas em todo o território nacional. "Nosso objetivo é manter a atual estrutura social e a Constituição do pais. Vários partidos de minorias étnicas negras têm o mesmo objetivo que nós. Desejamos manter o Zimbabwe no Ocidente; não queremos uma comunistização de nosso pais. Já há gente presa sem julgamento; há casos de tortura.

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"Essa penetração comunista no sul da África é extremamente perigosa para todo o Ocidente devido à enorme rique,.a mineral dessa região. Basta dizer que cerca de 22% dos minerais estratégicos consumidos pelos EUA provêm do sul da África. Seria uma grave perda, criando uma crise econômica séria para o Ocidente. "Esperamos que os paises do Ocidente que nos pressionaram a aceitar os acordos de Lancaster, pressionem agora o sr. Mugabe no sentido de respeitar esses acordos. Não advogamos uma mudança de governo. Apenas queremos que ele respeite os compromissos assumidos internacionalmente." (Ac~ncia Boa Jmprmsa -

ABJM)

Antonio Francisco Navarro CATOLICISMO - Junho de 1982


a história de Papas Tal precisão de conceitos torna-se particularmente necessária na época de confusão doutrinária, cultural e moral em que ,Y·vemos. E as lições, como também os exemplos do passado, -.--vi-~ cados no decorrer da História da Igreja, podem servir como ::;,-..,.,_,'lJ.-!l pre I sos ensinamentos para os dias de hoje. A História, em toda su i'' ~etividade, será para nós, como observava um autor latino, "testen1unha dos tempos, luz da verdade, vida da men1ória, mestra _d a vida, mensageira do passado".

"CATOLlCISMO~ inicia hoje uma série de artigos sobre dificuldades históricas ocorridas com alguns Papas, durante seus Pontificados. Pareceu-nos oportuno o tema para que nos~s""- --' leitores formem uma idéia, através de exemplos históricQS4;-<ta-v distinção fundamental existente na Santa Igreja: o ele nto divino, imutável, perene e infalível; e o elemento humano, 1 tável, transitório e - quando se trata do Sumo Pontífice - infalível dentro dos limites estabelecidos pelo Concílio Vaticano I.

Pode um Bispo discordar do Papa? O caso de São Policarpo e o Papa Santo Aniceto O BOM AROMA da presença de Nosso Senhor Jesus Cristo ainda não se tinha desfeito nas duas gerações que se Lhe seguiram, e o calor de Pentecostes ainda ardia na plêiade de varões que sucedeu aos Apóstolos, quando se deu no seio da Igreja nascente de .então, um episódio famoso - a Querela Pascal que de alguma maneira repetiria, pela discussão entre São Policarpo e Santo Aniceto o episódio da resistência de São Paulo com São Pedro em Antioquia. Santo· Aniceto era Papa. O décimo Bispo de Roma que ocupava a Cátedra da verdade, numa época em que tão pouco tempo reinavam os Papas, ávidos do martírio. Recebera ele de seus antecessores uma tradição pascal que remontava até São Pedro e São Paulo. São Policarpo, ancião de 85 anos, fora sagrado Bispo de Smima pelo próprio São João Evangelista. Convivera com vários Apóstolos, e observava a comemoração da morte de Jesus Cristo na data a ele ensinada pelo discípulo amado.

A

Percorrendo a vida de São Policarpo, toma-se conhecimento, segundo Santo lrineu (cfr. Euste10, "Hist6ria Eclesiástica", V, XXIV, 16), da viagem que o velho Bispo de Smirna fez a Roma, sob o pontificado de Santo Aniceto, em 154. Os dois santos tinham algumas questões secundárias para regular, que foram logo aplainadas. Mas havia um problema capital que eles não puderam resolver mediante acordo: era a questão pascal. Os asiáticos comemoravam a Páscoa a 15 nisan (mês judaico) qualquer que fosse o dia da semana. Os romanos a celebravam no domingo que seguia ao 14 nisan. Esta diversidade de datas trazia consigo uma diversidade de ritos e festas. A Páscoa era para os asiáticos o dia da morte do Senhor; eles ali jejuavam, mesmo que ela caísse no domingo, e rompiam o jejum à tarde; a solenidade terminava pela Eucaristia e pelo ágape (cfr. SCHMIDT, "Gespriiche Jesu nlit seinen Jüngern", Leipzig, 1919, p. 699 e ss.). Os romanos, pelo contrário, consagravam à memória da Morte e da Ressurreição de Cristo três dias: sexta-feira, sábado e domingo. Os dois primeiros dias eram de luto e Jejum; a vigília do sábado para dommgo preparava os fiéis para a festa da Ressurreição celebrada no domingo. Essa diferença de usos litúrgicos era tanto mais incômoda quanto, na Igreja de Roma, os asiáucos eram bastante numerosos. Estes, em seu conjunto, permaneciam fiéis a seu costume particular. Os Papas toleravam a divergência, mas desejavam vivamente reduzi-la. São Policarpo, sem dúvida o desejava tanto quanto São Aniceto, e pode-se conjecturar que, se este ancião impôs a si uma incômoda viagem a Roma, foi sobretudo para regular uma tão grave questão. Apesar da boa vontade, evidente de parte a parte, não se pôde chegar ao acordo. "Aniceto não podia persuadir a Policarpo de não observar aquilo que con, João. o discípulo de Nosso Senhor, e com os outros Apóstolos, de qúem fora familiar, ele tinha sen,pre observado. E Policarpo ta111bém não podia conduzir a esta prática Aniceto, que lhe dizia dever seguir o costume dos pres• bíteros que o havian1 precedido". CATOLICISMO - Junho de 1982

Essas são as palavras · textuais de Santo lrineu, discípulo de São Policarpo, em uma carta ao Papa São Vítor. relatada por Eusea10 em sua "História Eclesiástica" (V. XXIV, 16). Os dois santos igualmente zelosos de suas tradições diferentes inclinavam-se diante desse obstáculo que parecia intransponivel. Não podendo assegurar a uniformidade de tudo, eles guardavam ao menos a paz entre si. E para dar disso um sinal claro e manifestar também sua veneração por São Policarpo, o Papa Santo Aniceto deixou ao Bispo de Smirna a honra de celebrar a Missa na Igreja de Roma. Maiores detalhes sobre o encontro dos dois santos podem ser estudados na obra de FuscHE-MART1N ("Histoire de l'Eglise", 1947, Bloud et Gay, T. 1. p. 341 e T . li. p. 87 e ss.).

Quanta paz nas resoluções daquele tempo; quanta confiança nos desígnios superiores da Providência, que haveriam de vencer! O Papa Santo Aniceto, enquanto sucessor de Pedro, manda efetuar a unificação das liturgias pascais. São Policarpo. o último dos três grandes Padres Apostólicos -

São Clemente de Roma e Santo Inácio de Antioq uia já haviam morrido - levanta-se em sua Diocese de Smirna. na Ásia Menor. e discorda do Papa. Não se tratava de uma .desobediência contestatária ou de impertinência orgulhosa. Mas o que visava São Policarpo era a defesa de um legado sagrado que lhe fora confiado por São João e outros Apóstolos. E para que ficassem claras aos olhos de todos as respeitosas intenções que o moviam, São Policarpo, talvez o mais idoso Bispo da época. iniciou · uma penosa viagem a Roma para e?<por suas razões ao Soberano Pont1fice. Era tal a deferência manifestada por São Policarpo nessa ocasião em relação à Sé Apostólica, que historiadores de peso consideram a viagem do venerável ancião como um dos mais significativos sintomas da primazia que Roma já gozava sobre o conjunto das outras Igrejas da época. Uma viagem em meados do século li depois de Cristo entre uma cidade da Ásia Menor (atual Turquia) como Smirna, e Roma, implicava num conjunto de incertezas e incomodidades. Somavam-se a isso as perseguições romanas, que continuamente colocavam em nsco a Fé

e a vida daqueles primeiros católicos. Arrostando tais perigos, São Policarpo chegou a Roma. Um espírito demasiadamente dulçuroso imaginaria Santo Aniceto abrindo mão de sua posição, emocionado pela fadiga do ancião. E .outro espírito, pouco acostumado com os antecedentes históricos do Dogma da Infalibilidade Pontifícia, julgaria que São Policarpo, tendo exposto suas razões e não tendo convencido o Pontífice, deveria acatá-lo sem mais explicações. Nem uma coisa nem outra aconteceu. Santo e santo, Papa e Bispo apresentaram seus argumentos, discutiram com respeito e convicção. Nenhum dos dois cedeu em suas posições; · não foi possível chegar a um acordo. Entretanto, a harmonia católica não foi rompida, a paz foi louvada. Santo Aniceto homenageou o grande ancião do Oriente e ambos despediram-se. Continuava a vigorar na Igreja a dualidade de ritos. Somente mais tarde, em 190, movido por outras razões - para impedir a infiltração judaica dentro da Igreja - o Papa São Vítor aboliu o rito oriental judaico. Mesmo assim, em alguns lugares o Pontífice permitiu a continuação daquele rito

Papa Santo Aniceto (1 &&-188) - ef.....,o do MC,ilo V. ne Be.Oiee de Slo l'aulo fora do1 Muro, (Roma)

inicial (FLISCH E-MARTIN, op. cit., T. li, pp. 92-93). Tal permissão foi conseguida pelo senso diplomático de Santo lrineu, discípulo de São Policarpo, o qual, a exemplo do seu mestre, foi até o Papa expor seus argumentos a favor do rito oriental, e assim salvar a unidade da Igreja, que corria risco, devido ao anátema lançado por São Vítor contra os que não aderissem à liturgia romana. São Policarpo desobedeceu a Santo Aniceto? . O consens.o unânime dos documentos da época e o testemunho da tradição nem cogitam de uma desobediência. Igual posição assumem os historiadores. A viagem de São Policarpo e sua discussão respeitosa com Santo AnicetQ constituem galardões para a glória e santidade de ambos e nunca desdouro de qualquer dos dois santos.

Teria um Papa queimado incenso a ídolos? - O Papa São Marcelino Cript• dos P•p•s (Meulo llll,

ne C.tacumbe de sao C.llxto (Roma), onde

ee veneram 01 resto• mortel• de nove do1 de• Papei que gO•

vemaram a 1· greja de 230 a 283

A SIMPLES MENÇÃO do nome de Diocleciano, como o de Nero, traz ao espírito do católico um ressaibo de amargura e de remota inaignação. Esses dois imperadores romanos, mais do que · os vários outros . que perseguiram a Igreja nascente, tornaram-se símbolos da crueldade pagã, cega e qovarde, que regou o mundo romano com o sangue dos primeiros católicos. Naquela Igreja das catacumbas, ao mesmo tempo em que ia crescendo o número de mártires, por um fenômeno paradoxal mas compreensível à luz de uma graça extraordinária, aumentava também o número daqueles que tudo abandonavam para seguir a Cristo. Essa multidão pacífica ia-se tomando um grave incômodo para a política dos césares romanos. Vários dos grandes apologistas católicos fizeram sentir implicitamente tal situação aos imperadores. Dentre eles destacou-se Tertuliano, que dizia com ênfase: .. N6s [católicosl não son,ós senão de ontem e enchen1os tudo, o .Senado, os comícios; não vos deixamos senão os vossos ten,plos" (ROHRBA· CH ER, "Histoire Universe/le de l'Egli- · se Catholique", Paris, 1864, T. 111, p. 254). Apesar da impopularidade crescente das perseguições, coube a Diocleciano ordenar as suas últimas levas de martírios, que só iria.m

terminar vinte anos depois, sob Constantino. Essas derradeiras perseguições tinham se aperfeiçoado em subtileza e maldade. Não buscavam mais o extermínio dos católicos, empenhavam-se em conseguir sua apostasia. E nesse afã os magistrados pagãos pediam, quando aprisionavam sacerdotes, que eles lhes entregassem os Livros Sa$fados sob sua custódia. Tal ato significava que o guardião abria mão de sua Fé: era o primeiro grau de apostasia. Se o sacerdote concordasse com a primeira proposta, teria que enfrentar, em seguida, uma série de convites e ameaças que o fariam ir descendo a rampa da negação completa da Fé, passando do aspecto simbólico para sua efetivação, mediante atos inequlvocos. A última etapa da defecção consistia em queimar incenso aos deuses pagãos.

A

O Papa São Marcelino morreu no ano de 304, vítima da perseguição de Diocleciano. A noticia que o "liber Pontifi· calis" registra sobre aquele Papa, bem como um apócrifo posterior ao ano 500 - as atas de um pretenso COnclüo de Sinuessa -, dizem que o Pontífice teria consentido em oferecer incenso aos deuses.

A História não nos oferece elementos suficientes para conhecermos, com certeza, a realidade. Alguns documentos contra São Marcelino são sérios, mas contestados também por intérpretes sérios. A única conclusão histórica que se pode tirar com segurança a respeito desse caso consiste em afirmar ser possível que o fato seja verdadeiro. Autores muito cautelosos em tirar conclusões apressadas, como Flische-Martin, vão um pouco além de nossa posição, admitindo como prov,vel e não somente posslvel a t ri~te eventualidade de uma apostasia passageira do Papa mártir. Em face de tal possibilidade, a Igreja agiu durante os séculos com soberana sabedoria. Ela não escondeu, mas também não julgou o caso de São Marcelino devido à incerteza histórica que permanece até hoje. As grandes obras de História da Igreja narram o caso de São Maroelino em linhas gerais, como o fizemos. Nos cursos religiosos, o ocorrido é relatado sem pressa. Portanto, a atitude do ensino da Igreja é sumamente idônea: nada esconde. Assim no próprio Breviário Romano podemos ler: "Marcelino Rotnano, na cruel perseguição do imperador Diocleciano, dominado em extremo pelo terror, ofereceu incenso às estátuas dos deuses. Em virtude desse pecado, imediata111ente fez ele tanta penitência que foi revestido de cilício até o Concílio de Sinuessa, o qual reunia ,nuitos Bispos, e lá, com abundantes lágrimas, confessou abertamente seu crime. No entanto, ninguém ousou condenar Marcelino, mas todos clamaram a uma voz: Julga a ti mesn,o com a tua boca e nao com o nosso ;u1zo, po,s a Primeira Sé não é julgada por ninguém. Pedro também, por causa da mesma fraqueza de ânimo, pecou e impetrou de Deus, com semelhantes -

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lágrimas, o perdão" (Lect. 5, fest. april.). Fazendo essa ressalva, a Igreja contudo não empenha sua autoridade mediante uma sentença oficial. Ela é sumamente prudente: não julga quando a História fornece documentação dúbia. Talvez São Marcelino tenha somente entregue os Livros Sagrados. Os donatistas, em qualquer das hipóteses, exploraram o caso, real ou não (cfr. SANTO AGOSTINHO, "Contra li/leras Petiliani li", 202; De unico batirmate, XXV li). A respeito de tal questão obscura, também se ocupa DucHESNE em sua "Histoire ancienne de /'Eglise" (T. li, p. 93 e ss.), o qual não crê no martírio de Marcelino, afirmando ironicamente: "Para u,n personage,n dessa importância, era bastante incômodo, nun, tal momento. morrer em seu leito". Também E. GASPAR não exclui a possibilidade de um desfaledmento de Marcelino na Fé, seguido de uma reabilitação ("Kleine Beitrage zur iilteren Papstgeschichte", em "Zeitschrift fúr Kirchengeschichte", XLVI, 1927, p. 32 e ss.). Ainda .em abono dessa opinião pode-se consultar, do mesmo autor, "Geschichte des Papsttums", Tubingen, 1930, T. I, p. 97 e ss.). Todas essas referências bibliográficas são apresentadas pela conceituada .. Histoire de /'Eglise" de ft1SCHE-MARTIN, T. li, pp. 466-7, obra que serviu de base para a redação deste artigo.

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4s ·

, erá realmente ão Marcelino assumido a referida posição, incompatível com sua sagrada missão de Supremo Pastor? Com os dados que temos atualmente não é possível saber ao certo.

Átila Sinke Guimarães 5


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O proprietário da vinha seria o que D. Aldo Gerna e o redator ou redatores do folheto poderiam quasobre o tempo de cultivar a terra e o lificar de capitalista ou, talvez. latide deixá-la descansar para glorifi- fundiário. Ele nem sequer reside car a Deus. O Senhor ordena a nela, mas deseja receber os frutos a Moisés que os proprietários de ter- que tinha direito no fim da estação. ras devem utihzá-las durante seis Nosso Senhor afirma que os lavraanos, mas que no sétimo ano, em dores (hoje seriam chamados 'poshomenagem a Deus, i:la não será seiros?) não quiseram entregar os cultivada. Eis o texto: "O sélimo frutos, bateram em alguns dos serano. porén,, será o sábado da terra. vos. mataram outros e até assase do descanso do Senhor; não se- sinaram o filho do Senhor da vinha mearás o can,po, nem podarás a . para se apossarem dela. E eis como "inha" (Lev. XXV, 4 - tradução o Divino Salvador encerra a parábola: "Que fará. pois. o Senhor da do Pe. Matos Soa res). Falseamento da Sagrada Escri- vinha? Virá e exrer,ninará os lavratura ou ignorância exegética na in- dores; e dará a vinha a outros" terpretação do texto? Não temos (Me. XII, 9). Como essa linguagem é oposta à dados para julgar. De qualquer forma, objetivamente falando. é grave do folheto! Para os autores deste é insuflar no povo a revolta mediante preciso que se lute não pelo direito de propriedade. mas pelo "direito de textos bíblicos falseados. uso e posse da terra. isto é, que se lute por uma Reforma Agrária" Nosso Senhor acusado (p, 56).

Deturpações da...

de ser lgualitãrio

É tal a obsessão de igualitarismo que, na falta de argumentos católicos (marxistas os há à vontade... ). procura-se implicar blasfematoriamente o próprio Redentor: "Jesus

veio ao mundo para realizar o Plano do Pai; ,·umprir aquele proje10 ig,,alitário que Deus já havia apresentado ao povo ainda no cativeiro. lá no Egito" (p. 34). Mais uma vez, onde estão as provas para tal afirmação? Na realidade, a verdade a contradiz: Nosso Senhor confirmou os Mandamentos da Lei de Deus. contidos no Decálogo do Antigo Testamento. dos quais dois (o 7.•e o 10.0 ) protegem a propriedade privada. A título de exemplo da pregação de Jesus. é oponuno lembrar a seguinte parábola saída de seus divinos lábios: "Uni ht11nem plantou uma vinha, cercou-a con1 uma sebe, cavou nela 11111 lagar, edificou unia torre, arrendou-a a uns lavradores, e ausen1ouse para longe. E. chegando o ten,po. enviou aos lavradores unr servo para receber deles a sua parte dos fnuos da vinha" (Me. XII, 1-2).

Fórmulas esdrlixulas Os desvarios do esquerdismo católico buscam as fórmulas mais estranhas para afirmar-se. Por exemplo, no opúsculo, para terminar uma "celebração" são escolhidos para dar a bênção final lideres progressistas: "Bt11ç.-o e DcsPco,oA: - Nesra celebração poderíamos convidar aquelas pessoas que há 1nui10 estão trabalhando na comunidade. na luta por um sin"dicato livre, nos movimentos populares, 110 trabalho de união da própria classe. etc., para dar a bênção a ioda a con11,11idade reunida" (p. 53). Figura também no folheto uma "Ladainha dos Mártires da América Latina" (p. 49). na qual, ao lado de verdadeiros santos e bem-aventurados como São Francisco Solano. Beato José de Anchieta e outros. são incluídas figuras do progressismo católico, cuja vida ou circunstâncias da mone apresentam aspectos bastante estranhos e questionáveis. Assim, por exemplo, Frei Tito de Alencar, que se suicidou na França; Pe. Henriq ue Pereira Neto, da Diocese de Recife, encontrado morto em condições não esclarecidas para o público; o escravo foragido Zumbi. que chefiou uma rebelião de negros no século XVII; Santo Dias da Silva, que panicipou de agitações operárias. e outros.

• • • Para o prOjlressismo parece, pois. que o mais 1mponante é, através de opúsculos. sermões e agitação, deturpar a doutrina católica e até a Sagrada Escritura na linha da subversão.

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Reformas, reformas ... "O MUN DO DO TRABALHO" foi o tema principal da assembléia geral do Episcopado p~ulista, reunida. em ltaici de 31 de '!!aio a 3 de j unho p.p. A preocupação dos Bispos po_de ser avahada pelas declarações de D. Angélico Sãndalo Bernardino, responsável pela Pastoral Operària de São Paulo, para quem os problemas irabalhistas devem ser resolvidos com "111udanças sérias como a reforma da e11rpresa. refornra agrária, refor111a urbana. reforma política e a reformll do _home111" (cfr. "Folha de S. P_aul~"· 30:~-82). Como se vê, essa linguagem lembra o surrado Jargao ut1hzado pela esquerda. Não o seria o caso de perguntar se as declarações de O. Angélico não carecem também de uma "séria reforn,a", para se coadunarem com os ensinamentos perenes da doutrina social da Igreja? D. A ngél ico S indalo Bernardino, Bispc Auxiliar de Slo Paulo (Zona Leste}

e . encarregado d a Pastoral 0per6ria ' ' .,1~/\'::> ....

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Dioceses unem-se para esquerdizar CHEGA RAM a nossas mãos dois folhetos. Responsáveis por ambos são, nominalmente, D. Jairo Ruy Matos da Silva, Bispo de Bonfim (BA), D. José Rodrigues de Sousa, Bispo de Juazeiro (BA), D. Mathias Schmidt, Bispo de Rui Barbosa (BA), com a participação ainda, num deles, das Dioceses de Petrolina (PE) e Afogados da Ingazeira (PE). Foram impressos na Gráfica Todos Irmãos, ligada à Diocese de Lins (SP). É um verdadeiro festival de progressismo. As publicações intitulam-se "Mês da Bíblia" e "A Verdade vos libertará". Comentaremos abaixo ai· guns tópicos característicos das mesmas. Para facilitar a identificação do opúsculo de onde cada citação foi extraída, colocaremos M B e VL respectivamente, além do número da página.

LEVANTA-TE

A mola propulsora da luta de c)asses é o ódio. A esquerda católica esforç,i-se empenhadamente cm incuti-lo. Às vezes é num cântico em que se instiga "a base" contra os q ue estão "em cinia": "Na terra dos honrens pensada enr pirâmide / os poucos de cima esmagam a base / [... ). O po vo dos pobres que vive na base / vai fazer cair a velha p irlinride" (MB, p. 26). A ameaça que paira no texto é patente. Ou então, procura-se incutir tal visão da situação presente. que seria verdadeiramente insuportável se fosse verdadeira. t uma das formas de

POVO, NÃO Fltuts· PARADO 1

Vale tudo para justificar a igualdade (; muito comum. nas preleções dos progressistas. falar-se em "organizar o povo". A expressão, quando saída de ,seus lábios. consiste, na prática, ein unir o maior número de pessoas para lançá-las contra as instituições. Tal interpretação refere-se, porém, a um só aspecto da realidade. Os progressistas vão mais longe. Não é de qualquer união q ue eles falam. Organizar. cm sua con- . cepção "é criar um nrodo de viver na base da repartição, da igualdade e do direito" (Mll, p. 2). Esse frcncsi de igual itarismo conduz à distorção da verdade histórica e da Palavra de Deus. Referindo-se à entrada do povo de Israel na Terra Prometida, o mesmo folheto afirma esta enormidade: "Todos eran, iguais. Entre eles ninguénr era maior" ( M B. p. · 8). Ora, é sabido que os israelitas consideravam como seu profeta e chefe supremo Moisés. Abaixo dele havia alguns como que ministros. entre os quais Josué. Cada tribo reconhecia um chefe e no seio dela havia os príncipes (ou principais) de · cada família . Além disso, existia uma tribo com privilégios especiais, que era a de Lcvi. encarregada do culto divino. E dentro dela uma familia principal, a de Arão, irmão de Moisés. de onde procediam os sacerdotes, devidamente hierarquizados. Só para que o leitor possa sentir, em alguma medida. quão pouco os progressistas se conformam à verdade, citamos dois t re.chos da Sagrada Escritura referentes à caminhada do povo eleito e sua entrada na Terra 'Prometida: 1. "Tendo [Moisés) escolhido entre rodo o povo de Israel homens de valor. constituiu príncipes do povo. tribunos. e centuriões. e chef es de cinqiíenra. e de dez homens" (Ex. XVIII. 25). 2 ...E o Senhor disse a Moisés: Estes são os nomes dos honrens que vos dividirão a terra: o sacerdote Eleázaro, e Josué. filho de Nun, e um príncipe de cada tribo. cujos non,es são estes: Da tribo de Judá. Caleb. filho de Jefone. Da tribo de..... E prossegue a enumeração dos príncipes. que omitimos por brevidade (Num. XXXIV, 16-19). No opúsculo, também orações são utilizadas para forçar o igualitarismo. Assim, num cântico de muito mau gosto, intitulado "Pai Nosso" - espécie de paródia da sublime oração ensinada por Nosso Sen hor - . deparamos com a seguinte frase: "Pai Nosso.. a esperança do presente. É ig,,aldade. repartição" (MB, p. 25). Sempre a mesma tecla.

A estranha lógica da esquerda católica A todo instante, lêem-se afirmações contra a propriedade privada. Por exemplo: "Ning,,ém é dono da terra. Ela só pode ser usada" (MB, p. 12). Mas eis que, de repente, constatamos uma asserção contrária:

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lnslnuaçllo de' assassinato?

Na última capa da cartilha ..Mls d• Blblia'\ preparada por v6ri.aa dioceses, apelo à rebelilo

"Dissera11r que o Brasil foi descoberto. - Não é verdade. O Brasil já tinha ,lono. Os índios" (VL, p. 13). Então os demolid ores da propriedade, sobretudo das grandes propriedades. repentinamente se arvoram em defensores de um latifúndio improdutivo de dimensões continentais: o Brasil de antes de 1500! E os índios, cujo trabalho de cultivo da terra era mín imo, passam a ser apresentados como os donos do Brasil: e. conseqüentemente. os colonizadores portugueses como invasores ... Há lógica nisso? Há, se o leitor atentar para o fato de que a finalidade da tal "literatura" é a subversão. Para mentalidades marxistas. todas as contradições são .boas se favorecem a Revolução. Assim o texto citado se explica. Trata-se de lançar o índio (ou se for o caso, o negro) contra o branco, o pobre contra o rico, o povo contra as autoridades, o posseiro cont ra o proprietárió, e assim por diante.

O. Jeiro Ruy Matoa da Silva. Bispo de Bonfim (BA}. um dos re1pon16vei1 pela certilhe "Mls d• Bfblia"

acender ódios nos espíritos: "Nas usinas e nas fábricas / o povo é explorado. / No 1·ampo onde trabalha, / seu sangue é sugado" (VL. p. 36). O ódio é também excitado contra os governantes: "O povo está pregado na Cruz da marginalizarão e do sub-desenvolvimento, porque os governantl!S não perrnire,n 111na

educação politica do povo" (VL.

Jesus qualificado blasfematorlamente

p, 44).

Baste-nos aqui reproduzir, sem comentários. pretensos cânticos em que Nosso Senhor ora é comparado a "um atoa" (sic), ora a um "viciado". É a blasfêmia que vai grassando impunemente nos ambientes progressistas, onde o Santíssimo Nome do Redentor é conspurcado para favorecer a meta da subversão. 1. "Seu nome é, Jesus Cristo e é analfabeto / E vive n1endigando um suben1prego / E a gente quando 9 vê diz é 11111 atoa / Melhor que trabalhasse e não pedisse" (VL, p. 10). 2. "Seu no,ne é Jesus Cristo: é u,n joven, senr rumo e formação. desorientado, sem capacitação, de• socupado. frustrado, entregue à droga. viciado" (Vl:, p. 38).

Por fim, encontramos formulações que parecem até insinuar o assassinato, como meio de libenação: "O seringueiro com sua faca de seringll / se libertll11do das garras de seu patrão"... (VL. p. 37).

• • • Ante tal avalanche comuno-progrossista, o que fazer'/ Resposta adequada e oportuna encontramos na obra do Prof. P línio Corrêa de Oliveira, "Tribalisnro Indígena, ideal ,·omu110-missio11ário para o Brasil 11o·século X X r·. Editora Vera Cruz. 1979, 7.• edição, p. 20): "Resista, brasileiro. a 11re11os que tenha nrorrido enr sua alnra o fibra do cristão e do desbravador dos outros ll!nlf)O.t ."

Jackson Santos

IIAfÇl:.~.CISMO CAMPOS -

ESTADO 00 RIO

Dlmor: Paulo Coma do Brito FIU.o

Oltttorla: Rua dos Goi1acau:s, 197 • 28 100 - Campos, RJ. • Admlnil1nçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo, SP • PABX: 221-8755 (ramal 235). Composto e imprcoso na Artprcss - Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Garibaldi, 404 - 0 1135 - São Paulo, SP. "Catolld,mo• t urna publicação mensal da Editora P"4!re Belchior de Pon1es SIC, A,alnatuna anual:comum CrS 1.700,00;coopcrador CrS 2.500,00; benfeitor CrS4.000,00; grande benfeitor CrS 8.000,00; scminarisW e estudantes CrS 1.200,00. Extert0< (via atrea): comum USS 20,00; benfciior USS 40,00. Os pag11mentos, sempre cm nome de Edlton Pad~ ll<l<bl0< de Pontes S/C, poderio sc-r encaminhados à Adminis1ração. Para mudança de endereço de. ass1na~tcs ~ necessário mencionar tam~m o endereço a ntigo. A comspond~ncaa relatava a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à Admlnlslnçlo: Rua Dr. MM11n1co Prado, 171 -

Slo Paulo, S P

CATOLICISMO -

Junho de 1982


a Cidade Branca Tom, da catedral de Sucn,

O ALTO DA TORRE centenária, os quatro Evangelistas e os doze Apóstolos divisam o horizonte. lfmpido das serranias andinas. A seus pés, a catedral de estilo colonial espanhol, junto à praça central da cidade. Outras torres de igrejas próximas prestam vassalagem à primeira, suserana: São Miguel, São Francisco, São Domingos. São Felipe Neri, Santo Agostinho, La Merced, São Lázaro... e tantos outros edificios religiosos, em sua maioria exemplares preciosos da arquitetura dos séc.ulos XVII e XVIII. Entre eles, o antigo conve_nto franciscano de La Recoleta, os mosteiros de Santa Teresa e de Santa Clara. A leste, duas montanhas elevamse acima dos 2.700-2.800 metros de altitude em que se situa a cidade. São os montes Churukclla e Sicasica, dos quais nascem quatro vertentes cujas águas encaminham-se para direções opostas, precipitandose através de gargantas e va.les, rumo aos rios Grande, Mamoré, Madeira e Amazonas, pelo norte; e aos rios Pilcomayo, Paraguai, Paraná e da Prata, ao sul. Estendendo-se a partir daqueles montes em suave declínio divisor de vertentes, Sucre, a Cidade Branca da América, conserva em todo o esplendor seus monumentos do passado.

D

Que passado? Se aquelas estátuas dos Evangelistas e Apóstolos pudessem falar, elas saberiam melhor que ninguém discorrer sobre ele. Pois a história dessa cidade-monumento da América Hispânica, capital constitucional da BoHvia, não está alheia aos planos divinos para este Continente. Planos divinos, sim. Por que não admiti-lo, ao menos hipoteticamente? Se a Divina Providência quisesse premiar Espanha e Portugal pela árdua reconquista da Península Ibérica aos mouros, não seria natural que lhes concedesse como dádiva as terras americanas? Ou será mera coincidência o fato de Cristóvão Colombo, a serviço dos Reis Católicos Fernando e Isa-

bel da Espanha, ter descoberto o Continente americano no mesmo ano em que os soberanos reconquistavam Granada, o último reduto muçulmano? Colocando a parte o orgulho e a ambição humanos, a realidade aflora com clareza: a América Latina, e de modo especial a América do Sul, conserva a mais profunda uriidade religiosa e cultural, graças aos cristianíssimos ideais que moveram sua colonização. Ideais tantas vezes maculados, é verdade, pela miséria humana. Mas ali estão os Apóstolos e Evangelistas, como a dizer: - • Assim como as águas destas vertentes banham os mais longín-

mo então se chamava a cidade, tornou-se sede episcopal em 155~. Sete anos mais tarde, ali também se instalava a Real Audiência, transformando-a no mais importante centro urbano andino ao sul de Cuzco. Em 1609, a Santa Sé a elevava à categoria de arcebispado, passando a se~ a sede metropolitana da mais extensa província eclesiástica da América do Sul de então. E em 1624 Charcas ganhava la Mayor Real y Pontifícia Universidad de San Francisco Xavier. Com a descoberta das minas de prata, a cidade passou a chamar-se La Plata. E durante a época da · independência boliviana era mais À direita: o campaMrio de Igreja de Slo Uxaro ep,... senta caracterf1~

ticaa do chamado eatllo jeaultico

A eaquerde: dpica ret-idlncia

1ucrense, com teu• balcões

quos rincões do Continente sul-americano, dia virá em que uma abundância especial das graças de Deus, por meio de sua Mãe Santíssima, Medianeira universal, será concedida a essa região, donde se irradiará para perfumar o resto do Continente". É à luz de um destino providencial que convidamos o leitor a contemplar a Cidade Branca da América.

Cidade Branca... assim chamada pela alvura de seus monumentos como pela nobreza de sua raça. Fundada em setembro de 1538 pelo Marquês de Campo Redondo, Dom P.edro Anzures, Charcas, co-

À direita: ertlatlco púlpito dourado de l9reja de Slo Miguel

conhecida como Chuquisaca (do guêchua Choque-choca: "montanha de prata"), nome atual do departamento do qual é capital. A denominação hodierna homenageia o general venezuelano que foi o primeiro presidente da Bolívia republicana, de 1824 a 1826.

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Com seu clima particularmente agradável, suas ruas habitualmente limpas e bem cuidadas, sua harmo-

Cüpulea e to.,... de majeatou Igreja de Slo Felipe Neri

CATOLICISMO -

Junho de 1982

niosa praça central em forma de diamante, Sucre atrai ainda por seu conjunto arquitetônico. O palácio do governo, construido em princípios do século passado, sobressai junto à catedral, como um pitoresco "bolo de noiva". A Casa da Liberdade, na mesma praça principal, agrada por sua fachada hispânica, seu portão de ferro rendado, seu pátio interno com chafariz e a primitiva Capela Geral dos jesuitas, hoje Câmara dos Deputados, mas sem uso efetivo. A maioria dos solares sucrenses apresenta seu claustro, ajardinado ou não, onde as famílias costumavam outrora passar suas horas de lazer sem ter que sair à rua. Lanternas, balcões e grades de ferro batido concorrem para a decoração sucrense com duas qualidades harmonicamente opostas: delicadeza e força. Além da influência espanhola, destacam-se na paisagem urbana ediflcios de estilo francês. Até 1952, quando uma Reforma Agrária socialista e sangrenta empobreceu as familias mais abastadas sem enriquecer as mais pobres, Sucre ainda conservava em muito o antigo esplendor social. A elite da cidade podia então assimilar em Paris ou Madrid a cultura e estilo de vida europeus. Talvez como saudosa rcc-0rdação, a população da cidade vê hoje com carinho o Parque BoHvar, onde se encontram miniaturas dos principais monumentos da capital francesa: é a "Petit Paris", como chamam o lugar. Quatro museus reúnem as principais obras de arte da antiga La Plata: La Recoleta (no convento

franciscano, junto ao marco de fundação da cidade), o Museu da Catedral, o Museu da Universidade e outro no Mosteiro de Santa Clara. No primeiro, além de numerosos quadros e esculturas de valor, destacam-se as estalas do coro da capela conventual, primorosamente entalhadas por artistas locais. Na catedral venera-se a riquíssima eflgie de Nossa Senhora de Guadalupe, recoberta de ouro e pedras preciosas. e no museu anexo ao templo encontram-se - como nos demais - peças de grande valor artístico ou histórico. A prestigiosa e antiga universidade. por sua vez, possui, afirma-se, uma das melhores bibliotecas do Continente. Na Sexta-Feira Santa, Sucre inteira sai às ruas para a procissão do Senhor Morto. A participação de tropas do Exército com seus fuzis confere ao ato de piedade uma força varonil que se reflete até na postura dos membros das irmandades religiosas. É um resquício da antiga aliança entre Igreja e Estado, entre o religioso e o temporal, que o laicismo há muito destruiu em quase todo o mundo. No Domingo de Páscoa, como em outros dias de festa ou mesmo em domingos comuns, a banda de música do Liceu Militar alegra a manhã com seus trinados, executando pitorescas marchas e dobrados na praça central. Forma de lazer que as megalópolis contemporâneas quase não têm mais ocasião de apreciar.

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Contando mais de 85 mil habitantes, Sucre ainda representa em nossos dias importante papel como centro político, intelectual e estudantil. A vitalidade moderna, entretanto, não satisfaz seu destino histórico. Dir-se-ia que os pátios silenciosos de seus solares esperam uma época futura que lhes comunique outra vida. As portentosas igrejas e claustros abarrotados de preciosas obras de arte parecem recusar-se ao papel de mero~ museus. Os campanários veneráveis, testemunhas de séculos de história, estão emudecidos, mas atentos a um retomo triunfante da tradição católica, que tantos esqueceram. Retomo e triunfo, no entanto, que não se realizarão, por certo, antes de muita luta e - como foi predito na Mensagem de Fátima da própria intervenção de Maria Santíssima na história humana, sem a qual nada conseguiria escapar ao tufão · revolucionário que devasta o mundo moderno. 7

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.{IA!OJLICXSMO - - - - -- - -- - - -- - *

Luta de classes insuflada na Dioces·e de Lins D. LUÍS COLUSSI, Bispo diocesano de Lins, reagiu com indignação an1e a recen1e-denúncia formulada por 'dezoito prefeitos da região noroeste do Estado de São Paulo, contra •a atuação dos párocos de conduta marxista" em sua diocese. - "Quero deixar claro - declarou ele - que estou absolutamente tranqüilo acerca da acusação de que há pregação comunista. Conheço muito bem o meu Clero e estas acusações não me atemorizam absolutamente e nem me preocupam(... ). As portas da diocese estão abertas para que venham verificar[ ... )" (cfr. "O Es1ado de S. Paulo". 18-5-82). Duas semanas mais tarde, o Prelado afiançaria que percorrêu durante um ano inteiro as con1unidades e paróquias de sua diocese e nunca presenciou pregações de caráter marxista: "Eu convivi com os sacerdotes, percorri a região. Pode haver algum

desentendimento, mas não existem padres com atitudes e pregações marxistas" (cfr. "Folha de S. Paulo", 3-6-82). . Garantias que a um espírito desprevenido poderão soar como a demonstração irrecusável de que pouca coisa há de mais extravagante do que discernir marxismo na atuação de certos eclesiásticos. Os fiéis da Diocese de Lins. contudo, possuem a seu alcance provas do contrário: são os folhetos "Todos Irmãos", para o acompanhamento da Missa. largamente distribuídos nas igrejas locais. Deles, por assim dizer, transborda,n o incitamento à luta de classes e a ânsia das reformas de cunho nivelador e igualitário, confor,ne o leitor poderá comprovar mediante alguns exen,plos, ~elecionados dentre os folhetos mais recentes.

progressistas, eufemisticamcnte qualificados como "Igreja".

Reforma Agrãrla: panacéia progressista Entre os temas que a esquerda católica mais repisa figura a Reforma Agrária. Sempre com a mesma fal!a de argumentos, de dados e de Monumento

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Missas dominicais, na Diocese de Lins (SP), cujo Bispo é D. Luís Colussi, d1stnbui-se aos fiéis um-folheto. Seu nome: "Todos Irmãos". Sua orientação: virulentamente comuno-progressista. Exporemos aos leitores apenas alguns exemplos significativos desse tipo de literatura que, obviamente, em pouco tempo pode envenenar o espírito dos fiéis, extirpando de suas almas a fé, ao mesmo tempo que nelas instila o veneno marxista.

Flscallzaçlo de autoridades Como "tema de reflexão", durante a celebração da Missa, pede-se não somente a fiscalização da ação policial, mas propõe-se ainda uma ação de controle mais ousada: "Esta ação de fiscalização deve se estender também ao pron101or e ao juiz" (folheto citado, n.0 12, 31-1-82). Em todos os países civilizados sempre se considerou que a liberdade do Poder Judiciáno de julgar segundo a lei é condição básica para assegurar os direitos dos indivíduos. A partir do momento em que promotores e magistrados fossem "fiscalizados" por uma facção, ter-se-ia institucionalizado a tirania desta sobre toda a nação. Tanto mais que o folheto afirma que tal controle das comunidades sobre os juízes e promotores visa "forçá-los a agir e,n benefício do população". Ora, quem iria definir o que é "benefício da pop11lação" e o que não é? Evidentemente, os "fiscais" saídos das comunidades de base. E note o leitor que não se trata simplesmente de aconselhar ou sugerir, porém trata-se explicitamente de forrar. É a pregação de claro despotismo sobre a polícia e o Poder .Judiciário. Apenas sobre eles? Não. Logo em seguida, as "piedosas" "reflexões'' generalizam sua ânsia de fiscalização, conclamando o povo a que se organize para "forçar as autoridades a agir em benefício comum" (idem, ibidem).

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todos os demais que possam ser noe E1tado1 incluídos na designação pejorativa e mait de.envolvi· vaga de "os grandes". Merece ser doe. como ae eles fo1Nm menoe ressaltado aqui o ultraje que reprecapezes sentam para o Santo Sacrifício tais que 01 antigos manifestações de espírito de revolta deabravadôre1. e subversão, incitadas pelo texto que estamos analisando. Ele reflete bem o espírito do progressismo. Na parte final do "ato penitencial", não se pede perdão pelos pecados que a doutrina moral da Igreja enumera, mas o fiel deverá se penitenciar por atitudes e atos mais próprios a figurar numa "autocrítica" de um marxista recém-"convertido" ao credo vermelho, diante dos "camaradas" de sua célula comunista: "Eu peço perdão porque tenho a cabeça originalidade. Veja-se, por exemplo, de rico e critico a Igreja quando a seguinte afirmação bombástica defendo os posseiros, os "sem terra", que se encontra no boletim domínios operários. os desempregados" (i- .. cal n.• 7. de 1.º- 1-82, citando um dem. ibidem). , documento da CNBB. "Confli10 de ·, Posta de lado a ridícula acusação Terra": "Não se pode compreender de ter "o cabeço de rico" (o que que, nun, pois con, tanta terra como significa isso concretamente?), note- o Brasil, não exista terra poro os se como insensivelmente procura-se lavradores. enquanto uma quontidomudar a mentalidade dos fiéis quan- de imensa de ,erras não cultivadas to à noção de pecado. Este não ficam nas mãos de poucos e podeconsiste mais em violar os Manda- rosas mãos". mentos da Lei de Deus ou da Igreja, !, falso que não exista terra para mas em criticar as iniciativas dos os lavradores. Os que queiram de

ciatura Apostólica em Brasília e ao Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns. Essa informação nos foi transmitida pelG Presidente da AMRU, Sr. José Maria de Barros Arruda, Prefeito de Valparaíso. Eis os tópicos principais do mencionado documento: "Requeiro ao ilus1re presidente da AMRU, após ouvir o douto Ple11ário. para que esta associação

Outro número do folheto ostenta na parte destinada ao "ato penitencial" claro incitamento à luta de classes: "Os grandes dão um jeito de afastar e derrotar as pessoas que defendem os pobres. Para isso até usan, calúnias, usam leis mal aplicadas ou leis mal feitas" (n. 0 8, 3- 1-82). E para que a luta de classes desça· ao caso concreto, os autores do folheto da Diocese de Lins apresentam, logo após o trecho acima transcrito, a seguinte incitação dirigida ao público presente: "Quem puder dar um exemplo dessa perseguição dos grandes em cimo das pessoas que queren1 colaborar com o .libertação do povo, pode dar e aplicar para a comunidade" (idem, ibidem). Fica pois aberta a possibilidade de, em plena Missa, alguém previamente treinado ou não - vir a exiravasar seu ódio contra as autoridades, contra os ricos, os patrões e

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vigério. Pe. Vicente McOevit. foi um doa ·princip,aia cauoadores do protesto de dezoíto prefeíto1 da reg'6o noroeste do E11ado de Slo Paulo. contn, a ~ítaçlo

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Eis aqui mais um "te,na de reflexcio" que o boletim "Todos Irmãos" apresenta para durante a Missa. O desenho e o texto constam do folheto n. 0 17, de 7-3-82.

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recente livro "Sou Católico: posso ser contra a Reformo Agrária?" (Editora Vera Cruz, São Paulo, 3.• edição, 1981 ). Ao referir-se à posição que a CN B8 assume a respeito da Reforma Agrária no documento "Igreja e problen,os do terra" (IPD, o insigne pensador católico faz uma observação que se aplica inteiramente ao trecho acima citado, extraído do boletim da Diocese de Lins: "OI PT não traz provas suficientes do que ofir,110 sobre a realidade

Dezoito prefeitos pedem intervenção de João Paulo li em Lins

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permenecer Indefinidamente

Novo Mandamento: "Não crltlcarãs o progressismo"

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Para certoa

FOI APROVADO por unanimidade de votos de dezoito prefeitos, na Associação dos Municipios da Região de Urubupungá (AMRU). requerimento do Sr. Edmon Alexandre Salomão, Prefeito de Andradina, solicitando a João Paulo II intervenção na Diocese de Lins. devido ao marxismo que se nota no Clero local. O requerimento, acompanhado de oficio, foi enviado no dia 2 de junho último à Santa Sé, à Nun-

.. Amor ou métodos violentos

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tanto. 01 colonoa atuai, devem

ARA o acompanhamento das

nacional. Omite, ade,nais, o recurso imenso que são. poro resolver o problen,a agrário, os ci11co ,nilhões de quilô,netros quadrados de ,erras i11cultas (terras devolutas). das quais o Poder público é o latifundiário improdulivo. Não é lícito suprimir direitos cer/os. co,110 os dos atuais proprie1ários. co111 base em alegações de facto 1n11i1as delas i11certas. outras te11de11ciosas. e outras. enfim. cla111oroso1ne11te erradas" (pp. 92-94).

fato trabalhar e não fazer agitação, podem, cm certas áreas do Pais, obter terras do Estado. e assim continuar a expandir o Brasil dentro de suas fronteiras. Como o fizeram nossos ancestrais que, no passado, desbravaram o território inculto. Baste-nos. aliás. citar a respeito as luminosas palavras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. em seu mais

vída pela eoquerda díta cat611ca

envie urgen1emente ofício o Suo Sa11tidade o Papa João Paulo li. p edi11do providências i111ediatas e a co11seqiíe11te intervenção no Diocese de li11s, Estado de São Paulo. 1endo em vista a atuação dos párocos de conduta 111orxis1a, através de uma linha pastoralprogressi.wa, dec/oradon1e11te con, pregações que insuflam en,pregodos contra em· pregadores, com distribuição de folhe1ins prega11do 6dio, desar11ro11ia, incompreensão pera111e os fiéis católicos que para lá vão, desejando participar da liturgia, e111 busco de conforto espiritual na Universal Igreja Católico, Apostólica Ro111ana. falos esses que tên, provocado indignação generalizada nos católicos e, por extensão, e111 todo o opinião pública. Ressolte-se no mes,no docun,ento a atuação de ex-padres. hoje casados, qul! ocupo111 posição de liderança nos paróquias. a exemplo do IAJES - Instituto Administrativo Jesus Bon, Pastor, de Andradi11a, que recebe verbos da Hola11da e A len1011ha. que 1ieveria111 ser aplicados em programas de pro,noção humano e que as usam paro pogamen10 de equipes de catequese, com fins e111ine11ten1ente políticos e que fazem a apologia da contestação contra as autoridades co11stitui(/as. [ ... ]" O requerimento, datado de 15 de maio de 1982, é, como se vê, bastante eloqüente.

''Olhemos bem afigura. Algué,11 quer ser 111ais que os outros e usar os outros como se fossem escravos. Para ser ir,não do opressor, devo tirá-lo dessa si1uação pois. e11quo11to ele estiver lá e11cima. o ,nol-estar de 11111a situação iJ,justa no nwndo vai continuar. Eu o ornarei e serei bon, poro ele. tirando-o de lá, n,es1110 que ele não queira e resis10", Note o leitor, inicialmente, a visão que se procura inculcar a resp'Cito das relações sociais hoje em dia. A figura diz tudo: sentado numa charrete um homem gordo. bem nutrido, aparentando ser rico, utiliza-se de um pobre coitado. magro e faminto. como burro de carga para puxar o veículo. Enquanto o magnata chicoteia o miserável, este parece estar no último grau da exaustão. A partir dessa visão falsa da realidade, os autores do folheto tiram as conclusões mais extremadas. quais sejam as de que se deve arrancar à força de sua situação (",nesmo que ele não queira e resista') o indivíduo explorador que é assim representado. Quem é ele? O proprietário, o comerciante, o industrial, enfim todo aquele que não exerce um trabalho diretamente manual ou não é padre progressista. O operário que, por seu esforço e trabalho. conseguisse montar uma oficina ou uma pequena casa de comércio e tivesse empregados a seu serviço, já cairia sob as iras dos autores do folheto. Convém salientar também o farisaísmo com que se qualifica de amor essa pregação violenta da luta de classes. Mas, talvez o mais incrível consista no fato de uma situação tão absurda como a sugerida pelo desenho ser apresentada no folheto como sendo generalizada: uma situação social! O folheto prossegue: ".... e11q11a11to algunr se convertem, as partes da sociedade que se beneficiam do atual situação vão procurar, até com o força, defender seus in1eresses. Assin1 o situação de .opressão continua. É por isso que nosso a,nor nos leva o procurar agjr ta1nbé111 11a sociedade. na política. 110 vida pública, poro mudar f1 si1uação social" (idem, ibidem). Eis como são as Missas na Diocese de Lins. Serão somente em Lins? Em quantos lugares deste nosso vasto Brasil - e de todo o mundo - aberrações análogas se repetem ... Com efeito, estes últimos trechos que transcrevemos do folheto "Todos Irmãos" encontram-se.num contexto que termina com a seguinte referência: "cfr. CNBB. Texto Base n.• 3.2.3, C". O folheto leva-nos peis a supor que é a própria CNBB que difunde por todo o País textos que servem, pelo menos de inspiração, para redigir tais boletins oficiais - o que parece até absurdo admitir - de uma Diocese. E isto com vistas a auxiliar os fiéis a assistirem o Santo Sacrifício da Missa!

Cid Alencastro


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N.0 379 -

Julho de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Repercute no mundo inteiro a Mensagem das TFPs =---

M ENSAG EM das treze TFPs "O socialis,no a111ogestionário: en, vista do co,nunis,no, barreira 011 cabeça-de-ponte?", de autoria do PROF. Pt.11-110 CoRR€A DE OuvE1R,,, jâ é do conheci mento de nossos leitores. "Catolicismo" (n.•s 373-374, de janeiro-fevereiro de 1982) transcreveu essa profunda, meticulosa e extraordinária a nálise do programa do Partido Socialista francês. Ficamos, porém, de apresentar um quadro de sua repercussão em âmbito internaciona l. Decorridos mais de oito meses desde o seu lançamento cm 9 de dezembro do ano passado pelas páginas de "The Washi ngton Post" e do "Frankfurter Allgemeinc" - e estando ainda a campanha da Mensagem em pleno curso - já se pode, entretanto, voltar para trás o o lhar e fazer um levantamento do quanto se atuou e dos êxitos alcançados nesse período. O efeito imediato da Mensagem foi certamente o impacto desconcertante que provocou nas fi leiras das esquerdas em todo o mund o. Dificilmente seriam elas capazes de co nceber um lance de tal a udácia e envergadura efetuado por católicos e anticomunistas. Mas, refeitos algum tempo depois da primeira reação - por isso também a mais

Prof. Plínio Corria de Oliveira. Pretidente do CN da TFP brasileira e Autor da Mens,a gem

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espontânea e autentica - , uma co-

mo que palavra de ordem veio impor o silêncio sobre o monumental documento. . A Mcnsa~em, contudo, prosseguiu seu traJeto: ao todo em 46 jornais dos maiores do Ocidente foi ela publicada na íntegra, e 23 o utros estamparam um resumo de página inteira, intitulado .. Socialis1110 auto-

Durante campanha realizada no centro de Paris, jovens cooperadores da TFP francesa reúnem-se diante da estátua de Carlos Magno existente na praça

defronte à Catedral de Notre-Dame. Não obstante os esforços dessa

valorosa entidade. a publicaçio da Menu1em das TFPs por meios de

comunicaçlo soch1l dos maiores em todo o Mundo Livre. na França ela ainda não atingiu o grande público, em virtude de presu· mfveis pressões do governo socialista de

Mitterrand sobre os órgios de impren.sa do pafs.

ges1ionário: hoje. França - amanhã. o 1>11,11dot·. elaborado pelo PROi'. P1.1N10 CORR~A OE 01.1ve1RA. Somam tais órgãos de imprensa vários milhões de exemplares de tiragem. nos cinco Continentes. Em conseqüência dessa difusão. uma correspondência impressionante começou a aíluir de todas as partes às Sedes é Bureaux das TFPs pelo mundo. São pessoas que pedem mais exemplares da Mensagem para distribuí-la a conhecidos. Outros desejam obter informações sobre o Autor da Mensagem e sua obra. Ou-

tros ainda, escrevem para manifestar solidariedade e expressar sua intenção de entrar cm contacto com a TFP. Ascende no momento a 12 mil o rotai de comun'~~ções postais recebidas (e elas continuam a chegar), provenientes muitas delas de lugares onde a Mensagem nem sequer fora publicada. Nas páginas 4 e 5, o leitor encontrará um histórico - forçosamente muito sintetizado - desse documento épico. até o presente.

O número de julho de "Catolicismo" já estava inteiramente pronto quando novo lance foi empreendido

na campa nha da Mensagem. E este foi de tal porte que - dir-se-ia ombreia só ele com tudo q ua nto o precedeu. Não nos será possível aqui senão enunci:\-lo suma riamente. A partir de agosto estará começando a circu lar nas revistas do "Reader's Oigcst" (no Brasil, "Seleções") um resumo da Mensage m, onde é apresentado cm largos traços o pensamento nela contido. bem como no Comunicado " Na França: o punho estra11g11/a,ulp a rosa"(reproduzido em "Catolicismo" n.• 376, de abril de 1982). recomendando aos leitores q ue o desejare m a escrever solicitando a integra dos documentos. O mencionado resumo figurará nas edições do "Reader's Digcst"

dos seguintes países: África do Su l, 1lemanha (que circu la ta mbém na Austria), Argentina, Austrália, Bélgica (cm ílamengo é francês), Bolívia, Brasil, Canadá (inglês e francês}, Chi le, Colômbia, Dinamarca. Equador, Espa nha, Estados Unidos (em Chicago e na edição em língua espanhqla para os EUA), Grã-Bretanha. lndia (edição cm inglês), Irlanda, México, Noruega, Nova Zelândia. Paraguai, Peru, Porto Rico, Portug~l, S uécia, Suíca (em francês e a lemão). Uruguai e Venezuela. Aparecerá também na edição c m espanhol para a América Central, na edição cm árabe para os países á.rabes do Oriente Médio e norte da África, e na edição cm inglês para as nações do Extremo Oriente. Todas essas edições perfazem mais de dez milhões de exemplares, atingindo partes do globo ainda não alcançadas anteriormente. À vista da difusão da Mensagem do PROF. P1.1N10CORRtA oE01.1vE1RA, vem-nos à mente o salmo com que o Rei Davi louvava jubiloso ao Criador: "Seu so111 este11de-se por toda a terra, e suas palavras se fazem ou vir até às extremidades do n111ndo" (Ps. XVIII, 5).

A TFP prevê, os fatos confirmam

CENA DE GUERRA nas Ilhas Malvinas, no início da conílagração. Um hangar arde ao fundo, atingido por bombas, sob as vistas dos soldados no pnmeiro plano. Um povo da América do Sul - região do globo que as duas últimas grandes guerras mundiais pareciam ter afastado do cenário dos embates sangrentos, fazendo-a sentir-se especialmente preservada por uma campânula de pat - vê-se de súbito ati rado na tragédia da guerra. Conílito, entretanto, deílagrado não contra a Rússia ou algum outro país do bloco comunista, naturalmente hostis ao Ocidente, mas que envolveu duas nações de aquém-cortina de ferro, no desenrolar do qual frincharam-se as alianças do bloco não-comunista e perderam-se valiosos armamentos destinados à defesa do Mundo Livre. Situação tanto mais dramática, pois criaram-se perigosas condições para uma inter-

venção direta da Rússia, sob pretexto de ajuda militar à Argentina. Portanto, qualquer que fosse o curso dos acontecimentos, o Ocidente só poderia perder nesse conílito, e a Rússia não deixaria de auferir grandes vantagens. Ao fim das hostilidades de parte a parte, no Atlântico Sul, começaram a surgir na imprensa rumores do despertar de outras antigas pendências territoriais em nosso Conti nente. E elas são realmente muito numerosas. De momento, contudo, uma relativa normalidade voltou apredominar nas relações internacionais do mundo hispano-americano. O contraste entre essa normalidade (a que existia, aliás, até bem pouco antes da guerra· nas Malvinas) e a tensão e expectativa cm que viveram os povos sulamencanos durante cerca de dois meses, suscita no espírito uma interrogação: qual o sentido profundo de tudo isso? Página 3.

EM VISTA da atitude "de vanguarda" espa ntosa que, cada vez mais, vêm assumindo vastos setores do Clero na ofensiva esquerdista em nosso País, "Catolicismo" publicou em sua edição de junho p.p. alguns fatos sintomáticos da amplitude de tal investida eclesiástica . . Face a essa triste situação - que chega não raras vezes a limites difíceis de se imaginar - poderia a atitude do católico fiel ser a do desconcerto ante o inesperado? Sob certo ângulo sim, pois é terrível conceber essa degringolada do elemento humano na Esposa Mística de Cristo. De outro lado, contudo, não faltaram nas últimas décadas insistentes brados de alerta, indicando o ponto terminal onde desfecharia a tremenda crise. Como complemento à matéria publicada em seu número anterior, "Catolicismo" julga oportuno apresentar uma resenha de avisos clarividentes nesse sentido, verdadeiras previsões do atual estado da Revolução igualitária. A bandeira desta está agora em mãos de forte ala eclesiástica, eivada de marxismo. Trata-se de alguns textos extraídos dos livros do PROF. PL1N10 CORRtA DE OLIVEIRA, os quais alcançaram grande repercussão nacional (não estão citados aqui os artigos de jornal e manifestos públicos, que ultrapassam a casa dos 2.50-0 títulos). Obra doutrinária impressionante, onde o Autor faz jus ao elogio de

que foi objeto um de seus principais ensaios. por parte da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades: "É 11111 eco fidelíssimo de todos os Documentos do supremo Magistério do Igreja". Mas ele é também o atalaia solerte que de longe vê o perigo se aproximar enquanto quase todos dormem, e o clínico sagaz que diagnostica a doença des(/e seus primeiríssimos sintomas, quando a vítima ainda se imagina saudável. Expressão disso são os

textos transcritos na página 2, em que, desde 1943, o então Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo, hoje Presidente do CN da TFP, alerta a opinião pública para o perigo que, cm nossos dias, está perforando os olhos dos mais renitentes otimistas, e dos '"moderados" mais radicais ... Na foto, campanha da TFP no centro de São Paulo, contra a Reforma Agrária preconi1.ada pela CNBB.


Há 40 anos a TFP prevê, informa, alerta:

O comunismo quer conquistar a opinião católica HÁ 40 ANOS o PROF. PUNJO CORRtA DE0LJYEIRA, Presidente do CN da

TF P, ven1 alertando os brasileiros para os embustes do "socialismo cristão". "Catolicis,no" - que em sua edição. anterior apresentou fatos caracterfsticos da agitação eclesiástica ern nossos dias - reproduz aqui alguns trechos das obras do grande pensador católico.

1943 Em Defesa da Ação Católica Ediwra Ave Maria, São Paulo, 1948

Os falsos refonnadores da Igreja • É óbvio que, pondo em circulação semelhantes idéias [de que a graça de Deus dispensa a mortificação], com que ousam "reformar", ser-

vidos por seus métodos de propaganda eficacíssimos, o conceito da piedade cristã e uma de suas mais salientes características, que é o amor ao sofrimento, tais elementos da Ação Católica causam, ainda que sem o saber, um mal muito maior à Igreja do que irúmigos declarados; e precisamente por isto, a eles se aplica o que dos moderrústas disse Pio X: "Falamos, veneráveis irmãos, de 11111 grande nún1ero de católicos leigos .... que, sob pretexto de amor à Igreja, absolutam ente faltos de filosofia e teologia sérias, i111pregnados. pelo contrário, até a medula dos ossos, de erro .... se colocam, violando, assim. toda a modéstia, como renovadores da Igreja" (Pio X, Enc. citada). (pp. /03-104)

Como ninguém ignora, o termo "socialismo" servia de denominador comum para todas as correntes sociais antündividualistas, que iam desde alguns matizes nitidamente conservadores até o comunismo. Assim, dado que Leão XIII se manifestou radicalmente antiindividualista, a expressão "socialismo católico" abria um "terreno comu,n" entre todas as doutrinas antündividualistas e a Igreja. Do ponto de vista da política dos panos quentes, a expressão era tanto mais vantajosa, quanto não comprometia as relações entre católicos e individualistas, já irremediavelmente rotas, em conseqüência de atitudes anterioOo preabitério da Igreja da

polltica religiosa de certos governos comunistas, vem dando lugar a perplex.idades, a divisões e até a polêrrúcas. Segundo o seu nlvel de fervor, seu otirrúsmo ou sua desconfiança, muitos católicos continuam a achar que a luta à outrance permanece a única atitude coerente e sensata perante o comunismo; mas outros pensam que mais valeria aceitar desde logo, e sem maior resistência, uma situação como a da Polônia [ ...). Entre estas duas correntes, começa a se formar uma i.mensa maioria desorientada, indecisa e, por isto mesmo, menos preparada psicologicamente para a luta do que estava até há pouco. Se este fenômeno de debilitação na atitude anticomurústa se produz em pessoas inteiramente infensas ao marxismo, quão natural é que seja mais intenso nos chamados católicos de esquerda, cada vez mais numero-

sos, os quais, sem professar o materialismo e o ateísmo, simpatizam com os aspectos econômicos e sociais do comunismo! (pp. 46-47)

t lmposslvel a coexistência pacifica da Igreja com o comunismo

• Para arúquilar as vantagens que, no Ocidente, o comunismo jã vem alcançando com seus acenos de uma certa distensão no terreno religioso e social, é importante e urgente esclarecer a opinião pública sobre o caráter infrinseca e necessariamente fraudulento da "liberdade" por ele concedida à Religião, e sobre a impossibilidade da coexistência pacífica de um regime comunista - ainda que moderado com a Igreja Católica. (p. l 19) (•) A primeira edição desla obra veio a Jume cm 1963. sob o titulo: ''A libtrdade do lgrt'jo no Estado comunista".

1

Noasa Senhora da Paz. na V6rzea do Gli· c4rio, um orador fala a vlgilantea banc6-

rioa em greve, Igreja, da Slo Paulo.

algum tempo atr61, aervirem

de palco a manifeetaç:6ee grevietae

de ri ri~• categ_o·

,,., profle.e.ionaie.

Nascimento do "socialismo cat61ico" • Um curioso exemplo do perigo que a Santa Sé considera nesta tática de pôr em constante relevo as analogias existentes entre a doutrina católica e os fragmentos de verdade, que se encontram em todos os erros, nota-se na proscrição expressa e radical da palavra "socialismo católico" feito pe· lo Sto. Padre Pio XI, na Encíclica "Quadragesimo Anno".

res da Santa Sé. Pio XI. entretanto, rompeu com este termo ambíguo e o proscreveu pelo mau sentido que se lhe poderia atribuir, causando com isto evidente surpresa aos muitos partidários dos panos quentes. (p. 222)

19 59 Revolução e ContraRevolução "Catolicismo" n.0 100, abril de 1959 • É certo que tais obras [obras de caridade, serviço social, assistência social etc.] podem aliviar, e em certos casos suprirrúr as necessidades materiais geradoras de tanta revolta nas massas. Mas o espírito da Revolução não nasce sobretudo da miséria. Sua raiz é moral, e portanto religiosa (cfr. Leão XIII, Encíclica "Graves de Communi", de 18-1-1901 - Bonne Presse, Paris, vol. VI, p. 212). Assim, é preciso que, nas obras de que tratamos, se fomente, em toda a medida em que a natureza especial de cada uma o comporte, a formação religiosa e moral, com especial cuidado no que diz respeito à premunição das almas contra o vlrus revolucionário, tão forte em nossos dias. (Parte li- Cap. XI./, A)

Um perigo maior do que a doutrinação marxista • Uma ação ideológica anticomunista deve visar, junto ao grande público, um estado de espírito muito difundido, que dá a miúdo aos próprios adversários do comurúsmo certa vergonha de se voltarem contra este. Procede tal estado de esp!rito da idéia, mais ou menos consciente, de que toda desigualdade é uma injustiça, e que se deve acabaf, não só com as fortunas grandes, como com as médias, pois se não houvesse ricos também não haveria pobres. [ ...] Daí nasce uma mentalidade que, professando-se anticomunista, entretanto a si mesma se intitula, frequentemente, socialista . Esta mentalidade, cada vez mais poderosa no Ocidente, constitui um perigo muito maior do que a doutrinação propriamente marxista. Ela nos conduz lentamente por um declive de concessões que poderão chegar até o ponto extremo de transformar em repúblicas comurústas as nações de aquém..:ortina de ferro. Tais concessões, que deixam ver uma tendência ao igualitarismo econômico e ao dirigismo, se vão notando em todos os cam2

pos. [... JE ao mesmo passo que o dirigismo igualitário vai assim transformando a economia, a imoralidade e o líberalismo vão dissolvendo a família e preparando o chamado amor livre. Sem um combate especifico a essa mentalidade, ainda que um cataclismo tragasse a Rússia e a China, o Ocidente dentro de 50 ou 100 anos seria comunista. (Parte l i - Cap. XI./, B)

1 9 6 O Reforma Agrária - Questão de Consciência Ediwra Vera Cruz, São Paulo, 1962, 4.• edição

A Refonna Agrtrla é contra a familia e a Igreja • A sede de igualdade, que devora em nossa época tantos espíritos, constitui uma paixão desordenada e tem algo de veemente e rad.ical. Ela não se sentirá saciada senão quando tiver levado os erros do igualitarismo coletivista às liltimas consequências. Neste sentido, ela é totalitária. Em principio, as concessões que se fazem às paixões desordenadas não lhes diminuem o ímpeto. Pelo contrário, o alimentam. É por isto que se vê que o igualitarismo, ao qual tantas concessões vêm sendo feitas há muito mais de um século, se mostra hoje mais desabrido e dinârrúco do <l!'e nunca. A implantação de uma Reforma Agrária" daria novo e terrível incremento à paixão igualitária, que tenderia sempre mais impetuosamente ao que [ ...] constitui seu termo liltimo: a abolição da família e da Igreja. (p. /92)

1 9 6 3 Acordo com o regime comunista: para a Igreja, taperança ou autodemolição? (*)

1 9 6 5 DIAiogo e antipatia

Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo Editora Vera Cruz, São Pau.lo, 1974, 5.• edição

Infiltração por melo · de "palavras-talismãs" • Aos poucos, impressões, observações, notas colhidas aqui e acolá, iam criando em nossa mente a sensação de que essa multiforme torção da palavra "diálogo" tinha uma lógica inferna que deixava ver algo de intencional, de planejado e de metódico. E que esse algo abrangia não só essa, mas outras palavras usuais nas elucubrações dos progressistas, socialistas e comunistas, como sejam "pacifismo", .,.coexistência.,, ºecumenismo.,, "'de· mocraeia..:ristã", "terceira-força", etc. Tais vocábulos, uma vez submetidos a análoga torção, passavam a constituir como que uma constelação, em que uns apoiavam e completavam os outros. Cada palavra constituía um como que talismã a exercer sobre as pessoas um efeito psicológico próprio. E o conjunto dos efeitos dessa constelação de talismãs nos parecia de molde a operar nas almas uma transforrnaçãó paulatina mas profunda. Essa torção, segundo se nos tomava claro pela observação, se fazia sempre num mesmo sentido: o de debilitar nos não-<:omunistas a resistência ao comurúsmo, inspirando-lhes um ârú.mo propenso à condescendência, à simpatia, à não-resistência e até ao cntreguismo. Em casos extremos, a torção chegava até o ponto de'trãnsformar não-comunistas em comunistas. (p. 14)

• Com base tanto no receio unilateral e obeessivo de agastar os opositores pela discussão e pela polêrrúca, como na certeza de que pelo diálogo não há quem não se convença, [ocatólico irenista] chega a formar pari passu toda uma constelação de ilnpressões e emoções unilaterais, das quais não mencionaremos senão algumas. São as que se referem ao católico que discute ou polerrúza. Segundo o irerústa, tal católico emprega métodos de apostolado anacrônicos e contraproducentes. [...] Esta i1npressão unilateral cria uma e111oção, uma antipatia contra o apologeta ou o polemista católico, a qual pode chegar até o ódio.[ ... ] Por absurdo que seja, o apologeta ou polemista começa a ser visto com ódio por seu irmão na Fé. Cada vez mais ele vai parecendo a este um católico sectário e descaridoso, e seu "erro" o úrúco para o qual não há mercê. É o tremendo "erro" de ser "ultra-<atólico". Contra a pessoa acusada de tal erro todas as armas parecem lícitas, a campanha de silêncio, o ostracismo, a difamação, os insultos. E para documentar as acusações que se lhe fazem, ludo vale: os indícios mais tênues mais vagos, e até os simples boatos servem de prova.[ ...] Essa dizimação coincide com uma admiração e uma confiança crescentes para com os que estão fora da Igreja. [...] Sua intransigência [do católico irenista], sua energia e sua desconfiança são só para os que, dentro da Igreja, resistem ao clima irênico. (pp. 95-97)

e

1976 A Igreja ante a escalada da ameaça comunista Ediwra Vera Cruz, Sã.o Paulo, 1977, 4.• edição

Ediwra Vera Cruz, Silo Paulo, 1974, 10.• edição

Atitude da CNBB ante a subversão: Inércia? cumpllcldade?

• O problema da fixação de uma atitude dos católicos, e dos sequazes de outros credos, em face da nova

• Não nos detenhamos aqui. Como reage a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil diante desta escanda-

losa explosão do espírito subversivo na pena de um Bispo católico [D. Pedro CasaldáligaJ! Vendo-se tão claramente infiltrada pela subversão, como se defende a Hierarquia eclesiástica brasileira? Resposta incômoda de dar. Pois não consta que a CNBB tenha desautorado publicamente, de qualquer forma, estas poesias [do Bispo de São Félix do Araguaia]. ,Acresee que, como é óbvio, haveriam elas de penetrar em nosso território, nele produzindo efeitos deletérios, uma vez que o idioma espanhol é largamente compreendido entre nós, e algumas são mesmo

em português. Nem pelo menos tentou a CNBB dar a estas poesias uma interpretação - inevitavelmente das mais forçadas - que procurasse enquadrálas na ortodoxia. [ ...J Pelo contrário, a imprensa de todo o Brasil informou a existência de uma tensão, que se vem prolongando ao longo dos últimos anos, entre D. Casaldáliga e o Governo Federal. Foi o suficiente que a tensão tivesse início para que desde logo levantassem a voz, em favor do Bispo, numerosos Prelados, alguns da maior projeção. (pp. 27-28)

Episcopado aliado do comunismo? • Da campanha do Episcopado em favor da melhoria das condições de vida das classes populares, como tem sido feita, tem tirado claro proveito a estratégia comunista. [ ... J Portanto, para não fazer o jogo [do comunismo], seria necessário que o Episcopado acompanhasse sua própria campanha pelas melhorias sociais, com uma campanha contra os princípios e o espírito de revolta do comunismo, ressaltando ao mesmo tempo o princípio da caridade cristã, sem a qual nenhuma solução da questão social é possível, segundo ensina a Igreja. Ora, nada ou quase nada disto tem feito a CNBB. Nestas condições, é praticamente impossível evitar que muitos católicos engajados nas melhorias sociais deixem de ver nos comunistas bons companheiros de luta, e em boa medida até companheiros de ideal. E isso os torna vítimas naturais da propaganda comunista. Começam por sentir-se "companheiros de viagem", formam uma esquerda "católica" impregnada de espirito de revolta e sedenta de reivindicações sociais. E daí chegam a todos os desacertos do socialismo "católico", quando não do comunismo. E assim, através do esquerdismo "católico", são sugados para o comunismo, arrastando consigo, como cauda, toda a área da opinião que conseguem sensibili1,ar. (pp. 79-80)

1 9 7 7 "Revolução e ContraRevolução" 20 anos depois "Catolicismo" n.• 313, janeiro de 1977

Oprogressismo prepara a lenha para a fogueira comunista • Em 1959. data em que escrevemos "Revolução e Contra-Revolução'; a Igreja era tida como a grande força espiritual contra a expansão mundial da seita comunista. Em 1976, incontáveis eclesiásticos, inclusive Bispos, fi. guram como cúmplices por omissão, colaboradores e até propulsores da III Revolução. O progressismo, instalado por quase toda parte, vai convertendo em lenha facilmente incendiável pelo comunismo a floresta outrora verdejante da Igreja Católica. Em uma palavra, o alcance desta transformação é tal, que não hesitamos em afirmar que o centro, o ponto mais sensivel e mais verdadeiramente decisivo da luta entre a Revolução e a Contra-Revolução se deslocou da sociedade temporal para a espiritual, e passou a ser a Santa Igreja, na qual, de um lado, progressistas, criptocomunistas e pró-<:omurústas, e, de outro lado, antiprogressistas e anticomunistas se confrontam. (Cap. li, 4. B)

Tribalismo indígena, ideal com uno-missioná rio para o Brasil no século XXI Editora Vera Cruz, São Paulo, 1979, 7.• edição

Apolo eclesllístlco de retaguarda ao comuno-estruturallsmo • O maior - problema suscitado por esses delirios [da neomissiologia progressista, de fundo tribalista e anárquicoJ não está nos próprios missionários, nem nos índios, cumpre repetir. Está em saber como, na Santa Igreja Católica, pôde esgueirar-se impunemente essa filosofia, intoxicando serrúnários, deformando missionários, desnaturando missões. E tudo com tão forte apoio eclesiástico de reta(continua na página 6)

CATOLICISMO -

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Julho de 1982


Garantia notarial, tabelioa..... ~,., Plínio Corrêa de Oliveira OM A CESSAÇÃO das hostilidades nas Malvinas, todas as relações internacionais no mundo hispano-americano - que subitamente se haviam envenenado - parecem ter voltado à normalidade. De modo especial tal ocorreu com a mais aguda delas, a tensão entre a Venezuela e a Guiana, acerca do território de Essequibo. Bem entendido, a questão juridico-diplomâtica a respeito dessa disputa ainda depende de solução. Mas a possibilidade de um conílito armado parece fora de cogitação, pelo menos a prazo breve ou médio. Uma lição de toda esta efervescência entretanto nos ficou. É a artificialidade dessas tensões entre os povos irmãos, que somos todos os da América do Sul. Ninguém se preocupava seriamente, entre nós, com essas pendências territoriais. A maior parte delas dormia semi-esquecida, na penumbra dos arquivos. Foi só a Publicidade pô-las em relevo, e elas começaram a se agitar como fantasmas. Mas apenas a Publicidade afastou delas as luzes, e imediatamente voltaram para os arquivos. O que significa que o melhor de sua consistência era propagandístico. Entretanto, sem embargo dessa artificialidade, não me parece que tais questões tenham perdido toda a atualidade. Pois a mesma causa que, em dado momento, conferiu atualidade artificial, mas dramática, a essas pendências, pode operar no sentido de as trazer novamente à tona. Dizendo-o, sou coerente comigo mesmo. Com efeito, afirmei, em mais de um pronunciamento pela imprensa diâria, que por detrâs do incipiente terremoto diplomâtico-militar em nosso Continente, havia o empenho da Rússia soviética, em promover várias guerras simultâneas, que lançassem ao caos o bloco populacional católico maior do mundo. Pois ela entraria então com seus tendenciosos oferecimentos de ajuda militar e técnica a determinadas nações: por su'a vez, os Estados Unidos se veriam compelidos a oferecer ajuda aos países não apoiados pela Rússia. Assim, o conflito se internacionali1.aria. E, ao mesmo tempo, assumiria acentuado caráter ideológico. Tanto mais que, no interior dos países em choque, os comunistas e os anticomunistas entrariam em convulsão para disputar o poder. À guerra continental e mundial se somaria, pois, uma revolução ideológica continental. Guerra e revolução se interpenetrariam rapidamente. E o panorama oferecido pela América do Sul em sangue (e digo América do Sul , e não Hispano-América, porque o Brasil de nenhum modo con-

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seguiria manter-se fora dessa sangueira) seria o de um imenso Vietnã. O resto jâ sé vê. Qual a base para todas essas conjecturas? É o nexo entre a guerra anglo-argentina e o simultâneo oferecimento de ajuda russa, de úm lado, e, de outro lado, o súbito chamejar das dormientes pendências, às quais hâ pouco me referi. A ter continuado a guerra nas Malvinas, e a se terem agravado até degenerarem em guerras as outras tensões em nosso Continente, toda a América do Sul seria perdedora, e Moscou lucraria enormemente. E se Moscou lucraria, deve-se ter a certeza mora l de que ela estava por trás de tudo. É assim que raciocinam as policias para descobrir os autores de crimes. E também os observadores politicos para descobrir autores de tramas. Acresce que um expressivo documento de Fidel Castro pode ser citado em abono de toda essa conjecturação política. Em 16 de janeiro de 1966, 27 delegados latino-americanos presentes em Cuba para a Conferência Tricontinental de Havana, fundaram a Organización Latino-Americana de Solidariedad OLAS, destinada a "utilizar todos os meios ao alcance, a fim de alcançar (sic) os movimentos de libertação". No ano seguinte, a OLAS promoveu, também em Havana, uma Conferência de Solidariedade dos Povos Latino-Americanos. "Cbe" Guevara, então presidente de honra da Conferência, havia lançado em abril do mesmo ano uma mensagem desenvolvendo o tema do programa comunista de Fidel Castro (vale dizer, de Moscou): a criação de "dois. três ou muitos Vietnãs" com o objetivo de incitar guerrilhas pelo mundo (cfr. Orlando Castro Hidalgo. "O

Em plena crise das Malvina.r, a valorosa TFP argentina esrendeu sobre a movimentada Av. Figueroa A/corta (onde se situa a principal sede da TFP em Buenos Aires) largas faixas com dizeres alusivos à delicada situação pelo qual sua nação atravessava. Inspiradas por um autêntico patriotismo e manifestando

confiança na proteção da Virgem de Luján, as faixas alertavam a população para

os perigos da intervenção russa no desenrolar da guerra pela posse das ilhas. Em dois manifestos publicados na imprensa portenha ("la Nacián" de 13-4-81 e 10·5-82, respectivamente), a TFP platina havia salientado a desproporção existente entre os riscos representados pela ajuda soviética. bem como o enfraquecimento das

alianças 110 mundo ocidental, de um lado, e a legitima reivindicação dos direiios da Argentina sobre as Ilhas Malvinas, de outro. "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua Justiça, e tudo o mais vos serâ dado por acrésçimo" (Mt. VI, 33), lembrava a TFP num dos com1micados. E manifestava

sua esperan_ça de que "o tempo, ao par de uma perseverante diplomacia, poderá nos dar. a um preço razoável, o que no momento intentamos".

CATOLICISMO -

Julho de 1982

espião de Fidel Castro", Artenova, São Paulo, 1973, p. 121}. Velho plano, como se vê, frustrado ao cabo de várias tentativas anteriores, e que recentemente não fez senão emergir novamente, apoiado jâ agora na tentativa de conílagrações entre quase todas as nações sul-americanas. Assim, o que o raciocínio politico aponta, a prova histórica corrobora. Estou persuadido de que a vietnamização da América do Sul é velho plano do qual de nen.h um modo abrirâ mão Moscou. E se aparecer no horizonte nova complicação política tendente a nos vietnamizar, o presente artigo tem uma utilidade como que notarial. tabeliÓa. Pois me servirá de prova de que, por detrâs dessa nova complicação, desde o início estivera Moscou. Moscou ... O nome da famosa e hoje conspurcada capital dos czares me traz à mente assunto bem outro.

'canal de Beagle. detcoberto entre 1826 e 1830. Tr&, ilhotas na entrada do canal. do lado atlintjco. alo disputadas pela Argentina e Chile. Pendlncia que - como tantas outra• em nouo Continente - doterminada1 causai podem trantformar inopinadamente em novo conflito. aMlogo ao da, Ilhai Malvinas.

Assim, o "Jornal do Fapec" previne os viajantes: "É conveniente levar produtos de toucador, principalmente sabonetes. cre,ne dental, desodorantes, etc.", naturalmente pela escassez ou má qualidade do produto em Moscou. Outro aviso: "Na Rússia as refeições não estão incluídas, devendo ser comprados 'cupons' para a ali111entação na portaria do hotel". O Um médico amigo mostrou-me cupom faz pensar em restaurantes um "Jornal do Fapec" (Fundo de estatais padronizados, para os quais Aperfeiçoa mente e Pesquisa em Car- os pobres turistas são distribuídos diologia) de maio deste ano, con- segundo um critério burocrático. tendo farta propaganda da viagem a A propaganda nada se atreve a dizer Moscou, promovida pela Sociedade em louvor da qualidade e dos preços Brasileira de Cardiologia, por oca- do alimento fornecido. sião do Congresso Mundial de CarUm aviso enigmático sobre "didiologia em junho passado. Nele leio nheiro, travellers-checks, e qualquer umas "inforn,ações úteis para os via- 111oeda", bem como "jóias e outros jantes", as quais de fato são úteis valores", que devem "ser pormenotambém para os que não participa- rizada,nente declarados .... ao chegar ram da viagem. Pois os esclarecem à Rússia": "instruções serão fornesobre o fracasso do regime que a cidas pelos guias no avião de cheRússia vai impondo a todo o mundo. gada''.

Outro aviso em que aparece a carranca do Estado policialcsco: "passeios desacompanhados" (de agentes estatais, bem entendido) "poderão ser realizados son,ente na cidade onde se está, sem limitações e sem perigo, a qualquer hora". Ai! , pois, de quem viajar fora da zona permitida. Encontrara "limitações" e "perigo". Para reforçar a intimidação, vem uma norma: "As excur-

sões para fora da cidade deve,n ser programadas pela lntourist", obviamente sob o olho irado e inquiet91do poder público. ' A carranca estatal se mostra ainda neste aviso: '' Não há concessão por parte das companhias aéreas russas" quanto ao excesso de bagagem, o qual deve "ser pago pelo passageiro". Em suma, nem liberdade, nem despreocupação, nem fartura, nem comodidade. Tal é a Rússia soviética, que se arroga o título de campeã tios direitos humanos no mundo.

Pendências territoriais na América Latina: dos arquivos para o campo de batalha "'1-"'-I ·Tropaa cubanas \ ..;._• em A.ngole \

ajude_m •• f orça,

marx,sta1 "libertadores".

Na recente ... tenllo guiano~ venezuelana. o governo eaquerdieta de Georgetown 'li pediu igualmente o apoio de º Cuba .. , ou seja •

'1 da

" APÓS A GUERRA das Malvinas, falou-se num reacender de conflitos envolvendo bom número dos paises latino-americanos, desde o problema da imigração mexicana ilegal nos Estados Unidos até a disputa chileno-argentina por três ilhotas do Canal de Beagle. Embora de momento tais tensões pareçam $erenadas, são imprevisiveis as surpresas que, à maneira das Malvinas, o futuro nos pode preparar. O ponto que esteve mais candente situa-se na região do Caribe. Não nos referimos à situação interna de paises como El Salvador, Guatemala e Nicarágua, os dois primeiros atacados por forças revolucionárias teleguiadas a partir de Havana ou Moscou, enquanto . o último praticamente dominado pelo comunismo internacional. Temos em vista uma disputa territorial entre Venezuela e Guiana. Essa pendência se prende à reivindicação da Venezuela em relação ao território de Essequibo, que corresponde a S/8 da área total da Guiana. Como se recorda, no último dia 18 de junho

ROaala.

' cessou a vigência do Protocolo de Porto Espanha, que congelava a reclamação venezuelana. Se a Guiana, por um lado, foi dominada por um regime influenciado por "Cuba" (vale dizer Rússia) na última década, de outro lado, não perdeu seus vínculos com a Grã-Bretanha, sua ex-metrópole. Essa circunstância propiciaria a formação, em caso de conflito, de uma bizarra aliança anglo-cubana, pró-Guiana e anti-Venezuela. O que por certo tornaria obscura para muitos a efetividade da ameaça comunista, uma vez que o Kremlin estaria ao lado de um pais tão ocidental como a Inglaterra.

Em proveito da ft(lssla Trinidad-Tobago, outra ex-colônia britânica, constituída por duas ilhotas a menos de 150 quilômetros da costa venezuelana, tem igualmente divergências com o governo de Caracas sobre a fixação dos limites no mar das Antilhas. Outra pendência da Venezuela é com a Colômbia, sobre a região de Maracaibo. O governo de Bo-

gotâ, por sua vez., enfrenta reivindicações da Nicarágua sobre as ilhas de San Andrés e Providencia, situadas perto desse país centro-americano, dominado pelos sandinistas, os quais contam com o apoio de Fidel Castro. O Peru, por sua vez, envolveu-se a fundo no conflito das Malvinas, aliando-se com a Argentina, à qual teria cedido aviões em serviço junto à fronteira platino-chilena. Esse país, alé.m da velha disputa com o Chile, para o qual perdeu uma província inteira no século passado, entrou em beligerância contra o Equador em d!versas ocasiões por questões limítrofes. A Bollvia poderia também iniciar um conflito armado com o Chile, para o qual igualmente perdeu territórios, como aliada do Peru. Lima é a única cidade sulamericana ligada a Moscou, via Havana, pelos aviões da empresa estatal russa Aerof/01. E isto sem falar na pendência entre a Argentina e o Paraguai sobre as fronteiras no Chaco, e diversas outras entre países da América Central. Ante a eventualidade - agora mais remota - da eclosão de tais conflagrações, é preciso registrar a opinião de analistas para os q uais o Brasil e os Estados Unidos fatalmente seriam arrastados a uma interferência' direta ou indireta nas disputas. E seriam também os maiores perdedores. Quanto a Rússia e Cuba, o proveito que ambas tirariam dessas disputas é óbvio. Se o Kremlin transformou os cubanos em jan!zaros seus para a conquista de países africanos, por que haveria de poupâ-los na América? Praza a Deus que os governantes, sobretudo os sul-americanos, saibam afastar definitivamente os riscos da transformação de nosso Hemisfério num imenso Vietnã, da qual só o comunismo sairia ganhando, como tem advertido o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em vârios artigos recentes publicados na imprensa diâria.

3


Nova York

UEM ANALISA, mesmo numa visão sumária, o conjunto dos documentos oficiais do Partido Socialista francês, bem como os livros de seus autores mais representativos, não pode deixar de constatar que as idéias por eles expostas se chocam, imediata e frontalmente, com os valores da tradição, da familia e da propriedade. Tais escritos não são, na realidade. senão um elenco de erros - coerentes entre si, é verdade - que se consubstanciaram num programa efetivo de expansão cultural e ideológica para o mundo inteiro, com o fim de construir uma nova civilização diametralmente oposta à que foi erigida outrora com base naqueles três valores básicos da civilização cristã. Quando da vitória socialo-comunista ocorrida na França em meados de 1981, primeiro nas eleições presidenciais e logo em seguida nas legislativas, as caixas de ressonância da propaganda esquerdista colocaram Mitterrand e suas idéias na crista da notoriedade, no mundo inteiro. O socialismo autogestionário que o PS propunha tornou-se, de súbito, a esperança de todas as esquerdas, então desanimadas por recentes e significativos fracassos eleitorais do socialismo na Suécia, na Alemanha, na Inglaterra e em outros países. A TFP, entidade atraida pelas grandes preocupações cu lturais do momento presente, d ispondo por sua ve1. de meios para fazer ver ao homem hodierno os perigos contidos nos erros socialistas, propôs-se uma contra-ofensiva. de natureza ideológica, ante Mitterrand e sua corrente. Contra-ofensiva q ue, como se verá, as circunstâncias impunham.

Q

A vocação Internacionalista do PS francês O PS francês se declara internacional por nature1.a e vocação, e afirma sua determinação de pôr a serviço da meta socialista autogestionária, o prestigio político e o rayo11ner11en1 cultural que a França exerce em escala mundia 1. Fiel a essa declaração de propósitos, Mitterrand - favorecido pela grande aura publicitária de sua vitória - começou uma política externa de expansionismo ideológico e de intervencionismo polltico. A América Latina foi, em pontos nevrálgicos. um de seus primeiros alvos. O apoio declarado aos movimentos guerrilheiros da América Central - bafejados em grande medida pela "esquerda católica" - e, de modo especia l, a provocante proteção diplomática e militar aos sandinistas da Nicarágua, bem atestam que suas pretensões imperialistas não eram figura de retórica. Com isto, os partidos ou correntes socialistas de toda a América Latina, antes tão desprestigiados, levantaram a cabeça . O dernier cri desta perigosa moda francesa - a autogestão começava a encontrar ressonância em certos setores da opinião pública.

Resposta das TfPs: a Mensagem do Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira Em face de tal onda internaciona l, e ra pois necessário reagir! Tanto mais que permaneciam absolu tamente mudos aqueles c ujo cargo, cuja s ituação,

Medríd

Toronto

cuja influência os obrigava a encetar a contra-ofensiva. Esta surgiu de onde talvez menos se esperasse, e com uma envergadura que deixou atônitos os esquerdistas de todo o mundo: no d ia 9 de dezembro do último ano, em seção livre cm "Thc Washington P<'st" dos Estados Unidos e no "Frankfurter Allgemeine" da A lemanha, um artigo ocupava seis páginas inteiras de jornal, e vibrava monumental golpe no socialismo autogestionário propugnado pelo Partido Socialista francês. Com o titulo "O socialismo >1utogestion,rio: em vista d o comunismo, barreira ou cab eçade-ponte?", o documento. de autoria do PROF. PuN10 CoRREA ÓE OLIVEIRA, que o assina como porta-voz das treze TFPs e entidades afins espalhadas pela Terra, foi logo depois publicado em "The Observer" de Londres, "li Tempo" de Roma, "La Vanguardia " de Barcelona, "Diário de Notícias" de Lisboa , "Thc New York Times", "Los Angeles Times", "The Globe and Mail" de Toronto, "Folha de S. Paulo", "La Nación" de Buenos Aires,

"Sunday Times" de Johannesburgo, além de 34 outros jornais líderes em tiragem e influência na imprensa do Ocidente. O mundo via. surpreso. cató licos e anticomunistas empreenderem uma campanha publicitária e m proporções até então desconhecidas. A amplitude da matéria impressionava . A esquerda internacional, boquiaberta, exclamava: seis pági nas! E a chamada "maioria silenciosa" esse magma impreciso e numeroso que resiste emudecido às rransformaçõcs comunisti.z antes do mundo contemporâneo - pôde ver com agrado que do lado conservador havia ainda quem, com altaneria, proclamasse as verdades que ela, entrincheirada embora no seu silêncio, gostaria de ouvir. Entretanto, muito mais que pela sua amplitude, o estudo do PROF. PLt· 1< 10 CoRRêA OE OLIVEIRA impressionava pelo seu conteúdo, por sua a nálise meticulosa da documentação do PS, por sua lógica irretorquível ao dissecar as proposições socialistas e levá-las - para desaponto dos que até hoje vinham camuflando essa doutrina - até seus últimos desdobramentos. Desdobramentos que mostram uma radicalidade sem precedentes na meta, embora disfarçada pelo gradualismo da tática.

Londres

Francesa, só poucos a perceberam ... A ambigUidade decorrente desta e lasticidade torna difícil traçar com precisão os contornos que distinguem e ntre si as várias versões da doutrina socialista, bem como as correntes socialistas das não socia listas. Ambiguidade, é verdade. que se configura em torno de um núcleo de conceitos cons istentes e estáveis, circundados por outros que estabelecem uma confusa ciranda de mat izes e contra-matizes. de correntes e subcorrcntes. Ambigllidade - é isto sobretudo verdade que favorece manhosamente o proselitismo socialista no mundo inteiro. Pois apresenta modalidades de socialismo para todos os pa ladares. Tal confusão não existe, po rém. no tocante à dout rina professada pelo atua l PS francês. Desde que nasceu em 1971 ( 1), vem e le, cm sucessivos documentos doutrinários e programáticos, publicando com franqueza digna de melhor causa, todo o seu pensamento autogestionário. Assim, apesa r de se mostrar o mais das vezes tão protciformc. tão ambíguo, o socia-

!ismo apresento u de si, no caso conc reto do PS francês, uma versão paipá vel e consistente. Esses documentos, entretanto, circularam principa lmente nas fileiras do pró prio Partido, ou nos círculos culturais e politicos afins. O grande público continuou a ignorar o que é exatamente o socialismo. e o que pretende.

Seis llnguas, em vinte palses À vista disto, o PROF. PLJNIO COR· RtA OE OuvEtRA analisou com argúcia os referidos documentos, e montou, para conhecimento do grande público, um impressionante quadro de conjunto do socialismo autogestionário. Todas as afirmações e comentários são abonados por abundantes citações de textos do PS francês. A análise, que toma como fundamento o ensinamento do Magistério tradicio na l da Igreja, cita deste os textos pertinentes. Publicada em seis linguas (inglês, alemão, francês. espanhol, italiano e

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A grande confusão, em torno do vocâbulo "socialismo" Com efeito, apesar de hoje em dia a palavra socialismo correr de boca em boca. e ela possuir grande elasticidade de conceitos, o verdadeiro conteúdo da ideologia que lhe corresponde é, na verdade, mal conhecid o do grande públ ico. E fica pairando no espírito deste uma grande confusão sobre quais sejam a civili1.ação e a cultura que o socialismo rea lmente pretende . Sua face autêntica, desde que viu a lu z do dia nos últimos e sangrentos respingos da Revolução

português), a Mensagem foi d ivulgada inicialmente em 20 países (Brasil, África do Sul, Alemanha, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômb ia , Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Paraguai, Peru, Portugal, Suiça, Uruguai e Venezuela). Desde logo começaram a afluir e continuam afluindo para as diversas TFPs mi lhares e milhares de esperançosas cartas, provenientes de leitores de todos os níveis e classes sociais. Associações de todo gênero solicitavam mais exemplares da Mensagem para a d ifundir no circulo de suas relações. Instituições universitárias de porte, de vários países, tomavam o documento das treze TFPs como texto de estudo em seus cursos. Muitos desejavam informações sobre o PROF. PuN10 CORRt.A DE OuvEIRAesua obra. Contribuições, vindas sobretudo de pequenos bolsos, c hegavam à TFP voluntariamente, para assim ajudá-la neste imenso esforço publicitário. Poderosas redes de TV de diversos países. como a CBS norte-americana , a

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CBC canadense ou a TV-1 francesa, deram à Mensagem extraordinário destaque em seu noticiário, nem sempre, a liás, apresentando-a de modo simpático. Grandes jornais, como o "Washington Post", agências como a "Associated Press", revistas, como "Stern" da Alemanha e "L'Europeo" da Itália , entre outras, procuraram o PROF. P1.1N10 CoRR~A OE 01.1v e1 RA para entrevistas exclusivas.

A repercussão da Mensagem atinge diversos rincões do globo onde não foi divulgada O raio de ação da Mensagem não se limitou aos 20 países onde foi divulgada. Chegaram cartas também da Oceania (Austrália, Nova Zelând ia, Nova Caledônía), Extremo Oriente (Bangladesh, Hong Kong, Malásia, Nepal, Singapura), Oriente Méd io(Arâbia Saudita, Turquia, Chipre), América Central (Costa Rica, EI Salvador, México) e outros países da Europa (Andorra, Áustria, Bélgica, Dinamar-

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Com isto, ampliava-se para 26 o número de paises nos quais o histórico documento do PROF. PuN10 CoRRBA OE OLIVEIRA foi divulgado.

ca, Escócia, Finlând ia, Grécia, Holanda, l slãndi.a, a própria Iugoslávia, Irlanda, Irlanda do Norte, Liechtenstein, Malta , Mônaco, Noruega, San Marino e Suécia). Na África do Sul, a Mensagem entusiasmou não só os descendentes de europeus, como também os nativos de países vizinhos: Lesoto, Suazilândia, Transkci, Ciskei, Botswana, Venda e Bofutatswana, aos quais ainda é preciso acrescentar: Argél ia, Camarões, Gana, Malawi, Marrocos, Namíbia, Tunísia, Zimbabwe e Ilhas Maurício. Essas cartas, provenientes de tantos lados, como que clamavam às TFPs para que fosse publicada também nessas paragens sua Mensagem. Desse modo, em maio de 1982, novo esforço publicitário das TFPs começa a se desenvolver · cm quatro Continentes. Na Europa, atingindo a Áustria e a Irlanda, além de novas e importantes cidades da Alemanha, da Espanha e da Inglaterra. Na América Central, a Costa Rica. Na Ásia, as Filipinas. Na Oceania, a Austrália e Nova Zelândia.

A cortina do silêncio publicltãrio desce sobre a França E a França? Triste constatação. Apesar de todos os esforços empreendidos pela TFP daquele país, apesar de os diários "Lc Figaro" e "L'Aurore" já terem concordado em estampar a- Mensagem, conforme anunciaram em suas próprias páginas, nessas terras do "socialismo ... com liberdade", o documento da TFP teve recusada sua publicação por paric de todos os jornais parisienses de circulação superior a cem mil exemplares. Restou aos valorosos membros da TFP francesa recorrerem - e mesmo assim após vencerem mil dificuldades - ao envio de 350 mil cópias da Mensagem via ma.rs-nwiling (mala direta). Um prestigioso diário editado em Paris, em língua inglesa, por "The New York Times" e "The Washington

Post", o "lnternational Herald Tribune". com circulação em todo o mundo (só na França, 20 mil exemplares), assim descreve em sua edição de 12 de dezembro de 198 1 a reação do governo socialista francês cm face da Mensagem: "E111 Paris, autorizadas fontes governamentais dissera,n que não estavam preparadas para reagir à matéria publicada, mas a estavam estudando. · Não há absoluu,1nen1e pânico e estarnos bern nwis interessados e111 conhecer quem ou o que está por trás da publicação·. declarou qí,arra-feira um porta-voz do Palácio Eliseu. acrescentando que '111ais tarde' poderia haver alguma reação". Essas frases deixam entrever o empenho com que o governo Miuerrand deve ter agido para forçar a inexplicável recusa dos jornais franceses. De fato, é-se propenso a pensar que nenhuma ou1ra saída restava ao PS francês. Já oue não se decidira a refutar a Mensagem. a solução era obter do governo a proibição de que ela fosse publicada.

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Ou seja, por parte do governo francês e do PS. um si lêncio contrafeito, e - ao que parece - a imposição de um si lêncio tirânico ao objetante incômodo. Tudo no gcnuino es1ilo soviético ... Mas - redargüirá alguém - como explicar tal convergência de atitudes e ntre o governo. socia lista e órgãos de imprensa considerados liberais, e até mesmo anti-socialistas? Como organizações privadas que são, as empresas publicitárias proprietárias desses diversos jornais correm o risco de serem - por deliberação da maioria parlamentar socialo-eomunista - transferidas para o regime da autogestão. Pelo que os proprietários atuais passariam de sua condição atual para a de simples gerentes da empresa, cujos novos proprietários seriam os trabalhadores. Espada de Dâmocles que paira sobre a cabeça de cada dono destas empresas jornalisticas, e que o ind uz a não publicar um documento que desagrade o governo, como é o caso da Mensagem. Espada de Dâmocles que torna patente que a autogcstão é .o contrário da liberdade.

Novo lance das TFPs: "Na França, o punho estrangulando a rosa" Diante. de atitude tão insólita, as treze TFPs deram a público um Comunicado, també m de autoria do PROF. PllNIO CORRtA DE OLIVEIRA, intitulado "Na França, o p unho estrangulando a rosa". · O título é uma alusão ao sim bolo do PS francês, isto é, um punho bem mais próprio ao boxe - que segura graciosa rosa . Punho agressivo e brutal, que parece incompativel com a flor. Rosa que - se pudesse conhecer um punho como este - no mesmo instante se poria a definhar. O símbolo, e m verdade, espelha bem as

J ohannesburgo

Lisboa

relações entre o socialismo e uma autêntica e harmoniosa liberdade. Por mais que aquele se esforce c m prometer esta, acaba sempre por estrangulá-la. Foi exatamente o que, a este propósito, se deve estimar ter ocorrido na França do socialismo autogestionário, q ue, en1rctan\o, gosta de passar por "bonachão". O Comunicado, narrando ao Ocidente o procedimento ditatorial cio governo socialo-eomunista, foi estampado, de modo geral, nos mesmos jornais que haviam publicado a Mensagem, bem como na "Tribunc de Gencvc" e no "Luxemburgc r Wori", que têm penetração na França. Como consequência, outra avalanche de cartas, adesões, manifestações de simpatia à TFP francesa, com pedidos de melhor conhecimento das TFPs e do pensamento e da ação do PROF. Pl.ll'IIO CORRtA DE OLIVEIRA. Órgãos representativos de industriais e trabalhadores, membros do Corpo diplomático, professores universitários de renome, bibliotecas destinadas a altos estudos, solicitam grande número de exemplares para difusão em seus respectivos meios. Na França, houve incontáveis bravos pela atitude destemida da TFP. juntamente com insistentes pedidos para que fossem divulgados os nomes de todos os periódicos que haviam recusado a publicação. Esta divulgação não foi feita, atendendo a nobre desejo da TFP francesa, à qual parecia incorreto expor assim a uma publicidade desfavorável jornais que. pelo próprio fato de estarem sob a espada de Dâmocles, não dispunham da liberdade necessá ria para se explicarem ao público. Na Colômbia. uma Comissão de Senadores franceses viu-se em dific uldades numa entrevista co letiva à imprensa. quando jovens cooperad ores da TFP loca l lhes pediram explicações a respeito da arbitrária atitude do governo de seu pais. E pequenos plágios do conteúdo da Mensagem, e agora também do Comunicado, vão saindo cm diversos órgãos mais ou menos direitistas do Ocidente, sem nunca revelar a fonte ...

Aqui está a história abreviada até o presente momento - "de um dos supre,nos esforços e,npreendi(~os 'in signo Crucís', a fim de evitar à civilização ocidental agonizante. o so,·obro final para o qual esta se vai deixando rolar" (2). História épica de dois documentos, que "Catolicismo" teve a satisfação de apresentar a seus leitores: a Mensagem sob a forma de revista (número duplo de janeiro-fevereiro p.p.) e o Comunicado na edição de abril deste a no. NOTAS (1) Neste ano, no Congrc.sso de ~pinay. um longo proccS$O de unificação da$ v:hi·as corren-

tes socialis1as anteriormente existentes. chegou

a lermo com a cri.ição do atual PS francês.

Entre as várias facções que (oram então amal-

gamadas, estavam a Convenção das Instituições Republicanas (CIR), liderada por M iuc,-

rand: grande parte do Partido Socialista Uniricado (que, por sua vez, nastéra·. cm 1960, do

Partido Socialista Autônomo), a nimado pelo amai Ministro do Plancjamênto Michcl Roccard: e um considerável número de pequenos grupos encabeçados por membros do go,.,·crno socialo~omunis1a que hoje ocupa o poder .

(2) Cír. Comunicado das treze TFPs. .. No França, o punho estrangulando a r()sa",

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O Apóstolo São Tiago na Bolívia 25 DE JULHO celebra-se a festa de São Tiago Maior, um dos Apóstolos de Nosso Senhor, irmão de São João Evangelista. Este ano celebra-se também mais um ano jubilar compostelano, comemorado pelos espanhóis a cada qüinqüênio no Santuário de Santiago de Compostela, centro de peregrinações desde a descoberta do túmulo do Apóstolo naquele lugar da Galicia, em 816. São Tiago, patrono da Espanha, evangelizador da Península Ibérica e conhecido como o Mata-mouros, por suas milagrosas e fulminantes intervenções nas guerras da Reconquista contra os infiéis muçulmanos, estendeu, ao que parece, seu apostolado também às conquistas hispânicas do Novo Mundo, como veremos.

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O Vice-Rei ouve a legenda... Em 6 de setembro de 1573, na branca cidade de La Plata (hoje Sucre), na Bolivia, o soldado mestiço Garcia de Mosquera recebia de D. Francisco de Toledo, "Mordo,no de Sua Majestade, Vice-Rei. Governador e Capitão Geral dos Reinos SI.o Tiago. o Mata-mouros - imagem em tamanho n.atural que se cone.erva do Peru e terra firme etc.", instruna Catedral-Basflica de Santiago de Compostela ções pormenorizadas para impor· tante missão: apurar a autenticidade de relatos que emissários dos índios chiriguanos haviam feito el)1 La PiaPaulo", órgão oficioso da Arquidio- ta, dando conta dos prodígios de um cese paulopolitana, 10 a 16 de janeiro jovem muito formoso e . resplandecente de nome Santiago. A narração de 1976 (...]). guarda. Pelo que, a transferência do Esta erupção do que talvez se cha- encontra-se no livro de Guillermo Bispo que se declara "além do comu- masse adequadamente comuno-estru- Pinckcrt Justiniano: "La Guerra nismo" [D. Casaldáliga] - conquan- turalismo missionário indica a exis- Chiriguana", editado em Santa Cruz, to indispensável - eslá serido mais tência de uma considerável infiltração no ano de 1978. Segundo os emissários, Santiago difleil do que o cerco de Tróia. "Mexer na própria estrutura católica do Brasil. con1 D. Pedro Casaldáliga. bispo de Como explicar a existência e a - São T iago - havia aparecido S. Félix, seria ,nexer com o próprio influência dessa infiltração na Igreja? como um enviado do Céu no poPapa", consta até que afirmou Paulo Essa é uma grande e difícil questão. voado de Saipurú (situado a uns 200 quilômetros ao sul de Santa Cruz). VI ao Cardeal Ams (cfr. "O São (pp. 54-55) O Apóstolo andava com duas cruzes: uma, pequena, trazia na mão. A outra, maior, medindo cerca de 1,25 m, Sou Católico: Igreja Católica é agora aliada dos movia-se por si mesma à frente dele. posso ser comunistas no Brasi.l (•). (pp. 94-95) A cruz pequena tinha o poder de curar as pessoas doentes, quando contra (•) Eis os principais trechos da declaração levada para junto da parte enferma. a Reforma de Prestes à •folha de S. Paulo" (18-11 ·79): ··o O jovem disse aos índios que fora quefoi que o Igreja Co1ólico viuopds 1964? ~ Agrária? os frabalhodorts. âS mMSOs, desde o primeiro enviado por Jesus para lhes pregar, dia do golpe, resis1iom. Se ela não mudasse dt ensinando-os a serem bons e a creEditora Vera posição. ~rdt!riâ as ligações com os massas. E rem em seu Pai do Céu, que os havia Cruz. tmõo passou a ser o que? Um instrumento ~ São Paulo, criado. E também para persuadi-los luta contra o o.rbltrio, M pri.~s orbimirios, os 1982, 4.• edição torturas e o core.stiQ de vida. A pos;ção do d e que não comessem carne humana lgrejo. t quando tu dl$<> o /gr,Jo I porq~ o nem guerreassem contra as tribas Pronunciamento da CNBB: ma.ion'o do hit.rarquio (.. .]mudou.(...) das planícies. Que não tivessem mais "Neste terre,w r.omwn de lutos [contro a colaboração sem reservas de uma mulher e não mantivessem ditadura] estamos aliados... com o comunismo relações com outras. Disse ainda que venerassem muito as cruzes que • Não espanta que o documento O IPT é um "cavalo de Tr61a" tra1ja, as quais eram de um metal da CNBB ["Igreja e problemas da • Assim, o IPT é, a seu modo, amarelo e resplandecente. Mandouterra" - IPT] - embora sem fazer ao um novo cavalo de Tróia. Na aparên- lhes edificar uma igreja em Saipurú, comunismo o menor elogio - se posi- cia anódino, ele contém no bojo o inique fincassem uma grande cruz, cione face a este como um perfeito migo armado, pronto a atacar, a sa- e "companheiro de viagem", rumo à re- quear e a incendiar. Ou seja, seu texto como efetivamente fi1..eram, na praforma fundiária integral que tanto ela eslá inçado de imprecisões, lacunas, ça daquele povoado. São Tiago repreendia os maus e quanto ele reivindicam. (...] omissões e erros que, difundidos cm Aliás - seja dito de passagem - o todo o País com a chancela da CNBB, pecadores que se dirigiam a ele, esIPT se mostra muito lacônico no que tende a derrubar, em nome da Reli- pecialmente os que haviam tocado diz respeito à produtividade do regime gião Católica, a propriedade privada. mulher que não a própria, ou que não acreditavam nele. Exprobava igualilário que visa implantar. Em O que os comunistas, desde 1917 também índios que, tendo sido lugar de prometer uma ma.is abun- até nossos dias, jamais conseguiram, batizados,osvoltavam a suas gentilidante produção, limita-se a afirmar que nem haveriam de conseguir em nome dades, abandonando a Fé. o regime pode funcionar (lPT, n. 0 85). do ateísmo ... (p. 196) Isto faz ver que o IPT não tem em vista a melhora concreta da situação do povo, mas a aplicação inflexível de . 11 falsos princlpios metafísicos e morais Os fatos hoje em dia confirmam, igualilários, sejani quais forem as con- de modo flagrante, as previsões que, sequências dessa aplicação. desde 1943, o ilustre pensador católico Do mesmo modo, embora ele abra vem fazendo. Se a partir daquela ocauma larga e perigosa frente de cola· sião tivessem sido tomadas medidas boração com o comunismo, mediante eficazes contra o progressismo nassuas reivindicações fundiárias, não cente, atendendo ao clarividente brado A 0 DIRIGIR-SE em 6. de tem uma palavra de alerta aos fiéis de alerta do Autor de "Em Defesa da fevereiro de 1981 a mais deS.00 recontra os pontos de antagonismo ex.is- Ação Católica", hoje não sentiríamos ligiosos e saaerdotes participantes tentes entre a doutrina católica e a as angústias de assistir aos acontecido primeiro congresso naaional doutrina comunista. Nem para os mentos dolorosos que ·se desdobram italiano sobre·o tema "Missões.ao riscos da colaboração entre católicos e atualmente em ponderáveis _parcelas povo l?ªra os anos 80", Jof1o Paucomunistas. da estrutura eclesiástica. Cingindolo ll assim se exprimiu, em deterEm suma, tudo quanto o IPT diz nos ao que "Catolicismo" publicou em minado trecho: ou insinua, pleiteia ou exige, conduza sua edição anterior, não se teria veriuma aproximação sem matizes, a uma ficado, por exemplo, a escandalosa colaboração sem reservas, com o co- atuação de um sacerdote "pra frente" "Hoje, para um trabalho efimunismo e com os comunistas. ( ... ] em Mogi das Cruzes. Dezoito prefeicaz no campo da pregaçãó, é . Tanto é certo isto, que o Partido tos da região noroeste do Estado de necessário antes de tudo conhecer Comunista Brasileiro, ansioso em ins- São Paulo não sentiriam necessidade bem a realidade espiritual e psitrumentalizar a influência da Igreja, de pedir a intervenção de João Paulo cológica dos cristãos que vivem vem tendo para com esta uma atitude li na Diocese de Lins. E não seriam nà'. sociedade moderna. ·~ necesde cordialidade talvez sem preceden- publicados, nos mais variados qua.sário admiti~ realisticamente e tes na história do comunismo ... e na drantes do território nacional, folhecorri profunda,1e sentida sensibili· da Igreja. Em rumorosa entrevista à tos, opúsculos e cartilhas sob a inspida de que os cri.stãos · boje, em imprensa no final do ano passado, o ração de Bispos, insuflando aberta· &!llnde parte, sentem-se ~rdidos, Sr. Lu(s Carlos Prestes, então secrelá- mente a luta de clàsses de cunho rio-geral do PCB, declarou que a marxista!

Há 40 anos a TFP...

1981

Os três em.issários indígenas chegados a La P lata diziam ainda terem sido enviados por São Tiago para aprender as maneiras dos brancos. O Apóstolo entregou-lhes, para protegê-los, umas grandes cruzes, que e les entregaram ao Vice-Rei. D. Francisco de Toledo mandou colocá-las no a ltar-mór da catedral da cidade, com o consentimento e em presença dos chiriguanos.

... e manda apurar a autenticidade dos fatos Porém, o Vice-Rei não parecia inteiramente convencido da veracidade do fabuloso relato. Pois tomou todas a~ providências para que Garcia de Mosquera - originário do Paraguai e conhecedor da língua guarani, pois sua mãe era dessa raça - averiguasse as informações e apurasse com toda diligência a verdade. Mosquera contou com todo apoio material e a autoridade de D. Francisco de Toledo para sua expedição. Deveria procurar os caciques de vários lugares, mantendo constantemente informado o Vice-Rei, através de mensageiros.

Testemunhas relatam os milagres Mosquera começou sua missão pelo povoado de Avatren, no dia 11 de outubro de 1573, quando interrogou o cacique Manicayo sobre a legenda de São T iago. O índio confirmou os fatos, dizendo ter visto o Apóstolo duas vezes em Saipurú. No mesmo dia tomou declarações de outro índio, chamado Tupã, que coincidiam com as do primeiro, mas acrescentavam a lguns pormenores, como o caso do cacique Yerucar, que para fazer alarde de sua incredulidade matou um menino pequeno e comeu-o, morrendo ao consumar seu canibalismo. Acrescentou a testemunha que, na época em que apareceu o santo, a escassez de alimentos era extrema, devido à seca prolongada. São Tiago chamou um jovem que lhe servia de ajudante e deu-lhe duas sementes de abóbora, mandando semeá-las em uma chácara próxima. No momento de lançá-las à terra, todas as pessoas presentes deveriam ajoelharse e implorar ao Céu. Tudo foi feito como São T iago ordenara. Ao dia seguinte, São Tiago voltou a chamar o jovem, para que fosse arrancar o mato da chácara. Ele foi com· seus amigos e encontraram, surpresos, as abóboras já crescidas e com frutos em abundância. Colheramnos e voltaram contentes à aldeia, onde São Tiago convidou a todos que quisessem ir colher as abóboras e certificar-se do prodígio com seus próprios olhos. Outro testemunho colhido por Mosquera refere-se a uma mulher aflita com sua filha doente. São Tiago aproximou desta sua pequena cruz para q ue fosse osculada. A menina . beijou-a e ficou curada. O

Transcorridos quatro séculos. Saipurú parece hoje um lugarejo perdido nas vastidões quase despovoadas da Bolívia. E se, de um lado, é possível se afirmar haver fracassado a celeste missão de São Tiago, de outro, permanece a promessa do desabrochar da semente lançada. Esse Apóstolo, que evangelizou a Espanha em sua vida mortal, não assistiu naquela ocasião à conversão do povo, objeto 9e seu zelo missionário. Mas a semente evangélica por e le lançada germinou e produziu, após o seu martírio, frutos magníficos, entre os quais figura com destaque a gloriosa Reconquista hispânica. E durante os setecentos anos de luta contra o muçulmano invasor, São Tiago concedeu um apoio continuo, através de prodigiosas aparições, aos católicos de então, principais forjadores da fidelíssima nação espanhola.

«JAfOL]Cl!§MO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO

CONCLUSÃO

João Paulo li: Foram difundidas verdadeiras he,esias

6

Apóstolo distribuJa muitas cruzes às pessoas que lhas pediam, recomendando que as reverenciassem. Davalhes também conselhos, especialmente no tocante aos bons costumes e à castidade. García de Mosquera encontrouse no dia 13 de outubro com o cacique Ayapocha, no povoado de lren. Voltou no dia seguinte a Avatren, onde interrogou Choboay. No dia 15 ouviu outro cacique, chamado Tipiovi. Essas declarações nada acrescentaram de novo, a não ser que uns diziam chamar-se o Apóstolo São Diego e não São Tiago, além de um fato novo. Estando o santo um dia a pregar, e percebendo que suas palavras não eram aproveitadas, encolerizou-se: tomou a cruz grande que o acompanhava e desferiu violento golpe no chão. Do local brotou no mesmo instante um jorro de água quente e salgada, dando origem posteriormente a uma lagoa. O emissário do Vice-Rei ouviu ainda uma negra de nome Catarina, com aproximadamente 24 anos, no dia 17 de outubro. Suas declarações apresentam maior importância por terem sido prestadas sob juramento, já que catarina era cristã, embora vivesse entre os chiriguanos a serviço de um cacique. Atestou haver visto e ouvido o Apóstolo em Saipurú, bem como as curas de doentes. Além disso, ouviu o santo indicar aos índios o lu,ar onde havia um monte, do qual uraram prata. Foi-lhes dito que haveriam de aproveitar desse metal, caso fossem bons. Mosquera obteve ainda outras informações, sobre espanhóis e mestiços que viviam entre os nativos. E registrou as disposições e propostas destes - sempre desconfiados e arredios - em relação aos colonizadores.

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confusos, perplexos e até desiludidos, foram divulgados prodigamente ideais contrastantes co.m a Verdade revelada e desde seml>re ensinada, foram difundidas v.erdadêiras heresias, em ca'mpo dogmático e mo.ral, c~iando dúv,idas, confusões e rebeJiões; alterou-se até' a Liturgia; imeµos no "relativismo" intelectual e mo.ral e po.r conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentlldos pelo ate(smo, pelo agnosticismo, pelo iluminismo vagamente mo.ralislll, por um cristiª!)ismo socioJógico1 sem dogmas deJfnidos e sem m,_oral ~)>jetiva"· (afr. "L'Osservatore R19ma:río", edição semanal em portugu_ês, IS-2-198), p. ('J!l) 9).

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CATOLICISMO -

Julho de 1982


CIVILIZAÇÕES

a

P

OR MOTIVOS não apenas convencionais, certas cores,

cerras linhas. cerras Jonnas de objetos materiais, certos perfumes e certos sons têm afinidade com estados de espírito do homen1. Há cores que são afins com a alegria, outras con1 a tristeza. Há fortnas que chamamos majesrosas, outras simples. Dizemos de uma famllia, que é acolhedora. E o ,nesmo podemos dizer de uma casa. Dize111os da conversa de alguén1, que é encantadora. E o mes,no pode,nos afir111ar de un,a música. Podemos achar que um perfume é vulgar. e o mesmo jufzo pode111os jazer das próprias pessoas que gostam de o usar. Ambiente éa harmonia constituída, neste campo. pela afinidade de vários seres reunidos e,n r11n ,nes,no

lugar. hnagine-se uma sala co111 proporções amenas. decorada com cores risonhas, mobiliada com objetos graciosos. e,n que há muitas flores exalando um aroma suave; algué111 roca nesra sala uma 111úsica alegre. Forma-se aí um an,bienre de alegria. É claro que o ambiente será tanto mais expressivo quanto mais numerosas/orem as afinidades entre os seres que em tal sala se encontram. E

ousaria negar a importância dosambientes na formação dos adu/Jos? Formação: dize111os com ioda a propriedade. Pois nesta vida o ho,nem, em todas as idades, tem de se dedicar ao esforço de formar-se e reforn1arse, preparando-se assim para o Céu, o fi111 último para o qual foi criado. Assim. o católico pode e deve exigir dos ambientes em que está, que sejam i1u·trun1ento eficaz para sua

formação moral.

* * * Na linha dos princípios acima enunciados. durante quase.duas décadas ininterrupUIS, o PROF. PuNro CORRIM ·OE OuvF.tRA escreveu nes/a folha a secção Ambientes, Costu-

mes, Civilizações. Publicada como matéria editorial, sern assinatura. Ambientes, Costumes, Civilizações desperiou

O a111bienre será o contrário de tudo isto, ou seja, triste, extravagante, feio, vulgar. se os objetos que o constituírem tiverem, 1odos. estas 11010s. Exemplo: alguma exposição de orle moderna. Os homens formam para si ambíenres à sua imagem e semelhança. ambientes em que se espelham seus costumes e .,ua civilização. Mas a recíproca rambé111 é verdadeira en, larga 1nedida: os a111bientes forn,am à sua imagem e semelhança os homens. os cos1u111es, as civílizações. Em pedagogía, é isto trivíal. Mas valerá só para a pedagogia? Quem

sempre na numerosa família dos leitores de "Catolicismo" uma atenção especial. Tratava-se habitualn1enre de co111entários feitos a partir de objetos. cenas, situações ou fisionomias, à luz da doutrina católica, realçando os aspectos que o Presidente do CN da TFP descreve em sua obra ~Revolução e Contra-Revolução". Num 1erre110 onde tão facil111enre se derrapa para considerações subjetivas, seus comentários, entretanto, produziam nos leitores a impressão de uma adequação túmida de realidade, explicitando e,n linguagem elegante e acessfvel conceitos metafísicos p rofundos. E111 vários surgiu a constatação: coisas dessas não se ouve con,entar. E em muitos 111110 justa curiosidade: quem será o au/or dos artigos? Decorridos mais de dois lustros desde que, e,n virtude do crescente acún,ulo de afazeres à testa da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, o PROF. PUNIO CORRtA DE 0LJVF,JIV, ficou impossibililado de continuar a redigir esta secção, é de se presumir

Julho de 1982

7

assin1, esse a,nbiente poderá ser, a-

lém de alegre, ra,nbém digno. cultivado. temperante, se a dignidade, a cultura e a ren,perança existirem nas pessoas e coisas que ali se encontram.

CATOLICISMO -

que boa parte de nossos atuais leitores não a renha conhecido. Ocorreu-nos pois reeditá-la. Rele111os os artigos de ACC e verificamos que. de modo geral. conserva,n eles toda sua atualidade. Se algu,nas adapta· ções eventualmente se ·impõe1n, a causa destas reside, em larga ,nedida. na decadência ·dos ambientes. dos costumes e das civilizações, que nestes últimos trinta anos foi avassaladora. É com prazer. portanto, queperiodicamente iremos republicando a secção. O arligo que aqui estampan,os. co,n alteração de pequenos de/olhes, saiu a lume e,11 "Catolicis1110" n.0 42. de junho de 1954.

a u1na

SPECTO impressionante do Coliseu. O velho monumento, poderosamente iluminado por projetores, deixa ver belezas diversas das que tem à luz do dia, com todas as claridades do ~oi glorioso. de Roma. Uma atmosfera de tragédia e catástrofe pesa sobre o ambiente. À direita, no segundo plano, percebem-se os muros desmoronados do Coliseu. No primeiro plano, duas colunas de outra ruína se erguem no céu escuro, uma partida e outra inteira mas inútil, como um protesto mudo, vencido mas perseverante, contra os ultrajes dos séculos. Esta impressão de persistência em sobreviver, de manutenção milenar de um espírito e de uma tradição já morta, e isto dentro de um ambiente inteiramente transformado, se desprende ainda muito mais pungente das muralhas que estão de pé. A luz dos projetores, os lampadários da iluminação pública, o asfalto, as marcas dos faróis dos automóveis, tudo isto afirma o século XX. M!IS a massa harmoniosa, imponente, séria, a um tempo leve e monumental do Coliseu, ·faz sentir neste ambiente moderno toda a nobreza, a dignidade, a pujança do Império, toda a elevação, a robusteza, a lógica do espírito romano, que tinha por ideal o Direito. Tudo se desfez. De vivo, o Coliseu só tem o. sangue ainda quente dos mártires. Entretanto, nisto que é uma ruína , há uma atração que se exerce até nos pontos mais extremos da Terra, determinando a afluência de turistas das regiões

A

Vista noturna do Coliaeu; no primeiro plano. rufnaa do templo dedicado a Vênus e Roma

• • OIS 1 ea1s: , • mais longínquas. É que um grande ideal de beleza refulge ainda nestas pedras mortas.

" Tout passe. tout casse, 10111 lasse et 10111 se remplace." - Tu-

do passa, tudo quebra, tudo cansa e tudo se substitui, diz um velho adágio francês. De perene no mundo, só a Igreja. Ruiu o Coliseu. Um dia. poderá ruir o Maracanã. E que impressão deixarão os seus restos, se restos ficarem? As partes de um todo homogêneo não podem valer mais que este todo. Se a iluminação noturna do Coliseu faz ver toda a grandeza deste, a fotografia aérea do Maracanã põe a nu todas as suas lacunas. Dir-se-ia uma peça de máquina, banal, rude, sem alma. Na qual se apinham em certas ocasiões alguns milhares de espectadores, à maneira de um formigueiro. É a expressão de um mundo que tomou por ideal, não o direito como Roma, nem a filosofia como a Grécia, e muito menos a teologia como o século XIII, mas a máquina. A máquina, ou seja, a matéria. Almas materialistas, homem materializado, mecanizado, isto é que se vê no Maracanã como em tantos estádios congêneres. Virão algum dia os povos ver suas ruínas? Talvez... para compreender melhor como desabou nossa civilização, para menear a cabeça, e continuar o caminho pensando na justiça de Deus.

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Foto aérea do eat6dio do Ma,aeanl

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I


., AfOlLliCXSMO -, - -- - - - -- - - - - - -- *

. AFRICA DO SUL: ponto essencial esquecido na defesa do Ocidente PROPAGANDA TEM ·suas artes. Focalizada intensamente uma situação sob os holofotes de aspectos muito particulares, quem a observa tende a olvidar-se da consideração global do assunto. Aqui no Brasil, os ataques que na década de 20 sofreu a República Velha servem como ilustração. A exageração dos erros e carências daquela época, martelados unilateralmente, jogou na sombra os lados positivos. Passadas as convulsões sociais e políticas da troca de regime. generalizou -se nos espíritos lúcidos a convicção de que a análise objetiva do mencionado período histórico comportava matizações que o tumulto de momento dificultou ver. Indo mais longe na história pátria, algo análogo se deu anteriormente, com a tristemente célebre expulsão dos jesuítas de nosso País pelo Marquês de Pombal. Seus contemporâneos, mesmo aq ucles que dissentiam da medida arbitrária e injusta, habitualmente viram com menor perspicácia os prejuízos que a ausência dos filhos de Santo Inácio trouxe ao Brasil, cujas conseqüências foram consideráveis. O mesmo fenômeno está acontecendo em relação à África do Sul, onde o espírito empreendedor, decidido e agudo de descendentes de holandeses e ingleses ed ificou poderosa nação, que as circunstâncias empurraram para o centro da política mundial. O motivo é simples. Na atual quadra, a manutenção dos valores sobre os quais se apóia o modo de vida do Ocidente está na dependência direta do poderio e sanidade de seu parque industrial, ba-

A

Quadro das principais reservas minerais da África d o Sul (incluindo Bofutatswana) - 1979 cm comparação com as reservas do mundo ocidental e as reservas mundiais RestrYaS da

Reservas minerais Manganês (minério) Van.ld io

Metais do grupo da platina Cromo (minério)

Ouro Espatoílúor

nosso correspondente PARIS - O Dr. Claude Malhuret, diretor do grupo Afédecíns sons Frontíeres - MSF (Médicos sem Fronteiras), que atua clandestinamente no Afeganistão cm auxílio das vitimas do comunismo, disse que "os russos têm impos10 o reinado do 1error"a1ravés de um recrudescimento dos ataques às indefesas populações civis. Nem os hospitais são poupados. Ultimamente, declararam médicos daquela organização, foram alvejados tris, um deles situado ·no vale do Panjshir e dois outros nas províncias de Axarajat e Paktia. Encarregou-se desta operação de extermínio a Força Aérea Soviética com seus helicópteros e aviões Míg. A ela também se atribuem outras atrocidades. das quais a mais gritante é o emprego de bombascscondidascm brinquedos. Lançadas sobre as montanhas. na proximidade de acampamentos e outras zonas de refúgio dos afegães, sob a forma de relógios, bonecos, canetas etc., são elas facilmente apanhadas por crianças, que inadvertidamente as detonam. Daí resulta a morte de muitas delas e - o que é talvez ainda pior - a muulação, pois não há espetáculo mais triste e doloroso que ver crianças cegas, com dedos, braços ou pernas amputadas. Os soviéticos, entretanto, levam mais longe a sua sanha destruidora. Médicos de outras organi,.ações internacionais declararam que "olgu,nos vl1imos opresen1ovo1n ves1ígios (como pele enegrecida. piístulas e outros sínton,as) que pareciam sugerir aloques quí111icos". Foi examinado o caso de um homem com queimaduras no corpo que poderiam ter

.

Andaluzita. silimani1a Vcrmiculita (bruta) Diamantes (em quilates) An1imõnio

Asbcsto Zircônio Urflnio Titânio Menos de 500 homens põem om funcionamento as modornas instalações da companhia Ergo, perto de Johannesburgo. destinada à ex.p loração do ouro e urânio. A Atrica do Sul possui uma das maiores reservas mundiais desses dois metais.

se da prosperidade econômica e do seu vigor militar. O parque industrial de todas as gran~es nações -industriais depende da Africa do Sul. Se ela deixar de figurar entre as nações não-comunistas, a Rússia terã colocado um punhal na carótida do Ocidente. E isto por duas razões. Ninguém ignora que a principal rota do petróleo passa por suas costas. Embora se pesquise outras fontes de energia e novos poços petrolíferos fora do Golfo Pérsico. parece distante o dia e m que a Europa e os Estados Unidos possam dispensar o combustível que bordeja o su l do continente africano. Bastaria este fa-

Afeganistão: sofrimento, resistência, heroísmo Caio V. Xavier da S ilveira

África do Sul (em toneladas métricas)

sido produzidas pelo napalm ou um agente químico semelhante. Conforme as circunstâncias, os comunistas também optam pelo fuzilamento, como aconteceu numa operação levada a cabo no vale do Panjshir, em fevereiro último. onde eles mataram mais de mil civis em combate e executaram 400 prisioneiros com rajadas de metralhadora . Na mesma ocasião, declaro u Marie Pau l Soleíler. enfermeira da Aíde Médica/e /11ter1101ionall' (Auxílio Médico Internacional), "os sovié1icos também levarmn /8 vell:os de barbos brancas de uma a!deia dwmada 811/ardh. regarn111-11os com gasolina e queilnaram-11os". Diante de abominações como as descritas acima. o Ocidente tem-se revelado incapaz de tomar atitudes concretas em defesa do martiri1.ado Afeganistão. Ora se perde em debates inúteis nas bancadas da ONU (a liás. também inútil). ora se desgasta em guerras despropositadas. como a das Malvinas. Mas os afegães resistem. Apesar dos seus 2.5 milhões de refugiados - o maior contingente de pessoas desalojadas do mundo os que ficam combatem com heroísmo e eficácia. Em recente ofensiva lançada contra o vale do Panjshir, importante reduto da resistência anticomunista, os soviéticos sofreram cerca de 700 baixas em homens e perderam 21 caças Mig , vários helicópteros, 38 tanques, 15 caminhões e veículos blindados para transporte de pessoal. Além disso, renderam-se por volta de 300 afegães que lutavam ao lado dos invasores comunistas. Os resistentes, embora tenham sofrido 300 baixas aproximadamente, alcançaram nesta ação sua maior vitória, desde a ocupação russa com 85 mil soldados, em dezembro de 1979.

10 para q_ue a importância estratégica da Africa do Sul justificasse atenção especial dos governos do Ocidente. Não é entretanto o de maior relevo. Há outro que , por ser menos tratado, justifica análise mais detida: sua rique,.a em metais estratégicos.

Gigantescas reservas de metais A África do Sul contribui com 92% da prod ução ocidental dos metais do grupo da platina. Com 56% do cromo. sem o qual não se pode fazer aço, tendo ainda utilização na indústria metalúrgica, química e de refratários. Com 61 % da produção de vanádio, muito usado para fins militares. Das reservas ocidentais. tem 93% das de manganês, 90% das de vanádio. 89% das d e metais do grupo da platina. 84% das de cromo. 64% das de ouro. Transcrevo ao lado três tabelas (extraídas do opúsculo "South A/rica: supen11orke1 of 1/re World's minerais", de Dirk T. Kunerl. Sou thern African Forum. Joha nnesburgo, 1981) que possibilitam visão de conjunto da importância de suas riquezas.

Equanimidade em falta O estardalhaço da campanha anti-África do Sul movida especialmente pela esquerda , ofusca em muitos as trágicas consequências de um eventual deslize deste pais rumo a posições terceiromundistas ou mesmo socialistas. Tal campanha tende também a conferir ao movimento guerrilheiro marxista SWAPO (South West A frica People's Organisation - Organi1.ação do Povo do Sudoeste Africano) uma representatividade política que não provou ter e que lhe seria muito vantajosa por ocasião da possível independência da Namíbia (antiga África do Sudoeste), ainda sob administração sul-africana. Os 824.292 km 2 desse território sofreriam, por certo. a mesma triste sina que coube anteriormente a Angola, Moçambique e Rodésia. Os interesses superiores do q ue aind a resta de civili,.ação cristã no Ocidente pedem imparcialidade na ponderação dos vá.rios fatores que determinam o grau de intensidade das relações da África do Su l com

Mundo Ocidental Posição %

Mundo Posição %

12. 139.800.000 7.760.000

I .º I.•

93 90

I.º I.º

78 49

30.200 3.096.830.000 16.500 3 1.400.000 104.000.000 73.000.000 72.000.000 300.000 8.500.000 4.000.000 391.000 33.256.000

I.º 1.• I .º I.• 1.• 2.º 2.º 2.• 2.• 2.• 3.º 3.•

8~ 84

I.º I.º 1.• I.º I.º

75 81 51 35 34 29 21

64 46 45 30 23 18 8 12 18 17

2.• 2.• 3.• 4.º 4.º

5 5 10

n/ d

n/d

3.•

IS

Quadro das prindpais produções minerais da África do Sul (incluindo Bofutatswana) - 1979 em comparação com a produçâo do mundo ocidental ca produção mundial !'roduçio da Mundo Africa do Sul Mundo Ocidental Produções minerais (em toneladas Posição Posição % % métric<1s) Metais do grupo da platina

Ouro (em kg) Vanádio Cromo (minério)

• 705.430 • 3.689. 178

1.• I.º 1.• 1.•

92 73 61 56

1.• I.º 1.• I.º

51 S3 45 36

153.751 5.237.255 191. 573 11.850

1.• 1.• 2.º 2.•

49 42 35 24

1.• 2.• 2.º 3.•

42 22 32 16

8.384.332 451.112 277.899

2.º 2.º 2.•

23 15 12

3.º 3.• 3.º

18 10

3.•

17

3.º

15

3.•

13

n/ d

n/ d

Andaluzita. silimanita ê

cianita

Manganês (minério) Vermiculita

Antimônio Oi:i.mantes (gemas e i11· du.ftriai.t - em quUares)

Espatoílúor Asbcsto Titânio (ilimeni,a ,. rurilio)

• 4.780

Urânio

s

Quadro das principais exportações minerais da África d o Sul (incluindo Bofulatswana) - 1978 • . . comparadas com as exportações do mundo ocidental eexportaçoes mund1a1s Expor1açi o da Mundo África do Sul Mundo Ocidental Exportações minerais (em rom!lados Posição Posição % % mltricas)

Mctaís do grupo da platina Vcrmiculita

• 186.665

Vanádio Ouro (eti1 kg) Manganês merâlico Fcrrocromo Andalu1.ita, silimanita Diamantes (gemas - em quila1es) Cromo (minério) Manganês (minério)

Fcrromanganês Diamantes industriais (em quilates)

Espatoílúor

-

..

(') dados eonfidencuus

706.416

• • 68.652 3.667.000 1.451.S97

• •

4.049.000 384.387

-

1.• I.º J.O 1.• 1.• 1.• I.º

91 80 73 67 67

1.• 1.• I.º 1.• 2.• 2.º

58

58

I.º I.º I.º 1.• I.º I.º

49

n/ d

n/d

46

1.• 1.•

36 28 30 20

40

36 22 21 21

I.º I.º

3.•

2.,,

78 59 48 S2 51

15 15

.

n/ d :: d:1do não d1spon1vd

Seis mil quilate.a em diamantes. extraldas das minas de Kleinzee. A ilaçlo entre Africa do Sul e diamante$ tornou-se quase proverbial.

Mina de espatoflúor. essencial para a

fundiçlo do aço. perto de

Naboomapruit. ao norte de Transvaal

cada país do Mundo Livre e, naturalmente, o Brasil. A decidida posição sul-africana contrária ao imperialismo russo, suas riquezas minerais. sua localização estratégica, ao lado de inúmeros traços comuns no modo de ser, levariam a uma política de franca cooperação, iniciativas comuns e ajuda recíproca. Em ambiente de leal ami,~1de seriam descobertas oportunidades onde se tratassem também as mútuas discrepâncias existentes, mesmo as de maior vulto, como é natural entre aliados e amigos.

Péricles Capanema


N. 0 380 -

Agosto de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

o: levolência CERCA do abundante - e o cordimariano. O mesmo volume foi Artpress. Este,s,!,écnicos verificaram, Um jornal [ez •r;iotar que junto à mais das vezes tendencioso então confiado pelo Sr. Fausto Bor- depois d~ necessário exame, que as fotocompone~rad~Rua Traipu hanoticiário publicado na im- sato ao Dr. Eduardo Brotero. Uti- máquinas da eP)(?resa eram absolu- via impressos 9ue aludiam, entre prensa paulista e carioca sobre o Jizado o volume como queria o ilus- tamente ro'êapa.zei de ÍJ!lprimir uma outros, à pess l!,'\íl; . Sr. Cardealsuposto envolvimento da TFP na tre Prelado, foi o mesmo devolvido folha éom a •di~ns6es--e as earac;,-,-~ebispo O. P!l,lilo Eraristo Aros e impressão de um número falso do em seguida, pelas mesmas vias, ao terístiéas de "© S,ílo ,Ralbo". ~as ao jornal "O Sléi ;Pà lo". O que semanário oficial arquidiocesano "O Padre Provincial Cordimariano. tl~ fóram infor:ií!àdo§ ptto P.EP.PJio ima~ou sufictente p ra procurar São Paulo", a entidade tem a deNada de mais claro nem mais S i ..:Raõsto 'BorsaJo de que, alem .d as inst~ !',lnos mill\a~ 'd seus leitores clarar o seguinte: banal. qi\quioas existenlCf _nes{a""'ófrei~a, as s~eitas de t ue, na ealidade, ali I. Tal envolvimento absolutab) Entretfnto~ er ,nislç su.a en.:ifresa é proprfet·~flª de u~ fô~ com~la a fa sifieação do mente não existe. E é até inveros- fundameflt6' pata â hipõies,e, de..!_al ri/'.o tocompg_~ed?~ lo,c;e,liza~a numa n'l'.J!lf.et:O de '0 Sã6 P ulo". símil, segundo teve o bom senso de Anuário'\cr ~iefo utillza!l;o :j)eJ~. Art..,, ãe11ell,flêJ!.Cl\Gl<'IJ P.i;.Ed10 ~-- _351 da E isto fez sem curar a explideclarar, interrogado pela imprensa pres§/4 port!'lto ,pela TFP @ltP,Ote- Rl!llJJi(a'i)>.~-~f.ªf~lá s'~ i11ng1ram~ s caçf'9 mais ,pláus Vel, mais normal: a sobre a matéria, o Emmo. Cardeal .,,1tcámente pi'J· prletária do estilbeJeci- t~cwcos qu~ lPlli, ~Í?m.1~o~~ar 1n Ónica: verd11iljãril, :;: Arns: "Não quero culpar ninguém men ~ é-!,) p ai;.a_.ili,e11§o!),!ral'os /'çfOQÔx nennum.itoM rnos d~I!?~Nu~(91os '_ · ios e cooperado~ se11, provas. A TF p se111pre teve a endereço-si dos~ (c;.s(ásuco's a ,que õ xii1s na (O,!~ mpclneti'ora. comç1d18't res éla 11Fl~est o difundindo, em .:; coragem de aprese11 tar seus doeu- exemplar / alslf(cailb ele "O $ão) P.aü- com os ú!!h1:ados na eá\çãO fals1- v ~ p 'és a a Capital, notada~ mentos assinados e. por isso. eu lo" foi re.meliif'.o. li>c Ô nde a\-1 ,Ft 'ficac;la 0 São 1i,~ulo_1,..~·,• ~ se,npre respeitei essa organiza('ão" teria ¾d& a autor; da falf©ca~~! . ~ nvidll<l.o, ·Yt~m segui'da, a ~ro CE'\.s.. 1as quais muito se ~ ("Folha de s. Paulo", 25-8-82). ,J( Essa c~valga,f a 1 e hipóteses, sa:1- pr~st~ a9 DE~~'~~ declaff~s ":,e~: Pr~r:tifn~! " Q A , . C . . ..tarrdo (ebnlm.entll,~1mas sobre fS oucomplemen,ta~es eientualmtn:te llev, .,. 1 ., . 2 . uanto ao nuuno ato11coJ.. t as • êde "'e , ~.e d 1981 . ' ,a., ~egu, -e. 'ú , E ae Oli~/ra e mais os Lu Srs. d' d I CERJS 61' r ' nw s "';,-encon t rar,iafiln!!1,,... sefave,s ,para ele. ' ante o 'tii~~ " . ~ e • e ,ta o pc o . . e ei;n- d~p;"ojs ele tantos anos de difàmàçõe~ de)ega'd~- 'Ii)rs Garlos ~ntqiiio ~ uustav~ to, !> Solimeo e íz 2 ~cs~~do pelo Padr; PFvmc,a] dos infuildàâas ,i~utilmente •1tti(I\Íil!S, 'à qJeita, eonfil'fll11U J!O g ue 1)~ coil'- ~gl;a~o,f'ei(.Edp'.)t,o:ab~e:~~~~:'. ~ or ,mananos_ ao . r. au~t? orge -'fF P - umã!,/l'cUc5aç;lo' fui;rqâda, fa- ·,éel ne, eu!!l!lt'o ci~a ·eslá declaiiuto. .. Borsato, proprietário da grat,c;i Art· zia inteira ab~f~~.otdàs !leclara~ es \'\to ~il,.óntínu_o, !of. li~~iído. · mente lan~ a, ~ qual levanta o véu .:; pres~. o nex_o deste assunto t_ao co- sensatas do 'Gardeal'-".A:rcebispo, ''í(t.iii N·is?o ose.'Cífrã'(~ o oeortid9. aa~~-llnforpia~ o em que est~ todo ;1 mez,~ho - míl_ado quase se d,na até é a única a5iorid~de decisiva \para ,gj(e dei,x a ,evidepté,õ inteido allfea- !> D lll5 •f er";II_das Comum d ades ,2 às ~,:ias da, calunia por um ou outro falar cm nol e do JOrnal. Bcmléorno ,,a;1entq da T,,fJ> e~ r'êí.Íçã ~ à falsi- Ecleslàli ª Ba, (CEBs), apresenta' órg,,o de imprensa - reduz-se ao do fato de g ue ainda ~uando a ,,;.,.;,\i 'd' ~ , ~O p .., · ~ aas~r I as u esquerdas, notada~ scg · te· . , . , _.,-,,-,o o numero e ~ a 81,.\0 . ""-·· te ...,1 .. d tóli M " um · . . Artprcss fo § suspeitável da ~mcn ~· . , er a ca ca , coa) O Sr. 81sp~ D. Antonio de delituosa, nãi pertence eJa à TF'f. . 6: :Se~em_l:ia~g-o,/. á ~ levol~n. 11JO a po!il c,a emergente do mo1 ~ Castro Maycr des~ava consu ltar tal A malcv<>:lência. como,!!$ wespa-s , 9~s !iifa.t1g~y_e1s. ~ li,s_t~r!a d,~ él- ,men,o (•), ~ . -:, ,:;!u:,,c. _C o,,,o o encontrasse melhor aindá do que ariciàr•'•tÍÍ~ -~Í\COS,l.'-f.lrOn,(16 l}J;,.~'JJ.<·11ur,o{!'~'ontia(. 1Í:s!~ li,§c 1mprcsso, de modo JI em hvranas. o Dr. Eduardo de Barvoar ~ ' a T ~P, qqe ma~s ou ,111enos se re~- 1,1tfs· primotfS pela Artpress. Naros Broter_o, _um dos diretores da ··· , te~ c'oq1_ dêsml,lf'r<la iJ?sistênda, bem ~a,:rais nat~raflque algumas folhas ~ se. ~,s_pos a encontrá-lo. Este 3. Prova1phncnte por u'\1 es·ctlll- o dc.m,ons,1!1!· .ji,, . 4 1 (lel«\ ou dei,p!ssos de propaganda ] ultimo d,ngm-sc nesse sentido ao Sr. pulo para. o .tllª's cabal desero)1Cnho Dem.onstr, ·,O ~inda o ec'o, i:m do "1,esmo, m ém executados pela 'li Fausto Borsato, sócio_ da T~~. o de su_a m,ssaq. o _DEOPS -~an<loú ce.rros órgãos ~ a lmP,f en~a de hOJC, ¾rtpd~:, res em nas dependênc. qua l o obteve do referido rehg1oso exammar po ti técnicos as of,crnas da · . il.o~epJsõdio onte.m1~rndo. _ _ _,,,ias gtffi

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OR QUE RAZÃO a grande imprensa mundial terá si lenciado - ou colocado n.1 sombra - um fato de tanta importância, e ao mesmo tempo tão extraordinário , quanto as revelações do Pe. Pellecer'/ O leitor poderá fazer suas conjecturas, após ler a matéria das páginas 3 a 6. O certo é que, devido a tal silencio, certamente muito poucos são os brasi leiros que chegaram a tomar conhecimento do fato. As revelações foram feitas através da TV guatemalteca, em 30 de setembro de 1981. Elas alcançaram enorme repercussão no pais centro-americano e abalaram meios progressistas espalhados pelo mundo todo. Mas, ao que saibamos, dos órgãos da grande imprensa internacional, apenas o semanário "Figaro-Magazine", de Paris, deu ampla cobertura ao oco rrido. Notícias do caso do Pe. Pellecer também foram divulgadas em TVs da Colômbia e da Venezuela. " Catolicismo", no intuito de sempre informar bem seus leitores, apresenta neste número fatos impressionantes sobre a subversão progressista na América Central e, de modo especia l, referentes ao espeta· cular episódio do Pe. Pcllecer. Com o governo sandinista estabelecido na Nicarágua, o clima de guerri lha vigente em El Salvador, a agitação crepitando na Guatemala - sem falar do foco habitual de marxismo sempre dinâmico em Cuba - a Revolução procurá atualmente transformar a América Central no pólo de irradiação da subversão para toda a América Latina. O próprio Pe. Pellecer declara que, antes, os esquerdistas esperavam que a Revolução proviesse do Cone Sul do Continente, o que não se realizou. Agora procura-se criar na região centro-americana o foco de propulsão revolucion.á ria para contagiar toda a América Latina.

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Mas a malevolência - há entre os simpatizantes da TFP quem julgue mais apropriado dizer ódio não se embaraça com tão pouco. E quando ela não voa célere no vácuo das hipóteses difamatórias, arrasta de bom grado os passos na exploração das ninharias residuais mais inócuas. 6. A fim de limpar inteiramente sua reputação, e assim impedir que esta tentativa de novo estrondo publicitário lançasse sombra à momentosa obra que a TFP começa apenas a divulgar, é ela obrigada assim a efetuar o pesado gasto desta matéria paga que, explicavelmente, muito poucos jornais tomariam sobre si dar a lume sob outra forma. t dura a luta contra certos magnatas do que o consagrado polemista católico brasileiro Carlos de Lact chamava o IV Poder da República: a imprensa. Ante luta como esta, são incontáveis os que recuam ou dobram os joelhos, por sentirem a inferioridade de suas forças. Bem consciente da vertiginosa desigualdade com que permanece em liça, a TFP porém não recua. Ela confia em Nossa Senhora. São Paulo, 2 de setembro de 1982 Serviço de Imprensa da TFP (•) Nota da Rf'daçlo: será public.ada cm nosso próximo número uma recensão da obra aqui referida.

ram apresentar o Pc. Pcllecer como um Judas, mas a acusação não pegou. Insistiram então na tecla de que ele sofrera uma "lavagem cerebral" nas mãos da policia guatemalteca. Provas? Nenhuma convincente. Foi invocada somente a fraca alegação de que psiquiatras haviam assistido pela TV às declarações do sacerdote e chegaram à conclusão de que ele sofrera "lavagem cerebral". Tal afirmação foi repetida à saciedade apesar das reiteradas negações do próprio Pe. Pellecer - à maneira de uma cortina de fumaça para desviar a atenção dos fatos revelados. Contra estes nada de sólido foi apresentado. Se, no seu conjunto, eles fossem falsos, teria sido fácil desmenti-los, pois o Pe. Pellecer não ficou em generalidades: ao relatar os acontecimentos citou nomes, locais, datas etc.

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Mas quem é o Pe. Pellccer? Conta ele, em suas declarações, como entrou para a Companhia de Jesus em 1967. Nos estudos preparatórios para o sacerdócio, foramlhe inculcadas as doutrinas da ''teologia da libertação" e do marxismoleninismo. Narra sua ação e a de seus colegas seminaristas cm EI Salvador, onde atuou insuflando no povo simples o espírito da luta de classes. Relata suas relações na Nicarágua, já ordenado padre, com sacerdotes ligados ao movimento sandinista - ainda não vitorioso e a derrubada das instituições naquele pais. Mas, o auge de sua atuação como padre subversivo leve lugar na Guatemala. Com conhecimento de superiores seus, chegou a alistar-se

nas fileiras do mais importante movimento subversivo armado do país, o Exército Guerrilheiro dos Pobres, com o qual colaborou durante dezessete meses, juntamente com outros sacerdotes. Prestes ele mesmo a empunhar as armas, caiu em si, arrependeu-se. Mas temia represálias se abandonasse o terror. Procurou a polícia e combinou com ela um seqüestro simulado de sua pessoa. Ficou assim desaparecido durante mais de três meses. No dia 30 de setembro de 1981 , reapareceu diretamente na TV guatemalteca para confessar-se arrependido de sua participação no movimento progressista e na guerrilha, tendo feito, na ocasião, impressionantes revelações. Estas não se limitam a sua vida como padre sub-

versivo. Vão mais longe, abrangendo, em boa medida, todo o quadro da subversão progressista na América Central. Fala das Ordens e Congregações religiosas, de padres seculares e leigos implicados na atividade terrorista; dos métodos utilizados e da responsabilidade de superiores religiosos; da conivência com a imoralidade, da doutrinação dos índios no sentido de provocar a luta de classes; e de organizações que, do exterior, financiam as guerrilhas na América Central.

Qual a reação dos progressistas em face de tais denúncias? Sentiramse profundamente atingidos. Tenta-

Ainda sobre a subversão progressista na América Central o leitor encontrará, nas páginas indicadas, elogios rasgados dirigidos da parte do mais importante movimento guerrilheiro da Guatemala a determinados "cristãos". São os que visam finalidade idêntica à dos terroristas e participam da mesma luta. E - estç é o ponto chave - há progressistas que, jubilosos, propagam tais elogios. Dize-me quem te elogia e te direi quem és, pod~r-se-ia afirmar, parafraseando conhecido adágio popular ... Nossos leitores também encontrarão a desconcertante afirmação - feita com naturalidade num livro publicado pela esquerda católica de que a [greja vem sendo modificada (melhor se diria pervertida) por dentro: de anticomunista em 1954 e promotora de Congressos Eucarísticos, boa parte de seus membros, em 1981, teria passado a liderar a subversão.


Dramas de

a história de Papas

O Papa Libério

Pode u~ Papa cai PRESENTAMOS neste número o segundo de uma série de artigos sobre dificuldades doutrinárias ocorridas com a lguns Papas, durante seus pontificados. Conforme observamos no artigo :\nterior, pareceu-nos oportuno o tema para que nossos leitores formem uma idéia, através de exemplos históricos, da distinção fundamental existente na Santa Igreja: o elemento divino, imutável, perene e infalível; e o elemento humano. mutável e transitório e - quando se trata do Sumo Pontífice - infalível dentro dos limites estabelecidos pelo Concílio Vaticano 1. Tal precisão de conceitos tornase particularmente necessária na era de confusão doutrinária, cultural e moral em que vivemos.

A

O Papa Libério começava, em 352, a ocupar o Sólio Pontifício. Numa época e m que o tempo corria mais lento e os acontecimentos marcavam mais fundo, trinta e nove anos apenas haviam se passado desde o Edito de Milão, mediante o qual a Igreja saíra das catacumbas. Vinte e sete anos do Concilio de Nícéia. que condenara Ario e sua péssima doutrina. Quinze anos depois do reinado de Consta ntino que, lamentavelmente, vendo a morte chegar, pedira o Batismo das mãos de um bispo semi-aria_no (F1.1sc HE· MARTIN," Hisroire de /' t-:gtise", Bloud et Gay. 1939, T. Ili , p. 114). Reinava então sobre todo o Império Constâncio II. filho de Constantino. Como o pai, tinha por principal conselheiro Eusébio de Nicomédia. A influência desse Prelado semi-ariano faria de Coustâncio ji, de si mã pessoa - o primeiro 1mperador "católico" fortemente ccsaropapista e um sectá rio resoluto

das doutrinas arianas mitigadas. Aliás. Eusébio logo deixaria como herdeiros de sua ação junto a Constâncio dois Bispos - Valêncio de Mursa e Ursácio de Singidunum ambos formados pessoalmente por A rio, durante o tempo de seu exílio {Ft.lSCII E-MARTIN. op. cit. , T. Ili, p. 108). Santo Atanásio, Patriarca de Alexandria, tinha a seu favor, além da posição que ocupava na primeira ou segunda cidade em importância depois de Roma, o apoio do movimento monacal que, c-0mo um in-

cêndio de zelo, espraiava-se pelas margens do Nilo, sob a proteção áo santo. Roma e Alexandria juntas defendiam a ortodoxia contra Constantinopla. Dali Constâncio li e seus conselheiros dirigiriam uma luta tenaz para sujeitar o Papado e a Sé de Alexandria a seus intuitos heréticos. A habilidade política não é um dom que falte aos orientais. Ora, por meio de uma diplomacia envolvente, ora pela pressão política, ora ainda pela violência, a ofensiva começou, dosada segundo as circunstâncias. Com a morte do Papa São Júlio e a eleição do inconstante Libério, desfazia-se virtua lmente a união RomaAlexandria. Constâncio podia pois atacar uma e outra separadamente. Foi o que ele fez. Out1·0 fruto da eleição de Libério: Santo Atanásio passava a ser o único símbolo vivo da ortodoxia no mundo de então. A tal ponto, que as pessoas eram julgadas ortodoxas ou semi-arianas não somente pela discussão doutrinária. mas também pelo fato de apoiarem ou condenarem o grande paladino da Igreja. Para Constantinopla o alvo estava escolhido. Após três anos da eleição de Libério. cm 355, começariam para a .Jgrcja o nze anos de indecisões no governo e de perplexidades no espírito dos fiéis. Tinh~ início um tipo de provação até então desconhecida. O Sumo Pontífice mostrava-se titubeante no rumo do bem.

Tão logo foi escolhido o novo Papa. seus ouvidos começaram a ficar repletos das intrigas contra San2

to Atanásio, orquestradas por Constâncio e p rovenientes de vários Bispos. do Oriente e do Egito. Tal processo já havia sido anteriormente usado pelos arianos e mélecianos contra Santo Atanásio junto a Constantino, que o exilara. Libério, entretanto, a princípio respondeu simplesmente que não via razão para sacrificar o Bispo de Alexandria. Simultaneamente, Constâncio enviava a Santo Atanásio um mensageiro encarregado de dizer-lhe que o Imperador o esperava na corte. Dadas as conhecidas intenções deste,

suntos, deixando a condenação do arianismo para depois. A partirdesse engodo, a política foi a mesma daquela usada em Arles: ameaças e detração eloqüente contra Santo Atanásio. Somente três Bispos aceitaram o exílio. Foram enviados emissários aos Prelados ausentes a fim de colher suas assinaturas. Apenas dois deles resistiram, tendo s,do também degredados. Um deles era Santo Hilário de Poitiers. Libério agiu com energia, felicitando enfaticamente os exilados por meio de uma carta, asseguranélo-

Papa Libério -

afresco da série dos Papas da Basllica de Slo Paulo fo ra

dos M uros (s4cu lo IX), R om a

tratava-se implicitamente de uma ameaça. O Patriarca respondeu que estava pronto a acompanhar o mensageiro. mas que desejava uma ordem formal do imperador (SAN1'0 ATANÁSIO. ''Apol. ad. Consranrium", XIX-XXI). O santo, hábi l navegador nas águas da política orienta l, respondia ameaça com ameaça . Ele. que já fora exilado por Constantino, munira-se, depois da morte deste, de cartas de aprovação de Constantino li e de Constante. irmãos de Constâncio li, os qua is durante algum tempo partilharam com este o governo do Império. E de carta do próprio Constâncio li, que, para agradar seu irmão Constante, expedira proibição a todas autoridades imperiais de molestarem Atanásio (F1.1SCHE-MARTIN, op. cit .. T. 11 1, pp. 115-116 e 135- 136). Além disso. o Patriarca de Alexandria possuía grande número de apoios por escrito de magistrados temporais (idem, ibidem). Se Constâncio enviasse a ordem formal, o santo poderia levantar contra ele não só uma forte reação religiosa, mas também sério descontentamento no âmbito civil. A ordem escrita não foi remetida. O Imperador mudou de tática. A perseguição contr~ o santo teria que ser movida no plano religioso. Esgotados os recursos da difamação e da ameaça sem resultados, Constâncio lançou mão da pressão política no terreno eclesiástico. Estando cm Arles, por razões de governo, para lá convocou um Concílio. Na época. os Papas dependiam dos Jmperador-:s para tais convocações, devido às dificuldades de transporte dos Bispos. Aproveitando-se da contingência, começava dessa forma uma ingerência do hierarca temporal na Igreja . O Concílio reu niu -se e, logo no inicio, seus participantes foran1 colocados diante de um decreto que condenada Atanásio (Sut..,,c,o S EVERO, "Chronic. ", li, 39). Os legados papais apenas chegaram, as ameaças de exílio tornaram-se tão fortes, acompanhadas pela eloqüência de Va.lêncio de Mursa, q ue todos os Bispos prescn1es ao conclave assinaram o decreto. com exceção de um, Paulino de Trêves, imediatamente deposto e exilado. O Papa Libério protestou junto a Constâncio e pediu a convocação de um Concílio Ecumên ico para. antes de tudo. confirmar as decisões anti-arianas de Nicéia e, cm seguida regular a questão de Santo A1anásio. Vendo nessa proposta uma oportunidade de levar avante seu plano de pressões, Constâncio convocou o Concílio que se reuniu cm Mi lão, no ano de 355. contando com a presença de ma is de trezentos Bispos (SôCRA1't:S, .. flisr. eccl..., li, 36). Sagazmente, os partidários de Constâncio inverteram a ordem dos as-

lhes que sua glória era tanto maior quanto eles não combatiam a espada de um perseguidor, mas a perfídia dos falsos irmãos (SAN·ro Hn.AR10, ·· frag,n . ltistor:·, VI , 1-2). Constâncio deú-se conta de que não alcançaria êxito enquanto Libério lhe resistisse. Um mensageiro imperial foi enviado com as mãos repletas de presentes e a boca cheia de ameaças. O Papa. indignado. fez jogar fora o ouro e os.presentes que lhe haviam sido levados. Diante de tal atitude. Constâncio ousou o inimaginável. Encarregou o prefeito da cidade de Roma de raptar o Papa, e cond uzi-lo para Milão a fim de ser submetido a uma última tentativa de intimidação. Dois dias depois de uma ed ificante resistência, narrada por T EOl)ORETO cm ·s ua ''História Edesidstica .. (li, 16), e por SOZOMENO (.. Hisrório Edesidslica .., IV , 20), Libério foi enviado para a Trácia. O Bis po ariano Demófilo recebeu a incumbência de o vigiar. Com o Oriente subordinado e o Ocidente subjugado. Constâncio fez eleger Félix cm lugar do verdadeiro Papa. exilou o velho Ossius de Córdoba, com mais de 100 anos, um dos campeões do Concílio de Nicéia, e investiu diretamente contra Santo Atanásio. Mandou o magistrado Diógenes a Alexandria com a ordem de promover uma revolta. O santo, porém, era protegido contra as autoridades imperiais pelas cartas do próprio Constâncio. e tinha de seu lado o Clero e povo, q ue lhe garantiam toda sustentação. Depois de quatro meses, Diógenes partia de volta, tendo fracassado em sua missão. Não transcorrera um mês, quando entrou cm Alexandria o Duque Siriano trazendo destacamentos de todas as legiões militares estacionadas no Egito e na Líbia com a ordem expressa de fazer partir Atanásio. Depois de algum tempo de negociações inúteis, e violando compromissos feitos com o santo, ele ordenou a suas tropas invadirem a igreja de Teonas, durante a noite de 8 de fevereiro de 356. Ali se celebrava uma grande vigília sob a presidência do Bispo. Os militares buscaram-no, mas ele desapareceu, no meio de um turbilhão popular. A partir desse momento, Santo Atanásio não foi mais visto (SAN·1·0 Ai·ANAs10, "Apolog. de fuga'', XXJV; O UCII ESNE, .. Hisroire ancie1111e de /' Eglise", T. I 1, p. 263-264). Nessa simbólica noite de 356, o arianismo, esmagado cm Nicéia e renascido sob o disfarce semi-ariano , vencia no mundo católico. Ele só seria derrotado definitivamente, em todas as suas d iluições doutrinárias, no Concílio de Constantinopla, cm

381, sob a inspiração de São Dâmaso, Papa, de .São Gregório Nazianzcno, Patriarca, e com o apoio

de Teodósio e Graciano, Imperadores.

O exílio foi a tribulação dos que permaneceram fiéis. Representou também para eles seu prêmio. Santo Atanásio, por tempos escondido em grutas das montanhas ou dentro de templos abandonados, errando também pelos desertos do Egito, continuava heroicamente a d irigir a reação anti-ariana em toda sua imensa Diocese (MOURRET, "Histoire Générale de /' l:.glise .., Paris, 1922, T. li, pp. 138 e 139; \VEISS, "Historia Universal" - Barcelona, T. IV, p. 213). A glória alcançada nesse período pelo santo o situa entre os maiores bat~ lhadorcs da Igreja. Também para Santo Hilário de Poitiers a perseguição por amor à justiça granjear-lhe-ia grande nomeada na luta anti-ariana. Jnfelii mcnte. o mesmo não ocorreu com o Papa Libério. Já em 357, o Pontífice. cansado do exílio, e trabalhado cm suas débeis convicções pela habilidade do Bispo Demófilo, dava mostras de submissão ao herético Imperador. Fina lmente. o Papa se dobrou: quatro cartas suas, conservadas por SANTO H1LAR10 em seus ·· Frag111e111os Históricos" (V, 1-6) constituem os teste: munhos de tal s ubmissão. Além d isso. a defecção de Libério é fortemente atestada também por outros documentos: SANTO ATANAs10. "Historia Aria11or11111 .., XLI; "Apologia Contra Arianos ... LXXXIX; SANTO Hn.ARIO, .. Ad Co11s1a111iu111", Ili. SÃO J ERÔNIMO, in "Chronic. (1 . 349". escreve: .. Libério vencido pelo rédio do exílio, eom perversidade herética assinando [a profissão de fé scmiariana]. entrou en, Ro,na como ve11cedor'· ( .. Liberius. taedio vicrus exilii. in haeretica pra,•itate subscrivens. Ro,n,111 qut1si victor i11travere1'). E ainda de Silo J 1,RONtMO, .. De vir. illusrr. ", XCVll. Esses dados, bem como o conjunto dos elementos

.

dereçara ao conjunto do Episcopado oriental e exprime-lhes os mesmos pedidos. Enfim, a quarta carta, .. Non doceo" é remetida a Vicente de Cápua. Em sua missiva Libério rogalh.c especialmente q ue promova uma iniciativa coletiva dos Prelados da Campânia a fim de mover Constân· cio a atender seus pedidos.

Libério foi autorizado a deixar a Trácia e -dirigir-se a Sirmium. Nesta cidade foi-lhe proposta por Urs,,cio de Singidunum e Valênciode Mursa uma nova fórmula de fé semi-ariana que ele assinou. A fórmula endossada por Libério negava implicitamente o Credo de Nicéia. Para condenar os arianos aquele grande Concílio Ecumênico definira que Jesus Cristo é co-substancial ao Padre Eterno, verdade negada pelos heréticos. O semi-arianismo procurou uma fórmula que sabotasse Nicéia sem cair claramente no erro ariano . Dizia ela que

o Verbo Encarnado era se111e/ha111e e,n substância, e não igual enl substância, como signi fica o termo cosubstancial. SozoMENO, cm sua .. Nisrória /:.~ clesiásrica". acrescenta q ue Constfincio pressionou vivamente o Papa a confessar que o Filho não é consubstancial ao Padre. Em carta que remeteu a Basílio de Ancira, o Papa Libério declarava excomungados todos aqueles que não cressem que o Filho é semelha111e em subsrfmcia ao Padre Eterno. A excomunhão da corrente ariana extremada que Libério lançou nessa missiva não o isen· ta do erro dos semi-arianos, que mais tarde. cm JR 1. será condenado pelo Concilio de Constantinopla (FuSCH E-M,\lnlN. op. cit.. T. Ili. p. 287). E. de fato. a carta atendia aos pedidos de Constâncio. Esse julgamento, numa grave questão aliás controvertida, baseiasc, além dos santos já citados. nas opiniões d e Barõnio. Tillemont. Natalis Alexander e Bossuct que sustentam ter Libério caído cm heresia, assinando a segunda fórmula de Sirmium . E neste sentido interpretam as palavras de Santo Atanásio. que admite uma queda (81, RNARl)tNO LLORCA, S.J .. .. Manual de Nisróritl Eclesidsrita". Editora Labor. Barcelona, 1942, p. 182). Após a assinatura e a declaração mencionadas, Libério foi au101·i1.ado a entrar novamente em Roma .

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Cebeça p resuntiva de Constâncio li (bron-

ze do século IV) vadores. Roma

M useu dos Conser-

históricos do presente artigo, encontram-se na conceituada obra de FuSCII E- MARTIN (op. cit., T. 111, pp. 142-159 e 231). A primeira das cartas do Papa Libério, "Stude11s paci", endereçada aos orientais, lembra que em 352 Libério reuniu em Roma um Concilio, ao qual convocou Atanásio, não tendo este comparecido. Ela acrescenta que. após aquela época. ele foi melhor esclarecido sobre os acontecimentos, e que então condenou o Bispo de Alexandria. A segunda, .. Pro deifico rimore", é igualmente destinada aos orientais. Nela, Libério informa a seus destinatários que aderiu à condenação de Atanásio, tendo comunicado ao Imperador que entrava em comunhão com os que haviam subscrito a profissão de fé (semi-ariana). apresentada outrora em Sirmium por muitos Bispos. E, em seguida, pede-lhes que intervenham junto a Constâncio para obter seu retorno a Roma. A terceira carta, "Quia seio vos .., foi enviada a Ursacio e Va lêncio - os principais favores do arianismo. Libério dirigelhes as mesmas declarações que en-

Não vamos tratar das convulsões que ocorreram na Cidade Eterna. no ano de 358, motivadas pelo cnfrcn1ame n10 entre o Papa. retornado do exílio, e o anti-Papa Félix. as qua is ocasionaram o cisma feliciano, que perdurou até o ano anterior à morte de Libério, em 365. Constatemos que Santo Atanásio e Santo Hilário de Poitiers - os representantes da ortodoxia no Oriente e no Ocidente, os quais mantiveram no exílio a resistência ao

arianismo instalado em muitíssimas pa rtes da Igreja - exprimem-se sobre ó conjunto das atitudes de Libério cm termos muito severos (SANTO A 'l'ANÁSJO. '' Historia Arionon1111",

XLI ; SAN1'0 H11_ARIO, " Li/ler adv. Consra111iu111". XI - cfr. S.X.o J ERONIMO. "Ch,011. ad. a. 2365'). Nosso intuito, ao redigir este artigo sobre o Papa Libério, não é tomar partido a respeito da questão se ele foi ou ~ão herege. No estudo sereno que acima expusemos, nosso

espírito apenas retém os fatos e as opiniões de grandes santos (especialmente São Jerônimo), e de consagrados historiadores (de modo particular Flische-Martin). Nosso objetivo é registrar a possibilidade de um Papa cair cm heresia, como também admirar a majestade soberana e a serenidade com que a Igreja, ao longo dos séculos. através dos escritos de santos, Doutores e historiadores, e ncarou uma hipótese tão dolorosa.

Átila S inke Guimarães CATOLICISMO -

Agosto de 1982


- - - - - - Subversão progressista

Um· fato-bomba na Guatemala M JOVEM ESTUDANTE guatemalteco resolve entrar para a Companhia de Jesus. O fato ocorreu em 1967. Admitido, segue regularmente os cursos necessários para sua ordenação, nos quais recebe às torrentes a inílu~ncia progressista conforme veremos em seu depoimento do qual apresentamos adiante os tópicos principais. Torna-se - em EI Salvador, na Nicarágua e na Guatemala - um impulsionador das teorias comuno-progressistas que aprendera. Guiado pela lógica de suas posições ideológicas, adere a um movimento guerrilheiro, o "Exército dos Pobres", no qual permanece dezessete meses. A essa altura, jâ com 35 anos de idade, antes de dar o último passo e pegar concretamente em armas, o sacerdote cai em si. Resolve e ntão pedir proteção à polícia. Combina com ela um seqüestro simulado, no qual ele seria arrebatado por policiais à luz do dia, diante de testemunhas. O plano é executado. Em 30 de setembro de 1981, o sacerdote jesuíta, Pe. Luís Eduardo Pellecer Faena - este é seu nome reaparece. E surge diretamente no vídeo da televisão guatemalteca para confessar-se arrependido de toda sua atuação anterior no progressismo e na guerrilha. Denuncia, com fatos concretos, a ação subversiva da Companhia de Jesus na América Central. É uma bomba! O fato repercute intensamente na Guatemala, cm toda a Companhia de Jesus e nos meios progressistas em geral. Estranhamente. porém, a grande imprensa mundial. como que detida por uma varinha mágica, não fez eco às denúncias do sacerdote jesuíta... Até que a revista parisíense " Figaro-Magazine" publicou extensa reportagem a respeito, em vários números sucessivos. O que lhe valeu a indignação dos meios progressistas, extravasada, por exemplo, no título com que a revista "lilformations Catholiques lnternationales" apresentou o tema: "O Figoro-Magazine associa-se à ca,npanha co111ra os jesuítas" (n. 0 574, de 15-5-82).

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Não se mantém a acusação de Judas Os meios progressistas em geral e especialmente os jcsuitas, lançados numa polvorosa, defenderam-se como puderam, ora asseverando que o Pe. Pclleccr era um Judas, ora dizendo que ele sofrera uma "lavagem cerebral" na polícia. Já a dualidade de argumentos é suspeita, pois se a hipótese de "lavagem cerebra l" fosse verdadeira, não caberia a acusação de Judas. Ninguém pode ser acusado de traidor se uma "lavagem cerebral" o obrigou a dizer o contrário do que pensa. A acusação de Judas foi levantada pela revista "América", da Companhia de Jesus nos Estados Unidos. Afirma ela: "O Cardeal Mario Casariego, Arcebispo da Cidade de Guatemala, e nar,naltnente considerado co1110 si111patiza11te do governo, segurou o Pe. Pellecer por detrás e gritou-lhe em face: 'Judas! Judas!' Ulteriormente o Cardeal repetiu o epíteto à imprensa guatemalteca" (apud "Figaro-Magazinc", n.0 159, 30-4-82, p. 36). A propósito dessa notícia, o Cardeal Casariego foi procurado por um repórter, que lhe perguntou se confirmava a declaração que lhe havia sido atribulda. O Purpurado sor-

riu e respondeu: - "Não. Podeis imaginar-me sacudindo alguém por detrás? Não, absolutamente. Mas eu declarei en, seguida aos jornalistas que, para mim, era 11111 Judas". " Por que um Judas?" - ·•Porque aquele que trai o bem para ir ao n1al, aquele que renega a Jesus Cristo para ir à g uerrilha. 11ada 111ais é que u,n Judas!" (Figaro-Magazine", n.0 159. 30-4-82, p. 36). Após esse desmentido categórico do Cardeal à versão propalada pela revista dos jesuítas, que inclusive invertera o sentido das palavras do Purpurado, a acusação de Judas contra o Pe. Pe llecer cessou. Mesmo porque , para mantê-la seria necessária uma de duas coisas: ou provar que as revelações do Pe. Pellecer eram totalmente falsas (o que não parecia possível , dado que e le apresentou fatos, datas, nomes etc.); ou que ele revelara fatos ocultos (mas então, seria admitir que a Companhia de Jesus promovia a subversão às escondidas na América Central), o que não era nada cômodo para o progressismo.

dote]? ("Figaro-Magazinc", n.• 159, 30-4-82, p. 35). Outras hipóteses menos importantes foram levantadas sobre o tratamento a que o Pc. Pcllccer teria sido su bmetido na polícia, sempre desmentidas por e le. Só para citar um fato, quando um repórter faloulhe do boato que corria - na Guatema la e nos Estados Unidos - de que a polícia lhe quebrara os dentes a coronhadas, o Pe. Pellecer Limitou-se a abrir a boca. Diz o repórter: "Todos os dentes estavam lá, be,n implantados" (idem, ibidem). O mencionado boletim jesuíta "Noticias y Comentários" informa que depois do programa de TV, o Pc. Gíusseppe Pittau, coadjutor do Delegado Pontifício, e ntrevistou-se privadamente com o Pc. Pcllecer, a pedido do Núncio Apostólico. O Pe. Pittau declarou que o e ntrevistado "não deu nenhum sinal de que havia sido maltratado. e disse que estava bem de saúde" (boletim citado, maio de 1982, p. 30). Apresentado o essencial dessa discussão, não nos deteremos mais

!ando de um "amplo pl11ralis1110", no qual haveria dois extremos minoritários. E nenhuma c rítica faz aos mencionados extremos. De onde, o progressismo sai ileso de suas declarações. "Co,no grupo nunca se admitiu o emprego de armas". O ~ue significa "co1110 g rupo"! Quer dizer que há jesuítas que individuálmentc - não como grupo - admitem o emprego de armas em favor da subversão? E nã9 sofrem penalidades? E os demais que não admitem a subversão· armada não impugnam os de tendência guerrilheira? São coniventes? O prudente silêncio do Provincial deixa pendentes tais interrogações. Prossegue ele: .. Não ho11ve nesse sentido 11wis do que três casos". Então há três casos que o superior jesuíta conhece de padres da Companhia de Jesus que tomaram armas cm favor da subversão. E o Pc. J erez não tem contra eles uma só palavra de censura! Por fim, o Provincial apresenta a razão pela qual não há muitos jesuítas diretamente guerrilheiros: "A

Insiste-se na "lavagem cerebral" Posta de lado a acusação de traição, restou a de "lavagem cerebral". Esta foi cantada cm prosa e verso repetidamente. O Pe .. César Jcrez, Provinc.ial dos Jesuítas na América Central, por exemplo, declarou: .. Não 11ão admitimos como livres as declarações do Pe. Pellecer" ("Vida Nucva", Madrid , n.0 1298, 17-10-81, p. 40). E a revista dos jesuítas norteamericanos "América", e m 9 de janeiro de 1982, publicou extenso artigo intitulado "Lavage,n cerebral 11a Guatemala?". Só que as provas jamais apareceram. À guisa d a prova, propalou-se que psiquiatras viram o Pc. Pc llcccr na televisão, por ocasião de seu pronunciamento, e chegaram à conclusão de que ele sofrera "la vagem cerebral". Na entrevista concedida pelo Pe. Henri Madelin, Provincial dos jesuítas na França, foí defendida tal hipótese. Assegura e le que o Pc. Pelleccr, ao apresentar-se na TV, estava "submetido a uma pressão psicológica e també111 química. Os psiquiatras que viram a entrevista na TV e co11hece111 os expedientes do caso julgaram que 110 Pe. Pellecer realizou -se 11111 processo de con versão ideológica. devido a 111110 coação psicofisiológica" ("Noticias y Comcntarios", boletim noticioso da Companhia de Jesus, editado em Roma, em língua castelhana, citando "La Croix"). Seja qual for a opinião que se tenha sobre o que é "lavagem cerebral", convenhamos que o parecer dos psiquiatras que viram o Pe. Pcllecer na televisão representa muito pouco como prova. Além do mais, é sabido que os próprios especialistas na matéria não estão de acordo sobre aquilo em que consiste, exatamente, uma "lavagem cerebra l". A expressão tem sido usada como uma espécie de coringa para qualificar fenômenos dos mais diversos. Portanto, o rótulo vago de "lavagem cerebral" ou equivalentes_. em nada parece afetar a essência das revelações do Pe. Pellecer. Tanto mais que ele contestou tal acusação, dizendo: "Quando me lavara111 o cérebro? E,n quatro meses com a polícia? 011 e111 dezessete ,neses na subversão? Ou em quatro 0110s de doutrinação 111arxista na Universidade [onde fez seus estudos para sacer-

Populares salvadorenhos fazem fila paro votar. nas recentes eleições que deram a vitória a candidatos antiesquerdistas. Contudo. a guerrilha subversiva teima em se proclamar "PopularH.

Diante das câmeras da

televisão

guatemalteca,

o Pe. Pellece, denuncia o envolvimento

eclesiástico na subversão

dos pafses centroamorieanos

(30 de setembro de 1981) - - - - · - - -

nela. Mesmo porque não é nosso intuito tomar partid o em tal debate. Queremos apenas ressaltar um ponto. Diga-se do Pc. Pcllcccr - e do tratamento que recebeu dura nte seu desaparecimento - o que se disser, no seu conjunto ficam de pé as acusações que e le fez. SP. os fatos que ele a lega não fossem verdad~iros, seria fácil ao progressismo provar a falsidade dos mesmos. No farto material que a tal respeito chegou a nossas mãos, nada vimos de conclusivo cm termos de refutação, nem de explicação cabal. As tentativas de explicação deste ou daquele fato particular são pouco convincentes e apresentam-se sem força no conjunto das revelações do sacerdote jesuíta. Há até, aqui e ali, declarações vísando desmentir o Pe. Pellecer mas q_uc. na verdade, confirmam suas acusações, pois limitam-se a apresentar elogiosamente aquilo mesmo que o sace rdóte jesuíta condena. Trata-se de uma diferença de apreciação, mas a realidade do fato, ou seja, a subversão· promovida por eclesiásticos e leigos católicos, permanece de pé e sai até robustecida.

Procurando desmentir, confirmam... Assim são, por exemplo, algumas declarações feitas pelo Provincial da Companhia de Jesus para a América Central, Pe. César Jcrez, publicadas pela revista progressista madrilena "Vida Nucva", n.0 1298, 17-10-81: "Somos 11111 grupo apostólico e,11bora haja, 110 Companhia. u111 pluralismo amplo. Os dois extremos são JIIUitO minoritários". Notease o sibilino da frase. Não podendo deixar de reconhecer a existência da extrema esquerda na Companhia pois é uma evidência de furar os olhos - ele procura ameni,.ar faCATOLICISMO -

Agosto de 1982

lo11go prazo, tratar de somar luta ar111ada e Co,npanhia de Jesus supõe 111110 tlupla fidelidade, que não as faz con,patíveis". É só essa a razão? É de estarrecer! Como seriam incompatíveis, por exemplo , pertencer a uma ordem monástica e ser chefe de família! Se tal é o pe nsamento do Provincial para a América Central, não é de se estranhar as revelações do Pe. Pelleccr. O Pe. Jerez reconhece ainda que "membros da Companhia trabolha111 e111 obras de caráter novo, como as tarefas dos camponeses[...] também o fazem e111 centros de investigação de ação social, círculos de alfabetização, estudos da realidade nacional, formação de delegados da palavra [ ...]. E n ecessário formar pessoas mais capacitadas q11e, por sua vez, vão for111ando gr11pos fortes, comunidades conscientes de sua f é e da realidade em que vivem, pelo que são incômodos ao governo". Quem não vê, através de tal palavreado, a formação de uma rede subversiva de oposição ao governo, mediante as comunidades de base? O que os marxistas declarados não conseguiram , os sacerdotes progressistas vão fazendo. Outra confirmação da mencionada ação subversiva e ncontramo-la cm artigo da revista jesuítica "América", que procura refutar o Pe. Pellecer. O artigo admite que "grupos como o Exército Guerrilheiro dos Pobres. 110 Guate,nala. contê111 111uitos 1ne1nbros que se 1ornaran11nilita11res

por seu engajamento cristão [... ]. É con, repugnância q11e eles empunham or11ws. quando vêem que estão fechados os outros caminhos para a 111uda11ça" (cfr. "Figaro-Maga1.ine, n.0 159, 30-4-82). Ou seja, os ditos cristãos, quando não lhes é possível subverter as instituições por vias pacíficas, procuram fazê-lo pelas armas, em nome do cristianismo! Eis ai a nova religião progressista.

Como, depois disso. tentar rebater. de modo vâlido, as revelações do Pc. Pcllecer? Um último exemplo. O Pe. Henri Madelin , Provincial dos jesuítas na França, após repisar a tecla da " lavagem cerebral", informa: "A tíltima Congregação insistiu sobre a~ relações entre a fé e a justiçll. E praticame,ue impossível. :,·obretudo nos países do terceiro 1111111do. disse111i11ar a palavra de Deus se111 denunciar un1 sistenw político. Noss,1 ação útua-se 11a fronteira do político ("Figaro-Magazine", n.0 159, 30-4-82). Sabendo-se que a Congregação de que fala o Pe. Madelin é a Co ngregação geral da Companhia de Jesus, a informação torna-se particularmente importante. A atuação dos jesuítas na América Central não consistiria, pois, na ação isolada de alguns arditi, mas tratar-se-ia de uma orientação geral seguida pela Companhia de Jesus!? Se Santo Inácio de Loyola vivesse hoje...

Nossa posição A insistência na tese da "lavagem cerebral" mais parece uma cortina de fumaça, cujo efeito próprio é o de encobrir o fundo da questão: a subversão progressista. De fato, a situação descrita pelo Pe. Pellccer (ver matéria das páginas 4 e 5, nesta edição) é tã o semelhante a tudo quanto conhecemos da ação do progressismo no Brasil e cm todo o mundo que, lendo-a, encontramos uma realidade, lamentavelmente já nossa velha conhecida: a tentativa de demolição da Igreja e da sociedade civil empreendida pela ação da esquerda católica. As revelações do Pe. Pcllccer, provindo de um sacerdote que atuou diretamente cm favor da subversão. trazem consigo um calor de realidade que confirma na fé os que ainda poderiam ter alguma dúvida a respeito da orientação nefasta do • progressismo católico. E também sobre sua extensão, tão grande que, por vezes, parece confundir-se para espíritos timoratos, menos lúcidos e de pouca fé - com a própria Igreja, como uma chaga pode c rescer e tomar o corpo todo. Aliás, já cm 1943 o Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira. na obra "Em Defesa da Ação Católica". a lertava os católicos para os erros que se infiltravam no seio da Igreja. Seu brado não encontrou a ressonância que a gravidade da situação exigia. De lá para cá, ele não tem cessado de denu nciar os avanços do progressismo, e suas previsões têm se confirmado uma a uma. Agora parece m-nos próximos, muito próximos, os momentos em que a Providência Divina deverá intervir para que a Igreja não se veja aniquilada pelos que se dizem seus filhos. conforme a infalível promessa de Nosso Senhor de que as portas do inferno não prevaleceriam contra Ela. Enquanto tal intervenção. prometida também em Fâi-ima por Nossa Senhora, não se der, é nosso dever lutar cheios de fé, contra os terríveis males causados pelo progressismo à Igreja e à sociedade temporal. Esse combate pode ser conjugado a uma fervorosa prece à Virgem Santíssima, rogando-Lhe que por misericórdia abrevie estes tempos de calamidade e aflição para a Igreja e t~dos os ver~adeiros fiéis. E por isso que qu,semos trazer ao conhecimento de nossos leitores tais fatos (publicamos em seguida as revelações do Pc. Pelleccr). Não é mais licito a ninguém ignorar a Paixão pela qual passa a Igreja, cujo aspecto mais triste, talvez, é o fato de a lguns de seus algozes terem mãos consagradas. C: preciso sondar as chagas, medir-lhes o incrível grau de horror, a impressionante profund idade, para estarmos à altura do momento que atravessamos. A Igreja vilipendiada por tantos de seus filhos passa diante de nós. Em face do trágico espetáculo, permaneceremos indiferentes?

Gregório Lopes 3


. A

S REVELAÇÕES do Pe. Luis Eduârdo Pellecer Faena, foram feitas na TV guatemalteca, em 30 de setembro de 1981, perante um auditório em que estavam presentes o Corpo Diplomático acreditado junto ao governo da Guatemala, o Episcopado deste país, políticos, funcioná nos governamentais, empresários, jornalistas guatemaltecos e estrangeiros. Temos cm nosso poder a gravação de s uas declarações. A voz do sacerdote jesuita apresenta-se clara, firme, e sua exposição be m concatenada. Respondeu ele também, na mesma ocasião, durante uns 70 minutos, a perguntas formuladas na hora por jornalistas e outras pessoas presentes, demonstrando muito desembaraço. Entrevista de mesmo teor, apenas um pouco adaptada, foi publicada pela revista parisiense "F1garoMagazine", em seu n. 0 158, de 24 de abril de 1982. Na impossibilidade de reproduzir, devido a sua exténsão, o texto integral das declarações do Pe. Pellccer, selecionamos os trechos que nos pareceram de mais interesse para nossos leitores, entremeando-os de comentários nossos. As palavras do sacerdote virão precedidas por um número e entre aspas (os destaques em negrito são nossos). Os comentários serão indicados por um sinal gráfico (•). Os subtítulos são de nossa autoria . Queremos ressalvar que, mesmo frequentemente citada, por força do texto, a Companhia de Jesus não é por nós aqui especialmente visada. A chaga da Igreja que queremos denunciar é o progressismo. qualquer que seja a Ordem ou Congregação religiosa em que ele estiver, entre sacerdotes seculares ou mesmo entre leijlOS. O progressismo, que procura lormar uma igreja nova em lugar da única Igreja perene e verdadeira.

que era [... ) o Deus parcial. o Deus dos pobres, o Deus que única e exclusivan,ente assegurava a salvação para o p obre, para o necessitado. para o ind igente e deixava fora de toda possibilidade de salvt,ção o rico, o poderoso, o governante( ... ]. No ano findo, pregamos essa doutrina até o ponto de anunciar que somente os pobres deviam celebrar o Natal". • ~ bem o programa dos teólogos da libertação. Apresentar uma nova religião e um novo J esus dessacra lizado, voltados exclusivamente para uma pseudo-solução dos problemas sociais num sentido igualitário. Além do que o alcance de tais problemas é enormemente exagerado, e a luta de classes entre pobres e ricos promovida e exacerbada. 4. "O segundo princ{pio da teologia da libertação assim se enuncia: este novo Jesus tem um plano concreto e u111a 111issão. O Pai o enviou à terra para edificar um reino que nós - sobretudo os Jesuítas, e especialmente os d e n1inha geração deflnirnos co,no um reino equivale111e ao socialismo, que nos obriga a construir a sociedade socialista". • O socialis mo, corrio se sabe, é condenado pela doutrina tradicional da Igreja. Pio XI chegou a afirmar: "Socialismo religioso. socialismo ca16/ico são 1ern1os contraditórios. Ninguém pode ser ao 1nesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista·· (Encíclica "Quadragesin,o A n110", Vozes. Petrópolis, p. 44). A teologia progressista, chamada da libertação, faz tá bula rasa dessa doutrina.

Dados hist 6ricos sibnificativos 1. "E111

2. " Em 1980, em Puebla, no México, reuniu-se nova Conferência Episcopal latino-americana para rea1u11lizar os princípios de Medellí11. Sabia-.w . nessa época, que os elementos moderados da Conferência /:,piscopal tentariam combater as posições tomadas en1 Medellín, em 1968. Ante esta situação. a Con,panhia de Jesus da A111érica Central e do Panamá procurou radicalizar os Bispos que pendiam para a esquerda, impulsion1111do a teologia da libertação 111é seus ex1re111os'". · • Como membro, jã há muito tempo, da Compan hia de Jesus, o Pe. Pellecer está em condições de descrever e analisar a situação religiosa da América Central naquela época.

Primeira arma: "teologia da libertação" 3. "Foi primeiramente e,n F.I S11/vador, depois na Nicarágua e fi110/111ente na Guote111ala que eu experi-

1nen1ei. e,n pessoa, conto padre ca16 /ico, o poder destas três armas: a teologia da libertação, o i11strum e11111/ 111arxista-le11inista, o engajamento dos jesuítas entre os pobres. Elas contribuíram [ ... ) para fazer nascer o espfrito de subversão. [ ...] "Em primeiro lugar [dentro da "teologia da libertação"] a apresentação aos pobres de um novo Je!lus, um Jesus totalmente diferente da· quele que todos nós conh ecemos no ensinamento do Evangelho e nas aulas de catecismo com as quais nos prepararam para a Prime.ira Comunhão, um Jesus rebelde, um Jesus inimigo do sistema e11pitalista, um Jesus revolucionário ( ... ) Um Jesus

4

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8. "Era necessário mostrar que a injustiça se devia à existência de classes sociais". • Sobre a existência de classes sociais, eis um texto bastante claro e significativo da dou trina tradfoional da Igreja: "Os que ocupan, situações inferiores quanto à posição social e à fortuna deve111 convencer-se d e que a diversidade <Íe classes sociais na sociedade ve,11 da própria natureza. e de que se deve procurâ-la. em últi11111 análise. 110 vontade de Deus" (Bento XV, Carta "Soliti Nos", de 11-3-1920, .. Les E11seign eme111s Po111ificaux-Soles111es", "Descléc", pp. 293-294). 9...Um de meus erros f undamentais foi de crer que permaneceríamos .no pltmo teórit.:o, que não uti/iuJTlamos. a n ão ser em nossos escritórios e salas de estudos. este instrun1en1al analítico do 1narxis n10 [...]. Como teria eu imaginado - e co,110 não co111pree11di - que a teoria seria posta em prática?"

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viollncia dos pobr•snlo 6 viollncia. m•s justiça··. d&elarou um sacerdote guerrilheiro.

1

• Já segu ndo o desejo do 100C e dos "grupos proféticos" - precursores e incentivadores do progressismo atual - a Igreja deveria ser uma "I greja-Nova", na realidade panteísta, desmit ificada, dessacralizada, desalienada, igualitária e posta a serviço do comunismo" (cfr. "Catolicismo", n. 0 s 220-22 1, abri lmaio de 1969).

Segunda arma: marxismo-leninismo 7. "A segun da arma é o instrum ental marxista•leninista sobre o qual se fundou a doutrinação de quase todos os jesuítas de 111i11ha geração. Eu e!ltudei essa doutrina durante quatro anos, no México e e111 E/ Salvador'". • A revelação é impressionante! O homem comum não imagina a que ponto o marxismo é incu lcado em muitos estudos preparatórios para o sacerdócio.

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Luia Eduardo Pellecer Faena foi ordenado pedre em EI Salvador. no d ia 6 de dezem· bro de 1976

de sues vitima, em Puerto

S. "Este J esus se opunha à moral tradicional ( ...]. A partir dessa visão pregava-se uma nova moral. Para nós a única cóisa importante era a Revolução e o socialismo, e todo o resto viria por acrésci,110. O fato de os nu,trimónios não se constiruírem legulme111e, o fatu de haver div6rcio. o fato de haver toda espécie de libertinagens. tudo era tuciJa,nente per,nitido". • Esse é um problema pouco abordado, mas quão real! Em favor da subversão, o progressismo abando na a defesa dos princípios morais consubstanciados nos Mandamentos da Lei de Deus. Uma cínica degradação dos costumes vai devastando o mundo c pre parando os caminhos da Revolução, porque Pastores se omitem ou mes mo pactuam com o pcrmissivismo mora l. 6. "Esse Jesus era comple111me111e alheio à Igreja i11stit11cional; recusava todas as estruturas institucio1111is e hierárquicas da Igreja [... ]. Para chegar à tomada do poõer através de um movimento revolucionário, não é necessário uma I greja híe.r arquízada, mas uma nova Igreja: a Igreja da base, a Igreja do

Subversão ~ogi

: ~) . A~REVELAÇOE

Guerrilheiros sal• vadorenhos observam uma

1968 reuniu-se em Me-

dell{n. 1111 Colômbia, 11 Conferê11ci11 Episcopal da Igreja latino-americana, para atualizar e adaptar à Améril-a Latina as proposições do Vaticano li. Todos os Bispos estavam p~esentes e. pela primeira vez. foi duo que os povos es1t1vo1n oprin1i• dos. Eles estavam sem dinheiro e sem esperança de o ter; se,n cultura e se,n esperança de a ela aceder; .vem vida política e sem esperan ça de nela participar. O único m odo de .ta/vá/os era libertá-los". • É inegável que os progressistas invocam textos de Medellín para difu ndir s uas doutrinas, especialmente na América Latina. E também é um fato que, após 1968, ano em que se realizou aquela Conferência, a subversão eclesiástica foi se tornando ampla e s istemática cm nosso Continente.

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• A confissão é surpreendente. Entretanto, quão lúcida. Sente-se nela o palpitar da realidade que nos cerca. Quantas e quantas pessoas deixam-se amo lecer e m suas posições contra-revolucio ná ri as e depois, pouco a pouco, a rrastar para o esquerd is mo , levadas pela ilusão de que as teorias progressistas não se aplicarão. Ouvem um sermão pregand o a luta de classes e crêem que ele não será levado à prática; lêem uma autobiografia de D. Casa ldá· liga, cm que ele diz "posso e devo ir mais longe que o co111unis1110" (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "A Igreja ante a escalada d a ameaça comunista", Ed. Vera Cruz, S. Paulo, 1976, p . 22), e j ulgam que é s imples literatura sem consistência. .

Terceira arma: engajamento otícial dos Jesultas

10. ··A últi11111 das três armas foi " orientação dada há dois anos ao trabalho dos jesuftas pelfJ Congrega1ão geral da Compnnhia de Jesus. AI foi decidido que o trabalho incidiria prioritariamente sobre os setores mais pobres das populações rurais e urbanas [... ). Como jesuítas, nós éramos perfeitamente capazes de i111pregnar os espfritos da 'teologia da libertação' e do nwrxismo-leninismo. • E curiosa a alia nça que faz. o Pe. Pellecer entre a opção pelos "setores 11111is pobres das populações rurais e urbanas" e a "teologia da libertação", como também do marxismo-leninis mo. A Congregação Geral da Companhia de Jesus, aludida pelo Pe. Pellecer, foi a XXII , celebrada cm Roma. 11. "Transmiumos n ossos conheciJnentos corn cateci.s,nos esquerná· ticos e recorrendo 11 m eios audiovisuais. Usando nossa autoridade de padres, éramos bem sucedidos junto à massa simples. Semeáv_a mos o germe da decomposíçiio brandindo um Evangelho n ovo, um novo J esus''. • Eis aí uma terrível verdade. O povo s imples, que resistiria à ação de comunistas declarados, deixa-se enganar quando se trata de sacerdotes que, sob o nome de Jesus, introduzem o veneno marxista.

Convêm esclarecer que a Frente de Libertação Farabundo Marti é um movimento nítida e declaradamente marxista.

Na Nlcarâgua, jâ ordenado padre

Em EI Salvador, como seminarista 12. "Em E/ Salvador colaboramos con, um 1novilnen10 religioso chamado 'Delegados da Palavra de Deus', criado em 1968 após a Conferência Episcopal de Medellín [...]. Alguns dentre nós preparávamos os textos a serem difundidos. Outros. os 'pen etradores', deviam familiarizar-se com os costumes dos povos para aproximá-los com o maior sucesso possível. Enfi,n, os 'consolidadores' visitavam freqiienten,ente as comunidades rurais[ ... ]. F.ntretanto, ninguém organiza pelo si111ples prazer de organizar. Em E/ Salvador n6s tínhamos um objetivo. Tratavase, a partir dessa base religiosa popular, de edificar u,n segundo estágio: uma proposta poUtica. Dizíam os: 'Vós deveis vos defender contra patrões que vos exploram, deveis enfrentar a exploração'. Como? Prin1eira1nente corn os rudim entos de 1narxis1110 que lhes ensinam os. Co,no fazê-lo eficazmente? Unindase. Prevendo a resposta dos patrões, o que fazer? Saber defender-se. Com o defender-se? Familiarizando-se com os 111ecanism os ditos de 'autodefesa' que nada mais eram que um tra,npolin1 para a verdadeira violên~

eia". • Por vezes o trabalho dos progressistas pode parecer esparso, a algum ingênuo. Aqui o leitor pode perceber como ele é cuidadosamente planejado e organiz.ado: cada padre progressista, cada leigo engajado te m uma função. atua num d eterminado campo etc. Tudo para: a) arregimentar, usando a religião como isca; b) a rregi mentando, consolidar pelo ensino da d outrina marxista, ainda que disfarçada; c) consolidando, lançar os pobres - e os inocentes úteis - cont ra as instituições, através çia luta de classes.

13. "Nós preparávamos um terreno fé.rtil para a Frente de Libertação F arabundo Marli. N unca havíamos incitado realmente os camponeses à luta armada, mas o tema da luta d e classt!l e as doutrinações anteriores eram suficientes para fazê-los tomar a decisão de lutar [... ). "Numerosos guerrilheiros nos propuseram participar diretamente na guerrilha e aí lutar. Dentre os doze seminaristas jesuítas que éram os então, quatro aceitaram e passaram à ação militar[... ). Quanto a n1in1, jan1ais esteve e,n ,ninhas intenções militar, mas isto não hnpediu de conduzir à violência 11111 rebanho crédulo. Eu· sou daqueles que prepararam os camponeses ingênuos a s e deixarem absorver pela Frente de Libertação Popular". • Mesmo quando não pregam diretamente a violência, alguns progressistas, como o Pe. Pellecer, preparam seus aderentes, através da guerra psicológica revolucionária, para entra rem em movimentos guerrilheiros. Postas as premissas, tinha que se chegar até lá.

14. "Para nós. na Nicarágua. o essencial era, como em E/ Salvador, reunir os camponeses en1 torno da 'teologia da libertação '. que devia preparar o advento de u,n governo socialista. Nossa referência sendo o Evangelho, os cristãos da Nicarágua aceitavam facilmente o que lhes di-

zíamos''. • Mais uma vez: exploração da confiança que o povo tem no sacerdote. 1S. "Nós alertâva,nos o resto do mundo sobre a situação de injustiça na Nicarágua, sabendo que podíatnos contar corn o apoio incondicio11al de certos paires socialistas e de numerosos grupos de pressão liberais no mundo todo .._ • É importante notar a união das esquerdas, em â mbito internacional: governos socialistas, imprensa e associações de esquerda. Todos se unem quando se trata de forçar a implantação de um governo sociali~ta num pais. 16. "Poi nesta época que conheci o Pe. Fernando Cardenal Cha1norro, jesuíta como eu [... ]. Habi-

tâva,nos a 1nes1na casa na Nicarágua

e eu esto u. pois, certo de sua participação 1111 Frente de Libertação Sandinista, segundo ele mesmo 1ne disse. Atualmente ele é diretor das Juventudes S andinistas na Nicarág ua. Antes da queda de Son1oza. o R. Pe. Fernando Cardenal Chamorro trabalhou no 'Movimento Cristão', associação de jovens saídos de colégios católicos, considerada como o seminário dos futuros militantes sandinístas". • Mu ito interessante notar a ligação de sacerdotes e de organizações autodenominadas católicas com o movimento sandinista. O Pe. Pellecer a inda nomeia outros, que o mitimos por brevidade. Aliás, vimos aqui no Brasil o sand inismo ser entusiasticamente aclamado por D. Pedro Casaldá liga - que chegou a vestir o uniforme d e guerri lheiro sandinista - e por outros religiosos (efr. "Catolicismo", n.• 355/ 356, julho-agosto, l 980).

Na Guatemala: o auge da ação 17. "Na Gua1e111ala, u,n do.r êxitos notáveis do 'Comitê de Unidade Camponesa' na zona rural foi de chegar a uma ·conscientização de classe' das tribos ind{genas l"(il, Queckchi, Cackchiquel. Quiches, Mams, Pocomans e outras. Os índios se111ian1-se 111embros de tal ou tal etnia antes de sentire,n-se sitian· tes explorados. Os propagandistas do 'Con1itê de Unidade Camponesa' ensinaram-lhes o inverso e, pro111e1e11do que o futuro governo socialista respeitaria suas línguas, -seus costumes, suas tradições, chegara,11 a absorver suas diferenças e unificar essas tribos na luta de classes. Não creio que a Con1panhia de Jesus aceitaria ser tida com o responsável

Zonas de atuação da guarrilha

Golfo do México

O

100

-

200 300

km

1

HONDURAS N ICARÁGUA

loofie ld s

0ceano Pacifico CATOLICISMO -


~essista

na América Central

O estranho silêncio

S DO PADRE PELLECER pelo nascimento desse Co,nitê. Entretanto, sem n1anifes1ar - ao menos no inlcio - urna sustentação confessada, a Companhia abençoou a ação do 'Conlitê de Unidade Cam· ponesa', ajudou-o a fortalecer-se, e sobretudo, ela tudo fez para que o mesn,o adquirisse reno,ne mundial. O objetivo dos jesultas era [...]formar uma base que servisse de fundamento a u,na organização política revoluciondria. Este objetivo, n1eus cúmplices - meus associados meus antigos colegasjesultas, o atin' giram [...]. As regiões trabalhadas por essa subversão (as do Noroeste em particular) torn~ram-se agora bastiões operacionais da guerrilha". • Como o mencionado trabalho dos progressistas junto aos íridíos, para lançá-los na subversão, é semelhante ao que se procura fazer no

____

,.._.

F4 • reaignaçlo trenapar«H:em naa fiaionomiaa dauaa indígena, guatemalteca, em prece. - ºUs•ndo nosu •utorld•d• de padres# éramos bem sucedidos junto•

masu simples. Seme,v•mos o g11rm11 d•

decomposiçlo brandindo um Ev•ngelho novo. um novo J1sus declarou o Pe. Pellecer. 0

Brasil! (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Tribalismo indígena - Ideal comuno-missíonário para o Brasil no século XXI, Ed. Vera Crur~ S. Paulo, 1977). 18. .. Desde minha chegada, fui enca,ninhõdo para uma co,nunidade urbana de padresjesuftas, conhecida sob o n o,ne de CIAS (Centro de Informação e Ação Social). Este centro é u1n organismo progressista que agrupa jesuítas mais ativistas [ ...]. Dois dentre eles tinham feito estudos universitários e recebido u111a formação particular co,no penetradores das massas populares[... ]. Nove desses Jesuhas dirigiran,-se a outros países latino-americanos[... ]. O Pe. Alberto Sily, por exemplo, partiu para a Argentina, onde con1inuará sua ação de apologia do 'terceiro-,nundismo' e da violência. Tr~ outros padres jesuítas, ordenados, irão para a guerrílha: Fernando Hoyos, Enrique Corral e J esus Bengoechea. Os dois primeiros abandonaram a batina e o terceiro contínua padre". • De certos centros especializados, tais sacerdotes deslocam-se depois para outros paises. Constituem uma internacional da subversão. Ê interessante notar, de passagem, como a pregação "terceiro-mundista" é apenas uma variante dentro da teologia da libertação, ao lado do sandinismo e outras. 19. "Assim se cumpria, se,n barulho, nas cidades co,no nos campos, este trabalho de preparação que devia, en, 11011,e do Evangelho, transformar inelur.avelmente os desfavorecidos enr descontentes e os descontentes em revoltados". • Perfeitamente sintetizada, nessa frase, a ação que visa aproveitarse dos pobres para transformá-los em revoltados; em instrumentos dó· ceís nas mãos dos progressistas para promover a revolução. 20. "Eu tinha, há um certo tempo, formado o projeto de desposar uma~jovem nicaragüense". • Ao que parece, para o então padre progressista, violar seu voto de castidade tinha pouca significação. Entretanto, ó sacerdote mais do que ninguém, por sua missão emiAgosto de 1982

nentemente espiritual, deveria ter em mente e viver este lum.í noso ensinamento: "A castidade liberta o ho1nem do jugo das paixões e. com isso, permite-lhe entregar-se com maior pujança à prossecução dos bens do espírito" (D. Antonio de Castro Mayer, Carta Pastoral "Castidade, Humildade. Penitência': in "Por u,n Cristianismo Autêntico", Ed . Vera Cruz, São Paulo, 1971, p. 181).

Adesão à guerrilha 21. "'Eu soubera, de outro lado,

que diversos jesuítas meus conhecidos, que trabalhavam comigo, pertenciam ao Exército Guerrilheiro dos Pobres. [... ] Eu estava disponível, e procurei Enrique Corra/ Afonso, ex-padre jesuíta, casado, espanhol de origem mas naturalizado na Guatemala. Dois n1eses após têlo infor,nado de meu desejo de juntar-me ao Exército Guerrilheiro dos Pobres, recebi uma resposta favorável". • Após um passado durante o qual preponderou a doutrinação impregnada pela "teologia da libertação" c pelo marxismo-leninismo, não é de se estranhar que o Pc. PeUecer tenha tomado a decisão de aderir formalmente à guerrilha. 22. "No plano intern acional, n6l agíamos como um!l agência de imprensa. Mas as notícias que difundíamos não correspondiam à realidade. Por diversas vezes, noticiamos atos de violência que atribuíamos ao governo e às forças de segurança, e que haviam sido perpretados por grupos revolucionários de esquerda.

Nunca tivemos a honestidade de atribuir a cada um o que era seu, de ser objetivos e de distinguir os ,nassacres con1e1idos pelos revolucioná· rios das represálias exercidas pelo governo"'. • A mentira, a calúnia organizada, são armas usadas com freqüência por grupos revolucionários de esquerda, com vistas a desmoralizar aqueles que se lhes opõem. 23. "Nossa propaganda dirigiase, de início, aos países da América Latina [ ... ] e é nesse espírito que haviamas criado e instalado u,na ampla rede de grupos. instituições, foruns, encarregados de veicular nossas idéias [... ]. É claro, tínhamos tambén, o apoio de organizações de extre111a esquerda. Nossa propaganda visava igualmente os países da Europa Ocidental e para isto contávamos muito com a 'A11111es1y lnternationaf' [...]. Havían,os pensado, durante algum tempo, que a revolução viria do Cone Sul[... ] mas isto revelou-se unr erro histórico". • O caráter mundial da ação das esquerdas - inclusive a católica - fica mais uma vez constatado. Muito ingênuos são, pois, os que crêém que o progressismo no Brasil é um fenômeno autóctone. Conforme as determinações de uma miste• riosa central, os focos de irradiação passam com toda a facilidade de um pais para outro.

Mais dados sobre a guerrilha: o financiamento

pressão progressistas e esquerdistas que ajudam - certamente com não pouco dinheiro - os movimentos guerrilheiros na América. O leitor poderá dar-se conta de como a grande imprensa não acentua, e freqüentemente até esconde, fatos como esse. Eles são essenciais, contudo, para se entender a realidade contemporânea. 25. "No que concerne às armas eu nada sei. Em EI Salvador havia armas escondidas em conventos". • A revelação é impressionante: conventos que escondiam armas des· tinadas à guerrilha. 26. "O que eu conheço bem são as fontes de financiamento do Exército Guerrilheiro dos Pobres. Há lrês fontes. Primeiramente há a ajuda material carreada pelos países socialistas [ ...]. Em seguida aquilo que se costuma deno,ninar - sem ter vergonha nisso - a 'recuperação', e que não é outra coisa senão o roubo puro e simples. Enfim. os donativos de certas instituições eu· ropéias de vocação social e caritativa que se encarregam de obter fundos e de no-los faze,r chegar. É o coso' de Carít~s (Itália), Cebemo (Holanda), Brot filr díe Welt, Misereor e Adveniat (Alemanha Federal), Oxfan (Inglaterra), Catholic Relíef Services (EUA), Christian Aid (Canadd), Developpement et Paix (França), como também afundação protestante Novib e o Conselho Nacional das Igrejas. Cada uma dessas instituições [... ) tem seus representantes nos países da América Latina; e são esses representantes que decidem rejeitar ou apoiar os projetos que nós lhes submetemos [...]. Mas na realidade, a totalidade da soma não era destinada ao projeto previsto. A n,aior parte dos fundos (mais ou nrenos 80%) era simplesmente desviada para organizações extremistas e servia à sua subsistência ou à compra de ar1nas". • Não surpreende que os países socialistas ajudem os guerrilheiros. Nem que estes roubem. Talvez sur-

N~O FOI SÓ 1\0 Brasil que se Jornalista de grande reputação, silenciou a respeito do "caso que 1rabalhou outrora para a 'AsPeUeçer". yejam--se!. a respeito! os sociated 1'ress' e recebeu no época textos abar,c.o extra1dos éla re<11sta o prestigioso prlmio 'fulitzer'por "Figaro-1\-fagazine'': suas reporta"(ens no Viet11ll, Reter L "Estamos de posse de um A.rneu não é homen1 de se deixar testemunho excepcional, mas sin- desmontar. Ele replicou que havia gularn,ente cer<utdo de silêncio enlfevistado longamente o '/'e. por todo a imprensa c;aidentaf, Pellecer [ ...] 'f:u rrão sou 'de didesde setembro de 198/'' (Edito- reita - continuou - e não tenho dai assinado por Louis Pauwels, nenhuma sin1Palili pelos governos n.• 158, 24-4-8~ , p. 31). n1ilitares. 'Mas es1ou convencido :2. "No iníêio tio m~s de março da si,1-.eridade do padre. e n ós em Mandgua (capital ila Niearii- reproduziremos a entrevista'. Nesgua). oito iforndlistas. na maior se mon1e1110 uni dos colegas-conparte americanos, Jantavon, num vivas, ébrio de raiva, Jogou seu restaurante[ .. .]. Repó,tqes expe- prato e deixou a mesa. Eis ate rin1e11tados, e)es cobriam para ande cheg'am, atualmente, as paiseus Jornais, rádios ou televisões xões à evocação do 'coso feflecer'. os acon1ecin1entos da América Mds. ,'sto concerne apenas aos iniCeniral[...],e as diversas guerrilhas c1atlospois, curiosamen1e, a gran· centro-americanas. Havia a mesa dé imprensa interndeivnal·- laica alguns grandes nomes do jorna- ou <:onfessional - até o mon1e1110 lis,no internaoionaf[ ...] Em deter- não se pronunciou. Nenhum quo111inado momento, a{guim pro- tidiano, nenhum hebdomadário 1111.nciou o no111e do 'Re. Peflecer (além dos do '4merica Latina) ate [---~ que 'Peter í4.rne11 aca/Yava de v momento fez eco deste acontecientrevistar, no Panamá, por conta 1rre1110." ( Dossier elaborado po; de "Cable News 'Network'. ltne- Jacques 13onomo, n.• LS9, 30-4iliatamente o assunto pegou fogo 8-2, p. 32). e Peter Arnetl foi tomado à par(e 3. "Faz-se o sifêncio na Europor alguns colegas que o censu- pa sobre este cdso [do Pe. Pelleraram por- dar- u1ha tribuna a esse ce~}. Mas ele não se apazigua" ·,raido.r', esse 'mentiroso', 'ven- (Editorial de Louis Pauwels, n.• dido à po/(cia da Guate,nala'[ .. J 161, l5-5-8i, p. 1l3). • Para um só movimento guerrilheiro, num pais pequeno como a Guatemala (onde há quatro movimentos guerrilheiros) o número não é pequeno. 29. "No que se refere à luta armada propriamente dita, sei que certos jesuítas combateram militarmente, como o Pe. Fernando Hoyos, ou o Pe. Enrique Corral Alonso, que pertencem ao Exército Guerrilheiro dos P obres há anos. Contando os que combatem em EI Salvador, o total deve ser de, pelo menos, oito jesuítas guerrilheiros, dos quais alguns têm responsabilídade de co-

mandanteº. • Esses são os mais violentos, os que chegaram às conseqüências extremas de sua posição comuno-progressista.

• •

O oecerdote bel-

ga Rogalio Poncel celebra miua entre terroristas da Frente Farabun· do Marti de Ubertaçlo Nacional~ em

preenda a revelação da existência de mstituições caritativas internacionais, algumas delas católicas, concedendo dinheiro que era facilmente desviado para a guerrilha. 27. "A Companhia de Jesus vo-

Boston que contava com diversos jesultas, entre os quais o R. Pe. Simon Smith (que eu conhecia pessoalmente) era encarregado, em Washington, das missões americanas. Ele concedia seu apoio e seu sustentáculo a todos os projetos que lhe submetíamos"'.

• O Pe. Pellecer nos revela a existência, nos EUA, de grupos de

ta, participando de perto o u de longe na ação subversiva".

apoio indire10 e incondicional a ele. Do mesmo modo, na Guatemala, deve-se mencionar as Religiosas belgas da Sagrada Fam(/ia - ou ao menos algumas delas - alguns Irmãos de La Sal/e, talvez alguma religiosa da Assunção, muitos membros da Ordem Religiosa de Scheun, alguns da Ordem dos Méritos". • Note-se que a enumeração é exemplificativa e refere-se apenas aos religiosos da Guatemala que davam apoio à guerrilha, portanto aos que chegaram ao extremo da sub· versão armada. O que será a totalidade da rede progressista na Guatemala, na América Central e em todo o mundo? Vislumbra-se por aí quão insignificante é, no Ocidente, o esforço dos partidos comunistas, se comparados a esse imenso polvo progressista. 32. "'Vós 1odos, que tendes filhos, não podeis mais vos permitir, hoje em dia, de escolher para eles a educação COlófico, unicamente porque a escola é dirigida por padres ou religiosas, pois isto não mais cons1itui unia garantia de ensino são". • A consequência daqui inferida pelo Pe. Pellecer é impressionante, é muito grave. Mas quem, de bpa fé, poderá recusá-la?

Universalidade do progressismo

EI Salvador: forma curiosa de conciliar fá e aubveralo , ..

tou -se a influenciar as organizações já ativas na Atnérica Latina. Foi com essa finalidade que se contraíram lanços co111 a Confregua (Conf~deração dos Religiosos da Guate1nala), com a congregação Moryk1101/, co,n os dominicanos do Panamá, os salesianos da Nicarágua, con1 as religiosas belgas do Colégio da Sagrada Família, com a Congregação Scheu/1 e várias outras Ordens Religiosas, a fim de atraí-las também para ,a 'teologia da libertação'. • Trata-se, pois, de um proselitismo em favor da subversão, q_ue procurava .aliciar religiosos de vá nas Ordens e Congregações. 28. "É-nre difícil dizer quantos religiosos faziam parte do Exército Guerrilheiro dos Pobres na Guatemala, porque eu não trabalhava necessariamente com eles. De qualquer forma posso dar uma cifra aproximativa, da ordem de vinte ou trin-

24. "Nós nos preocupávamos igualmente com a importlincia da opinião público 110s EUA, que procurávamos também intoxicar. Nesse país, diversos grupos de pressão, estreitamente ligados aos jesuítas de esquerda e a altos fu11cionários americanos da nresma orientação, traziam-nos u111a ajuda fundamental para continuar a guerra na Guatemala. condição primeira da revolução socialista. Um de nossos principais correspondentes nos Estados Unidos era o Center of concern de

da grande imprensa

30. "Quanto a nós, Jesuítas, é ben, certo que alguns de nossos superiores estavam a par de nossas atividades no Exército Guerrilheiro dos Pobres. De outro lado, certos superiores que, para não ver sua autoridade diminuída, diziam não aprovo, nossa ação no Exército Gue,;ilheiro dos Pobres, eram solidários com nosso engajamento, ao n1enos i11dire1ame111e. No que a mim concerne, os únicos dois superiores que conheciam meu engojamento eram o provincial dos jesuítas da América Central e Panamá e o Pe. Juan Hernandez Pico, espanhol de origen1 e hoje cidadão guatemalteco, responsdvel pela formação dos jesuítas". • Ê claro que os jesuítas que aderiram à guerrilha em grande parte o fizeram porque, de modo velado ou aberto, sentiram a concordância dos superiores.

Outras Ordens religiosas implicadas 31. "A Companhia de Jesus es· tava em estreita relação com o Exército GUl!rrilheiro dos Pobres, direta e indiretamente, por nreio de seus membros militantes e por meio de

A extensão da subversão eclesiástica na América Latina atingiu um grau inimaginável. Entretanto, o progressismo lança suas raízes maléficas por todo o Ocidente. Na Mensagem "O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabefa·de-ponte?", de autoria do Prof. Phnío Corrêa de Oliveira, que tem sido difundida como uma luz por todo o mundo, alcançando extraordinária repercussão, o eminente pensador católico acentua: "'Como católicos não pode1nos calar nosso asso,nbro - que, passada a atual confusão dos espíritos, será o de todas as nações do mundo até o ji,n dos 1e,npos - à vista de que, ante eleições aptas a abrir o caminho do poder aos ,nentores e propulsores do Partido Socialista, a Conferência Episcopal Francesa não tenha tido uma só palavra de advertência sobre o perigo que o país assim corria. E com ele a Igreja, bem con10 os escombros ainda vivos da Cristandade. [...] Considerando esses fatos - e tantos outros há no inundo conten1porâneo - compreende-se melhor toda a realidade de que o Santa Igreja se encontra hoje, conro constatou Paulo VI, num misterioso processo de "'autodemolição'' (Alocução de 7-12· 68), e de que nE/a haja penetrado, segundo o mesmo Pontífice, a "fumaça de Satanás" (Alocução de 296-72)."' ("Catolicismo", o. <>s 373-374, janeiro-fevereiro de 1982, pp. 36 e 38).

5


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Subversão progressista

na América Central;,:,,-..,...,...,...,...,...,...,..,. .,.,. .,. .,. .,. .,. .,. .,. .,. .,."°

Progressistas confessam intenção de mudar a Igreja •

"CATOLICISMO'" e a TFP têm lutado valorosamente contra o progressismo. Mas, ao mesmo tempo, têm deixado sempre bem claro sua total adesão à Igreja Católica de sempre, representada por sua doutrina tradicional e por aqueles q ue permanecem fiéis a ela. Alguns progressistas. hábeis pescadores cm águas turvas, aproveitando-se da confusão em que eles mesmos lançaram os meios católicos. têm-nos caluniado a ponto de procurar fazer passar, aos olhos dos fiéis, nossa atuação antiprogressista como sendo um ataque à Igreja. Ora, eis que agora nos chega às mãos uma publicação progressista

cm que fica claríssimo - ao menos para quem não queira negar a evidência - que os progressistas estão construindo uma igreja oposta à Igreja Católica de sempre. Como o documento é inteiramente insuspeito, julgamos oportuno trazer ao conhecimento de nossos leitores alguns de seus trechos mais característicos. Trata-se do livro-documentário "Morir y despertar en Guate1nala··· (seleção de textos por Mirtha Fernándcz de Lasserna; elaboração empreendida por Ana Gispert-Sauch de Borrei), editado pelo Centro de Estudios y Publicaciones, de Lima, em novembro de 1981. Como o titulo já anuncia, a situação analisada é a da Guatemala. Mas as analogias com a situação religiosa do Brasil e de toda a América Latina são tão marcantes que o leitor facilmente poderá fazer as transposições. Os trechos que transcrevemos da mencionada obra foram extraídos da Parte .li, sob a denominação" Periodización de la lglesia". Os subtítulos são nossos; a divisão em períodos é do livro.

1954-1962: a Igreja é anticomunista Punhos cerrados (saudaçlo comunista}: vínheta do livro ..M orir y desp11rt11r en Gu11t11mal•"

Nesse período, a Igreja pregava normalmente a doutrina católica:

Terroristas elogiam aliados: os cr,staos progressis tas li

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conseguido levar à frente. A confrontação com o governo e com as classes dirigentes torna-se generalizada . Os crimes da subversão são calados e a repressão é qua lificada de assassinato. /\s comunidades de base passam a ser as células motoras da ação revolucionária, e o apoio à guerrilha. por parte dos setores mais avançados do progressismo, tornase direto. ..A Igrej a, em seus setores mais ligados ti pastoral popular. co111pro111e1e-se 11,ais (iireta,nente corn o po-

O pretenso anseio de sublevaçlo do povo guatemalteco para implantar o comunísmo

osté domagogicamonto rotratado .nesta ilustreçlo do livro "Morir y dt1spsrtsr on Guatt1malt1''

"'E1n 1954, o Arcebispo da Guatemala, Mons. Mariano Rossel y Arei/ano entrou em aber/a confrontação com o governo de Jacobo A rbenz, ao promover uma célebre 'Peregrinação Nacional da ltnagem do Cristo de Esquipulas·. co111 a qual se iniciava a 'Cruzadt, contra o Coinunis1110'. Nos ,nesmos dias. fundava-se o Partido Antico,nunisra Democrata Cristão, co,n a bênção do mesmo Arcebispo. o qual deu seu apoio à queda de Arbenz. A Carro Pastoral de abril de 1954 continha também u,n apelo a todos os católicos para lutarem contra o comu-

nismo.

'f ..) Um dos primeiros objetivos da Hierarquia foi incre111e11tar o número de sacerdotes e agentes pastorais estrangeiros (dos Estados Unidos e da Europa) para que co11solidasse1n a corrente a11ticomunis1a nos setores populares. [... ) En1 fevereiro de 1959 realizou-se o Prim eiro Congresso Eucarístico Cen-

"'DIZE-ME com quem andas ma Roma infalível capaz de ensie dir-te-ei quem és". Este sábio nar aos fiéis quais as verdadeiras ditado popular poderia facilmen- consequências de sua fé. E meste ter outra íormulação: dite-me mo apto a proclamar "dogmas" quem te elogia e te direi quem és. como: •· Em nosso país não é posAs transforma.ções operadas sível ser cristão e não ser revolutroan1ericano. cujo encerra1nen10 . . . nos meios católicos pelo comuno- c,onano . congregou quase meio ,nilhão de progressismo têm sido de tal monE o mais incrível é que o livro pessoas, expressão t(pica de toda ta que tais ambientes - outrora progressista que citamos publica uma pastoral de cristandade que se receptáculo do bem e da virtude o comunicado como se fosse um estava imple,nenrando ( ... ). - tornaram-se, cm boa medída, passiveis de ser elogiados pelos píores inimigos da civilização cristã. Nesse sentido o Exército Guerrilheiro dos Pobres; principal movimento subversivo armado da Guatemala, lançou um comunicado especialme.nte destinado a elogiar certos grupos católicos. Publicado cm julho de 1980 sob o título "Aos cristãos que lutam ao lado do povo", o mencionado documento foi reproduzido no livro .. Morir y Despertar en Guatemala", editado pelo Centro de Estudios y Publicaciones, de Lima, entidade especializada na diíusão de obras da esquerda católica. Com linguagem própria a terroristas, assevera o documento: "O governo de lucas e o exército nacional intensificaram a campa- Sacerdotes e religiosas fazem frente comum com guerrilheiros o trabalhadores em nha de assassinatos e intimida- revolta. segundo outra ilustraçlo do mesmo livro ções contra os cristãos. tanto sacerdotes e religiosas con,o cate- documento que merece ser visto e "Em fevereiro de /962, os Bispos quistas. [ ... ) Estes bons filhos da analisado com seriedade pelos cada Guate111ala publicara111 nova CarGuatemala e de outros países rêm tólicos. ta Pastoral para prevenir os fiéis sido vi/mente 111assacrados e conOs guerrilheiros reconhecem contra o perigo comunista ante a tinuam sendo ameaçados". também o grande papel da esagudização de contradições sociais Não se podia ser mais cari- querda católica na revolução soexistentes. e fomentar o estudo da nhoso: '"Estes bons filhos da Gua- cial: "'Os cristãos representa,n um Doutrina Social da Igreja" (pp. temala". grande papel na conscienrizaçãq e 53-54). O comunicado esclarece que a organização do nosso Povo .., conrazão de tais cristãos esta rem sen- tra um inimigo poderoso que "te1962-1970: a febre das do perseguidos é a de terem com- rá que ser enfrentado e destn,fdo"'. obras sociais preendido "que a sociedade de Prosseguindo com os mais rasexploração. repressão e discrimi- gados elogios aos mencionados A preocupação excessiva com as nação no qual viven1os, é inconi- cristão~, que ta,,to fazem pela obras sociais contagiou, nesse pepatível co,n os princípios e prá- vitória da revolução marxista, o ríodo, grande parte do corpo ecletica~· do cristianismo autêntico'". comunicado salienta que, há asiástico e leigo. Os problema.s funSão, pois. guerrilheiros que nos, foram esgotados os meios damentais referentes à fé e à moral têm a fórmula válida para nos pacificos. Assim sendo, "violênvão passando para um plano secunensinar, a nós católicos, o que é o cia revolucionária é legítilna· e dário. t a transição para o procristianismo autêntico! Por essa o jus1a gressismo declarado: leitor certamente não esperava. Que tais elogios se façam é de "'A pastoral da Igreja caracteriNem nós. estarrecer. E o fato de progreszou-se, fundamenta lmente, por seu Ainda na mesma linha de pen- sistas difundirem louvores oriuncaráter pro1nocional de obras sosamento, o documento qualifica dos de terroristas torna patente a ciais, que se apoiava numa visão seus elogiados de "cristãos con- situação inconcebível a que cheingênua do desenvolvimento proseqiie,11es", como se o Exército gamos, diante da qual não é lícito gressivo. Intensificaram-se notavelGuerrilheiro dos Pobres fosse u- omitir-se. 111ente os trabalhos e111 cooperativas. programas de saúde. colégios, esco-

..

1

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las e na criação da Universidade Católica [...). A influência do Concílio Vaticano li e da Encíclica· Populorurn Progressio constituíra111 fatores de renovação e ·aggiorname,110 · na pastoral eclesial dos setores mais sensibilizados à proble111ática do pobre'" (p. 54). 1

1971 - 1978: avoluma-se a subversão eclesiãstica O progressismo já começa a apoiar abertamente a subversão, sob o signo de "refornras", "opção pelos pobres"' e outros slogans do gênero. O aval concedido às guerrilhas ainda é indireto: elas ou não são condenadas ou o são de modo genérico. sob a denominação de violência, na qual se inclui a repressão governamental. A violência é considerada apenas em seus abusos e qualificada de ..sanguinolentt1"', ..brutal", "indiscriminada .. etc. Os progressistas maniíestam uma compaixão unilateral que se aplica aos guerrilheiros, mas não a suas vítimas. "l:.111 /970, assumiu o poder gover11a111e11tal na Guatemala Arana Osorio. caracterizado por exercer uma das ,nais duras e sanguinole11ras repressões, a tal ponto que os Bispos. em 5 de fevereiro de /971. em Carta Pastoral. exprilniram sua rotai condenação a todo tipo de violência. ( ... ] "Apesar áas limitações do desenvolvimentis,110, o ilnpulso que dava Medellín (1968) a uma mudança de estruturas e o pensamento teológico partindo da p erspectiva de libertação que con1eçava a se tornar presente 11a Atnérica latina. fora11i fatores que incidiram no questio11an1ento dá ação da Igreja e 110s 11ovas colocações pastorais que ia,n surgindo. ·•Ante a brutal e indiscriminada repressão do presidente Arana (1970-74) para erradicar as guerrilhas, houve un1a primeira resposta de protesto contra o governo, vinda de um grupo ecumê11ico, fortnado por Bispos. sacerdotes, pastores e leigos [... ). ··ourro gesto de denúncia profética deu-se e111 1975, através do protesto público do Bispo. sacerdo1es e religiosos da diocese de las Yerapaces. em virtude das investidas contra a vida e a terra dos camponeses da zona e da saída forçada de um grupo de missionários de E/ Peten, que realizavam uma tarefa pastoral co,n o mundo indígena, em consonância co,n o espiriro de Medellín. '1---1 Na Carta Pastoral 'Unidos na Esperança•, os Bispos guare,naltecos subscritores fizeram uma análise da injustiça esrrurura/" (pp. 55-56).

1978-1981: o progressismo substitui os PCs na vanguarda O progressismo, a partir de sua base religiosa e contando com apoio concçdido por eclesiásticos altamente colocados, passa , nessa fase, a liderar o movimento subversivo, que os Partidos Comunistas não haviam

vo opri,nido e sua luta libertadora. De outro lado. o governo exerce 11111a perseguição aberta e frontal contra este setor do Igreja. constituído por st1cerdotes. catequistas. delegados da palavra. agentes de pastoral e instituições educacionais. ·1...) Mais de 10 co1111111icados de grupos cristãos aparecerorn nos jor• nais (da Guatema la) condenando a matança de índios kekchies e denunciando clara111en1e seus autores: exército . governo e proprietários de terras. [... ] ..A Igreja hierârquica começa 11 fazer ouvir suo voz. como coletivitlade e. em abril de 1981. lança u111a Carta Pastoral na qual explica seu pensa111e1110 ante a i11justiça social e a série de intervenções por parte dos poderosos e do governo. Posterior111ente, em 6 de agosto do ,nesmo ano. o Conferência épiscopal Guatemalteca publica um documento 110 qual reitera a condenação à escalada dt, violência e exco1111111ga os que atentam contra a vida dos ministros da Igreja [ ...]. As dioceses de Escuintla. co111 Mons. Ríos Mont. de Yerapaces, com Mons. Flores. e a de E/ Quiché, com Mons. Gerardi à frente, foram as que manifestaram de ,nodo 111ois sinronuítico su11 de-

núncia e seu ,·01npron1isso co,n os pobres. A Confregua (Confederação de Religiosos Guate1naltecos) e o Co,niré Pro Justiça e Paz fora111 as vozes ,nais públicas da denúncia profélica ( ... ). "No can1po pastoral estão J·e desenvolvendo novas formas de organização e evangelização por parte das co1nu11idades cristãs.[... ] Foram abandonadas as grandes reuniões de cris1ãos e ca1equistas, e ent ,geral, estabelece,n -se redes de comw1icação e,n pequenos grupos [...)'" (pp. 56-58).

Note o leitor a rotação operada de 1954 a 1981: do anticomunismo mi li tante à liderança da subversão; dos Congressos Eucaristicos às comunidades de base!

Cid Alencastro

.Atotnc»SMO MENSÁR(O CAMP0S - ESTADO 00 RIO Diretor:

Paulo Conh dt Brito Fllbo

l)tmoria: Rua dos Goitac:az,s. 19'! • 23100 -C'.àmpos,·RJ. Admlnlstnçlo: Rua Dr. Martinico Prado, i11 • 01224 - Slo Pauto SP • PABX 221-S7SS (ramal 2JS)'. €omposto • impresso na Artprcss Pap6s e Artes Gnllicas Ltda., Rua Garibatdi, 404 - Ol 13S • São Paulo, SP. "Catolldsmo" 4 uma P,Ub~çJo mensal da Editoia Padr<: Belchior de Pontes S/C. Aalnatun anual:comum <l;r$ 2.000,00; coo~iador CtS 3.000.00: benfeitor <?TS .S.000,00: grande benfeitor OS t0.00000!); scminali,i•s ~ estudamos Cr$ l .,w.00. Exterior (Ylll a~mo): comum USS '20,00; tienfeitor USS 40,00. Os pagamentos, scmpr,: cm nome de Editora hcltt Belchior de Pontes SI<; poderão ser encaminh8dos à l\dministraçfo. Para mudança de eoderc,w de assinantes i ncqt$$Atio roc.nciona.r tamW:m o endere..(.Q an1igo. A corresª po~tncia re\ativa a assinaturas e venda avulsa deve ser cnvja(l"a à> Admlnl$tnçlo:

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CATOLICISMO -

Agosto de 1982


Confronto entre duas Franças: a tradicional e a socialo-comunista •

PARENTEMENTE,dir•se-ia não mais haver lugar na Fran· ça socialista de Milterrand para manifestações daquela forma peculiar de maravilha em clave gran· diosa, que sempre se salientou como uma das características próprias ao gênio francês. Entretanto. a parada militar do último 14 de julho, nos Campos Eliseos, foi uma flagrante prova do contrário: ela ensejou que, por ai· gumas horas, o esplendoroso do espírito gaulês revivesse e com sua força fizesse pulsar incontáveis corações saudosos e vacilantes da p{1tria de Santa Joana d' Are. Considere o leitor o referido des· file, através das fotos aqui reprodu· zidas. e responda à pergunta: quem poderia pensar tratar-se da celebração da data comemorativa do sepultamento de todo passado francês tradicional'? E máxime sob a gestão de um governo socialo-comunista? No entanto, tal é a pujança do senso

E no quarto clichê pode-se formar uma idéia da multidão que a-

A

correu ao ato.

A última fotografia que estampamos faz-nos sentir a singular suavidade da rampa de acesso ao Arco do Triunfo. Sobre o pendão não poderiam soprar brisas mais propícias a conferir-lhe clcgi,ncia no movimento...

No 14 de Julho. enfim, duas Franças se confrontaram: a tradiciona l e a socia lista. E não se trata

aqui de simples metáfora. Com efeito. notícias publicadas cm jornais parisienses relatam que. durante todo o trajeto rumo ao palanque presidencial. François Mittcrrand foi estrondosamente vaiado pelo numeroso público presente. E antes de chegar à tribuna oficia l, ao deparar com a multidão que avançava em sua direção, o prcsi· dente francês, fazendo jus às características da mentalidade socialista a que nos referimos acima. não encontrou melhor expediente do que bater cm estratégica retirada ...

do belo e <lo grandioso ainda vivo na alma francesa, que para comemorar um fato histórico - símbolo do contrário destes valores - os franceses de hoje. embora sob o jugo socialocomunista, encenaram um espetaculo que. sob muitos aspectos. evoca não a Revolução Francesa, mas seu contrário: as virtudes características do que há de mais tradicional e aú têntico naquela nação, "Filha primogênita da Igreja", Proporção, harmonia, gra11de11r (o vocábu lo português grande1.a não a traduz bem), delicadeza, manifestam-se de modo sa liente na fotografia do nosso primeiro clichê. A conjugação da lcvc1.a com a monumentalidade - predicados aparentemente cont rastantes - harmonizam-se de modo ímpar no fa. moso Arco do Triunfo. Sua altura não poderia estar mais proporcio nada com a das árvores. As dimensões da avenida, com sua prestigiosa rampa de acesso ao Arco, tem algo de indefinível que nos faz sentir, de modo imponderável. aquela gra11de11r incomparável.

JJt_ No segundo clichê o espírito se encanta na consideração do conjunCATOLICISM O -

Agosto de 1982

to do desfile cm marcha. Este não poderia ser mais oposto à mentalidade e ao temperamento socialistas, plasmados no horror ao risco e à dor, na adoração da segurança e no supremo apego à vida terrena. Com efeito, na parada que se desenrola reluz a afirmação da existência de valores que preponderam sobre a própria vida, e pelos quais se deve morrer: a exist!ncia de uma ordem moral na qual a condição militar se fundamenta, as idéias de honra, da força posta ao serviço do bem e contra o mal. Garbosos e cheios de distinção, reluzem pelo efeito de uma soberba iluminação, num segundo plano, os cois célebres corcéis de Marly, que do alto de seus pedestais evocam heróicas e leg'endárias batalhas.

JJt_ O papel das luzes no cenário apresenta-se de modo sugestivo na foto seguinte. O arco e a bandeira semi-iluminados, meio encobertos pelas trevas da noite, formam um original fundo de quadro, digno cenário natural para a categoria do espetáculo, ao qual vem se juntar mais um fator que sempre atraiu o espírito humano: o mistério.

Assim. embora a data celebrada devesse significar para os franceses o triunfo da trilogia revolucionária "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" - da qua l Miuerrand se proclama herdeiro, é bem o caso de dizer que, neste ano, presenciou-se um 14 de julho às avessas... Por momentos, de fato, o espírito francês sentiu-se tocado. no que tem de mais fundo, pela saudade indizível de seu passado histórico, cheio de glórias. E, provindo das fibras mais recônditas da alma daquela nação o mundo inteiro pa receu ouvir a proclamação: - Não tendes também vós, 6 povos. saudades daqueles tempos? Dos tempos cm que eu , França, fiel à minha missão providencia l no concerto das nações da Cristandade, vos deixava admirados ao contemplàrdcs as peculiaridades próprias de meu espírito católico,. que espelham na terra virtualidades particularmente requi ntadas do Criador? ''Expulsai a natural e ele retornará a galope". diz conhecido adágio francês. Não será o que está ocorrendo na França atual? O tempo dirá ... 7


-------------------------------* Plinio Córrêa de Oliveira

...

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ruN -~º SOCIAL, PORRETE E FACA

• O. Cláudio Hummas, Bispo de Santo André. fala aos metalúrgicos reunidos no ostádio de Vila Euclides, em Slo Bernardo do Campo. Em manifestações desse tiPo, com freqüência é instHado por setores esquerdistas. tonto do Clero quanto do laicato católico, o esplrito da luta de classes.

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PRIMEIRA VISTA, nada de mais simples, nem de mais claro: se A é proprietário de bens que lhe sobram, e B está em risco de vida porque lhe falta uma parcela desses bens e, ademais, 8 não tem com o que pagar A, estabelece-se entre A e B uma situação conflitual. Pois o direito à vida de B entra em choque com o direito de propriedade de A. Qual dos direitos deve prevalecer? Evidentemente o de 8, pois o direito que um homem tem à sua vida é preeminente em relação ao direito que outro tem à sua propriedade. Esta solução tão simples, que se prende à função social da propriedade, constituia matéria para investigações - obras-primas de subtileza e sensatez - dos moralistas católicos antigos. Assim, debatiam eles se a obrigação de A assistir a 8 pertencia aos deveres de caridade ou aos de justiça. Neste último caso, em que gênero de justiça se encai><avam: comutativa ou distributiva. E sendo na distributiva, caso o beneficiário adquirisse posteriormente haveres que lhe sobrassem, se era obrigado a reembolsar o benfeitor. Em qualquer eventualidade, ficaria 8 devendo gratidão a A, isto é, afeto, respeito, ajuda quando ocorresse o caso? E assim outras questões, algumas das quais nada simples, todas muito importantes não só para a boa formação moral do católico mas também para o adequado relacionamento entre os homens. Exemplifico. Se alguém não tem como pagar moradia, e outrem tem casas de sobra, o segundo deve franquear gratuitamente alguma habitação ao necessitado; ou se alguém não tem onde plantar, e outrem tem terras de sobra, este último deve facilitar as terras necessárias ao primeiro. "'Franquear", "facilitartl'? O que querem dizer exatamente esses vocábulos? Emprestar gratuitamente enquanto dure o tempo de carência? Ou dar? Opino que, sempre quando a situação de B possa ser remediada com um simples empréstimo, exigir a doação constitui autêntico abuso. Um pouco como se, precisando de pão um indigente, o padeiro lhe tivesse que dar a padaria, e não apenas o pão. Opino ainda que, podendo o indigente que consiga abastança reembolsar quem lhe cedeu o uso gratuito, ou a propriedade de algum bem·, deve fa1.ê-lo. E que, em qualquer caso, o beneficiái rio fica vinculado ao benfeitor pelos : laços do respeito e da graLidão. De:; ve-lhe homenagem e assistência.

A

i Bem entendido, assim não pensa ~a "esquerda católica". O carente dei ve ver em todo abastado um ladrão, .; o qua I está indebitamente de posse ~ de algo daquilo a que o carente tem .:! direito estrito. Pelo que, ao carente ;l: toca o direito de avançar pura e '., simplesmente - de porrete ou faca :; na mão, se for preciso - contra o ·e abastado, e arrancar-lhe o nccessá~ rio. Quem julga da quantidade e da ,:: qualidade desse necessário? Ê o ca~

rente. Tanto mais que ao lado dele está o berreiro demagógico da imprensa esquerdista e, muito frequentemente, o apoio ainda mais demagógico do Bispo local. Berreiro e apoio sem os quais o carente jamais ousaria empunhar a faca, ou o porrete ... Do papel da caridade cristã para resolver pacificamente situações dessa natureza, a "esquerda católica" nada diz. Ou quase nada. Da justiça comutativa, pela qual alguém deve pagar o que comprou, ou fornecer o que vendeu, e da distinção entre esta justiça e a distributiva, idem. Dos deveres de gratidão, de homenagem e de assistência do beneficiário, menos ainda. Ela pretende fulminar todas essas nobres obrigações com uma só injúria: "cheiram à Idade Média". E. munida de uma noção assim empobredda do que seja a justiça social, a "esquerda católica" investe contra toda a ordem sócio-económica vigente. Com gáudio, é bem claro, do PC, do PC do 8, e de todo gênero de socialistas, utopistas ou terroristas. O mais curioso é que, assim procedendo, a "esquerda católica" não hesita em afirmar que tenta introdu1.ir entre os homens a plena vigência dos princípios de igualdade e fraternidade, os quais, se olhados de certo ângulo, perdem o espírito subversivo que lhes deu a 'Revolução Francesa. Ora, é precisamente o contrário que se dá. Com sua justiça social falha de matizes, descabelada e agressiva, a "esquerda católica" não foz senão introduzir a escravidão entre os homens.

Vamos aos fatos. Até aqui se considerou como atributo essencial do homem livre a escolha da profissão. E do lugar, bem como das condições em que essa profissão se haja de exercer. Consideremos, entretanto, uma região sertaneja para onde tenham a fluido muitos desbravadores. Ali faltam médicos. E de vez cm quando alguém morre à mingua de tratamento. Ou ali faltam casas razoáveis, pois não há engenheiros nem mestres-<le-obra. Ou, enfim, ali pululam os crimes, porque faltam advogados que promovam a defesa dos direitos genuínos. Nas regiões vizinhas, pelo contrário, há fartura de méd icos, advogad~s e engenheiros. Em conseqüênc,a, dá-se um choque entre o direito à vida, à moradia condigna e à segurança pessoal do sertanejo, de um lado, e de outro lado o direit<, dos médicos, advogados e engenhe.iros de exercerem sua profissão onde entendam. Repete-se a situação conflitual entre A e 8 de. crita no começo deste artigo. Ora, não é só ao direito de propriedade que toca uma função social , mas a todo direito humano. Logo, a raciocinar simplística e demagogicamente sobre o assunto, caberia aos sertanejos exigir que os ditos facultativos se transladassem

para o seu sertão. O que daria forçosamente no direito, para o Poder público, de requisitar os facultativos que entendesse, e mandá-los - pobres mujiques intelectuais - para onde fossem designados. Mas, bem analisadas as coisas, não seria difícil descobrir cem outras situações análogas: dentistas, donos de aparelhos de radiografia, de laboratórios de análise, de hospi-

tais, de empresas de recreação (não é também esta indispensável à vida humana?), professores etc. Tudo isto podia ser agarrado com pinça nas partes "privilegiadas" das grandes cidades, para ser redistribuído pelos bairros, ou pinçado indistintamente nestas últimas, para ser atirado por esses sertões imensos do Brasil, ao encalço dos desbravadores, onde quer que esses se atirassem à busca de riquezas ... para si mesmos. Mais ainda. Se o afluxo de candidatos a certa profissão indispensável baixasse no país, o Estado teria o direito de promover nas escolas secundárias os inquéritos adequados para discernir as pobres c rianças que tivessem jeito para elas,

e obrigá-las a seguir essa profissão, até contra o gosto delas e dos pais: função social.

A função social, assim simplística e demagogieamente entendida, promete liberdade e igualdade. E cria uma nova classe de mujiques, de escravos no estilo da Rússia comunista. "Função social, função social, de quantas injustiças e até de quantos crimes vai sendo ameaçado, em teu nome, todo o Brasil" - tenho vontade de exclamar, quando penso em tudo isto!

Chile: TFP denuncia lei socialista EM SETEMBRO OE 1973 caía o governo marxista no Chile, sob os aplausos gerais da opinião pública. A partir de então, o pais se distendeu. A TFP chilena participou do gáudio manifestado pela população, mas não abandonou a salutar vigilância que sempre tem caracterizado sua atuação. Assim, com o intuito de alertar a opinião pública, a Socie• dade Chilena de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade fez publicar cm "El Mercurio", principal jornal de Santiago, na edição de 28 de julho último, um resumo de seu estudo "O Estatuto Social da E,npresa: Espada de Dâmocles sobre as classes produtoras e proprietárias chilenas?" O ensaio, que havia sido previamente distribuído a membros das classes dirigentes do pais, despertou no público vivo interesse. Demonstra ele que o chamado Estatuto Social da Empresa - lei que ameaçava tornar-se vigente no Chile - não só "abre as portas a um cabal dirigismo da econo111ia'" por parte do Estado, mas também "esquece. a po1110 de não 11,encionar, a finalidade privada da empresa; considera apenas sua função social". Enfim, "cria uma estrutura tal na empresa e outorga tais poderes ao Estado sobre ela que um futuro governante poderia, apoiando-se nela (nessa

lei]. insta1,rar legalmente um regin,e comunista no Chile". O estudo chama também a atenção para as a nalogias entre a mencionada lei e a autogestão socialista de Mitterrand, recentemente denunciada em Mensagem de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicada cm 46 jornais de todo o mundo pelas treze TFPs, inclusive a chilena. Os setores contrários ao estudo da TFP chilena sentiram-se, ao que parece, picados na carne viva, pois reagiram prontamente. Desagradou-os o fato de o problema ter sido levado ao conhecimento do grande público. Prefeririam, segund o se pode conjccturar, que a lei passasse a vigir çm meio ao adormecimento geral. No mesmo dia da publicação do resumo do ensaio da TFP num matutino, o jornal vespertino "La Segunda" traiia o parecer de "uma alta fonte do governo", não nomeada, que teria sustentado, com base em questões legais, serem infundados os temores da TFP. No dia seguinte, o próprio "EI Mcrcurio" transcreveu a opinião do advogado Ramón Rivas Guzmán, o qual também se referia à existência de problemas legais que tornariam inaplicável a lei em questão. As· sim houve outras reações.

Com base no Estatuto Social da Empresa. que ameaça entTar em vigor no Chile. um futuro govemo poderá literalmente transformar de novo esta naçlo em país socialista. Na foto. manifestação comunista em Santiago, no tempo do Allende.

Como ninguém contestasse a objetividade da análise feita no citado estudo, sendo apenas apresentadas dificuldades de ordem legal para a vigência da lei, a TFP chilena, através de seu Serviço de Imprensa, distribuiu um comunicado, datado de 29 de julho, no qual esclarece: 1. As afirmações feitas pelos seus opositores não entram em contradição com o que a TFP sustentou. Pelo contrário, "con· firmam a existência do Ertatuto em questão e acrescem que, em rigor. este Já deveria estar vigindo"; 2. O Estatuto Social da Empresa foi aprovado cm 1. 0 de maio de J975 pelo Decreto-lei n. 0 1.006 e publicado no Diário Oficial do dia 3 do mesmo mês e ano. A vigência do Estatuto foi subordinada à entrada cm vigor do novo Código do Trabalho; 3. Declarações feitas em I.º de maio de 1982 pelo Presidente da República, Gen. Pinochet, sobre seu desejo 'de adequar "o Estatuto Social da Empresa à atual normativa laboral e previdenciária", levaram a TFP chilena a elaborar um estudo sobre o mesmo. A própria imprensa chilena relacionou, na ocasião, o pronunciamento do Gcn . Pinochet com o Decreto-lei n. 0 1.006, sem ser desmentida; 4. Declarações recentes do Ministro do Trabalho davam a entender uma próxima aplicação do Estatuto em questão; 5. A TFP pôde comprovar, em contato com mais de uma alta figura do mundo oficial chileno, que suas apreensões eram amplamente compartilhadas por considerável número de pessoas; E conclui o comunicado de imprensa: "A TFP s6 se considerará inteiramente satisfeita se, de um ,nodo claro e insofis,nável - pa- · ra o que não é necessário que se afirn,e expressan,ente que temos razão -, fosse oficialmente declarada a revogação do Estatuto Social da Empresa, pois com isso os interesses do Chile terian, sido atendidos num nobre gesto de nossos governantes. Se não for revogado - ainda quando não aplicado - sua sin,ples existência pesará como uma espada de D!i· mocles sobre o futuro do Chile'",


N. 0 381 -

Setembr o d e 1982 -

Ano XXXII

Di retor: P a ulo Corrêa de Br ito Filho

TFP .afirIDà: CEBs, nieio

eficiente de in.filtração co ~. unista

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SÓCIOS e cooperadores da TFP iniciaram com grande êxito, no centro da capital paulista cm meados de setembro. ampla campanha de d ivulgação do mais recente livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, a respeito das Comunidades Eclesiais de Base CEBs. Colaboram nessa obra dois sócios da TFP, Srs. Gustavo Antonio Solimco e Luis Sérgio Solimeo. Trata-se do livro "As CEBs ... das quais muito se fala. pouco se conhece - a TFP as descreve como são", que denuncia. com base em copiosa documentação, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, através das CEBs, semeia o descontentamento na população, e especialmente entre os traba lhadores ma-

nuais, para transformar em seguida o descontentamento em agitação e, através dessa agitação, impor aos poderes públicos a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a Reforma Empresarial e alguns corolários. Em outros termos, o confisco das terras cultas e incultas, dos prédios de aluguel (residenciais, comerciais ou industriais), da propriedade 'das cm. presas comerciais ou industriais etc. Reformas essas pleiteadas nos documentos emanados das reuniões de Itaici. Em formato de álbum e fartamente ilustrado, o livro demonst ra o car{11er nitidamente subversivo das CEBs, as quais têm atuado em invasões de propriedades urbanas e rurais, agitação em fábricas, greves

ilegais etc. Essas ações-se caracterizam· pelo espírito de luta ile classes. Atraídas por ambien,{es religiosôs, pessoas de classe méd ia e sobretudo de condição humilde são arregimentadas pelo Clero de esquerda ou seus colabot adores mais chegados. Elas são ,''conscientizadas'', em nome da Fé, para serem lançadas em seguida à derrubada do atual regime social, político e econômico, segundo uma visuali1.ação marxista que as CEBs não·sc dão ao trabalho de esconder. Agora, quando transcorrem 40 anos da primeira denúncia feita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira contra o progressismo nascente, no livro ,"Em Defesa da Ação Católica", dois apelos diversos se fazem ouvir: um

clamando cm prol da civili1.ação cris- se, estão na linha do que pleiteava o tã, como a desejavam Anchieta, Nó- Pe. Camilo Torres e do que propugbrega e os primeiros gigantes de na atua lmente o Pe. Cardcnal. nossa História religiosa e cívica; o outro clamando por uma c.onvergência comuno-cristã como a pleiteada pelo Padre gucrrilh~iro Camilo TorNas páginas 4 e 5 desta edição, res e pelo Padre Cardcnal, ministro os leitores poderão ler substanciosa sandinista da Nicarí1gua. recensão desta obra, que está sendo As numerosas obras do Prof. difundida cm todo o Brasil por ca raPlínio Corrêa de Oliveira e a atua- vanas da TFP. O livro vem alcanção da TFP, em seus vinte e dois çando extraordinária repercussão, anos de existência, representam o sendo que nas primeiras quatro sevigoroso apelo cm favor dos valores ma nas de campanha já haviam sido básicos da civilização cristã, alme- vendidos 5.080 exemplares. As dijados pelo Apóstolo do Brasil, por versas fotos que figuram nesta págiNóbrega e pelos grandes vullos de na focalizam aspectos significa tivos nossa História; a outra conclama- da favorável acolhida do público, ção, no sentido marxista, lançada cm vários pontos do centro de São pelas Comunidades Eclesiais de Ba- Paulo.


icente e Paulo Facetas pouco conhecidas de um santo famoso

São Vicente de Paulo -

Pintura de Jean Restout

S

ÃO VICENTE de Paulo, cuja festa comemora-se no dia 27 de setembro é. com justa rauto. cognominado "o grande Santo do Grande Século''., na França. E todos os seus biógrafos e historiadores são unânimes cm reconhecê-lo. Vejamos alguns exemplos: '' É difícil depararmos. na História

Universo/, com uma figura de um santo que por 1111110s tlrulos renho merecido o

cognome de 'Pai da Pátrio· como S.io Vicente de Paulo. conselheiro de reis e

de bispos. semeador do Evangelho, o• rientador e forjador das classes altas em favor das (;{asses humilde.s, amigo do povo e criador de instituições encanli· nhodas a regenerar e a levantar os pobres, reconstrutor de amplas reglões de-vqstodas pela guerra, pela peste e pela fome" (José Hcrrcra, C.M., "San Vicen· te de Paul", BAC, Madrid, 1950, biografia, ,p. 368). E Rohrbach.er vai mais longe: .. Depois dos Apóstolos. 1alvez não tenha surgido um homem que haja prestado mais serviços à Igreja Católica e à hwi1anidade imeira" (" Histoire Uni-versei/e de l'Église Ca1holique", Gaume Fr~res Libraires. Paris, 1847, 1. XV, p. 240). . .

Obras materiais

eo sobrenatural

Não nos cs,enderemos sobre o papel do Santo no que diz respeito à sua ação caritativa. sobejamente conhecida. Atingem a 35 suas obras nesse campo, abrangendo desde os recém-nascidos abandonados (cerca de 400 por ano, na época, só em Paris), donzelas expostas ao risco de perder a virtude, pecadoras arrependidas, condenados às galés, débeis mentais, Oagclados de guerra, anciãos ele. Íi oportuno, entretanto, ressaltar que o "Pai da Pátria" entregava-se a todas essas iniciativas não por espírito filantrópico e menos ainda devido a uma visão sentimental e distorcida dos pobres e necessitados. Sua posição a tal respeito aparece bem dcíinida em car1a que escreveu ao pároco de sua aldeia natal, o qual solicitava seu desvelo para socorrer seus irmãos que estavam necessitados: "Porvemuro estarão mais pobres do que ou1roro. e. com os braços. não poderão trabalhar o suficiente para viver? São felizes assim (na pobreza) porque executam a sentença divina de ganhar o pão com o suor do próprio rosto. São feli.tes sobre.t udo por serem lavradores, um dos meíos mais inocentes e Uceis de se salvar" (Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cii,, p. 22). Ter sempre presente o lado sobrenatural de cada empresa constitui a tônica constante de suas palavras. Por exemplo, ao enviar seus Sacerdotes para pregar missões aos camponeses, recomendava-lhes: "Pensemos que Cristo nos diz i,ueriormente: Saí, missiondrios. e partl para onde vos envio. Estendei vossa vista pelos r,ampos e vede que as almas dos pobres vos esperam para que, com vossas pregações e catecismos. lhes proporcioneis a salvação ettrna" ( Pierre Costc. C.M., "Saint Vicenr de Paul", P3ris, 1932, XI, p. 134, apud Josê Herrera, C.M., op. ci1., p. 180). E, aoconíiar às Irmãs da Caridade os recém-nascidos abandonados, advertia: "Tendo sido estas criaturas com toda a probabilidade duplame111e concebidas no pecado ( ...) como cuidar destas crianças tão ban,,lhentas. tão .fujas. filhos de más mães que os deram à luz ofendendo a Deus e os abandonaram?" E acrescentava mais adiante: "Em certo sentido reparais a ofensa que tais mães cometeram ao aba,ulonar seus filhos, ao encarregar-vos de servi-los por amor de Deus e porque eles U1e pertencem'' (idem, ibidem, pp. 128-142, apud José Hcrrera, C.M., op. ci1., p. 281). Ou, ao enviá-las para Metz, a pedido de Ana d'Áuslria, para que, com o apostolado de caridade e de presença, impedissem o avanço do calvinismo. encorajava-as: "Ide (pelas vossas obras) tornar conheclda a santidade da Religião aos hereges e mesmo aos Ju·

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deus. que motara,n a Nosso Senhor'' (Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M ., Op. cil., p. 205). Mas o aspecto de punição divina que muitas vezes apresentam as calamidades públicas, também não lhe escapava. Ao tomar conhecimento da miséria que a guerra semeara na Lorena - comparada por muitos contemporâneos com a situação de Jerusalém durante o cerco de Tito - exclamou: "Eis o tempo de penitência. porque Deus aflige o seu ,povo. Não é nosso dever permanecer de joelhos dia111e do altar. para chorarmos pelos pecados do povo? Sim. é nossa obrigação" (Idem. ibidem, p. 302), Cremos que essas citações bastam. pois elas falam por si. Outro aspecto muito esquecido da atuação desse santo providencial foi o de ter estabelecido a harmonia entre as diversas classes sociais, incentivando os mais ricos a, por amor a Deus, socorrer os mais necessitados, através das Confrarias da Caridade por ele fundadas. E foi devido a essa benéfica influência do santo que "Porls viu com assombro co• mo a sobrinha do Cardeal ( Richelieu, então Primeiro Ministro), deixando de lado sua carruagem dourado puxada por quatro rápidos corcéis. ia pelas nlás e encn,zilhadas em busca dos tugúrios e antros onde o enfermidade e a fome estavam presentes; e. sem que a ofuge,11osse o espetáculo da agonia. ela era vista junto à cabeceira dos moribundos falando de D eus, <Orlando as blasfêmias i' à Dor dos 1,bíos, abrindo sua alma à esperança e· ajudando-os a merecer com sua morte santa uma vida melhor" (cfr. BouneauA venant. " Lo Duchesse d'Aiguillon". p. 129. opud José Herrera•. C.M.• op. ci1.. p. 237). Ou a soberana da França, Ana d' Áustria, .entregando boa parte de suas j6ias ao santo paro que este atendesse àqueles que a guerra tinha reduzido à pobreza.

Reformador do Clero Para se compreender o papel do "grande Santo do grande Século" na reforma do Clero, basta dizer que, até 1615, as diretrizes do Concílio de Trento não haviam entrado na França. E, depois disso, permaneceram longo tempo sem aplicação. A ação de São Vicente foi gradual. Em 1629, a pedido do Bispo local, pregou os exercícios espirituais e redigiu um regulamento de vida para os ordenandos da Diocese de Bcauvais. O grande fruto obtido fez com que o Arcebispo de Paris, Mo,ns. de Gondi, pedisse o mesmo cm 1631. Como São Vicente pensava que ''é inútil pensar em corriglr os pa· dres que envelheceram no hábito dos vfcios: seria trabalhar em vão. porque um mau padre q uase nunca se converte" (Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. ei1., p. 214), ordenou o Arcebispo a todos os candidatos às sagradas ordens que se apresentassem "quinze dias antes poro serem instruídos e examinados SO· bre as obrigações e funções dessa ordem " (l?ortaria do Arcebispo de Paris de 21 de fevereiro de 1631, apud Pe. J, Ferreira de Castro, C. M., op. cil., p. 215). Em 1639 o privilégio de participar desses retiros estendeu-se a lodos os ordenandos da França, e, em 1647, também aos candidatos às ordens menores. Entre os beneíiciados por 1al medida íiguram o Pe. Olier, Armando de Rancé, o historiador Pc. F leury e o príncipe do púlpito franc~, Bossuct. Dos retiros destinados aos ordcnan .. dos, passou o reformador do Clero para o dos Sacerdotes. Originam-se assim as Conferências ascético-pastorais e retiros semanais para o Clero, em 1633, ou "Conferências das Terças-Feiras", como íicaram conhecidas. Seus membros formaram uma associação sob a direção do santo, estando ligados entre si por um regulamento e sólida vida de piedade. !Este foi o corpo de exército que São Vicente empregou para inúmeras missões - onde seus saocrdotcs não po-

diam ir - a fim de angariar fundos para as províncias devastadas. Mas sobretudo visando a reforma do C lero e do púlpito francês. Os pregadores de enião estavam impregnados de um pedantismo contraproducente e estéril. Dentre os parti- • eipan1es das "Conferências das TerçasFciras.. saíram os mais aguerridos Bispos e Párocos que se opuseram ao jansenismo. Só cm vida do Fundador, pertenceram a essa associação mais de quarenta doutores da Sorbonne e da Navarra, sendo escolhidos dentre eles vinte e dois Bispos que haviam aderido àquela reforma providencial, Foi também o Apóstolo da Caridade quem logrou primCiro organizar duravelmente os seminários na França, segundo as determinações do concilio de · Trento. Seus missionários foram responsáveis pela direção de diversos seminários não só cm território francês como em todo o mundo. Já se dedicavam eles à evangelização do povo simples do campo, dos condenados às galés, à fundação das Confrarias da Caridade e à assistência às Damas e Filhas da Caridade. Em 1636, a pedido do Rei Luís XIII, seus missionârios acompanharam o exército francês ao front de batalha na qualidade de sacerdotes castrenses. Mais tarde, cm 1652. também as Filhas da Caridade imitariam esse exemplo, a pc· dido de Ana d'Áus1ria, participando dos horrores da guerra como enfermeiras coisa inédita até então - tendo a soberana mandado erigir um monumento a duas que sucumbiram ao tratar dos atin· gidos pela peste, no qual também inseriu o nome do Fundador. Mas o p apel mais importante do reformador do Clero na França começou a partir de 1643 quando, depois de ler bem preparado para a morte a· .Luis XIII, foi nomeado membro do Conselho para Assuntos Eelesiáslicos, ou Conselho de Consciência, arcando ao mesmo tempo com o ônus de dirigir espi .. ritualmente a Regente Ana d'Áustria, a pedido desta. Nos dez anos que ocupou o Conselho, foi ele "o salvaguarda. contra os j ansenistas. do dogma, da moral e "" disciplina" (José Herrera, C.M., op. eil., p. 26).

Integridade na Fê A ação do Conselheiro de Reis e Bispos contra o jansenismo encheria volumes. Amigo do Abade de Sain1-Cyran - · s6eio de Jânsênio na heresia e propulsionador dela - ludo para reconduzi-lo ao bom caminho. Quando constatou sua obstinação, cessou de procurá-lo (cfr. J . B. \Veiss, "His1ória Uni· versai", Tipograíia L3 Educaeión, Barcelona, 1930, 1. XI, p. 611). E quando a heresia começou a ganhar adeptos e a expandir-se, deu o alarme: "A heresia introduz divisão nas familias. cidades e nas univer$idodes. É um fogo que catla tlia aumenta em chamas, que torno coléricos os espíritos e ameaça a Igreja com uma desolação irrepardvel se não se lhe opõe imediato remétlio... Que não htweremo.r de fazer para apagar este fogo? Quem não se atirará sobre esse pequeno monstro que comer.a a fazer estragos na Igreja e que terminará por desolá-la se não se o afogar em seu nasc.imento?" (Carta a D. Pedro de Nivclle, Bispo de Luçqn, Seleción de Escritos, José Herrera, C.M., op. eil., pp, 843 e ss.). Para que o erro não contaminasse seus missionários, como penetrara no Oratório do Cardeal Bérulle, "mo111ou uma guarda vigilante e implacável... En· tre a verdade e o erro não admitia diillogos nem componendas. Os seus te· rlom que escolher'' (José Hcrrcra, C.M., Op. Cil., p. 561). A rcspeilo da mencionada a tuação de São V1cen1e cm prol da ortodoxia, eis a opinião do conhecido autor de História da Igreja, Rohrbaeher: ..Yimos esse benfeitor da França e da humanidade juntar aos seus outros méritos o de um verdadeiro doutor da Igreja. excitando os Bispos e os doutores a se reunirem e a se elevarem contra o heresia nascente, o persegui-la diante tio tribunal de São Pedro para que este lhe esmagasse a cabeça com seu bastão pastoral. (. . .) Vimos como, dóceis às inspirações de Vicente de Paulo. os doutores Cornet. Duval, Hallier e outros perseguiram a heresia até os p és do Juiz Supremo e lhe fizeram dar o golpe mortal" (op. eil., 1. 26, p. 151). Num terreno onde tantos outros varões virtuosos foram atingidos, pôde ele dar este testemunho: "Dou graças a Deus por ter-me conservado 110 integridade da fé em meio o um século que produziu tontos erros e opiniões escandalosas. e porque Deus me concedeu a graça de não aderir a nenhuma doutrina contrdria à da Igreja. De maneira que. apesar das ocasiões perigosas que se me

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hão apresentado paro desviar-me do ca. minho r'eto, por uma especial proteção de Deus, sempre me encontrei no parti• do da verdade"(cfr. Maynard, "Virludes e doutrina espiritual de São Vicente de Paulo'', e. 1. p. 2, apud José Hcrrcra, C. M., op. CÍI., P· 559). Para concluir acrescentemos o depoimento de um doutor da Sorbonne no Processó de Bea1iíicação do Santo: "Assim como Deus suscitou Santo Inácio de loyola contra Lut~ro e Calvino, suScitou o padre Vicente de Paulo co111ro o jansenismo" (Testemunho de Tiago Li· bcauchamp, apud Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cit., p. 256, nota 14).

Afervoramento dos Conventos Nada de importante, de grande ou de transcendental na França, no campo religioso, se fez na época de São Vicente de que ele não tenha participado direta ou indiretamente ...Um Santo nunca dei.ta tle aproveitar uma ocasião de acrescer o Reino de Deus. E São Vice111e era tlesta linhagem de Sa111os" (Pierre Coslc, ''Monsieur Vincent", t. Ili, p. 332, apud Pc. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cit., p. 287). Por isso trabalhou ele 1ambé01 em prol da reforma dos mosleiros femininos, interessando nisso a Rainha e mesmo apelando para a Santa Sé. Trabalhou para que neles fossem eleitas superioras virtuosas e competentes. Sob sua inspiração e inílu~ncia, rcformaram~sc inú· meras congregações femi ninas e surgiram várias outras na F rança. Já de comum acordo com São Francisco de Salese Santa Joana de Chantal, fôra ele escolhido para diretor do Mosteiro da Visitação fundado cm Paris. Após o falecimento do Bispo de Genebra. depôs em seu processo de beatificação. passando a dirigir espiritualmente Santa Joana de Chan1al. No dia da morte desta, 1eve uma visão da glória dos dois fundadores.

Companhia do Santlsslmo Sacramento São Vicente foi secundado praticamente em todas suas obras, quer cspi· rituais, quer temporais, pela misteriosa Sociedade do Santíssi mo Sacramento, fundada segundo alguns, pelo Marquês de Fénelon, segundo outros, pelo Duque de Ven1adour, Henri de Lcvi, composta de eclesiásticos e leigos eminentes, e que visava "abraçar. de modo omnlmodo. as obras de caridade e procurar o glória de Deus por todos os modos" (Pierre Coste, op. ci1., 1. Ili, p. 311, apud Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, op. cit., p. 341), Embora tal companhia tivesse um caráter secreto para o público, as autoridades civis tinham dela conhecimento, tendo a Santa Sé concedido a ela um Breve com indulgências. À companhia pertenceram São Vicente, Bérullc, Olicr, Condrcn, Bossue1 e grandes nomes da nobre1..a francesa. Sua ação discreta e eficiente sustentava o Fundador da Congregação da Missão e das Filhas da Caridade em quase Iodas suas obras, como também no combate aos vicios, aos duelos, à indecência no teatro, no cerceamento à ação dos hereges. no socorro aos Oa0 Cardeal Richeliau rejeita o plano da mover uma Cruuda contra a Inglaterra protestante, sugerido por Sl o Vicente

gelados de ~ucrra, no suslenlo dos Padres das Missões Estrangeiras nas Hébridas, Orcadas, China, Tonkin etc. (cfr. Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cil., p. 341}. · Um dos scús papéis mais importantes foi o de secundar São Vicente no Conselho de Consciência, mantendo-o continuamente informado a respeito do que sucedia no Reino, tanto no campo material quanto no espiritual, bem como sobre a orientação doutrinária e vida moral dos candidatos aos Bispados e demais cargos eclesiásticos (cfr. J. Cal: vcl, "San Vicente de Paul", Debedec, Ediciones Desclée de Brower, Buenos Aires, 1950, pp. 130 e ss.). O Barão Gaslon de Renly foi um dos membros mais destacados da Companhia do San!Íssimo Sacramento. Gcnlilhomcm normando, foi ele "das mais nobres inteligências e um dos corações mais ge11erosos de seu tempo, tão fecwulo em destacadas personalidades" (idem, ibidem, p. 150). Sob a direção de São Vicente de Paulo entregou-se ele inteiramente à boa causa, fundando a Associação de Nobres, versão masculina das Damas da Caridade, cujos membros recrutou entre a nobreza parisiense. Socorreu, durante a guerra, a nobtC"La empobrecida e envergonhada da Lorena, os católicos ingleses, irlandeses e escoceses. exilados na França. fugidos das guarras sanguinárias de Cromwell. '"Seu nome encontra-se mesclado a qua· se todos os grandes obras de seu tempo" (José Herrera, C.M., op. ci1., p. 348). Faleceu em odor de santidade, aos 43 anos de idade.

Pregador de Cruzada Quando se tratava da maior glória de Deus, nada detinha Viccotc. Assim, na época em que várias províncias estavam sendo dizimadas pela guerra, fome e peste, correu ele aos pés do poderoso Ministro, Cardeal Richclieu suplicandolhe que procurasse a paz. Como esta não era do interesse do Ministro, respondeulhe evazivamentc. Do mesmo modo. no aui;e da Fronda, foi ele â Corte pedir à Rainha que afastasse o Carde.ai Mazarino, pomo da discórdia geral. Como Ana d' Áustria suieriu-lhe que falasse ele inesmo com o Mmistro, São Vicente íêlo suplicando~lhe "que se jogasse ao mar para acalmar as ondas". Isto valeu-lhe. além do afas1amcn10 do Conselho de Consciência, outras represálias. Num oulro ·cpisódio podemos admirar a perspicácia e ousadia do "Pai dos AJli. 1os·. Apesar do iníquo tratado de aliança e não agressão mútua que a França manlinha com o Crescente, há muito tempo eram constantes as incursões dos mou· ros do norte da África às costas mediterrâneas européias, inclusive francesas. E inúmeros cativos eram levados para serem vendidos nos mercados de Tunis e de Argel. São Vicente mesmo, quando jovem sacerdote. viajando de Marselha a Bordéus por mar. foi aprisionado, per· manccendo por dois anos como escravo entre os seguidores de Mafoma (cfr. G. Lenôtre, "Monsieur Vince,11 en Barba~ rie", in "Héros d'Aventurtl". Bernarêl Grassct Edileur, Paris, 1957, pp. 34 e ss.). Isso levou-o, assim que foi erec1a sua Congregação. a pensar no envio de missionários para socorrer espiritual e m:uedalmcntc aqueles infelizes. Havia, entretanto, proibição sob pena de morte de entrar naquelas paragens para falar de outra religião que não fosse a muçulmana. O santo quis analisar os termos do citado tratado. nele descobrindo a faculdade que gozavam os cônsules de ter consigo sacerdotes da própria religião para atendimento dos seus. Escreveu então aos represen1an1es da França cm Tunis e Argel, suplicando· lhes que aceitassem como capelães dois ou três sacerdotes da Missão. Como, porém, os diplomatas depois de um cer10 tempo limitassem a ação dos padres por medo de represália dos turcos. o "Conselheiro de Reis e Bispos", com o auxílio da Duquesa d'Aiguillon, comprou esses cargos, nomeando para os mesmos dois n1issionários. E, como os islamitas procurassem pôr entraves à ação dos sacerdotes, o "Apóstolo da Caridade" trabalhou intensamente nos últimos dois anos de sua vida para organizar uma cruzada contra os mouros da África a fim de libertar todos os cristãos. Sua morte impediu a realização desse plano. Aliás, por ocasião da Revolução Inglesa, quando católicos brilâmcos e franceses propuseram tambfm ao santo mover uma cruzada contra a Inglaterra protestante, ele apoiou o plano e só não o levou avante porque Richclieu, não querendo romper com aquele país, opôs• se ao projeto.

Plinio Solimeo CATOLICISMO -

Setembro de 1982


No IV Congresso Eucarfstico Nacional. realizado em $Ao Paulo do 4 a 7 de setembro de 1942. comungaram nada menos que 625 mil pessoas.

Associando-se às co111emorações do â nqiientenârio. da Revoluçtio de 1932. "Catolicis1110" teve oportunidade de esta111par, em j ,mho p.p.. o text(j de u111 discurso prommciado durante a conflagração pelo então jovem líder católico Plínio Corrêa de Oliveira. Chegara,n a nossa Redação vârias repercussões de leitores. rej ubilandose con, essa publicação. e sugerindo que reproduzíssen1os com mais freqiiência textos e discursos antigos de nosso insigne colaborador. Neste 111ês, co111e111ora-se o 40. 0 aniversário do IV Congresso Eu carístico Nacional, realizado e111 São Paulo, de 4 a 7 de sete111bro de 1942. Pelo fervor, grande nti111ero dos participantes, brilho e esplendor-das sessões. pelo co1nparecünento oficial de representantes do Governo, esse Congresso pode ser visto <:01110 11111 nwrco histórico. Co,11 efeito, assinalou ele um dos âpices da influência do Movi111ento Católico. que vinlw nu111 crescendo desde /928. e que alcançara na Constituinte de /934 significativas vitórias sobre o n efasto laicismo de Estado. E111 1942. infeliz111ente.• fatores diversos jâ co1neçarm11 a agir nos ambientes católicos, de início velada111ente, depois con1 algu111a desenvoltura, e por fin1 . escancaratla,ne11te. Não é o caso de entrar aq11i na a11tílise do "'misterioso processo de autode111oli('ão'', utiliza11do-11os da expressão de Paulo VI, q11e pratica11u!nte destr11iu aquela magnífica realidade - o Movimento Católico brasileiro. Sobre suas r11í11as tenta-se agora ed/ficar 11 gigantesca n1tíq11ina de pressíío das Comunidades &:lesiais de Base. A propósito desse te111a. li111ita1110-11os a re111eter nossos leitores para 11 obra "Meio Século de Epopéia Antico111unis111". co111entada e111 nossa edição de junho de 1980 (11.• 354), onde poderão encontrar i,11porta11tes elementos históricos para tal anâlise. Para se ter 111110 idéia .tio extraortlinârio êxito do IV Congresso Eucarístico, considere-se que. 11111110 ddade que então tinha apenas 1.400.000 habitantes. co1n1111gara111 nada 1ne11os tio q11e 625 mil pessoas - / 15 n1il crianças 110 dia 5, 260 111il 11111/1,eres no dia seguinte, e 250 mil ho111e11s 1w madrugada do dia 7. Na terceira e ,í/ti11w sessão solene. realizada 110 Vale do Anhangaba,i na 11oite do dia 6, coube ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. então Presidente da Junta Arquidiocesana da A('ão Católica, pron1111ciar o disc11rso <la sa11dação às autoridades civis 11 .1nilitares. Os tópicos princip11i.,· des!'ll saudação. publicada no "Legionário" de 7-9-1942, te111os hoje a satisfação de apresentar a nossos leitores. Na presidência de honra da sessão estava o Núncio Apostólico e Lega<i1) Pontifício D. Bento Aloisi Masella. tendo à sua direita o Interventor Federal Fernando Costa. o qual representava o Presidente da República. Encontrava111-se presentes cerca <le 60 Arcebispos e Bispos. numeroso Clero, autoridades. representações de outros Estados e de alg11ns pai'.ses da A 111érica do Sul. além de i111enso ptiblico calculado e111 mais de 500 mil pessoas. afora as que acornpanhava,n as ceri,nônias pelo râdio.

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santamente silenciosa, da adoração. Entre1a nto, ordena a sagrada au1oridade do Ex mo. Revmo. Sr. Arcebispo Metropoliiano que as nossas atenções se desviem por i1lguns minut os da Custódia Sagrada, e, cessados por instantes os louvores eu carís1icos, se faça uma saudação ao Chefe da Nação. e demais representantes do poder temporal aqui presentes. E fez bem. Não são apenas aqueles que dizem "Senhor, Senhor" que têm o reino de Deus, mas ainda os que ouvem a vontade de Deus e a cumprem. E é tão velho quanto o Catolicismo o preceilo da obediência sobrenaturalmentc respeitosa e filial, aqueles que têm o poder e o encargo de reger os interesses temporais da Crisiandade.

vidência reunir c m pleno coração de São Paulo, os elementos representativos de tudo quanto fomos e somos, de todas as glórias de nosso passado e de nossas melhores esperanças para o futuro, como uma afirmação brilhante dos altos e amorosos desígnios que tem sobre nós. Aqui está a Santa Igreja Católica. Em outros termos aqui está a própria alma do Brasil. Aqui estão sob a augusta presidência do Legado Pontifício aquele Episcopado e aquele Clero que desde os nossos primeiros dias. ministrando os Sacramentos, e ensinando a palavra de Deus, conservaram o Brasil verdadeiramente brasileiro. conservando-o fundamentalmente · católico. Há quanto tempo. a conjuração de to-

Saudação às autoridades civis e m ilitares

ONTEMPLANOO por vários d ias os esplendores desta cena que hoje se desenrola pela úl1ima vez diante de vossos olhos como dian1e dos olhos deslumbrados de nossa piedade. e pensando por certo nas emoções que sentiria o coração paternal do Sumo Pontífice se aqui es1ivesse, é possível que por uma natural associação de idéias vossa imaginação, agilmente conduzida pelas saudades através dos salões do Va1ica no, tivesse estabelecido uma analogia entre a imortal obra-prima de Rafael. na Stan1,a della Segnatura, cm que o grande pinlor figurou a "Disputa do Santíssimo Sacramento", e o quadro esplêndido que, não cm pin1ura, nem em imaginação, mas cm realidade e vida, agora se contempla neste local. O certo é que a analogia é frisante. E as diferenças de personagens passam quase despercebidas an-

'Tempo houve em que a História do mundo se p ôde intitular "Gesta Dei per Francos". Dia virá em que se escreverá ," Gesta Dei per Brasilienses" (A s ações de Deus pelos brasileiros)' te a identidade de ato mís1ico e sobrenatural que naquela pin1ura e nesta hora de glória e de vida se celebra. Figurou Rafael uma larga esplanada de mármore tendo ao fundo um panorama risonho da Itália, e ao centro sobre alguns degraus, um altar com a Sagrada Eucaristia. De um e de outro lado, em afciuosa e animada porfia, os maiores polentaCATOLICISMO -

dos da Cristandade, Papas, imperadores. reis, cardeais e doutores, contendem entre si, louvando cada qual o Diviníssimo Sacramento segundo toda a medida de seu fervor. Pairando sobre nuvens, as figuras mais excelsas da Igreja Gloriosa, no Antigo e Novo Tesiamento, coros inumeráveis de Anjos, o próprio Padre Eterno. e o Espírito Paráclito riguram de forma a atribuir o lugar central ao Divino Redentor. E a glorificação do Sacra mento do amor por todos os filhos de Deus, isto é, por todos aqueles que souberam ou- , vir o apelo austero e divinamente suave das bem-aventuranças. . Que impo rta que as figuras terrenas que aqui temos não seja m as mesmas que as da Stanza dclla Signatura? É sempre a mesma Igreja de Deus, é o mesmo o Sacramento que adoramos, e no mais alto dos Céus, são o Pad rc, o Filho e o Espírito Santo , a Rainha do Céu, as incontáveis multidões angélicas, os mártires, as virgens, os confessores e os doutores que nos contemplam. E como os atos d e piedade praticados pelos fiéis sob o bafejo do Espírito Santo valem inliniiamente mais do que a melhor das obrns de arte produzidas pelo engenho humano, força é reconhecer que há algo de mais e infinitamente mais precioso do que o inestimável quadro de Rafael que aqui temos. Estes grandes dias que estão prestes a se escoar foram luminosos instantes d e Tabor na história brasileira. E se no Tabor o tempo correu tão rápido que os apóstolos entenderam só poder apreciar plenamente suas delícias ali lixando morada, mandaria a lógica que também aqui aproveitássemos avidamente os minutos na tarefa

Setembro de 1982

O jovem llder católico Plinio Corrêa de Oliveira pronuncia seu inspirado discurso. perante 600 mil pessoas reunidas no vale do Anhangabaú. centro de $lo Paulo.

Permita pois, Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Legado Pontifício que as homenagens e as saudações de toda esta multidão subam agora , até aqueles que, encarnando a autoridade naiural do Estado , aqui representam a venerável soberania do poder temporal e, com ela o próprio Brasil. Exmo. Sr. Or. Fernando Costa . O.O. Interventor Federal; Exmo. Sr. General Maurício Cardoso, O.O. Comandante da li Região Militar; Exmos. Srs. Presidente do Departamento' Administrativo e Secretários do Governo; Exmo. Sr. Prefeito Municipal. Não seria preciso que ouvísseis estas palavras, p31ra que notásseis que, no curso Jª q uatro vezes secular, da história do Brasil.jamais se reuniu assembléia mais solene e ilustre que esta. No momento cm que a vida nacional caminha para rumos definitivos, quis a Oivina Pro-

dos os meios de descristianização, desde os mais poderosos às mais sutis, se estabeleceu nesta terra de Santa Cruz, a fim de arrancá-la ao regaço da Igreja. Mas enquanto quase tud o o que no sent ido humano da palavra pode chamar-se glória, poder, riquc1.as, se mobilizou no sentido de assim cometer esse estranho e tenebroso crime de matar a fogo lento a alma de um país inteiro - e nquanto isto a Igreja estava vigitante, e, depois de perto de 40 anos de um agnosticismo desdenhoso e de uma luta insana, de norte a sul do país soprava uma verdadeira primavera, e o renascimento religioso provocava a estruturação de um apostolado tão vigoroso e tão coeso, tão sedento de ortodoxia de doutrina e pureza de vida que, hoje já o podemos afirmar, o movimento dos leigos católicos, coesos e disciplinados, militantes e valorosos, já constitui por si uma •

vitória de imensas conseqüências e um penhor de que a Providência nos est~ armando para triunfos ainda maiores. Os aplausos que neste momento chegam até vós, são o eco do apoio que em todos os tempos a Igreja sempre tributou aos detentores da autoridade temporal. A magnífica cena que tendes diante dos olhos, está longe de ser inédita nos fastos da Cristandade. Ela não tira seu valor do fato de ser uma novidade sensaciona l, mas, pelo contrário, da extraordinária con·

tinuidade com que se tem repetido. Às margens do Jordão como do Nilo, à sombra das colunatas clássicas de Atenas como nos esplendores da grande metrópole de Cartago, no fastígio do poder da Idade Média como nas lutas tormentosas contra o proto-totalitarismo josefista ou pombalino, sempre que assembléias como esta se têm reunido, a Igreja repete ao Poder Temporal, com uma constância e uma uniformidade impressionante, a mesma mensagem de paz e aliança, em que para si reserva tão somente o reino do espiritual, ciosa de respeitar a plena soberania do Poder Temporal em todos os outros terrenos, dele pedindo tão somente que ajuste suas atividades aos preceitos evangélicos, ou seja, aos princípios <1ue constituem o fundamento da civilização cristã ca- . tólica. Essa mensagem é eco fiel do divino preceito: "Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus". Pelos aplausos dessa multidão, a vossos ouvidos chega agora esse eco, poderosa afirmação de princípios que as vicissitudes dos tempos, em todas as épocas, não puderam aluir. Católicos, não somos nem podemos ser partidários da doutrina da soberania popu lar. e por isto mesmo recusamo-nos a ver a augusta autoridade do Poder Temporal firmada sobre a areia movediça entre todas, da popularidade. Ela se era va na rocha firme de nossas consciências cristãs, e faz, de nossa submissão e de nossos : propósitos de ardente colaboração convosco nas sendas da civilização cristã, e na realização da grandeza da Terra de Santa Cruz, um fundamento inabalável que as tempestades da adversidade contra as quais ninguém está garantido - jamais poderão destruir. Contra os inimigos da Pátria que estremecemos, e de Cristo que adoramos, os católicos brasileiros saberão mostrar sempre uma invencível resistência. Loucos e temerários! Mais fácil vos s.eria arrancar de nosso céu o Cruzeiro do Sul, do que arrancar a soberania e a Fé a um povo fiel a Cristo, e que colocará sempre seu mais forte anseio, fará consistir sempre seu mais alto titulo de ufania cm uma adesão lilialmente obediente e entusiasticamente vigorosa à Cátedra de São Pedro. Mas esta saudação por demais longa não seria completa se não lhe acrescentássemos uma última palavra. Ê próerio do feitio que Deus deu ao brasileiro, que a suavidade de um ambiente de família impregne todos os atos de nossa vida, e perfume sem os deslustrar até mesmo os mais solenes. A despeito dos esplendores desta noite, estamos pois em família, e o ambiente é propicio para que se desatem cm confidências as esperanças que abr-igamos em nós. Produto da cultura latina valorizada e como que transubstanciada (continua 11a página 6) _.,. ..~

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CEBs: POTÊNCIA POJ A SERVI O DE UMA está pormenorizadamente descrito no novo livro que a TFP acaba de lançar, As CEBs... das quais ,nuito se fala, pouco se conhece - A TFP OPINIÃO nacional observa ca- as descreve como são. da vez mais desconcertada a As diretrizes doutrinárias e de ação emanadas da Conferência Napresença atuante de elementos ligados à Igreja - ou da própria cional dos Bispos do Brasil Igreja, e inclusive Autoridades ecle- CNBB - são captadas e diligensiásticas - em manifestações públi- temente postas em prática por uma cas de-toda ordem que discrepam da organização multifacetada e que se tarefa especifica que os fiéis cató- apresenta sob várias denominações, licos estavam acostumados a vê-la mas cujo apelativo genérico é Codesempenhar, e que sempre enten- munidades Eclesiais de Base deram ser a sua missão s'agrada. CEBs. Não só os pronunciamentos e Por trás das tropelias e agitações atitudes isoladas de muitos Bispos acima referidas, encontram-se semou Padres, sobre os grandes pro- pre as CEBs - ou elementos inequiblemas nacionais, como também vocamente ligados às CEBs - sem Documentos aprovados nas Assem- cuja participação tais manifestações bléias Gerais do Ep iscopado em ltai- não teriam condições de se realizar. Nenhum tema, pois, é mais oporci ou emanados da cúpula dirigénte da CN BB, especialmente nos últimos tem- tuno. para o público brasileiro, nepos, em vez de preconizarem a harmo- nhum é mais importante para a solu· nia social e a salvaguarda da ordem ção dos graves e prementes problepública, propugnam exatamente o mas nacionais do guc elucidar o que contrário, isto é, a dilaceração do são as CEBs, o que há por trás das convívio harmônico entre as classes CEBs, e quais são as metas que elas sociais e a derrubada da atual o r- visam implantar no Brasil de hoje. dem existente no Pais. E o fazem no Brasil de agora. Nenhum tema, não cm termos velados e ambíguos, portanto, mais urgente! mas em propostas claras e inequíA afirmação não é excessiva. A vocas, como, por exemplo, o d o- preocupação prévia de um médico c umento Solo urbano e ação pas- que vai tratar de uma ferida, é evitoral, aprovado pela Assembléia de tar que ela infeccione. Pois. do conltaici, de fevereiro deste ano, o qual trário, além da ferida, teria que tradiz rotundamente: ·· Recusar-se ao tar da infecção, muito mais grave. trabalho por essas refonnas. capaOra, como é sabido, a tática dos zes tle conduzir a rnna 1nuda11ça comunistas e de seus solícitos "comglobttl da sociedade. significa. na panheiros de viagem" consiste 'jusprática, provocar a radicalização do tamente cm infeccionar as chagas do processo de 1n11dança. ... . Pará eli- corpo social, para que estas não 1ninar a si1t1ação de injustiça esrru· cicatrizem, e assim constituam o éa Itural. i111porta visar a 11ovos modelos do de cu ltura onde proliferarão o de organização da cidade, o que descontentamento e a agitação, atraexige. por sua vez. rnudo11ça do nu,. vés dos quais se poderá chegar à de/o sócio-político-e,·onônúco vi- derrubada das instituições e à "1nudti11ça global da sociedtJde·· que pregente" (doe. cit., n. 0 116). conizam. A CNBB propugna. portanto, uma ",nudanço global da sociedaNada, portanto, mais oportuno. de", que se não for feita por bem, importante e urgente do que proisto é, p_or um processo legal, será mover a assepsia do corpo social feita por mal ; isto é. as massas ra- brasileiro, circunscrevendo essa caudicalizadas "virarão a mesa". sa virulenta de infecção que são as Não é de admirar, pois. que Con11111idade.1· E<:lesiais de Base. diante de um posicionamento tão Tal o objetivo do novo livro da claro como esse e o utros do órgão de TFP, que a partir dos últimos dias cúpula do Episcopado nacional, os de agosto vem sendo divulgado, com elementos de base da Igreja - Sa- grande aceitação por parte do públí· cerdotes e leigos - ajam em con- co, pelos jovens propagandistas da seqüência. entidade. Multiplicam-se assim as invasões de propriedades rurais e urbanas Metas, organização, (várias delas com atos de violência, doutrina e ação depredações e até mortes), sob a instigação e mesmo com a particiA obra consta de duas partes. Na pação de elementos estreitamente li- primeira. o Prof. Plínio Corrêa de gados à Igreja. quando não mem- Oliveira, Presidente do Conselho brôs do próprio Clero. Greves de- Nacional da TFP, apresenta As meclaradas ilegais pela autoridade tas das CEBs 110 contexto bra.1·ileiro competente tiveram o apoio osten- (título dado a essa parte do traConscionti:ia· da, uma orado• ra das CEBs dis-

semina om tor• no de si a cons-

c ient itação.Manifestação do M ovimento

Contra a Cares· tia em São Pau-

lo. em 1978.

sivo de altas Autoridades eclesiásticas, que cederam gostosamente não só o adro das Igrejas mas o próprio inte rior dos ed ifícios sagrados para a realização de assembléias grevistas, nas quais não faltaram os punhos cerrados característicos da saudação comunista ... Todo este panorama extremamente confrangcdot para o coração católico - diante do qual não cabe fechar os olhos e voltar a cabeça 4

balho). A Parte 11, intitulada Gênese. organização. doutrina e ação das CEBs, foi escrita pelos sócios da TFP, Srs. Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimco. O conjunto forma um volume de 250 páginas, abundantemente ilustrado com fotos. desenhos e vinhetas, que se folheia como se fosse um álbum. Apesar da gravidade do assunto abordado, o texto é va1,ado em termos claros e acessíveis, cons-

tituindo uma leitura leve a atraente, que prende o leitor - a ponto de terem sido vários os casos que chegaram a nosso conhecimento, de pessoas que o leram de uma enfiada ...

O livro que começa assim a abrir caminho na História de nosso País, procura levantar o ânimo dos que se sentem deprimidos com a investida aparentemente avassaladora do esquerdismo. No momento, os esquerdistas brasileiros parecem depositar espe· ranças especial numa vitória no pleito de novembro. que lhes permita

Vários fatores concorrem para criar o mencionado estado de espírito. Estudos de História sumários, feitos no curso secundário, criaram nessas elites a falsa evidência de que uma ordem de coisas nova nasceu com a Revolução Francesa. modelada segundo a trilogia liber1é Egalité - Fraternité, a qual se expande irreversivelmente, levand o de roldão todas as idéias e instituições do mundo antigo. A Revolução Russa de 19 17 representou uma aplicação ainda mais radical da célebre trilogia da Revolução Francesa, pois _çnquanto esta a pôs cm prática sobretudo no campo político (abolição da realeza e da nobreza) e apenas a meias no campo social, o comunis· mo vitorioso atirou-se por inteiro no

de que a catástrofe não ocorrerá. O novo livro da TFP procura romper essa visualização contraditória, mostrando que o perigo do comunismo é sem dúvida real, mas é a inércia das elites que ·sobretudo torna grande esse perigo. Se as elites naciQnais articularem-se em torno de seus chefes naturais com o objetivo de cortar o passo ao adversário, a ameaça do comu nismo reíluirá para proporções mínimas. O livro da TFP é pois um brado de alerta patriótico e cristão que, se for ouvido, poderá mais uma vez mudar os rumos de nosso País, mantendo-o nas sacrossantas vias da civilização cristã e habilitando-o a c umprir a luminosa missão que o aguarda no sécu lo XX 1.

1 As CEBs atingem setores refraulrios à pregaç_ão comunista direta: pacatos chefes de familia. tranqüilas donas-de-casa. ordeiros trabalh~doros. - Conce':'tração de 1.0 de maio de 1978. no Colégio Santa Maria (São Paulo): não feltaram os punhos cerrados.

conhecido gesto comunista~

alcançar o poder e derrocar a acuai ordem de coisas, abalando a fundo o regime de propriedade privada e liberdades individuais vigente, e avançando resolu tamente rumo a um regime coletivis1a. Terá esse livro da TFP o condão de evitar um tenebroso desfecho, como várias obras anteriores do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que levantaram barreiras inesperadas à marcha do esquerdismo e do progressismo, e assim mudaram o rumo de nossa História'/ - Qui vivra verra!

Desalento e otimismo das elites A Parte I do livro, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira a dedica especialmente às elites nacionais que se vão deixando tragar ind olentemente pelo processo de esqucrd ização, sem oferecer a ele a resis_tência que os superiores interesses do País - e o próprio interesse pessoal e familiar deles - pede. O estado de espírito de tais elites é curiosamente contraditório: ora embaladas pelo otimismo de que "nada a_contccerá", ora desalentadas pela impressão de que o avanço do comunismo é incontcnívcl. As reivindicações promovidas ou encaminhadas polas CE8s são con, dutidas de modo a criar um clima de dos• contentamento e tensão. - Concentração diante da Secretaria do Saúde do Es-

tado de S. Paulo

campo sócio-econômico. extinguindo virtualmente a família. abolindo a propriedade e implantando a ditadura do proletariado. Assim. para incontáveis de nossos contemporâneos; a vitória do comunismo no mundo de hoje pareceria 1ão inevitável quanto a da Revolução Francesa nos séculos XVIII e XIX. Essa visuali,_ação, resultante de concepções históricas nas quais se amalgamam verdades triviais e erros chocantes, é corroborada pela ação dos meios de comunicação social. Estes no1iciam as agitações sociais promovidas no Brasil, principal ou exclusivamente pela "esquerda católica", como o fruto de uma maré montante da indignação popular. Mas, de outro lado. tal agitação esquerdista 1ão noticiada, poucos a notam no âmbito concreto de sua vida diária. A agitação parece, desse modo, mais um fantasma do que uma realidade. Tanto mais q ua nto os noticiários de imprensa mal conseguem disfarçar o pequeno número de participantes das manifestações de rua a que essa agitação tem dado luga r. Forma -se. assim, o duplo estado de ânimo das elites, ora desalentado e pessimista, ora otimista e seguro

Ante as acusações, silêncio da CNBB O grave panorama até aqui descrito pede provas. Como afirmar que a CNBB - o órgão máximo do Episcopado Nacional - se mostra engajado numa reforma global de nossa sociedade que, cm última análise, representa a virtual introdução do comunismo no País? E, ademais, lança mão, para isto, das Comunidades Eclesiais de Base, que congre~am em nome da Religião os fiéis mais chegados à Igreja? E isto possível? Será possível que a Igreja esteja numa situação tão dolorosa? O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira lembra, antes de mais nada, que este não é o primeiro livro cm que aborda o assu nto. Já cm 1943, quando escreveu t.in defesa da ação Católica, denunciou a penetração insidiosa do progressismo e do esqu~rdismo nos meios católicos brasileiros. e ntão em seus primórdios. Desde essa época, numerosos livros, artigos, manifestos, cartas abertas. abaixo-assinados, interpelações todos eles com divulgação imensa nos jornais ou através de venda pública cm todo o território nacional pelas caravanas da TFP - vêm apontando documentadamente esse doloroso tropismo que afasta tantos e tão qualificados representantes da Igreja de sua sublime missão. Ainda no último livro, Sou ct1tólico: posso ser contra a Reforma Agrária? (Ed itora Vera Cruz, São Pau lo, 360 pp.), o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira analisou ponto por ponto o documento Igreja e problemas da terra, emanado da 18.• Assembléia Gc;,al do Episcopado, em fevereiro de 1980, demonstrando a inspiração marxista que transuda do documento. Em que pese a gravidade da impugnação, e o cerrado da argumentação, o livro não foi contestado por ninguém, dentro ou fora

CATOLICISMO -

Setembro de 1982


LÍTICA EMERGENTE CRUZADA . SEM CRUZ do~ quadros da CNBB. Entretanto, dele escoaram quatro edições. num total de 29 mil exemplares, espalhados por todos os recantos do Brasil. Silenciando, pois, sobre uma impugnação pública feita em termos doutrinários elevados e com a reverência devida a hierarcas da Igreja, a CNBB reconhece implicitamente que suas metas são as que se lhe imputam. Metas essas que provocaram o reiterado júbilo dos repre· sentantes máx imos do Partido Co. monista do Brasil, Luiz Carlos Prestes e Giocondo Dias, os quais, ape· sar de brigados entre si, concordam em afirmar que a Igreja - leia-se a CNBB... - é a maior aliada do comunismo em nossa Pátria (cfr.

estendeu por cinco anos, traçaram o quadro geral das Comunidades Eclesiais de Base, como elas existem e se expandem no Brasil, em 1982. O estudo pormenorizado e documentado ocupa nada menos do que 700 páginas datilografadas. Nestas condições, porém, fugia à exequibilidade editorial de uma divul· gação em larga escala. Assim, atendendo a novo pedido do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, os dois irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimco condensaram seu estudo em uma centena e meia de páginas, que tornasse a sua publicação exeqüível do ponto de vista editorial. É esse estudo que ora é publicado, juntamente com uma pertinente análise do Prof. Pli-

insuspeita, pois procedem ou de pessoas diretamente ligadas às CEBs, ou de elementos simpáticos às mesmas. Seria supéríluo dizer quanto a grande imprensa franqueia suas págjnas para a divulgação desse movimento. A relação dessa bibliografia consta também do livro pequeno.

Estrutura das CEBs As Comunidades Eclesiais de Base - CEBs - são pequenos grupos organizados po.r iniciativa do Clero ou de agentes pastorais, em torno de paróquias ou capelas. Agente de pastoral ou simplesmente axente pastoral é uma denominação relativamente recente que

do bem feito, a coloca acima da Freira e da mãe de família! Tomamos aqui um pequeno contacto com a estranha doutrina que circula nas CEBs, e das quais tratarse-á adiante. Cada CEB tem 10, -JO, 50 membros, ou até mais, como ocorre cm cidades do Interior e na zona rural. Quando muito grande, a CEB costuma ser dividida em grupos menores, conhecidos por "grupos de base", "grupos de oração", "grupos de renexão", "círculos bíblicos" e ainda outras denominações muito variadas. - Q_ual o número tot;il de CEBs no Brasil? Quantas pessoas militam no movimento? Não há dados oficiais, mas as estimativas veiculadas pela imprensa religiosa ou leiga variam de 80 a 90 e mesmo 100 mil CEBs, totalizando um contingente de 2 a 2,5 milhões de pessoas "conscientizadas". Há quem fale em 4 milhões de membros, mas esse número constitui evidente exagero. Quaisquer que sejam os números exatos. o certo é que as CEBs representam um contingente ponderável de pessoas, minoritário, sem dúvida, cm face da população total do País, e pequeno para os objetivos visados, mas cm todo caso suficientemente grande para promover uma-agitação que permita à CNBB e a certos setores políticos e da Imprensa apresentá-las como uma força irresistível, ante a qua l é preciso ceder. Tal é, pois, o instrumento precioso de que dispõe a CNBB para alcançar as suas metas.

Doutrina ruma para socialismo autogestionãrio Qual a doutrina que move as

A votação dos documentos debatidos nas Assembléias da CNBB é feita. item por item. mediante o levantamento de cartões verdes {aprovação), amarelos {aprovação com emendas) ou vermelhos (rejeição). Segundo O. Alberto Gaudêncio Ramos. Arcebispo de Belám do Pará, na pressa que caracteri~a o final das Assembléias. na tendência é para aprovar tudo o que apareça".

Sou cat6/ico: posso ser contra a Reforma Agrária?, pp. 95-96). Estas afirmações estarreccdoras foram. aliás, molcmcntc contestadas e m alguns insignificantes pronunciamentos .episcopais, quando merece riam - se não fossem verdadeiras autênticos brados de indignação.

S6lida documentação Bem definidas. assim, as metas da CNBB, restava provar que as CEBs são o instrumento de que o órgão máximo do Episcopado nacional se serve para alcançar as referidas metas. Tal é o objetivo específico da nova obra lançada pela TFP. Dois competentes e dedicados sócios da entidade. Srs. Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimco, foram incumbidos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira de analisar toda a documentação disponível sobre as CEBs, e depois de um paciente e laborioso estudo que se

CATOLICISMO -

nio Corrêa de Oliveira, do panorama naciónal cm que a ação das CEBs se insere. Lançado o livro pequeno (258 páginas), a Editora Vera Cruz apresta-se agora a imprimir o livro grande - o .. volumão", para os íntimos no qual todos os fatos aparecem cm seu desdobramento completo, com a correspondente documentação inteiramente especificada. O leitor interessado em aprofundar seus conhecimentos sobre as Comunidades Eclesiais de Base está convidado a adquirir o volume As CEBs... das quais mui10 se fala , pouco se conhece - A TFP as descreve como são - Come111ários e documentação 1otais. Sobretudo estão convidados a tal aqueles dos leitores que quiserem impugnar as apreciações e conclusões do presente livro ... A documentação compulsada, que não haveria exagero cm ser chamada de monumental, compreende livros, folhetos, jornais, revistas e folículas de toda ordem, de fonte

Setembro de 1982

abrange, em sentido amplo, todos aqueles que se dedicam às atividades pastorais da Igreja, sejam Bispos, Padres, Irmãos, Freiras, seminaristas ou simples leigos . Em sentido estrito, a expressão agente pasroral designa os "leigos engajados", dç ambos os sexos, especialmente treinados em Institutos de Pastoral, ou outros, para o trabalho de "conscient i1.ação" dos fiéis católicos. Isto é, para que estes "tomem consciência" das "injustiças" da atual ordem de coisas. se rebelem contra elas, e promovam a derrubada das instituições. De modo geral, as CEBs reúnem pessoas das mesmas condições sociais e econômicas. Na periferia urbana são, na maioria, donas-de- casa, operários, pequenos funcionários, empregados do comércio, um ou outro pequeno comerciante, alguma professora, e aposentados; na zona rural, são assalariado~, "posseiros", parceiros ou ,arrendatários, pequenos proprietários, e seus fa. miliares. As CEBs organizam-se, cm geral, segundo um critério geográfico: membros de uma família, vizinhos, moradores da mesma rua ou bairro, freqüentadores da mesma paróquia ou capela. As vezes, porém, agrupam-se por categorias de idade, social ou profissional: grupos de jovens, empregadas domésticas. lavadeiras, soldados, favelados, presidiários e até ... prostitutas! Aliás, o conceito em que estas últimas são tidas ·nas CEBs difere muito da opinião geral, formada segundo o senso moral católico. Para D. José Maria Pires, Arcebispo da Paraiba, e destacado prócer das CEBs, a prostituição pode ser entendida como uma vida consagrada ao serviço da comunidade, maneira excelente de consagração a Deus. Por isso. para o conhecido Arcebispo da Paraiba, o "holocausto" da prostituta, quan-

CEBs e as leva a investirem contra a atua l ordem·? Atraídos para as CEBs.pcla motivação religiosa, seus membros são persuadidos pelos agcQtes de pastoral de que a doutrina da Igreja em matéria socia l - e, <onseqüentemcntc, a atuação da Igreja em face das situações sócio-econômicas contemporâneas - mudou. A Conferência do Episcopado Latino-Americano realizada cm Medellin (Colômbia, 1968) deu alento a

uma doutrina, explicitada depois pelos teólogos Gustavo Gutiérrez e Hugo Assmann , conhecida como Teologia da Liber1ação. Segundo a doutrina acima aludida, a Conferência de Mcdellin, e depois a de Puebla, cm 1979, denun· ciaram uma "realidade" na América Latina que deve ser vista como uma ~·ituação de pecado, de opressão e de injustiça estrutural. Assim a Igreja não deve manter o statu., quo atual,

Uma enquete efetuada em fins de setem· b'ró pelos doia principais institutos fran-

ceses de P<)squisa de opinilo - SOFRES e IFOP - indica quê Mitterrand perdeu o

apoio da maioria da populaçlo. Para tal fracasso certamente concorreu., de modo ponderável, a M ensagem das 13 Tf Ps contra o socialismo autogostionério. Compreende-se. pois. que o presidente socialista francês esteja perplexo. como mostra a foto.

• corrigindo-o apenas no necessário, pois desse modo ela continuaria a pregar uma "religião alienante". Pelo contrário, ela deve ser revolucionária, pregando uma religião libertadora, cuja meta específica é, na prática, a derrocada do·s1a1us quo atual. Vê-se assim a grande afinidade que existe entre o pcn~amento sócioeconômico .existente entre as CEBs e as correntes socialistas ou comunistas. Diferencia-as apenas a natureza das respectivas motivações filosóficas ou religiosas. Os membros das CEBs deduzem da Religião (reinterpretada pela Teologia da Libertação) as conclusões sócio-econômicas que o PC e o PS deduzem da irreligião. Esta fundamentação religiosa confere às CEBs caractcristicas próprias e vantagens específicas, que a revolução atéia não possui. Assim, as CEBs têm uma possibilidade de êxito, pelo menos a longo prazo, que Lênin não teve. Com efeito, esse fez vencer uma revolução atéia, porém não conseguiu matar a Religião, nem incutir na alma popular verdadeira apetência pelo regime êoletivista. Pelo contrário. as CEBs fazem uma revolução em nome da Religião, e trabalham para a vitória de um laicismo (ou seja, de uma forma de ateísmo), pregado pela Teologia da Libertação. Qual o regime concreto que as CEBs, dócil instrumento nas mãos da CNBB, preconizam para o Brasil? - Ao lado de críticas sem rebuços do regime capitalista, circulam entre elas censuras limitadas e comedidas ao comunismo vi[(ente na Rússia. A análise da doutrina corrente nas CEBs indica que suas preferências caminham na direção de um socialismo autogestionário, fal-

samente apresentado como um meio termo entre o comunismo e o capitalismo. Como bem demonstrou a Mensagem do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário francês - divulgada pelas treze TFPs em todo o mundo - tal sistema não constitui uma barreira para o comunismo, mas é uma cabeça-de-ponte para ele. Mais-

(continua na página 6) --1111~ 5


CEBs: potência política...

ainda, a autogestão é a m~ta última dos utopistas do marxismo dito científico. Máxima e suprema coincidência entre as CEBs, o PS e o PC. Segundo tal concepção, o poder não deve residir no Estado, mas em corpúsculos nos quais este se esfar"1e, autogeridos pelos seus com{>Onentes, em todos os setores da vida humana: famflia, escola, trabalho, lazer, Igreja etc. ~ a anarquia, tomada em seu sentido etimológico (ausência de autoridade), imaginada como possível não sé sabe por que transformação da própria natureza do homem! Para lá nos encaminham as Comunidades Ec)esiais de Base. E, por trás e por eima delas, a CNBB.

CEBs e guerra pslcol6glca revoluclonãrla Descritas assim as CEBs nos elementos que as constituem, na sua doutrina e nas suas metas, resta dizer algo sobre a natureza da ação que desenvolvem. Fundamentalmente, a revolução que as CEBs promovem constitui uma guerra psicológica revolucionária movida contra as elites do Pàfs. A guerra psicológica pode ser muito sumariamente definida como um conjunto de operações psicológicas destinadas a atuar sobre o ânimo do adversário, de sorte a levá-lo à capitulação antes mesmo que qualquer opera-ção o tenha derrotado pela força. A existência da guerra psicológica é reconhecida tanto por especialistas do Ocidente, como por comunistas, os quais salientam sua importância a ponto de dizer que, em muitos casos, as Forças Armadas servem apenas para ocupar o terri-

tório conquistado pela ação psicológica. O papel esperado da forte e ágil engrenagem das CEBs não consiste em conquistar toda a massa que, dado o vulto da população brasileira - 120 milhões· de habitantes - seria p.o r demais longo influenciar. Basta que essa engrenagem conquiste, um pouco por toda parte, alguns segmentos da massa, ainda que minoritá~ios, para que a guerra psicológica revolucionária tenha êxito. Com efeito, bem adestrados, os componentes destes segmentos podem dar aos olhos do grande público - por meio de manifestações de massa, de operações de sabotagem e de violência de várias ordens etc. - a impressão de que toda a massa operária está convulsionada. Reforçada essa impressão pelo noticiário sensacionalista de tantos meios de comunicação social, as elites indolentes se sentirão propensas a concessões ditas prudentes, e por fim à capitulação. Tal o sentido mais profundo das agitações de que têm sido protagonistas as CEBs.

Teologia da Libertação Segundo a Teologia da Libertação, cumpre à Igreja libertar as massas da situação injusta em que se encontram. Para isto as CEBs as "conscientizam", isto é, lhes dão consciência de que sofrem injustiças, lhes incutem desejos de libertar-se destas e as aglutinam de modo a poderem operar a libertação que almejam. Mas esta libertação, segundo as CEBs, só pode decorrer de leis que reformem as atuais estruturas sócio-econômicas. E como as leis só podem ser mudadas pelo concurso dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o modo legal de

que dispõem as CEBs para tomar efetiva a desejada libertação consiste em contar com legisladores federais, estaduais e municipais que adotem o programa delas. Ora, como as CEBs se beneficiam do apoio, do fomento e do prestígio da CNBB, tudo parece indicar ao nosso Pafs a ltamente cató· lico, que as CEBs são a própria Igreja em ação na política. E no momento em que os partidos políticos legais e ilegais deixam ver sempre mais a exiguidade de sua estatura e de seu sopro vital, as CEBs vão sendo vistas por crescente número de brasileiros como a potência eleitoral emergente, que no grande prélio e leitoral deste ano dará rumo aos destinos do Brasil.

Imprecisões do triplice "sentire" Para se avaliar o alcance desta constatação, é preciso levar em cons ideração que a ação normal do C lero vai muito além dos simpáticos núcleos de fe rvorosos, de si mais abertos à influência da Igreja. Por meio de sermões, da confissão, das múltiplas relações pessoais a que o exercício do Sacerdócio dá lugar, é-lhe possível influenciar uma quantidade indefinida de pessoas. Em todo esse público. muitas pessoas M que, mais fervorosas ou menos, devido a uma deficiente formação religiosa, atribuem aos dogmas do Primado do Romano Pontífice e da Infalibilidade Papal uma extensão que de fato eles não têm: a máxima santa "se111ire cum Roma110 Po111ifice" é s implisticamente transposta para todo e qualquer ato pessoal do Papa; e daí para os escalões seguintes: "se11tire cu111 Episcopo". "se11tire cum Paroc/ro". "Se111ire" até com o sacristão, disse certa vez alguém ... Pode0 se compreender facilmente a que espantosas conseqüências con-

No IV Congresso Eucarístico ...

pela influência sobrenatural da Igreja. a alma brasileira resulta da transplantação. para novos climas e novos quadros, destes valores eternos e definitivos que, precisamente por que definitivos e eternos.' podem ajustar-se a todas as circunstâncias contingentes. sem perderem a identi· dade substancial consigo mesmos. A perfeita formação da a lma brasileira comporta, pois, duas tarefas essenciais , uma q ue mantenha sempre intactos os fundamentos de nossa civilização cristã e ocidenta l, e outra que ajuste esses fundamentos às condições peculiares a este hemisfério. Nossos maiores executaram com evidente êxito e ind omável valentia a primeira parte dessa ingente tarefa. Depois de quatrocentos anos de luta, de trabalho, aqui norcsec este Brasil que é para a civilização ocidental um motivo de esperança, e para a Santa Igreja de Deus uma causa de júbilo. Mas esse esforço de conservação, que ainda é e continuará a ser sempre necessá rio, foi até aqui tão observante que relegou para o segundo plano o problema da adaptação. Esmagava-nos a desproporção e ntre nossos recursos materiais que do seio da terra desafiavam nossa capacidade de prod11ção, e a insuficiência de nossos braços, de nosso dinheiro e de nossas energias para os explorar. A terra brasileira se aoresentava cheia de possibilidades fabulosamente vastas, de riquezas inesgotavelmente fecundas, que se adivinhavam e se sentiam mesmo antes de qualquer demonstração técnica e científica . E o mesmo se poderia dizer de . nossa história, toda tecida até aqui de acontecimentos políticos de alcance meramente contmen1al e transcorrida quase toda ela em um tempo em que não estava na América o centro de gravidade do mundo. Bem estudada, e despida das versões oficiais de um liberalismo anacrônico, aí podemos ver c laramente, na fidelidade de Amador Bueno como no espírito de Cr'u zados dos heróis da reconquista pernambucana, na fibra de ferro deste grande martelo da pior das heresias, que foi Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, como no coração maternal e suave da Pri!'cesa Isabel, as expressões rútilas de um grande povo que, a inda nos primeiros passos de sua História, já dava mostras de

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Aspecto da multidão que compareceu ao local do Congresso Eu~arfstico. por ocasião da Comunhão das mulheres.

ser um povo que Deus criara para grandes feitos. Essa predestinação se afirma na própria configuração de nossos panoramas. Talvez não fosse ousado afirmar qu·e Deus colocou os povos de sua e leição em panoramas adequados à reali1.ação dos grandes destinos a que os chama. E não há quem, viaiando por nosso Brasil. não experimente a confusa impressão de que Deus destinou para teatro de grandes feitos esse país cujas montanhas trágicas e misteriosas pencdias parecem convidar o homem às supremas afoi1ezas do heroísmo cristão, cujas verdejantes planícies pa-

recem querer inspirar o surto de novas escolas artísticas e literárias, de novas formas e tipos de beleza, e na orla de cujo litoral os mares parecem cantar a glória futura de um dos maiores povos da terra. Quando nosso poeta cantava que "nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá, e as aves que aqui gorgciam não gorgeiam como lá", percebeu talvez, confusamente, q ue a Providência depositou na natureza brasileira a promessa de um porvir igual ao dos maiores povos da terra . E hoje, que o Brasil emerge de sua adolescência para a maturidade, e titubeia nas mãos da velha Europa

duz em nossos dias o "jogo~ desse tríplice "se111ire'', entendido com tais imprecisões e extensão; e qual a amplitude indefinida dos c!rculos de influência que um Sacerdote pode desta maneira exercer. Tal influência é ainda acrescida pela verdadeira "reciclagem" doutrinária e psicológica imposta pela CNBB e pelas CEBs à massa da p-opulação, pela obrigatoriedade dos cursos de preparação para noivos, como para padrinhos de casamento. Quem não segue tais cursos fica cm situação análoga à de um excomungado, pois sofre a punição de não poder casar-se, de não poder ser padrinho de batizado etc. O que justifica a afirmação, feita no livro da TFP, de que as CEBs, beneficiárias e cxecutoras desse sistema draconiano, constituem uma verdadeira KGB religiosa no Brasil.

O V Poder da RepCibllca Carlos de Laet, o consagrado polemista católico, afirmou que a Imprensa constituía um quarto Poder, ao lado dos três Poderes da República (o Execut-ivo, o Legislativo e o Judiciário). A CN BB vai se constituindo assim num quinto Poder,. empenhada em fazer no Brasil uma verdadeira Revolução (no sentido lato da palavra), com sérias possibilidades de se tornar muito grande. É essa Revolução que as CEBs preparam. Já começam a ecoar nas profundidades de nossos sertões os brados-sloga11s "pega- fazendeiro". Está na linha de pensamento e de ação das CEBs, que a esses brados se sigam 011 se juntem, dentro de não muito tempo, os de "pega-patrão, "pega-patroa", "pegalocador", "pega-dirigente". "Pega", e nfim, tod·o mundo que agora dorme indolente um letargo profundo, embalado alternativamente pelo desalento e pelo otismismo.

e cetro da cultura cristã que o totalitarismo quereria destruir, aos olhos de to.dos se patenteia que os países católicos da América são na realidade o grande celeiro da Igreja e da civilização, o . terreno fecundo onde poderão reflorir com brilho maior do que nunca as plantas que a barbárie devasta no velho mundo. A América inteira é uma constelação de povos irmãos. Nessa constelação, inútil é dizer que as dimensões materiais do Brasil não são senão uma figura da magnitude de seu papel providencial. Tempo houve em que a História do mundo se pôde intitular "Gesta Dei per Francos". Dia virá em que se escreverá "Gesta Dei per brasilienses". A missão providencia 1 do Brasil consiste em crescer Jentro de suas próI?rias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civili1.ação genuinamen1e católica, apostólica e romana , e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o "lumen Christi" que a Igreja irradia. Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional, e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. Se algum d ia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro: "Sejam entre vós os que governam como os que obedecem", diz o Redentor. O Brasil não será grande pela conquista, mas pela Fé; não será rico pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. Realmente, se soubermos ser fiéis à Roma dos Papas, poderá nossa cidade 'ser uma nova Jerusalém, de bele1.a perfeita, honra, glória e gáudio do mundo inteiro. "Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus". Explorai, Senhores do Poder Temporal, as riquc1.as de nossa terra, estruturai segundo as máximas da Igreja, que são a essência da civiliz.ação cristã. todas as nossas instituições civis. Auxiliai quanto em vós estiver, a San1a Igreja de Deus a qué plasme a alma nacional na vida da graça, para a glória do Céu . Fazei do Brasil uma Pátria próspera, organizad.a e pujante, enquanto a Igreja fará do povo brasileiro um dos maiores povos da

Como resistir às CEB.s? É possível resistir à ação das CEBs? Tudo quanto está no livro da TFP mostra que elas constituem um perigo muito ponderável, mas ao mesmo tempo inteiramente contornável. Para isso é preciso que as elites brasileiras, as quais as CEBs têm em mira, compreendam a necessidade de começar quanto antes uma ação visando contê-las. De que natureza seria tal ação? À TFP não cabe dar diretrizes nem traçar programas para as classes a que ela alerta. Sobram a estas os recursos de inteligência, os relacionamentos sociais e políticos e as disponibilidades econômicas para arquitetar e pôr em prática uma larga campanha de esclarecimento do País sobre os problemas que as CEBs levantam. Para tal esclarecimento, a TFP dá com este novo livro o seu contributo. E este é de importância fundamental. A ela só resta pedir a Nossa Senhora de Fátima, que já em 19 I 7 premuniu o mundo contra o comunismo, que aíude nossas classes dirigentes a saírem de seu letargo, e a exercerem efetivamente sua missão de orientadoras de todo o corpo social. Se não o fizerem, a História alegará um dia que as massas foram transviadas porque as elites desdenharam de as orientar. Mas registrará igualmente convém lembrá-lo - que não faltou quem as alertasse na hora extrema. Com o presente livro, a TFP cumpre assim esse dever, movida por seu amor à Igreja, à. civilização cristã e à querida Pátria brasileira. Mais do que isso não pode ela fazer!

A. A. Borelli Machado

História. Na harmonia desta mesma obra está a predestinação de uma íntima cooperação entre os dois poderes. Deus jamais é tão bem servido, quanto se Cesar se porta como seu filho. E, senhores, cm nome dos católicos do Brasil eu vô-lo áfianço, Cesar jamais é tão grande, como quando é filho de Deus. Nessa colaboração está o segredo de nosso progresso, e nela vossa parte é verdadeiramente magnífica. Traba lhai, Senhores, trabalhai neste sentido. Tereis a cooperação entusiástica de todos os nossos recursos, de todos os nossos corações, de todo o nosso fervor. E quando algum dia Deus vos chamar à vida eterna, tereis a suprema ventura de contemplar um Bras il imensamente grande e profundamente cristão, sobre o qual o Cristo do Corcovado, com seus braços abertos, poderá dizer aquilo que é o supremo título de glória de u m povo cristão. Executai o programa de governo que Cristo traçou a todos os homens, e que consiste em procurar antes o reino de Deus e sua Justiça, que todas as coisas lhe serão dadas por acréscimo.

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CAT.OLICIS MO -

Setembro de 1982


s1st1a cm não contar com nada, com

ninguém, exceto com ele mesmo e com

sua própria ação. Essa atitude de alma fazia com que ele desse o ºespetáculo de um homem cm guerra consigo mesmo.. , no dizer de

Jacques Bainvillc, e fosse uma verdadeira "contradição encarnada... ' Um homem do qual - dizia-se -

todo o mundo temia "a espada, a pistola, a língua e a pena". Seu gosto de destruir valeu-lhe uma temível reputa• ção: o "derrubador de ministérios''. Combativo, autoritário, mundano,

Clemenccau era também um homem da moda. um dandy do fim do século, divorciado, frequentador de n;gJu club.r, enorntcmentc afeito às brincadeiras grossci ras. Sua corajosa atuação no decurso da

1 Grande Guerra alcançou-lhe a popularidade e a fama geralmente conhecidas (•).

Ctemenceau .. eos 34 anos. virulento jornalista revolucionário

O "Jornal dos Agricultores". do Rio de Janeiro, cm sua edição de agosto de J905, descrevia com os seguintes termo~ a impressão causada pela presença do Superior Trapista, por ocasião da visita que este fez à redação do referido periódico. cm meados daquele ano: "Tivemos a honra de receber em nosso escritório a visita de O. Jean Baptiste Chautard (... ). Tivemos a ventura de ouvir a sua palavra fina, eloqüente, reveladora de fidal,ga distinção. O. Chautard aos 39 anos

f; um Prelado moço de visivcl robus•

CONFRONTO ENTRE

.

REPRESENTATIVOS DE UMA ÉPOCA

M ASPECTO o mais das vetes não tomado na consideração de· vida, nem s.alientadoco1n todo rc• alce merecido poraquclcsqucscdcdicam

U

O primeiro ministro franc·As. aos 78 anos. por ocasião da Conferêncía de·Paz do 1919

à História sãç certos confrontos que, no decurso dela, não raro sccstabclcccm entre personagens rcprescntativ::1s. em seu tempo. de cenas instituições, men1alidades ou

estados de espírito opostos. São como que arquétipos de virtudes ou de vícios característicos de determinada era. Em tais confrontos - sejam eles de ordem moral, ou mesmo física - tcm-.sc a impressão de que, em presença de Deus e dos homens. tais. instituições~ mentalidades e estados de alma atingem um ápice, um requinte, na manifestação dos valores ou antivalores que os distinguem.

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tez, animado desse fogo sagrado que abala montanhas e opera maravilhas". Espírito íntegro, o Abade de SeptFons estabelecera em sua alma um peculiar equilíbrio entre a doçura e a for• talcza católicas. Dessa doçura dão-nos prova eloqUcntc as páginas de sua célebre obra "A alma de todo Apostolado", agraciada com os melhores louvores e bênçãos do Papa São Pio X, e na qual não poucos leitores julgaram sentir as suavidades da .. Imitação de Cristo". A força do varão nele ressalta, observando-se sua possante personalidade, impregnada da admirável calma do contemplativo, cm tudo avesso ·a /re11esis; constatando-se a decisão de uma vontade férrea daquele que desconfia de si mesmo e das próprias forças, tudo esperando no auxilio que lhe vem do Céu; como também, analisando--sc a imponente majestade de um espírito robusto, proíundo, inteiramente penetrado das coisas de Deus. Contemplativo por vocação, as cir.. cunstâncias permitidas pela Providência exigiram contudo que ele entrasse em muitas lutas.

Sim, D. Chautard foi um grande batalhador. E dentre suas pugnas, na situação a que nos referimos mais acima, destaca-se o fato de haver enfrentado com êxito Clemenceau. Como o "derrubador de ministérios" ridicularizasse sua pessoa e a qualidade de monge, o famoso trapista, com olhar de fogo, atitude enérgica e fazendo uso de sua palavra fácil, firme e convincente, discorreu sobre o ideal da vida do monge: o religioso apaixonado de Deus, guarda de honra da Eucaristia. O que então se terá passado no fundo mais recôndito $la alma do "Tigre" só

Deus sabe. Clemenccau, estupefato pela coragem do trapista, após tê-lo deixado concluir, disse: "Eu compreendo, eu compreendo, o

ideal ile monge quando este é vivido tão profundamente, que se pode estar orgulhoso de o ser. Considere-me seu amigo". A quem esteja suficientemente informado acerca da vida do ministro francês, é realmente pasmoso ouvir de seus lábios tal rc.sposta. E, sobretudo, é quase inverossímil considerar qúc, de tal maneira a grande alma do superior de Scpt· Fons se lhe impôs, que Clcmenceau votou a O. Chautard um respeito que perdurou até o fim de sua vida. Ah! o olhar nobre e dominador de O. Chautard fazia proezas! Ourante uma viagem pelo Oriente. o religioso en• controu um leão enjaulado e. fitando..o atentamente, hipnotizou-o. Como vê o leitor, O. Chautard não só subjugou o "Tigre". mas também outras feras... Nesse verdadeiro crepúsculo de personalidades que presenciamos cm nossos dias, a consideração desses dois tipos humanos é altamente formativa para o espírito. Máxime quando nos é dado analisar o càntraste entre uma mentalid~dc lamentavelmente plasmada por feroz impiedade. e outra na qual podemos contemplar a bele,.a moral de uma alma autenticamente forte~ enquanto sendo, de certa maneira, nobre reflexo criado do Poder, da Fortaleza e da Onipotência divinos.

(•) A respeito do temperamento" <lo ptr~ sono/idade do primciro minútró frtmds. con$ulu•-se "Cltme11teau··: Collec,iou Génles et Rlalités, tdltkms flar.lwut Rl<ilitls, Paris, 1971. 0

Foto do famoso Abade da Trapa de Sept-Fons. em sua maturidade

A História da França, no início deste século, registra o cnconlro e a confrontação moral entre duas figuras representativas desse tipo, as quais, cada uma a

seu modo. marcaram época. Referimo-nos à entrevista de O. João Batista Chautard, renomado Abade da Trapa de Scpt-Fons, na França, c:om Georges Clcmenceau. o ministro francês ( 1906-1909), cognominado o "Tigre". na véspera do dia em que o Senado daquela nação deveria resolver a sorte dos religiosos. Est~s, cm virtude da aplicação da legislação anticlerical aprovada nos tempos de i;milc Combcs, deveriam ser expulsos do País.

e I

. Jacobino furibundo, educado desde a infância no ódio à Religião, Clcmenccau era considerado no mundo político de então como um frenético, dominado pelo orgulho, personagem leviano, feroz e obstinado. Sua máxima de vida con-

CATOLICISM O -

Setembro de 1982

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AfOJLICESMO --------------------*

ESTAPAFURDIA

SUSPEITA E JUÍZO TEMERÁRIO Plinio Corrêa de Oliveira TFP está lançando em todo o País um livro que informa o grane público sobre as tão faladas Comunidades Eclesiais de Base. seus fins, sua ideologia, seus métodos, etc. Esse trabalho demonstra que tais entidades são essencialmente - e por excelencia - os instrumentos da CNBB para semear o dcscontcnrnmento da po· pulação e especialmente entre os trabalhadores manuais, transformar em se· guida o descontentamento em agitação e, atravts dessa agitação, impor aos poderes públicos as reformas de base reivindicadas (ora explicitamente, ora apenas mediante insinuação) nos dep loráveis Documentos emanados das reuniões episcopais de ftaici. Ou seja, a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a Reforma Empresarial, e alguns corolários. Em outros termos, o confisco das terras cultas e incultas. dos prédios de alugue) (residenciais. comerciais ou in· dustriais), da propriedade das empresas comerciais ou industriais etc. Tud<'.> isso muito provavelmente com vistas a instituir no Brasil um regime socialista

"O São Paulo" falsificado, "a fortiori" digo-o de certas folículas do mesmo jaez, que foram, estejam sendo ou venham a ser difundidas por aí, não sei por quem. E se o livro da TFP contivesse apc, Qas acusações, ainda seria pouco. Mas ele vem apoiado numa documentação simplesmente monumental, elencada na íntegra em suas páginas finais: nada menos de 707 livros, folhetos, jornais, revistas. folículas de toda ordem. Digo com desembaraço ser monumental essa documentação porque, embora cu seja um dos três autores do livro, quem a coletou e analisou não fui eu, mas os · dois outros autores, lúcidos e vigorosos intelectuais que integram o quadro social da TFP: os irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo. Na primeira parte do livro, a meu cargo, traço o panorAma da atual situação brasileira, no qual mostro a função Q\JC assim vai a CNBB assumindo no Brasil. Ou seja, ela vai desenvolvendo uma invasão subvertedora de toda a boa ordem estabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo. quando instituiu a Igreja

quidiocesana) afirma ter pistas que bem podem conduzir à demonstração de que as falsificações de "O São Paulo" e de outros textos emanados da ..esquerda católica" podem vir da TFP! Ê p reciso estar inteiramente alheio ao que significa, ao que tem de si como peso natural na vida das idéias, das correntes de p~nsamento e de ação que imprimem rumo a um país, uma impugnação~ uma documentação. um livro, para imaginar que uma organização, a qual vem fazendo à "esquerda católica" uma oposiç.~o alla, compacta e extensa como uma serrania. lucre o que quer que seja em esborrifar agora contra essa mesma esquerda algumas gotas de água suja ou, em outros termos, um jornal• :cinho e uns folh.etos falsificados. Mas para quem possui uma noção IUcida e serena da importância cultural do livro. como da importância real da cultura~ pas esferas pensantes de um povo, a hipótese cai por terra "a priori". O Sr. José Carlos Dias não entende as coisas assim. E ei•lo a fazer tábula rasa dessa impossibilidade absoluta, e a

Hé quarenta ano$ o Prof. Plinio Corria de Oliveira vem alertando o público' brasileiro. através de livros. artigos, conferências e campanhas contra o progressismo esquerdista.

autogcstionáno ma1s ou menos análogQ ao de Mittcrrand. Essa ação da CNBB junto aos trabalhadores manuais das cidades c dos cam .. pos se complementa com a atuação de uma torrente de sacerdotes e religiosas que, atuando junto às demais classes sociais, procuram incutir nelas, cm no· me da Religião, uma dúvida de consciência sobre a legitimidade moral do direito de propriedade que essas classes exercem sobre os respectivos bens. f: absolutamente evidente que a CNBB tudo fa1., assim, na vastíssima alçada que lhe cabe neste País - em que habita a maior popuíaç.~o católica do globo - para promover uma incruenta mas· gigantesca revolução social. E. na ponta esquerda da CNl3B (estranho corpo composto de centro e de esquerda, no q ual entretanto não há direita). vozes se levantam para dizer ou para insuõuar que, se essa revolução não for avante por meios incrucntós. os ..oprimidos" estarão em seu direito de a lc· var avante por meios ~ruentos. "Na lei ou na marra", como'di1Ja a antiga expressão.

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distinta (se bem que não separada) do Estado. Pois nesta República cm que os lrês Poderes, Execu1ivo (1.ª ). Legislativo (2.•) e Judiciário (3.•), se vão adelgaçando e desbotando dia a dia mais. se hipertrofia naturalmente · o que Carlos de Lact chamou com propriedade de 4.• Poder. isto é, a lmprensa,.ao tempo dele escrita, e hoje também falada e "televisualizada". Mostro igualmente que.. no Brasil, por detrás do 4. 0 Poder) vai emergindo um 5.0 Poder ainda maior, pois conta com largo apoio dos quatro Poderes já mencionados. e tem ademais seu poder próprio, reconhecidamente imenso. Esse Lcviatã, esse 5. 0 Poder. é a CN BB, dia a dia mais ciosa de se n1cter em matérias que lhe competem cumulativamente com o Estado, e até exclusivamente ao &tado~e dia a dia também menos ciosa do exercício do Poder excelso, inigualável, que Nosso Senhor Jesus Cristo cóníiou exclusivamente à l~reja sobre matéria cspc~ificamente espiritual. É fácil ver como a _apresentação des- . se panorama é própria a agravar aos olhos do público a si°tuação da CN 88. Mas há mais. O leitor sabe, o Brasil inteiro sabe, percorrido como é. de Norte a Sul, pelas pacíficas e heróicas cara. Isto que cm ires ou quatro pará· vanas da TFP, que de 1943 a 1982 venho grafos deste artigo afirmo e assino como escrevendo livro sobre livro. com dopresidente do Conselho Nacional da cumentação irrctorqUivcl e com tiragens TFP, é imensamente mais denso, Jnais (exceto o primeiro) de várias dezenas de substancioso e mais rico cm alcance - . milhares de exemplares - neste País enquanto desacordo reverente mas, ao onde se multiplicam os motéis e defimesmo tempo desassombradamente po- nham as livrarias - mostrando desde ICmico - do que tudo quanto possa seus primeiros olborcs o nascimento da haver de impresso no número falsifica- "esquerda católica· e sua escalada para. do de "O São Paulo", de cujo conteúdo alcançar todo o poder na CNBB. E agora tenho apenas alguma noticia. Esse mes· no E.stado. mo número falsificado que o Sr. Bispo D. Luciano Mendes e o ex.presidente da , Comissão Justiça e Paz e advogado da Cúria Metropolitana de São Paulo; Sr. Tudo isto posto, o leitor poderá imagiJosé Carlos Dias, foram levar - prestigiados po/ aparatosa repercussão pu- . nar meu pasmo lendo cm dois números desblicitária - ao,:,r. Ministro da Justiça, te jornal (de 8 a 9 do corrente), desinibidas Dr, Abi Aekcl. e por meio deste, ao declarações em que o Sr." Josê Carlos D ias (o referido ex-presidente e atual Sr, Presidente da República, general João Batista Figueiredo. Se d igo isto de membro da Comissão Justiça e Paz ar-

acompanhar sequioso as investigações policiais na Artpress. gráfica pertencente ao Sr, Fausto Borsato, sócio da TFP. Segundo os próprios jornais. verificou-se que a Artpress nào tem máquinas capazes de imprimir o "O São Paulo" autêntico. nem o falsificado. O caso do tal Anuário católico. o qual servira de pista para o religioso que, soJcrte., foi denunciar a TFP à Polícia, está inteira· mente explicado pelos mesmos jornais. Foi esse Anuário pedido pelo Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer para um envio de correspondência a dois mil sacerdotes brasileiros. E. togo cm seguida, o mesmo Anuário foi devolvido ao dito religioso. Os tênues indícios jazem assim no chão desfeitos em pó.

Mas, insensível a tudo isso, o Sr. José Carlos Dias persiste nas suas suspeitas. Saberá ele o que é o pecado de juizo temerário? E que esse pecado tem uma agravante enorme quand9 o juízo temerário é divulgado por duas vezes no jornal de maior circulação de São Paulo, isto é, precisamente na cidade de maior população do. Brasil? Prefiro admitir que o Sr. José Carlos Dias não o saiba. Pois do contr-ário eu recearia cometer pecado de juizo temerário duvidando de que esse.cidadão (presumivelmente católico praticante) não se confesse... ou se confesse mal.

Mas esta minha conversa não é com o Sr. José Carlos Dias. f: com o público que ele assim procurou intoxicar contra a TFP, no niomento preciso cm que esta lançava, acerca das Comunidades Eclesiais de Base. um verdàdeiro livro-bomba. Incruento como todo livro, devas· tador como toda bomba. No largo público da "Folha", há por certo muitos católicos não praticantes. Outros tantos católicos ignorantes. E uma porcentagem indefinida de pessoas que, com ou sem a máscara de católicos. de fato não o são. Querem saber todos estes o que é um j uizo temerário? .Mais do que uma definição abstrata. dou-lhes um exemplo. As CE8s são organismos ligadíssimos às Comissões di·ocesanas ou arqui· diocesanas de Justiça e Paz. Imaginem agora que. baseado nisso, eu conjeturasse que o Sr. José Carlos Dias, movido por má fé, se üvcssc posto a lançar suspeitas contra a TFP. Suspeitas que ele saberia afrontosas e absurdas. E isto só para acobertar as CEBs contra um livro que nem a dita Comissão de Justiça e Paz, nem elas - as CEBs - ousam refutar. Seria a calúnia fa7.Cndo as vezes da ar;umcntação leal, difundindo-se pelas m,I vozes do 4.0 Poder, e depois do 5.0 Poder, Do simples foto de que as CElls. a Comissão de Justiça e Paz e o próprio Sr. José Carlos Dias. que assim aparece na ribalta do sensacionalismo. tiram vamagcm dessas falsificações. devo dedu1,ir a afirmação, ou publicar a suspeita de que é movido poc esses sentimentos e interesses que o Sr. José Carlos Dias difunde contra a TFP suas suposições absurdas, as quais, obliterado pela paixão. ele saberia falsas mas imaginaria verossímeis? - Não. Com efeito, ignoro tudo, absolutamente tudo acercá do Sr. José Carlos Dias. até o n~omento em que tive conhe.. cimento de que ele fora nomeado presidente da Comissão Justiça e Paz. Ele é uma criatura humana, uma pessoa batii'.ada na Santa Igreja Católica, um cristão, e1n relação ao qual tenho sentimentos de justiça e amor. e não a injus• tiça e o desamor inerentes ao juí7.o temerário. Sem me informar sobre os antecedentes dele, como poderia eu diíun· dir tal suspeita? Or-J, os antecedentes da TFP. o Sr. José .Carlos Dias os conhece, pela simplicíssima razão de que os conhece o Brasil inteiro, o Ocidente inteiro (cfr. "Meio século de epopéia anticomunista", Editora Vera Cruz, São Paulo, 4.• cd .. 1981, 472 pp.). Mais. O mundo inteiro. Em ratão de sua Mehsagem anti•socialista, até das Ilhas Fiji, das Ilhas Christmas. da Nova Zelândia, Nova 'Caledónia, Paquistão, Tailândia, Ne-

pai, Tunísia, Camarões, Bofutatswana, vêm recebendo as treze TFPs cartas de simpatia. Talvez mais ainda do que tudo isso, fala • favor da TFP o mutismo crônico de seus adversários. os quais a nenhum dos seus livros têm ousad o opor algo que tenha forma ou figura de argumen· tação. · Imagina .o Sr, José Carlos Dias - o qual, visto nessa perspectiva. melhor figuraria como presidente de uma Co· missão de Injustiça e Agressão do que de Justiça e Paz - que adianta de algo à TFP jogar um jornalzinho ou uns panOetinhos falsificados contra o 5.0 Poder. que. além de suas próprias tubas, dispõe das do 4,0 Poder, para os desmentir caudalosamente. torrencialmente, estrepitosamente pelo Brasil e pelo mundo afora? Oh. Sr, ex-presidente da ComissãQ Justiça e Paz! O leitor me perguntará como explico então o papel deste último. Não sei; nem me cabe explicá-lo. Trato mesmo de tudo isto precisamente para dizer ao leitor que, se eu o explicasse por uma hipótese carente de base, cometeria pecado de juizo 1emerário.

Querem os lcilores mais um exemplo de juízo temerário• O Pe. C harbonncau cscre\'(;u sexta-feira última. na seçlo Tendências/ Debates da "Folha". um arligo tão brutalmente agressivo contra a veneranda peS-~oa d o Sr. Bispo D. Antonio de Castro Maye'r e contra a TFI', que eu me ponh·o a perguntar o porquê dessa agressão. desse xingatório tão vazio de doutrina. lançado entretanto contra nós a titulo de divergência doutrinária. Imagine o leitor que me viesse à mente a susp<:ita de que esse .xingatório foi feito para. depois. alguns esquerdistas simularem um inócuo atentado contra o padre. e dai sair outro estrondo pqblicitário contra a TFP. Tudo. seria então comédia. com o rim de circunscrc.. ver a devastação de nosso livro-bomba. Jmagine ainda o leitor que cu fosse a Brasília (desacompanhado do Sr. Bispo O. Luciano Mendes de Almeida, que para este efeito nunca dos mmcas via· jaria 1=omigo) despejar a suspeita nos ilustrés ouvidos do Sr, Presidente da Repi,blica e do Sr. Ministro da Justiça. Seria uín pecado de juilo temerário. Estou certo de que conc-ordam com isso o Sr. D. Luciano Mendes, que por ceno sabe o que é um juízo temerário. E o Sr. José Carlos Dias·. acerca do qual me pare<:c mais eqüitativo supor que não sabe o que é juízo temcrjlrio. Ê o que, como presidente do Conselho Nacional da TFP. precisava di,.er.

Encerro pois o comentário. Não o faço contudo sem registrar antes quanto aprecio a coerência da ''Folha de S. Paulo" em seu liberalismo (com o qual não concordo). em publicar hoje este artigo. como. há cerca de quinze anos. minhas colaborações tantas vezes discrepantes do sentido geral das demais. Com isto só aumenta em rnim a conta cm que tenho a inteligência excepcionalmente lúcida, ágil e elegante que a orienta. E não só em mim - seria pouco - mas em toda a família de almas das treze TFPs, e de seus simpatizantes por este mundo afora.

A ~esa que presidiu a 20 ..• A ss~m~léia Geral d.a CNBB. em ltaici: O.Ivo Lorscheiter (centro). O. Clemente lsnord (esquerda). Luciano Mendes de Almeida {d11;e1ta), respectivamente Presidente. Vice-Presidente e Secretário do organismo episcopal.

o.


1 •

lL N.0 382 -

Outubro de 1982 -

Ano XXXII

) ~-

Dir etor : P aulo Corrêa de Brito Filho

A ''GALLARDA'' D E D . Esta edição já estava encerrada quando foi publicado na "Folha de S. Paulo'' de 4 de novembro um comentário de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que, com uma penetração extraordinária, analisa os aspectos mais profundos do resultado das recentes eleições efetuadas na Espanha. Julgamos oportuno estampar a colaboração do insigne Presidente do CN da TFP, como também reprod uzir a charge do quotidiano madrilenho "ABC" (edição de 30 de outubro) a qual íigura junto ao mencionado artigo do diário paulistano. Na última página deste número, é apresentada uma notícia sobre a cartaaberta que a Sociedade Cultural Covadonga - TFP, entidade autônoma e co-irmã da TFP brasileira, dirigiu ao Partido Socialista Operá.rio Espanhol - PSOE, seis dias antes do pleito. Tal documento foi publicado no mencionado jornal ibérico no dia 22 de outubro. Para o acentuado crescimento da direita e o esfacelamento dos partidos do centro certamente contribuiu a ação intensa de Covadonga-TFP, embora em seu campo especííico, que é estritamente doutrinário e extra-partidário. Essa atuação da entidade desenvolveu-se, durante anos, através de campanhas de âmbito nacional, comunicados de imprensa e difusão de publicações, no sentido de apresentar de modo meridiano ao público hispânico as tradições da civilização cristã - tão gloriosamente concretizadas na história daquele pais - bem como os sólidos princípios doutrinários que fundamentam tais valores. · O último manifesto de Covadonga-TFP repre.sentou um coroamento dessa larga atividade em defe.sa <!_aquilo que há de mais sagrado no patrimônio cultural da nação ibérica.

''V

er, julgar e agir": tal é, segundo São Tomás, a seqüência do reto proceder humano. Comecemos pois pelo .. ver·~.

E vejamos os fatos precisamente como se deram. Extraio-os do ''ABC", o grande, prestigioso ... e moderado ... diário madrileno, de 30 de outubro p.p. a) Na Câ mara anterior, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) dispunha de 121 ~deiras. Na Câmara agora eleita contará com 201. Ele ganhou, pois, 80 cadeiras; b) Numericamente mais importante do que a bancada socialista era a da União do Centro Democrático (UCD). que dispunha de 168 cadei-

ras. Na Câmara nova ficará reduzida a 12 cadeiras. A perda espetacular do centrismo foi portanto de 156 cadeiras; e) O Partido Comunista contava com 23 cadeiras na Câmara anterior. Agora não terá senão 5. A perda de 18 cadeiras é literalmente muito pesada; dada a já diminuta votação do partido; d) O partido que mais progrediu foi a Aliança Popular (AP), de direita, que contava com apenas 9 deputados e passou para 106. O ganho foi de 97 cadeiras, isto é, mais de mi I por cento. Abstenho-me de analisar a votação de algumas pequenas correntes que não alteram o quadro. Passemos ao "julgar":

a) A votação socialista proporciona ao PSOE a maioria na Câmara. Pois, no total de 350 cadeiras tocar-lhe-ão 201. Com isto cabe-lhe o direito a que seja escolhido em suas fileiras o novo gabinete. Quando este artigo sair, provavelmente o rei Juan Carlos - centrista quintessenciado, e por isso velado mas ativo simpatizante do socialismo estará em gostosas tratativas com Felipe González, o lider do bloco majoritário; b) A oposição de direita, aureôlada pela irradiação de dinamismo que lhe vem do fato de ser a agremiação que mais progrediu nas últimas eleições, poderá criar sérios embaraços à maioria governamental. Porém não vejo que, regularmente, possa impedir o PSOE de fazer aprovar uma legislação amplamente socialista. Em suma, a vantagem obtida pelo socialismo com o aumento do número de suas cadeiras é menor do que o prejuízo que lhe advém do desprestígio ocasionado pelo fato de que a direita cresceu (proporcionalmente às cadeiras da legislatura passada) mais do que ele. E passemos por fim ao "agir". Em nossas poltronas de espectadores brasileiros, agir é torcer. Coisa para nós importante, já que a torcida é uma das a•itudes prediletas do espírito brasileiro. Mas também porque nossa torcida, quanto a assuntos externos, condiciona em boa

...OCIO. SAI A.DO J0 Of OCTutU O( 1911

e,,, plena Puerta dei Sol. esquina com a Calle de Alcat6, em M adrid, erguem•se dois estandartes grandes e vários pequenos da Sociedade Cultural Covadonga - TFP. chamando a atenção do numeroso público para a campanha que a entidade promoveu. em fins de outubro, de distribuiçlo de uma carta·aberta ao PSOE. lepanto, que D. Juan d'Áustria, o heróico vencedor dessa célebre batalha naval, simbolizou (e que de nenhum modo equiparo, nem o melhor creme da direita espanhola jamais equiparou, com Francisco Franco Bohamonde). Ora , os espanhóis que do centro passaram para a esquerda ou para a direita não eram propriamente devotos de Sancho Pança. Cansados de tensões, quando em 1977 e em

Calvo-Sotelo recibe a su virtual sucesor

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América Central: estopim da subversão em todo o continente? "Catolicismo", sempre preocupado em apresentar a seus leitores uma visão inteiramente objetiva dos fatos, publica nas páginas 3, 4, 5 e 6 desta edição uma interessante reportagem de seu enviado especial a uma das regiões do globo das mais conturbadas em nosso dias: a América Central. Nosso colaborador, Alfredo Mac Hal le, tendo reali1.ado uma viagem de estudos e observações a vários palses da região centro-americana, oferece, de início, uma pe-

netrante visão de conjunto em que discorre sobre o processo subversivo, especialmente em ambientes

católicos, em curso na maioria dos pa ises daquela zona. Posteriormente, o-artieul.ista especifica . suas considerações sobre três países da América Central: Panamá, Nicarágua e Costa Rica. Na foto abaixo, um batalhão de milicianas uniformizadas desfila na capital nicaragUense. Na Nicarágua, 10% da população ativa está em armas. Tal mobilização chega ao ponto de impor às mulheres uma integração nas Forças Armadas do país, ruediante a formação de milícias femininas.

A charge do "ABC" representa o Pal6clo das Cortes (o Legislativo espanhol): à esquerda. um feio com ar tri1tonho apóia uma dai patas sobre o sfmbolo soclaliata (o punho e e roae); à direita. outro lelo. com a boca aberta. debcando ver pre1a1 afiadas, representa a AP (direita). N um canto. vê·se fugir r6pido um terceiro leio.em cuJa anca est6 gravado o símbolo da UCD (partjdo do centro).

medida nossas atitudes quanto a assuntos domésticos. Isto posto, vamos à nossa torcida: o que vai acontecer mais provavelmente? Como vimos, essencialmente o que de mais importante aconteceu foi a desagregação do centro. Este se fendeu em duas partes. Uma deslizou para a esquerda, e outra para a direita. Do centro, outrora onipotente, não restou senão um punhadinho de cinza funerária . O significado do fato não se esgota nos limites de uma mera redistribuição de cadeiras no Parlamento. Ela significa uma mudança no mais profundo da psicologia espanhola. Pende esta para Sancho Pança sempre que é centrista, para D. Quixote sempre que é esquerdista (a Passionária o que foi senão uma sinistra "Quixota" de esquerda?), ou para

1979 votaram a favor do centro, eles queriam simplesmente uma distensão. E fundamentalmente continuam a querê-la. Mas tendo verificado que Adolfo Suárez (até 1981) e Calvo-Sotelo (de então para cá) lhes impunham como ambientação da distensão (perdoe-me o leitor os dois ãos) a paz de Sancho Pança no reino de Sancho Pança, desgostaram-se. E foram procurar a, distensão alhures. Segundo simpatias instintivas, uns foram para a esquerda, e outros para a direita. Mas continuam a constituir um só bloco psicológico, dentro do PSOE como da AP, ligado por debaixo da fronteira partidária por invisíveis mas firmes vinculações temperamentais. Se os centristas que fugiram de Sancho Pança rumo ao PSOE forem solicitados pàra um programa definidamente socialista, vazarão do PSOE

para a AP. Como se, estando no poder, esta última quisesse realizar um programa muito direitista, os centnstas nela instalados vazariam para o PSOE. Ora, acontece que quem estará no poder é o PSOE. A ele é que cabe executar o programa. São dele os ex-centristas que podem vazar para a AP. E se ele não executar seu programa, a fim de conservar a adesão dos neófitos desejosos de distensão, outra desventura parece esperá-lo, inevitável. Pois começará a sofrer o apedrejamento da frustrada maioria quixotesca. Compreende-se pois que a charge do "ABC" - que reproduzimos nesta página - apresente tão fatigado e perplexo o partido majoritário. Para os direitistas ficam as alegrias da oposição, o deleite hispânico salgado de ser "do contra". Percebe-se no ar que os "pró-distensionistas" do centro que rumaram para a AP tinham, a crepitar-lhes no fundo dos anseios de distensão, renovados gostos pela tourada, pelas castanholas. Li certa vez que quando D. Juan d' Áustria venceu os turcos em Lepanto, agradeceu à Virgem Auxiliadora. Mas também dançou uroa "gallarda". Ê gente que tem saudades da "gallarda" de D. Juan d'Áustria. Tais ex-centristas darão menos trabalho à direita do que os distensionistas da esquerda ao PSOE. Mas aí aflora outro problema. Tudo se fez para inocular à Espanha de pós-Yalta o espírito otimista, pragmático, a-ideológico, supinamente burguês e falho de luzes cavalheirescas, que se espalhou pelo mundo. Esse espírito, que teve na era Truman seu cinzento apogeu, levou ao soçobro o anticomunismo no mundo, e prostou de joelhos um Ocidente trêmulo e desvirilizado, ante uma Rússia sanhuda, de "knut" em punho. A Espanha, a labareda de coragem da Cristandade, parece terse dado conta de que este espírito desfigurava sua identidade, a deturpava, a desviava de sua missão. Rejeitou o centro, fulcro dessa ideologia sem Fé e sem fibra. E se volta mais uma vez encantada,. a contemplar nos espaços dourados da memória nacional, D. Juan d'Áustria, o cavalheiro de Lepanto, a dançar para todo o sempre sua "gallarda", ante um mar coalhado de cadáveres dos vencidos. Esta centelha de "caballerosidad" encontrará no mundo outros espaços onde propagar sua chama brilhante e ágil? Assunto sutil, deslumbrante ... para alguns irritante. Fíca para outro dia. Talvez.


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CRIANÇAS MANIPULADAS NAS ESCOLAS

H

Á ANOS ESTÁ em curso na Alemanha uma verdadeira cruzada de deformação da juventude através dos meios de comunicação social e da literatura juvenil. Com o passar do tempo. porém. essa inve.stida contra a

educação Úm tonto tradicional que ainda se mantinha no âmbito familiar, foi se introduzindo cada vez mais e com insistência crescente nas escolas primárias e até nos jardins de infância. Em vários Estados da República Federal Alemã leis de c1\sino vão impor a obrigatoriedade da educação sexual para crianças no currlculo escolar. Em alguns cásos a assistência às aulas de educação sexual é posta sob regime facultativo. Porém, a educação sexual não é o único instrumento para formar nas crianças e nos jovens uma mentalidade mais aberta, emancipada dos "tabus de outrora"". rumo â formação de uma sociedade igualitária e anárquica. Grande parte do sistema de ensino oficial naquele pais está dirigido para a formação de um mundo de descontentes, que de um modo ou de outro já se vão entregando a uma luta de classes por enquanto não violenta, preparando assim o dia da reviravolta comple1a.

Na Alemanha: sistema educacional Infiltrado Nesse s,:ntido, o sociólogo alemão Prof. Dr. Helmut Schoeck . catedrático da Universidade Maiença (Mainz). nos apresenta ampla visão do que está sendo empreendido no campo pedagógico na Alemanha, pelo menos desde 1973, com o objetivo de. conforme o linguajar esquerdista, ·•emancipar" os homens dos conceitos tradicionais da sociedade. . Num de seus livros, "Manipulação de crianças nas escolas" ( 1), descreve ele pormenorizadamente os métodos e objetivos do que çle chama de ºverdadeira manipulação da memalidatle ;,ifanfil, rumo à lu111 de da.u es 110 /aml/ia"; Heducando" as crianças no ódio contra os pais ''e ti luta de classes 11a sociedade": conscientizando as crianças sobre as "situarões de l11justiça" que existem nas d ife renças entre as várias classes sociais. Segundo o Dr. Schoeek. '"o sistema etlucocional da Alemanha es1á infiltrado d e amplo e sólido aparelho marxlstaº (2), cujas ''figuras chaves elaboraram um plano global com o objetivo de transformar o fX!rsonolidode de 11ossosfilhos·· (3). Isso significa que desde o primeiro ano escolar e mesmo desde o jardim de infância ou pré-primário os instrutores deverão ter o cuidado de ''eliminar sisu~. maticamente rodas as influências. o mo<lo dé ser corocterfstlco. as preferências e aversões·· (4) que a criança tenha recebido pela educação paterna, para ir criando condiçõc,s de aceitar a "consciência socialista igualitária" (5). Os manipuladores querem pois liberta r. ••emancipar" as crianças de influências e '"dependências" adquiridas, para conduzi-las à formação de uma '"societlode inteiramente difere111e. como nunca hou\te". Crêem eles que. por meio dessa "emancipação'" das crianças de toda a tradição c de toda a moral, de algum modo surgiria como que por si. uma sociedade inteiramente nova e humanamente justa. para a qual, em via de regra, considera-se adequada a designação de "socialismo·· (6). Mas. como toda essa doutrina da "emancipação'' receia declarar abertamente que persegue metas sociais e perspectivas históricas neomarxis·t as. ela se acoberta com conceitos de ""solidariedade'". porque estes habitualmente correspondem aos anseios do instinto de sociabilidade do homem (7).

Destruindo o amor aos pa.ls Um dos primeiros objetivos da '"emancipação infan1il" é, conforme a ex_.. pressão do Prof. Schocck, a introdução de uma ··c,mha'" (8) entre as relações dos filhos com seus pais. Jádesdeojardimdc infância a criança deve ser levada a romper os laços que a unem, desde o seu nascimento, às pessoas que lhe estão mais intimamente relacionadas, ou seja, aos pais, irmãos (sobretudo os mais velhos). parentes próximos e inclusive os autores da literatura clássica infantil e seus personagens legendários (9). O único ambiente no qual a criança se deve sentir aconchegada e amparada é o grupo dirigido pelo professor, ou seja, a sala de aula. Aplicando métodos de dinâmica de grupo, que incluem também a chamada "terapia do choque'", o professor se incumbirá de "analisar as relações sociais e a pr6pria identidade da criança'" com o fim de "reestruturd~la", conforme explica um livro de orientação destinado ao

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professor do 3.0 ano do curso primário (10). Alguns exemplos concretos. tirados dos próprios livros didáticos para o uso das crianças e-citados pelo Dr. Schoeck, poderão dar uma idéia dé como se procura literalmente quebrar o afc10. o apego que a criança naturalmente tem para com os pais, a ramília, o lar. Um livro de lcxto, por exemplo. para o aprendizado da própria língua alemã no &.• ano, apresenta uma parte da matéria cm estilo de histórias cm qua• drinhos. Numa delas reproduz-se o conto de Robinson Crusoé ""adaptado'". Após alguns quadrinhos introdutórios; apareccm cenas de umsonhode Robinson, que se encontra cm estado ~e febre alta logo após o naufrágio . Umacspéeiededelirio. portanto. Aparece-lhe, no sonho. seu pai que o censura por sua teimosia: "A jus1iça de Deus te apa11hour. diz o pai. Robinson. exausto. suplica: "Meu pai, tenha pena de mim ... dê•me água ... só wn pouco de dgua..." O pai, porém, - no sonho - abandona-o sem piedade. Qual é a "mensagem•· dessa historieta? Para ..ajudar" as crianças a interpretarem o que leram, o professor está instruído para mostrar a crueldade da atitude do pai, no caso concreto. e. genericamente, mostrar a inutilidade de esperar apoio da parte dos pais. que não podem. nem querem ajudar os filhos, quando estes se encontram em situações d ifíceis (11).

quais sente uma natural inclinação, pelas situações de inferioridade, inibição, vergonha e deboche nas quais elas incorrem. "úmbra-te! rudo o que 1e acontece de errado também na escola. é wna conseqüência dos pais que tens'', AsStm. um Hvro de textos de leitura para o 6.0 ano apresenta uma historieta que mostra um pai estupendo. admirado e amado pelo filho e que passa um dia inteiro com ele empinando papagaio. Esta é a primeira parte. A segunda mostra o rpenino na escola_. mas hostilitado pelos colegJ1s: "Vi ludo!", diz um deles. "Oscasse1e1ts e a ambulância. Pelo menos ,fois m ortos. Esses policiais desgraçados". Na realidade. o menino feliz da primeira parte é filho de um policial. Ele se defende: '"Meu pai foi obrigado aesu,r lá... Mas a história dos morlos não é verdade". Ao que os colegas respondem: ·• É verdade, sim. Eles agem assim ,nesmo: todo mundo sabe disso··. E deixam o filho do policial a sós. E a história termina ... (15). Como não ver aí a intenç.i:o de fazer entrar na cabeça da criança, de que ela não deve coníiar cm seus pais, ainda que estes a tratem bem e a ajudem?

Para os novos "educadores", s6 Interessa pregar o õdlo Não é diferente a técnica de incompatibiliur as crianças com os ambientes com os quais elas não têm relação di-

Colegial deitado sobre 1.1ma mesa examina com colegas revista numa escola aleml. A nova pedagogia favorece a ..descontraç10· ·.

Num livro de religião para o 1. 0 e 2. 0 ano lê-se a certa allura o titulo '' Nem sempre é agradável estar em coso'', Abaixo, ocupando quase a página inteira do livro, figurâm quatro ,nãos enormes, quase negras. Debaixo de cada mão. o desenho de uma criança muito pequena, triste e assustada, acompanhada dos seguintes dizeres: ·• Papal 1inlra que ser assim?": "Serd que poJ>âi e mamãe têm motivos para se zangar comigo?": "Por que me proíbem tanta coisa?'',· "Ah. se eu não tt'vesse recebido uma irmãzinha!"... ( 12). Esse mesmo livro de religião mostra a certa altura duas fotos coloridas do interior de uma casa: um corredor e uma sala. O título da "'lição"" é '"Na minha casa". A primeira fot o. apresenta todo o ambiente bem arrumado mas vazio, sem pessoas. Na segunda. aparece a família: pai, mãe e dois filhos, sugerindo uma vida tranqüila. agradável, feliz. A última frase do texto que acompanha as fotos é: '"Mas, às vezes eu não gosto de casa'". Na página seguinte, ao lado, te-se o titulo "Na caso dos outros", impresso sobre a gravura de uma casa abarrotada de gente de alto a baixo, que não tem possibilidade de desfrutar do conforto de uma casa própria. Estimulo para comparação e conscienti1.ação de uma '"injustiça social" (13). A mesma tend~ncia se percebe nas duas páginas do mesmo livro dedicadas ao Natal: o desenho de uma familia de quatro pessoas da "sociedade de consumo" contemplando os inúmeros pre-sentcs dispostos debaixo da árvore de Natal: jóias, brinquedos, roupas, tudo do melhor. O texto que o acompanha diz: '"Conta-se-nos de Jtsus Cristo, qut ele se tornou bem pobre". E a seguir '"Olhem paro este quadro. O que é que vocês acham que estd bem? O que não?" (14). Uma das metas importantes da "manipulação infantil" é fazer ,om que a criança inculpe pessoas em relação às

çoncta. na qual o operário é comparado a um animal de trabalho. A h istorieta conclui mostrando que os aborrecimentos e o mau humor da mãe não são devidos ao comportamento do filho, mas ao árduo trabalho necessário na fábrica de robôs ... (17). Além disso afirma-se que ··a modificaçifo das condições de trabalho·· poderia melhorar a situação dos operários. Mas a razão pela qual essa transformação não pode ser levada a cabo, está insinuada no diálogo mãefilho: quem tem necessidade de vender seu trabalho, torna-se dependente ... Quem, pelo contrário, vende o produto do trabalho (de outros), desfruta de um lucro que lhe permite levar vida melhor e mais livre e, portanto, não tem interesse cm suprimir a dependência do operário. Este é o cerne da ""mensagem·· do trecho de leitura acima cicado, e que assim vem descrito no manual destinado ao profes.sor para ·orientação das lições ( 18). Mas, a aversão ao mundo industrial deve ser levada ainda mais longe. Os próprios sentidos das crianças são manipulados para fazer com que elas se lembrem continuamente, por uma espécie de rcnexo de Pavlov. do ""horror·· do ambiente de fábrica, mantido pelo interesse de uma classe. Vejamos outro exemplo. extraído de um livro de leitura para o 6.0 ano. O sétimo capí!ulo apresenta "Informações sobre o mundo do 1rabalho··. Sob o título ""Mulheres na produção em sér;e", assim se de.screve o ambiente cm que trabalha uma operária: "Elos não podem conversar emre si. porque com o barulho ensurdecedor tias mdquinas não se consegue entender uma palavra'". Trata-se de uma fáb rica de chocolates. Por que, veremos depois. ''As mulheres estão dlspostas de espaço em espaço dia,ue das máquinas ( ... ) e controlam o co111inuo andor do produ· 10". O chocota1c quente tem um ''cheiro forte e medonho" e "não há lei que obrigue os patrões a instalarem ambien• tes acústicos que abafem o barulho ou máqu;nas mais si/em:iosas" ( 19). Fica c laro que as crianças são jogadas contra toda uma si1Uação de trabalho industrial não comprovada, associando-as sensitivamente a um produto que conhecem bem, que ganham de presente dos pais e do qual gostam. Depois de ter rc-ccbido "a mensagem·• da lição. a criança passar:\ a se convencer de que '"cada vez que eu comi chocolate eu ajudei na exploração dessas pobres mulheres da fábrica de chocolates··. A criança passa a se sentir uma espécie de cúmplice do proprietário d:} fábrica, explorador dos operários, através de um alo o mais normal e natural para ela que é o de

Preparam mentalidades anérqulcas. S6 na Alemanha? Como produzir nas crianças ódio cm relação à África do Sul? A pergunta parece absurda. pois o que entende uma criança de curso primário sobre política internacional, ou que interesse tem para uma criança a África do Sul. tão distante da Alemanha? Os manipuladores da edu· cação infantil esquerdista encontraram uma fórmula que pode convencer facilmente criança. pelo modo brutal e agressivo com que é apresentada. Numa exposição de cartazes didáticos em escolas do Estado de Hcsse, cm 1975. podia-se ver um que mostrava a cabeça de um negro cm forma de laranja, sendo esmagada num e xtrator de suco. A África do Sul exporta laranjas para os países europeus. O cartaz visava o boicote à importação de laranjas daquele pais africano. imprimindo na criança a idéia de que tomando suco de laranja, estaria sugando sangue e suor dos negros expio· rados pelos brancos na África (20). Os exemplos poderiam ser multiplicados. Todos com o mesmo objetivo de instigar a mentalidade infantil contra o mundo do trabalho, incutir pavor de ter que trabalhar a(gum dia e indignação contra uma sociedade que tolera tal estado de coisas. A única sociedade que a criança deve idealizar é uma sociedade onde ninguém tem obrigação de trabalhar. se para tanto não sentir vontade e agrado. Vemos. atravfs desses exemplos. para onde os mentores do ··emancipacionismo·· querem levar a humanidade. A-liás, basta olharmos cm torno de nós para verificarmos que a manipulação das mentalidades infantis não se res• tringc à Alemanha, mas trata-se de um fenômeno que invadiu de pleno o mun... do ocidental. Em todas as partes cons1a1amos que uma tendência ..emancipac ionista" qualifica de arbitrária toda e qualquer regra. toda e qualquer o rdem ou norma. colocando-a cm dúvida. E. dessa fonna. estimula-se a transfonnação. Já não é mais o caso de perguntar para onde lais métodos condu1.cm. Pois o estamos percebendo a cada passo. A pergunta que se deveria fazer é: o que será dos homens, quando tiverem alcançado a meta trJç:ada por esses manipuladores? O que será feito dos homens quando estiverem inteiramente "livres" de tudo, andando soltos pelo. mundo. "emancipados'" de todo vinculo, de toda obrigação, de toda lei, de toda moral? Qual será a eonS<:qUência dessa negação de toda ordem? Pois sem uma ordem exterior. construida e mantida de acordo com a Lei de Deus, o homem se desordena também interiormente e passa a rccu.. sar aquilo de que ele é imagem e scmelhanço: seu Criador. Ele acaba por escolher um modelo exterior oposto a Deus cm tudo, a fim de reali1.á•lo cm si, para cníim tornar-se totalmente disse... melhante de Deus. O homem teria chegado a um estágio cm que o primeiro e mais alto dos Mandamentos. o amor de Deus, seria violado no que tem de mais profundo. Parece-me que é para a "grande anarquia, a qual, como uma caveira de foice no mão. parece rir sinisrrameme aos homens: da sole,·ra da porta de saldo do século xx·· - conforme expressão do P rof. Plínio Corrêa de Oliveira (21) - que os ""cmancipacionistas"" desejam levar a humanidade.

Beno Hofschulte

(1) Hclmul Schocck, A posição desses dois alunos alemães reflete o espírito de revolta Insuflado pela pedagogia de ''Venguarda'º.

SchOlcrmanipula-

tion - Wic man unscrcn Kindcrn das "ric:h1igc Bcwuss1Sein" beibringt - Aufklãrung fUr Eltern und Erzicher" ("Manipulação de alunos -

reta, como o é o mundo do trabalho e comer chocolate. Aliás, não só ela. mas das fábricas (16). Em inúmeros livros cúmplice também seria quem lhe deu o didáticos o mundo do .trabalho é apre· chôcolate de presente: pais, avós ou sentado de um modo global como sendo quem quer que seja. Alguém poderia objetar: mas isso se um ambiente de aborrecimentos, de. tépoderia combater organi,..ando ..sc visitas dio, de exploração, de superexigência. Num livro de leitu ra para o 5. 0 ano dos escolares às fábricas. Eles constatariam então •~in loco" que a realidade cnconlra ..se o diálogo da mãe - cmpre• pode ser outra, e o mais das vezes o é. gada na linha de montagem de uma Sim. Mas. também isso os mentores da fábrica de robôs - com seu filho. sobre a necessidade de ela trabalhar para ga- "emancipação infantil"' não esqueceram. Existem orientações especificas de como nhar dinheiro, não podendo dar-se ao os professores devem. organizar e preluxo de estar fazendo viagens .d e férias, como por exemplo o Sr. Trumm, seu parar lais visitas a fábricas com seus patrão e proprietário da fábrica. ··Mas é alunos, para também ai. ao saírem dela não levarem para casa impressões favoa senhora que monlo os robôs'\ objeta o ráveis. O Prof. Schocck expõe em sua menino, hpor que é que nós não ficamos obra as normas que devem ser seguidas ricos" como o Sr. Trumm, que apenas organiza as vendas da produção de sua nessas ocasiões. Enumerá-las aqui, torfábrica? A mãe responde com uma can- -naria o presente artigo muito extenso.

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Como se apresicn13 a noss;:is crian-

ças o "conhcc:im-cnto ceno"). Editora Hcrdcr. Frciburg im· Brcisgau, Alemanha. 3.• cdiç.'io~

abril de 1977. ISBN 3-4S l-07S6S•2. (2) Op. cit .. ibidem. (3) Op. cit .• ibidem. (4) Op. cit., ibidem. (S) Op. cit .• ibidem. (6) Op. cit.. p. 1S e 16. (7) Op. cit.. p. 17. (8) Op. cit .• pp. 28 e ss. (9) Op. cit .. pp. 28. ( 10). Op. cit., p. 30. (11) Op. cit .. P.· 34. ( 12) Op. cit., ibidem. (13) Op. cit., p. JS. (14) Op. ei1.. ibidem. ( 1S) Op. cit.. pp. JS e 36. ( 16) Op. cit.. pp. SJ e ss. (17) Op. cit.. P.P· SJ. (18) Op. eit.• ibidem. ( 19) Op. cit .• p. S4. (20) Op. cit.. p. SS. (21) "Obcdccct para ser livre", artigo publicado na ··Folha de S. Paulo". 20-9-80.

Catolicismo -

Outubro de 1982


América Central: futura URSS no Caribe?

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AMÉRICA CENTRAL NUMA VISÃO DE CONJUNTO O LONGO DOS últimos anos, a região centro-a"?ericana foi atraindo P-rogress1vamente a atenção da opinião mundial, graças a abundantes e continuas noticias a seu respeito publicadas pela imprensa internacional. Essa parte de nosso continente, esquecida durante muitas décadas tanto pelos americanos 'do Norte quanto pelos do Sul, parecia, a julgar pelas notícias, estar submetida a um cataclismo político, religioso e econômico-social que a levaria, gradativamente, a resvalar ·para o comunismo, e a constituir assim algo como se fosse uma "União das Repúblicas Socialistas Soviéticas da América Central"; e, a esse titulo, começava a atrair todas as atenções.

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Precedente frustrado: a Amêrlca do Sul Algo análogo sucedera entre 1963 e 1973, apro,umadamente, com as nações do cone Sul, quando foram vítimas de uma ofensiva socialista na qual a Democracia Cristã, o Clero "progressista" e importantes setores burgueses articularam-se para com o apoio do esrablishment "liberal" norte-americano da era Kennedy - impor tendências que redundaram em beneficio do comunismo internacional. Nesse processo várias nações viram-se submetidas a regimes declarada ou virtualmente marxistas como Chile, Peru e Bolívia - enquanto outras, como Argentina e Uruguai, estiveram na iminência de cair em análoga situação. Ao mesmo tempo, os germens e sintomas do mesmo processo chegaram a fazer-se sentir em outros países, como Colômbia e Equador, nos quais foram promovidas e aprovadas reformas estruturais socialistas e confiscatórias, que repetiam, com as devidas adaptações, as injustiças impostas, de modo precursor, nas nações do Sul. Tal processo teve como líderes, em toda a América do Su l, os representantes da esquerda católica, os quais, muitas vezes protegidos pelos respectivos Episcopados, promoveram, deram vida e credibilidade - assim como, posteriormente, proteção na hora da derrota - aos socialistas e marxistas de todos os matizes. As TFPs se congratulam de ~aver estado sempre na vanguarda da oposição a esse processo fraudulento de comunização, e de haver obtido importantíssimas vitórias na batalha ideológica , legal e pacífica visando prevenir a opinião católica das respectivas nações, do embuste a que estava sendo induz.ida. Inicialmente, começaram a veicular notícias da insurreição contra a ditadura de Somoza na Nicarágua, as quais ocultavam sistematicamente aspectos capitais da rebelião: o pensamento nítida e declaradamente marxista dos lideres dela; o caráter

simplistâ e aideológico da repressão exercida pelo ditador; a articulação dos governos da Venezuela, Colômbia e Costa Rica com a ditadura do Panamá e a tírania castrista para apoiar o sandinismo; e, finalmente, o papel decisivo de Carter ao determinar o boicote a Somoza, ao mesmo tempo em que manifestava simpatia para · com a oposição guerrilheira. Uma vez submetida a Nicarágua ao poder dos sandinistas, que com crescente ênfase iriam manifestando sua posição marxista, o noticiário internacional passou a focalizar a situação de El Salvador, onde outrjl ofensiva guerrilhei.ra crônica ia conduzindo o país à beira da guerra civil. Meses depois, um golpe militar, aplaudido pela Casa Branca, instaurava nova ditadura, desta vez nitidamente socialista.

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(mviado especial)

América Central vista de perto: futura URSS no 0(!,ribe?

Na qualidade de enviado especial da TFP e de "Catolicismo", pude · conhecer de perto, na América Central, o quanto está cm jogo o futuro das nações ibero-americanas. Uma primeira observação que convém registrar é a palpável semelhança de raça, cultura e mentalidade de :,ovos da América Central

A AM~RICA CENTRAL vem sen.do apontada, há algum anos, pela grande imprensa, como um continente em chamas, proplci'o a atrair o inte(CSse não sõ de todos os americanos, mas do mundo inteiro. "Catolicismo" P.Ublicou, em seu numero 380, de agosto de 1982, · vasto material informativo, acrescido de comentários, sobre a subversão progressista nessa região, em especial sobre o rumoroso caso do

Pe. f!ellecer.

Grupo de meninos adestrados no m anejo de riflH no c.mpo guerrilheiro Cerro de

Agora, é com satisfação que nosso jornal. tem a po~ibi.lidade d.e oferecer a seus leitores um conjunto de reportagens de seu enviado especial à América Central, Alfredo MacHallc Espinosa. Nelas se encontra material informativo abundante e recente, de alto interesse, colhido diretamel)tC na região sobre o que, de fato ocorre no continente centro-,americano.

Guaupa, EI Salvador.

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Alfredo MaeHalle Espinosa

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Neste número, o leitor encontrara quatro dessas reportageJ1S: uma sob.re o contexto geràl daquele continente.e ttes, respectiValJ!ente, a respeito do Panamá, da Nicatágua e de ~ta Rica.

ESTADOS UNIDOS

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EL SALV~DO

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AMÉRICA CENTRAL:

Pequeno guerrilheiro aandinf•ta empunha pro•

pegendiatica-

mante o revólver

com a mio direita

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Bogot,i

CENÁRIO CONTINEN'FAL DE SUBVERSÕ;::o~'Ú

Ao longo de meses de noticias incessantes a respeito da crise em EI Salvador, a imprensa mundial procurou dar destaque sobre a iminente queda do pais sob o jugo·comumsta; nesse meio tempo, na Guatemala surgiam e cresciam os sintomas de um processo similar, no qual também apareciam sintomas de ação eclesiástica revolucionária. Tal panorama, com seus exageros e seus mitos - mas também com a realidade mais profunda que, de vez em quando, se pode entrever apesar das deformações da imprensa internacional - atrai ·hoje a atenção do mundo. Essa situação importa também oum grave perigo para os três continentes americanos.

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Mor do Ct1ribt1

COSTA RICA,.· Sàn "°"'t

Provoca-se a sensação de caos centro-americano geral

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COLÔMBIA

com os pafses do norte da América do Sul. Em seguida, a importâJ,cia, sistematicamente silenciada mas muito ponderável, de um conjunto de nações que, todas juntas, somam um território três vezes maior que o do Uruguai, uma população equivalente ao dobro da do Chile e uma produção econômica análoga à da Colômbia.

Preliminar lndlspensêvel: desfazer mitos Outro mito que, como preâmbulo, é preciso desfazer, assemelhase àquele que circula na Europa e nos Estados Unidos a propósito das nações sul-americanas: o da manutenção de diferenças abismais econômico-sociais, cuja existência - afirmase - tornariam.,compreensfveis e-até justificáveis as revoluções. l, evidente que em todos os países há diferenças sociais que nos últimos anos acentuaram-se consideravelmente, em consequência de fenômenos cuja universalidade algum dia a História explicará: a migração de camponeses para as cidades, a perseguição da agricultura e o abandono da mesma, a imposição de padrões artificiais de vida e de consumo, a aplicação frequente de politicas econômicas erradas e descontínuas, que causaram a ruína de amplos setores da população. Como também o desestimulo das vastas e louváveis obras de caridade e assistência, outrora praticadas, sob o influxo católico, por pessoas de alta condição, o avanço da demagogia e fermentos da luta de classes; tudo isso contribuiu para apresentar as várias camadas sociais como adversánas reciprocas, ao invés de se ver nelas elementos hierarquicamente desiguais, mas destinados à colaboração harmônica entre si. A difusão desse mito das dêsigualdàdes abismais foi um fator tendente a paralisar as reações <;los países não afetados momentaneamente

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VENEZUELA

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pelo processo subversivo. Tornou-se claro, entretanto, que o vendaval da distorção publicitária, impulsionado por muitos elementos•da imprensa mundial, dirigir-se-ia sucessivamente às várias nações, tornando-as alvo da mesma deformação, tão logo o comunismo estivesse na iminência de conquistá-las. Por último, é necessário assinalar também outro mito, ou seja, o do suposto anticomunismo autêntico de certas ditaduras centro-americanas. Algumas delas não se preocuparam em apresentar uma sustentação ideológica, !.imitando-se à repressão indiscriminada contra as vánas formas de oposição, imaginando, com isso, manter sua própria estabi lidade. Tal fato ocasionou duplo efeito: de suscitar, a longo prazo, resistências muito maiores, e de abafar as vozes dissidentes anticomunistas, impelindo, desta forma, muitas pessoas a cair na esfera de influência marxista. Foi, caracteristicamente, o que se deu na Nicarágua com Somoza, com a agravante das concessões inopinadas e desproporcionadas que fez ao sandinismo, as quais $Ó poderiam fortalecê-lo.

As forças atuantes na Amêrlca Central Dito isto, cabe perguntar: quais são as forças que atuam na América Central, e em que sentido o faum na atual crise? De um ládo, é preciso destacar a existência de eclesiásticos - cujo poder c influência são, em todo caso, decisivos - que, com frequência, atuaram, desde que se tornou patente o processo de "autodemoliçã_o da Igreja", no sentido de transformar a atitude conservadora do povo, primeiro em "reformista" e depois em "revolucionária". De outro lado, as forças "reformistas" leigas, de lndole nitidamente socialista, como a Democracia Cristã, a Internacional Socialista, às

quais se deveria acrescentar a pressão do establishment norte-americano, que atua geralmente no sentido da esqucrdizaçllo. As forças afins à lnternaéional Socialista e à Democracia Cristã cm geral se alternam com o poder militar local no excrcicio do poder. Às vezes - não sempre'- o fator militar assume posição anticomunista, mas quase invariavelmente sem compreender que governar não é antes de tudo dominar. Mas sim, conduzir a opinião pública pelas vias da ordem e da tradição, tendo em vista o aperfeiçoamento que normalmente ela almeja. Em vista disso, os militares permanecem no poder por periodos muitas vezes longos, sendo forçados, contudo, ao cabo destes, a entregá-los a algum partido politico, mediante eleições, não raro, de autenticidade discutivel. Os partidos afins a uma e a outra tendência, quand'o conquistam o governo, buscam o fortalecimento do poder estatal, limitam a iniciativa privada, favorecem o igualitarismo e incrementam indiretamente a luta de classes. E na medida em que o fa. z.em, desprestigiam-se e abrem caminho aos regimes de fato. Em suma, nos países onde vigora uma democracia estável, os partidos pollticos alternam-se no poder, ao qual ascendem principalmente devido ao decllnio do grupo adversário, e não cm virtude de sua própria popularidade. De outro lado, onde a democracia não é estável, a demagogia dos pollticos de centro..:squerda conduz indiretamente os militares ao poder, os quais, por sua vez, se vêem dele desalojados, quando se tornam "desgastados". Nesse quadro, uma só força manteve durante ânos invariavelmente sua insignificância: a extrema esquerda, apesar de seu empenho em beneficiar-se dos desatinos praticados pelos sucessivos regimes. Para ela o problema consistia no seguinte: como sair desse crônico estancamento?

Simbiose da esquerda marxista com o Clero subversivo A escandalosa colaboração de grande parte do Clero nicaragucnse com o movimento sandinista, o apoio que concederam aos mesmos membros do Episcopado dessa nação - sem prejuízo dos conflitos que posteriormente ele manteve com o governo marxista - mostram suficientemente até que ponto a esquerda clerical e os movimentos marxistas agiram em função de ideais comuns. E, sobretudo, como o fracasso crônico dos movimentos marxistas foi compensado vantajosamente pela influência combinada dos padres esquerdistas e dos Bispos coniventes. Foi-se tomando notório, nos últimos anos, como os participantes dessa tendência, inspirados na "Teologia da Libertação" - e em aliança com marxistas . .• declarados constituem um nucleo duro dentro dá subversão.' E, ao mesmo tempo, tomou-se patente como tais eclesiás-

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(co111i11ua na página 4)

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++-::.--- - - -- - -- - - -- América Central: futura URSS no Caribe? - - - - -- - - - - - -~:---:-

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América Central... ticos preparam uma esfera de iníluênc,a para o marxismo, de forma que, apesar do fracasso deste quando se manifestou como movimento ateu e anti-religioso, em futuro próximo, o credo vermelho apresenta possibilidades de vencer graças à conotação mistico-subvcrsiva que começa a apresentar. A queda da Nicarágua, devido a esse esquema, e a insistência por parte da imprensa mundial, logo em seguida, de que os governos de EI Salvador e Gua temala estavam na iminência de se tornarem regimes marxistas, tendiam a provocar, na opinião latino-americana, uma sen-

sação de derrubada geral na região, de processo incoercivel de comunização.

Uma interrupção no "caos generalizado" Entretanto, até o momento, tal coisa não sucedeu. Por que? Terá o esquema ficado demasiado claro quan; to a seu caráter fraudulento ao eonhe· cer-se o que eram, na realidade, o sand inismo marxista e seus colaboradores eclesiásticos? Ou por que a extensão da devastação do incêndio não poderia deixar inertes os poderes espiritual e temporal do Ocidente, reclamando deles medidas eficazes de contenção? Ou por que a resistência da opinião publica salvadorenha contra a subversão e o socialismo, impulsionados pelo governo militar-democrata-cristão, patenteou que uma vitória artificial e de pequenas proporções do marxismo hoje, poderia significar-lhe uma derrota imensa amanhã? Poder-se-ia ainda apresentar outra indagação: a guerra pseudo-religiosa, desencadeada pelos sacerdotes subversivos, não poderia detonar uma verdadeira guerra religiosa dos autênticos cató· licos contra o comunismo. com incalculáveis prejuizos para este? As presentes reportagens não visam analisar a fundo t~is problemas, embora possam ta lvez esclarecer muitos de seus aspectos. Observando de perto a América Central, torna-se patente que na trama para comunizar a estratégica região foram articulados de forma misteriosamente sistemática poderosas forças e numerosos líderes das mais variadas categorias. Entre tanto, os setores mais humildes da população - apresentados habitualmente como pró-comunistas - tão logo notam estarem sendo conduzidos nessa direção, resistem, muitas vezes valentemente, pois não desejam cair sob o domínio vermelho. A pós essas considerações preliminares sobre o traumati1.ado continente centro-americano, analisaremos a seguir a situação de três simpáticas, pitorescas e conturbadas nações que o compõem.

PANAMÁ: PAÍS ESQUERD.I STA E PÓLO FINANCEIRO INTERNACIONAL PANAMÁ, como se sabe, viveu desde 1968 sob uma ditadura esquerdista, exercida por Omar Torrijos, de modo indireto mas muitas vezes brutal. Ditadura que não mereceu ataques nem dos defensores dos "direitos humanos" - apesar dos graves abusos por ela cometidos - nem do governo norteamericano, contra o qual se dirigiu a política torrijista, cm especial a propósito do Canal.

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O Panamã de Torrljos: pró-comunista e antl-norteamerlcano A posição internacional do Panamá, durante esse periodo, foi claramente "terceiro-mundista", próCuba, apoiando o sandinismo e outras formas de subversão nas nações

O Arcebispo da Capital panamenha, Marcos Me Grath. fe:z um pronunciamento na cMimônia de posse de Aristides Royo como presidente do Panamá. em novembro de 1978.

querda e a promulgação autoritária de uma nova Constituição foram produzindo bolsões de descontentamento, inicialmente mudos, e finalmente mais ousados; o que obrigou a Torrijos a proceder a uma aparente democratização, nomeando A· ristides Royo como Presidente, mas conservando ele, Torrijos, todo o poder efetivo.

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Carter abraça Totrijos após a capitulaçio' dos Estados Unidos por ocasião da asai• natura do tratado sobre o Canal do Panamá.

vizinhas. E também favorecendo a constituição de um conglomerado de países, se bem que não claramente comunistas, entretanto profundamente hostis aos Estados Unidos, enquanto potência ocidental. Paradoxalmente, o grande apoio econõmico do Panamá, durante estes anos, foi e xatamente os Estados Unidos, formando-se no país centroamericano um importante pólo bancário, comercial e financeiro internacional que constitui a maior vantagem de que tal nação go1.a. Ao mesmo tempo, os créditos internacionais recebidos durante estes anos converteram o Panamá numa das nações de maior endividamento per capita da América, para o q ual contribuíram não só os governos das nações desenvolvidas, mas também instituições internacionais de crédito e os principais bancos privados do Ocidente. Internamente, o ponto de maior insistência foi a reivindicação da soberania sobre a Zona do Canal, para r

, I O abraço de velhos amigos em Havana: o tirano de Cuba e o ditador do Panamá.

a satisfação da qual concorreu a condescendência que o ex-Presidente Carter manifestara para com as esquerdas, ao mesmo tempo que demonstrava intransigência para com os governos e movimentos anticomunistas. Para alcançar tal fim', Torrijos mobilizou amplos setores populares, assim como a Guarda Nacional (exército e polícia), cuja liderança excreta, deixando os setores políticos !~adicionais mais ou menos cm recesso e mantendo não poucos de séus líderes no exílio. O Panamá foi assim, durante mais de uma década, de forma semelhante ao Peru, uma ditadura csquerdistá e anti-norteamericana, que recebeu do esrablishmenr politico e econômico dos Estados Unidos não uma resposta hostil , mas a tolerância e até o apoio. Sem embargo, a perseguição aos opositores, as medidas socialistas, a própria posição internacional de es-

Democratização aparente e aumento da confusão Morto Torrijos num acidente aéreo, desgastado o regime pelas medidas esquerdistas impopulares, o Governo de Royo foi perdendo consistência, enquanto a Guarda Nacional readquiria preponderancia. Após alguns meses, um novo "homem forte·:. o General Ruben Dario Paredes. ascendia ao poder. A renúncia de Royo à Presidên· eia e o acesso a esta de Ricardo De la Espriella, até então Vice-Presidente, vinculado aos meios bancários, foi considerada por diversos setores como uma guinada para a direita, devido à posição que se atribui ao General Paredes. Entretanto, a observação atenta dos fatos exclui tal explicação, pois vários ministros esquerdistas de Royo continuaram em seus cargos, tendo havido duas novas nomeações de políticos desta orientação: o ex-Chanceler Jorge llueca como Vice-Presidente e um militante comunista integrando pela primeira vez o Gabinete.

Como é de supor que todos esses fatos foram do agrado do referido Genera l - uma vez que este declarou que o poder real é exercido pela Guarda Nacional, e o Presidente De La Espriella se absteve inclusive de contradizê-lo - fica claro qual é o mais provável futuro político do Panamá: um regime socialista com certa apa rê ncia anticomunisla. sob a proteção milirnr, e com alguns partidos que o apoiem, sobretudo para manter a fachada de "democrati1.ação". J O que fará tal regime? Provavelmente continuará cm essência a política de Torrijos. com o mínim o indispensâvel de atenuações iniciais para ser esta tolerada pela opinião pública; e manterá as amplas vantagens de que gozam os bancos - c·m contraste com as nacionalizações que sofreram em quase toda a região - aproveitando os benefícios econômicos decorrentes dessa situação... até que c hegue o momento de dar novos passos cm direção ao socialismo radical. Mome11to no qual a estati,.ação dos bancos significaria que o Estado assumiria o controle quase absoluto da economia panamenha. Dará a "democrati,.ação" uma oportunidade real para que se mani' fcstem forças autenticamente antisocialistas, q ue possam ostentar à opinião panamenha tudo quanto lhe foi ocultado, isto é, o caminhar incessante rumo ao totalitarismo, durante uma década?

NICARÁGUA: CO NO CENTRO DAS AMÉRICAS A NICARÁGUA, obviamente, a informação sai filtrada e sistematicamente deformada. A comunização radical do regime politico é apresentada como sendo o "socialismo nicaragüense". A máquina estatal de policia política, movida por cubanos e comunistas de várias nações congregados em Manágua, é qualificada de "Defesa do sandinismo". Os meninos, convertidos em milicianos e soldados, são considerados frutos da "conscientização da juventude". Os esforços para a destruição interna da Igreja e sua transformação no braço espiritual dos sovietes nicaragüenses, com o fim de manejar as almas, tendem a formar o que se denominou "Igreja Popular". A doutrinação marxista das consciências infantis e populares é cbamada "alfabetiza-

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Segundo 01 prfncfpio1 menci11.a1, •• mulheres devem aer mobilizadas, como com•

prova este foto de cinco mlliclane1 undln11te1 p0rtendo metra!hador11.

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ção". A sobrevivência, apesar das medidas confiscatórias, de restos de propriedade privada, ou simplesmente a agonia lenta da mesma, juntamente com os bens controlados pelo Estado, cada vez mais numerosos, são considerados "economia mista".

Nova naçllo-cãrcere: fome, mordaça, prisão ou morte Mas os eufemismos e a linguagem sibilina dos marxistas não conseguem ocultar a pavorosa realidade. A economia está em ruínas. O racionamento foi estendido aos principais gêneros alimentícios e a numerosos remédios e, em todo caso, é discrimina(ório a favor dos sandinistas. O combustível é tão escasso que somente são vendidos 2,5 litros

de gasolina por dia para cada automóvel. No mercado negro o preço do dólar quintuplica o valor oficial. O setor da construção civil encontra-se inteiramente paralisado desde que os sandinistas tomaram o poder, havendo hoje um déficit de 300 mil moradias. O endividamento externo do pais elevou-se em 65% no mesmo período e chegou aos 2,5 bilhões de dólares. O número de empregados públicos duplicou. sem levar em consideração as forças armadas. Há ainda o pior. A liberdade praticamente não existe; há comitês de vigilância nos bairros e lugares de trabalho para detectar e denunciar os suspeitos. A imprensa é rigidamente censurada e os poucos órgãos que não concordam com o regime são com frcqllência suspensos. O direito de greve está virtualmente Catolicismo -

Out ubro de 1982


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assumiram idêntica posição, constituem o grosso do Clero nicaragUense. Esses eclesiásticos formaram numerosos corpúsculos de base para difundir em meio ao povo seus postulados, procurando conduzir este a uma posição revolucionária. E na persecução de tal meta o referido setor eclesiástico acabou enfrentando o Episcopado nicaragUense. Em vista disso, alguns Bispos foram apontados como membros da "reação".

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Sessã-o preparatória da campanha de ..alfabetização" na Nicarágua. Da esquerda para a direita. o ex-sacerdote Hugo Asseman; no centro, o sociólogo marxista Paulo Freire. criador de tal mátodo de ..alfabetização.. ; Carlos Timermann. ministro da Educação nic.aragüense e o Pe. Fernando Cardenal, SJ, atualmente secretério•geral das Juventudes Sandinistas.

supresso. Os si ndicatos não sandinistas são perseguidos e asfix iados. Os partidos políticos estão reduzidos ao silêncio e à inatividade. Povoações inteiras são privadas de seu

Primeiramente, alardeou-se uma ofensiva dos ex-guardas somozistas, os quais, entretanto. nada de sério fizeram. Depois, insistiu-se no "iminente·· ataque nor.te-americano, que patrimônio e levadas a viver em nunca se realizou. Finalmente falou,·egiões distantes. desde que assim . se da guerrilha que Eden Pastora convenha à Revolução. As "turbas" promoveria, a qual até agora não s:111dinistas freqüentemente amea- representa nenhuma ameaça pondeçam e agridem quem demonstra es- rável para o governo. de Manágua. tar cm desacordo cm relação ao Com esses pretextos, o continregime. O Poder Judiciário sofre gente armado sandinista foi olevado implacável cerco, havendo fundados de modo desproporcionado, sendo temores de que de uma hora para hoje mais numeroso do que todos os outra dê lugar à "justiça revolucio- exércitos da América Central somanária'º. Até os documentos eclesiás- dos, excluído o de Cuba. Foi decreticos são proibidos quando não se tada a lei marcial e estabelecido um coadunam exa tamente com os inte- regime de exceção, tornando absoresses do regi me. E, naturalmente, luto o controle do sandinismo sobre todo anticomunista corre permanen- a população. Organizaram-se adestemente risco de sofre r prisãq e mor- tramentos populares cotidianos para te pelo simples fato de não se mos- a "defesa do pais", sendo convotrar entusiasmado com a Revolução. cados civis para cava r trincheiras e No campo cconõmico-socia·1, a efetuarem exercícios de luta. IniReforma Agrária já confiscou 700 ciou-se, enfim, a construção de bases mil hectares, grande parte dos quais militares cm diversos pontos do não estão sendo trabalhados. sob o pais, tendo sido admitidos milhares controle estatal. de forma adequada. de cubanos como assessores e soldaO setor publico, que antes abrangia dos, além de outros combatentes 40% da economia, atinge agora 60% internacionais. e continua aumentando. EvidenteÀ sombra de tal fortalecimento mente, os bens privados diminuem militar desproporcionado, cresceu a por causa dos confiscos sistemáti- agressividade Sandinista, tanto no cos. O comércio é continuamente icpoio à guerrilha salvadorenha, perseguido, sob pretexto de "acapa- quanto na promoção de numerosos ramentos" e "especulações", os incidentes fronteiriços com Hondu_quais são. segundo o governo sandi- ras e Costa Rica, como também na nista. a causa da crescente escassez. reivindicação das il has do Caribe sobre as quais a Colômbia exerce a soberania. Rumores e denúncias de Além disso, o regime de Manâataques inexistentes gua foi-se identificando c9m a RúsNaturalmente, ataques dos sia, sobretudo a partir da visita dos sandinistas aos Estados Unidos são ministros Humberto Ortega e Jaime contínuos. como se o governo ame- \Vheelock ao Crcmlin e da ratificaricano tivesse combatido ardorosa- ção dos vários tratados de coopemente o regi me revolucionário. En- ração firmados cm Moscou. naquela tretanto, a verdade é outra. É sabido ocasião, entre ambos governos. Sique Cartcr apoiou claramente a cau- multaneamente, os jornais, rádios, sa sandin ista, concedendo créd itos canais de televisão e ed itores ligados ao regime atual no va lor de 75 mi- ao sandinismo intensificaram semlh ões de dólares, quantia essa que pre mais sua campanha de penetrafoi aumentada sob a administração ção ideológica no seio da populade Rcagan, para 120 milhões de ção. tentando transformar cm codólares. Por outra parte, as instituições internacionais de crédito e dcsc·nvolvimento, éomo o Banco Mundia l e o Banco lnteramericano, que dependem cm grande medida dos fundos proporcionados pelos Estados Unid os, concederam à Ni·carágua empréstimos de mais de 400 milhões de dólares nos últimos três anos. Ao mesmo tempo, o sistema bancário aceitou a "renegociação" da divida nicaragliense antiga, em COSTA RICA é considerada termos sumamente favoráveis. Além a "Suíça centro-americana'\ disso. várias nações da Europa Ociem que todos manifestam sua dental, assim como a Venezuela e posição, onde se realii,am eleições México. prestaram auxilio ao go- periódicas. as quais, cm geral. são vernó sandinista. Em conseqüência respeitadas. Na verdade, salvo essa disso. considerada tal ajuda em seu diferença cm relação ao resto da conjunto, o governo sandinista rece- América Central, o processo de conbeu muito mais apoio do que o quista do poder ali desenvolvido pegoverno de Somoi,a, durante os ul- lo com unismo é muito parecido ao timos anos de sua administração. empregado nos países vizinhos. Assim como o atual regime manipula a deformação da realidade Liberdade de escolher entre econômica a fim de dar novos pas- esquerda... e esquerda sos cm direção ao socialismo total, também utiliza a propaganda para De fato, a tal "democracia perveicular notícias exageradas ou fal- fei ta" existente naquele pais merece sas sobre supostas invasões, visando muitas ressalvas. Os partidos imporinstaurar a ditadura policial-militar. tantes são de esquerda moderada,

munistas convictos grandes setores desta.

lmportancia do apolo de setores eclesUisticos ao sandlnlsmo Um dos principais aspectos da mencionada campanha é o religioso, realizado sob o influxo de padres marxistas que participaram da revolução, os quais propagam a Teologia da Libertação no sentido mais radical, exercem cargos de governo ou colab"oram estreitamente c9m ele, empenhando-se cm persuadir a opinião católica de q ue é um dever desta aderir ao que denominam "causa popular" (•). Tais sacerdotes que, juntamente com os membros de comunidades religiosas de ambos sexos, as quais

Em meio a tal controvérsia, entretanto, não têm surgido afirmações no sentido de que seja um dever dos católicos opor-se à instauração do regime econômico-social marxista. Isto é, combater o desaparecimento da prôpricdadc e iniciativa privadas, a absorção de todas as atividades por parte do Estado e a constituição de um regime inteiramente igualitàrio. A médio prazo, é plausível que se produzam e ntre o regime marxista e membros da Hierarquia Eclesiástica tanto atritos quanto distensões, o que traz o risco de constituir um. processo de sucção-das bases católicas para o marxismo e da demolição da autêntica Igreja na Nicarágua.

Oposição não ldeol6glca: ineficaz e ln6cua Também no campo temporal alguns colaboradores do sandinismo começaram a mostrar-se "arrependidos", sem chegar, não obstante, a manifestar mudanças decisivas em suas posições que, de fato, favoreceram o comunismo. E tal "arrependimento'" não inclui nenhuma atitude que, efetivamente, importe num combate ao credo vermelho. Ex-guerrilheiros, ex-funcionários de destaque do regime sandinista, hierarcas do mesmo, - cuja participação ajudou a revolução Sandinista a apresentar-se como libertadora , obtendo deste modo o apoio internacional - hoje em d ia passaram à "oposição". A ra1.ão invocada para essa atitude, evidentemente, é de que

os lideres do ~overno são comunistas, como se ,sso constituísse novidade. Mas ao explicitar a própria posição - cada um segundo seu estilo - manifesta uma ambigUidade ideológica que não permite alimentar esperanças de que venha a exercer-se uma oposição verdadeiramente séria. Esses pretensos opositores, por outra parte, continuam em entendimento com líderes da Internacional Socialista, os quais ajudaram imensamente o Sandinismo na escalada do poder. E ao revelar-se este abertamente totalitário hoje cm dia, lhe opõem algumas objeções sem qualquer consistência. Tais ataques ao regime sandinista parecem-se muito a certas ofensivas contra Fidel Castro, que não significaram para seu regime risco ponderável algum, ao longo de vinte anos. Essas oposições, sem raízes doutrinárias, nem atitudes conseqüentes - e até pelo contrário, com afinidades ideológicas com o objeto que é combatido - desempenha freqüentemente o papel de atrair muitos anticomunistas desejosos de resgatar seu país, e de conduzi-los a aventuras - como, por exemplo, a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, durante o governo Kennedy - de antemão condenadas ao fracasso. O futuro da Nicarágua e da América Central depende em grande medida da eventualidade de que elementos anticomunistas, numerosos e valentes, saibam discernir movimentos e lideres capazes de empre,' cndcr um combate coerente contra a presente investida comunista naquela área. e, em conseqUência, de se chegar à vitória. E assim, uma vez identificados, a eles se unirem para lutar contra o marxismo, sem claudicações, sem alianças espúrias nem práticas ilícitas. (•) Para se conhecer com mais detalhes a posição de tais setores eclesiásticos. ver "Catolicismo", n. 0 s 355-356, julho-agosto de 1980 - "Na Noite Sandinista: o inci1amento à guerrilha".

os':

O Pe. Armando Lopes. S.J. (••· querda). Reitor da Universida· de Centro Ameri· cana de Maná·

\

gue. em íntima confabulação com Umberto Or·

tega. "coman·

dante" do Exár- .. cito Sandinista,

NA COSTA RICA: CULTO AO CENTRO DOMINADO PELA ESQUERDA

A

Catolicismo -

Outubro de 1982

mas neles há também não poucos socialistas radicais. De modo que à opinião pública não resta outra sa ida senão optar por alguma das formas dessa tendê ncia: o Partido de Liberação Nacional (PLN), de posição socialista-democrática, ao qual pertence o Presidente Luís Alberto Monge; e a Coali,Jio Unidade, de tendência democrata-cristã, da qual fa1. parte o ex-Presidente Rodrigo Carazo. As diferenças programáticas entre ambas facções políticas são mínimas. Por outro lado, os fatores comuns são numerosos, a começar pela voracidade para a obtenção de postos adm inistrativos. Acrescentese a isto o anseio pelo crescimento

do poder estatal, as limitações impostas à propriedade e iniciativa privadas, o fomento de formas socialistas de organização e a tolerância em relação às esquerdas de todos os matizes. A tais fatores veio somarse, nos últimos anos, a promoção, por parte de ambos partidos, de diversas iniciativas autogestionárias. Com tal programa, facilmente se produzem a crise econômica e o desgaste político do partido que governa. A inflação, a estagnação econômica, os fatos que desdouram a administração pública e o aumento da virulência esquerd ista também cori"tribúem obviamente para isso. Assim, a decadência do prestigio da administração de Daniel Odúber

(1974-78) favoreceu o êxito eleitoral dos opositores com Rodrigo Caraio (1978-82), o qual, da mesma forma, tornou possível a vitória recente de Luís Alberto Monge. Entretanto, no último a no do governo Carazo, não reinou muita tranquilidade. Sua cumplicidade com os sandinistas, além do emprego de meios mais do que discutíveis e que não ficaram devidamente esclarecidos, quase lhe custou o poder. E se Cara1.o permaneceu no governo, isto se deve à intervenção do exPresidente José Figueres. caudilho do Partido de Libertação Nacio nal (PLN) e conhecido esquerdista, o (co111i11ua 110 pdgi11ll 6)

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N a Costa Rica...

qual, alegando defender a democracia, de fato favoreceu a impunidade. Para a vitória de Monge contribuiu , como dissemos, o desprestígio de seu predecessoc, tendo nele votado tanto esquerdistas categóricos quanto setores bem mais centristas. Estes não tinham outro candidato com probabilidade de vitória, que estivesse mais próximo de suas idéias. E assim, a iniciativa política está muito mais nas mãos da esquerda do que nas do centro.

Monge enfre·nta um dilema: a quem satisfazer? Nem bem tomou posse do cargo, Monge defrontou-se com uma difléil alternativa: continuar a defesa dos princípios "socialo-democcáticos", uma vez que é-um dos líderes da Internacional Socialista; e, em conseqüência, impulsionar os projetos autogestionános, assumir em face dos Estados Unidos uma atitude desafiante, propiciar a Reforma Tributária etc. Ou, _d e outro lado, corresponder aos anseios mais profundos - se bem que menos explícitos - do eleitorado independente centrista que contribuiu para elegê-lo, pondo fim às cumplicidades com o sandinismo, assumindo atitudes firmes diante das provocações deste, fazendo respeitar a ordem públic11, saneando a economia do país mediante um certo estímulo à iniciativa privada e impondo um controle sério aos gastos do Estado. Monge tinha ainda outro obstáculo a contornar: a crise econômica era tal que dificilmente se rtsolveria sem uma importante ajuda dos Estados Unidos. E o governo americano, por sua vez, pode ria conceder tal auxílio se encontrasse no. recém-eleito regime costarriquenho um firme aliado na atual crise centro-americana.

AmblgUldade: f6rmula de eflcAcla efêmera A viagem de Monge a Washington, sua disposição de participar da "Comunidade Democrática CcntroAmericana", as tensões surgidas com o regime marxista de Manágua constituíam fatores para alcançar tal fim . Em sentido contrário, o laoçame1,1to do projeto "Setor Econômico Laboral", bastante afim com a autogestão, o impulso da Reforma Tributária, com grandes aumentos de impostos sobre as empresas, parecem destinados a contentar ao setor mais esquerdista do PLN. Que aspecto pr~va(ecerá? Durará o anticomunismo do Presidente Monge mais tempo do que o prazo que os Estados Unidos utilizarão para concretizar os créditos p~ometidos? Terão as fórmulas "Socialismo intramuros / anticomunismo extra-muros" e "indolência interna / combatividade externa" algum efeito para preservar a Costa Rica da ameaça marxista? O problema tem importância para a região porque, ao longo da última década, a Costa Rica transformou-se, devido a seu regime politicamente permissivista, no cenário onde atuam numerosos movimentos esquerdistas e radicais que afetam as nações vizinhas. Movimentos estes

Um simbólico abtaço-aaudaçlo entre M onsenhor Romén Villalobos. Arcebispo de SJo José (Costa Rica) e Luís Alberto M onge. atual presidente costa-riquenho e um d'o s lideres da Internacional Socialista na América Central .

que ainda não se lançaram na tarefa de transformar o país que os acolhe, mas que poderão fazê-lo num futuro próximo. Diversos organismos de esquerda ali estão enquistados: a Internacional Socialista, entidade de defesa dos "direitos humanos" - é claro que sobretudo defesa dos pró-comunistas - grupos ecumênicos que defendem. a "Teologia da Libertação" no sentido marxista. A esses grupos somam-se numerosos exilados do Chile, Uruguai, Argentina e Brasil que contribuem para transformar as universidades mais importantes e outros centros de estudo em organismos de pressão e penetração comunista, em todos os ambientes da sociedade. Tudo isso sugere a existência de um ,nodus vivendi entre governo e subversão, com a finalidade de esta não transtornar o próprio país; tal hipótese explicaria a tranqüilidade da "Suíça centro-americana". Rompido esse modus vivendi, a carência de exército - uma das caracteristicas da Costa Rica compensada só de modo tênue por um certo fortalecimento recente da Guarda Nacional (polícia) - não é de se esperar que o ,pais tenha condições de resistir eficazmente a uma agressão comunista. Em especial, se a crescente agressividade da Nicarágua transformar-se em intervenção armada . É verdade que a Costa Rica esperá a solidariedade continental, no caso de vir a sofrer uma agressão. Mas, de que valerá tal solidariedade quando o comunismo resolver convulsionar o Hemisfério inteiro, através de um processo de ·vietnami,.ação~? O laissez faire - laissez passe, praticado pelos sucessivos governos de São José, várias vezes em prejuizo de seus vizinhos, poderá trazer para esse pequeno e simpático país conseqüências das mais funestas.

Impunidade dos pregadores religiosos da subversão Mas o laissez faire - laissez passer não só é praticado pelas autoridades temporais. Também parece ser a norma de hicrarcas eclesiás-

ticos. Os defensores religiosos da esquerda gozam na Costa Rica de tOt{ll impunidade e elevado apoio. O periódico "Eco Católico" que, sem ser o órgão oficial da Hierarquia, pertence a esta, merece> de vez cm quando, alguma advertência da Cúria quando seus editoriais produzem muito escândalo. Apesar disso. ele mantém a mesma posição, recebendo, em geral, o estímulo de Bispos. Da mesma forma, as publicações "Senderos" e "Igreja Solidária", emanadas da Conferência Costarriquenha de Religiosos (Concor), publicam frequentes elogios da-subversão marxista. De outro lado, vários organismos interconfessionais, como o "Departamento Ecumênico de lnvestigaciones" (DEI) e o "Centro Nacional de Acción Pastoral" (CENAP) difundem publicações das mais radicais, muitas vezes, diretamente a favor do marxismo. E seus colaboradores, leigos, sacerdotes secularizados ou protestantes, misturam-se com intelectuais, líderes sindicais e estudantes esquerdistas, para a penetração de tais idéias nos meios operários e universitários. Seus participantes viajam de São José a Manágua, para participar de congressos de "teólogos" marxistas a favor do regime sandinista, a San Salvador ou à Guatemala a fim de estimular os marxistas locais na "guerra popular". Visitam também o Panamá, o México e outros países da América e do mundo, levando a cabo uma verdadeira empresa idcológico-publi~itária. Orienta sua atividade o desejo de transformar a Igreja Católica - começando pelos setores já "conscientizados" - no órgão verdadeiramente eficaz para a comunização da América, depois de verificado o fracasso da esquerda laica quanto à realização dessa tarefa. Assim, a Costa Rica poderá ser facilmente arrastada na vocagcm que seus próprios líderes contribuíram para produzir. Nascerá ainda, no seio da opinião pública, algum movimento mais lúcido e sadio que lute para preservar esse país do vírus socialista e comunista e contribua para resgatar as nações irmãs?

Guiomar de Freitas Guimarães Sartini, Porto Alegre (RS): "Foi com renovada estima que ao receber o recente número de "Catolicismo" (junho-1982) me detive na leitura deste valoroso mensário. Qua.l não foi minha alegria quando vi, nele estampado, o caloroso discurso do então jovem polemista católico Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, proferido por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932. Tive assim a grata recordação de vários discursos que tjve o privilégio de assistir, do já ilustre e brilhante orador, entre os quais o de encerramento do Congresso Mariano de Santos (nos idos de 1937): no seu modo de ser e de falar, na sua argumentação cristalina e forte, transpareciam a beleza dos principios morais e da causa que defendia, a Causa Católica. E neste crescente zelo tem ele seguido aos olhos de todos ... Com efeito, como se vai tornando raro, cm nossos dias, ver gestos assim, análises sérias, comentários que nos façam entender com precisão a crise moral do mundo moderno. Bem afirmou o Prof. Plínio da necessidade de "por toda a parte ser disseminada a seiva de uma profunda moralidade" cujo símbolo, "O Cruzeiro do Sul, símbolo bendito da Redenção, a Providência desenhou em nosso firmamento". Fica aqui registrada esta minha gratidão e com ela um apelo: que publiquem mais artigos e outros discursos que haja, de nosso caro Professor, pois são de palavras assim, cheias de ardor e confiança, que precisamos". Maria Isabel de Azeredo Santôs, São Paulo (SP): "É como um precioso regalo que recebo cada número do Jornal Catolicismo. Neste último exemplar, mais do que nunca, vejo descrita em suas páginas a dolorosa crise por que passa a Santa Igreja: sacerdotes e B,spos que instigam a luta de classes e que levam o rebanho a eles confiado, não à senda alcandorada do Céu, mas. às vias do marxismo, caminho usado para levar as almas à perdição. No meio dessas trevas percebo um facho de luz: refiro-me ao discurso que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pronunciou em 1932. Admiro profundamente a retidão da linha de pensamento do Dr. Plínio, sempre tão firme e constante na defesa dos princípios da Civili1,ação Cristã contra as investidas do comunismo, do socialismo, do fascismo, do na1Jsmo ... e de tantos disfarces com que se têm apresentado na História os agentes do mal. E como aluna que fui na Faculdade de Filosofia "Sedes Sapientiae" do Prof. Plínio Corrêa de Oli-.ei ra, tenho um pedido a fazer: Que a face da atuação pública dele - suas conferências, seus discursos, seus artigos dos primórdios do jornalismo. fossem divuJgados, formando uma série com esta publicação que agora se fez. Com os cumprimentos à direção e a todos os colaboradores do glorioso jornal, formulando votos para que se prossigam na nobre missão de fazer brilhar a Verdade e o Bem. espero ver atendido o meu pedido".

N. R.: A publicação no nú,nero de sete,nbro último de "Catolicisrno" do discurso do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no IV Congresso Eucarístico Nacional procura atender ao pedido "de nossas prezadas 1nissivis1as. Aldo Moreira Cezar, Porto Alegre (RS): "Quero eor meio desta manifestar aos Srs. o júbilo por ver este destemido Jornal que tem publicado, de um lado, artigos sobre acontecimentos rccéntes trazendo junto a orientação sadia do Magistério tradicional da Jgreja; de outro lado, escritos históricos, culturais e distensivos, que nos convidam para pensamentos elevados. Como estas palavras do ilustre orador, cheias de cunho católico e galhardia, permanecem com atualidade. pois muito se faz necessário resguardar os exemplos edificantes de heroísmo e abnegação que enchem as páginas de nossa História. Entre eles o de "admirável abnega~ão apostólica" do Pe. José de Anchieta". J oão Marcos Porto Maciel, Novo Hamburgo (RS): "Parabéns pelo brilho das reportagens da edição n.• 378, junho de 1982, especialmente sobre a diocese de Lins. Jornal como esse deveria ser quinzenal e com preço duplicado. É preciso que haja quem lute por uma Igreja que caminha sem ir devastando seu patrimônio d e dois mil anos. tanto de fé quanto de cultura". Raimundo Cesar Goulart Graça, Rio de Janeiro (RJ): .. Ao ler a "Saudação às Autoridades Civís c Malitares" feita pelo Prof. Plínio Correa de Oliveira por ocasião do encerramento do IV Congresso Eucaristico Nacional em São Paulo, tive a ventura de conhecera verdadeira história não só d o Brasil, mas da América Latina. É confortante e a nimador. conhecer a predileçã o com que a Divina Providência nos elegeu no conj unto das Nações, para os grandes feitos nos dias de glória que hão dc·vir pal'a a Santa Igreja Católica." Anelando po r que CATOLI CIS MO continue sempre a divulgar tão grandes verdades da Fé, espero cncontmr nos próximos n~s deste mensâ~o. os "antigos" discursos do insigne pensador católico Dr. Plínio Con·ca de Oliveira. Sem mais, rogand o as preces de S. Sas., Subscrevo-me dcvornmente em Jesus e Maria.

CAMPOS -

ESTADO DO RIO

Dlmor. Paulo Conh d• Brito Fllbo

O Pre•ídente Monge entrevia· tou•se duu vezes com o Chefe do E,xecutivo norte· americano durante a viaite oficial efetuada aos E1tado1 Unido, em junho deste ano.

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Dlmoria: Rua dos Goitacaza, t97 • 28100 - Campos. RJ. A~ ç i o : Rua Dr. Martinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo. SP • PABX: 221-$7SS (ramal 23S). · Composto e impraao na ArtP"'"' - Paptis e Artco Gráfica.s LUia .. Rua Garibaldi, 404 ~ 0113S - São Paulo, SP. • · "C..to-· ~ uma publicaçlo mensal ela Editora Padre Belchior de Ponlet S/C. Alllnalura anual: comum C,S 1.700,00; cooperador CrS 2.S00,00; benfeitor CrS 4.000.~; grande benfeitor C,S 8.000,00; ,cmínarisw e estuclanlc$ C,S 1.200,00. Estmor (VI& a.!rca): comum USS 20,00: benfeitor USS 40,00. Os .,_gamcntos. sempre em nome de Edhon Padre Belclllo< dt Ponta S/C, poderio aer encaminhados à Administraçlo. Para mudança de endereço de uamantcs i neoie:ssArio mencionar tambtm o endereço antigo. A COrTCSpondblcia relativa a uainatwu e venda avulsa dett aer enviada à J.dmlnM1-çlo:.

Rm Dr. Mart1m1co Prado, :171 - Slo Palllo, SP

Catolicismo -

Outubro de 1982


O clangor dos clarlns anuncia o Inicio da apreaentaç.ão dos "Sbandleratorl", vendo-

•• eo fundo um aspecto da pitoresca cidade d$ Sansepolcro.

Na Aveni •

''ESTOU

VINDO DA Vila Prudente e não estou arrependido. Já estou cansado de ficar cm casa vendo futebol pela televisão". Este comentário sintomático partiu de um paulistano que, juntamente com esposa e filhos, deslocou-se até a Avenida Paulista, a fim de assistir os _espetáculos promovidos aos domingos pela Secretaria de Educação do Estado. Referia-se ele à apresentação dos Sbandieratori di Sansepolcro. que teve lugar no dia 27 de setembro último, na capital paulista. Constituem eles um grupo de jovens italianos que desfilam movimentando bandeiras coloridas. ao som de trompetes e tambores, segundo tradições que remontam à Idade Média. Sansepolcro é uma pequena cidade da lláalia, situada na Toscana, preservada, em seu isolamento, do processo de cosmopolitização. Este, em nome de uma modernidade revolucionária, padroni1.ou gradativamente homens e nações, eliminando, em larga medida, caracteristicas regionais, bem como costumes e tradições em todo o mundo, de modo especial, no Ocidente. Subtraindo-se a tal processo, os moradores de Sansepolcro conservaram, ao longo dos séculos, o modo peculiar de festejar suas grandes datas, com espetáculos coreográficos em que figuram trajes e bandeiras muito característicos e dé elevada significação cultural. A festa do Pálio de Siena consiste numa apresentação análoga, mundialmente famosa.

público aplaude trompetes e bandeiras medievais as bandeiras constituiam elementos que identificavam os diversos agrupamentos de infantaria ou de cavalaria . A ponta metálica do mastro no qual estava preso o pendão era utilizada como arma de ataque. podendo servir de lança em pleno campo de batalha. Certos movimentos das bandeiras serviam de convenção para indicar sinal de perigo, e atrair assim, o reforço de outros com· batentes. Tais recursos de comunicação empregados no campo de batalha não foram esquecidos ou abandonados até nossos dias, por ocasião de certas festividades. Devido às no· vas maneiras de guerrear, eles tornaram-se atualmente obsoletos, nos campos de batalha. Passaram então os referidos modos de comunicação a constituir um espetáculo coreográfico, apresentado cm praças e vias públicas para $áudio dos moradores de pequenas cidades da Itália como Sansc.polcro. Assim, eles repetem-se anualmente, tendo como fundo de

di Sansepolcro. Eis ai a razão mais profunda porque essa fase histórica foi e ainda é combatida por historiadores revolucionários de todas as gamas. O espírito da Revolução igualitária abomina uma civilização profundamente sacral, estruturada segundo uma proporcional e harmônica hierarquia . Apesar das distorções históricas com que tantas vezes é descrita a Idade Ml-dia, ·q uando o homem do século XX ouve os acordes de trompetes que lembram seus cavaleiros, catedrais, mosteiros e castelos frutos genuínos daquela era - ele pára, ouve e admira tais evocacões. E no caso dos Estados Urúdos - como aliás do Brasil - qué não tiveram uma Idade Média, nossos vizinhos conti, nentais do norte recorrem a débeis e imaginosas imitações para atender a essa nostalgia do maravilhoso: a Disneylândia é um exemplo, com seus castelos e torreões, seus pendões que tremulam ao vento, evo-

quadro as paredes austeras de pedra, marcadas pelo tempo, de um castelo ou de alguma histórica e secular igreja. As normas de movimentação dos figurantes foram codificadas em 1967 pelo escritor Fcrraccio Alfieri, em sua obra " La Piccia e la 8011-

+ •

diera".

• • • Um morador da Avenida Paulista, ao acordar com o toque de trompetes e ao observar o belo espetáculo, puxando um pouco a cortina de seu apartamento, ficou surpreso. E comentou: "Parecia um son ho ... ..

"Isso é coisa da Idade Média", dirá talvez alguém para contestar tal admiração e gosto pelo maravilhoso. A Idade Média, época das maje~tosas catedrais, das corporações de oficio, da Cavalaria, das Cruzadas, é muito combatida por autores revolucionários.

• • • A movimentação dos Sba11diera1ori di Sansepolcro. que encantou os paulistanos, tem sua história. Remonta ela às batalhas travadat entre pequenos Estados italianos, durante a Idade Média , quando

O Grupo Musical. composto por o· x ecutantes de trompetes e tam-

bo ros. acompa ~

Uma fase da demonstraçlo tradicional com duas bandeiras.

nha as evoluções

dos "Sbandieratori".

-

~ Tendo como fundo as pedras de secular edlllcio de Sansepolcro. um figurante dos ,.Sbandleretori" pratica a chamada "evolução de um oficial alferes''. uma demonstração que remonta ao ano de

1600.

·-•

No entanto, esse milênio que se cando uma época em que o materiaestende da queda do Império Ro- lismo, a padronização, o igualitarismano do Ocidente até, segundo al- mo nivelador eram · desconhecidos. guns, à conquista de Constantinopla Os Sbandieratori di Sansepolpelos turcos, em L453, corresponde à cro, que vêm percorrendo não apeépoca em que a Igreja Católica plas- nas países europeus, mas também as mou uma autêntica civilização cris- três Américas e até a Austrália, o tã. O espírito católico impregnou Hawa! e a longlnqua Honkong, já profundamente as instituições,· as estão atingindo também o público leis, os costumes e a vida quoti- espectador de televisão ou leitor de diana dos povos do Ocidente, como jornais. Importantes veículos de coacentua Leão XIII em sua famosa municação social, em todo o munEncíclica lmmortale Dei, de 1885. E do, têm apresentado esse fenômeno a graça divina, como seiva benfa- inédito em matéria de perenidade: 1.eja, tonificou a ação do Poder Es- um espetáculo cujos protagonistas, piritual, que sacralizou todas as ati- por assim dizer, saem das páginas da vidades humanas. De outro lado, a História - páginas, muitas vezes, vida temporal, em suas diversas ma- rasuradas e danificadas par11 não nifestações, também foi enriquecida serem objeto de admiração - e que profundamente por tal seiva, apre- manifestam aos homens do século sentando uma pujança e riqueza das XX uma forma de alegria pouco quais até hoje nos chegam efeitos, .conhecida hodiernamente, brotada como por exemplo, o artístico espe- do esplrito épico e da luta heróica, táculo oferecido pelos Sbandieratori aliados ao autêntico belo artístico. 7


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O SOCIALISMO ESPANHOL e a doutrina tradicional da Igreja Apresentamos abaixo uma noticia sobre a carta-aberta que a Sociedade Cultural Covadonga - TFP dirigiu ao PSOE, tendo esse docum~nto sido publicado no diário madrilenho "ABC", em 22 de outubro, portanto, seis d ias a ntes das eleições. Publicamos na primeira página deste número artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, no q ual é a nalisado o significado mais profundo do resultado do recente pleito realiudo na Espanha. RA VES interrogações acerca da doutrina e das metas do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foram levantadas, cm função da doutrina social católica, pela Sociedade Cultural Covadonga - TFP. Essas interrogações constam de carta aberta de quatro páginas dirigida àquele partido político. Foram elas p ublicadas no diário "A BC" de Madrid , edição do dia 22 de outubro. •· Dado que a grandíssima n,aioria dos eleitores espanhóis é católica. o PSOE não teria obtido os expressivos resultados eleitorais que já alcançou e,n votações anteriores - e recentemente na tão católica Andaluzia - se não houvesse recebido uma afta porcentagem da votação católica" - diz a carta aberta. Ora, '1olheando as 'Resolucioncs' do 29.0 Congresso do PSOE e outros documentos desse partido, observa-se que o 111esmo tem co,no objetivo uma polftica baseada em pressupostos doutrinários que acarretam. a curto prazo, a destruição da instituição da família. tal con,o ela deve ser, segundo a orde111 natural e a Doutrina Católica". Diante disso, Covadonga - TFP se pergunta: '"Co1110 pode suceder que um partido com doutrinas e reivindicações tão frontalmente opostas lt doutrina social da Igreja renha podido atrair tal votação católica?" Em seus documentos, o PSOE assume a defesa da homossexualidade, cuja repressão deplora, por considerá-la uma "liberdade de opção pessoal" ("Rcsolucioncstt do 29.0 Congresso, 1981, p. 217). O PSOE afirma ainda que "a sexualidade deve ser considerada como uma dimensão do prazer. independente da reprodução. Portanto. não poderá haver uma autêntica entrega ao prazer sexual enquanto existir te111or· q11anto à gravidez npo desejada"' (Resofuciones dei 28.0 Congreso - Resoluci6n Sectorial"·, 1979, p. 16). Coerente com tais princlpios, o PSOE propugna a planificação da natalidade, ensinada inclusive nas escolas, a promoção dos anticonccpcionais, a legalização e o financiamento estatal do· aborto, a equiparação entre filhos legitimos e ilegitimos, o fim da "pátria potestas" e ..11ma lei de divórcio q11e dissolva se,n nenhuma exceção o matri,nônio; qualquer que tenha sido a data e a forma de celebração do mesmo" (ibidem, p. 16). Tendo isso em vista, Covadonga - TFP pergunta: ··co11hece1n os católicos que votaram 110 PSOE a

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Declaração de Princfpios, as Resoluções dos vários Congressos e o Programa Eleitoral desse partido para as próximas eleições? Etn caso afir111ativo. que entende,n por fa111(lia? Que entende,11 por destruição? Coma explicar que os referidos católicos cheguem a não constatar que o PSOE quer destruir a familia?" A carta aberta de Covadonga TFP assinala a conexão ínti,na existente entre familia e propriedade. e afirma ser '"totaln1e11te coere111e que. investindo tle tal forrna contra a estrutura da fa111ília, o PSOE invista de igual ,nodo contra a propriedade individ11af"'. Em sua .,Declaraci611 de Principias" de 1879. o PSOE propugna "a rransforrnação da propriedade individual ou corporativa dos instr11n,e11tos de trabalho em propriedade coletiva, social 011 co,1111111·•. Pelos Estatudos do PSOE, ··os ,nembros do Partido aceitam e estão obrigados a acatar a declaração de princípios. progra111a, resoluções e Estatutos aprovados por se11s Congressos·· (art. 2). A essas considerações talvez se objete que o Programa Eleitoral do PSOE é mais moderado no tocante à legislaç.'io familiar e à propriedade individual; em vista do que votar cm candidatos socialistas não significaria por em risco a c ivilização cristã. A tal objeção, Covadonga TFP responde: Programa Eleitoral pode não ter como objetivo levar a cabo todos os princípios da Declaração. por 111eras razões de circu11stã11cia: inoportunidade de alguma ,nedida no 1non1ento presente, sua impopularidade, que poderia retrair o eleitorado e1c. Mas deve o deputado socialista co11ti11ua111ente fazer aprovar ,nedidas q11e po11ha111 e111 prática os princípios con, ioda a a,nplitude e urgência que seja pos-

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sível". Ademais - prossegue a carta aberta - ··custa compreender co,no

pode ser considerado ,noderado tal progra1na. Moderado não o é; é. sim, um progra111a tático cauteloso; ma.r prof11ndamente sacia/is/a". Diante desse panorama, o organismo do qual poderiam os católicos esperar uma palavra de esclarecimento e orientação seria logicamente a Conferência Episcopal Espanhola. Mas esta deixou a juizo dos próprios eleitores católicos escolher o programa político que "conduza com ,naior eficácia ao bem comum da sociedade" (nota de 23 de setembro último).Àssim, a Comissão Permanente do Episcopado se abstém de esclarecer e ajudar o católico

TFP elege nova diretoria Realizo11-sc recentemente a 30.• Assembléia Geral Extraordinâria da Sociedade Brasileira de Dc(csa da Tradição, E'amllia e Proprie_dade, na qual foram eleitos os membr-os da mesa do &nseJho Nacional e os da Diretoria Administrativa e Financeira Nacional, qu·e dever-íto exercer seu mónus no bi~nio 1982-1984. A mesa do e onselho Nacional ficou assim constituida: Presidente o Prof. )'linio €orrêà de Oliveira (vitalício); e Secretãrio o Prof. Paulo Carrêa de Brito Filho. O cargo de Vice-Presidente pc:nnanece vago, como homenagem à me-

mór-ia do último titular, Prof. Fernando Furquim de Almeida, falecido no,arío p,assado. O Conselho llfaciopal é formado por 13 me mbr,os natos, que sã1> os sócios que assinaram a ata de tundação da e.ntidade, em 1960. A DAFN ficou composta da seguinte maneira: Sup,erintendente o Sr. Plínio Vidigal Xavier da Sil'ieira, Vicc-Superintet;1dentes os Srs. ©l'io Vidigal xavier da Silveira, Eduardo de Bar.ro.s Brotero e José ea,1os Castilho de Al).drade, e Vogais os Srs. Adolplio Linde.ober.g e Luiz Názareoo Teixejra de Assumeção Fílho. •

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Na Puerta dei Sol esquina com a Calle Mayor. em Madrid. vérios ti:anseuntes. após receberem um exemplar do documento publicado por Covadonga - Tf P no " ABC" de 22 de outubro. lêem atentamente o texto quecausou grande impacto sobretudo om Madrid, Soragoza e Málaga. No centro dessas cidades. Covadonga - TFP realizou campanhas de ampla distribuição de 150 mil volr.ntes da carta -aberta ao PSOE.

na apreciação concreta de cada programa, afirmando ademais. na mesma nota, que ··a Igreja não deve identificar-se com ne11h111na posição política nem impô-la autoritoriamente a se11s fiéis"'. Essa "prudente am·bigUidade" foi saudada com simpatia pelo órgão oficioso do PSOE (cfr. "EI Pais", 249-82) e somente poderá contribuir para que os amplos setores do eleitorado católico que, desencaminhados votaram no PSOE, continuem em tal posição. Tanto mais quanto o Cardeal Tarancón não hesitou cm declarar que "se o PSOE chegasse ao Poder. na Igreja espanhola não

sucederia nada··. aduzindo ainda que "con1 Governos ,nenos católicos. a Igreja vive 111elhor· ("A BC"', 22-8· 81). O que leva o e leitor a admitir que a ascensão do PSOE ao poder é, pelo menos, sob cc n os pontos de vista, indiferente para a Conferência Episcopal. E incl usive desejável sob outros pontos de vista. Tudo isso surpreende, dada a incompatibilidade tanto do pensamento profundo quanto da linha de ação concreta do PSOE com a doutrina tradicional da Igreja. Ante o periiio de ver a Espanha cair desta maneira em um socia lismo

inadmissível, e não q uerendo importunar indiscretamente a Conferência Episcopa l Espanhola com perguntas. a Sociedade Cultura l Covadonga TFP indaga oficialmente ao PSOE se ele reconhece estar bem interpretado na análise feita de seus documentos. E, cm caso negativo, quais são os reparos que faz a tal análise. "É u,i, convite ao diálogo. aftan,ente elut:idativo para os eleitores espanhóis. Ta,110 mais quanto, segu.ndo 110s parece. grt1nde parte do eleitorado não conhece as atitudes do PSOE aqui me11âo11adas" - conclui a carta aberta.

Plínio: CNBB é acusada mas não exige provas

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REIO QUE não haveria um só brasileiro que negasse à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil o direito de exigir de mollo público, solene e taxativo, ao general Moacir Pereira, as provas do que afirmou e m discurso proferido a 24 capelães militares, de que ponderável parte do episcopado está traindo sua missão, favorecendo a revolução social no País", afirmou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. "As declarações do general comandante da 4.ª D.E., de Belo Horizonte - prosseguiu - percorreram o Brasil inteiro, como um raio que ribomba, mas que purifica o ar. E, como sinal expressivo dessa repercussão, o deputado Erasmo Dias, em discurso proferido na Câmara, dava eco àquelas palavras, referindo-se ao livro recentemente lançado pela TFP, intitulado ··As CEBs. das quais muito se fala. pouco se conhece - a TFP as descreve como são··. Essa obra, que escrevi juntamente com dois sócios da entidade, os Srs. Gustavo Antonio Solimeo e Luis Sérgio Soli.meo, prova de antemão o que o general afi rmou, baseado, sem dúvida, em seus próprios dados informativos. Ou seja, que é

lndíferença ante as provas

O Presidente do CN da TFP. Prof. Ptinio Corrêa de Oliveira. ressalta que a CN BB ignora sistematicamonto a existência de proves que atestam a infiltração comu~ nista em meios católicos.

por meio das CEBs que a CNBB vem fazendo a obra de convulsão social no Brasil, a qua l já lhe valeu calorosos elogios tanto de Luis Carlos Prestes, como de Giocondo Dias, e ainda a simpatia e ntusiasmada de tudo quanto há de plutocrata, politico ou intelectual de esq uerda em nosso País. "Entretanto - observou o pensador católico - a CNBB, ante as declarações do general Moacir Pereira, limitou-se a dizer que ele estava mal informado".

E prosseguiu o Prof. P línio Corrêa de Oliveira: "Compreende-se esse mutismo da CNBB, pois esse órgão episcopal de há muito está habituado a ver provas e a não se incomodar com elas. Desde 1943, com o livro "'Em defesa da Aç,io Católica·· e em sucessivas obras que alcançaram significativa repercussão e tiragens, venho infatigavclmeme denunciando a infiltração comunista em meios católicos. Mas o silêncio da CNBB te m sido constante. exatamente como se comportam os peixes num aquário, que de nenhum modo se aba lam diante do que se passa fora. São sensíveis apenas ao que acontece no alvéolo de seu habitat. "Considerando as reações da CN BB ante fatos que concernem a fundo a vida não só temporal como espiritual dos 110 milhões de católicos brasileiros, noto que ela se limita a reações tão elementares, tão próprias a impressionar unicamente uma rodi nha de incondicionais, predispostos a acatar como dogmas do magistério infalível quaisquer de suas palavras. Isso, se bem que, fora do ambiente episcopal, o Brasi l esteja a cair aos pedações", concluiu o Presidente do Conselho Nacional da TFP.


) ~ N.0 38 3 -

Novembro de 1982 -

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Dir etor: Paulo Corrêa d e Brito Filho

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Nova edição de "Revolucão e , Contra-Revolução" L,1nçada inicialmente cm 1959. essa obra do Prof. Plínio Corrêa de Ol iveira alcançaria uma repercus-

são e desempenharia um papel insuspeitados naquela árvore. ·· Revolt1ç(70 e Co111ra - l?e vo!t1rrio .. foi escrita um ano antes da fundação da TFP bra sile ira . Os ideais da entidade estão consubstanciados nesse litro providencial. A força de sua doutrina e sua 011odoxia - alicer,;,1das nos prineipios católicos tradicio nais c perenes - expostas com lógica férrea, mas apresentad a s, ao mesmo tempo, de modo atraente e psicológico, galva nizou os espíritos não somente dos brasileiros que formar,1111 o primeiro núcleo da Tl"P pátria. Gerações s ucessivas de nossos compatriotas que foram se juntando ao grupo inicial. St.:jíl t:on10 SÓCIOS S~Jª como co-

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o peradores da associação. sentira mse atraidos pelo referido ensaio. de imponância capital para se com-

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prcendcr com p,·ofundidade a crise co ntemporânea. Posteriorme nte. jovens de vários outros países americanos e europeus. ins pirados nos princípios de

·· Revo/11ç<iO e Co111ra-Revo/11ção ': foram e,·igindo S(>ciedadcs.{l utônomas. co-irrniis ou alins ü TFP brasileira. Hoje essa· grande familia de a lmas. que constitui o conjunto de tais e ntidades. escende-sc por tre1.e nações. Já existem escritórios de representação das TF Ps e e ntidades alins e m Ron)a, \1/ashington e Johannesburg (Africa do Sul). Atualmente esião cm fase de inswlaçiio cm Lima (Peru). Londres (Inglaterra) e S idnei (Austr.ilía). Na página 3. reproduzimos o perfil biográfico do insigne autor. que figura nessa nova edição do livro de cabeceira dos sócios e cooperadores das TFPs. o qual é focal izado de ,nodo sincético e bascante feliz.

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Escudo heráldico da TFP bordado sobre o estandarte que se encontra na Sede do Conselho Nacional da entidade, em São Paulo.

Solidão contemporânea e gregarismo tribal Interessa nte anigo publicado pelo "Thc Ncw York Times Magazine" analisa a solidão do homem contemporâneo. especialmente nos Estados Unidos. Nosso colaborador .Julio de Albuquerque comenta a maté1ia na 1nlgina 2. O mito do ··s,>{f..nwde ma11 ·: anaigado nn mentalidade do nortc·a mericano de nossos dias. gerou um 1ipo de pcs.,oa inca pai dê se vincular scriamenic a qualquer ou1rn . Esse gênero de "desvinculados" não se liberta porém d,, problemática do isolamento. mc.smo tratando-se.de pessoas que poderiam ser consideradas corno hl!m sucedidas pl'ofissionalrncnte.

Na década a111al. entretanto. já se está observ-<1udo uma nova tendência para o

Empalidece a estrel~ de Mitterrand Na F ra nç~-1, o Partido SocialistH

d<~pon1e?", escrita pelo Prof. Plinio

tendo subido ao poder há apenas

Corrêa de Oliveira , foi ode trnzcr ao

<.1c7.oito meses -

encontra-se cm

acemuada decadência nas pesquisas de opinião pública. A nov-<1 fórmula que François Mincrrand (foto ao lado) 1cria encontrado como modelo pal'a o mundo cm crise. a rost1 autogcstionüria, parece murchar-lhe na mão...

Que fatol'cs teriam con tribuído para toldar o céu sem nuvens que

pairava sobre o Chefe do Execu1ivo francês e seus ministros'! Na p<ígina 4, nosso colaborador Pêriclcs C•l panema foz uma análise chi situação cn1 que se encontra o PSF e observa que um dos méritos da Me nsagem das 13 TFPs ...Os<>â11/i:m10 t1111ogrstio11ório, en, vis1a do <'0111w1ismo: bt1rreira ou caheçt1..

conhecimento do grande público as metas e os métodos do Partido Socialist<1. conhecidos apenas por intelectuais e milit..tntes ·•arditi" d:i organi1.a<;ão.

O empobrecimento grad ual. decorrente da aplicação de medidas inspiradas na utopia igualit:'iria SO· cialista. está levando o público francês a rever o papel "messiânico" e as qualidad es administrAtivas de seu prcsidcn1c. Após a euforia da vitória de 10 de maiode 1981 ~a lgunsmcscsdcrcgimc socialista. Mincrrand e seus colaboradores j;í manifestam preocupação com o desprestigio do governo francês.

relacionamento com ouuos seres humanos. Mas se tal retorno não se reali1...ar concomitan.lc com a volta aos princípios da moitl l católica, não ser:\ restaurada a vida familiar autêntica, mas se consolida ,.í um gregarismo ncopagão, <1uc pode ser constatado êlltmhncntc crn grupos co01unill1.rios de tipo ··J,ippie" ou uibal.

A foto abaixo ilustra bem o estad o de solidão dos habiiantcsde uma mcgalópolc nonc..;:uncrica na.


SOLIDÃO: FRUTO DE UMA OCJEDADE NEOPAGÃ

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.. ...

deixa ndo os pais sozinhos na cidade de origem, desfazendo os laços familiares e tornando solit!ui,,s pessoas que. antes não o eram.

Os métodos utili,.ados para tentar enfrentar a solidão são os já conhecidos: ouvir rádio. ver televisão. cuniprimcntar pessoas. tomar 1ranqUili1,antcs para dormir, ler. ir ao cinema, agregar· se a movimentos religiosos. comprar coisas que realmente não são nccessi,rias, ir a médicos com maior freqüência

que o indispensável etc. Assim agindo. as pessoas pensam que estão prmcgidas contra efeitos nocivos do isolamento. Mui1os especialistas. porém. consideram que. apesar desses cuidados. doenças atualmente observadas com freqüência podem ser classificadas como "doenças da solidão", especialmente casos de hi pertensiio arterial e enxaqueca. Necessidade de um mentor

Em recente pesquisa realizada entre adolescentes. preparada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (dos

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A crise do Isolamento atinge não rato pessoas quê moram aglomeradas em colm~las humanas como os re-sldentes dos gigantes de cimento armado das babéls modernas.

homem. criatura de Deus, é um ser contingente. Ele não se basta a si próprio. ?ara realizar seu destino eterno necessita do auxílio da graça divina, que lhe é concedida por mediação de Nossa Senhora. Além disso, recebe ajuda dos Anjos. especialmente de seu Anjo da Guarda, e ainda é favorecido pela intercessão de santos ou mesmo de almas do purgatório. Porém, não é apenas de Deus, de Nossa Senhora, dos Anjos e santos que o homem deve receber auxilio. Os outros homens também lhe são necessários desde o nascimento atéà morte, e com eles deve estabelecer as relações adequadas para cada época ou situação de sua vida. Na infância como na juventude, na maturidade ou na velhice, a vida cm sociedade é urna disposiçã9 dos planos de Deus; se for realizada segundo seus preéeitos, será de uma utilidadé inestimável para todos; se !l<'io for, será marcada por conflitos e tribulação. Esquivar-se dela, porém, é procurar soluções onde não podem ser encontradas para o comum dos homens. Pois os solitários e eremitas constituem uma vocação muito especial própria a uma minoria; não constitui urna forma comum de vida humana. Para aceitar bem a vida cm sociedade - seja ela qual for, desde a familia até os maiores grupos sociais - o homem deve, antes de tudo, ter a humildade necessária para reconhecer suas carências e compenetrar-se de que necessita do auxilio dos outros para sua completa reali1.ação na ordem espiritual e temporal. A mentalidade de auto-suficiência, de julgar que pode resolver tudo sem o auxilio de ninguém, de ser um "self made man': é fruto de um egocentrismo que conduz à frustração e ao isolamento. O orgulho de desprezar um bom conselho, urna ajuda desinteressada ou uma advertência caridosa, vai afastando a pessoa de um convívio humano e sadio e a conduzindo a uma solidão geradora de distúrbios pslquicos e mentais. Solidão essa que é vivida, não em um deserto, no alto das montanhas ou numa ilha abandonada. mas em cidades superpovoadas, que dispõem dos meios de comunicação mais atualizados. Exemplo frisante de como esse tipo de solidão vai se difundindo em nossos dias é a reportagem publicada pelo

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fazer tudo por si próprios e não depender de ninguém. pois o homem que subsiste na vida é aquele que o faz unicamente à custa de seu esforço pessoal e

exclusivo. Diz o Dr. Robert N. Bcllah. sociólogo da ll ni vcrsidade de 13crkcley (Califórnia): "liberdade pessoal. aww10111ia e independêtu:ia são os 11wis altos vai<>· res f)<lfft os norle·americanos. Cada wn t n•sponstivel 1u11· si 1nes11u>. Considera1•1vs prova de grmul,1 valor s,•rm o.'i dei-

,\·tulos xâs, não .,·0J;er111os inln:f(•r ên('iaj" a/heitts. O mais i111portante parti cada wn é Sl'f capaz d,, cuidar de si 111<•s1uo. Tão cnlo qu,11110 f)U'i.vivel, uma , ·ri<m('il dt!v,, conseguir viver sozinha. /; ilegÍli1nu depender dt u utr(J ser lumuuw ·: O

Dr. Bcllah acrescenta que o povo não tem nmis as comunidades às quais d e estavn irrevogavelmente ligado. elas tornaram-se inslêívcis. fnlgcis. causando um tremendo baque na vida de lllljj . tos. E poucas pessoas sentem-se felizes com tal situação. De fato. os norteamericanos scnlcm nosta lgi,1 das familias dos velhos tempos. das pequenas e bem cnlrelaçadas comunidades. O Dr. 13ellah conclui que o individualismo é uma "u,rrivel <'X(r;ênda ,., que. pot ioda " e.tU'nsã" du país exislt' uma <·<1111m/11 de• solid<io poucc, ahai..,\'o da supe,jiâe ·: Essa íormaçào voltada para a autosuficiência gerou um tipo de pessoa in-

capaz de se vincu!ar seriamente a qualque r outra. Isso provoca um desmoronamento da vida familiar. particularmente entre casais que j <í atingi-

"The New York Times Magazine" de 15 de agosto de 1982, se(Ção 6, págs. 24730, sob o título: "Sozinho - a,,sian-

ram a idade madura. Não sabend o mai~ o que esperar do oulro. um 11(,me· ro cresccnle de homens e mulheres re·

do por companhia na A.m érica''. A

solve dedica r-se inteiramente ao traba-

autora é Louise 8ernikow.

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O mito do "Seff - M ade M an"

Segundo a articulista, um número crescente de cientistas sociais e de profissionais de saúde mental (que se presume sejam psiquiatras, psicólogos e psicanalistas) estão agora estudando a solidão do homem americano contemporâneo. Alguns di?.em que há mais solidão que no passado; outros argumentam que ela é apenas uma impressão. É porém evidente que as conseqilências flsicas e emotivas do isolamento representam perigos maiores d.o que se supunha. ?ois a solidão persistente e severa pode levar ao alcoolismo, ao uso de drogas, ou . mesmo ao suicídio. E até transformar a pessoa num vândalo, assassino ou terrorista. As pessoas mais solitárias não são necessariamente aquelas que o público julga q ue o sejam. Os adolescentes parecem ser mais atacados pela solidão que as pessoas de mais idade. O sucesso profissional não constitui um amparo contra ela, especialmente entre as mulheres. E isso não se deve ao fato de que as pessoas estejam fisican1ente mais isoladas. Pois o contrário é que se verifica. As comunicações eletrônicas, a era do transporte a jato tomaram os contactos mais fáceis do que nunca. Existe, entretanto, uma sensação de que as relações humanas apresentam-se algo inadequadas. A causa dessa insatisfação é indefinível. Os especialistas dizem que isso se deve, até certo ponto, a uma formação cultural que coloca sua tônica na autorealização pessoal em prcjulzo do rclàcionamento humano. Ou seja, que a pessoa adquire tanto mais prestigio, quando fica patente que ela venceu por si mesma, sem o auxilio de outras, mesmo que seja da própria familia. Esse "se/fmade mon" que se utilizou apenas dos "selfhelp" livros da lista dos "bestsellers~ ~ um exemplo de como tal expectativa exagerada, criada por versões ideafuadas da vida, difundidas especialmente no cinema e na televisão, leva a enfraquecer sensível.mente os laços fa. miliares, religiosos e sociais.

foram induzidos a achar que deveriam

lho. Porém, isso não os livra da solidão. pois estão sempre a u 111enrn11do us casos de "solitários" enu·e pessoas de ambos os sexos que poderiam ser consideradas como bem sucedidas proíissionalmenle. A rcponagem tc1·mina com urna

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'!1:"lfostando-se cm todos os continentes

,1,1 ...... .,.,....

Comefei~.ocensode 1980mostrou Estados Unidos), 61 ,3% das moças e como, nos tados Unidos, tais laços se 46,5% dos rapazes disseram sentir-se encontram em estado de progressiva solitários. O Dr. Harvcy Greenberg, dissolução. Quase urna quarta parte da especialista cm psiquiatria da adolespopulação }'ive sozinha, <1a qual faz' cência, acredita que a solidão nos joparte um g'iinde número de pessoas de vens provém de "uma ruptura da menos de 40 anos que, por motivos família, do fato de que atualmente diversos, não se casou. existe um grande número de filhos As mulhe~es pertencentes ao meneio- únicos, de pais,'.nais .velho~ e de mães nado grupo são geralmente as primei- que trabalha'!' . A~~umasJovens torras de suas famílias a viverem so1jnhas· nam-se grávidas " fim de ter a se fossem da geração-anterior teria~ criança para_ c':i~ar. co,no proteção sido donas-de-casa. Agora trabalham contra a sobdoo . _ ou estudam. Seguir uma carreira pode O Dr. Grcenber(l c~ns,de~. que os proporcionar a mui.tas mulheres uma adolescentes de hOJC, co,ubc,onados sensação de reali,.ação. Mas também por uma cultun1 sem valores, preocupode custar um preço que, até recente- pan1-se ope'.,as consigo mesmos. Os jomentc, foi pouco considerado. vens 11ecess1wm um mentor. Os profasMuitos dos que vivem sozinhos são sores_costum~vam desempenhar essa divorciados, separados ou viúvos. o funçao . Porem, eles o J_azem ,11en os número crescente de pessoas nessas atualmente, porque estao esgot_~do.~; condições também é causa de preocu- zongad~s, _amargurados e paran01~0~ . pação. A taxa de divórcio nos Estados O espec,ahsta acresce~ta que a sohdao Unidos não é somente a mais elevada nos adolescentes é um importante fator do mundo; ela é também a maior que para o aumento dos suicídios entr~ ~s jamais houve: de cada dois casamentos Jovens, que se elevou em 300% nos ulll· um termina em separação. Uma de ca- mos 25 anos. da cinco crianças vive apenas com um Gregarismo tribalist a; nova dos pais. tendência? O número de pessoas de idade superior a 65 anos é cada vez maior, já Como causa desse aumento da soliatingindo 11,3% da população. Mais dão entre os norte-americanos, quase de um terço desse grupo é constituído todos os especialistas apontam ·a mupor viúvas, muitas vivendo sozinhas dança de mentalidade que foi imposta com pequenos rendimentos. No passa- ao povo neste sécul.o. Habituados até o século passado a do, pessoas com mais de 65 anos viviam geralmente com seus filhos e netos, ou viver em ambiente de família ou de pepróximas a eles. Atualmente isso é ra- quenas comunidades locais - onde ro. . procuravam e encont.ravam um convíAs condições econômicas agravam a vio agradável e acolhedor, além de amsituação. Muitos filhos são obrigados a paro e proteção para vencer as dificulprocurar trabalho cm outros lugares, dades da vida - os norte-amcriçanos

constatação histórica. Nos anos 50. a família ainda representava o ideal como sociedade fechada. sendo substiwida pelo grupo cultural nos a nos 60. Na década de 70. o ideal de cultura passou a ser o indivíduo solitário, homem ou mulher, realizando-se profissionalmente e sendo o melhor amigo de si mesmo. Enquanto na década atual já se observaria uma nova tendência para o relacionamento. ainda . frio na aparência, porém realmente motivado por um ele· sejo'de depender de outras pessoas. Concordamos que, qualitativamente, a evolução possa ter sido assim. porém negamos que ela se tenha verificado apenas de 1950 em diante. Pois bem antes disso. no período entre as duas gueri-as, a mentalidade norte-americana já era caracteri1.adt1 pelo individualismo autoasuficicmc do "self-niade 111011': laico e materialista, afastado dos princípios católicos que devem orientar a vida individual e social. E que, em conseqüência, foi perdendo o gosto pela autêntica vida familiar. O malogro do individualismo egocêntrico e o desejo de libertar-se da solidão podem estar gerando uma necessidade de estreitar novamente os laços do convívio social. Porém, se esse retorno não se realizar concomitantemente com a volta aos princípios da moral êatólica, não haverá mais vida familiar autêntica e sadia, mas apenas um gregarismo neopagão. manifestado principalmente em grupos comunitários de nossos dias. com características hippies ou triba.is, onde reina a mais completa promiscuidade, permissiva e igualitá1ia. t para essa deformidade espantosa que. lamentavelmente, parece estar rumando, hoje em dia. o desejo natural que sente o homem de viverem sociedade.

Julio de Albuquerque

CATOLICISMO -

Novembro de 1982


1

''Revolução e Contra-Revolução'', nova edição em português m fins de ou1ubro úllimo foi lançada nova edição brasileira da obra doutrinária b{1sica das TFPs e sociedades afins cm lodo o mundo: "Revolução e Co111raRevol11cão" de au1oria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Prcsidcnlc do CN d>i Tf'P brasileira. "Ca1olicismo" scnlc-sc honrado por ler sido o órg.io que publicou pela primeira vci~ no Brasil, esse ensaio 1ranscendcn1al. em sua edição de abril de 1959 (n!' 100). E 1ambém estampou com prio1id:1dc a Parte 111 da mesma obra. na edição de janeiro de 1977 (n.• 3 13). Além de uma segunda liragem do livro impresso por nosso jornal,"Revol11rão ,, Contra- Revolução" foi publica-

E

da pela "Boa Imprensa Ltda.", Campos . RJ, cm 195J). No ex1erior, a obra a lcançou cinco edições em· cas1elhano: duas na Espanha, duas no Chile e uma na Argentina. Na Itália foram lançadas 1rês · edições. Nos Esrndos Unidos houve duas edi· ções e uma no Canad,\ franci;s. A reccnle edição brasileira foi lançada pelo "Diári\) das Leis L1da.", São Paulo. Julgamos oportuno transcrever abaixo a introduç-;io dessa edição de· Revolução e Con1ra-Uevoluç<7o", a qual apresenta de modo mui10 bem condensado. o relevante perfil biográfico do autor, cujo renome):\ alcançou os cinco conti-

t

Na Espanha, a Sociedade Cultural Cova~

donga-TFP, dlnAmlca entidade afim da• vá-

ncmcs.

rias TFPs, efetuou em diversas <:Idades do

pais ampla campanha de difusão de 150 mil volantes da carta-aberta ao Partido Soclallsla Openlrlo Espanhol (PSOE), publicada no

PÚNN> CORRtA DE OUVERA um homem cujo pensamentp e ação se projetam em todo o mundo contemporâneo A História. mais ainda. o próprio

Deus julga os homens não só pelo que fazem, mas também, e sobrcwdo pelo que pensam, pelo que querem e pelo que s;;l o ao longo da vida. Vencendo ou sofrendo revezes: voltando f1 carga ou

recuando. mas sabendo. cm qualquer caso. manter alto o estandarte de suas

convicções. proclamando-as sempre com galha rdia . e servindo-as com coerência e com ttbncgação inqucbranti1vc1. Ou, quando seguem a via oposta,

dcfcccionand o vilmente nas obscuras sendas do comodismo. da ambição, da traição. ou da apostasia. E se unl varão levou tt bon, termo uma mê1gnifica epopéia. é porque antes de tudo ele

se cmpcnh<>u cm pensar e

querer retamente. E por isto chegou a ser aquilo para que a Providéncí:, Divina o destinou desde seus primeiros dias. fiel às convicções que seu espírito acalente e que o convida m a lhes consagrar a c:<istênch1 intcir.t. Sim. não se trata de pensar e. 4ucrc.:r. ser e agir reta mente tão só cm certos episódios da vida. mas de ser duravelmentc idéntico a si m4..'smo ao longo <la vida intcirn. reafirmando a todo momento a adesão a seus ideais primcvos. e procurando lornar a todos pal'tíciix--s da ::1lcgri:1 e do~ méritos dc.-ssa fidelida-

de!

/\ luminosa Mensagem sob1'c o socialismo autogestionário cuja sólida. documentada e bem cs1ru1 ur:1d:i doutrina não teve ftté o momento advcr.wí.rio que a rcíutassc é o mais novo norão. cheio de seiva e de cor. o <1ual desponta ,io cabo de mais de meio século de luta aguerrida que condu, essa figun, ímrar que é Plínio Corrêa de Oliveira. Segundo palavras de seu próprio pu· nho (•), desde qua ndo ainda muito jovem, considerou enlcvado as ruínas da Cl'istandade. a elas entregou seu coração; vollou ;1:,; costas ao seu futuro. e íci daquele passado carl'cgado de bênçãos

o seu Porvir...

É a tl"'.ijc1ória. assinalada pelas cores viva.s de numerosas balalhas. dessa vi-

da de co,uinua fidelidade aos princirios perenes e vitoriosos da civilização cristã

- vitoriosos porque Deus l riunfo sempre - que ven'I traçada a seguir.

4

Numerosos homc11s 1iúblicos, ou lideres no 1crreno da inicialiva privada. como empresários, cientistas. 'literatos. artistas, polílicos. se sentem honrados quando seus admimdores os qualificam de prof.:rns e apóslolos das 1ransformaçõcs pelas quais o mundo vai passando. Ou seja, da imensa revolução 1aicista e igualitária que vai convulsio-

Nasceu ele em São Paulo, a 13 de dezembro de 1908. Sua grande rcalii.aç.'ío é a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradiç,io, Familia e Propriedade TFP - resultado dacto de uma vida inteira de a1ividade como escri1o r, professor universitcírio, jornalista e orador. E também como homem de ação. como lidcr. Plínio CorrC;1 de Oliveira inicio u suas atividades de catôlico militante cm 1928. aos 20 anos de idade. quando era :1luno da Faculdade de Direito de São Paulo. A TFP, cn1rc1an10, não foi fundad:1 senão cm 1960, depois de um longo e cuidadoso processo de pl'eparn-

ção, desenvolvido ao longo desses anos. A partir dessa funda~·ão. ele vem projetando seus idcr1is suc.-~si~1mcntc cm toda a Amé,·ica do Sul. na Europa. nos Estados Unidos e no Canad,\. A partir de 1977. as TFl's lêm um escritório de represc,nrnção cm Roma. o l!Oidu Tnuli:ionc. /~1111iglia. /"ropl'ic ui. 1

e desde o ano passado'na capital

nortt-

nmcricana, o Tradilio11. Famifr. Pro-

Washi11g1011 Ourem,. bc1)"1 como cm Jolmnnc-sburg o 7i·tuli1iv11. Fun1i~,·. JJt'rt,1·

f>rof)l'rt,l' Brifl'tU1 JVr So111lr,)rn A.fi'ica. Recentemente .-tCêlbtun de ser instalÍ'tdos escritórios de rcprcscnta<;~1o rnmbCm cm Lima no Peru. cm Londres na Inglaterra e c1n Siclnd na Austr.ilia. l)j .. versas atividades das TFPs tiveram repercussões surpreendemes a1r.is da cor-

1ina de fcr!'o. De acordo com o miw - freqticmcmcntc aceito como inquestionável - a revolução igu:ilitária encontra campo mais fé11il nos novos países sem tradições. do que naqueles cm que a tradição ai nda imprcg.na possantemcnte as leis. as instituições e os costumes. Em OUlras palavras. as Américas seriam.

teoricamente campo mais fértil p\H'a a Revolução do que a Europa. A propagação das TFPs aba lou esse cliché. Formada inicialmcmc cm São Paulo, a "Nova York Brasi leira", a TFP foi const ituída por um grupo diversificado de .homens de meia idade e de jovens. Vários deles provinham de familias de classe dirigcnlc rural ou da alta burguesia industrial. Sua proclamação cristã. anti-socialism e anticomunista íoi se expctndindo. sendo recebida com entusiasmo por jovens

pleno cenlro de Madrid.

'NiPARA110N

revolução igualitária, laicista e avassa-

ladora. ,que surge a figura de Plínio Corrêa de Oliveira, pensador e homem público brasileiro, que desenvolveu e pregou idéias diamctrahncntc opostas àS tendências dorninantes nos dias que COrl'Cn'I.

( • ) Cír. .. Ml'iO séculó ,f~ l'JJOpéio omi· conuuiisra", Edi1or;i Vera Cruz. São P.aulo. 1980, 472 pp.

Novembro de 1982

cstudan1es, por funcion{,rios da administração pública, da indústria e do comércio} em sua maioria filhos e netos de trabalhadores manuais imigrantes, de todas as procedências. E as TFPs contam hoje com núcleos !linâ micos e dedicados de operários. Assim. espalhando-se de inicio através do chamado mirndo sllbdescnvolvido. novo e pobre cm recursos, o movimento cm favor da Tradição. Família e

O cfei10 acumulado de todos esses fa10,·cs resultou em outra explosão, a Revolução Francesa de 1789. Esta segunda revolução consis1iu essencialmente cm proclamar a trilogia "iguttldade. liberdade efraternidade", prepa-

ca de São Paulo (AlJC), uma primciri, vcr~lo do <1uc seria muito mais tarde a TFP. Deixando os bnncos univcrsilários. iniciou ele sua carreira profissional e pública. ao mesmo tempo 411c se projetava como o mais destacado líder dê1

rando e impondo a partir daí transformações na estrutura hierárquica do

juventude católica de São Paulo. cm cujo movimento começou a participar

Propriedade nlcançou paradoxalmente

O igua litarismo, e seu corolário, o

a super-indust,fal América do No,1c. bem como a Europa milenar tradiciona l.

Os ideais da Tf'P bmsilcim - que s.:'io os mesmos das dcrnais TFPs c.!stão consubstanciados no presente livro. pubhcado por Plínio Corr1:a de Oliveira cm 1959. pouco alllé-S da fundação da Sociedade. Este livro mostrn que detcnninad:t:i; forç~ts e correntes ideológicas convergiram. ,.1 partir do século XV. para climin:tr a nota <.:ristã d:.1 cultura e da civilinu;ãc.l ocidentais, destruir :1 lgrcj:1Católica e :1ssim vnrrcr da face da terra os fruws çla Redenção de

Nosso Senhor Jesus Cristo. Funda· menta lmente, essas forças ,panipulam as paixões desregradas do tromcm. cm especial o orgulho e a sensualidade. e usam o soíisrna. a urdidura 'política e a pressão econômica a fim de realizar s ua tarefa destruidora. A primeira gr:u1dc e por assim dizer coletiva cxplosfio dessas paixões ocorreu no século XVI com o Humanismo e a Renascença nocampocultur-ttleartist ico. e com a Reforma Protestante, no

campo religioso. A ação do orgulho como força rcvolucion:'!ri;i provocou no campo religioso a rejeição da s uprema autoridade do Papé1 como monarca d;, lgrcj,:,. e a dos Bispos c<lmo hierarcas desta . Em alguns lugares. ela chegou à negação do sacerdócio. No movimento humanista da Rcnasccn~,. a admiraÇtio fanática pela arte grega e romana serviu como prctcsto para imrodu1jr o naturnlismo e o hedonismo na cultura.

bem como nos costumes públicos e privados da Europa c!'islã.

"'RevoluÇão e Contra·Revolução" é o llvro béslco, cujos principio$ doutrlnérlos Inspiraram a fonnação de en1idedes autônomas e co-frmãs em vários paises americanos e europeus. Na foto. a pujante TFP norte-americana reallu. uma manifestaç.ão de desagravo a Nos.se Senhora na 1: Avenida, em Nova York. Uma organização pró-aborto publlcara um folheto blasfemo contra a Virgem Santisslma.

no contexto dessa omniprescn1c

CATOLICISMO -

foto, a bancada pauUsta nessa Constituinte.

cm Portugal. Espanlm. Frnnça. ltfüia e

nando toda a tcn-a.

!:

Pllnlo Corrêa de Ollvelra (sexto de pé, da direita para a esquerda) tolo deputado mais jovem e o mais votado em todo o Pais, nas eleições pa·ra a AS.$embléla Conatllulnto de 1934. Na

diário madrllcnho ABC, seis dias antes das Ultimas olclções gerais. realizadas em outu• bro p.p.. naquela nação Ibérica. Na foto, J<>vens sócios e cooperadores de Covadonga abordam o público na Puerta dei Sol, em

Es1ado e da sociedade arn\logasàquclas provocadas pelo protestantismo na cs1ru1um da Igreja. liberalismo. que a Rcv<>lução Francesa espa lhara pelo mundo, não tardaram cm atingir a llnic:a esfera de ordem cristã que havia ficado mais ou menos intacta, o campo econômico. Os germes do socialismo utópico. jii presentes na

Revolução Frn necsa. ao longo dos séculos XIX e XX se difundiram pela Europa e depois pelo mundo. Em mc:1-

dos do século XIX. tais germes produzin,m o socia lismo científico. ou comu· nismo. Em a terceira revolução. Esta revolução, materialista, atéia. completamcutc igualiuí.ria. está nestes dias alc~1nçando o seu zênite. pois j~l se vai desdobrando numa quana ,·evolução. a partir da proclamação da liberdade de todos instintos. A rebelião da Sol'bo-

cm 1928. Aos 24 anos de idade. foi elci10 para a Assembléia Federal Consti111i n1c. cm 1933. pela Liga Eleitornl Católica. sendo o depu1ado mais jovem e ao mesmo tempo o c1uc recebeu maior número de

vo1os cm 1odo o Pais. Pouco depois assumiu a c.cí.tedra ele História da Civilização do Colégio Univcrsi1ário da Faculdade de Di,-cito da Universidade de São Pa\1lo c. mais tarde. 1ornou-sc pl'ofcssor catcdrá1ico de História Moderna e Contemporânea na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo. Foi o primeiro Presidente da .!urna Arquidiocesa na da Ação Católic.1 do Estado de São Paulo. Católico convic10 e milit,111te, como orador e conícrencista. jornalL~ta e escri tor. esteve sempre ;:lo serviço das grandes causas que interessam;, Igreja nc. cm 1968. íoi a aw1,11-f}remiért> ulu· ou à civili1;1çào cristã. De 1935 a 1947. di,-igiu o jornal "Lclante, e quão caractcristica. dessa 4uargionúrio". órgão oficioso da Arquidiota revolução. cese de São Paulo. Em "Ri'voluçã" e Cn,11 rll• R,•v() /11Em 1951. o então Bispo de Campos. ('ãO ·: Plínio Corrêa de Olivcim coloca D. Amonio de Cas1ro Maycr, fundou o ênfase em que a grande revolução glo· mensfuio de cultura .. Catolicismo" bal. de cuja fosc suprema ~ta mos sen- principa l p,ublicação brasileira antiprodo testemunhas. não é só um fenômeno gressista e antiesquerdista cm cttjo político ou·sociológico mas. ainda mais co!'po redatorial Plínio Correa de Oliprofundamente. uma tra nsformação ,,,:ira ocupou desde o inicio lugar de de indolc moral e religiosa. que irradia destaque. seus efeitos em todos os aspec1os da É colabol"'ddor da "Folha de S. Paupersonalidade do homem. A panir des- lo". o quotidiano de maior circulação te, o gerrne revolucionário se introduz no Estado de São Paulo e um dos de na Igreja e no Estado. nos cos1umcs m:1ior circulação no Brasil. e também sociais. na arte. na cuhura. na ordem da "Úllima Hora", conceituado di{,rio política eeconômica da vida contempo- d o Rio de .l:meiro. Em seus ar1igos, que rânea. rcpc!'cutcm no1avclmc111e cm todo o Em face do dragão ,-evolucionário. a Pais, analisa Plínio Corrêa de Oliveira Contra-Revo lução - como i>linio 1cmas poli1icos. sociológicos e religioCorrêa de Oliveira a concebe - é mui- sos de atualidade. Esses artigos são to mais do que um livro: é um ideal que transcritos cm v;írios órgãos da imprcn· convida o homem moderno a rejeitar sa brasileira e de outros países da Améimciramcntc todos os aspcclOs da revo- rica e da Europa. lução laicista e igualiti1rla. e a restaurar em suas bases. ao mesmo tcrnpo perenes e atualir.adas, ,1 ordem cspiri1ual e a Além de" Revolução e Co111rll- R<-1'1>· ordem lemporal cristãs. luriio ". Plínio Cor rêa de Olivciril é 'Cada TFP propugna. na rcspecti"a Pálria. esse ideal conlra-rcvolucioná- autor de numcros,1s obras. várias delas trndu1.idas para outros idiomas. e cujo rio. substancioso conteúdo ··catolicis1110" j::'1 comentou cm números ;·1ntcriorcs.

4

Enquanto intelectua l. Plinio Corrêa

Plínio Corrê.1 de Oliveira descende de estirpes tradicionais dos Es1ados de Pernambuco - onde procedia seu pai. o advogado João Paulo Con'êa de Oliveira - e de São P.i ulo~ o mais diná~ mico Estad o brasileiro, de onde era sua boníssima mãe, L.ucilia Ribeiro dos Santos. Fez seus estud os secundários no Colégio São Luiz, dos Padres Jcsuí1as de São Paulo, e se formou na renomada Faculdade de Direito da mesma

Sua personalidade se projeta cm todo o Br.isil. e fo,-a dele. como a de um homem de pensamento e de açiiodos mais notáveis cm noss:1 época de rc,ili1;1çõcs e de crises. de ap!'ccnsõcs. de catástrofes, mas tambémdc esplêndidasafirrnaçõcs da consciência cristã , bem como

cidade.

de CS(>Cranças sempre ,nais acc.~s de

Desde cedo seu imcrcssc foi despertado pela análise ·filosóíica, religiosa e prática da crise contemporânea, da gênese e das conseqüências desta. Foi o fundador da Ação Unive,·si1ária Católi-

que a vitória linal do espírito e dos princípios de "Revolur,io ,, Co111r(I-

de Oli vcira ocu1~1 lug,tr de incgá,-el dcslaque no panorama brasileiro. Na qua~ !idade de homem de ação. é o lidcr anticomunista mais dimi rnieo do Pais.

Rt~vol11('lio "não tarda para aqueles que

da Fé se r.zcram lutadorcsentusiasmados!

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TouT COM M E T Oi, •

A ROSA MURCHA

.J'A I SOUHAITE LE

CHANGEMENT

DE MITTERRAND bem não poder cumprir. O governo Mitterrancl não íoi exceção. O aumenlo d<>s salúrios. a red ução das horns de trabalho. a mclhori,1 de ulguns pagamentos da Previdência Social. a indcni7..ação das cmpn::.·ms nncionalizat.las. constituiam um conju1110 de resoluções que. quando estivessem esgotadas -as l'Cscrvas de lfUC dispunha o governo. gera ria inílação. diminuiC<iO do ritmo da produ<;<io. ampliação do pttupcrismo. No início. o povo não sentiu a mordida. As medidas nind.:i não haviam pro· d llZido, cm csca la considerável. su;,s scqOch1s. Quando a inílação começou ~, subi r. o público inquietou-se. Na Europa. mio se olha a inílação com noss.i bonomia despreocupada de que "no fim se d."1 um jeito". Rapidamente. a perda do poder aqui~itivo irrita. O l'ra ncês inquietou-se. observou ansioso o Ju. 1\11'0. D•ii ;1 culpclr o governo foi um passo. Miuerrand havia g,rnho ;·1~ eleições. rromctcndo melhorar~, situm,:f10 das classc..-s modcs1as. E a piorei ,1a. O socialismo. l'ruto da utopia igualii;.'1ri,1. produ1.iu t.tmbém n.1 França sua constante. existente nos lugarc.:s onde é ~w tcnticamcntc aplicado: o crnpohrccimento.

• • • C'EST FAÍT

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A desilusão

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Mui1os franceses sentem-se enganados. Forn m atnís de mni1 <1uimera . iludidos pela:,: 1~·11li:1s dos ladino~ r,ropag;111dist:is do PSI'. /\ reulidade lhes cstraç;1lhou os sonhos. A mir.igétn aca-

A

ASSIM COMO VOCE, EU DESEJEI A MUDANÇA .. ·

M

ittcrrnnd subiu ao poder nimbado de popularidade. As 1ubas.da prorlaganda o ;.l prc-

scnrnvam corno líder generoso. c.aris--

m:itico. portador de no1•a fórmula apta a fascinar o mundo atribulado e desespcr:,nçado. Em que consisti~ o fascínio de tal rcttit~t'! N,1q11ilo que muitas vC·

1.c-s. cm 111::1térias como css.1. é seu componente mais dinftn,ico: sensação e <1S· piraçõcs indcíinida:-:.. nas t1uais h:j um núcleo. a esperança otimista de um fu . turo róseo. d,-spreoeupado. Tal porvir. a proposta do Chefe de l:é~tado francês atrairia ao mundo por uma sorte de

prodígio. LI 111 regi me súcio-cconômico diferente do burocr;.1 lisrno enregelado e policialcsco do l .cstc. distante do capit;tlismo. considerado pelos socia1istas como explor~1dor e desumano. A nova siluação teria virtualidades de cn(·aminhar os espíritos a um dcsarmarnento psicológico generali,.ado. ,Hne-sala de urna p;lz mundi:i l .segura. Seria. enfim. o soci.:ilismo de .. face hmnana'". o pu· nho fochado. expressão da rev<,ha. que não ma is segura o fuzil. n,as a rosa. Dezoito meses depois da posse. o desastre socialista. As pesquisas indicam acentuada e crescente baixa na popularidade do Presidente e de seus ministros. O mago está tmnsformado num administrador - e dos incompetcí11es. /\ íórmula de Mittcrrand - o socialismo au1ogcs1ion;\rio - dependia. para sua propaganda mundial, cm larga proporção. do sucesso, mais propagandistico que real. da experiência em casa. Que · fatores terão contribuído para torná-la de dificil trânsito?

A Mensagem das 13 TFPs Redigido pelo Pror. Plinio Corrêa dc Oliveirn. esse documento histó rico foi divulgado cm todo o Ocidente. Mais de 35 milhões de exemplares. impressos nos mais prestigiosos meios de informação do mundo livre. As formulas políticas velhacas vivem da indefinição. A lógica as exorciza. Os setores intelectualizados da opinião pública do Ocidente n,'ío conheciam a radicalidade do programa de Miuerrand, seu gradualismo cuidadosamente estudado. suas habilidades cm evitar choques com as fibras conservadoras. especialmente as católicas. do eleitorado francês. Os estmtcgistas do PSF adotaram a tática cl{,ssica dos socialistas: duas litc· ratums. Na primeira, os intelectuais escrevem especialmente para militantes 4

... ELA ESTÁ FEÍTA

bou. O mau humor t..:ll\'Clli.:na<lo de quem st: sc111c iludido h..·ncle a contagiai' os cin.:unvi 1i11ho~. J\ parte <lo pllhlic,, volou can Mith:rr:1nd. 11:in roi·,impatia ern rcla(;;io :10 :-.t><.·i:11i;nh), m:i:i. por acréditar na lik11Hl'o pia "g.enc1·0~,··

.,

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--------·-·--------

ávidos de conhecei' as metas e métodos da organi,.ação. Naltlralmcruc. quem tiver espírito inquiridor facilmente ohtcr:í esse tipo de publicação. Mas pCS· soas de t;:il g,êncro constituem parecia ínfima do eleitorado e suas vo1.cs. quan• do tcnwm falar. n~o :u ingcm comumcntc o gr,1nck público. P;,rcccria cxis· 1ir um acordo t::ícito entre aqueles que comandam tais puhlic.:1çõcs res tritas e boa parte dos t,rg5os de informa~·ão. O que nelas é impresso nfio repercute habituahncntc na g.r.rndc io1pri:nsa. Somente <1u,111do <>S politicos do pa11ido :,s adaptam - estava tentado a escrever camuOam - ao gosto popular do momcmo. frtzcl'n o " market inJ:," da

doutrina. é que e ntão esta é alê1rdcada f>elas trombetas da grnndc difusfio. Um dos méritos da Mensagem escrita pelo Prof. Plinio Cori'êa de Oliveira foi esse. Denunciou a fraude. Os socialistas nunc~t esconderam a radicalidade de suas metas. Mas o tom da propaganda c,-a baixo, dirigido a públicos pequenos e adrede escolhidos. Ostentada para o grande público a meta comunista do socialismo franct-s. estava rompido o quebranto, a suposição idiota de que o socialismo seria uma barreira a o avanço do comunismo. A opinião pública católica conhecia cm linh,,sgcrais. de mancirn vag_a, as rombudas proposições do PS contrá rias e", doutrina da Igreja. Seria contra-producente alardc.í-las durante uma campanha eleitoral. O silêncio pcrplcxitante do Episcopado da França permitiu o êxito da manobra manhosa.

Com a diíusão mundial do referido documento. não era mais possível páS· sarem silêncio as mc1:1schocantcs. P:1rtc do pôblico colocou-se contra a expctiência socialista e outrn parte. talvez maior, começou a rcOctirsobrcas reservas que passava a ter cm relação ao socialismo autoges1ionârio . embora não as manifostasse publicamente. /\ dúvida-paralisante nascera. Tais blocos já 11'10 mais acompanhariam a propaganda. fariam peso no comboio que deveria seguir os acenos de Mittcrra nd. A aura do prestigio inte,·nacional do socialismo au togcs1ionário minguava. Na França, além da repercussão vinda do Exterior, houvc,um ··nwss m11ili11g " de 300 mil exemplares. pois os jornais temeram publicar o documento, prova-

do

vcl mcnte por receio das rc1)rcs,Hias soci~llist~1s. A liberdade de imprensa. um dos 11orôcs m;1is al;1 rdcados do sociali~mo dcmoc1·;°11ico. saiu arm nlwda 11ti episódio. Nesse clim~'t. algun:s ou1ros fown:s som,1rnmrse e. cm conjunto. deram ól'i· gcm ao rnurch;unento cio prestígio socialista na França.

O desgaste natural do governo É comum os governos ascenderem ao poder num c1ima de euforia. sustcn..

tados por pro1ncssas eleitorais <1uc sa-

atu~1I

ocup:11uc do Eliscu. cli~l:.i nciou-sc dele cm lc\':t~ suo;:,.~iva;\. /\ base do go,crno 1c11dc :1 sc 1·ct.huir aos apoios de r..,i, idc,>lôgico. aos adeptos ou simp~1ti1~111tcs. cm wírios graus. d.i cosmovisfio socialista. E eles consti· 1ucm m1nona. llm cxcmpltl do dcsconlêntamcmo de clcito1'\:.s comuns. n5o ideológicos. foi a passeata rcali,,ada por alguns milhares de executivos m;sal:1riados de • • e, comcrc1:11s • • p..:1as empresas 'rncl ustrnus ruas cio ccmro <lc Pal'is. cm mc~u.los deste. mês. :1 lim protestar contr~• a política social <lo governo. Tal categoria prolís:sion:1I <lilicilmcntc sai :'1s ni,,s p(1ª r.1 fo1c1· proh..--s1os . Mas <lesta vc~.. de

Os 1rês des.enhos que figuram nesta p~gtna começaram a ser largamente distrlbuldos na

França, mes.es atrás.

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les F rancais le 10 mai 1981

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No fracasso, o aproveitamento minucioso das ocasiões O.s socialistas cspé111h()is dis1ancia· r:11n-sc. durante ~ rc<.:cnte campanha clciton:ll. de seus congêncrt.·s franccsts. Temiam que o frnc..isso além t.los Pirineus respingasse .14 uém ç lhes cstmgusst as possibilidi1<lC$ de vi1úria, Nfio impediu que logo proclamad~,s. os prin1citos resultados. os sm.:1ahstas franc.:..:scs. cm coro. acorressem sôfregos a cclchrar a vitúrh, soci;.1lista na Esp:-1nha. No e1)i:--údio. h;i dois lados a con:-.idi::l'al'. O pri meiro é : 1 n.,turnl alegri;1 que :,,,.,; sc111c q1111ndo ah) Ext..:l'lor vcrif'ic,1-:,:c ~, cxpans:.io da doutrina esposada. Em scc.uodo luc.ar. a alu.azai'l'a fcsliva serve. n,; c<:1so. rx.lra -.,balirem ca~, :., atoarda dos desco111c1lh:s. Tanto mai:i. que na~ clci<;ôcs da E.spanha. o contentamento dos socialistas é :tl.!l'Ídm:c. O..; l'("Sulwdo~ revclara 1n nolüvc""1 polari,~1çâo do rttblico. Os partidos du centro fora nl ,·.ir· ridos do JK11tor;una poli1icn. pon1uc .. ," cspa nhbis jü nfto o~ co11sidcr:1r:1m h;1rrciras v:ilic..las co1n1-:1 o av:1111,'. o <l n PSOE. /\ direita mais que decu plicou seus representa mcs nas Cones. O aviso é inct..1uivoco. Um bloco imenso do povo espanhol cs,~t desejoso dccné rg,ica oposição ;:1n1i-socialistt1.

Observando o horizonte Mittcrr:1nd sb é líder voltado par:1 o fuw ro. na 111edich1cm que inspire cspc1·anç;1~ ditu.:-.as ele :-.cr pol'tador de uma solução !\Cdu101a . Para m:.mter os atr:1livos de su:1 proposta. ele joga t'Olll a indcfinic;:io. as fon n ulac.:õc~, ,agas. :1~ alitm:1~c)cs (asc.:i n:1 lll c:i dt.·sacc,111 p:111h:1·

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acor(),, cc,m sclLs princip:,is dirigentes. :1 paciência se esgotou... O falto C que ~li ucrra nd scmc, hú alguns meses. os cJCi1os t.la \'ir.ida. l·oi vaiado nu dcslilc tfc 14 de j ulho. ao longo de todo o percurso. O., 11í11ncros das pc.-i:1..1uis;.1s dt opini;lo pllblit:;1 num ritmo conswntc rcgi!,tram s ua pcrd;1de popularidade. Para um politico cxpcl'icnte como d ea t1..:udê11cia par.i o ckcli· nio conla m:,is ~uc o número de 1·c pro· vação. 11 indício prcs.sago. O in:,.linto i ndic:11·-lhe-:i . com ccne1.a. mc:,:es ~1 mar· gos pela freme. pois de es1;"1entre d<>is fogos. A-:. ha~cs rnilitantcs do p"rticlo t.1uc o elegeu. dt.·scjo:-.o~ de uma aplic;, .. ção cl:,1 plataforma eleitoral. cohr:111doa . Na oulra barric.ada. o grosso <lo pllblic1.). Na medida que Mi 11crr:111d contenta os m..:mbros do partido. pcr<l~ c1poios nas ca rnadas 1najoritii rias. Se and:-tr. no sentido do progr,1ma socialis· ta. m•eda o conjun10. St nii o ;indar. azcdi1 seus companheiros cJc c..-arn inho.

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das de pr..w;1s. Quando o li:rn:1c do r~1ciocinio lúcido a nalisa ~u progl'aUl;1. o cnc~snto dcsaparcc..-c. A exposic_:o:lo da;\ 1net.1:- comu11i~tas pr,1du1 o rctraimc11to do públi..:o. A tvknsaJ!Clll das 13 TFPs e :1 t1tuul rcllc:•dio menta <lo púhlico fra ne<:s !\Obre os efeitos do sociali;\1110 o cstfül rcdu1indo 11:1 l·1·anç;1 aoq111..· mai'\ le me: o mingua111cnto d:1 mi-..,;lo. como t.;u<: mc.ssi:"snica. qul" ,.c conk 1·iu e o julgamento de :-.u:1s a1ividadcs en· quanto :.1dmi11istrndc1rda c,n~, pirhlic,J. Nesse úhimo campo. o olhal' rcalist,1 p,crcchc o nmlo,g.ro, () Pre:i.itknte rran· cês cst:'t p..:l'<kndo a aur.1 de líder t..·ari:,,. ,mítiCl\ e é a, ;1lk1ôo (lCl:t c:,pat.:idade ck solrn::ion:1r .is 411cstc'h.~,. do d1a-a-di;1 . J\ cohrança. com o tçmpo. nat11r:1l111entc <.: IX'.S.CCl'{I. :\"o co1tiunto. tu<I,) i:i.so <1poucou a rcss,m:i 11ci:1 i11tl l'nacio11;1I do lide!' fra11cé~. qué cessou de ser poderoso aglutinador de a~pir,u,:t"ks u1ópicas esr,arsas no mundo intf.!iro. A esperança de. com b;:1sc cm su;1 ação. difundir mundialmente novo modelo político supost:t .si ntcse genial da dcrll<.)Cntcia e do comunismo soçobrou. Postas as coistts como estão. frac;1ssou a rniss..i o qut..: a!- forças dir~ti,:as do ~oci,1lismo pretenderam atnbmr a Mntcrrar1<J. 0

Péricles Capanema CATOLICISMO -

Novembro de 1982


il

MANIPUL

IONÁRIO

E

o utras~ passaram a utilizar-se de seus serviços. A assistência psicológica fornccida por firmas de consultoria administrativa crcs:ccu rapidamente. Utilizando-se de critérios e métodos empregados cm dinãmica de grupo. sociodrama e psicoterapia de grupo, tais "especia listas" propunham-se a tcsar psicologicamente todo o pessoal da empresa - principalmente os maisquaJifi. cados - e estabelecer uma classificação. niio segundo a competência profissional de e.ada um . mas segundo a capacidade de adaptação para ser um eficiente "homem de equipe". Ou seja. um funcionürio seria tanto melhor quanto mais radicalmente se despojasse de· seu individualismo e adquirisse uma mentalidade coletivista. E tal critério íoi sendo progressivamente adotado. não só par-a a admissiio de funcion(,rios. como para a promoção a c:.trgos de maior responsabilidade. A competência profissional passou para segundo plano.

m sua luminosa e j,í célebre Men-

sagem "O sociali.~1nh m11ogl!stit111ârio: em visu, do co1J11111is1no. barreira ou cabe('a-de-po111e? "(Cír."01· tolicismo" nf 373-374. JAN .-FEV. / 1982). o Prof. Plínio Corrêa de Oli"cira salicnt..t a ncc<:.s:sidade ( !UC o Parti<lo Socialista Frnncês sente de proccdc1· a uma completa tn1nsformação do ho-

mem. p.:,ra que este aceite. Sem maiores rcsist~ncias. esse tipo de socialismo c1uc Mittcrrand quc1· impor i, F l'ança e cliíundir pelo mundo.

De tal maneira o referido regime vai <.:Ontra as uspiruçõcs mais profund:,s e naturais do horncm. que ele ruio seria aceito se cs1c mesmo homem não rc·

nunciar a cercos critérios de ordem nallll'al <1uc até ngorn oricnrnmm sua con·

<luta na vida particular. familiar e ::-ocic1I. no trabalho e no lazer. Ou seja. o homem não deve ter mais aquela mentalidade indil'idu11/isu1 de querer trabalhar para si, obtc1· lucros com o fruto de seu trabalho. ganhar n1;-lis que os outros. dcs1ac~u..sc na vida profissional. etc. /\gora. o principal objetivo de seu esforço deve ser o bem da colêtivida<lc 4uc. c m termos mais próximos e concretos. se constitui geral .. mente na empresa cm que o individ uo trahalha . A empresa deve ser o objeto principal das preocupações e a grande hcncfici,í ria dos c..,;;forços de ~u~ f uneiont1 rios. Ern seu proveito deve ele sacrific.:1r su;1s ambiç<)cs pessoais e atê nlcsmo MI.! vida fa mili;1r, O próprio l(tzcr. tão vinculado 11:1 maioria das vc~es ao ,1111hicntc íamiliar. também dcixaní de ser ele livre escolha do indivíduo e será oferecido a ele j,i planejado pela colet i\'idade. ConHl vemos. torna-se necess,irio transformar :1mcnrnlidadc do homem. tirando dele lodo resquício de individualidade e- incutindo nele. com<> apclência exclusiva. o desejo de servir êi coletividade e ser dirigido por ela. Em out rns r>alavrn:-:.. f:-11cr com que ele ~·livremente" queira deixar de SCI' livre e "livremcn1c.. aceite a condição de escravo. Pois, como afirma o Prof. Pli nio Corrêa de Oliveira cm sua Mensagem. " •.. na soc'iedtule m11ugi'... lit11uiria. 11 liherdttde tio i11dfritl1m .wí consi.,·u, no 11:((J da pttlaw·o (! do VOit> tl(JS (J,\',$(>JJ1bléias. Assim. o l·:.suulo é quem dispôe uul,, sohr<~a sodc,ladr m,10.ee.w ionâria. (... ) l:."m swua. t4e se in.wula 11<1 menwdo hu/fríduu. A t>.\'I<' ,w j re.,·w a <·ondiçtlo d,, 11111lnnnto, c11jos sinais de vida prâpria c01t.\'i.,·1,•1n ap,,nas (''" il!fm·owr•se. dit1·

lugar <' vou1r ·:

O longo processo de mudança das me.ntalidades E.'isa transformação das mcn1es não pode ser feita rapid;Hnen1c. Fiel ao principio de ação do PS francês, ela deve. ser r:tdical na meta mas grad uai na

execução. Realmente. n concepção indi"id ualisw segundo a qual o homem ocidental era formado. pelo menos até mead os dcs1c século. não permitiria urna transformação rápida no sentid o de uma mentalidade coletivista sem a cc1oS<1o de resistências que prejudicariam todo o processo. Para ser eficaz. este deveria ser gradu,,I e até imperceptível. de moilo a não sei' con$taiado nem dc--

nunciado. substituindo paulat ina mente

a amig:, n,cnw.lid.tdc individualista por uma nova, coletivista, abc11a parn asocicd;1dc autogcstio11{1ria. Trabalho lemo. a ser rcaliwdo ao longo de muitos anos. de vá,ias décadas. O que. de foto. vem acontecendo desde o fim da segunda gucrrn mun-

dial: mais especificamente nos Estados Unidos. A este respeito. como documcmaçào. é bem ilustrnlivo o livro de Vancc Packard intitulado ..The Hidde11 l'ers11/1tl<•1·., .. (Os Persuasorcs Ocultos). Pocket 13ook cdition. maio, 1958, 46'" cd .. outubro 1976. O fato de que o processo de transformação das mentes íoi obscr"ado h{, quase 30 anos no Estados Unidos. enquanto o socialismo autogcs1ioncírio só agora apareceu na França. não invalida o raciocínio de que deve existir um nexo entre ambos. Porque. assim como o "Proje, .. socialista declaro que seu socialismo não é apenas para a França mas deve ser difupdido pelo mundo (Cfr. "Catolicismo" n~ 373-374. cit .. p. CATOLICISMO -

Atingindo a vida familiar Nem mes mo

a privacidade do lar e

ela vida familiar íoi respeita'da pela pe.s -

- A manipulação psicológica tende a padronb;ar os homens, despersonatlzando os, procurando transformá-los em massa humana. 4

40). assim também o processo de transformação das mentalidades observado nos Es1ados Unidos nkio dcvcri,, fÍC4.l r rc,arito àquele país. O enorme poder de inllui::ncia. i1uc a nação nortc..amcricéma :1ind:i exerce cm todo o mundo ocidental é 1n.1is que suficiente p:tra exportar qualquer ahcração importa nte que venha a ocorrer n,1maneira de ver.julg;tr e agir de seu povo. Pelo que ocorreu e ocorre nesses dois pólos de iníluéncia -

Estados Unidos e Fmnça - pode-se perceber o enorme processo de prcpar:,ção dé todo o mu ndo oódcnta l para a accilnção pacííica e rcsignad" do socialismo autogcstiontal'io.

Ação do setor industrial Segundo o livro de Packard . o processo começou. j;\ em fins dos anos 40. Com a iníluência crescente de psicólogos e pesquisadores da opinião pública jun t<? aos mcioi- industriais norte· americanos. lnicfalrncntc apresentavam-se com a finalidade de auxiliar as cmpres,is na venda de seus produtos. Alcga,vam que as pesquisas rcalii~adas para se conhc· ceras prcícrências d.o público eram superficiais. não :uingindo os verdadeiros 1notivos que lcvav-J nl a pessoa a preferir este ou :1quele produto. Por issô, um lançamento baseado cm pesquisa do gênero resultava nluit11.s vezes nu1n incs:· rcrado malogro de venda. O que se devia fozcr. diziam aqueles psicólogos e rcsquisadores. era atingir os verdadeiros motivos de escolha atr,1.vés de uma aproximação cm profundid.idc tdepth {lfJ/ll'Olld1 ') de mente das pcs.11;0~1s visadas por meio de pcrgunrns adequadas. t razcndo ú luz a vcrdadci i..1

causa de stms prcíeréncias. Isso deu o rigem ú chamada "pesquisa motivacio-

na l" ( 1Wotivt11io11lll Resear/'11 • M R). que se basca,-.1 cm princípios segundo os quais o que move o homem c m sua condu1a . cm seus h;_\bitos e suas preferências. não é a logica e a m1...1.o. mas $iln as impressões. os instintos e as emoções.

A moldagem de uma mentalidade coletivista Na verdade. porém. o traba lho desses psicólogos e pesquisadores não visava apenas ensinar aos indust riais a maneir:i mais cfica;. de "cndcr seus produtos através do apelo aos instintos e emoções do público consumidor. Seu objetivo não se restringia a manipular a mente das pessoas de modo a indu,.í-las a adquirir utensílios sem uma ra,.ào lógica para fazê-lo.

Novembro de 1982

S u,, mern ia mais nlé m. ::1inda no ca,npo industrial. Er;.1 a de formar. ou melhor di;,.c ndo. moldar um novo tipo de íuncio1Hí1·io. Desde um trab•1lhador br~1çal ;ttê um gerente cxc.cutivo. ele deveria abdicar d..: uma mentalidade indivic.h1a lis1a e adquirir uurn outni cm 411c os interesses da cm prc~:i. ou seja. da cok1 ivid:1dc. c.s1ivc.:,:.scm hem acima de seus interesses pcssoa i!\ ou fa111ili;-11'Cs. Assim começou a ser moldada a mcnt:.t• !idade d o homem de C<Juipc ( '11,<1111· p/(Jyt•J' ').

No livro de Packard. a pa11irdoc;1pí1ulo intítul:Jd O :,;u,gcstiv:1mente " 1110I~ 1/mulr> ·l,onwns ,Je ,>1111ipe· paro a lfrr<1 <'mpr('sa ·: este trr;.h:i lho dos p:jicôlogos e mm1ipuladorcs é descri to com atumdantes citi,çOCs e exemplos concrc10:-.

Escreve ele: .. A

tc•11clt•11dll oh.tt•r wu/11 1w ,'im'ic•da-

d<> m,wrh'tma p11ra o /w11wm dirigülo por outro - isto é, o Jw11lf>J11 qw) ctultt \'('; 11u1b· p"r1<•1tn' a grupos e IJ'lllw/lw ,,,,, <'(fllifJ<'-" - foi muito he111 arolhida e {>sti11111/ada por um mnplo setor da indú:m·ia dos E\·tados Unido.,·. P(•.;;s,>ns qu<) .i'l' il},!,!111i11nm <'111 Kl'UJ)o.,·. ft>1no qualquN· J:<'ll<'l'OI stth(•. são nwix .fiír(•ú· de orü,uwr. d(• eontrolar. fie cmu/11:ir. A idéia de 'c,q111j1e 'foi um auxílio. ·'"('

não uuw absoluta nP<·e.,·.,·idtule. pnrtt

tJ

tlllmtlo tio., lll•J!,idos. du tralm/1,v e tios altos éscalõt•s tio f.:O\'l!l'IU>. qu<) do1ui1U1ra,u o pmwrama nor1e-m11eri<'m w (•JJt ,neadvs do .'<-éculo. Charl,•s íVilwn1. 11111 ,,.,·pm•11t<' du 111mulo dos negôâos t/W' .,., . 1urno11 Se<ri!1tirio da l)('feso. c•xpri1ni11 t!l11 />(JIIC(tS f}tll(l\ '/'ll,\' li 110\'(I 111(!/lf(I•

/idade 1111mulu al,s:wu de st 11s prind1mis ,\'td>ordi,uulos qut'..,·,,ran, p,·opagar 11s 1;,·âpriu,,· idéias. l:.1e ro.wr1J11: 'Se ü(s:ué111 111io quiser traha/lwr pela t'(JllÍJI(' I' dt1sejar ,,:.1ic<1r .ww t'aheç11 de /Ora pode 1

culocar-s,• ,,111 situll('tio f)t>ri,:osu • ·:

Os próprios indus11·iais não reagiram co1no deveriam a essa tendência ~oc:ia li1.intc. Um deles. \Villi:11n 11. \Vhytc J r.. 101·nou-sc conhecido através de seu livro ··1Ju• Ot,:tmi:mion ,\1an ·: cm que denunciava o apan.---cimemo dessa mcnt:ilidadc colctivist:1. É dele o seguinte depoi mc.: 1110: " Uma colsa curio.,·a <•.wá {W(}lll( (·endo tte.\le ""':". (fll(IS(' Sêm 110.'ô1

.f(.)

,·011lleâ11u•n1,,.

Em uma 1wr,1o unde o i11dividuulism o - i1ulepe11dénâa e t1111oc01!fia11<'ª ~ foi o lenu, d11ra11t" tri'•s slculos. ,·<•m .w•ndo O<'('itu tt idéia de qm• u próprio individuo ,uio lt'JJI signijicado. a tuio S(1 f ( '0 1110 111('/Jlhl'O

t/('

11111 Jtfllf)O •:

/\ mencionada tendência coletivista. segundo Packard . foi d~1 maior importí111cia e intcn.:-..s:jt! p;1n1 todos aqucks empenhados c 111 ma nipular de maneira clicaz. o C<>mportamcnto huma no.

A influência crescente dos psicomanipuladores Assim a iníluência dos psicólogos. manipuladores de opinião pública e dos cl1;.11n(1dos .. engenheiros sociais" foi-~c tornando cada vez mai or nos meios industriais norte-americanos. Grandes e mpresas como a Sta ndard Oil. Scars Rocbuck. lnland S teel, Unio n Carb ide. Genera l Elcctric e

A terapia de grupo (foto) é um dos meios empregados no processo de manlptJlação das

mentes.

quisa dos manipuladores colctivÍ$HIS. Para eles. a vida doméstica do homem deve ser esmiuçada para ver se ela é conforme.os mclho,·es interesses .d a "equipe.. ou da empresa . Neste particular. o conhecimento da esposa de um executivo ou de um candida to a uma função-cha ve assume especial importância. Pois ela pode ter urna pcrsonali.. dade tal <1uc prej udique a completa declic.-,ção de seu marido à empresa onde traba lha ou na qual pretende trabulhar. Assim. <> psicólogo cntrcvisti:'I a cspos~1 do cand idato e. vem.lo que Sua pcrsona.. lidadc entra cm choque com os intercsse.s d;.1 empresa. consegue muiu:is vezes que ela mesma persuada o marido a não accit3r o emprego. Como escreve Packa1·d. "algwnas e1111n·esas tendem 11 ,·0111u umtJ p os.~·;vel rfral 110 tlevouum 11to do lw1ne111 ·: 11carar "

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Segundo a revisw "Fonunc". cirnda por Packard. as principais caracterísli· casq ue :.1s empresas gostariam de ver numa esposa são: 1) ela deve ser altamente adaptável. 2) alta mente greg;iria. 3) compreender que seu marido pertence à corpornção.

Um futuro que já é presente Levando cm consideração essa tendência. não seria difícil prever o c,itério de escolha dos funcionários nos a nos íuturos. Em junho de 1954 H revista "'Changing Times". dedicada principa.1memc aos crnpres.{1rios. previa a qucs· tão par:i 10 anos depois. ou seja. 1964. Ela explicava <1ue as grande empresas. o governo t :.}S gra ndcs associações tcndcrian, a nivelar o povo cm denominad or comum no qual seria mais dificil p.:1ra um homem "sér itulepe1u/(>111e. individualisw. s,·u próprio che./i: ': Uma categoria s u1>erior de cientistas. e ngenheiros e homens de negócios scri.:1m ,reinados segundo um critério muito mais técnico que individualista e sele· cionados pelas qualidades que íariam ddes bons membros de uma equipe. Quase todas as pessoas teriam que se submeter a um exaustivo teste psicológico para determinar sua$ aptidões ncsSt! ~cntido. Packard corncnta que essa previsão de .. Changing Times" não estava tão longe de realiza r-se como a revista Su· punha. Pois jà cm 1956. por ocasião da formatura dos cu J'sos universitários.. o critério domina nte utilizado pelos rccnnadorcs industriais para selecionar funcionários qualificados entre os jovens diplomados. era o da "conformidade dinâmica", Ou seja, ser bom membro da equipe valia mais que ser um profissional competente.

O planejamento do lazer Vemos porta nto corno desde a década de 50 o mundo do trnbalho, pelo menos nos Estados ,U nidos. vem sc.ndo ativamente pre pa rado através dessa "engcnh«ria do consenso" ('The engi-

11

Murillo Galliez 5


MAMERTINUM,

o último cárcere que abrigou São Pedro e São Paulo do Menino Jesus. que ali esteve c m romaria juntamente com seu pai. Monsicur Martin, cm 1887. pouco antes de ingressar no Carmelo. A mesma tabuleta a que me referi acima contém também uma frase cm tom de ~onselho: ··6 tu que passas. venera cm silêncio os ecos tcrriveis ou g.loriosos de 25 séculos de História'".

Perfil impresso na pedra

oi

Foto da e-se.ada que dâ acesso ao cárc-ere Mar melino, que mede aproximadamente cinco metros quadrados. com o teto ligeiramente cm forma de abóboda. Coluna na qual foram acorrentados São Pedro e São Paulo no cárcere Marrnetino, vendo~se na parte Jn1erlor da foto o poço surgido em virtude do.toque de São Pedro.

Paulo Henrique Chaves ROMA - Esta cidade orgulhava-se. cm seus primórdios. de ser tão civili1,ada que sendo os crimes pouco numerosos. bastava. para sl/a repressão, um cárcere de pequenas proporções: o Mamertin um, que remonta ao ano 600 antes de Cristo. Situado no centro de Roma. para visitá-lo basta-me cruzar as ruínas do forum de Trajano, alcançando a Via dei Fori lmperia li através de uma p.1ssarela que circunda a capela da Ordem de Malta . ali incrustrada. Para se apreciar bem o Mamer1i1111111 é questão, apenas. de escolher um horário adequado para não ser prejudicado pelo número excessivo de turistas que, nessa época de férias, aglomeram-se para conhecer

M anipulação psíquica ...

.

nterin.f: ,~{ conse,11 '' (oi um manual de

técn icas de relações-públicas editado naqueh, ocasião). levada a efeito com todo o empenho por psicólogos. pesquiS/ldores. manipuladores de opinião púhlica e engenheiros sociais.. Porém. a autogcstão proposta por Mincrrand não se red uz ao trabalho.

Também o la1.cr deve ser planejado e coletivizado. Na década de 50. estaria a mentalidade do homem já sendo prepanida também para a aceitação de un, lazer coletivo e pl'é-dcterminado'/ Embo l'a neste setor a preparação não fosse tão intensa, os focos pioneiros já surgira m. 8cm sugestivo é o exemplo citado por Packard: Um vasto conjunto residencial construído cm Miramar, na Flórida, íoi classificado por seus criadores como ··a mais per.feito co,uwtidade do inundo ".

Dela disse '"Ti(je", um jornal para negocitrntcs: "... a tendência para lares ·emJJ(Jé()tados' em co1m111itlades ·e,npacotadas · pode indicar onde e como o conswnidor de amanhã viverá': Mas o que significa exatamente o termo "empacotado". Não é apenas o fato de a casa já estar pronta, mobiliada e provida de aparelhos clctro-domésticos, roupa de cama e mesa, louças. prataria, mantimentos. etc. Talvez a maior novidade e o mais portentoso serviço oferecido por Mira mar seja a de preparar e determinar a própria vida social e o lazer de seus habitantes. Tudo já foi planejado em matéria de divertimento e de relações com os vizinhos. para todos os membros da familia. Ê o que seus criadores denominaram "recreação uniformizada". 6

suas depcnd~ncias: a Capela do Crucifixo e os dois pisos que se superpõem no subsolo, um dos quais constitui propriamente o cárcere Mamertino. Logo ao entrar, o visitante depara com a inscrição que o identifica: "'Prisão dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo". Tem-se a impressão viva de se esta r mergulhando na História ... Tanto a capela quanto a prisão são custodiadas pelos Padres O.biatos de Maria. Um religioso exerce a função de porteiro na escada pela qual se desce ao cárcere. e cuida da roleta que. mediante a inserção de uma moeda. permite a passagem dos visitantes. Entretanto, a bonomia romana faz com que ninguém seja barrado por falta de pagamento. Especialmente quem ali chegar com o intuito de peregrinação é favorecido com entrada franca, sem qualquer manifestação de mau humor da parte do religioso.

Segundo Packal'd. "na tl'ltdhwia /UI· rt1 tJ 111entalidtult) ,·ole11\•isw e par ti vida de grupu. 1\,/iJ'(toWI' pvdl' n~prl1.,·l•1u111· a ,í/Jinw palm·ra pm·11 o lumu,n, 1110,kr• 110 ·:

Hoje podemos nos pergunt.tr se essa "recreação unifonni,.1da"" de Miramar não foi uma preparação para o fazer

autogcstiorn\1io de Mittcl'l'and.

A eletrônica controlando as mentes Mas para que o homem se torne realmente dócil para aceitar sem resistência um tipo de sociedade em que sua liberdade se reduz a informar-se. discutir e votar. muiws vezes as técnicas psicológicas de manipulação mental podem não ser suficientes. A ciência eletrônica se~\ emão um meio v,l1ioso para moldar a mente de eventuais recalcitrnntcs. Essa nova ciência. denominada en• tão "biocontror·. serviria para controlar os processos mentais, as reações emocionais e as percepçõcs por meio de sinais bio-clétricos. Conforme relata Packard, durante a reunião da National Elcctronies Confercnc.:, rcali,Á~da cm Chicago cm 1956. o engenheiro eletricista Curtiss R. Schafer, da Norden-Kctay Corporation, expôs as surpreendentes possibilidades do "biocontrol". Segundo ele. a eletrônica poderia assumir o controle de seres humanos rebeldes. O que seria s.implcs e evitaria muitos aborrecimentos para os controladores. Assim como aviões, misscL~ e máquinas já são dirigidos·pcla eletrônica. o cérebro humano - sendo essencia lmente um computador digital - também o pode ser. Para Schafer, a última meta do "biocontrol" é o controle do próprio homem. Aqueles que fossem submetidos a ele nunca poderiam pensar como indivíduos. Alguns meses

Um grande mura l de madeira. colocado no lado direito. registra os personagens da Antiguidade que a li aguardaram a scmcnç~, final e a morte: Poncio. Rei dos Sanitas. no ano 290 a.C.: Quinto Plcminio. governador de Locri. supliciado no ano 180 a.C.: Vcrcingetorix. Rei da Gália, decapitado no ano 45 a.C. etc. No lado oposto, outro mural refere-se aos prisioneiros da Era Cristã , vários deles elevados depois à ho nra dos a ltares. a começar pelo Príncipe dos Apóstolos. "Daqui partiram vitoriosos pa ra o triunfo de Cristo os Santos Mártires Pedro e Paulo, Príncipe dos Apóstolos. sob Nero Im perador: Processo e Marti niano. seus carcereiros. sob o Imperado r Nero", lê-se com veneração e respeito. Ao lo ngo dos séculos grande número de santos que e m vida residiram ou visi taram a Cidade Eterna, estiveram neste local memorável, po· dcndo reconstituir um pouco o ambiente no qua l os dois Apóstolos foram encarcerados. Podemos imaginar, por exemplo. Santa Tcrezinha

Descendo o primeiro degrau da escada que dá acesso ao piso inferior. uma lápide registra um fato miraculoso: "'Nesta pedra Pedro bateu a cabeça, empurrado por seu guarda e o prodigio ficou··. De fato. pode-se contemplar o perfi l de um homem. impresso 1>el'fcitamcntc na superfície. e que corresponde de modo exato à íisionomia das mais a ntigas estátuas e pinturas do primeiro Papa. Desço mais a lguns degraus. de pedras polidas por tantos séculos de uso. e chego ao cárcere propriamente dito. Ê pequeno, medindo aproximadamente cinco metros quadrados. com o teto ligeiramente em forma de abóbada. Na parte central. mais alta. este alcança 1.90m de altura. Minhas impressões. quero confidenciü-las, foram no sentido de considerar a aparente contradição entre a promessa feita por Nosso Senhor a São Pcd ro - "Tu l-s l'cd roe sobre esta pe,dra edificarei a minha Igreja·· - e o estado. humanamente de um derrotado·. cm que ele se encontrava a li acorrentado. junto a São Paulo. Quantas tentações não poderiam têlo assaltado naquela ocasião'/ Não se pode excluir que o poder das trevas apresentasse a seu espírito. amparado por inabalí,vcl fé. a questão: a

promessa não teria sido um sonho? Uma fa lsidade'? Na verdade. contudo. aquela promessa realizar-se-ia plenamente. su· perando todas as expecta tivas humanas. Além disso. Nosso Senhor não os deixou sem qualquer consolo. Amarrados como estavam a uma coluna, que ainda hoje se conserva, suas mãos (oram mi1agrosamcntc desatadas por um Anjo. sob os o lhos atônitos dos carcereiros Processo e Martiniano. Tocados pela graça eles pediram o Batismo. Como atcndêlos, porém. se não havia i,gua no local'/ Consta que, batendo no chão, São Pedro fez brotar R água de que necessitava. dando origem a um pequeno poço mais tarde. Os dois carcereiros seguiram também as vias do martírio. O peq ueno poço tem uma tampa. atualmente. Dele me aproximo e abro-o. para poder tocar com a ponta dos dedos a água e depois fazer o sina l da Cruz. Aproximam-se alguns turistas a lemães e fazem o mesmo. Co m os meus poucos conhecimentos desse idioma. não consigo acompanhar o que o guia lhe~ explica: mas registro a última frase que ressalta claramente a fundamentação histórica desse fato. Pelo <1ue posso notar. seus ouvintes mostravam-se a tentos. mas não se dão conta inteiramente do significado profundo do que a li se passou: no ano 67. os dois insigncs Apósto los subiram pel;, última vez aqueles degraus. saindo à luz do dia. para, algum tempo depois. chegar ao termo de seu próprio Calvário. São Paulo foi decapitado e São Pedro. devendo ser crucificado. pediu para sê-lo com a cabeça para baixo. por considerar-se indigno de morrer do mesmo modo que expirou o Divino Salvador.

O desenho focaliza o local em que os apóstolos ficaram aprisionados. Na parte Inferior é reprodu.tldo um aposento menor c:hamado Tilliano, que significa manancial de água.

;1pós o 11ascimtn10. um cirurgião coloca1·ia cm cada criança. soh o com·o cabdudo um apal'clho montado cúm clctródios que alingiram :i1·c,1s selecionada~ do tecido ccrt>brnl.: J\s pc.:rcc1>Ç<ks sénsori;1is e a :.1tividadc muscular da criança poderia m ser m<>diric:uJas ~)U cc.,mplctamcntc controladas por meio de sin:.1is biü-clê-1 ricús c 111 i1idos por

transmis.sorcs.

Liberdade humana: ontem, hoje e amanhã Se essas possibi1idadts j:'1 crn m a vc11· t;ldas cm 1956. como csta~l.o nos dias atuais ;1s tcnt:.Hiw1s de cont role das mentes'! 1km :mhcmo:, como a eiéul'i:1 eletrônica se desenvolveu nesses 2{> anos e como o uso dos computadores

foi larg,imente difu ndido. Além .disso. é fácil observar como ;l gucr~, psicológic:1 rcvolucioni1ria vem incutindo <l ~1ccitação de uma mentalidade comunit.íria e colctivist;, cm todos os setores da atividade huma na. o ucu" já foi substituído 1>clo "nós"' e o trnbalho individua l pelo trabalho de equipe. A manipulação das mentes continua cada vez. mais in1cns~l ()am lançar o homem. sem resistência. na socicd.tde igualitária e coletivista. Pois. como refere Packard: Quando se cu,neça t111u111ipular, onde st) vai parar? Qut•m.fi.,·m·â o 1t>11ra1ivas 1nt111ipuladoras se 1or,u11u sol'ia/111en1e hulese,iâ-

1>01110 <:111 que (IS

veis? ''. Perguntamos ainda: quem controlará os con lroladores que. corno uma "gang" de clcil()S. submeterão o resto da humanidade à piordasescrnvidões'! Tudo o que foi narrado neste artigo ocorreu antes de 1957. A preparação vem de longa data. E hoje, o que sucede"? Os fatos são tantos que constituem matéri~ para outros artigos.

'e,'l)'!f~-,.~

'

AtOJL!C]SMO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO Olttlor. Paulo Conia d• Brito FIiio

DtmO<b: Rua dos Goita=s, t97 • 2$100 - Campos, RJ. Admlnlrtnçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo, SP • PABX: 221-$755 (ramal 235). Composto e impresso na Artpress - Pa~is e Artes Gnlficas Lida., Rua Garibaldi, 404 - OI t35 • São Paulo, SP. "Cato~o· t uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/C. Assinatura anual: comum Cr$ 2.000.00~ cooperador CrS 3.000,00: benfeitor CrS S.000.00: grnndc b<níciiot CtS 10.000.00: scminnris1as e estudante$ CrS 1.500,00. Exttrior (via aér<.a): comum USS 20.00: b<nfci1or USS 40.00. Os pagamentos, sempre cm nome de Edlton Padr, Btl<.hlor dt Pontts S/ C. poderio ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de a..ssinantes ! necessário menciona, tamlxm o endereço antigo. A corrcspond~nci.a rcla1iva a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à

Admlnb1rapo: R112 Dr. Mutlnlco l'r>do, 271 -

Sio Paulo, SP

CATOLICISMO -

Novembro de 1982


AMBIENTES,

COSTUMES,

CIVILIZAÇÕES

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_on orto ISICO '"e

3lOIÍCi$nlú'" rcp,rodUi'.ÍU \!lll

sua edição de julho p.p. (n.• 379) uma secção que publicav.:1 regularmente até duas décadas atrás. denominada "Ambientes. Costumes. Civilizações". Embora sem figurar o nome do a utor. tal secção foi sempre das mais ;iprcciadas do jornal. devido à profundidade de análise que nela se notava. em qualquer dos mais variados temas abord.idos. Em nos.,;a cdiv'io de julho últ imo. estampa mos a sccc,:ão que havia figunldo cm "Catolicismo" n.• 42. j ulho de 1954. E depois de uma explicação dos pressupostos dout1in,1rios dessas brilhantes e originais colabornçõcs. rcvcla111os que seu a utor é o Prof. Plínio Corrê,1 de Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da TFP. As intensas ~,tividadcs, sempre crescentes. da cncidadc impcclirnm que seu insigne Presidente. h;:'t dois lustros. continuasse a redigir "Ambientes. Costumes. Civilizaçõcs~'.Ju l~1111os então. que valeria a pena reproduzirmos algum,,s dessas scc-

CATOLICIS MO -

çõcs mais sugestivas. que não tivcs.')(:rn perdido ;Hualidadc. embora fosse ncccssfüio introdu,jr pequenas adaptações. /\ publk:u;ào no mencionado nl1mcro do jornal de "Dois ideais: o Dirci10 e a m,íquina·· deu margem a que vi1 rios assinantes de ..Ca tolicismo" cscrcvc.s:· sem à Redação. solicilando que fossem publicados 01uros "Ambientes. Cosl\1mes. Civili,,1çõcs". Atendendo prazeirosa mentc a tais pedidos. estampamos abaixo. com alterações de pormenor. a secção q ue consta do n~ 46. outubro de 1954. sob o titulo " Conforto íisieo - 13cm estar moral".

-- ···-· ·-

COM PARAR é um dos melhores meios de a nalisar. Se qucrcmos pois: analisar nossa époc~,. é lcgitirno que :.1 comparemos. E com o quê'! Com o futu ro. ainda incógnito. é impossível. pois objetos desconhecidos não podem

Novembro de 1982

em estar mora

servir de tcl'mo de comparação. l .ogo :.1 comr;,1rac;;ão ..;ó pode sçr com o passado. lJm;, das mais not;ívcis uc ilidade~ da llistóri;1 consiste prccis.1mentc nisto: apresentar-nos uma fiel imagem do passa<lo. ; 1 1im de f.lUt melhor conheçamos o prc~cntc. E fazer 1al comparação não é ser saudosista. Ê ser claro. prfüico. direlo no nob1'C cxcrcíciodc<:spíri1 0 · q ue ,e' .i ana. 11sc. Confrontemos pois dois grupos de habitações populares. um de aldeia tradiciomil da lngla(err:1. \Varwick . e ou11·0 cc:rnstruido pelo Banco Nacional de Habitação (13N 1-1). j untamente com a Coh;1b. no bairro de ltaqucra. na capital paulista. As hahitaçõc~ r,opularc.s atm1ls. parecidas com ~ls Ll llC existem cm tant,,s e t;lnt;ls cidades moderna~, no mundo intci1·0. constituem casas que denota m gr~andc .simplificação e rmdroni1.ação. Em cada urna dcs.'ias vivendas. a ciência tornou possíveis as vantagens da ;ígua corrente. da lu?. clétric:.i. do gâs. o pas· satcmpo do r.:ídio e da televisão. o c<>n ..

forto do 1clcfonc. Ocssc ponto de vb;t;1. 4uc imensa tr::'111sformação cm confronco com ns c:,sas antig.is de \Varwick. as deficiências hig,iênic;,1s. as dificuldades de vida. e sob alguns pomos de vista. o desconforto físico que nelas sem iria por certo qu,,lqucr habitante de cidade contemporânea! Entretanto, de outro lado. quedesconforto J>siquico nessas moradias mo<lcrnas com sua cswndar1i1açiio desumana. a monotonia e a severidade de suas m;1ssas rctangülarcs pobres e sombrias, q ue fazern de cada vivenda uma carranca - , que desabrigo atrtís das paredes de tais casas, abcnas a todos os o lhos. a lodos os ruídos. quiçá a todos os ventos. Compare-se a essa frieza de linhas e de substâ ncia o recolhimento, o aconchego. a harmonia das casas velhas de \Varwick. cada uma das quais parc-cc considerar o transeunte com um plácido sorriso impregnado de bonomia familiar. e conter em si o calor de uma vida doméstica animada e rica cm valo-

rcs morais. Casas simples. dcsprctcnciosas. e agradúvci:; de se ver. imagem da própria existência quOlidktna de seus habitamcs. Casas obede<.-cndo a um mesmo estilo. nH,s tendo cada uma sua nota de origin;.1 lida<k. discreta e Vi~IZ,

Aproximados os tcl'mos da com paraÇciO. a conclusão é lógica. Qu:.mto ao conforto do co,·po. podemos estar mais bem servidos com as residências do tiro moderno. Mas do pont<> de vista do conforto d:i aln1'1. qu:11110 perdemos! Sctia poss.ivci harmoni1111' num c-s1 ilo novo ambos os coníortos. da ahm, e do corpo·! O estilo é muito menos produto de 11111 homem. ou de uma equipe de homens. d o c1uê de u11,a sociedade. uma época. uma civiliu1ç-ão. Não cremos que c.ssc cs1ilo apa l'cça sem que previamente o rnundo de hoje se tenha rccristiani1.ado. E ê para pn.·parar tal nmndo novo fundamentalmente católico. que olhamos com amor essas lcmOranças do passado cristão de nossa civilii..:tção.

7


AfOILX<CilSMO ------------------------------------- *

TFP uruguaia alerta opinião pública do país omo se sabe, o Uri,guai enfrenta hoje uma dilicil situação, na qual os fatores políticos. sociais e econômicos se confundem, sendo impossível ao homem comum fazer sobre eles uma análise serena e objetiva. Essa desorientação se toma particularmente grave no momento atual, cm que a nação elegerá - após 10 anos de interrupção da vida pol.itico-partidária - as autoridades internas das agrupações políticas. passo preliminar para a eleição do futuro governante em 1984. Nessas circunstâncias, a TFP uruguaia publicou uma análise da situação do país, assinalando os perigos e os enganos que, na atual encruzilhada, ele se vê submetido.

C

Voz Jovem e idealista a serviço do Urugval

Em várias ocasiões - às vezes críticas - por que passou o Uruguai nesses últimos 15 anos, a voz jovem e idealista da TFP se fez ouvir, sempre com especial transcendência: Seus oportunos e bem documentados pronunciamentos converteram-na num dos mais destacados pólos de orientação para a opinião pública uruguaia. Nesse sentido é especialmente digno de nota a histórica denúncia formulada pe.l a TFP a propósito da ação esquerdista de altos Hicrarcas do Uruguai. Contendo mais de 300 documentos. o livro" lzquierdismo e11 la lglesia: co111pmiero <(e ruta dei comunismo .. provou a colaboração de uma parte decisiva do Clero uruguaio no sangremo show tupamaro. No fim do mês de setembro p.p., a publicação de um número especial do boletim da TFP apresentou ao público uniguaio esclarecimentos oportunos sobre a situação do país. O documento

A USTRÁLIA:

intitulado" En la ac1ual encrucijada nacional la TPP alerta: autodemolición religiosa, vacío ideológico y crisis economica" é uma pormenorizada análise das tendências c dos perigos pelos quais atravessam o Uruguai e todo o continente sul-americano. Para conhecimento dos leitores de ·Catolicismo", transcrevemos alguns dos principais tópicos do mesmo.

abando11ar a pregação pública e <1ber1a paro reduzir-se a ·uma miríade de pequenas e enigmáticos Comunidades de Base... .. . O documento ainda adverte que "ao por desse vazio religioso. perdeu-se pa11-

latinmnenre. nestes últilnos anos, o ,·on· teúdo dowrinário e ideológico do anticornunisn,o·: Para ilustrar as terriveis

conseqüências que este vazio ideológico pode trazer, os jovens da TFP dão Autodemollção religiosa e vazio como exemplo a recente vitória dosoideológico cialismo na Espanha: "A esq11erda espanhola. ,·01110 a nossa, fingiu dormir, O cst udo começa por advertir que "a ,nas de fato re11ovo11 seus quadros e multiplicidade e co111plexidade defenô- hoje alcanço11 o poder. (... ) O processo rnenos. tantas vezes contraditórios, que eleitoral de novembro. segundo tudo for1nan, a tra,na do morne,n to. o vazio indica e· graças aos erros assinalados. ideológico com que se os tratam e o está se desenvolvendo de maneira acheduro acicate das necessidades econômi- gar a u111 resultado aparenre,nente nwicas, fazem temer uma reação equivoca- 10 vantajoso para o esq11erda ... mas 110 da por parte da opinião pública. cuja reli/idade' será ll derrota do vazio e expressão (nas próximas eleições) bem tuna vitóritt do nada... '1 poderia indicar o contrdrio de seus ver· Cooperador da TFP uruguaia distribui o manifesto da entidade no centro de Montevldéu. dadeiros senri,nencos..A.tsin,. corre-se o Vinculação da América L atina a risco de que 11osso País seja conduzido Moscou pais diários, convidando o público para mclhas e estandartes com o leão romde modo ar1íjicial. para onde ele não pante, difundiram o manifesto dura nte quer ir". Comentando a falta de orienTodo esse quadro. que de si cria con- visitar seu stand. , Paralelamente, a Rússia transfor- o mês de out ubro passado. na cidade de tação observada na atitude daqueles dições psico-politicas para levar o Uruque natura.lmcntc deveriam proporcio- guai inadvcnida rncntc a té onde não mou-se no principal cliente do Uru- Mo ntcvidéu. Os altofalantes ressoar-.1m ná-la, acrescenta: .. Que,n a11alisar as quer chegar, complic-.i-se com outro fa. guai; suas aquisições representaram, no no centro da capital: ·•Uruguaios. urudeclarações dos pri11cipais expoentes de tor: ;l Russia tenta explorar tal situa· primeiro quadrimestre do presente guaios, na mual enfruzillwda ,uu.:ional nossa sociedade 110 1no,11en10 atual ção. Nesse sentido, a escalada da seita ano, 15% de todas as exportações da sigmn a voz dos jovens que !u101n e inélusive os eclesiásticos - surpreende- internaciona l marxista é demonstrada nação, muito acima do segundo com- confiam 1111111 grande Uruguai cris, se pela falta de ideais ou pelo materia- por alguns fatos reoentcs: • Pela primei- prador, a Alemanha Ocidental, q ue al- tão·: "Na 111ual encruzil/111(/(1 ,wcional. a TFP aletta ~ Tomando contato com lismo co111 que. 11a 111aior parle dos ,·a- ra vez e,n sua história, a Associação cançou somente 9%. As intenções de domínio nisso evi- profissionais liberais. comerciantes, sos, s,io abordados os proble,nas da Rural do Uruguai o/erece11 uma acolhidentemente não se limitam ao Uruguai; oper{1rios, donas-de-casa e estudantes, atual conjuntura nacional". da não vigilante à propagonda ,!e MosO silêncio das autoridades eclesiásti- t"(Jll. l)t,: '-' 'llidades de eo111t!rcio ex- neste sentido, a TFP chama a atenção os cooperadores da TFP puder-.im cas. no momento cm que seria dever terior ,-ussas expuseram toda espécie de para um assunto que, além dê interes- constatar o inter• ·~~ em se conhecer o dos Pastores dirigir-se ao rebanho dos produtos. C{l{dlogos e prospectas de sua sar ao Uruguai, é talvez o problema pensamento da entidade, especialmenfiéis, também é lamentado pelos jovens economi{I totalitária·: O documento mais importante do continente sul- te entusiasta nos jovens. Como não podia deixar de ser. a da TFP: '' Dói como católico conswtar acrescenta que os soviéticos aproveita- americano no momento atual: as reiteesquerda não viu com bons olhos tal radas intenções da Rússia de fazer-se a orfandade religiosa de nosso povo. A ram tal oportunidade a fim de fa,.er hierarquia uruguaia (...) parece hoje uma aparatosa propaganda nos princi- útil e necessária. e, por fim , indispensá- denúncia. O scmanúrio ..Opin;u··. cm vel em suas relações com os países sua edição do dia 11 do corrente, publilatino-americanos. "Com esse propósi- cou uma carta dos leitores que tento. os diplomatas de M osco11 ta refutar o manifesto · da TFP; a argumentação - para chamá-la ast1proveiram-se da.r crises eco11(}111icas, politicas e t11é bélicas pelas quais atra- sim - ê tão primária q-ue não mevessam países sul-americanos. fM' quais receu resposta. Por seu lado, o matutino "El Dia" também comentou a ação - norural ou artifitit1h11ente - bem poderitm1 t1gn,var-se e,n futuro pr6..ri- da TFP, e manteve-se o mesmo prudente silêncio a propósito das sérias mo ·: denúncias enunciadas pela entidade. A TFP uruguaia dirige-se ao goverCom o intuito de dar maior difuslío no pedindo "que ro,ne en, consideração ao estudo. este foi publicado integra 1o pa11orama aqui descrito( ...) para co- memc cm .. EI País"'. o matutino de ordenar uma política la1i110-m.nerica,w maior circulação do Uruguai. Curiosaem face dessa 111a11ob,-a ". Dirige-se mente, no mesmo dia 5 de novembro, a também aos lideres de opinião pública, Co nferência Episcopal Uruguaia aos politicos, aos responsáveis pelos pronunciou-se sobre as eleições, fazenmeio~ de comunicação social a fim de do completa abstração do vaúoidcolóque haja um esforço para elevar, digni- gico e da conjuração marxista denunficar e esclarecer seriamente o debate ciados pela TFP. político do momento. A publicação no mencionado di:lrio 9,z O documen to fi nal iza pedindo a suscitou novas simpatias e adesões. ,~ Nossa Senhora de Fátima que apresse Nos dias subseqüentes, grande número G1 o dia tão esperado de sua vitória "e nos de cartas e de chamadas telefônicas fo'~ dê. entren1entes,.fortaleza câninw para ram recebidas na sede da TFP. L- ,..,..._,_,,,__ Jlrisbane perseverar 11est/l horo de defecção e Qualquer que seja o resultado das ->-~ 0111odemolição eclesiástica''. eleições, uma coisa é certa, depois dessa denúncia da TFP a opinião pública do Difusão do documento e ma~ país vizinho cstará-advcrt.ida a respeito estar da esquerda da manobra que o comunismo tenta lançar para a conquista da nação. E o Os jovens cooperadores da TFP, brado de alerta da TFP constitui para portando suas características capas ver- ele barrcir-<1 dificil de transpor.

Queensland progride mediante ·iniciativa privada BRISBA NE - Uma imigração interna tem condu1Jdo muitos australia-

nos para o Estado de Quccnsland, onde o número crescente de empregos e novos investimentos. o rccluzido valo1· dos impc.1sros e a relativamente baixa

taxa ele inílação, constituem caso (mico no pc:lÍs. O governo conservador estadual do I? ministro John 8jclkc Petcrscn, h{1 mais de uma década no pode,· (sinal evidente de popularidade), auibui esse sucesso à sua politic-.1 de estímulo à iniciativa privada que contrasta Cortemente com a do Partido Tl'abalhista (de orientação socialista). detentor dos go,,ernos nos dois principais Estados da Federação: Ncw South \Vales e Victoria. O Estado de 9uccnsland ocupa 1,7 milhões de Km , na região nordeste da Austrália ( o Estado d~ Amazonas tem 1,56 milhões de Km"). Seus 2,3 milhões de habitantes representam um nú mero considerável em relaçãoft população de 15.5 milhões de todo o país. De clima tropical, Quccnsland soma il p,·odução de cana de açúcar, cereais, frutas e à criação de gado, a exportação de carvão, urânio, bauxita e outras rique1.as do subsolo. Suas belezas naturais, principalmente o Great Coral Reef - cordão de recifes que se estende ao longo dos seus 5.400 Km de litoral - atraem numerosos turistas de todas as partes. A eoalisfío conservadora dos Partidos Nacional e Liberal comemorou com estatísticas otimistas suas .. bodas de prata" no poder. o que contrasta

I ~I

AUSTRÁLYA

O Estado de Oueensland fica localizado a nordeste do Contlncnte austratlano.

julho de 82, ,•nquomo que os Eswdos de Ne"' So111h Wales. Victoria. Sowh Austrália e Tas111011io, osempregosdi111i11uíram en, quase 30 mil. Em Queensland. nós gero111os agora quase 2/ 3 dos novos empregos da nação", disse. Lembrando que sua administração mantém "o l::Stado australiano d1.• mais bai.\'a wxação 1/e i111posros·: chamou também a atenção para o fa-

to de que "os índices de preços poro o c011sw11idor no trit11e.wre findo e111 j11nho/ 82. revelt,rtuu que nós te,nos a m11is haixa 1ax,1 m,ual de il?flnção tltts cllpiu,is da Austrália Co111i11e,ua/': Assim - continuou Bjelke Petercom o panorama cinzento, de pesada scn - " 11ãu é surJJre~·a que Queensrecessão econômica, que se fai sentir lt111/I o/raia mais de 40% d,• todo o cm certas regiões da Austr-.\lia, sobre- investimento e.wra11geiro 11a Austrâtudo nos Estados-membros domina- lia e que quase metade dos f'l"Ojetos dos por governos trabalhistas. de desenvolvi,uento dt1 nll('tiô e.wejtmt No discurso proferido na comcrno- agora aqui localizados. A wxa de den1ç.io dos 25 anos da coalisão conser- se111prego en1 Queensland. no mé.-. de vadora. Joh Bjclke Pctcrscn declarou julho. era <1 mais bai.,a do Pois. " E que "Queensland criou 22.700 novos acrescentou que cmbom o Estado empregos nos doze 111esl's anteriores a "não possa se isolar t·o1nple1a111e111e

dos prublenws da <'<-'<>nomia ,wdonal e internacional. ele te,n c.·11pacidade de resistir a J)fl'SSÕC!S externas tnf!lhor do que qualquer outro lf!rrit6rio australiano·: O 1~ ministro de Quccnsland atribui tal êxito econômico à política ami ..so<:ia1ista de seu governo dé eoali-

1.ão: "O sucesso (. ..) não Sl' de11 por {I_C(ISO, Ili{/$ pela (J/'O!IIOfãO de polítiC(JS sadias e e11cm·1,jame,uo do se1or privado, o qual respondeu à altura': Apesar de seu governo ser alvo per· manentc de campanhas difamatórias provenientes das esquerdas, o nú mero de australianos q ue têm imigrado para Quccnsland, vindo de outros Estados da Fedcmção, atua como um sufrágio a seu favor. Em 1980, a população do Estado cresceu 2,4%, enquanto q ue o índice global para o pais foi de 1,4%. Pcterscn se orgulha de que, atualmente, Queensland "concorre t·o,n 11111 terço do crescilncnto populacional da Austrália.,. (Agência Boa Imprensa - ABIM)

Receita para agressão soviética B.RISBA N E - "A ma1orio dos promotores rodícoís </às campanhas 0111ínualeares no 0ciden1e são sôfregos colaboradores do com1mismo. Eles procuron1 apenas o desarmamento do Mundo Livre para ajudar a construir o poderio do império soviético e suo capacidade de i11timidor os ntrçÕés livres·: declarou o p.rimeiro;ministro do Estado de Quce~d, Austrália, John Bjelke fetersen, por ocasiãG da visjta do desu-oier nucleai norte-americano "1:JSS 1'ruxton• a Brisbane. Efetivamente, mo"Vimentos antinucleares tem feit0 pressões· para que seja negado aos navios aliados q_ue pol1a'm armas nucleares,- GU mesmo aos q'!e são m0vidos poJ energia nuclear - o aos portos australianos. Em outra oportunidade, disoon:cndo so!>.re o mesmo assunto, Bjell<e Petersen lembrou que ~o aonge/an1enro de or,llàs núcleares foi inicialmente proposto pelos sovié1icos 'Para g-ora11tir sua superioridade nuclear estratégica". ''Se o Mundo livre uniloterol1ne111e depuser sutis armas e se-declarar uma,'zona não nuclear'~ perguntou ele a seus oposito;-és- votis defato cr&!m que o mundo comllllísta nos imitord? Ou, pelo·contrário, não serd ÍSSO, maispreeisall)ente, recêita poro uma agressão?, Por1muo. nosso 'woy of life' de iniciativa privada e nossas liberdodespolíticas serãopostas em risco". E concluiu o destacado poHtico australiano: "l)eyen,os rer aliados poderosos e alianças viáveis, ou seremos opa11hados co,no o Afeg'onísrão, Angola, Tibet, li1u!inia e uma multidão de ourras naç5es que foram livres'':

acesso


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Ll N. 0 384 -

Dezembro de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

O SIGNIFICADO MAIS PROFUNDO DO NATAL

Bíblia nas CEBs: pretexto para incrementar luta de classes

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NFELIZMENTE, são hoje poucos os fiéis que consideram o Santo Natal cm todo o seu significado. Para alguns, a data é mero pretexto para comemorações mundanas. Para outros, é mera festa da família, cm que, por acidente, também se comemora o nascimento do Salvador. Como Ele nasceu menino, a data interessa especialmente às crianças. Esse o nexo único entre as celebrações domésticas e religiosas do Natal. Para outros, finalmente, o Natal é, por certo, uma data de imenso significado religioso. Mas a pala~ra "religioso" é tomada, neste caso, apenas em seu sentido mais estrito. Cristo, Senhor Nosso, encarnando-Se e morrendo por nós, franqueou a todos os homens as portas do Céu. Dentro do âmbito muito exatamente delimitado das Igrejas, o Natal tem, pois, um imenso significado. Mas fora dai, não tem importância. Pouquíssimos são os que compreendem que, se de fato o Santo Natal representa, antes de tudo e acima de tudo, com a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, uma honra inestimável para o pobre gênero humano e o primeiro marco da vida terrena de nosso Redentor - cujo termo seria a nossa salvação - além deste significado primordial e essencial, o Santo Natal possui outro. Jesus Cristo. encarnando-Se, evangelizando os homens, fundando a Santa Igreja. morrendo por nós e salvando-nos, abriu uma era.inteiramente nova na vida dos povos. Ele renovou a terra. E, a esse título, a Encarnação do Verbo é o acontecimento fundamental da História das civilizações, ó marco inicial dos tempos do homem renovado. Não é por mera ficção que se

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contam os anos a partir do nascimento de Cristo. Realmente, Jesus Cristo divide a História em duas vertentes inteiramente diversas. O mundo, antes dElc era um, depois dEle passou a ser outro. São dois mundos. Poder-se-ia quase di1.er que são duas histórias.

Destoa profundamente da doçura, glória e suavidade do Santo Natal o aspeêto dramático que apresenta o mun$lo contemporâneo. O pecado parece dominar o mundo inteiro. O ódio, a sensualidade, a impiedade campeiam infrenes. E a própria Igreja, em sua pane humana, foi afetada por tal drama: o misterioso processo de "autodemolição", aludido por Paulo VI. A revolta das criaturas não aliena nem destrói o domínio que sobre elas exerce o Criador. Rebelde embora, o mundo continua a pertencer a Nosso Senhor Jesus Cristo. t Ele o Soberano, o Rei pacifico, o Rei misericordioso, que continua a exercer sua divina atração sobre topas as criatu ras. Junco ao santo presépio, externemos nossos sentimentos de profunda confiança na misericórdia divina. Em nós, em torno de nós, pela graça de Cristo, Senhor Nosso, será só Ele o verdadeiro Rei. Pelo ardor na correspondência à graça divina e nas fainas do apostolado, devemos subtrair-nos ao jugo do pecado e tentar atrair para Cristo todos que dElc se afastaram. No presépio, Cristo nos aparece bem junto de Maria, como que a lembrar que com a intercessão da Mãe que é d Ele e nossa, tudo podemos esperar, tudo devemos pedir em benefício das almas.

A RAPIDEZ com que se esgotaram as três primeiras edições de 23 n.. t exemplares do livro "As CEBs... das quais muito se fala. pouco se conhece-A TFP as descreve como são", testemunha o enorme interesse por ele despertado. Com efeito, um dos assuntos de maior importância e atualidade cm nosso País constitui a atuação das Comunidades Eclesiais de Base, com suas ações "pega-fazendeiro", invasões de terreno e tantas outras formas de agitação rural e urbana. Nenhum movimento como o das CEBs tem sido tão eficiente para arrastar setores da opinião pública católica para a esquerda - rumo a um utópico "Reino de Deus" confundido com a sociedade sem classes do comunismo - e para a "protcstantização" dos fiéis. No presente número, "Catolicismo" publica um artigo de Gustavo Antonio Solimeo e Luiz· Sérgio Solimeo, no qual os autores da Parte li do livro em questão analisam um importante aspecto da vida interna das Comunidades Eclesiais de Base: a manipulação da Bíblia (p. 2). "O São Paulo", órgão oficioso da Arquidiocese paulopolitana, publicou em sua edição de 24-4-81. p.

10, um artigo intitulado ':,Experiências pastorais na Semana Santa". Essa colaboração relata uma "Via Sacra" sui generis, promovida pela Comunidade de Base de Helena Maria e outras vilas das redondezas. O artigo explica que "num total de 15 paradas, em todo o percurso . ... ocorreram palestras de pessoas residentes no Bairro. falando de Direitos Humanos. exploração do trabalhador. necessidade de participação e outras". Reproduzimos acima o desenho caricato e primário que ilustra o artigo. Ele é bem sintomático para indicar a manipulação de temas bíblicos pelas Comunidades de Base: um pobre, em lugar de Nosso Senhor, carrega uma cruz, na qual figuram palavras que sugerem reivindicações sociais; o· algoz é um homem gordo - o rico - e a Verõnica ostenta a face do supliciado: uma caveira. Seria difíçil imaginar uma cena que conspurcasse tanto aquele episódio sacrossanto da Paixão de nosso Divino Redentor. E que fosse também tão apropriada para despertar o espinto da lula de classes, característico dos marxistas.

O Ocidente em face da . .... . crise econom1ca russa

O GASODUTO euro-siberiano é um tema que vem sendo bastante debatido na grande imprensa de todo o mundo. Os espiritos lúcidos, que têm algum conhecimento da agressividade que caracteriza o imperialismo soviético, consideram com apreensão justificada a construção do mencionado gasoduto. Este empreendimento já foi iniciado com o apoio de grandes capitais e avançada tecnologia de países ocidentais. Quais as conseqüências que tal iniciativa acarretará para o Mundo Livre, especialmente para a Europa Ocidental? Que vantagens esse empreendimento proporciona~á à Rússia, que atualmente se debate numa crise econômica crescente e de grandes proporções? Quando o gasoduto entrar em funcionamento, representará este fato perigo de "finlandização" da Europa Ocidenta l? Havia outras soluções para resolver o problema energético, especia lmente do gás, na Europa Ocidental, que foram descartadas para favorecer o regime do Cremlin? Quais seriam as causas da opção que veio beneficiar os soviéticos? Tais assuntos são abordados por nosso colaborador Ju lio de Albuquerque, no primeiro dos dois artigos que "Catolicismo" publicará sobre a complexa temática {páginas 4 e 5). Os referidos trabalhos baseiam-se cm sólida documentação, particularmente depoimentos e artigos de conceituados especialistas norte-americanos. A foto ao lado focaliza o trabalho de construção do gasoduto nas proximidades de Tioumen, na Sibéria ocidental.


MEMBROS, DAS CEBs: FIGURAS DE UM NOVISSIMO TESTAMENTO''? 11

Gustavo Antonio Solimeo e Luís Sérgio Solimeo

A

BfBLIA SAGRADA ocupa na vida interna e nas atividades externas das Comunidades Eclesiais de Ba,s c um papel d ifícil de imaginar por quem não acompanha de pert o esse movimento. 1níclizmente. desvios profundos vão conduzindo as CEBs e seus membros pelas sendas tortuosas de um exacerbado fundamentalismo bíbli-

co de sabor protestante, e de um falso misticismo de colorido messiânico e milenarista ( 1).

Como no protestantismo, as Sagradas Escrituras constituem para as CEBs 3 única autoridade. o único ponto de

referência. a instância última e soberana, com despre,.o completo da Tradição e do Magistério eclesiástico. A tal respeito comenta o sociólogo

norte-americano Thomas C. Bruneau, que as conhece de perto, tendo inclusive participado de seu I.º Encontro nacional: "Se a Igreja es1ti baseada 110 laicato

reunido nas CE8s. pouca j ustificativa sobr{I parll o resto da p"rafernália ins· tiu,âonal que se revela cada vez mais supérflu11. Isso é estimulado ainda mais pela énfase que se dá. nos CE::8s. ii leitura t/(I Bibli11. seguida de reflexão, pora oplicá-la à vida de todos os dias. O lelgo não preâsa depender do padre, putlt•ndo agora. t·omo 110 protestantismo. interpretar por si mesmo o mensagem ele Deus, E.vsas CEBs tendem a inverter a quesião de autoridade e estru· wra eclesióstic1,s .. (2). O sentimento de serem paladinos de

Entre os erros modernistas sobre as Escrituras, admitidos pela TL, está a concepção segundo a q ual a Revelação divina é fenômeno contínuo e progressivo, que se produz diretamente na alma do fiel. Deus falaria. assim, por meio do c rente. A essa concepção modernista acrescenta..sc a teoria marxista da luta de classes: Deus falaria por meio do "oprimido... do "marginalizado ... revelandoSe na sua luta para libertar-se da .. opressão... Mais prccisamen1e, Deus Se revelaria na "prática libertadora" das Comunidades Eclesiais de Base. i, por isso que a Teologia da Libertação vai buscar nessa práxis das CEBs o ponto de partida de s ua elaboração .. teológica...

Deus guia diretamente as CEBs? Nos ..círculos bíblicos"...cultos do· minicais", "reuniões de reflexão" e ou..

iras. adota-se o método "integração Bí· biia-vida": toma-se um texto bíblico e faz-se a comparação com a situação atual. com a vida da Comunidade e de seus membros~ ou o inverso: parte-se de um "fato da vida" e busca-se a semelhança com a lgu m episódio ou passagem bíblica. Subjacente a esse método .. fatos da vida - fatos da Bíblia", tal como é aplicado nas CE8s, es(il o já aludido erro modernista de que Deus $e revela do mesmo modo tanto na Bíblia tomo nos acontecimentos atuais: de que é Palavra de Deus rnnto o que es1á na Sagrada Escritura quanto o que acontece asora na vida das Comunidades e de seus membros. Nessa perspectiva, não só a vida deve ser interpretada ;\ luz da Bíblia. como a própria Bíblia precisa ser "'lida" à luz dos acontecimentos atuais. Em relatórios apresentados nos En· contros nacionais do movimento. lêemse frases como as seguintes: ·

Abr1H1o. caminha com ele. sem saber bem para onde vai a ,·,m,inhatfa .... Se Abraão acerum. nós 1ambém podemos poder a,·ertt1r. É só c:onrinuar e 1uio desanimar" (8), Assim, seria o próprio Deus quem inspiraria diretamente todas a.s inovaç.oos religiosas e toda a agitação políticosocial promovidas pelas Comunidades Eclesiais de Base. O que faz com que elas não recuem diante de nenhuma lei ou autoridade, civil ou religiosa. - Com efeito, que lei ou pessoa, por mais elevada que seja, pode interpor-se it vontade do próprio Deus. maniícstada nas CEOs? Tal concepção choca-se frontaln1cntc com a doutrina católica sobre a matéria . Esta é clara e não admite tergiversações: a divina Revelação está contida nas Sagradas Escrituras e na Trad ição. e foi encerrada com a mone do último Apóstolo. Sua guarda fiel e interpretação autêntica foi confiada ao supremo e infalível Magistério da Santa Igreja.

Manipulação dos textos sagrados Por outro lado. o método de "reílcxão bíblica" cm uso nas CEBs pode condu1.ir facilmente à radicalização política. Pois não é necessário demasiada perspicácia para supor que os bem treinados agentes pastorais c monitores de CEBs escolham textos bíblicos que se prestem a ser manipulados de conformidade com seus objetivos. E. na realidade. é isso o que acontece, cqmo se pode ver pelos inúmeros roteiros. fo lhe· tos bíblicos e litúrgicos, e demais ma.. tcrial para uso nas reuniões das Comu• nidades. Existem jâ prontos inúmeros "rccci• tuârios.. para as mais variadas situações e problemas, conduzindo sempre ao mesmo resultado: a luta de classes. inspirada na .. Palavra de Deus"... Isso, que vale para os textos bíblicos, vale também para os "fatos da vida.. rela tados nas reuniões: pois quaisquer que sejam eles (supondo-se serem realmente espontâneos e não "assoprados" pelos agentes pastorais ...). são sempre suscctivcis de interpretação segundo uma '-'ÍSão conílitiva da sociedade, conforme com o assim chamado "instnimental cientifico" marxista. de que se servem os mentores do movimento. t3nto para a análise da realidade como para a "leitura" da Bíblia.

uma luta sagrada. de caráter libertador, conduz não poucos membros das CE8s à mais grotesca mitificação de suas próprias vidas. levando-os a se ident ificarem com os personagens bíblicos e a se considerarem, como ele.s. investidos de uma missão profética, na qual são guiados pelo próprio Deus. Comenta Frei Carlos Mesters: ''A

Bíblia é usada por eles t"Omo imagem, simbolo ou espelho daquilo que hoje acontece com eles. Chegam ao po1110 de quase c:onfundir as duas coisas e dizer: 'A Bíblia ,111 gente é a vida da gen·

,e... (3).

Protestantismo, modernismo, marxismo Scn,clhantes desvios têm ori&em, de um lado, na aceitação dos pressupostos da Teologia da Libertação - TL, que se nutre dos erros já condenados do protestantismo e do modernismo, aos quais acrescenta os da dialética marxista; de outro lado, o próprio método de .. ,eflexão bíblica .. u tilizado nas CE8s conduz a tais desvios. e os exacerba. Frei C arlos Mesters é o principal divul• gador do método de reflexão blblica em· p regado nas Comunidades Eclesiai$ de Base.

··o

Amigo Te.uame1110 Jo; escriro por um Pº"º oprimido. ONovo Teslamenw. pelo vida de Jesus. um pobre de Nazaré. e o vida dos Apóslolos. 1odos pobres. Nós. os pobres de hoje. com o nosso vida. estamos escrevendo o Novis· simo testamento", Evangelho somos n ós q ue fazemos, anwu:i(mdo os Boas Norldas com o.r nos.<ns obras" (5).

··o

"A Phlavra de Deus. .... esrá 110 Blblio e nos acomecimenros que alime111am e guiam a caminhadã do povo .... A

(

·11

D.esenhos cericatos representam cenas bfblicas em folhetos tfos-tinadoa a reulniões das CEBs. como o reprodu~ido aqui, de autoria do Secretariado da Pastoral Arquidiocesana de Goilnia . publicado em 1979 . .

l/l.11/!!m:.....i-..~

2

O mesmo Frei C. Mestcrs c ita o comentário de um sertanejo do Ceará: "Agora enumtli: a genft• é iguolzl11ho a

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Palavra de D eus se revela ígualmtnte pe)a história do povo .. (6). "A cre,liu,mos que a palavra de Deus expressa pelo povo l'ônsegue reolme111e traduzir o Evo11gelho 110 vida" (7). Conclusão desse princípio é que, assim como Deus inspirou e iluminou os Patriarcas, Profetas e outros persona&ens bíblicos, do mesmo modo Ele inspira e ilumina os crentes das Comuni· dades de Base. Isso conduz. naturalmen· te, ao mais completo livre-exame e abre caminho para as maiores aberrações doutrinárias e desvios de personalidade, podendo levar a um fanatismo de carã· ter messiânico e milenarista.

(1) O fundomt•maUsmo blblico ~ uma pos.. tura diante d3 8 ibli3, que vt nos Livros S:agrados - entendidos antes de tudo cm seu sentido literal - a UniC3 e suprema fonte de todo o saber e de toda a autoridade. lns· pira a maioria das seitas protestantes do tipo ··pentecostaltsta" e de fundo miltnarista. Os milenoristos. interprccando erradamen• te um3 passagem do livro do Apocalipse(Ap. 20, f •6): esperam uma nova "inda de Nosso Senhor Jesus Cristo à terra, que reinaria diretamente, cm pessoa, durante mil anos, instaurando um3 felicidade completa neste mundo. Condcn3d3 como herética, a idéia do mil~nio é continuamente re10mada por seitas reHgiosas ou filosóficas (mesmo, a seu modo, seitas atéias como é o caso do marxismo). as quais põem sua es~rança num e.'õ tágio de petfciç3o d.t hum3nidadc que eliminaria toda dor. todo sofrimento. faze ndo rein:tr uma

Leitura "encarnada" e polltica da Blblia

Os "pobres", chave para leitura da Blblia A Teologia da Libertação fornece às CEBs a chave para essa leitura não ..a lienada" e "política" da Bíblia: o "pobre", o "oprimido··. Com efeito, escreve F rei Gilberto Gorgulho: ·• É preciso fazer ess" leiluro a

par1;, de um lugar .totial bem detenninado: não podemos realizá-lo o parlir do lugar .-rodai do$ egoístas, pri ,1ilegiados e dominadores: o lugar social indit.:odo pelo próprio Cris10 é o lugar cios oprimidos e do.i pobres.. ( 12). Mais explícito ainda é o Pe. Beni dos Santos. referindo-se à leitura da Bíblia nas CE8s: "A chave poro a leilura ,ta 8iblio s11o os pobres e suo perspec1iva. uma vez que a opressão-liberração cons1irui o con1e.rro hisrórico em que se desenvolve a revelação divina .... l ogo. o co111exto mais natural para o lei1ura do 81/Jlia sao· os pobres. Ela é um livro escrito em função deles. a partir de sua perspec1iva. para ·defender sua cousa, ,·onscientizá-los sobre a sua situhção injusta, revel(lf-lhes o Deus libtr1odor. ,·onvocá·los o /ul(lr pela liberJação integral .... Sem 11 Bíblia. lido a par1ir ,ta .rituaçilo de pobreza. iluminando o caminhada do povo pt,ro a liber1ação. nossas Ct:Bs seriam IOfvez coisa muito diferen1e" ( 11). A "chave" para a leitura da< Escrituras não é, pois, Cristo. mas o "pobre". A Bíblia lida assim na ..ótica" do .. pobre". do "oprimido" transforma•sc em livro "conscicntizador.. das CEBs, na linha da " libertação'~ marxista.

Em torno do eixo opressão-libertação

e

em torno do eixo dialético opressão-libertação que - para a Teologia da l.ibertação - gira toda a H istória Sagrada. A libertação de Israel da Escravidão do Egito, narrada no txodo, é o paradigma para toda "luta libertadora.. : a opressão do Faraó sobre os judeus, é símbolo de toda forma de opressão que tem c , istido ao longo da História. até chegar ao capitalismo, o Faraó dos nossos dias. Como outrora. também hoje Deus intervém para libertar seu povo do cativeiro, através de novos Mois~, que promovem a união e a conscienti.z.ação do povo para libertá-lo (14). A luta de Davi contra Golias, por exemplo, é apresentada como a luta do pequeno (a Comunidade de São Mateus-ES) contra o gigante do reílorestamento (as Companhias reílorestadoras). O cativeiro da Babilônia serve para os membros das CEBs de São Félix do Araguaia se referirem à "opressão em

que vive o povo" (15).

Por outro lado, o recurso ao método "fatos da vida-fatos da Bíblia" é fator importante no processo de conscientiza.. ção. como se pode perceber nas palavras de uma integrante de CEBs, relatadas por Frei Carlos Mesters: "Agora. com essas reuniões ,le Biblia e de comuni~ dade a gl!11te vai percebendo que é gente

.... F.ssas reuniões são boas por que ajudam a geme a descobrir q11e foi fei1a para ser livre" (9). O Relatório das CE8s de Volta Redonda. para o 2.• Encontro nacional (Vitória, 1976), afirma: ''A r>edagogio é .... libertadoro 1ambém porque se dão instrumen1os para o povo fazer análise <la situação em que se acha envolvido, poro fazer critico do.t preconceitos religiosos alienonres a confronrar Biblio e problemas dh vida: 'estávamos culpando Deus da ,nó si1uação. agora descobrimos que os culpados iramos n6s que nada faziamos para transformá-la·, disseram alguns" ( 10). Já no relatório das CEBs de ltacibá· ES, para o mesmo encontro, lê-se: ..Como ont ldou, a uma cerra leiwra olie-

11ada da Biblia. 1em-se 1en1ado algumas experiências de leiturh encornada ou pó· /(1ica das mesmas .. ( 11 ).

Um fanatismo herético e revolucionãrio A luta de classes é que e,plica, para os mentores das CEBs, a própria Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. O jornal esquerdista mineiro .. De Fato" pergunta a D . Pedro Casaldáliga: "Cris10 .... não

foi ele próprio umo vitimo dti lwo de classes em seu rempo?" Ao que o Prelado de São Félix responde com ênfase:

.. Foi ,s.so. mos foi muito mais do que isso. Evidentemente que foi vi1ima do lwo de classes. PUaros era o Império Romano, era a colonização. Os escribas e fariseus erhm o.ç intermediários dessh colonização e eram a., oligarquias" ( 16).

Concluindo: as Sagradas Escrituras, reinterpretadas à luz dos princípios mo• dernistas e marxistas da Teologia da Libertação, podem condu1.ir os militan• tes das CEBs a um fanatismo a lumbrado, de fundo herético e de consequências revolucionárias imprevisíveis... 1:. na realidade, é o que se tem visto por todo o País, cm agitações nas periferias, nas fábricas. nos campos. em verdadei.. ras "guerras contra os patrões" e ..operaçoos pega-fazendeiros.. ( 17).

felicidade J)(ríeit.a sobre a terra (efr. Lt>s

(7) Idem, outubro 1976. col. 331.

R'"Hgions, verbetes FomlomemoUs,~$ e Mile•

(8) Idem, ibidem. col. 336. (9) Idem, novembro 1976. col. 551. (10) Idem, ibidem. eol. 548. (1 1) Idem. ibidem. col. 557.

narisme. Jules Monncrot, Soâalogie de lo Rfvolmion, 2.l::mc partic, L~$ Milltnium sur la urre ('t lc~.s l trreur:; dt fbi.HQire, Fayard. Paris . 1969; Pc. Gcorgcs M. M . Cotticr OP. Morx;sm~ ti messionis-me, in "Ateísmo e Diálogo", Bollctino dei Segz-ernriato per i non credenti. Città dei Va1ie3no, scttembre 1974). (2) Rtlt'git1o t Poli1iza(iío no /Jra$il: A Igreja e v Regimr Autorltório, Ediçôt'$ Loyo13, São Paulo. 1979, pp. 152- 153.

(3) Flor stm de/tsa - Ur o E\•Qligellto no vida''. in "SEOOC', outubro 1976. co1. 336..

(4) "SEDOC', novembro 1976, col. SIS. (S) ldcm. ibidem. (6) Idem, ibidem.

( J 2) J..tituro da Bíblia e compromisso com o justiço. in "Revis ta Eclesiástica Brn<ileirn". m3rÇO 1978. p. 291. ( 13) A Blblía e os pobres. in ··o São Paulo... 11-9-8 1. p. 3. ( 14) Cfr. Hugo Assmann. Opresslon•l.i• bé'ración. desafio a los cdstion o.'f, Tierra. Nuc-

va, Montcvidco. 1971. pp, 71 -72. (15) Flor sem defesa ... , Col. 337. ( 16) Jornal cit.. Belo Horizonte, setem-

bro 1976, p. 8. (17) Cfr. "As CE&... das quoi.s nUJit<> se falo. J)IJuco st eonhec~ - A TFP os dt.u revé r<Jm<> .silo", Parte li. Capítulo Ili.

CATOLICISMO -

Dezembro de 1982


oco

os

P li nio Co r rêa de Oliveira AS ÚLTIMAS eleições emergiu o seguinte rcsullado: cm três dos Estados mais imporrnn1cs do !lrasil São Paulo. Rio e Minas - a esquerda venceu. Além do mais. alc,rnçou ela expressivos progressos cm diversos outros Estados. É bem cxarnmenic o concrário do que. para o bem da civilização cristã e do Brasil, cu desejara. Desdenho o procedimento do avcscruz que, quando se aproxima o inimigo, mete a cabeça num monte de areia. Deixo pois de lado aspec1os importanccs das últimas eleições, como o descolamento - a meu ver certo - cnirc o rcsullado clei1oral obtido e as aspirações da grande maioria do Brasil au1ên1ico. Ou cn1ão o papel preponderante do esquerdismo da imprensa (4. 0 Poder) e das sacristias (5. 0 Poder) no fabrico desse resultado clciioral. Ou. por "flm. o papel mui10 singu lar dos pruridos csqucrd isrns nos

D

bairros ricos. e das tendências conservadoras

nos bairros pobres. Pois o fato palpável. cerlo. indiscu1ivcl. sobre o qual mais dircrnmcn1c incide nossa atenção. é esse incgüvcl progresso da esquerda. Impõe ele duas perguntas c lcmcnrnrcs. às quais quero responder fronlalmcntc: para o nde o progresso da esquerda conduzirá o llrasil? Em face dele. no que consiste o meu dever, e o de cancos que como cu pensam? Ambas as perguntas comportariam c.xplanações sem fim. Co nte nto-me. pois. cm destacar delas um ponto cm torno do qual, a meu ver. tudo gira. É ele de índole muico

"fuxico" e a "fofoca" do outro, grande ni1111e- . rode brasileiros preferiu as discensivas divc,·sões do livre jogo político. E por ai vai levando o Brasil.

O que nos ensioa isto? - Que o êxito da esquerda só tem possibilidades de ser durável na medida cm que ela o saiba compree nder. E. analoga mente, o centro e a direita só continuarão a representar um pa·

pcl marcante na vida brasi leira se souberem adapcar•se a cal. Quero ser ainda mais concrcco. Se a esquerda for ai;odada na cfccivação 'das reivindicações "popula res" e niveladoras com que subiu ao poder: - se se moscrar abespinhada e ácida ao receber as críticas da

oposição; - se for pcrsccucória acravés do mesquinho casu ísmo legislativo. da picu inha ;1d ministn11ivn ou da dev;,stação policialesca dos adversários. o llrasi l se sentirá fruscrado na s ua apecência de um regime "bon enfan1" de uma vida distendida e despreocupada. Num primeiro momcnco. distanciar-sc.-á c ncão da esquerda. Depois fitari, ressentido . E. por lim. furioso. A esquerda terá perdido a partida da popu laridade. Em oucros termos, se os esquerdistas. ora cão inílucnccs no Estado (Poderes 1. 2 e 3). na Publicidade (Poder 4) e na cs1ru1ura da Igreja ( Poder 5). não compreenderem a prcscncc avidez de distensão do povo brasileiro. deixarão de atrair e afundarão no isolamcn-

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Carlos X . o soberano cavalheiresco ao qual faltava sutileza política

o gentil donou Carlos X, que caiu no vácuo. Subscituiu-o - grande "virtuose" em operar discensõcs - Luís Filipe, o rei burguês. o "reiguarda-chuva", o qual ficou no trono acé que. cansada por fim de pacatez, em 1848 a França o acirou ao chão .

O (lrasil d e hoje quer absolucamente 1>acalc7.. Se a esquerda vitoriosa não souber oferecê-la, eva ncscer-sc-á Se o cencro e a direica não souberem conduzir sua lula num clima de pacatez, terá chegado a vez deles se cvanesccrcm.

~.

Lu1s XV III. o mon&reéll votl&iriano e ladino

mais ccmperamcntal do c1uc ideo lógica. como. ali.is. corresponde ao fcicio de nosso povo.

lnco nc,iveis são os brasileiros a quem se persuadiu de que a repressão anticomunista

de há mu ico jií "limpou o ccrreno" entre nós dos poucos s ubversivos que rcscam. Qual<1ucr repressão anticomunista se tornou as~

sim .supérflua e inoporcuna. · Ora. essas quimeras, cssa.n,csma m;,i<>ria sc111iu delícias cm deixar-se persuad ir delas. Pois o brasileiro é cordato, e só gosca de assistir discussões e brigas quando não são "para valer" mesmo. Ai e las o encantam. Ê a hora da torcida, do "fuxico", da "fofoca" c1c. " Esquerdismo'' significava, para a gran<ic maioria. democracia, oportun idade para folar ou ouvir arengas bonitas, o u então para participar das "fofocas", dos "fuxicos" e da policicagcm. Co locados na opção enirc .a carranca. a repressão e a luca. de um lado, a li1cra1ura. o CATOLICIS MO -

Dezembro de 1982

10. Fah1rão para multidões silenciosas no

t

comc,,o. e pouco depois agascadas.

w

.f

A H is1 ôria di, inúmeros exemplos de regimes que não se mantiveram porque não souberam entender coisas destas. Soube compreendê-las. por exemplo. tuis XV I li. o

.

I

monarc<.1 cri ptocsqucrdista. vohairiano e la· dino. Por isto morreu tra nqüilamente no

lrl>no da França c m 1824. Sucedeu-lhe Carlos X. seu il'mào . cav~llhdr<:sco. distinto e gentil como um raio de sol. deleic;ível no 1ra10 como um Cavo de mel. Mas ele era um bom direitista. ao qua l faltava (como isto é freqüente entre direitistas ... ) qua lquer suti· k,:, p()lí!ÍC,L Pôs.. se ele a governar contra a esquerda com um alinco e uma precipitação que pôs aos hcrros o setor visado. A bcrn ..mnada modorr;.1se foi l'arcl~l'lt.'ndo. A m:tiori.:1 ab:in-

luís Felipe, o rei burguês, o "roí· guarda-chuva"

Bem concebo que algum leitor exasperado me pergunte: Mas. alinal, quem ganha com essa pacatez? - A1é aqui não 1ra1ci disto. Moscrei que perderá quem não a souber ter. Quem ganhará: a direiia? o centro? a esquerda? - Quem conhecer as verdadeiras fibras da alma brasileira e souber entrar cm diálogo pacaco com essas libras. Seja Governo. seja oposição. pouco impo rta. A iníluência será de quem saiba fazer islo. lnsisco. Se o Governo. a Publicidade e a escrulura eclesiástica não souberem manterse no clima de pacatez. e passarem p:ua a violência física, lega l ou publicitária contra a oposição, os pacacos lhes dirão: mas. alinal. qual é a sinceridade. qual a dignidade de vocês, que quando eram oposicioniscas reclamavam para si liberdade e respeico. e agora que são governo usam da perseguição e da difamação para quem é hoje oposição? E se os pacacos nocarcm acrimônia nos de centro e de direita, dir-lhes-ão: está bem provado que é impossível conviver com vocês, porque, nem vencidos, sabem se,· de um traio distensivo. E cuidado com os pacatos que se indignam. senhores da esquerda. do cenc ro e da direita. A hora não é para carrancas. mas para as discussões arejadas, polidas, lógicas e inteligentes. Os pacatos toleram tudo, exceto que se lhes perturbe a pacatez. Pois então facilmente se fazem ferozes ... 3


Como se mantém longamente um rE ATITUDE SUICIDA DE GRUPOS ECONÔMICOS OCIDEN' MA DAS C ITAÇÕES mais frcqüenles que se costuma fazer das arengas de Leni n é a de que o capitalismo venderia ao comun ismo a corda com que seria enforcado. Para mu itos dos mais lúcidos e cxpericnles analistas politicos e econôm icos do mu ndo ocidental, o gasoduto euro-siberiano, ora em construção, representa essa corda. Destinado ao transporte de gás nat ural desde as cercanias da península d e Yama l situada no exlremo norte da Sibéria, no litora l do Oceano G lacial Ártico. em latitude acima do Circulo Polar Artico - a té a Europa Central, essa obra gigantesca fornecerá, quando terminada, a dc1. países da Eúropa Ocidental, dos quais cinco membros da NATO, u m terço do gás utilizado para consumo. Porém, pior a inda do q ue o previsto por

U

Lenin, o mundo capitalista não vai apenas

vender a corda com que será enforcado pelo comunismo. Vai fornecer ao seu a lgoz o dinheiro e o material com que a corda será fabricada, e depois ainda pagará um aluguel por ela quando a estiver usando em volta do pescoço. Vejamos por quê.

• • • Realmente, a Rússia jamais teria a possibilidade de empreender sozinha uma construção de tal vulto, que exige uma soma de recursos financeiros e tecno lógicos que ela não possui. Tornou-se portanto imperiosa a ajuda do capita lismo para a construção desse gasoduto que, diga-se de passagem. não se destina a transportar gás apenas para a Europa Ocidental. Ele servirá também, através de ramificações e gasodutos secundários. ao longo dos 4.500 km de seu trajeto cm território soviético, para o desenvolvimento industrial de vasta região da Sibéria e da Rússia eu ropéia. Com uma extensão total de 3.600 milhas - aproximadamente 5. 760 km - o custo da obra ainda não está perfeitamente conhecido. Fala-se cm cerca de 45 bilhões de dólares. O que se sabe é que as nações da Europa Ocidental, lideradas pela França e Alemanha, fornecerão eq uipamentos e assistência técnica avaliados cm 15 bilhões de dólares. financiados por e mpréscimos garantidos peios respectivos governos e pagáveis a longo prazo, com j uros baixos, de 7,5o/o- O dinheiro para pagamento deverá ser obtido com a venda do próprio gás ao Ocidente, transação esta que, segundo os especialistas, deverá render à Rússia o mínimo de 11 bilhões de dólares anual-

josa de se colocar desde já sob o domínio soviético.

Vantagens do gasoduto para a Rússia Uma aná lise lúcida e perspicaz dessas conseqüências foi feita pelo Sr. Lawr~nce J. Brady, Secretário Assistente de Comércio para a Administração de Comércio Internacional, do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em diversas oportunidades, mais especialmente cm depoimentos prescados perante comissões do Senado norte-americano. Assim, a construç,ã o do gasoduto terá efeiios de ordem econômica, política e mi litar de benefício exclusivo para a Rússia e para a .c ausa do comunismo incernacional. Senão vejamos. O invcstim'ento de 15 bilhões de dólares ser{, um e mpuxe subscancial para a economia russa, cujas taxas de crescimento vêm caindo há vários anos. Segundo Brady, a taxa de crescimento do Produto Interno 8ru10 da Rússia, que cr·a de 5.3% entre 1965 e 1970. baixou para 3,8% entre 1970 e 1975, e para 2,8% entre 1975 e 1980. E continua cm dcclinio. A construção do gasod uto será um auxilio poderoso para a consecução de uma meta de desenvolvimento há muito tempo desejada pela Rússia e que ela jamais conseguiu alcançar: a industrialização d a S ibéria. O montante de capicais que deverá entrar na Rússia é imprevisível. pois ela poderá aumentar o preço do gás quando sent ir a Europa dependente. Alguns prevêem uma entrada anual de 22 bilhõc.s de dólares. Com esse dinheiro a Rússia 1erá meios de incerfcrir no mercado financeiro ocidental e de exercer forte pressão sobre um ~cgimc econômico que e la jurou destruir. Escava previsto que a Rússiá e ntraria cm crise de energia por volca de 1985. A construção do gasodulo a livrará não só desse Cren,lin. relaxar 1e1nporaria1nente suo /Jf(>ssão Olé '<1ue a tra11sferê11cia de teo,ologia se consunwsse. para então volu1r novotn(•111e a esrra11gul11r t, liberdade polonesa··.

OMosrou

mente.

Por volta de 1985, quando o gasodu to deverá e n1rar em funcionamento. a Itália, a França e a Alemanha terão respectivamente 30o/o. 35% e 38% de suas necessidades de gás natural dependentes do gasoduto siberiano. E como as reservas desses pafscs tendem a diminuir enquan10 o consumo propender a aumentar, essa dependência deverá ser maior ainda ao longo da última década deste século. Que motivos levaram tais países a se lançarem nessa aventura suicida? Os pretex tos alegados são principalmente dois: 1. A necessidade de diversificar as fontes de fornecimento de energia para não permanecer sob a dependência exclusiva do Oricnce Médio. região conturbada. de situação politica pouco estável. 2. A necessidade de criar empregos para fazer face à onda de desemprego atualmente observada na Europa Ocidental. As firmas européias encarregadas do fornecimento dos equipamentos poderiam criar novos empregos cm vista das encomendas. A empresa estatal Goz de Fro11ce, por exemplo. para justificar o cont rato para o fornecimento de gás siberia no, publicou maléria no Le Monde, edição de 2-9-82, e no L'Hrananité,.de 10-9-82. Alegando _que a parte do gás natural no consu mo e nergético total do pais vem a umentando progressiva mente, e que deve aumentar mais a inda, enquanto as próprias reservas do produto vão diminuindo e os contratos com outros países fornecedores chegam ao fim, a empresa achou por bem assinar com a Soyvzgas Export (órgão soviét ico) um contrato que prevê o fornecimento de 8 bilhões de metros cúbicos de gás siberiano a parcir de 1984. Em 1990 esse gás rcprcsencará, segund o a própria Gaz de Froncc, cerca de 30% do consumo do país e 5% das necessidades cm energia primária. Essa injeção poderosa de recursos técnicos e financeiros na Rússia acarretará conseqüências de ordem politica e econômica da maior importância, tanto no que concerne às vantagens a serem auferidas pela Rússia para a solu ção de seus problemas incernos e externos, como no que se refere à submissão crescente de uma Europa aparentemente dcsc4

ROSSIA

Apesar da debilidade de.~sa oposição. os defensores do projeto não seguiram a adverlência. E declaram que ceder· a ela seria quebrar contracos assinados com Moscou. Fi ngem eles ignorar a existência de comratos ameríores com firmas noric-americanas que contêm cláusulas regulando cuidadosame nte a Lransferência de tecnologia. Segundo Milton Copulos, "se as Jirnws curopéius ignoran, o embargo nOrl( ·(11nerica110 e violan, seus con1

traros co,n finnas nor1e-(11nedtai1as. deven, elas ser processadas e111 roda a extensão da ld".

M apa quo indica a extensão do gasoduto: mais do 5 mil km

problema, como também da bancarrota econômica cm que e la e seus satélites, pela própria natureza do regime, vão inexoravelmente afundando. Como parte dos acordos do gasoduto, o Ocidente fornecerá à Rússia equipamentos altamente sofisticados para permitir a difícil exploração das jazidas de gás e seu transporte ao longo das 3. 600 milhas. Com isso os sovié1icos terão acesso à melhor tecnologia ex istente. que será ut ili zada não apenas no gasoduto, mas cm iodo o pa rque industrial soviético, inclusive, é cla ro, no setor militar. Com o dinheiro da venda do gás, a Rússia poderá comprar com mais facilidade os alimentos de que está sempre nccessicando. Assim, poderá liberar mais recursos para o esforço armament ista. O gasoduto servirá para aumentar ainda mais o controle russo sobre a Europa Oriental. pois e la exportará gás também para esses países. O crescimento cspecacu lar do imercâmbio financeiro entre os dois blocos favorecerá uma 1endência neutralista no Ocidente, baseada na necessidade dos europeus de não melindrar os russos, pois estes poderão cortar o gás de que canto necessicam. Essa dependência da Europa proporcionará à Rússia a possibilidade de subverccr a Aliança Atlântica e de exercer pressões diretas ou indiretas na política interna de países europeus, onde já existem influentes partidos comunistas ou socialistas. Diante de uma questão pendente, mesmo que a Rússia não concrecize a ameaça de cortar o fornecimento de gás, a simples possibilidade de fazê-lo torna a Europa Ocidental bem mais· ílcxívcl para a consecução dos objclivos que os soviéticos têm em vista.

Ê uma ilusão pensar que. com a construção do gasod uto. a Rússia vai moderar s ua tendência expansion ista e suas inte rvenções veladas ou abertas em outras regiões. O Oriente Mcdio, em particular, deverá sofrer nova tc11ta1iva de dcsestat,ilização por parte dos comuni~tas a rim de tirar da Europa essa fonte de suprimento energético e deixá-la inteiramente depcndenle do poderio soviécico.

Perigo de finlandização da Europa Díante de tantas e tão clamorosas vantagens para a Rússia e para todo o comunismo internacional, é natural que muicas vozes. lúcidas e previdentes. se tenham levanlado contra a execução de um projeto tão tendencioso. a lertando para os riscos de u ma jinla,ulização completa da Europa. O próprio governo norte-americano vem procurando, de certo modo, colocar obstác ulos à sua realização, ao impedir que empresas norte-americanas o u suas subsid iárias européias vendessem à Rússia. a precexto da construção do gasoduto. mercadorias q ue pudessem ter fi nalidades estratégicas. Essa reação norte-americana foi, porém. bem menos enérgica do que seria de desejar. Como di, o economista e ana lista polilico Millon R. Copulos: ..O governo Reagon errou ao relacionar a <>posit.;ão nortl!-arncricana ao

gasoduto ,·0111 a pressão soviético 110 Polónio. A questão é muito 111ois básico: trota-se da segurança do 11lia11ça ocidental. O gasoduto se,npre será u11w arneaça estratégica. t'ndepen-

de111e do que aconteça na Polô11io. A oposição dos Estados Unidos deveria pernwnecer /ir111e. 1nes1110 que a situação da Polô11ia melhore. Pois seria fáâl para a ditadura n1ili1ar daquele poí.,. ou poro os senhore., do

Os governos europeus resolveram desafiar a decisão norte-americana e cumprir incegralmcnte sua parte na conslrução do gasod uto. Os bancos da Alemanha Ocidental já e mprestaram 1.$ bilhões de dólares garantidos pelo governo de Bonn, cnquanlo a França já contribuiu com 140 milhões de dólares cm equ ipamentos, comprometendo-se a comprar 280 bil hões de pés cúbicos de gás soviético anua lmencc, durante os próx in,os 25 anos. O governo francês chegou mesmo, num d esafio aberto ao embargo norte-americano. a requisitar a e mpresa Dresser-France, filial da empresa norte-americana Dresser l11dustry Jnc., para que ela pudesse entregar já os três primeiros compressores, de um total de vinte e um, encomendados pela Rússia para a construção do gasoduto. Esse ato de força do governo M ittcrra nd deu-se em 21-8-82; nos dias s ubscqUcnies a mercadoria já era embarcada no carguei ro soviétic-0 8orodi11e, ancorado no porto do Havre.

A posição pró-soviética de empresãrios norte-americanos Porém não é só dos governos e uropeus q ue chegam as crícicas ao embargo. Na própria cúpula dos meios empresariais e financeiros dos Estados Unidos há defensores da construção do gasoduto. Na Câmara de Comérc io, por exemplo, dois de seus membros mais salientes, Richard 1. Lesher e Donald Kcndall, criticaram abcrcamente a decisão do governo, classificando-a como um estado de ·•guerra econômica" contra a Rússia. Como diz Milton Copulos, ··.ie é co,1111111 que e111presas particulares negocie,n co,n governos hostis ao próprio, é estranho porém que 1ais e,npresários defend,1111 rão aberramen1e ,11,w politict1

evidente1nen1e contrária ao interesse nacional. A Câmara parece incapaz de compreender que os estrei1os laço.s econôn,ico.t que o gasoduto de Y/romal criaria entre a Europa Ocide11tal e o Rússia soviética só poderiam solapar a possibilidade de ca111erciar com nossos aliados o longo prazo. Além do nrais. encorajar a CATOLICISMO -

Dezembro de 1 982


'

~gim e fracassado? TAIS, SUSTENTÁCULOS DA Rú

.t2

Lenin: "Os capitalistas vender.nos-lo a C·Otda com a qual os enforcaremos"

Europa a comprar gás sov1e11co é lin1itar o ,nercado para sua alternativa natural: o carwío norf<~•arnericano ''.

Aliás. o pretexto mais utilizado, pelos que desejam financiar a sobrevivência e a expansão do comunismo, é que o comércio com o mundo comunista vai proporcionar bons negócios c abrir novos mercados. Ê sempre a mesma cantilena dos "sapos.. no plano internacional: fingindo querer apenas ganhar dinheiro, o que desejam, de fato, é manter o comunismo que, sem essa atitude, se extinguiria.

Ê o que setores do capitalismo norte-americano vem fazendo desde os tempos de Lenin. Caso tipico desse modo de agir é o do Chase Ma11l1011a11 Corporation. Essa instituição bancária norte-americana tem procurado desenvolver a exportação soviética de energia para a Europa desde o inicio dos anos 70. Ela financiou a construção do gasod uto de Orenburg para a Europa Oriental, só recentemente concluído, que contribuiu poderosamente para aumentar o domínio soviético naquela região. O Chase também esteve envolvido cm negociações sobre um propalado gasoduto para trazer gás natural do Irã, via Rússia, para a Europa Ocidental. A queda do Xá Reza Pahlcvi impediu sua realização, tendo os soviéticos então proposto a exploração de seus recursos siberianos. Vê-se ai o empenho do Chase Manha11an em colocar a Europa na dependência energética da Russia .

Outros bancos ocidentais estão também interessados cm desenvolver a indústria energética da Rússia, como único meio de livrar as nações do Co,ne,·on de um dilema político e econômico que ameaça todo o sistema financeiro internacional. Pois o endividamento do bloco soviético para com o Ocidente sobe a 82 bilhões de dólares .. A Rússia seria obrigada, em último caso. a respaldar a dívida de seus satélites. Mas ela também está descapitalizada e tem poucae ;,ossibilidades de exportar produtos manufaturados, devido à baixa produção e má qua lidade. A única saída seria então. pensam os banqueiros, investir o capital ocidental na exploração das vastas reservas de gás natural da Sibéria. A comunidade bancária ocidental, por isso, parece ter um interesse vital no sucesso do plano quinquenal da Rússia e na continuidade de suas relações comerciais com os Estados Unidos. Para a construção do gasoduto siberiano, grandes bancos e empresas norte-americanas estão envolvidas. Por trás da empresa alemã Ruhrgas, figuram três grandes empresas petróliferas norte-americanas: a Exxon, a Mobile a Te.w,co. Atrás destas ficam quatro das maiores instit uições bancárias norte-americanas: a Chase Ma11ha11an Corporation, a Mor-

gan Guarantee Trus1. a Citicorp e a Manufaclurers Hanover Trust, as quais, por sua vez,

têm important íssima participação acionária, não só nas empresas petrolíferas já meneio-

nadas, como cm duas grandes empresas de manufaturas americanas que participarão do projeto: a Caterpillar e a General Electric. Existe portanto uma considerável interligação de interesses entre os bancos e as empresas petrolíferas, fabricantes e acionistas envolvidas no projeto do gasoduto. Todos auxiliando os interesses do comunismo e prejudicando os interesses do mundo livre, quc.-endo levá-lo para a órbita de- Moscou, e pretextando desejar apenas ganhar dinheiro. Eis a í um exemplo típico da manobra de que a Revolução sempre se serviu para sustentar o comunismo e o socialismo nos países dominados por eles. Utilizar os recursos dos países capitalistas para impedir que esses regimes antinaturais caiam de podres. É o que se obsérva no noticiário de todos os dias. E para executar essa triste missão de manter os povos de várias nações subjugados por seus algozes, não faltam "sapos.. que se disponham a legremente a fai.ê-lo. Se a tinalidade fosse apenas a vantagem econômica, esta poderia ser conseguida em outros empreend imentos que favorecessem os interesses do mundo livre e contribuíssem para libertar os povos oprimidos pela tirania socialo•comunísta. O caso do gasoduto também pode servir de exemplo para isso.

Descartadas as venJadeiras soluçlJes Realmente, se o motivo alegado para o recurso ao gás siberiano é a diversificação das fontes de energia para diminuir a dependênc ia cm relação ao Oriente Médio, existem no próprio Ocidente soluções alternativas que dispensariam o investimento de capitais em uma nação inimiga para favorecer um governo opressor. Dessas fontes de energia ocidentais, que deveriam merecer a prioridade de banqueiros "não-sapos... duas se destacam: o carvão norte-americano e o gás norueguês. Com o aperfeiçoamento dos portos americanos a fim de aumentar sua capacidade de carga e descarga, a Europa Ocidental poderià importar grande quantidade de carvão dos Estados Unidos, suficiente para suprir em equivalência técnica o gás siberiano, ou seja, cerca de 90 milhões de toneladas anualmente. Quanto ao gás norueguês, suas reservas no Mar do Norte são muito grandes, embora pouco conhecidas, pois faz-se um silêncio na grande imprensa sobre o assunto. Na exploração dessas duas fontes de energia poderia ser investido o capital do Ocidente. criando grande número de empregos e diminuindo a dependência do Oriente Médio. Também outros recursos poderiam ser mais explorados, como o carvão da própria Europa, o gás da Holanda e da África, tornando perfeitamente d ispensável o projeto siberiano pró-comunista.

Afrouxamento da posição norte-americana Antes de terminar este artigo, convém acrescentar mais um dado a respeito do embargo imposto pelo governo norte-americano à exportação de equipamentos para o gasoduto. Em novembro passado a imprensa diária noticiou que o Presidente Rcagan havia suspendido o embargo e revogado as sanções impostas a várias companhias européias que exportam equipamentos para o gasoduto. Isto porque os Estados Unidos e seus aliados ocidentais haviam assinado um acordo regulamentando o comércio com o bloco do Leste. Afirmou o chefe do Executivo norte-americano: "O acordo que alcança,nos 111ostra que

a aliança ocidental está coesa e que se propõe a analisar os aspectos estratégicos ao ton,ar decisões sobre o comércio co,n a União Soviética''. Acrescentou ainda que, a partir de agora, o Ocidente se "absterá de todo acordo comercial que contribua para dar vantagens CATOLICISMO -

Dezembro de 1982

111ilitares 011 ajuda preferencial à economia soviética". Disse ainda que agora, com o acordo "oferecendo medidas 1110is fortes e eficazes. as sanções são desnecessárias·:. Segundo tal acordo, as novas relações comerciais Leste-Oeste terão, entre outras, as seguintes diretrizes: Nen hum novo contrato para compra de gás soviético será assinado antes que todas as alternativas energéticas ocidentais sejam analisadas. · O Ocidente compromete-se a "reforçar os

controles existentes sobre a transferência para a União Soviética de bens estratégicos". Isso que, à primeira vista, parece ter grande alcance na defesa dos interesses do Ocidente, na realidade pouco ou nenhum efeito terá para dificultar a construção do gasoduto siberiano. Pois este está ligado a contratos já assinados, enquanto o novo acordo, ao que tudo indica, refere-se apenas a atos futuros, sancionando praticamente tudo o que j á foi feito até agora. Ou seja, apenas impediria a construção de um segundo gasoduto, sobre o q ual ninguém fala . Esse é o exemplo típico de anticomunismo desenvolvido pela administração Reagan. Aparentando muita energia, as medidas que toma são inócuas o u de pouca eficácia contra os interesses da Rússia. Até a exportação de cereais para aquele pais, que sofreu um embargo durante o governo Carter, foi restabelecida pelo atual presidente. Em 1979 as exportações norte-a mericanas para a Rússia atingiram 3,6 bilhões de dólares, dos quais 2,8 bilhões em produtos agrícolas. Em 1980, após o embargo parcial, as exportações caíram para 1, 5 bilhões, dos quais um bilhão c m produtos agrícolas. Em 1981 ,-já no governo Rcagan, as exportações voltaram novamente a subir para 2,5 bilhões no total, dos quais 1,7 bilhões em cercais. (Os dados de 1981 são cstimativos).

• • • Diante do exposto, qualquer comentârío torna-se desnecessário. Foi superada a previsão do próprio Lenin. O Ocidente capitalista não vende, mas fornece praticamente de graça a corda com que será enforcado pela Rússia comunista. E ainda coloca a cabeça no laço já armado por ela ...

Julio de Albuquerque

Para a redação deste artigo. além de órgãos da imprensa diária nacional

e estrangeira, foram utili·

zadas as seguintes fontes: 1. Lawrence J. Brady - Assistant Secrctary of eommcroc for lntcmatíonal Trade Administration: a) Statcmcnt beforc eommittee on Banking. Housing and Urban Ocvclopmcnt - United Statcs Senatc, Washington, o.e.. 12-11-81. b) Statcmcnt bcforc lntcrnational Tradc eommincc, National Association or Manufacturcrs. San Francisco, California, January. 13, 1982. e) Statcmcnt bcforc Senate Subcommittee on lntcrnalional Financc and Monctary Affairs. Washington, o.e.. 14-4-82. d) "East-\Vcst Trade: Thc Historical Oimension" - conferência para os Young An1cricans for

Frcedom, em Nashua. New Hampshire. 20-3-82. 2. Milton R. eopulos, Policy Analyst a) "Trans-Siberian Pipeline will bail out the sovicts, sink thc \Vcst". in .. Conscrvative Oigcst", March 1982. b) "Resising Pipeline Pressures... in "The Hcritage Foundation Executive Mcmorandum... 27-782. . e) "The Heritagc Foundation Backgroundcr". 10-3-82. 3. Scnator Bill Armstrong ºFrcc Trade" with Slavc Labor. in "Economic

Forum'". 27-8-82. 5


PALAVRA socialismo recomeça, paulatinamente, a adquirir atualidade cm nosso País. Jornais afirmam que certos políticos · brasileiros abandonarão seus atuais partidos para fundar um autêntico partido socialista. Entretanto, não apareceu até agora uma conceituação inequívoca da doutrina que orientará o eventual futuro partido. Não est-ranha. A palavra socialismo vive, em boa medida, da atmosfera de indefinição que a rodeia. Evita-se cuidadosamente defini-la. Em torno dela flutuam conceitos com um sentido aceitável corno justiça cm sentido cristão, preocupação com os que sofrem etc. Qual a razão desse interesse em manter o vocábulo sempre com uma acepção dúbia? Sobre isso desejo apresentar algumas reflexões ao leitor. Houve tempo em que seus propagandistas gostavam de identificálo com justiça social, expressão também ambígua e tautológica, pois qualquer espécie de justiça será sempre uma virtude social. Contudo, pode-se admitir o conceito, desde que se o entenda, como o fazem autores católicos, como sinônimo do terceiro tipo de justiça, denominado na filosofia aristotélico-tomista justiça legal. Entretanto, a analogia entre socialismo e tais expressões fanou , retirado precipitadamente aq uele primeiro vocábulo das luzes pu blicitárias, devido às renovadas experiências socia listas, invariavelmente trazendo cm seu bojo tirania e miséria, das quais são tristes exemplos mais recentes Moçambique, Angola e Nicarágua, nações a tantos títulos vinculadas ao Brasil. Já não se ousa dizer que socia lismo significa prosperidade e maior bem-estar. A H istória arquivou essa arma propagandistica. O que ficou?

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As f ilas constituem uma constante nos regimes socialistas, como a que observamos acima, na capital soviética

SOCIALISMO: embuste para atingir meta ~omunista ,

Sociedade sem classes, ante-sala da tirania O historiador Julius Braunthal, outrora mem bro ativo da Internacional So~ialista, da qual foi secretário de 1949 a 1956, afinnou em sua obra "Die Geschichte der lnternationale" ('A His16ria da Internacional'): "Para un,a definição houve e há uma série de 1eorias. Em todas e.ristiu e exis1e uma idéia comu,n: a idéia de uma sociedade se111 classes de livres e iguais. emancipada de qualquer for111a de escravidão econô111ica e polltica. Es1a concepção existia no começo e acompanhou sempre a idéia dos movimentos socialis1as e111 todos os países e par1es da terra, não importa os ,nétodos de sua realização. É o firn co,nu,n do movi111ento inglês como do russo, do chinês co,110 do escandinavo, do hi11du co,no do alemão. ainda que possam ser .fundamentais suas difere11ças 1e6ricas e políticas" (op. cit .. 3. 0 volume, Ed. J.H . W. Diet1~ Berlim, 1978, p. 566). O que significa essa idéia primeira, absoluta, postulado comum a todos da sociedade sem classes de livres e iguais? Inicio a resposta trazendo o testemunho de uma conhecida autora, Hannah Arendt, há pouco falecida (embora discorde de muitas de suas posições), q ue em fundamentadas críticas ao nazismo esclareceu: "Assinala-se freqüe11te111ente que os 1novimentos totalitários usa,n e abusa111 das liberdades democráticas com o fim de aboli-las.

Esta não é sin1plesme111e astúcia maligna por parle dos dirigentes ou estupidez infa,11il por pane das 111assas. As liberdades democráticas pode111 se co11siderar baseadas 11a igualdade de rodos os cidadãos perante a lei: se111 enrbargo do que, adquire111 iodo seu significado e funcionam orga11icamente s6 onde os cidadãos penencem a grupos e são representados por estes ou onde fonnon1 111110 hierarquia social e política. A rup1ura do sis1en1a de classes. a ú11ica esiratificação social e política das nações-es1ados europ éias foi, certamen1e, um dos 111ais trágicos acontecimento.< da recen1e hi.t16ria ale111ã" (Hannah Arendt, "Los orígenes dei 101ali1arismo", Ed. Taurus, Madrid , 1974, pp. 393-394). Tomando como base o raciocinio de Hannah Arendt, não é difícil conjeturar porque toda sociedade socialista, na medida em que radicaliza na direção dos próprios fins e destrói as classes sociais aumenta o totalitarismo, a tirania, a asfixia das liberdades públicas. A autora crê inclusive· que, se não fosse a débâcle provocada pela Primeira Guerra e - afirmo cu - alguns governos socialistas, a Alemanha estratificada em classes sociais poderia avançar rumo ao bem-estar geral sem sofrer os horrores do nazismo. A sensata opinião de que uma sociedade harmoniosamente desigual é eficaz bar-

Com4rcio privado na Rússia é sufocado pelo sistema: prateleiras vazias

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reira contra o totalitarismo raras vezes aparece defend ida no Brasil, embora se concedam amplos espaços da publicidade às posições de Hannah Atendt.

Mera dlssonãncia de métodos? Muitos afirmam que o socialismo que defendem não é o socialismo praticado na Rússia. Concedo. É realmente árduo quebrar lanças pelo comunismo soviético. Entretanto, desejo lembrar que a divisão entre bolchevismo e socialismo democrát ico não é tão profunda como habitualmente se apregoa. Ambos possuem comunidade de metas, distinção de métodos. Qualquer pessoa que tenha conhecimento, mesmo superficial , da história do socialismo sabe que Karl Kautsky e M.ax Adler foram conhecidos intelectuais marxistas que pertenceram à Internacional Socialista nas primeiras décadas do século. Kautsky teve violenta polêmica com Lenine. É certo que o chefe do partido bolchevista e do Estado russo não se moveria se Kautsky fosse pessoa de segunda importância no movimento socialista. Veja o leitor como ele iniciou sua resposta a Lenine: "Pela primeira vez na hist6ria 1111111dial, o Revolução ru.isa per,nitiu a t11n partido socialista tomar a direção de um gran de país [... ]. A posição das duas correntes socialistas não se fun da em rnesquinhas rivalidades entre indivídu os. ,nas é a oposição de dois métodos funda111entalmente diferentes: o método democrático e o mé1odo di1a1orial. As duas corren1es querem a 1nesn1a coisa" (Kautsky, "A ditadura do proletariado", Livraria Editora Ciências Humanas, São Paulo, 1979, p. 3). Max Adler, importante socialista austríaco, observou como partícipe de destaque das polêmicas entre socialistas e comunistas: "O social-democrQ/a revolucionário cons1ota subitan1ente a palavra 'co,nunismo·. que designava o ideal ao qual ele havia se,npre aspirado, afastar-se dele e ser utilizada para designar u111 novo partido que 'llãO se diferencia do seu, em úliin1a análise, senão por questões láticas e de fonnas de organização" (Max Adler, "Dé,nocrotie et Conseils Ouvriers", Ed. François Maspero, Paris, 1967, p. 62). Enquanto se desejar unir a palavra socialismo a seu significado histórico, não é possível deixar de lado a opinião de seus mais abalizados

intérpretes, que após a revolução comunista, cm meio a acesas polêmicas, sentiram-se obrigados a definir-lhe o escopo. E as afirmações de Kautsky e Adler não constituem opiniões isoladas. Ainda hoje, é comum tal opi nião. O deputado trabalhista inglês Eric Hefter, em livro comentado pela revista oficial da Internacional Socia lista ("Socialis1 Affairs", l / 80), escreveu ao trat'ar do curoco munismo: "O que queren, dizer então? J:.ssencialmente, parece, u111 co,npronlisso a longo termo estável pela abolição do capitalismo e da exploração do home111 pelo home111, a criação de urna sociedade se,n classes na qual os 111eios de produção, distribuição e 1roca serão propriedade comum. Mas não 1emos n6s, os socialis1as de111ocráticos. o ,nesmo fin1?"

entendida no sentido cristão. Expõe seus fins expressos com clareza apenas em publicações de pequena circulação, destinadas~ círculos de intelectuais que para ' lhe dar adesão inteira desejam estudar com profundidade seus fundamentos filosólicos, suas metas e técnicas de ação. Essa mesma tática, utilizada pelo PS francês e que auxiliou poderosamente ~ ascensão de Mitterrand ao governo da França, em maio do ano passado, foi magistralmente denunciada ao grande público, através da Mensagem do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "O socialis1110 autogestionário: en1 vis1a do co,nunis,no. barreira o~ cabeça-de-po,11e?" O famoso documento, redigido em nome das treze TFPs, foi publicado nos maiores d iários de todo o mu ndo livre. Certamente a questão ganhará atualidade nos próximos meses, com a ofensiva conjunta dos marxistas, esquerdistas de várias colorações e da esquerda católica para criar bases amplas que possibilitem a criação do partido socialista. Contra a totalitária igualdade antinatural sonhada pelos socialistas, o público seguidor da doutrina social da Igreja. no interesse da grandeza cristã do Brasil e da ascensão paulatina das condições de vida da população, deve ter em mente a verdadeira posição do Magistério Pontifício. Os homens são iguais por nat ureza e têm, em conseqüência, os mesmos direitos básicos, mas acidentalmente são muito diferentes. O que corresponde, na ordem social cristã, à harmoniosa e rica desigualdade socia l. Convém lembrar aqui o ensinamento de São Pio X, ao condenar o movimento político "Le Si/1011": "Não. o civilização não mais está para ser inve111ada. ne,11 a cidade nova p ara ser construída nas nuvens. Ela exis1iu, ela existe; é a civilização cris1ã. éa cidade católica. Não se trma se11ão de instaurá-la e restaurá-la sem cessar sobre seus fundamentos 11aturais e divinos contra os ataques sempre novos da ,11opia ,na/sã, da Revolução e da i111piedade" (" No1re Charge Apostolique", n.• 11 - Ooctrina Pontifícia, Documentos Políticos. BAC, Madrid, 1958. p. 408).

Camuflagem da meta Grande parte da força do movimento socialista provém de sua artificiosa dissimulação dos fins. Como quer ter at(ás de si multidões que o apoiem, na presente situação necessita encobrir a meta, pois a revelação total desta o transformaria em minúsculo grupo sem possibilidades reais de influir na determinação dos rumos de qualquer pais .. Para isto manipula sentimentos louváveis como o desejo de melhorar a situação difícil das classes modestas. Faz crer que compartilha, ainda que de maneira laica, das exigências da justiça,

Lenin

Embora na atual quadra histórica do Brasil pareça impossível atingir o ideal da plena civilização cristã, devido aos numerosos fatores de desagregação. o judicioso é desejar a manutenção e melhoria do que ainda resta daquele edifício venerável - a cidade católica. E não dar o pulo tresloucado rumo a utopias malsãs, como adverte com tanto acerto o santo Pontífice.

Péricles Capanema

CAMPOS - ESTADO DO RIO Dtttlor: Paulo

Coma

dt Brilo Ftllo

Dtttlorb: Rua dos Goitacaic,. 197 • 28 100 -

Campos. RJ. Admlnhtntçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 • Ot224 - São Paulo, SP • PABX: 22t-37SS (ramal 23S). Compo,io e impres,o na Artpr<Ss - Paptis e Artes Grificas Lida., Rua Garibakli, 404 - 01 IJS - São Paulo, SP. "Catolklomo" t uma publiaçlo mensal da Edi1ora Padre Belchior de Pon1es S/C. Assintlura anual: comum CrS 2.000,00~coopcrndor C rS 3.000.00: bcnfcitorCrS S.000.00; grande be:nfci1or CrS 10.000.00: scmin3risrn.s e cs:tud3mes CrS I.S00.00. Exttrior (\'i3 aért,3): comum USS 20.00: benícitor USS 40,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Editora Padrt kkhlor de Pontes SIC~ poderio ser encaminhad0$ à Administração. Para mud_anÇa de endereço de . ass1na~tes ~ nec:cs~rio mencionar tam~m o endereço antigo. A concspond~nc&a n::tauva a assinaturas e venda avulsa devt $tr enviada à Admlnlslr.,po: R,.. Dr. Martlnko Pr-odo, 271 - sao Paulo, SP

CATOLICISMO -

Dezembro de 1982


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O DIVINO ARTISTA E A CRISTANDADE

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põem a organizar a vida terrena: é o Direito, a estrutura do Estado, o Império etc.

O Império Romano esboroou. Os germanos o invadiram. Sob o influxo da Fé, eles herdaram a alta concepção das coisas da cultura católica greco-romana, mas seu espírito pedia que a ordem temporal por eles organizada fosse, o quanto possível, um símbolo do Céu. Enquanto o oriental visa mais o paraíso celeste, o europeu ocidental, nascido das invasões bárbaras, procura mais fazer desta terra uma antecâmara do Céu. E para isso concorreu seu notável instinto organizativo e a capacidade de contornar ou enfrentar, de forma sistemática, os problemas. E da conjugação de tais qualidades nasceu esta obra-prima de caráter político-social: o feudalismo. Transcendendo a todos esses aspectos, há outro traço característico

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S POVOS da outrora pujante Cristandade, em seu conjunto, poderiam ser comparados a um magnífico órgão cujas teclas seriam constituidas por cada nação ind ividualmente considerada ou grupos de nações, formando acordes. Essas notas, por assim dizer, tocadas pelo Divino Artista, através da ação sobrenatural da graça, harmonizarse-iam em sublime concerto que, de certo modo, "cantaria as glórias de Deus". Como o órgão postula a catedral para fazer-se ouvir adequadamente em suas inefáveis sonoridades, esta, para efeitos da metáfora, seria a própria História dos homens, no decurso dos séculos. Nessa perspectiva, considere-se sumariamente algumas áreas de civilização cristã na Antigüidade, como o Oriente católico; o contexto histórico greco-romano convertido ao Cristianismo até a queda do Império do Ocidente; a formação dos reinos bárbaros após as invasões; a Cristandade medieval e as ressonâncias que esta deixou na História ao longo dos séculos.

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O primeiro Foro Romano (reconstituído na gravura abaixo. hoje em rufnas) é um ediffcio que simboliza o espfrito jurfdico dos latinos. Após a ascenslo de Constantino no trono imperial, em 312. o Direito Romano foi profundamente impregnado e vivificado pela influência do Cristianismo.

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CATOLICIS MO -

Para a referida situação, além do gênío próprio do oriental, já batizado e desenvolvendo-se em condições de existência próprias à sua área de cultura, concorrem os panoramas da natureza. Céus noturnos de um azul profundo, no qual, a bem dizer, cada estrela do firmamento tem algo a a noite no deserto... Por debaixo de todas aquelas areias tem-se a impressão da existência de um símile do céu material. E a sensação indefinível de se estar envolto cm vários céus toma conta do espírito! É um tipo de sacralidade que convida às renúncias magníficas, de varões frugais habitando grutas nos altos das montanhas em meio a um isolamentq indizível, e a altíssimas considerações do espírito, e onde se discerne um admirável desígnio da Providência quanto a determinado modo de encaminhar sua Igreja. É a Igreja no seu nascedouro, historicamente próxima do Filho de Deus que se fez carne e habitoo entre nós. Nossa Senhora, Belém, Jerusalém, a Estrela dos Reis Magos...

Já a índole gre~o-romana é diversa. O espírito grego não é levado a se desinteressar deste mundo, afirmando-se no que se poderia chamar de posição anacorética. Ele é voltado a refletir sobre o mundo presente, pedindo sobre ele uma altíssima explicação filosófica. É um outro gênero de personalidade. Os romanos, por sua vez, haurem essas explicações gregas e se

Dezembro de 1982

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O Mosteiro de Santa Catarina e a região des6rtica do Monte Sinai {onde Deus manifestou-se a Moisés e a Elias) retratam bem o espfrito contomplativo car8cterfstico da Cristandade no Oriente. O célebre Mosteiro foi construído no ano de 561 pelo Imperador bizantino cristão Justiniano.

''conversar'' com o homem, durante

De si, o espirilo oriental (especialmente o dos egípcios, persas. assírios, hindus e chineses) é muito voltado para as considerações transcendentes, à procura de um maravilhoso inexistente nesta terra, e que tal mentalidade tenta apresentar numa clave religiosa. Em decorrência dessa impostação, são esses espíritos intensamente meditativos, afeitos ao isolamento, encontrando razão de felicidade até em contemplar as estrelas. Tal feitio de espírito, vivificado pela Religião verdadeira, deu origem a uma peculiar expressão da sacralidade católica, norteada para a afirmação da absoluta superioridade das realidades espirituais sobre as temporais. Nesse sentido, é sintomática a tendência dos orientais católicos a ornar simbolicamente, e de modo super-abundante, mais as coisas religiosas que as temporais. E a inclinação para o anacorelismo, ou então para a vida cenobítica contemplativa, a solidão, a demanda do maravilhoso sobrenatural são outras manifestações da mesma impostação de alma. É uma intensa afirmação psicológica que se volta para o outro mundo, desdenhando e mesmo desprezando tudo quanto seja terreno.

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de sua mentalidade, que consiste numa espécie de emoção religiosa diante da seguinte realidade: o Verbo de Deus se encarnou. dignificando assim toda a ordem da Criação e assinaladamente o gênero humano! Assim, o europeu ócidental celebra a festa deste mundo, enquanto orientado por Nosso Senhor Jesus Cristo e por Ele elevado à ordem sobrenatural; e o homem redimido, a humanidade resgatada e podendo levar uma vida superior à sua própria natureza: a vida da graça, dom criado cuja posse possibilita a participação, · de algum modo, da própria vida incriada de Deus! No ccnt ro de ludo, portanto, está a Igreja, que nos abre as vias de acesso à vida sobrenatural, e que o homem medieval instala enfat icamente no próprio ápice da ordem estabelecida. E com a Igreja é a Revelação, o Magistério eclesiástico, a vida dos Sacramentos, a oração. E a catedral a que aludimos no início, equivale, assam, ao próprio coração, de onde é distribuído o sangue para toda a sociedade temporal.

Em nossos dias aquele órgão parece ter emudecido. Contudo, seu eco reboa ainda pelas alias abóbodas da catedral da História. E o peregrino que contempla hoje as ruínas da Cristandade discerne suas tênues sonoridades. Do mais profundo de seu ser uma certeza cheia de esperança e de Fé se levanta: o órgão não pode ler emudecido, pois sua melodia é imprtal e eterna!

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ANISTIA NA COLÔMBIA: PACIFICAÇÃO OU DEBILIDADE? ,,.

A SOCIEDADE Colombiana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, publicou em vários jornais da Colômbia um manifesto a respeito da lei de anistia assinada no dia 19 de novembro p.p. pelo Presidente Belisário Betancour. O documento da entidade figurou nas páginas do diário de maior tiragem do pais, "El Tiempo" de Bogotá, cm sua edição de 9 de novembro último. O quotidiano "El Pais" de Cali, terceira cidade daquela nação, estampou na mesma data o manifesto da TFP. Reproduziram também o referido documento "El Mundo" de Medellin, segunda cidade do país; "Diario de la Frontera" da cidade de Cúcuta; "Diario dei Huila" da cidade de Neiva; "Diário de la Costa" de Cartagena, histórica e importante cidade do litoral colombiano no Caribe. Após a promulgação da lei de anistia, continuaram a se verificar atentados e diversos tipos de atos terroristas como, por exemplo, o assassinato da deputada pelo Partido Liberal, Gloria Lara de Echeverri, seqüestrada seis meses atrás; o homicídio do advogado Jaime Moslave Munoz, assessor do Instituto Estatal de Comércio Eltterior, ambos delitos praticados nos últimos dias de novembro p.p.

O Movimento 19 de Abril (M19), grupo guerrilheiro mais ativo da Colômbia, reafirmou cm 31 de novembro que apoiava a lei de anistia promulgada pelo governo, mas insistia na necessidade de uma trégua de seis meses para analisar os principais problemas econômicos e sociais do país. Além disso, os guerrilheiros começaram a eltigir posteriormente a desmilitarização das regiões ocupadas por soldados, no Sudeste do país, e a adoção de um amplo programa de reformas sociais e econômicas. A situação até o presente permanece confusa. A rnaioria dos guerrilheiros não parece disposta a depor as armas, apesar das concessões que lhes fez o governo na lei de anistia. Essa atitude de pressão por parte de movimentos guerrilheiros para obter ainda maiores vantagens do atual regime confirma a necessidade de firmeza e cautela que o manifesto da TFP colombiana preconizava, poucos dias antes de ser aprovada a lei de anistia. Até hoje o governo vem se recusando a atender à mencionada solicitação de seis meses de tréguas. Mas, se os dirigentes colombianos manifestaram atitude de fraqueza promulgando uma lei de anistia tão concessiva - segundo o

manifesto.. da TFP daquele país qual a segurança que eles oferecem, de futuro, em não vir a efetuar novos e desastrosos recuos diante do terror? Transcrevemos abaixo, para o conhecimento de nossos leitores, a íntegra do importante documento da TFP colombiana.

ENCONTRANDO-SE o país ·na iminência da aprovação de uma nova lei de anistia, que beneficiará os implicados na guerrilha, a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP julga necessário pronunciar-se a respeito do tema. Dado o caráter a político da TFP, habitualmente ela se abstém de pronunciar-se sobre assuntos muito candentes de caráter cívico. a não ser nos momentos em que, para poder atingir seu fim específico, seja absolutamente necessário fazê-lo; ou seja, o combate à influência socialista e comunista, nos termos da doutrina católica tradicional. Por essa razão, até o momento, a TFP esperou que as considerações abaixo fossem formuladas por algumas vozes autorizadas que recente-

Publicada em almanaque francês nota sobre a TFP O "Guia da Oposição" (''Le Guide de l'Opposition", lntervalles, 38. rue de Bassano, Paris) estampou nas páginas 35-36 urna nota sobre a TFP francesa, na qual apresenta os no,nes dos 'dirigentes da organização, seus objetivos e n1étodos de ação. Tal guia expõe as caracterí.rticas e osele,nentos essencais das entidades que se opõem ao atual regime sodalista da França. Sob o título "Uma análise do regime de Mitterrand colqcada no index pela censura socialista". a publicação parisiense relata do seguinte ,nodo. na página 50, as dificuldades que encontrou a entidade para publicar naquele pais a Mensage,n contra o socialisn,o autogestionário:

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"A TFP francesa, conjuntamente com as TFPs de 12 outros países, é signatária de uma obra cuja repercussão internacional é uma das maiores nos últimos dez anos.

e no "Washington Post". A principal ilustração da Mensagem (ao lado) aparece como fundo de quadro nos vídeos de televisão na França. Nesse período, um grande quoTrata-se da Mensagem do pro- !idiano parisiense já havia assumio compromisso de publicar o fessor universitário brasileiro Plí- do documento. Seis páginas de publinio Corrêa de Oliveira, intitulada um encarte a não ser des"O socialismo autogestionário: em cidade, pelo jornal. Aliás, o pagavista do comunismo, barreira ou denhado mento estava já efetuado. Entrecabeça-de-ponte?", que foi divultanto, em 6 de janeiro, o jornal se gada em 69 países e 155 dos maiores desdiz e recusa a publicação, aleórgão~ da imprensa ocidental. gando como única explicação a Qual foi até o momento o im- simples decisão do proprietário. pacto do documento na França? O Entra-se cm contato com todos leitor julgará. Eis os fatos: os outros grandes diários e revistas • Em 10 e 11 de dezembro de parisienses não esquerdistas. De1981, a imprensa francesa comenta para-se com uma enigmática frente um acontecimento da véspera: seis de recusas. páginas contra o programa auto• No mês de fevereiro, a TFP gestionário do PS francês, publi- organiza um "mass-mailling" com cadas no "Frankfurter Allgemeine" uma empresa privada. 31 O mil destinatários. De Paris e de todos os pontos do país começam a surgir os pedidos de outros exemplares. A TFP distribui assim dezenas de milhares de impressos. Manifestamente, a publicação da Mensagem pela grande imprensa se'ria acolhida com um vivo interesse por vastos setores do povo francês. Mas em nosso país qualificado como democrático, a liberdade, de tal modo exaltada como um dos ideais do PS, é recusada à TFP francesa e às suas associações-irmãs.

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• Em !Ode março e l5deabril, a edição parisiense do "lnternational Hera ld Tribunc" e o hebdomadário "Rivarol" publicam sucessivamente o Comunicado das TF Ps: "Na França, o punho estrangula a rosa". Excelente e abundante repercussão.

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• Em 5 de junho, o "lnternational Herald Tribunc" publica desta vc?. um resumo da Mensagem e do Comunicado. Da França e de diversos países que esse jornal atinge, os pedidos do texto integral inundam a sede da TFP, atingindo uma cifra que bate todos os records. Conclusão~ A França desejaria poder ouvir a voz da TFP francesa e de suas associações-irmãs. Mas elas estão todas amordaçadas".

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Sócios e coopera• ~ dores da TFP colombiana em campanha pelo ínterior do Pais.

mente se fizeram ouvir. Entretanto, ela constata que até agora tais reflexões não se apresentaram no debate. Constata ainda, com pesar, a enorme inércia da opinião pública ante um assunto que se relaciona intimamente com o futuro do país.

I. Parece indispensável fazer uma distinção entre os casos em que as vítimas dos delitos que serão perdoados foram militares, e aqueles cm que as vítimas foram civis. Pois, se bem que seja inerente à alta finalidade do Estado proteger com toda eficácia a vida e os direitos dos particulares, essa obrigação é ainda mais intensa em relação aos militares. Pois estes são mandados para defender o bem de todos e, portanto, se expõem por amor à Pátria, sem que interfiram, como habitualmente sucede na vida civil, os int~resses privados, legítimos ou ilegítimos. Em conseqüência, a TFP considera que, se fosse estabelecido que um guerrilheiro pode matar impunemente um militar de qualquer grau, ficaria consagrado um princípio de impunidade para todas as resistências à lei; o que equivaleria correr um grande risco de perturbar o cumprimento do próprio dever, por parte dos soldados, de desarmar portanto o Poder Público e, fina lmente, de tender à liquidação do Estado. Mais ainda; é claro que a vida do civil só excepcionalmente fica colo 0 cada em risco por causa da luta guerrilheira, enquanto faz parte da rotina militar esta existência estar exposta a tal perigo; de maneira que aqueles que servem à nação dessa forma, fazem-se credores a que sua segurança seja adequadamente protegida. A TFP, sem entrar na análise de quanto essas considerações devam pesar, de que efeito concreto elas devam ter, as formu la para que no debate nacional sobre a anistia, sejam tomadas em conta na medida em que as autoridades as considerem prudentes; pois seria incorreto e funesto para a vida nacional menosprezar assuntos de tanta gravidade. 11. A História demonstra que a atitude de clemência habitualmente só se toma em relação a movimentos já vencidos, cuja hora de ressonância na opinião pública já passou, e cujos últimos focos podem ser d issolvidos por uma medida de clemência; a qual, no caso concreto, largamente não sucede. Em conseqüência, a TFP deve manifestar o receio - sem dúvida compartilhado por incontáveis colombianos - de que nas atuais condições, dando liberda<le por meio de uma anistia textualmente incondicional a numerosos líderes da subversão que se têm mostrado ser superativos, estes se entreguem de imediato e preferentemente l! uma modalidade de violência em nossos principais centros urbanos, muito mais moderna que a guerrilha. Isto é, à agitação de massas para promover insurreições nos bairros ope-

rários contra os bairros patronais (*); caso em que o efeito da anistia não teria sido desarmar a guerrilha senão apents transferir a agitação do fundo da selva aos centros das grandes cidades. A TFP considera portanto que, para que a anistia não seja funesta, é preciso que aqueles que a propõem formulem todo um programa de pacificação social. Esse plano deve consistir na criação de um clima de tranqüilidade, no qual os problemas possam ser resolvidos, uma vez o uvidos todos os interessados; e não num clima de agitação social, no qual as concessões serão arrancadas por agitadores; concessões estas que em vez de aplacá-los, só servirão para alimentar neles a esperança de êxito, por meio de extorsões ai nda mais amargas, radicais e violentas; com marcha rápida para a extorsão total. III. Preocupa também muito a circunstância de que os guerrilheiros conseguiram atuar e resistir com tanta eficácia até o momento presente, sem dúvida pelo fato de receber armas e munições do Exterior, através de condutos que nossas autoridades não conseguiram descobrir ou não puderam cortar. Por tal razão, se a anistia fosse promulgada, a nação colombiana teria o direito de esperar que houvesse primeiro um ato de rendição formal dos guerrilheiros; seguido de uma entrega de todas as armas, cuja quantidade e características poderiam ser conferidas com aquelas que os técnicos militares julguem provável a guerrilha possuir; e, finalmente, que as autoridades informem sobre as medidas que serão tomadas para cortar com eficácia definitiva a entrada de armamentos na Colômbia. Porque não é possível que nosso país seja o único no mundo que, sem estar cercado diretamente por nações cm estado de guerrilha, não obstante tenha sempre armamento clandestino novo, como se brotasse do próprio solo.

A TFP pede a Nossa Senhora das Lajas uma especialíssima proteção para a Colômbia, e particularmente q ue Ela ilumine àqueles que têm nesse momento a responsabilidade pelos destinos da nação, a fim de que eles saibam decidir com acerto um assunto que se relaciona não só com o bem estar, senão também com a própria soberania do país. Pois, sabendo todos que a guerrilha de tendência comunista é de incitação estrangeira, tolerá-la e conferirlhe algum grau de impunidade significaria começar a renunciar à própria soberan ia nacional. (•) Sobre essa forma de ae,itação. o proícssor Plinio CorrCa de Oliveira, Presidente d;, TFP brasileira. acaba de publicar cm seu

pab um livro do maior interesse-: "As Comu•

nido<les Ec/t,slais de Do.se... das quais muitt>st falo e p<>u<'O se conliue - A TFP as d.-scrtvt como silo", o qual cm breve será editado cm

língua castelhana. Os pedidos podem str íei• tos à TFP colombiana.


N.• 385 -

Janeiro de 1983 -

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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FESTIVIDADE DO BATISMO DO R.E DENTOR '

A MÍ ME AP!:TECERfA

IR A VER ALGO QUE NO TWIERA NACIA Q(JE VER CON lRIÁNOOI.OS ~ .••

SAGRADA Liturgia celebra a 9 de janeiro a festa do Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo. No rito bizantino essa festividade recebe o título de Teofania, para realçar a manifestação divina. Muitos Santos Padres denominam tal comemoração festa da Jlu1ninação ou das L11zes, por ser o dia cm que a Divindade do Salvador manifestou-se sensivelmente. E, seguindo São Paulo, chamam o Batismo de iluminação, já que por esse Sacramento saimos das trevas do pecado e ingressamos na luz da graça. Por ele recebemos a luz da Fé e nos tornamos filhos de Deus.

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Desvarios progressistas com ilustrações ... "CATOLICISMO" comentou ern números anteriores (março de 1979, n. 0 339 e janeiro de 1980. n. 0 349), livros do Sacerdote espanhol José Luís Cortés. O autor dedicou-se à tarefa de apresentar temas religiosos, especialmente bíblicos, através de textos irreverentes, blasfemos e até heréticos. As redações são acompanhadas de desenhos caricatos, feitos pelo mesmo escritor, que procuram despertar, através da visão, os mesmos sentimentos e idéias que a redação provoca. A obra comentada por nosso colaborador Aloisio Peixoto de Castro, na página 2, denomina-se "Para servir a Dios y a usted". O leitor poderá comprovar por esse artigo até que extremos o progressismo dito católico está chegando. Cenas das mais sacrossantas da História Sagrada, como o Natal e a Epifania, são conspurcadas pela redação e ilustrações do autor. Mas este não se detém na irrever~ncia e blasfêmia. Vai além. Apresenta-nos a figura de um Jesus que suprime

toda a hierarquia e abole todos os dogmas. De um São João _Batista que escreve: "Deus é ateu". E o Pe. Cortés ainda admite que "no final, a coisa não acabe tão mal fpara os demônios}. como diz a teologia ortodoxa". Rejeita, pois, o Dogma da eternidade das penas do inferno. Assim, a nova obra do Sacerdote ibérico expõe, além de blasfêmias, doutrinas herélicas. E nesse sentido, aplicar-se-ia a frase da Sagrada Escritura: "Abyssus abyssun, invocai" -- "O abis,no àtrai outro abismo" (SI. 41, 8). A ilustração acima, que figura na p. 14 de "Para servir a Dios y a usted", é bastante significativa para indicar o teor e o nível da obra: ela representa ·a Santíssima Trindade. O desenho apresenta um jovem (Jesus), um velho (Deus Padre) e uma pomba (Espírito Santo), entretidos com a leitura de um catálogo de espetáculos. E, segundo a observação de Deus Padre, interessados em algum deles que "não tivesse nada que ver com triângulos amorosos... "

Em Berlim e na Alemanha defrontam-se dois mundos

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*

São João Batista pregava o batismo de penitência (Lc. 3, 3), uma preparação para o verdadeiro batismo. Difundindo o espírito de compunção e arrependimento, dispunha os judeus para a remissão dos pecados que só o divino Redentor podia conceder-lhes. A figura do Precursor e a pregação do espírito de arrependimento e penitência são particularmente salutares para a humanidade de nossos dias, dominada pelo orgulho, materializada, sedenta de prazeres e imersa na concuoiscência. Na era atual, Nossa Senhora transmitiu em Fátima a nossos contemporâneos importante mensagem, análoga à do Batista para os judeus daquela época, conclamando todos à prática da penitência e oração.

BERLIM tornou-se, no mundo pós-Segunda Guerra Mundial, uma cidade-símbolo. Nela co-existem dois estilos de vive'r, duas concepções de existência profundamente distintos, que, aliás, dividem a humanidade contemporânea: a do Mundo Livre, no setor oeste, e a coletivista, antinatural, na zona comunista . O contraste é chocante, especialmente para aqueles que nunca haviam tomado contato direto com o inferno marxista, como é o caso de nosso colaborador José Lúcio de Araújo Corrêa. Em interessante reportagem, ele descreve-nos suas impressões sobre a antiga capital germânica, dentre as quais duas sobressaem: de um lado, a crueldade, inédita na História, em construir um muro de 196 km de extensão para impedir que toda uma população se evada do "paraíso vermelho"; por outra parte, a perda do senso moral de alemães ocidentais que, indiferentes à tra·gédia de seus compatriotas de além M11ro da Vergonha, divertem-se assistindo aos espetáculos de um circo armado junto a este, ou fazendo seu teste cooper ao lado da linha divisória... As fotos documentam uma cena dramática: a agonia e morte do jovem alemão oriental Petcr Fechter, que tentou transpor a sinistra muralha. Na foto da esquerda, aparece a vítima, esvaindo-se em sangue, atingida pelos disparos de guardas vermelhos. Na da direita, um ·soldado da zona oriental transporta o corpo de Peter, após aguardar o fim da a~onia do fugitivo, que durou 50 minutos.

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BATISMO oe Juus, de Masolino da Panicale. Caatiglione O lona. 1436

Nosso Salvador dirigiu-se ao rio Jordão no prelúdio de sua vida pública, aos trinta anos de idade. São João Batista não O tinha visto ainda com os olhos do corpo, mas O conhecia profundamente. Reconhecera o Messias antes do nascimento de ambos, quando exultou de alegria no ventre de sua mãe, Santa Isabel, em presença de Nossa Senhora, que trazia em Seu seio imaculado o Verbo Encarnado. Quando o divino Mestre ia se aproximando do Jordão, São João Batista, esclarecido por uma luz sobrenatural, reconheceu clara e distintamente o Messias naquele Homem que vinha pedir-lhe o batismo. Sua alma profética encheu-se de gozo, admiração e adoração. Com profundo respeito, indagou: "Eu devo ser batizado por Vós e Vós vindes a mim?" (Mt. 3, 14). "Trava-se então - comenta D. Duarte Leopoldo e Silva - 11m adn,irável co1nbate de humildade. Quem poderá vencer, em semelhante luta, Aquele q11e disse: 'Aprendei de ,nim que sou manso e humilde de coração'?" Recebendo a explicação de que era necessário cumprir os desígnios de Deus, São João Batista não resistiu mais e obedeceu. Observa D. Duarte: "Não obedecer à voz de Deus a pretexto de humildade, não é humildade 111as orgulho" (cfr. D. Duarte Leopoldo e Silva, "Concordância dos Santos Evangelhos", Oesclée e Cia., Tournai, 2.• edição, 1928, p. 35 e ss.). Eis aí mais uma lição magnífica para a civilização hodierna d o minada pela Revolução. Este processo multisecular, que vem desagregando as nações e corrompendo os indivíduos, tem como suas fautoras principais duas paixões desordenadas: o orgulho e a sensualidade. Ora, a humi.l dade - da qual Nosso Senhor, nesse episódio de Sua vida, apresenta-se como modelo inigualável - é precisamente a virtude que se opõe ao primeiro daqueles vícios causadores da Revolução (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira. "Revolução

e Contra-Revolução", Diário das Leis, São Paulo, 1982, p. 30).

*

D. Prosper Guéranger, o famoso Abade beneditino de Solesmes, em sua obra "L'Année Liturgique", convida-nos a glorificar Nosso Senhor Jesus Cristo pela manifestação do caráter divino de Sua Pessoa, nessa ocasião, e admirarmos a humildade do Salvador que se curvou sob a mão de um homem mortal para cumprir toda justiça, como Ele mesmo disse. Tendo o Verbo de Deus assumido os pecados dos homens, quis revestirse da humilhação para reerguer a humanidade decaída, em virtude do pecado original. _ Acentua D. Guéranger que Jesus Cristo, descendo ao Jordão, quis dar às águas a virtude de gerar - como canta a Igreja - uma raca nova e santa. Ele deixou-Se circundar pelas águas, para comunicar a esse elemento da natureza a virtude santificante que não perderá jamais. "Aquecidas pelos divinos ardores do Sol de Justiça - acrescenta o douto Abade de Solesmes - as águas tornam-se fecundas, no 1110mento em que a cabeça sagrada do Redentor é nelas mergulhada pela mão trélnula do Precursor".

Deus havia dado seu Filho ao mundo, não somente como Legislador. Redentor e Vítima com vistas a nossa salvação, mas para ser também o Santificador das águas. E era junto a elas que o Criador devia prestar a Seu Filho um testemunho divino. Foi nessa ocasião que se fez ouvir aquela voz potente, que Davi assim qualificou: "Voz do Senhor que repercute sobre as águas. trovão do Deus de majestade que abate os cedros do Ubano" (SI. 28, 3-5). E a adorável voz proclamou: "Eis o·meu Filho bem-amado, no Qual pus todas as •minhas complacências" (Mt. 3, 17).


LIVRO PROGRESSISTA ...

E BLASFEMIAS HERETICAS UEM JÁ NÃO experimentou alguma vez, a propósito de cenas da vida de Nosso · Senhor, como a literatura e a arte as representam, uma impressão que se poderia definir como de maravillu11ne1110? Tal impressão, q ue nasce ao contato da alma com certas realidades muito eminentes - nas quais jâ transparece algo da Perfeição suprema, e por isso nos maravilham atinge a vontade, despertando nela t rês movimentos: o enlevo, a vene-

Compare o leitor as imagens de Natal que guarda em sua memória com a "Festa do Natal" como esse sacerdote a concebe (p. 98): nela, Nossa Senhora carrega o Menino Deus acompanhada de uma figura feminina de aparência suspeita; São José, vestindo macacão, troca brindes com certo homem que bem poderia ser um marginal; um dos Reis Magos mostra a outro um cigarro do q uai se desprende densa fumaça; um anjo, piscando o olho, abraça um homem. A cena é animada pelo som de um batuque. O músico que toca o pandeiro diz para o companheiro: "Se aplicossen1 aqui a lei de periculosidade [ou seja, a repressão legal ao vício], ficávamos sen1 Na-

Q

ração

e a 1er1111ra, que são das mais

nobres expressões do afeto humano. Por essa razão encont ram, na Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Objeto próprio, o Objeto por excelência.

ra/".

Clima maravílhoso do verdadeiro Natal A partir dessa realidade psicológica e sobronatural, desde os seus primórdios a Igreja procurou exprimir o maravilhoso inefável do HomemDeus, sobretudo através da .Liturgia, da arte etc.; para assim melhor despertar nos homens o amor de Deus e a esperança do Cé11. Por exemplo, a cena de Natal. Desde os mais célebres a rtistas até os mais modestos artesãos populares a representam precisamente porque nela, a majestade sobrenatural do acontecimento a lia-se à singeleza pastoral do ambiente, fundindo o mais simples e encantador com o mais grandioso, e de modo tão suave. tão adeq_uado, que suscita a exclamação: "(.lue maravilha!'' Pense-se, por exemplo, na fragilidade e pcquenc1. desse Menino ... que é a própria Majestade infinita! Considere-se a Virgem-Mãe. de cujo seio puríssimo nasceu "Aquele que

os Céus e a terra não podem conrer". Contemple-se São José, o Varão cheio de força e de sabedoria, extasiado diante do próprio Deus que se submeteu à sua autoridade patriarcal. São contrastes prodigiosos mas harmônicos, que convidam para uma admiração sem fim. e que de algum modo estão presentes até nos menores det ilhes da cena. Pois dir-se-ia que a si ntidade e a inocência do Menino, espelhadas em Sua Mãe e São José, inílucnciam depois, com intensidades proporcionadas, todos os circunstantes Reis Magos, pastores - atingindo até a própria natureza animal. vegetal, e mesmo mineral. Nessa nÓite, o céu terá sido mais diáfano e as estrelas mais brilhantes, porque nascera o Salvador cuja presença restaura. maravilhosamente, a Ordem do Universo quebrada pelos pecados dos homens. Foram esses e outros numerosos aspectos análogos que a piedade católica sempre procurou exprimir a propósito do Natal. Eles reluzem como os mil reílexos que, naquela hora, a Estrela de Belém, pairando sobre o Mar da Galiléia, certamente terá deitado sobre suas ondas, à maneira de incontáveis pequenas luzes. muito intensas, mas suaves: nosso olhar não se poderia deter cm cada reílexo, mas guardaria a impressão do conjunto admirável de todos eles. Por esta ra1.ão, tornando sensíveis tais facetas maravilhosas do Natal, entendeu a Igreja exprimir mais adequadamente seu significado essencial: o advento do Redentor, o

Adoraçlo dos M agos. Pintura de Lorenzo Costa (1499}. Pinacoteca de Brera, Milão. Es..e quadro representa bem o esphito do adoração, dignidade e rospeito - presentes em todae as ilustrações da Epifania não progressistas - que se ospetha nas fisionomias de Maria Santfs.sima. Slo José. os Rois Magos o domais circunstantes.

Verbo de Esperado Assim tempos... recer.

Deus que se fe1. carne, o das Nações. fez a Igreja em todos os a té o progressismo apa-

Pode haver contraste maior entre o verdadeiro Nata l e a referida fesra na qual são realçados o frenesi. a vulgaridade e o vício? A oposição entre o 111aravilhoso e a n1ons1ruo· sidade é aberrante. Mas não é só a Divina Infância que o Pe. Cortés conspurca. Seus desenhos ca~icatos atingem várias fases da vida do Redentor.

iTE A5E6URO QUE SI APLICASEN AQUÍ lA LEY DE PELIGROSIDAD SOCIAL NOS QUEDÁ6AMOS SJN NAVIDAD !

A cena acima desenhada pelo Pe. Cortés. em que aparece a Sagrada FamUia e os Reis Magos, assemelha-se a um encontro de marginais

progressismo "moderado", que permaneceria numa posição de "equilíbrio", e não chegaria às conseqüências extremas de suas próprias premissas. Este sacerdote católico, que jâ publicara outros livros blásfemos caricaturizando a Religião, cm seu mais recente trabalho "Para .tervir a Dios y a Usred" (Promoción Popular Cristiana, Madrid, 1980), não só repete. mas cm alguns pontos requinta o caráter blásfemo das ilustrações e \extos anteriores.

SUPRIMIDO EL DERE<HO i QUEDA. SUPRIMIDA TODA CANóNICO: O SE AMA O NO JEAARQU1A : EL AMOR 5E AMA., NO HAY MÁS 1..EY / DA DE PUNOS CON LOS ....__ • HONORE5/ 'Ql./Etl6,

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Os desenhos inqualificáveis do autor maculam também a imagem da Igreja: sua estrutura, doutrina, liturgia etc. E vêm acompanhados da pecu liar "doutrina moral" do Pe. Cortés: para ele o santo seria, enquanto vitorioso sobre as paixões desregradas, um "recalcado. asqueroso" (p. 25); o "conceito de pecado", decorrente dos JO Mandamentos, é "equivocado" (p. 98); pois' "o caminho da perfeição é para baixo, para o profundo" (p. 104); e assim,

jQUEDAN ABOLIDOS TODOS LOS ~ : QUIEN AMA NO 51: EQUIVOCA NUNCA, AUNG.UE SEA UN HEREJE /. ,.

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O autor coloca noa IAibJoa oe Jeaua Criatô

f,a..,, herética• • No desenho (ao lado), o grande Precursor do Me11ia1, SloJolo BatJsta. escreve uma frase inconcebível: " Deus é ateu...

"onde algué,n ,nenos se perde, é nos locais de perdição" (p. 98).

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fala. pouco se conhece - A TFP as descreve con,o são", Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1982, p. 166).

Ao quadro desolador acrescenta-se a heresia Na concepção do autor espanhol, até os de,nônios são vistos de modo diferente: porque "riveram n1á soT1é", eles "se apresentam si1npáricos" ao eclesiástico, o qual manifesta também sua "esperança de que. no fin,. a coisa não acabe tão ,na/'', como a "1eologia orrodoxa" ensina, para os espiritos infernais (p. 29). Ou seja, e le esperaria uma composição entre o diabo e o Criador, o que é uma heresia. Mas para esta ser possível, Deus teria que deixar de ser Deus. E é isso precisamente o que a charge final do livro sugere: nela, São João Batista escreve: "Deus é ateu". Mais uma vez, a blasfêmia conjugada com a heresia! (p. 11 4). E o próprio Jesus imaginado pelo Pe. Cortés faz três asserções de imensa gravidade:

"Fica suprimido o Direito Canônico .... Não há 111ais lei"; "Fica suprimida toda a hierarquia"; "Ficam abolidos todos os dogmas" (p. 76).

Blasfêmia em Natal progressista Era forçoso que o progressismo, cm sua sanha demolidora, atingisse também o mencionado aspecto da Pessoa do Salvador. Basta lembrar como, já na década passada, surgiram as paródias de "presépios", nas quais o "Menino Jesus" aparecia rodeado de figuras representando chefes marxistas ateus, como C he Guevara, Mao Tsé-tung etc. O Príncipe da Paz foi assim associado, nesses singulares presépios. a símbolos da revolta. da destruição, da luta de classes etc. Quando essas e outras aberrações começaram a aparecer, como sempre alguns espíritos "moderados" julgaram que tais surtos blásfcmos não iriam mais longe, aca· bariam morrendo por si. E com ares de o,iisciência tachavam de "reacionários" e "extremistas" os que, pelo contrário, previam que o di namismo progressista não iria parar e chegaria forçosamente até o paroxismo da impiedade e da blasfêmia, pois ele é insaciável, como todo processo de ~orrupção da Fé. E,s que agora o Padre espanhol José Luis Cortés vem desmentir, mediante nova obra, a íicção de um

meo, "As CEBs... das quais muito se

Infelizmente, no Brasil as referidas teses em muitos não causarão perplexidade, já que elas apenas radicalizam o que, entre nós, um Bispo como D . José Maria Pires afirmou sobre o "serviço a Deus" que a prostituição representaria (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, Gustavo Antonio Solimeo, Luiz Sérgio Soli-

2

A primeira afirmação propugna um pcrmissivismo completo em relação ao Direito Canônico. A segunda prega a anarquia e o igualitarismo, o que redunda em negar também a hierarquia dentro da Igreja, verdade que faz parte do depósito revelado. séndo pois, uma frase herética. A terceira afirmação representa também uma heresia, pois simplesmente rejeita a Revelação. · Tal é a doutrina religiosa que o Pc. Cortés difunde regularmente em revistas consideradas católicas, como "Vida Nueva" de Madrid e outras. sem que, até o momento, conste ter havido qualquer punição ou admoestação eclesiástica. Pelo contrário, um de seus livros - "A la Buena de Diosl" - teve como coautor D. Alberto lniesta. Bispo Auxiliar de Madrid (cfr. "Catolicismo", janeiro de 1980, n. 0 349).

• • • O quadro é, sem dúvida, estarrecedor. Mas dele podem-se tirar, entretanto, três conseqUências da maior importância e que, em certo sentido, são vantajosas para a Igreja: I.•) O progressismo, ao se distanciar cada vez mais da verdadeira Fé Católica, Apostólica, Romana, tira sua própria máscara e revela-se,

ipso facto. co1110 sendo o conrrário da Igreja fundada por Jesus Cristo. E isso só poderá rer efeiro salutar sobre numerosos fiéis, merg11lhados na terrível confusão, que é uma das características do misterioso processo de "aurode,no/ição" da Igreja, aludido por Paulo VI; 2.•) Fica evidenciado quanto era falha a visão otimista dos moderados, de que, contemporizando com o progressismo, este nunca chegaria às últimas conseqüências de s i próprio. Agora, tais corolários anoram às torrentes e cobrem a terra inteira, como uma erupção vulcânica de lava infernal. Isso prova que o progressismo, longe de constituir o utópico equ ilibrio entre a Tradição e a Revolução, constitui um precipício que atinge o fundo do abismo; 3. •) Por fim, nos faz ver claramente qual a opção que se apresentá para os católicos: ou a aceitação desse abismo, ou a rejeição total dele, que só pode consistir no anseio da volta à Casa Paterna (Lc. 15, 1132), ao maravilhoso sacra! e perene da Igreja, mesmo nestes dias, nos quais a "fumaça de satanás" penetrou no templo de Deus - para utilizarmos a expressão de Paulo VI - a nelo este que, afortunadamente, começa a germinar entre os fiéis.

Aloisio Peixoto de Castro CATOLICISMO -

Janeiro de 1983


'---1RIAS E ESPERANÇAS NO HORIZONTE ALEMÃO Reportagem de José Lúcio de Araújo Corrêa

Neate batlo de ar quente. evadiram-se duas feml1ias em 1979. sendo seus próprios

membro,

01

con11rutore1 do artefato.

BERLIM - O simples nome da antiga capital alemã evoca a confrontação entre o mundo ocidental e o comunista. A metrópole prussiana tornou-se como que um símbolo desse confronto, pois ai. se ,constituíram, frente a frente, em âmbito urbano, as duas sociedades cm que se divide a civilização de nossos dias. De um lado, o mundo comunista totalitário, ateu, coletivista, igualitário, produtor de miséria e opressão. De outro, o mundo ocidental, herdei·ro da civilização cristã, mas que está se desfazendo de sua sagrada herança; p_róspero, mas tornando-se cada vez mais socialista. Nele a Igreja é livre, mas o elemento humano nEla existente ·vai se impregnando, de modo crescente, do materialismo neopagão contemporâneo. Tudo isso se vê em Berlim num relance. Por isso, pode-se dizer que a antiga capital germânica é bem o símbolo do contexto cultural em que vivemos. A 13 de agosto de 1961, os habitantes de Berlim acordaram surpresos com a edificação repentina de um imenso muro - sem precedentes na História - com o qual os russos dividiram a cidade de ponta a ponta, isolando completamente a zona urbana sob seu .controle. Após a guerra, Berlim havia sido repartida entre os alidos: Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia. Mas deveria haver uma relativa liberdade de movimentos de uma para as outras áreas, o que efetivamente se deu nos primeiros anos que se seguiram à divisão. A Rússia, porém, foi pouco a pouco isolando Berlim Oriental, até chegar à atitude inusitada de construir o famoso muro. Qual o motivo da inédita iniciativa? Paradoxalmente, não se tratava, como no caso da Grande Muralha da China ou dos castelos da Europa medieval, de defender uma população contra eventuais invasores bárbaros. O objetivo era impedir a fuga em massa da população, sujeita às mais duras privações por uma economia segundo os moldes marxistas, da qual resulta um estado de completa estagnação. Some-se a isso a crescente opressão de uma ditadura política férrea, e se compreende que abandonass~m o pais praticamente todos os alemães aos quais se apresentasse a menor ocasião de fazê-lo. As caracteristicas especiais de Berlim - enclave Ocidental dent ro CATOLICISMO -

Janeiro de 1983

do território da Alemanha comunista - de algum modo favoreciam tais fugas.

O muro, com seus 196 km de extensão, continua ainda hoje sendo uma imagem sombria do que na verdade significa, para os comunistas, a "libertação". Nestas duas décadas, ele tem sido ampliado, reforçado com outro muro novo mais resistente, que o segue paralelamente, a pouca distância. É equipado com armas moderníssimas, inclusive metralhadoras automáticas que funcionam conjugadas com radares. Assim, qualquer pessoa que tente ultrapassá-lo é detectada e atingida mortalmente. Tentativas de fugas, cada uma delas com sua nota de dramaticidade, bem atestam a inconformidade dos alemães orientais com a condição de cativos que lhes é imposta. De fato, o muro não tem sido um obstáculo absolutamente intransponível. A imaginação humana, pressionada por circunstâncias adversas, acaba elaborando as soluções mais surpreendentes. Houve caso de quem cavasse túneis, num trabalho meticuloso e demorado; alguns operários conseguiram deixar o país escondidos, não se sabe como, sob o chassis de locomotivas ou mesmo de caminhões e outros veículos meno-

res. Também asas deltas e balões têm sido utilizados. Contudo, nem todas tentativas têm sido bem sucedidas. E assim seus protagonistas têm pago com a própria vida a deliberação de querer fugir de tal "paraíso". Por esse motivo, vêem« ao longo do muro, no lado Ocidental, numerosas cruzes assinalando os locais onde as infelizes vítimas derramaram seu sangue. A célebre frase de Shakespeare - "Há algo de pobre no Reino da Dinan,arca'· - aplica-se com muita propriedade a Berlim Oriental. Há ali muito de podre e extremamente doentio. Entretanto, posso assegurar que um aspecto que me impressionou profundamente foi a completa indiferença de muitos alemães ocidenta.is em face desse requinte de brutal crueldade que é o muro de Berlim. Antes de conhecê-lo, há alguns meses atrás, não imaginava que no parque situado junto dele pudesse encontrar um ambiente de festival, com pessoas no Tiergarten, fazendo o seu teste cooper, ou tomando banho de sol. E ainda, turistas com suas roupas carnavalescas, passeando, enquanto uma longa fila de pessoas esperava a oportunidade para ingressar num circo todo embandeirado, junto ao muro. Em outras palavras, enquanto a poucos metros dali uma parcela do povo alemão padece um drama e encontra-se em situação das mais dolorosas, do lado ocidental seus conterrâneos divertem-se na mais completa descontração, manifestando chocante insensibilidade. Tal perda de senso moral evoca o fenômeno que se passa com o organismo humano quando atingido pela lepra: os membros, antes de se consuma< o processo de decomposição, tornam-se insensíveis. Não posso, desse modo, esquecer-me daquele ambiente festivo, de vendedores de lembranças, de carrinhos de sorvete e cachorro-quente, tendo como fundo de quadro as guaritas com soldados armados e os fios de arame farpado que também fazem parte do muro de Berlim. Não é bem essa a situação do mundo ocidental em face do avanço comunista? Uma ressalva, porém, deve ser feita. Há, felizmente, setores sadios · do povo alemão que justificam esperanças de uma mudança dessa situação de passividade. Numa sexta-feira à noite, por exemplo, na A~enida Kurfurstendam, a principal de Berlim Ocidental, pude presenciar uma manifestação bastante auspiciosa. Seus participantes conduziam cartazes advertindo o público para o fato de estar a cidade cercada de um arquipélago Gulag, ou seja, um campo de concentração de enormes propor· ções. Pessoas atuantes que, desse modo, saem à rua para manifestar suas convicções, de fato representam numerosas outras que pensam

igualmente, assim como as ilhas indicam a existência, em suas proximidades, de toda uma topografia submarina .

A viagem de trem de ida e volta a Berlim é também muito ilustrativa.

O contraste entre as duas Alemanhas penetra, por assim dizer, "olhos a dentro". Nas fazendas e pequenas cidades da Alemanha Ocidental, a boa ordem, a limpeza das residências é uma constante. Não há casa que não possua seu jardim ílorido. Os campos são tão bem cuidados que mais parecem parques. Até mesmo na região de Ruhr as fábricas apresentam-se limpas e bem conservadas. Ao chegar o trem na fronteira e ingressar no terri.tório da Alemanha comunista, o cenário muda por completo, apesar de idênticas condições climáticas ou de estrutura geológica do solo. Casas que denotam desleixo, ausência de ílores, fábricas sujas e desordenadas, mato crescendo junto às vias férreas... a que situação ficou reduzido, pela falta de apoio e estímulo, esse povo, o qua) é tão capaz e dotado de iniciativa! As plataformas das estações onde nosso trem pára apresentam-se quase desertas, pois ninguém é autorizado a embarcar com destino a Berlim Ocidental. Apenas guardas ar, mados circulam pelas plataformas. Alguns deles conduzem cães que farejam nas proximidades dos vagões, tentando descobrir entre os eixos dos mesmos algum eventual fugitivo. Apesar do descalabro em que se encontram os prédios nas cidades da Alemanha Oriental e da aparência de cemitério que se nota nas ruas, o governo procura, em alguns pontos, causar impressão de modernização.

Por isso construiu-se em Berlim Oriental uma enorme torre de televisão em cujo topo·, que apresenta formato de disco, funciona um restaurante. Essa torre, muito iluminada à noite, mais parece uma visão fantasmagórica. Os comunistas tentam apresentá-la como o símbolo da cidade, esquecendo-se de ciue o verdadeiro símbolo de Berhm é seu sinistro muro. ' Além disso, as autoridades procuram também obter moedas fortes do Ocidente. Para isso fomentam o ingresso de turistas. Estes são rigor()samente controlados na fronteira, sendo _proibida a entrada de qualquer material impresso - jornais, revistas, livros - do Ocidente. Contou-me um advogado alemão este fato que me deixou perplexo: há uma tendência de alemães ocidentais oferecerem festas nos restaurantes de Berlim Oriental, "por serem mais baratos" ....

Por fim, é preciso fazer notar que, se o comunismo constitui a 3.• Revolução - sequência lógica de duas outras Revoluções, a Protestante e a Revolução Francesa a Quarta Revolução já se manifesta sensivelmente nas ruas de Berlim Ocidental. É a revolução representada principalmente pela Escola Estruturalista, pelo movimento dos "hippies" e, ultimamente, dos punks (*). Eles vão instaurando seu modo extravagante de se apresentar: um casal traja-se como índios peruanos, ostentando rostos e mãos pintados de branco; sentados na calçada ambos tocam nautas. Não muito distante, um grupo de rapazes imita a tribo dos índios moicanos, com seu típico corte de cabelos. Um dos jovens faz cair sobre a face, cobrindo um dos olhos, mecha de cabelos

MAPA DE BERLIM ATUAL <•

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ZONA ORIENTAL •·t:lli,J,1

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Com este vefculo

conaeguiu•N fugir 18 vezes da zona comuniata. duran· te o primetro ano de exi1t6ncl,o do

Muro d• Ve,go,.,,., i1to,. 1961 . J6 no ,. ano aeguinte. oa guardaavermelhoa descobriram o • · ~

conderijo no radia-

dor do carro. q• aparece na foto.

pintados de verde. Como se vê, um festival de extravagâncias que supera qualquer expectativa. Comparando tais cenas desoladoras, das quais participam tantos jovens alemães, com a Alemanha dos séculos anteriores, o contraste é o mais completo. Isso se considerarmos especialmente os antecedentes do Sacro Império Romano Alemão, na época em que as trombetas do ~xército do Imperador Carlos Magno ecoavam majestosamente quando as hostes imperiais enfrentavam com denodo os inimigos da Cristandade. Como o filho pródigo da parábola evangélica, a Alemanha, do mesmo modo como tantas outras nações, poderá restaurar suas forças e reerguer-se, no sentido pleno da palavra, percorrendo o salutar itinerário de retorno à casa paterna - a Civilização Cristã. (•) Cfr. Plinio Conta de Oliveira, ··Rtw>hlrã<> t Com,q,-RtW>lu(ilo'"• .. DiArio das leis

ltda.", São Paulo, 1982.

3


SOVIÉTICOS UTILIZAM TRABALHO ESCRAVO NO GA: QUE FOI revelado no artigo do mês passado constitui motivo suhciente para que se leva nte uma onda de protestos em todo o mundo livre contra a construção do malfadado gasoduto. Pois ficou bem claro que duas conseqüências contraditórias serão observadas, segundo o projeto seja ou não efetivado. Com a construção segundo os contratos atuais, a Rússia receberá dinheiro e tecnologia suficientes para manter o comunismo tanto cm seu território quanto no de seus satélites, aumentar seu poder econômico, industrial e militar, e exercer sobre o Ocidente um poder de pressão até agora não conseguido. O comunismo sai portanto poderosamente reforçado, interna e externamente. Sem a construção, sem a injeção dos bilhões de dólares e a transferência de tecnologia estratégica, a economia soviética ficaria em sério risco de deteriorar-se, e caberia então ao mundo livre exercer pressão para libertar

A solução portanto era apelar para a mãode-obra não-livre, quer a proveniente dos campos soviéticos, quer a importada de outros países, como o Vietnã.

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Trabalho escravo Em junho de 1982, a Sociedade Internacional pelos Direitos Humanos, de Fran kfurt, Alemanha Ocidenta l, emitiu um comunicado de imprensa denu nciando a ex isiência de 100 mi l prisioneiros trabalhando no gasoduto Yamal, dos quais pelo menos 10 mi l seriam prisioneiros polít icos. Entre estes estariam: Semjon Glusmann, o psiquiatra que denunciou a existência de hospitais psiquiátricos de finalidade política: Sinowi Krassiwski, escritor ucraniano: Julius Sasnau kas. lituano católico, militante anticomunista; Juri Grimm,

tcuto-russo, defensor dos direitos civis, Vladimir Marmus e Alcxandcr Ussatjuk, pastores batistas.

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O número tota l de vietnamitas a serem deportados seria de 500 mil, em várias etapas, durante os próximos anos. Consta que os primeiros 7 mil já estariam na Sibéria. O utros vêm sendo transportados para lá, chegando talvez a 10 mi l aqueles que já deixaram o Vietnã. Devido às repercussões alcançadas poressas e outras denúncias na imprensa européia, o governo soviético julgou conven iente responder através de seu min istro do Petróleo e Gás, Boris Schcrbin, cm agosto de 1982. Este afirmou que não poderia haver prisioneiros trabalhando no gasoduto porque sua construção necessita de especialistas altamente qua lificados. O que ele não explicou é que os prisioneiros realmente não são utilizados pa ra esse tipo de trabalho, mas para outro, que não necessita mão-de-obra q ualificada: o de preparar o terreno, através de pântanos. ílorestas, rios e montanhas, onde deverá ser colocado o gasoduto com sua maquinaria sofisticada, importada do Ocidente. Na mesma ocasião, o " lzvestia" declarou que os 7 mil vietnamitas estavam gozando de situação semelhante a'os trabalhadores soviéticos e C)uc seriam lixados em locais de clima que melhor conviesse a eles, no sul do país. Ta l declaração foi desmentida por testemun has, como veremos. A agência soviética "Tass" foi mais longe. Após dizer que as acusa,;ões não passam de ..mentiras sujas", chegou ao cinismo de assegurar que não há prisioneiros políticos trabalhando no gasoduto pela simples ra1..ão de que "na União Soviética não há prisioneiros po· líticos". Sem comentários.

Re aç!les no Ocidente

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A denúncia de trabalho escravo na construção do gasoduto causou enorme repercussão nos países da Europa mais d iretamente interessados na sua construção. Assim. na Alemanha, França e Itália houve debates sobre o assunto nos respectivos Parlamentos. tendo sido exercidas pressões sobre seus govc,·nos para verificar a veracidade da acusação. Porém, enquanto o regime socialista francês dizia que autorizava seu embaixador em Moscou a pedir explicações ao governo russo. o então chanceler da Alemanha Ocidenta l.

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ores ·trabalham num trecho do gasoduto. na . • A ,foto (ao lado) tirada em Urengoy, ponto

1do gatoduto, próximo li penlnsuta de Yamal, ' Jltoral do OcNno Glacial Artico, focaliza

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aquelas infelizes nações do jugo da tirania comunista. Existe porém outro mot ivo que torna particularmente execrável a construção dessa obra, e que tem merecido grande publicidade cm toda a imprensa in ternacional. Trata-se da utilização do "trabalho escravo", ou seja, da mão-de-obra exercida por prisioneiros que habitam os inúmeros campos de concentração espa lhados em todo o território soviético. No regime comunista o e mprego de prisioneiros para a construção de grandes obras é fato notório, desde os tempos de Lenin. Antes do gasoduto já trabalharam eles cm obras conhecidas, como o cana l entre o Mar Branco e o Báltico, a hidro-elétrica de Dnieper, a ferrovia Baikal-Amur-Magistrale, o metrô de Moscou, o canal Volga-Don e os enormes complexos metalúrgicos no Ural e Kasaquistão. Aliás, compreende-se que um regime comunista use cm abundância esse tipo de mãodc-obra barata. Pois sendo policia lcsco e vivendo em perpétua crise econômica, sem dispor de máquinas que subst ituam eficazmente o trabalho do homem, não lhe resta outra alternativa senão aumentar o número de traba lhadores gratuitos, aumentando o número de prisioneiros. Manobra esta que, para a policia soviética, não constitui maior problema. Especialmente para o trabalho não qualificado em regiões de clima hostil como a Sibéria, a dificuldade cm conseguir mão-deobra voluntária é muito grande. Apesar dos esforços do governo soviético para atrair trabalhadores, inclusive com o oferecimento de maiores salários, a grande maioria deles se recusa a ir livremente para lá. Basta dizer que antes do início da construção do gasoduto havia cerca de 2 milhões de emp,egos disponíveis.

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Sobre a "importação" de trabalhadores do Vietnã, a primeira denúncia surgiu no jornal inglês "T he Economist", em sua edição de 17-9-81, quando revelou que Brejncv e Lc Duan, secretário-geral do PC vietnamita, num encontro realizado na semana anterior, tinham resolvido a transferência de grande número de vietnamitas para trabalhar nas obras do governo soviético. Segundo esta e outras denúncias, tal exportação de homens teria por fina lidade o pagamento da dívida do Vietnã para com a Rússia, avaliada em 3 bil hões de dólares. Como o Vietnã não possui dinheiro mas tem mão-de-obra em excesso, com cerca de um milhão de desempregados, a transferência dos mesmos resolveria o problema dos dois países e ainda livraria o governo de Hanói de um excesso populacional nos "campos de reeducação, onde os trabalhadores-escravos seriam de preferência recrutados. Na Rússia, do sa lário desses infelizes, já de sí bem baixo, 60% ficaria em poder do governo soviético para pagamento da dívida, proporcionando assim u m grande número de "operários" a baixo custo.

Helmut Schmidt, negava qualquer valor às acusações. A atitude de um e outro governo não causa estranheza, pois ambos estão diretamente interessados na construção do gasod uto. Nos Estados Unidos, o Senador Willian Armstrong promoveu, em 18-6-82, uma aud iência perante o Subeom itê de Finança Internacional e Política Monetária do Senado norte-americano, para ouvir testemunhas sobre o trabalho forçado na Rússia, especialmente no que concerne ao gasoduto e à "importação" de trabalhadores do Vietnã. O mesmo senador, em agosto de I 982, patrocino u uma resolução no Senado, "pedindo ao Departámento de Estado para investigar as denúncias de que há tra/Ja/ho forçado e prisioneiros políticos em alguns dos 2 mil can,pos existentes em terrilório soviético. uti~ lizados nas obras de construção do gasoduto trans-siberiano Yan10/ e en, outros projetos similares". A resolução pedia também a investigação de denúncias de que 500 mil trabalhadores vietnam itas estão sendo forçados a se t ransferir, nos próximos éinco anos, para a União Soviética.

Tal resolução, que foi aprovada em setembro de 1982 por 80 votos contra um, solicita também que seja enviado um relatório ao Congresso dentro de 30 dias, com os achados preliminares, e um relatório final até 1.• de janeiro de 1983. Ou tras denúncias ainda existem, feitas pelo Comitê Internacional Sakharov, de Copcnhaguc, e também pela "Heritage Founda· tion··. de Washington, em trabalho da analista política Ju liana Gcra n Pilon, Ph. D. , divulgado cm 16-9-82. Entretanto, a documentação mais abundante parece ser a d ivulgada pela Sociedade lnternacioni,I pelos Direitos Humanos, de Frankfurt, por meio de dois comunicados expedidos em 23-6-82 e 16-8-82. As informações que daremos cm seguida estão baseadas principalmente, mas não de modo exclusivo. neles.

Situação dos prisioneiros Dos inúmeros campos de trabalho forçado existentes na Rússia. muitos ficam situados nas proximidades da linha de construção do gasoduto. Isso não quer d izer que eles ten ham sido implantados com vistas especiais para aquela obra. pois a maioria já existia antes de seu inicio. Entretanto, é provável que sua população e seu número aumente cm conseqüência dela. Alguns são isolados. outros formam um conjunto, chamado "centro". Nos últimos dois anos, surgiram novos centros ao longo da linha de construção. Só em Ustj-lschim, ta l centro é formado por oito campos. Outros centros existem cm Urcngoy, Surgut. Tawda, Tjumcn, lrbid e Lysva. Existem campos ainda cm Salcchard. Vuktyl, Scrov e Kungur, todos relativamente próximos ao gasoduto. Cerca de 70 a 80% dos que trabalham na construção do gasoduto são pris io neiros. Destes, os prisioneiros políticos são minorirt. A maioria é constituída de "pequenos criminosos". sobretudo criminosos "econômicos". Ou seja. pessoas que cometeram pequenos delitos contra as finanças públicas e que, por isso, são condenadas a trabalhar praticamente de graça para o Estado. As pessoas obrigadas a trabalho fo rçado na Rússia pertencem a diversas categorias: 1. Exilados. Depois de cumprida a pena cm campo de trabalho, vão para o local do exílio, onde podem se movimentar livremente sob a vigilância da polícia local. 2. Prisioneiros que trabalham no próprio campo ou cm local próximo a ele. cond·uzidos sob vigilância policial. 3. P,·isionciros cm liberdade condicional. Na primavera e verão são enviados para trabalhos cm "obras de economia popular", como os gasodutos. Não vivem nos campos e não são vigiados por milicianos, ficando apenas sob controle da chefatura de polícia local. 4. Pessoas que são mandadas, apenas por notificação administra1iva ou sentença judicial, diretamente para os traba lhos forçados nas "obras de economia popular", sem passar por prisão ou campo. Geralmente respondem pelo delito de "parasitismo" ou "vagabundagem". ou seja , pessoas que ficam mais de quatro meses sem trabalhar. ou aquelas que trabalham apenas para si, cm caráter particular, cm vci. de trabalhar para o Estado. Esses dois últimos tipos devem ser os encontrados com mais freqüência no gasoduto. Em seus depoimentos, as testemunhas muitas vezes falam de "prisioneiros", quando na realidade se referem aos que estão em liberdade condicional. sem fazer a distinção específica. Tais réus de "pequenos delitos" são homens e mu lheres aos quais foram retirados os documentos, o que lhes impede qualquer deslocamento. Porém . não estão confinados por arame farpado nem são vigiados por guardas. As testemunhas ouvidas pela S.I.D.H . , pela "Heritage Founda1io11", pelo Senador Armstrong ou por revistas européias são unânimes cm apontar as péssimas condições de vida nesses campos de trabalho. Os a lojamcnlos podem ser prédios de tijolo, barracas ou a té vagões de estrada de ferro. que pouca ou nenhuma proteção oferecem para os 40 graus abaixo de zero do inverno.

Em matéria de roupas, a s ituação não é melhor, pois os detentos devem enfrentar o inverno com as roupas de trabalho que usam durante o resto do ano, raramente recebendo vestimenta apropriada para o frio intenso. É de se notar que esses campos situam-se cm latitude superior aos 60°. A a limentação é deficiente cm qualidade e quantidade, provocando avitaminoses e doenças carencia,s. Os detentos que recebem salários também nada podem comprar, pois as CATOLICISMO -


SODUTO EURO lojas dos mencionados '"centros" estão quase sempre vazias. A situação só melhora um pouco quando recebem pacotes com gêneros alimenticios enviados por parentes. Os prisioneiros são obrigados a executar trabalhos forçados de preparação do terreno. Para a remoção da terra quase não são empregad~s máquinas ou tratores. Cargas pesadas são transportadas por homens. As roupas de trabalho dos prisioneiros são fabricadas em centros especiais por mulheres detentas. A carga horária de trabalho é superior à das fábricas comuns e quantidade de trabàlho está cm contínua ascensão. Isto porque conforme o depoimento de uma delas, como na Rússia o trabalho é baseado muito mais no número de homens que nas máquinas, quanto maior a obra, maior o número de trabalhadores. Daí a necessidade de produzir cada vez mais roupas. Até em hospitais psiquiá_tricos os doentes são obrigados à confecção de roupas, caixas e luvas de trabalho para as obras do gasoduto. Y:,,m.;il

CAMPOS DE ABALHO FORÇADO RÓ MOS URl:NC:OV

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Os que têm direito a salário recebem uma miséria. Apenas o necessário para sobreviver no campo. As horas suplementares não são pagas. • As condições de higiene são precárias. Agua corrente quase não existe. A assistência médica é ultradeficicnte. Na maior parte das ve1.es o médico não é encontrado. Ou só atende quando o paciente, ou o acidentado, é . um voluntário, livre, bem remunerado. Acidentes de trabalho são comuns, pois a maquinária é velha, obsoleta, mal conservada, não oferecendo segurança aos que operam com ela. os quais sofrem continuamente traumas de div(lrsos tipos como cortes, feridas contusas, queimaduras e até mutilações, de~ido à má qualidade do material. As mulheres que revestem ou isolam as tubulações com amianto de lã de vidro apresentam bolhas e feridas nas mãos, pois apenas duas vezes por ano são fornecidas luvas de trabalho. Detentos que trabalham com amianto sofrem eczemas e os que lidam continuamente com lã de vidro podem apresentar pneumapotias graves. Os presos que vivem at rás de arame farpado são conduzidos diariamente ao local de trabalho sob vigilância de cães policiais. Terminados os trabalhos mais pesados de remoção de terra e outros serviços preparatórios, aparecem os trabalhadores voluntários, as "brigadas da juventude" para continuar as obras. Só então é permitido o acesso de jornalistas ocidentais aos canteiros de obras.

Propaganda soviética Exemplo frisante dessa visita de jornalistas ocidentais foi a presença do enviado especial de "L'Humanité" - órgão oficial do PC francês - às obras do gasoduto. Querendo refutar por completo as "mentiras" veiculadas pela imprensa de que havia trabalho forçado naquela construção, o referido diário parisiense resolveu enviar· à Rússia um de seus repórteres para verificar in loco a falsidade das denúncias. Dessa viagem resultou a matéria publicada na edição de 12-8-82, p. 5, sob o título. "Exclusivo: nosso enviado especial ao canteiro de obras do gasoduto siberiano - Vi ,,s construtores. jovens, especialistas que anulam o desafio do Sr. Reagan". A reportagem que só contém elogios ao gasoduto e a seus construtores, declara que na região visitada, Kazan, encontrou apenas trabalhadores Janeiro de 1983

RÚSSIA

jovens, especializados, alegres e entusiasmados. E para afirmar a honestidade e "imparcialidade" de sua apreciação, o autor da reportagem chega a dizer: .. Evidentemente não transmiro senão o que vi. Devo declarar. porérn. que 1nt> 1no.t1rara111 tudo o que pedi

para ver e que responderam a todas as perguntas que .formulei". Um trecho da reportagem muito significativo e que merece ser !ornado como verdadei ro é o que segue: "Os 111étodas. A tendência pore,·e ser de experirnentar nos canteiros de obras as mais progressistas riicnicas de tral>alho. como o rrabalho por brigada. que é u111a forma autogestionária d e produção. U111a brigada .... é livre para fixar o riuno de trabalho, repartir entre os 111e111bros da equipe os salários e os prêmios. E.sre método pennite uma elaboração coletiva do progra111a de rrabalho. tanto mais que cada 11111 é tributário do resultado final". Essa reportagem oferece o ensejo para se tecer algumas considerações. 1. O interesse de "L'Humanité". jornal comunista. cm defender e elogiar a construção do gasoduto mostra bem como este serve à causa do comunismo internacional. Pois os comunistas nada elogiam de graça. 2. A autogcstão, tão louvada por Mitterrand e seus seguidores, está sendo ucilizada cm plena Rússia soviética como técnica de produção. E com tendência a ser mais amplamente adotada no futuro. O que vem confirmar a denúncia feita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua mundialmente conhecida Mensagem sobre o socialismo autogestionário francês (ver "Ca1olicismo", janeiro-fevereiro de 1982, n.•s 372-374} de que a autogestão representa a fórmula do comunismo para o futuro. 3. A reportagem de "L'Humanité" cm nada invalida as denúncias feitas por testemunhas sobre o trabalho forçado executado por prisioneiros, e suas péssimas condições de vida. Pois a região visitada pelo jornal. Kazan,já fronteirica da Rússia européia, está longe dos campos siberianos citados por elas. É um local em que o trabalho mais pesado e perigoso - a preparação do terreno - que costuma ser executado pelos prisioneiros, já terminou; lá se cncoritram ag_ora somente os especialistas e operános quahficados encontrados pelo enviado de uL'Humanité'', Quanto à sua afirmação de que lhe mostraram tudo o que pediu para ver e que responderam a tudo que perguntou, . nada prova contra a existência dos trabalhos força-

dos, pois sendo ele e nviado de um jornal comunista, não iria pedir para ver nem perguntar aquilo que não deveria. Pois correria o risco de perder o emprego.

Depoímentos de ex-prisioneiros Os informantes o uvidos pela Sociedade Internacional pelos Direitos Humanos, de Frankfurt, e por outras entidades ou órgãos de imprensa na Europa e Estados Unidos, são, quase todos, pessoas atualmente vivendo no mundo livre, ex-prisioneiros ou parentes de prisioneiros atuais. Ou que têm informações diretas de pessoas ainda vivendo atrás da cortina de ferro. Dcnire as dezenas de pessoas ouvidas, apresentamos a titulo de exemplos mais significativos apenas quatro: • Peter Bcrgmann. 62 anos. técnico em 1.oologia. a poscntado, sentenciado a tr~s anos de prisão cm campo devido às suas tentativas de emigrar. Esteve como prisioneiro de 1974 a 1977 oum campo de Tyumen, e descreve as condições de vida e de trabalho naquele local. Reside desde 1980 na Alemanha Ocidental. Endereço a tual: Eutiner Strassc 14, 4800 Bielefcld 17, West-Dcutschland. • Avraham Shifrin, 58 anos, advogado, dirige atualmente o "Centro de Pesquisas de Psicoprisões e Campos de Concentração de Trabalho Forçado na URSS". Em 1953 foi condenado à morte por razões políticas. Comutada a sentença para 25 anos de trabalho em um desses campos, nele passou 10 anos, seguidos d.e 4 anos d e banimento, após o que recebeu permissão de emigrar para Israel. Seu depoimento versa principalmente sobre a existência dos campos de trabal ho na Sibéria. ao longo da rota do gasoduto. Segundo seu depoimento, há 3 campos em Surgut. 8 cm Tauda, 4 em Kungur, e muitos outros ainda cm Yerchoturye, l rbid , HantyManssiiskii, Mcdvcrshyc, Salcchard, Mikun. Ou1,·os. não dirctamcnlc na rota do gasoduto, estão cm Ust-Ussa, Workuta e Kotlas. Refere-se ainda aos campos para mulheres, destinados à fabricação de roupas para trabalho. É de sua autoria o livro "'71,e First Guidebook to rhe U.S.S. R. />riso,u· O/ui Co11ce11tra1ion Ca,nvs"' (Stcphanus Édition, Suíça, 1980; Bantan Boo ks. Ncw York. 1982). Endereço atual: 4 Hatcena Street, Zikhron Yaakov, Israel. • Doan Van Toai, antig<> oficial da Frente Nacional de Libertação do Vietnã do Sul. Depois funcionário do Ministério das Finanças do governo comu nista. Após sua detenção, serviu 28 meses cm prisões e campos de concentração vietnamitas. Emigrou para o Ocidente cm 1978. Autor de "O Gulag vie1na111i1a"', livro que relata a situação dos prisioneiros nos campos de concentração do Yiecnã. Em seu depoimento de 18-6-82, relatou a "transferência" dos cidadãos vietnamitas para trabalhos na Sibéria e citou nomes de alguns que já tinham sido deportados. Relatou ainda que. segundo as cartas que recebia do Vietnã, os que partiram para a Sibéria não podiam corresponder-se com seus parentes fora da Rússia. Entre depoimentos vindos da própria Rússia e citados pela S.I.D. H., encontramos: • Depoimento escrito da Sra. A.P., de Moscou, cm julho de· 1982. Salienta a grande vantagem q ue o gasoduto significará para fortalecer militarmente a Rússia. Nas páginas 17 a 23 da documentação da S.I.D.H. existe a descrição detalhada de um desses campos, o JAZ-34/ 2, em Tyumen: desenh o com planta do campo, sua produção, organi1.ação, e condições de vida e trabalho dos prisionei ros - acomodação, alimentação, vestuário, higiene, doenças, epidemias, punições etc.

Consolidação do comunismo Como último fato a respeito do trabalho forçado no gasoduto, a imprensa diária noticiou em 7-11-82, que o Departamento de Estado norte-americano, atendendo à resolução patrocinada pelo Senador William Armstrong, lanha enviado ao Senado um primeiro relatório a respeito da utilização de trabalho forçado, executado por prisioneiros, na construção do gasoduto. Segundo o relatório, "há claras provas de que a URSS está usando trabalho forçado em escala 111aciça, e isso inclui o uso de presos políticos. .... Te111os infor,nações de várias fo11res conjirn10ndo que os soviéticos e111prega1n rotineiramente parte de seus quatro milhões de presidiários condenados a trabalhos forçados - a 111aior população carcerária do inundo obrigada a executar tais serviços como operários não qualificados e111 proje1os de gasodutos e oleoduros n o país". Uma análise da CIA, incluida no documento, informa que a c.o nstrução do gasoduto requer trabalhadores especializados. Porém, os presidiários podem ser usados em obras preliminares, como desmatamento, nivelamento de terreno, construção de estradas e casas. A CIA acrescenta que há cem campos de trabalho próximos à rota do gasoduto, mas como já existiam antes do inicio da construção, afirma não ter condições de confirmar a denúncia feita por grupos de defesa dos direitos humanos. Essa conclusão da CI A não parece coerente e lógica. Pois se existem ós campos e eles estão próximos ao gasoduto, é normal supor-se que seus habitantes trabalhem naquela obra. O fato de já existirem antes não invalida o raciocinio, pois os comunistas não são obrigados a construir novos campos para cada novo e mpreendimento.

• • • Com toda a repulsa que o fato legitimamcn!e. dcperta, não nos parece, contu~o. que a uhhzaçao do trabalho forçado seja aquilo que torna a construção desse gasoduto algo de particularmente execrável. O pior é que ela vai manter no poder o regime comunista, em situação mais sólida do que antes, com maiores possibilidades de expandir-se pelo mundo e de exercer pressões sobre seus futuros escravos. Estes fornecem dinheiro e susten to para manter a existência de carrascos e escra v'?s no mundo comunista por tempo indetermrnado. Eis aí um dos grandes escândalos do século.

Júlio de Albuquerque Além de órgãos da imprcn$a diária n:1cional e cstran-

;eira, foram ulilizadas neste ar1igo as scguin1es fontes de 1nformnção: 1. Su;,.annc Labin, ..Le gou>dut· et /('s mar,Jumds d'fsclovts''. in .. Nouvcl éuro.v- Ma.,a1..inc.. n. 0 42 a6 bril 1982. ..• • . 2. ''O,·"rsig/11 lleor,i,g ()11 tht Propose,I Tran1-sibe1u111 NDlural Gas P1il(' /ine", l':'ridy, Junc 18. 1982. Unilcd $ 1:ucs Sc_n;ue. Commi1_1cc on Oraking. Hou$ing ;1nd Urban Aíía1rs, Subcomm1Hcc on lntcma,ional Financc and M onilary Policy, Washington. 0.C. 3. Senador Willian Armstrong a) P~css rele.ase de 17--6-82; b) Ocpoimcnto de 17-8-82: e) Oepo1men10 de setembro de 1982. 4. Sociedade lntern3cional pelos Oircilot Humanos de Fr,rnkfurt, Alemanha Ocidental. ' a) Comunicado de Imprensa, 23·6·82: b) Documenta• ç-ão sobre o cmP.rc~o de 1rab3lho forçado na construção do gasoduto S1bcna-Europa. Autores: Yuri Rclow-Tamara Waldeycr. 5. Jcromc Dumoulin. .. L,,: Goulog ,lu go.soduc··. in

"L"Exprcss". 13/ 19-8-82. 6. Joclle

Kun1t,

.. L'Hcbdo". 19·8-82.

"Ln esdoves du ga:oduc··. in

1. Julian3 Ocran Piton. Ph.O.• "Sla\•e labor ond the Sovict Pipeline'', in ..T he Hcritage Founda1ion Back· groundcr". 16-9-82.

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DELÍRIOS D'E UM·A NOIJE DE INSÔNIA: ''OS SENHORES DA DIREIJA''

I

MAGINE O LEITOR que algutm, numa noite de insônia e tomado de febre alta, resolvesse escrever um livro. Os fatos por ele conhecidos cm an(criores horas de lucidez: se lhe apre-

sentariam, nessa ocasião, incertos e sem

mínimo de atenção sobre o conteúdo do livro, e que poderiam não entender o fato de a TFP não o refutar, compreenderão facilmente porque ela não o faz.

ra nitidamente apreendidas. aparece-

Inverdades desinibidas num festival de absurdos

assim, tais fatos e imagens escorreriam

Uma das características mais frisantes do livro do Sr, Dclcio, no tocante à

contornos definidos; as imagens, outro-

riam. agora, trêmulas a seus olhos. como numa tela em continua vibração. E, atravts de sua pena, formando no papel um conjunto de meias verdades - e portanto de meios erros - refletindo de modo incompleto e deformado a realidade que deveriam fielmente retratar. E não é só. Nos momentos cm que a febre alta de nosso escritor subisse ainda um pouco mais, ele entraria diretamente cm

cs1ado de delírio, e passaria a escrever. como se realidades fossem, as invcncioni-

ccs absurdas criadas por sua 1.mag1nação

fobril. Só nos insrantes - raros - cm que a febre repentinamente baixasse em relação ao marco habitual daquela terrlvel noite, ele poderia apresentar algumas verdades. Mas mesmo estas se ressentiriam do estado não sadio de quem as

transmitia. E no modo de descrever e na

impostação dada a elas. por detrás da narração apareceria a vibratilidade fe. bril do autor. Que conjunto fantasmãtico formaria um tal livro! Correndo os olhos por essas páginas,

num momento de lazer. um homem são. calmo e ponderado teria a sensação de estar ante um pesadelo. Pois bem, tal é a impressão que se tem lendo o autodenominado "livro-reportagem" de Delcio Monteiro de Lima, Os Senhores da Direita (Edições Antares, Rio de Janeiro, 1980, 168 pp.).

• • • E, ao que parece. a febre não cessou de produzir seus efeitos devastadores mesmo após a publicação do tal "livroreportagem". Pois, no "Estado de Minas" de 8 de julho de 1982, encontramos, cm dois terços de pã,g ina, vãrios trechos do mesmo livro, novamente publicados e acrescidos de uma introdução na qual se diz: "Meses atrás. quando o governo francés pretendeu responder o manifesto publicado nos maiores jornais do mun· do pela · Tradição, Família e Propriedade (TFP) contra os diretrizes socia-

listas do presiden1e François Miller· rand, foi também em 'Os Senhores da Direita' que o Quai d'Orsay encontrou o único estudo continuado sobre a ação daquele grupo direi1ista". Pretensão à parte! Dir-se-ia, altm do mais, que o Quai d'Orsay sentiu-se mal servido com o livro do Sr. Delcio, pois não só o governo fran~ não ousou refutar a magistral Mensagem do Pior. Plínio Corria de Oliveira - a que se refere o texto acima - como, de lá para câ, o prestígio de Mitterrand vem caindo com passo célere, não só na França, como no mundo inteiro.

Indiferença displicente Quando da publicação do livro, o

inverossimil de suas acusações e a insignificante -repercussão que obteve não mereceram da TFP senão um brcvlssimo comunicado de imprensa de treze linhas, apontando a total falta de credibilidade dessa objurgatória. Assim, com in~iferença displicente, a TFP se limitava a registrar seu desdém por um ataque sem condições mlnimas de ser levado a sério. Entretanto, a reprodução no "Estado de Minas" de partes do livro, acrescidas da introdução nada despretensiosa acima citada, parece sintoma de que há quem deseje, contra toda verossimilhança, propagar os estapafúrdios nele contidos. E diante dessa insistencia ·..mentez. mtntez. toujours restera quelqu~ chose" - poderia parecer estranho q_ue a TFP ouvisse essas acusações em s,lencio. Nessas condições, passou a ser conveniente qu.e a entidade dissesse sobre o livro algo mais do que as treze linhas de seu sumário comunicado de dois anos atrás. Algo que não p retende sequer ser uma refutação no sentido p róprio da palavra, pois ninguém refuta um dellrio. Mas simplesm,:nte a apresentação de alguns dos disparates que ele contém. Pela amostragem, os leitores bem intencionados, mas com falta de tempo ou interesse para se debruçarem com um

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TFP, é a desinibição com· que faz afirmações direta e rombudamcntc contrárias à verdade dos fatos. Assim, segundo ele, a TFP estaria tão amedrontada com o perigo do comunisr:no que manteria cm suas sedes "vigia de 1elevisão em circuito fechado" {p. 25). Acredite quem quiser. Pouco adiante. para justificar sua

tese, aprioristicamentc concebida, de que a TFP é financiada por altos banqueiros. empresários, e tc., o autor publica, como quem faz uma revelação sen• sacionat, uma lista de nomes de "empre-sários de São Paulo que pres/am auxilio finan ceiro à Sociedade" (p. 27). Esclarece - para tornar ainda mais irripressionante a revelação - que esses nomes constam dos autos de uma CPI da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, num documento que "não sofreu qualquer contestação" (p. 27), Só que o Sr. Delcio não percebeu que os nomes publicados são do quadro de diretores da TFP em 1975; que esses nomes não tem nada de oculto, pois apareceram várias vezes na grande im• pren.sa. subscrevendo importantes mani• festos como membros do Conselho Nacional da TFP; que nenhum deles é um grande capitalista; e que um deles att já era falecido naquela época, o saudoso Dr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira. nome muitíssimo conhecido como autor do Hvro ºFrei, o Kcrensky chileno.., com repercussões internacionais até hoje.

nar o texto mais adequado a suas fi,nalidades anti-TFP, o Sr. Delcio não titubeou em apimentá-lo com uma inserção de sua própria lavra. O tal "corte de cabeços" não está cm São Lu[s Grignion, e a espada a que o Santo se refere é toda ela espiritual, é a palavra de Deus. Eis o texto correto, no qual o santo missio• nário francês do século XVIII se refere aos Apóstolos dos Últimos Tempos: "Trovejarão contra o pecado. e lançarão brados contra o mundo, fi,stigarão o demônio e seus asseclas, e. para a vida ou para a morte, transpassarão lado a lado, com a espada de dois gumes da palavra de Deus. todos aqueles a quem forem enviados da pane do Altíssimo" (Tratado da Verdadeira Devoção à Santlssima Virgem, Vozes. Petrópolis. 1971, 7.• cd., pp. 59-60). Valeria a pena, para rir um poucó. reproduzir todo o processo de "lavagem cerebral" (p. 30) na TFP descrito sempre sem provas - pelo Sr. Delcio. Para abreviar, damos apenas dois exemplos: o jovem da TFP, numa das fases do processo, teria "medo de dormir no escuro, choro convulsivo à noite" (p. 32). O processo comportaria expedientes macabros como mostrar ao jovem "um túmulo aberto" (p. 33). Risum teneotis!

O festival de a bsurdos prossegue: "O jovem tefepista é ensinado a odiar as mulheres, que são rnostrados (:omo critr turas inferiores, pecaminosas, sujas .... . Deve•se evilá·las como se evila a peste. o demônio" (p. 34). Afirmações ignóbeis. que a TFP simplesmente repele, pois quando o insulto, obviamente gratuito, procede de muito baixo, não merece resposta. O autor assim descreve a peregrinação a Aparecida promovida pela TFP em desagravo ao sacrilego atentado feito contra a imagem da Padroçira do Brasil: ''Alguns gritavam. outros choravam de ernoção. Era indescritível a excitação" (p. 37). Qualquer um que tenha visto as Continua o d eHrio e com ele a desinibição: a TFP. segundo "insistentes ru- • fotos dessa peregrinação publicadas pela imprensa se certificará de que essa exmores" (p. 27), exploraria "empreendicitação só existiu na mente febril do Sr. mentos do se1or turlstico no Nordeste e Delcio. casas de diversão eletr6nica (caça-niqueis) em diversos cidades do Pais, estas mediante concessão privilegiada da TFP americana" (p. 28). Após lançar o boato O Sr. Delclo "profetiza" falso, o autor reconhece melancolica.. mente: "não hã provas" (p. 28). Q11em as A TFP seria uma associação parativer, pois, que as encaminhe ao Sr. militar? A acusação, insistentemente veiDelcio, para uma 2.• edição do livro. culada pela máfia comuno-progressista, A TFP tem sido frequentemente a- sempre sem provas, sempre desmentida, pontada como tendo em suas fileiras jã estã passavelmente desgastada. apenas pessoas da elite social, filhos de Em Os Senhores da Direita não poplutocratas, etc. Mas. como contra a TFP vale tudo, o Sr. Dcleio sai-se com a deria faltar tambtm essa objurgatória. t o tributo pago pelo livro à falta de acusação oposta. Elementos <la TFP os quais ele capciosamentc chama de originalidade. D iz ele: "O corpo de tropa "aliciadores" (p. 29) - se teriam espe- tefepis1a exercita-se regularmente. tanto cializado cm recrutar novos aderentes em defesa pessoal Oud6 e karaté). quan"nos es1ratos sociais de baixa ou ne- to no manejo de armas defensivas e nhuma rtnda e nfvel cultural inferior .... ofensivas. prdtica de tiro. paraquedis-t nas favelas, periferias 1,rbanos, zonas mo e ação de 'comandôs'. O trelnamenrurais. internato.f gratuitos e es1abeleci- to é ministrado j,or especialistas de alto mentos de confinamento de menores" nfvel~ em diversos ponlos do país. no (p. 29). sis1ema de rodízio anual, de modo a despis1ar a vigi/Bncia das au1oridades" Nem os estabelecimentos de confina- {p. 43). Impressionante! não? mento faltam... t 'ridlculo. Mas o Sr. Delcio não se detém no ridJeulo. Ele Sem falar no esdrúxulo que há em desce att à ofensa vil contra as mães dos aplicar aos sócios e cooperadores da cooperadores da TFP, pois tudo t bom TFP a expressão "corpo de tropa", para quando se trata de denegrir a entidade: insinuar militarização, o Sr. Delcio pa"É inegável que os jovens que fo, ,,iam o rece também temer pela integridade das corpo de tropa da TFP . .. . são geral- instituições nacionais, porque jovens da mente 6rfãos e filhos de mães soltei- TFP se exercitariam cm "jud6 e karaté"! ros'Esta última afirmação supremamen- A prática desses excrclcios é livre cm te insultante e, aliás, mteiramente gra.. todo o território brasileiro, mas no caso tuita, basta para desqualificar completa- da TFP, aos olhos do Sr. Dclcio, tornamente o livro e justifica que a TFP não se um perigo. Ele certamente receia que tenha consagrado a ele senão treze li- um piquete de jovens, adestrados nessas nhas em seu comunicado-repúdio. Os formas de luta, tome de assalto o cães ladram e a caravana passa. Palácio do Planalto, e diante da guarda Capitulo a parte sio as citações. O presidencial inerme e aparvoada, se aslivro apresenta multas, sempre aitre as- senhorem do Poder! Mais uma vez, ripas, mas n ilo Indica a fonte e às veus sum teneatisl nem o autor , de modo que fica lmposO Sr. Delcio se refere ainda ao "maslvel ao leitor comprovar-lhes a auta,nejo de armas defensivas e ofensivas, lleldade. Como valor documental é de fazer corar qualquer calouro. Por excm· prática de tiro". Tudo sem qualquer pio, é reproduzido o texto de uma "pr<>- prova. Cabe dizer, entretanto, que não fecia" que, segundo o Sr. Delcio, de- se ve bem no ~uc consiste, na mente do Sr. Delcio, a diferença entre "prática de veria ser cumprida pela TFP no futoro. Mas nem sequer o autor da "profecia" é tiro" e "manejo de armas". Será po~lmencionado. Ei-la: os membros da TFP vel adestrar--se na prática de tiro sem manejar armas? Redundância esdnixuatuariam ..trovt}ando con1ra o pecado. la, cuja única explicação plauslvcl é que lançando brados contra o mundo, fustio autor, sentindo o vazio da acusação, gando o dem6nio e seus asseclas, cortando a cabeça dos pecadoru com a tentou preenche-lo com repetições inú· tcis. t a "torcida" anti-TFP. "Torcida" espada de IHus" (p. 34). que se manifesta igualmente na distinção Embora o Sr. Delcio habilmente não das armas em "defensivos e ofensivos". o diga, o texto citado t de São Lúls O que seriam as lalS armas "defensivos": Maria Grignion de Montfort em seu escudos de papelão ou casamotas? E as famoso Tra1«do da Jlerda,kira /Nvoçllo "ofensivas": canivetes ou bombas atômià Santlssima Jlirgmr. Só que, para tor- cas? Tudo fica no vago, como aliás

também a tal "ação de comandos", fruto nebuloso do estado febril do autor. E vai longe o Sr. Delcio. Nada o segura. Assim: "Bernardo Leighton, o Mlnlstro do Interior que de1erminou a eYvulsão do diretor da TFP do territóriv chileno .... recebeu um balaço na cabeça. em Roma .. .. . Não morreu por mUagre. Pormenor curioso é que o aten'"' tado ocorreu a poucos metros do Jlaticono. na mesma área onde a TFP italiana cosluma fazer concentrações de pro· testo" (p. 56). Se o autor tivesse - já não dizemos a vontade - a menor veleidadé de ser objetivo, ter-lhe-ia sido fácil verificar que não existe nenhuma T FP italiana; que não só a TFP não "costuma fazer" cm Roma manifestações de protesto, mas nunca fez ali nada que se parecesse com isso. Há apenas cm Roma um escritório de representação das TFPs, com um ou dois representantes que cm geral se alternam ... Fazer com este "corpo de Tropa" exercícios ou manifes1ações na Praca de São Pedro...

Ê tão incontrolável o desejo do Sr. Delcio de que a TFP seja mesmo terr[vel que, frustrado por não encontrar provas para suas quimeras nos 22 anos de história da entidade - ainda quando analisados sob a ótica deturpada de sua "torcida" - ele as transfere para o fu. turo e se põe a profetizar. Toma recuo, olha para sua bola de cristal, e vc os esquerdistas dentro de algum tempo, fazendo reformas sociais profundas e, de repente, aterrados porque "à suo frente, na grande bagarre, não estará apenas o inanimado leão <lourado que ornamenta os bandeiras vermelhas (da TFP), significativamente de goela aberta voltada para a esquerda. mas os aguerridos çsoldados do Senfror', sedentos do sangue dos hereges. Aos milhares. militarmente adestrados, modernamen1e armados, prontos para a 11oite de São Bartolomeu do século X X. E não escapará ninguém. porque têm o melhor ficbário de inimigos. Muito menos estarão sozinhos. Seus aliados surgirão aos milhares na calada da noite .... . 'Como no teinpo da Cruzada contra os infiéis' repetirá, então, o . líder dos fandticos. regozijando-se com o imenso banho de sangue para aplacar a ira dos céus" (p. 76). Bela cena para um filme emocional proibido para menores de 18 anos!

Amnêsla seletiva Toda essa saraivada de dellrios é para defender a tese de que a esquerda, no Brasil, estaria desarticulada e não teria mais importância. Enquanto a direita constituiria um perigo tcrrivel, pronta a "apelar para a violência, para as formas mais perversas de terror" (p. 5). Até o mais superficial conhecimento da realidade nacional urra em sentido contrário. Mas ainda assim essa tese dá ensejo a uma observação interessante, que fornece a pista para se conjeturar a fonte de tais dellrios. A quem aproveitaria a interrupção das atividades anticomunistas da TFP? Não t preciso ser muito ágil de esplrito para responder. Se o livro tivesse alcançado a repercussão com que o Sr. Delcio parecia sonhar, o

• comunismo poderia premiá-lo, pois ele mais do que ninguém, se beneficiaria. Mas, o que é o comunis mo no Brasil? t certo que o PCB, o PC do 8, os movimentos terroristas e outros congêneres conseguiram pouca ou nenhuma ressonância no povo brasileiro. Entre. tanto, nosso povo conta, entre suas qua· !idades, com a de ser profundamente religioso. E é esse fundo religioso que te.m s ido explorado pela "esquerda católica.... hoje mais numerosa e mais ativa do que nunca, a ponto de se haver transformado no verdadeiro perigo esquerdista para o Brasil. P rovas? Um livro inteiro, super·dO· cumentado: As CF.Bs .. . das quais muito se fala. pouco se conhece - A TFP as descreve como são (Editora Vera Cruz, São Paulo, 1982, 258 pp.), cm que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. com os Srs. Gustavo Antonio Solimco e Luiz Sérgio Solimeo, mostra, baseado cm mais de 700 documentos, o papel das Comunidades Eclesiais de Base como uma possante e extensa rede de esqucr· dismo, disposta a enlear toda a Nação. se esta se deixar apanhar cm suas malhas. Rede tecida, mantida e impulsionada pela CN B8. Ora. (; curioso e desconcertante para não dizer sintomático - que o Sr. Delcio, ao falar das esquerdas, esqueça a grande, poderosa e atuante "esquerda católica" que, no Brasil, e a seu modo em toda a América Latina, praticamente substituiu os PCs na direção e no empuxo da subversão. preciso sofrer de uma amnésia privilegiadamente seletiva para excluí-la do panorama das esquerdas no Brasil. E, ao falar das direitas - basta folhear o livro do Sr. Dclcio para constatá-lo - a grande visada é a iFP. quer pelo teor virulento da linguagem usada, quer pela fertilidade da imaginação. Contra a entidade são dirigidas 60 das 168 páginas do livro (mais de um terço, portanto), além de constantes referencias no restante da "reportagem... Fora umas poucas páginas de introdução e conclusão. as demais são consagradas a apreciações sobre outros movimentos e pessoas.

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Aliás, o autor não esconde sua determinação cm atingir a TFP, ao pô-la bem em realce, como quem levanta o alvo de longe predileto: "À incontestdve/ liderança da direita exercida no Pais pela TFP. agregam-se movimen1os de menor expressão, cujos doutrinas, no fundo, não são mals do que variantes das J>regações do grupo de Plinio Corréa de Oliveira" (p. 64). E também: .. Nenhuma ou1ra facção ou mesmo parlido político organizado do Pais se igualou até hoje à capacidade operacional. respaldada em solidez de organização, como a qui ca-racteriza a engrenagem tefepista" (pp. 24-25).

Assim, a palavra de ordem que o livro do Sr. Dclcio emite não parece ser outra senão: "Defenda est TFP" tA TFP deve ser destrulda). Com o que confessa, indiretamente, que a entidade t hoje cm dia um dos maiores obstáculos à expan-. são do comunismo no Brasil. Talve-.t seja essa a maior verdade. para não dizer a única verdade Hmpida, que se distila do livro.

Gregório Lopes

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CATOLICISMO -

SP

Janeiro de

1983


AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Bárbaros, pagãos

·neobárb~ros, neopagãos

O Prof. Plínio Co~cêa de 0liveira cedigiu a seção ':-Ambientes, (:_ostumes, Civilizações", que transccevemos abail(o, paca o n. 0 19 de "Catolicismo", em ju)ho de l9S2, Transcortidos mais de trinta anos a,Pós a edição desse número do jornal, a extraordinácia comparação estabelecida pelo autor entre 6árbaros pagãos e neobárbaros n_eopagãos continua atual. Mais ain_da. A realidade, a partir daql!ela época, véio confirmar e como que ampJiar as palav~as do insigne pensador catõlico. © õdio espelhado nos olhares dos jovens comunistas da década de SO eca um P.renúncio do requinte de crueldade que os I\COb'á rbaros e n_eopagãos da Alemanha vermelha manifestariam em agosto de 1961: a construção do Muro de Berlim.

. .. •

A partir de ·e ntão, tornou-se muito difícil para os berli'nenses orientais fugirem da zona marxista para a ,zo,na ocidental da cidade. E mais tarde, em 1978, quando o Mu,o da Ver,goriha foj co.rn_o que estendido ao lollgo de toda a fronteira que sepaca l\S duas Ale,manhas, as fugas tornaram-se· quase impossíveis. A muralha de mil quilômetros, que yai do Baltico à 'Fchecoslováquia, além dos ÍLOS eletrificados, das torres de observação, dispõe de meti;alhadoras automáticas, localizadas ao longo do simst_ro muro 1 CJTI intervalos de seis metros. . Entretanto, é tal o horror causado pelo neopagamSIJ¼> ateu do século x,x, e tão profundo o anelo de liberdade nos povos subjugados pelo comunismo, que continuam as tentativas de fuga. 'Mas, infelízmente, COJD poucas possibilidades de êiiito, o que Veio.realçar o drama das v(timas mortas nesses intentos . .&das )li,timas vivas que eoiítin_uam a vegetar no p3ís..:cáreere, cujos tirall,OS não recuaram diante de um processo inédifo na Histó,ria: aprisionar a população não sõ de uma cidade, mas de um Estado inteiro, atra:vés de íl\étodos técnicos dos mais sofisticados, a fim de ,e vitar que praticamente totlo um povo escapasse para a parte livre de súa nação.

•. ., . ..

/

©utra razã_o que nos levou a reeditar a presente seção nes.t e riúmer'o (oi a reportagem ijue n_oss-o colabo(adof José Llício de Ara.újo Corrêa escreveu para "Catolicis11.10", a qual estampamos na pagina 3 desta edição, sobre uma recente viagem realizada por ele à antiga capital germânica. A impressionante descri,ç ão que o visitante nos,apreseóta da Berlim atual e de seu famigecado muro constitµi uma confirmação prática e atualizada da proifunda anál.ise da alma éle comupist-as, feita trinta anos atrãs. E a reportagem acrescenta um doloroso elemento n_ovo: o desfibramento espiritual de tantos alemães ocidentais, ÍJldiferentes à tragédia tle seus ,c ompatriotas q_ue padecem além do Muro de Berli,n e d~ cercas eletrificadas, construidas em toéla a extensão da fronteira com a Alemanha comunisra.

ABITUALMENT E seminu, e aqui coberto apenas de modo ocasional; com todo o físico refletindo a luta dura e embrutecedora com um meio inclemente e materialmente mais forte; trazendo no rosto as cicatrizes dos horríveis tratos a que se expôs para se "aformosear", este pobre filho das selvas, marcado apenas de leve pelo toque da civilização, exprime a exuberância nativa da natureza humana desgovernada: instintos grosseiros, por vezes brutais, por vezes também generosos. É o bárbaro, o pagão, cuja natureza não se beneficiou da ação divina da Igreja, nem do influxo ascético e suave da civilização cristã. • A despeito de seu aspecto, que faria estremecer as crianças, incute pena: é mais um crianção exuberante e deseducado, do que um celerado.

H

* •. * Jovens comunistas em uma manifestação em Berlim. Fisionomias impregnadas de ódio, em que transparece tudo quanto pode ter de sinistro a natureza humana, tornada mais determinada nas tendências e matizes que assume em cada pessoa, por uma educação qualquer. Ódio, desconfiança, ausência de qualquer sentimento que eleve, dignifique, suavize, capacidade para destruir, nunca para construir, extraordinária lucidez e estabilidade neste péssimo estado de espírito, mais chocante ainda nas fisionomias femininas do que nas masculinas, eis a própria alma do comunismo, que se espelha na face destes jovens, vítimas da infernal propaganda de Moscou. É a neobarbárie desta era de neopaganismo. O homem que tem a alma transviada por princípios totalmente errôneos, os instintos desenfreados por uma ideologia amoral, e que, com as armas forjadas pela civilização, se volta contra a própria civilização.

* * * Qual dos dois mais terrível? Pergunta ociosa! Os frutos da apostasia são piores do que os da gentilidade. Pois pode não haver culpa em ignorar a verdade: há sempre culpa em repudiá-la. O movimento comunista, enquanto realizado em nações cristãs, é uma apostasi.a . E como tal carrega muito mais culpa diante de Deus. Carregado de culpas maiores, de armas mais mortíferas, como poderá não ser mais terrível? CATOLICISMO -

Janeiro de 1983

7


*

smo era

IOSOS

Plinio Corrêa de Oliveira ETORNO às considerações que fiz em meu último artigo (publicado na "Folha de S. Paulo" de 8-1-83) sobre "" posição assumida ante a legalizaçã't>do P.CB por cinco importantes Prelad.os brasileiros.

E. de outro lado, assim também se reduziria ao silêncio os adversários que o comunismo tem na direita. O que restaria então como obstáculo ao comunismo? Tão-só a democracia ditatorial centrista, inspirada por elementos de escol da CNBB. A qual CN BB, por sua vez. comanda milhares de organizações católicas infiltradas pelo comunismo com êxito espetacular. Seria pois a ditadura centristh, na qual teriam muito largamente voz e vez os inocentes úteis, os débeis, os simpatizantes, os teólogos da libertação e enfim os casaldáligas, a fulminar vitupérios contra a incômoda direita, e a deixar as portas do aprisco abertas para o lobo comunista.

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1. Em síntese, dos cinco Prelados que falaram a respeito à "Folha de S. Paulo" (26-12-82), a meu ver quatro exorbitaram da área que lhes é própria e pleitearam o estabelecimento de uma velada mas truculenta ditadura centrista no Brasil. Tudo i sob o rótulo de uma estranha demo:; cracia, na qual não existiria o direi~ 10 de discordar. E em que a liber.., dade, aliás laica, ficaria reduzida ao .ã. direito - que então se confunde ~ com uma obrigação - de bater pai!:! mas ao que os bispos querem. ~

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Concordo, como cm anterior artigo já afirmei com ênfase, em que ao. PCB não se deve reconhecer o direito de funcionar. E estou persuadido de que esse direito não pode ser reconhecido por uma democracia (como aliás por nenhuma das três formas de governo legítimas). E isto não porque a pregação comunista constitua necessariamente um grande· perigo. Na lnglaterra .e nos Estados Unidos, por

O Prof. Plinio Corrê,& dtt Oliveira demonstra que a posiçlo aHumide por quatro Prelados quanto à legalização do PCB equivale ao estabel&cimento "de uma velada ma.1 truculenta ditedura centrista no Brasil".

exemplo, ela é livre, e enquanto pregação aberta não ameaça ninguém. Como, a meu ver, também não constitµiria perigo no Brasil. Se eu tivesse a desdita de ser comunista, seria vivamente contrário (por detrás dos bastidores, bem entendido) ao reconhecimento legal de meu partido. Porque tal reconhe- • cimento

não conduziria senão a

mostrar a irremediável insignificância dos contingentes eleitorais de que ele dispõe.

Tanto Luiz Carlos Prestes quanto Giocondo Dias se têm manifestado favoráveis à legalização do Partitlo Comunista. A isto os forçava a situação de influência ou de mando que lhes toca no PCB. Porém não é nada impossivel que um e outro lenha telefonado àqueles Prelados, incitando-os "sotto voce" a advogarem a manutenção do PCB na ilegalidade. Pois assim se lhes esconderia a vexatória insignificância eleitoral.

dade para a irreligião. Para o comunismo, ateu por essência,

2. Encerro assim a análise da opi nião dos quatro bispos e passo à do cardeal D. Arns. Repito que nada desses ilogismos encontro na posição assumida por este. Como de costume, ele é rotundo. Subjacente ao que diz, está a aceitação da democracia no sentido em que correntemente se toma. Ademais, parece esquecer-se do "Syllabus" de Pio IX. E a partir dessas duas posições, com as quais lamento não concordar, lira uma conclusão que também lamento não aceitar. Entretanto, no plano teórico, sua posição é coerente. Posta em prática, esta deixaria em · liberdade o comunismo. mas também os adversários deste. Tudo "'""h,!fu-;;>~'l'~ conforme se pratica, aliás, nos EUA ~t __,,~ e nas nações européias que mais se Como podem Prestes e Giocon- ufanam de caracteristicamente dedo Dias não tJesejar isto? mocráticas. Com efeito: nestas o PC, Se, pois, concordo com aqueles ou tem representantes nos Parlaquatro bispos em que ao comunismo mentos, ou se não os têm é só pornão se deve dar liberdade, é porque que não consegue eleitores suficiencontinuo inarredavelmente fiel ao tes para eleger deputados. princípio do glorioso "Syllabus" de Repito. Discordo dessa liberdaPio IX, que condenou a seguinte de. Pois não é nisto que a verdasentença: "É: livre a qualquer um deira liberdade consiste. abraçar e professar aquela religião Mas reconheço que a partir de que ele, guiado pela luz da razão. pressupostos que não aceito, e que julgar verdadeira" (Oenzi.nger-U m- todos os prelados entrevistados pela bcrg, Herdcr, Barcelona, 24.• ed., n.• "Fol ha" afirmam explícita ou impli1715). E como não há liberdade de citamente, o único a ser lógico é o religião. muito menos há tal libcr- · cardeal D . Arns.

A morte da civi lizacão moderna nos Estados Unidos WASHINGTON - Tendo realizado uma viagem de um mês por algumas grandes cidades americanas da região dos Grandes Lagos e do meio-oeste, fiquei impressionado pelo avançado estado de deterioração dessas megalópoles. Elas sofrem de uma doença que se assemelha muito a um câncer que vai devorando gradualmente setores inteiros, ora na periferia, ora no próprio centro, de modo sempre irreversível. São quarteirões sucessivos de edifícios de apartamentos, casas, prédios industriais e até igrejas, que se encontram abandonados, depredados ou queimados. Sua reconstrução ou reaproveitamento torna-se inviável, sobretudo por um fator psicológico: quem desejará morar num apartamento recuperado, se ele está localizado numa região de edifícios abandonados, de aspecto quase assombrado?

Até há um ·certo tempo, à medida que esse câncer ia se alastrando, a parte mais sadia da população transferia-se para os bairros; mas agora, acossada também pelo desemprego - e talvez por uma espécie de cansaço da vida das grandes cidades - está migrando para o sul do pais. É de se recear, portanto, que os grandes centros urbanos do periodo áureo de Hollywood, tais como Chicago, Cleveland, Detroit, Toledo, São Luis, Nova York, a curto ou a médio prazo não sejam mais do que cidades fantasmas. E morram como criatura desprezada que ninguém ama e à qual nenhuma gratidão se deve ou nenhuma boa lembrança se prende. Outro cenário surpreendente é o das auto-pistas. O leiior deve t~r visto, ao menos em fotografias, aspectos das grandes estradas norte-

Na Argentina, abertura à esquerda Bl!IEN0S AIRES - Re:alizou-se em 30 de novembro último, na sede do· Episcopado, um enc6ntro que.se prolongou por, mais ~e uma ho-ra, entre Bispos argentinos e membros do eon\itê cent<al1do Partido € omunist·a . No final da reunião, os representantes do pe argentino ,fizeram declar açpes à imp.rcosa, qualificando o encontro de "cor,dial e positivo". Um deles, Rubens Iscara, afirmou qóe "isso é o correto, po,:que o Epü·copado qulr reunir,•se co111 ·todos os setores pollticos e, evide1!te111ente, as pros-criç/Jes e exclus/Jes J1ão pode,n conviver com o. reconciliação que se está buscando". Esse primeiro contato (ormal entre a Igreja e o, Partido Comunista, segundo o representante comunista, "se explica pelo ·grave momento por que estão pÔssando todos os ·setores a fim de buscarf m juntos uma solda para. a atual situação".

A atitude insólita daqueles Prelados em face ao comunismo contrar-ia o ensinamento tradicional da Igreja. A ~se propósito, o Sr. Cosme Beccar Varela (h), Presidente do €N da TFP argentina, fez a seguinte•declaração, p,ublicada pelo diá,io argel)tino "La Naeión", em sua edição éle 1.• de dezembro ,p.p.: "(') Pap,a Pio XI afirmou em s11a Encfclica 'Divini Redempto.ris' que o con1unismo é intrinseca111ente perverso e não se pode admitir, que colabore com ele, em t~rreno algum, quem deseja salval' de s110 ruína a civilização. cr.istã. O povo argentino, que é católico, sempre teve horror, ao comµnis,no. Receber seus representante1i'ê derrubar. em porte essa barreira de horror.. Co,110: católicos, nós 'membros da TFP, lamenta1nos que isso se possa dizer de n1embros do EP,iscopado ar;gentino".

americanas, largas, retilíneas, de asfalto bem cuidado e não raras vezes acompanhadas de grandes extensões de grama bem cortada e limpa. A preocupação de manter a continuidade e a boa aparência da zona verde era tal que até as partes de cimento que ficam sob os viadutos eram pintadas de verde. Em vários Estados que visitei, tais como Oklahoma, Kansas, Missouri, Indiana ou Illinois, essas imagens pertencem ao passado, pois o capim e o mato, com mais de meio metro de altura, jâ tomaram o lugar da grama. t mais um sinal de abandono e desprezo pelas coisas da civili1.ação moderna, pois se na raiz do problema estivesse a falta de mão-de-obra, jâ muitas pessoas apertadas pela crescente taxa de d,;semprego, teriam aparecido para trabalhar. Foi ao longo de uma dessas auto-estradas q1,1e parei num domingo para colocar gasolina no carro. Chamou-me a atenção um aglomerado de gente a pouca distância do posto. Tratava-se de um concerto "rock" improvisado sobre uns caminhões equipados com potentes aparelhos de som e uns indivíduos "cantando" qualquer coisa. A assistência era formada- por uns trezentos jovens, na sua maioria rapazes sem camisa e moças de shorts ou jeans. Constituíam uma massa sem coesão e sem vida, onde a euforia que outrora lhe era tão peculiar, dava agora lugar a um entusiasmo artificial , apenas necessário para encobrir a frustração que se lia em suas fisionimias.

• • • Fatos como esse ilustram bem o estado de decadência em que se encontra a civilização moderna. Civilização? Com efeito, não se pode chamar civilização a um esta<\o de coisas que desmorona com tal facilidade. Sobretudo quando é baseada em princípios que, propiciando a dissolução da família, o permissivismo moral, a droga, o crime, a aniquilação da propriedade privada, nada têm que ver com a Lei de Deus e a ordem natural.

Mário A. Costa

Ne ,e;gilo oeste do bairro de Manhattan. em Nova York. criança• brineam em meio ao

entulho de antigos prédioi eonstMdo1 no local.


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N.0 386 -

Fevereiro de 1983 -

An o XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO •

espírito estard no n1eio de vós; não temais. Por que isto diz o Senhor dos Exércitos: ainda falta um pouco. e eu cotnoverei o ct!u e a terra, o ,nar e todo o universo. E abalarei todas as nações. e virá (o Messias) o desejado de todas as gentes; e encherei de glória esta casa. diz o Senhor dos Exércitos. .... A glória desta última casa serd ,naior do que a da pri· ,neira. e eu darei a paz neste lugar, diz o Senhor dos Exércitos" (Ageu, 2, 5-10). O Esperado das Nações deixa Belém para tomar posse de sua Casa nesta terra. Pela simples presença no recinto do segundo Templo, o Messias confere-lhe uma glória incomparavelmente superior a que aureolou o de Salomão. Ele o visitará muitas vezes ainda. Mas, essa primeira entrada, conduzido nos braços de sua Mãe Santíssima, basta para cumprir a profecia.

O DIA 2 de fevereiro a Santa Igreja celebra dois grandes mistérios: a Purificação da Santíssima Virgem e a Apresentação do Menino Jesus no Templo. Quarenta dias após o nascimento de Jcsps na gruta de Belém. sua Mãe Santíssima empreende uma viagem a Jerusalém , cidade-sagrada cujo nome significa visão de paz. cumprindo assim uma das mais fa. mosas profecias sobre o advento do Messias. Por ocasião do cativeiro de Judá, o magnífico Templo construído por Salomão foi ~evorado pelas cha-

N

mas. Regressando da Babilônia, os judeus edificaram um segundo Templo, sem conseguirem alcançar em sua nova obra a magnificência e os esplendores do primeiro. Para os consolar, tendo em vista essa impotê ncia, o Profeta Ageu proferiu estas inspiradas palavras, que indicam a época da vinda do Salvador: "Cobra forças, ó Zorobabel, diz o Senhor; e cobra força, ó Jesus. sumo sacerdote, filho de Josedec: e cobra força. povo inteiro do país. diz o Senhor dos Exércitos; e cum· pri o pacto que fiz convosco. quando saíeis da terra do Egito; e o meu

Como observa D. Prosper Gueranger OSB, em sua conhecida obra "1.,'Année liturgique", esses dois mistérios de nossa Redenção infligiram ao orgulho humano uma das maiores lições de todos os tempos. pela profunda humilhação a que se submeteram nessa c~:.sião Mãe : Filho. A lei mosaica prescrevia às mulheres que se abstivessem de entrar no Templo e tocar coisa alguma que fosse consagrada ao culto, durante algum tempo depois do parto. Esse prazo era de quarenta dias para o nascimento de um filho e oitenta para o de uma filha, decorrido o qual elas deviam apresentar-se ao

Templo e oferecer ao Senhor um cordeiro em ação de graças pelo feliz sucesso e um pombinho e uma rola como expiação do pecado, isto é, da impure1.a legal. Se a mulher fosse pobre, podia substituir o cordeiro por uma outra rola ou outro pombinho. O sacerdote os oferecia ao Senhor em holocausto, e ela ficava purificada. Além desta lei da purificação, havia outra dispondo que todos os primogênitos dos filhos de Israel deviam ser dedicados ao ministério dos Altares. Tendo sido escolhidos para tal encargo os filhos da tribo de Levi, Deus ordenou que os primogênitos das outras tribos Lhe fossem apresentados como primícias que se Lhe deviam, para depois serem resgatados a dinheiro. Maria, descendente de Davi, deu à luz seu primogênito, Jesus! Como deveria Ela proce'der? Era-lhe evidente que as razões pelas quais se impunham às mães a purificação não se lhe aplicavam de modo algum. Santuário puríssimo do Espírito Santo, Virgem na concepção de seu Filho, Virgem no parto inefável, sempre castíssima, e ainda mais casta após ter levado em seu seio puríssimo e dado ao mundo o Deus de tod a santidade! Se se considera o respeito devido a tão eKcelso primogênito, a qualidade sublime de seu Filho, esta majestade de Criador e soberano Senhor de todas as coisas, que se dignou nascer dEla, como pensar que tal Filho pudesse estar sujeito à humilhação do resgate? Mas as leis de Deus devem ser não só obedecidas. mas admiradas e

amadas com entusiasmo. Maria adora profundamente a vontade do Criador e submete-se de todo o coração. Apesar de sua augusta qualidade de Mãe de beus. consente Ela em mesclar-se à multidão das mães dos homens que afluem ao Templo para recobrar, por meio de um sacrifício, a pureza que perderam. São José conduz a humilde oferenda que a Mãe deve apresentar ao sacerdote. Sua pobreza não lhe permite comprar um cordeiro, substituível por um pombo ou uma rola: inocentes pássaros dos quais o primeiro simboliza a castidade e a fidelidade, e o segundo a simplicidade e a inocência. O santo Patriarca leva também os cinco ciclos, preço do resgate. O Filho de Deus e Redentor do gênero humano quer em tud o ser tido como um servidor, e resgatado nesta humilde condição como o ídtimo dos filhos de Israel.

Um ancião vivia em Jerusalém, já em extrema velhice, ao qual Deus prometeu, como prêmio de suas esperanças, que não cerraria os olhos sem ver o Messias. O varão privilegiado, explica D. Gufr..ngc·, , juntamente com a Profetiza Ana - dois representantes da antiga fidelidade - acorrem ao Templo nessa ocasião e unem suas vozes para celebrar o advento feliz do Menino que veio renovar a face da terra, o Qual, segundo a profecia de Ageu , neste local, no recinto do segundo Templo, confere enfim a paz ao mundo.

Movimento Punk em São Paulo I

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ATÉ HÁ pouco, o brasileiro médio conhecia o movimento Punk como a última extravagância surgida na Inglaterra anos atrás, uma manifestação de revolta promovida por mi norias de jovens, mais radical e desvairada que a explosão do "hippísmo", ocorrida algum tempo antes. Quando parecia que o punk ismo mesmo na Inglaterra e Estados Unidos entrava em declínio, eis que grupos punks surgem em São Paulo, realizam shows e festivais. A imprensa nacional começa então a se ocupar do movimento no Brasil. Em setembro do ano passado, os punks apresentam um show em salão da PUC de São Paulo. Após alguns atos de vandalismo, praticados por um grupo de punks, a polícia intervém, faz evacuar o salão e encerra o referido show. Nosso colaborador Nunes Pires, na página 4, analisa a raiz e as principais caracterfs. ticas doutrinárias do movimento, além de descrever sucintamente o que se passou no show punk, efetuado na PUC paulista. Num fim de semana de novembro p.p., teve lugar o primeiro festival punk, no SESC da Vila Pompéia, em São Paulo. Na foto ao lado, pode-se observar um dos participantes desse festival. Cabelo desgrenhado, alfinete atravessando a pele junto aos lábios, do qual pende uma corrente afixada através de um cadeado na blusa do punk. Essa fisionomia constitui uma amostra daquilo que os punks são e fazem. Minoria de vanguarda insignificante e inexpressiva? Convém lembrar que movimentos de vanguarda revolucionários costumam ser lançados por- minorias desse tipo e depois, em várias ocasiões, vão se impondo, gradualmente, cm diversos setores da sociedade, até contaminar o conjunto da mesma.

Bispos norte-americanos interpelados pela TFP dos Estados Unidos "BISPOS 11orte•a111ericanos: por que 111a· 11ifestais tanto pânico a respeito do 111orticínio que poderia ser causado por uma hecaton1be nuclear e 11e11hum te111or em relação ao 111orticínio causado pela legalização do aborto?", lia-se numa larga faixa conduzida por um grande contingente de membros da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, numa manifestação diante dos escritórios da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, cm Washington. Esta e duas outras faixas sobre a mesma questão também foram vistas por milhares de pessoas que participavam da 10.• Marcha Anual pela Vida, na capital daquele país. no dia 22 de janeiro. Na foto, aspecto da mencionada manifestação da TFP norte-

americana em frente ao edifício da Conferência Episcopal dos Estados Unidos. A TFP americana mostrou ceticismo a respeito de uma provável resposta dos Prelados, formulando a seguinte questão: "Excelê11cias. nós já sabemos que vós recebeis esta desco11certa111e mas filial pergu11ta com desdém. Por que? Por que? Por que?" A entidade manifestou em seguida sua preocupação acerca da perplexidade e confusão causadas pelo movimento ecumênico promovido pelos Bispos, que tem em vista muito mais os não-crentes do que os fiéis. Para externar tal angústia, os manifestantes encerraram o ato recitando os Mistérios Dolorosos do Rosário.


REVOLUÇÃO FRANCESA, ETAPA RUMO AO COMUNISMO? REVOLUÇÃO Francesa é, o mais das vezes. apresentada nos cursos colegiais sob luz simpática. E durante a vida adulta dos estudantes daqueles cursos, tal visão permanece, sonolenta, no fundo das cabeças. Com o passar do tempo, nascem algumas dúvidas a respeito do significado autêntico dos acontecimentos de 1789, mas a considerável distância histórica dos mesmos e sua pouca relação - é o que tudo dá e entender - com os acontecimentos atuais do dia-a-dia levam as pessoas a um adiamento desinteressado do estudo da questão. Entretanto, confusamente, boa parie delas percebe que· tais eventos foram imensamente imporlantes e mudaram a face do mundo. Não apenas na superfície, mas pelo fato de determinarem uma tomada de posição diante da vida, 11ma visão do universo. O homem comum, neste nosso utilitário século XX, tem a tendência de evitar a explicitação dessas impressões nebulosas e de reduzir a Revolução Francesa a mera troca de formas de governo. Para ·ele, os fatos poderiam, "grosso modo", ser assim resumidos: terminou o absolutismo, foi instaurada a república, apareceu um general briguento e talentoso, que acabou se fazendo coroar imperador. No fim, caiu porque, a partir de certo momento, a sorte não mais lhe sorriu. Veio então Luis XVIII, o irmão do infortunado Luís XVI, os Cem Dias, outra vez Luís XVIII, Carlos X, uma revolução pelo meio, Luís Felipe, a revolução de 1848, Napoleão II I. E, finalmente, em 1871 a república se instalou definitivame nte na França. Mas o homem comum deixa sem resposta a pergunta que dormita incômoda nos desvãos empoeirados de seu subconsciente: "Se fossem disputas apenas a propósito de formas de governo, porque tanta convulsão, tanta hesitação, tantos vaise-vens a ponto de a fprma republicana se estabelecer estavelmente apenas cem anos, cm números redondos, após 1789? Na França, naturalmente, o tema é enfocado com mais seriedade. Os fatos ocorreram lá. Aléin do mais, o francês tem maior necessidade de clareza no pensamento do que outros povos. Um historiador anarquista contemporâneo, Daniel Guérin, intelectual conhecido naquele país, com amplo instrumental de análise fundado em Marx, estudou a Revolução Francesa e publicou um livro, em muitos aspectos lúcido, do qual tenho o gosto de apresentar extratos, acompanhados de ligeiros comentários, aos leitores de "Catolicismo". Faço-o com o objetivo de facilitar dados elucidativos para o julgamento da questão que, bem vista, é da maior atualidade. Explicome. Boa parte dos que se opõem ao comunismo, fazem-no com base na trilogia ambígua, tomada famosa pela Revolução Francesa, "liberdade, Igualdade, Fraternidade". Evitam fundar tal oposição no direito natural e agarram-se nos frágeis ramos do liberalismo. ,Daniel Guérin, sem o dizer expl.icitamente, aponta as contradições dessa posição. Pois de sua obra se deduz que a Revolução Francesa, no terreno das idéias, é a mãe do comunismo. A quem a . defende em sua autenticidade, por imposição lógica, faltaria base para se declarar contrário ao comunismo.

A

Na Revolução Francesa: embrião do governo soviético O livro a que me refiro denomina-se "/.A Révolution Française et nous" (Ed . François Maspero, Paris, 1976). Nas citações, darei dele apenas o número da página. Afirma Daniel Guérin: '!Durante a Revolução Francesa] vamos assistir à eclosão de uma nova forma de den,ocracia, nova to,nando em consideração a democracia parlamentar burguesa: a den,ocracia direta, de tipo comunal, ou, para usar unia palavra moderna, soviética, isto é, a 2

den,ocracia dos conselhos oper'á- priedade. O próprio Carlos X não rios" (p. 99). Ele considera que a ousou reto,nar dos burgueses os revolução russa foi, no início, auten- bens dos nobres emigrados e do ticamente soviética, mas degenerou clero. nem restabelecer os tributos em burocratismo estatista. O sovie- feudais ou ressuscitar as corporatismo autêntico ainda não existiria ções" (p. 28). Considera ainda o de fato. ~eria um ideal, uma ver,são autor com notória complacência o radicalizada, mas de mesma direção, papel de Napoleão, tido por obserdo socialismo autogestionário, tão a vadores apressados, como baluarte de bons princípios sociais: "Bonagosto dos socialistas atuais. parte 'revolucionário', na medida e111 Na ocasião, tal governo não era viável, pois "a maioria da população que ele es1abilizard a revolução burnão queria, en, graus diversos, levar guesa, i1npedirá com unia mão de a Revolução a suas últimas conse- ferro o perigo de un,a Restauração. qüências. .... Os "sans-culottes" não estenderá os princípios revolucionáconstituíam senão uma n1inoria da rios burgueses à Europa" (p. 29). Em população francesa. Mas eles foram, português claro, havia o perigo de num determinado momento, os de- pressões da opinião pública atcrrori-

Daniel Guérin apresenta como fato auspicioso da Revolução Francesa o exemplo que deixou aos pósteros da luta encarniçada visando extirpar o catolicismo do solo francês: "Num outro plano. a Revolução Fran,·esa, em sua ,íltinw fase. apresenta-nos uma lição. cuja i111portDncia não pode111os subestimar. O ano de 1793 nos oferece 11111 espetáculo quase único em seu gênero e que. visto com I50 anos de recuo, nada perdeu de sua possante originalidade: p tentativa da descristianização. .... A explosão anti-religiosa do ano !! da Revolução. merece ser ,nelhor conhecida e nós terfamos interesse en, inspirar ainda ,nais nesses aco11· 1ecin1entos nossa luta contra a Igreja'' (pp. 83-84).

A zombaria como arma consciente No cômputo das táticas contra a Igreja, é apresentada uma delas, à qual Guérin, analista cuidadoso, atribui importância primordial: o riso, a zombaria. O riso pode parecer exclusivamente fruto da casualidade. espontâneo. O autor vê nessa forma de desprezo uma arma que faz parte de um plano mais vasto. Nos a taques contra a igreja "este riso .... não era senão o ins1run1en10

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Os soldados do Ano li da Revoluçlo (1793). llustraçllo de Raffet. Esse ano da época do Terror é apresentado por Daniel Guérin como um per(odo histórico que deve setvU de inspiração aos anarquistas contempot&noos em sua lut a contra a Igreja.

positários dos intéresses superiores da Revolução efetivamente" (p. 109).

Revolução: processo multi-secular

zada forçarem a restauração dos Bourbons e provoca rem a desmoralização completa da Revolução Francesa. Napoleão, na ótica dos que comandavam os acontecimentos, teria surgido como um emplastro, um uersatz" utili1..ávcl para evitar o pior para eles.

Aqui aparece noção expressiva: a Revolução descolada do epíteto francesa. Dentro desse conceito, a Revolução Francesa é situada como um elo. Guérin define a idéia: ·..A A Revolução é anticatólica Revolução é um processo ininterHoje, o progressismo procura rupto unindo, con,o se diz, a 'liquidação da Idade Média à revolução sôfrego aliança com forças revoluproletária, através de uma série de cionárias: Muitos desta corrente são crescentes conflitos sociais'" (p. 23). parcialmente movidos pela ingênua É de Trotsky a frase entre aspas. esperança de que a Revolução amorContinua o intelectual francês: "A teceria seu ód io anticatólico, desde Revolução tal como ela é. esta velha que .se lhe sorrisse e fizesse contoupeira, como dizia Marx. prosse- cessões. Recentissimamente, constague eni seus empreendimentos sem tamos um fato desse tipo: o triunfo estrépito, sem pressa, e imedia1a- 'Sandinista, onde é difícil não ver n1en1e, através de uma n1esn1a crise cumplicidade cm si lêncios perplexirevolucionária; e, em seguida, de tantes. Na realidade, a cumplicidade crise revolucionária enr crise revo- foi até a participação ativa de parte lucionária. Mesmo quando ela pare- do Clero na obra trágica de impor ce ador,necida, continua a atuar. ditatorialmente o col)'lu nismo à inUma crise revolucionária não é se- feliz Nicarágua. não a continuação direta da crise precedente" (p. 24). Esse caminhar contínuo para extirpar toda a influência medieval teve um dos momentos ápices na Revolução Francesa, que em germe continha todo o comunismo. Exemplificando com o princípio de propriedade privada, afirma Guérin: "A burguesia, atacando a propriedade feudal e as propriedades eclesiásticas, abriu uma brecha no muro sacrossanto da propriedade .... Este germe de co,nunismo agrário .... que a própria burguesia havia semeado" (p. 17).

de investidas mais sérias .... Estes pequenos folhetos de propaganda finamente redigidos. bem entremeados de palavras fortes. tiveram 11111 poder ben1 nrais destrutivo do que as longas e pedantes dissertações teóricas" (pp. 96-97). Ainda hoje, quando católicos autênticos levantam com destemor seu estandarte, a arma do riso é em seguida acionada. Sua força psicológica foi . há muitos anos, bem avaliada numa frase que consta da via Sacra composta pelo Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira: "Não é bem exato que há certos homens que têm ,nais ,nedo de 111n riso do que de tudo?" ("Catolicismo", março de 1951, n.0 3). · Como se sabe. todos temem a zombaria. Basta acioná-la habilmente para amortecer e ntusiasmos, impedir apoios, cercear possibilidades de expansão. O que há de relativamente novo neste livro é que o autor coloca a zombaria como uma arma eficaz, conscientemente manejada por especial istas.

O receio dos revolucionãrlos Daniel Guérin não receia que o processo revolucionário proceda a recuos estratégicos, como vimos acima. São desagradáveis, na sua ótica, mas óccessários. Teme a parada, quando provocada fora dos planos de uma gradualidade sabiamente estudada: "Acontece que e/à [a Revo-

lução] estabelece um 1e111po de repouso. resultante ou do grau de conscientização ainda insuficiente de sua vanguarda, 0 11 de medidas tonradas por seus adversários para deter essa vanguarda. Mas. desde que ela faça es/a 'pausa', expressão usada por l.éon Bium e,n /937, ela está perdida. O ,novimento contínuo é para a Revolução um requisito necessário, tal como a circulação do sangue o é para o corpo. Imobilizá/a artificialmente é nratá-/a" (p. 24). Imobilizá-la equivale a romper os elos de união que há entre sua parte mais avançada e o grosso da opinião publica que marcha temerosa e como que a contragosto vagarosamente - cm direção à meta apontada pela sua facção mais extremada . Em parte o caminho é feito porque o público conhece apenas confusamente a meta. Velar o fim faz sempre parte da tática revolucionária. Se a opinião pública o conhecesse sem rebuços, recuaria horrorizada.

Razão do artigo Creio que mais de um leitor está se perguntando: qual o motivo dessas digressões? Não está tudo isso no livro "Revolução e Contra-Revolução", do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, já publicado por essa folha e profusamente comentado aqui? . O interesse está na comprovação. Daniel Guérin situa-se nas antípodas das concepções expressas em "Revolução e Contra-Revolução". A alguns poderia parecer que, baseada em outro ponto de vista, a análise de partes da História do Ocidente, nos últimos séculos, chegasse a conclusões distintas das enunciadas em "Revolução e ContraRevolução". Entretanto, isso não sucede. Guérin também insere a Revolução Francesa num processo multi-secular, tal como um elo que se prende aos outros elos de uma corrente. E descreve as táticas de atuar da Revolução, scus recuos estratégicos e os perigos a evitar. Numa época normal, terminaria o artigo na frase acima. Em nossos dias, preciso acrescentar algo. A doutrina social da Igreja reconhece a legitimidade das três formas de go-· verno - monarquia, aristocracia e democracia. Esta é a minha posição. A adoção de uma delas por qualquer país depende de circunstâncias concretas. Apenas afirmei que a aplicação coerente dos princípios da Revolução Francesa não pode dar origem a uma democracia que esteja em consonâ ncia com o ensinamento tradicional da Igreja. Assim, este parágrafo visa evitar qualquer mal-entendido.

P. Ferreira e Mello

Os recuos enganosos Muita gente crê que os recuos durante a Revolução Francesa, indo do Terror até o Império napoleônico, até mesmo à Restauração, com,tituf ram algo de muito profundo, que deteve eficazmente a avalanche revolucionária. Guérin, escrevendo especialmente para seguidores seus, explica essa sucessão de acontecimentos: "A Revolução Francesa não foi seguida de um recuo: nem a reação do ter,nidor, nen, o Diretório, 11e111 o Consulado, ne,n o Ílnpé· rio, nem mesmo a Restauração atingiram seus efeitos básicos no plano das formas de produção e da proCATOLICISMO -

Fevereiro de 1983


No cinqüentenário da ascensão· de Hitler como chanceler da Alemanha, "Catolicismo" republica:

A GRANDE EXPERIÊNCIA DE DEZ ANOS DE LUTA Plinio Corrêa de Oliveira NO D IA 30 de janeiro de 1933, porranro há 50 anos, Adolph ,Hitler era empossado como chanceler da Alemanha. O nazismo, que tantas desgraças acarretaria àquele país e a todo o mundo, iniciava sua trajetória histórica . .

Tal cinqüentenário, ocorrido recentemenle, levou-nos a republicar os rópicos principais do clarividente arligo redigido pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para o semanário carólico da Arquidiocese de São · Paulo "O Legionário", que o publicou em sua edição de 13-5-45. ''Catolicismo" estampou a mencionada colaboração em maio de 1965, n.• 173, quando se comemorou o vigésimo aniversário do término da segunda guerra mundial. O insigne pensador católico, nos tópicos que reproduzimos abaixo, expõe com lucidez e brilho a posição a um tempo antinazifascis ta e anticomunista assumida por "O Legionário", no decorrer do conflito. E também deixa prever os frutos que o Hitler assum e o cargo de chanceler da Alemanha em jen eiro de 1933. No centro Prisioneiros de guerra alemães nas ruas de M oscou. Foto simbólica que indica a um tempo o comunismo tiraria da conflagração, da foto. o M arechal Paul von Hindenburg e à direita deste Hermano Goring. sinistro fün do perigo nazista o o início do amooço do comunismo om oscala mundial. prevenindo os católicos contra os perigos que a nova situação criava. edifício de pedra, mas um edifício de guiar por sua vez a burguesia. Em das poltronas de couro modernas, Europa. Eram legiões os moços que, carne viva. um grande corpo. Era a matéria educacional passou-se do que diferença de beleza! Mas, cm desgostosos do curso das coisas, aesca lada de mu ltidões raivosas, que autoritarismo pedagógico da velha ,compensação, como se sente melhor briam os olhos para a Verdade ReTÉRM INO da conílagração cntravarr. pelas portas e pelas jane- escola. para o igualitarismo socialis- o corpo estirado sobre a lisura des- velada, c almejavam de todo coramundial, e o esmagamçnto las, saqueavam relíquias indefesas e ta e para o comodismo didático da ses couros, afagado pela flex ibili- ção o triunfo da civilização cristã. das potências totalitárias, tesouros abandonados, arrebenta- escola-nova. Em matéria artística e dade dessas molas! Evoluções todas As obras sociais cató licas, a imprennão poderia deixar de ser assina- vam vitrais, profanavam a ltares, des- literária. do classicismo rígido e for- bem dignas do tipo moderno de sa católica, o rádio católico. a ação lado pelo "Legionário" com uma truíam imagens, ou abatiam com um malista . para as convulsões do ro- habitação, cm que por economia se política dos católicos tri1Ínfavam edição consagrada, quase toda e la, só estampido de dinamite torres cen- mantismo, e daí para as extravagân- deixa de fazer sala de vizitas. mas o por ioda parte. Assim, na Alematcmírias, mural has imensas. contra- cias dos modernos sistemas artís- luxo não conhece limites para a nha, na Austria, na Espan h;a. na ao grande ~contecimento. Com efeito, a derrocada fina l do fortes até há pouco inexpugnáveis. E ticos. Em matéria humana, do tipo comodidade das cozinhas. das copas Itália, na França, no Brasil, na Hototalita rismo marca, para nós. o ter- a alguma d istância, aos aplausos dos semitisico, sentimenta l e "débrai/lé" e dos banheiros. Economizar no sa- landa, na Bé lgica. os êxitos eleitorais mo de uma longa e dolorosa campa- "gravochcs", dos vadios, dos petro- dos heróis e hcroinas do roman- lão de honra o que se vai gastar no dos católicos eram cada vez mais leiros, outros operários procuravam, tismo, parn o csportivismo. o espí- banheiro! A decrepitude dos salões estrondosos. E quanto mais crescia nha. na qual fomos obrigados aos mais duros sacrifícios. para escla- com o material roubado à Casa de rito utilitário e a ultravitaminosc dos dourados e o apogeu da sala de o perigo comunista. tanto mais se banho! Que tema para uma me- acendia o ardor da reação católica. Deus. construir em suas linhas extra- elegantes à maneira "yt111kee". T udo recer a opinião católica sobre o treA certas a lmas, Deus atrai ao Céu mendo perigo que ameaçava a Igre- vàgantcs e sensuais, a orgulhosa Ci- se tornou mais cômodo. mais acessí- ditação! vel. e o prazer que se procura nas fazendo-lhes ver o inferno. Foi desta ja. De 1933 a 1942, a vida do "Le- dade do Demônio. terapêutica que Ele se serviu com o Tudo isto não é senão alegoria. E coisas passou a ser muito menos do gion.\rio" foi. a este respeito, uma ~~ mundo ocidental, permit indo que se não IHí alegoria , nem imagem. nem belo que do "gostoso''. O hclo enverdadeira via crucis, ao longo da ca nta o espírito. Mas o "gostoso" Em 19 18 o sopro do csp1n1 0 lhe patenteasse cm toda a hcdiondcz qua l não houve provação que nos descrição que possa retratar a confosse poupada. De 1942 a 1945, a fusão daqueles dias de "pós-guerra". delicia o corpo. Das cadeiras elegan- rcvolucioni1rio vttrreu a Europa com a figura dos tormentos cm que o tes do estilo Lu is XVl para as pesa- singular violência. Deu-se o imenso comunismo mantinha a Rússia .. o luta, menos ostensiva e menos direta. não deixou entretanto de se fazer veladamente. O fim da guerra Mí sseis.sov_i é ticos . ~~ 1, ..,~ vem encerrar todo este passado, e num d8$flle militar em '-'l';, ~ abrir um futuro em que os proble1.""''''"'(! H• t um erro su por que a Revolu- Moscou. Projéteís po- , ~/ mas se apresentam radicalmente di- ção Francesa se encerro u com Na- tencialmente voltados ,-; ;Jt'versos. Aproveitemos estes instantes poleão ou com Luis XVIII. De fato, contra o M undo t,vro, l; . , ,. 3~ '1 t f r r. ,, i J, •: fugazes, em que os cadáveres ainda ela se espraiou ao longo dos anos, e estão quentes, cm que as lágrimas seus frutos mais imediatos não cesi'i ainda não seca ram, cm que a terra saram de se produzir até 1925 ou ainda não sorveu o sangue dos com- 1926, na Europa, ,até 1935 ou 1936 batentes, cm que os incêndios ainda no Brasil. Façamos, pois, um con.• 1 fumegam, e os canos das metralha- fronto entre a Europa de 1789 e a de doras ainda não esfriaram, para fi. 1925. Ao longo desses 140 anos . que xar cm um quadro geral ainda bem transformações assistiu ela na orvivo, a recordação destes anos de dem de coisas que nos ocupa? Puraconfusão e de tormenta. Ê este o mente· negativas. instante propício para tal tarefa. A Em matéria de Religião, as masexperiência histórica é muito mais sas. de cristãs passaram a revoluciosubstanciosa q uando colhida em um nárias, as elites. de deístas a indifepassado recente e palpitante. do que rentes ou atéias. Em matéria de filonos herbarios secos e fanados dos sofia, do cartesianismo passou-se compcndios e dos arquivos. para o materialismo evolucionista. Foto do ..Hospital psiEm matéria política. do Estado or- quiátrico.. de Orei. na ganizado à Rousseau, para a nega- Rús$ia. N esse dpo de ção niilista de todo e qualquer Es- estabelecimento aplitad o. Em matéria socia l a burguesia cam-se os mais recenSerá, por exemplo, muito d ifícil destruiu a aristocracia cm nome da tes métodos de desaque a História venha a compreender igualdade; e armada do mesmo prin- gregação da personatão bem quanto nós a época agitada, cípio a plebe se aprestou a estran- lidade humana. dent ro do sistema de crepuscular. indecisa. cm que irrom"goulay .. soviético. pernm no mundo os partidos totalitários. Ê preciso ter vivido cm 1920, ou cm 1925, para compreender o estrondo do desabamento do czaris- México e mais tarde a Espan ha. Não tremendo caos ideológico em que se mo, e se implantou o comu nismo na h{, lorrncnto ma ior do que esse de 1 debatia a humanidade. A CristanRússia. Toda a vida inte lectual e um povo a que se arranca dia a dia socia l se seccionou ainda mais do um~1 tradição. urp hábito, um símdade parecia um imenso prédio cm trabalhos finais de demolição. Não passado. No Ocidente, a hegemonia bolo. É um esq uartejamento terrí1 começou a se deslocar. cada vez vel da alma. a que estavam expostos havia o que não se fizesse para o mais, da Eur9pa tradicional para os a pouco e pouco todos os povos destruir. Aqu i, especialistas silenciosos e metódicos arrancavam uma a Estados Unidos niveladores. cristãos. uma ·as pedras, desconjuntavam as Em meio de todo esse desabamenlrnves, tiravam as portas a seus bato. que evidenciava cada vez mais o lentes, e as janelas a suas charneipróximo término da civilização crisras. Essa fama, que faziam com o r'-'" tã como tal, uma sa lutar reação se Sempre que o demônio está na mutismo, a solércia e a agilidade de produziu. Muitos espíritos perceiminência de perder uma partida. conspiradores, progredia com frieza biam por fim para que abismos cainexorável, sem perda de um insminhava o mundo, e quais os guias sua grande arma é a confusão. Utitante, sem desperdício de um seque o levavam para o abismo. Como lizou-a ainda desta vez. A História gundo. Revezavam-se os operários, escreveu Pio XI, um sopro universal talvez diga. algum d ia. cm que anmas de dia e de noite, enquanto os do Espirito Santo orientava para a tros o plano tenebroso se forjou. homens se divertiam, dormiam, tra-. Igreja os espíritos transviados. Em Mas o fato é que pctrn atender aos balhavam ou passeavam. a tarefa plena hecatoml;,c da civilização cris- anseios das massas sedentas de civinão se interrompia. Mais a lém, tã, a Igreja de Deus começava a li1..ação cristã, apareceu mi Alemamonstros de figura humana assaltaflorir novamente. produzi ndo reben- nha um part ido, logo copiado cm ,vam os muros vetustos da C ristantos que atestavam iniludivelmcntc outros lugares, que se propunha a dade com o furor delirante e impesua eterna pujança . O movimento tuoso com que se atacaria, não um católico se organizava por toda a ~

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CATOLICISMO -

Fevereiro de 1983

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NA PUC PAULISTA, DEPREDAÇOES EM FESTIVAL PUNK ,'PUNKS

outra ve't? Aquela demência de 1977 e 1978 retorna? Mas afinal, o que são eles, o que querem?" Perguntas naturais e quantas vezes formuladas cm silêncio por numerosos brasileiros. Roupas extravagantes, pinturas chocantes, gestos abrutalhados, expressão -facial indicando fastio e revolta, o punk é a mais radicalizada expressão da chamada revolta juvenil. Final da linha iniciada pelos plays-boys, pela beat generation. pelos hippies. Após o punk certamente virão outras expressões dessa propaganda de um novo tipo humano. Tipo humano que é a negação de civilização e cultura. Com efeito, no centro da idéia de civilização está a formação contínua e penosa de personalidades nas quais, harmoniosamente, a inteligência ilumina a vontade, a vontade comanda a sensibilidade. Portanto, as potências da alma hierarquizadas devidamente. Os atos humanos são assim regidos por princípios derivados de uma concepção da natureza humana. Há uma lei moral, que procede de princípios eternos, em última aniilise, de Deus, cuja aceiiação molda a personalidade e dá origem a instituições, as quais formam a sociedade civilizada.

No punkismo, e em grau um pouco menor nos movimentos que o antecederam, há a insurreição da sensibilidade, das paixões que se recusam a seguir os retos ditames da razão. A inteligência e vontade passam a escravas, a sensibilidade impera despoticamentc. Os atos humanos ficam sujeitos a caprichos, veleidades, desejos momentâneos das paixões. Não se aceita mais o comportamento segundo normas perenes. O homosse.xua lismo. as drogas, a promiscui-

dade sexual, a sujeira deixam de causar repugnância. Pelo con tn\rio, passam a ser admitidos e até mesmo admirados. Isso constitui mais um passo do processo revolucionário gnóstico e igualitário - descrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu magis-

.. A GRAND E EXPERIÊNCIA implantar um novo mundo cristão. À primeira vista, nada mais simpático do que o nazismo, movimento místico-heróico, propugnador das tradições da Alemanha cristã e medieval, contra a dissolução demagógica e corruptora da propaganda bolchevista. Os termos meramente negativos da doutrina nacional-socialista correspondiam em vários pontos ao que sentia de mais vivo a consciência cristã, indignada com o enfraquecimento do principio de autoridade, da ordem, da moral. e do direito. Mas, se se atentasse para o lado positivo dessa ideologia, lado que só aos poucos a maquiavélica propaganda parda revelava aos "iniciados", que terrível decepção! Ideologia confusa, impregnada de evolucionismo e materialismo histórico, saturada de iníluências filosóficas e teológicas pagãs, programa político e econômico radical e caracteristicamente socialista, intoleráveis preconceitos racistas. Em uma palavra, por detrás dos bramidos anticomunistas do nazismo, era o próprio comunismo que se pretendia instaurar. Um comunismo ardiloso, de máscara cristã. Um comunismo mil vezes pior, porque mobilizava contra a Igreja as armas satânicas da astúcia, em lugar das armas impotentes da força bruta. Um comunismo que começava por empolgar os espíritos por algumas verdades, punha-os em delírio sob pretexto de entusiasmo por essas verdades, e os atirava em seguida aos erros mais terríveis. Um comunismo, portanto,

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trai livro " Revolução e Co11tra- Re• volução ·· - de modo que a revolução punk pode ser considerada sua 4.• etapa. Na primeira. isto é, na Revolução Protestante, ocorreu a revolta contra o Papado. A inte ligência não quis dobrar-se à autoridade legítima da Igreja. Lutero, fundamentado no livre-exame, considerou tal recusa seu ponto de partida. Mais tarde, esses princípios ge-

Um cantor bem caracte• rfstico apresenta-se d ian·

te da assistência que compareceu ao primeiro festival punk, realii:ado em novembro do ano passada. no SESC da Vila Pomp4ia (São Paulo)

raram análoJ;ta revolta na sociedade

temporal, desta vez contra a supremacia aristocrática, mesmo quando proporcionada e Justa. Mai s adiante, a última desigualdade existente na sociedade - a da riqucr,a - está sendo destruída pelo comu nismo. E, finalmente, a desigualdade dentro do homem. em que a inteligência e a vontade devem gozar de um primado sobre a sensibilidàde, está sendo questionada, muito mais nos fatos do que em doutrinas. pelo punkismo. As dua_s potências superiores do homem vão sendo desbancadas por esse movimento mediante o turbilhão das paixões. Ê a anarquia nas personalidades que desembocará naturalmente na anarquia so-

cial. •

Em São Paulo, pequenos e insignificantes grupos punks tentam atiçar de novo o movimento. seguindo os passos dados nesta m;,téria por seus propugnadores instalados na capital britânica. É próprio a causar a maior das perplexidades o festival p1111k relatado por Antonio Bivar. e que teve lugar nas dependências da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no ano passado. Àquele recinto, edificado o utrora sob o dignificante patrocínio do Papado, e portanto marcado pelo símbolo sagrado e solene da Cruz, têm acesso os propugnadores de novos símbolos. de uma nova pscudo-civili1.ação qué denota, na verdade. evidente inspiração demoníaca.

Assim, Antonio Bivar. cm seu sub-estilo de redação. cheio de redundâncias. com frases mal-revisadas, nas quais aparecem também

que significava. não a obliteração dos maus, mas dos bons, a mais terrível máquina de perdição e de mistificaç.ã o que o demônio tenha engendrado ao longo da História.

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Ta l é o peso da verdade, tão duro é o fardo do bem, que infelizmente muitos espíritos. embora sinceramente católicos, se deixaram transviar pela manobra. Não ti·nham aquela fome e sede de justiça, que é a raiz da santa intransigência. Não tinham aquele apetite de Catolicismo pleno, que os faria rejeitar como elemento impuro qualquer liga com os fermentos do século. As coisas muito acentuadamente católicas, declaradamente católicas, exclusivamente católicas, lhes pesavam como o sol fere a vista das aves noturnas. Preferiam as formas pálidas, d ilui-

Nesta noite. especia/111e11te. o S<J· palavras de baixo calão. descreve o !tio Berta da PUC parece uma oficina que se passou na PUC: " Repe111i1101nente é sâbado e nes- de trabalh o. Grupo.~ - Passeatas. te s,íbado ten, show Punk 11a PUC. Inocentes e Ulster - se rev('Zfln1 nó Não é a prin1eir11 vez que o DCE tia palco: punks 11a p latéia . da11çam a PUC abre o saltio Berta para show dança selvag<•1n e exordzante. uma punk e 11en1 seria a últi,na. Os estu- dan("tl intlividut,I e conjunu, ao ,nes· dantes vêe,n o 111ovi111e1110 co,n siln- mo re,nplJ. t'Onro u111 levante por(},, plllia. e/ora'""ª 011 outra pi.w1ção11a guerrt1 ou contra elt1: Jornalistas e11parede 011 110 ba11heiro. nada de trevisl(111do ga11gs no saltío: ílashcs gr1ive acon!eceu. nas outras apre- estouram. com fotógrafos -· profissenUJ('Õl!s. E claro que sernpre existe sionais e amadores - fotografa11do o unw <'erra 1ensão pairada no ar. evento. Ern 11111t1 tios paredt.'S E<lu. o Prindpabnente na rua. em frenu? à fotógnifo dá Isto E. projeta. em PUC. Todos aqueles punk s. ce11te11as ta,nanho ,naior que a vida. os slides deles. chegando, 11111 ba11do vi11do de 'que, pela/alta de espaço. 11ão saíram ci,nll. ourro vindo de baixt>. Os publicados 11a revista. slides de muipunks do A BC. os Carecas do Subúr- tos dos punks ali prese11tes. Ao 111esbio. <1 ga11g do TNT do Treme,nbé, e ·1no ten,po que o.v estuda11tes do /11saqueles caras que 11inguén1 conheee tit11to Metodista da11çam.faze111 pes(nwis rudc•s, ,nais selvagens. rnais quisa. colhe,n JJUlterial. J:.i,qu,11110 pobres e vi11dos de mais longe ai11da). isso. 111na 1ninoria de vândalos(cinco E a tur1110 de Campi11as. e os punks deles. ex,aame11te). garotos por volta de São Carlos. e toda a t11rn,a da dos 16 anos, 11,11n acesso de entuzona Norte. se111 conlllf "os 111es111os siasnm destrurivo. estão quebrando de sempre" - Virão, Sé, Ticão. L11i- to<lo o banheiro. arranrando jios. zi11ho Rato .... todos, abso/111(1mente torneiras .... 10111mulo banho e tudo todos. vestidos de 11egro. é claro que é (co,no se nunca tivesse,n visto tanta far1ura de água). arrepiante.

das, indiretas, de irradiação católica, como os mochos preferem a luz da lua. E se entregaram de corpo e alma a essas tendências .de caráter nitidamente anticatólico. Na Itália, como na Alemanha, como em outros lugares. uma coorte de ingênuos, de desavisados, de pessoas entretanto bem intencionadas, se deixou embair e arrastar de roldão com facínoras e aventureiros de toda sorte. E só Deus sabe com que furor, com que iracundia. com C(Ue abundância de ameaças se a1iravam contra os irmãos de crença que se permitiam o luxo de ser mais penetrantest mais perspicazes, mais enérgicos na defesa da Fé.

Ruiu o grande sonho, está em pedaços a terrível construção elevada pelos arquitetos dos sistemas Mulheres lituanas e• xecutam trabalhos forçados na Sibéria

totalitári os pscudocristãos. Hoje em dia, ninguém o usaria sustentar a legitimidade dessa posição contra a qual clama todo o sangue que se derramou. todas as lágrimas que se chora ram, todo o suor Q\te se verteu nestes anos de guerra. Quando os campos de coneen1ração forem expostos à visitação pública, e se perceber que terrível oficina de ódio era o totalitarismo. é de se esperar que as últimas vendas ca iam dos últimos o lhos voluntariamente cegos, e que por fim os escombros e os restos de todo esse passado sejam removidos dos últimos espíritos que o fana1ismo ainda mantém cm uma a1itudc de obstinação desvairada. Mas, como dissemos, desse passado ainda quente, se desprende uma grande lição. Ê inútil querer fazer se m a Igreja ou contra a Igreja a obra de Deus. "Enquanto o Ser,hor não edificar a casa, trabalharão cm vão os que a constroem. Enquanto Ele não proteger a cidade, velarão inutilmente os que a guardam" (SI. 126. 1). O mundo não pode ser sa lvo por formas diluídas de Cristianismo, ou por sistemas que representem uma etapa comodista ou preguiçosa nas sendas da restauração da Cristandade. Nosso "lei, motiv" deve ser o de que para a ordem temporal do Ocidente, fora da Igreja não há salvação. Civilização católica, apostólica, romana, totalmente tal, absolutamente tal, minuciosamente tal, é o que devemos desejar. A falência dos ideais políticos, sociais ou culturais intermediários está patente. Não se pára no caminho de volta para Deus: parar é retrogradar, parar é fazer o jogo da confusão. Nós só queremos uma coisa: o Catolicismo completo. Esta a grande verdade que o fracasso do totalitarismo revela. Relembramo-la nesta ocasião memo-

Logo depois. 110 palco. 11111 músit·o de uma das bmul,,s ,·luuna os vlindt1los à tozão - ,1 eJStt altura ningubn sobe que111 arrasou co111 o ba11heiro - le111bra11dÕq11e, por cm1.,·a do ato. cerrmnente

111111cll ,nai.,· a PUC per111i1iró o show de punk 110 sa!tio 8ert11. E não den1ort1 111ui10 clu•ga <1 polícia. E ti polícia faz evacutlf o salcio Berra. 11u111d,11ulo os punks e111bora. encerrando o show" (""0 que é punk"", Antonio Bivar, Ed itora 13rasilicnsc. São Paulo, 1982, pp. 110-112).

Esses movimentos são vanguar• deiros. Mesmo quando não vencem de imed iato. iníluenciam a comunidade social. que adota certas formas de comportamen to mais ou menos vizin has de seus desvarios. Eles enfraquecem as barreiras de horror que ainda ex istem no Ocidente cm relação 11 anarquia total, tanto nos indivíduos quanto na sociedade.

Nunes Pires rável, não para reavivar dissídios com irmãos de crença, mas para declarar q ue, excetuada esta grave lição que contém o suco de toda a trágica experiência destes últimos anos tão ricos em e nsinamentos, tudo esquecemos, e que só queremos olhar para o futuro. Do passado, não trazemos nem queixas nem ressentimentos. mas apenas a convic-ção da vitória desta tese, que deve ficar: os católicos vencerão desfraldando inteiro o estandarle católico, e não ocultando-o sob as dobras de doutrinas políticas eq uivocas.

Ai está diante de nós, hiante, o grande problema do comunismo. Mais uma vez, e com uma acuidade maior do que nunca, exige-se a luta contra a hidra que representa, tanto quanto o nazismo, a quinta-essência do espírito da Revo lução . Os católicos devem unir-se diante do adversário comum, esquecidas todas as queixas e todos os ressentimentos, e, consoante o ensinamento de Pio XI, devem aceitar a leal colaboração de_ todos os homens d ignos, que estejam sinceramente empenhados na luta contra o totalitarismo rubro. Mas o segredo da vitória da Igreja · consiste precisamente. nisto: em renunciarmos aos ideais intermediários, e, ligados a todos os que nos ofereçam sua cooperação, vencer a hidra bolchevista com a única arma que a esmagará - a Cruz, que representa a Igreja de Deus e as mais antigas e legitimas tradições da civilização cristã. "ln hoc signo vinces", disse uma Voz a Constantino num momento cm que parecia incerta a sorte das armas. Essa Voz não se calou durante quinze séculos, e ainda hoje é a mesma a sua mensagem para o mundo. ·

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1983


ASPECTOS DA EUROPA ATUAL, NUMA VISÃO DE RELANCE ESPANHA vivia até há pouco um clima de espera. O governo socialista parecia estar ta teando. Temia o eleitorado centrista, de raiz católica, que votou nos

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socialistas, por sentir um certo mal

estar indefinido e acreditar que caminhava rumo a um beco sem saída. Mudar era uma saída . Para este eleitorado. basta um sobressalto e ele volta à posição inicial. Nestes dias, a inesperada apresentação do projeto de lei que acarretará a legalizaçiio do aborto mudou substancialmente a situação. O governo. de repente, se vê acuado pela investida conjunta de duas forças poderosas: a Conferência Episcopal Espa nhola e o maior partido da oposição - que se apresenta como porta-voz da opinião conservadora e católica - a Aliança Popu lar. Caso não se verifiq ue um cambalacho político, a situação tende a cam inhar rumo a uma tensão de fundo ideológico.

Muitos espíritos na Espanha atual receiam a rachadura do pais em dois blocos. fenômeno que deu origem à guerra civi l de 1936. De um lado, a Espan ha católica, do Cíd, e do outro, a Espanha de pendores anarquistas, blasfematória. As bases do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) exigem a aplicação tota l do ideário socialista. Se houver, contudo , muita gradualidade e paciência em, mudar a Espanha, é possível q ue a opinião pública não se fenda . cada parte migrando para um polo. Por paradoxal que pareça, o Rei é o grande fator de descompressão. O espan hol conservador tem dificuldade cm acreditar que uma instituição tradicional. com raízes profun•

das no passado, represente pouca resistência contra a comunísti7,~ção paulatina. Por causa do papel de D. Juan Carlos. de moderar a marcha de parte da população em direção ao polo ant i-socialista. o PSOE. embora queira a destruição da monarquia, esquiva-se de tocar neste ponto. Aqu i não entra urn jui,.o sobre o Rei. mas a constatação do que seu estilo de reio.ir produz nas mentalidades.

Além da Espa nha, outra nação européia terá eleições próximas: ~ Alemanha. No dia 6 de ma rço as urnas dec idem a sorte do atual governo Ko hl. Em dezembro do ano passado. reinava muita calma nos setores conservadores. 1>ois julgavam eles que. desta vez. a situação se inverteria. e a coligação CDUCSU tomt1ria segura dianteira cm

relação aos sociais-democratas. mantend o a direção do país. Razão: o povo está cansado do socia lismo. desconfiado cm relação aos avanços da ala mais extremada do PSD, receoso de mais sobressaltos. Quer alívio.

Manifestação pacifista em Sttutgart (Alemanha) diante do principal quartel norte· americano na E.uropa

Paira ndo sobre as eleições. com repercussões mais importantes, flutua a d iscussão sobre o pacifismo. Na realidade, uma questão de consciência. ma is presente lá do q ue cm q ualquer o utro lugar da Europa e que influenciará a própria existência da Alemanha enquanto nação. A problemática apresenta-se de modo mais concreto, como a discussão sobre a instalação ali dos foguete.s americanos. De fato, sob várias rou-

pagens, discute-se a posição da Alemanha frente à Rússia e ao comunismo. Se aceitarem que os Estados Unidos coloquem os mísseis em seu território, os alemães estarão ímplic ítamente dizendo à Rússia que preferem correr os riscos da retaliação e continuar livres. protegidos por Was hington. do que se entregar sem luta. Se não permitirem a insta lação dos foguetes norte-a mericanos , de fato terão optado por uma gradual inserção na área de domínio soviêtíca , através do neut ral ismo e da fí nlandização. A decisão pela primeira hipótese representará a abertura de uma vía honrosa, na qual Deus certamente premiará a disposição destemida do povo germâ nico não querer aceitar o comunismo para evitar a guerra. Se a Ale manha tombar na segunda. para não en .. frcntar o perigo da conílagração. não o afastará, e entrará no futuro cabisbaixa e desonrada. Situação que lembra a apóstrofe célebre de Winston Churchill aos que dcscja\la m pactuar com o nnzismo; "Tí-

nheis que optar entre o vergonha e" ,:uerr<1. Escolhesu)s o vergonha e te· /'eis a guerra".

Apesar do movimento pacifista, observa-se na Alemanha um ânimo. uma tendência a arrostar galharda as d ificuldades da vida, que a coloca numa posição ímpar entre os pa íses europeus. A movimentação das pessoas nas ruas denota plctora de energia, sati sfação cm se exercer. Tal disposição de espírito au1orí1.a esperanças de que essa nação escolherá a posição sensata e preferirá correr os riscos da má-vontade russa a entre-

A E$panha de hojo caminha pera a polarização, como sucedeu nos anos de 1936 a 1939. Os "requotés.. participavam das forças que se opunham, naquolo época. aos socialistas e COJ!iunistas. Na foto. um capelão dá a bênção aos combatentes "requetés". cobertos com as características boinas và rmelhas. no front de M adrid.

gar-se sem luta. quando então receberia cm troca uma tranqüilidade cnganos;c1 e provisória.

Passo agora a outra naç.'ío de língua germânica: a Áustria. Viena, sua capita l, num fenômeno que talvez não seja gera l ao país. cm algo notó-

rio difere da Alemanha e choca pelos cont rastes. Muito se fala. a justo título, da amabilidade vienense. Há, vivendo ao lado dela, oposta à ela, um mau l)umor difuso, uma atmosfera de repartição pública decadente. Notase tristeza em Viena. Talvez parte dela provenha da diminuição de seu papel histórico. Nela foi realizado o Co ngresso de Viena que marcou por meío século e, compasso da Europa. Dali, Mctternich, como um· regente de orquestra, dirigiu o concerto das nações do continente. Francisco José, o último grande monaréa, reinou de 1848 a 1916. A Imperatriz Sissi atraiu a admiração geral por sua graça e beleza , a té sobrevir-lhe a morte tnigica, ocasionada pelo esti lete traiçoeiro de um anarquista. Viena, por tanto tempo a capital do Sacro Império e depois, do Império Austro-Hímgaro, sentiu-se conatura l à sua grandeza histórica e, de repente, viu-se compelida a se tornar a capital dos espaços acanhados da Áustria atual. O desaparecimento de tudo isso parece ser um dos fatores da tristeza dos vienenses de hoje. Mas cm ta l melancolia há algo que não provém das saudades de um passado que se foí. Há um travo amargo. ácido. Manifesta-se no mau hu mor em dar informações. na re-

esplendor em Viena. Habitantes da cidade informaram-me errado sobre hotéis, horários de trens, o horário cm que estaria aberta a Escola de Eqüitação Espan ho la, apenas pela preguiça de serem amáveis, pelo hábito de menospre1.arem o público visitante. Só uma vci., cm minha rápida estad ia na capital austríaca, é verdade, observei empregados atendendo clientes com grande gentileza, num café que fica em frente à Catedral de Santo Estevão. O socialismo está há muito tempo no poder, entrou na vida quotidiana, e como conseqüência - ao contrário da Alemanha ainda cheia de dinamismo, o nde o socíalísmo parece não ter entrado no día-a-dia - minguaram a vitalidade e o encan.to vienenses.

cusa de entrar em consonância com os visita ntes admirativos que pro

Terá sido impressão falsa'? Não tive sorte cm Viena? Entretanto, não é difícil conjeturar que a difusão do espírito de repartição pí,blica, mal cuidada e relaxada, espraiando-se na vida socia l. tenha produzido mau humor e desleixo. Gostaria que minhas impressões não correspondessem à realidade para o bem da Igreja e da civi lização cristã, poís seria da maior conveniência que Viena fulgurasse no pleno desenvolvimento de s uas potencialidades.

curam locais históricos. Muitos ali fingem não perceber o q uanto há de

Péricles Capanema

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Na Lituânia, a foice e o martelo contra a Cruz PER COR R ENOO o interior de . Na estrada de Kapciamicstismuitas nações de tradição cristã. Gardi nas ele poderia ver os fiéis obscrva.csc com naturalidade .a prc~ aíasta rcm-se de uma capela recémscnça de c,·uzes ao longo das estra- construída. dedicada a Santo Antodas e dos caminhos. Ora se trata da nio. em memória dos que tombaram homenagem de uma fam ília a um de pela liberdade da nação, ser vandaliseus membros que rnorrcu nuff1 aci- camcn tc destruída. d uas horas dedente ,i beira de um rio ou em pois. alguma curva perigosa: ora a cruz Essa perseguição implacável da lembra uma missão frutificada pela foice e do martelo contra o 1>oderogr:iça. cm te mpos idos. Todas elas. a síssímo símbolo do catol icismo deseu título. lembram a Cruz que, terminou admiráve l reação: grupos erguida no cimo do Ca lvürio. torde fiéis da região. jovens sobretudo, nou-se símbolo de nossa sa lvação. propuseram-se a reerguer todas as 'fão sa lut;1r e tão ncccssál'io. t;il símbo lo não consegue ma nter-se de pé cm certos países. Um deles é a Litu~inia . rmção rm:inir subjugada pelo tacão comunista, de um lado implacável e duro, de outro lado • frilgil pelo seu cará ter antinatural, por sua impostura e pela miséria que gerei. Um viajante que pudesse percorrer as cs1radas daquele p:tis. teria a possibi lidade de observar cenas q ue

cruzes derrubadas e a sa lvaguardar as out ras. Assim é a Lituânia. com suas

cruzes e igrejas, seu povo heróico, incansável no comba te cm prol da Fé e do Reino de Deus contra a tirania comun ista .

B. Glowacki Nota: A fonte que serviu de base para o artigo acima ê o boletim da con1Unidadc lituan:1 de Roma. " Elta

l'ress", setembro de 1972. n.• 9.

o poderiam induzir a um equívoco.

pensando cncor11rar..se em uma na-

ção livre. Por exemplo, contemplar urna cru1. no alto de uma colina. picdosa1ncnte erguida por um pu-

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nhado de fiéis. Observando bern, entretanto. ele veria mais adiante

outra cr111. caída em terreno revolvido ou nivelado por máquinas. E perceberia que aqueles mesmos fiéis

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trabalhavam sob a vigilft nch1 de scncinelas armadas ...

O viajante compl'Ccnderi;i o significado dessas cenas se tivesse saído no día 18 de junho de 1982 para percorrer os caminhos das p,·ovincias de Plungc e Tclsiai (centro-oeste do país). o nde encontraria uma cru? 110 e nt roncamcnto de Anulenai e três no bosque de Rai naí. Poderia até observar íisionomías preocupa-

das que cn1ravam ou sa íam do bos-

que. Tudo lhe causaria profunda impressão. Seis dias mais tarde essas cruzes não mais exisliriam . derruba-

das por um trator ou picaretas. No sul, em Lazd iiai. o visitante assistiria a outro fâto: uma cruz que,

tendo sido erguida e derrubada por t rês vezes consecut ivas. e ntre os dias 24 de junho e 15 de julho do ano passado, foi su bstítuida por outras duas cruzes. a J7 de julho, apenas 2 dias depois.

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Os comunistas impediram que a igreja de Klaipeda, na Lituênia (foto). fosse consagrada. em 1960. Após destruírem a torre. os vermelhos transformaram o templo religioso em teatro.

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TFP arge nt ina·. propõe .debate nacional

.. EXISTE consciê11cia ge11eralizada de que 11ossa pátria está num caos para o qual 11en1 os mililares 11en1 os políticos parecen1 ter solução. ..Ante esse estado de verdadeira emergência 11acio11al, a Sociedade Arge11ti11a de Defesa da Tradição. Familia e Propriedade (TFP), embora sendo uma e11tidade civil apolitica, se111i11do que são os próprios fu11dame11tos da civilização cristã que estão· en, jogo 110 Arge,11i11a, considera-se obrigada a publicar esra declaração". Com tais palavras, inicia a TFP platina um manifesto, publicado no diário portenho "La Nación", de 2 do corrente, em que se dirige às autoridades militares, civis e religiosas, cobrando-lhes a responsabilidade que têm no atual estado de caos econômico e social em que o pais se encontra. •· Vamos entrando - diz o documento, queixando-se da ineficácia dos sucessivos governos militares -

m11na crescente anarquia e,n que as

unanilne,ntnte que v111nos n uno ao caos - do qual o único be11eficiário será o comunisn10 - é necessário bras de assistência social e outras deter esse curso fatal. Deve111 proinstituições que co11rrola. o clero n1over-se reuniões. encontros. debaprogressista é capaz de ,nover gran- tes. e outras formas de expre.~tão tles setores do país e· de 11e11tralizar popular ordenadas. fora do jogo pocírculos ai11da 111ais amplos ... lítico e dentro da própria 'platéia', se "Não devemos esquecer que os é que se pode chamar assim à i1ne11i11tegra111es do progressismo não sa maioria que observa os atores rio desdenlwm a própria orgmlizaç,io caos .... se,n conseguir fazer-se esdo terrorismo: o fi111dador dos cutar por eles". ·Montoneros·foi o Pe. A/berro Car"No final desw declaração bo11e. condenado por sua i111plicação insiste o manifesto - reiteramos a no assassi,wto do Gal. Ar(J/nburu ... sugesrão de que todos os t,rge11ti11os Tal fato, ju nta<nente com outros que que queira111 salvar ti pátrit1 do caos, o documento da TFP argen tina lem- se man ifeste,n, polemize111 se 11ecesbra oportunamente, "demonstram sário, e dêe11, orige,n a novos intércomo membros do clero. através de preres da autêntica opi11ião do pa,'.f'. un1 1né1odo llparenre,ne,ue inofen- tendo em vista a realização de uma sivo de ·difus<io da palavra' e de eleição representa tiva no momento 'conscientização·, leva111 inf7exivel- propício. . 111e11te à derrocada, até por 111eios .. E11trera,110. o governo deveria viole11tos se necessário, dos regimes abster-se de tomar decisões i11ten1ocidenu,is latino•arnericanos e à im- pestivas e sern consu/ra prévia desp/a111açiío de 11111(1 dirndura socia- ti11adas a impressionar a massa da listt1 que conduzird i11evi1aveln1e111e população e tJ agravar <únda nwis a ao co,nunis,no''. crise. Por exemplo. ações bélictJs 11as ..A nação está perplexa. atônita e Malvinas. o agrava,nento da disputa ao 111esmo tempo desarticuldda e sobre 8eagle. co,npromissos co,n a sem possibilidfides de expressar a Rússia e países não-alinhados. musua vo11tade. E' notário, 110 entanto. danças de estruturt1 etc. Ret,firnwo seu desejo de ordem para poder mos formalmente nossos direitos e trabalhar em paz: e de liberdade esperamos que, quanto antes. se epara poder atuar dentro do largo xerça nossa plena soberania 11as zoca,npo das possibilidades que é lí- nas de conflito. Mas devemos evitar cito ao ho111em dese11vo/ver. .... A estados febris de opi11ião pública TFP {/pela ao conjunto 'tia opi11ião co,no o que experimentamos tlesde pública para que deixe de lado sua abril até junho de 1982. pois eles ato11ia, para que os ho111ens repre- co11stitue111 o clima propício para sen1a1ivos se rnovmn. para que as todas as desgraças e as melhores forças que têm alguma vida i11ter- oportunidades para' o triunfo do codotai e conu,ndo com a vasta organização de paróquias, colégios, u11iversidades. editoriais, co11ve111os. o-

greves e as arruaças se suceden,_. o permissivismo e a repressão irracional se alter11am, e se prom11/gan1 leis sem eficácia para resolver problemas que vão surgi11do u,n atrás do outro . .... " Por sua vez - prossegue o documento - também os políticos nãó merecem a confiança da nação, pois ..as suas convenções e co11gressos 11ão são disputas ideológicas 11en1 escolas de alta política: são a ,nais crua tlen1011stração de suas ambições pessoais". venlu11n, con,o a TFP intl!rvé,11. PriJuntamente com tais setores. entretanto, há uma o utra força orgameiro. co,11 vistas a denu11ciar a falsa nizada, cujo poder e influência é situação e,n que esta111os colocados. ainda maior. Trata -se do ..progres- e depois. visa11da estudt,r e debater sismo cristão. profundame11te en- · qual a ,nodo pelo qual essa opinião quistado nas fileiras do clero cató- pode 111a11ifestar aos personagens do lico em todos os seus níveis". afirma teatro político o que pensa a ·plaa TFP argentina . .. Con, a autoritéia'". dade que Õi,torga a i11vestidura sacer..Se a opinião pública pe11s<1 qu{lse

1nun is1110 ".

Concluindo, a TFP platina pede a Nossa Senhora de Lujá n, Rainha · e Padroeira da Argentina. que inspire os que devem levar o pais ao caminho traçado pela Providência - que tão generosa tem sido para com e le - e o livre da atual confusão que reina no mundo.

Crueldades soviéticas no Afeganistão W ASHJNGTON - Embora o Kremlin nunca tenha revelado o número de tropas que mantém no Afeganistão, as est imativas dos serviços secretos ocidentais calcu lamno cm 100 mil homens atualmente. E do ou·tro lado da fronteira soviético-afegã, mais 40 a 50 mil soldados encontram-se estacionados, prontos a entrar em ação se Moscou considerar necessário. Apesar de um tão elevado (e escandaloso!) contingente - verdadeiro exército de ocupação são os guerrilheiros anticomunistas afegães, os "mujaheddin", que controlam a maior parte do território de sua pátria . Apenas a capital Cabul, a lgumas importantes vias de comunicação e várias localidades são ocupadas pelas tropas russas e afegãs-comunistas. l> digna de nota esta situação de relativa superioridade dos guerrilheiros afegães, considerando-se que do ponto de vista do armamento não têm como competir com o inimigo invasor que dispõe de efi-

cazes meios aéreos, forças blindadas em terra e até de armas , q uímicas, como é sabido. Em sua luta contra o domínio soviético, a qua l já perdura por mais de três anos, a resistência afe~ã assume um aspecto tanto mais heróico, idealista e até legendário, quanto maior é a perseguição que o invasor lhe move por todos os meios ao seu alcance: desde a chacina de populações inteiras até a cruel tortura de muitos dos seus elementos capturados, passando pelo uso das terríveis armas químicas. Os guerrilheiros afegães tudo s uportam, mantendo alto seu moral e sua disposição de combater. .. Enquanto houver u111 afegão vivo. ele conti11uará a lutar contra a ocupação soviética e,11 nosso país", declarou o exilado Saycd Mortaza ao Congresso norte-americano em Washington. A mesma testemunha narrou um incidente ocorrido cnt rc soldados russos e um grupo de crianças afegãs que andava com armas de brio-

q uedo. Tendo-lhes perguntado o que estavam fazendo, e las responderam que andavam atirando em · soldados russos. "Então ele.r levaram as crianças até à praça da cidade. jogaram gasolina sohre elas e atearam fogo", Episód io semelhante foi registrado na pequena cidade de Padkawabe-Shana a 56 km de Cabul, onde u m grupo de 105 habitantes foi queimado vivo dentro de um twnel de irrigação que lhes estava servindo de esconderijo para escapar-dos soldados russos. M.ais impressionante, porém, foi o depoimento de uma jovem refugiada, Farida Ahmadi, universitária de 22 anos. Através de seu intérprete, Michael Barry, que a trouxe do Afeganistão, contou ela em Nova York como passou quatro meses de cativeiro sob as torturas dos comunistas. Depois de ter passado uma semana sem poder dormir, tomando choques elétricos em · todo o corpo e ingerindo drogas -disse - ..fui levada para um local que. os presos ,;/101110111 de câmara Doi s resistentes afegãos carregam um companheiro f erido. por ocasião do uma dos horrores. O lugar estava coa· emboscada contra os c omunist as. 01- g uerrilheiros nunca abandonam seus feridos. 1/wdo de sangue. Eles me forçaram

em suas incursões bélica,.

.1-H ~ ~- -

Da. Lucia Campos de Oliveira, São Paulo (SP): "Aprecio especialmente, em . "Catolicismo", os estudos aprofundados sobre temas atua is, mas sobretudo a s ua luta em defesa da verdadeira doutrina". Da . Fátima Aparecida Correia, São Paulo (SP): ..Catolicismo" tem desempenhado muito bem sua missão, abordando temas importantes da atualidade. Agradeço a ded icação com que é defend ida a Santa Igreja. Gostaria muito que fossem divulgados os discursos e as conferências do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira desde o inicio de s ua atuação pública... Da. Antonietta Barbosa Titonelli, Miracema (RJ): "Cada vez que lemos este valoroso Jornal, cresce em nós o amor à Santa Igreja e à Civilização Cristã. É o único jornal que podemos depositar nossa total confiança. Que a Virgem das Lágrimas continue abençoando este intrépido jornal". Sr. Rubens Junqueira da Costa, Cam pes tre (MG): "Ótimo. Continuar como está sendo publicado". S r. Pa ulo C unha, Santa Ma ria (RS): "Aprecio muito as reportagens sobre os temas religiósos. Faço votos a Deus q ue continue a iluminálos para ·q ue não se percam neste mundo conturbado". Sr. Adesio Gustavo Viei ra, Florianópolis (SC): ''O jornal ·Catolicismo· é excelente sob todos os aspectos, sobressaindo-se na denúncia dos embustes do clero progressista . .... Como sugestão. vejo a necessidade de maior divulgação, a fim de que alcance todos os seto res das camadas sociaisº. Sr. Antonio Fernandes da Costa, Recife (PE): "Felicitamos essa Editora pela publicaç,io do excelente periódico 'Catolicismo'. sempre interessante e variado. intrépido no combate a adversários do bem comum e valoroso na defesa da boa tradição católica e dos justos interesses da Pátria e do homem", "Sr. Valdei Dias Nascimento, Belo Horizonte (M G): "Uma das razões da minha admiração pela doutrina católica trad icional é por e la ser lógica. irrefutável e sempre atua l, respondendo-me com clareza a todas as dúvidas que a confusão de opiniões e o relativismo contemporâneos procuram me suscitar. E minha admiração e gratidão por 'Catolicismo' é por ele refletir bem este aspcCt(l da Religião verdadeira, sendo ademais o porta-voz de um movimento q ue, dentro de uma perfeita coerência e fidelidade à Santa Igreja, , combate argutamcnte, destemidame nte e com sucesso contra os geradores e propagadores daqueles erros e desvios". Sr. Raimundo A ris tides Ribeiro, Fortaleza (CE): "Peço, por seu intermédio. a atenção do autor Plinio Solimco, para duas impropriedades que escaparam em seu excelente trabalho(" No 450. 0 aniversário d,is Aparições de Guadalupe - Surpree11de11tes constatações do ,nilagre", "Catolicismo", dezembro de 1981, n. 0 372): 1. Quando ele escreve no subtítulo "a cena refletida no olhar da Virgen,": ...... Chavez, com uma luptl .... discer11iu na sua pupilt1 (da Virgem) a figura de u,n ho1ne111". Ora. a imagem de Diego está fixada na' íris, pois a pupila éo orifício por onde penetram nos olhos o.v raios /11111i11osos. 2. Na foto que mostra a ampliação do miniquadrinhoe onde se vê a imagem de Juan Diego, a legenda elucidativa em negrito. diz q ue a ..·cena ocorrida na casa do Bispo, .,. está inteiran1ente gravada na retina dos olhos da Virgen,··. Aqui o equivico foi maior porque a retina é membrana mais interna do olho, onde se formam as imagens visua is. O linotipista deveria ter escrito córnea ou íris e não retina...

• •

. N .R. - Agradecemos as observações do prezado missivista. Houve realmente uma imprecisão de linguagem, tanto no primeiro quanto no segund o ponto referidos na carta do Sr. Raimundo Atistides Ribeiro. No primeiro trecho citado, o termo exato que o articulista deveria utilizar seria íris, cm vez de pupila. E no segundo o termo correto é igualmente /ris e não retina, conforme consta na colaboração de Plínio Solimeo. Na montagem do artigo ·pelos d iagramadorcs ocorreu um lapso. também notado pelo missivista. A lguns tópicos dão a impressão de terem sido truncados. Entretanto, no número 375, de março de 1982. p. 6, sob o tit ulo ..Aparições de Guadalupe.., a redação do j ornal publicou um esclarecimento apontando os lugares em q ue houve uma ju nção errada de trechos do artigo. Esperamos que o Sr. Raimundo Aristides Ribeiro tenha tomado conhecimento dessa nota, que retifié,ou o lapso de diagramação ..

a ver co,no ero,n arrancados os

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• •

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olhos de 11111 homem. Colocaram nos sobre t1111a ,nesa na nrinha frente e disseram qi,e iriam fazer o

,nes,no cornigo se eu não confessas.._

se". Os carrascos que eram afegães

supervisionados por interrogadores russos, queriam que Farida dissesse onde haviam sido impressos os panfletos anti-soviéticos que andava distribuindo quando foi presa pela KGB. "No e11tanto - concluiu a corajosa jovem - quando vi como arra11cav0111 os olhos de 111eu irrnão na resistência, firrnei ,ninho resolução de não for11ecer as i11for111ações que eles queriam",

..•

Mario A. Costa

CAMPOS - ESTADO DO RIO Dltttor: Paulo Coma dt Brito Filho Dltttorb: Rua dos Ooitacaus. 197 • 28100 - Campos. RJ. Adanlnlmaçl o: Rua Dr. Mar1inico Prado. 271 • 01 224 - Slo Paulo, SP • PABX: 221~7SS (ramal 23S). Composro e impmso na Ar1pms - Papéis e Artes Gráficas Ll<la., Rua Oori~ ldi. 404 - Ot t 3S ; Slo Paulo, S P. "Catollcilmo" t uma publicaçlo mensal da Editora P adre Belchior de Pontes S/ C. Assinatura a nu• I: comum CrS2.500,00: eoopcrador CrS4.000,00: benfeitor CrS6.000.00; ,,ande beníeicor CtS 12.000,00: $Cminarist3S e t;Studantes CrS 2.000,00. Exl~rior (via •érca): comum USS 20.00, benfeitor USS 40.00. O. pagamentos. scmpre cm nome de Edltoc-a Padre ll<khl0< dt Pontn S / C, poderio ,er cncamjnhados à Administ ração. Para mudança de endereço de assinantes ~ necessário mencionar tamlxm o cndc:rcço antigo. A eotrc.Spond!nci.a relativa a winituras e venda avulsa deve ser enviada à

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CATOLICISMO -

Fe vereiro de 1983


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OMA

EM ALGUNS DE SEUS ''ESTADOS DE ESPIRITO'' uma vez mais, alva e borbulhante espuma. Com o olhar admirativo aco_inpanhamos seu avanço sobre a praia.

• • • Mudar, mudar, mudar numa sucessão de harmonias, de tal modo que o mar, a cada passo, supera-se a si próprio, como a nos dizer: · - "Queres a estabilidade? Está bem! Mas em certo momento, antes que comeces a cansar-te dela, eu te pregarei agradável surpresa. Conhecedor do fundo da tua personalidade, eu sei qual o contraste harmônico dessa estabilidade que daqui a pouco procurarás. E já me antecipo aos teus desejos oferecendo-te nova maravilha". O fluxo e refluxo das marés constitui outro aspecto das "mudanças de espírito" do gigante aquático. Ora ele se retira da ·terra, permitindo que aflorem conchas, mariscos, co-

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Em dado instante. forma-se um franzido que se avolume, transformando-ao em onda

e. após a arrebentaçio de.ata, resplandece branca espuma

espetáculos mais feéricos que a natureza nos oferece. Quando o astro-rei se aproxima da linha do horizonte, transforma-se num grande circulo de fogo. A luminosidade dos seus raios penetra nas águas e como que incendeia o céu, mesmo depois de ter a magnífica esfera incandescente desaparecido atrás do oceano. E o homem, observando tal espetáculo, sente-se impelido a prestar homenagem e glorificar seu divino Encenador. Sim, porque a beleza desse ocaso de tal maneira ostenta a magnificência da natureza, que é compreensível o ser humano, dotado de inteligência e vontade, exclamar enlevado: "Só um -Ente de infinita grandeza, poder e pulcritude seria capaz de criar tal imensidade de ãgua dourada pelos raios solares, esta amplidão da abóbada celeste e um astro de fogo que ilumina o ambiente, formando tudo isso um conjunto de elementos cuja beleza toca o sublime!".

Há momentos em que o oceano a.e avoluma e se lança com fúria sobre as pedras e os rochedos do litoral ...

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(NEGA VEL que o mar, em todas as épocas, afigura-se como algo à maneira de um sonho fabuloso, uma entidade mítica, especialmente quando- considerado por alguém situado em terra firme. E tal e ntidade apresenta transformações contrastantes e às vezes bruscas, que lembram alguns dos vários estados de cspiri to característicos do ser humano. Há momentos em que o oceano se avoluma , ameaçador, com aspecto agressivo, manifestando em seus movimentos um poder e uma força que faz lembrar um rei de legendas cncolcri,.ado. Em tais ocasiões, ele se lança com fúria sobre as pedras e os rochedos do litoral ou sobre os navios, como que açoitando-os de modo inclemente. Sem que se saiba como, pouco depois ele dá a impressão de haver perd ido a memória da sua cólera e de sempre ter se mantido num estado de calmaria. Tranqüilidade que se estende ao longo do horizonte, parecendo a ma~sa líquida tocar no firmamento, CuJas nuvens baixam para osculá-la , num ponto indefinido, apenas vislumbrado pela vista humana.

E

'

... ou sobre navios. como que açoitando-os de modo inclemente

Em dado momento, forma-se de rais, rochas carcomidas pela pressão repente num local qualquer - e das águas. Ora ele avança sobre o a regra geral é que essas mudanças litoral; em geral lentamente_, uma ou ocorram em pontos imprevisivcis pa- outra vez de modo avassalador, rera o observador - um franzido que cobrindo com seu manto líquido se avoluma, tran~formando-se cm aquele solo no qual deixara suas onda. E, após a arrebentação desta, marcas, à maneira de cicatrizes. resplandece branca espuma. • • • Em outro lugar, parte do franO ocaso, quando tem o marcozido se desfaz, mas nova onda se forma, ostentando em sua crista, . mo fundo de quadro, é um dos

:

Em outras ocasiões. o mar apresenta-se tranqüilo. parecendo a massa Uquida tocar no firmamento

·Na foto aérea acima. as éguas da maré a• vençam rumo ao lito• rei na baia de Fundy (Nova Escócia) .. sob a

forma de uma única ·onda avaateledore de vários metros de alture

O

ocaso. quando tem

o mar como fundo de quadro. 6 um dos espeUlculos mais feéri-

cos que a natureza nos oferece. Na foto à di· reita, pode-se comprovar isso: põr-de-sol

durante a maré baixa na costa alemã do mar do Norte.

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1983

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/~IAfOIL!CI[§MO

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DEFECÇÃO DAS ·ELITES DEU VITÓRIA A BRIZOLA SOLICITADO pelo diário carioc.a "Última Hora", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira concedeu ao quotidiano a entrevista que reproduzimos abaixo, publicadá em sua edição de 3-2-1983.

abertura do Presidente Figueiredo, não no que ela tem sido, mas aquilo em que se pode desembocar.

O P'tof. Plínio Corrêa de Oliveira apresenta a posição da TFP dian-· te de momentosas

S. E em relação à política econõmica que acaba de Je·v ar o Brasil ao Fundo Monetário e a um estado de pré-moratória? · R. Como a imensa maioria dos brasileiros médios (e portanto não especializados nessas questões) sinto-me profundamente preocupado, mas também absolutamente carente de dados acessíveis e suficientes para opinar. Indiferença nenhuma. Pois nada do que interessa à causa pública deixa indiferente a TFP.

questões da atualida· de brasileira

1. A TFP não ergueu seus estandartes nas eleições de 1S de novembro passado. A que atribuir esse comportamento? R. Até aqui a .TFP jamais interveio diretamente cm pugnas político-partidárias. Estas assumem em nosso País aspectos personalisticos, dos quais deve manter-se distante uma entidade principalmente doutrinária, como a nossa. E só circunstâncias muito especiais·a determinariam a adotar outro modo de proceder. Tais circunstâncias não existiram nas últimas eleições. Explicome. Habitualméntc se reconhece que a TFP desempenhou papel saliente na preparação da Revolução de 64. Entretanto, ela não participou de nenhum conciliábulo, e nenhuma reunião preparatória. Não integrou nenhuma das comissões que promoveram as célebres "Marchas". Como agiu ela então? Simplesmente editando e difundindo o best se/ler "Refonna Agrária - Questão de Consciência", que definiu para incontáveis fazendeiros a consciência religiosa de seus próprios direitos, e contribuiu de Norte a Sul do Pais a que recusassem os rumos socialistas que vinham sendo trilhados pela Nação. Algo de análogo fez a TFP em 1981, quando publicou o livro "Sou

católico: posso ser contra a Reforma Agrária?··, do qual sou autor, com o distinto economista Carlos dei Campo. Excelente tiragem: quatro edições, 29 mil exemplares em quinze meses. Acolhida geralmente amável. Mas enquanto em 1964 a classe agricola tinha vontade de se defender, em 1981 muitos e até muitíssimos dentre seus elementos estavam profundamente desanimados, desarticulados e até obstinadamente desatentos ao perigo reformista. Sobretudo notamos que m·uitas cúpulas de associações rurais estavam a léguas do problema, o que tinha por efeito orientar implicitamente no mesmo sentido grande parte dos seus associados. Dois meses antes das últimas eleições, publiquei, com a val.iosa colaboração dos Srs. Gustavo e Luiz Solimeo, o livro "As CEBs... das

quais muito se fala, pouco se conhece - A TFP as descreve con10 são". Na boca da urna, um brado de alerta para o empresariado urbano. Igualmente ótima tiragem: três edições, 22 m.il exemplares em quatro meses. Mas as disposições que nos ala.rmou notar cm tantos fazendeiros, ainda se mostraram mais vincadas em largos setores do empresariado urbano médio-alto, e alto. Nessas condições psicológicas, não adiantaria lutarmos contra as reformas, no terreno eleitoral. A TFP, graças a Deus, tem podido fazer muito pelo Brasil. Nem ela, nem ninguém consegue levar à vitória classes poderosas, numerosas, organizadas, mas em cujas fileiras penetrou, em larga medida, a displicência no que tange à própria derrocada. 2. Como a TFP encara a· ascensão de Brizola ao governo do Rio de Janeiro?

6. Quais os governadores eleitos pela. oposição que merecem a confiança, ou, pelo menos, a indiferença, da TFP? R. A julgar por certas afirmações programáticas, por certas tenR. Como uma conseqüência na- dências mais ou menos anunciadas tural desse estado de espírito que antes das e leições, pelas atitudes eacabo de mencionar. Em nosso País, xaltadas de vários de seus "supP1>ra "ai/e marchante'' da esquerda con- ters··, os governadores eleitos pela siste em boa parte no alto e médio- oposição não podem deixar de desalto empresariado urbano e rural, pertar sentimentos de desacordo em no "café society" (como a "Última relação a quem esteja situado no ânHora" já registrou perplexa), cm gulo de visão da TFP. Mas essessen; grande parte do C lero, e em parte timentos não nos levam a esquecer ainda maior nos meios de comuni- que sempre existiu e ainda existe, na vida política brasileira, cação social. Isto é, cm todos os imanente um fator de estabi lidade que cirambientes que constituíam outrora. as cidadelas do centro-direita e da cunscreve, depois das eleições, pelo direita. O melhor do conservantis· menos muitas das ameaças do períopré-eleitoral. É o que c hamamos, mo está, hoje, em parte, na e.lasse do na TFP, "fator F'" (do verbo "fi. média e na classe laboral. car"). Tudo fica... Ficará mesmo, Mas, diante da inércia (para didentro da sarabanda universal trá1.er só isso) de tão grande parte das elites, a vitória de Brizola era ine- gica em que se abre este ano de 1983? vitável. Agora acontece que muitos dos 7. Fala-se, agora, em eleição disque votaram em Brizola não querem que este desenvolva na íntegra o trital. Que pensa a TFP do proce.s so programa do qual, entretanto, é eleitoral brasileiro e do atual quadro partidário? símbolo. R. Uma eleição só pode valer Brizola modelo-83 será mais sagaz do que Brizola modelo-64, e algo como expressão autêntica da saberá evitar as truculências ideo- opinião pública. Enquanto o eleitológicas e políticas que tanto lhe fo- rado não tiver a liberdade de não ram nocivas na época de seu cunha- comparecer às urnas, não acredito em .eleições autenticamente expresdo Jango? Há mesmo dois modelos sivas. O eleitor obrigado a votar é de Brizola? -;- Vejamos... como alguém que é obrigado a comer de pratos que não o atraem. 3. A TFP investiu contra o so- Este não almoça nem janta sem licialismo de Mitterrand, publícando berdade. É só quando os partidos matéria paga em vários veículos americanos e europeus. Os mesmos politicos se voltarem para idéias e argumentos se aplicam ao "socia- para homens que dêem ao eleitor vontade de votar... que o voto exlismo moreno" de Brizola? R. No Brasil as coisas costu- primirá o pensamento do e leitor. mam ser muito menos definidas do 8. Depois da abertura, sobretuque na França. Sobretudo em maté- do depois da anistia, e da formação ria de ideologia política. Não creio dos novos partidos, mudou muito a que a maior parte da massa eleitoral posição do clero brasíleiro a respeito que votou em Brizola seja favorável da política. Houve um evidente moa todo o programa sócio-econômico vimento de volta às igrejas, com explícito de seu partido. Quanto algumas exceções, é claro. A TFP mais ao programa; tão mais claro, melhorou suas relações com a de Mitterrand e do PS francês. CNBB? 4. Como a TFP se define a respeito do projeto de abertura do presidente Figueiredo? R. A ditadura militar, não a pedimos, e também não a combate• mos. Procuramos agir sob ela, em ) favor da civilização cristã, no Brasil. r - ~ ,- R T: Igualmente a abertura, não a pe- f"r" - T,:: ::: ) ' dimos riem a combatemos. Procura- -:- - -: mos, ponto por ponto, como na ;:~a ;:a: situação anterior, servir sob ela a :l : ,r ".:: e" civili1.ação cristã . ; e , :it Da abertura queremos que seja ê: 1.11 §1 coerente. Antes de tudo, não ado- ?!'"p--· -t • • lt " l="i·---- ........ tando uma politica de dois pesos e duas medidas. Isto é, dando liber- il:! t'II ~li dade irrestrita à esquerda, até mes- ' IJ! - , mo a mais radical - mimando-a inclusive - e cerceando (sob pretexto de .l uta contra a radicalidade!) a liberdade da direita, por meio de carrancas, picuinhas, perseguições administrativas e até policialescas. !; o desejo disto que, infelizmente, ouço rugir nos corações de certos·vencedores "moderados". Se enveredarmos por af, estaremos degenerando a abertura, transformando-a em uma ditadura virtual da esquerda. Se tivermos uma abertura autêntica, sem mão e contra-mão, sob ela será possível, e até fácil, servir largamente o Brasil e a civili1.ação cristã. · CÕmo vê, minha resposta à sua pergunta tem em vista analisar a

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R. Desculpe-me, porém em nenhum lugar vçjo esse "evidente movimento de volta às igrejas". Vejo, isto sim. uma mudança na posição política do Clero de hoje, em relação à do Clero de há décadas atrás. E uma funda perplexidade vai decorrendo em largos setores católicos.

"Melhora de relações co,n a CNBB?" - Depende do ângulo em que cu me ponha para responder. Se se trata de uma reaproximação de rumos, infelizmente não a vejo. Se se trata de uma melhora de relações dentro do fato de que esses rumos não se estão reaproximando, é preciso distinguir. Com efeito, há Srs. Bispos que de nenhum modo concordam conosco, mas que se mantêm numa posição de discreto silêncio. Outros exprimem ·seu desacordo em termos impessoais e polidos. São dois modos de relacionamento perfeitamente normais, dentro do desacordo que todos lamentamos. A TFP se manifesta em relação a eles de modo correlato, acrescido da peculiar nota de respeito que o fiel deve a todo Prelado. Pelo contrário, não faltou quem desse ouvidos a difamações torpes contra a TFP, e até lhes servisse de eco. A TFP se defendeu com brio, sem contudo faltar com o respeito devido à dignidade eclesiástica de quem a destratava. Aqui também houve relacionamento correto. Porém, só da parte da TFP ...

9. Como se mantém a TFP? R. A TFP se mantém com as contribuições de seus sócios e cooperadores, e com donativos de seus simpatizantes, numerosos graças a Deus, cm todo o País. O montante desses donativos é constituído muito mais de quantias médias e pequenas. do que quantias acima da média. Donativos verdadeiramente grandes, nenhum. 10. A TFJ,> continua recrutando

quadros ou seu pessoal está diminuindo? R. Espanta-me sua pergunta. Por pouco que se observe o nosso movimento, nota ..se que ele está crescendo muito. Especialmente em certo setor da pequena burguesia, o qua l começa apenas a emergir da condição operária. 11. Quais as linhas de força que, segundo a TFP, comandarão a evolução institucional do Brasil neste ano de 1983? R. É difícil prever antes de que os novos governadores definam inteiramente sua linha de conduta, e o nosso Pais, por sua vez, defina bem seu programa face à terrível crise cm que parecemos estar entrandó.

12. Como o Sr. define a estrutura de comando da TFP? R. As fileiras da TFP se compõem de pessoas de todas as classes sociais, níveis culturais, e idades. Nesse conjunto doutrinariamentc homogêneo, mas heterogêneo em quase tudo mais, o tempo de serviço, a dedicação e a experiência foram definindo um núcleo de estabilidade e de responsabilidade, no qual se recrutam habitualmente os dirigentes dos setores e dos serviços, grandes ou médios. Isto por eleição, ou por designação, nos termos dos Estatutos. E sempre com o consenso geral. Os dirigentes de setores e serviços dispõem de uma amplitude de liberdade que espantaria uma pessoa que imagine a TFP segundo a pinta certa contra-propaganda criptocomunista. Assim se formam os verdadeiros lideres, aptos a substituírem qualq uer pessoa que a livre escolha estatutária ou o chamado de Deus, pela voz da morte, retire de suas funções. O quadro não estaria completo sem dizer que todos os grandes assuntos da TFP são periodicamente expostos, e de modo meticuloso, às pessoas em idade de deles tomarem conhecimento. Isto se faz em reuniões gerais, nas quais é freqüente o uso do direito, que a todos assiste, de perguntarem o que lhes pareça necessário para a inteira ilustração da matéria versada. 13. Qual o nome, dentro do PDS, que, na sua opinião, deveria suceder o presidente Figueiredo? R. É o tipo da questão acerca da qual , como foi dito na resposta· à pergu nta n.0 1, a TFP só cm ocasiões muitíssimo excepcionais se pronunciaria.

14. Como vão a propriedade, a flll11ilia e a tradição no Brasil? R. Uma resposta a essa pergunta pediria quase tanto espaço quanto o que foi utilizado até aqui, nesta entrevista. O Brasil é vastíssimo. Esses três temas são,muito complexos, e as realidades contemporâneas são todas cheias de meandros, que variam segundo as diversas regiões do País. A Tradição, a Familia e a Propriedade irão muito bem, desde que todos os responsáveis por elas as defendam com proporcionado empenho. Isto é, desde que as instituições e famílias portadoras de tradições se mantenham fiéis a elas, e as preservem contra a torrente devastadora das "moderni1.ações" demolidoras de tudo quanto nos legou o passado; desde que os responsáveis pelas familias e pelo ensino se empenhem, com toda a alma, em lutar contra a degradação da autoridade, a (lttcrioração do ensino, contra o permissivismo moral debandado, contra a pornografia etc.; desde que todos os proprietários - defensores naturais do instituto da propriedade individual - não se omitam da luta contra o criptocomunismo, a ação erosiva dos inocentes úteis, o socialismo e o comunismo. Em todos esses setores há gente que o faz. Aplaudimo-los com calor. Mas isto não basta. É preciso que o façam todos, sempre, e por toda parte. Porque assim lutam os adversários: lutam todos, lutam sempre, lutam por toda parte. A vitória .não depende principalmente dos esforços em contrário da esquerda. Esta é microscópica. A vitória depende da boa união entre o centro e a direita, e da efetiva militânc ia doutrinária-política dé um e de outra. E a TFP? - Existe para cooperar com eles ardorosamente, na medida cm que estes queiram salvar-se. Ninguém ganha uma batalha carregando às costas um partidário que dorme ... E a nossos contendores, hoje vitoriosos, o que pedimos? Nenhum apoio. Nenhuma subvenção. Nenhum cambalacho. Tão-só coerência absoluta e adamantina no seu programa de abertura. Dêem-nos inteira liberdade, e respeitem-nos, como o prometeram a cada brasileiro.


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N. 0 387 -

Março de 1983 -

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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João Paulo li desacatado na Nicarágua O COMUNISMO nunca sedesmente a si mesmo. Em sua essência, ele é sempre perverso e anti.natural. 1 Visitando a Nicarágua no dia 4 de março, dominada atualmente por um regime notoriamente marxista, João Paulo II praticou um ato eminentemente distensionista em relação-ao comunismo. Qual foi a retribuição de tal regime ao gesto do Pontífice? Uma agressão moral inaudita. Durante a missa que João Paulo II celebrou nu.m a praça de Manágua, milicianos marxistas impediram que sua homilia fosse ouvida, bradando slogans sandinistas. E o presidente da Junta de governo da Nicarágua, por ocasião da chegada do Pontífice à çapital do país, aproveitou o ensejo para fazer diante dele um discurso eminentemente político de defesa da Revolução Sandinista; e assumindo tal posição, Daniel Ortega previamente já se solidarizava com as vozes de seus milicianos que, horas mais tarde - certamente com seu conhecimento e de forma coordenada - . bradariam lemas revolucionários, perturbando assim. mediante este grosseiro insulto, o pronunciamento de João Paulo II. Assim, nas poucas horas em que permaneceu naquele país centroamerica.no, infelizmente já subjugado pela tirania russo-<:ubana, João Paulo II foi vítima de dois graves ultrajes, bem característicos da brutalidade soviética: o discurso da primeira autoridade do regime nicaragüense e os brados dos militantes sandinistas, estrategicamente colo-

cados junto ao palanque onde o Pontilice pronunciou seu sermão.

• • • Pio VI, que evitou quanto pôde acirrar as desinteligências entre a Igreja e a Revolução Francesa no século XVIII, não conseguiu evitar com isso que os soldados da França revolucionária o obrigassem a sair de Roma. E após conduzirem-no a Siena, a São Casciano, nas proximidades de Florença, os revolucionários franceses arrastaram o Papa até a França. Este, depois de passar por Briançon, chegou a Valence. Os incômodos e as humilhações suportados durante a longa viagem agravaram as doenças do octogenário Sumo Pontífice, que veio a fa. lecer nessa última cidade, em 29 de agosto de 1799.

• •

Esse pungente fato histórico deveria abrir os olhos de sacerdotes como o Pe. Miguel D'Escoto, ministro do Extenor, o Pe. Ernesto Cardenal, ministro da Cultura, como também de outros eclesiá$tÍC<)~ e religiosas que lutaram a favor ,da revolução na Nicarágua (*). (•) '"Catolicismo", cm seu número duplo

de jutho-agos10 de 1980 (n."$ 355-356) jã denunciara, atra\'~ de pcnet.rantc análise do Pror. Plinio Corrêa de Oliveira, o caráter marxista. da revoluç.ão nicaragUcnsc. sob o lftulo: "Na noite sondinista: incitamento à gu~rn'lho". Apesar de tudo isso, n.!o há, por cn· quanto. o menor sinal de que padres ou freira.e;, engajados na Revolução Sandinis1a, tenham e.ardo cm si ou que venham a razt~lo.

Joio Pauto li. tendo ao fundo um poster no qual figure "herói" revolucibn.ério nica· regüense. interrompeu duas vezes sue homilia em ManAgua. pedindo silêncio. M ilicianos e soldados gritavam ininterruptamente lema a .andini1ta1. durante a mia.ta celebrada pelo Pontffice. impedindo que aeu ,errnlo foaae ouvído.

"' Aiiimàr os anticomunistas · lados, estimulando-os ~-,,.,,,. ~ ( ". ~ç~o,: portant~ t;~« ~ ~t d,., ,, ~I O ~.. ' I

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COMO t DO conhecimento público, e particularmente dos leitores de "Catolicismo", as Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e entidades congêneres, existentes em treze países, fizeram publicar, a partór de dezembro de 1981, a Mensagem intitulada O So· cialisn10 autogesrionário: em vista da comunismo. barreira ou cabeçade-ponte?, de autoria do P~of. Plínio Correa de Oliveira. O estudo do grande pensador católico foi reproduzido em 49 jornais de 19 países de todo o mundo. "Catolicismo" estampou-o no número· duplo 373374, de janeiro-fevereiro de 1982. Diante das dificuldades de toda ordem criadas para a publicação da Mensagen, na França, as mesmas entidades lançaram, em fevereiro de 1982, o Comunicado sob o titulo Na França, o punho estrangulando a rosa (cfr. "Catolicismo", n.0 376, abril de 1982), no qual o Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, autor da Mensagem, denuncia o cerceamento da liberdade que vai sendo implantado pelo governo autogcstionário francês. O Comunicado foi reproduzido em 29 órgãos de imprensa de 13 palses. Finalmente, um denso Resumo da Mensagem foi estampado em 94 jornais ou revistas de 49 países.

Os frutos dessa monumental difusão não se fizeram esperar. Aos escritórios de representação das TFPs em Roma, Washington e Johanncsburg, bem como às sedes das

várias entidades, afluíram dezenas de milhares de pedidos formulados por pessoas que desejavam receber mais exemplares da Mensagem e do Comunicado. Além disso, as publicações das TFPs provocaram uma torrente de solicitações de entrevistas, de contactos pessoais etc. A edição da Mensagen, efetuada por várias TFPs, cm seus próprios órgãos de difusão, e a posterior venda dos mesmos cm vias públicas, possibilitaram um contacto proveitoso com o público, constitumdo mais um meio de avaliação direta das repercussões causadas pelos documentos. As manifestações que nos chegaram, através ·de todas essas fontes, denotam, em sua grande maioria, uma reação calorosa, seja favorável, seja c o ' i à Mensagem.

"Catolicismo~ tem hoje o prazer de oferecer a seus leitores uma amostragem dessas expressivas repercussões. Tendo em vista sua quase inabarcável quantidade, pareceu-nos conveniente escolher, quase a esmo, certo número delas para publicação, de maneira a apresentar um panorama geral. Assim sendo, as reações que o leitor encontrará nas páginas 3, 4, 5 e 6 da presente edição não são todas as manifestações de simpatia recebidas. Elas apenas permitem .formar uma visão global do efeito provocado pelos documentos das TFPs. ê evidente que não faltaram manifestações contrárias. Mas foram elas

pouco numerosas, e, em sua grande maioria, a.nônimas. Calando-se ou ocultando-se, os adversários da Mensagem deram uma clara demonstração da impossibilidade de refutá-la ...

Que utilidade pode ter, para o leitor, o exame dessas opiniões, emitidas por pessoas das mais diversas nações do globo? Numerosas manifestações deixam entrever que muitos dos que se voltam com simpatia para as TFPs sentem-se como que isolados por uma espécie de carapaça. Parecelhes que somente eles - ou, no máximo, um grupo muito restrito de amigos - pensam da mesma forma. E, em consequência, desencorajam-se. Ora, nada melhor pará tais "isolados" do que perceberem que, por toda a terra, há numerosas pessoas que são como eles. E apenas o reconhecimento de tal fato poderá estimulá-los à ação. O que acarretará um empecilho ao avanço do processo revolucionário.

A fim de respeitar a privacidade dos que entram em contacto conosco, julgamos conveniente não identificá-los. Com isto, evitamos que contra as referidas pessoas se movam perseguições, veladas ou declaradas, dos que, embora se apresentem como defensores da liberdade, negam-na a quem deles ouse discordar.

Na Alemanha e na França, refluxo anti-socialista NO DIA 6 de março, reali,.aramse eleições para o Bundestag (Câmara de Deputados) da Alemanha ocidental. Os democratas-<:ristãos (CDU-CSU) obtiveram 48,8% dos votos e o Partido Liberal, que fazia parte da coalizão conservadora, no poder até a dissolução do Bundestag, alcançou 6,9%. O Partido Social Democrata, fi. liado à Internacional Socialista, atingiu 38,2% da votação geral, isto é, 4,7% a menos do que obteve nas eleições de outubro de 1980. "O Ocidente viu que pode con· fiar em nós con,o em firme pilar da

Aliança Atltintica", declarou o chanceler Helmut Kohl, llder do CDU, após a expressiva vitória alcançada, que alijou os socialistas do poder, durante a próxima legislatura. Nas eleições municipais francesas levadas a efeito em dois turnos (dias 6 e 13 de março), a coalizão socialo-<:omunista, presidida por Mitterrand, perdeu em 3 I cidades com população superior a 30 mil habitantes, anteriormente dominadas pelos partidos de esquerda. Esse foi o aspecto · marcante do pleito, segundo nossa imprensa, infelizmente muito pouco precisa quanto a

detalhes relativos a escrut(nios, como números, porcentagens etc. A presente edição já estava praticamente encerrada quando efetuou-se o 2.0 turno das eleições municipais francesas. ~ão quisemos-, porém, deixar passar sem um comentário esses significativos eventos: a Mensagem do Prof. Plínio Corri!a de 01.iveira foi o primeiro documento que denunciou, em âmbito internacional, o perigo do socialismo autogestionário de Mitterrand, até então desconhecido pelo grande público e enaltecido caloromente pelas tubas da propaganda...


A ATRAÇÃO DO ABISMO ANÁRQUICO '

Foto de Sigmu!'d Freud. na velhice

MULTISSECULAR processo revolucionário, descrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu célebre ensaio "Revolução e Con1ra-Revolução", prepara a difusão, em larga escala, de sua quarta grande etapa. Após as Revoluções Protestante, Francesa e Comunista, irrompe no horizonte o mais recente monstro da hidra satânica, disposta a destruir a Igreja e a civilização cristã e a não deixar delas sequer a lembrança. A revolta contra a hierarquia e a ordem no campo religioso, sócio-politico e econômico. presentes nas três primeiras grandes revoluções, soma-se atualmente a revolta dentro do próprio homem. O orgulho e a sensualidade - molas mestras da Revolução - tendem nessa etapa a negar à inteli~ência seu primado natural. transfermdo-o para os instintos sublevados contra as regras da razão e o império da vontade l>em ordenada. Nesse sentido constituiu-se em ambientes intelectualizados das principais metrópoles do Ocidente, já há algum tempo, a corrente freudistamarxista que advoga a revolução total, na sociedade e no homem. Serve como farol a indicar o rumo para onde poderosas forças preten- · dem fazer caminhar a humanidade. Escandaliza, assusta pela radicalidade das posições. Mas a presença contínua da mencionada corrente no panorama contemporâneo vai acostumando os olhos exaustos do homem de outros dias a tal visão. A corrente freudiana-marxista atrai paulatinamente aqueles que admitiram os princípios da igualdade e da liberdade levados a suas últimas conseqüências. Princípios estes - compreendidos de maneira errada por grande parte da população - que a meneio-

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um fim definilivo na dominação, era imperativo con,preender a psicologia do poder; e a psicanálise, parecia, tinha 1nais a dizer nes1e campo que qualquer outra teoria da mente. As 'várias escolas de pensamento da esquerda freudiana .... comparlilham a premissa central que a familia paJriarcal é a raiz da opressão organizada....: A crítica da família representa tuna das rnais constanreJ·

expressões ídeol6gicas da revolta".

Negar a Idéia de uma natureza humana Um dos mais destacados membros dessa corrente, o escritor francês Pierre Fougeyrollas, exprimiu em seu livro "Marx, Freud et la révolution 1010/e'' (Ed. Anthropos, Paris, 1972) os anseios recônditos da corrente que julga possuir as chaves do futuro. A noção tomista de que existe uma natureza humana é frontalmente contestada: "A revolução 10101 implica e111 que se renha renunciado ·definitivamente à idéia de uma nalureza humana e que se tenha reconhecido ao ser hu111ano como um processo ilimiJado de autocriação, como explicitamente o faz Marx a partir do trabalho social e Freud, itnplicita,nente, a partir da sexualidade". Negada a existência da natureza humana, negada a perenidade da Moral - reduzida a passageiras regras de comportamento aplicadas temporariamente a um homem que evolui - através da negação crescente de qualquer norma ou poder. Afirma o autor: "O pensamenlo de Marx e o de Freud 1ê1n ainda algu111a coisa de não-desvelado .... Procurando este não-desvelado, este não-descoberto, esie não-explorado é que tivemos ocasião de tirar das

libertação total. Concebe aprioristicamente o ideal da vida humana como send'o a liberdade e a igualdade levadas ao delírio, sem peias, arma uma cstrategia para implantálo e trabalha no sentido de impingilo à sociedade e ao próprio i.nterior do homem. Oue espécie de pessoas desejam criar'/ Pierre Fougeyrollas descreve as transformações na família e no trabalho, necessárias para fazer surgir o homem novo, já que a mera mudança social e politica realizada pelas revoluções comunistas, a seu ver, revelou-se superficial.

Esfacelamento da familia Desde a mais remota antiguidade, a familia se fundamenta psicologicamente na varonilidade masculina e na delicadeza feminina. Procurar-se-á estabelecer um misto repugnante entre os dois sexos: "Hoje, são os pr6prios conceitos de feminilidade e ,nasculinidade que são postos e111 questão e que devem sê-lo ainda mais radícalmenle porque são concei1os-obs1áculo". Levando adiante o horror. o autor afirma gratuitamente que a criança nasce com propensões ao incesto e apenas a repressão a impede de manifestar esta tendência. "O caráter inces1uoso da sexualidade infa111il nada 1e1n de 11ús1erioso .... to aspecto antagônico e radicalmente conflitual que a repressão social confere a, esta contradição que engendra o Edipo [complexo deJ sob as fonnas que n6s pode,nos observar, a amnésia atingindo os acon1ecimen1os de nossa sexualidade infantil e a condenação 111ítica e emocional do incesto. Se,n dúvida alguma. a educação do futuro deverá efetuar nesse domínio revisões dilacerantes''. Membros de uma "co• muna rurel" na Ale• manha de nOS$0S dias

evoçam mais a vida tribel do que a de uma famflia autêntica

cação que receberão as crianças? Seria a tribalização conduzida ao extremo, com requintes de degenerescência' e maldade que nem nossos pobres silvícolas, nas suas mais censuráveis maneiras de viver, não praticaram. Opinião de um louco? Não, livro de intelectual de destaque, com trânsito nos ambientes da intelligentsia parisiense... Se tais idéias fossem apenas dele, pequena seria sua importância. Entretanto, elas importam sobremaneira por expressar cruamente os anseios devasta corrente de opinião, bafejada pelas tubas da modernidade. Repito. Corrente que apenas caminhou até as últimas consequências das doutrinas admitidas por boa parte da população. Esta faixa popu lacional se assusta quando percebe até onde se pode levar as conclusões das doutrinas que adota. Assusta-se porque são feridos hábitos atávicos, maneiras de sentir, e até princípios que julga certos. Contraditoriamente, ao mesmo tempo esposa idéias contrárias. Pois a defesa da igualdade completa como ideal a ser atingido implica necessariamente no término das diferenças entre homem e mulher. E postular a liberdade total leva à afirmação de que é nociva a existência de qualquer barreira moral. Vejamos agora rapidamente como o autor concebe o mundo do trabalho futuro.

Trabalho autogestíontirio, "solução" para os dois mundos "A gestação de um ,nodo de prod_ução novo 110 seio de nossas snciedades diversamente integradas ao sis1e1na capilalista 1nundial não pode ser senão a t1utoges1ão. pelo ,nenos tuna tendência e urna luta geral para a autogestão das e,npresas e das econon,ias e,n seu conj unto . .... S6 a auroges1ão pode dar um conteúdo socialista, isto é, revolucionário e libertador ao processo de cole1ivização autêntica da propriedade dos 1neios de produção. .... Não está 111ais longe o 1e111po en, que " autogestão aparecerá às ,nossas co,no urna solução econon,ican,ente 111ais racional .... A autogestão fará seu caminho como processo posi1ivo pr6prio a subsistir à prática gestionária do capiJalismo privado e

do capitalismo de Estado, preso aos múltiplos bloqueios, co1no se sabe". No mundo sem patrões, nem proprietários, o ambiente de trabalho será formado por trabalhadores que "constituirão con,unidades de pensamento e ação visando substiJuir as relações de produção do capitalismo privado ou do capi1alis1no de Estado por relações con1uni1árias entre os produtores. Para agir e,n grande escala, essas comunidades não terão necessidade de um aparelho centralizador. Bastaráºefas consliluirem uma federação e criure,n ,neios que as coordene111 e articulern ".

Tal opinião anárquica (no sentido etimológico do termo, sem governo) parece dispensar a existência do poder público, meta sonhada pelos teóricos marxistas. Assim, na sociedade anárquica, tribalizada, amoral, seria alcançada a completa felicidade que, segundo tal corrente, reside no domínio dos instintos sem peias em ambiente de liberdade ilimitada e igualdade radical. Será isso a felicidade? Ou o inferno na terra?

Conclusão O que acontecerá com aqueles que ficarem fiéis às opiniões do senso comum, e à doutrina católica? Que sucederá com as pessoas que defenderem uma desigualdade proporcionada e harmônica entre os homens e a existência de leis morais eternas, fundadas nos 10 Mandamentos? Um vislumbre de resposta nos é fornecido pela figura mais famosa do anarquismo, Miguel Bakounine. Já no século passado afirmava ele: ''E para salvar a revolução. para conduzi-la a bo111 fim, no nreio mesmo dessa anarquia, (haverá] a ação de u,na ditadura. coletiva, invisível, não revestida de poder nenhu111, 1nas por isso mais eficaz e posstJ111e". (" De la guerre à la Commune", Michel Bakounine, Ed. Anthropos, Paris, 1972, p. 466). Através desse vislumbre não é dificil perceber o que significa a tão prometida liberdade ... Liberdade para faier exatamente o que os mitomaníacos da revolução igualitária e gnóstica impuserem, visível ou invisivelmente.

P. Ferreira e Melo

OPA retifica despacho sobre TFP A AGi:;NCIA NOTICIOSA alemã Deutsche Presse-Agentur (OPA) divulgou o despacho, que publicamos abaixo, para toda a imprensa da República Federal da Alemanha. no dia 30 de dezembro de 1982. No dia 24 de fevereiro do mesmo ano, a OPA difundira uma notícia, fazendo eco a uma reportage111-ficrio11 publicada pela revista "Manchete", cm 27 de fevereiro do ano passado a respeito de suposta atuação da TFP. , Essa entidade estampou um desmentido relativo à reportagem fantasiosa de "Manchete" cm vários órgãos de imprensa brasileiros e em "Catolicismo" (n. 0 376, abri de 1982). A própria "Manchete" publicou um desmentido de nossa entidade em sua ed ição de 27 de março de 1982 sem acrescentar nenhuma nota da redação, o que significa que aceitava como objetivo o texto da TFP. nada corrente também os interpreta de modo falseado e tira dos mesmos as conseqüências mais extremadas.

Causa da fusão da pslcantillse com o marxismo Na conhecida revista londrina New Left Review de setembro-outubro de 1981 o articulista Christopher Lasch, num ensaio intitulado The freudian Le/1 and Cultural RevoluJion, expõe os motivos da referida fusão. Comenta ele as revoluções comunistas do século, articuladas todas com a intenção declarada de difundir a liberdade e a igualdade e que instituíram a tirania. "As revoluções falharam em 010car o au1oritaris1no na sua fon1e psicol6gica. .... Modificaram instiJuíções sem quebrar o padrão de dominação e submissão que exis1en1 nestas ins1i1uições. .... Para compreender a pobre qualidade das revoluções no passado e para colocar os fundamentos psicol6gicos para uma nova espécie de revolução que poria

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obras de Marx e Freud isto que nossos conte111porâneos, em procura de uma libertação ilimiJada, podem esperar deles. O fim deste livro é esboçar uma estrategia e táJicas para a revolução 1010/ em gestação". Trata-se da renúncia à civi lização: "AnJes de Marx e Freud e depois deles, o Ocidente não produziu nunca nada que mostre melhor a essência de sua civilização e a necessidade para 10dos de se libertar dela":

Construção do homem ou sua destruição? Segundo a doutrina católica, o ser humano foi criado por Deus à sua imagem e semelhança. A natureza humana é a mesma através dos séculos. O autor, como foi dito acima, esposa a opinião de Marx e Freud de que o homem é, em alguma medida, seu próprio criador. "Ele se engendra como tal". Aqui emerge o carácter tirânico, totalitário, da corrente que preconiza a

O ser humano do futuro criado em tais condições não será "nem exclusivamente he1erossexual, nem exclusivamente l10111ossexual; será . concon111anten1en1e um e outro ". Logo a seguir o autor afirma que a repulsa à homossexualidade e ao incesto não provém do reto senso moral mas "ao contrário. de disposições afe1ivas adquiridas co111ra a natureza ...

Também o matrimônio monogâmico. naturalmente não terá lugar. O ideal de tal humanidade liberada serâ "ho,nens e mulheres vivendo em comum tão completa111en1e quanto possível e, no interior destas comunidades, as relações sexuais se produzem livre1nen1e e variavel111ente à von1ade dos parceiros mais ou menos 1nu1áveis. se111 que a pr6pria mutação seja uma necessidade". Imagine o leitor uma sociedade na qual sua célula básica seja assim formada. Que regras de comportamento, de conduta, que princípios m_orais poderão existir? Qual a edu-

A declaraçilo que segue, refere-se a u,na 1101ícia publicada 110 Rio de Janeiro. que a DPA divulgou em 24 de fevereiro de /982. co111 o 1l1ulo: "Soldados da Virge1n atiratn acuradamente". · · A DPA recomenda a todos os jornais. que 1e11ha111 publicado essa notícia, que es1an1pem também o Jexto abaixo. FOTO DO PAPA NÃO É ALVO DE EXERCÍCIO DE TIROS Rio de Janeiro (DPA) A entidade católica conservadora ·:sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade" (TFP) negou numa declaração à DPA, ler come/ido atos de violência ou praticado exerclcios pa· ramilitares. O comunicado da TFP des,nente uma notícia ilustrada da maior revista brasileira "Manche1e", de fevereiro deste ano, 110 qual supostos membro.s da TFP são vis1os fazendo exercícios de tiro lendo con10 alvo un,a foto de João Paulo li. A DPA havia Jeilo o comentário sobre a reportagem - o qual também figura na reportagen, de "Manchete" - de que ,nembros da TFP es1ariam sendo treinados para u,na possível luta de guerrilha. A TFP acen/ua "nunca 1er come1ido atos de violência ou pronun· ciado ameaças de violência contra qualquer pessoa que seja". "A TFP nunca pron1oveu exercícios para,nilitares e não organiza cursos paro uso de ar,nas de Joga". "Por isso uma foto de João Paulo li nunca foi usada para exercícios de tiro por parte de me111bros ou cooperadores da TFP", ressalta a declaração. CATOLICISMO -

Março de 1983


Lond,... - De um mlaslvl1ta entu1ia1mado: "Gostaria de entrar paoi a TFP e (\Onhecer o que l' montaram na lnglate"•· Continuem o trabalho. Estou certo de que a TFP voar6".

Mensagem de alta qualidade que d~co.n certou ·os esquerdistas ,r.i

ESPANHA Mãe de quatro filhos. - "Este estudo me faz mais bem à alma que um 'exercício espiritual' que fiz hã muitos anos. Eu tinha idéia de que os católicos não podiam votar no socialismo ou no comunismo, Agora estou convencida disso, confirmei as idéias que tinha, depois de ler a Mensagem. Deve-se fazer com que todos a leiam". Cônego de uma grande Catedral. - "Já vemos como vai o mundo, e que está tudo pronto para vir um cataclisma, ou desembocar no comunismo, que é perverso e satânico ... Deus nos tenha em suas mãos". Relígiosa reclusa. - Envia uma lista de personalidades religiosas e civis e acrescenta: "Como sou religiosa. e saio apenas quando é indispensável, não posso agir tão rapidamente como faria se dependesse exclusivamente de mim. Contem sempre com minhas orações e sacrifícios. Sou admiradora e entusiasta de Covadonga-TFP. Sinto-me muito feliz por poder participar de uma obra tão grata a nosso bom Pai,

Deusu.

Grande de Espanha. - "Não sabe a alegria que me dá saber que uma Mensagem de tal categoria e grandeza tenha conseguido sair pela imprensa de todo o mundo. Este lance desconcertou os esquerdistas". Empresário ateu e anarquista. "Muita gente ficou surpreendida e impressionada com a capacidade de atuação da TFP. Jamais imaginei que uma entidade conservadora fosse capaz de tal desafio". Missivista blasfemo. - Falando da Mensagem, descarrega blasfêmias, vivas a Satanás, e promete matar todos da TFP, pois quer ver "sangue de capitalista anticomunista católico" correr até se saciar. Professor. - Interrompe a aula ao saber da presença de cooperadores de Covadonga-TFP: "Não sabe como estava impaciente esperan-

do estes exemplares. É importantíssimo, mas importantíssimo! Nunca se escreveu uma coisa assim! O título é magistral!" E.~tudante de direito. - "Quase nin$uém e nfre ntou, até hoje, o sociahsmo de !"Odo tão convincente". Maq uinista de t rem. - "Agradeço-lhes muitíssimo o envio da Mensagem. Obrigado de todo o coração! Como o conteúdo dela está de acordo com meus ideais, sua leitura se torna mais agradável". Agente de viagens do Interior. "Desejo exemplares em várias línguas. Todos os clientes me perguntam sobre o assunto da Mensagem, e eu então lhes dou um exemplar". Cena em uma rua da Andaluzia. Um transeunte: "Dêem-me dez ou doze exemplares. Quero distribuí-los em Jaén". - Cooperador da TFP: "Senhor, já fizemos campanha em Jaén''. - Transeunte: "Não importa! Agora vou eu mesmo fazer minha campanha particular..." Diálogo de duas vendedoras de doces. - Uma: "Olhe esses jovens com estandartes vermelhos... Será que são socialistas?" A outra: "Não. Falei com eles. Compraram meus doces. Se fossem socialistas estariam almoçando cm algu·m hotel de quat~o estrelas ..."

FRANÇA Simeão dos tempos modernos. - "Quando eu era jovem, acreditava que não iria morrer sem ver a ordem restabelecida na França. A partir da Revolução Francesa, a França está em estado de pecado mortal. Desde então, ninguém a remiu desse pecado! A Mensagem é um brado. É um começo". Leitor persistente. "Alô! TFP? Estou chamando de Rennes. Gostaria que me enviassem exemplares para estudo e distribuição. Foi difícil obter o telefone dos senhores. Telefonei a um jornal que publicou algo sobre a Mensagem e tentaram me desanimar: 'São arqui-

conservadores' - disseram. Bravo! - respondi. Acabaram me fornecendo o telefone". Fidelidade e combate pela filha primogênita da Igreja. - "Acabo de ler a Mensagem dos senhores e os felicito. Sou estudante de direito. Acabo de fazer 19 anos. Meu pai . faleceu e minha mãe me inculcou a sede da verdade e a necessidade de combater por uma França filha primogênita da Igreja". Senhora s ublinha a omissão do Episcopado. - "Desejaria que me enviassem muitos exemplares da Mensagem. Vou enviá-la a membros do Clero. Mas antes vou sublinhar a parte referente à omissão do Episcopado diante do avanço do socialismo'\ Mulher não leme guilhotina. "Sou muito favorável às teses da 3 Mensagem e estou inteiramente de . acordo com a sua divulgação. É preciso mexer-se, sair às ruas. Sinto muito que ainda não estejam fazendo isso. Eu sei: estarei na primeira lista· dos que irão para a guilhotina. Mas não importa ..." Operário decidido. - "Aquele quadro (n.0 4) corresponde à impressão que se tinha do socialismo. Chapeau ! chapeau! Os Srs. não puderam publicar a Mensagem nos jornais, mas é preciso que ela se difunda. Creio que de boca a ouvido, cla•vai longe!"' - Sua mulher havia recolhido o exemplar da Mensagem da lata do lixo, porque o operário, furioso, ali o atirara, pensando que fosse propaganda socialista... Em "cassette", para a mãe que não pode ler. - "Muito obrigado pela Mensagem objetiva sobre -0 futuro ameaçado de nossa liberdade. Li com muito interesse e gravei uma casseue para minha mãe que é cega. Envio-lhe os meus melhores votos de bom combate".

ALEMANHA Nazismo, comunismo, socialismo, farinha do mesmo saco. - "Pe-

ço-lhes que me enviem a bem-vinda Mensagem do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário. Para mim não há diferença entre o nacional-socialismo e a internacional socialista, ou o comunismo. Fico doente e cansado quando observo o panorama político da Alemanha Ocidental. Quero trabalhar e lutar contra essa perigosíssima ideologia. Di'gam-me, por favor, o que posso fazer pelos senhores". Jovens alemães. - "Amigos nos mostraram seu anúncio sobre o pe-_ rigo do soçialismo e da revolução em geral, e na França em particular. É lamentável que não tenha sido tolerado pelos jornais franceses. Em solidariedade com os senhores, um grupo de jovens alemãe.s". Alemão da velha guarda. "Muito obrigado pela Mensagem dos senhores, que li. Seguem "x" marcos para assinatura do Boletim. Estou farto da igreja protestante da Alemanha. Venceremos... Fraternalmente, seu alemão da velha guarda" (segue-se a assinatura).

Março de 1983

D escendente de russos brancos. - "Finalmente aparece uma organização poderosa, preparada para denunciar ao mundo o socialismo. Sou descendente de russos brancos, bem como meu marido, filho de eminente Senador". Presidente de associação estudantil escocesa. - "Confesso que algumas metas que os,sçnhores descreveram como objeti'(OS temlveis do socialismo, eram antes atraentes para mim . O aspecto religioso é o que me fascina, e desejo estudá-lo mais". Trabalhista agrad~~- "A Mensagem me foi de muita ajuda. Muitas dúvid?S que tinha foram resolvidas••.

Entre duques e princesas. - '1..orde pede exemplares para seu uso e envia nomes e ende'reços de duques e princesas que gostariam de receber a Mensagem.

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Bispos francesas em Lourdes (198 1 ). - Da uma Senhora: ºVou enviá-la (a Mon• sagem) a membros do Clero. M as antes vou sublinhar a parttfreferente à omisslo do Episcopado diante do avanço do socialismo",

Um refugiado. - "Sou um estudante refugiado da Checoslováquia. Fiquei agradavelmente surpreendido ao ver, na Mensagem, a confirmação do que pensava". Pedem exemplares para distribuir. - Um professor nas proximidades de Hanover, para um curso de férias a empresários. - Uma in·stituição católica do Sul: "É nossa obrigação introduzir as teses <!o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no currículo dos· cursos". - Um instituto de Stutgart: cem exemplares para seus cursos. - Ministro de Estado. - Membro do Parlamento Alemão. - Fundação de filósofos e homens de ação. - Dirigente de associação agrícola. - Associação industrial da Baviera. - União estudantil nacional. - Um seminarista, que promoverá debates sobre a Mensagem.

• CATOLICISM O -

INGLATERR A

De um londrino. - "Como posso contribuir mais com os senhores ou até fazer parte de sua organi1.ação? Quero colaborar financeiramente para combater ativamente o

socialismo'~. A T FP voará. - "Muito obrigado por suas publicações. Gostaria de entrar para a TFP e conhecer o que jã montaram na Inglaterra. Continuem o trabalho. Estou certo de que a TFP voará".

ITÁLIA Não católico, mas anti-socialista. - "Felicito-os por sua obra anticomunista. Sou professor, e embora não seja católico, sou um cristão

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.. contrário ao socialismo, ainda que de face humana". Eclesiástico romano solicita exemplares. - "Como docente de Doutrina da Igreja, peço que me enviem 50 exemplares da Mensagem para difundir entre meus alunos". Dificuldades de uma Religiosa. - "Já conheço a Mensagem. Desejaria eKemplares· para difundir. Meus superiores me dizem que não devo pedir diretamente, mas ..." Contra os profetas do Anticristo. - "Faço votos de que a graça de Deus ajude os membros da TFP a denunciar, em espírito de caridade, os falsos profetas do Anticristo. Parabéns!" Batalha corajosa. - "Aguardoos com a esperança de conhecê-los pessoalmente quanto antes. Formulo · meus melhores votos pela corajosa batalha empreendida contra o regime socialo-eomunista".

PORTUGAL De um oficial graduado. - "Felicito-os pela posição tomada e os apoio inteiramente". Um engenheiro. - "EKtraordinárió! Belo! Sumamente maravilhoso!'' De um Irmão Marista. - "Quero testemunhar não só meus mais sinceros agradecimentos como também o· de todos os professores civis que trabalham conosco. Eles medissefam que nossos homens de Governo deveriam tomar conhecimento destas importantes e sábias publicações".

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. Iho '' ··~· ''PQr fi1m ' um pouco de azul num ceu verme u

ÁUSTRIA Vienense generoso. - "A Áustria está aberta para as teses que o Prof. Plinio eKpõe na Mensagem. Se os senhores não têm um escritório aqui cm Viena, ofereço-lhes o meu telefone para ajudá-los". Pedem exemplares. - Sindicato industrial de Viena. - Associação política de Salzburg. - O Comitê Central do PC austríaco, para que seus membros analisem o pensamento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. - O intendente de uma cidade do Interior. - Um nobre de lnsbruck. - Um grande comerciante de Viena: "Ofereço-lhes de bom grado minha . colaboração". - Círculo católico vienense. - Um nobre que como único endereço põe o nome de seu castelo.

TMPEDIDAS [;)E BIJB1.l<::ARE.M. ·sua Mensagem nos principais diários não socialistas franceses, as 'FFPs tiveram q.ue se contentar inicialmente com uma ampla distribui~o pelo moderno sistema do 111ass n1ailing ('310 mil exemplares). · A;ssim, ignorada emboJ'a do grandé público, a Mensagem chegou a um ce_rto seto~ selecionado da população francesa. De'poi,s d isso, as TFPs conseguiram a publicação do ©omunicado 0 punho es(r,anf11fa11do a rosa no ~International Herald Tribune~, jornal de Ííngua inglesa editado em Paris, com uma boa circulação na França, além de se irradiar po.11 diversos países da Europa, Ásia e 0ceania. Algum tempo depois, o mesmo joinal P,ubJicou o Resu,110 da Mei1Sa$Cm. , Mats tarde, o mesmo Co111U11icado foi divulgado no semanário "Rivarol" e o semanário "Minute~ (com 2-20 mil exemplares de circulação), pubJicou um Resumo da Mensagem. Em fins d// 1982, foi p,ublicado na França o Guide de l'Oposi1io11. que relaciona todas as e)ltidades e movimentos que se op·õ em, a algum titulo, ao governo do PS francês. Um bo,m destaque e! aí dado à Tf P francesa. Consta também do volume uma excelenfe J),ropaganda da Mensagem, Tal publicação tem pro_poJ"cionado à TFB f~ancesa valio-, sos contactos. Assim, pouco a pouco, CO'll\O a água que vaia poJ qualquer fissura, a Mensa,:em vai abrindll caminho na França e gofejando de cá e de lá, no.s mais diversos setores da população. Que eontliÍbuição isto teve no evidente declhüo da estrela de Míttcrrand~ - A Histó~ia o dirá.

IRLANDA Luz que esclarece. - "Este artigo é uma revelação e merece uma enorme publicidade. Já recebi outros exemplares. Meus amigos estão ansiosos, à espera dos exemplares, para passá-los a outros amigos".

BÉLGICA De uma senhora. - "Senhores: Bravo! Por fim, um pouco de azul neste céu tão avermelhado ... Bravo!

GRÉCIA

Médico de Lausanne. - "Estou feliz pelo fato de que os senhores existem".

Outra "Mensagem" para a Grécia. - "A Grécia está caminhando pelo processo que os senhores descrevem. Por favor, não se esqueçam de que a Grécia também está nesse processo rumo ao desconhecido inferno marxista".

SUÉCIA

FINLÂNDIA

Jovem antj-socialista. - "Sou um' jovem conservador. Estou muito interessado em suas idéias contra o socialismo autogestionário. Assim, decidi escrever-lhes manifestando meu apoio a suas idéias". Outro jovem incomodado com o socialismo. - "A Suécia é hoje um país onde os direitos foram restringidos cada vez mais por leis e regu-

Pedem exemplares. - Um funcionário diplomático finlandês, ao Ufficio TFP de Roma. - Um engenheiro, que escreve para Nova York. - Um missivista de Helsinque, que pede exemplares em inglês, valendose de um cupom de um jornal filipino. De além cortina de ferro. Tendo recebido pedidos provenien-

SUÍÇA

tes de países sob a ditadura comunista, bem como de refugiados q ue solicitam e xemplares para conhecidos detrás do muro da vergonha, julgamos prudente não reproduzir nenhuma indicação, dada a possibilidade de comp_rometer a segura nça dos remetentes.

DINAMARCA Precaução. - "Os senhores sem dúvida estão bem informados sobre o socialismo. Por favor, enviem-me exemplares para meu endereço na Alemanha, porque não sinto liberçlade política na Dinamarca".

NORUEGA Jovem escreve a Nova York. "Por favor, enviem-me mais informações sobre a TFP e como tornarme membro dela".

MALTA Combatendo o socialismo num baluarte da Cristandade. - "Sou de uma Ilha cristã e por isso estou interessado cm conhecer tudo sobre o socialismo, para combatê-lo. Peço exemplares da Mensagem e outros documentos".

''Jamais 1mag1ne1 que pudesse • haver um movimento

como o dos senhores''

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ESTADOS UNIDOS

Foto 16rea da gloriosa ilhe de M alta que pertenceu. durante Nculos. a c-onhecida Ordem Militar. - De um maltense preocupado: º Sou de uma Ilha crittl e por i110 estou lntereatado em conhecer tudo sobre o socialismo para combata.to".

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lamentos, onde não se trata de modo aceitável aqueles que criticam certos assuntos... Gostaria de entrar em contacto com os senhores". Uma "Mensagem" também para a Suécia. - "Os senhores não teriam uma campanha de esclarecimento para a Suécia? Este é um lindo país que está indo precipício abaixo. Por favor, tentem fazer alguma coisa antes que seja tarde demais. O tempo está correndo!"

Torres do belo ediffcio do Parlamento canadense. em Otawa. envios regulares. uma vez que eu os apoio 100%...

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Um estudo irrefutável! '

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Mudança radical a respeito do socialismo. - "Quero agradecer pelo tratado luminoso que vi no 'Los Angeles Times'. Li-o cuidadosamente. Mudei radicalmente minha visão do socialismo. Até agora eu era tolerante para com ele; agora sei quanto ele é ruim". Escritora elogia. - "Estudo o socialismo há vinte anos, mas estou muito agradecida de que tenham publicado esse artigo. Este professor brasileiro é o primeiro a mostrar a unidade filosófica dos socialistas com os comunistas". Professores universitários se pronunciam. - Um jovem ptofessor do

fndustrial canadense: "Ponham·me, por favor. em sua lista de

Sul: "A Mensagem parece uma Encíclica; é intocável'', · Catedrático de Universidade do Leste: "Peço-lhes 120 exemplares da Mensagem, pois vou introduzi-la em minhas aulas de filosofia. É uma excelente análise do socialismo". - Pedidos semelhantes chegaram de professores de Harvard, Georgetown e Yale. • Universidades da Califórnia, Tennessee, Kentucky, Minnesotta, l.llinois, Ohio e Nova York pediram exemplares para suas bibliotecas. '

Religiosa do Meio-Oeste. Sou de uma ordem de enfermeiras e desejo distribuir tantos exemplares quanto possível, entre o .pessoal que trabalha no hospital. Tentarei interessar tantas Irmãs quanto possa, mas parece que preferem seguir os Bispos e Padres que pagam tributo

aos socialistas, comunistas e outros inimigos da Santa Madre Igreja. O tempo é curto e há tanta coisa para fazer por nosso querido País e para a honra e glória de Deus". D ona de casa de Nova York. "Quero felicitá-los pela Mensagem. Meu marido e eu estamos chocados com a atitude do Clero. Outro dia, durante o sermão, um Padre pregava o socialismo. Levantamo-nos com nossos dez filhos e saímos da Igreja". Mulher empreendedora. - "Concordo em todos os pontos, e quero entrar, de qualquer maneira, na TFP". Jovem calíforniano. - "Jamais imaginei que pudesse haver um movimento como o dos senhores. Eu já não tinha esperança em mais ninCATOLICISMO -

Março de 1983


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guém. Creio que o Prof. Oliveira é um homem extraordinário. Quero colaborar, ajudar, fazer alguma coisa". Debate em torno da Mensagem. - "Em meu colégio houve um debate sobre o socialismo e a base foi o texto da Mensagem. Gostaria de visitar a sede dos senhores". Silenciosos preocupados. "Parabéns! Os senhores têm uma organização como essa na França? Precisamos dela! Sou cidadão americano casado com uma francesa. Desde as últimas eleições, nós, os silenciosos, estamos preocupados. Precisamos varrer essa ameaça da França". Em uma lanchonete, em Los Angeles. - Dois cooperadores da TFP: "Somos da TFP". - U,n cliente: "Ah! li!" - Cooperadores da TFP: "A Mensagem?" - Cliente: "Sim. Sou luterano, mas estudei em colégio católi'co. Nunca vi algo semelhante. Gostei muito, porque trata do tema tanto do ponto de vista religioso quanto político ... Sabe? Sempre estive procurando um meio de servir os valores da tradição, família e propriedade".

C~NADÁ Dona de casa transborda de alegria. - "Fiquei contcntissima. Era algo que hâ muito tempo aguardava no coração. Quando vi, transbordei de alegria". Freira não tinha idéia. - "Li e gostei muito, pois me mostrou algo de que não tinha idéia: o socialismo é tão ruim quanto o comunismo". Mãe animada. - "Alô! Ê dos Jovens Canadenses por uma Civilização Cristã? Estou telefonando para dizer que estou muito impressionada com o que publicaram hoje. Tocou-me diretamente na a lma. Isso nos dá muita coragem, porque muitas pessoas pensam que está tudo perdido. Quero que meus filhos leiam. Os senhores não fazem reuniões para universitários?º Jovens estudantes disputam o Ú· nico exemplar. - "Já era tempo de que os católicos denunciassem o socialismo. Desejo exemplares da Mensagem. Em minha sala de aula só há um, que passa de mão em mão". Industrial apóia 101 %. - "Obrigado pelo artigo dos senhores. Po-

nham-me, por (avor, em sua lista de envios regulares, uma vez que eu os apoio 101%. O Canadá está resvalando para a mesma posição que a França, e em velocidade frenética. Enviem-me 100 exemplares. Deus os abençôe". Operário de uma gráfica quer uma "Mensagem" também para o Canadá. - "Bem, agora que os senhores destruíram o socialismo na França, por que não fazem o mes• mo no Canadá? Creio que um manifesto no mesmo estilo resolveria o problema". Senhora lamenta o silêncio dos púlpitos. - "Este artigo deveria ser mostrado nos púlpitos, comentadó etc. Mas é o que eles não fazem ..." À saída de uma Igreja de Toronto. - U,na senhora: "A Sra. leu?" - Oulra senhora: "Sim. Tenho a impressão de que nossos jovens vão ter problemas com a Hierarquia". - A primeira senhora: "Í, claro. Estão fazendo o que ela deveria fazer.,.

MÉXICO Professor impressionado. - "A publicação dos senhores - que me deixou impressionado - quero ofertá-la a outros católicos como eu, já que é uma análise aguda do tema à luz dos documentos do Supremo Magistério da Igreja". Mexicano alerta. - "Estou convencido das ameaças do socialismo autogestionário. Assim sendo, com as publicações dos senhores, desejo alertar meus companheiros sobre a ameaça que se aproxima··.

Uma visão de Santiago do Chile e de montes nevados dos Andes, ao fundo. magadoral Nunca vi algo tão bem feito sobre o socialismo" .

COSTA RICA Três jovens querem a Mensagem para enfrentar a Revolução na América Central. - "Lemos apenas o resumo da Mensagem, mas podemos afirmar que nunca vimos algo semelhante. Íl a única maneira eficaz de enfrentar e vencer a onda revolucionária na América Central".

HONDURAS Rico de coração. - "Não tenho recursos econômicos. Se tivesse, boa parte estaria destinada à causa dos senhores. Não esmoreçam: pessoas de todo o mundo se ajuntarijo aos senhores".

Uma ''defesa de tese" de caráter mundial ... ER:A NATl!JRAL que uma publicidade como a que teve a l>fensagen, das 13 TFPs, nunca vista na imprensa internacional, provocasse nos mais dive~sos órgãos, com.e ntários favoráveis ou contrários. Diante do impacto inicial da pul>licaç.ío no "Washington Post" e no "Frankfurter Allgemcine" - os dois primeiros órgãos a divulgarem o documento, no dia 9 de dezembro de 1981 - a imprensa e a televisão de diversas J?artes do mundo, inclusive na França, manifestaram seu estupor face ao aconteclmento, Mas logo depois, como que dirigidos poF uma batuta única, todos os grandes órgãos de comunacação se calaram. Cabe observar que não houve em nenhum órgão impo.r:fante da imprensa em todo o mundo, refutação algum,a da · Mensagem. Sinal inequívoco da solidC7. e inex:pugna bitidade de sua argumentação. SoJi:citada a Mensagep, por incontáveis universidades dos mais divei:sos pontos da terr-a, de ,nenhum lugar as TFPs receberam qualquer refutação. Dir-se-ia que o monumental estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira passou em julgado. Terá sido talvez, pela pfimeira vez na História, uma "defesa de tese" de caráter mundial... E o silêncio dos opositores é eloquente!

ARGENTINA Um profissional da Capital. "Li com infinito prazer o luminoso escrito do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O caráter escravista do projeto marxista e a capitulação de amplos setores da Igreja diante da barbárie bolchevique estão firmemente documentados na Mensagem. Solicito vários exemplares, para"remetê-los a Sacerdotes amigos, os quais se alegrarão muito pela coragem e lucidez da Mensagem". Um Sacerdote da região dos An· des. - "Considero a. Mensagem ... esmagadora! Pelo seu valor extraordinário e pelo horroroso do mal denunciado ... Interpretação perfeita e justificad[ssima, de singular perspicácia e penetração ... Supremo empenho pelos direitos de Deus Nosso Senhor e da ordem querida por Ele ... Coroamento da obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e dos seus". De dois altos oficiais da NA TO, reformados. - "Os senhores são as reservas contra o comunismo, A Mensagem é muito lógica e coerente. O autor deveria ter atacado de cheio o Episcopado francês, pois este sim é o responsável por tudo que aconteceu na França".

Um distinto profi.ssional . "Que estudo impressionante! Vaime ser muito útil. Ê irrefutável. O comunicado da Embaixada francesa é um disparate. Ficaram muito mal. Pretendem envolver o povo francês como se afinasse com o governo. Esta Mensagem sacudiu as pessoas". Um juiz. - Ainda com referência à polêmica com a Embaixada Brasil. - A Mensagem resolvo: "Jé li vários livros sobre o socialismo. mas nenhum francesa: "Bateram na tecla certa e chega perto da Mensagem. Se alguém vier defender o socialismo, o que vou fazer é eles calaram a boca". mostrar a Mensagem e pronto. Nlo precisa mais nada". Jovem executivo. - "Íl monuA mental e sério. Quais serão o~ próVOCES PRECISAM •• . DEMA'SCARADô PELA ximos passos? A partir daqui, a coiMENSAGEM DO ~OF. PLINIO SABER! O SOCIALISMO sa pode tomar outra envergadura". AUT06E$TIOMÁRIO É ... CORRÊ.A DE OLIVEIRA! Um profissional. - "Com isto, o anticomunismo deixou de ser de revistas e folhetos e passou a ser um anticomunismo de vanguarda". Um -professor. - "Nunca vi um P acontecimento tão magnífico em mi,-. nha vida". ~ Uma senhora. - "Vou preparar um programa para a rádio da minha cidade. Ê assustador. ê terrível... Não acreditava que o socialismo fosse tão ruim". Filha acorda a mãe. - "1 nteireime da Mensagem às 7 horas da manhã, quando minha filha mechamou do trabalho para me avisar que \ comprasse 'La Nación'. Eu ainda estava dormindo". CATOLICISMO -

Março de 1983

Jornaleira de uma banca do metrô. - "Não sei o que havia, mas . todo o mundo vinha comprar 'La Nación' ". Outro jornaleiro. - "Quem é o próximo que vão destituir? Porque, com esta, Mitterrand pode se esquecer da reeleição". O povo ftancês repudiará Mitterrand. - '.' Agradeço-lhes a defesa que fazem do que é nosso. Os novos bárbaros não vencerão. Estou certo de que Mittetrand vai fracassar e o próprio povo francês o repudiará no momento oportuno".

BOLÍVIA Professor. - "A humanidade precisava de que algo assim aparecesse. O comunismo está continuamente avançando, e ninguém se lhe opõe na guerra tendencial e de conquista psicológica que desenvolve em todos os ambientes. Esta Mensagem é a contraofensiva que estava faltando. Causa-me admiração, sobretudo, a seriedade e categoria com que está escrita, muito ao contrário do estilo comunista de calúnia, mentira e baixe1.a". Estudante. - "Aqui estamos fazendo um debate, em nossa faculdade, para saber qual é o real alcance das 13 TFPs". Frade capuchinho. - Havia recebido a Mensagem cm sua cidade e confidenciou: "Ouvi novamente a leitura da Mensagem no convento de nossos frades na cidade de ..., durante as refeições". Uma senhora. - "A publicação da Mensagem coloca a TFP cm outro nível. As pessoas de minhas relações passaram a admirar este grupo, o qual, embora composto de jovens, tem tão boas idéias e dá tão bom exemplo".

BRASIL

Historiador. nA Mensagem é terrfvell ~ es.-

solução fora do que diz o Dr. Plínio". A Mensagem resolve. - "Já li vários livros sobre o socialismo, mas nenhum chega perto da Mensagem. Se alguém vier defender o socialismo, o que vou fazer é mostrar a Mensagem e pronto. Não precisa mais nada". Ar novo. - "Antes de o Dr. Plinio publicar esse estudo, a situação estava um pouco abafada. Agora houve um alivio".

Jovem Sacerdote oferece Missa. - Assim que soube da Mensagem, um jovem Sacerdote telefonou à sede do Conselho Nacional da TFP avisando que celebraria uma Santa Missa em ação de graças pelo acontecimento. · Sustentáculo do mundo ocidental . - "O Dr. Plínio passou por injustiças aqui no Rio Grande do Sul, mas hoje a TFP é quem sustenta o mundo ocidental". Muita gente pensava, mas ninguém tinha a coragem de dizer. "Era o que cu pensava. Acho também que é o que muita gente pensava . Mas ninguém tinha a coragem de dizer". De um engenheiro. - "Agradeço-lhes: eu achava a igualdade uma coisa bonita, mas vi agora que ela leva ao caos, à loucura ..." Ameaça anônima pelo telefone. - "Alô! í, da TFP? Vocês publicaram aquelas seis páginas hoje, não é? Pois bem, isto é um aviso: vamos pôr outra bomba na sede de vocês". Padre progressista, a um grupo de sócios e cooperadores da TFP brasileira que difundiam a Mensagem em via públic.a. - "Fora daqui! Sou o Vigário. Dou-lhes 15 minutos para se porem fora, pois do contrário serão expulsos. pela Policia". Um advogado visitado. - "Finalmente tenho a honra de receber alguém da TFP. Li a Mensagem e gostei. Lembro-me de vocês com os estandartes nas ruas cm J964. Depois eu os vi cm 1975 e nunca mais me esqueci".

Professor universitário. - "Depois da Mensagem não dá para ter dúvidas sobre a eficácia da TFP. Quero participar de algo na TFP. Se não puder ser membro efetivo, quero ser coHespondente ou esclarecedor". CHILE Militar reconhece. - "Alguém Ex-ministro, adversário da TFP. precisava falar! Todo o mundo es"O pessoal da TFP não serve tava indiferente e não dizia nada. O para nada, mas ... o que publicam é Dr. Plínio falou; foi o primeiro a sempre interessante, bem feito e doenfrentar a 'onda' Mitterrand". cumentado". Plantador de cana comenta. Empresário à procura. - "Estou " Agora o povo está percebendo o telefonando para pedir uma Mensaembuste e reagindo. O PS perdeu estas eleições cantonais (na França) gem. Alguém levou a minha do escritório, e do jornal dizem que não por causa da Mensagem ..." há mais exemplares. Estou de acorSó o Dr. Plínio tem a solução. do 100%". "Não adianta mais procurar uma

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nalisar a realidade do socialismo na

Engenheiro agrônomo. - "Não faço parte dos quadros da TFP. Mas, na realidade?, pertenço espiritualmente à TFP há muito tempo. A publicaçã~, da; ,l\ll~ni a_geip ·me d~u a oportunidad'e' de cohhecê-los melhor. Creio que c:;ometeria um pecado de.'.negligência se não os ajudasse em,alguma coisa". Historiador. - "A Mensagem é terrível! É esmai:adora! Nunca vi algó tão bem feito sobre o socialismo''.

COLÔMBIA •

Tábua de salvação. - "Vejo na TFP a tábua de salvação no meio do caos contemporâneo que o comunismo p ód~ nas mentes". P oUtit<i- usa a Mensagem. :"Estou us,iindo a Mensagem nos discursos qúe'(aço, e também em peças de teatro" -qüe fazemos cm praças públicas"., " , • ,I ••' ·•.· .' Estudante dé Jorn alismo. - "Este estudo é éxcelén(e. Esmaga o 'projet socialiste' com argumentação católica. Nunca vi a direita fazer isso. Vejo que a Igreja Católica continua sendo imortal".

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EQUADOR Político empresário pensava que sabia tudo. - "Francamente lhes digo: como estou metido em política,' pensei que sabia tudo. Dei-me conta, entretanto, de que nessa matéria estava desatualizado. Agora sei o que é o socialismo de Mitterrand". Funcionário de um tri bunal. "Somente aqueles que leram a Mensagem podçrão ter critérios para a-

Françaº. Outro empresário. - "Quero ver o que responderão os socialistas..." Senhora de Quito horrorizada. - "É um absurdo o programa socialista defender até o homossesualismo. A Mensagem denuncia isso, e eu aplaudo os senhores por seu trabalho". Monsenhor elogia, à saída de uma Igreja. - "Li a Mensagem. É magistral: O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira é sumamente esclarecido nessa matéria. Ele não só fala do socialismo de Mitterrand, mas explica toda a História do processo revolucionário". Comerciante entusiasmado com a condenação da Revolução Francesa por P io VI. - "Gostei muito de que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira tivesse recordado épocas especiais do passado: as 'Acta' de Pio VI me parecem magníficas. Não vi nenhum exagero njl Mensagem. O que vi foi uma análise correta e um . grande apego à verdade". Pequenos fatos assistidos p orcooperadores. - Em uma praça central de Quito, um homem do povo compra um exemplar, e se põe a ler, em voz alta, para um pequeno grupo pouco letrado, a parte da Mensagem que analisa a irilogia "Liberté-Egalité-Fraternité". - Num banco de jardim, em Quito, um homem lia atentamente. a Mensagem. Um cooperador da TFP equatoriana se aproxima, recebendo uma i:esposta cortante: "Não me atrapalhe. O que estou lendo é muito importante. Depois falamos ..." Hoteleiro distribui exemplares. - "A Mensagem me parece fabu-.

losa num mundo que não se dá conta do que está fazendo: cedendo sem se defender". Pediu exemplares para distribuir entre seus hóspedes. Industrial afirma que a Mensagem barrou o caminho à cogestão. - "Aqui só não aprovaram a lei de cogestão por causa da campanha da Mensagem. Quero contribuir para que possam continuar seu trabalho". A Mensagem é tema de estudos. - "Durante uma semana a Mensagem foi tema de estudos e discussão em nosso curso na escola. O professor ficou como moderador ... O próximo tema de debate será: Tradição, Familia e Propriedade". Francês envergon hado de sua Pátria. - "Estou envergonhado só de pensar que meu País se encontra nessa situação. Quero ajudá-los e ajúdar a França: peço um bom número de exemplares; vou enviálos a amigos franceses".

PERU Um educador. - "Felicito-os! Felicito-os! Felicito-os! Num momento de tanta confusão, isto pode ser uma luz para refletir. Anotem meu endereço. Quero que os membros da associação que presido também conheçam a Mensagem".

Professor universitário. - "Fantástico! Magnífico! Um modo de se exprimir bem corajoso! Darei a Mensagem como tema de trabalho para meus alunos. Gostaria muito de manter outros contactos". •

Jovem advogado. - "Desejo adquirir todas as obras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Como fazer? Admiro muito os estudos que escreve. Onde posso pegar esse material? Como posso ajudá-los?"

T. . 1

~ .• ....u

Jovem oficial da M arinha. "Acabo de ver a publicação. Basta olhar ·a primeira página que já se entende o resto. Tudo coincide com o que sempre pensei". Cônego limenho. - "Vai se repetir a parábola dos convidados para o banquete: os mais indicados para apoiar a campanha não querem se comprometer. Mas virá em ajuda dos senhores gente inesperada, dessas que andam pelas praças". De um funcionário mí.n isterial. - "Estou falando do Ministério em que exerço meu cargo. Seria fantástico se eu tivesse um bom número de exemplares. Sou católico e quero distribuir este documento o mais possível". Estudantes de assuntos militares. - "Estudamos matérias como a da Mensagem que os senhores publicaram. Interessa-nos muito. Somos 70, e quero um exemplar para cada um".

Uma senhoril•- - "Saibam que a Mensagem está sendo comentada de boca em boca entre os niilitarcs, e em todos os encontros sociais. Os senhores têm razão. Não deixa lugar a dúvidas. É irrefutável". Um conde. - "Hoje vou a um jantar na Embaixada francesa. Vou comentar a Mensagem".

UR UGUAI Um doador. - "Quero ajudá-los em tudo que seja possível. A Mensagem me pareceu extraordinária. Li-a em casa, com minha família. Foi uma vitória. O inimigo tratará de não falar dela, de parecer indiferente. Quando os senhores desmobilizarem a vigilância, eles irão atacarº. Confiança. - "Felicito-os por tudo quanto fazem .. O fato de que os senhores existem me dá confiança no futuro. Tudo que os senhores publicam esclarece o panorama''. Proprietário de empresa construtora. - "Li a Mensagem e fclicitoos. Antes esteve aqui um arquiteto esquerdista e me disse que a solução de tudo é a autogcstão. Eu não sabia responder. Agora estou tentando memorizar a Mensagem para poder repetir a ele".

VENEZUELA Médico e fazendeiro . - "Para mim a TFP é uma injeção de soro no momento em que tudo parece f umaça dentro da Igreja. Se fosse jovem, entraria para a TFP. Não podendo, contribuo com donativos". Um profissional. - "Essa publicação é importantíssima. Ela denuncia um mal tremendo, que, se não o combatemos, nos devorará". Juris ta. - "Considero isto um documento histórico, que servirá de referência a estudiosos do assunto". Protestante francesa. - "Sou protestante e estou de acordo com a Mensagem. Quero felicitá-los".

'A Mensagem em números

''Quando li a Mensagem, ~ ensei:. é o que procura Í '' '

n .

Outro professor. - "Eu estava esperando algo assim, inteiramente católico e anticomunista, para entrar em batalha". Publicista bem sucedido. - "Examinei meticulosamente a Mensagem. Textos, argumentação, fio lógico, fotos, diagramação, tudo está muito bem concatenado para produzir o maior impacto possível".

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'A CAMPANHA DAS 13 1lFBs de divulgação mun,dial da Mensagem éle seis páginas de autoria ~o Pro'f. Plini_a Co,rêa de Oliveira "0 soeialisn10 au1ogestio11árto: em vista do con,unismo, ba,reira ou cabeça-de-ponte?" teve cpm.o desdobram..ento as riublicações de um Có1nunicado intitulado"Na Fran-ra: o punho estrangulando a r:osa", de um resumo de página inteira de jornal de ambos os documentos sob o tltulo "Socialisn,o -autogesfionário: Hoje, França - amanhã, o mundo?", de um resumo também da Mensagen1 e do Comunicado esP,ecial para revistas do "R'e ader's E>igcst'' em todo o mundo e de um sintético resumo da Mensagem. A larga difusão d'essas mafé•iãs jornallsticas pode se, co,1,1statada pelos dados a seguir apresentados.

MATÉRIAS P'tJBLICADAS Mensagem na Integra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Camunicado: "Na França: o punho estranglllandp a tosar .. . ............. , . .. . . .. . . Resumo de página iilteira da MeJ1sagem e do Comunicado ... . . . . .. ................. , Resumo de ambos os documentos especial para revistas do "Reader's [i)iges~" . .... . .. , . . .

49 Jornais de 19 pafses 29 jornais de 12 paises

2J jo:rnais de 14 paises 31 edições, em

10 lfn-

guas, para 46 11alses Resumo sintético da M:e.nsagc-9.1 . . . . . . . . . . 34 jo,nais de 6 paises Tiragem dos ótgãos de imprensa que estamparam as matéria·s acima . . . . . . . . . . . . . . . . . Em quantos países diferentes ll.ouve publicações. Em quantos idiomas houve pubJicações . . . . . €artas e cupoJ1s recebidos com pci!idos de cõpias ou assuntos alinentes à Mensagem . Países do.s quais as TFPs reooberam reper-

ÁFRICA DO SUL Ministro do Governo opina. "Estou convencido de que o conhecimento de suas conclusões influenciará, de um modo ou de outro, as decisões em matérias relevantes". Estudante negro preparando sua tese de doutorado. - Pede a Mensagem para incorporá-la à sua bibliografia: "Só o resumo me deixou impressionado". Operários de uma mina de ouro. - Pedem exemplares para a sua sala de leituras, anexa à própria mina onde trabalham.

J ovem ofic.íal. - Pede 200 exemplares para distribuir entre alunos de um curso que ministra.

MARROCOS Membro da academia muçulmana. - Pede exemplares e afirma o prai.er de ler as obras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira.

ALTO VOLTA De u m diplomata. - "Os senhores são daquela entidade que está convulsionando a política na França, pondo em pânico o governo e os 6

políticos? Mitterrand ... em dois anos veremos sua queda!"

ÍNDIA Estudante empenhado. - "A análise do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo francês pode ser tomada como um aviso. Meus amigos e cu temos discutido o crescimento canceroso das organizações comunistas. Eu gostaria de organizar um pequeno circulo, iniciar correspondência, a fim de organizar um entendimento internacional entre os que apoiam a TFP. Contribuiremos rapidamente com sua organização". Banqueiro escreve.. - ºEstou muito interessado em conhecer o que é o socialismo autogestionário. Meu desejo é participar de suas atividades, Informem-me como posso fazê-lo". Relig'ioso católíco. - "Dou aulas nesta escola. Seu artigo foi um verdadeiro 'abridor de olhos'. Gostaria de receber material dos senhores, tanto atual, quanto passado. Ficaria muito contente de conhecer melhor a TFP".

FILIPINAS .l)e, um a escola para mudos. "E!lviem-me exemplares, por favor.

Estudo numa escola para mudos, e todos aqui desejam saber mais sobre os perigos do socialismo autogcstionário".

AUSTRÁLIA

Senhor felfa. - "Entendi o socialismo lendo a Mensagem. Sou um felizardo. Agradeço-lhes e peço mais exempl~res para distribuição".

Estudante de Sidney. - "Quando li a Mensagem, pensei: encontrei. É o que procuràva".

Em um Departamento francês de ultramar. - "Os senhores não sabem quanto interessa em nossa Ilha a divulgação do pensamento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira".

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16.7'82

cu$sões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

SRI LANKA

NOVA CALED ÔNIA

33,3 milhões de exempl . 51

NOVA ZELÂ NDIA Jovem tem um "clíc;'.: - "Sou anti-socialista convicto. N111s estava tudo confuso na minha cabeça. Quando li a Mensagem se deu um 'clic' e entend i tudo. Precisamos encontrar- nos".

Vista 8'rea de Sidnei, A ustrália . -Outroes· tudante: "Quando li a M ens agem. pe nsei: encontrei. e: o que pro· curave....

fiifjAÍOL~Cil§MO ~

MENSARIO CAMPOS - ESTADO DO RIO Oirc:lor: Pauk) Corri.a dt Bri10 filho

Diretoria: Rua dos Goitacaics, 197 • 28100 - Campos. RJ. Admlnistn('io: Rua Dr. Martinico Prado. 271 • 01224 - Sao Paulo. SP • PABX 22 1-8755 (rom"J 235).

Composrn e impresso na Artprc$$ -

Papiis e Anc< Gráficas Lida.. Rua Garibaldi, 404 - 01135 - São Paulo. SP. "Calolicbmo .. é uma publicação mensal da Editora Padre 8ekhior de Ponles S/ C. Assi_natura anual: comum CrS2.SOO,OO : cooperador Cr$4.000,00: benfeitor CrS6.000.00: grande benícilor CrS 12.000.00: seminaristas e estudantes CrS 2.000.00- Ex.tuior: comum USS 20.00: beníei1or USS 40,00. Os pagimcntos, sempre t -nt nome de Editora Padrt Belchior de PontesS/C. poderão ser encaminhados à Admi• nistração. Para mudança de endereço de assinantes l necessário mencionar 1amW:m o endereço antigo. A eorrupondência relativa a assinaturas e venda avulsa deve se:r- enviada à Admlnislraçio: Rua Dr. M1r1inko Prado, 271 Sio Paulo. SP

CATOLI CISMO -

Ma rç o de , 1983 ·


Gm4NDE RESOLUÇÃO, apanágio do Bem-aventurado Ezequiel Moreno · y Diaz

FRUrO DA REVOIJtJÇÃO. FRANCESA, o liberalismo durante o sf.culo XI!C, conseguiu difundir seus erros por todo o mundo, Etambim se mulllpUoaram as perseguições contra a Ipeja movidas pelos liberais. A reaçio catõllca nlo se foi: esptrar. Em 1831 o Papa Greg'ório XVI fulminou os trros liberais em sua Encfcllca Mirar/ Vos. Pio IX, seu suctSSOr, condenou-os t m v,rtos documtntos, particularmente na Encfcllca (iluanta Cura (l~). , Seculndo o ensinamento dos Papas, católicos "'Cutram-se pa,:aJustfgar as ''liberdades de periliçio", conformt expressio empregada por Pio IX. Foi no contexto dessa grande' luta doulrlMrla gu.t, na Am'mca ao Sul, levantou-se uma grande vo:r, tcles"stlca: a cio Bem-11.vtnfUrado Ezequiel Moreno y l'.>iaz, Bispo de Pasto, na €ol6mbla.

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Nascido ein .(8'18, na cidade de Rfoja (Espanha), dmde Jovt m o Bemaventqrado manlftstou dtseJo de tornar-se mlsslon,rlo. Aos 17 anos, professou os sap-ados votos na Ordem de Santo AgOttlnbo. Quatro anos depois, em 1869, ~ ulu l'ª~ª as FIUplnas. Após diversas viagens como mlsslonirlo, estabéltctU-H na Colômbia. Em 189~, foi t ltito Bispo da Diocese ae Casanare, sendo lransítrldo pouco depois para Pasto, no mesmo pais. t como Bispo de llasto, funçio na qual pernlane<:eri até o nm da ~Ida, que D. ~equlel Moreno y Diu travar, sua grande batalha contra o llberallsmo. Um dos primeiros atos do novo Pastor foi acolher em sua Ellocese ~ons. Schumacher, Bispo de Porto Vlejo, no Equador. Ele havia sido expulso des.1• pais, devido à defesa lntranslgenle da doutrina católica que o valOroso Prelado empreendeu contra os ataques do llberollsmo. O Bispo de Pasto nio se llmkou a abrigar Mons. Scbumacher. Lanwu uma Carta Pastoral em sua aeresa, na qual desftrlu violentos ataqu,s contra os libera Is. A rmposla desses consls11u em distribuir profusamente na Dloc,se dt Paslo pannetos anticalólicos. Mons. Etequlel fundou entilo o Jornal " Vo2 Evangfllea~, órglo destinado a defender a Rellglio Católica contra seus Inimigos. Ao mesmo tempo, proibiu aos néls a ltllura dos Jornais que haviam se pronundado contra o Bispo de Porto :Vlejo. Nesu época, existia tm lplales um coligia dirigido por Rosendo M o1·a, tx· religioso de orientaçio liberal, qut negava em suas aulas a Divindade d.e N.osso Senhor Jesus Cristo, a Imaculada Conctlçio e a Vlrpndade de Nossa Senhora. O Bufo Moreno y Diu reagiu enet glca11,1ente. Numa circular dirigida a seus néis, ordenou-lhts que retirasstm seus filhos do coligio liberal, sob ptna de incorrerem em pe11aliélad~ tcltslistleas. Além dJsso, promoveu o Bls119 de Pasto especiais atos de reparação contra os tseindalos provocados pelo exreligioso liberal. RO$enclo Mora viu-se obrigado a fugir para Tulcan, no Equador, ondt, eouco depois, fundou novo colégio. Devido à proximidade da fronteira, o t$tabeleeimento passou a ser freqüentado por muitos jovens colombianos. Des.sa feita, o Bem-aventurado fulminou com a ptna de e.-comunhi'.o os pais rtsiiltntes tm sua J}locese que màntiv....m seus nlhos no menclo)1ado eslabele<imento mcolar.

* * * O. Ezequiel Moreno y Oiaz, Bispo de Pasto {Colômbia)

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UANTA dignidade, força, serenidade e resolução tem este religioso!" Sem dúvida , é compreensível que tal exclamação aflore à mente e aos lábios de quem contempla a bela fotografia do Bem-aventurado Ezequie l More no y Diaz, que reproduzimos nest/1 página. Será objetiva tal obse rvação? Ou mera fantasia, que não resiste a uma análise mais profunda? A figura do Bispo de Pasto, na Colômbia, merece certamente um comentário que responda a essas questões.

*

Chamam a atenção, primeiramente, os sinais exteriores. O solidéu , a grande Cruz peitoral, o sagrado anel, portados com dignidade pelo Bem-aventurado, demonstram súa condição de Bispo da Santa Igreja. O hábito negro, que inclui capuz e cinta, denota que est3mos cm presença de um religioso da Ordem de Sa nto Agostinho. Ao contrário de tantos eclesiásticos de nossos tempos, D. Ezequiel Moreno y Diaz ostenta com zelo os sinais da dignidade de seu estado e posição hierárquica. A face do Bem-aventurado irradia paz, serenidade, distensão. Não se trata da distensão comum do homem que dorme, ou daquele que, por preguiça, afastou de si o peso das decisões. A distensão da fisionomia do Bispo de Pasto é do tipo daquela que os irresolutos não têm. Estes apresentam a distensão da moleza. Vê-se que o Bispo colombiano já tomou todas as grandes resoluções da vida. As d úvidas ficaram para trás. Ele avança no caminho para o qual Deus o chamou, e está decidido a segui-lo até o fim, custe o que custar. Ê um santo que se distingue pela grande resolução de sua vontade. Dessa resolução provém a admirável serenidade do semblante, também reflexo da grande paz de consciência. Sacrifícios, dores, provações? Por certo, virão. Mas já estão preCATOLICISMO -

Març o de 1983

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vistos, medidos, plenamente aceito~. E ele certamente terá invocado o Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora de las Lajas, dos qua is era grande devoto, para o ajudarem a não recuar na senda que a Providência lhe destinou.

Esse belíssimo aspecto da a lma do Beato Ezequiel Moreno y Diaz eleva- nos à contemplação, por analogia, do Modelo transcendental de todas as resoluções: "Pai, se é do

Teu agrado, afasta de Mim este cálice: não se faça. contudo, a Minha vontade, mas a Tua", orou Nosso Senhor Jesus Cristo ao Padre Eterno , no Horto das O liveiras. "Então

apareceu unr Anjo do Céu. que O confortava..." (Lc. 22, 42). '"Não se faça a Minho vontade, ,nas a Tua". Eis a maior e mais sublime deliberação da História. Pois ela contém em si a aceitação de todas as injúrias, de todas as dores, da morte sobre a Cruz. E la decidiu a salvação d o gênero humano. No Santo Sudário de Turim podemos admirar tão sublime resolução e a grande paz de alma dela decorrente. A Sagrada Face a presenta os sinais dos ultrajes recebidos. O Divino Redentor morreu no vértice de todas as dores. Contudo, cm sua fisionomia marcada por indizíveis sofrimentos, quanta resolução! A Virgem Santíssima, sem dúvida, íoi participe dessa g rande deliberação. "Faça-se em mi111 segundo Tua vontade" (Lc. 1, 38). respondeu Ela ao Anjo, aceitando a E ncarnação do Verbo Divino e tudo o que des ta decorreria. No momento augusto em que Seu Divino Filho exclamou. do a lto da Cruz - "Tudo está consu111ado" (Jo. 19, 30) - Ela lá estava, inabalável em sua santa resolução.

O olhar de D. Moreno y Diaz nos impressiona por sua firmeza. É bem o contrário do olhar de um

homem romântico. Enquanto o olhar deste é volúvel, capaz de se voltar somente para seus sonhos interiores, o do santo Bispo de Pasto focaliza um ponto fixo no horizonte. Suas cogitações abrangem uma ordem de coisas e levada, exterior a e le, e que D. Moreno contempla fixamente, com admiração. A figura do Bem-aventurado lembra-nos a fisionomia de um grande Prelado brasileiro, D . Frei Vital Maria Gonçalves d e O liveira, Bispo

Além de grande polemista, Mons. Moreno y Dl~x destacou-se por s ua gra.nde pledadt. Deitou tsptclal empenho na coleta de donativos para a construçio, em Pasto, ile Igrejas dtdlcadas ao Saa,ado Coração dt J ,sus e a Nossa Senhora de las u jas, invocaç~ estas das quais era grande devoto. Em nns de 1905, wn cincer atacou o santo Prelado. Viajou entio à Europa, lendo sido submetido a delicadas operações a fim de extlrpll'. os tumores localb.ados em sua face. Suportou tals lntervtnçôes com admlr4vel coragem, em estado de plena lucidtz. Tudo em vio. Em 19 de agooto de 1~, após longa agonia, velo a falecer o htróico Bispo de Pasto. Deus chamava a SI o grande soldado de Sua eausa. Stu corpo até hoje permanece Incorrupto na cidade de l',fonteagudo, na & pantia. NOTA: Os dados blogr,ncos do Bispo d• Puto adma expostos•íoram extraldos da obr• 'Jkat<>. Ezequiel Moreno y Dla~ EI Cap,ino dei Dl'.btr, de •utoria de An~I Ma.ttfn.. Cunta, 0,A R., Ed. Scuola tlp. Mia . Oomtnlca, Roma, 1'7S, 5'3 pp,

de Olinda e Recife, religioso capuchinho, que viveu durante o li Império, tendo falecido, em odor de santidade, no ano de 1878. Até certo ponto, pode-se dizer que ambos foram contemporâneos. Os dois Bispos distinguiram-se também como grandes polemistas. E é exatamente no modo de polemizar que eles divergiram. D. Vital entra por inteiro na polêmica. Coloca-se diante do adversário, como que a d izer-lhe: "Ousas levantar-se contra o Senhor Deus dos Exércitos e contra a Imaculada Conceição de Maria? Eu te enfrento, e tenho gáudio em te derrotar". O Bispo de Olinda e Recife lança-se na polêmica como um tufão que arrasa tudo em s ua passage m. A atitude do Bem-aventurado Ezequiel Moreno y Diaz di~nte do adversários da Igreja é diversa. Por certo, ele os com bate ideologicamente. Mas seu espírito situa-se muito além do inimigo, seus o lhos póusam em outros horizontes e sua vontade aspira a grandezas q ue transcendem indizivelmente o plano da polêmica.

Dois modos de ser, dois sublimes aspectos da alma católica. Eis ai dois admiráveis modelos de virtude. No entanto, eles representam apenas duas preciosas amostras das incomensuráveis riquezas concedida·s pela Santa Igreja a seus fi lhos, que para Ela se voltam com admiração e enlevo.

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-~ l AfOILICI§MO - -- - - - - *

Como se d11unde a moda punk'' em Londres 11

ONDRES é a capital do movimento Punk, como outrora abrigou os Beatles, corifeus de uma onda de contestação juvenil, que dali se espraiava pelo mundo. A característica desses movimentos que, de fato, têm filosofia, é se apresentarem apelando muito mais para uma mudança da maneira de viver do que se arvorando em paladinos de novas doutrinas. Tais princípios impregnam a nova mentalidade, os novos costumes, mas não são tratados senão em publicações de difusão pequena, destinada a circulos especializados. t uma revolução vivencial, adaptada a uma geração que detesta pensar, à qual repugna a abstração. E como hoje o movimento Punk se apresenta em Londres? Deixou de lado a particularidade ponteaguda, muito presente quando surgiu em 1977: a agressão boçal contra a sociedade. Daquele impacto primeiro,

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momento, distendeu-se e convidou o corpo social a adotar parcialmente seu feitio. Atualmente em Londres se pode observar o inicio do enlace entre a sociedade e o punkismo. A cidade começa a assimilar algo de sua mensagem anarquista. Como está se dando o fenômeno? Os punks constituem ínfima minoria da população. Mas, em torno deles, em graus diversos, há os "punkizados". Esta região periférica é muito maior do que o núcleo mas, muitas vezes inconscientemente, compartilha, em graus diversos, o anarquismo do núcleo. Não é diretamente adesão doutrinária, mas adesão aos costumes, que conduz, passo a passo, à concordância metafísica. Em Londres, é comum. rapazes com um brinco na orelha, o que insinua homossexualismo. Não que o uso do brinco, em si, caracterize o fenômeno. Ninguém acusaria antigos piratas, usando dois brincões, de

David Vanium do grupo londrino punk "Os condenados". Apresentaçto do mesmo grupo diente dt frenética a11iet&ncia.

restou ainda uma espécie de punk, que agride, que gosta de espancar pessoas sem ra1.ão nenhuma, que faz da violência seu "leit motiv". Grosso modo, o movimento adotou novo figurino, o da inserção na sociedade, quase se apresentando como meros adeptos de um tipo de música, de vestuário, de uma maneira de se comportar. Um movimento contestatário assimilado. Distendeu-se para se expandir. No primeiro momento, em 1977, chocou a sociedade pela radicalidade das m.etas - porém a levou a acostumar-se com elas. No segundo

praticarem esse vicio moral. Mas, na atual quadra histórica, com a acuidade que adquiriu nossa cultura, o uso do brinco para homens possui tal conotação~ Voltou também em Londres a tonalidade negra embaçada no vestuário, que é das características punk. Há um modo de usar o negro que lembra o movimento. Quem o usa, de certa maneira, seja homem ou mulher, habitualmente aceita um estado de espírito com filamentos punks.

TFP norte-americana apoia a Marcha pela Vida ENTRE 50 e 75 mil pessoas, segundo estimativas dos organizadores, tomaram parte na 10.• Marcha Anual pela Vida, em Washington, no dia 22 de janeiro p.p., para manifestar sua continua oposição à decisão de 1972 da Corte Suprema, que permite o aborto sob requerimento. A infame determinação desencadeou uma avalanche de abortos que, nos Estados Unidos, durante os últimos 10 anos, chegou a 15 milhões. Somente no ano passado a mortandade causada por abortos cm nível mundial foi inacreditável, atingindo a cifra de 40 a 50 milhões. Mais uma vez, sócios e cooperadores da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Fami.lia e Propriedade - TFP associaram-se à marcha realizada na capital do país. Seus estandartes e capas vermelhas já se tornaram componentes habituais desse evento, que vem sendo reali1.ado há vários anos. No presente ano, a TFP apresentou um contingente maior que o costumeiro, visando com isso demonstrar, com maior ênfase possivel, sua rejeição ao aborto legalizado e sua consonância com aqueles que participam da mesma recusa.

Sócios e cooperadores da TFP dos Estados Unidos portaram três longas faixas, que se referiam aos Bispos católicos norte-americanos, denu nciando a estranha atitude de quase pânico da Hierarquia a propósito de uma possível hecatombe nuclear, ao mesmo tempo que os Prelados guardam inexplicável silêncio quanto ao problema do aborto. O Presidente Reagan qualificou de "tragédia" a decisão da Suprema Corte, e afirmou que continuará a apoiar a legislaçilo que "acabe com a prática do aborto sob requerimento". Um porta-voz da Casa Branca citou palavras do chefe do Executivo, declarando: "Nós já esra,nos aguardando há dois anos o Congresso retificar a tragédia de Roe Vs. Wade (•). Eu vos asseguro que na 98. • Legislatura, apoiarei roda ação legislativa apropriada que restrinja o aborto". A iniciativa terminou com a dispersão da multidão no Capitólio, onde os participantes da Marcha procuraram entrar em contacto com senadores e deputados conhecidos. (•) Roe Vs. Wade foi o caso levado à Suprema Corte do p3ÍS, de cuja stntcnç.a d«orrcu a legitimação do aborto.

Outra caracterlstica é a maneira de pintar o cabelo ou as faces com cores despropositadas. A coloração artificial, quando usada como ornato., serviu sempre para realçar o s~udável. O punk deseja causar sensacionalismo dando impressão de doentio. Boa parte da juventude se pinta com cores assim, embora não se considere adepta do movimento. Nota-se uns amarelos nas faces, uns tons esverdeados nos cabelos que lembram a doença o u estados mórbidos. E assim por diante. Jeitos de andar, certos gostos, alguns locais frequentados são sintomas de um movimento que se estende, distendendo. Curiosamente, aconteceu o mesmo com o hippismo. No inicio chocou. Com o tempo o hippismo virtualmente desapareceu, mas deixou como herança seu estigma na sociedade. Maior permissivismo nos costumes. hábitos sociais menos educados, menor exigência intelectual e moral da juventude, redução do vocabulário. Em uma palavra, diminuição do tônus da civilização.

O punk não é senão o hippismo radicalizado. Revolta dos instintos contra a razão, anarquia nas potências da alma que, sucessivamente, provoca a anarquia na sociedade e no Estado. E inicia em Londres o processo para deixar na sociedade sua mancha. A capital britânica tem uma peculiaridade que a torna especialmente apta para abrigar tais movimentos: o domínio, pelo menos aparente, do relativismo, a quebra das barreiras entre o Bem e o Mal. Tudo parece ser admitido com indiferença. Estive numa livraria. O caixa ostentava no peito, pendente do pescoço por uma corrente, um disco negro no qual se lia: "Eu /Ombém sou homossexual". Ninguém parecia estranhar que fosse cstadeado um vicio que brada aos Céus e clama a Deus por vingança. Entretanto, um amigo, bom observador e que conhece bem a Inglaterra, disse-me que Londres dá uma falsa idéia do que é o pais. O interior é conservador. Observação plausível, pois seria dificil que Londres elegesse um governo como o de Margarct Thatcher.

Péricles Capanema

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Até hoje permanece no mesmo local a espada que Slo Galgano. no Hculo Xlt cravou na rocha

A Cruz de São Galgano ROMA - A poucos quilômetros de Siena, no vale do Merse, podem ainda ser admirados os vestígios de uma das mais belas abadias do mundo: a de São Galgano, que remonta ao século XII. Se bem que arruinada pela ação do tempo e abandonada pelos hómens, ela conservou uma aura de sacralidade e de imponente majestade. O soalho é um prado e o teto, o azul do céu toscano, desde que a abadia foi privada de um e de outro, devido à incúria dos homens. Mas esse estado atual torna a abadia, em certo sentido, mais fascinante e· adequada à natureza que a circunda. Seu estilo é o predileto dos monges cistercienses que a edificaram: uma feliz combinação entre a elegância do gótico e a harmonia do românico. A edificação do templo exigiu mais de 40 anos de labutas daqueles religiosos q ue rezavam trabalhando, e que sabiam imprimir na matéria os valores espirituais expressos na oração. O titulo da abadia foi dado para homenagear um santo, muito venerado naquela época, cuja vida causou admira_ção cm todo o vale do Merse. Galgano Guidotti, nascido em Chiusdino, no ano de 1148, oriundo de nobre família sienense, cavaleiro jovem e belo que, não obstante a educação que recebera de seus piedosos progenitores, se entregara à vida dissoluta. Sua conversão deveu-se a um sonho que teve, no qual viu o Arcanjo São Miguel, protetor de sua familia, apresentando-se à sua mãe e pedindo que lhe cedesse o filho para alistá-lo na Milicia Celeste. Ela, consolada com o _pedido, assentiu com alegria. Outro sonho, em seguida, confirmou--0 na mudança radical de

sua vida. Viu o próprio São Miguel conduzindo-o pela mão a fim de consagrá-lo à Cavalaria Celeste. Tendo então compreendido sua vocação, Galgano abandonou tudo - honras, ami1.ades mundanas e riquezas - a fim de retirar-se para o monte Siepi (aos pés do qual foi edificada a abadia), e passou a viver como eremita, praticando a mais severa penitência. Quando chegou àquele local, faltando-lhe uma cruz diante da qual pudesse rezar, tomou sua espada pela última vez e cravou-a na rocha, como se fosse num bloco de manteiga, chegando a enterrá-la quase até à empunhadura. E diante dessa singular cruz rezou e meditou longamente, sem dar importância às zombarias de pessoas mundanas que havia abandonado. Recusou ainda os insistentes apelos de sua mãe, que desejava sua volta. Chegou ela a apresentar-lhe uma noiva, a jovem Polissena, para dissuadi-lo da vida religiosa. Mas esta, depois de um colóquio que manteve com Galga no, surpreendentemente decidiu fazer-se freira, tendo fundado um mosteiro. Retornando de Roma após uma peregrinação, durante a qual havia obtido do Papa algumas relíquias de santos militares e a permissão de fazer-se oblato cisterciense, Galgano retornou à sua vida de oração e penitência. Pouco tempo depois, foi encontrado morto, junto daquela sua significativa cruz por alguns de seus companheiros, no dia 3 de dezembro de 1181, aos trinta e três anos, a mesma idade atingida pelo Redentor quando expirou no Calvário.

Paulo Henrique Chaves


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Abril de 1983 -

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Face à matança dos inocentes dentro da ordem e da lei: santa indignação

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Seis estandartes do TFP-Covadonga tremulam ao vento ne Puerta dei Sol. no centro de Madri

1. As tristezas-de uma previsão confirmada Habitualmente alegra-se o homem com a realização do que previra. Não por tolo sentimento de amor próprio, mas porque, sendo a previsão uma operação da mente, o normal é que esta última sinta o g,iud io reto de seu próprio acerto. Não é esse, entretanto, o estado de alma dos sócios e cooperadores da Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e PropriedadeCovadonga (TFP). ao constatar agora a confirmação pelos fatos, das perplexidades por ela formuladas cm Carta aberta ao PSOE ( 1). A TFP manifestou então sua apreensão ante a eventua l vitória daquela corrente política nas eleições que·se aproximavam. Entre outros motivos para tal apreensão, a Carta aberta salientava que: a) As Re;·olu,ões dos Congressos do PSOE prcconii.am a il)'plantação do amor livre ("divórcio se111 exceções", diz eufcmicamcnte o texto de uma Res9luçào), a miscr{,vcl --reabilitação.. da homossexualidade, bem como á --1egitimação" do aborto e da contracepção. b) É certo que essas medidas não se inscreviam, · todas, no Progra11ia Eleitoral, com o qual o PSOE apresentava ao eleitorado tão-só as medidas a serem postas cm prática a breve prazo.

c) De onde restava aos católicos propensos a votar naquela corrente de esquerda. a esquálid a e vacilante esperança de que as medidas alheias ao Programa Elec1oral acabassem por não ser propostas na presente legislatura (2). d) Bem entendido. tal esperança não repousava senão nas implicitudcs da distinção entre Resoluções partidárias, de um lado, e ProgN1· 111a E'lectoral, de outro, pois nada impedia o PSOE de. uma vez vitorioso, propor nas Cortes, já nas primeiras sessões, qualquer item das Resoluções dos seus Congressos, nas quais são fixadas as metas do Pàrtido, a longo, médio ou. breve prazo. Co nsiderando que a eventua l aprovação. não só dos diversos itens do ProgN""ª Elettor{J/, como das várias Resoluções importaria em uma ofensiva total contra os mjlcnares princípios cristãos com que a legislação até aqui vigente protege a moralidade pública e a famí lia, a TFP constatava com assombro que numerosos católicos se manifestassem tendentes a dar seu voto ao PSOE. E que a Conferê ncia Episcopal Espanhola . à qual incumbe por missão divina preservar deste abismo de horrores a nação dos Reis Católicos, pelo contr'.irio declarasse implicitamente, através de nota de sua Comissão Permanente, ser licito aos fiéis. do ponto de vista moral. votarem no PSOE (3).

NOTAS

"TFP-COVADONGA apela à cristã inconfortnidade do povo espanhol contra a n1ata11ça dos inocentes. A matança dos inocentes em pleno século XX". Esse era um dos slogans proclamados por sócios e cooperadores daquela entidade na Puerta dei Sol, no centro de Madri, a 6 de abril. Neste dia, foram distribuídos em 4 horas de campanha, 20 mil exemplares do texto completo do "Uamamiento", de TFPCovadonga contra.a despenalização do aborto na Espanha, publicado naquela data no maior diário madrilenho, o "ABC". Seis estandartes grandes, 12 pequenos tremulavam ao vento, na Puerta dei Sol, enquanto seis proclamadores bradavam slogans antiabortistas. A campanha de distribuição do referido manifesto, apresentado em forma de poster, estendeu-se pelas vias Preciados, Carmen, Carrera de San Jerónimo, Calle de Alcalá, Calle Mayor e Arena!. O público, em sua grande maioria, manifestou simpatia e bastante interesse pela campanha, procurando obter exemplares do manifesto, lendo-o com atenção e escutando atentamente os significativos slogans bradados por sócios e cooperadores da enlidade. Nos dias seguintes, o interesse da população não decresceu quando a campanha se concentrou principalmente na porta de numerosas igrejas da cidade. O tema do aborto continua candente na Espanha, ten<!o o "Llan,amiento" de TFP-Covadonga esclarecido muitas consciências e confirmado bom número de pessoas hesitantes quanto à verdadeira posição em relação ao tema. Reproduzimos nesta página e nas pp. 2, 3 e 4 o texto integral do documento.


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Populares procuram obter com empenho e lêem com interesse exemplares do menifesto da entidade. distribuídos por çooperadores de TFP-Covadonga.

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uma aceitação integral de seu pro·

gra,no. .... Considero que o voto a favor do PSOE/oi. em muitos cristãos. um voto na esperança e nos aspectos que lhes pareciam positivos 110 programa do partido. o que não supunha voltar as costas à sua condição de cristãos. Viu-se bem isto na visita do Papa. Os milhões de pessoas que ,estiveram , li :r. ~ com e,e e ,e man&estaram sua adesuo e ablegria por se senrirde,dn cristdãos em ora não se posso e uzir af que sejam carólicos convie1os - demons1raram que não é comraditôrio o voto pelo socialismo e a recepção maciço ao Popa. " É hora de reflexão para tontas Mos não admito que o voto 110 pessoas responsdveis 110 Igreja. as quais PSOE equivalha a um voto pelo aborconcribuiram paro criar a situação que to. Tenho o tesiemunho de pessoas, ora se condena. Situação que. segundo crentes e não cren1es. que afirmam l ( r .re declara. mina os fundamentos de votado no PSOE e consideram o obor-: toda a ordem moral e da sociedade: 10 uma monstruosidade" ("Y·a.. e .. EI não sô pelo aborto, mas por todo o País", 20-2-83). contexto de ataque brut I à família, de Mons. Alberto lniesta, Bispo Auxierosão sistemdtica e ofic /mente/avo- liar de Madrid. admite como certo o recida do sentido crisr da vida, de voto de muitos católicos nos candid.!• corrupfão de criança jovens. .... tos do PSOE: "Se dez milhões vota· Esses males não 1 imprevisiram no PSOE. outros dez pelo menos veis, uma vez que seu romotores Já disseram S1M ao Papa. Mas nem aos pa,rocinavam e anú · vam abena- queles nem estes es1amos muito segumence hd anos. \ ,os de que subscreveriam um clteque Ficou dito que pe aivesponsá- em branco nem ao PSOE nem à Igreja veis na lgrt')d.• en1re a.J /J'{_Stores e em 1odos os seus PROGRAMAS, Sem con .. prelados ontribuiran ora tJ/pntar a sidera~er.»:m.!:!_itos casos. tratavadrvor ais fr•II Comu? Com se dos smo.s clilàdãos" ("EI Pais", riJi ios e neu1,oli- 18-1-8 • s. c:lim e!Jl,,a~ eO róJ>.rfo Preaidcn do governo, quívocos. e ~~ çl/üot/n'..'l.tos,-cd'ft1 FelipfonúlC'Z, dccl~que seu parrespostas le i401t6, ifes- tido r bou, nas illtima, eleições, 3,5 tações de s ~ PIJà ração milhõ de votos "de presente'', "prodos•catôlic ' ')l&i N-P,Ot/t étlt r que vavel te po1tme,-não tiniram outra algumas de 'Ó~'M~/!l?rodur1:f].~ que O.$ OJ:Plliesse" ("lnformaciozom nova,i~ a tm1111m ailijica de M• l17~2-83~ Sobre a proveniência quem leva 9_S efei d - 11oto,.s 'r!e presente", os depoitos, depois l1r. ltllff#l!tado'os cau mcn~í acima citados são bastante clusos. Estam dlanu d, iin,'/dmen cidai1vo "'. de levionfi li! ""1JIRlltli!uN cujas ão secd~pcrder de vista que conseqüf11 dimôlltll $/ló 1111 · lc11/d· cn do pró~rio SOE os cristãos veis" ("El cúar", 26-2-83), slo nu erosos, co le registra com Tamb~ produziu 11111 etol recon- lodll a nàturalidadc: "h/jpe Gonzdlez fortante '\\ 1u~ci01& e · C1Jg6rici1 foi taxalivo ao dizer que'>lão se devia declaração de HcrmiJ!d.ad Sal!erdotil sacr,a/lzar a doutrina dt o qual, Espanola qual clusilk:a o atio:fiodo em todo caso, repruthtou a contri· "assassinato" e "lna(onça dt lill11:drta'' bulc4o para o acervo dt to a a humo• lament'll ""' flilírflll(tS con1rddlç6t_s nld'ade, e n6o síJ paro o eia/ismo. de certosj'IOWl?lfllllú (/114 dlilO/I ti, Átuolme111e, este l?'°iblema nfo se põe terem lutado ardenttm,nte p;i/â abó/1· no PS0,E, porqµc n1~ 1/<Jt!;tem pacição do ptna dt TJI01/I para 0.1 (U$(U' flcamtnte i>,asoas qu defendem sinos, agár,a aca,lkmt de attltar 'dd/010 Mtirx, por.Em ·nffl ? conqecem~ com a pena de mor.i e pql'4 os u.m outro, tjue o CO'J.hé«m nu,s 1100 de!"Ois inoc'e11fu, ilibe t fndt/mn}f.,t:fr. fondtm com tant'i ar@r, #,ps teorias, "Fuerza Núevarf 2 de fevereiro 12 crut6os que yáer. '7fiodificar a de março de 983, p. 24-2~, socltdodt, mall por, cristianismo 1 que ,ob uma M va marxista" (4) Ao comenta noticiai corrente (l'lnformaciones 1 .:t; 3). nos meios pollticos, de c\íte~o PSO'B O Bispo de Oefo11&1 Mons. Jaime imporá a disciplina partidária /,a V'.Ota• CalJlprodõn, em e&$ berta aos Sação do aborto, o 'órgão oíi«ioso do cerdotee de sua Dioce(e, também se Episcopado "Ya" comenta: "O resMI• com])raz,em w i i que "atualmente 10, tão decantado e incensado, à lib;e,,. lid crlst6os em I d;,ós partidos, fato dode de consciincia. que os !!deres que r,llo se da,, anos atrás", e que socialistas proclamavam antes dos elel· ''multÔs crfs16os vptaram pela mudanções para tranqüilizar o voto de alguns f!', ~ a)çu,u o flztram por motivações catôlicos. vai ficar, com<> prevlamo'SI Cl'llt&".l ~nclw ,Mons. Camprodón: em dguas de barre/a. E até em algo "NIÍo póflemo.t cllçunscrever a Igreja a pior. Os milhões de eleírores catôliêos detí rminodo setor]politico, como se fez que deram seu sim ao socialismo. e qut em'loutros /tmt?OS" ("Ya", 9-1-83). assim lhe permitiram conseguir a ano,: mal maioria hegemónica de que ho].t (I_ (5) Po,uco aittes da revolução repudesfruta, terão também a lament~fel bJicana do s6çul<lpassado, quando era eficdcia de encadear o voto dos de().u· C9nfesso~ da R~nha, Santo Antonio todos catôlicos que hd 110 PSOE. <) lei Maria Clamconlieceu o socialismo na que institut a permissividade do a6or• ,t;hdaluzi'\J e o cóndenou em termos 10" ("Ya", 30-1 -83). calegóricl!s, E!D duas rêvelações proféTambém o presidente da Confere'!,,-. 1it'as, San;o1'A'ntol)io Maria Claret viu eia Episcopal Esj>anhola, Mons. Gabi- qµ~ os "lales que se abateriam sobre a no Olaz Merchán, Arcebispo de Oje-' Es11anha 1seriam ajdescristiani,.ação, a do, re09nhecc q11e milhões de católi~s p..tdclam,a~o ~a ~epública e o comuvotaram no PS©.)ê, não vendo porlm nismo (Cfr. St-N ANTosio MARIA CLA· nísso uma 1raicil'q à consciência crisl,: Escritos autobiográficos y espiri"Houve mÚifos cotôlicos que vo.ta- tuoles, ".,11.<!:., ~drid, 1959, pp. 381, ram·no PSOE, isto não signifl.aa 4, 39 393).

em to dos os Iugares, para que cesse quanto an,cs a clamorosa injustiça da matanca dos inocentes. Felizmente não faltou, nas fileiras do Episcopado, quem assumisse uma corajosa posição de enfrentamento ao aborto. Entre os que assim procederam. entusiasmou a opinião p\Jblica. recebendo gerais aplausos, Mons. Guerra Campos, Bispo de Cuenca, que no dia 28 de janeiro divulgou uma vigorosa Instrução alcnando autori· dades e fiéis para suas responsabilida.. des face ao problema:

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e) Diante desse quadro, que a displicência abobada do homem moderno considera mais ou menos normal, mas que a posteridade não hesitará em qualificar de dantesco, a TFP tentou ainda alertar a opinião pública, e mais especialmente os setores católicos propensos ao voto suicida em favor do socialismo. Para tanto, interpelou, na referida Carta aberta na qual previu o que haveria de $Uceder. o próprio PSOE acerca da fragilidade das ilusões com que ele adormecia esses setores católicos, trabalhados a fundo por imponderáveis , artimanhas da guerra psicológica revoluciontiria, na qual Moscou é mestra. A alternativa se punha clara. Se o PSOE respondesse à Carw Aberu,, daí nasceria uma polêmica na qual a TFP, tendo em punho a documentação editada pelo próprio Panido, facilmente esclareceria ainda mais o público. A não agir assim, não restava ao PSOE senão calar. Is10 é, confessar pelo silêncio o falso de sua posiç.ã o. Caminho este pelo qual optou significativamente o PSOE, Um ou outro res ultado da Carta aberta contribuiria para !ornar absolutamente evidente, a quem quisesse abrir os olhos, o que antes disso já era fácil perceber. Ou seja, que a vitória eleitoral do PSOE signi(icaria para a Espanha católica um perigo não menor do que o trazido pelas hordas maometanas que no longínquo século VIII lrnnspuseram o estreito de Gibraltar. Alcançado tal êxito. aos invasores só restava avançar contra a Espanha visigótica tolamente otimista, adormecida e dirigida por homens -cuja mentalidade e cuja polilica bem podiam simbolizar-se na mentalidade e na política entreguista do e nigmá tico arcebispo Dom Opas . Mas há estados de alma q.ue nem sequer a evidência corrige. Venceu o PSOE com nolá vel concurso de votos católicos (4). Esta a conjunlura em que nos encontramos. tão-só há quatro meses depois de inauguradas as Cortes. E, assim, as previsões da TFP se confirmam, mas com tanta força e plenitude, que eis-nos chegados aos mais extremos bordos do precipício. Diante dessa situação, como alegrar-se com a previsão horrivelmente triunfante? Não. Não é para isto o momento atual.

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Ili. Oração e penitência Diante do perigo, a a1i1ude do católico não é o pânico. E se lhe vêm as lágrimas, estas não são as do desespero estéril, mas as da fé. Lágrimas e apreensão que convidam antes de tudo à oração. Em nosso Pais. tantas são as igrejas monumentais como as catedrais, ou encaniadoras certas matrizes de aldeia, passando por todas as gamas intermediárias. E, ao mesmo lempo, é e le povoado por uma imensa maioria católica. A TFP se acerca aqui, reverente, da Sagrada Hierarquia, à qual suplica que ponha tão amplo povo a encher ião numerosas igrejas. Promova ela, noite e dia, uma cru1.ada de orações com o Santíssimo exposto, de sorte que ante Ele e as imagens da Virgem Santíssima se erga sem fim a súplica aíli1a, a rdente, confiante, e por isso mesmo desde já vitoriosa, ante o trono de Deus. Súplica , sim, de que seja afastado da Espanha o perigo abortisla. Melhor do que ninguém, sabem os Srs. Bispos, nossos pastores e mestres, o valor da prece cristã. Melhor do que ninguém sabem e les que todo o heroísmo de nossos oito séculos de Reconquista não teria culminado em vitória cabal da Fé, se não fosse o concurso incessante da prece e de sua nobre irmã, a penitência. Que, sem uma e outra, vã teria sido a resistência indomável da nação espanhola contra as tropas de um déspota ante o qual se curvara a Europa inteira: Napole.ã o Bonapar-

te, o disseminador dos erros da Revolução Francesa. Que igualmente vão haveria sido o nobre e heróico impulso do Alzamiento, o qua l libertou a Espanha do jugo do comunismo, filho genuíno da mesma Revolução. Reconhecido seja o mérito de tantos e tão abnegados heróis. de cuja memória se ufana a Espanha cristã. Mas. reconhecida seja sob retudo a importância · da ajuda de D~us, de sua Mãe Santíssima e de toda a Corte celeste. Assim, neste apelo à ação, não poderia faltar um apelo à penitência e à oração. Suplicamos aos Srs. Bispos da Espanha que tornem presentes aos fiéis, que a vitória da legislação socialista cm matéria de aborto, ·c omo nos outros lemas regidos pelo VI e IX Mandamentos, poderá renovar cm 1983 - nestas terras em que tantos viveram e lutaram pela oraç;io, pela morti(icação, pelo estudo e pela palavra - uma nova Cruci{ixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Oh quanto agrada imaginar o que sentiria, diria e faria, nesta conjuntura, o grande coração de missionário de um Santo Antonio Maria Clarcl (5). Enchei, Srs. Bispos. nós Vos pedimos, enchei de missionários ardorosos as vias da Espanha, conclamando os povos para os grandes e decisivos prélios da oração, da penitência e da ação. Se em uma ocasião como cs1a. !ai não se fizesse. quando mais se faria?

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.li. Perspectivas,de· fú,uro

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Uma ve1. vencedor o PSOE, a ele também - como à moraima de outrora - não restaria senão avançar. Se todavia não reagissem , com toda a força de impacto, os que ocupam os al1os escalões da Conferência Episcopal espanhola, bem como os postos de direção dos movi- Massacre dos inocentes. Fra Angélico (séc. XV). Muteu de Slo Marcos. Florença mentos de reação pública, contra o projeto de lei do aborto. Não há lugar para dúvida. A atitude das Cortes, do Governo e até mesmo ' IV. maJançll dos,1110:centes e a tlifala dos esquerdistas do Monarca será condicionada não só pela amplitude como pelo calor dessa salutar reação. Pouco adiantará à Espanha o protesto de granNada mais compreensível do que das vítimas inocentes, surpreendidas des multidões tristonhas e placida- tal reação dos católicos espanhóis pelo assassinato no claustro materno. mente silenciosas, cuja passividade ante a programada matança dos inoNão cairemos em 1al aberração pode dar aos abortistas a esperança centes. nós, católicos, que para execrar o de que até mesmo os setores mais Em nosso século que se ufana de aborto voluntário, teinos motivos católicos acabarão por "absorver" a . um igualitarismo absoluto e inílexí- dos mais graves? lei abortisla que a maioria parla- vel, não há ato de injustiça ... ou de Há pior. Essa matança é, em mentar socialista imponha ao País. justiça praticado contra esquerdis- cada caso concreto, o mais das vezes Como as manifestações frenéticas de tas, ainda que radicais na ordem do friamente conluiada entre pai e mãe, minorias inexpressivas também não pensamento, e terroristas ·na ordem e reali1.ada com a cumplicidade hilhe adiantariam. ·Pois pela sua pró- da ação, que não ocasione a erupção perespecializada da ciência. E isto a pria pequenez deixariam patente que em cadeia, de protestos -indignados ponto de que, "despenalizado" o aa grande maioria da nação não esta- do humanitarismo laico universal. borto, a interrupção técnica da gesria em desacordo com as inovações Instituições internacionais do máis tação será uma especialidade profissocialistas. alto calibre, governos, personalida- sional que dentro de algum tempo Se se quiser real e seriamente des das mais celebradas pela Propa- não causará mais horror. Ou seja, recuperar o terreno que a catástrofe ganda , programas torrenciais de rá- será tida por normal a matança de eleitoral do dia 28 de outubro fez dio e televisão, vozerio de imprensa, inocentes. perder à Espanha católica, é preciso manifestações de massa, tudo se moMas isto tudo, por péssimo que somar ao número o calor. biliza. E a esta mobilização acodem seja, ainda não será o pior. O crime Por ar passa o caminho da vitó- também vozes eclesiásticas sõfregas nefando de assassinato de inocentes, ria. Tudo quanto não seja isto im- de aplaudir sempre o que todos a- em muitíssimos casos não rouba às porta na aceitação da polltica de plaudem, e em obter para si um suas vítimas apenas a vida terrena. Dom Opas, e na rejeição do espírito quinhão de popularidade "mo- mas também a bem-aventurança eterna, já que, com grande freqüênheróico e cristão do Cid Campea- dernan. dor. Desse espírito tão coidêntico à Entretanto, todo esse humanita- cia, os abortados expiram antes de própria Espanha que, perdido ele, rismo parece emudecer - oh pas- ter recebido o Sacramento do Banossa nação deixaria de ser. mo! - quando se trata da proteção tismo.

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CATOLI CISMO -

Abril de 1983


Objetará alguém que todas essas considerações têm fundamento desde que se pressuponha que o aborto constitui um crime contra a vida

humana. uma grave transgressão do V Mandamento: "Não matarás". Mas que designação tão severa parece excessiva. cm se tratando da intcrrupç,ã o da vida de um ente humano

ainda

incompletamente

· constituído. Uma refutação a ta l argumentação teria cabida se o presente Ape· lo. além de ser dirigid o ao venerando Episcopado nacional e li opinião católica, se dirigisse também aos setores. minoritários é verdade. nos quais impera m o indiferentismo, o laicismo o u o ateísmo. Tal poré,m não é o caso aqui. Para o leitor cató lico bastará lembrar que cm todos os tempos os documentos pontifícios concernentes ao assunto verberaram severamente o aborto (6). Crimi nosos. sim, respons,,veis por "operações m orríferas'': a pa..

lavra íluiu da pena autorizada de Pio XI (cfr. nota 6). Católicos não podem. pois, a rg uir de exagerado o qua li íicativo aqui dado aos que praticam o aborto.

V. Apelo especial ã opinião católica: por que? É o momcmo de descrever aq ui as circunshi ncias que levaram ti TFP a dar ao presente doeu mcnto. não o caráter de um apelo a toda a opinião pública. mas tão-só ,, .opinião católica do Pais, desde os seus mais altos até seus ma is modestos integrantes. Ê que este Apelo visa tão-só ser uma voz dentro do conjunto de vozes q ue se vêm pronuncia ndo contra o aborto. Uma compo11e11te desta realidade mais ampla que é o movimento antiabortista visto em seu conjunto. A ta l movimento cabe mobi lizar contra o aborto cada parcela da opi nião naciona l. E, poi s, ateus in· clusivc. A esse esforço antiabortista global compete alertar os desate ntos. esclarecer os que duvidam e persuadir os q ue con testam. O presente Apelo tem um objc1ivo rnuito n1ais circunscrito. Volta ..

se ele especificamente para a opinião católica, com o intu ito de lhe oferecer. com todo o apreço e com cri_stão afeto, a lgumas rcílexões próprias ao momento.

VI. A participação dos católicos na catástrofe· Como já foi d it o (cfr. ite m 1), e como os fatos tornam clamorosamente patente. a vitória do PSO E constitu i para os ca tó licos uma ca ..

tástrofc debaixo de cujo peso gcmcn10s.

Conviva-se com eles cândida e dcsprcvinidamcnte nas a tividades de toda ordem. desde o ballet até a produção· industrial. Sobre tud o, nunca dos nuncas se polemize com e les. A era das polêmicas cessou. A do diálogo se abriu. E por diálogo se entenda um estilo de relações que comporta, d o lado não-com unista, todas as ingenuidades, todos os ma labarismos verbais, os pequenos e por fim os grandes Fa to tão supremamente anômafalsea mentos doutrinários (7). lo precisa ser explicado e removido Acrescente-se a tudo isso a infacm s uas ca usas. Pois do contrário. estas poderão pesar de modo igual- tigável e cada ve>. mais notória colaméntc desfavorável na conduta dos ,boração econômica do capita lismo católicos dura nte a campanha anti- ocidental com a Rússia soviética e as nações satélites. com a C hina e com abortista. Mais precisamente. o mesmo fa. quantos enclaves mais ou menos vetor que nos levou à catástrofe nos lados o comunismo tem pelo munimpedin\ de sair dela. Não espanta . do: c explicado rica como, ao ca bo Pois. por mais justo que seja o em- de quarenta anos, isso que se chapenho dos múltiplos dirigentes da mou de inicio política da mão escampanha antiabortista em interes- tend ida, depois de rrubada das barreiras ideológicas e. por fim, Ostsar no esforço geral as mais varia~ politik e déte11te, levou o mundo das correntes de opinião, é bem claro que a "força de impacto" do intei ro a um estado de terror diante movimento antiabortista é a opinião do perigo comunista , a tal ponto que católica. E se débil for essa força. personagens sérios sob outros ponfraco também será esse impacto. Ou tos de vista chegam a pleitear hoje ... seja. a campa nha antiabortista corre o desarmamento nuclear unilateral grave risco de não produzir toda a do Ocidente. Ou seja. a capitulação impressão necessária para a lcançar a vergonhosa do Ocidente diante do 111olocl1 vermelho! Esta "onda" mais vitória. Tal observação impõe a pergun- recente do pacifismo é o fruto mais ta: qual foi o fator dctcrminr, ntc da caractcrlstico da tática q ue aqui vem cond uta dos cató licos que votaram sendo descrita. De tanto agradar a fera, estamos começando a capitular cm prol do socia lismo? totalmente diante dela. Como se vê, a fo rça motriz de toda essa ga lopada de erros tem sido VII. Estado de esplrito um estado de espírito: o do homem ocidenta l obscd ado pelo pânico de nova g uerra, e propenso a a brir-se a Um louvável d esejo de preservar todas as ilusões. contanto que possa o gênero humano de nova guerra continuar alegremente o l11dus de mundial levou numerosíssimos ho- seu viver farto, seguro e despreomens de Estado contemporâ neos a cupado. promover, já cm Yalta, uma políTal estado de espírito contagiou tica "distc nsionista" cm relação à também os meios especificamente Rússia. Política essa a que o impé- religiosos, levando-os a ate nuar surio comunista~ continuamente assen· cessivamente a conduta da Santa te sobre as bases artificiais - e Igreja de Deus face ao comunismo. enquanto tais precárias - de uma Daí nasceu a política muito pecudi tadura feroz e o mnimoda. e devas- liar do Concilio Vaticano li, o qual tado por crises econômicas cada vez omitiu qualquer condenação explimais graves . •deve paradoxalrnentc cita ao maior adversário da Igreja sua triun fa l expansão ao longo das em nossos dias. isto é. o comunisquatro décadas deste pós-guerra. mo. Uma mensagem de 450 Padres Essa política consiste fundamen- Conci liares de 86 países pedindo a talmente numa concepção dos ho- condenação do comunismo não foi mens e das coisas. da qua l está ex· submetida à apreciação da Magna cluida a idéia do mal. Segund o ela, Assembléia devido a um até hoje d ir-se-ia que os homens (pelo me- pouco esclarecido "farol vermelho" nos os de esquerda) são concebidos na secretaria da Comissão Conciliar sem pecado original. E que. por- responsáve l pela preparação do estanto , se os de esquerda estão pron- quema sobre a Igreja no mundo tos a agred ir. tal se deve essencial- moderno (8). E a "Igreja Ortodoxa mente a que seus adversários de Russa", mera repartição eclesiástica centro e de direita não têm sa bido ao serviço dos senhores do Kremlin, tratá-los adequadamente. fôra convidada, já antes do ConciA cada exigência dos de esq uer- lio, a enviar "observadores·• a este da corresponda -se com uma atitude último. E. segundo consta, tais o bde "compreensão". de s impatia e de servadores "vetara m" a aprovação confiança. Façam-se-lhes conces- de qualq uer documento como o da sões. Não se lhes manifeste o menor sa lutar mensagem (9). temor. Em conseqüência, abram-scA po lítica de Paulo VI face ao lhcs nossas fronteiras, franqueicm- governo soviético tinha aliás evidensc-lhcs os nossos a mbientes religio- te correlação com o pacifismo de sos. cu.l turais. científicos. políticos, pós-guerra. E por isso mereceu chapublicitários e até militares. mar-se "Ostpolitik" vaticana (10). Tal catástrofe se deveu - sempre segu ndo já lembrado (cfr. nota 4) - à colaboração ampla de votos católicos. Ê o q uc se depreende, por exemplo, da anál ise dos resultados eleitorais das zonas mais marcada .. mente católicas do País. A importância da colaboração católica para a vitória socialista, transparece inclusive de uma declaração de Felipe González (cfr. nota 3).

(6)Para não citar senão Papas deste século. e tendo em vista as naturais

limitações de espaço de ·um documento como o presente. serão citados aqui -

dentre muitos - apenas um texto de Pio XI e outro de Pio XII.

Na Encíclica Costi Conubii, de 3 l de dezembro de 1930, ensina Pio XI: '' Devemos recordar aind{I, Veneráveis Irmãos. outro gravíssimo delito pelo qual se t1te111a contra a vida <la prole. escondida 1Jinda no seio materno. Uns julgam que isso é p ermitido e dei.wulo ao beneplácito da mãe e do pai. Outros. 1odavia, consideram•110 ilíci10. a não ser que haja g rovissimns causas (Jue chamam tNô tCACÃO médica, social, e11gê11ica. Todos estes exigem que. 110 que se refere às leis f)t11ais do Estado, pelas quais é proibida a m orte da prole gerada mos ainda não nascida, <ts leis púbHca.r reconheçam e declarem Hvreje qualquer castigo a t NOtCACÃO que · reconizarn e que wu entendem ser , ta e owros entendem ser outro. E 01 não falta quem peça

que as a,,rorid/1,iit fJIÍó/icas {)restem o seu au:dlio nes/qs operações mortíferas. que, ó dorV) 1 todos sabem quão

freqiie111issimaml nte st• fazem em <:er· tos lug ares. .... 1, Mas qul! ,.:av!a·potlerá j anwis bas.. tar para desculp/i\\ de algum modo 11 m orte dire1a d o ·11ocenrc? Porque é desta que aqui se rata. Quer a m orte seja infligida à mãe, (/uer ao filho. é contra o preceito Oé Deus e a v,9 ~d

.,,,rf,.

nawreza: 'NÃO R' (C.<..if{!f3'. "é'f. Decr. Santo Ofício, 4,de·míilo ij98. i~ tli' j ulho 1895. JipnutiP. f(841 í'I' vif!/i duma e t19-dld[ é dro/.atf>. t:di.ra ,/gu'li/· me11!l}sogâi<l9, qlJ,e. ningl,(ém, nem m ésmo a po'dei.!Jfúblifó, tet'dJtima/$ o diri'ito <le destr'llf,í"',@loçiriõa IPontifícia -. Oocumcnt s ! cialcs, •B,}5,C., Madrtd. 1964. vol. (, , ~-· cd.1 pp. S78-S79). Pio XII não e mei o ,v.'ecllt'cnte ;na

condenação do abort9.~Oi~çpt,sya Alocução de 29 de outubro dc'<l,9Slj s parteír.as: "Alem d,~10\ to do s~r /1!,uJir no. me mesmo ,, uumç!f no ~-e,o d,, Sl,q miíe, recebe o tlire,ro '{ }!itlll lmediafl,.. mente de Deus. e 11ãor_os pais ou de alguma sodedade ou 'Qutoridotle hu•

mana. Porramo. não l(f!. ,,en/,um /,o. mem. nen/11111111 m,ton"l/ade humana, nenhuma dênda. mmlulma ·tndictição' m édica. eugênfr:a. socia), econc>mica. m oral, que possa exibir ºi' conferir um tllu/o jurídfr:o váHdo para,, dispor tiireta e deliberodamenu• de u>pa vida /,u. mana inocentl!, isto é. f)álo d ispor dl!lo em mira à suo destruiç'to e,whrada

quer como fim, quer

,·omb meio paro

obter um fim que tol\tez eftt si mesmo absoluwmente não seja Uegltimo. As· stm, por exemplo. 'salvar o ~f'dt1 ,le uma mãe I um fim nobllísslm o~inas a supressão direta do filho c01;fo m elo de oluer esse fim não é pe']i(ti(/(1. A

des1ruição direta de uma prdfl,nsa vida 'sem w,lor·. nascida ou ainda hão nas· ddll. destruição essa pratico"li. há a/.

guns anos. em larga <•-scala. '1-.~ /ormr, algu~na pode ju,~riftca~-se. .... ,1 'i)lida <le um m ocente é m1a11g 1vel. e rorló aten• todo direto o u agressão comrd!,r/a viola uma tias leis fundamentais sem as tJuois não é p ossível a vida e, 1\seguran('a 110 sociedade. N,io pret~samos

e.~·por-,:os pornumorizodomem<\'â sig-

nificartio e o ol<,:ance. na vos.~:f&.'f/Jrofts.'uio. dessa /eifimdamenral. ~ 11,io vos esquerais de que acima de ,~ a lei

humana e ,,cima de toda 'irulrpJ\ ão' ergue-se. itulefectível. a lei d e W';'eµs" ( Discorsi e Rodiomes., aggi di §;u~ tità Pio XII, vol. XIII, p. 33,6)',!_\ \

tcm-

També_m o Magistério c<ipcili\f\ e

pós-conc,har. no qual cercas C(>n:t,ntc católicas afirmam a existênci.a\de clis

te. e até se chegc, a /aâlitar os m eios o u serviços. privados ou públicos. p ara tlestruir vidas lumranas indefesos? Ca• rôs esposos! Cristo vos confio u ao seu Espírito. para que não esqueçais suas palavras. Neste sen1i(/o. suas palavras silo muito sérias: ..Ai (i(lquele tiue es· candalizar li um destes pequeninos!... Seus anjos no céu contemplam semp re a fat·e do Pai". Ele <1uis ser reconhe· cido pela p rimeira ,•ez por um menino que vivia ain(/a no ventre de su(1 Mãe, um menino qde se alegrou e sa/1ou de gozo ante sua p resença" (E/ proye,·10 cristiano para la vida /mnilitlf - Ho· mi/la durante la Misa para las fami/ia,r cristianas. in Juan Pab/o 11 en Espam1 - Te.tio completo de to dos los dis·

,,ursos, 8.A.C., Madrid, 1982. p. 54). Por fim, tanto o Código de Direito Canônico de 1917. como o que acaba de ser prolnulgado cominam a pena de excomunhão latae se11te111iae para "o,r que procur(lm fJ abor10. qu(mdo <> efeito se segue" (respectivamente câno-

nes 2350 e 1398). (7) Sobre e.te tema leia-se o exce-

lente estudo do PROF. Pt.rNtO Co••EA 0 1; Ól.l\'EIR.A, Tr{Jt1SbfJrdo id,.,ológico i· tlt!olôgko inadver1ido ,. ditílogo. Edilorfal

C. 1.0. Madrid. 1971. 79 pp. (8) Cfr. PE. RA1.r11 M. W11.TGEN S. Vl..!E).Yf7te Rhinejlows ;,uo rhe Tlbt•r - A

flf<Íory of Va1irt111 li. Augustine Publi$hing Company. Oevon. 1978. pp. 272/ 278. A Constituição Pastoral Gaudium ~ Spes se limitou :1 inclusão de uma fil! a. no pontô em que se refere ao ate!tno. remetendo a documentos tle io XI, Pio XII, João XXII! e P3 o VI nos quais. encrc outros erros. é;,io~enado tambtm o comunismo. Seguó~a norma própria a codas as ~ ità'ê es os documentos em referência s-oqt!te s o aduzidos enquanto corro1\!>r~ff\ a ~ pro.~~ção ao ateísmo. Assun, 'I 6<iuitJo,;,.°'7ei Spes parece cir~un~cre:yer sua êo99,tnação exp1ícita ao ·atefs11(0 ~ 1111111/s!t/ ' Jl.css~ltc-se. ~liás, guc a Ga11di11m t SR,'/;; é*l~füi cu~tl'i/dosá'mcntc de emprega"r a palai(.ra CC,IJV\/lit,no. quer no tex to, Qu~ na JkOta. ~ r~(çr~ncia ao comunismo~ fcjta: P,O;tl: citétl,nlóquios: "20. .... É!)frl! as Jo.rfiràs dt ateísmo

nãll diJy~"i(e,:_ e!Úecfd" ,,qm·· la que espera d't/ib.erlaç ilo h omem, pri11cipalme11 f~ ~S,1(1 i erroçào econó1uic·a '1 ,'io,·iài. ~'lste,,r/r q'l,~ 'h reli·

lrodier,w

giâQ. p or suo nature~a. impede es1a libertação. ti medid11 que. estimuhm<lo o esperançll do homem numa quimérica vida fuwro. o ofasu,rill da cons· trução tia dtlade ll'rrt•s1re. Os p artidd· rios desta doutrina. o nde chegam ao governo da coisa pública. perseguem com "eemência a religião, servindo·.,·e na difusiio do m eísmo, .tobrerudo 110 educação do j uw?tu,#de. dvs meios di• pressão ao a/(-once do poder 1híblico.

21. [ Atit11dc da Igreja ont< o ,teis, mo.] "Fiel ,,uer a Deu,f e quer aos homens, a Igreja nãc pode dei.\·llr de reprovar dolorosamente. ,·om ioda a firmeza. como reprovou até agora (noto 16). aquelas doutri11as ,e a,ividades pernitifJsas que contradizem ti razão e i, experiê11cia humana rmiversa/ e privt1m o lwme111 d<~ sua g randeza inata"

(Goudium e, Spi'S, n.•s 20 e 21). A nota J6 do documento conciliar remete. sem maiores especificações, às Encíclicas Divint' Redemptoris de Pio XI , Ad Apo.rtolorum J'rim:ipis de Pio

XII, Maier et ,\1agistro de João XXII! e Ecdesiam Suam de Paulo VI. (9) Cfr. UussF. F1.0•11>• S.J .. Mosc~ et le Vatiran - Les dissidents si>vlé1i,1ues fiice ou dialogue. Í;ditions

sonâncias em rclaç;1o ao Magis1~l i1 'rancc-Empire, Paris. pp. 147- 148. Apré-conciliar tradicional, não tó)cfoli 1_i~.:9s bons historiadores e canoentrctanto, qualquer discrcpânc~es . nist~ indignam com o direito de ta materia. veto que os chefes das grande. moA Constituição P~~t,!l'a l Gil ~Jl'>,r ar'qu,as ~ tólicas da Europa exerciam et Spe.r, do Concilio vi ticanoi.'.l.11 ~u~11,<l~.,.\l.bs conclaves p;ira eleição dos firma claramente que "o o/JÓ~t( ~qm <N1tlftêesz8manos. E assim não pou" infm11iddio são crimes neJ011 ~ pàrit censu~~s. ali{,s justas, a Francisco (n.• 51). / ~ Jo~il$i'ãdor da Áustria, por haver 1 Não é ou,tr_o o ensinamento d; J.o~o vétbd -~ição do Cardeal Ri,mpolla Paulo li. min,strado quando da VIStta co~ sucessor de Leão XII 1. São J',o ao nosso Pais: ' 'lrimiu muito oportunamente tal 1 • Há ou1ro ospecw. oinclo ma grtJ• ~ ito de veto. ve e /wulomemol, que se refe .e , IJ I" Muito mais grave do que esse veto, amor conjugal com() fonte da ~,iJa ~·o objeto imediato foram pessoas e [lllo do respeiro absô luto à vi b o doutrinas, foi o veto exercido pelo mana, que nenhuma pessoa o, insmlin, através dos ··meros" o bscrvarituição. privada ou pública. pode l)~cs da "Igreja Ortodoxa Russa'". norar. Por isso. quem negasse a tlefes $9.'t>;e o pronunciamento, de imediato e tia pessoa humana mais inocente i),càlculâvel alcance doutrinário~ que d ébil, a {Jessoo humana já conabi 452 Padres Conciliares haviam j ulgado mas ai11da não nascida, cometeria wm, cCcssário.

=--

íi,

gravíssima violação da ordem moro/. Nunt:a se pode legirimar a morre de um i11ocenre. O próprio fimd(1memo do sociedade /ifaria mina(lo. Que se,uido 1etia falar da dig11i·

---

. edifícios da esquina da Canera de San Jeronimo com a Puerta dei Sol figurem ao fundo. enql!anto a Na foto maior: belos

dade do homem.., de .ft!IIS direitos fun• damenrnis. se não se pro tege o inot.:en ..

( 10) Cfr. A político de tlis1e11são tio oricano com os gover>,os comwtistas - Para a TF P: o mitir-se? ou resistlr?.

.

documento em que as TFPs e enlida. .

campanha prossegue na praça. Na menor: Seis cooperadores de TFP·Covadonga proclamam slogans anti-abortistas.

CATOLICISMO -

Abril de 1983

3


De quanto foi dito, não é difícil tirar a grande conclusão. Se de um lado há vontade de se afirmar, de se expandir, de conquistar, e do outro só hâ vontade de se iludir, de se despreocupar, de ceder, forçosamente um lado acabará por eliminar o outro ... A tanto pode levar a ação de sapa dos estados de cspirito habil·mentc conduzida, a partir de Moscou, por meio da guerra psicológica revolucionária.

VIII. Doutrinas O homem é um animal racional. E, em conseqüência, sempre procurará justificativas doutrinárias mais ou menos bem articuladas, que lhe coonestem o modo de proceder(l 1). Não caberia nos limites naturais deste Apelo tratar de cada uma destas doutrinas. Basta referir as que se encontram mais difusas em vários setores do grande público. Segundo uma , por determinado fatalismo histórico, o mundo vem caminhando, de há muito - e caminhará cada vez mais - para a esquerda. Não adianta, pois, resistir hoje ao socialismo. O que contém, implícita, a afirmaç.'ío de que não adiantará amanhã resistir ao comunismo. Outra é a de que o mundo comunista tende, todo ele. para uma mitigação de suas doutrinas e formas específicas. O que, por sua vez, postula que o mundo ocidental faça o mesmo. Dessa reciproca perda de especialidades e de contornos dos dois mundos resultaria, de futuro, uma co11vergê11cia de filosofias e de regimes, de algum ponto ideal no caminho que os liga. Ou seja, uma ordem de coisas scmieomunista. A utopia autogestionâria socialista a· pregoada pelo atual governo francês seria talvez o modo concreto de

reali,.ar esse sonho. Sonho que aos inadvertidos pode apresentar-se como uma atenuação das metas de Marx, mas que os conhecedores da matéria bem sabem que constituiria pelo contrário, a efetivação da tran~ meta dele ( 12). Essas várias doutrinas errôneas parecem desfechar numa atitude que constitui matiz muito sintomático de várias manifestações antiabortistas. Este matiz é a quintessência mais carregada do pacifismo. Convém apontá-lo no seu efeito concreto.

IX. O fleugmâtlco mutismo das manifestações antlabortistas À vista da bofetada (outra pala-

vra não cabe) agora infligida pelo PSOE aos setores católicos que nele votaram -;- ou que declararam licito nele votar - a reação de certos antiabortistas não consiste em usar todos, absolutamente todos os meios lícitos para evitar a matança dos inocentes que ameaça começar na Espanha , dentro em breve, durando por tempo indeterminado - séculos talvez. Por certo esta preocupação está presente. Mas ela divide a atenção e o zelo dos seus mentores com outra preocupação inesperada: não contundir com os socialistas. Em outros termos, defender as vitimas da matança dos inocentes, sim. Mas, pari passu, evitar de causar qualquer trauma ideológico ou afetivo com os que trabalham por tal matança. Análoga postura seria manifestamente considerada inadmissivel se se tratasse de assassinos de crianças já nascidas. Por 11ue, então, considerála admissível em relação a nascituros?

mera peculiaridade extrínseca e aci-

dcnlal do PSOE, mas que. pelo contrário. o aborto fa, parte da ordêm de coisas ideal sonhada pelos socialistas. Assim se explica que a legalização do

des congêneres se declaram cm estado de resistincia face à "Ostpolitik" de Paulo VI. Publicada cm 73 jornais e revistas de onze paises, essa Decla·· aborto figure no programa e nas rcsoração não sofreu nenhuma contestação luções não só do PSOE como de oupor parte de qualquer autoridade reli- tros - e importantes - partidos sogiosa, ficando assim reconhecida im• cialistas. . plieitamente sua ortodoxia e conformiUma resolução do XI Congresso dade com as leis da Igreja. das Mulheres da Internacional SociaAs TFPs constituem uma fam!lia lis1a assim se exprime: "As Mui/teres de entidades profundamente pacUicas, tia lmernacional Socialista defendem não eorém concordes com o estado de

com todos os seus meios o progresso feito em diferentes países do mundo em relação às leis relativas à contracepção, aborto e divórcio"' ("Socialisl lntcrnational Women Bulletin", n. 0 1,

csplr1to e a polhica aqui ·chamadas pejorativamente de pacifistas, iniciadas em Yalta e que ainda em noss dias marca profundamente vários a ectos da vida inlernacional. 1981, P-14). Tal pacifismo penetrou, aturaiOut resolução do Congresso das mente, no assim chamado mo imen~o· ulhc da Internacional Socialista ecwnê1iico, o qual tend~ a ap ar ea 'l'anii ta solidariedade com as mulhev~, ma,s. no terreno rehg,oso a i:6- r~ d PSOE e "apoiam suo luta em tc1ras entrç a :vcrda~c e o err e- )'~or o ace livre e informado da o mal. SeJa isto d110 apen as· "7!!J,I/I ao '-qle de sua fertilidade. sagem C p~ra completar O Q d1ro,.r -o t; Q \l! iblfdatle de recorrer ao o ecumemsmo é extrmse o olunt ''Socialist Inter.. des1e Apelo. Onal W~11. . euin~, n.• 4-5, p.

(11) Diz PAUL BouRG lebre obra l.e démon c/1 nidi: "'Cumpre viver : omo se pens sol:> peno de. mo;s ced ou mais tar , acabar por pensar e mo se viveu (op. cit., Li-

brairie 375).

on., Paris,

14, vol. II. p.

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tle o abono não ser u

sobre os l:>re o foto e,o de resol·

ver os proble,nos dos excessos de nota• /idade. Assegura,..se-ão rigorosas co11dições c/(nicas quando o obor10 for

Não se deve deduzir daí que a agressão física ou moral contra a pessoa do abortista seja legítima. Este gênero de agressões só pode desservir a causa antiabortista, conferindo-lhe ares de ilegalidade, e dando p~e1exto a perseguições legais que servn1am P!}ra_ torná-la antipá·llca, e para restrmg1r, em consequência, sua indispensável liberdade de ação. Mas entre este eventual antiabortismo exacerbado e fanático e um antiabortismo sem sal, sem chama e sem vida - em uma palavra sem verdadeira e crisu1 'hispanidad~ - a distância é muito grande. E é entre estes dois extremos que corre a via do bom senso, o qual sabe inspirar as campanhas que o momento exige. Campanhas cujas manifestações públicas não se reduz.em apenas ao longo e melancólico desfile de multidões silenciosas, ou a quase só isto, mas que encontrem meios de se pronunciar digna e naturalmente, com fibra, nervo e impacto. Aliás, não é compreensível porque. nesta Espanha onde há liberdade para tudo e para todos, a tal ponto que o abortismo incrente à doutrina socialista ( 13) pudesse galgar o grau de influência que hoje desfruta, o antiabortismo devesse amordaçar-se a si próprio, reduzindo assim muito notavelmente suas possibilidades de êxito. Em outros termos, as manifestações antiabortistas constituídas por multidões às quais muito espanholamente agradaria proclamar e cantar suas convicções cm altas vozes, e explicar cavalheirescamente sua nobre inconformidade, recebem a diretriz de desfilar em um silêncio lívido e submisso. Tais técnicas presumivelmente im_pressi_ona~em outros povos, em cuias veias cir_culasse outro sangue, e CUJOS filhos tivessem visto a luz de um sol menos ardente. Entre nós elas servem para reunir os antiabortistas mais decididos. Mas nunca para mover cidades inteiras. Alguém objetará talvez que essa técnica do silêncio de nenhum modo visa evitar ecumenicamente a ruptu· ra do diálogo, e a inauguração da polêmica com os socialistas; mas que a inspira, isto sim, o receio de agressões físicas destes últimos contra os antiabortistas. A ser .isto verdade, seríamos obrigados a constatar que, sob o signo do socialismo, a Espanha democrática já se transformou numa ditadura. Na ditadura de um partido que reduziria ao silêncio os que dele discordam. E isto sob as vistas indolentes ou simpáticas de um gabinete emanado deste mesmo partido. Não, não é de crer que já tenhamos chegado tão longe. Serão outros os motivos do mutismo oficial da tática antiaboríista', Simplesmente nãll é possível à TFP entrevê-los então. E como ela milhões de espanhóis que, interroga~ dos a este respeito, nada saberiam responder. Sirva então o presente Apelo para que os dirigentes das atuais manifestações antiabortistas - dignos de simpatia e de aplauso em razão das concorridas manifestaç?es que começam cm apoio ao mov1!'1enlo - venham a público e expliquem a~ razões do modo de agir que preceituam.

realizado" (item 3.7.2.4).

Também o programa do Partido Trabalhis1a inglês - integrante da ln.onal Socialista - é favorável ao · amos que é neces.stfria grav,

habitu lação" 104).

e OJsegure o todas a.-: o de interromper o os /im,'tes de tempo rmitidos pela legis: Programme 1982, p.

Po seu turno, os dois Partidos Socialis as i1alianos - o PSI e o PSOJ - apoiaram a lei abortista I94 no referendo de 198 l. Também é favorável ao aborto o Partido Socialista francês (efr. PuNro CoitReA OE 01.1ve1RA, O sociaHsmo autogestiondrio: em vista tio comunismo,

barreira ou cabeça•tle-ponte?, Mensagem das 13 TFPs, Nola 20). Quanto ao PSOE, cfr. EJ socialismo espanol y la doctrina tradr'cional de

la lglesia - Carta abierta de la Societlatl Cultural Covatlonga ai PSOE,

"ABC', 22-10-82, item 1, 2.

4

X. A Indignação,

um dever moral

O "llamamiento" de TFP-Covadonga, pu· blicado no ABC, o maior diário modrilenho, apresenta umo fo. to da célebr!J imagem da Virgem "Macar&· na" de Sevilha

XI. Um ap61ogo Imaginemo-nos em pleno tempo de Herodes. Para matar o MeninoDeus. o execrável exterminio dos inocentes começou. Imediatamente a indignação popular começa a ferver. Mas um influente judeu se interpõe, receoso não só de que, em conseqüência de tal reação, fique abalada a autoridade constituída, como também os ânimos se acirrem e o vinco da discórdia divida irremediavelmente o país por muito tempo. Esse judeu interpõe então sua influência para minorar a reação popular. Em boa medida ele o obtém, e a matança prossegue. É compreensível que Herodes, o qual já começara a vacilar, se sinta menos coarctado para continuar sua atroz perseguição. Não é dificil admi1ir que esse apaziguador influente passe então a gozar, junto a ele, de crédito e simpatia. Que ele o convide para seus festins e o louve publicamente perante seus conterrâneos. Mas é impossível não perguntar o que diriam a Deus, acerca de tal uapaziguador", as vozes cândidas desses inocentes. Com este apólogo encerramos o presente Apelo.

XII. Vistas postas no futuro Não o faremos, entretanto, sem deitar um olhar sobre o futuro da Espanha. De que efeito será sobre o caráter dos espanhóis o mutismo inexplicado de tão justa campanha? Quem, cm presença de uma ação de admirável valor moral, a ama e admira menos do que merece, ou exprime em relação a ela um louvor menor do que lhe cabe, peca contra a justiça. E, ipso facto, deforma seu próprio feitio moral. . Quem, diante de.ato atrozmente censurável, o censurasse metlos do que merece, incorreria em análoga falta. E deformaria seu próprio feitio moral. Seria o caso, por exemplo, de um varão que, inspirado por razões "prudencia1s", assistisse um

Em suma, diante de uma proposta como a abortista, a indignação dentro da lei e da ordem não é só uma atitude licita para os cató· licos. Ela é a resultante forçosa de um verdadeiro imperativo moral, o fruto nobre e pulcro do zelo. Como seria diante do extermínio em massa, de recém-nascidos. Por que não haveremos nós, católicos, de fazer uso, contra o extermínio dos nascituros, de todas as indignações com que se exprimem (é o caso de mais uma vez o lembrar) os protestos humanitários contra violências cujas vitimas são esquerdistas? · Enfim, por que dois pesos e duas medidas?

estrangeiro arrancar do topo de um mastro a bandeira nacional e calcála aos pés, e encontrasse como expressão de sua inconformidade apenas um melancólico silêncio. Não convém induzir a análoga conduta o que há de mais sadio na opinião _pública espanhola. Nem dar este nocivo exemplo às gerações que estão se formando para a vida.

XIII. Sfipllca da TFP A fé inspira denodos bem diversos desse mutismo. A esperança incute antecipadas certezas de ajuda

de Nossa Senhora em prol dos denodos inspirados pela fé. A caridade, ou seja, o amor de Deus e amor do próximo por amor de Deus, leva a sacrifícios muito maiores do que simplesmente esses prudenciais silêncios. Que a fé, a esperança e a caridade movam a todos os denodos moralmente Ucitos e legalmente permitid os, o conhecido zelo da Espanha cristã: é o que pede em favor da civilização cristã - à qual é intrínseca a garantia do direito dos nascituros - a TFP. Esta última, entidade cívica de inspiração cristã destinada a defender, no plano temporal, a civilização nascida dos ensinamentos do Evangelho, assim dirige seu Apelo: - à ilustre Hierarquia eclesiástica, com a veneração filial que lhe deve; - aos dirige11tes da campanha antiabortista, com a c-0nsideração, a simpatia e o desejo de colaboração ao qual fazem jus; . - a todos e a cada um dos participante~ da cal]lpanha antiabortísta, para que considerem nossas alegações e, se a ela acederem, procedam galhardamente em conseqüência; - a todos os católicos espa· nhóis, para que se dediquem a fundo . à campanha antiabort1sta, em boa hora começada, e em cujo êxito pode se depositar toda esperança; - a todos os espanhóis, para que a trágica experiência da ofensiva pró-aborto desferida pelo PSOE lhes abra os olhos para a verdadeira índole e as metas reais do socialismo.

XIV. Abaixo-assinado pr6referendum: uma Iniciativa que entusiasma Este Apelo envolve, ainda , um apoio entusiasmado às beneméritas entidades que estão iniciando a coleta de assinaturas pró-referendum. Ainda mesmo na hipótese extrema de que o Governo, procedendo antidemocraticamente, recuse consultar o Pais sobre matéria de tão imensa monta, é preciso, é absolutamente preciso que um número esmagador de apoios ao abaixo-assinado prove ao mundo que a Espanha não quer a lei que o socialismo lhe visa impor. Para as várias formas legitimas de manifestação de inconformidade

com a lei do aborto, a TFP, que de modo esp~íal já vai trabalhando na coleta de assinaturas, convoca todos os seus sócios, cooperadores e correspondentes em território espanhol. Este Apelo foi assinado na Sexta-feira Santa, no Cerro de los Angeles, diante da histórica imagem do Sagrado Coração de Jesus, ao qual a TFP confia o êxito da presente ini' ciativa.

Neste mesmo lugar, antes de assinar o documento, os signatários rezaram um Rosário pela grandeza e pela paz cristã da Espanha. Madrid, l.0 de abril de 1983.

CATOLICISMO -

Abríl de 1983


NTRE AS qualidades do povo alemão, figura a força de ânimo. Ao longo da História, ela manifestou-se através do espírito guerreiro, da disposição ao sacrifício, do desafio sereno ao perigo, da dedicação ao trabalho. Nas últimas eleições ao Bundestag (Parlamento Federal), essa força faiscou outra vez nos céus do país e foi atentamente notada em todos os recantos da Terra, especialmente pelos homens de responsabilidade. O fato ganha cm importância, porque nas semanas que precederam a 'abertura das urnas, a sombra do poder russo escuréceu a nação. Os socialistas prometiam uma política mais acomodatícia em relação a Moscou, aspiravam representar um ponto de encontro entre as posições dos blocos ocidental e oriental. Política de primos de ambos os lados. Os dirigentes do Cremlin sentiram as vantagens de tal posição, a ponto de multiplicar escandalosamente as interferências nos ,.negócios internos da Alemanha. Em claro desrespeito às leis e costumes do trato entre os povos, desejaram a todo custo provocar a vitória do SPD. De que maneira? Em última análise, ameaçando o eleitorado germânico com o holocausto atômico. A Rússia, vizinho poderoso, poderia arrasar o país, caso seus eleitores colocassem no poder um partido que se manifestava tão inequivocamente anti-soviético. Apesar da carranca ameaçadora dos vermelhos, o eleitorado fez ouvidos moucos às ameaças e infligiu pesada derrota aos socialistas. Este é o aspecto mais importante do pleito alemão de 6 de março. A disposição de resistir.

Ao lado, três a liados da coligaçlo conter· vedore: Strauss (CS~ UJ. Kohl (COUJ e Gensher (FDP). Embai,o,

E

Oendurecimento da resistência

-

Todo partido político é um conglomerado de tendências afins. A fortiori, as coligações. Quem ganhou as eleições alemãs foram três partidos: CDU. CSU, FDP (democrata-cristãos, social-cristãos e liberais). Dos três, o mais conservador é a CSU, agrupação bávara comandada pelo afirmativo Franz Josef Strauss, governador deste Estado.

na foto da esquerda: o

at ivista Trampert do Partido Ecologista ("\lerdes") defende a extinçlo doa impot-· tos. Na da direita: pare-oi ros do diálogo

CATOLICISMO -

Abri l de 1983

les-

te-oeste. Vogal. ocan• didato derrotado do SPO, e Andropov* pri· moiro ministro sovié-

tico.

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~

"Revolução e Contra-Revolução".

Ela foi a grande vitoriosa das eleições, obtendo 60% dos votos na Baviera. Ou seja, na coligação triunfante, ganhou mais quem era mais conservador. O fato teve imediata conseqUência na distribuição dos postos no gabinete. À CSU couberam cinco pastas. Antes das e leições este partido detinha quatro. O FDP perdeu uma, ficando com três. A da A~ri;ultura passou para os socialcnstaos. Estive na Alemanha em fins do ano passado. Era possível notar um ânimo resoluto nas pessoas, que contrastava com certo abatimento observado no resto da Europa. Presságio provável da disposição de enfrentar dificu ldades e desejo de afir-

O monge fez o hábito ...do queijo PARIS - Um dos orgulhos da i::rança são seus queijos. E é preciso reconhecer que são de fato extraordinários. Acessíveis a todos, variadíssimos em seus sabores (a França tem mais de 300 tipos de queijos e muitos entendidos falam de 360) pode-se a cada dia degustar um deles. í, bom variar mas, para quem q uiser prová-los todos, é pena não poder repetir os já conhecidos... · Semanas atrás, realizou-se no moderno centro de La Défense, cm ;Paris, uma exposição sobre o queiJO francês: "Hoje como onre,n. o queijo". Ali podia-se passar horas admirando os tipos de queijo, sua história, fabricação, suas regiões etc. Trata-se de uma deliciosa cultura, curiosíssima, tão cheia de subtis particularidades, que constitui um universo próprio. A respeito da história dos queijos, um ponto chamou-me ~- atenção nessa exposição. Eles foram fabricados e apreciados por homens das mais variadas épocas, até mesmo pelos frios e pragmáticos do século XX, porque na Idade Média, a partir de Carlos Magno, monges cenobitas, retirados : do mundo, imersos na oração e dedicados aos tranquilos afazeres do claustro, aprimoraram suas receitas e refinaram seus sabores. Muita paciência, muito cuidado e vontade firme de ofe·recer à Cristandade nascente um elevado valor culinário. Assim foram criados o "Camembert''• o ··Brisn• o "Münsterº•

Considerado o processo gradativo de decadência social, o ecologismo tem futuro. Os setores situados à esquerda dos social-democratas tenderão, com o tempo, a se deslocar deste partido e se juntar aos "verdes". O SPD csquerdiza seus aderentes e encaminha, como q uc automaticamente, sua parte mais extremada rumo a eles. A bandeira negra do anarquismo, pouco assimilável, foi incorporada à vida política alemã, sob outras formas e tonalidades, na estudada descontração "verde". O partido ecológico faz o "marketing" das idéias de dissolução total dá sociedade e do Estado, adaptando-as a um eleitorado insuficientemente preparado para elas, di luindo-as em fórmulas supostamente açucaradas. Uma das manifestações do fenômeno da 4. • Revolução, exposto no irrefutado e irrefutável estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira,

A região do Langu&doc na França distingue-se por ser grande produtora do famoso queijo tipo Roqusfort. Eugàne Paliés (foto), um tradicional provador de queijo, trabalhou 60 dos seus 76 anos nes adegas que armazenam o Ro· quefort a ser exportado para a América, Paris e Inglaterra.

o "Roquefort" e tantos outros. De preparação simples e nada dispendiosa, apreciados por nobres e ricos, acessíveis até aos camponeses - que aliás sempre foram seus fabricantes - o queijo tornou-se assim um hábito caracleristicamentc franc~s.

Caio V. Xavier da Silveira

mar com autonomia sua própria

personalidade, que depois se manifestaram nos resultados eleitorais. Fortuitamente conversei um pouco com uma senhora de mais de 60 anos durante uma viagem de trem. Estuantc de energia, tranqüila e segura, afirmou-me com seriedade que ela e o marido diminuiriam as férias anuais para estarem de volta à pequena cidade onde residem no dia 6 de marco. quando votariam contra os socialistas. Asseverou-me com convicção que desta vez era preciso derrotá-los para valer, pois o governo deles apresentava perigos. Suas esperanças tornaram-se realidade . .

Repercuss6es na Alemanha Oriental Talvez nenhum povo tenha tanta idéia de sua unidade como o alemão. Sem este sentimento, de fundas raizes metafísicas, teria sido impossível o trabalho - sobre o qual me abstenho de expressar um juízo aqui - de formação da Alemanha, como organismo político unificado, a partir daquela antiga e rica miríade de grandes, médios e pequenos Estados. Hoje ainda, o desejo de união permanece vivo naquela nação, lacerada por uma linha de fronteira artificial. Que repercussões terá havido na Alemanha Oriental, tiranizada pelos russos, quando seus habitantes tomaram conhecimento do desafio de seus irmãos de além-fronteira? Não é difícil conjeturar que suas melhores fibras se rejubilaram, tonificadas pela manifestação de inconformidade que conac,ionais deles acabavam de estadear diante de um mundo surpreso. · Nos últimos séculos a parte mais afirmativa da Alemanha foi a Prússia. Ali se exprimiu com mais gume seu espírito militar. Hoje, quase toda jaz anexada ao império comunista. Mas subjugar a alma de sua população é empresa mais árdua. É muito provável de que o domínio artificial e despótico do PC na Alemanha Oriental tenha ficado mais instável após as eleições do lado de cá.

A chegada dos "verdes" Viremos a página. Pela primeira vez, os ecologistas entraram no palco parlamentar da nação. De escassa representação regional, pularam para expressiva, embora minoritária, bancada no Parlamento Federal. Um acontecimento histórico.

O ecologismo é, em sua face política, uma projeção na vida pública da revoluçãO" da Sorbonnc de maio de 1968. Radicalização do socialismo, tingido de anarquismo. Não importa que seus adeptos se manifestem contra o modelo russo de comunismo. Atacam seu burocratismo enregelado, sua mentalidade policialcsca e sua vida asfixiante. Mas não a fundamentação doutrinária primeira. Ambos têm a mesma inspiração e o mesmo fundo ideológico. Para o autêntico ideólogo "verde", o modelo soviético constitui apenas desvio de um impulso saudável. Seu prestigiado interesse pela proteção da natureza, que constitui

Surgindo no horizonte, como conseqUência das três primeiras, a Protestante, a Francesa e a Comunista. Parte da nova geração alemã desinteressou-se do que atraiu as apetências das anteriores. Não quer saber de estudos, de carreira, de perseguir objetivos que atê há pouco foram muito prezados pela generalidade dos homens das últimas décadas. Na gíria da língua germânica, há uma expressão que caracteriza tal posição: "Nu// Bock". Literalmente, "bode zero", mas que soa como "Não me interesso, não ,ne im· porta". Esse magma informe, de idéias primárias e confusas, tende a se j untar desordenadamente no caudal do movimento ecologista. Massa amorfa, frouxa, que, tudo indica, se deixará arrastar sem entusiasmo para uma vida sem convenções, sem princípios, sem normas, sem horizontes. Vida espontânea, baseada em caprichos e apetências de momento.

As duas Alemanhas O resultado eleitoral deixou ver que na Alemanha começa a se esboçar u·ma polarização. Um núcleo deseja resistir, está disposto ao sacri-

.

O lfder do CSU. StrauH. num comíc io em Passau. Um partidário ostenta o cartaz com os dizeres: "Franz Jost1f Strauss. continue saudável. vá at6 Bonn s d8 o tom".

objeto da atenção de todo espírito bem formado, distancia-se do que habitualmente se pensa a respeito disto. O "verde" não quer a nature7-ll embelezada e ordenada pelos cuidados de uma sociedade num alto estágio de civilização. Deseja-a imersa no desleixo, suja o bruta, imagem significativa de sua apresentação pessoal cm desalinho e sem compostura. O ecologismo é, no conjunto e em profundidade, a ressurreição do anarquismo. Em consonância com tal pendor, seus representantes no Parlamento já anunciaram o descaso pelas normas legislativas. Não irão às sessões de terno e gravata, divulgarão, se lhes aprouver, segredos militares, farão oposição barulhenta e sistemática contra a lealdade do governo ao Ocidente.

fício, a correr riscos. Aspira a que a Alemanha mantenha laços com seu passado. Em posição oposta, o impulso ecologista leva à dissolução do país, aos desarmamentos psicológico e material frente ao expansionismo soviético. Duas mentalidades em choque que, pela força da lógica no espírito humano, caminham rumo ao pleno desabrochar. O primeiro cuidado daqueles apostados cm fazer da Alemanha uma nação apta à anarquia total, será trabalhar pelo amolecimento e posterior desintegração das fibras da alma alemã que produziram o resultado animador das últimas e leições. Para uma alma católica, o contrário é a meta. A salvação do país depende da tonificação dessas fibras.

Péricles Capanema 5


.

FILIPINAS

Plinio: op,inião pública

Infiltração comunista na Igreja

deve influenciar Legislativo •

'

/

Os espanhóis que, du-

rante séculos coloniz.eram o arquipélago das Filipinas, conver-

teram a quase totalidade de sua popula •

ção à Religião cat ólica e construiram muitas igrejas como a da fo•

to. no qual se nota a marca hispânica. Hoje o catolicismo das Filipinas se ressente da

nefasta influência pro· gressista e da infiltra• ção comunista. como

prova o episódio ocorrido com o Pe. Kangleon.

SYDNEY - Embora sem asescandalosas proporções que teve o caso do padre guatemalteco Luís Eduardo Pellecer Faena, profundamente envolvido na subversão progressista (ideológica e armada) na América Central, também têm tid o importantes repercussões, em vários meios católicos do Oriente, as revelações do padre filipino Edgardo Kangleon. Prisioneiro do governo de Manilla por sua participação nas atividades do Partido Comunista das Filipinas, o Pe. Kan"gleon tornou público seu arrependimento e foi libertado pelo Ministro da Defesa, Juan Ponce Enrile, que o entregou à custódia do vigário militar, o Arcebispo Pedro Magugal. Ao ser entregue a esta autoridade eclesiástica, o sacerdote declarou que, durante sua prisão, nunca foi torturado, nem

forçado a tomar qualquer tipo de drogas, como gostariam de alegar, para se defenderem, os progressistas comprometidos por suas declarações. Com efeito, ao tornar públicas as declarações juradas do padre, o Ministério da Defesa Nacional denunciou a participação de católicos - religiosos (pelo menos 4 padres e uma freira) e leigos - nas atividades do PC filipino e em seu ramo militar. o "Novo Exêrcito do Povo". O Ministério da Defesa acrescentou que o Pe. Kangleon confessou mais detalhes acerca de sua participação na subversão progressista das Filipinas, durante uma sessão de perguntas realizada pelo Ministro Juan Ponce Enrile, na presença de membros da Conferência Epíscopal e da oposição política. "Fui apresentado ao rnovirnenro revolucionário pelo padre Orlando

Tizon'' - revelou Edgardo Kangleon em depoimento prestado ao "Daily Express" de Manilla, em sua "O SISTEMA democrático que edição de 13-12-82. "Foi em meadas a abertura trouxe para o Brasil, se de 1979. Tudo con,eçou depois que dâ a cada homem o direito e o dever conversmnos sobre certos pontos re- de votar, lhe impõe também a obrilacionados com o papel de nossa Fé gação de pensar. E quando o hocristã. da Igreja e da função rele- mem pensa, necessariamente fala do vante do sacerdócio em face dos -que pensa, a começar pelas converrealidades sociais conteinporáneas". sas domésticas versando sobre políInfluenciado pelo modo distor- tica, religião, cultura e arte. Se as cido com que os progressistas (cm famílias não pensam, não educam, a contradição com a doutrina tradi- vida politica é prejudicada. As pescional da Igreja) lhe apresentavam soas só votam quando obrigadas, e as questões da desigualdade e da jogam dentro da urna um papel com pobreza, sempre analisadas pelo qualquer nome" - afirmou o Prof. prisma da luta de classes, o Pe. Plínio Corrêa de Oliveira, PresidenKangleon achou que o movimento te do Conselho Nacional da TFP. "Portanto, se excluirmos da vida revolucionário filipino constituía upública o fator pensamento - prosma resposta para esses problemas. De que maneira'? Os progressistas seguiu - daí decorreria simplesexplicaram-lhe sem rodeios que "a mente a ordem do curral, onde hâ luta armada era inevitável no desen- ração e tranqüilidade para que o volvimento histórico de' qualquer Estado exerça sempre mais amplanação, 111esmo trtuondo-se do Povo mente sua ação ordenhativa". Escolhido de Deus", E q ue o comunismo, embora ateu, deveria ser aceito como doutrina e sistema social, pois "o ateís,no é so,nente urna porte da filosofia subjacente do co111w1ismo. Ser ateu -:- desculpavam-se eles -

era 1nais u,n fito de escolha in-

dividua/", Ao chegar neste ponto, o Pe. Kangleon começou a refletir e a duvidar da luta à qual havia aderido. Pois em sua consciência, declarou, se punha. entre outras, a pergunta: "Co,110 pode um movimento que abraça o ateísmo, respeitar os direitos individuais que procede111 da lei d~ Deus?" Assim, somando as contradições e percebendo os embustes do movimento revolucionário comunista, o Pc. Edgardo Kangleon abandonouº· E por suas declarações mais uma vez se provou estar a Igreja de Deus penetrada pela "fumaça de Satanás", seg undo a expressão de Paulo VI.

Aloizio Torres

Sintoma auspicioso "Contrariamente ao que se viu no decurso da última campanha eleitoral, isto é, o alheiamento demonstrado pelos representantes do Brasil autêntico, tive notícia de q ue há alguns meses atrás as Associações Comerciais do Brasil"estavam preparando a montagem de um organismo denominado 'Ação Empresarial', e de unia secretaria destinada a seguir os debates nas Câmaras dos Deputados, e até participar eventualmente dos trabalhos das Comis-

sões".

"A notícia referia-se - continuou o catedrático paulista - a várias personalidades do comércio envolvidas no debate do tema, brasileiros de cujas opiniões discrepo em alguns pontos, e com os quais concordo em outros, mas que, a meu ver, representam muito autenticamente o pensamento médio da classe empresarial".

l

Em Lagoa Vermelha, ''educar'' para subverter O JORNAL "Diário da Manhã", de Passo Fundo-RS, de 10-10-82, noticia um acontecimento insólito que mostra bem até que ponto a subversão promovida pelo progressismo infel11.mente estâ se expandindo por este Brasil afora, confirmando assim as teses do mais recente best-seller lançado pela TFP: "As CEBJ·... das quais muito se/ala. pouco se conhece - A TFP as descreve con10 são'', de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e dos irmãos "Gustavo e Luis Solimeo. O fato ocorreu na cidade de Lagoa Vermelha, naquele Estado da Federação, no dia 7 de Setembro, durante o desfile da Semana da Pátria. Um dos maiores educandários da cidade, a Escola "Rainha da Paz", da Congregação de São José, "obrigou seus alunos o porticiporen, do desfile, não ,norchando nonnolmente como os demais estabelecimentos de ensino, mos caminhando silencioso,nente pelo Avenida, apresentando motivos, personagens e cartazes com agressões ao Governo e ao sistema polftico vigente no Pofs". As crianças desfilavam acorrentadas entre si para demonstrar que "o Brasil não é livre" e "vive sob uma ditadura". Segundó o "Diário da Manhã", as coordenadoras da passeata advertiam os alunos: "Porem de fazer ritmo, isto não é marcho, é uma caminhado. Marcho é militarismo"! Um grupo de alunos caminhou portando metralhadoras de brinquedo, para homenagear desse modo as 6

"

O Prof. Plinio Corrêa do Oliveira propõe que os vários setores da sociedade mn.nifos· tem se~s anseios ao Congresso Nacional

Em escala nacional "Não sei até que ponto as cir· cunstâncias terão permitido a rea lização do inteligente desígnio das Associações Comerciais do Brasil. Mas faço votos - salientou o pensador católico - de que todos os ramos das atividades nacionais trilhem o mesmo caminho: nossa indústria, às vezes tão ágil e empreendedora,' às vezes também parecendo tão ingênua e tão ent reguista; nossa lavoura, sempre tão benemérita, sempre tão sacrificada , sempre tão incapaz de se defender vitoriosamente neste País, onde, entretanto, ela é tudo ou quase tudo". E concluiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Não apenas as associações profissionais devem se organizar para a atuação na vida pública, mas também todos os homens para os quais pensar ainda é algo. Que eles formem associações e possam fazer sentir sua presença colaborante e viiiilante nos corredores dos Legislativos do Brasil".

No artigo inli1ulado "Nll fti. 1u(min, t1[Qice e o mar1elo co,ura a Crlli ", de 8. Glowac~i ("€ atoJicismo''· fevcrcíro de 1983. n.0 386) figura uma nota no final; esclarecendo que a ma1éria foi tiascnda no boletim "Elta Rress" de Roma, setembro de 197~. n.• 9.. Devido w um lapso de revisão, o ano (la eaiç;Io desse boletim constou como se1Jdo 1972. Na realidade foi 1982.

~AfOLICn§MO ~

MENSÁ RtO CAMPOS - ESTADO 00 RlO Oirelor: Paulo Corria de Brilo filho

Alunos de um colégio católico da cidade de legoa Vermelha-RS desfilaram no dia

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,.... ,,,.._-:::.r---~ .. . -·

portando metralhadoras de brinquedo para homenagear as guerrilhas no Brasil ...

Na mesma passeata. crianças. matriculadas na Escola "Rainha da Paz" da Congro· gaçlo de Slo José. caminhavam acorrentadas entre si para demonstrar que "o Sra· si! n6o 6 livre ... (f) •

guerrilhas, que tanto sangue inocente derramaram em terras brasileiras ... Alguns cartazes protestavam contra a 'Jalto de liberdade", .a prisão dos Padres Camio e Gouriou no Araguaia, a falta de emprego, a entrega da Amazônia etc. Outros afirmavam: "O Brasil não é livre, não é independente porque ten1 dívida externo muito grande e é governado por uma ditadura militar", A noticia assinala que o acontecimento "chocou e deprimiu opopu-

lação logoense, provocando ,nanifestações de repúdio dt! muitas pessoas". No dia seguinte, alguns moradores da cidade procuraram a direção da escola pedindo esclarecimento, mas receberam respostas evasivas. Em Lagoa Vermelha, o mencio nado estabelecimento de ensino adota uma linha intei.ramente socialista em sua filosofia educacional e "os grandes heróis do Pátria 'são apresentados corno covardes. corruptos. enquanto os subversivos são trata-

7 de setembro, data da Independência,

dos como santos e heróis. entre eles "Cl,e' Guevara", Não teria sido possível reali,.arse tal manifestação sem o concurso de farto material de propaganda cartilhas progressistas, livros marxistas e outras publicações - introduzidas em colégios particulares. especialmente estabelecimentos de ensino religioso~ com a fi nalidade de "ed ucar" as crianças brasileiras para a prática da subversão e a reforma de estruturas, tão desejada pela esquerda dita católica.

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CATOLICISMO -

Abri l de 1983


A SUBLIME SERENIDADE

e

ELEBRANDO-SE nos dias I a 3 deste mês a Sagrada Paixão e a gloriosa Ressurreição dAquele que redimiu o gênero humano, julgamos muito oportuno tecer algumas considerações sobre o Santo Sudário de Turim. A impressionante relíquia tem sido analisada detidamente nos últimos anos por vários especia listas, os quais vêm uti lizando em suas pesquisas processos dos mais modernos. E elas têm confi rmado importantes dados fornecidos pela Sagrada Escritura e pela Tradição a respeito da dolorosa Morte e fulgurante Ressurreição· do Verbo Encarnado.

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Visão da pane dianteira do Santo Corpo de N OS$O Senhor no Sud6rio

Respectivamente. nas três f otos abaixo: uma vista not urna da catedral de Turim; a capela G uadni. que conserva o relicário no qual se encont ra o Santo Sudário. ó ane• xa à ébside da catedral do Turim; a exposição do Santo Sudário. no recinto da

catedral de Turim. em 1933.

O alvo lençol que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, após a descida da Cruz, constitui, sem dúvida, uma das mais preciosas reliquias da Paixão. Pois nesse tecido, por misericórdia do Divino Redentor, estampou-se milagrosamente Sua fisionomia e o aspecto visível de Seu Sagrado Corpo. Com isso, o próprio Salvador tornou possível a todos os fiéis, até a consumação dos séculos, prestarem culto à mais fided igna de todas as Suas imagens: o Santo Sudário de Turim.

Logo à primeira vista, é a Sagrada Face que mais nos atrai a atenção. Apesar de estar Ela um tanto desfigurada, de o nariz apresentar deformações provocadas pelos golpes recebidos, reflete ainda o Semblante do Homem-Deus algumas de Suas excelências. É fato que a sacrossanta Fisionomia, em sua forma originária, perfeita, revelaria a sublimidade do Personagem de modo mais excelente. Contudo, sob certo aspecto, na Sagrada Face desfigurada transparecem, de modo mai·s claro, determinados predicados do Divino Salvador. O adorável Semblante, estampado no Santo Sudário, denota grande profundidade de pensamento, embora não t ranspareça a menor tensão ou esforço para pensar. Nada mais explicável: o Homem-Deus, a Sabedoria Encarnada, raciocina com a abundância própria à excelência de Suas duas naturezas. A Sagrada Face parece medi tar. Poderíamos imaginar quais seriam suas cogitações? A fisionomia do homem é como que o escrínio de sua honra. A Sagrada Face exprime, portanto, toda a honra que jamais existiu. Ora, ao mesmo ·tempo, contra Ela foram lançados insu ltos inauditos, nunca dirigidos contra qualquer pessoa. A fisionomia de Nosso Senhor parece contemplar essa caudal de injúrias que foram proferidas contra o próprio Trono de toda a honra. Sem dúvida. o pensamento do Cordeiro de Deus, que se pode en!J"ever através do Sudário, volta-se para a perseguição que sofreu, e para as causas de tal perseguição. O Semblante divino parece recordar a mais atroz das ingratidões, a mais irraciona l das aberrações, o crime levado a um ápice inimaginável. A Vítima, o Inocente por excelência. medita sobre o crime e o criminoso. confrontando-os consigo mesmo. Partindo de Sua insondável Santidade, Ele ded uz a gravidade infinita do fato: a violência das viornncias foi praticada contra o Santo dos Santos!

A Sagrada face de Nosso Senhor Jesus Cristo

Dir-se-ia que a contemplação desse abismo de maldade produz em Nosso Senhor uma espécie de assombro. E deste provém a mais completa e inapelável das êondenações contra Seus algozes. Embora pareça que Nosso Redentor não esteja praticando o ato de condenar, pressente-se a condenação surgindo no horizonte de Suas cogitaçõcs. A natureza humana de Nosso Senhor foi mortalmente ferida. Contudo, a Nature1.a Divina dEle, Sua Glória intrínseca, Su~ Santidade permaneceram intactas, pois ofensa alguma, por mais grave que seja, poderia atingi-Las. Dessa intangibilidade provém a majestosa serenidade da Fisionomia. O Redentor está morto, mas em Seu Semblante transparece profunda certe,.a da Ressurreição que virá. Por um lado, a Santa Face parece dizer: "Tudo está consumado". Paradoxalmente, entretanto, há· algo que proclama: "Nada está encerrado. Tudo agora começa!"

Não ousamos comentar o pungente olhar de pálpebras cerradas. Como transpor para nosso miserá-

vel vocabulário algo que é superior a q ualquer cogitação? Sentimos que - se esboçássemos os primeiros passos em tal contemplação, enco'!trando-nos imersos num verdadeiro oceano de Santidade - dobraríamos os joelhos, baixaríamos a fronte e cerraríamos os lábios. Então, o que poderíamos dizer? Esse como que olhar de Nosso Senhor Jesus Cristo increpa e condena todos os pecados do mundo. Portanto, também os nossos. Há na iconografia católica representações do Salvàdor 'que visam realçar certa afinidade existente entre Ele e nós. Quis todavia o Divino Mestre que o Santo Sudário fosse, por excelência, um símbolo da assombrosa distância que separa Sua infinita Santidade de nossa miséria . Com que ftm? O de manifestar-nos, através do contraste, Sua profunda rejeição de nossos pecados e impelir-nos a suplicar à Nossa Senhora: "Minha Mãe, obtende que Ele nos cure!~-·

Os lábios estão cerrados. No entanto, quanto nos fala tal silêncio! Sentimos que o Divino Redentor teria a nos dizer coisas não compreensíveis pela inteligência humana, além de nossa medida. E por isso, Ele se cala. Nós O contemplamos, sem ousar interrogá-Lo. Mas nem é preciso. Compreendemos tudo quanto dizem os lábios cerrados, nos quais transparece o rietus da dor.

O Divino Redentor desejou que sobre Ele fossem d~scarregados todos os insultos. Mas não permitiu que alguém erguesse sequer um dedo contra Sua Mãe Santíssima. Em meio aos tormentos que denota o Santo Semblante, vislumbrase nEle uma quase imperccp1ível doçura, proveniente da consciência do Crucificado de que, ao pé da Cruz, estava intacta e intemerata, a Virgem Dolorosa. Condenação de Seus algozes e dos pecadores; doçura em relação Àquela que até o fim permaneceuLhe fiel: belíssimas expressões que parecem refletidas na Sagrada Face do Santo Sudário. CATOLI CISM O -

Abril de 198 3

7


i J. j\1AfOLICE§M9 - - - - - - - - - - - - * -.f.,IJ:."

A ANCIANIDADE MAJESTOSA DE OUTROS TEMPOS

A foto do recém-ordenado Pe. José Sar· to manifesta a retidão e a energia da juventude

MUNDOATUALépródigo cm desequilíbrios de toda ordem. Um destes, para o qual atraímos a atenção do leitor, é o c urioso conflito que. numa mesma pessoa. não raro se observa entre os quatro clássicos e distintos períodos da formação e desenvolvimento de todo homem: infância. juventude, idade madura e velhice. São cada vez mais frc{tüentcs os casos de jovens precocemente envelhecidos, e não menos numerosos os de velhos doentiamente iníanto-j uvcnis. Ora, numa civi li7.ação autenticamente cristã, as diversas idades não se atropelam nem se chocam dessa maneira. Muito pelo contrário, contrastam e se interpenetram harmonicamente, numa verdadeira soma das idades. Em uma palavra, para exprimir o que tal soma de idades possa ser. vem-nos à mente o elogio que Fléchier fizera de Tµrcnnc o célebre Marechal da França, no século XVII - cm sua Oração Fúnebre: - "Teve em sua mocidade toda a prudência de uma idade avançada e cm sua idade avançada todo o vigor da juventude". E. não tão distante de nós. houve quem dissesse do famoso estad ista britânico Winston Churchill que, na gravidade de sua idade madura, tinha "a coragem de ser criança". O conflito de idades acima mencionado, e que se reveste de aspectos não pouco caricatos, tem como corolário uma incompreensão cada vez mais acentuada e generalizada quanto às peculiaridades próprias a cada período da vida humana, individualmente considerado, e que devem reluzir de modo especial: a inocência da infância; o viço e a louçania da juventude; a gravidade e a experiência da idade madura; a sabedoria da ancianidade. Para não considerar senão as duas épocas extremas da vida, cada vez menos se admira, cm nossos dias, a inocência infantil e aquela forma peculiar de sabedoria que sempre foi o ornato honroso dos velhos de antigamente. Hoje em dia, multiplica-se ao inimaginável o infanticídio, em vir-

O

Aos cinqüenta anos. nomeado Bispo de M ântua. O. José Sarto acrescenta às qualidades da juventude o lastro e a experiência da maturidade

tude da p rática do aborto criminoso. mediante o qual se elimina, sem maiores remorsos de consciência, os inocentes de cuja inoccncia já não se tem saudades. Quanto aos velhos, considerados entes inúteis num mundo pragmático e utilitário. estão sendo eles relegados ao ostracismo cm asilos, na melhor das hipóteses, quando não são vítimas da eutanásia ...

• • • Não trataremos aqui das crianças. Vamos nos ocupar do papel dos velhos numa sociedade verdadeiramente católica. pois trata-se de reabilitá-tos. Bem entendido, evocaremos as sublimidades dos anciãos de outros tempos, porquanto são realmente raros. hoje cm dia. aqueles que não tenham sido vítimas do conflito de idades referido acima. "Realmente raros", dizemos, para ressalvar as honrosas exceções de estilo ... Para ilustrar este artigo. escolhemos três fotos significativas. Elas apresentam-nos São Pio X. grande Papa e cx traorilinário santo, cm três fases distintas de sua existência: na juventude, como sacerdote rccémordcnado. aos 24 anos; na idade madura, encetando sua vida episcopal, como Bispo de Mântua, pouco antes de completar 50 anos; e na ancianidade. como o intrépido Pontífice que enfrentou com sabedoria a heresia modernista, o governo ímpio e anticató lico da 111 República rrancesa e o movimento "Sillon", liderado por Marc Sangnier. A roto apresenta o Pontífice na fase final de sua existência. em que já se nota a debilidade das forças f'ísicas e certo cansaço. O o lhar, porém, reflete a firme,.a e a sabedoria de um santo. Nesse Pontificc, elevado à honra dos altares e que governou a Igreja

mos acima.

• • • Há no velho um certo quê. uma determinada forma de estabilidade q ue, a seu modo, íá-to transcender o próprio tempo, como que já o fi. xando na e ternidade. A ação civili1.adora da Igreja, em todas as épocas, foz com que ele fosse considerado e tratado, no âmbito circunscrito da vida familiar, como venerável relíquia. Tinha-se a impressão de que alguma força misteriosa ainda lhe conservava a vida, à espera de uma, duas. três ou mais intervenções ruI-

Na fase final de sua existência. já ancião. embora se note certo depauperamento das forças físicas. trans• parece na fisionomia de S ão Pio X a mesma retidão de olher de outras épocas. enriquecida pelo profundo conhecimento da vida

gurantes nos acontccimcnt<>S dc::;ta

terra. Por exemplo. um vaticínio que indicasse novos rumos às respectivas familias, uma premonição que lhes evitasse ca tástroíes, uma bênção. uma maldição ... "O pai é o rei e,n ~-ua família; o Rei é o pai dos pai.,·. afirmou judiciosamente o historiador francês Funck-Brcntano. Isso se poderia dizer, a fortiori, de um venerável ancião que exerce uma função análoga ao "pater familias" da Roma antiga. Há nele, realmente, uma certa rorma de grandeza . régia e majestosa. que lhe confere uma atração e um clwrn1e especiais. Carcom ido, cncarangado. encarquilhado, talvez não seja mais possível ao velho sequer arrastar uma cadeira ou desatar o cordão do próprio calçado. Entretanto, no fundo de seu olhar. discerne-se uma "tintura-mãe" de rorça de alma. certa vitalidade, uma quintessêneia de sabedoria, adquiridas med iante as

provações da vida, que são capazes de atear uma chama de entusiasmo na alma de um neto ou de um bisneto. E só com isso o ancião teria justificado sua existência. O velho não deve se envergonhar· da própria idade nem disfarçá-la. Suas rugas são estigmas de glória. A vista maltratada pelas moléstias da ancianidade. os dentes que lhe faltam, os momentos de semilucidcz. tudo isso enfim. são ornatos da majestade que lhe são próprios. Mas. tão logo uma ocasião propícia se apresente. e ele ainda saberá tomar a atitude, ou dizer a palavra capaz de retificar o destino de toda uma estirpe familiar. E se ele se encontra em tal estado, isso deve-se aos embates rudes da vida, neste vale de lágrimas, diante dos quais nã o recuou, mas

enfrentou-os erccto e altaneiro, como a proa de um navio viking.

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Para concluir. uma observação. Rcati,.asscm, a seu modo, os respeitá veis anciãos de nossos dias, algo do que aqui foi descrito e ter-se-ia evitado. em larga medida, o laruentável conílito das gerações! Enfim. diante de um mundo que "adora", de maneira tão desordenada e unila teral, a adolescência de moçoilas e moçoilos trêfcgos e faceiros, é-nos grato consignar aq ui uma rctificaç.ã o dessa visualização, reivindicando, afinal, não só o direito à existência, mas também as glórias da idade provecta.

Luís Carlos Azevedo

Comunicado da TFP platina

Dilema para a Argentina: por Deus ou contra Deus

''A

ARGENTINA está decidindo nestes dias por Deus ou contra Deus, ret·haçar ou aceitar a aproxhnação

co111 o comu11isn10", afirma o comu-

nicado da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP, assinado pelo presidente de seu Conselho Nacional, Dr. Cosme Bcccar Varela (h.). Estampada em "La Nación", de 16 de março último, sob o título "Por Dios o contra Dios", a publicação encontrou desde logo grande ressonância em largos setores da opinião pública platina.

Slntese do Comunicado

-~

no início de nosso sécu lo, pode-se observar concretamente como se aplica a um homem a doutrina da "soma das idades" a que nos refería-

O documento da TFP argentina esclarece que aquela opção em face do comunismo é cada vez mais clara. Cita como exemplo a atuação do General Bignone, presidente da nação, na reunião dos países "não alinhados", reali1.ada recentemente cm Nova Delhi. Sendo a Argentina um país oficialmente católico, seu representante não pronunciou o nome de Deus quando fez uso da palavra, "foi cordial com o tirano Fidel Castro e con1 A rafat, apoiou diversas causas internacionais caras ao Cremlin e não condenou o com11· nis,no nern tuna só vez". Sendo o único chefe de Estado latino-americano presente à reunião - além do tirano Fidel Castro - , o General Bignone prestigiou desse modo o evento. Afirma o comunicado que "associando-se a diversas posições políticas do Cremlin. entrou na linha de colaboração. E toda

colaboração com a Rússia só pode ter um sentido: o da cumplicidade". Poucos dias antes, uma missão soviética havia estado no país e recentemente a Esquadra argentina decidiu não participar dos exercícios conjuntos das marinhas do Brasil, Uruguai e Estados Unidos, tendo em vista a deresa do Atlântico Sul. Durante a guerra das Malvinas, as Forças Armadas argentinas uti lizaram foguetes soviéticos SAM-7 e o Cremlin ofereceu ajuda militar ou em armas "que não foi aceita porque houve argentinos de ben, que se opuseram". "Mas a tensão e,n 1orno do caso Malvinas n1anté1n-se ativa - pros· segue o comunicado - ainda que latente e o governo pode estar preparando unia surpresa. Nova guerra poderia começar a qualquer n101nento. Tambén, continua abena a questão de Beagle. da qual poderia se originar ,una guerra continental. En1 qualquer desses conflitos. não poderia suceder que a Rússia aproveitasse a ocasião para por ern pr<Í· tica seu patente desígnio de intervir do lt1do argentino? "Nesse caso, haverá os que, levados por u,n nacionalisn10 de vistas cunas. escolherão as Malvinas ou /Jeagle. mesmo que o preço disso

consista numa aliança co,n os co11u1· nistas. ofendendo asshn, gravemente. a Deus. "Esta,nos cerros de que 1ambém haveria os que, sem deixar de querer a recuperação das ilhas, ,novidos por sua fidelidade a Deu.v. rejeitariam a 'ajuda' comunista, ainda que

a custo de adiar a justa recuperação daquele território, em relação ao qual a Argentina reivindica o direito de soberania. Os primeiros tratarão de desqualificar e perseguir os segundos, e estes. Deus o queira, defenderão sua posição perante a opinião pública. com as arnras da verdade e da lógica. E assin, estará delineada. amplamente. a crise cujas premissas de.tde já estão postas". O comunicado ressalta que, caso continue a política de aproximação com o comunismo, haverá um enfrentamento interno prorundo no pais entre as duas correntes de opinião. "Os argentinos. que são católico.,· e an1icon1u11istas. e,11 sua i111c11sa

maioria, Já sabem qual é a única atitude possível. quando se trata de escolher a favor de Deus ou contra Deus. Trata-se apenas de perceberem que é isso o q11e está em jogo, apesar de todas as cortinas de /11ma(·a de 'patrioterismo·, de 'politicagen, · e de caos econô111ico que dificultarn o vi.sra". A TFP platina conclui o documento pedindo a Nossa Senhora de Luján, Padroeira da nação argentina, que lhe de forças para todas as lutas doutrinárias que rorcm necessárias a fim de evitar que o país seja desviado das sendas da civilização cristã.

Expressiva acolhida do pliblico O comunicado da TFP alcançou significativa repercussão. Dezenas de pessoas tclcronaram para a sede

do Conselho Nacional da entidade, na Av. Figucroa Alcorta, em Buenos Aires, a fim de manifestar sua solidariedade. Várias delas estavam interessadas cm conhecer mais prorundamente a TFP e passaram pela sede para travar um contato pessoal com os sócios e cooperadores. Alguns se referiam com simpatia e admiração a manifestos anteriores da entidade e desejavam se inteirar a respeito da doutrina da mesma e de suas publicações, bem como da a- · tuação exercida por ela. Pouquíssimas pessoas declararam-se contrárias ao texto do documento. E tais reações praticamente foram todas anônimas. Sócios e cooperadores receberam também um bom número de felicitações cm contatos pessoais. Foram igualmente remetidas à sede algumas cartas de adesão. O quadro descrito acima revela a importância do tema abordado e su~ candente oportunidade. Em vista disso. compreende-se a simpática acolhida do manifesto por parte do público argentino. Raras publicações anteriores da TFP obtiveram acolhida tão favorável como o presente documento. Etc aponta o gravíssi mo perigo que · ameaça atualmente a nação, com uma cl,treza e coragem inspiradas na expressão de Nosso Senhor no Evangelho: "Seja vossa linguage,n sim, si1n: não. não" (Mt. 5, 37). Além disso, foram distribuídos por sócios e cooperadores 12 mil exemplares do comunicado, cm forma de volante, na Calle Florida, centro de Buenos Aíres.


N. 0 389 -

Diretor : Paulo Corrêa de Br ito Filho

Maio de 1983 - Ano XXXIII

T FP estranha solo urbano

,

Plinio Corrêa de Oliveira

CAUSOU ESTRANHEZA e apreensão nos círculos da TFP em lodo o País, o projeto de lei sobre utilização do solo urbano, enviado recentemente pelo Governo federal à Câma.ra dos D eputados. Externando o sentir da entidade e de todos os seus simpatizantes, o Prof. Plinio Corr~a de 01.íveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou ao Presidente João Baptista Figueiredo, no dia 9 do corrente, o telex que a seguir é reproduzido na íntegra.

Exmo. Sr. General Jo~o Baptista Figueiredo DD. Presidente da Rep'!-b.lica '

l

_!'RbFUJ'!DAt):{E,!i!~ E-·preoc11,P;t!l,o co a~ov.e nt ~,l~ade da aprovaçao do proiero,ae 1Lê1d e1.'ú.,scrdo SoJ.o liJ-rb~, CJ)cam1J)l)ado por V. Excia: ao Congressó Ni1cioóáJí pê«o a :W., med'Ídas necessárias para que~e~am él.Íiúlgadâ'S',àmJ1l'ai:n_e_nte, e com a, ~àior urgência,1tõdas as est'atlill_~ t:e ó'u'fra~j!Íi)>.!'mll'ções 11.e qú\' o. P~er--~blico d1SJlOnha sobre as as's1m chamadas~fen:llS mbanas ,001._os@s c;xistentes no1.~à,!s. Ou, na carência de todo -~sei!!>caJeriã'.l, ~)q,m.eitô's iô-.concerne.fie àl cidades de ~ "slc;::i.u i:!h_m,iillão, a:e l;labiwit~. Có"m efejto,,na.aÍi~ncia de iãís êla<ló~ o iPãls'M,O~ lll'e.Q.l)~.ij_es de participar ao"'grandc d~bate0"pú_l!!i,_êo'~'(é por ~if? . ~éJ/1~ o Congresso desejam que a"Comparlh.e~_,.p an passu, as d1scussõ'"?,,,_'éíue--ílo Parlamento Nacional se fi:lljarão Sfbt(i:a nra(éria. 'l ife:iilra ispensãvel, entretanto, p~ra qu,e_ sej:3 '.a ;'recia~o de Q(oao(co,~se~ ne~ co.~ a~ dole de111,ó'krállca das ~nst.\!il ~s :>.1~el (és; ~!f,!;,il:'0~.!2,d!! _lei ílf gi,~~ ~ircnt~ ~o à trad,çao,Jut aica de·!l,.OSSo,fJj~ e ao:tesp1nto cnstão do p.~sso pQl(O, , . ___ . . ~ A este ult1mo1PrÕ)!õslf.o, m:rm1ro-; ge slllienJar gfle,o piq.t_eto de Le, de_ Us~ 1!/f~a"llo'f aÍenfi~•• '.~ ,vbf<lait,e, <le ~pitó~ -e, tf#t\J j tç\ )>;:_~iso, às re1vmdJcaç6es for.m\iladas pcla ,Oonfe~ê!lw.fl; ili~c~or.al1 dos.Jllrspos do Bras,I "(t:'NY3B:); 4 m~1982;'õ o í!dcuiõ.'ênto •dso1o;,u~ aií~ ,:.,ação pastoral".' 7. .:-, .,_., ~ . ,Jwf) ,'X. P.oi~ ~CJn--..,_,l.\rej_\ilzo .do aça_t/!~entp dévi\jo '. ij,f~n~a· entidade, po~l!Jo};.qll&'grapilc · n'ümg,o de êiit.6).icosi b1a_si!,e,iro~ 1,1ao vê neste, como· ~m"OÚtrõ.s 'pJo..nyn,ciam~nt.os/ ~óc\~:<r.ºnõ~1c;os áela, . u_ma conformida'ae-om'\ilmo'da co19 o Magistér!-,_i;>_,S-up.rew,AJC ·trad1c1onal da Santa lgr~j~, -'~ ~FC3 ~~] )!9.~~me.n~ ~, i!?,lltl'IJJ"*?iov d~~sa posição, a TFP pubhc'ou d!ve!sai;oo/as/que no.~~9)P.':ú_çle"!>:ero ~rJ1s1ha!ará chegar às mãos de v.• E,çí;1a. 'cÓm-a netessá_ya ur,gê,J)..cjh. A:ss1m, nao suponha V. Excia. que -ol'a111\íuso da, <ZNBB·em1faiior. cfô. p,ro)eto represente a unani_mida!le do apolô' dbs c'ató1icos- 6f asitptréf Este fato sem dúvida se ev1denc1ará, emª toda1a.4sua c\jl[e'zal'l51ifando do grande debate público que_ se aproxima. ~ , _ . Com efeito, nosso povo não dará c11nsenso a esse proieto de lei sem lhe analisar os aspectos éticos aos quais nossa opinião pública se honra em ser sensível. E a controvérsia moral, com suas indissociáveis repercussões religiosas, ocupará o lugar que lhe cabe dentro do debate. Apresentados atenciosamente a V. Excia. o pedido e a ponderação acima, a TFP se prevalece do ensejo para formular seus votos a Deus pela pessoa de V. Excia., por sua Exma. Famíl.ia e pelo cristão acerto das medidas que V. Excia. venha a tomar, no exercicio de sua alta magistratura, a bem da ordem e da grandeza -cristãs de nosso amado Brasil. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da' Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

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q~do auas vltri~es.

EM QUE cu conteste - de longe sequer - o óbvio talento de Goya, desagrada-me a maior parte de seus quadros. Neles manifesta o pintor uma tendência a delratar, a vilipendiar e a escarnecer, com a qual antipatizo a fundo. Haja vista o famoso quadro em que Goya apresenta Carlos IV, rei da Espanha. sua esposa. a rainha Maria Luisa, e mais outros personagens da casa real. Dir-se-ia que cada qual é um pesadelo de fatuidade e de imbecilidade. Inclino-me a pensar que Goya os pintou tais quais eram. Antipatizo

S

eu então com a verdade'! Não; antipatizo com certa alegria maldosa de Goya em que tais fossem esses seus modelos. Falei de Goya só para evocar um pequeno quadro dele, que admirei - e muito - no museu do Prado, em Madri. Intitulava-se "Pânico". Representava, vista pelas costas, uma tropa militar em debandada. Do pânico que infestava cada fugitivo parecia desprender-se um como que íluido que pairava pouco acima dos capacetes de todos. Aí, esses milhares d e íluidos se fundiam cm um só imenso íluído, do qual emanava uma espécie de fantasma. Um fantasma do qual só se percebia o busto possante, brutal, ameaçador. Era o Pânico, que enlouquecia e acelerava a de bandada dos militares fracassados.

• • • ~

Lembrei-me desse quadro quan-f do, nos dias 4 a 8 do corrente, senti ;,:: minha São Paulo tão ordeira, tão ~ operosa, como que envolta num ílui,,; do imenso, o qual, no estilo de Goya, ;l se desprendia das mentes pasmas, ": sacudidas entre a indignação e a ~ angús tia, e apreendendo a todo o ! momento o pior. ~ Qual seria esse vulto imaginário? \'- - Tal qual o "via" minha scnsibili-;J dade, era um ser híbrido, feito de g fome e de pavor. A fome dos que ·5 não têm, levantando-se como um g espectro a encher de pavor os que i!: têm.

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Fantasia? Ou realidade, vista no que ela tem de mais fundo? p fato _é que, a durar uns p~ucos dia~ m~1s essa situação que Sao Paulo inteira viveu, as classes dirigentes e médias se desestabilizariam, e o edificio social ruiria por terra. Quem soltou pelos ares esse fantas ma? Responsabilizo pelo fato dois fatores dos mais rampeiros: uma conjuração mal ensaiada que, passado o primeiro impacto_. não conseguiu faze r-se levar a sério por nosso povo tão vivo e perspicaz; - e nossa clássica ignorância acerca dos verdadeiros problemas nacionais. Já tratei, nestejo(nal, do perfeito desconhecimento cm que está nosso eleitor médio, dos problemas econômico-financeiros do País. Nos dias 4 a 8, nossa ignorância se manifestou cm mais outro ponto fundamental: a fome. Na urbe mais rica do Brasil, o espectro goyano da fome se impôs como se São Paulo fosse um pequeno miolo de bairros ricos, cercados a perder de vista, de favelas famintas e enfurecidas. Pareceria que as favelas se punham então a devorar o miolo. Mas, desfechados os assaltos, verificou-se que e~ses famintos não eram senão magotcs bem organi7,ados, favorecidos e prestigiados, durante largo tempo, pela mais totalíssima (não há exagero nesta sobrecarregada ênfase) impunidade. Esses famintos miticos t inham realmente fome. Fome de jóias, que os levou a atacarem todas as pequenas joalherias de nivel médio ou popular, diante das quais passaram. Fome de televisões, de rádios, de máquinas de fotografar, de tudo que se vende em casas de ótica. Fome, enfim, de artigos de couro. De sapatos de bom nível. bolsas, pastas e cintos. A fome do carente autêntico, fome de comida, "fome" de remédio, de agasalhos, quase não se manifestou. Diante de muitas casas assaltadas pelos "famintos", estes atiravam à calçada o que não podiam levar. E a q uase totalidade dos numerosos transeuntes, mesmo em bairros mo-

destos, passava sem tocar em nada. .. Fome"... Diante de tudo istb, a ninguém ocorreu, que me cons'te, perguntar exatamente quantos ~ão, em São Paulo, os famintos. Nem por que padecem fome. ' Lendo-me, algum demagogo uivará de ódio: ''E os desempregados?" - O que é um desempregado? Desempregado não é ião-só quem perdeu o emprego, mas quem, ademais, não encontra outro. E por que não encontram emprego aqueles que hoje não têm mais trabalho nas fábricas? O Sr. Cardeal D. Paulo Arns (com o. qua l vivo em melancólico e geral desacordo) sugeriu bem, em declaração à "Folha de S. Paulo" (34-83), que essa mão-de-obra excedente fosse encaminhada para as terras devolutas pertencentes ao Estado. Essa solução, já a preconizei no livro "Reforma Agrdria - Que~ rão de Consciência" (pp. 10, 115; 127, 157, 185 e 219), que publiquei

Ba2ar depredado em São Paulo. no dia 4

de abril. Os saqueadores, pela natureze dos objetos em desordem que se vêem na foto. nl o tinham en, vista saciar a fome...

Nota: Telex com id!n1ico teor foi reme.tido :,;o Ministro da Justiça. Sr. lbraim Abi Ackcl

em 1960 juntamente com os Srs. D. Geraldo Sigaud e D. Castí-o Mayer, e o economista L. Mendonça de Freitas. · De então para cá, o que se fe-L em São Paulo neste sentido? Creio que ninguém o sabe. E mesmo d iante.do espectro da atual recessão, o que se fez? Também ninguém o sabe. Pol.íticos, literatos de sócio-economia, técnicos autênticos, teólogos em geral inautênticos, todos começaram a discutir se era o caso de reformar o regime sócio-econômico para atender a esses desempregados. Valeria a pena realmente reformar-o Brasil só para isto? Não teria sidó mais prático ter-se feito o levantamento das terras devolutas e t~r-se tomado medidas drásticas para que, aos primeiros sintomas do agravamento do desemprego, as vítimas deste pudessem ir céleres plantar comida cm tais terras, para eles ... e para nós? Em lugar disso, estadeou-se técnica, parlapateou-se, fez-se politicagem. Fezse um ·c onchavo. E o conchavo produziu um imenso show. O show sinistro que quase desestabiliza São Paulo, e com ele o Brasil...

• • • Fome? Quem em nosso público sabe precisamente o que é fome? Consultei sobre o vocábulo seis ex-

celentes dicionários da língua portuguesa. Todos fazem girar o e-0nceito em torno do de carência. Mas exatamente a partir de que ponto começa a carência para um paulistano de hoje? Não varia isto segundo o tipo racial de cada qual? Nessa São Paulo operária, que é um ,mosaico de raças, é seriamente possível estabelecer um limite "carencial" único para toda a população? Falei há pouco dos. desempregados. Refiro-me agora aos que têm emprego. Quantos padecem realmente em sua saúde, em virtude de carência de alimentos? Quando um grupo de ignotos articuladores quer lançar uma cidade como São Paulo no Pânico sobre o espcct ro da fome,_ pode fazê-lo à vontade, porque ninguém tçm defesa contra o Boato. Pois os homens medianos nada sabem que os defenda das balelas da subversão. Uma coisa pode-se dizer, entretanto: no obituário paulistano, o papel da fome parece bem menor que o da fartura. Quão poucos - se os houve - morreram de fome entre nós; quantos morrem por excesso de mesa? Suponho ter lido num grego, do qual já não me lembro bem, que a mesa mata mais gente do que as guerràs... . Será mesmo a fome a principal dizimadora dos paulistanos?


Aborto e contracepção: nova ameaça às famílias brasileiras O BRASIL, houve o reinicio dos trabalhos legislativos. O Congresso está renovado com o retorno maciço de políticos esquerdistas de todos os matizes. Este fato coincidiu com a volta à discussão de dois temas correlatos que representam dois golpes profundos na formação religiosa tradicional do povo brasileiro: a liberalização do aborto e uma política oficial de controle da natalidade. Na mensagem ao Congresso, o presidente Figueiredo já externava sua preocupação com o crescimento demográfiço, o que ensejou a imediata constituição de uma CPI sobre o assunto. Tal Comissão, que tem por finalidade investigar os problemas vinculados ao aumento popu laciorial, levantará amplo debate sobre a conveniência da instalação de uma política de controle da natalidade. Essa CPI foi instalada no Senado, já tendo sido indicados o ·presidente e o relator. Um de seus membros, o Sen. Murilo Badaró (PDSMG), pretende apresentar projeto mediante o qual deverá cessar o auxilio-nataliôade para casais com mais de quatro filhos. A orientação do governo é a de que todas as familias deverão ter acesso aos meios anticoncepcionais que desejarem, desde que o façam livremente, seguindo sua própria consciência. Para isso o Estado se obrigaria a fornecê-los e a ensinar a maneira de utilizá-los sem prejuizo da saúde. Tal orientação, por diversos motivos, ainda não foi posta em ação efetiva de larga escala.

N

• • • Além da limitação da natalidade, outros ventos ameaçadores sopram sobre o Brasil. Grupos de feministas têm saído às ruas de diversas capitais, chegando também a reunir-se em congressos, para apresentar reivindicações várias, entre as quais não poderia deixar de figurar a liberalização do aborto. Alegando que são "donas do próprio corpo", afirmam que em . matéria de contracepção e aborto a decisão cabe exclusivamente a elas. Com a proliferação desses grupos de pressão, é de se recear que logo apareça no Congresso algum projeto propondo a "descriminiliza-

que ocorreria, por exemplo, caso ele fosse permitido quando a gravidei causasse .algum "sofrimento" fisico ou mental à gestante. Tal aberração, existente na legislação de outras nações ditas "evoluídas", poderá vir a ser-adotada em nosso País, se contra ela não se levantar uma reação enérgica e eficaz.

Nesses artigos mostramos como o aborto e a contracepção são totalmente inaceitáveis por serem contrários à Lei de Deus e à Lei natural. Não vamos repetir aqui os argumentos e as citações que neles se encontram. Queremos lembrar apenas algumas noções fundamentais.

Sobre a contracepção

• • • Sobre esses dois temas candentes a TFP já tem posição firmada através de pronunciamentos nesta folha e fora dela. Em julho de 1972, a Comissão Médica da TFP enviou ao então Ministro da Justiça, Prof. Alfredo Buzaid, um significativo memorial alertando contra a introdução no novo Código Penal de cláusulas permitindo uma ampliação dos casos legais para a prática do aborto. De acordo com o Código Penal em vigor, o aborto só deixa de ser crime em duas circunstâncias: 1) Quando é <i único meio de salvar a vida da gestante, acometida de grave enfermidade; 2) Quando a gravidez resulta de estupro. O referido memorial, invocando os argumentos do Magistério Pontifício e de moralistas de renome, refutava as alegações dos partidários da liberalização do aborto e pedia a revogação daqueles dois casos em que sua realização é permitida, visto não haver fundamentação moral, doutrinária ou científica que os sustente. O Projeto de Código Penal, elaborado em 1969 mas que não entrou em vigor, mantinha os dois casos de impunibilidadc para o aborto. Entretanto, por lc, votada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República, publicada no "Diário Oficial" de 31-12-73, foi revogada a impunibilidadc para os

A difusão dos métodos contraceptivos não faz diminuir o número de abortos. A propaganda feita a propósito da limitação da natalidade, além de incentivar a liberdade sexual, cria uma mentalidade antinatalista, muito propensa a recorrer ao aborto quando falham os métodos contraceptivos. A limitação da natalidade não é solução para problemas de ordem econômica o u social. Não é diminuindo os nascimentos que se extingue a delinqüência infanto-juvenil, se resolve a questão do desemprego ou se restaura a economia combalida de um Estado. Cada um desses problemas exige uma solução própria, de ordem moral, econômica o u social. Um governo incompetente para gerir os bens de determinado país - que gasta onde não deve, faz despesas que não pode fazer, estatiza gradualmente a economia e leva a nação à bancarrota - certamente não é limitando os nascimentos que ele vai colocar as finanças nacionais em ordem. A delinqüência e o desemprego decorrem mais da corrupção moral e da má administração do que do acúmulo de novos ca ndidatos disputando o mercado de trabalho. A conseqüência social da limitação da natalidade é o envelhecimento da população, o aumento do número de aposentados, inativos e dependentes. acarretando a diminuição proporcional do número dos

J

.,... Menifostontes portam carta:r:es contrários ao aborto em frente a uma clínica da organiução pró•.aborto .. Planned Parenthood " na cidade de Saint Peul (EUA).

casos de estupro. Como porém o mencionado Código ainda não entrou em vigor, persistem as situações previstas no Cód igo anterior. •

Manifest&ç:lo antí-abortiata diante do Capit61ío. em W ashington.

ção" do aborto, ou seja, que ele não figure mais no Código Penal na categoria dos crimes contra a vida, tal como é considerado no Código vigente. . De,5sa maneira o aborto poderá vir a ser um ato inteiramehte legal, realizado por simples solicitação de gestante. Ou então com suas condições de legalidade de tal modo ampliadas que, na prática, equivaleriam a uma liberalização total. ~ o 2

• • •

Nas páginas de "Catolicismo", a posição da TFP contrária aos métodos contraceptivos e ao aborto foi externada nos artigos: - "Três etapas de um processo d e morte: contracepção, aborto, eutanásia", dezembro 1976, n.0 312; "Câmara italiana aprova massacre de inocentes", abril 1977, n. 0 316; "Controle da natalidade: um mito e um pecado", junho 1978, n.• 330; "Legalização do aborto: farisaismo e catástrofe", maio 1980, n.0 353; "Velha e rica, a Europa tende à extinção", janeiro 1981, n.0 361; "Causas da autodestruição demográfica", março 1981, n. 0 363; "Consequências funestas atin$em vários países e o Brasil", ma,o 1981, n.0 365.

que produzem. O que termina por gerar o e mpo brecimento global da nação. Por que existem índices ponderáveis de delinqüência e desemprego em países onde, há tantos anos, se pratica uma desenfreada contracepção e uma liberalização completa do aborto. como os Estados Unidos, Fra nça, Inglaterra e Alemanha Ocidental? Se a limitação dos nascimentos resolvesse o problema ...

Sobre o aborto A liberalização ou legal ir.ação do aborto não diminui o número de abortos clandestinos. Num pais cm que o aborto é legal, chamam-se "clandestinos" aqueles realizados sem obedecer às prescrições do Estado para a perpetração desse crime. A mulher que se submete a vários a bortos corre risco acentuado de sofrer prejuízos em sua sanidade

Crianças abortadas. de 18 a 24 semanas. em cesta de líxo: resultado do uma manhã de trabalho num hospital canadense!

física e mental. A legalização do aborto vai provocar maior incidência de problemas físicos e psiquicos na população feminina. O aborto "terapêutico" e o aborto "eugênico", ou seja, aqueles realizados para sa lvar a vida da mãe ou para evitar que o concepto nasça com alguma anomalia ou deficiência de ordem física ou mental. também são considerados como homicídios, pois o fim não justifica os meios. Não se pode utilizar um meio mau (malar o concepto) para conseguir um fim bom (salvar a vida da mãe o u impedir que nasça uma criança com defeito congênito ou hereditário). Igualmente criminoso é o aborto dito "sentimental", para por fim a uma gravidez resultante de estupro. A mãe não pode vingar-se no filho de uma violência cometida pelo pai. O feto é inocente e jamais é um injusto agressor. Não pode ser condenado à morte por um crime que não cometeu. As mulheres que alegam poder realizar um aborto porque seu corpo lhes pertence, provam apenas sua completa ignorância em assuntos de embriologia. Pois o ser que se desenvolve em suas entranhas já tem vida própria desde o momento d a concepção e constitui um organismo a parte.

• • • O aborto é um crime punido com a excomunhão automática pela Igreja Católica. Mesmo no novo Código de Direito Canônico, o aborto foi um dos poucos casos que continuam a merecer essa pena. Por isso é de se estranhar que o Bispo de São José do Rio Preto-SP, D. José de Aquino Pereira, ao comentar um·caso de aborto realizado por uma mulher de sua Diocese, com a finalidade de eliminar uma gestação resultante de estupco, se tenha limitado a declarar que a referida pessoa praticou um mal ao abortar, sem levantar sequer a possibilidade da excomunhão cabivel cm casos dessa nan,rc,.a, segundo a lei da Igreja ("O Globo", 7-3-83). Até há pouco, eram raras as pessoas que defendiam publicamente a posição que assumimos - a qual, no entanto, é a única consoante com a Lei de Deus e a Lei natural a respeito da contracepção e do aborto.

• • • Foi com satisfação, portanto, que vimos ser publicado em 1982 o livro "Aborto - O direito do 11ascit11ro à vida" (Livraria Agir Editora, 1982, Rio de Janeiro). A obra, laureada pela Academia Nacional de Medicina, tem como autore,s os Drs. João Evangelista dos Santos Alves, Dernival da Silva Brandão, C11rlos Tortelly Rodrigues Costa e Waldenir de Bragança. Abordando a questão da liceidade do aborto em nossa legislação penal, os autores salientam de modo especial o fato de não haver base científica para o aborto dito "tera· pêutico". enquanto o aborto realizado cm casos de estupro não passa de uma aberração ju ridica. Baseado no depoimento de numerosos professores e especialistas. conhecidos por sua no tória competência em matéria médica, o livro revela como nem a gravidez intercorrente em portadora de moléstia grave, nem o aparecimento de uma complicação no decurso de uma gra-

videz, constituem indicação para um aborto "terapêutico". Focalizando a questão sob o prisma meramente científico, os autores defendem uma posição po uco conhecida e divulgada, mas verdadeira e bem fundamentada nos progressos mais recentes da ciência médica. Devido /1 importância do tema, pareceu-nos oportuno transcrever os próprios trechos do livro que abordam o assunto: "Observa-.ie q11e. 110 co11cer11e111e ao aspecto estriUJ111e111e médico, as opiniões convergen,. cada vez nwis. na aceitação do fe110 de que se tornam ,nais raras as situações patol<í· gict1s em que se poderia concluir

pela impossibilidade de evolução da prenhez até a viabilidade fetal. Em tais casos é diftcil. se não impossível, afirmar-se que o abortamento salvará a mãe" (os negritos são sempre

nossos). "N,io faltam 110 Brasil ce111ros rnédicos sufide11h.unente desenvolvi· dos e aparelhados para oferecerem a m elhor assis1ê11cia aos casos mais graves. Não seria difícil a re111oção para tais centros das gestantes reside111es no i111erior. desde que. para isso. se voltasse a aten ção dos responsáveis. ·· Nrio pre1e11demos. 11es1e trabalho. a11alisar todos os problemas m édicos relacio11ados ao tema. ne111 expor e dis<:utir todos os recursos clínicos e cirúrgicos existe111es para a

orie111ação desses casos. "Nosso propósi10 é apenas demo11s1rar, e111 li11has gerais, que o apelo ao chamado 'abor1a111e1110 terapêutico· co,no n1eio de salvar ,, vidá da gesta11te não constitui recurso científico, sobretudo nos dias atuais, em face das modernas conquistas da Medicina. "Neste se111ido. nos alicerçamos em depoime111os cie111ijicos de personalidades médicas brasileiras de vasta experiê11cia e reconhecido saber profissional. Vários desses depoime111os, obtive11w-los através de co11sultas por nós forn,uladas" ilustres colegas de várias especialidades. que se dignaram respondê-las. Outros foraJ11 extraídos de trabalhos cie111[(icos publicados e111 re vistas ou apresentados e,11 congressos médicos brasileiros·· (pp. 61 , 62 e 63).

• • • Por outro lado, os autores da mencionada obra citam autoridades no setor jurídico que tornam patcnt.c a incoerência de um Cód igo o qual, pretendendo defender os direitos do nascituro - parâdoxalmente, permite que se o mate como penalidade referente a uma violência que ele não cometeu e da qual é mera conseqiiência inocente. O livro explica ainda, com notável cla reza, no que consiste o aborto iQdireto, permitido devido ao principio do duplo efeito (consagrado na moral católica), em que a morte do nascituro não é visada nem desejada, mas que pode ocorrer como conseqüência de tratamento médico o u ci rúrgico inadiável a que é submetida a gestante. O trabalho em questão revela-se, po rtanto, uma obra valiosa e de extrema utilidade, pelos sólidos argumentos e doeu mentação que apresenta, para a fase polêmica que se prenuncia com a dupla a meaça que paira sobre nosso País: uma legislação antinatalista e a legalização do aborto.

Murillo Galliez CATOLICISMO -

Maio de 1983


MAIS UM LIVRO QUE A

Maria, auxílio dos cristãos

ESQUERDA CATÓLICA NÃO VIU': .. 11

ÃO HÁ assunto mais cm foco cm nosso Brasil, nos dias que correm, do que as Comunidades Eclesiais de Base CEBs. Ou melhor, não havia. Porque, enigmaticamente, depois de ocupar co·m insistência todos os meios de comunicação social, quer leigos, quer religiosos, as CEBs desertaram do noticiário nos últimos meses. O movimento foi, de repente, posto numa tal surdina c numa tal penumbra publicitária, que é bem o caso de se perguntar se algo teria ocorrido com e le.

N

M

Capa do livro da TFP sobro as CEBs. o qual

alcançou significativa repercussão já tendo se escoado quatro edições do mesmo, num 101<11 de 30.000

obras vendidas .

Um livro incômodo No ftm do mês de agosto do ano passado, a TFP lançou um livro de autoria do Presidente do Conseiho Naciona l, Prof. P línio Corrêa de Oliveira, com a colaboração de dois sócios da e ntidade - os irmãos Gustavo Antonio e Luii Sérgio Solimeo - , justamente sobre as CEBs, que constituíam então assm\to obrigatório, com publicidade garantida. O próprio títu lo do livro referia-se à notoriedade (aliás, um tanto artificial) criada em torno das Comunidades Eclesiais de Base: As CE8s... das quais muito se fala. pouco se conhece - A TFPasdescrevecon10 St10.

Haveria relação entre o lançamento desse livro e o si lêncio embaraçado que se fez a respeito das CEBs?

Acusações graves, argumentação convincente, documentação irretorqülvel Não se podiam fazer acusações mais graves do que aquelas que o livro faz. Também não se podia apresentar argumentação mais lógica e convincente, nem documentação mais irretorqüívcl do que aquela que o livro apresenta. Lembremos algumas dessas acusações: • A Conferência Nacional · dos Bispos do BrasiJ - CNBB está se constituindo num V Poder, ao lado dos três Poderes da República Executivo, Legislativo e Judiciário - e do chamado IV Poder - Imprensa-Rádio-TV. (Por sinal, o IV e o V Poderes aparecem freqiientemente coligados, num entendimento pcrfcitÓ). • Esse V Poder (a CN BB) tem intervido continuamente na esfera temporal, chamando a si a resolução dos problemas políticos, socia is e econômicos, como se o Estado tivesse deixado de exist ir, e não houvesse no País elites leigas capazes de assumir tal responsabilidade. • O rumo que esse V Poder está procurando imprimir a tais questões é um rumo esquerd ista, que visa implantar em nossa Pátria um socialismo radicalmente igualitário. • A doutrina católica que justifica essa atuação da CNBB é a Teologia' da Libertação, uma interpretação marxista da doutrina católica, segundo a qual o verdadeiro redentor da humanidade seria o "pobre", o "oprimido", o "marginali1.ado", plenamente identificado com o "proletariado" da concepção marxista da luta de classes. • A CNBB exerce diretamente sobre as autoridades constituídas, as classes dirigentes e a_opinião pública em ge ral uma pressão de cúpula, e ao mesmo tempo promove - principalmente por intermédio das CEBs - uma análoga pressão de base. ' • Essa pressão de base se exerce sob a forma de invasões de terrenos urbanos ou de propriedades a gricolas, depredação de trens suburbanos e de ônibus, abaixo-assinados demagógicos, reivindicações .descabidas, assembléias, greves políticas e outras manifestações tumultuosas de descontentamento e de contestação das atuais estruturas politícosociais e econômicas.

As CEBs, imensa mãquina de agitação Com relação às CEBs, o livro mostra não se tratar de algo esponCATOLICISMO -

Ma io de 1983

tâneo, nascido do entusiasmo das massas ou de uma ação direta do Espírito Santo (como apregoam seus mentores), mas sim de um movimento cuidadosamente planejado, articulado e orientado por 1ecnocratas da pastoral, com o emprego inclusive de métodos psicológicos, como as dinâmicas de grupo e outros. As CEBs formam uma imensa máquina de agitação, que conta com agentes bem treinados e dispositivos muito bem estruturados, como os Clubes de Mães, os Grupos de R ua, Grupos de Juvens, Grupos de Teatro, Grupos de Saúde, Movimentos de Favelas. movimentos contra os loteamentos clandestinos, de reivindicação de luz, água, ônibus, creches, postos de saúde etc. Sobretudo, o mais bem estruturado e articulado deles, o ultra-publicitado Movimento Contra a Carestia (antigo Movimento do Custo de Vída), que tem seu nome ligado ao quebraquebra de ônibus em Salvador, em agosto-setembro de 1981, o qua l deixou o saldo de um morto, inúmeros feridos e prejuízos de centenas de milhões de cruzeiros.

AIO é o mês dedicado a Maria Sant íssima. Entre as festas instituídas pela Igreja cm homenagem à Mãe de Deus nesse mês, figura a de Nossa Senhora Auxiliadora, que se comemora no dia 24. Em 7 de outubro de 1571, na famosa batalha de Lepanto, a armada católica iníligiu arrasadora derrota à esquadra muçulmana. Conta-se que, no momento da gran'cle vitória, São Pio V, tendo recebido uma revelação divina, teria interrompido uma reunião que mantinha em Roma com Cardeais, dizendo: "Deixemos os negócios; vamos dar graças a Deus pela vitória que acaba de conceder ao exército cristão", Para agradecer a Nossa Senhora pelo triunfo obtido, e tendo em vista conservar a memória do aconteci: mento, São Pio V inseriu a invocação "A uxilium Christianoru,n, O· r" pro nobis" na Ladainha Lauretana. Embora a invocação da Virgem Santíssima como "Auxilio dos Cristãos" seja muito antiga, a festa de Nossa Senhora Auxil iadora foi estabelecida pelo Papa Pio VII somente cm 1816. O mencio nado Pontíftce havia sido feito prisioneiro por Napoleão, devido à recusa do Papa em ceder às exigencias do tirano frances. Foi então aquele conduzido d e Roma para Savona. Durante os cinco anos que durou seu cativeiro, nessa cidade e depois na França, Pio Vil continuamente recorria a Nossa Senhora como "Auxílio dos Cristãos". Uma série de acontecimentos imprevistos, debilitando o poder de Napoleão, possibilitou o regresso do Papa à Cidade Eterna, que ocorreu cm 24 de maio de 1814. Pio Vil não hesitou em atribuir sua libertação à ajuda especial de Nossa Senhora. Cm ação de graças pelo evento, instituiu, no ano de 1816, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora.

última, a Religiosa, apenas scrviriâ o Senhor, enquanto a primeira. a meretriz, seria "o próprio Cris10"! Acrescentou que a atitude inominável de uma mulher de má vida que, no día de Natal, se entregava gratuitamente aos presos da cadeia, apresentava "uma cunotação nova e clara do ver~adeiro sentido do servíço d e D eus "/.... As "operações pega-fazendeiro", a agitação operário-sind ical, o c n_gajamcnto político, a_perscguição promovida pela autêntica KGB religiosa (que só permite o Batismo e outros Sacramentos a quem aceita a cartilha política das CEBs), e muitas outras tropelias denunciadas no livro da TFP - a par da disseminação do espírito de revolta por meio da consc.ientização - tudo isso apresentava bem a fisionomia, as doutrinas, os métodos e a atuação de um movimento que se receia estar a ponto de to mar conta do Brasil. A denúncia vinha apoiada em mais de 700 documentos, provenientes, em s ua maioria, dos próprios arraiais das Comunidades Eclesiais de Base.

Um silêncio que não se explica Uma "Igreja-Nova-quenasce-do-povo" socialista e revolucionãria

D iante dessa verdadeira bomba, que é o livro da TFP, qua l foi a reação do V Poder? E a do IV? O mais completo silêncio... A esquerda A partir dos relatórios das pró- católica "não viu" o livro ... Embora prias Comunidades de Base, apre- dele já se tenham escoado mais de 20 sentados nos quatro Encontros Namil exemplares e quatro edições, cm cionais, bem como de declarações de apenas seis meses. O que, para o corifeus do movimento, o li vro mosBrasil, constitui quase um recorde tra como as CEBs fazem as mais para livros de não-ficção, nem didáduras críticas à Santa Igreja - a ticos. Sobretudo para um livro que "Igreja trad icional" - à qual connão conta com o apoio generoso que trapõem uma Igreja Nova - a o grosso do IV Poder (lniprensa"Igreja-que-nasce-do-povo" - inteiRádio-TV) costuma conceder aos ramente igualitária e engajada no livros de esquerda. processo revolucionário que visa imSe é verdade tudo quanto afirma p lantar - pela política ou pela for- o livro da TFP - e as acusações a li ça (a via fra ncesa ou a via Sandinista contidas não podiam· ser mais granicaragiiense) - o socialismo no ves, pondo cm juíio não só um Brasil e em todo o Continente. movimento "eclesial", mas a própria cúpula dirigente do Episcopado brasileiro - então, o silêncio é incomAberrantes concepções morais no ambiente das CEBs preensível. A única atitude nesse caso seria um humilde e grandioso O livro revela ainda espantosas m ea culpa. Um contrito pedido de concepções morais que circu lam nos perdão a Deus e à opinião pública ambientes das Comunidades Ecle- católica. siais de Base, como conseqüência da Se, ao contrário, o que o livro da aceitação, pelos seus mentores, dos TFP afirma não é verdade, menos pressupostos mar~istas da Teologia comprccnsivcl ainda se torna o silênda Libertação. Ao lado de outros cio. Seria o caso de mobilizar todo o exemplos, transcreve aberrantes e IV Poder (sempre pronto, de resto. a esca ndalosas palavras de D. José acudir aos acenos d o V), de soprar Maria Pires (promotor do 3.• En- todas as tubas da publicidade e escontro Nacional das CEBs). Admi- magar sob o peso de provas dotiu o Arcebispo de João Pessoa que . cumentadas os caluniadores. Mas, uma. prostituta, numa casa de tolenote-se bem, de provas docu111e11rância, teria mais merecimento ·que tadas. Não bastam negativas enfátiuma freira no convento, pois esta cas e "argumentos" do tipo daquele

Votação de um documento em Assembléia da CNBB realitada em ltaici. Segundo O. Alberto Gaudêncío Ramos, Arcebispo de Belém do Porá. na pressa que geralment e caracteriz,a o final das Assembléias. "a tendência é para aprovar tudo o que apareça .. ,

•,, f r

O exemplo de São João Bosco São João Bosco, falecido em

1888, foi o grande apóstolo da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora. "Os 1e111pos que correm - afirmava e le - são de ((1lforma /ristes. que temos verdadeira nec,:ssidade de que a San/ íssima Virge111 nos ajude a conservar e defender a fé cristã, co-

1uo e,n

Lepa1110,

corno e,n

Viena,

com o em Savona e Roma" ("Biografia y Escri1os de San Juan Bosco", B.A .C. , p. 289). D. Bosco repetia com insistência que a invocação "Auxilium Christianorum" era uma nova bandeira colocada por Deus nas mãos dos católicos para alcançarem importantes êxitos contra os inimigos da Igreja. A biografia do grande Santo fornece-nos uma prova viva da vera-

apresentado pelo Cardeal Arns e seus Bispos Auxiliares de que faltava autoridade à TFP para lançar tais denúncias, pois os autores do livro nunca freqüentaram uma reunião de CEBs ... (como se a vasta documentação proveniente desses mesmos organismos, citada no livro, não fosse mais do que suficiente para fundamentar suas teses ...). t indispensável provar: a) que os fatos a li narrados não se deram, ou se deram de modo diferente; b) do mesmo modo, que as doutrinas denunciadas no livro não circulam nos ambientes d·as CEBs; ou, se circulam, que elas não discrepam do ensinamento tradicional da Santa Igreja; e) por fim, que a documentação apresentada no livro não é autêntica, ou . não corresponde ao que se pensa, se diz e se faz nas CEBs. O que não se pode é ignorar o livro, guardar o silencio.

Velha tãtica jã denunciada por São Pio X Mas, a tática do silêncio, a ver. gonhosa tática do silêncio utilizada pelos progressistas vem já do tempo

Imagem de Nossa Senhora Auxiliadora

cidade de suas palavras. Por mais escassos que lhe fossem os meios, nunca faltou a São João Bosco nada que necessitasse para dar maior glória a Deus e salvar a lmas. E isso devido à sua devoção a Nossa Senhora Auxiliadora.

Grandes e pequenas graças Ao referir-se ao auxílio de Nossa Senhora, São João Bosco tinha em vista principalmente as graças espargidas por Ela nas grandes lutas que se travaram em defesa da fé, em prol da causa católica. Como vimos, ele lçmbrou a vitória de Lepanto, o grande cerco de Viena efetuado pelos turcos, o cativeiro de Pio VII em Savona e as dificuldades ocorridas no relacionamento entre este Pontífice e Napoleão. Mas tal alusão não é exclusiva. Nossa Senhora, enquanto a uxiliadora, gloria-se de conceder aos católicos toda esl)écic de auxílio. Tanto para as necessidades espirituais como materiais, grandes ou pequenas. Basta q uc Lhe peçamos. E, às vezes, nem isso é preciso. Mãe de todos os homens, especialmente dos cristãos, Ma ria Santíssima cuida de nós, dando-nos graças até mesmo quando não as pedimos. Que dizer então das graças que, com confiança, Lhe imploramos? Em uma de suas mais belas orações, o .. Memorare'', São Bernardo confirma essa solicitude maternal. Dirigindo-se a Nossa Senhora, o. Doutor da Igreja exclama: "Nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenha recorrido à Vo.rsa pro1eção, ünplorado Vossa assistência, reclamado Vosso socorro, fosse por Vós desamparado". Peçamos pois à Virgem Santíssima tudo quanto precisamos. E seu poderoso auxílio não nos faltará.

de seus an1epassados, os modernistas. Já a denunciara o imortal pontífice São Pio X, na Encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 1907: "Não é para admirar que os católicos, denodados defensores da Igreja, sejam alvo do ódio mais despudorado dos modernistas. Não há injúria que lhes não atirem e,n rosio; mas de preferência os cha,nam ignorantes e obstinados. Se a erudição e o acerto de quem os refuta os atemoriza, procuram descartá-lo, recorrendo ao silêncio" (Doe. cit., n.• 42, Ed. Vozes, Petrópolis, 3.• ed., 1959, p. 49). Compreende-se pois que As CEBs... das quais muito se fala, pouco se conhece - A TFP as descreve com o são seja mais um livro que a esquerda católica "não víu". E se compreende também que os dirigentes do movimento das Comunidades Eclesiais de Base CEBs tenham resolvido pô-lo um pouco na sombra, disfarçando sua atividade, com a colaboração, naturalmente, do IV Poder, sempre solícito - não é demais repetir - cm atender aos acenos do V.

João de Castro 3


Manifestações e

\

INÍCIO DE UMA SÉRIE PARA Cronologia dos três dias de

Es-te orelhão telefOnico estava na Prnça da Sé, sendo distruido durante os tumultos do di& 5 de obril. Os quebradores que o inutilizaram não deveriam estar famintos ...

OUVE QUEM dissesse que "a leitura do jornal é a oração da manhã do homem moderno" (maliciosa frase, atribuída a Hegel). Avidez de informações. Desejo de novidades. Busca de sensações ... Satisfazer estas apetências, com efeito, tornou-se para multidões um imperativo quase diário. Máxime, em efervescências sociais, em crises que lhes afetam de perto. Rádios, jornais e TVs galvanizam as atenções. A antiga instituição do "Jornal do Poste" persiste em continuar vivendo. Só que é a própria banca, com seus jornais dependurados para as "leituras de graça". E a freqüência é nutrida! Os jornais são atualmente pregões de pesadelos: crimes, conflitos, agitações, revoluções e guerras. Contudo, continuam a manter seus afeiçoados. Fazem chispar as notícias nos títulos, colunas. e. fotos, que depois se propagam de boca em boca. Fatos como os distúrbios de 4, 5 e 6 de abril p.p. são o supra-sumo para esses veículós da palavra. Comentam e documentam bombasticamente. Manchetes coruscantes. Fotos em surpreendentes "closes". Tudo calibrado para causar impacto no leitor.

H

Manuseio da sensibilidade e da Imaginação No entanto, um estranho fenômeno env-olveu e abafou o conhecimento e a lembrança desses fatos. Nem bem cessadas as violências, começaram elas, nos dias posteriores, a parecer coisas do passado. Envelhecidas ... Os jornais foram se emudecendo ... ! A avidez com que se acompanhou as depredações e saques foi cedendo lugar à sonolência mental, à névoa do esquecimento. Não se sabe por que sorti légio, por que misterioso processo psicológico, a recordação dos violentos e dramáticos dias de baderna foi se apagando. Invadiu as mentes uma ilusão de que "tudo está tão remoto ..." Como se aos "olhos" da mente se aplicasse um binóculo invertido, que distanciasse os acontecimentos. Os quebra-quebras assumiram aparências baças de um sonho de mau gosto! Estamos hoje na era das técnicas refinadas, sutis e eficazes da psicologia e até da parapsicologia... Os estudiosos da Guerra Psicológiêa Revolucionária bem sabem como há artifícios para mudar o estado de espírito .das multidões. · Que manuseio da sensibilidade e da imaginação do público terá sido exercido para conseguir amortecê-las, silenciá-las? As reações lógicas, perante os prolongados e sérios distúrbios, implodiram. Os reflexos ilógicos pleitearam cidadania, passo a passo: susto, descontração, desprevenção e, por fim, esperançoso otimismo. A Guerra Psicológica Revolucionária atuou ~e molde a espalhar ma-

Praça da República Pa1co fb mos

r,•,•,•.'Jsaques ou

4

quiavélica impressão: os distúrbios terminaram, e pertencem à poeira do passado! Verdade ou engodo astucioso?

Para dissipar a "cortina de fumaça" Escrevo este artigo no dia 17 de abril. Até vir a público, terão ocorrido novas agitações? O fenômeno psicológico, aqui descrito, se repetirá com outra "calmaria" e esquecimento dos novos distúrbios? Veremos. Por hora, fai-se necessário remexer os acontecimentos "tão remotos ..." de abril. Parecerá a alguns leitores obra de arq ueologia em pilhas estratificadas de jornais... (Palpável e triste sintoma da ação profunda do referido fenômeno psicológico). No entanto, recordar a realidade inédita da paralisação psicológica da imensa cidade de São Paulo; do domínio efetivo do Centro, de diversos 8a1rros, horas a fio, por agitadores; constatar que a capital paulista viveu três dias debruçada sobre si mesma, aturdida e espantada pela audácia dos tumultos; relembrar tudo isto só poderá contribuir para desfazer a "cortina de fumaça" que encobriu fatos patentes. E ser benéfica advertência a quantos dêem de ombros às previstas novas manifestações no Brasil. A perda da memória de tais fatos sugere, por fim, duas perguntas: a quem aproveita? E para que efeitos? Deixamos ao leitor a elocubração das respostas e passamos ao retrospecto cronológico dos três dias de depredações e saques na capital paulista.

Previsão ou ameaça? "O próximo passo é o saqueamento dos supermercados, pois o homen, com fome é uma fera". Com esta frase o deputado federal Aurélio Peres (PMDB-SP) comentou, em setembro de 1981 , a invasão ilegal da fazenda Itupu, na Zona Sul da cidade de São Paulo. Aurélio Peres, ex-seminarista, formador de inúmeras Comunidades Eclesiais de Base na Zona Sul da capital paulista, foi eleito deputado por estas. Havia sido líder sindical e mantém vínculos notórios com o PC do B. Nas manifestações de abril último, o deputado apareceu como um dos organizadores da Concentração no Largo 13 de Maio. E teve papel de destaque em seus desdobramentos. José Lima Soares, membro da Oposição Sindical dos metalúrgicos, foi outro organizador. Segundo ele, a manifestação seria a primeira de uma série a ser desencadeada em todo o País. A Oposição Sindical, que deu forte apoio à manifestação, é formada por sindicalistas opositores à política oficial dos Sindicatos, tida como moderada. Esta facção contestadora quer a "luta de classes" e a

Depredadores destroem barracas da feira de artesanato no dia 5 de abril. na Praça Clovis Bevil&cque

4 de Abril (segunda-feira] - A explosão da violência " Ninguém agüenta mais nem patrão nem general" 8:00h O "Movimento da Luta Contra o Desemprego e a Carestia" articu la a Concentração (ilegal). 150 pessoas estão reunidas nas escada rias da igreja matriz, de Santo Amaro. Pronunciamentos contra a crise, pelos altofalantes de perua kombi. 8:30h Cresce o número de pessoas. Assalto a caminhão da COBAL (l.800 sacos de laranja pilhados). Início de tumulto: quebra de luminárias e vidros de lojas com laranjas e pedras. 8:SOh 2.500 pessoas reunidas. Líderes procuram formar duas passeatas (para a Assembléia Legislativa, e para a Administração Regional de Santo Amaro). O prédio antigo da Administração sofre depredação. Outro grupo de manifestantes começa o quebra-quebra no Centro de Saúde do Bairro; depois depreda veículos, bares e padaria, e ataca revendedora de automóveis aos gritos de uNinguén1 agüenta ,nais ne,n patrão ne,n

general"'. 09:00h Supermercado Barateiro, no Largo 13 de Maio, é quebrado e saqueado durante uma hora. Seis viaturas da PM chegam tarde ... / Soldados sitiados por multidão enfurecida, com paus ·c pedras. / Loja Besni é saqueada (funcionários buscam refúgio). / A violência se espalha pelo Bairro. 12:30h Chega o Oep. Aurélio Peres (encarregado por Montoro para servir de mediador). Tenta dialogar com os mais exaltados para levá-los a seu escritório político e debater a situação. Polícia liberta os detidos a pedido de A. Peres. O centro do bairro vira "praça de guerra"

13:00h A agitação prossegue ... Chega tropa de choque e cavalaria. / Ocupantes de dois carros incitam passeata pelas redondezas. Um dos carros tenta furar o bloqueio policial, sem êxito. / A passeata sai por outro lado da praça, com depredações de residências, telefones públicos e vidraças de lojas. / Organizadores da Concentração mobilizam 300 manifestantes e saem com eles para a Assembléia Legislativa. 14:00h 500 pessoas cercam caminhão da CopaGaz (22 butijões de gás roubados). / Furgão da Cia. União de Refinadores barrado por piquete (235 kilos de café em pó roubados). 14:30h Manifestantes, jâ na Assembléia Legislativa, expõem seus problemas. Na volta a Santo Amaro ocupam e forçam 4 ônibus da CMTC a levâlos. 15:00h Saques no Supermercado MiniBox, das lojas e padarias das ruas Cap. Tiago Luz, Herculano Reis e Estrada de Itapecerica. 17:00h 100 manifestantes dirigem-se ao 11.0 Distrito Policial para libertar 70 detidos mas desistem em meio do caminho. / Ameaça de invasão do Shopping Center Sul. Polícia cerca o local e os manifestantes voltam-se contra ônibus e lojas (quebras). 17:30h Lojas CenterSul e Balaio do Povo R. Manoel Borba) saqueadas.

18:lOh 400 manifestantes tentam invadir o 11.0 Distrito Policial. Intervém tropa de choque e fracassa a manobra. 18:20h Jardim São Luis: mil manifestantes quebram e pilham totalmente o Supermercado NovoBox. Polícia não chega a tempo. / Jardim Vaz de Lima: invasão do Bazar Kassim (portas são arrombadas). Saqueadores dispersos pela polícia. 19:IOh Hipermercado Gonçalves Sé teve as vidraças destruídas. Polícia impede saque, com tiros para o ar. e prendendo ... 20:00h Destruição de açougues, lojas e padarias nos "Jardins" (Bairros mais distantes do Largo 13 de Maio). 21:30h Cessa violência. Grupos rondam por ruas do Bairro (mesmo pela madrugada).

5 de abril (terça-feira) - Palãcio do Governo atacado - 200 lojas depredadas no Centro da cidade 7:SOh Nova aglomeração nas escadarias da igreja . Comparecem deputados (PM DB, PT); di rigentes sindicais; líderes do PRÓ-CUT (Pró-Central Única dos Trabalhadores); líderes estudantis (UNE, UEE, UPES). / Discursos propondo greve gera l dos trabalhadores no Brasil; ataques à repressão e ditadura ... 500 pessoas assistem as arengas. / Polícia monta forte esquema para evitar saques. As Unidades do II Exército entram em prontidão. 9:00h Um velho, portando cartaz com anúncio de emprej\OS. é cercado por manifestantes. A fuga do plaqueiro dá início ao tumulto. / Tentativa de saque a farmácia e lojas. Polícia impede. Vaias. Discussão entre deputados e policiais. 9:IOh Perua Kombi encabeça passeata rumo ao Palácio do Governo. / Tentat ivas de tombar carro forte e arrombar Casa Ramos. 9:30b Integrantes da Passeata arrebentam portas e vidraças do supermercado Peg-Pag: invadido e saqueado. / Banca de revistas (cm frente ao PegPag) é destruída. / No percurso, rumo ao Palácio, manifestantes chutam automóveis e portas de lojas. Três mil participam já da passeata; gritos e ameaças levam pânico aos moradores. ll:20h Passeata chega ao Palácio. Portão dos Visitantes é forçado aos gritos de "Abre, abre!". / Deputados do PMDB e PT que acompanhavam os lideres da manifestação entram no Palácio (entre eles está A. Peres). / Gritando "A casa é nossa" manifestantes apedrejam os policiais. Manifestantes invadem o jardim do Palácio

12:20h A multidão se desloca para a frente do Palácio. Manifestantes sacodem as grades frontais e derrubam 100 metros. / Choque entre polfcia e grupos que invadem o jardim. José Genoino (PT-SP), ex-guerrilheiro ligado ao PC do B, e o Dep. Paulo Fratcschi (PT) colocam-se à frente dos invasores para conter a polícia. / Obrigados a recuar, parte dos manifestantes retorna ao Largo 13 de Maio quebrando semáforos, vidros de mansões e tentando saques. /

CATOLICISMO -

Ma io de 1983


m São Paulo ~

Há cinqüenta anos, êxito eleitoral da LEC

PARALISAR O ·BRASIL? depredações .e saques 12:SOh

13:20h

13:30h

14:00h

ex ti nção do próprio sistema capitalista, apontado como causa dos males dos operários e pobres (•)

Pouco mais de mil manifestantes voltam ao portão dos visitantes. Quando já reduzidos a menos de 500, o Governador recebe uma Comissão de manifestantes, integrada também por deputados. O Secretário do Trabalho informa os manifestantes, na rua, que providenciou ônibus para levá-los ao Largo de Santo Amaro. Em Santo Amaro, grupos saqueiam e depredam o Supermercado Pão de Açúcar. Verificam-se saques nos Jardins São Luís, Santo Antonio, Figueira Grande, Ângela, Piraporinha, Chácara Santana e lbirapucra.

Para 'ir, sem rodeios, ao cerne do assunto, foi comprovada a presença comunista e esquerdista nas manifestações. Assim o declararam autoridades de âmbito federal e estadual. O Serviço Naci'o na l de Informações identificou 30 integrantes do PC do B ("Folha da Tarde", 8-4-83). Aliás, o próprio secretário geral do PC do 8 admitiu a participação de sua agremiação, embora negue os quebras no Cent ro ("Jornal do Bras il", 8-4-83). O secretário da Segurança, Manoel Pedro Pimentel, revelou que a movímcntaçã9 não foi espontânea e houve infi ltração. Citou a Convergência Socia lista ("O Estado de S. Paulo", 9-4-83). Além do PC do 8 e da Convergência Socialista, grupos trotskistas (da a la rad ical do PT) e membros do movimento Alicerce da Juventude Socialista foram apontados pelo Superintendente da Policia Federal, Romeu Tuma, como envolvidos nas ações de rua ("Jornal do Brasil", 8-4-83). A pretensa participação de direitistas, para insuflar os distúrbios, não foi comprovada. E quanto aos aproveitadores, bandidos comuns e desocupados, são meros caudatários, nunca articuladores de agitações deste porte.

15:00h T umultos no Parque D. Pedro li , próximo ao Centro antigo. / Joalheria arrombada (Ladeira d'en. Carneiro). Jóias e relógios são roubados. / Um carro forte, de transportar valores, é tombado. 16:00h Generalização de saq ues e depredações: manifestantes arrebentam portas de aço de lojas de calçados, magazines e joalherias. A polícia se aproxima, interrompem-se os s.a ques. Após passagem desta , prosseguem as depredações. Mercadorias são atiradas às ruas. / São quebradas as vidraças de quase todas as lojas da R. São Bento e R. Direita. 17:00h Uma Rádio Patrulha é virada de de cabeça para baixo. 17:00h Na praça d a Sé, destruição de todas as ba ncas de ambulantes e de loteria; um grande posto da. Fotóptica é assaltado c incendiado. Lojas MicMac, Ellus, Riachuclo e Alegria: quebradas a golpes de ferro e pedradas. / Forte efetivo policial fecha vias de acesso para a Praça da Sé e controla as violências. 21:00h Início de depredações e saques cm ruas afastadas d o cinturão policial.

Desconcerto e apreensão face à atitude do Episcopado '

Declarações de expressivos representantes d o E piscopado causaram desconcerto e apreensão. "Es/(l111os decididan1ente ao lado dos trabalhadores e achamos que o quebra-quebra t! co111preensível. nun1 momen10 de gra11de tensão. onde gra11de pane da pop11laç_ão es1á vivendo sob pressão: não se estranha que uma pa11ela de pressão estoure. Aliás, a Igreja e D. Paulo, na Páscoa, já adver1iam para isso" - disse D. Angélico Bernardino, Bispo da pastoral da Arquidiocese paulista e conhecido impulsionad or de movimentos populares ("Jornal da Tarde", 7-4-83). Com efeito, o Cardeal de São Paulo, D. Pau lo Evaristo Aros. declarou à "Folha de S. Paulo", um dia antes dos d istúrbios: "Nós se,npre 1e1nen1os estas convulsões sociais_, que já estão se a111111cia11do, de certa forma". D. Clemente ls nard, vice-presidente da CN 88, considerou que o povo estava perdendo a paciência. Por sua vez, a CNBB - na ocasião, reunida cm ltaici-SP - aprovou moçãÓ condenando o desemprego. Os Bispos afirmaram também que não podiam deixar de ouvir o grito de desespero do povo ...

6 de abril (quarta-feira) - "Central de Boatos" amedronta a cidade Ocupação ostensiva do Largo 13 de Maio, cm Santo Ama ro, pela polícia. Dispersão de qua lquer aglomeração. / 90% do comércio permanece fechado no Centro da cidade. 13:00h A agitação no Centro estende-se por às 5 horas. P romovidas por 500 pes18:00h soas (maioria menores), correrias e gritos geram confusão. Ainda, quebras de vitrincs e anúncios. Formação e dispersão de grupos com bombas de gás lacrimogêneo. Novo tipo de terror: Nos bairros, boatos são gritados de dentro de pequenos carros, em correria. No Centro da cidade, pedestres surgem correndo e gritand o para os proprietá rios que haveria o reinício de saq ues. O pânico criado produz o fechamento de lojas cm ruas inteiras. Telefonemas a lojas, colégios e jornais avisam ataques próximos. Centenas de telefonemas à polícia acusam colocação de bombas, acontecimentos imaginários e "execuções" de a utoridades. Tática alarmista para aba lar psicologicamente a cidade. Balanço final dos distúrbios: 200 a 250 lojas, entre saqueadas e depredadas; 10 supermercados atingidos por danos ou saques; prejuízos estimados cm mais de 2 bilhões e meio de cruzeiros.

Uma observação curiosa. Os agitadores quebraram e saquearam, dando a impressão de falência do sistema capitalista; alguns líderes políticos e membros do Episcopado interpretaram a "impressão" e a justificaram: é preciso mudar o regime sócio-econômico do Brasil. Interpretação idêntica dos acontecimentos o riunda de dois setores diversos da sociedade. Mera coincidência?

Bernardes Tarragona ( • ) ·· A s CEBs'. .. d.is quais muito se fofo, pouco se

A 1·1~P as dc,scrcve como são". Proí. Plinio Corl'!~1 de Olivcir:1, Gustavo A,uonio Solimco. Lui1.

Scrg10 Solimeo. Editora Vera Cnn, São Paulo. 4.•

edição. 1983. p. 220.

Haviam desaparecido os dispositivos de a~itacão ..

-

remanescentes dà República Velha, ao lado de agremiações políticas e sociais surgidas a pós a Revolução destacou a Liga Eleitoral Católica. Até então, o Brasil era rc$ido pela Constituição de 189 1, imbuída de um espírito la ico, positivista e anticlerical. Accntuàva~sc, porém. cada vez. mais o divórcio entre aquilo que poderíamos chamar o pais aparente. e o país real. Oficialmente, o Brasil era uma república laica. vivendo;, margem da quescão religio· sa. Na realidade, porém, os católicos eram esmagadora maioria, sem nenhuma expressão na vida pública , constituindo uma enorme força latente que os meios oficiais pareciam ignorar. e que nem sequer tomava. ela própria. consciência de si mesma. A partir dos últimos anos da década de 20. conl a expans.ilo do movimento católico. com o afervora· mento das associações religiosas de leigos. e muito · 1 d C · · cspcc1a mente as ongregaçocs Mana.nas. m..sc tor· nando insustenlêlvel a ficção do Estado totalmente indiferente cm matéria religiosa. .

;_~ ' •

--

O jovem deputado e - d or mio orrea 8 iveira

pi· .

Foi a atuação da Liga Eleitoral Católica, insti1uida cm fins de 1932., que permitiu alterar

profundamente esse esrndo de cois~,s. fa zendo prevalecer os di reitos da gra nde maioria silenciosa. A Liga apresen1ava aos vários Partidos um program;, católico mínimo. cujos tópicos cada candidato dev<:ria se comprometer por escrito a respeitar caso fosse eleito. Excepcionalmente c-0nformc as c ircun::.tâncias peculiares de cada Estad o. a LEC podia. sem prejuízo de seu caráter' extra-partid<lrio. aprescniar ela mesma c..1.ndida to.s próprios. O sucesso que obteve foi marcante. Com seu a poio se elegeram, cm todo o Brasil. dez.enas de deputados. Talvez cm nenhum luga r seu s ucesso foi tão significativo como cm Sfi'o Paulo. onde fo i eleito. com 24.017 votos. o jovem lidcr católico Plinio Corrê.a de Oliveira . que já desempenhara papel de grande importância nas c,o nversaçõcs para a fundação da L,EC. Para se fo rmar uma idéia do que significou essa votação, espanwsa para a época. e suficiente para eleger dois deputados pe lo quociente e leitoral vigente cm São Paulo, basta lembrar que em tod o o Estado votaram 255.706 eleitores. f>linio Corrêa de Oliveira obteve assim. sozinho. qliase 10% dos votos d isputados a vida mente por mais de 100 candidatos. O 21) colocado. jurista e escritor de renome. obteve apenas a metade dos votos de Plinio Corrêa de Oliveira. que fo i clcilo quase exclusivi,me,He com os votos cató licos, enquanto os demais candidatos. três dos q uais làmbém aprovados pe la LEC. se beneficiavam ademais dos eleitorados dos respectivos Partidos. • Na Constituinte de 1933.34 foram vitoriosas iodas as reivindicações constantes do programa minimo da LEC - a indis,solubilidade do vínculo ma1rimonial, o ensino da Religião nas escolas públicas. a assistência religiosa nos quartéis e p risões - como também quase todos os pontos de seu programa máximo. Várias dessas conquistas. impens,íveís antes da LEC. atravessaram as décadas. e foram sendo incorporadas i,s carrns constitucionais posterio rmente promulgadas. Mas sem dúvida, um dos mais importantes efeitos da L.EC. a longo prazo. íoi c ria r na maioria conservadora do Brasil urna conscieneia de sua pró1>ria força. consciência essa que a té hoje constitui o maior obstáculo para a comunistização do Brasil. Isso explica. talvez.. a antipatia dos p rogressistas em relação à Liga, cuja a tuação é por vcze.~ duramente criticada. Para comemorar o 500 aniversário dessa bela vitória, "Catolicismo" oícrecc a seus leitores um artigo publicado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no .. Lcgioniirio", órgão católico da Arquidiocese de São Paulo, de IS- 1-1933. conclamando ard orosamente os católicos a apoiarem com todas as suas forç..ls a l..iga Eleitoral Católica. Notc~se que cm janeiro de 1933 o Autor a inda não era candidato. e nem tinha intenção de o ser. Além de sua pouca idade - contava então 24 anos - uma circunstáncia o incompatibili1..ava com a candidatura. Ele era Secretário da Junta

Estadual da Lisa. e, nessa cond iç,io. estava imll"dido, pelos estatutos da cn1idade. de se candidata r. Foi só meses depois que. por vontade expressa do Arcebispo D. Duanc Leopoldo e Silva, e a nuência da Junta Naciona l da LEC. o jovem líder católico aceitou q ue seu nome fosse ineluido na Chapa Úníea por São Paulo Unido. como representante do elci1orado que apoiava a Liga. O completo desinteresse pessoal do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira quanto à candidaiura à Assembléia Constituinte, comprovada pelo cmll"nho do Arcebispo Metropolitano para que ele concorresse âs e leições. torna mais admiráveis o ardor combativo, a coerência de atitudes e a L'uguc1..a de vistas do Autor do artigo abaixo reprod uzido. qualidades já bem conhecidas de nossos leitores. Es1amos certos de que apreciarão eles, devidamente, esta página memorável do passado que hoje transcrevemos. ·

liga Eleitoral Católica

Apostos! Plinio Corrêa de Oliveira

A

CABA OE SU RGIR cm Siio Paulo a Liga Elcilorat Calôlica . Bafejada pela simpatia e

aprovação das autoridàdts cdcsiásticas, .e dc-scnvolvcndo uma atividade rigor osament e conforme à.s diretrizes da Santa Sé, constitui ela a expr~-são mais eloqüente do desejo dos católicos, de que o Brasil não seja m:1:is um país cm que se adore Deus apenas no segred o intimo dos corações ou no recesso d os lares, mas cm todos os campos da atívidade humana. Os acontecimentos que se desenrolara m e que todos nós conhecemos, colocaram o Cato licismo cm tal siluação, que, do futuro pleito eleitoral, npc,,as um resultado não podemos esperar: a manutenção do a tual e.~tado de coisas. Ou o Cato licismo conseguirá vencer nas urnas, e fazer progredir resolutamente o pais no raminho de sua resrauração religiosa, ou o socíalismo extrema do se apoderará do llrasil, para íaze.r dele a vífüna dos numerosos Callcs e Lenines que pululam nos bastidores d e nossa política, sequiosos de •·mexic.anizar.. e "sovícHur" a terra de S anta Cruz. Ou o espiritualism o se afirma nas eleições. na sua expressão mais elevada e mais genuína. que é o Catolicismo, ou vencerá o materialismo. IWl s ua forma mais vio lenta e mais nefasta. que é o comunismo.

Ou, de que deJ>ende o resultado do pleito de maio? De1,ende dos votos do ekitorado brasileiro. O eleitorado brasileifo, portanto - e tanto vale dizer os c-atólkos brasileiros - tem em suas

conhece -

Loja de calçados saqueada durante os tumultos do dia 4 de abril. na Rua de S. Bento. No dia seguinte, seus produtos estavam expoS'tos sem a prot&Ção de vidro diante dos transeuntes que pas.savam tranqüilamente.

1

anos. rcali1.avam~sc cm lodo o País as e leições para a Constituinte Federal. Concorreram antigos Partidos

de 19)0. Entre estas. como grande revelaç,1o, se

Agitadores tarimbados ou aproveitadores?

Pânico e atos de vandalismo, no Centro

EM 3 DE MAIO DE 1933, hà precisamente 50

mãos os destinos espirituais do Brasil, e talve1. os do mundo. Dormir enquanto uma tal batalha ·se preparaJ viver sua vida de todos os dia~, indiferen1e a tudo quanto não seja a banalidade das ocupações de sen,pre, con.5'.truir egoísticamcntc s ua felicidade individual enquanto se tsboroa a fclil:1dade do Brasil e corre risco a prosperidade da Igreja, eis aí at itudts próprias certamente de um Pilatos, nunca porém de um cató líco brasileiro. e de um Congregado Mari-.1.no. No momento presente, :... ninguém é licito repousar com a consciência tranqiiila. c.n quanto não tiver empregado toda~ as suas horas vagas, todos os seus momentos de lazer, todos os seus recursos intelect uais e morais a serviço da LEC. E este strviço não é somente. próprio aos eleitore.~. Podem prestá-lo todos os católicos realmente ciosos da maior glória de Ocus. Uma discussão em favor da LEC no escritório onde se trabalha, ou no cJube em que se fa z esporte; uma pale.~tra a respeito do programa da L EC com um companheiro que encontramos na rua. ou um parente que nos visita em casa, uma oração feita cm rápida ,•isita ao SSmo. Sacramento pelo triunfo da L EC. quem não o poderá fazer? Ora é d estas de.d icaçiics perseverantes e ardorOSll-S, deste proselitismo combativo e prudente, que a l.EC precisa para seu triunfo, pois que é princ.ipalmentc dele que depende o sucesso do 1>lcito.

""'ª

Vemos, pois, que todos podem Jrabalhar pela LEC e que, portanto, todos DEVEM trabalhar LEC. Renitam todos os c.a tólicos sobre a grande respom;abilidade q ue atualmente pesa sobre seus

ombros. D ecidam-se a sair a campo pelos idesís da Igreja. Porque, se algum dia se ensopar o solo brasileiro com o sangue dasperseguições religiosas, ou se encher de luto a Igreja, pela crescente descristia nilação do Brasil. é sobre os inertes, sobre os indiíerente.s, sobre os Pilatos, que cairi:í toda

a culpa deste sangue, e pesará todo o horror deste luto. Como m1 narrativa evangélka, aproximam-se. os asseclas do farisaísmo semítico, para crucificar novamente a J esus. Entregá·Lo·emos como Judas? Dormiremos. como os Apóstolos?

Ncgá-Lo-emos, como Siio Pedro?

5


EM CURITIBA, 1.500 OPERÁRIOS REPUDIAM O COMUNISMO CURITIBA - A TFP, através de seu setor operário desta Capital, comprovou uma realidade pouco noticiada pelos meios de comunicação social. Isto é, o melhor do conservantismo no Brasil encontra-se especialmente na classe média e na classe laboral. Sob orientação do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, jovens cooperadores operários da entidade visitaram, com êxito notável, 63 empresas industriais e comerciais de pequeno, médio e grande porte, solicitando aos trabalhadores que subscrevessem o compromisso de rezar uma novena com a qual repudiam o comunismo. A iniciativa, que teve inicio no segundo semestre do ano passado, aproveitando as horas de folga de cooperadores operários da TFP em Curitiba, obteve a adesão de 1.502 trabalhadores, de ambos os sexos, que subscreveram o seguinte texto: "Disponho-me a rezar. d11ran1e nove dias, 1rês Ave-Marias. etn desagravo ao Imaculado Coração de Maria, pedindo a Nossa Senhora para preservar o meio operário da influência cornunista". Esse trabalho junto à classe laboral nasceu do interesse despertado

pelos ideais anticomunistas e antisocialistas cm contatos ocasionais de sócios e cooperadores da TFP com elementos da classe operária. Sem se impressionar com determinada propaganda segundo a qual é intensa a fermentaç.ã o revolucionária nas camadas mais simples da população, a Sociedade constatou uma realidade notoriamente diversa. O espírlto religioso permanece vivo e atuante nesses meios, inspirando, em conseqüência, a idéia de que, na harmonia social e não na luta de classes, consiste a fidelidade aos ensinamentos da Igreja. Desta forma, fica demonstrado que pregações em prol da luta de classes, como as desenvolvidas pelas Comunidades Eclesiais de Base CEBs, constituem focos artificiais de fermentação subversiva. O Brasil autêntico não quer agitação, não quer subversão. O Brasi autêntico deseja permanecer fiel às tradições cristãs.

As visitas As visitas desenrolaram-se a partir de um contato inicialmente efetuado com a diretoria ou a gerência Operário curitibano subscreve o abaixo~ assinado da TFP. que

foi apoiado por 1 .500 trabalhadores da capital paranaense.

da empresa, no qual era exposta a finalidade do trabalho e solicitada a permissão para uma comissão de até seis cooperadores operários da TFP percorrerem o estabelecimento. Com a licença, iniciavam-se os contatos com os empregados. A presença dos cooperadores da TFP era acolhida com cordialidade e simpatia. As assinaturas sucediam•sc tão logo era explicado o motivo da visita. Não faltaram apoios entusiásticos: numa empresa metalúrgica os que assinaram chamavam os colegas para fazer o mes·mo. Em poucos minutos, foram coletadas 39 assinaturas. Os que não eram católicos, apesar de muitos deles não assinarem, frequentemente far,iam questão de frisar que apoiavam a iniciativa pelo seu caráter anticomunista. Muito próprias ao espírito brasileiro, as ''prosinhas" interessavam vivamente. Explicações rápidas sobre o comunismo, sua infiltração nos meios operários. a atividade do clero esq uerdista e a atuação da TFP, tudo causava vivo interesse nos operários. Algumas vezes a gerência manifestava o receio de que a coleta de assinaturas fosse motivo para perturbar a normalidade do trabalho. Infelizmente, sob essa alegação, alguns responsáveis não deram autorização para que os contatos fossem feitos dentro do estabelecimento. Receio completamente infundado, como comprovaram os fatos cm todas as empresas que franquearam suas portas. Muitos operários agradeciam a visita e o trabalho de esclarecimento anticomunista da TFP. Alguns trabalhadores de uma firma ex portadora de madeiras, além de ajudarem na coleta de assinaturas, manifestaram o desejo de visitar a sede da TFP em Curitiba, com suas esposas e filhos. Realmente, passados alguns dias, famílias de operários visitaram a sede curitibana da entidade, onde assistiram a filmes e projeções de "slides". A ocasião serviu também para longas e animadas conversas · sobre formação dos filhos, luta contra a desagregação moral e familiar etc.

Receptividade A estampa de Nossa Senhora de Fátima, ofertada aos signatários, era recebida com devoção e expressões de contentamento.

Doença misteriosa apavora norte-americanos EM 1981 , apareceu nos Estados Unidos a chamada "praga dos homossexuais". Espécie de câncer, já atacou 1.300 habitantes desse pais, mais da metade dos quais em 1982. Apenas 14 por cento dos atingidos sobreviveram ao terceiro ano da doença. Após atacar os homossexuais, ela começou a aparecer entre viciados em drogas. Agora já existem casos entre pessoas de vida normal. Não há cura à vista, embora os cientistas estejam pesquisando com afinco, e teme-se uma epidemia. Os casos estão aumentando e sobre a moléstia não se sabe nada. Ela é conhecida como AIDS, sigla de "Acquired lmmune Deficiency Syndrome" (Sintomas da Deficiência Imunológica Adquirida ). O tema constituiu matéria de capa da revista "Ncwsweek" (tiragem aproximadamente de 2.500.000) com o titulo " Epidemia. A misteriosa e mortal doença denominada AIDS pode ser a ameaça à saúde pública do século. Conro co,neçou? Pode ser barrada?" ("Newsweek", 18-4-83).

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Trabalhadores de uma empresa em Curitiba dão seu apoio ao abaixo-assinado promovido pelo setor oper6rio do N úcleo pnranaense da TFP.

Numa empresa pequena, onde todos os 12 operários assinaram, ouviu-se o comentário de que era oportuna a campanha, sendo necessário recorrer a Nossa Senhora em liusca de ajuda para a classe operária. Além das manifestações de devoção a Nossa Senhora, o repúdio ao comunismo estava presente cm todos os ambientes. "Nós assinamos!", disse um operário numa firma de construção cm que todos os seus companheiros assinaram e mostraram empenho em ficar com cópias de artigos anticomunistas do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que foram distribuídos na ocasião. A compacta maioria dos operários abordados, ouvindo a explanação de que a iniciativa era contra o comunismo, as-

sinava sem nenhuma hesitação. Numa firma coletora de lixo, todos os operários que estavam trabalhando

assinaram logo ·após a explicação.. Numa construtora de estradas, os 15 trabalhadores presentes, depois de lavarem as mãos em sinal de respeito, assinaram com muita satisfação. Fatos como esses repetiramse cm várias empresas. Numa firma de cosméticos a receptividade foi tão boa que os cooperadores da TFP foram convidados a voltarem outras vezes. Os operários desejavam receber novos esclarecimentos. A iniciativa de Curitiba veio enriquecer a ampla atividade que os núcleos operários da TFP já desenvolvem, notadamentc cm São Paulo, R,io de Janeiro, Belo Horizonte e Campos (RJ). Além da formação doutrinária, a sociedade propicia a jovens operários o aprendizado de ofícios e trabalhos artísticos manuais, próprios a desenvolver sua personalidade.

M anipulação pelo noticiário falseado 0 EMBAl:xiADOR norte-americano no México, John Gavin, declarou à Associação lnteramericana de Imprensa: "°É diflcil ler a imprensa sem concluir que a única intel'\lenção no mundo é levada a cabo pelos 5$ conselheíros oorte-amerieanoà em El Salvador. Não importa que haja vários m·ilhares de conselheiros militares da Europa 0riental e Cuba na Nicarágua. E 40 mil soldados cubanos em Angola e Etiópia. Não ímpo)'la que haja bem mais de 100 mil russos eomb'atentes te)ltando impor um regime rejeitado pelo povo d,o Afeganist'ão. Não importa qú~ os fuzis norte-americanos, c.ujos números de série os identificam como equip,amento deixado no Vietnã tenham sido interceptados a caminho de serem entregues aos insurgentes em El Salvado,. Esses fatos parecem dever ser descartados. "Eu me pergunto se podem.os dize.r cõm segurança q11e hoje a imprensa norte-americana e latino-americana não está suje'ita a manipuladores" ("Time", 11-4-83).

.B AtOILECESMO MENSÁ RIO CAMPOS - ESTADO 00 RIO Oirttor: Paulo Corrh de Brito Filho

,,,.

Jornalista responshcl: Takao T akah:ishi - Registrado no D.R.T.-SP sob nº 13.748 Oire1ori1: Rua dos Goirnc.a>".tS, 197 • 28100 - Campos. RJ Adminislração: Rua Dr. Martinico Prndo. 271 • 01224 - São Paulo. SP •

PABX: 221-8755 (ramal 235). Composto e impresso na ArlprCS$ - Papéis e Anes Gráficas Ltda.,Rua Garibaldi. 404 - 01135 - S:lo Paulo, Sf> "Catolicismo" é uma publicação mensal da Ediloro Pad re Belchior de Pontes S/ C.

A estranha moléstia esté atingindo mais recentemente pessoas sadias, como esta criança. Ahmad Carlisla. da cidade de Newark (N ew Jersey). Sua

mie. Caleste. disse que começou a sentir também os sintomas da doença.

Assinatura anual: comum CrS 3.000.00:i:OOperador CrS S.000,00: benfeitor CrS 8.000,00 grande benfeitor CrS IS.000.00; seminaristas ç estudantes CrS 2.S00,00. Exte.rior·: (via atrea): comum USS 25.00: beníci1or USS 40.00. Os pagamentos. sempre cm nome de Editora Padre Belchior dt Pontes S/C. poderão ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de assinantes é. necessário mencionar rn.mbém o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e \'cnda avulsa deve ser enviada à Admini.$tração:

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CATOLICISMO -

Maio de 1983


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Escultura do timpano de uma das portas laterais da catedral de Notre Damo representando a história do clérigo Teófilo. O homem medieval do Ocidente, que vivia numa admirável civilização católica profundamento imbu(do da distinção entre o bem e o mal - cultuava a Deus om suas atividades quotidianas, ao mesmo tempo que manifestava execração ao prfncipe das trevas. o grande inimigo da Criação e do Seu adorável Autor. Tal rejeição radical do pavoroso diabólico explica a existência, em várias catedrais góticas. das mencionadas esculturas. consideradas como um constante alerta para os seres humanos contra a insidioso ação dos espfritos infernais neste mundo.

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Qual nossa atitude diante do horrendo diabólico? AUDELAIRE dizia que "a pior manha do tlemônio é fazer acreditar que não ,nais existe". Desde o século passado, época cm que viveu esse poeta francês, até nossos dias os ardis empregados pelo eterno condenado se requintaram. De um lado. conseguiu ele. sobretudo cm certa literatura progressista, d ita católica. obter anistia, corno tivemos oportunidade de comprovar no artigo "Livro progressista... e bla~(êmias heréticas" publicado cm "Catolicismo". n.• 385. de ja neiro de 1983. Por outro lado, no século XIX. obras de arte e literatura, ao apresentar o maligno sob aparências humanas, íaziam-no. algu mas vezes. exibindo um ser inteligentíssi mo, bem constituído fisicamente e fascinante. Excetuando-se algum traço da perversidade inferna l, como um lampejo de malevolência no olhar ou d iscretos chifres na ca beça, sata• nás aparecia sob a forma d e um homem sedutor, dotado de capacidades muito supcrio.-es às da natu-

B

rc1.a humana. Hoje em d ia, o espírito das trevas conseguiu o inacreditável: ele não at.-ai prepondernntementc por tais aspectos mas por caracteristicas nele ex istentes das mais repulsivas, abjetas, monstruosas, horrendas. E até já conseguiu plasmar tipos humanos à sua imagem e semelha11ça:

CATOLICISMO -

Maio de 1983

os beotniks. os hippies e. mais recentemente, os punks. Uma pessoa de d iscernimento não poderá negar que nesses ti1>os transuda intensamente certa forma de conaturalidade com a sord ide1. d iabólica.

Tais considerações ganham mais colo.-ido se considerarmos a cena apresentada pelo clichê principal desta página. Naquele relevo do tímpano de urna das entradas laterais da Catedral de Notre Dame, cm Pa ris (cuja construção iniciou-se no século XII), um clérigo de nome Teófilo - narra a legenda medieval fora emba ido pelo demônio, a quem se entregara mediante um pacto escrito. Porém, caindo cm si. recorreu à Mãe de Deus, que impõe ao demônio a restituição do pacto. A Virgem Santíssima protege Teófilo, e brande contra o demônio. vencido e apavorado, seu gládio cruciforme. "Catolicismo" de agosto d e 1979, n.• 368, já havia apresentado essa famosa escultura. não visando fazer uma análise da mesma, mas sim a narração do que ocorreu com o clérigo Teófilo. Hoje pretendemos comentar apenas a figura do demônio esculpida· no tímpano de Notre Dame.

É comum que se tenha tido, des-

de a infüncia , uma série de impressões fugazes a respeito do demônio. Seja através de gravura, dese nho, quadro. escultura ou descrição, a pessoa reconhece logo, a partir de certas características. que se trata de uma referência ao .ma ligno. Isso porq uc. cm todas as representações do pai da mentira, há sempre um denominador comum imponderável e difícil de definir, por onde se d isccrne sua marca. Quer nas representações q ue o mostram de modo sedutor, como sucedeu especialmente no sécu lo XIX, quer nas ilustrações que o revelam em toda sua hediondez, como a desta página. Nessa escultura, porém, há uma peculiaridade, mediante a qual, ela pode ser considerada uma das representações mais notáveis e realistas do d emônio. Tem-se a impressão de que todas aq uelas figuras fugazes, que se foram formando cm nosso espírito, desde a mais te nra idade, se corporificam e como que se sintetizam no ente abjeto ali representado . ·

ttt .

Seu rosto é de uma sordícic irremediável, de uma sujeira velha e ensebada. O ente realiza o paradoxo de ser ao mesmo tempo esquelético e

ostentar adiposidades asquerosamente sebosas. Os olhos segregam purulências. O topete dos cabelos forma tufos disformes. As maçãs do rosto parecem ter sido mais sa lientes. tudo, dir-se-ia' que fora m comprimidas a bofetadas. Talvez o que nele 1nais cause repulsa seja o t ronco. Sua forma abaulada sugere a impressão de um corcunda dotado de pulmões mal formad os e que respira com dificuldade. Ao mesmo tempo. ele parece digerir mal. ejetando continuame,1tc, de forma ofegante e atormentrada, um hálito pestilencial. Seus lábios. quando não tartamudeiam torpezas, blasfemam! Nos braços há qualquer coisa de hirto, por onde se vê que toda sua musculatura trabalha errad a e de modo dolorido, cm razão de algo que nela existe de profundamente malsão. Da mão que ele estende como que goteja maldade, malefício e maldição. A maneira pela qual os braços se encaixam no tronco sugere algo de doentio. Isso causa a impressão de que esses membros sofrem pelo fato de estarem pendurados no corpo, e este padece por estar sustentando os braços. Di r-se-ia q ue um fabricante inâbil confeccionou um boneco torto e errado, ocasionando o aparecimento

de tal figura. Suas pernas causam a mesma impressão .desagradável dos braços. Elas possuem umas saliências rcpe)cntes e inexplicáveis, encai .. xando-sc de modo esquisito na ba· eia: dobras de carnes d oentias que despertam horror! O modo pelo q uai os pés se trançam e se articu lam às pernas produz a sensação de que esse ente ao caminhar claudica de modo ignóbil com o corpo inclinado para a frente. Em suma, é o asco e a abjeção do universo inteiro. Certamente urna das mais expressivas figurns de satanás de que se tenha noticia.

ttt No início dessas reflexões referimo-nos a certa conaturalidade com o horrendo diabólico que, d e modo crescente se observa no mundo contemporâneo. Faça o leitor um teste. Até que ponto a hediondez aqui descrita têlo-á horrorizado? A resposta à pergunta apresenta ainda um delicado aspecto de foro interno, propicia ndo a cada qual conhecer-se melhor a si mesmo. E a constatar que tal conaturalidade, talvez, seja mais generalizada e difusa do que se imagina. numa época em que surgiram os punks, os quais vão se disseminand o sinistramente por todo o mundo, inclusive pelo Brasil...

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:,1~Af01LliCE§MO

Carta Aberta da TFP chilena a .três Arcebispos ignotos SANTIAGO - Em sua edição de 13 de abril último, o jornal "EI Mercurio" estampou a Carta Aberta da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP dirigida aos Arcebispos ignotos, isto ê, que ainda não foram nomeados, de três das mais importantes Arquidioceses e Dioceses do país: Santiago, Concepción e Valparaiso. A TFP andina afirma, de inicio. que os bons católicos chilenos têm esperanças e apreensões a respeito de seus futuros Pastores. Como também neles depositam SU!IS esperanças os líderes da extrema esquerda. Com efeito - acentua o documento - , "<1 imporilincia das futuras Sedes A rquiespiscopais, con1 suo natural influência sobre o resto da Hierarquia ca16/ico chilena; o silnultaneidade de sua renovação; a trajetória tão cheia de imprevistos e tão discutida do Arcebispo den1issionário de S11111iago. Cardeal Raul Silva /-lenriquez; a história recente e as

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moral contidas na carta - apresen- Em S antiago. sócios tando as autoridades como únicas e cooperadores da responsáveis - suscitou perplexida- TFP chilena d istribuí- t.·.. ~ ... ··~ 17.000 exempla· 13i6t \ de entre os fiéis. Sobretudo se con- ram ros da Carta•A berta ~ i . trastada com o apoio dado por aos t rês Arcebispos il! • ,:.,•., . 1! ,' vários Prelados ao governo marxista ignoto s • • de Allende. • Polêmica em torno da expulsão de três Sacerdotes de nacionalidade estrangeira. - Três Religiosos estrangeiros foram acusados de atentar contra as instituições vigentes, tiveram seus vistos cancelados e efetivada sua expulsão do pais. Se a acusação não ttvesse fundamento, teria sido fácil aos Sacerdote.s se defenderem. Em vez disso, os religiosos e seus superiores eclesiásticos permitiram a ambigüidade e deixaram crescer a tempestade. As autoridades religiosas ora afirmam que o Governo não formula de • • • modo preciso as acusações, ora sustentam que as mesmas são verdadeiA entidade ressalta que foi sob a ação "pastoral" do Cardeal Raul ras, mas que as sanções são desproSilva Henríquez que caíram as bar- porcionadas. As acusações são con- respeito do qual os católicos querem reiras religiosas e morais que duran- firmadas por um dos Sacerdotes que e têm o direito de pedir uma clarite mais de um século levantara se diz partidário da Teologia da dade 1neridiana, é o drama de conscontra o comunismo o Magistério Libertação. A opinião pública, aturdida, não ciência explicitado em "La lglesia infalível da Igreja. Como também, . dei Silencio en Chile - La TFP por meio de equívocos e sofismas, toma posição definida diante do proclama la verdad entera", susciesse Prelado submeteu a uma verda- problema. As m""ifestações de soli- tado pela atitude assumida pelo 0deira tortura moral a consciência de dariedade aos P'adres são episódicas Cardeal, a quase totalidade da Hiemuitos cató licos, pa~a forçá-los a e induzidas em sua maior parte. rarquia chilena e uma 1nuito consiAlém disso, não se pode reduzir colaborar com seu pior inimigo, o problemas muito mais vastos às pro- derável parte do Clero diante do regime marxista da Unidade Popue das estruturas Sociais lar, pondo em risco sua salvação. os porções da ação de três religiosos. A con1unismo do país". atitude deles, isto sim, é conseqüênbe ns eternos e o direito que lhes Em sua parte final, a Carta cabia de conhecer em toda sua cia da aplicação de principios, dou- Abe rta esclarece que é por tudo que integridade, e praticar até suas últi- trinas e diretrizes emanadas das já aconteceu que a TFP se dirige aos mas conseqilências, a verdadeira re- mais altas autoridades religiosas. Srs. Arcebispos, no desejo de ver ligião. sanadas tantas omissões e e rros do • • • "La lglesia dei Silencio en Chile passado e do presente, bem como La TFP proclama la verdad para que eles arrastem "por sua Após exemplificar o drama dos entera" prova com documentos a influência os outros mernbros do dita tortura moral e a demolição católicos chilenos, o documento con- Episcopado e se abran, enfim novas e eclesiástica das barreiras religiosas, tinua: "O problema de fundo. a morais e doutrinárias contra o comunismo. Essa obra, lançada pela TFP chilena cm 1976, foi referendada por mais de mil Sacerdotes espanhóis - entre eles teólogos e moralistas de renome mupdial - através de sua edição espanhola. A ação demolidora de grande A CARTA AB ERTA da TFP tário do Cardeal sustenta uma tese parte da Hierarquia chilena não andina foi publicada também na curiosa: os católicos que não conterminou com a caída de Allende. íntegra· nos seguintes diários: o ma- cordam em matéria sócio-econôDiversos acontecimentos ocorridos tutino "EI Sur", de Concepción; " La mica com aquele Prelado e os Bisnos anos subseqüentes ao lançamen- Tercera de la Hora" de Santiago, pos, estariam se insurgindo contra a to do livro "A Igreja do Silêncio 110 periódico de alcance nacional com autoridade eclesiástica, e por isso, Chile" não fazem senão corroborar tiragem de 300 mil exemplares e ipso facto, deixariam de ser catóuma perseverança nessa atitude. "La Estrclla", de Valparaiso (21, 23 licos ... Em tom respeitoso, mas firme, a e 29 de abril, respectivamente). Far• • • to noticiário sobre a matéria foi resposta -da entidade não se fez divulgado por jornais, revistas, rá- esperar: "A TFP sustenta que diante Como exemplos, a Carta Aberta dios e TVs do pais. do auge o que chegou a colabor,ação recorda somente dois dos mais reHouve numerosas manifestações eclesiástica co,11 a esquerda e consicentes pronunciamentos episcopais e de solidariedade ao documento da derando as conseqüências 11efas1as resume em poucas linhas a atual TFP, como também iradas reações que desta colaboração se originam, controvérsia entre a Igreja e o Esta- provenientes de setores da esquerda não só para o Igreja, mas tan,bém do no Chile. "católica". Essa atitude vivai da para a Pátrio. para a entidade cons• "Carta de Quaresma", de mar- opinião pública chilena em face do tituia uma obrigação falar, e assim o ço de 1983. - Esta carta do Cardeal tema refletiu-se nos meios de comu- fez. Essa consideração, se o Pe. Silva Silva Henrlquez lamenta e critica os nicação social. Assim, no dia 16 de opina que a TFP não deveria tê-la acontecimentos de setembro de 1973 abril, alguns diários da capital da- efetuado.. diga então por que: os - não este ou aquele excesso que quele país estamparam declarações fatos apresentados .... en , sua retenha havido · com esta ou aquela "de ·um porta-voz do Episcopado" cente Carta Aberta aos Arcebispos freqüência - como fundamental- que, evitando cautelosamente im- ignatos, são 011 não verídicos? Estão mente nocivo. Rechaça, dogmatica- pugnar as afirmações apresentadas ou ruio objetiva,nente analisados?" mente, o modelo econômico em seu pela TFP, reproduziu qualificativos ("Últimas Notícias", 24-4-83). todo. Nela, S. Emcia. tende a negar a que, na falta de argumentos, os Enquanto o grande público chiexistência da ameaça comunista, co- Bispos lançaram contra sócios e leno acompanha com atenção o mo também acusa os governantes de cooperadores da entidade que ha- debate, e às vezes intervém e toma cria r artificial e maquiavelicamentc viam colaborado na edição e difusão posição, uma nova investida "pro- para justificar o totalitarismo do best-seller "La Jglesia dei Silencio gressista" não tardou a se manium clima de guerra interna no país. en Chile - La TFP proclama la festar. Talvez a mais agressiva e A sensibilidade do Sr. Cardea l para verdad entera". altissonante, e por isso mesmo, a os que hoje padecem necessidades No dia seguinte, o Serviço de mais distante do "espírito de diáloeconômicas não se manifestou ou- Imprensa da TFP distribuiu um go'" que a ésquerda "católica" diz trora durante as marchas das pane- comunicado no qual constatava com sustentar... O Bispo Auxiliar de las vazias e as lilas intermináveis... tristeza: "Tanto ontem con10 hoje. Concepción, D. Alejandro Coic, leOs fiéis se perguntam se não será os Se11hores Bispos. tão solícitos, vantou sua voz para fazer as mais mais o regime e menos a fome o que paternais e dialogantes con1 os'Cris- g,aves acusações contra a TFP, sem hoje ele lamenta ... tãos para o Socialismo·..a esquerda julgar-se entretanto na obrigação de • Carta do Episcopado " EI re- cristã e os 1narxis1as ateus. ,no~ dar qualquer fundamentação sé ria nacer de Chile", de 17 de dezem- tram-se duros e refratários ao diálo- para suas palavras. O eco de tais bro de 1982. - Os termos nela go com os cat61icos respeitosos da deélarações ressoou por todo o pa ís empregados pelos Bispos chi lenos Mogi.stério Tradicio11al da Igreja". através de diversos meios de comusoam como um ultimatum: ou o No dia 18 do mesmo mês, nova nicação social: "Ataque grosseiro, governo reali,.a imediata e indiscri- tentativa "progressista" para silen- falso e mentiroso contra a Igreja"; minada liberalização política e uma ciar a voz dos católicos anticomunis- "(A TFP) por sua atitude beligevelada mas efetiva socialização da tas: o Pe. Luís Eugenio Silva, secre- rante frente à Hierarquia não se vida nacional, ou torna-se culpado tário do Cardeal Silva Henríquez, pode qualificar como cat61ica'': de uma explosão de violência que faz longas declarações, difundidas "Ofe11de111 publica111ente a Igreja", seria iminente. pela televisão cm Santiago e Con- fora.m títulos de algumas notícias, a A dramatização de uma crise ccpción, sobre a recente atitude pú- propósito das mencionadas acusaeconômica, social, institucional e blica da TFP. Em síntese, o secre- ções.

pelas Divinas palavras de Nosso Senhor: ·Que pai, se o filho lhe pede pão, lhe dará uma pedra? Ou. se lhe pede um peixe, lhe dará uma serpente?' (Luc.li., 11-12)". "Na verdade. como censurar que os fiéis anelem, rezem e expressen, sua esperança de que a Santa Sé, devidamente informada sobre pessoas e coisas, aproveite a ocasião que lhe outorgam essas novas nomeações para fechar, clara e definitivamente, um passado doloroso.modificando uma 'pastoral' que tanto fa voreceu e tanto facilita a ação dissolvente da subversão; uma 'pastora/' tantas vezes enaltecida sem dissimulação por Havana e Moscou, .... uma 'pastoral' que levou a Bispos e Sacerdotes a elogiar impunemente regin1es comunistas e ditadores marxistas?"

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luminosas pagmos na história da Igreja no Chile". E o documento acrescenta: "Tão logo isto se dê. proclamaremos publicamente ao Chile e ao 1111,ndo que com o fa vor de Deus, n,ercê da Santa Sé Apostólica e a vossa atitude, já não existem 111ais as condições que nos levaram em "La lglesia dei Silencio en Chile - la TFP problama la ,·erdad entera", a conclui, que como católicos. e em conformidade com as leis divinas e humanas, tínhamos o direito e a obrigação de resistir à ação demolidora do Cardeal e da quase totalidade da Hierarquia chilena. "Pedindo a bênção de Vossas Excelências para esta Sociedade, se sub.fcreve co,n antecipada veneração e apreço:·.

Ampla repercussão e ataques de eclesiásticos

No dia 28 de abril, forem distribufdos

13.300 volantes contendo o documento da TFP andina nas cidades geminadas de Valparaiso e V ilia dei Mar

dificuldades que no momento atravessa o país. conferern a vossas no· meações urn caráter muito especial.

Quanta obra para o bem da Igreja e· do pátrio podereis realizar! Quanta confusão estará en, vossos mãos esclarecer/ Quantos erros poro reparar e quantas vias a endireitar!"

E prossegue: "Anima n1ea sicut terra sine acquo tibi' (SI. /43). A alma do povo fiel parece clamar dizendo: esperamos vosso palavra e vossa oração assin1 co,no a ter1·t1 ressequida' espera a água da chuva", A Carta Aberta esclarece depois que, como membros da Igreja discente, os sócios e cooperadores da entidade não pretendem - nem lhes caberia fazê-lo - ensinar, nem indicar o conteúdo e o rumo da missão e das sagradas prerrogativas dos veneráveis Sucessores dos Apóstolos. Mas é o instinto de conservação do rebanho, aguçado nesses últimos tempos, que os leva a conceber tais esperanças e suscitar essas apreensões. Instinto de conservação de sua fé, de sua pátria e de suas almas, aguilhoado pela investida· comunista. Acrescenta a TFP chilena: •· Vosso futuro rebanho pede-/hes com confiança filial simplesmente o ali1nento espiritual que suas almas necessiton,. E foze,11 -110 alentados

Com respeito, serenidade e firmeza própria de quem sabe que defende uma causa j usta ante Deus e os homens (sob o titulo: "Se fa lei mal, mostre-111e em que; e. se bem, por que me f eres?' (Jo. 18. 23) Respeitosa resposta da TFP a declarações de D. Coic'), a ent idade respondeu ao Prelado: "A TFP pede respeitosamente ao Sr. /Jispo.A uxiliar de Concepción que tenha a bondade de dizer-nos ande precisa111en1e nossa Carta Aberta ata,·a. ,nente, enga11a e ridiculariza a Igreja .... Se ele nos ,nostrar alg11111 erro em que. por inadvertê11cia ou falibilidade humana. 1enhan10s caido, com alegria e humildade nos apressanros a recanhecé-lo e repará-lo. Se não, por que la11çar contra nós acusações tão graves?" . E o doc umento da TFP acrescenta: "Por outro lado, D. Coic desqualificou 11oss<1 condição de católi<·os - condição que co,n o favor de Deus e da Santíssimo Virgem é o que ,nais prezamos nesta te,;a - co,n o simples argumento de que não obedecemos aos Pastores, aos quais criticaría,nos e ofenderímnos se,n 11enhu111a dintensão de 01110,. ....

Co1110 se o afeto consistisse único e exclusiva,nente e,n palavras de a,nor e assentirnento quando, ern situação critica co1110 a atual, o afeto e o respeito consiste1n, a nosso ver, tan-

to em uma perfeita correção de ling11age111 e uma atitude in1eiran1e111e def erente e111 relação aos Pastores, quanto en1 ser rigorosmnente

fiel à verdade" (''EI Mercurio", " EI Sur", "Ú ltimas Noticias" e " Crónica", de 27-4-83). Desde Arica , ao norte do país, até Punta Arenas, no extremo Sul , a Carta da TFP aos Arcebispos ignotos contin ua ressoando nas almas de incontáveis chilenos. Nobre gesto que a História saberá valorizar em toda sua dimensão, quando forem escritas as páginas desta trágica crise religiosa, moral e política de fins do século XX.


_:-,;o. :l!JO - .Junho <IP l!Jll:! - Ano XXXII I lli n•tor: Paulo Corrêu de Brito Filho

Cresce o número de correspondentes e simpatizantes da TFP Com a participação de 400 pessoas, realizou-se em São Paulc) o I Encon.tro de Correspondentes e Simpatizantes da entidade

VÁRIAS CENTENAS de correspondentes e simpatizantes da Sociedade Brasileira de Oefesa da Tradição, Família e Propriedade TFP. proced entes de sete Estados da Feder~ç_ão e do Distrito. Federal estiveram reunidos em São Paulo. parl1c1pando do I Encontro Regional de Correspondentes e Simpatha_n!es d_a T FP. no ~ecorrer do qual tiveram oportunidade de conhecer v:ui:1~ Sede_s da entidad e, b~m como ouvir exposições que abordar:0111 os principais aspectos da crise em que se debate o mundo ;ll ual. . . Participaram do Encontro rurrcsp~ndentes e simpatizante~ de São Pa ulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarm a, Rio Grande do Sul, Maio Grosso e Distrito Federal. Na sessão solene de encerramento do Encontro o público de mais de mil pessoas - que lotou inteiramente o auditório "Brasílio ~t,u:h,,du ~r1c,·· - assisliu {1 exposição do Prof. 1>1inio ('orrêa de Oliveira sobre o tema: "Brasil: esperanças e apreensões". Na página 3 apresentamos os tópi cos principais desse <;!iscurso. . Nos últimos anos efetuaram-se em Sao Paulo, Belo Horizonte, Campos Curi/iba reuo;iões informais para a migos e simpatizan_ie_s da associação. Devido ao crescimento destes, tor~ou-se neccssana a realiiação, com maior porle, do I Encontro Regional de Correspondentes e Sim pati,antcs dt1 TFP. Abaixo e na página 2 expomos a nossos leitores alguns aspectos salientes do que foi o I Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP.

e

Ao lado, o Prof. Plinio Corrêu de Oliveira agradece os apleusos calor osos do público que, de pá. manifestou sua adesão às palavras que o insigne ored_or proferiu em sua luminosa conferência. Abaixo. vista parcial da numerosa aSSiS· tência que lotou o auditório "BrasUio Machado Neto..

Santo Antonio de Pádua, ''Martelo dos hereges'' NO OI A 13 do presente mês, comemora-se a festa de um dos santos mais populares da Igreja. mas cuja verdadeira personalidade foi particu larmente distorcida, seja na hagiografia e iconografia católica, seja pela piedade falseada de não poucos fiéis: Santo Antonio de Pf1dua. Para muitos, o grande taumaturgo franciscano só é conhecido como o santo das criancinhas, do "pão de Santo Antonio" distribuído aos pobres, e cuja intercessão é comumente invocada a fim de se encontrar objtos perdidos ... Tais devotos - diga-se de passagem, sui generis - do grande filho de São Francisco, entretanto, desconhecem, em sua grande maioria, que o aspecto saliente da existência de Santo Antonio, a par dos impressionantes milagres que operou . foi a pregação. E nesta atividade, que lhe valeu o titulo de Doutor da Igreja, ocupou papel dl· realce o t=ombatc que moveu

ira os insidiosos hereges albigenses. especialmente no sul da França. De tal modo desmascarou ele os erros de suas abominâveis doutrin as, que foi cognominado "Martelo dos hereges". Eis ai um aspec10 fund amental do perfil biogrâfi-

co do grande taumatu rgo sobre o qual uma piedade adocicada, unilateral, e por1an10 distorcida, pro-

cura silenciar... Em janeiro de 198 1, ocorrendo o 750•. aniversário de sua morte, efetuou-se o reconhecimento e exposição do corpo do ~xtraord!nário Doutor da lgreJa. Suscotou especial surpresa a descoberta dos órgãos da fonação (aparelho vocal) ainda bem conservados e reconhecíveis: isto é, duàs lâminas da cartilagem aritenóide (cordas vocais) e o osso hieóide com grossos fragmentos cutâneos da região da laringe. Esse impressionante achado nos leva a relacioná-lo com outro. que teve lugar por ocasião do primeiro reconhecimento dos restos mortais do santo. cm 1263. Nessa ocasião, São Boaventura encontrou intacta a língua de seu companheiro de hábito. sendo que ela se mantém ,issim a1é nossos dias. Agora, permitindo a descoberta do aparelho vocal do Doutor da Igreja bem conservado. 1udo leva a crer que a Providência Divina teve um desígnio: glorificar as partes do corpo de Seu Servo fiel, que Lhe prestaram serviços insignes. isto é, a pregação do Evangelho e a luta contra a heresia.

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Na noite de 31 de janeiro de 1981. após reconhecimento o anélise do corpo de Santo Antonio efetuados por especialistas. seu s r estos mortais foram coloca· dos. durant e algumas semanas, na Basílica a ele dedicada. numa urna de e-ris· tal diante da qual desfilaram centenas de milhares de peregrinos. desejosos de ve~erar os osso, do pregador franciscano e Doutor da Igreja. cognominado em sua época nMartelo dos hereges"

SÃO PAULO - Na expansão que vem :olcanç.ondo a TFP nos últimos anos. está se ampliando. cm IO· do o tcrri16rio nacional. o número de seus simpatizantes. Isto apesar elas surradas e monótonas campanhas de insinuações e inverdades espalhadas contra a TFP por todo o Pais. Como é natural, essas pessoas desejam conhecer a Sociedade mais de perto, muitas delas com o desejo de participar das atividades da TFP, com contribuições, com trabalho ou com orações e sacrifícios. Correspondendo a 1ão benévolas d isposições, e também atendendo a numerosos pedidos, a ent idade julgou necessário fazer um simpósio para tornar-se mais conhecida, descrever seus panoramas, seus meios e métodos de ação, suas esperanças, suas preocupações, e para perguntar a essas pessoas quais é o concurso que lhe poderiam dar. Assim, nos últimos anos, realizaram-se em São Paulo, Belo Horizonte, Campos e Curitiba reuniões informais para amigos e simpatizantes da Tf P. Agora, a multiplicação dos correspondentes e simpati,.antes enseiou a que, com maior porte, se realizasse o 1°. Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP.

Faltou espaço para reunir a todos Desde logo os organizadores do Encontro defrontaram-se com um

problema quase intransponível: a falta de insta lações adequadas para reunir todos os simpatizantes que, do centro e do sul do Pais, estariam na disposição de comparecer. Os locais de que a TFP dispunha em suas sedes era por demais limitado para fazer face aos problemas de espaço para conferências, etc. Por isso, na sede que a entidade possui no bairro de Santana, na Rua Cons. Pedro Luiz, n• 313, foi montado, num grande pâtio, um toldo com uma bela decoração interna que serviu como auditório nas reuniões do Encontro, que contou com a presença de 400 participantes. Por força dessas circunstâncias, a TFP deu preferência a convidar os seus amigos de fora de São Paulo, porque os residentes na capital paulista desfrutam de inúmeras oportu· nidades de se informarem acerca da entidade. Os de fora de São Paulo, pelo contrârio, têm muito menos oportunidades, e vêem, às vezes, os fatos deformados pela distância. Por fim, a própria TFP surpreendeu-se com o número de pessoas que com· pareceram. Estiveram presentes correspondentes e simpatizantes dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paranâ, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espirito Santo e Distrito Federal. . A entidade espera 'poder realizar brevemente, para simpatizantes que agora não puderam comparecer, novos Encontros.

Para seus simpatiza ntes da Capital paulista, está nos planos da TFP levar a efeito. oportunamente. numa seqüência -de 2 ou 3 feriados.

ou ao mênos cm dias úteis. uma série de conferências i1 noite. Isso porque, como é notór)o, o paulistano tem o costume de sair da cidade nos fins de semana. O que, aliás, explica o comparecimento neste Encontro de um número proporcionalmente menor 'd os convidados de São Paulo em relação aos de outros lugares. A esse respeito a TFP aceita, de bom grado, as sugestões q~e seus co~respondentes e simpatizantes queiram fazer.

O programa O 1°. Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP constou de 4 conferências que tiveram como fundo de quadro as considerações do Prof. Plínio, Corrêa de Oliveira consubstanciadas em seu magistral estudo ,. Revolução e Contra-Revolução". No livro, publicado em 1959, são analisadas as origens da crise contemporânea e expostas as bases doutrinárias da ação anticomunista desenvolvida pelo núcleo inicial que, liderado pelo Autor, em 1960 daria origem à TFP. .. Vemos hoje em dia a quebra dos padrões de bom senso. da noção do belo, da moral e até mesmo da lóJ?ica.. - afirmou um dos conferen-


Reúnem-se em São Paulo 400 correspondentes e simpatizantes da TFP

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mosfera impregnada de vulgaridade, de irreverência e até de imoralidade. O Prof. Arnóbio Glavan, por sua vez, descreveu os principais pontos da história e pré-história da TFP, desde os idos de 1928, quando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ingressou no 'movimento das Congregações Marianas.

,·ente perseguido tem o estrito direito à defesa da parte daqueles que sabem que ele é inocente". Mais adiante, discorreu sobre a finalidade da associação, explicando: "A TFP é uma organização que sentiu a necessidade de combater a Revolução gnóstico e igualitária como um todo. Há ,nuita gente que combate aspe,·tos da Revolução. Um O papel dos correspondentes combate o divórcio, outro con1ba1e o aborto. outro combate as heresias e simpatizantes a respeito da Liturgia ou manifestaCoube ao Prof. Plínio Corrêa de ções da infiltração co,nunista dentro Oliveira usar da palavra para tratar da Igreja. Assin,. há de tudo, fraciodo tema "A unicidade da Revolu- nodamente. Outra organização que . ção e o papel dos correspoJJdentes e con,bata o todo e que tenha um pas, / simpatizantes". sado de 50 anos de resultados assim No deconer do Encontro. os coneapondentes e simpatizantff da TFP tiv&ram opor· Denunciando a existência de uma obtidos, os senhores não encontram". tunidade de conhecer v6riaa Sedes da entidade. como a da foto. na Rua Cone. central de boatos que cadencialmenNa parte final de sua exposição, Pedro Luiz. n°. 313, no bairro de Santana, om Slo Paulo te, e de tempos em tempos, espalha o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, calúnias contra a TFP em vários para responder à pergunta "dó que peixes que havia ali, in,·apazes desaMuitos convidados mostravamciar a 111ultidão. para fazer a multipontos do território nacional, o fun- adianta tudo que fazemos", obserse alegres ao constatar que havia dador da associação declarou: "O vou que o esforço da TFP - de seus plicação". E concluiu o Presidente simpatizantes da TFP em tantos luque pedimos dos nossos correspon- sócios, cooperadores, corresponden- do CN da TFP: "Assin,. muitas ve- gares do Brasil. Um simpatizante cadentes e sin1patiza11tes. na ordem da tcs e simpatizantes - deve ser rcali- zes, Ele quer fazer co,11 os esforços rioca ressaltou: "O Encontro foi ação? Só isso: se,npre que ouçam (( zado, p(:d indo de Deus o invcrossí- improváveis. Pleiteen,os por Ele o muito bom porque assim todos pofalar mal da TFP, amistosamente, mel. No episódio evangélico da mui- i11verossí1nel e Ele saberá fazer mul- den, se conhecer e a u11ião faz a forcordialmente escla1eçan1 as pessoas tiplicação dos pães, Nosso Sen hor tiplittJ(·ão do inverossímel pelo inve- ça". E, no final; foram numerosos os que ouviram aquilo". E justificou Jesus Cristo, "que criou o Céu e a rossímel. A vitória será d Ele". pedidos que a TFP recebeu no senseu pedido, recórdando que "11ão se Terra, poderia ter criado aqueles tido de realizar novos encontros. tem o direito, em sã moral, de não pães". Entretanto, "Ele quis se serUm médico dizia: "Há mais de 10 defe11der o caluniado. porque o ino- vir dns poucos pães e dos poucos Impressões dos participantes anos venho desejando e pedindo um encontro como este. Isso precisa se Um correspondente prove"Tudo que tJprendo com a TFP repetir''. niente de Minas comentava: "Pena me ajuda tJ e11fre11tar os problemas ,neus dois irrnãos não estarem aqui. da vida" - comentou um simpati- Chegando lá vou expor tudo a eles. zante que participou do Encontro, No pró.,imo congresso haveremos numa roda onde sócios e coopera- de trazer n1ais gente". dores d:, TFP, correspondentes e simpatizantes conversavam animaencerramento damente. "Tem que haver esses encontros de 3 em 3 n1eses" - foi o Na sessão solene de e ncerramenpedido de um correspondente vindo to do Encontro, mais de mil pessoas do norte-íluminense a um dirigente lotaram completamente o auditório do Encontro. "Brasí.lio Machado Neto", na Rua Esses e outros comentários aná- Dr. Vila Nova, nº. 228, para ouvir o logos ouviam-se com freqüência e n- Prof. Plínio Corrêa de Oliveira distre os participantes, que procuravam correr sobre o tema: "Brasil: espeos sócíos e cooperadores da TFP ranças e apreensões". para apresentar suas impressões pestambém da mesa soais do evento. Mui tas pessoas tive- queParticipavam presidia a reunião o Revmo. Pe. ram oportunidade de. pela primeira Antonio Si lveira, a Revda. Irmã vez. ouvir uma conferência do Pre- • Ana Eugênia de Sion. o Desembarsidente do Conselho Nacional da gador !talo Galli, diretores e sócios TFP. Um simpatizante exclamava: TFP brasileira e representantes "A reunião de Dr. Plínio poderia da TFPs e entidades congêneres da durar o dobro sern cansar ninguén1'', das Alemanha, Argentina, Bolívia, CaUma senhora, por sua vci. afirmava: nadá, Chile, Colômbia, Equador, Pera receber o grande número de participantes do Encontro. foi necossério montar um toldo com uma primorosa decoração "Dr. Plinio tem o dom da palavra", Espanha, Estados Unidos, França, interna onde se realiJ:aram as conf erências ' Portugal, Uruguai e Venezuela. No início da sessão, uma imagem ' . de Nossa Senhora foi introduzida por um cortejo de cerca de 40 sócios e cooperadores da TFP que, vestiI dos com traje de gala, entoaram o hino "Tradição, Familia e Proprie/ dade" e o "Salve Regina". O mesmo cortejo formou-se no final da confe- "Como é poss,vcl 11111 pad' re [referindo-se fiq'.'em tranqüilos porque não havera atraso". QUANDO MEU automóvel aproximou-se rência para a saída da imagem, Essa comunicação, feita por um dos orgada Rua Conselheiro Pedro Luiz. um movi- ao catecismo espanhol do Pe. José Luís quando foi cantado o hino pontifíCortés) blasfemar tanto contra Nossa Senizadores do Encontro, indicava que se apromento intenso de veículos tornava difícil o cio "Roma Eterna". ximavam os últimos momentos da programação. trânsito. Já nas imediações, de alguns ônibus nhora'? Estou indignada!" Em sua conferência, o Prof. Pli"Caso não fosse con hecida a doutrina da de turismo, com placas de Campos. Rio de nio Corrêa de Oliveira, numa forma indefcctibilidade da Igreja Católica. poderia • • • Janeiro, Belo Horizonte e Londrina, desciam leve, atraente, categórica e lógica, animados grupos de pessoas de todas as alguém se perguntar se Ela não morreu ..." analisou a evolução do perigo comuJá i,s 17:30 horas o auditório "Brasílio Em todas as conversas. cada um tinha idades. Às vezes. uma fam ília inteira. Cu nista no Brasil nos últimos 20 anos, Machado Neto" estava lotado. Um dos orgamuito que narrar. Numa delas, um senhor. estava diante da Sede da TFP, em Santana, a posição da opinião pública nacioni,~1dorcs dava instruções: "É preciso aquela onde se realizou o 1°. Encontro Regional de proprietário de loja de artigos óticos, comennal diante desse perigo e a ação da kombi ir buscar mais cadeiras para distribuir tava com satisfação: "Eu vendi , cm minha Correspondentes e Simpati1.antcs da TFP. TFP visando combatê-lo. O numenas alas !aterias. Veja se traz pelo menos loja, nove livros da TFP sobre as CE Bs ..." Transpus o portão da sede. Uma surpresa roso público presente interrompeu duzentas cadeiras, pois senão muitas sen horas agradável: grande jardim, quasi: um parque Outro, por seu turno. não -se cansava de várias vezes o orador com calorosos vão ter ouc ficar de pé". repetir: "Eu, com meus 65 anos. · posso dizer apresentou-se a meus olhos. Arvores fronaplausos. E grande parte dele só se - "Dr. Plínio foi ,·cspondcndo. durante a dosas e altas deixavam filtrar amenos raios do que Dr. Plinio é um batalhador incansável. Eu retirou do auditório depois de cumconferência. todas as perguntas que cu tinha sol de outono no gramado primorosamente o conheci cm 1939. já era um catól ico conprimentar o· Presidente do CN da na cabeça ..." victo e militante!" aparado. Sem que notasse ílores, a atmosfera TFP, ocasião em que ele foi distin- "O difícil, para mim, foi o momento em era de um jardim. guid o com inúmeras e entusiásticas que o apresentador disse: Senhoras e senhores. Alguns passos mais, pela pitoresca via manifestações de simpatia, respeito • • • são oito horas. passados dois minutos. Chegacalçada com pedras, encontrei uma imagem de e admiração. mos à dolorosa hora da despedida ..." Nossa Senhora das Graças em tamanho natu16· horas do domingo. Em outra sede da - "Eu esperei · 40 minutos Jlara poder ral. Ela é como um ponto de encontro para Fala um operãrlo TFP, na Rua Dr. Martinico Prado nº 246, em cumprimentar o Dr. Plínio. Mas, o ô nibus que todos que entram ou saem. Um pedestal de Higineópolis, ingressavam e saíam corresponatrase. eu não podia vir até aqui sem cumprimármóre branco realçava muito a imagem e Um fato inusitado teve lugar • 1o... .. dentes e simpatizantes. No auditório que ali a mentaservia também de genuílexório para alguns após as palavras do Prof. Plínio entidade possui estava em curso a apresentajovens da TFP que ali, de joelhos, recitacavam Corrêa de Oliveira. Um operário peção de um "vidco..;asscte". • • • o Rosário. diu para falar, querendo "agradecer - "Viu só o entusiasmo dos correspondenAproximei-me de um grupo de pessoas. à TFP pelo convite que ,nefez de me tes da TFP norte-americana na -Califórnia? E Esses foram alguns comentários que ouvi , - "A senhora. de onde veio?" trazer para participar deste encontro eram bem numerosos! ..." ao final da conferência, na porta do auditório. - "De Campos.:· regional. que eu gostei muito''. O Foi assim que fiquei inteirado de que o Quando o Presidente do Conselho Naciona l - "Quantas horas a senhora viajou· para operário, morador num bairro da "vídeo-cassete" era a filmagem do último da TFP saiu. uma sa lva de palmas e o brado vir ao Encontro?" periferia da Capital paulista e excongresso de Correspondentes e Simpatiza n- ''Pelo llr..tsiH 'fr:'ldi\·úo. Familia ~ l'ro- "Isto pouco importa. Estes Encontros militante da Pastoral do Trabalho, tes da TFP dos EUA, rca li1,ado na Califórnia, pricdadc!" - ressoaram no salão da confên· valem a pena, eu faço qualquer sacrifício para afirmou que "a partir de hoje eu no início deste ano. c,a e nas 1mcd1açoes. ·1nd1can<10 que o t:ncondeles participar. .." estou st,nclo u,n si111pa1izanlt e. que,n - "Convidamos os correspondentes e simtro chegava a seu termo. Em cada roda, as conversas eram sempre sabe. breve,nente um participante". patiia ntes a se dirigire m agora àquela sala cm Num ônibus, que estava prestes a partir, animadas. Cheguei ao toldo montado num Na ocasião, também friso-, que frente ao auditório, onde serão distribuídas ouvi um derradeiro comentá.rio: espaçoso páteo pavimentado, o nde algµns fizera parte da Pastoral Operária, lembranças do Encontro. A conferência de · - "Curiosa a TFP. Sempre faz a coisa participantes aguardavam o início da próxima acrescentando: "Eu senti, gente, que Dr. Plínio começará pontualmente às 18 certa na hora certa ..." conferência. A palestra anterior ainda era a Pastoral Operária não tinha mais horas. De modo q ue os que têm que viajar. A. F. motivo de comentários: nada ·tlv qu<' político ... Dl' religiâu. para mim. ali níio tinha nada".

cistas, Sr. Welington da S ilva Dias, ao tratar do tema "A Revolução nó campo temporal". flustrando sua exposição. a~uele sócio da TFP serviu-se de "shdes" e de uma trilha sonora para ressaltar a tendência para a loucura que, a partir da valsa, veio se acentuando nos estilos musicais que se sucederam. Notadamente nos ritmos alucinantes e caóticos q_ue caracterizam as expressões musicais nos últimos 20 anos. E acrescentou: "Essa sensação de que o mundo estdjicando louco faz com que as pessoas fiquem imobilizadas ou forçadas a seguir a moda··. Outro conferencista, o Prof. Antonio Dumas Louro, abordou o tema da "A Revolução 110 campo espiritual", destacando o esplendor da Igreja Católica ao longo da História, cujos monumentos atravessam os séculos, como é o caso das catedrais góticas. O contraste entre esse esplendor e a situação da Igreja em nossos dias foi acentuado pelo expositor, que projetou "slides" do catecismo ilustrado espanhol do Padre José Luís Cortés, onde as figuras de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem e dos Apóstolos são blasfematoriamente apresentadas numa at-

·o

Impressões nos locais onde se realizou o Encontro

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No encerramento do tº. Encontro Regional dos Correspondentes e Simpati~antes da T FP. ' em conferência pública pronunciada perante mais de mil pe.~soas, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. analisou o progresso do comuhismo cm nossa Pátria nos últimos vinte anos e o papel da TFP ao longo desse período. Apresentamos a segu ir trechos significativos da conferência. São Paulo -

"Tudo 110., in-

uoduz nun,a situarti'o 1nui10 nwis vaâlantl.' do qu,,. luí 20 mws fllNís. O perigo veio dé dt•ntro t> o perigo veio de• /Offt, O perigo nos ,·c•rc-<1 de todos os lados. Esta é a realidade··. - Tais pafavras foram pro1erimis pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. perante numeroso público. de mais de mil pessoas. q uc lotou inteiramente o auditório "Brasílio Machado Neto", no último dia 15 de maio. "Brasil: ,,.,·peranf(IS e apr,•en· sõt>s". foi o tema da conferência mardtdá por uma not.1 brilht1ntc.

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cheia de ent usiasmo e de fé. Depois de ana lisar o progresso do perigo comunista cm· nO:iS.-'l P{,. tria nos últ imos vinte anos. o orador mos1 rou q uc o papel dcscnvold ido pela TFP ao longo desse período consistiu cm de nunciar as invest idas do comunismo. "111twforça n1inoriuíl'ia·· <.1uc "(l\'(111<'ª sentpr<• ti soc{lpa··. E relembrando os efeitos produzidos sobre a opinião pública pela difusão mundial da Mensagem das 13 TFPs sobre o socialismo autogcstionário de Miucrrand e pela divulgação do livro "'As CEfJs... das quais muito se foi{/, pouco se <·onhec·e - A TFPas descreve ,·01110.rão", asseverou o ilustre conferencista: .. Este gênero de de11ú11cias à opinião púb/ic{I pegou. A TF P para a investida do m on stro. As garras do leão dourado da TFP poden, conter o ,nvnstro verrnellto!"

64 - 84: o que mudou? O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira confrontou a situação do comunismo em 64, ano da deposição do governo Goulart e. transcorridos 20 anos. a situação dele em 1983. Recordando que a pergunta fundamental é "o que o brasileiro mé-

dio pensa do conwnis,no. a,é que ponto quer cu·eitti-lo ou rejeitti-lo ", o orador destacou o proveito tirado

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'Na conferência realizada no auditório .. Brasílio Machado Neto". mais de m il pessoas ouviram o Pro.f. Plínio Corrêa de Oliveira discorrer, de forma leve. atraente. categó ~ica e lógica. sobre a evolução do perigo comunista no Brasil nos llhimos 20 anos. a posição da opinião pública nacional diante desse pe-rigo e a at uação da TFP visanw do combatê-lo ·

pelo comunismo da propalada distinção entre duas correntes suas, o PCB e o PC do 8, uma cisão que não passa de "um folclore, 111as um folclore sagaz", Com efeito, o PCB - Partido Comunista Brasileiro se apresenta como constituído "pelos i111ele<'tuais do partido. homens de doutrina, de gabinete. de ordem" e nquanto o PC do B - Partido Comunista do Brasil - se diz o partido dos "comunistas desordeiros. violentos". O papel do primeiro é o de ··encaminlu,r a sociedade bur.gues11 run,o 110 ,_·0111unisn10". vivendo no seio dela. Ao lado desses "co1111111istas de burguesia", o comunismo que adota a violência contra a burguesia "'trabalha de fora para dentro para derrubtí-/a". "'Eu não posso ,·rer - continuou o Presidente do CN da TFP - que eles estejam brigados uns co,n os outros. Parque uns ateiam fogofort1 e outros ateiàn, fogo dentro. i;,1es es1<io brigados com o bonrbeiro... Que es1ejam bríKados e,ure si é um

folrlore que eu 11ão passo crer··. Registrando que os "com111tis1c1s de escritório", de 64 para cá, cm nome da liberdade de pensamento não foram inquietados, enquanlo os ter: roristas do PC do 8 foram reprimidos, julgados, e depois foram comer "o gor<lo pão do exílio <·011for{(ível e turístico dado pelo comu nisrno internacional'". o conferencista afirmou que, durante esse tempo, os comunistas do PCB haviam penetrado "especi1Jl111enll, nos ,neios .

através dos quais se conquisro 11 opinião ptiblic·a: se,uintirios. uni ver· sidades. dentro das u11iversidades especial111e,11e 11s Faculdades ,!e Co-

1nunico('iiO Soâal. onde se fornuun hon1ens que vtio troha/Jwr na ilnvrensa. no rddio. 110 u·levi.wio. E quando se iniciou a (Jbertura. o PCB tinha este poder enonne: a di1ad11rll dos microfones".

O f enômeno Casaldãliga Constatando "o fato que estd diante dos olhos de rodo o 1111111do", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira discorreu também sobre a penetração da iníluência comunista nos scmi n{,rios. faze ndo notar que. ··em boa nu•dida". essa influência "prové,n da ll('Õi> de se1ni111írios de .fi>ra do Brasil'". Dai, por exemplo, o fenômeno Casald:íliga, para citar um nome: "rstuc/011 riu se,uinârios espanhóis e ou1ros lugare.;;, \~eio para cá. foi promovido a Bispo . e faz a propaganda que quer. e a faz enquanto Bispo".

Em torno do Brasíl, o perigo cresceu

Compunham a mesa que presidiu a solene sessão de encerramento do Encontro. o Revmo. Pe. Antônio Silveira. a Revda. Irmã Ana Eugênia de Sion, o Dos.embargador ltato Galli. diretores e sócios da TFP brasileira e representantes de Tf Ps e entidedes conQêner es de 13 oeíses

Também outras conquistas estratégicas do comunismo foram abordadas pela penetrante análise do catedrático paulista. Para ele, em decorrência do progresso cientifico e tecnológico, "o Brasil ficou · ao alca11ce da O(:ÕO 111ilitar de Moscou, pelo menos en, alg111110 medida, e todos jti estão se lembrando dos famosos aviões líbios carregando armamentos", A isso é preciso somar o fato de que "o Oceano Atlântico deixou de ser 11111 mar asséptico, e,n tóxicos co111t111istas. De norte a sul do Atlâ111ico, 110 litor<1/ africano, o conwnism o tem suas janelas". E sobre a situaç.'io cm nosso Continente, destacou que. "durante este tempo, algumas nações sul-11merrcanas como o Chile e o Peru ado-

1arar11 o cornunisrno e deixara111 de ser comunistas". E a Bolivia, "que entrou no co;nunismo. saiu do co .. 111111,ismo. hoje possui um governo que é pró-co1111111is1a",

Integridade nacional em perigo na Amazôni a?

,,•... O auditório aplaudiu com calor o Presidente do CN da Tf P quanpo este afirmou: "As garras do leão dourado da TFP podem conter o monstro vermelho comunista··.

Declarando q ue "ainda esta para verificar o 111is1ério de que, se hti tantos desempreg,ulos. com o é que nas casas particulares faltam e,npregadas", o conferencista indagou: "Quem mantém essa muralha psicológica por onde esta gente se vê obrigada - a acreditar 110 folclore

com1111is1a - a ir lutar de bo,nba na ,não para ,notar a / 01111! (' não quer pegar nu,na vassoura. 11111n aspirador de pâ para matar (J fome?"

E depois de comentar as dec: •• rações do Sr. Jeremias Lunardelli, presidente da Associação dos Empresários da Amazônia, s•gundo as quais a Amazônia oferece não apenas empregos mas amplos espaços a serem ocupados por pequenos e médios produtores. com a certeza de riqueza e de progresso. o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ~nfatizou: ··se nós não souberrno.,; enro,ni11/rar li.< populações desempregadas

para nos.,·os terriu}rios o,·iosos da A ,nuzônia. sabc•111 o que vai tu:011· te<·er? - f: c1ue ,w ONU, em outros órgãos dela, os povos que têm exces..so de populaçiio vão reclm11ar. en1 no,. rne dtJ refor,na axrâria. a A1naz611ia

para eles. t:: ~1ós não tere,nos u que respo11der. 1:: a i11depe1ulê111·ia do Bra,ril que esrri ent t·c,u,. E 11 integridade 11acional <1ue esuí em cena".

Que todos cumpram com seu dever Ao final de sua exposição, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira acentuou a receptividade que a TFP tem e ncontrado em amplos setores da classe operária, citando como exemplo o abaixo-assinado promovido pela TFP c m Curitiba, onde "nada menos de 1.500 operarios s11bscrevert1m 111110 prece pedindo q Nossa Senhort1 Aparecida que nunca o con1w1ismo se estabele('a no Brasil". Afirmando que a fidelidade à verdadeira Religião constitui garantia da proteção de Nossa Senhora Aparecida. o conhecido líder e pensador católico concluiu: "Do fundo da História, ,ne vern à mernória o prodamaçãv de '"]' brasileiro num m omento difícil. E a do Almirante Barroso 110 Guerra do Paraguai: 'O Brasil - e eu acentuo: o Brasil cristão - espera que todos cumpram seu dever' ".

Falam os correspondentes e simpatizantes Com frcqiiéncia, os sôcios e cooperadores da TFP foram procurados por participantes do Encontro, os quais apresentavam suas impressões pessoais. Expomos a seguir algumas das mais

significa1ivas: • Eu gostava da TFP, mas nunca imaginava que fosse o que vi. • Estou entusiasmado com o êxito do Encontro, principalmente com a quantidade de participantes de muitas cidades. • Quando o uço alguém fa la r na televisão, não entendo nada. Ao contrário. o que o Dr. Plínio disse. eu entendi tudo. Aquela história da mulher com a trouxa que foi abordada pelas CEBs é exatamente o que aconteceu comigo quando mudei para a vi la e queriam reivindicar um grupo escolar de alvenaria cm lugar do de madeira. • Fiquei encantada pelo Dr. Plínio. Como ele é bondoso. simples; ele tem a energia de um jovem. • Não perdi um raciocínio do Dr. Plínio, entendi tudo. Se a TFP não tem importância. porque os esquerdistas se preocupam tanto com ela? • A conferência de Dr. Plínio foi completamente o contrário do que cu imaginava. Não teve nada de hermético. Aquele modo de falar provava o contrário. • Um Sr. de São Bernardo comentou: "O que Dr. Plinio fez foi uma convers:, com o auditório. uma ~oisa leve e agradável". • Fiquei impressionado quando ouvi Dr. Plínio dizer que na Índia há pessoas que pedem ajuda à TFP. • Um contemporâneo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, ao cumprimentá-lo: "Plínio. você fa,. sozinho o que o Episcopado inteiro devia fazer!" • Gostamos muito. A conferência do Dr. Plínio foi de uma clareza muito grande. A TFP está de parabéns. Tudo que foi exposto nas conferências nós sentimos nos ambientes cm que freqüentamos. • Há mais de 10 anos venhos desejando e pedindo um encontro como este. Agora s im , isso precisa se repetir. • Uma senhora de Belo Horizonte, ao cumprimentar o Dr. Plínio disse: "Teu olho direito é combatividade, o csquçrdo é paciência, cha mo-me Maria Inocência. sou baiana mas pensam que sou mineira!" • Um simpatiza nte dizia que freqüentou algumas reuniões de CEBs mas se afastou. Agora esclarece os vizinhos e conhecidos visando interessá-los cm participar de reuniões da TFP. • Está tão boa a programação aqui que até parece que estou há muito tempo nela. • Como o Dr. Plínio descreveu bem a pressão das CEBs sobre a mulher com a trouxa na cabeça. A gente parecia estar vendo a cena. • Vejo que vocês são mesmo católicos dedicados. Estou muito contente por saber que meu filho pertence à TFP.

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QUADRAGÉSIMO J. QUE CONSTIT~

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O primeiro grupo de redatoros do "Legionário" em torno do Arcebispo de São Pauto. O. Duarte Leopoldo e Silva. A esquerda do Prelado. o Prof. Plínio Corria de Oliveira.

, , C ATOLICISMO~ comemora na presente edição o quadragésimo aniversário do livro que já se vai tornando histórico, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "En, Defesa da Ação Católica". Do muito que já se tem escrito sobre a obra, selecionamos hoje apenas alguns textos mais significativos. extraídos de: artigos que "Catolicismo·· Ja publicou sobre o assunto, estudo de conhecido progressista e escritos posteriores do próprio autor, focali1,ando a doutrina e as profundas repercussões alcançadas pela publicação. Dessa forma.o leitor poderá formar uma noção de conjunto, resumida embora, sobre o conteúdo e o alcance de "En, Defesa tia Ação Católica". O livro foi lançado em junho de 1943 contra o~ erros que. infiltrados na Ação Católica, vinham solapando o laicato católico brasileiro. Tais erros constituiâm o inicio de um processo tenebroso. que .o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira detectou ainda na origem, e cujos desdobramentos viriam a desembocar no progressismo. Hoje, com o avanço deste e as devastações que ele vem provocando, é fácil para um católico imparcial dar-se conta da trágica

situação em que se encontra a Igreja. Mas em 1943, quando os meios católicos pareciam navegar em um mar de normalidade - os Sacerdotes revestidos ainda de batina , a doutrina ortodoxa ensinada nos ca· tecismos e nos púlpitos. a obediência à Hierarquia vigorando plenamente, a moralidade vivamente fomentada, as igrejas cheias, o culto prosperando, confissões e comunhões numerosas - quem se daria conta? Quem creria que alguns desvios na Ação Católica, cujo alcance o público católico não compreendia bem, constituíam o germe dos excessos que presenciamos em nossos dias! '" E,n Defesa da Ação Católica" foi um marco verdadeiramente histórico. Ao trata r dos desvios da Ação Católica, encontramos na referida obni esta eloqüente afinnaçâo: "Muitas pessoas não percebem as conseqüências profundas que estão implícitas nas idéias que professam . .... estamos cm presença de uma idéia em marcha. o u melhor de uma corrente de homens cm marcha atrás de uma idéia, nela se radica ndo cada vez mais e de seu espírito cada vez mais se intoxicando" (pp. 337/ 8). . A história destes 40 anos é a

prova cabal da lucidez dessa visualização. Sabia o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que, se lançasse o brado exigido pelas circunstâncias, passaria a ser odiado pelos promotores dos erros e incompreendido por muitos amigos. Perderia seus cargos e o prestigio de que meritoriamente se servia para o bem da Igreja. Ficaria isolado e seria menosprezado. A retidão de sua consciência não vacilou um só instante. Quem conhece a história religiosa recente do Brasil não pode deixar de sentir emoção ao ler, hoje, nas páginas de "Em Defesa da Ação Católica", as seguintes palavras: "Assumimos voluntariamente esta penosa tarefa, já que os mais ingratos encargos são os que, com maior amor, devemos abraçar na Santa Igreja de Deus ..... Ainda que os cardos nos dilacerem as mãos. ainda que recebamos só ingratidão da parte daqueles a quem quisemos estender, por entre os espinhos dos preconceitos. o pão da boa doutrina. de tudo nos daremos por amplamente compensados, se o valor do sacriflcio que fizemos . for aproveitado pela Providência para a união de todos os espíritos. na verdade e na obediência" (pp. 14/ 15).

'Houve quem pretendesse que, indo a lugares suspeitos e escandalosos, faria apostolado, levando ali o Cristo. 'Vacinados contra o pecado, pe los efeitos maravilhos da Liturgia e do mandato da AC, pretenderiam certos membros desta, como salamandras, instalar-se em pleno fogo, sem se gueimar. 'Agasta-os tudo· que, lembrando a delicadeza feminina, acentua a diversidade dos sexos. 'Combatem, por exemplo, o uso de véus nas igrejas. Nã_o ce~suram o uso de calças masculinas paras as mulheres. nem o do cigarro. ' .... Tudo quanto signifique combate direto e de viseira erguida contra as modas indecentes, as más leituras, más companhias, maus espetáculos, passa, muitas vezes, sob o mais profundo silêncio. ' ... , Ao que parece, tantas e tão lamentáveis liberdades seriam privilégios inerentes à AC. Os antigos

métodos de mortificação e fuga das ocasiões eram certamente muito aptos para as antigas associações, onde realmente se pode ser severo e e,úgente. A AC, porêm, representaria a libertação de tudo isso. 'Estas precauções eram muletas sobre as quais se apoiava a insuficiência estrutural, jurídica, orgânica e vital das antigas associações ... De tudo isto, poderia e deveria prescindir a AC' ("Em Defesa da Ação Católica", pp. 99-100) . .... Mostrando a semelhança desses erros com o modernismo, acentua Plínio Corrêa de Oliveira que 'era preciso , que fizéssemos uma exposição conjunta de todos estes pnncípios errados, para que se percebesse claramente estarmos em presença, não de erros esparsos, mas de todo um sistema doutrinário baseado em erros fundamentais, e muito lógico em professar todas as conseqüências daí decorrentes' (p. 101)" (Cunha Alvarenga. artigo citado).

EFEITOS DE TAIS ERROS SOBRE O BRASIL, AINDA IMBUIDO DE TRADIÇÃO CATÓLICA "Naqueles anos havia uma grande e luminosa realidade que se chamava o 'movimento católico·. Nessa designação genérica se compreendia o conjunto formado. de norte a sul do país, pelas associações religiosas. t claro que neste, como c m todos os vastos conjuntos. havia

- caminhava para a frente unido filialmente a um Clero no qual eram numerosas as personalidades de valor e de prestígio, e a um Episcopado coeso e profundamente venerado. "Procedente de vários focos localizados na Europa, incubou-se, por etapas. em setores religiosos do

DEFINIÇÃO DE AÇÃO CA TOLICA: ALCANCE DO ASSUNTO PARA A ESTRUTURA HIERÁRQUICA DA IGREJA "Como se sabe, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Igreja como uma sociedade hierárquica. na qual. segundo o ensinamento de São Pio X. a uns cabe ensinar, govern;1r e santificar. e a outros ser governados. ensinados e santificados (cf. End· clica ·Vehe111e111er, de 11 de fevereiro de 1906). "Como ê natural essa distinção da Igreja em duas classes não pode ser do agrado do ambiente moderno modelado pela Revolução. Não é de surpreender, pois, que cm matéria de Ação Católica tenha aparecido uma teoria que. cm última análise, tendia a nivelar o clero e, os fiéis. Pio XI definira a Ação C:ltólica como i participação dos leigos no apostolado hierárquico da Igreja. Como quem participa tem parte,

a rgumentava-se. os leigos inscritos na AC 1êm p.irtt.· na m1s:sào e na tarefa da Hierarquia. Ao contrá rio dos fiéis inscritos nas o utras associações, os da Ação Católica são, pois. hicra rcas em miniatura. Não são mais meros súditos da Hierarquia, mas quase diríamos uma franja desta" (Elói de Magalhães Taveira, ·· Para evitar as prescrições da História".. .. Catolicismo... nº 150, j unho de 1963).

i'tt "Podemos dizer que a cabeça de fila de todos os erros que se infiltraram na Ação Católica era o igualitarismo, emanado da Revolução ê corporificado no tal mandato que fazia, dos membros dessa nova associação do laicato, participantes

. da Hierarquia. A esse erro fundamental dedicou Plínio Corrêa de Oliveira a mai or parte de seu li vro, mostrando clara e exaustivamente

como 'existe uma d iferença essencial entre os poderes impostos pelo Divino Salvador à Hierarquia da Igreja e os e ncargos cometidos pela Hierarquia aos fiéis' (p. 55) .... Mostra o autor que 'não ex iste uma participação da AO. nem na Hierarquia, nem nas funções hierárquicas'. Inteiramente gratuitas. 'ainda que as teses anteriormente refutadas fossem admissíveis, Pio XI não deu à AC a participação na Hierarquia o u em funções hierárq uicas· (p. 61)." (Cunha Alvarenga, "E,n Defesa da Ac:ão Católica. uma obra providencial". ..Catolicismo", n• 270. junho de 1973).

LITURGICISMO, PERMISSIVISMO E OUTROS ERROS QUE COMEÇAVAM, DIFUNDIDOS POR MEMBROS DA AC "Nas fileiras .da Ação Católica, ao mesmo passo que entrou um legítillJO interesse e zelo pela Sagrada Liturgia, se esgueiraram também vários exageros do chamado liturgicis,no. "A profissão desses erros - como é inerente ao espírito liberal importava numa franca independência dê critica e de conduta face à doutrina ensinada pela Santa Sé e às práticas por ela aprovadas, elogiadas e incentivadas. "Assim, a subestima da piedade privada e um certo exclusivismo em favor dos atos litúrgicos, uma atitude reticente para com a devoção a Nossa Senhora e aos Santos, como incompatíveis com uma formação cristocêntrica, certo menosprezo para com o Rosário, a Via Sacra, os Exercícios Espirituais de Santo lná-

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cio, como práticas obsoletas, tudo isto constituía mostras de uma singular independência em relação aos numerosos Documentos pontifícios para os quais não hã palavras que bastem para recomendar tais devoções e práticas. "Talvez mais frisante ainda se mostrava a influência do liberalismo na opinião sustentada em certos círculos, de que a Ação Católica não devia prescrever a seus membros regras especiais sobre a modéstia nos trajes, nem devia ter um regulamento impondo-lhes deveres especiais e penas ,para o caso de serem transgredidos tais deveres. "A mesma influência se patenteava ainda na idéia existente nos .mesmos círculos. de que não era necessário o rigor na seleção dos membros da Ação Católica. e mbora

paradoxalmente se sustentasse ser esta uma organização de elite" (Elói de Magalhães Taveira. artigo citado).

Visão parcial d<i vaie do Anhangabaú (São Paulo) - local onde se realizou o durante uma das sessões deste importante evento religioso

ce na heterogeneidade. Assim, a par de entidades inertes, esclerosadas pelo. tempo ou abortadas por fatores vários, havia outras de uma vitalidade incontestável, e algumas até de uma pujança extraordinária. Entre estas últimas refulgiam as Congregações Marianas. O movimento mariano, que começava a se expandir no período de 1925 a 1930, chegava então ao seu apogeu. Prestara ele à Igreja o incomparável serviço de - num pais como o nosso. em que a Religião só era praticada pelo sexo feminino e por uma minoria de homens de idade madura - atrair para a vida de piedade e para o apostolado legiões inteiras de jovens de todas as classes sociais. "Todo este mundo de associações novas e antigas - pois pela quantidade se tratava de um mundo

Brasil, desde 1937, aproximadamente, até 1943, uma mentalidade dominada por uma obsessão: resolver o conflito entre a Igreja e o século mediante uma capitulação completa, isto é, por uma reinterpretação da doutrina da Igreja, uma reforma de suas leis, sua liturgia, seu modo de ser. que a ajustasse totalmente com o que é moderno .... .. Bramindo · por uma ambigüa modernização, propondo de cambulhada coisas excelentes, coisas discutíveis e coisas péssimas, e fazendo em geral das excelentes e das discutíveis pretexto para as péssimas. esse espírito de falsa modernidade começou a se manifestar em alguns movimentos de si excelentes.. (Plí nio Corrêa de Oliveira. --como ruiu 11 pirâ,nide de Queops .., in "Folha de São Paulo". 8-2-69).

··Aprcscnll.:lllO!t- alguns exemplo~

de imodéstia e de igualitarismo em certos meios da Ação Católica (quão menos escandalosos que os desvarios progressistas de hoje]: ·Ninguém ignora os múltiplos perigos que os bailes 1razem consigo. Tais bailes. e ntretanto. não são tolerados mas recomendados. não são rccon1cndados mas até impostos: os retiros espirituais durante o carnaval. são considerados uma deserção. pois que o membro da AC deve fazer apostolado nas festas pagãs do carnaval.

EFEITOS DA DENÚNCIA-BOMBA NO MOVIMENTO CATÓLICO .. Notamos 4uc o mal vinha espalhado c,nn

Slllll.1

arte. hlbia e cópia

de prosélitos. Era preciso dar. em meio i1 dcsprcvcnção geral. um brado de alarma. que acordasse a atenção de t0dos. Assim. foi com o i nt\."1 ro apoio tk Mons. ~-1:i)...-, ..,. Jo

!'e. Sigaud. ,,uc publiquei o li1ro-

Defesa <Ili Acão Ca1óli<·a". Era um gesto de kamikaze. Ou

homha ·· f:m

estouraria o progressismo 011 esto ur.iríamos nós.. ( Plínio Corrêa de Oiiveint. ·· l\11n1ik,1:,, ... in .. Folha de Sâo 1'11111<1 ••• 15-2-1969). "Mais do que tudo lembro-me da profunda impressão que causou em mim, como em todo o meio católico, a leitura do prefácio honroso com que D. Bento Aloisi Masella, esse Prelado que o Brasil venerava como


INIVERSÁR/0 DE UM LIVRO .,,,

r.JIU MARCO HISTORICO o Núncio perfeito. e que por is10 mesmo o Papa Pio XII quis revcs1ir dos esplendores da Púrpura romana. aprcsen1ou o li vro a nosso público. Lembro-me 1ambém da reação cont ní ri" .... "Essa reação teve 1rêsc1apas. Ela fracassou na primeira. e novamente

fracassou na segu nda. Porém alcançou pleno êxito na terceira. "A primeira etapa foi a das ameaças. Lembro-me ainda que. de volta de uma viagem a Minas. meu então jovem amigo José de Azeredo Santos - que seria depois tão conhecido como polemista de indom/1vel c-oerência - nos informou bem humorado e divertido: 'Estive com Frei BC. que me disse estar cons-

livro conlinha erros. Até numerosos erros. Não se diziam quais eram . Mas que os havia. hav[a. Já não se

maioria a quem a d<.·ni"incia do livro

SEGRETERIA 01 ST-t-170

causou estranheza, ficou entretanto de sobreaviso com o progressismo

oi

falava de refutação. Era somente a

na~ccntc.. e não se deixou cmbnir

rear.rmação insistcn1c da mesma acusação imprecisa: há erros. h/1 erros. há erros. manelou-sc por. todo o Brasil. A esta forma de aiaquc não faltava certa c loqiiência: Napoleão dizia que a melhor r.gura de retórica é a repetição. Sem embargo dis10.

por ele. Se o progressismo não passa hoje. no Brasil católico, de uma algazarra infernal promovida por uma minoria iníluente e de grande cobertura publicitária. se a massa católica dele es1á arredia. deve-se is10. cm grande parte. ao brado de alarma precoce do "Em Defesa do Ação Católica", O sacrifício do ka-

"Ei11 Defesa''ª A('ãO Católica" COO·

1inuava a se escoar rapidamente nas livrarias.

mikaz.c va leu o muito ,quc custou,"

·· Por íi1n. (' Ji\:ro :si.· csco tou. /\,, longo deslc tempo, rcah1.àra e1e sua difícil missã o, sohrc a 4ual falarei adiante. Uma reedição não parecia. _pois. oportuna. O zu nzum também

(Plínio Corrêa de O liveira, artigo .. Kamika:e". ' já ci1ado). .

A pujança do movimento católico se manífestou na monumental procissão de cente• nas de milhares de fiéis pelo centro de São Paulo. no encerramento do IV Congresso Eucarístico Nacional, em 1942. No ano seguinte. o Prof, Plinio Corrê a de Oliveira. um dos oradores do Congresso Eucarístico. publicou. na qualidade de Presidente da Junta Arquidiocesana da AC de São Paulo. o livro-bomba "Em defesa da Acão Católica" f,I, '

• SUA SI\NTITí\ E:r, Aeélll>l,s Vaticanis, die 26 feb,rw,rii 1949. Praeclare iViT, Filii studio ct pietate permotus a , eatissi1110 Patr i volwm en. do,10 cledisU. cui i11sc~•pti'o "Em. defesa da ,! ção Católica", a /e sect1cl,1 cui a et diuturna diligentia e:r,a.

ratum.. Sa11clltll's Sua ga1utet tibi, !lt<Od Actione,,, eatho!lca111, q1(a111 v e11i t1ts 11ovisti. et magn! áestimils1·ac r,te et diser Le c:tpla11asti ~t defe11'il.istl, ita ut om11lbus su·111111opei e opor. teie apvareat huiusmoãi l!ierarchtci dpostolatus au:i;iliarem forma·11• aeque perpe11dl e! proveht. Artgus( r,s Pontifeo: eo; a11l1no vota t,acit,, ut e labor e tuo d!vltes 11,atr,rcsca11t /f~uctus et luruâ parva et pa"ca sol/ltia colligCls; l~Or> a11t ~111 111 auspicir,1111 Ubi Apostolic.1,111 8 e11edictió11e111 i 11111eri n . l n teJlca q(la par cst obscrvd11tia me proflteor

"Nosso pcriodo catacumbal durou qu;atro anos. Mas 4ua1ro que traziam constantemente consigo os

1ristes sintomas de um es1 ad o dcr. ni1ivo e sem remédio. Imagine o lci1or um pugilo de lideres já sem lidcrndos, um grupo <-IUCjü cumpriu sua missão. sobreviveu a ela . e íica sobrando.

Tibi addfctissünu,m

Esta a nossa situaç~1o

quando o muis velho de nós linha 40 anos e o mais jovem 25! "Reso lvemos con1inuar unidos, cm uma vigília de oração e ;mülisc

dos aco ,11ccimen1os até que Deus quisesse. "Alugamos uma pequena sede na rua Martim Francisco. e ali nos

reu níamos Iodas as noites. sem cx-

Fac-símile da carta que, cm nome do Papa Pio XII, Mons. Montiní enviou ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Ahaixo, a 1radução da mesma:

cessão. Recordação. sem amargura

foi esmorecendo. Dir-se-ia que pela própri.i ordem natural das coisas o silêncio ia baixando sobre todo o ,·aso. Era a terceira etapa que CO· mcçava. pl:kid;1. e nvolvente, domirn,dora .

"Mas cm 1949. o silêncio se in1crrompeu inopi nad:1mcnte. Oo a lto do Vaticano. uma voz se íc1. ouvir. <1uc haveria de dissipar tod.ts as dúvidas. e colocar numa situação

de invulnerabilidada " livro, quer cm relação ;'.1 sua doutrina. quer i1 sua oportunidade. Foi a Carta de

louvor de Mons. Momini, e ntão Substiluto da Secrc1aria de Estado. cscrila ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm nome do inesquecível

Congresso Eucaristico N acional - .

tilUída uma comissão de teólogos para refutar o livro do Plinio. Ele se arrependerá - diz Frei BC - de o ter publicado'. Descansávamos tranqililos. os que sustentávamos os princípios de Em Defeso da Ação Católico, pois sabíamos a obra analisada e esquadrinhada previ2mc n1e por dois teólogos já célebres no Brasil, Mons. Mayer e Pc. Sigaud. Resolvemos esperar a refutação. Até hoje e la não veio. Também penso, escrevendo estas linhas. cm um cartão de uma muito ilustre e respeitável personalidade. Diz o missivista que agradecia ao Dr. Plínio Corrêa de Oliveira o oferecimento do livro. e que em breve denunciaria de público os erros nele contidos. Vinte anos são passados ... e nada se publicou. Assim. quanta coisa haveria que contar! "Fracassadas as ameaças de refu1aç.ão; veio a fase do zunzum. O

Pio XII. , "Manda a verdade que se diga haver continuado. apesar disto. o s ilêncio acerca do livro. Que cu saiba é a única obra brasileira inteiramente e especificamente escrita sobre a AC. que haja sido objeto de uma caria de louvor da parte do Vigário de Cristo. Entre1anto. não me consta 4uc coslumt.· cl., ~cr citad;.1 nos ' trabalhos e nas bibliografias que, de quando , em vez, aparecem entre nós sobre Ação Católica." (Elói de Magalhães Taveira, artigo citado).

ttt

"Os adversá rios deste comprometimento - comprometimcnlo social dos militantes da Ação Católica - bem como das tendências para um igua litarismo e um neo-modcrnismo (tendências que hã muito tinham observado na Ação Católica), com ela romperam em 1943. O porta-voz da ruptura é Plínio Corrêa de Oliveira, e as razões do grupo são apresentadas no seu livro Em Defesa da Ação Católica". (Mareio Moreira Alves, "A Igreja e a política no Brasil", Brasiliense, SP, 1979, p. 228).

CONSEQÜÊNCIAS DA PUBLICAÇÃO DO LIVRO PARA O AUTOR E SEUS SEGUIDORES "Estouramos nós. Nos meios católicos, o livro suscitou aplausos de uns. a irritação furibunda de outros. e uma estranheza profunda na unen-

sa maioria. "A noite densa de um ostracismo pesado, completo, intérmino, baixou sobre aqueles meus amigos que continuaram r.éis ao livro. O

esquecimento e o lvido nos envolveram, qua ndo ainda estávamos na ílor da idade: era este o sacrifício previsto e consentido. A aurora, como veremos, só voltou a raiar em 1947. "Mas o progressismo nascente recebeu com o livro um golpe de que até hoje não se refez. É que a imensa

nem orgulho. das glórias da imolação dos dias idos. Aná lise solícita e entristecida. da delerioração discreta e implacável da si1Uação religiosa. Estudos dou1rinários cm com um. Convívio fra1crno e cordial. Assim. a Providência colocava as condições ideais para nos uni r. Veio daí um tal

e nrijeci mento de nossa coesão no pensar, no sentir e no agir. como

mais seria difícil imaginar. Escondida cm 1crl'a a semente germinava. "A nosso lado. organi>.ava-se a solida riedade preciosa e discreta de um pugilo de moça s que conosco lutara na Ação Católica contra o progressismo nascente. e também se retirara conosco para o ostracismo.

"E ai nda assim a morte ceifou 1rês lu1adorcs nessas fileiras tão escassas de membros. O primeiro foi o delicado, o irllrépido. o nobrc·filho de Nossa Senhora. nosso inesquecível José Gus1avo de Souza Queiroz. Lembro também com respeito e sa ud:ides a personalidade ardo rosa. mas ao mesmo tempo silenciosa e

" Pa lácio do Vaticano. 26 de fevereiro de 1949. Preclaro Senhor: Levado por tua dedicação e piedade filial ofereceste ao Santo Padre o livro "Em Defeso da Ação Católica", cm cujo trabalho revelaste aprimorado cuidado e acurada diligência. ..Sua Santidade regozija-se contigo porque explanaste e defendeste -l:'0111 1H: 1wtra~·:io l' l·lan.:1;1 :1 Ac;;io t'a túlica. ú~1 qual possucs u m conhccimcntô completo, e a qual tens cm grande apreço. de tal modo que se tornou claro para todos quão importante é estudar e promover ta l forma auxiliar do apostolado hierárquico. "O Augus10 Pontífice de lodo o coração faz voios que deste teu trabalho resultem ricos e sazonados fru1os. e colhas não pequenas nem poucas consolações. E como pen hor de que assim seja. te concede a Bl•111,,·:"1() i\ post•\ fil'a..

suave. de urna militante da JOC (J uventude Openlria Católica). Da. Angélica Ruiz. E o vulto bata lhador e tão distinto desse chefe de família modelar. desse cirurgião exímio que toda San1os admirou. desse professor universi táario saliente, desse pai dos pobres que foi Antonio Ablas F0 ." (Plínio Corrêa de Oliveira, "Nasl'é a

TFP", in "Folha de São Paulo", 22-2-1969).

POR FIM, NASCE A TFP, APÓS TODO O CASO "Ainda me lembro de um d ia de · janeiro de 1947. cm que noticiei a meus amigos que. segundo uma emissora, Pi o XII nomeara Bispo de Jacarc1.inho o Pc. Sigaud. Como? O quê? Nossa alegria era grande, mas a dúvida ainda maior. O Pc. Sigaud. durante o vendaval, fora mandado como missionário à longínqua Espanha. Voltaria então? Sim. voltaria . .E nossa alegria subiu ao céu como um hino. Uma estrela se acendia. a brilhar na noi1e de nosso exílio, sobre os des1roços de nosso naufrágio! "Con lra toda a expectativa, outra a legria nos esperava no ano seguinte. Ao chegar eu, numa noile de março de 1948. à nossa ca1acumba, um amigo me esperava à porta . ~fervescente de j úhilo. O Cônego Mayer, que passara. durante a tormenta , do alto ~rgo de Vigário Geral da Arquidiocese para vigário do distante, e a liás tão -simpático, Belcn1.inho, acabava de nos comunicar sua nomcac;fi o par., B1spocoadJutor de Campos. 1:: mut,I dizer com que exuliação fomos no mesmo instante felici1á-lo. .. A sucessão dos fatos tinha um signir.cado iniludível. Essas duas nomeações, uma cm seguida à outra, valiam por um testemunho de confiança de Pio XII, que envolvia obviamente a atuação anterior de ambos os sacerdotes ...

" Essas duas surpresas não foram as maiores. Exatamente um ano depois. um religioso muito amigo. cujo nome não ouso declinar sem consultá-lo (e ele eslá de viagem), me entregou uma correspondência vi nda do Vaticano para mim. "Era uma carta oficial, em latim, assinada por Mons. João Batista Montini. que dirigia então a Sccre1a ria de Estado da Sanla Sé .... "Desta vez tudo se tornava cristalino. Pio XII louvava e recomendava o livro do kamikazc ..... ) "O valoroso D. Maycr abria as

Os erros pré-progressistas. que começaram a penetrar nos am. bientes católicos e já heviam sido denunciados em 194 3 pela obra "Em defesa da Açlo Ce• tótica". constitufram os germes da atuei ..Teologia da Li• bertaçlo". Doutrina esta que levou grande número de eclesi• ásticos. religiosos _e leigos a apoiarem o Revolução nicaragüense. nitidamente marxista, Na foto, uma freira empunha o fusH junto à guerrilheira. na Nicarágua.

colunas d o grande mensário de cul1ura "Catolicismo", que fundou em 1951. Esse mensário levantou de novo o pendão da llna contra o progressismo..... "Nossas r.lciras se 1am engrossando ..... "Como as circunstâncias do País iam mudando, nosso interesse se ia ampliando cada vez mais para o campo social. Escrevi então. em 1959, um ensaio expond o nossas teses essenciais na matéria. Intitulou-se "Revolução e Contra-Revolução". O trabalho teve oito edições: duas em português, uma cm francês, uma cm italiano e quatro em espanhol. ºEstava criado o campo para se desprender de todos estes antecedentes uma ação de uma nature1.a diversa, isto é, tipicamente cívica e temporal. "Em 1960, se constituía a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), para junto da qual afluíram todos os amigos que ·o idealismo, a desventura, a fidelidade, e as recen1es alegrias tão intimamenle havia fundido em uma so alma" (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo "Nasce a TFP", já citado).


APE.LO DA TFP COLOMBIANA AOS DESPREOCUPADOS: PREOCUPEM-SE POR FIM!'' 11

ATUAL CLIMA de tensão generalizada na América Latina, patenteado pelo caso dos aviões líbios, retidos no Brasil, q ue transportavam de modo clandestino a rmas possivelmente para as guerrilhas na Colômbia e, ao certo, para a América Central, como també m os problemas fronteiriços entre alguns países, como por exemplo Venezuela e Sur:jname, ou Argentina e Chile. lOrna muito atual e oportuno o manifesto q ue a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP, publicou nos diários "EI Ticmpo", de Bogotá; "El Pais", de Cali; "El D iário dei Huila". de Neiva; "El Diário de Ia Costa". de Cariatcna e "Vanguardia Liberal", de Bucaramanga, os três primeiros cm 29-4-83 e os dois últimos durante o mês de maio, sob o titulo "A despreocupação vem senclo a maior aliada da guerrilha - Apelo da TFP aos despreocupados: preocupem-se por fim/". O documento repercutiu no exterior, tendo sido publicado cm EI Salvador pela Comisión Social "Pai: la tranquilidad dei Orden", formarla por senhoras anticomunís1as salvadorenhas. no jornal "El Diário de Hoy" de 4-5-83. Também na Costa Rica, o bureau de representação das 15 TFPs estan1pou o documento no diário "l..a Nación", de

O

31-5-83. Para conhecimento de nossos leito-

res apresentamos a seguir um resumo desse importante manifesto.

ttt De início. a TFP colombiana afirma que a l..ei de Anistia - promulitada há meses, com maciço apôio político. eclc· s1ást1co e publicitário - nao trouxe ao pais a esperada pacificação. Pelo contrário, a ousadia da guerrilha foi adquirindo uma magnitude sem precedentes. deixando entrever o plano comunista de convulsionar a nação. A entidade julgou seu dever res•. ponder às seguintes perguntas formuladas por inUmeros colombianos: "O que dizl!r desse pas:so dado pelas autori· dade.t? O que i'SpRrt1r do J>trt"o,lo que assim elas abriram no f/i.t1ória cio poí.r? E eom o enfrentar a om,,aca subvn.fivo que, em lugar de diminuit. 1e11,Je o detonar a 1.uf!rr(1 ,·fril?" Sendo o comunismo uma seita a1éia, materialista e hegeliana, com uma con• cepção peculiar do homem. da economia. da sociedade. da política, da cultura e da civilização. procurou e le realizar a conquista mundial. ora tentando persuadir da vcracid:.?dc de sua doutrina as massa_s populares para infundir-lhes ódio e la11ç{1·las na luta de classes. ora utifo,..ando a violência. A confrontação clara entre Oriente e Ocidente era a conscqUénci,:i da mesma impostação do comunismo. agressiva e feroz. Entretanto. na medida cm que a conquista avançou. as multidões foram r.cando apáticas em relação às promessas igualitárias do comunismo. ao mesmo tempo que crescia uma resis• téncia à 'sua índole coletivista e tirânica. A tática vermelha sofreu. en15o. uma adaptação e a guerra psicológica revoIuclonária converteu-se graaua1mente na arma capital. E graças a ela. o marxismo obteve vitórias que a n,era violência nunca lhe proporcionaria. ft por meio de uma série de táticas que o comunismo deseja obter que as nações se deixem condu1.ir até o dornínio vermelho. Para conseguir ta I objetivo. é nceês· sário provocar na opinião públic.a uma impressão análoga a que ser1a produzida por um protesto popular generali1.ado e tormentoso. :se esses setores da população não são vastos. ao menos devem ser muito violemos. A isso deverá somar•se a ação complementar de outras forças que pleitearão, de modo bonachão e condescentende, que o pais consinta que sejam feitas concessões à minoria violenta. Assim, a naç.ão vitima viverá nhcr· nadamcntc períodos de violência e laosos de pseudo-paz que se seguirão depois de obtidas as concessões. A opinião públic.l terá a sensação de que as concessões foram eficazes medidas distensionistas, mas logo surgirão novos episódios de violência.

ttt Dias antes da aprovação da l..ei de Anistia. a TFP colombiana publicou um maniícsto o qual mostrava que com à anistia vcrilicar..sc•ia a transferência da agitação "do fundo das selvas ao ctntró das cidades". A concessão. em vez de

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aplacar os guerrilheiros, "s6 serwtw para olimen1ar n ele.t a e.sperança de êxito. por m eio de extorsões alnda mais amargas, radicais e violentos, com caminhada rdpida até à extorsão total". O que sucedeu? Em certo sentido, muito menos que isso: cm outro sentido, imensamente mais ... Com efeito. constitui ria uma temeridade inaudita para os guerrilheiros recém-anist.iados dar cumprimento à previsão da TFP (e prestigiá-la dessa maneira era exatamente o contrário do que poderiam querer... ): alarmariam a (lpi· niâo pública. desacreditariam por com• plcto os · promotores das conccssõC$ e. em vez de abrir para si caminho a té o poder. fechá-lo-iam definitivamente. Entretanto, durante esses meses. os guerrilheiros obtiveram muito mais: alcançar acordo com eles convcrtcu•sc. para numerosas e destacadas personalidades do pais. no desitlerotum comw,. sem o qual nada de bom e estável. no terreno político, estas julgavam obter. Os criminosos tornaram-se "heróis" e "idealistas... Desta forma. sem necessidade de convulsionar· cidades. apoderaram-se. por assim dizer. do centro dos centros destas. onde se decide o futuro da nação. A anistia incondicioll[ll e gencra• lizada seguiram.se outras benevolências ainda mais desconcertantes. Com eíeito. no momento cm que as leis confiscat6rias e socialis tas vão atacando. sem piedade nem justiça, honrados proprictãrios rurais. o Governo conferiu a numerosos guerrilheiros. supostamente arrependidos. bens que nunca outorgou como prêmio a atos dos mais meritórios: o Instituo Colombiano d.s Reforma Agr{1ria fez-lhes cntreg.ua de propriedades agrícolas. bcnclíciando-os com créditos. muitas vezes. sem outra garantia que o aval do próprio Estado. Qual a origem dessas terras? Em alguns casos. a violência guerrilheira obrigou os proprictürios de a lg,umas regiões a abandonar seus bens e a renunciar momcruancamcntc s ua exploração. devido ao perigo iminente de sequestro e morte. O INCO RA havia arrebatado essas terras, sem :1dcquada compcnsatàu l'~ara ~us lqd1 imo:-. donos ... Em outros casos. as terras provieram da Cüria Diocesana de Florcncia. cujo Bis• po. 1). José Luis Sema. não só se destacou como mentor eclesiástico da anist ia. rnas até declarou sem rodeios haver orooorcionado diversas vei.cs asi. lo a guerrilheiros. Ainda pior. as mencion3das terras. por sugestiva coincidê11· eia. estão situadas precis:1men1e cm uma das- zonas mais atingidas pela guetrilha.

ttt Como era de se cspcr::tr, guerrilheiros presos que a lcançar:un a liberdade gra· ças à anis tia, voharam a empunhar armas par;1 prosseguir c m sm1 sinis1rn luta. Recrudesceram os assassinatos de camponeses (1uc não colaboravam com a guerrllha. como tambcrn os seqüestros de proprietários rurais com o fito de se conseguir resga,es. H{1 então, para os subve,·sivos, uma categoria t;io mi~cr~i \'cl de homens que 3 ela scj;:t negado inclusive o direito à vida? O que di1.er dos propriet;:írios cuja posse de bens implica em risco de vida'! Poder-se-á ohjc1a r q 1,1l· a eles se lhes está questionando só o direito de propriedade e não o direito ~\ vid~1. Mas a isso se deve rcspondêr que e necessário estabelecer se o direito de propriedade é ou não um direito au1êntico. A TFP afirma. com base na Doutrina Católica tradicional. que o direito de propriedade é um direito autintico. sagrad<\ e intan. gível. sém o qual não é possivcl constitui r uma reta ordem social: e que. se bem que tal direito esteja sujeito como absolutamente todos os direitos que 1>ossui o homem a tilulo individual. inclusive o direito ao trabalho - a uma função social, nem porisso é um dirci10 mais débil ou questinávcl. Então. quando uma pessoa, por excr· cer um dirci10 legi1imo corre o risco de vida. ela con1in11a tx-1,éÍlci~1<l:I n:iv sô por esse direito, (dnW t:unhém pdo p1·c',prio dírei10 ;) vid,1. Tem :ilgurn se n1i<Jo que J'>C· lo fato de sefem proprie1ário:,. t~1is 1>csso~,s sejam objeto de exigi:nci,1s por p.inc dos B'1crrilhc1ros e neg~tlldo·SC " :-iccit:í-las. scJam scqUcstrad..is e ;is,s;1ssin:1das"! 1-: (IUC o:-. referidos crimes permaneçam impunes'! E o direito à vida dos soldados? Mais que exercer um direito. cumprem e les com ,•alentia o dever de rcsgu:1rdar a ordem. Se. quando morrem no cumprimento do dever. os assassinos goz~m de

completa impunidade. então o direito ã vida dos soldados. •àpe$3r de terem se consagrado ,1 defesa do pais. não tem garantia alguma.

ttt Sobre a guerrilha, em tese. a Doutrina C.."ltólica faz o mesmo juiz.o que forma a respeito das várias formas licitas de guerra. Isto é. o que ar.rma da guern:,, cin si: pode haver uma guerra justa. dependendo de que sejam legitimas, tanto a caus.a que move uma naç.ão a empreendê-la, qua nto a auto· ridade que toma a decisão: e de que com a guerra se procure obter o bem e evitar o mal. • Então. cm concreto, é licua a guerrilha colombiana? A entidade torna evidente que. por várias razões, não o é. Não só aquela não se baseia cm causa justa. mas também o fim de quem as orientam e executam é intrínsecamente mau. pois consiste no desejo de insrnu~ rar um regime econômico·social coletivista e tirânico. Este traz consigo a negaç;:to de todos os direitos, a violaçé"io de todos os princípios verdadeiros e a supressão de todas as liberdades. A guerri lha não só não é movida por uma autoridade legitima. mas supõe a rcbc• lião contra a mesma. com o fim de estabelecer o dom ínio absoluto daqueles que, em virtude de seus objetivos. não podem possuir legitimidade alguma. Ela é um crime. pois na guerrilha combinamse a iniqiiidadc mtrmscca oa meta com a incscrupulosidade da forma de proceder. Chama a atenção que isso. tão clar~ ao ser exposto . no entanto permaneça silenciado por parte de numerosos movimcn1os e líderes "paeifisws". 1mHo civis como eclesiásticos.

ttt A TFP colombiana fo rmula um apc·· lo ,\s autoridades temporais. c ivis e militares. para que. 110 cumprimento de seu dever e de aco rdo com a Lei. combatam cncriieamente a guerrilha no pais, com vistas a un1a complcw e efcliva rcst~rnração da ordem e da r>az. ~ claro que n3o se trata {,!e exercer uma rcprc.ssão indiscriminada. nem mm .. pouco aplicar medidas cxagcr~1das ou ilícitas de coerção. Mas sim. tendo ccrtc1,.a de que. cm í:tcc. do delito a pena é indispensável. e considerando o foto de que, optando ::alguém pela violência. o faz sabendo que ser:í combatido pela força. e que medidas :1dc4 uad::.s dcvcdio $Cr tomadas pará fo:t.cr ccss:,r. em breve prnio. essa nefasta ação. A rcprcSS5o não ser{a suficiente . se não íor aco mp~tohad::t r>or uma maciça col;abornção e.las por,ul~1çõcs que vivem o nde a guerr'ilh;1 atua. a lim de priv:i•la de todo elemento qth.' possa servir para su~t manutenção e prosresso. Pois. ~llêm de obter os meios de s ubsistência naqueles locais. a guerrilha eíctu:1 neles seu rccru1amento. c ;1:,,.~11n . ..:n1.·omra meios de escapar à re pressão.

Sacerdote progressista em apuros... RECENTEMENTE, o Pe. Miguel D'Escoto, Ministro do Exterior da Junta de Governo Sandinista da Nicarágua. convocou a imprensa para uma entrevista coletiva no Hotel Hilton de Bogotá. Dela participaram, entre· outros. repórteres da Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, desejosos de conhecer detalhes da visita que João Paulo li realizara meses atrás à Niearái:ua. Tran.sercvemos ab.:,Í.'(ô ;1s perguntas fo rrnul:tdas pelo repôrler d~t TFP colombiana uo Chanceler sandinisw. pos-jultamos oportuno lcv.ar ao conhc• cimento de nossos lei1orcs as respostas descabidas dadas ror um corifeu do progressismo e da chan·H1da " lgrej:1 Popular" d.1 Nic,ir;igu.1.

A fi.sionomia do Pe. o·Escoto revela seu desconcerto durante a entrevista coletiva concedida à ímprensa colombiana

P.' - tF'P: Os Srs. (os Sacerdotes) receberam alguma censura por parte de João Paulo li por estarem participando da direção do governo da Nicar:igua? Se houve censura, como foi fei ta? Pessoalmente? Se foi por escrito. como foi? Qual foi o conteúdo dela'! Foi apenas uma recomendação? A censura foi só porque os Sacerdotes estão ocupando cargos fundamimtais da sociedade temportal ou pelo de os Srs. participarem de um governo esquerdisrn. como é o da Nicarágua?

raro

Pe. O'Escoto: Não houve absolutamente nenhuma censura.

F. TFP: Quais foram os frutos da visita de João Paulo li,\ Nicarágua? Esses frutos estão servindo para conter a onda esquerdista ou. pelo contrário. para estimulá-la'/ Pe. D'Escoto: Olhe ... cu não posso dizer, no momento. quais foram esses frutos. sobre a visita do Santo Padre à Nicarágua. Declaro·me inCompetente. P - TFP: Em relação à Missa celebrada por João Pauto li na Nicanígua. o governo picaragUcnsc mandou depois um comunicado de pesar ao Papa? ... Nesse momento, a pergunta foi abruptamente interrompida pelo Pe. D'Escoto. que disse: Pe. D'Escoto: Não há meios de informação sérios? Não há repôrtercs sérios? Que façam outras perguntas.

P • TFP:

t

assim que são tratados os repórteres na Nicarágua. senhor

Chanceler?

Pe. D'Escoto: Não, mas às pessoas como a que me acaba de.fa?-er a pergunta ... Aqui há repórteres interessados cm fazer pcrgun1as sérias e temos pouco tempo. Antes do término da entrevista. cortezmente se insistiu sobre o tema da pergunta anterior: P. - TFP: Sr. <;hanceler, talvez o Sr. considere minha pergunta não séria. mas eu a faço. com toda franqueza. como católico: Em relação à Missa celebrada por João Paulo li na Nicarágua. o governo nicaragilcnsc mandou depois uma nota de pesar ao Papa? Este comunicado foi apenas verbal? Foi por escrito? ... A pergunta n3o pôde ser terminada por h~1vcr sido novan,emc interrompida pelo Pe. l)'Escoto. que exd:1mou:

Pe. O 'Escoto: (; muito longa (a pergunta); é muito longa, não se mandou absolurnmcnte nada. nada.

P - TF'P: O quê? Pe. O'Escot o: Não se mandou nada. Assim não há interesse cm se pergunta r se foi verbal ou por escrito. Tais perguntas e respostas. que constam da entrevista concedida pelo Cha1tcelcr nic;;ir.-,gUensc. fornm enviadas respeitosamente. cm forma de carta. ao Exmo. Nú ncio Apos tólico da San1a Sé na Colômbia. 1). Angelo Accrbbi. para quc S. Ex4,,•1:1. Rc\m:t. lh.·la~ tomasse conhcc1mcnto.

Após a entrevista coletiva à imprensa, numa emissão da televisão colombiana, uma repórter propôs as seguintes questões ao Sacerdote sandinista: P : A res peito da visita do Pa-pa e de sua posição como Sacerdo1c: o que se passou qua.nto a es te assunto? O Vaticano queixou-se cm virtude do ocorrido? Constou que se faltou con1 o rcspei10 em relação ao Papa. Que resposta tem seu governo?

Pe. O'Escoto: 8em. que o dig'a o povo. Oi1.em que o povo faltou com respeito ao Papa. O governo não é responsável pelas manifestações de quem. pela pnmcil':1 ve:,.. :-1.· sctttt.' livre 1.· 4,,·om <lirc i1<, de opmar.

-ttt

P: Mas o Vaticano disse que os Srs. manipularam a informação e que o povo foi manipulado. O que. de fato. ocorreu?

Dando o exemplo do Bem-aven· t urado E.1.equicl Moreno Diaz. ::in1igo Bispo da Diocese de Posto. na Colômbia. que se destacou por sua fogosa combatividade con1ra os erros do libe ralismo do século passado e na defesa da Fé. conquis tando um lugar de excepcional honra n:, His1ôria do país e a bcmavenwrança eterna. a TFP formula votos de que o digníssimo Episcopado col<>mbiano. diante dos erros marxistas - que são os sucessores naturais daqueles emanados da Revolução Francesa :1ssi1n como ante a violência empregada pelos marxisias. assuma uma a titude de eombativid:tde. semelhante :.i de seu vencr:tvcl antecessor. E assim, conceda seu apõio :'ts Forças Armadas e .às autoridades temporlis. como tamMm cs1imule a população. cm geral, a rechaçar a agressão guerrilheira, por lodos os meios lícitos que estejam ao a lcance dela. A Sociedade - ao concluir - e leva seu olhar ;'t Nossa Sc11hora de Fátima - ouc oromercu o triunfo de seu lma· culado Co,·ação sobre o dragão vermelho - 1>ara que Ela queira toe.a r os corações dos guerrilheiros. das autoridades e de todos os colombianos. subir~lindo a nação da conílagrnção cm que se cncon· tra. parn que se resta belcç-a a verdadeira paz.1isto é. não a 1ranqüilidadc aparente e prcc:iria das capitulações, mas a tranqüilidade da ordem.

Pe. O'Escoto: Eu não sei se o Va tica no afirmou isso. Teria que me dize r em comunicação oficial.

IIAto11cnsMo '~~,..-

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ASPECTOS DA VIDA DA MÃE DE DOM BOSCO vio. Procuravam-na para se deliciar ouvindo-a. A todos recebia com naturalidade. nunca invejou ninguém. sempre quis ser e parecer uma camponesa. No entanto. uma superioridade natural de seu espírito a fazia sentir-se cm casa onde estivesse. O. Bosco ressaltou vária s vezes os dotes de narradora de histórias infantis que sua

Quadro de Mamma Margherita. aos 67 anos. pintado por Rollini (i 855). segundo um croquis de Bartolom4 Bellisio. A pintura foi oferecida a O. Sosco no dia de seu onomáttico. 24 de junho. naquele ano. Ao vê-la. exclamou: "I: ela. S6 lho falta falar".

PERSONALIDADE de O. Bosco surpreende. O que nele havia que o tornava capaz de tanta sabedoria no conhecimento dos homens. de 1an1a faci lidade cm alllar entre eles'? Como pôde fa7.er tanto. conservando-se sereno e continuamente homem de oração e pensamento'? Fundou uma Congrcgaç.'ío religiosa - os Salesianos - . íoi escritor. polcmisia, direwr de consciências. diplomata e conselheiro de Pio IX. Além disso. a~uou nos bastidores do Concilio Vaticano I. convencendo Bispos a votar a favor da infalibilidade papal. educou durante toda sua vida sacerdotal a infância desamparada. E ainda era sapateiro·. cozinheiro. a lfaiate para os jovens que recolhia da vida miserável. Fazia qualquer coisa. desde que os interesses de Deus o aconselhassem. Naturalmente, na origem de todos esses dons encontra-se a correspondência exímia a uma grande predileção divina . que já se manifestara na mais tenra infância. Seu pai. ao morrer, dissera à·mãc para cuidar de todos os íilhos. mas sobretudo do caçula. Giovanino. O menino tinha na ocasião dois anos e o pai. camponês atilado, já percebera que no lílho havia muito de extraordinário. Nesta predilação divina. ocupava lugar de realce a graça de possuir uma mãe a bem dizer incomoarável. Basta começar a ler a vida de" A1ammt1 Margherita" para perceber quamo foi providencial sua atuação na formação do caráter e da mentalidade de D . Bosco. Em várias ocasiões. o Santo. com a veracidade própria à heroicidade de virtudes, afirmou que sua mãe foi Santa . Alguém poderia imaginar ser esta uma expressão do afeto íilial ou até legítima liberdade de linguagem. A última palavra sobre esse assunto caberá. talve2. um dia à própria Igreja. Só o Papa é infalivel para declarar que alguém atingiu a heroicidade de vil'ludcs. Feita a ressalva. é legitimo a qualquer íiel entender as aíirmações de São João Bosco em sentido estrito, pois a vida de sua mãe não inclina o juízo noutra direção. Entre os dois se esta beleccu como que uma comunhão de cogitações e de vias. a ponto .de ela orientá-to sobre os próprios Padres da Congregação Salcsiana. Sabia-se que era dotada de uma inluição no1ável. Batia os olhos cm alguém e já não se enganava sobre tal pessoa. E ensinou a D. Bosco ser assim. Sua intuição era tão aguda que pressentia os perigos que ameaçavam o filho. Entre 1852 e 1856. época cm que o Santo sofreu vários atentados, padeceu atrozmcnte, devido a seus pressentimentos. No feito da morte, entre outros conselhos, advertiu o fillfo: Preste atençao porque muitos. em lugar da glória de Deus, procurant o interesse próprio. Rua. Cagliero, Durando. Francesia serão seus-preciosos e fiéis auxiliares. Não se .fie em... Quanto aos irmãos... fique de sobreaviso: o que preten-

A

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tlen1 é ,.;e beneflcit(r da ...ua xenn·o·

sidade. Nada mai.,·. Sobre São Domingos Savio. disse um dia a D. Bosco: ·· Você u•n, 11111i10,\' jo\'(•ns bons. ,nas 11enluun supero Don,ingos S1wio". A vida de Mamma Marghcrita cm relação a Dom Bosco. pode ser dividid.i cm du,1s foscs hem dis• tintas. A íonn,u;ào infantil e~ anos

depois. sua ida p.ira o Orntúrio e, fim de a_iuda r o li lho a forma r e ahrigar 1.1 infúm: i:1 tksa 111pa rada.

A formação de D. Bosco Mamma Margherirn incutiu no filho o horror ii impureza. grande amor à pobrc1.:1. enlevo sem nome cm relação à Igreja Católica e ardente devoção a Nossa Senhora. Isto numa atmosfera de rija formação do caráter. onde e la fai.ia qucst,io que D. Bosco est ivesse,\ a ltu ra de todas as responsabilidades que s ua idade permitia. O fundador da Congregação SaIcsiana foi moldado especial mente pelo exemplo. Parn todos que conviveram com ela. o que ressalrnva i1 primeira vis1a era sua temperança.

Nada de febricitaçõcs. de maus humores. de atitudes extravagantes. D. Bosco quis que esta virtude fosse característica dos salesianos. cm boa medida. pela admiração que nele despertava a mãe tão temperante. Era capaz de enfrentar rodas de rapazes ou homens maduros que conversavam imoralidades. ex igindo imperiosamente q ue se calassem. e até de ser conselheira discreta e cíicaz de situações dolorosas. Fa7.ia o que era necessário para cada ocasião. Mamma Margherita tinha sua ação facilitada pela capacidade de encantar pela conversa . Já no fim da vida, no Oratôrio. era amiga de hierarcas eclesiásticos, dos Marqueses de Pallavicíni e de outros casais de alta situação social. cm boa medida. pelo atrativo de seu conví-

mãe possuía.

Formava .

contando velhas histórias sobre guerreiros, príncipes. castelos e princesas. além da liistôria Sagrada. a qual narrava de modo especia lmente cativante. A pior ameaça para ela. desde a infância até à velhice. era a conjunção das palavras revolução e Igreja perseguida. segundo afirma Louisc André-Dclastre. Analisando sua mentalidade. essa autora conclui que ela "conservou <1 titica da fé 111f1fi,,,·af'. Tinha o espírito de oração. Rezava constantemente. Tudo isso ela transmitiu a seu extraordinário fi lho. Sempre foi limpíssi ma cm sua pobreza. Vendo pessoas com vestes rasgadas. com jeito. muitas vezes. as levava para casa e lú costurava os rasgões. Limpa na apresentação. foi rnmbc;m modelo de pure1..i : Er" tão estrita que D. Bosco comcnw,1,, amiúde sua dificuldade cm pronunc iar a palavra c:,stidadc. tal a vigirn ncia de sua mãe neste aspecto. O lilho deel,1ro11 a Dom l.cmoync que aprendeu a admirar tal vi rtude

a várias. por vezes, no mesmo dia. Certa ocasião. Dom Calosso. Sacerdote afável. vendo-o tão pequeno. observou-lhe que os sermões eram apropriados para adultos. sendo o tema elevado: e que sua mãe lhe ensinaria melhor tais matérias. Respondeu D. Bosco que gostava muito de os escutar e os entendia todos. O Padre pediu -lhe que repetisse quatro frases de um aos dois que havia escutado no dia. O mcnin.o perguntou-lhe de qual deles. pois sabia ambos de cor. Dom Ca losso quase não podia crer. Uma criança de onze anos. que havia ouvido uma VC'l

apenas dois sermões grandes e densos. dizia que os repet iria de eo1··> Ao ouvir a repetição. fe1-se amigo dele e o ajudou na via que escolhera: o sacerdócio. Sua mãe que. por intuição. já percebera sua vocação. estimulou-a quanto pôde. mas advertiu-lhe: "Se ,.,,sofrer s, iuir <1 carreira de Padrl' !it)cular ,,. por desgrt1<·a. tornar-se rico. não lhe .ft,rei uma só visiw, nun<·a purei os pés na sua cas(J" No 1

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rl.;'<.:Chc.'ll o ltahilo. d;, c!\ti -

mulou-o a ser um pregador da devoção a Nossa Senhora e· lhe disse que não desonrasse a ves te talar. cm hipótese alguma.

~·ol'S. lutas e pcrseguiçõc-s 4uc sofria

o lilhn. Mas dep,>is de pensar. concluiu o Santo que podia fazer-lhe a proposta. porque "M1 madre e una sanra". Ela respondeu apenas: "Se te parece que tal coisa possa agradar a Deus. estou pronta a seguir-te". Atirou-se nas dificuldades com o íilho. Teve que vender a quinta, seu próprio anel de casamento, algumas jóias. fez de seu enxoval de noiva roupa para os meninos desamparados. Quando morreu, já não tinha nada. Apesar disso, D. Bosco afirmou que estava sempre de bom humor. No Oratório, ajudava a formar as crianças e era vista por elas como verdadeira mãe. Trabalhava incansavelmente nos afazeres domésticos. Quando sentiu que se aproximava a morte, chamou D. Bosc_o e o outro filho. José. para lhes dar os últiDeus os chamasse para outra voca fim com José. D1sse-The para eaucar bem seus filhos, c1uc deveriam continuar camponeses. a menos que Deus os chamasse para outra vocacão. /\ D. Bosco não conseguiu dizer tudo. Percebeu que o filho sofria demais com a separação e mandou-o sair do quarto para poupá-lo. Porém. ainda pôde dizer-lhe: "Sé você

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escola de sua mãe. A carnctcris1ica de sua pcdago· gia maternal consistia sobretudo cm fozcr os filhos amarem o bem e admirá-lo. E pratic,i -lo por causa desta admiração. Mas. quando necessário. ela era jnílcxível. Seus fi. lhos. e também a vizinhança. sabiam que não admitia ceder diante do pecado. Poderia tão-somente conlcmporizar. se as circunstâ ncias o exigissem . No Piemonte. a heresia janscnista havia deixado tr.\gicas seqüelas. Não existia Comunhão infantil (só mais tarde, no início do sécul o XX. São P.io X determinou ser sete iinos. c m média. a idade da Primeira Comunhão). nem o Clero a promovia. A mãe de São João Bosco julgava que quanto mais cedo esta se realizasse. tanto melhor. E forçou a· situação. Conseguiu que seu filho íizessc a Primeira Comunhão aos onze anos. Ela mesmo o 1,reparou. O Sacerdote surpreendeu-se. na ocasião, porque D. Bosco sahia de cor todo o éatccismo. "- Quem o preparou'"· perguntou o Padre. "- A1inha miie". respondeu o menino.

No dia da Comunhão. ela não o deixou falar com ninguém antes da Missa. ajudou-o na ação de graças e deu-lhe quatro conselhos: comungar sempre, dizer tudo na confissão. jamais cometer sacrilégio e fugir das más companhias como da peste. Pouco depois, deu-se o fato conhecido que e ncaminhou D. Bosco ao sacerdócio. ao qual tanto. aspirava .. O menino sentia entusiasmo pelas cerimônias religiosas. Assistia

Em substituição à antiga êasa-Pinardi, O. Bosco mandou construir esta outra. Sua mie ocupou somente por quatro semana$ os novos eposentos que ficavam no 3°. andar do prédio. Adoecendo gravemente, veio a fal&eer poucos dias depois. em 26 de novembro de 1866.

D. Bosco. em 1887. um ano antes de morrer

A vida no Oratõrio Marnrna Marghcrita criou três

filhos: Antonio (de quem era madrasta. nascido do primeiro casame nto de seu marido). José e João. O pai . como já foi dito. morreu quando D. Bosco contava dois ~1 1h,:r('om a lamilia ..:n:scida. cl~, pensou descansar. rezar e esperar a glória eterna na paz de sua modesta casa. Possuía uma pequena propriedade rural e vivia cercada pela consideração e afeto da familia de seu filho José. Corriam tranqüilos seus dias. Esses transformaram-se. de repente. quando D. Bosco, esgotado pelos trabalhos, foi a tingido por pneumonia grave. Foi preciso ir descansar por ordem médica na propriedade da mãe cm Castclnuovo. Pelo menos, três meses. Lá. os meninos que amparava em Turim não o deixaram sozinho. Em delegações iam sempre visitá-lo e exigir sua volta. Mais de 700 o foram ver. Um deles avisou D. Bosco de que si: não voltasse. eles se mudariam para Castelnuovo. O Santo prometeu estar em Turim "antes que as folhas caia111" (outono). O ,local do novo Oratório não era bom e orecisava de aleuf.ro ouc tomasse conta dele. Ex pôs o Santo sua dificuldade ao Vigário. Ele, Padre novo, não podia viver ali sozinho. O Vigário re.t rucou-lhe com vivacidade: "leve sua 111ãe". Era pedir rnuito: deixar a paz da vida que corria calma para Mamma Marghcrita ;l f11n de l_ancá · la nas pnva-

souh<•s.'-r ,·onu, <> m11ei. Mas na

erernidatl,• ainda será 111elhor. Fiz Judo qu<' pud<'. Se algunws vezes p,1rt ci severa. foi para o bt n1. Diga às critmça.v qu<· trabalhei por elas cv,no uma mãe··. Nascera cm 1° de abril de 1788. Fa leceu em 1856. Quatro anos após sua morte, cm um dos sonhos de D. llosco (de fato eram visões) Mamma Marghcrita apareceu-lhe e disse que eslava no Céu 'felicíssima". São João Bosco perguntou-lhe se havia ido direto ao Céu. Respondeu que passara pelo Purgatôrio e concluiu: "Eu o espero. porque você e eu não podemos estar Sépar<1dus ··. Pio XI l, em 31 de janeiro de 1940, festa do Santo, discursando cm_ sua homenagem, aíirmou: "A 111ãe que ele teve explica, e111 grande pt1rte, o pai que foi para os outros". 1

1

P. Ferreira e Melo Bíblíogralia consullada: "Biografia y escritos de San Juan Rosco·~, BAC, Ma-

dri. 1955; "A mãe de D. Bosco", Fausto Curto, Editorial O. Bosco, São Paulo, 1979: "Mama Marguérite, Mere de Saint Jean Bosco", Louíse André-Oelastrc, Collcctíon Saintes Mêrcs e M~rcs de Saints, Editions & lmprimerics du SudEst, Lyon. 1953; "// sistema preventivo ne/la vito di Marmna Margherita". Eugcnío Valcntíní, Rcttor Magnifico dei Pomíficio Atcnco Salesiano. Librcria Dourína Cristíana, Turim, 1957; "La missione.. de Momma Mar~herita"·. Maria Bargoni, Librcria Dottnna Cristiana, Turim.

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PROFANAÇÃO E DESAGRAVO NA PARÓQUIA DE ITALVA (RJ)

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UANDO SACERDOTES da têmpera de nosso Vigário procuram, com rato pas oral, cortesia, caridade, ,nas também com firmeza. n1anter no Te111plo Sagrado o respeito. a dignidade, o decoro - para desafogo e alento dos verdadeiros católicos há. por ·parte de alguns meios de comunicação, uma hostilidade inrplacável que os leva a faltar a roda objetividade. "É o que vemos co,n os faros acontecidos na igreja n,arriz de /raiva. no sábado, dia 23 p.p. "Em jornais de âmbito regional e nacional. os faros foram noticiados de maneira onrissa. deturpada e tendenciosa, em que o nosso digno Vigário, em suas atitudes 011 é acusado de excessivo rigorismo 011 é ridicularizado". Esse é um trecho do Manifesto divulgado por católicos de ltalva juntamente com um abaixo-assinado relâmpago, realizado em apenas dois dias, contendo 1.789 assinaturas a propósito dos tristes episódios ocorridos no recinto da matriz daquela cidade do interior do Estado do Rio. no dia 23 de abril último. por ocasião de um casamento ali realizado. . . Por sua vez, o Vigário da cidade. Pe. Antonio Paula da Silva, distribuiu aos fiéis uma nota de esclarecimento, agradecendo às manifestações de apôio e solidariedade recebidos por motivo da agressão praticada contra sua pessoa. Nela o zeloso Sacerdote declara que "de bom grado deixaria tudo no esquecimento. não fora a ofensa feita a Deus e ao Seu Sagrado Templo". Com efeito, uma das pessoas envolvidas nos tumultos - após desculpar-se de modo constrangido - confirmou as palavras sacrílegas por ele pronunciadas durante o incidente, como também o fato de a mãe da noiva ter tentado despi r-se na Igreja e: de alguém ter atirado imundícies no interior do Trmplo religioso. Esclarecendo os fatos como se passaram, pois muitas vezes foram distorcidos, Pe. Antonio declarou: "Apesar de rodos os avisos dados com antecedência, aparecem algumas pessoas con, trajes em desacordo conr a modéstia cristã e. portanto, impróprios para o Templo Sagrado. o que ocorre com certa frc4üência. devido ao mundanismo

de nossa sociedade paganizada. Advertidas. essas pessoas. quanto rê111 um pouco de bon, senso, costumam aceitar as ponderações. Mas. no caso presente, dando a entender que se tratava de ·algo premeditado. cer1as pessoas passaram não só a desrespeitar e injuriar as pessoas da Igreja. encarregadas da ordem. como rambé,n chegaram ao cúmulo de agredir fisicamente o próprio Sacerdote. usando ademais palavras e atitudes indecorosas e profanadoras da Casa de Deus. Assim sendo. pessoas da Igreja. de acordo com a vontade expressa do Sacerdote, chamara111 os policiais para que. contidos os baderneiros, o aro religioso pudesse ser realizado. como de fato

Ato de desagravo

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O Po. Antonio Paula da Silva coroa a imagem de Nossa Senhora da Concei· ção. padroeira da cidade. no decorrer da sessão efetuada no salão pritoquial

o,·orre11. depois. evidenre,nenre. de teren, aquelas pessoas cumprido a.r exigências da Santa Igreja quanto à modéstia nos trajes". O zeloso Sacerdote observou que as normas d e moral e modéstia nos costumes adotadas pela Santa Igreja sempre foram exigidas em sua par~quia, na Diocese, como na lgrcJa toda, antes de ter sido Esta, infelizmente, invad ida pela "fumaça de Satanás", como denunciou Paulo VI. E acrescentou: "Santo Tomás de Aquino diz que tolerar as injúrias feiras a si mesmo é virtude. ,nas tolerar as injtÍrias feitas a Deus é excesso ele in,piedade". E os católicos de ltalva, em seu manifesto, pedem "a ·rodos os ,neios de comunicação apenas a verdade e a objetividade; não exigimos nenhum favor. Será que e111 matéria religiosa esses 111eios de comunicação tomaram o partido do progressismo. rãa contrário à ,nora/ católica tradicional?"

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No dia 3 de maio, a população católica de ltalva pôde assistir e tomar parte numa cerimônia de desagravo que impressionou pelo fervor e sacralidade com que todos participa ram. como também pelo número de pessoas presentes - 18 Sacerdotes e 1. 500 fiéis. O a to teve início às 19 horas, prolongando-se até às 22:30 horas. Na igreja matriz da cidade. o Pe. Antonio Paula da Silva celebrou a Santa Missa e cm seguida deu a bênção do Santíssimo Sacramento. Durante o canto do salmo "Miscrcre", cm gregoriano, Sacerdotes e fiéis oscularam um Crucifixo apresentado pelo Pe. Antonio Paula a fim de desagravar Nosso Senhor pela profanação da Casa de Deus. Terminado esse ato, seguiu-se uma longa procissão, conduzindo a imagem da padroeira pelas ruas centrais da cidade. dur,ante a qual se rezou o terço e se cantaram hinos em louvor à Nossa Senhora. Através de autofalante instalado num carro que acompanhava a procissão, o Rcvmo. Pe . Possidente anunciava as intenções da manifestação: desagravar e reparar a Deus Nosso Senhor e a Santíssima Virgem pela profanação da igreja e pela agressão efetuada contra o Vigário. A segunda parte da cerimônia realizou-se no salão paroquia l. ao lado da matriz. Na ocasião, o Pe. Eduardo Ataide' Pároco de Santo Antonio de . Pádua. discorreu sobre a necessidade de se resguardar a moralidade e o recato na igreja. acentuando a missão do Sacerdote de combater a moda e não dobrar-se diante da imposição do mundo. Hoje em dia. há pessoas que desejam quebrar todas as barreiras· que se opõem à imoralidade. colocando Padres fiéis na situação de quem tivesse tomado uma atitude extravagante. sem propósito. Frisou o Sacerdote que "" igreja é um lugar de respeito: não é lugar P""l desjile de ,noda.,. Foi con,etido um sacrilégio. A igreja - onde se celebra o San(o Sacrifício da Missa - foi prefanada e atingida a pessoa do Sacerdote. O Padre tem o direito e o dever de defender o Templo Sagrado. e para is10 ele deve estar disposto a derramar o próprio sangue". O abaixo-assinado em solidariedade e desagravo ao Pe. Antonio foi

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A polícia parisiense investe contra os e$tudantes. descontentes com as refor· mas de ensino propostas pelo governo socialista de François Mitterrand

C omunicado dos estudantes da TFP francesa FOI LANÇADO no dia 29 de abril p.p., do alto de um dos prédios q'uc compõem o conjunto de edificios da famosa Universidade Sorbonne. crn Pans. o comu 111cado ...tlh o 1luito "l'cl:i ORDEM e não pelo

CAOS", de autoria do Grupo de Estudantes da• Associa11on Françaisc pour la Défense de la Tradition, Familie et Proprieté, entidade autônoma e co-irmã da TFP brasileira. Esse documento recebeu o apôio de estudantes de diversos estabelecimentos de ensino franceses, nos seguintes termos: "Os estudantes de várias/acuidades, de Malakoff e de Assas. entre our~as. conscientes da di,nensão histórica do 1novi1nen10, querer,, preservâ·IO de tudo aquilo que poderia enfraquecê-lo ou· cindi-lo. Eles apelam à coordenação e rejeitam o 'dividir para reinar' que o adversário declarado ou infiltrado coloca em ação Pª"' dispersar nossos esforços. A jornada de quarta-feira (dia 27 d~ Abril últim_o ) iá representou u,n evidt 111t sucesso. Nossa• /vi'<'" e nossa t1111ao: ,·Qnunuen,usl Nós só podemos encorajor análises da _situação que vão nessa dire,·ão. como a seguinte:" (Segue-se o comunicado dos estudantes da T FP francesa). Transcrevemos a seguir o texto integral do documento para que nossos leitores possam avaliar a importância e o rumo que vão tomando as recentes manifestações de protesto de estudantes franceses e outros setores da população contra o governo socialo-comunista de François Mitterrand. 1

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"Na França, cada vez mais, cresce a efervescência: os est~dantes de Medicina arrastaram na esteira de sua greve todos os profiss1ona1s dos hospitais· os agricultores manifestam-se ruidosamente, e atualmente, um após' outro, em Paris como no interior, o descontentamen~o e ~s greves d ominam universidades e grandes escolas. Mas os Jornais referem-se a tais protestos como se se tratasse de_ fatos separados enl!e si P<?~ compartimentos estanques. A s1multane1d~de, entretanto tao man1l csta, dos descontentamentos e da.s greves nao parece chamar a atenção dos órgãos de comunicação social. . "A simultaneidade estabeleceu entre esses movimentos um traço de unifio simplesmente de ordem cronológica. Mas não é o único. Outro traço de união, e de que proporções!, é o poder contra o qual se insurgem os protestos e as greves. O que há com esse poder para que ele chegue assim a descontentar ao mesmo tempo tantas p~ssoas, tantos setores diferentes, com tanta veemência? A pergunta se impõe. E ela nos conduz a uma explicação dos fatos. . "Com efeito, como não se dar conta de que um verdadeiro maremoto começa a varrer a França"! Maremoto que começou a se

manifestar pela rejeição ao socia lismo nas recentes eleições mun1cipa_is e que agora tende a se exprimir pel~ repulsa de uma ~rescent~ maioria de nossos compatriotas em relação as reformas soc1ahsta.s. Visto que o objetivo único de tantas greves e descontentamento_s e o Governo, empenhado em aplicar gradualmente o programa soc1ahsta, é porque a soma de todos esses protestos. apesar de sua divis~o artificial. põe em dúvida o socialismo considerado em sua globahdade. "Por que então fechar os olhos sobre esse aspecto preponderante da situação atual da França? . , . . .. "Estudantes! Cabe a nós à juventude, assumir energ1cas 1nicrativas. Prosseguindo vi~orosa'mçntc nossa ação contra a lei Savary, saberemos lançar um sina l fraterno de simpatia e de solidariedade a todos os outros franceses que o mesmo descontentamento faz entrar na liça. Temos com eles liames fraternos. E que sua voz associe-se à nossa para fazer soar até aos ouvidos do Todo Pode,r~so, dAquele que em definitivo tem em Suas mãos o poder de dec1sao. . "Convidamos os descontentes a ordenar de modo conJugado seu protesto e sua ação. antes que a totalidade dos descontentamentos, desprovidos atualmente de coordenação, não lance a França num verdadeiro caos psicológico. . "Eis a causa profunda da perturbação que agita todo mundo: o punho socialista estrangula a Rosa da França".

Limit es da im prensa No centro. o Vigário de halv3· RJ. duran · te a sessão roalizada no salão paroquial, ladeado por alguns dos 18 Sacerdotes presentes

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> Aspecto da concorrida procissão. da qual participaram 1 500 pessoas. No cen.tr.o. 0 Pe. Antonio Paula da Silva conduz o crucifixo. osculado pouco antes pelos f1d1s, como reparaçlo dos atos profanadores cometidos no interior da igreja matrii.

lido na ocasião. como também alguns telegramas e cartas de apôio ·e ami1.ade por ele recebidos. Em seguida, foi feita pelo Vi~ário dt Ítalva a coro,u;;:io da 1mag.cm de Nossa Senhora il:1 1maculada Conceição. como alo de 1·cparaçào à padroeira da cidade. Encerrando a cerimônia. o Pe. Antonio Paula da Silva agradeceu a todos os presentes. manifestando sua fidelidade aos princípios morais da doutrina tradicional da Santa Igreja Católica, Apostólica . Romana.

POR VEZES. parece que _os granacs .~cios de i~f<;>rmaç_ão_ jornais. rádios. TVs - são o mpotentes. Drngem a_opinião publica . Impressão que vai saindo de moda nos Estado~ Unidos. A tal J>Onto. que 30 jornais dos 1. 700 diários do pais já têm JOrnahstas cspcc,ahzados em ouvir as razões por que o público não acredita neles._Donald D. Jones. um desses especialistas que trabalha no "Star and Times" de Kansas comenta: "Os feirares não acreditam em nós - Jornais, rádios. · TVs. revistas. Não acreditam em nenhum de nós". Entre as razões enumeradas por editores. que com ele se reuniram na cidade de Phoenix para estudar o "descolamento" do público. foram aJ)ontadas as seguintes: imprecisão das notícias. arrogância de quem mforma. deslealdade. ofensas à religião, raça e_ sexo. glorificação do que é criminoso e bizarro. Afirma ainda Jones: "Os leirort•s não gostam de ver as a<·óes de uns pouc_o s 111anife.<1an1~s sendo coloc~d~s na pri!neira página. Muitas vezes. pensam que se da pouca aren,ao as op1111oes da maioria" ("Time''. 9-5-1983).


Nº. 391 -

Julho de 1983 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XXXIII

PREVENINDO PARA TONIFICAR Plínio Corrêa de Oliveira atitude preventiva em uma parte dos brasileiros cujo pronunciamento poderia ainda frear o mal.

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D. Pedro Casald~liga, Bispo de São Félix do Araguaia (MT). talvez tente implantar no Brasil um movimento de guerrilhas rurais que per&ee prestes a irromper no País. segundo pronunciamento do 4 .0 e do 6.0 Poder.

ESTA ORLA de borrasca será apenas orla ou já será mes mo borrasca? - em que nos achamos, julgo de meu deve r tratar de um assunto de atualidade absolutamente palpitante. Em recente livro(•), afirmei que no Brasil não existem só os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, mas dois outros, hoje em dia sensivelmente mais influentes diante da opinião pública. O 4. 0 Poder é a Publicidade, cuja base de prestígio é mais a credulidade dos ingênuos, do que a adesão dos leitores verdadeiramente cultos. O 5. 0 Poder é a CN 88, a qual - salvas as mesmas raras e honrosas exceções - pesa muito mais pela sua influên· eia sobre os crédulos, do que sobre os verdadeiros homens de fé.

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Ora, algo se passa no momento, cm virtude do que o 4. 0 e 5. 0 Poderes

predizem, explícita ou implicitamente, mais ou menos o mesmo quanto ao nosso futuro próximo, imediato quiçá. Por exemplo, um e outro Poder manifestam as mais graves apreensões quanto aos efeitos daquelas das medidas do "pacote" do presidente Figueiredo, até o momento ainda não anunciadas: agitações urbanas tendentes processivamente ao paroxismo. "Pari passu", o mau odor feito de pólvora e de sangue - das guerrilhas rurais parece prestes a irromper, segundo pronunciamento do 4. 0 e do 5.0 Poder. De inicio, nas selvas do Araguaia ... Guerrilh'a urbana e guerrilha rural à vis ta, pois; o que de maior atualidade? Não está cm mim passar o breque nas guerrilhas urbanas, nem nas rurais. Mas posso fazer aqui um comentário próprio a estimular uma

Não creio que à Rússia, cuja "longa manus" é o único agente claro dentro da imensa confusão nacional, convenha desencadear agora, no País, propriamente uma guerra civil. Ela sabe que nossas classes dirigentes ainda têm por demais influência para que esta guerra não resulte afinal numa derrota dos vermelhos. Ainda há pouco, o "camarada" Gregório Bezerra, destacado "chefe de fila" do PCB, declarava ao jornal "A União" de João Pessoa que "apesar da ajuda que a Igreja dá

às comu11idades de base, o coro11elato ai11da vai perma11ecer por muito 1e1npo. E11quanto as 111assas do campo e da cidade não estiveren, realme11te organizadas e conscientizadas, o coronelato da roça ainda será o mandão dos i,ossos ca,npos" (Co-

letânea de entrevistas ao "Jornal de Domingo", 2-2-83). Cientes disto, os comunistas não têm outro meio senão cobrir ó Brasil, de Norte a Sul, com uma imensa erisipe la de guerrilhas locais. Considerada cada uma em s i mesma, nenhuma guerrilha teria muita importância. E só alarmaria as classes conservadoras fixadas na zona assim imediatamente afetada. Aos·poucos, quando a erisipela da violência se fosse estende ndo, os espíritos já estariam meio resignados a conviver com ela. E quando ela cobrisse todo o País, já estariam preparados para capitular. O mecanismo guerrilheiro urbano e rural existiria pois, e de

modo capital, para amortecer gradualmente nos anticomunistas a vontade de reagir. Esta tática apanha em seu ponto fraco boa parte das classes dirigentes do Pais. Os nababos, por exemplo. Entre os nababos que mais se exibem, mais "promovidas" pelo 4. 0 Poder, e mais benquistas pelo 5. 0 Poder, figuras assim não são raras. Estas figuras até gostam de se intitular "'cristãs". Caracteriza este mau gênero de nababos um modo de ser que os coloca potencialmente nas garras do comunismo. Para cada um deles, seus parques industriais, seus bancos, suas lojas, ou suas fazendas, são o centro do mundo. Se tudo isso está intacto, o mundo nada tem que temer. Se se lhes procura provar o erro que há em tal enfoque, são insensíveis: eles detestam ouvir, a cultura dos outros lhes dá complexos, e a deles não dá para ver longe. Aliás, detestam eles igualmente a previsã o. Basta-lhes o dia de hoje, com seus deleites de mando durante a semana, e de gozo nos "week ends". Nada ajudam para que se abra os olhos do público para o comunismo. Abrir os olhos seus, ou dos outros, é coisa que abominam. Ora, acontece que este gênero de nababos tem logo abaixo de si uma categoria de nababetes que definham de amargura P.Or não serem nababos. E que procuram consolarse dando a entender aos subnababetinos abaixo de si, que eles nababe· tes são de fato nababos autênticos. Ilusão que criam imitando os nababos de mau gênero, no que estes têm de mais típico, isto é, os defeitos. E assim, o mau exemplo vai conta-

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giando setores inteiros das várias camadas da burguesia. O que torna muito difícil a esta última tomar diante da catástrofe nacional a grande e briosa atitude de conjunto que poderia abrir os olhos do País pllra o vácuo religioso (para dizer só isto) que há na CNBB e nas CEBs, bem como para a consequente inconsistência da força de impacto de uma e outra sobre a massa. Enfim, o 5.0 Poder é uma empada . vazia, ao contrário do que afirma quase todo o 4. 0 Poder...

Palavras ao ar? Não. Observação serena da realidade. De uma realidade sobre a qual tudo ou quase tudo já foi escrito. Mas sobre a qual a maioria dos elementos do 4. 0 e do 5. 0 Poder se obstinam e m ver miopemente. O que eu afirmo sobre o 5.0 Poder, c-0m a possibilidade de empanturrar de provas o leitor mais exigente. Por exemplo, assestando a luneta sobre a selva do Araguaia, e s urpreendendo ali, a cometer "feitos" e espargir ditos, d. Pedro Casaldáliga, que talvez tenha envergadura para tentar no Brasil, na lei ou na marra, a mesma revolução que na Espanha natal dele se vem fazendo mediante a "entcnte" da Pássionária ... e do Rei. Mas tudo isto fica para outro artigo... (• ) Plinio Corrb de Olivdra - Gwt:wo Antonio Solimc:o e l~ui1, Sérgio Solimc:o, ..As CEBs... das quais muilo se: fab. pouco se: oonhc« - A T FP :u

dC$crc:vc como $10- (Editor:i Vera Cruz, S!lo Paulo. 1982. 256 pp.),

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BALANÇO DA VIAGEM Em fins de junho, o con · DO KISS junto novaio,quino Kiss efetuou rápida tourn/Je polo Brasil. AO BRASIL Qual o balanço dessa via9eml paradoxal: las·

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cín,o exercido sobre certo público. mas fracasso se , - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ considerarmos a maciça publicidade fei1a a propósito de suas apresen1ações. e decepção a1é dos promotores das mesmas. Algumas das caracterís· ticas do grupo - devassidão. brutalidade. vulgaridade - causaram certo retraimento, mesmo no público j ovem de nossa

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Páttia. Embora o Kiss não desfralde nenhuma bandaira ideológica, seus integrantes propagam uma manei • ra de ser e de viver. Em suma, um novo 1ipo humano, pri mário e boçal. Na página 3. Périeles

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Cepanema féu. penetrante análise das características do Kiss. ressaltando aspectos que estão na raiz desse primarismo. A foto apresenta o principal integrante do con· junto, Gene Simmons. que. ostentando sua enor· me llngua. costuma vomitar sobre o público um u. quido vermelho. seme· .__ _ _ __. 1hante ao sangue.

PARA COMPRENDER CERTOS ACONTECIMENTOS ... O leitor desavisado de órgãos de imprensa diária brasileira po· de estar um ténto perplexo. confuso e auustedo em faee de determinado gênero mais recente de· noticiário naciõ'nal: invasõe• de terrenos urbanos. manifestações em virtude de ul6rios atrasados. grande alarido acerca de · movimentaç6es. de da·

eempregados etc. Tendo em vista apresentar aos leitores de ··catolici smo" uma vislo objetiva e serena. nos.so colaborador Bernardes Ter· ragona comenta nas pp. 4 e 6 o show publicit6rio encenado a propósito de tais acontecimentos. E. a tftulo exemplific,ativo. cita alguns fatos ocorrido, nos últimos meses. que comprovam sua visualizaçlo.

Até o presente. a maioria dos oper6rios e de outras classes profissionais nlo est.6 disposta a IPoíar a tentativa de aubver· ter a ordem estabelecida e o regime s6cio-econõmico vigente.

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A foto da direita focaliza no Largo 13 de Maio. em Santo Amaro. centro principal das agitações de de1empregado1 na Grende Slo Paulo. um cartaz oferecendo recentemente v6ríoa tipos de emprego•.. A outra à esquerda apresenta o ambiente da Assemb"ia Estadual dos Trabalhadores Paulistas. realizada no dia 25 de junho último. O representa nu- ~os des_em~reg_a_dos enverga. ao fazer uso da palavra, uma camisa muito Signrf,cativa ..• Tal aaaembléia conaeguiu reunir. no m6ximo. apenas 1.600 pessoas.


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O sueco Thomas Hammarberg. fotografado em 19 80 diante da sede da ..Anis tis Jmernscionar. em Londres. quando foi escolhido para o cargo de secre1'rio-geral da organizeçlo

D. Helder Càmara é generosamente elogiado no livro do J onathan Pow er. editado pela

..Anistia Internacional"

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A suspeita imparcialidade da Amnesty lnternational'

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O INTERIOR de uma supervigiada prisão, em Stuttgart, na Alemanha Ocidental, grupo terrorista radical de esquerda, através de sistemas eletrônicos, comanda morticínios e atentados: em abril de 1975, a embaixada da Alemanha Ocidental em Estocolmo é invadida e seus assessores militares e comerciais friamente assassinados; em julho de 1977, o diretor do Banco de Dresden é crivado de balas em seu escritório; em setembro do mesmo ano o líder dos industriais alemães é raptado e morto; em outubro, um comando seqüestra um avião da Lufthansa. A cada iniciativa das autoridades penitenciârias a lemãs para fazer cessar a insuportável situação, uma instituição com enorme repercussão internacional na imprensa, que se autodefine como humanitária, desapaixonada e defensora imparcial dos direitos humanos, ameaçava desencadear um estrondo mundial em defesa... dos terroristas que ordenavam os crimes! Por fim, o grupo, reconhecido culpado de quatro assassinatos e trinta e nove tentativas de homicídio, suicida-se em conjunto. Junto aos cadáveres, os guardas encontram armas e equipamentos elétricos de comunicação, além de TV colorida, mesa de ping-pong, uma biblioteca com mais de dois mil livros, obtidos graças a um regime carcerário tipo grande hotel, com liberdade de visitas e promiscuidade de celas, sem distinção de sexo, que a organização hu111a11itdria, invocando os direitos huma11os, havia exigido. Ainda mais. Tal organização equilibrada, Prêmio Nobel da Paz, tendo sido convidada a assistir à autópsia dos infelizes suicidas, recusa-se a tal. E ainda comunica a uma imprensa ávida em divulgar suas palavras, que a causa do suicídio era o "regime de isolan,ento" a que havian> sido submetidos os terroristas.

Pesadelo? ficção? Nesse caso, a realidade pode parecer fantasia. Mas não o é. É a A1n11esty lnternational, a Anistia !11ternacio1111/ em ação.

Como explicar o mistério? Depoimento de um detrator? Tampouco é o caso. A narração do affaire da Facção do Exército Vermelho, tristemente célebre, conhecida como o grupo .8aader- Meinhof. é apresentada por um admirador entusiástico da Am11esty International, Jonathan Power, cm seu livro "Amnesty lnternationa/ - A história dos direitos humanos" (Me Graw-Hill, New York, 1981, 128 pp.). Power é colunista, em Londres, do /111er11atio11al Hera/d Tribune, e muito ativo em matéria de direitos humanos. Com a ajuda da Fundação Ford, realizou várias viagens para redigir uma obra de apologia da Amnesty. Esta abriu-lhe seus arquivos e animou-o a realizar essa empresa.

Viva a Amnesty, ainda que meus olhos vejam o contrârio Seguindo as indicações da Amnesty, Power percorreu os países onde seriam mais violados os direitos humanos. Para a Amnesty não são, bem entendido, nem a Rússia, nem a China, nem o Cambodja , por exemplo, mas sim, as nações da América Latina. Apenas o jornalista inglês chegou à Guatemala, as evidências manifestaram-se contrárias .em relação ao que a Ainnesty lhe havia informado. O ingresso fácil, o estar à vontade com as pessoas, a inteira liberdade de movimentos, desconcertaram o preconcebido autor. Sem necessidade de apresentações e sem exibir documentos, pôde entrevistar-se com o encarregado de· imprensa do exército guatemalteco.

"Tudo isto é decepcionante", confessa acabrunhado em sua obra. Mas, a sombra da Amnesty o acompanha. Se a evidência paten· teava o contrário, era a evidência que devia estar errada ... E eis ali, Power. de um lado para outro, à busca de direitos humanos que estariam sendo violados cruelmente e em proporções recordes. No final, o encontro com sacerdotes revolucionários e s ubversivos exilados num país vizinho trouxe-lhe o sossego: a Am11esty tinha razão! O governo anticomunista persegue, tortura e massacra camponeses e religiosos, teledirigido por Washi ngton! Provas? Para que provas? Não são a Am11esty e a oposição, socorrida pela A111nesty, que declaram isso? E não é só na Guatemala. Situação análoga, e pior ainda, verifica-se em EI Salvador. É a América Central inteira! Power encontrará a ocasião para repetir os surrados slogans esquerdistas ...

Sandinismo com Amnesty, uma receita ideal? Na Nicarágua, o zelo hu1nani1ário de Power muda de sentido. É que a A11mesty sente-se chamada a desempenhar um trabalho especial no modelo nicaraguense. O governo sandinista encarcerou milhares de pessoas, mas - raciocina o autor não eram criminosos do regime anterior, violadores <los direitos humanos? Por outro lado, a junta revolucionária é de uma solicitude extrema aos apelos da Anmesty. Em contra-partida , quando os sandinistas prenderam o diretor de um Centro de direitos humanos, a Amnesty afirmou que seu representante havia distorcido os fatos contra o regime. É mais uma prova da moderação e equilíbrio da "humanitária" Amnesty! · Dos cubanos, Power viu na Nicarágua apenas insignificantes in-

Nette campo de prl1ionelro1 localizadô em Siktiwkar, na Ró ' la, ettlo confinados dissidentes por r1z6ee retl9ioae1. A respeito do enc.rceramento desse tipo de dissidentes. como tamb6m dos · opositores poJlticoa ao regime aovkltico, a1 lnformaç!Se1 do livro ed' o pela Amnesty,alo parcas e omíaaa,.

fluências e atribuiu as acusações que pesam sobre eles a Washington. Segundo o autor, a obcecação do governo norte-americano em ver Cuba por todos os lados chega à paranóia.

O Brasil no pelourinho Do Brasil, Power teve que reconhecer o que entra pelos olhos adentro: com a abertura, a esquerda desfruta inteira liberdade. Como, então, denunciar a violação dos direitos humanos de algum esquerdista, em nossa Pátria? O desventurado autor precisou então encontrar pretextos: D. Helder, D. Arns e outros Prelados não estão denunciando a fome e a miséria? No Nordeste não reina uma situação pior que em Bangladesh? Lula não é o Walesa brasileiro? Para Power isso é evidente porque coincide com o pensamento da Am11es1y. Dado que, segundo o colunista britânico, seriam tantos os direitos sócio-econômicos violados pelo sistema brasileiro vigente, pergunta-se se a A11111esty não deveria preocupar-se também com eles. E, mediante consideração desse jaez, Powcr amarra o Brasil ao pelourinho, permitindo assim que o chicote propagandistico da A11111esty golpeie à vontade nosso Pais.

Minimallzação escandalosa do universo carcerãrlo marxista Porém, a Amnesty é "imparcial". E muito! Por isso. Power interessa-se também pelos direitos humanos no mundo comunista. Na China vermelha, contudo, a Am11esty nunca colocou os pés. Nem Power. Um comentârio lacônico da constituição chinesa parece-lhe suficiente. Um casinho que acaba bem, alguns remotos indícios de uma possível melhora da situação já são bons pretextos para não se pensar mais no assunto. Da Rússia, além de escrever umas frases grandiloqüentes sobre Solzhenitsin - sem se aprofundar demas.i adamente - , Power anuncia que a Amnesty detectou mais de ... 600 prisioneiros, se bem que e la crê que devam ser mais numerosos. Com esta ridícula cifra, a A1nnesty vangloria-se de suas denúncias. Entretanto, para a legião de seres humanos escravizados dentro do mundo concentracionário russo, a Amnes1y não tem nem uma palavra proporcionada de comiseração. Por quê?

Um malabarismo que acabou mal Power viajou muito, respeitando sempre a lei de "dois pesos e duas medidas". Atingiram o paroxismo suas críticas contra as violências, reais ou infundadas, praticadas pelos governos que se opõem à agressão comunista. E ele fez vistas tanto mais grossas, quanto maiores eram as atrocidades cometidas pelos re-

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gimcs marxistas . Viu-se em sérias dificuldades para explicar obscuros episódios da história da A1nnesty, os quais ameaçaram condu2i-la ao fracasso. E fez prodígios de malabarismo para amarrar a máscara de eq uanimidade e ponderação que, com tantos esforços, a Amnesty quer salvar. Espinhosa tarefa quando os fatos como que bradam o contrário do que se diz. Essa acrobacia especulativa acabou mal, pois o livro d e Power registrou para a História o modo de proceder da suspeita organização, através da pena de um ardoroso admirador. •

Oprestigio artificial da Amnesty A Anmesty não encontrou quase eco popular. com a exceção de um modesto contingente nos países escandinavos e na Alemanha Federal. Nem mesmo em seu país de origem, a Grã-Bretanha, obteve ela um número expressivo de adesões. No mundo latino, quase ninguém lhe deu crédito. Sem embargo, o IV Poder (os meios de comunicação social) concede-lhe amplos e prestigiosos espaços. Isto lhe confere um poder de influência psicológico que não está na proporção nem de seu tamanho, nem da seriedade de seus critérios e métodos de trabalho. A A1nnesty não poupa críticas à administração Reagan, nem a q ualquer governo disposto a ajudar uma nação livre, e sobretudo cristã, vítima da investida marxista. Luta, assim, ativamente no plano propagandistico, sabotando de modo psicológico a política exterior das potências ocidentais não-comunistas. E isso se verifica a tal ponto que a primeira-ministra britânica Thatcher denunciou que táticas semelhantes prejudicam as relações da Inglaterra com países amigos. Não obstante, a ONU, a UNESCO e outras organizações internacionais, inclusive religiosas, acolhem as declarações da Am11esty como se elas fossem verdadeiros oráculos de nossos dias. Qual a explicação para esse contra-senso?

Paz, Lenine e Amnesty Sean Me Bride é um dos principais fundadores e um impulsionador moral da entidade. Me Bride é o único homem que ostenta conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz e o Prêmio Lenine da Paz. Lenine ... paz. Quem diria que o nome do sinistro revolucionário bolchevista poderia juntar-se ao da paz, e que ta l "prêmio" pudesse ser conferido por Moscou ao animador de uma associação defensora dos direitos humanos? Após essa constatação, compreende-se o profundo ceticismo que desperta no Mundo Livre a "imparcialidade" da Am11esty cm defender os direitos humanos. E a suspeita de que a entidade executa um hâbil jogo propagandistico em prol do comunismo internacional. •

Santiago Fernandez

CATOLICISM O -

julho de 1 983


• CONJUNTO norte-americano de rock Kiss, numa rápida excursão efetuada no Brasil, apresentou-se em fins de junho, ao público do Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Precedido de propaganda espetacular, conduzida com o fito de criar a impressão de que vinha ao pais algo de inusitado, o impacto foi, de fato, chocante, passageiro e ... muito aquém das .expectativas de seus promotores. Kiss atraiu pouco a atenção, seduziu minorias de seu público preferido - o dos muito Jovens - e certamente voltou com o gosto amargo do fracasso. Em São Paulo, sessenta mil assistiram ao show do Morumbi. Comparecimento raquítico, se considerarmos o verdadeiro bombardeio publicitário a que foi submetida uma população de 12 milhões de habitantes. No Rio, menos de 80 mil estiveram no Maracanã. Na capital mineira a apresentação foi adiada de um dja , sob a alegação de dificuldades técnicas. Comentou-se que era por temor de fiasco, pois um dia a mais na venda de ingressos engrossaria em algo a assistência. Havia 120 mil ingressos à venda, mas estiveram presentes menos de 30 mil pessoas, sendo que os portões do Mineirão foram franqueados ao público dez minutos antes de o show começar. Ainda bem. Pois, ao lado da bem montada operação comercial, o sucesso da "tournée" significaria grave sintoma para o futuro do Brasil. O Kiss - consciente ou inconscientemente, pouco importa aqui - pretende apresentar como normal e até sedutor, um novo tipo humano. Na mesma esteira de outros conjuntos musicais a propaganda em torno dele alicia as imaginações juvenis e adultas para um pólo de degeneração e dissolução geral de costumes, normas e padrões morais. O

O

1/ Os integrantes do Kiss propagam um no· vo tipo humano e exercem certo fase(nio mesmo sobre crianças que imitam sua maquilagem

lado comercial não será tratado neste artigo. Alguns afirmam até que os promotores da ..tournée" !Jveram prejuízo. Certamente foi grande a decepção deles, a ponto de Cláudio Li1_a, da Artshow, responsável pela vinda d o conjunto, desabafar: "Desculpe eu ter que dizer isso a vocês. Mas Belo Horizonte é uma roça grande ,nesmo. Minas não quer aco111pa11har o Rio e São Paulo" ("Estado de Minas", 24-6-83). _ Certamente já viria incomodado do Rio a julgar pelo noticiário da "Folha de São Paulo": "Se o reduzido n1Ímero tle fãs que f oi ao aeroporto i11ter11acio110/ do Galeão for um indicio de popularidade do Kiss no Rio, o espetáculo do grupo no próxin10 sábado, no Maracanã, dijici/111e11te será um sucesso. Exatamente 111eia dúzia de jovens foi esperar os artistas" (l5-ó-83).

Fascinio que desperta o conjunto O conjunto veio ao Brasil numa viagem comemorativa de seus 10

CATOLICISMO -

julho de 1983

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Sedução produzida pelo Kiss no Brasil

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O aspecto dos integrantes do Kiss. com pinturas exóticas em suas faces e•roupas extravagantes. choca pela boçalidade

KISS: FASCÍNIO E MALOGRO anos. Surgiu, portanto, em 1973. O que está na raiz desta década de fama? Mediante que características esses idolos do século XX atraem, fascinam e enfeitiçam tantos? Até o fim dos anos 60, a revolta juvenil era fundada em princípios explicitamente proclamados e defendidos. Princípios errados mas, enfim, princípios. A explosão da Sorbonne, em 1968, foi densa de ideologia. A juventude atual, pelo contrário. considerada "grosso modo", já não luta por princípios explícitos. Enfadamna discussões ideológicas. Sente-se atraída por eles apenas enquanto conformando mentalidades, dando origem a uma maneira de viver. O Kiss é isso. Não se proclama bandeira ideológica de nada. Apenas estadcia seu primarismo. Mas, propaga uma maneira de ser e de vi~er. Em uma palavra , um novo tipo

Conjuntos e cantores de rock do tipo do Kiss costumam despertar em seus fãs dois movimentos de alma, os quais, em geral, se manifestam conjugadamente: a admiração e a tendência à imitação.

Caracteristicas da atração exercida pelo Kiss

compunham uma pessoa digna, a delicadeza prezada como valor querido por todos. Quantas vezes ouvimos o elogio: "Fulano tem muita delicadeza de sentimentos". Ou então: "Tal senhora possui traços delicados". Essas qualidades constituíam um adorno, mesmo nos homens, e se compaginavam com o espírito varonil, com a coragem e o desassombro. Dir-se-ia que, em sentido contrário, hoje a brutalidade boçal tem a covardia como companheira.

O conjunto apresenta uma mescla de talento musical, devassidão, brutalidade e vulgaridade. Choca e atrai pelo boçal. Sente-se bem retratado quando seus shows são qualifi- Sinais de satanismo no Kiss cados pela imprensa de língua ingleA insinuação de conluio com o sa como "ultrajantes". satanismo é notória no conjunto Os componentes do Kiss alar- norte-americano. As características deiam ~a devassidão. Nas letras de já bastariam para levantar a suspeisuas mtísicas, em entrevistas, auavés ta dos mais atilados: brutalidade, de gestos obscenos e por insinua- devassidão, vulgaridade, tirania dos ções, ressaltam continuamente sua instintos. Um dos componentes do verdadeira -obsessão pelo assunto. Kiss é comumente intitulado "o deServindo de complemento ade- monio" (Gene Simmons), suas poses quado à libertinagem atuam com lembram sempre o anjo das trevas. · repelente vu lgaridade. O principal Também suas vestes negras, sugecomponente do grupo, Gene Sim- rindo algo de morcego, de dragão e , mons, cospe um líquido vermelho de serpente escamosa. Declarações imitando sangue, e vomita sobre o deste expoente do conj unto rumam público que, pelo jeito, acha en- discretamente em tal direção: "Kiss é cantadoras tais manifestações de apre- 111ais do que apenas um grupo de ço. Falou-se que csgUelariam pin- rock. Somos uma troupe renascentinhos no palco, mas nada disso foi tistà, com tnúsica, magia .... Muita visto. O delegado Délio Capitelli, da 111agia. 111istério e rock" ("O Globo", Divisão de Controle e Fiscalização 9-ó-83). Algumas de suas canções de Diversões Póblicas do Rio de têm como títulos: "Mais quente do Janeiro, afirmou a propósito da que o Inferno", "Vestidos para 11;1aeventual matança de animais no tar". "Juventude em chamas", "Vipalco: "Se isso acontecer, todos vendo e,11 pecado", "Criaturas da os integrantes do grupo sairão do está- Noite", "Viver sujo''. Serã apenas um truque propadio diretamente para a tlelegacia da gandístico para atrair e fascinar pelo área" ("O Globo", 18-6-83). Continuamente agindo sob o im- · horror, pelo macabro? Ou há algo pulso dos instintos, denotam o dese- de real? A propósito de uma banda jo de parecerem primários. Pre- semelhante, o presidente de um fã. tendem criar a impressão de que clube Kiss no Brasil, A. Carvalho, executam o que é reclamado pelos afirma: "O Black Sabbath, grupo de rock inglês .... já participou de um ritual no qual foi imolado 11111 bebé .... Mas o grupo garante que todos pensava111 que se tratava de um carneiro" ("O Estado de São Paulo", 16-6-83). Um dos integrantes do Black Sabbath confe~a: "& sou Ozzy Osbour11e e, algumas vezes, nós falamos com o demônio". A história talvez desvende, no futuro, o que hã de real e o que seria recurso propagandlstico para produzir impacto, neste namoro dos conjuntos de música rock com o demônio. Não seria estranhável que muito de real houvesse. Segundo a Dout rina Católica, a estrada do vício tem, quase sempre, em suas últimas etapas, um comércio cada vez mais íntimo com o principe das foto do baterista do conjunto. em sua apresentação no Morumbi. em Slo Paulo trevas. Tais grupos, notoriamente, já estão longe, muito longe, nas verehumano. Neste sentido, o conjunto caprichos de momento, por mais das do vicio. veio de encontro à dita tendência de absurdos que possam parecer. Uma conceder atenção preponderantemen- amostra disso foi a entrevista que te à maneira de ser, e não mais aos concederam no dia 15 de junho, no O estimulo à maconha princípios. Nos dias que correm, o Rio de Janeiro, durante a qual Nas três apresentações do Kiss malogrado John Lcnnon, ex-astro gargalhadas e respostas disparata- no Brasil, a policia prendeu jovens dos BeaJ/es, com sua filosofia orien- das se misturaram. sob a ação da maconha e traficantes tal cm defesa de postulados metafíCom as características acima ex- que se aproveitavam do local para sicos e posições politicas, fruto de postas, a banda difunde um ideal de vender a droga. Em São Paulo, no vida /le pensamento, embora deee- comportamento humano frontalmen- Juizado · de Menores, o juiz Mário nerado, afigura-se pesado e até d is- te oposto ao que a cultura ocidental Fabrlcio afirmou que por ali pastante em relação ao primarismo apresentou durante séculos, como saram mais de 60 menores em virtuovante, imediato, manifestado pelos meta a ·ser atingida. O ideal ante- de do consumo de tóxicos e álcool ,integrantes do Ki.ts. rior, mesmo em suas versões laicas, durante o show do dia 25 de junho. Tal maneira de ser encontra-se fazia a inteligência primar sobre os Em Belo Horizonte foram institµlna raiz do fascínio exercido pelos instintos. A distinção era estimada dos 52 inquéritos policiais, sendo 47 integrantes do grupo. como partícipe das qualidades que por portaria e 5 flagrantes. No Mineirão, segundo testemunha ocular, havia forte cheiro da erva. O • Em próximos números de nosso jornal, alternando com a delegado Lara Rezende lamentousérie "Dramas de consciência na história de Papas", de autoria se: "Se tivéssemos mais policiamento na operação. acredito que o de Áitila Sinke Guimaries; este colaborador redigirai uma .senúmero de detenções teria aumentaqüência de artigos sobre "Gloriosos exemplos de Santos Padre$". do" ("O Estado de Minas", 24-6-83).

Restam dois pontos. Oual a razão pela qual o grupo seduziu parte do público brasileiro e por quê, apesar da propaganda maciça e bem feita, a "tournée" foi um retumbante fracasso? Em \lirtude de que fator existe tal fascínio, se a observação nas ruas indica que nosso público juvenil estã distante do paroxismo de decadência do Kiss? Este atrai pelo radicalismo, por desfraldar uma bandeira que corresponde aos anseios interiores e inexplícitos de incontáveis multidões: viver sob a anarquia dos instintos, numa atmosfera paroxística de festança contínua, de domínio dos caprichos. Cansados do império da razão, imporiam a cada hora um absurdo novo. O conúbio entre o devaneio utópico interior e sua suposta realização (o Kiss o concretizaria) produz a fagulha elétrica, o arco voltaico do encontro de dois anseios, um como aspiração outro como realidade. Apenas tal fato não justificaria o prestígio do conjunto nova-iorquino. Seria insuficiente para ~xplicar sua fama ,µima sociedade tão diversa, num país como o Brasil, tão diferente dos Estados Unidos. Nosso triste hábito do mimetismo, de olhar continuamente o que os outros - que julgamos ter pretígio, fama ou dinheiro - fazem, para copiar servilmente, dá força ao primeiro motivo e produz no Pais a notoriedade do Kiss. Uma vez que se presume ser ele muito festejado nos Estados Unidos, onde go1_aria de celebridade, então é aclamado aqui. A celebridade lã transforma-se em argumento irresistível cá.

O fracasso da tournée Contas feitas, o giro impressionou muito menos do que os promotores esperavam, frustrando as expectativas dos dirigentes dos espetáculos. A que atribuir o malogro? Algumas razões. entre muitas (um artigo não permite a enumeração e análise de todas elas para gáudio do leitor) poderiam ser alinhadas. Nós, brasileiros, não gostamos da brutalidade, da arrogância grosseira. Repugnam fortemente a nosso temperamento, naturalmente doce, acolhedor, afável. O Kiss violenta tal disposição. Como reaçãc, sucedeu um retraimento desagradado diante do martelar da propaganda. O público a deixou fluir. Não se manifestou contra, mas mantevese refratário à agressão publicitária. A decadência do Kiss é festeira, sugerindo uma alegria em turbilhão contínuo, própria a épocas em que a prosperidade econômica mascarava o plano inclinado em que deslizava a sociedade. No Brasil, o atual estado de espirito não é o despreocupado e satisfeito do início dos anos 70. A crise econômica atingiu um ápice, e o povo. no geral, está preocupado q uanto ao presente e inquieto quanto ao futuro. Não quis desviar sua atenção nem passageiramente, para considerar uma representação de jactância delirante, de barulheira agressiva, apesar dos insistentes apelos veiculados continuamente nos grandes meios de informação. Preferiu manter o olhar fixo nas suas preocupações quotidianas, o que provocou a sensação de que o giro nem mesmó existiu, tão logo o conjunto reembarcou de volta para os Estados Unidos. O público brasileiro, e especialmente a juventude, além do mais não desceu tanto a ponto de, em bloco, sentir-se fascinado pela pregação (pois, de fato, há um proselitismo) de um modo de viver frontalmente contrário ao nosso. O que, se em parte conforta, em parle preocupa. Afirma o adágio popular: "Água mole em pedra dura, tanto bate, até que fura". Paulatinamente, vamos sendo atraidos, através de shows sucessivos (musicais ou não) rumo a esse extremo do mal. A sociedade moderna, em sua decadência, tende ao já ref~rido tipo humano representado pelo Kiss. Uma oposicão saudável a tal desli7_ar, depois de conhecida a e nfermidade, exige que haja uma caminhada resoluta na direção oposta, ajudada, como é natural, pela graça divina, pela prece confiante e com os olhos fixos em Deus, Nosso Senhor.

Péricles Capanema 3


A ENCENA ÃO E A REALIDADE EM RECI ERPLEXIDADE. Este é o sentimento que domina o espírito dos que acompanham as atuais manifestações populares no Brasil. Elas acontecem e desaparecem. Voltam a acontecer e minguam. Intermitentes. Gota a gota. Calendário marcado! Mas sempre deixando, nos intervalos, alternadamente a sensação de que voltarão ou de que não voltarão. Até parecem conduzidas por algum mago ... Tem havido invasões de terrenos urbanos e de conjuntos habitacionais. Vêm ocorrendo manifestações por causa de salários atrasados. Mas, sobretudo, o grande alarido envolve as movimentações de desempregados. Alarido principalmente publicitário. Muito freqüentemente, certos órgãos de comunicação social têm amplificado os fa. tos. Há uma singular defasagem entre aparência e realidade. Descrição que aparenta borrasca, quando se presenciou ventania! Quem procurar ver, nas atuais manifestações, os sintomas de um povo indignado, enfurecido, cometerá indiscutível erro de ótica. A despreocupação e a índole ordeira do brasileiro se opõem, ílagrantemente, à cavalgata irresistível dos descontentamentos, veemente desejo dos orqucstradores de manifestações. Basta andar pelas ruas, olhar e perceber. Daí a oportunidade do elenco de not icias que apresentamos a seguir, em destaque gráfico. São fatos pouco comentados, em seu conjunto pouco conhecidos pelo grande pú· blico, próprios a deixar desenxabidos os promotores de arruaças. Eles vêm a calhar como constatação da artificialidade do fenô· meno "indignação popular". Constituem um atestado da pequena expressão do e lemento ºpovo~'. nas agltações.

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"Show", atê onde? Realidade, como? Devido à imensidão territorial do Brasil, onde vivem 120 milhões de habitantes, o pinga-pinga das agitações parece perder-se nessa vastidão-continente. Entretanto, tais agitações em pinga-pinga têm método, objetivo e razão de ser. E acabam produzindo efeitos previamente calculados. Em artigos para a imprensa diária, o Pcof. Plínio Corrêa .de Oliveira ana lisou ..os acon· tecirnentos tão artificiais e ao n1esn10 1e1npo tão perigosôs" das "jornadas tragi-apalhaçadas dos dias 4 a 8 de abril pp. ". Rotulou esses acontecimentos de "conjuração ma/ensaiada que, passado o primeiro impacto. não conseguiu fazer-se levar a sério por nosso povo tão vivo e perspicaz" ("FSP", 25 e 31-5-83). De fato, as manifestações que vieram então se sucedendo, no Brasil, ratificaram tal análise. De modo particular, as manifestações contra o desemprego vêm, cada vez mais .

pondo a nu !luas verdades: o teor, a um tempo, postiço e perigoso dessas agitações, e a desconcertante (para a esquerda) realidade de um povo que permance à margem delas. "Show" versus realidade! No pa lco das ruas, os agitadores procuram representar a peça do desempregado descontente (coadjuvados por a lguns tantos comparsas) ... Porém os "representados" os desempregados - não se interessam pela encenação. Fogem dela. Em São Pau lo, centro industrial do Brasil, os shows têm se repetido, esfalfando os líderes na ânsia de reeditar os distúrbios de abril. Não estão conseguindo reunir gente para estrondcjar e q uebrar. Nem mesmo com as portas das igrejas abertas e o recinto sagrado franqueado para as assembléias e arengas. As encenações têm se estend ido até o máximo limite, que os agitadores não ultrapassam por receio de dilacerar a sensibilidade brasileira. De momento, esta sensibilidade tem refreado e feito deslizar em falso as esteiras da máqvina demolidora.

"Alarido" - Real amplítude das agitações Em muitas ocasiões, recorrer ao "alarido" é indicio de debilidade ou inferioridade. Ele funciona como substitutivo à ausência de força, capacidade ou número. É recurso já constatado em polêmicas, revoluções e guerras. As agitações, hoje cm voga no Brasil, se beneficiam do "alarido", de modo proeminente. Duplo "alarido": baru lheira produ· zida pelos agitadores, e "alarido" publicitário. No afã de noticiar uma agitação, certos meios de comunicação social acabam recebendo o iníluxo da barulheira. E, freqüentemente, lhe servem de caixa de ressonância, propagando-a. O truque da barulheira desemboca, obviamente, numa confusão e exagero quanto ao número e forca reais dos manifestantes. Dessa forma, para se med ir com objetividade a amplitude das manifestações. cumpre-nos exorcizar o "ala rido". Reduzi-lo â sua verdadeira dimensão. Tomemos as manifestações de abril, em São Paulo. Em certo aspecto, foram as mais audaciosas. Façamos algumas comparações, e em função delas teremos elementos para aquilatar outras manifestações que se lhes seguiram. Para sermos benévolos, o número de manifestantes de abril, cm Santo Amaro, chegou, no máximo, próximo de 3 mil (na passeata rumo ao Palácio dos Bandeirantes). Quase não havena escala de comparação, se fôssemos tomar os 12 milhões de paulista· nos. Grãozinhos de areia perante uma praia. Ululante desproporção.

Desçamos, portanto, para números menores. Em fevereiro deste ano, havia 387.973 desempregados, na região metropolitana de São Paulo. segundo pesquisa do IBGE, divulgada por órgãos da imprensa. Evidentemente, de todas as categorias profissionais. S11btraindo o número de ativistas, de bandi· dos comuns e de menores (houve quem os julgasse nu merosos), o que resta de efetivamente desempregados, no número de manifestantes de abril, é de todo em todo insignifica nte, se fizermos o paralelo com o total dos mesmos existentes em São Paulo. A representatividade deles foi minúscula! Considerando que "grosso modo" os manifestantes tenham sido operários desempregados, de algumas categorias profissionais, certo é que muitíssimas outras categorias recusaram sua participação. Convém ainda destacar que o desemprego não at inge só o meio operá rio. Desempregados há em outras classes profissionais. Se os d istúrbios de abril se restringiram a operários, como salientou o noticiário, fica evident!! a acentuada dcssolidari1,ação dos desempregados de outras classes profissionais. O. Bairro de Santo Amaro, cm São Paulo, possui 600 mil operários, numa popu· lação de um milhão e 200 mil pessoas. As conclamações para reunir trabalhadores visando a concentração no Largo 13 de Maio, dem·onstraram empolgar pouco. No dia 4 de abril, a concentração começou com 150 participantes; no dia 5, com cerca de 500. Na verdade, as manifestações não interessaram nem aot.próprio ambiente operário, .no qual se reali,.aram.

Pouco realce no noticlãrio Seria natura l que os dados comparativos acima tivessem figurado nos not iciários relativos às manifestações de 4, 5 e 6 de abril. Provavelmente teriam contribuído para de· sinílar o ba lão daq uelas agitações. Entretan to, muito freqüentemente os noticiários pouco se detêm nessas análises. E, porisso, muitos deles dão margem a errôneas avaliações da realidade dos fatos. . Percebeu-o um insuspeito espectad or das badernas, defronte ao Palácio Bandeira ntes. O p róprio Governador Brizola assistiu a aspectos das agitações, das janelas do Palácio, e, de volta ao Rio de Janeiro, declarou: "O noliciário dos episódios de São Paulo está dando uma dimensão aos Jatos que não corresponde à realidade, talvez pelo seu caráter inusitado". Acrescentou ainda não acreditar q ue os acontecimentos na capital paulista representassem uma ''revolta popular": "Não vi multidões. quando lá estive, e sim alguns grupos que se 1noviam provocando agitação" ("FSP", 7-4-83).

Manifestações artificiais Desconcertante fracasso em atrair o povo Elenco de fatos pouco conhecidos • 1° de Maio: ato público sem presença do povo

• Desinteresse dos operários (São Bernardo-SP) - 250 mil boletins convocatórios distribuídos por cerca de 100 diri~entes sindicais, em estações ferroviárias, po.rtas de fábricas, Igrejas. Objetivo: arrebanhar 100 m.il trabalhadores. D. Cláudio fiummes, Bispo de Santo André, e Lula estariam presentes ("Diário do Gfande ABC", 1. 0-5-83). Após missa, passeata até a Praça da Prefeitura. Total de pessoas presentes (somando contingente vindo de Diadema): pouco mais de mil! Desinteresse geral que surp;-eendeu os pióprios organii.adores. • Nem trabalhadores cQ111porecem (Praça da Sé-SP)- Metrô gratuito, dupla sertaneja com canções de viola, missas na Catedral. Ainda assim, pessoas do povq não entram na concentração. ''O que a gen/e mais vê aqui é ativista sindical e partidário", excla1na um militante sindical. Os operários não aparecem. As famílias ficam à margem, passeando pela Praça. Discursos programados, slogans do grupo Ali-

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cerce da Juventude Socialista e do PC do B. Encerramento · com hino da Internacional Socialista (uma estrofe cantada; a maioria não sabia a letra) ("FSP", 2-5-83). Das 10 mil pessoas esperadas, estiveram lá umas ... 400. • Manifestação frustrada, 1nesn10 com Escola de Samba - O ato público, destinado a constituir gran· de protesto contra o desemprego, cm Campinas (SP), resulta em malogro. Pequeno número comparece ao Teatro de Arena. Três discursos, ato encerrado. E sem a peça teatral e a Escola de Samba programadas. Tema para próximas reuniões dos Sindicatos: a ausência dos trabalhadores no ato ("Jornal do Lar'', 8-5-83). • Tentativa chocha de nova manifestação, em Santo Amaro Toda seg11nda-feira, desempregados buscam serviço em firnws de trabalho temporário, 110 Largo I3 de Maio - Segunda-feira fo.i escolhida para nova manifestação de desempregados no Largo 13 de Maio. Só ctue, desta vez, o mtlx.imo con-

seguido consistiu em rea!Jzar- curta passeata, logo dispersada pela polícia . Perto de 500 .pessoas, apenas, participaram ("PSP", 10-5-83). 15 ativistas (do 'PT, Pastoral Operária e Oposição Sjnd.ical Metalúrgica) de· cidcm amanhecer junto às portas das principais fábricas, neste dia. Objetivo: convocar os operários desempregados p~ra essa manifestação... Crítica do Deputado Aurélio Perez (um élos organizadores das agitações de abril) aos preparadores da manifestação acima: "Coisas pequenas como esta não resolvem nada" ("Gazeta Mercantil", 10-5• ''O Nordestino é um homem muito pacato" O Bispo da Diocese de Pajeú, D. Francisco Mesquita, é da opinião de que os trabalhadores, espontaneamente, devem saquear lojas e armazéns para comer. Mas reconhece ser o nordestmo um homem pacato, principalmente !\O interior. Em Pajcú, o Bispo se escandaliza com c~sa pacatez. Declara que o nordestino com fome, desempregado e sem nada, às vezes tem medo de invadir uma cidade, um armazém, mas que

No Paço Municipal da Slo Bernardo. jun10 a carte: reduzido de manifes-tantea. pairava a bandeira do

D. Cláudio Humrrie•, Bispo de Santo André. dl rft re.aliiada no dia 1.0 de maio na Igreja matri% de Slo 1 fundo, junto ao altar-mor. pode•se ontrover uma fr deve pagar pela omis.s&o ~e eeus govornantos .. Con

,\ Manifestaçlo &squálide d& desempregados realiv participantes saíram do largo 13 de Maio. em Sant, foto registra o magote de manifestantes dirigindo

Sindicato dos Meta16rglcos. na R. Gelvlo Bueno.

isto seria seu direito; a fim de retirar o ne,cessário para comer. O trabalho de co,nscientização e orientação politica dos camponeses da região conta com a participação decisiva da Igreja. Mas apesar disso, lamenta o Bispo de Pajeíí: "Os camponeses sempre viveram aqui, dependendo do dono da terra; e ninguén1 n1uda u111a 111entalidade de repente, da noite p(Jra o dia" (Djário de Pernambuco". l 7·5·83). • "Temos qu·e tomar a praça" Brado de ilusão Outra vez, concentração marca· da para o Largo 13 de Maio, em Santo Amaro. A Secretaria de Segurança proibira o uso do Largo. O Bisoo da Zona Sul, D. Antonio Gaspar, franqueia aos manifestantes, a pedido do Càrdeal Ams, a Igreja de Santo Amaro. "Mais uma vez a Igreja se vi no dever de abrir suas portas, oferecendo espaço paro aqueles que querem 1nudar o capitalismo selvagen1", eis a justificação do Sr. Cardeal. 0 Bispo da Zona l!.este, D. Angélico,Bernardino, faz apelo para que não haja repressão contra atos p\'Jblicos dos operários ("JB", 16-5-83). Assembléia na Igreja, com cerca de 300 participantes. Membros do Comitê de Luta contra o Desemprego (ligado ao PC do B) pregam ida às ruas: "Te,nos que tomar a praça". Ato promovido na praya (contrariando a proibição), c1reunscrito aos p1óprios participantes da Assem· bléia ... Em conseqUênc,ia, resolução:

ir de ônibus (sem pagar) ao ~indi· cato dos Metalúrgicos, no Cent-r o da Cidade. Reu.oião no local, acrescida de outros membros do Comitê (vindos de um ato realizado no Largo da Concórdia). Passeata, do Sindicato à sua Sede Social, na R. Galvão Bueno. Participantes: menos de 300... ("JB", 17-5-83). • Falsa noticia de emprego reúne gente; agitadores aproveitam Em Teresina (Pl), cerca de 200 pessoas acorreram ao Batalhão de Engenbaria de Construção. Circula· raro noticias de convocação para trabalhos de emergência. Engano. passeata até o Palácio do Governo. Comicio. Policia e bombeiros dispersam os manifestantes. N01a ofi· cial do Governo: houve instigação por parte de pessoas ligadas ao jornal "Tribuna da Luta Operária" e de vereadorc,,; do PMDB ("JB", 17-5-83). • Cá e Ili, as mesmas espertezas há Manifestação de trabalhadores marcada para as 18:00hs, em Forta· leza. Local: Praça José de Alencar. Proibição pela Secretaria de Segu· rança. Por quê? O Comandante da PMCe, Cel. Hélio Luna Alencar, explicou a razão da proibição: naquele ponto se localizam terminais dos coletivos urbanos; e o horário escolhido era justamente o de fi. nal de expediente, quando conver· gem para a "José de Alencar" milha· res de pessoas; os manifestantes

CATOLICIS MO -


ENTES AGITA ÕES OCORRIDAS NO PAÍS Espontaneidade que nao convence

:e1 revoluclon4rio1. e aobropondo-1e e um nõmer.o

Partido Comunista do Brasil.

Hoje muito se fala em espontaneidade, como elemento necessário para convencer. Ora, precisamente é o que falta nas atuais manifestações em nossa Pátria. Ao se pesquisar suas articulações, esbarra--se inevitavelmente nos ativistas que, umbráticos, as mobilizam. Entre esses organizadores há os que a policia, pitorescamente, já intitulou inflamadores. São lideranças de rua, mais exaltadas, e que comunicam inflamação aos outros manifestantes. Por ocasião dos distúrbios de abril, em São Paulo, a obsessiva repetição de que as manifestações eram espontlineas acabou depondo contra elas. Os seus participantes, em uníssono, martelaram esta tecla. Virou slogan! Da mesma forma, nas manifestações que vão espocando alhures no Brasil, a espontaneidade é muito duvidosa. O esquema de funcionamento se revela o mesmo por t9da a parte. As entidades envolvidas são versões locais das existentes em outros lugares: Movimento de Luta contra o Desemprego, PRO-CUT, Alicerce da Juventude Socialista, entidades sindicais, partidos de oposição e associações da esquerda católica (Pastoral Operária, Ação Católica Operária, CEBs).

Eqüidade e bom senso: a realidade!

1• • palavra ao p_õ bllco durante a concelebraç!o

3ern.ardo. Na frente. conjunto musi~J de jovens; no 1ixa cujos db:: ores eram os seguintes: ºO povo nlo

,isslo elos Jovens da igreja do Senhor do Bonfim".

1aa no dia 16 de maio p.p .• em Slo Pauto. Os

:, Amaro.,, foram de õnib'ua atá o centro da cidade, A ·lf' do ponto terminal do coletivo para a sede do

no báirro da Uberdado.

dariam então a falsa impressão de q_ue reuniram muitos adeptos, sens1bili1.ando a multidão ("O Povo", Fortale1.a, 18-5"83).

• Entrelaçamento de ativistas; e o povo? Duas manifestações diversas se entrecruzaram, cm Fortaleza. Uma de estudantes, pela manute.nção de meia-entrada nos cinemas; outra, de entidades ligadas aos trabalhadores, 11ara tentar revogar proibição de manifestações em 2 p.raças da cidade. Estudantes po,tam faixa com dizeres de apoio à luta dos trabalhadores de todo o mundo. Trabalhadores misturam-se aos estudantes, cm terreno da Universidade. Manifestantes sae.m à ·rua: jatos d'água da policia contra pedradas. Apuçação dos promotores dos tumultos: llde.res estudantis e piquetes de estudantes; membros da Federação dos Bairros e Favelas, de Sindicatos e de agre.miações polfticas oposicjonistas ("O Povo", -Fo,tale1.a, 19-5-83). Singular COJljugação de ativistas e de interesses.

• Fisionomias mudadas, apreensão, fuga! Policiamento ostensi,.,o frustrou, e.m Recife, passeata f'caminhada da fome" ...) de desempregados. Em contrapartida, realizou-se ato público, em Praça defronte ao S.indicato dos Metalúrgicos. Çompareceram represe.ntantes de associações de classe, da Ação Católica Operária, de pár-

· julho de 1983

No fracasso em mobilizar o povo encontra-se a realidade mais recôndita das agitações no País. Mesmo desconhecendo os fatos que vimos comentando, o povo brasileiro percebe, sem dificuldades maiores, tal realidade. Com seu espírito pacífico, no qual há prudência e .senso de eqüidade, ele observa cautelosamente essas ruidosas movimentações. E delas se distancia. O alheamento do operariado brasileiro está desconcertando os promotores de concentrações. Sobretudo em São Paulo, as manifestações de 1•0 de Maio foram magras devido ao não comparecimento de operários'. Em vez dos 100 mil trabalhadores esperados, Lula acabou discursando para menos de mil, em São Bernardo... Fiasco! Lula esboçou a evasiva explicaçiro de que os trabalhadores estão bastante pol!tizados, e não se movem senão para dec1d1r, e de fato ... Alegação contrastante com o cerrado esforço para mobilizá-los: distribuição de 250 mil boletins, por JOO sindicalistas, no ABC. Foi observação corrente, de um lado, o fato de elementos da burguesia terem se deixado arrastar pelas agitações. São cmbaídos por idéias absurdas do socialismo, quando não do comunismo. Os agitadores em passeata receberam, por exemplo, manifestações de apoio de pessoas postadas em janelas

tidos politicos e estudantes da UM~. Po)ícia pres'ente. Ato público sem incidentes. Fenômeno constatado nas proximidades: o trllnsito de pedestres quase só escoa numa, direção (a que foge da Praça da concenttação); os camelôs mudam de fisionomia e ajeitam suas mc,cadorias, p.,rontos para sumir. Numa feira de artesanato e comidas tlpicas a apreensão é das maiores; a feira é desarmada às pressas. Reclamação dos comerciantes: movimentos desse tipo só servem para sacfificar um setor já em crise. Encerrada a concentcação na Praça, começa a voJtar a calma ("IDiáfiO de Pernambuco", 19-5-83).

• O. H elder ainda com sua espiral da viol~nda Um mês d.e vjagem. Q. Helder acaba de regressar do Japão (recebeu lá o Prê.mio Niwano da Paz). Mas suas cogitaç9es giram ainda em torno da violê,nc1a. Ou melhor, da não-violêJlcja ativa, através de pressões~morais ·libertadoras: denunciar as injustiças e encorajar a p,ómoção humana das massas. Para o Prelado, á miséria é a violência. Entra-se na ·espiral da violência quando a miséria expJode e vem a repressão. Para D. Helder, esta é a vjsão do Brasil-de hoje ("Diário de Pernambuco•, 22-5-83) • Desempregados há meses... de repente, .saque! Na cidade de Serra Talhada (PE), cen;a de 150 trabalhaé:lo.res rurais desempregados invadem arma-zém

de prédios do Centro da cidade, em São Paulo ("FSP", 17-5-83). De outro lado, atestou-se a maturidade e o bom senso do operariado brasileiro, que ,ião se' deixa enlear.

Encenação, "Show": o perigo! Um paradoxo: a realidade das manifestações aqui exposta poderia parecer desmobilização da vigilância, ao mesmo tempo em que se alerta para o perigo de manifestações "show". Nada mais que aparente contradição. A despeito da realidade do fracasso em mobilizar o povo, os orquestradores de arruacas têm em mira um efeito compensató~io. À. custa de sal_Picar o País de agitações, mterm,tente e contmuamcnte, pretendem dar a ilusão de descontentamento gcnerali,.ado. O pipocar de agitações, assim arquitetadas com astúcia, configura uma tática de bombardeio psicológico. Verdadeira ação de guerra psicológica revolucionária. E nisto está o perigo. Pois, esta ação psicológica não passa de "uma técnica de enfraquecilnento do poder e de desmoralização dos cidadãos. Esta técnica éfundada no_ conh~cim~nto das leis da psicologia e da ps1cosoc1olog1a, porque visa tanto a opinião ptiblica quanto o poder e as forças armadas de que este dispõe. . Ela é uma ação sobre a opinião por meios sutis e convergentes" (Roger Mucchieli, "La subversión", Ed. Bordas, Paris, 1972, p. 7). Sob a ação dessas técnicas de impactação psicológica, o público vai tomando conhecimento dos acontecimentos sem o tempo e os meios de exercer uma análise retrospectiva sobre eles. A ingestão de falsas impressões é, de início, fruto dessa ação. O entrouxamento delas cónduz a uma debilitação das resistências sadias da opinião pública. As atuais agitações têm procurado, nessa perspectiva, criar a impressão de que o Brasil está desgovernado e desestabilizado. Tim insistido cm exacerbar, levar ao clímax, essa impressão, de modo a colocar cm perigo de ruir o edifício social do País. Pela maneira como vêm sendo conduzidas as manifestações, de forma . alguma os agitadores pretendem resolver, de fato, os problemas. Para os agitadores, o importante é reivindicar e tensionar. "Toda reivindi'cação, 111esmo aquela que não dá certo, é uma etapa importante na conscientização dopovo {"As CEBs ... das quais muito se fala, pouco· se conhece - A TFP as descreve como são" - p. 202). Esta afirmação é de D. Angélico Bernardino, Bispo da Zona Leste e r esponsável pela Pastoral Operária de São Paulo, como também estimulador de manifestações populares.

da CO.BAL. €:ornem e levam alimentos. No dia anterio.r, 23-5, em Bom :Jesus, algumas pessoas já haviam carregado mantimentos do armazém da COBAL, deste lugar. Lamenta o saque o Presrdente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada. E acrescenta·: "Só não foi maior a invasão porque os trabalhadores são pac(ficos e não querem provocar violência'' ("Diãrio de Pernambuco", 24-5"·83).

• Promessa de nova "visita" Agrieulto1es dirige111-se à cidade de Viçosa (Ceará). São perto de 70, entre ho.mens, mulheres e crianças. O intuito é 'saqµear o armazém:, mas a poJicia evita o saque. A Prefeitura distribuiu-lhes gêneros alime.ntic.ios. Os ruficolas reto.mam aos lares, prometendo nova "visita"... à Sede municipal ("O Povo", ll-6-83). • Servjdores fazem greve, ma.s só líderes quebram Apedrejamento de vidraças de 2 postos dê benefícios do JNPS, em São Paulo. Os servidores estavam em greve. Segundo a Policia Federal, os queb1ado1es são os líderes do movimento ("JB", 14-6"83). • Nova concentração, mas dos mesmos Comith Uma vez mais, cerca de 500 manifestantes reunem-se no Largo 13 de Maio (SP). Ali estão os 2 comitês da Zona Sul: o Comitê de Luta e o Comanao de Mobiliza.ç ão,

O arlete contra os portlles Na Idade Média, a conquista de uma cidadela dependia, muitas vezes, do arrombamento dos portões, localizados em certos pontos das muralhas. E os atacantes serviam-se do aríete para golpear o obstáculo. Se este cedesse às eancadas, ocorria a invasão. Caso contrário, podia sobrevir a desistência-dos sitiantes e o levantamento do cerco. As · manifestações contra o desemprego vêm servindo à agitação como um aríete para abalar os portões do regime sócio-econômico vigente. Não analisamos aqui os lados positivos ou negativos do chamado modelo econômico brasileiro. Preocupamo-nos tão somente em patentear que o alvo das agitações, segundo os métodos da guerra psicológica revolucionária, é produzir a impressão do malogro do mencionado modelo. Caso tal impressão fique exacerbadamente vincada no espirito público, a caminhada para a comunistização do País tornarse-á rápida.

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Nesta emergencia, fica de pé a indagação de como sair da entalada: afinal, como enfrentar o desemprego? De fato, e le existe ou não existe? Sua existência ninguém o nega (expurgada do exagero das proporções impingidas pela esquerda). Porém, existem os que, incomprcensivelmente, se recusam a ver e empregar os meios eficazes para debelá-lo. Enumerou vários desses meios o Prol'. Plínio Corrêa de Oliveira, em artigos publicados na imprensa diária do País: encaminhar, através dos poderes competentes, os desempregados para terras devolutas pertencentes ao Estado (poderão aí plantar para si e para todos nós); buscar os incontáveis empregos em casas particulares; explorar todo o hinterla11d brasileiro. A este propósito, o insigne pensador católico elogiou e divulgou pelos jornais a incisiva declaração da Associação dos Empresários da Amazônia. Tal entidade assegura poder absorver os desempregados, nos milhares de projetos agro-industriais, agropecuários e de coloni1.ação implantados na região. · Contudo, é pn:ciso infelizmente reconhecer a existênda de um tipo de desemprego, difícil de obviar. É o dos profissionais do desemprego. E a essa categoria pertencem desinibidamente os agitadores de desempregados!

Bernar~es Tarragoria

ambos contra o élesemprego. Oiscur~os; agressão e chutes contra um p)aqueiro (emp~egado em anunciar compra de ouro); correrias. 40 policiais disP.ersam, em poucos minutos, os mamfestantes ("FSJ>", 14-6-83).

faixas, param diante de várias indústrias, convocando os trabalhadores para aderirem il s ua manifestação. O que conseguem é congestionar o trânsito. Fracasso em obter adesão de operários ("FSP", 21-6-83).

• Pão e banana acalmam os desempregados ...

• "Acho que o PT tem alguma coisa a ver com isso aqui"

Assembléia na Igreja de Santo Amaro. Oradores criticam governos Federal e Estadual. 100 desemp,egados presentes (entre eles ha,via gente q ue só queria rezar... ). 1!,ogo após, passeata destes perto de algumas fábricas. Impedidos pela policia de retornar ao 1:.argo, os ma ni(estantes ficam tensos. Distribu[ção de pã'o e banana (os Comit~s compraram o pão e Um fruteiro ofereceu as bananas) e a manifestação se d~sfez, espontaneamente ("FSP", 1•5-6-83). • Demora em atender pro~ocou

Em silêncio e sem faixas, cerca de 100 pessoas (maioria mulheres e crianças) percorrem ruas de Osasco (SP). Depois dirigem-se à Prefeitura e ocupam o salão nobre. O Prefeito promete distribuir-lhes alimentos. Mais tarde, declara: "O aaontecÍlnento já era esperado. Acho que o 'f>T ten, algu11,a coisa a ver. co,n isso. aqui'' ("FSP'', 23-6-83).

invasão Invasão do posto do Jnamps, na Zona Norte tRJ), por cerca de 500 segurados (maioria mulheres), Querem ser ateni:lidos, e os guardas demoram em ab.rir os portões. Os invasores ignó.ravam que os funcionários públicos tinham entrado em greve ( 'JB'', 15-6.83). . • f racasso em angariar adesões Liderados pelo Comitê de Luta co)ltra o Desemprego, cerca de 100 manifestantes percorrem aproximadamente 10km da Av. Nações Unidas (Zona Sul de Sã·o Paulo). Com

• O,egar ao Largo de qualquer fomul A policia designa terreno, a 200 metros do Largo 13 de Ma,o, para um gi,upo de umas 100 pessoas ali se mânifestar e.o ntra o desemprego. Mas o,núcleo,queria ir para o Largo. Os l)lanifestantes começam a sedeslocar, em passeata, rumo ao Largo. A polícia impede. Maria Arleide (do Comitê de Luta e ligada ao PC do B) afirma aos policiais que os manifestantes cl\egarian, lá de qualquer forma. A tentativa foi impedida pela policia ("FSP", 23-6,,83). Nota: Po, uma questão de brevídade indíca.mos npcnas as iniciais dos seguintes di4rios: 1) "'Folhn de Sio Paulo'" - FSf' 2) ..Jornal do Br1sil.. - JB

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Há 30 anos, alemães rebelaram-se

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contra o jugo comunista foram levados a hospitais da área livre da cidade.

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Esmagamento brutal do levante anticomunista

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FRANKFU RT - No dia 17 de junnho p.p., comemorou-se o 30.• aniversário do levante anticomunista na Alemanha Oriental. Nessa ocasião, estive em Berlim e pude assistir a algumas manifestações alusivas àquele heróico movimento que tentou libertar a parte da nação germânica, escravizada pelos vermelhos, do jugo soviético. Tendo em vista recordar o mencionado acontecimento, realizou-se, no dia 17 de junho último, marcha pelas ruas de Berlim ocidental, promovida pela Sociedade Internacional Pró-Direitos Humanos, com sede em Frankfurt. Dessa marcha participaram também muitos jovens da associação Konserv.ative Action (Ação Conservadora), tendo a caminhada terminado na Praça de Wittenberg. O clima era característico da primavera européia: céu bem azul e temperatura amena. No mesmo dia, à noite, a "Ação Conservadora" realizou outra marcha com grande quantidade de tochas, ao longo do Muro de Berlim, na Bcrnauer Strasse, onde muitos fugitivos de Berlim oriental foram mortos. Durante a caminhada houve discursos, sendo a voz dos oradores ampliada, através de altofalantes, a fim de atingir o lado oriental. Pude perceber, nessa ocasião, várias janelas se abrindo na zona comunista e muitas pessoas que observaram a manifestação e ouviam atentamente os oradores. No dia 18 de junho, efetuou-se outra manifestação diante do prédio da companhia aérea soviética Aeroflot, durante a qual _foram lembradas as vítimas do comunismo. Protestou-se também contra a presença de instituições russas no território da Alemanha Ocidental. No dia 19 de junho, desenrolouse diante do edifício do "Reichstag" (antigo Parlamento germânico) uma cerimõnia que contou com a participação dos movimentos Ação Conservadora e Juventude Conservadora Ale111ã. Nos discursos, os oradores realçaram a importância do levante anticomunista de 1953.

Em 7 de agosto de 1953, o Bundestag (Câmara de deputados da República Federal Alemã) aprovou, por unanimidade, uma resolução pela qual o dia 17 de julho passou a ser considerado a data da unidade alemã. Desde então, tal dia é considerado a data nacional da Alemanha. O dia 17 de junho e suas comemorações, evidentemente, não são apreciados pelos comunistas e esquerdistas, como também por tooos os defensores da ostpo/itik, isto é, aqueles que são favoráveis a uma política de distensão em face do comunismo.

Berlim: 17 de Junho de 1953 Parece-nos oportuno apresentar aos leitores de "Catolicismo" um retrospecto dos principais fatos históricos que antecederam e ocorreram imediatamente após essa heróica e trágica data. Em 5 de março de 1953, morreu o ditador soviético Joseph Stalin.

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Durante quase 30 anos, ele governara a Rússia e, através de regimes títeres, todos os países satélites. Fazia parte desses Estados-satélites a zona oriental da Alemanha que, em 1949, sem qualquer espécie de eleição ou plebiscito, havia sido declarada como constituindo a República Democrática Alemã. Após o falecimento de Stalin, muitos alemães do Leste esperavam que abrandasse a opressão reinante no pais e melhorassem suas condições de vida. Essa parte da nação germânica continha uma população de 18 milhões de pessoas, na qual estavam incluídos os habitantes da zona oriental de Berlim. Os alemjies orientais, evidentemente, estabeleciam comparações entre o progresso alcançado pela República Federal Alemã, do Ocidente. e as duras condições de existência que sobre eles pesavam. E

Em virtude dessas novas medidas opressoras, em 16 de junho de 1953, formaram-se grandes cortejos de trabalhadores na Stalin-Alice, que desfilavam e pediam a melhora das condições salariais e de trabalho. Tal manifestação cresceu rapidamente, devido à ampliação considerável de participantes, e dirigiu-se rumo ao Ministério do Trabalho. Os trabalhadores que participavam do cortejo exigiam, além disso, a renúncia dos dirigentes que se manifestavam incapazes de governar a Alemanha Oriental. Uma greve geral foi programada para o dia seguinte. Ao mesmo tempo, os operários pediam imunidades para os porta-vozes da greve. Solicitavam também liberdade de imprensa e de palavra. Postulavam a revogação das últimas normas sobre o regime laboral. Pleiteavam, ademais. salários que fo·ssem propor-

manha Oriental e a abolição do regime comunista no pais. Esse levante anticomunista também se verificou em outras 300 localidades da República Democrática Alemã. Em algumas delas, os presos políticos chegaram a ser libertados. Em Berlim, às 11 hs., diante da Porta de Brandemburgo, a bandeira vermelha foi arrancada do mastro pelos trabalhadores e substituída pelo pendão da Alemanha livre, em meio ao júbilo e aplausos gerais.

Inicia-se a repressão com tanques soviéticos Uma hora depois, ao meio dia de 17 de junho, os berlinenses presenciaram um sirtistro espetáculo. Ao longo da histórica avenida Unter den Linden , desli1.avam tanques soviéticos do tipo T-34. Nesse momento, já se haviam concentrado 50 mil manifestantes anticomunistas. Os trabalhadores, e sobretudo a juventude, atacaram os blindados com pedras e pedaços de pau. Um dos manifestantes foi apanhado pela estetra de um dos tanques e esmagado. As 13 hs., os russos decretaram o "estado de sitio" em toda a Alemanha Oriental. Na famosa Praça de Potsdam, os soviéticos começaram a disparar suas metralhadoras contra os manifestantes. Estes não se intimidaram. Invadiram o prédio da Segurança do Estado, isto é, da polícia comunista, na Friederichstrasse.

Do alto de plataformas como est a, pode-se observar a zona comunista de Berlim. Em contraate com o lado ocidental onde vigora a liberdade. observa-se na foto janelas muradas de um edifício, cuja parede externa passou a integrar o Muro do Vergonh&.

tiravam a conclusão óbvia de que era o regime socialista que não permitia a produção necessária dos bens que toda e qualquer sociedade postula para viver decentemente. Os comunistas alemães promulgavam leis após leis que visavam o estabelecimento do regime socialista. E com isso exigiam da população sacrifícios cada vez maiores. Esta, privada de liberdade, era obrigada a trabalhar sempre mais, não desfrutando lucros que recompensassem seus esforços e nem qualquer melhora social. Antes mesmo do levante de 1953, já era grande o número de fugitivos que abandonava a Alemanha Oriental. Em 1952, evadiram-se para o mundo livre 182.393 alemães. Em 1953, tal número ascendeu para 391.390. .

Aumenta a opressão comunista O Partido Comunista da República Democrática Alemã publicou, a 28 de maio de 1953, novas normas visando incrementar a produção econômica e a edificação do socialismo. Tais medidas, entretanto, oprimiram ainda mais a população. Pois elas implicaram na redução dos salários e, concomitantemente, no aumento das horas de trabalho.

cionais aos preços altíssimos já em vigor no país. Figuravam ainda entre suas exigências: eleições livres para toda a Alemanha; abolição das fronteiras patrulhadas entre as duas Alemanhas; retirada das tropas de ocupação soviéticas; dissolução da polícia comunista 9ue perseguia todos os alemães retratários ao regime; liberdade para os presos políticos. Os comunistas germânicos, em face dessa situação, apelaram imed iatamente para as tropas russas. Os blindados soviéticos começaram então a se dirigir para Berlim.

Manifestações Anticomunistas: reação popular No dia 17 de junho, os trabalhadores concentraram-se em praças públicas para realizar manifestações, nas quais planejavam pleitear as exigências acima enumeradas. Ao mesmo tempo, tanques russos cercaram a antiga capital germânica. Os operários de Berlim oriental começaram a destruir organismos e instituições soviéticas, casas de comércio, bancas de jornais, repartições do Partido Comunista da República Democrática Alemã. Enquanto eram incendiadas sedes do partido, os trabalhadores pediam aos brados eleições livres na Ale-

Os anticomunistas investiram, a seguir, contra as prisões localizadas na Alexanderplatz. Estas, entretanto, foram bem defendidas pelos vermelhos, e os manifestantes não conseguiram libertar os prisioneiros políticos lá encarcerados. Por volta das 14 hs., tanto os russos quanto a milícia comunista composta por alemães, dispararam cerradamente contra os operários anticomunistas. Muitos habitantes de Berlim Ocidental conseguiram socorrer seus compatriotas da zona oriental, retirando 100 feridos que

Durante toda a tarde do dia 17 de junho, a repressão soviética foi brutal não só em Berlim, como também nas 300 localidades onde se efetuaram sublevações anticomunistas. Foi assim esmagada a rebelião, cujo número de vítimas até hoje não é conhecido, ao certo. Estima-se, contudo, que morreram, no decorrer da repressão soviética, 267 manifestantes e 116 comunistas. Ficaram feridos 1.067 anticomunistas e 645 funcionários do partido e membros da milícia comunista alemã. Também 126 soldados russos sofreram ferimentos. Consta que, no fim do próprio dia 17 de junho, mais de 100 policiais comunistas alemães, bem como 18 soldados russos, foram fuzilados numa clareira de um bosque vizinho, porque eles haviam se negado a atirar sobre os trabalhadores e jovens que participavam da manifestação. Ainda no mesmo dia, os comunistas fuzilaram 92 pessoas dentre os sublevados. Mais tarde, foram condenadas à morte e executadas 40 pessoas que se haviam oposto ao regime da Alemanha Oriental. Após o jugulamento do levante, o número das fugas de alemaes orientais para a Alemanha livre foi aumentando sempre mais. Para evitar que praticamente uma população inteira abandonasse o pais, os vermelhos praticaram uma ação inédita na história: em 1961, edificaram em Berlim o Muro da Vergonh/1, que divide a cidade em duas partes: a zona comunista e a área ocidental. E, posteriormente, nos 1.300 kms que separam as duas Alemanhas. os comunistas construiram uma fronteira fortificada a fim de evitar êxodos em massa de alemães que rejeitavam o "paraíso" socialista e preferiam o mundo livre ...

17 de junho de 1953 passou para a história não só como a data comemorativa da unidade alemã. Ela tornou-se um marco, um dia simbólico da resistência anticomunista em todo o mundo. E o sangue das vítimas que tombaram em virtude da brutal repressão dos vermelhos não foi derramado em vão. Ele pode ser considerado um prenúncio da vitória sobre os comunistas, não só no âmbito nacional alemão, mas no plano internacional. Pois Nossa Senhora, em Fátima, após anunciar, em sua Mensagem, que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, acrescenta: "Por fim. Meu Imaculado Coração triunfará".

Nelson Fragelli -

nosso correspondente •

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CATOLICISMO -

julho de 1983


COMBATIVIDADE CRISTÃ NA FISIONOMIA DE TRÊS VARÕES DE DEUS ALGUNS poderiam dizer que não vêem utilidade, para a formação espiritual de um católico, em examinar fisionomias de vultos históricos salientes por uma prática eximia da virt ude. A vida espiritual pensaria talvez esse gênero de pessoas - é fruto de uma sólida formação doutrinária. E não de análises de quadros ou fotografias ... Quem assim raciocinasse, manifestaria desconhecer singularmente o papel do exemplo vivo, da atitude concreta, como importantíssimo complemento do conhecimento dos princípios. "O exemplo arrasta", lembra-nos o conhecido provérbio. Ademais, cada virtude cristã encerra em si uma riqueza de aspectos, uma potencialidade de realizações. por assim dizer indefinidas. Consideremos por exemplo a combatividade cristã, a respeito da qual especialmente se ocupará o presente artigo. A Providência divina convidará certa alma para realizar prodigios de combatividade num contexto de circunstâncias em que a virtude se manifestará sob determinadas formas, com fulgores específicos. E convidará outra alma para operar diferentes maravilhas, cm circunstâncias diversas, de modo a patentear novos aspectos da combatividade perante os anjos e os homens. E assim, cumpTindo os admiráveis desígnios de Deus, os santos e os varões eminentes na prática da combatividade vão compondo, ao longo da História da Igreja, um esplêndido painel. Painel que cm seu conjunto manifesta o esplendor da combatividade. E que assim enriquece as noções que sobre essa virtude um fiel adquira no campo especificamente doutrinário.

precisa e sem ilusões. O Cardeal parece lamentar o estado da humanidade, o qual enchera de tanto amargor a alma de São Pio X. Mas tal lamentação não debilita no Purpurado a censura pela crescente recusa de graças, por parte de tantos homens. E a censura se concretiza na resolução de lutar. Essa decisão serena e inabalável de combater foi, com efeito, um dos

O magnífico hábito branco ressalta seu rosto - um rosto vigoroso, de traços muito definidos, no qual se destacam dois olhos profundos e dominadores, protegidos pôr sobrancelhas que têm um quê de asas de condor. A cabeça se liga ao tronco por um pescoço possante, poderíamos mesmo dizer taurino. O todo do personagem manifesta uma solidez que dá a viva sensação, ao mesmo

Cardeal Rafael Merry dei Vai

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Nobre impostação da cabeça e do pescoço. olhar que considera as coisas a partir de superiores concepções, dignidade que parece pousar sobre o peito e a partir daí envolver o personagem inteiro em esplendor - tudo revela no Cardeal Rafael Merry dei Vai a ascendência ilustre e a grandeza da virtude. Nosso primeiro clichê no-lo apresenta numa foto particularmente expressiva. Seu porte é altivo. :Sua face é serena. Seu olhar, de pensador e homem de ação, é profundo, sério, e manifesta a sólida humildade do varão de Deus. Ao explicar as razões da escolha de Mons. Mcrry dei Vai para o alto cargo de seu secretário de Estado, São Pio X ressaltava, entre outras qualidades do jovem eclesiástico, '"a modéstia. a retidão de caráter. o desinteresse 10101, como ·1a,nbém a pureza dos atos. isentos de todo o co,nprornisso''. E acrescentava: "t um santo!" (*). E assim São Pio X salientou, de um modo especial, algumas das virtudes principais do eclesiástico que com ele colaborou tão intimamente, num dos mais gloriosos Pontificados da História da Igreja. Essa despretensão e humildade exímia - complemento tão harmonioso da verdadeira altivez cristã - exprime-se perfeitamente, dizíamos há pouco, no olhar do Cardeal Merry dei Vai. Detenhamo-nos nesse olhar. Ele está fixo, e parece voltado para algum ponto remoto. O olhar exprime ademais, força e tristeza. Uma força e uma tristeza algo aveludadas, e que se disseminam pelo resto. E a par delas, o olhar do insigne Secretário de Estado de São Pio X exprime uma enorme e indiscutível resolução. Forte, entristecido, resoluto, esse olhar tem ainda qualquer coisa de doce. Merry dei Vai parece contemplar o mundo do início de nosso século, e dele fazer a análise -

CATOLICISMO -

julho de 1983

..,,, D . Chautard, abade da trepa de Sopt-fons.

traços mais assinalados do grande colaborador de São Pio X. Nele, o Pontífice encontrou um lutador indômito, um auxiliar intimorato, para o grande embate contra a heresia modernista, que foi uma das notas culminantes de seu Ponti.ficado. Luta memorável contra uma heresia que era "a síntese de todas as heresias", conforme a caracterizou São Pio X na Encíclica "Pascendi". Luta sumamente árdua. dada a pertinácia e as táticas dos modernistas - e qúe hoje vemos renascidas no "progressismo", que tão apocalitica mentc devasta a Santa Igreja ... Luta que exigia combatentes de uma têmpera toda especial, e que aureolou de glória para todo o sempre a figura vigorosa do Cardeal Merry dei Vai.

Gabriel Garcia Moreno. Presidente da República do Equador

O segundo clichê nos põe cm presença de um personagem chamado por Deus a uma vida bem d iversa da do diplomata e homem de ação exímio que foi o Cardeal Merry dei Vai: estamos diante de um contemplativo, o grande abade trapista D. Chautard, o autor de "A ahna de todo apostolado".

tempo, de coerência no pensar e continuidade hercúlea no agir. Se quiséssemos representar por uma comparação o conjunto de impressões que a figura de D. Chautard produi., poderíamos perfeitamente dizer que o célebre trapista se parece a um leão. Um leão com o olhar atento a qualquer perigo, as patas vigorosamente firmes no chão,

pronto a resistir, e conforme o caso, a avançar. O grande contemplativo é assim, ao mesmo tempo, todo ele força de impacto. Essa combatividade indomável a serviço da Igreja, bem se patenteou quando coube a D. Chautard enfrentar Clemenceau. O temivel estadista francês realmente mereeia o cognome de "o Tigre", com que

passou para"a História. Clemenceau. inimigo da Igreja e hosti.1 de um modo particular às Ordens Religiosas, sentiu porém claral)'lente a garra e o destemor do Allade da Trapa de Sept-Fons. E D. Chautard enfrentou assim vitoriosamente "o Tigre"... "Catolicismo" comentou em setembro de 1982 (n.• 381) tal cena magnífica, que se tornou histórica. A combatividade nascendo da contemplação, eis a grande lição que a análise da personalidade de D. Chautard nos traz.

Consideremos, por fim. Gabriel Garcia Moreno, o famoso Presidente da República do Equador no século passado. O solene fardão presidencial, a condecoração, a faixa branca que lhe cobre o peito, realçam adequadamente a fisionomia do estadista.Esta reJlete um alto senso da dignidade e da responsabilidade inerentes à Suprema Magistratura. Os olhos negros exprimem grande seriedade, e nessa seriedade há extraordinária resolução. Vê-se pelo olhar, constata-se pelo retesado da musculatura do personagem, que ele é todo voltado para a luta . Mas para uma luta cheia de ardis, de vais-e-vens, que exige de Garcia Moreno, não a força de impacto - magnifica num confronto de viseiras erguidas ..;_ mas o emprego máximo de todo o seu potencial de mobilidade. Nota-se aliás nesse olhar, que Garcia Moreno é, todo ele, desconfiança e· resolução, desconfiança e mobilidade. Dir-se-ia que, Chefe de Estado católico num século agitado a fundo pelos fermentos da Revoluçã!) Francesa, Garcia Moreno alia em si o éla11 de um santo com o , temperamento, pronto a todos os imprevistos, de um combatente numa guerra de guerrilhas! Ele avançará, ele recuará, ele terá lances de ousadia, como também empreenderá golpes de astúcia. E, sempre, firmemente resolvido a obter o que deseja: o triunfo da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, nas terras do Equador. Como é de conhecimento geral, Garcia Moreno morreu mártir, heroicamente, da Grande Causa que amara, e da grande obra que por ela empreendera no pais que governava. A maneira como enfrentou a morte bem atesta sua admirável fortaleza e combatividade cristã. Ao expirar. proferiu a célebre frase que reboou não só nas Américas, mas em todo o mundo: "Deus não morre/!'.

(*) Harry Mitchell, "Le Cardinal Merry dei Vai". Paris-Livres, Paris, 1956, p, <18.

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,;a)Af01ICISMO- - - - - - - *

TFP Equatoriana difunde oração a Nossa Senhora do Bom Sucesso QUITO - "Equatoria11os. equatoria11os, ate11dei à Men.rage,n da Virgem do 80111 Su,·esso e rezai a Ela pelo Equador e pela grandeza cristã de toda a América" - era um dos slogans, mediante o qual jovens cooperadores da Sociedade Eq uatoriana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP, em recente eamJ?ánha de rua, anunciavam ao público de várias cidades do Equador uma oração a Nossa Senhora, impressa no verso de duas belas estampas que reproduzem a Imagem da Santíssima Virgem que se venera, sob aquela invocação, no Convento da Conceição, na capital daquele país andino. Tal oração - que obteve aprovação eclesiástica - de tal modo reflete os perigos e as necessidades por que passa o mundo contemporâneo, que nos pareçeu muito oportuno transcrevermos abaixo alguns tópicos mais importantes da mesma. No início, ela refere-se à confusão dos espíritos nos dias que atravessamos, ''confusão que não só subverte a esfera temporal, desorde11a11do a fu11do os campos cultural, político, social e eco11ômico, mas. ó dor!, penetra também 11a própria esfera espiritual". E continua a prece: "Presenciaremos já ama11hã a explosão da 1errlvel guerra que constituirá o desdobra111e11to lógico deste caos? Ou veremos o 1111111do ocide11tal para obter u,n sin111la,·ro miserável de paz - capitular vergonhosa111e11te frente ao inimigo mortal da civilização cristã, isto é. o conrunis,no?

"Ó, Senhora da Ca11delária! Dia11te dessas aterradoras hipóteses, 11ossos corações voltam-se para o Vosso, e,n busca de uma luz, 1111u1 ajuda, um alento".

Em seguida, a oração recorda o que Nossa Senhora do Bom Sucesso. em 1634, revelou a Madre Mariana de Jesus Torres, fundadora do Mosteiro da Conceição de Quito. Naquela ocasião, a religiosa concepcionista rezava diante do Santíssimo Sacramento quando, subitamente, a lâmpada que ardia no altar apagou-se. Ao tentar reacendê-la, uma luz sobrenawral inundou a igreja. "Filha querida de Meu coração, sou Maria do Bom S11cesso. 1ua Mãe e Protetora. A lâmpada que .... viste se apagar tem muito significado .... ".... que no século X I X - em seu término - e seg11ir<Í grande parte do século X X, vârias heresias inundarão estas 1erras. então repúblicas livres. Apagar-se0 á a l11z preciosa dt1 Fé nas almas por causa da q11ase total corrupção dos cost11mes. Nesse tempo. haverá grandes calamidades físicas. morais, públicas e privadas. O pequeno 11úmero de almas. nas q11ais se conservarâ o culto da Fé e ".... Os sacerdotes se descuidarão das virt11des, sofrerá 11111 cr11el e ele seu sagrado dever. perdendo a indizível sofrimc11to e. ao mesmo Bússola Divina, dcsviar-.te-ão do tempo. prolo11gado martírio. caminho tra,·ado por Deus .... ".... Nesses tempos. a atmosfera ".... Para se libertar da escraestará repleta do espírito de impu- vidão dessas heresias, necessitam reza o qual, à 111a11eira de um 111ttr grande força de vontade. consuinimundo. correrá pelas ruas. praças. da. w,lor e muita confiança en, lugares públicos. n11ma liberdade Deus. aqueles a q11em destinarâ para asso,nbrosa. de modo que não lwve- esta restauração o arnor ,nisericorrâ no mundo al11ws virgens. dioso de Meti Filho Sa11tissimo.

Fotos de frente e da perfil da milagrosa imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso venerada no Mosteiro da Concepção de Quito. A Imagem. em tamanho natural. data do século XVII o apresenta na fisionomia o no porte . majestade régia.

Para pôr à prova 11osjus1os es1a Fée Confi<111ça, lwverá momentos durante os quais tudo parecerâ estar perdido e pttralisado, e então será o princípio feliz da restauração co111ple1a .... Terá chegado ,ninha hora, na qual Eu. de 11ma maneira ,,ssombrosa. destro11arei o soberbo Satanás, colocando-o sob meus pés. acorrenta11do-o 110 abismo infe rnal. dei.~a11do por fi111 livre /1 Igreja e a Pátria dessa cruel tirania" ("El Equatoriano", 4-4-1951). A oração termina pedindo a Nossa Senhora do Bom Sucesso, por intercessão da Madre Mariana de Jesus Torres e das beneméritas fundadoras do Mosteiro da Conceição de Quito, que Suas palavras tragam orie,11ação e segurança às almas que as lerem. A campanha de difusão efetuouse no centro colonial de Quito e nos bairros desta capital, estendendo-se depois às cidades de Guayaquil, Satacunga, Ambato e Riobamba. Até 18 de junho p.p. haviam sido difundidas 6.753 estampas de Nossa Senhora. A par de reações de apatia· de pessoas indiferentes, que não desejam reconhecer a evidência dos

fatos, houve manifestações de hostilidade, quando não de ódio, por parte da esquerda católica e de outros esquerdistas. Verificaram-se também repercussões muito alentadoras por parte de pessoas das mais variadas regiões, idades e condições sociais que manifestaram sua alegria ao ver jovens proclamarem a Fé católica, numa época em que os católicos encontram-se num estado de apatia e inércia, enquanto os protestantes trabalham. Muitas pessoas manifestavam-se preocupadas com a corrupção do mundo contemporâneo e viam na oração difundida pela TFP equatoriana a confirmação de ·suas convicções de que a Divina Providência castigará a humanidade. No centro colonial de Quito, duas relii;iosas, com hábito tradicional, dróam: "Admiramo-los devido à forma com que proclamam sua Fé, sem respeito humano. En, frente. jovens, rezarernos por vocês!". E um sacerdote, de clergyman, ao reconhecer os sócios e cooperadores da TFP, comentou: "Ah! São os jovens que comungam todos os dias na igreja da Conceição!" ·

ESPONTÂNEO~ CRIATIVO. • • INOCENTE? S PALAVRAS, como as pessoas, entram e saem da moda . Duas entraram e, pelo jeito, estão custando a sair: espontâneo e criativo. As coisas na moda atraem a benevolência. Quando saem, o muxoxo depreciativo, para quem as usar. Diria o conselheiro Acácio, que a palavra é o enunciado de um conceito. E idéias se combatem com idéias. Se houve intenção no lançamento de espontó11eo e criat_ivo, qual foi? Aqui deixo a palavra ao escritor francês, Henri Avron, autor do livro relativamente recente "Le Gauchisme" ("O esquerdismo') da famosa coleção "Que sais-je?": "Para provocar essa explosão de todas as es1r11111ras autoritárias a que aspira. o esquerdis1110 recorre ao valor fundame,ual do anarquismo: a espontaneidade'' (p. 37), "A palavra ,nâgica criatividade .... lançada pelo esquerdis1110" (p. 130). Estas_duas idéias-força - têm força porque lhes .foi dada por artes da propaganda - apontam o tema do artigo: uma nova forma de socialismo, herdeira da anterior, porém mais "vivencial", mais preocupada com as questões da vida quotidiana, com a atenção primeira no desejo de mudar a personalidade, os hábitos e os gostos humanos. É o que na França se poderia agrupar sob o vocábulo "gauchisme", insuficientemente traduzido pelo nosso "esquerdismo" que na linguagem corrente indica no Brasil uma posição CO!)l tinturas sodalistas. Na França, o "ga11c/1is1e" poderia até ser colocado à esquerda dp PC. O "gauchiste" típico é o baderneiro intelectuali1.ado da explosão estudanti l de maio de 1968.

A

não poderia deixar de atuar onde se passa a maior parte da vida quotidiana: a familia. Começa por aqui. Essa corrente é obviamente igualitária, deseja destruir todas as formas de autoridade. Considera que a principal delas é a autoridade paterna. A criança modela todas as outras autoridades que encontra pela vida, em parte, segundo o padrão da primeira: a do pai e da mãe. Para destruir todas, é preciso q uebrar o molde. O processo é executado pela exacerbação da noção-chave: espontaneidade. Quem se deixa governar pelos caprichos de momento contesta indistintamente a autoridade. Deixar a criança ser espontânea, incutir-lhe inesmo o valor desta conduta equivale, na prática, a pôr os fundamentos de um futuro anarquista. É o que querem. "Afan1ília é qualificada de fábrica de ideologias autoritárias' .... A destr11ição da ordem patriarcal é tanto mais necessária qua11to é certo que esta serve de fimda111e11to a toda a autoridade" (p. 78).

Depois da familia, a escola Onde vivem as crianças, na vida quotidiana, além do ambiente familiar? Na escola. O processo utilizado contra a autoridade na família, repete-se aqui sob novo sopro, o da criatividade. Quem exagera o papel dela , nega o do ensino. Quem ena, não precisa aprender. Pois o ensino pressupõe a idéia do superior, que sabe mais, que ensina ao inferior, que sabe menos, e que, como acontece com freqüência, ainda lhe é agradecido por aprender. É o normal. A gratidão envolve o relacionamento dos dois, éris1ali1.a uma relação vertical, que tal corrente pretende destruir. Se a criança achar normal e benéfica a autoridade do pai e dô professor, mais tarde tenderá a ver com bons olhos os patrões, os detentores do Poder Público e, no fim da escala ascensiona l, Deus. A admiração vai aumentando até se transformar em adoração, no

A pedagogia de cunho esquerdista leva as crianças a autogerirem•se esponta• neament~. em completa liberdade... e o professor a abandonar sua c1itedra.

--

• • \

,....

seu último estágio. Não se forma um ateu - não apenas nas idéias, mas um homem que se sinta vivencialmente ateu - sem romper esta escada de ascensão. "A tese esq11erdista co11de11a toda autoridade na escola .... A pedagogia i11.Hitucio11al deve o seu 11on1e ao esforço pol' ela tentado no sentido de levar as crianças a au1ogerire111-se espo11ta11ea111e11te e em completa liberdade .... O professor abandona sua câtedra, para se sentar no 111eio dos alunos" (pp. 132-134).

Finalmente, na vida de trabalho Após a familia e a escola, o jovem se encam inha para o trabalho. Lá o espera outra forma de modificação da mentalidade, completando o trabalho feito nas duas instituições anteriores. Se ele foi criado e educado segundo essa filosofia de vida, não aceitará disciplina no trabalho. Espo111â11eo na família e criativo na escola, será autogestionário no trabalho. Ou seja, só aceitará a direção de si mesmo. Para tal, o princípio de autoridade, representado em graus diversos pelos proprietários, diretores, técnicos superiores e operários qualificados será asfixiado pela implantação generalizada dos chamados conselhos operários, assembléias deliberantes que exercerão diretamente ou por delegação revogável a qualquer momento, as funções hoje executadas por pessoas de direção. Foi sob a influência da explosão de maio de 1968, que o PS francês autorizou seu programa e pretende hoje implantá-lo na França.

lmplodlr a familia

Formação de um ateu convencido e vivencial

Socialismo na vida quotidiana, como indica esta espécie de slogan,

A intenção é criar um novo tipo humano que, por c:onseqüêneia,

cnana uma nova forma de viver,

anárquica e atéia. O que nos ensina a doutrina católica, a propósito'/ A esponwneidade e a criatividade, quando frutos do que há de integro na na1urc1.a humana, devem ser estimuladas. Mas as três potências do homem inteligência, vontade e sensibilidade - foram afetadas pelo pecado original. Deixá-las a seu talante, sem que as orientem os ditames da reta lei moral , equivale a permitir que vivam sob a tirania das paixões e dos maus hábitos. Tal atitude levaria ao domínio do vício e à destruição da civili zação. No fim desse caminho, a uma vida que se poderia chamar triba l, tão prezada por movimentos do tipo hippie e de certos setores ecologistas. Em segundo lugar, o homem. é um ser contingente e, portanto, é natural que sinta sua necessária dependência, que o prepara psicologicamente a considerar amorosamente a dependência extrema, cm relação a seu Criador, a que chama de Pai. Pois a autoridade legilima e natural normalmente é benévola, atrai a admiração. Obstar que sinta a dependência - do pai, da mãe, do professor, do patrão, da autoridade pública - coarcta em sua alma o impulso para amar sua cond ição de c,·iatura. As superioridades na Terra , quando justas, são imagens da superioridade de Deus. Normalmente, é por meio das criaturas que o homem adora a Deus. Contemplando retamente criaturas cada vez mais perfeitas, ele passa os vários degraus da admiração - respeito, deferência, consideração, reverência, veneração - até chegar ao último, a adoração, que deve apenas a Deus. seu Criador.

P. Ferreira e Melo


1•

ll Nº. 392 - Agosto de 1983 - Ano XXXIII

DITATORIALISMO PUBLICITÁRIO CENTRISTA Plínio Corrêa de Oliveira

fraflC

Durante a campanha eleitoral de maio de 1981. M itterrand aceno para seus partidá· r ios em Montpellier. com a rosa em punho ·emblemado Partido Socialista •• tendo atrás de si grande cartaz com a própria figura. Essa foto tornou•so simbólica da faniosa Mensagem das 13 TFPs. redigida pelo Prof. Plinio Conêa de Oliveira. e cujo texto integral foi publicado em 47 grandes diários da Europa. das Américas e da Austrália. A denúncia que o documento faz do caráter internacional e .. missionário" do socialismo francês foi apresentada ao chanceler da França, Claude Cheysson. durante

sua recente visita ao Brasil.

DIGNIDADE da abertura consiste na neutralidade. Com efeito, ela é o contrário da ditadura. E esta última não consiste em fechamento para todos, mas so m para um dos lados do tabuleiro político. Isto é, abertura para o lado em que se e ncontra o Poder, e fechamento para os que discordam do Poder. Não vem ao caso se a abertura é 1>ara a esquerda e o fechamento para a direiia, ou vice.versa o contrário. Não é o colorido politico do ditador. que caractcri1.a a ditadura. E, por isto mesmo, a palavra di1adura se aplica tanto aos governos que fazem fechamento para a direita , q uanto aos que o fazem para a esquerda: "di1ad1,ra d<' direita'', '"diuu/ura de l!squt)rda" siiO expressões que se en<'ontran, a

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todos os jornais e se ouve,11 t!1n todos os rddios <' televisões. Reduzindo a essa clareza elementar e óbvia conceitos já tão conhecidos, tenho a intenção de levar ao úllimo grau da evidência a relação entre neuoralidade e abertura. Umc1 abertura não neutra disfarce-se como se queira - não é senão uma ditadura. As correntes de pensamento e os órgãos de com unicação soéia l favoráveis à abert ura lucra riam muito tendo continuamente em vista esta verdade tão elementar. Digo-o especia lmente com refcrência a personalidades. emissoras e folhas que se ufanam de intitular-se e111

.: centristas. Pois mais de uma vez

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violam a neutra lidade "<1ber111ri.1·10". julgando que ficam a salvo da pecha de ditatoriais pelo simples fato de usarem a cl iquem de centrista. Como se uma ditadura centrista constituíssc uma con1rad içiio nos lermos.

A mais ligeira a ná lise revela ser isto inexato. Se um governo, para executar seu programa centrisla. praticasse um fechamento tanto parJ a direi1a quanto para a esquerda, e le apresentaria evidentemente a gra nde caractedstica ditatorial, a qual consiste em trancar a voi dos discordantes. E não se julgue que a hipótese de

uma ditâdura centrista constitua uma quimera, um s imples ente de ratão. Para prová-lo, c"ito um exemplo histórico caracteristico. Em função da politica interna da França de seu 1empo, Napoleão foi essencialmente um centrista. A França estava e ntão esquartejada cm duas facções irredutíveis: os republicanos e os monarquistas partidários dos Bourbons. Instalado no poder, o Corso perseguiu e reduziu ao s ilêncio os lideres de uma e outra França. E, pela força bruta. impôs seu regime centrista, mescla violentamente contraditória de vulgaridade revolucionária e de aparato régio, justaposios pelas garras da águia imperia l nimbada de glória militar. No tempo, era esta a forma praticável de centrismo. De centrismo ditatorial. Numa perspectiva anacrônica, o que estou afirma ndo só concerniria ao Estado com seus três Poderes: Execu1 ivo, Legislativo e Judiciá rio. Mas, como já ti ve oponunidadc de escrever (1), o Estado de hoje máximc o do Brasil - não pode ser visto fora do contex to de mais dois o utros Poderes, estes não oficiais. Mas tão influentes na condução da "rcs publica" quanto os três Poderes ofici.iis. Os dois Poderes não estatais são a Publicidade (IV Poder) e o Episcopado (no Brasil, a CNBB V Poder). O Pa is não terá saído inteiramente da d i1ad ura enquanto

rcssaibos de ditatorialismo perdurarem no IV e V Poderes. E perduram. Paradoxalmente. foram o IV e o V Poder que mais fizeram pela aber1ura. E que mais agastados se manifestam com qualquer sobrevivência de ditatorialismo nos três Poderes do Estado. Sem que os meios de comunicação social e a CNBB, cada qual nos 1ermos e nos modos q ue lhe são específicos, tim brem invariavelmente numa nobre imparcialidade, o Brasil terá uma abcrlura comparável com uma túnica cheia de nódoas e rasgões. Menciono um caso. Quando da recente passagem do Chanceler francês Cheysson pelo Brasi l, a Agência Boa Imprensa - ABI M lhe formulou, em cntrovista coletiva que ele concedeu no Aeroporto Santos Dumont, a seguinte pergunta: - "U,11 tópico do Proje10 com o q11(1I o Por1ido Socialis1a Francês subiu ao porler diz: "Não pode haver um proje10 Soâalisw ,·ó par" " Fra11ço. O dilenra 'liberdade ou setvidão'. ·socia/;,çn10 ou barbárie', ultrapassa as fro111eiros de nosso País". Tal pensam e1110 é coere111e com as mrí//iplas a1i111d,·s de apoio à Nicarágua S(ln(/inisro. to11wdas pelo Gover110 francês desde que subiu ao poder . ..tln ,nuitos setores d(I opinião pública brasileira. quer essa máxima do Projeto socialisJa, quer a poli1ica francesa face à Nicarágua co11111nista. causa,n a maior estranheza. Pt,rece-lhes haver nesse ideologismo socialista "missionário" um Javoreci111e1110 universal do luu, de classes e '""ª ex1rapolação da ação do Governo Jra11cês p aro fo ra dos limi1es de seu país. "Serfo nruito pr opicio à boa 011,.. bie111ação da visiw que o Sr. efe1uo. e do jâ t1111111ciodo visi1a do P1eside111e Mi11errand. que o Sr. fizesse.

Diretor: Paulo C-Orrêa de Brito

TFPs telegrafam. a Reagan A SOCIEDADE BRASILEIRA de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, enviou ao Presidente norte-americano telegrama assinado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, expressando sua profunda preocupação pela designação do Sr. H enry Kissinger para chefiar a Comissão de alto n ível incumbida de aconselhar a presiêlência na polítíca para a América Central. A TFP dos Estados Unidos e· as demais TFPs das três Américas telegrafaram no mesmo sentido ao Chefe de Estado norte-americano. Eis o texto integral do telegrama do Prof. Plínio Corr~ de Oliveira: "A SOCIEDADE BRASILEIRA de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP - e todas as e ntidades congêneres existentes nas três Américas deliberaram telegrafar simultaneamente a V.Excia., a fim de exprimir em conjunto a profunda preocupação - mais do que isso o sobressalto - em que as deixou a designação do Sr. Henry Kissinger para chefiar a Comissão de alto nível incumbida de aconselhar a Presidência na política para a América Central. Com efeito. o processo d e vietnamização. caracteristicamente comunista, se vai desdobrando cada vez mais no s ubcontinente ce11troamericano. Também na América do Sul, as crises sócio-econômicas mais ou menos artificiais, as efervescentes agitações urbanas, o alastramento das guerrilhas rurais, os rumores de.tensões e de guerras entre as várias nações, tudo impõe o temor de uma vietnamização a breve ou médio prazo. .Essa situação evidentemente só se torna possível cm razão da política, dia a dia mais ativa na Ibero- América, do poderio soviétic~. e qual nele move uma guerra psicológica incessante. À vista de todos esses fatos, a nomeação do Sr. Henry Kissinger o homem público cujo nome simboliza, aos olhos da opinião pública universal, todos os desastres e todas as vergonhas que o Mu ndo Livre sofreu no Vietnã - só pode causar, nas três Américas, desconcerto, apreensão, abatimento. Pois o chefe da novel Comissão para à América Central simboliza todos os otimismos ingênuos, todas as imprevidências políticas, todas as fraque1.as e, mais ainda, todo o espírito derrotista que conduziram à entrega do Vietnã. Espero pois que V. Excia . encontre a lgum meio para dar solução à situação incvi1avelmente criada pela presença do Sr. Henry Kissinger cm tão altas funções. Isto parece absolutamente indispensável para a preservação, na Ibero-América, da Fé, da paz e da prosperidade: o fator hoje indispensável para a paz internacional. Queira V. Excia. receber o testemunho de meu subido apreço. P linio Corrêa de Oliveira Presidente d o Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade"

neste n1on1e1110~ un,a dec/(Jração ca-

bal111e111e e/11cido1iva a esse respeüo. Peço-o". Por requinte de cortesia, a pergunta foi apresentada pelo repórter brasileiro da ABI M. Sr. Heitor T. Taka hashi, através de um jovem francês, Sr. Guillaumc Babinc1, que lhe servia de intérprete. Na pergunta, o leitor nada encontrará que destoe das melhores praxes do jornalismo. O entrevistador pode e deve interrogar o entrevistado sobre todo e qualquer assunto que a qpinião p~blica, ou uma parcela desta, necessite conhecer a fim de formar-se uma idéia precisa sobre o pensamento, o programa e a ação do entrêvislado na vida pública. Normalmeme excluída, pois, a vida privada deste. Pode ser que a pergun1a pressuponha um desacordo entre entrevislador e entrevistado. Negar a legitimidade de tal desacordo impor1aria cm negar a liberdade de qualq uer jornalista de oposição fazer perguntas cortesmente incômodas a personalidades d a situação: o contrário d a abertura. Ditatorialismo publicitário genuíno, pois. Ê este o reparo q ue tenho a fazer a rcccn1c noticiário de um dos mais prestigiosos órgãos de imprensa de nosso País, o "Jornal do Brasil". (; o que veremos no próximo artigo. ( 1) Cfr. Plinio Corrêa de Olivcir:, - Gust:wo Antonio Solimco e Luiz Sérgio Solimco, ..As CE8s... dai qu:1is muito se foi.a. pouco se conhece -

A TFP as dcscrC\'C corno são".

Edi1or~1 Vera Cnli'.• São Pàulo. S.11 cd .• 1983. 251, pp.

Kissinger cumprimenta o representante do Vietnl do Norte. Le Duc Tho, após a assinatura do acordo r at ific.ado no mês de janeiro de 1973. em Paris; median te o qual o Vietnã do Sul foi virtualmente entregue aos comunistas. A rec:ente nomeaç.lo do ex-Secretário de Estado como conselheir o da política norte-

americana para a América Central suscita uma preocupante questlo: nlo se está cogitando em aplicar a essa região uma estratégia entreguista análoga àquela que c onduziu o Vietnã a seu trágico destino?

O CONHECI DÍSS IM O "Jornal do Brasil", órgão centrista ufano, que se publica no Rio, consagrou uma referência de 103 linhas - num noticiário sobre a visita do Chanceler francês C hcysson - à pergunta da Agência Boa Imp rensa - ABIM , a qual transcrevi em anterior a rtigo. Nessa referência, o repórter do jornal e ncontrou meios de empoleirar as seguintes críticas:

-

1. A agência ABIM é uma "desconhecida". Isto é coleguismo jornalistico pseudoccntrista! De fato, essa agência existe há t rinta anos, e transmi1e seu noticiário e seu pensamento a 130 folhas do Brasil que o

publicam regu larmente, como o repórter ··ce111ris,a" poderia ver no livro "Meio século de epopéia anti 0 comunista", com 4 edições e 39 mil exemplares vendidos (Ed itora Vera Cruz, São Paulo, 1980, p. 187). .. Desconhecida"? Dele, sim. Porém não lhe fica bem identificar-se com o mundo, e sentenciar que por isto ela é desconhecida de todo o mundo: 2. O repórter '"ce111ris1a" pôde saber posteriormente que ela é horresco reforens! - "gerid(I pela TFP". E daí? ... Ê bem o caso de d izer que esse inquisitoria l cen1ris1a descobriu o óbvio, consignado aliás


PROGRESSISTAS INSISTEM NA MISSA [)OS QUILOMBOS''

no próprio texto distribuido na ocasião, à Imprensa. pela ABIM; 3. Segundo esse mesmo repórter, a pergunta feita pelo represe111ante da ABIM era uma "11seudopergunta''. O conceito é novo. Tod o o mundo sabe o que é uma pergunta. O que seria uma pseudopergunta? Seria uma pergunta que não pergunta nada. Examine o leitor o texto apresentado no artigo anterior e veja se ele não resulta cm uma característica pergunta. De tal maneira e ra genuína a pergunta que, pouco adiante. o repórte r até reconhece que o Sr. Chcysson a respondeu "com certa (}preensão ";

4. Continua o repórter: "A TFP se referio o ' 11111 t6pii:o do projeto com o qual o Partido Socialista Froncê.t subiu Poder' (que co1J10 demOJ1stra a cópia da pergunlfl JIÕO se referia à luta de clflsses, conceito que foi in1rod11zido pelo trfldutor)". - Nesta ponta de galho há muita coisa empoleirada. Antes de tudo, a impressão que pode causar a afirmação de que o tradutor acrescentara algo de próprio ao pensamento do Sr. Takahashi. O que cheira a falseamento. A realidade é outra. A certa altura da resposta. o re presentante da ABIM. através de seu intérprete, lembrou ao Chanceler Cheysson que a pergu nta fazia também menção à luta de classes, elemento essencial do pensamento e da estratégia socialista, que o Ministro habilmente esquivava de tratar. O Chanceler francês retrucou que sabia perfeitamente o que estava dizendo, q ue falara dos direitos humanos e não da luta de classes. E passou a discorrer sobre a revolução sandinista na Nicarágua, deixando ao largo a questão da luta de classes ... Fazendo a propaganda socialista fora da França, o governo francês estimula implicita ou explicitamente a luta de classes nos outros países. Compreende-se, pois, que o Sr. Chcysson tenha querido a todo transe esquivar a pergunta. Daí a polida insistência do representante da ABI M a respeito. Tudo isto está gravado, Seria inútil, pois, contestá-lo. Sentindo provavelmente a inconsistência de sua investida anti-TFP, o rcpóncr ainda consagra bom espaço a um assunto já esclarecido por esta última (2), e velho de dois anos: os gastos efetuados com a divulgação da Mensagem das 13 TFPs, de cujo texto tive a honra de ser autor. A esta altura do anigo, verifico que já passei de muito o espaço-limite dedicado às minhas colaborações. Vou ter que "encolher o texto". E prevejo que um certo sabor d~ ironia, que está presente nas minhas referências aos comentários "empoleirados" na noticia do "Jornal do Brasil", ainda se tornará mais sensível. A esse propósito, um esclarecimento. Por tempera mento, feitio de e.spirito e educação, sou infenso à ironia. E ela não está presente nas minhas intenções, se 'bem que o esteja talvez no meu tex to. E que escrevi apertado pela preocupação de ser sintético. E a ironia encurta o caminho das argumentações ... Na realidade, quis apenas fazer notar ao repórter do "Jornal do Brasil" - presumivehnente um jovem com muito entusiasmo e algum tanto de bilis - que o uso dos métodos e estilos que empregou torna impossível a uma corrente de opinião, a qual não dispõe do imenso capital necessário para ter um grande diário, os meios para fazer chegar cômoda e decorosa mente seu pensamento ao público d os leitores do jornal em que escreve esse jovem. O que importa cm coarctar a liberdade de expressão de tal corrente e cm subtrair aos leitores do "Jornal do Brasil" o conhecimento do que • pensa uma ponderável parcela da opinião nacional como é a TFP. Censura de imprensa, pois; ditatorialismo centrista, exercidos por quem trabalha num órgão com grandes capitais, contra quem dispõe de recu rsos financeiros menos amplos. Tal importa em um ditatorialismo centnsta. Não pela força bruta de Bonaparte. Mas pela força do capital.

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(2) Cfr. "Para Pli,,io Cotri!a, meta do soc.ialismo francês é anarquia.., .. Folha de São P•ulo". 20-12-81.

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LGUNS ANOS atrás, D. Heldcr Câmara, o cognominado Arcebispo Vermelho. era tido por muitos como exceção dentro de um Episcopado naciona l que se apresentava como moderado. Visão tão ingênua tin_ha sua origem numa _simplificação da reahdade, a qual se considerava composta apenas daquilo que ela parece ser à primeira vista, i_gnorados seus aspectos e tendências mais profundos. Examinada, porém, sem preconceitos, tal realidade mostrava claramente o apoio discreto mas efetivo prestado já naquela época a D. Hclder por grande número de seus colegas no Episcopado. Estes . além disso, iam progressivamente tendendo para as mesmas posições adotadas pelo Arcebispo de Olinda e Recife. Hoje os Bispos vermelhos se multiplicaram. Chamam-se D. Cláudio Hummes, D. AIdo Gcri1a, D. Casald{1liga, D. Tomás 8alduíno, D. Waldir Grccchi etc. Ou seja, têm os nomes de quase todos aqueles, dentre os membros da CNBB, de que a imp re nsa não cessa de fa lar. O 4. 0 poder (a imprensa) de mãos dadas com o ~-º poder (a CNB~). trabalham cm favor da subversão no Brasil, confo rme explana o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu artigo "Prevenindo para 10J1ificar" (cfr. "Cato licismo", julho de 1983, n. 0 39 1).

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Caixeiro viajante da esquerda episcopal Assim sendo. D. Hcldcr viu-se dispensado de atuar com a mesma intensidade de outrora no cenário nacional, e tornou-se, já há algum tempo, uma espécie de caixeiro viajante, no exterio r, da esq uerda episcopal brasileira, derramando fartamente por onde passa sua bem conhecida loqüela, · Temos em mãos o exemplar de junho de 1983 da revista missionária italiana "Nigrizia", à qual o Arcebispo Vermelho concedeu ent revista sobre a "missa dos quilombos". Aquela mesma missa q ue, juntamente com D. José Maria Pires e D. Casa ldáliga, ele promoveu numa praça de sua Arquidiocese a pre texto de celebrar a "missa do negro". Dizemos "a pretexto" porque, como ficou amplamente provado n_a longa reportagem publicada por "Catohcismo", n. 0 372, de deze mbro de 1981, tal missa, de fato, cm nada favorecia o negro, mas era antes uma tentativa de jogá-lo contra o branco. Evidente p romoção de uma Juta de raças, como episódio da grande luta de classes q ue a esquerda eclesiástica por todos os modos procura incrementar. E isto realizado durante uma celebração eucarística, cuja encenação e cujos tex tos contin ham blasfümias que chocaram os católicos não contaminados pelo vírus do progressismo. D. Helder inicia sua entrevista atacando de modo injusto nossa Pátria: "Na verdade, o Brflsil deu. através dos séculos. um péssimo exemplo ao 111,mdo con1 o tráfico de escravos". O Arcebispo de Recife faz, para ser difundida no exterior, e.ssa critica contundente ao País, sem considerar sequer as poderosas atenuantes existentes, o que qualquer estudante de História do Brasil conhece. Como por exemplo, que muitqs dos negros para cá trazidos já eram, na Africa, escravos de senhores impiedosos; que o tratamento a eles aq ui d ispensado foi muito mais benigno do .que o concedido nos países protestantes; que por ocasião da libenação, muitos negros tinha m de tal modo se afeiçoado às famílias para as quais trabalhavam, e vice-versa, que se negaram a abandoná-las. Também não menciona que, na rebelião dos quilombos, os chefes da mesma escravizava m os outros negros. Tais dados, porém, e muitos outros, não interessam aos fins do Arcebispo Vermelho, e então ele os silencia. Mais ainda, chega a afirmar . gratuitamente que, mesmo no Brasil de hoje, o que "exis1e realidade é o racismo". Tais acusações a nossa Pâtria, se fossem proferidas por algum c·strangciro, diríamos que constituem grave ofensa. Sendo um brasileiro que fala no Exterior, o que dizer?

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José Mari.a Pires. Arcebispo de Joio Pessoa. elogia em publicação italiana, a blasfema " missa dos q~ilombos·H realizada em Recife, da qual foi um dos co-celebrantes

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Na " missa dos quilombos.. um coro o um conjunto de mú$ic.a moderna acompanham o texto blas· tomo. redigido especialmente para a cerimõnia litúrgica

Um Bispo deveria ser, pela essência de sua missão, defensor d a Fé e coluna da Igreja. Lamentavelmente. estamos na época e m q ue muitíssimos dos defensores se_ voltam abertamente contra Aquela que deviam defender, e as colunas não mais sustenta m o Edifício Sagrado. O . Helder, desgastedo no cenário nacional. tornou-se hâ algum tempo uma espécie de caixeiro viajante. no exterior. da esquerda episcopal brasileira

Além do mais, não constitui manifestação de racismo querer congregar os elementos de uma raça para, cm no me dela, afirmarem-se perante outra raça? Não é isso o que faz D. Helder'/ Não foi esse o principio adotado por Hitler?

Palavras de um anticlerical? Ê sabido que os negros vindos ao Brasil foram beneficiados também por um trabalho de catequese, q ue favoreceu a, c~nversão ?ª maioria deles. Nessa tarefa m1ss1onária d istinguiram-se· zelosos sacerdo tes, que assim ornaram a Igreja com seus méritos e salvaram muitas almas. Porém, de tal forma o pensam~nto do Arcebispo Vermelho e dos progrcs_s1stas cm geral é diferente e até oposto ao ensinamento perene da Igreja Católica, que D. Helder nã? titubeia em afirmar que os negros no Brasi l fora m "cons1rangidos ao batismo". Dir-seiam palavras de um perseguidor da Religião. Tal frase estaria adequada nos lábios de um daqueles rançosos anticlericais do século XIX! Entretanto, é um Arcebispo que assim fala. Esse constrangimento, segundo D. Helder, os negros o teriam sofrido "parfl poder sobreviver 0 11 para poder esperar un,a a.u:ensão social". E a acusação fica pairando assim no vago, sem qualquer prova histórica . Não fica esclarecido se se tratava de ameaças de morte (o que parece vi r insinuado ao dizer que a conversão era aceita "para poder sobreviver') ou de uma pressão exclusivamente moral. Sobretudo sem qualquer referência à graça de Deus, que só ela opera as_ ~erdadciras conversões. D. Helder preferiria, ao q ue parece, que os negros não tives_sem ~ido batizados, permanecendo nas práticas idolátricas do paganismo, herdadas de seus ancestrais. O Arcebispo de Recife apresenta a seguir a sacrílega "missa dos quilombos" como exemplo da posição que a Igreja deve adotar em nossos dias, em relação aos negros.

o. Pires

contra a Igreja

O citado número de "Nigrizia" traz sobre o mesmo assunto uma entrevista do Arcebispo de João Pessoa (PB), D. José Maria Pires. Também ele tece os mais rasgados elogios à "missa dos quilombos". Ao falar da Igreja, refere-se a Ela como "igreja católica brasileira". Nomenclatura a mbígua, uma vez que esse nome é us~do por uma igrejola herética em nossa Pátna. Preferimos crer que a revista não apanhou bem suas palavras. Seja como for, são incríveis os ataques de D. Pires à Santa Igreja. Dissertando sobre o que chama o pecado da Igreja em relação à escravidão, afirma ter havido "um pecado social do qual a Igreja se manchou", e que Ela precisa fazer "penitência pública" pelo seu pecado cometido no Brasil "nos últimos 1empos contra outras religiões, 'Outros povos e tambérn contra os negros", Em que consiste tal pecado contra outras religiões e outros povos, ele não o diz. Mas para quem conhece as elucubrações _dos progressistas, fica claro que é todo o glorioso passado missionário da Igreja que fica aqui insultado pelas palavras do Arcebispo de João Pessoa. As cinzas de Anchieta e Nóbrega poderiam ter-se remexido de horror e indignação, ante tais assertivas de um sucessor dos Apóstolos.

CNBB e subsidiãrias D. Pires fez, na entrevista, revelações interessantes. Disse ele que a própria CNBB tem agido no mesmo sent ido da "missa dos quilombos", promovendo e encorajando, "ai11da quando não de ,nodo oficifll", os encontros e ntre diversos grupos de negros. Referiu-se também a vários encontros promovidos por uma tal "União e Consciência Negra", grupo q ue, aliás, é composto "por alguns Bispos. religiosos e leigo!". que agem "sem(?recom o i11dire10 beneplflc110 da Conferencia dos Bispos". Engana-se, pois, qu_em julga ,,qu_e sacrilégios como o_s prese_nc,ados na. missa dos quilombos" sao devidos exclus,vamcnte a um pequeno número de Bispos esquerdistas. O simples fato de existir impu_neme~tc tal grupo, por menor que ele fosse, Já dana para assustar qualquer católico consciente de sua fé. Mas D. Pires autorizadamentc nos conta que é 'a própri_a ÇNBB, di~ctamcntc o u através de orga_nizaçoes subs,d)árias, por _ela geradas e ma ntidas, q ue se ded ica a esse tipo d e subversão entre os negros! D. Pires, entretanto, faz questão de salientar que é ai nda mui to cedo para a CNBB emitir um documento ofic,al sobre a pastoral junto aos afrobrasileiros. Estamos dando diz ele, os "primeiros pt,ssos", não é o caso ci'c "queimar ewpas". Afir~a9ão equivalente a dizer que os negros bras1le1ros estão muito longe de serem uns revoltados. que é preciso, aos poucos,pelo processo de conscienti1.ação, impor-lhes uma mentahdade de revolta que notoriamente não é a deles. Assim vêm agindo os Bispos esquerdistas no Brasil com os índios, posseiros, lavradores, operários, agora com os negros e_ com todos aqueles a quem rotulam de "marg,~a!17,ados" num desconcenante esforço anucnstão pa~a demolir, em nome do Cristia~ismo, as instillliçõcs pátrias e a própria lgreJa. Em favor de uma sociedade igualitária que eles se abstêm cuidadosamente de definir, mas cuja inspiração nos mold~s _m~rxistas é_patente. ~ a isso chamam de cnsuamsmo. Cnsuanismo 1 Vejamos a seguir. "A CNBB vê com boJ1s olhos", prossi:gue D. Pires, o estabelecimento d.: "u!" diálogo co111 outros grupos negro., 1wo-cr,s1ãos, n1es,no se estes nunca tiveron,. nen1 desejam ter, contatos co,n a Igreja". Para quê esse diálogo'? Para tentar a conversão d os negros, como já o fi1.cram tantos missionários? Infelizmente a pergunta se presta a risos. Quem a fizesse seriamente, demonstraria não ter entend ido nada sobre o progressismo e a esquerda católica. Se há algo que absolutamente não preocupa os progressistas é verdadeiramente converter alguém. D. Pires é explicit o: "O único fa10 de ser negro será. pois. suficiente para organizar encontros onde se deba1erão não assuntos de ordem religiosa e estriwme111e eclesial. m_as assuntos inere111es à negritude". Ou SCJa, assuntos que visem forma r uma frente negra para reivindicar, exigir, protestar, fazer passeatas, em uma palavra, promover a luta de raças. Quanto ao negro, tão simpático e importante componente racial da nação, Deus não permita seja ele contagiado pela maligna febre reivindica tória d a CN88 e suas subsidiárias. Que a Virgem Aparecida, Rainha d_o Brasil ternamente venerada cm nossa Pátria por t~das as raças, nos livre dos ca n:,inhos tortuosos que conduzem a uma sociedade inspirada nos princípios marxistas. ·

Gregório Lopes CATOLICISMO -

agosto de 1983


haviam aderido à manifestação. no meio do caminho. Na Zona Leste, um ato público no Largo de São Miguel foi realizado "por u111 grupo", cujo número a imprensa omite (5).

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ERMINEI A LEITU RA do últ imo recorte de jornal. Coloquei-o de lado. Eu havia acabado de compulsar nada menos do que 64 no ticias concernentes à fracassada greve geral do dia 21 de junho último. A leitura confirmou em meu espírito uma convicção que tenho há muito tempo. É a de que a respeito do Brasil os comuno-progressistas ainda se enganam. Eles têm, talvez, a impressão de que poderão facilmente tomar conta do País. E não é verdade. Nosso povo é um povo muito inteligente, cordato e pacífico, que tem no mais alto grau o senso da improvisação. Ele, muitas vezes, vê de longe chegar o perigo. E o acompanha com olhos mansos, com atitudes displicentes e despreocupadas. Por causa disso dá a impressão de que nada fará. Mas todas as vezes que o brasileiro, até o presente, se sent iu de fato ameaçado pelo comunismo, ele acabou dizendo NÃO às falácias esque~istas. Entretanto, convém ressaltar q ue os vermelhos prosseguem, com pertinácia, suas tentativas demolidoras. E por isso devemos pedir a N9ssa Senhora Aparecida. Rainha e Paarocira de nossa ?ãiria, que preserye entre os brasileiros o espírito de fé, para q ue a população do País conserve o bom senso e continue a rejeitar os intentos de comunistizá-la. O recente movimento grevista, baícjado por elementos vinculados a organizações esquerdistas, tais como as CEBs, a Convergênci!I Socialista e o MR-8, foi tido por alguns como um teste de força dos sindicatos trabalhistas, na primeira tentativa de paralisar o Pais desde 64. Seu propósito era exprimir o repúdio dos assalariados à atual política econômica governamental. Segundo registraram amplamente os jornais de São Paulo, Rio e outros Estados, o movimento paredista malogrou. Em São Paulo, restringiu-se a uma paralisação parcial no ABC paulista e em Osasco. Empresas localizadas no bairro de Santo Amaro tiveram suas atividades suspensas por decisão das respectivas diretorias. As faltas ao trabalho nas firmas estabelecidas no centro deveram-se ao fato de que o metrô não funcionou na parte da manhã. Mas, à tarde, as atividades foram normais. No Rio. o movimento grevista limitou-se a uma passeata e, em o utros Estados, ensaios de paralisaç,'io não tiveram resu ltado significativo.

A presença da esquerda "catõlica"

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Em Sento A ndré. alguns obstáculos foram colocados nas ruas, o que nlo impediu que muít os ônibus trafegassem no dia 21 de julho último

Fracassa g reve geral

Para o com unismo, Brasil este desconhecido. • • Mateus, manifestantes reali,.arnm um comicio-relâmpago na porta da garagem da Viação Carrão. Não conseguiram a adesão dos cobradores e motoristas. Na Zona Leste, um grupo de sindicalistas e membros das Comunidades de Base da região tentou paralisàr os ônibus. Não passou, entretanto, de uma tentativa frustrada. A ação em prol da greve encontrou também dificuldades cm obter a aerovação dos sindicatos. No ABC há 22 sindicatos. Apoiaram a greve apenas 12. Na região de Santos há 28 sindica tos. Mas só 4 categorias

aderiram. Essa s ituação desfavori,vel foi reconhecida por dois líderes sindicais, apresentados como os articu ladores do movimento: o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos

Mais uma vez, estamos na senda do fracasso. Uma assembléia de meta lúrgicos no páteo interno do Paço Municipal .de São Bernardo reuniu, segundo a imprensa, 1.000 pessoas, sendo que o s indicato local congrega 160 mil empregados. O ato durou 15 minutos. Em Santo André, uma assembléia foi realizada na Igreja do Carmo. Congregou, num clima de tranqüilidade, 500 pessoas. número que parece pouco expressivo se o compararmos com o total de 400 mil empregados que existem no A BC. Em São Caetano, a assembléia convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos da cidade rião chegou a se realizar. Motivo: poucos traba lh,1dores presentes. Teria havido, talvez, pouco tempo para preparar as classes popu-

Rua Direita. plono centro velho da capital paulist&. no dia da greve g(nel: encontram· se f echadas quase todas as lojas comerciais. por iniciativa dos próprios c·ómerciantes

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Bússolas funcionam mal

CATOLICISM O -

agosto de 1983

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Para quem examina o noticiário dos dias que antecederam a greve, sobre um ponto não paira dúvida: o movimento tinha tudo para fracassar. Se as bússolas dos mentores da greve funcionassem bem, tê-los-iam orientado a não desencadear a paralisação. Vejamos o que se passou. No dia 16 malogrou uma assembléia de desempregados em São Bernardo do Campo, marcada para o estádio de Vila Euclides. Só compareceram 50 pessoas. e o encontro foi adiado, sem data marcada. Apesar de a Comissão de Desempregados de São Bernardo. organizadora da assembléia, acred itar que existam hoje na cidade 60 mil pessoas sem trabalho. O fato suscita algumas questões. Onde estavam esses 60 n11I desempregados que não tiveram in teresse cm participar do movimento? Como os organizadores não chegaram a perceber esse desinteresse? E como não perceberam ~ue, hav~ndo tanta indiferença, era inconven,ente marcar o ato para um estádio de futebol, local próprio para acolher multidões? A categoria dos motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista é inte(:rada por aproximadamente 40 11111 trabalha~ores. No dia 20, véspera da greve, compareceram apenas 255 motoristas à assembléia q ue, apesar disso, acabou votando a favor da adesão da categoria. O presidente do respectivo sindicato reconheceu o "inexpressivo número de pessoas prese,11es". Mas garantiu que o serviço seria paralisado, acrescentando: "Acontece que haverá piquetes de outras categorias. o que impedirá a cir(:ulação dos ônibus" (1). De fato, o sindicalista tinha razão. Em vários pontos da Capita l os piquetes atuaram. Mas, a própria ação desses grupos de pressão foi mal sucedida. Por exemplo, em São

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presença dos funcionários nos bancos foi maior do que a esperada. Um jornal do Rio publicou que não ocorreram incidentes, entre outros motivos. pela "disposirão de trabalhar de que111 se dirigiu à região central". onde "os bancos funcionara111 11or111alme111e" (3). Um outro periódico forneceu curiosa informação. Por volta das 7 horas. no terminal de Santana do Mctrô. tiveram inicio as filas nos telefones p úblicos. Tratava-se de "traballl/1/fores que ligavam paro firmas e es,·,·üórios. justijic,mdo ti/rasos e até 11,esmo possíveis faltas" (4). Um líder grevista. por sua ve7~ tentou alterar o clima de modorra. Novo fiasco. O pres idente do Sindicato dos Meta lúrgicos, Joaquim dos Santos Andrade, te ntou fazer um comício em frente à Indústria Mecânica Jaraguá, cujos o perários trabalhavam. Com a chegada de policiais, o sindicalista decidiu desmontar a camioneta com equipamento de som, que ele utilizara inutilmente. Pois nenhum operário aderiu à palavra de ordem de sair da em presa.

Fagulhas de violência

la res para a greve? Não parece. A causa do insucesso deve ser outra, porque, sem indicar a fonte de sua info,·mação. um diário carioca de grande circulação noticiou que "a greve dos 111e1ahirgicos é o resultado de 11111 planeja,11e1110 de vários meses" (2).

Reações dos operários Em relação ao movimento grevista. o desinteresse foi a tôn ic.a no comportamento dos assalariados. Entretanto. em a lguns lugares, os apelos feitos em favor da greve encontraram uma obstinada recusa. Assim, grevistas tentaram reali1..a r

e o presidente do Sindicato dos Eletricitários. Faltando 4 d ias para a eclosão da greve, declararam à imprensa que ainda não tin ham certe1,1 do a lcance que poderia ter a pãralisação. E. no d ia da greve, que adesão receberam as assembléias que então se reali zaram?

um piquete na porta da indústria Vulca n. na estrada do lguatemi. mas desistiram rapidamente, ante a persistência d'o s funcionários da firma em continuar trabalhando. Um jornal registra um fato sumamente curioso: no ABC, trabalhadores reclamaram contra a presença de agitadores, que tentavam arrastá·los a um confronto com a

polícia. No chamado centro velho de São Paulo, 200 "piq ueteiros" tentaram. sem sucesso. impedir o aíluxo dos bancários ao trabalho. sendo que a

Apesar do policiamento ostensivo nas ruas, atos de violência. e mesmo de vandalismo, foram promovidos por agitadores. Só no ABC, 150 ônibus tiveram pneus furados, e 40 foram depredados. 50 ônibus de linhas que servem principalmente Diadema e São Bernardo foram parcialmente destruídos, sendo que 4 motoristas ficaram feridos, atingidos por pedras e esti lhaços de vidro. Um deles contou ter sido cercado por 500 baderneiros, que o feriram com um tijolo. Outro motorista teve seu ônibus ultrapassado por dois motociclistas, que atiraram uma pedra contra o pára-brisa . o que lhe p,·ovocou ferimentos no rosto. Até um carro da CMTC, que transportava soldados. foi atingido por um grupo de adolescentes armados de paus e pedras. Bade,1,eiros adolescentes ... Este estranho tator numa greve de trabalhadores repetiu-se cm outros pontos. Por exemplo. na Av. Antonio Pitanga , cm Diadema. um grupo de 100 jovens invadiu a indústria de concxõ•:~ metálicas Detroit, quebrando vidros a pedradas e colhendo canas plantadas nos fundos da empresa. T:opas de choque da polícia surpr~enderam alguns deles, espancando-os com a própria cana roubada.

Protestos de ru a, efervescência de minorias Protestos de rua verificaram-se durante o dia 21. Seus ,>rotagonistas'! Melancólicas minorias... Uma manifestação-relâmpago na escadaria da Catedral de São Paulo reuniu 40 pessoas. Em Guarulhos, uma passea ta de 40 metalúrgicos arregimentou 150 adeptos. Mas o a r>arecimento de policiais foi o suficiente para assustar e afastar os que

O noticiário revela que o esquerdismo "católico" deu seu contributo ao movimento grevista. Vejamos cm que sentido. Em São Miguel, em Santo André. em São Bernardo do Campo e cm outros lugares. assembléias foram promovidas em depend~ncias

paroquiais e até mesmo no recinto sagrado. Os mesmos locais servira,i1, e m a lguns casos, de refúgio a manifestantes que enfrentavam forças policiais. No j á referido ato de protesto realizado na escada,·ia da Ca tedral, o grupo protagonista foi identificado como de militantes das Comunidades Eclesiais de Base CE Bs. O Pc. Nelse Stcfanha, piíroco da Igreja de Nossa Senhora do Bonfim, cm Santo André, foi preso diante do templo e autuado cm ílagrante, por participação ativa na greve. Foi acusado por 4 motoristas da Empresa de Ônibus Santa Rita, que depuseram como testemunhas. de ter furado pneus de coletivos com pregos afixados num pedaço de eucatcx. Uma sintomática participação teve D. Angélico Sãndalo Bernardino, Bispo-auxiliar de São Paulo. Um grupo de sindicalistas e membros das Comunidades de Base da Zona Leste, que tentava paralisar os ôni· bus da Viação São Miguel, foi dispersado pela polícia e rcfugio u-se no salão paroquia l da Igreja Matriz de São Miguel. Com a participação de D. Sândalo, o referido grupo saiu do salão e d irigiu-se para o Largo de São Miguel, onde realizou um ato público de protesto, que terminou com o hino da Revolução Sandi nista.

Debilidade dos patrões favorece greve Na Zona Sul de São Pau lo , na região de Santo Amaro, as principais indústrias tiveram s ua produção afetada pela greve. Adesão dos empregados? Não. Segundo noticia um importante diiirio paulist~,

"1nui1as e11,presas da região de Santo Amaro fizeram acordos com os .teus funcionários para não traba· 1/wr. t1cl11111do que essa seri<1 111110 solução para os eve111utlis conflitos". O mesmo jornal declara que "os e111presários que fizeram tal acordo solicitararn nâ{) ter seus nornes cita· dos" (6). A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo confirmou e lamentou o fato. Um diretor da entidade patronal admitiu que mais de 100 empresas decid iram fechar suas portas, Empregados refratários à greve. Empresários capitulacionistas favorecedores do movimento grevista. Figuras e movimentos religiosos usam seu prestígio cm favo r de causas que só servem à irreligião... Contradições? Aspectos do caos que envolve amplos setores do mundo contemporâneo? Sem d í,vida. No começo d este artigo afirmava ser minha convicção que setores comunistas se enganam com o Brasil. Pois bem. Termino di1.cndo que essa afirmação deve ser complementada 1>or outra: brasileiros há que também se enganam com o comunismo ou que se deixaram enga nar por ele. Em outras palavras, o melhor do conservant ismo brasileiro reside hoje, predominantemente, na classe média e na classe operária. A simpatia pelo comunismo e a agitação de caráter esquerdista continuam sendo fenômenos de sac.ristias, de e lites deterioradas e das tubas da propaganda.

Atílio Faoro Nota: As iníonnações co,Hidas neste anigo

foram extraídas dos jornais "folha de S. Pau~ lo" (edições de 18. 21 e 22/7/83); "Jornal do Brasil" (17, 22 e 2617183): "Folho do Tarde" (18/ 7183): "Folha do Al)C" (24/7/ 83): "l)i(,. rio do Grande AllC" (2217183) e "G"zc," do Povo" ( 1617/ 83). (1) "folha de S. Paulo". 21-7-83 (2) "Jornal do Brasil". 22-7-83 (3) "Jornal do Brasil''. 22·7·83 (4) "Folha de S. Paulo". 22-7-83 (5) "Folha de S. Paulo". 22•7•83 (6) "Folha de S. Paulo", 22-7-83

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O ASP;ECTO EPICO DA CAMPANHA A TI-ABORTISTA NA ESPANHA •

como os Srs. A culpa é destes miscrablcs que n os governt1111". E proclamando suas opiniões em alta voz, tomou ela mesma um punhado de textos do documento e começou a distribuir e ntre os transeuntes. Um esquerdista, rcdu?.ido ao silêncio pelo impacto da atuação da TFP, apenas comentou com um amigo : "Estes da TFPstio muito pouco 1u11nerosos: uns 2 n,il "!ili1antes! Mas

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os ativos. só u11s 400'', Entusiasmado com a campanha. um jovem aproximou-se do estandarte: "Estou 111uito contente em ver o que os Srs. es1<io fflz<,ndo! Não n,e clu1111e111 de a,nigo. mas si,n de c:0111pflnheiro de luta. Gente como os Srs. estd faze11do falta no 111111uio. e sobretudo aqui 11a Etptmha. Sigam, sigam /11w11do e eu os ajuderei 110 que possa". Contente como havia chegado, o jovem e comunica1ivo espanhol saiu, após apc.rtar a mão de todos os cooperadores da TFP que por perto

estavam .

Um senhor. também transbordante de alegria. dirigiu-se aos jovens da TFP: "Os Srs. sãofenome,!ais! Vejo-os por roda f)(lrte . até no Chile e no Equador. Aliás. um mnigo

com calor irrompiam c m aplausos. outros desciam /1 rua para pedir o texto do doc umento.

Os socialo-abortistas estavam tão surpreendidos. que não ousaram manifestar-se. Pelo contrário, estimulados pela presença da TFP, o s anti-abortisws eram loquazes. . Após passarem por Ávila, onde os habitantes da terra de Santa Teresa já esperavam os sócios e cooperadores da TFP. estes se dirigiram a Segóvia. terra de São

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l Os estandartes da TFP-Covadonga tremulam junto a uma das torres do legendário Alcácer de Toledo. enquanto sócios e cooperadores da entidade iniciam brilhente campanha naquela cidade. O toque do trompetes atraiu muito a atenção dos toledanos.

E REPENTE, na Puerta dei Sol, a praça mais movimentada de Madri, o efervescente burburinho cessa bruscamente. Cá e acolá, espanhóis de semblante preocupado vão pouco a pouco parando, e detêm sua atenção num conjunto de jovens que com galhardia bradam: ''A TFP-Covadonga apela à cristã in,·onformidade do povo espanhol contra a matança de i11ocentes! A matança de inocentes em pleno século X X!" Iniciava-se naquele momento a campanha de distribuição do manifesto "Face à matança dos i11ocentes, dentro da orden, e da lei: santa indignação" (Cfr. "Catolicismo", n.• 388, abril de 1983). Cerca de 400 mil exemplares do manifesto já haviam sido divulgados naquele mesmo dia 6 de abril através do "ABC", o mais importante diário madri lenho , com avidez recebidos em todos os rincões das terras de Santo Inácio e Santa Teresa. Numerosos cooperadores da associação se postaram nos locais mais estratégicos da concorrida praça, onde foram distribuídos 150 mil exemplares do substancioso apelo contra o aborto. Briosa e cheia de entusiasmo, com seus rubros estandartes ao vento sob um céu azulíssimo, a TFP espanhola lançava-se contra a despenali1.ação do aborto, na mais recente de suas campanhas.

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Ao propor a despenalização do aborto, o PSOE arranca sua mascara de bonachão O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) alcançara maioria absoluta nas últimas eleições legislativas com o apoio, inclusive, de ponderável número de votos católicos. Evidentemente estes votos e a abstenção havida eram frutos de uma propaganda que procurara apresentar o PSOE - tal qual o Partido Socialista francês - como moderado e bonachão. Mas tal visão otimista foi desmentida por um projeto de lei de despenali1.ação do aborto que traumatizou a ful)do a opinião espanhola. De começo, houve apenas algumas manifestações anti-abortistas marcadas por uma falta de entusiasmo pouco afim com a ardência da alma espanhola. Os líderes aconselharam os parucipantes a que desfilassem em silêncio, levando tão-somente uns inexpressivos cartazes de protesto. Assim, a opinião pública não encontrava quem polarizasse adequadamente sua indignação. Foi quando a TFP espanhola resolveu la nçar-se em mais um "cristão atrevimento", como dizia Camões. No documento, a TFP conclama a Conferência Episcopal Espanhola, bem como os dirigentes de movimentos anti-abortistas, a que empreguem os mais amplos e eficazes 4

meios de ação a seu alcance contra o projeto de lei proposto pelo governo socialista de Felipe Gon,.alez. Após recordar que, ante uma proposta como a abortista , a md ignação - dentro da ordem e da lei - não é só uma atitude lícita para os católicos. mas um verdadeiro imperativo mora l, a TFP da Espanha convoca todos os seus sócios, cooperadores e correspondentes espalhados por toda a nação, a apoiar as várias formas legítimas de manifestação de inconformidade em relação ao projeto de lei de despenalização do aborto.

Oliveira sobre o soci(l/ismo frm,cês!" Uma religiosa, digna filha de Sa nta Teresa, e que cm nada se fe1. adepta da "Teologia da Libertação", foi logo nos d izend o: "Van,os. valientcs. dêem-me uma pilha p(lra repartir! Isto era a Hierflrqui(I que deveria fazer ... ,nas te,n medo!" · um· pai de família orgulhosamente afirmou: "Tenho · /4 filhos, e ,ninha 111ulher j anwis abortou! Jd estou difundindo o 1na11ifes10 dos Srs. 110 meu b(lirro!"

Por toda Espanha ouve-se o brado contra a matança dos ínocentes E enq uanto por toda Madri a TFP ia, com seus rubros esta ndartes, despertando a sa nta indignação contra o aborto. 19 caravanistas da associação partiam para o in, ;

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"Animo, valientes! Slgan adelante!" Da Puerta dei Sol, os jovens da TFP espa nhola seguiram para os pontos nevrálgicos de Madri: Callao, Alca lá, Cibeles, Opera, Ca lle de Preciados, Gran Via, Carrera de S. Jcronimo, Mayor, Arena!, Princesa, Glorietas de S. Berna rdo, Bilbao, Alonso Martínez, Chamberé, Quevedo, Pla1.a de Colón, além de praticamente todos <is bairros da grande cidade. Assim, mais 150 mil exemplares do apelo em poucos dias se escoaram. Cumpre notar que em Madri, como cm toda a Espanha, apesar de um milhão de exemplares do apelo terem sido distribuídos, eram muito poucos os que se encontravam pelo chão. Os que assim jaziam, eram-no por obra de progressistas, socia listas ou comunistas exaltados. lndiícrença não havia . Discussões com os socialistas, praticamente não houve. O geral do público mostrava-se muito aberto à campanha, e os aplausos eram numerosos. Numa das velhas calles madri lenhas, um senhor de 40 anos, já há algum tempo parara para ouvir com atenção os sloga ns antiabortistas. A um outro passante, ele comentou: "Este espetáculo é próprio para ser contemplado, pois me parece muito belo. lógico, católico e espanhol. Esta é a Espanha verdadeira!". E, bem à moda da terra, saiu imprecando os abortistas. De pessoas de todos os níveis sociais, os membros da TFP espanhola ouviam: - Se na Espan ha houvesse muitos como os Srs., a situação seria outra! - Ânimo, valientes. Sigam adiante! - O aborto é o pior e o mais covarde dos crimes!

Um sacerdote que passava, após recolher vinte textos do apelo para difundir, exclamou: "Afinal! Já er(1 h ora que alguém saísse às ruas para/alar contra os socialistas!" Enquanto de um lado da Praça de Colón um casal argentino passava e, abraçando o cooperador da T FP. dizia: "Ah, também 11a Arge11ti11a temos uma TF/>, graças a Deus!", do outro lado, uma senhora de 45 anos, classe média, afirmava enfática: "Sou católica e os apoio, pois penso absolutame11te

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__i¼·1 _1 · Estandartes de associação. slogans bradados atravás de megafones por sócios e cooperadores da TFP· Covadonga atraem o interesse e a simpatia do público. no M ol'cado Central de Valencia

terior do pais e se uniam aos cooperadores da TFP de Sevilha, Zaragoza. Málaga, Santander, Valcncia e Granada. Entre as cidades maiores percorridas pelo sócios e cooperadores da entidade figuram Cuenca. Valencia, Teruel, Zarago1.a, Guadalajara. Toledo, Ávila, Jaen, Granada, Málaga, Córdoba, Cad iz, Sevilha, Badajoz, Cáceres, Salamanca , Zamora, Valladolid, Palencia, San-' tander, Viscaya. Guipúzcoa, Álava e Logroõo. Após Valencia . e Zarago1.a, Toledo, a antiga e bela capital espanhola, foi uma das primeiras a ver no alto das torres de seu Alca1.ar os estandartes da TFP a tremularem ao vento. Na Espanha, estava-se na primavera. E o tênue sol daquela manhã de começo de maio conferia ainda mais lu,.· e movimento ao dourado leão da TFP. O brado - "Por Espaiia: Tradición, Familia y Propriedad" - proclamado no centro da praça principal, atraiu numerosos grupos que vieram pedir o vistoso folheto. Em duas horas de campanha, mais de 5 mil exemplares do apelo foram difundidos. Nas sacadas repletas, após ouvir o toque de clarim que anunciava os jovens da TFP, os toledanos prestam grande atenção nos slogans que eram entoados. e enquanto uns

João da Cru1., onde o governo socialista local, através de uma interpretação totalmente estapaftil'dia da lei que regulamenta as ca mpanhas públicas, negou autori1.ação para a TFP distribuir naqueles dias o documento que vinha sacudi ndo a Espa nha. E j unto com esta a titude, a ameaça: "Se saíren , às ruas. nós os dissolvere,nos".

Na Andaluzia, calorosa receptividade a TFP A cantante Anda luzia aguardava, e nt retanto. a caravana da TFP. E Granada, o último bastião arrebatado aos mouros pela atuação dos Reis Catôlicos. viu quatro grandes estandartes da TFP domina rem suas praças. Pela manhã. os sócios e cooperadores da TFP visitaram a periferia da cidade e distribuíram, em 2 horas de atuação, mais de 6 mil exemplares do opelo anti-abortista. sobretudo para os que saíam das fábricas, dos escritórios e dos colégios. À tarde, percorreram o centro comercial, causando um enorme impaclo. Quando deram o tradicional brado da TFP defronte à estátua de Isabel, a Calólica. o comércio praticamente parou. Os a utomóveis - apcCATOUCIS MO


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M adri: megafones o estandartes marcam a presença e e atuação da T FP-Covadonga na Ca/ffl A/calá

por outro lado, era intenso o calor do apoio dos anti-abortistas. Abraços, felicitações, aplausos, era a nota geral. Alguns chegavam mesmo a dizer em alta voz: "Eu já conheço os jovenr da TFP-Cov"dongo. São magníficos!' E quando o sol se punha naquelas calientes terras andaluzas, o dever estava cumprido: 17 mil folhetos difundidos em um SÓ dia!

O brado anti-abortista na região mais infectada de comunistas Uma hora depois de iniciada a campanha em Córdoba , um grupo de agitadores, aos gritos. exigia que a TFP se retirasse da praça. Como não encontrasse ressonância no público, que apoiava com simpatia a atuação o rdei ra da TFP, preferiram retirar-se discretamente. Aliás. foi cm Córdoba que se encontrou uma das melhores acolhidas ao apelo da TFP: quase 20 mil textos do candente documento recebidos com avidez pela população.

Assim, animados, os caravanistas, no dia

Cooperador da TFP espanhola entrega exemplar do' manifos-to anti•abortista a um ttanseunte. na Plaza Espons de Zaragota

sar do semáforo aberto - não se moviam e a praça inteira se pôs a aplaudir. Mais de 15 mil folhetos foram divulgados cm três horas de campanha. Antiquera, com uma história grandiosa. pa lco de acirrados combates contra a moirama. era o próximo campo de batalha que estava na rota dos briosos membros da TFP espa nhola. A cidade estava dividida quanto à problemática do abono. A repercussão da campanha foi enorme. Em quase todas as esqu inas viam-se grupos cm acalorada discussão. Só pela manhã, 3.500 folhetos corriam de mão cm mão. A brisa primaveril continuava a correr 1 entre os aquecidos castelos e as encantadoras igrejas da Andaluzia. E seguindo esta brisa , iam os esta ndartes da TFP.

"Estou inteiramente de acordo. Sou dos vossos!" Na tarde do dia 3 de maio. a caravana c hegou a Málaga, o nde um grupo de jovens ma lagucnhos se juntou à carava na. Na manhã seguinte, os estandartes adentraram o burburinho tão pitoresco dos mercados de Málaga. Após o belo toque de clarim. os valorosos sócios e cooperadores da TFP, bradando os sloga ns, começaram a distribuição. O administrador do mercado, o qua l ponava uma insígnia do PSOE, pôs toda sorte de dificuldades contra esta pacifica campanha de esclarecimento. .. Estou inteirt1mente de acordo. Sou dos vossos/", clamava um. "Viv(J Covadonga!". bradava outro ao longe. "Sinto-me orgulhoso de ser colt1bOr(JdOr d,, TFP", afirmava, abraçando os jovens, um trucu lento malaguenho . .. Vamos. dêem-me vários folhetos. pois o documento i e.,tupendo e preciso reparti-los", declarou um outro. Os socia lo-abortistas, sem argumentos, procuravam insultar ou gritar em coro. na vã ten tativa de impedir que os malaguenhos pudessem entender os slogans da TFP. Tal foi a simpatia despertada, que numerosos foram os donativos para a alimentação dos caravanistas. ofertados com alegria pelos propriet:liios de estabelecimentos nos mercados. O clima estava assim preparado para a campanha à tarde, no centro da cidade. O tema efervescia. Os esquerd istas - sempre carentes de a rgumentos - chegaram a jogar pedras nos que proclamavam sloga ns. Mas,

,gosto de 1 983

seguinte, 9 de maio, ergueram seus estandartes cm outros três importantes pueblos da província de Córdoba, região onde se encontra o mais numeroso eleitorado socialocomunista da Espanha. Sucena foi o primeiro destes pueblos. Qua ndo os caravanistas da TFPentraram na cidade, logo se depararam com frases pintadas nas paredes, como esta: ..Que111 vota n o PSOJ:..~ vota 110 aborto!". "O que Deus criou. o PSOE destr6i", afirmava um folheto distribuído na cidade por anti-abortisias. A reação à campanha foi excelente. No pueblo seguinte, Aquilar, os caravanistas encontraram o mesmo calor. Em Montilla, rico e influente pueblo da região, o domínio socialo-comunista era total. Mas mesmo assim, desafiantes. os jovens que portavam o estandarte da TFP distribufram, em apenas duas horas, 4 mil folhetos. No final da campanha, um grupo de militantes do PC espanhol cercou os sócios e cooperadores da TFP e, rasgando alguns folhetos, tentaram provocar um incidente. O público presente dividiu-se, sem titubei os, entre a TFP e o PC. E muitos, inclusive senhoras, começaram a discutir em altos brados com os provocadores. Tal foi o ímpeto dos que apoiavam a campanha ordeira e pacifica da TFP, que os agitador.es tiveram que recuar e desaparecer na multidão. Em Puerto Real, Puerto Santa Maria, Cádiz e San Fernando, a TFP encontrou o mesmo entusiasmo anti-abortista.

"Quem não viu Sevilha, não víu maravilha" .. Que111 não viu Sevilha, não viu ,nora· vilha", afirma o adágio anda luz. Sob a proteção de Nossa Senhora de la Macarena , no dia 11 de maio iniciou-se a campanha nasiuelas plagas onde repousa o corpo, incorrupto dÔ Rei São Fernando. E entre as maravilhas sevi lhanas - a Torre dei Oro, a Giralda - junto às águas rumorosas do Guadalquivir e ao som de pitorescos e fogosos cânticos, os caravanistas da TFP proclamaram com ufan ia as verdades esquecidas da 'Fé católica. Logo que ouviram os primeiros slogans na cal/e Cerpes, numerosas rodas de sevi lhanos que conversavam começaram a aplaudir. Uma senhora mais ardorosa chegou a gritar: "Muito bem! Os Srs. têm toda razão: o aborto é o pior dos crimes. Tenho 11111 filho anornl(JI, 111as o quero com toda minha alma. Não abortaria jamais!" Um outro sevilhano, tez bastante marcada pelo sol, enfático afirmou: "Se todos os católicos fôssemos tão valentes como os Srs. , a Espanha seri(J be111 diferente e não haveria esta catástrofe na qual estamos submergindo". Tanto nos bairros de classe alta quanto nos populares, a simpatia era geral. .. Por favor. de 01,1de são estas músicas tão bo11itas

que os Srs. põem no alto-fala11te? N1111ca as ouvi em minha vida". As sacadas se enchiam de gente que, absorta, contemplava o espetáculo dos siinbolos da TFP que passavam! Em dois d ias, mais de 30 mil textos do "pelo da TFP foram divulgados entre os sevilhanos. Após passar por Cáceres, Badajoz e Mérida, os caravanistas chegam em Tala bera de La Reina. O povo estava em festa. devendo realizar-se grande tourada junto à Padroeira da cidade, Nossa Senhora do Prado. O apoio não podia ser maior. Camponeses e fazendeiros estendiam juntamente os seus braços para pedir os folhetos. Vários insistiam cm receber grandes maços para propagar em seus pueblos. "Adela11te, valie11tes", clamavam uns; "Vós sois os cruzados de Sm, Tiago", di1.iam outros. Em Salamanca, onde análoga acolhida foi dispensada aos jovens propagandistas da TFP, muitos sacerdotes solidarizaram-se com a campanha. Não só isso. Tomaram folhetos para distribuir, incentivaram os indecisos a lerem, atestando de público a catolicidade dos membros da TFP.

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Uma curiosa união: progressistas e abortistas

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À medida que o mês de maio avançava,

novas cidades eram percorridas pelos intrépidos caravanistas. E milhares e milhares de exemplares do documento iam sendo lidos com avidez em todos os rincões da Espanha. Seguindo a rota do rio D'Ouro, a caravana passou por Zamora, berço de São Fernando de Castela, Valladolid, Paleneia, Aranda de Duero e Reinosa. Após levantar os estandartes cm Burgos e Torre La Vega, ela chega à costa norte do país. margeada pelo Atlântico, onde Santander a aguardava. Nessa cidade observou-se o mesmo clima de divisão pró o u contra o aborto. Umas senhoras progressistas extremadas, diziam: '' É 111elhor que as m11lheres abortem para que /ls_guerras não ,notem seus.filhos". Ou então: ., E preferível abortar do que ver depois as cria11ças 111orrere111 de fome". Evidentemente, essas hipócritas assertivas eram logo refutadas por outras senhoras e acalorada discussão se formava. "Animo. a11imo. muchaehos!", incentivava o prefeito da cidade, enquanto a Radio Santa11der transmitia o texto do comunicado da TFP sobre a campanha, e EI Diário Monta,iés. por seu lado, publicava na in tegra o texto do "pelo. Estandarte ao vento, a caravana prosseguiu seu itinerário: Bilbao, Vitória, Logrofio, até atingir a capital do antigo reino de Navarra: Pamplona.

"Isto é o que a Espanha estâ precisando" Os esquerdistas estavam furiosos. Sabiam que por toda a Espanha a TFP vinha sendo recebida com entusiasmo. Tumultos, proyocaçõcs, manifestos rasgados e até ameaça de agressão com porretes, os jovens da TFP encontravam. Mas, como sempre, tal desespero dos soeialo-abortistas não fazia senão crescer a N a Cal/o Allonso, em Zaragoz.a. vários estandanes da TF P· Covadonga despertam a atenção dos pas-

santes. que recebem com interesse o manifesto

... O estandarte da TFP espanhola aparoce na foto unido como que simbolicamento a uma das torres góticas da secular catedral de Toledo

adesão para com a rampanha da TFP. Nas ruas de Pamplona, entre apertos de mão e abraços, ouvia-se a todo instante: "Isto é o que a Espanha estâ precisando!". E numa casa de frutas, o pequeno proprietário de tal modo se entusiasmou com os cânticos e slogans, que presenteou os jovens com uma enorme caixa de cerejas. Bem no norte da Espanha, os caravanistas seguiam briosos o seu caminho. Em Oviedo, logo após ouvir os slogans, duas combativas espanholas aproximam-se dos estandartes: "Qua11do vão repnir esse brado? Pois eu quero bradar com os Srs. ". "Vamos. não parem de bradar! Siga111 em fre11te. Todos temos a obrigação de "companlwr os Srs. !" Em Gijón, alguns populares se juntavam à campanha da TFP. Uma scnlíora. por exemplo, acompanhou pr~ticamente o dia inteiro a caravana. defendendo a TFP contra os abortistas. NÓ final, após oferecer um donativo. desabafou: "Esw campanha i par" nâs como o oxigênio na âgua!" Passando por Vigo, na Galícia, bem próxima à fronteira portuguesa, e por Pontevedra, os caravamstas chegaram a Santiago de Compostela, onde jovens de ambos os sexos apoiaram com ênfase o documento da TFP. De Santiago, dirigiram-se a Lugo e EI Ferro!. Na ponta noroeste da Espanha. em La Corufia, terminavam esta parte de sua épica trajetória.

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Um fulgor não empanado pelas trevas .Junho já fizera correr os seus primei,·os dias. Sob o sol cada vez mais ardente do verão que chegava, a polêmica a respeito do aborto ia se polarizando. Como estavam as hostes pró-abortistas'/ Nos últimos dias de maio e inicio de junho, foram realizadas cm várias cidades tumultuosas manifestações favoráveis à ·'matança tios i11oce11tes". Estas pareciam encomendadas para tenta r empanar o brilho da campanha de âmbito nacional promovida pela TFP. Mas as trevas .não conseguiram extinguir nem atenuar o fulgor de uma campanha que alertara praticamente toda a nação contra a matança dos inocentes. Na capital, entre as associações que apoiavam o alarido pró-abono estavam as Comunidades Cristãs Populares. O ambiente geral era de especial ódio contra a instituição sagrada da familia e contra toda a Mora l católica. Mediante frases e canções obscenas, procurava-se ridicularizar a Igreja Católica. Em tudo. era o contrário da bela e ordeira atuação que a TFP com brilho vinha conduzindo. Só que, para com a TFP, quase toda a imprensa manteve-se num mutismo desconcertante. Enquanto as repulsivas manifestações pró-abortistas foram amplamente noticiadas por órgãos de imprensa.

Passará o projeto de lei que despenali1.a o aborto nessas terras o utrora tão vemurosas e católicas? Infelizmente, não é impossível. Mas, o certo é que ante Deus. neste conturbado e caótico século XX. houve ainda um pugi lo de verdadeiros espanhóis, ou seja, de verdadeiros católicos, que com destemor souberam proclamar alto - dentro da ordem e da lei ·- sua sa nta indignação contra a matança dos inocentes. A Virgem do Pi lar e o Apóstolo S&ntiago bem saberão recompensar a galhard ia desses anônimos heróis.

Wellington da Silva Dias 5


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ressalta importância da moral católica quanto ao aborto "A IGREJA FOI instituída por Nosso Senhor como mestra da Moral, e excluí-la de qualquer assumo de nalllrcza moral significa excluir o próprio Jesus Cristo. O que infelizmente não é raro acontecer cm órgãos de comunicação social c m nossos dias. ao apresentar para o

grande público a (JUeslão do abor10", declarou à imprensa o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Prcsiden1c do Conselho Nacional da TFP. "Devo ressahar - prosseguiu que me parece pelo menos muito questio nável que assumos desses sejam debatidos. por exemplo , pela 1elcvisão. Pois o formidável poder de peneiração desta põe-na ao alcance até de qualq uer criança curiosa . É portanto de se desejar que tal debate se dê invariavelmente nos lermos doutrinários e técnicos que o direito à vida impõe".

Clero "Seria falso dizer - assinalou o pensador católico - que o Clero de nossos dias se mostra inerte na pregação da Moral cristã. Pelo contr{1rio. noto que seus membros mos· iram-se ali vos e até excitados. Mas é

frcqiiente que essa atividade se concentre tão insistentemente nos pontos de Moral concernentes as relações

capital-tra balho. que os ouiros pontos essenciais da Doutrina Católica ficam relegados a um segundo plano. "Lembro-me, por exemplo. de certa declaração do Cardeal D. Eugênio Sales, feita cm louvor· do Cardeal Mola. Referindoase a uma enérgica intcrvcnç.'ío do então rece ntemente falecido Prelado contra o divórcio, o Cardeal Sales comentava que essa med ida destruidora da famílía talvez não tivesse vencido a nos depois, se a nova investida divorcista tivesse encontrado da parle dos Bispos do Brasil a mesma firmeza. "A vista da criteriosa observação do Ca rdeal Sales - acrescentou o catcd rá1ico paulista - sa lta-me à vista o contraste: vejo incontáveis

clérigos entregues a uma obsedantc insistência cm ma téria de relações capital-trabalho, aliás quase sempre num sentido esquerdista. E temo que na luta comra o aborto se passe algo ainda muito mais acentuado do que em relação ao divórcio".

Assassinato "Na Espan ha a Herma ndad Sacerdotal, prestigiosa organização que congrega membros do Clero espanhol, afirmou que cada aborto constitui um assassinato. Assim, à medida cm q ue a impunidade legal

Revmo. Pe. Antonio Paula da Sil va, ltalva (RJ): "Levado pelo dever de sincera e profunda gra tidão, venho agradecer-lhe penhoradamente a ampla e su bsrnnciosa reportagem estampada no prestigioso e universalmente conhecido, admirado e respeitado jornal 'CATOLICISMO' (edição de junho/ 83). A glória que isso dá a Nossa Senhora da Conceição, cuja Ma1ri1. foi profanada, a reparação que isso também representa, como um eco a ha mentc expressivo do que se realizou no dra 3 de maio p.p., não podemos desconhecer nem silenciar". Da. Estella Victor Do urado, São Paulo (SP): " 'CATOLICISMO' só pode merecer nossos aplausos. Seus artigos sempre atuali,.ados, nos orie ntam em todos os setores religiosos ou leigos tanto nacionais como

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

venha a favorecer no Brasil que o abon o se introdu,.a cm nossos coslllmes. ocorrerá um número indefinidamente crescente de assassinatos. Tud o isso abre como que um rio de pecados a 'bradarem aos céus clamando por vinga nça', segundo a expressão do Catecismo". E concluiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "No plano social. as c hamadas uniões livres só podem concorrer para a multiplicação do número de abortos. De outro lado. os vínculos do matrimônio são debilitados pelo aborto, pois quanto mais numerosos os fi lhos, tanto mais se robustecem os vinculos afetivos e morais enire os pais. Tudo isso redunda, portanto, cm mais um fator de debilitação da família e de toda a sociedade

internacionais...

Da. ~aría Helena dos Santos Nogueira, Cambuti (RJ): ('CATOLICISMO'J é um excepcional jornal, cuja leitura, a meu ver. é fundamental para se entender a grande crise do mundo atual. Gostaria que continuassem abordando temas sobre a manipulação psíquica do socialismo". Sr. Guilherme Pereira Cavalcante, São Caetano do Sul (SP): " 'CATOLICISMO' continua na sua trad icional linha de defesa da o rtodoxia católica, a titude que só pode merecer o apoio de lodos. Não vacilar, não compactuar, eis a questão". Sr. Jurandir Josino Cavakante, Sousa (PB): "Jornal católico, verdadeirameme a nticomunista. repositório das mais belas e caras tradições cristãs, combativo. divulgador de "verdades esq uecidas", fidelíssimo eco dos Santos Ensinamentos dos Doutores da Igreja, nortcador e líder do pensamento cristão no Brasil, .... 'CATOLIC ISMO' 1cm sido peça modelar - e patriótica - na reconstrução de um Brasil fortemente cristão". Prof. Francisco de Figueiredo, Salvador (BA): "A leitura das canas sobre a Mensagen, vindas de lodo o globo me comoveram até às lágrimas, especialmente as que vieram da Igreja do Silêncio pela qual sempre tive uma profunda veneração! Que a Santíssima Virgem os conforte e os confirme neste glorioso combate".

brasileira".

Guerra nuclear na América do Sul? M ABR IL DE 1982, no auge da crise provocada pela tentativa do governo a rgenlino de retomar as Ilhas Malvinas, pouca geme tinha a atenção posta na ingerência russa no conflito. A TFP po rtenha. cm corajoso pronunciamento, alertou o pais para o absurdo de '!;e obter a soberania. embora verdadeira, numa ilha distante, perdendo-a no continente, pois o apoio oferecido pela União Soviética velado - viria cm troca de 'compensações ponderáveis que importa-

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riam, mais cedo ou mais tarde, ··e,n

impor um gover110-1ítere". Porquanto, era pouco prov:\vel q ue a Argentina pudesse enfrentar sozinha o pode rio naval inglês. Só com apoios externos haveria possibilidade de fa1.er-lhe frente com sucesso. A a mpla divulgação do pronunciamento no país vizinho teve o efeito de somar aos j ustificáveis anelos patrióticos do povo, reílexões de ordem mais profunda. Surgiu a dúvida se era moralmente legítimo buscar apoio comunista, permitindo que os russos fincassem pé no país. Além do mais, o hipotético ganho da soberania insular equivaleria, na prática, à perda da continental.

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As TFPs sul-a mericanas, na ocasião, distribuíram o manifesto de sua co-irmã a rgentina e pediram a reílcxão dos governos e da opi nião pública de seus respectivos países para o movimento de solidariedade que se esboçava. Naturalmente, em igualdade de condições, os latinoamericanos apóiam-se mutuamente. Laços de religião comum, mesma origem ibérica e proximidade geográfica os levam a tal. No caso, as TFPs atra iam a a tenção para o sério risco

de os povos do continente servirem aos mancjos do imperialismo soviético, baseados numa mal ente ndida solidariedade. No Brasil, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou telex ao Presidente João Figueiredo e ao Ministro do Exterior, Sa raiva Guerreiro, pedindo-lhes que considerassem este risco na deierminação dos rumos da política brasileira. O mencionado telex foi publicado num diário paul ista de grande circulação, bem como num prestigioso quoli· diano carioca. Sócios e cooperadores da TFP saíram às ruas de São Paulo e Rio. em vistosa campanha pública. chamando a atenção da população das duas capita is para a suma importância e o portunidade da comunicação do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao Chefe de Estado brasileiro, naquela perigosa emergência. Ta is iniciativas, em proporção não facilmente mensurável, mas cerlamenle importa nte, produzira m um esfriamemo no espírito público em relação às reivindicações que, naquele momento. se faziam sobre as Malvinas, embora permanecesse inalterada a ami,.ade que unia todas as nações sul-americanas em relação à Argentina . O desfecho sangrento d os combates çlevolveu à Inglaterra , o domínio das ilhas. A Rússia não teve oportunidade de intervir. O caso. - desapareceu das manchetes, passando a ser uma questão apenas lalcnlc. Em janeiro d~ 1983, uma notícia d o "Krasnaya Zvczda", diário do Ministério de Defesa russo, forneceu dados para interpretação das intenções soviéticas, vitoriosamente cnfrernadas na ocasião. Afirma o jornal soviético que publicações inglesas asseveraram ha-

Pouco tempo entes de ter infcio o conflito das Malvinas. o navio aoviático de investi• gaçlo oeêanográfica "Knipovich .., que na foto acima é visto entrondo na bate de Ushuaia, extremo sul de Argentina. acompanhava os movimentos da frota britânica, segundo a UPI

ver artefatos nucleares na belonave britânica "Shcffield", afundada pela aviação argentina. Não tenho dados para considerar real o u falsa lal

... A tentaçãp do alinh·amento . ."

' Rob~rto Suazo Córdova, Presidente de Honduras:, "A subv,érsão

assertiva. No caso, interessa mais a

continuação da noticia. Por causa disso, a Inglatcrra - afirma o órgão comunista - "nmea('ou provoror um c:011jli10 nuclear con, 11s mais

vem da Nicarágua e de E/ Sâlvador. A confessada teoria,da 'iuo~e{l ão, afinna que se Honduras ,cai(, virá depois o Méx'ic'O:,' ~e a ·'A,nérica Central cair, e,uãp voc~s e_m }lo.va, Yqrk ou~irãr as /io,nbas da subvfrsão. ;remos , ·recçbido djuda /ia i'h;iciativa para 'o C:ad/Je'.. Entreta11to, esta ·'ajuda é ,insignificante se co,nparada co,m o gúe., a Nicarágua recebe dos poises comunistas. Se Honduras afirmasse que, se alinharia co111 Cuba .estou certo, de que amanhã récebe~id 50() milhõ~s· de dólares'' ("Time", ·13-6-83). '

catastróficas f011seq iiências par<, ,, humanidade" ("Saint Louis Post Dis-

patch", 23-1 -83). A insinuação é sibilina. A Argentina não possui armas nucleares. Os Estados Unidos não bombardeariam a Inglaterra. caso esta por hipótese - lançasse uma bomba atômica cm território argcmino. Conflito? Qual o ouiro participante? Só poderia ser a Rússia , que tomaria as dores da nação do Prata. Ou seja, o Ministério de Defesa do governo russo, através de seu órgão, declara que considerava a Argentina como aliada.

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Nos EUA, onda de medi0,cridade1 · "Nossá nação es!,,d e}n .iisco, Qs- f11nda111e111os ed/:,cació'nqis,. '(le nossa- so,ciedpãe. esu,,ó-.~endo erodidos por, uma onda orescenle de ·111ediocridade. Se um p'O'dér i11i1~1igo e estrm;geJro ten1asseJ111por ao,s Esmd.os Unjdos o nlv.~I 4e 111edioaridade edur;ativa19iJe.e:,;Jste);oje, nós "poderíamos considerar ·(sro c'01116 um aro dé-gue(ra. De'friró, _e'§ta,hos levando a, caco um ·ato de imp,ensado e unílatera1 qesqr.,namenld edúcacional. A História tf/ío l fav.or;'áv,C,',aqs,pre~uiçoso:('. Esté é um

Obstar que o ímpeto natural de apoio latino-americano à Argentina caminhasse rumo a um alinhamento cate~órico com as posições do Gen. Ga ltreri e, além disso, ler colocado o problema mo.-al dcniro da Argentina sobre a liccidade do a uxilio do comunismo e sobre a vantagem real da sustentação russa, terá desarticulado as etapas iniciais de um plano si nistro - agora vislumbrado pela noticia acima - que visava a sovie1i,. ação da América do Sul. A Rússia apareceria como aliada necessária, defendendo o con1incn1e de um poder e uropeu apoiado pelos Estados Unidos. Com o retraimento da opinião pública do continente e dos governos latino-americanos, agindo em consonância com ela, por causa do receio da intervenção russa (inconfcssada até então). o plano perdeu fôlego ao encontra r obstáculos imransponíveis. Fracassou. Se os russos tentaram uma vez. em 1982, através de um conílitÓ militar com todas as aparências da artificia lidade (por que, de repente, aquela guerra inesperada das Malvinas?), não se p<><le afastar a hipótese de que eles procurarão aproveitar outras rixas ex istentes (por exemplo, entre Venezuela e Colômbia) para, finalmente, encomrarem a ocasião de intervirem na América do Sul, visando inclui-la, segundo o · antigo e aspirado plano soviético, entre seus satélites.

l

trecho de ~m · refat6rio (eilo , por uma comissão, form.ada. pelo, Secretário (Mini·s tro) da ,Eàu~ção 1Q pafs. para estudar 3:,qu~lidadi: da educação, nos ·~ tados Unidos, Por volta de 13%· do·s merpres (a poréentagem chega a 40% ' rios grup'qs étn(cos rninorítários), s~o, considerailbs virtualmente analfabetos. Verifieou-s'.e diminuição <lo' vocabulário, dificul<lades crescentes eni rcdaçã·o, menor aptiéfão para resolver os problemas de matemática e.m que constassem vário.s ráciocfnios. Leróy Hay, l'>rofcsso.r do A.no 1983, afirmá,u so'bre ·º.1: _relatório:'. "A~ re~omendações são atinentes ao 9ue era ,Asual.

Começa,nos a-e,ifatizar de novo a necessidade da educação, ir:xce/enie}'

(~Time", 9-5-83).

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P . Ferreira e Melo CATOLICISMO -

agosto de 1983


NO AUGE DAS DORES, UM GRANDE PODER ,.. 1·..,

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Tris aspectos de uma das mais renomadas escultu-

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ras de Nosso Senhor. em Sevilha. carregando a cruz: Jesus dei Gran Poder# atualmente atribuído a um dis• clpulo do célebre artista espanhol do

século XVII, Juan

Martinez Montanez ~

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Intoxicados por u ma falácia generalizada neste mundo ncopagão, não queremos compreender o significado sobrenatural da dor e da morte. O prazer e. o gostoso são o normal da vida. E a dor é um monstro q,ie não deveria perturbar a existência. Viver é gozar. Temos pavor do sofrimento. Deste modo, recusamo-nos a reconhecer a precariedade das coisas terrenas, a compreender o papel sublime do holocausto. por amor a Deus. a aceitar que a felicidade somente existe ao pé da Cruz.

Jesus sofre e não revida os golpes com que os inimigos O torturam com ferocidade satânica. Um espírito superficial pensaria que Ele tem, no mais alto grau, a mansidão e a resignação de um cordeiro, mas não tem a e nergia e a capacidade de ataque de um leão. Que imenso e funesto engano! Aquele que é capaz de suportar tantos tormentos, com tal fortaleza, é também capaz das grandes ofensivas. E somente o varão que está disposto a sofrer o inimaginável, tem o vigor de alma para os grandes combates. Nossa capacidade de lutar por Deus estará sempre na proporção da capacidade de sofrer por Ele. Para quem sabe analisar esta Sagrada Face - desfigurada pela dor, porém marcada por inabalável resolução de cumprir inteiramente a vontade do Padre Eterno - , Ela é a fisionomia do combatente por excelência. E que herói ou cruzado pode a História apresentar comparável a Ele?

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ADA NOVO PASSO em direção ao Calvário agrava de um modo insondável o dilúvio de dores que atormenta o Redentor. O sofrimento que Seus olhos exprimem é tão grande, que se diria que a vida está quase se extinguindo. Tal o lhar patece me dizer: "Atingi o auge da prostração. Minhas forças estão cm seu último hausto. A dor é tão atroz, que me resta apenas um lampejo de vida, e mesmo o refletir me é quase impossível. Mas Eu resistirei. Eu chegarei ao alto do Calvário. irei até o fim, porque essa é a vontade de Meu Pai!", Reflexão e determinação inabalável. Eis as duas primeiras notas que chamam a atenção, ao se contemplar esta face adorável.

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Sobrepairando o mar de ignomínia, de ingratidão, de infâmia dos homens, na face do Redentor transparece a determinação com que Ele carrega o madeiro da Cruz. Quer salvar os homens, e tudo sofrerá para dar a devida glória ao Pai e resgatar o gênero humano. Este é o pensamento dominante, a cogitação central. Os lábios parecem murmurar: "Sei que, sofrendo. Eu resgato os homens. Sei que Meu Pai aceita este resgate. Eu o quero!" "Seio et voto": sei e quero. Eis a síntese supremamente grand iosa das divinas cogitações.

Quais as reflexões que o divino olhar exprime? Parece.que neste momento da Via Sacra coincidem, na mente do Salvador, várias cogitaçõcs. São as cogitações que Ele foi fazendo desde o início da Paixão , e que agora formam um quadro de conjunto profundamente doloroso, pungente, e que Lhe envolve a alma numa como q uc bruma de dor. De um lado, fà1. um julgamento exato, e por isto mesmo severo, da gravidade do crime que contra Ele está sendo cometido. Acompanhado da sensação terrível da brutalidade com que está send o tratado, e da clamorosa injustiça que ela envolve. Soma•se a isto uma análise da ingratidiio dos que O atormentam . Pois todos eles, cada um deles, foi objeto do divino Apostolado, foi alvo do ardente desejo que Ele tinha de salvar. Muitos foram consolados; outros foram curados milagrosamente; e outros ainda, perdoados de seus pecados. De outro lado, Ele parece refletir sobre a expiação que é preciso fazer, derramando todo o sangue para redim.i r o gênero humano. E, na origem de tudo, a inabalável resolução, como se dissesse: "Esta expiação supremamente dolorosa, Eu a quero realizar por inteiro!" CATOLICISMO -

São Francisco de Sales fala do gáudio que experimenta, na "fina ponta da alma". o varão justo que é provado pela aridez. Analisando mais atentamente a augusta face, vê-se que há uma nota de felicidade por detrás desse oceano de dores. A certeza de estar cumprindo a vontade do Pai celeste Lhe traz, no mais fundo da alma, uma felicidade que as dores que marcam tão atrozmente a fisionomia adorável não ocultam a um observador atento. Que lição Ele assim nos dá!

agosto de 1983

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o

Os católicos espanhóis que contemplam esta imagem. cm Sevilha, denominam-na "Jesus dei Gran Poder". Como discernir nela as manifestações de tal poder? As forças do Redentor dim inuem a cada instante. De fato, Ele está quase já "quebrado, arrebentado, aniquilado", como exclamou Bossuet. A fé, porém, nos e nsina aquilo que os olhos da carne não conseguem ver. Ele é o Homem-Deus, e conserva, velada sob o trágico esmagamento, toda a Sua onipotência. Tudo quanto Ele quiser, obterá imediatamente do Pai. Bastaria um ato de Sua vontade, e todas as feridas se curariam, todo o vigor voltaria a Seu Corpo. Bastaria um gesto, e todos os inimigos cairiam fulminados. É porque Ele quer redimir os homens, que está reduzido a tão espantosa e pungente fraqueza. Seu desejo é salvar-nos. E enquanto Salvador, está triunfando! A epopéia do Divino Redentor não se encerrará nas sombras do sepulcro. Após três dias de luto sobre toda a terra, raiará o dia do triunfo esplêndido, a data da gloriosa Ressurreição! Nesta, o Salvador manifestou, por excelência, seu gran poder: o poderio de Quem, com as próprias força-;; derrota a morte e retoma à vida. •

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HEROÍSMO AFEGÃO, EXEMPLO PARA _O OCIDENTE PALAVRA heroísmo é dessas que a poeira da med iocridade contemporânea. que às toncl)ldas nos envolve e sufoca, procura sepu ltar de todos os modos. Poderia, pois, a alguém, parecer ousado colocá-la logo no título de um artigo. Entretanto, o termo é o mais apropriado para exprimir uma realidade freqüente em outras épocas. mas quase esquecida em nossos dias. a não ser no Afeganistão. Hâ mais de três anos, q uando os russos invadiram o Afeganistão, temia-se haver soado a hora do dobre de finados daq uela longínqua e para nós desconhecida 'nação. Entretanto. das simpáticas terras afegãs, o som que nos chega aos ouvidos não é o do sino que anuncia a morte, mas o do clarim que proclama a luta varonil e a resistência heróica. Por sobre os oceanos que nos separam, transcendendo raças e culturas, os ventos do heroísmo trazem até nós algo que o Ocidente se desacostumou de presenciar: o holocausto de um povo que prefere sacrificar tudo a ceder diante do brutal invasor comunista.

A

Sinistra comédia Quando Srcjnev resolveu invadir o Afeganistão, dizia-se que procurava

' um fácil corredor para apenas abrir suas tropas atingirem os campos

pe1rolíferos do Irã, de tal modo se menospre-niva a possibil idade de uma resistência eficaz dos afegãos. Entretanto, a rea lidade most rou-se bem diversa. Como tudo começou'? Em 1973, o então d itador sovié_tico conseguiu empoleirar em Cabul um governo títere, com o iatuito de transformar o Afeganistão em mais

uma nação-satelite. Mas o desagrado e a oposição populares foram muito além das previsões. Prova de que, conforme a população, podese até conseguir impor um governo pró-comunista; o mais difícil é mantê-lo. Recusando-se a uma atitude colaboracionista. que consideravam traição - e que muito burguês acomodado do Ocidente chamaria de bom senso. pois o deixaria ir vivendo ainda por algum tempo os afegãos opuseram-se. firmemente a esse estado de coisas. Brejncv resolveu então acionar as cordas de sua marionete. e o Presidente-títere do Afeganistão imediatamente respondeu ao estímulo pedindo ajuda aos dirigentes do Crernlin. Em dezembro de 1979 tropas soviéticas transpuseram a fronteira . num a to de "generosidade", a

fim de exercer sua "proteção" sobre o "desprotegido" regime pró-comunista de Cabul. Em meio a essa sinistra comédia, um ator continuou negando-se a representar no cenário dos sangrentos acontecimentos o papel que lhe era imposto, e resolveu fazer inteiramente o jogo da verdade, ainda qí:íc isso lhe c,ustasse a vida. Tal ator foi o povo afegão. Sem condições materiais de cnfrcntar o poderoso e bem annado exército russo, os afegãos reíluíram, cm grande número. para as montanhas, onde sua enorme superioridade moral e fibra combativa têm causado admiração cm todos que ainda desejam resistir ao imperialismo vermelho. E. note-se. sem obter das potências ocidentais uma ajuda rea lmente efetiva para realizar sua epopéia. As mesmas potências que vêm abastecendo a Rússia com cercais, tecnologia etc .• para que ela continue a armar-se. negam-se a dar um apoio decisivo a quem se revela um natural aliado. É preciso q ue tenhamos descido muito baixo para tais coisas acontecerem. As gerações futuras dificilmente compreenderão como essa autodemolição do Mundo Livre só comparável à que se opera no seio da Igreja - tenha sido possível.

Os valorosos "mujahidin"

. O jornal "La Republica", de Roma. cm sua edição de 24 de ~aneiro do corrente ano, publicou interessante reportagem de um enviado ao Afeganistão. Dela extraímos os dados abaixo. A reportagem demonstra que, a nte o presente fracasso das tropas soviéticas naquele país, o novo dirigente do império soviético, Andropov. procura isentar-se de responsabilidade pelo que está ocorrendo. Para isso, ele tem encorajado versões segundo as quais. q uando chefe da temível KGB, ter-se-ia oposto à invasão, cuja responsabilidade recairia inteiramente sobre as costas de seu falecido antecessor. Os mortos não fa lam! Já no enterro de Brejnev, Andropov resolveu ignorar a pressurosa presença de Babrak Karmal, o presidente afegão sustentado no poder pelas tropas russas. Um fato pouco conhecido e que merece realce, registrado pelo "Newsweek" (10-1-83), é que está locali1.ada no Paquistão a maior concentração de refugiados do mundo atual: três milhões de afegãos! Tantos são os afegãos que aba ndonaram trabalho, estudo, prazeres, fam íl ia, a fim de participarem da sacrificada vida da guerrilha, que, segundo informa "La Republica", num primeiro momento formaramse cerca de sessenta organizações guerrilheiras no país. Com o correr Guerrilheiros anticomunistas afeglos. ''N osso pois stuá o primeiro 11stágio na queda do lmpdrio sovitJtico ...

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COM P ITORESCO e característico turbante, longa barba patriarcal , fisionom ia grave e elevada. este vel ho das montanhas afegãs é um magnífico exemplo da ga lhardia de outrora. Mesmo sem a luz da Fé verdadeira. soube preservar em si certa retidão natural, fruto de urna plenitude humana de força, de equilíbrio, de bom senso_ Plenitude grisalha de quem lutou contra tudo, enfrentou tudo. dominou a vida e tem mais não sei quantos anos ainda para viver. Esse homem espelha determinado aspecto da alma de um povo que soube resistir com heroísmo à investida dos soviéticos, a qual tudo devora, tudo arrasa, tudo massifica. O que seria tal povo se fosse bati1.ado, católico fervoroso, não trabalhado, portanto, pelo germe comunoprogrcssista? Não daria vontade. caro leitor, de converter a nação afegã, como quem selecionasse um material precioso e o oferecesse ao verdadeiro Deus, Criador da humanidade e de todo o universo?

do tempo elas foram se aglutinando para alcançar maior eficácia na ação. No entanto, ainda hoje dividem-se cm sete grupos distintos, cada um com características próprias, nu.m total de aproximadamente 150 mil "mujahidin", corno são c hamados os guerrilheiros. Um desses grupos é dirigido por um experimentado líder de 62 anos, Khales, que comanda pessoalmente os combates e inspeciona as linhas de frente. Outro grupo é d irigido por um joveni de 34 anos. Diz a reportagem: .. E111 /973, após o golpe de Estado de inspiração sovii!tica que.alçou ao poder Daud, nasceu a nova guerrilha. U111a guerrilha mais motivada ideologic:a,nente. politica,nente orie111ada". Fora das cidades não há zonas estavelmente controladas por um ou outro grupo, nem pelos soviéticos. A guerra consiste toda ela num movi mento contínuo. Quando chega· à cidade a notícia de uma batalha, os guerrilheiros já estão longe, noutra região. Há também considerável contingente de população civi l que vive nas montanhas e que mais se apoia nos guerrilheiros do que estes nela. O poderoso exército russo, por sua vez, procura a todo custo evitar a formaç.~o de núcleos fixos de resistência e, para isso, recorre à implacável tática de terra devastada. Assim, onde quer q ue haja colheitas os comunistas as envenenam e o mesmo fazem com os condutos de água, exterminam os animais e, se notam qualquer fio de fumaça a indicar um sopro de vida não autorizada, despejam napalm sobre o local para destruir toda existência.

Por vezes, é tão horrível a situação dos guerrilheiros que eles chegam ao limite da sobrevivência. Em alguns deles já se tem d ifundido grave forma de deficiência proteínica, que tira as forças para caminhar. Nas regiões mais frias e nevadas do país a luta pela vida no inverno exige um esforço sobre-humano. Mas os "mujahidin" continuam confiantes!

• • •

Convém notar que o povo afegão é, na sua quase totalidade, muçulmano. Assim, mesmo sem a luz da Fé verdadeira, soube preservar uma certa retidão natural, mediante a qual, colocado diante de uma tragédia de proporções apocalípticas (o comunismo o é para todo o homem relo) resist iu com galhard ia. O que seria tal povo se fosse católico fervoroso, não trabalhado, evidentemente, pelo germe comunoprogressista? Que homens de fé, que contra-revolucionários autênticos, talvez modelos para o mu ndo· inteiro? Quiçá a Providência, a rogos de Nossa Senhora, ainda prepare a conversão de uma população com tanta fibra, como prêmio de sua dedicação por urna causa justa: o repúdio ao comunismo, negador de Deus, da Lei Natural e de todos os direitos. Que lição para tantos católicos progressistas, tantos inocentes úteis, enfim todos que ajudaram a introduzir o imenso cavalo de Tróia vermelho dentro da cidadela do Mundo Livre!

Cid Alencastro


Nº. 393

A SOCIEDADE norte-americana de Defesa da Tradiçio, Família e Propriedade - TFP está dando seu contributo

Setembro de 1983

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

JUMBO SUL-COREANO: RAIO QUE MATA, MAS ESCLARECE!

entusismado ao coro de vous que se: l e-

vantaram na América do Norte condenando o bárbaro crime praticado por um aviio de c-aç:a r usso. contra o Jumbo da Korean Afr Unes, fato amplamente noticiado pela imprensa interna<ional. Assim, sócios e cooperadores daquela entidade percorreram a S-. Avenida, a mundialmente conhecida artéria de N. York, desde a confluência com a Rua 42 11ti a Rua SO, em frente à Cll!edraf de St. Patrick e nâs imediações do Hotel Plaza, centro de convergência de personalidades do mundo inteiro. Portando seus caracterl,ticos estandartes e capas rubros, fizeram a distribulçio, entre os transeuntes, de 50 mil folhetos contendo um manifesto da TFP norte-americana inUtulado: "Jumbo sul-coreano: raio que mata, mas esclarece/" A opiniio pública mostrou-se multo receptiva à campanha da entidade, de tal modo q ue era grande o número de pessoas que tomavam a iniciativa de solicitar os folhetos. "Catolici:Smo" publica neste número, para conhecimento de nossos leitores, o magnifico documento da TFP norte-americana.

CRIME perpetrado há poucos dias por um avião de c.,ça soviético contra o jumbo sul-coreano produt.iu no povo norte-americano o efeito de um raio noturno: matou infelizme.nte a vários. mas - precisamente como fazem tais raios - iluminou com uma claridade tcrrlvcl um panorama então coberto de densas trevas. Densas trevas, sim, que há anos vêm toldando ·progressivamente os hori1.ontcs de nossa política externa, com óbvios rcncxos sobre nossa política interna. E com prejuízo incs1imável para toda a Nação. Convém que a realidade assim posta cm evidência com o fulgor irresistivel, mas tão transitório, de um raio, não seja esquecida pela nossa opinião pública. Lembrem-se sempre da tragédia do jumbo sul-coreano, é. o conselho que a Sociedade Norte-Americana de Deresa da Tradiçio, Famflia e Propriedade TFP oferece hoje a todos os norte-americanos. O fato tragicamente noticiado pelos meios de comunicação social no dia 2 do corrente contém para nós uma lição esclarecedora. a indicar por muitos anos o rumo de nossas cogitações e de nossas atitudes políticas.

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Bem ao certo, o que vimos? O que pouco antes de 1971 - data do anúncio da ida de Nixon à China - começamos a deixar de ver. O que já em 1945 - por ocasião da conferência de Yalta - teriamos lucrado muito cm ver mais claro. Sim, a doutrina comunista, e a histó .. ria do regime comunista na Rússia. não poderiam deixar cm nosso espírito a menor dúvida de que o governo de Mos· cou, animado cm todas as suas ações por um imperialismo ideológico implacável. visa impor o pensamento. o sistema de governo e de economia, a forma de cultura e o sistema de vida comunista ao mundo inteiro. Meta esta fundamentalParentes da pa11egeiro1 do Jumbo. barbaramente abatido pelos 1ovi4tico1, m.a• nifestam sua dor no aeroporto de Seul

mente atéia. materialista. aniquiladora de todas as nações independentes, de uma civilização que, por certos aspectos, é a mais alta jamais atingida pelos povos ao longo da História. Meta repudiável não só a este título, mas em razão dos métodos sem cujo concurso ela não poderia ser alcançada: a força bruta, a agressão às nações mais fracas. a espionagem, a promoção continua da agitação e da subversão em todos os povos e, por fim, essa obra-prima de perfídia e d• habilidade que é a guerra psicológica rtvolucion,ria. Em consequência da queda do regime c1.arista, algumas nações, anteriormente integrantes do Império Russo, haviam alcançado sua independência. Mas esta foi de duração curta, em alguns casos até efêmera, pois a bota soviética as esmagou de modo inexorável. Foram elas notadamcnte a Ucrânia, a Armênia, a Geórgia, a Lituânia e a Estônia. Posteriormente. cm Yalta, a Rússia soviética se tornou senhora de seis nações da Europa central: Polônia, Alemanha do Leste, Checoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária. Igualmente o poderio russo exerceu um papel de significativa importância para que o n;gime comunista se implantasse também na Iugoslávia e na Albânia.

Posteriormente a Yalta, a União Sovi~tica impôs o jugo comunista ao Vietnã ..!o Norte, Coréia do Nurte, Chiua, Cuba, lêmcn do Sul, Congo, Benin, Etiópia, Vietnã do Sul, Cambodge, Laos, Angola, Moçambique, Granada, Nicarágua. Todos os paises até aqui nomeados passaram a licar sujeitos à União Soviética - sem embargo da aparente independência de alguns deles, que a ninguém ilude - cm uma situação fcrrcamente colonial. Bem entendido, não se podem qualificar pura e simplesmente de colônias soviéticas a China comunista, a Iugoslávia e a Albânia. Entretanto, a lista das nações vulncradas pelo imperalismo soviético ainda é muito mais ampla. Ela inclui também Estados que, dotados outrora de estável independência, foram sujeitos a uma situação análoga à dos protetorados clássicos, com as ambigUidades e as mutabi .. tidades tantas vezes incrcn1cs a certos aspectos do regime de protetorado: Iraque, Siria, Llbia, Guiné, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Prfncipe, Tan1..linia, Zâmbia, Scyehclles, Guiana, Surinã. Numa instável zona de penumbra entre a cond ição de protetorado soviético e a de independência, se encontram ainda outras nações que, se cm alguma medida são independentes - e esta medida varia .de nação para nação, e por vezes de ano para ano - sobretudo não dispõem de uma independência inteira. E os pontos em que sua independência está coa.rctada são sempre determinados pela preponderância do interesse russo. São essas nações: Argélia, Zimbawc, Madagascar, Malta, Finlândia (a "linlandizada" Finlândia ...). Talvez cm nenhuma nação dessa zona de penumbra. o contrasle entre as afirmações de independência e a subsistência de alguns traços de dependência é tão acentuado quanto na Argélia . Bem entendido, nenhum desses países se reconhece como integrante da ~zona de penumbra.. a que acabamos de aludir: tal não lhes conviria, nem à União Soviética, sempre empenhada em disfarçar o mais possível sua expansão imperialista. Mas essa zona de penumbra existe. E todo mundo o sabe. Estão enfrentando presentemente duras guerrilhas para não se deixarem abarcar pela União Soviética cm algumas dessas infelizes categorias: EI Salvador, Guatemala, Honduras, Colômbia, Peru, Filipinas.

Bem entendido, os ingênuos. os ino• centes-úteis farão objeções a um ou outro ponto desta imensa lista. Alegarão por certo que um ou outro dos povos aqui mencionados é independente. Este não é o momento de discutir com ingênuos nem com inocentes-úteis! Para tranqUili2ã-lO$, concedamos que essa independência exista: tão autêntica quanto a liberdade de movimento do rato sobre o qual o gato deitou a pata ... E passemos adiante.

Sócios e cooperadores da TFP norte-americana com aua, cepas e estandartes rubros na 6•. Avenida. em frente à Catedral d& St. Patrick

Enquanto esse império - tão acabrunhadoramente ·, asto que, cm face dele, os de César e de Napoleão parecem pequenos - !e ia constituindo, a União Soviética conseguiu, com os recursos polimórlicot e subtis da guerra psicológica revoluCÕbnãria, um resultado quiçá ainda mais e:,pantoso. Ou seja, o de ir persuadindo sempre mais os povos do Ocidente. de que se passava na men• te dos chefes e dos pensadores dela um aliás bastante enigmático processo de dulcificação menial e moral. Assim con• seguiu incutir Moscou, cm numerosas correntes da opinião da América e da Europa, a convicção de que, se tratada a União Soviética com desprevcnção, e fa. vorccida pelo suprimento de recursos financeiros, econômicos e técnicos de múltiplas ordens, o imperialismo comunista se transformaria cm líricos propó· sitos de paz. A História jamais compreenderá como tal ilusão pôde ganhar pé no momento mesmo em que a Rússia comunis• ta ia estendendo suas garras em todos os continentes. Mais ainda, no próprio moM mento em que, no interior das nações sobre as quais soprava essa tépida e fa. tal ilusão, o proselitismo' ideológico, a agitação e, por vezes, até a subversão, iam fazendo progressos sem conta. Essa ilusão teve seu peso para levar o povo norte-americano a aceitar a pre• sença insolente e agressiva da garra soviética a d ois passos de nossas costas, na desditosa Cuba. Ela concorreu sensivelmente para que o Presidente Nixon, visitando a China vermelha cm 1972, abrisse a era fatal da détente com o mundo comunista. A "polltica da mão estendida", de hã muito lançada por Moscou, triunfava assim. A coexistência pacllica se apresentava como a única via razoável. A OSlpolitik de Bonn, como a do Vaticano. se desenvolviam em toda a sua envergadura. O esquerdismo começou a infiltrar..se celeremente cm todas as reli• giões. O que posteriormente veio a ser dclinido como a "queda das barreiras ideológicas" - mas que data de muitos anos antes dessa definição - não se operou apenas nas relações internacionais, mas abriu as portas das mais respeitáveis instituições do Ocidente, das mais ilustres ou influentes, aos comu· nistas. Mediante autorização, dada por Moscou, para que uma delegação de eclesiásticos da igreja grcgo-<:ismãtica, de obe· diência soviética, estivesse presente ao Concilio Vaticano li, com funções de observação, a ilustre Assembléia se absteve de condenar o comunismo. E sob a influência do Sr. Henry Kissingcr, durante as presidências dos Srs. Richard Nixon e Gcrald Ford, e, posteriormente, no período presidencial do Sr. Jimmy Carter, tudo isto produziu no âmbito de ação de nosso Pais, os frutos trágicos bem conhecidos, entre os quais são sobretudo memoráveis as q uedas do Vietnã e do Cambodgc, e a perda, para nós, do Canal do Panamá. A miragem da "dulcilicação" da psicologia soviética não apenas esteve presente cm tudo isso, mas ela tem considerável parte de responsabilidade pelo rato de que os países do Ocidente - e o nosso mais do que todos os o utros -

se puseram a fornecer, cm profusão cresctnte, à União Soviltica, às suas ..colônias", e a seus "'protetorados", bem como aos países da "zona de penumbra", recursos de toda ordem. De sone que o Ocidente passou a ser, em boa medida, o linanciador do inimigo que dia a dia ia tomando, face a ele, as proporções de um Lcviatã. Com o que se vem prolongando o cativeiro das nações cuja libenação tanto desejamos. ·

Nada disto, porém, abriu os olhos dos obstinados. E mais recentemente, nem sequer a agressão ao valente e já glorioso Afeganistão serviu para mostrar a inconsistência da apregoada "dulcilicação" mental e moral dos déspotas do Cremlin. Há pouco, os setores previdentes da opinião pública se sobressaltaram com o ato do Presidente Reagan conliando a direção de uma alta comissão cncarretada de estudar a nossa polftica para a América Central ao homem sobre quem pesa a responsabilidade da queda do Vietnã. Entrcta1)tO, em nenhum campo o mito da "dulcificação" do espírito soviético produziu efeito mais aberrante do que no tocante- ao desarmamento nuclear unilateral dos Estados Unidos. O mais elementar patriotismo leva o homem a preferir sua morte à destruição de seu pais. Com que adjetivos os grandes patriotas de nosso passado qualilicariam o emprego da fórmula "melhor vermelhos do que mortos", que enuncia. no fundo, o propósito de muitos americanos de entregarem a nação ao imperialismo sovi~tico, contanto que salvem a própria pele? Mais. E pior. Com que qualificativo os grandes gigantes da Fé, dos quais nos falam o Antigo e o Novo Testamento, ou cujos fei tos nos narra a História eclesiástica, haveriam de classificar os norteamericanos que, alegando princípios cris• tãos, ainda hã pouco pleiteavam o desarmamento nuclear unilateral da América do None, para salvar - como se fossem valores supremos - as vidas de homens mortais, e sem embargo de en .. tregarcm assim à fera do ateísmo comu-

nista os poucos restos preciosos que ainda existem da civilização cristã? O que diriam eles ao saberem que entre os lideres de tais none-amcricanos figuram não poucos Bispos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana quando nada cm sua doutrina e em sua tradição histórica dã fundamento a tal atitude? Sem embargo de já ter alcançado alguns expressivos resultados, a atuação desses norle-amcricanos dcdinou de momento, mas está pronta a erguer a cabeça na primeira ocasião. E teria todo propósito que, se tal se der, se lhes erguesse no caminho Mala tias exclamando: "Eis que tudo quanto nós tlnhomos de somo, de ilustre e de glorioso, estd devastado e/oi pro/a11ado pelos povos. De que 110s adianta pois. viver ainda?'' (t<>. livro dos Macabeus, cap. li, vcrs!culos 12 e 13). Ou, então, Judas Macabeus bradando: "É melhor poro nós morrer na guerra, do que ver os males de nosso povo e de 11ossos lugares santos" (1°. livro dos M,acabeus, cap. III, versículo 59).

O crime contra o Jumbo da Korean Air Lines, como um raio mortífero mas esclarecedor, nos faz ver o que hã de falacioso no mito da "psicodulcilicação" dos soviéticos. Ficou claro que os homens que tenham preferido liear vermelhos a morrer, cairão nas mãos dos verdugos opressores do Vietnã, dos artífices, no Cambodge, de uma das mais espantosas tragédias de todos os tempos. dos promotores da construção na Sibé· ria de um gasoduto foito por trabalho escravo. Esses mesmos homens, entre~ tanto, pregam por vezes, no Ocidente, a derrubada dos regimes vigentes, sob pretexto de que estes não são suficientemente liberais! A esses norte-americanos sirva de lição a tragédia do jumbo sul-<:oreano! Tanto mais quanto negamos que o mundo esteja reduzido à opção entre a capitulação ante o comunismo e a tragédia atômica. Esta tragédia, pode-se espe,rar que Deus omnipotente a poupe aos povos que saibam amá-10 mais do que à vida. Como pode ser que não a poupe aos que amam a vida mais do que a Ele.


cito. Contudo, o combate somente se generalizou às duas horas da tarde, pois o centro das forças católicas avançava muito lentamente. Tendo a cavalaria polonesa se adiantado muito, quase foi ela envolvida pelas tropas do Grão-Vizir. O exército imperial veio em seu socorro, libertando-a do cerco dos infiéis. Às seis horas da tarde, os alemães penetraram no campo do adversário pelo lado esquerdo. Uma hora depois, os poloncscs atacaram os turcos · pelo lado direito, destroçando assim seu exército, que contava na ocasião com cento e setenta mil dos duzentos mil combatentes do início do cerco de Viena.

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;; - --"'· • ---"-'" 'Ç Antes do esplêndida, vitória elcanç.ada pelos exércitos católicos em 1683.-os turcos empreenderam o cerco do Viena. bov,bar· doando ininterruptamente a cidade durante sois semanas.

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No 3. centenário da Batalha de Viena

SANTÍSSIMO NOME DE MARIA, SALVAGUARDA DA CRISTANDADE OMA, 12 de setembro. Corria o ano de 1683. Em sua capela particular, no palácio do Quirina l - residência pontifícia antes da unificaç.'io italiana de 1870 - encontrava-se cm oração o Bem-aventurado Inocêncio XI, Papa e santo. Segundo um de seus contemporâneos, o Pontífice "era de aspec/o venerável e majestoso, de estatura alia ,un pouco acima da co11111m dos homens; sua natureza era robus1ecida por uma séria e vivaz gravidade: a compleição rob11s10 e e temperamento jleugmático, inclinado um tanto à ,nelancolia, convinha bastante à dignidade de 11111 Vigário de Cristo. tornando-o prudente, pldcido e apto aos grandes empreendime111os. Tinha os braços bem feitos e compostos, se be,n que o esquerdo era u,n pouco lento e,n rnover·se~· a fronte era a111pla, a face alongada com olhos brilhantes, o nariz longo e aquilino. e seu queixo avançava um pouco para a frente. Se bem que seu semblante espelhasse algun1 tanto de austeridade, ele era todo benigno e venerando. e à prin1eira vista o Pont iflce aliava o amor e a reverência dos homens a seu respeito". Rezava o Santo Padre pela vitória dos exércitos católicos sobre os maometanos. que haviam cercado Viena com a intenção de invadirem a Europa e destruírem a Cristandade. Sua oração, dirigida a Nossa Senhora, foi decisiva para o triunfo esplendoroso dos exércitos católicos. Em comemoração dessa memorável batalha travada naquele dia 12 de setemt..·o, o Bem-aventurado Inocêncio XI instituiu para a Igreja Universal a festa do Santíssimo Nome de Maria. Comemoramos, portanto, no presente mês, o terceiro centenário de tão bela festa litúrgica, instaurada por um Papa santo, e que teve como causa um dos acontecimentos mais épicos e impressionantes da Históna da Igreja: a batalha de Viena. Tal evento tem analogias com outro, ocorrido durante o pontificado de São Pio V, no século XVI: a batalha naval de Lepanto.

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ti·t É oportuno lembrar q ue, em

1682, o Sacro Império Romano Alemão cncontl'1'v•~•e dividido. Naquela ocasião, ele quase foí dominado pelos turcos, por causa da revolta dos protestantes da Hungria e sua aliança com os infiéis. O chefe dos revoltosos era o Conde protestante Tekeli, que mandava degolar, à sua passagem, todos aqueles que permaneciam fiéis ao Imperador alemão e à Religião católica, sem fazer distinção de idade e sexo. O Imperador Leopoldo I tentou apaziguá-lo, fazendo concessões. Acreditava assim, 2

ingenuamente, ser possível estabelecer a paz com o inimigo. Mas Tekeli ratificou uma aliança com os muçulmanos, tendo sido reconhecido por estes como rei tributário. Em fins de 1682, o sultão Maomé IV partiu de Constantinopla para Belgrado, de onde seu genro, o Grão-Vizir Cara Mustaphá, guiado pelo protestante Tekeli, invadiu a Hungria com numerosas tropas constituídas por turcos e tártaros. Tencionava Cara Mustaphá conquistar Vitna e tr:insformar o Sacro Império num segundo império muçulmano, do qual tornar-se-ili o sultão. ü Rei da França, Luís XIV, esperava que Viena caísse sob a dominação maometana e se dispunha a apresentar-se como salvador, caso o elegessem Imperador. Não se atrevia a apoiar abertamente os turcos, levando cm conta a reação da opinião pública européia, a de seu próprio povo e a de lno<:êncio XI. O Papa percebeu a transcendência do perigo otomano e fez todo o possível para auxiliar a Casa d' Áustria ameaçada. Escreveu a Luis XIV nos seguintes termos: "Conjuro-Vos pela 1nisericórdia de Deus, que venhais em auxílio da opri111ida Cris· tandade, para que esta não caia sob o jugo do horrível tirano. Deus assinalou-Vos com tantas qualidades e a Vosso reino co111 tantas forças e recursos, que estais chamado pela Providência para rece9er a 111ais for1nosa glória. Eia, pois! Conquistai a /áurea que Vos outorl(a a expectativa dos povos, e sede digno da grandeza de Vossa vocação!" Luís XIV respondeu friamente, com vãs escusas, lançando acusações contra a Corte de Viena e a Dieta imperial por seus sentimentos antifranceses. Ameaçado pela França e pela Turq uia, Leopoldo I pediu auxílio ao Rei da Polônia, João Sobiesk.i. O ~mbaixador de Luís XIV e o partido francês neste país dissuadiram a nação polonesa de socorrer o Sacro Império, e projetaram até destronar Sobieski. Mas o santo Pontífice, por intermédio do Núncio Apostólico em Varsóvia, Pallavicini, ofereceuse como garantia às negociações entabuladas entre o Imperador Leopoldo I e o Rei polonês, prometendo ajuda cm dinheiro e ad iantando quantias consideráveis para que se providenciassem os primeiros preparativos bélicos. Os poloneses, por fim, atenderam ao insistente apelo de Inocêncio XI.

ttt No dia 1.0 de maio de. 1683, Leopoldo l passou em revista o exército imperial, que se compunha de trinta e três mil homens. " entregnu o comando a seu cunhado, o

Duq ue Carlos de Lorena, que havia sido despojado de suas terras por Luis XIV. Em julho, o Grão-Vízir Cara Mustaphá marchou sobre Viena, onde o Duq ue de Lorena deixara uma guarnição de dez mil soldados. Leopoldo I abandonou a capital, depois de ter nomeado seu governador o Conde de Stahrenberg, que por sua experiência na guerra, resolução e habilidade, era a pessoa mais indicada para despertar a confiança da gu~rnição in,,i·~rial. No dia 14, o exército turco iniciou o cerco da cidade. com duzentos mil homens. Durante seis semanas os infiéis bombardearam ininterruptamente Viena, tentando tomá-la de assalto, enquanto a fome e a doença devastavam interiormente a capital do Império. Os habitantes preferiam, no entanto, ser sepultados nas ruínas da cidade e verem correr seu sangue cm defesa da Cristandade, a se renderem ao terrível inimigo. O Duque ae Lorena, não dispondo de tropas suficientes, viu-se impossibilitado de combater os maometanos. Entretanto, aproveitou-se de todas as ocasiões para atacar o protestante Tekcli, enquanto aguardava o socorro dos Príncipes alemães e do Rei da Polônia a fim de livrar Viena do cerco inimigo. No dia 12 de setembro de 1683, Sobieski com seu exército postou-se diante da capital austríaca. As forças imperiais eram comandadas pelo Duque Carlos de Lorena, e as tropas auxiliares dos Príncipes alemães tinham como chefe o Príncipe de Waldeck. Todos esses contingentes católicos perfaziam 84 mil homens, enquanto o exército maometano compunha-se de 170 mil soldados, portanto praticamente o dobro do número de combatentes da Cristandade. O Rei polonês Sobiesk.i, comandante-chefe das forças que defendiam a civilização cristã, ajudou a Missa do Padre capuchinho Marco d'Aviano - q ue gozava de fama de santidade - . enviado pelo Papa Inocêncio XI para inflamar os ânimos dos cristãos e levar aos soldados sua bênção e felicitações. O soberano polonês, após armar cavaleiro seu filho e incitar os exércitos ao combate, afirmou: "A batalha de hoje vai decidir não apenas a libertação de Viena. mas a conservação da Polónia e a salvação da Cristandade inteira". A atenção dos povos da Europa vnltava-se para Viena, e em todas as igrejas do Continente havia sido exposto o Santíssimo Sacramento por ordem do Papa. Coube ao Duque de Lorena dar início à batalha às nove horas da manhã. com a ala esquerda do exér-

A derrota das hostes do Crescente foi esmagadora: mais de dez mil muçulmanos mortos cobriam o campo de batalha, bem como trezentas peças de canhão. Tendo sido o primeiro a penetrar na tenda do Grão-Vizir, o Rei polonês deparou incalculáveis riquc1.as. No dia 13 de setembro, o monarca vitorioso entrou na cidade. O governador Stahrcnberg, à frente de uma multidão, foi a seu encontro. Todos queriam abraçá-lo, e festejaram-no aclamando-o como salvador. Ele visitou duas igrejas, onde o povo também o aplaudiu, procurando beijar-lhe os pés e as mãos, ou mesmo as roupas; a maior parte da população teve que se contentar cm tocar-lhe a capa. Por toda parte ouvia-se a exclamação: "Deixai-nos beijar essa intrépida mão!". Muitos proclamavam o versículo do Evangelho de São Joã9: "Fuil homo ,nissus a Deo, cui nomen era Joan· nes'' (Jo. 1, 6). Tendo o monarca chegado à capela de Nossa Senhora de Loreto, prosternou-se com o rosto em terra e entoou o "Te Deu111". O Imperador Leopoldo l. à frente de suas tropas. foi-lhe ao

encontro, tendo os dois soberanos se cumprimentado cordialmente. Em Belgrado, no dia 25 de dezembro daquele ano, depois de sofrer novas derrotas, o Grão-Vizir Cara Mustaphá teve sua cabeça decepada por ordens do sultão Maomé IV de Constantinopla, pondo fim ao malogrado plano daq uele de tornar-se sultão do Ocidente. À medida que a vitória do Rei da Polônia e do Duque de Lorena e a libertação de Viena tornavam-se públicas, um clamor de júbilo ergueuse em toda a Europa. com exceção da França. Com a magnífica vitória de João Sobieski, o plano de Luís XIV de conquistar a coroa imperial fracassara ... Inocêncio XI, sem cujos subsídios pecuniários o soberano polonês não teria podido deslocar seu exército de Cracóvia, derramou lágrimas de alegria. Mandou iluminar a Cidade Eterna e fez percorrer pelas cidades italianas a bandeira conquistada aos turcos. O Bem-aventurado Sumo Pontífice havia sido, na realidade, a alma da liga católica contra os turcos. Do Imperador do Sacro Império, recebeu Inocêncio XI o seguinte elogio: "Felicitamos Vossa Santidade. pois por Vossa solicitude e cuidado pastoral p11de111os armar-nos e levantar-nos contra este bárbaro e poderoso inimigo, e iodo o proveito e glória desta vitória recai eternamente sobre Vosso no111e".

Em Roma, Inocêncio XI, para recordar a libertação da Europa do iminente perigo de dominação maometana, mandou construir uma igreja cm honra do Sar1tíssimo Nome de Maria. Pois foi por meio dEla, Medianeira Universal de todas as graças, que se alcançou o memorável triunfo contra os ini migos da Fé e da civilização cristã.

A PROP ÓSITO da emissão de um selo comemorativo do

s.º cen-

tenário do falecimento de Martinho Lutero, o P rof. Plínio Corr~a ile Oliveira envi.o u a seguinte carta ao Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos: _ São Paulo, 25 de agosto de 1983 limo. S.r. Coronel Adwaldo Cardoso Botto de Barros DO. Preside.11te da Empresa de Correios e Telégrafos SBN - Brasília 70040 - DF Senhor €:oroncl Com meus cumprimentos atenciosos e cordiais, sinto-me no dever de manifestar a V. Sa. o inteiro desacordo da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradi~o. Família e Pro1>riedade - TFP - quanto à emissão ele um selo comemorativo do 5.° Centenário do falecimehto de Martinho Lutero. Com efeito, a grande maioría dos brasileiros esrá pe~sua<lida, a justo título. de que a ação histórica do frade apóstata cindiu o Ocidente no terreno religioso, abrindo caminho para toda uma seqUeJa de acontecimentos catastróficos, quer na ordem espiritual, quer na ordem temporal. Entre c.stes últimos devem ser mencionadas as duras investidas protestantes contra o Brasil coJo.nial, durante ílS quais, com notáveis mostras de herojsmo, ao longo de lances trágicos e com lar,ga efusão de sangue, os luso-brasileiros tiveram de defender, à mão armada, a unidade espiritual e polít ica do grande e querido país que vinha nascendo. Assim sendo, a emissão de um selo comemorativo - com iniludível caráter de homenagem - não pode deixar de suscitar a discrepância de todo católico coerente. b bem de ver que essa emissão não teve o caráter de soltdariedadé com o conteúdo da pregação religiosa luterana. E tã'o-só de homen~gem à saliênda da ação histórica,de Lutero. Ela importa, pois, em uma posição de neutralidade. É precisainente essa holl)enagem dentro da neutralidade, que nos parece mais incomp.reensível. Assim como incomp;eensível nos paçeceria que, diante de algum inimigo capital de nossa pátria ou de nossa famUia1 tomássemos uma atitude de reverente reconhecimento de seus eventuais predicados, sem acrescentarmos, no mesmo ato, a renovada afirmação de toda a nossa discrepância em relação ao mal por ele feito aos que queremos. Receba V. Sa. essa apreciação, formulada co.m todo o respeito e cordialidade que a sucinta exposição da matéria comporta, como contribuição positiva, e como expressão leal do pensamento uuâoime dos sócios e cooperadores, da TFP esparsos pelas vastidões de nosso território. Reiterando meus cumprimentos, subscrevo-me cordial e atenciosame.nte Plini·o Co.rrêa de Oliveira Presidente do Conselho Nacional ENCONTRA-SE à disposição de nossos leitores a coleção encadernada da secção "Ambientes, eostumes, Civilizações'' de autoria do Prof Plínio Corrêa de O}iveíra. "Catolicis,no" estampou essa admirável ,natéria entre os anos de /95/ a /969, perfazendo ela um total de 217 números. Impressa em papel couché, o preço da coletlinea encadernada e que contém um índice, é de trinta·e cinao mil cruzeiros. O cheque - se,npre em nome da Editora Pe. Belchior de Pontes - poderá ser. encaminhado à Adn1inistração do j.ornal. Endereço: Rua Dr.. Martinica Prado, 2-71 - 01224 - São Paulo · SP. CATOLICISMO -

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Manifestações estudantis antí•socialistas em maio deste ano: 0 Em Lion. estudantes de Direito queimam um boneco representando o ministro Alain Savary; • Em Paris. manifestantes enfrentam a polfcia na Praça dos lnvslidt1s; 0 Seis policiais parisienses, após golpearem um manifestante e o envolverem num saco. transportam no pela rua. 4

Frutos amargos do socialismo autogestionãrio na educação RÓDIGO EM SUSCITAR desilusões, o governo socialista atualmente estabelecido no poder na França, em apenas dois anos de gestão defronta-se, no país inteiro, com toda sorte de graves e vultosas manifestações de rua, expressivas dos descontentamentos e inconformidades da opinião pública. Agricultores, médicos, motoristas de táxis, agentes de viagens, sindicatos da peq uena e média indústria. comerciantes, sindicatos de policiais, estudantes. professores e sindicatos do ensino livre, os mais variados setores da nação, enfim. protestam em concentrações exemplarmente cívicas, cheias de vivacidade ... e por vezes de cólera. O leitor certamente conserva ainda na memória as aparatosas manifestações de rua de maio último, em que professores e alunos do ciclo universitário externavam sua repulsa ao projeto de lei de reforma do ensino superior. apresentado pelo Ministro da Educação, Alain Savary, à apreciação da Assembléia Nacional O projeto marcou época nos anais da Câmara. As sessões intérminas, as discussões tumultuadas que se estenderam de forma insólita ao longo dos dias, constituíram o clima carregado no qua l os deputados crivaram os 65 artigos do projeto com {pasme o leitor!) mais de 2.00-0 propostas de emendas ... Esse projeto, que contraria a fundo as aspirações da maioria dos interessados, acabou sendo aprovado pela Assembléia, e deverá entra r em discussão no Senado dentro de algumas semanas. Além do projeto de reforma dos cursos de nível universitário, o ensino primário e o secundário também se encontram seriamente ameaçados. O Ministro da Educação francês já apresentara cm dezembro último propostas part, abertura das negociações, que examinaremos a seguir. Se forem concretizadas tais propostas, o monopólio estatal terá sufocad o a instrução de primeiro e segundo graus, na França sob o regime socia lista de Mitterrand.

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Financiamento e direção efetiva do Estado Talvez nenhuma outra nação tenha tido sua história tão profundamente marcada pelas lutas cm prol da liberdade de ensino como a França. E o governo socialista conseguiu reacender uma verdadeira guerra escolar na pátria de Santa Joana D'A rc. Já a partir de maio de 1981, com a vitória eleitoral do PS e a conseqüente ascensão de Mitterrand à Presidência da Rep ública, pendia sobre as escolas católicas a ameaça de um grande serviço público unificado e laico de educação nacional (Projeto Socialista para a França dos anos 80. Clube Socialista do Livro, Paris, maio de 1981, p. 284). Se concreti1.ada, essa meta socialista representaria, a prazo não muito longo, a agonia e a morte do ensino privado. No dia 20 de dezembro último o Ministro Alain Savary, com vistas à consecução daquela meta, apresentou as suas propostas paro o abertura das negociações, que atentam contra a liberdade dos pais na escolha das escolas para seus filhos, mediante a criação de um sistema de mapeamento escolar por onde eles ficam obrigados a matriculá-los no estabelecimento mais próximo de sua residência principal. Elas representam. in CATOLICISMO -

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concreto, a abrogação inconstitucional das leis Debré (1959) e Guermeur (1977), que dispõem distintas moda lidades de subvenções dos poderes públicos ao ensino privado (importa notar que, na França, 93% dó ensino privado é confessional católico, e 98% dele depende destas subvenções). As propostas prevêem ainda a representação majoritária do poder público nos conselhos de admin;stração dos estabelecimentos privados de ensino, o que redunda em um atentado contra as condições de autêntica liberdade para a gestão~ e a escolha da orientação pedagógica dos mesmos. Desta forma, o Estado ficaria com a faca (o financiamento) e o queijo (a direção efetiva) na mão; ou seja, é a implantação do monopólio estatal do ensino, por mais Gue os socialistas digam o contrário.

Manifesto das TfPs já denunciava sistema de ensino do PS Desde a apresentação das propostas, numerosos setores do ensino privado católicos e leigos - têm oferecid o abundante e vigorosa refutação. À vista dessas oposições, o Ministro da Educação conseguiu adiar a abertura de uma nova fase de discussões sobre as relações entre o ensino público e o ensino privado. Nesse grande debate, é forçoso notar que a insistência sobre os aspectos práticos aliás importantes - tem sid o maior do que sobre os aspectos teóricos. E no caso destes, poucos são os que consideram a própria fonte dos erros de visualização e de metas qlle conduziram à elaboração das assim chamadas Propositions Savary , isto é, a doutrina socia lista da qual elas dimanam. O plano socialista para a educação se insere, na coerência da doutrina socialista, dentro do sistema autogestionário propugnado pelo PS francês. Esse sistema foi objeto de um estudo aprofundado na luminosa Mensagem de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - O socialismo a,uogestiontírio: e,n vista do co111u11isrno, barreirt1 ou cabe,·a· de-ponte? - c ujo tex10 integral foi publicado pelas 13 TFPs, a partir de dezembro de 1981, e m 50 grandes jornais de 19 pa íses na Europa, Américas e Austrália, e em Catolicismo n.• 373/ 74, de Jan / Fev de 1982. Nela o leitor interessado poderá encontrar elementos preciosos para acompanhar os passos do governo socialo-comunista francês nesta matéria. Que interesse apresentam para os brasileiros questões internas de um país tão distante do nosso? A própria Mensagem das TFPs o esclarece: "A Providência deu à França 111110 situação tal no conjunlo das nações do Ocidente que os probletJws nela surgidos. be111 como os deba1es que a propósito destes nela se trava111, correspondem. co111 habitual freqüência, a proble111os universt1is. O gênio francês, ágil em conscientizar. lúcido no pensar. brilhante no expri111ir, sabe debater esses proble111as nu111a clave que os relaciona, em numerosas conjunturas histórict1s. com as cogitações universais da 111ente humana. Assim. tratm1do da atual situação na França, as sociedades que subscrevem esta Mensagem se dão c/ara1nente conta de que ,nuitas questões atual111ente em fermentação mais ou menos latente em seus respectivos países poderão ter seu curso apressado e quiçá arrastado ao ponto crítico, en, função da repercussão ,nundinl

do que na França destes próximos meses venha ti se passar".

Autogestão não só no plano polltíco, mas também na empresa e na escola O sistema autogestionário constitui a implantação dos princípios e da forma de governo da Revolução Francesa ê m cada um dos setores da sociedade, na empresa como na escola. De acordo com declarações do Primeiro Ministro Pierre Mau roy, "t, escola da República será amanhã aquela da liberdade com sua exigência de responsabilidade; aquela da igualdade verdadeiramente aceita com o seu respeito do direito à diferença; aquela da mais alta idéia da fraternidade. isto é. o solidariedade ativa" ("Le Matin", órg~o do PS francês, 10-5-82). A maneira de uma república democrática, cada empresa ou cada escola, regida em suprema instância pelo sufrágio universal dos trabalhadores ou dos alunos, terá suas assembléias laborais ou estudantis para recc-

uma das primeiras condições para que a mudança de mentalidades possa produzir-se. [A autogcstão] provocará uma ,nodiflcação das concepções atuais sobre a família e o papel das mulheres" (Quinze teses sobre a autogestão, adotadas pela Convenção nacional do Partido Socialista em 21 e 22 de junho de 1975). Ê precisamente com vistas à efetivação de tão profunda e radical transformação de mentalidades que os socialistas franceses intentam, gradualmente,jugular por completo o sistema de ensino na França. O quanto esse te,uamen colide com a doutrina tradicional da Igreja, salta aos olhos. Contudo, não será supéríluo registrar aqui o confronto entre mais alguns aspectos do plano socialista para a Educação e a Doutrina Católica (•). 1 - Para atingir seus objetivos, os socia listas querem apoderar-se das crianças desde a mais tenra idade. Eles assim disputam o terreno à Igreja, a qual ensina que a formação religiosa e humana deve ser iniciada pela família, por assim dizer desde o berço. 2 - A educação católica procura desenvolver nos jovens o espírito hierárquico, formando-os no senso de responsabilidade e de uma a utêntica liberdade; a "ed ucação" socialista quer formar o homem igua litário, cm revolta contra toda lei e autoridade. 3 - A escola é o terreno próprio para iniciar a criança no espírito da luta de classes, segundo os socialistas; a Igreja rejeita a luta de classes como abertamente oposta à sua ética social. 4 - Enquanto a Doutrina Católica exorta os filhos a respeitarem com veneração e amor a autoridade paterna, os socialistas preconi1.am toda espécie de medidas com o fim de despertar, enrijecer e perpetuar o conílito dos jovens com a familia. 5 - Preconizando uma falsa e ilimitada liberdade, os socialistas pretendem soltar todos os freios à sexualidade dos jovens pelo desenvolvimento considerável da educação sexual , livre acesso aos contraceptivos, be m como sua gratuidade, e o livre direito à supressão da autorização paterna para a interrupção voluntária da gravidez pelas menores. 6 - Radicalmente igualitário, o socialismo quer apagar, em toda a medida do possível. até a diferença entre os sexos; por isso deseja que, na escola, a formação em todos os níveis e campos de atividade seja mista. A Igreja . pelo contrário, condena a coeducação. 7 - Negando o dogma do pecado original - ensinado pela Igreja - os socialistas supõem os jovens capazes de se autodirigirem nos estudos; por isso preconizam a gestão tripartite das escolas, juntamente com os pais, professores ... e até os funcionários subalternos do estabelecimento escolar. 8 - Por trás e por cima dessa liberdade "paradisíaca", estará entretanto o Estado, que reunirá todas as escolas num sistema unificado e laico de ed ucação nacional. 9 - Aberrando inteiramente da Doutrina Católica. o grande serviço unificado de ensino significa na prática a imposição do ensino laico às familias católicas. Os socialistas vêem na laicidade do Estado o fundamento da imposição do ensino laico; a doutrina tradicional da Igreja rejeita a tese de que a sociedade humana possa ser constituída e governada sem levar em conta alguma a Religião. 10 - Essa tentativa de imposição da escola neutra e laica nada mais é, portanto, do que o estabelecimento da tirania da seita socialista sobre o conjunto da populaç,io católica. 11 - Mas os que quiserem se subtrair a essa coerção totalitária poderão fazê-lo ... às próprias expensas, sem nenhum subsídio d o Estado.

• Uma cenuma de professores universitários. trajan· do beca. participam da manifestação promovido por dez mil estudantes na capital francesa

ber informações sobre o curso de todas as coisas a ela a ti nentes, terá suas eleições de representantes. ou seja deputados, os quais constituirão um comitê diretivo (mais ou menos um sovie1). O PS parece ver nas relações patrãoassa lariado, professor-a luno, uma imagem residual das relações rei-povo. Ele quer "destrona r" o "rei", extinguir-lhe a "soberania" na empresa ou na escola, transferir todo mando ao nivel da "plebe" empresarial ou estudantil, isto é, o tra balhador manual ou o aluno. A Revolução de 1789 empregou diversas med idas para evitar que se reconstituíssem, no plano político e social, aristocracias de diversas índo les. Analogamente, o PS se empenha cm evitar que os diretores e os técnicos. como o corpo docente, sobrevivam como aristocracias na empresa ou na escola "republicanizadas". "Nós contamos co,11 duas coisas, ligadas aliás entre si: a descentralização e a mudança das mentalidades" (Declaração do Primeiro Ministro Pierre Mauroy, " Le Nouvcl Observateur", 15 a 21 de ju nho de 1981). " U111a estratégia global e descentralizada da ação educativa e cultural .... é ,1111a dimensão decisiva de nossa luta pela a11togestão. É essa

Concluindo, julgamos oportuno lembrar a metáfora do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no seu mcmora\vcl comunicado Na França: o punho estrangulando a rosa, publicado em 24 importantes quotidianos de onze países. a partir de fevereiro de 1982: o punho de ferro socialista vem estrangulando a rosa - símbolo das esperanças de quiméricas liberdades socialistas. E o estrangulamento não se efetua apenas nos planos político, social e econômico. Ele se estende a todos os campos da atividade humana , en tre os quais OC\lpa papel saliente a educação.

Luís Carlos Azevedo NOTA ( • ) A fim de poupar ao leito!' o ter que a todo momento remeter-se ::\s Noras, enumeramos aqui os

documentos cm que nos baSC".amos par-a impu1ar aos socialisrn.s: franceses as afirm3çÕC$ contidas no lcxrn deste 3rligo, indicando as respectivas pági,~as:

a- O l'rogromt1 Comum do gO\'t'lllO ,lo esquerdtJ lo/oposições sodolis ras para II otuaUzn(ão. Flamarion, Paris, 1978, prcfociado por François Mittcrrand, pp. 30, 31. 32. b - Proje10 Socinlisto para o Hort(O dos dnQ.t 8(). Clube Socialisw do Livro, P:il'is. 111:.io de 1981 , pp. 123 a 125. 11 3-1 14, 127.311-3 12. 313-3 14, 247,249,132,286, 284. e - Quinze tl!s,•s sobre o outol(estão. in "O Punho e a Ros~t'', suplemento do n.0 4S. 15 de novembro de 1975, pp. 10 e 11. d - !'/ano Soâafisro poro ,; F.dut:t1r1iQ Nocional, Louis Mcx:rndt:\u, pp. 178, 23·24, 71•72,

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Traduzido em oito linguas (alemão , espanhol, francês, húngaro, inglês, italiano, polonês e ucraniano), "Acordo con1 o regiJne comunista: para a Igreja, esperança ou a11rode111olição?" teve 33 edições num total de 160 mil exemplares. O estudo foi também reproduzido na íntegra em mais de trinta jornais e revistas de onze países diferentes, entre os quais cumpre destacar "li Tempo", o maior diário de Roma. Resenhas e comentários foram reproduzidos em um número incontável de publicações. A prestigiosa revista de filosofia e teologia "Divus 111on10s", de Piacenza (Itália), ded icou-lhe um comentário de três páginas, assinado pelo diretor, Revmo. Pe. Giuseppe Periní , C. M. (n. 0 de abril-setembro de 1964). É bastante significativo que até a revista "lnfornwrions Carholiques l11rer11ario11ales" cuja orientação extremadamente "progressista" é bem conhecida, tenha julgado dever publicar uma resenha do traba lho do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Reação característica - e que por isso merece um registro especial - foi a do Sr. Jea,1-Marie Domenach, diretor da conhecida revista progressista "Esprit", o qual chegou a afirmar, a propósito do estudo, que "a defesa da propriedade não pertence ao ensinamento de Cristo".

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O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira fotografado com um exemplar do "Kierunki''. por ocasião da polêmica com este órgão. "progressista" da imprensa polonesa.

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• Histórico de um ensaio

COROO co,n o regime co1nunis1a: para a Igreja, esperança ou aurodemolição?" foi publicado pela primeira vez no n. 0 152, de agosto de 1963, de "Catolicismo", sob o título "A liberdade da Igreja no Estado comunista". Por sugestão de diversas personalidades que leram o ensaio, e se interessaram vivamente por ele, o autor desenvolveu mais amplamente alguns argumentos que figuravam nessa primeira versão. O estudo assim ampliado foi publicado no n. 0 161 de "Catolicismo". de maio de 1964, sob o mesmo título. A enorme difusão que o trabalho teve e a repercussão que alcançou nos mais altos círculos eclesíásticos e na intelectualidade católica bem provam a transcendência do tema nele versado.

"A liberdade da Igreja 110 'Estado comunista" foi distribuído a todos os Padres conciliares presentes à 2.• sessão do Concilio Ecumênico, bem como, na versão ampliada, a todos os que participaram da terceira sessão. A propósito deste seu trabalho, o autor recebeu cartas alentadoras dos Eminent is-

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OMEMORANDO o vigésimo aniversário do lançamento de "A liberdade da Igreja no Estado comunista" (setembro de 1963), de autoria do Prof, Plínio Corrêa de Oliveira, "Catolicismo" apresenta a seus leitores o presente artigo, tendo em vista tr~ objetivos. Em primeiro lugar, prestar uma homenagem ao insigne pensador católico, que já naquela época teve o mérito único de expor um problema de importância vital para nossos dias e enunciar a verdadeira solução para ele, segundo os princípios perenes da doutrina católica. O ensaio do Presidente do Conselho Nacional da TFP, além de abordar com grande penetração e coragem um tema já candente naquela ocasião, no decorrer destes vinte a.n os tornou-se gradativamente mais atual. Pode-se mesmo afirmar que o autor, embora tenha escrito primordialmente para os leitores de 1963, previa o agravamento dos males exis-

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simos Cardeais Eugenío Tisserant, já falecido, Alfredo Ottaviani, então secretário da Suprema Congregação do Santo Ofício, Normian Thomas Gilroy, Arcebispo resignatário de Sidney (Austrália), de Sua Beatitude Paul II Cheicko, Patriarca de Babilônia dos Caldeus, e de numerosos outros Prelados. Entre todas ocupa um lugar de destaque, entretanto, a carta altamente elogiosa que a respeito deste ensaio foi dirigida ao então Bispo Diocesano de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, pela Sagrada Congregação dos Se,ninários e Universidades (hoje Sagrada Congregação para a Educação Católica). Como se sabe, esse Sagrado Dicastério da Cúria Romana é encarregado de incentivar, orientar e vigiar os estabelecimentos superiores de ensino católico em todo o mundo, e a tal título lhe cabe a supervisão da alta cultura católica. A carta, assinada pelo Cardeal Giuseppe Pi1.zardo e referendada pelo então Monsenhor depois Cardeal Dino Staffa, Arcebispo titular de Cesaréia da Pales tina, respectivamente Prefeito e Secretárío..daq uelc Sagrado Dicastério, afirma a inteira consonância do estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira com a doutrina contida nos documentos pontifícios, e constitui autêntico triunfo para este ensaio.

tentes então, visando assim esclarecer os homens que, de futuro, se defrontariam com uma situação cada vez mais an gustiante. E o previdente líder católico já dava, ademais, uma resposta antecipada aos movimentos pacifistas, cuja atu ação intensificou-se muito nos últimos anos, especialmente na Europa e América do Norte. Movimentos que fazem o j ogo do Cremlin, propugnando um d esarmamento n uclear unilateral e suicida do Mundo Livre em face do crescente poderio bélico comunista. Em s uma, uma onda pseudopacifista - na realidade capitulacionísta - baseada no lema covarde: "Antes ver111elho do que morto". Em segundo lugar, o presente artigo visa rememorar as teses capitais do luminoso trabalho, o que sempre será de utilidade para as pessoas que já o leram, além de - não vacilamos em dizê-lo - constituir leitura indispensável para aqueles q ue ainda desconh ecem o tema.

Porém, nenhuma tQ_mada de posição terá sido, talvez, mais 'ilustrativa da importância e atualidade do estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira do que o indignado protesto que contra ele lançou a Associação "Pax", organização de "católicos" esquerdistas da Polônia, cuja desinibida adesão ao regime comunista provocou censuras do próprio Episcopado polonês. O extenso artigo intitulado "Carta aberra ao Prof Plinio Corrêa de Oliveira", foi publicado na primeira página do semanário "Kierunki" de Varsóvia (n. 0 8 de 1. 0 -3-64) e mensário "Zycie i Mys/" (n.0 1-2 de 1964), da mesma Associação "Pax" pelo Sr. Zbigniew Czajkowskí, membro destacado desse movimento. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira respo ndeu através de "Catolicismo" (n. 0 162 de junho de 1964) e o Sr. Zbigniew Cza. jkowski treplicou por meio de nova carta aberta publicada nos mesmos periódicos ("Kierunki", n. 0 43 de 25-10-64 e "Zycie i Mysl", n. 0 9 de 1964). E ainda acrescer,tou: "Nossa discussão suscitou grande interesse no Polônia, con10 testemunham, entre outras. as noticias e informações publicadas o respeito em outros periódicos poloneses, que aliás ro,nam a mes,na .atitude que eu com referência às suas reses". A segunda resposta do Prof Plínio Corrêa de Oliveira apareceu em "Carolicisn10", n. 0 170, de fevereiro de 1965. O debate entre o Prof. Plínio Corréa de Oliveira e o jornalista polonês repercutiu em Paris, tendo nele intervindo, ao lado do autor deste livro, o Sr. Henri Carton, de "L'Homme Nouveau", e, ão lado do Sr. Z. Czaj kowski·, o Sr. A. V., de "Témoignage Chrérien", outro importante órgão "progressista" (cf. "Carolicis1110", n.0 165 de setem bro de 1964 e n. 0 166 de outubro de 1964). Por sua vez, o Sr. Tadeusz Masowiecki, redator-chefe do mensário "Wiez" e deputado do grupo católico "Znak" à Dieta polonesa, publicou em sua revista (n. 0 1112 de novembro-dezembro de 1963), c m colaboração com o Sr. A. Wíelowieyski, um artigo que procura ser uma réplica ao presente estudo. Essa polêmica deixou patente o quanto a repercussão de "A liberdade da Igreja no Estado con1unista" além da cortina de ferro incomoda às autoridades comunistas e aos católicos colaboracionistas.

Por fim, tivemos em vis ta ressaltar a larga repercussão alcançada por "A liberdade da Igreja no Estado comunista", obra que at ravessou a própria cortina de ferro, dando origem a uma polêmica do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira com uma publicação polonesa "progressistaº. O autor do ensaio recebeu em 1-9-64 sign ificativa carta de louvor da Sagrada Congregação dos Sem inários e Universidades da Santa Sé, o que bem demonstra a transcendência do trabalho. Para que nossos leitores possam formar uma idéia mais completa da obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e sua ampla repercussão, publicamos em quadro à parte o texto intitulado "Histórico de um ensaio". Este foi extraído da 10.ª edição em português, lançada em 1974 sob o título: "Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou auroden10/ição1'.

HÁ 20 ANC PRE DE ARDILO~ EGUNDO A DOUTRINA marxista, toda religião é um mito que importa na "alienação" do homem a um ente superior imaginário, isto é, a Deus. Tal "alienação" é aproveitada pelas classes opressoras para manter seu domínio sobre o proletariado. A esperança de uma vida extraterrena, prometida aos trabalhadores, atua sobre e les à maneria do ópio para que não se revoltem contra as duras condições de existência que lhes são impostas pela sociedade capitalista. Em conseqüência, ao Estado comunista incumbe o dever de exterminar radicalmente toda e qualquer religião. A partir do momento em que a d itadura comunista se instaurou na Rússia, e mais ou menos até o inicio da li Guerra Mundial, a cond uta do governo soviético não só em relação à Igreja católica, como em relação a todas as religiões, foi clara e cruelmente pautada por estes princípios. À vista de tal procedimento do comunismo, a linha de conduta a ser mantida pela opinião católica também se patenteava simples e clara: as "relações" entre os governos comunistas e a Igreja só podiam consistir numa luta em todos os terrenos possiveis e no que di,. respeito tão só à atuação da Igreja - com todos os meios lícitos. Por volta de l 960, a atitude de certos governos comunistas, em matéria religiosa, começou a apresentar novos matizes. A intolerância em relação à Religião foi send o substituída por uma tolerância malévola de início. que se foi tornando depois, se não benévola, pelo menos indiferente.

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Bispos húngaros prestem juramento de fidelidade à 1 constituição daquele pafs comunista.

Assim, apareceu pa ra a Igreja Católica. em certas nações além cortina de ferro, a esperança de uma tênue liberdade, consistente na faculdade, ora maior, ora menor, de celebrar atos de culto e distribuir os Sacramentos e pregar o Evangelho a populações até então quase inteiramente privadas de assistência religiosa. Liberdade tênue, na verdade, porque a Igreja continua, apesar de tudo, combatida às cscãncaras pela propaganda ideológica oficial, e permanentemente espionada pela polícia. Abrem-se desse modo, para a Igreja, duas vias: aceitar um ,nodus vivendi com o regime comunista, abandona ndo a clandestinidade. ou recusar o modus vivendi.

Anâlise de candente questão moral A escolha entre essas duas vias depende evidentemente da solução que se dê ao seguinte problema moral: é lícito aos católicos aceitar relações harmoniosas com um regimç comunista? Essa questão de capital importância para o mundo católico foi tratada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no ensaio Acordo co111 ó reghne co,nunisra: para a Igreja, esperança o,i aurodemolição?, que apareceu pela primeira vez nas páginas de "Catolicismo" cm agosto de 1963, sob o título A liberdade da Igreja 110 Estado comunisra. Comemoramos no presente número o 300 aniversário do lançamento da J.• edição da obra cm brochura, no mês de setem bro de 1963. Da Santa Sé, recebeu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira uma calorosa aprovação, em carta da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, assinada pelo cardeal Gíuseppe Pizzardo e referendada pelo então Monsenhor, hoje Cardeal Dino Staffa. "O denso opúsculo - afirmava a missiva - é um eco fidelíssimo de rodos os Documentos do supremo Magistério da Igreja".

ttt  primeira vista, o problema da coexistência entre a Igreja e um rejlime comunista "tolerante" assim se enunciaria: se em determinado país, as autoridades comunistas, longe de proibir o culto e a pregação. permitissem

CATOLICISMO -

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) .S, OBRA PROVIDENCIAL VENIA CATOLICOS iAS TATICAS COMUNISTAS uma e o utra coisa, poderia ou até deveria a Igreja aceitar essa liberdade de ação? Apresentada a questão pura e simplesmente nestes termos, a resposta é necessariamente afirmativa. E.~sa formulaç.'lo do problema é entretanto simplista, pois supõe que o governo comunista não imporia a menor restrição à liberdade de doutrinação da Igreja.

Os termos reais da questão O problema se coloca realmente nos seguintes termos: cumpre definir se é possível à Igreja aceitar um mínimo de liberdade legal, sob governo comunista, se este exigir q ue a pregação e o ensino católico para serem tolerados, se conformem com as seguintes condições: 1.• - q ue as pregações exponham toda a doutrina da Igreja de modo afirmativo, mas sem fazer aos fiéis qualquer refutação direta e explícita do materialismo e dos demais erros inerentes à filosofia marxista: 2.0 - que calem para os fiéis o pensamento da Igreja sobre a familia e a propriedade privada: 3.• - ou que. pelo menos, sem criticar diretamente o sistema econômico-social do marxismo, afirmem que a existência legal da familia e da propriedade privada seria um ideal desejável em tese, mas irrealizável na prática cm virtude do domínio comunista pelo que, dadas as circunstâncias, recomendar-se-ia aos fiéis que desistissem de qualquer tentativa para abolir o regime comunista e

conseqüências dos princ,p,os metafísicos e morais dom inantes. O espírito público vai mais longe, deixando-se penetrar à maneira de osmose por esses mesmos princípios, habitualmente entrevistos de modo confuso, mas muito vivo, pela maior parte das pessoas. A ordem temporal exerce pois uma ação formadora - ou deformadora - profunda sobre a alma dos povos e dos indivíduos. Portanto, é preciso instruir os fiéis sobre os males do Estado comunista. No Estado comunista, oficialmente filosófico e sectário, esta impregnação doutrinária na massa é feita com intransigência, amplitude e método, e completada por uma doutrinação explícita e incansavelmente repetida em todas as ocasiões propícias. Num Estado totalmente anticristão não há meio de evitar a má influência deste, senão instruindo os fiéis sobre o que ele tem de mau. Face a tal adversário, mais ainda do que face a qualquer outro, a Igreja não pode, pois, aceitar uma liberdade de c ulto e de palavra que implique em renunciar sincera e efetivamente ao exercício, franco e eficiente, de sua função apologética. Em outros termos, tal "liberdade" não seria liberdade. 2. 0 ) É tão evidentemente absurdo que a Igreja aceite restrições quanto à sua pregaç,io em matéria de familia, que a hipótese pode ser deixada de lado. ~ quanto à propriedade privada? A primeira vista, d ir-se-ia que a missão da Igreja consiste essencialmente cm promover o conhecimento e o amor de Deus, mais do que e m preconizar ou manter um determinado regime político, social ou econômico. E que portanto as almas podem conhecer e amar ~ Deus sem serem instruídas sobre o princípio da propriedade privada. Nesta perspectiva, a Igreja poderia, pois, aceitar como um mal menor o compromisso de silenciar sobre o direito de propriedade, para receber cm troca a liberdade de santificar as a lmas e instruí-las em outros pontos da doutrina católica, falando-lhes por exemplo de Deus e do destino eterno do homem. e ministrando-lhes os Sacramentos. Esse modo de ver a missão docente e santificado ra da Igreja esbarra com uma objeção preliminar: a Igreja não pode renunciar à pregação de nenhum preceito da Lei. Ela não pode aceitar, em sua função docente,

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-

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Fato ilustrativo da poUtica vaticana de distensão em relaçlo ao comunismo: encontro de Joio Paulo li com Jaruzelski, por ocasião da última viagem do Pontlfice à Polônia.

restaurar na legislação. segundo as máximas do Direito Natural. a propriedade privada e a família.

A solução do problema Posta a questão nestes termos, a coexistência pacífica da Igreja com o comunismo deve ser absolutamente recusada pelos católicos porque: 1. 0 ) A missão docente da Igreja não consiste só em e nsinar a verdade, mas tam-

bém em condenar o erro. Nenhum ensi no da verdade é suficiente enqua nto ensino, se não inclui a enunciação e refutação das objeções que contra a verdade correntemente se fazem. Não há formação cristã adequada que prescinda da apologética. Ora, todo regime político, social e econômico se baseia , em última análise, cm uma metafísica e cm uma moral. As instituições, as leis, a cultura e os costumes refletem na prática os principiõs dessa metafisica e dessa moral. Pelo natural prestígio do Poder Público. bem como pela enorme força do ambiente e do hábito, o regime induz a população a aceitar como boas, normais. até indiscutíveis, a cultura e a ordem temporal vigentes, que são as

;etembro de 1983

um meio silêncio, uma meia opressão. para obter uma meia liberdade. Seria uma inteira traição à sua missão. Ademais, o claro conhecimento dó princípio da propriedade privada, e o respeito desse princípio na prática, são absolutamente indispensáveis para a formação genuinamente cristã das almas. Com efeito, o conhecimento e o amor da Lei são inseparáveis do conhecimento e do amor de Deus. Pois a Lei é de algum modo o espelho da santidade divina. E isto que se pode dizer de cada um de seus preceitos, é verdade principalmente quando considerados eles em seu conjunto. Renunciar a ensinar · os dois preceitos do Decálogo que fundamentam a propriedade privada importaria em apresentar uma imagem desfigurada desse conjunto e portanto do próprio Deus. Ora, onde as almas têm uma idéia desfigurada a respeito de Deus. elas se formam segundo um modelo errado. o que é incompatível com a verdadeira santificação.

Necessidade do conhecimento da propriedade pri vada Além disso, a noção do "meu" e do "teu" está na base mais elementar do conceito de

"Distensão" eatólico-comunísta no Ocidente: Georges M archais, chefe do PC francês. comparece a um congresso da Juventude Operthia Cristl (JOC). figurando como um dos oradores. Durante o congresso. os porticipantos cantaram a Internacional Socialista.

justiça. Ora, precisamente essa noção

do

umeu'' e do ..teu'' cm matéria econômica

conduz direta e inclutavelme nte ao princípio da propriedade privada. De onde, sem o conhecimento reto da legitimidade e da extensão - como aliás também da limitação - da propriedade privada, não há conhecimento reto do que seja a virtude cardeal da justiça, elemento indispensável da verdadeira santificação. Por fim, sendo naturalmente dotado de inteligência e vontade, o homem tende por suas próprias faculdades espirituais a prover tudo quanto é necessário para seu bem. De onde lhe vem o direito de, por si mesmo. procurar as coisas de que precisa e delas se apossar quando não têm dono. Em suma, é porque tem alma que o homem tende irrefragavclmcntc a ser proprietário. Ora, como o dirigir seu próprio destino e prover a sua própria subsistência é objeto próximo, necessário e constante do exercício da inteligência e da vontade, e a propriedade é meio normal para o homem estar e se sentir seguro de seu porvir e senhor de si, acontece que abolir a propriedade privada, e em conseqüência entregar o individuo, como termita inerme, à direção do Estado, é privar a sua mente de algumas das condições básicas de seu reto funcionamento mental, é levar à atrofia pelo inexercício as faculdades de sua alma, é, cm suma, deformá-lo profundamente. Daí, cm grande parte pelo menos, a tristeza que caracteriza as populações sujeitas ao comunismo, bem como o tédio, as neuroses e os suicídios cada vez mais freqüentes em certos países largamente socialistas do Ocidente. I; bem sabido. com efeito, que as faculdades da alma que não se exercitam tendem a se atrofiar. Sendo a santidade a perfeição da alma. bem se compreende de quanta importância é para a salvação e santificação dos homens o que daí se conclui. A condição de proprietário, de si, cria circunstâncias alta mente propícias para o reto e virtuoso exercício das faculdades da alma . Sem que se aceite o ideal utópico de uma sociedade em que cada indivíduo, sem exceção, seja proprietário, ou na qual não haja patrimônios desiguais, grandes, médios e pequenos, cumpre afirmar que a difusão tão ampla quanto possível da propriedade favorece o bem espiritual, e obviamente também o cultural, quer dos indivíduos, quer das famílias, quer da sociedade. Ponderados esses múltiplos argumentos, permanece firme a tese de que é contraditório e vão silenciar sobre a imoralidade da completa comunidade de bens, para obter em troca a santificação das almas a través da liberdade de culto e de uma rela tiva li berdade de pregação. 3.•) A terceira condição de um eventual acordo da Igreja com o regime comunista é igualmente inaceitável , pois a necessidade de tolerar na esfera mora l um mal menor não pode levar à renúncia -à destruição total dele. A fortiori quando este mal "menor" é em si mesmo gravíssimo.

Em outros termos. a Igreja deve formar nos fiéis, e neles renovar a todo momento, um pesar vivíssimo pela necessidade de aceitar esse mal menor. E. com o pesar, deve suscitar neles o propósito eficaz de tudo fazer para remover as circunstâncias que tornaram necessária a aceitação do mal menor. Ora, agindo assim em um país comunista , a Igreja romperá a possibi lidade da coexistência pacífica com o Estado.

Coexistência em regime de "pia fraus" Algué m poderia objetar que a coexistência entre a Igreja e o Esiado seria aceitável pela primeira em regime de "piafraus ... Isto é, se a Igreja quiser aceitar a coexistência com algum regime comunista, poderá fazê-lo com a "arriêre pensée" de fraudar quanto possível o pacto que com este estabeleça. Considerada a hipótese de um pacto explicito. deve-se responder que a ninguém é

r.ermitido comprometer-se a fazer algo de ,lícito. Se, pois, a aceitação das condições atrás enunciadas é ilícita, o pacto de que elas constem não pode ser feito. Quanto à hipótese de um pacto implícito, de um modus vivendi, cabe dizer - para não considerar s~não um aspecto dela - que há ingenuidade em imaginar que as autoridades comunistas, de feitio eminentemente policialesco e servidas pelos poderosos recursos da técnica moderna, não ficanam sabendo desde logo de violações sistemáticas de tal pacto. A 'fraus" deixaria pois de ser viável.

Os funestos frutos de tal acordo Para o comunismo, um pacto em que a Igreja aceitasse as já mencionadas restrições a sua liberdade, traria vantagens imensas. Pois se formariam novas gerações de católicos ma l preparados. tíbios, recitando talvez. o Credo com a ponta dos lábios, porém com a mente e o coração encharcados de todos os erros do comunismo. Temos o exemplo do que sucedeu com a liberdade de que goza a Igreja no regime laicista atual, filho da Revolução Francesa. Como disse Mons. Angelo Dell'Ácqua, Substituto da Secretaria de Estado, cm carta do ano de 1956 ao Cardeal D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, "em conseqüência do agnosticismo religioso dos Estados" ficou "a1nor1ecido ou quase perdido na sociedade moderna o sentir da Igreja". Se isto aconteceu no regime liberal, go1.ando a Igreja de irrestrita liberdade de palavra e de ação, como não ter por certo que, num regime comunista, em que os erros são inculcados pelo Estado com muito mais insistência e sem qualquer oposição legalmente admitida, as almas se deixarão arrastar em número ainda muito maior?

Pecados das nações: principal causa das guerras Se um acordo da Igreja com o regime comunista é inaceitável, muitos perguntarão a si mesmos: como evitar então a hecatombe termonuclear? - Pois é bem claro que, desesperançadas de impor ao mundo o seu sistema por via pacífica, as potências comunistas recorrerão à guerra. À vista disso, diga-se o que se disser sob o ângulo doutrinário, não serã necessário ceder? As guerras têm como principal causa os pecados das nações. Pois estas - diz Santo Agostinho - não podendo ser recompensadas nem castigadas na outra vida, recebem neste mundo mesmo o prêmio de suas boas ações e a punição de seus pe-cados. Se se quer evitar a guerra e a hecatombe termonuclear, é preciso combatê-las em suas causas. A corrupção das idéias e dos costumes, a oposição cada vei. mais freqüente entre as leis positivas e a Lei de Deus, isto sim é que nos expõe à cólera e ao castigo do Criador, e nos conduz mais do que tudo. à guerra e à destruição. Se, para evitá-las, cometessem as nações do Ocidente um pecado maior do que os atuais, como seria a aceitação de existir sob o jugo comunista e m condições que a moral católica reprova, desafiariam desse modo a ira de Deus e chamariam sobre si os efeitos de sua cólera.

Fidelidade heróica atrairia misericórdia divina Pelo contrário, um ato supremo e heróico de fidelidade, nesta hora. poderia apagar diante de Deus uma multidão de pecados, inclinando-O a afastar o cataclismo que se aproxima. Que Nossa Senhora de Fãtima obtenha para todos os que têm o dever de lutar, a coragem de exclamar "11011 possumus" (At. 4, 20) em face das insidiosas sugestões do comunismo internacional. 5


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Em face do socialismo

Resistências do

proletariado, entreguismo da burguesia EGUNDO a mitologia marx_ista, a sociedade está dividida em burguesia e proletariado, duas classes egoisticamente em luta de morte. Esta doutrina comporta ainda a convicção de que a burguesia luta pela manutenção dos seus interesses e privilégios, e que o proletariado anseia pela igualdade através da socialização dos meios de produção. Nada seria mais natural que a defesa acirrada dos próprios bens feita pelos proprietários. Para sua aquisição trabalharam com afinco, arriscaram-se ... por vezes até arranhando a honra. Poucas coisas costumam ser tão vivas quanto a defesa dos próprios interesses, a fortiori a da propriedade. Por outro lado, o sentimento de inveja moveria os operários a ambic ionarem para si tais bens, o que os colocaria em frontal oposição aos proprietários deles. A se levar até às últimas conseqüências. essa visualização - o choque onímodo entre duas classes em guerra - , bastaria que houvesse eleições livres para que O$ estratos modestos da população - maioria numericamente esmagadora - subissem tranqüilamente ao poder. Não é isso, no entanto, o que acontece. Tanto no Brasil quanto em outros países, as eleições livres têm representado contínuas derrotas para os -supostos líderes operários. A ponto de nos países sob o jugo comunista não serem permitidas as consultas ao grosso da população os trabalhadores - para determinar o grau de satisfação deles com a ditadura ex_ercida em seu nome.

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"Não é certo que a 1trande massa de trabalhadores aspire à socialização dos meios de produção". "Ninguém pode 1tfirmar que os votos dados aos socialístas provêm realmente de socialistas convictos".

Existe, portanto, algo de errado n,;ssa maneira de ver. Entre outros motivos porque nos campos não há senão uma ínfima minoria que se encontra envolvida por uma luta cujos objetivos ultrapassariam uma simples reivindicação sobre as condições de trabalho. A imensa maioria não aspira senão a se tornar proprietária. Também não é certo que a grande massa de trabalhadores da indústria aspire à socializaÇ.ão dos meios de produção. E fácil imaginar que afirmações tão peremptórias desagradem a a lgum leitor eivado de mentalidade socialista. Certamente não é o seu caso, prezado leitor. Porque as assertivas do parágrafo anterior (em destaque gráfico) pertencem a ... um socialista. E dos mais conhecidos. São de Eduard Bernstein, secretário de Engels durante algum tempo e destacado líder do socialismo na Alemanha. A citação é de obra que se tornou clássica, cujas teses orientaram, em linhas gerais, a política socialista no século XX (1). Ele vai mais longe: "Uma porcentagem muito pequena da classe operária totna parte ~letiva na obra positiva de en1ancipação socialista .... Ninguém pode afirmar que os votos dados aos socialistas provên, realmente de socialistas convictos" (2).

"Os burgueses ve.rdadeiros transbordam de sentimentos revolucionários e proletários". O socialismo é s ucessor e legítimo herdeiro do liberalismo. Se são verdadeiras as observações de Bernstein, como explicar a vitória do socialismo em muitos países? Seria um fenômeno burguês? Mas a maioria do grupo humano denominado burguesia adota doutrinariamente, ou apenas como estado de espírito, o liberalismo e não o socialismo. Bernstein no-lo ex_plica: "Se se considera o liberalismo um fenôn1eno histórico e universal. é-se obri-

gado a admitir que o socialis,no não suas metas. Põe a tônica na proé so,nente seu sucessor no tempo, messa de melhorias, o que na prámas seu legítimo herdeiro" (3). "Os tica é sua grande isca. Evita assim burgueses verdadeiros transbordam afastar de si o operariado, já que, de sentin1entos revoluciondrios e pro- como mentalidade, talvez se possa Eduard Bernstein, aec:ret6rio de Engela dizer que ele constitui a classe mais letários" (4). Portanto, não haveria oposição conservadora do Brasil e de vários real, mas intensidades diferentes na outros países. Uma campanha de silêncio aceitação das conseqüências de preisola os anti-socialistas irredumissas comuns, admitidas por amO ataque frontal e maciço tíveis. Se conseguem romper o bas as correntes. E choque apenas de aos interesses dos proprietácerco do silêncio, a arma coninteresses, que o tempo se encarrerios é uma inabilidade. Se os tra eles é o sussurro que desagaria de resolver. Um processo lendiversos elementos que comto, de destruição gradual de coscredita ou o estrondo publicipõem a burguesia se sentissem tumes sociais e hábitos mentais entário que difama. ameaçados, ela poderia torraizados através da tradição católica, carrearia blocos cada vez maionar-se compactamente reaciores das correntes liberais a fazerem Delineada tal tática do socialisnária . causa comum com o socialismo. mo, resta ver como se desenvolve o Atuando nas mentalidades, o Tal situação nunca escapou ao aumento de sua iníluência nos meios liberalismo leva os proprietários a olhar dos políticos socialistas, que católicos. Aqui ele age por duas tenderem a colaborar com o socia- moldam suas táticas de acordo com tenazes: o progressismo, s ucessor do lismo ou a diminuir a energia de a observação circunstanciada da re- modernismo condenado por São oposição. Em nossos dias, principal- alidade, sem o que afundariam seus Pio X, e o esquerdismo. Pode-se dizer que o esquerdismo mente o segundo destes efeitos per- partidos pela imposição de orientaé o progressismo no terreno sóciomite as vitórias socialistas. Embora ções ilusórias. proporcionalmente minoritária, a O experiente líder socialista ad- político, assim como o progressismo burguesia, por causa de sua influên- vertia: "Poderia acontecer que a é o esquerdismo na Teologia e na cia natural e meios de ação, derrota- burguesia se tornasse compactan1e11- Pastoral. São facetas de uma correnria facilmente o socialismo, se não te reacionária se os diversos ele- te, de idêntica inspiração e propóestivesse amortecido seu ânimo de mentos que a compõem se sentissen1 sitos convergentes. Quem promove resistência. ameaçados .. .. u11s no seu interesse um, por tabela ajuda o outro. O mesmo esquema é aqui apliAs observações de Bernstein ex- pessoal. outros na sua ideologia: cado. Inicialmente se atrai parte dos plicam ainda hoje o alto índice de religião, patriotismo, desejo de evi- católicos, seja do Clero ou dos fiéis, votação de candidatos esquerdistas tar ao país os horrores de uma aquela mais picada pelo espírito de em regiões cuja população burguesa revolução violenta·: (5). E outro revolta e sensualidade. Esta caminha deveria ser naturalmente contrária revolucionário, Georges Sorel, com- até assimilar toda a ideologia proao socialismo. Com o que os pro- pleta: "Não se pode ir n1uito lo11ge gressista. prietários conferem prestígio e po- porque a burguesia poderia desperOutra parte - a maioria - , der exatamente àqueles que têm tar e instaurar um governo resolu- refratária à aceitação em bloco e tamente conservador"' (6). A inabicomo progr~.ma destruí-los. rápida da ideologia, é enganada e lidade é o ataque frontal e maciço a Já nas áreas de predominância todos os interesses e atavismos dos mantida despreocupada, com afiroperária, o voto é mais determi- proprietários. mações de que a situação está sob nado por interesses de momento, Isto quer dizer que enquanto a controle, de que há sinais de retromuitas vezes em choque com o miragem socialista está à distância, a cesso, de que tais e quais autoridaestado de espírito habitual. As con- burguesia a vê com benevolência. des são muito boas e resolverão com siderações ideológicas pesam me- Mas quando ela chega perto, surgem sabedoria os problemas criados, etc. nos do <jue nas classes instruidas, o os receios, porque no dia-a-dia a Tal maioria vai se acostumando às que explica a presença do populismo utopia socialista espinha e chamus- novas condições, e a contragosto que apela simulta11earnenle para va- ca. Como na nossa era histórica a desli1.a devagar rumo ao progreslores conservadores e reivindicações maioria das pessoas vive de hábitos, sismo, se não é despertada por um de melhoria de padrão de vida. e não gosta de vê-los violentados de sobressalto salvador. Nestas condições, a propaganda do repente, há para os socialistas o A terceira parte. a dos irredutisocialismo disfarça habitualmente perigo de apresentar ou aplicar um veis, é isolada em virtude de bem programa que ofenda demasiada- conduzida campanha de silêncio, mente os hábitos de estabilidade que impede a repercussão de suas opiniões. Caso seJa rompido o cerco social. do silêncio e numerosos católicos Ao mesmo tempo que se toma essa precaução, é necessário, para comecem a escutá-los, prejudicando predispor a burguesia às conces- assim o desenvolvimento do plano, sões, manter a ilusão da irreversi- vem o utra etapa, a dos ataques pessoas não querem nen1 nos enter- bilidade do socialismo. "Seu poder furiosos. Do sussuro que desacrerar quando morremos", diz William [do socialismo) é e11orme en1 presen- dita ou do estrondo publicitário que Runyon, que perdeu seu empre$O ça de uma burguesia que se tornou difama. Para os irredutíveis, posta tal num laboratório de Minneapolis, n1ais ou 1ne11os tão imbecil quanto a circunstância, terá chegado a hora quando adquiriu o AIDS. "Isso faz nobreza do século XVIII'' (1). a gente sentir-se realmente inútil". Conseguindo desta forma a ade- de confiar na Providência divina e A Cruz Vermelha informou que são de uns e o adormecimento de continuar impávidos o caminho do se verificou a queda de 16,1% no outros, resta saber qual a atitude dos dever, indicado-pela adesão à Igreja fornecimento de sangue e citou uma socialistas com relação aos oposito- e pelo amor à civili1.ação cristã. variedade de razões, incluindo a res irredutíveis. Não se deve esperar Péricles Capanema desinformação sobre o AIDS. destes últimos adesão ou qualquer Os homossexuais masculinos têm tipo de favorecimento ao avanço sido assolados por ataques do AIDS. socialista. A tática consiste neces- Notas Em New York e Califórnia cada sariamente em obstar sua influência 1) Eduard Bernstein. ú:s Pressuposts du Ed. du Seuil, 1974, Pari,s. pp. 134"gay" parece conh.ecer alguém que sobre a maioria. Isolá-los, portanto. socloHsme, 135. morreu da moléstia. Pelo silêncio, quando possível, e 2) Op. CÍI., pp. 134-135. Devido ao longo período de pela difamação, quando necessário. 3) Op. ci1., p. 180. incubação, nenhum homossexual a- São as possibilidades de ação de 4) Op. CÍI., p. 57. 5) Op. cit., p. 190. tivo pode estar certo de já não consciências inescrupulosas, para as 6) Gcorges $orei, Rtflexions sur lo vfoltnr.c, possuir a enfermidade. Falar sobre quais inexistem os rígidos limites da Marcel Rivihc Ed .• Paris. 1930. p. 109. suicldio não é nada incomum. 7) Op. ci1., p. 109. reta moral. Algumas vitimas enfrentam outro trauma : ter que dizer a seus pais que são "gay" e que contrairam a enfermidade. O AIDS tem obviamente mudado a vida dos homossexuais. Alguns tentam abster-se sexualmente. Para os homossex_uais, o temor do AIDS é também uma derrota MENSÁRIO politica: depois de uma década de CAMPOS - ESTADO DO RIO vitórias sociais e crescente tolerânDiretor: Paulo Corrb de Brirn Filho cia, tomaram-se, de novo, repentiJ oru U.tta raponsávd: Takao T akahashi - Registrado no D.R.T .-SP sob nº 1).748 namente párias. "Isto é mais terrfvel Olrd0<la: Rua dos Goiiacazes, 197 • 28100 - CampQs, RJ do que a enfennidade, pois este tipo AdmJnlstnçlo: Rua Dr. Maninico Prado, 271 • 01224 - Silo Paulo, SP • de estigmatização durard mais do PABX: 221-8755 (ramal 2JS). que a epidemia". Composto e imprcS$O na Anprcss - Pa~is e Ancs Gráficas Ltda., Rua GaribaJdi. 404 Alguns homossexuais estão co- 01135 - Slo Paulo, SP meçando a sentir uma responsabi..Catollc:lamo" é uma publicação mensal da Editora Padre Sclchior de Pontes S/ C. lidade moral pelo AIDS. Aalnatura anual: comu"' CrS:4.000 00; cooperador CrS 7,000,00; benfeitor CrSI0.000,00 Sem dúvida o AIDS está remogrande benfeitor CrS 20.000,00: semmari.stas e C$tudantes Cr~ 3.000,00. Exterior: (vta delando as comunidades homossea~rea): comum USS 25,00; benfcilor USS 40,00. xuais e moderando muitos, assim Os pa~mcntos, sempre cm nome de Editora Padre lkkhlor de Pon1~ $/C, poderio ~r como a epidemia de herpes restrincncamanhados à Administração. Para mudança de endereço de asunantcs é nccessáno giu o sexualismo normal. A rcvolu0 mencionar tamMm o endereço antigo. A corrc.spond!ncia relativa a as.sinaturas e venda avulsa deve ser enviada à ção sexual não acabou, mas os anos Admlnlstraçlo: 80 estão se manifestando perigosos Rua Dr. Martlnko Prado, 171 - Slo Paulo, S P para os que desejam sex_o fortuito e muito sexo.

NOVA EPIDEMIA: CASTIGO DIVINO? "Catolicismo" publicou em sua edição de maio deste ano (n.0 389) pequena n oticia sobre o AIDS, sigla de vocábulos ingleses cuja tradução é a seguinte: Smdrome de Deficiência Imunológica Adquirida. Nessa época esta moléstia incurável, surgida em 1981 nos Estados Unidos, já ia assumindo características de uma epidemia. Julgamos oportuno apresentar a nossos leitores um resumo do artigo publicado pela revista "Time", de 4-7-83, no qual se afi.rma: "Alguns hon1ossexuais estão começando a sentir unia responsabilidade moral pelo AIDS". Em Manhattan, uma equipe da TV W ABC recusou-se a entrar no escritório dos "Gay Men's Héalth Crisis" para fazer uma reportagem sobre o AIDS. Dois outros grupos de ajudantes também se recusaram a entrar. Um dos técnicos disse: "Olha aqui, ninguém sabe nada sobre o AIDS. Como eles podem estar tão certos de que eu não o vou contrair no contato com o suor de uma palma de mão?". Um dos homosse-

nlo determinam a cura da moldstia. O olher deate enfermo norte•.amerteano reflete deM1peranç.a.

Injeções de lnterferon

xuais tinha sua própria pergunta: "Compreende agora que somos tratados como leprosos?'' Enquanto o número de mortes provocadas pelo AIDS continua a aumentar, também cresce a histeria sobre o possivel contágio. As vitimas e os membros dos "grupos de alto-risco" (principalmente os homossexuais) estão sendo evitados por suas coletividades, seus colegas de trabalho e, às v~es. por seus amigos e suas famílias. Os homossexuais em geral estão se defrontando com uma nova tendência ao preconceito. Certa família que jantava em restaurante de San Bernardino exigiu que um garçon efeminado fosse expulso na hora. Vários conservadores, incluindo o colunista Pat Buchanan, têm levantado a pergunta de se os homossexuais deveriam ser impedidos de trabalhar nos empregos em que se mexe com comida; e em várias cidades foram boicotados os restaurantes a respeito dos quais corria o rumor de possuirem "ma1tres" homossexuais. O diretor de uma prisão de Nova York teve que afastar todos os "homossexuais declarados" do serviço de refeições, a fim de acalmar os outros detentos. Determinada mulher de Worcester, Massachussetts, se perguntava se deveria pôr fora da casa seu filho "gay", apenas devido à possibilidade de ele ter contraído o AIDS. Os que trabalham na preparação de cadáveres estão assustados ao ter que tratar vitimas do AIDS, pois o contato com o sangue é inevitável durante o embalsamamento. O "New York State Funeral Directors Association" convida seus membros a não aceitar casos de AIDS até que o governo providencie instruções. "As

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Af01ICliSMO

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CATOLICISMO -

Setembro de 1983


SÂO LOURENÇO, , . o martzr da grelha

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~ A secular igreja da encantadora cidade de Amaseno# na Itália · cuja arquitetura externa é de estilo rom8nico - contdm o precioso relicário

Os cristãos ofereciam tributo de veneração aos mártires. recolhendo piedosamente seus membros mutilados e tudo o que podia sobrar deles, prestando-lhes culto e tendoos cm maior estima q ue às pedras preciosas. Mais tarde, construíram basílicas. criptas e capelas para abrigar tais relíquias. "E coisa louvável revelar e publicar as obras de Deus" (Tob. 12, 7). Para q uem crê. nenhuma explicação é necessária. Para quem não crê, nenhuma explicação é possível. O milagre, sem abertura de alma a Deus. não basta. Uma ampola contendo sangue de São Lourenço é venerada na cidade de Amaseno desde o ano de 1100, ou seja, pode-se documentar sua existência ali, a partir desta data . Naquela época a cidade não se c hamava Amaseno (nome de um pequeno rio que percorre a região), mas já se intitulava São Lourenço, permanccndo ta l denominação até o movimento de unificação da Itália no século passado.

Viagem a uma cidade medievaL. ROMA - São Lourenço, martírio, promessa ... talvez uma das primeiras associações de idéias que fiz · na vida. Explico-me. Eu tinha aproximadamente três anos de idade e vivia numa casa de fazenda no Brasil. Trabalhava para meus pais um rapazinho de cor, esperto e cumpridor de seus deveres. Certo dia, dei-me conta de que algo de diferente se passava cm casa. Zizico - esse era seu apelido havia regressado ainda cedo do campo trazendo palmitos. legumes e frutas. Deixou tudo com a cozinheira e foi ocupar-se de suas obrigações, avisando que não iria almoçar, para cumprir uma promessa a São Lourenço. Diante do meu interesse, esclareceram-me que São Lourenço havia sido queimado vivo sobre uma grelha. Como Zizico era devoto daquele santo, estava cumprindo promessa feita a ele, cm virtude de uma graça recebida: durante todo aquele dia não comeria nada que tivesse ido ao fogo. Nem tudo ficou então claro para mim , mas como aquele hâbito do Zizico se repetisse durante todo o tempo em que vivi na fazenda - e quiçá ainda continue - fui aprofundando aquela primeira associação de idéias.

Lourenço não encontrei sequer uma estampa . Absolutamente nada. Junto à sacristia havia outra banca com publicações, rodeada por turistas. Um capuchinho, atrás de um guichê, atendia os clientes. Recomecei minhas pesquisas, mas ainda sem êxito. Interpelado, o capuchinho-caixa dava-me meias respostas, enquanto seus o lhos atentos acompanhavam os turistas que escolhiam um ou outro artigo. Tendo cu insistido em saber se havia alguma publicação sobre São Lourenço, respondeu-me que não havia realmente nada . Mas, caso quisesse conhecer sua vida, que me dirigisse a uma biblioteca ... Agradeci e sai, refletindo sobre a inutilidade de me informar naquele local. que deveria ser o mais próprio para isso, e me dirigi a uma biblioteca. Procurava algo vivo. algo que pudesse transmitir-se através da tradição popular e - por que não? - algo de legendário. Queria ver referências à grelha em que São Lourenço fora martiri1,ado. outros instrumentos de seu suplicio, enfim, práticas de devoç.io popu lar como aquela do Zizico de minha infância. Os livros não me disseram nada sobre isto, mas algo do que então aprendi merece ser relatado.

lgnorancia desconcertante

Durante as perseguições. os cristãos eram presos e sujeitos aos mais variados sofrimentos, que visavam fazê-los renegar a Fé. Os que resistiam eram cond uzidos aos magistrados romanos, os quais, por meio da persuasão, tentavam levá-los à apostasia. Caso ainda resistissem a essa prova, eram condenados a suplícios como a decapitação, o fogo, ou eram lançados às feras. Em uma palavra, tomavam-se mártires da Fé. O nome mártir foi escolhido porque os Apóstolos e aqueles que os seguiram, verteram seu sangue por Jesus Cristo. Eram testemunhas (em grego, martyr) de Seus milagres e Ressurreição, pois mártir é a pessoa que padece e morre por amor a Jesus Cristo. São Lourenço foi o primeiro Diácono da Igreja de Roma que, além das funções próprias desta dignidade eclesiástica , estava e ncarregado pelo Papa São Sixto II da administração dos bens da Igreja. Que tenha sido espanhol, não se põe em dúvida , assevera a Enciclopédia Espasa-Calpe. Parece certo que São Lourenço nasceu em Huesca .- Contudo, pelo menos mais quatro cidades espanholas disputam esta honra : Córdoba, Valência, Tarragona, Zarago1.a. Parece igualmente certo que morreu durante o reinado de Valenciano, em 258. e não de Décio, seu predecessor. Após muitos tormentos, morreu q ueimado sobre uma grelha. O Martirológio Romano - relação das festas católicas que se celebram em data determinada - fixa seu martírio no dia 10 de agosto.

Ao aproximar-se a festa do grande mártir, fui até à principal Basílica a ele dedicada - São Lourenço Fora dos Muros. O local é encanta dor e abriga o conhecido cemitério de Verano. A Basílica foi construida por ordem de Constantino, em memória de São Lourenço, no local de seu martírio. Ali está sua tumba junto com as de outros mártires como Santo Estêvão, São Justiniano e São Tarcisio. Além de suas relíquias. encontram-se alguns instrumentos do martírio, como uma grande pedra de mármore marcada com seu sangue, na qual o corpo do mártir repousou depois que foi retirado da grelha . Atualmente a Basilia se encontra aos cuidados dos padres capuchinhos. Como tantos outros monumentos históricos de Roma, ela é muito visitada por turistas, sobretudo nesta época do ano. Sem dúvida, deveria ser local seguro para eu obter dados hagiográficos sobre São Lourenço e informar-me sobre como era celebrada sua festa, uma vez que em Roma este mártir é precedido apenas por São Pedro e São Paulo, na ordem dos patronos. A princípio. percorri detidamente uma pequena livraria que os padres mantêm ali, ent re a nave central da igreja e a sacristia. Encontrei farta literatura: "Seja moderna", "Renova,nento no Espírito e Serviço do Homem" do Cardeal Suenens e D. Helder Câmara, "Aquilo que u11,a mulher do século X X deve saber" etc., etc. Sobre São CATOLICIS MO -

Eis que chega o dia 10 de agosto. Era domingo. Quis prestar um ato de culto a São Lourenço, e dirigi-me desta vez à Basílica de São Lourenço em Dâmaso. anexa ao Palácio da Chancelaria. Ao transpor seus umhrais, de parei com a beleza e o ornato dó templo. Junto ao altar, do lado da epistola, havia relíquias expostas à veneração dos fiéis: três grandes tccas continham sangue e ci nzas, e um cscrinio abrigava um

foi percorrer os últimos 30 Km entre vales e curvas dos montes Lcpini. Sobretudo para quem tinha pressa. Mas eis que, de repente, deparome com uma cidade inteiramente medieval. Não faltavam nem mesmo as muralhas. Num extremo está o castelo feudal, e no outro a belíssima Igreja de Nossa Senhora Assunta ao Céu, onde se venera o sangue de São Lourenço. Sua população não ultrapassa quatro mil habitantes, que se dedicam especialmente à agricultura. Percorrendo suas estreitíssimas ruas, onde jamais transitaram automóveis, recebia cumprimentos amáveis das pessoas que se encontravam cm frente a suas casas, sentadas comodamente à procura de uma brisa, naquela bela tarde de verão da cidade em festa. Muitas senhoras vestidas de preto, outras que usavam o "copricapo" (cobre-cabeça) - espécie de toalha colorida tecida à mão - colocado transversalmente sobre a cabeça. Ali a tradição é viva. Nesse cenário tudo era enriquecido pela exuberância e vitalidade italianas.

Igreja gõtíca: relícãrio que contêm o sangue miraculoso O que havia visto até então era como uma moldura para o quadro. Entrei logo na igreja. A relíquia estava exposta junto ao altar, na nave central, mais ou menos no local onde outrora havia a mesa da comunhão. Achava-se à altura dos olhos de uma pessoa de estatura mediana, de maneira que qualquer

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gue de Slo Lourenço. confeccionado em estilo barroco

lho translúcido como o arte rial. Com o auxilio da lanterna colocada do lado de trás da ampola, via-se aquele líquido que mais parecia uma pedra preciosa, um rubi em estado liquido. Dirigi-me ao pároco, perguntando-lhe se podia mover a ampola. Atendeu-me prontamente, e pude constatar q ue tinha realmente a densidade própria do sangue. Depois disso observei vários fiéis balançando o relicário para ver o sangue mover-se dentro da ampola. Eu mesmo tive oportunidade de repetir aquele gesto, para satisfazer o desejo de muitos como cu. À tarde, na Basílica, uma fila imensa ia venerar pela última vez aquele milagre do sangue liqUcfcito. Pessoas de todas as idades. Os meninos não se continham enquanto não eram auxiliados por seus pais a tocar no relicário. E eles não tocam apenas levemente, mas com os cinco dedos e nos quatro cantos do relicário, osculando-o repetidas vezes. Assim expressa n9rmalmente sua devoção o povo italiano, que teve a honra de hospedar os sucessores de Pedro.

Antiga tradição dos romanos evoca recordações de minha infãncia

O martlrio na grelha

Setembro de 1983

O relicário, que encerra o milagroso sen

Uma pitoresca anciã. com vdu branco na cabeça. percorre uma rua medieval da PG· quena cidade

pedaço da corrente com a qual São Lourenço fora amarrado. Ali estava um padre idoso. certamente o pároco. Indaguei-o sobre a grelha. Não soube me escla recer nada a respeito do assunto. Após re1.ar, pedir graças e lembrar-me do Zizico, sa i da Igreja. Junto à porta, encontrei-me com outro sacerdote e recomecei minhas perguntas. Respondeu-me à meiavoz: "Esteve aqui nos visitando rece11te111ente o pároco de A1nase110. Narrou-nos que c,11 sua Igreja existe uma ampola que contém boa porção do sangue de São Lourenço. Por que o Sr. não se dirige aré lá?". Indicou-me o local da cidade, pequeno "paese" perto de Frosinone, a uns 100 quilômetros de Roma. São Lourenço pareceu ajudarme, pois do centro histórico da Cidade Eterna até a auto-estrada não tive que parar nem uma só vez o carro, pois os si nais - de 15 a 20 estavam todos verdes ... Até Frosinone, nenhuma dificuldade. O difícil

fiel, sem interferência dt> pároco nem de qualquer guardião, pudesse venerá-la . osculá-Ia , tocá-la e examiná-la o quanto e como bem o entendesse. Não faltava sobre a mesa até uma lanterna colocada expressamente para uso dos fiéis e de alguns curiosos. A igreja, na parte interna, é um grande relicário para tão portentosa relíquia. O esti lo é gótico francês. Este foi o primeiro templo ita liano que apresenta internamente o estilo ogival, introduzido na península pelos cistercienses franceses. Para pessoas conhecedoras de estilos arquitetônicos, as igrejas góticas são as mais belas da História. Tal privilégio e pioneirismo couberam à França, a Filha Primogênita da Igreja. Minha atenção estava toda voltada para a relíquia que se encontrava na ampola contendo cerca de 50 mi de sangue. Estava liquido, cor de sangue extraído na hora, não de uma cor escura, como acontece com o sangue venoso, mas de um verme-

Voltando a Roma, já noite avançada , procurei ver se os romanos o lhavam para o céu à procura da estrela de São Lourenço, pois havia lid o que naquela noite, nas venentcs do Palatino, do Janiculo, do Vaticano, do Quirinal, nos pontos mais altos da cidade, ao longo das margens do Tibre, centenas de romanos, ricos e pobres. patrícios e plebeus, com o olhar voltado para a cúpula do céu, observavam ansiosos e trepidantes a q ueda das "estrelas" de São Lourenço. De repente, estrelas caden tes sulcam o céu. Quem conseguir formular um pedido naquela fração de tempo, será atendido, diz uma lenda. As estrelas falam de Deus e nos levam a Ele. Os romanos amavam de modo particular as estrelas, a ponto de chamarem "Via de Roma" a Via Lác.tea, o grande facho luminoso de estrelas em torno do equador galáxeo. Mas, infelizmente, não vi nem uma só pessoa olhando para o colorido céu romano. Talvez os italianos tenham rompido com a tradição, esquecendo-se daquilo que servi u de pedesta l para a glória da civilização cristã. De uma coisa estou seguro: se eles freqüentam a Basílica de São Lourenço Fora dos Muros, onde sequer pude obter informações sobre o santo ao qual é dedicada, não me espanta que ignorem a ex istência desse terceiro patrono de Roma. Olhei fixamente para o céu em direção ao poente, seguindo a trajetória do sol. Meu pensamento cruzou rapidamente as águas do Mediterrâneo, na direção do Atlântico, e encontrou o sol deitando seus raios c m nosso Pais-continente. Não foi diflcil reconstituir mentalmente, no interior do Brasil, aquela casa de fazenda onde, em pleno século XX. uma alma cumpria a promessa de abstinência, cm homenagem ao glorioso mártir do século IJl.

Paulo Henrique Chaves 7


TFPs TELEGRAFAM A REAGAN "BLUFF' fabrica-se. Depois, inOado pelas tubas da propaganda, transforma-se cm mito. Alardeado, promovido e insunado em certas rodas de prestigio e inOuência, ele acaba matreiramente vestindo o traje da realidade. E o que não passava de mera espuma, simples "blufr·, toma os conspícuos ares do que é verdadeiro! Tal como se uma mulher de má vida quisesse transformar-se em honrada dona de casa. Ou um sanguinário malfeitor, no probo juiz de sua localidade. Os mitos foram produzidos cm série nos últimos séculos, por uma misteriosa fábrica. E os ventos da publicidade, obedientes, os conduziram aos quatro cantos da terra. Um dos que mais pesou sobre o ânimo dos bons, daqueles que procuravam resistir com altaneria à avalanche da decadência de nossos tempos, foi o mito de que somente do lado dos maus, dos corruptos, dos socialo-comunistas, dos revolucionários de toda sorte, estão a ousadia, o amor ao risco, a coragem e a ufania. Se se está numa roda de jovens, o mais impuro, com frequência, é quem determina o rumo da conver: a, enquanto o puro é silenciado. Se se trata de enaltecer feitos heróicos, raramente as medalhas ornarão o peito de um católico fervoroso. Se

O

Na esteira desse lance veio outro, todo ele também feito de o usadia e destemor.

As TFPs e seu mais recente "cristão atrevimento" "New York Times", dois de agosto último. O leão rompante da TFP sobressai em metade da página 7. Em matéria paga, a TFP norteamericana expressa ao Presidente Reagan sua profunda preocupação pela designação do Sr. Henry Kissinger para chefiar a comissão de alto nível incumbida de aconselhar a presidência na política para a América Central. "The Washington Posf', uma semana antes, já havia publicado o candente documento. E o "Los Angeles Times", dias após, tornava o telegrama conhecido em toda a Califórnia. Os importantes órgãos conservadores "The Wanderer" e "Conserva tive Digest" também o publicaram com destaque.

"Klssinger vai ajudar os comunistas a dominar a América Central ..." A empreendedora TFP norteamericana, todavia, não se satisfez com esses milhões de americanos

ardente,nente desejoso de contactá/os".

No Brasil e Equador No Brasi l, o telegrama inspirado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira também repercutiu. "A Cidade", de Ribeirão Preto-SP; "O Diário", de São Carlos-SP; a "Tribuna Piracicabana" e o "Jornal de Piracicaba", de Piracibaba-SP; o "Monitor CamP.is1a", de Campos-RJ; o "Jornal da Cidade", de Vitória-ES; "O Norte Fluminense", de Bom Jesus do ltabapoana-RJ; a "Tribuna do Ceará", de Fortaleza; o "Jornal do Povo", de Macapá, ·1odos publicaram o documento na íntegra. A "Folha da Tarde", da capital paulista; a "Última Hora" e "O Dia", do Rio de Janeiro; "O Estado do Paraná", de Curitiba, estamparam um resumo. A "Gazeta do Povo" da capital paranaense e o "Correio Brasiliense" de Brasília reproduziram o despacho procedente de Caracas, da Agência France Prcss. Enquanto isso, no Eq uador o diário "EI Comercial", o principal de Quito, com muito bom destaque, publicou o telegrama ao Presidente Rcagan sob o título "Preocupação de que a América Central se torne outro Vietnã". Apesar de o documento ter sido entregue a todos os

Dois jovens venez.ue• lanos bradam slogans

com megafones. du· rante a campanha de distribuição do tele· grama enviado ao Pre-sidente Reagan

,•

• ,

..

telegrama , apresentou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira como o fundador da família de almas das TFPs. E após informar os telefones dos responsáveis pela publicação do documento naquele dia, nas páginas do "EI Universal", acrescentou: "Aliás. os ouvintes já os conhecen,, pois deven, rê-los visto pelas ruas aos domingos, con1 suas capas e uma linda cruz de Sanriage>". De fato, naquele mesmo domingo, estandartes ao vento, estavam jovens venezuelanos a difundir o telegrama contra a nomeação de Kissinger. Os Srs. têm toda razão. afirmou de seu automóvel uma jovem senhora. O co,nunis,no na A,nérica Cen· rral é um perigo para a Venezuela". Um efusivo rapaz de 28 anos exclamou: "Muito be,n! Faço questão de ser doador dos Srs. !" O telegrama que as TFPs remeteram ao Presidente norte.americano lembra a tra· gédia vivida pelo Vietnl do Sul. entregue aos comuniatas pela política de Kissin· ger. O drama prossegue até hoje com os constantes êxodos de vietnamitas, que se evadem de sua pétria subjugada pelos vermelhos. A foto apresenta um barco com asses infelizes fugitivos ao chegar

a Hong Kong.

abrirmos as páginas dos principais jornais, dificilmente encontraremos homens de fé entre os nomes daqueles que têm nas mãos o acontecer. Nos dias que correm o mito, de fato, entrou largamente na realidade. Ora é a bandeira anarquista que presenciamos içada, em 1968, no alto da histórica catedral de Notre Dame, em Paris, durante os distúrbios da revolução da Sorbonne; ora é a arrogância dos russos que assinam e rasgam tratados e vão impondo a "pax soviética" sobre tantos povos.

"Uma força nova dotada de potência" ergue-se contra o mito Entretanto, neste Brasil da Santa Cruz, há mais de cinquenta anos uma semente foi lançada. Semente que teve coragem para vicejar, crescer e. ao cabo de décadas de luta. transformar-se em magnifico carvalho. Quando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e o grupo de ami$OS que o seguiu em seus ideais imciaram seus combates contra o nascente progressismo, mal poderiam imaginar esta impressionante famUia de almas que mais tarde nasceria, a desafiar numerosos mitos e a proclamar os ideais que tantos julgavam sepultados. Sim, a grande famUia de almas das TFPs espalhadas pelo mundo inteiro. E o mito de que católicos não praticavam ações ousadas rolou por terra. Prova Oagrante é a Mensagem escrita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário, publicada nos mais importantes órgãos de cinquenta nações dos cinco continentes, e que suscitou cartas e repercussões de 114 países.

que assim tomaram conhecimento de seu lance. Ela ainda queria mais. E os seus dinâmicos "correspon- . dentes e esclarecedores", por iniciativa própria, empenharam-se na publicação do documento em seus respectivos Estados. Assim, o "North· post Journal", de Long Island; o "Bakersfield Californian", da cidade do mesmo nome; o "The New limes", de Danbury, Connecticut; o "Arrada Sentinel", do Colorado; o "San Mateo Times", de San Francisco, Califórnia; o "The Journal", de Clevcland, Ohio; o "Kansas City Kansan", o "Bonner Spring Chefiam" e o "St. Mary's Star", de Kansas. Centenas de cartas chegaram à sede central da TFP norte-americana provenientes de 25 Estados. A grande maioria prestava calorosa solidariedade ao lance da TFP. • Uma Sra. do Estado de Geórgia afirmou: "Opo11ho-n1e tenazmente ao Dr. H. Kissinger. Ele não deveria ocupar nenhum posto governamental. Não confio nele. pois vai ajudar os comunistas a do,ninar completamente a América Central, o México e a América do Sul. Dever-se-ia estabelecer unta cuidadosa investigação acerca de suas atividades pelo mundo, inclusive na China Vermelha .... Kissinger deveria ser expulso dos EUA por ter permitido o domfnio do Sudeste asiático e ter entregue o Canal do Panan1á",

Enquanto um categórico Sr. declarava "antes morto que vermelho", o professor de uma Universidade texana escrevia: "Uma vez que a Tradição, a Famr1ia e a Propriedade parecem ser o objeto do ódio daqueles que considero meus inimigos, vejo que so,nos aliados .... Estou

jornais. rádios e TVs das várias tendências, uma misteriosa carapaça de silêncio desceu sobre o momentoso tema, e somente uma rádio quitenha transmitiu um resumo do telegrama. Entretanto, na sede central da TFP equatoriana, numerosas repercussões favoráveis chegaram de todo o país.

"O comunismo, na Am érica Central, é um perigo para a Venezuela Na Venezuela, a matéria foi muito bem estampada pelo diário "EI Universal", o mais importante de Caracas, e que com frequência publica arti~os do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e no "La Religión", influente jornal pertencente à Arquidiocese da Capital. No tablóide "Últimas Noticias", órgão de maior tiragem do país e dedicado às classes mais populares, o telegrama também mereceu destaque. E as agências internacionais UPJ e Associated Press elaboraram um despacho especial sobre o documento das TFPs das três Américas. Num programa de rádio de Caracas, bastante ouvido, o locutor, depois de ler o texto integral do

Um casal de 60 anos aproximadamente, classe média alta, de mentalidade suicida, afirmou: "Os Srs. precisam dar uma oportunidade ao comunis1110 na Nicarágua. Quanto a Fidel Castro, é um homem be111 intencionado/" Indignado, um Sr. aproximou-se do estandarte: "Foi um verdadeiro escândalo que ninguém dissesse algo conrra o barco russo que foi detido no porto de Maracaibo levando annas para a Nicarágua!" "Oxalá triunfe a revolução da Nicarágua. Depois vocês verão o que se passará aqui", ameaçou um fanático comunista.

"Um desses toques de sino lndlspensãvels para despertar a consciência do mundo livre" No Canadá, "La Presse", de Montréal, publicou no dia 6 de agosto, ao lado da página de editoriais, o telegrama contra a nomeação de Kissinger, "o homem público cujo nome simboliza. aos olhos da opinião pública universal, todos os desastres e vergonhas que o Mundo livre sofreu no Vietnã". No dia 18, "The Spectator", principal jornal da cidade de Hamilton,

em Ontário, publicou o telegrama. E o mensário "Speak Up", de Toronto, também o fez, só que em sua página editorial. Entre os numerosos apoios recebidos no Canadá, da costa do Pacífico à Atlântica, destacamos esta comovente carta de um refugiado vietnamita: "Foi com alegria e satisfação que tomei conhecimento de vossa sociedade TFP e de vossa respeitável -rnensage,n enviada ao Presidente dos Estados Unidos .... Eu queria expri111ir não só 1neus senti,nentos e

,ninha admiração pessoal para com vossa sociedade, nws e111 nome de minha pátria e 1neus co,npatriotas vos manifestar nosso profundo reconhecimento ante vossa clarividência~ vossa co,npreensão e vossa atitude face à guerra do Vietnã. Defendendo a Tradição, a Fa,nília e a Propriedade, vós não vos esquecestes de defender a justiça e a verdade. das quais, infelizmente, muitos hoje se esquecem ou procuram esquecer! ''Vossa mensage,n constitui u,n desses toques de sino indispensáveis para despertar a consciência do mundo livre .... A troika "KissingerNixon-Harrynran" deixou profunda marca não somente na vida da população do Viemã do Sul, mas també,n na consciência do inundo livre. Oh. quantos valentes 111ilitares. desde generais a simples soldados. quantos policiais e suas fa,nflias escolheram a morte para não to1nbar sob as ordens comunistas durante aquelas sombrias jornadas de abril de 1975!... Entretanto, raros foram os jornais e rádios que disso falara,n .... "Vossa to111ada de posição cavalheiresca, franca e imparcial, verdadeiramente nos reconfortou e isto fez reviver a esperança neste mundo livre, onde aindapuden,os encontrar gente séria, que não se intimidou ante os alaridos publicitários e que não se deixou influenciar pela auréola das "grandes figuras poUticas mundiais" da envergadura do Sr. Henry Kissinger. "Uma vez mais vos ,nanifesto a profunda gratidão do povo vietnamita, daqueles que n1orreram no campo de batalha ou estão a caminho da liberdade, dos que estão vivendo hoje nos chamados campos de "reeducação" da grande prisão que é o Viemã socialista, ou ainda errando apárridas por todos os cantos do mundo. con10 pobres exilados/"

• • • O brado da TFP continuou a reboar pelas 3 Américas. Na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Bolívia, no Peru, na Colômbia e na Costa Rica, o telegrama causou vivas repercussões. O mito revolucionário de que o Bem não é intrépido foi destroçado uma vez mais, com o auxílio de Maria Santíssima. Bem certo, pois, estava o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira quando afirmou, anos atrás, a respeito da ousadia das metas a que se propunha: "Os céticos poderão sorrir. Mas o sorriso dos céticos jamais conseguiu deter a marcha vitoriosa dos que tén1 Fé". De fato - contemplemos a pujança das 15 TFPs! - eles não a detiveram ...

Wellington da Silva Dias


Nº. 394 - Outubro de 1983 - A no XXXIII

D iretor: Paulo Cor rêa de Brito Filho

MARX E LUTERO NO NOVO MISSAL FRANCES Plinio Corrêa de Oliveira FRA NÇA. primogênita da Igreja . brilhou c m todos os tempos pela ação de insigncs filhos seus cm prol da conservação e expansão do Corpo Místico de Cristo.

A

Pois precisamente lá circula larguissima mentc, e também impunemente. o "Novo Missal dos domingos - 1983". Até agora. a obra. que conta com imprimatur (29-6-!12) de Mons. R. Boudon. Bispo de Mcndc e Presidente da Comissão Littirgica Francofônica. ainda não foi condenada. De sorte que suas páginas vão into,'.icando incontftvcis fiéis de língua francesa , que nelas procuram o

a lento inaprcci,ível dos textos litiirgicos conformes ao ensinamento perene da Igreja. mas encontram. mis.. turados corn estes. também trechos profundamente discrepantes do espírito ca tó lico. Limito-me a comentar aqui ires tópicos ca racterísticos do "Nou veau A'1issel".

• Burlas sacr11egas praticadas com paramentos e objetos sacros por milicianos marxi stas. durante a guerra civil espanhola de 1936-39. A perseguiçlo religiosa é um8 conseqüência prática da doutrina atéia e anti-religiosa de M arx, o qual é enfocedo, entretanto. com neutralidade matizada de simpatia pelo " N ovo Missal" francês.

da alçada do Magistério da Igreja. Ou seja . que não há incom patibilidade ent re a Doutrina Ca tólica e

No fina l da Missa do domingo d ia 13 de março, o "Novo Missa l". na p,ígina 139, trai o seguinte sobre ... Ma rx! Sim. Ka rl M,irx: o leitor não se enga no u: "Nâ 100 anos, no dit1 14 de março de 1883. e,n ú:111-

Neste texto, tudo estarrece. Se a s imples importância da obra de um ho mem j ustificasse ser e le assim mencionado cm um livro composto para os fiéis acompanharem as cerimô nias litúrgicas. então toda a galeria d os grandes malfeitores da História deveria ser lembrada aos fiéis pelo Missa l. Em rigor. e dado q ue a Enca rnação e a Rede nção

drtw, f "lecin1en1v di; K(lr/ Nlarx.

íoram fotos históricos infinita mente

economista e .filósofo tde111ão. AI· guns S<' surpreenderão d<• ver ,nen.. cionor e,n um missal e> r<>preS<'JJ/anre nwis conhecido do a,e,:srno mo -

ma is importantes d o que a ex pansão do marxismo, todos os que. face a

UIO\limentó <le idéi(IS QU f)OI

1 de,·110 .

A1as a rept1 rcussão do n1ovi· ; 111en10 por ele lon('ado se reveste d<• .. rmua in1por1â11cia. que wl lJC:Qnteci~ 111e1110 não pode ser passt1do sob ~ :-,·ilêncio. O oteí.wno 11wrxi:-,·1a f ui f várias vezes ,·ondenado pelos Papas,

ao passo que a ova/;11t;ão da análise ~ sâcio-e<·onlimica < >nunciada pelo n,ar~ xismo cai sob a ,,trada dt1s éiên<:itJs f hu111011t1s. Nurnerosas são as inter-

1)

~ prt!tações tio pensornento de Marx. : A mais corrente, e que d oficial nos E

• O belo chU.1$tro gótico do antigo convento agostiniano de Erfurt, onde Lutero viveu como monge. simboliza bem a Igreja verdadeira que ele renegou pero fundar sua seita herética. Quem poderia imaginar que o º Novo Miss.al'' francês. quinhentos anos após o nascimento do monge apóstata - arquétipo de herege apresentaria um texto carregado de mal velada simpatia em relação a ele?

Estados marxistas. con1ilu10 a ver no

religitio w11t1 alienoçiío da qual o e~ lto1nc•1n S(' d eve enwncipm·''.

uma o u a outra. atuaram a fundo crn

sentido negativo também mereceriam ser rele mbrados pelo Missal mais ainda do que Marx. Para só faltir d o Novo Testamento. deveria m ser lcml>rados Judas, Pilatos, He rodes. Aní1s. C ai fás. a série in términa dos hereges célebres. dos apóstatas famosos. dos pecadores que se imorta lizaram pelo escândalo. Não só lembrados, mas enfocados pelo Missa l com a neutra lidade matizada de s impatia , com que este disscl'la sobre Marx . Simpatia , sim . que chega ao ponto de afirmar que a doutrina sócio-econó mica de Ma rx está fora

o regi me marxis ta. mas tão-só e ntre

e la e o ateísmo marx ista. O que é e vide ntemente inexato. Tal ati tude é tanto mais de pasmar quanto na a presentação (p. 4) se lê q ue ..quando nossos c<11ne111ários reconhece,n sua simp,11 ia por rol /(ll

personagern. é porque ai se encontra la1e111e 111110 pedrt, de ângulo do Evangelho". Dever-se-á concluir dai que, em Ma rx e no marxismo, há uma "pe· dra de ângul<> do Evangelho ..?

~ Ancestral ideológico e histórico do ateísmo foi o protestantis mo (cfr. Leão XIII , Encíclica "Parvenu à /tJ ving1-cinquie111e année", 1902). Não espanta pois que o novo Missal também te nha instalad o em suas páginas o arquétipo de herege que foi Lutero. Assi m, na "Semana de ora1ões parti a unidade dos cristão.(', ele menciona (p. 8 1): .. Há 500 anos, 110 dia 10 d,• novembro de

Penha: bairro que preservou seu Santuário • Em 1969. diante da imagem milagrosa de Nossa Senhora da Penha. colocada no centro do altar-mor do antigo Santuário. os fi-éis, quo lotam o templo, assistem devotamente ao Santo Sacrifício. durante o qual alunas e alunos do Externato São Vicente de Paulo rocoberam a Primeira Comunhão

• Vinte e quatro anos depois: o venerando templo quase foi demolido. sendo preservado devido ao 1eloso empenho de moradores do bairro. como esta devota, entre tantas outras. da Virgem da Penha. Mas os quo colaboraram para a consel'\ra· çlo do Santuário desejam que o nicho. focalitado na foto. nlo permaneça va1io...

-

" ....

1483. en, Eisleben. na Saxônia. 11asâme1110 d e Mar1i11ho Lutero, cujo destino (sic) deveria pesar tanto sobre a unidade da Igreja". A palavra "destino" parece ter aí conotação estranhamente fatalista , como que a isenta r o heresiarca de rcsponsal>ilidade por sua obra de cisão e de luta. Mais frisante ainda a menção de Lutero na semana de 6 a 12 de novembro (p. 493): "Hd 500 0110s, em 10 de 11ove1nbro de 1483, nasci1ne1110 de Martinho Lutero. Monge agostiniano. doutor em teologia. deu relevo à doutrina paulina da justi· ficação pela fé, a qual será a chave de cúpula do pro1esta111is1110: só a fé salvt1, não as obras. Escandalizado pelo tráfico de indulgências e pelos t1busos dt, Igreja. Lutero publica seus grt1ndes escritos reformadores contra o supren,acia ro,nana. contra os socra111e111os (excetuados o batismo. a eucaristia e a penitência), contra a concepção da igreja visível. Sut1s p osições são condenadas pelo Papo Leão X. ele é banido tio

EM SUA FAM OSA oração Lembr(li- Vos, acentua São Bernardo nunca se ter ouvido dizer que alguém, recor-

rendo à Santíssima Virgem, fosse por Ela desamparado. Tal pensamento enconlrou cabal con• firmaç.io numa iniciativa empre.endida por fiéis, especialmente devotos de Nos·

sa Senhora da Penha, cujo Santuário na capital paulista mantém viva relação

com a História da cidade e do Estado.

sua vida. até 1546. defentlendo suas teses e orgt111iza11do sua l11reja . .... Com o recuo do 1e111po, é-nos lícíto deplorar que essa revolta - 1110 1ivt1da em grande parte pela situação tia l11reja 11<1 época - tenha desfe· chado en, u,na ruptura entre irmãos cristãos". - O textv uãô· poderia ,:,\!r rnai:, severo para com a Igreja. nem mais carregado de ma l \lelada simpatia para com Lutero. A tal po nto que, na frase final, o leito r fica sem saber quem tem a culpa pela ruptura, se o heresiarca com suas negações. o u a Santa Igreja com suas condenações. Muita outra coisa haveria que nota r nesse Missal tragicamente cens urável. Limito-me a evoca r aqui os milhares de fiéis assistindo à Missa com o livro em mãos, e comemorando, genuOexos, em termos re passados de benevolência, Lutero, o heresiarca, e Marx, o a rqui-ateu . A mim isto me parece mil vezes mais trágico do que o perigo atômico, a crise financeira internacional, ou qualquer outra coisa ...

As pessoas que visitam o evocativo templo podem reviver algo do recolhi·· mento, tão habitual nas igrejas antigas. Para tal contribuem os vitrais, cada um

deles representando cenas da vida de Nosso Senhor ou dos Santos. Os Mistérios Go~osos do Rosário encontram-se artisticamente pintados no teto da nave central, ptrfeitamente conservado, como também a oração Salve Regina, em letras douradas, ao longo da referida

nave. O altar do Santíssimo Sacramento conserva o conjunto de lamparinas de vidro vermelho agora apagadas, e as letras mehfilicas junto ao Sacrário lembram o Dogma eucaristko: ..Coro mes

Raras são as pessoas, em São Paulo, que não trnham visitado aqutla igreja no passado. e muitas recordam-se, hoje em dia. com gratidão. de alguma graça a elas concedida li pela Mãe de Deus. Por isso, qutndo esse singelo San: tuário esteve prestes a ser demolido, em

pow s" ( Minha Carne é verdadeiramente

agosto do ano passado, os moradores do

alimento e Mtu Sangue

bairro. organizados oficialmente em uma

ramente bebida).

Comissão Executiva para a Reforma do

Antigo Santuário da Penha, atuaram com decisão, conseguíndo preservar o templo. Atualmente, os trabalhos de recons-

trução prosseguem , graç.as ao generoso contributo do público, a despeito da

resistência oferecida pela anterior Ad-

-

Império. seus escritos s,io proibidos e queimados. Ele possa o resto de

ministração Regional da Penha de Fran· ça, como também pelo desinteresse ma-

nifestado pela Mitra Arquidiocesa.na de Sio Paulo.

vere est cibus l!t .ranguis meus vere esr

é

verdadei-

No altar-mor, o nicho encontra-se

vaúo. Os fiéis desejam que ali seja colocada alguma imagem de sua excelsa Padroeira. O Vig,rio, Pe. Carlos Ca· 111,ans, entretanto, reluta em conceder autoriução para lal.

São dignos de nosso apoio e admiração todos os que, demonstrando elo· gilhel zelo, conseguíram preservar uma obra arquitetônica de tão alto signínc.ado religioso e histórico, fato inédito na História edesiá.çlica paulistana.

As portas da veneranda Matriz pareciam haver-se fechado definitivamen· te, há lrls anos. Hoje, porém. após intensos e pertinazes esforços, elas se

Nas páginas 4 e S, nosso colaborador Colombo Nunes Pires apresenta uma

encontram abertas.

tema.

visão de conjunto desse signincativo


O I CONCLAT e a ''representatividade'' sindical EALIZOU-SE em São Ber- gados à clandestinidade, como adisnardo do Campo, nos dias sidência do PC do B, o MEP - Mo25 e 26 de agosto últirrio o I vimento de Emancipação do ProleCONCLAT - Congresso Nacional tariado, o PCBR - Partido Comuda Classe Trabalhadora. Quanto ao nista Brasileiro Revolucionário, a Encontro anterior, em 1981, teria Convergência Socialista e outros. sido mais propriamente uma reu• PCB - Partido Comunista nião preparatória. Brasileiro - fundado em 1922, legaPrecedido de ampla publicidade, . lizado em 1946 e proscrito em 1947. o CONCLAT de São Bernardo de- ' Exerce influência em alguns sindiveria ser realizado sobretudo com catos, dos quais o pri,ncipal é o vistas à criação da CUT - Central Sindicato de Metalúrgicos de SanÚnica dos Trabalhadores - isto é, tos, que não participou e foi conum organismo formado à margem trário ao CONCLAT de São Berda estrutura sindical reconhecida pelo nardo. Ministério do Trabalho, e que, se• PC do B - Partido Comugundo seus patrocinadores, terá co- nista do Brasil - dissidência do mo meta articular as categorias pro- PCB, considerado stalinista. fissionais do Pafs, lutando por rei• MR-8 - Movimento Revovindicações comuns a todos os tra- lucionário Oito de Outubro, cujo balhadores. Tratar-se-ia, portanto, nome é uma homenagem a Chede um organismo apto a representar Guevara, morto em oito de outubro os anseios de amplos setores da de 1967. Preservou a sigla, que ficou :,opulação. conhecida na luta armada no final Quando se compulsa, porém, dos anos 60. todo o volumoso elenco de noticias • Alicerce da Juventude Sociasobre o Encontro, algumas indaga- lista - Fusão das correntes Converções ocorrem ao espírito: gência Socialista e Alicerce; abriga- Em que medida os idealiza- se no PT. dores e participantes do Congresso • Libelu - Liberdade e Luta. seriam intérpretes ou porta-vozes do Trotsquista, também abriga-se no operariado brasileiro? PT. Ficou conhecido no movimento - Teria o I CONCLAT cunho estudantil em fins da década de 70 nítida ou preponderantemente tra- ("Jornal do Brasil". 26-8-83). balhista? O Congresso realizado em São Não consta que, entre os nuBernardo teve o patrocínio dos grumerosos comentários veiculados pepos trotsquistas que, através do PT e la imprensa, algum deles se tenha da ANAMPOS, defendem a greve ocupado com tais questões, cuja relevância seria supérfluo realçar. geral e a criação da CUT imediaAnalisá-las, pois, é nosso propósito, tamente. Dele não participaram os adeptos do PCB (de linha russa), do nas limitadas dimensões deste artigo. PC do B (de linha albanesa), remanescentes do MR-8 e mais os conCisão no Movimento? siderados "pelegos", como Joaquim dos Santos. Todos estes, que consPropala-se haver discórdias de tituem a chamada Unidade Sindical uma tal nature1.a e intensidade enlre (US), · manifestam-se contrários à as diversas cúpulas sindicais, que formação da CUT e à realização de estas teriam mesmo chegado à rup- uma greve geral, por entenderem tura. que não há mobilização suficiente A cisão tornou-se patente aos da classe trabalhadora no momento. olhos de todos. Fala-se oficialmente Em suas divergências com a ANA Mem dois ou três CONCLATs. Assim, POS, a US ameaça convocar outro o presidente da CNTL - Confede- CONCLAT para novembro deste ração Nacional dos Trabalhadores ano, quando, segundo crêem os seus da Indústria - pertencente ao gru- dirigentes, terão melhores condições po que congrega confederações, fe- para criar a CUT, em aliança com derações e sindicatos ditos "con- outros setores da sociedade. servadores", afirma que "também Fundamentalmente, seriam esses realizará um CONCLA T. pois está os dois grandes blocos cm disputa: em desacordo com as demais cor- ANAMPOS e certos grupos da Corentes" ("Diário do Grande ABC", missão Pró-CUT de um lado, e 3-9-83). Mas há quem vá mais longe, Unidade Sindical de outro. admitindo existirem quatro tendênComo se vê, existe uma luta, cias em disputa pela liderança da travada nos bastidores do movicategoria. mento operário; entre facções de Ao menos é essa a opinião de esquerda que procuram assegurar o Antônio Toschi, presidente do Sin- domínio sobre as bases trabalhistas. dicato dos Metalúrgicos de Osasco, Se diferenças há entre grupos, preno qual revelou que participaria do dem-se, quase que exclusivamente, CONCLAT em São Bernardo ao a questões de nature1.a estratéiica. lado de outro grupo "independente", Através do prisma doutrináno é por ter saido aborrecido do en- difícil saber o que os separa, a contro de Brasília, "onde o movi- fortiori considerando que o Partido mento rachou em quatro, de um Comunista se acha representado em lado o PC. de outro o PC do B, de ambas as correntes principais. Nesse outro o M R-8. e de outro nós, os sentido é oportuno ressaltar que independentes" ("Folha de São Pau- podiam ser adquiridos em bancas do lo", 25-8-83). Serão, deste modo, recinto fechado do Congresso, secriadas várias centrais únicas de gundo noticia do "Diário do Grande trabalhadores?... ABC" (27-8-83), jornais, panfletos, Segundo informam órgãos da broches, adesivos com a efígie de imprensa nacional, o movimento sinMarx (os broches "Pró-CUT" vadical convive hoje com uma série de liam Cr$ 150,00; os adesivos de organizações conhecidas por suas Marx, Cr$ 100,00) e livros de Trotssiglas. As principais são: ky, Engels e Marx. • ANAMPOS - Articulação Nacional de Movimentos Populares A atuação do e Sindicais. Criada há três anos, reú- Clero "progressista" ne sindicalistas identificados com o Partido dos Trabalhadores e moviTal orientação ideológica, clamentos da Igreja. Segundo declara- ramente esquerdista, não parece ter ção de Lula, reproduzida pelo "Jor- causado constrangimento ou embanal do Brasil" de 28-8-83, a ANAM- raços a uma preeminente figura do POS foi criada para articular os Episcopado nacional como o Carmovimentos populares - como gru- deal Arns, quando, pressuroso, chepos de favelados e Comunidades gou a oferecer o Campus da PUC Eclesiais de Base - aos sindicatos, Pontifícia Universidade Católica sem qualquer caráter partidário. Pa- para a realização do Congresso. ra o jornal quinzenal "Resistência" Mas, "elementos do PT afirmaram (pertencente à Sociedade Paraense que a proposttJ foi recusadtJ pelo de Direitos Humanos), de 16-8 a 31- temor de o CONCLA T ser capitali8-83, constitui um bloco que com- zado pela Pnstoral Operária. que porta setores do PT, do PMDB, da não afina com a proposta polltica da Igreja Popular, e de partidos obri- corrente lideradn por Joaquim dos

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.., • Entre os gestos apresentados por par1icipantes do congreSSC? nlo 'faltaram os punhos cerrados. caracterl.stica saudaçlo comu• nista. • O. Cláudio Hummes. Bispo de Santo André {direita}. e Frei Betto. representante de D. Arns no congres.so (esquerdo}. aguardam sentados o início do I CONCLAT. Na parede do recinto. pode-se ler uma frase ameaçadora: " Ou acaba o dosem· prego ou paramos o Bra.sil" . N,

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Santos Andrade e outras alas" ("Diário do Grande ABC", 6-8-83). Esteve longe de circunscrever-se a isso a participação do Clero no evento. Dentre as autoridades convidadas para a sessão plenária de abertura do Congresso, compareceram o Arcebispo de Santo André, D. Cláudio Hummes, Frei Betto, coordenador da Pastoral Operária, representando o Cardeal Arns. Frei Bctto tornou-se tristemente célebre, já no final da década de 60, por sua estreita vinculação com o terrorista Marighela, e mais recentemente, pelo papel desempenhado na "Noite Sa11di11ista". realizada no auditório da PUC em São Paulo. Na sessão de abertura do I CONCLAT, D. Hummes discursou, lembrando o dia 21 de julho, conhecido como "Dia Nacional do Protesto", movimento de agitação desencadeado em todo o País, e que contou com a ativa participação de organismos vinculados ao Clero "progressista", como as CEBs (ver reportagem em "Catolicismo", agosto de 1983, n. 0 392). Como um dos grandes marcos do Pais após 64, destacou o orador o papel da Igreja nos movimentos dos trabalhadores, e transmitiu uma mensagem a todos os participantes do Congresso: "Ava11ce1n que vai dar certo, pois vocês .são a grtJnde ex-

e Santo Dias da Silva ("Diário do Grande ABC", 27-8-83). Diversos participantes envergavam camisetas com a sigla JOC (Juventude Operária Católica).

Apoios oficiais "Mesmo que deixasse de asfaltar uma rua. duas, ou que não fosse posJ·ivel realizar ,una obra na cidade. destinaria o dinheiro à realização do I CONCLAT em São Bernardo. Temos 70 mil desem·pregados 110 Município e eles não se alimentam de asfalto". Assim o prefeito de São Bernardo, Aron Galante, manifestou-se sobre a decisão da Pró-CUT de realizar o I CONCLAT cm São Bernardo, e não mais na Capital ("Diário do Grande ABC", 14-8-83). Com efeito, dez dias depois, o prefeito anunciaria estar mandando para a Câmara Municipal, em caráter urgente, um decreto-lei para aprovação de verbas de 30 milhões de cruzeiros para o CONCLAT e outros congressos, comentando: "Na co11juntura econô1nica que o Paí.r vive é dever de qutJ/quer Ad111i11istração da oposição sediar um co11gresso como esse. Ainda nwis São Bernardo, que é uma cidade de trabalhadores" ("Diário do Grande ABC", 25-8-83). Já na véspera. a secretaria do Congresso

Dólares e delegações do exterior São reiteradas as denúncias de que o I CONCLAT foi copiosamente agraciado por financiamentos do Velho Continente. Sabe.se que uma central sindical européia enviou 26 mil dólares ao Congresso em resposta a pedido da ANAMPOS, hoje identificada majoritariamente com o PT, do qual Lula é presidente ("Jornal do Brasil", 28-883; "Folha de S. Paulo", 29-8-83). Lula, indagado a respeito do assunto, limitou-se a declarar que não pretende revelar os nomes dos doadores, pois "esse é um trtJbalho da polícia" ("Folha da Tarde", 29-883). Segundo o suplente de Deputado Federal pelo PT e Diretor do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais, Virgílio Guimarães, a ANAMPOS recebeu pelo menos USS 90 mil de centrais sindicais estrangeiras para financiar sua atuação no Brasil (resposta à acusação feita pelo Diretor da Federação dos Bancários de Minas, Jairo de Souza, durante entrevista convocada pelos organizadores do Encontro da Classe Trabalhadora de MG - Enclat/ MG). O sindicalista Virgílio Guimarães informou que os dólares vieram da CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), da UGT espanhola (União Geral dos Trabalhadores) e da LO sueca. Por outro lado, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Joaquim dos Santos, em entrevista à imprensa, condenou a ANAMPOS por ter, segundo ele, recebido US$ 400 mil de entidades européias para financiar suas atividades no Brasil ("Jornal do Brasil",

28-8-83).

pressão dessa caminhada. A Igreja agora StJbe que tJ luta de vocês é a mesma de Jesus Cristo, de liberdade e participação frtJter,w". A repressão aos grevistas foi um dos temas mais criticados pelo Bispo diocesano de Santo André, com parando as greves de 78, 79 e 80 ao "Dia Nacional do Protesto": "Essa extraordinária repressão nos fez lembrar que nada havia mudado. Tudo voltou a acontecer. co,n os mesmos pretextos. embora agora cha,nada de repressão democrática. Até a Igreja foi envolvida, com a invasão da Mátriz de São BerntJrdo .... Isso tudo lembrou que a Igreja pode e deve participar dos destinos dos trabalhadores. Se houve tempo en, que a classe trabalhadora e a Igreja estiveram distantes. não foi por culpá da classe traballládora 111as da Igreja. que não soube acon,panhar. Agora estamos satisfeitos em ver o povo brasileiro unido. n,as viemos apenas marcar nossa presença aqui, porque a Igreja não tem nada a ensinar nessa luta, não quer influir na organização e na liderança. apenas deve se pôr a serviço". D. Hummes terminou seu discurso lembrando todos os que foram e estão presos, os posseiros e os padres franceses à espera da j ustica,

fora instalada no Paço Municipal de São Bernardo, com toda "a infraestrutura necessária para alojar, alimenttJr e distribuir em grupos de trabalho os quatro 1J1il delegados esperados para o evento" ("Diário do Grande ABC", 24-8-83). Também a prefeitura de Osasco ofereceu alojamento e ônibus ("Diário do Grande A BC", 9-8-83). Estiveram presentes à sessão de abertura do Congresso um enviado do governador Montoro, o Secretário do Trabalho, Pazzianotto, todos os presidentes de partidos de Oposição, o prefeito de São Bernardo, Aron Galante, e o prefeito de Diadema, Gilson Menezes. No âmbito estadual, Augusto Lopes, assessor do secretário Pazzianotto, comunicou que o Estado destinaria, naqueles próximos dias, verba de Cr$ 10 a 12 milhões para o CONCLAT ("Jornal do Brasil", 278-83). À sessão de encerramento, estiveram presentes o líder do PMDB na Câmara Federal. .freitas Nobre, e o Secretário do Trabalho do governo estadual, Pazzianotto, o qual - segundo a "Folha de São Paulo", de 29-8-83 - "ten, trânsito relativa,nente livre entre as duas correntes" (isto é, ANAMPOS e Unidade Sindical).

Convém notar, por outro lado, que estiveram presentes ao I CONCLA T delegações dos seguintes países: Itália UIL - União Italiana do Trabalho; CISL - Confederação Italiana dos Sindicatos dos Trabalhadores; CG 1L - Confederação Geral Italiana dos Trabalhadores (Gian Andrca Sandri - observador). França CFDT - Confederação Francesa Democrática do Trabalho. Holanda FNV - Federação Holandesa dos Trabalhadores. Espanha UGT - Umão Geral dos Trabalhadores. Uruguai PIT - Plenária lntersindical dos Trabalhadores; CNT - Confederação Nacional dos Trabalhadores. Alemanha DGB - Federação dos Sindicatos Alemães (representante). Canadá CEQ - Central Nacional dos Professores. México CPUSTAL - Congresso Permanente de Unidade Sindical dos Trabalhadores da América Latina. Estados Unídos AFL-CIO - Federação Americana do Trabalho - Assembléia das Organi,.ações da Indústria; Central Latino-americana dos Trabalhadores. Não faltou também uma delegação da OLP.

CATOLICISMO - Outubro de 1983


..

QUADRO 1

"Ampla agitação" Apesar do "arsenal" financeiro e propagandístico, de que dispuseram fartamente, há razões para presumir que os promotores do Encontro não se sintam eufóricos com os resultados obtidos junto às próprias bases. Com efeito, se o leitor analisar detidamente os quadros ao lado, constatará que entre 1981 e 1983 o número de sindicatos rurais presentes diminuiu, embora o número de delegados tenha aumentado. Também o número de sindicatos e delegados urbanos decresceu consideravelmente, e enquanto o número de associações cresceu de 211 para 221, o das Federações caiu de 43 para 7. Assim, as "confederações" simplesmente deixam de existir, no espaço de dois anos, surgindo, de modo inesperado, enigmáticas "entidades nacionais", em número de 9. O aumento de delegados, ocorrido entre 1981 e . 1983, é inteiramente irrisório (4,5%). Sobretudo se considerarmos que compareceram ao 1 CONCLAT 707 sindicatos, apenas 14,3% do total de sindicatos de trabalhadores existentes no País. Dados extraídos do mapa do mês de Julho / 83 da Coordenadoria de Organização Sindical do Ministério do Trabalho (ver quadro anexo) revelam que o número total de sindicatos de trabalhadores brasileiros, incluindo os de profissionais liberais e autônomos, é de 4.942. Quanto às "associações" e "entidades nacionais" participantes, não se sabe que critérios foram adotados para admiti-las no CONCLAT, nem mesmo se representam exclusivamente a classe operária; tampouco há dados que per-mitam compará-las com o total existente no País. Notese ainda o comparecimento de apenas 7 dentre as 149 federações existentes. Sabe-se, ademais - co,1for-

Reunião Preparatória - 1981 - Reali1.ado em Praia Grande - SP ("Jornal do C0NCLAT', 27-8-83, n. • 2) RURAíS rr.0T.A;L URBANOS Delegados 4.073 963 S.ó36 Sindicatos 4lí9 363 832 Associações 211 211 ., Fede;ações 16 43 27 Co'n(ederações s 1-

ll - C©NeLAif - 1983, (ealizado em São Bernardo do Campo - SP ~!Dados coletados da imprensa diácia, contendo o número mais elevado dos partrcipantes nos três aias d.o Encontro) l!J RBAN'0S Rl!JRAIS TOT1'1L Delegados 3.601 1.66'4 S.265 Sindicatos 393 314 707 Associações Z21 221 Fed..etações 7 7 Entidaéles Nacionais 9 Confrontando os dados da Reunião Prepa(atória - 81 com os do CQNCLAT - 83, polle.se constatar o decréscimo quanto ao número de sindtatos urbanos e rurais prese,ntes neste ~no. 0 roeS!l\O o.correu no tocante ao número de delegados ,de sindicatos urbanos. Verificou-se, por outro lado, um certo aumento e.m comparação com a cifra dos delegados rurais

participantes da reunião anterior.

me veicularam alguns quotidianos - que vários participantes do recente CONCLA T também deverão comparecer, em novembro próximo, ao de Praia Grande, promovido pela Unidade Sindical. Confirmando-se tal notícia, não caberia alegar as cisões internas do movimento sindical como justificativa para o número pouco expressivo de participantes do Congresso de São Bernardo. Restaria verificar se as propostas formuladas são de cunho nítida ou preponderantemente trabalhista . Quando se lê o "Plano de lutas da CUT" (Jornal da CUT - Edição histórica, setembro de 1983, Ano 1, n. 0 O), surpreende encontrar itens como:

1) Luta cm defesa das estatais. 2) Contra a privatização das estatais. 3) Reforma Agrária radica l, ampla, maciça (massiva, no original...), imediata e sob o controle dos trabalhadores rurais, a partir da demarcação do uso coletivo da terra. 4) Ocupação imediata das terras dos grileiros, das terras do Estado, dos latifúndios improdutivos ou não, e coletivização das grandes empresas capitalistas nacionais e internacionais. 5) Contra a intervenção da policia nos problemas agrários. 6) Que as terras desapropriadas e destinadas à Reforma Agrária sejam distribuídas aos trabalhadores, sem direito à venda.

QUADRO li Mapa Oemonstr;ativo d,e 0rganiza.ção Sindical do Ministério do 17rabalho Enijdades c~istcntcs ate 31-1-83. Sindicatos existentes T0T•AL URBA;N'OS RUltAIS Prof,ssio11ais 2.266 2,Mló 4.672 Prof. Lilx:rais 226 226 Prof. Autônomos 4ll 44 Total 2\536 4.942 Participação 101 31~ 3 93 no 1€0.NCLAlf ,Po(centagem

15,50%

7) Toda e qualquer desapro-

priação de terras .... deverá ser feita com a participação das comunidades envolvidas, e a indenização feita terra por terra na mesma região. Abaixo reproduzimos outros tópicos do "Plano Geral de Luta do 1 CONCLAT', conforme folheto distribuído no local do Encontro.

A greve geral contra o Decreto-lei n.o 2.045 "1 - A Direção eleita neste Congresso deverá encaminhar ao Governo Federal a reivindicação pela retirada do Decreto-Lei 2.045 (que já está em vigor), contra a intervenção nos sindicatos, pelo rompimento dos acordos com o FMI e pe.la reforma agrária, estabelecendo um prazo para que o governo responda. Proposta para votaçio: sendo este no máximo até 14-10-83. 2 - Durante esse período (entre a entrega e o fim do prazo) deve ser

feita ampla agitação contra o Decreto-Lei 2.045, contra a intervenção nos sindicatos, pelo rompimento dos acordos com o FMI e pela reforn,a agrária, através de pixações (sic),

panfletos, cartazes e outros meios, nos locais de trabalho. nas ruas, etc. Ao mesmo tempo devem ser promovidas reuniões e assembléias, nos sindicatos, nos bairros e em locais de

13,05%

14,3.%

trabalho para preparar e respaldar a mobilização" (o grifo é da redação). Talvez a falta de receptividade junto ao público explique os atos flagrantemente ilegais que estão sendo preparados, o que nos autorizaria a formular uma hipótese: tentariam os articuladores do CONCLAT conseguir por métodos inlimidatórios o que não foi possivel obter pela persuasão? Procurar-se-á, desse modo, favorecer a classe operária, ou excerbar os problemas já existentes? Em caso afirmativo, estariamos diante de mais um lance da guerra psicológica revolucionária. À vista de tudo isso, é oportuno indagar: não haverá uma só e mesma encenação para ludibriar os incautos? É possível crer na representatividade dessas minorias estrepitosas e agressivas? Seriam dois bons recursos para velar o descrédito junto às bases: de um lado, simular dissensões internas, à maneira de "bluffs" demagógicos; e de outro, promover uma "ampla agitação", prenúncio do caos, objetivo visado pelos artífices do I CONCLAT. Auguramos que o Brasil ordeiro e cristão saiba rejeitar vigorosamente tais manipulações ideológicas, que intentam conduzi-lo aos antipodas de sua vocação.

Roberto Falconieri

Férias e manifestações anti-socialistas na França PARIS - Neste ano algo p.a recia ameaçar as férias dos franceses. Com efeito, as viagens ao Exterior nesta época, sobretudo para a Espanha, Itália, Alemanha e Suíça, eram aqui tão rotineiras como as interestaduais no Brasil. No entanto, para tentar equilibrar um pouco as finanças abaladas pelas medidas econômicas de cunho socialista, principalmente nacionalizações, Millerrand limitou em 2.000 francos (cerca de 265 dólares) a quantia que cada francês pode levar cada ano para fora do país. Houve protestos calorosos e passeata com mais de 3 mil manifestantes, que culminou em concentração diante do Ministério das Finanças. O governo não se moveu e. chegado o momento das férias, todos se acomodaram e procuraram gozá-las na França mesmo, contentes ainda com essa possibilidade ... Algo semelhante ocorreu em relação aos maciços descontentamentos populares que visavam o governo socialista. O mundo inteiro tomou conhecimento das manifestações quase diárias, realizadas entre maio e julho deste ano, dos mais variados setores, contra medidas governamentais. Assim vimos agricultores, comerciantes, dirigentes de pequenas e médias empresas e, sobretudo, universitários desfilarem pelas ruas de Paris e de outras grandes cidades, verificando-se às vezes violentas confrontações com os esquemas de segurança, 9ue se transformavam cm verdadeiras batalhas campais. Tudo era utilizado pelos manifestantes: pedras de calçamento, garrafas, barras de ferro, cercas de canteiros de obras. Por sua vez. a polícia revidava com gás lacrimogênio e com violentos golpes de cassetete que atingiam indiscriminadamente transeuntes, turistas ou estudantes. De repente, com a chegada das férias, ludo se acalmou, como se os motivos profundos do descontentamento geral tivessem sido eliminados num só golpe mágico, em virtude da ação de alguma fada benfazeja ... CATOLICISMO -

Outubro de 1983

Fêrias: "ldolo" moderno dos franceses Em caso de guerra, os franceses devem fazer votos para que qualquer invasão de seu território não se efetue durante as férias. ou nas proximidades delas. Pois, como as férias são sagradas, eles só poderiam pensar no invasor dois ou três meses depois, quando voltassem para casa ... As férias são ansiosamente esperadas e cuidadosamente preparadas durante todo o ano. E quando se fala cm férias, na Europa, automaticamente se pensa nas de verão, entre julho e setembro. São as mais longas, uma vez que o ano escolar termina no início dessa estação, e as mais concorridas, pois o clima incentiva as pessoas a empreender possantemente grandes fugas para locais propícios a evitar a canícula (que neste ano está sendo a mais forte do decênio). Para o bom funcionamento das "vacances" há uma mobilí1,ação geral, e dela participam todas as classes sociais e profissionais, desde altas autoridades a pequenos funcionários públicos, desde sacerdotes (que simplesmente fecham as igrejas ou, quando seu número é maior, restringem ao mínimo os atos litúrgicos para se revezarem nesse periodo entre o altar e as viagens) aos sacristães, dos profissionais libe rais aos comerciantes. Evidentemente, entre estes úllimos há um certo revezamento, de maneira a poderem atender no suprimento diário dos lares as donas de casa que não viajaram. Assim, toda a vida dos franceses, nesses meses, está impostada na perspectiva de descanso. As pequenas lojas e os grandes magazines oferecem as últimas novidades em artigos de campo, praia, montanha. As estações ferroviárias e o Metrô, além de grandes cartazes, oferecem cm pequenos folhetos sugestões de passeios, roteiros de viagens, programas de verão. Os jornais e re-

vistas passam a publicar artigos e FamUie francesa noticiários a respeito de festivais, efetua uma atrações locais e atividades culturais da$ ..eerimõnias" e artísticas das províncias, como o do "'ritual" férias: o "Son et lumiere" no castelo de Lude, das transporte de na Bretanha, ou a "Fête de Nuit", no bagagem de Versaílles. Para evitar surpresas desagradáveis nas viagens, repartições estatais mantêm postos telefônicos em toda a França, para que os problemas surgidos com a qualidade de alojamentos, de alimentos, de transportes, sejam comunicados à Operação lnterministcrial das Férias.

O "ritual" das viagens O ansiado momento do "départ" é preli bado pelos franceses com um ritual quase religioso. Os automóveis são carinhosamente inspecionados e preparados nos dias antecedentes, as "roulo1tes" (casas rolantes, reboques), limpas e arejadas, são reabastecidas, o material específico para a viagem é tirado das malas, das caves e ex posto ao sol. Tudo é acompanhado com alegria e moderadas exclamações pelas crianças, quando as há. Pois as famílias francesas são muito pouco numerosas - um filho em média - em decorrência do decréscimo do número de matrimônios pelas meras "coabitações", além do divórcio, limitação da natalidade e aborto. Teme-se mesmo pelo futuro da nação, uma vez que a média dos nascimentos já está um pouco abaixo da dos casamentos. Para não se ter preocupação com os automóveis, uma boa parte prefere viajar mesmo de trem, que é um dos meios de locomoção mais .utilizados na Europa. E a rede ferroviária da França é a melhor do continente, com a vantagem das inúmeras faci lidades que oferece no período de férias: redução de 50% no preço das passagens para os jovens de 12 a 25 anos, regalia extensiva a viagens cm familia ou em grupos, além de um serviço integrado de turismo muito eficiente.

O que fazer com animais domêstlcos? Um problema que aqui se põe é o seguinte: o que fazer com os animais de estimação? Sabe-se que, segundo as estatísticas, o número de cães e gatos na França ultrapassa a cifra de 40 milhões. "Pas de proble1ne", tudo está previsto. Esses animais poderão viajar nos trens, com seus donos, pagando meia passagem de segunda classe. Poderão mesmo ir em carrosleito (geralmente com 6 lugares), desde que os outros usuários não apresentem objeções. Caso contrário, há compartimentos especiais, nos trens, para acolhê-los... Mas alguns simplificam a questão. No caso de animais grandes o que tornaria embaraçoso seu transporte em viagens longas, sobretudo para o Exterior - são eles amarrados a uma árvore à beira de alguma estrada de grande movimento. Seus proprietários sabem que, freqüentemente, pessoas de "bo,n coração", encontrando o animal, conduzem-no a algum dos postos da Sociedade Protetora dos Animais. Aliás, esta já lançou, por meio de

grandes cartazes colocados nos corredores do Metrô, apelos patéticos contra ta l costume, afirmando que mais de 200 mil animais são abandonados anualmente no país. Os referidos cartazes apelam também a "pessoas generosas" para adotarem um desses infelizes.

• • • Pelo que foi acima narrado, podemos tirar algumas conclusões sobre a mentalidade dos franceses atuais. A reação popular anti-socialista foi particularmente intensa no presente ano a partir de maio e julho. A época das viagens de descanso segundo parece - arrefeceu a oposição ideológica contra o atual regime. Se a observação acima for inteiramente real, deduz-se que os franceses imolaram ao novo "ídolo", temporariamente, a sua indignação anti-socialista e os valores vitais que se opõem a tal regime. E entre eles figura exatamente a autêntica liberdade individual...

Plinio Solimeo 3


!aciona-se com uma aparição da Virgem para proteger diretamente um pastor que, há vários séculos. tendo adormecido sobre uma rocha próxima ao rio, estava prestes a ser devorado por um crocodilo.

FIÉIS IMPEDEM

DEMOLIÇÃO DE SANTUÁ RIC

Em São Paulo

Imagem autêntica de Nossa Senhora da Penha de França

De ermida a Santuário EM SEU LIVRO "Maria e Seus Gloriosos Títulos", Edésia Aducci ( 1) narra que, na Espa nha , na região de Castela. uma imagem da Virgem havia sido escond ida no alto de um rochedo. Era a época das perseguições aos católicos, movidas pelos invasores muçulmanos. e o rochedo chamava-se Penha de França, porque nele tinha se refugiado, em cena época, um grupo de franceses. Alguns séculos mais tarde, um piedoso monge, chamado Simão Rochão, te ve uma miraculosa revelação sobre o local onde se mantinha escondida aquela imagem. Dirigiu-se a esse local e realmente encontrou-a , erigindo para ela uma ermida que progressivamente tornou-se um ponto de peregrinações de devotos da Virgem Santissima, invocada sob o titulo de Nossa Senhora da Penha. Segundo relata Hedimir Linguiti, em seu trabalho "Penha de Ontem e Penha de Hoje" (2), há na França, na cidade de Pau, situada próximo aos Pirineus, uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Penha. Na região, essa devoção re-

Fala engenheiro que preservou a igreja

Na capital paulista a origem do Santuário está relacionada com a presença de um viajante francês que por aqui passou no remoto ano de 1668. sem deixar para a posteridade nem seu nome. nem qualquer traço biográfico. Legounos, entretanto, muitíssimo mais do que isso, ou seja, o lumen dessa devoção mariana . Como piedoso devoto que era. percorria os caminhos levando sempre consigo a imagem de Nossa Senhora da Penha. Contudo, tendo passado próximo à colina situada após o sitio chamado Tatuapé, notou, mais adiante, a falta de sua estimada imagem. Tendo retornado a fim de procurá-la, realmente encontrou-a na colina. Tomou-a novamente e prosseguiu a viagem, mas o singular fenômeno se repetiu. Não querendo absolutamente contrariar aquilo que tudo levava a supor ser o desejo da '7irgcm, decidiu deixar a imagem ali, para ser venerada numa ermida a ser ed ificada. Assim teve origem a bela 1greJa colonial, ern torno da qual, já no começo do século XIX, e ncontravam-se vários solares de residência e também hospedarias. Frequentemente os viajantes. mesmo vendo ao longe ,, cidade de São Paulo, preferiam, antes de atingíla, rezar aos pés da Virgem da Penha e repousar. Uma lápide registra a visita do Imperador D. Pedro I e s ua comitiva ao templo, cm agosto de 1822, pouco antes de proclamar a Independência do Brasil. A igreja passou â condição de Santuário Arquidiocesano de São Paulo, a 20 de julho de 1909, e m cerimônia oficiada pelo então Arcebispo Metropolitano D. D uarte Leopoldo e Silva. A re forma que modificou o estilo de seu interior data de 1935.

t?l llcdimif l.in!"lill. /'n1hct ~ (>m•11, l' P.-nlwl ,k llü}r,

A celebração de Missas no antigo santuário foi supressa, aos sábados e domingos. a part ir de 1975,

M

Slo huto. 1912, Oti,gin:al ~tlklg,-ibdo,

que ali foram colcx:adas instalações

P -

sanitárias. Com o tempo, a terra junto aos alicerces foi perdendo a consistên• eia, devido â água, e, portanto. o

futuro?

recalque da torre foi mo1ivado pela

difícil foi aquele cm que a torre en-

espécie de cortina de concreto cm redor da torre. Atualmente. esta se encontra inteiramente firme.

P -

Engenheiro Lacava, as autori-

dades eclesiásticas deram autorização lànto para a demolição quan10 para a restauração do an1igo Santuário? R - A Mitra jogou dos dois lados. Concedera anteriormente autorização

à Prefeitura para efetivar a demolição.

devendo receber em troca um terreno na z.ona Leste, cm ltaqucra. Esse foi um negócio entre a Mitra e a Prcfej. tura, de que nós tomamos conhe-

cimento apenas através de declarações de membros da própria Mitra. P - A que_ se deve a inclinação da torre da igreja? R - Há cerca de 12 anos foi aberta uma fossa no piso da torre, uma vez

4

contrava'"'sc condenada. O Vigário. Pa-

dre Carlos Calazans. opunha-se ao intento da população. e a Prefeitura e outros órgãos públicos, igualmente. O Condephaat (Conselho de Defesa do queológico e Turís1ico) devido às reformas que o Santuário sofreu em

1935. não linha condições de inclui-lo sua jurisdição. Então, restou para os

Não tem qualquer fundamento a

moradores o investimento, a Fé e a

alegação do então Secretário muni•

que deu início à demolição, re1irando os sinos da torre. numa custosa ope..

ração. O conjunto de quatro sinos nela existentes pesa l .'2 toneladas. cnquan· 10 a torre pesa, no total, 800 toneladas. Seria a mesma proporção que tem, no corpo humano, o peso das

orelhas para o peso t0tal. f um absurdo que os engenheiros da Prefeitura tenham assinado o laudo para a re-

tirada dos sinos. P - Até o momento como estão os

gas1os e as doações? R - O público fiel realmente pagou a restauração. Conforme demonstramos no balanceie, já gastamos o to1al recebido, no valor de CrS 16. 709.999.43 e temos, atualmente. uma dívida de CrS 8.000.000.00. Tivemos momentos de aOição, duranle o ano, com débi1os

-l

Estado .atual dos t,abalhos de reparação da p&rte ex1orna do &ntigo

segundo o esquema de fechamento progressivo. Em seguida, tal supressão estendeu-se para vários dias da semana, de tal modo que, três anos depois, a velha matriz teve definitivamente cerradas suas portas. Fiéis que desejavam ali pagar suas promessas. eram vistos rezando nos degraus de entrada, mesmo sem poder entrar. Mais recentemente. a Mitra Metropolitana de São Paulo adotou como norma não se empenhar na restauração de igrejas antigas. mas apenas efetuar construções de novas capelas e os chamados centros comunitários, em geral nos bairros periféricos. Por isso, através do Bispo Auxiliar D. Francisco Manoel Vieira, ela transferiu à Comissão Executiva para a Reforma do Antigo Santuário da Penha toda a responsabilidade de administrar o venerando templo. Essa procuração, devidamente registrada cm cartório, foi datada de 22 de junho de 1982. Um veterano militante das Congregações Marianas e colaborador da Paróquia, Sr. Hedimir Linguiti , teve sempre em vista a conservação e reabenura do antigo santuário, cuja história conhece detalhadamente, havendo escrito um livro, ainda não publicado, a respeito. Em 1980, preocu1>ado com manchas cau sadas pela água que va1,ava da calha, n\lma das paredes laterais, procurou ele o jovem engenheiro Marco Antonio Lacava a fim de pedir-lhe um laudo técnico que apresentasse fundamento para os trabalhos necessários à conservação do edifício sacro.

Patrimônio Histórico, Artístico, Ar-

agravamento da inclinação da torre?

cipal das Administrações Regionais,

reportagem de "Catolicismo":

R - Os riscos hoje são mui10 menores do que anccs. O momento mais

como edifício a ser conservado sob a

R -

respondeu, cm entrevista exclusiva. às seguintes perguntas rormuladas pela

Quais as perspec1ivas para o

A retirada dos sinos evitou o

P -

O ENGENHEIRO Marco Antonio Lacava, presiden1e da Comissão Executiva para Reforma do Antigo Sanluário de Nossa Senhora da Penha,

variadas, muitas pessoas que foram se afastando d.i prática religiosa, em virtude de circunstâncias diversas. Como o filho pródigo da par{,bola do Evangelho, elas guardam na alma a nostalgia do estado de graç,1 no qual anteriormente viveram. A casa paterna, ou melhor dizendo. a cas.i materna, cm se tratando de um santuário da Virgem Santissima, conserva para elas grata recordação e, ta lvez, a esperança de um salutar retorno. O santuário de Nossa Senhora da Penha, cm São Paulo, cuja história remonta ao ano de 1668, é um desses lugares aos quais Nossa Senhora manifesta sua especia l predileção, atendendo aos fiéis que a li vão suplicar-lhe ajuda cm seus momentos de dor e aflição. Por voha de 1940, o templo já se tornara pequeno para acolher o público comodamente. Por isso. um outro, amplo e cm estilo moderno, foi erguido no q uarteirão vizinho, e que passou a ser utilizado jâ na década de 60.

Abandono

Para sanar esse problcnta tivemos que fazer uma cravaç..i:o de 45 micro· estacas cm torno do alicerce, numa

,

bém, cm graus e por razões as mais

Nota.\

assustou, e a igreja foi abandonada.

O engenheiro M arco Antonio Lacava

A

(1) l::db.iJ Ad!JOCI. ~,\(d r/o (' S t111 (i/Qtk,J()I 1'flulü1M. Edrlo,a Lar C:uólico, Jui, 4k For,, 1,• J:dt('.lo, 19SS.

fossa. Quando a torre trincou e come• çou a se inclinar, todo mundo se .,

D ES IG NAÇÃO das várias áreas nas quais se estabeleciam novos moradores, na então vila de São Paulo, habitualmente se relacionava com o nome do Padroeiro da paróquia ou freguesia. Desse modo, as invocações de Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Saúde. Nossa Senhora do ó. Nossa Senhora da Consolação. Nossa Senhora do Paraíso, Nossa Senhora da Lapa, Nossa Senhora da Penha, escolhidas para serem honradas com a edificação de igrejas, no passado, deram também origem à denominaç,'io atual de seus respectivos bairros. Esses templos, carregados de bênçãos e marcados pela História, ainda hoje existem, geralmente remodelados ou ampliados, e são objeto de vivo apreço por parte das a lmas verdadeiramente católicas. Porém. desse afeto participam tam-

Confiança. E hoje nós 1emos a igreja restaurada, mas cu vejo que não vai depender da Comissão restaurar nela a

vida religiosa. Por ocasião da procissão de Nossa

Senhora da Penha. no dia 8 de se1cmbro~ confesso que diante de tanta alegria, também fiquei triste. Estava

fazendo um pouco de írio e garoando, mas cu me lembro de ou1ras pro .. cissõcs, nas mesmas condições, porém nas quais havia muito mais pessoas acompanhando. O que vem ocorrendo nestes últimos dez anos é uma descaracterização da Fé. Nosso Pastor

diverge do consenso dos fiéis de restaurar o templo. Tal\!CZ. pela primeira vez nessa paróquia. as ovelhas não aceitaram a decisão do Pastor.

O povo teve que construir. investir na restauração. E no momento de visitar. entrou numa igreja vazia. sem

uma imagcrn. sem o Padre. sem um

em relação à firma que executa ser-

banco para se sentar. ajoclh3r e orar.

viços especializados de subfundação, e

Foram momentos alegres e também

chegamos a correr o risco de paralisar

momentos tristes. e nós percebemos o

as obras.

quanto o rebanho está 1ris1c.

Desmoronamento Um episódio inesperado acelerou as 1rata1ivas. que até então se desenvolviam lentamente, apesar do empenho com que a Comissão dava inicio às suas atividades. A 23 de agosto de 1982, a parede do lado da torre, de taipa e infiltrada pela água das chuvas, desmoronou parcialmente. Além disso, a torre, que anteriormente já a1>rcsen1ava rachadura, começou a se inclinar. Dividiram-se, então, os campos. De um lado, a Administração Regional da Penha, com o respaldo eclesiástico, favorável à demolição. De outro, os moradores do bairro, empenhados na restauração de seu velho santuário. Entre as duas posições, havia, é verdade. os céticos e indecisos, cansados em virtude dos anos de interdição das ruas que dão acesso e circundam o templo. Assim. aproveitando o episódio do desmoronamento, o então Secretário das Administrações Regionais do municipio, Sr. Francisco Nieto Martins, determinou que fosse dado início à demolição, fazendo para isso retirar do interior da igreja as imagens que ali ainda se encontravam, bem como os bancos e outros objetos. Um guindaste especia l retirou os sinos da torre. e as

máquinas e operários jâ se preparavam para prosseguir a operação, quando, numa tentativa final, os membros da Comissão, tendo à frente o engenheiro Marco Antonio Lacava, o advogado José Roberto Galli e o comerciante Luís lmperalo, entraram com uma liminar na

3.-'

Vara de Feitos da Fazenda Municipal, negando à Prefeitura a faculdade de demolir a igreja. A liminar foi julgada favoravelmente e um oficial de j ustiça dirigiu-se logo cm seguida à Penha para intimar os responsáveis pela demolição no sentido de que interrompessem o seu trabalho. /,. Por sua vez. a Administração Regional da Penha ta mbém recorreu à Justiça,obtendo a anulação da liminar obtida pela Comissão. Na noite em que se iniciaria

afinal a demolição, membros da Comissão, juntamente com alguns moradores, colocaram-se jun to às

máquinas e operários. solicitando

aos responsáveis mais um d ia de i pra1.o para tratativa.s. Realmente,

nesse sent ido uma reunião teve lugar na sede da Administração Regional. durante a qual o Sr. Francisco Nieto Manins chamou a atenção dos membros da Comissão. mostrando-se receoso de que um novo desabamemo parcial do templo viesse causar vitimas e danos. Convencido de que o risco de tal acidente de nenhum modo apresentava as proporções apontadas por aquela Administração, e que. portanto, a igreja era perfeitamente recuperável. o engenheiro Marco Antonio Lacava assinou, sem qualquer hesitação. o termo em que assumia inteira responsabilidade civil e criminal pelos traba lhos de restauração. Além disso, atendend~ convocação que lhe foi dirigida pelo titular, passou a apresentar-se mensalmente na 10.• Delegacia Regional de Policia a fim de fornecer informações sobre os trabalhos da Comissão.

Donativos afluem "'Nós, que sempre fon1os prou,gidos por Nossa Senhora do Penha. t1gora deve,nos ajudar a arru,nar a igreja", comento u alguém do público, segundo um diário paulistano. Realmente, logo na semana seguinte ao desabamento da pa1·cdc, doações José Salvador de Oliveira exerce com gost o sue função de mostre de obras. e comente: "Este é a terceira o mais bonit.a igreja om que trabalhei".

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)

procedentes dos mais diversos pontos começaram a chegar aos cofres colocados junto à igreja, e à conta bancária aberta, visando a reforma. Até da distante capital do Ceará chegaram contribuições. (As doações por via bancária podem ser enviadas para a conta especial n. 0 087943-6. oo Banco Bradesco, Agência Penha, São Paulo, SP, em nome da Comissão Executiva para a Refor-· ma do Amigo Santuário da Penha). Diariamente, um abnegado membro da Comissão, Sr. Antonio Ganância dos Santos, proprietário de um bar nas imediações, recolhe as contribuições dos cofres, para depositá-las no banco. Como é natural, são numerosas as pequenas contribuições, mas que permitem seja atingido o total diário aproximado de CrS 50.000,00.

PACIFISMO E NEUTRALIDADE À MODA SUÍÇA os homens de 20 a 50 anos, sem exceção, são considerados cm idade militar. Os que objetam razões de consciência devem servir cm alguma un.idade não-combatente ou vão para a cadeia. Aos 20 anos há um treinamento intensivo de 17 semanas. De 20 aos 32, os contingentes servem em unidades de elite, com 21 dias de treinamento por ano. De 33 a 42 são transferidos para a I.A11dwehr, com duas semanas de adestramento a cada dois anos . De 43 a 50 anos fazem parte das Forças Territoriais, com uma semana de exercícios a cada quatro anos. A partir de 50 anos dedicam-se às atividades de defesa civil. O equipamento pessoal fica sempre em poder dos soldados, responsáveis legalmente pela sua manutenção. São inspecionados anualmente. Presume-se que cada suíço possui cm casa pelo menos tr~s armas de fogo. Há no país 3 mil stands de tiro onde os homens se exercitam continuamente. Declarada a guerra, a Suíça mobilizará cm 48 horas um exército de 600.000 homens, 100.000 a mais do que o alemão. A doutrina prescreve que a nação encontrará o inimigo cm todas as fronteiras, já cm guerra total. A população inteira toma parte, seja nas unidades regulares, seja em destacamentos guerrilheiros

Abertura ao público Os dias que antecederam a festa de Nossa Senhora da Penha, a 8 de setembro, foram de intenso labor para os operários que ali trabalham. Eles tiveram que limpar inteiramente o interior da igreja, não somente empoeirado devido ao depósito de tijolos e cimento, mas também pelo fato de o Santuário ter permanecido fechado durante três anos. Numeroso público participou da procissão e visitou o an~igo santu~rio. que tantas rccordaçoes faz reviver na alma dos fiéis. Em especial no período da manhã, muitas foram as pessoas que trouxeram ramalhetes de ílores para colocá-las no altarmor, junto ao nicho vazio diante do qual. ajoelhadas, elas rezavam. Uma senhora, a quem _o repórter de '-!m matutino pauhsta indagou a respeito desse gesto, respondeu: "Não faz mal. a in,age,n não está no altar. ela está na minha cabeça". Numa das portas, o mestre de obras José Salvador de Oliveira exercia naquele dia uma função diferente: a de distribuir ao público o comunicado da Comissão Executiva para a Reforma do Ant igo Santuário da Penha, em formato de jornal tablóide, comemorativo do 3 t 6. 0 aniversário daquele templo e publicado pelo Clube de Di~ctorcs Lojistas da Penha. Nessa publicação pode-se ler: "Oito de Setembro é uma data querida de rodo o povo paulistano. pois neste dia se louva Nossa Senhora da Penha. padroeira da cidade de São Paulo e se con,emoro o aniversário da fundação oficial do bairro da Penha de França, há 316 anos". . Ao cair da tarde, José Salvador comentava com a reportagem de "Catolicismo": "Estou aqui de pé. distribuindo esse jornal. desde as 8 horas da manhã. Cansa mais do que o tral,alho nos andai111es. ,nas vale a pena. A inda luí pouco, esteve aqui 111na senhora que rezou e, ernocionada, co,neçou a chorar. Eu fui batizada aqui - di.tse ela - e queriam derrubar esta igreja... " Num estabelecimento financeiro no centro comercial da Penha, por iniciativa do Sr. Hedimir Linguiti, encontra-se em exposição permanente um substancioso acervo fotográfico documentando o passado do venerando santuário, bem como de seus ant igos paroquianos e de aspectos da vida do bairro.

Agradecimento à Comissão A 6 de setembro último, para tornar público o agradecimento da população aos membros da Comissão Executiva para a Reforma do Antigo Santuário da Penha, que tão bc)n souberam interpretar e concretizar os anseios gerais. realizou-se uma sessão solene no Salão Nobre'do Forum Distrital da Penha, por iniciativa do Meritíssimo Juiz da 4.• Vara, Dr. Pedro Gaglíardi. Na ocasião, o historiador Tito Lívio P,crreira discorreu sobre as origens do Santuário da Penha, tendo em seguida sido entregues aos beneméritos membros da Comissão cartões de prata com expressões de agradecimento. Especialmente significativas foram as palavras do Dr. Pedro Gagliardi quando. cncer.-ando a sessão, ressaltou o vigoroso ressurgimento da devoção a Maria Santíssima em nossos dias. cujos famosos santuários de F,\tima. L.ourdcs, Guada lupe. Aparecida e Czcsiochowa atraem anualmente multidões de peregrinos.

Colombo Nunes Pires CATOLICISM O - Outubro de 1983

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Blindado do exárcito sufço

PACIFISMO tem voltado à ribalta, apesar do sério contratempo que representou para ele a agressão brutal dos soviéticos contra o Jumbo sul-coreano, perpetrada no dia 2 de setembro último. A sanguinária atuação dos caças russos patenteou para a adormecida e mole opinião pública do Ocidente a falsidade do pacifismo pregado pelos soviéticos e o cinismo de suas propostas de desarmamento. Mas como a reação dos governos do Mundo Livre, excetuando-se talvez o do Japão, àquele desumano atentado foi muito débil e não proporcional à sua gravidade, resulta que o episódio parece configurar mais um lance da gue rra psicológica revolucionária. Neste caso uma manobra mediante a qual o injusto agressor procura se impor cada vez mais pelo medo e o agredido se acovarda progressivamente, devido ao receio de retaliação à altura. Concomitantemente, se avilta. Esse é o quadro do momento, após a derrubada do avião da Korean Air Unes. Já anteriormente a tal acontcc.imento, a perspectiva da instalação dos foguetes norte-americanos na Europa deu ocasião a grandes marchas pela paz nos Estados Unidos e no Velho Continente, pedindo o "congelame,110" nuclear, que significa a cessação do preparo de novos artefatos atômicos pela super potência capitalista, ou até mesmo seu desarmamento unilateral. Há observadores da política norte-americana tendentes a achar que dois temas ocuparão o centro das atenções nas eleições presidenciais de novembro de 1984: a economir. e o debate sobre a corrida nuclear. Nesta discussão, um dos aspectos cm foco versa sobre o modo de, sensatamente, se evitar a guerra. Uns preferem desarmar-se para tornar impossível o choque. confessando implicitamente que preferem a derrota - "be11er red than dead" - melhor vermelho que morto - à possibilidade da guerra atômica. O "co11gelame11ta" configura uma forma d isfarçada e hipócrita de entrega , pois como a Rússia continua a se armar e aperfeiçoar seu arsenal, chegaria a ocasião de poder impor condições draconianas ao adversário que ficou para trás. De outro lado o bloco não-pacifista ambiciona armar-se , para atcmori1.ar o inimigo. excluindo de seus horizontes a rendição. Tomada a palavra neutramente, e não no sentido que adquiriu na linguagem corrente, exi stem duas formas de pacifismo. A primeira, exacerbada e delirante, dispõe-se a sacrificar tudo para manter a vida: Fé, independência nacional, honra. princípios. A segunda aceita os sacrifícios do armamentismo para preservar a paz através da dissuasão. Verificada a necessidade da guerra. eles a aceitam como recurso extremo para preservar tais valores. Recusam o Propter vi1an1, vivendi per· dere causas (para salvar a vida, perder toda a razão de viver), pois só lhes sobraria a escravidão sob o tacão da bota russa. Neste clima de atualidade do pacifismo, teria sido natural a seus

O

promotores considerar o caso de uma nação que se transformou em símbolo da neutralidade e da paz perene: a Suíça. Pois ela parece ter conseguido uma fórmula da qua l o mínimo que se pode afirmar é ser eficaz. Desde 1798, quando sofreu uma invasão de Bonaparte, vive cm paz, tendo sido garantida sua neutralidade pelo Congresso de Viena. cm 1815. Muitos pensarão que é uma felizarda, galardoada por cláusu las de tratados internacionais que a preservam d<.> turbilhão do jogo de Avilo da combate dos influências das grandes potências. Pequenina, teria sido mais ou menos deixada de lado por despertar pouca cobiça. Ela estaria fora da arcn~ como resultado de uma convenção. Desta maneira, a análise de sua situação seria inútil, porque obra da conjunção de circunstâncias ditosas, porém irrepetíveis. Não há dúvida de que há um consenso de a Suíça dever constituir uma nação neutra, oásis de tranqüilidade cm épocas de convulsão. par_a poder agir como elemento encaminhador de eventuais soluções. Seria um como que d ireito adquirido. Contudo, subestima-se a parte do país na aquisição dc.s te imaginário direito, porque o público não tem dados sobre a situação militar e a doutrina estratégica da nação alpina. Pensa-se (cu estava neste caso) que seu elemento armado seria quase só para cons1ar, tendendo a uma polícia civil. Excetuados os especialistas, a cujas fontes de informação habitua lmente não tem acesso o homem comum. o desconhecimento a tal propósito é praticamente total. Semanas atrás, veio-me ás mãos um relatório in titulado The Swiss l?eport, estudo especial da prestigiosa Westen, Goals Foundatio11 a respeito das concepções militares oficiais da Suíça e de sua força mi litar. Preparado por dois generais norte-americanos da reserva - George S. Panon e Lewis W. Walt - , foi distribuído a homens de responsabilidade e vendido ao público da supc,·potência ocidenta l em março deste ano. São dele as informações que passo a transcrever.

helvécios

Para indicar o vigor do povo, comenta-se que o inimigo encontrará, atrás de cada árvore da Suíça, um de seus habitantes armado com um fuzil. O Swiss Report relembra que durante a 2.• Guerra Mundial Hitler pensou seriamente em invadir a Suíça, por causa de certas vantagens estratégicas. Determi.nou ao Estado Maior germânico que preparasse a eventualidade. Os oficiais responderam que não era concebível, pois os suíços iníligiriam pesados danos ~ Alemanha, e os ganhos scnam m101mos. Assim foi sempre. Aproveitando a tenacidade de seu povo, ·a geografia escarpada e montanhosa, o país vive calmo, cuidando de suas finanças, relógios e quciJOS, porque conhece o potencia l riJO e ágil, utilizável a qualquer momento.

Formas de guerra moderna também preocupam Não só a ameaça militar preocupa os suíços. As armas psicológicas atraem também sua atenção, denotando modernização do conceito do que hoje é a guerra. Um relatório do Conselho Federal, órgão máximo do governo, afirma: "Potências e grupos de potência., tentam 11umentar suas esferas de influência por 1neio de pressões políticas. econômicas, propaga11dísticas e psicológicas. Os conflitos estão. de maneira crescenre. sendo levados a cabo por meios indiretos, com o fito de i11flue11ciar, enfraquecer e finalmente vencer o inimigo através de me_ios políticos. psicológicos e terroristas .... Os que conduzen, esre tipo de guerra .... apro_veitam-se das fricções exisre11tes 110 i11rerior da sociedade .... Esperam atingir seus objetivos por meio da difamação, inrimidação e emprego da força". Infelizmente, os autores do Swiss Report, certamente por falta de dados, não se estendem sobre as medidas adotadas pelo governo para reagir a esse tipo de ameaça. Enunciam apenas uma medida anti-chantagem: o empenho do Poder Público em que cada casa mantenha em

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Doutrina militar e potencial bélico da Suiça

Poderoso defesa anti-aérea na Sufça

A meta do país é manter a paz na independência. Para isso, ele renuncia a intervir ativamente na po~ lítica européia e mundial. O que é uma consideração sensata , dado que seu tamanho e recursos naturais dificilmente se prestariam a tal. Em segundo lugar, sua estratégia e forças armadas são concebidas com o fito de desencorajar qualquer agressão. Não permitir que cm nenhuma hipótese compense agredi-la. Os danos iníligidos ao a tacante ultrapassariam cm altíssima esca la as eventuais vantagens. Além do mais, caso o agressor vencesse. o país ficaria inutilizável, cm vista das med idas preventivas de neutra lização dos recursos que ele poderia ter interesse em usar. A nação helvética é concebida como uma unidade armada. Todos

ou unidades de defesa civil. Existem 4.000 obstáculos permanentes ao avanço de tropas inimigas, e 2.000 artefatos de demolição que explodirão imediatamente os túneis e pontes, impedindo o acesso ao interior. A maquinaria industria l, onde possível, seria desativada. Há cem quilômetros de túneis onde se guardam remédios, aparelhos hospitalares e mantimentos. O país pode proteger 85% de sua população contra a devastação atô· mica. Em 1990. protegerá a totalidade. O Exército mantém 40 hospitais, 10 dos quais subterrâneos, seiscentas bases, 170 centros de manutenção. O país possui 350 aviões de combate, 800 tanques, 3.000 sistemas de mísseis antitanques.

estoq ue alimentos para dois meses, o mesmo valendo para indústrias e importadores. O estado de prontidão das defesas militares e das civis indica a determinação férrea de resistir dos suíços, que construíram o espaço geográfico mais densamente defend ido da Europa Ocidental. Não há o vácuo de resistência que atrairia a cobiça. A nação fez de sua própria defesa um assunto tão sério, que desencoraja qualq uer veleidade de atacá-la . Conhecendo isto, facilmente se conse~ue explicar porque os líderes pacifistas preferem não citála como modelo a seguir... Ela andou na direção oposta à que aponta m.

P. Ferreira e Melo 5


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Alemanha patente Alemanha latente

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TI pico desfile comunista na capital otfope. A foice e o martelo estio presentes no pendl o e no peito de soldedos.

A libertação que nos espera ... CORRENTE progressista 1cm como inspiradora de sua pastoral a chamada Teologia da L.iber1ação. Um cios corifcus do progressismo no Brasil - Frei Leonardo Boff - afirma: "O que propcnnos n,io é reologit, <lt!ntro do marxismo, nws nwrxismô (materialismo hisiórico) dentro da teo logia ... O marxismo não é mera escola de pensamento, influindo, por exemplo. na 1cologia. Ele inspira ações concretas. Para cn1endê-lo bem. é preciso ver como são suas rcn li· 1~1ções, já que estâ sendo adotado como fundamento teórico ele numerosos governos. Defensores de tal corrente de pensamento (quando forn do poder) afirmam por vezes que suas atuais realizações concretas - por exemplo, as de além cortina de ferro - não correspondem ao conteúdo autêntico da doutrina, o que é falso. Ta l afirmação é errônea porque,

A

sendo o ma rxismo um mito, e seus

seguidores mitomaníacos, há duas possibilidades ao aplicá-lo. A primeira consiste crn espera r a mutação da natureza humana, para tentar

si nionizá-la com suas quimeras. Os marxistas afirmam que 1al mutação virá, e anseiam por ela. Contudo. não o conseguirão. pois a natureza

humana é subs1a ncialmen1c imutável. Criado por Deus como ser racional composto de alma e corpo. o homem só vive bem numa sociedade harmonicamente hierarquizada e onde haja uma liberdade proporcional e jus1a. A segunda possibi lidade seria impor o marxismo ditatorial e estavelmente a uma sociedade arredia que, apreseniandose-lhe qualquer circunstância favorável, procura arrebentar a carapaça repressiva. Para nós brasileiros, é úti l conhecer o tratamento que os regimes marxistas reservam à religião nos países onde se instalam. Em primeiro lugar, porque o clero proi;rcssista, seguidor da Teologia da Libertação, não advertirá o povo contra o governo marx ista. pois nui re sim: patia pelo marxismo e aecit.i-o como componente de sua doutrina. Em segundo lugar, porque esse conhecimento desfai. ilusões sobre o relacionamento de tal regime para com os cató licos verdadeiros. mesmo na hipótese de um governo marxista se impla ntar com apoio eclcsiás1ico.

A sinistra lição da Etiópi a Hú um exemplo que, por ser

recente, deve nos interessar de modo especial: a Etiópia. Desde 1974 esse país está sujeito a um governo marxista. Mas o que lá sucede internamente parece envolto pelo si lêncio da maior pane dos meios de informação. O conhecido diário alemão Frankfurter A llgen,eine Zeitun11 publicou minucioso documento de 27 pontos, no qua l um órgão do Poder marxista etíope (Centro de Formação de Dirigentes Políticos) traçou diretrizes, cm 1981 , para o combate à religião ( 1) . O documento foi transcrito na revista bimensal francesa La Documen1a1ion Catholique. de 15 de maio de 1983. Fala.por si. Transcreveremos extratos, acrescidos de um o u outro comentário. "I - Convocai as assem bléias municipais domingo de manhã .... 6

ln/7igi penas severas (multa ou prisão) a que,n ,uio cornparecer'', A razão da d iretriz é transparente. Como o domingo de manhã é o horário de maior freqiiência às igrejas. a convocação obrigatória e sob pena de prisão as esvazia ria. .. 2 - Designai os cristãos rnilitantes para efetuar o trt1balho volunuirio que deve ser f eito na comuna .... Se eles se recusarem .... j ogai-os na prisão". Voluntário, na acepção comunista, parece corresponder ao que executa a vontade... dos detentores do poder. O que não está distante do regime em vigor na Nicarágua, tão do agrado de Bispos e Sacerdotes progressistas brasileiros. "J - Tentai introduzir t·a,naradas do partido em todos os grupos cristãos e e111 todas as assen1bléias religiosas··. "4 - Dizei a todos os habita111es de cada co1nuna que devem decidir. de um a vez por todas, se são cristãos ou ,uio .... Se não quisere,n. jogai-os na prisiio. pelo menos por alguns dias. Quando fore111 liberu1dos. sua parentela fará pressão sobre eles para que reneguem sua fé

ou a man1enha111 secreta. para não crü1r inc6n1odos à familia". "5 - Proibi especialmente os jovens de ir à igreja .... Se o tem or de serem aprisionados não os 1110111iver à distância, serão os pais que terão medo e os impedirão de participar do <:ulto". '? - Quando aprisionare111 algué111, não dêe,n os motivos .... Fazei que os salários deles sejan1 suspensas. Puni os que ajudem as familias dos prisioneiros através de dinheiro ou alimentos ".

Podemos constatar aqu i demonstração 1angível do q ue rea lmente pensam os marxistas sobre amor ao próxi mo, comiseração e ajuda aos necessitados, slogans tão em moda. especialmente cm ambientes progressistas. "8 - Fechai as igrejas .... Nas igrejas, queimai ou destruí os altares ou qualquer outro objeto de significação religiosa". "9 - Aulorizai as autoridades locais a se ocupar dos cristãos em sua jurisdição da maneira que julguem m ais adequada. Fazei fechar as igrejas sempre por fu11cionários subalternos. Desta maneira, o governo não poderá ser acusado de anticristão. "I I - Para as promoções e a escolha dos estudantes que devem fazer estudos superiores. om iti os cristãos", ·· I 4 - Impedi toda reunião religiosa de grande importância .... Autorizai que algwna.r igrejas Ji· quen, abertas, paro que se possa ainda d izer que há liberdade religiosa 110 pa,'.<". "15 - Profanai os lugares que os cristãos consideram sagrados ... "/9 - Autorizai a publicação de alguns livros cristãos. Se eles se tornarem populares .... não per,niti que seja,n reeditados". "25 - Tendo e111 vista obter 110 futuro a ajuda do e.ttrangeiro, autorizai alguns m issionários ajicar no pais·; "26 - Se for absolutamente indispensável desembaraçar-se de algum d irigente cristão importante, fazei-o desaparecer. Não dizei que está m orto. Assim sua familia e a Igreja, na esperança de. que esteja

vivo. evirarão de se fazer notar. para não colocar sua vida en, perigo". "27 - Desmenti Iodas as acusações de perseguição religiosa .... Como prova de liberdade relig iosa. dizei q1u1nt,1s igrejas estão abertas e

quantos 11,issio,uírios há". Despotism o no plano espiritual prepara tirania t empora l O documento acima. verdadeiramente estarrecedor, denota como uma mentalidade marxista trata seus opositores. Constitui ilustração pungente e um exemplo instrulivo. Na medida cm que uma corrente se deixa influenciar pelas elucubrações de Marx, va i tendendo a aplicar a repressão. É a saída para fazer triu nfar suas concepções errôneas. Um dos aspectos preocupantes dos adeptos da Teologia da Libertação é este: o gosto de medidas coercitivas, de expedientes tirânicos. H{1 relatos referentes às mais diversas regiões do Brasil (2), ind ica ndo os métodos despóticos que o progressismo vem aplicando contra os fiéis católicos que apenas desejam manter-se na linha da Igreja de sempre. Não podendo ainda pô-los cm prática no Estado - meta de seus esforços - os progressistas já os vão introd uzindo na Igreja. Estamos certos de que grande pane dos leitores conhece casos de despot ismo eclesiástico progressisia: uma professora de catecismo arbitra ria mente afastada. um ba tismo negado, exigência de cursos col/scientizadores, associações religiosas fechadas, ataques públicos injustos contra a reputação de homens de bem, campa nhas de ca lúnia e diz-que-<liz. O crime, um só: não estar de acordo com as imposições da lgr.eja Nova. Observando tal desolação. que tende a se tornar onipresente, vemnos à mente a tristeza de Nosso Senhor: ."E velldO aquelas 11111/ti- · dões. co1npadece11-se delas. porque estavan, fatigadas e como ovelhas sem pastor" (M t. 9. 36). Católicos do Brasil inteiro, obrigados em consciência a d iscrepar de pastores imbuídos de doutrina marxista, estão como ovelhas fatigadas e sem guia. Por isso, certamente aqueles atraem o o lhar compassivo do Divino Mestre. que algum dia lhes mandará de novo pastores que os governem, santifiquem e ensinem nos ca minhos do Bem. Até que a borrasca passe, sua fidelidade consiste em resistir inq uebrantáveis, mas. na dor de suas almas. rezar e esperar.

Notu ( 1) Convém no1:u que 3$ diretri1.cs do govtr· no ctiopc parn combater a r-eligião rcferem•se não à Igreja C:nólica. pr:itic:tnlentc inexistente no pais. mas principatmente :\ Igreja eismá1ic~ oricn1al. de ri1<> copia. que congre· ga 40% dos 29 milhões de habitantes daquela nação afric..,na. Há também forte contingente muçulmano que agrupa 35% da população.

Aproximadamente 25% dos etíopes são ani· m,stas ou pertencem :-,t minoriM i.sraclit:t e luterana. Se o regime marxis.ta do país aplica normas dr:,conianas. como se pode comprovar por este artigo. para erradicar essas confissões religiosas folsas, é licito imaiinar o redobrado vigor com que aplicaria 1a1s diretri1.cs c-ontra a única lgreJa verdadeira: a Católic.,. Apostólica. Rom:rna.

(2) Cír. Plinio Corr!a de Oliveira. Gus1avo Antonio Solimc,o. Luls. Sérgio Solimco, As CEBs... dos quais muito u . fala, pouco u conhece - A TFP as descreve ,omo si/ó. Ed Vera Cru.z. 4.• edição, São Paulo, 1983.

HÁ ALGUNS meses, o atual c hanceler germânico, Helmut Kohl, chefiando a coligação CDU-CS obteve sólida vitória nas eleições federais alemãs. Seu p rograma era categoricamente pró-americano e favorável à instalaçj!o dos mísseis nucleares da NATO em território teuto, como medida anti,soviética, dissuasória. Quem considerasse as o piniões de imprensa reflexo idôneo do que pensa a população, aposta ria na derrota de Kohl, a julgar pela documentada notícia d o scman{,rio norte-americano "Time" (29-8-83) sob o título: Fazendo da hostilidade noticia de importâllcia. Na A lemanha Ocidental, o Tio Sam é um 'saco de pan cad<1s· jornalístico". Começa a nota relatando que numa demonstração da Força Aérea norte-americana em Ramstein, 300.000 espectadores entusiasmados regalava m-se cóm o show aeroná utico. Ta mbém 250 esquerdistas protestaram contra a presença dos EUA no pais. Foram presos, sem uso de qualquer violência de maior monta. As televisões e os jornais não noticiaram a presença das 300.000 pessoas que viam o .thow com complacência,

mas somente a detenção dos 250 contestatários. O mais importa nte semanário alemão, o "Der Spicgcl". afirmou: "Soldados. armados de ca:r-

seteres e con1 expressões c1JTr<u1cu-

das. seguravam os manifestalltes que não opunha111 resistência. e os atirava,n corno carga nos ctJtninhões do Exército". Segundo o semanário norte-americano, recente pesq uisa mostrou que a maioria do público cs1á preocupada com o militarismo soviético e vê com agrado a presença norteamericana no pais. Entreta nto. res-

salta a nota, para jornais como "Frank funer Rundschau" e revistas como "Der Spiegel" e "S1ern" o único assunto a merecer reportagem de capa é o minoritário movimento pacifista contra os mísseis. Afirma ainda o "Time" que o correspondente da televisão francesa, Miehel Meyer, relatou nu m estudo para o Instituto Aspen , instituição de pesq uisa sem fins lucrativos, sed iada nos Estados Unidos, q ue nos fins de 1981, observou intensa e cuidadosamente os noticiários da TV alemã e "não viu unta única emissão que poderia ser clwmada positiva ou amigável em relação aos Estados Unidos. n u,s muitos programas críticos". Informa ainda que a maioria dos correspondentes da Deutsche Presse Agentur (OPA), a poderosa agência de noticias, são de esquerda, a nti-norteamericanos. O que apareceu - a Alemanha patente - indica que o pa ís é majoritariamente esquerdista e antinorte-americano. Nas eleições, o que habitualmente não tem voz nos meios de informação - a Alemanha latente - . q ue não aparece. vota num cand idato com programa inequivocamente conservador e o coloca no poder. Hoje, !Ornou-se comum a afirmação de que há duas formas de censura: a do Poder Público e a da própria imprensa, ao impedir ou falsear a manifestação autêntica das várias correntes de opinião. Tal patrul ha mento ideológico efetuad o nos meios de comunicação social contrad iz de modo clamoroso o liberalismo q ue eles proclamam defender. O caso alemão constit ui mais um exemplo.

Na Espanha, 38 CEBs apóiam o governo: sim ao aborto! APESAR DE A PRATl€A antinatural do aborto ter sido sempre vigorosamente condenada pelo Magistério da Igreja, 38 Comunidades Eclesiais de Base de lvjadríd p,cssurosamente manifestaram seu apoio ao governo socialista espanhol poI sua iniciativa rombudam~te anticatólica: a descriminali7.ação do aborto voluntário. Tais associações vão mais longe do que o próprio pIOjeto patrocinado pela bancada do PSOE. pois pJeiteiam a extensão da dcscriminali7.ação do abor10 a maior número de casos. E t·am bém sua gratu idade. 0 próprio povo pagaria esta pratica criminosa, através de impostos! 0 docume.nto de apoio foi entregue ao Sub-secretário ae Justiça, Liborio Hierro, inform·a a revista "Vida Nueva", de Madrid (21-5-1983). Certame.nte, as referidas 38 CEBs proclamam-se defensoras dos direitos humanos. Neste caso, entretanto, como o piojeto governamental favorece uma das metas comuno-socialistas (eliminação da família e esfabelecimento do amor livre), aquelas entidades se esquecem dos direitos do nascituro e não vacilam em estimula,.- o assassinato da vítima inocente e indefesa.

AfOlLllCM§MO MENSÁR IO CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor: Paulo CorrU de Brito Filho Jornalisla respondvtl: T.-.kao Takahashi - Rcgis1rado no D.R.T.-SP sob nº 13.748 Dlrttorl1: Rua dos Goitacazes. 197 • 28 100 - Campos. RJ Adminlstraçi o: Rua Or. Mortinico Prndo, 271 • 01 224 - Silo Paulo, SP • \ PABX: 22 1-8755 (ramal 235). Composto e impresso na J\npress - Papéis e Artes Gráficas Ltda.. Rua Garibaldi, 404 - 0 1IJS - São Paulo. SP "Calolki.tmo.. f. uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pon1es S/ C. A.ssfnatura anual: comun\ CrS'4.000,00: coopera.dor Cr$7.000,00: benfeitor CrSI0.000,00 grande benfeitor CrS 20.000.00; scmmarlstas e estudantes Cr~ 3.000,00. Exterior: (via atrca): comum USS 25,00: bcnfci1or USS 40,00. Os pagamentos, s.cmprc cm nome de Edi1ora Padrt BtkhJor de- Pontes S/C, poderão ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de assinantes é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência rela1iva a 3S$inaturas e venda avuls.a deve ser enviada à Adminis1raç,l o: Rua Dr. Martlnico Prado, 271 - Si o Paulo, SP

CATOLICIS MO -

Outubro d e 1983


''CATOLICISMO" já abordou mais de uma vez aspectos de um dos mais insignes tesouros artísticos da Cristandade: Veneza. No entanto, tal é a riqueza do maravilhoso cm Veneza, tão variadas e multiformes são suas facetas, que nos pareceu oportuno voltar ao tema. E focalizar agora novos ângulos de jóias artísticas da incomparável cidade aquática.

Movem-se constante e serenamente as águas da bela laguna de Veneza. O sol nelas se reflete. dando-nos a impressão de estarmos ante um como que imenso vitral líquido, iluminado pelos raios do sol. Bem ao centro da primeira foto, na famosa "piazzeta", erguem-se duas colunas. Uma encimada pela escultura de São Teodoro, primeiro padroeiro da cidade; e a outra pela famosa estátua do leão alado, inspirada em interessante escultura oriental, e que simboliza o Evangelista São Marcos. atual patrono de Veneza. Da esquerda para a direita, aparecem o Palácio "'dei/a Zecca" e o de Sansovino. Por detrás, vê-se a torre do relógio - o "Campanilfe"· - alta, ponteaguda, construída com pedras um tanto rosadas. E ao fundo, mais à direita. a magnífica Basílica de São Marcos. A fachada da Basílica - e de um modo muito marcante suas cúpulas - nos patenteia outra nota constitutiva da harmoniosa arte veneziana: a nota oriental, a jnfluêneia de Bi1.ãncio. A gravidade e a leveza do gótico, de um lado, e o fantasioso do bizantino de outro, harmonizam-se assim esplendidamente, para compor a face de uma das mais originais cidades do mundo. Por fim, à direita da foto, em primeiro plano, surge como que reluzente o Palácio dos Doges , projetado por Giovanni e Bartolomeo Buon, em princípios do século XIV. Famoso em todo o mundo, esse edifício era a residência do potentado supremo da República aristocrática de Veneza. c também sede do Governo. As aberturas ogivais do andar térreo. a colunata do mesmo estilo que as encima, e as grandes janelas góticas do terceiro pavimento, atestam o papel saliente que o gótico ocupa na arquitetura da cidade. conferindo a esta muito do char,ne e do grandioso que a caracteriza.

A segunda foto apresenta um dos palácios venezianos mais famosos: o Ca d'Oro. Foi ele projetado pelos arqui1etos Giovanni e Bartolomeo Buon e Matteo Raverti, para servir de residência a um dos princípes da República aristocrática, Marino Contarini. Suas janelas estão agrupadas segundo o característico A ponte ~o Rialto

modo tão categórico. recolher-se nas horas da oração, do trabalho e do repouso; ser familiar e inlimo no convívio de todos os dias; e manifestar-se esplendoroso nas grandes ocasiões que a vida social de uma elite comporia. Ta I equilíbrio, distintivo de uma autêntica vida tempóral católica, exclui qualquer tipo de hipertrofias. A vida de pensamento e oração é grave e séria. A vida familiar desenvolve-se com todas as suas amenidades. A atividade social realiza-se com seus temperantes e naturais esplendores.

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Na terceira ilustração, deparamos com a ponte do Rialto. Construída sobre o grande canal dessa verdadeira esmeralda líquida que é a laguna veneziana, a ponte compõese de três partes: uma suavemente ascendente, constituída por seis arcos; uma parte central, que poderia ser comparada a. uma ''loggia": e uma parte descendente, também arqueada, simétrica à primeira. Trata-se de uma ponte eminentemente prática e até funcional. Construída sobre o canal mais largo de Veneza, sua forma arqueada permite que sob ela se efetue comodamente a navegação, inclusive comercial. Mas o Rialto, ao mesmo tempo, tem em vista satisfazer as necessidades da alma humana. Assim, quem o construiu desejou-o belo, e não meramente funcional. A cor branca da ponte - perpetuamente alva e limpa - em contraste com o verde . das águas, agrada profundamente ao . olhar do espectador. Compraz mais ainda, a quem a contempla, constatar a proporção da ponte com a criatura humana. Note-se a regularidade com que os arcos se su-

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modo vcne,jano de formar um centro para as fachadas. A arcada inferior. formada por cinco arcos que iluminam o profundo vestibulo central, é encimada por seis janelas ogivais enfileiradas, ladeadas por aberturas mais largas - também ogivais - e com balcões salientes. Acima dessa galeria e xiste uma terceira, com decorações mais leves. Dentre as três galerias, cada uma delas diferente das outras, a do meio destaca-se especialmente por sua elegância quase etérea. Em conlraste com esse delicado conjunto, a parte dircila da fachada apresenta uma ala lisa e compacta. Ela é forte. rija e séria. Constituída

por sólida alvenaria, é vazada apenas por pequenas janelas quadradas, uma cm cada andar. A fachada é encimada por um curioso teto com uma decoração cm forma de crista. que prolonga, com seu rendilhado de pedra, a nota de fantasia e leveza das arcadas. Assim, a fachada do Ca d'Oro explora o nobre e agradável con1raste de dois conjuntos de sensações que ao homem agrada ver distintos, mas juntos: a sensação do leve, do etéreo, do frágil; e a do forte. do estável, do permanente. Poder-se-ia conjecturar que nos três aposentos superpos1os da parte compacta e séria do lado esquerdo, O célebre palácio Ce O'Oro

o patrício que ali habitava gostasse de ter seu quarto de dormir, além do escritório e oratório. Abrigado, protegido, recolhido, isolado do mundo exterior, ele poderia assim elucubrar seus planos políticos ou comerciais, como também entregar-se a reflexões doutrinárias. Ou então, re1.ar e repousar. Na fachada das salas do primeiro andar da parte central , os arcos nos sugerem a impressão de aposentos próprios à vida de família, à vida de todos os dias, num ambiente leve, agradável, aconchegado. À oração, à vida intelectual, ao trabalho, como também à vida de familia, somava-se a vida social. O patrício veneziano compreendia a fundo a importância do esplendor da vida de sociedade, e Veneza a cultivava de modo exuberante. Assim, a fachada do Ca d'Oro evoca em nosso espírito uma forma de equilíbrio da alma cristã, que se exprime no fato de um indivíduo, apoiado por sua família, saber, de

CATOLICISMO -

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Outubro de 1983

cedem, e um quê de passo harmonioso, suave e sério em sua ascensão até a "loggia", e cm sua descensão. t natural que uma pessoa se detenha na "loggia", atraída pelo encanto das mil maravilhas da nature1.a ou da arte que, olhando-se para qualquer direção, dali se pode descortinar. Entretanto, o Rialto com seus arcos reflete a influência renascentista. E com ela, o espírito naturalista, mais voltado para a terra do que visando o Céu e o sobrenatural. E neste ponto, há um imponderável que distmgue a Veneza medieval, em que predomina o estilo gótico, e a Veneza do Renascimento e da época barroca. No palácio dos Dogcs e no Ca d'Oro vislumbram-se a temperança de vida e a harmonia. Nos monumentos construídos na Renascença e nas épocas posteriores torna-se mais difícil para o homem manter tal equilibrio temperante, sendo mais fácil ele deixar-se arrastar para a fruição e o gozo da vida.

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} AtotnCISMO

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A tragédia do Jumbo

Em Nova Yo·rk, impressionante ... acolhida a campanha da TFP A RUA, o tráfego é quase ensu rdeccdor. Nas calçadas, o vai-e-vem de wfos hu manos multiplica a fcbricitação. Es-

N

tamos no coração de Manhattan, cm

pleno centro de Nova York. Mais precisamente e ntre a buzinas, as freiadas e os ruídos de motores na 5.• Avenida. Neste ambiente, onde só o amarelo dos tiíxis quebra a tirania com que im pel'a um c inza poluído, irrompe inesperadamente, do meio da fuligem, o rubro e dourado de 35 estandartes da valorosa TFP noricamcricana.

Dezenas de sócios e cooperadores da entidade, postados ao longo dos qu.1rteirõcs, difundem o folheto contendo o texto da candente tomada de posição da TFP a rcs-

soviético trará para a humanidade uma era de distensão, bonomia e paz, E conquistou o apoio de amplos setores do capitalismo ocidental para toda espécie de acordos comerciais, programas de auxílio financeiro, missões culturais, técnicas e outras, mercê das quais a espionage m e o proselitismo do Cremlin se foram instalando em postoschavc. Enquanto isso, a Rússia se armava cm ritmo acelerado, dilatava suas conquistas pela Terra e multiplicava seus crimes. deixando entrever a ferocidade de sua autêntica fisionomia, Tal foi o caso do ato covarde e sanguinário do dia 2 de setembro, em conseqüência do qual morreram 269 pessoas completamente indefesas.

"Não é passivei! Atê aqui este pesadelo?!" A campanha da TFP inicia-se na coníluência da 5.• Avenida com a rua 42, esquina onde numerosos brasileiros, residentes ou em turismo cm Nova York, coswmam passar. A estupefação deles é gera l, tanto de si mpatia quanto de incômodo.

"Ah. que born ver o pensanrenro do Prof Pli11io Corréa afirmar-se assim JJUja111e nestas terras!", exclamam os favoráveis. "Não é J)Ossívef! Até aqui este JJCSadelo?/" clamam (ou reclamam) os esq ucrd istas ... Com desembaraço e alianeria a campanha se dirigiu, sempre pela 5.• Avenida, até a Catedral de São

cionário subalterno, após ler o pronunciamento, pede outro exemplar para afixá-lo cm sua repart ição. Urna secretária chama outras cinco e

as adverte sobre a import~incia do texto, enquanto um empresário afirma: "Desd do 1ne11 estritúriv sei para n,e solidarizar t;-OJJ1 a poSifão

dos Srs. Por favo;, envien,-,ne re~ gufarmen1e todas (1s publkarõe.1· tff1 TFP". E o por1ciro do Hotel Pla1.a, por sua vez, cnco ntra~se cm apuros. ao ser perguntado, com insistência, por hóspedes do mundo inteiro, a respeito do que tratava a campa nha da

TFP. Após ler com a tenção o comunicado, tranqüi liza-se e põe-se em cond ições de bem informar seus indagadores.

"O problema das pessoas hoje em dia é querer sorrir para os comunístas" O tema da campa nha vai correndo de boca em boca. - "A Sra. jâ leu nosso documento?" - interroga a uma dona de casa um jovem da TFP, - ··· Não. ainda não. Mas vi un, Sr. fendo-o com 1a11ta atenção no Central Park. que não resisti e lhe {Jerg11,11ei o que a., sim o atraia. Ele. t nttio. ,ne explic,>u o texto e aconsellto11-111e 11 vir pro<:urar ,,s Srs.. 11 Jin, de que eu nu .una obtivessc• 1un 1

l1xernf)l<1r".

Um experimentado policial, já com 21 anos de serviço, procura um cooperador da TFP: "O problema das pessoas hoje em dia é q11erer .•,;orrir par<, os con1u1lisu1s. o t/W! é 11

posição mais equivocada JJOSsivef.

Se se lhes sorri,

co1110 resposu, não

ven, 0111ro sorriso. nws o <111erer corwr nosso {Jescoço. Os Srs. não imagin10111 o quanto foz ben, ver

jovens como os da 1-PP combatendo assi,11 por nosso ptn'.r", Um motorista particular, com o mesmo bom senso deste policial, acrescentou: "E os russos. conw s11ben1 que ,uio poden, nos superor. vão tuocando oos poucos... Algum dia efl;s acal>an1 chegando aqui. co,no se nada tives-

,. sócios e cooperadores da TFP. no co· ração da grande metrópole norte-americana.

peito da derrubada assassina do Jumbo sul-coreano (cfr. "Catolicismo'~ n.• 393, setembro de 1983). t. 8 de agosto, festa da Natividade de Maria Sant íssima. Jubilosos, os sócios e cooperadores da TFP se encontram para poderem desta forma, c m plena luta ideológica, celebrar tão augusta data.

Grupo da estandartes rubros da Tf P na

Comunismo arranca a máscara de distensão, bonomia e paz O tema está no cent ro de todas as conversas, Comenta -se que por mais ílagrante que fosse a hipotética violação do espaço aéreo da Rússia, alegada pelas autoridades soviéticas como pretexto para abater o Bocing, é contra todo o bom senso supor que a aeronave civil, desprovida de qualquer armamento, tenha resistid o a uma intimação dos poderosos caças russos, e q ue o piloto tenha assim se exposto, bem como aos demais viajantes, a um gratuito risco de morte. Nas ruas, a TFP procura mostrar que esta bárbara agressão soviética desacredita em sua raiz a politica que Moscou vem adotando para com o Ocidente desde a morte do ditador Stalin, cm 1953. Procurando embair os povos do Mundo Livre, a Rússia organizou astutas e bem dosadas ofensivas diplomáticas e propagandísticas, sucessivamente denominadas "pofí1ico do ,não es1e11dida", "coexis1é11cio pacífico", "queda das barreiras ideológicas" e "ostpolitik". Com isso, incutiu no mundo não comunista a ilusão de q ue a vitória do imperialismo ideológico

ft>ito para isto .._ A TFP norte-americana pôde bem apa lpar a justa indignação que correu largos e sadios setores d.i opinião pública, a propósito da tragédia do Jumbo. Um habitante do setor negro do Bronx fala cm alta voz: "Fo i terri• vel este aro criminoso. Ten,os a obrigt1çtio de revidar. Eu 1u1u sei o que esses políticos fanio ... Mas nâs, algo {Jredsamos fazer", Um chofer de ca minhão, da janela de seu possante vcíc,!JIO, externa sua concordância: "E isto! Devernus falar '"l'nos e ,igir n10is''. E um homem de negócios é peremptório: .. Deveni11nos ct1ssar rodos os acor<los de envio de cereais t1os russos e forne· cer subsídios aos nossos fazendeiros". .. Fiquei chocado JJOr ver o l?eaga11 descansando ,w Califórnia afirmou um jovem - a{Jesar do que ocorreu com o Jw11bo. Afiâs. também em refoção à Nicardg11a e Ef Salvador, no.,so presidente demonsSl'lll

O público acolheu com especial simpatia e int eresse os volantes distribuldos por

5 .• Avenide de Nove York, durante a prestigiosa campanha reali:iede pela en-

tidade.

Patrício, onde, dada a exce lente receptividade, permaneceu por mais de três horas. Mais tarde, deslocouse até a prest igiosa região do Hotel Plaza, a 1.o na talvez ma is rica de Manhattan e centro de convergência de celebridades do mundo inteiro. Somente neste primeiro dia de a tuação, 45 mil folhetos foram distribuídos :\ população nova-iorqu ina, a qual, cm gra nde parte, tomava

a iniciativa de pedir o pronuncia• mento da TFP. Na 5,• Avenida erguem-se certos espigões frios e arrogantes, "ornados" de concreto, de vidros "rayba n" e aço aparente, que são, na verdade, despersona lizadas colméias humanas. Entreta nto, lá dentro, o tema principal não é a última oscilação da Bolsa, nem o fortalecimento do dólar no mercado europeu, mas o oportuno documento da TFP. Do "Rockefeller Center'' e do edifício-sede da "Genera l Motors", por exemplo, incontáveis funcionários descem para munir-se de uma pi lha de folhetos, a fim de que eles mesmos os distribuíssem cm seus ambientes de traba lho. Um fun-

1rou interesse apenas

,w aparência.

pois q,wndo os r11ssos ou seus fa11toches come(:ara,11 a ,nntar gente por fd. ele 11ão fez nada!", Uma jovem senhora é da mesma opinião: "Reagan precisa ir adiante, ()Ois devemos proceder contra os russos usando as san ções nwisfortes possíveis. Assim, eles não terão como sair :desta situação...

Nos arraiais pacífístas... Nos últimos tempos, a Conferência Episcopal norte-a mericana engajou-se enfaticamente numa campanha pacifista, sob o pretexto de que uma concessão unilateral dos EUA cm matéria armamentista atenua ria no mundo comunista o receio de um a taque norte-americano, o que minguaria fatalmente o ímpeto vermelho de invasão. Flagrante ilusão, só presente na cabeça de "i110-

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Os estandartes da TFP norte-americana tremulam ao vento diante do f amoso Hotol Plaza. em M anhattan. Em três dias de campanha. sócios e cooperadores da entidade distribuíram 112 mil exemplares do manifesto sobre o bárbaro ataque soviético con· tra o Jum bo sul-coreano.

Mais adiante, um grupo de secentes úteis". Aliás,· os leitores de nhoras inglesas conversa animada"Catolicismo" j{, bem conhecem o papel que ocupam, como "finita mc111c com um jovem que pona o m,xiliar" da seita comun ista. os moestandarte. Nisso um caluniador pasvimentos pacifistas que se espa lha- sa. dizendo sorrateiramente: "'Ntio ram pelo mundo inteiro. )hes dêe1n in1por16ncit1. São da seita Nos Estados Unidos a corrente 'ft1oon "'. Mas as senhoras, Oeugma1>acifista tem não poucos adeptos, ticamcntc britânicas. apcm\s rcspon• embora muitíssimo menos do que as deram: "Nâs con<'ordamos <'<>m eles. máquinas inílacion{irias do IV PoE gos,amos sobre111do do leão que esuí na h111uJt.,irt1 ··. der - a imprensa, o rádio e a TV Outro grupo de senhoras, com procuram mostrar. Um portorriqucnho de 25 anos, um sotaque totalmente diverso, aprocom ar despreocupado, manifesta xima-se contente da campan ha: "Ah. Fiducial Fiduci11 aqui!"'. São chium espírito poltrão e pragmático: lenas <1uc se referem i1 revista da "Não tem propósito cancelar a v1•nda ,Je cereais. {Jorque os negóâos TFP de seu país. Enq uanto um sírio de Damasco tleve111 co111i11unr apesar dn a111et1('tl de guerra. Os russos são 111ais forte.< pede alguns exemplares do docuque nós: não luí co,no detê-los. mento para distribuir cm seu país, um jovem equa toriano. que estava A de,nais. Cristo. quando veio ilO 1nu11tlo, não trouxe anuas.·· sentado nos degraus da Cated ral de São Pcuricio. levanta-se entusiasUma freqiíentadora da catedral mado ao ver os estandartes. e perde São Patrício, de aproximadagunta como foz.er para ingressar na mente 50 anos, aproxima-se furiosa: TFP. "Sou cristti ttJml)(•n,. Por que os Srs. não apóion, o pronuncia1nen10 dos "Os Srs, deveriam estar aqui Bispos o respeito do des11nn111nen10 nuclear? Tenho que me ofasu,r dos todos os dias da semana" Srs.. pois sou desta Igreja Catâ· Não só nesse primeiro dia de fica". Out ra pacifista, seguidora da cam panha, mas também nos subpolítica "antes vermelho que morto ", enquanto desce os degraus da seqiicntes, uma grande estupefação catedral afirma: "Para que tudo corria a 5." Avenida, bem expressa isto? A questão do Jumbo sul-co- por esta excla mação de um Sr.: "Co1110?! t i111po.fsívr.:>I jovens ,,o reano foi apenas um erro hunwno .. . A prol/ferc1ção d,1s bombas é muito ,ne:.i110 tempo <"atólicos e ontico~ pior. t::nq11f11110 hd pouto eu reu,vt, nualistt1st'. Depois de passar longo tempo a ante uma imagem de Nossa Secontemplar a movimentação da TFP, nhol'a. veio ao nu!u espírito que o 1nassacre de ft1i L.,1i, per(Jetrado por um novaior<1uino exclama: "(; disso nós no Vietnã. .foi 1n11ito pior que 11 que o povo gosta: pessoal decente. .fazendo can1pa11/u, sél'ia e bem orgaderrubada deste Jumbo". 11izad11 ". Mestres em sempre ignorar a Um advogado de 45 anos tamcrueldade dos comunistas, os pacibém apóia com ca lor: "Gosto m11i10 fistas não só procuram lançar sobre os anticomunistas ioda sorte de tle ver o qué os SrJ. estão fazendo. argumentos. mas evocam sentimen- Estejam certos de que quase f1 cidade talmente razões humanitátias que só inteiro está co1n os Srs.. pois, na ,•ef<lad1•, o que fazen, é muito oufa voreccm aos vermelhos. "Nós não sado", E neste mesmo sentido, popodemos parar de enviar cereais aos rém ainda mais taxativa, manifestarussos. porque os nos,·os fazendeise uma se nhora de 40 anos: "Os Srs, ros sofreriarn ,nuito com isto··. afir. deveria111 eswr aqui lodos os dias t/11 ma uma senhora de 70 anos. senwna, todas t1s hora., do dia, todas ,,s se11u11u1.-. do ano. en1 todos os "Apareça m lã pelo Cairo..." fmos. Porque a cidade de Nova York 11111,ca teve ,11a11ifes1oções cf1tólicas Nova York talvez seja a cidade mais cosmopol ita do mund o. En- como as da TFP". Um funcionârio público aposenxames de turistas são constante pretado, logo após ouvir os slogans da sença em suas ruas, mãxime na 5,• Avenida, onde um exótico desfile de campa nha, aproxima-se: "Concordo raças e nacionalidades não cessa um inreirainente con1 a TF P. Co1no é bo,n ver pessoas rão distintas con,u só instante. os Srs. 1111 luta tmticomunista. A tê Um casal egípcio, maravilhado, acerca-se do estandarte da TFP: hoje, vivemos recebendo desaforos "A(Joia111os inteiramente a J)Osição dos ver,nefhos. Mas agora. dêe111tios Srs. Clwmem-nos. escrevam-nos fhes no t·obeça !" ou apareçam /d JJefO Cairo". Uma fi li pi na de firme têmpera, 40 anos, d ignamente vestida, está insatisfeita: Distribuindo cm média 50 mil "Os EUA deveriam im{Jor sanções econ ô111icos ,11ais fortes. Estas de folhetos por dia do documento "Jumbo sul-coreano. raio <1ue ,nata, nwt Reagan não bastam". Emocionados ao ouvirem a voz e.rcfarece" a TFP norte-americana da TFP reboar pela 5.' Avenida cm impressionou vivamente a megalópolis nova-iorq uina. Desfra ldanprol de seu país, três coreanos memdo seus esta ndartes com ufania, uma bros da tripulação de um avião da vez mais ela proclamou, e m meio ao Korean Air/ines, com um crepe na mundo neopagão e sensual, aquilo lapela cm sinal de luto, felicitam que com tanto ga rbo canta um de efusivamente os membros da TFP, E um casal alemão, num inglês seus hinos: "Voltam os ideais que pronunciado com dificuldade, con- nunca m orrerarn''. Retornam. porfessa: "Este é o 111esmo proble,na que do alto do Céu está Maria q11e ocorre 110 Alemanha: 'Antes Santíssima, Rainha da História, a morto que vermelho'. Mos ent nosso protegê-los com sua bênção. JJOÍs a j11ve11111tle esqueceu-se do passado e das lições do História... " Wellington da Silva Dias

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ll Nº. 395 - Novembro de 1983 - Ano XXXIII

li Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes

EXPRESSIVO AUMENTO DE INFLUENCIA DA TFP

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Ourante quase duas hora,, o público presente na Casa de Portugal a11l1tiu at entamente admir,vel

e xposiçlo do Prof. Plinio Corria de Oliveira, Presidente do CN da TFP. acerca da necessidade de aprofundar aa co nvioçõe1 para combater •• icUia, comuno- Droares.siataa e sobre as possibilidades de vitória da luta anticomunista

D iretor: Paulo Corrêa de Brito Filho NASCIDA DE um grupo de amigos reunidos em torno de ideais que sempre inspiraram as páginas de "Catolicismo", a TFP projetou-se no cenário nacional e mun· dia! por sua contínua e proflcua atividade. Sua gesta em defesa da civilização cristã, sua denúncia contínua do progressismo "católico", do comunismo e do socialismo têm sido noticiadas por este mensário em inúmeras oportunidades. A obra "Meio século de epopéia anticomunista" (Editora Vera Cruz, São Paulo, 2•. edição, 1980) relata, com riqueza de pormenores, a história e a préhistória da entidade, narrando sua fecunda atuação. Ao longo dessa imensa atividade a TFP despertou a simpatia de pessoas das mais variadas condições sociais. Estas foram, pouco a pouco, constituindo em torno dela os atuais correspondentes e simpatizantes que a entidade possui nos mais diversos quadrantes de nosso imenso Brasil. Nos dias 22 e 23 de outubro último, aquela sociedade promoveu, na capital paulista, o li Encontro Regional de Correspon· dentes e Simpatizantes, com a presença de 735 P.articipantes provenientes de 85 cidades brasileiras. A iniciativa teve por finalidade explanar as teses e os métodos de ação da TFP, assim como mostrar os êxitos alcançados pela associação no combate à guerra psicológica revolucionária, instrumentalizada pelo comunismo. Além de participantes de 12 Estados da Federação e do Distrito Federal, o Encontro contou com a presença de uma delegação de 53 correspondentes e simpatizantes das TFPs norte-americana e canadense, como também de representantes dos correspondentes da TFP argentina. Nas pp. 3 e 4, apresentamos a nossos leitores alguns aspectos mais sugestivos desse Encontro, tão necessário para a difusão dos ideais perenes da civilização cristã em nossos dias.

Quatro dedos sujos e feios Plínio Corrêa de Oliveira PERPLEXIDADE se dá bem com macias cadeiras de couro, nas quais o homem sente afundar-se gostosamente. (; que há certa analogia entre estar atolado em questões perplexitantes, e em poltronas de molas macias. O homem perplexo, afundado em couros, fica atolado tanto de corpo como de alma, o que confere à situação dele essa unidade que nossa natu· reza pede insistentemente, a todo propósito. (; verdade que tal unidade não vai ai sem alguma contradição. As perplexidades constituem para a mente um atoleiro penoso. Um purgatório. Por vezes quase um inferno. Pelo contrário, os couros e as molas proporcionam ao corpo cansado um atoleiro delicioso, reparador. Mas essa contradição não fere a unidade. E diminui o tormento do homem, em vez de o acrescer. Para prová-lo ao leitor, bastaria a este imaginar quão pior seria a situação de um homem perplexo, sentado num duro banco de madeira ... Ocorreu-me isto tudo ao recordar que, numa noite destas, chegando ao termo do jantar, resolvi refletir sobre a situação nacional, atoleiro no sentido mais preciso- e sinistro do termo. E para isto me afundei instintivamente cm uma profunda e macia poltrona de couro. Comecei então a pensar ...

A

• A ronda macabra dos vários problemas " pátrios, ideológicos, sociais e econômicos, ~ começou a dançar em meu espírito. A fim de ;:. ver claro, eu procurava deter a feia ciranda, .,; de modo a analisar uma por uma as várias ~ questões que a formavam. Mas estas pare.a ciam fugir a toda avaliação exata, executan~ do cada qual, diante de meus olhos por fim •• fatigados, um movimento convulsivo à ma"2 neira do "delirium tremens". Pertinaz, eu ·e insistia. Mas elas, não menos pertinazes do ~ que eu, aumentavam seu tremor, e de repente 1retomavam em galope sua ciranda.

Febre? Pesadelo? O certo é que me senti subitamente em presença de um personagem muito real, de carne e osso. .. · E eu, que tinha intenção de comunicar aos leitores o resultado de minhas lucubrações, fiquei reduzido a contar-lhes o que este personagem me disse. O tal homem a-temporal me tratava de você, com uma certa superioridade que t inha seu tantinho de irônico e de condescendente. E, pondo em riste o indicador curto e pouco limpo da mão direita, como para me anunciar uma primeira lição, sentenciou: "Saiba que eu, o comunismo, fracassei neste sossegado Brasil. O PC é aqui um anão que dá vergonha. Por isso, evito de o apresentar sozinho em público. O sindicalismo não me adiantou de nada. Possuo muitos de seus chefes, mas escorre-me das mãos o domínio sobre suas bases bonacheironas ('pacifistas', diria você). Entrei pelas Cúrias, pelas casas paroquiais, seminários e conventos. Que belas conquistas eu fiz! Mas ainda aí, prosperei nas cúpulas, porém a maior parte da miuçalha carola me vai escapando. Noto, Plinio, sua cara alegre ante minha envergonhada confidência. Você me reputa derrotado. Bobão! Mostrar-lhe-ei que tenho outros modos de progredir. Você duvida'?" - Sim, eu duvidava. Então ele levantou teatralmente, ao lado do dedo indicador, o dedo médio, um pouco mais longo e não menos rejeitável. E entrou a dar sua segunda liçãQ. "Começarei por 'Um sofisma. Farei o que você não imagina: a apologia do crime. Sim, direi por mil lábios, através de mil penas, milhões de vídeos e de microfones, que a onda de criminalidade, a qual tanto assusta os repugnantes burgueses, raramente nasce da maldade dos homens. Nas tribos indígenas, os crimes são mais raros do que entre os civilizados. O que quer dizer que o crime nasce entre nós das convulsões sociais originadas da fome. Elimine-se a fome, desaparece o crime. Como, aliás, também a prostituição.

AO Flt "Quem você chama de criminoso é uma vítima. Sabe quem é o criminoso verdadeiro? (; o proprietário. Sobretudo o grande proprietário. Principalmente este é que rouba o pobre. "Enquanto um ladrão de penitenciária rouba um homem, o proprietário rouba um povo inteiro. Seu crime social é de uma maldade sem nome!" O delírio leva a muita coisa. Pensei em expulsar o jactancioso idiota. Mas o comodismo me manteve atolado em minha poltrona. Furibundo e inerte, deixei-o continuar. Ele levantou o dedo anular, feio irmão dos _dois que já estavam erguidos, e prosseguiu. "Há mais uma, 'seu' Plinio. À vista de tudo quanto eu disse, um governo consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão, e deixar avançar a criminalidade. Pois esta não é senão a revolução social em marcha. Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do furor popu lar. E por isso farei constar ao mundo inteiro que a explosão criminal no Brasil está sendo caluniada por reacionários ignóbeis. A criminalidade é a expressão deste furor justamente vindicativo das massas, que os sindicatos e a esquerda católica não souberam galvani1.ar". Suspendendo o minguinho, miniatura fiel dos três dedos já em riste, meu homem riu. "Farei entrar armas no Brasil. Quando os burgueses apavorados estiverem bem persuadidos de que não há saída para mais nada,

suscitarei dentre os que você chama 'criminosos', um ou alguns líderes, que saberei camuflar de carismáticos. E farei algum bispo anunciar que, para evitar mal maior, é preciso que os burgueses se resignem a tratar com aqueles que têm um grau de banditismo menor. "Vejo a sua careta. Você está achando a burguesia preparada para cometer mais esse erro. Tem razão. Assim se constituirá um governo à Kerensky, bem de esquerda. O dia seguinte será do Lênin que eu escolher". Levantei-me para agarrar o homem. Quando fiquei de pé, acabei automaticamente de acordar. Ou cessou a febre...

Escrevi logo quanto "'vira., e 'louvira",

pois só até poucos minutos depois da febre ou do sono, tais impressões se podem conservar com alguma vitalidade. Leitor, desejo que elas não lhe deêm febre. Se é que, antes de terminar a leitura, elas não lhe darão sono. Este não será, em todo caso, um tranqüilo sono de primavera. Mas estará em consonância com essa meteorologia caótica dos dias aguados e feios com que vai começando novembro. P.S. - A Polícia paulista parece hoje em reviravolta. Que diria a isto o hominho dos quatro dedos sujos? Em São Paulo, e pelo Brasil afora, que rumo tomará o buscapé da subversão? Parar, não parará ...


A NEOMISSIOLOGIA DE

A

algumas versificações de D. Casaldáliga ficaram conhecidas - não por sua arte, que lhes falta, mas por seu espírito de subversão, que lhes sobra - através da denúncia que delas fez ao público o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua obra "A Igreja ante a escala,da da ameaça co1nu11ista" (Editora Vera Crúz, São Paulo, 1976). Entre os prin1ores poéticos do Bispo pró-comunista encontramos versos como estes: "Chamar-me-ão subversivo. E lhes direi: eu o sou"; e "Tenho fé de guerrilheiro e amor de revolução" (op. cit., p. 15). A revista italiana chega a considerar D. Casaldáliga "um profeta que denuncia os males fundamentais da sociedade brasileira e. por isto. sabe que tem a morte como constante companheira de viagen1". Esta observação parece-nos suficiente para mostrar a que ponto são solidários os progressistas do mundo todo, glorificando-se mutuamente, sem temer mesmo ultrapassar a barreira do ridículo! Esclarecemos que a citada nota biográfica acompanha um artigo de D. Casaldáliga, intitulado "Nem ouro, nem prata", publicado no mesmo número do periódico missionário. A colaboração do Bispo missionário espanhol se presta a algumas considerações que fazemos a seguir.

O Bispo de s. Fêllx modifica ensinamentos recebidos na lnfancla O artigo do Prelado consiste mais l?ropriamente num conjunto de banalidades mescladas com am bigUidades e conceitos francamente revolucionários. Tudo tendente a inculcar no leitor a idéia de que uma nova missiologia deve substituir a tradicional. Em outros termos, as missões pregadas por São Francisco

Prof. Plínio Corrê& de Oliveira pronunciou no programa "Jornal ~ Constituinte", na qualidade de deputado, o discurso que reproduzimos abaixo:

Xavier na fndia, ou pelo Bem-aventurado Anchieta no Brasil, entre outros, corresponderiam a uma falsa noção de apostolado que ele, D. Casaldáliga, em união es.treita com os atuais progressistas, quer modificar radicalmente. Diz o Bispo de S. Félix ter ~prendido na sua infância que "ir em n1issão era levar Deus" aos povos "afastados de 11ós e da nossa Igreja". É, como se vê, expresso em termos despretensiosos mas claros, o con.:eito de missão que a Igreja ensinou durante cerca de vinte séculos, e no qual foi instruído na infância o atual Bispo pró-sandinista. Seu artigo é, porém, uma negação desse ensinamento católico que, como ele mesmo confessa, existia até a época de sua infância. D. Casaldáliga declara: "Nenhum continente tem a exclusividade da Igreja de Jesus". A frase é sibilina Ela tem um primeiro sentido que exprime verdade banal, ou seja, que nenhum continente pode arrogar-se o direito de conter com exclusividade a Igreja Católica, com prejulzo dos outros continentes. Pois é ensinamento o mais corrente na Santa Igreja, que Ela existe para todos os povos e nações. É mesmo essa a razão das missões: levar a Fé verdadeira a outros povos, em qualquer continente. Entretanto, no contexto do artigo, fica claro que o sentido dado por D. Casaldáliga a essa frase não é o banal. Ele quer significar que a Igreja no continente europeu, do qual partiram as missões para a lndia, a África e a América, agiu mal ao promover aquele tipo de evan,gefo-.ação que visava converter os indígenas. Pois a Igreja de Jesus - note-se que ele não fala em Igreja Católica - já está em todos os continentes previamente a qualquer evangelização. Esta consistiria apenas em conscientizar os nativos de que eles são Igreja. E quanto ao mais, convém deixá-los com sua cultura, seus hábitos, seus costumes. Não se deve inculcar-lhes novo modo de ser pessoal e social de acordo com os Mandamentos da Lei de De'Us.

Negação da cultura cristã "Não exisle - prossegue o Bispo de S. Félix - cultura cris1ã ou anticristã por na1ureza Seria o caso de perguntar a D. Casaldáliga se uma cultura - no sentido amplíssimo que ele atribui ao termo, incluin_do práticas religiosas, hábitos e costumes dos índios como por exemplo a dos aztecas, no México, que continha como um de seus elementos principais sacriflcios humanos oferecidos aos ídolos, não era "anticristã por natureza". E a "cultura" comunista, não é anticristã? Outra coisa, e esta verdadeira, seria dizer que toda cultura, mesmo anticristã, pode ter vestígios que estão em consonância com a Lei Natural. E que devem ser preservados pelos missionários e mesmo estimulados para chegarem à plena expansão de si mesmos. Nada do que é bom deve ser destruído, a não ser por razões imperiosas. Mas não é esse o pensamento de D. Casaldáliga. Defende elé a tese de que, para evangelizar, "não devemos possuir .... 'cultura ocidental cristã'". Como negar, de outro lado, que tenha havido u!ll.ª cultura cnstã, e portanto uma c1v1lização cristã? A história ai está a atestá-lo, os Papas muitas vezes o afirmaram e restos dela ainda existem! Conforme esclarece comf.rofundidade de pensamento o Pro . Plínio Corrêa de Oliveira, "é preciso não confundir grosseiramente o neopa· ganismo moderno com a civilização ociden1al. Esta última foi cristã du· ,ante mais de mil anos" ("Triba· )ismo lndigena, ideal comuno-missionário para o Brasil do século 11 •

• O Blapo da Sto ,,.llx, (na foto acima, • dlNtlUI) recebe o untfonne de guerrilhalro •ndlnlata, du,.nUI uma . . . .o p(o· bllca no auditório da PIJC de Sto Paulo, em 28 d• few<elro d• 1980

• O. Pedro CaukUUga em

,,.Je,

eplacopela

ºneomiuion6rfoa": por "Wculo". um remo; Por "mitre'\ um chap4u de palha; e estola.

2

discurso radiofônico EM NOVEMBRO de 1933, o

D. CASALDÁLIGA REVISTA missionária italiana dos padres combonianos, fortemente progressisia, chamada "Nigrizia", em seu número de julho de 1982, apresenta uma nota biográfica de D. Pedro Casaldáliga, Bispo de S. Félix do Araguaia. Nela, o Prelado é qualificado com frases altissonantes como, por exemplo, "um ,nístico da libertação total". "Nigrizia" não define o que entende por "libertação total". Mas nós. que sabemos com quanto gáudio D. Casaldáliga vestiu o uniforme de guerrilheiro Sandinista, dizendo que assim se achava tão bem como se estivesse paramentado (cfr. "Catolicismo", julho-agosto de 1980, n°s. 355-356), podemos facilmente entrever de que libertação se trata. Tanto mais que, após a declaração feita pelos dirigentes sandinistas de que sua re~olução era marxista, D. Casaldáliga não se retratou de sua atitude. Será esse o misticismo a que alude "Nigrizia"? Nesse caso teria sido mais simples, mais direto, e também mais intelig[vel, falar num subversivo - e não num mlstieo adepto da libertação total. t verdade que a frase chocaria a muitos. Mas, por certo, seria mais real. l)e qualquer forma, a nota biográfica a que estamos aludindo é muito sintomática do perfil apresentado no exterior, do Bispo de S. Félix. No Brasil. porém, D. Casaldáliga é suficientemente conhecido para que tal figura, ao menos pnr enquanto, consiga se impor. "É um poeta, autor de famosas poesias", prossegue a revista. Deixando à parte o aspecto um tanto redundante da frase, notemos que a palavra "famosas" trai o desejo de supervalorizar o Prelado. Se a publicação aludisse mais modestamente a "conhecidas poesias" teria sua razão de ser. Pois, ao menos no Brasil,

Há 50 anos, expressivo

ÃO PAULO PODE e São Paulo deve encarar com tranqüilidade confiante a seção de sua bancada, na hora augusta que se aproxima, em que a Assembléia Constituinte, definitivamente resolvidas as questões regimentais, pass~rá a elaborar a Constituição da Segúnda República. Um sem número de circunstâncias especiais contribui para dar aos trabalhos da atual Constituinte uma importância sem precedentes no Brasil. Em primeiro lugar. há a situação mundial, tristemente grandiosa, pela extensão dos cataclismos que presenciamos. e pelo vulto dos problemas que se rasgam como abismos. diante dos olhos do estadista moderno. Tudo vacila, no terreno dos fatos como no das idéias. Os próprios dogmas políticos e sociais. que a té há pouco informavam todas as mentalidades, são hoje submetidos a exame impiedoso, que, em inexoráveis sentenças, lhes aponta as falhas e defeitos. Não há uma única doutrina que se possa inculcar como senhora universal dos espíritos. Tudo se afirma, tudo se nega, e tudo se discute. Esta situação intelectual caótica vem dar à atual Constituin1e uma característica nova, que suas antecessoras não tiveram. Em 1824 como em 1891, as correntes de pensamento eram duas: havia os reformadores e os retrógrados. E presumia-se com uma convicção absoluta, de que os últimos também participavam, que a marcha dos acontecimentos haveria de esmagar os reacionários sob as rodas impiedosas do carro de triunfo em que a humanidade caminhava para a conquista da civilização integral. Como orientadora suprema da elaboração constitucional, existia, pois, a crença em uma civilização a ser conquistada em breve prazo, de que a Constituição deveria ser precursora, e que se realizaria com a aplicação dos princípios de Rousseau, ou seus sucedâneos. Em 1933 é outro, muito outro, o panorama. Desapareceram, em política como em sociologia, os dogmas rousseaunianos, que, de convicção quase geral, passaram a ser mera opinião de grupos ou de correntes. Nenhuma convicção comum coordena a atividade das inteligências, senão esta, de que a situação mundial, tendo criado problemas novos, exige rumos novos. e que às Assembléias Cons1ituintes cabe, antes de tudo, a tremenda tarefa de preparar o futuro.

S

XXI", Editora Vera Cruz, São Paulo, 1977, p. 21). Para o Bispo de S. Félix, "evangelizar não poderá ser ,nais - co,no o foi com mui/a freqüência - levar e implantar uma cultura estranha e colonizadora". Ele esquece, ou não quer reconhecer, que "cristianizar e civilizar são termos corre/a/os. É impossível cristianizar seriamenle sem civilizar. Como reciprocamente, é imposslvel descrislia11izar sem desordenar, en,brutecer e impelir de volta, rumo à barbárie" (op. cit., p. 18). Aliás, diga-se de passagem, é notório que a presente descristianização da sociedade, em grande parte levada a cabo pelos progressistas tipo D. Casaldáhga, _tem re~undado num retrocesso à 1morahdade, à superstição e a práticas antinaturais dos povos afundados na barbarie do mundo moderno. Na mencionada obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o leitor encontrará um estudo ao mesmo tempo sucinto e profundo sobre a

• O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na 4poca em que exerceu o mandato da

deputado na Assembléia Constituinte

As Constituintes anteriores têm sido, principalmente, consolidadoras de orientações e situações vitoriosas. A nossa, pelo contrário, deverá abrir rumos e traçar diretrizes para o futuro. A nossa não consolidará ape. ' nas. mas movara. E vem a propósito a segunda característica. Neste momento de divisão dos espíritos, São Paulo, que é um grande centro onde todas as correntes de pensamento têm uma expressão, São Paulo dá o espetáculo impressionante de uma bancada numerosa e homogênea, como a que se subord ina ao lema "Por São Paulo unido". Penso que São Paulo nunca compareceu a uma Constituinte, tão completamente e tão minuciosamente representado, como agora. Em 1891 , por exemplo, São Paulo monarquista, que constituía importante corrente, não se fez represen1ar. Em 1933, porém, no momento em que o povo paulista tinha reivindicações do mais alto alcance espiritual e nacional a fazer valer, todas as correntes ponderáveis e realmente paulistas se ligaram, para, por meio de um programa comum, levar à Consti1uinte uma série de teses que representassem o pensamento de São Pau lo. A bancada paulista não é, pois. o porta-voz de um grupo que venceu as eleições graças a uma maioria ocasional, ou a paixões de momento. Ela figura São Paulo na plerútude de seus valores espiri.tuais, intelectuais e econômicos. A bancada paulista outra coisa não é, pois, senão a encarnação de todos os anseios de São Paulo, um pouco da alma e do coração bandeirante, a pleitear na Constituinte em favor do patrimônio espiritual inestimável de suas tradições católicas, da integridade de sua autonomia e da unidade e prosperidade do nosso caro, do nosso grande Brasil.

neomissiologia e seus nefandos efeilos sobre os indígenas e os civilizados. Lendo-a, encontra-se a explicação clara do que vai ocorrendo nos meios missionários progressistas, dos quais o Bispo de S. Félix é um espécimen prototipico. O livro, além disso, contém um brado de alerta: "É preciso que os brasileiros oponham ao esquerdismo católico - inclusive à missiologia progressista e esquerdista todos os obstáculos /ícilos ao seu alcance. Isto feito a Providênciafará o que faltar" (J?. 122). Para concluir, uma última observação. Por incrivel que pareça, D, Casaldáliga enuncia, a propósito das missões, um princípio muito verdadeiro. Diz ele: "Ninguém vá, como missionário, para resolver a crise que não consegue resolver em sua

casa

11 •

Como teria sido útil para o Brasil se o Bispo espanhol houvesse aplicado a si próprio esse sábio principio ...

CATOLICISMO -

Gregório Lopes Novembro de 1983


REÚNEM-SE 735 CORRESPONDENTES E SIMPATIZANTES DA TFP II ENCONTRO Reiional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP é um acontecimento marcante na vida da entidade a vários tltulos. Ele o é mesmo no referente ao número de participantes, se se considerar que, em nossos diás, quase não há mais certames culturais com auditórios cheios. Já passou o tempo das conferências concorridas no Teatro Municipal, das exposições eruditas de lnstitatos como o Histórico e Geográfico, com a afluência de numerosa assistência. Contrastando com a tendência atual do público, na sessão de encerramento - à qual compareceu grande número de convidados especiais - cerca de duas mil pessoas reuniram-se para ouvir a narração dos progressos realizados pela família de almas que hoje constituem as 15 TFPs em todo o mundo e a esplendorosa conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na Casa de Portugal. O Encontro teve oficialmente inscritos 735 participantes de 85 cidades brasileiras. Como se tratava de um Encontro destinado principalmente à região centro-sul do País, visava bem mais os Estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. De onde, aliás, vieram mais de 90% dos presentes. Participaram do Encontro também delegações de outros 8 Estados e do Distrito Federal.

O

~ significativo registrar que todos os

participantes viajaram às próprias expensas e alguns com notáveis sacrifícios. Uma familia residente na zona rural teve que caminhar vários quilômetros a pé a fim de chegar até o asfalto, de onde tomou o ônibus que a conduziu a São Paulo. Uma simpatizante, encontrando-se em certa dificuldade financeira, para não perder o Encontro, preferiu vender algumas jóias, visando com isso poder enfrentar as despesas da viagem.

Delegaçlles de norte-americanos e canadenses Produziu sobre todos profunda impressão o fato de estar presente uma grande delegação de ardorosos correspondentes e simpatizantes das TFPs dos Estados Unidos e do Canadá. Essa delegação - de 49 norteamericanos e 4 canadenses - comprova que está em plena expansão o movimento de correspondentes e simpatizantes das TFPs daqueles países. A TFP brasileira teve ainda a alegria de poder registrar a presença de representantes dos correspondentes e simpatizantes da TFP argentina. Tudo isso significa que, para além dos limites do território nacional, já tão vastos, os ideais de tradição, de familia e de propriedade vão se expandindo no âmbito internacional.

• Uma atmosfera de júbilo marcou a solene sesalo de encerramento do li Encontro Regional de Corre•· pondentea e Simpatizantes. Na oeeailo. numeroso público de quase duas mil pessoa• ouviu. com not.6vel

intereue. a narraçlo doa progre1101 realizados pela TFP brasileira. demais Tf Pa e entidades congêneres o I Encontro Regional. atá

• Na unlo de encerramento. na CaA de Portugal. o Prof. Pllnlo Corria de Oltveira, efualvamente cumprimentado por correapondentaa e aímpatíuntea da TFP

Uma correspondente, favoravelmente impressionada após outra exposição, observa: "Afinal entendo como se usa de meios pérfidos para lançar e impor a corrupção na ,noda... ..

No almoço, ameno e alegre convlvlo O almoço, servido em amplo salão, oferece ocasião para os participantes des-

em todo o mundo. desde maio do corrente ano. quando r&ellzou•se meado, de outubro.

Durante dois dias, ambiente de entusiástica adesão , SÃO PAULO - "É nesta sede da TFP que será a reunião inaugural do Encontro?'" - "Não, senhora, tivemos que escolher um auditório mais amplo. Se a senhora quiser. este ônibus pode levá-la. Ele esrá por sair... " Estamos na sede da TFP situada à Rua Dr. Martinico Prado, n•. 246 no bairro paulistano de Santa Cecília. tf um sócio da entidade que presta informações a uma correspondente que acaba de chegar de uma cidade do interior paulista. Ela percorreu 320 quilômetros para poder participar, nos dias 22 e 23 de outubro último, do II Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP. No auditório, a atmosfera é festiva. Os alto-falantes difundem discretamente músicas cantadas pelo Coral da TFP acompanhado de órgão. - "Muito prazer! Veio de Brasília?... " t um correspondente da TFP em São Paulo que cumprimenta um brasiliense. A alegria de conhecer tão grande número de correspondentes e simpatizantes da TFP de tantos lugares do Brasil constitui a nota dominante neste primeiro dia do Encontro.

Em vista do grande número de participantes, formam-se dois grupos: um deles congrega os que participam pela primeira vez de um Encontro. E o outro é constituído pelos que já haviam comparecido a Encontros anteriores. '"Até que ponto chegou a crise na Igreja!... " - Comenta uma simpati,.ante da TFP, modesta dona-de-casa, após assistir a uma das palestras.

frutarem mais especialmente o convivio alegre, ameno e cheio de esperança que marcou o Encontro. A alegria resulta da surpresa de se reencontrar tantas pessoas atraídas e encantadas por um mesmo ideàl, quase uma multidão. E tal júbilo também se origina da amizade nascida entre os participantes que, apesar de não se conhecerem, sabem que todos têm um grande ponto de união: a TFP! C-0mo fundo musical, e em agradável consonância com aqueles momentos de inesquecível convivio. o Sr. Philip Calder, sócio da TFP norte-americana, durante o almoço executa ao cravo, com acompanhamento das nautas de dois cooperadores da TFP bra-

Explanaçlles doutrlntirlas No sábado e no domingo pela manhã, dias 22 e 23, intenso programa de exposições doutrinárias aguarda os correspondentes e simpatizantes da TFP. CATOLICISMO -

Novembro de 1983

• Servido em amplo sallo, o elmoço com maia de mil talhares ofereceu ocasilo pera 01 participantes desfrutarem o convfvfo elegre e cheio de esperança que car11cieri1.ou o Encontro

sileira, músicas de consagrados autores clássicos. Mais de mil pessoas estão presentes. Entretanto, a harmonia, a cordialidade no trato e a estima que sentem reciprocamente tantos correspondentes e simpatizantes das mais variadas idades e condições sociais, apresentam a curiosa impressão de que todos pertencem a uma só familia. A família de almas da TFP.

Na Casa de Portugal, brilhante encerramento Com a presença de numeroso público, a associação já havia promovido em 1968 e 1981 solenes sessões na Casa de Portugal. Mas desta vez a assistência é mais numerosa e o entusiasmo é impressionante. Assim, uma atmosfera de triunfo e de júbilo transparece na solene sessão de encerramento do II Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP. O ato tem início com a entronização de uma imagem de Nossa Senhora. Entoa-se a "Salve Regina" cm gregoriano. Estão presentes à mesa dois distintos sacerdotes, Pe. José Olavo Pires Trindade e Pe. Antonio Paula da Silva. Com notável interesse, o público ouve a narração, proclamada por jovens arautos, dos progressos realizados pelas TFPs desde maio, quando se realizou o J Encontro Regional, até meados de outubro. Em seguida, durante quase duas horas, os presentes ouvem atraente exposição do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, acerca da necessidade de aprofundar as próprias convicções para combater as idéias revolucionárias, como ttmbém sobre as possibilidades de vitória da luta anticomunista. E, além disso, de que modo os correspondentes e simpatizantes podem prestar valiosa colaboração à TFP. atuando em seus próprios meios. Repetidas vezes o insigne pensador católico é interrompido, no curso de sua exposição, por calorosos aplausos dos assistentes.

Correspondentes agradecem Em nome dos correspondentes e simpatizantes da TFP brasileira, faz uso da palavra um correspondente de um dos Estados do Sul do Pais, exprimindo a satisfação dos participantes pela realização do li Encontro. Representando os membros da delegação de correspondentes das TFPs norte-americana e canadense, uma correspondente da Califórnia, Estados Unidos, agradece a acolhida que receberam do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, dos sócios, cooperadores, correspondentes e simpatizantes da TFP brasileira, durante os dias em que permaneceram em São Paulo. Por fim, um jovem de SalvadGr, que há pouco conhecera a TFP, agradece toda a ação exercida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em favor da preservação da juventude. / Ao final da sessão, o Presidente do CN da TFP recebe os cumprimentos de grande parte do numeroso público presente na Casa de Portugal. Todos desejam exprimir-lhe apoio e formular votos de êxitos crescentes em sua luta de meio século em prol da Igreja e da civilização cristã. Assim, por exemplo, ao cumprimentá-lo, ardorosa simpatizante da TFP canadense dirige-lhe estas palavras: "Que o bo1n Deus vos dê sempre mais santidade e longa vida para que continueis a trabalhar pela honra de Deus e pala salvação do mundo!" ..

Atílio Faoro 3


REÚNEM-SE 735 CORRESPONDENTES...

..a~.

, J--..\·c:. • Na foto. membro, da delegeçlo norte-americana. momento, ap61 deaembarcarem no Aeroporto de Congonha1, em Slo Paulo

• Corre1pondente1 e 1impatizante1 chegam a Slo Paulo. provenientes de 86 cidades bra1ileira1

r,

• O almoço caracterizou~se por um clíma de ameno convfvío, causando a ímpreatlo de que todos pertenciam a uma só famllia: a famflia da almas da TFP.

consagrados autores cl611icos

'

• A aesalo de encerramento, na Casa de Portugal, teve início com a entroniza,çlo de uma Imagem de Nossa Senhora

• A meaa que presidiu a aetslo. na Casa de Portugal, estiveram presentes. além do Prof. Plinio Corria de Olíveira e de diretores da TFP. dois dis1intos sacerdotes. Pe. José Olavo Pires Trindade e Pe. Antonio Paula da Silva. e o Dee,embargador ltalo Galli

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• Um repreMntante dos correspondentes e . • falando em nome da, delega,çõet das TFPs norte-americana e eanadenae. uma correspondente da CaHfómia, simpatizante, da TFP expreaaou a aatisfeçlo Estados Unido,. agradeceu a acolhida que aquelas receberam da TFP breaileira. Na foto. a oredora cumprimenta doa pretentea pela reaHzaçlo do Encontro _ o Prof. PHnio Con6a de Oliveira.

Ocidente deve negar cereais aos russos "A PUBLICIDADE vai impondo cada vez mais a todos os homens um slogan, segundo o qual é melhor cede.r ao comuni.smo do que correr os riscos de um bombardeio atômico: 'beuer red rhan dead' (melhor vermelho do que morto). De onde se infere que o amor à Fé, à independência pátria, à dignidade pessoal e à honra deve ser menor do que o amor à vida . Seria a posição à maneira de Sancho Pança, descrita por Cervantes, colocada em oposição ao caricato lutador Dom Quixote" - afirmou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, ao ser entrevistado. · "Fala-se hoje tanto - ressaltou - em terceira via, terceiro mundo, etc., e ninguém se lembra de uma opção diferente das que são aí apresentadas, a qual evite a morte e sobretudo a capitulação diante do avanço soviético".

Tese "Nesse sentido, são muito oportunas as conclusões a que chegou o Sr. Dermot Healey, em tese apresentada para doutoramento na Universidade de Aberdeen, na Escócia, sob o título 'The grain weapon' ('O cereal como arma')" - assinalou o Presidente do Conselho Nacional da TFP. O entrevistado, a seguir, sintetizou a referida tese: "Os dirigentes russos sempre se mostraram muito sensiveis à ameaça do embargo do fornecimento de cereais, feita pelos EEUU. Pois a produção alimentar 4

dos soviéticos é insuficiente tanto para a população quanto para os animais. O embargo, acarretando pauperismo, greves e agitações, determinaria a queda do regime soviético, afastando assim o espectro do bombardeio atômico. "Entretanto, o émbargo encontra obstáculos nos EEUU, onde grandes associações de produtores e exportadores pressionam o governo, desejosos de obter mais lucros com suas vendas para a Rússia".

Estivadores "Se a causa do insucesso do embargo - sustentou o pensador

• Durente o elmoço. no dia 23, o Sr. Philip Cal• der, sócio da TFP norte-americana,. executou ao cravo. com acompanhamento das flaut.aa de dois cooperadores da TFP braaileire, música, de

católico - consiste na avidez de lucro de dinossáuricas companhias capitalistas, é oportuno mencionar um fato realmente luminoso referido por Dermot Healey: a oposição de relevo à venda de cereais aos russos feita pelo sindicato de estivadores norte-americanos, os quais, durante certo período, se negaram a carregar grãos para os soviéticos. E concluiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Esses trabalhadores mostraram mais bom senso, melhor noção de seus deveres e de seus direitos, do que a ·saparia', isto é, a burguesia endinheirada, nada hostil ao comunismo, porém muito hostil ao anticomunismoº.

• Um jovem de Salvador agradeceu toda a açlo do Prof. Plínio Corria de Oliveira em favor da p reaervaçlo da juventude

Na Inglaterra, sindicatos afastam-se da esquerda EM 1979, o movimento sindical inglês estava no seu auge. 12,2 milhões de membros e uma influência no governo trabalhista superior a qualquer outro movimento similar das nações ocidentais. Naquele ano, os conservadores, com Margaret Thatcher à frente, venceram as eleições gerais. Em 1983, obtiveram nova vitória, desta vez com maioria parlamentar esmagadora. Em setembro passado, reuniramse em Blackpool os 1150 delegados do T UC (Trades Union Congress), o organismo que congrega os sindicatos britânicos. Constatações decepcionantes para os dirigentes: o número de membros baixou para 10 milhões e, pior ainda, nas últimas eleições só 39% dos operários· sin· diealizados votaram no Partido Trabalhista, apesar da alta taxa de desemprego ( 13%), da legislação antisindical do governo conservador e de cones nos serviços da Previdência Social. A maioria dos delegados entendeu o aviso: cessar a retórica esqµerdista e dar marcha-a-ré rumo ao centro. O Conselho Geral de 51 membros tem .igora 35 moderados e 16 esquerdistas que ainda querem manter a linha anterior.

Os tais moderados avisaram aos políticos trabalhistas para não aparecerem nas reuniões do encontro de Blackpool, a fim de manter distância de um partido considerado muito à e.squerda pelas bases operárias. Censuraram o manifesto eleitoral do partido, por ser muito esquerdista e ter com isto assustado a maioria dos trabalhadores. Mais ainda, afirmaram que iniciarão tratativas com o Ministro do Emprego, Norman Tebbit, .um "linha-dura" do gabinete a quem a Primeira-M inistra confiou a preparação de projetos para diminuir o poder dos sindicatos. Essa mudança da cúpula sindical tem relação não apenas com o estado de espírito de suas bases operárias, mas com o sentimento dominante no público inglês. 83% dos consultados numa pesquisa Gallup declararam-se favoráveis à proposta de que qualquer greve deve ser precedida de consulta postal a todos os operários sindicalizados envolvidos, o que obviamente mina o poder das oligarquias esquerdistas geralmente aboletadas nas cúpulas destas organizações operárias. Apenas 28%, nesta mesma pesquisa, manifestaram-se contra os planos do governo conservador, destinados a diminuir o poder dos sindicatos ("Time", 19-9-83).

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Novembro de 1983


A ATUAÇÃO COMUNO-PROGRESSISTA NAS RECENTES AGITAÇOES DO PAÍS NALISAR os movimentos de agitação que vão convulsionando o Brasil, principalmente as grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, é tarefa complexa e delicada. Em certa medida, também ingrata. É indiscutível que a maioria dos populares que participam de saques, depredações, manifestações e greves são manipulados por agitadores de esquerda que procuram lançar o Pais no caos. Entretanto, não se pode negar que estes encontram terreno fértil no descontentamento causado pelas crescentes dificuldades de ordem econômica e social, enfrentadas especialmente pelas camadas mais desfavorecidas de nosso povo. A grande maioria da população brasileira - de tendência pacata e ordeira - continua refratária aos atos de violência revolucionária, como os saques, as depredações etc. E a indignação dessa maioria manifesta-se através de protestos cada vez mais veementes contra a inércia das autoridades diante do aumento assustador da violência criminosa e banditismo. "Catolicismo" tem se empenhado, através de vários arti.gos, em manter seus leitores atualizados a esse respeito. Principalmente demonstrando o papel preponderante da esquerda "católica" na organização e direção das ondas de agitações que vão se estendendo l)CIOS mais variados pontos do território nacional. É nesse contexto que se insere o presente artigo, o qual discorrerá resumidamente sobre a atuação do c-0muno-progressismo nos principais episódios de agitações dos últimos meses.

O ato foi principalmente impulsionado pela facção dos sindicatos trabalhistas liderada por Joaquim dos Santos Andrade, contando também com o apoio do PT e de poUticos de outros partidos, do M R8, do PC do B e PCB, cujos membros levantaram um cartaz pedindo sua legalização. Após breve show musical - que sempre atrai mais do que as próprias manifestações grevistas - falaram pollticos e lideres sindicais. Ao término do comfcio, pequena parte dos assistentes dirigiuse em passeata ao Teatro Municipal, onde conseguiu assustar as pessoas que chegavam para assistir a um espetáculo ... Em outros Estados, o número de manifestantes fala por si só: no Rio

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Odia em que o Brasil nllo parou Parece-me oportuno comentar, de inicio, um acontecimento que, cronologicamente, deveria figurar no fim deste artigo. No entanto, é psicológico narrá-lo no principio dele para ressaltar o fracasso dos articuladores de toda a agitação atual, especialmente num de seus principais focos que é São Paulo. É irrisório que, após tantos esforços e movimentações, o esquema de agitação - que pretendia desencadear uma greve geral no Pais - tenha se contentado com o com/cio-fiasco em frente ao Teatro Municipal, que não contou senão com a presença de minguadas três centenas de pessoas. Em vista dessa estrondosa derrota das esquerdas, compreende-se porque o dia 25 de outubro transcorreu dentro da normalidade para paulistanos e brasileiros em geral. As manifestações programadas pelos organizadores da "Greve Geral" - a fim de protestar contra o desemprego e o arrocho salarial haviam sido suspensas à última hora (certamente ,:,ara encobrir o insucesso do movimento), mas esperavase que alguma coisa acontecesse. Eram quase 18 horas quando cheguei ao centro da capital bandeirante a fim de observar pessoalmente eventuais manifestações. Passando pela Praça Ramos de Azevedo, onde se localiza o Teatro

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,.., . .... \. -;.,• Na Praça da Sé, durante a MI,.. celebrada por D. Arna no dia 26 de aetembro p.p., • comlulo da CUT convoca o, p,.Mnte, a aderl,.m à greve geral da 26 de outubro Municipal, percebi grupinhos de estudantes e desocupados que conversavam à espera de algo. Uns 50 policiais militares mantinham-se em atitude calma nas escadarias do Teatro Municipal. Por volta de 18:30 hs., lideres da CUT de São Bernardo instalaram numa espécie de barraquinha um altofalante, e teve inicio a manifestação. No local congregaram-se cerca de 300 pessoas nos momentos de maior afluência de público. Pouco mais de 100 manifestantes - em sua grande maioria estudantes - gritavam slogans, enquanto outro público de aproximadamente 200 pessoas - constituído de jornalistas, fotógrafos e curiosos - revezava-se continuamente. Era comum alguém transitar pelo local e perguntar: "O que é isto?". Após ser informado, olhava um pouco o grupelho e seguia adiante. Na discurseira, nada de especial. Um rcpre,s entante dos estudantes secundaristas - aparentando contar uns 30 anos de idade - após criticar a invasão norte-americana da ilha de Granada, no Caribe, disse que "Cuba, Nicarágua e Granada têm seus simpatizantes 110 Brasil". Falou ainda, entre outros, o deputado estadual Eduardo Jorge (PT), que se solidarizou com os que haviam ateado fogo em dois vagões de um trem de subúrbio e saqueado supermercados, no dia anterior, na Zona Leste da cidade de São Paulo. Membros da CUT-São Bernardo anunciaram uma "Greve Geral" para ... antes do Natal. O dia da greve será decidido numa reunião a se realizar na cidade de Goiânia, no mês de novembro. Por volta das 19:50 hs., o grupinho de manifestantes se dissolveu, enquanto alguns estudantes vendiam ainda exemplares do jornal "Alicerce", da Juventude Socialista do PT, de tendência trotskista. Não é necessário dizer que os organizadores da manifestação só a prolongaram até aquela hora para que o fiasco ficasse um tanto encoberto. Em Santo André, cujo Bispo é D. Cláudio Hummes, a concen-

• MonHeotantea Iniciam • concentraçlo g,.vi,ta do di. 26 de outubro dentro da lg,.ja No... Senhora do Carmo, na DlocaM de Santo And,., enquanto aguardam licença

d•• autoridade, para ocupar uma praça p6blica

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Novembro de 1983

tração teve início no interior da Igreja Nossa Senhora do Carmo e prosseguiu depois em uma praça das proximidades. Segundo órgãos de imprensa, a manifestação congregou cerca de 300 pessoas. Ao que consta, a única colaboração do clero foi o empréstimo do edifício da igreja. Pequena, se a compararmos com as ajudas anteriores.

Na Praça da Sê, Missa ou comlclo grevista? Redundou também num liasco o show apresentado por D. Paulo Evaristo Arns no dia 25 de setembro último. Qualifico de show propositadamente, pois a Missa tinha como objetivo principal protestar contra o arrocho salanal, o FMI e o desemprego. Intenções incomuns para uma celebração eucarlstica ... O Cardeal de São Paulo concelebrou com seus dez Bispos-auxiliares, D. Cláudio Hummes, Bispo de Santo André, e 410 padres. Ou seja, todo ou quase todo o clero da Arquidiocese paulopolitana. Com a finalidade de fazer com que o maior número de pessoas afluísse ao local, foram suspensas as Missas vespertinas naquele domingo em toda a Arquidiocese, e podia-se notar cartazes afixados nas igrejas, anunciando a concentração. Caravanas de fiéis foram organizadas por padres, freiras, seminaristas e Comunidades Eclesiais de Base. Apesar disto, apenas umas 35 mil pessoas compareceram. A tônica da manifestação foi dada pela leitura das palavras do Profeta Miquéias (2, 1-4): "Ai dos que planejam fazer o n,al, apoderam-se das terras, roubam as casas dos pobres. .... A paciência do Senhor chegou ao fim". No contexto da Missa, essa frase, escrita em enorme faixa, poderia ser considerada como uma ameaça. Após o sermão do Cardeal, que consistiu na repetição de frases dos discursos de João Paulo li no Brasil, reproduziu-se a surrada oratória de comícios grevistas. Falaram Waldemar Rossi, pela Pastoral Operária, uma mulher representando os professores, e outra que falou em nome das donas-de-casa. Todos abordando temas trabalh.istas, arrocho salarial, FMI. D. Cláudio Hummes também usou da palavra e aproveitou a ocasião para externar sua solidariedade aos acampados do Parque lbirapuera. Mais tarde, em declarações prestadas ao "Diário do Grande ABC", de 27-9-83, afirmou: "Sabemos que terá [a Missa) impacto sobre a sociedade. Mas se a manifestação tem ou não caráter polftico, isso não vem ao caso. Foi uma tarde de oração, acima de tudo". Tais orações, na realidade, eram frases próprias a "esquentar'' os espíritos durante um comício politico. Entre outras, constavam esta_s, num boletim distribuído para o povo acompanhar a Missa: - D. Arns: "Pelosacordosfeitos com o FMI que causam tantas des-

• Durante• MI,.. na Praça da 54. a penoa que deseja comungar retira com •• pró· priao mio• a hóotia de Imbuia, 1.-radao por leigo, que M emb,.nham pela multldlo

graças e nos tiram o direito de decidir nossos destinos. Peçamos perdão; .... Pelo massacre dos trabalhadores que precisam pagar u1na dívida que não fizeram e que não lhes trouxe beneficio. Peçamos perdão". D. Celso Queiroz, Bispoauxiliar: "Para que lutemos por crescente organização das associações sindicais livres e partidos, defensores do povo, como verdadeiros instrumentos de libertação. Rezemos ao Senhor; .... Para que a força e o grito do povo se façam ouvir e pecaminosos decretos-leis sejam rejeitados. Rezemos ao Senhor".

"Dia Nacional do Protesto": fracassado teste de greve Dias depois, a Praça da Sé foi novamente ocupada por manifestantes. Em 30 de setembro, politicos e sindicalistas lá estavam para protestar igualmente contra o arrocho salarial, o desemprego, o FMI, e convocando, além disso, os trabalhadores à "Greve Geral". Apesar de seus esforços, não conseguiram congregar mais de cinco mil pessoas.

de Janeiro, menos de cinco mil desfilaram pela Avenida Rio Branco; em Belo Horizonte, pouco mais de mil concentraram-se na Praça Rio Branco; em Curitiba, cerca de 400 pessoas reuniram-se na Rua 15 de Novembro; em Porto Alegre, 600 pessoas participaram da concentração no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos, estando presente D. Antonio Cheulche, Bispo-auxiliar daquela Arquidiocese.

Acampamento do lblrapuera: "apenas o começo" Nesta visão de conjunto da tentativa de abalar os alicerces da atual estrutura sócio-econômica do Pais, conviria dizer uma palavra sobre uma iniciativa que poderia ser qualificada como um lance . da guerra psicológica revolucionária . Tal episódio procurou causar um impacto na opinião pública, dramatizando a situação dos desempregados da Grande São Paulo. Trata-se do acampamento de desempregados, reais ou fictícios, montado no gramado diante

Eduardo Queiroz da Gaf:u.

''TOTALISMO'' FRACASSADO EM ENTREVISTA concedida à "Folha de S. Paulo" de 27-983, o Prof. PUnlo Corria de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, analisou a atuaçio com11no-progresslsta que se pôde notar durante a Missa celebrada por D. Paulo Evaristo Arns, no día 25 de setembro p.p., na Praça da Sé. "REZAR PARA QUE cesse o desemprego? Ninguém pode ser contra isso. Nada mais respeitável, mais necessário, nem mais simpático. Mas, aproveitar o ensejo para fazer pura demolição, promover a agitação, deitar lenha na fogueira da luta de classes é o que d e nenhum modo posso aplaudir. Foi, entretanto, o que fizeram, conglomeradas, todas as esquerdas de São Paulo. Durante o ato religioso, elas não perderam uma só oportunidade de meter sua propaganda. E com uma radicalidade assanhada, a todo propósito, com toda a ênfase. Uma espécie de 'totalismo' agressivo. Só uma coisa faltou nessa linha. Não foi toda a São Paulo que compareceu. Muito e muito pelo contrário. Observadores de toda a confiança me relataram somente terem estado presentes 35 mil pessoas. Dado que a Grande São Paulo, largamente convidada, conta com mais de doze milhões de habitantes, em matéria de propaganda foi um fiasco. Fiasco total. Se bem que, segundo me disseram, até não foram celebradas missas vespertinas nos bairros, para obrigar a população a comparecer à cerimônia religiosa da Praça da Sé. O que deixa bem ver que quanto mais a esquerda se radicaliza, mais ela se isola do bom povo brasileiro. Constata-se também que os mais prestigiosos, como ainda os mais populares meios de comunicação não bastam para salvá-la da estagnação. Ouvi alguém comentar: se há tantos desempregados em São Paulo, é o caso de afirmar que eles não são contra o desemprego. Exceto os profissionais do desemprego, ponderou outra pessoa, que evidentemente acreditava nos profissionais, porém não acreditava no desemprego sincero, irremediável e vitima de cristã simpatia. O fiasco ocorrido no último domingo, na Praça da Sé, pede reflexão para esse ponto".

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da Assembléia Legislativa pautista. Ao que parece, o acampamento armado no Parque lbirapuera, no dia 5 de setembro. e desativado cm meados do mês de outubro, deveria servir de exemplo para todos os desempregados do Brasil. Cada um deles deveria acampar em frente à Assembléia Legislativa de seu próprio Estado. Entretanto, mais uma vez a manobra não vingou. Segundo um de seus organizadores, Antonio de Paula, a iniciativa partiu de um comitê de desempregados de Cubatão, na Baixada Santista, "idealizada pela PT. com apoio das Comunidades Eclesiais de Base e alguns padres da periferia de São Paulo" ("Jornal do Brasil", 30-9-83). Com efeito, algumas CEBs e o PT trabalharam para manter o acampamento. O padre Carlos Strabelli, por exemplo, pároco em São Miguel, na Zona Leste paulistana, organizou coletas de atimentos para os acampados com o apoio de Comunidades Eclesiais de Base de sua paróquia. Os principais lideres do acampamento eram: Antonio de Paula - ex-sargento da Aeronáutica, cassado pelo AI-1 por participar de guerrilhas cm Caparaó, no Espírito Santo. Viveu exilado 18 anos na França; há dois anos voltou ao Brasil, vivendo atualmente de artesanato. E Paulo Gianini - Almoxarife da Cúria Metropolitana. Cadastrou-se no Sine (Sistema Nacional de Empregos) como torneiro mecânico, por ocasião do acampamento. Vários eclesiásticos prestigiaram a iniciativa, mediante visitas. O vereador paulistano João Carlos Alves (PT) citou alguns deles: "É lamentável que até agora apenas a Igreja Católica e o PT tenham ,nanife stado claramente sua solidariedade a esta luta concreta contra o desemprego. .... A Igreja. pela visita de dom Arns, dom Casa/dáliga [Bispo de São Félix do Araguaia], dom Angélico e muitos agentes de paJtoral ao local, assim como pelo empenho da Comissão Arquidiocesana de Direitos Humanos, Comissão Justiça e Paz, vários bispos e sacerdotes na organização do apoio efetivo e na divulgação do acampamento" ("Folha de São Paulo", 24-9-83). A desativação do acampamento correu principalmente por conta do PT e elementos do clero. Participaram da comissão para desativá-lo

não devemos esperar apenas mais acampamentos: "Depois desse acampamento preparem-se para outros fatos, outras formas de luta diferentes dessa. Não tão pacíficas. Tal.vez ilegais, talvez violentas. Infelizmente, isso vai acontecer, não duvidem. O caldeirão está cheio e vai explodir" ("Folha de S. Paulo", 27-9-83). Na boca de um ex-guerrilheiro, tais palavras devem ter algum significado.

Saques: ensaios de guerrilha urbana Enquanto se rezava Missa e se realizavam comícios e se ameaçava desencadear greves, multiplicavamse em São Paulo e Rio de Janeiro os saques a supermercados e armazéns. Entretanto, apesar de alguns até aplaudirem essas ações de violência e outros manifestarem "compreensão" pelos atos de rapina, a ninguém se atribuía a responsabilidade de tais ataques criminosos. D. Angélico Sândalo Bernardino teria comentado a respeito dos saques - segundo "O Globo", de 249-83 - que "se não fo;em tomadas n,edidas sérias para a introdução de profundas reformas pollticas, econômicas e sociais no País, momentos ainda mais graves serão vividos". Conselho ou ameaça? Um mistério que paira a respeito dos saques é o de sua organização. Os responsáveis por ela fazem o possível para se manterem na sombra, certamente para dar a idéia da espontaneidade dos assaltos; "o cal-

já com eassagcm anterior pela polícia. VeJamos alguns exemplos: - Em saque a um supermercado de Rio Pequeno, em São Paulo, Silvério Banhado Neto foi identificado. Contava ele com várias passagens pela polícia. Durante o ataque houve troca de tiros entre o proprietário e os saqueadores, sendo um deles baleado e morto ("Folha de São Paulo". J.ó.l0-83). - Na noite do dia 16, um mercadinho do Jardim das Oliveiras, na região leste da capital paulista, foi invadido por aproximadamente 70 pessoas, dirigidas por dois homens armados ("Folha de São Paulo", 22-9-83). - No Rio de Janeiro, dois dentre os sete atacantes presos durante um saque, eram fugitivos da penitenciária, estando um deles condenado a oito anos de prisão ("Última Hora", 8-9-83). - Ainda em São Paulo, no Parque do Carmo, um mercadinho foi saqueado por 100 pessoas Lideradas por quatro homens armados ("Jornal do Brasil", 1.0 -10-83). - Bertilim Moreira, português, proprietário de uma panificadora no Jardim das Oliveiras, na zona leste paulistana, foi um dos comerciantes da região que acusaram a Irmã Carmen Julieta Rodrigues de estar instigando a população a praticar saques. Em declarações à imprensa, ele justifica o uso de uma carabina, com a qual impediu o saque de seu estabelecimento comercial: "Fiz e farei isso porque os saqueadores

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• Cinco dias após a M issa, a CUT volta à Praça da ~. apoiada pelo MR-8, PCB e

PC do B. com seus cartazes e bandeiras, manlfestando-ee novamente contra o anocho salarial

A linguagem e o significado dos fatos

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Da. lgnez Regis Emediato, São Paulo (SP): "Queremos parabenizar 'CATOLICISMO', pois, através da Verdade que norteia e do destemor que transmite, anima e orienta os cristãos desejosos de se conservarem fiéis às suas Tradições. Realmente, das 'r11/11as da cristandade' a TFP levanta um edifício inexpugnável, para a glória de Deus. Q_ue a Virgem os guarde, para nosso bem e o da Igreja Católica, Apostóhca, Romana". _ Sr. Alfredo Pequeno de Arraes Alencar, Rio de Janeiro (RJ): "'CATOLICISMO' é um dos raríssimos órgãos da imprensa brasileira que tem a nobre coragem de combater os erros da chamada 'Igreja progressista', para o bem da verdadeira fé cristã e do povo brasileiro". Sr. João Cezar Valle da Costa, Rio de Janeiro (RJ): "Espero avidamente o· mensário 'CATOLICISMO'. É nele que se haure a verdadeira doutrina católica, apostólica, romana. Gostaria, se possível, que fosse quinzenal, ou até mesmo semanal".

Sr. Francisco de Souza, São Paulo (SP) "Na página 2 do seu número de setembro, o nosso valoroso 'CATOLICISMO' transcreve a muito oportuna carta do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, manifestando o desacordo da TFP (que é também o nosso e de todos os católicos brasileiros) pela emissão de um selo comemorativo de Lutero. Ocorre que, certamente por algum 'chochilo' de datilografia ou de revisão, insinuou-se naquela transcrição, como também no 'nariz-decera' da Redação, um erro histórico que peço licença para retificar: fala-se ali em 'Sº. centenário do falecimento de Martinho Lutero', quando devia di.zer ·s•. centenário de nascimento de Martinho Lutero', uma vez que o infetiz heresiarca nasceu aos 10 de novembro de 1483 em Eisleben (Saxônia - Alemanha), onde morreu aos 18 de fevereiro de 1546". Nota da redação: Agradecemos ao amável e atento leitor a oportuna retificação, que fica aqui consignada.

estão aparecendo aqui na região armados e intimidando todo mundo. A polícia está armada e não pode atirar .... Estou cuidando do que é 111eu. Sei que existe fome e uma prova disso é que distribuo, diariamente, 80 [pães] bengalas a pessoas pobres. Mas esses saques que vimos não são movimento de pobres. São de aproveitadores, de bandidos armados"("Jornal do Brasil". 29-9-83).

representantes dos governos estadual e municipal, políticos, lideres dos acampados, Francisco Whitaker, assessor de D. Arns, e o deputado estadual José Gregori (Pl), expresidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese. A desativação salvou a imagem do acampamento, conforme declarou o próprio Antonio de Paula: "Foi uma vitória e é lógico que valeu a pena. N6s passamos por dificuldades, por negociações interron,pidas. A gente venceu uma barreira muito séria, principalmente a de ontem. Nós achamos que, agora, o acan1pame11to entrou num período de desgaste, não é mais notícia de primeira página na imprensa" ("Folha de São Paulo". 710-83). Depois de desativado, o acampamento do lbirapuera quase encontrou um substituto. Em Curitiba, no dia 24 de outubro, um grupo de pouco mais de 100 pessoas tentou armar barracas em frente à Prefeitura Municipal, sendo impedido pela polícia. A se levar a sério as declarações de Antonio de Paula,

Da. Amélia Me,:idonça Wilmers, São Paulo (SP): "('CATOLICISMO') é um mensário aguardado com impaciência pelas pessoas de minha família. Nada tenho a sugerir, pois considero-o perfeito assim como está sendo feito". Da. Neyda Esper Kallás, Passos (MG): "Este jornal é de grande importância para mim pois é através dele que tenho tomado conhecimento de notícias importantíssimas como o divórcio, o aborto na Espanha e outros como a Virgem chorando em vários lugares do mundo, demonstrando sua tristeza por tudo o que nos ocorre". Da. Lydia Cenati, São Paulo (SP): "Gosto de todos os artigos de 'CATOLICISMO'. Entretanto, aprecio mais 'Ambientes, Costumes, Civilizações' e artigos religiosos, como por exemplo, 'Aspectos da Vida da Mãe de D. Rosco', que foi publicado cm junho. Minha sugestão: manter-se sempre na mesma linha de comunicação que temnos ajudado tanto a enfrentar a época confusa em que vivemos".

deirão está cheio e vai explodir", afirmou Antonio de Paula, conforme aludimos. E o Delegado Regional da Policia Federal em São Paulo, Romeu Tuma, não hesitou em classificar de guerrilha urbana os métodos utilizados: "Os programadores dessa onda de violência urbana, movimentação típica de guerrilha urbana que está ensinada no livro de Marighella, já atingiram seus objetivos polltico-sociais" ("Jornal do Brasil", l .0 -J0-83). Por outro lado, em sua edição de 29-9-83, "O Globo" noticiou que o "relatório do Serviço de lnforn,açóes da PM[São Paulo) responsabiliza não só algun,as Comunidades E.clesiais de Base da periferia, como também suspeita que alguma organização estaria planejando os ataques". O relatório termina esclarecendo que os métodos utilizados nos saques do Rio de Janeiro seguem os moldes dos de São Paulo. Outro ponto curioso que convém ressaltar nos recentes saques é a presença de homens armados, protegendo os saqueadores. Alguns deles

Estamos, pois, diante de vários fatos que, analisados globalmente, ganham um significado. No ensaio de ··Greve Gera!" e no "Dia Nacional do Protesto" procurou-se levantar a classe trabalhadora, explorando temas como o desemprego e o arrocho salarial. No acampamento das CEBs e do PT. Antonio de Paula advertiu: ".... preparen1-se para outros fatos, outras formas de luta diferentes dessa. Não tão pacíficas. Talvez ilegais, talvez violentas". D. Sândalo Bernardino Bispo-auxiliar da região onde os saques mais têm ocorrido - afirmou que, se "profundas reformas" não forem realizadas, "n1on1ehtos ainda mais graves serão vividos". Vistos em conjunto, tais fatos apresentam inegavelmente algum significado. Ainda mais se levarmos em consideração que o Delegado Regional da Polícia Federal em São Paulo tem seus motivos para classificar os saques de guerrilha urbana. Como vimos, o português Bertilim Moreira impediu o saque com uma carabina na mão. A nós compete manter uma atitude vigilante, pois seria ingenuidade imaginar que os esquerdistas desistiram de dominar nossa Pátria. Eles poderão, talvez, estar à espera de nosso arrefecimento e espirito de omissão, para então atuarem mais eficazmente e alcançarem seus nefastos objetivos.

A guerrilha da comunicação "TRAVA-SE (hoje) até mesmo o que cbamarlamos de uma 'Guerrilha da Comunicação', tamanha é a intensidade das tentativas de subverter a o.rdem e con!estâ-la através de maliciosas técnicas de propaganda ideoJógica. Essa 'guerra' sem soldados e sem fronteiras lrava,se em nossa frente e não a percebe.mos. Quando isso aco.ntece1, já estaremos incluldos nas listas de baix-as emitidas pe)o inimigo. ''Nas entrelinhas dos livros didáticos postos à disposição da juventude, nas manchetes sensacionalistas que ofc11dem e desmoratizam, nas 'charges' e nas imagen,s com dup)o sentido, no pessimisnro levado a extremos, consfatamos que os 'canhões' desse conflito co.ntinuam a atirar granadas passadas no veneno da discórdia e da revolta. Esse inimigo quase inv,ísível espreita nas sombras e agua·rda a sua vez, esperando a debacle moral dos que podem reagir cm tempo. "Hm verdade)ro 'Cavalo de Tróia' moderno está seJJdo iQtroduzido entre nós, po~ forças interessadas em surpreender-nos no 'doce: sono de ilusão do 'tudo bem•• ("A l!>efesa Nacional", Rio de Janeiro, maiojunho, 19.82, p. 171).

.AfOJLECISMO M ENSÁRIO CAMPOS - ESTADO 00 RIO Ointor: Paulo Corrê.a de Brito Filho

Jornalista respon5'vel: Takao Takahashi - Registrado no O.R.T.-SP sob n° 13.748 Dirdoria: Rua dos Goitaca-z.es, 197 • 28100 - Campos, RJ Admlnislraç.i o: Rua Dr. Martinic:o Prado, 27J • 01224 - São Paulo, SP • PABX: 221-8755 (ramal 235). Composto e impresso na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Lcda.,Rua Garibaldi, 404 - 01135 - São Paulo, SP "Caloliclsmo" ! uma publicação mensal da Editora Padre Belchior dt Pontes S/ C. Assinatura anual: comum CrS S.000,00; cooperador CrS S.000,00: benfeitor CrSIS.000,00 grande benfeitor CrS 25.000,00; seminaristas e estudantes CrS 4.000,00. Exttrior: (via airca): comum USS 2S,OO; benfeitor USS 40,00. Os pagamentos, $Cmp~c~m nome de Editora Padre Belchior de Ponl!s SJC, poderão ~r encaminhados à Admm1s1ração. Para mudança de endereço de assman1cs é neocssáno mencionar tamb~m o endereço antigo. A correspond!ncia relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à Adminlstraçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 - Slo Paulo, SP

CATOLICISMO - Novembro de 1983


ESPLENDOR DA VITÓRIA ALIADO ..... A BONDADE

• Visão de perfil de "Virgen de los Reyea". ne cetedral de Sevilha

EGUNDO A TRADIÇÃO, a "Virgen de los Reyes" entrou triunfante em Sevilha, quando São Fernando III com seu aguerrido exército de cruzados conquistou aquela cidade, em 1248. A imagem foi logo entronizada na mesquita maior da atual capital andaluza, após o edifício ter sido consagrado como catedral católica. Na época havia uma crença de que a imagem era obra de Anjos. Outras fontes admitem porém, que a Virgem, esculpida por mãos humanas, fora presenteada ao monarca espanhol por seu primo São Luís, Rei de França. Mas um ponto que não padece dúvida é o fato de a imagem de Nossa Senhora dos Reis estar profundamente vinculada à cidade de Sevilha, desde o dia de sua reconquista. A imagem encontra-se no altar da Capela Real da catedral sevilhana, e a seus pés repousa o corpo incorrupto de São Fernando III, conservado em magnífica urna. A reHquia é exposta ao público no dia da festa do santo, em 30 de maio, ocasião em que recebe honras militares. Em 15 de agosto de 1946, atribuindo à imagem o titulo oficial de "Nuestra Senora de los Reyes", Pio XII declarou-a Padroeira principal da cidade e da Arquidiocese de Sevilha.

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Examinando a venerável imagem, ao primeiro olhar vê-se que é a de uma Rainha. Seu porte é dominador e forte. Sua fisionomia muito séria, mas inteiramente serena e tranqüila. É uma soberana, no esplendor da vitória, magnifica figura de Rainha.

CATOLICISMO -

Novembro de 1983

Triunfo definitivo, porque é o dAquela que "sozinha esmagou todas as heresias" (Ofício comum das festas da SSma. Virgem, 7•. antífona do 3°. noturno). Sua face manifesta o poder, a força dAquela que esmagou para todo o sempre, com seu calcanhar imaculado, o dragão infernal. Tal domínio inabalável e incontestável da . Virgem Imaculada, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo - "Rex regum et Do,ninus dominantiu1n", Rei dos reis e Senhor dos que governam ( 1 Tim. 6, 15) - a alma espanhola o sabe sentir e amar com especial entusiasmo. Além de extraordinariamente expresso no porte e na fisionomia da imagem sevilhana, o poder da Rain.ha dos Céus e da terra vem proclamado na frase gravada sobre seu altar: "Per ,ne reges regnant" - É por Mim que os reis reinam (Prov. 8, 15). É uma Rainha boníssima, retíssima, dotada de um espírito imensamente lógico, que dirige os destinos de seu povo. E por causa disso, de uma grande intransigência. Uma Soberana que mantém muita distância em relação aos outros, mas que guarda, apesar de tudo, admirável benevolência cristã. Todas essas virtudes que transparecem na secular imagem são bem características de sua época: o século Xlll, em certo sentido o apogeu da Idade Média - era em que.floresceu a civilização cristã. .

A " Virgen de los Reyes" não está sorrindo. No entanto, a contemplação dessa imagem deixa em nós a sensação muito viva de que Ela é, ao mesmo tempo,

• Foto de frente focali7.endo a Pedroeire princlpel de capital andaluza

fonte inesgotável de doçura, de amenidade, de misericórdia, de acessibilidade. Esse segundo traço saliente de "Nuestra Senora de los Reyes" nota-se na tranqüilidade completa, na distensão inteira de todo o corpo, e em especial dos braços. • Seriedade eximia, força irresistivel, domínio inconteste da situação, vitória definitiva sobre o mal, resolução absoluta de manter esmagado o gra!1de inimigo de Deus - ao lado de bondade dulcíssima para com os filhos da luz e de exorabilidade incansável em relação aos pecadores - eis a admirável lição que ·nos apresenta a "Virgen de los Reyes". Se devêssemos sintetizar numa frase o principio de unidade desses esplendores da extraordinária imagem medieval, bem poderíamos exclamar: ó esplendor da vitória definitiva, transbordante de bondade!

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:[ l]AfO ICI[§MO Difusão dos ideais da! tradiçã família e propriedade 1 na Ãfrica

sado de ver como os desordeiros agiam impunemente. Tenho grande desejo de conhecer mais profunda,nente o pensamento do Prof Plinio Corrêa de Oliveira".

"Sou eu que tudo lhes devo"

E O BRAVO Vasco da Gama. ao transpor o Cabo das Tormentas e transformá-lo em Cabo da Boa Esperança, pudesse lançar suas vistas para além daqueles magníficos horizontes e contemplar o futuro, notaria ali fincado o estandarte da TFP. Pois recentemente, em meio à rota de uma caravana da TFP sul-africana que percorria o país promovendo reuniões. debates e conferências em mais de 20 cidades, jovens da entidade escalaram aquele rochedo imponente e majestoso que divide dois oceanos, e lá ergueram o estandarte da boa-esperança da TFP.

De Gana, na costa atlântica, destacamos a carta de um nativo que escreve com calor à TFP: "Acabam de chegar os livros que eu lhes havia pedido: são interessantíssimos. Estejam certos de que agora a TFP está se espalhando em Gana. O pessoal aqui, aliás, está querendo mais livros. De minha parte, de.rejo 10111bém algu111 histórico sobre o Presidente Plínio Corrêa de Oliveira". Um universitário de Port Harcourt, na Nigéria, consolado ao ver a grande família de almas das TFPs se estender por tantas nações, declara: "Acredito sinceramente que deve haver pelo ,m,ndo pessoas co1110 eu, entusiasmadas e interessadas e,11 ob1er cópias da Mensagem da De 28 palses africanos TFP". chegam cartas de adesão Outro nigeriano vai mais longe, pois além de insistir no recebimento Apesar de estarmos às vésperas de comemorar já o segundo aniver- da Mensagem e do livro "Revolução sário da publicação da luminosa e Contra-Revolução" do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, afirma: "Por Mensagem do Prof. Plínio Corrêa favor, enviem-rne o quanto antes os de Oliveira a respeito do socialismo autogestionário do PS francês, as seus símbolos, a fi111 de que 111e torne repercussões, adesões e aplausos en- um membro efetivo da TFP". Mas não só de Gana e da Nigéria tusiásticos não têm cessado de cheproveio considerável número de gar de todos os recantos do mundo, adesões às teses da Mensagem sobre inclusive do vasto continente afrio socialismo autogestionário. Cartas cano. E isto realmente surpreende os de pessoas que estendem a mão à céticos, pois a África, com grande · TFP, pedindo ou oferecendo auxílio número de países subjugados por na grande borrasca de nossos dias, regimes comunistas parecia decidida foram enviadas também da África a transformar-se no "continente ver- do Sul, Argélia, Bofutatsuana, Botmelho". Ademais, correntes moder- suana, Camarões, Ciskei, Costa do nas de "pensamen10" - como o Marfim, Djibuti, Egito, Gabijo, Estruturalismo - vêem na orga- Gâmbia, Lesoto, Libéria. Llbia, ni1.ação tribal de várias regiões afri- Marrocos, Moçambique, Namlbia, canas o tipo de sociedade ideal. Quênia, Senegal, Somália, SuaziMas, na verdade, são numerosos os lândia, Tanzânia, Transkei, Tunísia, Zâmbia e Zimbabwe. africanos que têm fome e sede da tradição, da família e da propriedade, tal qual lhes foi ensinado pelos "Depois da Mensagem, missionários católicos de outrora ... não sobrou mais nada

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de Mltterrand" • O emndorte do TFP 1ul-ofricano ho1tNdo no Cabo da Boa Eoperença. Dlonto de.te confluem dof1 oceano,: o Atli:n~ tlco a o Indico.

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Detenhamo-nos um pouco, caro leitor, nas terras do leão de juba negra, a África do Sul. " Deus abençoe a TFP!", escreve um Sr. de Johannesburgo. "Aqui na África do Sul, onde nosso clero parece haver desertado da Igreja, em rroca de alguma utopia. ver a TFP é um grande alento. Esta é a terra do Bispo Tutu, que chama os regimes comunistas vizinhos de... 'reino de Deus na terra', e do Arcebispo Hurley, que fala de sua profunda simpatia para com o marxismo. .... Com a ajuda de Deus, continuem seu bom trabalho". • Montanha "Cabeça do leio", naa proximidades da Cidade do Cabo

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De fato, a TFP sul-africana não tem cessado de agir nessa importante nação. Impressionado comeste empenho, confidenciou o ex-responsável para a África Austral de conhecida agência noticiosa internacional: "Depois da Mensage,11, não sobrou mais nada de Miuerrand". Um engenheiro muçulmano, após assistir ao audiovisual sobre as 15 TFPs em casa de amigos, procurou a dinâmica TFP local: "A Mensage111 do Prof Plínio Corrêa de Oliveira abre os horizontes e mostra aquilo que o soúalismo quer esconder. Mes1110 não sendo católico, vejo co111 grande tristeza as reformas do Concílio Vaticano li". E predispondo-se a aceitar as verdades eternas e imutáveis de nossa Mãe, a Santa Igreja, o engenheiro sul-africano pediu para tornar-se dedicado membro da TFP. Neste sentido, impressiona constatar como a Mensagem das 15 TFPs, nestes conturbados tempos de crise progressista, vem abrindo os corações para a Igreja de sempre. Um austríaco que hoje vive na África do Sul, por exemplo, escreveu-nos declarando ser protestante, mas que após a leitura da Mensagem estava inclinado ao catolicismo. Num contato pessoal posterior, citava de cor trechos do documento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, e afirmou: "A única sa(da para a situação apocalíptica de nossos dias tem que vir atravl• da Igreja Católica". Caso ainda mais típico é o do próprio responsável por um centro de divulgação protestante. Após ler a Mensagem, começou a considerar sua conversão ao catolicismo. Hoje difunde com zelo, além da Mensagem, exemplares do boletim "Newsletter" da TFP local.

Assim como certo filão de protestantes, também hindus vão se abrindo para o brilho e a força da doutrina católica tradicional que a Mensagem põe cm evidência. Sério, acostumado a considerar as coisas pelo seu lado mais profundo, um membro da numerosa colônia indiana da África do Sul, cm visita à entidade, afirmou taxativo: "Quero entrar para a TFP e ajudá-la de todos os ,nodos possíveis. pois eu odeio o cornunismo". Quando, na despedida, um jovem cooperador da TFP lhe agradeceu o fato de ter vindo à sede, ele redarguiu: "Não, não deve,n 111e agradecer nada. Sou eu que tudo lhes devo". Um político do sul manifestou efetivo propósito de apoio: "Tendo tido ocasião de ouvi-los expor as finalidades e os 111é1odos de sua organização. adquiri grande estima pelo valor de sua missão e paro ela desejo a bênção de Deus. Muito rne compraz oferecer-lhes meu apoio e assegurar-lhes que/arei o qua1110 em mim estiver para estimular a adesão de 111eus amigos e colegas". Um juiz sul-africano, católico, homem de cultura e fino trato, estava encantado com a Mensagem: "Sempre rne opus ao socialis,no. mas nunca vi ninguén1 lutando contra ele co,110 a TFP. Muitos chegam até a lutar contra o comunismo, ,nas poucos ou ninguém denuncia o socialis1110 enquanto comunis1t10 dis-

de que não se esquecerão de mim, e que teremos novos contatos". Tão impressionado quanto este casal, um escriturário de Johannesburgo procura a TFP: "Talvez os Srs. sejam a respos1a às minhas orações. Estou mui10 preocupado com a crise na Igreja e com o avanço do comunismo. Aguardo. com expectativa, o cumprimento da Mensagem de Fátima. Vou agora estudar con1 afinco a TFP para ver se é mesmo a resposta que procuro".

Zlmbabwe, Namlbia e Transkei Do Zimbabwe, cuja situação política torna-se cada vez mais preocupante, não se sabe se os envios da TFP têm chegado aos inúmeros destinatários que de lá solicitaram exemplares da Mensagem. Alguns que haviam se manifestado com calor, após a remessa permaneceram no silêncio mais completo ... Entretanto, uma ou ouira missiva tem varado a barreira, como a de um Sr. que nos agradeceu o quanto a Mensagem o ajudou a discernir a verdadeira face do socialismo. Ou a de uma Sra. que com insistência pedia para se lhe enviar "Revolução e Contra-Revolução". No Transkei, onde a TFP conta com diversos simpatizantes, uma funcionária do Departamento de Saúde, nativa de origem bantu, católica e anticomunista, asseverou: "Estou muito interessada na organização dos Srs.. especialmente 110 que se refere a Fátima. Gostaria de ver 111eu país reconhecido inter11acio11alme111e, e vejo com alegria que a TFP já o ve111 faze11do. Ofereço-lhes minha ajuda para organizar uma palestra aqui e111 Umtata, nossa capital".

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A Mensagem entusiasma refugiados de Angola e Moçambique Após a traição e a entrega de Angola e Moçambique nas garras de 1,, ')Pef1e1 africano, de onde proveio correapondêncie sobre a M~n.aagem do Prof. grupos guerrilheiros comunistas, a Plinio Corria de Oliveira contra o aocialiamo eutogestionlirio do PS frenei, tragédia abateu-se sobre aqueles dois rincões, outrora dos mais prósperos farçado. Quando passarem por miDa Namíbia um descendente de do continente. E numerosos por- nha cidade, contem sempre com a alemães, após ressaltar a necessitugueses, angolanos e moçambica- minha hospitalidade". dade de bem conhecer a doutrina nos que tiveram parentes brutaltradicional católica que a TFP demente assassinados, migraram para "Hã 30 anos que estou fende, para melhor lutar contra o todas as partes. No Brasil, rece- aguardando algo assim" comunismo, afirmou: ·' Para cumprir bemo-los como irmãos, de braços tão grande tarefa, é necessário que abertos. Também na África do Sul Um engenheiro mecânico e sua me equipe como um membro inteformou-se uma colônia . portuguesa senhora ouviam emocionados a his- gral da TF P. Ficar-lhes-ei n1ui10 sofrida, cujos membros viveram a tória da luta contra o progressismo grato se me enviarem tudo quanto amarga experiência dos efeitos da nascente empreendida pelos que fun- reputem fu11dame111a/ para que eu "libertação" que os marxistas e seus daram mais tarde a TFP. Atraía-os, me torne en1 nteu país um 1nen1bro "teólogos" apregoam. Ali a recep- sobremaneira, a explicação sobre o da mundial TFP". E outro Sr. estividade à TFP tem sido marcante. livro do Prof. Plinio Corrêa de creveu: "Estou muito interessado no Uma lusitana, no sul do país, Oliveira "Em Defesa da Ação Cató- trabalho do Burea,, que os Srs. patrocinou com dedicação uma con- lica". De repente, ele não se conteve: mantêm em Johannesburgo, pois li ferência da TFP sobre Nossa Se- .. Não consigo acreditar 110 que ouço. com total consonância o esrudo do nhora de Fátima. Dias depois, ela nos Os Srs. devem ter sido enviados por Prof Plínio Corrêa de Oliveira". telefonou, expressando um "proDeus. pois levantam a minha espeblema de consciência", por não ter rança. ;:u pensava que tudo estivesse • • • feito ainda mais pela TFP. "Resolvi, perdido. Há 30 anos que estou assim. visitar outros portugueses da aguarda11do algo assim. Foi nisso Ai está. caro leitor de "Catoliregião, pedindo contribuições para a que acreditei dura111e toda a minha cismo", um rápido vôo sobre esse TFP''. vida". Com o tom de voz já mais continente misterioso em cuja ponta Outra portuguesa, em carta, ma- grave, o engenheiro nos conta sua ondula, sob os ventos da esperança, nifestou a mesma preocupação: "Si11- história: "Em 1953 eu me converti o estandarte da TFP. Aí estão os 10-me culpada por 1er passado 101110 do anglicanismo, juntamente co111 efeitos que não se esgotam da Mentempo sem fazer nada pelos Srs., minha e.tposa, pois demo-nos conta sagem de Plinio Corrêa de Oliveira, que me enviaram a histórica Mensa- de que aquilo era comple1ame11te os quais, em meio à noite do caos gem do Prof Plínio Corréa de sem vida. Dirigimo-11os espon1a11ea- contemporâneo, vão cintilando coOliveira. Por favor, mande111 rnais me11te à Igreja verdadeira e pedimos mo estrelas que nascem, multiplipublicações para que eu possa di- para ser instruídos na Fé católica. cam-se e se unem para formar novas fundi-las". Mas hoje a ala progressista e pró- constelações... Estrelas que nos céus Um geofísico, que imigrou de comunista da Igreja me desagrada da África, como nos do Brasil, estão Moçambique, exclamou: "Quando tanto, que já não sei o que fazer. sob a proteção e a aliança do Cruzeiro vi a Mensagem. percebi que ela era Várias vezes tive discussões acato- do Sul... um e/ramado para se restabelecer a . rodas corn padres 110 próprio confesorde,u. Pcs.,·011/Ju,lnfl!, eu estava cansionário. Dos Srs. quero a gara111ia Wellington da Silva Dias


Nº. 396 - Dezembro de 1983 - Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

VENHA A NÓS O VOSSO REINO E EM TODAS as épocas da His• tória cristã a data do Natal abre uma clareira alegre e tranqüila no curso normal e laborioso da vida de todos os dias, cm nossa época, de crise religiosa tão grave que se desdobra em toda a vida social. essa celebração assume um significado especial. A lembrança do transcendental acontecimento que se passou na Gruta de Belém - o nascimento do Verbo de Deus. o Messias anunciado pelos Profetas vale por um universal sursum corda proclamado a uma humanidade tumultuosa e sofredora, que vai imergindo aceleradamente no caos da mais completa dissolução moral e social.

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JESUS -

LIVRO DE

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A CATÔLICA ~k. XV), P.tUdo RC'al, Madnd

De acordo com a palavra dos Profo1as, o povo eleito esperava a salvação por meio de um Messias. nascido do tronco de David. Todos os outros povos da terra, não tendo embora recebido as mensagens divinas por meio dos Profe tas, conservavam uma reminiscência da promessa de um Salvador, feita por Deus a Adão e Eva, quando da saída destes do Paraíso. E por isto também eles conservavam. ora mais ora menos deformada, a esperança tradicional de que um Salvador haveria de regenerar a humanidade sofredora e pecadora. Essa esperança, entretanto, chegou ao seu auge na época em que Nosso Senhor veio ao mundo. O Império Romano estendera-se pelas margens do Mar Mediterrâneo e também pelo continente europeu. O comércio se intensificara, mediante a ahértura de estradas ou expansão da na,ogação. Os homens haviam conseguido os bens que desejavam, mas depois de laboriosamente terem adquirido cs.scs instn1mcntos de felicidade, não sabiam o que fazer deles.

Tudo quanto haviam desejado ao longo de tanto tempo e de tantos esforços. deixava-lhes na alma um terrível vazio. Mais ainda, em muitos casos atormentava-os. Pois o poder e a ri9ueza de q_ue não se sabe tirar o devido proveito servem tão somente para causar anição e dar trabalho. Foi em tal ambiente. enquanto os homens de Estado e os moralistas da época discutiam gravemente sobre tantos e tão insolúveis problemas, que, no estábulo de Belém, durante uma noite tranqüila e abençoada, raiou para o mundo a salvação. A sociedade do futuro, oriunda da solução dos mais importantes e vitais problemas da época, nascia em Belém, e era das mãos virginais de Nossa Senhora que o mundo recebia o Messias. que haveria de redimir o mundo com seu sangue e reorganizá-lo com seu Evangelho. Qual a lição primordial que daí devemos tirar? Em primeiro h11tar é que, assim como para a humanidade do tempo de Augusto a solução dos mais intrincados problemas sociais e políticos não foi encontrada a não ser em Nosso Senhor Jesus Cristo, também em nosso tempo é somente em seus ensinamentos que de-vemos concentrar nossas esperanças.

"lnsraurare omnia in Christo" foi o le-

ma do grande Pontífice São Pio X, que reinou e foi elevado às honras dos altares em nosso século. Mas hâ ainda outra reflexão, da maior oportunidade. Os teólogos são acordes cm afirmar que, se a salvação raiou para o mundo na época em que raiou, devemo-lo às preces onipotentes da Santissima Vir• gem, que conseguiu antecipar o d ia do nascimento do Messias. Ninguém pode dizer quantos anos ou quantos séculos

teria ainda demorado a Redenção, sem as preces de Maria. Ela veio da oração humilde e confiante da Virgem Maria, que era inteiramente ignorada por seus contemporâneos, levando uma vida contemplativa e solitária no pequeno recanto onde a Provid~ncia a fez nascer. Sem com isso desmerecer, por pouco que seja, a vida ativa, é preciso notar que foi por meio da oração e da contemplação que se antecipou o momento da Redenção. E que os benefícios que o gênio de Augusto, o tino de todos os grandes políticos, generais c administradores de seu tempo não puderam dar ao mundo, Deus os d ispensou por meio de Maria.

++•IH'r-t• Genuflexos ante o Presépio, aprescntcmos ao Divino Infante, por intermédio de sua Mãe Santíssima, nossas mais ardentes preces. Antes de tudo, por aquilo que mais amamos no mundo, que é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Rezemos pelos santos para que se tornem mais santos. Pelos bons, para que se santifiquem. Pelos tíbios, para que se tornem fervorosos. Pelos pecadores, para que se tornem bons. Pelos ímpios, para que se convertam. Prece, depois, por todos nós, para que sejamos mais exigentes na ortodoxia, mais severos na pureza, mais fiéis na adversidade, mais pacientes nas humilhações, mais enérgicos nos combates, mais terriveis para com os impios, mais compassivos para com os que. envergonhando-se de seus pecados, louvam de publico a virtude e se esforçam seriamente por conquistá-la.

Domine, adveniat regnum wum. Se• nhor, venha a nós o Vosso Reino. Que o realizemos em nós, para que depois, com Vosso auxilio, o realizemos também en, torno de nós.

LIVRO PROVIDENCIAL LANÇADO Autogestão socialista: NA FRANÇA TFP-COVAIDONG.A TELEGRAFA AO REI DA ESPANHA

as na no na

cabeças rolam empresa, lar, escola

N'o dia 2 de dezembro p.p., a Sociedade Espan.hola de Defesa da TradlfiO, FamOla e Propritdade-Ci:ovadonga - TFl', que tomou Importantes atitudes antl-abortistu no curso do debatt púb[[co sobre a lei do aborto na Espanha, enviou ao Rei espa·

nhol, Juan Carlos 1, o seguinte telegrama: Majestade, A Sociedade Esp•nhola de I!>cfesa da Tradição, Famllia e Pro'priédade-Covadonga, apresenta-se respeitosamente a V.M. a fim de implorar em nome ae seus sócios, cooperadores e correspo11dcritcs, e dos inúmeros sim11atizantes existentes em todo o tcrritóYio nacional, que recuse assinar o decreto despenalizador, cm terras da Espanl\a, ela mata'rlça dos inocentes. I!>irigimo-nos a quem é, por definição e por excelêpcia, o Rei €atólico. Parece desnecessário encarecer quanto tem de cruel e antic,istã aJej que as €ortes.acaba1Jl de aprovar, apesar dos protei,tos de al&'!ns deputado~ e senadores, cujos nomes o coração dos verdadeiros espan)ió1s guardará. /i.. Coroa com a (\Uai o curso da Histó';:ia,cingiu a fronte ae V,M. se insere, na continuídade da .Espanha ae hoje e ae amanhã, com suas tradições de ontem. A conv(cção dessa co,ntin'uidade cor(erá grave risco de entrar cm decllnio no espírito de muitos dos es11anh~is mai~ fiéls, ~ partir do momento em que a matança dos- inocentes seJa sancionada por V.M. 01ba'ndo retrospectivamente para todos os santos e os verdadeiros heróis da 'Hislória de nossa Pátria, desae o mais remoto passado até nossos dias, parece,nos que.eles clamam aos dus protestando pelo que acaba de ser aprovado. 1:, eles rogam a I!>eus, a Nos.s a Senhora do Pilar e a Santiago, patrono deste Reino, que iluminem e dtc,m focças a V.M. para o repüdio que está cm sua régia m.issl!o fazcn agbra. I!>e nossa parte c)(pressamos a V.M. nossos desejos, de ardentes espanhóis, de que assim a Espanha, entusiasmada, possa aplaudir, no atua.! CO)ltinuador de São Fernando Ili, o varão Integro e sem temor que corta o passo à descristianização de sua Pátria. A esses aplausos juntaremos calorosamente os nossos. Apresentando a V.M. nossas ·ho,mcnagcns, subscrevemos a prese11tc respeitosamente. SO CIEDA DE ESPANHOM D.E D EFESA DA lfRADlÇÃO , F A'.ll!flllA E PROl'RIEDAD.E-CO'VADONG-A - 'JÍFP

Na contra-capa, a foto do autor A impressionante capa da obra rec4m-publieada

- Uma den(incla que deu a volta ao mundo O CONHECIDÍSSIMO boletim "livres de Fronce", n•. 47. de novembro/83, publicado pela Editora FÍÔmmarion de Paris, apresento na parte superior da página 22 o expressiva capa da mais recente obra do Prof. Plínio Corr2o de Oliveira - lançada naquele pais - e a foto do autor que figura na contracapa do mencionado livro. , A seguir, pode-se ler na mesma página uma breve exposição do conreúdo do obra, seu alcance e sua importância para o público francês na atual conjuntura do país. Por fim, foz-se uma alusão à viva pol2mica suscitada, através do mundo, pela histórica Mensagem que, em 1981, o mesmo autor redigiu. Esta edição já estava praticamente fechado quando ocorreu o lançamento do referido livro. Sua significação é de sumo interesse quonto ao combate ideoldgico tls forç0$ socialo-comunist0$, especialmente naquele pois europeu. Pretendemos, em prdximo número deste jornal, ainda

abordar esse importante temo. Limitamo•nos agora a expor acima a nossos leitores uma reprodução da capa da obra recém-

publicada, do foro do autor inserida na corrtracopa e uma tradução do texto que consta do mencionado boletim "Livres de France".

A AUTOGESTÃO - concepção entretanto completamente esquerdista - foi a promessa aliciante. quase se diria mágica, com que o Partido Socialista acenou para o eleitorado francês cm 1981. Promessa amb(gua, cujo alcance uma grande parte do público na França e no mundo não compreendia à primeira vista. Hoje em dia, essa promessa cm al$uma medida foi relegada ao segundo plano. Por que? Em quotidianos da maior circulação cm todo Ocidente, as 13 Sociedades de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFPs - publicaram a Mensagem de autoria do Prof. P línio Corrêa de Oliveira, desvendando o conteúdo comunista da ilusão autogestionária. E a autogestão deixou de ser o slogan da propaganda socialista sonhada para o mundo inteiro. Em consequência, é bem compreenslvel que, de momento, ela não seja mais um slogan muito atual na França. De qualquer forma, é para a autogestão, como para um ponto que se mantém filme no horizonte socialista, que olham todos os d irigentes do PS. Assim, continua da maior importância que essa Mensagem seja lida pelo público francês. O livro ''Awogestão socialiita: as cabeças rolam na

empresa, no lar. na escola - Uma denúncia que deu a volta ao murrdo" contém o texto integral da Mensagem, como também o histórico da grande acolhida e da viva polemica que a respeito se desenvolveu pelo mundo.

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• Em Florencia. a e.apitai da Provfncia de Caquet6. um doa focos da guerrilha. a TFP começa a campanha

• Em Puerto Barrlo. a principal cidade da zona de Magdalana Medio. os cooperadores da TFP travam contacto com o público

• A campanha da TFP causou grande impacto no povoado de Garzón, que h6 alguns meses foi assaltado por uma centena de guerrilheiro, comunista,

Na Colômbia, a TFP abre uma era •

Pela pr1me1ra vez, resistência ideológica e moral diante da guerrilha comunista na América

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URANTE OS últimos anos, a propaganda internacional dentro dos moldes da guerra psicológica revolucionária, feita pelo comunismo contra os países livres do Ocidente, vem insistindo para conseguir que as guerrilhas cxpandam•sc incontenivelmcntc pela América, incendiando as nações. uma após outra, com o fim de obter a 101al conílagração social no Continente. A convulsão da Amfaica Central tem sido apresentada como o centro desse coníli10. Mas a Colômbia vinha se convertendo, para os palses do hemisfério Sul do continente americano, em nação por assim dizer paradigmática, no que se refere ao fenômeno guerrilheiro. Sob alguns governos colombianos a g-uerrilha foi reprimida, mas nunca o suficiente para extingui•la. Com fre· qUência, houve um evidente modus vivendi, mediante o qual as autoridades não permitiam à guerrilha transtornar muito as grandes cidades, nem as regiões mais acessíveis, mas não a perseguiam nos territórios mais remotos, rotulados de "liberados" pelos subversivos.

Impunidade e privilégios para os guerrilheiros A impunidade dos guerrilheiros tem sido escandalosa, se bem que não de forma sistemática. Mas com a eleição do Presidente Belisário Bctancourt, as coisas se agravaram. Há cerca de um ano, foi aprovada uma lei de anistia, pela qual a impunidade foi concedida, inclusive aos guerrilheiros que não a pediam. Os que estavam presos foram libertados e os que estavam prófugos da justiça foram indultados. E para isso o governo colombiano não exigiu que os guerrilheiros "arrependidos'' entregas· sem as armas, nem mesmo que libertas.. sem aqueles que haviam sequestrado. Mais ainda, o Presidente Bctancourt iniciou um plano de ajuda a esses guerrilheiros, concedendo-lhes créditos para estabelecerem indústria ou comércio. ou dando-lhes propriedades agrícolas e garantias diversas. Em síntese, a condição de guerrilheiro foi convertida em motivo de privilégio. Contra esse escândalo, só a TFP colombiana se pronunciou. publicando sucessivos manifestos - dos quais "Catolicismo" deu notícia a seus leitores - . com o que polarizou em torno de si a reação anticomunista indignada ante essas medidas cntreguistas. Além disso, a TFP iniciou uma campanha de esclarecimento da opinião pública contra a guerrilha. Nos Departamentos de Huila e Caquctá, onde a guerrilha vinha atuando intensamente nos úlllmos anos, visitou as cidades de Neiva e Florencia e os povoados de Gar,ón, Pitalito, La Plata e Campo Alegre, nos quais fe,. grandes campanhas públicas. Também se dirigiu à zona de Magdalena Mcdio - região onde a. guerrilha é mais violenta - e fci campanha cm Puerto Berrlo, Puerto Boyacá. Honda e La Dorada. Nesses lugares . . e ainda em outros assolados pela guerrilha marx is· ta, difundiam-se os Manifestos da TFP colombiana contra a guerrilha e contra a contemporização face a esta, e a revista "lnconformidad", a qual continha uma longa reportagem sobre a crise na A mérica Central.

A Tf P procl ama a combatividade cat6lica Até então, em todos esses lugares a população sofria cm silêncio a agressão comunista. Como se houvesse uma or·

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dem taxativa, ninguém falava da guerrilha e de seus múltiplos crintes. Nesse ambiente, ouviram ..sc cm plena rua os slogans da TFP: - ··Alguns pensam que porque os guerrilheiros dão tiros. só podem ser combatfrlos a tiros! Não é verdade. não é verdade. não é verdadel!! O guerrillteir<> 1em necessidades: precisa ,ie comida, precisa ,Je d;,1heiro, precisa d e apoio logístico. preciso da colaboração dos populações que ele mesmo devasta. Para acabar com a guerrllha é necessdrio prir1cipolme111e que as populações afetados pela guerrilha lhe neguem pão e água. pão e água, pão e água. que lhe neguem todo o necessdrio para viver", - "Colombianos. por amor a vos· sos irmãos. que a todo momento são vltimas da guerrilha; por amor a vossos filhos. que a guerrilha submete a perma-

nente in:reguronça; por amor a vós mesmos. que a qualquer instanle podeis ser vtamas da guerrUlra; sobretudo. sobre• tudo. sobretudo, por amor ô Santo Igreja Católica. a grande inimiga do comunismo e Aquela de quem o comunismo é

um inimigo mortal: por isso -

oh.

colombianos! - negai aos guerrilheiros roda simpatia, todo apoio. toda forma de colaboração; n egai aos guerrilheiros toda simpatia, l(1do apoio. toda formo de colaboração!"

Diante da ousadia da TfP: surpresa e entusiasmo O acontecimento era insólito: aquilo que quase todos não se atreviam a dizer em voz baixa, e que alguns nem sequer ousavam pensar, a TFP o proclamava em altos brados pelas ruas e praças. Para milhares e milhares de pessoas, submetidas à tortura mora.1 c psicológica de uma perseguição prolongada, injusta e violenta. da qual até então não se podiam queixar. era como uma enorme lufada de oxig~nio que recebiam. Nas zonas mais gravemente confla... gradas, cada cooperador da TFP ficava com frequência rodeado por 20 ou 30 pessoas, ávidas de conhecer, cujos rostos sofridos revelavam quão exaustos se sentiam depois de anos de pressão da indolência coletiva. Ao mesmo tempo manifestavam verdadeira alegria em ouvir aquela voz que durante tanto tempo esperavam, e em ver que a reação não só era possível mas que, ademais.já existia. As sucessivas quatro edições de "lnconíormidad" esgotaram-se uma após outra, tal era a apetência de populações muitas vezes rústicas~ mas lúcidas, que desejavam conhecer as causas da tragédia que estavam vivendo. Comentando a estratégia comunista, numerosos cam... poncses deixavam transparecer o drama de suas próprias almas: "Em to/ povoado, a tal dlstância. o pároco ajuda o guerrllha": "/;in tal município, o can<Íi· doto paro prefeito pelo Partido Comu, nista foi um sacerdote''; "Em tal lugar. o l,uermediário entre os guerrUlteiros e as familias dos seqüesirodos foi o pároco" etc. Numerosas vezes as referências mcn· cionavam o Bispo de Florencia, que freqüentemente se mobilita para evitar que as Forças Armadas eliniincm a guerri· lha, e recentemente entregou uma fazenda da Cúria para que fosse parcelada e dada aos guerrilheiros anistiados. Naturalmente, por mais que o "esta· blishment" civil e eclesiástico tenha se caracterizado por chocantes entendimentos com a guerrilha, a reação vai crescendo, muitas vezes de forma es-p ontânea, e em tais casos com especial vigor. O que, por sua vez, leva a guerrilha a ser

especialmente sanguinária com aqueles que se opõem a ela. Na pequena cidade de Puerto Boyacá, à margem do rio Magdalena. a TFP encontrou uma reação particularmente intensa. Dias antes, o Presidente Betan· court estiver;i cm visita ali, para favo· rccer os entendimentos com a guerrilha. Várias centenas de camponeses o recc· beram com cartazes que diziam: "Presiden te, os FA RC ( o grupo guerrilheiro mais atuante e violento da região] nà<> querem a paz. massacram os campo· neses"; "Exigimos uma solução político• militar; abaixo as guerrllhas comunistas". A imprensa nada publicou, a não ser os despachos desinformalivos das agências oficiais. sempre favorecendo a ilusão de que os guerrilheiros se pacificariam, e afirmando que os camponeses acreditavam nessa possibilidade. Nesse clima de indignação coletiva contra a contemporização com a gucrri· lha, a população deu à TFP uma acolhi· da triunfal. As aclamações do público, à sua passagem pelas ruas, se sucediam: "É prefedvel morrer de um tiro que de fome sob o comunlsmo": "Não temos medo das FA RC. ma.ç exigimo.-. do Governo proteção". Algumas semanas mais tarde, um grupo guerrilheiro invadiu algumas aldeias próximas de Puerto Boyacá ecomeçou a fuzilar os camponeses que se haviam negado a colaborar com eles. Mas a brutalidade criminosa dos comunistas teria uma resposta adequada. Pouco depois, 600 c.1mponeses dessa cidade resolveram viajar a Bogotá, para mostrar à opinião pública da Capital o que realmente pensam e sofrem os camponeses do Magdalena Medio.

"Sim. sim. Parai e ouvi nossa tragédia. lmaglnai-nos vivendo no municlplo em que há tantos anos os inlmigos da Fé e da Pátria se habituaram a motor. a seqüestrar. a roubar e a depredar con· tinuamente. Imaginai-nos durante esse longo tempo sem uma só noite ou um só dia tranqüilo. Nos ,lias comuns, sem paz para o trabalho, nos domingos, sem paz para a oração. Imaginai os men;nos e os anciãos de r,ossos famllios dando os primeiros e os últimos passos de sua vida à sombra de uma ameaça permanente. Quão poucos agüentariam!... Nós su• portamos. E. graças a Deus, com tanta firmeza e tanta confiança em Deus, que aqui estamos, não para apresentar nosso último alento. mos para pedir•vos que nos protejais nessa luta contra os inimigos lrreconciUáveis da Colômbia inteira. .... "Nosso inconformidade, Sr. Presidente, é certamente contra as guerri· lhos, mos é também e certamente contra aqueles que. podendo ajudar-nos. o fazem às meias ou absolutamente não o fazem. "Que ot onltelos ardentes do povo façam s,ntir àqueles que s, ufanam de ser representantes dele. que o lugar de nossos dirigentes temporais é no campo de 'bau:llta e a nosso lado, e não nas cãmodos e espaçosas solos modrilenhos (onde o Presidente havia "dialogado"

semana depois, novas reuniões com os guerrilheiros marxistas, nas quais se continuaria negociando ..a paz na Colômbia".. . De fato, não poucos camponeses entre os quais havia numerosas mulheres cujos esposos haviam sido recentemente assassinados pelas FARC - pensavam, já antes de ir a Bogotá, que seria esse o resultado. Mas um deles reíletiu de modo realista: "Melhor que os po//ticos não nos recebam e mostrem quem são: pior seria se nos firessem promessas que não cumprirão". Algumas horas depois, os vários ônibus com os camponeses empreendiam o regresso à zona de Magdalena Medio, onde a todos esperavam a incerteza, o perigo e o abandono. Mas onde também encontrariam ao lado de seu heroismo e decisão, a ajuda da Provid~ncia Divina, especialmente eficaz para aqueles que estejam desprovidos de todo auxílio humano. Um germen de adesão de vastos setores da região demonstra que os camponeses compreendem cada dia mais o dever de resistir ao comunismo, ainda que o "establishment" não pense senão em ceder.

• • • A praio imediato, a imprensa poderá não publicar uma palavra sequer sobre essa resis1ancia heróica. Os pollticos

D clamor do sangue derramado sobe ao Céu Depois de uma manifestação diante da sede do Partido Comunista, os camponeses dirigiram•se à Plaza Bolívar, onde estão situados a Catedral, o Palácio Arquiepiscopal, o Congresso Nacional e o acesso ao Palácio Presidencial. Diante da Catedral, cujas portas se mantiveram inteiramente recl" : -1as. e do Palácio do Cardeal-Arcebispo de Bogotá, de onde ninguém saiu nem sequer para olhar, os sofridos camponeses bradaram, dirigindo-se ao Purpurado: "Eminentíssimo Senhor Cardeal: Do Senhor Cordeai esperamos. o V. Emcio. pedimos: de todos os nossos altares elevem·se a Deus orações constante:; a fim ele serem alcançadas para nós justiça e misericórdia; d t todos os nossos púlpitos, o voz dos sácertlotes incite o pO\IO a indignar-se com a injusta sorte à qual o agressor ateu submete estes povos_. especialmente filhos da Virgem". Instantes depois. os c.amponeses bradavam diante do Palácio Presidencial: "Senhor Presldente: Somos campo.. neses de Magda/ena Medio, de Puerto Boy ocá. Acabamos de percorrer centenas de quílômetros para visitá-lo. Atrds de n 6s deixamos famillares expostos à vlolência, bens sujeitos à depredação. Quando voltarmos. poderemos sofrer especiais vinganças: e111re1an10. Senhor Presidente. aqui estamos para visitd-lo. para apresentar-lhe nossa saudação e pàra manifestar-lhe nosso acatarnento. no coração desta grande capital. centro histórico. político e religioso do pátrio bem amada! "Não só para i.110, Sr. Presidente. mas também para fazer-lhe presente nossa tragéc/ia inteiro. a imensidade de nossa d or e nosso des,·o,H~er10. o calor indomável dl! n osso inconformidade.

Aspecto da caminhada de 600 camponeses de Pue.to Bovec6 por uma importante avenida de 8ogot6. em manifestaçlo contra a guerrilho

com os guerrilheiros], em torno de amigas mesas de negociações - e que inútil, que ruinosa negociação! - com os lnlmigos que só cessarão de lutar no dia ern que este Palácio se transformar na sede do sovier supremo da "Repúblico popular do Colômbia", esta Catedral se transformar num ,lepósito de viveres ou no central de alguma sinistra KGB. e nestas soberbas avenidas, onde borbu· lham hoje. alegres no regime de propriedade e do iniciativa privada, a riqueza e o iraballro de todo o Noção. andem melancólicos e subjugados os escravos deste pobre pais que. em /.As Lajas e em Chiquinquirá, Nossa Senhora chamou a um destt'no tão diverso". O Chefe de Estado, a quem se pediu uma audiência, avisou que por falla de tempo não poderia atender aos pobres camponeses. E. realmente, segundo noti.. ciou a imprensa no dia seguinte, o p re,, sidcnte estava ocupado cm receber, por duas horas. outros camponeses que pediam a Reforma Agrária.justamente nas regiões afetadas pela guerrilha! E ao mesmo tempo se anunciavam, para uma

poderão não lhes prestar atenção. Os Prelados quiçá continuem dissentindo de sua causa. Mas uma coisa é certa: uma vez que o comunismo não quer conquistar só uma região mas o mundo inteiro, é forçoso que as perseguições que hoje pratica em Magdalena Medio ou em Caque1á sejam o modelo das que realizará cm muitas outras regiões. E. assim, o exemplo dessa resistência será admirado por muitos. E será seguido amanhã, levantando contra a ameaça vermelha uma verdadeira muralha de inconformidade cristã. Com efeito, quando numa brecha do muro da Cristandade há alguns dispos.. tos a lutar até morrer, passarsse-á muito tempo antes que os inimigos da Fé tenham probabilidades de vitória. Pois a autêntica fidelidade aos princípios cató· licos pode detonar as resistências invencíveis que, fundamentadas no verdadeiro amor de Deus. operam as maravilhas da História.

Alfredo Mac Hale Espinosa

CATOLI CISMO -

Dezembro de

1983


"Catolicismo" reproduz, para seus leitores, a entrevista do Presidente do Conselho Nacional da TFP ao jornal "Edição Mineira", de 5/12/83

O PROF. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA FALA SOBRE A ATUALIDADE BRASILEIRA • Que rorça o Sr. atribui à esquerda no Brasil, e onde é especialmente Corte?

S

E POR ESQUERDA se devem entender as correntes cujo pensamento é esquerdista

tanto nas cúpulas como nas bases, creio que

a esquerda no Brasil é muito fraca. Bem entendido, existe o PCB e o PC do B. Mencionando os dois partidos, entretanto, não reconheço a autenticidade desta distinção. Ela presta ao comunismo - globalmente considerado - o serviço de ix,rmitir que os intelectuais façam propaganda ideológica à vontade e comodamente, ao passo que, de outro lado, os agitadores e mazorqueiros a serviço do comunismo fazem toda espécie de perturbação da ordem. Sem embargo, a repressão a estes últimos não prejudica os intelectuais, pois o PCB e o PC do B não se confundem. . Além do PCB e do PC do B, existem, em certos setores da opinião pública brasileira, laivos mais ou menos imprecisos de socialismo. Há mais ou menos por toda parte, mas notadamente na cam3da de nlvel sócio-eeonômico..n,aislalto,la ilusão de que o socialismo constitui uma tcnd~ncia rumo a uma política sócio-econômica voltada a favorecer as classes necessitadas. Enquanto tal, mereceria ele alguma simpatia. E, naturalmente, também alguma desconfiança, porque as próprias ix,ssoas que são levadas a interpretar deste modo benévolo a palavra ••socialismo", tem o receio de que - a pàr desse desejo de beneficiar as classes pobres - os socialistas abriguem na alma o desejo de inverter a ordem social. E é por esta

mesma razão que, embora os laivos de socialismo sejam, sob algum ponto de vista, generalizados, entretanto o socialismo progride pouco. Muitos dos que simpatizam com ele ... dele desconfiam. Além disto, há partidos que se dizem mais ou

menos socialistas, ou mais ou menos esquerdistas: que densidade de esquerdismo e de socialismo real apresentam? Sou inclinado a ix,nsar que é uma densidade muito pequena. Suas bases eleitorais não ttm sentido socialista. São levadas aos respectivos partidos por amizades pessoais. por prefertncias individuais a favor deste ou daquele candidato etc. Entre as próprias cúpulas partidárias, a tendtneia para da.r um colorido socialista ao partido exprime muitas vezes o desejo de obter o apoio dos meios de comunicação social. Nestes, sim, a influtncia comunista e socialista é bastante grande. E, afirmar..se socialista. com prudente modera,ção, é abrir para si as portas de numerosos jornais, rádios e TVs. Combater o socialismo ou o comunismo é, pelo contrário, fechar essas portas. Como o Sr. vê:, o socialismo e o comunismo são, deste ponto de vista, poderosos. e1es tem sobretudo apoios preciosos cm dispositivos eh.a .. ves de formação da opinião pública.- Mas, por mais que os grandes órgãos de comunicação social façam propaganda socialista, o grosso da opinião pública se conserva céptica cm relação a ela. Se, portanto, o comunismo e o socialismo ttm no Brasil alguma capacidade de inOueneiar e de agir - e isto eu não nego - tal capacidade provém de outra fonte. Isto é, da chamada "esquerda católica". Esta, sim, é bastante generalitada no Clero. E, com o apoio bem menos eficaz de setores da alta burguesia e dos c!reulos da chamada "intclligentzia" nacional, a "esquerda católica" constitui uma alavanca bastante grande. Mas que só tem verdadeira inllutncia popular em ra7.lio do prestigio eclesiástico, imensamente maior do que o dos lideres de salão ou de livraria. • Muitos no Brasil eonsldtram I Igreja Católica a força mais ativa no ••"-'rio nacional. Como é notório, ela se dividiu em vblas torrentes que s• <ombatem, o que I Impede de se manlltstar univocamente. Os católkos, em boa parte., aio sabem bem a quem seguir. O Sr. pensa que um vinde encontro das liderançAS ,atóli<as para um debate públloo de suas posições, seria benéfko? Pelo menos, ajudaria a esclarecer posições? SDE QUE esse encontro seja bem ordeado, e se realize com a seriedade e o méto,, do necessários, sou entusiasta dele. Já tive ocasião de propor um encontro desses cm mais de um artigo na "Folha de S. Paulo". Como o Sr. sabe, os artigos que escrevo para esse matutino são reproduzidos em vários outros órgãos da imprensa naciona1. Dos elementos da ..esquerda catól.ica" não tive a menor reix,rcussão favorável. Em rigor. isto deveria causar estranheza, porque a "esquerda católica" se gaba de favorecer todas as manifestações livres da opinião. Não posso compreender como, precisamente no relacionamento entre calólicos, ela não se manifeste também proix,nsa a tal. Na Europa é tradição que os intelectuais católicos, não só clérigos como leigos, se reunam periodicamente para debate dos grandes temas nacionais, debaixo do ponto de vista católico.

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CATOLICISMO -

Dezembro de 1983

Concordo com os que pensam que a Igreja é hoje uma das forças mais atuantes do cenário nacional. Mas sou obrigado a dizer que, infelizmente, a "esquerda católica" é atuante de modo todo particular, porque ela dispõe de meios de ação relevantes. São os que passam pelas mãos da CNBB. • Como o Sr. sabe, Dr. Pllnlo, 1 TFP t multo discutida e combalida. Qu•I o papel dela no Brasil oontemporlneo?

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U CARO, NÃO sei porque o Sr. só diz ue ela é muito discutida e combatida, e ão acrescenta que ela é muito aplaudida. A realidade descrita pelo Sr. seria, assim, mais completa. Aliás, não se pode ser muito discutido nem muito combatido, quando não se é muito aplaudido. Pois numa atmosfera de rejeição unAnime. a discussão morre e o silencio cobre aquele que é rejeitado. Como o Sr. bem diz, se há uma coisa que não cerca a TFP é o silêncio. Logo, em torno dela hã também aplausos. Ainda que, a outros tltulos, isso · não fosse óbvio, pelas suas palavras se chegaria a tal conclusão. O que faz a TFP no Brasil atual? Todo mundo o vt. Ela é uma entidade clvica que luta contra o socialismo e o comunismo no campo temporal, inspirando-se na doutrina católica tradicional do Supremo Magistério. Os sócios e cooperadores da TFP são todos católicos. Estou certo de que ela presta assim considerável serviço à civilização cristã em nosso Pais. Quais são os setores em que a TFP é mais combatida, quais os setores em que é mais aplaudida? Paradoxalmente, o setor social em que ela é mais combatida - no qual, entrctantot tem também preciosas amizades - é a alta burguesia. Na burguesia média, o número de amigos é maior. o número de adversários é menor. Na pequena burguesia e no operariado. a TFP é especialmente benquista. E a exp~nsão que fazemos no setor operário é considerável. Registro com alegria toda especial que a TFP vai se expandindo extraordinariamente na juventude. especialmente entre os jovens muito jovens. O Sr. me perguntará qual a eficlicia da ação da TFP. tela um antidoto especifico contra a ação da "esquerda católica", pelo próprio fato de combater o socialismo e o comunismo com base na doutrina católica. Creio que além do grande núm<>ro de pessoas que aplaudem a TFP e que a apóiam - realizamos agora um Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP, residentes cm 85 cidades de 13 Unidades da Federação, e no encerramento desse Encontro tivemos um compareci .. mento de mais de 1.500 pessoas - é preciso notar o efeito da atitude da TFP junto à grande massa dos católicos., os quais, sem seguirem a TFP, pelo menos ficam com os olhos abertos para a "esquerda católica" e ~e manttm esquivos cm relação à propaganda dela. • Como resumiria a luta de sua vida e o sentido que ela tem I seus olhos?

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UANDO COMECEI minha vida pública, cu era estudante da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O ambiente que ontrei era de tal maneira laico que parecia não haver. no meio estudantil de São Paulo. qualquer possibilidade de apostolado. Inscrevi-me aos 20 anos no Movimento Mariano que então começava sua grande expansão. E, a partir desse momento, iniciei uma luta dentro da própria Faculdade de Direito a favor do apostolado católico. Fundamos um movimento chamado Ação Universitária Católica, que foi o primeiro movimento católico universitArio constituido naquela época em São Paulo. Quando terminei meu curso, tive a alegria de ·conseguir que aU se rezasse a Missa de formatura, e no próprio pátio da Faculdade. Foi pregador o grande intelectual católico Pe. Leonel Franca. Na atmosfera da Faculdade de Direito, uma brecha estava aberta cm favor da causa católica. No começo dos anos 40, a nota dominante de minha ação se alterou. Em vez de ser exclusivamente voltada para os que não são católicos, ela mudou, porque fui posto diante da realidade brutal da penetração do progressismo e do esquerdismo nos meios catóHcos. Dei-me conta imediatamente de que a salvaguarda do futuro do Brasil estava nas mãos daqueles que lutassem para que os meios católicos não se deixassem envolver por essas duas mlis tendtncias. E então, escrevendo o livro "Em Defesa da '4ção Cató· lico", rompi fogo, dentro do movimento católico. contra o esquerdismo filosófico-teológico, como contra o esquerdismo sócio-econômico. Minha luta, de lá para cli, tem sido uma defesa da opinião católica contra a investida, ora aberta ora velada, dessas correntes de opinião.

• Tem dlscordinc.ias com o rumo tomado pela Revoluçio de 64? O que esperava dela? NAL!SO AQUI a Revolução de 64 do ponto de vista dessa luta contra a infiltraão esquerdista na Igreja. Acho que a Revolução criou alguns óbices a essa infiltração. aplicando a Lei de Segurança Nacional - nem sempre com inteira justiça e senso de oportunidade - a eclesiásticos e civis que procuravam atuar em nome do pensamento católico. Entretanto, não me parece que ela, sequer de longe, tenha cumprido sua missão nesse sentido. Expli-

co-me. A Revolução de 64 não deveria ter tido uma ação ideológica apenas negativa, mas também positiva. Ela deveria ter aberto os olhos do povo brasileiro para os males e os riscos do socialismo. que proximamente conduz ao comunismo. Pelo contrário, a Revolução, nesta perspectiva. foi inteiramente a-ideológica. Ela adotou o principio, com o qual não concordo, de que estabelecer a prosperidade é extinguir o socialismo. O grande achado da Revolução, em matéria de anti-socialismo, foi o chamado "milagre brasileiro". Hoje esse "milagre" está no chão, e a obra da Revolução contra o socialismo resulta frustra. Mais ainda, pelo enorme apoio dado à estatização, a Revolução, cm vários de seus aspectos, tomou uma significação nitidamente socialista.

• E a abertura? Est, satisfeito com ela ou preftriria o rtgime fechado?

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AMBéM SOBRE isso já tive ocasião de escrever mais de um artigo na "Folha de S. Paulo". A TFP não tem posição tomada cm matéria de regimes polfticos. Assim, ela colaboraria com uma ditadura que preservasse de fato o Brasil contra o perigo socialista e comun.ista; como também colaboraria com a abertura, desde que esta se fizesse cm termos adequados. Na realidade, estamos tendo uma abertura cada vez mais acentuada, mas não me parece que as forças politicas que conduzem o processo de abertura o estejam conduzindo bem. Elas em nada estimulam a manifestação das tcnd~ncias auttnticas da população, e por isso existe um abismo entre os partidos polfticos de todos os matizes, e o sentir efetivo dos eleitores. A maior prova disso é, a meu ver, a obrigatoriedade do voto. Num pais onde os partidos polfticos representem o povo, o voto não precisa ser obrigatório: todo mundo vai votar espontaneamente. Quando o voto é obrigatório, é porque as chapas de candidatos não agradam ao povo. O que seria das eleições no Brasil se o voto não fosse obrigatório? Elas expirariam por falta de gente que a elas comparecesse. Enquanto a abertura se deixar inquinar por esse erro considerável, não creio que ela corresponda a sua própria finalidade.

• Em 1933, o Sr. rol o constituinte rederal mais Jovem e malt votado no Brasil. 50 anos depois acha a P"Opoota de uma novà Constituinte e eltlçõa dlrrtas para a P resldtncla da República, propupada por Importantes setores polltlcos, uma salda para a crise em que o Pais vive? RESPOSTA ESTÁ prejulgada no Item nterior. Se, a propósito da Constituinte, s partidos polfticos, os meios de comunicação social e a CNBB encontrarem meios de fazer exprimir todas as correntes de pensamento do Brasil auttntico, talvez uma Constituinte seja um caminho. Pelo menos pode evitar o pior. Mas, se for para eleger uma Constituinte tão inaut~ntica quanto são inaut~nticos os partidos polJticos correntes, então não vejo nisso solução para nada.

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• Como o Sr, es!A vendo a cri•• econômica no Brasil e as últimas medidas tomadu pelo gover• no? T ffll proposta para resoluçio d tia? ÃO SOU ESPECIALISTA em matéria econômica. Minha contribuição neste assunto tem se cifrado a um ponto que, aliás, reputo de importância: o brasileiro médio não possui os dados necessários para formar um julzo a respeito de nossa situação econômica e das causas verdadeiras que empurraram nosso Pais, rico, a esta situação de pobreza. Eu mesmo tenho tido, com órgãos públicos, correspondtncia absolutamente sintomática neste sentido. Enquanto o brasileiro mediano não tiver opiniões formadas sobre a crise econômica e suas causas. o Brasil será manipulado por tecnocratas. E não me parece que na mera.tecnocracia haja uma solução posslvel para nossos problemas. P.a ra que o Brasil aut~ntico se represente cm matéria econômica, é

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O entrevistedo, Prof. Plinio Corria de Oliveira Presidente do Conselho Nacional da TFP

preciso que ele conheça qual é. autenticamente, a sua economia. E isso o brasileiro médio não conhece. • Que acha da atuaçio dos governa.dores Franco Montoro. L-eone.l Brizola e Ta.ncredo Neves, no atual momento pollllco nacional?

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OMPREENDO QUE, na perspectiva do momento polftico em que foram eleitos esses três governadores, podem ser objeto de uma pergunta global sobre sua atuação. Na realidade, me parece que hoje isto simplificaria excessivamente o quadro, pois enquanto vejo o governador Brizola caminhar resolutamente para a esquerda, e o governador Montoro tomar, face aos avanços da esquerda, atitude abstencionista e ineficaz, a atuação do governador Tancredo Neves é muito mais cauta. E por isto não creio que pÔssa ser vista como um elemento componen· te da política dos governadores de São Paulo e do Rio. Eu seria propenso a vê-lo mais como um elemento intermediário entre os governadores Brizo... la e Montoro. de um lado, e o governador Jair Soares, do Rio Grande do Sul, cuja atuação me parece muito apreciável. • Para terminar, o que pensa d o cunsenadorfs.. mo mineiro? E, na sua opinilo, qual a imagem que a Minas d~ f\oje projeta no Brasil?

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ONSIDERO o conservadorismo mineiro uma grande força. E profundamente simpática. Mas afetada por aquela mesma letar• gia que prejudica·tantas outras correntes sadias de nosso País. Os mineiros conservadores deveriam falar mais, agir mais, tomar · mais quente a sua presença no cenário nacional. Com isto não estou nem um pouco pedindo que abandonem a proverbial discrição do mineiro em matéria polftica. Estou tão-só ix,dindo que, dentro dessa discrição, façam muito mais do que estão fazendo. A imagem que Minas projeta no cenário nacional é, a meu ver, triplice, debaixo desse ponto de vista. Antes de tudo, Minas é tida ainda como o grande bastião do conservantismo brasileiro. Mas, de outro lado, também há uma certa decepção dos conservadores do Brasil inteiro, porque a esperança que deitavam nos conservadores mineiros parece algum tanto comprometida, se eles não se puserem a agir desde já. Por fim, não deixa de ser verdade que as condições que cercaram a eleição do governador Tancredo Neves ainda deixam manter uma tal ou qual interrogação a resix,ito dele em Minas e fora de Minas. Qual será a atitude dele, na sucessão dos meses e dos anos, em face do conservantismo de seu Estado? A rcspo!ta a essa pergunta condiciona outra: qual será a atitude dos conservadores mineiros face a ele? São perguntas delicadas, que só a um filho de Minas tocaria o direito de responder.

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COMUNISTIZAÇÃO DO CAMBODGE: FATO ESQUECIDO HOJE, ENSAIO DA ANARQUIA FUTURA PODER 10 do comunismo, cm nossos dias, não está principalmente nos exércitos de que dispõe, nem na multidão de agentes e espiões que articula por todo o mundo, nem na cumplicidade de movimentos afins. Reside, de modo mais assinalado, no otimismo imbecil e na atonia verdadeiramente inexplicável disseminada a seu respeito que, como um gás venenoso com o poder de expansão dos gases - intoxica a opinião pública do Ocidente. Tal estado de espirito impede a percepção objetiva da situação atual e a reatividade proporcional ao risco. O ocidental, via de regra. tem diante do comunismo as reações de um narcotizado frente a uma serpente venenosa. As manifestações de sua perfídia , suas crueldades no emprego da força bruta o impressionam fugazmente. Ao se distanciarem no tempo, deixam elas poucas marcas no espírito. Por causa disso, a rememoração é um exercício salutar para todos nós, filhos deste trepidante e superficial século XX . Ajuda a fixar situações de grande valor educativo. Assim, por exemplo, um acontecimento relativamente recente, a queda do Cambodgc, ocorrido oito anos atrás, patenteia a falsidade do lema suicida ",nelhor vermelho que morto". Se as lições que contém estivessem vivas nos espiritos, não teria sido possível, semanas atrás, a movimentação de milhões de pessoas, cm países ocidentais, protestando contra os foguetes Cruise e Pershing li, que começam a ser instalados na Europa.

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khmers rouges utilizurn meu prestígio e minha legitin1idade para conseguir a vitória". Sabia que era utilizado, como mero companheiro de viagem, e se prestou conscientemente ao indigno papel. No Ocidente, parte da grande imprensa - entreguista e fazendo o jogo do cómunismo - martelava contra a corrupção do governo cambodgiano e pela inutilidade de sustentar um regime apodrecido. Além disso, era preciso acabar com a guerra. As esq uerdas saudavam os guerrilheiros como heróis, destruidores da corrupção, combatentes da justiça e da igualdade. O conhecido j ornalista francês Jean Lacouture confes.sou a propósito da vitória do Khmer Rouge: "A maior parte de nds [jornalistas] depois de a haver desejado, saudava esta vitória". O "Le Monde", já em maio de 1975, um mês após a queda do Cambodge, afirmou que o dogmatismo anônimo dos khmers rouges lhes fazia correr o risco de perder o importante capital de simpatia que haviam recolhido durante cinco anos de luta corajosa. Dentro do Cambodge, o mesmo fenômeno se repetia. Havia a propaganda contínua contra o governo e a difusão de notícias alimentando a ilusão de que a situação melhoraria logo que os guerrilheiros vencessem. O missionário católico François Ponchaud. que lá viveu de 1965 a 1975, sabendo embora que os chefes rebeldes· eram comun istas, afirma: "Uma revolução que 11111itos, eu mesmo, desejavam que acontecesse. Por fim. o Cambodge iria se libertar das bugigangas da sociedade de consumo". Parte da população cambodgiana pressentia que estava próximo o fim de uma época, mas se recusava deliberadamente a se preocupar. Preferia continuar iludindo-se sobre a natureza do poder que aparecia no horizonte.

A queda: 17 de abril de 1975 Antes da rendição oficial do governo do general Lon No!, a partir das sete e meia da

ná-los. muitos deles arrancados bruta lmente de seus leitos. Nos dias seguintes, a deportação continuou. Poucos meses depois, a população da imensa metrópole estava reduzida a apenas vinte mil pessoas. Seus habitantes haviam sido distribuídos e m comunas rurais, onde viviam em cabanas toscamente construídas. Tal desterro forçado ocasionou, como é natural. centenas de milhares de mortes. As marchas sem alimentos, os esforços exigidos dos mais idosos, dos débeis e dos doentes, a falta de remédios e alimentação quase nu la, dizimaram a população. Nas estradas, o odor dos cadáveres era nauseante. Na confusão geral do êxodo, mulheres deram à luz sem assistência, falecendo pouco depois na poeira da estrada. Velhos expiravam esgotados, crianças choravam desesperadas à procura dos pais desaparecidos. Expressões de revolta, mesmo tênues, quando detectadas pelos comunistas, eram castigadas com a morte imcd iata. Os khmcrs rouges fuzilaram - ou mataram a pau, baioneta, picareta, para poupar munição - todos aqueles dos quais suspeitavam a mais leve oposição ou a mera possibilidade desta. Foram eliminados os militares, funcionários do governo e até os homens de profissão intelectual. Como o ideal imposto era a volta ao campo e à vida de lavrador, quem vivia do trabalho intelectual era tido como parasita, corrompido e era também fuzilado. Médicos, engen:1eiros, professores e estudantes perderam a vida pelo "crime" de saber mais do que o povo! Em conseqUência do fechamento dos hospitais, da pe rseguição aos médicos, da escassez dos remédios - jogados fora por serem fruto da cultura ocidental carcomida - e da alimentação muito deficiente, decorreu o inevitável: o aumento das doenças e uma mortandade espantosa. 80% dos camponeses contrairam malária. O pais foi organizado cm células de dez a quinze familias (ou seu simulacro) que tinham à sua testa um responsável nomeado

A fisionomia de Khieu SamphAn. chefe dos Khmer' rougos. monifas-to o sinistro radicalismo comunista

A longa preparação da queda

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Guerrilheiro Khmer com grande número de notas:

o dinheiro foi ebolido pelo Angkor

reações, o Angkar criou um verdadeiro exército de espiões, no qual as crianças exerciam papel de destaque, para informar sobre tudo o que viam. Pretendeu-se criar, pela força e diretamente, o comunismo integral, agrário e antiurbano. As cifras de pessoas sacrificadas ao igualitarismo, incertas pela falta de registros, vão de oitocentos mil a um milhão e quatrocentos mil, para uma população inferior a oito milhões. Como para o lidimo socialismo a pessoa não conta, mas sim a coletividade, seus líderes não vacilam em sacrificar os indivíduos, desde que suponham que, com isso, a sociedade, como um todo, lucra. Poderá o leitor perguntar por que "Catolicismo", tantos anos após a ocorrência desses tenebrosos acontecimentos, julgou oportuno voltar a abordar tal assunto. A resposta é simples. O Cambodge foi a primeira experiência histórica da marcha rumo ao estado de coisas desejado pelos comunistas adversários do 'modelo russo', ao qual acoimam de burocrático, industrializante e pouco igualitário. Favoráveis à destruição de todas as estruturas e instituições, os khmers rouges esperavam assim tornar viável a caminhada célere rumo à anarquia total. A invasão do pais pelo Vietnã do Sul (de linha soviética) interrompeu o processo, quando a nação agonizava na fome, na tirania e no caos. Tudo isso aconteceu há menos de dez anos - 1975 a 1978 - mediante espantoso massacre e um despotismo ainda insupcrado entre os já impostos a um pais pelos delirios do utopismo igualitário.

Indiferença até dos Justos

No Cambodgc, o comunismo venceu, prometendo a vida. E se estabeleceu espalhando a morte. Aqueles que preferiram cessar a resistência. esperando a compaixão, perderam a liberdade, e nem a vida conseguiram manter. Se houvessem lutado com destemor, sem desfalecimentos, talvez hoje estivessem vivos e livres.

Um dos infortúnios do simpático e martirizado povo cambodgiano fo1 ter um príncipe, antigo Chefe de Estado, amigo dos comunistas e comprometido com toda espécie de tcrcciromundísmo. O que, aliás, é característica do século XX, época das elites coniventes com seus inimigos j urados, a desencaminhar populações retice ntes. Estamos na era de Bispos, príncipes e plutocratas filocomunistas e de operários conservadores... O Príncipe Sihanouk, que gozava da simpatia popular, em virtude de sua alta condição, aliou-se com o Khmer Rouge (o Khmer vermelho; Khmer é o nome do povo que habita o Cambodge), o PC local, para derrubar o governo de Lon Nol, no poder desde 1970. As acusações, contínuas e martelantes, contra a administração cambodgiana de então, foram as habituais, usadas em todas as partes do mundo: corrupção e subserviência aos interesses norte....americanos. Os guerrilheiros não dispunham de verdadeiro apoio popular. Possuíam respaldo político e militar no estrangeiro. A derrubada das barreiras ideológicas dentro do país foi faci litada pela adesão do Príncipe Sihanouk, antigo Rei, ao movimento guerrilheiro. Em julho de 1972, ele foi inequívoco em Pequim: "Fui rei, con1 poderes praticamente ilimitados. Minha associação con1 os revoluciondrios é total". À jornalista italiana Oriana Falacci chegou a declarar: "Meus aliados

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~..~ nt ,.,..... Vftima de foguete Khmer rouge, dotante o cerco do Phnom Penh

manhã de 17 de abril de 1975, magotes de guerrilheiros silenciosos, com olhar vidrado, vestidos de negro, portando o fuzil chinês A-47, começaram a entrar, em colunas, na capital do pais, Phnom Penh, de dois milhões e meio de habitantes. A guerra terminava. O alívio transformou-se em alegria geral na saudação aos ocupantes que entravam na cidade. O povo nas ruas queria acreditar no fim das privações e dos sofrimentos. Só os homens vestidos de negro não se regozijavam. Refratários às comemorações. iam ocupando posições. Os festejos cederam lugar ao espanto. O espanto gradualmente se transformou em consternaç.ão. Da consternação nasceu a angústia. Tudo estava domi nado pelos pequenos homens de negro . À uma hora da tarde, os guerrilheiros, já donos de tudo, ordenaram a evacuação completa da cidade. Mais de dois milhões de pessoas, acostumadas à vida urba na, deveriam repentinamente mudar-se para os campos. Quem estava próximo da saída norte, abandonou a cidade por lá. Quem se encontrava nas imediações da estrada do su l. deveria seguir por ela. Não foi permitida a reu nificação de famílias que, por motivos fortuitos, estavam dispersas na ocasião. Os doentes nos hospitais foram obrigados a a bando-

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pelo sinistro An~kar, 'o órgão misterioso e anônimo que dingia o Cambodge.

Khmer Rouge: versão radical do comunismo No Cambodge a mitomania igualitária não fez senão concessões mínimas à rea lidade, no que foi além de outros países quanto à aplicação do socialismo. Os mesmos trabalhos - basicamente plantar arroz, cavar canais e construir diques - eram destinados aos homens e às mulheres. As crianças já não podiam reconhecer seu pai e sua mãe. Todos os adultos tornaram-se para elas indistintamente papai e mamãe. Também os pais não podiam conceder a seus filhos nenhum tratamento pessoal e particular. Deveriam tratar todas as crianças sem distinção, chamá-las de "camarada criança". A noção de propriedade, abolida quanto aos bens materiais, foi extinta também quanto às relações familiares. Não haveria mais meu pai, minha esposa, meu marido, meu filho. Tudo era comum, pertencente ao povo. As universidades, fontes de saber - e portanto de desigualdade - foram fechadas. As cidades, locais de influência ocidental e de vida civilizada, consideradas necessariamente corrompidas, foram esvaziadas. Para evitar

A desumanidade espantosa perpetrada por essa versão mais radical do comunismo deixou, entretanto, poucas recordações entre nossos contemporâneos. Por ocasião da queda de Phnom Penh as agências internacionais e a grande imprensa noticiaram sucintos relatos das atrocidades e do genocidio cometidos pelos sinistros e jovens guerrilheiros khmers. A reaç.ã o da opinião pública mundial, especialmente no Ocidente, foi, na época, de uma abu lia e indiferença revoltantes, diante de um dos maiores crimes praticados em toda a História. E como julgar a reação da opinião pública em nossos dias? A situação se deteriorou ainda mais. Se consultarmos um homem da rua e lhe perguntarmos algo sobre os referidos acontecimentos, ele não terá senão idéías muito vagas a respeito do assunto. Tal atitude demonstra a superficialidade de espiríto consternadora de nossos contemporâneos. E com tal superficialidade, a impossibilidade voluntária em que se encontra o homem atual de tirar proveito do mal que Deus permite para seu bem e conversão. Com efeito, tudo o que o Criador permite é para o bem dos justos, que deveriam auferir um benefício desses acontecimentos aterradores. Quando os homens justos da época em que vivemos tomaram conhecimento desse drama inédito, dispunham de todos os elementos para se impressionar a fundo. Infelizmente, contudo, eles não tiraram proveito espiritual de tais acontecimentos e rapidamente deles se esqueceram. Muitos não desejam fazer ilações entre o socialísmo cambodgiano e os estilos adotados pelo movimento comunista em outros paises. O Cambod~e teria sido um excesso da obnubilaç.ão fanática. É pelo menos temerário não fazer a ilação. A Rússia, há pouco. não permitiu a CATOLICISMO -

Dezembro de 1983


Exacerbação da esquerda causa seu isolamento ESQUERDA brasileira, apesar de in- povo. que já passa fome. O aniq,Jilamento gentes e continuados esforços, não dessa experiência é o extinguir de uma luz de tem conseguido arrastar após si as esperança. é uma derrota dos nossos ideais e multidões que pretende representar. Mesmo aspirações de autodeterminação e de indeas Comunidades Eclesiais de Base - menina pendência. A Atnérica Latina só deixará de dos olhos da "esquerda católica" - , impul- ser quintal dos Estados Unidos na medida sionadas por grande número de Prelados e,n que nos unirrnos''. E conclamou: "Companheiros! Todos brasileiros, não conseguiram incendiar nossa Pátria com a luta de classes, como era seu j untos contra a intervenção na Nicarágua", objetivo. E apesar de fomentar as agitações A seguir a Presidente da Comissão Justiça e que vão convulsionando o País, sua ação Paz leu uma carta de "uma entidade cristã da perdeu muito da força de impacto inicial. Nicarágua", pedindo apoio contra possível Essa notória debilidade tem ocasionado fra- invasão norte-americana. cassos, como o ocorrido na concentração realizada diante do Estádio· Municipal do • Pacaembu, no dia 27 de novembro p.p. A mencionada manifestação foi idealizada pelo PT - o partido político mais apoiado pelas CEBs - é a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, com apoio do PMDB, PDT, CUT-São Bernardo, ConclatPraia Grande e UNE, além de outras 60 entidades civis e sindicais. Apesar da ampla propaganda realizada vários dias antes, a concentração reuniu apenas cerca de dez mil pessoas. A expectativa era de que pelo menos 100 mil acorreriam ao local... O clima de festa junina reinante na Praça era contrastado por grande faixa, com dizeres de apoio à Nicarágua - um dos principais objetivos do evento - e inúmeras outras do PT, PCB e PC do B (os dois últimos, inexpressivos quanto ao número, rondam como insetos venenosos toda e qualquer manifestação de massa). Nos intervalos Margarida Genevois conclama oa presentes a apoiar a revoluçlo s.endinista dos números musicais, o altofalante anunciava o local onde as pessoas podiam entregar sua contribuição para a Nicarágua. Num folheto distribuído dias antes pelo PT constava: "Traga também um remédio e um brinquedo para ser doado à Nicarágua". Além de barracas de comes-e-bebes, havia as que vendiam toda espécie de literatura comunista. Até broches com a figura de Marx eram oferecidos, bem como panfletos turísticos anunciando vantajosas viagens a Cuba. 5 ••.,.••

A

Os comuniste.s forçam um êxodo maciço da populaçlo da capital cambodgeana

visita da imprensa aos canteiros de obra do gasoduto euro-soviético. Havia denúncias contínuas, feitas por dissidentes da Europa Oriental, de que essa obra gigantesca era realizada com mão-de-obra e.scrava - européia e asiática - em condições precárias e índice de mortalidade altíssimo. E o que dizer da recusa do governo russo em permitir a visita de estrangeiros a extensas ãreas de seu território? Não será para ocultar a existência miserável de populações su bJugadas? Que é o comunismo em estágio ma,s avançado, senão a cambodgização da vida - uma existência constante na miséria e sob a tirania - da qual os fatos cambodgianos representaram um ápice? A revolução russa, a chinesa e a tomada d e poder pelos marxistas em outros países não ocasionaram fatos semelhantes? O Cambodge teve apenas uma peculiaridade. Pela primeira vez, uma forma comunista extrema e mais próxima da meta anarquista, inimiga da industriali1,ação, da vida urbana e de qualquer manifestação de cultura , chegou ao poder e procurou implantar um estado de coisas consentâneo com suas idéias. Foi a "ava,11 premiere" da fisionomia nova do comunismo, aparentada com a revolução anarquista da Sorbonne, com o hippismo, o punkismo e o ecologismo sem disfarces, em seus aspectos mais profundos. Lenine aí cede o lugar a líderes do tipo Marcuse, Cohn Bendit e Khieu Samehãn. O tirano russo incarnava a fórmula "sov,ets+elctrificação", a industriali7.ação forçada e galopante. Os novos tiranos aproximam-se mais do anarquismo - objetivo último do comunismo - , com a destruição das estruturas. da cidade moderna e a redução do povo a uma vida virtualmente tribal. Lenino representa o comunismo de ontem. Khieu Samphân, o lider khmer rouge cambodgiano, caminha nas trilhas do comunismo de amanhã.

Habitantes das cidades cambodgeanas obrigados a um desumano trabalho nos c.-ampos

Meditar os fatos para evltã-los futuramente Dos acontecimentos do Cambodge, as pessoas boas deveriam tirar, pelo menos, esta conclusão: o slogan da moda - ",nelhor vermelho que morto" - é falacioso. Nem vermelho, nem morto, mas resistir com altivez e coragem. E além disso, tornar-se vermelho equivale, cm sentido mais profundo, a aderir à concepção khmer rouge e a caminhar para a morte, perdendo já em vida todos os valores que justificam a própria existência. Tal proveito parece não ter sido extraído daqueles acontecimentos, ainda tão próximos, os quais eram próprios a impressionar a fundo a humanidade, durante séculos. Co.mo, por exemplo, se transformaram cm símbolos de horror e rulna a queda de Jerusalém, assediada pelas legiões romanas em 70 DC, e o cerco de Cartago. Tais acontecimentos ficaram nas sendas da História como monumentos perenes de destruição, como lições apocalíticas destinadas a advertir e ensinar os viandantes. O homem moderno, superficial, acostumado às correrias e à televisão, não registrou cm seu espírito a queda do Cambodge. Não a vê como acontecimento pavoroso, comparável à destruição de Jerusalém ou Cartago. Mas, de fato, foi além disso, também um acontecimento precursor, o primeiro e sinistro vislumbre de um novo comunismo que se prepara na surdina. Sendo assim, é sempre salutar voltar a relembrá-lo e sobre ele refletir. Especialmente, no mome nto em que a aceitação do lema "111ellror verme/Iro que morto" nos ameaça empurrar para o precipício da cambodgização mundial. D

P. Ferreira e Melo NOTA - Obras consultadas: François Ponchaud. ".Cambodge, onnée zlro", Juliard, Paris, 1977: Jean l..acouturc, "Sutw\,e le peuple combodgien!", Scuil. Paris-. 1978; Michcl Lcgns, "'le M onde" tel qu'll est'", Plon, Paris, 1976.

Mensagem prõ revolução sandlnlsta Depois de cinco horas de "show" musical, iniciou-se finalmente o comício, com discursos de líderes sindicais e políticos. Margarida Genevois, Presidente da Comissão Justiça e Paz da A.rquidiocese de São Paulo (que mais parecia uma embaixatriz da Nicarágua junto ao povo brasileiro), após breve digressão sobre a política brasileira, entrou no tema principal de seu discurso: "E o que /em a ver a Nicarágua com tudo isso? O destino da Nicarágua afeta a todos nós, povos latino-americanos. A derrota da Nicarágua será uma derrota de todos nós. O povo nicaragüense. assim como o povo brasileiro e todos os povos latino-americanos. foi continuamente explorado durante toda sua história .... pelas oligarquias ligadas ao capital ocidental e pelo imperialisn10 americano. A Nicarágua agora está e,n perigo e grita por socorro. ''Aumenta a agressão norte-americana

aos povos da América Central e do Caribe. Granada foi um balão de ensaio. Após a intervenção em Granada, os Estados Unidos se preparam para intervir na Nicarágua. com o objetivo de pôr fim à revolução popular sandinista. A política norte-americana a1ravés do bloqueio econômico e naval, da sabotagem, da infiltração de 111ilhares de guardas somozistas treinados nos Estados Unidos. através do apoio aos contra-revolucionários sediados em Honduras co1110 base de suas operações bélicas - busca deter as mudanças sócio-econô111icas duramente conquistadas pelo povo nicaragüense. "Aos Estados Unidos interessa manter a região co1110 centro abastecedor de matérias primas e alimentos a preços irrisórios. Há também os interesses estratégicos da região. Mas o fator mais importante e decisivo é o desafio político e ideológico representado pela vontade de luta desses povos para a construção de uma sociedade independente, soberana. igualitária e fraterna". E após historiar resumidamente, com indisfarçável simpatia, a revolução sandinista, continuou: "A revolução tem apenas quatro anos. E já conseguiu - com grandes sacrif(cios - i111porta11tes progressos, sobretudo nas áreas da educação. 110 combate ao analfabetismo. em melhorias da saúde e em organizações populares.. Todo esse esforço está prejudicado e poderá ser aniquilado, pois o bloqueio econômico e isolamento dificultam enormemente as condições de vida do

CATOLICISMO -

Dezembro de 1983

Apesar da intensa propaganda. apenas cerca de 10.000 pe.. oaa comparecerem à meniferteçlo

...._.~

r.••7:e-

Ourante o comfcio. barraca coiote remédios para a Nicar6gua

Lula, apesar de proferir discurso abordando principalmente a política nacional, julgou indispensável desejar que um futuro presidente brasileiro restabelecesse "as negociações com países co,no Nicarágua, Cuba e os países socialistas". E terminou prometendo uma greve geral para o ano de 1984 a famigerada "greve geral", adiada inúmeras vezes, à qual já aludimos cm artigo intitulado "A atuação con,uno-progressista nas recentes agitações do País", publicado em "Catolicismo" de novembro/ 83.

• • • Torna-se cada vez mais claro que a conotação nitidamente esquerdista é o que mais tem contribuído para afastar o público de todas essas manifestações. Em entrevista publicada em "Catolicismo" de novembro/ 83, sob o título "Totalismo fracassado", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, assim se expressou: "Quanto mais a esquerda se radicaliza, mais eTa se ísola do bom povo brasileiro". A esquerda - e principalmente a "esquerda católica" - parece não se importar com isso, e continua tentando desesperadamente lançar o Brasil no precipício comunista.

Eduardo Queiroz da Gama 5


AIDS PODE SER MAN· DA CÓLERA DIVINA E M SEU N°. 393, de setembro de 1983, "Catolicismo" publicou uma notícia acerca da AIDS sob o título: "Nova epidemia: castigo divino?'' - Tratava-se do resumo de um artigo estampado na revista "Time", de 4-7-83, abordando a preocupação, ou talvez o pavor, que se está difundindo entre a população norte-americana a respeito daquela doença, até agora incurável. No presente artigo queremos focalizar o assunto sob outro prisma: o esforço das autoridades sanitárias norte-americanas em determinar a causa, as medidas preventivas apropriadas e o possível tratamento dessa doença. E também considerar até que ponto, na medida em que os resultados dessas investigações se mostram improfícuos, a doença pode ser encarada como um castigo para a grande maioria daqueles que por ela são atingidos.

lnformaç«ias sobra a doença O que é· a AIDS? A sigla representa as iniciais do seu nome em inglês: "Acquired ln1mune Dejiciency Syndron,e", ou seja, sindrome de deficiência imunitária adquirida. Consiste ela em uma deficiência do sistema imunitário do organismo, aquele encarregado das suas defesas naturais contra os agentes provocadores das doenças. Uma deficiência do referido sistema torna o organismo muito mais vulnerável à ação de toda espécie de micróbios, vírus, parasitas etc, responsáveis por doenças que, em condições normais, seriam facilmente debeladas;· mas que podem tornar-se graves ou até mortais devido àquela deficiência. Esse tema, que pareceria mais adequado a uma revista médica especializada, tomou, entretanto, conotações sociais e morais devido ao tipo de pessoas que constitu~m a grande maioria dos atingidos pela enfermidade. Realmente, segundo publicações do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, pelos casos notificados até agora, ela se manifesta"j>rincipalmente nos seguintes grupos: 1) Mais de 70% dos casos cm homossexuais ou bissexuais masculinos de vida promíscua; 2) 17% em viciados que utilizavam ou utilizam drogas injetadas por via venosa; 3) 8% em portadores de hemofilia; 4) 5% em pessoas procedentes do Haiti.

Missa para homossexuais ASS0C.!,~ (j:ÃO internacional "Oigni\.l'" - fundada hi 14· anos cm San Diego, ,Estados Unidos, que conta com 5.000 membros e tem como finalidade influir na mudança de posição da sociedade e da lgreja em relação à Jio,m.ossexualidade - organizou 11ma missa na catedral de Seattle, da qual participaram 1.200 pessoas e foJ concelelirada p,01 45 sacerdotes. Antes da missa, os assistentes ouviram em videotap_e uma mensagem do BiSJ)O cat.ólico de Seattle, D. Hunthausen, que não yôde assjstir pessoalmente à celebraçao por encontr ar-se em Roma. A mensagem dizia: "Cc,no não posso estar convosco em p essoa, estou certamente· convo,.sco em espírito e oraçtio. Sabeis ,_ão bem como eu que voss-a presença aqui e, p_ara al!fUnS, fonte de estranheza e confusão, mclus1ve de i,a e ressentimento. Eles consideram diflcil, se não impossfvei co111preender por- quê a lf{feja deve dedicar um apostoládo esp ecial para,pessoas de orientação ho111ossexual. Estão confusos e perplexos em virtude de declarações de dtrigentes da Igreja, tais como a dos Bispos americanos, hâ vários anos pedindo compreensão e co,npaix ão a1 comunidade cristã, e animando as,p essoas homossexuais a desempenhar um papel imp,onante nessa coniunidade''. Durante a missa, 150 pessoas,. com cartazes e ~elas, rezavam o rosílrio na 110,ta da catedral1 em sinal de protesto pela celebração (' Vida Nueva'', Madrid, n. 0 I 398·, 15-10-83) .

A

Nota - Após a leitura do artigo "AIDS" pode ser manifestaÇ,ão da cólera diyina", g,ue figura nesta página, a notjcia ac,ma - tradução de um texto· da revista progr_ess,ista espanhala "Vi.da Nueva" const1lt11 um escAndalo para todo autêl)tico católico. E fai lemb1ar a afirmação proferida por Paulo VI de _gue ''por a/gi,ma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás, no templo de Deus" ~Alocução Resistite fortes m fide, de 29 de junho de 1972). 6

Do número total de doentes, 95% são do sexo masculino. As autoridades norte-americanas consideram a AIDS como um problema de alta prioridade, se não a principal ameaça em matéria de saúde pública. Isto porque o número de casos notificados subiu de 101, em agosto de 1981, para 2.4l6em outubro de 1983. E destes 2.4 I 6, houve 40% de casos fatais. E há mais: tal ascensão não foi regular, pois enquanto o número de casos passou de IOI para 593 entre 1981 e I 982, no último ano elevou-se a 2.416, ou seja, um aumento 3 vezes maior que o registrado no ano anterior. E os casos novos estão sendo observados em uma proporção média de 40 por semana. O que faz supor que, "se a epideniia de AIDS continuar no ritmo atual, nos próximos dois anos estará co,n ,nais de 20.000 casos, já podendo ser considerada como um dos grandes mistérios n1édicos, uma das grandes tragédias do século" ("Discover", julho 1983, apud "Family Policy lnsights'1,

Loth foge com sua f amilia de Sodoma. O G6ne1i1 narra que osta cidade e Gomorra foram destrulda1

Providências contra a moléstia Em vista de tudo isso, o governo norteamericano resolveu convocar suas principais entidades sanitárias de projeção nacional para constituir uma comissão que deve coordenar todo o trabalho de pesquisa e investigação para descobrir a causa da doença, adotar as medidas profiláticas e, eventualmente, orientar seu tratamento. Para essa tarefa gigantesca, destinada a cobrir todo o território daquele pais, devem prestar sua colaboração: os Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health), os Centros para o Controle de Doenças (Centers for Disease Control), a Administração para Alimentos e Remédios (Food and Drug Administration) e a Administração para o Alcoolismo, Toxicomania e Saúde Mental (Alcohol, Drug Abuse and Mental Health Administration). Representantes dessas entidades, sob a presidência de um membro do Serviço de Saúde Pública (Public Health Service), formam um comitê executivo para dirigir o combate à AIDS em todos os campos. E para realizar esse trabalho, as verbas concedidas pelo governo têm sido cada vez maiores. No ano fiscal de 1982 elas somaram 5,5 milhões de dólares. Essa cifra já subiu para 25 milhões no ano seguinte, enquanto para 1984 deve chegar aproximadamente a 40 milhões.

O conhecido a o desconhecido na AIDS O que atualmente se conhece com alguma certeza sobre a doença é apenas fruto de observações clinicas; as complexas e sofisticadas pesquisas laboratoriais e investigações experimentais e epidemiológicas ainda não produziram resultados conclusivos. E há poucas esperanças de que os produzam cm curto prazo. A transmissão da doença parece dar-se por um dos seguintes meios: a) Contacto sexual; b) Transfusão de sangue; c) Utilização de agulhas de injeção contaminadas. O contá$io como fruto- de convivência diária rotineira , como por exemplo parentes que moram na mesma casa, colegas de trabalho dos pacientes etc, parece pouco provável. Esta opinião, porém, é contestada por alguns cientistas, os quais alegam que, como o tempo de incubação da doença parece ser muito longo, superior a um ano, muitas pessoas aparentemente sadias podem já estar infectadas (por tempo de incubação se entende o periodo que decorre entre a penetração do agente causador da doença e o aparecimento de suas primeiras manifestações). Caso a segunda opinião seja verdadeira, um número imenso de pessoas já pode ser portador da moléstia sem o saber. As mencionadas formas de contágio e seus mecanismos ainda estão no terreno das hipóteses e suposições, pois não foram demonstradas laboratorialmente, já que o agente causador da enfermidade ainda não foi descoberto. Tais conjecturas se baseiam unicamente no tipo de pessoas atingidas por ela. O fato de que viciados em drogas injetadas na veia sejam atingidos pela AIDS, leva a supor que ela seja também transmitida por meio de agulhas contaminadas. Assim também, sua presença em hemofilicos, cujo tratamento é baseado principalmente nas transfusões de sangue ou de seus derivados, faz pensar em contaminação pelo sangue injetado. O que não está bem claro, porém, é por que a grande maioria dos que contraíram a

por Deu,. através do fogo. devido ao, vfcios contra a natureza praticado, por aeua habitantes.

AIDS supostamente por meio de contacto sexual, seJa constituída apenas por homossexuais e bissexuais masculinos de vida promíscua. Isso porque, apesar dos esforços empreendidos no campo das pesquisas e investigações - e nós sabemos como os norteamericanos são competentes e bem aparelhados para tarefas dessa natureza - nenhum resultado positivo foi obtido, nem quanto à causa, nem quanto ao tratamento da doença.

Talvez o Ciltlmo aviso Sendo uma doença cujo principal meio de difusão é decorrente de uma violação da ordem moral, tornam-se ineficientes e ridlculos os meios aconselhados para impedir sua propagação, tais como: - Evitar contacto sexual com pessoas portadoras ou suspeitas de terem contraido A1DS; - Evitar a promiscuidade sexual ou contactos com pessoas promiscuas; - Impedir a doação de sangue por membros de grupós de a lto risco; - Os médicos devem prescrever transfusão só quando estritamente necessária. Ora, a AIDS sendo, ao que tudo indica, uma moléstia transmitida principalmente por uma vida sexual não só desregrada mas antinatural, a única profilaxia realmente eficaz para ela, como aliás para qualquer outra doença sexualmente transmissivel, é a abstenção de relaç_ões sexuais ilicitas. E por estas entendemos não só as realizadas fora do casamento monogâmico e indissolúvel, como também, e principalmente, as que não respeitam as condições naturais do a to , quer na vida conjugal ou fora dela, quer entre pessoas de mesmo sexo ou não. As noticias nos revelam que a AIDS não é uma doença do tipo da sifilis e congêneres, que se propagam na população em geral, sem preferência para determinados grupos. Mas ela se apresenta, quase que com exclusividade, em pessoas que praticam um pecado especialmente grave: o pecado sensual contra a natureza - cuja manifestação mais corrente é a sodomia - , classificado entre aqueles que "bradam ao Céu e clamam a Deus por vingança" (Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, Editora· Vera Cruz, São Paulo, 1976, p. 174). E a vingança de Deus pode tardar, mas não falha. Poder-se-ia a legar que tal revide divino consistiria na condenação ao inferno após a morte. Porém essa punição é um castigo comum aplicável a qualquer tipo de pecado mortal. Para aqueles que se revestem de uma malícia particular, Deus costuma e nviar castigos neste mundo, para que sua punição sirva de lição aos contemporâneos e às gerações futuras, como um exemplo marcante da manifestação da cólera divina. Entre os exemplos ,históricos de castigos para punir a homossexualidade, a destruição de Sodoma e Gomorra é talvez o mais conhecido e impressionante, embora não seja o único . Poderá Deus também servir-se de doenças para punir certos pecados? Não só pode, como já o tem feito. Ê indiscutivel que as doenças sexualmente transmissiveis não deixam de constituir um castigo para a fornicação em geral. Servirá tal punição divina - representada pela nova enfermidade, segundo nos parece - para a emenda desses pecadores que violam a natureza? Infelizmente não é o que tem acontecido com as advertências feitas por Deus aos homens nos últimos tempos. As doenças provocadas pela libertina-

gem não a restringem, nem amedrontam os que se entregam a ela. O pecado sensual contra a n·atureza adquiriu hoje tal difusão e cidadania, que os viciados nessa prática infame não se péjam e m constituir ligas e sociedades, realizar passeatas e manifestações públicas para defender seus pretensos "direitos", infelizmente tantas vezes reconhecidos por autoridades civis e até - é doloroso dizê-lo - por clérigos e autoridades religiosas. A mesma arrogância petulante manifestada pelos homossexuais a fim de impedir sua justa margi~a!ização, empregam e les agora para expnm,r uma queixa: estarem sendo tratados como leprosos. E ameaçam difundir a doença a toda a população, através da doação de sangue contaminado, caso não sejam concedidas as verbas exigidas por eles para o combate à AI DS. Eles também não modificam, diante do perigo, seu comportamento abominável. Pois, embora a lguns se tenham tornado apenas mais cuidadosos em suas práticas nefandas, uma grande proporção deles, mesmo aqueles já atingidos pela doença, continua a praticálas como se não houvesse a possibilidade de contrair ou transmitir a enfermidade. Diante de tal reação, o que esperar? Certamente não mais um aviso, pois Já os houve em abundância. Deles a Mensagem de Fátima e as diversas lacrimações recentes da Virgem Santíssima são exemplos bem significativos. O que. poderá vir agora será um castigo amplo e definitivo, em que a ira divina manifeste de maneira insofismável a reeuisa majestosa do Criador aos que tão acmtosamcnte O ofendem. O

Murillo Galliez NOTA - As informações e dados que constam deste artigo foram obtidos de boletins do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, de setembro e outubro de 1983, e do boletim "Aids: epidemie of the 8Q's", by David Becker, Washington, edição especial de outono - 1983 do "Family Policy lnsigbts".

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AfOL!CISMO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO

Diretor: Paulo Corre:a de Brito Filho J ornalista rtspons,vtl: Takao Takahashi - Regis· irado no O. R.T.-SP sob n•. 13.748 Dirttoria: Rua dos Goitacazcs, 197 - 28100 Campos . RJ Adminístraçlo: Rua Dr. Martinieo Prado. 271 0 1224 - São Paulo, SP - PABX: 221 -8755 ( R. 235) Composto e impresso na Ar1press - Papéis e Artes Gráfi cas Ltda .. Rua Garibaldi. 404 - 01135 - São Paulo. SP ··c a101idsmo.. é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/ C

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CATOLICISMO -

Dezembro de 1983


O REFLEXO DE DEUS EM TRES SANTOS BEM DIVERSOS O ROSTO - e mais precisamente os olhos - é a janela da alma. Estados de espírito, cogitações as mais variadas, a alegria e a dor, o enlevo e a repulsa se estampam, por vezes, nas faces de um homem, ou cintilam na expressão de seu olhar. Nesse sentido, ganham considerável significado as fisionomias daqueles que moldaram suas almas à semelhança do Criador. Analisando o rosto dos santos, perscrutando os olhos dessas faces veneráveis, temos a oportunidade de perceber algumas cintilações de suas almas, as quais refletem, de algum mo-

do, o próprio Deus. É pois com espírito de contemplação que analisaremos tais fisionomias mais particularmente. E procuraremos peregrinar dentro dos olhos e examinar alguns aspectos da figura de tr~ santos recentes: São João Bosco, o sa.nto fundador de uma Congregação religiosa e formador da juventude; Santa Teresinha, a religiosa contemplativa, modelo de amor de Deus e do espírito de holocausto; e São Pio X, grande Pontífice, exemplo de energia hercúlea aliada a um misto admirável de autêntico espírito de misericórdia e afabilidade. Santa Teretinhe

BUNDANTES reflexões nos ocorrem também ao espírito quando analisamos a fotogra.fia de Santa Teresinba do Menino Jesus. Fisionomia extremamente plácida, que não é sulcada por nenhuma contração, não apresentando, porém, nada de abonecado. É a fisionomia de uma pessoa solitária, que não tem o hábito de ser agradada. Neste rosto tão sereno encontramos dois olhos que revelam uma grande vitalidade. São olhos insondáveis, de uma luminosidade espiritual que impressiona. Penetrando nesses olhos, temos a impressão de entrarmos num vitral. A pureza é completa. Dentro deles crepita a chama de uma alma que pensa, cogita,

A

quer e deseja, e contempla de longe, na impassibilidade grandiosa da vida carmelita, os passos do Divino Esposo, Nosso Senhor Jesus Cristo, que caminha em direção a ela, pois sua morte está próxima. Nota-se que a carmelita de Lisieux oculta a dor, esconde o fogo de sua alma, que no entanto se faz sentir de qualquer maneira. Os lábios apresentam, a seu modo, idêntica característica. Lábios finos, retos, um pouco voltados para dentro, o que indica um senso de análise e de crítica muito exato, mas também uma grande reserva. Estáticos, silenciam aquilo que os olhos interiormente vêem e comentam.

Slo Joio Booeo

IS EM NOSSO primeiro clichê a fotografia de São João Bosco, a nos convidar a tal peregrinação. Pela aparência vê-se que é um sacerdote. A batina o indica bem, e o ar dele é sacerdotal. Mas nota-se também que é um homem do povo. Ninguém imaginaria que esse homem nasceu nas altas camadas sociais. Ele era um camponês que se fez sacerdote. Entretanto, há qualquer coisa nele que denota uma verdadeira majestade. No semblante nota-se uma atitude resoluta de quem triunfou e está vencendo toda espécie de obstáculos. E o triunfo dele consiste sobretudo em que não pensa em si mesmo, mas sim em Nossa Senhora Auxiliadora, sua grande protetora, que o ajudava a alcançar tais vitórias. O porte do pescoço e a posição da cabeça denotam uma segurança de quem confia nessa proteção vitoriosa. Ele parece exclamar: "Nossa Senhora, através de seu servo, venceu. Como é grande nossa Mãe!" No dia da morte do santo foi tirada a foto apresentada à direita. O corpo foi paramentado e colocado numa cadeira. A serenidade da fisionomia e o traçado retilíneo dos lábios - que indica decisão e energia - comprovam como foi definitiva tal Yitória ou a perenidade do triunfo.

E

CATOLICISMO -

Dezembro de 1983

Slo Pio X

E SÃO PIO X, o que podemos dizer? Vê-se que é um homem corpulento. Sua estatura é ainda ampliada pela belíssima capa que usa, a qual realça a nobreza do gesto com que ele abençoa o povo reverente, genuflexo e entusiasmado da Basílica de São Pedro. A fisionomia é de quem está compenetrado da grandeza de seu papel. Ele é o Vigário de Cristo, o sucessor de São Pedro, o elo entre o Céu e a terra. Aquele que representa Deus entre os homens, mas que na hora da prece é o representante dos homens junto a Deus. Sua fisionomia denota decisão. O olhar - firme - vê com clareza e exprime grande deliberação, de uma pessoa que define be.m para onde quer cami-

D

nhar. O porte ereto manifesta resolução, e o modo largo de abençoar revela a segurança de que suas palavras e seus gestos cobrem o mundo inteiro. Entretanto, essa grandeza comporta uma dose de bondade, um qualquer traço de misericórdia por onde se compreende que, colocado diante da fraqueza, ele sentase, ouve com afabilidade, e tem uma palavra de consolo, de afago, de ajuda para dizer. É todo um composto de energia sobrenatural e hercúlea, de um lado, e do outro, afabilidade, por assim dizer, materna. Esse era o Papa que atravessava a Basílica de São Pedro aclamado com transportes de entusiasmo, porque o povo sabia ser ele um santo. 7


,r7.,~,A!OJLICXSMO - - -- -- --

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EM ROMA, TESOURO DA GRUTA DE BELÉM

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BOM TEMPO que caracteriza as semanas de outubro - as "011obrate" - oferece ocasião única a quem deseja peregrinar. pela capital da Cristandade. O céu azur da manhã contrasta com a pátina áurea que banha a vegetação, monumentos e edifícios. Mas o dia é curto, e já pelas 16 horas o sol tem pressa em deitar seus últimos fogos de artificio. Tudo se doura, com exceção dos velhos pinheiros romanos, altaneiros, sempre verdes, em cujas copas filtram graciosamente os raios crepusculares. Completam o quadro milhares de Qássaros em migração, fugindo rumo à Africa para evitar os rigores do inverno que se aproxima. Por um capricho da natureza, parece que eles convencionam esse encontro vespertino sobre Roma. Nas tardes de outubro, eles constituem um cenário feérico, executando, aos milhares, movimentos acrobáticos que parecem simbolizar o auge da felicidade de situação. Nestas horas, o homem tem vontade de ser pássaro ... Foi numa tarde dessas que, pela primeira vez, caminhei até o monte Esquilino, uma das sete colinas de Roma, em busca de um tesouro. Convido o leitor a acompanharme nessa peregrinação.

O

santa Maria Maior, Igreja "toda de ouro" Concretamente, vamos visitar a Basílica de Santa Maria Maior, uma das quatro grandes Basílicas de Roma, além de São Pedro, São João de Latrão e São Paulo Fora dos Muros. Como se vê pelo nome, ela é dedicada à Mãe de Deus. Dentre as centenas de igrejas dedicadas a Nossa Senhora, esta é a que se reveste de maior esplendor e beleza. Sua torre é a mais alta dentre todas as existentes na Urbe. De acordo com uma pia tradição, foi a própria Virgem Santíssima quem inspirou a construção de sua magnífica morada. Aparecendo em sonho a um nobre romano de nome Giovanni e ao Papa Libério (353-356), prescreveu-lhes que construissem uma igreja em Sua honra sobre a colina onde encontrassem neve na manhã seguinte. Era a noite de 4 para 5 de agosto de 356, quando o calor dos piores da Europa - sufocava Roma. Cheio de surpresa, Giovanni apresentou-se ao Papa, que ficou maravilhado porque também ele em seu sonho tivera a mesma

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Fachada da Basílica do Santa Maria Maior

Dentro em breve, iremos comemorar a data magna da Cristandade, o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. E exatamente aqui há algo de precioso relacionado com Sua Natividade. A História narra que no dia seguinte ao da solene definição da maternidade divina de Maria, no Concilio de Éfeso (431), Sisto III quis realizar na presença do povo um ato solene para tornar mais evidente a homenagem à divina maternidade de Nossa Senhora. Foi então instalada na cripta da Basílica uma capela contendo relíquias da Gruta de Belém. A partir dessa época, recebeu o apelativo de Santa Maria do Presépio, ou ainda, a Belém de Roma. A cripta situa-se em lugar de honra na Basílica, sob o altar-mór coberto pelo baldaquino sustentado por quatro colunas, à semelhança daquelas de Bernini, na igreja de São Pedro. Uma escada toda de mármore leva-nos a ela. Também as paredes da capela

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Nave contrai da Basflica de Santa Maria Maior

visão. Saíram os dois à procura da neve e a encontraram abundante sobre o Esquilino. O Pontífice designou o traçado da Basllica e Giovanni concorreu com o financiamento. Advirto ao leitor que a igreja, tal qual a vemos hoje, data de uns 80 anos depois da época em que foi traçada pelo Papa Libério. Ou seja, foi construída sob Sisto Ili, entre os anos 432 e 440. Não é de ontem ... As reformas, "inclusive a construção do atual teto, ocorreram sob o pontifiçado de dois Papas espanhóis, Calisto Ili (1456-1458) e Alexandre VI (1492-1503). Consta que o primeiro carregamento de ouro proveniente da América foi doado à Basilica pelos reis católicos Fernando e Isabel de Castela. Somado ao esplendor dos mosaicos, o teto revestido de ouro faz jus ao comentário popular: "Santa Maria Maggiore e 111110 d"oro!"'

A Belêm de Roma O leitor poderia perguntar-me por que o trouxe aqui e não a outro lugar igualmente rico cm bele,.a e história. Respondo-lhe.

Estranha letargia moral...

Baldaquino do altar-mor. Na cripta, abaixo deste, encontram-se as relíquias do Presépio.

são revestidas por esta maravilha que são os mármores italianos. Apresentam eles, ao mesmo tempo, a unidade da pedra e a variedade das cores. Não é fácil ao artista agrupálos guardando certa simetria. Mas desta exigência conseguiu desincumbir-se o gênio italiano, deixando ali um reflexo de sua alma ri<:3 e criat!va. Ademais, a irregularidade dos veios mulucolores dessas pedras coaduna-se com a pouca afeição dos peninsulares aos rigorismos geométricos. Sobre o pequeno altar encontra-se o rico e artístico cscrínio que conserva três tábuas da manjedoura onde repousou pela primeira vez o corpo do Menino Deus, há quase dois mil anos, na Gruta de Belém. Ajoelhemos. Rezemos.

Homenagens às rellqulas da manjedoura Em oração, ali junto âs relíquias do Presépio, nas inúmeras vezes que lá estive, assisti a belas e alentadoras cenas. Presenciei grupos de africanos com seus trajes típicos

Urna que contém venoranda.s tábuas do Presépio de Nosso Senhor

prestando honras à memória do nascimento do Divino Redentor. Vi alguns grupos de poloneses que visitaram também a cripta. Rezaram e entoaram canções natalinas, certamente típicas, que aos meus ouvidos soaram um tanto langorosas, parecendo refletir o estado psicológico de um povo sofrido. Ouvi as mais variadas línguas, muitas das quais me eram desconhecidas. Estava ali rezando, por ocasião de uma dessas visitas, quando percebi que descia pelas escadas um grupo razoavelmente grande, de aproximadamente 50 pessoas. Pelas suas primeiras palavras, identifiquei-os Jogo como alemães. Após detalhada explicação de um guia, de repente um dos presentes entoou o "'Stille Nacht" (cuja versão brasileira é o "Noite Feliz"), a canção de Natal por excelência. A voz era melodiosa. Fiquei reconfortadíssimo ao lembrar-me dos Natais de minha infância. Aquela cena trouxe-me saudades de um mundo maravilhoso que procurava, mas que teimava em fugir de mmha memória. Mas, pelo menos durante aquele instante, revivi enlevado, como num sonho, um saudoso passado! E alimentei esperanças para o futuro.

santos que marcaram o venerAvel lúgar Nesta cripta, em outras épocas, ocorreram fatos memoráveis e extraordinários. Diante dessa relíquia pregaram São Leão I e São Gregório Magno. Ali os Pont ífices Romanos celebravam as Missas de Páscoa, da Assunção de Nossa Senhora e de Natal. Ali São Martinho I foi salvo da arma homicida de um facínora. E o grande Papa São Gregório VII sofreu agressão de um intrigante chamado Cencio, enquanto oficiava sua segunda Missa de Natal, sendo logo liberado pela intervenção dos fiéis. Oficiou então, Junto às relíquias do Presépio, a terceira Missa do Natal. Ali também, ao lado das preciosas tábuas da manjedoura do Redentor, rezou sua primeira Missa Santo Inácio de Loiola. Não haveria espaço suficiente, leitor, para descrever as mil maravilhas que aqui se passaram. Se um dia vier a Roma, não deixe de admirar o insigne tesouro guardado em tão belo escrínio. Ele merece tal veneração porque, sobre aquelas tábuas, emitiu os primeiros vagidos, sob os olhares enternecidos e extasiados de Maria Santíssima e de São José, o Filho de Deus feito homem.

Paulo Henrique Chaves

A SE COMEÇA a fazer campanha

para a implantação do aborto em nosso País. Depois do divórcio, tinha-se que chegar lá, pois não há nada que contente a sensualidade desbragada do homem, sua revolta contra a temperança. Bem sei que muitos vão exclamar que a necessidade de legalizar a prática do aborto não se deve a cssefrenesi de concupiscência que aponto, mas a problemas sociais complexos, à miséria ... E o eterno estratagema de deslocar as questões de suas causas verdadeiras e reais, para outras aparentes. A miséria material nunca conduz ao crime, a menos que seja acompanhada da miséria moral. Portanto, em última análise, é a falta de senso moral que se encontra na raiz da criminalidade. Estranhamente, combate-se muito a miséria material, mas pouco se fala contra a miséria moral. E grande parte do Clero, que vive a pregar e a bradar contra a pobreza, quase não se opõe ao mar de lama com que a sensualidade vai submergindo um País cm que os Mandamentos da Lei de Deus são cada vez mais desprezados e aviltados. Sem deter a imoralidade reinante, como combater eficazmente o divórcio? E uma vez aceito pacificamente o divórcio, como impedir o aborto? É de se recear que o Clero tome uma posição de negligência diante da legalização do aborto no Brasil, como assumiu, analogamente, posição muito frouxa em face da implantação do divórcio em nossa Pátria, no ano de 1977. Tal atitude foi descrita, de modo preciso e insofismável, pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em artigo publicado na "Folha de São Paulo", de 25-6-77, sob o título "Foguetório e não bombordo" - .,Em lugar de substanciosas e retumbantes pastorais doutrinárias [os 104 Bispos que fa. laram sobre o divórcio) deixaram cair sobre o público o chuvisco ralo e desconexo de meras entrevistas de imprensa ou breves con,unicados. repetindo com uma desconcertante pobreza de argumentos que eram contra o divórcio. Mera chuvisco, extenso na verdade, mas desconexo. Ou, a empregar 011tra metáfora. simples foguetório antidivorcista, em lugar da fronde bombordo doutrinária da Pastora coletiva que faro necessário detonar".

Não falta mesmo quem afirme que, em nosso País, o Clero, presumivelmente, se comportará perante o aborto com aquela desconcertante debilidade manifestada pela Hierarquia católica na Espanha, onde recentemente foi aprovada pela Câmara de Deputados das Cortes espanholas a despenalização da prática do aborto - o qual viola frontalmente a Lei de Deus e a Lei natural. Fala-se muito hoje sobre a violência, a tremenda onda de banditismo que assola nossas grandes cidades. Fica-se chocado quando é assassinado um adulto, ou quando se mata uma criança por causa de assalto. E, de fato, há razão mais do que suficiente para essa inconformidade. Por que não haverá a mesma repulsa contra a idéia da morte de uma criança, desejada pela própria mãe? Só porque ela amda não nasceu? Então, quando a vítima é totalmente indefesa, como o nascituro, não cabe a piedade e o horror em relação a seu assassinato? É preciso não nos deixarmos levar por essa estranha letargia moral que tende a nos tornar insensíveis aos atentados contínuos à Lei de Deus e à Lei natural, que se praticam às escâncaras, aos nossos olhos. Cabe a nós católicos mobilizar-nos, desde já, sobretudo internamente, sentindo bem a hcdiondez moral que reoresenta a morte legalizada dos inocentês, para impedir que o aborto seja aprovado em nossa Pátria. O

João de Castro NOTA - ··catolicismo··. nestes últimos anos. 1cm publicado véria.s colaborações atacando a contraoepção e o aborto, cspeciallTlcntc quanto ao seu cará-

ter anlicatólico e antinatural e às conscqUtncias ca.. 1astróficas de sua introdução no Brasil. E cal assunto

foi abordado de modo particularmente penetrante, por Murillo Galliei no artigo "Abc ,10 ~ c-ontractp-

ção: nova amtaça às /omllio.s bra.siltiras" ("'Catolicismo", n•. 389. maio de 1983).


N.• 361 -

Janeiro de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

INTERROGAÇOES SOBRE O MODELO POLONES OS GRANDES MEIOS de comunicação so- mento de um novo modelo - intermediário entre cial do Ocidente vêm dando ao Uder sindical po- o comunismo soviético e a democracia liberal? lonês Walesa uma publicidade que o tomou mun- que suporia a composição entre os principais dialmente conhecido em apenas alguns meses. elementos em jogo: Igreja, governo ·polonês, sinOstensivamente ligado à Igreja, Walesa, e a dicatos livres do tipo de "Solidariedade" e Rúaaia. central sindical que lidera - "Solidariedade"-, Que caracterlsticaa apresentaria o novo moenfrentam o governo de Varsóvia. Mas não delo quanto à propriedade particular, por exemplo? desejam a derrocada do regime comunista em Na análise que publicamos à página 3, o seu pais. Pelo contrário, procuram compor-se com ele, tentando impor a voz da moderação aos leitor encontrará dados para melhor avaliar as setores mais descontentes do operariado e a interrogações que a situação polaca suscita. movimentos antimarxistas. Na foto, operários das usinas de carvão da A projeção conferida pela grande imprensa Silésia em greve recente, devido às péssimas ocidental à crise polonesa parece indicar o lança- condições de vida impostas pelo regime comunista.

São Francisco de Sales Patrono da boa imprensa

Anomalias recentes da vida familiar A SUêCIA, durante muito tempo considerada o "paraíso" do socialismo e da liberdade cm matéria de costumes, vive agora uma nova experiência: filhos se divorciam dos próprios pais. O caso mais comum passa-se da maneira seguinte: dois jove.os se casam, têm um ou dois filhos, e logo um dos cônjuges não encontra mais no outro os atrativos que os uniam. Depois de algumas brigas, o marido, por exemplo, abandona o lar e junta-se a uma concubina. E os filhos assistem a esse triste espetáculo. Como resultado, os primeiros casos de filhos que desejam abandonar o lar materno ou paterno já se encontram nos tribunais suecos. As decisões judiciais têm favorecido os filhos menores, que vão assim viver com outras famílias. Isso vem fornecendo pretexto à maior tutela e intromissão estatal no âmbito da familia, assunto agora cm discussão entre membros do parlamento sueco. Enquanto isso, na França, çomeça a surgir um tipo de papai sui generis: enquanto a mulher vai ao trabalho, ao cinema, ou cm casos de desquite e divórcio, o marido fica cuidando das crianças como fa. ria a dona-de-<:asa. Na página 6 o leitor encontrará um comentário sobre essa nova moda, que a imprensa está rotulando de "pais-galinhas". Nas fotos, flagrantes de um upaigalinha" francês.

A 24 DE JANEIRO celebra-se a festa de São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, apóstolo da Contra-Reforma, padroeiro dos escritores e jornalistas católicos. De nobre familia, nasceu na Sabóia a 21 de agosto de 1567, tendo estudado em Paris e depois Pádua. Ordenado Sacerdote a 18 de outubro de 1593, foi eleito Bispo de Genebra a 8 de dezembro de 1602. Oito anos depois fundou com Santa Joana de Chantal a Ordem da Visitação de Santa Maria. Faleceu em Lyon a 28 de janeiro de 1622. Em sua juventude, torturado por uma terrlvel tentação de desespero, prosternou-se aos pés de uma imagem da Virgem Santíssima, por cujo intermédio fez a seguinte oração: "Meu Deus, se devo sofrer a desgraça de Vos odiar eternamente.fazei ao menos que sobre a terra Vos ame de rodo o coração". Ao terminar esse ato de amor, a terna intercessão da Medianeira de todas as graças lhe devolveu inteiramente a paz de alma. De trato afável e ameno, diametralmente oposto à rigidez ácida dos calvinistas, São Francisco de Sales desempenhou relevante papel na Contra-Reforma. Sua luta intrépida contra a principal heresia da época, o protestantismo, reconduziu à Fé católica 72 mil hereges. Não obstante, foi obrigado a exercer seu múnus episcopal com sede na cidade francesa de Annecy, a tal ponto sua diocese de Genebra, cm território suiço, tomara-se foco do calvinismo. Seus escritos, em estilo sereno e agradável, revelam ao mesmo tempo seu zelo ardoroso. A "Introdução à Vida Devota" e o "Tratado do Amor de Deus" visavam o afervoramento dos fiéis para se oporem eficazmente às investidas do orgulho e da sensualidade que o neopaganismo renascentista e o protestantismo suscitavam então na Europa. As "Controvérsias" revelam o vigoroso polemista católico. Essas preciosas obras que legou aos tesouros doutrinários da Igreja expbcam a razão de ter sido escolhido como patrono dos escritores e jornalistas católicos. E, portanto, padroeiro de "Catolicismo", que, por ocasião de sua festa, a qual se comemora no corrente mês, aproveita o ensejo para prestar sua homenagem ao insigne Doutor da Igreja. O Papa Pio XI, dirigindo-se a todos aqueles que, pela publicação de jornais ou de outros escritos, explicam, propagam e defendem a doutrina católica, teceu as seguintes considerações, muito oportunas para ilustrar o tema: ''O exemplo do Santo Doutor (São Francisco de Sales] lhes traça claramente a linha de conduta: esrudàr com o maior cuidado a doutrina cat6lica, possui-la na medida de suas forças, evitar quer a alteração da verdade, quer a sua atenuação ou dissimulação com pretexto de não magoar·os adversdrios; atender à pureza e eleglincia de estilo. revestindo e adornando as idéias com uma linguagem brilhante que torne a verdade atraente ao leitor; impondo-se o combate, refutar os erros e opor-se à maUcia dos obreiros do mal, mostrando sempre estar-se animado de intenções retas e impulsionado acima de tudo por um nobre sentimento de caridade" (Encíclica "Rerum Omnium", de 26 de janeiro de 1923).


Vítima expiatória da Justiça Divina:

Santa Lydwina de Schiedam

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SOFRIMENTO, quando visto com olhos sobrenaturais, é tão sublime, que tem algo como que de sacramental. Com efeito, os santos comumente o chamam de 8. 0 Sacramento. Poderia ser diferente se o próprio Filho de Deus o escolheu amorosamente para Si, constituindo-o seu maior galardão aqui na terra? A vocação para o sofrimento é, por isso, uma das mais elevadas que há na Igreja. É bem verdade que se pode dizer que· ela se confunde com a vocação para a santidade, pois sem o sofrimento não se chega à prática heróica de todas as virtudes. No entanto, pode-se afirmar que, na senda da santidade, a vocação específica para o sofrimento é um requinte dentro do requinte. Um plus ultra dentro do plus ultra. É também por essa razão que, cm todas as épocas da vida da Igreja, a Providência suscita almas que, pela aceitação de um extremo de sofrimentos, sirvam de contrapeso na balança da Justiça Divina, suprindo o que falte no prato do Bem, para que a carga dos pecados do mundo não obrigue a Cólera Sacrossanta de Deus a abater-se sobre a terra. Uma dessas vítimas expiatórias foi Santa Lydwina de Schiedam, cuja vida foi escrita no começo de nosso século por J. K. Huysmans. Esse conhecido escritor francês, convertido no final do século passado dos mais profundos antros da antiIgreja - como ele próprio o narra em seu livro 'ºLà-Bas" - descreveu a vida dessa santa, apoiando-se em biografias escritas, pouco depois de sua morte, por três religiosos que a conheceram muito de perto e acompanharam a impressionante ascensão de sua vida espiritual.

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Contexto hlst6rlco O período que decorreu entre o fim da Idade Média até o precipitar-se da Europa "nessa cloaca de· senterrada do paganismo, que foi a Renascença" (Huysmans, op. eit., p. 51), consistiu numa das eras mais conturbadas da História. Assim descreveu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua admirável obra "Revolução e ContraRevolução", as profundas metamorfoses que se operaram então na Europa: "O apetite dos prazeres rerrenos se vai rransformando em ânsia. ( ... ) O anelo crescente por uma vida cheia de deleires da fanrasia e dos senridos vai produzindo progressivas 111anifestações de sensualidade e ,noleza. Há uni paularino deperecimenro da seriedade e da ausreridade dos a111igos te,npos. ( ...) Os corações se desprendem gradualme111e do amor ao saeriflcio .. da verdadeira

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Sem as mencionadas fontes bastante fidedignas - , dado o teor tão extraordinário da existência de Santa Lydwina, dificilmente se conceberia a série de catástrofes físicas, de intervenções sobrenaturais e prcternaturais que semearam a vida dessa ,virgem flamenga. Pareceu-nos oportuno focalizar aqui alguns aspectos da vida dessa alma expiatória, infelizmente pouco conhecida até mesmo nos ambientes católicos. É, pois, baseado em "Sainte Lydwine de Schiedam" (Librairie Plon, Lon-Nourrit et Cie., lrnprin1eurs-Éditeurs, Paris, 1901) do referido autor, e na "Histoire Universelle de /'Église Catholique", do Abbé Rohrbacher ( Ga11111e Freres, Libraires, Paris, 1845, tomo XXI), que apresentaremos tais traços dessa vida extraordinária.

Vitima reparadora

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.Nesta foto, um aspecto da bela cerimônia de ordenação sacerdotal ministrada por D. Antonio de Castro Mayer, em 8 de dezembro p.p., na Catedral Basllica Menor do Santíssimo Salvador, e m Campos. Ajoelhados, os novos Sacerdotes da Diocese: da direita para a esquerda, Pe . J osé Ronaldo Menezes, Pe. José Onofre Martins de Abreu e Pe. Alfredo Gualandi. 2

devoção à Cruz, e das aspirações de sanridade e vida ererna. A Cavalaria, outrora uma das mais altas expressões da ausreridade crisrã, se rorna amorosa e senlimenral. a lirerarura de amor invade rodos os países. os excessos do luxo e a conseqüe111e avidez de lucros se esrende111 por rodas as classes sociais"' (Op. cit., "Carolicismo" n.• 100 - Suplemento - 1959; Parte I, cap. l ll, 5, p. 19). As conseqüências religiosas e políticas desse estado de coisas foram catástroficas. Três Pontífices, em determinado momento, eleitos cada qual por um grupo de Cardeais, lançavam-se reciprocamente excomunhões e anátemas, dilacerando a unidade do Corpo Místico de Cristo, sendo apoiados por reis e senhores, na medida em que serviam aos interesses de cada um. Entrementes, pretendentes a uma mesma coroa, se entredigladiavam, recorrendo a todos os meios - inclusive aos assassinatos mais monstruosos e às alianças mais desonrantes - para atingir seus objetivos. E, à semelhança dos líderes espirituais e civis, os subordinados lutavam entre si cm sangrentas guerras fratricidas. Para. contrapor-se a tal situação apocalíptica, a Providência suscitou vários santos, entre os quais São Vicente Ferrer, Santa Catarina de Siena, Santa Brígida. E, como que pregada, durante 38 anos em seu leito de dor, Santa Lydwina de Schiedam. Schiedam é uma simpãtica cidadezinha da Holanda, próxima ao local onde o Rio Mosa se espraia no Mar do Norte. Foi ela escolhida, no Domingo de Ramos de 1380, para ser o berço de um dos mais gloriosos florões da hagiografia católica, Santa Lydwina. Filha de um guarda noturno da cidade, pouco se sabe de sua infância, senão que era muito piedosa e caritativa, e que, ao atingir seus 15 anos, muito formosa. Não é de admirar, pois, que seu pai a quisesse desposar com algum pretendente abastado, o que poderia ser de auxílio ao guarda noturno, cuja única riqueza consistia na sua imensa prole. Lydwina, porém, já consagra ra a Deus sua virgindade. Percebendo que sua aparência seria um contínuo obstáculo aos seus desejos, recorreu ao seu Celeste Esposo suplicando-Lhe arrebatasse a beleza fisica, para afastar os pretendentes. Suas preces foram ouvidas muito além do que ela pedira. Em breve contraiu moléstia que a tornou cadavérica, olhos fundos, pele macilenta e esverdeada. Começava assim para Lydwina o sublime martírio que duraria até o fim de sua vida.

Quando satanás alegou junto a Deus que Job, apesar de ter perdido todos os seus bens, permanecia "íntegro. reio. 1en1e111e a Deus e afasrado do ,na/" (Job, 2, 3) somente porque sua pele não fora atingida, respondeu-lhe o Criador: "Pois bem, ele está em reu poder, poupa-lhe so111en1e a vida" (ld., 2, 6). E a fúria do inferno recomeçou a abater-se sobre Job, desta vez ferindo-lhe o próprio corpo. Semelhante fói o que passou a ser a vida de Lyd wina, se bem que, em vez do demônio, foi a cólera do próprio Deus que se abateu sobre ela, com seu consentimento, para que expiasse pelo acabrunhante peso dos pecados de seu tempo. Não é possível narrar, nos limites de um artigo, todos os tormentos físicos, morais e espirituais de Santa Lydwina. Para se ter ·uma idéia, foi ela atingida por todas as meléstias conhecidas então, com exceção da lepra, considerada infamante por privar os que dela se contagiassem do convívio humano. E Lydwina deveria ser apóstola em seu leito de dor. Com o corpo roído por vermes, transformado numa imensa pústula - que, atestando sua origem sobre-

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Nosso Se.NHOR NA Cnuz - afresco de Fra Angelico ls4culo XV), Co nvento de Slo Marcoa. Florença (Itália). - Santa Lydwina de Schiedam meditava continuamente os mistérios da Redençlo. como a morte do Salvador, procurando faze r-lhe companhia em aeus sofrimentos.

natural, emanava suave perfume padeceu ela durante 38 anos. Nos primeiros quatro anos de suas doenças, Lydwina gemeu sob o peso dos sofrimentos, sem consolações e sem compreender sua razão. Desejava fugir deles, e perguntava a Deus por que a tratava tão duramente. Um Sacerdote veio então em seu auxílio, ensinando-a a oferecer seus sofrimentos em reparação pelos pecados do mundo. Nesse sentido, deveria ela meditar continuamente os mistérios de nossa Redenção, fazendo companhia a Nosso Senhor. A partir de então, uma vida nova abriu-se para ela. Compreendeu que sua missão era a de ser vítima expiatória, e que deveria reparar a J ustiça Divina pelas graves e imensas ofensas contra Ela cometidas. Mais tarde, o próprio Nosso Senhor far-lhe-ia compreender melhor sua missão, apresentando-lhe a situação da Europa naquele momento. "A Europa lhe aparecia (a Santa Lydwina] con vulsionada - escreve Huysmans - sobre o leiro de seu solo. procurando recolher sobre si, co111 111ãos rrêmulas. a coberrura de seus 111ares. para esconder seu corpo que se deco111pu11ha e que não era n1ais que u,n niagna de carnes, u,n limo de humores, uma lama de sangue; porque era uma podridão infernal que lhe rebenrava pelos flancos. Era uni frenesi de sacrilégios e de crimes que a fazia urrar como um ani111a/ que se ;·acrifica. Era a vermina de seus vícios que a despedaçava. Eram os cancros da si111011ia, os cânceres da luxúria que a devoravam viva. E. rerrificada, Lydwina olhava sua cabeça, ornada com riara. que oscilava, rejeirada ora para o lado de Avignon. ora para o de Roma. "Vê", disse-lhe Crisro. E, sobre um fundo de i11cêndios, percebeu ela, debaixo da condura de loucos coroados. a ,narilha sofra dos povos. Ele.r .re massacravam e se pilhavam sem piedade. Mais ao longe, ern regiões que pareciam pac{ficas, ela considerav.a os clausrros rransrornados pelas inrrigas de monges infiéis. o clero que rraftcava com a Carne de Crisro, que vendia e111 leilão as graças do Espfriro Sanro. Ela surpreendeu as heresias. os sabbats nas floresras. as 111iss0J· negras" (Op. cit., pp. 272-273). Em contrapartida, para que Lydwina compreendesse não estar só, mostrou o Redentor uma falange de santos que por toda parte se sacrificava, pregava e reformava, procurando restaurar a integridade do Corpo Místico de Cristo e a Cristandade, como São Bernardino de Siena, São Lourenço Justiniano, São Nicolau de Aue, Santa Joana D'Arc, São João de Capistrano e tantos outros. Os sofrimentos passaram a ser para ela uma necessidade. O que importavam seus males, se com eles reparava a Deus e evitava que um número maior de pessoas se precipitasse no inferno?

A par dos crescentes sofrimen-

tos, começou ela a gozar graças místicas tão assinaladas, que exclamava: "As consolações que sinro são proporcionais às provações que suporro, e eu as acho rão requinradas. que não as rrocaria por rodos os prazeres da terra". Algumas dessas graças consistiram na marca dos sagrados estigmas de Nosso Senhor em sua carne, e cm padecer com Ele os tormentos da Paixão. As visitas celestes se lhe tornaram fami liares, bem como a visão contínua de seu Anjo da Guarda, que não só a levava cm espírito aos lugares da terra santificados pela presença de nosso Divino Salvador, ou em que se passassem fatos marcantes para a vida da Igreja, nías também ao Purgatório e mesmo ao inferno. Levada igualmente ao Paraíso, foi muitas vezes obsequiada pela Santíssima Virgem, convivendo com Anjos e Santos. Embora todo seu corpo, com exceção da cabeça e do braço esquerdo, eslivessc paralisado, movia ela, não só pelo sofrimento, mas também por palavras, parte da História de seu tempo. Seu humilde quarto, onde jazia imóvel sobre um leito de palhas, recebeu a visita de inúmeras autoridades civis e eclesiásticas, de religiosos e de seculares de todas as camadas sociais. Sua casa tornou-se não só um local de peregrinação, mas um verdadeiro hospital para as almas. Deus a favoreceu com o dom de milagres e com o espírito profético.

O último milagre Santa Lydwina faleceu em 1432, aos 53 anos de idade. Antes de começar sua agonia, apareceu-lhe Nosso Senhor Jesus Cristo acompanhado da Santíssima Virgem, dos doze Apóstolos e de uma multidão de Anjos e Santos. Servido pelos Anjos, o Divino Salvador tomou os santos óleos e m.inistrou-lhe a Extrema Unção. Depois, tomando uma vela que um Anjo Lhe apresentou, colocou-a nas mãos de Lydwina, apresentando-lhe também o crucifixo, que ela osculou amorosamente, suplicando ao Salvador que lhe permitisse, até o momento em que sua alma se desligasse do corpo, sofrer tudo o que fosse necessário para que ela, então, pudesse ir contemplá-Lo face a face no Céu. Essa graça lhe foi concedida. Dois dias depois expirou, assistida apenas por seu sobrinho de doze anos. Catarina Simon, sua fiel enfermeira, viu sua alma ser recebida por Nosso Senhor no Paraíso Celeste. Enquanto isso, na terra, seu corpo consumido pelas moléstias e pelos sofrimentos, readquiria, no momento da morte, o frescor e a beleza que Lydwina possuira aos 15 anos de idade.

Plinio Solimeo

CATOLICISMO -

Janeiro de 1981


polonês", acolhido com visível "torcida" pelos movimentos de esquerda "católica" do' Ocidente. De repente, movimentos atualmente com reservas à orientação imprimida por "Solidariedade", como por exemplo "KOR", sofreram duras criticas do Episcopado e do governo. O fato deu origem a uma união temporária da Igreja, governo e sindicatos livres. Um dos porta-vozes do referido movimento KOR havia chegado a declarar que desejava a derrubada do governo. Ainda não se sabe com clareza a força real e a orientação ideológica dos agrupamentos desejosos de comunicar maior vigor à ação operária. t necessário deixar correr o tempo para ver se assistimos à aurora, na Polônia, de um bloco forte contrário ao marxismo, ou se essas dissidências são, no geral, meras discrepâncias táticas quanto à melhor linha a ser seguida, sem renunciar ao socialismo.

S CAMINHOS da História, nestes dias de grave tensão internacional, se entrecruzam na Polônia. Cadinho de nova fórmula politica a ser proposta ao mundo? Ou mero prelúdio do baque surdo das tropas do Pacto de Varsóvia, invadindo-a para a esmagar no sangue e na dor? No Ocidente, alguns setores de esquerda, e notadamente da esquerda dita católica, assistem com notória simpatia ao desenrolar da crise polonesa. De tal crise esperam eles, finalmente, o nascimento do chamado "socialismo de rosto humano" para ser apresentado cm contraposição à desgastante experiência dos "países do socialismo real"? Quatro forças, em primeiro plano, influenciam a crise. De sua interação, nascerá o desfecho.

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O novo slndlcallsmo polonês O novo sindicalismo, distinto do oficial, é o pivô da crise. As duras condições de existência do operaria~o polonês, opresso pela máquina burocrática do comunismo, já haviam provocado as revoltas de 1956

A reação d•s palses do Ocidente

A• 1ub1tituiç6e1 de tftere, de Moacou na chefia do governo poloMa nlo mudaram a aituaçlo de penúri.e do povo: em Vereóvia (em cima) como em Brealau (Wroczlaw). filas para compra de alimento, fazem parte da rotina para a populaçlo

e 1970, e a respectiva troca de equipes dirigentes. Gomulka tornou-se secretário-geral do POUP (Partido Operário Unificado Polonês, o PC de lá) em 1956; Gierek em 1971. Em 1980 a dose foi repetida: caiu Gierek e entrou Kania com sua equipe. Desta vez, entretanto, a mera mudança de guarda e modificações de fachada não foram suficientes para aquietar os trabalhadores. Continuaram as reivindicações, expressas na maoria das vezes pela central sindical "Solidariedade", cujo lider, Lech Walesa, entrou nos últimos meses para o cenário mundial. Esse agrupamento de organizações operárias, que ostenta categórico alheamento ao PC e ao Estado, empreende vistosa disputa com o governo e os sindicatos oficiais. A existência de "Solidariedade" contesta o âmago da teoria marxista. Esta afirma que, após a derrubada do Estado burguês, já não subsiste antagonismo de classes, mas apenas contradições, que diminuirão à medida que a nova sociedade se aproxime do ideal comunista. A Polônia estaria na fase intermediária - república popular socialista -:- mas já governada pelo operariado. O Estado e o Partido - sua vanguarda - lhes estariam sujeitos. Dita situação é contestada pelos supostos donos do pocer, isto é, os operários. Não se sentem eles representados pelas cúpulas dirigentes, consideradas pelo operariado polonês como u.ma casta de privilegiados, desinteressada do bem autêntico dos trabalhadores e intensamente preocupada em manter as prerrogativas adquiridas. Por isso, a classe trabalhadora daquele país organiza-se, fora do bafejo do PC, e se lança na luta pela melhoria de suas condições de vida. A existência da central sindical "SolidarieCATOLICISMO -

Janeiro de 1981

dade" desmente a "ortodoxia" marxista. Esse novo sindicalismo introduz corrosiva "heresia", pois a viabilidade de reagir contra a casta dos dominadores-ideólogos, encastelados nos órgãos da burocracia partidária e estatal. produz por contágio ondas desestabilizadoras nos outros paises da cortina-de-ferro. Os PCs de todos esses paises se veriam ainda mais na contingência de tratar as populações subjugadas à tirania vermelha como um exército invasor trata uma nação dominada. Tal realidade, em grande parte já existente, tenderia a se tornar insustentável.

1) Não intervir militarmente, deixar a liberalização avançar na Polônia e. com a inação, adquirir credibilidade no Ocidente, onde se louvariam a tolerância e a abertura dos russos aos novos ventos. A détenre poderia então continuar. Nessa perspectiva, a Rússia aceitaria a inclusão. no passivo da operação, dos perigos da conflagração interna nos paises do Pacto de Varsóvia, eventualmente causada pela possibilidade de expressão categórica de queixas generalizadas. 2) Ou intervir militarmente na Polônia, restabelecer a paz dos pântanos à custa das baionetas e reintroduzir aquela nação na "feliz convivência da mansa familia dos paises fraternais da Rússia". A détente ficaria em frangalhos; a opinião pública do Ocidente, já chocada com a invasão do Afeganistão, certamente ficaria traumatizada pelo horror do martírio da Polônia. Se os estrategistas do Cremlin julgarem excessivos os riscos da liberalização, correrão o risco de ver a détente se esfacelar, e as forças do Pacto de Varsóvia ocuparão brutalmente a cidade que lhe deu o nome.

Em quarto lu~ar, a possivcl posição do bloco ocidental. Bloco? Até isto é duvidoso. Países europeus já deram a entender que não seguirão Washington, se a retaliação proposta ultrapassar o que consideram ser a medida certa. E, nessa medida, ambos - Estados Unidos e Europa Ocidental - já excluíram a reação militar, caso as tropas do Pacto de Varsóvia se limitem a ª$ir dentro da reserva de domínio atnbuida aos soviéticos pela partilha das áreas de influência efetuada cm Yalta. A OTAN cobrirá exclusivamente a área prevista no tratado constitutivo da Aliança Atlântica. Se o Exército vermelho esmagar "só" a Polônia, as sanções serão econômicas, comerciais, diplomáticas, cuja efetivi-

ver os choques provocados J>«:IO surgimento da turbulência reivindicatória do operariado (que aprofundou dentro de "Solidariedade" uma divisão), certamente, nesta época de modelos, teremos mais um: o modelo polonês. Arquivados hoje os modelos chinês e iugoslavo, apresentar-se-ia agora um terceiro, gerado também no mundo comunista: o modelo representado pelo regime de Varsóvia, com aparências de novidade. Que características teria ele? Aumentaria a liberdade de comércio dos 4.300.000 pequenos proprietários rurais que reclamam contra a taxação arbitrária e empobrecedora de seus produtos? Possuem a terra, mas os frutos vão para o Estado, que paga pouco e mal. E admitir-seia o sistema de autogestão, mais ou menos real, das empresas industriais e comerciais pelos que nelas trabalham? Mas se tal é o novo modelo polonês, não se percebe no que ele se diferencia essencialmente do já embolorado regime iugoslavo. E, por conseguinte, o que tal modelo apresenta de novo. Se as liberdades realmente concedidas aos poloneses forem tão diminutas que se possa comparar com dificuldade ao sistema dirigista iugoslavo, então é o caso de se perguntar: é válido reconhecer o novo regime polonês como algo de fato diferente, em profundidade, dos outros regimes vigentes na Europa Oriental? Além disso, de que grau de liberdade política desfrutaria a população polonesa?

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Todas essas são interrogações cuja colocação ajuda a compreender qualquer das variantes pelas quais

A Igreja na crise polonesa

Há ainda que considerar dois fatores de peso: o papel da Igreja e as prováveis reações do bloco ocidental. Começo pela Igreja. Na Polônia, sempre se disse, o PC administra o Estado, a Igreja orienta a alma da nação. E o símbolo da atuação dela no pais é o Cardeal Wyszynski, presença de reconhecida importância, o qual, com decantada moderação, dirigiu o barco do catolicismo polonês nas úlO segundo fator: a RCíssla , timas décadas. Nesse ponto. entra a Rússia, guarNuma primeira fase, o Episcodiã do império vermelho. Toleraria pado parecia ter-se colocado numa ela a propagação do "bacilo polo- posição contrária ao governo de nês" em populações descontentes, Varsóvia e favorável ao movimento com os perigos increntes à possivel sindical "Solidariedade". Por sua implosão do edifício sociahsta? A vez, Walesa, principal lider desse fachada carrancuda dos Estados po- movimento, não esconde seus vínlicial-burocráticos esconde fissuras, culos com os dirigentes da Religião em que o espírito avisado dos diri- Católica na Polônia. Ostenta viva gentes maiores do comunismo deita prática religiosa, em muitas ocasiões toda a atenção. Os resmungos ad- traz na lapela a imagem de Nossa vindos de Moscou, as ameaças mal Senhora de Czcstochowa e parece veladas de repetir a dose de repres- inclinado a segu ir os passos dos são aplicada à Hungria cm 1956 e à Bispos poloneses. Tchecolováquia em 1968, indicam Entretanto, circunstâncias ainda os riscos que a experiência polo- mal conhecidas, das quais a única a nesa traz ao Pacto de Varsóvia. Um ser explicitamente mencionada foi o regime que não convenceu, que não discutivel perigo de uma invasão tem credibilidade na proposição de soviética na Polônia, modificaram um futuro próspero - e que, de inteiramente o panorama. As três concreto e autêntico, só trouxe ca- forças até então em dissidio (Episrência e ditadura - compreensivel- copado, governo comunista e "Solimente, não pode com despreocupa- dariedade") em fase mais recente ção abrir as comportas. O ímpeto uniram-se, manifestando uma terdas águas represadas sem dificulda- nura quase llrica. de arrasaria o obstinado trabalho Enquanto "Solidariedade" estadas últimas décadas. va em desacordo com as autoridades Aqui se coloca o dilema sovié- comunistas de Varsóvia, parecia elatico: borar-se na sombra o "novo modelo

Tanque, na preç.e de prefeitura de Stettin (Szceczin). para eamagar • revolta doe

polonesa, contra a eacauez de pio. em 1970

dade dependerá da coesão real dos paises não-<:omun.istas. Quanto tempo durarão? Não se reduzirão à la longue a pllios protestos como aqueles ocasionados pelas invasões da Hungria e Tchecoslováquia? Numa primeira etapa, a distensão pelo menos hibernará, o que seria prejudicial aos russos.

Modelo "novo". No quê? Caso a Rússia e o PC polonês consigam manobrar a crise e absor-

poderá enveredar a situação polonesa. Sobretudo, não se vê bem a razão das névoas e obscuridades em meio às quais o assunto é muitas vezes apresentado através do noticiário da imprensa. Tais noticias, ao menos tanto quanto nos tenham chegado ao conhecimento, omitem em boa medida tratar do assunto e dar resposta às questões básicas que o observador lúcido se formula.

Péricles Capanema 3


S F RONTEIRAS entre a paz e a guerra virtualmente desapareceram. A disputa ideológica acesa fc-L cessar, na prática, os longos períodos de paz que se sucediam ao violento entrechoque das armas. O mundo vive cm contínua guerra dos esp íritos, entremeada dcsconti nuamente pelo embate dos exércitos. O clarividente Winston Churchill, escrevendo em ··rhe Garhering Stor11i'· ("O acumular da tormenta") sobre as negociações que se sucederam à I Guerra Mundial, já afirmava: .. />assados estava,n os dias dos tratados de Utrecht e Viena. qu,mdo aris1ocrti1icos estadisu,s e

A

diplornaras. vitoriosos e vencidos. se

encontravmu en, polida e cortês dispuM e. livres do estrépito e con(u.wio da democracia, podian, dar ·nova fornw aos sistemas cujos fun · dan,e~uos ermn aceitos por rodos". O fenômeno exacerbou-se extrao rdi nariamentc nestes 60 anos. A luta. mesmo quando não cruenta. tornou-se un iversal. pois os contendores não estão mais de acordo nem sobre os princípios b,\sicos q ue constituem a natureza humana. Brian Crozier, um dos mais co nceituados especialistas ingleses, figura de repercussão mundial, cofundador e atual diretor-geral do lnstilllle for 1he Study of Conjlict, desenvolveu com invulgar compc• tência o tema no livro .. StrategJ' of S,,rvivat' ("Estratégia de Sobrevivência"). editado cm Londres. cm 1978.

Discorre especialmente sobre o período 1944- 1978 (data da edição). no qual se deu ··a guerra qlle não ousou dizer o próprio 110,ne··. Nesta, a Rússia. utilizando as mais variadas tramas, ho~tilizou continuamente o mundo não-comunista. O autorqua .. lífica esse pcriodo de II l Guerra Mundia l, ··,una espécie diferente d1• g,n)rra. en,pr<'enditla na maior parte rom 1éc11icas nãu n1ili1t1rés conu, a

Nixon (à esquerda}. Podgorny e Brejnev (à d,ireita) brindam à inaugur~ç.lo . da era_ da d4tente. em Moscou (1972). A1 viagens de Nixon à China e à ROssia determinaram a queda das barreiras 1deol6g1ca1.

Indochina, não nos campos de bata· lha. ma.t nas telas """' l<·levi,\·ci<•.-.· de .<e11 povo. [... ] Os camponeses doutrinados e os trabalhadores do Vieurã do Norte não podiam protestar contra o recru tamento obrigatório. Nos Estados Unidos. entreu11110. este era impopular. A crescente espiral dos gastos militares i11con1odo11. Parécia que 0$ 110 T((!aQtnCTÍCOl10S gastavam sernpre ,nais e obtinha1n cada vez ,nenos. Essenciabnenre. o ,novirnenª to de pro1es10 era gen11íno. mas va111ajoso paro o grande rntíquina tio movi,nento conu111istt1 internacional. que forneceu aj,,da - lwbitllaln,enre não reconhecida co1110 tal pelos favorecidos - e,n escala nwciça. Os contesu,dores enc111udarmn (J onda dfl opini<io pública contra o envolvirnenro 11orte-an1<•rica110 no Vietnã.

O moral f oi minado e quase completam<•11t<' destruído . No Vie11ui du

Sul, un, bem or~anizado tráfko de drogas (no qual os comunistas chineses esravt11n twvolvido.t segundo Cltu E11.. Joi} df!vastou rerriv<)l111t>11t(!

que não es1ava vindo a 3. • Guerra M11ndial (4.• Guerra Mundial pelos critérios deste livro). poderiam ser levados a "compra,.. a idéia de ajudar a desenvolver a econon1ia soviética, de 1naneira que os russos. enriqueddos pela ajllda. continllariam a adq,,irir tudo o que o Oci· dente e o Japão pudessem oferecer. Enrrementes. os líderes soviéticos tJL11ne11raria1n ainda ,nais sua já preponderante força ,nilitar. fomenrando desta fonna a noção. especialmente na Europa Ociden1al. <le que não havia possibilidade de resistir aos russos. pois eram fortes de111ais para serenr desafiados. Essa era a lógica da Operação Détcnte. e funcionou quase na perfeição. A détentc rornou-se um prodigioso exercício de relações públicas. Brejnev - o sombrio. melmrcólico. laborioso chefe de partido, o apparatchik - repe11ri11a1nente par~c<>u rnais hu,nano .. (pp. 81-82). Crozíer co nsidera que para os russos a détente poderia ser qua lificada com a fórmu la: ..Se sair cara n ós gan/ra111os. .<e der coroa eles perde,n''.

Ourante os anos do auge distcnsionista, os Estad os Unidos passaram também por uma ··orgia de autoflagelação" (felizmente em regressão). Jornalistas e seus aliados no Congresso, cavalgando a onda do escândalo Wateriate, apoiados por generali1.ado sentrmento público de vergonha do suposto mau uso do poderio norte-americano e, como afirma o especialista inglês, ..ajudados e insrigados pela nráquina soviérica de subversão", lançaram-se à tarefa de erodir a iníluência do país no mundo. Na ocasião, desmantelaram muito da agi lidade operativa d a nação.

Os espiões da mente

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Nas escadarias do Pentágono. manifeataçlo contra a participação dos EUA na guerra do Vietnã. A campanha pacifista representou importante conquista soviética na guena psicológica, pois enfraqueceu rapidamente o poderio norte-americano.

subversão, a desinform a,tio. o rerr()ris,no. a guerra f)Sicológica e as negociações diplonuíticas, indusive t·onferências". Não me alongarei na já bastante conhecid a conquista feita pela sateli tização de países, pela ut ilização das campanhas a nticolonialistas, pelo incitamento às guerrilhas e sublevações populares. Comentarei matérias menos conhecidas do citado trabalho.

Arma: o vídeo; campo de batalha: o lar Croiicr relembra a importância crucial da opinião pública como fator decisivo do embate: .. Mais imporrantt? aind(I que

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orrnas é a

guerrr, psicológica na própria fre,ue do inimigo - a bata/Ira pela opinião pública na., sociedades livres da área visada. Isto aconteceu com os.franceses n a lndoc/rina em /954 e na Argélia em 1962. I:: os norte-american<>s verdera,11 a 2." guerra da 4

o., soldados a,nericano.s. A gllerra já eJ·tava perdida quando Nixon e Ki~

singer decidira,n negociar co,n os comu11is1as vie11wmi1as ·· (pp. 57-58).

Cara ou coroa? O autor coloca a dérente entre as vitoriosas operações· de opinião pública. Diante do atraso econômico russo e da necessidade de tecnologia avançada, era preciso enganar o mundo livre. Brian Crozicr assi m a descreve: .. A 11u111eira 11wis fácil. verdtuleira,nentc a únic(J n1t111eirr1

p erceptívt?I para resolver i.vio, era cultivar a ilustio da détcntc e atrair o Ocide111e e o Japão com visões de 11111 enornw ,nercado russo. t:0111ple~ 1ame111e aberto para os produtos do odiado sis1e111a capiralista. Havia atg,,,nas vt1111agens colarerais. alétn da principal de 11,anter o siste11,a intacto. Se os governos ocidenrais (e e111 larga escala a opinião pú/ilica) podiam ser persuadidos de

Discorrendo ainda sobre ações de opinião pública, Brian Crozier relata at ividades específicas do Departa ment o de Desinformação da KGB, cuja função é debilitar, confundir e desconcertar o adversário. Espalha boatos falsos sobre os mais variados assuntos, difama oponentes do comunismo, sempr<- na intenção de predispor favoravelmente o público do Ocidente cm relação aos desígnios do Crcmlin. Nesta gama de atividades se localiza a insidiosa ação d o agente de iníluência (cfr. "Ca10/icismo" n.• 358. outubro de 1980). As sociedades ocidentais são tolerantes cm relação às opiniões, sendo raros os códigos penais que . contemplam o delito de opiniãó. Á punição à mera exposição de idéias cont raria os fundamentos do regime democrático. O agente d e ínOuência, por isso, à primeira vista, nada faz de ilegal. Pois sua missão é difundir os pontos d e vista que Moscou deseja ver cm circulação nos ambientes de destaque do Ocidente. Talvez sua ação fosse ilegal apenas no quesito de agir favorecendo potência estrangeira. Mas isso não é fácil de provar. Devido a tal situação. suas atividades se desenvolvem, na maior parte das vezes, desembaraçadas. Crozíer julga que para cada

agente de inOuência consciente e escolado nos métodos da KGB pode haver dezenas de inconscientes, gente que re pete o que ouviu do experiente funcionário dos serviços secretos russos. Não parece haver outra resposta à ação desta hábil espécie de novos espiões, os espiões da mente, senão inteligentes e eficazes campanhas de esclarecimento.

Como se vê. o livro do intelectual inglês analisa fenômenos para

os quais o grande público, imerso na tumultuada agitação do quotidiano, não tem o olhar voltado. Habitualmente, os meios de comunicação social não se alongam no trato desse imprescindível Oanco dos acontecimentos, induzindo inúmeros leitores a desconsiderar realidades mais abarcativas que lançariam luzes no panorama dos fatos. Uma simples rescensão não pode abranger a totalidade dos aspectos examinados pelo competente t.-specialista. Antes de terminar o comentário do livro, deixo ao leitor a tentativa de deslindar um problema diante do qual Brian Crozier, na sisudez da reOexão britânica, confessa-se vencido. O autor transcreve declarações de lideres comunistas que inequivocamente afirmam desejar a destruição do capitalismo, através da dé1e111e, considerada por eles uma etapa neste caminho. Depois expõe a questão: "Os ricos e poderosos dirigentes das e111presas gigantes que ajudam a ma111er no poder seus inimigo.t n1or1aisconhecem isto?

Sabem que a política não ,nudou' Que n1otivo os impele. senão o desejo da ,norte? Se o n101ivo é lucro. que lucro imediato co111pensa sua própria extinção? ExpllS essa questão. sob várias formas. para grupos de des1acados lro,nens de negócio, en, diversos países, e só tenho rece· bido respostas evasivas ... Ao leitor. o enigma... O que pensar dele?

P. Ferreira e Melo

Quem está por trás do terrorismo? PARIS - Uma bomba explode cm Munique, outra em Paris. Na Espanha como na Itália, militares e civis são vítimas de atentados. Não só na Europa e no conturbado Oriente Médio, como agora também nas Américas, o terrorismo vai tirando ao cidadão comum a tranquilidade da ordem da qual usufruía outrora. Em alguns casos, organizações armadas chamam a si a autoria deste ou daquele atentado. Outras vezes, o autor esconde-se no anonimato e os rumores correm num ou noutro sentido, atribuindo-o ora à "direita", ora à "esquerda... O observador inteligente não se contenta, no entanto, com a camada superficial do noticiário e indaga: "não haverá nessa orquestração de fogos um só maestro?"' Especialista no assunto é o general Frank Kitson, recentemente laureado com o t.ítulo de "Sir" e o posto de vice~omandante das forças armadas britânicas. Comandante da "Universidade da Guerra., inglesa - o Canrberley College - durante dois anos, o general Kitson ministrou aí seus conhecimentos adquiridos cm longa prática de combate ao terror no Quênia, Malásia, Chipre, Oman e Irlanda do Norte. Considerado um dos melhores teóricos e estrategistas do antiterrori.smo no mundo, Sir Kitson declarou à BBC: "A subversão de nossas ins1i1uições já está posta em prática na indústria e na imprensa. O nraior perigo d e nossa sociedade é o conrunista. ,nas se com isto enlendemos sobretudo a nrassa dos carros de combate de além .conina-de-ferro, então co1netemos um grande erro,.. Reforçando a opinião dos melhores teóricos militares, segundo os quais a guerra psicológica tornou-se, cm nossos dias, muito mais importante do que as próprias operações bélicas, prosseguiu o general inglês: ..A Rús.iia e seus satélires europeus já começaran, a subverter os países da Europa Ocidental, e as eventuais

aventuras nrilitares progranradas para esta área serão favorecidas pelo trabalho prepara1ório realizado nos vários países". E acrescentou que as desordens internas em cada nação, provocadas por agentes russos ou de outro país comunista (só na Alemanha Ocidental há 16 mil em operação), destinam-se a desgastar O$ exércitos ocidentais no caso de uma invasão vermelha. "Os rllssos poderiam criar. nos países que pretendem ocupar, uma frente nacional, ou dos movimentos extrenristas revolucionários, aparenten,ente ai/reios ao partido comunisla oficial". Ê a tática da 'Jrente única", aliada aos atos de terrorismo e sabotagem, para executar depois, ..no 1110,nento oportuno. a formação de um governo com o.t comunistasn. Um exemplo do modo como, no entender do general Kitson, poderiam agir os russos, é ilustrado com a "operação cidade dos dois rios". Executada como parte do treinamento dos oficiais de Cambcrley, a operação foi filmada como documentário e transmitida pela televisão da BBC, no inicio do ano passado. A ''cidade dos dois rios .. é Aberdcen. na Escócia, figurada na operação como foc.o de uma revolução organizada por nacionalistas escoceses. operários comunistas e estudantes marxistas, aos quais se aliam elementos da burguesia. Uma turba em a rmas domina as estradas, as forças policiais são submetidas e o governo de Londres não sabe o que fazer. Por fim, decide pela intervenção das tropas. Ao que um líder revolucionário responde: "Ótin10! Agora devemos provocar os soldados, para fazer com que nratem algum dos nossos. Se não o fizerem, pensaremos nós ,nesmos co,no criar nossos mártires... " O leitor não nota algo dessa tática nos movimentos que agitam também as Américas, inclusive o Brasil?

Jean Goyard

CATOLICISMO -

Janeiro de 1981


Velha e nca, a Europa tende à extinção Q

UE PENSARÁ o leitor de um país em que o número de nascimentos era, há dois séculos, maior que o atual? Em que as mulheres vão tendo cada vez menos filhos e as crianças que nascem já não são suficientes para substituir a geração que as antecede? Em que as pessoas idosas ou aposentadas ocupam um percentual cada vez mais elevado da população à custa da diminuição do número de crianças e adolescentes? Certamente julgará que é uma nação envelhecida, a caminho da extinção. Que se tornará presa fácil de outros povos dotados de mais juventude, mais energia e vital.idade, de maior poder de expansão. Parece tão absurdo pensar que um povo se lance voluntariamente ao próprio extermínio, que seria cabível perguntar se tal país realmente existe. Infelizmente, a respostá é afirmativa. E o mais lamentável é que uma das nações a que se aplicam essas tristes características foi outrora a filha primogênita da Igreja e um baluarte da Cristandade: a França. Mas não é só ela. São também quase todos os países da Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá, que se lançaram nas sendas da auto-extinção. Triste paradoxo! Os países mais ricos do mundo, entre os quais fi. gura a "Europa dos nove" - Estados que compõem o Mercado Comum Europeu - desfrutam de uma abundância de bens materiais, ao mesmo tempo que caminham para o desaparecimento enquanto nações ... Um brado de alerta contra odescalabro dessa situação é o livro "La France ridée" - "A França enrugada" - , da Collection P/11riel ( Ubrairie Générale Françoise, Paris, 1979), que tem por autores Pierre Chaunu , Gerard-François Dumont, Jean Legrand e Alfred Sauvy. Dele tiramos os dados que passamos a apresentar aos leitores. Fatos de importância inconteste, próprios a sugerir graves reílexões.

cesa levou os habitantes de várias regiões a ter somente um ou dois filhos a fim de não serem obrigados a repartir os bens. E muito significativo que uma lei que atentou contra a integridade da propriedade privada de caráter familiar, vai fornecer pretexto para uma alteração dos costumes, estimulando infrações da reta moral na vida conjugal. Em conseqüência, a França começou a envelhecer precocemente. As pessoas com mais de 60 anos já constituíam 8% da população no final do século XVIII, enquanto na Inglaterra e na Alemanha o mesmo só ocorreu em torno de 191 O. No transcurso do século XIX os óbitos muitas vezes eram mais numerosos que os nascimentos; no fim do mes-

mentos mantendo-se acima dos 800 mil por ano. Porém, desde 1964, o índice de fecundidade começou a diminuir de modo praticamente i.ninterrupto. Essa queda se tornou mais acentuada a partir de 1973, devido a dois fatores: a difusão dos contraceptivos e a liberação do aborto. Assim, em 1964 o índice de fe. cundidade (ver quadro abaixo) foi de 2,90, com 874 mil nascimentos. Em l 968 caiu para 2,58 e em 1972 para 2,40, embora os nascimentos se mantivessem em 833 mil e 875 mil. Isto se deve ao maior número de mulheres em idade de procriar, nascidas no períodq de após-guerra, mas já com o índice de fecundidade sensivelmente diminuído. Em 1973 os nascimentos caíram para 855 mil e a fecundidade para

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Passivei extinção de pafses europeus

Hã dois séculos decrescem nascimentos A França é o único país da Europa onde o número de nascimentos hoje é menor que há dois séculos. No reinado de Luís XVI, antes portanto da Revolução Francesa, havia anualmente mais de um milhão de recém-nascidos. A França era então o país mais populoso da Europa. Em 1801 ela tinha 28 milhões de habitantes, possuindo 22 milhões a Alemanha e 10 milhões a Inglaterra. A limitação voluntária da natalidade na França começou um século antes que em outros países. A supressão do direito de primogenitura efetuada pela Revolução Fran-

Na capa do livro ºLa France rid611n. um casal-sfmbolo do futuro freneis. se o pafs nlo resolver o problema da queda dos nascimentos, que vem se acentuando particu larmente nos últimos anos

mo século cada família francesa tinha, em média, uma criança a menos que familias inglesas ou alemãs. Durante a primeira metade do século XX a situação foi piorando progressivamente, com fases especialmente críticas por ocasião das duas guerras, quando foi grande o número de homens mortos ou aprisionados. Após a II Guerra Mundial, de l 946 a 1972, houve uma certa recuperação, com o número de nasci-

ÍNDICES • fNDICE DE FECUNDIDADE Consiste na relaçio entre o número de nascimentos num de.terminado ano e o número de mulheres em idade de procriar (15 a 49 anos). Nas condições atuais, considera-se o índice de 2,10 como neces5'rio para garantir a reposição das gerações.

• fNDICE DE REPOSIÇÃO DAS GERAÇliES Esse é eonstitufdo pelo índice de fecundidade acima exposto, dividido por 2,10. Tal algarismo corresponde ao número de filhos que cada mulher em Idade de procriar deve ter, em média, para assegurar a simples substítuíçio quantítativa das gerações.

Nota: A maneira de obter esses e outros [odices utilizados em demografia é explicada com ,detalhes nas paginas 21 a 34 da obra "!,.a France ridée", que sel,"Viu de base ,para o presente artigo. Não transcrevemos aqui tal método para se elabora·r os diversos índices apresentados no referido livro, devido à sua extensão e à linguagem bastante especializada empregada pelos auto,;es n'essa parte de seu trabalho. Pareceu-nos que a inserção de tal matéria transcenderia os limites e ·as caractedsticas de nosso artigo, o qual procura apresentar ao leitor comum de "Catolicismo" - e não precipuamente a demógrafos e especialistas no assunto - uma visão sintética e o quanto posslvel acesslvel de um tema, de si, consideravelmente compJe.xo. CATOLICISMO -

Janeiro de 1981

ções de procriar. Ou seja, extinção à vista. Se a população envelhece, ela também diminui, pois o equilíbrio nascimentos-óbitos se deteriora. O atual índice de reposição da França (0,87) levaria a 3 óbitos para cada 2 nascimentos por volta do ano 2040. O índice da Holanda e da Suécia (O, 77) a dois óbitos por nascimento, e o da Alemanha (0,66) a três óbitos por nascimento. Com a população de tal maneira envelhecida e reduzida, pode-se vislumbrar qual será o trágico destino da Europa se algum novo fator, interno ou externo, natural ou sobrenatural, não intervier possantemente para impedir que tal aconteça. A persistir a atual tendência, a partir de 1981 a proporção de jovens de menos de 20 anos na França cairá ao nível mais baixo de sua história (29,5%). A liberdade das gerações futuras estaria fatalmente comprometida em ·países povoados de anciãos e submetidos à pressão de outros com população mais jovem.

2,3. Em 1974: 799 mil e 2,08; cm 1975: 745 mil e 1,88. A lei de 17 de janeiro de 1975, liberando o aborto na França, contribuiu poderosamente para a queda da natalidade. Os 720 mil nascimentos ocorridos em 1976 confirmam ·essa suposição; o índice de fecundidade foi de 1,83. Apesar da discreta reação observada em 1977 (745 mil e 1,86), a França não está ma is substituindo suas gerações, pois para isso seria necessário um índice de fecundidade de 2,10 e um índice de reposição igual ou superior à unidade. Ora, nos três últimos anos assinalados o índice de reposição foi de 0,89, 0,87 e 0,88, respectivamente. Persistindo essa tendência, aquele pais marcha irremediavelmente para o envelhecimento e a redução de sua população, com a conseqüência inevitável de seu enfraquecimento como nação livre e soberana.

Como já dissemos, esse mal não atinge somente a França. São todos os países desenvolvidos do Ocidente que caminham rumo ao envelhecimento e à redução de suas populações. O índice necessário à reposição das gerações não é alcançado na Suécia desde 1967; na Finlândia e Dinamarca desde 1968; na Suiça e Alemanha Ocidental desde 1969; na Áustria, Bélgica, Estados Unidos e Canadá desde 1971 ; na Holanda e Inglaterra desde 1972; na França e Noruega desde 1974: na Itália desde 1975. A chamada "Europa dos nove", ou seja , os países que constituem o Mercado Comum Europeu (Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Irlanda e Dinamarca) teve 4.541 .000 nascimentos em 1964, enquanto em 1971 ap.enas 3. 153.600, quando lhe faltaram 800 mil recém-nascidos para assegurar-lhe tão-somente a sobrevivência. No mesmo período ( 196477) o número de mulheres em idade de procriar aumentou em 12%, enquanto o de nascimentos dim,inuiu em 30%. O índice de fecundidade dessa comunidade econômica européia era de 2,75 em 1964 e caiu para 1,72 em 1977. Esta cifra de 1,72 inclui igualmente os nascimentos de filhos de imigrantes, muito mais fecundos, e originários principalmente de países muçulmanos, africanos e asiáticos. Se formos considerar apenas a população de origem européia o índice seria de l ,66. Na Alemanha Ocidental, por exemplo, os filhos de trabalhadores imigrantes, que representavam 1% dos nascimentos em 1960, passaram a 19% em 1975, enquanto a fecundidade das mulheres de origem alemã caiu de 2,55 em 1964 para 1,3 em 1977.

A reposição das gerações só alcança 65% na Alemanha, 75% na Holanda, 78% na Inglaterra, 81% na Bélgica e 89% na França e Itália. Nos outros países ocorre o mesmo, pois em 1977 o índice de fecundidade era de 1,66 na Dinamarca, 1,50 no Luxemburgo, 1,63 na Áustria, J,67 na Finlândia, l ,77 na Noruega, l ,64 na Suécia, l ,52 na Suiça e 1,80 nos Estados Unidos e Canadá. Considerando-se que para a reposição das gerações é necessário um índice de 2, 10, vê-se que a Europa, mantendo-se a atual tendência e sem a intercorrência de nenhum fator externo, vai ser transformada, durante o século XXI, em um imenso asilo de velhos, com um número de óbitos duas vezes maior que o de nascimentos, e cuja população nativa será paulatinamente substituída por habitantes de o utras raças, de o utras religiões e de outros costumes, provenientes de países que outrora se constituíam nos maiores inimigos da velha Cris tandade medieval. É a autodestruição de uma civilização. Pior que isso, será o suicídio do que outrora foi, em larga medida, a gloriosa Civilização Cristã!

Exceção: t1·ês palses mais cat6llcos Dessa débâcle geral sa lvam-se apenas três nações: Espanha, Portugal e Irlanda. Justamente aquelas cuja população se conserva mais fiel aos princípios tradicionais da moral católica, Porém, se ainda não transpuseram o limite que marca a falta de reposição das gerações, já se observa uma diminuição ílagrante no índice de fecundidade. Comparando-se seu valor em 1964 e 1977, vêse que na Espanha caiu de 3,00 para 2,60; em Portugal de 3,14 para 2,45; e na Irlanda de 4, 10 para 3,40. Na medida em que seus habitantes forem aceitando a "moral nova" que admite a contracepção e o aborto, também elas se colocarão na via do suicídio em que já se encontram seus infelizes vi?.inhos.

Conclusão Todos esses dados, rigorosamente científicos, nos fornecem uma salutar lição. As nações que violam as leis de Deus e da natureza já são punidas nesta terra, conforme sustentava Santo Agostinho. Com efeito, os países europeus, que atualmente nadam na riqueza, violando tais leis pelo emprego de métodos contraceptivos e pela prática do aborto, estão cavando a própria sepultura. E caso não interfira algum fator externo ou dado de caráter sobrenatural, os europeus mais abastados do continente serão primeiramente dominados por imigran· tes, em sua maioria de outras raças e religíões. E, dentro de algumas décadas, já sujeitos a uma dominação humilhante, caminharão para uma extinção inglória.

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Murillo Galliez

Na A lemanha. como em outros países membros do M ercado Comum Europeu. há cada vez menos cri.ençes e maia velhos (foto: Impressões da Alemanha/Hamburgo)

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fndlce de reposição e envelhecimento É fato constatado que, à medida que o índice de reposição decai, o envelhecimento se acentua. Se o índice for de 0,9, as pessoas com mais de 60 anos tomam-se tão numerosas como as de menos de 20. Com uma reposição de 0,8 são os de mais de 65 anos que igualam os de menos de 20. Com o índice de 0,62, que corresponde a 1,3 de fecundidade (observado atualmente na Alemanha Ocidental para as mulheres de origem alemã), haveria 28% com mais de 65 anos e apenas 15% com menos de 20; metade da população teria mais de 50 anos, sem condi5


Enquanto o feminismo cresce, surg e o pai-galinha': ..

Escrevem os leitores

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OVA MODA começa a ser insuílada na França. De início discretamente, mas com claros sinais de que pode se transformar em mania: é o que a revista francesa "L'Express" (4/ 10/ 80) denominou de "pais-galinhas". Desaparece a respeitável imagem do pai de família para dar lugar a uma figura envilecida do homem. O marido aparece como candidato a dona-<le-<:asa, deixando de lado o que os engajados no processo de "engalinhamento" chamam de "velhos preconceitos". As barreiras impostas pelo caráter tipicamente feminino de certos encargos domésticos já não são suficientes para impedir essa nova aventura rumo à degradação do homem e também da própria família. Em semelhantes ocupações, tais maridos e pais desenvolvem habilidades muito próprias às mulheres, como a faxina doméstica, preparação de alimentos infantis, canções de ninar e ... afetos

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trar nisso uma nova "dimensão da paternidade". Maridos que, tomando-se viúvos, ou divorciados com direito à educação das crianças, assumem totalmente os cuidados para com os filhos, mesmo recémnascidos, negando-se a contratar uma babá ou confiar tais encargos a parentes do sexo feminino. "Eu não era 'pai-galinha' no co,neço. n,as essas crianças têm sido para mim uma revelação. [ ... ] Elas moram comigo e não passam en1 casa de meus sogros senão o dia de don,ingo", declara o viúvo Philippe Mauge, de 40 anos. Seus dois filhos, Fabrice c Olivia, têm 6 e 3 anos de idade. Como se vê claramente, o Sr. Mauge é um "pai-galinha" por convicção. Com filhos tão pequenos e parentes que certamente poderiam auxiliá-lo, prefere ele desincumbirse diretamente dos serviços do lar e dispensa a seus· filhos um afeto

Com este novo e inesperado fenômeno da vida familiar, temos, ao lado da condenável frieza e relaxamento de certos pais que não se interessam pela educação de sua prole, outros que, por uma inclinação desordenada, tentam conquistar um terreno próprio ao sexo feminino.

Curiosamente, simultâneo ao surgimento dos "pais-galinhas", dá-se algo que é aparentemente o oposto: o da "libertação" da mulher. Não há quem não tenha ouvido falar de mulheres que requisitam para si - ó surpresa! - os mesmos direitos que certos "pais-galinhas" abandonam. Desejam as chamadas "feministas" acabar com a supremacia do homem sobre a mulher, com a dependência econômica desta ao marido, bem como ao lar (o que

"maternos'~. Tudo isto não impede que vá crescendo o número de "pais-galinhas". Pelo contrário, há os q ue sentem atração pelos afazeres de dona-<le-<:asa.

O trabalho doméstico é, de si, honroso. Pela ordem natural das coisas, entretanto, deve ser ele executado pela mulher, sendo admissível que somente em circunstâncias muito especiais o homem deles se ocupe. Compreende-se, por exemplo, que alguém com a esposa doente, e não podendo contar com o auxilio de terceiros, desempenhe tarefas de si inteiramente femininas, cozinhando em casa, e até mesmo cuidando do bebê. Homens que se consagraram inteiramente a Deus encarregam-se eles mesmos de todos os trabalhos necessários à boa ordem do convento, sem com isto perder a dignidade própria da condição viril. Neste artigo, tratamos da questão sob outro aspecto: a tendência revolucionária de inverter a boa ordem, transferindo ao homem o que normalmente deve constituir atributo da mulher e vice-versa. Passaremos, pois, à consideração dos fatos.

A cadeia francesa de televisão "Antenne" iniciou, em 17 de outubro do ano passado, a transmissão de um seriado inspirado no livro intitulado ·· Papa Poule" (Papai-galinha). Seu autor, o escritor Daniel Goldenberg, é ele mesmo um "paigalinha" frustrado. Divorciado, não queria porém separar-se de seus filhos, pretendendo conservá-los consi,go, no que foi contrariado pela esposa. Atitude compreensível, não fosse o estranhq desejo de Goldenberg de se ocupar das funções próprias ao sexo feminino. Curiosa coincidência - ou promoção publicitária mais ampla do que à primeira vista pareceria - fez surgir, nos Estados Unidos, quase concomitantemente com o livro de Goldenberg na França, o filme "Kramer contra Kramer". A pelicula gira em tomo de uma vida famlliar fracassada. Por incompatibilidades, a mulher abandona o lar, deixando um filho aos cuidados do marido. Este, desejando se encarregar pessoalmente da educação da criança, realiza, além de suas tarefas normais, os trabalhos domésticos, transformando-se num "pai-galinha". Recusando qualquer ajuda alheia no atendimento da criança, dispensa a ela cuidados "maternais". Arrependida, a esposa retorna à casa, sendo prontamente repudiada por pai e filho como personna non grata. Baseada na pellcula e no livro, .. L'Express" descreve, em reportagem de três páginas, de modo ao mesmo tempo simpático e jocoso, alguns casos de pais que tomam a si as ocupações caseiras, para encon-

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"maternal". Entretanto, reconhece a necessidade da mãe numa familia, ao declarar: "Eu não desejo, de imediato, casar-me novamente. Mas, sem mãe, falta às crianças un, ponto de referência". Por que, então, não permitir que elas pelo menos gozem do afeto e cuidados das parentas? Jean-Pierre Apparu defe.nde opinião contrária. J ornalista , crê que "a pequena colmeia pode subsistir sem rainha". Vive só com seus dois filhos homens, de 10 e 12 anos, auxiliado de quando em quando pelos vi7Jnhos, ao precisar se ausentar por necessidade de sua profissão. Não é, certamente, uma educação exemplar a que Jean-Pierre dá a seus pequenos, pelo que facilmente se deduz. desta declaração de sua autoria: "Meusfilhos me educam. Eles adquiriram 1nesn10 direito de velar sobre n1inhas relações femininas". Os casos acima citados foram todos eles causados pela viuvez. Entretanto, como esclarece "L' Express", essas situações se passam, por vezes, em outras circunstâncias, como em caso de separação dos pais ou mesmo na vida familiar norma l. A legislação que rege a separação do casal, comum a quase todos os países, é causa de frustração de mmtos d ivorciados, candidatos a "pais-galinhas". Um deles, Stéphane Ditchev, divorciado, 36 anos, gostaria de cuidar da educação de suas duas filhas, de 9 e 5 anos, mas elas foram confiadas à guarda de sua esposa. Não podendo realizar seu desejo, espera-as de tempos em tempos na salda do c,olégio. Como secretário-geral do "Movimento da Condição Paterna", Ditchev declara que não constitui exceção: "Na França, onde Já se conta u,n divórcio por cinco casan1entos, a guarda das crianças é concedida à ,nãe em 85% dos casos". Somente em 12% dos casos são confiadas à tutela dos pais, e sob condição de que a mulher esteja de acordo.

rar um filho ainda pior: o "punkismo" dos anos 70. Jovens monstrificados, com feições intencionalmente desfiguradas, corpos retalhados ou mutilados, imersos num ritmo frenético, sucederam aos "hippies" sujos e vagabundos, perambulando sem eira nem beira. Pelo seu próprio dinamismo, as paixões humanas tendem cada vez mais a seu próprio paroxismo. Dado o primeiro passo, depois de uma fase de "hibernação", explode mais adiante em uma outra extravagância ainda mais radical. Este dinamismo foi magistralmente descrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu livro "Revolução e Contra-Revolução" ("Catolicismo" n. 0 100 - Suplemento - 1959, p. 24): "Essas tendências desordenadas se desenvolvem como os pruridos e os vícios, isto é. à medida n1esmo que se satisfazem, crescem em intensidade. As tendências produzem crises n1orais, doutrinas errôneas, e depois revoluções. Umas e outras, por sua vez, exarcebam as tendências. Estas últimas levam em seguida, e por um movimento antifogo, a novas crises, novos erros. novas revoluções. É o que explica que nos encontre,nos hoje em tal paroxismo da impiedade e da imoralidade, bem corno en, tal abismo de desordens e discórdias". Por outro lado, a extravagância que hoje é praticada por uns poucos "ousados", amanhã será a regra para todos. Com vistas, pois, a lançar um brado de alerta a espíritos desprevenidos é que chamamos a atenção para um fenômeno que hoje podemos considerar uma extravagância entre outras, mas que, à força de a presenciar com freqUilncia, amanhã poderémos tomá-lo como prática nt>rmal. E habituar-se ao que fere a ordem natural é voltar-se contra Deus, o Criador da natureza.

já é fato consumado, em alguma escala), e estabelecer igualdade de condições entre ambos - o que é antinatural - , de maneira que a mulher possa desempenhar qualquer função sem estar sujeita à "discriminação" de sexo. é sob o influxo de tal mentalidade que vemos, cada vez mais, e por vezes de maneira alam1ante, trabalhos próprios ao homem, bem como outros tradicionalmente realizados por este, sendo executados por mulheres. Na Alemanha, por exemplo - segundo o jornal "O Povo", de Forta.leza (24/ 2/80) moças exercem a profissão de mecânicas. O governo alemão, em colaboração com empresários, abriu 150 vagas de mecânicos, que foram preenchidas por candidatas. Enquanto isso, informa a revista norte-americana "Newsweek" (de 14 de abril de 1980) que rapazes adotam a profissão de "empregadas domésticas" em Paris, arrumando camas, cuidando do bebê da patroa, empunhando o espanador e o pano de lavar pratos ... Numa época em que a extravagância e a loucura praticadas por pessoas que se diriam normais invadiram o quotidiano da vida, não é de se estranhar que mais este desvario apareça. E ninguém, em sã razão, pode garantir que ele não se espalhará rapidamente pelo mundo, uma vez que hoje em dia os procedimentos humanos mais capazes de se propagar são precisamente os mais desatinados. Vêm eles assistidos por uma misteriosa força propulsora, e uma estranha capacidade de repercutir em certos ambientes - sobretudo em alguns órgãos de comunicação social - , como em verdadeiras caixas de ressonância, que se toma diflcil lhes tolher os passos. Tívemos nos anos 60 a onda do "hippismo" que contagiou o mundo. Este aparentemente saiu de moda. Na realidade recolheu-se para concentrar seus efeitos maléficos e ge-

Nesse vale de lágrimas, não são raras as vezes em que a tragédia nos bate à porta e desvia o curso de nossas vidas. Tal é a morte que tolhe ainda na juventude uma mãe, um pai, ou ainda uma irreconciliável briga familiar. É possível que se veja uma mulher na contingência de conseguir seu sustento, ou um homem na premência de executar trabalhos domésticos. Contudo, dois mil anos de civilização cristã provam que tais situações podem ser sanadas ao longo do tempo sem precisar tornarse regra a inversão de valores e da ordem natural das coisas. Não será, pois, a abolição de todas as leis ou normas de vida, de todas as desigualdades naturais existentes entre o homem e a mulher, que resolverá os problemas da sociedade moderna. Pelo contrário. Como vimos acima, concedidas tais "liberdades", logo outras serão reclamadas, o que nos conduziria, gradativa mas inexoravelmente, para o abis~o anárquico desejado pelo comurusmo.

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D. Maria das Dores Vleira Boaga, Juiz de Fora(MG): "Sou leitora ae longa data de CATOLICfSMO e aprofundo os meus conhecimentos com "T:lmJ)ere- 1

grino em Belém de Judá",,.Gontrastes harmônícos na alma de um grande santõ' 1, ",<1 fumaça de satan'ds no Templo de Deus", etc." Dr. Alcy Gigliotti, Catanduva (SP): "Órtão de evidente objetividatle, com matéria variada e atraente. Apreciei a forma nova, de revista, dada ao mesmo." Sr. FraQcisco Antonio de ;\lmeiü Monteiro, Recife (PE):. "Continuem denunciando aos verdadeiros católicos a ação 11efasta dos comunistas de batina ...

Sr. :Antonio Paulo Veiga, Rfbebio Preto (SP): "No entardece~ dos dertadeiros dias de nossa Civilização, que parece preste a deixar apagar suas últimas luzes, CATOLlCISM.O representa aps católicos sinceros, um autêntico farol que os ilumina no tortuoso e confuso caminho, trilhado atualmente por todos. Quero deixar aqui gravada minha pro(unda indignação J>Jl· lo conteúdo do liv(eto "Mês de 'Maria", apresentado no artigo "Progressismo distorce história sagrada'', publicado pelo mensário na edição de setembro último. A escuridão e ab.o minação são hoje tão concretas que nos ~m à,lembrança as palavras-do Profeta Daniel: ''Quando a abon1inação da desolação esJiver. pos/a no lugar santo... " Até quando os ho,mens poderão zombai de Deus? A insistência em demolir as mais sagradas verdades de Fé tornou-se obsessão dos homens comprometidos COJD o podef das trevas. Só podemos exe, crã-los do fundo da alma. Ao contrário, claridade e profundo mergulho na Doutrina Católica está presente no artigo de Dr. Plinio Corrêa de Oliveu-a, "Volta à torre de /Já· bel?". Acredito ter sido aquele artigo o mais importante pronunciamento àqueles que meditam no grandioso mistério de Nossa Senhora. Suas palavras baseadas no tex_to de São Luls Grignion de Montfort são simpJesmcnte ofuscantes por tanta luz derramada; trazendonos um tão grande bem-estar de alma, anima-nos a continuar na luta contra as forças do Mal. Aos que tanto têm colaborado para sustentar os pilares da Fé Católica, nosso in{inito muito obrigado assim como qõssas preces constantes."

Eduardo Queiroz da Gama

{Jj~~~~MO CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor: Paulo Corrb de Brito Filho Diretoria: Av. 7 de Sc1embro, 247 - Caixa PoSlaJ 333 • 28 100 - Campos. RJ. Admlnlstroçio: Rua Dr. Martfnico Prado. 271 • 01224 - Sã o Paulo, SP. Comp<>sto e imprC$$O na Ar1press - Pa~is e Artes Gráficas Ltda .. Rua Gari• baldi. 404 - or 135 - São Paulo, SP "Catolkbmo'" t uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/ C. Asslnaluro anual: comum C,S 600,00; cooperador C,S 900,00; benfeitor CrS 1.500,00; grande benfeitor CrS 3.000.00~ seminaristas e cstudances CrS 400,00. Exterior: eo-, mum USS 20,00; benfeitor USS 40,00. Número avulso: C,S 30.00. Os pagamentos, sempre cm nome de EdJtora P1drt B~lchior dt Pontes S/C, poderão ser encaminhados à Admi.ni$tração. Para mudança de endereço de assinantes t necessário mencionar tambtm o endereço antigo. A correspondt-ncia relativa a a$$inaturas e venda avulsa deve ser enviada à Admlnlstraçio: Rua Dr. Mutinico Prado, 271 • 01224 -

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CATOLICISMO -

Janeiro de 1981


ONDE O POVO IDEALIZA E REALIZA A FAMOSA província do sul de Portugal - pitoresca e caractcrlstica como poucas - florescem modos peculiares de vida e de alma que mostram riquezas e virtualidades insuspeitáveis do homem. O Algarve fica aquém do Mediterrâneo, numa região onde o horizonte se abre na amplidão do Atlântico. Ali os antigos atribulam a seus insignes heróis Hércules e Ulisses a glória de haverem chegado. Nessas costas, já não se medita apenas, como entre as paredes do Mediterrâneo mas sonha-se com grandes coisas'. E isto contagia em graus diversos toda a população portuguesa que não se tenha deixado despersonalizar no decorrer dos séculos. Nas costas do Algarve, a vida transcorre lenta e frutiferamente, entre o trabalho e o descanso, entre as durezas e as fantasias, forjando tipos humanos de lei.

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A primeira foto fixa o momento em que, depois de apanhar o atum, os pescadores se movimentam no auge do esforço. Levantaram-se de madrugada, partiram e lançaram certeiramente as redes nas águas salgadas; levaram de arrastão os enormes e agitados peixes, que fazem espuma com seu terror. Agora os algarvios lançam-se sobre as presas com a atenção, destreza e energia com que o Divino Mestre mandou os pescadores da Galiléia trazerem almas. Nesse rincão do Algarve, como se vê, a pesca foi abundante. Trabalho e resultado pictóricos. A sesta também deve sê-lo. Enquanto o sol se expande generosamente, e as sombras aos pou-

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cos se alongam, o homem se recoO são contacto com a realidade lhe. Na alva casa de pescadores da produz o são contacto com o munsegunda foto, há uma aparente inér- do dos sonhos. O equilíbrio, geralcia. No interior, obscuridade. Mas, mente, rompe-se quando a primeira como certas plantas, os sonhos se não é assumida apropriadamente em Nessa matéria ainda se encondesenvolvem mais nas sombras. A todo o seu impacto. Ir ao segundo tram no Algarve magníficos exemcasa está fechada. AJ o descanso se sem caminhar pela primeira é como plos. Abundam os personagens pooferece inteiro e exuberante, depois a ave que possuísse uma só asa. pulares com a maturidade e o viço da grande fadiga. Fora, silêncio, lim- Quando, na verdade, o pensamento das frutas de árvores que absorvepidez. Dentro, a fadiga e o contacto só voa com segurança pelos céus da ram seiva, sol e sereno durante anos, familiar com o Atlântico fazem so- metafisica quando equilibra a asa respeitando o processo protetor das nhar. E o sonho, como nuvem invi- do sonho com a outra da realidade. estações e os ritmos da natureza. sível, sobe cotidianamente pelas paredes caiadas e, ao sair pela chaminé, se cristaliza em rendilhados de reminiscências arabescas.

As fotos comentadas nesta página foram extraídas da evocativa obra "Algarve",

de Artur Pastor (Lisboa. 19651 CATOLICISMO -

Janeiro de 198 1

O descanso é como a arte. Mas nem sempre os antigos souberam ensiná-la às gerações posteriores, como se transmite de pai a filho o ofício de um artesão. Trabalhando ou descansando demasiado - ou demasiado pouco trabalha-se mal e se descansa mal. A boa administração das ho ras e das forças economiza tempo e rende vida.

Uma árvore é uma árvore, mas na fruta madura oferece naturalmente o melhor de si, com algo que se djria participante de uma ordem superior. Na fruta, a árvore como que sonha. Assim o homem em relação à atividade que realiza. Analisemos dois algarvios caracterlsticos, que ilustram melhor do que qualquer teoria a respeito. O primeiro (terceira foto) tem uns cinqüenta anos e seu rosto mostra uma singular harmonia entre os perfis angulosos e avultados. Experimenta vida árdua, mas não perdeu sua afabilidade. Embora sua postura indique certo cansaço, seu espírito é vivo e empreendedor. Está pronto para a faina, como para a boa conversa. Dá a conhecer também sua constância, tenacidade, sem que estas o dispensem de prever algum perigo ou alguma brusca mudança de circunstâncias: a experiência o preparou para as eventualidades. (: agudo no observar e recordar. No cachimbo, como nas mãos, ca-

losas, parece levar um cauda I de experiências inesgotáveis, aptas a serem consideradas e reconsideradas em qualquer momento livre. Sua agudeza e reflexão lhe conferem um fundo de certa ironia na observação das coisas, não faltando desconfiança e perspicácia típicas, diga-se de passagem, do algarvio. Sua pobreza notória desaparece ante a riqueza de sua personalidade. O chapéu- apresenta-se como uma auréola de sua perícia. Em nosso segundo personagem (última foto) destaca-se a dignidade sobranceira. Embora mais idoso que o primeiro, irradia um frcscor -

bastante sadio - que adorna sua indiscutível autoridade de velho lobo-do-mar. Os ombros e o busto lhe conferem a postura de um autêntico dignitário do mar. As maçãs do rosto e o nariz brilham com o fulgor da aventura. Ele sabe quem é nem mais nem menos - e tem consciência de que pode ensinar no plano em que se tornou mestre. Mas, sempre guiado pela prudência, não se mete naquilo que não conhece. Atingiu um grau de dignidade própria, que ostenta sem dificuldade nem afetação alguma. Identificou-se com o sonho de sua meninice, e o alcançou. No ombro esq uerdo leva um saco como se fosse um manto. E nele parece carregar o acervo de suas peripécias marinhas, como um tesouro de honra . Seu chapéu, modelado adequadamente pelos ventos da proeza, projetam sombra num olhar sério, respeitoso para consigo e para com o próximo, e com a superioridade de quem fez aquilo com que sonhou, a ponto de converter-se em legenda para as gerações futuras.

Na legenda, a realidade e o sonho como que se confundem. O labor diário, duro e ordenado, os momentos de espairecimento de espírito nas densas e profundas pausas, vão combinando por um lado a experiência e a apreciação da realídade, e por outro, expandem as fronteiras do ideali2.ável e do possível. O trabalho bem dirigido converte, em certo sentido, o sonho em realidade. A realidade converte em sonho o labor. O do lobo-<lo-mar, por exemplo. O sonho transforma o descanso cm realidade vindoura. E a realidade materializa o sonho no trabalho ... A questão é seguir a ordem natural das coisas. Realidade, honra, heroísmo. Quantas páginas de epopéia escreveu na História o Portugal dos sonhos e das realidades! Mar, costas marítimas, embarcações, descobrimentos. Grandes sonhos que se condensaram em grandes realidades. Uma destas chama-se Brasil.

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BAfOJLliCMSMO- - - - - - - - - - - - *

A esquerda católica ante a derrota de Carter PRONUNCIAMENTO popular nas últimas eleições norte-americanas continua a repercutir intensamente em todo o mundo livre, sendo objeto de análises e prognósticos feitos dos mais variados ângulos de observação. E é natural. Os Estados Unidos são ainda a nação de maior poderio econômico da Terra, detendo também, provavelmente, a hegemonia militar. Por mais que os últimos presidentes norte-americanos - notadamente Carter - tenham contribuido afincadamente para o declínio do prestígio internacional de sua nação, pela política de concessão sobre concessão e ajuda generosa à Rússia comunista, a liderança econômico-militar dos Estados Unidos no Ocidente permanece presente. Desse modo, uma manifestação tão categórica dos eleitores daquele país contra o achinca.lhamento a que vinha sendo arrastada sua pátria basta lembrar a vergonhosa entrega do Vietnã aos comunistas e a desmorali1.ação produzida pelo fracassado resgate dos reféns americanos no Irã - tem repercussões de todo tipo no jogo dos relacionamentos internacionais. Tais consequências são de caráter político, social, militar, religioso, econômico e até psicológico. Exorbitaria de muito os limites de um artigo querer abarcar toda a rede de corolários que se depreende daquele acontecimento. Além do mais seria prematuro. Só com o correr do tempo será possível verificar que rumos verdadeiramente se fixaram a partir do referido pleito.

O

Odesaponto dos progressistas Um fato, porém, é desde já inconteste. A vitória de Reagan, não enquanto significando a vitória de um homem, mas enquanto marcando a derrota de uma politica, deixou desenxabidas as esquerdas do mundo todo. E, entre elas, sobretudo a esquerda "católica", que com esforços inusitados tem procurado, de modo claro ou velado, carrear para as águas do socialismo - soviético ou não, pouco importa - a massa da opinião católica. Vejamos um e xemplo desse malestar. A revista progressista espanhola "Vida Nueva" estampa, na página 40 de seu número de 8 de novembro de 1980, uma pequena notícia sobre o resultado das eleiç_ões norte-americanas. 1, uma nota de "última hora", mas já vem redigida com todos os molhos do desagrado. Diz que "as cartas jogadas

Mesmo antes da derrota de Carter - observa com finura de análise o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - já era possível constatar a enorme defasagem entre o que realmente pensa e deseja o operariado. de um lado, e o que a esquerda "católica", por outro lado, se esforça por que ele pense e queira. E desde que al~uém pretenda verificar isto, o Presidente do Conselho Nacional da TFP sugere o seguinte: "prestar atenção na 1nais insiste11te das palavras de ordem da "esquerda cat6lica": conscientizar, conscientizar... Pergunto: a quem? Ao operariado. Do quê? De que há razões para qz,e este se i11digne contra os patrões. Concluo: logo, essa i11dig11ação é menor do que a esquerda católica quer. E está sendo soprada a golpes de fole por esta" (4).

Fato concreto: esquerdismo ê Impopular

Encontro do Cardeal Arna (centro) com Jimmy Carter~ no Rio. em março de 1978.

por Reaga11 ( ...) deram resultado. Estas teclas soaram harn1011iosame11te aos ouvidos dos eleitores". Tais expressões, utilizadas pela revista, mais parecem s ugerir uma manipulação do eleitorado, do que uma escolha feita livremente por este. Prossegue: "Enz boa parte do mu11do a vitória de Reaga11 produz uma expectativa algo te11sa". Ora, parece-nos difícil entender como, a respeito de um fato de "última hora", já se possa ter conhecimento da reação que ele provocou "em boa parte do mu11do". Que "parte do mundo" é essa? A grei dos esquerdistas de diversos matizes? E no mundo que fica fora dessa "bqa parte", que repercussão produz.iu? A revista nada diz, limitando-se a qualificar de "i11esperada" a maioria que derrotou Carter.

O "namoro" de Carter com o progressismo A notícia de "Vida Nueva" representa apenas um exemplo. O apoio e o estímulo - para falar só nisso - que a esquerda católica, em todo o orbe, recebia da administração Carter era frisante. Quando , em maio de 1977, D. Evaristo Arns e Carter receberam juntos da Universidade norte-americana de NotreDame o título propagandístico de "doutor honoris causa em Direitos Humanos", começou o relacionamento entre eles (!). t o caso de lembrar aqui que os direitos humanos - que, evidentemente, podem ser encarados retamente, alguns deles até como princlpios de Direito

Natural - costumam, na prática, ser entendidos pela esquerda como próprios aos terroristas ou suspeitos de o serem. Segundo tal concepção, a consequência concreta é que o resto da humanidade parece não ter direitos ou não ser humano ... O relacionamento entre o presidente e o Prelado prosseguiu bastante amistoso, tanto que, em 29 de outubro de 1977, o Cardeal de São Paulo enviou a Carter - chefe de Estado de nação estrangeira - uma correspondência sobre os presos políticos brasileiros, dados como desaparecidos por uma comissão da arquidiocese de São Paulo (2). Tal carta foi divulgada posteriormente pela imprensa. E, por ocasião da visita de Carter ao Brasil, em março de 1978, muito se falou e publicou sobre a amizade consagrada pelo presidente a O. Arns. Sobretudo quando Carter convidou o Cardeal para acompanhá-lo no Cadillac blindado que conduziu o presidente ao aeroporto, e do colóquio de uma hora que mantiveram no percurso (3). Agora, tendo a atuação de Carter lhe valido rotunda derrota nas urnas, demonstrando mais uma vez um fato repetido frequentemente nos regimes representativos modernos - que o povo é geralmente mais conservador se comparado a seus líderes - o que fará a esquerda católica?

Opçlles para os progressistas Não cremos que o pronunciamento popular seja suficiente para

deter a esquerda "católica". De tal forma ela faz o jogo da esquerda internacional e encontra-se com esta comprometida, que nada faz pensar num retrocesso. Mas, a não deter-se e recuar, como prosseguir? Continuarão ostentando a bandeira dos direitos humanos, já tão amarfanhada pela unilateralidade com que foi usado o conceito, ou a jogarão fora, arvorando outro pretexto qualq uer que permita o prosseguimento da escalada esquerdista? Outro problema ainda enfrenta a esquerda católica. Caso não se detenha, corre ela o risco de desembestar à frente de um processo que o grosso da opinião pública ocidental parece decidido a não querer acompanhar. Falamos em opinião pública do Ocidente, pois, ao que tudo indica, o fenômeno norte-americano tem amplitude que vai além dos limites do seu território nacional. Diante desse panorama, surge uma questão: os eclesiásticos que compõem a esquerda "católica", com sua coorte de leigos agrupados em "comunidades de base" ou associações análogas, desejarão agora isolar-se? Ou pretenderão, em determinado momento, apelar para meios ainda não confessados? Tais perguntas se impõem, uma vez que os resultados por eles obtidos mediante o processo de esquerdização - denominado frequentemente de "conscientização" - das massas católicas é muito inferior ao esforço e recursos até agora empregados.

Em face de tal situação não é de se excluir que uma parte da esquerda católica seja tentada a correr o risco de uma aventura, lançando mão de meios extremos. Como também é possível que uma parte dela, pelo contrário, se veja na contingência de andar mais devagar no processo de esquerdização, para chegar com mais segurança ao seu termo. Algo disso, aliás, já se tem notado. Os esquerdistas que escolherem tal senda serão seguidos nessas condições? Em outras palavras, aqueles que pulam fora do carro quando este passa a correr demais, permanecerão nele se o mesmo diminuir a marcha? O futuro representa uma incógnita, até o momento em que se realizarem as promessas de Nossa Senhora em Fátima, fazendo cessar tal processo e concrcti,.ando a admirável vitória de seu Imaculado Coração. Quanto ao presente, uma coisa é certa: mais uma vez ficou provado que o esquerdismo não é popular.

Gregório Lopes NOTAS (1) to que afirma o corrcsp0ndcnte da "Fo-

lha de $. Paulo". Ricardo de Carvalho,

na edição de 30/ 3/78 desse matutino. (2) Idem, ibidem. (3) Ver. por exemplo, o farto noticiário publicado a respc1lo no ..Diárlo dt Ptrntm,buco", de 1.0 / 4/ 80, e na ..Fotho de S. Paulo" d:a mesma data. (4) Artigo intitulado ··co11scih1tizor. wnsci• emizar ... ", na "Folho de S. Poulo" de 17/ 11 / 80.

Padre ''comunista-cristão'' diz-se ''profeta''

' residentes em Campos e outras cidades do norte flwniCorrespondentes da TFP nense estiveram em São Paulo nos primeiros dias do ano, onde foram recebidos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (centro), após participar de intensa programação. O encontro dos correspondentes teve lugar nas diversas sedes da TFP, e foi ocasião para que pudessem atualizar-se a respeito das atividades e metas da associação.

NOVA YORK - "Sou um comu11ista-cristão", confessava em 24 de dezembro de 1972 o Pe. Ernesto Cardenal ao repórter Ruben Lau, do jornal ch.ileno "LA Nación", quando Allende ainda estava no poder em Santiago . Durante a visita de João Paulo li ao México, aquele Sacerdote nicaragUensc, hoje ministro da Cultura do regime sandinista, chamou a atenção por ter participado da chamada "conferência paralela" de Puebla, acompanhado de dois guerrilheiros de seu país. Agora lemos no jornal "The Catholic News" (31/7/80) a seguinte declaração do Pe. Cardenal: "Conzo sacerdote eu 111e vejo co1110 um profeta 110 se11tido bíblico da palavra, o que significa aquele que de11uncia injustiças e a11z,nda u111 novo reino de justiça na terra. E como poeta eu tambénz sou profeta naquilo que para mim também significa ser uni revolucio11ário". Afirma ainda o ministro da Cultura nicaragüense: "Estive recen1eme11te em Roma, 011de falei co,n o Cardeal Agostinho Casaroli, Secre-

Pe. Ernesto Cardena1. ministro da Cultura

da Nica"gua. diJ:-• ··comunlst11-crlstlo''

tório de Estado do Vaticano, e ele me disse que, para o Vatica110, o caso da Nicarágua é diferente, é uma exceção nas norn,as do Papa. Ele n,e disse que isto era unia nova experiência, toda uma nova concepção". No entanto, os fatos vêm comprovando que a "experiência" sandinista não é substancialmente muito diferente da cubana, exceto quanto ao apoio que o regime de Manágua vem ostensivamente recebendo da maioria do Clero.


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LL N.• 362 -

Fevereiro de 1981

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Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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Forças conservadoras crescem nos EUA JÁ NO SEGUNDO dia da administração Reagan, 22 de janeiro, aniversário da funesta decisão da Corte Suprema norteamericana permitindo o aborto, dezenas de organizações conservadoras encheram as ruas de Washington, promovendo gigantesca manifestação. Apesar do frio intenso, 200 mil pessoas, dentre as quais senadores, deputados federais e per· sonalidades de expressão nacional, desfilaram pela grande Avenida Pensilvânia, saindo das

imediações da Casa Branca em direção ao prédio do Congresso. No ano passado, manifestação semelhante teve a participação de 45 mil pessoas. Convidada, a TFP norte-americana fez-se representar por numerosa delegação. Seus membros portavam as caracterlsticas capas rubras e conduziam os estandartes com o leão áureo sobre fundo vermelho. Brados em defesa da famUia e contra o. aborto irrompiam en-

tre as estrofes do hino "Tradição, Famllia e Propriedade". Os dirigentes do ato público prometeram continuar a luta até cessar nos Estados Unidos o aborto legalizado. Nas páginas 4, 5 e 6, nosso colaborador Péricles Capanema analisa o fenômeno da Noua Direita, com informações exclusivas obtidas nos Estados Unidos. Na foto, estandartes da TFP americana tremulam diante do Capitólio, ao lado de faixas e cartazes de outras organizações.

Mártires das Missões Estrangeiras no Oriente -

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ELES NÃO RECUARAM ante o mart!.rio no Vietnã; enfrentaram torturas na China; remexeram cinzas e encontraram brasas para reacender a chama da Fé, agonizante no Japão havia dois séculos; e derramaram o sangue pela conversão da Coréia. São os mártires da Sociedade das Missões Estran· geiras de Paris, cuias rellquias podem ser vene-

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radas na capital francesa. A descrição de algumas cenas emocionantes do martirio desses heróis da Fé constitui o primeiro trabalho de nosso correspondente na França (página 2). Na foto, quadro representando o martirio do Pe. Dumoulin-Borie, em Tonquim (Vietnã). Nas vitrinas, objetos sagrados utilizados pelos missionários e instrumentos de supl1cio.

Afeganistão: 500 mil mortos, 2 milhões de refugiados NOVA YORK - Perto de meio milhão de pessoas já morreram no Afeganistão, enquanto outros dois milhões fugiram do país, especialmente para o Paquistão, segundo informações fomec.idas por Sayd Bahaouddin Majrron, ex-professor na Universidade de Cabul. A fim de quebrar a resistência da população, as forças soviéticas vêm empregando um gás que atinge

o sistema nervoso, além de bombas incendiárias e minas disfarçadas em brinquedos. Em consequência, estas últimas vêm fazendo grande número de vítimas entre as crianças. Por outro lado, Saddunin Shpoon, que trabalhou na representação da ONU em Cabul, afim1ou haver muita esperança, entre as fileiras de resistentes afegãos, de v.ênccr os russos. - "Precisamos de vossa ajuda,

,nas Jravaremos essa guerra co,n ou se111 a vossa ajuda", disse Shpoon. Começam a circular noticias de que os soviéticos pretenderiam "afeganizar" a luta, deixando a cargo do pequeno exército comunista afegão o combate contra os resistentes antimarxistas. Na foto, um grupo d~ resistentes, exibindo armas capturadas aos russos.


Mártires da Sociedade das Missões Estrangeiras ,

RELI UIAS DE UMA EPOPÉIA 1

chado de sangue e cortado pelos sucessivos golpes que despedaçaram o mártir. Outro quadro que sensibiliza o visitante é o do martírio do Bemaventurado Dumoulin-Boric, também cm Tonquim, em 1838. Condenado a ser decapitado, s ua cabeça só caiu ao nono golpe. O carrasco, tendo tido contatos com o condenado enquanto esperava a sentença imperial, só teve ânimo para ir à execução após embebedar-se. Tonto, não teve sucesso nos oito pri-

Caio V. Xavier da Silveira nosso correspondente PARIS - Rue du Bac, n.• 128. Bem no centro de Paris, a dois passos da capela onde Nossa Senhora apareceu em l 830 a Santa Catarina Labouré, erguem-se imponentes. em estilo francês do século XIX, os dois grandes edifícios da Direção Gera l e do Seminário Universitário da Sociedade das Missões Estrangeiras.

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Casa Generalfcia e Somin,rio Maior daa Missões Estrangeiras. na Ruo du Bsc. n.<> 128. em Paris

O carrasco hesitante Logo à entrada , num grande painel, aparecem os nomes dos mártires das Missões Estrangeiras entre dezembro de 1670 e 16 de abril de 1975. São cerca de 180 nomes. Vinte e três deles estão sublinhados: foram declarados Bem-aventurados pela Santa Igreja. Adiante, em vitrinas, podem-se ver objetos a eles pencncentes, instrumentos de seu suplicio, sentenças de morte etc. Acima dessas vitrinas, grandes quadros mostram cenas de alguns dos martírios. Foram pintados por católicos do povo, contemporâneos desses acontecimentos. O tamanho dos personagens figura nos quadros em função de sua importância. O maior é o mártir. Depois, os carrascos; em seguida os mandarins que, montados em elefantes, presidiam ao suplício; os soldados aparecem em tamanho ainda mais reduzido; e finalmente um rendilhado constituído pelo povinho, que a tudo presenciava contrito. Um dos quadros mais antigos representa o martírio do Bem -aventurado Cornay, em Tonquim, Vietnã. no ano de 1837. Seu corpo foi esq uartejado sobre um tapete vermelho. Por ordem imperial a cabeça devia ser cortada em último lugar. A vítima passava pelo terrível suplício de se ver despedaçada viva. Uma ve,. cortada sua cabeça, o carrasco corria o fio do cutelo por sua boca, acreditando com isso incorporar a si a coragem que reconhecia e admirava no mánir. O tapete vermelho ali está cm uma das vitri nas, man2

Tü-Düc, quarra lua, segundo dia. A despeito de severa proibição contra a Religião de Jesus, o chamado Augustin. sacerdote europeu, ousou vir aqui clandestinanrente para pregá-la e seduzir o povo. Preso, conf essou tudo. Seu crime é patente. Que o Sr. Augustin tenha a cabeça cortada. É' o VEREDICTO". Corria o ano de 1851.

Dois séculos de perseverança clandestina

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Ai foram formados, sobretud o no século passado, os heróicos missionários que no Extremo Oriente lutaram pela conversão da China, do Tibet, do Japão, da Coréia e do Vietnã. O resultado obtido no apostolado com esses povos foi magnifico. Em particular no Vietnã, a Fé Católica penetrou a fundo em extensos veios da população, permitindo a férrea resistência ao comunismo em nossos dias. Tão grande obra custou a muitos missionários um esforço sobrehumano, frequentemente o sacrifício da própria vida. A história de alguns desses homens que chegaram até o holocausto total de sua existência está' perpetuada em objetos vários, expostos na Sala dos Mártires, situada nesse Seminário Universitário.

dendo-a na morte. era um dos quatro santos da predileção dela. pelo valor com que combateu e morreu. Do Bem-aventurado Augustin Schoffler está conservada a sentença de mone, gravada em caracteres cl\incses numa estaca, que fora fincada ao lado do lugar de seu martírio: "Quarto ano do Imperador

meiros golpes, produzindo terríveis feridas no Pe. Dumoulin-Borie, a quem o carrasco admirava. Após a execução, este foi punido com vergastadas pelo mandarim. Diante do mánir; no chão, vê-se a canga: trave de madeira pesadíssima que os prisioneiros levavam ao pescoço até a hora da monc. Essa canga se conserva na Sala dos Mártires: mede 2,65 metros de altura por aproximadamente 40 cm de largura. Excepcionalmente, permaneceu inteira, pois eram habitualmente cortadas em pedaços, e estes guardados como relíquias pelos cristãos. Um lugar especial é resen•ado às correntes que prenderam o Bemaventurado Théophane Vénard. Junto se encontram estatuetas, sua trança, seu breviário e sua consagração como escravo de Nossa Senhora, segundo a fórmula de São Luís Maria Grignion de Montfort, assinada com o próprio sangue. Tendo vivido na mesma época de Sa nta Teresinha do Menino Jesus, e anteceAlguns instru mentos de aupll· cio e de martfrio de dois Padres misaionérios

Cordas que serviram para estrengular os Bemaventurados Pau-

lo M in, Pedro Dirong e Pedro T ru•

ât, em 1838, no Tonquim

Part icularmente tocantes são os crucifixos e medalhas da Santíssima Virgem que os católicos japoneses transmitiram de geração a geração, desde a grande perseguição que sofreram em princípios do século XVII, a partir da qua l o Japão se fechou inteiramente aos missionários. Eis um pouco de sua história, narrada a quem visita a Sala dos Mánires. Em 15 de agosto de 1549, São Francisco Xavier, o primeiro missionário do Japão, desembarcou em Kagoshima. Ele e seus sucessores trabalharam com êxito, e no início do século XVII os católicos japoneses eram 300 mil. Após perseguições, alternadas com fases de favores por parte das autoridades, a partir de 1613 prevaleceu o extermínio violento. O Japão isolou-se do mundo, todos os missionários estrangeiros foram banidos e a cristandade nipônica quase se extinguiu. Não estão alheios às perseguições os hereges !:olandeses, que promoveram intrigas contra os m.issionários junto ao trono japonês. Em 1859 o Japão aceitou abrir novamente alguns de seus portos aos navios estrangeiros. As Missões Estrangeiras de Paris foram encarregadas imediatamente de retomar a cvangeli,.ação do país. Em 1865 o Pc. Petitjcan inaugurou uma igreja em Nagasaki , observando certo dia aproximar-se um grupo de uns vinte japoneses. Estes olharam cautelosamente e lhe disseram: "Mostrainos a inragem de Santa Maria". O Sacerdote satisfez-lhes o pedido. Dentro da imobilidade de suas fisionomias, um imperceptível sorriso modelou seu lábios: "Sim, é Ela 1nesn1a. Nosso coração é então o 11,es1110

que o vosso".

Nas semanas seguintes, outros grupos se manifestaram, apresentando objetos de piedade e livros de doutrina, velhos de 300 anos. Formularam eles novas perguntas: "Onde estão vossos filhos? - É' o Chefe

do Reino de Ron,a que vos envia?" Mais de 20 mil cristãos clandestinos foram assim descobertos na região de Nagasaki. Sem Sacerdotes, durante dois séculos e meio tinham continuado a se batizar entre si e a conservar a essência da Fé. Nagasaki tornou-se cm 1927 a sede do primeiro Bispado japonês.

Os nobres convertidos do "Reino Eremita" A parte final dos mostruários é reservada aos mártires da Coré ia. A evangelização dessa península constitui na História da Igreja um fato duplamente excepcional. Primeiramente, de modo contrário ao habitual, foram os nobres, os man-

missionários. Leão XII confiou a perigosa cvangclir.ação da Coréia às Missões Estrangeiras de Paris. Finalmente, cm 1836, os Padres Maubant e Chastan entraram na "terra das 111anhãs calmas··. No ano seguinte, Mons. lmbcrt uniu-se a eles. A vitalidade da Igreja na Coréia atingiu então seu clíma x ... e a perseguição também. Num caso de extremo perigo para seus fiéis, Mons. lmbcrt afirmou:

"O bom pastor dá a vida por suas ovelhas". Para fazer cessar as perseguições, entregou-se juntamente com seus dois outros companheiros. Foram supliciados em 21 de setembro de 1839, em Seul. André Kim organizou, entretanto, o reingresso dos missionários. Preso em 1845, morreu no ano seguinte. Em 1866, o regente do reino decidiu acabar definitivamente com as missões, desencadeando a "grande perseguição". Dos 25 mil católicos, a metade pereceu no patí-

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N e Sala doa M ártires, reUquias preciosas testemunham o herofamo doa miaaionérioa

do século passado, especialmente na Indochina. J aplo e Cor6ia

darins e os homens de letra·s os primeiros a serem tocados pela graça e se converterem. Em segundo lugar, foram leigos não batizados - e portanto pagãos - os primeiros "missionários" desse país. A Coréia, por seu isolamento do resto do mundo, e mesmo dos outros países do Oriente, era conhecida como "o Reino Ere,nita". Repudiava visitantes de qualquer espécie. Não abria suas portas às embaixadas estrangeiras senão no Ano Novo. Nessa festa recebia tradicionalmente uma embaixada do imperador da China, que lhe enviava presentes. Aconteceu, entretanto, que em 1777 membros dessa embaixada levaram de Pequim livros católicos. Tais livros foram lidos pelos letrados do reino, que se entusiasmaram pela doutrina do Papa de Roma. E a tal ponto aderiram a ela, que tomaram a decisão de passar a viver segundo os preceitos católicos. Assim o fi1.eram, de maneira incipiente, mas muito fervorosa. Sete anos mais tarde, um deles, tomando parte na embaixada que ia a Pequim retribuir as amabilidades do imperador, recebeu o Batismo. De volta a seu país, organizou um embrião de Igreja, batizando vários de seus compatriotas. Em 1785, ocorreu o primeiro martírio: Thomas Kim, um dos recém-batizados, forçado a apostatar, recusou-se valentemente, tendo morrido cm meio a torturas. Não abalado em sua fé por esse manirio, mas desejoso de maior perfeição, esse primeiro grupo de fiéis escolheu e "nomeou" dentre seus membros um "bispo" e quatro "sacerdotes~. Somente mais tarde é q ue, melhor instruídos em conseqüência de novas embaixadas a Pequim, o referido grupo solicitou a vinda de um Padre. O Bispo .de Pequim enviou-lhe um missionário chinês, o qual foi descoberto e executado cm 1801. Transcorre ram trinta anos. Os cristãos coreanos já eram vários milhares, perseverando na Fé, embora sem Sacerdotes. Dirigiram eles então uma súplica ao Papa, pedindo

bulo; dois Bispos e sete missionários tiveram a mesma sorte. Mais tarde, cm 1875, um edito rea I pôs fim à perseguição, e a liberdade tão custosamente adquirida foi oficialmente reconhecida aos cristãos dez anos mais tarde (1884). É curioso notar que a Sala dos Mârti.res ostenta bem menos relíquias vindas do Coréia do que do Vietnã. Isso porque na Coréia as primeiras conversões deram-se nas classes mais elevadas. E nestas os gloriosos mártires não despertaram tanta atração e uma devoção sensível como sucedeu com o povo miúdo vietnamita. Os primeiros cristãos de Tonquim colhiam com grande respeito tudo o que pencncera ou havia tocado cm seus Padres imolados. Os nobres e intelectuais coreanos fervorosamente convertidos, afeitos sobretudo ao aspecto doutrinário do Cristianismo, negligenciavam as relíquias.

·- ------Sobre o estado atual do Catolicismo em cada um desses países, admiravelmente regados com sangue, muito se poderia dizer. Este artigo limita-se a notar que de um deles a Providência continua mais claramente a pedir o sangue dos católicos: o Vietnã. Inúmeros são os refugiados em todo o mundo, e especialmente na capital francesa. que presenciaram muitos martírios, tendo mesmo nos narrado vários deles. Falam também de seu próprio sofrimento - freqüentemente verdadeiro martírio moral - para chegar ao mundo IÍvre, escapando da mais terrível das perseguições que até hoje se abateu sobre sua pátria: o comunismo. Flagelo em relação ao q_ual a Igreja novamente sairá vitoriosa. Prevendo-o em 1917, na Cova da Iria, Nossa Senhora ali igualme nte predisse seu aniquilamento. Este não tardará se os verdadeiros católicos orarem e lutarem, a exemplo dos missionários do Oriente, cuja pugna heróica descreve!l)os acima.

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1981


ias e ODE SER DIFÍCIL para um homem - ou melhor. para um grupo de homens - desviar um curso de água. Ser-lhe-ia mais difícil ainda desviar de seu leito o Amazonas. "Difícil. não; impossível!" - objetar<, alguém. Impossível"/ Em tcrmc s. A própria impossibilidade tem matizes. pois teoricamente é condicionada pelo número de homens, peta qualidade e pela quantidade dos instrumentos. pelo tempo disponível etc. Impossível no sentido mais forte do adjetivo. seria verter num dedal o conteúdo de um copo dágua. Digo-o para evidenciar que. por vezes. certas pequenas operações estão mais fora do alcance do homem do que outms entretanto gigantescas. Assim. fazer caber cm um artigo de jornal matéria de si muito ampla, pode ser mais difícil do que redigir dez longos artigos. Desse modo. condensar cm dois artigos certos aspectos da publicidade feita cm torno da visita de Lcch Walcsa a João Paulo li dá-me a impressão de ser quase tão impraticável quanto verter a água de um copo em um dedal. Contudo. começo por descrever o complicado fundo de quadro do assunto.

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Não há quem ignore estar o povo polonês trabalhado por crescente descontentamento com o regime comunista vigente cm seu pais. O que pode levar à derrocada do regime. Segu ndo a versão tida por indiscutível (quanto a mim, acho-a de lodo em todo improvável). a Rússia ocuparia então a Polônia. E s ujeitâ-la-ia a uma carga ainda mais iguatitária e policialcsca. Tragédia para a Polônia e também tragédia para o mundo. Pois. sempre segundo a saga corrente. o Kremlin conservaria nas

~ garras a Polônia. ainda que tivesse • de enfrenta r o perigo de uma ação ~ norte-americana libertadora, o u seà ja. de uma guerra mundial. cvenl tuatmentc atômica. - Logo a Rús; sia. pondero cu: ela que se mani; festa incapa,. de deglutir o Afcga= nistão. pequeno como um besouro. • a prctcnsao • de donu.na r a no;< tena : brc {1guia branca da Polônia. e de

esouro

enfrentar depois o perigo de uma tum com a supcrpotcntc águia nor-

te-americana! Vistas as coisas a partir da saga. compreende-se <1uc Walcsa tome dimensões de figura mundial. Se o movimento que ele lidera derrubar o governo de Varsóvia. teremos a ca t,istrofc. Se não o derrubar. teremos a paz. Para a Polônia. o idc~I seria. assim, que Walcsa alcançasse êxito tão grande quanto o conscnti~scm os russos. Nem uma linha ,,iém disto. pois do contrário poderá vir a hecatombe. Obter esse êxito, e graduá-lo com tanta precisão. eis o que numerosos - e muito ilustres - poloneses dele esperam. E não só poloncses. como pacifistas extremados do mundo inteiro. Se bem que. entre os próprios poloneses. também haja uma corrente de peso. a q ual deseja dcrru- _ bar o governo de Varsóvia. certa de ,l! que nada sucederá.

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k JODO Pnulo !I. entre Gierek. ex-secretário do PC polonis. o Cardeal Wyszynski e Henry'k Jablonski. presidente da Repúblico Po· pular da Polônia, por ocasião da viagem do Pont(fice à sua terra nat al. Naquela época. nlo se havia tornado patente o deseontenu1mento pop,,lar atual. que ocasionou a queda de Gierok dos cargos que ocupava na hierarquia do PC e governo poloneses.

do eslavo. M istéri"s do jogo comuFace a tal quadro. quais as metas imediatas e mcd iatas do Vatica no·? As primeiras estão claramente enunciadas no discurso de .João Paulo ti. Consistem cm que Walesa opere exatamente a graduação necessária para ganhar algum tanto de terreno -

algum tantinho -

sem

provocar a guerra. Para o que, João

Paulo It deu a Walcsa a acolhida hars série que se viu. Co ntudo~ não me parece vcros· símil que o Vaticano, tão lúcido em sua diplomacia bimilenar. se deixe impressionar pela carantonha com

que os homens do K.-cmlin fitam o Ocidente, e se esqueça de que os homens da cara ntonha, terriveis quando vistos deste lado do mundo. estão sendo espancados no Oriente pelo anão afegão. Por que então temer a carantonha'? Mistérios do mundo detrás da cortina de ferro. Mistérios do mun-

nista internacional. Mistérios do sé·

c ulo XX . Um dia se vería c laro em tudo isso. Não é minha intenção dissertar sobre tão vasto tema. Não tentarei verter no dedal o oceano. Ma:i creio dar uma contribuição

sugestiva para a elucidação do assunto. pondo cm evidência que jornais romanos de centro, de centroesquerda e de esquerda - e cm med ida nada pequena também jorn.,is paulistanos - deram à acolhida proporcionada por João Paulo li a \Valesa uma publicidade acentuadamente maior do que lhe concedeu o cotidiano oficioso da Santa Sé. "l.'OsservlltOre Ronl{lno", :~ •l ·- ji\ .' ,.:;> • ,/, ~.:

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Neste fato, o que há para discernir e "subdisccrnir"?

Watesa não é senão um particular. O líder de uma corrente operária. E líder a tal ponto controvertido que •. segundo tem afirmado ma is de um analista internacional. João Pauto li lhe dispensou tão ressonante acolhida precisamente para lhe conferir o "q11a111u111" de prestigio que lhe falta para o seu difícil trabalho de regulagem. Ora. neste rumo, o Vaticano teve o concurso decidido das três maiores organizações sindicais da Itália. Cito-as na ordem de sua imponãncia numérica: CG IL comunista, CISL cató lica e UIL socialista. Essas organi7.ações facilitaram o ensejo da visita de Walcsa (eu ia c.scrcvendo Luta. mas corrigi a tempo), convidando-o para conferências cm Roma. recebendo-o no aeroporto de Fiumicino com díscurseira e copiosa claque. e proporcionandolhe contatos com bem fornidos auditórios operários.

Plinio Corrêa de Oliveira

A visita a Roma. assim desencadeada. tornaria natural um pedido de audiência de Walcsa (que viajava à maneira de celebridade, com familiares e séq uito numeroso) ao Sumo Pontífice. Bem entendido. o fruto essencial da viagem, ou seja, a suplementação de prestígio, adviria a Watesa incomparavelmente mais do Vaticano do que dos sindicatos italianos. Este o fundo de quadro. Veremos adiante que João Paulo li concedeu essa suplementação com libera lidade principesca. Por ora faço notar que ao mero particular que é Walesa, aguardava em Fiumicino, com o trio sindical, o próprio Mons. Achillc Silvestrini, Secretário do Conselho para Assuntos Públicos da Santa Sé. Pequeno mistério no meio de outros tão maiores: menciono Mons. Silvestrini porque o designa taxativamente "L'Osservatore Ron,ano" do dia 14 de janeiro p.p .. se bem q ue as agências noticiosas tenham afirmado estar presente não ele. mas Mons. Coppa, da Secretaria de Estado. Por que e para que esse lapso? Ignoro-o. Matiz dentro dos matizes. Mistério menor em meio a mistérios maiores.

O terrível genuíno e o temível balofo DIRIGENTE sindical polonês Lech Walesa visitou João Pauto II no dia 15 de janeiro p.p. E recebeu honras de chefe de Estado. Assim, togo ao chegar, foi recebido a sós por João Pauto II cm sua biblioteca privada. Em seguida tiveram acesso à sala a esposa e o padrasto de Walesa. E, por fim, todo o séquito dele. "João Paulo li quis reservar ao líder sindical polonês Lec/1 Waiesa ( ...] as honras que o protocolo varicano pres,·reve para os chefes de Estado, e que outrora era,n reservados aos sobe.. ranos do Sacro h11pério Romano. De faro. com a audiência de onten,, o Papa Woytila deu ,, Walesa e ao si11dicaro "Solidariedade" uma ver- · dadeir<i e genuína investidura, jun1t11ne,11e con1 o indicaçlio de uma li11ha de ,·omporramento. quando disse que o surgimento deste sindic1110 se enquadra 110 ·esforço elas ,emana., do outono (,u, Polónia). q11e não foi voltado contra 11inguém. ,nas fni e é voltlldo exc/11.,ivamente "'' hen, romum". É o que comenta. e ntre desvanecido e ufano o cotidiano de Roma "L'Unirà"(l6-1-81), órgão oficial do próprio Panido Comunista Italiano (PCl). Por que c.,sa

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Joio Paulo li recebeu Watesa. sua esposa o o pad,asto. em audiência na Sala do Consistório, unia das mais famosos do Vaticano

CATüLIClSMO -

Fevore,ro de 198 1

ufania? Por que esse desvanecimento com a "investidura" dada a Watesa, isto é, ao líder de uma corrente que parece criar tantos obstá· culos aos títeres que Moscou aboletou no governo de Varsóvia? M istério. Mistério ... Quanto é misterioso o Kremlin . desde os tempos sombrios de lvã, o Terrível, até Leonid Brejnev, o Temido (por todos. exceto pelos heróicos afegãos). Falava cu do que se passou na biblioteca de João Pauto li. O ponto alto da visita de Walesa ao Sumo Pontífice veio em seguida. "L'Osservatore Romano" (16-1 -81) narrou que, feitos os recebimentos na biblioteca, a audiência a Walesa prosseguiu "na Sala do Consist6rio, na presença de m1111erosos represe11ta11tes da comunidade polonesa residenre 110 Itália e de jornalistas de diversos jor11ais italia11os e estrangeiros". Sim. na legendária Sala do Consistório, uma das mais célebres e suntuosas do Vaticano, a qual prolonga. cm nossos dias, os esplendores do século XVII, em que foi inaugurada. A sala conhecida no mundo inteiro porque neta os So-

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UM FENÔMENO A O terrível... . beranos Pontífices vêm reunindo o mais augusto dos senados, isto é, o Sagrado Colégio dos Cardeais. Realmente, não consigo imaginar que em nossos dias se pudesse fazer mais para prestigiar um mero particular. Dando à minha reílexão a entonação discreta, imposta pelo respeito, devo dizer que nem sequer imaginei ser possível fazer tanto. Mas. oh assunto matizado! Aqui mesmo cabe uma observação

2. E agora quanto à substância. Enquanto o próprio fato do recebimento de Walesa e dos seus na Sala do Consistório de tal maneira coruscou na Polônia e no mundo, essa notícia em "L'Osservatore Romano" se apresenta bastante sóbria. Ela consiste principalmente na reprodução do texto do discurso pontifício em polonês e em italiano. Comparativamente com as referências bombásticas do jornal comunista à investidura dada a Walesa pelo Pontificc, e ao cotejo entre Walesa e os imperadores do Sacro Império, quanto é sóbria a língua-

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Na entrevista à imprensa, dirigida por um jornalista inglês {à direita), Walese foi eficientemente assessorado pelo intelectual polonês Tadeusz Masowi&eki {à esquerda)

rica cm significado psicológico, e em alcance. Máxime em se tratando - eu já o disse no artigo a nterior - da Santa Sé, cuja diplomacia passa por ser. a justo título. a mais famosa do mundo. Na medida em que seja lícita a metáfora. digo que a audiência dada por João Paulo li é comparável a uma potente lâmpada acesa junto a Walesa. Mas, a esta lâmpada, o próprio j ornal oficioso do Vaticano - de João Paulo li - circu nda com um abat-jour.

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Sabe-se que nos jornais atuali1.ados (e não há a menor dúvida de que "L'Osservatore Ronwno·· é um destes) cada título de noticia, mais ainda, cada palavra é cuidadosamente contada , medida e pesada. No escolher para uma noticia a página cm que deve ser publicada , e inclusive o lugar adequado na página, podem e ntrar subti le1.as sem fim. E muitÕ objetivas, porque em matéria de propaganda tudo pesa. · Ora, "L'Osservatore Romano" deu à visita de Walesa uma publicidade nada pequena. E nem poderia ser de outra maneira. Mas esta publicidade não tem as grandiloqüências do órgão do PC! sobre o mesmo assunto. Assim: 1. Em "L'Osservatore Romano" do dia 16, figura, no alio da primeira página, à direita, uma notí· eia sobre a audiência de João Paulo li ilustrada com fotografia. Mas a notícia ocupa só as três das sete colunas da página. Lado a lado, e também cm três colunas, no alto da página , há outra noticia, e mais uma vez sobre outra audiência do Sumo Pontífice. Foi esta "aos participantes do primeiro Congresso para a Família da África e da Europa". Lado a lado, que temas desigualmente importantes igualados entretanto na mesma prateleira ... Isto quanto à embalagem.

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gem de "L'Osservatore Romano "! Para fato tão coruscante, por que tanta sobriedade (a qual o jornal repete no resto da notícia, na página dois)? De outro lado, por que a publicidade do PCI põe uma lente de aumento na coruscação que beneficiou Walesa? Enigma, mistério. Talvez não seja demais acrescentar, desconcerto. 3. Saudando João Paulo li, Walesa lhe pediu diretrizes: "Esperamos teus conselhos, e sen1pre te servi* reinos com fidelidade" ("Avvenire", porta-voz do Episcopado italiano, 16-1-81). A esse pedido seguiu-se a alocução cm que o Sumo Pontífice dá suas diretrizes a Walesa. Elas poderiam resumir-se no binômio destemor e moderação. Com uma discreta mas definida tônica sobre a moderação. Ficou assim patente que Walesa se propõe a agir segundo o rumo desejado por João Paulo l l. E que este tem esperança na fidelidade do líder de "Solidariedade". Aqui está o núcleo da troca de discursos, o qual confere sentido a tudo mais. Entretanto, "L'Osservatore" não o deixa ver claramente, pela simples razão de que da saudação de Walcsa reproduz apenas tópicos menos significativos. Por que f~i om isso, precisamente neste ponto chave, o competentíssimo "L'Osservatore Ro-

1nano"? 4. Quanto ao jornal comunista "L'Unità", também não publica o pedido de diretrizes de Walesa, embora tal pedido contribua sensivelmente para caracterizar o que ele chama entusiasticamente de "investidura". Por que esta omissão? Mistérios. Ainda aqui, mistérios.

E mais uma vez me vem ao espírito o confronto entre !vã, o Terrível, e Leonid, o Temido. Entre a terribilidade louca e facinorosa do século XVI, mas autêntica, e a terribilidade balofa, suspeita, meio real e meio folclórica, do velhaco e banal Temível do século XX.

UE MUDOU O

S PRIMEIRAS notícias acerca da esmagadora vitória de Reagan sobre Carter provocaram ondas de espanto e incredulidade nas mais variadas camadas de opinião . A repetição monótona de conceituadas agências de pesquisa reafirmava , até a véspera do 4 de novembro, que estava indecisa adisputa pela suprema magistratura dos Estados Unidos; os dois candidatos corriam virtualmente empatados. Já na noite da eleição explodiu a noticia - como se sabe, o desafiante conservador esmagou o oponente: 51% a 41%. Em número de votos no colégio e leitoral , a vitória se apresentava ainda mais inequivoca: 489 a 49. Isto é, grosso modo, triunfou no país inteiro. Dos 51 Estados da Federação, Carter, a lém de sua nativa Georgia, venceu apenas cm Minnesota - terra de seu companheiro de chapa para a vicepresidência - , Havaí, Rhode lsland, Washington, Delaware, West Virgínia c Maryla.nd. Passadas algumas horas, a vitória conservadora se ampliava. O Senado norte-americano, onde se renovou um terço das 100 cadeiras, voltava a ter maioria do Partido Republicano. que conquistou 22 assentos, ficando os restantes 12 com o Partido Democrata. Como foi noticiado, entre os perdedores havia figuras esquerdistas de exp(.essão mundial, como McGovern, Javits, Bayh e Church. A Câmara Alta conta agora com 53 republica nos, 46 democratas e I independente. Nem todos os republicanos eleitos e ram conservadores, embora o fossem na quase totalidade. Entretanto, dentre os dcmocrarns do Senado há a lguns categoricamente anti-esquerdistas, cm especial os do sul, o que representa, no total, nítida vantagem numérica para o bloco conservador. As e leições para a Câmara Federal (House of Representatives) concomitantemente trouxeram novo golpe para a aturdida esquerda, já desconcertada com o resultado das disputas presidencial e senatorial. A maioria democrata naquela ocasião baixou de 114 para 51 deputados, mas, como confessa o

os ventos da modernidade malsã largamente acred itada no mundo inteiro - . e ra também inc ulcada nos Estados Unidos pelas tubas da propaganda, no seu homem médio. Quando este o lhava cm torno de si, via a maioria de seus conhecidos comp9sta de cidadãos decentes. chocados com a avalancha pcrmissivista e temerosos da vacilante e débil política frente aos russos. As eleições anteriores colocaram nos p.ostos representativos um bloco de esq uerdistas que não correspondiam ao sentir autêntico do conimon man. Algo de fa lseado existia entre o tom das vozes que falavam em nome do país e o timbre que seu habitante acharia normal. Uma trinca havia entre poderosas voz.es do contubérnio do mundo propagandistico e político e as multidões d_os pacatos cidadãos norte-americanos. Nessa trinca entrou como um .tufão a conjunção de forças conservadoras, hoje conhecida mundialmente sob o nome de "Nova Direit0". Mediante enérgica e inteligente ação, contribuiu significaiivamentc para mudar a feição publicitária dos Estados Unidos. As variadas táticns empregadas, das quais se falará, embora dentro dos acanhados limites de um artigo, se resumem num ponto: retirar a "maioria silenciosa" de sua apatia e alheamento dos problemas nacionais e levá-la a se ex primir com autenticidade. Numa palavra , utilizando expressão usada nos Estados Unidos, faz.er a "ma ioria silenciosa" rugir.

Tríncas a descoberto Quais eram os componentes principais das desavenças, muitas vez.es implícitas, segu idamente camuíladas, e nt re o que tonitruava a propaganda e a opinião do cidadão comum? Ei-las: • Acelerado armamentismo russo, ameaçando o país e ·a segu rança

insuspeito semanário "Tirne", entre

os democratas há 26 conservadores. Na realidade, o recém-constituído Forum De11rocrático Conservador já cm novembro do ano passado possuía 34 membros, o que configura, na prática , maioria anti · esquerdista. O semanário "Newsweek" (24-11-80), indo mais longe, afirmou: 'lOs republicanos] domino,n o Senado, pela prirneira vez desde 1954. e, co11ro supôs o senador democrata por Nova York. Patrick Moynihan, poderiam 111011tê-lo até o fim da década. Trans· formara,11 a Climara Federal. baixando a 11raioria democrata de / 14 para 51 e colocando tuna nzaioria

conservadora bipartidária 110 seu controle". Edward Walsh conjetura que, dependendo do tema , as causas conservadoras podem atrair entre 30 a 50 votos dos democratas da Câmara ("Washington Post'', 28-11-80). Que teria acontecido para determinar virada tão desconcertante? O que sucedera na alma da nação mais poderosa da Terra para mandar para casa importantes e numerosos esquerd istas (*), colocando em seu lugar figuras que realizaram a campanha eleitoral com base cm nítido programa conservador?

Fazer a "maioria silenciosa" rugir A imagem do Colosso do Nor1e, sempre tendendo a se enfunar com ( • ) ~ conveniente not:ir. ncSlà altura do anígo. que o tc,n10 esqucrdi.sta é aqui uti•

li1.;1do para designar o que os nortc-:imeric:inos qualificam de lihuol. Palavra que não tem a acepção de lil>cral em português. mas indica o p:'lrtid:h io do socialismo no terreno econômico e defensor do pcrmissivismo no campo moral. Em suas vári.ts gamas, o lihrro/ nortc-ameticano é uma rncscla de esquerdista. progrçS$iSW e pcrmissivisla. Paro o português, por não ter o tcrn~o liberal o mesmo S(ntido, u1ili1..imos 3 lmduçâo rsqt1t·rdb:ra, que pode cao,bem c,,globar cm seu si~niíicado o J)f(Jgrt~·si,\11.1 e o ptrmissfri,m ,.

ram forma e expressão ao descontentamento, o que permitiu a criação de uma estratégia nova, com amplas possibilidades de êxito.

As táticas conservadoras O grande propagandista da Novt, Direit0 é o eficiente homem de ação e observador perspicaz Richard Vigucrie, diretor da revista

"Francamente, o rnovimento vador está onde está por ci "mala direta''. Sem a "mala não haveria contra-força ao dismo e, certamente, não havi va Direita. [ ...) A maioria do. vadores políticos concorda esquerdistas têm efetivo conti meios de comunicação social tua/ monopólio na TV, rádio, e revistas." (Richard V "Conservative Digest" e da empresa de "111ass mailing" ("mala direta") - 77,e Viguerie Co. Ele explica que, independente da fi liação aos dois maiores partidos, o que desejava era a tingir o público que, de uma forma ou de outra, discordava dos rumos que os Estados ,U nidos trilhavam. Vigueric, em artigo de "Conser· vativ,• Digest" de outubro de 1980, constatava o fato de que, para a maioria dos observadores políticos, os esquerdistas têm "efetivo can· trole dos 111eios de comunicação de nwssa - un, 111onop6/io virtual li dt, TV. rádio. jornais e revistas", E , acrescentava: "Não é que meios de informação aprese11te111 as 11otlcit1s de maneira preconcebida. mas apre· sentam o lado positivo das causas esquerdistas, dos temas esquerdista.t, das pessoas esquerdistas e. 110 111aior parte das vezes. ig11ort11n as causas conservadoras. os tentas conservadores e personalidades conservadoras ou os apresentam de 111011eira desfavorável". Optou então pelo uso maciço dos serviços de "mala direta" para difusão de idéias, recolhimer.10 de contribuições, propaganda eleitoral

Robert Doman venCeu a mais acirrada disputa à Câmara Federal. pelo Estado da Califórnia. Seu oponente. filho do artista de cinema Gregory P&ek, recebeu milhões da dólares da organizações esquerdistas ou favorfiveis ao aborto.

do mundo livre, sem cessar sua expansão imperialista. • Aumento dos impostos e regulamentações, subindo a graus insuportáveis a ingerência estatal na vida privada. • Gran·de prcocuP.ação com a liberação do aborto. 1 • Na TV e cinema, a pornografia impune. • Ameaça aos fundamentos da vida familiar e social, com o feminismo exaltado da emenda constitucional ERA (Equal Right Ame11d111e11t). • O ateísmo crescente em vários campos da atividade humana. Enquanto os senh ores do poder político e publicitário procuravam dar a entender que a nação, como um bloco, desejava a détente, o aborto, a pornografia, o igualitarismo insensato entre os sexos, foramse constituindo, sem atrair os holofotes da atenç.ã o dos grandes meios de comunicação social, os grupos que emergiram para o proscênio, por ocasião das eleições de 1980. Tendo como centro de suas atenções o mal-estar generalizado, de-

Paul M. Weyrich. diretor do Commiltoo for tht1 Survival oi ti Froo Congro$$ {CO· mitê pela Sobrevivêncía de um Congresso Livre}, forma líderes pollticos conservadores.

de candidatos, campanha de denúncias etc. Tal sistema também é amplamente usado no suporte de institutos de estudos, os "rhink ranks", que serão comentados posteriormente. Nos últimos seis anos foram enviadas mais de um bilhão de cartas, afirmou Viguerie, acl'esccntando: "Por muitos anos. estáva,nos frustrados porque não tí11ha1110s u111 veículo parq 1ransn1i1ir nossa rnen· sagem aos eleitores. sen, passar pelos filtros dos 11,eios de i11for111afão tendentes à esquerda" ("Co11servative Digest", novembro de 1980). Explica Vigueric como tais métodos ajudaram a derrotar candidatos de esquerda: "Durante os anos 50. 60 e 70. os políticos de esquerda era,n capazes de fazer discursos que soava,n co,no se tivesse,n CATOLICISMO

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RUMO DOS ESTADOS UNIDOS sido escritos por Barry Goldwater [senador de direita]. Podiam ir para suas regiões eleitorais nos fins de sen,ana e fazer discursos defendendo 11111 Estados Unidos forte, araca11do o desperdicio 110 gove,110 e se lan1e11tando do gigantismo governan,ental. Então. nas seg1111das-feiras, os esquerdistas retornavam ao Congresso e votava,n contra novos siste,nas de armas. e11tregava111 o Ca11al

conserusa da direta" esqueriria Nos obserque os role dos virjornais

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conferências, congressos, cursos etc. O Conserva tive Caucus ( Caucus Conservador). dirigido por Howard Phillips, se e mpenha especialmente nesse labor. Resta tratar de outros movimentos do uni'verso da Nova Direita e de suas instituições de pesquisa e estudo. Os primeiros combatem o assalto do permissivismo e do socialismo. Suas instituições de pensamento, ao lado d e livros tratando de temas espcclficos contrários à esquerda, tem um lado positivo: compõem o que se poderia chamar o programa conservador.

Os "thlnk tanks" da Nova Direita

Movimentos da Nova Direita

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'iguerie) do Pana,ná, au111enrava111 i,npostos; criavarn novos departamento no governo e enfraqueciam a CIA. De vez em quando. visitavam líderes co,nunisras co1110 Fidel Castro e volravam elogiando-os. Mas a 111aioria dos eleitores de South Dakora 011 ltlaho nunca

1011,ava

conhecirnento

disto. Por que os eleitores de South Dakora. /daho. Iowa, Indiana. Wisconsin e outros Estados não conhecian, o duplo jogo de seus se11adores. de seus depurados f ederais (pareciam conservadores 11as regiões eleitorais. agiam como esquerdistas fora daí)? Porque a 111aior parte d os . ,neios de cornunicação social não informava ... Então as organizações conservadoras, por meio de cartas, folhetos, contatos pessoa is, chamadas telefônicas, informavam os eleitores como seus representantes haviam votado no Congresso e ... o resultado foi o conhecido. Em si lllonia com esse lrabalho. o atua nte Co111111it11l() for the Surl 'ÍWtl r~f d Ffi>( • C( JJIRN'SS (Comitê

rela Sohrcvivência de um Cnngres~o l.1\'rc) recruta. treina. assiste e <-1r4uitc1a a ca mpanha dos candi-

datos conservadores. Seu diretor, Pa ul M. Wcyrich. cm intensa e esclarecida ação. dotou o país de verdadeira mina de futuros lideres. De pa rte, há patrocinadores estáveis para programas de rádio e 1clcvisão que a tingem 20 milhões de pessoas. Tai.s programas. defendendo valores morais e fun-

º""ª

cionando ininterruptamente, conti-

nuam no a r mesmo nas épocas em que não se rea li1.am campanhas eleitorais. Outra atividade desse grupo de o rganizações é alvo das preocupações dos dirigentes das grandes redes de televisão. Verificam elas as empresa que patrocinam novelas e apresentações pornográficas na TV e procuram convencê-las a retirar o patrocínio de tais programas. Se não são atendidas, convidam o público a deixar de comprar os produtos dessas empresas. A companhia Warner-l.ambert, oitava nos Estados Unidos em gastos de publicidade pela televisão (60 milhões de dólares em 1979 cerca de 4,2 bilhões de eru1.ciros) cessou há poucas semanas o patrocínio de um programa imoral, temerosa das conseqüências do boicote a seus produtos. John Hurt, um d os lideres da campanha, declarou : "Os patrocinadores são o calcanhar de Aquiles da TV. [... ) A in1ençiio da ca,npanha não é tirar prog,anws do ar. 111as insistir e111 limpá-los para que não seja111 um insulto às pessoas decentes e não exerça111 uma influência negati va nos jovens" ( .. Time", 15- 12-80). Além dos recursos e nunciados acima, são amplamente utili1.ados o contato pessoal. a distribuição de folhetos de casa cm casa. o telefone. Fevereiro de 1981

Naturalmente, não será possivel discorrer sobre todos. São muito numerosos. Não o permitem os limites de um artigo. Serão tratados · apenas alguns dos mais significativos. A inteligente e persuasiva Sra. Phyllis Schlaíly dirige com discernimento a corrente de opinião em defesa da família. Luta com sucesso contra a aprovação da ERA, emenda constitucional que intenta oficializar legalmente um· feminismo extremado. O boletim "Eagle Forun1", sob sua direção. lembra que três mulheres disputaram as eleições para o Senado. Destas, Paula Hawkins, antifeminista , da Flórida, foi eleita, opondo-se à ERA. Elizabeth Holtzman . de Nova York, e Mary Buchanan, do Colo rado. favoráveis .à ERA, sofreram amarga derrota eleitoral. O boletim noticia ainda que em Iowa, no dia 4 de novembro, houve plebiscito sobre a controvertida e menda . 55% votaram ,uio. E a maior firma d e pesquisas de opinião pública do Estad-o havi·a predito a vitória para a ERA com maioria de 59%... Além da luta contra a ERA , a Sra. Phyllis Schlaíly dirige campanhas contra o aborto, discursa cm favor de candidatos que defendem a instituição da família e leva a cabo intensas atividades contrárias ao permissivismo moral. Tarefa me ritória executa o dinâmico A111erican Security Cow,cil (Conselho Norte-A mericano de Segurança). mostrando com seriedad e e abundânc ia de dados a impressionante corrida armamentista do imperialismo comunista e seus mancjos expansionistas. Para o escla recimento do público ed ita o boletim "Washington Report" e produz o difundido programa radiofô nico do mesmo nome. Vai ao ar também a "Radio Free An,erica.t ..,

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A Sra. Phyllis Schlafly. reconhecida lider necional conservadora. obteve importantes vitórias em sua luta contra o movimento feminista.

Em semelhante linha de atuação há o Cou11cil for lnter-America11 Security (Conselho para Segurança Inter-ame ricana) , que publica o bo letim "Wes1 Watch", onde o editor L. Francis Bouchey é conceituado especial ista em assuntos latino-americanos. Contam-se ainda e ntre os movimentos de importância 77,e A111erica11 Conserv(J/ive U11io11 (União Conservadora Americana), Moral Majority (Maioria Moral), Religious Roundtable ( Mesa Redonda Religiosa). National Christian A ction Coalitio11 (Coalizão de Ação Cristã Nacional), Natio11al Pro-Family Coalitio11 (Coali1.ão Nacional Pró-Família), Catholics for Christia11 Political A ction (Católicos por Ação Política Cristã), Concerned Wo111e11for America (Mulheres Preocupadas pelos Estados Un idos da América). Ao lado da lista supra , devem ser mencionadas duas figuras que simbo lizam enérgicas correntes de opinião. Uma delas é o novo senador pelo Alabama, Almirante Jeremia h Dento n, herói de guerra no Vietnã. Instado pelo hábil e ativo Paul Weyrich. diretor d o Com111i11ee for tire Survival of a Free Congress há pouco citado, a concorrer ao pleito, o Almirante Dcnton venceu a eleiç.'lo baseado num categórico programa anticomu nista e de defesa dos valores da família. • Outra figura de destaque é o deputado federal Robert (Bob} Dornan, orador íluente que, pela decidida postura favorável ao aumento

Resta falar dos institutos de pesquisa e investigação, os "think Umks ... A expressão inglesa significa •·reservatórios de pensa111e11to", locais onde se discutem e se colecionam idéias. Envoltos numa batalha ideológica - pois se trata de esclarecer, refutar ou convencer correntes de opinião - é justificável a merecida saliência conferida a tais institutos, onde parte ponderável da i11telligentsia conservadora reúne-se para a edição de livros, exposição de princípios e posições, elaboração de estudos contrários ao pensamento da esquerda, preparação de programas de governo para seus políticos eleitos a cargos d e direção. Os "think tanks", de outro lado. completam a formação e ampliam os horizontes de boa parte dos jovens promissores do movimento conservador. Entre tais instituições, destacase a Heritage Foundation (Fundação Heritage). criada cm 1974 para auxiliar membros do Congresso. Conta com o apoio atua lmente de 100 mil pequenos doadores e alguns grandes patrocinadores. Mantém laços estreitos com a nova administração federal, para a qual e nviou um plano de 20 volumes, contendo sugestões para um governo conservador. Embora não seja a maior instituição "think tank .., a agilidade intelectual de seus estudos a fazem merecedora de relevo especial entre tais institutos de pe nsamento. A prestigiosa Hoover /11sti111tion (Instituição Hoo11er), o ativo A111erican Enterprise lnstitute (Instituto Americano do Empreendimento), o

Parenthood planeja deixar de lado sua imagem gentil, tirar as luvas brancas e começá, uma ofensiva contra o que é descrito como uma ameaça à liberdade. da parte de u,na perigosa aliança nova. A assim chamada Nova Direita e,nergiu como u111a força altame11te vislvel e eloqiiente neste pois .. ("The New York Times", 5-9-80). A Planned Parenthood enviou carta de quatro páginas a milhares de a mericanos, pedindo contribuições e relatando atos de violência e vandalismo que estariam sendo cometidos por adversários do aborto. Como não havia na missiva nenhum nome ou fat!> que comprovasse as acusações, John D. Lofton Jr. telefonou à organização pedindo provas do que esr,a afjrm~va. Inicialmente, não obteve ó desejado. Depois de muito insist(r, foram-lhe enviados quatro artigos de jornais que nada comprovavam. Nem nomes, nenhum fato... Em outros termos, campanha de difamação e calúnia. Essa mesma organização publicou também propaganda de página inteira em "77,e New York Titnes". E prometeu continuar suas escaramuças, o que prenuncia disputas acirradas, pois, como se sabe, a

Pla11n ed Parenthood é a maior e ntidade internacional especializada na propagação e apoio técnico e financeiro às campanhas de contracepção, aborto e educação w xual. Outro movimento de esquerda, o American Civil liber1ies Union (União Americana pelas Liberdades Civis) adotou análogo procedimento. Publicou acerbos anúncios no mesmo jornal. A pornográfica revista "Playboy", em matéria paga, também em

. he Cor1servative Cz.u u

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Think tanks reservatórios de pensamento'') da Nova Direita (

Heritage Foundation Funaação l{eritage

The Hoov.er Institution lnstituiçãç Hoover

Georgetown Univer-sity Center for Strategic and Internacional Studies <!;entro de Estudos &t~atégieos e Internacionais da Universidade de Georgetown

Institute for Contemporary Studies Ins1i1utô. de Estudos C.onte,nporâneos

Institute f 0r Foreign Politieal Analysis lnstitute de Análise Política do. Exterior

A.merican Enter[J.rise Institute

lnstitute for Foreif{n Policy Analjlsis (Instituto de Análtse Política do Exterior) e o Georgetown University Center for Strategic and lnternational Studies (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade de Georgetown) são outras instituições a salientar. Destes centros saíram muitos auxi liares de primeiro nível do governo Reagan.

do potencial defensivo dos Estados Unidos, como por seus pronuncia. mentos anti-ERA e anti-aborto, tende a se transformar em figura nacional. Em seu Estado, a Califórnia, a esquerda tinha especial interesse em derrotá-19 e lançou contra Bob Dornan o filho de Gregory Peck, conhecido ator de Hollywood. Segundo alguns, foi a mais cara campanha para deputado dos Estados Unidos. Dornan lutou com denodo e obteve brilhante triunfo.

"Ele rnes,no. u,no recente vítima da

vi11ga11ça política da Nova Direita Moral"... McGovern e Johnny Greene escreveram na mencionada revista, atacando duramente a Novo Direito.

Reações da esquerda Era necessário que tão impressionante atuação conservadora despertasse as iras de esquerdistas prej udicados.

Instituto A1nerica110 do Empreendiniento diariamente transmitido cm espanhol por 34 e missoras. Alé m de livros publicados, o A111erican Secu rity Council promove conferências e reuníões em \Vashington , para de bates de problemas de segurança nacional. Sua última ação de repercussão em todo o país foi animar e coo rdenar a oposição vit oriosa contra a rat ificação do SALT-2, tratado concessionista assinado por Carter com a Rússia, sobre armamentos.

"Tire New York Times" (9-12-80), investiu furiosamente contra a Nova Direita, dizendo que ela ameaçava a liberdade de pensamento e ação. E anunciou com estas palavras um artigo do ex-senador McGovern:

"O fato é que o centro neste país moveu-se para a direita." (William Rusher) Essas não se fizeram esperar. Uma das organi1.ações atacadas, cm virtude de sua ativa campanha favorável ao aborto. foi a Planned Parenthoad (Paternidade Plânifi cada). O articulista Enid Nemy, noticiando a determinação da abastada organi1.ação, assevera: "Planned

O ex-senador pela South Dakota formou a Common Sense Coalition (Coalizão do Senso Comum), para combater permanentemente a onda ascensional da Nova Direita. Seu colega do Missouri, Eagleton, que quase não se reelegeu por causa da campanha conservadora, está preparando relatório para distribuir aos candidatos de sua corrente, sugerindo meios de contra-ataque. A disputa caminha para o terreno áspero. Os esquerdistas sentem que lh.es carece o principal: um apoio sólido éla opinião norte-americana. William Rusher, editor da "National Review", assim comenta a nova disposição do público: "O fato é que o centro neste país moveu-se paro a direita" ("Time", 15-12-80).

Péricles Capanema 5


..

Nova Direita E o colunista Edward Shorter defende opinião scmclhanic, a nalisando a derrocada generalizada dos candidatos de esquerda nas eleições americanas: "A razão. penso. é que os elei1ores 11or1e-omcrica110s estava,n ex1re1ntune11te desgostosos com o esquerdisnio do.r ano.< 60 Almirante Jeremiah Denton, herói de guerra no Vietnã. é o novo senador por

Alabama

de senadores e deputados que desejam derrotar e m 1982. Comen1ou o líder da Moral Majority. Jerry Falwell. cm 10m irônico, que os esqucrdisias que sobreviveram a 1980. devem renunciar a suas vias destrulivas ou "preparar-se para ficar desempregados". A Nova Direita ampliou o escopo de sua posiç.ã o anti-csquerd is1a. não se limitand o a reagir aos ataques de esquerdiitas ou permissivisias avançados. Deram um passo além. Alguns do principais de se us dirigentes 1ornaram públicas suas reservas a vários mcm~ bros da nova administração, lamentando o sabor Nixon-Ford que esta parecia adquirir. Levando a dian1e sua determinação de lutar con1ra a esquerda onde quer que es1eja. incluíram na lista de pessoas a serem derro1adas em 1982 também legisladores d o Partido Republicano. O inOuen1e Howard

Phillips, manifestando firmc,.a doutrinária, expressou com c lareza a atual posição preponderante nos arraiais da Nova Direita: "Nós. que son,os fiéis à causa conservadora e que nos preocupamos com a sobrevivência de nossa nação. em nossa hierarquia de valores devernos manter mais alta a lealdade a nossos princípios do que a lealdade a Ronald Reagan ou qualquer ourro candidato ou partido" ("Conservative Digest'', novembro de 1980).

Repercusslles internacionais (e nacionais) Admite-se como provável que os problemas econômicos tiveram sensível importância no resultado das eleições de 80. Não se poderia, portamo. debitar cegamente a inclinação para a direita do eleito rado apenas a considerações ideo-

1 General Daniel O. Graham. d iretor da Amorican Socurity Council (Cons.elho Norte -americano de Segurança)

e com o feminismo dos anos 70. inculcados sobre eles co,no se o passado 11orte-a111erica110 tivesse si· do destruído e o futuro estivesse completamente dissociado do pas· sado" ("Toronto Star". 8-11 -80). . Os or~anizadorc_s ~a Nova Direi/a reagiram com ammo aos contra-ataques e publicaram uma lista

Nenhum sorve· te deve ter ame·

n;zado o amargor da derrota sofrida pelo ex·

&eô"lador George /

McGovern.

P

,

a•

migo da Fidel Castro

lógicas. A própria Sra. SchlaOy, observadora perspica1.. afirmou: "Isto significa que a ERA e o abono forom os grandes temas da campanha eleitoral? Não necessariarne,ue. Acredita,nos que a in· fiação e a defesa nacional foram os grandes temas. Mas foran, os ten,as rnorais coma ERA e aborto que lançarom gente nova 110 processo polí1ico e nas urnas no dia da eleição .. (" Eagle Forurn", novembro de 1980). Das palavras da Sra. Schlafly se tira 1mportan1e conclusão. O fenômeno significa que. na prática, as fromeiras dos temas políticos e morais 1endem a se confundir nos Es1adcs Unidos. A defesa do feminismo e do aborto. aparentemente distante da defesa das leses poli1icas favoráveis ao comunismo (détente. por exemplo}, já é. na maior pane das vezes. suficiente para a caracicrização de esquerdismo. E a propugnação dos direitos do nascituro e de uma jus1a e proporcionada desigualdade cn1rc os sexos. já configura, mesmo sem alusão a temas poli-. ticos, a defesa de posições próprias à Nova Direita. Esse conjun10 de acontecimentos - mesmo que se possa ponderar. como foi dito acima. sobre a importância dos fa1ores econômicos - indica clara marcha d o centro norte-americano para a direita. Correntes de expressão na Europa lamentam a dissociação do público de posições favorecedoras da détente. is10 é, de uma politica de mão mole e con fiança ampla cm relação aos russos. Na Alemanha, a ala esquerda do SPD deseja

um dista nciamento em relação ao govcri10 Rcagan e teme uma nova adminis1raç.ã o enérgica. Na América Latina, é de se presumir como provável a cessação da inábil conduta de política dos "direitos humanos" de Car1er. O avanço militar marxista sobre a América Central, onde o auxílio es1ra1égico e militar de Cuba permitiu a vitória sandinista e já preparava o mesmo em EI Sa lvador, não terá a apa1ia vizinha da c umplicidade com que a adminis1ração Carter observou a queda de Manágua. Cuba (is10 é, a Rúss ia) armava os guerrilheiros e Washing1on boico1ava a ajuda aos governos agredidos. E no Brasil? Este artigo julga contribuir para a consideração profícua das manifestações inequívocas de descontentamento do eleit orado norte-americano. apresentando o que pretende ser uma descrição do fenô meno. sua gênese, estado atual e pers pecti vas fu1uras. Ao que saibamos. o público brasileiro não teve cm s uas mãos uma análise cabal da nova posição do público norte-americano. Desta forma, não dispunha com facilidade de dados suficientes sobre 1ema que lhe interessa de perto. Houve muita informação 1endenciosa ou incompleta. alguns ataques desa1inados, lamentações. camunagem. Mas tal ati1ude não consiste cm informar com objetividade e isenção de ânimo. O presente artigo espe ra ajudar a todos que desejam formar uma visão abarca1iva desse assunt o fundamcn1al para a determinação dos dcs1inos próximos do mu ndo.

ALTERAÇÕES NO PANORAMA MUNDIAL VITÓRIA conservadora nos Estados Unidos coloca, de imediato, problemas candentes no relacionamento do mundo não..:omunista. O eleitorado norte-americano manifestou inequivocamente seu desagrado com a oscilação anêmica da administração Cartcr. A política des1e tinha como uma de suas características concessões len1as, paula1inas e, tanto quanto possível , indolores, em fa. cc dos russos. No meio da descida, a lguns golpes bru1os, como o do Afeganistão, despertavam veementes protestos verbais e ocasionavam escassas medidas econômicas de re1aliação, de eficácia duvidosa. Reagan foi favorecido com o desconten1amento popular e sua eleição se deve . e n1re ou1ros fa. tores, a uma plataforma de defesa mais consistente do que a de Ca rter. Confirmando a extensão do desagrado da nação, vários depu1ados e senadores de orientação esquerdis1a viram-se surpreenden1emente ha1idos.

A

A Europa, mal acoslumada pé· la hesitação habitual em Washington, já se preparava para a censurável "détente divisível". Os en· cargos da defesa ficariam com os norte-americanos, os eu ropeus o cidentais se d edicariam a lucrativo comércio com o Leste. evitando despcnar a susccptibilidade russa. O caso afegão desli,.aria vagarosamen1c para o o lvido, ver-se-ia a Polônia como reserva de domínio soviética e. desde q ue não cessassem as 1rocas e o nuxo de divisas, no Velho Mundo en1re os dois blocos reinaria inalterável boa vi2inhança. No máximo, enfáticos

e inoperanies pro1estos diplomá1icos, rapidamente esquecidos. O panorama seria este. O resmungo mal-humorado da "maioria silenciosa .. dos Estados Unidos csiremeceu as perspectivas do futuro. O governo da lngla1crra viu-se prestigiado e re moçou. A conduta da Sra. Tha1cher, a cognominada " D11ma ue Ferro ", recebeu apoio ines1imável. Não cs1â mais só. a propor medidas eficazes de defesa diante do crescente poderio miliiar comunista. O mal-estar reina n1e no regime de relações especiais vigente entre Londres e Washing1on parece tender ao fim. Esmaeceu o brilho da vitória socia l-dcmocra1a na Alemanha. A mani festação eleitoral tcuta havia sido um apoio com reservas a Schmidt. Seu partido subiu de 214 a 218 deputados. Entretanlo, o parceiro liberal (PLD), favorável à livre empresa e considerado o freio da coligação, subiu de 39 para 53 represen1antes. Os democraia..:ristãos, que no parlame n10 alemão adotam linha tcnden1e ao conservadorismo. continuaram a 1cr a bancada partidária mais numerosa, com 226 assentos. Schmidt portanto não te m carta branca do eleiiorado. No campo internaciona l conje1ura-sc sobre poss íveis a tritos entre Bonn e Washing1on. caso o governo alemão tei me em conti·

nuar s ua "Os1politik" concessiva e perigosa . O chanceler belga. He nri Simonet. analisando o eventual a umento da tensão internacional. chega a afirmar: "O que rnais 111e p reól'UJJ{} agora ê O ÜJlf)lJ<:Jo que O 1en.wio terá sobre as rt>/ações entre Washing1011 e 801111. dentro da A· liança [A1lântica]" ("Jorrwl do Bra-

Em Bagdad, iraquianos socorrem vitima do um bombardeio iraniano. A guerra entre os dois grandes produtores de petróleo agruvou ainda mais a possibilidade de uma intervenção russa no Golfo Pérsico. podendo assumir o controle das principais fontAS de suprimento de óleo ao Ocidente.

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si/", 9/ 11 / 80). Discorrendo sobre o tratado de limitação de armas estratégicas, o SALT-2, censurado por Reagan durante a disputa eleitoral . sob a alegação de que consagrava a superioridade militar soviética. assevera Simonet. preocupado: .. Que vai fazer o n ovo presidente corri o tratado SA LT-2? É ,·erto que. se ele decidisse não l'()rrtirwar a ratificação no Congresso. contrariando os europeus. isso seria inconresravebnente unu1 gra ve crise n o interior da Aliança". Em outras palavras, o minis1ro do Exterior belga advcne o r,ovo governo sobre a má vontade européia em relação a uma política realisia cm face d os russos. Desejariam con1inuar no clima ilusório. fatal a longo 1ermo, ocasionado pela distensão e nganosa dos últimos a nos. A perspectiva de uma rachadura grave entre Washington e as capitais da Europa Ocidental in1rodu1., no panorama político, a possibilidade próxima da vinual "finlandi1.ação" d o Velho Mundo. Mostraria que na Europa continental nada de enérgico se tolera em relação a Moscou. embora pla tonicameo1e continuem as déclaraçõcs de aliança entre os Esiados Unidos e os países não..:omunistas do ou1ro lado do Allân1ico. A lenta, saga2 e o bstinada política soviética colheria magistral vitória. Resta observar se, no decorrer dos fatos, se cristali,À1rá tal hipó1ese ou um bom senso perspicaz levará os europeus a se alinharem com os Estados Unidos.

Concrc1i1.ada a rachadura, 1ornawsc quase inevitável o abandono

da Europa e. na ordem dos fatos, a instalação de um prote1orado soviético. A política norte-americana passaria a ter como primeira preocupação o Ca nadá, México, Argentina e Brasil, que se veriam cha mad os pelas exigências da nova ordenação imernacional, a constituín:m os primeiros do bloco contrário ao imperialismo hcgemônico dos russos. Hipótese con1ristadora, pois equivaleria à derrocada da Europa, mas que revela, de soslaio. as responsabilidades que a 1-lisiória vai colocando no ombro de algumas nações emergen1es neste fim de século. A China não é considerada obsuiculo rea l ao comunismo russo por compe1en1cs analistas internacio nais. A rn1;1o é simples: ela é comunista. E a dependência japo-

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A vitória de Reagen torta1eceu a primeira·ministra inglesa. Sro . Thatcher. e entra· queceu a polltic.a frouxo do chancolor olomêo Schmidt em relação à Rússia

ncsa de suprimcnios ex1ernos coloca esse país cm posição de ex trema vulnerabilidade.

Outra questão de importância maior para a nova adm inis1ração republicana será a gestão da crise do petróleo, com suas ó bvias implicações es1ra tégicas. A prolongada guerra de a1ri10 en1re o Iraque e o Irã deu ocasião a subsianeia l aumcn10 do preço do petróleo e criou possíveis oportunidades de inte rvenção russa na região. A vida dos três colossos econômicos - Estados Unidos, Europa e Japão - depende do nuxo normal do ouro negro. Por isso, convulsões naq uela 1.ona instável estão ocasionando e - quem sabe? - ainda ocasionarão profundas repercussões no mundo imeiro. Já Lenine previu o controle das fonies su pridoras de ma1éria-prima como e1apa na derro1a das nações capitalistas. Ou os Estados Unidos coordena m, com a aj uda dos países interessados, uma política de con1enção da agressão russa a essas regiões. ou Moscou a s domina rá paula1inamente. cncos1ando assim um punhal na carótida do Ocidcn1c. Há espera nças de que homens de espírito lúcido subs1i1uam os incxpcl'ic111cs e vacilan1cs policy-nwkers q ue deram as cartas no período Carter. Para 1erminar, uma palavra sobre a América La1ina. A perigosa resva lada de países da América Cent ral cm direção ao cas1rismo - ocorrida d urante os úllimos anos, quando a Rússia, por intermédio de Cuba, armou, treinou e fina nciou guerrilhas e aios de subversão - talvez e ncon1re barreiras no ânimo redobrado das popu lações a1ingidas. Esperam es-

tas com razão não 1er ma is a má vontade da diplomacia none-a mcricana . até jancirc praticamcn1c inerte. cm face das manobras do imperia lismo soviético na região. E que a s ignifica1iva frase de Tomá s Borge , ministro do Interior da Nicarágua, não se realize. Ei-la: ''Cuba ontem . Nicarágua hoje. EI Salvador a,nanhã".

nf i~ AÍOLilCil§MO ~ --

MENSÁRIO

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CATOLICISMO -

Fevereiro de 1981


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Santo Inácio de Loyola: prodígio de ordenação da inteligência e vontade ANTO INÁCIO de Loyola, acometido de grave enfermidade, ji.zia em seu leito. Os Padres jesuítas que se encontravam em Roma naquela ocasião, prevendo para breve a extinção daquela vida extraordinária - a do Fundador de uma nova milícia religiosa, profundo psicólogo e mestre da. vida espiritual -

S

símile desta, que o Pc. Ribadcneira, S.J. - conhecido biógrafo do Fundador da Companhia de Jesus - possuía cm Madrid desde 1584. Os mesmos Padres que encomendaram o quadro a Jacopino dei Conte, após o falecimento de Santo Inácio providenciaram a confecção de sua máscara mor-

traços de alma dignos de análise. O rosto é de um espanhol bem característico. Mais precisamente, de um basco que sempre con-· servou suas qualidades de antigo guerreiro, cheio de energia e determinação.

As vinhetas Que figuram nesta pá· gina; elmo e luva de um guerreiro da época de Santo

Inácio. Máscara mortuária de Santo Inácio. visto de frente e de perfil

No modo de olhar, nota-se que o Santo descortina um horizonte mental vasto e longínquo, universal. Por isso, sua fronte como que se ilumina, como a indicar uma inteligência aberta a todas as esferas do conhecimento, apta a analisar os mais diversos assuntos e temas. Contudo, não deixa de observar também as etapas intermediárias. Não se trata, portanto, de um esp:rito que sobe a considerações teóricas perdendo a noção da trajetória, descolando-se da realidade. Pelo contrário, Santo Inácio sabe examinar todos os detalhes do caminho.. Ele repousa a vista tranqüilamente nas últimas profundidades do que vê, sem necessidade do esforço que precisa fazer o homem de vistas curtas para discernir algo distante. Santo Inácio, não: sabe voar até as estrelas sem deixar de notar o obstáculo representado por um grão de areia. E percorre com igual serenidade todas as etapas intermediárias, adaptando facilmente a vista, ou seja, a inteligência, a todas as distâncias.

um cunho hierárquico às potências da alma humana, como a todas as criaturas visíveis e invisíveis. Assim, a inteligência deve guiar a vontade, e esta deve governar a sensibilidade. Decorrem do pecado original os atritos entre os apetites sensíveis e a vontade guiada pela razão. Mas a vontade, rainha reduzida a governar súditos em estado de contínua tentação de revolta, tem meios para vencer sempre... desde que Será objetivo tirar tantas connão resista à graça de Deus (cfr. seqüências da análise de uma Rom. 7, 23-25). simples pintura? - poderá perguntar o leitor? Respondemos valendo-nos de uma metáfora. Um bom observador, olhando uma gaivota voar baixo - junto à praia, por exemplo - sabe entretanto perceber Compreendemos então essa que ela é senhora das alturas. prodigiosa consonância entre in- Basta discernir o estilo sobranteligência e vontade na alma de ceiro com que ela percorre os Santo Inácio. A tal ponto a!Jlbas ares ... se harmonizam que se diria que elas se fundem. E de tal maneira SANTO INACIO OE Lovot.A - Quadro pin· ele tem o dominio das duas potên- tado por Sánchez Coello em Madrid. no de 1686. tendo o artista baseado cias (e, conseqüentemente, tam- ano sua obra numa cópia da máscara morbém da sensibilidade), que pode tuária do Santo focalizar com a mesma atenção, penetração e lucidez os objetos mais remotos, como também os mais próximos. Sempre com a mesma serenidade, sem se cansar, como o vemos no quadro.

Daí o distendido de sua face, a amenidade de sua fisionomia. Em aparente contradição com esse aspecto distendido, nota-se em seu olhar e nariz uma determinação total, absoluta e estável. Na serenidade, ele entretanto se mobiliza imediatamente para qualquer coisa, a qualquer momento. Nessa aparente contradição entre o distendido da face e a firmeza da deliberação, vemos SANTO INAc10 OE LOYOI.A - Pintura de Jacopino dei Conte. executada em Roma. um prodígio de ordenação da no próprio dia da morto do Santo (31 de julho do 1556) inteligência. Tem-se a impressão convocaram o pintor Jacopino tuária em gesso, da qual se tiraram de que Santo Inácio descolou seu dei Conte para deixar à posteri- duas cópias: uma de cera e outra pensame.vto de todos os aspectos dade um quadro do Santo. de gesso. Este último é reproduzido inferiores de sua inteligência, ou O artista felizmente ainda nas duas fotos ao alto da página. que pudessem conduzir a consiEntretanto, apesar de autên- derações secundárias, para manconseguiu imprimir na tela os Isso o tornava capaz de retraços que podemos admirar na tico e impressionante, o mode_lo ter suas cogitações no plano do solver os mais complexos problefoto acima. Essa obra foi execu- feito a partir da máscara mortuá- fim último estabelecido em fun- mas do governo da Companhia tada nos últimos instantes de vi- ria não é capaz de espelhar os ção da glória de Deus e da meta de Jesus, da diplomacia ou das . - Jesu1t1cas, . ' . com a mesma da de Santo Inácio, pois naquele matizes do olhar penetrante do derradeira a alcançar. E todo m1ssoes mesmo dia ·veio a falecer. Por condestável da Contra-Reforma, o restante de sua "bagagem" inte- facilidade com que poderia veriisso, a pintura manifesta algo de além de configurar ligeira incha- lectual, ele colocou em repouso ficar se seu sapato estava bem vitalidade e força que nem o ção dos lábios, própria ao estado para não atrapalhar no essencial limpo para apresentar-se a uma seus pensamentos e atividades. audiência importante. Dominanfamoso quadro do pintor espa- cadavérico. De tal maneira que suas faculnhol Cocllo - reproduzido ao do as distâncias e as situações, dades de alma pudessem funciopé desta página - pôde externar. ele é tão senhor de si no momennar como que em estado puro. Este não teve oportunidade de to de fazer algo banal como limretratar a figura de Santo Inácio O que o tornou capaz disto? par o sapato, quanto, por exemern vida, tendo tomado como A vontade bem ordenada, em plo, na hora de assestar impormodelo para seu trabalho a másNa pintura de Jacopino dei consonância com a inteligência. tante golpe contra um adversário, cara mortuária em cera, ou fac- Conte, entretanto, transparecem Como se sabe, Deus imprimiu em prol da Contra-Reforma.

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1981

Sua inteligência, bem como sua vontade, estão postas igualmente nas últimas conseqüências do que almeja. Por isso, ele está disposto, a todo momento, a qualquer tipo de mobilização ou guerra, sem o menor susto, hesitação ou estranheza. A tal ponto o Fundador da Companhia de Jesus governava sua alma, que por assim dizer a inteligência se transformava em vontade, e esta em inteligência. Nessa inter-relação, ambas as potências como que se fundem. E aí parece encontrar-se o aspecto mais recôndito da possante personalidade de Santo Inácio de Loyola, realçada neste quadro que analisamos. Como também a explicação mais profunda das qualidades naturais e do tipo de virtudes heróicas praticadas por esse esteio da Contra-Reforn1a.


_,-, iAf01llCISMO- --

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''PAPÉIS PROIBIDOS'': fruto típico do progressismo . R

ECEBI hú pouco um livro de autoria de Mons. 1nicsta, Bispo Auxiliar de Madrid. A impressão sugerida pela capa é confrangedora. Aparece a fotografia do Bispo tendo como fundo, cm vermelho berrante. um desenho que insinua uma muhidào cm revolta. O titulo da obra parece forjado para causar sensação, cm letras vermelhas sobre fundo preto: "Papéis Proibidos" (Edições Sedmay. Madrid , 1977). A leitura do livro não só coniirma. infelizmente, a impressão desoladora causada pela capa, mas a inda a acentua e a expl icita, como veremos. Não nos é possível, nem é nosso intuito, num s im ples artigo de jorna l, tratar de tudo quanto foi despejado nas 2 16 páginas dessa obra. por um autor que parece empenhado em participar do misterioso processo de "autode,nolição" da Igreja, segundo a expressão de Paulo VI. Entretanto. um ou oucro ponto é inccressante dar a conhecer a nossos leitores, para que se possa avaliar com que desin ibição o progressismo dico católico vai expelind o seu conteúdo venenoso, mesmo nã c:atólic:1 Espanha, utilizando-se até de um membro da Hierarquia, que escreve e a tua sem qualquer punição que se conheça.

Amnésia dos horrores revolucionârios Basta folhear qualquer compênd io de História recente, ou mesmo interroga r testemunhas ainda vivas, para se ter uma idéia dos horrores cometidos pelos comu niscas durante a revolução russa. Os fatos são por demais conhecidos para nos determos sobre eles. Basta r lembrar o esmagamento do levante anticomunista ocorrido na Hungria, em 1956, ou o Muro de Berlim. D. lniesta. porém . cm seu escrito. parece ter s ido acomecido por uma amnésia fundamental cm relação a todos esses fat os públicos e nocórios. E chega a afirmar, pura e simplesmente, que. no passado. "a Igreja se opôs às liberdades de1110crá1icas. corno ocorreu en, face dos m ovi111e111os da Revolução Francesa. do l. iberali.tmo. da Revolução Russa. eu·." (p. 22). Para não haver duvidas a respeito de seu pensamento. o Bispo espanhol explica que usa o termo democracia "no sentido ,nais tnnplo da palavra ... que val "dt1.ttle os ti<'· 111ocracias de tipo oâdenl(J/ [ ... ] até llS

brire,nos. ,ne.t1110 n o pe11s<111u!11to t-ristão. ter pé.t de barro" (p. 150).

A Igreja não deve impregnar os costumes...! Um dos aspectos mais delicados da ,uuação da Igreja é. e sempre foi. o que se exerce no campo da M ora l. O empenho especial que caracceri,.ou no passado os Pastores de alma. <111ando !ratavam de probkmas morais. é notóric,. Compreende-se cal posição, pois é um ponto da doutrina católica e da experiência com um que os homens. com facilidade. se vêem atraídos. por força do pecado original e da ação do demônio. p:ir:i a concupiscência. com a conseqüente perda da própria alma. além de propiciar o escândalo que arrnsta os demais. Ora, o Prelado chega a pôr cm düvida que a Igreja ai nda queira ~xcrccr seu essencial mllnus moral no âmbito da sociedade humana. São s uas palavra~: "Na <>rden, da opinirio pública não parece que a Igrej a possa. ne111 talvez queira.

co,uo em outros ttw1pos. 111onOJ)Q· lizar e impregnar os t·ritérios ,f<, atuação étic(I dn soâ edade. dando fón1111/as ,·011fessio11ais a todos. co111() se e.•.., ivé.,·se111os ainda 1111111 pa,:r de Cristandade. Praias. modas. costumes. espe1ándos. li1er(l(1,ra... " ( p. 71). Lui verde. por conseguinte, para todas as formas de pcrmissivismo moral. Abd icação. por parte da Igreja - ou daqueles que ainda se dizem Igreja - . de uma de suas mais graves obrigações. à qual Ela não pode esqu ivar-se. sob pena de perder a identidade consigo mesm·a. Parecendo ignorar que o C.t,:o· mento indissolüvel é não só um preceito da domrina católica. m:,s ta mbém da própria Lei naturnl. D. l nicsta investe contra ele. Sempre. evidentemente. com as distincõcs clássicas dos divorciscas de todo naipe. entre casamento cacólico indissolúvel e casamento civil. Di, expressamente: "Sou partidório dl' que na Espanh" seja co11t·edido o ,Jfrârcio dl'il ao.y que ,uio cri-em" (p. 14). Como faria mel hor o Pre lado hispânico se se dedicasse à conversão dos incréd ulos. em lugar de procurar defender o pseudo-di reito daqueles que não crêem de transgredir a l.l'Í na curai.

deno,ninadas 'de,nocracias pro-

gressistas· ou 'populares' dos países comw1ista.f' (p. 21). A tirania CO· munista situa-se, portanto. de modo explícito dentro de seu conceito de liberdade democrática ... Mas não é só o conccno de liberdade do aucor que se aproxima do marxismo. mas também o conceito de igua ldade. Ele aspira para a Igreja uma igua ldade parecida com aquela que Marx desejava para a sociedade em geral. Ou seja. igualdade tão radical quanto possível. Por isso diz: "A Igrej a deve ace111111,r

dentro de si ,nes,na tudo o qu,, une e continuar enterrando oruatv~t frfrv · M ons. lniesta. Bispo Auxiliar de Madrid. defendo greves erros doutrinários em seu livro "Pape/es Prohi bidos"

l:nfim, D. 1niesca parece querer uma revisão cabal da doutrina da Igreja. para adaptá-la aos pruridos ~evolucionários do momento. Ê por ,sso que afirma sem rcbuços: "Os conceitos de autoridade, propriedade privada, família. fé. com o fermento crítico... , tleven, ser repensados 1evlogicame111e" (p. 12).

Ê oportuno citar aqui um texto. onde o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com limpidez de pensamento.

1

Os carros estacionados sobre o calçada, r entes às vitrinas da Asroflo t, nos Champs Etys6es. são da polícia. Af passam dias inteiros. Pr evinem event uais ataques de grupos ext remi.stas de direita (o q ue. aliás. t em tido como efeit o despertar a atenção para a esquecida co mpanhia de aviação). 4

recente e nwis extrenwdo do prt>·

te.tso revolucio11ário ".

Freiras de sindicato A religiosa sempre foi um símbolo da maternalidade ela Igreja. Seja dedicada à concemplação, ornndo e sacrificando-se pelo bem de todo o Corpo Místico de Cris co . seja cm a tividades apropriadas à psicologia feminina. como o exercício constante da caridade nos hospicais e nas tarefas pedagógicas - e em muitas outras circunstâncias - . tu· do o q uc era fciio por uma religiosa via-se s ublimado. cheio de unção sobrcnacural, fo1.cndo às almas um bem proporcionado, ou ,Hé maior, do que aquele feito aos corpos. Infelizmente, o acivismo <1ue. nos últimos anos vem deteriorando grande nú mero de Ordens e Congregações. desfigurou a verdadeira imagem da freira. reduzindo-a a ser uma pessoa a mais no mundo. e impedindo que ela faça aquele bem específico à Igreja e à sociedade cm geral que só uma religiosa é capai de fazer. Na rampa da awal decadência. eis que D. lnicsta desce agora mais baixo. e propugna a irnrodução da religiosa, já de urna vez, na luta s indical. e portanto. operando a metamorfose por o nde e la se to rnará instrumento da luta de classes. Diz o Prelado: .. Paret·e-me claro .<Ili<' Luna religiost) possa ,•ntH1r 110 111u11do do trnbalho norn1al e. pl'la

nu!!mra rauio. na luta sindical i' e111 suas estruturtJs". E prossegue: "DtA. vt~rian, rntror para tr<1balhar co,no uma tJutdquer, procurando não de· sempenhar tarefns de direção. e menos ainda ter ntit,ules paternalistas. m esmo que. por hipótese. pudessem fazê-lo" (p. 118). Ora. se uma freira cm nada deve distinguir-se de uma operiiria comum. então para que se,· re ligiosa'? Qual o significado de sua consagração a Cristo'/

Doís pesos e duas medidas

iguala. e deve reduzir ao nuíxi,nu tudo o que diferencia[ ... ]. Devemos los. dignidades, prerragat ivas. d istâncias e títulos" (pp. 140-14 1). É claro q ue, com tal co ncepção de igualdade, D. 1nicsta não pode nutrir simpatias pelo insti1u10 da propriedade pri,vada, admitido pela doutrina da Igreja e por documentos do Magistério Eclesiást ico como um dos fundamentos da sociedade, pois decorre ele diretamente da natureza humana. Assim é que, depois de repetir os surrados jargões da cs~uerda contra a sociedade capitalista, e de não esconder suas simpatias pelo marxismo, o Bispo ,\ uxiliar de Madrid tem a nelos por "uma Igreja que reexamine sua (J(itude 1eo/6gica ante o din•ito de propriedade. esse mito que logo desco-

cm sua o brn ·· Revolu(Yio e Contra.. R(•vo/ução". apresenta a verdadeira focc da realidade: "A se11su11/id11de. ,-evoltada cuntra os frdgeis obstárulos do divórcio. tende por si mtsnw ao tunor livrt. O orgullto. inimigo de toda superioridade~~ haveria de i11v<'Stir rontra a última desigu11/d(1de. isto é. 11 dt· fortunas. E assi11t. éhriu de sonhos d,, Rt,pública U11iver.wl. de s upressão tle ioda autoridad,, edesiâstica ou l·ivil. de aboli('iio de qualquer lg,-eja e. depois de 1111111 dit(ldufll operâria de 1ransição. tmnbém do próprio f':sl(JdO . aí estâ o neobârboro do século X X. produto nwi.v

O teor do livro ·· P"péi., Proihido.{· é de tal nível que, chegando a o fina l. D. lniesta sentiu a necessidade de inserir um texto onde explica ao leitor que não é comu· nista. mas luca pela "justiç;i". A ünica defesa válida de sua posição - e essa o Bispo Auxiliar de Madrid não a faz - cons istiria cm demonstrar que s uas afirmações diferem substancialmente das que os comunis cas fazem. Mas disso ele se guarda bem. E sai mais adiante com uma invectiva violenta contra os que não propugnam aqui lo que ele chama de justiça: "São hereges as ,·ris1ãos que não /1110111 p ela justiça. deformam a m ensagen,. deveriam converter.se ou dever ia,11 sair ·da Igrej a" (p. 214). E curioso observar essa at itude de intransigência contra todos os que não concordam com sua colocação do problema da justiça. O Bispo espanhol cão aberto e compreens ivo em relação ao marxismo. paradoxalmente demonstra uma férrea severidade contra.os que rejeitam essa posição concessiva. Dois pesos. duas medidas ...

Gregório Lopes

Em Paris, • pizza com vodka PARIS - Com seu esplendor, a capita l francesa é. talvez, de todas as cidades do mundo a mais procurada. Vir à Europa, para muitos, é vir a Paris. Todas as nacionalidades aqui são e ncontradas. Brasileiros, naturalmente, por toda a parte. Muito abertos à cultura e à língua francesas, não é raro vê-los nas ruas. praças e museus, como diante dos monumentos parisienses. Isso traz u ma conseqüência óbvia. Se por um lado, neste início d e ano as lojas de comércio, confeitarias, restaurantes. livrarias estão sempre lotados, por outro, regurgita m ainda mais as agências de viagens, aeroportos e estações. Para tomar um avião, se não se previu tudo com antecedência, tem-se invariavelmente que enfrentar uma incerta fila de espera e disputar algum lugar à última hora. Nos aeroportos. os alto-falantes anunciam partidas para todas as regiões do mundo. Árabes, japoneses. africanos, comumente embarcando com seus vistosos trajes nacionais: cores vivas. muito pano, cm cada dobra a evocação de uma legenda - aliás, nada afim com a modernidade do aeroporto. Centenas de aviões chegam de todo o mundo. Um caudal humano continuamente sai dos balcões da alfândega , contente, por vezes eufórico, à procura da grande Paris, seus palácios e teatros, suas praças e restaurantes. sua história e s ua grande1.a .

Em meio a toda essa movimentação, é impossível não se notar entre as grandes companhias aéreas um vazio, constituindo como que uma sombra no aeroporto. De fato, uma empresa choca pela vastidão de suas insta lações e o despovoado de suas dependências: a A erof/01 , linhas aéreas soviéticas. No aeroporto Charles de Gaulle seus imensos aviões pousam. Rolam pela pista . São seguidos por olhares com um misto de curiosidade e desconfiança. Estacionam e as portas são abertas. Não se vê sair o íluxo de passageiros dos outros aviões. Pingam · fora alguns técnicos europeus que foram passar tecnologia a setores atrasados da indústria comunista; russos a pisar o mundo livre com pé incerto. acanhados e em trajes rüst icos; alguns funcionários diplomáticos - e isso é tudo. Os passageiros da Europa livre sabidamente preferem suas linhas aéreas. ou as americanas, quando têm que ir a Moscou. Encerrarse num desses tubulões da Aeroflot e ser dirigido por misteriosas mãos russas ... não ! O homem ocidental ainda não se sente à vontade para

tal. Barreiras psicológicas ainda restam erectas entre ele e o comunismo. Quer no aeroporto, quer em s uas agências de Paris, o abandono pelos turistas é completo. Sua agência mais vistosa situa-se na famosa avenida dos Champs-Elysées. Posta ali para chamar atenção, ela atrai entretanto muito pouco. Imensa mas sombria, conflitante com a graça e a leveza francesas, ela se isola. Ninguém entra. Mesmo os que apenas passam por sua porta relutam em o lhar. Se de um la(lo a vista do transeunte é atraída pelas imensas fotos de seu interior ostentando as maravilhas da Rússia do tempo dos czares, é certo também que, por outro lado, a foice e o martelo no alto de suas paredes repugna. E pendurado junto, em relevo, descomunal, a fisionomia metálica e agressiva de Lenine, parecendo sair da parede para ameaçar Paris, cuja graça e cujo charme para ele não eram senão dignos de destruição. No total, o transeunte prefere não olhar. Por que a Rússia manteria uma imensa e inútil companhia aérea, claramente deficitária?

Um pedestre que a princípio prefere nem mesmo olhar para a agência da A eroflot pode, entretanto, desprevcnidamente aceitar um a lmoço numa aprazível piz1.aria, toda envidraçada, com vista panorâmica para a avenida dos Champs-Ely_sées. E em cima da ca·r ranca de Lenine, a centímetros da foice e do martelo, deliciar-se com iguarias italianas. Nada como os ambientes italianos para distender. Massas em abundância, preços razoávéis. Movimentação alegre e ligeira. Um copo de born vinho de Siena ou de um chiarei/o basta para acabar de amolecer a quela barreira psicológica que separava a pessoa desprevenida de tudo o que vem dos mantenedorcs da Lubianka e do Gulag. A carranca é esquecida, e a foice russa penetra indolor um pouco mais fundo na ílácida carne do homem ocidental. Seu bom senso foi amortecido e ele se habituou, nesse ponto especifico. com a propagação dos r ussos. Da próxima vez, ele poderá substituir o vinho pela vodka, por mais insólito que seja combinar a bebida russa corn a pi1.za. Triunfo da guerra psicológica revolucionária, que se vale de todos os meios, dispondo a todo momento de um fator específico, para levar insensivelmente cada grupo social. e até cada homem, a aproximar-se do comunismo. por pouco que seja.

Jean Goyard


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ll N. 0 363 -

Março de 1981 -

Ano XXXI

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Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ni_carágua: sandinistas ''cristãos'' tiram _a máscara Realmente, a revolução sandinista não está nada alheia ao sangue derramado cm nosso Continente, mas de modo especial cm EI Salvador e outros países da América Central. O que se torna cada vez mais difícil, no enta nto, é manter o rótulo de "cristão", que tão bem serviu aos interesses da guerrilha sandinista. Hoje, ..o povo nicaragüense vive sob u11UI ditadura CO· 1111111isu,··, conforme reconlteceu um ex-integrante da própria j unta de governo que assumiu o poder em 1979, Alfonso Robelo. "A Fren1e S<tndi11i>·u1 de Uberrn,·ão Nacional 1e111111edo de enfre111ar tuna tle1nocrt1cia e não a('eita a ret11id,u/(1 de que seus n,ernbros são apenas ,una

"NA N ICA RÁGUA dize1nos que ser <'ristãó é ser revo.. /udo,uírio.

Ein

nosso país

coi11cidirt1111 110 l f!IIIJJO l/111(/ , _

greja renovada, tuna Igreja tlliV<t e con1botiva. uma Igreja cristã. cu111 urn povo cristão, sandinisu1. lutando tontra uma ditadura s anguinária",

Assim se exprimia no TUCA - Teatro da Pontifícia Universidade Cató lica de São Paulo - . a 28 de feverei ro de 1980. dirigindo-se a Padres. freiras e a tivistas leigos das comunidades eclesiais de base, o dirigente sandi nista Daniel Ortega. hoje o homem forte d a Nicarágua. Insistindo no ca ráter "cristão" da revolução nicaragiiense. Ortega d isse. na mesma ocasião. q ue ela tampouco não estava alheia "ao

111i11oria (lr,ntula qut~ reprin1e 11111 povo it11eiro", acrescentou

.\Ymgue der,1111,ado e111 nosso Continen1c. ,,,,, /111a permaru1nte para alcançar a s ua /ibenação" (ver ··ca1olicismo ·· n.ºs 355-356, jul ho -agosto de 1980).

Robelo. cm declarações divulgadas por e missoras da Costa Rica. Em Ho nduras. o ex-membro d a junta voltou a acusar o

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regime sa ndinista de executar uma ..polí1ict1 101a/iuírfo 111arxis1a-le11inista para co111i1111ar

110 poder". .. Exis1e uma iden tificação plena en1re o governo d<t Fren1e Sandin ista e os guerrilheiros salvadorenhos. porque mnbos pertence,n a 111na ideologia comum··. destacou Robelo. Assim, uma revolução que se diz "cristã".. q ue recebeu o apoio de ponderáveis setores eclesiásticos. já não ensangiienta apenas o próprio país, mas avança sobre EI Sa lvador. As proporções cJuc va i a tingindo o poderio vermelho na América Central e no Caribc c hegam a preocupa r seria mente o governo norte-a merica no. ·•Um exército de 50 111i/ ho1nens. t·o,no o t1ue esrâ sendo organizado na Nicarág ua. não pode ser considerado uma força purt11ne111e defensiva e ·c,·r· u11nt111te não contribui p11ra ti es1abilidade na região", afirmou William Dycss. porta-voz do Departamento de Estado. Somando-se as forças militares da Nicarágua e de Cu':>a. ')ua poderosa ftlia~:a. -'S comun istas contariam com um

exército (!e 230 mil soldados (o Brasil tem cerca de 183 mil). ao qual se deveria soma r uma milícia popular de 300 mil homens. No momento cm que a subversão avanç(1 não só na América Cent ra l. mas assume

sérias proporções na Colômbia e começa a a presentar seus sintomas cm ,, osso próprio Pais. é elucidativa a análise da posição assumida po,· altas fi. gur,ts cclcsi:císticas da Nicar{,. gua. que âprcscntamos às páginas 4 e 5. Na foto. tanques sandin istas desfilam cm Man,ígua.

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TFP PRESTA AJUDA EM CAMPANHA CONTRA TIFO -

Sócios e cooperadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP - prestaram ajuda na campanha de vacinação contra o tifo, na cidade mineira de Conceição do Rio Verde, atingida pelas recentes inundações. A kombi com o estandarte rubro da TFP e munida de âho-falantes percorreu os bairros, convocando a população para comparecer ao posto médico.

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OESPOSSôRIO OE SA.oJOSl!('OM ,\ VIRGEM SANrtSSIMA

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São José: a grandeza rejeitada NO DIA 19 DE MARÇO celebra-se a festa de São José, Patrono da Igreja, pai adotivo do Menino Deus, c-sposo da Santíssima Virgem . T ítu los de uma grandc-,a incompari,vel, que propomos ao leitor considerar. 1 O esposo deve ser proporcionado à esposa. Ora. quem é Nossa Senhora? A mais perfeita d e todas as criatu ras. a obraprima do Altíssimo. Se somarmos as virtudes de todos os Anjos, de todos os Santos, e de todos os ho mens até o íim do mundo. não teremos seq uer uma pá lida idéia da su blime pe rfeição da Mãe de Deus. Mas um homem foi escolhido entre todos, para ser proporcionado a essa excelsa criatura. Propo,·cionado, naturalmente, por seu amor de Deus, por sua sabedoria, pureza, justiça. por todas as qua lidades e virtudes. Esse homem foi São José. Má algo ainda mais insondável: o pai d eve ser proporcionado ao fi lh o. Era preciso um homem que carregasse com ioda dignidade a honra de ser pai adotivo de Deus. E houve um só. criado especialmente para essa 111 issãot com a alma adornada de todas as virtudes. inteiramente à altura de tão sublime vocação: tal homem foi São José. Era proporcionado a Jesus Cristo, era proporcionado a Maria Santíssima. Que mais seria preciso dizer? Tal é a d esproporção com os demais homens. que não podemos formar uma idéia de sua grandeza! Isto significa te r uma tal intimidade com o Verbo e ncarnado, penetrar de tal maneira na al ma sant íssima de Nossa Senhora, que o vocabuládo humano não encontra palavras para exprimir ad equadamente. Mais ainda: São José teve os lábios suficientemente puros e a humildade suficientemente grande para fazer esta coisa formidável: responder a Deus! Imagi nemos a cena: o Me nino Jesus, diante dele, pede um conselho: - "Como devo fazer tal coisa?" E o Patrono da Igreja, mera cria tu rn , sabendo que é Deus quem o interroga . dáLhe o conselho! Ou então Nossa Senhora ajoelhar-Se diante de São José para servi-lo. porque era o senhor e o esposo d Ela. E o grande

Santo ver Aquela que Se encontra no pináculo do Un iverso ajoelhada diante de si e aceitar que Ela o servisse! Imagine, leitor, se lhe for possível, um homem que teve bastante sabedoria e pure7.a para exercer a autoridade sobre Deus humanado e a Virgem Maria. Então compreenderá que São José é simplesmen te inimaginável, excede às cogitações humanas. Somente no Paraíso Celeste teremos idéia de sua perfeição sublime. Essa é a ~ra ndeza de São J osé. Como foi ela recebida pelos homens? Dii São Lucas (cap. 2, v. 7) que Maria "deu à luz o seu Filho primogêni10, r: O enfaixou e reclin ou 11u1na 1na11jedouro;

porque não havia lugar para eles "" es1alage111 ··. Verdade amarga: os homens têm particular diíiculdade em receber aqui lo que i: grande - mais ainda. o q ue é divino por causa d e sua mesqui nhez. Pensamos. às vezes, que o gosto dos ho mens cstú c m tratar com o que é importante, alto, sublime. Í: um gosto que ex iste. sim, mas apenas superficia l e interesseiro. O gra nde apego dos homens não se volta para a grandeza. nem para a riqueza; é para a mediocridade, part icularmente a um misto heterogêneo d e bem e de mal, com um gosto mais acentuado pelo mal que pelo bem. Então compreendemos porque não havia lugar para aquele casa l sumamente distinto e majestoso, mas pobre. São José - príncipe da Casa de David, da casa rea l deposta, decade nte, mas que estava c m seu apogeu porque dela nascià o Esperado das nações - bate à porta e é rejeitado! O sofrimento o golpeava como uma lança, po is era obrigado a conduzir Nossa Senhora a urna gruta, própria a animais, onde nasceria o Menino Jesus. Nesse lance de dor, vemos ao mesmo tempo sua glória. à qual se acumu laram · muitas outras: a glória de ser um homem

apagado. e mbora se lhe devesse honr,i pública; a glória de quem aceitou rc,ccbcr humilhações, igr½ominias e o peso do opróbrio_ que haveria de cair sobre Nosso Senhor. São José teve, desde o tomeço, a bem-aventurança especial de ser recusado por amor à justiça.


ripta de São ionísio, • • primeira Catedral de Paris PARIS - Na Fra nça. a todo instante, encont ra m-se recordações de seu passado. repleto de acontecimentos notáveis. Percorrê-la é esquadri nhar, seja qual íor a d ireção tomada, paragens da História. Tão numerosos são seus monu mentos

e

os restos respeitáveis semeados através dos séculos. q ue freqiientemcnte não se sabe o nde deter a vista. Tantas relíquias históricas perduram desde a conversão de C lóvis, dos heróicos tempos das Cruzadas. do esplendor do gládio e da sabedoria de Carlos Magno, da diíusão da Fé por Cluny. das ca rgas de cavalaria empreendidas pela donz.ela Santa J oana D'Arc. Muitas tradições veneráveis nos reportam ainda à luta da Casa de Lorena contra a pscudo-rcíorma protestante. até os últimos folgares da di nastia dos Capetas. E no plano religioso, em época mais recente, às grandes aparições marianas d o século passado, na · Rue <111 Bac, cm Salctte ou Lourdcs. Em tal epopeia histórica. Paris represento u quase q ue ininterruptamente o principal papel. De um ou outro modo, ela foi o ceruro e a expressão mais nobre desse grandioso conglomerado humano que constituiu , segundo São Pio X. o povo e leito do Novo Testamento. A conversão de Paris, por conseqüência, teve para a França e pa\

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A primeira Catedral Conta Jacques Hillairet, em seu livro ·•Évo,·"tio11s du Vieux Paris", tomo I. que - segundo antiga legenda cristã, cujo início remonta ao século VI, retomada e desenvolvida no século IX por Hilduíno. Abade de Saint-Denis, e difundida la rgamente no século XIII por Jacques de Voragine, na célebre "Lege11dt1 Áurea" - São Dionísio-, Bispo da Santa Igreja, acompan hado por Eleutério e Rústico, veio d o sul da França pa ra iniciar a evangelizaç.'io de Lutécia (nome romano da fut ura Paris). Vendo a já grande cidade tomada por cultos idólatras e ocupada por ricos patricios romanos. s ubmetida à possante corporação dos " N(luf(Je />(lrisiaâ ", São Dionísio deteve-se à entrada da cid_adc, no lugar onde os galo-romanos sepultavam seus mortos. Existiam a li também pedreiras de o nde se retiravam as pedras para . a construção de Lutéc ia. Algumas delâs. subterrâneas, eram habitadas por pobres. servos, camponeses e colonos. Numa delas se instalou o Santo, e ali começou a formaçl"ío dos primciros cristãos. Era a primeira sede de reuniões daqueles primeiros fiéis, o primeiro palácio episcopal, a primeira Catedra l de Paris. Foi também lá que o prefeito Sisi nius Fesceninus, autori1.ado pelo imperador Domiciano. no fim do século 1. prendeu o Santo e seus dois co mpa nheiros. O apóstolo de Paris começou naquele local seu martírio. que terminaria com a decapitação. eíetuada no ílanco sul da colina de Montmartrc (*). No sécu lo VI uma capela, dedicada a Nossa Senhora dos Campos (Notre-Dam e des Cluu11ps). foi construida sobre essa ped reira. que assim se to rnou sua cripta. Ela íoi sempre intensamente visitada por peregrinos. Luís VI destinou uma verba especial para sua iluminação durante a o itava da festa de São Dionísio. Eni 995, os benedit inos da Abadia de Marmouticrs. pe rto de Tours. tornaram-se proprietários dela e lá fundaram, cm março de 1804. um primeiro convento. Na Capela de Notre-Dame dcs C harnps Co ram celebrados os funerais da primeira esposa de Luís XII . Por esta estreita escada sem ornatos

esquerda). o visitante desce à cripta de Slo Oionfsio (embaixo), que foi sede episcopal do Apóstolo de Pa ris

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Martírio de Sã-o Dionísio

A frente da imagem da Virgem, no altar principal da cripta. há uma outra. de São Oionlsio. que sustenta nas mãos a própria cabeça decapitada

vel lugar. Era a igreja do Carmelo da Encarnação, das carmelitas rcrormadas por Santa Teresa d'Ávila .

Sob a Revolução O mencionado autor J acques Híllairet , em seu "Dinionnaire IJistorique des rues <le Paris" (Les &li1io11s de Nli1111it. Paris. 7.• edição. 1967. vol. 1. pp. 629-630). re lata com pormenores as tra nsformações por que passou aquele templo religioso. bem como a veneranda cripta. A Revolu ção Francesa demoliu o convento carmelita e s ua igreja. As religiosas foram expulsas. A cripta. c ujas abóbadas havia m desabado. ameaçava desapa recer debaixo dos seus escombros. Uma rua foi abc rta no loca l onde se erguera o mosteiro. Passado o Terror revolucionário. e estando o povo ca nsado de tanto sa ngue~ as carmelitas re tornaram. Movidas pelo desejo de prc, . scrvar essn rchqma, o utrora vcnc .. r~\da corno das mais sa nws. elas consegu iram recuperar parte do seu a ntigo dbm inio. E <1li, num pequeno quadrilátero loca lizado na esquina de duas novas ruas. edifica ram um novo C1rmelo. com capela cm estilo ogiva l do século XI 1. Era um conjunto de proporções bastante modestas. mas através do q ual se tinha acesso à antiga pedreira · de São Dionísio. situad a deba ixo de uma casa da rua Picrrc•Nico lc. Luís XVIII. c m 18 17, restituiu às religiosas a lgumas obras de arte do antigo convento ca rmelita. A cripta entretanto se achava muito arruinada. Em 1855 conc luiu-se uma primeira restauração. Posteriormente foram colocadas algumas placas comemorativas. como por exemplo a lapide do Bem-aventurado Reginaldo. ant igo bcnf~i tor

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ra a Cristandade uma importância única. Pesq uisar os. fatos ligad os a ela é honrar as próprias o rigens da C ívilii.ação Cristã, além de contribuir para o enriquecimento dos conhecimentos históricos.

dos d ois fi lhos de Francisco J e de sua esposa, antes de serem trans ladados para a Basílica de Saint-Denis, sepulcro dos Reis de França. A parti r de 1603, uma rica igreja foi consiru ida sobre aq ucle venerá-

Altar do Bem-aventurado Reginaldo, da Ordem dos Domíni~nos (século XIII). Sepultado na famoS8 cripta. foi beati• ficado pelo Pape Pio IX, em 1876.

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( ' ) A rropósito do período histórico cm

P:1ris. n:;1li1ou o s:cu :1roslol:1do e selou com !>::tn-

<1uc S:to Dionisi<>. pri,nc.-iro Ui:epo de

guc a sua Fé, bem cozno sobre a idcntili• cação dc!>SC Santo com S:1o l)ioni:;io. o Aeropagi1:t. discípulo de S~o Paulo. a que se referem o~ "AloJ tlo.f Apá,wJa.,,... cap. 17, \', 34 1cma este que não ~bordamos no prc:::cme Mlit;Q - . ptiir:im d i\'Crg.ências entre os hiiaoriadorc.s. Parece-nos opor1u110. cntttt:lnto. a titulo de infonnaç.ão. adu-1.ir ;1qui :1lguns dado~ sobre a qu<:stiio.

O conceituado historiador írrinc(s Rohr· h3c:hcr sustentá que ..o.,· mái.t ,mtiko.t nu,rfÍ· rohi,:iüs ...inmm o m artlriu de• Slio Oiom'.vio,

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n Arrc)f'OJ:1111. no ,lia J e/«• 0 ,111,hrv. ,tab o im pe'tfo eh• A,lri(uU), qu(· ro111e•r ou ó rdnar 1w "'"' ,t,• t t9. Ctm.,·fll </1.lt' a cr,/iuo c•m t/tlt' u 101110 fi,; ,ttw1pil11t!o ,wm stu:; t'llmJ,tmlu:irQ.t wnmu ,, uom,· dr M<mtr 1/().t Mdr1irR., 0 11 M<mmumre". I! pouco ~dfontc 3crcscen1:1 o historiadOI" (r:ind'$ que "São /)iom~tio r he•· gm, às G"(i/io,f nv .~ ftulo primrím. Q bispo ,Jt, ,;1 lhWS t• " /Ji.tpo ,le />aris são o mc•.mw pc•o ·,ma,:,.,,,. ,, ,\'(' 1rm,1 \'t•Nlt11/('ir11mc•1uc• ,te Sào /Jhmú·io. o ANapogiw: e• us ,,,~um (w• los (h,s n>ntradíwrts uãu sõo-lrr,'fi111i,,•is" (cfr. Rohrb:u:hcr. "/liswirc· U11fr1>r,,.cll,.. ,te• l'Í.'gli:tc• Cmholique~··. Gaumc• Friw•s N J, l)uprey, f:iiitl'ur$, Paris. 4:" Odieâo. 1864 tomo 111. livro xxvn. pp. 22-37).

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EIS O RELATO do martírio de São Dionisio. conforme a "/..e· ge11<1a Áurea", do Bem-aventurado Jacques de Voraginc, da Ordem dos Pregadores e que faleceu como Arcebispo de Gênova, no fim do século XIII. A narração. entretanto. poderá apresentar lacunas. imprecisões e mesmo erros. do ponto de vista da crítica histórica es tritamente científica. Nem sequer foi o objetivo de seu autor redigir um compêndio de História . Mais que isso, sua " Le!J.e11dt1 Áurea" tem cm vista possrbilitar ao leitor dentro da fidelidade à doutrina da Santa Igreja - como que degustar a auréola sobrenatural e maravilhosa que orna a existênc ia dos católicos que levam a prí1tica das virtudes a um grau heróico. isto é. dos Santos:

" Tal

era a graça celeste que refulgia cm São Dionísio que, com freqüência, os sacerdotes idólatras sublevaram contra ele o povo, o qual, mais de uma vel, acorreu com armas visando ma· tá-lo. Mas, bastava ao Santo fitar a multidão, que esta perdia sua íerocidade e lançava-se a seus pés; ou então, apodera,•a-se dela um pavor, fugindo todos à sua simples aparição. Contudo, o demônio invejoso, vendo que todos os dias seu cain po se adelgaçava, triunfando a Igreja a través de numerosas conversões, excit ou em Domiciano tal crueldade, que este impera• dor decretou, para todos os cris tãos que rossem encontrados, a obrigatoriedade de sacrificar aos ídolos, sob pena de perecer mediant e suplícios. O prefeito Fesceninus, enviado de Roma a Paris para perseguir os cristãos, deparou São Dionísio pregando ao 1>ovo. Imediatamente, rê-lo prender, esboíetear, escarnecer, 1ombar, amarrar com correias bem ásperas e comparecer diante dele, juntamente cc-m São Rústico e Santo Eleutério. Ora, como os Santos persistissem em coníessar a Deus

da capela. Uma segunda resta uração (que praticamente remodelou a cripta) íoi terminada cm 1895 e procedeu-se no ano seguinte à solene consagração.

" ... aqui se fazem belos milagres" A noite da Fé. contudo. descia sobre essa relíquia arquitetônica. Quatorze anos depois. o C1rmelo foi fechado, e s uas instalações cedidas a uma garagem e uma casa editoria l. As janelas conventua is. encimadas por uma pequena cruz cm relevo. bem como as arcadas do c laustro que se podiam entrever, durante murto te mpo estiveram ainda e m pé, solitárias , como a lembrar aos transeuntes o vazio cm que a· impiedade crescente ia lançando a humanidade. ao banir o sobrenatural. Desde 1963, dois grandes prédios modernos ocupam esse lugar. atualmente na rua Henri llarbussc. n.• 25, no XIVe. arrondissement. Restou apenas, esquecida , a cripta de São Dionísio, hoje em dia situa da no subsolo desses ed iíicios. Os parisienses contemporâneos não se voltam mais para aquele que lhes trouxe a Fé e morreu por eles. A cripta não é vísitada. O culto divino deixou de ser ali prestado. Por aqueles espaços onde outrora desfilaram solenes carmelitas toma-

diante do prefeito, [ ... ) eles foram n agelados por doze soldados, depois do que, carregados de pe· sadas correntes, foram lançados na prisão. No dia seguinte, São Dionísio foi estendido nu sobre uma grelha, debaixo da qual ardia fogo violento. Ele, contudo, cantava louvores ao Senhor: "Vossa palavra é provada perfeitissimamente pelo fogo, e vosso servidor a ama exclusivamente" (cfr. Ps . CXV III, 140). Retiraram-no, então, das chamas para lançá-lo como repasto às feras, tanto m ais fero:ies quanto se as haviam deixado muitos dias sem comer. Mas quando elas correram para se precipitar sobre ele, o· Santo opôs-lhes o sinal da Cruz, e elas tornªram-se mansíssimas. Foi ele, a seguir, lan çado numa fo rnalha; o rogo, porém, ao invés de causar-lhe dano, extinguiu-se. Fi:ieram-no sair afinal, e trancaram-no na prisão com seus dois companheiros, e um grande número de fi éis. Celebrava ele ali a Missa, quando, no momento da Comunhão do povo, Nosso Senhor J esus C risto apareceu-lhe aureolado de imensa claridade; depois tomou Ele o Pão e lhe disse: "Toma isto, meu dileto, pois tua maior recompensa é de estar coMigo". Fora m eles em segu ida condu,idos à presen ça do jui,, que os submeteu a novos suplí-

cios. Por fim, os três confessores da Trindade tiveram a cabeça cortada a golpes de mach ado, diante do ídolo de Mercúrio. lncontinenti , o corpo de São Dionísio levantou-se, e sob o innu xo de um Anjo, precedido"" lu, celestial, carregou a própri:o cabeça entre os braços, num trajeto de duas milhas - desde o lugar chamado Monte dos Mártires até aquele que, pela providêncht de Deus, ele escolheu 1>ara repousar. Nesse local, os Anjos fizeram ressoar acordes melodiosos, em meio à multidão dos que ouviram e creram em J esus

Cristo."

das pelo ardor de Santa Teresa . reis e príncipes. que buscavam os fundamentos de seu Reino Cristianíssimo, além de peregri nos provenientes de todas as partes da França. hoje se vê o desenro lar da vida banal e freqüentemente vulgar de uma época já quase sem fé. Abandonada e fria. nela se encontram apenas uma imagem de Nossa Senhora e outra d e São Dionísio s ustentando a própria ca beça decapitada (Cato que se deu por o casião de seu mart írio). colocadas no altar princi pal. Num altar lateral. uma lápide indica a p resença ali do corpo do Bem-aventurado Rcginaldo. frade d ominicano, fa lecido no sécu lo X 111 e beat ificado por Pio 1X e m 1876: ··... durante séc11lo.r os parisienses vieram hv nrâ-lo e r11:ar neste s0111uário". Urna outra. a propósito da ação do Bem-;ivcnturado Regi nald o. dí1.: "... aqui s,• f a:em belos 1ni/{lgres e se t·ur,un tuda c~spé· âe de febres". ·· O Rei passar d. Ele us Jard sentar-se e lhes servirâ ... e lhes <listribuirâ os oceanos dessa fefici<lade tão ple11a", afirmou São Dionísio numa carta ao Bispo Tito, também a li inscrita e m lápide. O grande Santo parecia proíeti1.ar os dons que a Providência deveria conceder a esta nação que se to rnaria a .. Filha Primogênita da Igreja".

Nelson Ribeiro Fragelli CATOLICISMO -

Março de 1981


Sombrias perspectivas para a Europa

CAUSAS DA AUTODESTRUIÇÃO DEMOG M ARTIGO publicado num número anterior deste jornal ("Catolicismo" n.O 361. janeiro de 1981), transcrevemos e comentamos dados numéricos bastante signiíicativos, mostrando o envelhecimento e a red ução das populações de países da Europa Ocidental como fruto da limitação da natalidade. Na presente colaboração teceremos algumas considerações sobre as causas que determinaram essa tendência ao próprio extermínio, observada naquelas nações. Os dados informativos que aqui apresentamos. do mesmo modo que os do artigo precedente, foram extraídos do livro "lt1 Frf111,·e ridée" ("A França e11rugada", Ubrairie Générale Fra11çaise. Paris, 1979, de autoria de Gérard-François · Dumont, com a colabo ração de Pierre Chaunu. Jean Lcgrand e Alfrcd Sauvy).

E

popuhtrão crescl'/ue - ·so milhões vivc•ndo t:n1 2.5 ,nilhões de kn11, co,n '""ª de11sidaile de 35 hb/k111!, 110 a110 de 1250 - o 1111111do cristão foi adou11ulo. do .,·éculo XI ao .<tC'lilo X VI, a sol11<xio do cas(1111e1110 tardio.

O cerco contra famílias numerosas As pressões não são apenas psi cológicas. Ta mbém as de ordem econômica são utilizadas, tais como: • Leis tendentes a desagregar o 1>atrimônio familia r. como a aboliç.'io do direito de primogen itura e a partilha obrigatória dos bens, como vimos no artigo anterior. • Redução progressiva dos salários-família. desestimulando as pro-

A Europa érüui utilizou larganwnte a osce.tl' sexual da continência. A

pari ir do século X VI ela ,uio (•mprega mais que 50·60% da capacidtu/i.> reprodutiva de s uas popula-

ções. lósta solução <ifer,•,·e toda sorte de va11tage11s. [ ... ] Evita11do dissociar o co,nplexo s,,.n,alidtule-mnor-

/JrOcriarão

• Construção de casas e apartamemos de tamanho reduzido. tornando difícil ou quase impossível a lojar um casal com mais de dois íilhos. Aliás, o combate às familia_s numerosas constitui mais um elemento dentro de uma política demo gráfica cujo fim último scni a lenta cxtinç,io da população. Pois elas são ind ispensáveis para o crescimento e até para a manutenção do número

de habitantes. Um pais cm que os casais não tivessem rnais que três íilhos. veria o número de seus habita ntes estacionar e depois decrescer. Estudos demográficos recentes realizados na França mostram que cerca de 75%das crianças nascem de 25% das mulheres e que uma fami lia com sete íilhos contribui tanto parn o eq uilíbrio populacional como cinco famílias com três filhos. A diminuição das familias nunwrosas é o fator quantitativo prin · cipal ela diminuição da natalidade. Elas é que sustentam numcric-amente a populaç.cio de um pa ís e. na sua maioria. situarn-~c entre as fomilias católicas. Na Fra nça, entre 1920 e 1940, 68% dos recém-nascidos vieram de familias de três ou mais fi lhos. Nessa época ainda h:,via um resquício de catolicismo trad icional. minoritário mas pujante. que seguia as normas da Encíclica "Costi Co1111/Jii". de Pio XI. O documento

que ameacem sua sobrevivência. vão

pontifício reafirmava a doutrina tra-

havia t'OflSt>guido suprin,ir tis J{l'Ofltles oscilaçc)e.,· pluriseculares. [ ... ] 11 t (•voluftiu industrial ,uio modi/'i<·c>u prujiuult1111,•nte ,,.,·se sisuww ,náravi-

lhosmnente a11to-reg11!11do. [ ...] Fora ,,lguns tropeços. l'Ít• jiu1cionou perJl1itt11nl1nt<' até a revoluçtio co11tra-

--

_,e,._,.-..

Este simpático casal de velhos. de algum recanto do interior da Itália. conserva em seu aspecto algo da dignidade e rec,a to de outrora. Entretanto. o contingente predominante de anciãos quo a atual onda de autodestruição demográfica faz prenunciar. será provavelmente constituída por homens sem fé nem esperanças.

Sendo de 2. 10 o índice de fecundidade necess,írio para a reposição das gerações. conforme explanamos no artigo anterio r. o governo que

estabelecer uma política demográfica no sentido de favorecer a constituição de famílias com apenas dois íilhos. ou. no m,iximo. trés. estar,, levando a população ao envelheci-

mento e o país it decadência. Pois um número apn.:ciüvcl de mulheres cm idade de procl'iar. por motivos diversos. não teni íilhos; outras terão apenas um . Se as restantes tiverem apenas dois ou . quand(.) muito. três1 isso não scr{1 suficiente

para equilibrar a balança. É nccess,írio que haja familias com cinco. seis

dominar progressivamente pelas ten-

dências. idéias e instituições revoluc ion{irias. voltand o as costas r>ara o

Frutos da apostasia e elo neopaganismo Está assim apontad<> o futuro da Europa que foi cristã e atualmente, cm larga medida. é neopflgã: a autodcstrui ç,'io pelo fato de se ter afastado da Lc.:i de Deus. da prfüica dos mandamentos e da própria Lei Natural. Notícias veicu1ad,1s recentemen te

pela imprensa francesa informam de que estaria havendo um recrudescimento da nata lidade em vários r;,íscs da Euror>a. Na Fra nç,,. cm

modo de ser e de viver autentica-

mente cmólicos da Cristandade medieval.

Desejando muit o mais o

gozo da vid.t terrena que a felicidade do Céu, rejeita ndo com horror tudo (IUC signifique renúncia. sacrifício. dor e espírito de Cruz. o homem dominado pela Revolução 1em a alma aberta para aceitar toda espécie de pcrmissivismo. por mais

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Exemplo hist(Jrico de admírãvel equilibrio demogrãfico

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sentido de que a gravidez deve ser mais ridicularizada que respeitada; as famílias numerosas encaradas com horror ou compaixão; a prática do aborto como solução inteiramente aggior11a1a; e a csterili ,..ação cirúrgica como algo que até confere

a populaçlo tenderá inexoravelmente ao

Março d e ' \:181

Minada h;í cinco séculos por uma crise universal, una. total, domina nte e processiva (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revoluriio /' Co11trll-Revol11r1io". Parte 1. Ca p. Ili . "C"'olici.,mo" n.O 100. abril de 1959), a Civilizaç,1o Cristã deixou-se

ousado que seja, desde <1ue apresentado com habilidade e na ocasião oportuna. Embriagado com uma sensua lidade onipresente e procur-dndo afastar tud o o que se opuser à su;, satisfação mais completa. o homem rcvolucion:\rio aceitou a idéia de que a vida sexual visa antes de tudo o prazer e não perpetuar a cspl-cie. E que os íilhos. na medida em que sejam um estorvo ou uma conseqüência indesejável, devem ser im pedidos de nascer. E isso por qua lquer método. pois. segundo tal concepção. a mulher é dona absoluta de seu próprio corpo. Não é de estranhar, portanto. que, para uma sociedade já impregnada desse modo de pensar, sendolhe dados os meios mais que suíicicntes para a tingir o fim desejado. a explosão antinatalista se tenha verificado e transformado cm verdadeira implosão populacional. ou seja, na autodestruição pelo envelhecimento e progressiva redução dos habitantes.

Na Europa do Mercado Comum: at famflias com fr&qübncia não têm mais de dois filhos. o que é insuficiente para compensar o número de óbitos. Nesse ritmo.

CATOLICISMO -

c(1priw1 tios anos 60. urna dose exfessivt, d11 qual. sofro ,un milagre. il'e,nos todo.t perecc•r".

sofismas, prc.ssõcs psicológicas, persuasõcs ou meras insinuações, no

E as conversas nas diferente.~ rodas de amiguinhas e familiares orientam-se geralmente no mesmo sentido: "Fulana está esperando mais um folho? Que horror!" - "Sicrana já teve sete crianças? Coitada!" -

i11stit11ição social do

<ifà.vta todo o perigo de ,,xplo.wio 011 de implos<io. (... ] 11 f.i,ropa ,·ris((i (•ra tJ única parte do ,nundo que

, ·~ e derramam sem cessar, sobre uma L populaç,1o indefesa, toda sorte de .§

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<·t1Sttmento. t1 t1,\·ces,., s,•xual da continf:ncio t•xtfft·<·o,,jugal p ossibilitou un, ,nodo de m110-l'l'K11lação que

les numerosas.

Por que motivo nações inteiras. altamente civilizadas, industrializadas. cm fase de pujança econômica. livres de guerras ou de outras crises se lançando assim no rumo inexonívcl da autodestruição? . À primeira vista, poder-se-ia dizer. de modo supcríicial e apressado, que tal s uicídio populacional se deve à difusão dos contraceptivos e 1, liberação do aborto. Na verdade, porém, a causa mais profunda é outra . Contraceptivos e aborto são apenas os instrumentos de que se valem as pessoas, jü intoxicadas até a medula por uma mentalidade antinatalista, para impedir que as crianças venham ao mundo. Esse estado de espírito já precedia de muitos anos a difusão maciça dos contraceptivos e a pn\tica gcnerali,..ada do aborto. O urante a década de 60, numerosos inquéritos efetuados cm maternidades na França, apontavam que 40-50% das crianças nascidas não eram desejadas pelas mães. Interrogadas sobre se teriam evitado o nascimento, caso houvessem tido a possibilidade de fazê-lo. quase todas respondiam que sim. A oferta super-abundante do maior, mais poderoso e mais diversificado arsenal antinatalist:i que jamais houve sobre a face da Terra. encc;>ntrou já preparado um mercado que o acolheu com sofreguidão e dele faz uso exaustivo. E assim, na voragem das pílulas, dos dispositi vos, das ligaduras, vasectomias e abortos, a civili,..ação atual. cada vez mais encharcada pelo neopaganismo. vai se lançando no abismo da extinção. Como surgiu. porém, tal mentalidade? Ainaa de maneira supcríicial e apressada poder-se-ia dizer que ela é fruto da pr.opaganda que teve origem nos Estados Unidos, logo após a descoberta da pílula anticoncepcional cm laborat ório. A façanha do Dr. Pincus precisava. segundo os antinatalistas. ser conhecida e adotada no mundo todo ... E para atingir tal meta. nada como uma maciça propaganda anticoncepcional a fim de criar mcrcado para o novo produt o! E fora de dúvida que nesse sentido vêm trabalhando, há muitos anos. praticamente todos os veiculos de difusão de idéias. Imprensa. rádio e televisão. teatro e cinema

1errônet1. /)imue do d,•safio de ltnW

"Beltrana submeteu-se a um aborto? É claro. Era a solução melhor para ,.. e 1a ....

dicional da Igreja de que a procriação é a principal finalidade do casa mento. Tais famílias fecundas se recrutavam principalmente na Bretanha e na Vandéia. regiões conhecidas por seu catolicismo tradicional: foram e las que permitiram a grande recuperação da natalidade dos anos 1945- 1964. Na Alemanha atual a situação só não é pior devido à fecundidade dos 'c,1mponeses católicos da Baviera.

envethecimonto. ou sete filhos para que a população possa realmente c rescer. As pressões econômicas levam, portanto. a uma mentalidade antinatalista, principalmente através do combate às famílias numerosas.

Raízes profundas da questão Entretanto, a causa mais profunda dessa mudança de mentalidade é outra.

Em Estados verdadeiramente católicos, ao contrári o, o nde o povo respeitava os preceitos da Lei Divina e da Lei Natural, os problemas populacionais não se verificavam, pois eram resolvidos antecipadamente. dentro da organicidade e da temperança características de unia Civi-

li,.ação Cristã. Sobre esse ponto é interessante o comentário feito por Pierre Chaunu, um dos colaboradores da obra citada, às páginas 154 e 155 da mesma. Após referir-se aos gra ndes desequilíbrios populacionais observados entre os povos pagãos. escreve e le: "Frente a essa.r grandes rupturas ergue-se a bela continuidade ,nedi-

Inquéritos efetuados na década do 60 em maternidades de França indicavam que as mães de 40·50% dos recémnascidos teriam evitado o filho. caso houvessem tido possibilidade de fezô-lo

1980. o númc,·o de nascimentos teria chegado a 795.000 - 38.000 a mais que no ano anterior - e o índice de fecundidade subido a 1.95. Entretanto. esse fato não é suíicicntc para se chegar à conclusão de que esteja havendo uma reversão est;\vcl no sentido da maior nata-

lidade. O p,·óprio Sr. Gérard Ca ll ot. diretor do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (da França), é cauteloso: "Ainda l!.<tanws /<111ge do índice de 2. 9 observado e,u 1964", comentou ele a respeito do eventual aumento da fecundidade. Realmente. o rrognóstico a nterior parece continuar válido por dois

motivos principais: 1) Os índi~-es atingidos não são suficientes para a reposição das gerações: pequenas oscilações são comuns mesmo cm fase de decadéncia . 2) As causas profundas que determinam a explosão antinata lista continuam sempre mais vivas e os meios para rcalizà~la estão sendo

obtid os com facilidade crescente. É uma derrocada que fa7. entrever o fim de um ciclo da História.

Murillo Galliez 3


. , 1cara ua: con

ito e 1

Guerrilheiro sandiniata fotografado diante do hoapital de,Matagatpa

d iante a incorporação de Sacerdo- tava e espalhava o desânimo nos tes e leigos à guerrilha. Efeito mais nicaragücnses desejosos de evitar o devastador teve sem dúvida o aba- domínio dos seguidores de Marx e · famento de desconfianças generali- Leni ne. zadas no povo nicaragiiense de que Tendo à frente a figura do Arassistia a uma revolução comunista .ccbispo de Mamlgua. D. Miguel O•• clássica. As resistências q uc o temor bando y Sra vo. Sacerdotes e leigos •;;'I: . > >'H , ·...:, levantaria foram corroídas pelo a- de relevo exprimiram inicialmente /J'1' ' poio generalizado do Clero à insur- com brandura seu desagrado em fareição sandinista. ce dos rumos que a revolução sanPÔS UMA PRIMEIRA fase A esquerda católica do mundo dinista tomava. Em e ntrevista a cm q ue o Episcopado da Ní- inteiro exu ltou com a ascensão dos Gustavo C. Cayéedo.-dc "EI Tie,npo" carágua. tomado e m seu con- sandinistas ao poder. de Bogotá. c m sua edição de 14:980, o Arcebispo expôs algumas das junto. apoiou enfaticamente a revoPassaram-se os meses... lução sa nd inista, verifica-se agora A revolução caminliava inexora- ponderações que apresentou aos novo tipo de relações en tre o go- vclmcnte rad icalizando seu próprio membros do governo: vcrno do país e os Bispos. Quais as processo. Aquilo que os o lhares • Os sete mil presos políticos caractcrísucas desta segunda fase? precavidos de alguns já vislumbra- cuja situação não está clara, a lém Que lições encerra para os latino- vam antes ,mesmo da queda do re- da fome a tro1. a que estão submetiamcricanos. já que o '"modelo nica- gime de Somoza - cujos excessos dos. (Se compararmos a população ragliense·· é apresentado por porta- cont ribuíam para o êxito da guer- da pequena Nicarág~a com a do vozcs da esquerda católica ou laica rilha - ia se to rnando tenebrosa Brasil , isto eq ui valeria f, existência como idea l a ser imitado? Que re- realidade. O · mantismo-leninismo em nosso País de mais de 350 mil percussões a revolução sandinista deixava aos poucos cair a máscara. presos políticos'). causou dentro da Igreja_? É o que Pluralismo sim. mas desde que con• A televisão e a liberdade de prctcndo tratar neste artigo. ' trolado, o q ual de nenhum modo ameaçasse o triunfo exclusivo do expressão. O ministro do Interior sandinismo. Campanhas de alfabe- reiterou q ue o governo ga rantia a tização, claro. Contudo . pelos mé- liberdade d e expressão, porém a te.. todos '"conscientizadorcs·· do triste- levisão seria estatizada. "Mas permente famoso Paulo Freire. Soltar 111itire,nos à Igreja que diga sua Inicialmente. cm rápidos traços, Missa". o quadro antigo. O governo de So- os presos politicos. naturalmente. moza incorreu cm práticas censuráPorém, não por enquanto. Seria pre• As escolas católicas. O minisveis. A Frente Sandinista de Liber- ciso antes urecducarº os sete mil tro respondeu: " Vou ser sincero. tação Naciona l (FSLN), cujos c he- infelizes anti-sandinistas que ainda Vão ser 11acio11a/izadas. nws pertnifes foram armados e treinados espe- jazem rias masmorras da ditadura. 1iren10.t que tis freirinhas 1rt1balhen1 cialmente cm Cuba . apresentou-se Eleições? Para o futuro ... nelt,s". como ponto de aglutinação dos seÊ d igno de nota o tom 1.o mbctores descontentes. Nunca negando tciro do sa ndinista: "n,as pern1itireseu caráter marxista-leninista. emmos à Igreja que diga sua t,,fissa"; bora dele não fazendo propaganda ···, nas perrnitirnnos que as freirinhas - disfarçando-o mesmo - para O Episcopado, que apoiara a trai>olhe111 neit,s". O porta-voz inevitar atemorizar os incaut os. a FSLN pouco a pouco foi a rregi- guerrilha contra o regime de So- suspeito do governo falava, na oca mentando cm torno de seu coman- moza, dia nte dos rumos que tomou sião. ao mais categorizado represend o as diversas oposições do pais. o sandinismo. procurou distanciar- tante d a força· que foi decisiva para Fortemente assistida por governos e se do processo revolucionário de- o triunfo da rcvolu1·ãof O carfücr ateu. a millt:.incia marinstituições de centro-esquerda e senvolvido pelo novo governo. Para um católico a utêntico. essa mudan- xisrn•leni nista. os controles e cerpor Cuba (entenda-se Rússia; Cuba ça s uscitava esperanças e era fonte cea mentos crescentes às liberdades por si só atualmente mal consegue 1>la ntar cana), investiu militarmen- de consolações. Pelo menos passara fizeram crescer as inconformidades te contra as tropas da Guarda Na- a fase inicial, c m que o inexplicável e o senso ca tólico arraigado no pocontubérnio do progressismo com vo reagiu com vigor. Os sa ndi nistas cional nicaragUense. Não apenas militarmente. Ao os marxistas da FSLN dcsconcer- revidaram com um duro comuni .. 1 mesmo tempo, desencadeou-se intensa propaganda pró-sandinista nos O Arcebispo do ManAgua. D. Miguel Orbando. fala aos reféns aprisionados pelos meios de comunicação social do O- sandini1to1 no Pak\cio Nacional. na capital da Nicaré'gua (agosto de 1978) cidente. Carter cortou o auxilio a Somoza, e nquanto a Rússia apoiava os guerrilheiros. Em conseqüência. Manágua tombou em mãos de um movimento - o sandinismo cuja cúpula toda era constituída por marxistas-leninistas. formados nas doutrinas e métodos das escolas do PC. Apenas os estudiosos do comunismo dotados de acuidade analítica vislumbravam com ccrtc1,.a a manobra política cm curso: um gru. po de revolucinários profissionais, exercitados nas técnicas de agitação e propaganda, a coma ndar massas de dcsco nten1es, com graus diferentes de doutrinamento marxista e de exa ltação temperamental. O fato de existir pessoas distantes do marxis mo na Frente Sa nd inista não lhe tira o ca ráter leninista . O próprio Lenine aceitava no partido todos aq ueles que concordassem cm se submeter a seu programa e diretrizes. Afirmava que aceitaria até sacerdotes. Humberto Ortega. atual ministro da Defesa e sandinista de destaque. declarou há poucos meses. ao ser entrevistado pela Rádio Sa ndino: "Nunca negamo., que fchse1nos nwrxisras-leninisras. Ten,os sempre declarado que som os sandi-

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nistas. ma.r nunca que não fôssen-,os 1narxistas-leni11is1as" (" Review o/ rhe News". 1J-8-80). Entreta nto. as promessas da FSLN eram de um tipo novo de revolução, res peitadora do pluralismo, sem sangue e sem cadeias.

A posição do Clero Jamais o Clero participou tão ativamente de uma revolução como essa da Nica rágua. Especialmente nas fases fina is do regime de So- ._ moza. ostentou sua militância me- < 4

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Os guerrilheiros esquerdistas de El Salvador estio em estreita llgaçlo com os

sandini.ataa "cristlos" da Nicarágua

cado publicado c m seu órgão oficial "/Jarric(lc/(1". de 7-10-80. onde expunham com cla1·c7.a sua posição.

A Frente Sandinista define-se sobre a Religião O comunicado da referida Frente começa censurand o os temores existentes no meio do povo. Assi nala: "Nestas campa11/t(ls co11/ 11sio11is1as o ten,a do religião o,·upt1 u,n lugar prt'fi.>rendal. já que 11111a alta porc<"ntage111 do povo nica,-agüense 1en1 sentimentos religiosos 1n11ito ar• núgados. (... ] esta ,·amp(111ha é particu/tJnnentl! perversa pois se refere o assuntos que 1oco1n senti111enu,s proji111dos de 11111iros nic(lragiienses". Nas e ntrelinhas, a confissão de que o maior receio dos atuais senhores do poder é a reação a n1isandinista e m 110 111c da Religião ... Lembra a participação a tiva do progressismo na revolução sandinista e ainda recorda que ··os cristãos 1ê111 sido paru• integrante de noss(I história revolucionária ;u11n grau se,n precedentes e111 nenhun, outro 111oviJJu!n10 revoludondrio dt1 A mérica Latina e possive/,11(•111e do 1111111do. Este fato abre no vas e i111eressa11tt!S possibilidtulcs à par1iâpt1ção dos crisl(ios n<1s revoluções de ourras larirudes. não só na etapa c/(1 /1110 pelo poder. senão u1111bém na erapa da c·onstrução da nova sociedade", Esperam os sandinistas. pelo que se vê. repet ir a dose e m outros pa íses. Será que estão certos de contar outra vez com a cumplicidade e a ingenuidade da parie de ponderáveis setores católicos? O comunicado afirma a inda gar:.ntir a liberdade religiosa. respeitar festas~ aceitar cristãos em pos· tos de responsabilidade etc. Mas "a FSLN declara seu direiro de defl•nder o povo e o l?evoluç,ío". Isto é. quando. segundo seus critérios. julgar que estão sendo prejudicados o povo e a revolução. imped irá o c ulto e todas as manifestações da vida religiosa que não se e nquadrem cm seus cânones. Trata-se. como se perce be. de linguagem típica de qualquer partido comunista. que sempre afirma defender a prática livre da religião. desde que... Bem, o resto é conhecido . A tal comunicado seco - o qual lembra a simpatia e o apoio que a esquerda católica sempre deu ao processo revolucionário e que rcfOrda. nas enirelinhas, não tolerar oposição séria. fundada em razões religiosas - a Conferência Episcopa l da Nicarágua respondeu com um manifesto enviado à Direção Nacional da Frente Sandinista.

(Utilizo aqu i a transcrição do Boletim Informati vo AICA n .0 1252. de 10-2-80, órgão do Episcopado argentino. que o pu bl icou na integra).

A resposta da Conferenci a Episcopal da Nicarãgua No primeiro parilgrnfo de seu documento. os Bispos da Nicarágua lembra m. cm linguagem diplomática. q ue a FSLN não provou que tem o apoio po pu lar. acentua ndo também que tal-movimento se mantém no poder pela força : " Ni11x11<'111 poderia arrogar-se por .w· 1n,,s1110. ou apoiado eni forfas est rtmlW.'i ao Puvo. o tlirei10 dt got'<'r11,1r e se

consliluir con,o ·Represenu1111,,. do ,nes,no. [ .. .) u,n Po\'O que IIÔll é consu/fado denfl·o dus cônont•s do

exercício da liberdade. é 11111 Pon1 humilhado ". Para quem está fugindo das clci· çõcs e se autoproclama continuamente "vanguarda consciente do povo·· a lembra nç.1 d e que tem pés de barro soa oportuna. , Elogiando o fato da publicação da Declaração de Princípios da Frente Sa nd inis1a. os Bispos. sempre desejosos do d iíilogo. insinuam. sem afirmâ·IO positiva mcn1c. que a revolução sandinista aprox ima-se da tira nia

comunista: "A Dt'rlnra('tio

ele f'rindpios [...] é uma Í><1s1, (JlJra o Diálogo cuJJ1 o Povo Crisllio. So1ne111'l a pt1rtfr d('.N(' Diâlogv f'Ode .,·urgir u1n taminho nov11 th~ n 1/a('Õês. p ara d ar à 11os.M Ut!\•olu('tio wn st'ntido

,» di111ensões

J1111,u11ws

pr6prias que a clifere11t'ien1 r,•<1/ e pusi1ivon1e111e das rigidezl•s dogmtí· tiens dt» outros ·11,odelos rt1 voludo11ôrios · a1é agora conhecido.{',

No meio da censu ra. não recusa m aceita r a aprovação que deram à guerri lha. que chamam de "nossa Rt!volu('â<>". Considcram-.na su,1 rnmbém; por isso lamentam queresvale perigosa mente ru mo a modelos totahtários. Os Prelados lembram q ue justifica ram a guerri lha. ajudando-a eficazmente. porque tinham-na como do povo: .. Na mo m enro de j usr/fi,.ar o direiro de i11s11rreição. fre111e a estruturas que não gt1ra111iam o /Je111 e o Seg11ra11,(I dos cidadãos. s11s1e111t11nos. ao mes1110 te111po. que 'u 111a Revolução }<unais p oderia ser do Povo. se o Povo não a apoiasse· (Mensagem cf,, 2 de j 1111/to de 1979)".

O perigo da instrumentalização O Episcopado nicaragUense reprova as teníativas da FSLN de utilizar a Religião como instrumento valioso à aquisição do apoio popular. - "Precisamos esclarecer os p ontos de vista em n101ério religic>CATOLICISMO -


ritre

p1scopa

sa. não apenas para fazer progredir o diálogo t, nível de Bispos e altos Dirigentes Civis e Militares. · mas 1>ara que o Povo adquirt1 Consciê11cia de seus próprios valores e direitos. Parf/ que o Povo não se reduzt1 a unw 'sirnples nwssa' dispos-

ta

ser i11s1run1e11ralizada'·'. Servindo-se de um exemplo bíblico apontam os Prelados o perigo da escravidão comunista: "A presença e ação da lgrejf/. está prefigurada no Povo de Israel. Um Povo que. através de sua História, busctJ (1

u111 Céu novo e u,na Terra nova. MtJs que 11111,ctJ se rendeu diante de nenhun, Faraó. Diante d.e 11enhunw forrna ou J'isterna es<;ravizante. ido· ldtrico ou areizanre. Escravizar é

converter o ho,nern en, ·,nero instrumento de produção'. A NicarlÍgua saiu à procurtJ de sua libertação histórica. Não na busca de um novo Faraó". E mostram alimentar esperanças de um diálogo com o atua l poder: •· Repetimos: fazen1os essas observações diante do Con,unicado dtJ

Ampla difusão de ''Catolicismo'' sobre a Noite ·sandinista "CA TOLICISA-10", em seu número duplo de julho-agosto de 1980, difundiu o penetrante e substancioso estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Naciona l da TFP. redigido a propósito das declarações de figuras do progressismo católico mais radical. numa das sessões públicas do IV Congresso Internacional Ecumênico de Teologia. Para este ato. realizado no dia 28 de fevereiro de 1980. foi cedido o audi tório do TUCA. da Pontifícia Universidade Ca tólica de São Paulo. Na referida sessão, usou da palavra. como se sabe. o comandante Daniel Ortega. membro da Junta de Governo da Nicarágua. Além da rede de assinantes do jornal - que tomou conhecimento do momentoso acontecimento - . as caravanas da TFP divulgaram o estudo através de nosso imenso território. contribuindo, deste modo, para informar a nação brasileira sobre a triste situação em que foi lançado o simpático povo nicaragiiense, devido à funesta aliança progressismosubversão. Era pouco conhecida, na ocasião. o caráter marxistaleninista dá Frente Sandinista de Libertação Nacional, e temos ra1.ões de esperar que a d ifusão do número duplo de "Co1olicis1110" haja contribuído significativamente para permitir aos brasileiros de espírito objetivo um julgamento seguro sobre a revolução nicaragüense. Até então. a imagem mais cm voga da mesma era a de jovens revoJucionários, idealistas. tomados por um afã ~omãntico

Argen1ina •• Colômbia • Equador Uruguai •• Estados Unidos Ch ile •• Bolívia • Brasi l

ja ./11sti111cionf// ou Hierârquica ao resro do Povo de Deus. acustmdo aquela de alie11a111e. Isto implica muna divisão na Igreja e lllna ÍIUI· ceirâvel negação ela hierarquit1". Numa Nica rágua dominada pelo sandinismo, a observação dos Bispos., transcrita cm çontinuação, tem ende reço certo: "E de se la111e111or que os que se opõe111 ao Magistério são tu1ueles que com 11wior ft,cilidade obedecem o que lhes é di{(Jdo pelos meios de conu111icação .'iodai ou por pa/m,ras de orde111 políticos".

editou novo documento. Desta vc1.. uma Carta Pastoral sob o no me so Revolucionário, iniciado na in· "Jesus Cristo e a unidade de sua surreição co111 o apoio do Povo Igreja "" Nicartígua ". Cristão, a partir de sua própria e Enq_uanto o documento intitulado "A Direção Nacional da Frenespecíjka responsabilidade religioso". Ê normal que os Bispos procu- te Sandinista e. para conheci111en10. rem uma solução através do diálogo ao Povo Católico" tratava especialcom os atuais detentores do pode r mente das questões te mpo rais. é ouna Nicarágua. Não vemos. no en- tra a tônica da Carta Pastoral. Fitanto. base para semelhante diálogo xa-se, com prioridade, nos temas eneiuanto o sandinismo não aban- religiosos e eclesiásticos, tentando donar seu ideal comunista. Essa a impedir o dilaceramento interno da tragédia a que levou a católica Ni- Igreja Católica. Da r o titulo "Jesus carágua, o conluio progressista-mar- Cristo e a unid/lde de sua Igrej a nn xista. Nicarâgua". Os dois documentos possuem em comum as queixas O sandinismo estaria. nessa perspectiva, abandonando um acordo quanto aos desvarios do esquerdistácito (ou foi tático?), caminhando mo - no campo temporal - , e do rumo à tirania clássica implantada progressismo - no campo religiopelo comunismo. · so. O vendava l progressista. estimulado pela fermentação revolucionáA declaração do Episcopado as- ria na sociedade civi l, radicalizou-se sinala, em continuação, pontos nos e quer realizar logo dentro da Igreja quais seus autores lamentam os o trabalho q ue seus companheiros atropelos ao exercício pacifico da de ideal efetuam na esfera própria Religião e aponta o crescente prose- ao Estado. litismo ateizame. FS LN. pt,rt, que elas sirvam de base ao diâlogo enriquecedor do Proces-

CEBs: lã jâ não sã o elogiadas... Os textos relati vos às comunidades eclesiais de base (CEB) na Carta Pastoral são secos e duros. Nem um elogio. O que insi nua estarem amplamente engajadas na construção da sociedade socia lista (leia-se marxista), que se recusam a admitir as normas e princípios da Igreja, quando estes não se adaptam às exigências dos senhores da ho ra. os sandinistas. Após enumera r características que tornam aceitável uma CEB. finaliza o documento episcopal: "P9ru1nto. ,uio podem sen1 ahusar da linguagen,, chanwr-se Conuozi-

O furacão progressista A propaganda do ateismo

Na capa do número duplo de " C•to• licismo ... • ailhuete de um guerrilheiro que. da torre da igreja. cont rola o centro de Leon, na Nicaniigua

de reconstrução, e fundadores de uma "sociedade nova". A realidade se incumbiu de desmitificar o modelo niearagüense, tão cuidadosamente preparado nos laboratórios da propaganda. Vai ela revelando, passo a passo. os preocupa ntes sintomas de tirania e miséria , seqüelas inseparáyeis da implantação do comumsmo.

O grande interesse da publi cação levou as TFPs ou movimentos afins de outros países a editar o mesmo estudo em suas respectivas p.ltrias, atendendo o desejo de co-nacionais seus. Apresentamos abaixo as nações em q ue se reproduziu "No noite so11dinis1a. o inci1a1ne11ro à guerrilha" e as respectivas tiragens:

12.000 exemplares 5.000 exemplares 5.000 exemplares 5.000 exempla res 4.000 exemplares 4.000 exemplares 4.0'00 exemplares 30.000 exemplares (I." edição) 6.500 exemplares (2.• edição)

No teatro da PUC de Slo Pauto. em fevereiro de 1980. Daniel Ortega,. atual-

mente coordenador da junt a de governo da Nicarágua, de punho cerrado (saudaçlo comunista). exaltou e m sua alocuçlo a revoluçlo cubana

· Marco de 1981

overno?

Declara o comunicado: "A j ulgar por esta declaração (da Frente Sandinista) em que se afir1110 1e.v1uab11e111e: 'Dentro dos marcos partidários da FSLN não cabe o proselitismo religioso. porque dcsnaturali1.a o caráter específico da Vanguarda e introduz fatores de desunião', não lhe in1eressa intr(uluzir fatores de desunião por 'discriminações· 011 interpretações de tipo religioso. Mas como conciliar esta declaração, com o que oficial e publicamente se faz 1·0111ra a Fé e contra ª . ~eligião. f/ffavés dos órgãos ofi· ; cw,s do Esuulo <' dos Quadros orgo- . nizarivos do 1nesn10? Doutrinu~se e .,e pres.siona por diversos e jâ conhecidos métodos. contra crença., e sentirnentos religiosos".

A .CEN, antes de entrar nos problemas internos da Igreja. adverte:

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Como serâ possivel à Igreja prosseguir a participação? A manifestação e piscopal. no fim, lembra mais uma vez que a .: própria FSLN reconhece que a 1- '; ~ greja Católica, como instituição, e o.§ , . 1 povo cristão "motivado na sua fé. ~ \ ~J fora111 partíl'ipes 110 vitória popu- ~ • ~ . . . lar". Ta l observação parece rcivin- Pe. ~r!'e110 Cardenal (de barba branca. ao centro). mm,stro da Cultura do regrme dicar autêntica participação da 1_ aand,noata. felendo eoa aeua aequezea em Meaaya (1979). greja na condução d o processo rcvolucion.lrio e não se contentar com "Julga111os que ê nosso dever não dades Eclesiais de Base. ainda que o mero apoio obrigatório e automá- deixar inermes nossos fiéis ante o tenhan, a pretensão de pe,·se,•erar tico. papel que é vislumbrado nas tJssédio das ideologias 111a1erialis1as 11t1 unidade da Igreja. tJs co11wniintenções das a utoridades sandinistas. c,n 1.·on1raste ,·0111 a Fé Católica ou d11des que se 111a11tén1 hostis à hie· Os altos hierarcas católicos lem- ,uio confonnes co111 ela, e de cerras rarquia". Naturalmente, a Cartá Pastora l bram também , embora indireta- seitas religiosas fa11atica111en te anrimente, o escândalo da panicipação earólicas [ ...]". O documento, logo a não trata só das q uestões internas de Sacerdotes cm vários dos princi- seguir, ressaha a "confusão doutri- da Igreja. Analisa também situações pais postos do governo e até da nária e 111oral que existe em alguns atinentes à ordem civil. E sobre elas. setores da Igrej a. lsro causa doloro- o to m. como seria de esperar. ê FSLN. O tom do documento episcopal. sas tensões en1 muitos católicos". semelhante ao do documento enviaPassa, então, o docume nto a ex- do i, Direção Nacional da Frente como se vê. é o de queixas dirigidas a quem se tinha por amigo, plica r a causa de algumas dessas Sandinista. mas com quem se decepciono u, em- tensões. Denuncia o escândalo da bora ainda se espere que vo lte a rebelião sacerdotal e da insubordi- Lições da experiência convivência tida como desej.lvel e nação de leigos ligados aos organis- nicaragüense imaginada como possível. Passa- mos da Igreja. Sem que os Bispos o ram-se alguns meses, desde o pro- d igam, não é temerário conjeturar Não causa surpresa o fato de os nunciamento episcopal, e não se per- como provável que a ânsia de clé- sandinistas tão rapidamente se tecebeu nenhuma modificação no rigos e leigos, colaboradores entu- rem revelado comunistas. Não é e.scomportamento dos sandinistas. Pe- siastas do sandinismo, e m trazer lo· se o único exemplo registrado pela lo contrário, tudo indica estarem go para dentro da Igreja os mes- História. Hoje tem. o Episcopado eles agora apoiando a guerrilha mos princípios que estão sendo im- nicaragüense motivos fundados pamarxista cm EI Salvador. O minis- pingidos à sociedade civil na Nica- ra lamentar o apoio que concedeu tro do Interior, Tomás Borge, che- r.\gua, constitui a causa geradora aos sandinistas durante o período gou me$mo a declarar: "Onre,n das tensões. da insurreição e nos primeiros meCuba. hoj e Nicarágua. amanhã E/ ses do novo governo. Salvador". A rebelião sacerdotal Pelo menos, isto de positivo Nesse contexto, a Conferência e de leigos engajados trouxe a lamentável colaboração ca~piscopal publicou mais um docutólico-marxista na Nicarágua: ela mento. Di1. a CEN: "Paro alguns [Sa- constitui dolorosa líç;io para os cacerdotes, religiosas ou religiosos). a tólicos de todo o mundo, e especialNova manifestação da disc:ip/i110 eclesiástica[... ] deixou de mente, os latino-americanos. Conferência Episcopal da obrigar em consciência. [ ... ] Nossos A questão acima enunciada importa sobremaneira porque, se os fa111ílias sofrem. às vezes. a desoNicaràgua (CEN) rientação devidf/ à fnlra de unidade comunistas não conseguiram subir Até aqui ana lisamos aspectos es- de critérios entre sacerdotes que se ao poder na Nicarágua sem o apoio senciais do pronunciamento-resposta aft1s1a111 do do111ri11a do Papa e dos dos cató licos, também é muito difída CEN, dado a público no dia 17 Bispos acerca de importantes aspec- cil que os vermelhos possam ma nde outubro de 1980. Cinco dias de- tos da ,nora/ familiar e social". ter-se nele sem o prosseguimento pois, datada porta nto de 22 de o uO desalento da Hierarquia nica- desta sustentação. tubro de 1980, a entidade que Con- ragüense continua: "Deseja-se ou se Péricles Capanema grega todos os Bispos daquele pais pretende opor. por e.,emplo, a lgre-

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Reforma Agrária em Portugal: uma injustiça e um fracasso do Granal. 110 érvideira. Eles bem <1ue ,ne t11neaçt1rt1n1, dizendo l/lU.' se não fosse paro eles. haviam de 111e castigar. Mas eu, 11e1n que 111orra, n1e ligarei o esses bandidos. ·•Eles clw111am-111e 'fascista" porque eu trabalho sem parar nwis a 111i11ho mulher e os meus dois filhos. Não ligo para as greves deles. pois penso que são manipuladas. E é por todo o meu rrobulho que consegui fazer de uma terra be,n r11irn, co,no é a mi,!lw. 11111 011tê11tico jardim. [... ] "E por eles sabere111 q11e nós. corno ,nenos. so,nos capazes de pro· d11zir mais. que so111os m elhores agricultores do que eles. que não nos deixam trabalhar e,11 paz - dissenos, por fim . Antonio Marias" ( 12). Aqui está, prezado leitor, o balanço de seis anos de Reforma Agrária cm Portugal. Uma "experiência" que custou o empobrecimento de incontáveis famílias e da própria nação.

Ronaldo Baccelli nosso correspondente ATt A REVOLUÇÃO de abri l de 1974, a explo ração agrícola e pecuária do solo português estava, na sua quase totalidade, confiada /1 livre iniciativa de pequenos, médios e grandes agricultores. Enqua nto os primeiros se distribuíam sobretudo pelo norte do país, os últimos tinham predomínio no sul, nas províncias do Ribatejo e Alentejo onde a fraca densidade populacional, a escassez de água, a ausência de montanhas c outros fatore.s, favoreciam a existência de grandes propriedades rurais chamadas herdades. Depois daquela revolução, implantou-se cm Portugal um regime marxista que, já pela sua natureza. jã pelos seus fins, é contrário à iniciativa privada. Esta viu-se. portanto, abandonada e desfavorecida, ou até caluniada e perseguida como foi o caso das herdades do Alentejo.

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( 1) "Vo: ele Portugaf', Rio de Janeiro,

Reforma Agrãri a: pretexto do PC para a conquista do poder Alegando injustiças sociais e um mau aproveitamento das terras, os comunistas declararam necessária a aniquilação das herdades, a expulsão dos seus legítimos proprietários e a realização de uma Reforma Agrária que garantisse um futuro melhor aos camponeses e à agl'icultura portuguesa. Essa Reforma Agrária, como o leitor adiante vcni, foi um verda· deiro fracasso. Mas apenas um fracasso enquanto Reforma Agrária. Pois, realizada pelos comunistas, ela não tinha, na verdade, o objetivo de favorecer os camponeses, mas, •

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ii-;.,._ Ourante a fracassada "experiência.. da Reforma Agréria em Portugal, esta nação conheceu a rotina das filas para a

compre de alimentos~ costume inexorável nos pafses comunistas

é sabido, alguns resultados preocupantes, oportuna mente denunciados pelo Sr. Pedro Roseta, con hecido membro do Part ido Social Democrata: "6111 dctermi,u,rf(ls zonas, certas leis não síío aplicadas por

não sere,n da conveniência do PC [...]. Por outro ludo. aquele partido rotulirârio detém a autoridade de faro em deter,ninodos conrelhos da região alenrejtma. f;sst, t1111oridad,• não se exprime apenas pelo poder polírico que. de faro. aí exerce. O PC compor.ta-se co1110 [... ] verdadeiro proprietârio de quase todas as unidades colerivus de produção. dispondo o seu bel-prazer de bens que p ertence,n a todos os portugueses e exercendo inrolerável pressão sobre as populações. nomeadamente detendo 11111 poder ubsoluro sobre o acesso ao e111prego e ao bem-esrar. Por outro lodo. diversos direiros fundamentais da pessoa h11111a110 não podem aí ser exercidos em virtud,, do clima de rerror que o PC n1antém. As próprias liberdades de expres.rão. de reunião, de associação. estão. de foto, limitadas" ( 1).

Miséria para todos

Enquanto se agravava a escassez de gêneros, oa promotores da Reforma A-

gréria no Alentejo inutilizaram cerca de 11 toneladas da batatas. E, amplo do interesse d oa comunistas em resolver o problema da f ome .••

pelo contrário, usá-los como instrumentos para uma revolução que fosse capaz de implantar a tirania comunista em PortugaL Le nine dizia _que era necessário criar dificuldades às classes trabalhadoras para que elas se revoltasse m. Os fatos demonstraram que o verdadeiro interesse do PC era, efetivamente, a conquista do poder e não o bem dos trabalhadores. Naquele campo, não foram os comunistas tão longe quanto desejariam. A lcançaram, no entanto, e pelos processos mais violentos como 6

Observe o leitor as fotos desta página. Em cima, uma fila junto a um posto de venda de frutas na cidade de Beja. Enq ua,uo a escassez de alimentos obriga essas pessoas a longas e. por vezes. mal recompensadas esperas (como nos pa ises socialistas), os "generosos" autores da Reforma Agrária, inutilizaram cerca de 11 toneladas de batatas (foto da esquerda) (2). Eis aqui um testemunho do "zelo" comu nista pelas dificuldades das classes trabalhadoras. Vejam-se agora as conseqüências da coletivização da terra e da mãodc-obra, ou seja, a substituição da iniciativa privada pela iniciativa única e ditatorial do PC e das células que ele criou para substituir os legítimos donos das terras - as Cooperativas Agrícolas e as Unidades Coletivas de Produção (UCP): • Até a revolução de 25 de abril de 1974, Portugal produzia cerca de 600 mil toneladas de trigo por ano. Com a introdução da Reforma Agrária, essa cifra desceu para 200 mil toneladas anuais. • Até 1974, Portugal comprava apenas 200 mil toneladas de trigo por ano. Atualmente, importa 4 vezes mais, isto é, 800 mi l toneladas (3). • Até 1974 eram os donos das herdades que sustentavam as despesas relativas à lavoura e ao pagamento dos camponeses, seus empregados. Depois de 1974 passaram a ser os cofres da nação, sendo que os

gastos acumulados até 1980 (em créditos agrícolas, ocupação e mau uso das terras, dilapidação do patrimônio agropecuário das herdades etc.) elevavam-se a 50 hilhõcs de escudos (mais de 60 bilhões de cruzeiros). Dessa avultada soma. 12 bilhões de escudos foram para o Crédito Agrícola de Emergência. um organismo ba ncário criado c m 1975 para financiar as atividades do PC na 1.ona da Reforma Agr:iria. Por isso. 95% desses 12 bilhões foram dados como irrccupcr:ivcis (4). • Em 1974, o sal;irio dos trabalhadores rurais era de 140 escudos por dia. Em 1980 - apesar da inílação - era apenas de 180 escudos por dia para os camponeses que trabalhavam nas cooperativas ou nas UCPs, enquanto que, para os que trabalhavam no setor privado, era de 400 ou 500 escudos por dia (5). Tais resu ltados. parecia prevêlos o Pa pa Leão XIII , há quase 100 anos, na Encíclica .. Rerum Navul'u111 ", de 15 de maio de 189 1: "Assin1. sub:uituintlo a providêncitJ paterno pela pro.vidência do l-:srndo. os so<·ialis,as vão contra a jus1içt1 natural e quebram os /aros da fa· n1ilia. "Ma.<. a/é,11 do injusri('O do seu sist t>111a. vée111•se be,n rodas as suas funesras t·onseqüh1cias: a perturbo~ ção de rodos as classes da sociedade. uma odiosa l' insupurrâve/ servidão para iodo.,· os l'idatlãos. porta aberta a todos os in vejas, a rodos os desco11te11ru111enros. a todas "-' discórdias: o rulenro ,, " /l(Jbi· /idade privados dos seus esrímulos e. co1110 ,~onseqiiência

necessária,

as

a ptópria natureza exige a reparriçf70 dos bens e111 domínios parriculores. precisamenre a fi111 de podere,n os coisas crinda.i; servir ao

bem

co111u111

de ,nodo ordenado e

('01/Sranre" (7). "A propriedade parricular [... ) é de di,-eito natural pura o h o111e11r: o eJ:ert·icio deste <lireiro é coisa não só per,nitida, sobreu,do a quen1 vive e,n .Yociedade. nws ainda absoluta• 111en1e 11ecessâriu" (8). Embora não se tenha feito eco destas palavras j unto aos camponeses - fato lamentável - eles procederam como se as tivessem ouvido.

,, .,,~

{\~\· ~

2-11-79, (2) João Cario, "Reforma Agrário: seara dt ó,Ho... Edições do Templo. Lisboa. 1977. p. 489. (3) "T'empo". Lisboa. 17-4·80. (4) "T,mpo ... Lisbo:i. 20-3-80. (S) "Ttmpo". Lisboa. 17-4-80. (6) "Diário dr NolÍcias .., Lisboa, 21 -7-80. (7) Pio XI, Encíclica ''Quodrogesimo An· no", IS de maio de 1931. (8) LEÃO XIII, Encíclica " Ru11m No -..·atum··. IS de maio de 1891. (9) "Vo.: de Portug,,I". Rio de Janeiro, 26- 12-80. t 10) .loão Garin, op. ci1., p. 571. ( 11) "Voz da Viwlade", Lis boa. 21-9-80. ( 12) João Garin. op. cit.. pp. 578 e 580.

Antonio Car los M atias. agricultor do Alentejo. covardemente espancado por elementos das Unidades Coletivas de Produção, por se ter recusado a filiar-se à Cooperat iva do Granal. na Ervideire

gJAf OJLF.CJ§MO MENSÁRIO

Conceição M aria. trabalhadora da her• dada do Paul. tem 8 3 anos. "O,alá Daua

nos ajudo e ao nosso antigo patrlo". dizia ela. referindo-se à expulsão do

com aprov1çio tcksiáslica

CAMPOS -

legítimo proprietário do Paul.

Oirtlor: P•ulo Corr~• dt Brilo filho

riquezas estancadas na sua fo111e: enfim. e111 luKor dessa igualdade ((io sonhada. a igualdade no nudez. 110 i11digh1cia e na n1ist!ria" .

A recuperação da iniciativa privada Embora demasiado tarde, o governo da Aliança Democrática compreendeu que o único meio para a recuperação da agricultura a lentejana e da trêmu la economia portuguesa , consistia cm revitalizar a iniciativa privada. Com esse objetivo, foi criado o Programa de F inanciamento a Arrendários Rurais (PAR), em cujo diploma de origem se afirma que "serão criados condições pura que as atividades ugríi:olas e pecuârios sejam levadas a ~feito predomi11anre111e11re e111 propriedades próprios. o t/ue es1itnulorá necessaria111e111e a produrividude dos solos" (6). Tal documento dá ocasião a que se recorde, uma vez mais, a doutrina tradicional da Igreja, sempre sábia e atual:

Alguns "desiludidos co111 a chamada refornw agrârio [... ]pediram a dissolução das uniões cooperativas de produção e111 que estavam integrados" (9). E outros. como a velha Conceição Maria (foto), de 83 anos. trabalhadora da herdade do Paul. lamentaram a injustiça que lhes fizeram ao expulsar o seu legitimo patrão ( 10). Foi assim que, nos últimos. meses de 1980, se operaram devoluções de terras a centenas de agricultores ( 11). Os resultados desta medida, tão urgente, justa e necessária, são já visíveis em muitos casos, apesar da encarniçada oposição e das constantes ameaças das UC Ps. Algumas chegaram à agressão fisica como foi o caso do agricultor Antonio Mat ias: .. Eu t inho vindo a um funeral o Ponte de Sôr - recordou - quando cinco ho111ens [ ... ], rodo.t eles diri· ge111cs de cooperativas. se (J(iraro111 o 111im e m e moeram de pancada. [... ] "E tudo isto [... ] p orque m e rerust~i a Jazer parte da Cooperatlva

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CATOLICISMO -

Março de 1981


Salões ingleses tema para reflexão BOA MESA é um prazer para o espírito. E o ambiente da sala de jantar, sa lão ou refeitório exerce. naturalmente. um papel importante nesse a to da vida cotidiana. E, por meio da linguagem das formas. esse a mbicnrc pode iníluir nas a lmas positiva ou negativamente. Este sa lão de jantar da mansão de lckworth, em Suffolk, Inglaterra. pode servi r-nos de exemplo.Embora concluído cm 1830. lckworth é um remanescente do estilo criado cm Viccnza {Itália) pelo arquiteto Palladio, do século XVI. O edifício é constituído de' duas alas. que se estendem em forma de U. tendo na base deste sua principal construção - a Rotunda - onde se encontra o salão de janta·r que vamos analisar. Clmmam a atenção cm primeiro lugar os aspectos bri lhantes realçados pela luz do sol: o imponente lustre de crista l. o espelho e console dourados. a opulenrn prataria.

A

Esta última. legado do século XVII I. est{, à altura das brilhantes conversas que marcal"~m essa época. Mas todo esse bri lho de engenho e orna mento está posto em uma certa medida. Um de seus contrafortes é a seriedade, que se manifesta na cor da parede, nas cortinas e no jogo central de móveis. bem como. na sobriedade do est uque. Isso, mais a presença de quad ros de antepassados da família dos Condes de Bristol. proprietários de lckworth, dá ao salão uma certa expressão de profundidade e repouso. Com o que, o vistoso dos elementos de ga la não podem ser qualificados de frívolos nem de objetos de ostentação. Outra característica deste salão é sua amenidade, ao lado da lucidez e gravidade mencionadas há pouco. Os espaços da sa la parecem estar calculados para um movimento humano, nem demasiado ligeiro, nem excessivamente solene. O teto não é alto demais e os espaços de

• •

.. •

..

circulação não são desmedidamente a mplos. As plantas e ílorcs não só contribuem para esta nota de amenidade, mas acrescenta m uma expressão de vida e continuidade à sala. A vida aí transcorre em proporções humanas, impregnando o salão. Por isso. ele não tem ar de museu e qualquer um acharia norma l saber que a família proprietá-

-- .' - - ... •

• • CATOLICISMO -

M arço de 1981

-

Sala de refeições da manalo de lckworth, em Suffolk, fnglaterra

-... - .. .,_

ria de lckworth nele se reúne todos os dias para o jantar. Bri lho autêntico, reílexão séria. educada afabilidade. Três características de um salão e de uma família inglesa. Três qualidades representadas nos, três antepassados, cujas figuras dominam a sala. O militar da direita é um avô que se sacrificou na luta. Ganhou condecorações e atingi u altas patentes. Sua honra brilha com toda autenticidade e ele a ma esse esplendor. mas na justa medida d o autêntico e do elegante. A dama à esquerda rcllcte no porte distinção. O personagem colocado no lugar mais proeminente, ao centro. - provavelmente um dos Condes de Bristol que construiram o castelo - aparenta ser homem de reílexão e conselho. Sua figura parece transmitir à sa la a principal nota de seriedade, que contrabalança com os aspectos brilhantes. mais próprios ao século X VII 1. De sua cátedra imaginária ele parece dizer: "Depois do jantar. passai por esta porta e sentai-vos comodamente na bibli oteca , e aí entregai-vos à boa leitura e à reflexão". Tais características - é supérnuo di7.ê-lo - são muito européias. e particularmente muito inglesas. E de modo ma is especial. dessa Inglaterra e mpreendedora e domi na nte do sécu lo XIX e parte do XX. Em ambientes assim impregnados, semelhantes a este, circularam um Wordsworth ou um Disraeli, como um Churchill c m sua infância.

Não precisamos sair da Ilha para examinar o utro ambiente, impregnado de espírito diverso. Trata-se de outro sa lão de jantar. desta vez na mansão de campo Parham Park. cm Susscx, construida cm estilo Tudor e a inda hoje em uso. A decoração do refeitório é sobretudo de estilo isabelino de fins do século XVI , mas a nota med ieval está muito presente e domina a cena. Tudo é amp lo. Grande chaminé. vastos espaços intermediários. A altura do teto, apesar da claridade da sala, não deixa de ser surpreendente. O conjunto convida a uma atitude de respeito, consideração e cerimônia. No entanto, não deixa de ser um ambiente propício à irradiação das personalidades, simboli1.ada. aliás. pelos colarinhos de renda e golas frísias do século XVI, que estão em relação à cabeça como o cálice em relação à nor. Poderíamos d istinguir três níveis de realidades ou de vida do espírito nesta sala. O primeiro é constituí-

do pelo espaço térreo, por assim dizer enquadrado pelos lambris de madeira. Nesse ambiente transcorre a vida cotidiana, com movimentos compassados e polidos. Os lambris. talhados à maneira renascentista cm estilo isabclino médio, comunica sua nota de aconchego e calma. Com os retratos. esse nível é ao mesmo tempo cotidia no e histórico. porem. sempre muito humano e concreto. Um segundo nível encont ra-se no espaço demarcado pelo término dos lambris e a gola q ue separa a parede do teto. Entre o branco das paredes. circula aí maior quantidade de luz, inclusive a iluminação noturna das velas. Os grandes quadros - que a foto não reprodu7. com nitide7. - representam cena s de caça. Enquanto o nível a nterior exprime a vida cotidiana e histórica de maneira elevada mas muito co ncreta. aqui parecem ex1>rcssar-se com clareza prototípica as realidades simbólicas da vida. A analogia lança lu1. sobre o assunto. Expli car-nos-emos. Para os antigos - ocidentais e orientais - a nature1..a servia de inesgotável fonte de alegoóas da vida humana. Daí a abundância de fábulas. apólogos e refrões sobre animais. Isso era muito vivo especialmente para os medievais. Hoje. esse mundo cheio de significado pa rece uma Atlântida submersa , mas na época cm que esta sa la foi construida, era a inda forte. As cenas de caça desse segundo nível são uma a legoria do que transcorre no primeiro nível, na atualidade e na História . A vida da própria dinastia Tudor, por exemplo, aqui representada por vários retratos que decoram o sa lão. foi uma contínua caça e contracaça humanas e políticas. Se o primeiro nível é histórico e concreto. o segundo alegórico e racional, o terceiro é metafísico e admonitório. Referimo-nos ao teto com suas nervuras e reminiscências góticas. Ele parece feito de desenhadas estalactites de neve, prontas a cair a qua lquer instante. figurando o mundo maravi lhoso e feérico do gótico. Oir-se-ia que ele representa. na sala. a lembrança do passado medieval, dos princípios e normas mais puros. do ideal mais sacra! que não foi seguido. Mas que subsiste por si mesmo e se acumula sobre nossas cabeças, como nuvens encantadas e benéficas. Correram os sécu los. As caçadas se repetiram. Mas o salão continua dominado pelo teto, com s ua metafísica advertência, pelo foto da · quele idea l ter sid o abando nado. Pelo menos para quem levanta o olhar. Ou para os que, como nós. a estamos vendo de cima. nesta foto. 7


AfOILliCI[SMO - ----------------------------------•

''Covadonga'' defende tradições hispânicas •

Córdoba, cidade espanhola, íamosa há séculos especialmente pelos embates que nela travara m católicos e muçul· manos. terra do Bispo Eulógio, morto no século IX em ,·irtude de s ua recusa em aceitar um moclus viv,•ndi com os infiéis. tornou-se foco novamente de

~

Sócios 8 COOJ)e• radores da Socie-

dade Cultural Covadonga. duran· t e o ato de desagravo realiza· do no Pstio do

los Narsnjos# em Córdoba. no ano

polêmica relig.iosa. O prefeito comunista da cidade, tendo promo,·ido recentemente a entrega de monurnentos de

d o 1976 .

caráter religioso, artí.slico e hís1órico nos

maometanos. provocou veenu:nte protesto da Sociedadt Cultural Co,·adoog_a - entidade hL~pinica afim à., 'fl;-Ps. Transcrevemo., a seguir a intc~ra do manifesto dn referida us.sociaç:io. publicado cm seu bolet im '"Covmlm,,;a it,-

/ormo·· n.0 41 e difundido pel:l im• prensa de Córdoba:

''U

mente à imprensa <1uc "e111bora IICJ

MA POLl":M ICAdcfund~ csscnciamencc n::li· g,oso concentrou nova-

O corpo incorrupto do Rei São . Fernando Ili. em sua urna funorá rie de c ristal. na Catedral de Sovi• lha (slo vislveis na foto os contornos do sua ca·

mente a atenção da maioria dos

espanhóis. provocando cm todos os recantos do país os mais variadot: comentários. com repercussões 110s principa is meios de informação na-

munidade islâmica denominada EI

Morabito. uma mesquita situada nos jardins do Campo d1, la Mert·ed. Valendo-se de tais aios, AI Kattani advogou o retorno do islã a

na gran,le nu!squita de Cdrd:,ha quando .fure,n t·en1e11llS ti() 111i/Jw .. res!"

Tal Hlit uclc provocou viva reação popu lar. obrigando o Bispo da diocese. D. Infante Florido, a intervir no assunto. qualificando de ..,.,._ ro hi.ttârico" a decisão do prefei to. O mesmo Prelado acrescentou que isso "suporia paro os f <Jrdobeses desandar o n1111i11ho d,, s(:culos e 1,0 .. <'Ílr o Cri.,·1la11i.w110 - q ue dw1t.011 11111i1u nwis lonf!.c~ ,:111 sua p<>rfeirlio c1spiri111nl - por 11111<1 rdi,:üio ,nui · 10 ,nais sin11Jl<~s f! ;nenos desf·1n·ol-

,,;t10". É lamcntúvcl que a declaração de D. Infante Florido não tenh.i sido slrficientcmcntc precisa e com-

pleta. deixando de qualificar devidamente a religião muçu lmana. Por alguma ra,Jio sempre mereceram os adeptos dela , desde o inicio. o qualificativo de i1!/iéis. dado pela própria Igreja Católica. O prefeito, entretanto, respondeu ao Prelado cm dcclaraçõc-s à imprensa que se caracterizam por

portada árab,,. o 1en1plo é cri.ruio desde o sé<:·ulo X V. época f!/11 qw, as innõs clarissas 111.:/e se i11su1/11rt1111. t()n1a,uJo..se <m1íio o con vento nwis

<ml/Ko de Córdoba. Por1a11to. d ,·v<' .ficar ,·faro <111e u que se dá aos

11,uçu/11,anos ,uío é 111na antiga ,uc-s· 1111i1a. ,nas unw igreja i11co111esuiv<'I

e clt1rtunen1e cristã".

Renovando o brado de alerta de anos anteriores. Covadonga eleva

as suas preces a uma figura exponencial da Reconquista. o santo e extraordinário Rei Fernando Ili de Castela. a fi m de cvirn r este autên·

tico delito religioso-cultu ra l que se está articulando contra a Igreja na Espanha."

entro1açadas so • bre o peito). As vitórias militares desse extraordi• nério monarcs reduziram o domínio árabe na Espanha apenas ao

Reino do Granada.

uma irreverente ousadia. muito pr<'> ..

pria de um membro do Partido Comunista Espa nhol.

dcira e com vanrngcm para uma religião falsa. A partir desse pon10. Covadonga. inspirada na Fé ca1ôlicél ~ não num laicismo ircnista.

levantou seu mais vccmen1c protesto. J í1 em 1976. procurando conri-

terras andaluzas. chegando a pro-

nu nciar esta frase que certamente terá efeito estremecer o corpo incorrupto do Rei São Ferna ndo: ··os tnltfttlnwnos de A,ula/11:ia re:trrtio

citado convento (de Santa Clara].</' veja 111n ahninar e restos lÍ<' unw

beça o as mãos

cionais.

Desta vez. o conílito foi causado pelo prefeito comu nista da cidade de Córdoba. sr. Julio Angui1a: que, num ato solene real izado no dia 26 de dezembro passado. entregou ao conselheiro do rei da Arábia Saudita. Ali AI Kattani. as chaves do antigo Convento de Sama Clara. Meses atrás. a mesma prefeitura também já havia cedido a uma co-

dras angu lares da Reconquista ibérica - esta entidade julgou necessário alertar todos os católicos espa nhóis (cfr. boletim "Covtu/011ga ln(or11w··. n.• 32, 33 e 34). · Agora. cm vista desses fatos recentes, a Sociedade Cul!llral Covadonga levanta nova mente seu clamor às autoridades religiosas e civis, sem esquecer, cntre1an10. aq ueles espanhóis que soubera m reagir cm tempo. Assim. lembra de um modo especial o Cônego e historiador D. Manuel Nicto Cumplido, o qua l saiu cm defesa da preciosa obra religiosa-artística da nação hispânica, nesta e noutras ocasiões. Este acadêmico e arquivista da Catedra l de Córdoba decla rou recente-

As causas do reaparecimento do problema muçulmano na Es1>anha rcmont~11n ao congresso islâmicoc ristão reunido cin Tripoli. cm fcvc1·ciro de 1976. Na declaração final desse congresso havia urna ci,\usu la. na qual o~ muçu lmanos sugeriam {t pane cristã que envidasse rodos os esforços e tcntal ivas pa ra que a mcsquirn de Córdoba. hoje catedral católic,1. lhes fosse restituída. Desde então. a SociNltulf' Cu/, tural Covadonga ficou sempre receosa de que os inimigos da Civi li,.ação Cristã inventassem rodos os pretextos. mais ou menos disfarçados de irenismo. para que o culto rnaomctano transpusesse uma vc7. mais o Estreito de Gibra ltar e se instalasse na É.spanha . com vilipên· dio da gloriosa ob ra da Reconquista. culminada pelos Reis Católicos. Os verdadeiros espa nh óis têm consciência de que a entrega dos mencionados edifícios históricos de Córdoba. proposta pelo sr . .Julio Anguiia. não constitui apenas um ato corn repercussões nacionais e

culturai~. alié'1s muito imporlantcs. Mais do que isso. é uma atit ude assumida por um prefeito com un ista cm dcsdouro da Religião verda-

Int erior da célebre Catedral de Córdoba - Origineriemente mesquita muçulmana. transformada em igreja c.atólica em 1623. ola bem simbolize todo o cuidado da Igreja em preservar e assimilar do s pcvos pagãos as manif estações culturais e artísticas oriundas da retidão natural. O prefoito comunista de Córdoba. entretanto, está promovendo a entrega de monument os católicos, análogos a est e. aos seguidores de M af oma.

::;,~ ~

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nuar fiel cl memória dos numerosos

santos. mártires e confessores - pc-

.

- ,,.

-...

Criminalidade .e senso moral A CRIMINALIDADE. sobretudo nas grandes cidades. 10111ou cm nosso País proporções tais. que vem criando um clima de pân ico meio difuso e gcncmli?.3do, que aumcma ou dirn'inui de proporção conforme os meios de comunicação social tratam d~ modo mais especial ou não do :,ssunlo. E aílora entao a velha problemática: de quem é a culpa'! Da policiá, que deveria ser melhor aparelhada. mais numerosa. mais dedicada'! Das "i njustiças sociais''. que criam problemas insolúveis. como o dos menores a~andonados, das favelas, da miséria. enfim? Da urba11i1.aç,1o descontrolada e c.,ecssivamcn1e rápida. para que os ·necessários melhoramentos acompanhem o nitmo das construções'? Mil çausas ainda poderiam ser levantadas e o são comumentc no debate do assunto. Mas raramente se analisa, pelo menos com a suficiente profundidade, o cerne do problema: a criminalidade, cm todas as suas fonnas - não somente a da mão armada ou do assalto espetacular. mas da desonestidade mais ou menos corrente e,da imora\idadc aberrante e agressiva - não é senão o rcílcxo de uma causa mais p,ofunda, que é a perda do senso moraL Os problen1as sociológico~. estruturais ou funcionais, embora possam contrib.uir para criar condiçõe.s favoráveis à ,eclosão d.o crime, não são entretanto a sua causa, como pensavam os positivistas, para quem, "abrir escolas'' era "fechar cadeias". Na realidade, as cadeias não se fecharam, e seus ocupames cm ge,al frequentaram os bancos escolares. Ou seja. do ladrão. do escroque. do assassino ou traficante analfabetos, passamos ao bandido alfal)ctizado, não raro portador de título universitário.

De outro Jado. atribuir à miséria e às "inJustiça~ sociais". ou então às desigualdades d,, ostcutura social - como fa1.cm marxistas e clérigos progressistas - a fonte do crime. eximindo. cm muil(>s casos. os malfeitores de qualquer cul1ia. é cai,· num determinismo que faz do homem uma simples peça de engrenagem. sem capacidade de decidir sobre o p,ópno futuro. É politir.ar · um problema dQloroso e atual. r,arn ut i; lizá-lo como arma para 11errubar as estruturas sócio-poliricas e econômicas baseadas na pro2ciedade privada e iivrc iniciativa. Equerer. 11tilízar-sc de um mal para implàntar outro ainda maior: o sociàlismo. , A verdadeira rai1, do problema. co,no ficou dito. encontra-se no senso moral. a nogão de peçado e de virtude, existente cm cada homem. E tal senso ri1oral inclui um fator preponderante: o temor de Deus. Sem ele, o qual é o princípio da sabedoria, como diz a Escritura. que outro temor poderá imiJedir os ho1nens de se matarem .ou roubarem uns aos outros. sempre que tenham vontade ou oportunidade para iss<)1 A Rôllcia'? Só se fosse possivcl constituir um corpo policial praticamente igual ao número de habitantes. e que ele próprio fosse inteiràmentc imune à corrupção re·inante. ' Ou o hoincm teme a Deus e vê cm seu seme)hante uma imagem do Criador, a quem deve respeitar<. ou transforma-se num lobo para oufro homem. segundo a expressão de Hobbes, pronto a devorá-lo. Como dizia o Papa Leão :X U,\. na Encjclic.i ''Rer11111 Novarwn'', a chamada "questão social" é· emi11c·ntemcn1e uma questão religiosa e portanto só P,Ode ser resolvida. em l:1ltima analise, por rncio de uma restauração religiosa, pela

implantaç,io do Reino <(e Cris10 na Terra. De out ro modo, seria correr inutilmente de utopia c m utopia. as,quais apenas aumenta m a insolubil/dadé de todos os problemas modernos. l! ali,is o conselho que o próprio Divino Salvador formulou: •·fro<·11,ai pri111eirame111e o l?ei110 de Deus e-'"" j 1tsti<·a. e /11(/() 11u1is võs $eró dado de acréscimo .. (M 1. 6. 33). Um desses acrésci mos - e não pequeno - é a segurança de se leva-r urna vid a norma l cm sociedade. de se andar 1ra nqílilame111e pela rua a qualqoer hora do d ia ou da noite. sem o P,ânico de ser atacado por ma lfeito,es. Quando o <::Jcro, em sua gencràlidâdc, se preocupava sobretudo com o ensino dos Mandament os da Lei de Deus e em zelar pelo cum primento da 111ora l e dos bons cosntmes. a população ai nda gozava dessa relativa rranqüilidadc. 'Havia uma diferença bem nítida entre a maioria dos homc,,s comumente honestos e Qrdeiros e os depravados e rnalfcilorcs. Hoje en1 dia. c.xis1e tal diferença bem definida na opinião pública:/ ·Pelo me11cos 11.0 qµc di, respeito a um homem honrado. e um desonesto ou perdido quanto aos costumes? ~ucm é considerado atualmchtc um homem ou uma mulher imoral para o cidadão comum'? Estas lil)has tê,f!I a penas o fito de chamar a atenção dos leitores pára o denon1inador comum a todos os problemas da sociedade l\lOderna, cada vez mais inso1úveis: o afastamcl)to de Deus. a perda do senso do bem e do ma l, o desprezo da vida. casta e virtuosa. Deus parece estar longe... Não pode~á ser isto um dos êfcitos do castigo que Nossa Sel1hora anunciou, cm 19 17, cm Fátima'/

Luiz Solimeo


N. 0 364 -

Abril de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de

,~.

Em meio às trevas, a Igreja triunfará como Cristo ressurrecto GLORIOSA Ressurreição de Nosso Senhor nos oferece ensinamentos a respeito dos quais propomos ao leitor algumas reflexões. Tudo quanto se refere a Jesus Cristo tem sua aplicação analógica à Santa Igreja Católica, Apostólica. Romana. Vemos freqüentemente, na História da Igreja, que quando Ela parecia irremediavelmente perdida, e todos os sintomas de uma próxima catástrofe pareciam minar seu organismo, sobrevieram sempre fatos que A sustiveram viva contra toda a expectativa de seus adversários. Fato curioso: às vezes não são os amigos da Santa Igreja que vêm em seu socorro; são seus próprios inimigos. Numa época delicadíssima para o Catolicismo. como foi a de Napoleão, não ocorreu o episódio extremamente sugestivo de se ter reunido um Con"lave para eleição de Pio VII, sob a proteção das tropas russas, todas elas cismáticas e obedecendo a um soberano cismático? Na Rússia, a prática da Religião Católica era tolhida de mil maneiras. As tropas desse país asscg".,dva.n, entretanto, na Jtália, a livre eleição de um Soberano Ponti-

A

fice, precisamente no momento em que a vacância da Sé de Pedro teria acarretado para a Santa Igreja prejuízos dos quais, humanamente falando, Ela talvez não se pudesse ter soerguido jamais. Estes são meios maravilhosos de que a Providência lança mão para demonstrar que Ela tem o supremo governo de todas as coisas. Entretanto, não pensemos que a Igreja deveu sua salvação a Constantino, a Carlos Magno. a D. João d'Áustria, ou às tropas russas. Ainda mesmo quando Ela parece inteiramente abandonada, e qüando o concurso dos meios de vitória mais indispensáveis na ordem natural parece faltar-Lhe, estejamos certos de que a Santa Igreja não morrerá. Como Nosso Senhor, Ela se soerguerá com suas próprias forças, que são divinas. E quanto mais inexplicável for, humanamente falando, a aparente ressurreição da Igreja - aparente. acentuamos, porque a morte da Igreja nunca será real, ao contrário da de Nosso Senhor - tanto mais gloriosa será a vitória. Nestes dias turvos e tristonhos, confiemos pois. Confiemos na Providên~ia Divina que obrigar{, novamente os mares a se abrirem de par

em par, como sucedeu com o Mar Vermelho diante de Moisés, comoverá as montanhas e fará estremecer a terra inteira, se tal for necessário para o cumprimento da divina promessa: ..As portas do inferno não prevalecerão contra Ela".

Esta certeza tranqüila no poder · da Igreja, tranqüila de uma tranqüilidade toda feita de espírito sobrenatural, e não <lc qualquer indiferença ou indolência. podemos aprendê-la aos pés de Nossa Senhora. Só Ela conservou integra a F~. quando todas a~ circunstâncias pareciam ter demonstrado o fracasso total de seu Divino Filho. Descido da Cruz o Corpo de Cristo, vertida não só a última gota de Sangue, mas também da água, pela mão dos algozes; verificada a morte, não só pelo testemunho dos legionários romanos. como pelo dos próprios fiéis que procederam ao sepultamento; colocada junto à entrada do túmulo a pedra imensa que lhe devia servir de intransponiv~i fecho, tudo pa.. recia perdido.

A ResSURREIÇAO - Jean Colom·

be.

min,atura

do livro de horas do Duque de Berry (1485),

Museu Condé.

Chantilly

Mas, Maria Santíssima creu e confiou. Sua Fé se conservou tão segura, tão serena. tão normal nestes dias de suprema desolação. como em qualquer outra ocasião de sua vida. Ela sabia q~e seu Divino Filho haveria de ressuscitar. Nenhuma dúvida . nem ainda a mais leve. ma· culou seu espírito. Ê aos pés dEla.

portanto, que haveremos de implorar e obter essa constância na Fé e no espírito de Fé, que deve ser a suprema ambição de nossa vida espiritual. Medianeira de todas as graças, exempla r de todas as virtudes, Nossa Senhora não nos recusará qualquer dom que neste sentido Lhe peçamos.

Walesa, ''condestável'' fracassado? "LUTA REI co1110 11111 leão!", assegura, em arenga a grevistas de Gdansk (foto), o líder sindical Lech Walesa. Guindado à condição de "condcstável" pela prestigiosa acolhida que lhe foi dispensada em Roma, Walesa tentou impor aos poloncses inconformados sua linha de moderaç.'io. Assim, luta "co,110 11111 leão"... para que as massas não se revoltem contra o regime opressor de Varsóvia, títere de Moscou. Incontáveis polonescs. porém , não deram ouvidos às arengas

MOVIDOS POR LÍDERES filocomunistas, camponeses marcham pelas ruas de Recife cm apoio a Fidel Castro, no auge da agitação agrária promovida pelas Ligas Camponesas, em 1962. O lançamento da "idéia bomba" da Reforma Agrária - se apoiada por uma poderosa publicidade projeta na vida rural de um país toda espécie de estilhaços: discussões, tensões, reivindicações, contestações. A atmosfera se satura assim de germes d e discórdia. Torna-se, então, mais fácil para um partido comunista promover, a partir daí, as greves, os atentados e as agitações que caracterizam o clímax da luta de classes e conduzem à revolução social. O Brasil fica exposto, desta maneira, ao gravíssimo risco de uma luta de classes candente - bem exatamente como a quer o comu-

nismo - seguida. dia mais dia menos, pela capitulação dos proprietários. Esse risco volta a ameaçar a agricultura brasileira, a qual. durante as duas últimas décadas. acompanhou sa1isfa1oriamcn1e o ritmo acelerado de desenvolvimento do Pais. apontado por muitos como uma potência emergente neste íim de século.

O documento "Igreja e problemas da terra", aprovado pela 18.• Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB - manifesta o anelo enfático de que as grandes e médias propriedades rurais sejam divididas. Em seu mais recente livro, --sou católico: posso ser contra a Reforma Agrdria?", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, mostra que tal partilha violaria os princip1os da

justiça cristã, conduziria ao colapso a agricu ltura e lesaria gravemente os trabalhadores. --sou católh·o: posso ser contra a Refonna Agrdria?" (360 páginas) vem respaldado em bem fundamentada parte econõmica, de autoria de Carlos Patrício dei Campo. Lançada pela Ed itora Vera Cruz (Rua Dr. Martinico Prado, 246 - São Paulo), a obra vem enriquecida com documentos, quadros estatísticos e farta ilustração fotográfica. Nas páginas 4 e 5 apresentamos uma vista geral do novo livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que a TFP já está divulgando em todo o País. Aproximadamente dois meses após seu lançamento, a primeira edição do livro (11.000 exemplares) já está quase esgotada. A segunda edição (de mais 10.000 exemplares) começa a ser difundida.

conciliadoras de Walesa. E levaram adiante suas reivindicações. em aberto desafio aos comunistas, sem se deixar intimidar pelas manobras militares cênicas do Pacto de Varsóvia. Líderes operários chegaram a denunciar abertamente o "peleguismo" de Walesa. Na página 3, dois luminosos artigos do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira dissipam as brumas com que se procura ocu ltar as dificuldades do comunismo na Polônia.


A camponesa ·que acreditou nas vozes celestes 30 DE MA IO DE 1431 portanto, h{, 550 anos chegava a seu termo um dos mais iníquos julgamentos de que se tenha noticia. mas, tambêm, uma das mais sublimes histórias de heroísmo e santidade. Naquela longínqua manhã de maio, podiam-se avistar, na praça do Mercado Velho. em Rouen, três tablados. Num deles notava-se Henrique de Beaufort, Cardeal de Winc hester, entre seus Prelados. No outro. os personagens do sinistro drama: o pregador, os juízes. o bailio e, finalmente, a condenada. Mais além. erguià-se uma terceira plataforma, atulhada de lenha, e que amedrontava pela altura. Na base, um letreiro: "Joana. que se faz nomear a Donzela, dissoi,11a, invocadora . . de de,nônios. "PÓStal(I, he•

A

..

de obter de Joana. senão uma retratação, pelo menos alguma palavra que desmitificasse a legenda de santidade q ue sobre ela já se formava na opin ião francesa. Mas. enfim, era preciso te rminar. Dois oficiais a amarram no local do suplício. e o carrasco ateia o fogo, que sobe lenta mente. Ao percebê-lo, Santa Joana D'Arc tem, nesse terrível instante, um desses gestos a través dos quais se pode entrever o requ inte de perfeição que sua alma atingira: ela convida serenamente seu confessor, que até então estava a seu lado, a deixá-la! A hora de sua libertação ia começar. .. As labaredas subiam ... Cauchon ainda estava lá esperando · ouvir gritos desesperados ... Joana não cessava de bradar o nome de Jesus e

lhava com os matizes d o a rco-íris: o dourado da inocência, o rubro da combatividade e a púrpura d o martírio !

"Sant" Joana D'Arc é ,,,no doce e cas1a aparição do Céu en, ,neio às agitações tumultuosas da terra, um perfume do Porai.ro em nosso triste exílio. é Deus vindo até nós. desta vez ainda por 111110 senda virginal'' (2). Ela reúne cm si as vocações mais dispares: tem o a rdor de um apóstolo e· a contemplação de uma mística, a cand ura de uma criança e a sabedoria de um doutor, a delicadeza de uma pastora e· a energia de um guerreiro. "Nela, o na1ureza e a graça

Este

pedaço

de

muro. com os re· manoscentes de u •

ma alta c haminé gótica, é o que r&S·

ta da grande sala do castelo de Chi-

non.

onde.

em

1429 , uma jo vem camponesa de dezoito anos anunciou a Carlos Vil:

"Eu

mo

chamo

Joana. a Donzela, O Rei dosC6us vos mondo dizBt por

mim

que haveis

do ssr sagrado e coroado no cidade do Rcims... ··

abraçara,n•se corno duas irrnãs: a

inspiração divina deixou ioda sua parte ao gêniÓ nacional. iodo seu livre desenvofvilnento ao caráter

r(!IICIJ .

. A farsa começou com a pregação do mestre Nicolau Midy, um dos luminares da Universidade de Paris, que desenvolveu um tema de São Paulo: "Quando adoece um ,nembro. todos os ,nembros es1ão enfermos". E concluía pela necessidade de cortar o que estava co,rompido para preservar o que estava são. Ironia da História! Cinco séculos mais tarde Leão X li! lembraria "a iníqua condenação proferida por esses hon1ens. inimigos encarniçados desta Sé Apostólica", e São Pio X, colocando Joana sobre os altares, exaltaria "esta heroína vítinu, da baixo hipocrisi" e da crueldade de um reneg<ido vendido ao esJrongeiro" (1). Em seguida. o juiz eclesiástico, D. Pierre Cauchon, Bispo de Bcauvais, declarou Joana herética e relapsa, entregando-a ao braço secular.

A e squerda: tape-

çaria do sáculo XV representando a en· trada de S anta Joana O'Arc em Chi• no n ( Museu histó, rico de Orleans)

dos Santos. Envolta já pelas chamas, exclama: -

.

Joana D'Arc cai de joe!hos e reza. Levantando-se, protesta sua inocência, e por esta forma, defende seu rei. que a deixava morrer. Pede perdão a todos os presentes e, obtendo um crucifixo, abraça-o. oscula-o, derramando copiosas lágrimas. Chora por si e por esse povo que tanto quisera resgatar: "Rouen. Rouen. morrerei aqui? Serás 1t1 minha 11,oradi"?" Nesse momento supremo, tal é a grandeza e ncantadora dessa vítima de dezenove anos que a multidão se comove e se põe a chorar. Os próprios fautores do processo também não resistem: Cauchon e o Cardeal de Winchester choram. Mas essas lágrimas de falsidade não impedirão que seu cri me se consuma! Algu ns soldados ingleses, impacientando-se com a hora, gritam: "Como é, Padre. vaifr1Z1,r-nosjon1ar aqui?"

Os juízes haviam prolongado ao máximo a cerimónia. na esperança

'"As 111inlws vozes

ert11n de Deus. os ,ninhos vozes não ,ne enganaram". Enfim. gritando fortemente o santo nome de Jesus. Sa nta Joana D'Arc inclina a cabeça: um soldado inglês vê, então, dentre as chamas, evolar-se uma pomba para o lado do então Reino da França, cm direção ao céu. Em meio à tormenta, nasce uma f lor Na árvore esplendorosa do catolicismo francas sempre floresceram grandes Santas que perfumaram com suas virtudes a Cristandade. Para não citar as de nosso tempo, basta ver a influência que tiveram Santa Clotilde na conversão. dos francos e Santa Gcnoveva na salvação de Paris. Vendo-as, quem no e ntanto imaginaria que naquele entardecer da Idade Média, sob um céu plúrnbeo e tempestuoso, floresceria esse lírio alvíssimo que foi Santa Joana D'Arc? Mas o lírio era também uma est rela fulgurante q ue indicava o caminho, e cuja luz bri-

Cau de Sa nta Joana O'Arc, em ~ 1 1 •

2

f rancês. .... Ela é um 111odelo que se pode oferecer às mais diversas condi,ões. à filha dos pastores co1110 à filha dos reis. à 11111/her do século como à virgem do claustro. aos Padres e aos guerreiros. aos felizes do 11umdo e àqueles que sofrem" (3). Na junção de duas eras históricas, ela surge, como u m Anjo enviad o por Deus, para aliviar as misérias que afligiam seu povo, restaurando a ordem legítima cm sua pátria e salvando-a assim, com um século de antecedência, d o cisma e da heresia.

"A grande lãstim a que havia no Reino da França" Naqueles primeiros a nos do século XV, a França e a Inglaterra d igladiavam-sc numa guerra que já d urava 80 anos. Ao mesmo tempo, uma guerra civi l divid ia os fra nceses cm dois part idos: borgu inh ões e "rmagnacs. A miséria e a morte campeavam. O Rei da França, Carlos VI, era lo uco. O Duque de Borgonha, que tomou o poder, concluiu com o Rei da Inglaterra - em acord o com a Rainha Isabel, esposa de Carlos VI - um tratado pelo qual o monarca fra ncês deserdava o delfi m Carlos. seu filho, e oferecia a mão de sua filha Catarina ao soberano inglês. A jovem princesa levaria, como do.te, a Coroa da França! O futuro era sombrio para o delfim Carlos. Os ingleses. aliados aos borguin hões, dominavam o norte do pa is - exceto o Mo nte SaintMichel - e preparavam-se para a tacar Orlcans, no coração da França. Com o tesouro vazio, o exército desmoralizad o, a a utoridade contestada, abandonado pela própria mãe, Carlos VII duvidava de si mesmo. Nessa trágica circunstância. a jovem camponesa de Donremy, na Lorena. procurou Roberto de Baudricourt, o capitão de Vaucouleurs, e, sem intim idar-se com a riqueza e gravidade dos homens que o cercavam, d isse-lhe: '' Procuro-vos. Robeno. por parte de meu Senhor. " fim de que digais ao delfim que be111 se 111a111enho. pois meu Senhor o ajudará a1é o meio do Quaresma. O reino não pertence ao delfim. ele p eru.mce ao 111eu Senhor. l;ntre1a1110. 111eu Senhor quer que o delfim 1or11e-se rei e que lenha o reino e,11 penhor. Ele

será rei apesar de seus i11i1nigus e eu o conduzirei à sua sagraçiío". -· "E quem é teu Senhor?"' - "O R<'i do Céu". Mal-humorado, Baudricoun despediu-a, ameaçando surrá-la. Joana D'Arc retornou a sua aldeia, mas não esmoreceu. pois suas "vozes" advertiram deste apa· rente fracasso. Que vozes? Ela tinha então dezesseis ou dezessete a nos. Sempre fora uma menina que praticara as virtudes, meiga e piedosa. Nascera numa pequena aldeia, por assim d izer. sob as próprias paredes da igreja. Recebera os primeiros ensinamentos religiosos de sua mãe, narrados com ardente fé, em serões familiares. Certa ocasião, esta ndo no jardim de sua casa, viu uma luz deslu mbrante e uma voz lhe soou ao ouvido: "Joana. vai socor· rer o Rei do França, e tu lhe res1i1t1irás o reino". A luz deslumbrante era São Miguel e ele lhe contava a "grande lás1ima que havi" no Reino da França". Manifestavam-se depois os vu ltos claros de Sa nta Catarina e Santa Margarida, com ricos diademas na cabeça, e doces vozes q ue faziam chorar. Por ocasião do cerco de Orleans, suas vozes tornaram-se prementes e Joana dirigiu-se uma segunda vez a Vaucouleurs. Nada disse. porém, aos pais, pois temia que a impedissem de viajar, caso lhes revelasse sua missão. Seus juízes, ma is tarde, veriam nisso uma ofensa ao quarto Mandamento.

A Donzela persuade o delfim e os teõlogos Desta · vez. ante a ressonância favorável q ue Joana encontrou no público local, Baudricourt deixou-se convencer. A um fidalgo que a interrogou, Joana respondeu: " É preciso que es1eja dia,ue do rei. nen, que 1enlw que ir a pé. gas1a11do as pernas (llé os joelhos. Porque ninguém no inundo. ne,n reis. 11e111 duques. nem o filha do rei da Escócio, pode recuperar o Reino da França. O único socorro sou eu 111esn1a". Escoltada por cinco cavaleiros. J oana partiu enfim, levando consigo a penas sua fé, sua pureza e sua espada. Atravessaram território inimigo e a viagem foi longa e penosa.

Os soldados que a acompanharam diriam mais tarde que, vivendo a seu lado, jamais tiveram sequer a sombra de um mau pensamento. No castelo de Chinon, onde se encontrava -0 futuro Carlos VI l, este só se decidiu a ,·eccbê-la depois de muita insistência. Mas. para testá-la. d isfarç0u-sc entre outros senhores mais bem trajados. A Donzela, q ue jamais o vira. dirigiuwsc até ele, abraçou-lhe os joelhos, dizendo: "Gentil delfim. dimno-111e Jo(l/w, <t Donzela. O Rei dos Céus vos 1110,ula dizer por 111im que haveis de _ser sagrado e coroado 110 ci(/(lde de Reims. 1; sereis o lugar-1ene111e do Rei . dos Céus. que é o Rei da / ·rt111("t1

..

.

Carlos VII ficou pasmo: Joa na lhe revelava uma oração que fizera - um segredo entre ele e Deus num dia de angústia, q uando duvidava de sua legitim idade. e porta nto de seu direito à Coroa. A Donzela lhe t razia a resposta: "Eu vos digo da parte de Deus que sois o legi1imo herdeiro da França e filho do rei". O príncipe formou uma comissão de teólogos e doutores para examinar o caso. Questionada durante várias semanas, Joana os impressionou pela vivacidade e precisão de suas respostas. Vendo-os. porém, perderem-se cm d iscussões intermináveis, ela adverti u: "Escul(li. no livro de Deus. hâ mais do que nos vossos... Ei, não s,•i nern "a" nem "b", ,nas venho da parte de Deus para levantar o cerco de Orleons e sagr(lr o delfi,n em Reirns. A111e.t. tenho que escrever aos ingleses. Escrevei o que vou di1or: "A vâs. Suffolk, C/assidas e La Poule. eu vos inl i1no. e,n 11on1e do Rei dos Céus a vo/Jardes à Inglaterra..... Os examinadores ouvira m bo.. q uiabertos ... E termi naram por dar um parecer favorável. Joana podia partir para a rcali1.ação de sua epopéia: a libertação de Orleans e a expulsão dos ingleses. Epopéia que seria premiada com o martírio, executado pelos q ue traíram sua pátria e, sobretudo, sua Religião. Mas isto já seria assunto para outro art igo ...

Carlos W enzel (1) Picr'rc Virion . .. l.t• 111,1•.tti're 1/t> Jc•o,m(• o·tt,<"... t.ibr:1iric Ttqui. Paris. 1972, p. 139.

(2) Discurso do Cardeal Pie;. úptul op. ci1.. 1>. 248. (3) D iscurso <;lo Cardeal Pie. opUtl op. cil .. p. 248. (4) H. Wallon. "J,•om1l' {)'Are···. l.ibrniric de Firmin Oidot c1 Clé.. Pal'is. 1892. p. 214. • Réginc Pcrnoud. "Vi(''-'' mort 1/(' Jcomte l)'Arr", ffachcuc. PMi~. 1953.

CATOLI CIS MO -

Abri l de 1981


Os líderes sindicais Watesa o Gwiatda com o vice· primeiro·ministro Rakowski, após a, negocia· çõas de 31 de março último

Para onde? Plinio Corrêa de Oliveira CA BO DE LE R a notícia de que no PC ~olonês vai_acesa - a propós110 da proJetada greve operária - a luta entre duros e "moles". Estes últimos pleiteiam concessões ao sindicato livre "Solidariedade". com o intuito de abrandar o ânimo dos íautores da greve. Os primeiros, isto é. os duros. afirmam que concessões jamais abrand am o ânimo de organizações cm ascensão como é "Solida riedade". E que. pelo contrário, elas constituem arriscadas manifestações de fraque,À,, Essa divergência tem um alto aspecto teórico-prático. Ela levanta princípios de teoria d a ação, a propósito dos quais os homens se vêm dividindo, cm todos os tempos e em todos os lugares, no decurso das pugnas ideológicas e políticas mais diversas. Porém. no caso concreto, está muito menos em foco um a lto e a liás belo problema estratégico, d o que uma comédia patusca, uma sinistra velhacaria. Com efeito, a ludi pouco acima aos homens: sim, exceção feita dos da linha comunista-lcninista, os quais parecem segu ir inílexivclmentc, desde 191 7 até hoje, uma allcrnação perfeita mente estudada entre avanç0s e concessões. e ntre ameaças e sorrisos. No fundo. o empenho invariável de les é jugular o advcrscirio. Se ameaçam e avançam. é para isto. Se sorriem ou concedem, é também para isto. As táticas moles só lhes servem para bobear o advcrs{,rio, para dividi.. 10. e assim dc.~pojâ-lo. mais rápida e inteiramente, d os meios de luta. Para os leninistas-comunistas, cm última análise. toda distensão não é senão um artificio tático. Ê um modo de guerrear. Isto posto, não acredito na autenticidade das d iscussões entre du1·os e "mo les", que estariam sendo travadas nas reuniões de cúpula do PC polonês. Uns e outros são - por convicção ou por interesse - títeres do "lcnino"-comunismo instalado cm Moscou. Se deixa m fi ltrar para o público opostas teorias da ação, é com a lgum fim sorrateiro, comum a a mbos. Vendo os duros acusarem os "moles" de infiltrantes a serviço de "Solidariedade", e os "moles" revidarem acusando os d uros de infiltrantes do PC russo no PC polonês. a meu ver é impossível não desconfiar de que se está em presença de um bem ensaiado show.

A

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Mas para que ta l show? - perguntará algum ingênuo. A resposta é É simples. Ta mbém cm "Solidarieda[ de" - dizem os jornais - distinE guc-se entre duros e moles. "Soli;;i dariedade" não é, entreta nto, um !!, bloco monolitico como o PC polo,>; nês. Ele se compõe de grupos ideo~ lógicos e polít icos distintos, aos : qua is correspondem naturalmente ::'. posições temperamentais, como tá: ticas de ação, específicas. Diante da h presente alternativa, consumar ou ~ não a greve, é natural, e quase até forçoso. que estejam cm desacordo ~ ent re s i. Reúne-os tão-só a aversão v. ao comunismo. .'l Ora. é consider.ível a utilidade 1 do show comunista. ~ Com efeito, os moles de "Soli:., daricdade" - pelo menos em sua :'. maioria - são moles autênticos. Como tais, têm certa propensão cm ~ acreditar na s inceridade dos adver>' sários. Bem entendido, não na dos

i

s

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CATOLICISMO -

Abril de 1981

du ros do comunis mo. acerca dos pectivos d uros. É possível que chequais todos de a lém cortina de ferro guem a lirmar um acordo de moles, têm uma e xperiência horripilante. a que tenha ares de vitória para a pa1., q ual não to lera ilusões. Mas, pelo . e uma derrota para os duros. menos, tendem a espera r a lgo dos Mas, oh ilusão! Se assim cami"moles" do PC polonês. Entre mo- nharem os fatos, coisa muito diversa les. do esperar para o negociar só v;'ii se terá passado por detrás dessas aum passo. Do negociar para o con- parências enganosas. Os "moles" do cluir só vai mais outro. É tudo tão PC são meros fantoches dos seus correligionários duros. Eles terão pactua do com os moles de "Solidariedade" única e exclus ivamente as concessões que os duros do PC lhes tenham ma ndado fazer. Que concessões? As q ue fo re m necessárias para abri r nas fileiras de "So lida riedade" uma fissura profunda e ntre duros e mo les. para levar os moles (sempre e por toda parte maioria , pois a Escritu ra diz que é infinito o nú mero dos estultos) a assumirem a direção de :'Solidariedade", desbancando os duros (sempre uma minoria. porque é difici l, ingrato. penoso ser d uro). O que terão ganho com esta artimanha maq uiavélica os duros do PC? Terão ganho o ó bvio. Quando, e nt re dois grupos cm luta, um comeO leite cheg a para O$ g revistas ça a ser dirigid o pelos respectivos dos estaleiros de Gdansk. - ..Se ;sso duros e o utro pelos respectivos mota greve) durar um qno. resistire mos". les, todos os entrechoques passam a ditem os operários. ser os do pote de forro cont ra o pote fácil de combi na r quando os dois de barro... lados são moles ... Assi m, na mesa de negociações entre o PC polonês (do qua l o governo de Varsóvia não é senão um títere) e os representantes de "SoliTenhamos a coragem de ver a dariedade". começa a soprar o zé- realidade inteira. A ajudar os moles liro da concórdia entre "moles" e de "Solidariedade", deve haver. nesmoles. se tão simpático movimento. uma O que decorre daí? Os moles de esparsa e bem coordenada quintaambos os lados dão a impressão de coluna comunista. Po is é d esde semse estarem rebelando contra os rcs- pre conduta do comunismo ,·cprimir

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Aparato policial dianto da sedo dos agricultores poloneses, em Bydgoszcz. ocupada por sindicalistas de "Solidariedade ..

pela força todos os movimentos que contra ele tentem constituir-se. Mas. de outro lado, por pouco que algum desses movimentos pareça durável e capaz de tornar-se perigoso, o eomunismo já não se limita a combatê-lo s umariamente de fora para dentro. Sem abandonar as táticas da força, e le começará a usar também as da intcligi!ncia. Por exemplo. tentará infiltrar o adversário com espiões e com "desviacio nistas". Para ser espião é preciso ter certo grau de inteligência. Muito mais para ser "desviacionista". Consiste a missão deste cm infiltrar-se até no cerne do partido adversá rio, cm semear fato-

rcs de divisão, em s ugerir manobras erradas. em fomentar o desânimo decorrente dos reveses. Ou seja, cm produzir a derrota. Estremeço, a propósito de "So lidariedade", q uando penso nisto. Não estará o movimento infiltrado de espiões, de "desviacionístas'"! Que mal lhe estarão fazendo'! Tudo isto, para onde vai co nduzi ndo a Polônia e o mundo'? Sim, o mundo. Porque na Polônia está sendo forjado um "modelo" que. antes mesmo de ser defi nido e posto à prova, já vai sendo esperado com avidez pelas esquerdas de todo o mundo. Moles o " mo· tes""Om-'ne-•

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gociação, liderados porWale•

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moles ÃOTENHOIDÉIAdequem constitu i o cerne duro de "Solidariedade". E nem do que pensam os d este cerne. Mas, a ver a situação polonesa como ela se apresenta. quanto sou propenso a simpatizar com e les! Outrossim, vejo aqui e lá pessoas q ue conliam dcbandadamente em Wa lesa. E que, às preocupações q ue externei cm meu artigo anterior, oporiam um só mas triunfal argumento: "Walesa não permitirá que ocorra a hecatombe que o Sr. receia". Qualquer desacordo quanto à política de contcmpori1.ação de Walesa com os comunistas d o governo polonês soa-lhes como uma blasfêmia, quase uma heresia. Penso que há nessa incond icionalidade uma indigência de mo tivação, de análise. de penetração que me desconcerta. É verdade que o c hefe sindical tem cm seu favor a mais universal, contínua e e ntusiástica sinfonia pu-

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O grande dia de glória de Wates.a foi quando João Paulo li o acolheu em Roma com honras muito parecidas - a comparaçlo é de órglos da imprensa romana - às que os Papas dispensavam outrora aos mona rcas do Sacro Império RomanoAlemão. O que equivale à ontrega do um bastão de marechal. do condestévol.

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blicitária. Mas isto não é motivo para se co nfiar em ninguém. Antes pelo contrário ... Í'ara justificar a incondicionalidade com que alguns o seguem. que bagagem traz ele? O q uc de notável disse ele alguma vez? O que fez? A essas perguntas, seus mais ardorosos entusiastas nada de substancioso respondem. Limitam-se a lhes fechar os ouvidos. como se fossem blasfêmias.

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Não sei o que no passado ele disse ou fez. O grande público não sabe. Se ele fosse um fa ntoche da demagogia. as coisas não lhe correriam muito diversas. Figuras ass im como que não precisam de passado. O grande dia d e glória dele foi quando J oão Paulo li o acolheu com ho nras muito parecidas - a

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Novo livro do Prof. Plinio ''SOU CATÓLICO: POSSO SER CO,NrERj •

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M UM IMENSO casarão localizado no Município de lndaiatuba, no interior do Estado de São Paulo. antigo Noviciado dos Jesuítas. reúne-se respeitável Assembléia. Cerca de 230 membros de um alto organismo nacional discutem e depois votam importante documento destinado a exercer notável inílu~ncia sobre os dest inos do Pais. A imprensa toda assesta as luzes da publicidade sobre o magno acontecimento. Pelos ca rgos que ocupam e pelos litulos que ostentam. os respeitáveis membros da venerável Assembléia merecem a atenção da Nação inteira. Vista assim, do lado de fora. a Assembléia parece cercada de todas as formas de prestígio, respeita bilidade e iníluência. O documento final que irá produzir deveria conseqüentemente revestir-se de todas as características de competência, seriedade e solidez ,1ecessárias para se impor ao mais exigente dos críticos. A realidade, infelizmente, não condi1. com C9'a descrição. A fotografia da votação final, divulgada pelos jornais, ilustra bem o clima da Assembléia. Despojados. na grande maioria dos casos, das vestes próprias de sua condição, são os Bispos brasileiros que se retinem em ltaici. O documento que dão a público, ao final da Assembléia de fevereiro de 1980, intitula-se "Igreja e proble1nas da terra··.

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Problema de consciência para os catõlicos: é licito discordar do documento da CNBB? Os meios de comunicação social de todos os matizes ideológicos não cessam de apresentar a CNBB ao publico como porta-voz oficial de todo o Episcopado brasileiro. Os documentos emanados de suas asscmblCias gerais. rea lizadas habitualmente em fevereiro de cadn ano. cm ltaici. parecem impor-se ao acatamento de todos os íiéis. Isto coloca os católicos brasileiros numa difícil situação de consciênci:1. quando observam que. mêlis

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Aspecto de uma votação na 18.• Assembl4ia Geral de CNBB. reunida em ltaici (SP) em fevereiro de 1980, ao qual 172 Bispos aprovaram o documento agro-reformista "/grafa o problamas ds tBrraº

de uma vez, os pronunciamentos da CNBB não se compaginam, seja com a rea lidade nacional, seja - o que é mais grave - com o secular ensinamento do Magistério Supremo. Ora, os católicos bem formados sabem que, segundo tal doutrina. normalmente toca a cada fiel acatar com confia nça os pronunciamentos do Episcopado. Porém quando. quer por a lgo de estra nho na matéria. quer no modo de a expor. encontra o fiel prudente motivo para recear a lgum lapso cm documento episcopal. cabe-lhe o direito e até o dever de conferir os documentos do ensino autorii.ado e legítimo dos Pastores locais. com os e nsinamentos da C{,tcdra de São Pedro. Tornava-se explicável, portanto. que na atual contingência, criada pela publicação do documento da CNBB " Igreja e problemas da terra", alguém efetuasse tal conírontaç,io. Foi o que o fez, com a competência e o brilho que lhe são habituais. o PROi'. P 1..1N10 CORR~A OI' OuvEIRA, Presidente do Conselho Naciona l da TF'P. cm seu novo estudo, "Sou catôli<·o: posso ser contra a Reforma Agrária?·' (Editora Vera Crut Ltda., R. Dr. Martinico Prado, 246, São Paulo. 1981. 360 páginas). Em primeiro lugar, como já foi dilo, o documento "Igreja e problemas da terra" (que daqui por diante passa a ser designado pelas iniciais do seu titulo. IPT) adota uma posição agro-reformista que não encontra fundamento nos doA agricultura brasileira tõncia de propriedades e de tamanho familiar. à esquerda. Embaixo: terreiro ...

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requer a coexisgrandes. médias como a da foto o café soca no

cumcntos tradicionais do Supremo Magistério, disct'epando mes mo. em vi:írios pontos, de seus ensinamentos. Por outro lado. na apreciação das situações de fato. o I PT contenta-se com afirmações genéricas, apoiadas por vezes em documentaçiío escassa. quando não destituídas de qualquer documentação. Conseqüentemente, os católicos. enquanto católicos, têm não só o direito. mas. conforme o caso, o dever de opor-se à Reforma Agrária preconiwda pelo documento da CNBB. Dai o subtítulo do livro:

.. Po.,·so e devo ser co111r11 a Refornw AJ:rária -

Co11.viderações dourri-

1uírios". Com tal afirmação irrestrita. fundamentada numa análise exaustiva do I PT, o novo trabalho do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira aj uda os leitores na solução de um problema de consciência de fato aué'it1111e, mas na realidade inexistente.

final da

u1111es docume,uos é Jeiia quase sempre de t,fogadillto, q11a11do 1111,itos bispos já pt1rtirw11 de 11wdr11gada, quando todos estão ft11igados e alguns olhando os relógios, jâ de olho 110 ônibus pt1r<1 a rodoviârit1 ou o t1eropor10... Estâ claro que, 11estas circun.ttá11cias.

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tendênci,, é para

aprovar tudo o que aparet·e". Assim foi aprova do "Igreja e problemas da terra". !, para esse documento, estudado sem maior profundidade e votado ias carreiras, com muitos Bispos de o lho no relógio e dispostos a "aprovar tudo o que "parece". que a CN BB pede o assentimento dos católicos brasileiros! Como não conjeturar. diante do panorama traçado pelo Sr. Arcc-

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ção entre "terra de ex'p,lo'ráçãçi' ,e. "terra de trabalho") uma "(liSR{ta-· ção marxista", "inco,npaf{i,e(!·çóip 'á do111ri11a social da lgrejq,'1 ('' J.oc~'a l\ ,. do Brasil". 13-2-80). '~ . •fi < ' , Não é. este._ aliás, ·9, ))'ni~o· Ito~t~ de ªP.roxrmaçao e!'t[e a '~9~\_ç(na , marxista e a doutrm~ qu~. (I\SPJ.ÇOU· , os redatores do do'e~menro ~·dll!, CNBB, como mostra o Prof: P,linio· Corrêa de Oliveira cm. ~éu 'eS\ll~O, sobre o IPT. , · , 1: perfeitamente sabiefo gue;: l)o ., Brasil. o pioneiro na 'reiv\nd iéa.~ o1 da Reforma Agrária foi óJ Par,~ido,• Comunista, e isto desde OS' prill),Õr- 1'· dios de sua at uação, nos,. anos,:20. Isto é compreensível, pois sendo Q igualitarismo social ,e.;e_conômic.o ~ ~} meta co munista por essê'ncia. não se pode conceber nenhum ccgimc ,cp.munista. conserva ndo-se a propiiédadc privada no campo. Pois esta gera naturalmente a desigualdade. Ora. enquanto a doutrina católica postula uma sociedade harmonicamente hiera rquizada. a doutrina comunista quer tudo igualar, segundo se encontra definido no programa do PC russo: "O con1u11ismo é um regim(>social seJJ1 cla.tses. co,n uma única forma de propriedade dos meios de produ,ão - a propriedade de todo o povo - e com 111na plena igualdade social de todos os 1ne,11bros da sociedade" (apud E. Modrthinskaya - Ts. Stepanián "l;.'I futuro de la sociedad", Editorial Progrcso. Moscou . 1973. p. 374). Convém ressaltar a importância de tal ponto. na estratégia dos comunistas. Se estes, d omina ndo a Nação. conseguissem cstatiz,,r toda a propriedade industrial e urbana . continuando a inda privatizado o campo - o qual constitui, cm superfície, a imensa maioria cio País a situação simplesmente não se suste ntaria para eles. Dai a necessidade prioritária, para os comunistas. de implantar a Reforma Agrá-

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ria.

Ora, o I PT concebe a Reforma Agrária essencialmente como uma

Como a CNBB optou pela Reforma Ag rãria Essa conclusão, à qual se chega por uma análise intrínseca do I PT. é reforçada pela consideração de como foi aprovado o documento da CNBB. Descreve-o o Sr. Arcebispo de Be lém do Pará. D. Alberto Gaudêncio Ramos. em sua coluna "Recanto do Pastor", na "Vo1, de Nazaré" de 16-3-80. Depois de observar que os Srs. Bispos - muito. atarefados - dificilmente têm tempo para um estudo aprofundado do documento antes do inicio da Assembléia. limitando-se a um exame súmário durante a viagem para ltaici, o Sr. Arcebispo de Belém narra como é feita a discussão do texto. E mostra que. no rim, tudo fica na dependência da comissão encarregada da redação do texto. "q11e e.w1us1ivanu?111e seleciona e (lgrupa as opiniõPs si,nilores t>. a seu critério. as aceita uu re1·11sa". Inútil ressaltar quanto há-de iníluir. na forma final do texto. a oricntaç.'io dos elementos que compõem a referida comissão ... Segue-se a votaç.'io, item por item. do documento. Os Bispos sentam-se, na Assembléia. agrupados de acordo com as regiões de que lll'ocedem, segundo as quais está dividida a CNBB. Explica. então. o Sr. D . Gaudêncio Ramos: ··o., S<'· crl!tários dos Regionais co1110111 as e.ribições dos cartõe.,· e vão lc1 v(11· o resultado. em voz baixa. à mesa da secretaria. e ni.uo podt> haver UJJUJ 111t1rge111 de equívocos ou tlis1raçõl!s". Passa-se. por rim, à votação final. Todos os católicos brasi leiros esperariam que esta se fizesse num ambiente bem diferente do quedescreve o Sr. Arcebispo de Belém do Pará: "A aprovação de tão i111por4

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Coieta de assinaturas para o manifesto do apoio às te~s do livro ..Reforma Agnfri• - Ousstlo de Conscilnci•". na 10.• Exposiçlo AgropeclÃrie de AnáPolis (GO}. realiuda de. 17 a 24 de abril de 1964. - L,ançado em Bagé (RSI. o documento

recebeu a adeslo de 27 mil agricultores e pecuaristas. tendo sido entregue pela TFP ao Congresao Nacional.

bispo de Belém. que o I PT não Reforma .Fu ndiária. a ser executada represente com J>rccisão o pensa- sob a iníluência do principio de que, mento de todo o Episcopado brasi- do ponto de vista sócio-econômico. leiro, mas da pequena parcela que a pc(Juena propriedade de d imeninteiramente cônscia do que quer e sões familiares constitui o padrão do que fa1. - leva a maioria dos ideal. Dessa concepção utópica da Prelados a seguir-lhe as pegadas'! minipropriedadc-panacéia resulta a Tal conjetura ía1. lembrar o co- tendência invariável do IPT para a mentário em itido por outro Arce- fragmentação fundiária. bispo, D. Luciano Cabral Duarte, O IPT encaminha assim o Pais de Aracaju - entretanto pa rtidário preci sa mente pelas veredas há tanto ele próprio de uma Reforma Agr,,- tempo apontadas sem sucesso pelo ria - o qual afirmou: "Me pntece PC. E nisto atua como um precioso que esse clu,·1onen10 ,uio ,nereda ti · - na rea lidade, indispensável aprovaç,io da C N IJ IJ. E.,·uí r11in1 "companheiro de viagem" do PC. para 11111 flSs111uo <'Xtn•n1mne111e gra• Não estranha. pois. que o jornal ve e iluportmue co,uo ess().. ("Folha comun ista •· Voz da Unidade", sucesde S. Pau lo. 15-2-80). sor do "Voz Operária" como órgão oficia l do PCB. em seu n. 0 1, de 30 março a 5 de abril de 1980. tenha A inspiração marxista do IPT de feito os ma is francos elogios ao IPT: - A Reforma Agrãria, "O tlo,·11111e1110 'Igreja e prometa comunista bem conhecida blemas da terra' (... ] pode ser considerado co,no uJJ1 nwrco de releO Arcebispo de Aracaju vai mesvô11cia 110 trab(l//,o que h á cerca de mo além. e vê na terminologia em- 28 anos a CNBB vem dedicando ao pregada pelo documento (a distin- proble111a da terra [... ]. CATOLICISMO -


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de Oliveira PROF. PLINIO CORREA DE O LIVEIRA,

O IPT ofusca o leitor com estatlsticas impressionantes... mas inadequadas

que compõe o Títu lo Ida obra "Sou clllólico: posso ser contra li l?eforma Agrárill?"

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O Prof. PlinioCor· rh: de Oliveira re,ponde: "Pos• so o dovo sor contra II Refor•

ma Agr,ria".

O IPT é também consideravelmente falho do ponto de vista econômico

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O livro ''Sou Clltófico: posso ser contra li Refornlll Agrária?" mostra ainda que o I PT pratica uma flagrante interferência na esfera do Estado.

Sob o ângulo econômico, incumbiu-se de apontar as graves lacunas do IPT o Sr. CARi.OS PATRI· cio DEI. CAMPO. Master o/ Science em Economia Agrária pela Universidade da Califórnia, Berkeley(EUA). Seu bem fundamentado estudo constitui o Título 11 do livro. o qual demonstra que a visão que o IPT apresenta da crise brasi leira, bem como os remédios que propõe, só formam um todo coeso tendo-se como fundo de quadro a doutrina marxista. Ademais. em vários pontos do documento afloram múltiplas formulações explicitas coerentes com essa doutrina, o que revela.

Dii o documento da CNBB: "Em /950. para ,·(Jda lavr(Jdor não proprietário. havia 4. 2 que era,11 proprietários. E,n /975, para cada lavrador niio proprieuírio lwvia apl'nas 1.6 proprietários" (n.• 11). De onde concluir o IPT que "apropriedade da terra vem se tornando inacessível a 111n 11ún1ero crescente de lt,vradores'' (n.• 9). Como se vê, o IPT toma como base de sua argumentação um índice representado pela relação e ntre o número de lavradores não proprietários e o número de lavradores proprietários. Ora, este índice simplesmente não é adeq uado para medir a acessibilidade à propriedade da terra. pois. entre outras razões. independe d o tamanho da população ativa agrícola.

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A T FP organizou j ornadas a nticomuni1t81 para t rabelhadores da •zona ~navio ira ,em Alag0:91•. Pa!"3(ba e Pernambuco.

o, temas eram deeonvolvido1 em pale1tra1, representações t~tro11. proleçl o de filmes. aud1ov11ua,~ etc. E tamWm na inauguraçl o de oratórios em louvor de N ossa Senhora de Fét1ma, a qua. aparecendo na Cova da lna em 1917, alor1ou o mundo contra o perigo comunista . Segundo a Doutrina Católica, a cada Estado cabe promover o bem comum temporal do respect ivo povo. Assim, tudo quanto diz respeito à independência , prosperidade, bem-estar e progresso de um país está posto sob a ação do Estado. Quanto à Igreja, não cabe a Ela imiscuir-se cm assuntos temporais. a não ser ratione pec<'ati (isto é. quando a lgo na ordem civil viola a Lei de Deus, como é o caso do divórcio. da limitação da natalidade, da laicidade escolar etc.) (*). Ora. o I PT chama a si fazer uma critica global de todo o processo de desenvolvimento sócio-econômico brasileiro, externando sua convicção de que é indispensável sujeitar esse processo a uma completa reforma. segundo metas e métodos que o próprio IPT aponta. O que importa cm ir muito além das atribuições específicas do Episcopado. As observações até aqui feitas põem em realce as objeções que se podem levantar contra o I PT do ponto de vista da Doutrina Católica. Ê o que consta do estudo do

mais uma vez, uma inspiração ideológica marxista. Tratando de tema de ordem econômica , o qua l, e ntretanto, enquanto tal. escapa à competência e à autoridade dos Srs. Bispos, seria indispensável que o I PT fizesse referências a estudos e autores representativos das v,lrias escolas de pensamento econômico, para fundamentar sua análise em bases cientificas e dar consistência às soluções por ele propostas. Mas os estudos e os especia listas são simplesmente ignorados pelo IPT. Na ausência de tais referências. seria de esperar que o I PT fosse pelo menos rico em dados, formulações e raciocínios q ue just ificassem suas afirmações e conclusões. Mas. como patenteia o estudo do Sr. Carlos Patrício dei Campo, em tudo isso o texto do IPT é pobre. Alguns exemplos são suficientes para mostrar como o IPT manipula os dados estatísticos a fim de ofuscar o leitor e levá-lo a considerar a Reforma Agrária uma medida justa e necessária.

(9) Ncs.sc sen1ido, são muito elucidativas àS recomendações dirigidas por João Paulo

10,efa ,. ossumt• tom /rcqüh1t'ill mesm o otfri-

li aos Bispos brasileiros, em carrn da1adà de 10 de dc1.cmbro de 1980. Dessa missiva,

m;ss,1<> que é sra, <' qut' 11,•nlumw QUlro ln:rtándo r1.•oliz11rá. Sf:'

,eproduúda cm &randcs órgãos da i m1)rcnsa

diária. destacamos o sciuintc tópico: ..A lg"'jo /Ji!fdn;a su11 fr!t•111ultule nwis

profunda - e. com li i(/emidfl<it•. o suo <'ft"dihilidode ~ a .n w rficódo v('rdtulrira em to clus

os campos - se :wa lts;itinw tlf(!nfÕQ às ques1ék-s social.t o d istroíssf'm dt1t1m•lt1 missão essencialmtnlt religiosa que não é pdmQr -

dlalmí'nll! a t•tm .VtrÚ( àn dé um mumlo mortriol per/rito. mos a ,:difica(à(> n o R"ino qm• comrça aqu; para monifes,at•sr pleno•

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Abril de 1981

vc a s ua situação como de ext rema pen,iria e infelicidade. É inte ressante que o l PT não se arrisca aqui a fixar o número de milhões . Deixa o número pendurado no ar. Fala-se. ê verdade, em 30 a 40 milhões. Mas esses números. aparente mente tão elevados. deixam de impressionnr quando se conhece a definição de migrante utilizada pelo censo : 1nigrfl11t<~ é todo fl(Juele ,uio 11aturlll do nuu1ic1jJh, em que resitle

lltt1ttfme11te. Note-se que a definição não leva em conta o te mpo de residência no município. Ora. estudo recente re lati vo às regiões metro politanas· mostrou que 60% dos chefes de fa milia migrantes residiam há ma is de IOa nos no lugar de destino. e 75% há mais de 6 anos. Que sentido tem considerar como mig rante uma pessoa que reside há 5 ou 10 anos no mesmo lugar'? /\inda mais com a s conotações q ue o I PT atribui ao termo. Assim, o fenôme no migrat ório. tão no rmal nu m pais como o Brasi l, fica desde logo dcsinflacionado por essas considera ções. Outras se encontram no estudo do Sr. Ca rlos Patrício dei Campo. as q uais mostram como, a pa r de ser um fenômeno natura]. o processo migratório. quando co nsiderad o globa lmente, é promissor, fecundo e estimulante. O I PT não vê essa rca lidade. mas a pe nas os aspecto~ negativos que. como tud o que é humano. as mig rações a presentam.

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Explica o Sr. C1rlos Patrício dei Campo: .. Um e xemplu esdttrece nosso pensamento. Supo nhamos que " popt1façiio (ltiva seja ig11al a 20, dos qt1ais 5 são produtores proprietários. 10 prod11tores 11ão-proprietârios e 5 m eros <1s.w1/ariados. O i,ulice utilizado pelo I PT seria ig 11al a 0.50 (5 • = 0.50). "lmagi11e111os agora q11e <1 popu· lação ativa tlobre p<,ra 40. dos quais 10 sejam protlutores pro prietários. 5 produtores não -proprietários e 25 assalariados. O ,i,dice aun1e111ario para 2.00 (/0 <· 5 = 2.00) e indicttritt 111elhortt na acessibilidade à propriedade da terra. o que contradiz " própria evidência dos ntímeros" (op. cit., p . 276).

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Outro exemplo: o I PT re fere-se. sem se reportar a nenhuma fo nte. a ··111ilhões de ,nigrantes.. exh:tcntcs no Brasil (cfr. 1PT. n.• 25). e descrc-

Outro cavalo de batalha do I PT é o tema da co nce ntração da propriedade da terra . Diz ele: "O Censu Agropet·11ário de 1975 rev,•luu q ue 52.3% dos estahek•ci111e11tu.• rurm'.• do país têm m enos de 10 lu,. e ocu ptun tãv~.\·On1e111P a escassa Órl'fl d,, 2.8% de toda a terra pos.,·11ida. Em ,·011trapartida. 0.8% d os estllhelel'i1ne11to., têm mais de /.000 hecwres ,, oct1pam 42.6% dtt árett to tal. Mtti.• da metade dos estabelecim entos agropecutirios ocupa 111e11us tle 3% tia tern, e 111enos de 1% tios t)stabelecin1e11u>s o,·1.,pa qua.ve n,e,ade" (n. 0 8).

inte ressadas cm conhecer como o 1PT incidiu nesse e nout ros erros p rimários devem ler "So11 c·a1,jfico: posso ser ,·011tra a Refornw Agr<Í· ria?", p. 305 e seguintes. o nde os quadros e análises e laborad os elucidam convenie ntemente o a ssunto.

Inco ngruente e discre pa nte do po nto de vista da Dout ri na C,116lica. inconsistente e vago d o ponto de vista econômico. o I PT não tem nenhuma base pa ra se impor o\o acatamento dos católicos brnsílciros.

Na esteira dos livros anteriores da TFP: . fidelidade e ortodoxia Publicação oficial da TFP. a o bra " Sou nuc}lico: p osso s,)r cuntrtt tt f?efor11w Agrtiria ?" inscrc-sc na já longa esteira de livros d ivulgados pela c ntídadc. os q u;, is se d istingu iram pela ortodoxia irrcp rcensivel. e a conformidad e exata com os deve res morais do c,11ó lico e os preceitos do Di re ito Ca nônico. Nessa longa série. cabe destaca r especialmente o livro "Reforma A · grriri(J - Questão de Consdênc'io". publicado vi nte a nos a tr:ís. que contribuiu decisivamente para dcscn .. cadca r o grande movi mento de o pi nião que varreu do Pa ís o comunoj anguismo do início da década de 60. o q ual tentava impla ntar Cnlrc nós as reformas socialistas e confiscatórias. l?A-QC' provocou na ocasião um gra nde de ba te do utrinário e m torno das cha madas "reformas de b.isc". É possível que o presen te livro suscite a nálogos confrontos. Se dos no bres e a ltos a rra ia is explicavclmcntc desagradados com ele. alguém quiser refutá-lo. a TF P cstú disposta desde logo. com todo o respeito e serenidade d e a lma. a e ntabular um d iálogo. O q ue. d e um lado. só poderá trazer frutos de esclarecimento e de paz. E. de outrQ lado. ncnhu rna estra nheza tal proposta pode ca usar nestes dias cm que as ma is altas Auto ridades Eclcsiústicas são vistas a procurar o diá logo atê C(lm correntes situadas c m posições dia metra lmente o postas do ponto de vista religioso, cultural

Pa ra as pessoas desprevenidas e alheias aos temas econômicos. os números apresentados pelo I PT pareceriam indicar uma si tuação de e sôcio ..cconômico. e xtre ma anormalidad e: mais de 50% A. A. Borelli Machado dos estabelecimentos ocupam menos de 3% da terra , e me nos de 1% d os · estabelecimentos oc upam q uase 50% O idoal católico do justiça no torrono sócio·econ6 mico con$iste no convfvio da terra . das classes sociais om harmônica e O autor desfaz esse argumento. proporcionada desir:aualdude mostrando, com. exemplos numêricos. que um pais pode esta r engajado num processo crescente de difusão da propriedade e, contudo . os porccntuais. calculados .l ma neira do IPT, indicarem maior concentração da p ro priedade. As pessoas

Nlo 4 a minipropri&dade-penecéia. pleiteada pelo documento " /grBjB s da tsrra"., que resolverá os problemas da lav oura nacional

problom11$

dodt:s de ,m plén â 11. Não ,,od" / a:f~ta. /XJ·

rim, ""' dem'meruo do Elu miu o fl:t:r:

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c'(m1u dc•po.-.;,r1,;o

outc.,m k o o Pnlm•ra rt!\'i'fodo: t11um<'i11t o Ah, solutt> ,ft, Dt us : pteg,,r o n om e. o m,',-.,~:rio, o pt'S..'iQO 1/c• Íl!StlS Cris tó; p rodomor as /u m, ovtnturnnçil.S t 1,s vnlorc•s cvangêf;ros ,~ ron,•ülor à <"QIH'NSt'io: co,mmkár aos ho mt·n.t o m i.sthfo do Groro d e l)e11s 11QS S(J<'rtmt('IIIOS

,lu fé r! <·o nso Udt,r '1St(1 fi" - em umo polm·ro. ,·vo11gc•liwr t•. ewmgrfizomlo. ('(Jmtruir o Rt·i· no ,lt· Oeus. A Igreja com r1tdo uma trtdftio ao h()mrm .w·. com as mtllwre.t im,•ntõts. /lu• o/Nt'l't'SSt b t m •e.uar sodol mas lhe som•gasse Qu lhe tll'S.."ie <'S<'o.ts i1mt111,• tu/rtilo o <1ur 1m1is

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''Moles'' e ...

..

comparação é de órgãos da imprensa romana - ,\s que os ?apas dispensavam outrora aos monarcas do Sacro Império Romano-Alemão, cm visita a Roma. Para efeitos de opinião pública. tão solene bênção papal equivale ,\ outorga de um bastão de marechal, de condcst/1vcl, que guie o espírito do povo. Um bom estrategista preferiria mil vezes isto a um grande jornal. Walesa não teve sequer o cmbaraç(l da escolha: sabendo embora que ele é o homem de confiança da diplomacia do Vaticano, o governo polonês permitiu que começasse a circu lar no país uma ed ição mensa l (90 mil exemplares) cm polonês de "L'Osservatore Ronw110", órgão da Santa Se. Era cla ro que. no

agora, na Polônia. as tris1es àventuras da "primavera de Praga". Mas "Solidariedade", com seu cerne duro. avança.

E. com efeito. segundo já 'vimos no artigo anterior. de momento, a jogada comunista na Polônia parece consistir cm separa r o cerne duro. da periferia do movimento. E em estabelecer, para tal fim. uma negociação e ntre os "não-duros" do comunismo e os de "Solidariedade". O u seja, dos labiosos do comunis mo com a a la boba de "Solidariedade". Até q ue ponto esta última manobra, muito e muito provavelmente favorecida em "Solidariedade" por desviacionistas de todo gênero. terá êxito'? Não sei. Mas ou· Moscou não é mais Moscou. ou tudo deve estar acontecendo assi m no interio r de "Solidariedade". e também nas "mesas redondas" entre "moles" comunistas e moles poloneses. O objetivo de Moscou deve ser q ue "Solidariedade", devastado pelas d iscussões e pelas indecisões entre duros e moles. se divida. esmoreça, e acabe por perder o íôlcgo ingloriamente. E. ademais. sem nenhum derramamento de sa ngue. Sem emba rgo. talvez ocorra alguma esca ramuça. ou pouco mais do que isso. O menor insucesso podení con .. duzir. e ntão. os moles a ganhar 1al prestígio dentro de "Solidariedade". q ue os duros percam a liderança. O que poderá acontecer e ntão? Negociações entre "moles" e moles. das quais emerja uma fórmula "in-

Estes estudantes de Cracóvia, como

os do toda a Polônia. também se mani·

festaram contra o regime comunista

jornal. as esperanças d o Vaticano cm \Va lesa se rcflctíriam lisonjciramcntc.

Com tud o (!) isto, que terreno conseguiu Walcsa conquistar. até aqui, ao comunismo polonês'! Nenhum. Experimentou tão-só um fracasso que lança dura hipoteca sobre o prcscígio do Vaticano na Polônia.

Ou seja. "Solida riedade" inflou e chegou a seu auge sem dar ouvidos.

até aqui. às arengas conciliadoras de \Valesa. O movime nto também não se deixa intimida r J>cla possível hccmombe de uma invasão russa. E procede assim gloriosame nte. Pois na História nada se fez de pinacularmentc grande. q ue não importasse em enfrentar riscos de hecatombe. num ou outro sentido do termo.

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O fa to é que. impulsionado por um cerne de duros que no Ociden1e ninguém - ou quase ninguém conhece, mas cuja gesta os anticomunistas começamos a admirar. "Solidariedade" es1á desafiando Moscou. O "condcsi;ivel" apon1ou com o bastão para um lado: o povo íoi toma ndo outro lado . Não, Walcsa nada interrompeu, até o momento.

na cstrat~gia comunista.

Ou tro foto. Como que para quebrar o â nim o do cerne duro de "Solidariedade", os principais governos do Ocidente já deixaram bem claro q ue não intervirão militarrncn•

te, caso a Rússia queira repetir

termediária" entre o regime de aquém e o de a lém cortina de ferro. Ou seja. o chamado "modelo polonês", espécie de comun ismo de "mão estendida", com "face humana". de "eurocomunismo", que quase todos os meios de publicidade do Ocidente estão sendo preparados para a plaudir com frenesi. como sendo a solução para o século XXI. O que acontccení então com Walesa'? "Mo les" e moles o carregarão cm triu nfo. Terá sido o homem q ue previra tudo, que a ingratidão estúpida das massas afastara provisoriamente. e ao qual. por fim. os raios terão dado razão. Walesa o gênio. Walesa o condestávcl. Walesa o guru o lhará então com desdém para todos os homens de coração e de coragem. para todos os cernes duros. derrotados. isolados. desacreditados .

""·~ ir. .. .},-·~ ~~~,~:'-

Num salão do Kremlin. Brcjncv, com um copo de vodka na mão, olhará para seu ministro do Exterior. e lhe dirá, com riso sinistro (nele o que não é sinisiro'!): "Camarada, desta vez deu um pouco de 1rabalho, mas tudo acabou dando certo na Polônia". Silêncio de ambos, discreto e proíundamente eufórico. Ao cabo de alguns instantes, Gromiko diz a Brejnev: "Camarada, precisamos tratar de um casinho. O novo Núncio em Moscou quer apresenta r-te suas credenciais. Tens tempo'? Ou preferes que cu o faça, segundo a roti na que já fizemos aceitar pela Holanda, pela Suiça. e por a lgumas pequenas Repúblicas das Antilhas'? Pausa. "Responda ao Núncio que receberás tu as credenciais dele. Quando 1ivcrcs tempo".

Num salão do Kremlin. Brejnev. com riso sinístro. diria: "Camarada. desta vez deu um pouco de trabelho. mas tudo acabou dando certo na Polônia" ...

Por toda parte. o progressismo apresenta as mesmes fisionomias deturpadas de Nosso Senhor Jesus Cristo. da Santo Igreja e mesmo do povo. - No centro. folheto comemorativo do Oia do Sominário. distribu(do pelo Bispado de Bilbao (Espanha}; a figura monS1ruota simboliza a populaçlo desesperada. Os dois outros opúsculos. do "Centro de Reflexão Teológica". da Cidade do México. mostram Nosso Senhor e a fgroja como agitadores revolucionários.

PROGRESSISMO:

tema de conversa na rua ... NCONTREI recentemente um amigo de iníãncia que há muito não via. Ele estava indignado com o Pc. Crisa nto. Antes mesmo do cumprimento de estilo. íoi dizendo: - "O Pe. Crisanto negou-se a bat izar meu filho! t um absurdo! E se o menino morrer um dia d estes sem Batismo... O que scri, ele s ua alma?" - "Mas o que houve, Gilberto'/". perguntei. Embora não conhecesse esse Pad re. já tinha o uvido dizer c1ue alguns Sacerdotes "avançados" desaco nselham os fiéis a batizar as crianças. E que procuram inculcar a tese de que o Batismo somente deve ser ministrado aos adultos. - "Veja só! Ele disse que não ba tiza mais crianças. mas apenas pessoas que já ultrapassaram a iníância. E deu-me este panfleto para

E

estudar".

Tratava-se de um folhet o de 19 páginas, da Prelazia de São Félix do Araguaia - a mesma de D. Pedro Casaldá liga - editado pela "Vozes". e pertencemc a uma coleção inti· tu la da " Da base par" a base", cujos responsáveis são q uatro frades. con hccidos por suas posições progressistas: Frei Bctto, Frei Carlos Mcsters e os dois Boffs (Frei Clodovis e Frei Leonardo). O titulo do folheto: " O Batismo. o que é?" A indignação de Gilberto era ta l que ali mesmo. na rua . co meçou a ler cm voz a lta alguns 1rcchos para e u ouvir. Lia-se no opúsculo: "Não

jogue o Batismo 110 lixo (...]. Tem btuiu1dos que não são cristãos: os qu(~ vão só atrtis tio dinheiro; os que explora111 e oprin1e111 oR trabalha·

dores: os que t1dw111 t1ue a terra sâ foi Jeito para eles: estes não s,io cristãos ,uesmo que ace11dan1 velas pros smuos. visitem a igreja toda a vida. tléem ,,.wnola''. G ilberto lia o folheto num 10m de voz ião alto que alguns poucos curiosos pararam e começaram a ouvi:lo. Sem se importar. e le prosseguia: - "Veja só o que di1, aqui: "Ter fé é se unir t·o,n os t·o1n1u111heiros ti,, trt1balho. de luu,: é ter co1u·dh,cit1 que todos os luJ111e11s sfio igu(lis: é não aceitar o opressão dos grandes l' poderosos".

Um transeu nte mal encarado. que ouvira apenas as duas ühimas írases. parou e exclamo u: "Concordo com vocês. eu ta mbém penso

- "Então, comentava Gilberto. para ser bati%.ad o é preciso ser pecador? Um menino inocente não pode ser ba tizado? Que comunidade é essa de que fola o panfleto. na qual os inocentes não cabem'! Isso eles chamam de Igreja''" Por fim, atendendo a meu pedido. e le parou de ler. Não sem a ntes dizer-me. sempre indignado - e com qua nta razão! - que o panfleto terminava csrorçando-se por refutar maquiavelicamcntc os argu· mentos favor~·°lvcis ao Balismo das crianças. Fi nda a leitura. alguns curiosos

se dispersaram. comentando esca nda lizados o íolhctim da P,·elazia de D. Casaldáliga . publi,:ação per1c ncente a uma coleção d irigida por quatro frndcs... Um, porém. permaneceu. Era um senhor de fisionomia inteligente e bem co mposto, o qual se aprese ntou. Chamava-se Ramón. Era espa nhol e chegara recentebera boa íorrnação religiosa . - "Não é só no Br;,sil que o Clero progressisia se lança contra a Tradição da Igreja", disse-nos ele. "Vejam este impresso d istribuído pelo Bispado de Bilbao para comemorar o d ia do seminário!" Gilberto e cu o lhamos instintivamente. A figura esta mpada no impresso era monstruosa. Rcprcscn1ava vagamente um homem completa mente dcform,1do: pescoço exageradamente comprid o. grosso na rarte que toca o tronco. fino cm c ima: cabeça voltada de tal íorma para o alto que o q ue ixo projetava-se para ci ma e o cabelo para baixo: o lhos. nariz. boca. orelhas. tudo era horrendo. As mãos estiravam-se para o

céu. também dcíormadas. e seus dedos eram de grossuras mui10 desiguais. Parecia um co ndenado saído d o inferno. uivando de desespero. Na parte s~perior do impresso lia-se a frase: ·· J::t .i;irve 11 la ,/sp,~rtm:o··. E na parte inícrior do quadro podiamse discernir os dizeres: "8 de diâen,bre - dia dei st•1ni11ariu··. Não ê estra nho <1ue o Bispado de Bilbao 1cnha escolhido ta l quadro para comem orar o dia elas vocações'! - "Ê um detalhe de quadro do comunista Picasso". esclareceu o Sr. Ramón. E acrescentou: "Todos sabem q ue a arte modc,·na e o comunismo são muito relacionados; mas

Nossa reação fisionômica deve tt--lo amedrontado. pois ele esguei-

a espera nça que constitui para um

rou-se junto à parede e desa pareceu na primeira esq uina. Te ntei a lertar G ilberto. pois s ua leitura estava chamando a a tenção dos transeuntes. Ele. porém. não me ouviu e prosseguiu lendo: - "Não po11ha seu filho onde você não quer estar. O Batis,110 é con1pro1nisso de viverá fé e,n Jesus.

povo desva irado o Sacerdote ... Scr:i 4uc não havia símbolos m;i is adequados - e sobretud o mais católicos e menos subversivos para

)111110 ,·0111 os ou1ros cristãos[... ]. Se você não quer participar desta CQ· 1n1111idade dt1 cristãos, por qut' quer

Quem utiliza um símbolo desses. provavelmente serí, também contra o Batismo das crianças... e viccversa. O movimento deles é mundial". O Sr. Ramón despediu-se e afasto u-se. Eu também me desped i de Gilberto . Chegando cm casa. encon tre i o carteiro que entregava um pacote proveniente do México. Um parente me enviava uma coleção de 5 opúsculos, intitulada "Falenws do lgre· ja'', ed itada por um tal "Centro de Reflexão Teológica" da Cidade do México. Não faltavam os dii.eres: ·· con1 aprovllção edesiâstica". Folheei-os. Cada o púsculo era mais demagógico q ue ó outro . incitando o povo â subversão. Pouparei ao leitor novas citações. Limito-me a rcprodu1.ir as capas de dois deles. pois são bastante ilustra ti vas.

mente de sua terra nata l, onde rece-

o incrível é q ue certo Clero utilize wl figura como símbo lo. E segundo a explicação que figura no verso do impresso. o arbusto verde, que se vê através da janela. pretende signi licar

isso: sou marxista".

6

t·olocar dentro seu filho i110,·e111e?"

representar o povo e o sacerdócio'!''

E ao mesmo tempo em que nos presenteava com o im presso, prosseguiu: - "Peço descu lpas por ter in terferido na conversa. mas ac hei ilustrativo mostrar como o progressismo contamina o mundo todo.

Na manhã seguinte, ao acordar. algu ns aspectos da cena da véspera ai nda permaneciam vivos cm minha memória: a indignação de Gilberto contra o Pc. Crisanto, o risco espiritual que corria seu filho sem o Batismo , e a última frase do Sr. Ramón: "O movimento deles é mundia l". Então compreendi o sentido mais profundo da íamosa expressão de Paulo VI: "A _(,., maça de satanás pe11etró11 110 Te111plo ,Je Deu.('!

Jackson Santos

BAtoJLncn§MO -

MENSÁRIO com a1>rov11ção tC'lcsills1ic:s

CAM POS -

ESTA DO DO RIO

DirclOr: 1)11.ulo Corr(a dt Brilo Filho

Oirtloria: Av. 7 de Sctcmhro. 247 Postal .l.U • 28100 · (.';)rtl·

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SI'. "C:11t>lici:m10.. é uma JH1hlicação mcn-

s:·11 da Editora Padre lk lrhi\U (k Po,ucs S / C'. ,\ s.,;:inalur:a anu2I: comum CrS 700.00: cooperador CrS 1.000.00: bcMcitôr CtS 1.500.00: ~rnndc bcnícitor CrS

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C"rS 4t>0.00. t:). ltrior: eomum USS 20.00: b<nfci1or llSS ,10,00. 0!'- r,ag:uucnto~. scmrnc cm nome de Editorn Padr<' B<'khior d<' Pontes S/C. podcr;io li\'r crmuninh:Hlos :\ Admim)IWção. 1•~1r:1 mud:11,ç-:1 de Cri• dcrc.,,·o ele :is~inan1cs é ll\"CC~~i,.io mén· cion.u· t;)mbém o cndcn:ç~) :rn1ipo. A com..·~pond~nda ~Jnti\':1 ~ mi,"Ssn:itu• r:,s e vcod:t .ivuls-a deve !'-Cr cm•i:ula ;i ,\dmi11is1r:lç:lo:

Rua l)r. i\brlinico Prado. 271 S iio Paulo. S P

CATOLICISMO -

Abril de 1981


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Uma relíquia viva do Brasil perene

A ELEVAÇÃO, ·o VÔO E A GLÓRIA 10 DE JAN EIRO. cinco horas da tarde. Chegam as primeiras brisas do outono. Caminha mos cm dircç.ã o à famosa Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Não a cÓnhecíamos. Ao vê-la ao longe. uma primeira impressão de agradável surpresa: a proporcionalidade harmônica entre o conjunto da igreja e o outeiro. que se repele, como numa equação, entre a torre e

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Sua elegância cativante é realçada pela forma octogona l de suas naves, que lhe comunicam um suave movimento. em contraste com o

empinado cstútico de s ua 1orre. Rica em contrastes harmônicos.

atrai por s ua doçura. Uma doçurn própria do estilo colonial: ao mesmo tempo grave e festiva. ideal parn as ocasiões de gala. Doçura q ue se coaduna perfeitamente com o ar de

vigi lâ ncia perpétua e as linhas esÀ esquerda: na rampa que conduz ao topo do outeiro

laterais não impedem o observador de fixar a alenção na capcla-mór. As qualidades cx1criorcs adqui rem ai uma cono tação mais densa. O arco que a separa da nave da igreja é majestoso, mas o a ltar. no fundo, oferece um cálido ampa ro, acessível refúgio, amável convite. Em seu nicho. a figura que sinte liza e s ublima iodas as características da igreja: · Nossa Senhora da Glória. Com seus rcsplendore.~ gloriosos. lá se encontram. como dois sóis. as figuras do Padre Eterno e do Espíri10 Sa,110. parecendo guardiães da excclsilude da Mãe do Verbo Encar-

nado, que Ela lem em seus braços virginais. O que mais se poderia possuir? O que mais se poderia admi rar'! E o que mais pode ríamos nós fazer senão venerar a Mãe de Deus e pedir s ua benevolência? É o que fi,.cmos, jumo ao a liar.

Após uma pausa para reílexões. sa ímos com vagar e j,í saudosos. No arco exterior, recordamos a história

daquela o bra-pri ma do barroco brasileiro. Este outeiro foi reconquistado ao in vasor calvinista francês

cm 1567 pelo jovem capitão-mór Estácio de Sá. quando venceu o inimigo dois anos depois de fundar a cidade de São Sebast ião do Rio de Janeiro. O Ocm-avcnlurado José de

Em 1737. fundou-se uma irmançadc com o objetivo de prestar cu lto a Nossa Senhora da Glória. Não se sabe ao certo. mas calcula-se que foi por volta dessa data que se iniciou a construção da igreja. Com o correr do tempo foi crescendo a veneração pela capela. e Nossa Senhora da Glória 1ornou-sc. no século XIX. a principal devoção da íam ília imperia l. Aos pés daq uela imagem consagrou D. Ped ro I sua filha D. Maria da Glória. fulura Rainha de Portugal. A partir de então. estabeleceu-se o costume de se consagrar ali os príncipes e princesas brasileiros à Senhora da Glória. Afirma-se que ncssI, época os altares eram lodos dourados.

Anchieta o as:;istia nessa ocasião.

tendo provavelmente amparado espirilUalmcntc o bravo comandante cnl sua morte. causada por uma

a igreja. na qual se alternam a brancura das paredes e o belo cinzento d as partes que ostentam a pedra. Sua arquitcmra como que realiza uma proeza, cm busca de uma regra áurea de monumentalidade.

À direita: f achada da Igreja de Nossa Senhora da Glória Embaixo: o pórti·

co e a porte de entrada

da nave

Aproximamo-nos. Subindo pela rampa e escadaria. os vários mirantes fazem crescer a expectativa. De repente, surge, em toda sua nobre altivez, a torre e parte da fachada. Nota-se agora a riqueza de seu estilo arquitetônico, que não percebíamos ao longe. Continuamos a subir. A Igreja desaparece outra vez. por um momento, para ressurgir logo mais. q uando alingimos o topo da rnmpa. Já no átrio inferior. de1emo-nos por alguns instantes. Esbelta, forte. coerente e decidida na clareza de suas linhas, a igreja, embora de pequenas dimcns<>cs. compraz por sua discreta ostentação. que nela não é afã de mostrar-se. mas sim o rcílexo de um valor a utêntic.o . Em seu conju nto. ela representa um prodígio de proporção. Não é grande. mas imponente; apesar de não ser elaborada. ela é refinada ; não é volumosa . mas mani fes1a força; é séria sem ser 1ris1e; elevada sem ser alta; parece insondt,vcl sem ser extensa. Garbosa e vigilante como um castelo, solitária e austera como um anacoreta, altaneira e amável como

uma rainha, leve e bem cimentada como uma idéia possante no campo da lógica: eis a Igreja de Nossa Senhora da Glória a exprimir uma como que vida sensível em sua arqui1c1ura. Uma sensibilidade latente. diriamos. mas não à maneira de cenas construções que sugerem a idéia de uma vida ativa e rcspiralória, como a do leão ou da águia. A Igreja da Glória, não; sua "vida" é delicada e silenciosa como a do lírio... CATOLICISMO -

Abril de 1981

flechada no o lho . Contava e le apenas 24 anos de idade. Em 167 1. va mos encontrar no ouleiro da Glória o ermitão Antonio de Caminha, que era também escullor. A seu cinzel devemos a imagem de Nossa Senhora da G lória que hoje ali veneramos. Afirma-se que o eremita foi auxiliado nessa larcfa por "dois ,:(J/hardos 11wru·ebo.,·. "An,:élicus Arti/kes".

A c.apeJa.mór. vista do coro da igreja

..r: +

,%,., ...

A Virgem da Glória. no alter·mór

Várias obras de arte que se encontram na igreja datam da época de sua construção, como os painéis de azulejos representando temas a legóricos. Rccen1cmcn1e decifrou-se seu sentido: trata-se de cenas do ··ca,uico dos Cánti<"u.f'. livro da

guias de suas colu nas e coruchéus. como a ministrar u01,1 lição cons-

1an1e de que a verdadeira doçura é compan hcirn da fortaleza. da temperança e da justiç.i, Porque a Igreja da Glória, poder-se-ia afirmar. lembra o guardião de um tesouro: se ele não o proteger. perder{, a capacidade de se cxlasiar diante deste último.

Sagrada Escritura no qual. sob inspiração do Espírito Sa nto. Sa lomão prefigurou o amor de Deus a Maria Sa ntíssima e à Ig reja. cnq uan10 Esposas do Ahíssirno.

Em frcnlc à igreja , lançamos ainda um prolongado olhar ao templo, como a nos despedi r dele. O entardecer transfigura o ambiente. ban hado pelos rcílcxos dos úllimos raios de ouro. Tudo convida ao s ilêncio. Ouvc•se apenas o farfa lhar

das palmeiras. E a brisa ondulance, suave, cria no espírito a viva imprcs~

Como que saindo de um sonho para entrar em out ro, aproximamonos do arco e pórtico de pedra. Ambos atraem com sua graça, vigiam com sua solidez e severidade. Penetramos no sagrado recinto: Do a lto do coro, uma vista de conju·n10. Os magníficos retá bulos

são de que a igreja como que desejaria voar. Sem dúvida. ela exprime

l

uma tendência para o vôo. a um leve e seguro vôo rurno a um mundo de

~

alba pureza. Anoitece. Adeus. insigne igrej a. irmã das nu vens e dos sonhos, amiga das cst l'c las. t'cOcxo puro da e1crnidadc. capela coroada de glória!

7


.AfOlLICI SMO - --

- -- - - - - - - *

A conquista da América Latina por etapas .

S PARTIDOS democratacristãos da América têm uma entidade supranacional com sede cm Caracas para coordenar suas ações e servir como forum para troca de opiniões e idéias. Chama-se O rganiiação Democrata-Cristã de América (ODCA). A mencionada entidade dispõe de uma revista de informações· e doutrinas, o " Informe ODCA ... Seu n.0 36, de outubro de 1976, publica resumo de duas conferências do sociólogo Roberto Bosc. de a lto interesse para brasileiros preocupados com as intenções do Kremlin a respeito do País. Bosc declara-se católico, e, sem fazer uma análise crítica, apresenta para conhecimento dos políticos da Democracia Cristã um plano russo para conqu ista de países da América Latina. Como o estudo não foi difundido senão em círculos reduzidos, julgo interessante apresentálo à consideração dos leitores de "Ca10/icismo ".

zem parte de programas de partidos democrata-cristãos. Tocar no ponto nevrálgico de como se pode, num país com PC pequeno, levar adiante um programa de décadas, favorecedor do comunismo, seria desvendar cumplicidades ocultas, cuja eficácia provém precisamente da ambigUidadc na qual elas vivem. Residiria aí a razão do silêncio?

O

1

Para as reflexiles do leitor

Autor Insuspeito Roberto Bose esteve dez vezes na Rússia, tendo lá feito dois estudos de extensão universitária. Ele viaja com seus a lu nos de Paris quase todos os anos à Rússia. Afirma ter feito cursos na Universidade Patrício Lumumba, onde, segundo éle, formam-se futuros líderes comunistas do Terceiro Mundo. Ali estudam mil latino-americanos. Como se vê, é um pro fessor universitário com boas chances de conhecer o que se passa na matriz d o comunismo...

Entre as matérias e nsin adas figuram, naturalmente, em lugar de destaque, as várias etapas da conquista do poder, meta constante dos PCs. Sofrendo cronicamente da falta de apoio popu lar, como atuar sobre u m país, com vistas a implantar o marxismo? Além do golpe de Estado repcmino, as o utras hipóteses comportam necessariamente a transformação gradual.

Um plano audacioso Eis um dos planos ensinados a fut uros Hderes: J.• etapa: Ascensão da burguesia nacional

Incentivar a ascensão da burguesia do pais e colocá-la em choque com os principais países do mundo capitalista. Para se manter nas posições de mando, tal burguesia procura alianças com militares progressistas e intelectuais de esquerda. O governo adota posição "anti-imperia lista", rompe a a lia nça militar com os Estados Unidos, mas ma nlém os laços econõmicos e d ipio· máticos. 2.• etapa: Fase nacional-democrática

Caminha-se aqui para o controle de todas as inversões estrangeiras e das atividades da burguesia do pais, e mbora se lhe permita ainda o lucro . O comércio exterior também é co ntrolado. Is to se fará pela mudança da legislação. O autor afirma ter visto na Rússia, no Centro de Investigação Jurídica, professores que preparavam livros destinados à transformação do Direito Civil nos países onde há boas possibilidades de tal plano lograr êxito. Esta mudança na legislação consolida a segunda etapa do processo. 3.• etapa: · As reformas democráticas Assim as chamam os soviéticos, porq ue elas podem ser efetuadas a ntes de o governo ser socialista. O

No Chile, apenas à guisa de exemplo, o papel da Democracia Cristã como preparadora da ascensão da coligação Unidade Popular (q ue conduziu Allende ao poder), foi magistralmente descrito pelo saudoso ex-diretor da TFP brasileira, Fábio Vidigal Xavie r da Silveira, em seu famoso ensaio "Frei. o Kerenski chileno", publicado em 1967, no auge do prestígio desse exmandatário andino.

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;;_______________ ,_ _ 1 Mia&a de réquiem na Catodrol do San Salvador, por sois guerrilheiros da Frente Democr4ti~ RevolucioMria (FOR) mortos em combate com o Exército. Atrás dos a.aettrdotoa, um guerrilheiro ergue o punho cerrado (saudaçlo comunista). - 01 comunis-taa fixam muito sue atenção na ajuda que o Clero de esquerda, militares progressi1te1 e parte da classe nMSdia podem conceder ao procasso revolucionério, diz Roberto Boa.e.

PC ai nda é fraco, sendo ilusória a te ntativa d e tomar o poder. Mas pode promover um pouco de violência, p.ira forçar o governo a and ar. .Nessa etapa localiza -se a c xecuçiio da Reforma Agrária, cujo objetivo nã o é aumentar a produção - sabeni os comunistas que e la ba ixará - mas destruir a a ntiga classe dos pro prietários n irais. Inclui-se nessa fase 1am bém a nacionali1.ação d os meios de comunicação socia l. So bre a impo rtância da Refo rma Agrária .nos planos russos, afirma Roberto Rose: "... u ma refonna agrário que foi 11111 .fracasso de prim eira c<llegoria. A <·oleiivizafâo das terras 110 tempo de Stalin foi um f racasso e aré hoje o campo russo não rec11pero 11 a f orça que tinha h á ci11qiie1110 anos. ( ... ) l: preciso f<1zer u11w ref or,na agrário [... ]. Pode ser que as cooperativas sejam unia boa solução, (... ) o es.re11ciol não é es1e ,nodelo único. ,nas romper as cstru· turas set11ife udois ou burg11esas. com o fim de destr11ir" classe dos an tigos proprieuiri"s ". 4.• etapa: Educação 80Cialista e luta contra a reli&ião

Pro move-se ativa educação baseada nos postul3dos do marxismolcninismo e combatem-se os princípios religiosos que impedem a adesão popular aos d itames do PC.

s.•

etapa: A revolução socialista Ourante todas as eta pas a nteriores. traba lho u-se no sentido de a umentar e consolidar o partido lcninista . Nesta fase, a numerosa classe operária, já traba lhada pelo comunismo, a lia-se aos ca mponeses e pa rte da classe média, tendo em vista galgar o poder.

Tais eta pas não são matema ticamente c ronológicas. A execução do plano depende de circunstâncias concretas. Em sua aplicação, lembra Bosc, os comunistas fixa m muito sua ate nção na aj uda q ue o Clero de esquerda, militares progressistas e parte da c lasse média podem conced er ao processo revolucionário.

Cita mesmo um fato sintomático. No Muse u d o Ateísmo. em Lcningrad o. há uma foto do sacerdote guerrilheiro da Colômbia, Pe. Camilo To rres. Na perspectiva marxista. ao atuar como aliado, tal sacerdote contribuiu para a difusão d o ateísmo.

O "kerenskísmo" democrata-cristão Acima o plano russo. Roberto Bosc não tra ta, e nt retanto, de um ponto nuclea r. Se o partido comunista, durante o desenvolvimento do mencio nado processo, habitualmen_-

te longo, é pequeno e muito combatido, como pode ter esperanças fundadas de orientar os acontecimentos na direção desejada? Será que a descrição pormenorizada das forças auxiliares e a factibilidadc de sua utiliwção pelo PC é dada noutro curso, ao qual não esteve presente o sociólogo? Sem forças muito ma is potentes traba lha ndo nesta direção, o processo não se desenvolveria rumo a seu ponto final. Como se fará , nos bastidores. a conjunção de esforços? Este ponlo não é tratado nas conferências de Bosc. Mesmo porque muitas dessas medidas. constantes das etapas intermediárias, fa-

A quem deseje analisar com maior segurança e amplidão de horizontes o lento deslizar de inúmeras nações rumo ao comunismo, apesar do P C ser fortemente minoritário. deixo aqui uma outra matéria para reíleKão, além da já citada importância das forças políticas auxiliares do programa comunista: a mudança de mentalidades. Tais forças auxiliares tornam-se organizações políticas de destaque porque correspondem à mentalidade e princípios de vasta ca mada da população. Como se atua nas psicologias para ir levando imensos contingentes humanos de posições conservador-as para a aproximação paulatina ao programa do PC? A matéria é muito vasta, transcende os limites est reitos de um artigo, cujo fim principal foi apresentar o programa descrito por Roberto Bosc. Fica à acuidade do leitor explicitar esse ponto final.

Péricles Capanema

Nos EUA, livro sobre a T FP "MEIO SÉCULO de epopéia anticomunista", obra la nçada no ano passado (ver "Ca10/icisn10" n. 0 354, junho de 1980), a q ual narra a atuação da T FP desde s ua fundação cm 1960, como também a pré-história da entidade, acaba de ser ed itada em inglês pela Fou11da1io11 for a Christian Civiliza1ion . de Nova York. Com 460 páginas fartamente ilustradas, o livro foca liza os cinqüenta a nos da epo péia conduzida pelo prof. Plí nio Corrêa de Oliveira, Presidente do Consel ho Nacional da associação, contra o comunismo e sua versão religiosa, o "progressismo". E chama .a atenção para a posição de relevo que o Brasil ocupa no mundo de hoje, juntamente com os demais países latino-americanos. 1anto do ponto de vista estratégico como geopolítico. Assinalam os promotores da edição norte-americana da obra que, apesar de seus contrastes físicos e culturais, o continente latino-americano encontra-se unid o pelo vinculo comum de s ua adesão à Igreja, formando a maior população católica do globo. Tais características levam-no a tornar-se um aliado na tura l dos

...•

Estados Unidos na resistência ao imperialismo comunista. Além disso, pela sua situação geográfica. por seus recursos naturais e potencial energético, o Brasil ocupa uma posição chave cm relação ao confronto ideológico entre o Ocidente e o Oriente. fato que não passa despercebido aos estrategistas de Moscou. Pelo contrário, há várias décadas a

Rússia tem envidado esforços para conquistar os países sul-america nos, seja através da guerra psicológica, seja mediante a infiltração ou a violência. Os estudiosos norte-americanos especializados cm assuntos brasi leiros - os chamados brazilia11is1s - muitos dos quais já têm tratado da TFP em seus livros, passam a dispor, a partir de agora, de um substancioso documentário a respeito da Socied ade Brasileira d e Defesa da Tradi~ão, Família e Propriedade, a ma,s antiga das várias e ntidades congêneres e autõnomas, existentes atualmente em treze países. Colocando ao alcance do público norte-america no a presente edição de «Meio século de epopéia anticomunista", a Foun· dation .for a Christian Civiliza1io11 tem em vista proporcionar estímu lo , princípios doutrinários e métodos de ação no sentido de defender o Ocidente contra a investida comunista. E visa também apresentar a história do confronto, verificado nas últimas décadas, entre os agentes do comunismo internacional, de um lado, e os herdeiros e propugnadores da civi lização cristã, de outro.


N.• 365 -

ENSÕES? Crises? É só do que se o uve fa lar. Nem a atenção se põe c m qualquer ponto do horizonte. por mais remoto que seja. sem as discernir, corroendo à tcrmita o u derrubando à bulldozer, aqui. lá e acolá. "Aqui": o que quer d izer isto? S im . aqui mesmo. Isto é. no Brasil. cm São Paulo. em torno de cada um. dentro mesmo de tantos e tantos! Tensões e crises. tanto do corpo quanto da alma. Para começar pelas do corpo. como vão lo nge os anos 30 - h;i meio século, pois - cm que a méd ia d as pessoas não tomava remédios porque não adoecia. O u porque. q uando acontecia adoece,·. era tão leveme nte. que a saúde robusta triunfava com o mero concurso de a lgum ingênuo remédio caseiro. o u com certa a titude de alma. levemente estóica. que o zépovinho rotulava pitorescamente de "chá de pouco caso". Não só as saúdes eram habi-

M.iio de 1981

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Diretor: Paulo Corrêa de Brito FWio

A no XXXI

T

tua lmente boas, mas as almas eram

desanuviadas (tanto quanto neste vale de U1grimas se possa ser... ). Por todos os lados se trabalhava. Mas cm vitrios lados também se rezava. Rezav:1-se até mais do que nos anos 20. A grande re novação religiosa trazida pelo surto das Congregaçcics Marianas soprava sobre o Brasil. de ponta a ponrn. E havia alegria

também. notadamcntc nas burgucsias médi.i e pequena , e na classe operá ria. Alegria na vida das familias. resultante. em ccl'ta medida. dos elementos saudáveis de uma tradição cris1ã que teimava cm não

morrer. Alegria comunicati va. largamente rcOctida nas páginas dos jornais. e mais ainda nas das revistas. E q ue repercutia nas vitrolas e _; nos rád ios, com os quais se deli-

~ ciavam os contemporâncos.

-;; Saúde e gosto de viver confe.., riam à sociedad e humana um reluziº~ mento de estabi lidade distendida e E farta. e de a legre expectativa quan~ to aos dias vindouros. "' O homem su pcríicial de então ~ preferia não comentar a imorali-

'o ~

~

dade que. entretanto, se avolumava nos ambientes insensíveis ao renou-

veou católico. Nem dar atenção aos

"' fatores de agitação social e cconô~ mica, os quais cresciam mais r~ípidos .l!! do que o progresso industrial.

&

Sinto a antipatia de alguns leito res contra a hipótese que acabo de lançar. Essa antipatia não provirá

do fato de q ue desperto pressenti· mentos que estejam neles sem que ousem confessá-los a si próprios·? Neste caso, suas antipatias não se.rão tanto mais acirradas quãnto mais sintamt cm seu foro intimo,

Aurore boroa! no Alaska. 0$ traços brancos sio estrelas. deformades na foto grafia. devido à longa exposição da cãmera e ao movimento da Terra. O fenõmono observado na noito de 12 de abril p.p. nos Estados Unidos foi. segundo toste• munhas, muito mais brilhante. E o clarão não procedia do Norte - como é o caso das auroras boreais - mas do Leste.

De 25 para 26 de janeiro de 1938. Essas foram as etapas da dcrro· Portugal inteiro estremeceu. Pois cada de um mundo. o qual só queria aparecera nos céus noturnos da Lu- urna ex istência terrena impregnada sitâ nia fenômeno jamais visto, isto é. do prazer de viver. uma imensa aurora boreal. O povo, Já registrei quanto é diferente o quiçá impressionado pela perspec- mundo d e hoje. Padecimentos no tiva dos castigos com <1ue. no de· corpo de quase cada um. Padeciclinio da I Gucrrn Mundial. Nossa me nto das almas interesseiras. porSenhora de Fát ima. pela voz de que vêem vãs :::: suas cobiça$. no Lúcia. Jacinta e Francisco. amca~ socialismo e na decadência. Padeça,·a o mundo impenitente (difusão cimento das almas desinteressadas. dos erros d a Rússia por toda a por verem os padecimentos dos inte· Terra. nova gucl'ra mundial. nações resseiros. Padeci mento dos que não que desapareceriam etc.) se punha a têm Fé, por que não a têm. Paderezar pelas ruas. teme ndo a j ustiça cimento dos que têm Fé. por verem de Deus. Sinos tocavam. As igrejas o estado cm que se e ncontra a Santa se enchia m. Amanheceu normal- Igreja de Deus ... de tanta prostra· mente o dia. e a vida continuou sem ção, que se d iria não a terem pomais. Em outras nações cm que dido prever, hü a lgumas décadas. houvera a aurora borea l - o fenô- nem sequer os Anjos de Deus, no meno foi visto ,11é na Itália c na mais a lto dos Céus! Grécia - ni nguém se incomoda ra. Dir-sc-ia que cm todos zumbe. Algum tanto tendenciosa mente in- consciente ou inconsciente. confesformada pelas agências noticiosas sado ou incon fessado. o receio de internacionais, a opinião pública algo que vai acontc.ccr. de todos os países pôs-se a rir: "esse Portugal .. ," Mas veio o castigo. Em março de 38. a Alemanha anexava a Áustria. Neste quadro. ocorre um fenôEm o utubro. os sudetos. Em março meno aná logo ao de 1938. Na noite do ano seguinte fora m invadidos a de 12 de abril p.p. , um forte clarão Tchecoslováquia e o Mcmel (Lituâ- avermelhado, visto também com tonia). Em setembro, a Polônia. A nalidades esverdeadas, a laranjadas e gucl'ra começara. amarelo claro. iluminou o céu dos

Estados Unidos. O fenômeno foi observado cm mais de dois terços do território norte-americano, na costa

Oeste, no Meio-oeste e cm todo o Sul. atéc o Golfo do México. A noite ficou tão clara, que automóveis transitavam de faróis apagados. Qual a causi, do fenômeno·> Nuvens luminêscentcs. ac ror:.~ horC'al? ':':~:n, tistas aba lizados discutem. Quanto às auroras borea is. são raramente visíveis ao su l do para lelo 50 e inteiramente excepcionais no para· leio 30, o nd e se sit ua a costa Su l dos Estados Unidos. no Go lfo do México. O fenômeno do dia 12 de abril foi registrado pelo Serviço Naciona l de Meteorologia, peh1 Administração Oceânica e Atmosférica Nacional cm Bouldcr. Colorado. e pela NASA (cfr. "Report<·r Dispa1ch .. de White P la ins. Nova York. de 13-48 1, ··Folha da Tarde" e ··E:s1ado de Minas" de 14-4-81 ). Novo sinal. a ameaçar de novos castigos uma li umanidadc cuja impenitência vem afrontando Nossa Sen hora de Fátima? Explosão. desta vez ocorrida não mais cm um mun-

do alegre. q ue não a esperava, mas cm um mundo opresso. desvairado e impenitente? Em um mundo cujos pecados vão assum indo todas as modalidades do escândalo?

.....

_g

De repente, eis que sobre o ~ grande festiva l alegre, gaiato. porém g não sem traços de dign idade. projci!: tou-se uma luz inesperada.

que minha hipótese tem razão de ser? Pergunto-o com ânimo cristão para com todos. inclusive para com esses caros antipatizantes. Parece que o fenômeno luminoso insôlito de 1981 é simétrico com o de 1938. Assim. penso ser razoável conjccturar que a suite da de 198 1 serú simét rica com a de 1938. ''Quem avisa amigo é". Meu comentário é feito à vista de que ai nda é tempo de orar. de mudar de vida . e assim de evitar o castigo que ameaça as nações. Tu. meu antipatizante. não exigias ainda ontem a liberdade para

Plinio Corrêa de Oliveira

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FATIMA: no andor coberto de flores. a Imagem de Nossa Senhora é conduzida da capota às escadarias do Santuário, poro uma M issa campal no ano pessedo. cercada por um mar de peregrinos.

todos. inclusive para os terroristas·? Sê coerente contigo, e respeita cord ialmente minha prôpria liberdade. Volto-me aos meus simpat izan· tcs. Meditemos e peçamos juntos a Nossa Senhora de Fátima. para que os homens se e mendem e o castigo seja assim evitado. na medida d o possível.

Campanha antinatalista no Brasil AUTOR IDADES governamentais do Pais pretendem implantar um programa de controle da nata-

lidade por meios naturais e difundir também métodos anific.iais ·- rejeitados pela Moral C.116lica - embora colocando algumas ressalvas para a difusão destes ú!timos. Com essa campanha antinatalista, o Brasil fica exposto ao risco de tornar-se uma nação decadente,

sem ter sequer povoado as vastidões da Amazônia, conquistada pela intrepidez de nossos bravos ante-

passados portugueses. Eles dilataram as fronteiras da Pátria além do imaginável, construindo praças desde Belém do Pará ao Forte Príncipe da Beira. em Ron-

dônia; ou de São Gabriel da Cachoeira. ao nordeste do Amazonas. até os pampas do Rio Grande do Sul. Renunciaremos a um futuro pujante· pará nos tornarmos uma decadente nação de velhos?

O fone que aparece ao lado foi construído no século XVII. cm Belém do Pará. Ele pode ser considerado um cdiffeio-simbolo. situado na região amazónica. do esforço ingente realiudo por nossos maiores no sentido de povoar e civilizar aquela zona. Nas páginas 4 e 5, nosso colaborador Murillo

Gallie,, secretário da Comissão Médica . da TFP. aponta as inconveniências da ofensiva cm prol do

controle da natalidade no Brasil.

O prese,n~ número de "Catolicismo" j á eBtav-a pJronto, quando ocorr.,eu o sacr.ilego atentado con.tra João Paulo II. A Redação desta folha pede a todos os seus )eito»es que dirijam, com ze lo especial, preces a Deus no transe dificil por que passa a Igreja em nossos dias.


A DESI NFORMA ÃO PLAN EJADA CONHECIDA e por VC'les anedótica desinformação que há cm muitos países a respeito do Brasil, e da América Latina de um modo geral, recebeu na última década um grande impulso. pois ao lado da mera desinformaç;io por ignorância desenvolveuse uma outra, articulada. planejada

A

Manipulando informações Lcrnoux manuseia um vasto arsenal de publicações. documentos e informações. com o que pretende ter colocado seu livro na categoria de bem documentado. Bem documentado'/ Não o diríamos.

..,

mcmo de uma melhor compreensão entre as Américas ...

\.l "'Clamor do Povo .. - vm livro repleto de distotções sobre a sit uação latino-ameri· cana. que não resiste a uma análise s6rie

'

e d isseminada por certas pessoas e entidades, com objetivos bem determinados e nem sempre confessados. Se havia norte-americanos e europeus c1uc acrescentavam aos mu itos atrativos de Buenos Aires o de ser a capital do Brasil, entre eles haverá agora os que consideram verdadeiras afirmações deste porte: "A persegui<:ãa à lgr<!ja Católica. e ramhé111 aos pru1es1a,11es, na A1néril·ll la .. tina. não 1ern ptlralelo na Nisu)ria ,noderna. 1nes1110 na Alenwnlta de Hitler e "" Unitio Soviétic" de S((1/i11··.

Na pressa, ta lve7., de receber o referido prémio jornalístico que lhe era destinado, a autora se esqueceu de utilizar uma parte importante da bibliografia e documentação disponíveis. Coincidentementc. foi deixada de lado justamente a parte d iante da qual suas teses não se sentiriam ,\ vontade. Ela prefere. para "documentar" a sua exposição, uma certa faixa de escritores, jornalistas e personalidades, faci lmente identificáveis por suas posições esquerdistas. Esse exclusivismo de fontes é tão dr{1stico que, mesmo ao se referir a obras que contrariam suas posições apriorísticas, ela o faz baseando-se cm comentários de escritores que desposam suas idéias. A honestidade profissional não se coaduna com um exclusivismo tão radical. A fim de predispor psicol ogicamente o leitor f, aceitação tácita de suas conclusões. ela transcreve logo nas primeiras páginas, e ainda ao longo do texto, relatos pessoais. minuciosos e patéticos, das torturas a que teriam sido submetidos Saccr-

midade o u semelhança de qualquer natureza. para ela dar como demonstrada a atuação daquela agência em vários casos concretos.

Um reflexo da autoflagelação A suspicácia da autora revela-se assim como rcílexo um tanto tardio da onda de ""10.flllgel"ção norteamericana. desencadeada a partir da voluntária derrota no Vietnã e avolumada com o rumoroso episódio de Watcrgate, época em que não faltou uma saraivada de recriminações a muitos organismos govcrnamenrnis e empresas privadas de seu país. O clima criado. especia lmente por aqueles dois acontecimc111os, propiciou o aparecimento da desastrosa administração Cartcr. durante a qua l a m11oflagda,ão teve seu pleno desenvolvimento e atingiu o auge. até que, pelos próprios excessos a que conduziu. surgiram as condições favoráveis para a sadia reação da opinião pública, de que se beneficiou o candidato Reagan. Como conscq Uência desse fenômeno de a111oflag(•lação, portanto, não poderiam faltar no livro vastas referências cm que a autora se orienta pela politica dos "direitos humanos", que a administração Ca rter como um "vaticano" infalivel pretendeu impor aos países amigos da América Latina. Para quem acompanhou com acuidade de vistas e sem idéias preconcebidas a luta contra a s ubversão e as guerrilhas, não é nccessiírio ressa ltar quanto representou de apoio a movimentos

principais armas de apoio a tais movimentos.

Um livro feito de encomenda Importa realçar que a autora se posiciona invariavelmente ao lado das figuras. organizações e publicações da esquerda católica. q ue ela menciona abu ndantemente. O que, mesmo sem a suspicácia que acima lhe atribuímos. nos faz entrever certas ligações. Se bem analisado, portanto, o livro "Cry o/ the People" nada mais fa,. do que repetir para o público

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cr\comcnda.

Difamando um adversãrio incilmodo Em uma obra assim concebida e vazada nesses termos. não poderiam faltar os costumeiros chavões que as esquerdas de todos os mat izes não cessam de propagar a respeito das diversas TFPs. Pcnny Lernoux os

..

l J 1980: cooperado-

,es da TFP distribuem roupas e alimontos a flagelodos das enchontes do rio SAo Francis-

co. em Bom Josus da lapa. Bahia. •

,

1978: no trevo de Aparecida. o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (à direita do andor, de flã· mula) cumprimen· ta membros do Conselho Nacional do TFP. quo cho, gam om peregrinação. traz:endo uma

Perseguição à Igreja? Ninguém ignora hoje a infiltração comunista nos meios católicos. Essa infiltração atingiu proporções tais que o ex-secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro. Lui1. C,irlos Prestes, não vacila em dizer que a Igreja, de adversária que era dos comu nistas até 1964, transformou-se cm aliada (cfr. ".!ornai do /Jrasil". 10-12-79). Assim acobertados. os comunistas procuraram rotular de perseguição à Igreja o que na realidade não passa de denúncia e combate a comunistas infiltrados na Igreja. Isto que todos os brasileiros com dotes e leigos. Calcada nessas desisenção de ânimo reconhecem. é crições - que cm nada diferem das deliberadamente ignorado no voze- inúmeras outras com que os exilario que se instalou no Exterior a dos políticos procuraram desfigupropósito da repressão ao comunis- rar, no Exterior, a imagem dos mo cm países da América Latina. países que optaram pela via nãoUm exemplo da obra redigida den- comunista - a autora se sente tro desta ótica é o livro "Cry o/ the suíicicntcmcntc segura e desinibida Peop1,,·· ("Clm11or do Povo'), da para apresentar generalizações e jorna lista norte-americana Pcnny conclusões como a que citamos. Lernoux (Pcnny Lcrnoux, "Cr.v o/ the l'eople", Doublcday & Com- Visão distorcida da pany, Nova York. 1980. 535 pp.), América Latina dedicado ao estudo da situação política. socia l e religiosa da América Gcne,·a lizaçõe.~ e conclusões preLatina. cm especial ao "<mvolvi1ue11- cipitadas não é o que falta nas 535 10 dos Estados Unidos 110 ascens,io páginas da referida obra. do f"scismo. tortura e assassínio, e a Mrs. Lernoux focaliza com as perseguição ti Igreja Cmólico no mesmas lentes. e engloba cm um América loti,u,·· (subt ítulo do li- todo mais ou menos homogêneo, vro). Dele também tiramos a afir- países tão dispares como o Paramação mais acima (op. cit., p. 13). guai e o Brasil, a Colômbia e a É oportuno ressa ltar que a auArgentina, para concluir que cortora recebeu, em virtude des.~a obra, rupção administrativa. contrabando o prêmio "Cabot". distribuído pela e tráfico de entorpecentes, repressão Faculdade de Jorna lismo da Univer- policial, distribuição irregular da sidade de Colúmbia (Nova York), riquc7,a etc., são onipresentes, e recm fins do ano passado. Convém sultam da atuação dos regimes miliesclarecer que tal prêmio é um dos tares que ex istem no Continente. mais prestigiosos do jorna lismo norÉ com tal visualização estrábica te-americano. E ele foi concedido a que ela procura, por exemplo, mosPenny Lcrnoux - ó ironia dos trar que a CIA é o agente principal falos! - precisamente porque a da ação anticomunista na América referida faculdade considerou q ue os Latina. Baseando-se para isso em trabalhos jornalísticos dessa escri- tênues indícios ou suspeitas. cm que tora contribuem para o estabeleci- basta por vezes uma simples proxi2

ameaça comunista. Nisto Mrs. Lernoux se associa às inúmeras vozes que se dedicaram sem descanso a essa rnrefa. O que resultou, mais propriamente. em um livro feito de

~1

pró-comunistas cm países latinoamericanos a orquestrada campanha movida internacionalmente em defesa dos "direitos humanos", como os entendia a admin istração Carter. Essa foi mes mo uma das

i imogem de Nossa t Senhora A parecida ao longo de 22 km.

\ - Osdetratoresda entidade silenciam sobre as atividades fi lant rópicas ou manifestações 6e corâter religioso da TFP.

norte-americano os slogans, já agora um tanto fora de moda. que tiveram livre curso numa época cm que era necessário, para a propaganda esquerdista, denegrir aos olhos do mundo q ualqucr reação contra a

Concentreçlo reali1;ada em Nove Yotk, no ano de 1971, contréria à participaçl o dos Estados Unidos na guerra do Vietnl.

enfileira ao longo de nutridas quin7.C páginas, com o mesmo timbre e a mesma ausência de fundamc1110 com que periódica e infrutifcramcntc a imprensa esquerdista de todos os naipes o íaz: orga nização paramilitar; treinamento de guerrilhas; financiamento do Exterior: fundamento doutrinário nazi-fascista; atuação contra a Igreja. Em síntese. os costumeiros chavões que o povo brasi leiro ouve, desconfia. entende... e despreza. Porque sabe de onde vêm e com que objetivo. Não se justificaria, portanto. 10marmos o precioso tempo do leitor com estes comentários. se a autont tivesse publicado sua obra no Brasil. porque a ausência de fundamento a lançaria no mais retumbante ridícu· lo. Tão faccioso é o caudaloso texto. que seria difícil encontrar no Brasi l um editor sério que se interessasse cm publicá-lo. Mesmo a imprensa brasileira de esquerda tem mantido um cauteloso silêncio sobre a TFP - a maior organização civil anticomunista do País - c.~pecialmentc após a publicação da obra "Meio sé<·ulo de epopéia a111i<·o11111nis10", Nesta, a associação apresenta. com farta documentação, a doutrina, os métodos e os objetivos que norteiam sua atuação. E, ao mesmo tempo. pulveriza os a taques - singu larmente semelha ntes aos da autora norte-americana - lançados contra a TFP por órgãos de imprensa esquerdistas no Brasil. ao longo da profícua ação desenvolvida pela entidade. Lançado nos Estados Unidos em 1980, não nos consta que "Cry o/ the People" tenha despertado o interesse de qualquer editora para o lança men10 de uma tradução no Brasil, ou mesmo que ten ha sido objeto de qualquer comentário na imprensa brasileira. Obviamente, a obra se destina especialmente a divu lgar no Exterior imagem negativa do Brasil e demais países latinoamcricanos. como apoio para a atuação esquerdista que nestes se desenvolve internamente. A este titu lo , portanto, cabe-nos alertar e premunir os brasileiros para a desinformação planejada, com que certo tipo de escritores tem deturpado a imagem da vigorosa reação a ntiesquerdista que se vai operando em amplos setores da opinião públ ica mundial.

Gilberto Miranda CATOLI CISMO -

Maio de 1981


Formação cultural e trabalhos de artesanato ,

VISITA AO SETOR OPERARIO DA TFP Reportagem de C. Nunes Pires SETOR OPERÁRIO da TFP encontra-se cm franca expansão. Além de já funcionar, há certo tempo, em Belo Horizonte, tal setor existe agora cm São Paulo. Rio e Campos (RJ), a fim de proporcionar condições para a realização de palestras de formação e trabalhos de artesanato. Os cooperadores do Setor Operário recebem sólida formação cívíco-cultural, baseada na doutrina católica. além da orientação de cunho artesanal. Em matéria de trabalhos manuais. a trad ição - que figura como um dos valores mais importantes defendido pela entidade - tem se constituído para a TFP um campo propício para incentivar a criatividade. o esmero e até o requinte na produção artesanal. Ademais, mesmo cm ambientes extrínsecos à TFP registrou-se, de uns anos a esta parte, surto do estilo colonial inspirando a construção de residências e cdiflcios. Essa tendência não se restringiu à arquitetura. mas inílucnciou também o mobiliário, através da confecção de peças torneadas e entalhadas que são hoje apreciadas cm todo o Pais.

O

Peças de metal Quem visitar o Setor Operário da Secção mineira da TFP. cm Belo

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Fino relicârio Imagens sacras A confecção de imagens sacras cm gesso é também uma especialidade dos artesãos da TFP em Belo Horizonte. Depois de algumas tentativas sem exito. essa atividade

ocas ião do último Nata l, uma visita a favelas da cidade a fim de distribuir terços e estampas de Nossa Senhora de Fátima. Algumas mães pediram aos cooperadores cariocas que instruíssem seus filhos, que não sabiam rezar. "É claro que nós convidamos aqueles que realmente desejavam aprender e se formar, a freqüentar nossos ambientes". comenta Noé Rocha de Araujo, cooperador da TFP que oriema o trabalho cio Setor Operário mantido pela Secção do Rio de Janeiro.

Estandartes

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No Setor Oper6"rio de Slo Paulo. cooperadores executam trabalhos de restauraçlo e pintura de imagens

Horizonte, logo ao se aproximar certamente escutará as marteladas com que alguma peça de metal. colocada sobre uma bigorna, esteja recebendo seu acabamento. Ouvirá. talvez, as músicas entoadas pelo coro da TFP, reproduzidas num gravador cassete. ''Cantos gregorianos. como os que figuram no ·· Liber Usualis"', são excelentes para propiciar um ambiemc de calma. Também gostamos muito das marchas inglesas e escocesas. E costumamos ouvir, de ve1. em q uando, minuetos como o de Ooccherini", comenta Edson Barbosa, responsável pelas atividades artesanais, na capital mineira. Embora já experiente no ramo, como antigo funcionário de uma empresa de mineração, Edson Barbosa está sempre empenhado cm descobrir fórmulas novas daquela modalidade de produção, ·não se restringindo, portanto, a repetir os métodos já conhecidos. Alguns anos atrás, por exemplo, notando que se partiam com freqüência as pontas dos mastros dos estandartes - em forma de ílor-delis, esculpida em madeira - ele experimentou fundir a mesma peça cm alumínio. dispondo de um equipamento rudimentar para a fundição deste metal. O objetivo foi alcançado, mas não chegou a ser adotado, uma vez que o peso daquela peça dificultava a mobilidade que os estandartes devem ter nas vias públicas. CATOLICISMO -

Maio de 1981

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No Setor Operério do Belo Horizonte, Edson Barbosa orienta um trabalho artesanal importante para as campanhas da TFP; confecçlo de pontas. em forma do flor-do-li,. para fustea de est.andartes

estilo de trabalho manual exercido na TFP, que lembra a d ivisa de São Bento, adotada há mil e quinhentos anos pela Ordem Beneditina: "Ora et labora" (Reza e trabalha). Explica o cooperador Eduardo Zacarias de Paula: "Sabemos que, depois de uma semana de trabalho numa . fábrica. os operários estão fatigados e há quem deseje passar o sábado e o dom.ingo sem fazer absolutamente nada. Mas existe uma forma de descanso, diferente da apatia. e cujo valor não é difícil comprovar: consiste num trabalho de formação cultural. ministrado de forma acessível e com o emprego de muitos exemplos concretos, ilustrados mediante fatos de nossa H istória. Ao lado disso, o entretenimento próprio da at ividade artesanal, respeitado naturalmente o Mandamento do repouso dominical. "Assim, temos convidado com êxito muitos operários para rugirem do tédio e do va1.io, que tantas vezes caracterizam a vida moderna, e lhes indicamos o ideal da TFP. Sim, tal ideal que vem sendo defendido há mais de cinquenta anos pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da associação··.

tomou novo impulso quando Edson Barbosa conseguiu pôr cm prática a técnica de modelar formas de borracha, confeccionadas a partir de uma peça original, q ue vai sendo e nvolvida- por sucessivas camadas de látex salpicado de gesso. A receita, com vários detalhes aparentemente minúsculos. constitui para os profissionais do ramo um "segredo", transm itido a pouquissimas pessoas. a exemplo do que ocorria nos artesanatos e corporações de ofício da Idade Média. "No momento estamos fazendo imagens de Nossa Sen hora das Vitórias - informa ele - mas já confeccionamos anteriormente outras de Nosso Senhor, para crucifixos, muito usados junto à cabeceira de camas, nas sedes-moradia da TFP". Porta-retratos e outras peças de couro já estão sendo executados, ao mesmo tempo que, cm outro local, lâminas de metal são recortadas e, conforme o caso, submetidas à douração. com a uti lização de eletrodos. Sobre a mesa, alguns jovens ocupam-se com o acabamento de alabardas. Edson Barbosa comenta: "Como peças decorativas as alabardas são muito significat ivas. Pode-se considerá-las, de certo modo. como símbolo da dedicação e do heroísmo a serviço do bem"

Presentes a favelados No Rio de Janeiro, os membros do Setor Operário promoveram. por

Quando a TFP não con tava ainda com Setor Operário nas vária~ cidades. tarefas como a pintura de estandartes eram naturalmente desempenhadas por sócios e cooperadores de outros níveis profissionais. E desde que as circunstâncias o ex ijam, como por exemplo num:1 campanha de grande porte, tal participação ainda se verifica. "Para confecção de estandartes - explica Eduardo Zacarias de Paula, responsável pelo Setor Operário de São Paulo - utilizamos hoje um método que foi obtido depois de sucessivos aprimoramentos. Quando confeccionamos os primeiros. hã IS a nos. empregávamos muito mais tempo nessa tarefa, pois os leões eram pintados com sistemas "caseiros": papel de seda com o

figura seja reproduzida sobre uma superflcie, bastando para isso passar um pequeno rolo sobre a membrana perfurada, à maneira de um cstênci l de mimeografia".

Em Campos O Setor Operário da TFP na cidade de Campos atende hoje em dia os pedidos provenientes das sedes da TFP de todo o Brasil, bem como das Caravanas de propagandistas da Sociedade. referentes a estandartes. Para a pintura de estandartes grandes, o método de ··sifk-screen" não é viável. Em seu lugar, utilizam-se folhas de cartolina , tendo recortada a figura do leão. Os objetos confeccionados pelo Setor Operário das diversas cidades destinam-se exclusivamente às próprias sedes da TFP e às campanhas dela.

"Esse grande pensador católico - continua Zacarias de Paula tem dispensado caloroso estimulo ao Setor Operário. No ano passado, nossos colegas de Belo Horizonte confeccionaram um relicário dourado, com cerca de 30 ccntimetros de altura, cm forma de caixa, com as partes laterais de cristal, encimada por uma cobertura imitando o telhado da Sainte-Chapelle, de Paris. e torreões que evocam a Torre de Belém, em Lisboa. "O excelente acabamento da peça e os belos motivos de sua decoração foram muito apreciados pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e

"Ora et labora" Pouco tempo depois de instalada, a nova sede do Setor Operário no bairro do I piranga, em São Paulo, já dava início às programações de final de semana, com a apresentação de áudio-visuais e aulas de karatê. Oeste esporte praticado pelos jovens como um entretenimento sadio nos fins de semana - encarrega-se o nissei Shigueru lwabc, que normalmente pode Em Belo Hori·

zonto. o Setor

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Operário já confeccionou vá · rios medalhões dourados, com , a estampa da J. magem Pere· grina de N OS$8 Senhora de Fé·

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da). A direita, o serviço de ~etoques em 1ma· gens de gesso.

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desenho a ser estampado, papel carbono e lápis. "Mas a TFP tendo crescido continuamente, tornou-se necessário que aumentássemos também a rapidez do processo. Para isso, adotamos o "'silk-screen", aplicando essa técnica modernà a serviço da tradição. Ela permite que qualquer

ser encontrado em várias sedes da TFP, coordenando trabalhos de eletricistas. pedreiros e pintores. todos cooperadores do Setor Operário da entidade. Shigueru traz à cintura. junto com o martelo ou chaves de fenda, um terço vistoso e marcado pelo uso. Este objeto de piedade pode ser considerado um sim bolo do

por todos os sócios e cooperadores da entidade. E hoje o relicário achase exposto em lugar de destaque na Sede do Conselho Nacional, situada à Rua Maranhão, 541, na capital paulista". E observa, finalmente. o orientador do Setor Operário de São Paulo: "No interior desse relicário encontram -se atualmente as relíquias dos santos que a TFP escolheu como padroeiros: São Francisco de Sales, São João Bosco, São Gregório VII, São Luís Maria Grignion de Montfort, Santo Inácio de L9yola, São Pio X, Santa Tercsinha do Menino Jesus, além de outras relíquias, trazidas ao longo dos anos por sócios, cooperadores e amigos que as obtiveram, especialmente em visitas efetuadas a Roma", 3


Ainda a lilllitação da natalidade CONSEQÜÊNCIAS FUNESTAS ATINGEM ENVELHECIMENTO d,is populações cm países da Europa Ocidenta l como corohírio da limitação da natalidade e a causa principal do aparecimento dessa mcn1a lidadc an1inatalista fo· ram objeto de considerações cm an igos publicados nesta folha (cfr. ··ca1t,lici.,mo ... n."s 361 e 363. janeiro e março de 1981). Na pre.s cntc co laboração analisa-

O

para resolver os problemas econômicos e sociais de um pais. Segundo os antinatalistas r.anf1 · ticos, a miséria. a criminalidade e o desemprego seriam s ubprodutos de um excesso de popu laç,1o. A diminuição do número de na:-;cirncntos traria a solução par<1 aqueles malc.s e elevaria o nível de vida de todo o povo. Não haveria mais íamilias numerosas passando necessidade.

remos algumas dns conscq üências

nem menores dcscmprcg~1dos tt

desse envelhecimento populacional. E também· se a ameaça dc.,sc CS· tigma já começa a pairar sobre o f3rnsil . Como nos artigos precedentes. os dados relativos ;\ Europa foram retirados do livro "J.11 Fr111u·,• ridéé'"

mi nho da dclinqiiência. O pequeno número de postu lantes a empregos faria com que estes fossem suficien-

(..A Fflmça ,•11rugltd11..).

Transformação qualitativa e diminuição quantitatíva Pior do que a diminuição <1uan. tit;uiva da população é <'l tn111síormaç.ã o <1ualitativa que a precede. Uma nação com seus habitantes

envelhecidos. embora a inda não reduzidos cm número~ jt, é um pais decadente. À medida que pessoas de idade madurn e provecta vão se tornando

proporcionalmente mais numerosas.

Uma cla$S8 do Mobral. onde se difundem conhecimentos sobre a limitação da natalidade. Um estranho convénio firmou-se entre a CNBB o esse organismo governamental para a difusão de méto· dos naturais do

controle

cê1-

povos. desde a Antiguid,ldc pi,gã. A cxigüidadc do espaço nos impede de trarnr o a~su,uo com mais detalhes. Na França. o nde se começou ,, limitar a n;:italidttdc cm 11ns do século XVI li. o pcrccn1ual de scxagcmirios na população e ra de 7.1 cm 1780: 10.1 cm 1810: 12.3 cm lll50: 15.9 cm 1940 e 18. 1 atualmcn1e. Ourante o século XIX a população íran<:c;sa cresceu apenas cm 1/ J. cn· quanto a de oucros pa iscs duplicou ou triplicou. De acordo com a argumentação antinat;il ista. a França dcvcri;1 alcançar. no fi m do século

ve a população ser doiada de espírito criativo e poder de adaptação às novas circunstâncias. acei tando correr o risco de novas experiências. O que só é possível com uma população jovem. O aforisma de que a dificuldade é criadora não se aplica a uma população envelhecida e acomodada. Propor a lim itação da nata lidade como solução para o desemprego é desejar o a umento do número de inativos e aposentados cm dcirimcnto do setor produtivo da população. E os inativos de um pais só

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cio. Tal inicietive, contudo. tam• bém predisporá os casais a utili· zarem os meios ertifieiais o anti· naturais de limi- , tação.

a característica psicológica da população j,l muda cm seu conjunto. embora cada faixa ctátia conserve seus predicados próprios. A nota dominante, porém. jii não é dada pelo arroubo. ousadia e criatividade da juventude. mas pela mentalidade prudente. sccuritúria e egoist;i. mais natural à idade ll'1ndura e à velhice. Pouco amiga dos riscos e das

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novas experiências, dominando os posto:-:: chaves da administràçào pú· blica. dos meios cmprcsaria i::; e da produção. almejando apenas uma aposentadoria segura que lhe proporcione a fruição de uma vida ca lma e despreocupada. afastando com horror qu;1lquer possibilidade de luta ou de sacrifício. uma popu lação envelhecida conduz o p;1ís não

só à estagnação e decadência cco-nõmica. corno também :1 uma futura

submissão polí1ic;i diante de povos mais jovens, dotados de cspi,·it o de luta.

Natalidade e problemas sócio-econômicos Isto mostra quão longe da verdade cs1iio os que propõem a limitação da natalidade como panacéia

1cs para todos. dispensando o recurso ao crime para a sobrevivência. Entretanto. a experiência históric<l moslra que ;:a re(l lid:.1dc é co rnplctamente difcren1c. A limitação da na talidade nunca foi solução para o problema do desemprego nenr trouxc elevação do nível de vida de 11111 país. Pelo contrário. ela é sempre posccri'o r ao progresso eco nômico e representa o inicio de uma fase de decadência.

Controle da natalidade, envelhecimento e decadência A seqüência: limitação da natalidade -? envelhecimento - > decadência e submissão, sempre se observou ao lo ngo da história dos

Na Amazônia. vastidões desabit adas. Como poder6 o País ocupar essa imensa região~ com a atual rn,entolid.ade antinatalista pregada pela.s autoridades gowmemen18i.s7

passado. um nível de vida. um de· senvolvimcmo industrial e uir1:1 produtividade agrícola bem superiores :1 de:: seus vizinhos. Entrc,anto. os dados econômicos most1·am que na· da dis.so ncontcccu. O envel hecimento trouxcrn uma mentalidade avessa às novas cxpctiências e aos e mpreendimentos de risco. Resultado: estagnação. A Europa do periodo após-guerra de 1945. c1uando houve gra nde :w mcn10 da narnlidadc . .-ccchcu aind<t 7 ,nilh õcs de imigr:_111tcs de ouln1~ partes do mundo. E houve emprego para todos.

Limitação de nascimentos e desempregos Outro exemplo bastante signi . . ficativo é o da A lemanha Ocidental que, desde 1973. ap.-escn1a os mais baixos índices de fecu ndidade de sua história. Mesmo cm 19 17, quando havia 7 milh ões de homens na frente de batalha; ou cm 1932-jJ, no auge de s ua pior crise econôm ica: ou ainda cm 1945. quando o pais se encontrava prat icamente destruído. o índice não atingiu as baixas cifras da última década. Sc$undo a concepção dos antinatahstas. deveria liavc.- empregos cm número bem maior que a procura. Entretanto. notícias recentes mostn,m que o dcscmp.-cgo atinge 4,8% da população ativa ("Time··. 26- 1-8 1. p. 28). Também na Inglaterra. pais cm que a con1racepção e o aborto ht muitos anos vêm fazendo suas devastações. a baixa natalidade não impediu o desemprego que atinge 10% dos 1rabalhadorcs. segu ndo reconhece o próprio governo britânico ( ..Jornal do Brasil". 28-1-8 1). O problema do desemprego não se resolve limiiando o número de candidatos, mas criando condições satisfatórias para que haja novos empregos. As estruturas econômicas de um país não são rígidas e fixas como é a sua superfície cm quilõmct.-os quadrados. Se um maior número de habitantes aumenta nc· cessa riamente a densidade demográfica. um maior número de candidatos não aumenta necessariamente o número de desempregados. Mas para que as estruturas econômicas ten ha m clas1icidadc e vitalidade. de-

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podem viver à custa dos que produzem. Diminuindo a íorça de produção pela limitação ela nata lidade. a famosa previdência social irá à falência e os aposentados não terão como se s ustentar. O u irão procurar trabalho novamente. agravando ainda mais o problema do desemprego. Por outro lado. aurncntar o numero de inativos pela redução da idade para a aposentadoria. é aumentar o número de desempregados definitivos q ue passam a viver às c ustas do Estado. O Estado prcvidcnciàrio que limita a nata lidade de seus súditos é. portanto. um Estado potencia lmente fa lido. Se isso ocorre na Europa, o q ue se pas::.a no Brasil'! Estaní nossa pátri,i também rumando para o despenhadeiro·? (•)

O declinio da natalidade no Brasil O censo de 1980 revelou que estamos com uma população de 12 1.075.669 habitantes; contra uma estimativa de 123.032.100. Portanto. 2 milhões de habitantes a menos do que o esperado. A taxa de crescimcn10 anual da população durante a década de 1970-80 foi de 2,47%, contra uma estimativa de aproximadamente 2.8%. Nas décadas anteriores o crescimento anual foi: 1940-50 - 2.4%; 1950-60 - 3%; 1960-70 - 2,9%. A taxa bruta de natalidade. que no período 1872- 1890 foi de 46,5%. manteve-se praticamente cst,ívcl até o período de 1950-1960. quando atingiu 43.3%. Entretanto, no pe· riodo 1960-70 ca iu para 37,7%. o que representou. cm dez anos, uma queda de 5.6 pontos contra 3.2 dos sessenta anos anteriores. Algo deve ler sucedido nessa década. Ainda não temos os dados referentes ao pc.-íodo 1970-1980, mas tudo leva a c re r que a nata lidade baixo u a inda 1nais, tendo cm vista a queda acentuada da taxa de crescimento nesta última década. (•) Os dado$ sobre o 8r3Sil fomm obtidos

cm publi~1ções da Fundação lns1ilu10 Brasileiro de Geografia e Estatística. e nos rcsulrndos do rt<:cnseamcnto de 1980 public.ad os ()('13

imprcns.a di(1ria,

Também a taxa global de íccun-

didadc mostra uma <1ueda expressiva:

1930-40 - 6.2 1940-50 - 6.2 1950-60 - 6.3 1960-70 - 5.8 No período 1970-80. ela deve 1cr acompanhado a baixa do crescimento populacional e da taxa de natalidade. A taxa de mortalidade. devido naturalmente aos progressos da n,cdicina. teve uma queda muito mais acentuada. passando de 30.2% no período 1872-90 para 9.4% na década 1960-70. Poderíamos cnt,1o perguntar: uma vez que cm nossa P,ítria rnnto a narnlidade quanto a mortalidade estão decaindo. j:.'1 estanl cnvêl hccida a população brasileira? A resposta é: ainda 1uio. Rcal111en1e. os dados que temos a esse respeito não são alarmantes. Os menores de 20 anos eram 53.3% da população cm 1940 e passaram a 50.7% cm 1976: enquanto os de mais de sessenta anos constituíam 3.2% cm 1940. passarnm a 5.9% em 1976. Existe uma tendência par.a o e nvelhecimento. mas a nossa ainda não é uma popu lação envelhecida. Insisti mos no tel'mo ainda por<1uc a queda da morrnlid~1dc, cm sua primeira fase. atua como fator de rejuvenescimento da população. Só posteriormente age como fator de e nvelhecimento. conforme explica o Pro f. J oão Lyra Madeira c m seu estudo "A dinámica cio 1no,1imcl/lto natural dt1 popula{'cio hrasileira" (Fundi,ção IBG E. Rio de Janeiro. 1979. pp. 33 e .l4).

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A posição do Governo brasileiro em face da questão Tendo cm vista essa incon1cstávcl diminuição da natalidade observada cm nosso Pais. qual é a atitude do alua i governo'? Repetidas vezes. 1cm ele declarado que considera seu dever levar a todas as camadas da população o conhecimento e o fornecimento dos meios ant iconccptivos. a fim de que cada casa l possa limirnr o número de filhos. segundo sua consciência e suas necessidades. Essa mal disfarçada campanha de limitação da nata lidade faz parte de um 1,rograma governamental a ser implantado durante o ano corrente. O Sr. Waldyr Arcovcrdc. ministro da Saúde, declarou meses atrás:

"t 11e,·cssário que o c"sal decida

livre,nente o que Jazer parll evitar filhos; é po11to bási<·o que " população, especialmente a de l>aixa renda. esteja informada sobre os métodos preven1ivos··. Explicou ainda que ..o programa de co11trole dtJ 11atalid"de a ser i1nplo11tado pre1ende reduzir as gestações indesejáveis. a1ravés da divulgação de i11forma1ões e111 1odos os ,neios <Í<' rumu11icação. p rivilegiando os 111eios 11aturais e co11dicio11ondo os

ou1ros (pílula. diafrag11w e es1erilização) à indicação médica e à prévia tn·eiMção do càsar. E acrescentou o ministro: ..A di111inuição do 11ú111ero de noscilnentos é altan,ente

desejável do ponto de vis1a social devido aos problenws de geroçtio ,le empregos. que resolveria, e pela cco1101nia de et1uiJ)a111ei11os sociais.

hospiwis. escolas e habitações .. ("Jornal do /Jrasir, 28-1 2-80). Por essas declarações, vê-se que é realmente intenção do governo promover a limitação da natalidade. atendendo aos apelos daqueles que a indicam como tratamento infalível para a cura de inúmeros problemas de ordem econômica e social.

Oesestímulo

a natalidade

Essa meta ant inatalista torna-se mais evidente através da noticia de que ..o novo Es101t110 do FuncioCATOLICISMO


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VARIOS PAISES E O BRASIL nano Público Civil. a ser apredado em 1981 pelo Congresso Nacional. prevê que o servidor público cnn1 mais de três filhos terá red11zido o saltírfo familia. [... ] Serão adorados valores variâveis paro o pagan,ento do salârio-.familia. o que inc/11i aré sua elin1i11ação tios sen•idores d,~ salários 111(lis altos [...]. O ante· prt!ieto pretende desesrimular, através dessa redução de ajuda, o (·rescin1<mto da prole das classes 1nenos j,111oreddas" ("Jornal do Brasil", 24-1 1-80), Está assim perfeitamente configurado o favorecimento da contracepção e a guerra às famílias numerosas. Enquanto os que não desejam ter fi lhos merecem todo o amparo, os que têm a ousadia de optar por uma prole um pouco maior são castigados por se conformarem /1 Lei de Deus e à Lei natural... Os que as transgridem,

pelo contrário.

Núcleo de colo· niu ç.lo em Altomire, Pará. Somente femflies proUferaa poderio povoa·, satisfa to riamente o imenso território nacío

são

apoiados. Persegu ição ao bem e estimulo ao mal. Sintoir1a bastante

caractel'ist ico de nossa época. Ent retanto. para tornar eficiente um programa de controle da natalidade cm nível tão amplo. é necessário que ele seja aceíto pela população sobre a q ual deve incidir. .. Por i~·so. t>s proJJttUnlls de <'On·

rrole da 11t11a/id(ld/• d,• cunho ojkial. s,,,n a i11iciativt1 e a parridpaft7o dos próprios casais. tênJ sido d<· ,11,w i11e.ficiê11cia 1101ável. (... ) O erro fi.md"menwl das progrmnas ofidais d,, co,urule da 1u11alidtult• u,n sido o pressupos10 i111plídto. nesses prof!.tanws. de que a simples t>xistência

de nu!todos efiâent,•s de evilar ou tl{{kultar ,1 gravidez é sujiciente par(} induzir os povos a u1iliztíafos. Na renlidtule é ll<)cessâria. cn, prinu1 iro lu,:ar, unw 111udtin(·a cultural 110 sentitlu dt• que eles t1,.,se_jen1 lin1itar o

tamtmlw da _{(u11ília" (João Lyra Madeira e co laboradores, op. cit.. pp. 5 e 6). O que o au tor cham,, de "11111 dança ndturo/" é a aquisição dessa mentalidade ant inatalista, ind1spcnsávcl p;1ra a farta utiJização dos meios oferecidos. Por outro lado.j{, havendo essa menrnlidadc. de pouco

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nal ainda ine>1:·

piorado.

do ::iborto. como se v~. sob as vistas complacentes das autoridades. Para a aceitação de seu programa. a preocupação maior do governo brasileiro volta-se para a população pobre do meio r ura l. ,\ qua l tal programação especialmente se destina. Como incutir nesse povo. ;linda bastante inílucnciado pelos princípios morais e religiosos de sua fo,·mação católica tradicional. o desejo de limitar os íilhos'? Como transformar sua mentalidade n.H:t· lista cm antinatalista'? Era de ioda a conveniência que uma voz sumamente autorizada viesse crn seu auxílio.

Declarações da CNBB e de Bispos brasileiros sobre o assunto Ê verdade que a Hierarquia eclesi;istica se 1e m pronunciado divcrs;1s

nau1listt1 indiscrin,inada. a preu.,x10 dt' t'Xlgênda.v ee<Jltômica.,· do

hle11w

/Jl'lJ-

pop11/ocio1111/".

Considera ainda que "v trisu> exen,plo de nações que viole111tlft11n n co11sciê11cit1 co111ro/a11do a 11,ualida,1<~ do povo. 11,ostra co1110 se lorn11ram ,wçÕNi prt'cuct•1111.NU(' {>11 ve/J,e.

11111itas

cida.,... " ("O f~<imlt> de S. Pa11fo", 30- 12-80). A mesma atitude assumiu D. Luciano Mendes de Almeida. secretá rio-gem i da entidade. ao declarar: "A l,:,n~ja niio é t1 favor d<' UIJUI 111e11talidad,, anti11a111/ista. 1110s valoriza a 1>ro111oç1lo da ridti dl•ntro de critérios de f)llf<)rnidllc/f! rt"SfJIJll.Wi\'t.>Í,

por ,ntio ,1<~ 111étodos narurai.,· <'tict1111e,11e i11s1i(Íl'ado.<". Ou ainda: "O qu,,. nós ve,nos é que os poises quP r(>du zir11111 o seu <"rl•sci111e11to torna~ ranl-.\'<) pre,·o<·e11u•nte ,~nvelheddos. Nenh111na c,11npa11!,a antinatalisu, é dl'St i,wda <1 /llz(•r progredir 1wç,io ,u•nlwnw. Isto 1m11bén1 vale parti u nosso pm:1·" ("Jornal cio /Jrásil". 24 e 28- 1-8 1).

Estranho convénio entre a CNBB e o Mobral Em visrn de tais declarações. é de se estranhar que a CN BB 1cn ha consentido cm colaborar com o governo cm um amplo progran1a de controle da natalidade. Ao assinar com o pres idente do Mohrnl um convên io para o desenvolvimento de uma ação conjunta sol)re planejamento familiar. o sccrc1:irio-gcra l da CN80 declarou que "ess,, do,·11111e1110 é firmado l!llff(• pl!ssoas <' ,uio e111idtull!s <', por isso. ,uio qu,•r dizer {/LI(' (!Slllllll)S ''" lll'Ortio ('l)/)1 {I poli-

tiNI d<' ct>11troll' da 11111llliclad,, defe11did<1 pelo g11,·t•nu,··. O convênio vis;1

adiantam as medida~ restritivas <1uc o go, ! rno possa to mar. É sabido que. entre 1920 e 1940. uma das

fases de ma is intensa limitação da natalidade na França. t.i lllo o aborto como a contracepção eram considerados ilegais.

Inoculação da mentalidade antinatalista É d iante desse problema de opinião publica que se encontra o governo brasileiro. Como fazer accirnr pela população seu programa de controle da natalidade'? Ê fato que sua preocupação maior não é com a população das grnndes cidades. já suficientemente co ,·rompída do ponto de vista moral. cm todos os níveis socia is e cconômkos, e que há muitos anos vem fazendo uso amplo e irrestrito de todas as formas de contracepção e da pnítica cri minosa Maio de 1981

vezes sobre o assunto. A imprensa tem publicado declarações de vários Prelados condenando o controle indiscriminado da natalidade. espc· cialmcnte se realizado por meios anti naturais. moralmente ilícitos. Porém. declarando-se favoníveis c.i

"paccrnidadc responscível" e a uma d ivulgação maior dos meios nat urais de prevenção da concepção. A própria CNBB. quer cm nota crnitid,1 por sua diretoria. quer atra· vés de pronu nciamentos de seu sccrctcírio-geral. tem assumido idên· tica posição. Assim, a propósito do plano governamental de controle da ntlta· lidadc. a cm idade emitiu nota dcc'arando que "a /1:reja defende a .''-

/)(•rdade de opçt7o do cosa/ ,, o dirt•iro ao pla11ejame1110 familiar di> acordo com os princípios tlecorre11-

1es do valur e ,Jig11idtult> dt1 pes.<Oá hwn111111. Rejéi1t1 11 própagmuln mui-

uma ação conjunta de agentes do Programa de Ed ucação Comunitâ· ria para a Sa úde. pertencentes ao Mobral. e a membros das Comunidades Eclesia is de Base com vistas a divu lgação. entre outl'OS ensinamentos. dos mC1odos natuntis de limitação da natalidade. Tudo csti, contido no livro '"A trans111iss1io da vida". que servirú de upoio parn os monitores do programa e que. se· gundo D. Luciano. reílctc diretamente a atual orienrnção da Igreja ("O Estado de S. fau/o". 9-12-80). Não conseguimos entender a rcs· trição feita pelo secretário-geral da CNBB ao d izer que o documento era firmado enlrc pessoas e não en'trc ent idades. Poís é de se supor q ue o presidente de uma entidade e o secretário-geral de outra representem as respectivas sociedades. principalmente ao firmar convênios desse porte.

O convênio ji'i estã sendo amplamente aplicado O fato é que o convênio já entrou cm prát ica. pois cm 26 de ja neiro de

1981 . o Programa de Planejamento Fami liar. que scrú desenvolvido no plano naciona l mcdiêuHc aç(IO conj unta do Mobral e da CN BB. foi lançado cm Recife. Além dos cnsinamc1110s do livro "A 1r,ms1uiss<iO ,/11 vida". os agentes do prognuna utilizarão wmbêm. pal'a distribuição entre as populações mais carentes. de uma cartilha elaborada pelas duas cnt idades e que ex plica o plancjamerHo fami liar pelos métodos naturais. 'Tal publicação ele 87 p:'tginas é escrita cm linguagem sim• pies e com ilustrações que íacilit:tm a compreensão do tcx10. Tem por título "Carlos,, Maria pla11eja111 sua f111níli11". sendo auton1 da cartilha a lnnã Maria José Torres. consu ltora da CN 13B para a Pas1ornl da Fa mília. D. Luciano Mendes de Almeida fez <1uestão de salientar que a par1ici1>ação da CNB B no folheto teve cm vista somcn1e colaborar com explicações pan, urna "paternidade rt'SJ)Ollsâvd" ( ".lor1111/ do /Jrasil". 24 e 27-1-81). Bem mais explícito foi o ministro da Saúde ao declarar que o convênio entre a CNBB e o Mobral 'jl)i apenas " .fórnwla ('ll<'Ulllrtult1 pl>lo governo para dll!J.:.ltr à popula('ão de baixa rendo" ("0 l~vrado d,, S. Paulo". 6-2-8 1). O que confirma a necessidade de o governo se va ler do auxílio da Igreja para a tingir aquelas pessoas visadas pela can,pan ha anti na t,, 1ista. E assim o programa vai-se difundindo pelo Brasil. Ern Porto Alcg,·c. o Cardeal D. Vicente Scherer. cm 4 de ícvcrciro de 1981. prest igiou o curso de treinamento do Mobral. que fo rmará os superiores para o Programa Ed uca1ivo de Controle Natural da Natalidade. ao pronuncia r a conferência de abertura ('".lor110/ do Brasil". 5-2-81).

O curso é destinado a orienrnr 48 monitores do Mobral e ou1ras 100 pessoas convidadas. Os participantes vão ganhar a cartilha editada pelo Mobral com int rodução de O. Luciano Mendes de Almeida. onde em cerca de 90 páginas são t rans· mitidas noções de educação sexual e fórmulas para co111rolc da natalidadc ' por métodos naturais e plane-

ja mento famil ia r. A participação da Igreja nesse curso vai além da presença do Cardeal. As aulas serão ministradas na Vila Manrcsa, pertencente ao Clero, e o Cônego Augusto Dalvit, coordenador da CNBB para o Sul, é um dos conferencistas. Segundo o Cônego. "tJ Igreja é favorável aos 111é-

1odos na/l,rai.s de co111role da nata· /idade e ao pla11ejame1110 familiar, e hâ po111·0 mais de dois anos i111e11sijico11 sua divulgação". O Mobral e

a CNBll leva rão a iodo o R io

Grande do Su l. onde haja instituições d o M EC e da Igreja Cmólica. a cartilha ..Carlos ,, /14aria p/(l11('j11m s1111 .fim1í/it1", contendo informações e ilustrações sobre meios naturais de se evitar a gravidez ("O 1-,:<iado ,Je S. Paulo ··. 3 e 6-2-81 ). Estes são apenas alguns fatos que mostram o apoio ostensivo de figuras salientes do Episcopado à difusão ampla dos métodos n:1tura is de limitação da natalidade. Apesar do que. cm suas cautelosas declarações. os J'>reJados mostram-se sem· prc contnírios aos métodos antina tura is e também ao que chamam de controle indiscriminado da nata li· dadc. 4

Conclusão e objeções prudenciais Finalizando. queremos relembrar alguns conceitos sobre a matéria. e enunciar algumas objeções que surgem na. consciência de qualquer c:Hólíco prudcn1c e bem form,.do: • Como vi mos. quall1uer programa de limitaç5o d:1 mualidadc só terei êxito se os casais qui1>crcm rea lmente li mitar os íilhos. Trala·sc. portanto. de exercer uma ação prévia sobre a opinião pública, ou seja. criar uma mcmalidadc antin:italista. • A prtr ele pressões de ordem econômica e psicológica. é da maior importância a criação de um am biente de m i modo permissivo que esteja cont inuamente apelando para a sa tisfação da sensualidade. E que essa sa1isfação. livre de rcsponsabi· lidadc o u de conseqüências indesejáveis, se torne. de foto. o pl'incipal motivo da procura dos métodos de imped ir a concepção. • Por outro lado. o desejo constante de satisíazcr a sensu;1 lidadc ac:,rrcta uma dificu ldade cada vez maior para a pri1tica de qualquer tipo de continência. mesmo a periód ica. • Ora ... conscientizar'' uma população para o contl'olc d:1 natali· dadc. Cs1a ndo ela imersa cm um ambiente de pcrmissivismo moral impressionante e ofcrcccr·lhc apénas meios que exigem ,1sccsc e conti• nência. é destinar mi controle na· tural ao malogro. Ou então. provocar nas pessoas o desejo de procun1r outros métodos. • Ê portanto. muito de se tc· mcr que uma campanha visando uma difusão ampla dos métodos anticonccptivos naturais ven ha a produi.Ír dcpoís, nas próprias pessoas visadas pela campanha. um desejo de uti lização cios mé1odos antin:-1turais. • E estes serão racilmente encontrados. pois. na can,panha antina talista promovida pelo governo brasileiro, embora se afirme que se deve dar preferência aos métodos naturais. os contraceptivos ;irtifi· ciais também serão oíerccidos a todos os q ue os pedirem. • E assim. a CN BB tcr-se-(1 tornado. certamente sem o desejar. cúmplice das autoridi!dcs temporais na senda conden::',vel de condu1.ir a popu lação ao envelhecimento e a uma corrupção moral aind,t maior: e o Brasil à estagnação cm seu verdadeiro desenvolvimento. E. por íim. i, decadência. 4

Murillo Galliez 5


Santa Joana D' Are: ''A paz, só a teremos na ponta da lança'' M ARTIGO publicado na edição do mês passado, apresentamos alguns aspectos do início da epopéia de Santa Joana D'A,·c, bem como a narração do seu martírio, na praça do Mercado Velho. cm Rouen. Com este segundo artigo, encerra mos nossas considerações sobre a Santa guerreira, celebrada pela Igreja a 30 de maio, no dia de sua morte, ocorrida há 550 anos. Vimos como a jovem de Domremi convenceu o delfim Carlos de que era legítima sua sucessão ao trono da Fra nça. E como a própria Joana D'Arc fez com que se armasse um exército para libertar Orleans. sitiada pelos ingleses.

E

Libertação de Orleans e coroação do Rei Carlos VII reuniu finalmente um exército em Blois. Joana iniciou a marcha, ao som do "Veni Creator", empunhando. seu estandarte branco, bordado com flores-de-lis douradas, tendo no centro a imagem de Nosso Senhor e a inscrição: Jesus, Maria. Somente um símbolo vivo de Pureza e Cavalaria poderia comover aqueles capitães ar1110gnacs,

cm cidade, as quais se entregavam sem resistir - até transpor os umbrais da Catedral de Nossa Senhora de Reims. Neste lugar histórico da monarquia francesa, Carlos Vli recebeu, num domingo, do Arcebispo de Rcims a unção sagrada e a coroa. "Agora, disse-lhe a Donzela entre lágri mas, reolizou~se " vontade do Senhor". Joana D'Arc sabia que sua missão somente estaria cumprida quando a F rança fosse inteiramente libertada. Dirigiu-se, portanto. com o exército a Paris e, aguardando o ataque inimigo, estabeleceu-se na Abad ia de Saint-Denis.

o abandono e a prisão Sempre houve e haverá, porém. no mundo, um tipo de políticos que, como dizia Churchill, tendo a escolher entre a vergonha e a guerra, sacrificam a honra e acabam não evitando a guerra. O grande estadista inglês referia-se à política capitulacionista de Chamherla,in, que assinou o acordo de Munique cm 1938, fortalecendo Hitler. Este, logo depois, empreendeu várias agressões, dando origem à li Guerra

... . . ~ .., ' ..., -·•' ~. ...- \,~

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.. '"/~ ~--...~ Em cima: Santa Joana D 'Arc expulsa mulhera$ do má vida do acompamento militar (miniatura das .. Vigíli1.1s de Carlos Vllu) • A o lado: últimos momentos da vida de Santa Joana O'Arc. em ofrescó de Lenepveu. no PanthlJon do Paris

mais aventureiros que soldados. Joana D'Arc exigiu deles que abandonassem suas mulheres de vida airada e se confessassem. O cerco de Orleans, q ue durara sete meses, foi levantado por Santa .Joana D'Arc numa semana. Esse resultado miraculoso era devido inteiramente a sua intervenção pessoa l. Joana previu que, avançando pela margem direita do Loire, os ingleses não atacariam. Ela anunciou o lugar por onde entraria em Orlcans. A um capitão inglês predisse que ele morreria "sem sangrar ": com efeito, pereceu ele afogado. Enfim, antevendo o momento em que os ingleses cederiam, ela, apesar de trespassada por uma nccha no ombro, impeliu os soldados ao ataque, quando os capitães já ordenavam a retirada. E, fincando seu estandarte na trincheira inimiga, exclamou: "1iulo é vosso, e11trai".

O efeito da libertação de Orlcans, efetuada em 8 de maio de 1429. foi prodigioso. De todos os lados anuíram franceses atraídos pelos milagres de Joana, a nsiand o, como ela, qtfc o Rei fosse coroado em Reims. Este, indolente, deixouse conduzir por essa vaga humana de peregrinação e de cruzada. A marc ha para o norte, mais do que uma campan ha militar, foi um cortejo triunfal - cm que o estandarte de Joana penetrou de cidade 6

Mundial. O Chambcrla in fra ncês daquela época era o iníluentc conselheiro do Rei. La Tremoillc. Mas. enquanto Chamberlain era esguio e securitário como seu inseparável guarda-chuva, Tremoillc, corpu lento e gordo, parecia ter por deus o próprio ventre. O conselheiro de Carlos VII bem notava que se a capital fosse tomada, o élan de reconqu ista incu lcado por Joana ao povo francês seria

incontcnívcl. Ora, seu poder assentava-se na inércia do Rei ... Em vista disso, arquitetou La Trcmoillc com o Duque de Borgonha um "acordo de paz", isto é, uma entrega incondicional. Enquanto na penumbra da capela de Saint-Denis, Joana orava numa vigí.lia de armas. o futuro da França perigava. Carlos V li era assediado por La Tremoillc que lhe aconselhava: "Paz! Paz! Composição!" - "Mas a paz, dissera Joana. nós só a tere111os na ponta da lança". Carlos VII hesitava entre os dois partidos: o de Joa na, que era o de Deus. e o de La Trcmoille ... Dir-seia que, então, no próprio Céu se fez um instante de silêncio, pois "os atos da Providência não são tuos de fatalidade e ante 111110 ind/(erença cega à graça. Deus pode revogar as pro,nessas de sua misericórdia'' (*). Em Paris, Joana D'Arc sofreu seu primeiro revés. Durante o assalto , apesar de fel'ida por uma ílecha. ela manteve a ofensiva, provocando o pân ico nas hostes inimigas. Mas, os capitães de Carlos VII ordenaram a retirada, e Joana foi arrastada i, força - por ordem do Rei - a Saint-Denis. Suas vozes ainda lhe diziam que permanecesse na Abad ia "onde rc•boa o brado da França". Ela preparou-se então para novo ataque. Contud o, Carlos VII, confiando na promessa de Fel ipe "o Bom", Duque de Borgonha, de lhe entregar Paris, retornou com seu exército ao aprazível vale do Loire ... "A ,·idade [de Paris] 1eria sido tomadn", comentou Joana . Na AbaC-)

H . Wrdton, "J('11mw J)'An···. l .ibrniric de

Firmin Uido1 ct Cic .. Paris. 1892. p. 214.

Fachada da catedral de Reims, uma das mais belas rolfquias do estilo gótico. onde eram sagrados todos os Reis de França

d ia, num gesto característico dos cavaleiros da época, ela ofereceu suas armas à !1,1ãe de Deus. No entanto, pressentiu que uma traiç.~o se consumava e que sua via dolorosa ia começar... Abandonada pelos grandes da Corte, Joana D'Arc cont inuou, praticamente só, o combate. Em Compiegne, quando defendia a retirada de suas tropas, depois de uma incursão cont ra os borguinhõcs, encontrou a ponte levadiça do castelo já levantada, caindo prisioneira daq ueles. E foi entregue pelos borguinhões aos ingleses cm troca de um bom dinheiro. Carlos VII pouco fez para resgatá-la.

"Devolvam-me a Oeus..." O Cardeal de Winchcstcr, através de Pierre Cauchon, Bispo de Bcauvais, formou um tribunal de inquisição para julgá-la. Visava-se demonstrar que Joana era uma feiticeira a fim de invalidar a coroação de Ca rios Vli ... Esse processo, a pesar de todas as precauções de Cauc hon, foi juridicamente fraudulento em seu conteúdo e em sua forma. A Santa era interrogada cont inuamente por eclesi{,sticos. que deveria m tê-la amparado. Presa num cárcere civi l com mãos e pés acorrentados. vigiada constantemente por brutais carcereiros dos quais ela tinha tudo a temer, nos quatro meses que d urou seu processo, Joana D'Arc só encontrou refúgio, por alguns instantes, no celeste colóquio com suas .. vozes". Mas visa ndo mover uma avalanche de ca lúnias que a soterrasse completamente, esse processo de condenação outra coisa não conseguiu erguer senão um pedestal de glória, sobre o qual a heroicidade de suas virtudes brilharia para todo o sempre na memória dos homens. Nas respostas da jovem camponesa aos juízes, nota-se o sopro do Espírito Sant o. Eis algumas, colhidas ao acaso: - ..Joana, d iz o juiz com voz meliílua, como passaste desde o sâbado?" - .. Estais vendo - replica a pobre cativa - do ,nelhor ,naneira que me foi possível". - Vistes os Anjos. corporal e re(J/111cn1e?" -

"Eu os vi con1 ,neus olhos

corporais tão be111 como vos vejo. Quando eles se afastavam eu chorava e be111 quisera que me le-

vasse,n·'.

- "Que vos disseram elas [as vozes]?" - ..Que vos respondesse i11trepidm11ente ... - .. Santa Cmarina e San1a Margarida odeiam os ingleses?" - .. Elas prezam o que No.rso Senhor esti1110, e odeiam o que Ele detes1a ...

"Joana, presun,es estar en, esu,do de graça?" Essa pergunta capciosa a comprometeria, qualquer que fosse sua resposta. Se negasse: que confissão! Se afirmasse: que orgul ho! Se não respondesse: que indiferença! - "Se não estou, praza a Deus pór-,ne nele: se estou. prazo a Deus nele 111e conservar. Ah! se soubesse que não estou na graça de Deus seria a criatura mais aflita deste 11111ndo... En1re1a,uo, se eu estivesse ern pi!· cado. a voz. co,n certezq, não

viri(J... "

Aconselhada por um assessor, Joana pede para ser julgada em Roma. pelo Papa, ,nas Cauchon im põe silêncio ao tagarela: "Calaivos. pelo diabo... " Num momento, fatigada pelos debates, ela diz: .. Venho da par1e de Deus. nada tenho que fazer aqui. Devolvam-me a Deus de Quem viJnH.

Eles a enviaram ao Criador...

Carlos W enzel Bibliografia • H. Wallo1l, ..JMmt{' IYAr<'". Librairic de Fifmin Dido1 c1 Cic.. Paris. 1892. • •

Pierre Virion. "I,'! my .'ítÍ'r,· <Íl" J(·tuuulYArr ", Lihr:,iric T<'.-qui. P;tri~. 1912. Régi1H~ Pcrnoud, "Vh• 111 mnr, de• .h·uwtt' !)'Are·". B 11chcllc. P:1ri~. 195.l .

{IJAiíO~_,nCil§MO Mf.NSARIO C'om aprovação ~c1t-siástica

CAMPOS

ESTADO 00 RIO Oirtfor:

r:1ulo Corrf-:t de Rrilo Filho Oireforia: ,\v. 7 de Sttcmt>ro. 247

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lo. SI'.

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"('a1olicismo.. é uma. publiC3ç5() mco•

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.,C::./C, pockrão ser cncaminhadoS- à AdmintSlt':tç:tio. Par:\ mudán(,":t de endct'C('O de :-tssin:mtcs: é nccc.-.s{1rio mcn• cionar camMo~ o cnd~rc('o r1n1iio. A corre.spo1ldê1lC1à ,c1~111,'a a a~:::matu· ra~ e venda :wuls:1 deve ser envfod,1 à Administnç:ll): Hu:1 Dr. M11rlh1ico Prado. 27 1

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CATOLICISMO -

Maio de 1981


na paz e na

uerra

, MUITOCONHECIOAadistinção que se costuma fazer cm política - e cm outros campos da atividade humana entre "pombos" e "falcões". Na linguagem corrente. aliás, é bastante comum aplicar a predicados humanos termos oriundos de analogias com o reino animal: "Fulano é um leão" - "Sicrano é uma raposa" "Mcngano é um touro", e muitos outros. por vezes menos elogiosos ... Isto se fundamenta numa indiscutível intuição humana. que dis-

E

Na era da guerra-relâmpago. o comandante do

blindados con-

tinua utiliuindo

P<)mbos-con&io ...

ticas para importantes unidades. Tendo cm vista alcançar segurança maior. duplicam-se as mensagens e

os pomoos. Hoje cm dia. o microfi lme multiplica a eficácia dos correios columbinos. Por sua vez o treinamento se aperfeiçoou. Os operadores devem ser dotados de uma an1pla reserva de cuidados e de paciência... Pouco a pouco, os cuidados na criaç.ã o tornam pombos de raça mais apurada, capazes de transportar mensagens de lugares cada

\

cerne. sem maiores rc1ciocínios. ana.. logias reais entre os seres de ordens

diversas da Criação. Mais ainda~ realçando as características de um animal cn1 concreto. a analogia se cnriql)ecc indefinidamente e aumen .. ta seu assombroso realismo.

As fábulas de Esopo ou de La Fontaine desenvolveram intencionalmente. e com sutil elaboração, esse singular senso humano das comparações com o reino animal. Nas linhas que seguem. analisaremos alguns perfis de pombos. E como eles. justamente cm virtude de suas peculiaridades. podem converter-se cm precioso elemento de combate. As comparações com os "pombos" humanos deixaremos à perspicácia do leitor. E as analogias mais

'

da África e · Birmânia. onde presta· ram grandes serviços a seus donos: salvaram barnlhõcs inteiros, tornaram poss ível a ocupação de grandes regiões. revelaram oportunidades tá-

,,'' t,:

)

O pombo-cor• reio carrega em seu dorso potente carga bélica: infor· mações e or-

vez mais remotos em tempo mais breve. t preciso recompensá-los sempre com a ração favorita. Do contrário,

dens.

pl'<)tubcrantcs, as ressaltaremos usando reticências .. .

; ...._..........~.....a....a.....,..."'-...a...~-----'-'J

- O que é um pombo? Em primeiro lugar, é um animal inofensivo. Não inspira. por conseguinte, medo ou desconfiança ... Além disso. entre suas virtudes mais si mpáticas c.~t.l uma suave simplicidade . uma candura alada e cálida doçura. O suficiente para ter sido ut ili,.ado como símbolo sagrado pelo próprio Deus. rio Batismo de Jesus (cfr. Lc. 3. 22). E Nosso Senhor. no Evangelho, aconselhou que os homens possuíssem a candura da pomba, aliada à astúcia da serpente (cfr. Mt . 10. 16). Um pombo correio típico: ) olho seguro. predispo· sição à velocidade, ânimo para voar ce· leremente a seu

I

O pombo evoca ao cspir1to as idéias de inocência. de bondade, de doçura que leva à generosidade. Mas possui também características. por onde pode ser empregado pelos exércitos. f: um animal sempre a lerta. Não para atacar. mas para não ser ata.. cado. Neste sentido, seus olhos são de uma cuidadosa vigilância ... São. ademais. o lhos que percebem de onde podem vir, não somente os perigos. mas os proveitos. As duas artes mais salientes do pombo são: evitar o perigo a qualquer custo e regressar rapidamente

1

:j J

para casa. Muitos imaginam que o

pombo, por ser assim doce nas horas de paz, d eixará que a ave de rapina

devore suas crias sem o menor ~entimcnto nem reação... Apenas esta a,·tc de colocar-se a salvo é maior que a arte de rctprnar à casa e de usufruir ao rn{1ximo de suas comodidades.

destino ...

'

Como pode um pombo ser instrumenta lizado para a guerra? Utilizando seu maravilhoso e preciso

Paraquedistas em aç.lio: morteiros? metralhadoras? lança-chamas? Nlo: pombos.

"radar" que lhe perm ite voltar ao próprio ninho. E a mensagem acabará chegando a quem controle o ninho... Por isso, já na Grécia antiga, os vencedores das ba1alhas eram anunciados às suas res pectivas cidades por intermédio deles. Tempos depois, os pombos apa-

recem nas guerras civis romanas. e reaparecem quando São Luís IX. Rei de Fra nça. desembarca sua Cruzada em Oamicta, no Egito. e os sarracenos avisam o suhão do Cairo po r meio de pombos. Sua velocidade é um fator propício como mensageiros. Chegam a a1ingir 150 km horários. Além disso. suas penas são recobertas de uma o leosidade especial que lhes possibilita enfrentar proeclas. e seus o lhos possuem uma 1erccira pálpebra. crisiali na. que os torna aptos a atravessar tempestades de areia. O instinto de regresso dessa ave é tão forte que uma pomba solta cm Arras (França) nos anos 30, voltou a seu local de origem cm Saigon (Indochina)! Ê também célebre o caso de um pombo-correio vendido em Caracas, capital da Venezuela. que regressou a Nova York. O trajeto ForJalcza-Belo Morizonte já foi coberto por ma is de um pomboCATOLICISMO -

Maio de 1981

correio, em tempo relativamente curto. Alguns atribuem este prodigioso instinto à sua vista agudíssima. Ê uma hipótc.~c plausível. Hâ entretanto casos de pombos que. transportados para lugares longínquos em caixas fechadas - e não dispondo portanto de memória visual - conseguem depois se orientar no vôo de retorno. Conta-se o episódio de um pombo que. banhado acidentalmente de azeite e impedido de alçar vôo. voltou para casa a pé! E há. finalmente, quem j ulgue tratarse de uma ex traord inária sensibilidade do coração columbino ...

~

Qua l é a missão especifica do

pombo? Est,\ dito: ser mensageiro. Fala•se até c m "pombogra ma". O pombo comunica. Ê pouco? Segundo alguns autores. o segredo da arte da guerra está no controle das comunicações ... Ê uma ave inofensiva e domés1ica; voa candidamente. Mas transporta uma carga bélica potentíssima: informações e ordens. Na última Guerra Mundial foram utilizados sobretudo na ltáfü1. norte

não haveria progressos. Muitas outras coisas se foram aprimorando. Existe agora treinamento para o retorno a pombais ambulantes. Selecionam-se raças de pombos de coloração mais escura, para não serem presas fáceis dos falcões ou gaviões.

E os falcões? Por vezes, o falcão apronta das suas ... Atua lmente contudo, o mais freqüente é que sejam mortos pelos criadores de pombos, que sistematicamente os exterminam a tiros de espingarda quando se aproximam dos pombais. E os pombos, além da boa vista e de m últiplos instintos de segurança, sentem-se protegidos por fatores a lheios e superiores ... Mostram até certa curiosidade em ver como são, afinal, seus tradicionais inimigos. os falcões. Decididamente, La Fontaine, em seu francês incomparável. bem teria podido escrever uma fábula com o título: "O pombo e o falcão". Porque upombof' e ºfalcõesº os h{, entre os homens. E nem sempre é o "pombo" apenas o símbolo da candura , ou o •falcão" da belicosidade....

7


,l i AfOILICXSMO -----------------------------------* CONCESSÕES AO COMUNISMO: SOBREVIVÊNCIA HOJE, MORTE AMANHÃ

e

OM O TÍTULO "A resi.,1ê11ât1 cuncessivti ante o conmnisn10: sobrevivên,·itJ parti ho· je, morte parti a11ranhã - l?eflexões da TF P sobre a situllção de f:.'I Salvador", a Sociedade Vcnczuela na de Defesa da Trad ição, Família e Propriedade lançou manifesto dedicado ao problema da luta entre o governo e os guerrilheiros na República de El Salvador, Apresentamos a seguir os pontos essenciais desse documento.

Na aparência. não deveria ter a TFP venezuelana a preocupação de se debruçar sobre questões da política interna de outro pais. Os fatos, porém. determinam o contrário. como adiante se verá. Realmente, depois que a Nicarágua foi brutalmente transferida para a esfera do domínio de Moscou. o caso de EI Salvador torna-se mais claro e suas conseqüências mais d o que previsíveis: a implantação de um regime comunista nesse pequeno pais. É o que pretende alcançar a guerrilha a li desencadeada artificialmente. Mas como a ambição impi)rialista de Moscou é ili mitada. o que sucederia depois da eventual queda de El Salvador seria, naturalmente. a tomada do poder na Guatemala, Honduras e toda a região centroamericana. até chegar à Venezuela e aos outros países da América do Sul.

fadliu,r a convulsão social co1u-

'p!eu1. por eles desejad11".

Lances da ofensiva psicológica comunista Mais adiante. numa clara advertência à Venezuela. o manifesto da TFP desse país mostra que o caso de EI Salvador. mais d o que uma luta armada. constitui "unw o/'ensiw1 psiculâgicn o fi,vor do coniu11is1no ". E nessa ofensiva os marxistas contam não só com a colaboração do regime vigente (:s<>cialista. de aparCnciél cristã). mas também com importantes setores dtt imprensa internacional e com destacadas autoridades politicas e cclcsiástic.as do mundo livre. A sua ação tem-se desenrolado sem pre no mesmo sent ido. quer se tr:uc de EI S:tlvador. quer se trate de ou1ros países rcccntcn1entc conquisiados pelo comunismo: Nicarágua, Moçambique. Angola, Etiópia. Vietnã ou Cambodgc.

o

miles 50

S.nVt«nto

Na análise do perigo que a eventual queda de EI Sa lvador no comunismo representa para vários paises da América. o documento da TFP venezuelana vai mais longe ao referir-se às declarações feitas pelo exchanceler daquele país. Dr. Aristides Calvani, secretário-geral da Organização Democrata C ristã de América (ODCA). no sentido de que o verdadeiro ol)jctivo comunista cm EI Salvado r é a Venei.uela .

Resistencia total ou resistencia concessiva? Como desviar esse perigo'! A TF P responde com estas perguntas: ·· Eviu1-se o con111nisnu, deixando de lutar. irnitando·o e cmninhando e,n direção a ele? Será co111 capitulações que se 11fas1a o perigo nwrxista? De 1110,u•irll nenluuna. Se-

rtí, então. to,n uma resistência concessiva. que (U) ceder vro,·ure di-

111i1111ir os rancores co1n1111istas, realiza,ulo si11111/tanea111e111e alitJnças t'Otn os sc111ito1nu11isu1s ern torno de 11111 progrmna i111er,neditirio. co,n vis1t1s o i1npedir a vitória do 111ar-

xismo radical? "Ou serd melhor 111110 resistência total (10 con11111ismo. que i11d11a a recusa de todos os seus erros e o u.vo de t{Jdós os 111eios lltitos para co111ba1i!-lo?" - Esrn última é, evidentemente. a solução que os verdadeiros anticomunistas devem procurar. Pois se aceitarem eles "u111 programa se1nicon1u11is10 ou sodalista - são eq11ivalen1es - tis 1·011tess,ies que se wio .fazendo nu c,11111>0 psit·ológil·o, ao viver ll('sses regi111es e resignar-se a eles. tê111 o ,feiu, cmastr<ífico [... ) de destruir " , ·1111 re.vistência ao con11111is11w total. A· daptando-se em parte aos hábitos 11,entais e tio es/Í/o c/p vida. à for nu, de sociedade propugnada por Marx. as pessoas perden, o viu1lidtuh• parti resistir 11 .finuras ofi•nsivas ver11u1 • /1111.<''. De concessão cm concessão c hega-se assim. insensivelmente. ao coleti vismo total, conclui a TFP vc nezuchina. Em resumo. a efetivação de alianças com scmicomunis1as produz um duplo efeito: ao impedir q ue o comunismo se imponha amanhã. gar;mte·O. entretanto. para depois de amanhã. "/>()rta1110. .<e h1 Salvador dispiJe

,J,, rec·ursos

ou st.>ja, <·er1ezt1 nos princípios da l'iviliia('ãv l'risti'í ,, t/('(t1 rtninaçtio de defNtdl>-Jos - para

t>niprec•,uMr unw re,,ç,iv arrisc,ula

Origens da revolução salvadorenha

lll(IS efi<'aZ. si1111tlli1/l('tlllU' llfi' COIJlr(I nun11;,;s1t1s (' ,\'{•111ico1111111is1,,s [ ... ].

sun lÍIIÍ<'ll saído". "l: a i11dt1 itulispenstiv,•I -

1,>111

Assim, declara a TFP venezuelana q ue o objetivo de seu manifesto consiste c m alertar a opinião pública para o processo <)ue deu origem à revolução de EI Salvador. "t.S·sa nação centro-omerirana ressalta o documento - ven, sendo

fruindo assin, suas resistências antinwrx istas". Por outro lado. "e:ai-

mu/aram de un, ,nodo ilu.lireto diversas Jorrn(JS de violência: a dos próprios afetados pelo co11fis co [... ] e <1 dos ele,ne,uos subversivos que vêen, nessas refornws 111u 1ueio tle

II

prOS·

('<11111111isl(1,\' ,.,,,wztll4anus estejom nlerltl p11rt1 in11u•dir qu<•. ,k ·fornw

.,·uc<·d<•u eu, HI Salvador L...). sejt1111 it11rodu::id11s en,

muílox11

110 i/11<>

nosso pm:,· rifon1111s co,,ji.\'Cat,frias. i1:11ali1ária.,· e es101izu111es. Longe d,, .f<1wJ1'eC'et a j ustica. ('/tis .,·ó pvd,•uio

traurnatizoda [ ... ] por circ:u11s1ânâas

"Com efeito. aplica-se e111 E/ Salvador /ui mais de 11111 a110 11111 galopante programa que i11c/ui 11,acira R~f()r11w Agrária ,·011fisc(llória e coletivista. 11ssi,n con,o unia p1·ej11diâal nacio11ali.u1ção dos bt111cos e do con1ért..·io e:tterior de i111por1011tes produtos. Tudo isto, por superior derenninação ditatorin/", acrescenta. Tais reformas - prossegue o manifesto - 'foram inroxicando a opinião públh·a. induzindo-a a aceitar u,n .socialisn,o crescente, e des-

oi

segue o documento - que os a,ui-

não destacadas pela imprensa internaci()nal co11w flltores que prod11ze111 ô coos".

-

Em todos eles. os regimes vigentes começaram por ser alvos de ,uaqucs que. embora denunciassem por ve1.es as1>ectos realmente censur.iveist cxagcn1varn sobretudo as suas deficiências. bem como os rcsu ltados "vitoriosos" da ofcnsív.i militar com unista . E. por ou tro lado. silenci ava m as suas concessões ao marxismo. insinuando. si mullancamentc. q u~ "q11aisq11er q11e fosse,,, os gol'ernos qul' os sub.wÍluísse111. sen,pre h11vt!ria vlltllngen.t".

Uma vez levado o marxismo ao poder. ··os 111es111us elen,entos (i mprensa. setores políticos e cclcsi:'t s1icos] esttll•tm, ('11C·t1rrl!x,t1<los de tipre.'lNllttr o inrbulio morxis1a como irreversiw•I ,, inco,11ê11Ívt'I, 111.1,r:urm,do a uut '""' 1wrõe.,· un1 tlt•st ino senudh11111<· t• i11dunulo-t1s. 1/irnn ou indirn,unc•nte, n n •.,·ixnar--:w II e.we".

Policial morto por guerrilheiros. 1: curioso quo o sentimento de compaixão dos progressistas não $8 manifeste tamWm em rolaç.lo aos combatentes governamentais tombados na luta. mas apenas aos guerdlheiros.

abrir C<uninho à 11enetrt1('<io

co1m1•

nisto".

Depois de chamar a atcnç5o para a import~1ncin e os efeitos da guerra psicológica rcvolucio11{1ria. da qual as alternativas dcmagôgic,1:-.. as reformas de canítcr socialist;1 e o íalso anticomunismo são aspcclo:-. frcqi.ientc:,,;. a TFP venezuelana rn· cerra assim seu manifcs10: .. Qu(! Nossa Sn,hon, de Corow 11u110 ,·o nn·do a no.,·., " JJtÍff'Íll ,,,w

'I""

Íll.\'t111dd,·,·I 11rall'('tio. para s mhll fl•sistir 111i,1 ,w; às m11,·11ra.,· dolc·nu,., do <'tJ11tt111i,,·1nn. nws 111111/)(:n, a .,,w, l'llf.:IIIU.)S(I.\' IIW(flllll{Jf(i('.\". {Jlf<' 1tf11 e/: ca:.t•s téni..,·l' 1110.,·1,·udo p11r11 " "'"' expan.,·õo 1111111t!ia/".

'

Colômbia rompe relações com Cuba: TFP aplaude BOGOTÁ - A TFP colom- e do111ri11as nela in1rod11zidas de pondeu ;\ Tlº P de seu p"is. medianbia na pronunciou -se a respeito do modo irnpune. durante a últi1110 te telegrama. nos scguin1cs 11..·rrno!\. rompimento de relações de seu décndn> p(1 /o co111unis1110 interna"Agrade(·o./hes 11111i111 sin<·era· pa is com o regime cubano, envian- fional. Agtadecendo 11111ecipllda- nu1 111,, s ua estÍlnulante 111l'n.,·t1J.:c111 do a seguinte mensagem de felici- 111<'nt1• o V. f:.'.tcia. a atenção q11e dê por c>ct1siõo da .">uspensãu d,, n•la· tações ao Presidente da República, à presente, f or11111la111 aten ciosas ções ,·olórnbo·cubanos. t/11<' uma Sr. Julio César Turbay Ayala: .<t111d11çõe., (aa) Álvaro Mejia l..()J1- vez ,nais foz présente sua re.w,!uto "A Sociedade Colo111bia11a de do1io. Presidente / J11a11 Pablo vonttule de servir nos altos inu,r('.,.. Defesa da Tradicão. Famllia e Pro- M,•nizalde Escallón, Secretdrio." ses da Colô111bia. Cordialmente / priedade - TFP. ao inteirar-se da O Presidente da Colômbia res- Presidente 1i1rbay Ayllla." resolução de Vossa f:.'xcelência de cottar relações <,'()111 o governo q11e oprime a nação ,·ubmw. por t·ausa do apoio por ele pr(•stado à subDURANTE os massacres rea- . Os Bispos e Pad,·cs foram mortos versão <1ue ve111 transtornando nos- lí1.ados pelos khmers vermelhos. e os poucos católicos que sobreso país. tem a alegtia d e felicitar a os católicos do C,unbodge sofre- viveram à tragédia não recebem V. Dxcia. por tal 111edida. Ao 111es- ram perseguição c morte. até qua- assistência religiosa. 1no tempo, a TFP expressa votos se o exte,·mínio. Dos 60.000 exisInfelizmente não faltam entre · de que este seja 11111 ll11spicioso tentes antes da queda do país no os que restaram alguns colaboraprimeiro passo para efe1iva111e111e comunismo, não sobra mais do cionistas com o comunismo. Uma livrar a Colômbia das infiltracões que um punhado insignificante. publicação francesa informa que o antigo secretário do Bispo de Bat tambang construiu uma capela c m sua cidade, inaugunlda no Natal de 1919, com a presença de a utoROMA - Palermo, a simpáParisi. além de dotar sua citica capital da Sicília, transfigura- dade com um sistema de ilumi- ridades comunistas. se à noite. Os principa is manu- nação original, calcula q ue sua Não seri1 o regime comunista mcntos da cidade iluminam-se empresa pcrmiiirá uma economia que perderá com essa a proxima com tonalidades variadas, ressa l- de cerca de 400 milhões de liras ção. Os católicos incautos é ,1uc tando o esplendor da igreja ár,,bo- anua lmente, graças às inovações sofrerão as maléficas conseqüên normanda, da catedral normanda introdu1jdas. (Agência Boa Impren- cias de tal colaboracionismo. (A· ou dos antigos palácios. sa - ABIM) gêncía Boa Imprensa - ABIM) Entre as inovações evocativas introduzidas recentemente na iluminação de Palermo. inclui-se a volta ao romântico lampião a gás, DE ABRIL DE 1944 até nos- po-mór dos católicos ucran ianos. que a partir de dezembro último sos dias, dez Bispos, 1.400 Padres, Há anos, enquanto aplicam a passou a iluminar a lgumas partes 800 religiosas e milhares de fiéis tática do sorriso cm relação ao da cidade. A idéia de introduzir foram vitimas da feroz persegui- Ocidente com o objetivo d e ,mcsuma iluminaçiío diferente da vul- ção desencadeada pelo comunis- tcsiar sua reatividade ao comugar lâmpada elétrica ou da fria lur. ino na Ucrânia. Essa monumenta l nismo, os títeres dé Moscou proneon é do engenheiro Roberto cifra dos que morreram pela Fé movem perseguições àqueles que Parisi. diretor da Icem, empresa católica consta de um relatório mantém sua fidelidade a Deus e à encarregada dos serviços de e le- divulgado cm Roma, de autoria verdadeira Igreja. (Agência Boa Imtricidade de Palermo. do Cardeal Josyf Slypij, Arcebis- prensa - ABIM)

Cambodge: a Igreja em extinção

Palermo volta ao lampião a gás

Mártires da Ucrânia


N.• 366 -

Junho de 1981

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

,

Igreja abraça o ·socialismo

ESTIVERAM cm São Paulo nos d ias 1.0 e 2 de junho corrente, o S r. James P. Lucier, conselheiro da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, e o Sr. L. Francis Bouchey, vice-preside nte executivo do Conselho de Segurança lnteramericana, a convite da Sociedade Brasileira de Defesa da Trad ição, Fami lia e Propriedade TFP. No dia 1. 0 o Sr. James Lucier proferiu conferência para o público que lotou o auditório da Ca sa de Portugal (foto), sobre o tema: "O significado de direiu, e esquerda na política do mund o ocidenta l... Exercend o inílucnte cargo nos c1uad ros do Senado dos Estados Unidos. o Sr. Lucic r atm1 iunto ;\ Comissão de Relações Exlctturc:i; daq uela casa . ao lado do senador Jcssc Helms. presidente d a subcomissão do Hemisfério Ocidental. Ou seja . o setor da Com issã9 de Relações Exteriores que se ocupa da América Latina . No dia seguinte. o Sr. Francis Bouchcy pronunciou outra confc-

e

HAMADA PELOS PAPAS de "Fi lha Primogenita da Igreja". a França foi a primeira nação européia que abraçou a Fé ca tólica, com o batismo de Clóvis. rei dos francos. no ano 497. A cena é ilustrada aqui numa tapeçaria sobre a vida de São Remígio. que se conserva no Museu de Rcims. À esquerda aparece a esposa de Clóvis. Santa Clotilde, que. como São Rcmigio. Bispo de Rcims (à direita). teve papel fu nda mental na conversão do rei franco. Os francos. como se sabe. eram b:írbaros que. como outras hordas oriundas do Leste. impuseram-se fa. cilmentc aos romanos. No e ntanto. apesar da rudeza de seus costumes, tinham a alma aberta para as maravilh:1s do pla no sobrenatura l e da civili1,1ção. que lhes oferecia a pregação da Religião verdadeira. Tocados pela graça, os francos converteram-se ao Cristianismo, tornandose, desde então, paladinos da causa de Cristo. E c m conscqiíência. na "'doce Frnnçn"' Ooresceu o que havia de melhor. exercendo ela poderosa iníluência na formação da civi li1A1ção cristã ocidental. A sant idade desabrochou c m personagens de alto re levo: os qua tro gra ndes Abades de Cluny, nos séculos XI e XII . reis como São Luís IX. fundadores de congregações religiosas do porte de São Luís Maria Grignion de Montfort. A inda no fim do século passado, perfumou a Igreja universal a virtude fulgurante de inocência de Sa nta Teresinha do Menino J esus. É à luz desse passado glorioso que devemos considerar o signifi-

cado da ascensão do socialismo na França. com a vitória de Fra nçois Mitterrand e de seu 1ianido. cm aliança com os comunistas, nas recentes eleições presidenciais e legislai ivas.

No tocante à propriedade privada. Mitterrand tem anunciado sua resolução de expandir o poder do Estado. O u seja, aniquilar pa ul:uinamente todo e q ua lquer patrimônio particular. Quanto à inst ituição da família. as metas do Partido Socialista Fra ncês, contidas no .. Projeto Socia/isw ptirn n Franç<1 dos anos 80 .. (programa do PSF) são ineq uívocas. Todo poder. ainda que detentor da menor parce la de autoridade, deve ser contestad o e desacreditado, segundo os socia listas. - ·· Uma t·oisa é certa: não se vol1t1rá otrtís: tis Jor,nas tradicionais de m.,u>ridl1dl' [do pai, d o pa trão, do marido etc.] não serão restaurtu/11.ç. Isto parti· cular111e111e no 1oca111e à {tunílio", acentua o ·· Projeto Socinlista ... O programa do partido de Mitterra nd defende ainda ··... a de1110cratização e o estabelecimento de pensões para jovens em confliro co111 suas jàmílias; livre es,·olhn da i:011trnt·epção voluntária dn gravidez para ,nenort!S; t1111 tiesen volvi111ento

considerdvel da educação sexunl nas e.ffOltJs tl a revisão (lãs atitud(>!i sis· terna1icmnentf! repressivas l'efel'e1ues

à sexualidade dos 111e11ores ... O Prof. Plínio Corrta de Oliveira. na página 3, a nalisa a especial forma de deterioração moral da grande família de almas que possibilitou a vitória do candidato das esquerdas na França: os medíocres.

rência. dirigindo-se a centenas de sócios e cooperadores da TFP, no aud itório São Miguel, dessa entidade. Descrevendo o aparecimento de ponderá vcl corrente de opinião nortc-amcrica na mais realista no rtfe· rente à amcaçé.1 soviética cm relação ao mundo livre. o Sr. Bouchcy destacou o emergir de um "novo rf!alis,110·· nos Estados Unidos. cm contraste com o 'fontíti<·o ro,ntmti.snw revoluciontírio .. predomina nte no pC· riodo da adm inistração Carter. O Conselho de Segurança Intcramericana. do qual o Sr. Fra ncis

Bouchey é vice.-presidente, é uma instituição independente com sede em Washington. q ue forneceu viirios especia listas e lideres aos escalões de alto nível do governo Rcagan. Essa instituição dedica-se ao estudo e pcs9 uisa da política ex terior. espcciahnmdo ..sc em assuntos relativos à segurança do Hemisfério. 110 contexto global do conílito existente entre ó bloco com unista e o mundo

livre. A América Latina constitui o a lvo principal de suas atenções. Na púgina 2. sintcti1~mos as conferências de ambos os visitantes.

Natividade consagrada aos SS. Corações "D. ANTONIO DE CAST RO MA VER" é agora nome de rua na cidudc de Natividade. no norte ílumincnsc. Esta homenagem ao Exmo. Sr. Bispo Diocesano foi prestada pelo Sr. Dcrmeval Lanncs Vieira. prefeito da cidade. por ocasião da solenidade da consagração do município ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculad o Coração de Maria. real izada no d ia 30 de maio p.p. A exemplo do que fez a municipalidade de 130111 .Jesus do ltabapoana no ano passado (cfr . .. Cl/111licismo.. n." 360. deze mbro de 1980). o prefeito de Naiivid,idc quis também colocar sua cidade oficialmente debaixo do patrocínio dos Sagrados Corações.

.. Aqui l!SttÍ to(ÍV <) M1111iCÍj1iu de Ntuivídade - leu o Sr. Dermcval na fórmula consceratória legi1ilnmnen1<~ rrprese:11ado pelo st10 l'r~(eito /1,/unicipal. p1•/o S/!11 Ptíroco. pelos se11s Verélldores. /léÍn., suas classes dirigentes e clufes de ftmlÍlin. pnrn dedarar. Senhor. qu,, nós Vos pertcncen1os e qu<• nosso desejo nwis ardente l; dl> runtl'i· buir par<i que Vossa Santo J.,1,,; seja e,u todo o Munie1íJio respeitada. amada e observad(l, de nu11u•irt1 que :wiais. Senhor. verdadeirmnente nosso Rei. "E ,·01110. segunde> U,\' de.,·1í;11ius anwhilíssilnos d<' Vossa Providência. iodas os Vossas groft1s nos ,·é111 pOI' 1Waria Snntis!iilna, nds a Ela nos entr<wantus. certos d,• 11ue S<"u

/

int•/tfrcl desvelo nuuer110 rurnarâ umo realidtule social esta nossa ('(JIISOgrt1ç,1o ". O ato contou com a 11resença de S. Excia. Rcvma . D. Antonio de Castro Mayer, cujo nome o prefeito colocou numa rua. inaugumda logo a pós a cerimônia da consagração. Esti veram presentes cooperadores da TFP, a convite do Sr. Dcrmcva l. Nas fotos, o prefeito de Natividade lê a consagração (acima) e Oagrante da inauguração da Rui, D. Antonio de Castro Mayer (ao lado).


Tradicio

1,0S

I,

"CONHEÇO os objetivos e os ideais que os Srs. defendem. é grande honra defender tais objetivos. Conheço o trabalho que os Srs. fizeram 110 passado e o papel que dese,npenl1t1ran1 na história recente

de seu país - e. creiam-n,e. nós. nos Estados Unidos. apreciamos esse paper. ' Com essas palavras referentes à Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade TFP, o conselheiro da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, Sr. James P. Lucicr. abriu s ua conferência para o público que lotava o amplo auditório da Casa de Portugal, em São Pau lo, onde falou no dia 1.• de junho último sobre: "O significado de direita e l!squerda na política do mundo ocidental". Na mesma sessão, presidida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP, usou da pa lavra inicialmente o Sr. L. Francis 8ouchcy, vice-presidente executivo do Conselho de Segurança l ntcramcri-

Numeroso público lotou o auditório da Casa de Portuqel. em São Paulo. para ouvir dois conferencistas norte-am ericanos convidado s pela TFP

.

Tradicionalistas X racionalistas

e

OM UMA RÁPIDA an{tlisc das modificações iniroduzidas na poli!ica exterior norte-americana pela administração Rcagan, o Sr. James Lucier salienta no início de sua exposição o papel do senti·mento moral e religioso nas atitudes de .uma nação. E registra a política contraditória dos Estados Unidos. que aparentemente adulam países de esquerda, como a Rússia, China, Cuba e nações do Terceiro Mundo. enquanto repreendem duramente e impõem sanções a ouiros países como Argentina: Brasil e Chile. "Não são os esquerdistas os inimigos acirrados dos Estados Unidos? Trata-se de vil covardia por parte dos líderes dos Estados Unidos ou é a política americana desenvolvida por traidores ocultos, como foi Kim Phi lby, da Inglaterra?" - indaga o conferencista. A partir dessa questão e com vistas a encontrar elementos para a resposta , o Sr. Jàmes Lucier mostra que a oposição direita- esquerda funda-se em pressupostos falsos. Na rea lidade essa oposição deveria se estabelecer entre 1radicio11alisu1s e racionalistas. Um lado é tradícionalista "porque resume e procura preservar a transmissão autêniica de

gc demais o seu racionalismo esquerdista". Depois de aduzir outros exemplos da impopula ridade do esq uerdismo, de um fado e da inau tenticidade do debate direita- esquerda. de outro. o Sr. James Lucier assi-

)

cana. Ambos vieram a São Pau lo a convite da TFP, conforme noticiamos na primeira página. "O !ienador Helms Já visitou o Brasil e vários outros paí.res da A,nérica latina. estando ele altan1e111e interes.rndo no trabalho anti111,irxista e anti-socialista que os Srs. têin realizado", assegura o Sr. Lucicr. E acrescenta: .. Não so111ente ele. No curso dos últi111os oito <uws. 111n bo,n ntímeru de novos se1u1dorel· co111por1illutm esses objetivos".' Segundo o conferencista . outros conselheiros do Senado none-americano de seu nível compreendem as metas pelas quais atua a TFP.

nalistas. defensores dos pri ncípios que deram origem à civi lização cristã ocidental, de um lado. e racionalistas, imbuídos dos princípios que levaram à Revolução Francesa e ao marx ismo, de outro. o conselheiro da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano mostra que udireita e esquerdo são vocábulos políticos, mas que descrevem a política do racionalismo". E exemplifica: "O termo capitalismo foi inventado, ou, pelo menos. definido por Marx. Os capitalistas do século XIX que Marx denunciou não eram tradicionalistas. Eram revolucionários que promoviam a Revolução Industrial". E afirma que esses capitalistas não eram d ifcrcmcs de Marx quanto a uma interpretação materialista da História. "Mesmo hoje em dia. - prossegue o Sr. James Lucicr - muitos representantes do capitalismo ocidental são essencia lmente racionalistas cm seu pensar e cm seu agir. Eles têm mais pontos em comum com capita listas de Estado como 8rejnev o u Dcng Ziao Ping do que com os operários de suas próprias

EUA

quer pessoa, mesmo um capitalista amoral. passando por várias ga mas

dos que defendem os pontos de vista religiosos e éticos tradicionai·s. "Entretanto, liberal, nos Estados Unidos, é uma palavra q ue não soa bem. exceto, é claro, parn os próprios 'liberais intra nsigentes. Co11serwulor é uma palavra que soa bem para a maioria dos norte-ame-.

ricanos, exceto para os liberais que controlam os termos do debate político". csélarccc o Sr. Lucicr.

Popularidade do conservadorismo A seguir, o conforcncista mostra como os conservadores são cm geral tratados com hostilidade, bem ou mal d isfarçada, por parte da imprensa, a qual, quando não ê abertamente esquerdista, procura promover uma terceira categoria: a dos ,noderados.

No entanto, pesquisas de opinião apresentadas pelo Sr. Lucier comprovam que forte parcela dos eleitores prefere auto-intitu lar-se conservadores. "Pesquisa da Gallup, realizada em setembro· de 1980, mostrou que 19% eram libera is, 49% centristas e 31% conservadores. O Centro Nacional de Opinião Pública fez outra pesquisa que revelou serem li berais 26%, moderados 41 % e conscrvado,·cs 34%. A revista .. 77me·· e a companhia de pesquisas Yankelovich realizaram outro teste. cm fins de agosto de 1980. que mostrou serem os liberais 13%, os moderados 41 % e os- conservadores a maioria com 441.1(,. l. Franci s Bouchey, \ ...:t:"f,

ex istem revolucionários a não ser na intelligentsia. Os racionalistas de esquerda não têm nenhuma esperança de impor um governo esquerdista, porque o povo se lcvaniaria aos milhões a fim de pô-los fora. E foi exatamente isso <1uc aconteceu em novembro de 1980, nas e leições presidencia is que derrotaram o presidente Carter, porque e le levou lon-

nala que essa dialética na rea lidade é irrelevante. O fato novo é o des-

pertar de uma polít ica anti-racionalista, que abala os pressupostos dessa dialética. Citando o dissidente russo Soljcnitsin, o conferencista conclui a1>ontando os clcmcntos essencii,is dessa política anti .. rnciona lista. se·

gundo a qual é preciso abandonar o caminho do culto ao homem e de suas necessidades materiais. e levar c m conta a herança de nossa civilização. atribuindo 11111 sentido su perior à vida.

Novo realismo norte-americano MODO de encarar o poderio soviético constitui o traço mais evidente do novo realismo norte-americano, que surge cm oposiç.ã o ao "romantismo revoluciocionário" do governo cartcr - salientou cm sua conferencia o Sr. Francis Bouchey. Assinalou ele que a política de dé1e11te ou distensão "transformou-se mais num exercício de autoengano dos políticos ocidentais do que em destreza de d iplomatas sofisticados". E o resultado concreto foi um substancial crescimento do poderio militar russo". "Em termos de custos para nossos povos é certamente mais inteligente e mais econômico evitar que o inimigo fabrique mais armas do que ajudá-lo nessa tarefa, obrigando-nos, em conseqüência, a gastar ainda mais para atingir o nível que ele alcançou com o nosso auxílio", ironizou -o conferencista, referindo-se à politica norte-americana em face da Rússia e outros países comunistas. Ac,·esccntou o vice-presidente executivo do Conselho de Segurança

O

l't

;,:~s,.. ,

vice-presidente executivo do Conse· t 1 _, ""' lho de Segurança ·~ ~ l nteramerica n &, -Í'J v. pronunciou conte• J • .;., réneía no auditório

São Miguel. do TFP. em São Paulo.

indústrias ou com seus vizinhos mais

próximos. Somos testemunhas do afã com que eles correm a fornecer aos russos e aos chineses tanto a

mostrou como ele abra nge outros campos, manifestando-se na oposição aos excessos do sistema previdenciário. que se 1cm revelado contraproducente tanto do ponto de vista social como econômico. Por outro lado, ao mesmo tempo q ue se notam no pais sinais de abandono do perm issivismo e da auto-indulgência, há uma tendência no sentido de dar maior ênfase à moralidade tradiciona l, ao principio de autoridade e à .autodisciplina. . O vice-presidente executivo do Conselho de Segurança lntcramericana explicou então as origens do movimento de opinião pública que concorreu decisiva mente para levar à vitória o candidato Reagan, nas últimas eleições presidenciais. Esse movimento começou há pelo menos 30 anos. esclareceu o Sr. Douchcy. como rcsu l!ado de uma lenta agluti nação e formação de intelect uais q ue se recusavam a pautar-se· pelas idéias relativistas e socia listas predominantes nas universidades. Nasceu então o Instituto de Estudos lmcruniversitários (IS I), que, passo a passo, foi criando condições para a formação de novos lideres cm duas gerações. Surgiram a partir dai novos organismos, c nll'c eles o Conselho de Segura nça lntera mericana . e, por ocasião da campanha eleitoral de 1980. as íorças conservadoras ou tradiciona listas podiam contar com um quadro de lideranças capai de influir nos acomecimentos.

México: objetivo russo na América Central

nossa herança cultura l em todos os seus aspectos tnmsccndentais e históricos". O outro lado "deve ser chamado de racionalista devido ao movimento do sécu lo XVIII , que nega as nossas origens transcendentais e coloca o homem e a ra,Jio humana como a única regra de um universo puramente material". "O ramo racionalista - acrescenia - é um crescimento canceroso, que procura destruir o corpo no qua l se abriga, enquanto ele se expande rapidamente, de modo exuberante". A partir dessa concepção, que eslabelccc a d ivisão entre tradicio2

tecnologia de que estes necessitam para suas fábricas, como a corda com a qual os comunistas os enforcarão".

Liberais e conservadores Mais adiante, o conferencista ana lisa a luta d ireita- esquerda nos Estados Unidos, onde o modo pelo qual se empregam os vocábulos é um pouco diferente de o utros países. Em lugar de direitistas e esquerdistas, lá se fala em conservadores e liberais. liberal pode ser qualquer pessoa, inclusive um marx ista. Um conservador também pode ser qual-

Lucicr acredita que em outros países desenvolvidos a sit uação seja semelhante. "Encontra-se cm cada lugar um pequeno grupo de pessoas educadas na tendência raciona lista e que acabam controlando o debate político. E de outro lado, encontrase também uma vasta maioria de pessoas ocupadas com a sua existência de cada dia, com suas preocupações e a legrias, e que não têm tempo pa,·a pensar cm ideologia. Quando a revolução começa, é sempre uma batalha entre a ala esquerda e a ala direita do eixo racio nalista. deixando a maioria das pessoas, que sustenta valores tradicionais, sofrer as conseqüê11cias. Não é por coincidência que as revoluções são sempre fermentadas nas un iversidades pelos fi lhos de executivos da alta classe média e de homens de negócios, enquanto o ho mem comum tem que ser enganado através do terror para que apóie a revolução".

"O povo se levantaria aos milhões" "Nos E.~tados Unidos, - co·n1inua o conferencista - quase não

lnteramericana: "Essa vantagem que

a Rússia alcançou em vários campos é evidentemente reversível. Mas a

sit uação não pode ser revertida em um dia, um ano, ou mesmo dois

anos. É por isso que os próximos cinco ou seis anos representam o que os analistas definiram como uma janela de oportunidades para o Kremlin". O conferencista foi aplaudido ao observar que "cabe aos Estados Unidos e aos demais países nãó comunistas fechar essa janela de oportunidades" . l_sso "requer algo mais do que aumentar os gastos com armamentos", prosseguiu o Sr. Bouchcy. ''Significa também que os homens de negócios e industria is do mundo livre precisam frear e impedir o fornecimento (aos comunistas) da alta tecnologia que não possuem e necessitam obter de nós para manter sua máqu ina de guerra".

Quadro de lideranças O Sr. Francis 8ouchey explicou a seguir que o novo rea lismo não se limita :\ questão de armamentos ou do expansionismo soviético. Ilustrando com exemplos concretos,

Respondendo a várias perguntas do auditório, o conferencista falou ainda sobre o papel da grande imprensa dos Estados Unidos, ident ificada. como a de todo o mundo, com a conira-cu llura. A respeito da Nicarágua. El Salvador. México, Panamá e Costa Rica , o Sr. Douchcy apresentou um pa norama realista e objetivo: "A meta comunista na América Central é, em ú ltima aná lise. o México". E explicou a seguir as razões. Em primeiro lugar. o petróleo. Em segundo, o fato de existir uma extensa fronteira entre Estados Unidos e Méx ico. altamente permeável, ao lado de uma enorme população de origem mex icana vivendo em território nonc-americano. "As medidas preventivas a esse respeito poderiam criar descontentamentos dentro dos Es1ados Unidos", afirmou o conferencista. acres-

centando: "Se houver um governo comunista no México, os Estados Unidos serão um alvo fácil para os guerrilheiros mexicanos. Sabemos que a KGB - polícia secreta soviética - executa amplas operações no México e no Canadá, com vistas a penetrar nos Estados Unidos". Ao final de s ua exposição, o Sr. Bouchcy des pertou nova reação no auditório. quando contou q ue a imprensa norte-americana infeliz.mente obteve ccr10 êxito cm pintar certas figuras esquerd istas como D. Heider Câmara, apresentando-o como um novo São Francisco de Assis... CATOLICISMO -

J unho de 1981


ÃO TENCIONO tratar hoje do socialismo in genen•. Nem provar que, cm concreto. o socialismo de Mittcrrand é o da 1ntcrnacional Socialista: matcrialis-

mo me alegraria vê-la desmentida ao final da apuração.

Plinio Corrêa de Oliveira

N

l<l e igua litário cm sua substâ ncia

.. .

Seja como for. o tema que abordei não é apenas francês. Os vegetativos. os mediocres. os pohrões de todos os centros e de tod.is as direitas do mundo parecem prontos a seguir a grande moda (o grande escânda lo) que seus congêneres fran-

fi losófica.. como também nas "refor. mas soc,o-cconom,cas que promove. Nem vou demonstrar que o sod:ilismo é. por isto mesmo. adverso ~

a tudo quanto as rosas simbolizam.

De onde, o socialismo de rosa cm punho, de Mitterrand, só se exprimir autenticamente pelo punh o. e

ceses acabam de lança r. Vejo-os que jfl se vão metamorfosca nd o. no Brasil. pc.ira ?1s grandes capitulações. Eles afrouxam. faí'cm ares despreocupados. tomam atitu-

não pela rosa. D ia vid, crn que o punho esmagará a rosa,

Meu tema é outro.

A comparação entre os resultados do 1.0 e 2." turnos da e leição presidencial francesa demonstram que H votação de centro e de direita. com que normalmente deveria contar Gisca rd, baixou de 1,04%. Ao passo que a votação que se concentrou em

Mittcrrand, no 2. 0 turno subiu de 4,96%. O que torna evidente terem votado a favor do candida to das esquerdas muitos eleitores. entretanto não socia listas nem comunistas.

Mas a defecção da direita e do centro não ficou apenas nisto. Toda a campanha eleitoral feita por uma e

país na rampa do socialismo (que eles mesmos afirmam resvaladia) rumo ao comunismo (que afirmam mortal), não fazem nada disto. Pelo contrário, correm cm direção ao socialismo, para estender-lhe a mão e colaborar com ele. Pretexto: a vitória socialista é um fato consumado. Como se hoje houvesse fatos consumados ... O socialismo vai aceitando essas mãos que se lhe estendem do centro e da direita. De outro lado. esse

samento e de ação? Do olhar da História'? Do olhar supremo de Deus'! Todas essas perguntas não concernem apenas às eleições presidenciais na França. Elas também dizem respeito i1s eleições legislativas que estão às portas. A conjunção entre os ca ndidatos do centro e da direita parece frouxa. A propaganda deles parece absohnamcnte carente de força de impacto. Tem-se a impressão de que, diante do "irreversível" da recente vitória socialista, ainda cresceu o número dos centristas e direitistas que, receosos de qua lquer lula, só aspiram hoje a vegetar. e a colaborar com o adversário. O resultado das eleições legislativas con-

••

firmará esta apreensão'? Não sei: Co-

1 (

Garboso . seguro. disciplinado. um trompoteiro do regimento doa dragões de Noaillea {acima). A marcha com·

posta por lully (músico da Corte de lufa XIV) pare 9"8 regimento foi adotado

por Mitterrand como múaiea própria do seu governo, e poderé eventualmente sor ouvida em manifestações de seus partidérioa. como esta (à esquerda), em Chàtoau-Chinon... - "Vitória da t111 ·

st1 11ncontr111em juntas", p11sssi11m de

braços sob o signo d8 n1t1diocridBde o dB indiferença".

outro, foi desinteressada. sem o e11-

1rai11, sem a force de /rappe indispensáveis para arrastar as multi-

mesmo socia lismo vive - ora mais às claras, ora menos - de mãos dadas com o comunismo. Essa faixa especifica de e leitores do centro e da direita, que a naliso. sabe que, quando dois inimigos aceitam de ser abraçados ao mesmo tempo por um rertius, implicitamente eles se reconciliam . Nesta convergência de tais centristas e de direitistas com o socialismo, há, implicito, um fato ainda mais desconcertante: é a reconciliação deles com o

culpar-se, cada grupelho, cada corpúsculo, cada laivo dentro dessa faixa, alega alguma ra1.ão1.inha: uma pequena velhacaria de quarteirão, um ressentimentozinho de clã ideológico ou econômico. algum rancorzinho sectário. Cada qua l usa, para encobrir-se, seu pequeno pretexto, seu minguado véu. Mas eles não se dão conta de que esses véus a ninguém de bom senso iludem, na França nem no mundo. Pergunto: por que se velam? Por que se escondem até de si mesmos? Imaginam esconder-se do olhar desconcertado de seus antigos companheiros de pen-

ç;ió dos Cravos çm Porh1g,tl'!

ETC.

diçõt1s qutJ outrora tqriam ..u,rado por

ximos, nem a si mesmos. Para des-

:-.cgu ra uma rosa. Sem pc1·<.·cher<.~m \fUC. quanto menos se lutar contra o :-.o<.·ialismo. tanto mais dcprc::,;sa chegará o dia crn que esse punho inimigo. repito. de todas ,1s rosas c~magar{1 ,, déhil ê grncinsa flnr. l.<.·mbra -sc o leitor da Rcvolu-

MEDIOCRATAS

diçlol Ningu6m so iluda. Ost11nsiva •firmação do indíftJrfntismo roin11ntfl. Todos os ilogismos. todas as contr11-

comun ismo. Fato tão desconcertante que. na maior parte, eles não ousam confessá-lo nem aos seus pró-

ao contrário do que sucedeu a

Don.i lnés por tempo indefinido. Tais cntrcguistas. à cspcr:.1 da clémência do vencedor. j.í sorriem para o simholo moderno do l',,rtid(l Socia lista: um punho c.:Crr'1do <.1uc

MEDÍOCRES,

.\ . •

de, de quem está posto p.irodio aqui e> episódio de Dona Inês de Castro num "engano da a/nw. ft•do <' c<'ga" (Lusíadas. canto Ili, est,i ncia CX X). Do ta 1 ..,.,,11,11w da alnw", acrescentou logo cm segu ida Camões. ··que a fortuna não dei.,·a durnr nutit<J·. Mas cSSél fumilié-1 dt alm"s ptircc<: prcssagictr que Mittcrrand lhe asscgurari1 esse benefício

OI AO CENTRO e â direita da França que dirigi as perguntas. ou melh or, as objurgatórias interrogativas de meu artigo anterior, escrito - é bom notar antes do primeiro tu,·no das eleições para o Legislativo. Porém, não tive cm mente. de modo indiscriminado. todos os integrantes dessas correntes. Os centristas e direitistas responsáveis pela catástrofe Miuerrand constituem uni.1 grande família de a lmas que. num contexto doutrinário vagamente "não-comunista" (mas que esquiva o qualificativo de anticomunisrn). aglutina quase exclusivamen te os mediocrcs. Minhas objurgatórias dirigia m-se. _pois. especificame nte aos

F

medíocres de centro e de direita , inclusive os que. não tendo embora votado cm Miuerrand , foram fracos. moles. displicentes na pugna pré-eleitoral.

~ tasse cm escandalosa coa lizão com

Distingo aqui entre mediocres e med ianos. Tem-se o direito de ser mediano, tanto quanto o de ter nascido com um estofo pessoal vigoroso. ou apenas suficiente. A mediocridade é o mal dos que. inteiramente absorvidos nas delícias da preguiça e pela exclusiva deleitação do que está ao alcance da m,io. pelo inteiro confinamento no imediato, fazem da estagnação a condição normal de suas ex istências. .\'ão o lham para trás: falta-lhes o senso histórico. Nem olham para írcn tc. ou para cima: não analisam nem prevêem. Têm preguiça de abstrair. de alinhar silogismos, de tirar concl usões. de arquitetar conjectu-

i

ras. Sua vida mental se cifra na sensação do imediato. A abastança

dões. O que do lado socialo-;;omunista não fa ltou. A todos os que se abstiveram , a todos os que foram moles. a todos os trânsfugas. cabe a minha pergunta. Como puderam proceder assim? Num dos povos mais lúcidos e civili1~1dos da Terra. esses eleitores antiesquerdistas não perceberam o desati nado de sua conduta? Prossigo . Há cerca de vi nte anos, todo centrista, todo direitista que se preu,sse. julgaria trair sua causa sufragando um candida to que fosse apresentado pelo Partido So,i cialista. Máximc se este se aprcsen-

J o Pa,·tido Comunista . Em 1981. cm muitos centristas e direitistas de di-

~

versas idades, esse sentimento de pundonor não agiu. E com uma i-' tranqüilidade . .indolente. e por vezes u " por vezes até sorridente, votaram ! cm Mitterrand. Mais uma vez per.e!. gunto: como pôde isto acontecer? u

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Por fim, uma tcrceirn pergunta, No mundo de hoje nada há de estávcl. "Definitivo" é uma palavra que parece niio corresponder a mais nada. na rea lidade concreta dos fotos. O pouco que ainda está de pé pode cair a qualquer momento. Mas há homens que, sem negar a cvidência disto, afirmam ser definitiva a conquista do terreno pelo socialismo. E por isto. cm lugar de fazercm uso das fra nquias politicas para se organizarem desde já numa oposição ordeira mas briosa , inarrcdávcl e fecunda, de modo a deter seu CATOLICISMO -

Junho de 1981

do dia. a poltrona cômoda. os chinelos e a televisão: não vai além seu pequeno parníso. Paraíso precário. que procuram

pr,itcgcr com toda espécie de seguros: de vida. de sa lldc. contra o fogo. contra acidentes etc. etc.

A campanha elei• torai da direita e do centro foi de·

sinte,essada. sem

a "garra". nern a force do frappo , indispensáveis pa, ra arrastar as mui·

tidões. O que do

E tanto mais feliz o mediocre se sente. quanto mais nota que todas '" portas que podem se abrir para a aventura. para o risco. para o esJlk ndoroso - e portanto, também. para os céus da Fé. pi,ra os largos horizontes da abstração. os imensos vúos da lógica e da arte, para a gr.tndc1.a de alma . para o heroísmo estão solidamente cerradas. Por meio do sufrágio universal. os mc-

lt

lado socialo·CO·

muniste não fal• tou.

(t'(JJ1tinua

Jl(I

ptixin(t ó)

3


Entrevista do Prof. Plínio Corrêa de C ATENTADOS EXPRIMEM ESTADO DE aurora boreal insólita, já não foi esse cast igo? Então, os fenômenos "De 1917 para cb. a impiedado a lum inosos vistos nos Estados Unio corrupção cios dos recentemente - aurora borea l costumos eras• ou não. a nature1.a científica pouco ceram onorme· impona - seriam uma espécie de monte. Do lato. a bis i11 idem. porque anunciariam Rússia espalhou seus e,ros por uma 11 1 Guerra Mundia l. quando já toda parto. As houve o casiigo da segunda. - A condições essen- rcspos1a é: por declarações que a ciais podidas por Irmã Lúcia fez posteriormente às Nossa Senhoro aparições, o cas1igo 1cria começado niio foram aten• did•s. É de se com a li Guerra Mu ndial. Mas, na tomar o castigo". concepção $leia, esta já se iniciou com o "Anschluss" (a anexação da Áusiria pela Alemanha, em 1938). O que é uma coisa que se pode sus1entar: foi, por assim di>.er, a primeira extravasão do III Rcich. Desse modo, a próxima guerra seria uma continuação da segu nda. Para entender isso, é preciso. O PROF. PLINIO CORRl,A DE OLIVEIRA concedeu à "Folha de naturalmente, familiarizar um pouco S. Paulo" a entrevista que aqui reproduzimos. a vista: a famosa "Guerra dos Cem Numa pequena introdução, o repórter Ricardo Kotscho explica que a razão que o fez solicitar a entrevista foi o interesse despertado pelo artigo Anos", na Idade Média, teve intersdo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - "Sê coerente... ·· - publicado no dia 9 tícios; não foram cem anos consecude maio p.p. por aquele matutino paulista (cír. ,.·catolicismo" n. 0 365, de tivos de guerra. Nesta perspcc1iva, maio deste ano). Quatro dias depois - precisamente no dia 13 de maio, se compreende que a III Guerra dia de Nossa Senhora de Fátima - ocorria o sacrílego atentado contra Mundial seja vista como continuação da segunda. João Paulo II. Como, em seu artigo, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira aventava "Folha" - Qual o significado justamente a hipótese de que estivéssemos no limiar do cumprimento das catástrofes anunciadas em Fátima, o espantoso do atentado de que foi dos atentados praticados contra Reavít ima o Pontífice impressionou vivamente grande número de leitores, gan e o Papa dentro deste contexto? parecendo confirmar. de algum modo, as terríveis previsões do artigo. PCO - Eu não tive isso em A mencionada introdução do repórter da "Folha de S. Paulo" apresenta, pois, um valor documental que a torna merecedora de ser vista, quando escrevi esse artigo, reproduzida aqui. Afirma o jornalista Ricardo Kotscho em sua introdução pois não me passou pela cabeça que (as afirmações sobre o caráter proféiico do artigo do Prof. Plínio Corrêa pudesse haver o atentado conira João Paulo 11. Mas acaba sendo de Oliveira correm, evidentemente, por conta do mesmo repórter): que, a posteriori, pode-se fazer uma "Tensões? Crises? É só do que se ouve falar". Assim con,eçava um pergunta. Naturalmente, tomar só o artigo do pensador católico tradicionalista Plínio Corrêa de Oliveira, atentado contra Reagan e Fátima, a presidente da TFP. publicado pela "Folha" no último dia 9 de rnaio, no aproximação dos fatos é um pouco qual fazia urna relação entre a aurora boreal vista r,os céus de Portugal e,n forçada. Mas uma vez que houve, 18, às vésperas da eclosão da 2.• Guerra Mundial. e Q n,esn,o fenómenc, depois do atentado contra Rcagan. que teria sido observado nos Estados Unidos. na noite de /2 de abril deste o atentado contra João Paulo li, ano. profetizando: "Parece que o fenómeno lumincso insá/itQ de 1981 é cabe a pergunta que o Sr. fez sobre simétrir<> con, o d,, 1938". E concluía: "Quen, avisa amigo é". o atentado a João 1>au lo li. e por "Po"''º depoi.t, ocorreria o atentado contra o Papa, no dia de Nossa conexão. sobre o a tentado contra Senhora de Fátima - exata111e11te .... em cujos revetorõesfeitas en, 19/7 Reagan. .... Piinio Corrêa de 0/iveirt, fundamentou sua tese sobre os castigos A rcsposla é a seguinte: esses advindos após o aparição da aurora boreal. Houve que,n visse nas atentados tiveram causas próximas profecias do presidente da TFP u,na interpretação apocalíptica para os especificas, que nós do público ignoatentados pratit'ados contra o pre.iidente dos Estados Unidos. Ronald Reagan. e o Papa João Paulo 2.0 - prenúncio de novas desgraças que poderian, desaguar na 3.• Guerra Mundial". A entrevista do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, publicada no dia 24 de maio p.p. pela "Folha de S. Paulo", foi compreensivelmente comprimida pelo jornalista, dentro das limitações de espaço habitualmente utilizadas pela grande Imprensa, tendo cm vista seu público específico, majoritariamente pouco afeito il reflexão. no corre-corre do dia-a-dia. "Catolicismo" se compraz, pois, em oferecer a seus leitores o texto in extenso da entrevista extraido da gravação em fita magnética - certo de que a rique>.a de pensamento e de expressão do grande líder católico brasileiro interessarão a um público mais afeiçoado a precisões e ma ti1.ações de caráter histórico e doutrinário. !'.: o seguinte o teor da entrevista: PROF. P L.INIO COR· AtA OE OLIVEIRA:

"Folho" - O Sr. poderia explicar sua tese, relacionando as revelações de Nossa Senhora cm Fátima, a aurora boreal de 38 e a li Guerra Mundial, a aurora boreal de 81 e a iminência de uma nova Guerra Mundial?

PCO - Minha teoria pa rtc das revelações feitas por Nossa Senhora

a três pastorinhos, Lúcia, Francisco

e Jacinta. no local chamado Cova da Iria, cm Fá1ima. no ano de 1917. Nossa Senhora disse então que o mundo estava cm estado de pecado gencrali1.ado muit(\ grave. O pecado é uma ofensa a Deus e atrai a cólera d Ele. Como Mãe de Deus e Mãe dos homens. Nossa Senhora se empenhava em evitar isso, rezando pelos homens. e aparecendo aos pastorinhos para pedir que o m undo se emendasse. isto é. cessasse de pecar e fizesse penitência. Os pecados eram a impiedade (ou seja. a falta de fé) e a impurc,.a. Nossa Senhora pedia, além disso. que o Papa consagrasse a Rússia ao Imaculado Coração d Ela , e in1rodu1.issc na Igreja a Comunhão reparadora nos primeiros sábados de cada mês. Na aparição do dia 13 de julho, Nossa Senhora comunicou aos pastorinhos um segredo cm trcs partes, duas das quais jâ foram reveladas. A primeira foi a visão do inferno, para onde vão as almas dos pecadores que morrem impenitentes. A segunda é um castigo que sobreviria para o mundo, se os homens não se 4

emendassem: a Rússia espalharia seus erros por toda pane, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Várias nações seriam a niquiladas. O sinal do inicio desses castigos seria uma noite iluminada por uma luz desconhecida. EmrcLanto, no mesmo segredo Nossa Senhora anuncia a conversão da Rússia e o triunfo final do seu Imaculado Coração. A terceira parte do segredo, ou simplesmente "terceiro segredo", como comumcntc se fa la, foi transmi1ido pela Jrmã Lúcia, por escrito, ao Bispo de Leiria, em 1944, e desde 1958 es1á em poder da Santa Sé. Sabe-se que João XXII ! tomou dele conhecimento, dando-o ainda a ler, sob sigilo. a algumas altas personalidades do Vaticano. Mas o seu con1eúdo é inteiramente desconhecido do público. " Folha" - Chegou-se a cogitar, na semana passada, que esse terceiro segredo falaria exatamente de um atentado contra o Papa.

PCO - Meu comentário é o seguinte. De 19 17 para cá, a impiedade e a corrupção dos costumes cresceram ·enormemente. De fato, a Rússia espalhou seus erros por toda parte. As condições essenciais pedidas por Nossa Senhora não foram atendidas. !'.: de se temer o castigo. Es1a é, pois, a teoria. Por brevidade, não tratei, em meu artigo, de uma objeção: a II Guerra Mundial, preced ida por uma

para a Mensagem de Fátima. bem pode acontecer que sejamos surprc· cndidos pelas punições previstas por Nossa Senhora. " Folha" - Segundo esse raciocínio, o atentado contra o Papa seria um a,•iso?

PCO - Até lá não chego. porq ue Deus não encarregaria um band ido de executar um crime para exprimir um aviso d Ele. Deus permite que isso aconteça, mas não ordena. não dispõe. O aicniado pode ser visto como a expressão da profundidade de um csiado de desordem. a qual, por sua vez. pode origin<ar as guerras e outras ca tástrofes previstas em Fátima. "Folha" - O que não consigo entender é como o próprio Papa seria castigado por isso. O castigo, então, atinge o próprio Papa?

PCO -

como castigo contra a pessoa do Papa. Trata-se de um fa10 que, de si, é fruto de uma desordem (a qual, por sua vez, é fruto e castigo do mal). e que a tinge vários homens. entre outros, um homem insigne, em inente, como é o Papa. "Folha" - Os atentad0$ terroristas praticados ultimamente no Brasil, especialmente o do Riocentro, também fariam parte deste q uadro?

PCO - A TFP tem evitado de se manifestar sobre assuntos de política interna. O que posso dizer é que o estado atual do Brasi l participa da agi1ação do mundo - e, como ta l, ele está integrado no conjunto de fatores que podem ocasionar uma expansão ainda maior dos erros do comunismo no mundo, bem como tensões e agitações, das mais variadas o rdens, dentro do panorama descrito por Nossa Senhora cm Fátima.

!'.: que o Sr. es1ai acei-

tando como líquido um ponto que cu não admiti na resposta que lhe dei: o de que esse castigo ten ha sido ordenado por Deus. Eu disse o contrário: esse castigo resulta de circunstf1ncias gerais que Nossa Senhora cm Fátima denunciou como más. Dessa corrupção sai, como uma bolha de dentro de um pântano, entre outras coisas, o crime contra o Papa. Ele é uma das vitimas. Assim como a humanidade é atingida em mil pontos, o Papa, que é um membro muitíssimo insigne da humanidade, também foi ati ngido. Não foi Deus que mandou o criminoso castigar o Papa. Não se trata disso. Ê como numa epidemia. Uma epidemia é um cast igo: morre durante a epidemia - vamos imaginar - o Papa. Isso não signi fica que a epidemia foi desfechada conira o Papa. Aqui 1ambém: traia-se de uma onda de crimes. Um crime desses a1ingc o Papa: não quer dizer que isto tenha sido ordenado diretamente Hitler entra em Viona, em 15 de

.

ma,ço de 1938.

,.,, para proclemar ~ oficialmente a a1nexação da Aus· nia("Anschluss'1 º DO domlnio na• i.ista. - Na noite do dia 25 para 26 de janeiro domesmo ano, um gran· de clarão íluminova os cóus da Europa. Era o sinal previsto em Fátima, que 8·

'l

. nunciava a li Guerra Mundial.

~ Embaixo:

operá•

ríos alemães de uma fábrica de dízima· 1bombas. dos durante a li Guorra M undiol.

" folha" - Qual a posição da TFP diante dos últimos acontecimentos que abalaram a vida nacional? •

PCO - A TFP é uma organ ização extrapartidária e ela só intervém na vida pública no que toca ,\ defesa dos princípios fundamentais da civilização cristã. Toma mos como critério de julga mento os Dez Mandamentos da Lei de Deus. Se confrontarmos os costumes cm vigor no Brasil cm 1917, com os que estão c m vigor hoje, veremos que se naquele tempo os Mandamentos eram transgredidos com uma amplitude e uma gravidade igua l a "x'', hoje o são na amplitude "x" multiplicada por "x". De o utro lado, o divórcio implantado no Brasil e a extensão do controle da natalidade marcam bem o disianciamento dos costumes sociais em relação aos Mandamentos. No campo sócio-econômico, a sociali,.ação, não só de metade do parque industrial, mas progressivamente de todo o pa1rimõnio privado, por meio de impostos gigantescos; a concenrração de populações, pane das quais g ravemente carente, cm centros urbanos hipertrofiados. quando nosso Pais cem abundância de terras devolu1as, que deveriam ser povoadas: os recursos quase inesgotáveis do mar, insuficientemente aproveitados para manter a populaç.io c1c., tudo isso compõe um quadro que causa preocupações profundas. O quadro é morboso, doentio. Por vários lados, o comunismo infeccio na esse gênero de d ocnças, agrava-as e nutre-se delas. Aproximamo-nos então da fase anunciada cm Fátima: o comunismo espalhará seus erros. Aí está o nexo entre uma coisa e outra.

ramos, pois não foram suficientemcn1c investigadas, ou ainda não foram publicadas. Mas o estado geral de desordem , de tensão e de descontentamento do mundo inteiro, de algum modo se refletem nesses a tentados. E esse dcscontcniamento, essa desordem podem ser vistos como efeitos da impiedade e da corrupção moral. No que diz respei10 ao atentado contra João Paulo 11, noto um nexo especial com Fátima no seguinte. - O Sr. me fc1. uma pergunta genérica sobre os dois atentados. Eu respondi genericamente. Agora trato especificamente do atentado contra o Papa. - Antes do atentado, muitas pessoas não tomavam a sério o aviso de Fá1ima, levadas pelo otimismo geral: "é improvável", "essas coisas não acontecem". "desastres assim não há" etc. Depois sobreveio o atentado, o qual traumatizou, a justo título, o mundo inteiro. São inconiáveis os que se dizem agora que nunca pensaram que as coisas fossem chegar tão longe. O atentado lhes faz ver que vivemos em dias excecionais, e que se não tivermos os ouvidos abertos CATOLICISMO -

Junho de 1981


)Jiveira

"Folha" - Gostaria que o Sr. definisse melhor a posição da TFP diante dos atentados terroristas praticados no Brasil. PCO - A TFP uruguaia publicou um livro(" Esquerdis,no na Igre-

ja. co,npanheiro de vi<,ge111 do comunismo·) muito bem pensado. que mostra como o terrorismo dos "tupamaros" foi um artifício da guerra

psicológica revolucionária - psywar cm inglês - pan, fazer caminhar no público uruguaio a aceitação do comunismo. O fundo de quadro da tese é que as guerrilhas na América do Sul também foram. cm últi-

ma an~tlise. artifícios d~1 guerra psicológica revolucionária com fim propagandístico: digamos assim. uma shon--H'<lf corno ar1ifício da ps.r· war. Cabe uma pergunta: o terrorismo não será também um artifício da shuu·-H'llr'!

"Folha" - Ocorre, Dr. Plínio, que há uma diferença fundamental entre os atentados terroristas prati· cados na época dos "tupamaros'~ no início dos anos 70, e os atuais. E

que aqueles foram todos esclarecidos, mostrando-se que se tratava de organizações de esquerda em luta armada contra os regimes militares de direita , enquanto os atuais, ao contrário, embora não esclarecidos, visam exatamente impedir a democratização. PCO - Na minha opinião pessoa l, nada disso foi demonstrado. Sou muito cético a esse respeito. porque vejo de permeio a suspeita. inteiramente infundada e tola. veiculada de cá e de lá, de que a TFP teria ligação com isso.

longo muro e, no · alto, uma caixa dágua para dar a idéia de uma torre de comando, de observação. E o muro, um longo muro sem portão; portanto misterioso. - Esse terreno, cm concreto, onde há o tal muro. tem duas de suas faces cercadas por uma tela de arame, de modo que o terreno é todo visível. O repórter fotografou o muro do outro lado e omitiu de dizer que o terreno é todo visível. Está-se vendo o artifício. De vez e m quando colocam a TFP entre as organii.açõcs que estariam promovendo esse terrorismo dito de direita. Ainda recentemente fizeram isso. A TFP não pratica e condena os que praticam o terro-

Ê totalmente falsa a acusação de que a TFP tem adestramento para a violência, armamentos, e que seria ao menos propensa ao terrorismo. Isso não tem sequer semelhança de fundamento, e tanto é assim , que um ou outro indício que se tem pretendido alegar nesse sentido, é fraudulento. Há anos que, de vez cm quando. sai essa cantilena.

"Folha" - Para finalizar, Dr. Plinio, diante desse quadro todo conturbado que existe hoje no Bra sil e no mundo, qual é o trabalho que a TFP faz para mudar isso? Qual é a saída, diante desse quadro?

Uma vez se publicou, para dar aparência de verdade, a foto de uma das nossas sedes. Aparecia um

PCO - Nossa atuação não visa fazer tudo. para mudar tudo. Nin-

rismo.

fmpre11ionante concentraçlo popular diante da Baaflica de Fátima. N oesa Senhora. em 1917. advertiu o mundo naquele local para a eventualidade

de um castigo. caao nlo se convertesse.

guém é capaz disso. Sugestões nos vêm: por que não cuidamos do problema do menor, da ação social etc.? Simplesmente porque outros o fazem. outros o devem fazer. Nós não podemos nos incumbir de tudo. Somos uma componente de um esforço geral. Não podemos arcar com ele. Nossa atuação comporta, sem dúvida, um aspecto caritativo. Nas caravanas de jovens que temos por todo o Pais. eles costumam visitar hospitais, orfanatos, favelas. levando auxílios) ora materiais, ora de caráter espiritual: Rosários, medalhas, e outras coisas assim: um bom

conselho, uma boà palavra, uma conversa com um doente. Mas qual é o nosso ponto especifico? Nós partimos da convicção de que a difusão de erros contrários /1 Doutrina Social ensinada pela Igreja prejudica a fundo toda solução que se queira dar a qualquer problema sócio-econômico. Reciprocamente. a difusão da doutrina positiva, nos seus acertos, favorece a fundo a solução. Nós temos agido no sentido de combater. no plano ideológico. esses erros e difundir essas verdades. A TFP é, portanto. uma organização essencialmente doutrincíria.

sonolência do Ocidente Manobras sovié· ticas na Alemanha Oriental. - Os ruS· sos só avançam porque encontram

um Ocidente dormitante. iludido. sem vontade de lutar.

ÓS. BRAS ILEIROS, nos acostumamos a apreciar a particular profundidade do pensamento alemão. Sempre nos chamaram a atenção as manifestações da intelectualidade dessa grande nação do Velho Mundo . Em vista disso. pareceu-me oportuno oferecer aos leitores de "Ca1alicis1110" um apanhado de duas obras que repercutem atualmente cm vastos círculos de destaque do Ocidente. Como não foram divulgadas no Brasil, seu conhecimento, embora restrito aos limites acanhados de um artigo, possibilitará melhor apreciação do panorama internacional, objeto delas. Por que dois livros num só comentário? Em primeiro lugar. porque, como foi dito há pouco, tratam de temas conexos, próprios a serem analisados numa só visão. Um deles tem como titulo "O araque - a inveslida de Moséou rurno à do111i· nação 111undial", publicado em Munique. O segundo foi editado cm Washington pelo Instituto de Relações .Internacionais e pelo Centro por urna Sociedade Livre, e se intitula : "Son,os rodos Afeganistão". Em segundo lugar, porque o aul<!>r é o mesmo. Destacado deputado federal alemão, eleito pela União Social Cristã (CSU) bávara, o Conde Hans Huyn aborda os referidos temas com finura de espirito e penetração · de análise. A característica mais not{1vel, comum às duas obras; procede da consideração ampla dos planos imperialistas de Moscou. O Conde Huyn demonstra que a Rússia tem um dcsignio constante, imutável, de domínação universal. Isso. que é conhecido pelos homens dotados de visão objetiva, adquire relevo por conter explanação rica cm dados e conhecimento seguro da matéria. Ex-<liplomata, especialista cm assuntos .internacionais, o autor traça as várias etapas do plano soviético destinado a asfixiar gradualmente o

N

CATOLICISMO -

Junho de 1981

Ocidente e, por fim, subjugá-lo. Trato agora sumariamente dessas etapas.

A grande tãtica: o debilitamento interno O comunismo tinha por primeiro e gra nde fim convencer as multidões do mundo. Nunca o conseguiu. Fracassou na pel'suasão. Como persegue incansavelmente seus pla nos de dominação universal , vieram para primeiro plano as táticas de debilitamento do adversário. T rata-se então, ao lado do fortalecimento militar do impéri o soviético, de enfraquecer psicológica e materialmente o Ocidente. Em posição de proeminência estão as gran· des manobras psicológicas e de conquista ideológica de setores-chaves dos países não-comunistas. Dentre elas convém ressaltar a infiltração e difusão das tendências comunistas nas v:irias igrejas, especialmente na Igreja Católica; o trabalho inte nso pela aceitação do espírito entreguista. ingênuo e desprevenido da détl!nte; as contínuas e extensas ati ..

vidades de desinformação para desorientar o público. E ainda se poderia acrescentar a influência nos meios de comunicação soei a I e dissemi nação em circulos da burgue.sia de idéias csq ucrd istas, tornando-os virtua lmente inaptos a reagir eficazmente contra as investidas dos estrategistas do comando soviético. Diante do adversário carcomido e desorientado. os manejos do Kremlin adquirem especial periculosidade, com ponderáveis perspectivas de vitória. E aí passamos para outro campo da luta, o político e econômico, descrito com acerto no primeiro livro mencionado acima araque - a investido de Moscou rumo à do1ni11ação ,nundial'' como fases da Ili Guerra Mundial. lncluem o domínio das rotas do petróleo, de suas regiões produtoras.

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dos países africanos ricos cm matérias-primas estratégicas. com o fito de colocar a economia do Ocidente à mercê dos russos, forçando desta forma o processo de "finlandização" da Europa e. finalmente. a circunva lação dos Estados Unidos. Ta l manobra. de dimensões cic lópicas. apresenta, contudo. uma retaguarda enfraquecida. Sobre as debilidades do comunismo. o experiente autor adu?. dados significativos.

O colosso com pés de barro A reação do povo afegão à brutal investida do poder militar soviético evidenciou as limitações da força das armas. quando estas encontram diante de si uma nação que não se rendeu no interior de sua alma. Assim descreve o Conde Huyn o ânimo afegão: "Quem co11heceu esra raça 1no1ua11hesa. amante da liberdade. altiva e brava. quer ,·01110 hóspede e111 11111 de seus refúgios 11as escarpas que fecham os altos vales de Hindu Kuch. ou nos bazares dos con1ertia111es de anuas c1n Pesho-

war. onde os armeiros copian, 1n1111ualn1e111e qualquer tipo d<' (lfllUJ. sabe que nunca se renderão volu111ari<11nen1e a um conquistador l!S· trangeiro". Porém. o perigo maior para os senhores do Kremlin parece locali 1.ar-sc não cm suas aventuras imperia listas. ma~ no instá vel interior de

seus domínios. A pujante reação de inconformidade manifestada pelas bases do operariado polonês constitui sintoma expressivo do desagr-.ido generalizad o reinante atrás da cortina de ferro, onde, significativamente, nunca se teve a coragem de realizar o que seria o ma ior golpe propagandistico do comunismo: uma eleição livre, sujeita à verificação imparcial de observadores do mundo inteiro. Entre os numerosos fatos relatados pelo autor, destaco um de especial significação para o católico

autêntico. Só na pequenina e católica Lituâ nia, há sete publicações c landestinas - samizdtu., - que são distribuídas de mão cm mão com

evidentes riscos. Reflexões Estes dois livros. pela clareza dos problemas colocados. sugerem de imediato a seus leitores uma conclusão. Se houvesse da 1>arte de pondcrâvcis setores rcspo ns,:lvcis no Ocidente atençã o seriamente posta na luta ideológica. na d isputa das a lmas. ficaria por várias décadas debilitado o plano russo de conquista mundial. Pe lo menos. Ele se torna vi:ivcl por enco ntrar diante de si um adversário dormitan te. iludid o. confundido e pouco apto /1 resistência. Tra tc1 ..se de traba lhar. já se vê. especialmente j unto àqueles que não desejam o comunismo. ma$

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se

encontram desconcertados e ahatidos face ;.\ aspereza do viver atual e das tfüic;.ts acima expostas cm poucas palavras. O comunismo perdeu a arma na qua l havia posto sua grande esperança. Fracassou cm convencer. Os povos não seguem suas idéias, vestidas com e nganosas roupagens de

"QutJm conhtJc11u tista raça montanhtJsa. •· mante da tibordade. sltiv11 o brava. f ...J ssbs qutJ nunes so rondorlo voluntsrilJmtJnt6 so conquistador Bstnngoiro·: diz o Conde Huyn a respeito dos 8• fegãos. cuja indômita oposi• ção aos soviéticos valo como lição ao mundo ocidental. E: que aqueles resisti · ram à guerra psicol6gice re, volucionéria, desenvolvida intensamente po. los russos no Ocidente. e não se deixaram anestesiar.

5

justiça social. e a cujo serviço hâ plêidades de grandes especialistas em propaganda, incontável quantidade de dinheiro e multidões de homens dedicados. Além disso, o revigorar de opiniões sadias no Ocidente influiria seguramente as populações de alémcortina de ferro, onde as pessoas de boa orientação - raciocinando na lógica dos fatos - devem sentir-se abatidas ao ver o abandono cm que as deixa o mundo ocidental. Essa prostração extinguir•sc-ia na medida cm que sentissem c,·cpitar do o utro lado da fronteira os mesmos sentime ntos de calorosa inconformidade e o mesmo desejo de pôr fim a um estados de coisas tirânico e inumano. Mas, sobretudo - razão preponderante para uma alma verdadeiramente católica - contrário aos principios do Evangelho e da Lei Natural. E, através do gelo das fronteiras. poder-se-ia estabelecer promissor arco voltaico da união dos inconformados. dispostos a combater, segundo dos principios da Lei Divina e da Lei Natura l, os ditames ímpios dos ateus do Kre mlin.

P. Ferreira e Melo


Medíocres ...

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PURPURA QUE EVOCA

d iocrcs tizcram tantas leis, tantos regulamentos, instituíram tantas repartições públicas. que nenhuma fuga das almas superiores, para fora dos cubículos dessa med iocridade organizada, é possível. Sem terem a intenção de o fazer. os medíocres impõem, entretanto. às almas de largos horizontes, a ditadura da med iocridadc. Como todas as ditaduras. 1ambéo1 esta só se prolonga quando chega a monopolizar os meios de comunicação social. Cada vez mais

O SANGUE

as mcdiocracias vão penetrando nos

jornais. no magazine, no rádio e na televisão.

E se fosse só isso! O ecumenismo, com a infatigável e vã rngarclagcm de seu d iálogo, é bem a religião dos mediocratas. Uma espécie de seguro, o u de resseguro, para a vida e para a morte, mediante o qual todas as religiões são solicitadas a d izer cm coro que indiferentemente com qualquer delas. os homens podem alcançar para sua sa úde. seus negocí'nhos e sua segurança, e mesmo depois da morte. um bom convívio com Deus. Nesta perspectiva, parece <1uc a Deus é indiferente q,ue se siga qualq uer religião. Pode-se a té blasfemar contra Ele e persegui-Lo. Pode-se a té negá-Lo. Ele é indi ferente a todos os atos dos homens. Olímpicamente indiferente. Ecumenicamente indiferente. Como aliás os medíocres, por sua vez, tenham eles ou não algum Crucitixo, algum Buda

O menino segur.a a rosa. a:lmbolo do socialismo francês. Este esmagará a flor, como tambám destruirá a famllia

e deformará aa gerações futuras.

A sensualidade, atéia por essência. andava outrora de braços dados com os ma is cxaspcrad<>s desatinos do luxo. com os escândalos da prostituição, com os dramas d<> crime. Ela era vistosa. teatral. ro-

ca mbolesca. Correspondia e la ao ateísmo ulula nte e dcsbragado das massas revoluciom\rias de fins do século XVIII e do sécu lo XIX. q ue vibravam entoando a ·· Marselhesa". o "Çà-ita", ou a "/111er1wciona/", Mas esses cânticos estão fora de moda. Talvez os adotasse como símbolo de seu governo a lgum phnocrata q ue a Propaganda lev,tsse

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direção do Estado. e que para fazer

ROMA - Segundo antigas crõnicas, o Apóstolo Sa nto André abençoou as colinas de Kiev e profetizou o triunfo do Cristia nismo na Ucrânia . São Clemente, terceiro Sucessor de São Pedro. foi exi lado por Trajano na Cri méia. onde morreu mártir: ele exerceu uma influência indelével sobre a Igreja ucr.1niana. Qui nhentos anos depois. o Papa Mart inho 1, também exilado. morreu martirizado junto às costas da Ucrânia, pela unidade da Igreja universa l. No n\omento em que sera,. silêncio a respeito da dura perseguiç.'ío sofrida pelos cató licos dctnis da cortina de ferro - silêncio observado até mesmo pelo Vaticano. imerso cm sua "Os1poli1ik .. - uma voz re lembra o que a li se passa com aqueles que conservam a Fé, concorrendo assim para despertar o Ocide nte adormecido cm seu conforto. seus prazeres. suas riquc1,as. Essa voz é a do Ca rdea l Josyf Slipyj. Arcebispo-mór de Lvov e Primaz da Ucrânia. q ue apresento u cm Roma um corajoso relato da Igreja ucrania na durante seus 35 a nos de perseguição. no nú mero de março deste a no da revista "Ajudll i, lgrejll qu,, .,ofr,,··. O Cardeal passou 18 de seus 89 a nos de vida cm diversos campos de co ncentração na Sibéria . nas regiões úrticas. na Ásia Central e cm Mordóvia.

permanecem unidos a Roma. País crescidos nu m Estado ateu dão agora a seus tilhos educação religiosa. Uma senh ora de 35 anos atirmou d iante de um tribunal. sem hesitação. ter feito batizar · seus quatro fi lhos e lhes ensinar o catecismo. No ano passado, a superiora de uma Congregação religiosa. c nvian-

imprensa dirigidos /, juventude até mesmo à juventude comunista o rga nizada - exorta ndo-a a não tomar parte nas ceri mônias reli-

giosas, demonstram claramente que co nsídcnível parte da população per: manecc unida à Fé católica. Acrescenta o Ca rdea l que "e.<1r1 Fé é rf,, ,ai nu1neirt1 forte que afasta ajuvcn1111/,·

Dez Bispos. 1.400 Padres. 800 freiras e dezenas de milhares de tiéis morreram pela Fé desde a bri l de 1945. quando a Igreja ucraniana teve s uas atividades proibidas pelas autoridades comunistas.

"Te,upos anwrgos se abateram sobre " Igreja Cal(i/ica ucra11illllll. N6s. fiéis desu, lgr~ia, somos obrigados a f azer balizar cfl111des1i1wme111e nossos .fi lhos. a cosar-11os, ti

O Catdeal S lipyj com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. na sede da TFP em São Paulo, onde o Purpurado foi homenageado em 1969

co,ifessar·nos e a enterrar o.t n1orros

A Revoluçlo dos Cravos em Portugal foi recebida com a mesma euforia que os meios de publicidade conferem à vitória de Mitterrand na França. Hoje. seis anos após o golpe de 26 de abril, os portugueses só guardam recordações emerges do socialismo. Liçlo que, os medfocres nlo aprenderam.

de louça ou cerâmica, ou a lgum amu leto, nos locais cm que dormem ou cm que traba lham, são olimpicamcnte indiferentes da Deus. Na atmosfera relativista dos paraísos cubiculares mcdíocráticos, Deus é - segundo o brocardo italiano - um ente ..con il q11ale o sen za il quale. il 11w,ulo va /(1/i! quafe". Nesta perspectiva ta mbém. Deus pagaria aos homens na mesma moeda. Poder-se-ia e ntão dizer que a humanidade é. pa ra Ele, o form igueiro (o u nó de víboras?) "con il quale o senzo i/ quale, lddio (o Senhor Deus) vil ,ale qual;,·. Tão freqüentes nas direitas e nos centros, nã o só da Fra nça corno do mundo inteiro, a mediocracia e o indifere ntismo religioso são corolàrios um do ou1r1>. Como. por sua vez. esse indiferentismo não é senão uma forma de ateísmo. O ateísmo dos que, mais radica is (cm certo sem ido) do que os próprios ateus convencionais, não tomam Deus a sério. Ao passo que o a teu. se tí· vcsse a evidência de que Deus existe, O odiaria ... ou, talvez. O serviria ... Mas, em todo caso. O toma ria a sério.

A esse ateísmo ecumênico e relativista corresponde uma especifica modalidade de deterioração moral. 6

demagogia esco lhesse a lgum desses câ nticos como seu prefixo musical.

Aberrações destas tigurarn na ordem d o d ia. Miuerrand. por exemplo. acaba de adota,· a música p,·ópria de seu governo. Ele não é um burguês carunchado mas um marxista "no vento". Por isso adotou a marcha composta por Lu lly para os dragões do r~símcnto do Marecha l-Duque de Noaílles. Vitória da tradição'! Ni nguém se iluda. Ostensiva atirmação do indiferentismo reinante. Todos os ilogísmos, todas as contradições que out rora teriam "urrado por se cncomrarcm jumas". passeiam de braços sob o signo da med iocridade e da indiferença. Ora, foi especialmente o governo de Giscard o paraíso de todas estas formas de medíocracia apoiada cm uma fração do eleitorado que

às escondidas. Nossos Padres so .. f rem nos asilos psiquiâ1ricos. onde são des1r11idos psiq11icame111e ... Ja· mais 110 pass11do os fiéis da Igreja de Crislo forllm perseiuidos co11w 1,11, nossos di11s... Dos meus .14 ll11os de vidll. 14 jd 1ra11scorrera111 em pri.rões, ,,,n ca,npos d<• co11cen1ração e institutos p.'<iiquiá1riros .. .

Sen,

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poio de 1odll a Cris1a11dade. os crimes no ,nundo t/{)s se111·De11s não 1erão fi111... S11p/i,·,1nu,.\. o no.,·sos irnuios ca1ólicos que defe11da111 a fgr,'}a C111ólic" 11cr1111i1111":·. - Esse é o brado lancinante de um jovem ticl, Josyf Tcrclia. que cm 6 de março de 1977 escrevia sobre as bordas de um tecido a Paulo VI. Citando correspondências clandestinas com a Ucrânia . o Cardeal Slipyj afirma que a Igreja Cató lica ucraniana conserva sua vitalidade na Rússia. o nde conta com pelo menos quatro milhões de liéis. que

do sa udações de Páscoa. assim se dirigiu ao Cardeal S lipyj: "Adorll111os o Sa1111:vsi1110 S11tro11,e11ru dia ,l noite... (1/g1111ws filhas Sl1 ct1sart11n". () que signítica que algumas freín1s jovens pronunciaram seus votos per-

pétuos. Em maio de 1980. quando foi encontrado na cidade de Zym na Vada o cadáver do Pc. lva ,, Kotyk. de 60 a nos, massacrado a porrctadas na fábricâ onde trabalhava. seus paroquianos ousaram sepultá-lo publicamente, canta nd o hinos religiosos. Havia tanta gente que o cortejo fúnebre estendeu-se por 600 metros ...

rência. nem entusiasmo. nem impacto. O q ue podia acon1cecr-lhcs senão perder? A lição aproveitar.\ pelo menos aos medíocres de outros países? Temo que não. Pois se há coisa que o medíocre não faz. é aproveitar a lição do vizin ho . Por definição. ele só vê perto. E só enxerga o dia de hoje. como eu acima disse.

11wu.1o· irr11ãos 1J1t11·tirizados".

Paulo 1-lenrique Chaves

({IAtOl~Cl§MO Apesar de mais de 60 anos de bazófia e propaganda atéia, o regime comunista não obteve o sucesS<> esperad o. Os contínuos apelos da

--

MENSARIO com a1>rovacio ccl~i:íslica CAMPOS ESTADO 1)0 RIO Diretor:

Paulo Corrê11 de 8rito Filho Diretoria: Av. 7 de Setembro, 247

Caixa Posrnl 333 • 28 100 C:11npo~. RJ . Admini.straçifo: Rua l)r. Martinko Prado. 27 1 • 01 22,,

São Pau•

lo. SP. COmp<>SlO i: imprcs:;,o na Artpr~~ Papéis e Art~ GrMica.s Ltda .. Rua G:)ribaldi. 404 - O11JS . São P:mlo.

sr.

"Calolids-rno" é uma public:ação mcn· sal da Editora Padre 8clchior de Pónlcs S/C.

não queria outra coisa.

Chegou. com o período pré-elcí1oral. a pugna. Os med íocres se de· fenderam à maneira deles. Mediocremente. Sem convicção, nem coe-

do i11f/11ê11cia ron1unisw e a t·ond · u Deus. So111enre que,n viveu .,, inferno ron,unisra pode (·o,npr,•,·n· ,1,.,. o pt,pel que a Igreja des,•., vofw, en1 11li11ha plÍtJ'ia co,no mestra da Fé ,. ela Morar. Aludind o ao dia cn• ,1uc Deus o levará desta vida. o P1, rpurado (com 89 anos). conclui: ·· Preu111do valernu: dl!.\'ffl oc1Hiào ..,,w talvez seja a ,i/tinw. para satisft1zer o desejo de

Casamento reli· gioso na Ucrãnia. - Apesar da per· seguição comu• nista. há um re· nascer do senti• mento religioso no pafs. onde se têm verificado

, numerosos ordenações sacerdo,

tais clandestinas. segundo relatório divulgado pelo

Cardeal Slipyjem

Assín:tlura anual: comum CrS 700.00: cooperador CrS 1,000.00: benfeitor CrS 1. 5-00.00: gt:1ndc bt:nícitor CrS 3.000.00~ $Cnlin:-irist:b e C$ludantc$ CrS 400.00. Exterior: comum USS 20,00: l>c11fci1or USS 40.00. Os 1>ag~11uc,uos. scmJ>re cm nome de Edi1orn Padre Belchior de Pontes S/C. poderão ser cncami11hados f1 Adnlinis1r:·1(!io. PMa nllld;rnça de en· dcrcço de assinanH.-s é necessário mcnc:io11:.1r rnrnbém o c1,dcrcto ~inti;o. A correspo11dCncia rcla1iva a ;:i,s.~m:1tu• ras e venda :r,•1.d:i;a deve s-cr c,wi:ida â Adrninis1racão: Ru• Dr. Màrtinito Pr:ado. 27 1 Sifo P:wlo. SP

Roma.

CATOLICISMO -

Junho de 1981


A pompa barroca de Lima PERU, nosso vizinho do Pacífic_o, apresen_ta para nós·, bras1 le1ros, um interesse especifico, não só por sua proximidade geográfica, como também pelas afinidades de espírito, dentro da família ibero-americana. A arte barroca, por sua vez, com todos seus contornos de alma e de modos de vida, foi o crisol de onde brotou o que há de mais significativo na arquitetura de ambos os países. Lima, onde residiu a Corte dos Vice-Reis durante quase três séculos, desenvolveu um estilo próprio. Outras cidades peruanas ostentam grandes monumentos religiosos, mas na capital peruana encontram-se as principais obras da arquitetura civil. Cidade onde apareceram místicos, e la também é marcada pelos tremores de terra, por vezes devastadores. Em 1684 e 1746 Lima foi destruídu e m sua melhor parte. Mas restaram alguns magníficos exemplos de arte colonial espan hola.

O

Acima: nave lateral da Igreja de São Pedro (sec. X VIII

Ao lado: o cunho senhorial ressalta na fachada do Pa· lácio dos Marquoses da Torre Tagle

.

Vejamos estes ângulos, banhados pela luz do sol, atenuada. cm certa medida, pela neblina, que, com maior ou menor intensidade, recobre

o céu limcnho a maior parte do ano, contribuindo para formar a atmosfera mística e imaginativa da legendá ria capital do Vice-Reino. O pórtico da Igreja de Santo Agostinho é frondoso e carregado, mas também vertical e altivo. 1: uma cascata imóvel de arabescos

(sec. XVIII),

em pedra, mas suas colu nas sugerem um movimento espiral cm ascensão. Todos os esmcros barrocos entram cm jogo. porém, numa sincera e ingê.n ua busca .da pompa sagrada. A suntuosa minuciosidade, lembrando prata lavrada, conjugase perfeitamente com uma alucinante e vivaz imponência.

Uma beleza imPonente resplandece no pórtico barroco da Igreja de Santo A gostinho (sec. XVIII

.--- - - -----,,-.;.

O Palácio dos Marqueses de Torre Tagle é também uma ·fantasia. Em seu surpreendente pórtico, os grandes coruchéus repousam sobre massas de aparência mais pesada que as frágeis colunas principais, o que confere ao estilo uma impressão sonhadora. Em sua parte superior, véem:se duas colunas "aéreas", e termina em arabescos e coruchéus inopinados. Os balcões ·'miradores" são lugares de observação e comentário leve, como parecem sugerir as colu nctas que os coroam. Primoroso ,esforço da imaginação ordenada na conquista de novas formas "inúteis" e encantadoras: eis o que representa o conjunto. Em seu primor. falta-lhe uma certa lógica, mas sua vistosa liberdade mostra-se nobremente original e cortesmente superior.

Maiores ocasiões para imprevistos oferecem os interiores, pois aproveitam os e.spaços por onde se transita. A nave direita da Igreja de São Pedro aguarda com um altar dourado, atrás de cada um de seus arcos, à maneira de sucessivos cortinados de arabescos de ouro sobre fundo vermelho. No último, uma placa de mármore indica jazer a li o coração do Conde de Lemos, Grande de Espanha. Nos salões da mansão dos Condes de Fucntc Gon7..áles, os motivos dourados se mu ltiplicam indefinidamente por um jogo de espelhos e portas de crista l. A porta do primeiro plano conduz a outra e atrás há um espelho. Do mesmo modo. o espelho contíguo reflete uma porta que leva a outros lugares. Forma-se um verdadeiro arabesco de perspectivas e expectativas. que sugerem uma rica vida social, abu ndante cm plano~ de observação. (: preciso evocar nestes s~lões as numerosas perucas que meneiam . as sedas que roçam e os leq ues a abanar.

lia: "E/ que la sierpe mató, y con la injimut se casó" - O que matou a serpente e se casou com a infanta. Em meio à dispersão visual das salas da mansão dos Condes de Fucntc González~ muito à maneira espanhola, encontram-se móveis de madeira negra. Ao fundo da nave lateral da Igreja de São Pedro brilha a estrela que guiou os conquistadores: a Cruz. 1ncontú veis solenidades e celebrações eclesiásticas. oficiais e particulares. reali7.aram-sc nesses belos

das e dois interiores. As primeiras, de pedra, ostentam um valor perpétuo e lixo, de devoção ou de honra. Os outros dois, dourados, brincam suntuosamcnte com a alma de quem transita pelo ambiente. Dois exemplos da vida religiosa e dois da vida civil. Os primeiros se servem do luxo para elevar o espírito a considerações superiores. Os civis se utili1.~m do esplendor para realçar a vida social. Uns e outros surpreendem e atraem. Unc.. os uma artística e cerimoniosa continuidade. Nos quatro exemplos existe um esforço de magnificência e um anelo de transce ndência imaginativa. Ao lado de suas exuberantes ondulações barrocas. está presente o combate. San10 Agostinho esmaga os hereges e no pórtico do Palácio de Torre Taglc há um lema her:ildico que recorda a lcnd.i mcd ieva I da famí-

+

rnonumcntos de arte sacra e tem ..

poral. Das sacadas lançavam-se flores sobre as procissões e os salões se enchiam depois dos batizados. Quatro imagens de uma época na qual a disciplina dos valores do espíritú e o sentido das formalidades

mantinham t>em alto os fu lgores da pompa.

Cristais e espelhos multiplicam os arabescos dourados nos salões do mando dos Condes de fuente Gonm1e1 (soe. XVIII)

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Estreita harmonia vincu la essas quatro ilustrações. São duas faehaCATOLICISMO -

Junho de 1981

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_,~ jAto1ncxsfy110- - - - - - -- * Observações sobre a pureza e a integridade da Fé A PROPÓSITO do XVI centenário do I." Concílio de Constantinopla e o 1~50.0 aniversário do Concilio de Efcso, o Exmo. Sr. Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, enviou ao Clero e fiéis a seguinte rircular: .. Caríssimos cooperadores e amados lilhos. Quis o Papa João Paulo li destacar. com especia l solenidade. a ·passagem do X VI centenário do 1.0 Concílio de Consta ntinop la e o 1550." anivcrs{trio do Concilio ele Éfcs<>. Não é difícil encontrar r.izõcs que just iíiqucm essa solenidade especial. Os ·dois Concílios têm. no Cristianismo. suma imponãncia. porque asseguraram a pureza e intcgri~ dadc da Fé co ntra as inovações heréticas que então surgiram. No primeiro Concilio de Constantinopla, encerrado em 9 de julho de 381, a Igreja reivindicou a integridade da Fé contra os maocdonianos. assim chamados pela relação com Macedôn io. Patriarca da Cidade Imperial. Estes, seguindo as pegadas dos arianos. destruíam o dogma fundamental de toda a Revelação, a Santíssima Trindade. pois negavam a divindade da Terceira Pessoa Divina. o Espírito Santo. Por sua vez. o Concílio de Éfeso. terminado cm setembro de 43 1. defendeu essa mesma integridade d.i Fé. contra outro Patriarca de Cons-

tantinopla. Ncstbrio. e seus asseclas. Estes negavam a divindade de Jes us Cristo. e. conseqiienterncntc. a Maternidade Divina de Maria S.1ntissim,1. Nestório distinguia no Salvador duas pessoas. a pessoa divina. o Filho de Deus. e a pessoa humana. o homem Je~us Cri~to. Apenas o homem nos teria sa I vado com a morte na Cruz. 1nfcccionava. pois. o Dogma da Redenção que. no caso. seria obra de puro homem, e perderia seu caráter de reparação condigna e su-

perabundante, oferecida a Deus pelos pecados dos homens. Em decorrência desta heresia, Maria Santíssi ma deixaria de ser a Mãe de Deus. pois teria concebido. no seu seio puríssimo, apenas o homem Jesus. Sua intercessão passa ria Para a classe comum da intercessão dos Santos.

A obra dos dois Concilias O primeiro Concílio . de Constantinopla rcaíirrnou solenemente a verdade revelada do Mistério da Sa ntíssima T rindade, definindo a divi ndade do Espírito San to; e o Concilio de Éfeso ensinou. de modo categórico. definitivo. que cm Jesus

Cristo h;;', uma s6 pessoa. a Pessoa

do Filho de Deus, na qual subsisicm duas naturc1-as. reahnen1e distintas: a natur<•za divina. pela qual Jesus Cristo é verdadeiro Deus. e a natu~ reza humana. que O fat igualmente verdadeiro homem. E Maria Santíssima. declara o Co ncílio. como Mãe de Jesus Cristo to rnou-se vcrd.idciramentc Mãe de Deus. pois a relação materna termina na pessoa do filho. Mantiveram assim aqueles dois Concílios a Fé Católica. integra e sem deturpações.

A importãncia da Fé Ora, nas relações com Deus. q uc são as relações fundarnentais do homem. nada há mais importante do que a pureza e a integridade da Fé. Com efeito. pela Fé cremos. com certeza absoluta, verdades que superam nossa capacidade intelectual. somente porque Deus as revelou. Com isso. prestamos homcm,gc m ,, transcendência inefável de Deus, e reconhecemos a vassalagem que Lhe devemos por ser nosso Criador e · Soberano Sen hor. A heresia se opõe à Fé. · precisamente. porque nega

esse direito soberano de Deus. De fato. o herege reivindica para si o ju lgamento das verdades reveladas. rejeitando as que lhe parecem incom1>recnsivcis. ou contrárias a conclusões científicas. Dessa maneira. arvora-se cm juiz. do pensamento divino. Renova a rebelião de Lúcifer. que pretendia igualar-se a Deus, decidindo, por si. a verdade e o erro. Dai a importâ ncia suma de conservar a Fé. na sua pureza e integridade. Pois, como na accitaç,1o de cada uma das verdades reveladas prestamos nossa homenagem à Suma Sabedoria de Deus. assim. na rejeição de uma só delas há a recusa de nossa vassalagem a Nosso Senhor e Soberano. O mesmo se diga de uma verdade revelada. cujo conceito culposamente deturpamos. A Fé comanda toda nossa vida religiosa. A retidão do cu lto que prestamos a Deus, depende da pureza e integridade da Fé; pois Deus. Suma Verdade, não pode sat isfazerSe com um culto que desconhece sua Palavra. Também da pure'l.a e integridade da Fé depende a retidão de nossa caridade. que jamais pode praticar-se a expensas d,, Fé. São João, o Apóstolo do amor. não 1emc cm afirmar que aquele que não aceita a doutrina de Jesus Cristo. nem saud,\-lo devemos (2." Caria . 10). Eis que a Fé, pela qual cremos íirmcmcntc as verdades reveladas por Deus. é o fundamento indispcns{1vel de nossa salvação. "Se111 /.'é é i111posstvel agrtuft,r a Deus" (Heb. XI. 6).

o post-concilio: dúvidas e ambigüidades Depois do 2.° Conci lio do Vaticano, irromperam na Igreja dúvidas e ambigUidadcs. incompalivcis com a pureza e integridade da Fé. O testemunho é de Paulo V1. São

Divórçio: ''Covadonga'' pede referendum MADRID -- A Sociedade Cultural Covadonga, entidade afim à TFP, dirigiu apelo à Co11ferência Episcopal Espanhola. no sentido de que esta se pronunciasse categoricamente contra a introd ução do divórcio no pais. Ta l manifesto foi estampado no diário ·'A BC'", de Madrid, no dia 24 de maio p.p., antes ainda da aprovação da lei divorcista pelo Senado. Càvado>,ia está no momento e mpenhada numa ca mpanha pú· blica - juntamente com outras entidades, religiosas e civis - visando reéolher íirmas em prol de um abaixo-assinado, no qual se pede a realização de um refcrentlum sobre a lei. cm questão. A possibi lidade dessa votação popular é prevista no artigo 87 da Constituição hispânica e mais de 300 mil pessoas já subscreveram a petição. "É preciso que· <X111s1e nos anais da História espo11hola - diz o manifesto - q11e o sensus fidelium, represe,uado pela po.riçílo de Covadonga e d<1s diver.ias asso-

ciações que estão p/ei1eo11do a realização de um refere11d11m, não 11nc1uou com o atitude permi~·$ivisto de eclesiástirós e leigos ante o divórcio. "E é 11ecessário também que fique registrado em nossa His16ria que 111ilhares. provavel1ne11re nu··

/hões de espa11hóis a111idivorcisws se111e111-se 111orgi110/izado.< 1111 conjuntura atual".

pectiva de 111n referendum - comenta o documenlo ele Covado11-

"'º"ª

ga - "to11,·1i1ui de si 111110 pa1e,11e de q11e existe uma poder<>sa posiç,ío {tllfidivorcista arraigada e,n todo a p(,pulação". Nessas condições. bastaria que a Conferência Episcoptll Espa nhola,cm conjunto, assumisse uma posiçilo c lara e dclinidamcnte comrária ao divórcio, para que este não fosse introduzido na legislação. Covada11ga observa, entretan• • ' to, q uc, h 110s var,o, · 1tro11u11cw-

,,,e1110s que fez sobre o a.,s111110. co111 vistas a evitar ,·011fro1110 aberto rom parlnmentares, a C(mferéncin l:.'piscop"/ o//sreve-se de uma aftrmaç,1o nítido co111ra o divrirrio. 11<1 qual apel<1ss1• para a irref<>r,nobilidade do Direito Natura/". O manifesto transcreve extensamente manifestações individuais mais incisivas de diversos Prelados hispânicos, condenando o divórcio. Mas ressalta também a ausência, por parte do Episcopado tomado como um todo, de uma atitude clara, categórica cdc larga rcpc,·cussão, a esse respeito. Conclui o documento: "A So-

l'iednde C11!111ral Covado11ga, em espírito de co,,fio11ra, aguarda 911e a Hierarquia esponliola. através da Co11feré11cia /,?piscopal. ouça o brado a11g11s1ioso de suas ovelhas, que lhe i111ploram uma tomada de pq,,içãc, salvador<,, i11d/spe11sável par<, preservar o próprio hem 40· mwn da sociedade e~1Ja11h0Ja".

Posição do Episcopado espanhol

Brado de alerta

A antipatia com que os círculos divorcistas encaram a pers-

Há três anos a Sociedade Cultural Covadonga vem combatendo

as tentativas de introd ução .do divórcio na Espanha. ln ici.a ndo sua campanha cm 21 de janeiro de 1978. aos pés da Virgem do Pilar, cm Zaragozn, a associação lançou um apelo contra o divórcio às autoridades e ao público daq uela naç;io ibérica. Sócios e cooJ>Cradores de Covadonga, percorreram, a partir de então, praticamente todo o território do país, difundindo 300 mil exemplares . do manifesto. O aJ)oio que a entidade r.cccbeu cm vir1ude de tal iniciativa foi considerável. O referido apelo foi objeto de um abaixo-assinado de solidariedade, firmado 1>or mil Sacerdotes espa nhóis, que foi entregue às Cortes no d ia 18 de maio de 1978. Nesses últimos três anos, Covodonga prosseguiu cm seu esforço dcalertar a opinião pública de sua pátria, mediante publiéaçõcs e campanhas. Destaca-se, entre suas atitudes, o manifesto di~igido às Cortes e ao público espanho l, publicado no diário "A BC", de Madrid. cm 9 de novembro de 1980. sob titulo: "A luz brillm 11as ,revas (Jo. I. 4) - A ,·011/11,ção moder110 nãQ e11,•obre <1 daridade tio preceiro do Senhor: 1llío .~epare o ho111em o que Deus 1miu (Mt. /9, 6)" (cfr. "Carolicis,110'" n. • 360, deicmbro de 1980). E Covado11ga conclama cm seu último manifesto: ·'Chegou agora o momento de /a11çt1r o derradeiro brado de alerta. Que 11i11J!uém na l,spa11ha se mantenha inerte! Con, i1ne11sa tristeza con,\·-

1au1111os q11e o cáncer do div9rcio já pe111!1rou nas gloriosas terras de Fer,umdo Ili o Sa1110"'.

A

TRINDADE EM

SUA GLORIA, mi•

niatura de J ean Fouquet (sec. XV). no ..Livro ' do hou1s de É-

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Chova- ·

Condé.

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Os ConcUios de Constantinopla

e l:teso conde-

naram as here·

siasdo Maoedõ · nio e Ne1tório, que negavam. reapectivamen · te. a divindade do Esp(ritoSanto e a divindade do Nosso Se• nhor JNUs Cristo.

essas dllvidas e ambiguidades. afüís. jà ex istentes antes do Concilio. que deram origem a correntes de opinião que não se ajustam à Fé Católica. tradiciona l, e põem cm risco a autenticidade do culto divino e a salvação eterna das almas. Dois pontos. sobretudo. tratados no 2.° Concilio do Vaticano têm dado ensejo a posições distoantcs da verdade trad icional, revelada: a liberdade religiosa e o ecumenismo. Pontos. aliás. q ue se interpenetram. e sobre os quais a Igreja tem doutrina definida.

A liberdade relig iosa Assim. sobre a liberdade religiosa . podemos resumir cm 1rês itens o ensino oficia l do Magistério eclesiástico: a) ninguém pode ser coagido~ pela força, a abraçar a Fé Católica; b) o erro não tem direito nem à existência. nem à propaganda . nem à ação; e) este principio não .impede q ue o culto público das religiões fa lsas possa ser, cvcmualmente. tolerado pelos poderes civis. cm vista de um bem ma ior a obtcrsc. ou de um m.:il maior a cvitar•sc (cfr. Alocução de Pio XII. de 6-Xll 1953). Com o principio de bom senso. que tolera a even tual ex is1ência de religiões falsas. a doutrina da Igreja ,itcnde mesmo ,\s condições de fato de uma sociedade. religiosamente. plu ra lista. Não admite, porém. nem poderia admitir. no homem. um direito natural de seguir a religião de seu agrado, prescindindo de seu car:ítcr de verdadeira o u falsa. Aceitar semelha nte direito cm nome. por exemplo. da dignidade humana. cnv()lvc uma profunda inversão da ordem das coisas. Pois a dignidade do homem, que toda ela procede de Deus, passaria a sobrepor-se à obrigação fundamental <1uc tem esse mesmo homem com relação a Deus: a de cultuá-Lo na verdadeira Religião. Outra posição. lesiva dos di,·eitos divinos. está implícita naquele princípio: o Estado deveria ser necessariamente neutro cm matéria rc .. ligiosa . Deveria sempre dar plena li berdade de profissão e propaganda a qualquer culto. Atitude esta que contrad iz o ensino católico tradicional, urna vez que~ criatura de Deus. também a sociedade. como tal. tem o dever de cultuá-Lo na Religião verdadeira. e de não permitir que cultos falsos possam blasfemar o Santíssimo Nome do Senhor (cfr. Leão XIII , Encíclicas ··t,11111orwle Der· e .. libertas'). Não é difícil verifica r-se que este principio falsíssimo do Liberalismo corre cm meios católicos corno doutrina oficial.

O ecumenismo Intimamente relacionada com a liberdade religiosa está a questão do ecumenismo, como é ele entendido e praticado. A liberdade religiosa . que acabamos de ver, dá ao homem pleno direito de segu ir sua religião, a inda que falsa, e impõe ao Estado

dever de atender ilOS cidadãos no uso de semelhante direito. A liberdade religiosa. pois, favorece. quando não impõe. ., pluralismo reliO

gioso.

Ora, acontece que. numa sociedade. dilacerada por esse pluralismo. a identidade de origem de todos os homens. os mesmos problemas que resolver. as mesmas diíiculdadcs que enfrentar, despertam nos indivíduos o anseio de buscar uma unidade de fundo-religioso, visto que a comunhão na convicção religiosa é um meio excelente de congregar esforços. para a conquista do bem comum e do interesse público. Dai os movimentos visando c hegar à união das v,\rias religiões. mediante a aceitação de princípios comuns a lodas elas, sem ex igir a renúncia às características específicas de cada uma. que continuaria distinta das o utras.

Semelhante ecu men isn,o muitos o restringem às confissões que se dizem cristãs.

Seqüelas do ecumenismo Assim concebido. o ecu menismo tem os seguintes corolários: 1. a verdade é colocada ao lado do erro. em igualdad e de condições; 2. acciia-se. como coisa na tural e norma l, que a salvação seja possível em qualquer religião: 3. afasta-se o proselitismo, que seria um divisor e não um catali1.ador; 4. chega-se, logicamente. a aconselhar. aos 11ão católicos, a lidclidade e o afcrvoramcnto no crl'o cm que se encon· tram. não fa ltand o quem equipare religiões cristãs fa lsas à Igreja Católica. ao pensar que o Espírito Santo como da Igreja. assim daquelas coníissõcs também se serve. como meio de encaminhar seus adeptos ;\ salvação no seio de Deus. Não obstante essas conscqü~ncias. d iametralmente OJ>OStas à verdade católica. um tal ecumenismo é aceito cm meios católicos. Há mesmo tentativas de promover uma formação religiosa ecumênica, a ser ministrada. em comum, aos adeptos de várias conlissões cristãs. Sobre o ecumenismo. assim concebido. escreveu Pio XI a Enciclica ··1Horraliw11 011i1110.,· com data de <, de janeiro de 1928'. na qual o condena com energia. De o nde. uma renovação da 1grcjll. animada pelas orientações surgidas depois do Concilio. que aqui registramos, por atraente que seja. opõe-se à Fé, é inadmissível. Como antidoto a essa infiltração perigosa e subtil q ue nos distanciaria do caminho da salvação, rcalirmcmos cont inuamente nossa crença na única Igreja de Jesus Cristo. Santa, Católica e Apostólica - ··credo in u,wm. sa11cu1,n Cotholicmn e1 Apo.woliN1111 J:.,·desiam·· - fora da qual não há salvação, "extra quam m1//11s 011mi110 salvatur'" (Cone. Lat. IV). Co m bênção cordial l Antonio. Bispo de Campos Ca mpos. 1. 0 de junho de 1981".


N. 0 367 -

Julho de 1981 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XXXI

Coino El Salvador faz sua Reforina Agrária A AÇÃO do exército foi rápida. Em pouco tempo, caminhões. jipes e outros veícu los mi litares ocupavam todas as estradas e vias rurais do país. Em dois dias, o o bjetivo estava alcançado: pela coação da força e a si mples presença de um funcionário governamental, todas as propriedades rurais de tamanho superior a 485,6 hectares, num tota Ide 376 propriedades, passavam às mãos do Estado. Com exceção de algun s, que conseguiram ºnegociar.. a posse

de algum veículo ou bens pessoais.

todos os demais proprietários expropriados não puderam levar consigo senão a roupa do corpo. Não estamos descrevendo uma Reforma Agrária executada cm Cuba, na Rússia ou cm qualquer país comunista. O confisco brutal a que nos referimos foi realizado nos dias 5 e 6 de março de 1980 pelo governo de El Salvador - que certa imprensa qualifica, gratuitamente, de "direitista"... - com o apoio e a iníluência da administração Carter, através do "procõnsul" norte-americano cm San Salvador, Robert White. Essa ação rápida das forças armadas salvadorenhas contra a propriedade particular não constitui senão a primeira fase da Reforma Agrária. Na segunda etapa, será atingido um número muito mais elevado de propriedades menores. O mesmo governo que combate as guerrilhas insuíladas por Cuba e Nicarágua, executou outra reforma ao gosto dos ideólogos do Kremlin: a estati1.ação de toda a rede ban•

cária do pais ccntro·ameílcano.

O regime da Junta de El Salvador vai. assim, sob pretexto de combater o comunismo. fazendo gradat(va mcnte o qJe os con,unistas t'anam ... Na foto, armas da guerrilha aprecnd idas pelo governo. Na págma 3, o relato sobre a Reforma Agrária salvadorenha, segundo um abali,.ado estudo da Sra. Virgínia Preweu, ed itado pelo Conselho de Seg11rança lnteramericana, sed iado cm Washington.

A

V1s 1rA(:ÃO -

p;1incl de Fra Angclico (s6culo XV), Museu do Prado, cm Madrid

"... FEZ E.lf MIM grandes .:oi~as Aquele que é poderoso. e cujo nome é santo. E cuja 1niseric6rdia (se estende) de geração en, geração sobre aqueles que O remem" (Lc. 1, 49-50).

Essas foram palavras da Santissima Virgem no "Magnificai'', por ocasião da Visitação a sua prima Santa Isabel, mãe de São João Batista. A festa da Visitação, celebrada a 2 de julho, deu origem a uma das mais conhecidas instituições do mundo luso: as Irmandades da Misericórdia, cm

geral n11:ntcncdoras das Santas Casas espalhadas ainda hoje por incontáveis cidades brasileiras e outras partes do Globo. Inspirada nas palavras do cântico da Mãe de Deus, Dona Leonor, irmã do Rei D. Manuel o Venturoso, de Portuga l, fundou a primeira Irmandade da Misericórdia , rapidamente disseminada graças ao espírito católico dos fidalgos portugueses daquela época e de séculos posteriores, conforme o leitor poderá ler na matéria que publica mos a respeito, na página 2.

o'' perde insigne colaborador "CATOLICISMO" tem o pesar de comunicar a seus leitores o falecimento, ocorrido no dia 25 do corrente na capital paulista, de um dos seus mais antigos e insigncs colaboradores, o Prof. Fernando Furquim de Almeida. Iniciou este, ainda muito jovem,

Homenagem de TFP.. durante o cortejo que conduziu o esquife para o romulo

+

ucatolicismo" convida seus leitores e amigos para assistirem à S anta Missa que fará rezar por alma de seu colaborador

PROF. FERNANDO FURQUIM DE ALMEIDA O ato religioso seri celebrado pelo Exmo. Sr. Bispo Diocesano, no dia 24 de agosto, às 6:30 horas, na Capela do Palácio Episcopal.

suas atividades no movimento católico, destacando-se nas Congregações Marianas, que ent ravam então na sua fase de maior expansão. Como aluno da Escola Politécnica e da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, foi dos militantes mais salientes da Ação Universitária Católica. Pouco depois começou a colaborar no hcbdomadário "Legionário", órgão oficioso da Cúria Metropolitana de São Paulo. Datam de então seus importantes estudos sobre os católicos franceses do sécu lo XIX. O Prof. Fernando Furquim de Almeida foi também membro da I.• Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo. Nessas atividades, tornou-se ele integrante do grupo de intelectuais católicos e homens e ação que, sob a presidência do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. fundaram no ano de 1960 a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP. Na primeira diretoria, ocupou ele a vice-presidência, cargo para o qual veio sendo reeleito sucessivamente e cm cujo exercício faleceu. Colaborador de "Catolicisn,o" desde sua fundação, cm 1951, o

Prof. Fernando Furquim de Almeida especializou-se em temas de História da Igreja. Suas brilhantes colaborações sobre católicos contra-revolucionários do século XIX e fases da História medieval alcançaram ampla ressonância. Sobre as mesmas temáticas, e particularmente a respeito da Reforma . beneditina de Cluny como fator preponderante do apogeu da civilização medieval, o extinto proferiu várias séries de conferências, que foram de grande importância para a formação dos sócios e cooperadores da TFP. O falecido teve a seu cargo por longo tempo a orientação dos contatos da TFP com o Exterior, tendo realizado para tal efeito múltiplas viagens de contatos pela Europa e América do Sul. Obteve por concurso, em 1951, a cátedra de Matemática na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Foi também catedrático de Matemática nas Faculdades de Filosofia de São Bento e Sedes Sapicntia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, bem como na Faculdade de Engenharia Industrial. de São Bernardo do Campo. Pertencia a várias sociedades cientificas de renome internacional. Modelar chefe de família, destacava-se pela afabilidade e distinção de seu trato, e go,.ava de merecido conceito nos círculos intelectuais e sociais de São Paulo. O corpo do Prof. Fernando Furquim de Almeida esteve exposto na

Prof. Fernando Furqulm de Almeida, vice-presidente da TFP

Sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão, n.• 341, em São Pau lo, tendo sido re,.ada Missa de corpo presente por S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos. O féretro saiu no dia 26, dom ingo, às 16 h, para o cemitério da Consolação, sendo acompanhado a pé por familiares e amigos do falecido, bem como por grande cortejo constituído de diretores, sócios e cooperadores da TFP. A beira da sepultura falou cm nome desta última o engenheiro P línio Vidigal Xavier da Silveira, membro do Conselho Naciona l da entidade.


Santas Casas obra de ,,o

Misericórdia: católicos fidalgos lusos não apena~ os moradores da vila, mas também qualquer forasteiro que ali chegasse.

E.TJ:.ºRNO. imenso e 1odopodero.ro Senhor das Miseri-

tórdias. t·ome('o. meio e fim de róda bondade. aceitando as preces e os rógos de alguns j11s1os e rementes o

Generosos testamentos

Ele. quis repartir com cooperadores parte de sua miserlcórtHa. " I:.' 11esres derrt1deiros ,lias inspirou a algun.f '1>0 11.t e fiéis ,·risuios e lhes deu nu,rd<>, força e caridlJde para formarem uma irmandade e confraria com o nomê e invocação da Santissirna Virtem ela

O testamento de Me m de Sá determinava que suas terras cm Sergipe passariam ã Misericórdia e ao Colégio dos J esu ítas, caso seus dois fühos. Francisco e Filipa, morressem sem ·deixar descendentes. Jsso realmente ocorreu, e após demorado processo que se aírastou por muitos anos, a Misericórdia recebeu sua parecia. Não havia chefe de família abastada que ao morrer não deixasse uma parcela de seus bens à Misericórdia, solicitando cm contrapartida o cuidado de seus fu nerais e, sobretudo, a celebração de Santas Missas cm sufrágio de sua

/l,fisericârdia''. Assim. à maneira de uma clave.

começa o Prólogo do "Compromisso·· da Irmandade de Nossa Senhora. Mãe de Deus, Virgem Maria da Misericórdia, cuja primeira edição foi lan"ç adr1 cm Lisboa . no ano de 1516. Tal publicação foi fei ta sob os auspícios do Rei Dom

Man0<:I. o Venturoso. e nela se basea-

ram todos os ramos da Confraria, rundados no vasto território metropolitano e ultram:trino de Portugal. A palavra "misericórdia'', na linguagem corrente de Portugal e dos territó rios ultramarinos passou então a dcsig1,ar não apenas uma virtude c ristã. mrts também essa benemérita instituição. Sua íundação teve lugar numa das capelas do claustro da Sé de Lisboa, a IS de agosto de 1498. festa da Assunção de Nossa Senhora. Naquele dia memorável ali se encontravam o Provincial da Ordem da Santíssima Trindade e Rede nção dos Cativos, Frei Miguel Contrciras: u Rainha Dona Leonor. irmã de Dom Manoel; Mestre Miguel, provavelmcnl(: médico: o livreiro Gonçalo Fernandes; e mais alguns o utros ilustres lisbocias. que constituíram o grupo fu ndador. Dona l.conor, muito dedicada à prática da caridade cristã, principalmente após haver enviuvado. íundara 15 anos antes o pioneiro hospital junto às f1guas te rinais de Caldas da Rainha. Para honrar a Virgem Santíssima . e nquanto modelo de Misericórdia, foi escolhida con,o fosta a ser celebrada com a maior so lcnidride~a Visitação d e Nossa Senhora à prima Santa Isabel. Nessa ocasião. confo rme narra o l;vangelis1a São Lucas, 3 Mãe de Deus ento ou o sublime cântico do " Magni. Jit·(l/' glorir.cando a Misericórdia di· vim1, tiuc se estende de geração cnl geração. sob,·c aqueles que O temem.

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0

Objetivos e funções da Confraria Tronscrevcndo o que ensinou o gran· d e Doutor da Igreja, São Tomás de Aquino, o "Comprom,:f.So" relaciona as obras de misericórdia que seriam cxcr· cidas pelos membros da Irmandade. Obras espirituais: 1. ensinar os igno· rantes; 2. dar bons conselhos; 3. punir os transgressorts com sabedoria; 4 . conso· lar os que sofrem; 5. perdoar as injúrias recebidas; 6. sofrer as faltas do próximo; 7. rezar pelos vivos e pelos mortos. Frei Miguel Contreire$. confessor da Rainhe Dona Leonor o mentor da Irmandade da Misericórdia

2

alma.

Estandarte da Misericórdia da lisboa (14culo XVI)

Obras corporal~: 1. redimir O!> c..·u i.. vos e visitar os prisioneiros: 2. curar os doentcS; 3. vesti r os nus: 4. dar de comer a q uem te m íome; 5. dar de beber a quem tem sede; 6. dar abrigo aos peregrino~ e aos pobres~ 7. enterrar os mortos. No que diz respeito à admissão de membros. figuram como rtquisitos: ser temente a Deus, pa rticipar das festividades cm honra da Visirnção de Nossa Senhora. da Procissão de Quinta. f'cira Sania e do cortejo de enterro dos restos mortai.s de condenados à rnonc. Previa· se também o nllmero máxirno de 100 membros. em duas partes iguais, de nobres e de plebeus. O Provnlor, autoridade máxima, geralmente de boa posição socia l e financeira, linha a incumbência de supervi· sionar todas as atividades da Irmandade, defendendo os privilégios a ela outorga.d os, seja pelo poder civil, seja pelas leis da Igreja. O Concílio de Trento concedera inteira autonomia administrativa cm relação à Autoridade EcJe .. siástica. As tarefas mais absorventes passavam. mediante rodí>.io mensal, por toda a centena de irmãos. Divididos cm nove duplas, os c hamados Mordomos tinham a seu e ncargo tarefas especificas: levar ren1édios e alimentos aos doentes~ dar· lhes conforto espiritual: providenciai a cadá domingo a alimentação especial para os presos (sopa de carne, vinho e pão); levar esmolas ãs pessoas outrora abastadas que haviam caído na miséria - a chamada "po bre,.a envergonhada" - , cuja indicação cabia ao Vigário da respectiva paróquia~ controle das fi nanças da Irmandade; manutenção do culto sagrado~ e. finalmente, a assistência aos presos. Em visitas habituais às pris~s. os Mordomos encarregados verificavam e atendiam às necessidades de a limcrl • tação e higiene dos criminosos; interferindo também, credenciados oficialmente, no andamento do processo ju. dicíal. Anteriormente. já existiam cm Lis· boa, como aliá.s cm toda a Europa cristã, hospitais ma ntidos por Ordens religiosas. Dom Manoel procurou, para aper• feiçoá-los, colocar os hospitais sob os cuidados da Miscric<lrdia. Para isso solicitou autori,.ação da Santa Sé, a qual foi conce<Jida cm 23 de setembro de 1499, pela Bula "Cum sit cnrissinws" , do Papa Alexand re VI. Também nesse ano, através de alvará de Dom Manoel, os irmãos dessa instituição passaram a go1.ar de inteira exclusividade na coleta de donat ivos cm Lisboa, e depois em outras cidades. Para tal r.m percorriam as ruas com as caixas de esmolas e colocavam cofres c m lugares fixos, conhecidos como "cepos da Misericórdia". De tal modo expandiu-se a Confraria que. cm 1524, ao falecer Dona Leonor. nada menos que 61 cidades e vilas de Portugal já possuíam a sua Misericórdia. Destas proveio a fundação de novos ramos da Confraria, onde quer que se estabelecessem os soldados e

mercadorc.s lusos na América. África ou Oriente.

No Brasil, com as primeiras cidades Pode-se dizer que a introdução da Irmandade da Misericórdia em cada e.idade ou vila do Brasil coincidiu com

sua fundação or.eial. A Misericórdia de Santos, talvez a mais antiga de nosso Pais, por exemplo, foi cstcbelccida cm 1543 por Brás Cubas, fundado r da cidade. O ll<m-aventurado l'e. José de Anchieta tem seu nome ligado à fundação da Santa Casa de Misericórdia d o Rio de Janeiro. Ele incentivou•a vivamente, cm 1582, quando por ali passou a numerosa esquad m espanhola, comandada por Diogo Flores Valdcz, e que tra:i,ja a bordo três mil homens, mÜitos deles atingidos por grave epidemia e "necessitados de cura e agasalho 1 ' , con· forme registram as crônicas da ·época. Não é conhecida a data exata da fundação da Misericórdia da Bahia, pois todos os livros existentes em suas dcpen. dências a té 1624, foram completamente destruídos ,,cios hereges holandeses que invadiram Sa lvador naquele ano. Sabcse, ent retanto, que foi criada no período dos governos de Tomé de Souza e Mem de Sá,. isto é, depois de 1549 e antes de 1572, uma vez q ue o terceiro Governador Geral, íalcc.ido nesse ano, contemplou a Misericórdia cm seu testamento. Desde seus primórdios. anuíram ã Tesouraria da Misericórdia doações as mais diversas, em dinheiro, casas e terras, pois as obras cari1a1ivas deviam desenvolver-se sem depender de auxilio financeiro da Coroa. Em 1587 o Provedor Cristóvão de Barros visitou pessoalmente os fazen.. deiros do Recôncavo baiano, coletando ajuda para o primitivo hospital da Irmandade~ que atendia g ratuitamente,

A documencação existente nos arquivos da Misericórdia de Salvador d emonstra, além disso, o alcance de sua participação no mecanis mo de trans· missão de bens deixados cm testamentos. Por exemplo, um comerciante da capital baiana podia, ao morrer. nomear a Misericórdia como executante de seu testamento, solicitando que fizesse chegar a seus parentes cm Portugal uma parcela da herança. Nesse caso uma carta seria enviada pela Confraria à sua congênere de Lisboa. que confirmava o u não a locali1.ação dos favorecidos. encarregando-se cm seguida da eventual e ntrega. Os pedidos de celebrações de Missas periódicas foram se acumulando ao longo dos anos e dos séculos, a tal ponto que cm 1734 o Capelão da Irmandade, Pc. Francisco Martins Pereira, vendo-se na impossibilidade de atender milhares de celebrações do Santo Sacrificio. o bteve do Papa C lemente Xll a necessária comutação . O primitivo cdiOcio da Misericórdia de Salvador foi ampliado cm 1650. tal

como se encontra hoje. Ao lado da capela, situa-se o claustro junto ao qual, no andar superior, acha-se o amplo salão onde outrora reuniam-se os irmãos para a eleição da Mesa. A votação era realí,.ada anualmente, na festa da Visitação de Nossa Senhora. A escada de acesso à entrada do referido salão permite uma visão panorâmica da Baía de Todos os Santos, emoldurada por majestosos arcos de alvenaria.

Procissões e amparo aos condenados Nas paredes late rais da nave da capela observam-se grandes quadros de azulejos que r~tratan> duas procissões, as quais se realizavam a cargo da Confraria. A Procissão dos Ossos, instituída por alvará de Dom Manoel, efetuava-se no dia de Finados, durante a qual eram sepultados os restos mortais dos condenados à morte. A procissão da Quinta-Feira Santa, relembrando a prisão de Nosso Senhor Jc.sus Cristo, entregue pelo discípulo traidor, visitava , 1árias igrejas, a começar pela da Ajuda. E·m tais visitas, o Capelão entoava o cântic,o '"Se11hor Deus. misericórdla''. Precedidos pelo gra nde cstandanc da Confraria e a·o som de fago tes, os im,ãos, ladeados por Sacerdotes. conduz.iam quadros retra· tando cenas da Paixão. Escravos, cm grande número e trajados de gala, portavam grandes tochas, substitufdas de tempos cm tempos, as quais evocavam

aquelas usadas pelos soldados romanos no monte das Oliveiras. O cortejo r.cou conhecido, por isso. como a Procissão do · Fogaréu. Em 1716 foi instalado o asilo do Santíssimo Nome de Jesus. para órfãos. e dez anos depois foi introdu7.ido o sistema da ''roda ... o qual permitia a colocação nesta de recém-nascidos que fossem rejeitados pelas próprias mães. Os condenados à morte eram acom-panhados. no momento de subir à forca. pelos irmãos da Misericórdia. Indulgência plenária foi concedida pelo Papa Alexandre VIII ao condenado que, antes de ser morto, osculasse o Crucifixo apresentado pelo Capelão da Misericórdia. Além disso, um costume determinava que. na eventualidade de o enforcamento não se consumar - por exemp1ot cm caso de rompimento da corda - , o condenado fosse libertado, após ser encoberto pela bandeira da Misericórdia.

O sino que nao mais repica Ao cair da tarde,. quem se encontrar na Praça da Sé, cm Salvador, poderá contemplar a tualmente. de determinado ângulo. sugestivo quadro: o singelo e e nvelhecido campanário da Capela da Misericórdia, tendo como fundo de cena o belo céu que costuma ostentar a capital baiana. ao pôr do sol. Contudo, naquele venerável campanário - marco da piedade marial de Frei Miguel Contrciras, de Dona Leonor e de uma legião de almas abnegada.s - o sino não mais repica na hora do A11gelus, como outrora ... Por que? Abafaram-no, entre outras razões. a nefasta iníluência do natura· tismo, do agnosticismo e da impiedade daqueles que. ao lo ngo dos séculos. foram amortecendo cin Portugal e em outros países a adesão à Fé Católica. Dentre eles, um nome que alcançou triste realce cm terras lusas. foi Sebas-

tião de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Para os autênticos cat6Jicos. contudo, Nossa Senhora é verdadeiramente a Stela Matutina. que orienta os homens rumo à eterna bem..aventurança. Mas não é só. Seus fühos encontram. já nesta terra, uma forma de convívio e de amor ao próximo que os agnósticos e os lmpios jamais alcançam , e da qual a venerável Confraria de Nossa Senhora, Mãe de Deus, Virgem da Misericórdia, constitui significacivo exemplo.

Nunes Pires Obras consulladu • A... J. R. Russel~Wood, ··Ftdolgos oml Phllomhropists - 711e Somo Cosa da Miserir<Jrdia o/ /Johio. l5SO--IJ7l ", Uni-

vc:rsity of C-•lifomfa Prcss, Berkeley and Los Angeles. 196$ .. (Nota:. no Urasil essa obra secl editada cm breve pela Universidade de Brasília.). • Laima Misgravis. "A Sama Coso de

Afi$fritórdla ,Ir São Paulo, I SJ9?-l884". Edição do Conselho Estadual de Cultura, Silo Paulo. 1977. Fernando da Silva Correia, "Orig"',s e /ormorlo dos Misnicórtlias Portugu~sos". Henrique Torres Editor, Llsboa,

1944.

Ernesto de Sousa Campos, "B<md"fras ,. Em blemas das Misrricófllias", Ediç."io do Ministério da Edu~ção e Saúde, Serviço de Oocumcn1ação, Rio de Janeiro, 1948.

• "1Qmbomento ,los &:ns lmd..,Y!is ,1,, Sá.ma Caso ,tt Afiserkórdia dd /Johla". Edição da própri3 lm1and3de. Salvador. Bahia.

t862.

M:inoel Qucrino. ..A &hia de Outrora'',

Uvraria Progresso Editorn, Salvador,&· hia. 2.• edição, 1955.

CATOLICISMO -

Julho de 1981


Junta de El Salvador executa Reforma Agrária radical GOLPE MAIS OUSADO e radical élesíechado por Carter cm nome da política dos "direitos humanos" contra uma nação latino-americana verificou-se na fase final de seu governo, durante o ano de 1980. E a vítima íoi a pequena república centro-americana de EI Salvador. Tal golpe, notável por seu radicalismo e pela rapidez com que foi executado, encontra-se descrito e comentado no ensaio "Washington's lnstant S ocialism in E/ Salvador" (O socialismo instantâneo de Washington cm EI Salvador), de Virgínia Prewett, uma publicação do Council for lnter-A1nerica11 Security, Washington, 198 l. A autora é conceituada jornalista , especializada em assuntos da América Latina, os quais conhece em proíuodidade. Ao longo de vinte e cmco anos, tem ela publicado colunas cspeciali1.adas sobre assuntos latino-americanos cm importantes jornais como o "Washington Post" e o" Washington Daily News", além de escrever artigos para revistas como "Foreign Affairs Quarterly", " 11,e Reader's Digest", "Saturday Evening Post" etc. Também publicou vários .livros sobre temas referentes à América Latina. Além de viajar freqüentemente por nosso Continente, chegou a residir no México, Argentina e Brasil, onde viveu durante 3 anos como fazendeira no interior do País. Aliás, a Sra. Prewctt se interessa vivamente por assuntos ligados à propriedade rural e tem acompanhado e estudado todos os sistemas de reíorma agrária reali1.ados ou tentados cm países da América Latina. O que ela relata sobre El Salvador o faz, portanto, com proíundo conhecimento de causa.

O

Ação militar contra a propriedade privada O que a obra relata como intervenção de um país grande - que se proclama campc.ã o da democracia - em outro país, pequeno, para neste promover, do modo mais drástico e violento, uma Reforma Agrária socialista e confiscatória, é simplesmente inacreditável. Foi, como diz a autora, "u,n acontecin1en10 que abalou 111110 nação, sen, precedi'nte na História do Novo Mundo". Ourante dois dias, 5 e 6 de março de 1980, caminhões, jipes e transportes militares, repletos de soldados cm uniíorme de campanha, percorreram todas as estradas e vias rurais de El Salvador, ocupando e confiscando a maioria das grandes íal'.endas que sustentavam a economia do pais. Dessa maneira, 376 propriedades rurais e empresas agrícolas, com área de 1.200 acres (485,6 ha.) ou mais, roram arrancadas de seus donos e passaram a ser administradas pelo Estado. Tudo íoi confiscado: colheitas nos campos e nos celeiros, sementes, tratores e maquinaria essencia l à lavoura mecanizada, caminhões, jipes, pequenos aviões, gasolina e peças de reposição; todo o equipamento para o plantio, colheita e processamento do caíé. Engenhos de açúcar; escolas e casas de empregados das fazendas. E, naturalmente, as casas dos proprietários com tudo o que elas continham. "Não pude .requer apanhar canas de 11,eus filhos que estavam em 111110 gaveta", disse um dos proprietários espoliados. Alguns conseguiram dos invasores a permissão para levar seus próprios automóveis. Outro negociou para manter seu pequeno avião. Mas a maioria teve mesmo que sair a pé, levando apenas a roupa do corpo. Pouco tempo depois do confisco das propriedades rurais à mão armada, os diretores de instituições financeiras particulares eram chamados por funcionários do governo para uma reunião. Enquanto lá estavam, destacamentos de soldados desenvolveram ação idêntica na ciCATOLICISMO -

Julho de 1981

dadc, cercando os bancos particulares e confiscando-os para o Estado. Com a produção agrícola e o crédito em seu poder, o governo passou a ser praticamente o único administrador da economia salvadorenha .

Quem estava por trãs da Junta Essa verdadeira façanha reali1.ada no plano das reíormas socialistas e confiscatórías íoi, n'a aparência, efetuada por ordem da Junta cívico-militar que, desde a deposição do então presidente, General carlos Romero, em outubro de 1979, vem governando o pais centro-americano com poderes discricionários. Na realidade, porém, tanto em relação à deposição de Romero quanto à rcali1.ação das reíormas socialistas, a interferência do governo Carter íoi decisiva. Os mesmos diplomatas americanos que, após tentarem inutilmente convencer Romero a renunciar, apoiaram sua deposição, íorneceram ao novo governo o plano de Reforma Agrária. A~rônomos salvadorenhos, foncionános do Estado, íoram mantidos durante três dias praticamente incomunicáveis, a fim de receber doutrinação maciça. Depois acompanharam os destacamentos mi litares que ocuparam as fazendas, para colocar logo cm prática a íórmula made in USA de socializar o campo cm EI Salvador. Essa "nova diplomacia" carteriana resolveu tomar EI Salvador como teatro de experiência de uma nova tática em matéria de política externa latino-americana. Consiste ela em implantar o socialismo em um pais para tirar a Cuba o pretexto de intervir. Ou seja, fazer o comunismo antes que os comunistas o façam ... A deíesa dos direitos humanos íoi a justificativa arranjada para essa experiência. Foi então amplamente divulgado um embuste: o poder econômico de El Salvador estava concentrado nas mãos de 14 famílias latiíundiárias que oprimiam os trabalhadores, negando-lhes condições mínimas para viver com dignidade. Portanto, segundo o raciocínio de Washington, para evitar uma intervenção de Cuba em El Salvador, e já que uma "mudança" era inevitável (por "mudança" entenda-se comunistização do país), o q ue deveria ser feito era uma redistribuição

ma dessas previsões otimistas se realizou. E tambéni como íoi patente a participação do governo norte-americano na manobra, agindo na base de mitos e embustes.

A comida não sossegou o leilo O fracasso mais evidente e protuberante em matéria de previsão íoi o de que a esquerda radical se aquietaria com as reíormas socialistas. E que haveria paz no país. Precisamente o oposto veio a suceder. Poucos dias depois do golpe reíormista, rormou-se uma frente ampla esquerdísia para combater a Junta e a intervenção norte-americana. A chamada Frente Democrática Revolucionária reuniu então sociais-democratas, socialistas, comunistas, católicos progressistas, ligas camponesas e orga nizações terroristas da esquerda radical. Ao todo, talvez, umas 250 mil pessoas preparadas para a luta violenta no país e no exterio r. A guerrilha recrudesceu e as matanças se sucederam de lado a lado. · A Junta alçada no poder e apoiada por Ca rter levou o pais a uma situação de violência jamais observada em governos anteriores. Panamenhos, cubanos e nicaragüenses vinham reíorçar as forças guerrilheiras que tentavam derrubar o regime. Cuba e Nicarágua serviam também como campos de treinamento e veiculadores de armas. Enquanto isso, a ala direitista das íorças a1·madas respondia com ações militares contra a guerrilha. Julián lgnacio Otero, que chegou a ser chefe de logística e finanças de uma organização terrorista as Forças Populares de Libertação (FPL) - declarou em entrevista à TV que a guerrilha salvadorenha recebe dinheiro para compra de armas. atravês de co ntas bancárias de jesuítas radicais de esquerda , comprometendo com o terrorismo os diretores da Universidade da América Central, instituição de ensino superior em EI Salvador, dirigida por aquela Ordem religiosa. Otero ai nda declarou que é no Comitê Político do Comando Central terrorista que a iníluência dos padres é mais forte; e que a Igreja está engajada em uma ativa campanha de agitação contra a Junta. Por isso a F PL, através do trabalho feito nas dioceses e nas paróqu ias, tem sido capaz de recrutar um grande número de ca mponeses que são enganados e empurrados para a luta armada contra o governo.

tal maneira são sujeitos a exigências nomeado pela "nova diplomac.ia" de regu lamentares para seu uso, que o Carter para embaixador naquele termo "propriedade" se transíorma pais. Porém, a missão de White não cm verdadeiro logro. Assim, durante era a de um simples embaixador, 30 anos, ou até que ele tenha pago mas sim a de verdadeiro "procônao Estado por sua terra, o "pro- su l", com a finalidade de comuprietário" não pode alugá-la ou ven- nisti?.ar o país. Bem significativas dê-la . E pode acontecer que e.la lhe são as palavras do então senador seja tirada e "vendida" a outro, caso Jacob Javits (republicano esquerdisnão satisfaça pontualmente às con- ta de Nova York, derrotado nas dições de pagamento que lhe são eleições de 1980), pro nunciadas na ditadas pelas autoridades governa- reunião da Comissão de Relações mentais. Que espécie de produção Exteriores do Senado que confirpode haver nessas pequenas "pro- mou a indicação de White: "... e,11priedades" cuja posse é tão precá- bora teoricamente o Sr. seja ,11n ria? Tudo acabará por cair sob o e111baixador mergulhado na burojugo do Estado, tanto mais que este cracia. para n6s o Sr. é 11111 projá controla o crédito, pela estati- cônsul; irá co,110 um e111baixador. zação dos bancos, e as exportações. porbn, se fizer apenas isto, os EsA economia de El Salvador de- tados Unidos não estarão be,11 serpendia exclusivamente da produção vidos. Na realidade terá que ser 11111 agrícola das grandes propriedades ativista e (irriscar sua carreira... cm regime de livre empresa. Creio que poderá contar com um Essa estrutura dava àquela na- forte apoio desta co,nissão. Neste ção auto-suficiência na produção de assunto o Sr. é um procônsul, e não alimentos e ainda abundante quan- apenas um e111baixador. U,n simples tidade de caíé para exportação. e111baixador não serve; não será Apesar de ter a maior densidade suficiente". As palavras de Javits foram endemográfica da América l.atina cerca de 500 habitantes por km2 dossadas por outro esquerdista, sua renda per capita era, proporcionalmente a essa densidade, uma das maiores do Continente. E sua produtividade agricola por km2 a mais elevada. Dados da Organii.ação das Nações Unidas, do Fundo Monetário Internacional, do Banco lntcramericano de Desenvolvimento, do Banco Mundial e da Organi1..ação dos Estados Americanos mostram que não havia excessiva concentração de rique1.as nas mãos de poucos, estando a renda rai.oavelmente distribuída por toda a popu lação. Assim, cm 1977, EI Salvador investiu em educação e saúde 32% de sua receita federal, enquanto paises considerados "democracias liberais", como Colômbia e Venezuela, investiram apenas 19,8% e 18,8%, e o semi-socialista México 18,5%. Em gastos militares EI Salvador dispcndeu apenas 6%. contra 9% da Venezuela e 17% da ColômUm guerrilheiro salvadorenho bia. Em El Salvador, 20% da população urbana e 30% da rural vivia m abaixo do que se considera como Frank Church, presidente da comisnivel de pobrc1.a, enquanto a média são, em nome de todos. White teve para a América Latina é de 43% e sua indicação confirmada por oito 41% respectivamente. Quanto aos votos a dois, e uma abstenção. índices de distribuição da renda Como é do conhecimento geral, naciona l, em El Salvador os 5% o termo procônsul, utilizado na épomais ricos retinham 24% dela e os ca do Império Romano, servia para 20% mais pobres recebiam 5. 7%, designar um governador nomeado enquanto a média para a América pela metrópole a fim de dirigir uma Latina é de 32% e 3, 7%, respec- colônia. Foi esta a função atribuída tivamente. a White pela "nova diplomacia" de Carter.

O mito das "quatorze familias"

Junta do Governo de EI Salvador, chefiada por Napoleón Duarte (o segundo da direita para a esquerda)

das riquezas, ou seja, tirar dos que têm muito para dar aos que têm pouco. E para isso nada melhor que estatizar os bancos e as grandes propriedades rurais, para serem transíormadas em cooperativas agrícolas administradas pelo governo, ou então, divididas em pequenos lotes a serem distribuídos aos colonos. Assim a opressão terminaria , as rendas seriam distribuidas e todos participariam da riqueza do pais. E a esquerda radical ficaria sem pretexto para tentar qualquer ação subversiva. E todos viveriam felizes na "paz dos pântanos" socialista. A autora mostra, com abundante documentação. como nenhu-

Outra "surpresa": a rulna da economia Outra conseqiiência do golpe reíormi.s1a íoi a deterioração da economia pela estati1.ação da produção agrícola. As cooperativas rurais criadas com o confiscô das grandes fazendas, transíormaram-se, na realidade, cm autênticas comunas estatais. E é bem sabido como é baixa a produção em terras administradas pelo governo. Por outro lado, os pequenos lotes de 17 acres "doados" ou "vendidos'' pelo Estado a pequenos fazendeiros, ou candidatos a sê-lo, de

Por esses números pode-se constatar como EI Salvador não correspondia à imagem difundida pela imprensa esquerdista, que o apontava como um país no qual pequeno número de latifundiários e capitalistas, mancomunados com o exército, exploravam o povo, procurando lucrar o máximo e pagar o mínimo aos empregados e ao tesouro nacional , impedindo qualquer tentativa de organização entre os lavradores ou operários.

O "Procftnsul" Essa visão sobre el Salvador era especialmente adotada e difundida por Robert White, o esquerdista

Para justificar o confisco, o "bode expiatório" inventado foi o mito das 14 famílias, depois ampliado pela imprensa esquerdista para 30 famílias. Porém, o número de atingidos íoi muito· superior ao daqueles que comporiam 14 o u 30 famílias. C1lcula-se que mais de cinco mil pessoas tiveram seus bens roubados pelo Estado; pois o pagamento pelo confisco íoi praticamente nulo, a não ser em bônus desvalorizados. Isso na primeira fase do plano reíormista, em que foram confiscadas propriedades de 485,6 ha. ou mais. Quando íor aplicada a segunda etapa da Reíorma Agrária , que prevê o confisco de propriedades menores, a partir de 250 acrcs, então um número ainda maior de pessoas será privado de seus bens. Como se vê, o golpe assestado não é apenas contra um número restrito de famílias "opressoras,,,

mas sim contra toda a classe de proprietários rurais e contra o próprio sistema de produção. Desse modo, a economia de El Salvador tende a um colapso, pois se destruiu a estrutura da livre empresa que a mantinha , com base no respeito à propriedade privada. Para o colapso econômico também contribuirá certamente a fuga cm massa de pessoas competentes

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(conrinua na página 6) 3


Terrorisrno internacional· dúvidas e certezas OBRE A ONDA de terrorismo que na última década invadiu vários países do Ocidente, provocando i.nstabilidade e tensão, conduzindo a opinião pública mundial a momentos dramáticos, e em alguns casos levando à derrocada governos estabelecidos, pairavam ao mesmo tempo uma dúvida cruciante e uma certeza unânime. Por um lado, cada um dos movimentos terroristas parecia autônomo e vinculado apenas a problemas locais, com lideranças próprias, doutrinas autóctones e métodos adaptados a cada país. Não havia provas que permitissem afirmar uma origem e propulsão única 11ara todos, ou mesmo para a maioria de tais movimentos. Mas havia também uma certeza moral, amplamente admitida por uma espécie de consenso universal. A de que, por trás de cada movimento terrorista e de cada ato terrorista,

S

ricano, impedidos pela administração Carter de transmitir ao governo as informações que o próprio governo lhes paga para obter, só é compreensível na hipótese de que os referidos informes entrassem cm choque com a política externa norteamericana. Ou seja, para prosseguir com a política de détente era necessário ignorar ceitas verdades. mesmo que evidentes. Como os fatos falavam em sentido contrário, tanto pior para os fatos ... Repr.esadas dessa forma nos desvãos da burocracia governamental, as informações tendiam a encontrar algum caminho de evasão. Por isso não espanta que, concomitantemente com a ascensão do novo governo norte•americano, estejam se acumulando na imprensa internacional extensos e bem fundamentados relatórios, alguns oficiais, que denunciam as vinculações do terrorismo com a Rússia. As deoún-

"A rede consiste numa 1nultidão de gn,pos terroristas, socorrendo-se uns aos outros e recebendo ajuda externa indispe11sável e não totalmente desin1eressada" (3). Da mesma forma, os autores Robert Kupperman e Darrel Trent afirmam que a "a U11ião Soviética susten1a indiretame11te os terroristas internacionais. através de um sistema complexo de intermediários" (4).

Por trãs dos p61os do terrorismo "As roízes da rede do terrorisn,o poden, ser localizadas diretamente no Congresso Tricontinental, realizado em Havano, em janeiro de /966. Naquele encontro, 1nais de 500 delegados aprovaram resoluções acentuando a necessidade de estreitar a cooperação entre os países socialistas e os ,novimentos de libertação nacionais. com o objetivo expresso de delinear uma estratégitl revolucionária ,nundiaf em oposição à do imperialismo norte-americano" (5). As atividades terroristas podem ser agrupadas, grosso modo. em duas categorias: terrorismo urbano e guerrilhas. Embora uma forma não exclua a outra e possam ambas ser conduúdas de comum acordo rumo a um objetivo determinado, cada uma aplica técnicas com características próprias. E há também divisão de tarefas mais ou menos bem delimitada, ficando o terrorismo urbano

para a OLP é de 300 por ano, principalmente nos campos científico e técnico" (8). ''Nos últi1110s anos, a KGB. direta ou indiretamente, te,n financiado ou treinado terroristas em centros menos p.ernw11e11tes foro da URSS - em Cuba, Chile. Alemanha Oriental. Tchecoslováquia, líbia, fê1nen do Sul e Coréia do Norte para atividades específicas" (9).

Em busca de alvos estratégicos "Depois do Afeganistão. é difi· cil evitar a conclusão de que Moscou te111 uma política a1iva de expandir sua esfera de influência, sernpre que possível e a qualquer custo. "O apoio da OLP possibili1a o uso soviético do Afeganistão co,no base para u1na futura exportação do terroris1110 para o mundo muçulmano. Mais cedo ou ,nais tarde. Moscou espera ver u,n canúnho aberto ru,no ao Irã ou ao Paquis1ão. pela Ásia Central. Essa rota levaria os soviéticos às fontes de petróleo e aos portos de águas quentes do Golfo Pérsico. há 11111ito tempo seu 'centro de aspirações·. co,no Stalin e Molotov explicaram a Hitler em 1940" (10). "À parte a ideologia, e mteressante notar as principais áreas en, que se sabe daren, os russos assistência ao terrorismo: Oriente Médio e norte da África (L.lbia, Argélia, a Organização de libertação da Palestina e seus componentes). África do Sul (através de Angola, Mo·

Na lrlonda do :ill''ll'lt: Norte. há anos o IRA vem espalhando o ter~ ror (à esquerda)

deveria estar uma longa ,nanus que - não era difícil concluir, e fazia parte do consenso - funcionava a partir de Moscou. Qualquer cidadão dotado de bom senso e com isenção de ânimo, a quem se perguntasse sobre o assunto, muito provavelmente responderia que o terrorismo era comandado pelo comunismo. Sem precisar de provas, que não as teria, mas concluindo com base na resposta mais adequada à clássica pergunta: a quem aproveita? Embora a fonte do terrorismo internacional fosse tão universalmente admitida, não havia um catalisador que determinasse a aglutinação desse consenso em uma ação antiterrorista que atingisse suas raízes, começando pela denúncia formal das suas vinculações. Por que não surgia essa denúncia? Estrabismo político? Indecisão? Conivência? Existem aí dúvidas e certezas de outro gênero, que caberá à História estudar.

Informantes proibidos de Informar

'

Mas a imprensa internacional e os estudiosos do assunto vêm trazendo esclarecimentos que é bom conhecer desde já. Uma afirmação curiosa, que lança alguma luz sobre o tema, te-la Samuel T. Francis, especialista cm terrorismo internacional, membro do ··staff' da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, em recente artigo: "Aqueles men1bros da co,nunidade de inteligência dos Estados Unidos que tinham melhores informações [sobre a vinculação da Rússia com movimentos terroristas na América Central) teria,n seus memorandos engavetados e suas carreiras amputadas se expusessen, seus conhecirnentos aos superiores. A atitude do111inante em Washington era de que a União Soviética era bastante madura para querer co1npro111eter-se com o terroris1no internacional" (1). A esdrúxula situação dos funcionários do serviço secreto norte-ame4

cias são tantas e de tal gravidade, que parecem um verdadeiro desabafo dos serviços de inteligência. Faremos a seguir referências a algumas das mais significativas, tal como no-las apresentam fi~ras de destaque do jornalismo mternacional. Além de numerosos artigos e notícias publicados na imprensa, a alguns dos quais nos reportaremos, dois livros recentes servem de base a tais denúncias: "A Rede do Terror", d a escritora esquerdista Claire Sterling, e "Terrorismo: An1eaça,. Realidade. Resposta", de Robert Kupperman e Darrcll Trent.

Uma vasta rede Internacional Em linguagem sintética e viva, o famoso jornalista George Will põe cm evidência o entrelaçamento de movimentos terroristas dos diversos pa íses, e suas relações com o bloco comunista: "Nos anos 70, japoneses que foram treinados 110 Ubano, e municiados com armas da Tchecoslováquia entregues en1 Roma por 11111 comunista venezuelano, assassi11aram 26 pessoas (a maioria portorriquenhos em peregri11ação) no aeroporto israelense de Lod. Um almirante espanhol foi assassinado por uma o rganização terrori.rta basca, treinada em Cuba e no lê1nen do Sul por ale111ães orientais. palestinos e cubanos, que usavam explosivos con1prados de 1erroristas irla11deses, com os quais tiveram seu primeiro contato na Argélia. sob os ausplcios da KGB soviética" (2). A escritora Claire Sterling afirma q ue "há unia grande evidência de que a URSS e seus satélites fornecem o apoio necessário a terroristas cujos atos violentos têm conturbado o Ocidente na última década". E acrescenta existirem "provas 11,aciças de que a União Soviética e seus afiados estão por trás de uma rede n1undial de terror. cujo objetivo é a desestabilização da sociedade den,ocrática ociden1al. Eles fon1enta1n essa organização co,n armas. trei11a1nento e asilo político".

Aa Brigadas Vermelhea de

Itália jé fizeram numerosas víti-

mas. como esta, em Roma (à direita)

sob a orientação da OLP, enquanto os guerrilheiros são treinados e orientados por Cuba. São os dois pólos do terrorismo internacional. Sterling demonstra que "a Rússia tra11sfo rn1ou os dois 'pá/os magnéticos' do terrorismo. - Cuba e a 'resistência' palestina - e111 subsidiários completamente do1ni11ados. Ela argu111e11ta que nenhu1n dos bandos terroristas apontados e1n seu livro poderia ter trabalhado sem ajuda de Cuba ou dos palestinos, ou de ambos" (6). "Enquanto os cubanos iam, em grande nún,ero, treinar guerrilhas 110 Oriente Médio, a União Soviética organizava cursos extensivos sobre guerrilhas para os palestinos, na URSS. Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria e Bulgária. Ern /977, mais de 50 destes cursos eram n1inistrados no bloco soviético, sendo que 40 deles dentro da própria URSS. e envolvia111 milhares de guerrilheiros. Além disso. todas as formações de guerrilha pa festi11as. totalizando 16 mil homens. são hoje equipadas com ar1110s t,lo bloco soviético. O que se está tornando n,ais evidente agora é o quanto estas Ligações entre grupos terroristas tê111 sido forjadas propositadamente e continuam a ser ,nantidas pela União Sovié1ica, Cuba e os palestinos" (7). O lider palestino Mohammed lbrahim al-Shaier d isse que "centenas tle oficiais superiores palestinos formaram-se em academias 111ilitares soviéticas". E informou também que "2.000 palestinos estão estudando nas escolas soviéticas, e que o nún,ero de bolsas de estudo reservadas

çambique e Zâmbia) e agora. a América Central. Tais regiões são notáveis por duas razões: "Primeiro, cada uma delas situase próxima a uma 'rota marftima' ou ·ponto de choque· de valor estratégico i111enso - o Golfo Pérsico e o Estreito de Gibraltar, 110 caso do Oriente Médio e norte da África, o Cabo da Boa Esperança na África do Sul, e o Canal do Panamá e os portos do sul do Golfo do México, na região do Caribe. . "Segundo, cada umo dessas áreas está associada con, recursos naturais de importâ11cia vital para os Es1ados Unidos e outras 'econo,nias capitalistas avançadas·. bem como para o desenvolvimento econômico do terceiro 1111111do" (1 1). "No centro dos conflitos soviéticos, no Oriente Médio e Sul ,la África, Irava-se a luta pelo acesso aos críticos recursos de 111atériasprimas, como petróleo. gás natural, e 1ninerais raros co,no crorno e cobalto ( 12). É sintomática a afirmação de George Will: "Os alvos [terroristas] nunca incfufram u111 regime sob patroclnio soviético" (13).

"Seria muita tolice acreditar que un, grupo pequeno e dedicado não possa construir uma bo,nba atô1nica de p ouca potência, com rendimento entre alg11111as centenas de toneladas e um quifoton" ( 14). O senador Alan Cranston, da Ca lifórnia, observou em conferência pronunciada cm San Francisco que "acredi1a que grupos con10 a Organização de libertação da Pales1i11a, as Brigadas Vermelhas da Itália, ou os grupos Baader-Meinhoff da Afe1nanha Ocidental poderia1n obter u1na bomba atô111ica, desde que tivesse111 a ajuda de outra nação. E advertiu que a possibilidade existe, pois o líder radical da Ubia, Kadafi, anunciou a oferta per111a11ente de um bilhão de dólares por uma ar,na nuclear. no ,nercodo negro" (15).

Um depoimento insuspeito Os textos que vimos citando falam por si mesmos, e julgamos desnecessário acrescentar-lhes comentários. Para concluir, mencionaremos um depoimento insuspeito, porque emitido pelo próprio Leonid Brcjnev. Para se compreender o sentido profundo e real desse depoimento, no entanto, é necessário ter-se em vista que "a assistência soviética ao terrorismo - que os 111arxistas cha1nan, 'n1ovírnenros nacionais de fi. bertação' - é u1na parte integrante da estratégia de guerra política de Moscou. Na ideologio 1narxistafe11i11ista, o terceiro inunda é a 'colônia econômica' dos países capitalistas avançados. A 'libertação' deve provir. 110 ponto de vista soviético. de uma co111bi11ação de 'luta arn1ada' (isto é. terrorismo e guerra de guerrilhas) e ação política disciplinada, tanto 110 colônia quan10 110 Estado imperiafisto" (16). Respondendo às denúncias de envolvimento no terrorismo internacional, feitas contra a Rússia pelo governo norte-americano, Brejnev afirmou, durante a visita de Kadafi a Moscou (é sumamente significativo que, para negar a participação de seu pais no terrorismo, ele tenha escolhido como interlocutor um dos expoentes desse mesmo terrorismo), que "os imperialistas não tê,11 consideração pelas aspirações dos povos e ne111 pelas leis da História. Os dirigentes norte-americanos qualificam de terroris,no a luta por essas aspirações"... (17) Como é fácil compreender, diante dos princípios de estratégia comunista acima mencionados, a negação ex pressa pelo secretário-geral do PCUS significa mais propria mente uma confirmação. Depois que o expresidente Carter chegou à "brilhante" conclusão de que Brejnev mentiu a propósito do Afeganistão, é muito natural concluirmos nós que também a mencionada negação elimina dúvidas e conduz à certeza ...

Gilberto Miranda Rc-rerências (1) SanlUe1 T. Francis, Sc"iet SupJ>Ofl o/ 1"errorísm. '"Ncw York Times". 8/ 3/ 81. (2) George Will, f.:.rposing lhe Soviets os the J.fasterminds o/ Wôrld Turori.m,,

"NcW$da ··• 19/ 318 1. (3) Candis Ó..inninghain. O opoio indisptn· sáv,I ,i ..,~tie do terror·· em atividade 110 Oâdtnre, '-0 Estado de S. Paulo'\ 1914/ 8 1. (4) Curtos Wilkie, K//lcr Fk,s: U. S. M1,s1 Pri•pare for 1~rrorism. Study Say.1• ..S,. Loui.s Post-Dispatch", 8/ 3/81. (5) Ca ndis Cunningbsm. art. cil.

(6) Gcor~c Will, art. cii. (7) Cand1s Cunningham. art. cit. (8) PLO Soys ··11tmdrcds" Were Troined by Sovi<1, "Ncw York 'limes", 18/ 2/81. (9) Ray S. Clinc, O lerrôrismo soviético no mundo. .. Midstrcam Maga1jnc", opud

A bomba atllmlca em mãos terroristas

( 10) Ray S. Cline. ar1. cil.

Aflora, por fim, a grande preocupação atual dos serviços de inteligência do mundo ocidental: a possibilidade de os movimentos terroristas terem acesso ao uso de armas atômicas. Bastam as duas referências abaixo para se compreender que a hipótese não pode ser descartada.

( 11) Sarnuel T. Francis. :'lrt. cit, ( 12) Ray S. Cline, art. cit. (13) George Will, an. eit, ( 14) Curtis Wilkie. an. cit. (15) Larry Licbcrt. Sen. Cro11st01r Worns of Terroris1s with A•/Jombs. "'San Francisco Examincr.., 3/ 2/81. (16) Samue1 T. Francis, arl. ci1. (17) Ao receber Kodoji, Bre:lmt,, rtspomlt acrlSn(õe.t dos EUA , "O Estado de S. Paulo", 28/ 4/ 81.

"0 Estado de S. Paulo·, 19/ 4/ 81.

CATOLICISMO -

Ju lho de 1981


Tito, após a destruição do T

''Foi Deus Quem o fez'' ''OH!

EXCLAMOU o Divino Mestre às portas de Jerusalém no Domingo de Ramos. Se ao menos neste dia. que te é dado. tu conhecesses ainda Aquele que te pode trazer a paz! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque virão para ti dias e,n que os 1e11s inirnigos te cercarão de trincheiras, e 1e .sitiarão, e te apertarão por todos os lados; e te derribarão por terra a ,; e aos teus filhos. que estão dentro de ti. E não deixarão e,n ti p edra sobre pedra: porq11e não conheceste o tempo da t11a visita" (Lc. 19, 41 a 44). Não houve pormenor dessa predição divina que não se tivesse cumprido em toda sua extensão. Vários dos profetas do Antigo Testamento, ao proclamarem os castigos que se abateriam sobre a Cidade Santa ao longo dos séculos, apresentavam uma pré-figura do que seria sua destruição final pelas hostes de Ttto. Citaremos alguns trechos. Assim se exprime o profeta Soronias ao anunciar os castigos que cairiam sobre a Cidade de David por causa de sua idolatria: "Esquadrinharei Jerusalén1 com lanternas. e castigarei os /roniens que, n,ergulhados e,n s11a borra, dizem nos seus corações: O Senhor não faz bem ne,n mal". E, mais adiante, acrescenta: "Eu atribularei os homens .... e o seu sangue será derra,nado co,110 o p6 e suas entra11/ras co,no o lixo. Nem sua prata, 11en1 seu ouro poderão salvá-los no dia da c6lera do Senhor" (Soph., I, 12, 17-18).

Por sua vez, Jeremias, após a devastação de Jerusalém pelos caldeus, lamenta-se à vista das ruí.nas da cidade deserta: "O Senhor destruiu, sen1 nada poupar, tudo o que havia de belo em Jac6. E. em seu furor, arruinou as fortificações da filha de Judá. Úlnçou-as por terra: e conspurcou o reino e seus príncipes" (Lm .., 2, 2).

A situação da Judêla antes do ano 70 No ano 37 de nossa era, subindo Caligula ao trono imperial de Roma, para premiar Herodes Agrippa, seu companheiro de infância e ardoroso partidário, por sua fidelidade, íê-lo rei da Judéia, submetida aos romanos. Agrippa, que reinou de 37 a 44, construiu vános ediflcios em Jerusalém, rortificando e ampliando suas muralhas. Quando morreu, apesar da simpatia do novo imperador Cláudio, seu filho não chegou a governar senão minúscula parcela do reino, pois os romanos, temendo a fortificação da Cidade Santa, passaram quase toda a Judéia e Samaria para a jurisdição do procônsul da Síria. Jerusalém começou então a ser governada por procuradores romanos. Isso fez co1,1 que a antiga inimizade entre judeus e romanos se tornasse cada vez mais acirrada. Os procuradores romanos em Jerusalém roram, em geral, despóticos e cruéis. Quando Gesius Florus tomou posse em 64, excedeu a todos os seus antecessores em dure1,a, injustiça e avareza. Aproveitando uma sedição popular., foz matar 10 mil judeus. Tal fato serviu de estopim para a revolta geral. A guarnição romana da cidade teve que se render, sendo traçoeiramente apunhalada. Facções tomaram o poder na Palestina, dilacerando-se mutuamente em guerras intestinas. Nessa ocasião, o imperador Nero enviou o hábil general Vespasiano para pôr fim às desordens na Judéia. Depois de tomar toda a Galiléia e acercarse de Jerusalém, Vespasiano retirou-se, chamado por seus partidários, que, depois de algumas vitórias, o aclamaram imperador. Seu filho Ttto, também general de valor, roi encarregado de reconCATOLICISMO -

quistar a Cidade de David para o Império, no ano 70. Os historiadores baseiam-se principalmente em três autores para narrar a destruição de Jerusalém. O primeiro é Flávio Josero, j4~eu, testemunha ocular dos acontecimentos, que acompanhou Tito na qualidade de intérprete. O segundo é o célebre Tácito (Cornelius Tacitus), nascido na Úmbria no ano 54 e muito fidedigno em suas narrações. Por fim, Suetônio, nascido no ano 70, tribuno militar, depois advogado e secretário do imperador Adriano, que escreveu a vida dos doze Césares. São portanto esses autores, contemporâneos dos acontecimentos, credenciados para tal narrativa. Seguindo também autores modernos, basear -nos-emos nessas três rontes para o que se segue.

Sinais do Cêu O Messias apresentara como caracterização da época em que se cumpririam os castigos por Ele anunciados o aparecimento de sinais no céu. Eis que corria em sua normalidade a vida em Jerusalém no ano 65 quando, logo após a fosta da Páscoa, às 3:30 h da madrugada, uma grande claridade, circundando o Templo, nele penetrou, iluminando-o por meia hora como se fora dia. Numa outra noite, a grande porta do ediricio sagrado, que dificilmente 20 homens conseguiam mover, escancarou-se por si mesma. E, na tarde do dia 2 1 de maio desse mesmo ano, foram vistos no ar numerosos esquadrões-fantasmas em ordem de batalha, girando em tornQ da cidade. É presumível que prenunciassem as legiões romanas que mais tarde sitiariam Jerusalém . Dias depois, penetrando os sacerdotes no Santuário, à noite, ouviram grande ruído, com o aparecimento de vultos que se dirigiam para a salda do Templo, bradando: "Saiamos daqui, que este lugar não é mais nosso". Intérpretes supõem que eram os Anjos custódios daquele lugar que se afastavam. Finalmente, durante um ano inteiro, os hierosolimitanos puderam contemplar no ar um cometa em forma de espada incandescente, com a ponta voltada para sua cidade deicida. 1 Segundo Tácito, os judeus não viam nesses sinais presságios de acontecimentos íu nestos, mas julgavam serem, de acordo com antigos livros dos sacerdotes, indícios de que da Judéia sairiam naquela época os mestres do mundo. Tanto Tácito quanto Suetônio, romanos e pagãos, como também o judeu Flávio Josero, aplicam tais profecias a Vespasiano, que saiu da campanha na Judéia para ser imperador (apud Rohrbacher, "Histoire Universelle de/' Église Ca1holique", Gaume Fre-

A

CONQUISTA OE

JEAUSALE.M -

telo

de Nicolas Poussin (século XVII). Museu de História da Arte do

Viana

res, Libraires, Paris, 1843, tomo IV,

p. 456).

O cerco dos romanos Na época da invasão romana, a desordem era completa cm Jerusalém. Três facções rivais, êmulas entre si em toda sorte de crimes e abominações, dominavam a cidade. A descrição de Flávio Josefo parece repetir .o que escrevera Salomão, quase mil anos antes: ''T11do es1d nu,na confusão completa. sangue, homicídio-, furto, f raude. corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio, perseguição dos bons. esquecin1en10 de Deus. co11ta111inação das almas. perversão dos sexos. instabilidade das uniões. adultérios e ilnpudicícias" (Sab. 14, 25-26). O próprio Joscfo afirma que, mesmo que os romanos não tivessem tomado a cidade, esta certamente seria destruída por algum terremoto, submergida por um dilúvio, ou abrasada por rogo do céu como as cidades malditas, porque não era possível que Deus suportasse por mais tempo com impunidade tantos crimes e sacrilégios. Ttto procurou por todos os meios evitar o derramamento inútil de sangue. E vinha com di retrizes de reconquistar pacifica mente, se possível, aquela porção do Império. Mas os judeus roram tão irredutíveis, utilizaram tanto a fraude e a traição, que ele roi obrigado a ser implacável. Para mostrar até onde iria sua repressão à revolta, mandou crucificar todos os prisioneiros judeus diante dos muros da cidade. Flávio Josero narra que foram tantas as vítimas, que chegaram a faltar espaço para as cruzes e cruzes para os corpos; "Jam spatiwn crucibus deerat. e1 corporibus cruces" (cfr. Con. Joaquim Pinto de Campos, "Jerusalém", Jmprensa Nacional, Lisboa, 1874, p. 252). Como é tremenda a justiça de Deus! Quantos desses infelizes ou de seus pais possivelmente não teriam gritado, na Sexta-Feira Santa, "Tira-O. lira-O. crucifica-O! - Não temos outro rei, senão César" (J o.

Do Templo de Jerusalém nlo ficou pedra sobre pedra. conforma prediuera No1so Senhor. O atual ºmuro de lamentaçloº é apenas parte de uma muralfia inferior, ,obre a qual se erguia a face ocidental do Templo.

'

Julho de 1981

19, 15)? Agora, por ordem do César

reinante sofriam eles o castigo que, trinta e sete anos antes haviam pedido para o Filho de Deus! Os Judeus, porém, longe de se atemonzarem, tornaram-se ma1s obstinados. Para poupar ainda a cidade da destruição, Tito íez abrir um valo cm torno de Jerusalém, o que roi executado em apenas três dias! E tinha 7,2 km de extensão (cfr. Flávio Josefo, apud J. B. Weiss, "Historia Universal", Tipografia La Educación, Barcelona, 1927, vol. III, p. 828). "Virá um 1e111po em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e te porão em grande aperto", dissera o Sen hor ... (cfr. Lc. 19, 43)

tes às tropas imperiais, prec,p,taraJll-Se sobre os judeus que vinham rerugiar-se no campo romano, abrindo-lhes o abdômen à procura do ouro. Em um só dia mais de dois mil judeus pereceram assim miseravelmente, testemunha Flávio Josefo.

As chamas consomem o Templo

Quando os romanos conseguiram penetrar na cidade, os sitiados refugiaram-se no Templo, continuando a combater. Tito teria recomendado - segundo Josefo - · muito insistentemente a seus soldados que poupassem o Templo. Embora Tácito, segundo Weiss, afirme que Tito julgava seu dever Quadros de horror destruí-lo, para suprimir maís comA rome e a desordem na Cidade pletamente a religião dos judeus e a Santa nos dias subseqüentes roram dos cristãos, pois a segunda tinha os indescritíveis. Segundo Flávio Jose- mesmos autores que a primeira. Arro ("His16ria dos Hebreus", trad. do rancada a raiz, mais facilmente perePe. Vicente Pedroso, Editora das ceriam os ramos (cfr. Bunscn. "Dios Américas, São Pau lo, Livro V, cap. en la Historia", apud Weiss, "His32), "afon,e. quese,npre aumentava. toria Universal", t. Ili, p. 829). devorava fan1ílias inteiras. As casas Apesar da recomendação, um solestavam cheias de cadáveres de mu- dado - "i111pelido por um movilheres e de crianças. e as ruas. de mento sobrenatural", observa Flácorpos de anciãos. Os moços, in- vio Josefo - subindo aos ombros de chados e ca,nbaleando p elas ruas. um companheiro, atirou uma tocha mais parecian, espectros do que ardente através da janela dourada, seres vivos e o menor obstáculo os em uma das salas contiguas ao fazia cair". E, pior ainda, bandos de Templo. Era o dia 5 de agosto de 70. O rogo propagou-se rapidamente celerados, "n10is cruéis que a niesma f on1e e que os animais f erozes. por todas as dependências do edientravan1 naquelas casas, que era,n íicio, no momento preciso cm que os mais sepulcro que lares, despoja- sacerdotes se preparavam para ofevam os mortos, tiravam-lhes até as recer o último sacriflcio da Antiga· vestes. e, acrescentando a zombaria Aliança e já entoavam cânticos rúa tão espantosa desumanidade, f e- nebres ou murmuravam maldições riam com golpes os que ainda respi- contra Tito (cfr. Wciss, op. cit., ravarn para experilnentar se as suas tomo Ili, p. 830). O general romano - afirma Rohrbacher, seespadas ainda tinham guine". Várias vezes Tito ordenou a Flá- guindo o parecer de Josero - fez tudo para que seus soldados auxivio Josero que subisse às muralhas e liassem a apagar as chamas. "Ele concitasse seu povo a depor as ameaçava, dava ordens aos armas. Os judeus respondiam com gritava, brados e aos e,npurrões, para que injúrias. apagassem o fogo. Os soldados. O general romano, certo dia, ao esquecendo-se das leis da disciplina ver os rossos que rodeavam as mura- que se,npre observaram rigorosalhas repletos de cadáveres já em mente antes, e 1ão-s6 atentos à putrefação, não pôde conter as lá- pilhage,n e ao ,nassacre. nem atengrimas e, levantando os braços ao d;a,n a seus gritos. ne,n respeitavarn céu, tomou a Deus por testemunha suas ordens, ne,n se inquietava,n de que não era o responsável por co111 suas ameaças" (Rohrbachcr, tantas desgraças (cfr. Con Joaquim op. cit., t. IV, p. 469). Weiss afirma Pinto de Campos, op. cit., p. 254). q ue T ito desejou então ver o inte·O episódio mais tenebroso que rior do Templo, o nde não podia ocorreu em meio de tantas desgra- entrar ninguém, exceto o Sumo Saças, teve como protagonista uma cerdote. Mas roi repelido pela íujudia chamada Maria, riquíssima, maça intensa que o obrigou a reiroque tinha vindo a Jerusalém para as ceder. restividadcs. Tendo sido despojada Do ediíicio sagrado não sobrou. de tudo que possuía, até do indis- conrorme predissera Nosso Senhor, pensável, no desespero, matou seu pedra sobre pedra. "No dia 8 de fi lho de colo, assou-o, comeu parte Gordiaeos (2 de setembro de 70) do corpo e guardou o resto para diz o historiador desta guerra - o mais tarde. Quando os bandos de sol amanheceu sobre as fumegantes degenerados, atraídos pelo odor de ruínas de Jerusalé111, cidade invejátão nefando festim, penetraram na vel se tivesse visto <lesde sua funcasa, ela lhes ofereceu os restos de dação tantos dias felizes quantos viu seu filhinho. Os próprios facínoras; miseráveis durante este sítio''. Abischeios de horror, rugiram, narrando mado ua contemplação de sua grano sucedido a tQda cidade (cfr. Flá- deza e rortale1,a, exclamou Ttto: vio Josefo, op. cit., Livro Vl, cap. 31). "!~·to não podian, fazer ,ninhas leAos que conseguiam evadir-se giões e máquinas de guerra;foi Deus para o acampamento romano não Quen1 o f ez. Que,n precipitou os estava reservada melhor sorte. Ten- judeus deste baluarte" (Stade, "Hisdo um dos soldados romanos visto toria dei Pueblo de Israel", t. li, p. que alguns judeus engoliam seu ouro 611, apud Wciss, op. cit., p. 831). antes de rugir, espalhou a notícia. Os soldados ãrabes e sírios, pertencenPlínio Solimeo 5


Diálogo cristão-marxista: pouco cristão, muito marxista M PAISES de alta expressão cultural e de longa tradição no trato dos problemas ideológicos, têm especial importância as questões atinentes ao choque ou à convergência dos grandes sistemas de pensamento. Grandes quer pelo valor da elaboração doutrinária, quer pela importância que adquiriram na determinação dos destinos humanos. Uma dessas nações é a Alemanha. · Na atualidade, como se sabe, as duas maiores correntes de pensamento a orientar com dinamismo a vida dos homens são o cristianismo e o marxismo. E o chamado diálogo cristão-marxista ocupa, por isso mesmo, lugar de destaque na vida intelectual alemã. Discorrerei brevemente sobre tal d iálogo comentando passagens de um artigo-orientação de Robert Steigerwald, membro diretivo do PC alemão. A importância deste estudo é realçada por sua publicação no órgão oficial do movimento comunista internacional sujeito a Moscou, a "World Marxist Review", de maio de 1979. Embora o artigo verse especialmente sobre a: Alemanha, as táticas empregadas e o proveito que dele esperam tirar os comunistas certamente têm validade universal, pelo menos em suas linhas-mestras. O que significa serem muito atuais também para o Brasil onde, sob várias formas. aplicam-se manobras táticas favorecedoras dos desígnios do Kremlin.

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Reconquista'' inaugura sede em Lisboa Ronaldo Baccelli nosso correspondente

LISBOA - Foi oficialmente inaugurada em Lisboa a nova sede do Centro Cultural Reconquista, entidade autônoma e co-irmã das TFPs existentes nas Américas e Europa. A fim de dar maior ressonância ao ato, Reconquista - à semelhança do que já fizera em 1972 - lançou um manifesto dirigido aos jovens portugueses. É o seguinte o texto do documento: «Nesta hora em que tantos oihos se voltam para a juventude, esperando dela o enunciado de rumos para o futuro, é de suma importância que se forme uma visão objetiva da mesma. É um lamentável equivoco considerar os jovens como um more 1>1agnum marcusiano que tende a impor ao mundo as maiores aberrações. É preciso, também, que não se pense que a juventude de hoje é, quando não adepta da filosofia de Marcuse ou de Levy-Strauss, indiferente aos problemas do espírito, obcecada apenas pela conquista de um diploma profissional. Para que essas falsas imagens não perdurem é necessário que se levantem vozes de dentro da própria mocidade para demonstrar a existência ·em Portugal de inúmeros jovens desejosos de autêntico progresso, q ue seja um desdobramento harmônico da tradição e t)ão uma brutal rejeição desta. '' Nesse sentido, apelamos para uma verdadeira mobilii,ação dos espíritos sãos, capazes de conjurar as graves ameaças do presente e forjar assim um Portugal sempre mais cristão e fiel a si mesmo, sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima. NEia encontraremos força, intrepide-1. e coragem para con-

duzir a luta ao seu vitorioso termo, profetizado na conclusão da sua sublime Mensagem: "Por fin,. o meu Imaculado Coração triunfará!"

ii~: • ,(>(',..

Os autores do manifosto esclarecem, cm seguida. os objetivos de Reconquista: "A associação estimula, auxilia e difunde, sem fins de lucro, trabalhos de caráter filosófico, histórico, social e econômico, relativos aos problemas nacionais e à procura das respectivas soluções, segundo os preceitos do Direito Natural, entendidos cm conformidade çom os princípios da ortodoxia católica e o imutável Magistério da Igreja. "Reconquista é uma associação civica e não religiosa. Os seus membros, no entanto, são católicos, apostólicos, romanos. E em conseqüência católica é a inspiração que eles pretendem dar a todos os empreendimentos que a entidade levará a cabo para o bem do país. "Portugal tem uma história grandiosa, marcada por feitos heróicos que despertaram a admiração até entre os seus adversários. "Infelizmente não falta quem deseje impedir um futuro ainda mais glorioso para a nação; quem deseje apagar a chama sagrada da civilii.ação cristã que os nossos antepassados nos legaram. [ ... ] "Jovem português, a luta ésagrada e pede heroísmo! Apresentamos-te saudações cordiais e pedimos-te que, no âmbito da tua influência e das tuas relações, não poupes esforços para defender os sagrados princípios pelos quais lutaram, morreram e venceram os "barões assinalados" que cobriram de glória o nome de Portugal!"

Diâlogo sem condições Kolner, um dos membros da Sociedade São Paulo, dedicada especialmente ao diálogo cristão-marxista, havia afirmado que uma preliminar para a ação conjunta de marxistas e cristãos seria a garantia da existência do cristianismo sob governos socialistas. É compreensível - embora ingênua - a proposta. Como as referidas ações coo.Juntas sempre favorecem a implantação do socialismo, que se garanta a um dos sócios a possibilidade de existir caso o outro triunfe, é o menor dos pedidos. Contudo, o dirigente marxista Steigerwald opta pela negativa. A luta ideológica cm prol do ateismo será intensa sob qualquer regime comunista. O que se pode garantir é a liberdade de consciência e de religião. Segundo ele, como a já existente nos países da Euro pa Oriental... Mas Steigerwald distingue dois tipos de ação conjunta e, neste ponto, o tema adquire atualidade para observadores lúcidos: o diálogo ideológico entre intelectuais dos dois lados e a luta conjunta para obter fins comuns.

Se houvesse uma só frente de cooperação, as imensas dificuldades doutrinárias atrapalhariam o combate ao que a sociedade ocidental tem de especificamente contrário ao comunismo. Os hábeis táticos do comunismo propõem então a divisão da colaboração para que todo o potencial utilizável não seja prejudicado pelos freios das dificuldades doutrinárias. Eis o que diz Steigerwald: "Temos consciência dos for1>1idáveis obstáculos 110 caminho da ação co11j11111a e111re crentes e ,narxisras quando as discussões são tratadas er,1 questões irrelevantes para a prática e que são apenas de interesse re6rico. A ação conju111a de marxistas e crentes já produziu em alguns ca,11pos 1>1ais resultados que tais discussões. A ação conj11111a é a luta sócio-econôrnica da classe trabalhadora, a lura pela participação na direção e contra um maior pisoteamento da democracia".

As discussões entre intelectuais dos dois lados

O membro da direção do PC alemão nota que os marxistas acompanham com atenção as diferenças ideológicas entre os cristãos. Obvia- Esperança na Amêrica Latina mente, em plano mundial, a atenção maior volta-se para a Igreja Cató· Steigerwald considera conservalica, quer pelo número de seus adep- dor o Clero da Alemanha , mas tos, quer pelá unidade propiciada manifesta esperanças acentuadas por sua estrutura e doutrina. E as quanto ao de outra região do munsimpatias do articuUsta orientam-se. do: "Há diferenças crescentes entre obviamente, para as correntes pro- aqueles que desejam 11,110 "renovagressistas, tendentes a entrar em ção" da Igreja e as forças conacordo com o comunismo. Chega servadoras. Os primeiros têrn apoio mesmo cJe a lamentar o fechamento sobretudo na América Latina". de uma publicação dialogante: "Na Contrista o fato de um destacado Ale1>1anha. a cresce111e atividade dos representante do comunismo interoponentes da détentc e de reacio- nacional julgar viável a utilização da nários está rendo um efeito negativo influência católica para a conseno desenvolvi1>1ento de tendências cução de seus fins. Mas é inegável ideológicas e políticas positivas en- que a visão igualitária da sociedade tre os crentes. Em relação ao diálogo · e o ódio rancoroso mesmo em relatambétn sucede o mesmo. Desta ção a desigualdades proporcionais e for1>1a, o lntcmationale Oialog-Zeit- legitimas, vão transformando, lenta schrift, que era publicado pelo teó- mas, infelizmente, com resultado, logo Herbert Forgrimler, foi dura- ponderável número de católicos esmente atacado e aniquilado". palhados por todo o mundo em Entretanto, para Steigerwald, o massa de manobra dos ateus do que mais importa é isolar tais dis- Kremlin. cussões, deixá-las desenvolverasc em A importância do artigo "Alguns redomas e colocar o acento tônico na cooperação prática. Como já aspectos do diálogo cristão-marxisafirmou Paul Bourget, ..cumpre vi- ta" de Robert Steigerwald advém ver como se pensa. sob pena de, especialmente de um fato: o destamais cedo 011 t110is tarde. acabar por cado dirigente do PC alemão conse pei,sar con,o se viveu" ("Le Dé- sidera com simpatia o desenvolvimon du Midi", Plon, Paris, 1914, me nto desse aspecto capital da estratégia da Internacional Comunisvol. 2, p. 375). ta. E manifesta ·esperanças de ver imensos contingentes não-comunisO esforço para implantar tas a reboque dos objetivos do a cooperação prãtlca movimento comunista internacional. Além de ta is contatos e discussões, de importância óbvia, o desejo Péricles Capanema

(ÍJÃÍOLICli§MO

Reforma Agrária em El Salvador

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para atuar nos planos da produção e das finanças. Basta dizer que, de acordo com o escritório de Costa Rica do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, somente nos primeiros oito meses de 1980, 35.000 sa lvadorcnhos foram obrigados a deixar seu país devido à revolução socialista. Eles não eram apenas os que perderam suas terras ou bancos particulares cm março de 1980. Engenheiros, agrônomos, técnicos em agricultura moderna, financistas, -administradores, médicos, advogados, contadores, editores, enfim, todo o sangue vital de uma economia, ou seja, as pessoas que sabem fazer as coisas, se esvaiu. Até trabalhadores rurais. que o golpe reformista pretensamente beneficiaria, preferiram dei xar o país. Muitos que ficaram foram vitimados por ataques terroristas. Em 15 de outubro de 1980, primeiro aniversário do golpe que iniciou a revolução socialista, a Agência France Press recebeu uma comunicação da Cruz Vermelha de E! Salvador, na qual esta declarava ter

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socorrido 24.000 refugiados do terrorismo esq uerd ista no nordeste do país, durante a semana anterior. Estas são as "massas" que a Junta diz ter beneficiado... A Cruz Vermelha informou que 60% desses infelizes eram crianças.

Os entreguistas do "ceder para não perder" Entretanto, se muitos fogem, outros preferem ficar e... negociar com o próprio carrasco. São os adeptos do "ceder para não perder", que não se incomodam que seja tirado dos outros desde que não se tire o que é seu. Ou então, q4e tirem o que é seu não hoje, mas somente amanhã. Não se guiam por princípios, mas por um egoísmo imediatista, que deixa de ser humano para se tornar meramente animal. Exemplo significativo desse tipo de gente é um grupo de empresários salvadorenhos que ainda não perdeu suas posses, mas q ue poderá vir a perdê-las na próxima etapa das rcformas. Reconhecendo que o novo socialismo está arrasando com a

economia do país, mostra-se disposto a conviver com as reformas já feitas, desde que possa contribuir para modificar o modelo econômico em favor da livre empresa. Ou seja, seus componentes aceitam como fa. to consumado o confisco dos bens alheios, desde que não haja novas leis que confisquem o que é deles. Tal grupo autodenominou-se "Aliança Produtiva", tendo declarado que não apóia nem se opõe à Junta (?!). A História tem demonstrado que pessoas desse tipo costumam ser as primeiras a serem penduradas nos postes quando eclodem as revoluções cruentas ... A autora Virginia Prcwctt ainda apresenta em seu ensaio outras conseqüências funestas, não só em relação a E! Salvador, como também ao próprio prestígio da política externa norte-americana junto à América Latina, resultante dessa desastrosa experiência da "nova diplomacia" carteriana. Ao comentarmos tais fatos, não tivemos a intenção de tripudiar sobre alguém já derrotado, como Cartcr e sua política dos "direitos hu-

do P C germânico é lançar os cristãos na reivindicação dos mesmos pontos de seu programa de ação. Sem se deixar enredar por diferenças ideológicas e a diametral oposição no campo religioso, a grande vitória dos comunistas consistirá em unir as vozes de protesto, deixando de lado o que separa os dois campos. Estes pontos discrepantes seriam tratados cm outro ambiente. Comenta Steigerwald, a propósito de um congresso de jovens católicos na Alemanha: "Ao 1nesmo te1>1po. durante o Co11gresso. cató· licos e 111arxisras ju111ara111-se n11111a rnanifesração na cidade de Friburgo, em menrória das vítimas do fascisn,o. Tal i11iciativa evfoenciou a urgência de u1>1 diálogo que iria alé,11 dos limites do círculo restrito dos intelectuais. Etn relação ao que foi dito, notemos algumas tendências da nova focalização. lnicialrnente, a enonne irnportância conce.. dida aos esforços destinados a co11seguir a cooperação prática". A reafirmação nitida de antiga tática leninista salienta a espera nça renovada na "política da mão estend ida", rejeitada por Pio XI e Pio XI I.

MENSÁRIO

manos". Nosso intuito foi antes o de chamar a atenção dos leitores para a ação nefasta daqueles que. sem se declararem comunistas ou socialistas, ou mesmo negando sê-lo, aceitam entretanto que certas "mudanças" são inevitáveis. Que os fatos ocorridos cm EI Salvador sirvam também de advertência para aqueles que julgam ser possível apaziguar o ímpeto da esquerda radical com concessões c9mo as que foram feitas ncqucle país. Pois os comunistas só esta rão satisfeitos quando conseguirem eliminar, não só seus adversários, como também seus "companheiros de viagem" e se instalarem sozinhos no poder. A única maneira de vencê-los é enfrentá-los com decisão e coragem, sem concessões de espécie alguma, discernindo neles toda a malícia de que são capazes, e agindo em conseqüência. Eis porque a guerrilha comunista em EI Salvador, apesar de não contar com o apoio da opinião pública da nação, amda não foi definitivamente eliminada.

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Júlio de Albuquerque CATOLICISMO -

J ulho de 1981


OA A TUBA legendária. ê na cidade de Jaipur, projetada em forma de xadrez e colorida de rosa. As grades das muralhas externas se eriçam com suas pontas de lanças, que as protegem contra ataques de elefantes. Ergue-se a tuba de tradições heróicas. O marajá de Jaipur dirigese ao reino de Jaisalmer para assistir a um casamento de parentes, descendentes como ele de antigos guerreiros. O trombeteiro, arqueado para sustentar o longo instrumento de bronze, parece apontar a tuba para uma região feérica, perdida no firmamento, onde se refugiam a · memória de seu povo e as lendas do passado. Os sons ecoam como uma conclamação à memória popular, onde repousam e se levantam intermitentemente nobres estórias e pretéritas fábulas.

S

resto, dormiente, sufocada pelo pragmatismo materialista de nosso tempo, é verdade. Índia dos sonhos estrangulada pela fndia dos horrores. que um paganismo satânico levou a extremos inenarrávcis: os banhos promíscuos de multidões supersticiosas nas águas do Ganges; os gurus, repelentes como os ídolos que adoram; populações de milhões de pessoas que padecem fome, enquanto o maior rebanho bovino do mundo permanece intocável, por considerá-lo sagrado a religião hinduísta ...

ambientes fabulosos: Rajputana (de rajput, "fi lho de rei"). A cultivada memória de suas proezas apresentava a base para manifestações de esplendor. Ê preciso lembrar que a fndia não conhecia a História verificativa e raciocinada, que apareceu com os gregos. A pujante imaginação oriental hindu não a podia conceber. O que de mais próximo à História existiu na Índia, nos séculos passados, foi uma narrativa da região de Cachemira, do século XVIII, escrita ... em versos!

marajás lançam moedas de ouro e prata. O luxo e o deserto se encontram e ambos crescem cm sig nificado simbólico. Um dos presentes é o senhor da cidade de Bundi, no Rajastão. por cujas portas saem seus elefantes a fazer o passeio matutino (última foto, embaixo). Poucas coisas há mais tipicamente hindus que esses enormes animais - pomposos, com seu pausado balanceio - transpondo os artísticos portais de uma cidade tradicional.

Em todos os povos se encontram qualidades e deficiências. pequenas ou grandes. Mas o melhor, em todos eles, mesmo nos obscurecidos pe la superstição pagã, reside cm sua tradição épica, legendária e guerreira. Essa sacia-se em dois mananciais que se enriquecem mutuamente. Um brota nas melhores zonas da alma. à maneira de um jato d'água iluminado. Ê o espírito de grandc1.a. Numa

regil:o

desártica e do

céu tfmpido.

mas repleta de reminiscências, emerge · das sombras o marajá de Jodhpur. conlo o noscor da aurora (aci-

ma)

Há pouco mais de três décadas, os trinta marajás de Rajputana dirigiram-se à cidade e corte de Jai salmer - um dos reinos da região aninhada cm um oásis do deserto de Thar. O marajá de Jodhpur casavase com uma princesa de Jaisalmer. (Rajá significa rei e ,narajó. grande rei, embora alguns o tradu1.am por duque. soberano ou pequeno rei). A cerimônia parecia um conto de mil e uma noites.

A iracunda a lga1,a rra dos e lefantes bélicos de Aníbal ressoa ainda na História, bem como o cortejo de quarenta elefante.s que precedeu uma das entradas triunfais de Júlio César cm Roma. Evoca-se ainda o fato pitoresco de que na corte do imortal Imperador Carlos Magno brincava o elefante Abulabás. Nas crônicas francesas da /Jelle Époquc recordam-se os elefantes da familia

de Broglie, no castelo de Chaumont, presenteados pelo marajá de Kapurtala, quando a li se hospedou. Os elefantes - ornamento próprio do legendário ambiente hindu - não podiam faltar nas bodas de Jaisalmer. ao lado de camelos e cavalos. Houve ainda lutas de tigre contra tigre, elefante contra elefante e tigre contra e lefante, bem como a exibição de espadachi ns. Por fim, um festival de fogos de ar1ificio que desenhavam no espaço noturno pavões reais.

Na idtima ilustração (/1 esquerda, embaixo), um cavaleiro rajput, bardo e gene~logista da corte de Jaisalmcr. Suas correias militares indicam o uso de cimitarra e adaga. Com a barba partida e solta mantém ele um cost ume de antiquíssima tradição. Herdou seus cargos e declama as nobres proe1.as dos antepassados rajputs, e com seus cânticos toca no mais fundo da imaginativa memória épica da corte e do povo. Por isso mesmo poderá, talvez. dar-se conta de que vive em uma é poca pouco propicia às recordações e aspirações heróicas. E poderá sentir.• com especial dor, o que significa o desvanecer das fábulas, nas quais os povos hindus encontravam sua alegria de viver.

01 elefantes da Corte transpõem o portal da cidade de Bundi. Numa foto contem~ oortnoa, 6 focalize.da cena milenar.

Bardo da Corte

do Jalaalmor jao lado). Os cantares atravessaram trinta S4Sculos,

como

os gerações de

seus antepas• sados.

de heroísmo, voltado para o maravilhoso e circundado de honra e esplendor. O outro ·mana dos ambientes que esse espírito plasma para manifestar suas potencialidades, reconhecer-se, diferenciar-se e corrigir suas lacunas e defeitos, cm busca da perfeição. dos vai/ires absolutos. Na fndia, tais memórias e ambientes conservaram-se através dos séculos, constituindo para o mundo um quadro fabuloso. Foi o . objeto dos sonhos de Dario, Alexandre Magno, Júlio César, Gengis Khan, Alfonso de Albuquerque e outros grandes, sem falar dos planos divinos, cuja reali1.ação foi tentada pelo legendârio empenho do Apóstolo São T~mé, ou pelo 1.elo abrasado de São Francisco Xavier. Essa fndia das fábulas sobrevive ainda até nossos dias. Em estado de CATOLICISMO -

Ju lho de 1981 '

A constituição atual da União India na, promulgada cm 1947, estabeleceu a unificação politica dos povos hindus. Em nada modificou, porém, os costumes pagãos das multidões. E a Índia dos sonhos? É para ela que nos voltamos agora, comentando um fato não muito longínquo, ocorrido em 1948.

Ao sudoeste da capital hindu, Nova Delhi, existe uma região onde o povo celebrava com ativo entusiasmo as recordações épicas e seus

Na foto acima, o marajá de Jodhpur entra na cidade de Jaisalmer. Ao fundo, entre um terreno sem vegeiação e um céu sem nuvens, vê-se uma fortale1.a destituída de adornos. Nada mais militar, cm sua austeridade. Conta-se que ela jamais foi subjugada por inimigos, exceto uma vez, pela fome. Firme pedestal histórico para o desenrolar das magnificências cerimoniais, como o desfilar das plumas, que nos varões ficam bem sobre c imos austeros. A essa cidade, que é uma espécie de capital do grande deserto hindu, chega o noivo c m seu cavalo branco, com numerosos pares e parentes que, segundo a etiqueta nupcial, vão a pé. A figura eqüestre surge da penumbra como da noite dos tempos, tranqüila e naturalmente como a aurora. Está recoberto de pedrarias e pérolas, e seu turbante dourado ostenta jóias e insígnias. Conduzem seu cavalo e o seguem atrás os soberanos de Rajputana, cujos turbantes côr de ouro e 'rosa têm uma longa cauda como a reíletir a tradição que os acompanha. Os turbantes de pessoas de outras categorias são gradativamente mais simples. O povo aplaude o cortejo e os

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O COMUNICADO que se seguiu à reunião plenária de ltaici. cm 1980, a CNBB lançou o documento "Igreja e problemas da 1erra" (IPT), verdadeiro manifesto agro-reforn1ista, o qual ecoou como um ribombo publicitário c m todo o País. O documento fazia notória sua má disposição para com as propriedades de tamanho médio ou grande. E proclamava sua veemente opção em favor da pequena propriedade: isto é, da que pode ser integralmente aproveitada pelo trabalh o de uma só família sem a cooperação de qualquer assalariado. Indo além, o IPT anunciava para 1981 outro documento da CNBB reivindicando uma reforma urbana, a qual seria a aplicação dos princípios fundiários agro-reformistas por analogia - ao solo urbano. Para data posterior entrevia-se que ficava uma reforma - também análoga - das empresas industriais e comerciais, a qual figuras altamente representativas da CNBB não têm deixado de preconizar.

N

Em fevereiro de 1981, a CNBB rea lizou nova reunião geral. Mas, ao contrário do que era de temer, a entidade, tão buliçosamente reformista no ano anterior, pareceu haver csq uecido desta vez o programa agressivo que há um ano tanto estrondo provocara. No comunicado final de ltaici-8 1, o grande tema abordado foi o das vocações sacerdotais. Nada mais próprio do que este último tema, para uma reunião de tão alto órgão eclesiástico. Contudo sendo de notoriedade pública qu~ os Srs. Bispos agro-reformistas continuam exatamente nas mesmas posições doutrinárias de 1980, é impossível não sentir algum desconcerto à vista de que em 1981 tenham julgado sem importância nem urgência a cascata de reformas, a qual haviam proclamado indispensável e urgente doze meses atrás. . Como explicar essa contradição? Que poder, q ue circunstância, que acontecimento sobreveio, bastante forte para determinar, de um ano para outro, tal diversificação de rumos? Não sei. O fato é que, nos meios católicos, a tríplice reforma caiu em seguida numa surpreendente modorra.

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Entrementc, vinha eu elaborando, no silêncio de meu gabinete, o -~ livro "Sou católico: posso ser contra ~ a Refor11w Agrdria?". Pensado e E escrito nas minhas parcas horas de i lazer, ao longo de vários meses de : reflexão e de estudo, o trabalho se -;: destinou a reivindicar, cm face d o ]. IPT, meu direito de católico e de -:l brasileiro, de me opor à Reforma .. Agrária. Não só meu direito, mas o :; de todos os intelectuais católicos ':: analogamente discordes com o IPT. ':' Mais ai nda. Ou seja, o direito de ~ todos os proprietários rurais o u ur": banos, grandes ou médios, de (para ~ o seu bem e o do Pais) conservarem "• - tanto quanto os pequenos - na ~ santa paz de suas consciências, suas •• legítimas propriedades. Paralela; mente comigo, trabalhava na con·E fecção de uma análise econômica do IPT, para ser publicada no mes~ mo livro, meu jovem e brilhante

e

!

amigo, economista carlos Patrício dei campo. Ao contrário do que esperávamos de início, a elaboração de nossos estudos foi longa e complexa. Planejado para a ntes de l\aici-81, só saiu ele a lume em pnnc1p1os de março de 1981 (Ed itora Vera Cruz, São Paulo, 358 pp.). Quando deitamos mão à faina, supúnhamos que muito naturalmente o livro levantasse - quando publicado - celeuma proporcionada ao categórico de sua a rgumentação e de suas teses, bem como, e principalmente, à amplitude de sua difusão. Insisto quanto à difusão, pois infcli1.mcnte ela desempenha, cm nossos dias, u m papel mais acentuado na história de um livro, do que o mérito d este. Ora, nesses quatro meses de vida, "Sou católico" vem tendo de norte a sul do Pais difusão digna de nota. Graças ao zelo desinteressado e admirável de jovens cooperadores da TFP - honro-me cm notar, de passagem , que foi na qualida~c de Presidente do Conselho Nacional da entidade que escrevi meu trabalho - está para se esgotar a segunda edição de "Sou católico", totalizando 21 mil exemplares. Em se tratando de obra de caráter doutrinário e técnico, e nas condições do mercado brasileiro de livros, o resultado é incomum. E - aqui e ntra o ponto - não houve nos arraiais dos agro-reformistas católicos quem lhe opusesse qualquer réplica. Assim se. escoaram placidamente março, abnl, ma,o e junho. Julho já vai alto. E até agora nada.

Entretanto, nestes últimos trinta dias (isto é, cinco meses depois de Jtaici-81 e quatro meses depois do "Sou ca1ólico"), vem se fazendo ouvir uma rajada de declarações reformistas de procedência episcopal. Tomou a dianteira, falando no Rio Grande do Sul, o Sr. D. Pedro casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia. Começou ele por uma áspera censura à própria Igreja: se esta • "nos seus vinte séculos, seguisse o programa das bem-ave,uuranças, terfa111os uma' sociedade socializada [... ]. O ideal cristão equivale ao ideal do socialismo". Pouco adiante, o Prelado foi ainda mais claro quanto a seus pendores e simpatias: "Não cano11izo o socialismo soviético ou o cubano. ,nas existeni as· pec1os positivos: Cuba deu lições de sa,íde e educação para todo seu povo [ ... ). O socialismo na Nicardgua é um bom caminho'·. E, por fim, depois de contestar que o socialismo seja causador da insuficiência das safras na Rússia , o desinibido Prelado afirma: "Nos países socialistas o povo sobrevive ,nelhor, e a fome é me11or /d do que nos países capitalistas" ("Jorna l do Brasil", 17-6-81). O que é propriamente piramidal. A este disparo publicitário se seguiram outros. O que no artigo seguinte veremos.

MPETUOSA e açodadamcntc ag,·o-rcformista cm seu comunicado de ltaici-80, a CNBB parece ter recuado surpreendentemente no comunicado de ltaici-81. Mas, em impressionante vaivém, elementos de destaque da entidade iniciaram em junht> p.p. uma violenta rajada reformista de caráter publicitário. Foi o que descrevi em meu artigo anterior, "Co111eça a rajada'". no qual registrei o primeiro estampido da série, detonado por declarações, no Rio Grande do Sul, do Sr. O. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia. Também fizeram d eclarações de sabor agro-reformista, D. Edmundo Kunz, Bispo-auxilia r de Porto Alegre (cfr. "Zero Hora", 30-6-81); D. Anton io Zuqueto, Bispo-auxiliar de Teófilo Otoni (cfr. "Noticias", boletim semanal da CNBB, 2-7-81); D. Clemente lsnard , Bispo de Nova Friburgo e vice-presidente da CN 88 (cfr. "Jornal do Brasil", 11-7-81); e O. José Rodrigues, Bispo de Juazeiro (cfr. "Jornal do Brasil", 15-7-8 1).

I

Como não podia deixar de ser, D. Quirino Schmit1, Bispo de Teófilo Otoni, também se pronunciou: .. Quando as f{lmílias pobres estão cada vez ,nais pobres e os ricos afirma,n [ ... ] <1ue estd Judo bo111, o povo deve utilizar meios agressivos de reivindicar seus direitos". Pouco a ntes, o Prelado sublinhara que "São Tomds de Aquino [...]fala 11as perspectivas de co11jlitos civis annados, como estratégia para o restabelecimento da justiça e liberdade". É ir longe, não acha, leitor? Talvez por o ter sentido, o Sr. D. Quirino Schmitz acrescenta logo cm seguida que acha que "a solução não é a violência". Um passo atrás, portanto. Ou melhor, simplesmente meio passo: ele afirma pouco depois que compreenderia a atitude de revolta do povo, a q ucm "não faria nada para i111pedir [ ... ) de defender . vi"do ... a sua Mas, depois desse avanço vem novo recuo. Pois logo em seguida o Sr. D. Quirino afirma que "não é o Clero que incentivard o povo a lançar ,não de meios agressivos". E ziguc1.agueand o e ntre a cautela e a

imprudência, eis o Sr. Bispo de Teófi lo Otoni a insinuar que, cm certos casos, o Clero deve aplaudir a violência: "por exemplo na Nicardgua. para a derrubada de Somoza". E adverte, por fim, que em nosso País o povo já está "perdendo a paciência'' ("Jornal do Brasil", 67-81). O que faz alguém - povo o u indivíduo - quando deixa escapar a paciência? Insulta. ameaça, agride... O uso desta lingua)lem não importa cm 7jguczagucar à beira do abismo? Como explicar esse zigue1.ague?

Quem procurar resposta para essas perguntas certamente não as encontrará na recente palestra feita cm Porto Alegre, por ocasião do encerramento do seminário da Frente Agrária Gaúcha, por D. Ivo Lorscheiter, Bispo de Santa Maria e presidente da CNBB. Ante os trabalhadores rurais reunidos, não duvidou este em afi rmar que "e111 casos extremos, a ,ínica solução para a conquisto de 1nuda11ças sociais [ ...] é a luta annada. e a Igreja deve aceitar esw situação co,110 inevitd., ve1 . Mais adiante. assevera que o Clero "não pode ficar de braços cruzados (...) à espera de que as coisas aconteça111. Preciso ser combativo". 'lírada temerária! Porém, segundo o novo esti lo do agro-reformismo progressista, o Sr. D. Ivo acrescenta logo em seguida que "ser co111bativo" não importa em "incentivar atos violentos". é o ziguezague. Recuando ainda mais um pouco, o Prelado acrescenta que a lgreJa condena "todo espécie de violência [ ... ). Queremos uma luta ativo, ,nos não violenta",

Contudo, no vórtice do recuo, ele se volta para a frente, pois afirma ser possível que, em determinad os casos, o Clero apóie movimentos armados contra regimes ditatoriais. Como assim? D. Ivo pensa cm pegar cm armas? Certamente não. Ele prefere ficar meditando, "analisando", na retaguarda . Com efeito, o Prelado adverte que obviamente "não serão os Padres e os Bispos que irão para a linha de frente. [ ... ]

Plinio Corrêa de Oliveira

Esta solução extremo precisa ser profundamente analisada". Quem, então, adotando a "solu~·ão extre1na·· irá "para a linha de fren te"? O povo. Ele, D. Ivo, e provavelmente outros que pensam como ele, se instalarão na retaguarda, a "analisar", "antes que o povo part{I par{I o confronto radical". Não creio que jamais sua ênfase esq uerdista tenha c hegado tão longe. Porém. no vértice agora do avanço, ei-lo que mais uma vez recua. Ê o ziguc1.aguc. Lembra ele q ue São Tomás considera os conílitos civis armados a "derradeiro estratégia para o resJabelecimento da j ustiço e liberdade", e pondera: "O que nos garante que estão esgotadas todas as fornws pacificas de negociação co111 os regi,nes de força?" Ou seja, talvez (note o leitor: talvez) no Brasil ainda não seja a hora de o povo pegar em armas. Assim, talvei. seja a hora para tanto ... Fica a critério de qualquer um. decidir. Se alguns - ou muitos - acharem que sim, marchem então para a frente. O presidente da CN 88 não os desestimulará. Mas vem logo um recuo. Para o Sr. D. Ivo, será necessário que se aguarde "110 míni,110 n1ais ce,n anos para que se concluo que são invidveis os meios pacíficos de 111udança do nosso sistema". Pode haver algo mais ambíguo? Mais de cem pode ser IO1, como pode ser mil. "No n1í11i1110 mais cem" o que quer d izer nesse contexto? Tem-se a impressão de que, gracejando assim com o 11011-sense ou com o absurdo, o Sr. D. Ivo quer esporear as impaciências que ele acaba de exasperar cm tópicos anteriores. Finaliza ele dizendo que antes dessa data vaga, é ·•u111a precipitação muito arriscada falar em luta armada"("Jornal do Brasil", 5-7-81). Ora, o que acaba ele de fazer. senão falar de luta armada? Quando ele recua, contra quem procura o Sr. D. Ivo acobertar-se? Por que não o diz? De claro só há, cm suas palavras, um ponto: a identidade de quem ele procura atacar. Isto é, hoje, os proprietários rurais. Os proprietários urbanos amanhã, conforme o documento de ltaici-80. Por q ue todo esse ziguezaguear que, a partir de fevereiro de 1980, vem sacolejando, em ritmo mais lento de início, e nos últimos trinta dias cm ritmo frenético, a opinião católica do Brasil'/ A opinião católica do Brasil! O Brasi l inteiro, portanto ...



As luzes da legenda

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O

ANÚNCIO QUE REPRODUZIMOS na capa deste suplemento reflete uma apetência do público norte-americano, que provavelmente a maioria dos brasileiros ignora. A mansão com grades clássicas, insinuando uma vida social e cultural brilhante, poderia parecer aos olhos de muitos compatriotas nossos como ambiente exclusivo do gosto europeu. Grande engano! A publicidade, que acompanha cautelosamente o evoluir das tendências do público ao qual se dirige, percebeu que o norte-americano aprecia muito mais o tradicional e o clássico do que suporiam tantos brasileiros. "Uma legenda que ilumina lugares tão famosos como o Kennedy Center e a Abadia de Westminster. E talvez, logo mais, sua casa". Você sabia que o público norte-americano também se interessa pelo que é legendário? Pois aí está uma entre tantas propagandas a dizê-lo. Ela se refere a este lustre feito de cristal "nascido do fogo" e "talhado a mão".

lts havinQ tea with a princess ,n a palace that isn't make believe. Freshly-brewed tea. raspberry tarts anda grandfather who still believes in Cinderella. We've created a special world for you in the exquisite 100-year-old lounges of the new Helmsley Palace. the most m agnificent hotel to open in New York 1n this century.

Magnificência e esplendor THE HELMSLEY PALA CE, "o mais grandioso hotel a abrir em Nova York neste século'', soube explorar a apetência pelo esplendor no anúncio acima. Em seus salões cheios de cristais, ouro, pratarias, mármores e obras de arte, não falta "um vovô que ainda acredita em Cinderela". E ele pode tomar chá com sua "princesa" num "palácio de verdade"... O mesmo pendor para o tradicional, o requintado, o solene, observa-se no anúncio à direita, de um dos restaurantes mais em voga em Nova York. Note o leitor os trajes sóbrios e a nota de distinção de todo o ambiente. A decoração, os talheres e os cristais falam de magnificência.

Estilo e qualidade VEJA à esquerda o anúncio de uma indústria de móveis. Em matéria de mobiliário, sempre houve norte-americanos que conservaram sua preferência por estilos antigos. Hoje, contudo, a publicidade se ocupa com particular ênfase desse gênero de móveis, o que indica maior procura. Ao mesmo tempo, uma exigência de melhor qualidade vem se acentuando em vários campos. Artefatos de madeiras de lei, tecidos de seda pura, objetos de ouro, prata ou bronze, porcelanas finas, são produtos anunciados com freqüência nos principais jornais, revistas e emissoras de televisão, ressaltando-se os predicados da matéria-prima.


Modernidade do cast.elo antigo

NÃO PENSE, LEITOR, que as tendências que vimos apontando manifestam-se apenas em meios abastados. Pelo contrário, encontramo-las em todos os níveis sociais. Este sininho de mesa em porcelana pintada a mão, por exemplo, é vendido a 20 dólares. Como na foto do castelo francês, a propaganda parece evocar um sonho de cores maravilhosas. Sonhar... a propósito de um objeto "inútil", ou, pelo menos, "supérfluo"... Não é mais o americano pragmático, voltado só para o utilitário e o concreto.

PARA VENDER tapetes, uma grande indústria julgou que o mais atraente seria a foto à direita: vista de outono do castelo francês de Azay-le-Rideau, construído em 1518 ... Outra vitória da tradição, reconhecida pela publicidade, em 1981, pois estes anúncios se acham em revistas de grande circulação de junho, julho e agosto do corrente ano. Convém ressaltar ainda que tudo isso supõe a mobilização de grandes complexos industriais e comerciais, bem como de poderosos meios de comunicação social.

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No chateau should be without one.

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EDIÇÃO ESPECIAL para colecionadores ou estudiosos? Promoção publicitária medievalista lançada por saudosistas? Não! Papel de embrulho para presentes, comum nas lojas norte-americanas...

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~ATOLICISMO------------ - -- - *

Nas modas, sobriedade e bom gosto ANÁLOGA PROPENSÃO verificase em relação às modas. Neste momento, costumes tradicionais têm livre curso na América do Norte. Vestidos para senhoras, moças ou meninas como estes embaixo e à direita - anunciados na conhecida revista feminina "Bazaar", de agosto último - são hoje freqüentes em figurinos norte-americanos, embora a nota de recato do traje seja muitas vezes contrastada pela aparência das manequins. Embaixo, no centro, modelo do que há de mais comum em matéria de traje

masculino. O corte de cabelo curto não é por acaso: ele voltou em grande estilo, pelo menos nas grandes metrópoles, segundo "The New York Times Magazine". Roupa esporte para ambos os sexos, na América do Norte, conserva um tom que surpreenderia quem imaginasse algo na linha da descontração total e extravagante. Quantos brasileiros e brasileiras não terão incorrido no erro de supor que "nos Estados Unidos não se usam mais roupas assim"?

ENTRE OS JOVENS norte-americanos, emergem tendências mais conservadoras ou tradicionalistas do que na geração de seus pais. Assim, com vistas ao recrutamento, o famoso Marine Corps (fuzileiros navais) publicou anúncio no qual aparecem soldados na selva, sujos e sofridos. Ou seja, em lugar de conforto, dinheiro ou pra.zer, o que atrai o jovem de hoje é o cumprimento árduo do dever a serviço de um alto ideal.

Por outro lado, na própria Casa Branca, vemos reflexos significativos do retorno de parte ponderável da opinião pública à tradição e aos valores morais. Um exemplo: na posse do novo governo, neste ano, houve desfile de tropas enver$ando o histórico uniforme com chapéu de três bicos, da guerra da independência, no século XVIII (foto). Enquanto isso, o cerimonial e o protocolo foram restaurados.

O QUE ACABAMOS de apresentar, no entanto, não constitui senão pequena amostra de um movimento de almas muito mais amplo e profundo. Não falamos aqui da volta aos valores familiares, do combate à imoralidade, do estímulo à prática da castidade entre os jovens, do lançamento de uma rede de televisão conservadora, da reversão apontada pelo censo de 1980, que indica um êxodo das metrópoles para o interior etc. Sobre esses e outros aspectos, Você encontrará dados em abundância na edição especial de "Catolicismo" à qual corresponde o presente suplemento. Você descobrirá então como a realidade norte-americana é diferente daquela geralmente pintada pelos meios de comunicação social. Lá, as modas, os costumes, as idéias, não caminham irreversivelmente para a extravagância total, para a dissolução dos costumes, como se poderia imaginar. Ao contrário, existem sinais palpáveis de que amplos setores da população dos Estados Unidos deslocam-se em sentido oposto. Antiquado, portanto, não é defender os valores fundamentais da civilização cristã. E sim ignorar a profunda transformação que ora se opera em grande parte da opinião norte-americana, para a qual

o antigo está voltando a ser moderno.


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lL N.•e 368-370 -

==-MODERNA? Você é moderno?

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Agosto-Outu bro de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa d e Brito Filho

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O Ct É Sua casa é moderna? Seu vestido é moderno? Sua roupa é moderna? Suas idéias são modernas? Aí está um problema sobre o qual tantos discutem. E em geral todo mundo concorda: as coisas devem ser modernas. Mas, o que é ser ,noderno?

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DURANTE SÉCULOS, Paris foi a ponta da modernidade. Porém, as transformações que revolveram o mundo após duas guerras mundiais deslocaram, em larga medida , o centro das atenções para os Estados Unidos vitoriosos e estuantes de riqueza. Sobretudo a partir de 1945, ser moderno passou a ser, especialmente no mundo ocidental, estar de acordo com os padrões norte-americanos. Entretanto. os costumes. modas e idéias continuaram a evoluir. Suas saudades, leitora, leitor. não terão algo a lhe dizer? Talvez Você tenha saudades de coisas das quais gostava outrora. mas que já não se usam mais. Ou que Você hoje aprecia. mas receia que tenham caído em desuso. Renasce então a pergunta: o que está na moda? O que está "no vento"? Você ficará com a vclheira? , ",W ;l{~ Essa ·preocupação não é apenas sua. É de milhões de brasileiros. _e, tema de conversas e debates entre

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amigos. Muitos discutem essa questão consigo mesmos. E cada um percebe então que

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Móveis do passado. quadros clássicos. trajes de outrora... O que representam? O que leva as pessoas a escolherem entre o paletó e a gravata. e o b/11e-jea11? Em outros termos: essas coisas todas são apenas móveis. trajts. meros objetos? Ou são. sob retudo.

símbolos, emblemas, de estados de alma, de pensamentos. de princípios e de doutrinas'/

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A IMENSA REVOLUÇÃO que conduz das crises religiosas, culturais, poht1cas, · · J ..· sociais e econômicas dos séculos XV e XV I até essa tenebrosa "aurora"' do mundo anárquico e caótico que vai nascendo neste fim de século, decorreu do abandono •... -;:;.,:::;.::;:;:. ·• ·,t sempre maior da Fé, da moral e da civilização cristã. : ~~ ~ · .' Em função desse longo processo, ,noderno tomou toda a carga "hipnótica" das ·• :..::::.'"'., •• J palavras-talismãs. Indicou sempre o úl timo passo da Revolução: no pensamento como ::! · '~~ nos costumes, nas modas como nas instituições. Ser "moderno" passou a constituir um f' • · .,:,1 critério de escolha nos mais variados campos. Os seguidores de uma escola filosófica ' ou teológica, os propugnadores de um costume na vida social ou de um novo estilo de fazer propaganda, ou de viajar, sentiam-se confortados quando podiam alegar que sua ~ posição era "moderna". Da modernidade esperava-se firmemente que vencesse sempre. Como do que era antigo e tradicional receiava-se - ou desejava-se - que fosse desaparecendo sempre. Cri tério frívolo de um mundo relativista e superficial. Critério, pois, que "Carolici.wno", fiel à Igreja contra a Qual "as portas do inferno não prevalecerão'" jamais (Mt. 16, 18), recusa de modo categórico. Entretanto. a palavra m oderno campeia por aí com sua enorme força de impacto psicológica. Para ajudar aos que vivem sob o fascínio dela, "Catolicis,no" mostra nesta edição especial, acompanhada de um suplemento a cores, a contra-ofensiva da tradição, que se· va i delineando com largo êxito. E isto ocorre na própria terra da modernidade. ou seja,

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Nos Estados Unidos, o antigo está se tornando moderno

Ih- ~ tu. "'rico. r~ ffll!'tl l:i-\re l.l\'(111"'-' "- ~ r )":Ir> .t,lt:IW)W bm11; , ~ t1y ~IN \ ~ - lo.,..... 1, 111:il tlJlltll' J,()1111 1hr n,,:i1 111'>1 ((,nv-rv/ll'l" 't 1,1 rk i<""<rf ,1n,J pn:,!,~!!vr

M FAIXA DE OPINIÃO cada ve1. mais larga. o tradicional vai ficando moderno e o extravagante, o aloucado. o corrupto, o amoral, vão ficando velheira ... Hoje. grandes complexos industriais e importantes setores do comércio se mobili,.am: roupas. móveis, objetos de decoração cm estilo tradicional ou conservador são preferidos por um número ponderável de consumidores norte-americanos. E a população volta-se cm grande escala para os padrões familiarc$ e religiosos anteriormente abandonados. Pronuncia-se na América do Norte uma tendência no sentido de se adotarem modas. usos, costumes, estilos, atitudes e até idéias condizentes com a sadia moral. a tradição e o bom gosto. Formalidade. elegância clássica. pure,.a de costumes. são va lores que lá encontram curso muito mais amplo e livre do que supõem incontáveis brasileiros pouco informados ou desinformados sobre a rea lidade norteamericana.

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E a demanda nesse sentido não parte de minorias esq uálidas, retra!das. apagadas. Nem de círculos ricos ou de alta cultura. mas de pessoas das mais diversas condições sociais. Conforme os fatos e as fotos que colocamos ao alcance dos leitores neste número especia l. a procura de produtos tradicionais provém do homem comum dos grandes centros urba nos. Demonstra-o a utilização, por meios de publicidade dos mais poderosos, de ambientes, estilos, slogans condi,.entes com o tradicional, o antigo, o sóbrio e o puro. Não acredite, portanto, leitora, leitor, naquela velha lenda segundo a qual tudo o que possui essas qualidades atrai só o debique e a incompreensão. Os que impunham aos brasileiros a nociva "modernidade" cm nome de uma moda monolítica dominante nos Estados Unidos, já não podem mais criticar as pessoas que desejam mobiliar suas casas, vestir-se e conduzir-se de acordo com os bons padrões.

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ATRASADO não é quem defende a tradição, a família e a propriedade. Atrasado é quem ignora as coisas que se vão passando nos grandes centros do mundo. Livre-se, portanto, da nociv_a "hipnose" da modernidade. E conserve em paz todos aqueles móveis, trajes e objetos a que Você tanto quer bem. Se eles lhe recordam situações, entes queridos, valores e princípios do passado, é porque são simbolos de estados de alma, de pensamentos, de princípios e doutrinas. E estão ligados à sua personalidade por um vínculo de que as saudades sentidas por Você são sintoma. Por isso, Você se sente bem com eles. Algo vai ocorrendo amplo setor da opinião pública norte-americana, envolvendo milhões de pessoas, as quais agora se voltam para os valores tradicionais, depois de passarem pelas frustrações da modernidade revolucionária. Elas descobriran1 que

o tradicional vai sendo moderno.


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0 APRESENTAR esta edição especial acompanhada de suplemento a cores, "Ca1olicis1no"coloca ao alcance de seus. leitores um conjunto de informações da maíor importância para quem deseje atualizar-se cm relação à marcha dos acontecimentos no mundo atual. Expliquemo-nos. Em 1950, a população brasileira apenas ultrapassava a casa dos 50 milhões de habitantes. Em pouco mais de 30 anos. ela subiu para os atuais 123 milhões de almas. Ou seja, a grande maioria de nossos compatriotas nasceu e cresceu sob o influxo do sistema hodierno de vida. adotado por uma sociedade industrializada. com base no regime liberal de propriedade privada. Ê a esse regime - com suas qualidades. como também com todos os seus defeitos - ql\C está afeito nosso povo, em sua maioria. Qual é a nação-paradigma de tal sistema? A norte-americana. obviamente. Donde o hábito de grande número de b rasi leiros ver nos Estados Unidos o pais precursor dos progressos. costumes e estilos de vida que, d e acordo com essa visão. devemos alcançar se quisermos ocupar um lugar de destaque no mundo. Não é o momento de fazer aqui uma discriminação dos aspectos positivos e negativos do sistema vigente. Observamos apenas que desse sistema nasceram quer os seus admiradores como também seus detratores. Estes, lotando as esquerdas. desde as mais "moderadas" até a mais "extremada". A evolução pcrmissivista e extravagante de modas e costumes largamente difundidos através de jornais, revistas. rádio, cinema e televisão, parecia dizer ao defensor da tradição que ele estava colocado fora do tempo. E que todo o rumo dos acontecimentos voltava-se para o lado oposto: a "descontração" total, a dissolução dos princípios morais que sustentam a vida fami liar e a corrosão do senso da propriedade partic ular. Correspondia à realidade norte-americana a visão apresentada pelos cenários de Hollywood? Em parte, certa mente sim. Não porém cm sua totalidade, e c,im as cores carregadas pela publicidade e meios de comunicação. Na verdade. o brasileiro médio formou uma idéia distorcida; errada, a respeito do que seja o a'mbicntc norte-americano. E com o curso dos tempos essa concepção corre o risco de tornar-se ainda mais errônea. Por que? Porque rios Estados Unidos está ocorrendo uma grande mudança, atingindo ponderável parcela da população. Essa transformação delineia-se no sentido de fazer com que os ambientes, os costumes, o próprio "an,erican way of life", voltem a conformar-se aos princípios e padrões cada vez mais apontados como ant iquados pelos entusiastas da modernidade. Trata-se de uma tendência que começo u a esboçar-se apenas há alguns anos, e cuja gradual expansão poderá ampliar ainda inais sua área de influência, ganhando novos adeptos naquele país. Em tal caso. acentuar-se-ia a dccalagcm entre a realidade norte-americana e aquela falsa concepção mantida no espírito de mui tos brasileiros. Pois o curso dos fatos cm vastos setores da opinião pública dos Estados Unidos está se deslocando cm direção oposta à daqueles que imaginam ser anti-

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quado defender a tradição, os valores familiares e os principios perenes da civilização cristã . Tendo como único cri tério de julgamento a doutrina tradicional da Igreja, não estamos endossando aqui, naturalmente, todas as mutações que estão se operando nos Estados Unidos. Consig namos apenas que. em nome de um sistema de vida que "Cau1licis1no,. não adota se m reservas, to rna-se indispensável ajustar a visão da realidade

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mos e xplicitar o que se poderia c hama r de "filosofia" da nova tendência.

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Eis aqui a razão deste número especial: mostrar aos brasileiros que. nos Estados Unidos de hoje - e talvez mais ainda no d e amanhã - , atrasado não é quem defende a tradição. a família e a propriedade. Atrasado, pelo contrário, seria quem procurasse i~norar a g rande rotação que se vai pronunciando cm importantes setores de uma nação que ainda exerce papel decisivo no mundo.

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matcna a esse respeito é vasta e

abrange muitos campos, apesar de constituir apenas uma amostragem. Os fatos e as fotos falam por si, de maneira que nossos comentários limitar-se-ão a ressaltar ou aprofundar este o u a q uele aspecto.

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Dividi mos o tema nos seguintes itens: 1. Revi vem as normas de cortesia e etiq ueta; 2. Valores familiares ganham impulso: 3. Sinais de mudança na educação: 4. Em vigor os trajes tradicionais: 5. Combate a imoralidade e drogas: 6. Cresce a demanda de qualidade.

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Ve remos ainda novidades s urpreendentes sobre a valorização da castidade e do casamento entre os jovens, o sentido da propriedade privada, o corte de cabelo, a nova rede de televisão antiimoral, o movimento de negros conservadores, a crescente apetência de música não extravaga nte e a propagação de mobílias de estilo. Finalmente, tentarc-

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Este número especial é produto do tra- ~ balho de nosso correspondente nos Es' , tados Unidos, Sr. Mário Navarro da Costa. Contribuiram na redação do texto final membros do corpo de colaboradores e da Redação de "Catolicismo", orien tados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Trabalhos de d iagramação, montagem e fotografia, a cargo doe , 8Ctoree especializados de "Catolicismo".

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Antes de passarmos aos fatos e ilustra' ções, algumas observações esclarecedoras. Em primeiro lugar, a transformação em curso na América do Norte ocorre em um • co,ncx to de co nservado rismo político, o que • ·, aumenta seu significado. Cont udo, na prcse nte matéria não trataremos d essa temática, e mbora ela deva ser levada cm conta. Também não cogita remos aq ui do papel ' da graça divina, que certamente está' na , • • origem das boas apetências de al ma mani- ._, , • \' fcstadas nos Estados Unidos. O tema - q ue · ' se situaria no plano sobrenatural - . embora • de a lto interesse e a lcance. é por demais complexo e. como tal. foge ao o bjetivo de nosso trabalho. Por outro lado . o lei to r verá aparecerem com frcqüi:ncia, neste número, os vocábulos ,·o nservaclor~ liberal. perrnis.;;ivista. rradifio- .. f: . • nalísw. Tais palavras exigem uma explicação, • à ,. pois a impre nsa brasileira, por vezes. as emprega carregadas de uma conotação diversa d e seu sentido corrente nos Estados Unidos. Assim, liberal, para o norte-americano. é ". • um esq uerdista no campo p_olítico-socia l ~ ao· • • mesmo tempo um permrss1v1sta cm materra -, , de mora l e costumes. Seria o que no Brasil chamamos progressista, embora este termo indique mais bem uma posição religiosa nem 1 sempre coincidente com a no rte-americana. ,• O <-onservador, por s ua vez, não é apenas l . quem deseja conservar uma situação. Nos Estados Unidos. o vocábulo en trou cm uso • generalizado devido sobretud o aos meios de comunicação social, mas. na realidade. a palavra tornou-se um tanto elástica, e nglo, bando o tradicionalista. o antiperm issivista, o direitista. o reacionário (tomado o termo c m seu sentido normal. próx imo ao e timológico - o que reage contra a lgo de rui m - . .. e não com a conotação pejorativa q ue lhe atribui geralmente a imprensa esquerd ista • • . brasileira). Conservador pode exprimi r assi m f .._ vá rias posições de a lma, seja no campo ' ' - . po lítico, social, económico o u religioso. ~· A transcrição de fontes o briga-nos. pois, · • • a empregar os vários te rmos com certa elasticidadc. embora procuremos cscla rcccr-lhes o sentido mais próximo. sempre que possível. Por fim. consideremos uma objeção: se essa é u ma ..onda" e m ascensão agora. não • v• deverá, normalmen te. arrefecer em seguida 'para dar lugar a outra contrária? Não será ·• provável, portanto. a volta à informalidade e • ~ • à extravagância'/ A isso fazemos notar que, justamente por se tratar de um movimento q ue tende para valores estáveis - a seriedade, a qua lidade. a tradição - o normal é que não seja uma l • • simples vaga passageira. Pelo contrário. é lícito esperar que tais modas e cos tumes aume ntem cm força. volume e elevação. • ••

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um exempi<J 11;,i,·o da transfl>rmação qm, .w, \'()rifica nos l;$uu/o,f Unidos. Traia-se tle um papel de ernbrullro <'Sh, U>.tt,)

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lojas ,,orrewômericanas. ao /ado de Oulros do gênero. Como <> lei111r pod,t observar • (w!r tmnlJém na u1rt·ê'ira página do suple- · *4 mt•11u> a córés). o rc•mo d<•cora1ivo n 1procJuz uma i!umlnura mtdicva/.

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REVIVE AS NORMAS DE CORTESIA E ETI UETA PALAVRA HUMANA deixa entrever. na sua sonoridade, atributos da a lma. O modo pelo qual ela aflora aos lábios para exprimir um conceito denun-

A

no Rcagan. todos podem constatar que houve grande mudança na etiqueta do palácio presidencial. a Casa Branca. A revista" Ne11·.11ve1,k ", de 9-2-81. traz o a rtigo .. l..<'I 1he111 ,•a1

cia, por vezes. movimentos insuspei-

N,ke -

tados do que há de mais interno cm uma pessoa ou sociedade, da mesma forma que as ondas do mar podem revelar os movimentos de suas profundezas. As maneiras de falar não são, portanto, alheias aos pendores da sociedade em seu conjunto. O conhecido colunista William Safire escreve cm "111e New York 11111es Magazinl!", de 1.0 -3-81. o artigo "L,mguage Lib" (Libertação da Linguagem), onde assinala: .. /)es-

( Deixe-os comer o bolo - mas não cm cima das mesas de trabalho). Aí

de que os norre-111nericanos a11si11· rtm, pelos velhos padrões di' valt;res, 10,110 a políti<'t1 1/a li11guagei11 co1110 a linguagem da política 1or11aram-se conservador as. l)esde que 11111 públi-

co in,'itruído d(•spertou alegre. o

per,nissivis,no ,·onverteu-.,·e <)nt palavrão. O slogan "vale tudo" jtí não ser via". E a linguagem é a moeda do trato humano: se ~cu valor :1umc nta. há cortesia; se decai, grosseria.

A nova era da polidez Outro reflexo dos gostos públicos é o ambiente da vida oficiá!, especialmente onde a inq uietude eleitoral é grande. como nos Estados Unidos. lnde9cndente de qualquer manifestação a favor o u contra o gover-

b,a 1101

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Os blue-jeans J<>ra,n proibidos na Casa Branca. inclusive 110s fins de se1nana, ben1 co1110 a.r cairas co,npridas ./e111ininas. Paletó e gravata tornar(un-se obrigatórios para 0.1· ho111e11s.

thtir di•sks"

se comentam us normas elementares reinstauradas na Casa Branca pelo novo governo. O objetivo é "res((lurar a dig11iclac/1• da PN,si<lê11ât1, di111i11uída por <111<11ro <mos dl' i11for111alidade dl' Jimmy Cart<'r". Agora existem um

"código de vestir-st··· e "11or11ws de boas 111a11eiras". Os h/11r-jea11., foram proibidos. inclusive nos lins de semana. bem como as calças compri·

das femi ninas. Paletó e grava ta tornaram-se obrigatórios para os ho-

mens. Do mesmo modo. restaurou-se o trato de senhor. ao contrúrio do costume anterior de cha mar ~l pessoa por seu primeiro nome. "As .ticaro,t d(> pltistico fortim s ubslittlÍ· das por porcelana t' os fu ncíonârios fortm1 proibidos (/e 10,nar lanchtl

Na CaN Branca: coua um "'bitoet, h6 poU(:o tido como moderno. EM introduz outro h6bito. cona.iderado pouco tempo at:r61 como enecrõnico. - Caner e seu1 auxiliarei usavam na Casa Branca a camiaeta. Reagen e 1eu st•ff. detde 01 primeiros albore1 d a nova admini1traçlo none~americena. mot"tram-se ftéi1 ao pakttõ e à grevata.

111Js esrrirârio,.\"''.

Popularidade do grande cerimonial do poder

A sala de im1>rensa também foi colocada cm ordem. Os jornalistas devem "pentu11u•n•r set11tulos, ll'vm,.. 111, ,, nuiu ~ (•sp1:rar sua V<·z" na~ e ntrevistas. "ApNwr dl! seu ,·ostu1ue de p u/(Jr e gritar. u grêmio <Í<J i1nprensa obedeceu - um ben, edu· nulo inicio J)(Jf(J unw 11<"'" t-rtt de polith•z ". fin:1 1iz.:a •· N,:wsu-~1.·k ".

Rosalind Williams. do Massachusscts I nstit ute of Tcehnology (M IT). constata os fotos em ""f11e N,,11· York Time.,· .. de 25-2-81 e comenta: ·· Quase ninxuhn st• 1,~,ubra dos grandes acont<·,·imentos militare., e políticos do reinado dt• Luís X I V. Mas i odo 111111ulo sahe q11,• o R1•i Sol

vivia co111 ('Xlravrdintiriu esplendor Versall1c:.. Sl'rtÍ </li<' o 11u•s,no

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1u·v111ect·1·â co111 R,>agan. qw~ ,~:a,i s1/11do ulo ,·om,•nuulo por .,·, 11 c.,·1ilo de \'ida ('/egan1, ? O .fi,10 l<'ln 11111 s(s:,nijlcodo (Jll<' w.ti 111ui10 alén1 das col111uu· sodtds. A 01,uhi11da em q1w ,,frl! o ('(tsal prtJJ·idendul jltlll t'Íu· qii( 11u•,ne11t(• d111mw étfra svdal: é a exJ>r<'s.wiu de 1101 \'Ulor colt•tfr<,. l:.:'is<1, ,· vulurc.,; stio mais /undanu:n-wi.,· vara u vida .vociul (JW.! o prâpriu 1

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got•erno··.

... Nd quatro a11os. - continua \Vil liams nós nies,nos e.,·,·olhe,nos ""' pr('sidt 111e t/lU' t.•11u11ww1 o i,gua1

litori.wno. o prosais,no. a roupa \'('• lha. A1:orü a.,·sis1imos e1u·<1111ado,,; tw espetáculo das J:r<1nd<'.'i linwsines, c/11,t :wnhuras usmulv /rajes d,· gala,. j<íiax, dos lunnn,.t \'('.,'tidos t1 l'itor". A comptaraç5o com Luís X V I é retórica. Não obsWnlc. cstú OCm caractcrii·ad a a 1ransformaç;\o da ;lpcténcia pública. A rcvisw "Tim<'". de 9-3-8 1. sob o titulo .. J),,nw11.i:1r11('<ie., 11,, J)ixni-dtule". insist e no 111.;smo tema: ··As solenes ,·,· rimôni11s r<•ttli;a.. dhs c•m Washi11J:!to11 para receber li

Entre a desilusão e o sonho foram notando, sohrctudo nos últi mos dez anos. ··Newsweek" ci ta cm s ua reportagem alguns casos típicos e por vezes pitorescos. como o de a lgumas cidadezinhas ou povoados onde a preocupaçã o dos habitantes é não pcrmit ir q uc eles cresça m e se tornem grandes ... Funcioná ri os da prefcit ura de Ga llatin. N. Y., por cxcm1>lo, íicar:un perplexos com o pedido de novos moradores do mu nicípio:

estradas de tcrr:, ruins em lugar de modernas rodovias. "Se quisésse111os 111nt1 (1 /itrtula nsf(Jltadn. <'Starianros na ,·idad<' p_rm1d(.•", di1.ia 1n tais pessoas. Outras localidades esr>alhadas pelo 1>aís fecham-se contra a invasão d os turistas e

forasteiros <-tuc

Povoado norte-americano tfpico

O CENSO DE 1980 revelou nos Estados Unidos uma grande desilusão: a das grandes cidades. Pela primeira vez. desde 1820. a percentagem de crescimento da po pu lação das área~ metropolitanas foi suplantada pela da zona rural e de pequenas cidades. Com um crescimento vertiginoso até a década de 50. as cidades grandes tivcrnm seu ritmo de expansão diminuído nos anos 60. A população rural (incluindo a das pequenas cidades). ao contrário. passou de uma pequena expansão :ué os anos 70 para um ;iccntuado aumento nos últimos dez anos. Fugi r das grandes "babéis" à procura da tranqiiilidadc d o interior é uma tendência especialmente s ignificativa qua ndo se conside-

ram as razões que levaram famí-lias inteiras a ;,ba ndonar os grandes ccmros urban os. Reportagem da revista "Nell'Sll't•ek" (6-7-81) fornece elementos curiosos ,,esse sentido. A maioria procu ra fugir do crime. da agitação. do barulho e

CATOLICISMO -

das diversas formas de tensão

modernas. cm busca de uma vida . . . ll'l3IS amena. lll~llS SCS,lfía. OlêllS compassada. ma,s fam,ha,-. Outra r.11010 determinante é de ordem mor~il: na cidade grand e. a educação dos filhos é co11tinuan1culc ameaçada rela deterioração do ensino e a agressividade dos costumes. A fug:1 do .1nonimnio rein:., nte nas mel rópoles também pesou na l'Cvcrsão de tendências constatada pelo censo de 1980. Muita gente percebeu que a cidade moderna não fa1 fa lrn e que a solidão do campo pode ser muito mais interessante do que a solidã o das massas urbanas. Outros. simplesmente. cansaram~sc da corrida tresloucada atrás de um prestígio q uc descobriram ser f:'11 uo . A hclcza de um panorama, o interessante e agradável do convívio familiar ou entre am igos. a segurança da vida compassada que não tem por objeti vo a busca continua do dinheiro: eis algumas outras vantagens que as pessoas

Agosto-Outubro de 1981

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:;ameaçam...

Junto com a des ilusão a respeito das mcga lópolis. renasce c m grnndes setores da população o sonho de uma outra América do Norte. Essa América autêntica que se descob,·c ao cruzar o rio l'otomac ou o Hudson . deixando para trás Was hington ou Nova York. no dizer de um correspondente do jornal "A BC", de M.1drid ( 14-581). José Maria Ca rr:iscal. Essa América do Norte não cosmopolita deseja a volt,i de v:ilores como :, religião. a liberdade individual. a iniciativa privada, a limitaç,1o do poder csrnt:11. a responsabilidade de cada pesso;1 cm lugar da mcnrn lidadc prcvidc nci:,ria - que espera tudo do governo . o renascer do patr,otismo e da confiança da nação cm si mesma.

0

prhneira-111i11i.,·1ra ingh1.w1 '/ll(11d,er {úrum 11n1 ,·splt'ndido 1no111t•1110 ,t,, <li.t:nidod<· 111.1mn 1111ç,io ({li<' t•stâ fa· minta por ela. Rt.•a1t.m1 tc111 uma .fé ampla 110 cc ri111011iol. O senso ti,· dixnidtul,• (flll' o ,·,•rinu,nial protlu: ,uio d,•ve .\·e r "º'!fundido ""'" lid,~rmt('â. 111ns l'riu unw aura ,.,,, tor,u, cio J>fl•sid<'nl('. A tlfmu.~fera nt1 Ca.,·a /Jranca 11111do11. 7iulo ,,.,·fti cm or· d,•,n. u111a lim11e:11 J:l'rtlÍ /ai ('X<'CII· 1ad11. (I pi11tur11 foi f<'}<•ifll. U111a ou/ r11 11ovidt1d1• ,; tt pvlick•: do.,; 1

Jim citnuirios··. O diretor da Casa Branca. B:1kc1·. comentou: .. l:'w s [ os funcion/\ rios: d() gov<.!rno] stio u111 simholu para tJ nt1('iio <'. por isso. p 1·,~,·ismn s,, c,111iporu1r n11i\ '<)n i<'llfcme,u<~. 111e,l'· mo ,1111111</o niio e~,·1,•ja111 ,.,,, st•rvico.

H 11,·.,·1,· inido ,i<· }!.O\'('/'lla. U,•ag111t ' " "' sitio 1<io nu•riculosa em .\'lltt.\ \'(•,\'li11}1 111u,s t/lllllllo 110 lí11.c:11age11t'·, "I•: q,a• os 1,,,,m•n., (JII<' ,h·1ê111 o p vc/('J' tis V(':C.\' .w• ('X(JW'Ct'III d,_. 'fll(' ,·h·., .W i(J ,·rill('(l( ,lt~OU//'(/,\ pes.,·c,as, de outros acv111ecin1e11u,s ,, de u,1· tra., ,:pocas. A 11u111111c11rfio t/11 dix nidad,• no ,·,1rgo ,; 11 tlc111011.,1ra<·l io de lfllt' ele.\' ('(Ull/ll'l'<'lldcm quc 11aga111 11111 1rih1110 ,,.,·11edal a af.~o <JIU' ,•st,í al<!tn ,h)/(1.~· 111,,sm os··. conclui "1i'm ('". 1,\ '

1

Por outro lado. é de se indag,11·

que ra1.ücs teriam levado RcagcHl a nomear para Chefe do l'rotocnln do Departamento de Estado a Sra. Lconore Anncnbcrg, esposa do mull im iliomírio e antigo <:mbaix:1dor em

Londres. W:1hcr Anncnhcrg. Segundo seus am igos.:·, Sra. Anncnbcrg ~

uma "Jler}é<'cioni.,·u,-·. gosta <lc nw· refinados. porcch1nal\ de qualidade e nores frescas. .. ('011/u:ce q1ws,• todo.~ os 1:ra,ui<~s do 11111,ulo" e ··aplainou o caminho Jtt ira tJ Rainha /:'li: ohNh 1/". quando. h{, alguns anos. esta visitou os Estado:-- Unidos (" 7,,,, N t•u- York ·n111,·s ... 1C>-J-81 ). " Nen·su-eek·· eh; 25·.S.·8 1 trai um ,1r1igo sobre os cstiJos de.; protocolo na Casa Branca. csrnmpando 1rl•s tipos de músicos desse pahicio. com uniíormes ant igos. Tudo rl'st~1urado pelo atual governo. <Ili\.' o k1 ~ de se supor portonsi<lcrar a mc<l1<l:1. entre o utras côisas. popular.

1111,,;

O protocolo e o solene voltam à Casa Branca, como nesta corimõnia do r&eepçlo dos reMnt pn,101 no lrl. durante m • i1 de um ano

11:m,

1111111

mu ..

Cresce nos nor1c-amcricanos o

amor a tais va lores. sobretudo entre pondcrúvcis parcch1s da juventude. A tal pon to que o citado correspondente do gn.andc diúrio d e Madrid pôde comcnt:11·. sem exagero. que :l questão-chave do prcscutc consiste no ~ucndi111cnto

ou frustração desses anseios. por parte d:t administração Rcagan. "1.-.:t,·(1 ,; ti grmule incâgnita dos F:stadus U11idvs hoje. /;', de ,·<·no ,uodo, de toe/o o Ocid<'llf<t. !)ai. quando se cru:a o />otonlflr, a Jt(>ll/1' JU](J sabe S(' (' lllr(I IUJ Ollf('nl uu no an,anhtr·. conclu i.

3

3


Valores familiares ganham impulso 'IPJo,., ON e 1 OMO SE SABE. uma das "ondas" por muitos qua lificadas como tipicamente norte-americanas foi a da progressiva destruição da iostituição familiar, a través do divórcio. fem inismo. independência juvenil, controle da natal idade etc. Hoje cm dia. parece verificar-se um retrocesso em busca dos valores familiares. apesar de praticamente nada ter sido feito nesse sentido pela imprensa, o governo ou instituições religiosas. Contudo. deixemos fa larem os fatos. como vimos fa1.cndo, com a particularidade de que estes são transmitidos. cm grande parte. por fontes pcrmissivistas. as quais não tendem a favorecer os valores familiares tradicionais.

Propensões surpreendentes Na primeira página de "The New York Times". de 28-12-80. Dcna Kleiman começa seu artigo intit ulado " Muitos mulheres jovens agora ajirmt1m preferir a familia à cllT· reirll".

" Talvez a presente geração seja simplesn,ente nwis ingénua", comenta Kleiman. tentando explicar

a atual tendência. Note-se q ue este estudo baseia-se no depoimento de jovens que jâ estão compromctiçlas com a lguma carreira. Com relação às outras, os índices são provavelmente mais elevados, no sentido de mostrar a preferência pela família cm detrimento da carreira. "Olhando para o futuro. a 11,aior parte das mulheres entrevistadas por ''.11,e New York 1imes" tlisseram esperar que os h o,nens com os quais eventuabnente se casarem, se dediquem nwis a seus filhos do que seus prf}prios pais··. prossegue o artigo. "E not6rio o declínio de grande parte do Jer,nento fenlin ista da década passada 11as ins1i1uiçiies de c,ducação superior''. A publicação" Et1gle For,1111", de fevereiro de 1981. informa: "Que espécie de estilo de vida prefere a nwioria das rnulheres norte-ttrnericanas? Segundo uma pesquisa realizada 110 último verão para a conferé11cia sobre famílias da Casa 8ra11cu. 74% escolhe111 o casam<'' "º co,n filhos con,o " vida ,nais i,,. tt res.tante e sarisfató ria paro si ,nesma.,·. Somente 7% preferen, permanecer solteiras. livres ou ocupadas

Sra. Connie M arshner. líder da Coalizlo P'ró-Famllia

Manife1taçlo con- , tra a organi2açlo

pró-aborto • lim!-

t.eçlo da natehdade Planned Pa.. renthood. em Men-hattan, no centro de Novo York. Ao ato, promovido pela TFP norteamericana, aasociaram•S& duas mil

pe1.soa1.

.• , ,

'11\1\t

ra

Em jane i ro de 1981, 200 mi l

manifestante, pertencente, a numerosos movimentos contrlirios ao abor-

to, desfilaram pelas ruas de Washington, at.S o Cepitólio.

acordo em que o 111ovime11to pelos

co,n uma carreira de 1en1po integral".

Por outro lado. o semanário "C(l(hOlic Twin Cirde", de 22-2-81. c m seu editorial intitulado "Os sinos do casamenro esuiO voltando a to· ct,r''. afirma: "PessO(JSjovens ern 111ín1('r<J cada vez 11,aior estão ado tando essa ali· tude [de procurar o casamento]", Segundo o Centro Nacional de Estatísticas sobre a Saúde. mais d o que nunca os norte-a mericanos estão assumindo compromissos matrimo· niais. "Obvia11,ente isso se deve a""' 111ovir11ento geral da populaçiiu. mtrs s,,nre-se no ar que o nu11rin1ônio estâ o utra vez dando certo", prossegue o editorial. "Dura,11e muitos anos.(... ] o casm11c1110 foi vist<1 t·omo algo digamos - "quadrado", O "neg6do " era viver j untos. ··· rara qu,, co.,·ar-se?" era " slogan da épora ...

Comenta ainda a publicaçã o: .. Por <1ue a ascensão ,los indiC('S

ma1rilnoniois? Alguns áta,n o novo conservadoris,no soda/ que contribuiu para li es111agatlor11 vitórit, d,,

direitos do ,,borto perdeu terrn10. d,•.1;d(' que a Curte Supre,na deter111inuu. Nn 1973. tJUl' a.t n111/heres tén, tun dirtito <"Onstilucional para

escollu•r o aborto". Com efeito. atualmente há duas grandes ca mpa nhas promovidas por grandes organizações contrárias

constitucionais segund o as q uais o

direito huma no à vida começa legalmente no momento da fecundação. Para a sua aprovação são ncccss;1--

Rt>aga11 en1 nove,nbro. Existe. dizen, eles. 111n anseio naâonal de retorno

à família. ao.,· , •o /ores tradicionais. Recl•ntl' JJl',\'{Juisa e111fl~ jovens 11111·,·érsiuirio.,· 1nosrro11 que 63% colocmn o i1e111 ..constituir JonlÍlia" n,-

importonte finalidade de sua vida". A revista "New.;week", de 16-3· 81 , dedica amplo espaço ao assunto, 1110

Nova rede de TV é conservadora CONSTITUIU-SE recentemente nos EUA a Coalizão por uma TV Melhor.

ANEWWINDOW ONTHEWORLD

americana. Segundo a "Folha de S. Paulo" (5-6-81). essa frente congrega "mni.,· de duze1110.i moviml'IIIOS ronsnvndon1s e religiosos''. contando com

cinco milhõc-s de associados e simpa1i1.anlC$. Seu primeiro objetivo é o conlrole do ntimcro de cenas mconvenicntcs. nos programas e anúncios comerciais na telcvis.ão. para depois exercer uma pres. são pública sobre os programadores e as empresas qt1c mais violem a dec~ncia. Já existe urna cotação das empresas. de. melhor a pior. A Federação Nacional

Pró-Decência afirma dispor de 300 mil grupos de observação.

1-1/, também pressões de outro gênero. dirigidas contra esse meio de comunicação. Neil Postman. catedrático da Univcrsidadc de Nova York e autor do livro "O desflpnredmeuto da i1ifâ11l'ia", concedeu extensa cntrcvis1a ao scman:1· rio "U. S. N,•ws & World Repor/''. de

19-1 -8 1. Nela afirma que a TV "prej11,tko nas l'rianços n ap1id,io dt pensar <·om dórtz11", bem como suas capaci· d~tdes lingüísticas. Nos Estados Unidos existem três grandes redes de telcvisão. Como reação :\ nocividade moral e mental acima apontada. surgiu agora urna nova cadeia. de <."..1rátcr conservador: a Christian Broad-

CODE OF ETHICS f

Fully recogni,::ing the vast impact of televlsion on o ur lives. the Christian

,.

Broadcasling Network pledges to

you to maintain responsible programming that will: • Pteoorvc lhe high ideais and moral

principies upon w hich our great nalion is founded.

• Spread thc wonderful message o 1

God's love and hope throughout

Amedca and the world.

• Ptesent wholesome family viewing free trom unhealthy influences and

distortion. • Provide you and your tamdy with

supetiot btoadcasling designed 10 inspire. educate. entertain. and ln, form.

4

The Network you can depond on!

rios 2/ 3 cm ambas as Câ maras. A segunda. patrocinada pelo Senador .lesse Hclms. propõe uma lei federal que declare que o ser humano scj,i considerado e nquanto ia l desde o momento da concepção. Esta riroposta requer maioria simples. isto é. a metade mais um dos votos pa rla mentares.

"Exis1e 11111 anseio nacional de re1orno à fa,nília. aos valores 1radicionais". Por outro lado, " Newsweek" revela que "mais de 3.6 milhões de bebês nascera111 nos EUA no ano passado - a 111aior cifra desde 1970".

O sema nário "The Review ofthe News" dedica extensa matéria cm sua ed ição de 21-1-8 1 principa lmente à Sra. Connie Marsh ncr. lúcida e eficie nte líder da Coa li1.ão Pró-Famí lia . Esta é uma poderosa orga nização norte-americana voliada. como seu nome indica. para a instit uição familiar, e muito representativa do movimento emergente no pais. de inconformados com a marcha da modernidade corrupta. A Sra. Ma rshncr dirige, a lém disso. o mcns.'\rio "Family Prótection Repor('. Em e ntrevista a " The Review of the News", declara que o governo Rcagan deverá ser mais atento às tendência s das massas conservadoras que o e legera m e observa que, aluai mente, ··,nesn,o as mulheres que têm trabalho de periodo integral. o u mulheres que sef(ue111 umt1 t~arreira, ern sua ,naioria pensom e,11 termos dt1 próprit, família".

Contra o aborto: na polltica e na sociedade Em "The New York 77mes" de 16-2-8 1 lemos: "Grupos pelo direito ao aborto esperam tc,npos 11111ito duros". T rata-se de artigo de Linda

c.'Sting Network - CBN . A CBN pro-

põe-se a seguir um ··,i·ódigo de élica'· segundo o qual deve ··,,reservar m: olto,<e ideais e princ,j,ios morais " sobre os quais se funda a nação. bem como preservar a familia das "influênéiOs mals,is e <lis1orções".

sob o titulo ··A ma,ernidade. afinal". Depois de cita r vários casos e au toridades. di1. que mu itos especialistas vêem nisso ··si,wis de renovado tradicionolisn,o c,n tição. juntarnente con, a pressão de colegas ,, un, po1u·o dC' 111oda cJ,, volta ti família··.

Comentârios lúcidos

para combater "o violénâ o, a vulgari,1,ule I! os pn/ovrôes''. bem como a imoralidade em geral na televisão nor1e-

~10

a borto e cujas petições tramitam no Congresso. A primeira apresentou emendas

Grcenh ousc sobre o estado de espírito d os grupos pró-aborto cm sua reunião anual. "Os delegados que at1ui se encontran1 p arecen1 estar d,,

"A crise aba,eu -se sobre nós e o perigo é claro", declarou um diretor executivo da ca mpanha pró-aborto. segundo a mesma notícia. Tais iniciativas parlamentares aniiaborto go,,am de maiores probabilid ades devido à entrada de elementos antipcrmissivistas no Senado com as últimas eleições de novembro. Além disso, "em sua t·an,panha t!leitort1I o Sr. Reagan apoiou fortemente

u,na e,nendo

co11stit11cional que proibisse os abortos" (" The New York 17mes". 133-8 1). A propósito dessa campanha, também está se ampliando o movimento contra os anticonccpcionais.

Essa s diversas inclinações prófamília começam a refletir-se na conduta geral da sociedade. A se-

Senador Jesse Helms propõe unia lei .federal que declare que o ser lnunano seja considerado enquan10 1al desde o 1no1nen10 da concepção. guir, um exemplo promissor: no "Philtulelphia l11quirer", de 16-3-8 1. Rachel Goldcn. economista da Bluc Cross-Bluc Sh icld Associa tion. comenta as estatísticas que ind icam um au mento anual de 4% nos nascimcrnos. nos últ imos dois a nos. "Não exis1e teoria alguma capt,z de explicar porque", observa ela. " Isto é uma reviravo lta de 1e11dénl'i11s. O indice de fertilidade elevou -se firmemente desde os t1nos 30 até 1957, quando atinf(iu o m,ge e co111ero11 <1 b11ixar. Os anos 70 registraram menos ,wscirnentos que os anos 50 e 60'". As últimas estatísticas de 1980 também revelam um a umento de 4% cm re lação aos índices do ano ancerior.

CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 1981


SINAIS DE MUD UITOS BRASILEIROS poderiam imaginar que em matéria de educação juveni l a inclinação norte-americana rumasse inquestionavelmente para tudo quanto significasse falta de disciplina e laicismo. Noticias recentes apontam uma tendência atual para o contrário.

M

Procura de padrões morais favorece colégios particulares A publicação "Catholic Twi11 Circle", de 22-2-81, ocupa sua primeira página com a seguinte manchete: " Voltam os colégio.r parti um só sexo - O que há por trás da nova popularidade dos colégios católicos para ,noças''' A tendência atual, contudo, não se limita a esses dois pontos. O aumento da procura de estabelecimentos de ensino particulares mais resguardados contra a corrupção dos costumes, obrii:ou a se criarem organismos de orientação para os pais de família ("The New York Times", 4-1 -8 1); "Brilhante futuro para as escolas particulares" é a manchete de "The New York Ti111es" desse mesmo d ia, em artigo de Gene 1. Macroff. "Durante os anos 70 as 11101 ricuias nas escolas estatais dirninuíran, à razão de 11111 ,nilhão de alunos por ano". O mesmo autor assinala que isso será reforçado pelo fato de parlamentares conservadores chefiarem as comissões encarregadas da área. Cresce o número de novos colég ios particulares. especia lmente os religiosos, bem como o dos alunos neles matric ulados. "O público 11onearnerica110 está despertando pt,ra o fato de que a educ:a,ão não é algo 11e111ro qunnto aos v11/ores". comen-

ta M ons. Meycrs. presidente da Associação Educaciona l Católica Nacional. E acrescenta: "Muitíssima., pessoas estão preocupadas ago-

'" com os assuntos éticos e ,norais". O mesmo artigo cita Jack Clayton, representante de Washington na Associação Norte-americana de Escolas Cristãs, segundo o qual esse fenômeno constitui "uma resposta para as grandes con1o(·ôes nuJrais e espirituais da sociedade".

O "Washington Post" de 29-3-81 informa que a escola Fa irfax Christian Acadcmy, de orientação muito conservadora, representa a realização de um "movimento" que "poderá revolucionar a educação nortean,ericana", Acrescenta que os grandes mentores da Nova Direita política são seus principais clientes, com o que se converte cm um "viveiro da agora injluente e/ire politica conservadora". A conhecida revista "li/e", de março de 1981 , faz eco a essa propensão em sua série especial "Renovação Americana - Projeto Especial", com o artigo "Apelo para uma educação de qualidade", de Chcster E. Finn Jr., o qual insiste na

"O público norre-americano esrá desper1ando para o fato de que a educação não é algo neutro quanro aos valores". disciplina. seriedade dos exames. distinções para os melhores e lementos. boa educação e não-interferência estatal. como rumos que devem ser trilhados para se superar a triste herança de anos de educação permissivista. Em o utro artigo do mesmo número, "Life" destaca o êxito de uma escola de Chicago pela aplicação da d isciplina e o estimulo à seriedade. O "Jornal do Brasil'' ( 18-5-81) reproduz artigo de "The New York Ti111es" - "Onda de conservadorisrno atinge ensino a,nericano" onde se lê: "A onda de conserwulorisn10 re~ cen1e,11en1e surgida nos Estt1dos Unidos ameaça ficar ainda 111aior com o mírnero crescente de grupos de pais que, em todo o país, esuio exigindo que os prof essores e responsáveis pelas e.«·olas abandonem m étodos de ensino que qualificam de antifamiliares. a11tiamericanos e co111rários à religião".

"Alist•mtnto mllit•r? Os tstudantts dizttm sim". ··A vtlh• mod• da strvlr a p,tri• rtts· surgiu. tt nio porqu• • tonh•m prttglldo ... diz este artigo em "Tho Maryl•nd Wotkly".

Draft? Students Say Yes e,· KAm1t,'N rou~r,n

ÇA NA EDUCAÇÃO

Esses pais que defendem a moralidade e a tradição procuram também rever o que o articulista chama "algumas conquistas modernas. co· mo a sala de aula aberta, a nova mate111á1ica e a redação criativa. alegm,do que esses métodos acadê· 1nicos informais des1roe111 os padrões do que é c_erto e errado. esti· 11111lando a rebelião, a promiscuidade sexual e o cri111e".

Ur-.1í1

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'The old-fashioned idea of servire to rountry has reemerged, and not beca~ people have been preaching it."

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Não se podia rc1.ar nos colégios públicos norte-americanos devido ao impedimento constitucional de separação entre o Estado e as várias confissões religiosas. Em Tcnnessec, os membros da equipe de futebol americano de um estabelecimento público começaram a rezar antes e depois das disputas. Um juiz protestou. baseado no impedimento legal mencionado. Houve comoção geral. A equipe. depois de ganhar uma partida por 13 a O, desafiou o juiz no campo re,.ando e foi aplaudida de pé pelo público. "Tais exibições não são incomuns 110 Sul", relata "The New York Times" (7-12-80 e também 11-1-81). As autoridades ed ucacionais do Estado de Tcnnessee apóiam os orantes. O Estado de Louisiana legalizou as orações nas escolas, o que provocou grande furor e divisão ("'Tire New York Times'', 18-12-80). O mesmo diário novaiorquino informou cm 26-12-80 que cm muitos Estados. líderes antilaicistas, animados pelo êxito dos candidatos apoiados por grupos conservadores. "fizeram pressões 110 sentido de que as leis autorize,11 a ora(:ão vo('a/ organizada ou a meditação en, silêncio nas escolas públitas". Segundo um líder conservador da Califórnia, "a grande maioria está a favor de Deus e o pêndulo co1neço11 a 111overse nessa direção". No mesmo artigo informa-se que Louisiana , Massachussets, Arizona, Connecticut e outros Estados adotaram uma lei pró· oração. Menciona ainda movimentos nesse sentido na Califórnia, Tennessee, Ohio, Texas. Minnesota, Nova York e Kentucky. Reagan afirma-se partidário da oração nos estabelecimentos de ensino estatai s. de acordo com a mesma noticia.

O que querem os alunos

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CATOLICISMO -

•· Daily News", de Nova York (27-3-81). transmite despacho da agência UPI com o titulo: "Informe: Adolescentes dos ano.s 80 são mais l'Onservadores". "O deparramento de Educação dos Estados Unidos chegou ÍI essa conclusão após pesquisas feitas e,11 1972 e 1980". assevera o jornal. "Guinada à direita entre os adolescentes" é o titulo de uma noticia do semanário "Tire Review of rhe News'', de 17-12-80. "A décima primeira pesquisa anual de lítMres adolescen1,,., ret,lizada por" Who's Who Among America11 High Se/roo/ Students" (Quem é quem entre os estudantes secundários norte-americanos) indica que os alunos de hoje siío bastante conservadores. Responde· ran, à pesquisa 22 111il f11111ros líderes dos Estados Unidos. A grande n,aioria

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SHORT-HAIR

The longer hair styles that men have favoreci for many years are now being replaccd by shorter v ~ -looks thal raoge lrom t.he neat and conservative to lhe severe anel provocatiYe

LIMITAMO-NOS a traduzir alguns trechos de reportagem de "71,e_ New York Ti111e.i Magazine", de 7 de setembro de 1980. na qua l Elaine Louic toma depoimentos de vários barbeiros da g_rande metrópole norte-americana: "É raro que os estilos de corte de cabelo nrasculino mudem tle forma tão radical a ponto de

Além disso, entrou na moda o "esti lo preppy" . que consiste em vestir-se bem sem chamar a atenção. Caracteri1.a sobretudo jovens que freqüentam os melhores colégios particulares pré-universitários . No "Washington Post" de 22-181 , uma reportagem sobre a juventude apresenta o título: "Serviço Militar Obrigatório? Os estudantes dizem sim", A reportagem refere-se a "adole.scenres conservadores de hoje" e um entrevistado, diretor de colégio público. afirma: ''A tendência entre os rapazinho.,, por razões que não conheço inteirarnente. é t·ada vez mais conservadora e 11wis s11bn1issa··.

O leitor perguntará: o que aconteceu com os jovens agitadores e revoltosos das décadas anteriores? A

A teoria de Darwin "não deve ser tratada con-10 dog,na".

declarou-se contra o n1ovi-

me11to feminista ERA, o aborto e o pornografia". Essa mesma maioria manifestou-se a favor do se rviço militar obrigatório. da religião tradicional e de maior censura moral nos filmes, televisão. livros e revistas. Apenas 6% afirmaram haver tomado drogas. incluída a maconha. Repercussão em Santiago do Chi le: "Alguns professo res 1111iversi1drios nor1e-an1ericanos queixa,nse da onda de conservadorisn10 que parece dissen,inar-se en1re os es1uda111es. Quando ele,· eram alunos, as universiàades cons1i1ula,n o centro da luta "contra o estabelecido". Mas os esrudanres de hoje mostram po11co inleresse en, prorestar e ,nuito interesse e111 estabelecer-se" (" E/ Mercurio", Santiago. 22-2-81 ).

revista "U. S. News & World Report" ( 19-1-81) fornece um indício no artigo intitulado "Os radicais de ontem vesrem rerno cinza". O que significa uma espécie de aposentadoria precoce. Os líderes hippics, pacifistas etc. aparecem cm seus escritórios sorridentes, de terno e cabelo curto. Ao lado. a revista reproduz suas fotos antigas: cabeludos, agressivos, nervosos. Hoje. parecem rejuvenescidos.. ..

Evolucionismo questionado como matéria cientifica nos colégios Nos Estados Unidos, país de progresso cientifico e tecnológico marcante. ponderá veis setores do

dramar a attnrão. mas é o que aconteceu nos ú/1i,nos 1neses. pe· lo 111e11os em Nova York e e,n outras dreas rnetropolitan11.f'. "Subita,nente, homens de 10do.t os tipo.-; - artistas l! músico.,·. advogados e hornens de 11egócio - opiaram pelo cabelo curto", assevera a articulista , com base em observações dos referidos barbeiros.

publico estão procurando impedir que o evolucionismo seja ensinado como doutrina cien tificamente demonstrada, já que não existe fundamento na ciência para se provar essa teoria. Pelo menos, pedem que seja apresentada como uma doutrina qualquer e não como um fato inconteste. como se vem fa2.endo ("Tire New York Times", 1.•-3-81 ). O "Wa/1 Street Journa/", de 272-81, revela que os grandes editores de textos de biologia se vêem obrigados a "neglige11ciar a teoria de Darwin", devido a pressões do pti· blico. Todo o país licou em suspense com um julgamento sobre o assunto, efetuado na Califórnia. O juiz sentenciou que o ensino evolucionista atual não violava os direitos reli giosos dos que colocam objeções a essa doutrina; mas, não obstante, enviou uma circular aos colégios e editoras de textos escolares para que se enunciasse que a teoria de Darwin "não de ve ser tratada como dogma" ("71,e New York ·n mes", 10-3-81). Esse movimento antievolucionista se desenvolve apesar da inexpli cável oposição que encontra entre Bispos do pai!\, conforme noticiou "Our Sunday Visitar", de 29-3-81. Tais fatos, no entanto, mostram a força e a espontaneidade da tendência anticvolucionista. A chamada "matemática moderna" ou "nova matemática" (que não deve ser confundida com a Nova Matemática dos teóricos. mas sim um d iscutível método pedagógico) também está encontrando oposição de muitos mestres que não a consideram pedagógica. pois "força a 1nente a pensar de 1naneiro an1i11atural", afirma um artigo no "Reporter Dispatch" de 12-2-81. 5


Nada melhor que as fotos para ilustrar este capítulo. Note-se a atualidade e a importância das f antes. Incluímos também roupa esporte. Nossos comentários limitam-se a ressaltar alguns aspectos das ilustrações.

Em vigor os trajes tradicionais Este figurino é o primeiro da principa l matéria que "Nfe11'., Fushiu11s of the Times", suplcme1110 que "77,e New York Times Magazi11e", de 29-3-81, dedica às modas de verão no hemisfério Norte. O texto fala .de "tons escuros", do "clássico", da "sobriedade" e da 'farnwlidade". No~c:se como o modelo apresenta um estado de esptnto consonante com a roupa que veste. Passo firme. seriedade, rumo definido, expectativas razoávci~. Sobretudo, a foto procura apresentar um llpo human.o em que o raciocinio prepondera sobre a imaginação e a sensibilidade. O que sugere um padrão humano bem diferente do que até há pouco tempo atrás se costumava apresentar, no qual esse do.mini.o era nulo. Cons·ciente ou inconscientemente, o modelo reíletc os gostos e apetências do público, que ó fabricante tem interesse cm atender. Nas ilustrações eguintes, esse tom se repete, po ezes ainda mais acent~

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Na mesma revista há uma secção intitulada " /.,oose11i11g for the Summer" (descontraindo-se para o verão), o que naturalmente deveria dar azo à informalidade Mas não é o que se verifica: a maioria dos modelos de traje esporte usa gravata! Nesta foto o figurino veste roupa de cor clara, esportivamente, como se poderia estar nos anos 30...

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"fron1dy_. Ood, 1 wiih you'd get o b it more with il!'"

- "Fra1u·t11nênte. papai. eu gostaria ({Ili' o Sr. e.wives,fe um pouco 1nais na "Onda"!" A transformação dos gos10s não p:,ssou despercebida :i imprensa antiesquerdista. (Caricatur;l de l?Pvit1 w

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TRENDS

Edited by JANE ELl.IS

Preppy: old loo is a super selle~ 1

Nas modas femininas são freqüentes anúncios como este. O texto afirma que a casa de modas anunciante oferece vestidos para senhoras de gosto apurado. Tradução: "Neste dia e época é reconfortante saber que existe urna casa de vestidos q u e desenha trajes para rnulheres que ern geral não freqüenta,n discotecas até a madrugada, nern costu1na1n ir trabalhar deslizando e,n patins ou andar de n1otocicleta. É encantador saber que existe unia casa que desenha trajes apropriados para os ,nomentos ,naravilh osos da vida como este. Se esta é sua vida, seu vestido é Leslie Fay".

PREPPY IS a buzz word lhAt !;peaks ,volumes to lhe initfat.,d. H can be A comphment c,r a put,down. lt 's a look and a llíestyle thal's lnstantly recognfzable. ll',; a pa-~tcl sh~tland sweater, a madras sl<irt. ., navy blazer, a Nan, t uckei h andbag. And mueh mucb more. lt's lhe klnd or cl3$Slc

unlform that lhe old guard tradlllonaHsts and Uletr offspr'lng have $portcd for yeaJ'II. And Today lt's· a

major íashlon fad. Spurred by tl)e best-~1· llng 1'hé 0/fldal />rtJpPIJ llondbpok., Uae enterprlslng ventu.re ot tour young writ,

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Neste recorte do "Ne..,, cr~f;; York Post", de 1ion 26-2-81. afirma-se no ,e título: "Preppy: o •o velho aspecto é ,r o que vende ,nais". E ú ll mais abaixo: "O tipo IS nd de unifo rme clássico que os tradicio11alistas da velha guarda e he seus retardatários ,;ks osrenro,0111 durante :orrec:t anos. E hoje e111 dia é uma das grandes 111011ias da 11,oda". ; " O aspecto tradicionahe dicionalista está..se con.. !'1~ · Ohcltoa b-, tto1;1,cn 1(0t vertendo e,n uniforme 1t1r cd their rtrst catalogue ··Thls y~:.1 para os ,noços, desde " , for wc,men e.nd today 1~ní'd th,, , i k, ar,• (u11 of rnn, r.' aula do coIégio até o escrit 6rio". Preppy é a moda característica das moças que fazem o curso preparat6r11> para a un iversidade. Ê preciso ressaltar que nos Estados Unidos quase nâi> se usa u niforme em colégios, o que acrescenta espontaneidade à tendênd , conservadora. O comentário do" New York Post" assinala que antes un-li minoria usava vestimentas conservadoras. Hoje, é quase o contrário... E1 porcentagem de anúncios de cortes tradicionais parece confirmá-lo plenámente. Assim , o exemplo norte-americano não pode mais ser invoca1 para a imposição de uma extravagante e mal-entendida modernidad1-

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ITIS LoVELYTO KNow 6

CATOLICISMO -

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Anúncio publicado em "The New York Times" de 25-3-81. O corte deste traje é obviamente conservador. Mas note-se que a roupa exibida é de seda, tecido que, diga-se de passagem, vem sendo mais procurado do que antes, conforme pode-se medir pela propaganda nos meios de comunicação. Observe-se a postura de certo recato da modelo. Indício externo de valores morais.

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Anúncio no "Washing1on Posl'', de abril deste ano. "Os ho,nens estão caminhando decididamente para o passado nestes dias ... Estes sapa1os são o comple1nen10 para o /rajar clássico de hoje".

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Em "The New York Times" do mesmo mês aparece este anúncio: a loja Barney's dividiu-se em duas secções: a tradicional e a internacional, à direita e à esquerda, respectivamente. Mas observa-se na foto que até o sapato "esquerdista" aparece como conservador.

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LEWIS & THºS. i Como Você imaginaria uma roupa esporte de verão nos Estados Unidos? Bermudas estampadas com bi1.arros coqueiros? Camisetas .carimbadas. . com anunc1os promoc1ona1s de alguma universidade, clube, banco ou produto comercial? Não é essa a apetência de pelo menos uma grande parte do público norte-americano, a julgar por esta propaganda anullciada em "Men's Fashions", já citado anteriormente. "Se Vocêes/avaprocurando o último paletó de verão, seu navio acaba de chegar", diz este anúncio. Mas não imagine, leitor, algum desses pa,etós de tecido sintéticc, fabricados com derivados de petróleo. "Seda. Nenhuma outra coisa tem exatamente a mesma aparência oufala tão imediatamente de natural elegância e luxo", prossegue o anúncio. ;

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Trajada com elegância e recato, esta jovem senhora exprime predicados femininos tradicionais: delicadeza, modé~tia e decoro, ocupando-se em uma estética circunspecção e cm sensata consideração das coisas de seu âmbito. Consoante com as rosas, o vaso de porcelana, o móvel de estilo e a gravura, ela foi no entanto escolhida para a propaganda de... moderníssima aparelhagem de som! Na era da eletrônica, o antigo e o tradicional se valorizam.

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u.s, KEEP NARCOTICS OUT!

Luta contra a pornografia

Painel de propaganda contta drogaa noa E1tado1 U nido•

A

MATÉRIA da página 4 " Valores familiares ganham ilnpulso " -

está estreitamen-

te ligada a esta. Naquela assinalamos tópicos que se poderiam chamar especificamente pró-familia. Nesta, apontamos sintomas da antiimoralidadc. Ambas, naturalmente, se complementam.

Diminuição no uso de drogas Sobretudo a partir da chamada geração "be0t", do movimento hippie e de outras manifestações que impregnaram profundamente a sociedade ocidental - e mais marcadamente a norte-americana - . disseminou-se concomitantemente o uso das drogas. A importante revista "U.S. News & Wor/d Report'', de 2-3-81, informa cm sua seção "Newsgram-Ton,orrow" que "111n novo esrud<> indica que o uso de drogas dilninuiu 110 0110 passado". De acordo com as cifras citadas, o "uso de marijuana. que é a droga nwis ,·onsumida. de1,: rR!•<·<)U l 2o/o é o uso dl1 aluci116ge11os. b(lrbitúricos e 1ranqiiiliz,111u•s tambd,n btlixou". .. Por que es.«1 mudança?" pergunta a publicação, e responde: "Os jovens estão lendo e ac:redittmdo n os i11formt•s t!e jornt1is e revisu,s sobre <1 (!\·idb,cia científica que do<:un,enta vs nwus tfeiros da droga". A isto seja- nos permitido acrescentar uma observaç.ão: a mera "evi· dênda <'ientífit'<t''. por s i só. não é suficiente para premunir alguém do vicio. menos ainda para arrancar pessoas de vícios adquiridos. Podese sup()r, portanto, o concurso de um impulso moral complementar. "The New York Times" de 8-1280 noticia que "110 mais ampla pes· quisa já reolizada sohre o co11s11mo

de drogas e bebidas alco6licas 110 serviço militar, o Departamento de Defesa co11c/11i11 que_, pelo menos quanto a drogas for1es. a incidência declinou nos últimos cinco anos". "A percentogen, dos que dedararom usar estimulantes - prossegue a notícia - caiu de /5 poro 12%; os

"Uma recente pesquisa Gallup informou que qua1ro en1re dez norte-americanos julgam que as atuais restrições à imprensa [e,n 1na1éria ,nora/] 1uio são suficienternen/e restritas".

O mensário esquerdista e defensor da "liberdade sexual", "/mpact'80" (financiado pela organi,,,_ ção Planncd Parenthood. que promove o controle da natalidade e seus corolários imorais). cm sua edição de outubro de 1980, na primeira página apresenta, muito alarmado, as seguintes informações: • "Judith Krug. diretOr(J do Escritório de liberdade /11telectual. da Assoâação de livrarias Nurte-ameri,·anas. anuncia que "nos anos Íl"ti· vos de /978 e /979 ucorrerm11 nwis incideqres de elit11i11t1('ãO (' c1.ms11ra de livros de> que e111 qualquer o utra época. 110 período dos últimos 25 anos. pelo menos". • "O "Washington Post" i,ifor1110 que 111ais de 200 orga11izarões de nível naéional in.turgir<un·se como censoras e ,·titicas autonomeadas do livro", • "1:."'tn Warsau-, lndia,w. e outras localidades nort<.,-a,nerictrna.\·, ressurgiu a guerra aos livros (imorais]". /\inda que se possa discordar de a lguns desses ,uos. ninguém pode negar que se trata de um cloqlicntc indício de tendências socia is. Continua "lmpact'80": " Uma recente pesquisa Gallup Íl!/<>rmou 4 entre 10 nort<>-011,eric·anos julgant que as atuais restrirões à itnprensa [ cm matéria moral) 11ãu são s11fi-

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depressivos, de 11 para 5o/~ os oludnógenos. de /4 para 5%; e os norcó1icos co,no a hero ína tivertun seu co11sumo reduzido de 7 para 2%", Uma informação colateral refere-se ao hábit o de fumar. O fumo não pode, absolutamente. ser equiparado às drogas, mas, de alguma forma, seu consumo rcíletc uma tend~ncia de alma ... Forte declf11io 110 hábito quotiditmo de.fumar entre os es1uda11tes secundários" é o titulo do informe de Jvcr Petcrson em "The New York Times", de 15-1-81. "O nlÍtnt•ro de estudante.r secun• dtírios que J,11110 diariamente di,11in11i11 <'Ili Jllais de I / 4. de 1977 a 1980. e o bulice de declf11io esttí se afe· /era11do, segundo estudo feito pelos pesquisadores do l11stit11to Nacio11al do A !,uso de Drogas da Universidade de Michigo11'". Acrescenta o artigo que o hábito de fumar caiu mais rapidamenle entre as moças do que entre os rapazes.

Em geral. esse tipo de publicações deixa transparecer um forte temor. Em vista disso, procura lanç.a r as habituais ca lúnias e dcíor~ mações dos fatos contrn os <1ue combatem a imoralidade: essa onda. segundo .. l111r1llct"SO". seria pior do que "en, q11tdq11tr ipoca po.werior ti l'ra de Mc·Carthy". "The New York Tbnes", procurando aparentar imparcialidade nessa matéria, informa freqüentemente sobre campanhas antipornogr{1ficas disseminadas nos grandes e pequenos centros urbanos. Em uma cidade do Estado de Virgínia. por exemplo, três livrarias foram multadas "por vender revistas e brochuras obscenas". Em Virgínia Beach , no mesmo Estado. aconteceu algo semelhante, acrescenta a mesma notícia ("The New York Times", 14-12-80). O jornal "Corpus Christi Ct,ller", de 18-3-81, noticia que " o pro111otor

• O movimento conservador negro

A revista "Ne11•s1vei.>'k" de 9 de março de 1981 publica urnil reportagem de quatro páginas sobre o assunto: "The 8/ock Conservatives" (©s conservado«:s de c<,Jr), Em uma reunião deste· movimen1 •

8

te~. Edwi11 Mcese. principal conselheiro de Rtttgan, díSSê-lhes: "AI· gu,nas ~S&oas, qul p.re1endem representar a {óniunidadt negro, es-

t1io falando com base en1 idéio.r de dez anos atrás. Vocês estão fafo11dh das ide'ias dos pr<}xi,nos dez anos. e dof para frente".

• 1nquietudes sobre a música O "CONSERJIATIIIE DI· G EST' de janeiro de 198 1 transcreve dados do "Washingtô11 P,>st" de 21-12-80,acerca da Chr/$· tian Musi1,· (Música Cristã), ou seja, canções de estilo calmo ba.seadas em temas religiosos. dívul-

' Para que existe o governo?''

É ESSE O TITULO de um artigo de William Safifc. conhecido colunista de "The Ncu- Y11rl, 77mc>.f' (21-3-111 ). "/Jmo .fi,ralida,11: bási<·a do t,uverno é proteger a i·muídade da propriedadl! privada" (sie), afirma ele. Depois de enunciar razões pelas quais isso bcnefícia nã-o Só os <icos. mas todo o oorpo social. e de recordar os a1aqucs contínuos a essa instituiçã·o que garante a liberdade p<:ssoal. destaca: "R11111r,1

1

1

Capa da revit ta ..Consorv•tiv11.

Digest ... - Um exemplo eloqüente de como milhões de norte- ~::;;

e111 hrevi? o ,liffito do proprie1drio será reçonhe,·itlo cop10 um pilar do lib,·rclà,le. 1•111 re/aç8o ao qual o go1·1trnv e.riste para profepr, em ,•t: ,Te ata(Or". Esse coll)entário é muito interessante. pois rcO~te. em um órgão de centro-e·squerda. o que a direita hoje proclama mais que nunca nos Estados Unidos. E. ademais, indica o robustecimento psieológii:o do· senso do propriedadl! na América do Norte.

gadas em discos ou por conjuntos musicais. Segundo tais h1formações, 1.400 das 7 .000 estações de rádío dos Estados Unidos estão difundindo a "músíc.a cristã", e seus programas cncon1ram-sc entre os de maior aumento de audiência. ''Tbe New York Times", de 22 de março de 1981, trai um artigo sobre a música pu11k, ou seja, o que há de mais radical em extravafãncia sonora. Segundo o jor, na , esse tipo de música ()$tá sobrevivendo dentro de um cireuito muito fechado. As preocupações antimodernistas generalizam-se na área mu$ical. Também a colunista Esthcr J ungrcis comenta: "Sim, que a música s~a 011villa nas ,uos dos Es1aclos Unidà.,, mas que, ,,eja músic•o enobrecedoro e i,dijitante paro 11 oln,a h11111ana".

ciam nos programas imorais. Na página 4 da presente edição já informamos sobre o aparecimento de uma nova rede nacional de televisão, de caráter conservador e oposta à imoralidade.

"U,na aliança de n,ais de duzentos 1novin1entos conservadores e religiosos que conta111 co,n cinco 111ilhões de associados e silnpatizantes". Um grande jornal de São Paulo noticiou, com certa hostilidade, repercussão a esse respeito: "U1110 campanha de granel<! e11vergad11ra para suprin,ir "o violêncit1. a vulgaridade e ()S palavrõl'.v· dt, televisão norte-anrericona foi desent:tuleada no país. aproveitando ,i onda conservadora e 1nort1lizonte que levou Reaga11 ao poder. No origen, des1a ofim.tiva esttí 11,na aliança de mais de duzentos ,novi· nwn1us conservadores e religiosos que co11ta111 5 milhões d,• 11s.,oâ1ulos e simpatiza,ues" (" Palha de S. Ptudo ... 5-6-81 ).

"º"'

americanos avaliam o papel da t etevislo

Retração de feministas e homossexuais

nos lares: lixo.

cientR1>U111te rl·s1riu1s" .

MAIS EXEMRLOS: ,. 1-/Â VÁRIOS a11os 1•em emergindo (nos EWA] uma nova gl'ro<'Õo d1' vigorosos e bem artic-ulados co11.re,v11dor11s de ,:or. [...] A[(ora suo existência foi reronhet:ida pelos ,neios de i!om1111i,•at1ào /10cio11al", assinala o "Jntellige11('t• L>ige.w " (Dunsley, lnglatcr.ra) de 14-1-81.

público 11u111da fechar as pornoshops de Atlanw", capital do Estado da Georgia, dizendo provar isso que "a forç(J ,la lei pôs 11 m1io sobre (J por11ografia". "Quen, precisar de 11rn livro sujo, terei que sair d,, A tla11ta para obtê/o". afirmou um fiscal. - "1:.:,tamos ctJnsados de lutar. esuunos saindo daqui"'. declarou um empregado de determinado estabelecimento imoral. O promotor público declarou que a população sob sua jurisdição "<1u, rit1 qw) li por11ugrafit1 fosst expulsa ··. Em Nova York . a estréia de um filme favorecido por grande publicidade e a presença de atores famosos, sofreu atraso devido a uma manifestação do movimento Mu lheres Contra a Pornografia, dessa metrópole. O diretor do filme não encontrou outra declaração a fazer senão esta: "S011 ,·0111ra a pornografia <"Om o rodo mu,ulo"... ("New York Post'', 20-3-8 1). O .. Dai/,, News". 18-3-81, da mesma cidade, transcreve as declarações do promotor do distrito ju-

dieial de Quecns. importante bairro novaiorquino: "A ,ínica for11w de deter a ondt1 de filmes pornogrtíjicos é fazer com que os .f11ncionários dos cine,nas se dê,1 1n t·o11111 de que e1ifre11tarão a 1·11deia f)Or apresenttÍ· los'". Segundo o mesmo promotor, já há um caso de prisão e outros nove pendentes.

·•Que,n precisar de u,n livro sujo. terd que sair de Atlanta para obtê-lo". O boletim d e fevereiro de 1981 da organização pró-família Eaglc Forum, dirigida pela conhecida líder antifeminista Phyl lis Schlaíly, anunciou a fundação de um novo movimento a nível nacional: Coaliião por uma TV Melhor, à qual aderiram mais de trezentas organizações. Essa coali11ío combate "a violência, a vulgaridade, a irreverência e a imoralidade sexual que co111i11ua111e11te são aprese11tadas no video", Um extenso plano de ação já começou a ser desenvolvido. Inclui o boicote às companhias que anun-

Fortes ataques e pesadas derrotas desconjuntam atualmente ambos os movimentos. de características afins entre si . Em anos anteriores. o feminismo concentrou seus avanços na pro· moção de cmcnd<l constitucional pela igualdade dos direitos de ambos os sexos (liq,wl Rights A111é11dme111 - HRA). cujo objetivo era a destruição da célula familiar. através da excessiva independência da mulher no lar. /\ ERA foi apresentada nas assembléias legislativas de cada Estado. Em 1980, o movimento Stop ERA. contrário ao feminismo, ob· 1eve grandes vitórias. "Ser anti-ERA era a posi('âo vitoriosa que o c011dida10 f/Odia to111ar", assevera o "Phyllis Schlafly Report'', de dezembro de 1980, acerca dos novos senadores eleitos cm novembro. O próprio Rcagan adotou enfaticamente essa posição e conseguiu q uc o programa de seu partido para as eleições também se manifestasse anti-ERA . O Stop ERA venceu cm Estados que ainda não haviam se pronunciado sobre a emenda constitucional: Illinois, Flórid&, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Oklahoma e Iowa. Em janeiro deste ano, a emenda feminista foi derrotada em Nevada "em menos de JO segundos" (" Washington Post'', 23-1-81). Também no ano passado. três mu lheres se candidataram ao Senado: uma anti-ERA, eleíta, e duas feministas, derrotadas(" l'hJ•llis Sd,lajly Repor/'', dezembro de 1980). O jorna l "Newsday", de Nova Yo rk ( 11-2-81), revela que "111110 coalizão d,, grupos fi111da111e11u1/is111s, qu,, deno1nint1 Sodo,na e Go-

CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 19 81


• l 1 citâria de um mi lhão de dólares. Seu chefe afirma que os homossexuais de San Fra ncisco - que di1.cm constituir 15% da população - não formam uma "1ni11orilt lt•gitinw". pois "seu único vínculo é a i1nora-

lid1ule e li aberraçcic> sexual". No e ntan10. considera demasiado violentos outros movimentos que se opõem a esses pecadores conirn a nature1.a.

Poderosa coligação moral Muitos outros sintomas proliferam em território norte-americano. Ê preciso considerar que sempre

O Senador Jesse Helms propôs lei contra o aborto

morr11 da nação " cidadl' de Sem Frtmcisco. 1111 Cal{fâr11i11. u,,n planos IÍ<' K<lStar três 111illtões

de deitares

(mais de 300 milhões de cruzeiros) em unw ct11np<111ha pu/1/iduírio cu11·

tra os ltumo.,·.•,;exuai.f', O porta- vo1

Sempre houve nos EUA certa ··111aioria silenciosa" u,n 1c11110 refratária à i,noralidade. 111as hoje ern dia existe t1111{1 verdadeira coligação de.forças organizadas. que 1111tl1iplica111 sua eficácia. sua.1· vitóri(l.1· e seu alcance. da c ntid;ide Maioria Moral de Sama Clara . um dos grupos da cou lilào. dcda rou: " Hstou ti<· m·ortlo ,.,,,,, 11 f)<'llll t!e 11,oru.• t• ('l'(•io

n /11,,uns·

qll()

.\'l',\'110/idade ,•.wtí 110 nível tio lun11i· cidio ,. 0111ros f)l'Ntdo.,·",

Em San Fra ncisco. que é efetivamente o centro dos homossexuais

nonc ..;:i.mcricanos. estes se têm queixado nos últimos meses de um

aumcnio da violência cont,·a e les. E alguns ma ni festa m su" preocupação de 4 uc "" cruzada preporad" ,./evorti as 1{1J1sões··. ~,inda conforme o .. Newsdtiy".

O diâ rio .. San Franl'isch Chru11ic!,, ·· ( 13-2-8 1). por sua vez. rcfcrc!iC ~1

outro grupo contra a imora li-

dade: Confiamos cm Deus - sem conexão com a Maioria Moral. se• gundo seu dirigente. Essa associação planeja uma campanha publi-

~AfO·JLilCil§MO i\H:Ns,\ HIO CAMPOS

ESºI ADO

no RIO

Dirttor: P:rnlo Corré-M d<' Brilo Filhc,

l)ircloria: Ru~a dos G()itac-~11.cs. 197 • 2NJ00 Campos. JU. Admini.s1nç:lo: R.u:i Or. Martinieo l't:u.lo. 27 1 • 01224 $.ão Pa u• lo, SP • Pj\llX 22 1·87SS ' (ramal

211 ),

(\ llll(l~J:.to ~ im1u~s,o na Ãrl!'lfC~ 1":1r>l°1s e An~:i. G1:ífic;·1i. t td;, .. Hu:1 ( i:11ihaldi. 404 01135 • Sà<.'1 P:11110.

SP. "("a1t,li<"i:,,.mo- ~ um:1 llUbli1.::1tão nu:n•

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A~inalur:-i anual: comu,n OS 1.000.00: coopcrndo1 CrS 1.5-00.00. hcnfeitôl' ÇrS, 2.500.(){); grandé bcnf.,:i1or CrS S.CXl0.00: ,;~·min:,rí~ws e c,;wd:rntes ('rS 700,00, 1-'.xlt'ríor: comum USS

20.00: hc1,fo1to1 USS 40.00. Os !'):tg:uncnt()~. sempr<: cm nome de Editurn P.idrc- ll(lchior dr PonicsS/ Cº. (H)<lcr.lo

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cncuninhadt'l-S :1 Adminhtmç:tu. l):1m mud;mc;:1 J c cndcrc(o de :lS.'\.in~1n tcs C nc«~s;írio mcncion:u $Cf'

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Admini.slrnção: Rui Dr. !\1ílrllnko Prado. 271 SH.o P~uh). SP

CATOLICISMO -

houve nos EUA certa "ma ioria si lenciosa" um tanto refratária à imoralidade. mas hoje cm dia existe uma verdadeira coligação de forças organizadas, que multiplicam sua eficácia. suas vitórias e seu alcance. Ultimamenic . surgiu o "NO lnaton" - o dis1intivo NA-O - para ser usado por jovens mulheres que não desejam ser prcs.~ionadas por convites licenciosos. "A revista "Tinu:·· nu:nciona ,una clentmula (J1u>. no 11101ne11to. atingt· 11u1is dt>60 ,nil distintivo.t". afirma o '"Long /sland c,uholic". de 19-J-8 I.

De acordo com a mesma fonte, atualmente. ··1tornens e 1nulheres. todas (IS idades. l!S('r('Vl!/11 para co11sf!guir o distintivo··. Diver-

pl•SJO(IS (/(•

uma moralidade ultrapassada 011 superada". Em correspondência especial de Washington, "The New York 7i111es" (30-1-8 1) informa que Richard S. Schweikcr, o sccrcuírio da Saúde nomeado por Reagan. "n,io a('ha que seu 111inistério devo pro,nover a

ed11ca,·ão sexual" e os médicos que !ratam de casos de mulheres jovens no programa Mcdicaid "não 1êm per,nissão de ret·on,endar tmtitOn· cepcionais ...

"Marinho apefla regulamentos miliwres", informa "71,e Victoria

,·of!esia. apresenwçcio e disciplina

O secretário da Saúde non1eado por Reagan "não acha que seu 1ninis1ério deva pro,nover a educação sexual" e os rnédicos do prograrna Medicaid "não 1ê1n pennissão de reco1nendar ant iconcepcionais". Advocate" ( 18·-2-8 1). "A oficialidade dll Marinha esrti conieçflndo a reforçar. ,/e 111a11eira esrrittJ, as regra.f de

,nilitar: o que alguns nu,rinheiros vêe111 corno ,una volta aos "velhos

bons tempos", Largos scwrcs do público norteamericano apoiantm movimentos contrários à imoralidade na realização de campanhas desse gênero. O conjunto da popu lação também sente os efeitos desse clima moral. Vai ficando clara uma realidade expressa cspirituos~mcntc pela Sra. Phyllis Schlaíly: "/; 111elltor peflen<·c•r ci ,naioria ,nora/ do que à ntinoria i1noral".

Castidade, tema no Congresso QUE DIRIA o leitor se o Congresso Nacional se pusesse a discutir a conveniência de uma campa nha para estimular a prática d:1 castidade entre os jovens brasileiros? Surpresa. certamente. Entretanto. é o que, no momento. ocorre nos Estados Unidos. Com efeito. o Senador Jcremiah Denton. reprcscntan1e do Estado do Alabama (Partido Republicano). acaba de apresentar projc10 de lei para '"pro,nover o autodisciplilw e a caslidade". Temos cm mãos o tcx10 do projeto, editado pelo próprio Poder Lcgisla1ivo norte-americano.

O

sos órgãos de imprensa qua lificaram essa atitude como um verdadeiro su rto. Segundo o .. H1ashi11gto11 Post'' de J-4-81. para ··inv(>stigar os valo· rc,.~· norte-americanos ,, a 111edid11 em

esquerdistas e pcrmissivistas) que se "escandalizam·· com a pa lavra t·as~ fÍc}(ule. Nos Estados Unidos, porém. um político de prestigio como Denton pôde aprcseniar um projeto de lei pan1 _promover essa virtude. expri-

mindo assim não apenas suas convicções morais pessoais. como tam· bém a popularidade de que goza a medida cm largas camadas do eleitorado norte-americano. Popularidade ccrtamcnic inconcebível para tantas pessons cm outros países.

Qua l foi a sorte desse proje10? Apresentado no dia 30 de abril do corrente ano pelo Senador DenSenador Jeremiah Oen· ton. almirante de reserva (posaui as maia altas con• decoreçõe, t1lcançeda1 por um oficiei da Marinha

do• EUA). propõs ao Congro,ao emonda para promover a pr6tica da castidade entre a juventude.

q,w estes são co111J)t1rti/l,ados pelos

liderc•.t''. a Connccticut Mutual Lifc lnsurancc Co. encarregou a firma Rcscarch a nd Forccasis lnc. de fazer cx1cnso estudo. Conclusão: "Os lideres norte-a,nericanvs <~Sl{io dc•s· coltulos tio público dos /;stados

.. Eacandalizedo... o aena· dor Edward Kenn&dy nlo conseguiu derrotar o pro· jeto Oenton em aua co• misslo. ma, obteve a 1u· preaslo da palavra castí~ d•d•. substituindo-a por

Unidos. o qual é mais fl'l1"gioso e esuí ,nais preo,·upado cn111 os valor<1s morcii.,· do que as pessoas 11,ai.~ importontes e111 <JlltlSe tudus os cmn~ po.;;, <()1110 f1 ciência. o política. o jornali.,·1110 e ,, edut'O('ão ··.

xais') causa grande prejuízo mora l. emocional e físico. sendo que. cm 1978, por exemplo, só a metade das ado lescentes grávidas deram il luz efet ivamente, e, entre estas, mais da metade tiveram fi lhos cm conseqüência de relações extraconjugais. Ante a gravidade dos problemas sociais de ioda ordem que isso acarreia. o Congresso se propõe a promover a cas1idade e a oferecer ou1ras. soluções de tipo familiar. como a adoção de crianças. E para tal deve proporcionar assistência aos adolescentes e a suas famí lias. por meio da expansão e coordenação dos serviços públicos e privados nesse sentido. A lém disso. o Congresso deve promover ;1 investigação e o estudo dos problemas, bem como da nocividade que a promis-

cuidade e a gravidez causam nos adolcsccnics. Para isso. confere i, au1oridade pcrlincntc os fundos necessários para o novo serviço (30 milhões de dólares por ano . até 1984). bem como a subseqüente avaliação da efetiva aplicação dc.sª ses serviços. O projeto. como dissemos, passou à Com issão de Trab,,lho e RcClll'SOS Hunianos. onde foi aprovado

• utodlsciplln•.

0

John C. Pollock, que dirigiu a pesquisa. afirma 4ue "e111bora não houv<>sse intl'n('ÕO de focalizar a religiâo. ~sta .-.urgiu co1110 Q único ft11or que consi.fumu• t' dran1111it·a111e11te t1fcu1 os valor('.\' ,., " conduu,

"Os líderes 11orte-an1erica11os estão descolados do público dos Eçtados Unidos. o qual é 111ais n>/igioso e es1á 111ais preocupado co1n os valores 111orais do que as pessoas 111ais in1por1a111es en1 quase rodos os campos". dos norre-a111ericti11QS 1·'. "Não tÍl1hoª ,nos idéia. acrescenta, de que e11co11troríon1os isso. Mas aí esuí. t: ,nais do que um 111ovimen1h. É algo que percorre toda a cultura", Também s ignificativos são fatos como o de uma aeromoça demi1ida pela empresa de aviação Delta, "a cO,npanhia aérea de tnaior sucesso 110s Estados Unidos" no ano passado. por ter posado para a revista pornográfica "Playboy" ('"Tilne", 92-8 1). A empresa proíbe, além disso, o consumo de bebidas alcoólicas nas refeições dos funcionários. bem como o uso de barbas e costeletas muito longas por parte de seus empregados. Por outro lado, também são freqüentes na imprensa norte-americana cartas de leitores como a seguinte, enviada a" Newsweek" (23-38 1): "Três vivas à futura Rainlta da lng/(1lerro! (... ) fl pureza. a castidade e fl virgindad,• não são pecas de rnuseu. destrcu,u?nte escondidos. de

Agosto-Outubro de 1981

O jornal carioca "O G/obo"(7-581), sob o título "Senador quer os a,nericanos castos", tra nscrevcu por sua vez o segu inte telegrama proveniente de Washington: "Os políticos mais conservadores dos Estados Unidos vém aprese11to11do i111ímctras propostas ao governo. que jamais serion1 aprovadas pelos liberais. A última proposwfoi do Senador Jeremiah Denton. que esperll que o governo gaste JO 111ilhões de c/6/ares (mais de três bi lhões de cruzeiros) 1111111 prÓgr(111w para promover a castidade e11tre os adolesce,ues··. "O político acredito que o governo deve deixar de lado os programas de educação sexual e Chlltrole dt111ata/ídade, parfl se dediear à abstinência sexual dos jovens", acrescenta a notícia. Outrora, a promoção da imoralidade escandali1,,va a justo titulo pessoas de vida cristã autêntica. /Jnpureu,, obscenidadl! e ouiras palavras constituíam um vocabulário delicado. Hoje parece ocorrer o mesmo. porém. cm sentido contrário: são os liberais (termo usado nos Estados Unidos para designar os

ton, ju ntamente com o Senador Orrin Hatch (republicano. pelo Estado de Utah), o projé10 foi duas vezes lido em plenário e a seguir remetido à Comissão de Trabalho e Recursos Humanos do mesmo Senado. Antes de passar ao resultado da votação na referida Comissão. examinemos o caráter do projeto. Trata-se de uma emenda da Lei do Serviço de Saúde Pública (Publil' Health Service Ac1), que regula esse organismo. A emenda acrescentaria uma nova parte (t ítulo XI X) ao final da lei e anularia o atual titulo V1. introdu2-ido por emendas pcrrnissivistas de 1978. Em suma, o conteúdo do projeto é o seguinte: o Congresso julga que a promiscuidade entre os adolescentes (definida a promiscu idade como ··,-e/ações sexuais exrraconju·

por unanimidade. com certas modificações negociadas por um grupo de senadores do Parlido Democrata encabeçados por Edward Ken nedy. O protagonista do caso Chappaquiddick, ocorrido em 1969. "escandalizado" com a palavra /'asrida<ie. obteve a sua supressão. No novo texto, o projeto afirma que o Congresso se propõe a "pronwver a autodisâpli1111 e o utra.-r abord,igens prudí!ntes relt11ivas aos problemas das relt1(·ôes pré-1narrin1011it1is entre os ,ulolescentes. inclu.tive a gra-

videz" ('" Washi11Kto11 Post''. 25-681 ). Os fundos e a orga nização de serviços foram aprovados por inteiro. Acredita-se que o plenário do Congresso sancionará a nova lei. Foi uma vitória incompleta, mas significati va, dos que combatem a imoralidade.

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REVISTA ""U, S. News & World Repor/'' (24-11-80) traz extensa reportagem sobre as inclinações de compra no comércio. "Os clientes estão bus,·ando qualidade e valor. e estão rnenos interessados en, coisas capri· diost,s o u que estão n" moda do úflimo minuto"'. declarou o presidente da grande empresa comercial \Voolworth Co., uma das maiores cadeias de lojas dos Estados Unidos. E comenta a revista: "'As pesso" s estão econo,nizantlo para compr<Jr t(list,s ,nelhores. ainda que e111 menor qu(lntidade". Por que motivo no Brasil, por exemplo, foram sendo abandonados artigos de qualidade? Entre outros pretextos, estaria o d izer q ue nos moderníssimos Estados Unidos

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"LEMBRA-SE DO LUXO?"" - Para se venderen1 valises apresentan,-nas ao lado de símbolos suntuosos. Se estes produzisse,n antipatia ou indiferença, a publicidade não os utilizaria. Esta e,nprega hoje. co111 bastante freqüência, visões c:01110 que encantadas de a111bientes finos. Não será porque o sonho do luxo está ressurgindo na A111érica do Norte? Parece que sim.

EMBORA NUNCA tenham deixado de ex istir compradores de móveis cm est ilo trad icional nos Estados Unidos, a magnitude publicitária que ostcn-

mito de que a América do Norte era o reino do plástico, da fórmica e dos materiais desca rtáveis, artificiais e deterioráveis. Isso nunca foi inteiramente verdadei ro e hoje se manifesta uma forte propensão cm sentid o o posto. Vejamos a pro paganda comercial comum , que aparece nos jor0 nais e revistas de grande circulação. Te ndo cm conrn - repetimos - que a publicidade procura nunca dar tiros no escuro (com muito maior rai,.io no país da publicidade que são os Estad os Unidos). mas, pelo contritrio. vai de encontro às tendências do mercado. "Canws de bronze genuíno ''. "va· lor sólido en, cerejeira ,naciça". "lã p1irt1", ""efl'g,incia do sé,·11/0 X VIII"". ""reprodu(·ties do Vellto M1111do", 'fabuloso crism/", "port da11a pintada a

,não", "Carlos Magno foi o primeiro que desfrutou da grandeza deste queijo"", são alguns exemplos. Exemplos, no fundo, de que? De que os Estados Unidos estão se convertendo em uma compacta massa rca· cionária nesta matéria'! Não vamos tão longe. Mas sem dúvida são amostras inequívocas da ampla aceitação de tais artigos. com sérios indícios de incremento nos últimos tempos.

" Carlos Magno foi o prin1eiro que desfrutou da grandeza deste que(io". Entre os produtos que estão desperta ndo maio r interesse do mercado e ncontram-se as edições luxuosas de obras literárias clássicas. O que bem pode reve lar um gosto pelo ornato e não tanto pela leitura. mas indica a propensão p;tra a quali-

dade, tanto da apresentação como do conteúdo. mesmo qua11do este último não seja efetivamente lido. Várias casas editoriais estão multiplicando sua propaga nda d e coleções clássicas cuidadosamente encadernadas. Os produtos que a publicidade ressalta são o cristal e a prata . Um slogan sobre o primeiro é bem ca ractcríst ico: .. ltnporu1 nãó sâ o q,I(~esuí na bt•bid<1, mas wn,bhn no que a bebido estti"". O que realça a im portância da qualidade dos objetos de utilidade, cm contraste com o pragmático cálculo de calorias e pro -

tam hoje estes produtos dá lugar à suposição de que também quanto ao mobi liário trad icional as apetên· cias aumentaram. A seguir, amostras de propaganda:

Móveis Luís X V. es1ilo inglês do século XVIII, colonial americano e ,notivos chineses figura,n neste anúncio de 11111 diário 11orte-a1nericano de grande 1irage1n .

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Em um suplemento comercial de grande jornais con10 "The Boston Globe" e "The New York Times", vemos uma cama con, ''an1iquadfssimo" dossel e detalhes em geral "do tempo das bisavós". Mas o público é o de nossos dias, atingido pelos maiores meios de difusão impressa. A propaganda insiste muito na qualidade das madeiras, para ir de encon1ro aos desejos atuais dos norte-americanos. 10

CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 1981


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Depois de fornecer números e exemplos. conclui: "Algo do proveito d;sso vai para os negââos. ,nas a parte ,nais irnportante resulta na 111e/hora da qualitlade de nossos vila.'i e t.·idades peque,ws e grandes. PorttJtllo. i,nporta na n,elhnr qut1/i·

dade de nosso (lróprio nive/ de vida". "Newsweek" (23-3-81) afirma que está havendo um interesse sem precedentes na história da arquitetura americana, no sentido de

"As pessoas estão econorntzando para co,nprar coisas 1nelhores, ainda que en1 menor quantidade". restaurar edifícios antigos." Há 111111bén, ,naciça 11111da11ça de go.ttos. que vê em antigos estilos. antes des(lrezados, o tipo de e,noção estética até aqui reservada aós estilos novos. tlt! vanguarda", diz a revista . E concl ui estar ocorrendo uma "co 111ra-revolução" na arquitetura norte-americana. . Desde o ornato da vida privada até o aspecto dos ambientes públicos. é notável essa tendência. Uma notícia publicada no Brasil o confirma: "Rolls-Royce a11me1110 exportações". "F,Ste 0110, a RollsRoyce espera vender J.400 automóveis, co,n u,n volt111ut recorde tle 1.300 que serão des1inodos aos &-

Vêe,n-se con1 freqüência escritórios de executivos ,nobiliados com artigos de boa qualidade e estilo, como este, utilizado por uma indústria de n1óveis en1 anúncio de revistas. tcínas de alimentos. servidos em qualquer recipiente. Uma propaga nda de prataria traz uma frase que apela para o mesmo principio: ''Pouca.,· cni.sas na

80). de grande circulação. fala do boo,n (estouro) ou surto de estabelecimentos de luxo no artígo .. More Stoll?~I' Mansions" ( Mais mansões imponentes). que trata es-

vida proporcionam tanto pra;(,r t·o1110 tonwr d cPia n111na fina prata

stcrling". Um anúncio de página inteira cm "71,e Nell' Yo rk 1,mes" apresenta fotografias de 150 estilos de talheres de prata . E a propaganda adverte: "Apresse-sP", esclarecendo que se atendem encomendas pelo c-0rreio ou tclefonc...

"Seda. Nenh11n1a outra coisa re,n exauunente o 1nes1110 aspecto nen1 fala tão i111ediata111ente de natural elegância e luxo".

Saudades do luxo Imaginava-se que o luxo estava condenado a desaparecer. sobretudo depois da revolução hippie. Mas. apesar de certa propaganda em sentido contrá rio. o povo aprecia o luxo. E a publicidade não deixa de exp lorar essa apetência. Nos Estados Unid os hà provas de que o gosto pelo luxo aumenta, como veremos maís adiante. "Seda. Nt•nluuna outr" coisa te,n ~xa1tune111e o 1nes1110 aspecto nenr fala tão i1nedia101nen1t' dP natural

pecialmentc de novos hotéis de grande categoria que têm sido construidos ultimamente. A primeira referência diz respeito ao Grand Hyatt Hotel de Nova York, recentemente inaugurado: chafarizes. mármore Paradiso. esculturas de bronze ... "A úllin,a aquisição da cadeia hoteleira Hya11, observa "Newsweek", é típica de um pendor de proporção nacional:

o que corneçou con1 u,n n1odesto aumento es1á se converténdo ropido1nente em u1n boom. Há muitos ,notivos para o "estouro .. en, Nova York, ,nas o mais in,portante ruma abrupw demanda". assegura o semanário. referindo-se à procura de hotéis de luxo. Na publicação Ard1itn·t11ral Dige.1·t", de fcvcreíro de 1981. Russel Lyncs . diretor da revista "Har(ler's" e comentarista de arte e estilos, afirma que os grandes solares e casarões norte-americanos estão voltando a ser aproveitados. "Hti u,n ntin,ero t'rescente de e.rernp/(Js de reada(l10ção em quase lodos os lugares por onde se vive. Alf(11ns desses exemplos são oficiais. no sentido de que os conservadonistas os pro1nove1n: ,nas o utros sã<> in1eiramen1e particulares. porq11e pessoas irnaginativas viero,n a descobrir suas possibilidades. sejam estas

"The Yorktown" é um ,noderníssimo relógio fabricado para recordar a rendição de Cornwallis, em Yorktow11, a 19 de outubro de 1781. O "relógio vovô " não con1e1nora

apenas um lance do his16rio norte-americana. Ele revive um estilo de dois séculos. No 011ú11cio, o fabrica111e ressalta suas qualidades: es1ilo clássico Federal. entalhes a ,não. partes folheadas a ouro. pêndulo e mecanismos de qualidade.

tudos Unidos. [ ... ] O

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('Utfro dtt Nllf)resa. George 1:e111t. diss<· que o s,~grt•do du êxitu da companhia é a qualidad,, e não a

quantidade" ("O t:.:swdo tle S. P""" lo", 17-4-8 1). Para terminar. devemos esclarecer que o gosto pelo lux o não e só questão de rique-1.a . As tendências mais extravagantes proliferam sobretudo em setores a bastados d;, sociedade. Aci ma de tudo. é uma questão de gosto. de àmbito psicológico.

Populariza-se a porcelana tradicional, oferecida a preços competitivos no mercado norte-americano, para atender a uma apetência difundida 110 público.

elegânâa e luxo". é outro anúncio típico nos jornais comuns. fazendo eco a uma apetência crescente. Já se começa a comentar o fenômeno. A revista "Newsweek"(20.10-

"Poucas coisas na vida conferen1 tanto prazer quanto jantar em fina prata sterling", lemos neste anúncio. Segundo velhos preconceitos. imaginar-se-ia que esse prazer supremo seria melhor propiciado por u1n volumoso harnburger, uma viagen1 a Honolulu ou um chiclete de sabores múltiplos. "Nos anos futuros Você estará comprazido por sua sabedoria em haver escolhido Wallace. Porque nossos padrões são tão preciosos como o próprio n1e1al''. conclui a propaganda. - Futuro, sabedoria, padrões, preciosidade, oferecem grandes satisfações, de acordo com as projeções de mercados. CATOLICISMO -

Agosto-Outubro de 1981

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IJAtoLnCISMO

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THE BEST WAY to get to the 18th green at St. Andrews is ~ ·· i~bridge.built during · ~Third Crusade .. : over 800 yeárs a o.

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dadc e estabi lidade das coisas. Na vida pessoal, na educação, no mobiliário, nos gostos. Esta propaganda de whisky escocês sentencia: "The good things in life stay that way" (As coisas boas na vida pcrmanecen1 do mesmo jeito).

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• EXAMINAR E RESPEITAR a ordem dos valores é a melhor garantia do futuro. Na conduta pes.soal, no êxito dos planos individuais, familiares e sociais, na aquisição de bens ou produtos, na cultura, e com vistas à obtenção de segurança psicológica e materia l. Vejamos uma propaganda de cristais nesse sentido: "lnvest in tomorrow today" (Invista hoje no amanhã). Outro anúncio do mesmo gênero, não reproduzido aqui, diz sobre o produto: "Seu valor intrínseco cresce".

The good things in life · stay that way. Dewar's~never varies. "'~ e BUSCA DE FIRMEZA, solidez, durabili-

PA LAVRA filosofia tem, Neste sentido da palavra. as anos Estados Unidos, um sig- tuais inclinações tradicionalistas nornificado corrente particular. di- te-americanas têm uma "filosofia". ferente do usado no Brasil. Poder-se- lmplicita, é verdade, mas que orienia defini-la como "o conjunto de prin- ta todo o amplo espectro de suas cipios teóricos-práticos que orienta . manifestações. Como defini-la? determinada atividade ou agrupaEm certa ,medida, ela mesma mento social". Assim, pode-se falar vem se explicitando, conforme viem "filosofia dos negócios", "filo- nios em diversos exemplos, ao longo sofia da composição literária" ou da presente edição. Vejamos aqui "filosofia do livre sindicalismo". mais alguns:

• EMBAIXO, à direita, anúncio de talheres de prata: "A classic has nothing to do with fashion. And everything to do with style" (Um clássico não tem nada a ver com a moda. E tudo a ver com o estilo).

• OUTRO exemplo de valorização do ornato: "Você pode dizer pelo exterior que whisky é servido no interior". /

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• EM SUMA, procurar o valor interior e sua

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apresentação exterior, o ideal e o decoro, a decência por dentro e por fora. Uma "filosofia", portanto, de amplo alcance, já em curso, e que - salvo fatores imprevistos - tem possibilidades de dominar largos setores da população norte-americana.


N.0 371 -

Novembro de 1981 -

Ano XXXI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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Ocupações, usucapião, Refonna Agrária EM ARTIGOS redigidos pa· ra a imprensa diária, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira vem apontando a grande ameaça que paira sobre o instituto da propriedade privada no Brasil. Um deles - "Ocupações: o caos" - mostra como as invasões de imóveis rurais e urbanos, que se vão generalizando pelo País afora, constituem uma afronta à Lei de Deus (" Não roubarás";

que, se fossem tomadas pelo Poder Público, resolveriam a situação deles. E aponta a grande culpada pelas invasões de propriedades: a esquerda dita católica. No artigo "A guerra do hissope", o ilustre pensador católico deixa claro o papel do clero progressista na agitação que sacode o Brasil. E como os expoentes dessa ala vão sendo guindados a postos elevados da. Hierarquia eclesiástica, apesar das denúncias de que vêm sendo objeto desde 1943, quando o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu "Em

"Não cobiçarás as coisas alheias") e à dos homens, pois a proprie-

dade particular fundamenta-se no direito natural. O Presidente do Conselho Nacional da TFP adverte que, a admitir-se como norma que qualquer pessoa pode ser juiz em causa própria, proclamar-se carente e ocupar o que é alheio, também a jóia da senhora, o automóvel do chefe de familia, a mercadoria da loja, a carteira de qualquer um podem ser "ocupados" por quem se julgar "carente". Em favor dos verdadeiros carentes, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pleiteia medidas efetivas,

defesa da Ação Cauflica".

Na página 3 desta edição, apresentamos outra colaboração do autor, que se relaciona .::om o tema: "Reforma Agrária e guerra psicológica", onde é comentado o papel do projeto de lei sobre o usucapião há pouco aprovado, na atual investida agro~reformista. Na foto, cena da ocupação da fazenda Itupu, no município de · São Paulo.

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Nicarágua marxista quer ajuda do Brasil EM SUA RECENTE visita a Brasília, onde foi recebido pelo chanceler Saraiva Guerreiro, e pelo VicePresidente Aureliano Chaves, então exercendo as funções de Presidente da República, o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Pc. Miguel d'Escoto, declarou que veio buscar "maior co,npreensão, e111endi11rento e solidariedade" para o regime sandinista. Referindo-se à obtenção de crl~ ditos brasileiros, o Pe. d'Escoto assinalou: "N6s temos uma ajuda econômica do Brasil indispensável, principalnrente no que nos é oferecido sob a forma de importação de veí· cu/os fabricado,· aqui, e assistência técnico. Isto é algo que agradecemos muito, tnas não é tudo nas relações

A verdadeira face de Santa Teresinha NÃO f RARO observar-se a deturpação da fisionomia dos santos, através de certa iconografia. Com a tendência protestanti7.antc de se eliminarem as imagens dos santos, tal deformação não deixou de existir, mas agravou-se, pois o progressismo em geral procura "reinterpretar" a própria vida dos bem-aventurados. Com relação a Santa Teresinha do Menino Jesus, contudo, uma esplêndida coleção de fotografias documenta sua verdadeira fisionomia, como o leitor pode comprovar nas páginas 4 e 5. Toma-se acessível, cm consequência, fazer sentir o contraste protuberante entre o genu!no perfil da carmelita de Lisieux e a imaiem adocicada e sen!imental, como é ela apresentada com freqUênc1a ainda hoje em dia.

entre os dois pofses. Nesta visita. querenros aprofundar mais o contato fraterno/, de grande interesse político poro os duas partes". O ministro nicaragUense ressaltou ainda que o governo sandinista vê com satisfação a maneira como a política externa do Brasil vem sendo conduzida. No Jtamaraty, onde duas horas antes havia estado o embaixador norte-americano, Pe. d'Escoto atacou violentamente os Estados Unidos. Embora tenha assegurado que seu pais ''não precisou recorrer ao supernrercado mundial das ideologias, pois já possuía uma, nocional. o sandinis,110", o padre-ministro evitou de tratar das contundentes afir-

mações de outro membro do governo da Nicarágua, o ministro da Defesa e chefe das milicias populares, Humberto Ortega, proferidas alguns meses atrás. Este declarara categoricamente: "Nossa força moral é o sandinismo. e nossa doutrina é o 1narx.is1no·leninisn10'',

Na página 6, publicamos os principais trechos do discurso do ministro da Defesa aos militares nicaragUenscs, o qual constitui irretorquívcl confirmação dos rumos da Nicarágua, denunciados por "Catolicismo" em sua edição especial sobre a "Noite Sandinista" (n.•s 355-356,julho-agosto de 1980). Na foto, o Pc. d'Escoto (à esquerda) sendo recebido no ltamaraty pelo chanceler brasileiro.


Há 800 anos nascia ESTE PRINCIPIO do uAno Franciscanon - iniciado a 4 de outubro com a fe.~ta litúrgica do Poverello de Assis "Catolicisrno" associa-se às alegrias da comemoração do 8. 0 centenário do nascimento desse grande santo cuja vida e obra tão profundamente marcaram a História da Igreja.

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"Cristo da Idade Média" Fazem notar os autores da Introdução, na edição da B.A.C. dos "Escritos de São Francisco de Assis", que, "entre os nomes gloriosos corn que o povo cristão chama o Estigmatizado do Monte Alverne, o de 'outro Cristo' ('alter Christus'} e o

descera ao Limbo para levar ao Céu as almas dos justos, assim também Francisco, no dia do aniversário de sua morte, pelos méritos de suas chagas, desceria ao Purgatório e de lá levaria para o Céu os membros de suas tras Ordens (Ordem Primeira, dos frades, Segunda, das monjas, e Terceira, dos Sacerdotes seculares e leigos), bem como os seus devotos, "para que Me sejas semelhantê na n1orte con ,o o és er11 vida" (Fioretti, p. 210). Não é, pois, de admirar que um dos discípulos do Seráfico São Francisco, cm êxtase, tenha visto o trono do qual caiu Lúcifer reservado para seu Fundador (3 Companheiros, p. 864).

.,.

Vim ela Ballllca de Slo Franclaco, em Aula

de 'Cristo da Idade Média' são singularmente sigr1iftcativos. Aparecem mesn10. con10 se brotasser11 do sentir unânilne dos prin1eiros com· panheiros e biógrafos do santo. como a nota caracterlstica do ,nesmo" (1). Assim os famosos "Fiorelli" principiam já fazendo esse paralelo entre o Santo de Assis e o Divino Mestre (cap. 1, p. 93). E o Beato Tomás de Celano, discípulo e primeiro biógrafo de São Francisco (que, conforme ainda a Introdução da B.A.C., escreveu sua vida "cor11 precisão de testen1unha. con1 unção de sa11to, co,n paixão de poeta e adn,iração de filho"), acrescenta: "Creio que o bem-aventurado Pranâsco é um reflexo santfssirno da Santidade do Senhor e imagem de sua perfeição" (Vida, p. 403). Finalmente o grande São Boaventura, Doutor pela Universidade de Paris e Geral dos Franciscanos, por e le miraculado em criança, afirma, ao referir-se aos estigmas do Poverello: "Assim como havia in1itado a Cristo nos principais atos de sua vida, do mesmo modo deveria co11forn1ar-se a Ele nos sofrimentos da Paixão antes de abandonar esta vida n1ortal" (Legenda, p. 615) (2). Mas foi o próprio Redentor Quem fez esse primeiro paralelo.quando imprimiu nos membros de seu fiel disc(pulo os sagrados Estigmas da Paixão: "Sabes. Francisco, o que fiz contigo? Dei-te as Chagas que são sinais de mir1ha Paixão para que sejas rneu porta-estandarte". Prometeu-lhe cm seguida que, assim como Ele, depois de sua Paixão,

Missão do "Poverello" Não se pode ter idéia exata do papel dos grandes santos sem ter cm vista o contexto histórico no qual viveram, póis a Providência sempre os suscita para combater os defeitos mais proeminentes de sua época. São Francisco de Assis viveu num tempo em que já começava a declinar a "doce primavera ,la Fé", como um autor francês denominou a Idade Média. Época essa na qual já se poderiam, portanto, notar os germes de desagregação que se expandiram nos séculos seguintes e que tão bem foram descritos pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua magistral obra "Revolução e Contra-Revolução": "Começa a observar..se, na Europa cristã. urna transforrnação de mentalidade que ao longo do século X V cresce cada vez mais em nitidez. O apetite dos prazeres terrenos se vai 1ransforr11a11do ern ânsia. A.s diversões se vão tornando mais freqüentes e mais suntuosas. [...] Nos trajes, nas r11a11eiras. na linguagem, na literatura e na arte o anelo crescente por uma vida cheia de deleites da fantasia e dos ser1tidos vai produzindo progressivas manifestações de se11sualidade e moleza. Há um paulatino deperecitnento da, seriedade e da austeridade dos antigos tempos. Tudo tende ao risor1ho, ao gracioso, ao festivo. Os corações se desprendem gradualmente do amor ao sacrifício, da verdadeira devoç,io à Cruz, e das aspirações de santidade e vida eterna. A Cavalaria, outrora uma das rnais altas expressões da austeri-

~

freqüentemente apresentado em nossos dias como das principais calamidades do mundo atual. Ressalvados os exageros demagógicos e não se considerando as calamidades muito maiores de ordem espiritual e moral de nossos dias, em certo sentido ela o é. Mas o significado de pobreza mudou para muitos de nossos moSÃO FRANCISCO RECEBE OS ESTIGMAS Taddeo Gaddi (Mculo XIV), Galeria de dernos teólogos. Pobre não é mais Academia. Florença aquele que por vontade divina, ou por incapacidade, e cm tantos casos dade cristã, se torna amorosa e por própria preguiça, ficou reduzido se11tirnental, a literatura de amor à condição mais humilde - não neinvade todo.v os poises. os excessos cessariamente a mais infeliz - da do luxo e a conseqüente avidez de população. Pelo contrário, é ele um lucros se estendem por todas as "injustiçado" que não tem o que aos classes sociais" (3). outros sobra. Uma pessoa a quem é Foi para sustar cm seu ·nasce- preciso "conscientizar" de seus didouro essa avalanche, então em es- reitos e a quem se deve, portanto, boço, que o Divino Redentor aler- fazer "justiça social", e que )amais tou Francisco: "Vê e repf,ra ,ninha será feliz enquanto não participar da Casa que. con10 podes observar. está posse, da direção e dos lucros da se arruinando toda" (Legenda, p. terra ou empresa cm que trabalha. 53 1 e 3 Companheiros, p. 804). Como vêem isso de modo diverso aqueles que alcançaram a heroiDespons6rio com a cidade das virtudes! Exemplificaremos com um santo de nossos dias, Dama Pobreza São Pio X, nascido e criado cm meio Não havia em Assis jovem mais à pobre1.a: Ao contemplar, quando alegre, mais dotado, mais atraente e Patriarca de Veneza, o uso demacomunicativo do que o filho de gógico que dela começavam a fazer, Pedro Bernardone, próspero comer- assim se exprimiu: "De onde vêrn ciante de tecidos. Por isso era ele a todos os erros ditos: socialismo, coalma propulsora da juventude local. n1u11isrno e todas essas utopias de Iniciado pelo pai nos afazeres mer- emancipação da car11e. de reabilicantis, exercia-os com eficiência, ob- tação da nature1.a, de igualdade de tendo grandes lucros que seu grande condições, de repartição dos bens, pra1,cr no bem vestir e comer. sua de soberania da razão? Todas essas generosidade para com os pobres e monstruosidades não admiter11 a prodigalidade com amigos levava a queda do hor11em e sua degradação esbanjar. Lamentava-se disso o ava- original. [ ... ] Admitir a Jesus Cristo ro Bernardone dizendo que os gas- é afirrnar a queda original. e corn ela tos de Francisco eram mais pró- a intervenção do sobrenatural, de prios aos do filho de algum príncipe Deus. da Redenção. o Eva11gelho. a (3 Companheiros, pp. 796-7). lei necessária do sofrimento e a Um dia quando, já tocado pela resignação. Admitir essas verdades é graça divina, percorria como de opor-se diretamente ao racionaliscostume as pitorescas ruas de Assis mo, ao naturalismo, ao socialismo e cercado pelo alegre bando de com- ao comunismo. [ ... ] é con1pree11der panheiros, Francisco mostrava-se facilmente o mistério inexplicóvel da sério e meditativo. Em tom de burla desigualdade dos ho111e11s sobre a perguntaram-lhe se estava enamo- terra, desigualdade necessária, inerado, pensando em casar-se. "Sim, vitável. ( ... ] O que quer que se faça, respondeu ele. E tomarei uma espo- será sempre impossível unir esses sa tão nobre e tão formosa como dois termos extrernos. os prirneiros e jamais vossos olhos terão visto, pois os últimos. os ricos e os pobres, os excede er11 gentileza e sabedoria a grandes e os pequenos, se não se cotodas as conhecidas" (Vida, p. 291). locam no rneio deles o Evangelho e Essa dama era a virtude da pobreza. a Cruz: a Cruz. a úr,ica arca da Proclamou-se então o "arauto aliança, o Evangelho. o único trado grande Rei" e, "arrebatado em tado de paz" (destaques nossos) (5). espirito, irrompia freqüente,nente Porque colocava Nosso Senhor em cânticos dilos em francês, e com Jesus Cristo no centro de tudo, o a aura da divina inspiração que Poverello de Assis amava e pregava suavemente percebiam seus ouvidos. a pobreza - sem jamais combater a experimentava tal júbilo que se via riqueza, a não ser para as pessoas compelido a manifestá-lo com es- consagradas mostrando-a, ao tranhas exclamações dilas também contrário do que fazem muitos dos na citada lingua" (Esp. Perf., p. atuais pregadores, como o estado 159). "Saboreava ele então co,n mais propício para a prática das devoção i11efável essa bondade sobe- perfeições evangélicas. rana de Deus, que se rnanifesta em todas as criaturas, fonte inesgotável O "Franciscanlsmo" de tudo o que é bom. E. con1preende11do un,a celeste harmonia Diz Tomás de Celano que São 110 concerto das diferentes quali- Francisco trou><e nova primavera ao dades e funções que Deus lhes deu, mundo. convidava-as amigavelrne111e a ca11Com efeito, haverá algo de mais 1ar co11sigo o louvor a Deus" (4). primaveril do que imaginar esta A par disso - eis outro traço cena: Frei Leão, a quem o santo caracteristico dessa personalidade chamava de "pequena ovelhinha de riquíssima - dilacerado pela consi- Deus" p or sua simplicidade e canderação dos sofrimentos de um dura, vendo seu Superior entrar em Deus por nós crucificado, cm pran- êxtase e levitar à altura de um hotos andava pelas ruas e pe los cam- mem, abraçar-se-lhe os pés, molhápos exclamando: "Choro a Paixão los de lágrimas, enquanto suplica a de meu Se11hor Jesus Cristo, por Deus: "Ser1hor, tem miseric6rdia de cujo motivo não deveria envergo- mim, pecador, pelos méritos deste 11har-me de correr todo o inundo santo homem"? (Fioretti, p. 202). chorando em alta voz" (3 Compa- Ou Frei Egídio, a quem Francisco nheiros, p. 805 e Esp. Perf., p. 758). chamava de "meu cavaleiro da Távola Redonda", acrescentar com singele-,.a quando seu mestre acabava Reabilitação da Pobreza de pregar: "Façan1 o que diz este As palavras de São Francisco meu pai espiritual. porque ele diz trazem à mente o drama da pobreza coisas muito boas" (6).

E, ao longo dos séculos, foram surgindo santos "tipicamente franciscanos", como São Francisco Solano, apaziiuando índios e feras com o violino que levava sempre junto ao breviário em suas andançi.s pelas selvas su.1-americanas. Ou então, São José de Cupertino, tão carente de q ualidades naturais que a si mesmo se intitulava "Irmão Asno", mas que à simples menção do Nome de Jesus entrava e m êxtase, indo pousar no alto das árvores como pássaro! Infelizmente toda essa atmosfera de poesia, de humildade e de singelc1,a sobrenaturais sofreu tremendo choque quando os novos ventos dessacralizantes - que Paulo VI qualificou como "auto demolição da Igreja" e "fumaça de satanás no Templo de Deus" - começaram a devastar o Corpo Místico de Cristo, nivelando tudo, laicizando tudo, vulgarizando tudo. Já não há mais grandes diferenças entre as várias famílius religiosas que formavam o mosaico esplendoroso da Igreja, como franciscanos, dominicanos, beneditinos etc. Infelizmente, há religiosos em nossos dias que abandonaram não só os trajes característicos de suas Ordens, mas também o espírito de seus santos Fundadores. Se o hábito não faz o monge, auxilia-o enormemente a impostar-se em determinado estado de espírito. É prov3 disso o grande amor e reverência que os santos tiveram sempre por suas túnicas, sinal da milícia na q ual combatiam. Até onde irá tal processo? Quem levantará de novo o verdadeiro espírito do Santo de Assis? Quando surgirá um novo São Pedro de Alcântara, restaurador no século XVI da primitiva disciplina franciscana? Que a Virgem de Fátima, que prenunciou sofrimentos por que passariam a Igreja e o mundo, faça raiar logo o Reino do seu Imaculado Coração, por Ela também predito, cm sua mensagem de 1917.

Plínio Solimeo SAo FRANCISCO - Afresco do sáculo XIII. Trata-se da pintura mais antiga repre• sentando o santo o se encontra na Capela de Slo Gregório. na Igreja Inferior do Sacro Sc,eco. em Subiaco.

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NOTAS ( l} U1ili:r.amos para. o pl"C$Cntc anigo os "Escritos Cotnplttos dt Son. FumciJco <lt Asfs y Biografias de su tp°'"a" da Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1945. cuj os tllulos estão ab,üxo indicados_, seguidos do modo como serão citados no anigo: • "/ Fiorttti" ("Floreei/las ,le San Fran· âsco1 - Fiorcui. • Tomás de Cela no, "Yldo dt Son Fran• âsco de Asls .. - Vida. • San Bucnavcntura, "Ü)'tndo dt San 1-Toncisco de Asis" - Legenda. • "&J>tjo d, Ptrfr«ión" - E$p. Pcrf.

2

• '' l.ey-endo de lo,t ,;t.s Comp<Jiieros" 3 Companheiros. Os ·•Fiore11i" s!fo a1ribuídos aos primeiros

com o título de ''úgemlo dos três Comp<i· nhtiros'". Dei a.nos mais tt1.rdc São Boaven-

e mais ínlimos discípulos de São Francisco: Frei Leão, 3 "ov~lhinho d~ Deus", e Frei Masco. No Capítulo Geral de G~nova. dr1244. o Ministro Gcrnl ordenou que todos os

lhantc. da qual rcsultaran1 as anotaç&s que cpnslituJram o "&pell,o de Perfeição'',

frades lhe comunicassem por escrito quanto

soubcs5(.m da vida e dos milagres de São

Francisco. Do eremitério de Grcccio. tr~ companheiros do san10 - Frei l.cão. Frei Rufino e Frej Ângelo - enviaram ao Su~ j>erior Cicral uma relação, publicada depois

tura, então Superior Geral, deu ordem sc·mc--

(2) Segundo a tradiç!o íranClsc-an,1, essa semelhança com o Divino Salvador deu-se até no nascimento de Sito Francisco. Estando a piedosa O. Oomenica Pica, mãe do

s,.anto, suponando as dores de um pano d iflcil, um percgrinO aconselhou-a q ue se

instalasse no estábulo e tudo correria bem.

A cena é s ingelamente retratada num dos nichos do claustro do Convento de Santo Antônio, no Rio, onde há um prct;épio representando o nascimento do Pov,•rello. com os seguintes versos de Frei Francisco de São

Carlos: ·•Em A ssls &ffm se renovo Com tsponlOSó.f sina;s Qual Jesus. f'rontisco nasce f)zlre brutos animol.t". (3) Plinio Corrêa de Oliveira, ·· Revolução

r Contro-Re\·Olução .., in "l'átolldsmo" n.0

100, obril de 1959 - Ponc t, C.p. Ili, SA. (4) Apud Abbt Rohrbachcr, " /liJl()ire Uniw1r.telfe de l'Êgllse Ca1ftofique··. Oaume f-"rtres, l.ibraircs., Paris. 1845. t . XVII, p. 691. (S) Alocução do então Cardeal Sano no Congresso dos ..Católicos Sociais" de toda a Jtálio. reunidos cm Pádua. sob su:;1 direção, cm agoslo de 1896. Apud René Baz.in. "Pi~ X". E. Aammarion, éditcur. Pari$. 1951 , pp. 155 e ss. (6) Llorca ... llis1oria de lo lgleJio Cotó· fica", B.A .C.. 1963, lomo li, p. 075.

CATOLICISMO -

Novembro de 1981


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S

lnvaaore, fa:zem a partilha da terra na fazenda ftupu. em Slo Paulo. - Aa ocupaç6e1 organtzada1. bem como o projeto de u,ucapilo recentement e aprovado pelo Congreuo, preparem o clima para a apllcaç.lo de uma Reforma Agr6ria socialista e confiacatória.

necessidade de uma Reforma Agrária supos1amcntc exigida por populações famintas que "já não agUenta vam mais". ··· Preparai vossas 1nor-

1alhos, senhores barões da 1erra", canta va Vinicius de Morais. Os ambientes politicos se mostravam imersos no emba raço, marasmo e confusã o. A maior pa rte das cúpulas rurais os imitavam. A manipulação psicológica estava bem feita para que as esquerdas empurrasse m o Pais, de um momento para outro, pela ladeira da tão almejada reforma. De um modo ou doutro, sobreveio o tufão salvífico das "Ma rchas da Família'', e dentro do marasmo cintilou co mo uma faísca o livro "Reforn,a Agrário - Ques1fío de Consciência··. A guerra psicológica parou. O drama agro-reformista, que começa ra a encenar-se. se desfez. Os profetas do cataclismo agrário emudeceram. E s uas ameaças se evaporaram.

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Plínio Corrêa d:~ Oliveira

E - POR INFORTÚNIO eu fosse favorável a uma Reforma Agrária radical, teria pedido ao ministro Abi Ackel bem exatamente o projeto de lei de usucapião ru ral que, por proposta dele, o Presidente Aureliano Chaves acaba de enviar ao Congresso Nacional. Eu teria feito anteceder o projeto com uma mensagem exatamente idêntica à que o precede. E teria pedido aos meios de publicidade do País que fizessem cm torno do projeto precisamente o tipo de publicidade que a maior parte deles vem desdobrando em coro. Digo. assim, que o conjunto mensagem-projeto-publicidade constitui uma pequena obra-prima de política. Não emprego esta última palavra em seu sentido rampeiro, que é tantas vezes o corrente. Emprego-a, isto sim, no seu sentido mais fino e subtil. f:, o da política nas mentalidades e nos ambientes. mais do que diretamente nos fatos. A politica que manuseia os acontecimentos, para fazer ou desfaze r estados de espírito e posições ideológicas, abrir ou fechar veredas, na opinião pública, às grandes transformações nacionais. A política. enfim, que não se preocupa senão em terceira plana com problemas eleitoreiros deste ou daquele indivíduo ou clã. Neste campo se desenrolam os mil maquiavelismos da guerra psicológica. Esta, conduzem-na bem os que tendem para o achatamento de todas as classes sociais e a implantação de uma ordem igualitária integral. E mal, os que querem o contrário. Um dos maquiavelismos da 11uerra psicológica consiste cm que seus verdadeiros dirigentes quase nunca aparecem. E os responsáveis i ostensivos por ela sejam não raras : vezes inocentes úteis, propensos a -:: atentar apenas para os-efeitos imc~ diatos das coisas. Pode-se-lhes aplig car a metáfora, inegavelmente cspi~ rituosa, lançada pelo movimento da ;;; Sorbonne de 1968: quando uma -8 mão lhes mostra a lua, fixam a 'o atenção no dedo. .;

Em que sentido o projeto de {! usucapião rural foi uma operação de ·E guerra psicológica igualitária? ~ Já antes de 1964 se vinha arrasl:. tando no Pais uma cantilena sobre a

De algum tempo para cá , o coro dos pregoeiros de ameaças começou a repetir os mesmos slogans, os mesmos exageros e as mesmas pressões da e ra janguista. Desta vez, apóia a Reforma Agrária um dispositivo e piscopal ainda mais compacto. E uma publicidade muito mais ampla e bem treinada. O marasmo invadiu novamente a classe rural. Está tudo pronto para recomeçar. Mas com c uidado. Uma primeira tentativa de ação deu num recente fiasco. No Nordeste, a seca e nsejou cenas de violência que poderiam resultar numa e xplosão. Mas choveu, e a pólvora molhou. O bom povo brasileiro já não simpati,.ara com a violência, endeusada entretanto pela publicidade. O fiasco ocasionado pelas chuvas tornou-a suspeita - pelo menos - d e inautenticidade. Nosso povo, lúcido. desconfiou. O show-primeiro pifou. Deixou-se passar algum te mpo, e veio a onda dos quebra-que bras e

das ocupações. Os que toma m a publicidade como reflexo certo da opinião pública, julgara m que o mundo vinha abaixo. a pontapés de eclesiásticos e a golpes de hissopc. A tensão entre o Episcopad o (inco nformado) e o Governo (defensor da legalidade) c hega va ao auge. Subitamente, tudo pa rou sem se saber como nem porquê. O bo m povo continuara a viver e a trabalhar normalmente, sem se meter nas ocupações (evide ntemente organizadas), e indifere nte a os comícios clérico-<:omunistas a propósito da alta do custo de vida. Um dado, porém, se transformou. A "esquerda-<:a tólica" entrou dentro da ordem legal como uma espada entra na bainha. E neste hiato inesperado o Governo toma nas mãos o estandarte da Reforma Agrária da CNBB e o faz. avançar.

Feliza rda Reforma Agrária. Fra· cassados pelos idos de 60 os que bra ndiam a lei da força, foram lançados à ação, nos últinios anos, os que a legam a Lei de Deus. Porém não lograram sensibili,~~r a grande massa do Pa ís. Mas entram agora na liça , em favor da mesma causa, aqueles a quem toca agir c m nome da lei de Estado. Mas com quanta cautela! O projeto de lei de usucapião rural é tãosó um teste inicial. Tal projeto é muitíssimo mais grave pelo que faz

1961-1981 Vinte anos de lutas e vitórias em favor da propriedade privada • Em 1960, a agitação agroreformista promovida pelas esquerdas, e inclusive por eclesiáshcos esquerdistas, ameaçava eliminar no Brasil a propriedade particular nos campos. • Por detrás da Reforma Agrária , acenava-se com as reformas urbana, industrial, empresarial etc. Assim, o Brasil c ristão era empurrado para o abismo e m que hoje se encontram as infelizes nações subjugadas pelo comunismo.

• 1mpressionada pela ação da demagogia pseudo-<:atólica, a classe rural não via como resistir à avalanche, e começava a desanimar. • Naquela difícil emergência, um grupo de intelectuais católicos que acabava de fundar a TFP levantou como bandeira o livro "Reformo Agrária - Ques160 de Co11sciê11cio", que cm oito meses alcançou uma tiragem de 30.000 exemplares, cm quatro edições consecutivas. • A partir do segundo semestre de 1963 a campanha de difusão de "Reforma Agrária Ques1fío de Cc11sciê11cia'" foi assumida pela TFP, cujos sócios e cooperadores estenderam por todo o interior do Brasil a iníluên-

CATOLICISMO -

eia do /Jest-seller. Foi e nviado na ocasião ao Congresso Nacional um abaixo-assinado que contou co m 27 mil assinaturas de agricultores e pecuaristas - aos qua is se agregara m centenas de pre feitos municipais e vereadores - e m que se manifestava o repúdio da classe à Reforma Agrária confiscatória e socia lista, ao mesmo tempo em que se afirmava a solidariedade dos ho mens do campo às teses d efendidas em RA-QC. • Em torno desta bandeira aglutinou-se forte corrente de opinião, que, somada a outras forças sadias, jogou por terra os elementos que prete ndiam c ubanizar o Brasil. Pode-se apontar ainda como conseqüência dessa reação o fato de que as leis agroreformistas de inspiração esquerdistas aprovadas no Brasil não encontravam, até h.\ pouco tempo, ambiente para sua aplicação, a não se r de forma muito parc imoniosa.

• Derrotado e m 1964, o esquerdismo passou a utilizar requintadas técnicas de guerra psicológica, difundindo na opinião pública um clima de exagerado

Novembro de 1981

ot1m1smo. Este produziu como conseqüência, ao longo da década de 70, o adormecimento da excelente reação contra a Reforma Agrária que se formara no perlodo antenor à Revolução de 64. • Hoje, o agro-reformismo volta à carga, e desta vez com redobrado furor. Repetindo surrados slogans, a agitação comuno-progrcssista procura criar a ilusão de que o Brasil está prestes a explodir cm uma grande convulsão social, caso não seja aplicada de imediato uma radical Re· forma Agrária socialista e confiscatória. • Diante desta nova ameaça, a TFP ergueu uma vez mais sua voz em defesa de um direito sagrado, que é o direito de propriedade, com o lançamento do livro "Sou Cat6/ico: posso ser contra a Reforn,a Agrária?" Escrita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e enriquecida por estudo técnico do economista Carlos Patrício dei Campo, essa obra deixa sem argumentos o adversário. Pois demonstra que a Reforma Agrária socialista e confiscatória, apresentada como sendo a salvação do Pais, trará, caso seja aplicada, conseqüências das mais funestas, tanto do ponto de vista social quanto do econômico.

prenunciar. do que pelo que d iz. Sua leitura dá a impressão de q uc, uma vez aprovado, abrirá caminho para uma o nda agrária incontenlvel. É claro que as pessoas assim ameaçadas por ele gostariam de reagir cont ra a catástrofe. Ou seja, d e momento, contra o projeto do Governo. Quem procu re fazê-lo, ficará pasmo. Pois. à medida que é ana lisado, o projeto como q ue se esfarela. E desse modo, quem ·procura investir contra ele fica mais frustrado a cada passo que avança. A reação se imobiliza assim. E e-orno a publicidade apresenta o projeto como o começo do fim da atual ordem agrária, fica a massa do País com a impressão de uma derrota da propriedade agrícola. Tudo que os fazendeiros perdem com a prescrição qilinqUenária os prejudica incalculavelmcnte menos do que essa impressão de que sua derrota não tem remédio. Enquanto isso, os mentores da CN BB já parecem dar por vencida a atual estrutura agrária, e vão preparando a derrubada da propriedade urbana na reunião de ltaici-82. Espero que do seio da classe agrária brote a oposição que denuncie o que está se jogando. De qualquer forma - como vê o leitor - a lei de usucapião rural constitu i uma inegável obra-prima d e guerra psicológica agro-reformista. Q ue, entretanto, um grande rugido de contra-ofensiva da classe rural ainda pode frustrar. Virá c:;se rugido? É de desejar. A tempo? É de esperar ...

Comfclo em frente à e1taçlo de Centnll do Breolf, no Rio de Janeiro, "m 13 de março de 1964. - O Pai, eoú voltando ao clfma do agitação que marcou 016ltfmo1 m_, do governo Goutert, quando, oob o bafejo do PC. p roctamava-ae a necc,1.aidade de uma Reforma Ag,.ria "urgente". ;

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Rosas, lírios e violetas Durante muito tempo, desejei saber o porquê das predileções de Deus, porque todas as almas não recebiam o mesmo grau de graça; causava-me admiração vê-Lo prodigali7.ar favores extraordinários a Santos que O ofenderam, como São Paulo, Santo Agostinho e a quem forçava, por assim dizer, a receber graças; ou então, lend o a vida de Santos que Nosso Senhor Se comprazia cm mimosear do berço ao túmulo, não deixando, à sua passagem, nenhum obstáculo que os impedisse de se elevarem a Ele e prevenindo essas almas com tais favores que elas não pod iam manchar o brilho imaculado de sua veste batismal, eu me perguntava porque os pobres selvagens, por exemplo, morriam em grande níimero, antes mesmo de ouvir pronunciar o nome de Deus ... Jesus dignou-Se instruir-me sobre este mistério. Pôs-me ante os olhos o livro da natureza e compreendi que todas as flores que Ele criou são belas, que o esplendor da rosa e a brancura do lirio tão tiram o perfume à violctinha e a simplicidade encantadora à bonina... Compreendi que se todas as flores quisessem ser rosas, a natureza perderia seu ornato primaveril e os campos não seriam mais esmaltados de Oorinhas ... Acontece o mesmo no mundo das almas. que é o jardim de Jesus. Ele quis

Fisionomia e p

criar os grandes santos que podem ser comparados aos lírios e às rosas, mas criou também outros menores e estes devem contentar-se em ser bon inas ou violetas destinadas a deleitar os olhares do Senhor, q uando Ele os abaixa para seus pés. A perfeição consiste em fazer a sua vontade, em sermos o que Ele quer q ue sejamos...

Santa Teresinha POUCOS SANTOS deixaram à posteridade sinais tão palpáveis de sua vida como Santa Teresinha do Menino Jesus da Santa Face (187l-1897). A providencial circunstância de sua irmã Celina ter entrado para o Carmelo levando um invento ainda recente - a máquina fotográfica - permitiu registrar em toda a sua riqueza a fisionomia dessa alma que foi esplêndido florão do Carmelo e perfumou o ocaso do século passado. A coleção de fotografias de Santa Teresinha - "Visage de Thérêsc de Lisieux" - foi editada em 1961, em excelente apresentação gráfica, pelo Office Central de Lisieux (SI, rue du Carmel - Lisieux, Calvados - França), da qual selecionamos algumas, q ue ilustram estas pág\nas. Os textos reproduzidos são da própria Santa Teresinha, extraídos de seus "Manuscritos Autobiográficos", traduúdos e publicados no Brasil pelo Carmelo

(p. 30-32) Sonto Toroainho. aos 8 onos,

em 1881. com sua irml Celina

Enferma, recebe o sorriso da Virgem

-

Em fevereiro do 1886. com 13 anos

Não achando socorro algum sobre a terra, a pobre Teresinha voltara-se, também, para sua Mãe do Céu, suplicando-Lhe de todo seu coração, que tivesse, enfim, piedade dela ... De repente, a Sant íssima Virgem pareceu-me bela, tão bela como jamais vira algo semelhante;. seu rosto respirava uma bondade e uma ternura inefável, porém o que me penetrou até o fundo da alma foi o "encantador sorriso da Santíssima Virgem". Então, desvaneceramse todas as mjnhas penas, duas grossas lágrimas jorraram-me das pálpebras e correram-me silenciosamente pelas faces. Eram lágrimas de uma alegria sem mescla ... Ah! pensei, a Santíssima Virgem sorriu-me. Como sou feliz ... mas nunca o direi a ninguém, pois então minha felicidade desapareceria. Sem nenhum esforço, baixei os olhos e vi Maria {irmã de Santa Teresinha] que me olhava com amor; parecia emocionada como a pressentir o favor que a Santíssima Virgem me concedera... Ah! era a ela [Maria), às suas tocantes orações que eu devia a graça do sorriso da Rainha dos Céus. Vendo meu olhar fixo cm Nossa Senhora, ela pensou: "Teresa está curada!" Sim, a florzinha voltava a viver... (p. 95)

Sede de almas Olhando, certo domingo, uma fotografia [estampa] de Nosso Senhor na Cruz, fiquei emocionada. Vendo o sangue que corria de uma de suas mãos divinas, senti grande dor pensando que este sangue caía por terra sem que ninguém se apressasse em recolhê-lo. Resolvi conservarme cm espírito ao pé da Cruz para recolher o divino orvalho que dela corre, compreendendo que deveria, em seguida, espalhá-lo sobre as almas... O grito de Jesus na Cruz ressoava, contínuamente, em meu coração: "Tenho sede" (Jo. 19, 28). Estas palavras acendiam cm mim um ardor desconhecido e muito vivo ... Queria dar de beber a meu Bem-Amado e sentia-me também devorada pela sede das almas ... Não eram, ainda, as almas dos sacerdotes q ue me atraiam, mas as dos grandes pecadores; ardia no desejo de arrancá-las às chamas eternas ...

(p. 131)

A caminho de Roma... [No dia 7 de novell1bro de 1887, Teresa Martin; então co,n 14 anos, partiu de Paris, em companhia de seu pai e sua irmã Cetina, incorporados a uma peregrinação] Supliquei ainda a Aoa 16 anos. Esse penteado. ela o adotara entes do partir para Roma. a fim de p.arecer mais velha. Pois ia pedir ao Papa Leio XIII

permiulo para ontrer no Car•

melo aposar do nlo tor idade par& tal.

Nossa Senhora das Vitórias que afastasse de mim tudo o que pudesse manchar minha pureza; não ignorava que numa viagem como esta à Itália, encontrar-se-iam muitas coisas capazes de me perturbar, sobretudo porque, não conhe-, cendo o mal, temia descobri-lo. (p. 161)

...contemplando a natureza Achávamo-nos, por vezes, no cimo de uma montanha; a nossos pés, precipícios, cuja profundidade o olhar não podia sondar, pareciam prestes a nos engolir ... Ou, então, um encantador vilarejo com seus graciosos chalés e seu campanário, acima do qual balançavam docemente algumas nuvens cintilantes de brancura ... Mais longe, um vasto lago dourado pelos últimos raios do sol; as ondas calmas e puras, tomando o colorido azulado do céu, mesclado com os fogos do ocaso, apresentavam a nossos olhos maravilhados o espetáculo mais poético e encantador que se possa ver. Ao fundo do vasto horizonte percebiam-se montanhas, cujos contornos indecisos teriam escapado a nossos olhos se seus cumes nevados, que o sol tornava resplandecentes, não viessem acrescentar um encanto a mais ao belo lago que nos arrebatava ... (p. 163)

No C:..rmelo de

üsievx,

poucos dias epós tomar o

hábito de Noviça. em janeiro

de 1889

Na montanha do Carmelo, à sombra da Cruz

Com suas irmls e sua prima (de véu

branco}, noa cuidados da sacristia

A florzinha transplantada sobre a montanha do Carmelo devia desabrochar à sombra da Cruz; as lágrimas, o sangue de Jesus tornaram-se seu orvalho e a Face Adorável, velada de lágrimas, foi o seu Sol [no Carmelo, Teresa Martin recebeu o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus da Santa Face]. .... Compreendi o que era a verdadeira glória. Aquele cujo reino não é deste mundo (Jo. 18, 36) mostroume que a verdadeira sabedoria consiste em "querer ser ignorado e contado por nada" ("Imitação de Cristo", L. 1, cap. 11, 3) - "cm pôr sul\ alegria no desprezo de si mesmo" (id., L. 111, cap. XLIX, 7). Ah! queria que, como o de Jesus, "o

meu rosto fosse verdadeiramente escondido e que ninguém me reconhecesse sobre a terra" (ls. 53, 3). Tinha sede de sofrer e ser esquecida ... Quão misericordiosa é a via pela qual o Senhor sempre me conduziu; )amais me fez desejar alguma coisa que não ma desse; por isso meu cálice amargo pareceu-me delicioso. (pp. 195-196)

Desejo ardente de todas as vocações Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, por minha união conTigo, a mãe das almas, isto deveria bastar-me... Não é assim ... Este três privilégios - Carmelita, Esposa e Mãe - são, sem dúvida, minha vocação. Entretanto, sinto cm mim outras vocações. Sinto-me com a vocação de guerreiro, de P9dre, de Apóstolo, de Doutor, de Mártir Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por Ti, Jesus, todas as obras mais heróicas ... Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo pontiflcio. Quisera morrer sobre um campo de batalha, pela defesa da Igreja ... (p. 244) 4

CATOLICISMO -

Novembro de 1981


Sonhando com o martírio

ensamentos de

do Menino Jesus do Imaculado Coração de Maria e Santa Tcresinba (06700 - Cotia, São Paulo). Essa tradução constitui obra benemérita empreendida por aquele mosteiro contemplativo, empenhado em diíundir no Brasil o pensamento da extraordinária carmelita de Lisieux. Para maior íacilidade de leitura, alteramos a pontuação de algumas frases, onde virgulas Coram substituídas por pontos ou travessões. Eliminamos ainda algumas reticências, que aparece.m com muita freqüência no texto original. Pequenas mod ificações que, naturalmente, não alteram o pensamento da Santa. Ao oferecer esta sucinta compilação a nossos leitores, julgamos contribuir para o melhor conhecimento do que seja a autêntica santidade. Infelizmente, esta tornou-se desconhecida por parte de nossos contemporineos, parecendo estar como que,exílada deste mundo dom.i nado pelo materialismo e pela sensualidade.

Quisera percorrer a terra, pregar teu nome e implantar no solo infiel tua Cruz g loriosa. Mas. ó meu Bem-Amado, uma só missão não me bastaria. Quisera, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do mundo e até nas ilhas mais afastadas... Quisera ser missionária, não somente durante alguns anos, mas quisera tê-lo sido desde a criação do mundo e sê-lo até a ronsumação dos séculos... Quisera sobretudo, ó meu Bem-Amado Salvador, derramar meu sangue por Ti. até a última gota ... O Martírio, eis o sonho de minha juventude. Este sonho cresceu comigo nos claustros do Carmelo ... Sinto, todavia, que, nisto ainda, meu so nho é uma loucura, pois não me limito a desejar um gênero de martírio. Para satisfazer-me precisaria de todos... Co-

mo Tu, meu Esposo Adorado, quisera ser flagelada e crucificada ... Quisera ser esfolada como São Bartolomeu. Como São João, ser mergulhada no azeite fervendo. Quisera sofrer todos os suplícios infligidos aos mártires. Com Santa Inês e Santa Cecília, quisera apresentar meu pescoço à espada. E como Joana d'Arc, minha irmã querida, quisera, sobre a fogueira, murmurar teu nome, ó Jesus... Evocando os tormentos que serão a partilha dos cristãos no tempo do Anticristo, meu coração exu lta e quisera que estes tormentos me fossem reservados ... Jesus, Jesus, se quisesse escrever todos os meus desejos, ser-me-ia preciso tomar o livro da vida, onde são relatadas as ações de todos os Santos e essas ações quisera tê-las reali1.ado por Ti. (p. 245)

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Representando o papel de Sanl8 Joana d ' Arc, em 1896. numa peça

O Amor de Deus encerra todas as vocações

teatral repre• sentada ao

Na hora da oração, fazendo-me estes desejos sofrer um verdadeiro martírio, abri as epistolas de São Paulo, a fim de procurar alguma resposta. Os capítulos XII e XIII da primeira epístola aos Coríntios caíram-me sob os olhos ... Li, no primeiro, que todos não podem ser apóstolos, profetas, doutores etc., que a Igreja é composta de diferentes membros e que o olho não pode ser-, ao mesmo tempo, a mão. A resposta era clara, mas não satisfazia meus desejos .... Sem me desanimar, continuei a leitura e esta frase aliviou-me: "Procurai com ardor os dons mais perfeitos, mas vou mostrarvos, ainda, uma via mais excelente" (1 Cor. 12, 31). E o Apóstolo explica como os dons mais perfeitos nada são sem o Amor, e que a Caridade é a via excelente que conduz, seguramente, a Deus. Encontrei, enfim, o repouso... Considerando o Corpo Místico da Igreja, não me reconheci em nenhum dos membros descritos por São Paulo, ou antes, queria reconhecer-me cm todos. A Caridade deu-me a chave de minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o mais necessário, o mais nobre de todos. Compreendi que a Igreja tinha um Coração, e que este Coração era ardente de Amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja e que se o Amor viesse a se extinguir, os . Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires recusariam derramar seu sangue ... Compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que o Amor é tudo, abraça todos os tempos e todos os lugares ... Numa palavra, que ele é eterno! No excesso de minha alegria delirante. exclamei então: ó Jesus, meu Amor, encontrei enfim minha vocação. Minha vocação é o Amor! Sim, encontrei meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes ... No Coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor... assim serei tudo... assim será reali1.ado o meu sonho!!! (pp. 246-247)

Convento com as irmis do Noviciado

Santo Terosinha em

1895

Flores entre espinhos Cantarei, mesmo quando for preciso colher minhas flores entre os espinhos. Meu canto será tanto mais melodioso quanto mais longos e agudos forem os espinhos . (pp. 249-250) J6 visi· velmente atingida pela tuber· culose. em 7 de junho de 1897

A ''pequena via'': fazer as coisas pequeninas por amor de Deus Como, porém, testemunhará seu Amor, já que o Amor se prova pelas obras? Pois bem! A criancinha jogará flores, embalsamará com seus perfumes o trono real, cantará com s ua voz argentina o cântico do Amor. Sim, meu Bem-Amado, eis como se consumirá minha vida ... Não tenho outro meio de provar-Te meu amor a não ser jogando flores, isto é, não deixando escapar nenhum sacrificiozinho, nenhum olhar, nenhuma palavra, aproveitando todas as pequeninas coisas e fazendo-as por amor. (p. 249) Em 1 896. num dos trabalhos domésticos do Carmelo

Ne enfermaria do Convento. em 30 do agosto de 1897. debílltada pela tuberculose

Vítima expiatória do Amor Misericordioso Jesus, sou pequenina demais para fazer grandes coisas. Minha loucura consiste ·em esperar que teu Amor me aceitará como vitima. Minha loucura consiste em suplicar às Águias, minhas irmãs, obtenham-me o favor de voar até o sol do Amor com as próprias asas da Águia Divina (cfr. Deut. 32, 11). Ó meu Bem-Amado, teu passarinho ficará sem forças e sem asas todo o tempo que quiseres. Permanecerá sempre com os o lhos fixos cm Ti. Quer ser fascinado por teu divmo olhar, quer se tornar a Ilresa de teu Amor ... Tenho esperança de que um dia, Aguia Adorada, virás buscar teu passarinho e transportando-Te com ele ao Foco do Amor, mergulhá-lo-ás, por toda a etern.idade, no ardente Abismo deste Amor a9 qual se ofereceu como vítima. (p. 254) CATOLICISMO -

Novembro de 1981

No Parafao:

a 1.0 deoutubro do 1897, dia seguinte ao da eua morte

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Regime da Nicarágua co.nfessa-se marxista-leninista M SUA EDIÇÃO de 2 a 8-10-8 1, o órgão oficioso da Arquidiocese paulopolitana, "O São Paulo", pubhcou entrevista de dois nicaragüenses que permaneceram IS d ias no Brasil. T rata-se do Pc. Pedro Leoz, do Centro de Educação e Promoção Agríc,ola, e de Juan Isidro B'Etanco, coordenador das Comunidades Camponesas Cristãs da Nicarágua . Este apresentou como objetivo da visita "i11for11u,r e intercambiar o processo cristão da Nicardgua. que se fez a1ravés da.r Co1111midades Eclesiais de Base. 110 processo revoluâontírio". Sobre o proce.-.so revolucionário nicaragliense, "O São Paulo" reconhece que pairam dúvidas. E apresenta os "esclarecin1e11tos'' do Pe. Lcoz sobre uma delas: qual a tendência ideológica de tal processo? - "Não há 11enhuma n1ais inzponante ou predo,nina111e. Somos um povo e um gover110 que 011alisa a realidade do pais e age de acordo ro,11 essa 11ecessidade", responde o sacerdote. Acrescenta a seguir que a Junta do Governo da Nicarágua vem respor,dendo satisfatoriamente aos objetivos primeiros propostos pela Revo lução. Entretanto, o problema ainda é a burguesia que não queria uma troca de sistema. apenas de governo.

E

"Nossa doutrina é o marxismo-leninismo·• A declaração do Pe. Leoz entra cm rombuda contradição com o pronunciamento do ministro da Defesa nicaragUense, Humberto Ortega Saavedra, que afirmou: · - "Nossa/orça polltica e moral é o sandinismo. e fl nossa doutrina é o 1narxisn10-le11inis1no".

As declarações de Ortega, que é também comandante do "Exército

Popular Sandinista" e chefe nacional das "M ilíci'as Sandinistas", foram publicadas pelo jornal "La Naci611", de San José (capital da Costa Rica), em 9-10-81. 'é a primeira vez que um dos nove membros da direção nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) identifica de modo tão claro o regime nicaragUense com a ideologia marxista-leninista. Em seu discurso a cerca de 40 "especialistas" do Exército da Nicarágua, Ortega declarou ainda que "o

irnperia/isrno norte·americano, os i-

nimigos de classe i11ternos. a burguesifl vende-pá1ria. .... organizações de direita e demais forças contra-revolucionárias .... não descansam, 1raballlflm dia a dia para destruir nosso processo, apoiando os acampamentos dos guardas que foram derrotados pelo povo armado. e os contra-revolucionários de diversos poises onde o povo tomou o poder, con10 en, Cuba e no Vie111ã". Por isso, acrescenta Humberto Ortega, "nossa Revolução tem 11111 caráter pro/undmnente antii,nperialista, revolucionário, classista e antiburguês. .... nos guiamos pela doutrina científic<1 da Revolução, pelo 1narxis1no-leni11is1non. "O sandinis1110 é a expressão con-

creta do desenvolvimento his16rico da luta 110 Nicarágua; sem sandi· nismo não podemos ser 1narx is1asleninis1as e o sandinismo sem rr,arxismo-leninismo não pode ser revolucionário; por isso estão indissoluvelnzente unidos". - "O n1arxismoleni11ismo é o instrumento de antílise para entender o processo hist6rico da revolução nicaragüense".

Confisco em questão de horas Ao definir sua concepção dos blocos internacionais, Ortega colo-

cou implicitamente a Nicarágua no âmbito marxista, afirmando: "A humanidade se encontra polarizada em dois gra11des campos: de uni lado o imperialismo, o campo do capita/isn10 encabeçado pelos Estados Unídos e resto de países capitalistas da Europa e do mundo, e por outro lado o campo socialista, comP,osto por vários países da Europa, ifsia e América uuina, encabeçados pela União Soviética". Quanto à oposição ao processo revolucionário em seu pais, o ministro nicaragUense d isse: "Deven1os ton,ar en, co111a a atividade contrarevolucionária dos setores burgueses que ainda estão na Nicarágua. .... Por um lado temos o atraso do pais. a ínexperiê11cia da revolução por ser jovem; por ou1ro lado, .... a <llivi<lade dos capitalistas .... e <1 atividade do clero contra-revolucionário. que se opõe a que os religiosos patrioms e revolucionários c·olaborem de cheio com a revolução, como o estão fazendo Ernesto Cardenal, Fernando Cardenal. Miguel D' Escoto e Parrales". O "comandante da revolução", grau militar má.ximo q ue se confere na Nicarágua, deixou claro cm seu discurso que a aliança com outros setores que colaboraram para a vitória da FSLN é meramente tática, e reiterou que o atual regime é o que deve manter a hegemonia do processo. "Esta burguesia vende-pátrio foi acei1<1 porque p erntitimos, mas a qualquer mo,nento podemos tomar suas ftíbricas sem disparar um s6 tiro, porque não são capazes de ernpunhar suas nnn"s contra nós. pois são covardes". O confisco das propriedades da burguesia que permanece no país, concluiu o chefe sandinista, pode ser executada cm apenas meio dia.

Por outro lado, o ex-líder sandinista Gregório Cuadra, asilado na Costa Rica, revelou que o regime nicaragücnse aumentou o número de bases militares no pais com a ajuda de Cuba e da Rússia. Em suas declarações, publicadas também pelo jornal "La Naci6n", de San José. Cuadra informou que seis

Humborto Ortega Soavodra. chefo das miHcias pcpulares sandinistas

novas bases foram instaladas, com contingentes de 500 a 1.200 homens e equipad as com ta nques russos e aviões cubanos. Acrescentou ainda q ue o irmão de "Che" Guevara, Domingo Guevara, é agora "o ho1ne1n fone da Nicarágua". assessorando os serviços 'de segurança do regime.

mencionado mm1stro da Defesa, veio ao Brasil. Ele participou de uma reunião no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), em homenagem aos guerrilheiros sandinistas nicaragUenses, sendo freneticamente aplaudido por grande número de membros das comunidades de base, "teólogos" de várias confissões religiosas, padres e freiras. O anfitrião do encontro foi o próprio Cardeal D. Pau lo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da PUC-SP, tendo dirigido a sessão Frei Bctto, o dominicano envolvido com o movimento terrorista em 1968. Na ocasião, D. Pedro Casaldáliga, Bispo-Prelado de São Félix do Araguaia (MT), colocou a jaqueta do uniforme sandinista e afirmou: "Eu ,ne sinto. vestido de guerrilheiro. como me poderia sentir para111e11tado de padre". A platéia delirou. "O São Paulo" destacou o evento, estampando então na primeira página: "Fé, pol/tica, revolução e evangelho é uma s6 verdade. Nicarâgua é apenas "'" con,eço ". Daniel Ortega declarou naquela noite de 1980 que na Nicarágua "ser cristão é ser revolucionârio". Agora seu irmão completa: ser re volucionário ser marxista. Ou seja, ser ateu, concluímos. Todo esse comprometimento eclesiástico com a revolução nicaragüense foi denunciado com base cm farta documentação, por "Catolicis1110" de julho-agosto de 1980, n.•s

e

355-356.

Noite Sandinista No dia 28 de fevereiro de 1980, outro líder sandinista da Nicarágua, Daniel Ortega, atual chefe da Junta de Governo nicaragiiense e irmão do

Agora, aquela denúncia ganha novas cores, pois a própria revolução sandinista arranca sua máscara e mostra sua verdadeira face.

Carlos Sodré Lanna

Livre iniciativa ou mitos socialistas? WASHINGTON - "uvore111os conosco idéias profundas e construtivas. destinadas a desfechar uma estratégia de cooperação para o crescimento global. que beneficiarâ tanto as nações desenvolvidas quanto as em desenvolvimento". Foi o que declarou o presidente norteamericano Ronald Rcagan, cm Filadélfia (EUA), pouco antes da Conferência de Cancún, no México, onde se reuniram lfdcres de 22 Estados para estudar o relacionamento entre países desenvolvid os e cm desenvolvimento, d a qual participou o Brasil, ocupando papel de destaque. Nesse seu pronunciamento anterior à reunião de Cancún, Rcagan delineou a política norte-americana cm relação aos países cm desenvolvimento, enumerou os múltiplos benefícios j,\ concedidos a eles e rca Içou o valor da iniciativa privada nos empreendimentos e a cooperação desta com o governo como meio de os países e m desenvolvimento alcançarem o progresso econômico e tecnológico. "Povos livres constroem mercados livres, que desfecham no desenvolvimento dinâmico para 10-

dos. .... Os países e111 desenvolvimento que ,nais crescern na Ásia. África e América Latina são os que 111ai.1· liberdades dão a seus povos a liberdade de escolher. de adquirir propriedades. de decidir onde trabalhar e de investir num sonho fu-

""º"· E prova

sua tese lembrando a situação das nações dominada~ pelo comunismo. "Talvez a melhor prova de que o desenvolvimento e a liberdade eco11ô111il·a andam ele ,nãos dadas possa ser e11,·0111rada num país que nega a liberdade <10 seu povo - a União Soviética. .... Eles [os soviéticos] 1ê111estado numa continua maré baixa. .... Os 3% de toda a áret/ agrária nacio110/ que os agricultores soviéticos Jê1n per111issão/ para cultivar privadwnente .... pro, duzem 30% de todo o /e,te, carne e vegetais da Rússia, 33% dos ovos.e 61% das batatas!" (Como se saife, algo de análogo ocorre cm muitos outros palses da cortina de ferro). Apesar disto, acentuou Reagan, "fui uma vasta ca,npanha de propaganda para convencer o mundo de que o capitalismo dos Estados U11i-

dos é responsável pela pobreza e forr,e 1nundiais. .... No entanto, a cada ano. os Estados Unidos dão mais ajuda alimentar do que as outras nações combinadas. No ano passado. demos duas vezes mais ajuda oficial para o desenvo/vi,nen10 do que qualquer outro país". E Rcagan ai nda acrescentou que os EUA prodigalizarão mais benefícios aos países em desenvolvimento, principalmente a setores privados da agricultura e ao campo energético. Ta l pronunciamento do dirigente norte-americano seria de molde a arrancar expressões de contentamento e apoio por parte dos países 1 do Terceiro Mundo, que deveriam sentir-se estimulados a repudiar o sistema coletivista. Entretanto, a proposta de Reagan de incentivar o setor privado e a liberdade econômica não repercutiu favoravelmente c m Cancún. Ao mesmo tempo, as sucessivas sugestões que a França socialista vem fazendo - também reiteradas e m Cancún - para que os países do Terceiro Mundo formem um bloco monolítico a fim de resolverem seus próprios problemas,

granjearam-lhe larga publicidade. De si, a proposta não é má. Entretanto, quem pode garantir que Mitterrand não quererá atrair gradativamente os países do Terceiro Mundo pa ra sua área de influência e futuramente constituir com eles uma frente única hostil à política norteamcricana, a qua l ele vem paulatinamente criticando? Se isto ocorrer, de imediato será o socialismo francês q ue lucrará, enquanto enfraquecerá a posição dos Estados Unidos no Ocidente, isoland o-o. Ou seja, cm última análi.se, será a Rússia que será beneficiada com o avanço do prestígio da França socialista entre os países do Terceiro Mundo. Esta, além do mais, se alcançar as "boas graças" dos terceiromundistas, certamente aproveitará para instilar junto a eles o veneno socialista. Nessa atmosfera de expectativa, ocupa lugar decisivo o Brasil. Em Cancú n acentuou-se a posição de· liderança que o Brasil vai assumindo entre os países do Terceiro Mundo. Entretanto, o gigante brasileiro não poderá manter-se estavelmente só.

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A reunllo do Canc~n (M6,k:oJ compareceram numeroso, chefes de Eatado • do governo

Com o tempo, ele mesmo terá que apoiar-se numa das superpotências que se digladiam: Estados Unidos ou Rússia. Alimentamos a esperança de que o bom senso brasileiro venha a prevalecer, desviando o Pais da influência nefasta do totalitarismo ateu e antinatural, seja na versão brutal do bolchevismo, seja em sua expressão mais recente e risonha, representada pela França de Mitterrand . (Agência Boa Imprensa -

ABIM)

Mário A. Costa

8AtoLnCil§MO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor: Pa ulo Corrêa de Brito Filho

Diretoria: Ru.a dos Goitaca1.es. 197 • 28100 - Campos, RJ. AdmlnlS1raçlo: Rua Dr. Maninico Prado, 271 • 01224 - São Paulo, SP • PABX 221-87SS (ramal 211). Composto e impresso na Artprc$$ Papf1s e Artes Oráficas Ltda.. Rua

Garibatdi, 404 - Ot 13S - São Paulo, SP . .. Catolicismo"' ~ uma publicação mcn~ sal da Editora Padre Belchior de Pon-

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Sio Paul<>·t SP

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CATOLICISMO -

Novembro de 1981


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• BRILHO da Estrela d'Alva é intenso. Ao Oriente, o tom lilás vai levemente transformando o azul celeste, profundo no zênite, pálido ao nascente. Embalsama a madrugada a brisa fresca. No casebre próximo àquela encantadora praia do Nordeste brasileiro acende-se um lampião, abre-se uma janela. Jerônimo olha a espuma branca que acaricia a branca areia. E ouve ao longe o rugir de ondas que se espatifam contra arrecifes impávidos. É hora de começar a faina. Cabaça d'água, frugal repasto no embomal, instrumentos de pesca... é tudo. Encomenda-se a Deus e à Virgem dos Navegantes, troca algumas palavras com a mulher, toma seu café e dirige-se à velha jangada construída com simples troncos de madeira.

O

Momento raro: ali está o tubarão faminto rondando a jangada. Pendurada no mastro que sustenta a vela, o pescador previdente tem a arma com a qual vai enfrentá-lo. Trata-se da abóbora que mantém cozinhando num caldeirão amarrado a um pequeno fogareiro. O jangadeiro lança na água a quentíssima abóbora. Engole-a o perigoso peixe... E sofre as conseqüências intestinas do ali.mento esfriado apenas superficialmente, pelo contato com a água. No interior do tubarão, a abóbora desprende todas as calorias acumuladas. O De manhl. a partida Rumo ao alto mar, de.afiando o perigo

mam acarretar. Na solidão do mar, não precisa exibir-se a outras pessoas para aplaudirem sua audácia. Ele quer ser grande, sim. Mas daquele tipo de grandeza singela do mar, que ele admira e doma, e em cujos ares Jerônimo respira e cresce a seus próprios olhos. Ou melhor, aos olhos de Deus, em Quem ele crê e espera. E cuja solidão no Horto das Oliveiras, ele imita.

..

-· .....--

0 céu, há pouco róseo, enrubesceu, e logo mais estará dourado. E em douradas ondas navegarà o jangadeiro para alto mar. Só, Jerônimo parte para desafiar o oceano, ao sabor dos ventos, das tempestades ou das calmarias. Nesse mar de audácias, o jangadeiro sente-se à vontade. Espírito lúcido como a claridade do dia, afoito como as correntezas, varonil como um guerreiro, Jerônimo contempla a vastidão das águas, e tem vontade de enfrentá-la a fim de que sua alma se torne grande como ela. Porque só a vastidão do mar pode encher sua alma sedenta de proezas.

começa a despontar no horizonte. Aos poucos ele se aproxima, sendo saudado pelas crianças com saltos e gritos de alegria. São seus filhos. Em sua face, já marcada pelos anos de árdua labuta, estes percebem o dia de riscos e proezas por que ele passou. Ao cair a noite, sentadas junto aos coqueiros, as crianças pedem ao jangadeiro com insistência para contar aquele episódio, que repetirão mil vezes ao longo da vida, do estratagema que Je-· .. rônimo empregou para vencer o tubarão feroz. Um dia, porém, Jerônimo Antes do cair da tarde, é partiu. E não mais voltou. Morrera em seu campo de preciso voltar, aproveitando a batalha. O mar, em sua granmaré. Da praia, pode-se divisar a- de1..a , era digna sepultura de tão quele pequeno ponto branco que grande alma.

peixe se contorce, agita ás águas, Se a jangada vira, ele merfoge para morrer mais tarde. É gulha, dá un1 jeito de levantar o um inimigo vencido pela pers- mastro e coloca-se de pé novapicácia. ·mente. Dificilmente seus utensílios se perdem, porque ele os .. amarra sempre com cuidado. É nessa luta cotidiana que o jangadeiro se realiza. Aquela vastidão do mar lhe satisfaz o espíE Jerônimo continua a la- rito. Pobre, não cobiça riquezas buta, com a água a lhe banhar as e dispensa os mil dissabores e pernas e o sol a lhe tostar a pele. preocupações que estas costu-

Em ceNrioa chaioa de poesia, aliment a-ae o eaplrito 6plco doa homana do mar

Ao final da jorna da, o jangadeiro ramamon aa lutaa ampraendidaa a auaa oontamplaçõea na vaatldlo do oceano CATOLICISMO -

Novembro de 1981

7


IJATOJLilC]§MO -

--------*

O PAPA ESBOFETEADO Nelson Ribeiro Fragelli nosso correspondente

ROMA - No Canto XX do "Purgatórío" de sua "Divina Co,nédia", assim descreve Dante Alighieri o gravissímo ultraje de Anagni, cometido na pessoa do Sumo Pontífice pelo embaixador do Rei da França: "Veggio in Alagna intrar la fiordaliso, E nel Vicario suo Cristo esser cauo. Veggiolo uri'altra volta esser deriso; Veggio rinnovelar /'aceto e·/ /ele, · E tra vivi ladroni essera11ciso" (*). Corria o mês de setembro de 1303. O Papa Bonifácio VIII acabava de celebrar em 1300 o primeiro Ano Santo - instituição que a partir dele tornou-se costume na Igreja até nossos dias. Na França reinava Filipe IV, dito "o Belo" - neto do grande São Luís IX. modelo de soberano católico, que no leito de morte ditara ao filho as magníficas "Instruções'' de como bem reinar. O neto de São Luís, entretanto, não parece ter aproveitado as lições do avô. Por uma querela entre marinheiros, quase levou a França à guerra contra a Inglaterra, o que não ocorreu devido à intervenção do (•) "Vtjo c•rtlrar em Anagni a jlor-,lc-li:t, E Cristo em St'u Vigário .'tt r feito talivo. Vl'jo-0 ser outra ve: i'1juria<lo: V("jo-0 sorvtr 1ft 110,·o e ft"I e o vinagre. E ,•ntre vivos J"drões tt·r moru: lema",

Papa. Tendo o monarca mandado prender o Bispo de Pamiers, o Pontífice fez-lhe saber que o Prelado devia ser julgado por uma corte especial. E a esse propósito dirigiu ao Rei da França paternais admoestações, na Bula "Ausculta. fili". Ao recebê-la, Filipe IV convocou os Estados Gerais e moveu-os a apoiá-lo contra o Vigário de Cristo. Despachou então para Anagni terra natal de Bonifácio VIII, onde já se tornara costume residirem os Papas em certos períodos do ano -

na pequena cidade do Lácio na noite de 7 para 8 de setembro. Queimaram a porta da catedral, e por uma passagem coberta atingiram o palácio pontifício. Bonifácio VIII compreendeu o que se passava e preparou-se para tudo sofrer revestido de sua inteira dignidade. Envolveu-se no manto pontifical, ordenou que lhe colocassem a tiara e tomou numa das mãos as Chaves e na outra a Cruz. Assim aguardou os invasores, sentado em seu trono. E nessa posição o cnconO Palécio dos Papas. em A · nagni. palco do acontecimen10 que elguns his-

toriadores con•

sideram simbolizar o fim da supremecie do

Poder Espiritual

Embaixo: Sala do Ultraje. on-

Bonifácio

V111

foi insultado e proso polo em• b&ixador de Filipe IV. Rei da

França

traram e ultrajaram os enviados de Filipe IV. O legista sacrílego esbofeteou o Vigário de Cristo e o constituiu prisioneiro. Pouco depois, libertado por intervenção do povo de Anagni, Bonifácio VIII partiu para Roma onde, no mês seguinte, morreu de desgosto. Desde então, os Papas não mais retornaram a Anagni. Revestido de características tão graves, o ac-0ntecimento é apontado por vários historiadores de valor como o fato que simbolicamente marca o fim da Idade Média. Séculos de influência salutar da Igreja, modelando a mentalidade dos povos e formando a civilização cristã ali se encerram. A partir de então, instaurou-se nova mentalidade. O laicismo passou a predominar nas relações entre o Poder espiritual e o Poder temporal, entre os Estados, os grupos socia is e os indivíduos. O espírito sacra! que, embora já cm decadência, presidira até aquela ocasião a vida dos povos integrantes da Cristandade, foi abatido. Não sem razão, portanto, é Filipe o Belo considerado o primeiro dos soberanos modernos.

fB' ...

• Quem hoje visita Anagni - sobretudo por ocasião do aniversário da terrível injúria ocorrida há quase sete séculos - encontra a pequena

uma embaixada chefiada por Guilherme de Nogarct.

91' •Õ• Legista e articulador da política do Rei contra o Papa, o embaixador francês penetrou com seus sequazes

Falecem dois amigos de · ''Catolicismo'' JÁ ESTAVA pronto nosso número especial (agosto-outubro de 1981) sobre o rcvigoramento de modas e costumes tradicionais nos Estados Unidos, quando ocorreram ós falecimentos de dois grandes amigos de "Càtolicis1110": o Arcebispo Metropolitano de Cuia-

bá, D. Orlando Chaves, S.D.B., e o cooperador da TFP no Rio de Janeiro, engenheiro João Carlos Thomaz Pereira. Esta folha não poderia deixar de registrar com dor a perda deambos,quea títu· los diversos batalharam meritoriamente em prol da causa da Igreja.

Busto do Papa Bonifácio VIII, om Anagni (Amoito dí Cambio. 1245-1302)

cidade aprazível e acolhedora, bem parecida ao que era no tempo cm que abrigava os Papas. Erguida no alto de uma montanha onde continuamente cantam os ventos, suas construções de pedra, simples e imensas, sucedem-se sem nenhuma preocupação geométrica, deixando entre si lugar para vielas, becos e ladeiras. Arcos e pórticos de antigos edificios conduzem a outras travessas ou praças. que o visitante percorre, já quase sem saber em que século está vivendo ... Sisuda em sua graciosidade medieval, Anagni conserva ainda, na forma sensivelmente pesada de seu silêncio e de sua imobilidade, o estigma de uma vida brutalmente truncada naquela noite de setembro, quase 700 anos atrás. Noite trf,gica cm que um Papa ultrajado dela se retirou e seus sucessores nunca mais voltaram. Numa de suas vias pitorescamente tortuosas, a seta indica: Palácio dos Papas. Entra-se. Construído no século XII, o palácio atrai o visitante. Mas a atenção deste concentra-se num só ponto, e não sossega enquanto não o encontra. E achando-o, o que viu antes e verá depois perde-se nas brumas. Tal ponto é a sala do trono pontifício, conhecida depois de. 1303 como a Sala do Ultraje. Ela está práticamente sem móveis. M.as de modo algum vazia. Não há muito o que observar. No entanto, o homem com espírito de fé não se cansa de olhá-la. É pouco o que se teria a descrever, embora o que sugere ao espírito mereça um livro. Pois ali se vê um desenrolar histórico inesgotável. E as frases de Dante brotam na memória para ilustrar o imponderável do ambiente: ''Veggio in Alagna intrar lo fiordaliso... Veggiolo un'altra valta ... Veggio rinnovelar... "

_,..,..,._..,.~.,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,._.,.,..,..,..,..,..,..,...,.~..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,..,._,..

D. Orlando Chaves, S.D.B. D. Orlando Chaves nasceu em Campina Verde, no Triângulo Mineiro, em 17 de fevereiro de 1900. Tendo ingressado na Congregação Salesiana (Sociedade Dom Bosco), ordenou-se Sacerdote em 10 de julho de 1927. A 29 de fevereiro de 1948 foi eleito Bispo de Corumbá e a 18 de dezembro de 1956 promovido a Arcebispo Metropolitano de Cuiabá. Por ocasião do estrondo publicitário promovido contra a TFP em 1975, escreveu carta de aplauso à associação, "pela ati-

tude destemida co,n que ve,11 lutando contra a introdução do divórcio 110 Brasil". Depois de enumerar em sua missiva outras campanhas da entidade cm favor da civilização cristã e contra o comunismo, o Arcebispo assegurou: "Felizmente, as acusações que fazem .contra a TFP 11ão tê111 fundamento e cairão por si". Seu fecundo apostolado em terras matogrossenses lhe valeu gra nde estima popular. Faleceu em Cuiabá no dia 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora.

João Carlos Thomaz Pereira Nasceu a 16 de abril de 1938 no Rio de Janeiro, onde fez seus estudos e diplomou-se como engenheiro em 1963, pela Escola Nacional de Engenharia da an· liga Universidade do Brasil. Mais tarde graduou-se Master de Engenharia Industrial pela Universidade Estadual de Oklahoma (Estados Unidos). Conheceu a TFP na capital carioca em 1968, e, entusiasmando-se por seus ideais, tornou-se dedicado cooperador. Em fins de 1969 começou a sentir os primeiros sintomas da doença que iria marcar o resto de seus dias. Entretanto, em nada diminuiu seu empenho de dedicar à nobre causa que havia abraçado o melhor de suas atividades. Tendo sofrido

sucessivas cirurgias, a partir de maio de 1979 passou a viver na expectativa de um desenlace fatal, manifestando então um espírito sobrenatural de confiança na Providência Divina e de holocausto, que impressionou profundamente aos que conviviam com ele. Chefe de família modelar, deixou esposa e três filhos. Faleceu a 23 de agosto no Rio de Janeiro, onde residia, e foi sepultado no cemitério São João Batista. Na Missa de sétima dia, celebrada no dia 31 do mesmo mês; na capela do Palácio Guanabara, compareceram, além dos famili~ res e considerável número de amigos, os sócios e cooperadores da Secção cari'Oca da TFP.

Dívida externa: a deles e a nossa ANTES FOI a Polônia que pediu à comunidade bancária ocidental a dilatação do prazo para saldar suas dívidas, aliás concedida sem dificuldades. Agora é a Romênia que anuncia o pedido de prorrogação do pagamento de um quarto de sua dívida de 10 bilhões de dólares para com o Ocidente. Em seu conjunto, os empréstimos aos paises de além-cortina de ferro já totalizam hoje mais de 80 bilhões de dólares, sem contar as dividas da Rússia. Sete paises da Europa Oriental contraíram empréstimos bastante elevados com entidades financeiras ocidentais: Polônia, Romênia, Iuçoslávia, Bulgária, Tchecoslováqu,a, Alemanha Oriental e Hungria. A Polônia tem uma dívida estimada em 25 bilhões de dólares, vindo logo a seguir a Iugoslávia com 18 bilhões. O regime de Varsóvia está sem dinheiro até para comprar dinheiro ... Uma encomenda de papelmoeda feita aos ingleses não foi entregue porque não. havia dinheiro para pagá-la. "E o Brasil? Sozinho, nosso país deve mais de 50 bilhões ...", objetará algum leitor. Há uma grande diferença, respondo. Lá, afundam cm consequência do próprio regime antinatural a que estão aqueles povos submetidos à força. Aqui, afundamos misteriosamente cm meio às rique1,as. Bastaria desenterrar Carajás, mesmo le-

vando-se em consideração o número de anos necessários para isso, e adotar medidas eficazes para o aproveitamento das potencialidades do Pais. "Bastaria..." É claro que tais medidas em muitos casos seriam custosas e doloridas. Se deixamos crescer cm nosso corpo social o tumor da estatização coletivista - parecida com a do Leste europeu - é preciso extraí-lo ainda que seja doloroso. Haverá desemprego nas indústrias e nas cidades? - Encham-se os

campos, cultivem-se os cerrados, estabeleçam-se planos inteligentes de colonização. Serão os brasileiros de hoje menos capazes, empreendedores e corajosos que os de outrora'/ E as indústrias? Vivemos sem elas durante largo período de nossa História. Ademais, ainda hoje a lavoura alimenta, em boa medida, a indústria nacional. Voltemos, pois, ao bom senso abandonado. (Agência Boa Imprensa -

ABIM}

Peter Krone

Português deixa muletas a caminho de Fátima LISBOA - José Ferreira da Silva, 35 anos, casado e pai de 4 filhos, não podia andar sem muletas. Suas pernas não dobravam e além disso do!am muito. Mesmo para se locomover de muletas foi necessário colocar-lhe placas de platina nos ossos das pernas. Quando, porém, José fazia sua peregrinação a Fátima neste ano, aconteceu o inesperado: largou as muletas e passou a andar sem elas. "Foi 11111 111ilagre que Nossa Senhora de Fátima me fez e sv eu e Deus sabemos o que .rofr i até este momen-

10. pois agora felizmente e com a graça de Nossa Senhora, cami11ho com alguma dificuldade, mas sen, dor nenhuma e sem as muletas··, explicou ele ao "Jornal de Aveiro", de 25-9-81. Embora considere desnecessários os exames médicos - pois sua fé e devoção à Santíssima Virgem lhe são suficientes para acreditar - José Ferreira da Silva está disposto a ser radiografado para que a medicina possa dizer uma palavra sobre a sua cura extraordinária. (Aginda Boa

Imprensa -

ABIM)


1 •

ll N.0 372 -

Dezembro de 1981 -

Diretor: P a ulo Corrêa de Brito Filho

An o XXXI AooRAçAo oos

MAGOS -

Escola francesa (séc. XIV) - Bcrgello. Museu Nacional, Florença

ria .

LEGRIA DE NATAL? Sim. Mas muito mais do que isto. Alegria dos 365 dias do ano, para o católico verdadeiro. Pois na alma em que, pela graça, habita o Sa lvador, esta alegria dura sempre e jamais se apaga. Nem a dor, nem a luta, nem a doença e nem a morte a eliminam. Ê a alegria da fé e do sobrenatura l. A a legria da ordem sacra!. Oh! vós que andais pelo caminho, parai e vede se há uma dor semelhante á minha , exclamou Jeremias Profeta (cfr. Lm.

A

1, 12), antevendo a Paixão do Salvador e a compaixão de Maria. Mas ele também poderia ter dito, profetizando as alegrias cristãs perenes e indestrutíveis que o Natal leva a seu auge: oh! vós que passais pelo caminho, parai e vede se há alegria semelhante à minha. - Oh! vós que viveis cupidamente para o ouro, oh! vós que viveis tolamente para a vanglória, oh! vós que viveis torpemente para a sensualidade, oh! vós que viveis diabolicamente para a revolta e para o crime:

parai e vede as almas verdadeiramente católicas, iluminadas pela alegria do Natal: o que é a vossa alegria comparada à delas? Não vejais nestas palavras provocação, nem desdém. Elas são muito mais do que isto. São um convite para o Nata l perçne, que é a vida do verdadeiro fiel : "Cristianus alter Christu.f' - O cristão é um outro Jesus Cristo. Não, não há alegria igual. Até mesmo quando o católico está, como Jesus Nosso Senhor, cravado na cruz ...

EM CAMPOS: AS GRANDES HOMENAGENS A D. MAYER POUCO ANTES de entregar a direção da Diocese de Campos a D. Carlos Alberto Navarro, novo Bispo indicado para substitu-lo, D. Antonio de Castro Mayer foi repetidas vezes homenageado por seus diocesanos - Clero, autoridades civis, militares e fiéis em geral. Estes se emularam no louvável intento de distingui-lo com honrarias e demonstrações de afeto, em agradecimento por sua incomparável ação pastoral durante os 33 anos em que dirigiu as almas da Diocese, cuja guarda e orientação lhe fora confiada. Com esse intuito, no dia 1. 0 de novembro, Festa de Todos os Santos, inaugurou-se placa fixada na fachada da Catedral de Campos, com dizeres enaltecendo a pessoa de D. Antonio por seu labor apostólico. No dia 6, S. Excia. Revma. foi recebido no auditório do Palácio da Cultura de Campos e agraciado com a Medalha ~Saldanha da Gama", por iniciativa do Prefeito Municipal, Dr. Raul David Linhares Correa. Por sua vez, em J 3 do mesmo mês, o 8. 0 Batalhão da Polícia Militar do Estado do Rio de J aneiro, sediado em Campos, prestou-lhe honras militares, sendo inaugurada placa de broni.e em sua homenagem. Na ocasião, também recebeu a Comenda do Colar da Arquiepiscopal Irmandade de Nossa Senhora das Dores, em solenidade realizada no salão nobre da Policia Militar. A Comenda foi-lhe conferida a pedido do Ten.-Cel. Orlando do Couto Vieira, comandante daquela Corporação. Os pormenores das homenagens prestadas a D. Antonio de Castro Mayer o leitor encontrará na página 3.

M DESPEDIDA de seus diocesanos, D. Antonio de Castro Mayer celebrou no dia J.0 de novembro, Festa de Todos os Santos, Missa Pontifical na Catedral de Campos, lotada por autoridades civis e militares. personalidades locais e pelo povo em geral, que acorreu em massa para assistir ao ato religioso e haurir uma vez mais da sacraüdade das cerimônias tradicionais da Igreja. Além de fiéis da cidade de Campos, encontravam-se na Catedral representantes de cada uma das

E

chidos inteiramente pelo público desejoso de assistir à solene Missa Pontifical. Ali reuniram-se fiéis que, ao longo de três décadas, viram D. Antonio pregar o Evangelho, combater os erros que grassam aberta ou subrepticiamente em nossa época. fora e dentro da Igreja, e administrar ·os Sacramentos. Eram gerações das mais diversas. Algumas acalentadas no fervor de sua juventude pelo Pastor que se despedia de seu rebanho. Outras haviam nascido quando já ele se encontrava à frente da Diocese. To-

,

... . .

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( ;,

D. M ayer entra na Catedral de Campos abençoando a multidlo de fi611 que lotou a Igreja para auiatir a solene M iua Pontffical e prestar-lhe carinhosa homenagem.

paróquias da Diocese, mesmo das mais distantes, como é o caso de Varre-Sai, Porciúncula, Natividade e Miracema. Embora a cerimônia estivesse marcada para as 10 horas, às 8:30 h · todos os bancos já se encontravam ocupados.· E os espaços livres do interjor da Catedral foram precn-

dos, animados pela Fé e gratidão, ali estavam para honrá-lo, assistir à Missa por ele celebrada e receber de suas mãos o Sacramento da Eucaristia. À sua chegada na Catedral, D. Maycr estava revestido dos trajes episcopais: batina de frizo, sapatos vermelhos. capa roxa e Cruz pci-

torai. Sob os acordes de "Tu es Sacerdos Magnus", entoado pelo Coro do Seminário Diocesano, regido pelo Pe. Emanuel Possidente, com acompanhaménto de órgão, o Prelado avançou pela nave central do templo, à frente de pequeno cortejo. Antes do Santo Sacriflcio da Missa , já então com os paramentos de celebrante, Mitra e Báculo de Pastor, S. Éxcia. Revma. encabeçou outro cortejo pelo interior da Catedral, dando a bênção aos fiéis. Durante o ato religioso, viam-se pessoas emocionadas. Muitas delas contendo as lágrimas, talvez motivadas pela consideração de que aquela poderia ser a última cerimôn ia na qual pudessem .contemplar cm todo seu esplendor a grande1.a. da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, na cidade de Campos. O sermão foi proferido pelo Pe. Eduardo Athaide. que discorreu sobre a atual crise da Igreja, comparando-a com a que Ela se defrontou nos primeiros séculos de sua exis. tência, quando o arianismo e outras heresias distorciam gradativa e inexoravelmente as verdades mais fundamentais da Fé Católica. Em sua pregação, o orador apontou o inimigo que hoje tenta corroer internamente a Igreja - o progressismo - denunciado e firmemente combatido em seus primórdios por D. Antonio, desde sua mais remota mocidade, quando ainda Vigário Gera l da Arquidiocese de São Paulo, nos idos anos 30. Os fiéis demonstraram uma vez mais sua consideração por D. An. tonio, através do entusiasmo com que acompanharam, ao término do Pontifical, a inauguração de placa alusiva à atuação apostólica daquele Prelado e pelos calorosos cumprimentos por ele recebidos na Sacristia da Catedral. após a solenidade.


No 450. aniversário das Aparições de Guadalupe

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Surpreendentes constatações do milagre M 1531 a Santíssima Virgem aparecia no cerro de Tcpeyácac, na atual Cidade do México, ao índio Juan Diego, deixando como prova desse evento miraculoso Sua Imagem impressa no manto õu poncho do indígena. Transcorridos quatro séculos e meio desse acontecimento, este ganha em significado, em virtude de surpreendentes descobertas que se têm feito na análise científica desse venerável tecido (•). Apenas para situar os fatos, apresentaremos antes um rápido resumo das aparições da Virgem de Guadalupe, qu~ muitos de nossos leitores certamente já conhecem.

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Rosas de Castela Passados 10 anos do dia em que Cortês com seu pugilo de heróis conquistara o México, a situação mostrava-se periclitante para os espanhóis. Um surdo rumor crescia em intensidade, pois os astecas, desgostosos com a política seguida pel\:, Conselho de Governo que sucedera o Conquistador, premeditavam efetuar uma chacina dos ibéricos. Foi então que Juan Diego, humilde indígena da tribo dos mazahuales, batizado aos 48 anos, mas conservando até então. aos 56, a candura e simplicidade de criança, recebeu por cinco vezes a visita da Santíssima Virgem. Deu-lhe a Mãe de Deus a incumbência de pedir ao Bispo do México, D. Juan de Zumárraga, franciscano recém-chegado do Reino, que construísse no local das aparições um templo a Ela dedicado. Como o Prelado pedisse um sinal que comprovasse a veracidade das aparições, Nossa Senhora fez surgir no inóspito ce rro em que só medravam cactos e espinheiros, o,doriferas rosas de Castela que o índio, tomando em seu manto, levou ao Bispo. Diante deste, ao abrir Juan Die~o seu manto e ao deixar cair as milagrosas ílores, surgiu estampada no poncho a imagem de Maria, em Sua Conceição Imaculada. Todas as pessoas presentes à cena testemunharam o fato. A partir de então, Nossa Senhora quis ser Ela mesma a Apóstola e Missionária do México, sob a invocação de Guadalupe. E em menos de sete anos converteu Ela 8 milhões de índios. quando antes, no mesmo espaço de tempo, só 800 mil haviam aderido à Fé católica, em sua maioria crianças_e mulheres.

O manto de Juan Diego à luz da ciência Com os progressos da técnica em nosso século, aos poucos foram sendo reveladas 'maravilhas desconhecidas encerradas na manta de Juan Diego. A conservação desse rústico tecido de fibras, cuja duração normalmente não excede a 20 anos, exP,osto durante séculos sem nenhuma proteção, já parece inexplicável conforme o testemunho de estudiosos que mais adiante citaremos.

Quando mais tarde foi protegido por um cristal com moldura de ouro, um ourives encarregado de limpar a prata que resguardava a parte de trás do quadro que continha o valioso tecido, por imperícia, deixou escorrer ácido nítrico altamente corrosivo - ao longo do lado direito da manta. O ácido entretanto respeitou a imagem da Virgem. e parece ter perdido seu efeito corrosivo, pois o tecido atingido continuou intacto, podendo-se notar apenas uma amarelecida mancha que vai desaparecendo com o tempo (cfr. H. Rahm, op. cit., p. 46). No auge da perseguição comunista de Calles,, em 1921, mãos criminosas colocaram junto ao quadro da Senhora de Guadalupe uma bomba escondida em um bo11q11et de ílores. A explosão provocada retorceu um grande crucifixo de bronze do altar, como se ele fosse de cera, estilhaçando os vidros não só do santuário. como também da redon-

Na noite de 7 de maio de 1979, submeteram a sagrada imagem guadalupana à minuciosa análise fotográfica com raios infravermelhos, apresentando o Dr. Callahan o resultado em 40 laudas datilografadas. Eis alguns dados concludentes: 1. Não há nenhuma maneira de explicar nem a natureza dos pigmentos corantes utilir.ados, nem a pem,anência da luminosidade da cor e do brilho através dos séculos. É notável que depois de mais de quatro séculos não tenha ocorrido nenhuma rachadura nem apagamento do retrato original cm nenhuma parte do manto de agave, o qual, não tendo sido preparado anteriormente, deveria ter-se deteriorado há séculos (CRC, p. 33 e ABC). 2. Apesar de a pintura milagrosa ter estado sujeita às intempéries, ao tacto e ósculo dos fiéis, exposta num templo "que não era uma igreja ,noderna. com ar condicionado, ,nas certa,nente 11111 edifício com janelas

Ampliando-se e fotografia da imagem guadalupana. observa•ae a flgura de um homem (Juan Diego). Pelo proce110 de dlgitall~o. deacobriu•M recentamen-

te que a cena ocorrida na eeae do Biapo

do México, D. Zum6n-aga, em 1631. ead Inteiramente gravada na retine doa olho• da Virgem.

deza. O quadro milagroso, contudo, não sofreu qualquer dano (cfr. H. Rahm, p. 46c Handbook, p. l 16ss.).

O testemunho de um Prêmio Nobel Em 1936, foram levados para o Dr. Richard Kuhn, Prêmio Nobel de Química e diretor da secção dessa matéria no conhecido Kaiser Wilhelm lnstit11t, de Hcidelberg, Alemanha, dois fios do manto onde estava impressa a imagem da Santíssima Virgem - um amarelecido e outro vermelho - a fim de que ele examinasse a substância de seus corantes. O resultado da análise do famoso químico desconcertou muitos "espíritos fortes": nas fibras examinadas, os elementos corantes não pertenciam nem ao reino vegetal nem ao animal, nem ao mineral! (ABC e CRC, p. 27). Mais recentemente, outros dois especialistas, o Dr. Philip Serna CaUahan, da equipe da NASA, e o Prof. Jody Brandt Smith, catedrático de Fílosofia da Ciência no Pensacola College, foram chamados a dar seu parecer.

A Imagem d• No•aa Senhora de Guadalupe imprime-ae m11agroaamente no manto de Juan Diego. Bico de pena de J . Clanero1.

abertas. úmido e em at,nosfera enfu· maçada pela quantidade de velas", no entanto, a "pintura original está tão fresca e nítida como no dia en, que f o i realizada" (CRC, p. 33). 3. Nela "não há esboços prévios como os descobertos pelo 111esmo processo [raios infravermelhos) nos quadros de Velázquez, Rubens. EJ Grecco e 1'iziano". A imagem foi "pintada" diretamente, tal qual se vê, sem retoques nem retificações (CRC, p. 30 e ABC). 4. Não há nela pinceladas. A técnica empregada é desconhecida na história da pintura. "É inusual, incompreensível e irrepetível'' (ABC), Por fim , segundo conclui Dr. Callahan, o estudo com raios infravermelhos revelou ,que a imagem da Virgem no manto de Juan Diego "é um fenômeno inexplicável" (CRC p. 33). A análise mostrou també,..; que houve aplicação de ouro no sol, nas estrelas e no galão do manto· da Virgem, douração esta que apresenta certa deterioração. Afirma ainda que o anjo e a dobra do manto da Virgem, que ele segura, foram acrescentados à pintura original, Aliás, segundo seu parecer, "o olhar [do anjo) é vivo, mas não tem en, nada a beleza ou o gênio da técnica den,onstrada no elegante olhar da Virge111" (CRC, p. 32).

A cena refletida no olhar da Virgem A 29 de maio de 1951 , o desenhista J. Carlos Salinas Chávcz e~aminando com lupa uma foto d; Virgem de Guadalupe discerniu em sua pupila a figura de um homem. Essa descoberta deu início à série de revelações que seguem. As emissoras de rádio da Cidade do México divulgaram a 11 de dezembro de 1955 a sensacional notícia de que ampliações fotográficas dos olhos da imagem guadalupana apresentavam nitidamente a figura de um homem, possivelmente Juan Diego. Essa constatação foi tão impressionantes representam nova lufada de ar fresco em meio a este mundo laico e poluído em que vivemos. O que significará para os ditos ••católicos progressistas"?

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feita pelo cirurgião Dr. Rafael Torija Lavoignet, com auxílio de possante oftalmoscópio (Handbook, p. 73, ABC, art. cit., CRC, p. 27). Vem agora o fato mais impressiona nte, relatado pelo Prof. Torcuato Luca de Tena, da Real Academia Espanhola, cm artigo publicado no jornal ABC, de Madrid: baseado no princípio de que a córnea do olho humano reflete, como um espelho, a pessoa que vê no momento, e tendo feito essa comprovação examinando uma foto dos olhos de sua filha, o Dr. Aste Tonsmann, atualmente encarregado de captar as imagens da Terra transmitidas do espaço pelos satélites artificiais, "digitalizou" os olhos da imagem de Guadalupe. Sumariamente, a "di!\ita lização" consistiu em dividir a imagem do olho da Virgem guadalupana em quadradinhos microscópicos, de maneira a caberem 27.778 desses quadra'"llinhos em um milímetro qua-

drado. Por s ua vez, cada um desses miniquadrinhos foi ampliado duas mil vezes, o que permitiu então observarem-se detalhes impossíveis de sere m captados pelo olho humano. O que revelou essa super-ampliação nos olhos da imagem? Precisamente a cena que se passou há 450 anos no palácio de D. Zumárraga, quando Juan Diego abriu seu manto e nele surgiu estampada a imagem da Mãe de Deus! Exatamente a cena descrita poucos anos depois das aparições, cm língua nahualt, por um indlgena, e editada por Lasso de la Vega em 1649. Pôde-se ver na íris da Virgem um lndio no ato de desdobrar seu manto diante de um franciscano (D. Zumárraga), em cujo rosto se vê deslizar uma lágrima; um rapaz com a mão. posta na barba e exprimindo comoção; um índio com o dorso nu, em atitude quase orante; uma mulher de cabelo crespo, possivelmente uma negra da criadagem do Bispo; um homem, uma mulher e alguns meninos com a cabeça raspada; e fi_nalmente outros religiosos franciscanos. É de todo impossível que algum hábil miniaturista pudesse ter pintado em tão redu7.Ído espaço o que foi preciso ampliar milhares de vezes para se perceber.

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' Eatampa milagrosa de Noua Senhora de Guadalupe ·

milagre. e, portanto, a existência do sobrenatural.

O milagre e os progressistas Para os verdadeiros devotos da Santissima Virgem. essas revelações Com efeito, um tufão varre hoje em dia a Igreja de Deus. Já foi ele qualificado por Paulo VI de "processo de autodemolição" e de "fu1naça tle satanás 110 templo de Deus". Inexoravelmente vai ele tudo devastando no intuito de romper as ligações da Igreja com o seu próprio passado duas vezes milenar, considerado anacrônico pelo homem "adulto" e "esclarecido" dos dias de hoje. Segundo essa corrente dita "progressis ta". é necessário acabar com todas as referências "pseudo-religiosas" e "pseudo-sagradas·· da Religião católica tradicional, ressaltando as realidades de ordem puramente natural e humana. Para isso a Igreja deveria rever seus conceitos, seus Dogmas. sua Mora l e sua Liturgia - que escondem um infantilismo larvad o, segundo eles - pois o verdadeiro testemunho cristão seria o "co1npro1nisso temporal encarnado"' com todos aqueles que lutam "pela libertação dos opri111idos e explorados", sejam eles não católicos ou mesmo marxistas. Estes últimos seriam membros mais autê nticos dessa Nova Igreja do que um bati1.ado que não se engaje na luta revolucionária, a qual deverá ser levada a cabo até pela violência, se necessário (cfr. "Os Pequenos Grupos e a Corrente Profética" artigo publicado pela revista "Ecclesia", de Madrid , jan. de 1969, apud "Catolicismo", n.• 220/ 221, de abril/ maio de 1969), Uma última palavra: a partir das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe, as mães mexicanas passaram a dizer a seus filhos: "Possa Deus 1ratar-te como tratou Juan Diego!" (H. Rahm, p. 85). Peçamos a Nossa Senhora que, na proximidade dos castigos por Ela anunciados em Fátima caso a humanidade não se convertesse, queira trazer-nos na retina de seus olhos como trouxe o ditoso índio mexicano.

Plínio Solimeo (' ) NOTA Utiliwmos para a redação do presente anigo a seguinte bibliogr3fia: • ao~u~a-EvMARO, Fr. Bruno - "Nom~ Dame dé (iundal111>r (' I sem imag,• m cn•t>illtu· .11t d~wmr /'Ul.Hoire t i lo Sdenu", in "Lo Con1re-Rt/ormt Çatltoliq1,c, ou XX.e S(fcfe".

Será este o epílogo dos estudos feitos no manto de Juan Diego? Ou novas maravilhas estão ainda para serem reveladas? Seja como for, uma conclusão pode-se tirar. Quando, em 1531, Nossa Senhora operou esse prodígio, é bem provável que tivesse obtido de Deus que sua total ou quase total revelação se desse precisamente numa época em que, dentro da Igreja tivesse chegado ao auge uma revolução contra o divino, contra o sobrenatural. Como também é providencial ocorrerem essas descobertas numa época em que a ciência e a técnica se tornaram critério de fé para tantos. Nesse momento, a mesma ciência e técnica comprovam o

suplemento espc-cmt de setembro de 1980. Citaremos abreviadamente: (CRC). • LVCA or. 'l'llNA, Prof. Torcua10 - " l11t:<• plicohlt!'', artigo publicado na ediç.âo internacional do diáno ''ABC', de M:.idrid , n.~ 1657. Cit3rcmos abreviadamente: (ABC). • R1t.1tM, S.J .. Pc. Harold - "A Mõe das Amiriro.t", Ed. Loyola, São Pauto, 1974. Citaremos (H . Rahm). • "A 1/andbook on Guadalupe", by Franciscan Marycown Press. Kenosha. SI, USA, 1974, TAN Books & Publishers, Rockford. li. Cit3tcmos a$$im: (Handbook). • "Historia de los Aporldonts de Nutstro ~nóró dt Guadalupe". B:L,;ílic.a de Santa Marfa de GuadaluJ)<. México. 1969. Narración de A. Valcriano. "dt las 01>nrlrlonts .... de los .Primtros milogros .... asi como lo biogrojfa dt Juan Diego"', • VALER1.-.so, A.-Vclazquet. Primo r:. '' lo Virgen de Guodalufl<'". Bucna Ptt-nsa, México. Edi1orial Don Bosco S.A.. 1959. • V ALf.RI ANO. A. '"E/ Gron Acontecimlt mo", lmpl'cnsa de J uan Ruyz, Mhico, opud "Cristiondad", Barcelona. jan./fcv./ mar. de 1979. n.• 574/ 6.

CATOLICISMO -

Dezembro de 1981


Homenagens a D. Antonio de Castro Mayer Reportagem de Ober/aender S. Bianchini -

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OM O INTUITO de perpetuar a memória de Dom Antonio de Castro Mayer pelos inestimáveis beneflcios prestados em seus 33 anos de bispado, inaugurouse no dia 1.0 de novembro, após a celebração da Missa pontifical, uma placa fixada na Catedral de Campos, com dizeres enaltecendo a pessoa e a obra daquele Prelado. Na ocasião discursou o advogado Admardo da Cost,1. Peixoto que, em nome do povo campista, teceu elogios e externou gratidão pela atuação de D. Antonio na Diocese de Campos. Eis alguns tópicos de seu afetuoso discurso no qual soube realçar a fortaleza do Pastor contra os erros modernos que ameaçam seu rebanho: "A placa que perpetuará sua memória não é de ouro, o n,ais nobre dos metais. como convinha aos méritos de V. Excia. Reverendíssima. mas é de bronze. metal de grande resistência à ação corrosiva do tempo. e que bem representará as convicções inabaláveis do Pastor que sempre apascentou o seu rebanho com edificante humildade. Essa placa, colocada frente da Catedral representará a gratidão dos fiéis, pelos seus dizeres: "A D. ANTONIO DE' CASTRO MA YER, ZELOSO. SÁBIO E PRUDENTE BISPO D& CAMPOS. A GRATIDÃO DOS FltlS PEI.OS JJ ANOS DEDICADOS À CAUSA DA Ft E À SALVAÇÃO DAS ALMAS-. "É sábio porque é humilde. "É sábio porque ama. Ama a Deus e a,na ao próxin10 ... "É zeloso defensor da Igreja Católica, quando Ela é atacada, perseguida e assaltada pelo inimigo. "E prudente. E a prudência marcou bastante a paternal direção que exerceu na Diocese de Can,pos durante 33 anos. Ao mesmo tempo que alertava os seus filhos, Sacerdotes e leigos, para os perigos que ameaçavam e an,eaçam nossa Fé católica, que advertia contra práticas que não estavam dentro dos padrões da verdadeira Igreja Católica, que nos cone/amava à unidade. na Verdade, tambén, suportou com dor e pesar, seguran1en1e, a não obediência, a não aceitação de suas ponderações. "D. Antonio veio para Campos como Bispo Auxiliar e logo depois assumia a direção da Diocese, e posso dizer que novas luzes se acenderam na Catedral. "Desde sua cheçada, era e é para mim verdadeira felicidade ouvi-lo falar. D. Antonio é excelente pregador. "Além de grande orador, também é hábil e profundo na arte de escrever. As Cartas Pastorais, os diversos artigos, sermões e livros publicados atestam sua invulgar cultura e aguçada inteligência. "D. Antonio, nós lhe agradece,nos pela grande dedicação à Dio-

cese de Campos, nós lhe agradecemos a grande preocupação e o grande en,penho pelo aprimoramento das almas de seu rebanho, nós lhe agradecemos por todos os sacrificios, esforços e orações. "Agradecemos a Deus a grande dádiva que nos concedeu: sua presença entre nós como nosso Bispo, e esperamos poder continuar a convivência fraterna por muitos e muitos anos". Proferidas essas palavras de afeto filial, D. Antonio agradeceu as generosas alusões a sua pessoa e a seu trabalho apostólico, bem como as homenagens a ele prestadas de maneira tão entusiástica. Após a inauguração da placa, D. Mayer recolheu-se à Sacristia onde recebeu os cumprimentos de milhares de fiéis. Numa longa fila que chegava até a porta da Catedral, todos esperavam a oportunidade de uma vez mais oscular-lhe o anel episcopal. Quando se iniciaram os cumprimentos, pouco passava de meio-dia. Só terminaram por volta das 15 h quando D. Maycr pôde voftar ao Palácio Episcopal.

Prefeito agracia Bispo com medalha Associando-se às homenagens prestadas a D. Antonio de Castro Mayer pelos fiéis da Diocese de Campos, o Prefeito da cidade, Dr. Raul David Linhares Correa, organizou no dia 6 de novembro concorrida sessão no auditório do Palácio da Cultura, onde S. Excia. Revma. foi agraciada com Medalha do Mérito "Saldanha da Gama". Em seu discurso de saudação, o Sr. Raul David Unhares Correa externou seu apreço pela pessoa de D. Antonio, bem como a alta consideração devida ao trabalho pastoral realizado por ele em 33 anos de episcopado. "Entendemos que participar das n1anifestações de apreço que lhe são tributadas é un, dever sentin1ental a que não pode,nos fugir, não só pelas nossas obrigações religiosas, n1as, sobretudo, pela nossa condição de cidadãos reconhecidos ao seu trabalho, ao elevado serviço pastoral

Texto final de Nazareno A . Machado

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lnauguraçlo de placa comemorativa em homenagem a D. Moyer, na fachada do Cate<lral de Campoo. D. Antonio foi tam~m agraciado com a Comenda da Arquleplocopal Irmandade do No- Senhora da1 em grau de colar.

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que nos tem sido prestado por V. Excelência Reverendíssima no decorrer de quase 33 anos de exercício sacerdotal em nossa região. "A nossa hon1enagem é simples. mas tocada da mais profunda sinceridade", declarou na ocasião o chefe do Executivo municipal. E analisando a atuação pastoral do homenal!eado, prosseguiu o Prefeito municipal: "Assim, seu itinerário sacerdotal n o norte fluminense, prezado Dom Antonio de Castro Mayer, tem sido iluminado desse anseio de difundir a cultura cristã. Suas reflexões ultrapassaran, os limites de nossa geografia para alcançar um significado universal. Seus con ceitos lhe permitiram ampliar o rebanho divino. Bastar-nos-ia assinalar a criação do jornal "Catolicismo" e as pastorais de larga repercussão, como a que abordou os problen,as do apostolado moderno. ou a que cuidou do Sacrifício da Missa, ou ainda sobre os C,irsilhos de Cristandade, além das recentes mensagens apresentando aos fiéis os documentos conciliares do Vaticano li, para com-

Em Miracema. como em outras cidade•

da DIOCNe de Campoo, D. Antonio de Caotro Moyer foi alvo de tocanteo homenageno do povo fiel

preendermos sua in,portância na pedagogia do cristianismo. En, todos esses documentos e mais nas obras con, sua assinatura, verifica-se a expressão da bondade esclarecedora e o desejo de unir as pessoas en, torno do Evangelho de Cristo". Na ocasião, foi lida ainda a biografia de D. Antonio, evocando s~u Curso de_ Teologia na Universidade Gregonana de Roma, a ativid:ide sacerdotal por ele desenvolvida, a nomeação para Bispo de Campos, enumeradas as Cartas Pastorais de sua autoria e narrada sua atuação através do mensário "Catolicismo". Ao térmi,:io da sessão, os presentes cumprimenta ran1 o homenageado, seguindo-se um coquetel oferecido aos participantes da solenidade. CATOLICISMO -

Dezembro de 1981

Honras mllltares ao Prlnclpe da Igreja D. Antonio de Castro Mayer é um Prelado cuja personalidade apresenta facetas várias: além do múnus episcopal e de sua atividade intelectual, o Prelado dedicou-se à atividade jornalística. Embora assoberbado pelos afazeres da Diocese, D. Mayer colaborava no " Monitor Ca,npista". Para fica:r mais à vontade na escolha dos temas tratados nas páginas desse diário, assinava seus artigos simplesmente com as iniciais D. A. C. Certo dia, eis que D. A. C. escreveu um artigo elogiando o trabalho de assistência a meninos desvalidos realizado pela Policia Militar, numa tentativa de diminuir a de.linqili!ncia juvenil. Satisfeitos em verem sua benemérita obra comentada com simpatia nas colunas do "Monitor Campista", os dirigentes da Pol!cia Militar procuraram conhecer a identidade do autor do artigo. E constataram com surpresa e agrado tratarse nada mais nada menos que da pessoa insigne do Bispo Diocesano. Por esse e outros motivos, o comandante da PM em Campos, Ten.-Cel. Orlando de Castro Vieira, tomou a iniciativa de distinguir D. Antonio com algo de especial, gravando parte de seu artigo alusivo à campanha desenvolvida pela Polícia Militar em placa de bronze, exposta no pátio de entrada de uma das unidades da Corporação militar. Tendo isso em vista, cscol.heu-se o dia 13 de novembro para o descerramento da placa, ocasião em que D. Antonio foi alvo de várias homenagens. Pelíl manhã daquele dia, o carro oficial do Comandante da Polícia Militar de Campos, precedido por dois batedores motorizados, dirigiuse ao Palácio Episcopal, conduzindo D. Antqnio até à sede da Corporação. A chegada do veículo no pátio vestibular, o pelotão da guarda prestou honras m.ilitares ao Prelado, apresentando armas à sua passagem. Logo após, o veiculo dirigiu-se ao pátio do quartel onde a tropa se encontrava em rigida formação, estando presente o corpo de oficiais e seu Comandante, o Tel.-Cel. Pedro Marcant Junior, Comandante do 56. 0 Batalhão de Infantaria do Exército, o Prefeito Municipal e outras autoridades civis, membros do Magistério, personalidades locais e o povo cm geral. Procedeu-se ao hasteamento das bandeiras nacional e -do 8. 0 Batalhão da Polícia Militar ao som do Hino Nacional executado pela Banda da PM. Em seguida descerrou-se a placa de bronze localizada no pátio da entrada do quartel, a qual contém parte do artigo publicado no "Monitor Campista". Fazendo uso da palavra, o Ten.Cel. OrlandQ do Couto Vieira elogiou a atuação de D. Antonio, lem-

brando com agrado o apoio dado à Polícia Militar por meio de seu artigo publicado no "Monitor Campista" com o pseudônimo D. A. C. Instantes depois, no salão nobre do quartel da Polícia Militar, o representante do Conselho da Arquiepiscopal Irmandade de Nossa Senhora das Dores depôs sobre os ombros de D. Antonio o colar da principal comenda da Confraria, em agradecimento ao apoio prestado pelo Prelado àquela Corporação Militar. Destacou o mesmo representante que a condecoração oferecida por iniciativa do Ten.-Cel. Orlando do Couto Vieira foi concedida por unanimidade. Nas palavras de saudação, o representante do presidente da Arquiepiscopal Irmandade de N~ssa Senhora das Dores lembrou a origem da instituição no seio da Policia Militar do Rio de Janeiro. Teve ela inicio com a ermida de Nossa Senhora das Dores, erigida na rua Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro. Voluntários da Guerra do Paraguai edificaram a ermida em cumprimento de promessa feita a Nossa Senhora e cm agradecimento por terem retornado sãos e salvos a seus lares. Três anos depois de construída, em 1881, erigiu-se nessa ermida a Arquiepiscopal Irmandade de Nossa Senhora das Dores, com o objetivo de amparar os órfãos de guerra. Hoje ela ampara as familias dos soldados mortos no cumprimento do dever, vitimas da violência que enodoa nossas cidades. O ilustre Prelado agradeceu a homenagem recebida, destacando o nobre e generoso serviço que a Polícia Militar presta à população, dando-lhe tranquilidade de existência no trabalho e no repouso. Disse sentir-se honrado com o colar da Irmandade, cuja origem pode ser indicada como o exercício da grande virtude cristã da caridade. As homenagens a D. Antonio encerraram-se com um coquetel oferecido aos presentes, durante o qual .muitas pessoas aproveitaram a oportunidade para cumprimentá-lo. Assim, nas ocasiões aqui assinaladas, foram prestadas a D. Mayer congratulações pelo dedicado trabalho realizado no pastoreio das almas confiadas à sua tutela durante os 33 anos do profícuo bispado em Campos. "Catolicismo", publicando cm suas páginas tais homenagens tão merecidas, solidariza-se afetuosa e filialmente com elas. A Virgem Santíssima, Mãe Admirável, saberá conSCj!Uir de Seu Divino. Filho o prê-' m,o para quem cumpriu com denodo e eficãcia a árdua tarefa da guarda das almas e a defesa zelosa das verdades perenes ensinadas pela Igreja. E especialmente tendo em vista que essa tarefa efetuou-se na época de confusão em que vivemos, no decorrer da qual, segundo as expressões de Paulo VI, "a fumaça de satanás" penetrou no Templo de Deus. 3


A ''MISSA DO! Missa do· Negro ou in A "miua doa: quilombos" teve

todas as

aparênei:aa de

um culto exótico,

Inteiramente d iuonente da

verdadeira e tradicional liturgía da Igreja

ENTRE as contribuições raciais que c,o níluíram para a formação da nação brasileira, poucas são hoj e consideradas com tanto afeto quanto a do negro. A imagem da "mãe preta", por exemplo. amamentando com amor o menino branco, filho de sua senhora, imprimiu-se a fundo na mentalidade de nosso povo, como traço q ue bem exprime a harmonia racial aqui ex istente. ê sabido, aliás, q ue no Brasil a escravidão - apesar de abusos inegáveis - foi muito ma is branda do q ue cm p.tíses protestantes, c hegando a estabelecer-se relacionamento humano profundo e ntre o branco de origem lusa e o negro. O próprio fato de a senhora branca confiar seu filho à ama negra mostra bem o grau de confiança reciproca existente. Mesmo após a libertação, muitos ex-escravos preferiram contin uar gozando da proteção de seu antigo amo. Inúmeros tem sido os brasileiros bra neos. desde 1888 até hoje, q uc ficaram pessoalmente gr_a tos à Princesa Isabel, quase como se dela tivessem recebido um favor pessoal, pelo fato da abolição, tal é a simpatia de que goza o negro em nosso País. Bastaria a miscigenação entre brancos. negros e índios, realizada no Brasil de modo acentuado, sem qualquer impedimento religioso ou legal e considerada pela população com nawra lidade, para ficar provada a pouca força ou mesmo a au-

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sência de preconceitos rac1a1s entre nós. Com exceção dos filhos mais ou menos recentes da imigração, poucos brasileiros poderiam afirmar não possuir nas veias nenhuma gota de sangue negro. A discriminação rígida - por vezes chocante, porq uc não-católica - existente c m outros países, não a conhecemos aqui. Mesmo que se l?ossa alegar, dura nte nossa História, a lguns episódios de confrontação e nt re brancos e negros: o certo é que, de modo geral, a popu laç.io negra nunca constituiu no Brasil problema racial nem social.

Batuques, contorções, imoralidade O que d izcr de alguém ou de alguns que. fazendo tóbula raJa do panorama geral e aproveitando restos de inadaptação porventura latentes, procurassem c riar "o caso do negro" no Brasi l de hoje, acirrando animosidades até agora praticamente inexistentes ou pouco importantes? E •. acresccnte-sc. sem q ualquer vantagem rea l para o negro e imenso proveito para o espírito de subversão'/ ê ao negro ou à subversão que estão servindo aqueles que tentam artificia lmente engendrar cm nossa Pátria uma questão racial? Pois bem, D. Helder Câmara, Arcebispo de O linda e Recife, D. José Maria Pires, Arcebispo da Paraíba e D. Pedro Casa ldáliga. BispoPrelado de São Fclix do Araguaia, liderando uma corrente de eclesiásticos e leigos, parecem tentar agora

aglú tinar os negros para lançá- los como força revolucionária coesa contra a sociedade brasi leira atual. E isto com vistas a uma utópica sociedade igualitária. sem classes. Nesse sentido, promoveram os três Prelados uma esdrúxula cerimônia. Chamaram-na ''missa dos Quilon,bos··, e m comemoração do episódio conhecido na História do Bra· sil como o "Quilombo dos Palmares". E recordando mais especialmente a morte - que e les denominam mart írio - do chefe quilombola Zumbi, o qual, segundo costume da época, teve depois sua cabeça exposta na praça onde ago ra foi reali1.ada a estran ha cerimônia. A " missa" - chamemo-la assim - foi certamente um ato de culto religioso, de uma religião na qua l seus organizadores pretendem reconhecer traços da Católica, Apostólica. Romana. Entreta nto. na cerimônia foram cultuados Obataló, 0loru,n, Oi6; pronunciaram-se fórmulas aparentemente rituais, como "Ara wara kosi mi fara", inteligíveis, ta lvez, a iniciados. mas não ao público católico. O batuque incessante dos tambores durante o ato. as contorções rituais de danç.1rinos e dançarinas. semidcspidos, o sentido de revolta dos cânticos, das recitações, dos sermões, tudo acenava para uma outra igreja. Não uma igrcJa dos negros, mas da s ubversão e da revolta . O negro, o simpático negro, um dos componentes raciais de nosso povo, foi o pretexto, como cm

Reportagem de Afonso Teixeira Marra Filho Texto de Gregório Lopes • Fotos de Gilberto de Oliveira A documentaçio sobre a "missa dos Quilombos", em que se baseia este artigo, é a seguinte: l - Reportagem feita 'in loco por correspondente de "Catolicismo"; l - Fita magnética gravada na própria praça; 3 - Folheto da "missa" da autoria de D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São FéU:x do Araguaia, e Milton Nascimento, contendo cânticos, recitações etc., que constituem o roteíro do ato. (As páginas Indicadas no artigo são as deste folheto).

outras ocasiões utilizaram o índio ou o pobre. O que houve de novo, então. na "missa dos Quilombos"? Nela tornou-se meridia namente clara a intensa carga revolucionária que anima o espírito de D. Hclder, D. Pires e D. Casald{tliga e seus seguidores.

como veremos a seguir.

A presença de negros não chegava a 100/o do plibllco A "missa" realizou-se no dia 22 de novembro último, às 19 horas, cm frente à catedral de Recife, a belíssima igreja barroca de Nossa Senhora do Carmo. G ra nde palanque de dois andares foi montado, de modo que os celebrantes (os três Prelados já ci-

a lto-fa lantes anunciaram), o número de assistentes atingia, se tanto. duas mil pessoas. Os negros não constituíam mais de 10% desse total. Não faltaram membros das comunidades eclesiais de base, universitários de classe média e alta. pessoas que freqüentam habitualmente as sacristias. Contudo, a maioria dos presentes parecia composta por curiosos q ue foram assistir à batucada, muitos dos quais preferiram ficar na periferia dos assistentes, como a marcar distância em relação

ao ato.

Obatalã: !dolo hermafrodita; Oxalã: andrõgino Lamentamos que o papel não possa transmitir o som. para que o

A História coloca pingos nos is A ''misso dos Quilombos:·, recentemente realizada em Recife.) procurou mi1iftcor o história do "quilombo dos Palmares" (século XVII. Alagoas), D· pre.te,uondo-o tomo um refúgio dt liberdade do negro per.teguido. A reolídode histórico, entretanto. difere bos-

1a,11e dessa ,,;ação mllica. Na verdade o quilombo espalhava terror mesmo entrt pmitos negro$. Zumbi rebelou~se contra o oco,rdo de por feito pelo rei,

seu tio. e assumiu o comando do

quilombo. Foi mono em luta por ocasião da "entrado" de Domingos Jorg~ Velho, e suo cabeço expo,uo numa praça de Recife (o mesma onde agora se reolr'zQu a ",nisso''). Transe.revemos abaixo re.-ctçJ signi-

ficotivos do livro de f,,di.ron €arneiro, "O Quilombo do$ Palmares" (&litora Civllizóção Brosile/ro, 3.• edição, 1966), que aclaram importantes aspectos tlá questão. Os subtftulos são nossos.

• Despotismo dos chefe.s

apetite é a regra de sua eleição - dizia um documento da época. Cada um tem as mu,lheres que quer'. 0 rei GangaZumba dava o exemplo, atendendo a três mulheres, duas negras e uma mulatá'' (p. 27).

• No Quilombo, escravldlo de negros ·,Os negros] com o tempo, desciam novamente para as cabeec1ras dos povoados, a fim de induzir outros escravos a acompanhá-los e raptar negras e moleques para os Palmares" (p, 1). En, corto, Fernão Carril/o diz que os negros dos Palmares "não só dão mau exemplo aos outros. mas os vêm persuadir a que rujam e, se voluntariame111c n1íó o fa1.em. os levem à força" (p. 33). "Os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam escravos" (pp. 26-27). O escravo no quilombo alcançava 11lforrio levando "para os mocambos dos Palmares algum negro cativo" (p. 27). "O soldado Antonio Garro da Câmara, que tomou ~arte na expedição de Manoel Lopes (1682), mencionava o rapto de 'algumas mulhere~ brancas' pelos negros" (p. 29).

"Nina Rodrigues esclarece que nos llalmares havia ·um governo central des)>ótico' semelhante aos da África na oc.,sião (,. ..) Nada indica que se proccssassim eleiçôes no quilombo'' (p. 4). "Sob1e·a atividade produliva material dos negros constituiu-se uma oligarquia - um grupo de chefes mais ou menos despó1icos, o Mestre de Campo • Fuga punida com a morte Ganga-Mulça, o Presidente do Conselho Gana-Zona, os chefes de mo"Se algum escravo fugia dos Palcambo Amaro e Pedro Capaeaça, o mares, eram enviados negros no seu 'potentado' Aeaiuba, os comandantes encalço e. se '"IPturado, era executado miHtares Gaspar, Ambrósio e João pela severa justiça do quilombo. Os Tapuia - cncabaçada pelo rei Ganga- holandeses diziam que entre eles reiZumba e, mais tarde, pelo general de nava o temor" (p. 27). armas Zumbi, chefe de mocambo, sobrinho do rei" (p. 2). • Devastaçtles dos quilombos "O chefe de cada mocambo encarnava, evidentemente, a suprem!\ auto· ocasionam '·entradas" ri~ade local (...) As decisões mais João do Rego Borros, Provedor da importantes cabiam ao rei GangaZumba, diante de quem lodos os Fazendo de Pernombul:o, disse: ";&;lquilombos se ajoelhavam. batendo pal- guns currais de gado que se avizimas, de cabeça curvada, num gesto de n))avam com os arraiais e mocambos dos negros. se haviam retirado pelo vassalagem" (p. 27). grande dano que lhe faziam os quilombolas" (p. 38). • Amor livre "As vilas de Porio Calvo. Alagoa e ''No casamento, os paJmarinos se- Serinhaem eram as mais expostas às guiam a simples lei da naturc1.a. ·o seu incursões dos negros. Este mesmo João

4

do Rego Barros falava na •cruel guerra· que os negros fa1..iam aos mo1adorcs- e antes. em três cartas para Sua Majestade - duas de t685 e uma de 1687 - o governador Souto Maior transmitia as 'continuas q_ucixas' que recebia dos moradores, pois os negros desciam dos seus mocambos para matar os brancos, saquear-lhes as casas, !ovar-lhes os escravos [ ...] e, 'vc)ldO a pouca oposição 9ue lhes fa7Jam. se desaforavam m3.1s do costumado" (p. 38). "Os quílombolas concertaram desde cedo certa modalidade de coméréio - o simples cscambo - com os moradores mais vizinhos [ ...]. Uma ou outra vez, porém, o escambo dcgencrava0sc em choque armado e a 'fronteira· d06 Palmares iluminava-se com o incêndio dos cannvjais, currais de gado. e plantações dos brancos ou ensanguentava-se com as escaramuças entre palmarinos e senhores de terras. Daí as 'entradas', as sucessivas expedições pela destruíção do Quilombo" (p. 2). "Um documento anônimo, sem data. mas certamente devido a um morador da região, declarava que 'não estão seguras as vidas, honras e fazendas dos moradores daquela conquista, 11orque dando assaltos repetidas vc1.es, cm várias partes, [os nêgros] as destroe,;n. roubando tudo, levando as mulheres e filhas donzelas e matandolhes os pais e maridos'. O autor desse documento dizia que as vilas de AJagoa, Porto Calvo e Rio de São Francisco (Penedo) 'cx~rimcn!am cotidianamen1e os seus insultos·. por ficarem mais próximos dos Palmares" (p. 38).

• Ascensão de Zumbi ap6s assassinato "Depois de feitas as pazes. cm 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo" (p. 35). "O Conselho Ultramarino em 1697, lembrava o negro Zumbi, tão célebre pelas hostilidades que fez em toda aquela capitania de Pernambuco, sendo o maior açoité para os povos dela" (p. 37).

D. Helder Cima111, O. Jol4 Maria Pirei e O. Pedro Caaald4ili~a. oxpoentea da

Igreja progreui•ta. concelebraram a discutível "miue do negro· •

tados, mais um Bispo inglês e três padres) pudessem permanecer no a ndar superior. O inferior era ocupado por numeroso conjunto musical e por mais de trinta dançari nos: homens sem camisa e mulheres tendo acima da cintura apenas uma faixa de pano a cobrir-lhes o busto. No mesmo andar inferior, na parte de trás, cerca de vinte sacerdotes assistiam sentados às cenas que se di:senrolavam. Farta quantidade de holofotes e spot-lights coloridos faziam sobressair, ora os celebrantes. ora os dançarinos e dançarinas, ora a orquestra ou os padres sentados ao fundo; além de cerca de quarenta potentíssimas caixas de som a transmitir tudo para a praça. O aparato técnico era impressionante, revelando o cm prego de considerável soma de recursos. A propaganda da "missa" iniciou-se com a ntecedência de mais de um mês: nas igrejas. na imprensa, como também através de cartazes afixados por toda a cidade. Apesar do enorme esforço de mobilização, que incluiu a vinda de gente de fora de Recife (conforme os

leitor - tra nsformado também em ouvinte - pudesse ava liar convenientemente os batuque.~. os sons delirantes que acompanharam toda a '"missa.,, próprios, talvez, ao candomblé e à n1acun1ba, mas nunca à liturgia católica. Só ai, em meio a tais cânticos, ora morbidamente dolentes, ora frenéticos, é que se pode formar urna idéia global do que se passou naquela praça. A letra dos cânticos, dos pregões, das recitações e de tudo o mais é, no que concerne aos ouvidos católicos, uma mistura indigna do Nome Sacratíssimo de .Jesus, bem como de Nossa Senhora e dos santos, com as invocações de "divindades" claramente pagãs. logo no inicio da "missa", há um cântico que diz: "Ern nome do Deus de todos os

no1nes: Javé, Obata/á, 0/orum, Oió [ ... ] Em no111e do Fílho. Jesus nosso ir,não" (p. 3). Ora, Oba,aló é nada menos do que o "!dolo hcr,nafrodita dos negros IJaianos" ("Novo Dicionário Aurélio", de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira); enquanto O/o-

CATOLICISMO -

Dezembro de 1981


; QUILOMBOS'': citamento à rebelião?D. Helder, D. Casaldáliga e D. Pires, seguidos dos demais sacerdotes presentes, resolveram seriamente adorar 0/orum, o ídolo hermafrodita e as demais "divindades" citadas. O que fica claro, porém, é que toda essa confusão serviu para exaltar a subversão. O negro foi utilizado como meio para pregar a rebelião social, como em outras ocasiões se tem procurado levantar o indio contra o branco (cfr. "Missa blâsfema na Catedral de São Paulo", "Catolicismo" n. 0 341, maio de 1979) e o pobre contra o rico. Eis alguns exemplos do espírito que anima a "missa", extraídos dos cânticos que a integram:

Após a comunhão, todos os que dançavam deitaram-se no chão, de costas, e ao som de sinistros tambores foram se levantando lentamente, com gestos rituais, como que cabalisticos, até que, de repente, lançaram-se numa dança frenética. Nesse clima, não é de se estranhar que a confusão religiosa tenha atingido até a Virgem Santíssima. E de tal modo, que chegou até às raias da blasfêmia. Nossa Senhora é confundida com uma tal de Mariama, mulata de uma favela de Naiaré, que é, ao mesmo tempo, "Mãe do Santo" (note-se como a expressão insinua Hmãe-de-santo", ou seja, macumbeira). Eis a canção, em seus trechos mais característicos:

O altar com sfmbolo1 grotesco, con-

lr111ãos

trasta com a serenidade da centen6ria totTe da Catedral de Nooaa Senhora do CatTno, de Reeífe

Responde o cântico:

"Mariama lya, lya, ô, Mãe do Bom Senhor! "Maria Mulata, Maria daquela colônia favela, que foi Nazaré. "Morena forn,osa, Mate, dolorosa, Sinhá vitoriosa. Rosário dos pretos. mistérios da Fé. ''Mãe do Santo, Santa, Comadre de tantas. liberta mulhé" (p. 20).

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11

"lrrnão que fala a Verdade aos

dá-nos tua nova libertação" (p. 9). A "nova libertação" o que é?

""" é ''o n,aior dos deuses ioru-

"Qu,'/o,nbolas livres do lucro e do medo" (p. 9).

nário do Folclore Brasileiro", de Luiz da Câmara Cascudo, Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, 1954). Mais adiante, prossegue o cântico:

A obsessão da Revolução desde Marx - contra o lucro aparece aqui cla ramente expressa. Notese que não é o lucro abusivo que o cântico condena, mas é o lucro enquanto tal o estigmatizado como fator de opressão. O que contraria claramente a doutrina tradicional da Igreja. Veja-se a seguinte recitação, que ao mesmo tempo procura jogar os negros contra os brancos e contra o lucro:

banos, o Senhor do Céu" ("Dicio-

"l:.in no,ne do povo que espera, na graça da Fé. à voz do Xangô. o Quilombo-Páscoa que o libertará" (p. 4).

Xangô, por sua vez, é "um dos orixás (divindades africanas) ,nais poderosos" ("Novo Dicionário Aurélio"). As invocações vão longe. Veja-se por exemplo o seguinte cântico que já excita à revolta em nome de

Olorum: "Recusa Olorum o grito, as correntes, e a voz do feitor, recebe o lamento, acolhe a revolta dos 11egros. Senhor/" (p. 12). No rito da Comunhão, encontramos a seguinte recitação:

"Todos u11idos num n,esmo Corpo. nada no mundo nos vencerá. Todos unidos e,n Cristo Jesus, Oxalá!" (p. 16). O leitor desprevenido ficará um pouco confuso. Não entenderá bem o que faz esse "Oxalá" no fim da frase. Pode parece r uma interjeição no sentido de simples augúrio de união. Mas por que a palavra aparece com inicial maiúscula? A resposta parece clara: Oxalá ou Orixalá é "o n,aior dos orixáç, entidade

"Com a força dos braços lavran,os a terra. cor1a,nos a cana> anra,.. ga doçura na mesa dos brancos. "Co,n a força dos braços cavamos a terra, colhe,nos o ouro que hoje recobre a igreja dos brancos. "Con, a força dos braços plantamos na terra, o negro café. perene ali1ne11to do lucro dos brtmcos" (p. 12). Uma estranha Ladainha dos Santos figura também no texto. Começa invocando "Zumbi dos Palmares. P,uriarca e Mártir de todos os Quilombos" (p. 17). Santos como Santo Agostinho, Santa lfigênia e outros, aparecem na litania ao lado de revoltosos como Amílcar Cabral, ~uerrilheiro-marxista da Guiné-Bissau, e outros:

"Lumwnba, tambor-tempestade da África levantada [ ...) "Amílcar Cabral, pai educador da liberdade Africana [ ... ] "Santo Dias. Con1panheiro, suor e sangue da Periferia, mártir na andrógina [...) tem caráter bissexual [... ] Oxalá identificou-se com [ ... ] Cruz da~· En,presas, e todos os Nosso Senhor do Bonfim" (' Dicio- retirantes. lavradores, bóias-frias e nário do Folclore 8ra.lileiro ", já operários, construtores do Sindicato livre e da Comunidade Fraterna" citado). Como explicar essa confusão religiosa na liturgia de uma missa celebrada por Bispos que se apresentam como católicos? Se a confusão existe entre os negros, se o sincretismo é um fato, cumpre sobretudo aos Pastores trabalhar para esclarecer a Fé e não para acentuar a ambigüidade e, ao menos indiretamente, o próprio paganismo de origem africana. Aliâs, a conversão ao catolicismo de tão grande número de pessoas de cor, fruto admirável da graça de Deus e da intercessão de Nossa Senhora - dá a impressão de irritar D. José Maria Pires, cm vez de a legTá-lo. Eis suas palavras, a respeito dos negros convertidos, no sermão que pronunciou:

"Viole111aran1-lhes a consciência, i111puseram-lhes uma Religião que não escolhera111 [...]". A generalidade da afirmação parece excluir a possibilidade de que, historicamente, tenha havido grande número de autênticas conversões entre os negros. O que significam essa consciência violentada e a mencionada Religião imposta? Não deveriam os sacerdotes ter exercido seu m únus apostólico junto aos negros? Não se deveria procurar convertê-los e ensinar-lhes a sã doutrina? Não era necessário batizar os adultos convertidos e as crianças a fim de abrir-lhes as portas do Céu?

(pp. 18- 19).

Não falta também, nesse amálgama de religiões - cujo denominador comum é a subversão - um pastor protestante:

"Martin Luther King. pastor 110 vida e na ,norte, voz pern1ane111e da marcha da libertação e todos os mártires da Paz perseguida" (p. 20).

Gestos rituais, Mariama As músicas eram acompanhadas pelos dançarinos e dançarinas em trajes sumários, dos modos mais extravagantes. No chamado "rito da paz", não só houve danças. e abraços dos dançarinos entre si, mas os padres também se apresentaram para o "rito", abraçando dançarinos dos dois sexos.

''Marian,a. Nossa Senhora [ ... ]".

Serra da Barriga e Monte Sinai... Um caeítulo à parte foram as falações. Houve várias durante a "missa". Logo no início, uma de D. Casaldáliga. O orador empregou hipérboles que, vistas no contexto geral, poder-se-iam qualificar de profundamente blasfemas, como a de comparar a Serra da Barriga, onde se estabeleceu o quilombo dos Palmares, com o Monte Sinai, onde Deus fa lou a Moisés face a face:

"A Serra da Barriga, verdadeiro Monte Sinai para a causa do povo negro do Brasil, na América, talvez no mundo". A Igreja é injustamente atacada. O Prelado de São Félix do Araguaia se esquece de que, desde a Antiguidade até hoje, a Esposa de Cristo não só procurou suavizar a situação em que se encontravam os escravos, mas também favorecer de modo ponderado, é certo, e não subversivo ' - um clima em prol da alforria. Diz e le:

"A Igrej a do Brasil, talvez representando um pouco a Igreja da América LA tina e ainda a Igreja de. todo o inundo, quer se penitenciar pelos séculos de omissão e de conivência com que ela se ten, co,npor· todo frente à escravidão, frente à marginalização do povo negro" (ouvem-se batuques).

D. Pires renova ataques aIgreja D. José Maria Pires, falando do quilombo dos Palmares, retomou a comparação blásfema acima, formulada por D. Casaldáliga :

"O Deus. [ ...] assim como mandastes Moisés para retirar os hebreus do cativeiro do Egito, mandastes Zu111bi e tantos outros para a libertação dos escravos do Brasil". Os ataques à Igreja são violentos: "No passado ela [a Igreja de Jesus Cristo) não se mostrou sufi·

ciente,nente solidária com a causa

01 quaia executaram dança, rituaia. contoraõea. e1tranho1 clntieoa e batuque~ de lnopiraçlo afric,,na.

dos escravos[... ]. não amaldiçoou o pelourinho, não abençoou os quilo111bos. não excomungou os exércitos que se organizaram para combatê-los e destruí-los". Note-se, de passagem, que as expedições armadas foram organi1.adas a pedido das populações vi,Jnhas ao quilombo, tais eram as devastações e o terror que os quilombolas espalhavam em torno de si (veja-se, a respeito, o quadro "A

História coloca pingos nos is). Falando em nome dos negros, D. Pires prossegue: 'lA Igreja) hoje [ ...) começa a

nos querer bem. a respeitar nossa cultura. e a não tratá-la n,ais como grosseira superstição". Ora, todo mundo sabe que a qualificação de "grosseira superstição" foi dada pela Igreja ao paganismo professado pelos negros que vinham da África, como também a vários outros tipos de paganismo: o de certas tribos indigenas americanas que praticavam sacrifícios humanos, o de muitos povos da Antiguidade etc. Por isso, a Igreja sempre considerou como supitmo ato de caridade em relação a tais povos oferecer-lhes condições de sair das trevas do paganismo para ingressar na verdadeira luz da Fé católica. A Liturgia do Natal canta admiravelmente esse fato. O Arcebispo de João Pessoa, entretanto, parece confundir o paganismo originário da África com algo denominado por ele de "nossa cultura", e elogia a Igreja de hoje (na realidade refere-se ao progressismo) por respeitar tal religião de orixás e ca11do111blés. Causa espanto tal inversão de valores!

Religião, liberdade, subversão A religiosidade que o sermão de D. Pires exala é própria a favorecer ial subversão. De fato, a confusão religiosa em que o Prelado lança seus ouvintes é espatosa. Ele parece misturar, como equivalentes às meritórias e respeitáveis irmandades católicas de homens de cor, formas de macumba como o candomblé e o

xangô: "Nas irmandades de Nossa Senhora do Rosário para os homens pretos, no candomblé ou 110 xangô. a religião ofereceu aos escravos um espaço de liberdade". Aliás, interpretado no conjunto da "missa dos Quilombos" o trecho supra citado parece indu,Jr os ouvintes à idéia de que a própria religião é secundária. O que importa é um certo tipo de liberdade. Não pense o leitor que se trata da liberdade como normalmente é entendida. Em mais de um lugar da

Todo o aparato dtnico montado para • .. mina dot quilombos" 1ugere m1i1 bem a iddia de um ·"ahow" musical do que da renovaçlo do Santo Saeriflcio do Cafv6rio

Liturgia da revolta De qualquer forma, essa mistura espúria de cristianismo com grosseiro paganismo é muito estranha na "m issa dos Quilombos". Dificilmente poder-se-ia adotar a tese de que CATOLICISMO -

Foi essa canção que "inspirou" o pronunciamento final de D. Helder, no qual deixou clara a aproximação que era feita. Assim iniciou ele:

Poupamo• 101 leitores a vista de danç1rlno1 com o tronco nu e d1nç.1rina1 vff'lidaa tembám sumariamente, tendo e·penaa urna faixa de tecido cobrindo o busto

Dezembro de 1981

"missa" há objurgatórias contra a libertação dos escravos concedida pela Princesa Isabel (pp. 6 e 14); fala-se num "Quilombo da Páscoa que libertará [o Povo]" (p. 4); numa "nova Libertação" qúe é preciso obter (p. 9). A "nova libertação" não é definida. Uma caracteristica dela, porém, aparece inequivoca: não se aceita que ela S\lrJa normalmente, mas deverá ser arrancada através da rebelião. Num dos cânticos da "missa" está dito, por exemplo: "Rom-

pendo cadeias. forç"ndo corninhos, ensaiam libertos a n,archa do Povo" (p. 13); e também: "a liberdade va,nos conquistá-la" (p. 15). E não só os negros e os pobres é que devem ser "libertados". Também os ricos precisam ser aliviados de suas riquezas para tornarem-se livres: "Porque não é livre quem junta de 1110is" (p. 16).

"A rebelião teve ta,nbén, sua m(lnifestação coletiva, ,nas organizada, e por isso mesmo mais eficaz: foram os quilombos [... ]. Chegou o tempo de tanto sangtie ser semente, de tanta semente gern,inar. Estd sendo longa a espera, meus irn,ãos. Da morte de Zumbi até nós são decorridos já quase três séculos. ,nas a terra conservou o sangue de nossos mártire.r. Esse sangue fala. cla111a. e seu clamor co,neça a ser ouvido''. D. Pires não hesita também em ligar o chamado problema do negro à conhecida "teologia da libertação", elaborada pela esquerda católica para justificar, com o rótulo de teologia, a Revolução.

"Hoje não falta quen, condene a teologia da libertação, tambén, chamada teologia do cativeiro, que justifica e incentiva, i, luz da Palavra de Deus. os esforços dos oprimidos para se livrarem da marginalização a que foran, reduzidos". Por fim, o Arcebispo de João Pessoa interpreta de modo estranho a presença de brancos à "missa", atribuindo-lhes um ato de humilhação diante dos negros:

"Aqui na praça em que foi espetada a cabeça de Zumbi, descendentes dos que hurnilharam nossos pais. se humilham e pede,n perdão".

"Missa dos Quilombos", Pastoral da ferra e dos índios Fazendo uma curiosa e sintomática aproximação da "missa dos Quilombos" com a pastoral da terra e a pastoral dos índios, D. Helder, na conclusão do ato, invoca a CN BB:

"O importante é que a CNBB embarque de cheio na cousa dos negros, como entrou de cheio na pastoral da terra e na pastoral dos índios". Tal aproximação é um dos pontos mais interessantes da "missa dos Quilombos", pois revela bem a unidade de ação da esquerda dita católica. Pastoral da terra, do indio ou do negro são aspectos de uma subversão total que se tenta reali,.ar, na qual o camponês, o índio ou o negro são apenas instrumentos utilizados, muitas vezes sem o desejarem. E lembrando-nos do que D. Pires asseverou sobre a "teologia da libertação", o quadro se esclarece ainda mais. Prosseguem as frases de efeito demagógico no pronunciamento do Arcebispo de Recife:

"Basta de uns cheios de mal-estar para poder comer ainda ,nais, e 50 n,ilhões morrendo de fon,e nun, ano só. Basta de uns com empresas se derra,nando pelo n,undo todo e (continua na página 6)

--t•~ 5


A juventude entre os tóxicos e a fome de Deus'' 11

,

.. .

SABIDO QUE o perm1ss~v1smo moral é uma via que conduz, não necessariamente, mas em um número crescente de casos, ao uso e abuso das d rogas. E é e ntre os jovens, especificamente, que se observa com mais freqüência esse trágico roteiro. Vivendo e m ambiente encharcado de sensualidade, que justifica ou "compreende" todos os excessos e aberrações na linha dos costumes, os jovens logo se enfastiam dos prazeres sensuais e vão procurar no consumo das drogas a fruição de sensações ainda desconhecidas. É fato notório que nas grandes cidades brasileiras o consumo de tóxicos tem aumentado assustadoramente e ntre a população de idade escolar. A tal ponto que o Sr. Arnaldo Niskier, secretário da Educação do Estado do Rio de Janeiro, declarou na abertura do 1. 0 Seminário Nacional de Prevenç,'ío ao Uso do Tóxico que "as portas das escolas são verdadeiros supe,,nercados tio vício" ("Jornal do Brasil", 26-8-81). Anunciou a inda que em 1982 as 3. 500 escolas de 1.0 e 2. 0 graus do Rio de Janeiro terão aulas de ciências destinadas a alertar os alu nos sobre o perigo do uso de tóxicos. Para esse fim, cerca de 300 professores já estão sendo treinados ("Jornal tio Brasil", 29-8-81 ). Se a difusão das drogas a tal po nto preocupa uma Secretaria de Estado, é porque e la constitui um perigo em face do q ua l não é possível ficar indiferente. Tanto mais que um dos tóxicos cujo consumo vem aumentando progressivamente,

E

........~ A "Missa dos... 1>1ilhões se111 um s6 ,·en1ro onde ganhar o pão de cada dia". "Nem po/,res. nem ricos [ ... ] basra de escravos: um n1undo se111 senhores e sem escravos". A palavra escravo parece ter um sentido especial nesse linguaja r. Todo pobre seria a seu modo um escravo. Dai a necessidade de um mundo onde não houvesse "nen, pobres, ncn, ricos". É curioso que D. Hclder, pouco a ntes, denominava isto de "Evangelho de Crisro", quand o Nosso Senhor disse explicitamente: "Pobres sen,pre rereis enrre v6s" (Mt. 26, 11). O mundo de iguais, a nt i-h ierãrquico, preconizado por D. Helder, este sim não é evangélico. Seria uma humanidade onde a virtude teoloial da Caridade deixaria de ser praticada. Ninguém ajudaria a ninguém. Essa concepção igualitária e antinatura l levaria à conclusão d e que as relações entre os ho mens seriam regidas por uma desumana justiça.

Contraste com a doutrina tradicional da Igreja Sobre a verdadeira doutrina católica a respeito do assunto, eis o que diz o imortal Papa São Pio X: "A sociedade humana, ral qual Deus a e.,rabeleceu. é formada de elemenros desiguais, como desiguais são os ,nembros do corpo humano: torná-los rodos iguais é ilnpossível: resulraria disso a pr6pria desrruição da sociedade humana. ( ... ) Disro resulra que, segundo a ordem esrabelccida por Deus. deve haver na sociedade príncipes e vassalos, parrões e p rolerários, ricos e pobres. sábios e ignoranres, nobres e plebeus. os quais rodos. unidos por um laço comum de amor, se ajudam n1urua1nenrc, para alcançarem o seu fim úlrimo no Céu e o seu ben,-esrar 111oral e n,arerial na ferra" (Moru proprio "Fin dei/a prima", de 18 de dezembro de 1903, sobre a "Ação Popular Católica"; destaque nosso). As mencionadas palavras finais de D. Heldcr resumem bem o sentido e o espírito da "missa dos Quilombos". Trata-se - como fica claro pelo confronto delas com o texto de São Pio X - de uma formulação inspirada na utopia marxista. É a sociedade sem classes que se procura fazer engolir sob o

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rótulo de "Evangelho de Crisro ". a maconha, encontra da parte de muitos uma atitude complacente cm relação a seu uso, e até defensores de s ua liberação, alegando-se ser ela uma droga quase inócua, que não produz tolerância ou dependência, menos nociva que o álcool e até que o tabaco.

Trabalho benemérito Contra os defensores da inocuidade da maconha e os propugnadores de s ua liberação, é de justiça salienta r o traba lho q ue vem sendo desenvolvido pelo Prof. José Elias Murad, catedrático de Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, e de Farmacodinãmica da Faculdade de Farmácia da UFMG. Tanto pela realização de palestras nos meios estudantis como na direção de uma clínica especializada na recuperação de toxicômanos. o Prof. Murad vem se empenhando há vários anos cm imped ir que essa praga se a lastre no seio de nossa Juventude. Também procura ele alertar a opinião pública através de artigos sobre a difusão das drogas no meio estudantil e que são divulgados pela impre nsa diária de Belo Horizonte. Em 1980 veio a lume um opúsculo de sua autoria intitulado: "Maconha - conceiros aruais sobre suas ações orgânicas. psíquicas e 16xicas" (edição do autor, Belo Horizonte, 1980). Desse ensaio é que retiramos os dados q ue passamos a transmitir aos leitores sobre os malefícios que o uso da maconha pode acarretar. especia lmente do ponto de vista fisico. As funestas conseqüências que o tóxico provoca na parte psíquica do homem serão analisadas cm ulterior artigo.

batimentos cardíacos por minuto), congestão da conjuntiva, secura da boca e da garganta.

Nos usuãrlos crônicos agravam-se os males Entretanto, é no uso crônico da droga que .seus efeitos maléficos se manifestam mais claramente. Isto porque o THC, solúvel nas gorduras mas não na água, é excretado muito lentamente, acumulando-se nos tecidos dó organismo. Ou seja, cada vez que o usuário da maconha ingere certa quant idade da d roga, seu princípio ativo não é totalmente eliminado ou mctabolizado (transformado cm outras substâncias) até nova ingestão. Esta vai e ncontrar o organismo já com apre-

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(• ) Maconh.l, m:iriju:rna.. c:i.nnabis, cânhamo ou haxixe são termos uS3dos para

designar o mesmo tipo de tóxico.

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"As portas das escolas são verdadeiros supermercados do vício" (Secretário da Educação do Estado do Rio de Janeiro) . ( ) ~

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Efeitos nocivos da maconha Os maus efeitos da macon ha só puderam ser convenientemente estudados a partir de 1969, quando foram conhecidos OS' princípios ativos da droga, que são o delta-8 e o delta-9 tetahidrocanabinol (THC). Eles foram obtidos cm laboratório com alto grau de pureza, através de processo sintético, o que permit iu aos farmacologistas, clínicos e psiquia tras relacionar os efeitos psicopatológicos com a dose administrada, quer do extrato bruto da planta , q uer de princípios dela retirados, comparando-os com doses padronizadas do THC si ntético. Assim, tornou-se possivel estuda r os efeitos da maconha não só cm animais de laboratório, como também nos homens, quer através de estudos científicos feitos com a colaboração de voluntários, q uer através da observação dos fenômenos físicos ou psíquicos manifestados nos usuários crônicos. Estes, que geralmente apresentam dependência psíq uica em relação ã droga, podem ser considerados como pessoas que fumam alguns cigarros (3, 6 ou mais) diariamente, durante meses ou anos. A quantidade e o tempo de uso podem variar cm limites bem amplos, de acordo com o indivíduo, antes que seja caracterizada a cronicidade do uso com suas conseqüências. Só nos usuários crônicos é que os efeitos da maconha podem ser bem observados, pois ela age por ação cumulativa. O usuário eventual, experimentador ou curioso, geralmente não apresenta manifestações tóxicas, a não ser que consuma grande quantidade de uma só vez. Embora a toxicidade aguda da marijuana (*) em animais de laboratório seja relativamente baixa, pode haver casos de intoxicação aguda e severa em homens usuários de maconha. Mais comumente, porém, as alterações de caráter agudo provenientes de seu uso restringem-se à taquicardia (aumento do número de

Em outros sistemas orgânicos também podem ser constatadas lesões provocadas pela maconha. Com respeito ao aparelho respiratório, por exemplo, os fumantes crônicos podem apresentar irritação brônquica, laringite catarral crônica e asma. Recentemente foram isolados do cânhamo certas substâncias (esteróides e triterpenos) que pode m ser facilme nte transformadas em agentes cancerígenos. Também já foi demonstrado que a resina proveniente da fumaça condensada da maconha é carcinogênica para a pele dos camundongos, tal como acontece com o tabaco comum. Outro efeito nocivo significante da maconha manifesta-se no sistema imunitário do organismo, diminuin-

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ciável acúmulo da droga nos diferentes tecidos, o que provocará efeitos adversos e progressivos em numerosos órgãos. Entre os mais atingidos por essa estocagem crescente e crônica encontra-se o cérebro. É sabido que a intoxicação canábica, sobretudo durante a adolescência, atinge o funcionamento normal dos processos cereb rais, provocando mod ificações bioquímicas, principalmente no teor dos neurohormônios que os regulam. Tais alterações, após alguns anos, podem provocar mudanças definitivas nos processos de idcação e do comportamento.

"Mito" quebrado: inocuidade da maconha Campbell e colaboradores publicaram na revista médica "La11ce1" da Inglaterra (n.0 7736:1219, 1971) um artigo intitu!ado "Cerebral arrophy in young cannabis s,nokers", relatando a evidência de a trofia cerebral em dez jovens hippies que fumaram maconha diariamente por períodos variáveis de 3 a 11 a nos. Eles se 9ueixavam principalmente de cefaléia, amnésia em relação a fatos recentes, mudanças na personalidade e no temperamento, diminuição na clarc1,a e rapidez dos pensamentos e no desejo de trabalhar. A atrofia cerebral foi constatada radiologicamente, através de um processo especial de radiografia do cérebro, a pneumoencefalografia.

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do as capacidades de defesa da pessoa cm relação ã agressão dos agentes de moléstias. Os linfócitos, que são um tipo de glóbulos brancos utilizados especialmente na defesa do organismo, ficam com sua capacidade de proliferação bastante diminuída. Além disso, há uma diminuição na co ncentração de anticorpos circulantes do tipo da imunoglobulina G. e as célu las de baço cultivadas diminuem , sob efeito da droga, s ua capacidade de produzir anticorpos para a defesa do organismo. Nahas e cola boradores, em trabalho recente ("lnhibirion o/ celular n1ediared immuniry i11 111arihuana smokers" in "Science" n.0 183:419, 1974), chegou ã conclusão de que os fumantes de maconha, principalmente os ma1s jovens, tinham os seus mecanismos normais de defesa imunológica bastante diminuídos. Seus baixos índices foram comparados aos dos doentes cancerosos cujos mecanismos imunitá· rios se encontravam muito reduzidos pela ação da doença ou pelo emprego de drogas imunossuprcssoras. Quanto à ação sobre os órgãos reprodutores, basta dizer que, não só a diminuição das células reprodutoras masculinas como a redução do nível d e testosterona {hormônio sexual masculino) no sangue, podem levar um usuário crônico de maconha à infertilidade ou à impotência, as quais, entretanto, desapareceriam com a supressão da droga.

Deus ou t6xlcos? "A juvenrude não foi/eira para o prazer ,nas para o heroísmo''. Vem muito a propósito lembrar essa conhecida frase, de um autor francês, tão verdadeira, para indicar uma via ou valor elevado a fim de afastar os jovens da tentação de entregar-se ao uso de drogas. Com efeito, o mais detalhado esclarecimento e a mais cuidadosa repressão não são suficientes para afastar do mal uma juventude sem ideal heróico e sem disposição de dedicar-se a uma causa que ela considere como valendo mais que sua própria vida. Formada na mentalidade de uma sociedade de consumo que busca na satisfação de todas as suas apetências materiais a própria razão de viver, a juventude vê-se privada da solicitação ao sublime, ao mara vilhoso, ao transcendente. E vai procurar nas drogas algo de diferente que a civili1,ação materialista de nossos dias não lhe dá. Mas não se venha também com a cantilena, tão ao gosto dos csquerc(istas de todos os matizes, de que o vício das drogas é fruto exclusivo da sociedade capitalista. Se é verdade que a abundância de bens materiais aliada a uma propaganda incessante para o aproveitamento intemperante desses bens levam à procura desenfreada dos prazeres, também é verdade que uma vida completamente sociali1.ada por modos diversos. sejam eles estatizantes ou autogestionáriôs, cortando o .desenvolvimento próprio da personalidade humana através da opressão igualitária , leva a um tal estado de frustração que a procura da bebida e das drogas vem se · constituindo cm um dos vários métodos de fuga dos diversos tipos de "paraíso" socialista. Embora poucas notícias nos cheguem de a lémcorti na de ferro ou de bambu a este respeito, é bem conhecido o consumo a la rmante de bebidas alcoólicas nos países socialistas. Não é incutindo na juventude o ódio ao mundo capitalista que se conseguirá torná-la imune ao apelo das drogas. Mas sim, fazendo ver a ela q ue se deve existir algo de superior, de sublime, de sacral, uma autêntica civili1,ação cristã com todos seus valores espirituais e temporais, por cuja restauração ela deve lutar e dedicar o melhor dos seus esforços. Só assim os jovens poderão sentir-se inteiramente rea li zados e suas vidas nesta terra iianharão sentido, pois estarão dirigidas para seu autêntico fim último: Deus.

Murillo Galliez

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CATOLICISMO -

Dezembro de 198 1


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NESTA SALA a gente não tem medo de morrer!" Comentário singelo mas cheio de pensamento, que talvez muito intelectual progressista não teria alma para fazer. A exclamação, no entanto, é de uma velha mulher, simples empregada doméstica, ao ver pela primeira vez a sala apresentada nas fotos desta página. Essa semi-analfabeta compreendeu como tal ambiente predispõe para a eternidade. Bem mais explícito e elaborado foi o comentário de um nobre francês ao visitar esta sala, em uma de suas vindas ao Brasil: "Nunca vi tanta austeridade no fausto!" Muitas pessoas, dentre as numerosas que ai entraram, sentiram-se vivamente impressionadas pela sensação de maravilhoso que a sala produz. A perfeita harmonia do conjunto de móveis e objetos que a compõe, sua unidade possante dentro de uma variedade feérica, causam na alma reta um deleite interior que só a boa ordem pode oferecer. Por que? Não pelo luxo, por certo. Pois os móveis que a compõem, todos de muito bom gosto, entretanto não são luxuosos. A sala forma, contudo, determinado clima espiritual e simbólico, dentro do qual a alma se sente bem. O que há de ordenado no interior do homem se harmoniza com a ordem da sala. Esta não constitui um amontoado de móveis e objetos dentro de quatro paredes, mas um todo, um como que pequeno universo. t sabido que ao se colocarem na mesa taças de cristal de vários tamanhos, tocando-se uma delas com algum metal, esta emite o som que lhe é próprio. Tal som, por sua vez, se reproduz nas demais taças, por semelhança. Di.zemos então que os cristais são c-0nsonantes. Um faz vibrar os outros. Assim são as almas perante os ambientes. Serão consonantes com eles, se lhes forem semelhantes - ou diferentes, mas harmônicos. Serão

CATOLICIS MO -

dissonantes, se não se harmonizarem com eles. Os ambientes, por sua vez, são ao mesmo tempo frutos e formadores de determinadas mentalidades.

Exemplifiquemos com a sala apresentada nesta página. Trata-se da sala de reuniões da sede da Presidência e do Conselho Nacional da TFP brasileira, em São Pau lo. Bem analisada, vê-se que suas características são de uma sala temporal. Não é capela. De especificamente religioso, só possui a imagem de

douradas. Dir-se-ia que a gola iluminada é o diadema da sala. Embaixo, no entanto, o estandarte da TF'P no qual figura o leão rompante, a cáted ra, o tapete, as poltronas revestidas de veludo de lã, de cores variadas, conferem uma nota de dignidade, segurança e retidão ao conjunto. E contrastam harmoniosamente com certa frie1,a do lambri e o metódico dos pergaminhos nele entalhados, os quais, entretanto, conferem àquela nobre madeira uma originalidade e um esplendor dignos de nota. A sala apresenta muitos contrastes, nos quais os elementos desiguais completam-se, segundo um principio de unidade. O que não existe neste sala. Destina-se a um fim temporal, sim, mas a uma sociedade humana ambiente é a contradição, em que constituída de batizados, tendo co- elementos se opõem sem que um mo centro a Nosso Senhor Jesus principio de unidade os vincule num Cristo. Daí a nota de sacralidade. plano superior. Em outro ponto da sala, os Esta sala é sacral. vitrais das três jan.elas derramam luz dourada em seu interior. E a imagem de Nossa Senhorà impera laPara que•estas considerações não deada por quatro figuras de Anjos pareçam por demais abstratas, va- que refletem aquela pureza celestial, mos tentar explicitá-las mediante a característica do estilo de F'ra Ananálise das fotos aqui reproduzidas. gélico. Em primeiro lugar, a visão de No conjunto, contrastes harmôconjunto. Que ambiente superior! nicos que supõem unidade na varieharmônico! envolvente! nobre! cheio de doçura! - São exclamações cabíveis num primeiro relance de olhos, num primeiro contato com a sala. Depois, cada alma desdobrará sua primeira impressão em outras considerações, de acordo com seu feitio próprio. E a impressão de unidade brotará mais sólida no esplrito. Em um segundo movimento, a atenção recai sobre os diversos elementos decorativos da sala. Os tocheiros, por exemplo, cuja luz se difunde pelos pequenos vitrais multicolores de suas cinco lantenias. Nenhum deles repete o outro. Os tocheiros irradiam assim uqia luz especial, suave, matizada, a qual não procede da altura do teto, mas também não se loca liza no plano baixo de um abat-jour. Ela paira acima dos homens e dos objetos, constituindo uma esfera própria de irradiação, a meio caminho entre o teto e o piso. Seu brilho não cai perpendicularmente, aos jor- dade - a conhecida definição de ros, para suprimir o mistério ordem. natural a seres contingentes e limiA alma reta que contempla o tados como nós - , mas seu próprio ambiente pode, no entanto, ir aprocolorido vem ele mesmo cheio de fundando suas considerações, supenumbra e delicade1,a. bindo a patamares de panoramas Os olhos fixam-se com muita cada vêz ma.is vastos das regiões naturalidade no tapete da parede, meta.flsicas, tocando no sobrenatural. cujo sedoso tecido causa admiração. Não é, pois, sem razão, que a Com seus arabescos coloridos, do- TFP decorou com esmero esta sala. mina.dos ao centro por um vermelho Porque ela deixa ver de modo exrubi, meio furta-eores, ele cria no pressivo a mentalidade de uma famiobservador impressão cromática ac lia de almas, um universo de cogitraente e viva no conjunto cheio de tações no qual os espíritos estão serenidade da sala. t o tapete mani- convidados a habitar, em função dos festação de fantasia e variedade sem grandes panoramas históricos, cena qual a sala tornar-se-ia por demais trados na noção de Cristándade. E severa, contrastando ele com o equi- neste local destinado a reuniões, mas llbrio suave proveniente do influxo onde cabem também meditações e da Jgreja. orações, compreende-se que a graça Outra nota de fantasia enc-0ntra- divina possa penetrar e envolver se na gola de tecido vermelho. Onde todo o ambiente como os raios de se supunha que a parede iria termi- sol que, atravessando os vitrais de nar, verifica-se uma irrupção de suas janelas, projetam no piso as alegria escarlate deitando chamas belas figuras e desenhos coloridos.

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Nossa Senhora, ladeada por quatro pinturas representando Anjos, inspiradas naqueles que figuram em quadros e afrescos de Fra Angefico. No entanto, a sala convida à oração, à contemplação. Na realidade, aí se fazem reuniões nas quais o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira costuma expor o curso dos acontecimentos do mundo de hoje, especialmente no que tange à Cristandade. E em seguida ele analisa tais acontecimentos do ângulo da Filosofia e da Teologia da

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História, tendo em vista o ensaio "Revolução e Contra-Revolução" (in "Catolicismo" n.• 100, abril de 1959, e n.• 313, janeiro de 1977), da autoria dele, que é o livro de cabeceira da TFP. Propriamente, no centro do panorama encontramos a luta entre a Cristandade e a revolução igualitária, esta em seus aspectos mais atuais, o comunismo e o socialismo

autogestionário. Compreende-se então a nota sui generis, imponderável, presente na

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A t o 1 n c I S M O - - - - - - - - - - - -- *

Autogestão, dedo e fuxico Plinio Corrêa de Oliveira S TFPs EXISTENTES em treze países deste e do velho continente acabam de lançar uma Mensagem às respectivas nações, sobre o socialismo autogestionário francês. Publicada no dia 9 do corrente no "Washington Post" e no "Frankfurter Allgemeine Zeillmg··, deverá ser reproduzida também por grandes jornais de nossa e de outras nações. Escrevo no dia 1Ode dezembro. Até o momento, já essas duas publicações iniciais provocaram uma chusma de pedidos de entrevista em televisões, rádios e jornais dos mais diversos países. O que bem faz ver o alto grau de interesse que o tema desperta. Não conheço ainda comentários sobre o conteúdo da Mensagem na imprensa estrangeira. Só os de certos órgãos da imprensa brasileira. A TFP brasileira pretende publicar o texto integral da Mensagem da qual sou autor, cm jornais brasileiros. Antes disso, era de esperar que aqueles órgãos se mantivessem em atitude de simpática expectativa. Pois não é outro o sentimento que lhes seria natural vendo um compatriota atuar como porta-voz de tantas entidades de vários países, em um esforço publicitário de escala mundial. Ao contrário, em lugar de nos pedir que antecipemos algo sobre o conteúdo da Mensagem, sobre sua essência, sobre seu pensamento, vejo-os, na maioria, avançarem raivosamente, como quem se sente mordido na carne viva. E apresentarem sobre o fato um noticiário carregado O Prof. Plínio Corrêa d<I Olíveira fala aobr• a Mensagem qu& oacrovou e 13 TFPa de insinuações, as quais fogem intei- publk:aram no, mais Importante• jomaie do mundo ocidental. ramente ao tema tratado, num empenho em arrastar a discussão para a vida social. Mais ainda, ele prc- classes. Negando não só o principio o campo do mero fuxico. tende influir a fundo na própria vida da autoridade como toda hicrarAs TFPs lhes apontam com o individual, modelando a seu gosto quia, o PS abre camo para essa luta. dedo um alto tema. E eles olham só os lazeres e o próprio arranjo inte- Na empresa, leva ntando os operápara o dedo... rior das casas. rios contra os patrões, e os dirigidos Paradoxal atitude de certo capiDe outra parte, essencialmente contra os dirigentes. Na familia, talismo putilicitário. O socialismÕ laico, ele visa admitir, em termo suscitando a luta dos filhos contra autogcstionário visa depená-lo e de- último, tão-só a escola autogestio- os pais. Na escola, entre os a lunos e pois liquidá-lo. Mas ai de quem nária laica, à qual os pais devem mestres. E assim por diante. entregar seus filhos logo que comO programa do PS não nega a para eles - põe reparos à autogestão! Esta solidariedade de certo pletem dois anos de idade. A escola liberdade de funcionamento da Jgrecapitalismo com o socialo-esquer- privada religiosa, ele visa aboli-la ja. Mas a Igreja - comenta a dismo não é nova. Quem a ex- e nquanto propriedade individual, e Mensagem - ficará redu?.ida a viver plicará? enquanto religiosa. numa sociedade inteiramente laiciSeja como for, absolutamente A essa reforma geral, não pode- zada até nos seus menores aspectos, não cooperarei, de minha parte, ria ficar alheia a família. O doeu- que, enquanto tal, não tomará em para que descambe até lá a con- mento mostra que o programa do qualquer linha de conta as obritenda. PS equipara inteiramente o casa- gações do homem para com Deus, E para isto me parece essencial mento à união livre entre os sexos, e nem os princípios da ordem natural apresentar desde já ao público brasi- reivindica a equivalência entre a delineados na Lei que Deus revelou leiro, as teses essencia is que a Men- união heterossexual e a união ho- a Moisés. Ela fica, pois, estranha à sagem das TFPs - vazada em alta e rnossexual. Feminista ao extremo, o ordem civil, que tomará um rumo serena linguagem doutrinária, sem socialismo autogestionário exige, a- oposto ao ensinamento dela. demais, para a mulher, a inteira O socialismo autogestionário ataques pessoais nem fuxicos contém. equivalência com o homem, inclu- francês se procla ma inteiramente A argumentação cm favor dessas sive na responsabilidade como no coerente com a trilogia da Revoluteses, a própria Mensagem as dará. fardo dos trabalhos com que ela ção de 1789: "Liberdade - Igual tenha a arcar. da_de - Fraternidade". Para ele, a A empresa , no final da evolução abolição do patronato na empresa é autogestionária, não tem patrão. A a conseqüência lógica da instauradireção dela cabe, cm última ins- ção da república. Ele aponta no tâneia, à assembléia geral dos tra- patrão um pequeno rei que remaA .Mensagem põe em evidência ba lhadores. Esta tem o direito de nesce no interior da empresa, e no que o socialismo autogestionário tomar periodicamente conhecimen- rei o grande patrão que a república ao contrário do que muitos ima- to de todas as atividades çmpre- democrática eliminou. Entre a vitóginam - não constitui uma moda- sariais. Nem sequer o segredo ind us- ria final do socialismo autogestiolidade do esquerdismo, avançada trial lhe pode ser oculto. Os diri- nário e a Revolução Francesa, e le _ sem dúvida, mas bonacheirona e gentes da empresa são eleit os pela traça toda uma genealogia de revo~ gradualista. As TFPs sustentam que assembléia dos trabalhadores, a qual luções: 1848, 1871 e a Sorbonne-li o programa autogestionário visa a é soberana no que di z respeito às 1968. ~ desagregação da sociedade atual em a tividades empresariais. A Enciclica de · João Paulo li ~ corpúsculos autônomos, dotados de Como se vê - e os documentos "Lábore111 Exercens" é uma versão .g uma quase soberania, o que redun- do PS o afirmam sem rebuços - católica do socialismo autogestio• dará na implantação da utopia anár- uma reforma tão completa da so- nário francês? Compreende-se o al"- qu1ca . na F rança. ciedade supõe uma reforma igual- cance da pergunta, especialmente na ~ Essa utopia, entretanto, o socia- mente completa do próprio homem. perspectiva católica, que é a das ,0 lismo autogestionário não a recoÊ em função da natureza humana TFPs e da Mensagem lançada por • nhece como desordenada e caótica. assim reformada, que o socialismo estas. Também este assunto vem ,e Yerdadeira'escola filosófica substan- autogestionário reclama não serqua- abordado no documento. ':: cialmente marxi.sta, e portanto tam- lificado de utópico. bém evolucionista, o socialismo O PS não espera realizar esta º francês espera promover, com a reforma total, da sociedade e do 'f- gradual aplicação da reforma autohomem, em um só salto, mas por ~ gcstionária, uma transformação funtransformações sucessivas. Um dos ·Edamental, não só da empresa indus- meios essenci~,, para .pôr em movi~ triai, comercial e rural, como tammento e levar a termo essa reforma A que titulo se ocupam as TFPs {:. bém da familia. da escola, e de toda do homem e da sociedade é a luta de de uma problemática à primeira

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vista toda ela francesa, e ante a qual, por conseguinte, só competiria à TFP francesa tomar posição? A Mensagem põe cm realce o imperialismo doutrinário muito marcante que caracteriza a politica exterior do PS, e portanto também do atual governo francês. Ela mostra que a expansão internacional do socialismo autogestionário é meta relevante da diplomacia do Sr. François Mitterrand. E que o melhor meio para defender seus países contra o que, a justo titulo, qualificam de agressão ideológica socialista consiste cm rcvclhar-lhes a verdadeira face do socialismo autogestionário, conhecida pelos militantes do PS, não porém pelo grande público não socialista. No que diz respeito à França, a Mensagem demonstra que a-vitória socialista nas últimas eleições não

resultou de um aumento do eleitorado de esquerda. mas do grande número de abstenções que hoave no eleitorado não socialista, resultado de uma campanha conduzida sem o empenho necessário pelos partidos de centro-direita. Abrir todos os olhos, também na França, à verdadeira fisionomia da autogcstão, parece às TFPs ser o meio ma·is útil para que a população francesa, recusando seu apoio ao socialismo, obste a que o prestígio político e cu ltural da França seja empregado a serviço da agressão ideológica autogestionária. A Mensagem se encerra com um belo texto cm que o Papa São Pio X afirma s ua esperança de que a naç.'lo francesa venha a reluzir no mundo com todo o brilho cristão que lhe compete como filha primogênita e bem-amada da Igreja.

Até o final de dezembro de 1981, a Mensagem sobre o socialismo autogestionário francês, de autoria do Prof Plínio Corrêa de Oliveira, havia sido estampada sucessivamente nos seguintes jornais:

Frankfurter Allgemeine (Alemanha) The Washington Post The Globe and Mail (Toronto) La Vanguardia (Barcelona) The Observer (Londres) La Presse (Montreal) The New York Times Los Angeles Times Dallas Morning News Diário de Notícias (Lisboa) O Comércio do Porto (Portugal) Hoja dei Lunes (Madrid, Bilbao, Sevilha, Valencia) El Universal (Caracas) Diário de Caracas EI Mundo (Caracas)

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O mes,no estudo será publicado ainda nos jornais italianos li Tempo (Roma) e li Giornale Nuovo (Milão), na imprensa francesa e em ,nais J6 cidades, das principais da América do Sul. Catolicismo publicará em janeiro edição especial contendo esse documento.


N.•e 373-3174-Janeiro-Feverehode 1982-AnoXXXII • Diretor: Paulo Conta de Brito Filho

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Na França: a vitória do PS põe em umQ encruzilhada a maioria do eleitorado centrista e direitista

No Ocidente: ,

...

a vitória eleitoral proporciona ao PS amplos meios diplomáticos e propagandístioos para incremento da guerra psicológica revolucionária no interior de todas as nações


eta socia ista para a França • Confirmação da laicidade estatal - o casamento equiparado à união livre - plena liberdade sexual - ''reabilitação'' da homossexualidade - livre acesso e gratuidade dos anticoncepcionais - liberdade de aborto para gestantes maiores e menores de idade - agonia e morte do ensino privado educação estatal a partir de dois anos. • As grandes e médias empresas urbanas nacionalizadas - socialização progressiva da vida rural ..:.. a via autogestionária a assembléia operária, poder supremo em cada empresa - a função obediencial dos dirigentes e dos técnicos nas empresas sem empresãrio individual - a luta de classes - a participação dos consumidores na direção da empresa. • O modelo autogestionário na familia: função autogestionária dos filhos, luta de classes com os pais - na escola: a função autogestionária dos alunos, a luta de classes com os professores.

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~t NA CAPA: C o m a rosa e m p un h o sí n1bo lo d o P a rtid o S o cialis ta - M itter rand acena para s e u s p a rt id á rios en1 M on tpelli e r. t e n do atrás de si g r a n de cartaz com a próp ria figu ra

B. ,, AfOLICI§MO MENS ÁRIO CAMPOS -

ESTADO DO RIO

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Diretoria: Rua dos Goitaêazes, 197 • 28100 - Campos, RJ . Administração: Rua Dr. Ma rtinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo. S P e PABX 221-8755 (ramal 235).

• A sociedade autogestionária modela um novo tipo de homem - agnóstico - com uma moral oposta à cristã - com teto de progresso individual muito limitado - sujeito em tudo à maioria em comitês nos quais é eleitor que o ''ajudam'' planificando-lhe até o lazer, a diversão e o arranjo doméstico.

• Liberté - Egalité - Fraternité radicais: o achatamento das classes sociais, a desagregação do Estado - a galáxia das micro-comunidades - enquanto houver empresários, a monarquia não terá acabado de ser derrubada na França. • A autogestão socialista, meta internacional a serviço da qual o PS prometeu instrumentalizar o governo, as riquezas, o prestígio e o rayonnement mundial da França.

Composto e impresso na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Garibald i, 404 - O11 35 - São Paulo, S P. "Catolicismo" é uma publicação mensal da , Editora Padre Belchior de Pontes S/ C. Assinatura anual: com ufl) Cr$ 1.300,00; cooperador Cr$ 2.000,00; benfeitor Cr$ 3.000,00; grande benfeitor Cr$ 6.000,00; seminaristas e estudantes Cr$ 900,00. E xterior: comum US$ 20,00; benfeitor US$ 40,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Edito ra Padre Belchior d e Po ntes S/C, poderão ser encaminhados à Administração. Pa ra mud ança de endereço de assinantes é necessário mencio na r tam bém o endereço antigo. A correspo ndência relativa a assi naturas e venda avulsa deve ser enviada à

Ad1nini!ltra\lio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 São Paulo, SP

Errata: No quadro Ili , da página 6, fica ram falta ndo os números e porcentagens eleito rais relativos ao PC francês. São eles, por ordem de colunas, respectivamente: 5.870.402; 16,68; 4.065.540; ..... .

11,19.


~ronffurter ~llnemeint ,._..,______ - ... ....,..·-....::-,..-,-, ~ - ·~..

-

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~

Plinio Corrêa de Oliveira

O duplo jogo do socialismo francês: na estratégia gradualidade - na meta radicalidade

O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte? • A Tarde (Salvador) • II Tempo (Roma) • II Giornale (Milão)

Esta Mensagem foi publicada sucessivamente nos seguintes jornais:

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• El Impulso (Barquisimeto, Venezuela) • Estado de Minas (Belo Horizonte) • Jornal de Santa Catarina (Blumenau) • O Estado do Paraná (Curitiba) • O Popular (Goidnia) • Jornal do Commercio (Recife) • El Universal (Caracas) • Pano:rama (Maracaibo, Venezuela) • La Nación (Buenos Aires) · • El Diario (La Paz) • El Mundo (Santa Cruz, Boltvia) • El Mercurio (Santiago do Chile) • El Pais (Montevidéu) • El Tiempo (Bogotá) • El Pais (Cali, Colômbia) • El Colombiano (Medellin) • El Comercio (Quito) • El Tiempo (Quito) • El Universo (Guayaquil, Equador)

Frankfurter Allgemeine (Alemanha) The Washington Post The Globe and Mail (Toronto) La Vanguardia (Barcelona) La Presse (Montreal) The Observer (Londres) Diário de Noticias (Lisboa) The New York Times O Comércio do Porto (Portugal) Dallas Morning News (EUA) Los Angeles Times (EUA) Hoja dei Lunes (Madrid) Hoja del Lunes (Bilb<W) Hoja del Lunes (Sevilha) Hoja dei Lunes (Valencia) Diário de Caracas El Mundo (Caracas) Folha de S. ·Paulo Última Hora (Rio de Janeiro)

.-.. Apresenta alguma relação com o dia-a-dia do Brasil o tema tratado nesta Mensagem? De um lado, em círculos intelectuais "pra frente" - mais especialmente os preocupados com a situação sócio-econômica - a autogestão ia se introduzindo como a última moda do pensamento, com sérias possibilidades de se irradiar para a imprensa e outros meios de comunicação social. Expansão essa que, aliás, já começou. Mas, sobretudo, a autogestão é o ideal preconizado em diversos ambientes da "esquerda católica", particularmente nas chamadas Comunidades Ecle-

siais de Base. Essas a&sociações, tais quais existem na maioria dos países latino-americanos, manifestam tendências evidentes para a autogestão. E por vezes se afirmam mesmo categoricamente a favor desta. A mencionada tendência das Comunidades de Base pode facilmente difundir a ânsia autogestinária por todo o Continente sul-americano. Além disso, é manifesta a préssão internacional exercida pelo atual governo francês no sentido de irradiar pelo mundo o socialismo autogestionário, como bem o demonstra sua interferência no caso de El Salvador.

l


= = ~AtOlLliC]§MO

I O centro e a direita ante o socialismo francês: a ilusão otimista, o alcance da derrota e a encruzilhada 1. A ilusão Para o "homem da rua" da maior parte dos países do Ocidente, o Partido Socialista francês resulta, como tantos outros, da conjugação de interesses e de vaidades em torno de um programa partidário aceito com mais convicção, ou menos. É explicável. O grande público internacional se informa sobre o socialismo principalmente na televisão, no rádio e na imprensa. E a imagem do PS, apresentada parte implicitamente, parte explicitamente por tais veículos de comunicação costuma ser esta: a) um eleitorado constituído em sua maioria por trabalhadores manuais imbuídos, em níveis diversos, da mentalidade do Partido, mas abarcando também não poucos burgueses, cujas tendências sócio-econômicas conciliatórias se conectam em um ou outro ponto com vagas simpatias tílosóficas por um . socialismo ''filantrópico"; b) quadros dirigentes formados pelo menos nos níveis alto e médio - por políticos profissionais, preocupados sobretudo com a conquista do poder. E, explicavelmente, habituados a todas as flexibilidades, a todas as audácias, como também a

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todas as formas de concessão e de prudência que conduzam ao sucesso. Porém, esta visão global do socialismo tem pouco de objetivo. Ela corresponde às ilusões otimistas de tantos dos opositores políticos do PS. Ilusões estas que contribuíram em considerável medida para a recente vitória desse partido. E que abrem agora, ante o eleitorado francês de centro e de direita, uma encruzilhada decisiva.

2. Golpe de vista sobre o PS real Observado sem ilusões nem otimismo, o PS deixa ver um caráter ideológico monolíticamente forte. Dos princípios filosóficos que aceita, ele deduz sistematicamente todo o seu programa político, econômico e social. E a aplicação integral e inexorável deste último a cada indivíduo, a cada nação - à França, portanto, como a todo o gênero humano - é a meta de chegada da ação concreta que o Partido preconiza. Qual o meio para a obtenção desse objetivo gigantesco? A manipulação gradual - ser-

vida por táticas de dissimulação sofisticadas - tanto da cultura, quanto da ciência, do home1n e da natureza. E também a instrumentalização dos órgãos do Estado, no caso de o Partido alcançar o poder. Segundo o PS, essa gradualidade deve ser lenta, pois as c1rcunstanc1as quase sempre o exigem; mas se deve acelerar sempre que elas o comportem. Ao longo de toda essa trajetória, nenhuma palavra deve ser dita, nenhum passo deve ser dado, que não tenha por objetivo supremo a anarquia final (no sentido etimológico da palavra), ftm, aliás, visado também pelos teóricos do comunismo. Esse cunho do PS se patenteia nos doct1mentos oficiais do Partido, nos livros de autores representativos do pensamento do PS, e ainda nos escritos de circulação interna, destinados mais bem à formação de seus membros. Todo esse material, além de absorvido nas fileiras do PS, tem circulação em outros ambientes: esquerdas de distintos matizes, intelectuais e políticos extrínsecos à esquerda etc. E aí vai alargando processivamente o número de simpatizantes do Partido. Porém, é pouco ou nada lido pelo homem da rua alheio ao PS (1). •

A


Diôrio_ilr lloticino )[ IA

3. O alcance real da ascensão do socialismo na FrançaAbstenção, grande fator da derrota do centro e da direita Observadores e analistas das recentes eleições presidenciais francesas têm como certo que o candidato vitorioso das esquerdas se beneficiou dos votos de uma parcela ponderável do eleitorado de centro e de direita. Tendo sido de 1.065.956 votos (3,51 % dos "votos expressos", isto é, os votos apurados, dedu-

1.

A caracterização do PS, aqui feita, se baseia em segura documentação. Do Congresso de Epinay, em 1971, nasceu o atual Partido Socialista. A nova entidade política vem desde então dando à luz diversos documentos oficiais de caráter doutrinário e programático, especialmente por oeasião de seus congressos nacionais (de dois em dois anos) e das campanhas eleitorais. Ao que se soma um significativo número de publicações internas, destinadas à formação de seus aderentes, ou a difundir as conclusões de diversos colóquios e jornadas de estudo do Partido. Na impossibilidade de utilizar todos os textos oferecidos por essa abundante produção, serão citados aqui de preferência três documentos absolutamente fundamentais do PS: a) O Projet socialiste pour la France des années 80 (Club Socialiste du Livre, Paris, maio de 198 1, 380 pp.), apresenta as ambições do socialismo francês para os próximos dez anos. O Projet redefine as prioridades socialistas e anuncia de antemão as grandes iniciativas que marcarão diante do povo francês o sentido da ação do PS. Cumpre notar que ele não ab-roga os textos e programas anteriores do Partido (aos quais se fará referência em seguida). Antes "ele os prolonga, ampliando-lhes ao mesmo tempo o campo de ação e o panorama" (op. cit., p. 7).

ção feita dos brancos e nulos) a diferença de F. Mitterrand sobre seu opositor, no segundo ·- ... -- .---:~ turno das eleições, o vazamento de votos do centro-direita para o candidato socialista represen- mento da metade dessa difetou um fator ponderável rença resultaria no empate eleiquiçá decisivo - na apertada toral (ver Quadro I - De como disputa eleitoral. Para isso bas- 500 mil votos decidiram as eleita considerar que o desloca- ções presidenciais francesas). Quadro I

De coma 50·0 mil votos decidiram as eleições presidenciais francesas -

Eleiçio de 10-S-81 Eleitores inscritos Abstenç0es Votantes Brancos e nulos "Votos expressos" François Mitterrand V. Giscard d'Estaing Diferença Mitterrand-Giscard

------.

Votos

% cor:po eleitoral

36.398.762 5.149.2)0 3J.i49.552 898.094 30.350.568 15.708.262 )4.642.306

J00,00 14, 15 85,85 2,47 83,38 43,16 40,23

100,00 5),76 48,24

1.065.956

2,93

3,51

% ~otos expressos,,

-

Fonte: "Journal Officiel"~ 16-5-8 I. 6bservaçio: Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Francês de Opinião Rública (lfOP) em conjunto com a revista "Le Point" e publicada por ei;ta última no dia 2 de maio (entre o t. 0 e 2.0 turno das eleições presidenciais), considerável número de eleitores de centro-direita mal}ifestaram a intenção de votar em Mitterrand no 2. 0 tur:no. A terem · t,revalecido as porcentagens indicadas por essa pesquisa, o candidato socialista ter.ia recel>ido dos·eleitores do próprio Giscard 1% dos :votos (82.224 votos), de Chirac 1,8% (940.652 votos) e de diversos de direita 21% (182.373 votos), totalizando 1.205.249 votos de e;e_ptro-direita. Em contraposição, elcito.res de esqu,erda teriam carreado 55'2.513 votos para Gis~ard. Assim, _no balaJlÇO de v~tamento~ do een~ro-direitapara esquerda e vice-versa, M1tterrand se tena bénefie.a<lo com 652.736 votos. Sondagem realizada pelo instituro SOFRES após o 2.0 tumo das elejções presidenciais (entre 10 e 20 de maio) indica um vazamento de votos de Chirac para Mitterrand de 16% (836.135 votos), confir,mando assim a tendência assinalada por IFOP-Le Point (cfr. "Le Monae'1, 2-6-81). Estes élados conduzem à afirmação de que o vazamento de votos do cenrro-dir.éita para Mitterrand pode ter sido decisivo para a eleição deste.

Foi o Projet aprovado por 96% dos votos, na Convenção nacional do Partido, reunida em Alfortville em 13 de janeiro de 1980. No Projet se inspirou o posterior Manifesto de Créteil, de 24 de janeiro de 1981, bem como as 110 Propositions pour la France, que o acompanham. Com base nesses dois documentos, aprovados por unanimidade no Congresso de Créteil, o Partido Socialista lançou a campanha presidencial de Mitterrand (cfr. "Le

Poing et la Rose", n. 0 91, fevereiro de 1981 ). b) Em 1972, o PS e o PC entraram em negociações para estabelecer um contrato de governo, do que-resultou um Programme commun de gouvernement de la gauche, válido por cinco anos. Em 1977, não tendo havido entendimento entre os dois partidos para a renovação do acordo, o PS atualizou sob sua única responsabilidade tal Programa comum. No inicio de

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Campanha superdinâmica da esquerda: até no bairro da burguesia mais rica de Paris (XVI). a foto de Marchais, chefe do PC, colocada sobre a de um candidato de centro-direita

Tal vazamento causa espanto. Há cerca de vinte anos, todo centrista, todo direitista cioso de sua autenticidade, julgaria trair sua causa sufragando um candidato que fosse proposto

pelo PS. Máxime se este se eia não agiu (3). E com uma apresentasse em ostensiva coali- tranqüilidade por vezes irreflezão com o Partido Comunista tida, por vezes indolente, vota(2). Em 1981, em muitos cen- ram em Mitterrand. Como pôtristas e direitistas de diversas de isto acontecer? idades, esse sentido de coerênMas as falhas da direita e do

1978, durante a campanha eleitoral, o PS divulgou o programa atualizado, com o intuito de proporcionar à opinião pública "a possibilidade de julgar com base em documentos" o que o partido faria caso vencesse as eleições, bem como permitir "a todos de acompanhar a sua aplicação" (cfr. Le pro-

cialiste du Livre, suplemento do n. 0 2, sem data, pp. 42-43) e pretendem ter dado conteúdo novo à idéia autogestionária (cfr. "Documentation Socialiste", n.0 5, sem data, p. 58). Com esses documentos, o PS reputava dar ao leitor comum um conjunto de noções suficienteménte amplo, de modo a Lhe obter a adesão refletida, e o voto. Eles constituem, pois, por assim dizer, a imagem de si mesmo desenhada pelo PS. Imagem cuja fidelidade não pode ser questionada, uma vez que se deve presumir como capaz de definir-se uma corrente que acaba de conseguir tão destra vitória estratégica. Aliás, os socialistas assumem decididamente a responsabilidade sobre o que publicam - como se lê no Projet socialiste - onde se afirma: "Somos os únicos a assumir o

gramme commun de gouvemement de la gauche - Propositions socialistes pour /'actualisation, Flammarion, Paris, 1978, 128 pp. - Prefácio de François Mitterrand, p. 3). c) Finalmente, as Quinze theses sur /'autogestion, adotadas pela Convenção nacional do Partido Socialista em 21 e 22 de junho de 1975 (cfr. "Le Poing et la Rose", suplemento do n. 0 45, 15 de novembro de 1975, 32 pp.), oferecem particular interesse, visto que os socialistas franceses apresentam a perspectiva de uma sociedade autogestionária como "a contribuição própria

do PS, no plano teórico por ora, à história do movimento operário" (cfr.

risco de expor nossas teses preto sobre o branco, com a irremissibilidade do papel impresso. .... Nós nos mostramos tais como somos" (op. cit., p. 11).

"Documentation Socialiste", Club So-

Já instalado no Poder, o Primeiro-

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Ministro socialista Pierre Mauroy apresentou, na sessão da Assembiéia Nacional do dia 8 de julho, uma

Déclaration de politique générale du Gouvernement. Nessa Déclaration, e no debate parlamentar que se seguiu, o Primeiro-Ministro confirma a linha geral do Projet socialiste, pelo que fornece também importantes subsídios para a caracterização ideológica e programática do PS (cfr. "Journal Officiel - Débats Parlementaires", 9 e 10 de j ulho de 1981). Aliás, o PrimeiroMinistro afirmou expressamente, nessa ocasião, que tinha obtido "do Con-

selho de Ministros, a autorização de empenhar, nesta declaração de política geral, a responsabilidade do Governo, de acordo com o art. 49 da Constituição" ("Journal Officiel", 9-78t, p. 55). • A referência a estes documentos será feita, neste trabalho, de forma abreviada: Projet, Programme commun --

Propositions pour /'actualisation, Quinze theses, Déclaration de politique gé-


.. • •

centro não ficaram apenas nisto. Toda a campanha eleitoral feita por uma e por outro foi desinteressada, sem o impulso, sem a força de impacto indispensáveis para arrastar multidões. Predicados que do lado socialo-comunista não faltaram. Nas eleições legislativas, essa falta de empenho foi, natu-

ralmente, ainda mais acentuada, e produziu também outra conseqüência: o aumento das abstenções. Num pleito tão importante para os rumos da França e do mundo, nada menos do que l O. 783 .694 eleitores (...... . 29,67% do corpo eleitoral) se abstiveram, no primeiro turno. É significativo que o número de

Quadro II

Abstenções .e dispersão no centro e na direita

favoreceram as esquerdas, nas últimas eleições legislativas francesas '

0

Eleição - J. turno

'

Eleitores inser,itos ~0stenções Votaótes Nulos e br-ancos "\''o.tos e~ptessos"

Presidencial Legislativa (26-4-81) (14-6-$1)

Diferença

36.398.859 6.882.77/J 29.$1'6.Q82 47~.965 29.038.117/

36.34l.82o/ 1'0. :Z83. l)94 ' 25.559.133 368.092 25.19.1.041

868.444 5.22'5.848 8.222,43v2

90.422 713.582 5.249.670 4.839.294

Total centro-direita

Jr4. 3.J 6. 7i4

10.892.968

- 3.423.156

PS ('M,ltter,r,and)) PC '~Mareha:is) Di~ersos esquer,da E~trema-esquerda

rl.505.960 4.456.922 964.200 668.05:7

9.432.537 4.065.'540 ,193:63~ 334.674

+ 1.926.57?7

Total esquerda

13.595.139 1.126.254

Exrtrerna-direi'ta Diversos centro-diteita RPR (Chirac) UDP (Giscard)

Ecolegistas

'

56.032 + 3.900.917 - 3.956.949 - 109.8íl3 - 3.84í7.07i6 +

-

90.422

154.862 + 23.82,2 - 3.383.138

-

391.382 íl70.56ij 333.383

14.026.385

+

431.246

271.688

-

854.366

·" fonte: "Journal <;)fficiel", 30-4-81 e 8-5.,SJ; "l:.e Monde, 17, 23 e 244-81.

nérale, respectivamente. . . ,.,, Os,.,, destaques

em negrito nas c1taçoes sao nossos. • As publicações do PS usam a expressão Projet socialiste seja para designar especificamente o documento

expressão (ora específico, ora geral). O leitor facilmente se dará conta de um emprego e de outro, tanto mais que as citações aqui feitas, das fontes socialistas, não deixam margem a confusão.

Projet socialiste pour la France des anées 80, seja, de forma mais genérica,

2. Embora a aliança entre o PS e o

o novo projeto de sociedade que pro- PC seja ostensiva, deve apenas ser põem para a França e para o mundo, e- ligeiramente dissimulado o beneficiáque denominam projet autogestion- rio dela. Ou seja, os socialistas devem naire. Neste caso, Projet socialiste e assumir posição de destaque: projet autogestionnaire são sinônimos. "O Partido Comunista deve aceitar No texto do presente trabalho se man- esta evidência da política francesa: a tém o mesmo uso ambivalente da maioria dos franceses não confiará à

"t,

.........

•• - : 1

abstencionistas tenha sido então superior à quantidade de votos obtida pelo PS (9.432.537). O bloco que sofreu o grande recuo no último pleito foi o de centro-direita, que caiu de ....... 14.316.724 votos no primeiro turno das eleições presidenciais (26 de abril), para 10.892.968 votos no primeiro turno das eleições legislativas (14 de junho), perdendo assim 3.423.756 eleitores nesse curtíssimo período. Como o número de abstencionistas cresceu de 3.900.917, entre as duas eleições, e o conjunto das esquerdas, de outro lado, acusou um pequeno aumento (ver Quadro II - Abs-

tenções e dispersão no centro e na direita favoreceram as esquerdas, nas últimas eleições legislativas francesas), tudo indica que a maior parte das novas abstenções se verificou nas fileiras do centro e da di-

Esquerda o governo do País se não estiver certa de que o socialismo irá instituir a liberdade em nossos dias. Queira-se ou não, é preciso para tanto que o Partido Socialista surja

como a força de animação da aliança. Tal não diminui em nada o papel que nela deve desempenhar o Partido Comunista" (Projet, p. 366). De seu lado, os comunistas com-

preenderam bem o seu papel. Segundo o secretário-geral do PS, L~onel Jospin, um milhão e meio de eleitores do PC (um quarto do contingente desse partido) votaram em Mitterrand já no primeiro turno das eleições presidenciais (cfr. "Le Poing et la Rose", n. 0 83, 30-5-81, p. l ).

3. Nas referências do presente trabalho à direita, não se inclui a direita tradicionalista francesa, freqtientemente de inspiração católica, cuja presumível atuação nas eleições de 1974, 1978 e 1981 é difícil de discernir, e portanto de avaliar.

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~ AfOLEC]§MO reita. Entre estes normalmente terão sido muito mais numerosos os que tomaram a decisão de não votar, seja em conseqüência de querelas partidárias, seja por preferirem simplesmente viver o domingo eleitoral como lhes parecia mais cômodo e divertido. Tal fato - capital nesta emergência - se explica em boa medida pela ilusão de que não teria conseqüências dramáticas a eventual vitória de um partido, esquerdista sem dúvida, mas bonachão. lgualme'n te em razão dessa visão otimista, diferentes pe. .. quenas razoes c1rcunstanc1a1s

-

de ordem pessoal, regional etc., como também o deslumbramento ante a vitória de Mitterrand, tiveram suficiente força para levar não poucos eleitores provenientes do centro e da direita a votar no PS, contribuindo assim para vazamentos semelhantes aos ocorridos· nas eleições presidenciais. Em suma, tudo leva a pensar que a maior parte, quer das abstenções, quer dos votos dados por eleitores de um partido à legenda de outro, deve ter ocorrido nos partidos menos rigidamente estruturados. A não ser que se imaginasse um PS ou um PC em vias de amoleci-

Quadro !III

Estagrn&.;çãe da eleitor-ade de esquenta n.a s eleições legislativas de 1978 a 1981 Eleiçio - 1.1 turno

Legislativa % corpo Legislati:va % col!po 1978 eleitoral •981 eleJtoraJ

Eleitores inscritos

35.lW. l 52 100,00 36.342.8,-27 100,00

PS .PC Divenos esquetda E~trema-esquerda

6.451.151

18,32

9.432.§37

25;95

(*) 894.799 9'53!08·8

2,54

193.634 334.6'?4

0,53 0;9.2

'fota! esgu~rda

14.169.440 40,iS 14.0:26.385

38,59

~atai das ecologistas :Ec0logistas de esq. (**)

2! 71

612.100 1,74 [313.413) (0,9?)

2:71.688

0,75 ( l "3.994;) (0,4(),)

Total esq.com eool. ~·•) (Í4.493.853) (41,l?) (14.170.379) (38,99)

Fonte: Les é/ections législativ.es de mars 197-8, "Le ~onde ~ Dossjers et Documents1'; "Le Monde", 17, 23 e 24-6-81.

. (*) Estão compu,tatlos néste total 36,67% dos votos do item "qiveisos" '

constanu: do boletim do Ministério do Interior. Segundo "Le Monde" dos dias 1~ re 15-3-1.8, tal era, nesse item, a poroon~em dos eleitores de,oposi_ção.

(*'*) Terá sido algum tanto mais sensível o decllnio da esquerda, a ,se

considerarem nesse bloco os eco1og1stas que costumam canalizar seus votos, em dererminadas circun.stâncias, para ca~didatos ,dticlaradamente esquerdistas. Segundo sondagem do institt1to SG>F:RES, 53% dos ecologistas votaram em Mitterrand· no 2. 0 turno das ele~ções presidenciais, 26% em Giscard e 21% ·não se pronunciaram ('cfr. 1'Le Monde", 12.~-81). Pesquisa do IFOP indicava, para as mesmas tendências, respectivamente1 50o/~ 26% e 24% (efr. "Le Pojnt", 2-5-81). 0s valores entre parê,nttses, no l..luadro, foJ'am calculados com base na pesquisa do SOFRES.

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mento disciplinar, ou empenhado em apostar corrida abstencionista com os adversários do centro ou da direita ... O PS ve~ceu, pois. Mas sua vitória não tem o significado de um aumento do eleitorado socialista, que a propaganda esquerdista vem habilmente difundindo pelo mundo. Comparadas as eleições legislativas de 1978 com as que acabam de se realizar, verificase que o contingente eleitoral de esquerda permaneceu praticamente inalterado: 14.169.440 em 1978: 14.026.385 em 1981 (dados referentes ao primeiro turno, único em que é possível fazer a comparação, devido às peculiaridades do sistema eleitoral francês). Considerando-se que o número de eleitores aumentou de 1.138.675 nesse período, a permanência no mesmo patamar representa uma queda percentual efetiva no conjunto do corpo eleitoral. Assim, as esquerdas, que conseguiram o apoio de 40,25% do corpo eleitoral em 1978, agora só obtiveram 38,59%, o que está bem longe de representar a maioria do corpo eleitoral (ver Quadro III - Estagnação do eleitorado de esquerda nas eleições legislativas de 1978 a 1981). A vitória eleitoral do PS nas recentes eleições se deve, pois, não tanto a um fortalecimento efetivo das esquerdas, mas em maior medida a um desinteresse e uma dispersão do centro e da direita. Dispersão esta provocada em parte - como adiante se verá - pela desorientação e pela fragmentação de considerável parcela do eleitorado católico. Se se tratasse do aumento do número de eleitores especificamente esquerdistas, o fenômeno talvez fosse dificilmente reversível. Mas, vindo a derrota da desorientação do centro e da direita, tudo pode ainda ser


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-- ~ ....,....,-... -·- .. .. ··-·• 1 multidões. Imaginam eles que o socialismo revelou na França uma força eleitoral muito maior do que a verdadeira. E f ogachos de entusiasmo socialista autogestionário começam a se fazer sentir em várias nações. Se a verdadeira imagem do PS corresponde· à do bonacheirão, es~ tas perspectivas socialistas não Com um apert o de mão. M ar chais. chefe do PC . sela com M itterrand a coalizão apresentam risco maior. Se, ped as esquerd as. em 1978 lo cont r áno, · o soc1a · lismo franreconquistado. À vitória socia- nista, e de 20 outros deputados cês visa exatamente as mesmas lista de 81 poderá suceder, pois, de pequenos partidos de esquer- metas finais do comunismo, enuma derrota da esquerda nos da, o PS dispõe da maioria tão é necessário esclarecer e prélios eleitorais futuros. absoluta na Câmara, com 265 alertar a opinião pública. Tanto Sirvam estas considerações deputados num total de 491 mais quanto ninguém sabe até de alento às pessoas que imagi- cadeiras. Para a reconquista de onde pode chegar, em nossos nam ser definitiva a conquista tudo que acaba de perder, a dias, a instrumentalização de do terreno pelo socialismo. E França do centro e de' direita qualquer tendência esquerdista que, assim, em lugar de se está pois na contingência de na opinião pública, por obra da organizarem desde já numa o- optar sobre qual a melhor estra- guerra psicológica revolucionáposição ordeira mas briosa, tégia em relação ao PS. Mas ria que Moscou move, com inarredável e fecunda, correm para tal, é necessário que ela evidente êxito, em todo o em direção aos vencedores para defina para si mesma o que é o mundo. estender-lhes a mão e colaborar PS. Que opte entre a versão com eles. Desse modo renun- algum tanto folclórica de um ciam a lutar para deter seu país PS oportunista e bonacheirão; 5. A escolha na rampa (que eles mesmo reco- e a cognição da realidade, isto da estratégia: nhecem resvaladia) do socia- é, de um PS propulsionador lismo, rumo ao comunismo (que eficiente da marcha gradual mas aspectos do eles mesmo reconhecem mor- decidida para o coletivismo insocialismo francês tal). Explicação que apresen- tegral. tam: a vitória socialista é um Face ao incremento das esfato consumado. Aliás, seria o querdas que a vitória do PS e a Sendo certo que. a escolha caso de perguntar se há fatos instauração do regime socialista dessa estratégia tanto mais adeconsumados neste mundo ins- na França acarretarão - por quada e rapidamente se fará tável de hoje. via de repercussão e pelas já quanto mais fiel e objetiva for a anunciadas ingerências do go- imagem que desde já o público verno francês atual - nos ou- se forme do PS - e na impos4. Posta a vitória do tros países, análoga questão es- sibilidade de abarcar no pretratégica se põe também nestes, sente resumo global tão vasto PS, o que fazer? para os elementos de centro e tema - parece este o momento de direita. A vitória do socia- oportuno para divulgar vários A encruzilhada lismo francês já começou a traços característicos da doudespertar em políticos de es- trina e das táticas do PS franDe momento, porém, os fa- querda da Europa e da América cês, de maneira a fazer cair tos aí estão... O PS tem hoje o a impressão de que a bandeira desde logo as ilusões otimistas Poder Executivo. E mesmo sem socialista se carregou subita- que podem propiciar a lentidão levar em conta o apoio dos 44 mente, em todo o Ocidente, de e a frouxidão na luta contra tão • deputados do Partido Comu- um novo poder de atrair as grave pengo.

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II

Doutrina e estratégia no projeto de socialismo para a França 1. ''Liberdade, igualdade, fraternidade'' no ''Projet socialiste '' É próprio ao lema ser substancioso e preciso. Não corresponde a isto a trilogia da Revolução Francesa: "liberdade, igualdade, fraternidade". Entre as múltiplas interpretações e modos de aplicação a que tem dado azo, algumas deixaram na História marcas de impiedade, de desvario e de • • sangue que Jamais se apagarão (4).

4.

Na Carta Apostólica Notre Charge Aposto/ique, de 25 de agosto de 1910, em que condena o movimento francês Le Sillori, de Marc Sangnier, SÃO Pio X assim analisa a célebre trilogia: "O Sillon tem a nobre preocupação da dignidade humana, Mas, esta dignidade é compreendida ao modo de certos filósofos, de que a Igreja está ·longe de ter de se regozijar. O primeiro elemento desta dignidade é a liberdade, entendida neste sentido que, salvo em matéria de religião, cada homem é autônomo. Deste principio fundamental, tira as seguintes conclusões: Hoje em dia, o povo está sob tutela, debaixo de uma autoridade que lhe é distinta, e da qual se deve libertar: emancipação polftica. Ele está sob a dependência de patrões que, detendo seus instrumentos de trabalho, o exploram, o oprimem e o rebaixam; ele deve sacudir seu jugo: emancipaçio econômica. Enfim, ele é dominado por uma casta chamada dirigente, à qual o

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Revolução Francesa: com o ataque do populacho à Realeza começaria a demolição da propriedade individual. O Partido Socialista francês afirma que o socia lismo autogestionário é filho das revoluções de 1789 e 1 848, da Comuna de Paris de 1871 e da explosão ideológica e temperamental da Sorbonne em 1968

desenvolvimento intelectual assegura uma preponderância indevida na direção dos negócios; ele deve subtrair-se à sua dominação: emancipação intelectual. O nivelamento das condições, deste triplice ponto de vista, estabelecerá entre os homens a igualdade, e esta igualdade é a verdadeira justiça humana. Uma organização po/(tica e social fundada sobre esta dupla base, liberdade e igualdade (às quais logo virá acrescentar-se a fraternidade), eis o que eles chamam Democracia. .... Fm primeiro lugar, em polftica, o Sillon não abole a autoridade,· pelo contrário, ele a considera necessária; mas ele a quer partilhar, ou para melhor dizer, ele a quer multiplicar de tal modo que cada cidadio se tornará uma espécie de rei. .... Guardadas as proporções, acontecerá o mesmo na ordem econômica. Subtraido a uma classe particular, o patronato será multiplicado de tal modo, que cada operário se tornará uma espécie de patrio. ....

Eis agora o elemento capital, o elemento moral. .... Arrancado à estreiteza de seus interesses privados e elevado até os interesses de sua profissão, e mais alto, até os da nação inteira e, mais alto ainda, até os da humanidade (porque o horizonte do Sillon nio se detém nas fronteiras da pátria, mas se estende a todos os homens até os confins do mundo), o coração humano, alargado pelo amor do bem comum, abraçaria todos os companheiros da mesma profissão, todos os compatriotas, todos os homens. E eis a( a grandeza e a nobreza humana ideal, realizada pela célebre trilogia: Uberdade, Igualdade, Fraternidade. .... Tal é, em resumo, a teoria, poderse-ia dizer o sonho, do Sillon" (Acta Aposto/icae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, Roma, 1910, vol. II, pp. 613-615). São Pio X se insere, portanto, na esteira de seus Predecessores, que desde Pio VI condenaram os erros sugeridos pelo lema da Revolução Francesa.


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1792 - A Revolução Francesa chega a seu auge: julgamento de um suspeito por tribunal revolucionário. ~ nela que se inspira Mitterrand.

Uma das interpretações mais mais dotados constituam em radicais a que a trilogia se proveito próprio alguma supepresta pode ser enunciada como rioridade de mando, de prestísegue. A justiça preceitua que gio ou de haveres. A verdadeira haja uma igualdade absoluta fraternidade decorre do relacioentre os homens. Só esta, supri- namento entre os homens inteimindo qualquer autoridade, rea- ramente iguais e livres. liza inteiramente a liberdade e a De 1789 até 1794 os sucessifraternidade. A liberdade só vos líderes revolucionários se admite um limite: o indispensá- foram inspirando em interprevel para impedir que homens tações da famosa trilogia, cada

vez mais próximas deste enunciado radical. Já agonizante, a Revolução Francesa tão aparatosamente moderada em seus primeiros dias, teve espasmos de significado nitidamente comunista. Como que repetindo em câmara lenta o processo dessa Revolução, o mundo democrático levou -- ou está acabando de levar - às suas úl-

Na Carta Decretai de 1O de março de 1791 ao Cardeal de la Rochefoucauld e ao Arcebispo de Aix-enProvence, sobre os princípios da Constituição . Civil do Clero, Pio VI assim se exprime: "Decreta-se, pois, nessa assembléia [a Assembléia Nacional francesa], ser um direito estabelecido que o homem constituído em sociedade goze de omnímodo liberdade, de tal sorte que não deve ser naturalmente perturbado no que respeita à Religião, e que está no seu arbítrio ·opinar, falar, escrever e até publicar o que quiser sobre assunto da própria Religião. .Monstruosidades es-

restringiu desde logo a liberdade, com este primeiro preceito? Porventura, em seguida, quando o homem se tornou réu pela desobediência, nãd lhe impôs um maior número de preceitos, por meio de Moisés? E se bem que o 'tivesse deixado em mãos de seu próprio alvedrio', para que pudesse merecer bem ou mal, contudo acrescentoulhe 'mandamentos e preceitos, a fim de que, se os quisesse observar, estes o salvassem' (Eccli. XV, 15-16). Onde fica, pois, a tal liberdade de pensar e de agir que os Decretos da Assembléia atribuem ao homem constituído em so_ciedade, como um direito imutável da própria natureza? .... Posto que o homem já desde o começo tem necessidade de sujeitar-se a seus maiores par(J ser .por eles governado e instruído, e para poder ordenar sua vida segundo a norma da razão, da. humanidade e da Religião, então é certo que desde o nascimento de cada um é nula e vã essa decantada igualdade e liberdade entre os homens. 'É

sas que proclamam derivar e emanar da igualdade dos homens entre si e da liberdade da natureza. Mas o que se pode excogitar de mais insensato do que estabelecer tal igualdade e liberdade entre todos, a ponto de em nada se levar em conta a razão, com que a natureza dotou especialmente o gênero humano, e pela qual ele se distingue dos outros animais? Quando Deus

criou o homem e o colocou no Paraíso de delícias, porventura não lhe prenunciou, ao mesmo. tempo, a pena de morte, se comesse da árvore da ciência do bem e do mal? Porventura não lhe Pio VI (1776-1799)

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timas conseqüências o nivelamento político das classes, muito embora ainda conserve aspectos hierárquicos em sua cultura, como em seu regime social e econorruco. Pode-se discutir os fatos, os lugares e as datas em que, no século XIX, começaram os principais movimentos em favor do nivelamento cultural e sócioeconômico. O certo é que, em meados do século, eles se tinham estendido a muitos países e haviam adquirido forte consistência em vários. A ponto de inspirarem acontecimentos como, na França, a Revolução de 1848 e a Comuna de 1871. Ademais, é patente em nosso século a presença deles entre os fatores profundos da Revolução russa de 1917, e em conseqüência a propagação do regime comunista aos países além das cortinas de ferro e de bambu, e outros (5). Sem falar de todas A

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necessário que lhe sejais sujeitos' (Rom. XIII, 5). Por conseguinte, para que os homens pudessem reunir-se em sociedade civil, foi preciso constituir uma forma de governo, em virtude da qual os direitos da liberdade fossem circunscritos pelas leis e pelo poder supremo dos que governam. De onde se segue o que Santo Agostinho ensina com estas palavras: 'É pois um pacto geral da sociedade humana obedecer a seus Reis' (Confissões, livro lll cap. VIII, op. ed. Maurin., p. 94). Eis porque a origem deste poder deve ser buscada menos em um contrato social, que no próprio Deus, autor do que é reto e justo" (Pii VI Pont. Max. Acta, Typis S. Congreg. de Propaganda Fide, Roma, 1871, vol. I, pp. 70-71). P io VI condenou reiteradas vezes a falsa concepção de liberdade e de igualdade. No Consistório Secreto de 17 de junho de 1793, confirmando as palavras da Encíclica lnscrutabile Divinae Sapientiae de 25 de dezembro de 1775, declarou o seguinte: "Estes perfidíssimos filósofos acometem isto ainda: dissolvem todos aqueles vínculos pelos quais os homens se unem entre si e aos seus superiores e se mantêm no cumprimento do dever. E vão clamando e proclamando até à

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náusea que o homem nasce livre e não está sujeito ao império de ninguém; e que, por conseguinte, a sociedade não passa de um conjunto de homens estúpidos, cuja imbecilidade se prosterna diante dos sacerdotes (pelos quais são enganados) e diante dos reis (pelos quais são oprimidos); de tal sorte que a concórdia entre o sacerdócio e o império outra coisa não é que uma monstruosa conspiração contra a inata liberdade do homem (Encíclica Inscrutabile Divinae Sapientiae). A estafalsa e mentirosa palavra Liberdade, esses jactanciosos patronos do gênero humano atrelaram outra palavra igualmente falaz, a Igualdade. Isto é, como se entre os homens que se reuniram em sociedade civil, pelo fato de estarem sujeitos a disposições de ânimo variadas e se moverem de modo diverso e incerto, cada um segundo o impulso de seu desejo, não devesse haver alguém que, pela autoridade e pela força prevaleça, obrigue e governe, bem como chame aos deveres os que se conduzem de modo desregrado, a fim de qué a própria sociedade, pelo ímpeto tão temerário e contraditório de incontáveis paixões, não caia na Anarquia e se dissolva completamente; à semelhança do que se passa com a harmonia, que

se compõe da conformidade de muitos . sons, e que se nao consiste numa adequada combinação de cordas e vozes, esvai-se em rufdos desordenados e completamente dissonantes" (Pii VI Pont. Max. Acta, Typis S. Congreg. de Propaganda Fide, Roma, 1871, vol. II, pp. 26-27).

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5. Além das cortinas de ferro e de bambu, o comunismo se implantou nos seguintes países: Coréia do Norte (1945), Vietnã do Norte (1945), Guiné (1958), Cuba (1959), Tanzânia (1964), Iêmen do Sul (1967), Congo (1968), Guiana (1968), Etiópia (1974), GuinéBissau (1974), Benin (1974), Cambodge (1975), Vietnã do Sul (1975), Cabo Verde (1975), São Tomé e Príncipe (1975), Moçambique (1975), Laos (1975), Angola (1975), Granada (1979), Nicarágua ( 1979). No Afeganistão, está no poder um governo de esquerda desde 1978, o qual permitiu. no ano seguinte, que·as tropas russas entrassem no país. Entretanto, a guerrilha anticomunista controla a maior parte do território. Além destes, cumpre ter presente os governos marxistas mais ou menos . disfarçados vigentes em diversas partes do mundo.


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A esquerda: 1848 - Revolucionários invadem a Câmara e proclamam a li República

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A Revolta da Comuna (1871) -

Quadro de Daumier

Embaixo: 1871 - Transformadas em clubes, igrejas são profanadas por correligionários da Comuna de Paris


as revoluções e agitações comunistas que têm abalado diversas partes do mundo. Entre as quais a explosão da Sorbonne de maio de 1968.

O Projet Socialiste pour la France des années 80 - com base no qual o PS concorreu às últimas eleições (cfr. Nota 1) se insere explícita e até ufanamente neste movimento geral (6). Lendo-o, constata-se claramente que sua meta última é a igualdade completa, da qual nasceriam a liberdade e a fraternidade integrais (7). Para ele, o fim principal do poder consis-

6. "Houve momentos privilegiados em nossa Hist6ria, que ficaram gravados na mem6ria coletiva: 1789, 1848, a Comuna de Paris e, mais perto de n6s, a Frente Popular, a libertação [da ocupação nazista] e Maio de 1968" (Projet, p. 157). "Da explosão de maio de 1968, o PS recolheu uma boa parte da energia e das aspiraçâoes positivas" (Projet, p. 23). "Esta extrema-esquerda difusa (que

te em impedir que a liberdade produza desigualdades (8). É verdade que a supressão inteira da autoridade, ele a qualifica de utopia. Mas a utopia não é, na lógica dele, um vazio, transposto· o qual se despenca no caos do anarquismo. Pelo contrário, é um horizonte em direção ao qual se deve voar mais e mais, valendo-se de todos os meios para chegar tão perto (ou t.ão pouco longe) quanto possível do irrealizável. Isto é, da supressão desse mal necessário, mas quão antipático, que é, segundo ele, a autQridade (9). apareceu aos olhos da opinião pública sobretudo depois de maio de 68) tem o mérito de levantar algumas questões incômodas para todos, o qµe é útil" ("Documentation Socialiste", n. 0 5, p. 36). "Assim, uma sensibilidade nova no seio da Esquerda viu na 'Revolução Cultural' nascida na Califórnia durante os anos sessenta - e da qual uma certa ideologia reportando-se a maio de 1968 foi a versão francesa - o

2. O PS, o centro e a direita Nesta perspectiva global se explica todo o Projet (10). O Projet aceita, e assume por inteiro, a herança política radicalmente igualitária acumulada na França a partir de 1789. Estima como medidas úteis as diversas leis postas em vigor até estes dias, para reduzir as desigualdades sociais e econômicas. E, ademais, quer pôr resoluadvento de uma 'critica de Esquerda do Progresso" (Projet, pp. 30-31 ).

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a pr6pria igualdade, uma das exigências mais importantes do movimento operdrio" (Projet, p. 127). "A idéia de igualdade continua sendo uma idéia nova e forte" (Projet , pp. 113-114). "É sem dúvida a inspiração do socialismo francês, mas é também a de Marx que suscita a idéia dq tomada do Giancarlo Botti

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1968 - Nas paredes da Sorbonne, os insurrectos homenageiam Lênin, Trotsky e "Che" Guevara (página oposta). E proclamam: "Abaixo o Estado" "Nem Deus nem senhor"

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Micltcl Cabaud/Fotogram

poder pelos produtores imediatos, a da eliminação da divisão do trabalho entre funções de direção e funções de execução, entre trabalho manual e intelectual, e, depois da Comuna de Paris, a do deperecimento do Estado" (Quinze theses, p. 6). "O questionamento das hierarquias de remuneração deve logicamente ser acompanhado de uma revalorização do trabalho manual e de um desenvolvimento da rotatividade das funções" (Quinze theses, p. 10). "Os teóricos socialistas mostraram como as desigualdades apresentadas como 'naturais' pelas classes dirigentes poderiam ser progressivamente superadas" (Quinze theses, p. 10). "A atual divisão do trabalho se verá progressivamente questionada com tudo o que implica de exploração e de alienação. .. .. Os valores hierárquicos instituídos pela sociedade capitalista concernem a todos os setores da vida social, abrangendo as relações entre homens e mulheres, jovens e adultos, professores e alunos, ativos e inativos . etc." ( Quinze theses, p. 1O). "Acabem-se com os preconceitos: que sejam abolidas as barreiras e as hierarquias entre atividades físicas, lúdicas, esportivas... e as outras atividades ditas 'intelectuais'" ( Projet,

p. 302).

8.

"As sociedades do Leste podem reivindicar, à primeira vista, traços que as aproximam do 'perfil tradicional socialista' .... : - apropriação jurfdica, pela coletividade, dos meios de produção essenciais; - planificação da economia; ....

Mas, em contrapartida, quantos traços tornam manifesto que as sociedades do Leste nada têm a ver com o socialismo. Elas continuam sociedades nãoigualitdrias .... A divisão sociàl do trabalho reveste formas que não são substancialmente diferentes das que existem nos países capitalistas. .... Os dirigentes .... exercem, em nome do proletariado, uma ditadura... sobre o proletariado .... Não só o Estado não se extinguiu, como se tornou uma máquina extremamente eficaz de controle social e policial. .... Por isso, embora os valores afirmados sejam os do socialismo (o que, aliás, não é destitufdo de importância), não podemos considerar associedades do Leste como 'socialistas'. A existência de classes sociais diferenciadas e a manutenção de um aparelho de Estado coercitivo .... são inerentes às relações de produção" (Projet, pp. 67-69, 71).

9.

"Alguém me dirá: o Sr. fala de autogestão e negligencia precisar-lhe o funcionamento,· o Sr. a apresenta como um objetivo abstrato, um caminho quimérico que conduziria a um vago paraíso terrestre. É verdade. Mas há uma razão para isto. Nós não queremos construir uma nova utopia, tão perfeita no papel quão impossível de realizar na prática. A autogestão é uma obra permanente e jamais acabada. .... Dizendo isto, permanecemos fiéis ao espírito do marxismo: Marx nunca pretendeu que o fim do capitalismo acarretaria ipso facto a instituição de um regime perfeito por toda a eternidade" {PIERRE MAuRov, Héritiers de

l'Avenir,

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Paris,

1977, pp.

278-279).' "A crise de autoridade é 14ma das dimensões maiores da crise do capitalismo avançado. Maio de 1968 foi, na França, a revelação mais espetacular desse Jato: o professor, o patrio, o pai,

o marido, o chefe pande ou pequeno, histórico ou que aspira a sê-lo, eis de agora em diante o inimigo. Todo poder é cada vez mais sentido como uma manipulação. .... O detentor da menor

parcela de autoridade é por isso mesmo contestado, quando não já desacreditado. Aos olhos do Partido Socialista, a existência desta crise é positiva. .. .. Desde que ela chegue até o seu termo: o advento de uma democracia nova" (Projet, pp. 123-124). "Uma coisa é certa: não se voltará atrás. As formas tradicionais de autoridade nio serio restauradas. E isso, em particular, na famOJa: a revolução contraceptiva, por exemplo, criou as condições de um equilíbrio novo no casal" (Projet , p. 125).

10.

"O Projeto socialista é um projeto global e radical de reorganização da sociedade, ainda que deva ser gradual" (Projet, p. 121). "Qualquer que seja o terreno considerado, a iniciativa autogestionária não tem sentido senão quando se insere em uma perspectiva global" (Projet, p. 234). "O Projeto socialista é fundamentalmente cultural. Dois postulados devem ser tomados em consideração .... : a) A cultura é global: ela .... concerne a todos os setores da atividade humana" (Projet, p. 280).

13


tamente em marcha a Fran, ça de hoje, rumo à aplicação mais radical da discutida trilogia (11). A fronteira entre o PS de um lado, o centro e a direita de outro, está em que estes dois últimos - pelo menos em sua maioria - aceitam a trilogia, não porém na interpretação radical que lhe dá o PS. De sorte que,. em lugar de se afirmarem desejosos de alcançar a meta igualitária última, dizem ou deixam entrever que desejam parar a uma distância indefinida desta (12).

3. PS e comunismo - A estratégia da gradualidade Tem o PS uma fronteira definida que o distingue do comunismo, na estratégia rumo à meta última que é a igualdade total? Sim: a) o PS teme que uma efetivação imediata da igualdade total desperte reações de tal vulto, que mais convém evitá-las; b) por esta razão, toda de circunstância, oportunidade e estratégia, segundo o PS a

aplicação dos princípios comunistas deve ser gradual, e as etapas dessa gradualidade devem ser medidas de forma a evitar choques excessivos (13). Certa moderação inicial dos socialistas franceses, na transição para a igualdade total, não é pois efeito de simpatia, compaixão ou indulgência para com o adversário vencido. É a transposição para a ação de um cálculo estritamente utilitário, e muito anterior à vitória. Convém entretanto sublinhar que o igualitarismo radical do PS francês procura bene-

1981 - M itterrand e Marchais no palácio presidencial do EIisée. - Socialistas e comunistas têm a mesma meta final : a "ordem" comunitária anárquica

11. "Declaramos desde logo que consideramos como nossa, por direito de sucessão, a herança da democracia política inaugurada pelos burgueses togados do tempo do rei Luís XVI'' (Projet, p. 15). "A perspectiva autogestionária dá sentido às lutas pelo controle, por parte dos trabalhadores, de seu próprio trabalho .... : lutas por vezes confusas, ampliadas após Maio de 68, mas que são o eco de uma longa tradição e de uma exigência tanto moral como material, que se concretizou outrora na Comuna. Enfim, nela desfecha a tradição especificamente francesa da responsabilidade acrescida dos cidadãos,

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responsabilidade de que os revolucionários de 1789-1793 e de 1848 foram portadores. O projeto autogestionário, tal como o PS o concebe, é inseparável do pleno desenvolvimento das liberdades individuais e coletivas" ("Documentation Socialiste", mento do n.0 2, p. 43).

suple-

"Por todas as ações, a França restabelecerá seus vínculos com uma história que explica, em larga medida, sua audiência no mundo. Não há .... irradiação da França separável de sua cultura e de seu passado. A França, no estrangeiro, é antes de tudo a França da revolução de 1789, a França da audácia. .... Queremos que nosso Pais,

retomando sua tradição, erga alto e conduza longe os valores dos direitos humanos, da fraternidade .... " (Déclaration de politique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 55).

12.

A direita tradicionalista f rancesa, não incluída nas referências genéricas à direita aqui feitas, leva muito mais longe sua rejeição da trilogia.

13. "Os socialistas não aceitam nem as soluções voluntaristas do extremismo de esquerda, nem a política dos pequenos passos dos reformistas, nem o mito da coligação do populismo. .... O extremismo de esquerda é aquela


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no da Revolução de 1789, na empresa (15). Todo o Projet parece ver nas relações patrão-assalariado uma imagem residual das relações rei-povo. Ele quer "destronar" o "rei", extinguir-lhe a "soberania" na empresa, e transferir todo o mando ao nível da "plebe" empresarial, isto é, os assalariados. Mais especialmente aos trabalhadores manuais. A Revolução empregou diversas medidas para evitar que se reconstituíssem, no plano polí4. Autogestão tico, aristocracias de diversas índoles. Analogamente, o Prona empresa: jet se empenha em evitar que os mini-revolução diretores e os técnicos sobrevivam como aristocracias na s.ocio-economica empresa "republicanizada". O proprietário individual desapaA autogestão constitui, em rece desde já nas empresas miniatura, a implantação dos "grandes". O próprio conceito princípios e da forma de gover- tradicional de empresa é alarficiar-se da experiência sócioeconômica - que sabemos dura e decepcionante - de todos , . os pa1ses em que o comurusmo tem ou teve vigência. Por isso evita ele, em larga medida, as estatizações, tão características do comunismo o/d style, e visa implantar na totalidade - ou quase tanto - das empresas até aqui privadas, outra forma de igualitarismo democrático e radical. É a autogestão ( 14).

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forma particular de voluntarismo chamada maximalismo e que consiste em querer queimar as etapas para alcançar imediatamente o máximo. O maximalismo despreza e rejeita as medidas de transição, para saltar desde logo no socialismo realizado. Não distingue entre objetivo final e reformas intermediárias" ("Documentation Socialiste", n. 0 5, pp. 32-33).

''Recuso-me a entrar no debate reforma ou revoluçio. Debate puramente formal. Porque é-se reformista quando se aceitam melhorias temporárias da situação dos trabalhadores, e é-se revolucionário quando se considera necessária uma transformação fundamental da sociedade. Os sindicatos e os grandes partidos operários franceses sempre o admitiram; e fazem disso a base de sua política de todos os dias. Eles não aplicam o jogo irresponsável do 'tudo ou nada" (PIERRE MAuRov, Héritiers lie /'Avenir, Stock, Paris, 1977, p. 274). "O verdadeiro significado de maio de 1968 .... é que a transformação da sociedade exige um programa cujo conteúdo explore o possível. Mudar a sociedade .... é recusar a ilusio de uma revoluçio que fosse uma denubada e uma transformaçio instantinea. Não há transfo rmação instantânea, não há solução rápida e definitiva. É preciso

realizar um trabalho de grande fôlego, seguindo uma linha que eu chamaria de 'reformismo duro'. Para nós, a revolução é a mudança gradual das estruturas do regime vigente" (idem, ibidem, pp. 295-296).

14.

"A noção de autogestão .... se situa no ponto de encontro do socialismo científico com o socialismo utópico (peJo qual Marx e Engels, embora criticando-o, tinham algo mais do que simples respeito)" ("Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 42). "Hoje .... o socialismo pode cada vez mais dificilmente ser edificado segundo um modelo centralizado. É preciso fixar outras metas. O projeto autogestionário é - a partir da propriedade coletiva dos principais meios de produção e da planificação - a inversão da lógica que caracterizou até o presente a evolução das sociedades industriais" ( Quinze theses, p. 6). "Tal projeto autogestionário dá novo conteúdo à noção de utilidade social. Rompendo com uma visão por demais 'economicista' do socialismo, não se limita ele à esfera da produção, mas procura resolver os imensos problemas sócio-culturais. .... O projeto autogestionário associa sua finalidade igualitária .... à intervenção de mecanismos democráticos que permitirão

gado. Participam de um direito real sobre ela, e sobre o que ela produz, não só os que trabalham, como também delegados de organizações representativas dos consumidores, dos fornecedores etc. Ou seja, da sociedade inteira, especificada nos • corpos ou grupos proximamente atinentes à empresa (ver Quadro IV - A empresa autoges-

tionária ideal proposta pelos socialistas). À maneira de uma república democrática, cada empresa, regida em suprema instância pelo sufrágio universal dos trabalhadores, terá suas assembléias laborais para receber informações sobre o curso de todas as

pôr em causa ... . a divisão social do trabalho" ( Quinze theses, p. 11 ).

15. "A democracia francesa (atual] é largamente manipulada. Ela é também cuidadosamente circunscrita. Ela se detém à porta da empresa" (Projet, p. 231). "Estamos resolvidos a promover um progresso decisivo da democracia econômica e social. Cidadãos nas suas comunas, os franceses devem sê-lo também em seu local de trabalho. Os empregadores não devem temer nem contrariar esta evolução desejável e necessária" (Déc/aration de politique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 49).

"Em nossas sociedades ocidentais, a democracia é mais ou menos tolerada por toda parte. Menos na empresa. O patrão, seja ele um industrial independente ou um alto funcionário do Estado, conserva em mãos os poderes essenciais. Em detrimento de todos. .... A empresa é uma monarquia de estrutura piramidal. Em cada nível, o representante da hierarquia é todopoderoso: suas decisões sio inapeláveis. O trabalhador de base torna-se um homem sem poderes, que não tem direito nem à iniciativa nem à palavra" (P1ERRE MAuRov, Héritiers de l'Avenir, Stock, Paris, 1977, p. 276).

15


= = = ljAfOJL~CXSMO ~ = = = = = = = = = = = = = = = = coisas a ela ,atinentes, terá suas eleições de "representantes", ou seja, "deputados", os quais constituirão um comitê diretivo (mais ou menos um soviet), e este, por sua vez, terá como meros executores de sua vontade os empregados-diretores. Esse regime a si próprio se define co·mo autogestionário, e se afirma como o lógico desdobramento sócio-econômico da soberania popular no campo político. Uma república seria uma nação politicamente autogestionária .. Um regime autogestionário importaria na "republicanização" da estrutura sócio-econômica ( 16). Ou seja,

na implantação de um regime empresarial no qual a direção dos especialistas e dos técnicos é sujeita a assembléias e órgãos nos quais preponderam membros do corpo social de menor desenvolvimento intelectual.

5. A autogestão deve abranger toda a sociedade e o homem inteiro

6. Por que a reforma da empresa exige a reforma do homem

Tal "republicanização" deve abranger toda a estrutura social, e não só a empresa. Real-

A reforma do homem: a tal respeito, o Projet esbarra exatamente nas mesmas dificuldades que o comunismo estatista. Os princípios econômicos vigentes no Ocidente, mesmo quando tenham dado ocasião a abusos, emanam da própria natureza humana. Eles podem caracterizar-se, resumidamente, pela afirmação da legitimidade da propriedade individual, bem como da iniciativa e do lucro privados. Os socialistas se propõem, no entanto, implantar outro sistema econômico, orientado para outras finalidades e a partir de outros incentivos (cfr.

Mitterrand (de gorro) à frente de manifestantes metalúrgicos em Metz. O socialismo autogestionário quer "destronar" o "rei" da empresa - o patrão e extinguir sua "soberania", transferindo o mando à "plebe", isto é, os assalariados

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mente, segundo o Projet, a plena efetivação da autogestão supõe uma transformação profunda no homem, e a implantação das conseqüências mais exacerbadas da trilogia em tod<tJS os setores de atividade que, ad~mais da empresa, integram a sociedade: a família, a cultura, o ensino, o próprio lazer ( 17).

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tiers de l'Avenir, Stock, Paris, 1977, p. 295).

16. "Democracia econômica e de-

mocracia· política sio indissociáveis; seu desenvolvimento conjunto implica em que todo trabalhador, todo cidadio tenha, em todos os níveis, a possibilidade e os meios de participar de pleno direito na elaboração das decisões, na escolha dos meios, no éon~role da execução e dos resultados" (Programme commun - Propositions pour /'actualisation, p. 50). "Democracia econômica e democracia social constituem um todo só

16

com a democracia política" ("Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 145). "Os socialistas querem que os franceses deixem afinal de estar sob tutela. A descentralização está no cerne da experiência do governo de esquerda; o qual, nos três meses seguintes à sua ascensão ao poder, procederá à reforma mais significativa destes tempos incertos, devolvendo o poder aos cidadãos. A República se verá por fim livre da monarquia" (PIERRE MAUROY, Héri-

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17. "Para que o homem se veja

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livre das· alienações que o capitalismo lhe impõe, para que deixe de sofrer a condição de objeto .... é preciso que ele tenha acesso à responsabilidade nas empresas, nas universidades, bem como nas coletividades em todos os níveis" (Estatutos do Partído - Declaração de Princíp.ios, "Documentation Socialiste''., süplemento do n. 0 2, p. 48). "Uma estratégia global e descentralizada da ação educativa e cultural .... é uma dimensão decisiva de nossa luta pela autogestão. É essa uma das primeiras condições para que a mudança de mentalidades possa produzir-se ....


Projet, p. 173). À idéia do que eles qualificam de lucro só para alguns deve substit~ir-se progressivamente o critério da utilidade social, determinada pela vontade soberana do povo. Ou seja, os socialistas, como os comunistas, afirmam que o indivíduo existe para a sociedade, e deve produzir diretamente, não para seu próprio bem, mas para o da coletividade a que pertence. Com isto, o melhor estímulo do trabalho cessa, a produção decai forçosamente, a indolência e a miséria se generalizam por toda a sociedade. Com efeito, cada homem procura, pela luz da razão como .também por um movimento . . , 1nst1nt1vo continuo, possante e fecundo, prover antes de tudo a suas necessidades pesso~is e às de sua família. Quando se trata da própria conservação, a inteligência humana mais facilmente luta contra suas limitações, e cresce tanto em agudeza como em agilidade. A vontade vence com mais facilidade a preguiça e enfrenta com maior vigor os obstáculos e as lutas. Em suma, o trabalhador atinge o nível de produtividade quantitativa e qualitativamente correspondente às reais necessidades e conveniências sociais. É a partir desse

[A auto gestão] provocará uma modificação das concepções atuais sobre a família e o papel das mulheres" (Quinze theses, p. 21 ).

impulso. inicial - túmido de legítimo amor de si e dos seus - que o homem projeta as ondulações mais largas do amor ao próximo, as quais devem abarcar, em última etapa, todo o corpo social. E assim sua atividade, longe de beneficiar apenas o seu pequeno grupo familiar, toma amplitude proporcionada à sociedade. O socialismo, abolindo este primeiro estímulo natural e poderoso do trabalho, e instaurando, pelo contrário, um regime salarial cada vez mais igualitário, no qual os mais capazes não vêem compensado proporcionadamente seu maior serviço, instila o desânimo em todo trabalhador. Assim, todo o jorro da força de trabalho nacional se torna baixo, fraco, insuficiente, como acontece de modo tão evidente na Rússia e nos países satélites. Como acontece também, embora de modo talvez menos evidente, na Iugoslávia. E como acontecerá analogamente na França autogestionária ( 18). Importa acentuar aqui a força de estímulo da desigualdade e o efeito depressivo da igualdade geral, bem como das desigualdades microscópicas. Numa sociedade igualitária, é inevitável que o ganho do

trabalhador tenha um teto, igual para todos, ou tetos muito pouco desiguais. Quanto nela seja pequena essa desigualdade, torna-se patente se a compararmos às desigualdades de tetos . do regime sócio-econômico em vigor no Ocidente. Convém ponderar que, pela própria natureza das coisas, a capacidade de trabalho varia imensamente de homem para homem, e que a produtividade global do trabalho de uma nação supõe o pleno estímulo de todas as capacidades, notadamente a dos super-capazes. No regime sócio-econômico em vigor no Ocidente, os horizontes para as legítimas ambições dos super-capazes são indefinidos. Postos eles a caminho, estimulam de proche en proche toda a hierarquia das capacidades necessariamente menores, as quais têm também, diante de si, possibilidades de êxito proporcionadas. Limitado o surto dos super-capazes ou dos capazes, o ímpeto de produção do trabalho diminui. Aliás, onde os super-capazes efetuam um trabalho menor do

Em Varsóvia, longas filas para comprar um pouco de carne. - Os socialistas. como os comunistas, afirmam que o homem devo produzir para a coletividade e não para si e seus próximos. Resu ltado: desestimulo, queda na produção, miséria

18.

Este efeito psicológico negativo é intrínseco à autogestão. Tal não importa, entretanto, em que toda e qualquer empresa autogestionária, individualmente considerada, conduza a um fracasso. Pois fatores circunstanciais, de natureza psicológica ou outra, podem excecionalmente - em algum caso concreto - contrabalançar ou atenuar esse efeito da autogestão. Mas isto, que só esporadicamente pode ocorrer, não é de molde a constituir fundamento estável do conjunto o. empresarial de toda uma naçãQ. <

17


que suas forças, os capazes são, por sua vez, desestimulados, e todo o nível da produção baixa. O igualitarismo conduz, assim, e necessariamente, a uma produção inf~rior à soma das capacidades de trabalho de um país. E tanto menor quanto esse igualitarismo for mais radical. Ora, não parece que o teto concedido pelo Projet faça mais do que atender as modestas aspirações dos medianos.

7. A sociedade autogestionária . e a família

Pelo visto, O Projet parece imaginar que a familia, como objeto imediato do amor do homem e escalão intermediário

entre este e a sociedade, não transmite multiplicado, mas, pelo contrário, veda o é/an do amor do homem a todo o corpo social. Por isto, sem proibila (o que seria desde logo chocante e pouco gradualista), ele a declara veladamente desnecessária para o bem comum, pondo-a no mesmo nível que o amor livre e a união homossexual ( 19). A função procriativa, intrínseca à família, é desvinculada, pelo Projet, de seu fim natural, e é considerada como mera realiz.ação do indivíduo. A esterilidade dessa função é permitida e facilitada de todos os modos (20). A igualdade entre o homem e a mulher

deve ser a mais completa possível, não só quanto ao acesso às mais variadas profissões, como no cumprimento dos afazeres domésticos (21 ). Instável, estéril, no socialismo autogestionário a família se desidentificará naturalmente de si mesma, e se confundirá com qualquer união. Ruirá assim uma das muralhas que apóiam a personalidade de cada indivíduo. E, como se verá, a missão educativa, tão naturalmente própria à família, o Projet visa entregá-la por inteiro, e desde os primeiros anos, à escola, de preferência única, laica e socialista. Assim, avulso, desvinculado

A educação socialista - de preferência única e laica - deve começar na escola maternal, de acordo com o Projeto socialista para os anos 30

19.

"Se nas ·possibilidades de desenvolvimento da vida pessoal, o Partido Socialista considera que a famflia desempenha um papel muito importante, ele reconhece que existem, sem dúvida, outras formas de vida privada (celibato, unlio livre, paternidade ou maternidade celibat'1ias, comunidades). O PS se pronuncia, enfim, contra a repressio ou as discriminações que atingem os homossexuais. Seus direitos e sua dignidade devem ser respeitados. Não lhe cabe legislar sobre a maneira como cada um entende orientar sua vida" (Projet, pp. 151-152). ,g A radical equivalência entre o casa- 12 mento e outras formas de relação sexual é afirmada de modo implícito, mas chocante, pelo atual governo socialista. Antes mesmo de iniciar-se o mados ..grupos de repressão" dos hoperíodo legislativo, começou este a mossexuais, da policia de Paris (inssatisfazer as promessas feitas durante a petores encarregados do controle dos campanha eleitoral aos grupos de ho- estabelecimentos homossexuais, em especial de fazer respeitar os horários de mossexuais, cujo apoio recebeu: a) O Ministério da Saúde decidiu fechamento) e os fichários de homosque a França deixará de aplicar a sexuais (cuja existência, aliás, a preclassificação adotada pela Organiza- feitura de polícia nega peremptoriação Mundial da Saúde, que qualifica a mente. - Cfr. "Le Monde", 28/29homossexualidade de enfermidade 6-81). mental (cfr. "Le Monde", 28/29-6-81). 20. "A fraca difusão dos métodos b) A pedido dos homossexuais, o Ministério do Interior baixou instru- contraceptivos, as condições restritivas ções no sentido de suprimir os cha- para a interrupção voluntária da gra-

18

videz e a má aplicação da Lei Vei/ [sobre o aborto] fazem com que a maioria das mulheres não tenha o domínfo de sua sexualidade, nem o de sua maternidade. .. .. Pôr fim a essa situação significa educaçi~ sexual a partir da escola e livre acesso à contracepçio, bem como sua gratuidade" (Projet, p. 247).

21.

O Projet afirma, citando um discurso de Mitterrand em Marselha, em maio de 1979: "Não é possível .... ser socialista sem ser fem inista" (p. 45).


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Fem_inistas francesas em passeata pró-aborto. - O Projeto Socialista equipara o casamento à união livre e ao homossexualismo; defende o aborto e o acesso à contracepção, bem como a educação sexual nas escolas.

.

mo o é o comunismo em bene. Sempre gradualista, o PS fício do partido - se empenha afirma reconhecer o direito do também em organizar e em homem ao lazer. O leitor meinstrumentalizar o lazer hu- diano, bem impressionado com isto, não se dá conta assim de mano. Com efeito, o Projet entra que o PS -fundamentalmente também neste campo que, a não organizador e diretivo no que ser regulamentado por ele, seria diz respeito ao trabalho - proum refúgio último da liberdade fessa uma concepção nova do humana no mundo autogestio- lazer ... a qual apaga as fron8. O lazer nário. Pois no lazer o homem teiras entre este e o trabalho, e encontra peculiares possibilida- estabelece o planejamento sides de se conhecer a si próprio, multâneo de um e de outro. O Para essa absorção, o PS tão totalitário em benefício da de se exprimir, de formar rela- PS não é simpático ao lazer individual e personalizante. Ele sociedade autogestionária, co- ções e amizades.

da família, reduzida aliás ao mero casal, o homem só tem como ambiente a empresa autogestionária, a qual fica nas condições mais favoráveis para o .absorver todo inteiro, bem à maneira socialista.

Mas o feminismo do Projet se opõe ao reconhecimento e à glorificação dos predicados da mulher enquanto tal. Pois nisto vê, "oculta sob um discurso

modernista e pretensamente liberal .... a velha noção de 'feminilidade' que insiste nas aptidões particulares das mulheres, na força de seu instinto, na riqueza de seu mundo interior... Em suma; reencontra-se a idéia de uma 'natureza feminina' diferente da dos homens e que serviu sempre para justificar a marginalização das mulheres e sua dominação" (pp. 50--51). É

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precisamente essa diferença tão natural entre homem e mulher, que o PS contesta ... E por isto, segundo o PS, "a escola

comerciais. A meta deve ser que todas as opções sejam mistas" (Projet, p. 249). Por fim, o Projet afirma que a

deve encorajar ambos os sexos a terem as mesmas ambições quanto aos estudos e às carreiras profissionais. O ensino deve se tornar verdadeiramente misto, afim de que não haja mais aulas práticas em que, por exemplo. só as moças são relegadas ao aprendizado da costura ou do secretariado, enquanto os rapazes constituem a maioria nas secções técnicas, industriais e

"deve começar bem cedo, porque a criança também as compreende muito cedo e delas pode participar desde então. Tal participação, alcançada quando jovem, não deve diminuir para os rapazes nem aumentar para as moças na idade adulta. E, naturalmente, essa participação deve ser mantida também durante a velhice" (Projet, p. 307).

participação nas tarefas domésticas

.9


Quem organizará o lazer-trabadeseja o lazer coletivo. E até o 9. O controle das lho? A constituição de orgalazer no domicilio é por ele condições de vida nismos dirigistas se impõe neste planejado, a fim de manipular melhor os homens, preparandocampo, mesmo porque o PS os para as pesadas e estéreis Na sociedade autogestioná- visa anemizar e, por fim, deslabutas da vida autogestioná- ria, a empresa organiza totali- truir a família, campo natural, ria (22). tariamente o trabalho-lazer. por excelência, do lazer verda-

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Casas típicas tradicionais como esta em estilo normando não contam com a simpatia do socialismo autogestionário, o qual visa a influir até mesmo no arranjo interno das residências

.22.

"Na vida não há apenas o trabalho. A criaçio do Ministério do Tempo Livre corresponde a uma grande ambição: fazer com que o tempo livre seja tempo de viver, tempo libertado. A sociedade do tempo livre deve ser uma sociedade de cultura .... O florescimento cultural será uma das missões das coletividades locais" (PIERRE MAUROY, Debates sobre a Déc/aration de po/itique générale, ..Journal Officiel", 10-7-81, pp. 82-83). "A separação atual entre trabalho e tempo livre será questionada... A empresa socialista evoluirá assim para

formas de vida cada vez mais comunitárias, em seu seio .... como em sua periferia (serviços sociais, lazer, cultura, formação etc.)" (Projet, p. 158).

20

"Citemos por exemplo a possibilidade da utilização em comum de certos equipamentos domésticos ou de certos equipamentos de lazer... Realizar-se-á igualmente um esforço sistemático para transformar e animar o meio urbano, torná-lo mais comunitário e melhorar as condições de moradia coletiva. Empreender-se-á um esforço considerável para tornar esta última tão atraente .... quanto a casa particular, grande consumidora de espaço e de energia" ( Projet, p. 177). "O movimento associativo será o suporte privilegiado da nova cidadania, em particular pela valorização do tempo livre. .... Caberá a nós em particular apagar as segregações sociais no domlnio do tempo livre. Decicar-nos-emos .... ao desenvolvimento .

de formas sociais do lazer e do turismo" (Déclaration de po/itique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 51). "Viver de modo diferente é, pois: - primeiro, modificar seriamente

o conteúdo do trabalho para que dentro de algum tempo a distinçio entre trabalho e lazer nio mais tenha o mesmo significado que hoje. Mas se é verdade que este objetivo não pode ser atingido, primeiro e antes que tudo, a não ser pela transformação do trabalho, os socialistas devem propor para/elamente também uma transformação do lazer; .... Mas é preciso ir mais afundo rumo às outras concepções do lazer: - lazer de fim de dia, após o trabalho, na proximidade do domic,1io ou rzo próprio domicllio, que


deiro. O PS estimula assim a os próprios haustos de vida que criação de associações de bairro a atividade da empresa não e similares, das quais parece tenha absorvido. A vitima de tanta absorção esperar uma ação decisiva na distribuição das moradias, e na é o indivíduo, arregimentado e redistribuição não-segregativa "enquadrado" nos "quadros de proclamação de um direito indos bairros existentes ou por vida" ("cadres de vie'') auto- dividual; b) afirmação de uma serem construídos. Mais ainda: gestionários, e absorvido intei- função social desse direito; c) do próprio arranjo interior das ramente pelo todo empresa-as- planejamento dirigista do exercício desse direito, sob a alesociações paralelas (23). residências. Assim, organismos correlaO esquema da argumenta- gação que deve desempenhar tivos com a empresa absorverão ção com que o PS procura sua função social; d) conseem favor do plano socialista os justificar essa gigantesca absor- qüente absorção do direito por instantes, os restos de energia, ção é sempre o mesmo: a) meio de lei planejadora. NoTAS

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4

permita estabelecer progressivamente novos ritmos de vida, mudar a vida quotidiana, e que necessita, por exemplo, do desenvolvimento de equipamentos coletivos leves, de usos vários. Este lazer é um dos meios de ter uma vida familiar, cultural, militante; - lazer de fim de semana .... - lazer da aposentadoria .... Sem dúvida, o conteúdo do tempo livre será profundamente modificado pelas propostas que são feitas em outros campos: escola, formação continua, familia, descentralização, vida associativa, esporte, informação, saúde, consumo. Elas permitirão progressivamente fazer desse tempo livre um tempo autogerido. De qualquer maneira, no Projeto socialista deve haver

lugar para um tempo livre concebido como aquele que escapa às coerções e permite a cada um de se desenvolver, seja pelo esforço individual, seja por sua participação nas atividades coletivas" (Projet, pp. 307-309). ".... uma concepção global da vida social, na qual o tempo de educação, o tempo de trabalho, o tempo de lazer não são mais considerados como momentos isolados da existência individual e coletiva, mas como elementos de um conjunto coerente" (Projet, p.

289). A "coerência", bem entendido, não será a do pobre trabalhador "autogestionário", mas a do PS. Este o "paraíso" de liberdade e democracia do regime socialista autogestionário.

23. "O 'quadro de vida' (cadre de vie') faz parte aos tais conceitos novos surgidos nos anos 60, e que eclodiram em Maio de 1968... .... Este amplo conceito, que engloba tantas coisas, desde o habitat aos transportes, passando pelo urbanismo e a arquitetura, até o tempo livre muitas vezes esquecido, não foi nunca definido em sua globalidade. .. .. O 'quadro de vida' não pode ser isolado, cortado das realidades econômicas e sociais. Que quadro para qual vida? Percebe-se que a resposta é política e global: é transformando a vida, especialmente no trabalho, que se mudará o 'quadro de vida" (FRANÇOIS

MtTTERRAND no prefácio do livro de JEAN ÜLAVANY e PHILIPPE MARTIN,

Changer le cadre de vie, Club Socialiste du Livre, Paris, 1981, p. VII). Conjuntos habitacionais igualitários. como este no eubúrbio de Sarcelles, ao norte "É preciso pôr fim a uma das mais de Paris. servem ao objetivo dos socialistas. que atuam por meio de associações de bairro e similares inadmissfveis segregações: as cidades .... vão se tornando cada vez mais as cidades dos mais ricos, enquanto os subúrbios vão se tornando os subúrbios dos mais pobres. É preciso fazer com que a cidade seja, de uma maneira exemplar, o lugar onde precisamente os diferentes meios sociais convivam lado a lado" (PIERRE MAUROY, Debates sobre a Déclaration de politique généra/e, "Journal Officiel", 10-7-81, p. 81). "Tornar os franceses novamente senhores de sua vida quotidiana é também associá-los à edificação e à gestão do 'quadro de vida' ( cadre de vie') .:.. As coletividades locais controlarão os mercados imobiliários, o que significa o fim da especulação, e poderão levar avante um urbanismo voluntário . .... Restituiremos aos habitantes .... plenos poderes sobre seu 'quadro dé vida'. ... . O habitat e o 'quadro de vida' serão terras de eleição da nova cidadania" (Décla;ation âe politique géné.s. rale, "Journal Officiel", 9-7-8 1, p. 51).

21


{9Ato1nc1§MO 1O. A educação

Mais ainda. Na escola como ensino, a qual abrangerá todas as etapas desde o pré-primário na família, a "plebe" infantil ou até o universitário e o pós- juvenil será motivada e estimuResta ainda tratar da for- universitário. Seus diretores, lada à luta de classes sistemámação socialista e autogestio- professores e funcionários terão tica contra as autoridades donária da infância e da juventude. assim, na escola pública ou centes ou doméstiêas, terá suas Segundo o Projet, a edu- privada, papel muito análogo, assembléias, seus órgãos de apecação começa ao mais tardar se bem que não idêntico, ao dos lação e de julgam.e nto etc. (26). O currículo escolar, o conaos dois anos, quando é abso- diretores e dos técnicos na emlutamente desejável que a crian- presa autogestionária. Dentro junto do pessoal docente e o ça seja entregue a uma escola de do principio da ''planificação sentido socialista e laico da grau pré-primário ou maternal. democrática", dela participa- formação da inteligência deveEntretanto, a sociedade deve rão igualmente os pais e as rão estar sob a autoridade do estar aparelhada para receber, mães, como os demais interes- Poder público nas escolas estacom toda normalidade, as crian- sados no processo de educação. tizadas ou autogestionárias (27). ças cujas mães prefiram entre- A ''plebe" escolar, isto é, o O Projet não é inteiramente gá-las à educação socialista a corpo discente, terá no regime claro no que diz respeito às qualquer . momento, inclusive da autogestão - em toda a escolas que irão sobrevivendo ... quando recém-nascidas (24). medida do imaginável, e até em ou morrendo, em regime priComo tudo isto confere com muito do inimaginável - direi- vado, na medida em que o a esterilidade planificada, da tos análogos aos dos trabalha- disponha a estratégia graduafamília autogestionária ! dores da empresa autogestio- lista. Porém não é difícil conjeEm um período de transi- nária (25). turar que elas só conseguirão se ção "gradualista", certas escolas poderão ainda continuar em regime de ensino particular. Mas, mesmo estas serão conec- ·ã tadas com a máquina estatal de â 8

24. "O governo tomará as medidas necessárias para que o acesso de todas as crianças de dois a seis anos à escola maternal seja possível .... O governo tentará a organização de casas para a infância, que acolham crianças desde o nascimento até aos seis anos" (Programme commun Propositions pour l'actualisation, p. 30). "As casas para a pequena infância .... serão peças-chaves do dispositivo inicial. É nessa fase que começa a luta contra as desigualdades as segregações sociais" (Projet, p. 287). "A luta pela igualdade começa na escola maternal" ( Proje t, p. 311). "Mas como então despertar o senso democrático, hoje anestesiado? Antes de tudo, pela escola, concebida como o lugar por excelência do aprendizado da autogestão" (Projet, p. 132).

e

25. "A gestão tripartite (pais e filhos, funcionários; coletividades públicas), deve liberar as iniciativas, permitir, após livre discussão, a definição e a avaliaçã0 em comum dos objetivos e da responsabilidade que daí decorrem para cada um. .... O espírito de responsabilidade exige ... . o desapare-

22

Creche na França. - Nas "caias para a pequena inf&ncia" organizadas pelo governo socialista "começa a luta contra a desigualdade", segundo o ProJ•t

_cimento do controle hierárquico prévio" (Projet, p. 286). "As liberdades elementares nas instituições escolares e universitárias e no exército fazem parte igualmente das exigências do Projeto socialista: liberdade de expressão e de reunião nos colégios, liceus e universidades; residências sócio-educativas geridas diretamente pelos estudantes; participação efetiva dos alunos na vida e•na gestão de seu estabelecimento escolar; direito dos delegados de classe de participarem plenamente de seu conselho de classe, e dos alunos de a eles assistirem;

direito dos alunos de participarem da ordenação interna de seu liceu ou colégio; .... controle dos estudantes sobre a organização da universidade, sobre o conteúdo dos programas... ; instituiçúo de um verdadeiro estatuto do estudante" (Projet, p. 314). "Empreenderemos uma transformação profunda de nosso sistema educativo. Todos devem participar dele: pais, delegados dos alunos, associações, representantes dos empregados e dos empregadores e, antes de tudo, os professores .... A unificação do serviço público de


subtrair a essa influência e a esse poder, em escassa medida e a titulo precário. Se tanto ... (28). Tal rede educacional não é totalitária? - O Projet tenta subtrair-se a esta pergunta embaraçosa alegando o plano de direção do ensino, a ser elaborado democraticamente, de modo que todos e cada um possam exprimir sua opinião. Assim, tal plano representaria a vontade de todos. Neste sofisma se baseiam os socialistas para afirmar que o sistema unificado de ensino não é um monopólio. Como tachar de monopólio - dizem eles um sistema único, é verdade, mas no qual todos estão convidados a participar? Bem se vê que o Projet realiza muito a seu modo a trilogia "liberté, égalité, fraternité": no momento da decisão coletiva, todos são iguais: o poder decisório toca à maioria. Cabe-lhe decidir por inteiro da

educação será o resultado de um acordo e de uma negociação" (Déclaration de politique générale, "Journal Officiel", 9-7-81, p. 51).

26.

"O Projeto socialista reconhece às crianças seu lugar pleno na sociedade: a igualdade, a liberdade, o responsabilidade não são exclusivos dos adultos. Desde a escola deve-se reconhecer o direito à expressão, à atividade criadora, à tomado de decisão" (Projet, p. 31 1). A juventude tem também uma posição especifico: elo está sob tutelo [ na sociedade atual] ..... Seja qualfor o classe social a que pertençam, os jovens não têm nenhuma responsabilidade real, e pouco controle de sua vida. Há uma distância considerável entre suas possibilidades e aquilo que eles têm o direito de fazer no · sociedade" (Projet, pp. 311-312). "Nodo, portanto, é hoje mais importante do que reconhecer à juventude o direito de ser elo mesmo. Na família, o direito dos jovens de serem eles mesmos comporta: a possibilidade de recurso do jovem face a uma decisão concernente a ele (orien-

matéria educacional. E à minoria toca obedecer. Onde então se realiza a liberdade individual? No momento mesmo em que se dá a votação: pois O leitor habituado às emcada um é livre de discutir e de votar como entenda. E só nesse presas atuais talvez imagine que a aplicação dos padrões da momento ... democracia política à vida econômica e social das empresas 11. O direito autogestionátias tem um alcance mais bem literário e demade propriedade gógico do que real. Engana-se. • no regime Como já foi dito, o Poder soberano, a quem compete deautogestionário cidir sobre todas as grandes questões da empresa autogesToda a matéria até aqui tionária, é realmente a assemexposta toma claro o sentido bléia dos trabalhadores. Dessa socialista global (e não apenas assembléia emanarão, por via empresaria!, como imaginam de votação (pormenor impormuitos) do regime autogestio- tante: o Projet não fala em voto nário. E também evidencia o secreto... ), os órgãos diretivos. caráter gradualista da estraté- Por ela serão eleitos os compogia do PS. nentes desses órgãos. Para que Convém analisar agora es- esse ''sufrágio universal" acerte pecialmente a empresa autoges- em suas escolhas, o Projet prevê. reuniões do operariado de tionária.

tação escolar ou profissional, modo de vida ...); a democratização e o desenvolvimento de residências para o acolhimento dos jovens em conflito com a família; .... f ocilidodes poro o aluguel de apartamento pelos jovens .... ; o livre direito à contracepção e a supressão da autorização paterna para a interrupção voluntária da .gravidez pelas menores, um desenvolvimento considerável da edicação sexual na escola e a revisão das atitudes sistematicamente repressivas concernente à sexualidade · dos menores"_ (Projet, pp. 313-314).

27. "....

a concepção generosa e empreendedora dos socialistas por um grande serviço público unificado e laico de ensino, administrado democraticamente" (Projet, p. 284). "O governo definirá como objetivo a constituição desse corpo único de professores para todas as disciplinas, para o período de escolaridade que engloba a escola maternal, o primeiro e segundo graus, o segundo ciclo geral e o profissional" (Programme commun - Propositions pour /'actualisation, p. 35). "Todos os pais poderão propor-

cionar a seus filhos, fora dos estabelecimentos escolares e sem o concurso de fundos públicos, a educação religiosa e filosófica de suo escolha" (ibidem, p. 32).

28.

"Todos os setores do ensino inicial e uma parte importante da educação permanente serão reunidos em um serviço público, nacional e laico, dependente unicamente do Ministério da FAucação nocional. Desde a primeira legislatura, a instituição do serviço público de educação nacional será objeto de negociações... Os estabelecimentos privados - sejam eles patronais, com fim lucrativo ou confessional - que recebem subvenção pública, serão em regra geral nacionalizados. .... As· necessárias tronsferêr,cios de prédios excluirão qualquer espoliação. A situação · dos imóveis ou do pessoal dos estabelecimentos privados não subvencionados pelo Poder público poderão ser objeto, a seu pedido, de um exame em vista de sua eventual integração" (Progromme commun. Propositions pour l'actuolisation, pp.

31-32).

23


QUADRO IV 1 - lineamentos do projeto autogestlonArlo •

O projeto autogestionário tem por meta: a) que ''os próprios 1rabalhadores organizem o con1role da produção e a distribuição dos frutos de seu trabalho"; b) "e, de ,nodo mais geral. que os cidadãos decida,n, e,n todos os do,nínios, sobre tudo que concerne a sul! vida" ("Do~u~e~tation Socialiste", n. 0 5, p. 57). O proJeto autogest1onar10 assenta sobre o seguinte tripé: a) ·~socialização dos principais meios de produção"· b) "a plan(ficação de,nocrática"; ' c) "a trans_formação do Estado" (Quinze theses, p. 11).

li - Sociallzaçlo dos meios de produção •

O_ Projet socialis~e prevê a "nacionalização'' de determinadas categor1~s de empresas, que serão então coloc~das ~,ro,cess1varnente no regirne autogestionário. • Para isto, varias opções são concebíveis": a) gestão tripartite: ''representantes eleitos dos trabalhadores, representantes do l~stado (ou das regiões), ~epresentantes de certas categorias de usuários''; b) um conselho de gestão inteiramente eleito pelos trabalhadores da en1presa"; c) "a coexistência de u,r1 conselho de gestão eleito pelos trabalhadores e de u,n conselho /iscai cons1i1uído J>Or representanles do E~tado ... : e de certas categorias de usuários" ( Quinze theses, p. 12). • O_ PS p~e~c~dc que "nacionalização" assim concebida nao é s1 non1mo de "estatização" (cfr. Quinze 1heses, ~- I 2), nem redunda em "coletivis,no" que esmague a liberdade humana, porque "trabalhadores e fJ.,·uários são_. ... c~a,na~?s a participar do conselho das e,npresas nacrona/zzadas , de mod0 que "as sociedades nacionais d_isporão . ... d_e toda a autono,nia cie gestão de que fl v~re,n necessidade" (PIERRE MAuRov. Debates sobre a Declara1ion de politique générale, ".Journal Officiel" 10-7-81, p. 81). '

A empresa autogestionária

dores determinarão o modelo de desenvolvimento como, por quem e para quem produzir: "Produzir, trabalhar, sim! Mas para quem, por que e como? É do tipo de resposta que os trabalhadores obtivere,n para estas perguntas, ou ,ne/hor, que eles mesmos derem a elas, que depende o êxito da empresa. Antes de rnais nada, o modelo de desenvolvimento deve se tornar assunto dos próprios trabalhadores" ( Projet, p. 176). • Também os consumidores opinarão e manifestarão suas exigências: - "A adaptação da produção aos desejos dos consum_idores .... se .fará .... a partir de u,n diálogo organizado e constante entre os produtores. que indicarão suas limitações de orde,n técnica e financeira. e os consun1idores, que n1anifestarão suas exigências de qualidade e de preço'' (Projet, p. 177). • Ç) Pl[!nO que resulta desse amplo diálogo democrático e assim o grande regulador da economia: "Os socialistas .... sublinha,n que os investimentos que se regulam pelo preço e pelo lucro en1 u,n ,nomento dado au1nentan1 os abalos de conjunt,,ra e se adaptam mal à preparação do futuro. É pois o plano que deve decidir, em _função do interesse ger'!._I e das previsões a curto e longo prazo, a orientaçao dos grandes investúnentos. .... Deixando ao mercado o ajuste punctual entre a oferta e a procura, o plano é, aos olhos <ios socialistas, o regulador ~lobal_da economia" ( Projet, pp. 185-186). • Que resta pois de liberdade da empresa? - O Projet responde: - "Em surna. planificam-se as orientações, ,nas não o detalhe da execução. No ponto e,n que 0 plano se detém, a iniciativa dos agentes econômicos industriais, o espírito de ernpresa reto,nam seus direitos, e o papel do ,nercado sua utilidade" (Projet p. 188). . ,

Ili - Planlflcaçlo democritlca

IV - A transformação do Estado

S~g_und~ a. con~epção do PS, a sociedade autogestionar1a na0 1mphca en1 coerção da liberdade - antes pelo contrário - porque postula a participação de todos na elaboração do planejamento, em todas as esferas da vida social: - "O que torna co,npatível a planificação corn a autogestão é u,n processo de e/aboraçã0 democrática e descentralizada que supõe urna vasta participação popular antes da escolha de_finitiva das instituições po!íticas eleitas pe/0 su_frágio universal" ( Quinze the~es, p. 16). - "A nova sociedade valerá tão-só pelo rigor de seu princípio: nós 1endemos a realizar a unanimidade· nao_ pretendemos partir dela .... " ( Projet, p. 139).' A fi nalidade da empresa não será mais o lucro, nem os "reflexos egoístas" dos trabalhad0res, mas os "objetivos sociais" fixados pela ''planificação democrática": "A busca do lucro não deve mais decidir soberanamente do investin1ento nem dos bens. Ela deve ceder lugar à racionalidade dos cidadãos que 0:firmam democraticamente suas necessidades, através da plan(ficação e do mercado" (Projet, p. 172). "A autogestão não é .... um si,nples n1étodo de gestão destinado a substituir o capital pelo trabalho como agente de direção das empresas e a utilizar os reflex os egoístas das unidades de base e de seus trabalhadores, perpetuando os mecanisrnos e as ,no/as propulsoras da economia do capitalisn10. As unidades de produção devem levar em conla os objetivos sociais fixados pelos planos nacionais, regi~nais e locais" ( Quinze theses, p. l 5). Por 1ne10 da ''planificação democrática", os trabalha-

-

24

O mito marxista da extinção do Estado retorna no projeto autogestionário sob a n1anifestação da esperança de que "apareçam .for,nas novas de poder", e de que assim "seja,n transformadas a _função e a natureza do Estado" ( Quinze theses, p. 19). Para isto se prevê ''a redução das cornpetências do poder central": ''Certos setores que depende,n hoje diretamente do governo .... deverão ser transferidos para serviços ou organismos nacionais autônomos. Mas o ,náximo de responsabilidades deve recair sobre as coletividades locais, departamentais e regionais" ( Quinze theses, p. 22). Até as "associações de bairro" receberão parcelas do poder do Estado que assim se esfarela (cfr. Quinze theses, p. 22).

V - Funcionamento anãrqulco •

Na empresa autogestionária, não haverá hierarquia nem verdadeira autoridade: "Deve ficar bem claro que a nova legitinzidade se baseia em u,n poder delegado e responsável por seus atos peran1e os trabalhadores"; - "A relação mandantes-n1andatários pode restabelecer. ao menos parcia/n1ente. a relação dirigentesdirigidos. Os iugoslavos constatara,n-no clara,nente, depois de vin1e anos de experiência. . .. . Por conseguinte, o controle deve ser exercido de uma maneira au1ôn0ma, por meio dos comitês de e,npresa" ( Quinze theses, p. 13). Para evitar 0 restabelecimento de hierarquias, algumas medidas práticas são propostas:


ideal

proposta pelos socialistas-

-

t

"rotatividade das funções"; "revocabilidade dos responsáveis eleitos" ( Quinze theses, p. 10). Tudo na empresa autegestionária é decidido por todos e levado ao conhecimento de todos: - "Pela primeira vez, um debate sobre a política geral da empresa, seus investimentos, sua organizaçã0, suas práticas sociais, debate esse sancionado pela designação de representantes com _poder de decisão, será realizado diante do conjunto dos empregados" (Projet, p. 239). - "Deve ser estabelecido o princípio de livre acesso de representantes dos trabalhadores, e dos peritos dos quais estes possam fazer-se assisrir, a todcs as fontes de informação existentes na empresa. .... A parede do segredo não é, na realidade, senão a muralha do poder. Ela deve ser derrubada" ( Projet, pp. 241-242). Como se percebe, estas proposições estabelecetn uma completa suberdinação dos especi~lis!as e t~~nicos a assembléias e órgãos em que as ma1or1as dec1s1vas são normalmente constituídas por membras do corpo social de desenvolvimento intelectual menor.

VI - Gradualismo estratêglco •

A implantação da sociedade autogestionária não se fará, entretanto, de um momento para outro. O PS adotará uma estratégia gradualística: - "Para conduzir a bom termo essa missão temível e grandiosa [de transformar a sociedade1 o PS não pode dar ouvidos àqueles .... que exaltam a libe,:ação selvagem de todos os desejos: 'tudo, imediatamente, sempre e por toda parte: o transe permanente e generalizado'; menos ainda, bem entendido, àqueles que lisonjeiam tais impulses apenas para melhor desviar as energias e as vontades dos objetivos da Lransformação social" (Projet, p. 33). "Cabe-nos ir ao encalçó do ideal e compreender o real" (Déclaration de po/itique générale, "Journal Officiel", 9-7-8 l, p. 46). - "() rigor, evidentemente, exige prudência. Tais reformas serão lentas, mas n0ssa determinaçã0 é grande" (ibidem, p. 48).

VII - Perlodo de translçlo ao soclallsmo •

A estratégia gradualística pressupõe um ''primeiro período de transição ao socialismo" (Quinze theses, p. 14), durante o qual os trabalhadores irão pouco a pouco se assenhoreando das empresas que ainda restam na esfera privada. Isto se fará por um aumento gradual do poder e da importância dos "comitês de empresa". - "Os comitês .... serão obrigatoriamente consultados antes de qualquer medida relativa à c0ntratação, demissão, designação para os cargos, transferências, classificação dos trabalhadores, determinação do ;;1m0 de produçbo e, de m0do mais geral, do conjunto das condições àe trabalho" (Programme commun - Propositions pour /'actualisation, p. 53). - t'(J)s comitês de empresa .... receberão uma informação completa sobre os principais aspectos e os resultados da gestão das empresas" (ibidem, p. 53). - "Os comitês de empresa serão informados previamente e consultados sobre todos os projet0s ec0nômicos e financeir0s, sobre os programas de investimento e de financiamento, sobre os planos da empresa, a política de remuneração, de f0rmação e de promoção pessoal" (ibidem, p. 53). - "Para submeter essas informações à discussão do conjunto dos trabalhadores, os comitês de empresa

.. .. poderão em especial reunir o pessoal no local de trabalho .... uma hora por mês, tomada do tempo de trabalho" (ibidem, p. 53). • Nesse ''período de transiçifo ao s0cialismo", a intervenção do Estado consistirá especialmente em assegurar por meia de leis a continuidade do processo: - "Nisso reside, para os socialistas, uma responsabilidade essencial do Estado: intervir pela lei para combater tudo que, nas relações jurídicas de trabalho, enfraquece a segurança do emprego individual, bem como a organização coletiva dos trabalhadores na empresa" (Projet, p . 227). • A intervenção de Estado, já nessa fase do precesso, imporá uma série de medidas supostamente em beneficio dos trabalhadores, como, por exemplo: - "Contrato de duração indeterminada como base de relações normais de trabalho" (Projet, p. 227). - Proibição "dos empresas de trabalho temporário" (Projet, p. 227). - "Unidade da coletividade de trabalho .... face aos detentores de capital" (Projet, p. 227). - Proibição de "todo fechamento parcial ou total de uma empresa pelo empregador como meio de pressão ou de sanção" (Programme commun Propositions pour /'actualisation, pp. 52-53). - Proibição de "registrar numfichdrio .... informações dados ou apreciações, de caráter não profissional, suscetíveis de prejudicar o trabalhador" (ibidem, p. 53). - Direito de veto sobre as "decisões de contratação e de demissã0, as concernentes à organização do trabalho e ao plano de formação da empresa't (Projet, p. 242). Direito de "controle sobre todos os encargos da empresa ligados aos salários, contribuiç0es previdenciárias, orçamento para formação dos trabalhad0res, auxllio-habitaçã0 etc." (Projet, p. 242). - As inovações tecnológicas não devem resultar na demissão do trabalhador, porém na diminuição da jornada de trabalho: "O progresso técnico não se implantará na França a não ser com os trabalhadores, e não contra eles. Eles deverão ser 0s beneficiários e não as vítimas desse progresso" (Projet, p. 174). - "A demissão deixará de ser um direito discricionário do empregador. Para isto, a lei restabelecerá a necessidade de pedido de autorização prévia ao Inspetor do trabalho em todos os casos, sob pena de sanções penais e civis" (Pr0gramme commun Propositions pour l'actualisation, p. 51).

VIII - Meta final: llberdada, Igualdade, fratemldade •

A sociedade autogestionária é uma realizaçãe exacerbada do lema da Revoluçãe Francesa: "liberté, égalité, fraternité": - "Não há outra liberdade senã0 a do socialismo" (Projet, p. 10). - "A autogestão estendida ao conjunto da s0ciedade significa o fim da exploração, o desaparecimento das classes antagônicas, . a realidade da democracia" ("Documentation Socialiste", n. 0 5, p. 57). - "A autogestão é a democracia generalizada a todos os níveis, é a democracia realizada pelo e n0 socialismo" (ibidem, p. 57).

tou pequena Perguntamos a toda proprietário, a teda alta, média, autoridade dentro de uma empresa, se acham . que ela é praticável ne~sas condições. A ~esma pergunta fazemos a todo operário sensato e experiente. Para dar resposta a esta pergunta, imagine a empres~ da qual é proprietário ou em que tra~alha, organizada amanhã segundo este esquema. Ela funcionaria?

25


•AtoJLnCJI§MO cada empresa, nas quais, ao que parece, os órgãos diretivos darão informações concernentes à empresa, a serem debatidas pelos · presentes. Dir-se-ia que cada assembléia operária tentará reproduzir, em alguma escala, a democracia direta dos antigos municípios gregos ... Bem entendido, em certa

faixa de assuntos, as deliberações deverão ser tomadas em comum com os consumidores, ou usuários, e representantes da coletividade (ver Quadro IV -

29. Segundo a doutrina tradicio-

outrem suas forças e sua indústria, não o faz por outro motivo senão para obter os bens necessários a seu sustento e desenvolvimento; e por isso, com o seu trabalho, procura alcançar o direito verdadeiro e perfeito não só de cobrar um salário, mas de dispor dele como entenda. Portanto se, reduzindo suas despesas, poupou algo, e para mais seguramente conservar o fruto de suas economias, as aplica em um imóvel, evidentemenle, em tais condi. senao o çoes, este nao e, outra coisa salário transformado; e, por conseguinle, o bem de raiz assim adquirido pelo trabalhador será propriedade sua a mesmo título que a remuneração de seu trabalho. Mas é precisamente nisto, como facilmente se entende, que consiste o direito de propriedade mobiliária e imobiliária. Assim, com essa conversão da propriedade particular em propriedade comum, que os socialistas tanto pleiteiam, eles agravam a situação de todos os assalariados, pois ao retirar-lhes a livre disposição do seu salário, por isso mesmo os despojam de toda esperança e possibilidade de acrescerem o seu patrimônio e melhorarem a sua condição" (Acta Sanctae Sedis, Typographia Polyglotta S. C. de

nal da Igreja, o direito de propriedade resulta da ordem natural criada por Deus. Os seres animais, vegetais e minerais existem para uso dos homens. Estes - cada um destes - tem, pois, em virtude de sua própria condição humana, o direito de submeter a seu domlnio qualquer daqueles bens. É a apropriação. Esta última tem algo de exclusivo, no sentido de que o bem apropriado não pode ser usado por outros que não o seu dono. A esse respeito, diz Pio XI, na Encíclica Quadragesimo Anno, de 15 de maio de 1931: "Tftulos de aquisição da propriedade são a ocupação das coisas sem dono e a indústria (ou especificação, como a chamam), segundo e/aramente atestam a tradição de todos os tempos e a doutrina de Nosso Predecessor Leão Xlll De fato, não faz injustiça a ninguém, por mais que alguns digam levianamente · o contrário, quem se apossa de uma coisa abandonada ou sem dono; por outro lado, a indústria que o homem exerce em nome próprio, e por força da qual as coisas se transformam ou aumentam de valor, é um título qúe confere àquele que trabalha o direito sobre tais frutos" (Acta Apostolicae Sedis, Typis Poly-

glottis Vaticanis, Roma, 1931, vol. XXIII, p. 194). A propriedade também nasce do trabalho. Naturalmente dono de si, o homem o é de seu trabalho. Em conseqüência, cabe-lhe o direito ~e cobrar uma remuneração pelo serviço que presta. E assim lhe pertence o que adquirir, a título individual, com o fruto de seu trabalho. Tal é o ensinamento de LEÃO XIII na Encíclica Rerum Novarum, de 15 de maio de 1891: "Na verdade, como é fácil compreender, a razão intrínseca do trabalho empreendido por quem exerce uma atividade lucrativa, o fim imediato visado pelo trabalhador, é adquirir um bem que possuirá, por direito particular, como coisa sua e própria. Pois se coloca à disposição de

26

A empresa autogestionária ideal proposta pelos socialistas). Subsistirá a propriedade privada no regime concebido pelo Projet? Acautele-se o leitor.

-

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-

Propaganda Fide, Roma,. 1890-1891, vol. XXIII, p. 642). Por fim, a propriedade pode ainda ser adquirida por sucessão. Os filhos, continuidade natural dos pais, lhes herdam naturalmente os bens. Sobre esse caráter familiar da propriedade, afirma LEÃO XIII, na Encíclica Rerum Novarum: "Portanto, aquele direito de propriedade que, segundo demonstramos, a natureza confere ao indivíduo, importa atribuí-lo também ao homem enquanto chefe de família: e não apenas isso, como esse direito é até mais enérgico quando se considera que, na sociedade doméstica, a pessoa humana abarca um círculo mais amplo. É uma lei sagrada da natureza que o pai de família proveja ao sustento e a tudo que diz respeito à educação de seus filhos; como também decorre da mes-

Pois, segundo a linguagem do Projet, poderá ele receber, de um socialista francês, respostas das mais tranqüilizantes ... e ao mesmo tempo das mais vazias. Na linguagem corrente, opõe-se à propriedade estatal a propriedade privada (29). Neste sentido, a empresa autogestionária pode ser qualificada -

ma natureza que ele queira f armar e dispor para seus filhos - como aqueles que refletem a sua fisionomia e de algum modo constituem um prolongamento de sua pessoa - um patrimônio com que honestamente possam defender-se na perigosa jornada da vida, contra as surpresas da má fortuna. O que não pode alcançar efetivamente sem a propriedade de bens produtivos que transmita a seus filhos por via de herança" (Acta Sanctae Sedis, vol. XXIII, p. 646).

A propriedade tem, como todo direito, uma função social, mas não se reduz a uma função social. É o que ensina Pio XII em sua Radiomensagem de 14 de setembro de 1952 ao Katholikentag dç Viena: "Por isso a doutrina social católica se pronuncia, entre outras questões, ·tão conscientemente pelo direito de propriedade individual. Aqui estão também os motivos profundos por que os Papas das Encíclicas sociais, e Nós mesmo, Nos recusamos a deduzir, quer direta, quer indiretamente, da natureza do contrato de trabalho o direito de copropriedade do operário no capital da empresa e, conseqüentemente, seu direito de cogestão. Importava negar tal direito, pois por trás dele se enuncia um problema maior. O direito do indivíduo e da família à propriedade é uma conseqüência imediata da essência da pessoa, um direito da dignidade pessoal, um direito vinculado, é verdade, por deveres sociais; não é porém meramente uma função social" (Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, vol. XIV, p. 314).

Nesta perspectiva, se distingue a propriedade pública da privada. A primeira consiste normalmente nos bens que o Estado tem para a realização de sua missão. Sem exorbitar de sua função específica, pode também o Estado possuir e administrar para o interesse comum algum bem. Por exemplo, quando chama a si a exploração de alguma riqueza do subsolo, para, com o lucro dela, mino-


Grandes empresas como a Rhõne-Poulenc foram atingidas pelas nacionalizações

rar os impostos com os quais arca o cidadão. O que só deve fazer de modo restrito e em circunstâncias especiais. Ou ainda quando certo gênero de riqueza é tal que o indivíduo que a possuísse ficaria em situação de dominar o Estado. Os demais bens são do domínio privado, e não do domínio público. E o proprietário privado pode ser um proprietário individual, um grupo ou associação de proprietários· individuais. Naturalmente, essa doutrina e essa terminologia, existentes de modo explícito ou implícito na linguagem corrente, não são as do Projet. Este não afirma o direito natural de propriedade, dado por Deus ao homem. Hipertrofia a propriedade coleliva dos grupos sociais, transformando cada um destes, em relação a seus componentes, em um mini-Estado totalitário. E qualifica de privada a propri~dade autogestionária, se bem que esta seja instituída - em larga medida imposta - e até regulada discricionariamente pelo Estado.

• • •

A presente Mensagem estava acabando de ser redigida quando saía a lume, em meados de setembro, a Encíclica úiborem Exercens, de João Paulo II. Os mais importantes meios de comunicação social do Ocidente a

acolheram com ampla e simpática publicidade. Sem dúvida, a Encíclica apresenta ensinamentos novos, nem todos desenrolados até suas últimas conseqüências, doutrinárias e práticas. Isto propiciou que, o mais das vezes, a publicidade dada ao documento difundisse a impressão de que, conforme João Paulo II: a) não é um imperativo da natureza das coisas que a propriedade privada (e portanto não-estatal) s1tja habitualmente individual; b) em princípio (e notadamente nas modernas condições da vida econômica), é legítimo e até preferível que, normalmente, o direito de propriedade seja exercido, não por proprietários individuais, mas por grupos de pessoas. Pois dessa forma a propriedade atenderia melhor sua finalidade social. Nisto consistiria a "socialização" da propriedade. A ser aceita essa intelecção do documento de João Paulo II, seria preciso concluir que: a) Tal "socialização" estaria em forte contraste com os princípios do Magistério Pontifício tradicional, acima lembrados, e que ensinam ser a propriedade individual uma decorrência lógica da natureza pessoal do homem e da ordem natural das coisas;

Rhônc-Poulenc

b) Assim, o regime socializado, propugnado pelo PS francês, encontraria na úiborem Exercens importante respaldo. Ao católico zeloso seria penoso carregar nos ombros a responsabilidade de fazer sobre a Encíclica de João Paulo II essas duas afirmações. Pois teriam um alcance incalculável no plano religioso e sócio-econômico. Com efeito, a se admitir semelhante oposição entre o recente documento pontifício e os documentos tradicionais do Supremo Magistério da Igreja, daí se desdobrariam conseqüências teológicas, morais e canônicas sem conta. Como se vê no Capítulo II desta Mensagem, o PS francês afirma a conexão lógica entre a reforma autogestionária da empresa, por ele preconizada, e a da economia em geral, a do ensino, a da familia e a do próprio homem. Essas múltiplas reformas não são, para os socialistas franceses, senão aspectos de uma só reforma global. E têm razão: "Abyssus abyssum invocat" - "Um abismo atrai outro abismo" (Ps. 41, 8). Não se vê a possibilidade de que um Pontífice Romano, abrindo as comportas à autogestão pleiteada pelo soêialismo francês, apoie implícita ou explicitamente essa reforma global.

27


sob certos aspectos - de priva- qualificada de pequena, e pas- dias, as empresas agora havidas da. Pois sua situação em face sará a ser tida como média? çomo pequenas. Tudo para que do Estado não se confunde com Analogamente, a partir de que o número das propriedades innível a empresa média passará a dividuais pequenas (favorecidas a da empresa estatizada. ser qualificada de grande? Se- de momento no plano fiscal) se O Projet qualifica a empresa gundo nossos hábitos mentais, restrinja cada vez mais. autogestionária de "socializa- formados no atual regime, teBem entendido, na fisionoda". Ou seja, não-estatal (pri- mos a tal respeito noções gené- mia geral do Projet, a provada) sim, mas também não ricas, inspiradas no bom senso. priedade privada, mesmo quanpertencente a indivíduos, pois Mas estes hábitos mentais não do reduzida a tão exíguas progrosso modo as atribuições do coincidem com a sociedade no- porções, toma aspecto de uma proprietário individual passam va, a qual gerará outros. As- contradição. Pois mantém seu para a assembléia dos trabalha- sim, ficará dependendo da lei a caráter individual no seio de dores. fixação desses limites. O que uma ordem de coisas toda ela A propriedade particular so- abrirá para o Poder público a social. De onde decorre que o breviverá no regime socialista? possibilidade de ir achatando termo da gradualidade sociaSó durante um prazo muito "gradualisticamente" os níveis lista será a completa extinção exíguo - responde o Projet das propriedades (31 ). De tal de toda propriedade indivino tocante à empresa média e forma que em certo número de dual (32). Com efeito, o Projet adota a à pequena, numa duração al- anos venham a suportar as segum tanto maior, e condicio- veras taxações de grande pro- estratégia gradualista, a qual nada a múltiplas circunstân- priedade, empresas agora consi- recusa a extinção sumária de cias (30). A partir de que nível deradas médias. E sejam consi- todas as propriedades e dispõe uma empresa deixará de ser deradas como propriedades mé- as etapas para a extinção gradual delas. Segundo o Projet, o regime autogestionário comporJoio Paulo li recebe o cumprimento sorridente de Marchais

mente modificado e com obrigações novas" (Projet, pp. 153-154).

31. Segundo os so~ialistas, um dos objetivos da "planificação democrática" é determinar "como e até que ponto se opera a redução das desigualdades" (Quinze theses, p. 15). Ou seja, os Planos de governo, a serem elaborados em nível nacional, regional e local, já terão em vista a perspectiva do achatamento gradualista.

32.

30. •"Os socialistas são favoráveis ao princípio da socialização dos meios de produção em todos os setores em que a socialização das forças produ-

28

Nesta afirmação não se pretende incluir a propriedade do trabalhador (do artesão, por exemplo) sobre seu instrumento de trabalho, ou sobre os objetos duráveis adquiridos com o fruto do seu ganho pessoal. Mas para os eventuais herdeiros do trabalhador, este modesto patrimônio individual terá pouca ou. nenhuma expressão, à vista das limitações estabelecidas pelo Projet sobre as heranças: "O problema da herança .... será tratado no mesmo espírito: imposto ã:: fortemente progressivo sobre as gran::i des fortunas, mas grande dedução na base para as sucessões em linha direta, tivas já se tornou realidade. Vale dizer permitindo a transmissão do patrimôque, pelo contrário, as pequenas e nio afetivo (residência familiar) ou da médias empresas privadas subsistirão, exploração agrícola ou artesanal" embora em um contexto profunda- (Projet, p. 154).


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A imensa Oauauh, fabricante dos avi6es "Mirage", também foi atingida pelas necionaltzaçO.., com a colaboraçlo de seu próprio dono, Marcel Da11ault. que doou ao Estado 28% das açO.. de sua empresa. Miltérios do capitalismo filo-socialista ...

tará, durante certo tempo, pro- pois da extinção das propriepriedades pequenas, médias e dades médias e grandes, tamaté grandes. Mas - pelo menos bém a das pequenas? Aliás, como poderá um traestas duas últimas categorias em estado agônico, como há balhador do regime autogestiopouco foi dito. Como afirmar nário aceder à condição de proque, na lógica do seu iguali- prietário, com o simples acútarismo férreo, o Estado auto- mulo do que recebe para seu gestionário não visa, para de- sustento? Ao cabo de quanto

33.

"Não é possível haver autogestão num regime capitalista: uma empresa privada não pode ser autoadministrada" (Documentation Socialiste", n. 0 5, p . 57). "Creiam-me: antes que se passe muito tempo, a propriedade privada dos meios chaves da economia nacional se apresentará a nossos descendentes como uma curiosidade tão aberrante como nos parece hoje o regime feudal" (Afirmação do deputado socialista JEAN PoPEREN, durante os debates sobre a Déclaration de politique générale, "Journal Officiel", 10-7-81, p. 77). "Quer dizer que nós repudiamos. a propriedade privada? De modo nenhum. Sabemos muito bem que uma forma de sociedade não se substitui a outra em um dia, nem mesmo no espaço de uma geração. O capitalismo precisou de séculos para emergir das entranhas da sociedade feudal. E o próprio socialismo só se pôs em marcha, nos países capitalistas mais avançados, a partir de meados do século passado . .... Pode-se considerar que a manutenção da propriedade privada individual atende a certas exigências sobretudo psicológicas - de segurança. Mas nós pretendernos também de-

senvolver progressivamente o utras práticas (locação da terra aos agricultores, correção monetária da poupança, incremento das moradias de aluguel, promoção do turismo familiar no campo etc.)" (Projet, pp. 153- 154). "O Partido Socialista não somente não questiona o direito de cada um de possuir seus próprios bens duráveis adquiridos pelo fruto de seu trabalho ou instrumentos de trabalho de sua

tempo de trabalho? Para fruir então de sua propriedade apenas alguns poucos anos? Para deixá-la ao filho havido de algumas de suas ligações, entre~ gue na primeiríssima infância ao Estado, e cuja mentalidade tenha sido modelada exclusivamente por este, de sorte que seja um estranho para seus próprios pais, aliás verossimilmente estranhos também um para o outro, pois unidos numa ligação instável? Essas perguntas tornam bem claro quanto a propriedade, mesmo a pequena, se incrusta de modo forçado na contextura do mundo autogestionário. Ou seja, só vai sobrevivendo neste por gradualismo (33).

própria fabricação, como também garante o exercício desse direito. Em contrapartida, propõe substituir progressivamente a propriedade capitalista por uma propriedade social que pode revestir formas múltiplas, para a administração das quais os trabalhadores devem se preparar" (Estatutos do Partido - Declaração de princípios, "Documentation Socialiste", suplemento do n .0 2, p. 48).

Outra importante empresa visada pelas nacionalizações: a Matra, fabricante de armamentos · de alta tecnologia

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~ = 8AtoJLnCI§MO 12. A propriedade rural no ''Projet socialiste '' O Projet se deixa conhe• • cer muito mais em suas metas, do que nas etapas que admite ou tolera por necessidade estratégica. Nesta perspectiva, qual a situação da propriedade rural - isto é, da propriedade pequena e de dimen·sões familiares na sociedade modelada pelo PS? A pergunta supõe já eliminadas as grandes e médias propriedades. mais produtores, gradualisticaO Projet - como também a mente tolerados, sobrevivam Declaração de política geral do como puderem, ou definhem. Pergunta-se qual a consisGoverno feita pelo PrimeiroMinistro Pierre Mauroy - são tência dos direitos do pequeno vagos e ambíguos nesta ma- proprietário, já que o elemento principal das proposições sociatéria. O Projet propõe medidas listas é a criação de "conselhos que, à primeira vista, seriam de fundiários" ("offices f onciers''), . organ1zarao . sentido comum e de proteção os quais os mercaao agricultor: desenvolvimento dos e, entre outras coisas, esda produção, organização dos tarão "encarregados de promomercados, revalorização da con- ver urna melhor distribuição e dição do agricultor e· garantia utilização da terra". Ademais, esses "conselhos da terra. A única exceção é um sistema de proteção dos preços fundiários" consistirão na autodos produtos agrícolas, logica- gestão coletiva do conjunto dos mente só - ou quase só - para pequenos proprietários e dos os pequenos produtores: os de- consumidores sobre o conjunto

-

34.

"O DOMÍNIO E A GARANTIA DA TERRA. Instrumento de trabalho. a terra será protegida contra a especulação fundiária pelo estabelecimento de uma política baseada na criação de 'conselhos fundiários·· (offices fonciers') encarJegados de promover uma melhor distribuição e utilização da terra. Esta será igualmente protegida contra a deterioração e a perda da fertilidade que resultam da exploração intensiva e· do abuso de técnicas agressivas contra a natureza e o meio ambiente" (Projet, p. 208). "O mercado será organizado em torno dos 'conselhos'. Estes assegurarão aos cultivadores a justa remuneração de seu trabalho mediante a garantia de preços, levando em conta os custos da produção, nos limites de

30

A autogestão das propriedades rurais conduzirá a uma situação de reforma agrária permanente, através dos "conselhos fundiá rios". os quais imporão uma ditadura sobre os preços agrícolas

das terras cultiváveis. O que sujeitaria a cada momento toda pequena propriedade a modificações dos limites, divisões ou amalgamações em uma situação de reforma agrária permanente, e em uma ditadura sobre os preços agrícolas (34).

tttVisto assim no conjunto o que o Projet ·dispõe sobre a sociedade autogestionária, ocorrem duas perguntas concernentes ao âmago do pensamento que o inspira: é ele realmente liberal? Contém ele algo sobre religião? - É o que se passa a expor.

um quantum" (Projet, p. 206). querem fazer crer, estes 'conselhos' não "Administrados pelos representan- estabelecerão nem o coletivismo, nem tes dos agricultores, dos assalariados a coação! Não pode haver boa política agrícolas e das coletividades locais, [os fundiária a não ser que seja disc~tida, 'conselhos fundiários'] ... . assumirão concertada e aceita pelas distintas parespecialmente as funções seguintes: tes interessadas, agricultores, coletivi- .... intervirão nas locações. .... dades locais, administração. - Disporão de um direito de preSerão pois os próprios cultivadores empção perml1nente por ocasião de que administrarão os 'conselhos' canqualquer venda. Poderão seja reven- tonais e terão por função coordenar a der, seja alugar as terras asJim adqui- política fundiária, discuti-la em conridas aos agricultores que delas tive- junto, tomar as decisões de distrirem necessidade" (Pour une agricul- buição e de zoneamento das terras, que ture avec /es socia/istes, "Les cahiers de sejam as mais indicadas para a manuDocumentation Socialiste", n. 0 2, abril tenção da população ativa agrícola e de 1981, p. 20). para o máximo de instalações" (apud Mitterrand assim descreve o fun- CL MANCERON e B. P1NGAuo, François cionamento desses "conselhos fundiá- Mitterrand - L'homme, les idées, le rios": programme, Flammarion, Paris, 1981, "Contrariamente ao que alguns pp. 107-108).


III

O cerne doutrinário do ''Projet socialiste'': laicidade ''liberté, égalité, fratemité'' 1. Direitos do Homem na sociedade autogestionária: informar-se, dialogar e votar Já foi visto que o PS se dispõe a educar o cidadão desde o nascimento até a morte, modelando-lhe a alma no trabalho e no lazer, na cultura e na

arte, e influindo até mesmo no arranjo de sua moradia. Que reflexo tem este pendor sobre a liberdade individual? Confirma-se a esta altura o que foi dito de início sobre as relações entre liberdade e igualdade, na trilogia da Revolução Francesa. Se por liberdade se entende o não ter acima de si nada, nem ninguém, e em conseqüência fazer absolutamente o que se queira - pois esse é o significado radical e anárquico do termo - o cidadão auto-

gestionário só será livre na aparência. Efetivamente, porém. não o será em nenhum instante de sua vida. O cidadão autogestionário verá restringir-se cada vez mais a esfera de sua escolha puramente individual, na qual externe o caráter único e inconfundível de sua personalidade. Pois no trabalho, como no lazer, ele terá liberdade de ser · informado, de dialogar e de votar. Mas de ordinário a decisão tocará à coletividade. Sua

Mitterrand, ladeado por elementos do PS no dia de sua posse. A sua direita, o primeiro-ministro Mauroy e, na extremidade da foto, Willy Brandt, presidente da Internacional Socialista

31


ljAfOJLilC]SMO liberdade se cingirá em dizer o que entenda nos debates públicos, e em votar como queira. Como eleitor quando d·as escolhas de nomes, e :um votante quando das assembléias deliberativas, ele é livre. Como individuo, ele é empurrado pelo Projet até os limites do não-ser (35). Não imediatamente em benefício do Poder público, mas de um tecido ou um mecanismo social composto por grupos autogestionários empresariais e não-empresariais. O gráfico real do Poder na sociedade autogestionária, a partir das assembléias, passando pelos comitês e demais órgãos da sociedade, deverá ter por outro extremo o Estado. Bem entendido, enquanto a autogestão não rume para a desagregação final do Estado e a disseminação dos poderes deste em pequenas comunidades autocéfàlas (36). Na ótica do tra-

balhador, esse gráfico poderia ter o traçado de um losango. Em um ângulo estaria sua própria empresa, dentro da qual ele é molécula falante e votante. No ângulo oposto estaria o Estado. Mas este último se situaria no ápice do losango, e a assembléia dos trabalhadores no vértice inferior. Não que, uma vez implantada a autogestão, esta seja mera fachada atrás da qual o Estado manipule tudo. Tal pode suceder. Porém, não se consideram aqui as deformações que a sociedade autogestionária pode sofrer na prática. Só se tem em vista a miragem socialista se em sua inteira genuinidade ela fosse posta em prática. · Assim, o que vem ao caso salientar é que, na lógica do Projet: a) implantada a sociedade autogestionária, os poderes do

Estado irão minguando "grad ualisticamente"; b) porém, no ato de a implantar por lei, ele é onipotente. E enquanto tal lei servir de fundamento e de norma a essa sociedade, é em virtude da onipotência do ato estatal que a constituiu e que a organizou que ela viverá. Ato estatal que ao Poder público será facultado ab-rogar, ou ampliar como e quando entenda ... pelo menos enquanto existir; c) tão amplos poderes o Estado não exerce nas sociedades do Ocidente. Os Estados do Oriente e do Ocidente adotaram em tese o princfpio da soberania do sufrágio universal. Mas essa soberania é autocoibida no Ocidente pelo reconhecimento de liberdades individuais mais amplas, ou menos. Enquanto no Oriente esse princípio não tem valia efetiva. E, como se vê, não o terá na

No primeiro degrau. Mitterrand posa com o primeiro-ministro Pierre Mauroy à frente de seu ministério. Quatro pastas foram entregues a comunistas

35. "O reconhecimento das peque-

nas comunidades sociais e por conseguinte de interesses coletivos muito próximos do indivíduo e fáceis de compreender (família, atelier, turma de alunos, associação, bairro etc.) é um dos fundamentos da sociedade socialista autogestionária. Mas é preciso ainda que as decisões possam ser tomadas; a existência de um interesse coletivo deve traduzir-se, em última análise, em uma certa conduta. É por isso que os socialistas .... afirmam que a legitimidade não poderá proceder nunca, em última instância, amanhã como hoje. senão do sufrágio universal. O interesse geral e a democracia não estão em guerra entre .si. Simplesmente, o interesse geral nQo pode ser definido de outro modo senão pela democracia" (Projet, p. 131).

36.

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32

Tanto quanto os socialistas franceses, os comunistas têm como meta final a autogestão da sociedade. Lê-se no preâmbulo da Constituição russa que "o objetivo supremo do Estado soviético é edificar a sociedade comunista sem classes, na qual se desenvolverá a autogestão social co' . " (C . .' Le Fi 11 2 >.4"..!f • *!. ~-'j ~ ;:::,~~~ai _º"J:''faCl~ión dey Re;~~


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Lech Walesa

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sociedade autogestionária, na qual a liberdade do indivíduo só consiste no uso da palavra e do voto nas assembléias. Assim, o Estado é quem dispõe tudo sobre a sociedade autogestionária. Ele aniquila a familia, e a substitui. Ele outorga às moléculas autogestionárias o farrapo de direitos que lhes restará na sociedade, ele tem o poder ilimitado de legislar sobre a autogestão empresarial, docente, ou de qualquer outro tipo. Ele ensina. Ele for-

blicas Socialistas Soviéticas, de 7 de outubro de 1977, Editorial Progreso, Moscou, 1980, p. 5). Nesse ponto não há, pois, divergência doutrinária entre comunistas e socialistas. Esta só aparece no modo como uns e outros concebem o desaparecimento do Estado. O Instituto de Filosofia da Academia de Ciências da Rússia soviética assim define o papel do Estado no período de transição rumo à sociedade autogestionária: "O desenvolvimento da democracia socialista fortalece o poder do Estado e, ao mesmo tempo, prepara as condições de sua extinção, e, a par disso, a passagem a um regime social em que a sociedade possa dirigir-se sem necessidade de um aparelho político, sem a coerção estatal. .... Ora,, exortar ao mais rápido desaparecimento do Estado sob o pretexto de combater o burocratismo e proclamar, por seu turno, a necessidade de renunciar ao poder estatal, equivale, nas condições do socialismo, quando ainda existe o mundo capitalista (e, o que é mais grave. no período de transição ao socialismo). a desarmar os trabalhadores face a seu inimigo de classe.

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Mitterrand. o Walesa francês?

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ma, ele nivela, ele preenche os Quem será o Walesa brasileiro? lazeres. Em suma, ele se instala na mente do indivíduo. A este só resta a condição de autôEm uma palavra, a sociemato, cujos sinais de vida própria são tão-só informar-se, dia- dade autogestionária tem uma logar e votar. Esta trilogia seria moral, uma filosofia próprias a efetivação concreta d·a outra: (37), que o trabalhador autôaté mesmo no ar "liberdade, igualdade, fraterni- mato inalará • que respira. dade".

O processo de extinção do Estado não pode ser acelerado por nenhuma espécie de medidas artificiais. O Estado não será abolido por ninguém, mas irá se extinguindo paulatinamente à medida que o poder político deixe de ser necessário. Isso será possível quando o Estado socialista cumpra sua missão histórica. Mas isto exige, ao mesmo tempo. o fortalecimento do poder político. De onde não se poder contrapor, de um lado, a solicitude por fortalecer o Estado socialista, e, de outro lado. as perspectivas de sua extinção: ambas as coisas são como as duas. faces de uma mesma moeda. O problema da extinção do Estado, concebido dia/eticamente, é o problema da transformação do &tado socialista em autogestão comunista da sociedade. No comunismo subsistirão algumas funções análogas às que cumpre hoje o Estado, mas o seu caráter e as formas de seu exercício não serão os mesmos que na etapa atual de desenvolvimento. A extinção do Estado significa: 1) o desaparecimento da necessidade de coerção estatal, bem como dos órgãos que a empregam; 2) a transf armação das funções organizativas. econômicas e educativo-culturais que

ora cumpre o Estado em funções sociais; 3) a incorporação de todos os cidadãos nas funções de diteção dos assuntos públicos e o desaparecimento da necessidade de órgãos do poder político. Quando se apagar toda espécie de marcas da divisão da sociedade em classes, quando o comunismo triunfar definitivamente e safrem da cena as forças do mundo velho que se opõem ao comunismo. desaparecerá também a necessidade do Estado. A sociedade já não necessitará de destacamentos especiais de homens armados para garantir a ordem social e a disciplina. Então, como disse Engels, a máquina do Estado poderá ser depositada no museu de antiguidades junto com a roca e o machado de bronze" (A CADEMIA DE C1tNCIAS DA URSS INSTITUTO DE F1LOSOFJA, Fundamentos de la Fisolofía Marxista, Redação geral de F. V. KONSTANTINOV, Editorial Grijalbo, México, 2.ª ed., 1965, pp. 538-539).

37.

"Não é possível aderir ao socialismo sem uma certa visão do homem, do que ele quer, do que ele pode, do que ele deve, de seus direitos e de suas ~ecessidades" (Projet, p. 10).

33


2. A Religião e as religiões, no ''Projet'' A sociedade autogestionária não se limita a eliminar ou tolher as liberdades do individuo, mas, como se viu, procura formar até a sua própria consciência. Estas considerações conduzem naturalmente a analisar até que ponto os direitos da Religião são mutilados pelo Projet. a) Este último é laico em cada uma de suas palavras, dirse-ia em cada uma de suas letras. Ele não cogita de Deus. Para ele, a fonte de todos os direitos não é Deus, mas o homem, a sociedade. O Projet ignora inteiramente a outra Vida, a Revelação, a Igreja como Corpo Místico de Cristo (38). b) A Religião - para o Projet, as religiões, pois ele não reconhece o caráter sobrenatural de nenhuma - são apenas fatos sociais que sempre exis-

38. "O Partido Socialista não tem por objetivo comprazer-se ou dar testemunho em favor do além, mas transformar as estruturas da sociedade" (Projet, p. 33). "A explicação da sociedade .... é uma coisa, o destino último do homem é outra" - afirma o Projet. Como se

algo pudesse explicar-se abstração feita de seu fim. E acrescenta labiosamente, à guisa de ficha de consolação: "Na medida em que o clericalismo se apaga, o anticlericalismo perde sua justificação. Aí está um enriquecimento da laicidade e uma aquisição preciosa da luta socialista destes últimos anos" (Projet, p.

29). Na realidade, quem fica assim "apagado", no Projet, para além do clericalismo, é o Clero, é a Igreja.

tiram, e ainda existem. Fatos extrínsecos à sociedade autogestionária, e frontalmente discrepantes da laicidade dela. Isto induz a prever que a sociedade autogestionária, a qual tende a destruir tudo que lhe é extrínseco e contraditório, trabalhará para extinguir "gradualisticamente" as religiões. É bem certo que o Projet lhes garante a liberdade de culto. Mas circunscrita a um limite verdadeiramente mínimo, pois toda a ordem temporal será concebida e efetivada em sentido oposto ao da Igreja: a eco11omia, a organização social, o totalitarismo político, a perpetuação da espécie humana, a família e até o próprio homem (39). O Projet implica em uma visão de tal maneira global da sociedade, que tem necessariamente - se bem que de modo implícito - como pressuposto uma visão também global do Universo. Pois este último é, de algum modo, o contexto da sociedade. Uma sociedade glo-

bal, laica e fechada em si mesma corresponde a um universo analogamente laico, global e fechado em si mesmo. Por sua vez, uma visão do Universo implica na afirmação ou na negação de Deus. Negação perfeitamente autêntica, ainda que sua forma êle expressão seja o mutismo (40). O Projet é portanto "a-teu", sem Deus: ateu. O silêncio dele acerca de Deus - é lícito perguntar não é mera etapa "gradualista" rumo a algum panteísmo, verossímilmente evolucionista? A referência a este eventual panteísmo corresponde à função por assim dizer redentora, que o Projet atribui à coletividade, na qual o individuo se resgata do naufrágio em que o põe sua própria condição individual. E a via para a solução de todos os problemas (41). Por sua vez, a referência ao evolucionismo se relaciona com o caráter arbitrário, antinatural e artificial~ do reformismo socialista. E, mais ainda, do rela-

condescendente com a empresa autogestionária, se esforce por conceber uma aplicação do Projet estritamente limitada ao campo empresarial, sem reflexos no campo do homem, da familia e da educação. Ilusão. A natural corrélação entre a familia e a propriedade torna imposs[v~l essa separação de campos. E a simples leitura do presente trabalho torna claro que a autogestão empresarial - tal qual é descrita no Projet - é inseparável das concepções filosóficas e morais nas quais se funda. Estas, uma vez aceitas, repercutem forçosamente em todos os domínios.

sobre Ele. Alguns porém submetem a exame o problema de Deus por tal método, que parece carecer de sentido. Muitos, ultrapassando indebitamente os limites das ciências positivas, ou sustentam que só por este processo científico se explicam todas as coisas, ou, ao contrário, já não admitem de modo algum nenhuma verdade absoluta. Alguns exaltam o homem a tal ponto que a fé em Deus se torna como que enervada e dão a impressão de estar mais preocupados com a afirmação do homem que com a negação de Deus. .. .. Alguns não abordam sequer o problema de Deus: parece não sentirem nenhuma inquietação religiosa e nem atinarem por que deveriam preocupar-se com religião" (n. 0 19).

40.

39. É freqüente que o católico seja

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concilio Vaticano II, apresenta uma descrição bastante sintética e matizada do ateísmo moderno. É , útil citá-la, a esse titulo: "Pela

mais sensível às transgressões da Lei de Deus no que diz respeito à instituição da familia do que à instituição da propriedade. Assim, é possível que algum leitor católico mais ou menos

palavra ateísmo designam-se fenômenos bastante diversos entre si. Enquanto Deus é expressamente negado por uns, outros pensam que o homem não pode afirmar absolutamente nada

34

41.

"Entendemos que coletivo é sinônimo de grandeza, de beleza, de profundidade, de alegria de viver" (Projet, p. 153). O que importa em

dizer que grandeza, beleza, profundidade e alegria de viver são sinônimos de coletivo.


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tivismo fundamental que professa (42). A partir de concepções filosóficas muito obscuras, mas cuja influência o percorre de ponta a ponta, o Projet nega os princípios mais fundamentais da ordem natural (como a diferenciação entre a missão do homem e a da mulher, a familia, a autoridade marital, o pátrio-poder, o princípio da autoridade em todos os níveis e em todos os campos, a propriedade individual, a sucessão hereditária). O Projet visa reconstruir - a bem dizer em pé de guerra contra a obra do Criador - uma sociedade humana ao revés da natureza que Deus criou para o homem. Tudo isso pressupõe que a natureza, postulada pelo PS como indefinidamente maleável, pode ser modelada pelo homem como ele entenda. O que faz pensar no sistema evolucionista.

espíritos, será o de todas as nações do mundo até o fim dos tempos - à vista de que, ante eleições aptas a abrir o caminho do Poder aos mentores e propulsores do PS, a Conferência Episcopal Francesa não tenha tido uma só palavra d~ advertência sobre o perigo que o país assim corria. E com ele a Igreja, bem como os escombros ainda vivos da Cristandade. Pelo contrário, nas duas declarações que então divulgou (10 de fevereiro e 1. 0 de junho p.p.), o Conselho Permanente do Episcopado francês manifestou sua neutralidade ante os vários candidatos, afirmando não "querer pesar sobre as decisões pessoais" dos católicos franceses e fazendo um apelo para que a campanha eleitoral fosse vivida "no respeito dos

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ximo de nossa sociedade", fazia-o "não para apoiar um grupo. ou se opor .a quem . quer que ,.,,, se1a, mas para atrair a atençao homens e dos grupos, inclusive sobre os valores essenciais da os adversários" (Nota do dia 10 vida pessoal e comunitária dos de fevereiro de 1981) (43). homens". Com tal procedimen-

Na declaração do dia 1.0 de junho, ''por ocasião das eleições 3. O Episcopado legislativas", os Bispos assinafrancês ante o PS laram que "é próprio de uma sociedade democrática" escolher entre projetos e programas Feitas estas considerações, que "se proclamam e se ocomo católicos não podemos põem". Assim, a Igreja Catócalar nosso assombro - que, lica, ~o apresentar "sua própria passada a atual confusão dos reflexão sobre o futuro pró-

to, pretendiam os Bispos contribuir ''para a dignidade e a generosidade do debate" (44). Tal atitude é coerente com o documento Pour une pratique chrétienne de la politique, aprovado pela quase unanimidade dos Bispos em Lourdes, em 1972 (cfr. Politique, Eglise et Foi, Le Centurion, Lourdes,

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42.

"Todo o movimento da ciência .... se inscreve num permanente questionamento dos postulados da fase precedente" (Projet, p. 135). "A nosso ver, não pode existir um saber constitufdo de uma vez por todas. O conhecimento, porque implica em uma retificação e mesmo em uma reconstrução permanente da realidade, tal como nós nô-la representamos, não pode jamais dizer-se acabado e deve ser constantemente questionado" (Projet , pp. 136-137).

43.

Esta posição de esquiva neutralidade face às eleiç9es foi enfaticamente reafirmada · por Mgr. JeanMarie Lustiger, novo Arcebispo de Paris, a propósito de umá carta-~berta da JEC ao Prelado, publicada em "Le

36

Monde" (10 e 11-5-81), na qual aquele organismo da Ação Católica lhe pedia que confirmasse ou desmentisse as versões que corriam, segundo as quais ele teria pessoalmente tomado posição em favor do presidente cujo mandato terminava·. Em suas declarações, o Arcebispo manifesta o seu espant,;> diante da notícia, a qual desmente de modo formal, e se solidariza com a posição coletiva do Episcopado (cfr. "La Croix", 12-5-81). No contexto destas declarações, soam como insuficientes algumas vagas promessas de ação combativa feitas por Mgr. Jean Honoré, Bispo de Evreux e Presidente da Comissão Episcopal do Mundo Escolar, no sentido de que a escola católica não constitui para a Igreja "a prioridade das prio-

ridades". Os Bispos desejam reservar sua palavra ''para o dia em que a escola católica corra perigo" ("Informations

Catholiques lnternationales", n. 0 563, junho de 198 1).

44. A fim de não alongar o presente trabalho, não são reproduzidos aqui os referidos pronunciamentos do Episcopado francês sobre as recentes eleições presidenciais e legislativas. Entretanto, os leitores que desejarem obtê-los podem escrever para o endereço indicado na última capa. Mediante a remessa de Cr$ 150,00, o reembolso das despesas postais, ser-lhesá enviado o texto integral dos documentos, transcritos respectivamente de "La Documentation Catholique", n.0 1803, de 1-3-81, p. 248, e de "Le


?_:,,-:· _ il Gio~aj.e- :o;.,;;~ • - -··· - --=-~

1981 : Bispos franceses com o Cardeal Gantin (centro) em Lourdes. - Há 1 O ~~ i::!'."!"

anos a doutrina socialista vem penetrando impunemente no rebanho confiado pelo Espírito Santo aos Prelados da França

1972, pp. 75-110). Nesse documento os Prelados constatam que "os católicos franceses cobrem hoje todo o leque do tabuleiro [sic]político" (op. cit., p. 80), ou seja, também o PS e o PC. Ante esse fato monumental, os Bispos afirmam simplesmente a legitimidade do pluralismo e comentam com evidente simpatia o engajamento de "numerosos cristãos" no "movimento coletivo de libertação" animado pela luta de classes de inspiração marxista, a qual não condenam em termos definidos (45).

Monde", de 3-6-81, acompanhados de uma tradução para o português. (/l

45. No citado documento, dizem

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os Bispos franceses: "' "Nosso ministério pastoral nos faz ; testemunhas do imperativo evangélico ~ que anima numerosos cristios, em .3 todos os meios sociais, e da esperança . _ . . _ . que os conduz quando participam D . ~ean-Mane ~ust1ger, n?vo Arceb1~po de_Paris, reafirmou ~nfat1camente a · e to colet· 0 de rbertaposição de esquiva nel!trah_dade da H1erarqu1a em face das eleições francesas. I nesse . movam n IV adormecendo as consc1ênc1as çio, Jun1o com aqueles com quem sao ou de quem se sentem solidários em sua vida de todos "s dias. Os Bispos da "Hoje um fato novo irrompe na termos de 'luta de classes' ajudou Comissão do Mundo Operário, entre atualidade. Cristios de diversos meios muitos militantes a delimitarem com outros, exprimiram-no no documento - operários, trabalhadores rurais, in- mais precisio os mecanismos estrude trabalho em que nos dão conta da telectuais - exprimem o que eles turais das injustiças e das desigualprimeira fase de suas conversações vivem com um vocabulário de 'luta de dades. É preciso também constatar com operários que fizeram a opçio classes'. .. .. que, fazendo assim, eles mais ou menos É evidente que esta análise em tomam como referência instrumentos socialista" (op. cit., p. 88). N

37


= = = ~AtoJLnCl§MO Diante des!es precedentes, já não causa maior estranheza o fato - de si também assombroso - de que a doutrina socialista há cerca de dez anos venha penetrando impunemente no rebanho confiado pelo Espírito Santo ao zelo e à vigilância dos Pastores fran-

de 11nlilise marxista da luta de classes. Para que seu desejo ardente de ;ealizar uma sociedade mais justa e mais fraterna não se degrade ao longo do caminho, e até se beneficie dos impulsos positivos do senso evangélico do homem, impõe-s,: um esforço de lucidez e de discernimento" (op. cit., p. 89).

46.

Assim o afirma a conhecida revista "católico-progressista" "lnformations Catholiques Internationales" (n. 0 563, junho de 1981): "Todos estão de acordo: os católicos definidos como praticantes repartiram-se à razão de um quarto a favor de F. Mitterrand e três quartos para V. Giscard. .... O fato de que um católico considerado praticante em cada quatro tenha votado em F. Mitterrand é de uma importância política decisiva: bem mais de um milhão de votos foram engrossar o campo da esquerda; ora, .... teria sido suficiente que a metade desses católicos tivesse votado no presidente cujo mandato terminava para que este fosse reeleito. François Mitterrand deve seu sucesso, entre outras causas, ao movimento que arrastou para a esquerda uma parte dos católicos". Note o leitor que a revista destaca apenas os "católicos praticantes". Caberia perguntar quantos batizados não praticantes, mas que se têm na conta de católicos, poderiam ser influenciados por uma palavra firme e esclarecedora do Episcopado, e recusar assim o seu voto ao candidato socialista. Ao apontar as razões da vitória de Mitterrand, insuspeitos e prestigiosos órgãos de imprensa comentam que o progresso mais significativo da esquerda se deu nas províncias católicas do Oeste, do Leste e do Maciço central (cfr. "La Croix", órgão oficioso da Arquidiocese de Paris, 12-5-81; "L'Express", 5/ 11-5-81 e 12/ 15-5-81; e mesmo "L'Humanité", órgão oficial" do PC, 15-5-81 ). Áaemais, os católicos não se limi-

38

ceses. De forma que a votação dos católicos tresmalhados para o eleitorado socialista colaborou ponderavelmente para a vitória autogestionária nas últimas eleições (46). Considerando esses fatos e tantos outros há no mundo contemporâneo - compreen-

de-se melhor toda a realidade de que a Santa Igreja se encontre hoje, como constatou Paulo VI, num misterioso processo de "autodemolição" (alocução de 7-12-68), e de que nEla haja penetrado, segundo o mesmo Pontífice, a ''fumaça de Satanás" (alocução de 29-6-72).

tam a votar no PS, mas chegam a po conservador. A Igreja, sacudida inscrever-se no Partido - ao que pela primeira revolução francesa, inparece, sem maiores problemas de quieta com os progressos do espírito consciência - como registra com gáu- voltairiano, se tinha colocado ao lado dio o Projet: "O Partido socialista do poder da burguesia, poder de uma sempre pretendeu aglutinar, sem dis- classe social, estreita, egolsta, feroz tinção de crença filosófica ou religiosa, quando preciso .. , ... todos os trabalhadores que fazem do Obscurecido o Cristo, a Igreja cúmsocialismo seu ideal e aceitam seus plice, não havia outra salda senão a princípios. Sio cada vez mais nume- luta, à viva força, para a conquista, rosos pois os cristãos que aderem não aqui e agora, de uma situação que nos somente ao Partido mas às próprias libertasse da escravidão, da miséria e análises socialistas, sem por isso da humilhação. Por uma rampa natumuito pelo contrário - renegarem sua ral, os socialistas aderiram, em sua . . ' . .. fé" (Projet, p. 29). maioria, as teorias que re1e1tavam a O que, aliás, é público e notório na e:,r;p/icação cristã. .... França. A consolidação do racionalismo e a Mas para que não haja dúvida expansão do marxismo acentuaram no quanto ao sentido do verbo "aderem" proletariado a rejeição da Igreja e de na citação acima, Mitterrand, em suas seu ensino. O socialismo, que se tinha "Conversations avec Guy Claisse", constituído sem ela, começou a ser transformadas em livro, assim escla- feito contra ela. Mas também, que rece: silêncio do cristianismo! Que longo "No Partido Socialista, os cató- silêncio! .... Entretanto, pelo fim do licos militantes não são para nós um século, Leão XIII em Roma e entre álibi. Eles aí estão como em sua nós o Sillon deram início à virada. A própria casa. Seu número é grande... primeira guerra mundial apressou a - Entre os militantes de base? evolução. As confraternizações da fren- Sim. Mas também na direção te de batalha, a morte por toda parte, a nacional e nos executivos locais" morte colhendo a todos, a pátria em (FRANÇ01s M1TTERRAND, lei et mainperigo ensinaram a cada um a aceitar tenant - Conversations avec Guy no outro os valores que este acatava, Claisse, Fayard, Paris, 1980, p. 12). embora a versão laica ou religiosa Assim sendo, a omissão do Epis- permanecesse distinta, quando não ancopado no esclarecimento desses cató- tagônica. Do fundo da Igreja e do licos é inteiramente inexplicável. mundo cristão se levantou novamente Cumpre, por fim, observar que essa o apelo inicial. O personalismo de Empermeabilidade de elementos católicos manuel Mounier acabou de conferir ao ao socialismo não é de hoje, mas vem socialismo cristão suas cartas de nodesde meados do século passado, como breza" (op. cit., pp. 14-15). se compraz em historiar o próprio Diante desse panorama histórico Mitterrand , no livro citado; - descrito, aliás, bem à maneira e ao "Minha conduta, desde o primeiro gosto dos socialistas, mas ao qual não dia, foi no sentido de que os cristãos faltam, infelizmente, numerosos elefiéis à sua fé, reconhecessem, em nosso mentos de verdade - seria de esperar Partido, elementos de sua própria fi- que o Episcopado francês imitasse a sionomia, e compreendessem que as têmpera e a coragem de um São múltiplas fontes do socialismo con- Pio X, que na Carta Apostólica Notre fluem para a mesma caudal. Em mea- Charge Apostolique de 25 de agosto de dos do século XI X, exceção feita da 191 O condenou veementemente o movanguarda dos Lamennais, dos Oza- vimento Le Sillon (cfr. Nota 4), objeto nam, dos Lacordaire, dos Arnaud, os de tão reverente recordação de Mitcatólicos franceses pertenciam ao cam- terrand.


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IV Intervenção nos assuntos internos da França? Tanto a eleição de um Chefe liste, a natureza do PS francês, na, e mais especialmente na luta de Estado quanto a dos depu- bem como a inevitável e ampla de classes dos demais países. tados à Câmara Legislativa repercussão da vitória socialista Portanto, uma vez que se asseconstitui, para cada país, um na vida política e cultural dos nhoreou do Poder, é de temer que utilize os recursos do Esassunto interno, e sua liberdade vários povos do Ocidente. de proceder a esses atos sem De fato, o Projet afirma ter tado francês, e da irradiação ingerência do Exterior é um como uma de suas metas, a internacional da França, para elemento fundamental da pró- interferência na política inter- levar a cabo tal propósito (47). pria soberania. Nessas condições, poder-se-ia estranhar que No México, condecorado pelo Presidente Portillo, Mitterrand fez declarações treze associações, sendo doze de categoricamente intervencionistas a respeito de EI Salvador outros países que não a França, se julguem no caso de dar a público em todo o Ocidente uma Mensagem cujo tema essencial é um comentário das recentes eleições francesas. Comentário este, por sua vez, voltado a propiciar a escolha de uma estratégia ante o resultado que elas trouxeram. Mas tal objeção só é concebível da parte de quem ignore o inteiro alcance do Projet socia-

47.

"Nio pode haver um Projeto socialista só para a França. O dilema 'liberdade ou servidio', 'socialismo ou barbárie' ultrapassa as fronteiras de nosso País" (Projet, p. 108). "O Partido Socialista é um partido ao mesmo tempo nacional e internacional" ("Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 50). "O -socialismo é internacional, por , natureza e por vocação" (Projet, p. 126). , "O Partido Socialista adere a Internacional Socialista" (Estatutos do PS, art. 2, "Documentation Socialiste", suplemento do n. 0 2, p. 51). "No momento em que a França deixar de se identificar com uma mensagem universal, ela cessará de existir. :,; ., A França é uma aspiração coletiva, QU ~ · •

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Lech Walesa

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sociedade autogestionária, na > qual a liberdade do indivíduo til ~ só consiste no uso da palavra e Mitterrand, o Walesa francês? do voto nas assembléias. Assim, o Estado é quem dispõe tudo sobre a sociedade ma, ele nivela, ele preenche os autogestionária. Ele aniquila a lazeres. Em suma, ele se instala familia, e a substitui. Ele outor- na mente do indivíduo. A este ga às moléculas autogestioná- só resta a condição de autôrias o farrapo de direitos que mato, cujos sinais de vida prólhes restará na sociedade, ele pria são tão-só informar-se, diatem o poder ilimitado de legis- logar e votar. Esta trilogia seria lar sobre a autogestão empre- a efetivação concreta da outra: sarial, docente, ou de qualquer "liberdade, igualdade, fraternioutro tipo. Ele ensina. Ele for- dade".

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Quem será o Walesa brasileiro?

Em uma palavra, a sociedade autogestionária tem uma moral, uma filosofia próprias (37), que o trabalhador autômato inalará até mesmo no ar • que respira.

blicas Socialistas Soviéticas, de 7 de O processo de extinção do Estado ora cumpre o Estado em funções outubro de 1977, Editorial Progreso, não pode ser acelerado por nenhuma sociais; 3) a incorporação de todos os Moscou, 1980, p. 5). espécie de medidas artificiais. O Es- cidadãos nas funções de direção dos Nesse ponto não há, pois, diver- tado não será abolido por ninguém, assuntos públicos e o desaparecimento gência doutrinária entre comunistas e mas irá se extinguindo paulatinamen- da necessidade de órgãos do poder socialistas. Esta só aparece no modo te à medida que o poder político deixe político. como uns e outros concebem o desa- de ser necessário. Isso será possível Quando se apagar toda espécie de parecimento do Estado. quando o Estado socialista cumpra sua marcas da divisão da sociedade em O Instituto de Filosofia da Aca- missão histórica. Mas isto exige, ao classes, quando o comunismo triunfar demia de Ciências da Rússia soviética mesmo tempo, o fortalecimento do definitivamente e saírem da cena as assim define o papel do Estado no poder político. De onde não se poder /orças do mundo velho que se opõem período de transição rumo à socie- contrapõr, de um lado, a solicitude por ao comunismo, desaparecerá também dade autogestionária: fortalecer o Estado socialista, e, de a necessidade do Estado. A sociedade "O desenvolvimento da democra- outro lado, as perspectivas de sua já não necessitará de destaéamentos cia socialista fortalece o poder do extinção: ambas as coisas são como as especiais de homens armados para Estado e, ao mesmo tempo, prepara as duas. faces de uma mesma moeda. garantir a ordem social e a disciplina. condições de sua extinção, e, a par O problema da extinção do Estado. Então, como disse F.ngels, a máquina disso, a passagem a um regime social concebido dialeticamente, é o proble- do Estado poderá ser depositada no en:, que a sociedade possa dirigir-se ma da transformação do Estado so- museu de antiguidades junto com a sem necessidade de um aparelho polí- cialista em autogestão comunista da roca e o machado de bronze" (A CAtico, sem a coerção estatal. .... sociedade. No comunismo subsistirão DEM IA DE C1tNCIAS DA URSS Ora, exortar ao mais rápido desa- algumas Junções análogas às que cum- INSTITUTO DE FILOSOFIA, Fundamentos parecimento do Estado sob o pretexto pre hoje o Estado, mas o seu caráter e de la Fisolofía Marxista, Redação de combater o burocratismo e pro- as formas de seu exercício não serão os geral de F. V. KoNSTANT1Nov, Editorial clamar, por seu turno. a necessidade de mesmos que na etapa atual de desen- Grijalbo, México, 2.ª ed., 1965, pp. renunciar ao poder estatal, equivale, volvimento. 538-539). nas condições do socialismo, quando A extinção do Estado significa: ainda existe o mundo capitalista (e, o 1) o desaparecimento da necessidade 37. "Não é possível aderir ao que é mais grave, no período de de coerção estatal, bem como dos socialismo sem uma certa visão do transição ao socialismo), a desarmar os órgãos que a empregam; 2) a trans- homem, do que ele quer, do que ele trabalhadores face a seu inimigo de formação das funções organizativas, pode, do que ele deve, de seus direitos e classe. econômicas e educativo-culturais que de suas '!ecessidades" (Projet , p. 10).

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Glorioso porvir da França se~ doSãoPioX É-nos grato encerrar estas considerações pedindo a Nossa Senhora, Medianeira Universal das Graças, que torne confirmadas pelos fatos as palavras, com ressonâncias proféticas, do santo e inexcedível Pontífice São Pio X, concernentes à França: "Dia virá, e esperamos que não esteja muito distante, em que a França, como Saulo no caminho de Damasco, será envolta por uma luz celeste e ouvirá uma voz que lhe dirá novamente: 'Minha filha, por que me persegues?' E à resposta: 'Quem és tu, Senhor?', a voz replicará: 'Sou Jesus, a Quem persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te arruínas a ti mesma'. E ela, trêmula e atônita, dirá: 'Senhor, que queres que eu faça?' E Ele: 'Levanta-te, lava as manchas que te desfiguraram, desperta em teu seio os sentimentos adormecidos e o pacto da nossa aliança, e vai, filha primogênito da Igreja, nação predestinada, vaso de eleição, vai levar, como no passado, meu nome diante de todos os povos e de todos os reis da terra" (Alocução consistorial Vi ringrazio de 29 de novembro de 1911, Acta Apostilicae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, Roma, 1911 , p. 657). "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará", prometeu Nossa Senhora em Fátima. E o que Lhe pedimos para a França e para o mundo.

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1

São Pio X

No 64.0 aniversário da última Aparição de Nossa Senhora em Fátima. São Paulo, 13 de outubro de 1981.

Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade American Society for the Defense of Tradition, Family and Property Association Française pour la Défense de la Tradition, de la Familie et de la Propriété Centro Cultural Reconquista (Portugal) J óvenes Bolivianos pro Civilización Cristiana Sociedad Argentina de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Chilena de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Colombiana de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Cultural Covadonga (Espanha) Sociedad Ecuatoriana de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Uruguaya de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Venezolana de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Young Canadians for a Ch.ristian Civilization


REVOLUÇÃO FRANCESA, em I fms do século XVI/L os sismos I revolucionários de 1848, a ComuI na de Paris em 1871, a explosão ideológica e temperamental da Sorbonne em 1968 foram marcos importantes da His, tória da França. E também da História ' de todo o Ocidente. / Com efeito, esses movimentos, cada qual à sua maneira e em suas proporções especificas, deram expressão internacional a aspirações e doutrinas - nascidas algumas na França e outras alhures - mas que nesse país haviam f ermentado com uma carga de comunicatividade toda peculiar. Os acontecimentos históricos assim gerados na França encontraram e puseram em movimento, no espírito dos vários povos do Ocidente, aspirações, tendências e ideologias cujo surto marcou a evolução psicológica, cultural, política e sócio-econômica deles nos séculos seguintes. O mesmo vai ocorrendo com a "revoI lução" incruenta, mas nem por isso menos profunda, que a vitória eleitoral do PS nas eleifÕes de 1O de maio do ano Plinio Corrêa de Oliveira passado - e a conseqüente ascensão de Presidente do Conselho Nacional Mitterrand à Presidência da República da Sociedade Brasileira de Defesa começa a desdobrar em série. As crises da Tradição, Família e Propriedade que afetam (em medida aliás desigual) os regimes comunista e capitalista desperPL1mo CoRR~A DE OLIVEIRA nasceu em São Paulo em 1908. tam no mundo inteiro tendências e movi- Diplomado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, mentos que se gabam de especialmente destacou-se desde a juventude como orador, conferencista e jornamodernos e crêem encontrar no socia- lista católico. Um dos fundadores da Liga Eleitoral Católica, foi o lismo autogestionário, agora instalado no deputado mais votado no País para a Assembléia Constituinte federal poder em Paris, a expressão clara, concisa de 1934. Professor de História da Civilização no C. Universitário da e vitoriosa de tudo ou quase tudo quanto Universidade de São Paulo, bem como de História Moderna e pensam e desejam. O que, naturalmente, Contemporânea nas Faculdades São Bento e Sedes Sapientiae da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi Presidente da os vai pondo em marcha rumo à con- Junta da Ação Católica de São Paulo e diretor do quista de análogos êxitos nos respectivos órgão Arquidiocesana católico "Legionário". Colaborador destacado do mensário países. Isto para proveito e gáudio, note- "Catolicismo", escreve também para a "Folha de S. Paulo" desde 1968. se, do comunismo internacional, do qual Principais obras: Em Defesa da Ação Católica, Revolução e o socialismo autogestionário é apenas Contra-Revolução, Reforma Agrária - Questão de Consciência (em caudatário e "companheiro de viagem". colaboração com outros autores), A cordo com o regime comunista: Dando esta Mensagem ao conheci- p ara a Igreja, ·esperança ou autodemolição?, Baldeação ideológica mento do público brasileiro, a SOCIEDADE inadvertida e diálogo, A Igrej a ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos silenciosos, Tribalismo indígena, ideal comunoBRASILETRA DE D EFESA DA T RADIÇÃO, FAmissionário para o Brasil no século XXI e Sou Católico: posso ser MILIA E PROPRIEDADE tem a certeza de abordar um tema capaz de afetar af undo, contra a Reforma Agrária? Em 1960, fundou a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, nos próximos anos, o futuro de nosso país. FAM lLIA E P ROPRIEDADE - TFP. e tem sido, desde então, Presidente Firmada pelas entidades - autôno- do Cons~lho Nacional da entidade. Inspiradas em Revolução e mas e coirmãs - que constituem a grande Contra-Revolução e em outras obras do Prof. Plínio Corrêa de famz1ia das TFPs em treze países, esta Oliveira, TFPs e associações congêneres se desenvolveram igualmente Mensagem é da lavra do Professor em doze países das Américas e da Europa.

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N.0 375 -

AS TFPs de treze nações dó .Oddente estavam cxupadas, em (everéiro último, com o atendimento depedii:IÔS·· telefônicos, pessoais ou por via postal, relacionados com a repercu~o mundial da Mensagem O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte?, além do trabalho de difusão do luminoso Comunicado Na França: o punho estrangulando a rosa, de autoria do Prof. Plínio Corr~ de Olivei!a, quando no Brasil a revista "Manchete" publicou inusitada reportage.m .,Nela aparecem fotos de du~ pessoas, de costas, em local não identificável, praticando tiro ao alvo'contra uma fotografia de S.S. João Paulo JI.. Sem nenhum tipo de prova, a pub)~ção lançou a grave acusação dé <i.ue se tratava de elementos da TFP. . . Essa entidade desmentiu energicamente, em nota do seu Serviço d,e Imprensa, a mencionada rewrfagemíiction. D ias depois, entretanto, D. Eugênio Sales, Cardeal Arcebispo do Rio de J aneiro, através de nota oficial da Cúria Arquidicxesana, censurou o ato atribuído à TFP. A partir daí desenrolou-se uma série de réplicas e tréplicas, que "Catolicismo" julga neces.~ário levar ao conhecimento de seus leitores. A sucessão dos fatos que constituem tão insólito episódio está descrita nos próprios comunicados da TFP aqui transcritos, razão pela qual nos dispensamos de explicações mais por-

pai:a;:-·o público brasileiro, que de s~liêjo cónhece->l!-_..~tuação ordeira da ~y; n.ell),~ f~tl\Slo.saJt,portagcm de " ~a,;ic~ete , 11em q.est(anho~val que a ela d ÍÍ o Sr,. Çarj!eàl ~es; podem causar q~que~ imp~p. . Entr~ta'!to, des~~ch,?S e!~ agê'?c,as de noticias mternac1on is ififunihram

.

menori1,adas.

CERCA de recente reponagem sobre a TFP, publicada pela revista carioca ºManchete", a Ctiria Arquidiocesana do Rio de Janeiro distribuiu, através de sua Assessoria de Imprensa, nota oficial "de

ordem do Emmo. Sr. Cardeal-Arcebispo" censurando o ato - atribuído

por aquela revista à TFP - de exercício de tiro tendo por alvo uma fotograíia do Papa João Paulo li.

Março de 1982 -

A no XXXII

Diretor: P a ulo Corrêa de Brito F ilho

resumos .,_(ja reportagem:fiction .' de percussão _ainda ma~~ ampla .• ,~ b c "Manchete" para todo o mundo. E já pesa,1 qui: mstcumcnto de polcm1ca vários jorna:i:s do Exterior a p11b.lica- de primeira.:ord.e"1 para a imprensa\ ram, por exemplo c:n Bruxelas, Paris, ,cr)ptocomuni'sta., socialista e comu- · Valência e Buenos Aires. n_ista, um edita\ oficia( cm que um Tudo leva a crer que, por sµa vei, Cardeal pa;ece fázer· suas as acusaa, nota oíicial publicada pÓr oré!em ções lai)çadas contra uma entidade,. do $e. -~~deal Sales teQha uma re- como a TF'P! '

.. ' É a ,s~gJjnte .a rli1egr;,_'ti da·carta vés de importantes órgãos da im(os ,destaques em neg,~tlo ,são do prensa, désmentira a .TFP cate&oricamente,essa reporlágem (cfr. "UltiServiço de Imprensa '<la llilff): ma ·Hora" do dia 19 de fevereiro e

"Senhor Cardeal. -Gom meus atenciosos cumprimentos, ,passo a exp<>r o. que se~e~ t\ pu~licação,e~!IIU!J!Crososjornais, do, teitto de-um,Bdital da Cúria ,Âr,guidi?CCS3/lªAc!o de J~_neiro, conctrneQte a exerclcfos de tiro ao âlyo que t~ril!,m si!f.ó p,i:aticados por elementos da TFP contra a foto~ra(,a de S.S. João eaulo II, vem ca.~ do mlfgoa, est~a11heza,.~ jn. conformidade aos sócios, cooperadores e simpatizantés · da entidade em todo o território naciOQa)! · Com efeito, esse Edital, publicado "da parte do Emino. Ca{dealArccbispo". parece adm'itir a aíirmação, feita em recente rcponagcm da revista "Manchete" (edição de 27-2-82), de que seria efetivamente praticada em nossas íilciras uma ação que, vista de um ângulo seria sacrílega, e de outro ângulo, pesadamente burlesca. A menos que tenha ocorrido algum lapso na redação do Edital, é forçoso notar a este propósito que: J. "Manchete" não publica qualquer P.rova do que a rcpoQagcm noticia. A foto de. dois indivíduos . ' a fotografia do de costas, alveJando Santo Padre, foifeita em condições que não permitem a identificaçio deles, nem do local em que se encontram; ·' 2. Já anteriormente. ao Edital d a Cúria do Rio de Janeiro (cfr. "Jornal do Brasil", 27-2-82), e atra-

-~º

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"Folha de,S. Paulo." do dia seguinte, te-xtos ,anexos)(*). Não se vê porque a Cííria do Rio haveria de lhe recuSlµ' cr,édito; ,3. Ao aceitar co.m o verídica essa acusa\jão, o Edital dá•Cúria Arquí~ diõcesarià do Rio de Janeiro se pronuncia tend~ oilvido a "~anchete", e n.ã o a TFfi, com inteira transgressão do prjneipio (undamcntal do Direito Romano: "audiaturet allera pars" (seja ouvida também a outra pane,; 4. Aliás, ~inha a Ctiria os elementos necessários para ajui1.ar de quanto ·o longQ e adamantino passado da TFP fala contra a reportagem da "Manchete", eois esta entidâde enviou a V. Emc1a. em 28 de julho de 19800 livro "Meio século de epopéia anticomunista", compêndio de sua própria His.tória; e de V. Emcia. recebeu uma Q:Sposta conês: ·como pede explicitamente, examinei a obra que teve delicadeza de me enviar..... A distância que nos separa não impede, entretanto, de respeitar suas intenções. Divirjo de suas posições, mas respeito-as". Permito-me ponderar ainda que, abrindo-se às afirmações dessa reportagem, o Edital da Cúria parece benevolamente conceder credibilidade também às dem_ais imputaç/>es

a

(') N. R.: Esse dc:smcntido. $ob 1iluto "TFP tsclor<'tt... cs1á reprodu1jdo na Ultima

J)âgina da pJ'(.'Sentc edição.

da reportagem.contra a TFP. E. por conexão, en volve em tal credibb lidade as imputações igualm'ente injustas que sãp -feitas , ' .e graves .• ,..,, extensamente, na mesma reporta.. · gem, contra a honorabilidade pessoal do ílibado e culto Bispo D. An' tonio de Castro Mayer, e •ponderâvel parcela do Clero diocesano de Campos'. Tendo urgente necessidade de defender ante o público a reputação da TFP cm emergência tão delicada, expresso minha esperança de receber de V. Emcia., ainda antes de me dirigir aos jornais, µma informação qu~ d,,sfaça o (lue não seja talvc1. - q ueira-o Deus - SCJlão mero equ ivoco. t esse pronunciamento, claro e tranqUilizador, que peço a V. Emcia., com a maior urgência, premido que, sou pela necessidade de entrc~ar algo aos jornais, já na terça-feira cedo, acerca da atitude da TFP ante o Edital aludido. Necessidade evidente, Sr. Cardeal, tomando em conta que há circunstâncias nas quais quem retarda, por pouco que seja. uma explicação, parece inseguro cm seu direito. Aqui se aplica, por extensão, outro princípio do Direito Romano,: '"gui tacet consentire vidctur" (quem calá parece consentir). Certo de que V. Emcia. comP,recndcrâ a justiça deste pedido, âpresento-lhe meus atenciosos cumprimentos e peço, para a TFP e para mim, suas valiosas orações e bênçãos.

Plinio Corrêa de Oliveira P residente do ConseUto'Nacional,,

O edital da Ctiria do Rio de Janeiro intercorrerá como fator de desorientação da opinião pública, desviando para acusações contra a TFP parte ,d as atenções voltadas até aqui para o,, silênêj,o confrangedor cm que .se v,nham mantendo os expoentes soc1alis1ás âutog'estion~rios ante a publica.ç ão da já histórica Mensagem das treze TFPs (cfr. "Folha de S. Paulo" e "Última Hora" do Rio de Janeiro de 8-1-82). ~ o que - prescindindo embora, respeitosamente, de qualquer indagaçãp de intenções - se deve constatar. Isto ponderado, o Prof. Plinio Corrêa 'de Oliveira, Presidente do Conselho Na.cional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP - decidiu enviar anteontem. domingo, ao Emmo. Cardeal Salés, carta em que ihe pede con;i reverente empenho, que procure prevenir, pela maneira que lhe fosse mais convenic.nte, os efeitos do que acabava de ser publicado pela Cúria do Rio. Mas, ao mesmo tempo, rogava permissã,o para ponderar que, a não receber de S. Emcia., até terçafeira pela manhã, uma palavra explicativa. a TFP se veria obrigada a defender por si mesma, através dos jornais, as~ própria reputação. Acarta ao Cardeal Sales, datada de 28 de fevereiro, fôi ·fevada em mãos ao Rio, e entregue no mesmo dia, na résidência do alto Prelado, às 21 , 15 horas. Como hoje, até as 15 horas, os plantões colocados nas sedes da TF P em São Paulo e na residência pessoal do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira não houvessem recebido qualquer comunicação, a TFP se vê na contingência de tomar pos.ição ante a nota da Cúria do Rio. Para isto, nada mais direto, elucidativo e documentário do que publicar a própria cana do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao Emmo. Sr. Cardeal D. Eugênio Sales. Essa missiva será igualmente dis, tribuída às agências noticiosas internacionais com sede no Rio e em São -Paulo. São• Paulo, 2 de março de 1982

Cardeal responde inas nao explica AI

SOBRE AS RECENTES e fantas iosas acusações de que foi alvoaTFP por parte da revista "Manchete", e a interferência, no assunto, de nota oficial da Ctiria do Rio put,licada "de

orde111 do En1inen1isJ'i1no Senhor Car· deal-Arcebispo", o SérviçÓ 'd.e Im-

prensa daquela entidade divulgou o seguinte comunicado: "Antes de tudo, a enumeração dos fatos sucessivos: A. A edição da revista "Manchete" que circula com a data de27-2-82 pu-

blica uma reportagem contra a TFP; B. Esta última replica em nota de seu Serviço de Imprensa (cfr. "Úlúma Hora" do Rio de Janeiro de 19-2-82 e "Folha de S. Paulo" de 20-2-82); C. Através de nota oíicial da Ctiria, publicada tia impreJ1sa diária no dia -27 dé fe'vcréiro, o Sr. Cardeal D. Eugênio Sáles "repudia'' a atitude atribulpa 'à TFP por "Manchete"; D , No dia 28 de fevereiro é entregue, na residência arquicpiscopal do Sumaré, no Rio de Janeiro, uma cana

do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, ao Sr. Cardeal Sales, pedindo uma palavra explicativa sobre a nota oficial da Cúria do Rio. Na carta. a TFP declara que aguardará resposta de S. Emcia. até terça-feira cedo. Não vindo esta, a sociedade se ju lgará na obrigação de publicar desde logo pela imprensa a sua defesa; E. Passam-se toda a segunda-feira e a manhã de terça-feira sem qualquer resposta do Sr. Cardeal. O Serviço de

Imprensa da TFP entrega, na tarde de terça-feira, à "Folha de S. Paulo", à "Última Hora" do Rio de Janeiro eao "Correio do Povo" de Porto Alegre' um comunicadO;

F. Os três cotidianos publicam o comunicado no dia 3 de ·m arço, qµ!lr· ta-feira; G. No dia seguinte, um jornal inforn,a ter o Purpurado declarado que enviou pelo Correio, na terçafcira, carta ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. S. Emcia. teria asseverado

quç tocava ao destinatário publicá-la se quisesse; H. missiva chega no dia. 4 de março, à tarde. O presente comumcado comenta-a, esclarecendo dever-se a pequena demora que há na presente pubJicação, ao ,fato de estarem todos os serviços administrativos da TFP superlotados ' com o atendimento de pedidos telefôrucos e pessoais procc-

;A

..

(conclui na última página)

N este número: O movimento pacifista alemão prepara a capitulação da Europa diante da ameaça comunista (p. 2)

Os malefícios da maconha . para a vida psíquica (p. 3 )

Reflexões em ~ torno do lco.~ ~' ne da Virgem 8 de V lad i mir '. i~·-. . ,.~.,._, 1/.~, ,J • •• (p . 7)

.:tii·'·

-


Frinchas no dispositivo de sustentação do governo

-

Manifeataç!o pacifista em Bonn (10 de outubro de 1981 ): preparando a hegemonia comunista na Europa

1111,,.

T O MEIO da atual confusão.

O MEIO da atual confusão, em boa medida passa despercebido ao grande público o crescente movimento pacifista em curso na Alemanha, que pode trazer perigo próximo e talvez fatal para o mundo livre. A sensate1. da maioria da população germânica havia impedido até há pouco importantes repercussões do danoso movimento. Entretanto, ele pode ser considerado - mormente com as proporções que alcançou cm virtude das manifestações públicas reali1.adas no segundo semestre do ano passado importante arma na guerra psicológica revolucionária movida pelo comunismo internacional. E$pecialmente nos últimos dois anos os promotores do movimento pacifista encontraram clima propício para intensificá-lo. sobret udo através do conhecido processo de conscienti1,ação. São particularmente eloqüentes em reforço dessa tese informações colhidas em recente artigo de Gerry O'Connell - membro. aliás, da notoriamente esquerdista Anistia Internacional, em Londres, e simpatizante dos movimentos pacifistas - publicado na revista progressista "America", dos jesuítas norte-ameçicanos e canadenses (edição de 3 de outubro de 1981). Basear-me-<:i nessas informações e em dados extraídos da imprensa diária para fundamentar os comentários que faço no presente artigo. Em 1980 houve semanas de estudo de apoio ao pacifismo em 340 cidades alemãs. As jornadas, onde o programa era mais intenso, tornaram-se comuns. Marchas, como a de Hamburgo, que reuniu 80 mil pessoas no dia 21 de junho de 1981, constituem outro aspecto do ingente esforço. Em 10 de outubro, no clímax do frenesi pacifista, 250 mil pessoas tomaram as ruas de Bonn. Manifestações análogas, na mesma ocasião, num bem concertado empenho propagandístico, deram-se nas · mais importantes cidades da Espanha, Inglaterra, Itália, Bélgica e Holanda. Tudo isto ocorreu sob a destra exploração do medo. As manifestações populares sucederam-se simultaneamente com a difusão maciça de boletins e folhetos versando sobre a probabilidade e os horrores do bombardeio atômico.

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Alvo pr6ximo: impedir a instalação dos _foguetes norte-americanos A NATO informou em 1978 que causava preocupação a seus especialisti!S a crescente superioridade soviética na Europa. Com base neste relatório, em dezembro de 1979, em Bruxelas, seus países membros resolveram adotar uma política de equilíbrio preventivo. A Rússia estava instalando foguetes de médio

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alcance com ogivas nucleares -

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duas vezes neste século. o mero

alcance com ogivas nucleares - os SS-20 - expondo todas as capitais européias à destruição. E ela continua a fazê-lo. Hoje há por volta de 250 novos SS-20. Segundo o Departamento de Estado norte-americano, os russos instalam um novo SS-20 a cada cinco dias. Nisto consistiu a resposta da NATO: a partir de 1983 instalar-seiam na Alemanha, Inglaterra, Itália, Holanda e Bélgica 464 mísseis Cruise e 108 fogueies Pershing li, dotando assim a Aliança Atlântica de instrumento reta liatório. Imediatamente, a Rússia iniciou violenta campanha propagandistica contra o reforço defensivo, na esperança de obstar o plano já nas

duas vezes neste século, o mero anúncio do aumento dos orçamentos militares desencadeou no espírito de muitos estas últimas perspectivas. Atém do mais, a instalação de grande parte dos Cruises e Pershing li em seu territ~rio, torná-lo-ia o mais potente adversário dos soviéticos. E, portanto, seu alvo mais visado. O movimento pacifista aproveitou-se então 'dessas circunstâncias.

"Antes vermelho do que morto" Este lema covarde, tão cm moda nos anos 50. voltou à ordem do dia. Poderosas organizações movimentam-se no intuito de convencer a opinião pública da outrora decidida e aguerrida Alemanha que é preciso ceder e propugnar a paz desarmada, silenciando velhacamente a corrida armamentista soviética. O partido principal da coligação governante, o SPD, sofreu acentuada erosão interna em sua posição de que é necessária a aliança norteamericana e meios eficazes de defesa para a manutenção de uma pa1. honrosa.

Teste do mlssil Psrshing li. destinado à defesa da Europa

primeiras etapas de sua implantação. Pouco depois da decisão da NATO, o vacilante Jimmy Carter foi fragorosamente derrotado pelo atual Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. cuja plataforma eleitoral incluía enérgico programa de rearmamento. Esvaneceu-se a esperança de que a reeleição de Carter traria as costumeiras hesitações, recuos e adiamentos, sinais distintivos do antigo mandatário norte-americano. Da nova administração· cm Washington - era o sentir c'omum dos europeus - partiria orientaçã.o inequívoca: os russos não poderiam conservar a superioridade e esta meta seria levada adiante, custasse o que custasse. Em vista de tal clima, as tensões cresceram, principalmente na Alemanha, primeiro cam110 de batalha numa eventual invasãÕ soviética. O povo alemão julgou perceber pairar sobre o país as nuvens plúmbeas da guerra. Habituado a longa tradição militar, com seu território devastado

Um olhar retrospectivo na história dessa agremiação política ajudará a compreender sua metamorfose e o desli1.amento rumo ao neutralismo. O SPD, já no século passado, era marxista, partidário exaltado da luta de classes e pro. pugnador do mais crasso igualitarismo social. Após a revo lução bolc hevista. dele se destacou · nutrida corrente para fundar o· Partido Comunista AlemãC:! Nele continuaram fortes correntes marxistas que consideravam com simpatia o comunismo russo, embora manifestassem reservas quanto à metodologia empregada para a consecução dos fins que reconheciam idênticos. Com o "milagre" econômico alemão do pósguerra, ocorrendo simu ltaneamente aos regimes de tirania e miséria existentes atrás da cortina de ferro, tornou-se insustentável a posição dó SPD de defender as mesmas metas dos soviéticos, admitir o mesmo fundamento doutrinário e discrepar apenas nos métodos. Caso desejasse vir a ser partido de densa expressão eleitora l e aspirasse ao governo a curto prazo, deveria mudar. E o fe2.. Em 1959, no Congresso de Godesberg, oeidentali1.ou-se, vestiu fatiota no va, abandonou a atitude proletária que denunciava ressaibos de comunismo. E, com sua nova imagem, disputou com êxito as eleições e galgou o poder. De início, em 1966 com a CDU-CSU e, em 1969, já como partido principal da coligação, em aliança com o FDP (Partido Liberal). Entretanto, no correr destes últimos anos. o refluxo marxista in'tcrno cessou, inverteu-se o curso e cresceu a importância da esquerda extremada dentro do SPD.

Na polêmica sobre a instalação das armas norte-americanas, aquela ala do partido fez ouvir sua voz - e de modo estridente. Houve protestos em sua nutrida bancada no Bundes1ag, onde 58 membros assinaram moção apoiando as manifestações de 10 de outubro em Bonn. Helmut Schmidt considerou tal documento "declaração de guerra" contra sua política. A Juventude Socialista (250.000 membros), em seu congresso realizado em julho do ano passado, votou contra a instalação dos Cruise e Pershing li em território teuto. O antigo ministro Erhard Eppler, membro da diretoria do partido, juntou-se aos pacifistas. Heinrich Albertz, ex-prefeito de Berlim, fez o mesmo. E, de muito maior significação, o atual presidente do SPD e da Internacional Socialista, ex-ehanceler federal Willy Brandt, certamente sentindo ventos quiçá majoritários e ntre os delegados do partido, ofereceu-se como corifeu da corrente pacifista ao expressa r seu desacordo com a atual política do chanceler Helmut Schmidt, favorável à colocação dos foguetes norte-americanos na Alemanha Ocidental. Willy Brandt ao tomar tal posição certamente pensou no congresso partidário de abril de 1982, quando a questão será submetida aos delegados da organização. Se for derrotada a posição do governo Schmidt, tornar-se-á forçoso seu pedido de demissão. Neste caso. é bem provável a volta de Wilty Brandt à chefia do governo, no bojo de uma politica de forte coloração neutralista, com a subseqüente derrota do plano da NATO. Pois, fracassado na Alemanha, é muito difícil que sobreviva na Bélgica, Holanda, Itália e - quem sabe? - até mesmo na Inglaterra. O criador da Os1poli1ik daria nessa hipótese, seqüência lógica à sua politica e inauguraria tratativas com os russos em notória situação de inferioridade, agravada pela presumivel má-vontade norte-americana, provocada pela eventual rejeição de sua intenção de instalar os foguetes em território alemão. Também o parceiro do SPD no governo. o Partido Liberal (FDP), sofre os efeitos do movimento pacifista. Embora mais conservador que o SPD e considerado o freio na coligação, em seu mais recente congresso, um terç-0 dos delegados desaprovou a posição oficial de Bonn. E a juventude do partido igualmente manifestou sua desaprovação.

Apoio extraparlamentar ao movimento pacifista A batalha pela opinião pública, levada a cabo sobretudo pela exploração intensa do medo, fora de sua frente parlamentar, é conduzida por líderes religiosos. dirigentes sindicais, figuras do movimento ecológico e politicos do Partido Comunista . "Der Spiegel" ( 15-6-81), o importante semanário germânico, assim descreve essa conjugação de esforços: "Traia-se de u,na aliança colorida. Te,11os 11ela os a1ivis1as con11111is1as que condenam os fogueies 11or1e-americanos, ,11asj11s1iflcam os da União Soviélica. Figuram 1ombém os maoís1as que condenam

ambos. Par1icipam dela os sacerdo1es que se baseiam em Gandhi e Marlin Lu1her King, e igualmenre os a1iradores de pedras na. poUcia". O chancelér Schmidt, pressionado pela argumentação de ordem religiosa, retrucou apressadamente que recusava acreditar "ser o Sermão da Mon1anha um programa de ação para poli1icos". E concluiu: "Se não nos armarrnos 1erminon1os co-

mo o Afeganistão". Líderes pacifistas responderam afirmando ser preferível, neste caso, a posição da Polônia. Para não sofrer a agressão russa, aceita-se o comunismo -e depois se faz a oposição de dentro.

As reservas do pClblico O que estorva o movimento pacifista? Fundadas reservas na mentalidade popular, de difícil remoção. Esta é a razão principal. Os russos participam da campanha como também o PC alemão. Um partido pacifista fundado em 1960, a União Alemã da Paz, fundiu-se em 1969 com o Partido Comunista. Possuíam, como se vê, análogo programa. Os suspeitos ecologistas igualmente se declararam contra os foguetes norte-americanos. "Dize-me com quem andas e dir1e-ei q11e111 és". O interesse por demais evidente dos soviéticos na vitória do movimento pacifista induz à cautela mesmo aqueles. por te~peramento, tendentes ao otimismo. Se, apesar das restrições generalizadas existentes em correntes de opinião bem orientadas, tal tendência triunfar no Congresso do SPD que se realizará em abril próximo, resta ainda tênue possibilidade: o Partido Liberal mudar de parceiro. Traria então a CDU-CSU ao poder. Sabe-se. em abono dessa hipótese, que há descontentamento nas fileiras tiberais, .temerosas com a esquerdização acentuada do SPD. Neste caso, a posição suicida dos partidários da "defesa se111 annas" será derrotada. O legitimo e explicável amor pela paz não pode transformar-se cm pre texto para a demobilização e virtual rendição. raciocinam com acerto os alemães de boa orientação. "Si vis pacem. para bel/um" (Se queres a paz. prepara-te para a guerra). O d itado latino é especialmente verdadeiro para quem vive ao lado de vizinho agre.ssivo e bem armado.

Conseqüências no plano mundial A recente ascensão do socialismo aos governos da França e Grécia e o possível distanciamento da Alemanha da aliança ocidental mudarão, cm profundidade, o quadro mundial. Os Estados Unidos poderão tornar-se indesejáveis no continente europeu. Nunca foi tão forte a pressão antinorte-americana. Resta esperar para ver o eco que tal propaganda encontrará junto às camadas decisivas do Velho Continente. Na Alemanha, o congresso de abril do S PD será teste sintomático. Caso os delegados ~o partido sintam suficiente apoio popu lar, são poucas as possibilidades de que não entrem com rapidez na via neu tralista.

Péricles Capanema

Lenç,a dos de bom protegida, baMs inttaladat além doa Urais. os mftseia tovkStlcot podem atingir toda a Europa. Ot norte-americano,. com bases na Ai&i;nanha taCU· dida por agltaçõe, pacifista,. mal atingem a parte ocidental da Rú1.11a.

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CATOLICIS MO -

Março de 1982


Maconha: inócua para a vida psíquica? M ARTIGO anterior, "Uso crescente de tóxicos: falsa solução para a fome de Deus" ("Catolicismo" n. 0 372, dezembro de 1981), tivemos oportunidade de tecer algumas considerações sobre o aumento do consumo de tóxicos no Brasil, especialmente nos meios escolares. Em particular, abordamos os efeitos nocivos da maconha sobre o funcionamento normal de alguns órgãos e sistemas do corpo humano. Por falta de espaço deixamos para outra ocasião a explanação das conseqüências do uso daquela droga na esfera psíquica. ~ o que faremos no presente artigo baseando-nos, como no anterior, no opúsculo do Prof. José Elias Murad, "Maconha Conceitos atuais sobre suas ações orgânicas, psíquicas e tóxicas", e também em artigos de sua autoria publicados na imprensa diária de Belo Horizonte.

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Consiste ela, geralmente, na perda da ambição, na ausência de objetivos e na falta de desejo de realizar as coisas. Ou seja, um comprometimento sério da vontade, uma das potências da alma. Os usuários tendem a viver aquele momento, aquele instante e parecem não ligar muito para as conseqüências de suas ações, rejeitando os valores usuais de nossa sociedade e de nossa cultura. Deixam de cuidar da aparência pessoal, da higiene, do modo de se vestir; não se interessam mais pelos estudos. Vemos, portanto, que a maconha age como fator poderoso na "hippificação" da sociedade capitalista ocidental, de modo a lançá-la diretamente da 4.• Revolução anárquica, sern passar pela etapa do comunismo estatal (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revolução e Contra-Revolução vinte anos depois", A VANTAGEM ot< NACONttA

Realmente, é ao abalar o psiquismo normal do homem que a maconha manifesta sua ação mais nociva. Farmacologicamente, ela é classificada entre os alucinógenos, ou seja, drogas capazes de produzir alucinações e delírios. Entretanto, a nocividade da maconha para a mente humana não se restringe a esses fenômenos mais agudos e menos freqüentes. É certo que a reação intensa de pânico e a ansiedade são geralmente os efeitos mais evidentes que se encontram nos usuários habituais da droga. Contudo, formas atenuadas de distúrbios psíquicos podem ser constatadas mais comumente. Dificuldades de memória, alterações na percepção do tempo e do espaço, desempenho prejudicado cm grande variedade de tarefas, diminuição da capacidade intelectual com perda do interesse pelo trabalho e por outras atividades convencionais, inclusive pelos estudos, são algumas das conseqüências do consumo habitual da maconha, confirmadas experimentalmente.

Perigo para os motoristas Devido à ação deletéria da maconha sobre a coordenação psicomotora, torna-se particularmente perigoso alguém tentar dirigir veiculos sob o efeito da droga. A capacidade de perceber as distâncias fica diminuída, os reflexos são mais lentos e a percepção dos estímulos periféricos se encontra comprometida. O motorista pode ter a impressão que um carro à sua frente está a 30 metros de distância quando, na realidade, ele estaria apenas a 3 metros. A lentidão dos reflexos pode afetar ações condicionadas, como frear um carro rapidamente diante de um perigo. A diminuição da coordenação psicomotora compromete o bom manejo da direção e leva a desastres graves. Este perigo torna-se ainda mais subtil devido ao fato de que as dificuldades de percepção e coordenação persistem além do periodo de intoxicação subjetiva. Ou seja, o indivíduo que usou maconha julga já estar livre de seus efeitos quando, na realidade, ainda se encontra sob sua ação. E pode tentar dirigir sem compreender que suas funções psíquicas e seus reflexos ainda não estão normais, embora ele não se sinta mais sob os efeitos da droga. Calculam os especialistas que, atualmente, a maconha ocupa o segundo lugar entre os tóxicos responsáveis por desastres em rodovias, sendo suplantada apenas pelas bebidas alcoólicas.

A "slndrome amotlvaclonal" Particularmente frisante entre as sequelas do consumo da maconha na esfera psíquica, é aquela que o Prof. Murad chama de "síndrome amotivaciona/", termo já ut ilizado em trabalhos cient[ficos sobre a matéria. CATOLICIS MO -

Março de '198 2

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anos de uso, empregam uma quantidade dez vezes maior do que aquela que seria suficiente para provocar colapso em usuário novato. É, portanto, sumamente discutível a afirmação de que a maconha, por não apresentar tolerância, pode ser consumida na mesma quantidade durante muitos anos, sem necessidade de aumentá-la. Na realidade, o uso freqüente e diário da maconha desenvolve tolerância, principalmente em relação aos efeitos psíquicos que ela provoca. Para obter as mesmas sensações agradáveis, o fumante habitual tende a aumentar progressivamente a dose, ou então a utilizar-se de outras drogas psicotrópicas ou alucinógenas mais potentes. Também no que diz respeito à dependência, é principalmente no psiquismo que ela se manifesta. Embora a supressão brusca do uso da

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santes tantos vinhos e licores de fabricação esmerada, complemento adequado às refeições mais elaboradas e adorno indispensável ao brilho de toda a vida social. O que de maneira nenhuma se poderia alegar em favor do vicio vulgar, sujo e fétido que é o hábito de fumar maconha.

Mais nociva que o tabaco Quanto à comparação com os efeitos provocados pelo uso do tabaco, pode-se considerar que: a) A maconha provoca tolerância e o tabaco não. O fumante de cigarros geralmente fuma a mesma quantidade por longo tempo, sem necessidade de aumentar a dose. b) Os graves malefícios provocados pelo tabaco, como o enfisema ou o câncer pulmonar, a bronquite crônica obstrutiva etc., aparecem

Tolerãncla e dependência Os defensores da liberação da maconha costumam alegar que ela não _produz tolerância nem dependência. A tolerância consiste em uma resposta cada vez menor do organismo aos estímulos de uma determinada droga, o que obriga o usuário a ir aumentando progressivamente a dose. A dependência fisica da droga existe quando, além da tolerância, estão presentes mais dois fatores: 1) A compulsão pela droga, ou seja, a necessidade de obtê-la de qualquer maneira. 2) A sindrome de abstinência, que consiste no aparecimento de reações orgânicas e psíquicas violentas, causadas pela privação ou pela retirada brusca do tóxico. Estudos recentes mostram não ter base farmacológica a alegação de que a maconha não produz tolerância. Na Inglaterra foi constatado que adolescentes viciados foram aumentando progressivamente a dose para obter os mesmos efeitos. Na Grécia, fumantes de haxixe, que equivale à nossa maconha, com mais de 20

maconha não provoque efeitos físicos apreciáveis sobre o organismo, o desejo de voltar a consumir a droga permanece muito forte, o que caracteriza uma dependência psíquica. Isto sempre ocorre q uando uma pessoa util.iza produtos que lhe trazem "sensações" agradáveis. A lembrança desses efeitos, quando seu organismo já está livre das ações da droga, provoca o desejo de consumir o tóxico novamente. Com a vontade já debilitada pelo uso prévio, dificilmente resistirá a novas tentações para voltar ao vício. E essa dependência psíquica é a mais difícil de tratar ou de eliminar. É errôneo, portanto, classificar como perigosas somente as drogas que produzem dependência física ou orgânica. A cocaína, por exemplo, não produz síndrome de abstinência, sendo porém bem conhecidos os malefícios que seu uso provoca.

Menos perigosa que o ãlcool? Outra alegação dos partidários da liberação da maconha é a de que ela seria menos perniciosa que o álcool ou o tabaco. É fato que o álcool, à luz dos conhecimentos atuais, usado em quantidades abusivas, é mais nocivo que a maconha. Seus efeitos agudos sobre o sistema nervoso central podem levar até à morte por depressão do centro respiratório. Além d isso, produz dependência física. Entretanto, se seus efeitos são mais rápidos e espetaculares que os da maconha,o álcool, por ser hidrossolúvel, é eliminado do organismo muito mais rapidamente. O TH C (tetrahidrocanabinol), princípio ativo da maconha, solúvel somente nas gord uras; tende a acumular-se nos tecidos em que elas são abundantes, como o cérebro, prolongando assim seus efeitos nocivos. A médio e longo prazo, o uso constante de pequena quantidade de maconha acaba produzindo o mesmo efeito que o consumo abundante e intermitente de bebidas alcoólicas. Também deve ser levado em consideração o fato de que a permissão para o consumo de bebidas alcoólicas em todos os paises civilizados não é fruto de uma legislação liberal quanto aos tóxicos. Ela é,. isto sim, a consequência de uma tradição milenar de cultura e requinte, de que são exemplos fri-

ConseqUênéia especialmente nociva do uso da maconha é a de servir como "ponte" para o consumo de outras drogas. Pesquisas feitas pelo Dr. And·rew Malcolm, do Addiction Research Foundation de ·ontário, Canadá, mostram essa tendência. O Prof. Robert Heath, psiquiatra e neurologista da Universidade de Tulane (EUA), considera a maconha uma "droga-ponte" para as outras. Embora não forneça ao cérebro as substâncias químicas fundamentais que produzem o prazer, ela estimula certos neurotransmissores capazes disso. Com o tempo esses agentes vão perdendo sua potência; para manter a mesma sensação, o sistema necessita ser estimulado mais intensamente, o que leva o indivíduo à procura de algo mais forte para obter os mesmos efeitos.

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A difusão do vicio no Brasil

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É diflcil dizer com precisão qual a extensão do uso da maconha cm nosso País. Pois faltam, nas publicações de caráter científico, dados estatísticos recentes abrangendo áreas diversas do território nacional. Os dados disponíveis, quase sempre de fonte policial, ou são antigos ou se referem apenas a án,as limitadas, consideradas separadamente e não em seu conjunto. Embora existam informações sobre grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, faltam

in "Catolicismo·· n. 0 313, janeiro de 1977). Certa vez, o Prof. Murad, ao atender um viciado em maconha de cerca de 16 anos, em seu Centro de Orientação sobre Drogas ouviu o pai perguntar ao rapaz: - "Você não quer estudar, não quer trabalhar, não quer ajudar em casa! Afinal de contas, o que é que você quer?" Ao que o filho respondeu: - "O que eu quero é curtir". Esta amotivação reflete-se também no campo da libido, havendo mesmo, nos usuários habituais, uma perda de interesse pelo sexo. Em ,eu Centro de Orientação sobre Drogas, o Prof. Murad constatou que, entre 90 adolescentes atendidos, de 14 a 18 anos, a maconha ocupou o primeiro lugar entre as drogas utili,.adas, acarretando como principais CE>nseqüências: abandono dos estudos em 49, perda ou abandono do trabalho em 29, baixo rendimento escolar em 13. Conclui ele que é muito raro encontrar um usuário crônico de maconha que esteja indo bem no trabalho ou nos estudos.

"Ponte" para outras drogas

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nos tabagistas que fumam 20, 40 ou mais cigarros por dia, durante muitos anos. Se a maconha fosse liberada e seus usuários consumissem o mesmo número de cigarros, seus efeitos seriam tão ou mais graves que os provocados pelo tabaco. Pois é sabido que os fumantes de maconha consomem apenas 3 a 6 cigarros por dia. De fato, estudos recentes demonstraram que a fumaça da maconha, em cultura de tecidos, é mais carcinogênica que a do tabaco. O que é agravado pelo hábito que têm os fumadores de maconha de manter a fumaça inalada nos pulmões durante certo tempo, o que a torna ainda mais nociva. Provavelmente os casos de câncer pulmonar ai.n da não são evidentes em fumantes de maconha porque o uso crônico de doses elevadas da drogll em uma substancial camada da população só tem aparecido nos últimos cinco ou dez anos. Com o tabaco, isto já se verifica há dois ou três séculos. Tudo faz crer que, em futuro próximo, já poderão ser- apresentados exemplos significat ivos e dados estatisticos mostrandp o câncer pulmonar em usuários de maconha. c) O tabaco tem pequena ação sobre o sistema nervoso central, enquanto a maconha é uma droga alucinógena. d) O tabaco pouco ou nada afeta o comportamento do individuo e sua capacidade de direção e discernimento. Por outro lado, já vimos como a maconha prejud ica a direção de veículos.

dados mais precisos sobre o consumo da droga em todo território nacional. Até dez ou vinte anos atrás a utilização da macon ha era restrita a pessoas de baixo nível social, marginais, delinquentes etc. Mais recentemente, talvez pela tendência à imitação do que ocorria em países mais "avançados'', tornouse moda cm nosso Pais, em ambientes de classe mais elevada, durante ou após reuniões sociais, algumas pessoas formarem um grupo para "tirar uma fumaça". Daí o consumo da maconha estendeu-se rapidamente aos meios escolares de nível universitário e até secundário. Ao longo da década de 70, o Prof. José Elias Murad realizou palestras e conferências em diversos locais de Minas Gerais, para estudantes de nivel universitário e secundário. Como complemento dessas palestras fez então pesquisas sobre a extensão do uso de drogas nos meios escolares. 'A primeira delas, publicada em 1973 (Murad, J. E. e cols., "O abuso de drogas em Minas Gerais - Levantamento estatístico", Belo Horizonte, 1973), revelou que, do total de indivíduos questionados, 16 J?Or cento declararam já ter consumido drogas que provocam dependência. .Delas, a mais ut ili1.ada foi a anfetamina, com 37 por cento de usuários, seguida pela maconha, com 29 por cento.

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mado no mais importante cargo do Vaticano, foi o pnmeiro a reoeber a Púrpura cardinalicia das mãos de São Pio X, que teve nele seu mais fiel aliado nas duras contendas que enfrentaria cm seu pontificado. As "Memorias dei Papa Pío X", do Cardeal Merry dei Vai, constituem a mais importante obra sobre a vida do Santo. t dela que extrairemos a seguir alguns trechos que revelam traços notáveis da personalidade do Papa que iluminou a Igreja no inicio de nosso século. Na primeira audiência concedida ao Corpo Diplomático, São Pio X impressionou profundamente os embaixadores, mesmo não católicos. Interpretando o sentimento dos demais, o representante da Prússia indagou ao Secretário de Estado: "Monsenhor, diga-nos, o que tem esse homem que tanto nos atrai?" "Quando os visitantes haviam saído, - escreve Mons. Merry dei Vai - suas palavras continuavam presentes em minha mente; e à pergunta de "Por que nos atrai desse modo?" parecia-me ouvir a resposta: "Porque é um homem de Deus". "Longe de diminuir, esse sentimento de profunda veneração e estima para com Pio X foi se acrescentando à medida que transcorria o

deRine

( V - ) .....,.., S1o Pio X

-.....

José Sarto tomou-se Padre com apenas 23 anos (à direita), exercendo seu ministério em aldeia.s campQneua da Diocese de Treviso

S DOMÍNIOS naturais da outrora Sereníssima República de Veneza estendiam-se por toda a planície que circunda a laguna e as suaves colinas que conduzem às escarpas dos Alpes, onde expiravam. Nessa planície, entre os rios Brenta e Piave, situa-se a pequena aldeia de Riese, a uns 30 quilômetros da sede episcopal de Trcviso. Região de população rústica, deu no entanto à Igreja o único Papa santo dos últimos três séculos: José Sarto, filho de um simples funcionário murucipal de Riese, futuro São Pio X. Depois de frequentar a escola na pequena cidade de Castelfranco, atraído pela vocação, ingressou no seminário de Pádua, passando mais tarde ao de Asolo, para receber a ordenação aos 23 anos de idade.

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''Lembrai-vos de qui Conservando o

De Cura rural a Patriarca de Veneza

fresco, ;uvenil aos 50 anos de

idada. quando foi ereiro Bispo de Mântua, a fisionomia de

O jovem Pe. Sarto exerceu as funções de coadjutor na pequena paróquia de Tombolo, de 1858 a 1867. Daí passou a pároco de Salzano, até 1875, quando foi chamado a assumir em Treviso as funções simultâneas de Cônego da catedral, diretor espiritual do seminário e Chanceler. da Cúria. Ao falecer o Bispo de Treviso, foi Mons. Sarto designado paJa governar a diocese durante alguns meses, até a posse do novo BiSJ.>O. Sua experiência, seu zelo apostólico e sua dedicação desinteressada o conduziram ao episcopado. Em 16 de novembro de 1884, Leão X II 1 consagrava D. José Sarto, nomeado para Bispo de Mântua. Sede histórica mas então pobre e decadente, Mântua começava a ser convulsionada pelos primeiros abalos provocados pelo socialismo. D. Sarto teve de agar com toda energia e tacto para conseguir o lento reerguimento religioso de sua diocese. Com rendas insuficientes, teve de lecionar ele próprio no seminário diocesano. Um daa, encontrou a sala de aula agitada. Com um murro na mesa e o olhar dardejante, restabeleceu imediatamente a disciplina. Essa fortale,.a de alma iria crescer ainda mais no futuro, ao lado de sua costumeira bondade paternal. Com o falecimento do Cardeal Patriarca de Veneza, em 1891, a Santa Sé ofereceu a D. Sarto ocupar aquela sede vacante. O Bispo de Mântua recusou-se terminantemente. Em 1893, porém, não pôde rejeitar a proposta, após sua visita ad lirnina a Roma, recebendo do Papa o chapéu cardinalício ainda como Bispo de Mântua. Na sede patriarcal ocupada outrora por São Lourenço Justiniano, o Cardeal Sarto permaneceu até 26 de julho de 1903, quando, pouco depois da morte de Leão XIII, partiu para Roma, onde se reuniria em Conclave o Sacro Colégio.

Providencial ascensão ao Trono de São Pedro A escolha do sucessor de Leão XIII parecia favorecer seu Secretário de Estado, Cardea l Rampolla, o mais votado no primeiro escrutínio, em 3 de a:gosto. Mas nesse mesmo <lia o Cardeal Puszyma fazia valer pela última vez, em nome do Imperador da Áustria, seu di reito de veto, eliminando assim o Cardeal Rampolla da lista dos papabili. Nos escrutínios seguintes, foram aumentando progressivamente os

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D. José Surto exprime seu vigor e sua firmeza de cor6ter

votos em favor do Cardeal Sarto, certamente dos mais desconhecidos membros do Sacro Colégio. O Patriarca de Veneza, no entanto, recusava-se a aceitar o Papado. Foi quando o Cardeal Decano, Oreglia di Santo Stefano, pediu a Mons. Rafael Merry dei Vai, secretário do Conclave, que perguntasse ao Cardeal Sarto se estava disposto a persistir em sua negativa. Em tal caso, se autorizava o Cardeal Decano a declará-lo publicamente, com vistas à eleição de outro candidato. Em suas "Men,orias dei Papa Pío X", Mons. Merry dei Vai narra ele mesmo este seu primeiro encontro com o Cardeal Sarto: "Informaram-me que se achava cm sua habitação e que, provavelmente, o encontraria na Capela Paolina, à qual me dirigi apressadamente para cumprir meu encargo. "Seria perto do meio-dia quando entrei na silenciosa e escura capela. A lâmpada do Sacrário brilhava ardente com outras velas acesas no altar e colocadas de ambos os lados do quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho. "Vi um Cardeal ajoelhado sobre o piso de mármore, a certa distância da mesa de Comunhão, em oração diante do tabernáculo, com a cabeça entre as mãos e os cotovelos apoiados sobre um dos bancos de madeira. Não me lembro da presença de nenhuma outra pessoa na capela naquele momento. Era o Cardeal Sarto. Ajoelhei-me a seu lado· e em voz baixa lhe confiei a mensagem recebida" (Cardeal Mcrry dei Vai - "Men,6rias dei Papa Pío X" - Soe. Ed. Atenas, S.A., Madrid, 1946, pp. 4-6). À pergunta do Cardeal Decano se persistia em sua recusa, o Cardeal Sarto assim respondeu a Moos. Mcrry dei Vai: "Sim, sim, Monsenhor; diga ao Cardeal que me faça esta caridade". "Parecia repetir como um eco acrescenta Mons. Merry dei Vai nas "Memorias" - as palavras de seu Divino Mestre no Getsêmani: "Transeat a me calix iste". o. pai tardaria ainda em vir. As únicas

palavras que tive forças para proferir em resposta, e que saíram de meus lábios como inspiradas por out ro, foram: "Coragem, Eminência , o Senhor vos ajudará". "O Cardeal olhou-me fixamente, com aquela expressão sua tão profunda, que aprendi a conhecer tão bem: "Obrigado, obrigado", repetiu. E foi tudo quanto disse. . "De novo escondeu sua cabeça entre as mãos para terminar sua oração, e eu me afastei" (op. cit., pp. 6-7). Mons. Merry dei Vai conta a seguir que poucas horas depois, antes que o Cardeal Decano pudesse

anunciar a negativa do Cardeal Sarto, este havia desistido da mesma, premido pelos insistentes pedidos que lhe fizeram vários membros do Sacro Colégio. Na manhã seguinte, sua eleição era confirmada no sétimo escrutínio.

Admirado atê pelos não catõlicos Espanhol educado na Inglaterra, onde teve ancestrais, com apenas 38 anos de idade, Mons. Merry dei Vai foi escolhido por São Pio X para ser seu principal colaborador. Chama<lo a responder pela Secretaria de Estado provisoriamente, Mons. Merry dei Vai desempenhou-se dela com sabedoria e dedicação. Confir-

tempo", continua o Cardeal Mcrry dei Vai. "Mesmo naqueles momentos em que surgiram sérias divergências e conlli1os entre a San1a Sé e seus governos, esteve sempre patente a consideração especial e a reverência que os diplomatas experimentavam pessoalmente pelo Santo Padre. Ele lhes inspirava, invariavelmente, em qualquer ocasião grande confiança, e eles, por sua vez, deram constantes mostras da que depositavam em sua não fingida sinceridade e na elevação e pure1,a de suas vistas. Compreendiam perfeitamente que quando agia com energia em nome da Igreja e ainda quando mostrava severidade nas medidas que adotava em defesa de seus direitos, o fazia com amargura e

Em ,ua última visita (16·8·1902) à Grande Escola de Slo Roque. em Veneza,

o Cardeal Sarto. com sua bondade paternal. é cercado de respeitosa edmiraçlo pelo aeu rebanho

,.•,., ,

guiado tão-só pela íntima convicção de sua enorme responsabilidade" (p. 19).

Bondade, fortaleza, equlllbrlo A fidelidade à graça conferiu ao modesto filho de Riese o porte nobre que o caracteriza aqui. co~ mo Cerdeal Patriarca de Veneza

Mais adiante, o Cardeal Merry dei Vai adverte: "Mas seria grande erro crer que esta característaca tão atraente de Pio X o retratasse plenamente ou resumisse seus dotes e qualidades; nada mais longe da verdade. Ao lado dessa "bondade", e combinada

CATOLICISMO·


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de modo feliz com a ternura de seu coração paternal, possuía uma indomável energia de caráter e uma força de vontade que os que realmente o conheceram poderiam atestar sem vacilação, embora em mais de uma oc:8$ião surpreendesse e até causasse estranheza àqueles que tão-só haviam tido ocasião de experimen-

"Em tais casos, ao cabo de muitos dias de reOcxão e noites em vigília, eu acostumava v~lo com uma mão estendida sobre a mesa, que ia se fechando pouco a pouco até apertar o punho; então, levantando a cabeça, com um olhar severo e decidido cm suas vistas habitualmente tão serenas e tranqüilas,

Slo p;o X, tnbalhendo em NU eocritório, 6 ,.tnttado por um pintor

Cardeal Merry dei Vai destaca um, realmente notável por sua linha clara e _categóriC!l. Trata-se de breve exortação aos Bispos franceses consagrados por ele mesmo no altar da Cátedra de São Pedro, ém 25 de fevereiro de 1906, após a ruptura da Concordata pelo governo fran~s. Sem o reconhecimento nem a ajuda oficial, tais Prelados se dispunham a travar a batalha, e ninguém poderia prever o que os esperava, observa o Cardeal Merry dei Vai. São Pio X recebeu-os privadamente cm sua biblioteca, não permitindo a presença de outra pessoa além do próprio Secre1ário de Estado. Eis trechos da exortação, que São Pio X quis ler em tom solene e que ·O Cardeal Merry dei Vai transcreve a partir do original manuscrito: "Estava ansioso por ver-vos todos reunidos para vos ·dirigir.•uma palavra de confiança e afeto, embora sob o sigilo do segredo, e expressar-vos q~anto aprecio o grande sacrificio que vos impusestes, de enfrentar a pobreza, as privações e até - Deus não o permita - com risco de ver menosprezada vossa autoridade ou serdes objeto de perseguição. [ ... ) "A seu devido tempo, sereis convocados para a assembléia geral dos

como são de expressar sua opinião sobre tudo aquilo que julguem possa redundar na maior glória de Deus, salvação das almas, honra do Clero e segurança da Religião na França. "Tudo o que vos peço é que, nessa conferência de Bispos a celebrar-se proximamente, ao dar vosso voto em resposta às perguntas que vos sejam submetidas: "1. 0 ) Sejais conformes ao espírito de Jesus Cristo, quacumque humana postposita (qualquer que seja odesprezo humano). "2. 0 ) Que vos lombreis que viemos para lutar - non veni pacem millere. sed gladium (não vim trazer a paz, mas a espada - Mt. 10, 34). "3.0 ) Que, ao formar vosso juízo, considereis o espírito dos verdadeiros católicos de vossa pátria. "4. º) Penseis que sois chamados a salvaguardar os princípios essenciais de justiça e defender os direitos da Igreja, que são os direitos de Deus. "5.0 ) Tenhais em conta não só o juízo de Deus, mas também o do mundo, que tem seus olhos postos em vós, se em alguma ocasião vos virdes tentados a faltar para com vossa dignidade ou para com os deveres que vos incumbem.

X: viemos para lutar'' tar sua delicadeza e reserva habituais. "Mantinha absoluto senhorio de si e dominava os impulsos de seu ardente temperamento. Não vacilava em ceder em assuntos que não considerava essenciais, e até estava disposto a considerar e aceitar a opinião de outros se isso não implicasse em risco para algum princípio; mas não havia nele nenhuma debilidade. "Quando surgia alguma questão na qual se fazia necessário definir e manter os direitos e liberdade da Igreja, quando a pureza e integridade da verdade católica requeriam afirmação e defesa ou era preciso sustentar a disciplina eclesiástica contra o relaxamento ou influência

- Março de 1982

Tal firmeza é testemunhada também por Mons. Baudrillart, membro da Academia Francesa e Reitor do Instituto Católico de Paris, em artigo na "Revue Pratique d'Apologétique", do qual o Cardeal Merry dei Vai transcreve trechos: "Seu olhar, sua conversa, todo seu ser, respiravam três coisas: bondade, firmeza, fé. [... ) Era preciso dizer-1.he as coisas tais quais eram, com simplicidade, e esperar sua resposta com a firme resolução de cumprir com a melhor vontade qualquer de suas indicações. "Às vezes parecia um pouco dura essa resposta. Com que energia, então, o Papa nos mandava extirpar a cizânia daquela parte da Igreja que havia confiado a nosso zelo!... Não tínhamos outra coisa a fazer que olhá-lo para ler em seus olhos suaves e tristes, brilhantes no fundo, mas velados por uma sombra, frases como estas: "Eu também sofro e mais do que vós, porque tenho que agir em todàs as direções, repreendendo e castigando, eu que sou o pai, o pai de todos; mas esse é o dever de meu oficio, o dever que não posso elidir: o perigo da Igreja mo impõe, o perigo de fora e, pior ainda. o de dentro; e ten ho a-caso direito de considerar meu próprio sofrimento?" (pp. 47-48).

Trovão, espada, bãlsamo

expressava-me sua resolução definitiva ou dava-me seu juízo em frases breves e comedidas. Sem necessidade de mais palavras, já se sabia a que ater-se". Pouco adiante, o autor das "Me· m6rias do Papa Pio X" resume a nota característica do Santo: "Uma feliz combinação de ternura paternal e de firmeza de caráter, que o fazia perfeito dono de si, conferia a sua alma fortaleza e equilíbrio e dava a sua expressão aquela mescla de gravidade, serenidade, condescendência e quase jovialidade, que tão fortemente atraía a .todos com seu encanto" (p. 50).

Luta contra o Inimigo Interno

mundanos, Pio X revelava então toda a força e energia de seu caráter e o intrépido valor de um grande Pontífice consciente da responsabilidade de seu sagrado ministério e dos devere,5 que julgava ter que cumprir a todo custo. "Era inútil, em tais ocasiões, alguém tratar de dobrar sua constância; toda tentativa de intimidá-lo com ameaças ou de afagá-lo com especiosos pretextos ou recursos meramente sentimentais estava condenada ao fracasso.

Cardeel Menv dei Vai, autor daa "Memorl• s dei P•!M Pio X"

No parágrafo seguinte, o Cardeal Merry dei Vai salienta as qualidades do "viril Pontífice na luta corpo a corpo com o modernismo". Percebendo, talvez, a extensão e a força da conjuração modernista, o biógrafo de São Pio X não entra em pormenores, limitando-se ao seguinte: "Pio X era um homem de visão clara e grande decisão. Não se prestava a deixar-se convencer por afagos reformadores ingenuamente ambiciosos de infundir novo sangue nas veias da Igreja que sonhavam modernizar, adaptando-a às fantasias e erros do protestantismo e do racionalismo modernos. Fiel à tradição católica, proclamava novamente o axioma que São Vicente de Lerins - discípulo, por sua vez, de São Cipriano, Bispo mártir do século III - empregava no século V contra aqueles que propugnavam um avanço doutrinário que a consciência cristã teria considerado não como um progresso, mas como uma revolução na qual teriam desaparecido todos os tesouros do passado: "Niltil innovetur nisi quando traditum est" (Nada de inovações: sede fiéis à tradição)". Entre os escritos de próprio pu· nho redigidos por São Pio X, o

O Papa lê jor• naie noa jardina

do Vaticano

Entn> os dois fiabeli. conduzido na sede gestatória.

cercado

por sua corte.

Slo Pio X dirige-se à sala das Bênçloa. para o consistório de 1912. . quando

impôs a púrpura a cineo Cerdeais

Bispos franceses, a fim de que -possais expor vossas opiniões sobre a nova lei, tão logo tenham sido publicados seus preceitos, a saber, se é conveniente suportá-la e sob que condições, quando e como será lícito opor-lhe resistência, etc. etc. "Não é improvável que durante vossa estadia em Roma tenhais ouvido alguma alusão sobre este assunto, e inclusive recebido sugestões relativas ao mesmo. Exorto-vos a que façais caso omisso delas, posto que o Papa, que até o presente se coibiu de revelar a alguém sua opinião antes de proferir sua última palavra, deseja conhecer os pontos de vista dé todos os Bispos, livres

"~ aqui termino afirmando-vos que inveJo vossa sorte, que prazerosamente compartiria vossas tristezas e ansiedades, permanecendo convosco para vos alentar. Mas, ainda que materialmente longe, estarei cm espírito constantemente ao vosso lado e nos encontraremos cada dia no Divino Sacrificio da Missa, ante o Santo Tabernáculo, onde obteremos forças para a batalha e meios seguros para a vitória" (pp. 53-56). Compreende-se que dessa alma indômita saíssem com freqüência as palavras: "Esto vir... " (Sê homem ... ), acompanhada de um gesto enérgico e firme.

E foi na tristeza dessa luta contra o inimigo interno, hoje triunfante, que São Pio X entregou sua alma ao Padre Eterno. cm 20 de agosto de 1914. Seu corpo encontra-se sob o altar da capela da Apresentação, na Basflica de São Pedro. A cabeça e as mãos do santo Pontífice foram revestidas de pratas. Sua lembrança, seu ensinamento, seu exemplo, continuam no entanto a confortar os verdadeiros filhos da Igreja que travam a árdua batalha contra os erros introduzidos por toda parte. Ao proclamar a beatitude de Pio X, em 3 de junho de 1951 , Pio XII dizia em seu discurso: "Sua palavra era trovão, era espada, era bálsamo: comunicava-se intensamente à Igreja e tinha eficácia para ser ouvida fora e ao longe; vinha cheia de irresistível vigor, graças não só à substância incontestável (!o conteúdo, como também ao seu profundo e penetrante calor''. O mesmo Pio Xll canonizou-o em 29 de maio de 1954, marcando sua festa litúrgica para •º dia 21 de agosto. o

No leito de morte. Slo Pio X parece deacanser. rejuveneacklo. das grande, batalhes que travou contra o modemi1mo Incrustado dentro da lg,.ja

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Teotônio, o Santo da fundação de Portugal

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Maconha: inócua...? Outra pesquisa, esta realizada apenas entre estudantes universitários, foi publicada em 1975 (Murad, J. E., Costa Filho, O. , "'The drug abuse among university students in Brazil"', VI Congress of Pharmacology, Helsinky, Finland, July 1975) e revelou que, apenas entre universitários, o consumo de drogas era maior, atingindo quase 25% dos questionados. Ai também a maconha ocupava o segundo lugar, sendo utilizada por 30,6 por cent~ dos viciados, enquanto a anfetamina o era por 39,6 por cento. Tudo leva a crer que, atualmente, devido às restrições legais impostas à prescrição das anfetaminas e ao rígido controle de sua fabricação e comercialização, a maconha já seja a droga m!lis difundida, não só entre os estudantes como nos diversos meios sociais.

~ rominica de Coimbra, onde

S&o Teo16nio foi &ducado

Preocupação das autoridades A imprensa diária vem publicando com freqüência pronunciamentos de autoridades diversas externando sua preocupação com o aumento do consumo de tóxicos entre a população em geral e, mais particularmente, no meio estudantil. No artigo anterior, citamos as declarações do Sr. Arnaldo Niskier, Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, proferidas durante o I Seminário Nacional de Prevenção ao Uso de Tóxicos, a res. peito da venda de drogas em portas de escolas. Durante o mesmo seminário, representantes da área médica, jurídica e policial também se pronunciaram no mesmo sentid o. O Seminário foi realizado cm agosto de 1981. Antes, em março de 1981, o Major da Policia Militar de São Paulo, Edson Ferrarini, em palestra pronunciada para profc~sores e diretores de escolas municipais, alertou para o fato de que 10% dos estudantes matriculados nas escolas de 1. 0 e 2.0 graus da capital do ·Estado de São Paulo são viciados ou já experimentaram drogas. M.a is recentemente, cm janeiro de 1982, a imprensa noticiou que o Conselho Federal de Entorpecentes, órgão criado há um ano e encarregado de implantar a política de combate aos tóxicos em todo o Brasil, va i realizar no presente ano o primeiro levantamento científico sobre os tipos de drogas e entorpecentes mais usados no País. Segundo o presidente do Conselho, Arthur Castilho, o levantamento será uma tentativa de apurar as causas reais do consumo de drogas pela juventude; serão distribuídos formulários-padrões entre estudantes do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. A campanha visa informar e a lertar os jovens sobre o perigo do uso de drogas e será feita de maneira a evitar despertar uma curiosidade contraproducente.

Ronaldo Baccelli nosso correspondente LISBOA - Se é verdade que o Portugal de hoje é uma nação te_rritorialmente pequena e economicamente débil, politicamente agitada e moralmente enfraquecida, isso devese ao fato de ter havido homens que a descristianizaram. Por outro lado, se é incontestável ter sido Portugal uma nação heróica, grande e forte, isso deve-se àquelas admiráveis figuras que souberam enaltecer o nome do país por sua santidade, bravura no campo de batalha ou pelo valor no trabalho. Tais figuras, houve-as em quase todas as épocas, mas sobretudo naqueles quatrocentos anos que se sucederam à fundação da nação portuguesa no século XII. Dom Afonso Henriques, o primeiro Rei, foi uma delas. Entretanto, é bom lembrar que as vitórias de sua espada não foram devidas apenas à sua bravura, mas principalmente à bênção que ela trazia dos claustros do Mosteiro de Santa Cruz de Coim bra onde vivia um santo chamado Teotônio.

Em Coimbra e Viseu

Comemora-se no presente ano o no no centenário do nascimento do grande santo que amparou e protegeu a pátria lusa em seus primeiros passos. Nascido em 1082, sob o pontificado de São Gregório Vli, Teotônio tinha ascendência nobre. Embora fos.se natural de Valença do Minho, recebeu educação na Sé Catedral de Coimbra onde teve por mestre o Arcediago Dom Telo , prestigiosa figura do Clero, que viria a ter influência determinante na sua ação futura. Desde logo revelou São Teotônio um "'agudo e perspicaz engenho", bem como uma série de edifiÍl louvâvel que autoridades e cantes virtudes e uma grande vocapessoas responsáveis se pronunciem, . ção religiosa (" Vida do Be,naventudesejando encontrar uma solução rado Padre Santo Theotonio. Pripara tão -grave problema. Lamenta- meiro Prior do Real Mosteiro de mos, entretanto, o fato de que al- Soneta Cruz de Coilnbra de Côneguns eclesiâsticos - cuja preocupa- gos Portugueses do Patriarcha Sancção por esse problema seria mais do 10 Agostinho", Coimbra , Anno que jústa e compreensível - pare1650, pp. 3 e 4). cem interessados quase exclusivaEntre os vinte e os vinte e sete mente no trabalho de agitação de anos foi ordenado Sacerdote e como uma eventual questão social, e não se mostrasse "rodo santo entre o em preservar a juventude da tra- povo de Deus" (op. cit., p. 7) não gédia do vicio. ta rdou que seus superiores começasPor fim. queremos lembrar. tal sem a chamá-lo para cargos de como o fizemos no artigo anterior, responsabilidade. O primeiro destes que o esclarecimento e a repressão foi o priorado da Sé de Viseu. Lá se são indispensáveis, mas não sufi- conservou durante a lguns anos até cientes. E quando mal conduzidos lhe pedirem que se tornasse Bispo podem levar a resultados opostos daquela cidade. aos desejados. Assustado, São Teotônio não E recordamos também que a quis aceitar o cargo. "Porque todas maneira mais eficiente d e subtrair a as cousas deste inundo tinha este juventude do caminho dos tóxicos é Apostólico varão por muito vis. daapresentar a ela um ideal contrário 11osas e caducas; portanto, fugindo ao prazer hedonista, ao egoísmo, à como de peste das ho11ras te111porais, libertinagem. Um ideal cheio de fé, · se conservava torre fortíssima de de ·sacriflcio e de heroísmo, a que ela hunrildade a que todos olhava111··. se-consagre inteiramente com o entusiasmo e o desprendimento carac- Na Terra Santa terísticos dessa fase da vida. Esta é, em seu aspecto mais Foi então que decidiu partir para profundo, a verdadeira solução do a Palestina, onde permaneceu duproblema. rante um ano. Depois de ter visitado com santa devoção os lugares Murillo Galliez que Nosso Senhor Jesus C risto per-

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correu, regressou ao Condado Portucalense, mais fortalecido na sua já admirável humildade e decidido a permanecer na obscuridade e no anonimato. Mas como suas virtudes crescessem, ele íoi se tornando cada vez mais notado e solicitado. Por isso, resolveu empreender mais uma viagem à Terra Santa. Ali conheceu, desta ve1., os Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, em cuja irmandade entrou, levado pelo entusiasmo que lhe despertaram a disciplina da Ordem e a sa ntidade da vida daqueles religiosos. Embora estivesse na disposição de ficar na Terra do Santo Sepulcro a té ao d ia da morte, São Teotônio viu-se, ao fim de a lgu_m tempo, na necessidade de volta r a Portugal.

Junto ao primeiro Monarca lusitano

varão de Deus, Dom Afonso foi-selhe afeiçoando cada vez mais. São Teotônio, por sua vez, votava ao Rei Conquistador uma amizade sempre crescente. E assim se pode dizer que em Santa C ruz passaram a decidirse os destinos de Portugal. Naquele mosteiro revelava o Rei seus planos de batalha ao Santo Prior. E na data combinada, enquanto Afonso Henriques abria clareiras nos exércitos mouros, São Teotônio chamava os frades e todos os fiéis à oração para que as armas da nação recém-fundada saíssem vitoriosas. "'... à boca cheia confessava devia as vitórias que dos inimigos alcançava mais às orações de Teotônio que ao esforço de seus exércitos ..... ("'Vida do Bema venturado Padre Sa,110 Theo10nio"', p. 28}, dizia o pró_prio R~i, qu 7, deste modo, reconhecia a pnmaz,a do Poder Espiritua l sobre o Temporal. Com efeito, não tinha limites a confiança que Dom Afonso Henriques depositava no Santo Prior de Coimbra.

Amigo de São Bernardo Uma vez, esta.ndo o Soberano com febre a ltíssima que a medicina não cu rava nem atenuava, veio São Teotônio "'e a11i111a11do-o co,n palavras de 111uito amor lhe pôs as ,nãos .fobre a cabeça lançando-lhe a bénção; logo a febre abrandou. el-Rei co111eu, cousa que havia dias não fazia pelo grande fastio que tinha; e finalment e dentro en, breves dias recuperou inteira e perfeita saúde" (op. cit. , p. 41 ). Em 1152, São Teotônio, já com 70 anos, renunciou ao priorado do Mosteiro de Santa Cruz. Durante os dez a nos que decorreriam daquela data até a sua morte, ele estreitou relações com São Bernardo de Claraval de quem recebeu um bordão, com o qual curou milagrosamente muitos doe ntes. Tendo crescido ainda mais sua fama de santidade, quis o Papa Anastácio IV distingui-lo com as honras prelatícias - mitra, báculo e anel - e o privilégio de dar a bênção ao povo.

Novamente em Viseu, o santo continuou a ser admirado por suas altas virtudes, entre as quais também sobressaía a devoção a Nossa Senhora. Conta-nos o Prof. João Ameai e m seu livro "Santos Portugueses"' (Livraria Tavares Martins, Porto, 1957, p. 17) que a Ra inha Don!! Teresa (mãe de Dom Afonso Henriques), sentindo-se um dia muito cansada. mandou um pagem pedir a Teotônio que abreviasse o santo Sacrifício da Missa que ele costumava demorar para melhor adorar Nosso Senhor presente na Hóstia. São Teotônio "'re,po11deu ao pagem do recado que dissesse à Rai11ha sua se11hora que outra Rai11ha estava no Céu, muito 1110is 11obre e melhor se,n comparação do que ela, à qual co111 ,nuita reverência e muito vagar ha·· Na gl6ria eterna via de celebrar aquela Missa... " hora da despedida veio, afinal, Quando São Teotônio se pre- em A 18 dê fevereiro de 1162. Com 80 parava para realizar a terceira via- anos de vida sempre votada ao gem à Terra Santa, operou-se um acontecimento que mudou o rumo serviço de Deus, São Teotônio sonesse dia que São Pedro, o de sua vida: o jovem Dom Afonso nhou Príncipe dos Apóstolos. mostravaHenriques, herd<:lro do Condado lhe uma escada que ia d o claustro de Portucalense, proclamou-se Rei danmosteiro até o Céu: Vendo nisso do assim origem a um novo Estado seu um si na l de que estava para morrer, independente na Península Ibérica. mandou reunir todos os frades para Guerreiro destemido e hábil estadista, Dom Afonso era também um lhes dar a última bênção. No moverdadeiro homem de fé. Durante mento em que partiu para a vida sereno e de rosto alegre, seu reinado ele não deixou, por- eterna, estava presente o 'Rei Dom Afonso, tanto, de proteger e fortificar a que exclamou cheio de dor: "PriIgreja em Portugal. No âmbito dessa meiro sua alma há de entrar obra tão meritória e ainda com o que o corpo na sepultura!" 110 Céu objetivo de mostrar sua fidelidade No ano seguinte, 1163, no mesao Papa Inocêncio II, o monarca mo dia de seu falecimento, foi soleportuguês incentivou e favoreceu nemente canonizado pelo Papa Alelargamente a construção do Mos- xandre III . teiro de Santa Cruz de Coimbra para os Cônegos Regrantes de Santo Agostinho. Na qualidade de membro dessa Ordem e acedendo às insistências de seu antigo mestre Dom Telo, Siio Teotônio entrou para o número dos NO ARTIGO in1i1ulado ..No 450. 0 doze frades fundadores. sendo por aniversdrio das Aparições de Guadalupe eles eleito Prior apesar de não o - Surpreendentes constatações do 1ni/oquerer. gre", que "Catolicismo" publicou cm seu Mas foi exatamente essa desta- n. 0 372, saíra m infeli1Jnente, por erro de cada posição de São Teotônio que montagem do jornal, dois parágrafos ma is veio a beneficia r Portugal em com sentido 1runcado. São eles: a) o último parágrafo da 3.• coluna sua cruzada contra os mouros, na deve lido assini: ..As emissoras de luta pela conquista de novas terras e rádio ser Cidade do México divulgaram pela expansão da Fé de Nosso Se- a 11 dedadezembro de 1955 a sensacional nhor Jesus Cristo. notícia de que ampliações fotográficas Reconhecendo no Prior de Santa dos olhos da imagem guadalupana apreC ruz as qualidades de um autêntico sentavam nitidamente a figura de um

Escrevem os leitores

·~

·.: ....·. .- --.

D. Suianna Cavenaghi Rec, chia, lblr' (SP): "Cada GAT0 LJC(SMO ql\e me chej!a às mãos, vem descansar minha mente, acalmar meu coração, e ajudar na lu.t a do dia-a-dia, hoje tão corrompido". D . Teresinha Abdo Assis, Par, de Minas (MG): "Leio e apre(;io os artigos de CAT0L[CISMO, e <lesejo que sua linha de tradi~o seja abençoada por Deus".

D. $eba.11iana Guerra de Almeida, lvaté (PR): "Este Jornal tem sido muito útil à nossa família, pois no~ traz 6t_imas informaçpes, ma,s especificamente de cunh.o religi,oso, o que, falta muito no mundo de hoje. As reportagens são bastante cocientes e correspondem a.os nossos anseios''. Sr. Jos'é Joelson Hénriques de Souza, Três Rios (RJ): "Considero este m.ensáno um baluarte, uma fr.cnte de lutas constantes de homens de boa vontade, filhos da Virgem, por um mun:do diferente com base nos valores do Cristianismo autêntico, sem mesclas de progressismos e ideologias anticristãs". Sr. Francisco Tavares de

Lima, Juazeiro do Norte (CE): "Muito aprecio este Jornal por sua combatividade ao comunismo em defesa da civilização cristã. Gostaria que nele fossem escritos mais artigos do Prof. Plínio Con:êa de Oliveira. • N.R.: Temos transcrito com muita frequência artigos do Prof. Plínio Corrêa de O livejra, que não tem escrito-para CATOLLCISMO por enéon, . trar-se excessi.vamente absorvido em outras ocupações.

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Aparições de Guadalupe homem, possivelmente Juan Diego. Essa constatação foi feita pelo cirurgião Dr.

Rafael Torija Lavoignet, com auxilio de possan1e oftalmoseópio (Handbook, p. 73. ABC, a rt. ci1., CRC. p. 27)". b) o primeiro parágrafo após .? subtítulo "O milagre e os progressista~ , na 5.ª coluna. deve ser lido como segue:

"Para os •crdadeiros dcvo10s da San1íssima Virgem. essas revelaçõe$ representam nova lufada de ar fresco em meio a

es1c mundo laico e poluído em que vivemos. O que significará para os dilos "católicos progressistas"?" CATOLICISMO -

Ma rço de 1982


MAGINEMOS, leitor, a grandiosa cena de Moisés adora ndo a Deus, que, no meio de uma sarça ardente, lhe aparece no alto do Monte Sinai. "E o Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo .... E disse: Não te aproximes daqui: tira as sandálias de teus pés porque o lugar en, que estds é uma terra santa. .... Cobriu Moisés o rosto porque não ousava olhar para Deus"... (Ex. 3, 2-6). As Escrituras narram o episódio com aquela simplicidade única, que, entretanto, confere ao texto sagrado uma vida, uma expressão, uma poesia · e uma força, como só as palavras do Espírito Santõ são capazes de conter. Pois esse amor a Deus, expresso de maneira tão perfeita, não é senão uma pálida idéia da adoração que Nossa Senhora vota ao Criador. Adoração superlativa! que o autor anônimo do célebre cone da Virgem de Vladimir - cuja fotografia estampamos nesta página - soube tão belamente representar. Nesse quadro, que veneração sem medida pela Santidade do Menino, que é Homem perfeitíssimo! Que adoração sem limites pelo Deus a li presente! Que senso de grande1,a transparece no !cone! A propósito dele convidamos o leitor a nos acompanhar cm algumas reflexões.

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atenta dos olhos da Mãe de Deus, do seu gesto, da sua atitude fisionômica. Tudo nEla reflete estabilidade, elevação, superioridade - enfim, para dizer numa só palavra: reflete majestade, muito própria à Rainha do Céu e da Terra. Quanto recolhimento ! Ela tem o espírito voltado para as coisas mais altas interiores, sérias, sem. superficialidades. O olhar, lumi.noso, compensa de sobejo o que as cores escuras parecem recusar à consideração do observador.

Estamos em presença, então, da síntese de uma série de elementos positivos, ao lado de um negativo (o aspecto escuro do quadro). fica uma impressão de que o pintor teria realçado a presença de todos os fatores positivos, que ele quis simbolizar com o ouro que aplicou nas vestes do Menino Jesus, quase inteiramente douradas, bem como nos ornatos claros que se vêem nas bordas do manto da Virgem. Tratase, porém, de um ouro que se tornou meio fosco, à maneira do que ocor-

reu com a pele. Poder-se-ia dizer que esse ouro escuro está para o ouro novo, c,o mo a cor escura da cútis pode ser considerada em relação à pele clara. O ambiente escuro, contudo, realça os aspectos luminosos que aparecem de dentro do quadro, e eles vencem nobremente o que há de negro em torno. Prevalece um claroobscuro, representado por uma certa . penumbra, dentro da qual brilham reflexos dourados, como jóias no fundo da vitrina mal iluminada

A ternura exce sa Virgem

~r Procuremos, de modo ordenado, quase como num filme em câmara lenta, descrever a seqüência das reações que um bom católico poderia ter diante do ícone de Nossa Senhora de Vladimir. A fotografia aqui reproduzida, embora em branco e preto, dá uma idéia suficiente dessa obra-prima da arte re.ligiosa bizantina, da qual o leitor encontrará também breve histórico no quadro abaixo. Note-se, porém, que a beleza do quadro não se manifesta em todo o seu esplendor a observadores não habituados a analisar a arte bizantina o u de o utro estilo oriental. t necessário que o ocidental aprofunde s ua constatação do belo, que pode manifestar-se de modos bem diversos da emoção estética que se experimenta em relação a obras artísticas do Ocidente. Logo ao primeiro olhar. a imagem causa uma impressão global, que tem, naturalmente, caráter todo individual. À medida que continuamos a observar a fotografia , tal impressão vai se explicitando, de modo que podemos decompô-la em seus vários elementos. Dentro da impressão de conjunto sentimos, de início, uma certa estrjlnheza pelos tons escuros d o quadro, inclusive os da cútis da Virgem (serlío conseqüência dos maus tratos que, em épocas passadas, sofreu a pintura?). Pois as tonalidades escuras parecem um pouco desfavoráveis. para simbolizar a extraordinária delicadeza de alma de Nossa Senhora. Sentiríamos maior consonância se o rosto d Ela e suas mãos fossem claras. Apesar disso, há algo n Ela que agrada, combinando com a expressão de firmc,,a e seriedade que seus olhos manifestam. Posteriormente, nossa observação se aprofunda, na análise mais

de uma joalheria. Reluzem de cá, de lá, permitindo que nos fixemos no essencial: a grandeza, a seriedade, a nobreza da Personagem - virtudes presentes em tudo, intactas e ·de altíssimo grau. Além de uma acentuada nota de bondade materna. Observando com admiração o !cone, a oração surge espontaneamente em nosso espírito: "Salve Regina, Mater misericordiae. vita, dulcedo et spes nostra... " É o comentário mais apropriado que se possa fazer, segundo nos parece, da extraordinária obra de arte sacra.

i( Haverá a lguma outra virtude de Nossa Senhora que mais especia lmente t ranspareça neste fcone? Prestemos atenção na posição em que a Virgem sustenta o Menino, no trato d Ela para com o Divino Infante e no d Ele para com sua Mãe Puríssima. Quanto respeito o ternura! Não fosse a Mãe de Deus inteiramente senhora de suas ações e sentimentos, di r-se-ia que Ela quase não sabe para onde mover-Se de tanto adorar. E o faz do mais fundo de sua a lma, rumo ao mais alto de suas excelsas cogítações. O quadro reflete, pois, especial ternura, resultante de uma postura de alma muito estável, contemplativa e atenta, dentro do teor de uma vida que permite isto e que faz desse modo de ser seu próprio centro. As virtudes representadas nesse es tado de espírito são os pressupostos do ato de adoração que a Virgem dedica ao Menino Jesus. Podemos ver q ue se trata de uma a lma que fez da ternura - isto é, da consideração a tenta de um ser (no caso, seu Divino filho) - o objeto de uma atitude mental que a transpassa de lado a lado. E que Ela não é apenas terna para com Deus encarnado, mas nEla encontram-se como que iodas as ternuras de todos os tempos. Essas concentram e defluem dali, de seus braços e sua bondade, cm relação ao Menino Jesus, mas também para com todo aquele que.a Ela eleve uma oração. Nesse fcone, q uem é o Ente a Quem se dirigem tão excelsas ternura e adoração? É um Menino ao Qual é preciso dar leite. Mas que também é Deus. Não um Deus concebido apenas cm abstrato. mas Nosso Senhor Jesus C risto, aquele Homem hipostaticamentc unido à Divindade. E, portanto, com as perfeições que se resumem na palavra Jesus Cristo . 1: maravilhoso, magnífico, empolgante, cm suma, divino! Há um certo equilibrio inefável, sacra!, - repetimos - divino nessas palavras: Nosso Senhor Jesus Cristo, ou mais abreviadamente, no nome Jesus Cristo. David, reconhecendo o fundo de sua miséria. gravemente acrescida com seus pecados. compôs o conhecido salmo que todos nós humildemente repetimos. Que Nossa Senhora, por meio de sua intercessão onipotente e juntamente com sua oferenda perfeita, apresente ante o Trono do Altíssimo esse nosso canto: "De profundis e/amovi ad Te, Domine: Do-

1nine exaudi voce,n ,neo,n" - '' Desde o 11,ais profu ndo c,la111ei a Vós, Senhor: Senhor, ouvi a n1inlra voz"

(Ps. 129, 1).

A Virgem de Vladimir, penhor ·da conversão russa?

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Viata percial do interior da catedral da Anunçloi con1trufda em 1479 no lnterior do Kremlin p0r Floravanti di Bologrnii. Nela, durante maia de cinco 1116-

EMBORA CONCEBlDO e executadb por volta de 1030, em é ~ anterior ao Cisma do Oriente (ocorrido cm 1054), e portanto por mãos católicas, apostólicas e romanas, o famoso !cone conhecido atualmente como ··virgem ·de Vladimir" foi Jamcntavc)mente, durante muitos séculos, cwnodiado por um clero que aderiu maciçamente ao mencionado cisma. E desde 1917 encontra-se cm poder dos sov,iétiCQs. Pjntado cm painel de tília por um artista anônimo - que pode seguramente ser qualificado de genial - cm Constantinopla, capital do Império ·ajzantino, a ',Sírgcm de Vladimir foi levada em 1131 ]!ara ~iev, a mais antiga das cidades rll$$8s. · J:.á, cm meio a gi-andes cerif!lô.oias. foi emoldurada co.m ouro nas paredes do ~osteiro das Grutas, o "Petcherskaya Lavra•. Em 1169, Andrei Bogoliubsley, jovem prlncjpe da cidade de Rostov, saqueou e i:cduziu a rui.nas fumegantes a ~idade de Kiev. Após arrasar o mosteiro, o prlncipe levou consigo o fconc. Conta« que o cavalo que condu1.ia o ~recioso quadro de madeira a Rostov deteve-se e recusou-se a seguir adiante, ao vassar cm frente dos portões da cidade de Valadfmi,. Ali fixou--sc o

prlncipc Boioliubsky e poY mais de dois sé<!ulos o !cone da Virgem pcrmancecu nessa cidade, cujo nome a.ssociou-sc à sua invocação. Por duas vezes nesse pedodo o !cone teve suas molduras roubadas: a primei,a, de duro, furtada por bandidos, e a outra, de )ledrarias, foi arrebatada J)!llas hordas tártaras que, em Il.237, ocuparam Vladimir. Em virtude desse ataque, o quadro petdeu também grande parte de seu colorido bríginal. 0 Grão-Duque Vasili atribuiu a preservação da cidade de Moscou, assediada pelos tártaros em 1395, e a fuga de Tamcrlão. chefe dos sitiantes, à proteção da Virgem de Vladimir. Desde então, o !cone foi 11:ansfcrido para a catedral da l'.ssunção - situada no íntcrio, do Kremlin - , num nicho /í direita da porta do santuário. Eclodind.o em nosso ~ulo a Revolução eomu.nista,, o ~remlin foi fechado ao público e a Virgem de VJadimir levada para o Museu Histórico do Estado, ediflcio localizado na atual Praça Vermelha. Em (930 foi novamente transferida, desta vez,para o Museu Tretyakov, no o'utro lado do rio Móscou. onde ainda se acha, Contudo, os mantcnedorcs do regime ateu instalado ria Rllssia julgaram prudente, conservar

sem alterações as tr~ ,principais i$rejas existentes no intcrio, do Kremhn, das quais a catedral da A:ssunção é a mais importante. Ela pode ser analisada ainda hoje (foto), ornada interiormente como no tempo cm que ali estivera a Virgem de Wadimir, cm poder não dos comunistas, mas de cismáticos inimigos de Roma.

• • • Esse belo e afamado quadro desempenhará ainda algum papel na História, se levam,os cm consideração as revelações de Fátima? Nelas, cm J9.J7, pouco antes da Revolução Bolchevista, a Mãe de Deus revelou aos tr~ vidéntes que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo. WC· vendo grandes castigos se os homens n.ão se convertes.cm. Mas concluiu sua Mensagem àlirmando: "Por, fim, o meu lmaculado Coração ttiu11fard. O Santo Padre consagror-/ife-tÍ,a Rússia_. que st. coJw.errerd.. :· A ,V i~m de Vladim.ir - pintada aproxima damente ,há ~O ~nos por um artista, cátólico1 na Constantinopla ainda fiel a Roma - poder§ ser um penhor /IC tal conversão, Deus O (l.C.rmita! /, O casei de lembra, aqui o confiecjdo adã~o fra11~: ..Quem viver. verá". 0

culos conaervou•.se o lcone da Virgem de Vladimir .

CATOLICISMO -

. Março de 1982

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I_JAfOJLICISMO--

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França autogestionária quer fiscalizar ~érica Latina

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GOVERNO francês quer não somente aumentar sua presença econômica e comercial na América Latina, o que é normal, mas também acompanhar como se fosse um Estado "apostólico" e com olhos de juiz, a polltica interna de nossos palses. Essa fiscalização teria a finalidade de verificar se é aqui respeitado aquele amálgama de verdades e de non senses, de abstrações vazias e de erros, que o Partido Socialista francês dogmatiza serem os direitos humanos", afirmou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. "Assim, - observou o entrevistado - os critérios supremos pelos quais devem afinar as leis e os governos de todas as nações latinoamericanas seriam aqueles que figuram nas cartilhas do PSF e dirigem a mente do presidente Mitterrand".

Distanciamento dos EUA "Ainda conforme declarações do Sr. Huntzinger, - prosseguiu o catedrático paulista - a tal presença francesa deve exercer-se notadamente em alguns terrenos de luta que parecem conduzir certas sociedades latino-americanas para horizontes diferentes dos propostos pelos Estados Unidos. Mobilizando, exacerbando e levando à aventura familias de alma brasileiras habitadas por ressentimentos - alguns

Utopias

E acrescentou: "Embora a interíerêricia francesa se dê inicialmente nas pequenas repúblicas da América Central, ela visa atingir também outros países maiores, como a Argentina e o Chile, conforme declarou recentemente o Sr. Jacques Huntzinger, secretár io do PS francês para as relações internacionais. "Se o Brasil se deixar arrastar por essa via, não vejo que continue intacto "o sol da liberdade", o qual, segundo descreve o Hino Nacional, "brilhou no céu da Pátria neste instante", isto é, no momento em que D. Pedro I lançou o brado da Independência", disse o Presidente do Conselho Nacional da TFP.

Cardeal não explica

M ittomnd: chefe de Estado "apostólico", com vistàs à intervençlo na polhica in· t ema dos paf.ea latino--americanoa

em dar explicações precisas qua11do acusada de vilipendiar. con1 gesto ignó(co11clusão da primeira pági11a) bil, o retrato do Roma110 Pont(flce". Se esta é a resposta, só se pode dentes dos mais diversos países da dizer que resposta não houve. O leitor não consegue perceber, à América e da Europa, relacionados primeira vista, o nexo entre estes dois com a repercussão mundial da Mensagem O socialis1110 autogestionário: parágrafos da carta do Sr. Cardeal. em vista do co1nu11ismo. barreira ou Lidos à lupa, parecem querer dizer cabeça-de-ponte? e do Comunicado que S. Emcia. condenou não só o Na França: o punho estrangu/a11do gesto atribuído por "Manchete" à TFP, como também o fato de, em sua a rosa. nota-muxoxo-de-<lesdém (letra 8), a 1. A resposta de S. Emcia. ao entidade não haver censurado devidaProf. Plínio Corrêa de Oliveira se mente quem, por hipótese, desse tiros compõe de duas partes. A primeira numa foto do Sumo Pontífice. trata da nota oficial da Cúria do Rio A acJsação não poderia ser mais (letra C) e da carta do Prof. Plínio surpreendente. Não terá observado Corrêa de Oliveira (letra D). quanto de polêmico trazia consigo o A segunda parte trata de contro- tom conciso da nota-muxoxo, não só vérsias teológicas e canônicas, e dis- por ser absolutamente categórico, mas túrbios correlatos, ocorridos todos na também por ser muxoxo? Não terá o Diocese de Campos, e inteiramente Prelado percebido que, num simples alheios à TFP. muxoxo de desdém pode entrar uma 2. No que diz respeito à nota ofi- carga de repulsa mu,to maior do que cial (letra C), o Sr. Cardeal parece em toda uma catilinária? - E que querer explicá-la com estas palavras: curiosa condenação essa, fulminada "Ao agradecer sua comunicação. que- contra a TFP, não porque tenha falro sublinhar que a Nota Oficial da tado com o respeito ao Santo Padre, Cúria ·repudia um fato noticiado por mas simplesmente porque "não salvaum a revista (. .. )' e11volvendo a vem,- guardou s,,jiâe11ten11~11te o respeito randa pessoa do Santo · Padre. O re- devido'' a este! Ê muita vontade de · púdio, portanto, se dirige contra condenar! A TFP é acusada, entre uma atitude conforme foi 11oticiada". outras coisas, de ter exercido tiro ao Está implícito que, simplesmente por alvo contra a fotografia dele. Ela nega "Manchete" ter publicado, S. Emcia. categoricamente esta como as demais acreditou ... acusações, com enfático desdém. E Não conhecia S. Emcia. o desmen- ainda assim a nota oficial da Cúria tido da TFP (letra 8 ), categórico e (letra C) a condena por insuficiência lacônico como um altaneiro muxoxo de respeito ... de desdém? - S. Emcia. parece ter Ademais, não leu também o Purtido a intenção de responder a esta purado a_ carta (letra D) que lhe foi pergunta da caru que lhe dirigira o entregue domingo à noite, na qual o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (letra Prof. Plinio Corrêa de Oliveira trataD). Ao menos tem-se disto ·alguma va de "sacrílego" e "pesadamente impressão lendo os seguintes pará- burlesco" o tiro ao alvo que a rçporgrafos da resposta do Sr. Cardeal: tagem de "Manchete" atribuiu à TFP? "A nota da TFP ("Última Hora" No mesmo tópico de sua carta, há de / 9-2-82 e "Folha de São Paulo" de pouco citado, o Sr. Cardeal afirma 20-2-82). por ser demasiado genérica, que a TFP, quanto a essa acusação de não salvaguarda suficientemente ores- "Manchete", "se on1ire em dar explipeito devido à pessoa do Santo Padre, cações precisas". De sua parte, a TFP fundan1eí110 da unidade da Igreja Ca- tem certeza de ter esgotado todos os tólica Apostólica Romana. recursos da linguagem humana nor"A TFP (a respeito da qual tenho mal, para explicitar que nega a autoria restrições, co,no lembra em sua carta). daquele ato, ao qual qualifica severaSociedade que se gloria de professar. mente. Queira-nos S. Emcia propor sua Fé na Igreja Católica Apostólica . qualquer palavra que ainda julgue Romana, /an,entavelmente se omite necessário para tomar isto mais claro.

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destes clamorosamente justos contra os Estados Unidos, a presença francesa significaria também agitação cultural, com envio de técnicos de conscienti,.ação, de fermentação de massas e de tensão social. "Esse pleiteado esfriamento com os Estados Unidos tende a privarnos de um parceiro poderoso, rico, e movido por impulsos alternativos de egoísmo e de compreensão fraterna. A ficarmos privados desse parceiro, dada a estatura do Brasil atual, não nos bastariam a França, a GrãBretanha ou a Alemanha Ocidental. Porém, na estradà onde subitamente notaríamos que a solidão nos cercou, uma grande mão se apresentaria largamente aberta. A mão, ou melhor, a pata de urso da Rússia soviética".

"A posição assumida pela França - salientou o pe nsador católico - procurando aglutinar em tomo de si países latino-americanos fornecedores de matéria-prima, estaria a meio caminho entre o capitalismo e o comunismo. Seria a ideologia socialista autogestionária, denunciada em recente Mensagem divulgada em 41 dos principais jornais do Ocidente pelas treze TFPs". E concluiu o entrevistado: "Ê possível que tal jogo do socialismo francês seduza os amadores de política-jiction e de utopias. Na realidade, entretanto, a autogestão não é senão a meta última do comunismo. Pondo todo o mundo em autogestão, este último a si próprio se superaria. E a propriedade individual cairia por terra".

Pois não conseguimos excogitar qual possa ser ela. Em última análise, fica-nos a dolorosa certe,.a de que S. Emcia. deixou inexplicada a nota oficial da Cúria do Rio. 3. Abandonando celeremente esta matéria, a carta do Sr. Cardeal envereda, como foi referido acima, por assuntos específicos da Diocese de Campos. Ao contrário do que S. Emcia. parece imaginar, quando era Bispo daquela Diocese o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, jamais se intrometeu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm as-~untos dela. Não o consentiria a crônica falta de tempo do Presidente do CN da TFP. E menos ainda a forte personalidade desse ilustre Prelado. Quanto à posição da TFP ante a polêmica e distúrbios ocorridos em Campos, pena é que S. Emcia. não tenha consultado - antes de increpar o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - o atual Bispo D. Na,arro e o Sr. Núncio Apostólico D. Carmine Roeco. Eles lhe poderiam mostrar a correspondência que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira permutou com ambos sobre o assunto. E assim o Sr. Cardeal se teria poupado de fa1.er contra a TFP mais essa crítica infundada. De qualquer forma, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, na carta que escreveu a S. Emcia. (letra D) só aludiu aos assuntos de Campos com referência à ilibada honorabilidade pessoal do Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer e dos Padres que lhe seguem a orientação. Em sua resposta ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, S. Emcia. não se refere a este aspecto, mas à própria medula teológica do tema controvertido em Campos. Neste, a TFP não deseja entrar, máximeenquantodurar o presente carteio com S. Emcia., e por isso não publica os restantes tópicos da carta de S. Emcia. ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Se o Sr. Cardeal quer que suas apreciaçj5es sobre os fatos ocorridos em Campos cheguem ao conhecimento do Exmo. Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer e dos Sacerdotes tradicionalistas daquela Diocese, queira comunicar-se diretamente com eles. São Paulo, 8 de março de 1982"

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O s t•nd da TFP. na exposlçlo de gado da Associaçlo Brasileira de Criadores de Zebu de 1981. em Uberaba, foi dos mais visitados

Bispo agro-reformista investe contra a TFP A TFP TOMOU conhecimento, com eltplicável estranheza, das declarações feitas ao "Jornal da Manhã" de Uberaba (28-2-82) acerca desta entidade, pelo Sr. Arcebispo D. Benedito Ul.hoa Vieira. Enquanto de lábios episcopais os fiéis devem receber palavras de verdade, cordura e elevação, as dedarações do Prelado só ressumam a furor. Nelas borbulha o insulto, e se patenteia o desejo de que - embora em plena abertura política - o Poder público casse a liberdade de ação da TFP. Cabe notar. a este propósito, que ainda não há muito, vozes se faziam ouvir sempre que essa liberdade era negada pelo Poder público a integrantes da esquerda. Em favor destes se alegava que tal liberdade constitui um direito humano inviolável. O mesmo já não parece ser válido aqui, no tocante à TFP... O intuito de ofender e de desprestigiar, o pânico de que a TFP faça ouvir sua voz e torne conhecido seu pensamento também se expressam muito significativamente no pedido feito pelo Prelado, de que aos cooperadores da TFP sejam recusados desde já acesso, voz e vez na Feira da Associação Brasileira de Criadores de Zebu, a qual se deverá reunir na próspera cidade mineira no próximo mês de julho.

o qualificativo de hipócrita, ou de herege. Hipocrisia ... o insultante da expressão não pede explicações. Uma palavra sobre o qualificativo de herege. O título que o fiel mais preza é o de filho da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. A heresia é um delito que, segundo o Direito Canônico, desqualifica de católico quem o comete. Católico e herege são termos inconciliáveis. Portanto, a um católico não pode ser feito maior ultraje do que qualificá-lo de herege.

2. A gratuidade da injúria.

Toda acusação, máxime se feita de público exige provas. Na carência destas, só pode ser tida por inidônea. Quais são as provas alegadas pelo Sr. Arcebispo de Uberaba para fundamentar suas injúrias? Absolutamente nenhuma. Então, do que valem elas? - De nada: Poderia e ntretanto ficar de pé, no espírito de algum leitor, alguma dúvida contra a TFP. resultante da reportagem da revista carioca "Manchete" (edição de 27-2-82). Sobre esta, a TFP já apresen19u límpida e irretorquivel análise, publicada, na "Folha de S. Paulo", na "Última Hora" do Rio de Janeiro e no "Correio do Povo" 1. A gravidade da injúria. de Porto Alegre, no dia 3 de março Segundo o Sr. D. Benedito, os p.p., bem como no"Jornal da Maintegrantes da TFP "se dize,11, nhã" de Uberaba, de 4 de março embora falsamente. católicos". O p.p. Coin o que encerra o assunto. que significa que de fato não o são. Pois foi esta reportagem que o Sr. Ora, quando alguém "se diz " D. Benedito Ulhoa Vieira escocatólico. porém só o é 'falsa- lheu como peça mestra de seu 111e11te", é dificil que não mereça furioso ataque à TFP.

Resposta da TFP ao presidente da Associaçã o Brasileira de Criadores de Zebu A PROPÓSITO de reportagem sob o titulo "A BCZ não quer TFP 110 Exposição", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, fez as seguintes declarações: "Nem em Uberaba nem em qualquer outro lugar do Brasil alguma campanha da TFP jamais teve caráter de desordem ou d e agitação. Temos 2.927 documentos de autoridades j udiciais, municipais ou policiais que atestam a lisura de nosso procedimento em toda a nossa atuação pública, Espantame que o Sr. presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu ignore isto. Ainda mais me espanta que ele haja procurado informações

sobre a TFP, a campeã do direito de propriedade dos fazendeiros, junto ao Sr. Arcebispo d e Uberaba, um dos mais fervorosos partidários da Reforma Agrária proposta pela CNBB em 1980. Em última análise, se ele quer usar seu cargo para atacar os a migos da classe rural e favorecer a Reforma Agrária, pode até propor aos fazendeiros que entreguem, desde já, suas terras para o Sr. Arcebispo instaurarem Uberaba o sistema socialista autogestionário. A mim toca tão-só protestar categoricamente contra as versões erradas sobre a atuação da TFP, as quais o Sr. Manoel Barbosa toma como base de sua estranha atitude."

TFP esclarece O Serviço de Imprensa da TFP distribuiu a ·seguinte notll: "A elttensa reportage;n sobre a TFP, publicada pela revista "Manchete" datada de 27-2-82, é exemplo caracteristico do que um noticiário jornalístico não deve ser. Tudo quanto atribui à e_ntidade, esta não fez. E tudo quanto a TFP fei., sempre na observância escrupulosa da lei - campanhas, cursos, di{usão jomallst'lca, edi~o de livros, atividades beneficentes - a reportagem cala. A recente Mensagem das T FPs publicada em 41 dos maiores jornais do Ocidente, nem sequer é mencionada. A TFP, de sobejo co_nhecída em todo o Brasil pelo caráter idealista e ordeiro de suas atividades, se dispensa de maiores comentários sobre o assunto. E se limita a aduzir que nunca imaginou P.Osslvel q_ue chegasse a tal extremo o notório fanatismo anti-T FP daquela reVJsta."

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ll N.0 376 -

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Abril de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Já publicado em 24 jornais dos maiores de 11 Rações do Ocidente

Na França: o punho .e strangulando a rosa O PUNHO E A ROSA ... Um punho. que parece mais próprio para o boxe. seguia - prestes a espremêla - a haste de uma rosa. Esta se abre no extremo da haste, leve e graciosa como se estivesse posta num jarro \ \ de porcelana. Não é fácil explicitar o significado desses simbolos "heráldicos" hcterogcneos. máxime assim justapostos. 1 . A promessa - O operariado marxista conduzindo o país, que floresce na liberdade? - Talvez. Em todo caso, se eles tiverem sido concebidos para significar tal. dificilmente poderiam ser mais próprios. Pois exprimem bem as esperanças de liberdade que o "socialismo de face humana" se esmera cm despertar. Mas há também nos ~imbolos algo de obscuro e de contraditório. Pois esse punho agressivo e brutal parece incompativcl com a flor, como o murro o é com a rosa. Dir-se-ia que tal punho não poderia deixar de se pôr a estrangular a rosa. E que. se a rosa pudesse conhecer um punho como este. cessa ria - so• brcssaltada - de sorrir e começaria a oefinhar. Não são outras as rc2. A dúvida lações entre o socialismo e uma autêntica e harmoniosa liberdade. Por mais ênfase que ele manifeste em prometê-la. onde ele se instala, se põe a estrangulá-la. É o que se pode recear esteja acontecendo na gloriosa e querida França, bem antes de completado o primeiro ano do governo autogcstionário. É oportuno pô-lo em evidência neste momento em que, com o apoio da coligação socialo-<:omunista, o governo Millerrand empreende ativamente a propaganda da autogestão cm todo o Ocidente. Um exemplo concreto parece ilustrar adequadamente essa apreensão. Diz ele respeito precisamente a uma das liberdades cuja preservação os ingênuos mais esperam do governo Mil!errand, isto é, a liberdade de imprensa.

• • • Como geralmente se sabe, as treze Sociedades de Defesa da T radição, Família e Propriedade - TFPs - vêm publicando, a partir de 9 de dezembro p.p., em grandes cotidianos de quinze países (Alemanha. Argentina, Bolívia . Brasil, Canadá. Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, lnglaterrra, Itália, Portugal, Uruguai e Venezuela) uma Mensagem de alerta sobre a incompatibilidade entre os princípios perenes da civi lização cristã, de um lado, e, de outro lado, a reforma autogestionária, na qual o PS prometeu engajar a França, quando das eleições de 1981. Reforma esta gradual, mas também total, demolidora do direito de propriedade sobre o solo, a empresa, a escola privada, invadindo a familia para organizar os filhos contra os pais, e não poupando sequer, em seu termo final, os lazeres, o an1é11agement doméstico e a própria pessoa de cada francês. Em nenhum dos países mencionados encontraram as TFPs obstáculos para publicar, como matéria paga, sua Mensagem. De par em par, abriram-se para elas os órgãos de imprensa. E em nenhum momento estes se julgaram comprometidos, por tal, com um pensamento que, em parte ou no todo, não é o deles. Assim procedendo, tais óq:ãos foram estritamente coerentes com os prmcipios democráticos que proclamam como seus. Seria natural que nos grandes cotidianos franceses, ufanos de professar esses mesmos princípios democráticos, a Mensagem das TFPs fosse igualmente fácil de divulgar. Contudo, as TFPs fizeram, neste lance, a amarga

expericncia do contrário. E se julgam na obrigação de informar a esse respeito não só o público brasileiro. como o de cada um dos países cm que a Mensagem vem sendo publicada.

• • • Abstração feita dos órgãos declarada· mente socialistas ou comunistas. foi oferecida sucessivamente a seis diários franceses de grande porte, de tiragem superior a cem mil exemplares. a publicação do texto sereno e elevado da Mensagem das TFPs. Entretanto, todos esses órgl\os se negaram a fazê-lo. Atitude esta a vários títulos inexplicável, pois: a) Órgãos de publicidade ufanos de sua linha democrática - os quais. ademais. divergem entre si cm vários pontos importantes - neste caso concreto convergem. com desconcertante unanimidade, nessa recusa. Ficam assim as treze TFPs privadas de publicar. cm solo francês. seu pensamento oposto ao socialismo autogestionário; b) Acresce que dois desses jornais chegaram até a se comprometer formalmente a publicar a Mensagem das TFPs no dia 15 de dezembro p.p. (publicação adiada no último momento, por determinação da TFP francesa. pois a atenção do público estava então fortemente atraída pelo caso polonês). Tão firme era tal compromisso que. na perspectiva de tal publicação, e de acordo com ambas as partes. uma agência publicitária chegara, no dia 11 de dezembro. a receber integralmente o preço estipulado. Tudo isto não obstante. no dia 6 de janeiro p.p. essa agência prevenia às TFPs que os dois cotidianos em questão acabavam de se recusar a cumprir o compromisso assumid o. Motivo alegado: nenhum;

3.

O fato

c) Como violação arbitrária do pactuado, expõe naturalmente a empresa proprietária de ambos os jornais a ser cobrada por perdas e danos. Mas nem sequer a perspectiva de tal prejuízo constituiu óbice a essa atitude: d) Do ponto de vista desta, e das demais empresas jornalísticas recusantes, a matéria paga é uma das fontes de ingresso mais correntes. A extensão da Mensagem convidaria especialmente a publicá-la. A recusa é, pois, contra a índole das empresas jornalísticas e nquanto tais.

• • • Uma pergunta se impõe aqui: qual a razão dessa frente única de recusas, para coarctar a liberdade da_s trez.e TFPs, na França? E nos confins do horizonte, só uma hipótese explicativa se delineia. Como organizações privadas que são, as entidades publicitárias donas desses diversos jornais podem ser postas, de um momento para outro, no rol das empresas autogestionárias, por deliberação legislativa da maioria parlamentar socialo-comunista. Caso no qual seus atuais proprietários passariam normalmente à situação meramente gerencial, ou perderiam até toda função dentro da empresa. Assim, não será surpreendente que esses órgãos de im'prensa se abstenham de facultar às TFPs uma liberdade de expressão que neies mesmos está, pelo menos potencialmente, golpeada de modo tão profundo. Qual a liberdade efetiva de expressão em um regime no qual, sobre a cabeça de cada dono de empresa

A relaçio dos jornais que publicaram até o momento o Comunicado "Na França: o punho estrangulando a rosa" encontra-se na página 4.

Me,isage,ri das Soci.edades de Defesa da Tradú;ão, Famílm e

Propriedade -TFPs as T FPs esperam que a divulgação deste jornalística. está uma espada de Dâmocles, Comunicado fora da França consiga levá-lo suspensa por um cordel cuja extremidade ao conh ecimento de boa parte do povo francês. se acha em mãos do Governo? E também que, de outro lado, abra os olhos Qualquer que seja o calor consentido de do Ocidente para quanto há d e contraditório facto aos órgãos da oposição, a situação e impraticável na promessa autogestionária destes é, de jure. a de Dâmocles sob a espada. de socialismo com liberdade. Aliás, é perfeitamente admissível que as Esta constatação é de grande alcance. Pois oposições calorosas não sejam tão incômodas abstração feita da promessa de liberdade, só para um governo quanto outras que. com resta no regime autogestionário o que ele tem cortesia e serenidade, focalizam certos temas de afim com o comunismo. delicados, dos quais nem todas as correntes de opinião se deram conta. Ora, a Mensagem das treze TFPs põe • • • o dedo em certas chagas doloridas e ignoradas pelo compacto eleitorado católico, o qual foi A Mensagem das treze TFPs sobre o peso decisivo pró-socialismo nas eleições de socialismo autogcstionário vai abrindo seu 1981. Por exemplo, quando ela focali1.a o irrecaminho la rgamente pelo mundo afora. E, ao mediavelmente incompativel de um regime longo deste, tudo tem encontrado: ódios furiautogestionário compulsório, com a verdadeibundos, criticas infundadas. omissões inexra Doutrina da Igreja sobre o caráter naturalplicáveis, velhas e luminosas solidariedades mente ind ividual do direito de propriedade. que nunca se deixaram desonrar pelo medo. Ou quando aponta a equiparação entre o incontáveis adesões novas. algumas das quais matrimônio, a união livre e até a união hoinesperadas e magníficas. mossexual, segundo a doutrina e o programa Neste caminho, o presente Comunicado do Partido Socialista. constitui um lance a mais. Consoante com a Não é intuito das TFPs entrar em polêMensagem. ele concerne não só o socialismo mica com essas folhas, assim condicionadas autogcstionário, mas também o comunismo. pelo moloch autogestionário De tudo isto - e do que ainda acontecer - se socialista. Com a presente escreverá um dia a História. A História épica publicação, visam tão-só as de um dos supremos esforços empreendidos TFPs fa1.er sentir ao públi··;,, signo Crucis", a fim de evitar à civilização co dos maiores países do ocidental agonizante o soçobro final para o Mundo Livre, quanto já paqual esta se vai deixando rolar. rece confinada a liberdade, Depois das grandes campanhas - sempre neste inicio do regime sodoutrinárias e ordeiras - das TFPs contra cialista autogestionário. O o comunismo. este se cala. Não muito tempo que deve levar cada cidadão depois, com base cm deformações ou calúnias do Mundo Livre a temer sem alcance doutrinário, têm surgido contra por . sua própria liberdade . elas ofensivas publicitárias furiosas. Rcpetirindividual, caso o socialissc-á isto agora? ººQui vivra verra··. diz o mo autogestionário seja imadágio popular francês. plantado no respectivo pais. É-se assim levado a crer São Paulo, 11 de fevereiro de 1982 que uma cortina vai envolFesta de Nossa Senhora de Lourdes vendo a França de hoje. Não é ela de ferro, nem de Pela TFP brasileira, bem como - com bambu. É a cortina, como 4. A decepçio expressa delegação - pelas TFPs. e congêque impalpável, do silêncio neres, da Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, publicitário que, inevitavelmente, caminhará Colômbia, Equador. Espa nha, Estados Unipara ser total. dos, França, Portugal, Uruguai e Venezuela. É este fato que as TFPs levam ao conhePlinio Corrêa de Oliveira cimento de todo o Ocidente. A publicação do PRESIDENTE DO CN DA presente Comunicado será, por sua vez, soliSOCIEDADE BRASIi. EiRA DE DEFF.SA l)A citada aos mesmos jornais franceses. ConTRADIÇÃO, FAMII.IA E PROPRIEl)AOE tudo, ainda no caso de nova recusa coletiva,


SÃO PEDRO ARREPENDIOO -

,f',fifi), ,,1 f J

Exce- /

lente trabalho de Frei Agostinho da Piedade. em barro cozido ' ~•, (1640). A imagem é consido- 1 / reda como auto·retrato do I'artista e po<tence à igrejinha ft · de Monteuerrste. oo 1

f

J

Paixão de Cristo, Paixão da Igreja

Satvedor. Bahi.e. Exprime com vigor o abatimento do Apóstolo após negar por três vezea

o Divino Me,tre.

o acompanhou até a morte. Foi a ação salvífica exercida por ele que levou São Pedro a se converter e transformar-se em outro homem. E como seria belo imaginá-lo a cerrar os olhos, após a última visão terrena, sentindo sobre si o olhar afetuoso do inesquecível Mestre.

Ora. em face do sofrimento insondável da Igreja cm sua triste condição atual. a nós. católicos, cm graus, medidas e formas diversas, també m Nosso Senhor pergunta afetuosamente: "A ti , a quem escolhi

como filho, ouve em meu Coração o pulsar de uma imensa dor. Mede-a e participa dela. Para quem o fizer, Eu pagarei com todas as minhas suavidades, meus sorrisos. minhas bênçãos e minha recompensa. Meu fi. lho, queres ouvir o meu Coração?" Peçamos a Nossa Senhora que nos dê a determinação de olhar e medir por inteiro o panorama de desolação que nos cerca . Mas roguemos também a Ela a certeza sobrenatural de que a vitória virá e que toda a catástrofe atual não servirá senão para realçar sua glória. Dessa certeza nascem. na alma do varão que vê, se indigna e tem um pranto proporcionado a tal panorama. ale-

grias, amenidades, sorrisos, que já são o começo do triunfo do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria. Visão grandiosa e trágica, de um lado, mas, de outro, já prenunciativo de primaveras de belezas inexcogitáveis. É tão normal que ao extremo da desolação e da justiça punitiva suceda depois a reconciliação bondosa, o banquete para o filho pródigo que volta à casa paterna, o arco-íris que aparece. o homem que sai de dentro da arca ... Após participar das dores incomensuráveis da Paixão, os verdadeiros católicos são convidados a partilhar do júbilo da gloriosa Ressurreição de nosso Redentor.

Imagem tridimensional: nova comprovação da autenticidade do Santo Sudário A AUTENTICIDADE do sagrndo len9ol de linho que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a descida da Cruz - designado universalmente por Santo Sudário - vem recebendo confirmações as mais espetaculares da técnica moderna. Sucessivas pesquisas. realizadas dc.s de o sé<:ulo passado, chegaram sempre a resultados comprobatórios da autenticidade do Santo Sudário. Já em

"A elaboração eletrônica da face do Sudário faz aparecer cm relevo os filetes e pontos de s.a.nguc coagulado. Mas reve la ta1nbém ciue o sangue estava presente. cm alguma medida. cm toda a face - cm cada poro. por assini dizer. A explicação mais provável ê que aquele rosto tenha verdadeiramente suado sangue.

1904. o fra nc~ Oclage efetuou o cálculo. de 83 milhões de probabilidades

' ' ) 4° EU j

V.1

DEUS. meu Deus. por que Me nbando11ns1e?" (Mt. 27, 46) - bra-

dou Nosso Senhor do aho da Cruz. Ele proferiu aquele brado lancinante devido ao extremo desamparo em que o próprio Deus parece haver deixado o Verbo Encarnado. A Alma do Redentor sofria a terrível aílição espiritual causada pela ausência das consolações divinas. Contudo, sua dor, no que tinha de mais pungente, era ocasionada pela consideração dos pecados que Ele tinha diante de Si. Pecados. sem dúvida, daquele povo que O abandonava. Mas também ofensas a Deus que se cometeriam em todos os séculos, pois o Verbo Encarnado teve conhecimento de tudo e sofreu isto em sua via dolorosa. Toda a História passou diante de seu olhar exausto e inundado de Sangue, num Corpo do qual a vida se ia retirando. Certamente, o Divino Salvador foi acabrunhado pela visão da imensa e universal conturbação dos dias que correm. E alé.m de outros horrores, tal visão levou-O a proferir aquela angustiosa exclamação: "Deus 1ne11. Deus meu.

por que Me abandonaste?" Realmente, a Santa Igreja e a ordem temporal encontram-se hoje cm grande desolação. O lha-se para a Igreja; Ela está submetida a um misterioso "processo de nu1at1,,,110lição" e invadida pela "fu11wça de satanás". conforme constatou Paulo VI (cfr. Alocuções de 7-12-68 e 29-672, respectivamente), cujas manifestações desconcertam e estarrecem os corações genuinamente católicos. Se a nalisamos o estado da sociedade temporal , a visão que se nos depara é confrangedora. Subjugadas muitas nações pelo comunismo. ameaçadas outras pela versão mais recente deste - o socialismo autogestionário - . minadas profundamente, de um modo geral. por uma impure,.a avassaladora! Terras que heróis católicos levaram no passado à vitória vacilam hoje sem dar sinais de uma vitalidade e reatividade proporcionadas ao perigo que as ameaça. Pelo contrário, não se importam com o perigo e desprc,,am quem procura libertá-las.

2

Aos cató licos a quem a Providência concedeu presenciar o trágico panorama. o Redentor da humanidade convida a que abram os olhos e examinem a situação de frente, como Ele. no Ho rto das O li veiras, mediu todos os horrores de sua Paixão.

T al convite para o sofrimento pois é disso que. cm última análise, se trata - o Divino Mestre certamente fe,. àqueles que O seguiam. Algo semelhante pode ter-se passado, por exe mplo, com Verônica. que enxugou o santo rosto no caminho do Calvário . Com São Pedro. a quem o Redentor olhou após sua triplice negação.

É razoável supor que a Verónica Nosso Senhor Se tenha mostrado no horror d e seus sofrimentos fisicos e morais. Ela. então. lancinada por uma dor indi zivel , correu a seu encontro. enfrentando tudo. e enxugou-Lhe o sagrado rosto com uma toalha , onde a Face divina ficou estampada. Poderia ter sido uma confidência do Mestre, que se exprimiu assim a ela: "Não tens pena desta dor?" Talvci esse pensamento comunicado à santa mulher tenha lhe dado a coragem de ver de frente o sofrimento. A cena com São Pedro é bem conhecida. Após ter negado o Divino Mestre por três vezes. o galo cantou e o Salvador apenas lançou urn olhar ao Apóstolo que O renegara. Naquele olhar. que imensidade de dor moral Ele terá comunicado! Como São Pedro terá sentido e e ntendido melhor. nessa ocas ião. inc lusive as sacratíssimas dores físicas de J esus ! Era como uma confidência iluminadíssima que lhe dizia: ··vem e segue-Me". E ele c horou amargamente. S eguiram-se depois a glória e o martírio. Mas São Pedro, na horn d e morrer. ainda pediu para ser c rucificad o de cabeça para baixo. porque não se julgou digno de ser martirizado como Aquele que ele negara. ainda o mesmo olhar que

e

contra uma, de haver o precioso tecido realmente e nvolto o Corpo de Jesus. O

A projeçlo tridlmenaio-

referido cálculo foi endossado. cm 1978. por 40 especialistas da NASA.

Noaao Senhor gravada no Sud6rio da Turim

nal da sagrada effgie de

permitiu ao engenheiro Giovanni Tamburelli obter esta imagem em relevo. através de pro· ceuoa eletr<anicoa(foto

Estes. dispondo dos recursos mais avançados de nossos dias. elaboraram eletronicamente a imagem tridimensio-

nal do Sudário pela primcirn VC'I:, prova irrefutável de que, pelos relevos

ecima). A Sograda Face retocada porTambureUi a partir da figura tridimensional (foto ao lado)

que a foto aprcscnla. o tecido envolveu um corpo. Se a imagem impres$a no Sudário fosse uma pintura. os

cálculos efetuados por computador

deixa entrever a impressionante majeata-

não apresentariam o efeito da "cor•

de do Homem-Deus.

poreidade", "Catolicismo" de março de 1978. no artigo intitulado "lncompór<ivel ltma de mediração para a Semana Sanra", levou ao conhecimento de seus

leitores um histórico do Santo Sudário e os resultados de várias importan· tes pe$quisas até então realii adas. E

cm seu número de abril de 1980 divulgou as conclusões dos estudiosos

da NASA.

• • • No ano passado. fotos tridimcn· sionais mais perfeitas que as da NASA

"O Homem do Sudário teve o septo

nasal fraturado. e a foto tridin1ensional mostra que o s.angue verteu abundantemente do nariz.. com um

filete gotejando sobre os bigodes até formar um coágulo no lábio inícrior. A face direita (à esquerda de quem olha) aparece. ademais, tumcfala por um soco e. mais acima. por um golpe de bastão. ··A tradição oral di1. que C risto caiu

várias vezes no trajeto do Gólgota. O

Evangelho limita~sc a dizer que. em foram obtidas pelo Prof. Giovanni dado momento. os soldados romanos Tamburelli. engenheiro e docente de . obrigaram um passante a levar a Cru,., telecomunicações da Universidade de porque Jc~us. eviden1emcntc. não estaTurim. va mais em condições de fazê-lo . A Tais fotos, bem como declarações imagem tridimensional revela na face do próprio pesquisador italiano. foram esquerda várias escoriações pequenas:. publicadas pela revista "Gente·· de que podcrian1 ser devidas ao impacto.

Milão, de outubro de 1981, cm artigo de Maurizio Blondet. Transcrevemos a seguir as palavras do Prof. Tamburelli. cxp1icando sumariamente o processo

nas quedas. contra as pedras do caminho". .. A descoberta mais impressionante

utilizado para a obtenção das fotos e os pontos capitais das descobertas efetuadas.

que fiz com a foto tridimensional acrescenta o pesquisad9r - talvez seja a seguinte: na maçã esquerda do rosto,

Testemunhos da Paixão

ao lado do nariz., a foto revela uma incisão cm linha 1·e1a e. logo abaixo. outra incisão curva. Poderia ser a mar•

"Deixo de lado os detalhes técnicos. 13as1a rá dizer que um !iníssimo raio Inser primciramcnre "explorou" um slid,, do Sudário, assinalando um ·~valor de luminosidade" referente a

cada ponto da imagem. O computador. depois dessa operação, elaborou tais valores. O rc,s ultado foi, mes• mo para mim. inesperado e comovente. "Comovente? Sim , precisamente. O efeito de re levo da imagem tridimen·

sional não depende de efeitos fo tográficos ou. por exemplo, das caracteristicas do tecido do Sudário. A rugosidade. as sombras (que ai se vêem) são. entretanto, sinais da Pai~ xão: filetes de sangue. feridas, tume-

fações. Existem pelo menos uns 20 pormenores, jamais revelados antes. que confirmam ponto por ponto a narração evangélica.

ca de uma lança pontiaguda, cm forma de pequena foice. O soldado que deu de beber a Cristo provavelmente O feriu. "A parte esquerda da face apresenta um longo filete de sangue. que

sado. Além disso. essa última gota está mais cm posição "transversal" cm

relação à gota sanguínea que aparece debaixo do bigode. Provavelmente. no momento da monc. a face reclinou~se ainda mais.

"O Homem do Sudário continuou a sangrar (sin31 de que ainda estava

vivo). enquanto permane<:eu cm posi· ção vertical. Mas depois da dcpo~ição. quando o corpo foi colocado em posição horiiontal. já não sangrava mais. A foto rridimensional confirma que

todos os filetes de sangue estão voltados para a parte anterior do rosto. e nenhum filete cai para os lados, como teria acontecido se o Homem a inda

tivesse perdido sangue após a deposição".

Trinta anos "Quantos anos contava o Homem

do Sudário'!'" rclli. -

pergunta-se Tambu-

"Parece velho. muito mais

velho do que mados que os Jesus. Mas o ostenta é o de

os trinta anos aproxiEvangelhos atribuem a rosto que o Sudário

um homem supliciado. que sofreu torturas. tribulaç,õcs: e so· frimcntos incnarráveis. Para revelar os traços naturais, procedemos a uma espécie de "lava,g em clc1 rônica" da imagem. atenuando ou cancelando as

marcas do sangue e das feridas. Nosso

desce verticalmente pela fron te, a par· tir da ferida causada _por um espinho

procedimento - note-se - não íe1.. porém. desaparecer as rugas naturais

até quase o queixo. E sinal de que o Homem do Sudário ficou, durante algum tempo. com a cabeça erguida. Mas depois. "i11di11ou o cabeço" (cfr. Jo. 19, 30): e o sangue escorreu para o lado, ínvadindo a parte direita do rosto. Uma grande gota, bastante visível, formou-se sob 'o bigode direito. A

da idade. as saliências debaixo dos olhos e assim por diante".

morte deve ter sobrevindo pouco de-

pois: tam~m a queda de sangue da narina direita deu-se de modo trans· versai. mas ostenta uma peculiar for·

ma cm ponta. O sangue não mais saia senão lentamente do corpo, no qual a circulação já havia praticamente ces·

Foram ademais pintados de preto a

barba. os cabelos e as sobrancelhas: "Tomamos essa pequena liberdade" explica o Prof. Tamburelli. E conclui o docente da Universidade de Turim: "Apareceu então este rosto de um Homem de traços hebraicos (note-se o nariz levemente recurvo: não reio. como aparece nas fotos americanas).

com a boca pequena, a fronte alta e lisa. Um rosto de uma belc1.a severa. Que idade lhe atribuir? Cerca de trinta anos".

CATOLICISMO -

Abril de 1982


Saint-Laurent-sur-Sevre, cidade-relicário do Escravo de Caio V. Xavier da Silveira nosso correspondente PARIS - Era uma noite de janeiro. fria mas inusitadamente estrelada para o inverno francês. Para q ucm seguia como nós a estrada de Nantes a Poitiers, a certa a ltura do percurso. dois altos campanários atraíam a atenção. No fundo de um vale. graciosa em seu vulto noturno. Saint-Laurcnt-sur-S~vre dá a impressão a quem entra nela de penetrar numa página de algum álbum de aldeias medievais. Nela morreu e foi sepultado o grande São Luís Maria Grignion de Montfort, cuja festa a Igreja comemora no dia 28 de abril. Eram ainda dez horas da noite, mas nosso hoteleiro esperava-nos - dois amigos me acompanhavam - um pouco apreensivo, pois nesse horário em Saint-Laurent todos já estão se recolhendo. Não era possível terminar a noite sem olhar, ainda que de fora. a Basílica dentro da qua l está o corpo de São Luís. E à s ua porta ficamos algum tempo. O frio era intenso. Não se ouvia nada. a não ser o borbulhante rumor das águas do Scvre, que justamente ali passam pelos restos da pequena barragem de um velho moinho. E também, de quarto em quarto de hora, dois ou três relógios, postos não se podia distinguir be m onde, assinalavam o tempo com diferentes toques. cujo timbre vinha de outras épocas e parecia ser a expressão sonora daquela placidez .. No dia segu'inte. se bem que não fosse tão cedo, algumas estrelas ainda visíveis iam aos poucos desaparecendo. Uma ponte rústica atravessa o Scvre. Sobre e la se consegue um bom ângulo para observar a Basílica e o campanário cm flecha do convento ao lado. A manhã era tão gélid a que as águas do Scvrc, parecendo descer de regiões menos frias, agitadas ao passar pelo velho moinho, desprendiam uma névoa vaporosa que ia progressivamente assumindo as tonalidades do céu ao sol nascente. Na fímbria dessa massa nevoenta, cujos mati1.es iam se permutando, meio de neblina meio de pedra, configurava-se a Basilica: imensa. imponente. parecendo nascer do irreal e buscar as alturas. Nas proximidades. toda a vegetação estava cuidadosamente ornada por um delicado rendilhado de cristais de gelo. Os ramos desfolhados das árvores, a pastagem e as mil variedades de plantas tinham como que sido transformados numa vegetação encantada, pela invisível mão de um supremo artista que trabalhando na noite soubera adorná-la com subtilíssimos cristais. Aos primeiros raios do sol, galho por galho, folha por folha, iluminavamse em suas rendas cristalinas , cintilando mil arco-íris cm miniatura. O todo compunha-se magnificamente

' Vítta aérea de Saint-Laurent-sur-Sàvre. deatacando-,e a Basfliea e a capela das Filhas da Sabedori.a

Além da Basílica, há várias outras recordações deixadas pelo santo na cidade. O Convento da Sabedoria encerra hoje a antiga hospedaria do Chêne Vert, onde ele morreu. Sua imagem de moribundo está colocada num cscrínio no q uarto em que expirou. O escrínio tem a forma de uma arca . com a seguinte inscrição em sua base: "ln arca Dei Maria navigavit in vita''. Inúmeros objetos de seu uso e ncontram-se no museu do convento. Merece destaque a mesa na qual escreveu o "Trawdo da Verdadeira Devoção à Sa111íssima Virgem", sua principal obra.

A Vendêla militar Visitando seu túmulo - o qual poderia ser considerado como o

Basllica de Slo lufa Maria Grignion de Montfort. em Saint-Laurent•aur•Sàvre

com o céu. com a tênue luz que despontava e com a névoa de colorido cambiante do Stvre. de modo a nos dar a impressão de habitarmos por momento uma região fantástica e irreal.

A evocação de um gigante espiritual A vida e a obra de São Luís Maria Grignion de Montfort não dão uma impressão de grandeza fabulosa menor do que esse nascer do sol às margens do rio onde ele expirou. E estar junto de seu túmulo confirma tal idéia. À esquerda de quem entra na Basílica, sob um dossel de mármore sustentado por colunas, ele é visto sempre imerso cm recolhida penumbra. Ao lado. junto à parede, inscrita na lápide colocada cm seu primeiro túmulo, no dia seguinte ao de sua morte lêsc: "Digníssimo Padre, morto' em odor de santidade". Parece que um

Igreja de Chanzeau. com o çampaMrio hia1órico (ao fundo. li direita), onde 19 homens e 1 O mulheree opuseram heróica re.si•tência ao cerco doa revolucion6rio1

de 1789. Treze vendeanos. inclusive o P,roco, Pe. Blanvillain~ ali foram marti· ri:radoa no dia 9 de abril de 1796. O vitral lembra eae belo epieódio da contra·

Anjo está sentado junto a seu sepulcro e fala ao visitante quando ele aceita deixar-se penetrar pela a tmosfera ali existente, suscitando no peregrino recordações do que ouviu ou leu a respeito do santo. Recordações reveladoras de um fato: em determinado momento da vida da Igreja, a Providência concedeu a um homem a graça de conhecer e aprofundar, mediante o esforço do espírito - como talvez ninguém o fizera até aquela época - os mistérios da Mãe de Deus. Assumido pelo fogo amoroso que tal conhecimento lhe trouxe, São Luís Grignion efetuou a doação suprema de si mesmo como escravo de Maria , tornando-se o incansável apóstolo itinerante da verdadeira devoção à Virgem Santíssima. A mencionada doação de tal modo dilatou sua alma que. examinandosob qualquer ângulo, ela ostenta proporções grandiosas. Missionário, teólogo, místico, escritor, poeta, fundador de Congregação religiosa , ele foi sobretudo uma alma imensamente combativa. Seu grande desejo de jovem Sacerdote era evangelizar os índios iroq ueses do Canadá. Em Roma recebeu de Clemente XI a ordem de não partir para a América e permanecer na França como missionário na região oeste do país.

ª

A luta contra o Jansenlsmo

revoluçlo vendeana.

Naquela época, a heresia jansenista grassava na Vendéia, causando imenso dano aos fiéis. Foi a estes que o célebre missionário pregou a verdadeira devoção a Nossa Senhora, conclamando-os a se consagrarem a Ela como escravos. A fúria jansenista desencadeouse terrivelmente contra o grande teólogo mariano. São Luís sofreu contínuas perseguições, sobretudo por parte dos Bispos, infectados em sua grande maioria pelo espírito de Jansênio. Proibiam-nQ de pregar em suas dioceses, impeliam a polícia real a sustar e mesmo destruir suas obras. Entretanto, pelo pequeno povo de Deus São Luls Grignion fot sempre estimado; e quando morreu cm 1716, era já conhecido como santo. Contava apenas quarenta e três anos de idade. CATOLICISMO -

Abril de 1982

cercas vivas - a região mantém o hábito de separar as propriedades e os campos com arbustos plantados cm fila formando linhas divisórias - são as que existiam então. A cidade de Chanzeaux, dentre aquelas das proximidades de SaintLaurcnt. é certamente uma das que despertam maior admiração. O terrível cerco do campanário de sua igreja destruída assinalou um dos episódios mais gloriosos da guerra da Vendéia. Dezenove homens e dez mulheres com algumas crianças transformaram aquele campanário num valoroso fortim de guerra. Resistiram por três vezes ao assalto de uma coluna incendiária, dizimando os revolucionários. Por fim. estes conseguiram pôr fogo até no Íeto do campanário. Os últimos sobreviventes foram capturados. O combate deixou treze mortos no interior desse bastião improvisado; quatro deles eram mulheres. Falamos com o atual Pároco. Contou-nos histórias daqueles valorosos paroquianos de então. Levounos a té o campanário, cujo teto está reconstruído, mas cujas pedras conservam ainda numerosos sinais da violência da batalha. Ao tocá-las, tivemos bem presente que elas testemunharam tanta bravura , aflição, sendo, por fim, cobertas de sangue e de imensa glória.

"O Intrépido"

T6 mulo de Slo Lula Maria Grignion de Montfort na Basflíca

coração da Vendéia - , é preciso. cm seguida, sentir o que foi o pulsar da vida montfortiana nos lugares onde se travaram as batalhas dos católicos perseguidos contra os sequazes da Revolução Francesa. Aqueles fiéis que, ao fazerem a lápide para seu sepultamento, gravaram na pedra a declaração de que morria um santo, transmitiram através de gerações, a chama recebida do autor da "Oração Abrasada". E quase cem anos depois, foram seus descendentes que heroicamente se opuseram à Revolução Francesa quando ela se insurgiu contra o Poder Espiritual e o Poder Temporal. As redondezas de Saint-Laurent-sur-Scvre são marcadas por lugares onde a fidelidade de simples camponeses levou-os a praticar atos de bravura dos mais belos da História: Chemillé, Chanzeaux, Cholet, os rios Layon e Hyrôme... A região mudou pouco em relação aos dias dessa epopéia. As cidades continuam aproximadamente do mesmo porte, conservam igualmente as ruas, as igrejas quase sem exceção permanecem nos locais onde foram edificadas, se bem que tenham sido refeitas após as selvagens destruições dos revolucionários. As modernas estradas seguem, em larga medida , o traçado das que existiam na época anterior à Revolução Francesa. Em suas encruzilhadas, incontáveis são os oratórios dedicados a Nossa Senhora ou a seu Divino Filho, tal como naqueles tempos de fé. Até mesmo inúmeras

Jallais e Chemillé ainda estão imersas nesses ares épicos. Foram conquistadas aos revolucionários por Cathelineau, que, indignado em virtude das perseguições à Religião, juntamente com vinte homens, proclamara a guerra santa. Deixou esposa e seis filhos, e partiu para levantar a região de Mauges. Ali estâ Cholet onde, após a batalha de outubro de 1793, o Marquês de Bonchamps, tendo alcançado vitórias impressionantes, foi mortalmente ferido. E. ao expirar. exclamou: "Servi meu Deus, ,neu Rei e ,ninha Pá1ria". Dos heróis da cruzada vendeana - Forest, Stofflét, o Marquês de Lescure. d'Elbée e outros muitos cujos nomes são evocados por aqueles lugares, um particularmente atrai a admiração: Henri de La Rochejaquelein. Um numeroso grupo de camponeses decididos a pegar cm armas como os da região de Maugcs dirigiu-se a La Rochejaquelcin, solicitando sua chefia. Como soldado, ele já se distinguira enquanto oficial da guarda do Rei Luís XVI. Recebeu o pedido cm seu castelo de la Durbclliêre. Não hesitou em atcndêlo. Caminhou lentamente rumo à entrada do castelo, onde o esperavam. E, ao montar, deixando de lado as numerosas reflexões que provavclrnentc desfilavam por sua mente naquele instante, seu olhar iluminou-se. E exclamou, voltandose para os recém-constituídos comandados: "Se eu avançar, siga111n1e: se recuar, matern-rne: se ,norrer. vingue,n-,ne!" E partiu. No decorrer das primeiras batalhas, foi cognominado o "Intrépido". Proclamaram-no generalíssi mo da Vendéia quando contava apenas 20 anos. Ferido na fronte, morreu cm 1794 entre Nouaillé e Cholet. Expirou recostado em uma daquelas cercas vivas da região. O exato local onde tombou apresenta hoje uma aprazível pastagem como tantas outras. Ao lado, reside uma familia que se ocupa de seus animais e da agricultura. No en-

.

(conlinua na página 6) 3


M MEIO a geral e "inexplicável" confusão de dados na imprensa francesa como em tantos jornais brasileiros, a vitória espetacular do bloco centro-direita sobre o bloco socialo-comunista, nas eleições cantonais da França, acabou por se tornar patente aos olhos do ·mundo.

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o itinerári

Essa vitória produzirá seus efeitos em dois planos diversos.

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Assim, de um lado, ela reforçará a oposição, a qual passará a contar, agora. não mais tão-só com a bancada minoritária do Parlamento, mas também com a maioria em 58 (num totai de 95) conselhos gerais de Departamentos. Cumpre notar que, por iniciativa do próprio governo socialo-comunista (provavelmente esperançoso de uma vitória eleitoral). o poder desses conselhos fora ponderavelmente ampliado por lei recente ... Acresce que essa tão grave derrota foi sofrida pela coligação das esquerdas quando esta. baseada nos sucessos de 1981, se imaginava sentada sobre um rochedo e "senhora do.r ventos e das situações" (T. S. Eliot). E agora e la se vê apeada de sua situação por ventos que ela não soube prever nem dominar. Ora. tal derrota alterará forçosamente o estado dos espíritos nos comandos intermediários e nas bases partidárias, tanto socialistas quanto comunistas. E como não haveria de mudar, se à lui esplendorosa do êxito de 81 sucedeu. no ambiente interno do PS e do PCF, a luz mortiça não muito diferente da de velório da derrota de 82? No ambiente assim irremediavelmente transformado, às altas cúpulas não adianta tentarem '~sustentar a nota''. subestimando a situação por meio da constatação do revés cm termos sóbrios, e até neugmáticos. A luz mudou, e pelo fato de os donos da casa sorrirem e procurarem parecer animosos dentro da penumbra. não convencerão eles a

terceiros que a penumbra pareça luz. caminhar atrás desse governo de A derrota iniludível imporá forçosa- aventureiros? mente um arrefecimento da força de Isto é muitíssimo duvidoso, tanimpacto, dos dinamismos. das audáto mais quanto as treze TFPs deicias, especialmente no PS. E, em xaram demonstrado, preto sobre o conseqüência, um arrefecimento na branco, em sua recente Mensagem ação do governo. A me nos que as "O socialisn10 autogestionário: em altas cúpulas do PS e do PCF vista do comunismo. barreira ou queiram cometer. ad intra dos rescabeça-de-ponte?", que os resultapectivos quadros, o mesmo erro que dos e leitorais de 81 se deveram, não nestes dez meses de governo Mi1tcra um específico aumento dos votos rand cometeram ad extra, isto é , na conduta face a toda a nação. Em da esquerda. mas ao glissernent quero evitar a palavra portuguesa outros termos, o governo vem caderrapagem - de um contingente minhando com passo resoluto na eleitoral calculado pela revista "Inlinha da depredação da propriedade formations Catholiqucs lntcrnatioindividual. E imaginou despreocunales" em 25% dos católicos pratipadamente que conduzia atrás de si, cantes. E à abstenção eleitoral, combatendo-lhe palmas e dizendo-lhe pactamente burguesa, de 29,67%dos sim. o mesmo eleitorado que nele eleitores. Ora. nas recentes eleições votou em 81. Vêm as eleições cancantonais se tornou patente que 1onais, e o governo. surpreso, enestes setores da opinião escaparam contra diante de si a maioria da parcialmente das mãos da esquerda. nação barrando-lhe o caminho e A burguesia compareceu muito mais dizendo-lhe não. Não se facilita com do que costumava fazer cm antea opinião pública. A repetição desse riores eleições cantonais. E tudo faz erro ad intra do PS e do PCF crer que a maioria do centro e da consistiria cm que o governo resoldireita se deveu menos a uma divesse enfrentar a opinião pública. munuição dos quadros socialista e depredando sempre mais a propriecomunista , do que aos contin,gcntes dade individual e agravando assim o eleitorais católicos ílutuantes, jâ adescontentamento da maioria. Os gora alertados, que recusaram novo quadros médios e as bases dos dois g/issen,ent. partidos veriam engajado seu futuro político cm uma aventura sem senEstas observações merecem anátido. E que facilmente poderia levar lise especial cm um ponto. Os arao imprevisível. pois tal é toda tífices do glissement de 1981 paraventura. Até que ponto esses qua- ticiparam festivamente do coro laudros e essas bases continuariam a datório da vitória socialo-comunis-

ta. Mas já algum tempo antes das eleições cantonais haviam emudecido. O episcopado francês, que comanda a "esquerda católica" mais arrojada da Europa, calou-se. Não se falava mais desta . Superando de longe seus amigos socialo-comunistas, ela parece ter percebido o erro em que estes caíam. E emudeceu. Como muda, mutíssima está agora, depois do revés. Ela prefere, provavelmente, reservar suas forças intactas, para investidas mais subtis e mais viáveis que venham a ser feitas de futuro contra toda e qualquer desigualdade sócio-econômica. e portanto contra a propriedade individual.

Em conseqüência de quanto foi dito, se o governo e as a ltas cúpulas socialo-comunistas resolverem assim mesmo avançar. ficarão cada vez mais isolados de seus próprios quadros. Isto é, cada vez com menos amigos à retaguarda e mais adversários diante de si. Será a marcha para o abismo. O itinerário de Allendc.

Devíamos passar agora para o segundo plano. Isso é, o da repercussão dessa derrota na opinião pública internacional. Mas isto fica para o próximo artigo.

Esquerdas derrotadas nas eleições cantonais francesas munistas. o ministro do lntcrior. Gaston Defcrrc, procedeu algum tempo antes

das eleições à criação de 161 novos cantões. remodelando e dividindo os antigos. Tal reestruturação provocou

protc.sios da direita: o mínisiro do Interior, b<m como o secretário-geral do PS. Lionel Jospín, admitiram que realmente a mencionada mudança iria beneficiar a esquerda (cfr. "Lc Figaro". 6-2-82). Ora. contrariamente a essa expectativa. os resultados eleitorais demonstraram que vários redutos, reputados pelos esquerdistas como seus. contavam. realmente. com maioria direitista.

Maio de 1981: $0Ciatistas celebram a vitória do Mitterrend pelas ru&s do Paris. Alegria que durou pouco ...

O NOTICIÁRIO inesperadamente pouco preciso e incompJcto cm vários

órgãos de imprensa franceses e brosilcíros. sobre os resullados das eleições francesas de março último para a renovação de metade dos conselheiros canton3is. dificulta a avaliação do que foi, na verdade, uma significa1iva derrota da

esquerda socialo-con1unista . Essa perda é indiscu1ível no 1ocantc ao nümcro de cadeiras conquistadas: 1. 198 cadeiras para os eandida1os de ccntro--dircita contra 816 para os da

esquerda, ao r.nal do segundo escru1ínio ('). A análise das porcentagens de votos

obtidos pode. en1rc1anto, causar alguma perplexidade a quem não tenha acom-

panhado a evolução do eleitorado francês de direita e de esquerda~nos últimos anos. Com efeito. cm virtude da dcsproporÇ<1o numérica cn1rc os habitantes

dos vários cantões. a essa folgada maioria de cadeiras obtida pelos candidatos de ccniro-direiia correspondeu uma dííercnça porccntual de votos desprezível no primeiro turno das eleições (o único em

que. dadas as peculiaridades do sis1ema clcj,toral francês cm votaÇÕ(:s desse gê-

nero, se pode aferir globalmente as

preferências do eleitorado): (') Os dados rclativôS aos totais de cadci-

rns foram colhidos cm .. Lc Monde" de 23-3-82.

As pol'ccntagens eleitorais enunciadas mais :tdiantc: são baseadas cm i11fom1açõc.s divulgadas pelo Ministério do ln1crior francês. publicadas cm .. Lc Monde" de 17·3-82.

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- 49 .6% para a coligação de esquerda: - 49,9% para a ccn1ro.<Jirci1a, com a irrisória vantagem de 0,3% dos votos v;llidos. Ou seja. praticamen,e um empate. Se levarmos cm consideração que. do pon .. to de vista da conquista de opinião pública. importa mais o contingente real que urna agremiação política arrasta atnís de si do que o número de cadeiras:

ganhas. deparamos. de fato. com uma França dividicfa em duas facções opos• tas, cada uma das quais com o respaldo de metade da população. Encarado sob esse ângulo. parece não se poder afirmar que houve uma vitória da ccntrodircita. E. no entanto. os líderes socialo comunistas têm toda rauio de csrnrcrn apreensivos. pois: a) Se comparamos os resultados ob·

tidos pela coligação de esquerda no primeiro turno das eleições c.antonais de 1976 e 1979, e os deste ano. verificaremos q uc houve uma sensivel decadência: 1976 - 56,33% dos votos válidos: 1979 - 55.33% dos vo1os válidos: 1982 - 49.61 % dos vo1os válidos. Ao mesmo tempo, as direitas alcançaram ponderável progresso:

1976 - 43.62% dos votos válidos: 1979 - 44,2()QA, dos votos v/alídos: 1982 - 49.90% dos votos válidos. b) Com o obje1ívo de assegurar a vitória dos candidatos socialistas e co-

e) Pouco antes das eleições. o governo Mitterrnnd ampliou consideravelmente o poder dos conselhos cantonais e das presidências departamentais (que agrupam vários cantões). confiando cercamente cm que esta. medida fortaleceria sua situação, pois esperava que boa parte de tai:s organismos regionais caíssem em mãos de partidários seus. Em

face do resullado das últimas eleições francesas. ca bcria uma oportuna observação: o feitiço virou contra o féiticeiro ...

Tudo isso não obstan1e, o quadro apresentado não justifica nenhum otimismo fácil. As esquerdas estão sofren-

do hemorragia de clei1orado: as direitas estão recuperando algo do terreno perdido. mas e las ainda não atingiram a

A ministra em apuros ANTES MESMO das eleições cantonais que evidenciaram a fragorosa derrota da esquerda na França, uma série de reações se fizeram notar após a publicação da Mensagem "O socialismo a,11oges-

tionário: e,n visto do co1nu11is1J,o, barreira ou c'abe,a-de-ponte?", de autoria do Prof. Plínio Corrêa de O liveira. Uma das ma is características manifestações nesse sentido registrou-se cm princípios de fevereiro, quando a ministra da Agricultura do governo Millcrrand, Edith Cresson, foi recebida com ovos podres, torrões de terra e pés de repolho pelos agricultores rcunid.os na Normandia. Não era o que a

ministra esperava, pois foi levar aos agricultores um "pacote" governamenta l correspondente a cerca de 1,5 bilhão de cru1.eiros. O dcscon1en1amcn10. porém. era tal , que estes não se deixaram comover. Após brindar a Sra. Cresson com produtos nada agradáveis, empurraram-na para um reservatório de esterco. A policia teve de agir com rapidez e eficiência para evitar o pior. Cercada de um cordão de gendarmes, a ministra foi conduzida para dentro de uma casa, onde teve de esperar durante uma hora, em meio aos apupos da multidão, até a chegada de uma tropa de choque e de um helicóptero para resgatá-la.

supremacia desejável. "0ATOL.ICl$MO" tem a satisfação de leva, ao conhe- rica do Norte já o tiüblícaram, bem como o diário "EI País" cimento de seus leitores o importante Comunicado das de M:ontevidéu. Oi: modo ãn"ogo à Mensagem ,·,o sociatrc1.e 'fFPs ''No França: o punho estrongu/011do o ro., a", de /isr,10 outogestionárió: em visto do camuniS1110, bar,eira 011 autoria, do Prof. Plínio Co.rrêa de ©livcíra, estámpado na cabeço-de-ponte?", o presente <.omu,nícado suscitou vivo primeira ~ágina dcstá edição. A difusão mundial desse interesse e larga repereussão. A correspondtncía que anuiu 0omunieado iniciou-se em 25 de- fevereiro P·I.>· pelas fá· a propósito de uma e outro às &des e Bureaux das TFPs gínas do "Frankfurter Allgemeine.. e "Washington Post , e já atingiu o total de vá~os milhares. até o momento jornais de 11> paises da Europa e A111éEis os jornais que püblicaram o Comunicado: • na Alemanlia: "Frankfurtei AliTimes", Los Angeles Times", Palermo e "Gaueua dei Sud" gemeil)e"; " L'Italo-Americano"de LosAnde Messina; • no Canad, : "La Presse" de geles e "Oallas Moming News"; • no Luxembur,go: "LuxcmburMontreal e "The 6Jobe .and • na Fran ça;-''lntemational ijeger Wol'I"; Mail" de ;J'oronto; rald Tribune" (em ling\13 in• cm Portugal: "O Dia" de Lis• na Espanha: "Hoja deJ Luglesa) e "Rivarol" d e Paris; boa-e "0 Comércio do Porto"; nes'' de Madrid, Barcelona, • na Jn11latt rra: "The Daily Te• na Sulça: "Tribune de GeneBilbao, Sevilha e Valência; legraplV' de Londres; ve" de 6enebJ'a; • nos Estados Unidos: "'I'he Wa• na l t"ia: "II Tempo" de Ro• no Uruguai: "El País" de Monsl\ington Pos1~, "The New "t:orl.< ma, "Giornale di Sícilia~ de tevjdé'U.

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CATOLICISMO -

Abril de 1982


culinária, um fio condu1or inlerno percorre lodos esses .,logans, como um espeto pcríura os vários pedaços de carne, tomate, toucinho e cebola. Se o prosaísmo da imagem choca o lei1or. cu lhe ofereço outra mais poética, mas por isto mesmo menos cabível. cm se tratando de socialismo e comunismo: como o fio passa pelas várias pérolas de um colar. Essa continuidade consis1e na benevolência e no espírilo de cola boração com o comunismo, e na execração, oh quão inexorável e me1iculosa , de tudo quanto seja anticomunismo. Pois tal é a característica comum a todas estas camuOagens. Ora , quando se tem bcne· volêncla ilimitada para com alguém, e se é adversário iJredutívcl de todos que fazem oposição a esse alguém . o que se é? - O aliado discreto e eficaz· desse mesmo a lguém ... A autogestão - demonstrou-o a Mensagem das TFPs - não é senão o último pedaço de carne do espe10.

Ira e la se ergueu - a Mensagem das TFPs - saiu a lume q uando ainda os 1enores e as prima-donas de esquerda entoavam, por toda a par· te, a ária da autogestão. Eles - e elas diminuíram um tanto o volume de voz porque, mais subtis do que Mitlcrrand e sua equipe, sentiram que no publico havia gente que não os ia acompanhando. Agora. com o insucesso e o brado de alcrla da França. a autogestão est{t congelada no mundo.

Como avançarú então o comunismo? Cada vc,. mais só, como talvez o façam os socialo-<:omunistas franceses, ou lançará outra camuOagcm? Porém não sentirão os comunistas que o publico está vendo que tudo isto não passa de camu· flagem? Não percebem eles que o Ocidente i111eiro os rejeita'? O insu·

ou estertor OM INTEIRA PRECISÃO, ensaiado succssivamcnle muitas cademonstraram as treze1FPs, muflagens. Cada uma dessas ilude. em sua recente Mensagem durante algum tempo de uso, um sobre o socialismo au1ogcstionário número ponderável de inocentes Ú· francês, que este serve - volens. teis. Mas depois se vai desmascanolens - ao imperialismo idcoló· rando, e perde seu poder de a1ração. gico mundial vermelho. A autoges- E assim o comunismo é obrigado a tão não é uma barreira ao comu~ 1rocá-la por outra, se ele quiser nismo. É. isto sim, uma rampa de continuar a avançar às ocultas. acesso rumo a ele. Remonto até os idos pouco sau· De há 1empo, o proselitismo dosos do segundo pós-guerra: "mão doutrinário comunista às cscâncaras estendida'", coexistência pacifica, não rende mais. O Ocideme o re- queda de barreiras ideológ,cas, dé· jeita. Ele é como um tumor circuns· tente. eurocomunismo, comunismo crito. que não consegue aumentar de face humana, expansionismo sua {1rea no organismo. Assim, só "missionário" dos direi1os humanos. restava ao socialismo avançar camu· 1udo isso tem uma continuidade Oado. Ora. de 1945 para cá, ele 1cm evidente. Para usar uma imagem

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Ou a mais reccme pérola do colar. Sem camuflagem, o imperialismo comunis1a não caminhará no mun· do. A opinião pública francesa. for· 1emen1e alertada , percebeu que a autogestão não é senão camuflagem. e a rejeitou nas últimas eleições cantonais. Por sua vez. a rejeição da camuflagem autoges1ionária na própria 1erra que lhe servia de foco de irradiação, enregelou e pôs de sobre· aviso Iodas as áreas da opinião mundial que logo depois dos êxi1os socialo-<:omunistas de 81 vinham se deixando contaminar por ela. Essa contaminação caminhava desprCO· cupada. O primeiro documento com publicidade inlcrnacional que con-

cesso eleitoral estrepi1oso sofrido nos últimos dias pelo socia lismo alemão. nas eleições da &aixa Saxô· nia, não lhes dissipará as ilusões obstinadas que a derrota na França talvez ainda neles haja deixado de pé? Observemos com ioda atenção qua l será o jeito ou o trejeito dos socialistas e comunistas, no decurso das próximas semanas. tanto na França quanto na Alemanha. E saberemos de antemão qual o jei10, o trejci10 ... ou o esterior com que tomarão a1i1ude em breve, para "superar" os efeitos da de rrota. Não é o momento de fazer prog· nósticos a tal respeito. Porém, real-

mente é difícil ver que saída rcstani

ao imperialismo ideológico de Mos•

cou. uma vez desprestigiada a ca· muílagcm autogestionária. Se Mitterrand con1inuar no C.t · minho dos confiscos. não só lcvan-

tani contra si - como fiz. notar cm meu último artigo - ,1 maioria cada vez mais compacta e mais indignada dos franceses, como ainda dari, im· plicitamentc razão à denúncia que as treze TFPs foram as primeiras a fazer à opinião mundial posta em profun· do letargo até aquele momento. É bem ccrio que. antes da Men· sagcm. já vozes de descontenta· mcnto se faziam ouvir na França. Mas eram vozes de franceses, que falavam para o público especifica· mcnic francês, acerca de aspectos circunstanciais e essencia lmcn1e lo· cais da atuação governa mental. Vozes, por1an10. de limi tado alcance, para premunir contra a autogcstão

considerada c m plano doutrinário e universal, a o pinião pública de iodo o Oc idente. /\ confirmação da Mensagem pelos fatos poderia criar e m torno dela a a1mosfcra que a catástrofe de A llende criou em torno do livro .. Frei. o Kere11sk v d1ile110", de meu inesquecível Fábio Vidigal Xavier da Silveira. Certamente, tal efeito reflexo, de um governo socialista de bi:avatas, seria coisa a que nenhu m governo ou part id o socialista do mundo ha· veria de ser indiferente. Se não for de bravatas esse governo. scn\ de ca1ás1rofc para o ·socialismo. Na França e no mundo. Pois a tanto equivaleria a dcgring olada do socialismo. da crista de onda cm que se encontrava. Quanto maior a altura, tanto maior o tombo. Recorrer a mais outra camuíla·

gem é saida para o socialismo? Depois de tudo isto,

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possivcl camuflar? A tal grau de cegueira, creio, a opinião mundial por enquanto ain· da não caiu.

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Sai a lume a íntegra da carta de D. Eugênio SEGUNDO NOTICIOU a imprensa. o Sr. Cardeal D. Eugênio Sales não prelende comentar a nota da TFP publiçada no dia 10 de março no jornal "Ultima Hora·· do Rio. Pois lendo o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. presidente do CN da TFP. escrito no dia 28 de fevereiro ultimo missiva a S. Emcia .. o Purpurado lhe teria enviado. no d ia I.• de março, cana que a Assessoria de Imprensa da Arquidiocese do Rio de Janeiro qualificou de "resposta cabar. Um ma1u1ino informou que S. Emcia. insistiu c m não divulgar o !cor da carta e que considerava o caso ''já encerrado". Mas a Asses· soria de Imprensa da Curia do Rio comcn1ou que o comunicado da TFP omi te os "trechos ,nais hnportantes" da resposta de D. Eugênio. A 1al respeito, a TFP 1em ai· gumas ponderações a fazer: 1. É muito c-0mprcensivel que o ilus1rc Prelado se abstenha de come111ar a mais recente no1a da TFP publicada na "Ú lt ima Hora". Poi; calar é a única ati1ude cabivcl para quem não 1cm o que alegar; 2. Poder-se-iam imerpretar as declarações do Sr. Cardeal Sales como conferindo à carta cará1er s[giloso. agora que ele se retira cxpli· c,tamente do assunto? Nenhuma circunstância lhe confere essa possibi· !idade. Pois ela foi escrita há quin1.e dias sem nenhum pedido de rcseiva. Ademais. cm declaração publicada na imprensa (cfr. "Folha de São Paulo" de 4 do correnlc). o Purpurado afirmou que tocava unicamente ao des1inatário publicar a carta. ou não. Por isso. o Prof. Plínio Corrêa_ de Oliveira já a publicou quase mtegralmeme. O que contém a pane ainda não publicada? Por 9ue não a terá publicado o Prof. Phnio Corrêa de Oliveira'? Tal publicação prejudicaria em algo a reputação da TFP? Essas são perguntas aguçadas já agora pela afirmação picante da Assessoria de Imprensa de S. Emcia .. de que a TFP omitira os "trechos ,nais importantes" dessa cana. Mais uma vez: por que o fez ela? Essas perguntas naturalm.e nte ocorrerão a muitos lei1ores intoxica-

CATOLICISMO -

Abril de 1982

dos pelo no1iciário malévolo com que cenos órgãos de imprensa vêm d ifamando ultimamen1e a TFP. É, portan10, um direito desla dissipar qualquer dúvida,. proe<:<fend_o à pu· bhcação dos tópicos amda méd,tos daquela missiva. Em sua integra, os tópicos ainda não publicados. da cana de S. Emcia., são os seguin1es: "A ,nesma lm11en1ável on1issão se repere co111 relação à Diocese de Campos, tombem le111brada en, sua carta, onde parcela do Clero, pelo 111e11os admiradora da TFP, não ,na· nifesro filial adesão às orientações do Concílio Vaticano li e 111u i10 menos ao Ex1110. S r. Dom Carlos E. G. Na· varro, Bispo da Diocese. "Per111i1a-111e d izer-lhe, prezado Prof Plinio, que V. S. poderia ajudar o res1abelecin1en10 da di.rdplina ecle· siástica com un,a palavra de orienta· ção, dentro das diretrizes do Cond· fio Varicano li. dirigida àqueles sa· cerdotes. "São estas as considerações que faço à sua carta de 28 último. "A1enciosa111e111e e111 Cristo". Não quis a TFP dar a lume esses tópicos, apenas para não chamar sobre si a responsabilidade de paten· 1ear ainda mais Ioda a amplitude da controvérsia teológica que se vem desenvolvendo em campos. Fá-lo Ião-só para salvaguardar sua própria repu1ação. Não há panicipação da TFP nessa com rovérsia. Pois a en1idade é civica e o 1ema da controvérsia é teológico. Quan10 ao ca rá1er decisivo - ou quase 1anto - que S. Emcia. imagina ter uma db11ard1e do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira junto aos Sacer· do1es an1iprogressistas de Campos, há ~isto pelo menos muito exagero de S. Emcia. Basta notar que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com grande número dos probos e dignos Sa· cerdo1es ant iprogressistas, não leve a1é hoje mais do que um ou dois encontros passageiros, com mera troca de saudações. E a alguns não conhece pessoalmente. São Paulo, 15 de março de 1982.

''Manchete'' reconhece erro e publica desmentido A CORRESPONOiõNCIA da TFP com D. Eugênio Sales (ver "Catolicismo" n. 0 375, março de 1982), cujo ponlo de panida íoi uma no1a oficial da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro ccnsu· rando scvcrarnen1e a TFP. teve porepilo· go o comunicado des1a cniidade transcrito ao lado, seguido do silencio definitivo do Purpurado. Esse comunicado foi publica• do na in1cgra pela "Últirna Hora" do Rio em 17-3--82. A acusação-mestra do Purpurado IÍ· nha por base a no1icia divulgada pela revista carioca "Manchete·-. segundo a

qual a TFP manteria em município do norte fluminense campo de txcrcíc10s pa.. "Peço li publicação integral da presen1e carta em próximo número: Como dire1or do Serviço de Imprensa da TFP, vejo-me na neces· sidade de retificar reportagem publicada por "Manchete" com da1a de 27 de fevereiro sob o litulo "TFP Agora o alvo é o Papa", Pois, quer pelo q ue essa reportagem afirma. quer pelo que ela omite, apresenta ao público uma imagem gravemente errônea da TFP. Na impossibilidade de analisar uma por uma as numerosas acusações desfiadas con1ra ela ao longo das quatro páginas da reportagem, a entidade timbra em afirmar espe· cia lmen1c:

1. que a entidade jamais prati· cou agressão. ou sequer ameaça de agressão, cont ra quem quer que seja; 2. que a TFP nunca realizou no local mencionado pela reportagem - ou em qualquer oulro - exerci• cios paramililarcs; 3. que a TFP não promove treinamento de uso de armas de fogo, ou qualquer adestramento de 1iro ao a lvo, para seus sócios, ou seus CO· operadores: 4. e que, portanto, a fotografia de S. S. João Paulo li jamais foi obje10 de exercícios de tiro ao a lvo por parte de sócios ou cooperadores da entidade. E nem o poderia 1er

ramilitares, com treinamento de tiro com

armas de fogo, rendo por alvo uma ÍOIO· grafia de S.S. João Paulo li. Essa notícia já havia sido desmcnlida categoricamente pela TFP cm vários órgãos de imprensa, e não se explicava o estranho endosso que a ela coníenu o Arcebispo do Rio de Janeiro. Em todo o caso. a própria "Manchete" publicou, cm edição da1ada de 27 de março J?·P·, pormcnori7,ado desmcn1ido do Scrv,ço de Imprensa da TFP. ao qual não apôs qualquer comentário. Segundo a praxe vigente, tal atitude importa cm afirmar que, de sua pane, a revista nada 1cm a objetar ao desmentido que estampou. Eis a integra do desmentido: sido, pois 1al proccdimen10 - pesadamen1e sacrílego ou burlesco con1rastaria de todo em iodo com a Fé ca1ólica na qual todo o pensamenlo da TFP se baseia. Es1as, como as demais acusações da reportagem conlra a TFP. vêm publicadas na aludida reportagem sem apoio cm qualquer prova. Por exemplo, a fotografia de dois indivlduos atirando contra um a foto de J oão Paulo li os a presenta de cos· tas. Pelo que são ínidentificáveis. Como iníd entíficável também é o local onde a cena se passa. O Brasi l inteiro con hece a TFP, que 1em a trás de si um longo pas· sado de a1uação pública em favor da civilização cristã (cfr. "Meio século de epopéia a11ticornu11is1a'\ Editora Vera Cruz, São Paulo. 1980, 472 pp., quatro edições, 39 mil exem· piares). Esse passado transcorreu inteiro na mais exala conformidade com as leis de Deus e a s dos homens. Constantemente voltada para o combate doulrinário ao comunismo - adversário inexorável , e afei10 a iodas as formas de agressão - a TFP vem sendo objelo de campa· nhas de detração que se repetem mono1onamente umas às out ras, ao longo dos anos. sem que jamais haja sido exibida qualquer prova das acusações alegadas. Notadanien1e. possui a TFP 2.927 declarações de Delegados de

Policia, Prefeitos e outras autoridades municipais, atestando o caráter ordeiro de suas campanhas cm iodo o 1crri1ório nacional. Considerada a reportagem como um iodo, e não só no que concerne à TFP. salta aos olhos. ainda por ou1ro lado, a inteira carência de credibilidade da reponagem. Po is ela também lança acusações das mais graves - igualmen1e sem provas - contra a honestidade pessoal do dou10 e virtuoso Bispo D. Anlo· nio de cas1ro Mayer, e de ponderável parcela do C lero diocesano de Campos. O que a qualquer católico brasileiro, sem discriminação de cor· rente ou de tendência, repugna crer. Também em várias o utras ma1é· rias, a reportagem incide em erros Oagran1es. Assim. por exemplo, o 1erceiro segredo de Fátima não poderia ser "divulgado pelo Papa João X X li/, em 1980", pois esse Pontífice faleceu cm 1963. No índice das "Acta Apostolicae Sedis'" referente ao ano de 1969 não cons1a qualquer Encíclica la nçada por Paulo VI sobre " Novos Rumos··. Por certo. há na França , como em vários outros países. uma corrente de Sacerdo1es e de leigos que recusam o "Novus Ordo Missoe". Mas quem deu impulso a essa corrente não foi o ..cardeal Jra11i-ês Henry Lefel>vre .., como assevera a reportagem. Nem há Car· deal com esse nome. A reponagcm prc1endeu referir-se ao Arcebispo Mons. Lefcbvre, dire1or do Semi· nário de Ecône. Esse. porém, não se chama Henry. mas Marcel. Por fim. a reportagem também entra no terreno da fan1asia quando afirma que "o TFP ,:01110 com o apoio de do,:, cardeais que já se 11w11ife s1ara111 puhlic,amente: Ouaviani e Bacéi". Pela dupla razão de que ambos já

..

morreram. e nunca aliás se manifestaram em favor da TFP.

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Es1ou ccr10 de que. por um sen1i• mento de justiça. V. Sa. não recusa•á a publicação aqu i solicitada ?'

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O Brasil no turbilh ao internacional POLARIZAÇÃO da política internacional vem trazendo mutações que atingem de modo pleno o Brasil e, quem sabe, com o tempo, a vida particular de cada um dos brasileiros. Estão trincadas as possibilidades de conseguir linearmente a détente das épocas de Ni>ton e Carter; sobraram restos dela. A vitória de Ronald Reagan foi o triunfo do eleitorado desejoso . de energia e rearmamento. Mitterrand na França significa o missionarismo autogestionário, ansioso de estender a influência de suas idéias ao Ocidente inteiro, o que provoca fricções e desagrados. Equivale ao "cavalo de Tróia" na cidadela do Mundo Livre. O clima da détente pressupunha otimismo da parte da opinião pública norte-americana; e

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da parte dos russos, gradualismo na obtenção de seus fins. A situação na América Central põe de lado na região a política do avanço cauteloso russo, rompe com a máxima de ação do finório socialista francês Millerand, que dizia: "Tenho n1edo de provocar o 111edo" (opud Georges Sorel, "Repexions sur lo violence", Mareei Riv1ere Ed., Paris, 1930, p. 141). A Rússia na América Central está criando o medo. Talvez premida pela necessidade de avançar mais rapidamente do que permite a capacidade de acomodação do desatento público ocidental, decidiu correr os riscos de ocasionar, em algum grau, uma levée de boucliers anticomunista. E conflagrar a América Central, onde estabeleceu sólida cabeça-<le-ponte na Nicarágua e promove guerrilha em quase todos os seus ·países. Essa região, sob o aspecto territorial e o de população, não tem grande peso. Entretanto, por força

da decisão política da administração Reagan de opor-se ali ao avanço comunista, transformou-se ela mutotis mutondis no que foram os Bálcãs por ocasião da I Guerra Mundial. Como se recorda, naquela península chocaram-se os interesses dos poderosos impérios dos Habsburgs e dos Romanovs, arrastando logo após, pela fatídica força dos tratados, a Europa inteira. Seria a América Central os Bálcãs da III Guerra Mundial?

Tal raciocínio, correto, parece- também perplexitantes orientações me abranger apenas parte da reali- do Itamaraty, que coloca sua recodade. Há também a imensa América nhecida capacidade diplomática na do Sul. único continente que, ao direção de políticas que destoam da lado da Austrália. tomado em bloco sensata linha anterior da Casa de se mantém fiel à aliança ocidental. A Rio Branco. Europa vacila: socialistas no poder Dentro desse quadro, importânna França e na Grécia, pacifismo na cia de primeira plana possuem as Alemanha, forte PC na Itália e amea- correntes influenciadas pela oriença da ascensão de um PS anti· tação da CNBB, propagandistas, NATO na Espanha. para o Brasil , de transformações de Ora, o tumulto na América Cen- cunho rad ical. e externamente comtral te nde a obscurecer a premência placentes com os avanços do totade estreitar laços de todas as ordens litarismo soviético, como no claentre as nações da emergente Amé- moroso caso da Nicarágua. Em 2 de A América do Sul no rica do Sul e os Estados Unidos. O março p.p., a imprensa noticiou que choque das superpotências abandono desta visualização equi- o próprio ministro do Exterior da Comenta-se com acerto que as valeria a apressar o já acelerado ditadura sandinista, Pe. Miguel rotas marítimas que passam pelo deslizar desta parte do globo rumo a d'Escoto, admitiu q ue a ideologia de Caribe são vitais para a segurança posições terceiromundistas - sob a seu país contém "ele,nentos de ,narnorte-americana. Delas os E.~tados égide pressurosa da França de M.it- xismo" e que o e xército nicaraterrand, à disposição para o papel. güense está sendo treinado pelos Naturalmente, a fórmula que ten- cubanos. deria a unir o bloco tereeiromunAs esperanças que o comunismo dista deveria passar pela difusão, em nutre em relação a tal situação esca la mundial , do modelo autogestionário que o socialista gaulês Pier- foram expressas claramente pelo exre Rosanvallon chama de "destrui- secretário-geral do PS chileno, Carção da propriedade como instituição los Altamirano, c ujo partido, de social"(" L'âge de l'autogestion", Ed . doutrina marxista-lenimsta, constidu Seuil, Paris, 1976, p. 112). Ainda tuía o núcleo principal da malono mesmo livro afirma: "No século grada Unidad Popular. Allende, coXVIII o cont·eito de den,ocracio mo se sabe, pertencia ao PS. Afircanalizou e exprimiu os esperanças ma Altamirano: "Seja qual for o revolucionários. No século XIX/oi o grau de influência que as correntes Guerrilheiro vez do sociolisn10. Nosso tese é que a progressistas e revolucionárias te· marxista em autogestão está destinada o repre- nham dentro da Igreja latino-ameriEI Salvador. N o exterior. sentar hoje o papel que foi ante- cana. o foto é que o fenômeno te111 grande al)Oio riormente da de,nocrocia e do SO· relevância dentro e foro dos setores publicitário para eclesiásticos. Na A111érico Latino, a eia/ismo" (op. cit. pp. 14-15). as investidas Igreja ma11tém suo ascendência sode Moscou rumo bre os massas. mais do que en, à conquista O Brasil na América do Sul qualquer outra porte do n1undo. da América Central. Co,11 antecipação e lucidez. Che A rota marítima que passa pelo Guevara jâ compreendera o signiUnidos não podem prescindir. sob Atlântico Sul fica na dependência de ficado dos cristãos do nosso contipena de entregarem sua vida econô- quem controla as costas da África nente e o papel que deveriam assumica e militar ao arbítrio do adver- ou do Brasil. Em caso de conflito, as mir no luto de libertação: 'Quando sário. Assim, para esta nação, a ex-eolõnias portuguesas de Angola e os cristãos se atreverem a dar um batalha pela América Central en- Moçambique, dirigidas por gover- testemunho revolucionário, então a volve, em alguma medida, a luta nantes marx istas, podem criar em- revolução latino-americana será inpela própria sobrevivência. Ela não baraços sérios aos navios carregados vencível'. Co,n igual sensibilidade, pode permitir um poder inimigo de petrôleo e materiais estratégicos Salvador A 1/ende diria a Regis Dedominando o Caribe e a América cm demanda dos Estados Unidos e broy: 'E>tiste um gérmen revolucioCentral, a menos que se conforme da Europa. O distanciamento do nário nas massas católicas, que é em perder a liberdade de acesso ao Brasi l em relação aos Estados Uni- uma coisa difícil de captar. Mas petróleo e materiais estratégicos ne- dos implica, nas co nsequências ex- precisamos organizar isso. Temos de cessários à sua e>tistência como na- tremas do processo, a perda do unificar essa coisa'. Disso tudo conção de fato independente. Racioci- Atlântico Sul como mar amigo do clui-se co1110 é importonte para o nam círculos dirigentes em Wa- Ocidente. Transformar-se-ia em re- 1novi1ne1110 revolucionário continenshington que a fachada social-<le- gião hostil. tal que não apenas o baixo clero. mocrata de figuras diretivas da guerNaturalmente contribuem den- mas ta111bém os dignitários esclarilha salvadorenha encobre, mais tro de nossa Pátria para essa asfixia recidos do hierarquia eclesiástico. uma vez, os reais mandantes, os gradual da nação norte-americana ossuma,n u111 papel co,nbotivo na soviéticos. Foi assim em Cuba e as correntes esquerdistas de vários batalha social. Já existe111 111uitas Nicarágua, onde a máscara só caiu matizes, determinadas a calar pru- figuras que têm construido uma depois de consolidados os marxis- dentemente os objetivos últimos de Igreja diferente, identificada com o tas no poder. Manter EI Salvador e seus esforços, mas cujos manejos rebeldia dos pobres e co,n a consimpedir o a lastramento das guerri- tendem sempre a estabelecer um trução de urna sociedade basicolhas, nessa ótica, transforma-se em fosso entre nós e aquele pais. Não n,ente socialista. [...] O n,ovimento imperativo da segurança nacional. raras ve1.es, caminham em tal rumo popular deve dar o justo valor ao

A esquerda:

Saint-Laurent-sur-... tanto, ali - bem como esparso por toda a região da Vendéia militar tem-se a impressão de que o olhar de Deus não cessou de passear pelos campos, comprazido com a epopéia reali1.ada em seu Nome, saudoso da época em que possuía bravos em suas fi leiras. Seu primeiro túmulo está situado ali perto. Visitei-o numa fria tarde de neblina. Entre árvores desfolhadas, um pedestal e uma cruz de pedra recordam a tristeza do desaparecimento do herói vendcano. As ruínas de seu castelo são imensamente expressivas. Evidentemente, foi incendiado cinco vezes e destruído pelos revolucionários como represália contra o jovem comandante .que lhe impôs pesadas derrotas. Nos resquícios do castelo distinguem-se ainda a capela. a torre de vigia. o pórtico e ou tras dependências. Seu antigo fosso contém água. Quem atravessa a ponte de acesso à frente do castelo. depara-se com o portal nobre. encimado pelo brasão da fam il ia . Certamente por ali passara La Rochejaquelein, no d ia em que. abandonando sua vida privada, segu iu fielmente a missão que a Providência lhe oferecia pelas

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ruínas do castelo de L& Rochejaquelein. herói da guetTa da VencMia contra a Revolução Francesa

A direita: prim&iro túmulo d o destemido comandante

vendeano La Rochejaquelein

mãos dos camponeses. os qua is conclamaram-no a assumir o comando d.i luta. Se se pudesse qualificá-las de ruínas intactas, assim cu as cha maria. Basta o lhá-las para sentir a cada instante a íma$inação arrastada a recompor os dias. os homens e a chama combativa que animou aqueles bravos guerreiros. Elas não nos aparecem principalmente como destroços ali deixados para os homens consta tarem o que acontece aos que ousam se opor à marcha da Revolução. Como. por exem pio. o sangue das vitimas que a Revolução Francesa guilhotínou, para amedron-

tar as populações do tempo. A impressão é de que, destroçado, o castelo sobrevive naquilo que simbolicamente e le significou. na espera de que um sopro ressuscite o épico espírito de outrora.

Frutos da pregação do arauto mariano São Luís Grignion terá previsto tudo isso? Em suas luzes proféticas foi-lhe também dado ver a propagação do fogo de sua palavra por distantes tempos futuros? Foi pensando nele que deixei o castelo de la Durbelliere e voltei mais uma vez a

Saint-Laurent-sur-Sevre, desta feita rapidamente, pois já era quase noite. Pude olhá-la e admirá-la ma is uma vez. Uma bruma descia sobre seus campa nários. O sol tinha desfei to a nature1.a d e cristal do amanhecer. O Scvre. para além do velho moinho. seguia suave e lentamente seu curso. Mais adiante, a Basílica. No seu interior. re pousa na doce paz de Maria, à espera da ressurreição. aquele formador de almas marianas. heróicas e contra-revolucionárias.

Pró<:er eoclalista chíl<lno Certos Att.nirano

papel extraordi11ario1nente positivo que o Igreja chilena ten, dese,npenhado. con,o evidência das 111udonços que estão ocorrendo dentro dela" (Carlos Altamirano, "Dialética de uma derrota, Chile /970- 1973", Ed . Brasiliense, 1979, pp. 250-251). No caso do Brasil, pode-se deduzir da opinião acima defendida por Carlos Altamirano que, sem um extenso combate doutrinário, ordeiro e conduzido com discernimento. dentro da opinião pública católica, o resva lar de grandes blocos rumo à esquerda tornará a desejada revolução de "Che" Guevara, segundo sua própria expressão. "inevitável". Pois só a inteligente apresentação de razões sólidas pode obstar os efeitos da poderosa propaganda esquerdista de ponderável setor ecles·iástico. Em virtude de seu território e população, o gigante sul--americano é o Brasil. Cabe-lhe nessas circuns· tâncias posição de primeira importância na determinação da apocaliptica luta que envolve os destinos do mundo. Pois se os Estados Unidos perderem a aliança da América do Sul, restar-lhe-ão aliados insuficientes - muitos deles duvidosos para fa1.cr frente à ameaça do imperialismo russo. Sob essa luz, compreende-se melhor o valor estratégico da disputa interna a propósito da orientação pró-ocidental do País ou seu deslizamento rumo à enganosa posição terceiromundista , ante-sala d a satelitização em torno dos interesses soviéticos.

Péricles Capanema Nota da Redação: Este artigo foi

escrito antes do crise a propósito das Malvinas, a qual põe ainda en, n1aior evidência o papel-chave de nosso País na atual conjuntura mundial.

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ONTA-SE que, na Antiguidade, um filósofo grego saiu certa vez pelas ruas de Atenas em plena luz do dia portando uma lanterna. Perambulando desse modo pelas vias e praças, provocou o desconcerto da população. Inquirido sobre as razões de Ião singular procedimento, redarguiu ele que "procurava um hom~m". Resposta sem dúvida bizarra. Caso fosse tal filósofo, entretanto, uma pessoa reta - este concretamente não o foi - poder-se-ia tentar atribuir a seu gesto um sábio significado simbólico. Com alguma boa vontade, talvez imaginássemos que ele procurava. no meio da corrupção e decadência tão freqüentes no paganismo, um homem de fato íntegro. Poderiamos ir mais longe, e figurar nosso. personagem como tendo eKcogitado, pela razão natural, uma idéia completa do que a natureza humana bem desenvolvida deveria engendrar. E retratá-lo amargurado, por encontrar apenas desmentidos da referida noção nos homens que, em concreto, ele conhecesse. e dizendo consigo mesmo: "Deve eKistir alguém sobre a Terra que tenha alcançado o auge da perfeição possível num ente humano; caso contrário, o homem seria um ser desordenado no seio da Criação". Veio-nos ao espírito a extravagante cena dessa "busca de um homem"... quando deparamos com o ambiente evocado pelas duas fotos reproduzidas nesta página . Trata-se do andar térreo (foto abaiKo) e da parte superior da famosa Sointe Chapei/e, construída no século XIII por ordem de São Luís IX, Rei da França.

prisioneira na Saintc Chapellc. acabasse por freqüentar mais amiúde o té rreo. Mas o andar superior, na linha da delicadeza e do ouramente espiritual é incomparável. Não existe algo assim nem na lindíssima Catedral de NotreDame de Paris. É uma profusão de cores e uma vàriedade de desenhos sem igual - note-se que não há dois vitrais idênticos. O vitral é, a liás, a obra-prima da genialidade medieval. Os homens daquela época produziram tantas coisas admiráveis: arquitetura, iluminuras etc. Nada disso supera o vitral. que é como cor em estado puro. E assim por diante, poderíamos ir compondo essa amigável porfia.

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A alma inocente, máxime quando é bati1.ada, tende por assim dizer instintivamente para as coisas belas. A civilização cristã tem produzido nessa linha grande número de obras e instituições magníficas. É evidente, porém, que o belo foi sendo gradualmente banido da face da Terra. E quem hoje percorresse as vastidões do globo à procura do belo, correria sério risco de fazer papel semelhante ao do "caçador do homem" da Grécia Sainte Chapelle: capeta superior antiga. Entretanto, como é nobre o homem inocente que revolve as ruínas ser pessoa sã que fugiu de um leproda desolação à busca do belo! Se sário. O contraste com o sublime pudéssemos idealizar uma pessoa aguça a noção de quanto a Revonessas condições, que admiração não lução gnóstica e igualitária é vil. surgiria cm sua mente se ela fosse de repente transportada para dentro da Saiote Chapelle, em meio a este jorro de luz, de ordem, de harmonia, de Em 18 de agosto de 1239, majesseriedade, de sacralidade, que ela toso cortejo percorria as ruas da representa? E que exclamações não Paris medieval. Nele, um personaaflorariam em seus lábios? Talvez gem, por sua elevada estatura e assim se exprimisse: maneiras nobres, sobressaía mui"Ô aspirações, ó desejos, ó esbo- to em relação aos demais circunsços de criação, que correspondem a tantes. Sua cabeça estava descoberta, uma parte do que há de mais deli- os pés descalços, e levava nas mãos cado em minha alma! Eu esperava com suma reverência algo parecido encontrar-vos e, sem ter r.erdido esta com um escrinio. Procedente de esperança, a bem dizer, Já não espe- Constantinopla, a Coroa de Espinhos rava mais. À força de desilusões, de Nosso Senhor Jesus Cristo era pensava que só vos poderia contem- conduzida por São Luís IX. Rei da plar no Céu ... Mas eis-vos aqui rcali- França, para a Catedral de Notre1.ados! Que pra1.er em ver-vos como Dame. Querendo honrar a sagrada eu vos imaginava; mas que alegria, de relíquia de modo condigno, mandou outro lado, por verificar que concreti- o monarca erigir, agregada a seu 1.ais de modo mais intenso aquilo palácio (cujos remanescentes estão que, nas brumas indecisas do meu hoje incorporados ao Palácio de Jusanelo. eu vos afigurava. Tinha-vos tiça), uma capela-relicário, construídesejado, não vos tinha planejado; da de 1242a 1248. Ela é composta de agora encontro-vos aqui rcaijzados". duas partes: uma inferior, reservada Em cada pormenor, o nosso pere- ao pessoal doméstico do palácio real; grino notaria um velho conhecido outra superior, destinada ao Rei e à muito sonhado, jamais delineado sua corte. É a Sainte Chapelle, indiscom precisão, mas amado profunda- cutivelmente o mais belo monumenmente. Acostumado aos revezes, às to da arte gótica. Podemos ali imaginar São Lu,ís desilusões, ele talvez procurasse certificar-se de que não se está deixando subindo a escada helicoidal eKistente do lado do Evangelho. para venerar levar por impressões superficiais. • Algo aqui não conduz a realização os Espinhos da Paixão. Parar defronde meus anseios até a su;i. plenitude? te à relíquia, rezar, meditar, relemAlgo dá a entender, pelo menor brar os sofrimentos indiz.íveis do desmentido, que o gênio que c-0nce- Divino Mestre. as passagens mais beu a Saiote Chapelle não teve inte- difíceis e gloriosas da Cruzada que o gralmente as noções de harmonia e próprio santo empreendeu ... A Coroa de Espinhos, entretanto, beleza que sempre desejei ver justapostas?" - Seu olhar anaijsa, porém, não mais se encontra nessa capela: foi com confiança e sem aflição, porque transladada para o Tesouro da Catequem pôde conceber e constrwr aqui- dral de Notre-Dame de Paris. lo não poderia deixar de estar certo em tudo. E seu espírito sente enlão o afago e o aconchego com que tal ambiente As limitações do branco e preto o envolve. - "Deixai-me descansar, não nos permitem, infelizmente, recurar as minhas feridas e recompor- produzir adequadamente toda a rime de todos os padecimentos que queza e o deslumbramento dos vitrais suportei, olhando para vós. Sede e da ornamentação da Saiote Chapara mim como a serpente de bronze pelle. Se nos fosse possível, apresenque Moisés apresentou aos judeus, taríamos as ilustrações em cores ou, sarando aqueles que a fixassem (cfr. melhor ainda, convidaríamos o leitor Num. 21, 8-9)". Nessa atmosfera de a visitá-la pessoalmente ... Ao menos, feeria, o peregrino tem a sensação de a exuberante beleza do pequeno tem-

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pio e a rara felicidade na escolha dos ângulos fazem com que estas fotografias ainda nos possibilitem tecer algumas observações. Logo de imediato, desponta o contraste harmônico mas profundo entre os dois ambientes. A capela inferior, se não·fosse o andar térreo da outra, mereceria tornar-se célebre. Enq uanto o andar superior é uma linda coleção de vitrais, a capela baixa ostenta mais arquitetura. Poderíamos dizer que cm cima deparamos com o triunfo do decorador, e na parte inferior, o êxito do arquiteto. Embora ali também o riquíssimo colorido das pinturas deponha eloqüentemente em favor do seu decorador. A oposição dentro do harmônico é tão saliente 9.ue se é levado a conjecturar um diálogo entre os Anjos custódios de uma e outra capela. A parte alta exprime um triunfo que não se manifesta através de cores ofuscantes. t uma vitória subtil e diáfana, de cores que de tal maneira se

transcendem umas às outras rumo a perfeições cada vez maiores, que implicitamente afim1am a concepção de um mundo do qual todos os adversários dessas perfeições foram varridos. Se o andar superior glorifica uma conquista feita, o inferior glorifica a asoensão, a luta de quem se esforça por triunfar. Ora, há mais nobreza na asoensão, com todos os seus riscos. suas incertezas, do que no já realizado; uma festa da vitória nunca tem a mesma grandeza da batalha. O andar superior da Sainte Chapelle pertence mais ao mundo dos sonhos - dir-se-ia mesmo que é uma expressão do Reino dos Céus - , enquanto o térreo fala mais da vida terrena. Não obstante, há algo em baixo, por onde transluz mais ali a seriedade, sem que· haja nisso o menor desdouro ou censura à parte superior. E é até compreensível que uma pessoa, se acaso ficasse deliciosamente

A que propósito vêm tais considerações'/ Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas. cores. sons, perfumes. sabores e certos estados de alma. É claro que por estes meios se pode influenciar possantemente o homem. quer para o bem quer para o mal. . A Saiote Chapellc. como tantas obras de arte inspiradas pela Igreja Católica, cria uma atmosfera difusa. dificil de ser definida por palavras. mas muito real, que convida as almas ao sublime, toma fácil a aceitação das verdades de fé. e robustece e dá a lento às inclinações para a virtude. Na contemplação enlevada e entusiasmada de obras desse gênero, o católico de nossos dias pode se defender - como o hipotético "peregrino do belo" - das mil agressões da hediondez contemporânea, refazer-se de seus golpes, experimentar algo que lhe aumente a esperança dos esplendores do Paraíso Celeste. E também, na alma varonil, a indignação abrasada contra aquilo que contunde essas maravilhas. Aí pode o verdadeiro católico passear seu espirita pelos vitrais, fixando-se em ~lgum reflexo, ou num pedaço de cor. ou neste pormenor. Deter-se, por exemplo, diante de um azul especialmente belo e imaginar como seria o perfil moral do homem que tivesse a alma "azulada", isto é, que tivesse cm grau eminente aquela virtude moral que se prende. pelo nexo misterioso a que nos referimos acima, à cor azul. Poderia ir além e se pergumar: "Como seria o universo onde o mencionado azul desse a nota tônica?'' - Poderia também se encantar com o conjunto multicolor e correlacioná-lo. por exemplo, com a vida de tal personagem histórico, de tal santo. E. dentro dessa perspectiva. disoen1ir oerta analogia entre os vitrais e os espíritos humanos bem construídos, em cujos modos de ser e atitudes faiscam ora determinado matiz de certa cor, ora outro tom, cintilando como um glorioso vitral no momento em que o sol o incendeia. Como se poderia ir longe nessas cogitações! São as riquezas da Igreja de que hoje não se falam. Possamos também nós, como o nosso "caçador do belo", ao cabo dessas linhas sentir um pouco o aconchego da Saiote Chapelle que, no fundo, é participação da suavidade da Santa Igreja, do sorriso matemo de Nossa Senhora, da bênção patema e majestosa do Divino Redentor. Sainte Chapelle; capela inferior

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Influência russa na crise das Malvinas O curso dos acontecimentos relacionados com as Ilhas Malvinas ameaça afetar, e a fundo, tanto a política externa como a interna do Brasil. Importa, pois, que a opinião pública brasileira conheça, em profundidade, o que vai se passando, a esse respeito, na Argentina. Para isso concorre, de modo capital, a leitura de um comunicado que a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade publicou no dia 13 do corrente, no importante matutino portenho ~La Nación". Constitui ele o primeiro documento vindo à luz no país irmão, a descrever as últimas e mais importantes perspectivas do engajamento militar argentino nas Malvinas. Dado o alcance desse pronunciamento, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP - enviou ao General João Batista Figueiredo, Presidente da República, a seguinte mensagem em telex datado de 13 do corrente:

ATLANTtCO NORTE

"'°'" A$ $Olé$ índi-

eam a rota da osquadra blitll· n ico,

.....

"Peço a alta atenção de V. Excia. Excia. que no balizamento da nossa para o Comunicado hoje dado a politica ante a crise das Malvinas, público no matutino portenho "La queira tomar em consideração as Nación" (p. 4) intitulado LA inde- preocupações da TFP argentina. Rogando à Providência que ilupendencia d e la Argentina católica ante la efectividad de la soberanía en mine a V. Excia. na fixação dos un territorio insular - LA TFP rumos de nosso País nesta delicada apela ai Gobierno, a las Fuer zas emergência, apresento-lhe as expresAnnadas y ai pueblo, da Soc1EDAD sões de minha atenciosa consideração. ARGENT INA DE DEFENSA OE LA TRADI•

,

• Aeoondo 8AAStL

Caphal das Falklands (M alvinas). Port Stanley, rebatizado como Puerto Argentino. Valia a pena os platinos terem invadido as ilhas justamente agora. com o risco de dar inlcio a uma intromissão russo,cubana e uma conflagração internacional?

.....

t/6'\ltlto

ATIÂNTICO SUL

CIÔN, FAMILIA y PROPIEOAO.

Esse lúcido documento, de nobre e altaneira inspiração cristã, põe em des taque importante aspecto da crise das Malvinas, o qual, a meu ver, tem sidó insuficientemente notado tanto pela imprensa da Argentina quanto pela do Brasil. Na qua lidade de Presidente do CN da TFP brasileira, rogo a V.

PLINIO CORR~A DE OLIVEIRA

Presidente do C N da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade"

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Cl<..

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Po,t Si.~ :·~

Análoga mensagem foi enviada ao Sr. Saraiva Guerreiro, Ministro das Relações Exteriores.

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i?P

A independência da Argentina católica ante a efetivação da soberania em um TERRITÓRIO INSULAR A TFP argentina apela ao Governo, às Forças Annadas e ao povo O entusiasmo provocado pela recuperação das Malvinas fez com que a opinião pública de nosso País deixasse passar de forma inadvertida várias circunstâncias fundamentais que importa destacar, pois são de vida ou de morte para todos os argentinos que amam deveras a Pátria. 1. Se bem que o ato de soberania territorial sobre o Arquipélago seja importante, muitíssimo mais o é a sobrevivência de todo o País como nação independente do iníluxo e mesmo da tirania comunistas. A questão comunismo-anticomunismo é infinitamente maior que a questão das Malvinas. 2. Se para conservar as Malvinas, a Argentina vier a se aliar com a Rússia ou a aceitar o apoio militar russo, teremos perdido muito mais do que ganho, pois a intenção óbvia da Rússia consiste em impor. mais cedo ou mais tarde, um govcrno-t itere a nossa Pátria. 3- Há vários indícios de que a Rússia procura atrair nessa direção o Governo e a opinião pública de nosso País. No comunicado de 7 do corrente, já mencionamos como antecedentes a compra pela Rússia de quase 80% de nossos cereais. a assinatura de tratados sobre questões nucleares, a presença de submarinos soviéticos em águas próximas à Argentina e o oferecimento da embaixada russa de nos prestar auxilio militar. A estes indicias se junta agora o silêncio oficial guar-

dado sobre o assunto, apesar das noticias internacionais (ver, por exemplo, "El Dia" de Montevidéu de 7 do corrente, em primeira página: ·· URSS of<'ret:eu ajuda militar à Argentina e seus submarinos se manteriam vigilantes na área"). Assim, um desmentido do Governo referente a qualquer tipo de compromisso com a Rússia - o qual há tempos se vinha fazendo necessário - toma agora, a nosso ver, caráter de urgência. 4. Se a Rússia intervier do lado argentino, é quase certo que os Estados Unidos intervirão do lado inglês, desencadeando-se assim o jogo de todas as alianças. A Ili Guerra Mundial ter-se-ia desatado por causa das Ilhas Malvinas. E a Argentina formando parte do bloco soviético! 5. Essa situação criaria um problema de consciência para todos os argentinos, que em sua imensa maioria são católicos. Jamais poderiam eles aceitar uma aliança com a Rússia, e , pelo contrário, seu dever é resistir a ela , sob pena de pecado contra o primeiro Mandamento da Lei de Deus: amar a Deus sobre todas as coisas. Se por amor à integridade territorial da Pátria se aceitasse uma coalizão com os comunistas - que são inimigos declarados de Deus - se estaria afirmando implicitamente que a Pátria vale mais do que Deus. O que é uma blasfêmia intolerável. Os argentinos católicos deveriam, portanto, se opor

A TFP argentina alerta para a presença de submarinos soviéticos em águas próximas a seu pais. precisamente no momGnto em que eclode a crise das Malvinas

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por todos os meios lícitos a essa aliança. A Argentina, ou será católica ou não será. Com ou sem Malvinas. Deus. ~ue deu à nação argentina todo o seu território continental invejado pelo mundo inteiro por sua fecundidade e extensão - veria que nos a liamos com os inimigos dEle, só para tornar efetivo, neste momento e sem tardança, um direito sobre as Ilhas Malvinas, que, por outro lado, ninguém nos pode negar.

6. é sintomático que até os

terroristas "montoncros", com a assi natura de Mario Firmenich, tenham apoiado o Governo a propósito da recuperação das Malvinas . E em entrevista à imprensa, afirmem que desfilarão na Plaza de Mayo, na manifestação convocada pela Rádio Rivadávia, para demonstrar sua "solidariedade militante contra a agres· são i111perialis1a dos conservadores britânicos" (cfr. "Jornal da Tarde" de São Paulo de 10-4-82). Políticos e líderes sindicais pcronistas são conduzidos pelo Governo às Ilhas Malvinas como personalidades dignas de tal honra. e também o apóiam. Cumpre lembrar o papel que coube aos pcronistas no crescimento do terrorismo. as medidas socializantes com que arruinaram a convivência e a economia nacionais . e o

fato de que foram necessárias duas revoluções para os desalojar do Poder. Em vista disso, o presente gesto do Governo, em consonância com as declarações dos próprios peronistas e dos "montoncros", faz recear que, a exemplo do que sucedeu na Rússia de 1917, os eventos bélicos sirvam de ocasião para que se implante no País um governo de esquerda. O qual, por outro lado, seria amplamente favorecido pela Rússia, se tivermos a desgraça de ser apoiados por ela no conílito com a Inglaterra. 7 . Os integrantes das Forças Armadas argentinas. que cm sua imensa maioria são católicos e anticomunistas, estão sendo arrastados a esta situação sem saída, envolvidos numa atmosfera de entusiasmo patriótico .

Rogamos a Deus que na lúcida e patriótica rcílexão das Forças Armadas estejam inteiramente presentes, na atual tensão. as considerações que aca-bamos de lhes apresentar, bem como a todo o País. Pedir-lhes esta ponderação num momento de tão nobres ardores patrióticos de nenhum modo importa em pedir-lhes que debilitem seus esforços na defesa da Pátria , mas, pelo contrário, em revigorá-los contra seu inimigo mais profundo e terrível, que é o comunismo. O patriotismo que conduz à cegueira e ao suicídio não é patriotismo. é uma paixão manipulada por quem a provoca com objetivos friamente calculados. 8. A T FP pede ao Governo e às Forças Armadas que não permitam que esta situação, que pode facilmente tornar-se calamitosa, continue . É necessário esgotar todas as vias nobres e honestas que se nos apresentem para chegar a um acordo com o governo dos "conservadores britânicos" - tão odiados pelos "montoneros" - que ressalve nossos direitos, mas sobretudo preserve a Argentina do comunismo. E també m preserve contra qualquer divisão a aliança ocidental, pois essa divisão poderia dar ensejo não apenas a uma ação comunista cm nosso Pais, como a um debilitamento irremediável da referida aliança . Os responsáveis por muitos atos de entrega cm face do comunismo.

começando por Yalta e terminando pela Rodésia. ta lvez não o deplorem tanto. Mas na questão crucial de nosso tempo - a confrontação mundial comunismo-anticomunismo - nossa militância anticomunista deve ir além do entrcguismo das grandes potências (que, diga-se entre parêntesis, em muitos outros pontos usam de rigor contra seus verdadeiros amigos. mas não contra a Rússia e seus aliados). Se nos atrevemos a enfrentar a Inglaterra por amor às Malvinas. não nos atreveremos a rechaçar as ofertas da Rússia por amor a Deus? 9. O Governo deve denunciar os numerosos tratados firmados com os países comunistas, que cm seu conjunto sempre redundam em decepção e prejuízo para os países contratantes; e adotar uma política exte rior de cnfrcntamcnto do comunismo, especialmente no continente americano. Se assim o fi1.cr. por fidelidade à Lei de Deus. é prová vcl que se consol ide a reconquista das Malvinas e muito mais, porque também valem para as nações aquelas palavras de Nosso Senhor: ·· Buscai primeiro o Reino de Deus e sua Justiça, e todas estas coisa.< vos serão dadas de. acréscin10" (MI. VI, 33). Buenos Aires, 12 de abril de 1982 Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

Mais uma vez a TFP desmente AO lz,NCE~RAR seu Comuni'cado - publicado em ó'rgãos da grande imp;ensa norte-americana e europeia. sob o título ''Na Françg: o punho estrangulando a r.osa" (•) - sobre a desconcertante recusa. por parte da impre)lsa parisicn\e. de publica'r a Mensagem das treze TFPs concernente ao socialismo autogestioná,io de Mitterrand, o Prof. Plinio Cof rêa de Oliveira ese,evera em 11 de fevereiro !)..P,. : 1,De11ois. das grande,r ca111panhos - se,np're d outrinádas e ordeiras das TFPs contra o comunis1no: este se cala. Não. n11ti10 1e1npo. depois. eon, base em clefo.r.n,ações ou (laltinias se,n alcance doutrinário. tê1n surgido co..111ra elas ofensivas pu/llit:itáâa.• furiosas-. Repetir-se-á isto agora? 'Qui vivra vcrra', diz o adógio qopula~ fran (lês". /1,;o que parece vai se confirmando a p,rev_isão. Depois d~ reportagem inteiramente mvenilica e difamatória sob;e a TFP pubJícada por "Manchei~· (edição de 27-2-82), apareceu singularmente em Vi1ó'r1a e em órgão,s de imprensa de -v árias cap11ai,s (•) Ver a in1cgra desse € omunicado na

primeira p:ígina d? pr~cntc edição.

uma ooticia scnsacio:nalista a respeito de suposlo campo de treinamento paramilitar da TFP, que teria sido descóberto em Nova i Viçosa, sul da Bahia, O noti- 1 ciá'rio contém todos os elementos para impressionar cemo público de esquerda, afeito a dar crédito de antemão a tudo quanto se lhe diga contra a 'FFP.. O mencionado noticiário refere-se a armas de fogo de grosso calibre, priwati'1as das ForÇlls Armadas, a campos locali1.ados em pontos isoladtis·t a l)\;rsonagens miste~iosos vindos de Beto Horizonte para fazer tal treina'tnen10, a jo,,ens "entre /8 e 26 anos" e com "cabelo cortado rente'' que participariam do~ exercícios, a 'J;otogrtifias- de pe,sonalidades dfre,sas (indusive do Papa João Paulo Í,J)", e menciona os oomes de três pessoas d.e Belo Horizonte que terjam dirigido o referido treinamento. Em face de tais noticias, a TFP afirma, do modo mais· categórico. não terem elas o m,cn.or, fundamento na realidade. As três . na repo_rtagcm .' pessoas alud1itas não têm qualquer co,n\ato com a 'FFP. Esta jamais crealizou treinamentos de car~te~ militar naqµcle ou cm quali:juer outro local ao territósto brasileiro.


1 •

ll N.0 377 -

Maio de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Eni Granada, a Virgeni verte lágriinas de sangue cio ou rezando o Rosário e cantando hinos marianos. No dia 13 de maio à noite, quando a policia insistiu junto à população para que se retirasse, o povo respondeu aos brados: "A Virge,n é de todos, queren,os vê-la". Dentro da capela , diante da imagem, desenrolavam-se cenas de piedade comovedoras. Em geral as pessoas mudavam de fisionomia, ficando sérias. Algumas senhoras começavam a chorar e a suspirar exclamando, por exemplo: "Ai, minha Mãe. Por que chorais assim?" - "Dai-n,e um pouco de vossa dor!"

Os prodfglos

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O superior dos Irmãos de São João de Deus, Frei Ernesto Ruii Ortega, manifestou-se claramente hostil a uma interpretação sobrenatural do acontecimento. "Não sé pode falar en, milagre", declarou ele ao "Diario 16" de 15-5-82. Mas admitiu em seguida: "Pode ser que seja isso. porque onten, pela tnanhã, quando descobrimos [o rosto da Virgem). as supostas lágrimas estavam ,nuito frescas e os olhos da imagem apresentavam um aspecto carnoso e além disso já estão se coagulando e tên, un, aspecto rachado''.

"A verdade - reconheceu ainda Frei Ernesto - é que estes eventos 1 ocorreran, se,n se saber conro, porque na igreja não encontran,os nada A artlatiea Imagem da Virgem das lágrimas. cujo pranto de sengue impressiona a Espanha, á obra de Josá de Mora ou de sua escola (sáculo XVIII), A cabeça e •• de anormal: que se haja forçado as mloa alo de madeira policromada. O busto d de vime e 01 broçoe alo articuladoa. portas, ferrolhos. janelas etc. A Virgem aparecia em seu nicho, co,no de A noticia espalhou-se rapida- costume, senr sinais de ter sido Pedro Paulo de Figueiredo mente pela cidade antes que o supef orçada a fechadura da porta de nosso correspondente rior da Ordem de São João de Deus cristal". O mesmo jornal atribuiu tamMADRID - Na manhã do dia - cujos Padres são guardiães da Basílica ordenasse a retirada da bém ao superior dos Irmãos de São 13 de maio último, data em que se imagem do local, como pretendia 0 João de Deus em Granada esta comemorou o 65. aniversário da em um primeiro momento, segundo declaração: "Isso não é mais do que primeira Aparição de Nossa Senhosuas declarações ao tablóide de cen111n fato que apareceu aí, que pode ra em Fátima, o Pe. Fernando tr<H!S(Juerda "Diario 16", de Madrid. ser verdade ou pode ser ,nentira. Villanueva abriu como de costume No dia seguinte ao acontecimen- Mus nesta casa não tenros ,nais que as portas da Basilica de São João de to, 70 mil pessoas já haviam des- inválidos e crianças. Pensamos que Deus, em Granada, onde está enterrado o Santo fundador. Eram sete filado ante a Virgem das Lágrimas, pudesse ser algum doente, mas a horas. Mas quando Pe. Fernando de acordo com o "Diario de Gra- verdade é que não te,nos pistas de acendeu as luzes da capela lateral do nada". A polícia organizou filas de nenhun,a classe", As palavras de Frei Ernesto surCristo da Caridade - na qual se 6, 8 e até 12 pessoas de largura por três ou quatro quadras de compripreendem por não levar em consiencontra o nicho com o busto de Nossa Senhora das Lágrimas - teve mento. Havia gente disposta a pas- deração antecedentes com relação à enorme surpresa e sentiu um pouco sar a noite no local, a fim de poder referida imagem, alguns relatados de medo: as lágrimas da imagem ver por um instante as lágrimas de por ele mesmo. Com efeito, outros sangue. Muitos esperavam em silên- prodígios são atribuídos à Virgem eram agora de sangue!

Brasil+Ar~~

das Lágrimas. Há dois a nos, por que procuraram claramente hostiexemplo, na Quinta·-Feira Santa lizar e colocar em descrédito o uma senhora afirmou, aos brados, prodigioso acontecimento do dia 13 que a imagem chorava. A mulher foi de maio último, como o "Diario 16" simplesmente expulsa da igreja, sem e o "Diario de Granada". Os últimos informes obtidos por ter sido esclarecido se houve realmente a lacrimação ou se foi feita este correspondente são de que, alguma averiguação nesse sentido. antes de se completar uma semana Na última sexta-feira da Semana da de veneração pública, a imagem da Paixão, o lenço que a Virgem leva Virgem das Lágrimas foi retirada de habitualmente nas mãos apareceu seu nicho na Basilica de São João de manchado de sangue. O próprio Deus. Afirma-se que ela será submesuperior da Basílica limitou-se a tida a exames por peritos, sendo esse trocá-lo por outro limpo, guardando o motivo alegado para subtraí-la à o primeiro, com as manchas de devoção popular. sangue, que conserva ainda em seu poder. Esse tecido foi bordado por A Virgem das LAgrfmas uma mulher cega que foi curada e o Segredo de FAtlma inexplicavelmente, e que tinha muita devoção à Virgem das Lágrimas. Muitas pessoas de Granada, da Por outro lado, Pe. Ernesto Ruiz Andaluzia ou de outras regiões espaadmite que muitas pessoas o pro- nholas, por onde a notícia se espacuraram, comunicando-lhe que por . lhou como um rastilho de pólvora, intercessão de Nossa Senhora das relacionam as lágrimas de sangue da Lágrimas ali venerada obtiveram a Virgem com a mensagem de Fátima cura das vistas ou saíram de um e a situação da Espanha e do munapuro. O religioso sustenta que não do, especialmente em relação ao viu ninguém que tenha podido apro- perigo comunista. A coincidência ximar-se da imagem e realizar nela realmente notável das datas - 65. 0 alguma modificação, já que está aniversário da primeira Aparição de protegida por uma urna de cristal Fátima - não significará que o cuja chave se guarda na sacristia. sofrimento manifestado pela Mãe de Dois repórteres tiraram fotogra- Deu.s atingiu um auge. em virtude fias do busto a intervalos de duas do aumento da impiedade e do horas. As chapas demonstram que oceano de pecados cometidos ;>ela as lágrimas iam descendo sobre o humanidade? Nas páginas 4 e 5 o leitor enconrosto da imagem. Este apresenta sinais de lágrimas de sangue coa- trará matéria do maior interesse gulado, segundo testemunhas ocula- para se formar uma idéia a tal res, registra "Diario 16". respeito. Trata-se de documentado É de se notar que, salvo este ou artigo sobre o Segredo de Fátima. aquele pormenor obtido por infor- Colateralmente, relembramos as dimações verbais, todas as notfcias versas manifestações da Santissima aqui reproduzidas foram divulgadas Virgem ao mundo nos últimos anos, pela imprensa, inclusive por órgãos por meio de imagens que choraram. Dezena• de milhares de peuoaa fizeram filai de trita a quatro quarteirões em Granada, para ver a Virgem que verteu 16grima• de sangue "

X Rússia Soviética

- "QUEM ENTENDEU esta guerra das Malvinas? O senhor entendeu? A senhora entendeu? É uma confusão... - É que nesta guerra há un, parceiro e,nbuçado. lni,nigo da Inglaterra, como inimigo da Argentina, a nossa irmã. Como inimigo de toda a América do Sul. É inimigo até de Deus! - Onde está esse,inimigo? - É a presença naval soviética nos mares do sul. Os soviéticos, dominadores árticos do longínquo Pólo Norte, o que têm que fazer na outra ponta do mundo, nos mares próximos ao Pólo Sul?"

brasileiras por sócios e cooperadores da TFP, anunciando em seguida a publicação de telex do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da associação, dirigido ao Presidente João Batista Figueiredo, a respeito da crise das Malvinas. A missiva do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao chefe de Estado analisa aspectos de peculiar alcance da guerra no Atlântico Sul, para o Brasil e toda a América do Sul, inclusive a eventual tomada de posição de nosso Pais ante aqµeles aspectos da conflagração_.

* * *

O que o preclaro autor da carta considerou de seu dever tomar prioritariamente presente ao Presidente da República, convém que, por sua

Esse diálogo foi proclamaao em quase todas as principais capitais

vez, também o pondere cada brasileiro. E que, de modo muito particular, o ponderem os brasileiros em cuja alma o veio católico e conservador se apresenta com sua tradicional pujança. Assim, "Catolicismo" publica neste número a íntegra desse documento. Estampado sucessivamente em jornais,. de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Teresina, Curitiba, Salvador, Recife, Belém, São Luls, Fortaleza e Manaus (até o momento em que encerrávamos esta edição), o telex produziu ampla repercussão junto à opinião pública. Na foto, aspecto da campanha da TFP em São Paulo, anunciando a publicação do importante documento, reproduzido ná página 3.


O p.rimeiro e o último olhar de Jesus

Mi,S DE MAIO, mês de Maria, é também, a · usto título, o mês das mães. fpoca oportuna, portanto, para se meditar sobre o papel a ser desempenhado por toda verdadeira mãe, cujo modelo excelso é a Mãe de Deus. E também para se reíletir a respeito do amor filial, virtude divinamenle praticada pelo Filho de Deus encarnado.

O

O mundo contemporâneo - particularmente o ocidental e cristão vem sendo há séculos abalado por crises resultantes de uma Revolução universal, una, total, dominante e processiva (cfr: Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revolução e ContraRevolução", "Cato licismo" n.0 100, abril de 1959). Essa Revolução haveria, pois. de conspurc11r também o amor materno, fazendo-o fenecer, ao longo das gerações. Assim, cada vez menos os homens foram conhecendo mães modelares. O que representa tal conspurcação. tal desdouro? Para compreendê-lo, consideremos o Hornem perfeito, o HomemDeus, Nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua Humanidade Sacrossanta, Ele passou os nove meses presumíveis no claustro puríssimo de Nossa Sen hora, para nascer então cm Bc·-

lém, nas condições que conheceinos. E quando seus olhos divinos se abriram pela primeira vez para esta Terra, fitaram a face dAquela que resume cm Si todas as maravilhas do universo: Maria! E o Menino Jesus, que desde os primeiros instantes de sua vida humana tinha pleno uso da razão, certamente deu, com esse primeiro olhar, o primeiro sorriso para sua Mãe Santíssima. Com que amor o terá feito? Que palavras terâ dito em silêncio? Porque a Rainha da Criação é mais bela que o Reino ... E se Deus., após ter criado o mundo, viu que todas as coisas que tinha feito "eram muito boas" (Gen. 1, 31) e, como que satisfeito, "desca11sou 110 séti,no dia" (Gen. 11, 2), o que se terá passado com o Menino Jesus? Maria é, como afirma São Luís Grignion de Montfort citando São Leão Magno e São Bernardo, o paraíso terrestre do novo Adão - Jesus Cristo - e o especialíssimo mundo de Deus, onde hã belezas e tesouros inefáveis (cfr. "Tratado da Verdadeira Devoção à Sa11ríssima Virgen,··, Ed. Vozes, Petrópolis, 6.• ed., 1961. p. 19). Podemos, entretanto, supor que no primeiro olhar que Jesus dirigiu a sua Mãe, Ele tenha movido seus bracinhos e feito pela primeira vez o S inal da Cruz. E que Ela, entend endo perfeitamente esse símbolo do Sacrifício ao qual seu Filho estava destinado, com amor indiz.í-

Repercussão internacional de documentos das TFPs AS SOCIEDADES de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade e entidades afins de treze paises publicaram. a partir de 9 de dezembro do ano passado, em 46 jornais dentre os maiores d e 17 nações do Ocidente, substancioso estudo em forma de Mensagem à opinião pública. Intitulado "O socialismo autogestionário: em vista do co1nu11isn10 , barreira óu cabeça-de-ponte'", o documento é obra do conhecido pensador católico brasileiro Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da TFP bra sileira. . Seis diários, dos mais importantes de Paris, recusaram-se a estampar a Mensagem das TFPs. A empresa de publicidade proprietá ria de dois deles chegou a romper o contrato de publicação anteriormente assinado. Em face dessa situação, as treze TFPs lançaram, cm 26 órgãos de imprensa dos principais de 12 países ocidentais, um Comunicado, também de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, intitulado "Na França: o punho estrangulando a rosa", chamando a atenção das nações do Ocidente para a atitude de poderosos órgãos de imprensa franceses - situados em posições ideológicas de centro-esquerda, centro e direita os quais se negaram a transcrever o texto da referida Mensagem, sem alegar para isso nenhuma razão. O que faz supor o receio de tais empresas jornalísticas privadas de serem estatiz.adas pelo regime autogestionário de Mitterrand, caso estampassem o trabalho de autoria do Prof. 2

Plínio Corrêa de Oliveira (cfr. "Catolicismo", n.ºs 373-374 e 376. janeiro-fevereiro e abril de 1982). A repercussão internacional alcançada pela Mensagem e pelo Comunicado merece ser realçada. tendo as diversas TFPs recebido até o mome nto, a propósito desses documentos, um considerável número de correspondências, que já excedem o total de 8 mil.

vel, O tenha adorado naquele primeiro lance, vivo, crucificado e vitorioso. Aqueles olhos divinos que se erguiam a té Ela, haveriam de baixar ainda sobre a Virgem Santissima no momento em que o Redentor exalou seu último suspiro no Calvário. Podemos imaginar o instante em que os dois olhares se cruxaram. A Terra era como que um oceano de pecado, naquele momento em que satanâs alcançara aparente triunfo. Mas, havia para olhar algo de tão belo ou talvez mais, na despedida, do que quando o Salvador entrou para a vida humana: era a face de Maria Santíssima. E tal beleza excedia, em seu campo próprio, todos os horrores que no plano do mal O circundavam. O amor dEla era muito maior· na linha do belo do que o

próprio deicídio, no terreno do hediondo. Ele desejou, porta!Jto, um afeto de mãe quando abriu os olhos. E quis um afeto de mãe quando os fechou... Entre o primeiro e o último olhar de Jesus, que nexo magnífico! Que vinculação incomparável! •

Isso basta para se compreender o quanto vale o afeto matemo e qual seu papel na formação dos homens. Pois todas as mães cristãs que nos precederam no sinal da Fé, eram convidadas a exprimir algo - uma como que cintilação - do que Nosso Senhor viu em Maria Santissima. E assim, nas maiores alegrias, nas ternuras mais delicadas como nos

P ara pessoas de bom gosto, um salão rolante Nelson Ribeiro Fr agelli nosso correspondente

ROMA - Viaja-se muito de trem na Europa. A rede ferroviária de cada país é extensíssima. Para qualquer lado correm comboios, geralmente lotados. Entretanto, o prazer de viajar quase desapareceu, porque se está esvaindo a idéia de conforto dos velhos tempos. Conforto. hoje, resume-se cm ir de um ponto a outro da maneira ma:s rápida e sem nenhum contratempo. O que se vai tornando difícil conseguir nesta Europa cada ve1. mais socialista. Fazer uma excursão, por breve que seja, sem ser atrapalhado por uma greve, é felicidade rara! Greve de funcionários ferroviários, greve dos controladores do tráfego, greve nas usinas elétricas ... eis um fim de semana estragado ou uma visita perdida. Assim, ga nhar tempo e atingir o destino sem interrupções de funcionários reivindicativos tornam-se o supremo conforto do viajante moderno. Os irens mais confortáveis são portant o os mais rápidos. Precisamente os preferidos por certo gênero de homens de negócios ou executivos. Sisudos cm suas poltronas, ocupam-se de rela16rios, redigem memorandos, e ntretêm-se com suas pequenas calculadoras, consultam agendas, ainda que estejam atravessando o esplendoroso rio Loire povoado de castelos. as encostas

Felizmente é preciso notar que na segunda classe dos comboios não expressos ou rápidos, ainda se encontra cor e sabor nas viagens, sobretudo na Itália. ít um entra-e-sai contínuo de trabalhadores do campo, estudantes tagarelas, senhoras a tricotar e a bater língua bem mais rapidamente que agulhas, militares, pequenos comerciantes, professoras - todos sempre prontos a manter uma prosa . E conversa na Itália não existe outra senão a sonora e vivaz, agradavelmente animada por um fundo de sabedoria, própria a herdeiros do vigor com que íloresceu outrora, nestas terras, a civilização cristã. Estão sempre informados sobre o Brasil, onde infalivelmente têm amigos ou parentes. E também prontos a discorrer sobre suas cidades ou aldeias natais, tão pitorescas e cheias de história. Entretanto, as condições do mundo moderno forçam o europeu a preferir os expressos, rápidos e diretos. E assim o condenam a cair nas poltronas de certa categoria dos sisudos e insípidos homens de negócios. Ali, silencioso, quase triste, suavemente embalado pela marcha veloz e monótona do macio vagão, no sem-sabor da modernidade, por vezes o europeu hodierno é assaltado por nostalgias que freqüentemente constituem as asas do sonho. Assim é que precisamente um industrial - certamente mais saudosista do que homem de negócios desejoso de desabafar seu gosto (e o de tantos outros) pelo viajar em grande estilo. resolveu ressuscitar o

Reagan responde Por sua vez, o presidente da TFP norte-americana, John Russel Spann, enviou ao chefe do Executivo de seu pais, Ronald Reagan , a Mensagem das treze TFPs, acompanhada de missiva datada de 20 de dezembro p.p. O Presidente norte-a mericano, através de sua assessoria. remeteu em 5 de abril último ao Sr. Jo hn Spann a seguinte resposta: "O Presidente Reagan solicitou-,ne que agradecesse sua carta, que acon1panhou a Mensage1n das Sociedades de Defesa da Tradição. Fa,nília e Propriedade. Ele bem compreende a contradição entre os princípios que estão por rrás das várias fonnas de socialisn10 e aqueles que susrenra1n o sistema norte-a,nericano de liberdade. O Presidente co11sidera· com apreço a iniciativa dessa publicação. capaz de permitir assi1n aos outros de ver a/guinas das dificuldades i11erenres· ao aba11do110 de 11ossas 11oções 1radicio11ais sobre a liberdade hutnana". A carta é assinada por Anne Higgins, Assistente Especial do Presidente Diretora do Setor de Correspondência.

e

abandonos mais terriveis, <!onvinha que a lembrança daquele olhar matemo acompanhasse a cada um. Como a proporção e a harmonia entre a grandexa e a bondade teriam se mantido entre os homens, se todas as mães permanecessem inteiramente mães, ou seja, católicas! Como a palavra doçura tomaria outro sentido! E como a majestade da dignidade. materna seria grandiosa, e a luta de classes teria sido diflcil numa sociedade em que a mãe soubesse ser autenticamente mãe de seus filhos! Em que todos, plasmados por mães como deveriam ser, soubessem exercer um papel análogo ao delas em relação àqueles que lhes são subordinados. E todos os que devem obedecer, agissem à maneira de filhos para com os que exercem o mando sobre eles.

No OriBnt E1tprt1$S,

murtos podem matar as saudades do luxo e dlstinçlo de outros tempos

nevadas do Mont Blanc, nos Alpes, ou percorrendo encantadoras aldeias austríacas: Não conversam. Se alguém arrisca um elogio a um castelo ou a uma abadia histórica que acabou de ver, é mais ou menos considerado como criança por esses "sérios" adultos. Os vagões-restaurantes, onde até quinze anos atrás podia-se passar bons momentos diante de pratos e vinhos que alimentavam saborosas conversas, vão desaparecendo. O carrinho de sanduíches e biscoitos servidos com café sintético ou cocacola está se impondo à generalidade dos trens.

legendário trem das ave!lturas de romances, o Orie11t Express, entre Londres e Veneza. Os jornais de todo o mundo escreveram muito a respeito da insólita iniciativa, aliás muito bem sucedida. Percorrendo depósitos de velhas estações ferroviárias, comprando arcaicos vagões-leitos e restaurantes, conseguiu recompor o Orient Express, tão semelhante aos primeiros quanto possível.

O antigo Orie11t Express começou a circular em 1883. A viagem era

então uma aventura que fascinava as mentalidades românticas do século XIX . Paris- Viena- Bucareste. O Danúbio era atravessado de barco. De novo por ferrovia, chegava-se ao Mar Negro, onde vapores austríacos, serenos como os grandes veleiros até havia pouco em uso, levavam os passageiros a Constantinopla dos contos incríveis. Era ainda a época do bom gosto. A sociedade européia admirava a pujança e iníluência dos impérios centrais. A Alemanha, sob o impulso da Prússia, se enriquecia e esforçava-se para se impor cada vez mais ao mundo, quer nos campos de batalha, quer nos salões. A colossal Rússia dos Czares ostentava um fausto que parecia deixar intimidadas as potências ocidentais. A gloriosa Áustria-Hungria, sob o cetro dos Habsburgos, tinha em Francisco :José a figura do patriarca venerável que sustentava com garbo e doçura as tradições mais caras do Sacro Império. As três potências eram então fortemente marcadas pelos estilos ainda da velha França de antes da Revolução de 1789. O Orietll Express era de algum modo um · salão imperial rolante, que, deixando as encantadoras margens do Sena, saudava o Danúbio e conduzia o europeu para as terras legendárias e por vezes insidiosas do decadente império otomano. Os vagões-leitos eram recobertos pela boa tapeçaria oriental, iluminados por lustres de bronze e cristal. No restaurante podia-se encontrar cardápios variados e cozinheiros notáveis. Nos compartimentos de poltronas em fino couro marroquino e esmaltes franceses, movimentavamse .passageiros de todo gênero. Diplomatas ingleses, agentes governamentais, hindus, egípcios e árabes cm costumes regionais, reservados alguns, misteriosos quase todos. Serventes e comissários multiplicavam suas amabilidades. Diz-se que espionavam, não se sabe precisamente para quem. Com freqUência para lados adversários concomitantemente. Esse trem fantástico não servia apenas de salão para famílias em vilegiatura, mas também era palco de tramas comerciais, intrigas internacionais, c-0ntatos diplomáticos, foco de informações políticas obtidas em meio à fumaça dos charutos ou ao borbulhar da champagne. Crônicas da época relatam pactos ocultos ali firmados e até maquinação de crimes. Verdade? Romance? Hoje, cansado da monotonia da civilixação industrial, afogado no depauperamento geral dos estilos de vida, desejoso de respirar um pouco ares dos antigos esplendores, numa homenagem ao mundo do sonho, mesmo com a conotação de mistérios e perigos, restaura-se algo do brilho !! da legenda do passado. Valores estes dos quais muitos de nossos contemporâneos têm confessado sentir saudades. CATOLICISMO -

Maio de 1982


Brasil, Argentina e Inglaterra face a Ulll ini1nigo com.uJn: o poderio soviético O Brasil ante a guerra das Malvinas Senhor Presidente. - A leitura dos jornais torna claro que o agravamento crescente da crise anglo-argentina, concernente às Ilhas Malvinas, poderá colocar a qualquer momento nosso Governo em circunstâncias de tomar atitudes mais e mais próximas de um envolvimento. Diplomáticas de início. econômicas logo cm seguida . podem essas medidas chegar a ser de tal peso no curso dos acontecimentos que, por lim, qualquer dos incidentes inesperados, tão freqüentes nu ma guerra. pode afetar nossa Nação, a ponto de a arrastar a uma condição de beligerância, em que ela bem sente, entretanto, que não pode nem deve entra r.

O envolvimento que a Nação não quer No momento em que estas e outras gra ndes cogitaçõcs da mesma ordem estarão por certo presentes ao espírito de V. Excia .. a quem cabe a gloriosa mas gravíssima responsabi lidade de fixar o roteiro que o Brasi l há de seguir. está na índole da abertura política implantada por V. Excia. ao longo de seu mandato. que de V. Excia. se acerquem com respeito, direi mesmo com patriótico afeto. todos os setores da opinião nacional. a fim de 4uc assim. no momento das graves del iberações. V. Excia. tenha presente o pulsar de coração do Brasil inteiro.

A TFP, e a fibra conservadora e cristã da opinião nacional Entre essas correntes. Sr. Presidente, V. Excia. conhece que está a TFP. cuja voz se vem fazendo ouvir de ponta a ponta de nosso território. com ressonância suficiente para pôr em vibração - cm muitos lances. com

NA QUALIDADE de Presidente do CN da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira dirigiu ao ilustre Presidente da República João Batista Figueiredo, um telex sobre alguns aspectos de peculiar alcance da guerra das Malvinas, para o Brasil e toda a América do Sul . Na missiva, datada de 4 do corrente, analisa ele também a evtntual tomada de posição de nosso País ante aqueles aspectos da conflagração. Análogo telex foi enviado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao Chanceler Saraiva Guerreiro. Bem entendido, o título e os subtítulos não figuram na missiva e foram introduzidos no texto para a comodidade do leitor.

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Ao di vulga r a presente missiva, cumpre especificar aos olhos do público um ponto que fôra supéríluo realçar ao Sr. Presidente da República . Grande e nobre é o sen timento da solidariedade continental entre as nações E por que sô ele. se tão mais longe, pela América do Sul inteira. estes tentáculos já se desdobraram. e e m outras ocasiões estenderam o terror. a insegurança e à desordem?

As esquerdas se acercam da Casa Rosada Essa si mbólica presença naval russa. a desperta r a esperança de um apoio pelo menos diplo mático e econômico de Moscou e de seus satélites à Argent ina. o consenso geral não tem duvidado em a relacionar com as s ucessivas visitas dos e mbaixadores da Rússia e da China à Chancelaria. e com a ostensiva aproximação ocorrida na Argentina, diretamente em virtude da ocupação das Ilhas. entre o governo - até então militantemente anticomunista - do Gen. Galtieri e as esquerdas argentinas de toda sorte. Mas onde Moscou espera algum proveito nunca é de braços cru,.ados que o espera. É seu vezo de sempre, intervir. o ra pela astúcia . ora pela força. para produzir ou apressar os acontec imentos dos quais conta depois auferir vantagem.

Uma vez desembarcados ... quem de lá os tira? Em Belo Horizonte. propagandistas da TF P anun• ciam a carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao Presidente Figueiredo sobre a guerra das Malvinas

quanta intensidade! - a libra conservadora e cristã que é uma das prestigiosas e incontestáveis componentes da menta lidade nacional. Nessas condições, Sr. Presidente, peço vénia para manifestar a V. Excia. o que ocorre à TFP acerca da atua l conjuntura internacional.

Presença naval soviética. Um símbolo. Uma ameaça Está especialmente no ângu lo de visão da TFP um dado da atual conjuntura, a que o noticiário dos meios de comunicação socia l não tem conferido todo o realce adequado: é - jâ antes da conílagração - a presença naval soviética nos mares sulinos, a qual permanece estável, tendo a seu alcance a zona que pouco depois entrou a conílagrar-se. E que tomou ipso facto o caráter de símbolo do firme propósito russo de tirar partido dos acontecimentos que se desenrolarem. Tirar partido em proveito do que. Sr. Presidente? De modo óbvio, em favor da expansão ideológica e colonialista do poderio soviético.

Tentáculos soviéticos na Argentina na América do Sul Tirar partido onde? De modo também óbvio, não só nos frios e escarpados penhascos das Malvinas, porém, segundo os bem conhecidos estilos do expansionismo soviético, para se estender eventualmente Argentina adentro, até onde puder. Ou seja, para que os tentáculos de Moscou alcancem o querido pais, nosso vizinho e nosso irmão. CATOLICISMO -

Maio de 1982

E isto, ainda que o Governo argentino, como afi rma, não tenha presentemente a intenção de pedir o apoio russo. Como se vê, esse apoio, concretizado na presença naval soviética, se posta prestativo no seu caminho. Nos vaivéns imprevisiveis de uma guerra, quem pode gara ntir que a ajuda episód ica de uma força naval russa, de um momento para outro não seja útil, ou quiçá até indispensável. à Argentina? Para expulsar do território continental algum contingente britânico ali desembarcado, digamos ... Descem então, muito naturalmente, os soviéticos, para uma me ra operação de limpeza. Mas depois... depois quem de lá conseguirá tirá-los? Uma vez desembarcados na Argentina os russos, o que inopinada mas facilmente pode ocorrer, se desenrolarão automaticamente, e como que em bobina, todas as conseqüências que, no mundo inteiro, se tornam plausiveis - e cm quantos pontos se têm tomado reais - logo a partir da presença militar russa. Antes de tudo, a velada remessa de novas tropas, se aos contingentes enviados a título de socorro não se reconhece desinibidamente uma crescente hegemonia. Depois ... Depois ... Para o entrever basta olhar para as conseqUências que, em longa esteira de humilhações e de dores, se têm desdobrado onde quer que tropas soviéticas deitem as garras. Para completar a previsão, é só excogitar aqui em que termos essa ameaça poderia concretizar-se dentro do atual panorama ibero-americano, mais especificamente dentro do atual panorama brasileiro. As eventuais correrias de tropas russas, argentinas e inglesas ensejariam incursões em território deste ou daquele país vizinho. As incursões russas, favorecidas, bem entendido, por guerrilhas locais de inspiração comunista, se intitulariam de "libertadoras". E no país invadido, ficaria desfraldado o estandarte da subversão. 3

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sul-americanas, unidas pela proximidade geográfica, como pela profissão comum da Santa Fé católica, pela afinidade da raça e a íntima semelhança dos idiomas. Esta solidariedade nos leva a sentir como certo que a grande maioria da nação irmã argentina, vivamente ciosa embora dos seus direitos sobre as Malvinas, de nenhum modo aprovaria que daí resultasse a incursão de tropas soviéticas, "cubanas>', ou outras análogas, em seu território n acional. E que a esta luz concorda sem subterfúgio com a máxima evangélica: "Quacrite primum regnum Dei et justitiam ejus, et haec omnia adjicicntur vobis" - "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua Justiça. e tudo o mais vos será dado por acréscimo" (Mt. VI, 33). Não sabemos como, na eventualidade de julgar necessário p ara seu país o recurso de tropas_ comunistas, agiria o governo Galtieri. E cert o, porém, que em nenhum caso a solidariedade internacional nos obrigaria a aplaudir que nosso Governo acolhesse em nossos portos, e fornecesse nossas riquezas, para tropas dos inim igos de Deus. Com tudo isto. a esperança animaria e poria em ação os organismos comunistas e socia listas que Moscou mantém vivos e m toda a América Latina, em todo o Brasil, Sr. Presidente. A "esquerda católica" se agitaria ainda mais atrevidamente, pregando mais ou menos veladamente a luta de classes, ao mesmo tempo que difund indo (com ardis dulçurosos todos seus) a inércia ent re os nãocomunistas. Por fim. os oportunistas. corre-

riam de encontro ao sol que se levanta. E o terrorismo reabriria as feridas de outrora, em toda a América Latina, por meio de assaltos. scqücstro.s. atentados! Nos extremos confins desse horizonte macabro, a experiência dolorosa mostra que quem quisesse resistir a essa agressão do superpoder soviético teria de recorrer ao superpoder norte-americano. Era a vietnamização do Brasil, da América espanhola, que teria comcça·d o.

O que mais importa é preservar o Brasil, a América do Sul Tudo isto, Sr. Presidente. conduz à conclusão de que, face à guerra das Malvinas, embora muito importe conhecer quem. em nome da Justiça, deve ficar com as Ilhas, se a Inglaterra. se a Argentina (e nossos corações de ibero-americanos propendem todos por esta última), algo importa mais ainda, incomensuravelmente mais. É saber se a Argentina, o Brasil, todo o Continente sul-americano continuàrão inteiramente livres das ingerências, das intrigas, das ameaças, das incu~sões à mão armada, e por lim da hegemonia soviética.

Confiança em nossas autoridades Bem sei que o quadro das conseqüências da tensão anglo-argentina não se reduz só a isso. Sei também que, para ponderar todos os outros aspectos da questão - numerosos. complexos, emaranhados - te m largo tirocínio e riquissima bagagem informativa nosso atual chefe de Estado, em cuja preclara carreira de homem público figuram longos anos à testa do SN 1. Por isto, acerca de nenhum desses aspectos aqui cogito.

Acima de tudo, o Reino de Deus Mas há uma máxima. Sr. Presidente. que os homens, arrastados no torvelinho das questões terrenas. são por vezes propensos a olvidar: "Quaerite ergo prim11111 regnu111 Dei et justitia111 ejus: et hae<· onmia adjicientur vobis" (Mt. VI, 33). Para o Brasil, para a Argentina. para os países irmãos da América do Sul. "proc11remos antes de t11do o Reino de De11s e s110 Justiça" e obteremos tudo o mais. Ou seja. acima de tudo mantenhamos afastado o inexorável inimigo de Deus, e a misericórdia deste nos galardoará com o resto. Esta máxima eva ngélica, tão sublime e tão suave, não é habitualmente aquilatada cm seu inteiro alcance pelos homens públicos de todo o mundo, nestes nossos dias laicos e agitados. Tornando-a presente a V. Excia., em espírito de cooperação respeitosa e cordial, estou certo de agir como melhor não poderia fazer o mais devotado de seus amigos, ou cooperadores. E porque o veio cristão e conservador da alma brasileira é todo voltado para a observância en levada dessa nobre e luminosa máxima, estou certo também de agir, quanto em mim está, para evitar ao nosso povo, dolorosos transes de alma, lembrando esta máxima ao Supremo Magistrado de meu Pais. O povo brasileiro, ordeiro e inarred.avelmente católico, por enquanto ainda desprevenido e tranquilo, GUe surpresa terá, Sr. Presidente, que vibrações de alma sentirá, e poderá extrovertidamente fazer sentir, caso as operações militares nas águas maritimas do S ul ensejem o desembarque de ingleses, e logo depois de russos, em território argentino! Russos, sim, russos soviéticos, os quais, na ordem profunda dos fatos, são inimigos tanto dos ingleses, quanto dos argentinos, como de toda nação que não professe seu

tenebroso credo ateu, nem se resigne em lhes ser humilde escrava ... Que estranheza. que desconcerto, que sensação alucinante de estarem desidentilicados da missão histórica da Terra de Santa Cruz, sentirão os brasi leiros católicos e conservadores quando notarem que os recursos táticos da configuração geográfica do Pais. as rique1.as de seu subsolo, de sua agricultura e de sua indústria estarão sendo úteis, cm última ~nálisc, para desígnios dos inimigos de Deus, isto é, da superpotência ideológica e imperialista cumulativamente inimiga da Inglaterra. da Argentina, em suma, de tudo quanto não seja ateísmo e di tadura do proletariado! A fim de poupar ao nosso povo o drama de consciência que agudamente sofreria com tudo isso, peço vênia pára atrair para este ponto primacia l a a lta atenção de V. Excia. Assim fazendo. mantenho-me fiel à vocação ininterruptamente seguida pela TFP, nestas décadas de atuação pública. Queira V. Excia., Sr. Presidente, ver na presente mensagem o cristão patriotismo da TFP, bem como todo o desejo de cooperação que a anima em relação ao Governo nacional. É rogando pela pessoa ilustre de V. Excia., para que a graça de Deus o ilumine na procura das trilhas que seguiremos, e para que a Providência cumule de êx ito a atuação de V. Excia. à frente do País, que com toda a TFP elevo preces a Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil. A' Ela suplicamos, acima de tudo, não consinta em que comunistas russos, inimigos de Deus, depois de eventuais andanças pelo território argentino, acabem por transformar em terra da foice e do martelo a Terra de Santa Cruz. P LJNIO CORRtA DE Ô LIVEIRA

Presidente do Conselho Nacional

A agência UPI distribuiu esta foto do navio oceanográfico Akadt1mik Knipovich entrando na beía de Uahuaia (extremo sul da Argentina}. no dia 4 de abril p.p., informando que oa russos estavam acompanhando os movimentos da frota britlnica


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Terceiro Se A esquerda: 01

três pastori·

nhot junto à igreja de F6· time, em 13 de julho de 1917, dia em que a Santla• aima Virgem lhes mostrou o inferno e confiou o Segredo

A direiU: aimplet ins· criçlo neste jaiigo do c&mi· tério ele Fátima: "Aqui

união com todos os Bispos do mundo (visão de 13 de junho de 1929, na Capela das Dorotéias em Tuy, Espanha). Através de seus confessores e do Bispo de Leiria, a Irmã Lúcia fez com que o pedido de Nossa Senhora chegasse, amda nesse ano, ao conhecimento do Papa Pio XI, o qual prometeu tomá-lo em consideração. Mas Fátima não tinha, nessa época, nem de longe a projeção internacional que depois adquiriu, e que vem desde .então crescendo sempre mais, até os nossos dias.

rtJpous•m os restos mort•is de Fr•nclsco 11

edo de Fátirr

Esses atos agradaram certamente a Mãe de Deus, como a Irmã Lúcia soube p_or uma revelação, mas infeli.zmente não preenchiam todas as condições postas por Nossa Senhora para o cumprimento de suas promessas. Em particular, faltara a solene união de todos os Bispos do mundo, ao ato de consagração feito pelo Santo Padre. Também é notório que a devoção dos cinco primeiros sábados consagrados ao Imaculado Coração de Maria não alcancou na Igreja uma propagação seq,uer comparável à das nove primeiras sextas-feiras, dedicadas à reparação das ofensas ao Sagrado Coração de Jesus.

OSegredo assume proporçlies de Interesse mundlaf

J11.clnt•,

a quem Nossa

Senhora

apareceu".

TRANSCURSO do 65.0 aniversário da primeira aparição da Virgem Santíssima cm Fátima torna oportuno recapitular o que se sabe a respeito das partes já reveladas do Segredo de fátima, e descrever a singular trajetória percorrida até aqui pela terceira parte, zelosamente afastada do conhecimento público pelas Autoridades eclesiásticas, sob cuja guarda tem estado e continua até o momento.

O

Um pedido de Nossa Senhora, nao atendido Como é sabido, Nossa Senhora comunicou ao? privilegiados VidenJosd Alves Correia da Silva, falecido tes, Lúcia. Francisco e Jacinta, no D. Bispo de Leiria. tem diante de si o en· dia 13 de julho de 1917, um Segredo velope contendo o bem guardado Se-. que não deviam contar a ninguém. grado de F6tima, que deveria ter sido As crianças sofreram inúmeras pres- revelado após 1960 sões para revelá-lo. mas sempre e constantemente resistiram do modo Jacinta e Francisco para o Céu. mais heróico. Os autores que escre- Jesus quer servir-Se de ti para Me veram a história de Fátima narram fazer conhecer e amar. Ele quer estacom vivacidade os maus bocados belecer no mundo a devoção ao ,neu por que tiveram de passar as ten- /n,oculodo Coração" (2.• Aparição, ras crianças. 13 de junho de 1917). Francisco e Jacinta levaram para Terminadas as Aparições, e após o túmulo o "seu" Segredo. O me- a morte de seus primos, Lúcia innino entregou sua bela alma a Deus gressou no Instituto de Santa Oorono dia 4 de abril de 1919. Nossa téia. Como freira dessa CongregaSenhora veio buscar Jacinta para o ção, Lúcia teve diversas visões, nas Céu no dia 20 de fevereiro de 1920. quais lhe foi revelada primeiramente Ficou assim como única depo- a devoção dos cinco primeiros sásitária do Segredo, Lúcia, a mais bados (visão de 10 de dezembro de velha dos três Videntes, a quem Nos- 1925, em sua cela, na Casa das Dosa Senhora conserva nesta vida para rotéias, em Pontevedra, Espanha) e o cumprimento de uma missão. "Tu posteriormente o pedido formal de ficas cá mais olgun, tempo - disse Nossa Senhora da consagração da Nossa Senhora a Lúcia, depois de Rússia ao Imaculado Coração de lhe comunicar que levaria em breve Maria, a ser feita pelo Papa em

Em"2 de dezembro de 1940 - já em pleno curso da li Guerra Mundial - a Irmã Lúcia dirigiu-se diretamente ao Papa Pio XII, em carta pessoal ao Ponúfice, pedindo novamente a consa6ração do mundo ao Imaculado Coração, com especial menção da Rússia, e a extensão a todo o o rbe católico da devoção dos cinco primeiros sábados. Em troca, a Santíssima Virgem prometia impedir a propagação dos erros da Rússia, converter esta nação. e abreviar os dias de tribulação com que tinha determinado punir o mundo de seus crimes. por meio da guerra, da fome e de várias perseguições à Igreja e a Sua Santidade, o Papa. No dia 31 de outubro de 1942, em Radiomensagem a Portugal por ocasião do encerramento do ano jubilar das Aparições de Fátima (25. 0 aniversário), Pio XII consagrou a Igreja e o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria. Em 1952, po r meio de uma Carta Apostólica, Pio XII consagrou os povos da Rú ssia ao Puríssimo Coração de Maria.

As duas partes conhecidas do Segredo A FIM de que o leitor possa formar com mais facilidade uma idéia global de um assunto relativamente complexo e evitar assim que se constituam visões

pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao

fragmentárias e dispersas a esse respeito. vão reproduzidas a seguir as duas primeiras partes do Segredo.

meu Imaculado Coração.

Se fizerem o que Eu vos disser. salvar-se-ão mui1as almas e lerão paz. A guerra vai acabar. mas se não deixarem de ofender a Deus. no rei-

PHmelra ~rte do Segredo: a vlslo do Inferno

nado de Pio XI começará outra pior.

Quando virdes uma noile alumiada

narra a Irmã Lúcia - (Nossa Senho-

A visão demorou apenas um momento, durante o qual Lúcia soltou

ra] abriu de novo as mãos como nos

um "ai!". Ela comenta que, se não

"Ao dizer estas últimos palavras -

dois meses passados. O reflexo [de luz

que elas expediam] pareceu penetrar a

terra e vimos como que um grande mor de fogo e mergulhados nesse fogo os demônios e as almas como se fos-

fosse a promessa de Nossa Senhora de os le·:ar para o Céu, os Videntes teriam morrido de susto e pavor.

flutuavam no incêndio levadas pelos chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo. caindo

paro todos os lados - semelhante ao cair das fagulhas nós grandes incêndios - sem peso nem equilíbrio, entre

gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e faziarn estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formos horríveis e asquerosos de animais espantosos e desconhecidos.

mos rronsporentes como negros car-

vões em brasa".

4

sagração da Rússla ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora

nos primeiros sábados. Se atenderem

sem brasas 1ron.rporen1es e negras ou

bronzeadas. com forma humana, que

por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes. por meio do guerra. da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedlr. vlrei pedir a con·

Segunda parte do Segredo: o anlinclo do castigo e os meios de evltA-lo

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Assustados, pois, e como que a pedir socorro, os Videntes levantaram os olhos para Nossa Senhora, que lhes disse com bondade e tristeza: Nossa Senhora: " Vistes o inferno, para onde vão os almas dos pobres

a meus pedidos. a Rússia se conver1erá e terão paz: se não, espalhará seus erros pelo mundo. promovendo guer· ras e perseguições à Igreja: os bons serão martlrizados. o San/o Padre 1erá nwilo que sofrer. várias nações serão aniquiladas: por fim. o meu /moeu·

lodo Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-ó a Rússia. que se convenerá. e será concedido ao mundo

algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o Dogma do Fé. etc. Isto não o digais o ninguém. Ao Francisco. sim, podeis dizê-lo ...

Na carta de 2 de dezembro de 1940 ao Papa Pio XII, a Irmã Lúcia já apontava os frutos dessa consagração, como acima ficou dito: o estancamento da propagação do comunismo, a conversão da Rússia, a abreviação dos castigos materiais e espirituais que pendiam sobre a humanidade pecadora. Ora, estes pontos eram então inteiron,ente desconhecidos do público, pois constam justamente das partes do Segredo até então não reveladas. Começa, pois, aqui a caprichosa e surpreendente história da divulgação dos famosos Segredos. Em 194 1, o Cônego Galamba de Oliveira, destacado elemento do Clero de Leiria, preparava uma nova edição de seu precioso livrinho sobre Jacinta. Para ,sso,julgou conveniente pedir ao seu Bispo que desse ordem à Irmã Lúcia de escrever tudo o mais de que pudesse ainda lembrar"se a respeito da vida de sua prima. A primeira edição do livro do Cônego Galamba estava baseado em duas Men16rias já redigidas pela Vidente. A primeira , escrita em 1935, tinha cm vista primordialmente narrar a vida de Jacinta. Na segunda, datada de 1937. a Irmã Lúcia se estendia um pouco mais sobre as Aparições de Nossa Senhora, e tornava públicas. pela primeira vez, as Aparições do Anjo. Em atenção à nova ordem do Bispo de Leiria, a Irmã Lúcia acabou surpreendendo o mundo com a revelação das duas primeiras partes do Segredo. E a explicação era simples: ela não podia falar sobre a vida espiritual de Jacinta, toda centrada nos Segredos, sem manifestá-los! O relato é datado de 31 de agosto de 1941. O Cônego Galamba de Oliveira intuiu acertadamente que a Irmã Lúcia, talvez constrangida por compreensiveis relutâncias interiores, não dissera tudo ô que ainda tinha a dizer. Instou pois novamente o Bispo de Leiria que ordenasse à Vidente de fazer um hislórico completo das Aparições: .. Monde-lhe, Senhor Bispo, .... que escrevo TUDO. Mas TU DO. Que há-de dar 11111itos voltas no Purgat6rio por ter colado tonta coiso ... E a própria Irmã Lúcia que relata o episódio. ocorrido no Bispado de Leiria, e que deu origem ao quarto manuscrito - o mais completo - sobre as Aparições de Fátima. O precioso documento leva a data de 8 de dezembro de 1941. Foi então - e só então - que os acontecimentos de Fátima, mais bem circunscritos, até então, a Portugal e a alguns ambientes católicos de outras nações, tomaram uma dimensão verdadeiramente internacional. Os livros sobre o assunlo se multiplicaram por toda parte. Os principais autores, além de interrogarem as testemunhas ainda vivas, tiveram acesso aos manuscritos da Irmã Lúcia (os quais, entretanto, só vieram a ser publicados muito mais tarde, em 1973, por iniciativa do Pe. Antonio Maria Martins, S.J.). As duas partes do Segredo, que começaram então a ser divulgadas a partir de 1942, tiveram o condão de projetar Fátima para o zênite das cogitações de todo o orbe calólico, extravasando mesmo para o mundo

não católico (em particular no mundo muçulmano, onde o nome F~tima, de origem árabe, parece despertar ressonâncias especiais: sinal promissor de conversão desse vasto mundo?).

lrml Llicla redige a terceira parte do Segredo As obras de Deus, entretanto, caminham freqüentemente devàgar. Resta ainda por revelar a terceira parte do Segredo (ou, mais simplesmenle, "o terceiro Segredo", como se costuma falar). A este respeito, a primeira informação digna de registro é a da própria Irmã Lúcia, em seu quarto manuscrito. onde ela declara que ..odvertidamente" nele nada omitiu de quanto podia ainda se lembrar sobre as Aparições, salvo, evidentemente. a terceira parte do Segredo, que não tinha até então ordem de revelar. Em princípios de junho de 1943, a Irmã Lúcia foi atacada por uma pleurisia, inicialmente leve, mas que logo se agravou, apresentando febre bastante alta. No começo de julho, ela já estava melhor, mas voltou a recair. em conseqüência de uma infecção provocada por uma injeção deteriorada. A saúde da Irmã Lúcia preocupava o Bispo de Leiria. D. José Alves Correia da Silva. e os que o rodeavam na Cúria episcopal. Decidiu-se ordenar à Vidente que redigisse a parte ainda desconhecida do Segredo. A Irmã Lúcia redigiu o famoso Segredo entre o Natal de 1943 e o dia 9 de janeiro de 1944. O Segredo está escrito numa folha de papel e colocado dentro de um envelope, o qual foi em seguida lacrado. Mas apenas seis meses depois, no dia 17 de junho de 1944, a pedido do Bispo de Leiria, o Bispo titular de Gurza. O. Manuel Ferreira da Silva, diri-

A M no ayxílio da Virgem externa-se na ati1ude desse peregrino om F,tima

giu-se, com alguns acompanhantes que ignoravam sua real missão, a Valença, cidade limítrofe com Tuy, na Espanha (da qual a separa o rio Minho), e onde recebeu, das mãos da Irmã Lúcia, que para al.i também se deslocara, o precioso documento. Na mesma tarde o recebe D. José em uma propriedade sua, em Braga. Mais tarde, O. José o colocou em outro envelope maior, também lacrado, e do lado de fora escreveu, de seu punho e letra: "Este envelope. com o seu conteúdo, será entregue o Suo Eminência o Sr. Cardeal D. Manuel, Patriarca de lisboa. após a ,ninha n1orte. Leiria, 8 de dezembro de 1945. t José, Bispo de Leiria". O envelope foi colocado na caixa-forte da Cúria, e daí saiu apenas em raríssimas ocasiões, simplesmente para ser contemplado por fora por algumas pessoas privilegiadas. De uma dessas ocasiões é a foto do Bispo de Leiria tendo à sua frente o precioso documento (a qual reprodu1.imos, a título de ilustração, nesta página).

CATOLICISMO ·


ia: mistério para o público Em dez anos, quatro prantos NOS ÚLTIMOS dez anos o mundo conheceu vários avisos da Mãe de Deus. que Se manifestou através de imagens que choraram. Assim. em julho

de 1972 verteu lágrimas em Nova Orlea,1s (EUA) a Imagem Peregrina lnttr11acio110/ de Nosso Senhora de Fátlma. já conheclda de nossos leitores.

E,n 28 de julho de /977. a UP!divulgavaoutro pranto de u1na imagem de

Nossa Senhora de Fá1ima. ,w igreja do mesmo nome ern Damasco (Síria).

Eln 22 de obril de 1979. novo pranto. desta vez da imagem de Nossa Senhora das Necessidades da vila de Soalheira. em Portugal (cfr. "Catoli• cismo" n.0 344. agosto de 1979).

vesse escrito em português, ele n,e disse em seg11idà, que o tinha co,npreendido inreiran,enre. Depois ele mesmo recolocou o Segredo en, outro envelope. lacrou-o. e o pôs en, um desses arquivos que são co,no um poço profundo. negro. negro. 110 fundo do qual os. papéis caem e ni11guém vê 1nais 11ada. Portanto. é dificil dizer agora 011de se encontra o ..Segredo de Fátima .. ("La Documentation Catholique", n.• 1490, 193-67, p. 543).

A Imagem Peregrina Inter· nacional de Nossa Senhora de Fátima que verteu lágrimas em Nova Orlean1 (EUA) em 1972

E. finalmente. o espantoso pronto de sangue da Virgem das Lágrimas em Granada (Espanha}, run/orme notiâamos na primelra página desro edição.

Sem entrar no prubh1ma da ame,uiâdade e rompro,•oção científica de cada uma dessas manifestarões. observamos, contudo. um fato inegável para qualquer 1:atólico til• hot1 fé: o mundo atual viola os Mandamen1os de forma fada vez mais admvsa. o que de si justifit-aria que a Sanlí.uima Virgem e.nernasse de modo ião punge111e o seu desagrado.

A esquerdo:

Imagem de Nossa Senhora das Neoessi· dades. de vila po!1uguesa de Soalheira

O Segredo·no Vaticano

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Ao remeter o documento ao Bispo de Leiria - a informação é do Pe. JOAQUIN MARIA ALONSO (l..a verdad sobre e/ secreto de Fátima/ Fóti,na sin ,nitos, Cor Mariae Centrum, Madrid , 1976, p. 37) - a Irmã Lúcia sugeria ao Prelado que ele mesmo o guardasse, dispondo que fosse entregue, após a morte dele. ao Cardeal Cerejeira, então Patriarca de Lisboa. Em conversas pessoais com o Cardeal, D. José quis c-0nfiarlhe desde logo o. envelope, mas o Patriarca de Lisboa preferiu que o documento continuasse na Cúria de Leiria. Espalha-se então a noticia de que o Segredo está escrito e só poderá ser aberto em 1960, ou após a morte da Irmã Lúcia (se isto ocorresse antes de tal da.ta). Como era natural, à medida que os anos iam passando, a curiosidade mundial cm tomo do Segredo ia aumentando. Em determinado momento, a Sagrada Congregação do Santo Oficio pediu ao Bispo de Leiria que lhe remetesse o documento, ..para evitar que algo tão delicado, destinado a não ser dado ..in pasto .. ao público. fosse parar. por qualquer razão, ainda que fortuita, em n1ãos estranhas.. ("La Documentation Catholique", Paris, n.0 1490, 19-3-67, p. 543). A declaração é do Cardeal Ottaviani; prefeito da referida Congregação, em famosa conferência dada em Roma, em 11 de fevereiro de 1967, na aula magna da Pontifícia Academia Mariana Internacional, numa reunião preparatória do Cinquentenário das Aparições de Fátima. Ao que consta, a Sagrada Congregação pedira inicialmente (em princípios de 1957) à Cúria de Leiria uma fotocó!'ia de todos os escritos da l.rmã Lucia. Como entre estes estava o célebre envelope lacrado, o Bispo de Leiria não quis abri-lo nem fotocopiá-lo, remetendo-o tal qual estava para a Nunciatura Apostólica em Lisboa. Foi portador o então Bispo Auxiliar de Leiria, D. João Pereira Venâncio. O que permite situar a entrada do documento na Nunciatura em Lisboa antes de 4 de dezembro de 1957, quando faleceu o

Bispo D. José Alves Correia da Sil-

va. O Pe. Joaquim Maria Alonso

- Maio de 1982

afiança com foros de certeza que o Segredo estava ainda na Cúna de Leiria cm fins de fevereiro de 1957, e que na segunda quinzena de março já fora entregue ao Núncio em Lisboa (op. cit .. p. 41). Daí conclui o mesmo autor (cfr. op. cit., p. 42), que o documento teria chegado à Santa Sé ainda em tempos do Pontificado de Pio XII, o qual faleceu cm 9 de outubro de 1958. O Cônego Sebastião Martins dos Reis, autor de vários livros sobre Fátima, e geralmente tido como seguro em suas informações, crê entretanto poder afirmar que o Núncio e futuro Cardeal Fernando Cento só levou o documento para Roma entre outubro de 1958 e fevereiro de 1959. O que tornaria pouco provável que "La Documentation Catholique" Pio XII tivesse tido tempo de tomar explica que o Cardeal Ottaviani ha· conhecimento do Segredo. De qual- via distnbuído um texto escrito de quer modo, carecem de fundamento sua conferência, mas estando jà com sério as notícias de que o Pontifice a vista muito fraca. falou sem o te ria chorado, ou, segundo alguns, texto. Daí resulta que o texto proaté desmaiado, depois de ter lido o nunciado (que a revista extraiu de Segredo. Nega-o, aliás, 'categorica- uma fita gravada) é muito mais lonmente, o Pc. Leiber, íntimo colabo- go e sensivelmente diferente do texto rador de Pio XII: .. Isso é con,ple- escrito. tamenre gratuito. Não houve nada Não dispomos de elementos para disso .. (cfr. PE. J. M. ALONSO, op. saber se o texto que acaba de ser cit., p. 43). transcrito foi dito de improviso pelo O que é certo - e disto possuí- Cardeal, ou se já constava do texto mos dois testemunhos insuspeitos -escrito. O fato é que se a intenção do é que João XXIII leu o Segredo. Cardeal, falecido cm 1979, era abaO primeiro depoimento é o do far a curiosidade efervescente em Cardeal Ottaviani, na citada e ntre- torno do Segredo - como se deprevista, na qual declara textualmente: ende do contexto de toda a confe"O Segredo chegou. pois, à Co11gre· rência - ele talvez se tenha deixado gação para a Doutrina da Fé [então arrastar pelo empolgante do tema, e denominada do Santo Ofício]. e provocou um resultado inteiramente sempre fechado -foi transn1itido a contrário ao desejado. Com efeito, João XXII/. O Papa abriu o enve- qual seria esse 'poço profundo. nelope e leu-o. E embora o texto esri- gro. negro. 110 fu11do do qual os A Virgem du Ugrimu, que no Cottimodia 13 do maio chorou sangue (G ranada. Eopanha)

Imagem de N ona Senhora do Fátima, venerada na igreja do mesmo nome em Damasco ($Iria)

papéis cae111 e ningué,n vê ,nais_ nada ..? Ê óbvio que palavras tão enigmáticas - e, por que não d izer. intrigantes - não podiam deixar de a tiçar ainda mais a curiosidade do público em torno do momentoso tema.

• • • Um depoimento mais recente veio, entretanto, lançar nova lu1. sobre o assunto. Trata-se de ur,1a carta, datada de 20 de junho de 1977, de Mons. Loris Capovilla, ex-secretário particular de João XXIII, Arcebispo titular de Mesembria, atualmente residente em Loreto. Transcreve-a o PE. Jost GERALDES FREIRE - a quem era dirigida - cm seu livro Ô Segredo de Fótin,a: a terceira parte é sobre Portugal? (Santuário de Fátima, 1977, pp. 136137). Declara textualmente Mons. Capovilla: .., . No dia /7 de Agosto de /959 o papa João XXII/ recebeu das mãos do padre Paolo Philippe (então e,n Co111issão do San/o Ofício)a carta guardada no Santo Ofício relativa ao cha,nado ..Segredo de Fótinw ... E disse: .. Reservo-1ne para a ler co111 o n1eu confessor" (Mons. Alfredo Cavagna). 2 - De facto. a leitura foi feira alguns dias depois. Mas, tornandose ela dificil, mesmo por ,notivo de locuções linguísticas. foi pedido o auxílio do tradutor português da Secretaria de Estado, Mons. Paulo José Tavares (depois bispo de Macau). 3 - Foi dado conhecilnenro do conteúdo da carta a rodos os Chefes do Santo Ofício e da Secretaria de Estado; e ainda a algumas outras pessoas. De certeza. o Papa falou dele com os seus n,ais íntitnos colaboradores. 4 - Depois da leitura do texto, o Papa fez uma nota pessoal. transcrita pelo seu secretório, Mons. Capovi/la e incluída no sobrescrito que contém o "segredo". 5 - O Papa João não se pronunciou sobre o conteúdo. Disse que preferia re,neter para outros (o seu sucessor?) a apreciação. 6 - O docu,nentofoi guardado na secretória do aposento de João XX/li. até sua morte. 7 - Paulo VI pediu infor,nações sobre o documento logo após a sua eleição: não me· recordo se em Julho de 1963 ou alguns ,neses depois. Pode presumir-se que tenha visto o usegredo". Isto é tudo o que eu sei sobre o assunto". Como se vê, Mons. Capovilla entra em detalhes que o Cardeal Ottaviani não esmiuçou. Quanto ao destino do documento, foi, durante anos - pelo menos durante o Pontificado de João XXII! - um simples móvel dos aposentos do próprio Papa. Não se vê bem como conciliar as

dcclaraçôes do Cardeal Ottaviani e de Mons. Capovilla, ambas pessoas muito bem posicionadas para serem tidas como c-o rretamente informadas sobre o magno assunto. Cabe ainda salientar, nas declarações de Mons. Capovilla, que o Secretário de Estado, então o Cardeal Domenico Tardini, também leu o Segredo. além dos colaboradores mais íntimos do Papa, entre os quais nâo há porque não incluir Mons. Capovilla, seu secretário particular. Assim, uma boa meia dúzia de perso nalidades, algumas das quais da mais alta categoria no Vaticano, to· mou conhecimento do texto do Segredo. Dado importante a reter. Por fim, registre-se a informação de Mons. Capovilla de que a leitura do Segredo por João XXII! se deu ..alguns dias depois" de 17 de agosto de 1959.

Mensagem profética Aproximava-se desse modo o ano de 1960, estabelecendo-se uma singu lar disputa - dir-se-ia uma espécie de "queda-de-braço" - entre a opinião católica favorável à publicação do Segredo, e as autoridades eclesiásticas empenhadas em "esvaziar.. as vantagens e a importância de sua revelação. De um lado e de outro se perfilavam - e ainda hoje se perfilam - as publicações e os autores católicos que vêm tratando do assunto. Interessa acompanhar os diversos lances dessa disputa. Em maio de 1955, o Cardeal Ottaviani esteve com a Irmã Lúcia, e obteve dela um escla recimento importante a respeito da data apontada como marcd para a revelação do Se~rcdo. É o próprio Cardeal quem mforma: "A mensagem não devia ser aberta antes de 1960. Perguntei a Lúcia: .. Por que esta dara?" Ela n,e respondeu: .. Porque então ficará ,nais claro... O que me faz pensar que a mensagem era de 10,n profético. porque precisamente as profecias, como se vê na Sagrada Escritura. estão recobertas de un, · véu de mistério. Elas não são gerabnenre expressas em linguagem ,nanifesta, clara, compreensível para todo mundo: os exegetas dedicam-se ainda hoje em dia a interpretar as profecias do Antigo Testamento. E que dizer, por exemplo, das profe· cios contidas no Apocalipse? "Ern 1960 - disse-me ela - a mensagem se tornará mais clara" (cfr. "La Documentation Catholique", n.0 149(), 19-3-67, p. 542). Outros lances ocorreram ainda ao lo11go das últimas décadas a respeito do Segredo. A descrição desses lances e xigiria, entretanto, todo um estudo que ultrapassaria as dimensões deste artigo. Fica, talvez., para outra ocasião.

A. A. Borelli Machado 5


Os cavalos da Basílica de São Marcos A

PRAÇA de São Marcos, em Veneza - a feérica cidade italiana construída sobre as águas do mar Adriático - é de uma beleza que se situa nos limites da fantasia. Sua incomparável harmonia torna-a semelhante a uma estupenda sala de mármore cujo teto é o céu, e cujas paredes são formadas por .maravilhosos monumentos: Basilica de São Marcos, Fábrica Nova, Torre do Relógio, Procuradoria Velha ... Como sala bem decorada, a praça é acolhedora e recolhida. Sem os ruídos de veículos, os visitantes podem admirá-la com as centenas de pombos - tão domésticos que, frequentemente, lhes pousam nas mãos. ~ riquíssima em cores: os mármores brancos da Procuradoria, o vermelho do Campanário (situado ao lado da Basilica e com 99 metros de altura, em estilo românico), as colunetas policrômicas, os mosaicos dourados e as cinco refulgentes cúpulas da Basíli~. ~

~

:

A Basílica de São Marcos é um dos mais admiráveis monumentos religiosos do mundo, tanto pela originalidade do estilo (no qual se nota a influência bizantina), como pela variedade e riqueza de seus ómamentos. Construída no ano de 829 para guardar as relíquias do Evan$elista São Marcos, o patrono da cidade, foi destruída por um incêndio em 976 e reconstruída pelo Doge São Pedro Urséolo. A fachada da Basílica é, ao mesmo tempo, sólida e leve pelo incontável número de motivos decorativos de seus mármores e mosaicos, te ndo sido concebida num estilo que certos espíritos pseudo-equilibrados reputariam perfeitamente extravagante. O planç inferior da fachada é essencialmente formado por cinco

A frente do gran·

de arco central da fachada su-

perior da Baallica de Slo Marco,,, Q& quetro cavalos

de cobre doura· do dominavam a praça fronteiriç&

portas emolduradas por a rcos româ nicos. Sobre a porta central, colocados em colunas de mármore, havia quatro cavalos de cobre dourado, de tamanho pouco maior que o natural. Os cava los foram trai.idos de Constantinopla fatual lnstambul, na Turquia), como despojos de guerra. por ocasião da IV Cruzada, quando era doge de Veneza o ambicioso Dândolo. Fogosos, como que se precipitando no espaço, eles atraíam a atenção de todos os visitantes, e constituíam uma das o bras-primas de Veneza. Não há cavalo vivo que exprima tão bem as qualidades desta espécie animal, como aqueles de broni.e. Pois bem, eles foram de lá retirados não há muito, segundo notícia de um diário paulistano. - Fato sem maior alcance? Não. Precisa-

mente o contrário, na ordem dos valores imponderáveis.

~k~ ~ ..,. t : ~

Em que sentido? A fachada da Basílica de São Marcos é um dos fundos de quadro do pensamento contra-revolucionário no mundo (entendido o termo de acordo com o ensaio " Revolução e Contra-Revolução" do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira). Não porque ela seja particularmente con tra-revolucionária, mas pelo fato de esboçar um equilíbrio de ·beleza, de orna to com gravidade, que consiste numa das mais belas harmonias que têm sido até agora realizadas. O esti lo veneziano é, aliás, muito grave. Não se encontram nele os exageros da Renascença - como as musculaturas ostentadas nas obras de Michelângelo ou os sorrisos adocidados dos quadros de Rafael. A arte

veneziana antiga é tão amena, distinta , nobre e atraente, que ela representa um dos pontos de equilibrio mais elevados atingidos pelo espírito humano e - por que não dizê-lo? - do espírito católico. Mesmo quando não focaliza temas religiosos. Aqueles cavalos, por exemplo, não constituem, de si, um tema religioso. Mas houve um olho católico q ue os viu e teve a arte suficiente para os fixar naquilo que se poderia chamar um superinstantãneo incomparável, um instantâneo mental. Tocar, portanto, naqueles cavalos é violar um dos elementos que compõem o fundo de quad ro no qual se consubstanciam as realizações contra-revolucionárias do espírito humano ao longo dos séculos. Os cava los estavam dispostos numa simetria hierática e viva . Não o hierático freqüentemente frio, hirto, mumificado. Embora trazidos da

capital do Império Bizantino, durante da IV Cruzada, os cavalos da Basílica já estavam como que incorporados ao panorama artístico de Veneza, num contexto verdadeiramente católico. Substituídos por cópias - evidentemente estas jamais serão como os originais - os cavalos de Veneza deixam assim a fachada de São Marcos. Saem do palco, do mundo das legendas e das fábulas. São retirados do lugar onde deveriam sempre estar, pará se tornarem peças de museu no interior da Basílica. '

~

Qual a razão alegada para essa medida? - A poluição. Afirma-se, aliás, que devido a um conjunto industrial hipopotâmico de um bairro de Murano, vários palácios de Veneza (o Ca d'Oro, por e xemplo} estão sob a ameaça de terem inundadas suas salas térreas. Não conhecemos as explicações técnicas do fenômeno, mas o fato, a ser real, é lamentável. Como tudo isso deve causar dor à alma do verdadeiro católico, pois Veneza constitui uma das mais expressivas representações do maravilhoso que resta no mundo! E a Revolução igualitária e anárquica deseja extirpar da face da Terra tudo que é maravilhoso para substitui-lo por um mundo caótico, sujo e amoral, no qual vamos entrando.

Tito, otirano da Iugoslávia comunista, tem monumento em Campinas A HOMENAGEM indevida, a personagens sem mérito para tal, através da instalação de estátuas cm praças públicas, é própria a suscitar as formas de censura mais variadas. Já o Pc. Manoel Bernardes, clássico da literatura portuguesa do século XVII, refere-se ao assunto em sua conhecida obra"Nova Floresta'", ao tratar de um fato ocorrido na antiga Roma. Ali haviam sido erigidos a rcos triunfais e estátuas a diversos varões, sem que entre estes figurasse Catão. Como alguns amigos lhe apontassem a lacuna, o velho Catão respondeu: "Maior crédito ,neu é que perguntem os vindouros por que não me pusera111 estátua. do que por que a pusera,n". Em Campinas, cidade paulista que conta com mais de 600 mil habitantes, não são os vindouros mas os próprios contemporâneos que se perguntam o porquê de um singular monumento erigido em homenagem a Josip Broz Tito, chefe do

....ó-....

governo iugoslavo de 1946 a 1980, durante o qual, com mão férrea moveu dura perseguição à Igreja. Uma de suas vitimas, lembradas com veneração e respeito pelos católicos em todo o mundo. foi o C1rdeal Stepinac, condenado a 16 anos de prisão em Lepoglava, onde morreu sem ter podido receber o chapéu cardinalício que lhe fora concedido pelo Papa Pio XII. Tito procurou projetar-se, a partir de 1948, inaugurando uma forma atenuada de comunismo, desligada de Moscou, através de uma experiência autogcstionária como fórmu-

~

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c:t

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ex ~ a: o.

O Poder Públíco' utili:iou espaço e

dinheiro para exaltar a memória de um ditador co-

munista. ao qual a Populoç&o de Campinas nlo sabe porque deve prel'tar homena-

gem. dedicando,lhe ampla praça e esdrúxulo monumento

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la ca11a1. de at_ingir a longo prazo o regime marx ista .

Estãtua

Para homenagear o c hamado "Marecha l de Ferro", como ficou conhecido Tito, o Consulado da Iugoslávia encarregou-se de oferecer à Prefeitura de Campinas o seu busto em bronze. Este foi colocado no orifício de um pedestal vazado, ladeado por duas "asas" com fo-ma de "charutos·· em alinhamento, e que fica situado na área agora denominada Praça Marechal Tito, um canteiro ex istente entre duas pistas asfaltadas no bairro Vila Nova, em Campi nas. Nessa cidade não há imigrantes de origem iugoslava, e ninguém soube identificar a Sociedade Amigos da Iugoslávia, cujo nome figura na placa do pedestal, como sendo uma das entidades promotoras. De modo lacônico, a inauguração do monumento foi noticiada pelo "Diário do Povo" de Campinas ( 11-5-82). Dii. a noticia, sob o título de "O fim de se111a11a foi de inaugurações en, toda cidade": "O Prefeito Francisco Amaral cumpriu extensa agenda. entregando obras na periferia, estando nessa progra1110ção a i11a11g11ração do Monumento ao Marechal Tito. [ ...] A cerimónia contou com a presença do secretariado municipal, do cônsul geral da República Socialista Federativa da Iugoslávia. 1ne1nbros da Sociedade A111igos da Iugoslávia. autoridades estaduais e populares". Na foto que ilustra a notícia da inauguração aparecem apenas 19 pessoas junto ao exótico pedestal. De modo diverso, provavelmente, a agência noticiosa de propaganda do PC na Iugoslávia deve ter aproveitado o evento, alardeando que no Brasil tal é o conceito de Tito que lhe levantaram um monumento ...

TFP elege nova diretoria

REALIZOU-SE recentemente a 30.• Assembléia Geral Extraordinária da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, na qual foram eleitos os membros da mesa do Conselho Nacional e os da Direto(ia Administrativa e Financêira Nacional, que deverão exercer seu múnus no biênio 1982-1984. A mesa do Conselho Nacional ficou assim constituída: Presidente o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (vitalício), e Secretário o Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho. O cargo de Vice-Presidente permanece vago, como homena-

gem à memória do último titular, Prof. Fernando Furquim de Almeida , falecido no ano passado. O Consel ho Nacional é formado por 13 membros nato.s, que são os sócios que assinaram a ata de fundação da entidade, em 1960. A DAFN ficou composta da seguinte maneira: Superintendente o Sr. Plínio Vidi$al Xavier d a Silveira, Vice-Supenntendente os Srs. Caio Vidigal Xavier da Silveira, Eduardo de Barros Brotero e José Carlos Castilho de Andrade, e Vogais os Srs. Adolpho Lindenberg e Luiz Nazareno Teixeira de Assumpção Filho.

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CATO LICISMO -

Ma io de 1982


construída sobre a laguna esforçou-se para atingir em seus palácios. E quando se passeia por seus canais, tem-se a sensação de se penetrar no mundo do sonho, numa cidade refletida nas águas ... Isto porque Veneza tentou construir seu "sonho áquático"! Ao mesmo tempo, dir-se-ia que ela guarda. a convicção de que nunca os homens foram tão longe nessa meditação das águas, e na ponta de seu esforço ela descansa, a uma só vez gloriosa e tristonha, murmurando ao passante:

dicional, assume a atitude de um contemplativo imerso numa outra existência, em direção à qual ruma a vida inteira. E com serena nobreza de alma o espírito tem a impressão de aproximar-se um pouco das fronteiras de uma como que cidade ideal, para além da qual se encontra o próprio Céu. Veneza, a laguna, o mar! Quem não vê que o Adriático ali está como que a dizer aos venez,a,nos:

- "Fazei ainda coisas mais belas, qúe eu, mar, virei expirar

A direita: a torre marcada pelo leio do Evangelista, as figuras mitológicas que se perfilam sobre a colunata. o Poste elegante com suas lanternas de luz doura· da ... em cada detalhe. a busca da perfeiçlo. No conjunto. agradável harmonia. Veneza transfonna em realidades seus so• nhos.

''A

FRANÇA REAL é a França que sonha", afirmou certo autor. Levando mais longe a asserção, diríamos que toda e qualquer nação só tenderá à realização de sua missão histórica providencial na medida em que explicite seu próprio sonho, e o exprima em suas mais variadas manifestações culturais, artísticas, simbólicas, etc. Sonho que não é quimera nem devaneio de fantasiosa imaginação doentia, mas sim sonho de realidades. A cada povo corresponde um so.nho. Na sucessão dos tempos, ele procurará transformar em realidade o sonho que lhe exprima as mais recônditas e autênticas aspirações de alma. Se deitarmos os olhos em todos os povos que ficaram famosos na História, veremos como assim foi, porque, de algum modo, conseguiram conceber sua própria transrealidade de. sonho, e concretizá-la efetivamente, em certa medida ou de certa maneira.

Nesse sentido, Veneza servenos de exemplo dos mais eloquentes.

A esquerda: na festa do desponaório de Venez.a com o mar. o Buctntsuro destaca-se ante a fachada do Palécio dos Ooges, nesta pintura de Canaletto

Embaixo: na praça de Slo M arcos. esvoaçam os pombos diante do esguio campsnilo junto à Basllica

Consideremo-la no fastígio tica peculiar de sugestiva e enigde sua glória, nos séculos XIV mática melancolia, como de e XV. quem diz: A esplendorosa cidade dos - "Eu, Veneza, sou linda nos doges vive toda voltada para as meus palácios e monumentos. águas, procurando nelas o refle- mas tenho tristeza por aquilo que xo do ·modelo ideal de si mes- não sou e vejo projetado e,n ,nima, e certa forma de beleza que nhas águas". aspira, mas não realiza inteiraÉ uma certa melancolia das mente. águas paradas, do sonho não pleVislumbra-se em todo o am- namente realizado, de um ápice biente veneziano uma caracterís- não alcançado, mas que a cidade

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"Ouvi! Eu tenho a felicidade que se pode usufruir na terra. Mas o melhor dessa felicidade está e,n sonhar, melancólica., com o mundo ideal que vejo refletido nas águas. Aprendei os mistérios da tristeza deleitável, da ,nelancolia feliz, pr.ópria a esta terra de exílio, e vereis que em tais mistérios há mais felicidade do que em vossos risos".

subjugado aos pés dos palácios e monumentos que construirdes!" E a cidade, na festa da Ascensão de Cristo Nosso Senhor, de certo modo atende o pedido e aceita o desafio: o Doge, navegando pelo Lido na célebre gôndola Bucentauro (Casca de Ouro), realiza o simbólico desponsório da cidade com o mar, mediante a fórmula: - "Desponsamus te, mare, in signum veri perpetuique dominii" (Desposamos-te, ó mar, em No píncaro de tudo isso, o sinal de verdadeiro e perpétuo espírito veneziano, católico e tra- domínio).

~

CATOLICISMO -

Maio de 1982

7


1- - - - - -- -- - - - - - - - - - *

istérios da Bolívia outras tribos menores espalhadas aliás não apenas pela Bollvia, mas também pelo Peru e outros países andinos. Em sua maioria, são remanescentes do império inca, cuja extensão abarcava desde o Equador até o norte do Chile. Quanto às riquezas naturais, é certo que as antigas minas de prata de Potosi e as m.mas de estanho de exploração mais recente não constituem senão pequena parte da incalculável reserva de minerais de que dispõe a Bollvia.

São Bartolomeu na Bolfvla

Wilson Gabriel da Silva enviado especial

SANTA CRUZ (Bolívia) - -Em um de seus famosos sonhos sobre o futuro da América do Sul e da Congregação Salesiana, da qual foi o fundador, São João Bosco per· corre nosso Continente de ponta a ponta, desde Cartagena, ao norte da Colômbia, até Punta Arenas, no extremo sul do Chile, passando pela floresta amazônica, ·p or terras brasileiras, uruguaias e argentinas. . "Eu via as entranhas dos ,nontes e as profundidades das planícies", conta D. Bosco. "Ttnha sob o olhar as riquezas inco,nparáveis desses países. que um dia serão descobertas. Via numerosas minas de n1etais preciosos, fontes inesgotáveis de carvão fóssil, depósitos de petróleo tão abundantes como até agora não se encontrou en, parte alguma. Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada largufssima e longufssi111a, que partia de um ponto onde formava 11111 lago. &11ão uma voz disse repetidas vezes: "Quando chegarem a escavar as minas escondidas entre estes montes, aparecerá a terra que mana leite e mel. Será uma riqueza inconcebível" (cf. "Biografia y Es_critos de San Juan Bosco", B.A.C. , Madrid, 1955, pp. 375 e ss.). As riquezas naturais são dom de Deus. No contexto do sonho de São João Bosco, elas parecem significar uma abundância material que acompanha uma abundância de graças espirituais, numa época futura de plena fidelidade da América do Sul aos Mandamentos da Lei de Deus. ~poca que, obviamente, não corresponde aos dias de ignomlnia nos quais vivemos. Chegou a propagar-se entre nós que São João Bosco estaria se referindo a Brasllia, ao mencionar o

m.isterioso lugar entre os paralelos 1~ e 20, conforme sublinhamos atrás. A modernissima (e já ultrapassada) capital brasileira seria, segundo seus entusiastas, o centro da civilização futura da América. Parece difícil, porém, chegar a tal conclusão pelas palavras do popular santo do século passado. Conforme o leitor pode ver pelo texto citado, ou, melhor ainda, pela leitura integral do sonho de D. Bosco, não há dúvida de que se trata de uma região montanhosa , muito provavelmente na Cordilheira dos Andes, à qual o santo se refere explicitamente logo após o trecho transcrito acima: "Mas isso não era tudo. O que mais me surpreendeu foi o ver em vários lugares que as cordilheiras, reentrando en, si ,nes,nas, for1navam vales. de cuja existência nem suspeitan, os geógrafos atuais. que imaginan, os sopés dos ,nontes como uma espécie de parede. Nestes seios e nestes vales. que às vezes abarcam quilôn,etros e ,nais quilô1ne1ros. habitam populações nunca vistas pelos europeus, co1npleta1nente desconhecidas" (op. cit., p. 376).

O lago do sonho O leitor estará se perguntando o que tem a ver com a Bolívia essa longa introdução sobre um sonho de São João Bosco, em pleno século XIX. A explicação é simples. A descrição do grande educador italiano parece corresponder perfeitamente a nosso vizinho do Oeste, no tocante aos trechos citados. Procure o leitor no inapa uma "enseada larguíssima e longuíssima" entre montanhas, à altura dos paralelos 15 e 20, sul: E verá como pode tratar-se do lajlO Titicaca, no Altiplano da Bolívia. Com efeito, grandes enseadas não

S anta Cruz de la Sierra: pa1'cio do gpvemo provincial e catedral

lhe faltam, sobretudo se considerarmos sua parte sul, separada do lago propriamente dito pelo estreito de Tiquina. Situado a quase quatro mil metros de altitude, junto aos grandes nevados da Cordilheira dos Andes, o lago Titicaca é o berço de povos milenares, cujos costumes pouco mudaram desde o início da colonização espanhola, pelo menos. Quêc huas ou quíchuas e aimarás, com línguas e costumes próprios, são os mais numerosos. Existem, porém,

Não foram entretanto as minas de ouro, prata ou estanho que me atraíram à Bolívia. Fascinou-me muito mais investigar a história de uma crui que, há quase dois mil anos, nos primeiros tempos do Cristianismo, um dos próprios Apóstolos de Nosso Senhor teria deixado na vila indígena de Carabuco, às margens do Titicaca. Conheci a narração cm "U11 viaje fascinante por la An,erica Hispano dei siglo X VI", de Frei Diei:o de Ocai'ia, que de 1599 a 1606 visitou o vasto domínio espanhol. Dizia o missionário franciscano que em Carabuco se havia retirado das águas do Titicaca uma cruz de madeira milagrosa. Segundo a tradição existente entre os índios, um Apóstolo (que Frei Ocaiia julgava ser São Bartolomeu) a teria deixado no povoado. Instigados pelos feiticeiros, parte dos indígenas tentou matá-lo. Por fim, ele se retirou misteriosamente pelas águas do lago. Quanto à cruz, tentaram queimá-la, sem sucesso. Mais tarde, uma parcela da população acabou por lançá-la às águas. embora outros índios fiéis ao

Apóstolo não o desejassem. Séculos depois, quando vieram os espanhóis de Pizarro, os missionários soube· ram da brumosa história. Verificando o local onde se diz.ia ter sido lançada a cruz do Apóstolo, acabaram por encontrá-la. Frei Ocaiia diz ter levado um pedacinho para a Espanha. A madeira, pesadíssima, desconhecida na região, afundava na água, por menor que fosse o pedaço. E produzia curas prodigiosas. Estaria ainda a cruz em Cara· buco? Confirmar-se-iam suas características fabulosas? Eis o fascinante tema para cujo exame convido o leitor, em futuro artigo, quando entrarei em pormenores.

Tambêm São Tiago Apóstolo Crônicas seiscentistas registram também a legendária presença no tempo da colonização espanhola de São Tiago Apóstolo na região de Santa Cruz, particularmente junto aos índios chiriguanos, aos quais exprobava os vícios e exortava à conversão. O Apóstolo aparecia jovem e resplandecente, tendo à sua frente uma cruz que o acompanhava movendo-se por si, milagrosamente. Ele a teria deixado na localidade de Saipuru, ao sul de Santa Cruz, onde mandou erigir uma igreja. Tudo isso levou-me a visitar esse nosso vizinho ocidental que, apesar de ser o país com o qual o Brasil possui sua mais extensa fronteira 3.126 km - , permanece para os brasileiros um grande descon~ecido. À guisa de introdução para um próximo artigo, apresentamos no quadro abaixo algumas informações e impressões que ajudarão o leitor a traçar o perfil da Bolívia atual.

Santa Cruz e Cochabarnba O PRINCIPAL portão de entrada para o brasileiro que visita a Bolhiia é Santa Cru1, de la Síerra. capital do Departamento de Sànta Cru.z., eujo teriitório ocupa cerca de 30 por cento ao pais e limita-se com nossos dois Mato Grossos. Ao atravessar o rio Paraguai, no pantanal matogrossense, não se nQta grande diferença coro o chaco boliviano, que constitui seu prolongamento natural. E se fór. por via aérea, o viajante observará a mesma paisagem de savanas até pouco além do aml)lO cinturão com que o rrio Grande envolve Santa Cruz de la Sierra, a poucos quilômetros dos primeiros contrafortes da Cordilheira Oriental. Com seu nascedouro na gigantesca Cordillleira Central, além de Cochabamba, o Rio Grande desce rumo ao sudeste, descreve um longo périplo, inclinando-se para o norte e noroeste, para formar o Mamoré, principal afluente do Madeira, por sua vez o maior tributirio meridional do Amazonas.

desestimulo das inundações a que estão sujeitas, seja pela natural indolência comum a todos os po· vos sul-americanos, as vastidões do Oriente e Amazônia bolivianos permanecem incultas, em sua maioi parte. Fundada em 1~92, Santa Cruz conserva aspectos tradicionais ao lado de intensa movimentação comereiál. No centro da cidade, é comum verem-se casas de telhados seculares, em cima dos quais crescem plantas e por ve:i:es até flores! Exemplo dessa exuberância vegetal enco.ntramos na vetusta torre da igreja dos franciscanos, Ordem que representou papel capital na evangelização daquelas tem1s, sobretudo &PÓS a expulsão dos jesultas, em 1,67.

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A uns 30 km de Santa Cruz, o Santuário de Nossa Senhora dé Cotoca atrai peregrinos de toda a região. As igrejas de Santa Cruz, como de toda a Bollvia, são íreque.ntadas em massa pelos fie1S. O "progressismo" avança com cautela e o aparente conservadorismo Santa Cruz não ~ apenas a · de muitos sacerdotes bolivianos principal cidade do Oriente boli- callSBria "escãndalo" no Brasil dos viano, mas também o mais impor- D. Casalcj&igas. 14n1e centro de comuniqção com Vivaz, aberto, de trato fácil, o Exterior ao lado de Là Paz. Sua combativo, o.,- crucenho - como pujante atividade econõmíca tal- também o boliviano do Norte amavez a coloq_ue em primeiro lugar zônico - pareceu-me temperano pais, sob esse ponto de vista. mentalmente muito afim, ao 6r&$i· Cr~ndo rumo aos 300 míl leiro. Essa afinidade, acentuada habitantes, constitui a maior con- pelo intercãmbio comercial com centração urbana depois de La nosso pais, não existe, contudo, Paz. Mas, paradoxalmente, todo o no Altiplano, cujo povo apresenta resto do imenso território do de- caracteristicas complet4mente dipartamento talvez não ultrapasse VCl'$8S. Talvez o íanico traço que outros 300 mil. E embora o none e una os quechuas e aimarás das leste boliviano detenham dois ter- cordilheiras com. os cbiquitos e ços das terras do pais - as mais chiriguanos do leste, estes de raça aptas ao cultivo - é nas asperezas guarani, seja a civilização hispldas cordilheiras que vive a maioria niéa. Mesmo assim, uns e outtos da população. Assim, seja pelo nlo a assimilaram senão em pane.

E em cenos casos misturaram irremediaveh:nente costumes cristãos e pagãos, à semelhança dos mozárabes durante a invasão maometana da EsP.8nha. Ao norte, ainda vivem tnbos nômàdes por ve:zes cm estado completamente selvagem.

. Antes de elevar-se às alturas vertigin'Osas da Cordilheira Central, o relevo andino da Bollvia apresenta OS' contrafortes mais amenos e verdejantes da Cordilheira Oriental. Encontram« ai vales proplcios à agricultura como também panoramas encantadores. Entre as duas cordilheiras, em um desses vales, a meio caminho entre Santa Cruz e La Paz, situase Cochabamba, a pouco mais de 2.SOO metros de altitude. Fundada em I S7S, conserva em seu centro o mesmo aspecto arquitetônico de um século atrás. Cenlro agrlcolà com algumas indíastrias, Cochabamba orgulha« de abrigar a sededaprincipalempresaa~reado pais, que ~va sua bandeira ao Exterior: o Uoyd Mtco Boliviano

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LAB.

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O brasileiro que visitar BoUvia já verá em Cochabamtia as primeiras neves ete,nas. Mas será voancfo a La Paz 9ue as encontrará cm abundlncaa. Saudará o majestoso llimani, rutilante de alwra. E veni: desfilarem ante se.115 olhos outros nevados que alcançam 6 ou 7 mil metros de altura. La Paz, a capital mais alta do mundo; Sucre, a cidade b.ranca da Amtrica; Potosi, ailida mais alta que La Paz, centto artlstieo de primeira fl'\lndeza, são outras cidades bolivianas que convidamos o leitQr a conhecer, pelo menos cm alguns aspectos, em próltimo artigo.


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N.° 378 -

ENOS barulhenta nos últimos tempos do que no final da década de 70 - quando a agitação social promovida por setores ligados ao Clero ameaçava, por meio de greves e grandes concentrações de protesto, submergir o Brasil numa imensa convulsão a atuação da esquerda dita católica não deixou de se alastrar pelo Pais. De um lado, tornou-se ela tão generalizada que, dir-se-ia, não há rincão no vasto territóri-o naci-onal onde não reboem, vez por outra, pelo menos os ecos de alguma ruidosa perturbação social, oriunda da pregação de cunho igualitário e socializante de elementos eclesiásticos. Por outro lado, as atenções do público - tantas vezes atraú:las apenas pelos fatos estrepitosos parecem tão pouco voltadas para tal fenômeno, que chegam a ser relativamente freqüentes declarações enfáticas e desinibidas de que absolutamente a infiltração de idéias marxistas no Clero não existe.

Ano XXXII

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Diretor: Pau lo Corrêa de Brito Filho

Reportagem de

Christóvão Nunes Pires NA LABORIOSA CIDADE de Mogi das Cruzes, o dia 31 de maio passado não foi uma segunda-feira comum. Marcou-a um ato público que merece ser analisado, porque tornou patente a agitação progressista existente aliás em vários pontos do Pais. Em sessão solene realizada . no Teatro Municipal, em que fez uso da palavra o Dr. José Eduardo Loureiro, representando a-Secção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, foi desagravada a classe, atingida por graves injúrias da parte de um sacerdote, o Pe. Luís Ceppi, Vigário da Paróquia de São José, no Mogilar. A mesa que presidiu ao ato estava assim composta: Dr. José de Castro Bigi, Presidente da Secção de São Paulo da OAB; Dr. Vítor Tomás Passos; Conselheiro José Célio Manso Vieira; Dra. Zulaê Ribeiro, Secretária da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo; Dr. Álvaro Carneiro, Vice-prefeito Municipal; Dr. Mário Pereira do Prado, Presidente da Associação dos Advoiados de Mogi das Cruzes; Dr. Alols10 Amaro de Lima, Presidente da S ubsecção da OAB de Mogi das Cruzes. O assunto remonta ao ano anterior, mais precisamente, ao dia 24 de maio de 1981, quando a Associa. ção dos Advogados de Mogi das Cruzes, tendo à frente o Dr. Valdir Rodrigues Ferreira, fez celebrar na Catedral Diocesana a Missa de Páscoa de seus membros. Não tendo comparecido o Bispo D. Emllio Pignoli, anteriormente convidado, seu substituto foi o sacerdote italiano Pe. Luís Ceppi. Durante o sermão, para desconcerto dos advogados presentes, o celebrante passou a invectivá-los com acusações genéricas de desonestidade e omissão: "Muitos presos - disse ele que se encontram na cadeia pública

foram condenados por terem sido ,na/ defendidas. Os advogados que se encontrarn presentes na Missa nada mais estão fazendo do que cumprir a ata. [...] O povo já tacha os advogados de ladrões." Acrescentou depois o pregador em tom sarcástico: "Sera que são rnesrno? Na cidade de Mogi, não · tem um só advogado que traballze de graça." Ambiente de surpresa, perl'lexidade, indignação. O Dr. Lúcio de Melo, conhecido advogado da cidade, retirou-se ostensivamente, acompanhado de outros cole~as, en~uanto o celebrante prosseguia o ato litúrgico. Algo de inusitado ocorrera: fora atingida a honra profissional dos _fiéis que desejavam cumprir o preceito pascal. A partir de então nas páginas do "Diário de Mogi" sucederam-se notas, comentários e noticias sobre o caso. Diversas tratativas a respeito do necessário desagravo ·chegaram a se ef~tivar, nos meses sµbseq_Uentes, reumndo membros da Secção local da Ordem dos Advogados do Brasil e o Bispo Diocesano, , D. E·mUio Pignoli. Este recusou-se a desabonar as graves acusações de caráter genérico lançadas pelo Pe. Ceppi, e convidou os advogados a1"caminharem com a Igreja". Alegou também que o padre "disse sin,plesmente a verda· de, ao afirmar que os advogados n,ogianos não estavam apoiando os necessi1ados".

A direita: mora· r:l!'!'I'"'!'!::"'."'~

diu doa pouei-

Dada a amplitude do tema, não podemos enfocar mais detidamente na presente edição senão alguns episódios ou publicações. O leitor, entretanto, não terá dificuú:lade em reconhecer, caso volte sua atenção para o assunto, fenômenos similares em muitos outros pontos de nosso Pats.

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e progressista injuria, OAB desagrava

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Em vista disso, "Catolicismo" julga de grande oportunidade levar ao conhecimento de seus leitores alguns Jatos recentes e sintomáticos da extensão e da profundidade da subversão eclesiástica no Brasil.

Junho de 1982 -

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roa no J•rdim

Nova Unilo. 01 quaia contem com o apoio do

Pe. Ceppl

Acima: a meaa que pre1i• diu 01 trabalhos do ato de deugravo. Na foto. o Dr.

JoMI Eduardo Loureiro, Conaelheiro da OAB (SPJ, proferindo aeu discur.o.

A direita: o Sacerdote Lula Ceppi gosta de ostentar a1pec10 de "padre pra frente". com cabelo e barba em revoluçlO

prensa nota em que afirma: "O povo já tacha os advogados de ladrões. Isto é o que ouvimos nas bocas das camadas mais oprimidas. tumaconstatação e não uma acusação. que só pode ofender a quem não se coloca ao lado dos ernpobrecidos." Ou seja, reafirmava, agora por escrito. o que dissera no sermão. Pela imprensa o Dr. Lúcio de Melo intimou o Pe. Ceppi a "dar nome aos bois", isto é, dizer a quem exatamente cabiam as acusações que fizera. Mas a resposta foi o silêncio. Também o presidente da 17.• Subsecção da OAB de Mogi das Cruzes, Dr. Aloísio Amaro de Lima, fez publicar um comunicado no qual, após lembrar a existência de atendimento juridico gratuito a pessoas sem recursos por parte dos advogados mogianos, esclareceu: "Apoiarnos os interesses dessas pessoas quando estão com a razão. Quando não têm razão justa, não apoiamos." Sua referência aos que não têm razão aplica-se especialmente aos posseiros, que também em Mogi das Cruzes no ano passado invadiram 2' propriedades para ali erguerem seus ~ barracos'de tábuas, tijolos ou blocos ~ de cimento (cfr. "Diário dé Mogi", g- 11-4-81 ). É o caso do Jardim Nova ~ União, na Vila Oliveira, onde se 3: encontram residindo cerca de 300

~, pessoas.

Embaixo: po1-aeiro1 do Jar·

dim Nova Unl6o forem ao Fo·· rum para pre1· lionar a1 auto• ridade1, em abril

do ano pauedo

A queixa e a exigência de retratação pleiteada por aqueles profissionais foram também apresentadas ao Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, a quem .foi exibido pelos membros da OAB o processo que apurou, com toda a precisão jurídica, a culpabilidade do sacerdote. Como solução foi proposta pelo Purpurado a celebração de outra Missa de Páscoa, sem qualquer retratação das ofensas assacadas contra toda uma categoria profissional. A iniciativa seria seguida de uma churrascada, sugestão que judiciosamente foi rejeitada pelos advogados. Ante o impacto que suas declarações provocaram . e.m Mogi das Cruzes, o Pe. Ccppi entregou à iro-

São merecedores de simpatia diga-se de passagem - os carentes autênticos, aos quais o Poder Público deve favorecer com ampla distribuição de suas terras i,:icultas, que abrangem cerca de 60% do território nacional. Contudo, o problema dessas invasões de terrenos particulares diz respeito diretamente, por exemplo, ao farmacêutico Naoji Takeuchi, da cidade de Suzano, que, em 1975, adquiriu quatro lotes na quadra 50 de um loteamento naquele bairro de Mogi. Invadidos tais lotes por posseiros, naturalmente coloca-se a questão para Naoji: seu trabalho, suas economias ali investidas deixarão cfe ter amparo legal? Na ótica do Pe. Ceppi, como na de eclesiásticos adeptos da "teologia da libertação", qualquer advoiado que defenda na Justiça os legítimos direitos dos proprietários merece o qualificativo de aliado dos "opressores".

Em abril do ano passado, por ocasião de audiência na 2.• Vara Cível do Forum de Mogi, quando era examinado o processo de reintegração de' posse dos proprietários de terrenos invadidos, ali esteve com

sua longa cabeleira revolta e abundante barba o Pe. Ceppi, à frente de uma delegação de posseiros, a fim de pressionar as autoridades no sentido de legitimar a invasão. Aos advogados que se recusaram a fazer o mesmo, o sacerdote acusa de omissos.

Enfim, essa investida do Padre italiano Luís Ceppi contra a classe dos advogados fai lembrar o escrito subversivo do Padre belga Joseph Comblin, cm 1968, e os comentá(Jos que teceu a respeito o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (16-11-1969), sob o título "Surpresa surpreendente": "Com efeito, a infiltração cornunista no Clero, quem no Brasil a negava a não ser uns poucos ambientes que vivern alheios à realidade atual ou certos meios simpáticos aos infiltradores? O documento Comblin - que ·constitui nesta matéria um marco ao qual há que se voltar sernpre - pôs às escâncaras as tendências comunistas e os propósitos subversivos de cerra facção do Clero." Como se recorda, em 1968, o Pe. Joseph Comblin, professor do Instituto Teológico do Recife, preconizava em seu co·nhecido documento a revolução na Igreja, a subversão do País, a derrubada do Governo, a dissolução das Forças Armadas e a instituição de uma ditadura socialista férrea. O sacerdote belga propunha expressamente: "Fm todo caso. será necessário montar um sistema repressivo: tribunais novos de exceç.i o contra quem se opõe às réformils. Os procedimentos ordinários da Justiça sio len!os demais. O Poder Legislativo também não pode depender de Assembléias deliberativas." Em vista disso, naquela ocasião, através de monumental abaixo-assinado, que contou com o apoio de 1.600.368 brasileiros, a TFP pediu a Paulo VI medidas urgentes contra a infiltração comunista na Igreja. Quinze anos depois, sem que qualquer iniciativa tenha sido tomada nesse sentido, estão disseminados nas mais variadas regiões do País, os mesmos erros, em proporções muito maiores. É comprecnslvel, portanto, que se mobilizem as forças vivas da Nação, em Mogi d,~s Cruzes e em outros pontos do Brasil, para contrapor ao progressismo dito católico um enérgico NÃO!


No cinqüentenário ~a r~volução constitucionalista

Discurso do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 1932 delineia perfil de um Brasil renovado SÃO. PAULO, 1.0 de setembro de /932. Após quase dois n1eses de revolução, os paulistas traídos e abandonados haviam compreendido que unia vitória militar não serio possfvel. Mos, conhecendo o insegurança e o froqueziJ dos bases de sustentação de Getúlio Vorgos, São Paulo prosseguia nurno resistência tenaz e heróica, no esperanço de que seu exe,nplo pudesse despertar novos focos de reação em outros pontos do Pofs. A esta altura, pelos ondas de duas en1issoros paulistanas. os Sociedades Rádio Educadora Paulista e Rádio Cruzeiro do Sul, chego a todos rincões do Estado o voz ardorosa e cheia de fé de Plínio Corrêo de Oliveira, o jovem lfder católico que tão importante papel iria dese,npenhor no fundação do ligo Eleitoral Católico, .e no defeso dos postulados religiosos durante o Constituinte de 1934. Foi o primeiro discurso a tratar dos assuntos relativos à organização que seria dada ao Brasil se vitoriosa o revolução de /932. Por este motivo, a censuro, querendo evitar explorações polfticos, permitiu que se pronunciasse o discurso, mos impediu suo divulgação pelos jornais. A próprio autorização concedida ao orador deveu-se ao fato de o texto se caracterizar pelo teor católico e extrapartidário. Como São Paulo estava sob severa censura de guerra, o orador teve que se ater estritamente às informações oficiais, divulgados pelo governo paulista. Os leitores notarão que os princfpios defendidos no discurso são exatamente os mesmos que nortearam, nos últimos 50 anos, todo o atuação pública do fundador e Plesidente do TFP. Poro este jornal, é particularmente grato ressaltar que tais princípios. em linhos gerais, são os mesmos que o Prof Plínio Corrêa de Oliveira teve e,n visto ao redigir, em janeiro de 1951, nosso editorial-programa "A Cruzada do Século XX". É esse discurso inédito que "Catolicismo" se rejubila em apresentar a seus leitores, por ocasião dos comemorações do cinqüentenário do revolução paulista:

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BELO BRASÃO de armas com que acaba de ser dotado o Estado de São Paulo, figura, como sinal heráldico principal, a espada com que a Igreja costuma representar o Apóstolo São Paulo, o indomável evangelizador dos gentios. f intenção da Igreja salientar assim o espírito combativo do grande Apóstolo. Nosso Estado, no momento da luta, ao escolher seu brasão de armas, homenageia seu Patrono, ostentando-lhe a espada, como que a indicar que a sua energia combativa, posta sempre a serviço da causa de Deus, é o grande modelo em que se inspiram os heroísmos de que nosso Estado tem sido fecundo. E foi desembainhando esta espada posta a serviço da causa da Pátria, da famOia, e da propriedade, que, no dia 9 de julho, o Estado de São Paulo se erguia como um só homem, para depor a Ditadura chefiada pelo Dr. Getúlio Vargas. Desde os primeiros instantes de luta, a maravilhosa unanimidade dos habitantes de Piratininga se revelava através de uma estreita colaboração, qu~ se ia estabelecendo entre todos os fatores econômicos, polfticos, sociais, intelectuais e espirituais do progresso paulista.

Como a árvore, que faz estalar sua velha casca, um Brasil novo surge e se manifesta, que por toda a parte se revolta contra a rede de interventores que o Governo Provisório espalhou sobre nosso território. A vitória se aproxima, portanto. Não nos esqueçamos, porém, nas alegrias do triunfo, das preocupações inerentes 'à reorganização nacional. Napoleão Bonaparte afirmava que vencer é pouco; o importante é aproveitar o sucesso. Modificando ligeiramente a afirmação do grande

Hoje, 1. 0 de setembro, depois de 5J dias de luta, a Ditadura pode constatar sua impotência em sufocar a revolução nascida em São Paulo. Em todas as frentes, os comunicados oficiais anunciam o fracasso das ofensivas tentadas por nossos adversários. Suas investidas encontraram na resistência paulista uma barreira intransponível, contra a qual se arremessaram cm vão os esforços da artilharia e os ardis maquiavélicos que, de há muito, o Direito prescreveu das guerras entre exércitos civilizados. Ainda que outros fatos mais favoráveis não existissem, esta resistência tenaz dos paulistas já nos poderia sorrir como auspicioso prenúncio da vitória. O Brasil, porém, acode todo ele pressuroso ao chamado de São Paulo. O Rio Grànde do Sul se convulsiona. Agita-se o Rio de Janeiro. Irrompe um levante em Minas. Motins ensanguentam a Bahia. Por toda a parte, enfim, uma reação decidida mostra à evidência que a condenação do escol dos brasileiros cai severamente sobre a Ditadura, abandonada por todos, e defendida apenas por um pequeno grupo de fiéis, que vão haurir no desespero toda a sua energia combativa.

É imprescindível que, quanto an-

tes, se dote o Brasil de uma Constituição realmente conforme às tradições espirituais e históricas do País. É imprescindível que novas leis venham pôr cobro a abusos que já se tornam velhos. Mas, de que valerão as melhores leis, e a mais perfeita Constituição, se uma profunda moralidade não lhes assegurar o cumprimento? Do que vale o voto, se não é dado pelo eleitor com sinceridade, e aceito pelo candidato com reta intenção?

Concentn,çlo clvica na Praça da Sé, durante a revoluçlo de 1932

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sos elementos de boa fé. Excluídos, porém, estes elementos, que são um mero joguete nas mãos do Clube 3 de Outubro, temos o espetáculo inédito de um sindicato de políticos, a feitorizar a Nação por um ano e meio, forçando finalmente a população a se levantar para impor um regime de ordem e de lei, contra o desejo - suprema ironia - das autoridades que deveriam ser as defensoras natas da mesma ordem e da mesma lei! Este fato gravíssimo nos força à reflexão. E, por menos que refli-

general corso, poderiamos dizer que vencer é muito, mas de nada vale, se não for bem aproveitada a vitória. Ora, a vitória não será bem aproveitada, enquanto não forem definitivamente removidos, até nas suas causas as mais remotas, os fatos que nos forçaram a apelar para o recurso extremo das armas. Não nos iludamos sobre as causas profundas da tremenda crise que o Brasil atravessa, e que enche de angústias a mais tormentosa quadra de nossa História. A crise do Brasil apresenta sintomas econômicos, sociais, políticos. Sua raiz, porém, é de ordem moral, e exclusivamente moral. E se alguém ainda duvidasse da existência ou da profundidade do mal, pir-lhe-lamos que atendesse ao fato simplesmente inquietante de, em um País que tem quatro séculos de História honrada e cheia de brilho, aparecer subitamente uma Ditadura cujos atos mereceriam figurar em operetas, e não em compêndios de História, que arvora a anarquia administrativa em sistema de governo, e a arte de despistar em arte de governar. ·· Qual o ponto de apoio desta Ditadura? Como o sepulcro de Maomé, suspenso entre o Céu e a terra, a Ditadura nenhum apoio tem, quer de Deus, quer dos homens. Quais os defensores desta Ditadura? Um grupo reduzido de ditadores do ditador, a lhe impor determinações, a tutelar Estados, e dividir o Brasil em Interventorias e vice-reinados, como crianças que entre si dividem um lote de brinquedos! É tal sua força convincente, tal o ardor com que fazem a apologia do estranho governo que apóiam, que conseguiram a adesão de diver-

tamos, vemos claramente que é na moralidade fraca de certos elementos, que reside a causa de tantas desgraças. E, enquanto não for sanada a causa de tal debilidade moral, estará aberta a porta a novas lutas, que condenarão o Brasil ao suplfcio tantálico de ver fugir-lhe dos lábios ressequidos a paz e a ordem que tanto almeja, logo que estas se aproximem por momentos de sua boca sedenta. Eternamente a construir revoluções e a destruir desencantado e desiludido a obra que levantara, o Brasil consumirá nesta tarefa ingrata o melhor de seu tempo, em lugar de caminhar decididamente para a alta missão que lhe reserva a Providência. Não constitui argumento alegar que é pequeno o número de elementos nefastos que provocaram e agora defendem a lamentável situação atual, que só conseguimos remover com o recurso às armas. O micróbio se vale justamente de sua pequenez, para iludir a atenção dos incautos, e vitimar em pouco tempo os mais robustos organismos. Agora que São Paulo, arrastando consigo todo o Brasil, enche páginas e páginas de glória, que legará ao futuro, é imprescindível que cogitemos seriamente das providências-necessárias para a definitiva pacificação do Brasil. A grandeza do heroísmo com que lutam nossos soldados_,a beleza da abnegação com que aflui às arcas do Tesouro o que de mais precioso continham as economias dos pobres e os cofres dos ricos, o edificante exemplo de solidariedade c!vica que damos hoje ao mundo inteiro, tudo isto precisa ser resguardado dos perigos que virão depois da vitória.

Do que serve um Congresso, se nele não se cuida dos interesses do Brasil, mas dos de uma facção? De que nos serve o mais bem municiado dos exércitos, se se desvia da ética militar, e se arvora em tutor ou feitor do País? Do que vale um perfeito aparelhamento escolar, se por seu intermédio se ensina a história do Egito ou a composição do sistema solar, mas se omite intencionalmente o estudo dos deveres para com a Religião e a Pátria? Todo o seu aparelhamento administrativo, que deveria ser para a Nação como o maquinismo que conduz o navio ao poito, não será outra coisa senão um fardo pesadíssimo e impossível de sustentar, se não for por toda a parte disseminada a seiva de uma profunda moralidade. E esta moralidade nova, o Brasil não deverá buscá-la nos ensinamentos amorais de um Lênin, ou nas fantasias mais ou menos -sedutoras de algum filósofo contemporâneo. Folheie o Brasil as páginas de sua própria História. Indague de Anchieta qual o fundamento de sua admirável abnegação apostólica; pergunte a Vieira qual a chama que acendeu cm prol das mais nobres causas o talento de sua inexcedível eloqüência; pergunte a Amador Bueno qual o princípio em virtude do qual se julgava obrigado a guardar fidelidade a seu Rei; interrogue o Duque de Caxias sobre o segredo que tornou gloriosa a sua espada no Paraguai; investigue as razões que , levaram a Princesa Isabel a abolir o cativeiro, com o sacrifício do próprio trono. E todos, a uma voi, apontarão para nosso céu estrelado, mostrando o Cruzeiro do Sul, simbolo bendito da Redenção, que a Providência desenhou em nosso firmamento."

CATOLICISMO -

Junho de 1982


E

NGANA-SE muito quem ainda julga q ue o fenômeno de aberta subversão eclesiástica no Brasi.l está confinado a pequenos focos. Impune, ela vai ganhando grande número de dioceses, onde é promovida diretamente por elementos do Clero. . Há males evidentes que tal subversão vai desde já disseminando: risco grave de perdição eterna para inúmeras almas que procuram no Clero a direção de suas consciências; abalo profundo do que ainda resta de instituições básicas da civilização cristã, como a família e a propriedade; desvirtuamento da Igreja e da Pátria que tendem, sob esse influxo, a perder a identidade consitlo mesmas e degradar-se à condição de meros instrumentos da comunistização. Quanto à Igreja, existe a promessa de sua indefectibilidade, assegurada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas até que ponto poderá chegar a decadência do elemento humano da Esposa de Cristo sem afetar a referida promessa? E há também um mal que bem poderá ser consumado num futuro

A extensão e· o risco da· subversão eclesiástica muito próximo: a subversão eclesiástica organizada funcionar eventualmente como um rastilho de pólvora para incendiar o Brasil, na primeira ocasião em que alguma faísca de luta armada venha a atingir nossa Pátria. Qualquer problema mais grave em que o País se veja envolvido pode servir de pretexto aos setores progressistas para lançar-nos em desordens e conflagrações de proporções incalculáveis, procurando fazer com que a causa das esquerdas se confunda com a da Igreja. E manejando como escudo contra os opo-

sitores o slogan da perseguição religiosa. Slogan que não tardaria a encontrar eco nas esquerdas do mundo todo - eclesiásticas ou não unas e solidárias quando se trata de subverter. Numa situação de tragédia como essa. os defensores da verdadeira Fé e dos valores da ordem temporal de nossa Pátria seriam, por ce rto, apontados como perseguidores da Igreja, pelo fato de não quererem dobrar-se às imposições de caráter político, econômico e social de clérigos e leigos debandadamente esquerdist-á's. E a Nação poderia ser

Deturpações da Bíblia para justificar extremismos OBSERVA-SE atualmente nos meios da esquerda católica verdadeira obsessão de imprimir opúsculos, folhetos, folhetins etc., que se caracterizam por baixíssimo nível gráfico, intelectual e doutrinário e pela contínua tendência à subversão. O tema "pobre contra o rico" é repisado, sem originalidade, de todas as formas imaginâveis, tendo sempre como fundo de quadro a sociedade sem classes bem-amada de

Marx. Em meio a tal avalanche de panfletos figura o da Diocese de São Mateus (ES), intitulado "A Força do Povo", precedido por uma carta do Bispo local, D. Aldo Gerna, o qual assume a responsabilidade, pe-

lo menos de orientador, na redação após toneladas de papel impressas, do folheto. Não consta nenhum quantidade incalculável de sermões, outro nome de pessoa que haja esforços inaudi1os de organização, colaborado na confecção do o- produç.ã o em série de reuniões. propúsculo. paganda abundante, dinheiro do O tom dessa "literatura" é todo Exterior, e tudo o mais que se ele de molde a fomentar a luta de conhece, os frutos são até agora classes. São freqüentes frases como minguados. O povo brasileiro. esesta: "A gente não entende co,no o . perto e vivaz. tem oposto resistênpessoal possa aceitar calado uma cia - um tanto passiva, é verdade situação de apeno como aquela que - à escalada da subversão eclesiásestamos vivendo!" (p. 7). Em outros tica. Se tal resistência crescer e termos, o autor (ou autores) da frase passar à oposição declarada. ainda citada esperaria que a revolta popu- tudo se pode esperar para o futuro lar jâ estivesse desencadeada. do Brasil nas vias da civilização Aliás, diga-se de passagem, com- cristã. Caso contrário, nossa Pátria prova-se nesse trecho, mais uma vez, corre o risco de ser levada de roldão o desapontament o que se nota em p_clo aluvião subversivo do progrescírculos progressistas. Com efeito. sismo.

Fracassa a roça comun1tar1a li

A roç• comunlt,rl• ...

Texto e rotos de

Rafael Meneses EM DIVERSOS municípios brasileiros - como Lages, em Santa Catarina; Mirandópolis, no Estado de São Paulo; Nova Esperança, na Diocese de São Mateus (Espírito Santo) - tentou-se realizar experiências, na maioria fracassadas, das chamadas roças comunitárias. Promovidas pela ala "avançada" do Clero, essas roças pretendem, segundo parece, antecipar neste mundo "corrompido" pelas desigualdades sociais o "reino de Deus" igualitário com que sonham os progressistas. Tais experiências visam "educar" gradual'-mente as famílias para a "vida em comunidade", onde ninguém é proprietário e não se reconheçem preeminências. A "experiência" de Mirandópolis ganhou certo destaque com as recentes denúncias sobre atividades eclesiásticas de fundo político, com pregação da luta de classes marxista, na Diocese de Lins, à qual pertence aquele mu11icípio. Usando fundos provenientes da Misereor, poderosa organização assistencial da Alemanha Ocidental, o Padre irlandês Vicente McDevit, pároco do lugar, adquiriu uma gleba de 30 hectares e a distribuiu entre 12 familias de "bóias-frias". Por razões ainda não inteiramente esclarecidas, a iniciativa da Roça Comunitária São João Bo-

rista fracassou rotundamente. Moradores das cercanias garantem que a qualidade do solo ali é excelente e não conseguem explicar o estado de evidente abandono das suas áreas cultivadas, contcastando com o viço das plantações nos sítios vizinhos. O sacerdote aponta como causa o desinteresse dos beneficiados e o fato de ter surgido naqueles "ex-oprimidos" a cobiça característica dos "opressores". Os seus "protegidos", entretanto, não concordam com tal visualização: levaram o caso à Justiça do Trabalho, revoltados contra seu "protetor", conforme noticiou um matutino paulistano.

Abstração feita de fatores circunstanciais que, em concreto, possam haver contribuído para o malogro, surp,reendente mesmo se... em

CATOLICISMO -

Junho de 1982

,

lnstllar 6dlo de morte Coerente com certa posição progressista, o folheto da Diocese de São Mateus faz uma acusação grave. A situação atual do País, que é apresentada em cores negras, não seria fruto de circunstâncias adversas, nem sequer de má organização, mas teria sido deliberadamente planejada. Ou seja, segundo D. Aldo Gerna e seus seguidores, haveria gente tão mal-intencionada (subentende-se. nas classes dirigentes) que desejaria o sofrimento dos pobres a ponto de. propositadamente, jogálos numa situação de miséria e desespero.

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A, ilu1traçõe1 (de um primarismo e acentuado

mau gosto} da cartilha ..A Força do Povo n

visam. como 1ua1 eon:96nere1, a fermen·

taçlo do ódio de cla1ae1

O. Aldo Gema, Biapo de Slo Mateus (ESJ. reaponaével pelo folheto "A Força do Povo"

li

ria se a "experiência" alcançasse êxito. Conglomerar pessoas que, por certo. não se sentem chamadas pela Provid ência a seguir ,determinada via rr\ais perfeita de renúncia e abnegação, própria a regras de uma Ordem religiosa. e imporlhes um estilo de vida em comum no plano temporal - eis ai uma iniciativa da qual, de fato, não se poderia esperar outro resu ltado. Eliminando o legíti /no interesse pessoal de acumular para si e para os seus, a roça ,·0111u11itdria acaba se tornando um sistema de produção marcado pela indolência, gerando a miséria. O fracasso e_m Mirandópolis não serenou o buliçoso pároco "de vanguarda" e foi ele um dos personagens mais visados nos protestos que se ergueram ultimamente naquela próspera região paulista contra os desvarios do progressismo dito católico.

Mirandópolis (SP). contando com &tiva participaçlo do vigário da

cidade. fraeas.so.u notoriamente

lançada no mais atroz dos conflitos: o de caráter religioso. Quimeras ou fantasias? Talvez para os que procuram fechar os olhos à realidade e não querem ouvir a ameaçadora violência verbal com que, desde já, se exprimem os progressistas. Ou para os que permanecem insensíveis à grande comburência do mundo atual onde um episódio tão localizado quanto inesperado como o das Malvinas imediatamente.envolveu o perigo de uma intervenção russa e debilitou. de modo assustador. as alianças no mundo. ocidental.

Essa possibilidade de ação da esquerda "católica" já foi prevista co.m fulgurante clar!!Za pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua carta ao Presidente Figueiredo, a propósito de uma possível intervenção direta dos soviéticos em nosso Continente, sob pretexto de ajudar a Argentina no conflito do Atlântico 'Sul: "As incursões russas. favorecidas. ben1 entendido, por guerrilhas locais de inspiração co,nunista, se intitularian, de "libertadoras". E no pais invadido, ficaria desfraldado o es,andarte da subversão. Co,n rudo isto. a esperança anin1aria e poria en1 ação os organismos co1nu11istas e socialistas que Moscou 1nantéln vivos en, toda a América latina, em rodo o Brasil, Sr. Presidente. A "esquerda católica" se agitaria ainda mais atrevidamente, pregando n1ais ou ,nenos veladan1e111e a lura de classes. ao ,nesmo ren,po que difundindo (<'0111 ardis dulçurosos todos seus) a inércia entre os não-,·o,nunistas" ("Folha de S. Paulo", 7-5-82). É à luz dessas considerações que o leitor deve anàlisar os documentos prog_ressistas que comentaremos a seguir.

Tal afirmação é de molde a instilar nos pobres um ódio de morte contra governantes e pessoas abastadas. Onde figuram as provas para tão grave acusação? As provas, ora as provas... Na falta delas o folheto limita-se a observar: "A situação que 11ás vivemos hoje estava prevista, porque ela foi "planejada". Esse planejamento. ou progra,na, previa várias etapas, que foram se realizando. Elas/oram a partir de 1964" (p. 8). As principais etapas teriam sido: arrocho salarial, controle sobre sindicatos, aperto das pequenas e médias empresas, favorecimento das multinacionais e do capital estrangeiro. Problemas todos da maior complexidade, cuja elucidação exigiria estudos econômicos e sociais de grande envergadura e seriedade, e que o folheto simplifica, apresentando-os como ... etapas de um plano de perseguição ao pobre. Tudo isso seria ridículo se não fosse trágico. Sumamente trágico, porque é no seio da Santa Igreja que circulam tais idéias. disseminadas por clérigos e leigos. Após· configurar sob esse ângulo a "realidade", o opúsculo pergunta: "Será que não há uma saída?" (p. 9). A resposta apresentada contém vários itens carregados de demagogia e do espírito da luta de classes. Entre eles não podia faltar a clássie<\, reivindicação em favor de uma RFforma Agrária. Mas talvez o ítem tnais característico do extremismo ' das soluções propostas seja o que apregoa: "Mudança total de todo o sisten,a polltico-econômico... " Não se trata, pois, da mudança de uma parte defeituosa, nem de corrigir desvios, o que poderia ser louvável A ênfase na mudança é tal que ela não se detém ante a clamorosa redundância gramatical: "total de roo. d .. .. . Mas, ao mesmo tempo que aparece a radicalidade, transparece o medo de revelar muito claramente às próprias bases para onde levaria tão

fundamental mudança. Pela pregação insistente do igualitarismo e por todo o contexto, infere-se que se trata da sociedade sem classes proposta pelo comunismo. Porém, não se diz isto claramente, pois parece temer-se que tal revelação afaste muitos daqueles que, por todos os modos, se deseja arrastar.

Deturpação da Sagrada Escritura Não pense o leitor que estam·os exagerando. Nas páginas 30 e 31, sob o título "O Plano de Deus é un, Projeto Igualitário" está dito: "Deus pro,neteu uma TERRA onde todos teriam vivido con,o irn,ãos: sen, exploradores e explorqdos. opressores e oprimidos, escr/Jvos e patrões" (p. 31). Veja-se como é cayiloso opor "escravos" a "patrões'', para _insinuar, sem declarar explicitamente, que onde hã patrões os O\Jlros são escravos. O complemento natural de patrão é empregado. Ora, a situação do empregado assalariado é, de si, digna e de acordo com a doutrina católica. É claro que pode haver casos de injustiça, como em todas as relações humanas os há. Mas insinuar uma identificação entre a situação de assalariado e a de escravo revela um extremismo que chega às raias do delírio. Para tentar justificar sua esdrúxula posição de atribuir a Deus um projeto igualitário, os autores do folheio apelam para a Sagrada Escritura: "Foi para garantir este Projeto de Igualdade que Deus ditou sua LEI [ ... ]. Quando o Povo de Israel chegou na Terra Prometida. repartiu as propriedades de acordo com a necessidade de cada um. Era proibido acumular terra (veja Levítico 25,4) porque a terra é um bem que deve ser de todos" (p. 31). Examinamos o texto citado do Levítico. Nada tem a ver com o tal "Projeto de Igualdade". Trata-se de leis existentes para os antigos judeus

(continua na página 6)

..


Blumenau moderna prefere A mentalidade descartável arquitetura tradicional - "ISTO PERTENCEU ao um produto cujo único destino, meu bisavô!" após o uso, só pode ser o cesto do O leitor talvez tenha ouvido lixo. Onde não o recolherá nem em casa de algum amigo uma mesmo um pobre que necessite frase assim; e terá compartilhado de vasilhame para uso doméstico. a satisfação de quem, com justo Se em vez de comprar trinta desorgulho, lhe mostrou uma baixe- ses copos descartáveis, você usar la de prata, uma mesa de jaca- o mesmo dinheiro para comprar randá ou um relógio de pêndulo, uma xicara de porcelana, ao fim dessas peças cuja origem remonta de um mês você ainda terá a sua a gerações anteriores, de épocas valiosa xicara em perfeitas conantigas em que tudo era mais dições de uso. E não precisará durável: os bens, as amizades, os traba)har para pagar os trinta vínculos conjugais, as instituições, copos descartáveis do mês seguinaté mesmo a moeda. te. E os de muitos outros meses. E se, ao ver o objeto de estiDescartar após o uso é coisa mação do amigo, o leitor não que se pode fazer com qual~uer tinha na agenda algum outro com- produto, de boa ou má quabdapromisso urgente, ao qual aten- de. Imajtine a situação de um deria deslocando-se a alta velo- milionáno que pudesse desfazercidade em algum veículo descar- se de suas xícaras de porcelana tável - desses já decré1?itos após após o uso, jogando-as no lixo um ano de uso - , terá tido algum para evitar o trabalho de lavá-las. vagar para levantar a seguinte Julgá-lo-iam um louco que despergunta: por que as coisas hoje perdiça seu dinheiro. Proporciocm dia duram tão pouco? nalmente, é o mesmo que aconA constatação é óbvia: os bens tece quando nos desfazemos de de consumo atualmente não são um produto descartável. Mas com feitos para durar. Constatação não a enorme diferença de que os menos óbvia: são de má qualidade. pobres afluiriam para disputar o A indústria conseguiu a proe- lixo do milionário. za gigantesca de piorar indefiniDescartando um utensílio padamente a qualidade dos seus pro- ra evitar o trabalho de lavá-lo, dutos até chegar à era do "descar- cria-se a necessidade de trabalho tável". E a propaganda conseguiu para comprar outro. Trabalho por uma proeza ainda maior que é a trabalho, portanto, é prefer!vel de convencer o público a aceitar trabalhar para manter e usar o esses produtos. Argumento? Ape- que é seu, de boa qualidade e nas o de que você pode "usar durável. Cabe lembrar aqui o proe jogar fora". O atrativo que a vérbio antigo ... e durável: o barapropaganda maneja contra o con- to sai caro. E acrescentar a ele sumidor é de que ele não terá este outro: o preguiçoso trabalha o trabalho com a manutenção: em dobro. lavar, por exemplo. l, mais bem Isto que é válido para o exemum convite à preguiça. plo citado, o é também para a Mas, se bem anali~ado o argu- generalidade dos produtos desmento, ele deveria ser enunciado cartáveis ou semidescartáveis. Se assim: é tão ruim que você só todos agissem com bom senso, pode usá-lo uma vez. Portanto, optando por bens duráveis, a inuse e jogue fora, livre-se dele. dústria seria forçada a a primorar O contra-senso dessa atitude a qualidade dos seus produtos. não é evidente à primeira vista e Mas é pouco provável que a menpor isso apresento ao leitor uma talidade descartável sofra mudancomparação que o evidencia. Se .ças. Depois que o homem movocê usa, por exemplo, copinhos derno se acostumou com os prodescartáveis para café - desses dutos descartáveis, a sociedade que queimam os dedos, alteram o admitiu conviver com a má quagosto dl! bebida, não se adaptam lidade permanente. (Aginda Boa bem aos lábios e não resistem lmprtnSI - ABIM) à pressão dos dedos - já deve ter sentido todas as desvantagens de Paulo Silva Meira

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NA DfCADA DE 50, quando, sob a orientação dos religiosos franciscanos, planejava-se a construção de uma nova igreja-matriz na cidade de Blumenau, foi aventada a possibilidade de edificá-la em estilo gótico, que celebrizara tantas catedrais européias. Essa hipótesecontavacom a adesão da maioria dos fiéis. O plano, entretanto, acabou sendo recusado, sob a alegação de que tal estilo, caracterizado por belas ogivas e pela notável altura de suas colunas e torres, além dos vitrais, destoava dos novos ventos que começavam a soprar na segunda metade do século XX: os da mudança geral e irreversível para atender a uma suposta exigência do público, que estaria cada vez mais sedento de novidades. Assim, a Igreja-Matriz de São Paulo Apóstolo, cuja construção foi concluída em 1963, apresenta, além de seu estilo "modern9", vários. traços de nítida e exótica inovação: a pia de ãgua benta possui proporções inusitadas, com cerca de três metros de diâmetro, e os confessionários são brancos, de mármore. O público aceitou o novo templo com silencioso respeito, sem entusiasmo.

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O futuro, com efeito, encarregou-se de comprovar o apreço da população da9uela cidade pela arquitetura tradicional, recusando-se ela a seguir, nas construções civis, essa revolução estética. E o que se verifica, a partir da última década, é uma impressionante valorização das construções típicas alemãs, que já chegam a mais de duas dezenas no centro de Blumenau, além de residências também nesse estilo, espalhadas pelos vários bairros da cidade, tanto das classes mais abastadas qua.,to do operariado. Assim, prédios modernos e padronizados vão sendo demolidos para dar lugar a ediflcios que evocam a Alemanha tradicional, através do estilo denominado nesse pais fachwerkhaus (cuja tradução seria "casa construida em alvéolos de madeira preenchidos com alvenaria"), e na linguagem corrente da região conhe,. cido como es)ilo enxaímel. Residências, casas comerciais e bancos instalados em prédios que lembram a época medieval, com placas e dizeres escritos em caracteres góticos, eis o ~ue boje está amplamente em uso em Blumenau. Seus habitantes, em larga maioria descendentes de colonos alemães que se fixaram na zona no século passado, quando da fundação da cidade, sentem-se plenamente identificados com tais construções. E as pessoas que visitam a cidade descansam seu espfrito, podendo apreciar algo diferente dos monótonos arranha-<:éus e cubos de cimento-armado que pre-

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Blumenau. A arqultotura tradicional atni melhor 01fregueN1do .que a vulgaridade daa linha, moderna•

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dominam nas megalópoles cosmopolitas de nossos dias. Incentivando esse renascer do tradicional, que vai modificando a paisa$em urbana de Blumenau, a Prefeitura Municipal, através da lei municipal n. 0 2.262, de 30 de junho de 1977, passou a conceder uma redução de 30% no imposto predial urbano para empresas, enquanto para residências o desconto é da ordem de 50%, desde que sigam as características do pitor:esco estilofachwerkhaus. Segundo este, as fachadas dos

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ediflcios apresentam vigas expostas de madeira, reforçando as paredes construidas com tijolos, que são, algumas vezes, de qualidade especial, o que dispensa o revestimento de reboco.

Luís Ramos

ª'CIMENTO DA RODÉSIA WASHINGTON -

Denis Wal-

kcr, deputado na Rodésia (atual

Zimbabwe), é branco, apoiou a independência do pais e os acordos que estabeleceram o atual governo. Membro do Parlamento por oito anos, foi ministro cinco vezes, em diversos gabinetes, destacando-se especialmente nas gestões do Ministério da Educação e posteriormente como Ministro do l.nterior. Foi membro do governo de transição de Muzorewa. "Estou muito preocupado - declarou - com o futuro do pais, pois o atual governo estã se movi.mentando para reformar a Constituição, transformando o Zimbabwe em regime de partido único. O governo está claramente adotando posições marxistas e caminha para uma ditadura esquerdista."

"Sou membro do Partido Frente pcnhada, mas sim, fºr quanto temRepublicano - acrescentou. - Ti- po ele as respeitar . nhamos muita esperança de que o "Muitos de nós no Zimbabwe já governo Muzorewa se transformasse prevíamos que isso . iria acontecer, num governo de união nacional, pacificando o pais e mantendo-o no Robert Mugabe, primelro-minlatro marbloco ocidental. Essas esperanças não xlate do Zlmbabwe (antiga RocUala) se concretizaram e o atual governo de Mugabe, após ter-se comprometido a respeitar os acordos de Lancaster, em que são garantidos a liberdade e os direitos a todas as minorias, passa de repente a advogar idéias marxistas e a se inclinar na , direção do bloco comunista. Ele cumpriu sua promessa de respeitâr os direitos e liberdades do povo apenas no início de seu governo. Mas agora ele se mostra comunista. E, como se sabe, a um comunista não se pergunta se ele respeitará suas promessas, sua palavra cm-

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mas nossas palavras não foram ouvidas. Os ingleses exigiram de todos os modos os acordos de Lancaster, que instituíram o governo de união nacional, com o líder esquerdista Mugabe à frente, garantindo que respeitaria as demais for_ças polfticas e as minorias do pais. Porém, logo após, ele expropnou todos os jornais, eliminando a liberdade de imprensa, e mais recentemente as reuniões polfticas foram proibidas em todo o território nacional. "Nosso objetivo é manter a atual estrutura social e a Constituição do pais. Vários partidos de minorias étnicas negras têm o mesmo objetivo que nós. Desejamos manter o Zimbabwe no Ocidente; não queremos uma comunistização de nosso pais. Já há gente presa sem julgamento; há casos de tortura.

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"Essa penetração comunista no sul da África é extremamente perigosa para todo o Ocidente devido à enorme rique,.a mineral dessa região. Basta dizer que cerca de 22% dos minerais estratégicos consumidos pelos EUA provêm do sul da África. Seria uma grave perda, criando uma crise econômica séria para o Ocidente. "Esperamos que os paises do Ocidente que nos pressionaram a aceitar os acordos de Lancaster, pressionem agora o sr. Mugabe no sentido de respeitar esses acordos. Não advogamos uma mudança de governo. Apenas queremos que ele respeite os compromissos assumidos internacionalmente." (Ac~ncia Boa Jmprmsa -

ABJM)

Antonio Francisco Navarro CATOLICISMO - Junho de 1982


a história de Papas Tal precisão de conceitos torna-se particularmente necessária na época de confusão doutrinária, cultural e moral em que ,Y·vemos. E as lições, como também os exemplos do passado, -.--vi-~ cados no decorrer da História da Igreja, podem servir como ::;,-..,.,_,'lJ.-!l pre I sos ensinamentos para os dias de hoje. A História, em toda su i'' ~etividade, será para nós, como observava um autor latino, "testen1unha dos tempos, luz da verdade, vida da men1ória, mestra _d a vida, mensageira do passado".

"CATOLlCISMO~ inicia hoje uma série de artigos sobre dificuldades históricas ocorridas com alguns Papas, durante seus Pontificados. Pareceu-nos oportuno o tema para que nos~s""- --' leitores formem uma idéia, através de exemplos históricQS4;-<ta-v distinção fundamental existente na Santa Igreja: o ele nto divino, imutável, perene e infalível; e o elemento humano, 1 tável, transitório e - quando se trata do Sumo Pontífice - infalível dentro dos limites estabelecidos pelo Concílio Vaticano I.

Pode um Bispo discordar do Papa? O caso de São Policarpo e o Papa Santo Aniceto O BOM AROMA da presença de Nosso Senhor Jesus Cristo ainda não se tinha desfeito nas duas gerações que se Lhe seguiram, e o calor de Pentecostes ainda ardia na plêiade de varões que sucedeu aos Apóstolos, quando se deu no seio da Igreja nascente de .então, um episódio famoso - a Querela Pascal que de alguma maneira repetiria, pela discussão entre São Policarpo e Santo Aniceto o episódio da resistência de São Paulo com São Pedro em Antioquia. Santo· Aniceto era Papa. O décimo Bispo de Roma que ocupava a Cátedra da verdade, numa época em que tão pouco tempo reinavam os Papas, ávidos do martírio. Recebera ele de seus antecessores uma tradição pascal que remontava até São Pedro e São Paulo. São Policarpo, ancião de 85 anos, fora sagrado Bispo de Smima pelo próprio São João Evangelista. Convivera com vários Apóstolos, e observava a comemoração da morte de Jesus Cristo na data a ele ensinada pelo discípulo amado.

A

Percorrendo a vida de São Policarpo, toma-se conhecimento, segundo Santo lrineu (cfr. Euste10, "Hist6ria Eclesiástica", V, XXIV, 16), da viagem que o velho Bispo de Smirna fez a Roma, sob o pontificado de Santo Aniceto, em 154. Os dois santos tinham algumas questões secundárias para regular, que foram logo aplainadas. Mas havia um problema capital que eles não puderam resolver mediante acordo: era a questão pascal. Os asiáticos comemoravam a Páscoa a 15 nisan (mês judaico) qualquer que fosse o dia da semana. Os romanos a celebravam no domingo que seguia ao 14 nisan. Esta diversidade de datas trazia consigo uma diversidade de ritos e festas. A Páscoa era para os asiáticos o dia da morte do Senhor; eles ali jejuavam, mesmo que ela caísse no domingo, e rompiam o jejum à tarde; a solenidade terminava pela Eucaristia e pelo ágape (cfr. SCHMIDT, "Gespriiche Jesu nlit seinen Jüngern", Leipzig, 1919, p. 699 e ss.). Os romanos, pelo contrário, consagravam à memória da Morte e da Ressurreição de Cristo três dias: sexta-feira, sábado e domingo. Os dois primeiros dias eram de luto e Jejum; a vigília do sábado para dommgo preparava os fiéis para a festa da Ressurreição celebrada no domingo. Essa diferença de usos litúrgicos era tanto mais incômoda quanto, na Igreja de Roma, os asiáucos eram bastante numerosos. Estes, em seu conjunto, permaneciam fiéis a seu costume particular. Os Papas toleravam a divergência, mas desejavam vivamente reduzi-la. São Policarpo, sem dúvida o desejava tanto quanto São Aniceto, e pode-se conjecturar que, se este ancião impôs a si uma incômoda viagem a Roma, foi sobretudo para regular uma tão grave questão. Apesar da boa vontade, evidente de parte a parte, não se pôde chegar ao acordo. "Aniceto não podia persuadir a Policarpo de não observar aquilo que con, João. o discípulo de Nosso Senhor, e com os outros Apóstolos, de qúem fora familiar, ele tinha sen,pre observado. E Policarpo ta111bém não podia conduzir a esta prática Aniceto, que lhe dizia dever seguir o costume dos pres• bíteros que o havian1 precedido". CATOLICISMO - Junho de 1982

Essas são as palavras · textuais de Santo lrineu, discípulo de São Policarpo, em uma carta ao Papa São Vítor. relatada por Eusea10 em sua "História Eclesiástica" (V. XXIV, 16). Os dois santos igualmente zelosos de suas tradições diferentes inclinavam-se diante desse obstáculo que parecia intransponivel. Não podendo assegurar a uniformidade de tudo, eles guardavam ao menos a paz entre si. E para dar disso um sinal claro e manifestar também sua veneração por São Policarpo, o Papa Santo Aniceto deixou ao Bispo de Smirna a honra de celebrar a Missa na Igreja de Roma. Maiores detalhes sobre o encontro dos dois santos podem ser estudados na obra de FuscHE-MART1N ("Histoire de l'Eglise", 1947, Bloud et Gay, T. 1. p. 341 e T . li. p. 87 e ss.).

Quanta paz nas resoluções daquele tempo; quanta confiança nos desígnios superiores da Providência, que haveriam de vencer! O Papa Santo Aniceto, enquanto sucessor de Pedro, manda efetuar a unificação das liturgias pascais. São Policarpo. o último dos três grandes Padres Apostólicos -

São Clemente de Roma e Santo Inácio de Antioq uia já haviam morrido - levanta-se em sua Diocese de Smirna. na Ásia Menor. e discorda do Papa. Não se tratava de uma .desobediência contestatária ou de impertinência orgulhosa. Mas o que visava São Policarpo era a defesa de um legado sagrado que lhe fora confiado por São João e outros Apóstolos. E para que ficassem claras aos olhos de todos as respeitosas intenções que o moviam, São Policarpo, talvez o mais idoso Bispo da época. iniciou · uma penosa viagem a Roma para e?<por suas razões ao Soberano Pont1fice. Era tal a deferência manifestada por São Policarpo nessa ocasião em relação à Sé Apostólica, que historiadores de peso consideram a viagem do venerável ancião como um dos mais significativos sintomas da primazia que Roma já gozava sobre o conjunto das outras Igrejas da época. Uma viagem em meados do século li depois de Cristo entre uma cidade da Ásia Menor (atual Turquia) como Smirna, e Roma, implicava num conjunto de incertezas e incomodidades. Somavam-se a isso as perseguições romanas, que continuamente colocavam em nsco a Fé

e a vida daqueles primeiros católicos. Arrostando tais perigos, São Policarpo chegou a Roma. Um espírito demasiadamente dulçuroso imaginaria Santo Aniceto abrindo mão de sua posição, emocionado pela fadiga do ancião. E .outro espírito, pouco acostumado com os antecedentes históricos do Dogma da Infalibilidade Pontifícia, julgaria que São Policarpo, tendo exposto suas razões e não tendo convencido o Pontífice, deveria acatá-lo sem mais explicações. Nem uma coisa nem outra aconteceu. Santo e santo, Papa e Bispo apresentaram seus argumentos, discutiram com respeito e convicção. Nenhum dos dois cedeu em suas posições; · não foi possível chegar a um acordo. Entretanto, a harmonia católica não foi rompida, a paz foi louvada. Santo Aniceto homenageou o grande ancião do Oriente e ambos despediram-se. Continuava a vigorar na Igreja a dualidade de ritos. Somente mais tarde, em 190, movido por outras razões - para impedir a infiltração judaica dentro da Igreja - o Papa São Vítor aboliu o rito oriental judaico. Mesmo assim, em alguns lugares o Pontífice permitiu a continuação daquele rito

Papa Santo Aniceto (1 &&-188) - ef.....,o do MC,ilo V. ne Be.Oiee de Slo l'aulo fora do1 Muro, (Roma)

inicial (FLISCH E-MARTIN, op. cit., T. li, pp. 92-93). Tal permissão foi conseguida pelo senso diplomático de Santo lrineu, discípulo de São Policarpo, o qual, a exemplo do seu mestre, foi até o Papa expor seus argumentos a favor do rito oriental, e assim salvar a unidade da Igreja, que corria risco, devido ao anátema lançado por São Vítor contra os que não aderissem à liturgia romana. São Policarpo desobedeceu a Santo Aniceto? . O consens.o unânime dos documentos da época e o testemunho da tradição nem cogitam de uma desobediência. Igual posição assumem os historiadores. A viagem de São Policarpo e sua discussão respeitosa com Santo AnicetQ constituem galardões para a glória e santidade de ambos e nunca desdouro de qualquer dos dois santos.

Teria um Papa queimado incenso a ídolos? - O Papa São Marcelino Cript• dos P•p•s (Meulo llll,

ne C.tacumbe de sao C.llxto (Roma), onde

ee veneram 01 resto• mortel• de nove do1 de• Papei que gO•

vemaram a 1· greja de 230 a 283

A SIMPLES MENÇÃO do nome de Diocleciano, como o de Nero, traz ao espírito do católico um ressaibo de amargura e de remota inaignação. Esses dois imperadores romanos, mais do que · os vários outros . que perseguiram a Igreja nascente, tornaram-se símbolos da crueldade pagã, cega e qovarde, que regou o mundo romano com o sangue dos primeiros católicos. Naquela Igreja das catacumbas, ao mesmo tempo em que ia crescendo o número de mártires, por um fenômeno paradoxal mas compreensível à luz de uma graça extraordinária, aumentava também o número daqueles que tudo abandonavam para seguir a Cristo. Essa multidão pacífica ia-se tomando um grave incômodo para a política dos césares romanos. Vários dos grandes apologistas católicos fizeram sentir implicitamente tal situação aos imperadores. Dentre eles destacou-se Tertuliano, que dizia com ênfase: .. N6s [católicosl não son,ós senão de ontem e enchen1os tudo, o .Senado, os comícios; não vos deixamos senão os vossos ten,plos" (ROHRBA· CH ER, "Histoire Universe/le de l'Egli- · se Catholique", Paris, 1864, T. 111, p. 254). Apesar da impopularidade crescente das perseguições, coube a Diocleciano ordenar as suas últimas levas de martírios, que só iria.m

terminar vinte anos depois, sob Constantino. Essas derradeiras perseguições tinham se aperfeiçoado em subtileza e maldade. Não buscavam mais o extermínio dos católicos, empenhavam-se em conseguir sua apostasia. E nesse afã os magistrados pagãos pediam, quando aprisionavam sacerdotes, que eles lhes entregassem os Livros Sa$fados sob sua custódia. Tal ato significava que o guardião abria mão de sua Fé: era o primeiro grau de apostasia. Se o sacerdote concordasse com a primeira proposta, teria que enfrentar, em seguida, uma série de convites e ameaças que o fariam ir descendo a rampa da negação completa da Fé, passando do aspecto simbólico para sua efetivação, mediante atos inequlvocos. A última etapa da defecção consistia em queimar incenso aos deuses pagãos.

A

O Papa São Marcelino morreu no ano de 304, vítima da perseguição de Diocleciano. A noticia que o "liber Pontifi· calis" registra sobre aquele Papa, bem como um apócrifo posterior ao ano 500 - as atas de um pretenso COnclüo de Sinuessa -, dizem que o Pontífice teria consentido em oferecer incenso aos deuses.

A História não nos oferece elementos suficientes para conhecermos, com certeza, a realidade. Alguns documentos contra São Marcelino são sérios, mas contestados também por intérpretes sérios. A única conclusão histórica que se pode tirar com segurança a respeito desse caso consiste em afirmar ser possível que o fato seja verdadeiro. Autores muito cautelosos em tirar conclusões apressadas, como Flische-Martin, vão um pouco além de nossa posição, admitindo como prov,vel e não somente posslvel a t ri~te eventualidade de uma apostasia passageira do Papa mártir. Em face de tal possibilidade, a Igreja agiu durante os séculos com soberana sabedoria. Ela não escondeu, mas também não julgou o caso de São Marcelino devido à incerteza histórica que permanece até hoje. As grandes obras de História da Igreja narram o caso de São Maroelino em linhas gerais, como o fizemos. Nos cursos religiosos, o ocorrido é relatado sem pressa. Portanto, a atitude do ensino da Igreja é sumamente idônea: nada esconde. Assim no próprio Breviário Romano podemos ler: "Marcelino Rotnano, na cruel perseguição do imperador Diocleciano, dominado em extremo pelo terror, ofereceu incenso às estátuas dos deuses. Em virtude desse pecado, imediata111ente fez ele tanta penitência que foi revestido de cilício até o Concílio de Sinuessa, o qual reunia ,nuitos Bispos, e lá, com abundantes lágrimas, confessou abertamente seu crime. No entanto, ninguém ousou condenar Marcelino, mas todos clamaram a uma voz: Julga a ti mesn,o com a tua boca e nao com o nosso ;u1zo, po,s a Primeira Sé não é julgada por ninguém. Pedro também, por causa da mesma fraqueza de ânimo, pecou e impetrou de Deus, com semelhantes -

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lágrimas, o perdão" (Lect. 5, fest. april.). Fazendo essa ressalva, a Igreja contudo não empenha sua autoridade mediante uma sentença oficial. Ela é sumamente prudente: não julga quando a História fornece documentação dúbia. Talvez São Marcelino tenha somente entregue os Livros Sagrados. Os donatistas, em qualquer das hipóteses, exploraram o caso, real ou não (cfr. SANTO AGOSTINHO, "Contra li/leras Petiliani li", 202; De unico batirmate, XXV li). A respeito de tal questão obscura, também se ocupa DucHESNE em sua "Histoire ancienne de /'Eglise" (T. li, p. 93 e ss.), o qual não crê no martírio de Marcelino, afirmando ironicamente: "Para u,n personage,n dessa importância, era bastante incômodo, nun, tal momento. morrer em seu leito". Também E. GASPAR não exclui a possibilidade de um desfaledmento de Marcelino na Fé, seguido de uma reabilitação ("Kleine Beitrage zur iilteren Papstgeschichte", em "Zeitschrift fúr Kirchengeschichte", XLVI, 1927, p. 32 e ss.). Ainda .em abono dessa opinião pode-se consultar, do mesmo autor, "Geschichte des Papsttums", Tubingen, 1930, T. I, p. 97 e ss.). Todas essas referências bibliográficas são apresentadas pela conceituada .. Histoire de /'Eglise" de ft1SCHE-MARTIN, T. li, pp. 466-7, obra que serviu de base para a redação deste artigo.

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4s ·

, erá realmente ão Marcelino assumido a referida posição, incompatível com sua sagrada missão de Supremo Pastor? Com os dados que temos atualmente não é possível saber ao certo.

Átila Sinke Guimarães 5


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O proprietário da vinha seria o que D. Aldo Gerna e o redator ou redatores do folheto poderiam quasobre o tempo de cultivar a terra e o lificar de capitalista ou, talvez. latide deixá-la descansar para glorifi- fundiário. Ele nem sequer reside car a Deus. O Senhor ordena a nela, mas deseja receber os frutos a Moisés que os proprietários de ter- que tinha direito no fim da estação. ras devem utihzá-las durante seis Nosso Senhor afirma que os lavraanos, mas que no sétimo ano, em dores (hoje seriam chamados 'poshomenagem a Deus, i:la não será seiros?) não quiseram entregar os cultivada. Eis o texto: "O sélimo frutos, bateram em alguns dos serano. porén,, será o sábado da terra. vos. mataram outros e até assase do descanso do Senhor; não se- sinaram o filho do Senhor da vinha mearás o can,po, nem podarás a . para se apossarem dela. E eis como "inha" (Lev. XXV, 4 - tradução o Divino Salvador encerra a parábola: "Que fará. pois. o Senhor da do Pe. Matos Soa res). Falseamento da Sagrada Escri- vinha? Virá e exrer,ninará os lavratura ou ignorância exegética na in- dores; e dará a vinha a outros" terpretação do texto? Não temos (Me. XII, 9). Como essa linguagem é oposta à dados para julgar. De qualquer forma, objetivamente falando. é grave do folheto! Para os autores deste é insuflar no povo a revolta mediante preciso que se lute não pelo direito de propriedade. mas pelo "direito de textos bíblicos falseados. uso e posse da terra. isto é, que se lute por uma Reforma Agrária" Nosso Senhor acusado (p, 56).

Deturpações da...

de ser lgualitãrio

É tal a obsessão de igualitarismo que, na falta de argumentos católicos (marxistas os há à vontade... ). procura-se implicar blasfematoriamente o próprio Redentor: "Jesus

veio ao mundo para realizar o Plano do Pai; ,·umprir aquele proje10 ig,,alitário que Deus já havia apresentado ao povo ainda no cativeiro. lá no Egito" (p. 34). Mais uma vez, onde estão as provas para tal afirmação? Na realidade, a verdade a contradiz: Nosso Senhor confirmou os Mandamentos da Lei de Deus. contidos no Decálogo do Antigo Testamento. dos quais dois (o 7.•e o 10.0 ) protegem a propriedade privada. A título de exemplo da pregação de Jesus. é oponuno lembrar a seguinte parábola saída de seus divinos lábios: "Uni ht11nem plantou uma vinha, cercou-a con1 uma sebe, cavou nela 11111 lagar, edificou unia torre, arrendou-a a uns lavradores, e ausen1ouse para longe. E. chegando o ten,po. enviou aos lavradores unr servo para receber deles a sua parte dos fnuos da vinha" (Me. XII, 1-2).

Fórmulas esdrlixulas Os desvarios do esquerdismo católico buscam as fórmulas mais estranhas para afirmar-se. Por exemplo, no opúsculo, para terminar uma "celebração" são escolhidos para dar a bênção final lideres progressistas: "Bt11ç.-o e DcsPco,oA: - Nesra celebração poderíamos convidar aquelas pessoas que há 1nui10 estão trabalhando na comunidade. na luta por um sin"dicato livre, nos movimentos populares, 110 trabalho de união da própria classe. etc., para dar a bênção a ioda a con11,11idade reunida" (p. 53). Figura também no folheto uma "Ladainha dos Mártires da América Latina" (p. 49). na qual, ao lado de verdadeiros santos e bem-aventurados como São Francisco Solano. Beato José de Anchieta e outros. são incluídas figuras do progressismo católico, cuja vida ou circunstâncias da mone apresentam aspectos bastante estranhos e questionáveis. Assim, por exemplo, Frei Tito de Alencar, que se suicidou na França; Pe. Henriq ue Pereira Neto, da Diocese de Recife, encontrado morto em condições não esclarecidas para o público; o escravo foragido Zumbi. que chefiou uma rebelião de negros no século XVII; Santo Dias da Silva, que panicipou de agitações operárias. e outros.

• • • Para o prOjlressismo parece, pois. que o mais 1mponante é, através de opúsculos. sermões e agitação, deturpar a doutrina católica e até a Sagrada Escritura na linha da subversão.

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Reformas, reformas ... "O MUN DO DO TRABALHO" foi o tema principal da assembléia geral do Episcopado p~ulista, reunida. em ltaici de 31 de '!!aio a 3 de j unho p.p. A preocupação dos Bispos po_de ser avahada pelas declarações de D. Angélico Sãndalo Bernardino, responsável pela Pastoral Operària de São Paulo, para quem os problemas irabalhistas devem ser resolvidos com "111udanças sérias como a reforma da e11rpresa. refornra agrária, refor111a urbana. reforma política e a reformll do _home111" (cfr. "Folha de S. P_aul~"· 30:~-82). Como se vê, essa linguagem lembra o surrado Jargao ut1hzado pela esquerda. Não o seria o caso de perguntar se as declarações de O. Angélico não carecem também de uma "séria reforn,a", para se coadunarem com os ensinamentos perenes da doutrina social da Igreja? D. A ngél ico S indalo Bernardino, Bispc Auxiliar de Slo Paulo (Zona Leste}

e . encarregado d a Pastoral 0per6ria ' ' .,1~/\'::> ....

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Dioceses unem-se para esquerdizar CHEGA RAM a nossas mãos dois folhetos. Responsáveis por ambos são, nominalmente, D. Jairo Ruy Matos da Silva, Bispo de Bonfim (BA), D. José Rodrigues de Sousa, Bispo de Juazeiro (BA), D. Mathias Schmidt, Bispo de Rui Barbosa (BA), com a participação ainda, num deles, das Dioceses de Petrolina (PE) e Afogados da Ingazeira (PE). Foram impressos na Gráfica Todos Irmãos, ligada à Diocese de Lins (SP). É um verdadeiro festival de progressismo. As publicações intitulam-se "Mês da Bíblia" e "A Verdade vos libertará". Comentaremos abaixo ai· guns tópicos característicos das mesmas. Para facilitar a identificação do opúsculo de onde cada citação foi extraída, colocaremos M B e VL respectivamente, além do número da página.

LEVANTA-TE

A mola propulsora da luta de c)asses é o ódio. A esquerda católica esforç,i-se empenhadamente cm incuti-lo. Às vezes é num cântico em que se instiga "a base" contra os q ue estão "em cinia": "Na terra dos honrens pensada enr pirâmide / os poucos de cima esmagam a base / [... ). O po vo dos pobres que vive na base / vai fazer cair a velha p irlinride" (MB, p. 26). A ameaça que paira no texto é patente. Ou então, procura-se incutir tal visão da situação presente. que seria verdadeiramente insuportável se fosse verdadeira. t uma das formas de

POVO, NÃO Fltuts· PARADO 1

Vale tudo para justificar a igualdade (; muito comum. nas preleções dos progressistas. falar-se em "organizar o povo". A expressão, quando saída de ,seus lábios. consiste, na prática, ein unir o maior número de pessoas para lançá-las contra as instituições. Tal interpretação refere-se, porém, a um só aspecto da realidade. Os progressistas vão mais longe. Não é de qualquer união q ue eles falam. Organizar. cm sua con- . cepção "é criar um nrodo de viver na base da repartição, da igualdade e do direito" (Mll, p. 2). Esse frcncsi de igual itarismo conduz à distorção da verdade histórica e da Palavra de Deus. Referindo-se à entrada do povo de Israel na Terra Prometida, o mesmo folheto afirma esta enormidade: "Todos eran, iguais. Entre eles ninguénr era maior" ( M B. p. · 8). Ora, é sabido que os israelitas consideravam como seu profeta e chefe supremo Moisés. Abaixo dele havia alguns como que ministros. entre os quais Josué. Cada tribo reconhecia um chefe e no seio dela havia os príncipes (ou principais) de · cada família . Além disso, existia uma tribo com privilégios especiais, que era a de Lcvi. encarregada do culto divino. E dentro dela uma familia principal, a de Arão, irmão de Moisés. de onde procediam os sacerdotes, devidamente hierarquizados. Só para que o leitor possa sentir, em alguma medida. quão pouco os progressistas se conformam à verdade, citamos dois t re.chos da Sagrada Escritura referentes à caminhada do povo eleito e sua entrada na Terra 'Prometida: 1. "Tendo [Moisés) escolhido entre rodo o povo de Israel homens de valor. constituiu príncipes do povo. tribunos. e centuriões. e chef es de cinqiíenra. e de dez homens" (Ex. XVIII. 25). 2 ...E o Senhor disse a Moisés: Estes são os nomes dos honrens que vos dividirão a terra: o sacerdote Eleázaro, e Josué. filho de Nun, e um príncipe de cada tribo. cujos non,es são estes: Da tribo de Judá. Caleb. filho de Jefone. Da tribo de..... E prossegue a enumeração dos príncipes. que omitimos por brevidade (Num. XXXIV, 16-19). No opúsculo, também orações são utilizadas para forçar o igualitarismo. Assim, num cântico de muito mau gosto, intitulado "Pai Nosso" - espécie de paródia da sublime oração ensinada por Nosso Sen hor - . deparamos com a seguinte frase: "Pai Nosso.. a esperança do presente. É ig,,aldade. repartição" (MB, p. 25). Sempre a mesma tecla.

A estranha lógica da esquerda católica A todo instante, lêem-se afirmações contra a propriedade privada. Por exemplo: "Ning,,ém é dono da terra. Ela só pode ser usada" (MB, p. 12). Mas eis que, de repente, constatamos uma asserção contrária:

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lnslnuaçllo de' assassinato?

Na última capa da cartilha ..Mls d• Blblia'\ preparada por v6ri.aa dioceses, apelo à rebelilo

"Dissera11r que o Brasil foi descoberto. - Não é verdade. O Brasil já tinha ,lono. Os índios" (VL, p. 13). Então os demolid ores da propriedade, sobretudo das grandes propriedades. repentinamente se arvoram em defensores de um latifúndio improdutivo de dimensões continentais: o Brasil de antes de 1500! E os índios, cujo trabalho de cultivo da terra era mín imo, passam a ser apresentados como os donos do Brasil: e. conseqüentemente. os colonizadores portugueses como invasores ... Há lógica nisso? Há, se o leitor atentar para o fato de que a finalidade da tal "literatura" é a subversão. Para mentalidades marxistas. todas as contradições são .boas se favorecem a Revolução. Assim o texto citado se explica. Trata-se de lançar o índio (ou se for o caso, o negro) contra o branco, o pobre contra o rico, o povo contra as autoridades, o posseiro cont ra o proprietárió, e assim por diante.

O. Jeiro Ruy Matoa da Silva. Bispo de Bonfim (BA}. um dos re1pon16vei1 pela certilhe "Mls d• Bfblia"

acender ódios nos espíritos: "Nas usinas e nas fábricas / o povo é explorado. / No 1·ampo onde trabalha, / seu sangue é sugado" (VL. p. 36). O ódio é também excitado contra os governantes: "O povo está pregado na Cruz da marginalizarão e do sub-desenvolvimento, porque os governantl!S não perrnire,n 111na

educação politica do povo" (VL.

Jesus qualificado blasfematorlamente

p, 44).

Baste-nos aqui reproduzir, sem comentários. pretensos cânticos em que Nosso Senhor ora é comparado a "um atoa" (sic), ora a um "viciado". É a blasfêmia que vai grassando impunemente nos ambientes progressistas, onde o Santíssimo Nome do Redentor é conspurcado para favorecer a meta da subversão. 1. "Seu nome é, Jesus Cristo e é analfabeto / E vive n1endigando um suben1prego / E a gente quando 9 vê diz é 11111 atoa / Melhor que trabalhasse e não pedisse" (VL, p. 10). 2. "Seu no,ne é Jesus Cristo: é u,n joven, senr rumo e formação. desorientado, sem capacitação, de• socupado. frustrado, entregue à droga. viciado" (Vl:, p. 38).

Por fim, encontramos formulações que parecem até insinuar o assassinato, como meio de libenação: "O seringueiro com sua faca de seringll / se libertll11do das garras de seu patrão"... (VL. p. 37).

• • • Ante tal avalanche comuno-progrossista, o que fazer'/ Resposta adequada e oportuna encontramos na obra do Prof. P línio Corrêa de Oliveira, "Tribalisnro Indígena, ideal ,·omu110-missio11ário para o Brasil 11o·século X X r·. Editora Vera Cruz. 1979, 7.• edição, p. 20): "Resista, brasileiro. a 11re11os que tenha nrorrido enr sua alnra o fibra do cristão e do desbravador dos outros ll!nlf)O.t ."

Jackson Santos

IIAfÇl:.~.CISMO CAMPOS -

ESTADO 00 RIO

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Oltttorla: Rua dos Goi1acau:s, 197 • 28 100 - Campos, RJ. • Admlnil1nçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo, SP • PABX: 221-8755 (ramal 235). Composto e imprcoso na Artprcss - Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Garibaldi, 404 - 0 1135 - São Paulo, SP. "Catolld,mo• t urna publicação mensal da Editora P"4!re Belchior de Pon1es SIC, A,alnatuna anual:comum CrS 1.700,00;coopcrador CrS 2.500,00; benfeitor CrS4.000,00; grande benfeitor CrS 8.000,00; scminarisW e estudantes CrS 1.200,00. Extert0< (via atrea): comum USS 20,00; benfciior USS 40,00. Os pag11mentos, sempre cm nome de Edlton Pad~ ll<l<bl0< de Pontes S/C, poderio sc-r encaminhados à Adminis1ração. Para mudança de endereço de. ass1na~tcs ~ necessário mencionar tam~m o endereço a ntigo. A comspond~ncaa relatava a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à Admlnlslnçlo: Rua Dr. MM11n1co Prado, 171 -

Slo Paulo, S P

CATOLICISMO -

Junho de 1982


a Cidade Branca Tom, da catedral de Sucn,

O ALTO DA TORRE centenária, os quatro Evangelistas e os doze Apóstolos divisam o horizonte. lfmpido das serranias andinas. A seus pés, a catedral de estilo colonial espanhol, junto à praça central da cidade. Outras torres de igrejas próximas prestam vassalagem à primeira, suserana: São Miguel, São Francisco, São Domingos. São Felipe Neri, Santo Agostinho, La Merced, São Lázaro... e tantos outros edificios religiosos, em sua maioria exemplares preciosos da arquitetura dos séc.ulos XVII e XVIII. Entre eles, o antigo conve_nto franciscano de La Recoleta, os mosteiros de Santa Teresa e de Santa Clara. A leste, duas montanhas elevamse acima dos 2.700-2.800 metros de altitude em que se situa a cidade. São os montes Churukclla e Sicasica, dos quais nascem quatro vertentes cujas águas encaminham-se para direções opostas, precipitandose através de gargantas e va.les, rumo aos rios Grande, Mamoré, Madeira e Amazonas, pelo norte; e aos rios Pilcomayo, Paraguai, Paraná e da Prata, ao sul. Estendendo-se a partir daqueles montes em suave declínio divisor de vertentes, Sucre, a Cidade Branca da América, conserva em todo o esplendor seus monumentos do passado.

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Que passado? Se aquelas estátuas dos Evangelistas e Apóstolos pudessem falar, elas saberiam melhor que ninguém discorrer sobre ele. Pois a história dessa cidade-monumento da América Hispânica, capital constitucional da BoHvia, não está alheia aos planos divinos para este Continente. Planos divinos, sim. Por que não admiti-lo, ao menos hipoteticamente? Se a Divina Providência quisesse premiar Espanha e Portugal pela árdua reconquista da Península Ibérica aos mouros, não seria natural que lhes concedesse como dádiva as terras americanas? Ou será mera coincidência o fato de Cristóvão Colombo, a serviço dos Reis Católicos Fernando e Isa-

bel da Espanha, ter descoberto o Continente americano no mesmo ano em que os soberanos reconquistavam Granada, o último reduto muçulmano? Colocando a parte o orgulho e a ambição humanos, a realidade aflora com clareza: a América Latina, e de modo especial a América do Sul, conserva a mais profunda uriidade religiosa e cultural, graças aos cristianíssimos ideais que moveram sua colonização. Ideais tantas vezes maculados, é verdade, pela miséria humana. Mas ali estão os Apóstolos e Evangelistas, como a dizer: - • Assim como as águas destas vertentes banham os mais longín-

mo então se chamava a cidade, tornou-se sede episcopal em 155~. Sete anos mais tarde, ali também se instalava a Real Audiência, transformando-a no mais importante centro urbano andino ao sul de Cuzco. Em 1609, a Santa Sé a elevava à categoria de arcebispado, passando a se~ a sede metropolitana da mais extensa província eclesiástica da América do Sul de então. E em 1624 Charcas ganhava la Mayor Real y Pontifícia Universidad de San Francisco Xavier. Com a descoberta das minas de prata, a cidade passou a chamar-se La Plata. E durante a época da · independência boliviana era mais À direita: o campaMrio de Igreja de Slo Uxaro ep,... senta caracterf1~

ticaa do chamado eatllo jeaultico

A eaquerde: dpica ret-idlncia

1ucrense, com teu• balcões

quos rincões do Continente sul-americano, dia virá em que uma abundância especial das graças de Deus, por meio de sua Mãe Santíssima, Medianeira universal, será concedida a essa região, donde se irradiará para perfumar o resto do Continente". É à luz de um destino providencial que convidamos o leitor a contemplar a Cidade Branca da América.

Cidade Branca... assim chamada pela alvura de seus monumentos como pela nobreza de sua raça. Fundada em setembro de 1538 pelo Marquês de Campo Redondo, Dom P.edro Anzures, Charcas, co-

À direita: ertlatlco púlpito dourado de l9reja de Slo Miguel

conhecida como Chuquisaca (do guêchua Choque-choca: "montanha de prata"), nome atual do departamento do qual é capital. A denominação hodierna homenageia o general venezuelano que foi o primeiro presidente da Bolívia republicana, de 1824 a 1826.

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Com seu clima particularmente agradável, suas ruas habitualmente limpas e bem cuidadas, sua harmo-

Cüpulea e to.,... de majeatou Igreja de Slo Felipe Neri

CATOLICISMO -

Junho de 1982

niosa praça central em forma de diamante, Sucre atrai ainda por seu conjunto arquitetônico. O palácio do governo, construido em princípios do século passado, sobressai junto à catedral, como um pitoresco "bolo de noiva". A Casa da Liberdade, na mesma praça principal, agrada por sua fachada hispânica, seu portão de ferro rendado, seu pátio interno com chafariz e a primitiva Capela Geral dos jesuitas, hoje Câmara dos Deputados, mas sem uso efetivo. A maioria dos solares sucrenses apresenta seu claustro, ajardinado ou não, onde as famílias costumavam outrora passar suas horas de lazer sem ter que sair à rua. Lanternas, balcões e grades de ferro batido concorrem para a decoração sucrense com duas qualidades harmonicamente opostas: delicadeza e força. Além da influência espanhola, destacam-se na paisagem urbana ediflcios de estilo francês. Até 1952, quando uma Reforma Agrária socialista e sangrenta empobreceu as familias mais abastadas sem enriquecer as mais pobres, Sucre ainda conservava em muito o antigo esplendor social. A elite da cidade podia então assimilar em Paris ou Madrid a cultura e estilo de vida europeus. Talvez como saudosa rcc-0rdação, a população da cidade vê hoje com carinho o Parque BoHvar, onde se encontram miniaturas dos principais monumentos da capital francesa: é a "Petit Paris", como chamam o lugar. Quatro museus reúnem as principais obras de arte da antiga La Plata: La Recoleta (no convento

franciscano, junto ao marco de fundação da cidade), o Museu da Catedral, o Museu da Universidade e outro no Mosteiro de Santa Clara. No primeiro, além de numerosos quadros e esculturas de valor, destacam-se as estalas do coro da capela conventual, primorosamente entalhadas por artistas locais. Na catedral venera-se a riquíssima eflgie de Nossa Senhora de Guadalupe, recoberta de ouro e pedras preciosas. e no museu anexo ao templo encontram-se - como nos demais - peças de grande valor artístico ou histórico. A prestigiosa e antiga universidade. por sua vez, possui, afirma-se, uma das melhores bibliotecas do Continente. Na Sexta-Feira Santa, Sucre inteira sai às ruas para a procissão do Senhor Morto. A participação de tropas do Exército com seus fuzis confere ao ato de piedade uma força varonil que se reflete até na postura dos membros das irmandades religiosas. É um resquício da antiga aliança entre Igreja e Estado, entre o religioso e o temporal, que o laicismo há muito destruiu em quase todo o mundo. No Domingo de Páscoa, como em outros dias de festa ou mesmo em domingos comuns, a banda de música do Liceu Militar alegra a manhã com seus trinados, executando pitorescas marchas e dobrados na praça central. Forma de lazer que as megalópolis contemporâneas quase não têm mais ocasião de apreciar.

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Contando mais de 85 mil habitantes, Sucre ainda representa em nossos dias importante papel como centro político, intelectual e estudantil. A vitalidade moderna, entretanto, não satisfaz seu destino histórico. Dir-se-ia que os pátios silenciosos de seus solares esperam uma época futura que lhes comunique outra vida. As portentosas igrejas e claustros abarrotados de preciosas obras de arte parecem recusar-se ao papel de mero~ museus. Os campanários veneráveis, testemunhas de séculos de história, estão emudecidos, mas atentos a um retomo triunfante da tradição católica, que tantos esqueceram. Retomo e triunfo, no entanto, que não se realizarão, por certo, antes de muita luta e - como foi predito na Mensagem de Fátima da própria intervenção de Maria Santíssima na história humana, sem a qual nada conseguiria escapar ao tufão · revolucionário que devasta o mundo moderno. 7

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.{IA!OJLICXSMO - - - - -- - -- - - -- - *

Luta de classes insuflada na Dioces·e de Lins D. LUÍS COLUSSI, Bispo diocesano de Lins, reagiu com indignação an1e a recen1e-denúncia formulada por 'dezoito prefeitos da região noroeste do Estado de São Paulo, contra •a atuação dos párocos de conduta marxista" em sua diocese. - "Quero deixar claro - declarou ele - que estou absolutamente tranqüilo acerca da acusação de que há pregação comunista. Conheço muito bem o meu Clero e estas acusações não me atemorizam absolutamente e nem me preocupam(... ). As portas da diocese estão abertas para que venham verificar[ ... )" (cfr. "O Es1ado de S. Paulo". 18-5-82). Duas semanas mais tarde, o Prelado afiançaria que percorrêu durante um ano inteiro as con1unidades e paróquias de sua diocese e nunca presenciou pregações de caráter marxista: "Eu convivi com os sacerdotes, percorri a região. Pode haver algum

desentendimento, mas não existem padres com atitudes e pregações marxistas" (cfr. "Folha de S. Paulo", 3-6-82). . Garantias que a um espírito desprevenido poderão soar como a demonstração irrecusável de que pouca coisa há de mais extravagante do que discernir marxismo na atuação de certos eclesiásticos. Os fiéis da Diocese de Lins. contudo, possuem a seu alcance provas do contrário: são os folhetos "Todos Irmãos", para o acompanhamento da Missa. largamente distribuídos nas igrejas locais. Deles, por assim dizer, transborda,n o incitamento à luta de classes e a ânsia das reformas de cunho nivelador e igualitário, confor,ne o leitor poderá comprovar mediante alguns exen,plos, ~elecionados dentre os folhetos mais recentes.

progressistas, eufemisticamcnte qualificados como "Igreja".

Reforma Agrãrla: panacéia progressista Entre os temas que a esquerda católica mais repisa figura a Reforma Agrária. Sempre com a mesma fal!a de argumentos, de dados e de Monumento

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Missas dominicais, na Diocese de Lins (SP), cujo Bispo é D. Luís Colussi, d1stnbui-se aos fiéis um-folheto. Seu nome: "Todos Irmãos". Sua orientação: virulentamente comuno-progressista. Exporemos aos leitores apenas alguns exemplos significativos desse tipo de literatura que, obviamente, em pouco tempo pode envenenar o espírito dos fiéis, extirpando de suas almas a fé, ao mesmo tempo que nelas instila o veneno marxista.

Flscallzaçlo de autoridades Como "tema de reflexão", durante a celebração da Missa, pede-se não somente a fiscalização da ação policial, mas propõe-se ainda uma ação de controle mais ousada: "Esta ação de fiscalização deve se estender também ao pron101or e ao juiz" (folheto citado, n.0 12, 31-1-82). Em todos os países civilizados sempre se considerou que a liberdade do Poder Judiciáno de julgar segundo a lei é condição básica para assegurar os direitos dos indivíduos. A partir do momento em que promotores e magistrados fossem "fiscalizados" por uma facção, ter-se-ia institucionalizado a tirania desta sobre toda a nação. Tanto mais que o folheto afirma que tal controle das comunidades sobre os juízes e promotores visa "forçá-los a agir e,n benefício do população". Ora, quem iria definir o que é "benefício da pop11lação" e o que não é? Evidentemente, os "fiscais" saídos das comunidades de base. E note o leitor que não se trata simplesmente de aconselhar ou sugerir, porém trata-se explicitamente de forrar. É a pregação de claro despotismo sobre a polícia e o Poder .Judiciário. Apenas sobre eles? Não. Logo em seguida, as "piedosas" "reflexões'' generalizam sua ânsia de fiscalização, conclamando o povo a que se organize para "forçar as autoridades a agir em benefício comum" (idem, ibidem).

Biapaa, entre-

todos os demais que possam ser noe E1tado1 incluídos na designação pejorativa e mait de.envolvi· vaga de "os grandes". Merece ser doe. como ae eles fo1Nm menoe ressaltado aqui o ultraje que reprecapezes sentam para o Santo Sacrifício tais que 01 antigos manifestações de espírito de revolta deabravadôre1. e subversão, incitadas pelo texto que estamos analisando. Ele reflete bem o espírito do progressismo. Na parte final do "ato penitencial", não se pede perdão pelos pecados que a doutrina moral da Igreja enumera, mas o fiel deverá se penitenciar por atitudes e atos mais próprios a figurar numa "autocrítica" de um marxista recém-"convertido" ao credo vermelho, diante dos "camaradas" de sua célula comunista: "Eu peço perdão porque tenho a cabeça originalidade. Veja-se, por exemplo, de rico e critico a Igreja quando a seguinte afirmação bombástica defendo os posseiros, os "sem terra", que se encontra no boletim domínios operários. os desempregados" (i- .. cal n.• 7. de 1.º- 1-82, citando um dem. ibidem). , documento da CNBB. "Confli10 de ·, Posta de lado a ridícula acusação Terra": "Não se pode compreender de ter "o cabeço de rico" (o que que, nun, pois con, tanta terra como significa isso concretamente?), note- o Brasil, não exista terra poro os se como insensivelmente procura-se lavradores. enquanto uma quontidomudar a mentalidade dos fiéis quan- de imensa de ,erras não cultivadas to à noção de pecado. Este não ficam nas mãos de poucos e podeconsiste mais em violar os Manda- rosas mãos". mentos da Lei de Deus ou da Igreja, !, falso que não exista terra para mas em criticar as iniciativas dos os lavradores. Os que queiram de

ciatura Apostólica em Brasília e ao Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns. Essa informação nos foi transmitida pelG Presidente da AMRU, Sr. José Maria de Barros Arruda, Prefeito de Valparaíso. Eis os tópicos principais do mencionado documento: "Requeiro ao ilus1re presidente da AMRU, após ouvir o douto Ple11ário. para que esta associação

Outro número do folheto ostenta na parte destinada ao "ato penitencial" claro incitamento à luta de classes: "Os grandes dão um jeito de afastar e derrotar as pessoas que defendem os pobres. Para isso até usan, calúnias, usam leis mal aplicadas ou leis mal feitas" (n. 0 8, 3- 1-82). E para que a luta de classes desça· ao caso concreto, os autores do folheto da Diocese de Lins apresentam, logo após o trecho acima transcrito, a seguinte incitação dirigida ao público presente: "Quem puder dar um exemplo dessa perseguição dos grandes em cimo das pessoas que queren1 colaborar com o .libertação do povo, pode dar e aplicar para a comunidade" (idem, ibidem). Fica pois aberta a possibilidade de, em plena Missa, alguém previamente treinado ou não - vir a exiravasar seu ódio contra as autoridades, contra os ricos, os patrões e

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vigério. Pe. Vicente McOevit. foi um doa ·princip,aia cauoadores do protesto de dezoíto prefeíto1 da reg'6o noroeste do E11ado de Slo Paulo. contn, a ~ítaçlo

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Eis aqui mais um "te,na de reflexcio" que o boletim "Todos Irmãos" apresenta para durante a Missa. O desenho e o texto constam do folheto n. 0 17, de 7-3-82.

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recente livro "Sou Católico: posso ser contra a Reformo Agrária?" (Editora Vera Cruz, São Paulo, 3.• edição, 1981 ). Ao referir-se à posição que a CN B8 assume a respeito da Reforma Agrária no documento "Igreja e problen,os do terra" (IPD, o insigne pensador católico faz uma observação que se aplica inteiramente ao trecho acima citado, extraído do boletim da Diocese de Lins: "OI PT não traz provas suficientes do que ofir,110 sobre a realidade

Dezoito prefeitos pedem intervenção de João Paulo li em Lins

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permenecer Indefinidamente

Novo Mandamento: "Não crltlcarãs o progressismo"

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Para certoa

FOI APROVADO por unanimidade de votos de dezoito prefeitos, na Associação dos Municipios da Região de Urubupungá (AMRU). requerimento do Sr. Edmon Alexandre Salomão, Prefeito de Andradina, solicitando a João Paulo II intervenção na Diocese de Lins. devido ao marxismo que se nota no Clero local. O requerimento, acompanhado de oficio, foi enviado no dia 2 de junho último à Santa Sé, à Nun-

.. Amor ou métodos violentos

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tanto. 01 colonoa atuai, devem

ARA o acompanhamento das

nacional. Omite, ade,nais, o recurso imenso que são. poro resolver o problen,a agrário, os ci11co ,nilhões de quilô,netros quadrados de ,erras i11cultas (terras devolutas). das quais o Poder público é o latifundiário improdulivo. Não é lícito suprimir direitos cer/os. co,110 os dos atuais proprie1ários. co111 base em alegações de facto 1n11i1as delas i11certas. outras te11de11ciosas. e outras. enfim. cla111oroso1ne11te erradas" (pp. 92-94).

fato trabalhar e não fazer agitação, podem, cm certas áreas do Pais, obter terras do Estado. e assim continuar a expandir o Brasil dentro de suas fronteiras. Como o fizeram nossos ancestrais que, no passado, desbravaram o território inculto. Baste-nos. aliás. citar a respeito as luminosas palavras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. em seu mais

vída pela eoquerda díta cat611ca

envie urgen1emente ofício o Suo Sa11tidade o Papa João Paulo li. p edi11do providências i111ediatas e a co11seqiíe11te intervenção no Diocese de li11s, Estado de São Paulo. 1endo em vista a atuação dos párocos de conduta 111orxis1a, através de uma linha pastoralprogressi.wa, dec/oradon1e11te con, pregações que insuflam en,pregodos contra em· pregadores, com distribuição de folhe1ins prega11do 6dio, desar11ro11ia, incompreensão pera111e os fiéis católicos que para lá vão, desejando participar da liturgia, e111 busco de conforto espiritual na Universal Igreja Católico, Apostólica Ro111ana. falos esses que tên, provocado indignação generalizada nos católicos e, por extensão, e111 todo o opinião pública. Ressolte-se no mes,no docun,ento a atuação de ex-padres. hoje casados, qul! ocupo111 posição de liderança nos paróquias. a exemplo do IAJES - Instituto Administrativo Jesus Bon, Pastor, de Andradi11a, que recebe verbos da Hola11da e A len1011ha. que 1ieveria111 ser aplicados em programas de pro,noção humano e que as usam paro pogamen10 de equipes de catequese, com fins e111ine11ten1ente políticos e que fazem a apologia da contestação contra as autoridades co11stitui(/as. [ ... ]" O requerimento, datado de 15 de maio de 1982, é, como se vê, bastante eloqüente.

''Olhemos bem afigura. Algué,11 quer ser 111ais que os outros e usar os outros como se fossem escravos. Para ser ir,não do opressor, devo tirá-lo dessa si1uação pois. e11quo11to ele estiver lá e11cima. o ,nol-estar de 11111a situação iJ,justa no nwndo vai continuar. Eu o ornarei e serei bon, poro ele. tirando-o de lá, n,es1110 que ele não queira e resis10", Note o leitor, inicialmente, a visão que se procura inculcar a resp'Cito das relações sociais hoje em dia. A figura diz tudo: sentado numa charrete um homem gordo. bem nutrido, aparentando ser rico, utiliza-se de um pobre coitado. magro e faminto. como burro de carga para puxar o veículo. Enquanto o magnata chicoteia o miserável, este parece estar no último grau da exaustão. A partir dessa visão falsa da realidade, os autores do folheto tiram as conclusões mais extremadas. quais sejam as de que se deve arrancar à força de sua situação (",nesmo que ele não queira e resista') o indivíduo explorador que é assim representado. Quem é ele? O proprietário, o comerciante, o industrial, enfim todo aquele que não exerce um trabalho diretamente manual ou não é padre progressista. O operário que, por seu esforço e trabalho. conseguisse montar uma oficina ou uma pequena casa de comércio e tivesse empregados a seu serviço, já cairia sob as iras dos autores do folheto. Convém salientar também o farisaísmo com que se qualifica de amor essa pregação violenta da luta de classes. Mas, talvez o mais incrível consista no fato de uma situação tão absurda como a sugerida pelo desenho ser apresentada no folheto como sendo generalizada: uma situação social! O folheto prossegue: ".... e11q11a11to algunr se convertem, as partes da sociedade que se beneficiam do atual situação vão procurar, até com o força, defender seus in1eresses. Assin1 o situação de .opressão continua. É por isso que nosso a,nor nos leva o procurar agjr ta1nbé111 11a sociedade. na política. 110 vida pública, poro mudar f1 si1uação social" (idem, ibidem). Eis como são as Missas na Diocese de Lins. Serão somente em Lins? Em quantos lugares deste nosso vasto Brasil - e de todo o mundo - aberrações análogas se repetem ... Com efeito, estes últimos trechos que transcrevemos do folheto "Todos Irmãos" encontram-se.num contexto que termina com a seguinte referência: "cfr. CNBB. Texto Base n.• 3.2.3, C". O folheto leva-nos peis a supor que é a própria CNBB que difunde por todo o País textos que servem, pelo menos de inspiração, para redigir tais boletins oficiais - o que parece até absurdo admitir - de uma Diocese. E isto com vistas a auxiliar os fiéis a assistirem o Santo Sacrifício da Missa!

Cid Alencastro


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N.0 379 -

Julho de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Repercute no mundo inteiro a Mensagem das TFPs =---

M ENSAG EM das treze TFPs "O socialis,no a111ogestionário: en, vista do co,nunis,no, barreira 011 cabeça-de-ponte?", de autoria do PROF. Pt.11-110 CoRR€A DE OuvE1R,,, jâ é do conheci mento de nossos leitores. "Catolicismo" (n.•s 373-374, de janeiro-fevereiro de 1982) transcreveu essa profunda, meticulosa e extraordinária a nálise do programa do Partido Socialista francês. Ficamos, porém, de apresentar um quadro de sua repercussão em âmbito internaciona l. Decorridos mais de oito meses desde o seu lançamento cm 9 de dezembro do ano passado pelas páginas de "The Washi ngton Post" e do "Frankfurter Allgemeinc" - e estando ainda a campanha da Mensagem em pleno curso - já se pode, entretanto, voltar para trás o o lhar e fazer um levantamento do quanto se atuou e dos êxitos alcançados nesse período. O efeito imediato da Mensagem foi certamente o impacto desconcertante que provocou nas fi leiras das esquerdas em todo o mund o. Dificilmente seriam elas capazes de co nceber um lance de tal a udácia e envergadura efetuado por católicos e anticomunistas. Mas, refeitos algum tempo depois da primeira reação - por isso também a mais

Prof. Plínio Corria de Oliveira. Pretidente do CN da TFP brasileira e Autor da Mens,a gem

A

espontânea e autentica - , uma co-

mo que palavra de ordem veio impor o silêncio sobre o monumental documento. . A Mcnsa~em, contudo, prosseguiu seu traJeto: ao todo em 46 jornais dos maiores do Ocidente foi ela publicada na íntegra, e 23 o utros estamparam um resumo de página inteira, intitulado .. Socialis1110 auto-

Durante campanha realizada no centro de Paris, jovens cooperadores da TFP francesa reúnem-se diante da estátua de Carlos Magno existente na praça

defronte à Catedral de Notre-Dame. Não obstante os esforços dessa

valorosa entidade. a publicaçio da Menu1em das TFPs por meios de

comunicaçlo soch1l dos maiores em todo o Mundo Livre. na França ela ainda não atingiu o grande público, em virtude de presu· mfveis pressões do governo socialista de

Mitterrand sobre os órgios de impren.sa do pafs.

ges1ionário: hoje. França - amanhã. o 1>11,11dot·. elaborado pelo PROi'. P1.1N10 CORR~A OE 01.1ve1RA. Somam tais órgãos de imprensa vários milhões de exemplares de tiragem. nos cinco Continentes. Em conseqüência dessa difusão. uma correspondência impressionante começou a aíluir de todas as partes às Sedes é Bureaux das TFPs pelo mundo. São pessoas que pedem mais exemplares da Mensagem para distribuí-la a conhecidos. Outros desejam obter informações sobre o Autor da Mensagem e sua obra. Ou-

tros ainda, escrevem para manifestar solidariedade e expressar sua intenção de entrar cm contacto com a TFP. Ascende no momento a 12 mil o rotai de comun'~~ções postais recebidas (e elas continuam a chegar), provenientes muitas delas de lugares onde a Mensagem nem sequer fora publicada. Nas páginas 4 e 5, o leitor encontrará um histórico - forçosamente muito sintetizado - desse documento épico. até o presente.

O número de julho de "Catolicismo" já estava inteiramente pronto quando novo lance foi empreendido

na campa nha da Mensagem. E este foi de tal porte que - dir-se-ia ombreia só ele com tudo q ua nto o precedeu. Não nos será possível aqui senão enunci:\-lo suma riamente. A partir de agosto estará começando a circu lar nas revistas do "Reader's Oigcst" (no Brasil, "Seleções") um resumo da Mensage m, onde é apresentado cm largos traços o pensamento nela contido. bem como no Comunicado " Na França: o punho estra11g11/a,ulp a rosa"(reproduzido em "Catolicismo" n.• 376, de abril de 1982). recomendando aos leitores q ue o desejare m a escrever solicitando a integra dos documentos. O mencionado resumo figurará nas edições do "Reader's Digcst"

dos seguintes países: África do Su l, 1lemanha (que circu la ta mbém na Austria), Argentina, Austrália, Bélgica (cm ílamengo é francês), Bolívia, Brasil, Canadá (inglês e francês}, Chi le, Colômbia, Dinamarca. Equador, Espa nha, Estados Unidos (em Chicago e na edição em língua espanhqla para os EUA), Grã-Bretanha. lndia (edição cm inglês), Irlanda, México, Noruega, Nova Zelândia. Paraguai, Peru, Porto Rico, Portug~l, S uécia, Suíca (em francês e a lemão). Uruguai e Venezuela. Aparecerá também na edição c m espanhol para a América Central, na edição cm árabe para os países á.rabes do Oriente Médio e norte da África, e na edição cm inglês para as nações do Extremo Oriente. Todas essas edições perfazem mais de dez milhões de exemplares, atingindo partes do globo ainda não alcançadas anteriormente. À vista da difusão da Mensagem do PROF. P1.1N10CORRtA oE01.1vE1RA, vem-nos à mente o salmo com que o Rei Davi louvava jubiloso ao Criador: "Seu so111 este11de-se por toda a terra, e suas palavras se fazem ou vir até às extremidades do n111ndo" (Ps. XVIII, 5).

A TFP prevê, os fatos confirmam

CENA DE GUERRA nas Ilhas Malvinas, no início da conílagração. Um hangar arde ao fundo, atingido por bombas, sob as vistas dos soldados no pnmeiro plano. Um povo da América do Sul - região do globo que as duas últimas grandes guerras mundiais pareciam ter afastado do cenário dos embates sangrentos, fazendo-a sentir-se especialmente preservada por uma campânula de pat - vê-se de súbito ati rado na tragédia da guerra. Conílito, entretanto, deílagrado não contra a Rússia ou algum outro país do bloco comunista, naturalmente hostis ao Ocidente, mas que envolveu duas nações de aquém-cortina de ferro, no desenrolar do qual frincharam-se as alianças do bloco não-comunista e perderam-se valiosos armamentos destinados à defesa do Mundo Livre. Situação tanto mais dramática, pois criaram-se perigosas condições para uma inter-

venção direta da Rússia, sob pretexto de ajuda militar à Argentina. Portanto, qualquer que fosse o curso dos acontecimentos, o Ocidente só poderia perder nesse conílito, e a Rússia não deixaria de auferir grandes vantagens. Ao fim das hostilidades de parte a parte, no Atlântico Sul, começaram a surgir na imprensa rumores do despertar de outras antigas pendências territoriais em nosso Conti nente. E elas são realmente muito numerosas. De momento, contudo, uma relativa normalidade voltou apredominar nas relações internacionais do mundo hispano-americano. O contraste entre essa normalidade (a que existia, aliás, até bem pouco antes da guerra· nas Malvinas) e a tensão e expectativa cm que viveram os povos sulamencanos durante cerca de dois meses, suscita no espírito uma interrogação: qual o sentido profundo de tudo isso? Página 3.

EM VISTA da atitude "de vanguarda" espa ntosa que, cada vez mais, vêm assumindo vastos setores do Clero na ofensiva esquerdista em nosso País, "Catolicismo" publicou em sua edição de junho p.p. alguns fatos sintomáticos da amplitude de tal investida eclesiástica . . Face a essa triste situação - que chega não raras vezes a limites difíceis de se imaginar - poderia a atitude do católico fiel ser a do desconcerto ante o inesperado? Sob certo ângulo sim, pois é terrível conceber essa degringolada do elemento humano na Esposa Mística de Cristo. De outro lado, contudo, não faltaram nas últimas décadas insistentes brados de alerta, indicando o ponto terminal onde desfecharia a tremenda crise. Como complemento à matéria publicada em seu número anterior, "Catolicismo" julga oportuno apresentar uma resenha de avisos clarividentes nesse sentido, verdadeiras previsões do atual estado da Revolução igualitária. A bandeira desta está agora em mãos de forte ala eclesiástica, eivada de marxismo. Trata-se de alguns textos extraídos dos livros do PROF. PL1N10 CORRtA DE OLIVEIRA, os quais alcançaram grande repercussão nacional (não estão citados aqui os artigos de jornal e manifestos públicos, que ultrapassam a casa dos 2.50-0 títulos). Obra doutrinária impressionante, onde o Autor faz jus ao elogio de

que foi objeto um de seus principais ensaios. por parte da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades: "É 11111 eco fidelíssimo de todos os Documentos do supremo Magistério do Igreja". Mas ele é também o atalaia solerte que de longe vê o perigo se aproximar enquanto quase todos dormem, e o clínico sagaz que diagnostica a doença des(/e seus primeiríssimos sintomas, quando a vítima ainda se imagina saudável. Expressão disso são os

textos transcritos na página 2, em que, desde 1943, o então Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo, hoje Presidente do CN da TFP, alerta a opinião pública para o perigo que, cm nossos dias, está perforando os olhos dos mais renitentes otimistas, e dos '"moderados" mais radicais ... Na foto, campanha da TFP no centro de São Paulo, contra a Reforma Agrária preconi1.ada pela CNBB.


Há 40 anos a TFP prevê, informa, alerta:

O comunismo quer conquistar a opinião católica HÁ 40 ANOS o PROF. PUNJO CORRtA DE0LJYEIRA, Presidente do CN da

TF P, ven1 alertando os brasileiros para os embustes do "socialismo cristão". "Catolicis,no" - que em sua edição. anterior apresentou fatos caracterfsticos da agitação eclesiástica ern nossos dias - reproduz aqui alguns trechos das obras do grande pensador católico.

1943 Em Defesa da Ação Católica Ediwra Ave Maria, São Paulo, 1948

Os falsos refonnadores da Igreja • É óbvio que, pondo em circulação semelhantes idéias [de que a graça de Deus dispensa a mortificação], com que ousam "reformar", ser-

vidos por seus métodos de propaganda eficacíssimos, o conceito da piedade cristã e uma de suas mais salientes características, que é o amor ao sofrimento, tais elementos da Ação Católica causam, ainda que sem o saber, um mal muito maior à Igreja do que irúmigos declarados; e precisamente por isto, a eles se aplica o que dos moderrústas disse Pio X: "Falamos, veneráveis irmãos, de 11111 grande nún1ero de católicos leigos .... que, sob pretexto de amor à Igreja, absolutam ente faltos de filosofia e teologia sérias, i111pregnados. pelo contrário, até a medula dos ossos, de erro .... se colocam, violando, assim. toda a modéstia, como renovadores da Igreja" (Pio X, Enc. citada). (pp. /03-104)

Como ninguém ignora, o termo "socialismo" servia de denominador comum para todas as correntes sociais antündividualistas, que iam desde alguns matizes nitidamente conservadores até o comunismo. Assim, dado que Leão XIII se manifestou radicalmente antiindividualista, a expressão "socialismo católico" abria um "terreno comu,n" entre todas as doutrinas antündividualistas e a Igreja. Do ponto de vista da política dos panos quentes, a expressão era tanto mais vantajosa, quanto não comprometia as relações entre católicos e individualistas, já irremediavelmente rotas, em conseqüência de atitudes anterioOo preabitério da Igreja da

polltica religiosa de certos governos comunistas, vem dando lugar a perplex.idades, a divisões e até a polêrrúcas. Segundo o seu nlvel de fervor, seu otirrúsmo ou sua desconfiança, muitos católicos continuam a achar que a luta à outrance permanece a única atitude coerente e sensata perante o comunismo; mas outros pensam que mais valeria aceitar desde logo, e sem maior resistência, uma situação como a da Polônia [ ...). Entre estas duas correntes, começa a se formar uma i.mensa maioria desorientada, indecisa e, por isto mesmo, menos preparada psicologicamente para a luta do que estava até há pouco. Se este fenômeno de debilitação na atitude anticomurústa se produz em pessoas inteiramente infensas ao marxismo, quão natural é que seja mais intenso nos chamados católicos de esquerda, cada vez mais numero-

sos, os quais, sem professar o materialismo e o ateísmo, simpatizam com os aspectos econômicos e sociais do comunismo! (pp. 46-47)

t lmposslvel a coexistência pacifica da Igreja com o comunismo

• Para arúquilar as vantagens que, no Ocidente, o comunismo jã vem alcançando com seus acenos de uma certa distensão no terreno religioso e social, é importante e urgente esclarecer a opinião pública sobre o caráter infrinseca e necessariamente fraudulento da "liberdade" por ele concedida à Religião, e sobre a impossibilidade da coexistência pacífica de um regime comunista - ainda que moderado com a Igreja Católica. (p. l 19) (•) A primeira edição desla obra veio a Jume cm 1963. sob o titulo: ''A libtrdade do lgrt'jo no Estado comunista".

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Noasa Senhora da Paz. na V6rzea do Gli· c4rio, um orador fala a vlgilantea banc6-

rioa em greve, Igreja, da Slo Paulo.

algum tempo atr61, aervirem

de palco a manifeetaç:6ee grevietae

de ri ri~• categ_o·

,,., profle.e.ionaie.

Nascimento do "socialismo cat61ico" • Um curioso exemplo do perigo que a Santa Sé considera nesta tática de pôr em constante relevo as analogias existentes entre a doutrina católica e os fragmentos de verdade, que se encontram em todos os erros, nota-se na proscrição expressa e radical da palavra "socialismo católico" feito pe· lo Sto. Padre Pio XI, na Encíclica "Quadragesimo Anno".

res da Santa Sé. Pio XI. entretanto, rompeu com este termo ambíguo e o proscreveu pelo mau sentido que se lhe poderia atribuir, causando com isto evidente surpresa aos muitos partidários dos panos quentes. (p. 222)

19 59 Revolução e ContraRevolução "Catolicismo" n.0 100, abril de 1959 • É certo que tais obras [obras de caridade, serviço social, assistência social etc.] podem aliviar, e em certos casos suprirrúr as necessidades materiais geradoras de tanta revolta nas massas. Mas o espírito da Revolução não nasce sobretudo da miséria. Sua raiz é moral, e portanto religiosa (cfr. Leão XIII, Encíclica "Graves de Communi", de 18-1-1901 - Bonne Presse, Paris, vol. VI, p. 212). Assim, é preciso que, nas obras de que tratamos, se fomente, em toda a medida em que a natureza especial de cada uma o comporte, a formação religiosa e moral, com especial cuidado no que diz respeito à premunição das almas contra o vlrus revolucionário, tão forte em nossos dias. (Parte li- Cap. XI./, A)

Um perigo maior do que a doutrinação marxista • Uma ação ideológica anticomunista deve visar, junto ao grande público, um estado de espírito muito difundido, que dá a miúdo aos próprios adversários do comurúsmo certa vergonha de se voltarem contra este. Procede tal estado de esp!rito da idéia, mais ou menos consciente, de que toda desigualdade é uma injustiça, e que se deve acabaf, não só com as fortunas grandes, como com as médias, pois se não houvesse ricos também não haveria pobres. [ ...] Daí nasce uma mentalidade que, professando-se anticomunista, entretanto a si mesma se intitula, frequentemente, socialista . Esta mentalidade, cada vez mais poderosa no Ocidente, constitui um perigo muito maior do que a doutrinação propriamente marxista. Ela nos conduz lentamente por um declive de concessões que poderão chegar até o ponto extremo de transformar em repúblicas comurústas as nações de aquém..:ortina de ferro. Tais concessões, que deixam ver uma tendência ao igualitarismo econômico e ao dirigismo, se vão notando em todos os cam2

pos. [... JE ao mesmo passo que o dirigismo igualitário vai assim transformando a economia, a imoralidade e o líberalismo vão dissolvendo a família e preparando o chamado amor livre. Sem um combate especifico a essa mentalidade, ainda que um cataclismo tragasse a Rússia e a China, o Ocidente dentro de 50 ou 100 anos seria comunista. (Parte l i - Cap. XI./, B)

1 9 6 O Reforma Agrária - Questão de Consciência Ediwra Vera Cruz, São Paulo, 1962, 4.• edição

A Refonna Agrtrla é contra a familia e a Igreja • A sede de igualdade, que devora em nossa época tantos espíritos, constitui uma paixão desordenada e tem algo de veemente e rad.ical. Ela não se sentirá saciada senão quando tiver levado os erros do igualitarismo coletivista às liltimas consequências. Neste sentido, ela é totalitária. Em principio, as concessões que se fazem às paixões desordenadas não lhes diminuem o ímpeto. Pelo contrário, o alimentam. É por isto que se vê que o igualitarismo, ao qual tantas concessões vêm sendo feitas há muito mais de um século, se mostra hoje mais desabrido e dinârrúco do <l!'e nunca. A implantação de uma Reforma Agrária" daria novo e terrível incremento à paixão igualitária, que tenderia sempre mais impetuosamente ao que [ ...] constitui seu termo liltimo: a abolição da família e da Igreja. (p. /92)

1 9 6 3 Acordo com o regime comunista: para a Igreja, taperança ou autodemolição? (*)

1 9 6 5 DIAiogo e antipatia

Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo Editora Vera Cruz, São Pau.lo, 1974, 5.• edição

Infiltração por melo · de "palavras-talismãs" • Aos poucos, impressões, observações, notas colhidas aqui e acolá, iam criando em nossa mente a sensação de que essa multiforme torção da palavra "diálogo" tinha uma lógica inferna que deixava ver algo de intencional, de planejado e de metódico. E que esse algo abrangia não só essa, mas outras palavras usuais nas elucubrações dos progressistas, socialistas e comunistas, como sejam "pacifismo", .,.coexistência.,, ºecumenismo.,, "'de· mocraeia..:ristã", "terceira-força", etc. Tais vocábulos, uma vez submetidos a análoga torção, passavam a constituir como que uma constelação, em que uns apoiavam e completavam os outros. Cada palavra constituía um como que talismã a exercer sobre as pessoas um efeito psicológico próprio. E o conjunto dos efeitos dessa constelação de talismãs nos parecia de molde a operar nas almas uma transforrnaçãó paulatina mas profunda. Essa torção, segundo se nos tomava claro pela observação, se fazia sempre num mesmo sentido: o de debilitar nos não-<:omunistas a resistência ao comurúsmo, inspirando-lhes um ârú.mo propenso à condescendência, à simpatia, à não-resistência e até ao cntreguismo. Em casos extremos, a torção chegava até o ponto de'trãnsformar não-comunistas em comunistas. (p. 14)

• Com base tanto no receio unilateral e obeessivo de agastar os opositores pela discussão e pela polêrrúca, como na certeza de que pelo diálogo não há quem não se convença, [ocatólico irenista] chega a formar pari passu toda uma constelação de ilnpressões e emoções unilaterais, das quais não mencionaremos senão algumas. São as que se referem ao católico que discute ou polerrúza. Segundo o irerústa, tal católico emprega métodos de apostolado anacrônicos e contraproducentes. [...] Esta i1npressão unilateral cria uma e111oção, uma antipatia contra o apologeta ou o polemista católico, a qual pode chegar até o ódio.[ ... ] Por absurdo que seja, o apologeta ou polemista começa a ser visto com ódio por seu irmão na Fé. Cada vez mais ele vai parecendo a este um católico sectário e descaridoso, e seu "erro" o úrúco para o qual não há mercê. É o tremendo "erro" de ser "ultra-<atólico". Contra a pessoa acusada de tal erro todas as armas parecem lícitas, a campanha de silêncio, o ostracismo, a difamação, os insultos. E para documentar as acusações que se lhe fazem, ludo vale: os indícios mais tênues mais vagos, e até os simples boatos servem de prova.[ ...] Essa dizimação coincide com uma admiração e uma confiança crescentes para com os que estão fora da Igreja. [...] Sua intransigência [do católico irenista], sua energia e sua desconfiança são só para os que, dentro da Igreja, resistem ao clima irênico. (pp. 95-97)

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1976 A Igreja ante a escalada da ameaça comunista Ediwra Vera Cruz, Sã.o Paulo, 1977, 4.• edição

Ediwra Vera Cruz, Silo Paulo, 1974, 10.• edição

Atitude da CNBB ante a subversão: Inércia? cumpllcldade?

• O problema da fixação de uma atitude dos católicos, e dos sequazes de outros credos, em face da nova

• Não nos detenhamos aqui. Como reage a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil diante desta escanda-

losa explosão do espírito subversivo na pena de um Bispo católico [D. Pedro CasaldáligaJ! Vendo-se tão claramente infiltrada pela subversão, como se defende a Hierarquia eclesiástica brasileira? Resposta incômoda de dar. Pois não consta que a CNBB tenha desautorado publicamente, de qualquer forma, estas poesias [do Bispo de São Félix do Araguaia]. ,Acresee que, como é óbvio, haveriam elas de penetrar em nosso território, nele produzindo efeitos deletérios, uma vez que o idioma espanhol é largamente compreendido entre nós, e algumas são mesmo

em português. Nem pelo menos tentou a CNBB dar a estas poesias uma interpretação - inevitavelmente das mais forçadas - que procurasse enquadrálas na ortodoxia. [ ...J Pelo contrário, a imprensa de todo o Brasil informou a existência de uma tensão, que se vem prolongando ao longo dos últimos anos, entre D. Casaldáliga e o Governo Federal. Foi o suficiente que a tensão tivesse início para que desde logo levantassem a voz, em favor do Bispo, numerosos Prelados, alguns da maior projeção. (pp. 27-28)

Episcopado aliado do comunismo? • Da campanha do Episcopado em favor da melhoria das condições de vida das classes populares, como tem sido feita, tem tirado claro proveito a estratégia comunista. [ ... J Portanto, para não fazer o jogo [do comunismo], seria necessário que o Episcopado acompanhasse sua própria campanha pelas melhorias sociais, com uma campanha contra os princípios e o espírito de revolta do comunismo, ressaltando ao mesmo tempo o princípio da caridade cristã, sem a qual nenhuma solução da questão social é possível, segundo ensina a Igreja. Ora, nada ou quase nada disto tem feito a CNBB. Nestas condições, é praticamente impossível evitar que muitos católicos engajados nas melhorias sociais deixem de ver nos comunistas bons companheiros de luta, e em boa medida até companheiros de ideal. E isso os torna vítimas naturais da propaganda comunista. Começam por sentir-se "companheiros de viagem", formam uma esquerda "católica" impregnada de espirito de revolta e sedenta de reivindicações sociais. E daí chegam a todos os desacertos do socialismo "católico", quando não do comunismo. E assim, através do esquerdismo "católico", são sugados para o comunismo, arrastando consigo, como cauda, toda a área da opinião que conseguem sensibili1,ar. (pp. 79-80)

1 9 7 7 "Revolução e ContraRevolução" 20 anos depois "Catolicismo" n.• 313, janeiro de 1977

Oprogressismo prepara a lenha para a fogueira comunista • Em 1959. data em que escrevemos "Revolução e Contra-Revolução'; a Igreja era tida como a grande força espiritual contra a expansão mundial da seita comunista. Em 1976, incontáveis eclesiásticos, inclusive Bispos, fi. guram como cúmplices por omissão, colaboradores e até propulsores da III Revolução. O progressismo, instalado por quase toda parte, vai convertendo em lenha facilmente incendiável pelo comunismo a floresta outrora verdejante da Igreja Católica. Em uma palavra, o alcance desta transformação é tal, que não hesitamos em afirmar que o centro, o ponto mais sensivel e mais verdadeiramente decisivo da luta entre a Revolução e a Contra-Revolução se deslocou da sociedade temporal para a espiritual, e passou a ser a Santa Igreja, na qual, de um lado, progressistas, criptocomunistas e pró-<:omurústas, e, de outro lado, antiprogressistas e anticomunistas se confrontam. (Cap. li, 4. B)

Tribalismo indígena, ideal com uno-missioná rio para o Brasil no século XXI Editora Vera Cruz, São Paulo, 1979, 7.• edição

Apolo eclesllístlco de retaguarda ao comuno-estruturallsmo • O maior - problema suscitado por esses delirios [da neomissiologia progressista, de fundo tribalista e anárquicoJ não está nos próprios missionários, nem nos índios, cumpre repetir. Está em saber como, na Santa Igreja Católica, pôde esgueirar-se impunemente essa filosofia, intoxicando serrúnários, deformando missionários, desnaturando missões. E tudo com tão forte apoio eclesiástico de reta(continua na página 6)

CATOLICISMO -

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Julho de 1982


Garantia notarial, tabelioa..... ~,., Plínio Corrêa de Oliveira OM A CESSAÇÃO das hostilidades nas Malvinas, todas as relações internacionais no mundo hispano-americano - que subitamente se haviam envenenado - parecem ter voltado à normalidade. De modo especial tal ocorreu com a mais aguda delas, a tensão entre a Venezuela e a Guiana, acerca do território de Essequibo. Bem entendido, a questão juridico-diplomâtica a respeito dessa disputa ainda depende de solução. Mas a possibilidade de um conílito armado parece fora de cogitação, pelo menos a prazo breve ou médio. Uma lição de toda esta efervescência entretanto nos ficou. É a artificialidade dessas tensões entre os povos irmãos, que somos todos os da América do Sul. Ninguém se preocupava seriamente, entre nós, com essas pendências territoriais. A maior parte delas dormia semi-esquecida, na penumbra dos arquivos. Foi só a Publicidade pô-las em relevo, e elas começaram a se agitar como fantasmas. Mas apenas a Publicidade afastou delas as luzes, e imediatamente voltaram para os arquivos. O que significa que o melhor de sua consistência era propagandístico. Entretanto, sem embargo dessa artificialidade, não me parece que tais questões tenham perdido toda a atualidade. Pois a mesma causa que, em dado momento, conferiu atualidade artificial, mas dramática, a essas pendências, pode operar no sentido de as trazer novamente à tona. Dizendo-o, sou coerente comigo mesmo. Com efeito, afirmei, em mais de um pronunciamento pela imprensa diâria, que por detrâs do incipiente terremoto diplomâtico-militar em nosso Continente, havia o empenho da Rússia soviética, em promover várias guerras simultâneas, que lançassem ao caos o bloco populacional católico maior do mundo. Pois ela entraria então com seus tendenciosos oferecimentos de ajuda militar e técnica a determinadas nações: por su'a vez, os Estados Unidos se veriam compelidos a oferecer ajuda aos países não apoiados pela Rússia. Assim, o conflito se internacionali1.aria. E, ao mesmo tempo, assumiria acentuado caráter ideológico. Tanto mais que, no interior dos países em choque, os comunistas e os anticomunistas entrariam em convulsão para disputar o poder. À guerra continental e mundial se somaria, pois, uma revolução ideológica continental. Guerra e revolução se interpenetrariam rapidamente. E o panorama oferecido pela América do Sul em sangue (e digo América do Sul , e não Hispano-América, porque o Brasil de nenhum modo con-

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seguiria manter-se fora dessa sangueira) seria o de um imenso Vietnã. O resto jâ sé vê. Qual a base para todas essas conjecturas? É o nexo entre a guerra anglo-argentina e o simultâneo oferecimento de ajuda russa, de úm lado, e, de outro lado, o súbito chamejar das dormientes pendências, às quais hâ pouco me referi. A ter continuado a guerra nas Malvinas, e a se terem agravado até degenerarem em guerras as outras tensões em nosso Continente, toda a América do Sul seria perdedora, e Moscou lucraria enormemente. E se Moscou lucraria, deve-se ter a certeza mora l de que ela estava por trás de tudo. É assim que raciocinam as policias para descobrir os autores de crimes. E também os observadores politicos para descobrir autores de tramas. Acresce que um expressivo documento de Fidel Castro pode ser citado em abono de toda essa conjecturação política. Em 16 de janeiro de 1966, 27 delegados latino-americanos presentes em Cuba para a Conferência Tricontinental de Havana, fundaram a Organización Latino-Americana de Solidariedad OLAS, destinada a "utilizar todos os meios ao alcance, a fim de alcançar (sic) os movimentos de libertação". No ano seguinte, a OLAS promoveu, também em Havana, uma Conferência de Solidariedade dos Povos Latino-Americanos. "Cbe" Guevara, então presidente de honra da Conferência, havia lançado em abril do mesmo ano uma mensagem desenvolvendo o tema do programa comunista de Fidel Castro (vale dizer, de Moscou): a criação de "dois. três ou muitos Vietnãs" com o objetivo de incitar guerrilhas pelo mundo (cfr. Orlando Castro Hidalgo. "O

Em plena crise das Malvina.r, a valorosa TFP argentina esrendeu sobre a movimentada Av. Figueroa A/corta (onde se situa a principal sede da TFP em Buenos Aires) largas faixas com dizeres alusivos à delicada situação pelo qual sua nação atravessava. Inspiradas por um autêntico patriotismo e manifestando

confiança na proteção da Virgem de Luján, as faixas alertavam a população para

os perigos da intervenção russa no desenrolar da guerra pela posse das ilhas. Em dois manifestos publicados na imprensa portenha ("la Nacián" de 13-4-81 e 10·5-82, respectivamente), a TFP platina havia salientado a desproporção existente entre os riscos representados pela ajuda soviética. bem como o enfraquecimento das

alianças 110 mundo ocidental, de um lado, e a legitima reivindicação dos direiios da Argentina sobre as Ilhas Malvinas, de outro. "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua Justiça, e tudo o mais vos serâ dado por acrésçimo" (Mt. VI, 33), lembrava a TFP num dos com1micados. E manifestava

sua esperan_ça de que "o tempo, ao par de uma perseverante diplomacia, poderá nos dar. a um preço razoável, o que no momento intentamos".

CATOLICISMO -

Julho de 1982

espião de Fidel Castro", Artenova, São Paulo, 1973, p. 121}. Velho plano, como se vê, frustrado ao cabo de várias tentativas anteriores, e que recentemente não fez senão emergir novamente, apoiado jâ agora na tentativa de conílagrações entre quase todas as nações sul-americanas. Assim, o que o raciocínio politico aponta, a prova histórica corrobora. Estou persuadido de que a vietnamização da América do Sul é velho plano do qual de nen.h um modo abrirâ mão Moscou. E se aparecer no horizonte nova complicação política tendente a nos vietnamizar, o presente artigo tem uma utilidade como que notarial. tabeliÓa. Pois me servirá de prova de que, por detrâs dessa nova complicação, desde o início estivera Moscou. Moscou ... O nome da famosa e hoje conspurcada capital dos czares me traz à mente assunto bem outro.

'canal de Beagle. detcoberto entre 1826 e 1830. Tr&, ilhotas na entrada do canal. do lado atlintjco. alo disputadas pela Argentina e Chile. Pendlncia que - como tantas outra• em nouo Continente - doterminada1 causai podem trantformar inopinadamente em novo conflito. aMlogo ao da, Ilhai Malvinas.

Assim, o "Jornal do Fapec" previne os viajantes: "É conveniente levar produtos de toucador, principalmente sabonetes. cre,ne dental, desodorantes, etc.", naturalmente pela escassez ou má qualidade do produto em Moscou. Outro aviso: "Na Rússia as refeições não estão incluídas, devendo ser comprados 'cupons' para a ali111entação na portaria do hotel". O Um médico amigo mostrou-me cupom faz pensar em restaurantes um "Jornal do Fapec" (Fundo de estatais padronizados, para os quais Aperfeiçoa mente e Pesquisa em Car- os pobres turistas são distribuídos diologia) de maio deste ano, con- segundo um critério burocrático. tendo farta propaganda da viagem a A propaganda nada se atreve a dizer Moscou, promovida pela Sociedade em louvor da qualidade e dos preços Brasileira de Cardiologia, por oca- do alimento fornecido. sião do Congresso Mundial de CarUm aviso enigmático sobre "didiologia em junho passado. Nele leio nheiro, travellers-checks, e qualquer umas "inforn,ações úteis para os via- 111oeda", bem como "jóias e outros jantes", as quais de fato são úteis valores", que devem "ser pormenotambém para os que não participa- rizada,nente declarados .... ao chegar ram da viagem. Pois os esclarecem à Rússia": "instruções serão fornesobre o fracasso do regime que a cidas pelos guias no avião de cheRússia vai impondo a todo o mundo. gada''.

Outro aviso em que aparece a carranca do Estado policialcsco: "passeios desacompanhados" (de agentes estatais, bem entendido) "poderão ser realizados son,ente na cidade onde se está, sem limitações e sem perigo, a qualquer hora". Ai! , pois, de quem viajar fora da zona permitida. Encontrara "limitações" e "perigo". Para reforçar a intimidação, vem uma norma: "As excur-

sões para fora da cidade deve,n ser programadas pela lntourist", obviamente sob o olho irado e inquiet91do poder público. ' A carranca estatal se mostra ainda neste aviso: '' Não há concessão por parte das companhias aéreas russas" quanto ao excesso de bagagem, o qual deve "ser pago pelo passageiro". Em suma, nem liberdade, nem despreocupação, nem fartura, nem comodidade. Tal é a Rússia soviética, que se arroga o título de campeã tios direitos humanos no mundo.

Pendências territoriais na América Latina: dos arquivos para o campo de batalha "'1-"'-I ·Tropaa cubanas \ ..;._• em A.ngole \

ajude_m •• f orça,

marx,sta1 "libertadores".

Na recente ... tenllo guiano~ venezuelana. o governo eaquerdieta de Georgetown 'li pediu igualmente o apoio de º Cuba .. , ou seja •

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" APÓS A GUERRA das Malvinas, falou-se num reacender de conflitos envolvendo bom número dos paises latino-americanos, desde o problema da imigração mexicana ilegal nos Estados Unidos até a disputa chileno-argentina por três ilhotas do Canal de Beagle. Embora de momento tais tensões pareçam $erenadas, são imprevisiveis as surpresas que, à maneira das Malvinas, o futuro nos pode preparar. O ponto que esteve mais candente situa-se na região do Caribe. Não nos referimos à situação interna de paises como El Salvador, Guatemala e Nicarágua, os dois primeiros atacados por forças revolucionárias teleguiadas a partir de Havana ou Moscou, enquanto . o último praticamente dominado pelo comunismo internacional. Temos em vista uma disputa territorial entre Venezuela e Guiana. Essa pendência se prende à reivindicação da Venezuela em relação ao território de Essequibo, que corresponde a S/8 da área total da Guiana. Como se recorda, no último dia 18 de junho

ROaala.

' cessou a vigência do Protocolo de Porto Espanha, que congelava a reclamação venezuelana. Se a Guiana, por um lado, foi dominada por um regime influenciado por "Cuba" (vale dizer Rússia) na última década, de outro lado, não perdeu seus vínculos com a Grã-Bretanha, sua ex-metrópole. Essa circunstância propiciaria a formação, em caso de conflito, de uma bizarra aliança anglo-cubana, pró-Guiana e anti-Venezuela. O que por certo tornaria obscura para muitos a efetividade da ameaça comunista, uma vez que o Kremlin estaria ao lado de um pais tão ocidental como a Inglaterra.

Em proveito da ft(lssla Trinidad-Tobago, outra ex-colônia britânica, constituída por duas ilhotas a menos de 150 quilômetros da costa venezuelana, tem igualmente divergências com o governo de Caracas sobre a fixação dos limites no mar das Antilhas. Outra pendência da Venezuela é com a Colômbia, sobre a região de Maracaibo. O governo de Bo-

gotâ, por sua vez., enfrenta reivindicações da Nicarágua sobre as ilhas de San Andrés e Providencia, situadas perto desse país centro-americano, dominado pelos sandinistas, os quais contam com o apoio de Fidel Castro. O Peru, por sua vez, envolveu-se a fundo no conflito das Malvinas, aliando-se com a Argentina, à qual teria cedido aviões em serviço junto à fronteira platino-chilena. Esse país, alé.m da velha disputa com o Chile, para o qual perdeu uma província inteira no século passado, entrou em beligerância contra o Equador em d!versas ocasiões por questões limítrofes. A Bollvia poderia também iniciar um conflito armado com o Chile, para o qual igualmente perdeu territórios, como aliada do Peru. Lima é a única cidade sulamericana ligada a Moscou, via Havana, pelos aviões da empresa estatal russa Aerof/01. E isto sem falar na pendência entre a Argentina e o Paraguai sobre as fronteiras no Chaco, e diversas outras entre países da América Central. Ante a eventualidade - agora mais remota - da eclosão de tais conflagrações, é preciso registrar a opinião de analistas para os q uais o Brasil e os Estados Unidos fatalmente seriam arrastados a uma interferência' direta ou indireta nas disputas. E seriam também os maiores perdedores. Quanto a Rússia e Cuba, o proveito que ambas tirariam dessas disputas é óbvio. Se o Kremlin transformou os cubanos em jan!zaros seus para a conquista de países africanos, por que haveria de poupâ-los na América? Praza a Deus que os governantes, sobretudo os sul-americanos, saibam afastar definitivamente os riscos da transformação de nosso Hemisfério num imenso Vietnã, da qual só o comunismo sairia ganhando, como tem advertido o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em vârios artigos recentes publicados na imprensa diâria.

3


Nova York

UEM ANALISA, mesmo numa visão sumária, o conjunto dos documentos oficiais do Partido Socialista francês, bem como os livros de seus autores mais representativos, não pode deixar de constatar que as idéias por eles expostas se chocam, imediata e frontalmente, com os valores da tradição, da familia e da propriedade. Tais escritos não são, na realidade. senão um elenco de erros - coerentes entre si, é verdade - que se consubstanciaram num programa efetivo de expansão cultural e ideológica para o mundo inteiro, com o fim de construir uma nova civilização diametralmente oposta à que foi erigida outrora com base naqueles três valores básicos da civilização cristã. Quando da vitória socialo-comunista ocorrida na França em meados de 1981, primeiro nas eleições presidenciais e logo em seguida nas legislativas, as caixas de ressonância da propaganda esquerdista colocaram Mitterrand e suas idéias na crista da notoriedade, no mundo inteiro. O socialismo autogestionário que o PS propunha tornou-se, de súbito, a esperança de todas as esquerdas, então desanimadas por recentes e significativos fracassos eleitorais do socialismo na Suécia, na Alemanha, na Inglaterra e em outros países. A TFP, entidade atraida pelas grandes preocupações cu lturais do momento presente, d ispondo por sua ve1. de meios para fazer ver ao homem hodierno os perigos contidos nos erros socialistas, propôs-se uma contra-ofensiva. de natureza ideológica, ante Mitterrand e sua corrente. Contra-ofensiva q ue, como se verá, as circunstâncias impunham.

Q

A vocação Internacionalista do PS francês O PS francês se declara internacional por nature1.a e vocação, e afirma sua determinação de pôr a serviço da meta socialista autogestionária, o prestigio político e o rayo11ner11en1 cultural que a França exerce em escala mundia 1. Fiel a essa declaração de propósitos, Mitterrand - favorecido pela grande aura publicitária de sua vitória - começou uma política externa de expansionismo ideológico e de intervencionismo polltico. A América Latina foi, em pontos nevrálgicos. um de seus primeiros alvos. O apoio declarado aos movimentos guerrilheiros da América Central - bafejados em grande medida pela "esquerda católica" - e, de modo especia l, a provocante proteção diplomática e militar aos sandinistas da Nicarágua, bem atestam que suas pretensões imperialistas não eram figura de retórica. Com isto, os partidos ou correntes socialistas de toda a América Latina, antes tão desprestigiados, levantaram a cabeça . O dernier cri desta perigosa moda francesa - a autogestão começava a encontrar ressonância em certos setores da opinião pública.

Resposta das TfPs: a Mensagem do Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira Em face de tal onda internaciona l, e ra pois necessário reagir! Tanto mais que permaneciam absolu tamente mudos aqueles c ujo cargo, cuja s ituação,

Medríd

Toronto

cuja influência os obrigava a encetar a contra-ofensiva. Esta surgiu de onde talvez menos se esperasse, e com uma envergadura que deixou atônitos os esquerdistas de todo o mundo: no d ia 9 de dezembro do último ano, em seção livre cm "Thc Washington P<'st" dos Estados Unidos e no "Frankfurter Allgemeine" da A lemanha, um artigo ocupava seis páginas inteiras de jornal, e vibrava monumental golpe no socialismo autogestionário propugnado pelo Partido Socialista francês. Com o titulo "O socialismo >1utogestion,rio: em vista d o comunismo, barreira ou cab eçade-ponte?", o documento. de autoria do PROF. PuN10 CoRREA ÓE OLIVEIRA, que o assina como porta-voz das treze TFPs e entidades afins espalhadas pela Terra, foi logo depois publicado em "The Observer" de Londres, "li Tempo" de Roma, "La Vanguardia " de Barcelona, "Diário de Notícias" de Lisboa , "Thc New York Times", "Los Angeles Times", "The Globe and Mail" de Toronto, "Folha de S. Paulo", "La Nación" de Buenos Aires,

"Sunday Times" de Johannesburgo, além de 34 outros jornais líderes em tiragem e influência na imprensa do Ocidente. O mundo via. surpreso. cató licos e anticomunistas empreenderem uma campanha publicitária e m proporções até então desconhecidas. A amplitude da matéria impressionava . A esquerda internacional, boquiaberta, exclamava: seis pági nas! E a chamada "maioria silenciosa" esse magma impreciso e numeroso que resiste emudecido às rransformaçõcs comunisti.z antes do mundo contemporâneo - pôde ver com agrado que do lado conservador havia ainda quem, com altaneria, proclamasse as verdades que ela, entrincheirada embora no seu silêncio, gostaria de ouvir. Entretanto, muito mais que pela sua amplitude, o estudo do PROF. PLt· 1< 10 CoRRêA OE OLIVEIRA impressionava pelo seu conteúdo, por sua a nálise meticulosa da documentação do PS, por sua lógica irretorquível ao dissecar as proposições socialistas e levá-las - para desaponto dos que até hoje vinham camuflando essa doutrina - até seus últimos desdobramentos. Desdobramentos que mostram uma radicalidade sem precedentes na meta, embora disfarçada pelo gradualismo da tática.

Londres

Francesa, só poucos a perceberam ... A ambigUidade decorrente desta e lasticidade torna difícil traçar com precisão os contornos que distinguem e ntre si as várias versões da doutrina socialista, bem como as correntes socialistas das não socia listas. Ambiguidade, é verdade. que se configura em torno de um núcleo de conceitos cons istentes e estáveis, circundados por outros que estabelecem uma confusa ciranda de mat izes e contra-matizes. de correntes e subcorrcntes. Ambigllidade - é isto sobretudo verdade que favorece manhosamente o proselitismo socialista no mundo inteiro. Pois apresenta modalidades de socialismo para todos os pa ladares. Tal confusão não existe, po rém. no tocante à dout rina professada pelo atua l PS francês. Desde que nasceu em 1971 ( 1), vem e le, cm sucessivos documentos doutrinários e programáticos, publicando com franqueza digna de melhor causa, todo o seu pensamento autogestionário. Assim, apesa r de se mostrar o mais das vezes tão protciformc. tão ambíguo, o socia-

!ismo apresento u de si, no caso conc reto do PS francês, uma versão paipá vel e consistente. Esses documentos, entretanto, circularam principa lmente nas fileiras do pró prio Partido, ou nos círculos culturais e politicos afins. O grande público continuou a ignorar o que é exatamente o socialismo. e o que pretende.

Seis llnguas, em vinte palses À vista disto, o PROF. PLJNIO COR· RtA OE OuvEtRA analisou com argúcia os referidos documentos, e montou, para conhecimento do grande público, um impressionante quadro de conjunto do socialismo autogestionário. Todas as afirmações e comentários são abonados por abundantes citações de textos do PS francês. A análise, que toma como fundamento o ensinamento do Magistério tradicio na l da Igreja, cita deste os textos pertinentes. Publicada em seis linguas (inglês, alemão, francês. espanhol, italiano e

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A grande confusão, em torno do vocâbulo "socialismo" Com efeito, apesar de hoje em dia a palavra socialismo correr de boca em boca. e ela possuir grande elasticidade de conceitos, o verdadeiro conteúdo da ideologia que lhe corresponde é, na verdade, mal conhecid o do grande públ ico. E fica pairando no espírito deste uma grande confusão sobre quais sejam a civili1.ação e a cultura que o socialismo rea lmente pretende . Sua face autêntica, desde que viu a lu z do dia nos últimos e sangrentos respingos da Revolução

português), a Mensagem foi d ivulgada inicialmente em 20 países (Brasil, África do Sul, Alemanha, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômb ia , Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Paraguai, Peru, Portugal, Suiça, Uruguai e Venezuela). Desde logo começaram a afluir e continuam afluindo para as diversas TFPs mi lhares e milhares de esperançosas cartas, provenientes de leitores de todos os níveis e classes sociais. Associações de todo gênero solicitavam mais exemplares da Mensagem para a d ifundir no circulo de suas relações. Instituições universitárias de porte, de vários países, tomavam o documento das treze TFPs como texto de estudo em seus cursos. Muitos desejavam informações sobre o PROF. PuN10 CORRt.A DE OuvEIRAesua obra. Contribuições, vindas sobretudo de pequenos bolsos, c hegavam à TFP voluntariamente, para assim ajudá-la neste imenso esforço publicitário. Poderosas redes de TV de diversos países. como a CBS norte-americana , a

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CBC canadense ou a TV-1 francesa, deram à Mensagem extraordinário destaque em seu noticiário, nem sempre, a liás, apresentando-a de modo simpático. Grandes jornais, como o "Washington Post", agências como a "Associated Press", revistas, como "Stern" da Alemanha e "L'Europeo" da Itália , entre outras, procuraram o PROF. P1.1N10 CoRR~A OE 01.1v e1 RA para entrevistas exclusivas.

A repercussão da Mensagem atinge diversos rincões do globo onde não foi divulgada O raio de ação da Mensagem não se limitou aos 20 países onde foi divulgada. Chegaram cartas também da Oceania (Austrália, Nova Zelând ia, Nova Caledônía), Extremo Oriente (Bangladesh, Hong Kong, Malásia, Nepal, Singapura), Oriente Méd io(Arâbia Saudita, Turquia, Chipre), América Central (Costa Rica, EI Salvador, México) e outros países da Europa (Andorra, Áustria, Bélgica, Dinamar-

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Com isto, ampliava-se para 26 o número de paises nos quais o histórico documento do PROF. PuN10 CoRRBA OE OLIVEIRA foi divulgado.

ca, Escócia, Finlând ia, Grécia, Holanda, l slãndi.a, a própria Iugoslávia, Irlanda, Irlanda do Norte, Liechtenstein, Malta , Mônaco, Noruega, San Marino e Suécia). Na África do Sul, a Mensagem entusiasmou não só os descendentes de europeus, como também os nativos de países vizinhos: Lesoto, Suazilândia, Transkci, Ciskei, Botswana, Venda e Bofutatswana, aos quais ainda é preciso acrescentar: Argél ia, Camarões, Gana, Malawi, Marrocos, Namíbia, Tunísia, Zimbabwe e Ilhas Maurício. Essas cartas, provenientes de tantos lados, como que clamavam às TFPs para que fosse publicada também nessas paragens sua Mensagem. Desse modo, em maio de 1982, novo esforço publicitário das TFPs começa a se desenvolver · cm quatro Continentes. Na Europa, atingindo a Áustria e a Irlanda, além de novas e importantes cidades da Alemanha, da Espanha e da Inglaterra. Na América Central, a Costa Rica. Na Ásia, as Filipinas. Na Oceania, a Austrália e Nova Zelândia.

A cortina do silêncio publicltãrio desce sobre a França E a França? Triste constatação. Apesar de todos os esforços empreendidos pela TFP daquele país, apesar de os diários "Lc Figaro" e "L'Aurore" já terem concordado em estampar a- Mensagem, conforme anunciaram em suas próprias páginas, nessas terras do "socialismo ... com liberdade", o documento da TFP teve recusada sua publicação por paric de todos os jornais parisienses de circulação superior a cem mil exemplares. Restou aos valorosos membros da TFP francesa recorrerem - e mesmo assim após vencerem mil dificuldades - ao envio de 350 mil cópias da Mensagem via ma.rs-nwiling (mala direta). Um prestigioso diário editado em Paris, em língua inglesa, por "The New York Times" e "The Washington

Post", o "lnternational Herald Tribune". com circulação em todo o mundo (só na França, 20 mil exemplares), assim descreve em sua edição de 12 de dezembro de 198 1 a reação do governo socialista francês cm face da Mensagem: "E111 Paris, autorizadas fontes governamentais dissera,n que não estavam preparadas para reagir à matéria publicada, mas a estavam estudando. · Não há absoluu,1nen1e pânico e estarnos bern nwis interessados e111 conhecer quem ou o que está por trás da publicação·. declarou qí,arra-feira um porta-voz do Palácio Eliseu. acrescentando que '111ais tarde' poderia haver alguma reação". Essas frases deixam entrever o empenho com que o governo Miuerrand deve ter agido para forçar a inexplicável recusa dos jornais franceses. De fato, é-se propenso a pensar que nenhuma ou1ra saída restava ao PS francês. Já oue não se decidira a refutar a Mensagem. a solução era obter do governo a proibição de que ela fosse publicada.

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Santiago

Manilha

Ou seja, por parte do governo francês e do PS. um si lêncio contrafeito, e - ao que parece - a imposição de um si lêncio tirânico ao objetante incômodo. Tudo no gcnuino es1ilo soviético ... Mas - redargüirá alguém - como explicar tal convergência de atitudes e ntre o governo. socia lista e órgãos de imprensa considerados liberais, e até mesmo anti-socialistas? Como organizações privadas que são, as empresas publicitárias proprietárias desses diversos jornais correm o risco de serem - por deliberação da maioria parlamentar socialo-eomunista - transferidas para o regime da autogestão. Pelo que os proprietários atuais passariam de sua condição atual para a de simples gerentes da empresa, cujos novos proprietários seriam os trabalhadores. Espada de Dâmocles que paira sobre a cabeça de cada dono destas empresas jornalisticas, e que o ind uz a não publicar um documento que desagrade o governo, como é o caso da Mensagem. Espada de Dâmocles que torna patente que a autogcstão é .o contrário da liberdade.

Novo lance das TFPs: "Na França, o punho estrangulando a rosa" Diante. de atitude tão insólita, as treze TFPs deram a público um Comunicado, també m de autoria do PROF. PllNIO CORRtA DE OLIVEIRA, intitulado "Na França, o p unho estrangulando a rosa". · O título é uma alusão ao sim bolo do PS francês, isto é, um punho bem mais próprio ao boxe - que segura graciosa rosa . Punho agressivo e brutal, que parece incompativel com a flor. Rosa que - se pudesse conhecer um punho como este - no mesmo instante se poria a definhar. O símbolo, e m verdade, espelha bem as

J ohannesburgo

Lisboa

relações entre o socialismo e uma autêntica e harmoniosa liberdade. Por mais que aquele se esforce c m prometer esta, acaba sempre por estrangulá-la. Foi exatamente o que, a este propósito, se deve estimar ter ocorrido na França do socialismo autogestionário, q ue, en1rctan\o, gosta de passar por "bonachão". O Comunicado, narrando ao Ocidente o procedimento ditatorial cio governo socialo-eomunista, foi estampado, de modo geral, nos mesmos jornais que haviam publicado a Mensagem, bem como na "Tribunc de Gencvc" e no "Luxemburgc r Wori", que têm penetração na França. Como consequência, outra avalanche de cartas, adesões, manifestações de simpatia à TFP francesa, com pedidos de melhor conhecimento das TFPs e do pensamento e da ação do PROF. Pl.ll'IIO CORRtA DE OLIVEIRA. Órgãos representativos de industriais e trabalhadores, membros do Corpo diplomático, professores universitários de renome, bibliotecas destinadas a altos estudos, solicitam grande número de exemplares para difusão em seus respectivos meios. Na França, houve incontáveis bravos pela atitude destemida da TFP. juntamente com insistentes pedidos para que fossem divulgados os nomes de todos os periódicos que haviam recusado a publicação. Esta divulgação não foi feita, atendendo a nobre desejo da TFP francesa, à qual parecia incorreto expor assim a uma publicidade desfavorável jornais que. pelo próprio fato de estarem sob a espada de Dâmocles, não dispunham da liberdade necessá ria para se explicarem ao público. Na Colômbia. uma Comissão de Senadores franceses viu-se em dific uldades numa entrevista co letiva à imprensa. quando jovens cooperad ores da TFP loca l lhes pediram explicações a respeito da arbitrária atitude do governo de seu pais. E pequenos plágios do conteúdo da Mensagem, e agora também do Comunicado, vão saindo cm diversos órgãos mais ou menos direitistas do Ocidente, sem nunca revelar a fonte ...

Aqui está a história abreviada até o presente momento - "de um dos supre,nos esforços e,npreendi(~os 'in signo Crucís', a fim de evitar à civilização ocidental agonizante. o so,·obro final para o qual esta se vai deixando rolar" (2). História épica de dois documentos, que "Catolicismo" teve a satisfação de apresentar a seus leitores: a Mensagem sob a forma de revista (número duplo de janeiro-fevereiro p.p.) e o Comunicado na edição de abril deste a no. NOTAS (1) Neste ano, no Congrc.sso de ~pinay. um longo proccS$O de unificação da$ v:hi·as corren-

tes socialis1as anteriormente existentes. chegou

a lermo com a cri.ição do atual PS francês.

Entre as várias facções que (oram então amal-

gamadas, estavam a Convenção das Instituições Republicanas (CIR), liderada por M iuc,-

rand: grande parte do Partido Socialista Uniricado (que, por sua vez, nastéra·. cm 1960, do

Partido Socialista Autônomo), a nimado pelo amai Ministro do Plancjamênto Michcl Roccard: e um considerável número de pequenos grupos encabeçados por membros do go,.,·crno socialo~omunis1a que hoje ocupa o poder .

(2) Cír. Comunicado das treze TFPs. .. No França, o punho estrangulando a r()sa",

Sydney


O Apóstolo São Tiago na Bolívia 25 DE JULHO celebra-se a festa de São Tiago Maior, um dos Apóstolos de Nosso Senhor, irmão de São João Evangelista. Este ano celebra-se também mais um ano jubilar compostelano, comemorado pelos espanhóis a cada qüinqüênio no Santuário de Santiago de Compostela, centro de peregrinações desde a descoberta do túmulo do Apóstolo naquele lugar da Galicia, em 816. São Tiago, patrono da Espanha, evangelizador da Península Ibérica e conhecido como o Mata-mouros, por suas milagrosas e fulminantes intervenções nas guerras da Reconquista contra os infiéis muçulmanos, estendeu, ao que parece, seu apostolado também às conquistas hispânicas do Novo Mundo, como veremos.

A

O Vice-Rei ouve a legenda... Em 6 de setembro de 1573, na branca cidade de La Plata (hoje Sucre), na Bolivia, o soldado mestiço Garcia de Mosquera recebia de D. Francisco de Toledo, "Mordo,no de Sua Majestade, Vice-Rei. Governador e Capitão Geral dos Reinos SI.o Tiago. o Mata-mouros - imagem em tamanho n.atural que se cone.erva do Peru e terra firme etc.", instruna Catedral-Basflica de Santiago de Compostela ções pormenorizadas para impor· tante missão: apurar a autenticidade de relatos que emissários dos índios chiriguanos haviam feito el)1 La PiaPaulo", órgão oficioso da Arquidio- ta, dando conta dos prodígios de um cese paulopolitana, 10 a 16 de janeiro jovem muito formoso e . resplandecente de nome Santiago. A narração de 1976 (...]). guarda. Pelo que, a transferência do Esta erupção do que talvez se cha- encontra-se no livro de Guillermo Bispo que se declara "além do comu- masse adequadamente comuno-estru- Pinckcrt Justiniano: "La Guerra nismo" [D. Casaldáliga] - conquan- turalismo missionário indica a exis- Chiriguana", editado em Santa Cruz, to indispensável - eslá serido mais tência de uma considerável infiltração no ano de 1978. Segundo os emissários, Santiago difleil do que o cerco de Tróia. "Mexer na própria estrutura católica do Brasil. con1 D. Pedro Casaldáliga. bispo de Como explicar a existência e a - São T iago - havia aparecido S. Félix, seria ,nexer com o próprio influência dessa infiltração na Igreja? como um enviado do Céu no poPapa", consta até que afirmou Paulo Essa é uma grande e difícil questão. voado de Saipurú (situado a uns 200 quilômetros ao sul de Santa Cruz). VI ao Cardeal Ams (cfr. "O São (pp. 54-55) O Apóstolo andava com duas cruzes: uma, pequena, trazia na mão. A outra, maior, medindo cerca de 1,25 m, Sou Católico: Igreja Católica é agora aliada dos movia-se por si mesma à frente dele. posso ser comunistas no Brasi.l (•). (pp. 94-95) A cruz pequena tinha o poder de curar as pessoas doentes, quando contra (•) Eis os principais trechos da declaração levada para junto da parte enferma. a Reforma de Prestes à •folha de S. Paulo" (18-11 ·79): ··o O jovem disse aos índios que fora quefoi que o Igreja Co1ólico viuopds 1964? ~ Agrária? os frabalhodorts. âS mMSOs, desde o primeiro enviado por Jesus para lhes pregar, dia do golpe, resis1iom. Se ela não mudasse dt ensinando-os a serem bons e a creEditora Vera posição. ~rdt!riâ as ligações com os massas. E rem em seu Pai do Céu, que os havia Cruz. tmõo passou a ser o que? Um instrumento ~ São Paulo, criado. E também para persuadi-los luta contra o o.rbltrio, M pri.~s orbimirios, os 1982, 4.• edição torturas e o core.stiQ de vida. A pos;ção do d e que não comessem carne humana lgrejo. t quando tu dl$<> o /gr,Jo I porq~ o nem guerreassem contra as tribas Pronunciamento da CNBB: ma.ion'o do hit.rarquio (.. .]mudou.(...) das planícies. Que não tivessem mais "Neste terre,w r.omwn de lutos [contro a colaboração sem reservas de uma mulher e não mantivessem ditadura] estamos aliados... com o comunismo relações com outras. Disse ainda que venerassem muito as cruzes que • Não espanta que o documento O IPT é um "cavalo de Tr61a" tra1ja, as quais eram de um metal da CNBB ["Igreja e problemas da • Assim, o IPT é, a seu modo, amarelo e resplandecente. Mandouterra" - IPT] - embora sem fazer ao um novo cavalo de Tróia. Na aparên- lhes edificar uma igreja em Saipurú, comunismo o menor elogio - se posi- cia anódino, ele contém no bojo o inique fincassem uma grande cruz, cione face a este como um perfeito migo armado, pronto a atacar, a sa- e "companheiro de viagem", rumo à re- quear e a incendiar. Ou seja, seu texto como efetivamente fi1..eram, na praforma fundiária integral que tanto ela eslá inçado de imprecisões, lacunas, ça daquele povoado. São Tiago repreendia os maus e quanto ele reivindicam. (...] omissões e erros que, difundidos cm Aliás - seja dito de passagem - o todo o País com a chancela da CNBB, pecadores que se dirigiam a ele, esIPT se mostra muito lacônico no que tende a derrubar, em nome da Reli- pecialmente os que haviam tocado diz respeito à produtividade do regime gião Católica, a propriedade privada. mulher que não a própria, ou que não acreditavam nele. Exprobava igualilário que visa implantar. Em O que os comunistas, desde 1917 também índios que, tendo sido lugar de prometer uma ma.is abun- até nossos dias, jamais conseguiram, batizados,osvoltavam a suas gentilidante produção, limita-se a afirmar que nem haveriam de conseguir em nome dades, abandonando a Fé. o regime pode funcionar (lPT, n. 0 85). do ateísmo ... (p. 196) Isto faz ver que o IPT não tem em vista a melhora concreta da situação do povo, mas a aplicação inflexível de . 11 falsos princlpios metafísicos e morais Os fatos hoje em dia confirmam, igualilários, sejani quais forem as con- de modo flagrante, as previsões que, sequências dessa aplicação. desde 1943, o ilustre pensador católico Do mesmo modo, embora ele abra vem fazendo. Se a partir daquela ocauma larga e perigosa frente de cola· sião tivessem sido tomadas medidas boração com o comunismo, mediante eficazes contra o progressismo nassuas reivindicações fundiárias, não cente, atendendo ao clarividente brado A 0 DIRIGIR-SE em 6. de tem uma palavra de alerta aos fiéis de alerta do Autor de "Em Defesa da fevereiro de 1981 a mais deS.00 recontra os pontos de antagonismo ex.is- Ação Católica", hoje não sentiríamos ligiosos e saaerdotes participantes tentes entre a doutrina católica e a as angústias de assistir aos acontecido primeiro congresso naaional doutrina comunista. Nem para os mentos dolorosos que ·se desdobram italiano sobre·o tema "Missões.ao riscos da colaboração entre católicos e atualmente em ponderáveis _parcelas povo l?ªra os anos 80", Jof1o Paucomunistas. da estrutura eclesiástica. Cingindolo ll assim se exprimiu, em deterEm suma, tudo quanto o IPT diz nos ao que "Catolicismo" publicou em minado trecho: ou insinua, pleiteia ou exige, conduza sua edição anterior, não se teria veriuma aproximação sem matizes, a uma ficado, por exemplo, a escandalosa colaboração sem reservas, com o co- atuação de um sacerdote "pra frente" "Hoje, para um trabalho efimunismo e com os comunistas. ( ... ] em Mogi das Cruzes. Dezoito prefeicaz no campo da pregaçãó, é . Tanto é certo isto, que o Partido tos da região noroeste do Estado de necessário antes de tudo conhecer Comunista Brasileiro, ansioso em ins- São Paulo não sentiriam necessidade bem a realidade espiritual e psitrumentalizar a influência da Igreja, de pedir a intervenção de João Paulo cológica dos cristãos que vivem vem tendo para com esta uma atitude li na Diocese de Lins. E não seriam nà'. sociedade moderna. ·~ necesde cordialidade talvez sem preceden- publicados, nos mais variados qua.sário admiti~ realisticamente e tes na história do comunismo ... e na drantes do território nacional, folhecorri profunda,1e sentida sensibili· da Igreja. Em rumorosa entrevista à tos, opúsculos e cartilhas sob a inspida de que os cri.stãos · boje, em imprensa no final do ano passado, o ração de Bispos, insuflando aberta· &!llnde parte, sentem-se ~rdidos, Sr. Lu(s Carlos Prestes, então secrelá- mente a luta de clàsses de cunho rio-geral do PCB, declarou que a marxista!

Há 40 anos a TFP...

1981

Os três em.issários indígenas chegados a La P lata diziam ainda terem sido enviados por São Tiago para aprender as maneiras dos brancos. O Apóstolo entregou-lhes, para protegê-los, umas grandes cruzes, que e les entregaram ao Vice-Rei. D. Francisco de Toledo mandou colocá-las no a ltar-mór da catedral da cidade, com o consentimento e em presença dos chiriguanos.

... e manda apurar a autenticidade dos fatos Porém, o Vice-Rei não parecia inteiramente convencido da veracidade do fabuloso relato. Pois tomou todas a~ providências para que Garcia de Mosquera - originário do Paraguai e conhecedor da língua guarani, pois sua mãe era dessa raça - averiguasse as informações e apurasse com toda diligência a verdade. Mosquera contou com todo apoio material e a autoridade de D. Francisco de Toledo para sua expedição. Deveria procurar os caciques de vários lugares, mantendo constantemente informado o Vice-Rei, através de mensageiros.

Testemunhas relatam os milagres Mosquera começou sua missão pelo povoado de Avatren, no dia 11 de outubro de 1573, quando interrogou o cacique Manicayo sobre a legenda de São T iago. O índio confirmou os fatos, dizendo ter visto o Apóstolo duas vezes em Saipurú. No mesmo dia tomou declarações de outro índio, chamado Tupã, que coincidiam com as do primeiro, mas acrescentavam a lguns pormenores, como o caso do cacique Yerucar, que para fazer alarde de sua incredulidade matou um menino pequeno e comeu-o, morrendo ao consumar seu canibalismo. Acrescentou a testemunha que, na época em que apareceu o santo, a escassez de alimentos era extrema, devido à seca prolongada. São Tiago chamou um jovem que lhe servia de ajudante e deu-lhe duas sementes de abóbora, mandando semeá-las em uma chácara próxima. No momento de lançá-las à terra, todas as pessoas presentes deveriam ajoelharse e implorar ao Céu. Tudo foi feito como São T iago ordenara. Ao dia seguinte, São Tiago voltou a chamar o jovem, para que fosse arrancar o mato da chácara. Ele foi com· seus amigos e encontraram, surpresos, as abóboras já crescidas e com frutos em abundância. Colheramnos e voltaram contentes à aldeia, onde São Tiago convidou a todos que quisessem ir colher as abóboras e certificar-se do prodígio com seus próprios olhos. Outro testemunho colhido por Mosquera refere-se a uma mulher aflita com sua filha doente. São Tiago aproximou desta sua pequena cruz para q ue fosse osculada. A menina . beijou-a e ficou curada. O

Transcorridos quatro séculos. Saipurú parece hoje um lugarejo perdido nas vastidões quase despovoadas da Bolívia. E se, de um lado, é possível se afirmar haver fracassado a celeste missão de São Tiago, de outro, permanece a promessa do desabrochar da semente lançada. Esse Apóstolo, que evangelizou a Espanha em sua vida mortal, não assistiu naquela ocasião à conversão do povo, objeto 9e seu zelo missionário. Mas a semente evangélica por e le lançada germinou e produziu, após o seu martírio, frutos magníficos, entre os quais figura com destaque a gloriosa Reconquista hispânica. E durante os setecentos anos de luta contra o muçulmano invasor, São Tiago concedeu um apoio continuo, através de prodigiosas aparições, aos católicos de então, principais forjadores da fidelíssima nação espanhola.

«JAfOL]Cl!§MO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO

CONCLUSÃO

João Paulo li: Foram difundidas verdadeiras he,esias

6

Apóstolo distribuJa muitas cruzes às pessoas que lhas pediam, recomendando que as reverenciassem. Davalhes também conselhos, especialmente no tocante aos bons costumes e à castidade. García de Mosquera encontrouse no dia 13 de outubro com o cacique Ayapocha, no povoado de lren. Voltou no dia seguinte a Avatren, onde interrogou Choboay. No dia 15 ouviu outro cacique, chamado Tipiovi. Essas declarações nada acrescentaram de novo, a não ser que uns diziam chamar-se o Apóstolo São Diego e não São Tiago, além de um fato novo. Estando o santo um dia a pregar, e percebendo que suas palavras não eram aproveitadas, encolerizou-se: tomou a cruz grande que o acompanhava e desferiu violento golpe no chão. Do local brotou no mesmo instante um jorro de água quente e salgada, dando origem posteriormente a uma lagoa. O emissário do Vice-Rei ouviu ainda uma negra de nome Catarina, com aproximadamente 24 anos, no dia 17 de outubro. Suas declarações apresentam maior importância por terem sido prestadas sob juramento, já que catarina era cristã, embora vivesse entre os chiriguanos a serviço de um cacique. Atestou haver visto e ouvido o Apóstolo em Saipurú, bem como as curas de doentes. Além disso, ouviu o santo indicar aos índios o lu,ar onde havia um monte, do qual uraram prata. Foi-lhes dito que haveriam de aproveitar desse metal, caso fossem bons. Mosquera obteve ainda outras informações, sobre espanhóis e mestiços que viviam entre os nativos. E registrou as disposições e propostas destes - sempre desconfiados e arredios - em relação aos colonizadores.

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confusos, perplexos e até desiludidos, foram divulgados prodigamente ideais contrastantes co.m a Verdade revelada e desde seml>re ensinada, foram difundidas v.erdadêiras heresias, em ca'mpo dogmático e mo.ral, c~iando dúv,idas, confusões e rebeJiões; alterou-se até' a Liturgia; imeµos no "relativismo" intelectual e mo.ral e po.r conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentlldos pelo ate(smo, pelo agnosticismo, pelo iluminismo vagamente mo.ralislll, por um cristiª!)ismo socioJógico1 sem dogmas deJfnidos e sem m,_oral ~)>jetiva"· (afr. "L'Osservatore R19ma:río", edição semanal em portugu_ês, IS-2-198), p. ('J!l) 9).

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CATOLICISMO -

Julho de 1982


CIVILIZAÇÕES

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OR MOTIVOS não apenas convencionais, certas cores,

cerras linhas. cerras Jonnas de objetos materiais, certos perfumes e certos sons têm afinidade com estados de espírito do homen1. Há cores que são afins com a alegria, outras con1 a tristeza. Há fortnas que chamamos majesrosas, outras simples. Dizemos de uma famllia, que é acolhedora. E o ,nesmo podemos dizer de uma casa. Dize111os da conversa de alguén1, que é encantadora. E o mes,no pode,nos afir111ar de un,a música. Podemos achar que um perfume é vulgar. e o mesmo jufzo pode111os jazer das próprias pessoas que gostam de o usar. Ambiente éa harmonia constituída, neste campo. pela afinidade de vários seres reunidos e,n r11n ,nes,no

lugar. hnagine-se uma sala co111 proporções amenas. decorada com cores risonhas, mobiliada com objetos graciosos. e,n que há muitas flores exalando um aroma suave; algué111 roca nesra sala uma 111úsica alegre. Forma-se aí um an,bienre de alegria. É claro que o ambiente será tanto mais expressivo quanto mais numerosas/orem as afinidades entre os seres que em tal sala se encontram. E

ousaria negar a importância dosambientes na formação dos adu/Jos? Formação: dize111os com ioda a propriedade. Pois nesta vida o ho,nem, em todas as idades, tem de se dedicar ao esforço de formar-se e reforn1arse, preparando-se assim para o Céu, o fi111 último para o qual foi criado. Assim. o católico pode e deve exigir dos ambientes em que está, que sejam i1u·trun1ento eficaz para sua

formação moral.

* * * Na linha dos princípios acima enunciados. durante quase.duas décadas ininterrupUIS, o PROF. PuNro CORRIM ·OE OuvF.tRA escreveu nes/a folha a secção Ambientes, Costu-

mes, Civilizações. Publicada como matéria editorial, sern assinatura. Ambientes, Costumes, Civilizações desperiou

O a111bienre será o contrário de tudo isto, ou seja, triste, extravagante, feio, vulgar. se os objetos que o constituírem tiverem, 1odos. estas 11010s. Exemplo: alguma exposição de orle moderna. Os homens formam para si ambíenres à sua imagem e semelhança. ambientes em que se espelham seus costumes e .,ua civilização. Mas a recíproca rambé111 é verdadeira en, larga 1nedida: os a111bientes forn,am à sua imagem e semelhança os homens. os cos1u111es, as civílizações. Em pedagogía, é isto trivíal. Mas valerá só para a pedagogia? Quem

sempre na numerosa família dos leitores de "Catolicismo" uma atenção especial. Tratava-se habitualn1enre de co111entários feitos a partir de objetos. cenas, situações ou fisionomias, à luz da doutrina católica, realçando os aspectos que o Presidente do CN da TFP descreve em sua obra ~Revolução e Contra-Revolução". Num 1erre110 onde tão facil111enre se derrapa para considerações subjetivas, seus comentários, entretanto, produziam nos leitores a impressão de uma adequação túmida de realidade, explicitando e,n linguagem elegante e acessfvel conceitos metafísicos p rofundos. E111 vários surgiu a constatação: coisas dessas não se ouve con,entar. E em muitos 111110 justa curiosidade: quem será o au/or dos artigos? Decorridos mais de dois lustros desde que, e,n virtude do crescente acún,ulo de afazeres à testa da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, o PROF. PUNIO CORRtA DE 0LJVF,JIV, ficou impossibililado de continuar a redigir esta secção, é de se presumir

Julho de 1982

7

assin1, esse a,nbiente poderá ser, a-

lém de alegre, ra,nbém digno. cultivado. temperante, se a dignidade, a cultura e a ren,perança existirem nas pessoas e coisas que ali se encontram.

CATOLICISMO -

que boa parte de nossos atuais leitores não a renha conhecido. Ocorreu-nos pois reeditá-la. Rele111os os artigos de ACC e verificamos que. de modo geral. conserva,n eles toda sua atualidade. Se algu,nas adapta· ções eventualmente se ·impõe1n, a causa destas reside, em larga ,nedida. na decadência ·dos ambientes. dos costumes e das civilizações, que nestes últimos trinta anos foi avassaladora. É com prazer. portanto, queperiodicamente iremos republicando a secção. O arligo que aqui estampan,os. co,n alteração de pequenos de/olhes, saiu a lume e,11 "Catolicis1110" n.0 42. de junho de 1954.

a u1na

SPECTO impressionante do Coliseu. O velho monumento, poderosamente iluminado por projetores, deixa ver belezas diversas das que tem à luz do dia, com todas as claridades do ~oi glorioso. de Roma. Uma atmosfera de tragédia e catástrofe pesa sobre o ambiente. À direita, no segundo plano, percebem-se os muros desmoronados do Coliseu. No primeiro plano, duas colunas de outra ruína se erguem no céu escuro, uma partida e outra inteira mas inútil, como um protesto mudo, vencido mas perseverante, contra os ultrajes dos séculos. Esta impressão de persistência em sobreviver, de manutenção milenar de um espírito e de uma tradição já morta, e isto dentro de um ambiente inteiramente transformado, se desprende ainda muito mais pungente das muralhas que estão de pé. A luz dos projetores, os lampadários da iluminação pública, o asfalto, as marcas dos faróis dos automóveis, tudo isto afirma o século XX. M!IS a massa harmoniosa, imponente, séria, a um tempo leve e monumental do Coliseu, ·faz sentir neste ambiente moderno toda a nobreza, a dignidade, a pujança do Império, toda a elevação, a robusteza, a lógica do espírito romano, que tinha por ideal o Direito. Tudo se desfez. De vivo, o Coliseu só tem o. sangue ainda quente dos mártires. Entretanto, nisto que é uma ruína , há uma atração que se exerce até nos pontos mais extremos da Terra, determinando a afluência de turistas das regiões

A

Vista noturna do Coliaeu; no primeiro plano. rufnaa do templo dedicado a Vênus e Roma

• • OIS 1 ea1s: , • mais longínquas. É que um grande ideal de beleza refulge ainda nestas pedras mortas.

" Tout passe. tout casse, 10111 lasse et 10111 se remplace." - Tu-

do passa, tudo quebra, tudo cansa e tudo se substitui, diz um velho adágio francês. De perene no mundo, só a Igreja. Ruiu o Coliseu. Um dia. poderá ruir o Maracanã. E que impressão deixarão os seus restos, se restos ficarem? As partes de um todo homogêneo não podem valer mais que este todo. Se a iluminação noturna do Coliseu faz ver toda a grandeza deste, a fotografia aérea do Maracanã põe a nu todas as suas lacunas. Dir-se-ia uma peça de máquina, banal, rude, sem alma. Na qual se apinham em certas ocasiões alguns milhares de espectadores, à maneira de um formigueiro. É a expressão de um mundo que tomou por ideal, não o direito como Roma, nem a filosofia como a Grécia, e muito menos a teologia como o século XIII, mas a máquina. A máquina, ou seja, a matéria. Almas materialistas, homem materializado, mecanizado, isto é que se vê no Maracanã como em tantos estádios congêneres. Virão algum dia os povos ver suas ruínas? Talvez... para compreender melhor como desabou nossa civilização, para menear a cabeça, e continuar o caminho pensando na justiça de Deus.

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Foto aérea do eat6dio do Ma,aeanl

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I


., AfOlLliCXSMO -, - -- - - - -- - - - - - -- *

. AFRICA DO SUL: ponto essencial esquecido na defesa do Ocidente PROPAGANDA TEM ·suas artes. Focalizada intensamente uma situação sob os holofotes de aspectos muito particulares, quem a observa tende a olvidar-se da consideração global do assunto. Aqui no Brasil, os ataques que na década de 20 sofreu a República Velha servem como ilustração. A exageração dos erros e carências daquela época, martelados unilateralmente, jogou na sombra os lados positivos. Passadas as convulsões sociais e políticas da troca de regime. generalizou -se nos espíritos lúcidos a convicção de que a análise objetiva do mencionado período histórico comportava matizações que o tumulto de momento dificultou ver. Indo mais longe na história pátria, algo análogo se deu anteriormente, com a tristemente célebre expulsão dos jesuítas de nosso País pelo Marquês de Pombal. Seus contemporâneos, mesmo aq ucles que dissentiam da medida arbitrária e injusta, habitualmente viram com menor perspicácia os prejuízos que a ausência dos filhos de Santo Inácio trouxe ao Brasil, cujas conseqüências foram consideráveis. O mesmo fenômeno está acontecendo em relação à África do Sul, onde o espírito empreendedor, decidido e agudo de descendentes de holandeses e ingleses ed ificou poderosa nação, que as circunstâncias empurraram para o centro da política mundial. O motivo é simples. Na atual quadra, a manutenção dos valores sobre os quais se apóia o modo de vida do Ocidente está na dependência direta do poderio e sanidade de seu parque industrial, ba-

A

Quadro das principais reservas minerais da África d o Sul (incluindo Bofutatswana) - 1979 cm comparação com as reservas do mundo ocidental e as reservas mundiais RestrYaS da

Reservas minerais Manganês (minério) Van.ld io

Metais do grupo da platina Cromo (minério)

Ouro Espatoílúor

nosso correspondente PARIS - O Dr. Claude Malhuret, diretor do grupo Afédecíns sons Frontíeres - MSF (Médicos sem Fronteiras), que atua clandestinamente no Afeganistão cm auxílio das vitimas do comunismo, disse que "os russos têm impos10 o reinado do 1error"a1ravés de um recrudescimento dos ataques às indefesas populações civis. Nem os hospitais são poupados. Ultimamente, declararam médicos daquela organização, foram alvejados tris, um deles situado ·no vale do Panjshir e dois outros nas províncias de Axarajat e Paktia. Encarregou-se desta operação de extermínio a Força Aérea Soviética com seus helicópteros e aviões Míg. A ela também se atribuem outras atrocidades. das quais a mais gritante é o emprego de bombascscondidascm brinquedos. Lançadas sobre as montanhas. na proximidade de acampamentos e outras zonas de refúgio dos afegães, sob a forma de relógios, bonecos, canetas etc., são elas facilmente apanhadas por crianças, que inadvertidamente as detonam. Daí resulta a morte de muitas delas e - o que é talvez ainda pior - a muulação, pois não há espetáculo mais triste e doloroso que ver crianças cegas, com dedos, braços ou pernas amputadas. Os soviéticos, entretanto, levam mais longe a sua sanha destruidora. Médicos de outras organi,.ações internacionais declararam que "olgu,nos vl1imos opresen1ovo1n ves1ígios (como pele enegrecida. piístulas e outros sínton,as) que pareciam sugerir aloques quí111icos". Foi examinado o caso de um homem com queimaduras no corpo que poderiam ter

.

Andaluzita. silimani1a Vcrmiculita (bruta) Diamantes (em quilates) An1imõnio

Asbcsto Zircônio Urflnio Titânio Menos de 500 homens põem om funcionamento as modornas instalações da companhia Ergo, perto de Johannesburgo. destinada à ex.p loração do ouro e urânio. A Atrica do Sul possui uma das maiores reservas mundiais desses dois metais.

se da prosperidade econômica e do seu vigor militar. O parque industrial de todas as gran~es nações -industriais depende da Africa do Sul. Se ela deixar de figurar entre as nações não-comunistas, a Rússia terã colocado um punhal na carótida do Ocidente. E isto por duas razões. Ninguém ignora que a principal rota do petróleo passa por suas costas. Embora se pesquise outras fontes de energia e novos poços petrolíferos fora do Golfo Pérsico. parece distante o dia e m que a Europa e os Estados Unidos possam dispensar o combustível que bordeja o su l do continente africano. Bastaria este fa-

Afeganistão: sofrimento, resistência, heroísmo Caio V. Xavier da S ilveira

África do Sul (em toneladas métricas)

sido produzidas pelo napalm ou um agente químico semelhante. Conforme as circunstâncias, os comunistas também optam pelo fuzilamento, como aconteceu numa operação levada a cabo no vale do Panjshir, em fevereiro último. onde eles mataram mais de mil civis em combate e executaram 400 prisioneiros com rajadas de metralhadora . Na mesma ocasião, declaro u Marie Pau l Soleíler. enfermeira da Aíde Médica/e /11ter1101ionall' (Auxílio Médico Internacional), "os sovié1icos também levarmn /8 vell:os de barbos brancas de uma a!deia dwmada 811/ardh. regarn111-11os com gasolina e queilnaram-11os". Diante de abominações como as descritas acima. o Ocidente tem-se revelado incapaz de tomar atitudes concretas em defesa do martiri1.ado Afeganistão. Ora se perde em debates inúteis nas bancadas da ONU (a liás. também inútil). ora se desgasta em guerras despropositadas. como a das Malvinas. Mas os afegães resistem. Apesar dos seus 2.5 milhões de refugiados - o maior contingente de pessoas desalojadas do mundo os que ficam combatem com heroísmo e eficácia. Em recente ofensiva lançada contra o vale do Panjshir, importante reduto da resistência anticomunista, os soviéticos sofreram cerca de 700 baixas em homens e perderam 21 caças Mig , vários helicópteros, 38 tanques, 15 caminhões e veículos blindados para transporte de pessoal. Além disso, renderam-se por volta de 300 afegães que lutavam ao lado dos invasores comunistas. Os resistentes, embora tenham sofrido 300 baixas aproximadamente, alcançaram nesta ação sua maior vitória, desde a ocupação russa com 85 mil soldados, em dezembro de 1979.

10 para q_ue a importância estratégica da Africa do Sul justificasse atenção especial dos governos do Ocidente. Não é entretanto o de maior relevo. Há outro que , por ser menos tratado, justifica análise mais detida: sua rique,.a em metais estratégicos.

Gigantescas reservas de metais A África do Sul contribui com 92% da prod ução ocidental dos metais do grupo da platina. Com 56% do cromo. sem o qual não se pode fazer aço, tendo ainda utilização na indústria metalúrgica, química e de refratários. Com 61 % da produção de vanádio, muito usado para fins militares. Das reservas ocidentais. tem 93% das de manganês, 90% das de vanádio. 89% das d e metais do grupo da platina. 84% das de cromo. 64% das de ouro. Transcrevo ao lado três tabelas (extraídas do opúsculo "South A/rica: supen11orke1 of 1/re World's minerais", de Dirk T. Kunerl. Sou thern African Forum. Joha nnesburgo, 1981) que possibilitam visão de conjunto da importância de suas riquezas.

Equanimidade em falta O estardalhaço da campanha anti-África do Sul movida especialmente pela esquerda , ofusca em muitos as trágicas consequências de um eventual deslize deste pais rumo a posições terceiromundistas ou mesmo socialistas. Tal campanha tende também a conferir ao movimento guerrilheiro marxista SWAPO (South West A frica People's Organisation - Organi1.ação do Povo do Sudoeste Africano) uma representatividade política que não provou ter e que lhe seria muito vantajosa por ocasião da possível independência da Namíbia (antiga África do Sudoeste), ainda sob administração sul-africana. Os 824.292 km 2 desse território sofreriam, por certo. a mesma triste sina que coube anteriormente a Angola, Moçambique e Rodésia. Os interesses superiores do q ue aind a resta de civili,.ação cristã no Ocidente pedem imparcialidade na ponderação dos vá.rios fatores que determinam o grau de intensidade das relações da África do Su l com

Mundo Ocidental Posição %

Mundo Posição %

12. 139.800.000 7.760.000

I .º I.•

93 90

I.º I.º

78 49

30.200 3.096.830.000 16.500 3 1.400.000 104.000.000 73.000.000 72.000.000 300.000 8.500.000 4.000.000 391.000 33.256.000

I.º 1.• I .º I.• 1.• 2.º 2.º 2.• 2.• 2.• 3.º 3.•

8~ 84

I.º I.º 1.• I.º I.º

75 81 51 35 34 29 21

64 46 45 30 23 18 8 12 18 17

2.• 2.• 3.• 4.º 4.º

5 5 10

n/ d

n/d

3.•

IS

Quadro das prindpais produções minerais da África do Sul (incluindo Bofutatswana) - 1979 em comparação com a produçâo do mundo ocidental ca produção mundial !'roduçio da Mundo Africa do Sul Mundo Ocidental Produções minerais (em toneladas Posição Posição % % métric<1s) Metais do grupo da platina

Ouro (em kg) Vanádio Cromo (minério)

• 705.430 • 3.689. 178

1.• I.º 1.• 1.•

92 73 61 56

1.• I.º 1.• I.º

51 S3 45 36

153.751 5.237.255 191. 573 11.850

1.• 1.• 2.º 2.•

49 42 35 24

1.• 2.• 2.º 3.•

42 22 32 16

8.384.332 451.112 277.899

2.º 2.º 2.•

23 15 12

3.º 3.• 3.º

18 10

3.•

17

3.º

15

3.•

13

n/ d

n/ d

Andaluzita. silimanita ê

cianita

Manganês (minério) Vermiculita

Antimônio Oi:i.mantes (gemas e i11· du.ftriai.t - em quUares)

Espatoílúor Asbcsto Titânio (ilimeni,a ,. rurilio)

• 4.780

Urânio

s

Quadro das principais exportações minerais da África d o Sul (incluindo Bofulatswana) - 1978 • . . comparadas com as exportações do mundo ocidental eexportaçoes mund1a1s Expor1açi o da Mundo África do Sul Mundo Ocidental Exportações minerais (em rom!lados Posição Posição % % mltricas)

Mctaís do grupo da platina Vcrmiculita

• 186.665

Vanádio Ouro (eti1 kg) Manganês merâlico Fcrrocromo Andalu1.ita, silimanita Diamantes (gemas - em quila1es) Cromo (minério) Manganês (minério)

Fcrromanganês Diamantes industriais (em quilates)

Espatoílúor

-

..

(') dados eonfidencuus

706.416

• • 68.652 3.667.000 1.451.S97

• •

4.049.000 384.387

-

1.• I.º J.O 1.• 1.• 1.• I.º

91 80 73 67 67

1.• 1.• I.º 1.• 2.• 2.º

58

58

I.º I.º I.º 1.• I.º I.º

49

n/ d

n/d

46

1.• 1.•

36 28 30 20

40

36 22 21 21

I.º I.º

3.•

2.,,

78 59 48 S2 51

15 15

.

n/ d :: d:1do não d1spon1vd

Seis mil quilate.a em diamantes. extraldas das minas de Kleinzee. A ilaçlo entre Africa do Sul e diamante$ tornou-se quase proverbial.

Mina de espatoflúor. essencial para a

fundiçlo do aço. perto de

Naboomapruit. ao norte de Transvaal

cada país do Mundo Livre e, naturalmente, o Brasil. A decidida posição sul-africana contrária ao imperialismo russo, suas riquezas minerais. sua localização estratégica, ao lado de inúmeros traços comuns no modo de ser, levariam a uma política de franca cooperação, iniciativas comuns e ajuda recíproca. Em ambiente de leal ami,~1de seriam descobertas oportunidades onde se tratassem também as mútuas discrepâncias existentes, mesmo as de maior vulto, como é natural entre aliados e amigos.

Péricles Capanema


N. 0 380 -

Agosto de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

o: levolência CERCA do abundante - e o cordimariano. O mesmo volume foi Artpress. Este,s,!,écnicos verificaram, Um jornal [ez •r;iotar que junto à mais das vezes tendencioso então confiado pelo Sr. Fausto Bor- depois d~ necessário exame, que as fotocompone~rad~Rua Traipu hanoticiário publicado na im- sato ao Dr. Eduardo Brotero. Uti- máquinas da eP)(?resa eram absolu- via impressos 9ue aludiam, entre prensa paulista e carioca sobre o Jizado o volume como queria o ilus- tamente ro'êapa.zei de ÍJ!lprimir uma outros, à pess l!,'\íl; . Sr. Cardealsuposto envolvimento da TFP na tre Prelado, foi o mesmo devolvido folha éom a •di~ns6es--e as earac;,-,-~ebispo O. P!l,lilo Eraristo Aros e impressão de um número falso do em seguida, pelas mesmas vias, ao terístiéas de "© S,ílo ,Ralbo". ~as ao jornal "O Sléi ;Pà lo". O que semanário oficial arquidiocesano "O Padre Provincial Cordimariano. tl~ fóram infor:ií!àdo§ ptto P.EP.PJio ima~ou sufictente p ra procurar São Paulo", a entidade tem a deNada de mais claro nem mais S i ..:Raõsto 'BorsaJo de que, alem .d as inst~ !',lnos mill\a~ 'd seus leitores clarar o seguinte: banal. qi\quioas existenlCf _nes{a""'ófrei~a, as s~eitas de t ue, na ealidade, ali I. Tal envolvimento absolutab) Entretfnto~ er ,nislç su.a en.:ifresa é proprfet·~flª de u~ fô~ com~la a fa sifieação do mente não existe. E é até inveros- fundameflt6' pata â hipõies,e, de..!_al ri/'.o tocompg_~ed?~ lo,c;e,liza~a numa n'l'.J!lf.et:O de '0 Sã6 P ulo". símil, segundo teve o bom senso de Anuário'\cr ~iefo utillza!l;o :j)eJ~. Art..,, ãe11ell,flêJ!.Cl\Gl<'IJ P.i;.Ed10 ~-- _351 da E isto fez sem curar a explideclarar, interrogado pela imprensa pres§/4 port!'lto ,pela TFP @ltP,Ote- Rl!llJJi(a'i)>.~-~f.ªf~lá s'~ i11ng1ram~ s caçf'9 mais ,pláus Vel, mais normal: a sobre a matéria, o Emmo. Cardeal .,,1tcámente pi'J· prletária do estilbeJeci- t~cwcos qu~ lPlli, ~Í?m.1~o~~ar 1n Ónica: verd11iljãril, :;: Arns: "Não quero culpar ninguém men ~ é-!,) p ai;.a_.ili,e11§o!),!ral'os /'çfOQÔx nennum.itoM rnos d~I!?~Nu~(91os '_ · ios e cooperado~ se11, provas. A TF p se111pre teve a endereço-si dos~ (c;.s(ásuco's a ,que õ xii1s na (O,!~ mpclneti'ora. comç1d18't res éla 11Fl~est o difundindo, em .:; coragem de aprese11 tar seus doeu- exemplar / alslf(cailb ele "O $ão) P.aü- com os ú!!h1:ados na eá\çãO fals1- v ~ p 'és a a Capital, notada~ mentos assinados e. por isso. eu lo" foi re.meliif'.o. li>c Ô nde a\-1 ,Ft 'ficac;la 0 São 1i,~ulo_1,..~·,• ~ se,npre respeitei essa organiza('ão" teria ¾d& a autor; da falf©ca~~! . ~ nvidll<l.o, ·Yt~m segui'da, a ~ro CE'\.s.. 1as quais muito se ~ ("Folha de s. Paulo", 25-8-82). ,J( Essa c~valga,f a 1 e hipóteses, sa:1- pr~st~ a9 DE~~'~~ declaff~s ":,e~: Pr~r:tifn~! " Q A , . C . . ..tarrdo (ebnlm.entll,~1mas sobre fS oucomplemen,ta~es eientualmtn:te llev, .,. 1 ., . 2 . uanto ao nuuno ato11coJ.. t as • êde "'e , ~.e d 1981 . ' ,a., ~egu, -e. 'ú , E ae Oli~/ra e mais os Lu Srs. d' d I CERJS 61' r ' nw s "';,-encon t rar,iafiln!!1,,... sefave,s ,para ele. ' ante o 'tii~~ " . ~ e • e ,ta o pc o . . e ei;n- d~p;"ojs ele tantos anos de difàmàçõe~ de)ega'd~- 'Ii)rs Garlos ~ntqiiio ~ uustav~ to, !> Solimeo e íz 2 ~cs~~do pelo Padr; PFvmc,a] dos infuildàâas ,i~utilmente •1tti(I\Íil!S, 'à qJeita, eonfil'fll11U J!O g ue 1)~ coil'- ~gl;a~o,f'ei(.Edp'.)t,o:ab~e:~~~~:'. ~ or ,mananos_ ao . r. au~t? orge -'fF P - umã!,/l'cUc5aç;lo' fui;rqâda, fa- ·,éel ne, eu!!l!lt'o ci~a ·eslá declaiiuto. .. Borsato, proprietário da grat,c;i Art· zia inteira ab~f~~.otdàs !leclara~ es \'\to ~il,.óntínu_o, !of. li~~iído. · mente lan~ a, ~ qual levanta o véu .:; pres~. o nex_o deste assunto t_ao co- sensatas do 'Gardeal'-".A:rcebispo, ''í(t.iii N·is?o ose.'Cífrã'(~ o oeortid9. aa~~-llnforpia~ o em que est~ todo ;1 mez,~ho - míl_ado quase se d,na até é a única a5iorid~de decisiva \para ,gj(e dei,x a ,evidepté,õ inteido allfea- !> D lll5 •f er";II_das Comum d ades ,2 às ~,:ias da, calunia por um ou outro falar cm nol e do JOrnal. Bcmléorno ,,a;1entq da T,,fJ> e~ r'êí.Íçã ~ à falsi- Ecleslàli ª Ba, (CEBs), apresenta' órg,,o de imprensa - reduz-se ao do fato de g ue ainda ~uando a ,,;.,.;,\i 'd' ~ , ~O p .., · ~ aas~r I as u esquerdas, notada~ scg · te· . , . , _.,-,,-,o o numero e ~ a 81,.\0 . ""-·· te ...,1 .. d tóli M " um · . . Artprcss fo § suspeitável da ~mcn ~· . , er a ca ca , coa) O Sr. 81sp~ D. Antonio de delituosa, nãi pertence eJa à TF'f. . 6: :Se~em_l:ia~g-o,/. á ~ levol~n. 11JO a po!il c,a emergente do mo1 ~ Castro Maycr des~ava consu ltar tal A malcv<>:lência. como,!!$ wespa-s , 9~s !iifa.t1g~y_e1s. ~ li,s_t~r!a d,~ él- ,men,o (•), ~ . -:, ,:;!u:,,c. _C o,,,o o encontrasse melhor aindá do que ariciàr•'•tÍÍ~ -~Í\COS,l.'-f.lrOn,(16 l}J;,.~'JJ.<·11ur,o{!'~'ontia(. 1Í:s!~ li,§c 1mprcsso, de modo JI em hvranas. o Dr. Eduardo de Barvoar ~ ' a T ~P, qqe ma~s ou ,111enos se re~- 1,1tfs· primotfS pela Artpress. Naros Broter_o, _um dos diretores da ··· , te~ c'oq1_ dêsml,lf'r<la iJ?sistênda, bem ~a,:rais nat~raflque algumas folhas ~ se. ~,s_pos a encontrá-lo. Este 3. Prova1phncnte por u'\1 es·ctlll- o dc.m,ons,1!1!· .ji,, . 4 1 (lel«\ ou dei,p!ssos de propaganda ] ultimo d,ngm-sc nesse sentido ao Sr. pulo para. o .tllª's cabal desero)1Cnho Dem.onstr, ·,O ~inda o ec'o, i:m do "1,esmo, m ém executados pela 'li Fausto Borsato, sócio_ da T~~. o de su_a m,ssaq. o _DEOPS -~an<loú ce.rros órgãos ~ a lmP,f en~a de hOJC, ¾rtpd~:, res em nas dependênc. qua l o obteve do referido rehg1oso exammar po ti técnicos as of,crnas da · . il.o~epJsõdio onte.m1~rndo. _ _ _,,,ias gtffi

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OR QUE RAZÃO a grande imprensa mundial terá si lenciado - ou colocado n.1 sombra - um fato de tanta importância, e ao mesmo tempo tão extraordinário , quanto as revelações do Pe. Pellecer'/ O leitor poderá fazer suas conjecturas, após ler a matéria das páginas 3 a 6. O certo é que, devido a tal silencio, certamente muito poucos são os brasi leiros que chegaram a tomar conhecimento do fato. As revelações foram feitas através da TV guatemalteca, em 30 de setembro de 1981. Elas alcançaram enorme repercussão no pais centro-americano e abalaram meios progressistas espalhados pelo mundo todo. Mas, ao que saibamos, dos órgãos da grande imprensa internacional, apenas o semanário "Figaro-Magazine", de Paris, deu ampla cobertura ao oco rrido. Notícias do caso do Pe. Pellecer também foram divulgadas em TVs da Colômbia e da Venezuela. " Catolicismo", no intuito de sempre informar bem seus leitores, apresenta neste número fatos impressionantes sobre a subversão progressista na América Central e, de modo especia l, referentes ao espeta· cular episódio do Pe. Pcllecer. Com o governo sandinista estabelecido na Nicarágua, o clima de guerri lha vigente em El Salvador, a agitação crepitando na Guatemala - sem falar do foco habitual de marxismo sempre dinâmico em Cuba - a Revolução procurá atualmente transformar a América Central no pólo de irradiação da subversão para toda a América Latina. O próprio Pe. Pellecer declara que, antes, os esquerdistas esperavam que a Revolução proviesse do Cone Sul do Continente, o que não se realizou. Agora procura-se criar na região centro-americana o foco de propulsão revolucion.á ria para contagiar toda a América Latina.

P

Mas a malevolência - há entre os simpatizantes da TFP quem julgue mais apropriado dizer ódio não se embaraça com tão pouco. E quando ela não voa célere no vácuo das hipóteses difamatórias, arrasta de bom grado os passos na exploração das ninharias residuais mais inócuas. 6. A fim de limpar inteiramente sua reputação, e assim impedir que esta tentativa de novo estrondo publicitário lançasse sombra à momentosa obra que a TFP começa apenas a divulgar, é ela obrigada assim a efetuar o pesado gasto desta matéria paga que, explicavelmente, muito poucos jornais tomariam sobre si dar a lume sob outra forma. t dura a luta contra certos magnatas do que o consagrado polemista católico brasileiro Carlos de Lact chamava o IV Poder da República: a imprensa. Ante luta como esta, são incontáveis os que recuam ou dobram os joelhos, por sentirem a inferioridade de suas forças. Bem consciente da vertiginosa desigualdade com que permanece em liça, a TFP porém não recua. Ela confia em Nossa Senhora. São Paulo, 2 de setembro de 1982 Serviço de Imprensa da TFP (•) Nota da Rf'daçlo: será public.ada cm nosso próximo número uma recensão da obra aqui referida.

ram apresentar o Pc. Pcllecer como um Judas, mas a acusação não pegou. Insistiram então na tecla de que ele sofrera uma "lavagem cerebral" nas mãos da policia guatemalteca. Provas? Nenhuma convincente. Foi invocada somente a fraca alegação de que psiquiatras haviam assistido pela TV às declarações do sacerdote e chegaram à conclusão de que ele sofrera "lavagem cerebral". Tal afirmação foi repetida à saciedade apesar das reiteradas negações do próprio Pe. Pellecer - à maneira de uma cortina de fumaça para desviar a atenção dos fatos revelados. Contra estes nada de sólido foi apresentado. Se, no seu conjunto, eles fossem falsos, teria sido fácil desmenti-los, pois o Pe. Pellecer não ficou em generalidades: ao relatar os acontecimentos citou nomes, locais, datas etc.

~

Mas quem é o Pe. Pellccer? Conta ele, em suas declarações, como entrou para a Companhia de Jesus em 1967. Nos estudos preparatórios para o sacerdócio, foramlhe inculcadas as doutrinas da ''teologia da libertação" e do marxismoleninismo. Narra sua ação e a de seus colegas seminaristas cm EI Salvador, onde atuou insuflando no povo simples o espírito da luta de classes. Relata suas relações na Nicarágua, já ordenado padre, com sacerdotes ligados ao movimento sandinista - ainda não vitorioso e a derrubada das instituições naquele pais. Mas, o auge de sua atuação como padre subversivo leve lugar na Guatemala. Com conhecimento de superiores seus, chegou a alistar-se

nas fileiras do mais importante movimento subversivo armado do país, o Exército Guerrilheiro dos Pobres, com o qual colaborou durante dezessete meses, juntamente com outros sacerdotes. Prestes ele mesmo a empunhar as armas, caiu em si, arrependeu-se. Mas temia represálias se abandonasse o terror. Procurou a polícia e combinou com ela um seqüestro simulado de sua pessoa. Ficou assim desaparecido durante mais de três meses. No dia 30 de setembro de 1981 , reapareceu diretamente na TV guatemalteca para confessar-se arrependido de sua participação no movimento progressista e na guerrilha, tendo feito, na ocasião, impressionantes revelações. Estas não se limitam a sua vida como padre sub-

versivo. Vão mais longe, abrangendo, em boa medida, todo o quadro da subversão progressista na América Central. Fala das Ordens e Congregações religiosas, de padres seculares e leigos implicados na atividade terrorista; dos métodos utilizados e da responsabilidade de superiores religiosos; da conivência com a imoralidade, da doutrinação dos índios no sentido de provocar a luta de classes; e de organizações que, do exterior, financiam as guerrilhas na América Central.

Qual a reação dos progressistas em face de tais denúncias? Sentiramse profundamente atingidos. Tenta-

Ainda sobre a subversão progressista na América Central o leitor encontrará, nas páginas indicadas, elogios rasgados dirigidos da parte do mais importante movimento guerrilheiro da Guatemala a determinados "cristãos". São os que visam finalidade idêntica à dos terroristas e participam da mesma luta. E - estç é o ponto chave - há progressistas que, jubilosos, propagam tais elogios. Dize-me quem te elogia e te direi quem és, pod~r-se-ia afirmar, parafraseando conhecido adágio popular ... Nossos leitores também encontrarão a desconcertante afirmação - feita com naturalidade num livro publicado pela esquerda católica de que a [greja vem sendo modificada (melhor se diria pervertida) por dentro: de anticomunista em 1954 e promotora de Congressos Eucarísticos, boa parte de seus membros, em 1981, teria passado a liderar a subversão.


Dramas de

a história de Papas

O Papa Libério

Pode u~ Papa cai PRESENTAMOS neste número o segundo de uma série de artigos sobre dificuldades doutrinárias ocorridas com a lguns Papas, durante seus pontificados. Conforme observamos no artigo :\nterior, pareceu-nos oportuno o tema para que nossos leitores formem uma idéia, através de exemplos históricos, da distinção fundamental existente na Santa Igreja: o elemento divino, imutável, perene e infalível; e o elemento humano. mutável e transitório e - quando se trata do Sumo Pontífice - infalível dentro dos limites estabelecidos pelo Concílio Vaticano 1. Tal precisão de conceitos tornase particularmente necessária na era de confusão doutrinária, cultural e moral em que vivemos.

A

O Papa Libério começava, em 352, a ocupar o Sólio Pontifício. Numa época e m que o tempo corria mais lento e os acontecimentos marcavam mais fundo, trinta e nove anos apenas haviam se passado desde o Edito de Milão, mediante o qual a Igreja saíra das catacumbas. Vinte e sete anos do Concilio de Nícéia. que condenara Ario e sua péssima doutrina. Quinze anos depois do reinado de Consta ntino que, lamentavelmente, vendo a morte chegar, pedira o Batismo das mãos de um bispo semi-aria_no (F1.1sc HE· MARTIN," Hisroire de /' t-:gtise", Bloud et Gay. 1939, T. Ili , p. 114). Reinava então sobre todo o Império Constâncio II. filho de Constantino. Como o pai, tinha por principal conselheiro Eusébio de Nicomédia. A influência desse Prelado semi-ariano faria de Coustâncio ji, de si mã pessoa - o primeiro 1mperador "católico" fortemente ccsaropapista e um sectá rio resoluto

das doutrinas arianas mitigadas. Aliás. Eusébio logo deixaria como herdeiros de sua ação junto a Constâncio dois Bispos - Valêncio de Mursa e Ursácio de Singidunum ambos formados pessoalmente por A rio, durante o tempo de seu exílio {Ft.lSCII E-MARTIN. op. cit. , T. Ili, p. 108). Santo Atanásio, Patriarca de Alexandria, tinha a seu favor, além da posição que ocupava na primeira ou segunda cidade em importância depois de Roma, o apoio do movimento monacal que, c-0mo um in-

cêndio de zelo, espraiava-se pelas margens do Nilo, sob a proteção áo santo. Roma e Alexandria juntas defendiam a ortodoxia contra Constantinopla. Dali Constâncio li e seus conselheiros dirigiriam uma luta tenaz para sujeitar o Papado e a Sé de Alexandria a seus intuitos heréticos. A habilidade política não é um dom que falte aos orientais. Ora, por meio de uma diplomacia envolvente, ora pela pressão política, ora ainda pela violência, a ofensiva começou, dosada segundo as circunstâncias. Com a morte do Papa São Júlio e a eleição do inconstante Libério, desfazia-se virtua lmente a união RomaAlexandria. Constâncio podia pois atacar uma e outra separadamente. Foi o que ele fez. Out1·0 fruto da eleição de Libério: Santo Atanásio passava a ser o único símbolo vivo da ortodoxia no mundo de então. A tal ponto, que as pessoas eram julgadas ortodoxas ou semi-arianas não somente pela discussão doutrinária. mas também pelo fato de apoiarem ou condenarem o grande paladino da Igreja. Para Constantinopla o alvo estava escolhido. Após três anos da eleição de Libério. cm 355, começariam para a .Jgrcja o nze anos de indecisões no governo e de perplexidades no espírito dos fiéis. Tinh~ início um tipo de provação até então desconhecida. O Sumo Pontífice mostrava-se titubeante no rumo do bem.

Tão logo foi escolhido o novo Papa. seus ouvidos começaram a ficar repletos das intrigas contra San2

to Atanásio, orquestradas por Constâncio e p rovenientes de vários Bispos. do Oriente e do Egito. Tal processo já havia sido anteriormente usado pelos arianos e mélecianos contra Santo Atanásio junto a Constantino, que o exilara. Libério, entretanto, a princípio respondeu simplesmente que não via razão para sacrificar o Bispo de Alexandria. Simultaneamente, Constâncio enviava a Santo Atanásio um mensageiro encarregado de dizer-lhe que o Imperador o esperava na corte. Dadas as conhecidas intenções deste,

suntos, deixando a condenação do arianismo para depois. A partirdesse engodo, a política foi a mesma daquela usada em Arles: ameaças e detração eloqüente contra Santo Atanásio. Somente três Bispos aceitaram o exílio. Foram enviados emissários aos Prelados ausentes a fim de colher suas assinaturas. Apenas dois deles resistiram, tendo s,do também degredados. Um deles era Santo Hilário de Poitiers. Libério agiu com energia, felicitando enfaticamente os exilados por meio de uma carta, asseguranélo-

Papa Libério -

afresco da série dos Papas da Basllica de Slo Paulo fo ra

dos M uros (s4cu lo IX), R om a

tratava-se implicitamente de uma ameaça. O Patriarca respondeu que estava pronto a acompanhar o mensageiro. mas que desejava uma ordem formal do imperador (SAN1'0 ATANÁSIO. ''Apol. ad. Consranrium", XIX-XXI). O santo, hábi l navegador nas águas da política orienta l, respondia ameaça com ameaça . Ele. que já fora exilado por Constantino, munira-se, depois da morte deste, de cartas de aprovação de Constantino li e de Constante. irmãos de Constâncio li, os qua is durante algum tempo partilharam com este o governo do Império. E de carta do próprio Constâncio li, que, para agradar seu irmão Constante, expedira proibição a todas autoridades imperiais de molestarem Atanásio (F1.1SCHE-MARTIN, op. cit .. T. 11 1, pp. 115-116 e 135- 136). Além disso. o Patriarca de Alexandria possuía grande número de apoios por escrito de magistrados temporais (idem, ibidem). Se Constâncio enviasse a ordem formal, o santo poderia levantar contra ele não só uma forte reação religiosa, mas também sério descontentamento no âmbito civil. A ordem escrita não foi remetida. O Imperador mudou de tática. A perseguição contr~ o santo teria que ser movida no plano religioso. Esgotados os recursos da difamação e da ameaça sem resultados, Constâncio lançou mão da pressão política no terreno eclesiástico. Estando cm Arles, por razões de governo, para lá convocou um Concílio. Na época. os Papas dependiam dos Jmperador-:s para tais convocações, devido às dificuldades de transporte dos Bispos. Aproveitando-se da contingência, começava dessa forma uma ingerência do hierarca temporal na Igreja . O Concílio reu niu -se e, logo no inicio, seus participantes foran1 colocados diante de um decreto que condenada Atanásio (Sut..,,c,o S EVERO, "Chronic. ", li, 39). Os legados papais apenas chegaram, as ameaças de exílio tornaram-se tão fortes, acompanhadas pela eloqüência de Va.lêncio de Mursa, q ue todos os Bispos prescn1es ao conclave assinaram o decreto. com exceção de um, Paulino de Trêves, imediatamente deposto e exilado. O Papa Libério protestou junto a Constâncio e pediu a convocação de um Concílio Ecumên ico para. antes de tudo. confirmar as decisões anti-arianas de Nicéia e, cm seguida regular a questão de Santo A1anásio. Vendo nessa proposta uma oportunidade de levar avante seu plano de pressões, Constâncio convocou o Concílio que se reuniu cm Mi lão, no ano de 355. contando com a presença de ma is de trezentos Bispos (SôCRA1't:S, .. flisr. eccl..., li, 36). Sagazmente, os partidários de Constâncio inverteram a ordem dos as-

lhes que sua glória era tanto maior quanto eles não combatiam a espada de um perseguidor, mas a perfídia dos falsos irmãos (SAN·ro Hn.AR10, ·· frag,n . ltistor:·, VI , 1-2). Constâncio deú-se conta de que não alcançaria êxito enquanto Libério lhe resistisse. Um mensageiro imperial foi enviado com as mãos repletas de presentes e a boca cheia de ameaças. O Papa. indignado. fez jogar fora o ouro e os.presentes que lhe haviam sido levados. Diante de tal atitude. Constâncio ousou o inimaginável. Encarregou o prefeito da cidade de Roma de raptar o Papa, e cond uzi-lo para Milão a fim de ser submetido a uma última tentativa de intimidação. Dois dias depois de uma ed ificante resistência, narrada por T EOl)ORETO cm ·s ua ''História Edesidstica .. (li, 16), e por SOZOMENO (.. Hisrório Edesidslica .., IV , 20), Libério foi enviado para a Trácia. O Bis po ariano Demófilo recebeu a incumbência de o vigiar. Com o Oriente subordinado e o Ocidente subjugado. Constâncio fez eleger Félix cm lugar do verdadeiro Papa. exilou o velho Ossius de Córdoba, com mais de 100 anos, um dos campeões do Concílio de Nicéia, e investiu diretamente contra Santo Atanásio. Mandou o magistrado Diógenes a Alexandria com a ordem de promover uma revolta. O santo, porém, era protegido contra as autoridades imperiais pelas cartas do próprio Constâncio. e tinha de seu lado o Clero e povo, q ue lhe garantiam toda sustentação. Depois de quatro meses, Diógenes partia de volta, tendo fracassado em sua missão. Não transcorrera um mês, quando entrou cm Alexandria o Duque Siriano trazendo destacamentos de todas as legiões militares estacionadas no Egito e na Líbia com a ordem expressa de fazer partir Atanásio. Depois de algum tempo de negociações inúteis, e violando compromissos feitos com o santo, ele ordenou a suas tropas invadirem a igreja de Teonas, durante a noite de 8 de fevereiro de 356. Ali se celebrava uma grande vigília sob a presidência do Bispo. Os militares buscaram-no, mas ele desapareceu, no meio de um turbilhão popular. A partir desse momento, Santo Atanásio não foi mais visto (SAN·1·0 Ai·ANAs10, "Apolog. de fuga'', XXJV; O UCII ESNE, .. Hisroire ancie1111e de /' Eglise", T. I 1, p. 263-264). Nessa simbólica noite de 356, o arianismo, esmagado cm Nicéia e renascido sob o disfarce semi-ariano , vencia no mundo católico. Ele só seria derrotado definitivamente, em todas as suas d iluições doutrinárias, no Concílio de Constantinopla, cm

381, sob a inspiração de São Dâmaso, Papa, de .São Gregório Nazianzcno, Patriarca, e com o apoio

de Teodósio e Graciano, Imperadores.

O exílio foi a tribulação dos que permaneceram fiéis. Representou também para eles seu prêmio. Santo Atanásio, por tempos escondido em grutas das montanhas ou dentro de templos abandonados, errando também pelos desertos do Egito, continuava heroicamente a d irigir a reação anti-ariana em toda sua imensa Diocese (MOURRET, "Histoire Générale de /' l:.glise .., Paris, 1922, T. li, pp. 138 e 139; \VEISS, "Historia Universal" - Barcelona, T. IV, p. 213). A glória alcançada nesse período pelo santo o situa entre os maiores bat~ lhadorcs da Igreja. Também para Santo Hilário de Poitiers a perseguição por amor à justiça granjear-lhe-ia grande nomeada na luta anti-ariana. Jnfelii mcnte. o mesmo não ocorreu com o Papa Libério. Já em 357, o Pontífice. cansado do exílio, e trabalhado cm suas débeis convicções pela habilidade do Bispo Demófilo, dava mostras de submissão ao herético Imperador. Fina lmente. o Papa se dobrou: quatro cartas suas, conservadas por SANTO H1LAR10 em seus ·· Frag111e111os Históricos" (V, 1-6) constituem os teste: munhos de tal s ubmissão. Além d isso. a defecção de Libério é fortemente atestada também por outros documentos: SANTO ATANAs10. "Historia Aria11or11111 .., XLI; "Apologia Contra Arianos ... LXXXIX; SANTO Hn.ARIO, .. Ad Co11s1a111iu111", Ili. SÃO J ERÔNIMO, in "Chronic. (1 . 349". escreve: .. Libério vencido pelo rédio do exílio, eom perversidade herética assinando [a profissão de fé scmiariana]. entrou en, Ro,na como ve11cedor'· ( .. Liberius. taedio vicrus exilii. in haeretica pra,•itate subscrivens. Ro,n,111 qut1si victor i11travere1'). E ainda de Silo J 1,RONtMO, .. De vir. illusrr. ", XCVll. Esses dados, bem como o conjunto dos elementos

.

dereçara ao conjunto do Episcopado oriental e exprime-lhes os mesmos pedidos. Enfim, a quarta carta, .. Non doceo" é remetida a Vicente de Cápua. Em sua missiva Libério rogalh.c especialmente q ue promova uma iniciativa coletiva dos Prelados da Campânia a fim de mover Constân· cio a atender seus pedidos.

Libério foi autorizado a deixar a Trácia e -dirigir-se a Sirmium. Nesta cidade foi-lhe proposta por Urs,,cio de Singidunum e Valênciode Mursa uma nova fórmula de fé semi-ariana que ele assinou. A fórmula endossada por Libério negava implicitamente o Credo de Nicéia. Para condenar os arianos aquele grande Concílio Ecumênico definira que Jesus Cristo é co-substancial ao Padre Eterno, verdade negada pelos heréticos. O semi-arianismo procurou uma fórmula que sabotasse Nicéia sem cair claramente no erro ariano . Dizia ela que

o Verbo Encarnado era se111e/ha111e e,n substância, e não igual enl substância, como signi fica o termo cosubstancial. SozoMENO, cm sua .. Nisrória /:.~ clesiásrica". acrescenta q ue Constfincio pressionou vivamente o Papa a confessar que o Filho não é consubstancial ao Padre. Em carta que remeteu a Basílio de Ancira, o Papa Libério declarava excomungados todos aqueles que não cressem que o Filho é semelha111e em subsrfmcia ao Padre Eterno. A excomunhão da corrente ariana extremada que Libério lançou nessa missiva não o isen· ta do erro dos semi-arianos, que mais tarde. cm JR 1. será condenado pelo Concilio de Constantinopla (FuSCH E-M,\lnlN. op. cit.. T. Ili. p. 287). E. de fato. a carta atendia aos pedidos de Constâncio. Esse julgamento, numa grave questão aliás controvertida, baseiasc, além dos santos já citados. nas opiniões d e Barõnio. Tillemont. Natalis Alexander e Bossuct que sustentam ter Libério caído cm heresia, assinando a segunda fórmula de Sirmium . E neste sentido interpretam as palavras de Santo Atanásio. que admite uma queda (81, RNARl)tNO LLORCA, S.J .. .. Manual de Nisróritl Eclesidsrita". Editora Labor. Barcelona, 1942, p. 182). Após a assinatura e a declaração mencionadas, Libério foi au101·i1.ado a entrar novamente em Roma .

-

Cebeça p resuntiva de Constâncio li (bron-

ze do século IV) vadores. Roma

M useu dos Conser-

históricos do presente artigo, encontram-se na conceituada obra de FuSCII E- MARTIN (op. cit., T. 111, pp. 142-159 e 231). A primeira das cartas do Papa Libério, "Stude11s paci", endereçada aos orientais, lembra que em 352 Libério reuniu em Roma um Concilio, ao qual convocou Atanásio, não tendo este comparecido. Ela acrescenta que. após aquela época. ele foi melhor esclarecido sobre os acontecimentos, e que então condenou o Bispo de Alexandria. A segunda, .. Pro deifico rimore", é igualmente destinada aos orientais. Nela, Libério informa a seus destinatários que aderiu à condenação de Atanásio, tendo comunicado ao Imperador que entrava em comunhão com os que haviam subscrito a profissão de fé (semi-ariana). apresentada outrora em Sirmium por muitos Bispos. E, em seguida, pede-lhes que intervenham junto a Constâncio para obter seu retorno a Roma. A terceira carta, "Quia seio vos .., foi enviada a Ursacio e Va lêncio - os principais favores do arianismo. Libério dirigelhes as mesmas declarações que en-

Não vamos tratar das convulsões que ocorreram na Cidade Eterna. no ano de 358, motivadas pelo cnfrcn1ame n10 entre o Papa. retornado do exílio, e o anti-Papa Félix. as qua is ocasionaram o cisma feliciano, que perdurou até o ano anterior à morte de Libério, em 365. Constatemos que Santo Atanásio e Santo Hilário de Poitiers - os representantes da ortodoxia no Oriente e no Ocidente, os quais mantiveram no exílio a resistência ao

arianismo instalado em muitíssimas pa rtes da Igreja - exprimem-se sobre ó conjunto das atitudes de Libério cm termos muito severos (SANTO A 'l'ANÁSJO. '' Historia Arionon1111",

XLI ; SAN1'0 H11_ARIO, " Li/ler adv. Consra111iu111". XI - cfr. S.X.o J ERONIMO. "Ch,011. ad. a. 2365'). Nosso intuito, ao redigir este artigo sobre o Papa Libério, não é tomar partido a respeito da questão se ele foi ou ~ão herege. No estudo sereno que acima expusemos, nosso

espírito apenas retém os fatos e as opiniões de grandes santos (especialmente São Jerônimo), e de consagrados historiadores (de modo particular Flische-Martin). Nosso objetivo é registrar a possibilidade de um Papa cair cm heresia, como também admirar a majestade soberana e a serenidade com que a Igreja, ao longo dos séculos. através dos escritos de santos, Doutores e historiadores, e ncarou uma hipótese tão dolorosa.

Átila S inke Guimarães CATOLICISMO -

Agosto de 1982


- - - - - - Subversão progressista

Um· fato-bomba na Guatemala M JOVEM ESTUDANTE guatemalteco resolve entrar para a Companhia de Jesus. O fato ocorreu em 1967. Admitido, segue regularmente os cursos necessários para sua ordenação, nos quais recebe às torrentes a inílu~ncia progressista conforme veremos em seu depoimento do qual apresentamos adiante os tópicos principais. Torna-se - em EI Salvador, na Nicarágua e na Guatemala - um impulsionador das teorias comuno-progressistas que aprendera. Guiado pela lógica de suas posições ideológicas, adere a um movimento guerrilheiro, o "Exército dos Pobres", no qual permanece dezessete meses. A essa altura, jâ com 35 anos de idade, antes de dar o último passo e pegar concretamente em armas, o sacerdote cai em si. Resolve e ntão pedir proteção à polícia. Combina com ela um seqüestro simulado, no qual ele seria arrebatado por policiais à luz do dia, diante de testemunhas. O plano é executado. Em 30 de setembro de 1981, o sacerdote jesuíta, Pe. Luís Eduardo Pellecer Faena - este é seu nome reaparece. E surge diretamente no vídeo da televisão guatemalteca para confessar-se arrependido de toda sua atuação anterior no progressismo e na guerrilha. Denuncia, com fatos concretos, a ação subversiva da Companhia de Jesus na América Central. É uma bomba! O fato repercute intensamente na Guatemala, cm toda a Companhia de Jesus e nos meios progressistas em geral. Estranhamente. porém, a grande imprensa mundial. como que detida por uma varinha mágica, não fez eco às denúncias do sacerdote jesuíta... Até que a revista parisíense " Figaro-Magazine" publicou extensa reportagem a respeito, em vários números sucessivos. O que lhe valeu a indignação dos meios progressistas, extravasada, por exemplo, no título com que a revista "lilformations Catholiques lnternationales" apresentou o tema: "O Figoro-Magazine associa-se à ca,npanha co111ra os jesuítas" (n. 0 574, de 15-5-82).

U

Não se mantém a acusação de Judas Os meios progressistas em geral e especialmente os jcsuitas, lançados numa polvorosa, defenderam-se como puderam, ora asseverando que o Pe. Pclleccr era um Judas, ora dizendo que ele sofrera uma "lavagem cerebral" na polícia. Já a dualidade de argumentos é suspeita, pois se a hipótese de "lavagem cerebra l" fosse verdadeira, não caberia a acusação de Judas. Ninguém pode ser acusado de traidor se uma "lavagem cerebral" o obrigou a dizer o contrário do que pensa. A acusação de Judas foi levantada pela revista "América", da Companhia de Jesus nos Estados Unidos. Afirma ela: "O Cardeal Mario Casariego, Arcebispo da Cidade de Guatemala, e nar,naltnente considerado co1110 si111patiza11te do governo, segurou o Pe. Pellecer por detrás e gritou-lhe em face: 'Judas! Judas!' Ulteriormente o Cardeal repetiu o epíteto à imprensa guatemalteca" (apud "Figaro-Magazinc", n.0 159, 30-4-82, p. 36). A propósito dessa notícia, o Cardeal Casariego foi procurado por um repórter, que lhe perguntou se confirmava a declaração que lhe havia sido atribulda. O Purpurado sor-

riu e respondeu: - "Não. Podeis imaginar-me sacudindo alguém por detrás? Não, absolutamente. Mas eu declarei en, seguida aos jornalistas que, para mim, era 11111 Judas". " Por que um Judas?" - ·•Porque aquele que trai o bem para ir ao n1al, aquele que renega a Jesus Cristo para ir à g uerrilha. 11ada 111ais é que u,n Judas!" (Figaro-Magazine", n.0 159. 30-4-82, p. 36). Após esse desmentido categórico do Cardeal à versão propalada pela revista dos jesuítas, que inclusive invertera o sentido das palavras do Purpurado, a acusação de Judas contra o Pe. Pe llecer cessou. Mesmo porque , para mantê-la seria necessária uma de duas coisas: ou provar que as revelações do Pe. Pellecer eram totalmente falsas (o que não parecia possível , dado que e le apresentou fatos, datas, nomes etc.); ou que ele revelara fatos ocultos (mas então, seria admitir que a Companhia de Jesus promovia a subversão às escondidas na América Central), o que não era nada cômodo para o progressismo.

dote]? ("Figaro-Magazinc", n.• 159, 30-4-82, p. 35). Outras hipóteses menos importantes foram levantadas sobre o tratamento a que o Pc. Pcllccer teria sido su bmetido na polícia, sempre desmentidas por e le. Só para citar um fato, quando um repórter faloulhe do boato que corria - na Guatema la e nos Estados Unidos - de que a polícia lhe quebrara os dentes a coronhadas, o Pe. Pellecer Limitou-se a abrir a boca. Diz o repórter: "Todos os dentes estavam lá, be,n implantados" (idem, ibidem). O mencionado boletim jesuíta "Noticias y Comentários" informa que depois do programa de TV, o Pc. Gíusseppe Pittau, coadjutor do Delegado Pontifício, e ntrevistou-se privadamente com o Pc. Pcllecer, a pedido do Núncio Apostólico. O Pe. Pittau declarou que o e ntrevistado "não deu nenhum sinal de que havia sido maltratado. e disse que estava bem de saúde" (boletim citado, maio de 1982, p. 30). Apresentado o essencial dessa discussão, não nos deteremos mais

!ando de um "amplo pl11ralis1110", no qual haveria dois extremos minoritários. E nenhuma c rítica faz aos mencionados extremos. De onde, o progressismo sai ileso de suas declarações. "Co,no grupo nunca se admitiu o emprego de armas". O ~ue significa "co1110 g rupo"! Quer dizer que há jesuítas que individuálmentc - não como grupo - admitem o emprego de armas em favor da subversão? E nã9 sofrem penalidades? E os demais que não admitem a subversão· armada não impugnam os de tendência guerrilheira? São coniventes? O prudente silêncio do Provincial deixa pendentes tais interrogações. Prossegue ele: .. Não ho11ve nesse sentido 11wis do que três casos". Então há três casos que o superior jesuíta conhece de padres da Companhia de Jesus que tomaram armas cm favor da subversão. E o Pc. J erez não tem contra eles uma só palavra de censura! Por fim, o Provincial apresenta a razão pela qual não há muitos jesuítas diretamente guerrilheiros: "A

Insiste-se na "lavagem cerebral" Posta de lado a acusação de traição, restou a de "lavagem cerebral". Esta foi cantada cm prosa e verso repetidamente. O Pe .. César Jcrez, Provinc.ial dos Jesuítas na América Central, por exemplo, declarou: .. Não 11ão admitimos como livres as declarações do Pe. Pellecer" ("Vida Nucva", Madrid , n.0 1298, 17-10-81, p. 40). E a revista dos jesuítas norteamericanos "América", e m 9 de janeiro de 1982, publicou extenso artigo intitulado "Lavage,n cerebral 11a Guatemala?". Só que as provas jamais apareceram. À guisa d a prova, propalou-se que psiquiatras viram o Pc. Pc llcccr na televisão, por ocasião de seu pronunciamento, e chegaram à conclusão de que ele sofrera "la vagem cerebral". Na entrevista concedida pelo Pe. Henri Madelin, Provincial dos jesuítas na França, foí defendida tal hipótese. Assegura e le que o Pc. Pelleccr, ao apresentar-se na TV, estava "submetido a uma pressão psicológica e també111 química. Os psiquiatras que viram a entrevista na TV e co11hece111 os expedientes do caso julgaram que 110 Pe. Pellecer realizou -se 11111 processo de con versão ideológica. devido a 111110 coação psicofisiológica" ("Noticias y Comcntarios", boletim noticioso da Companhia de Jesus, editado em Roma, em língua castelhana, citando "La Croix"). Seja qual for a opinião que se tenha sobre o que é "lavagem cerebral", convenhamos que o parecer dos psiquiatras que viram o Pe. Pcllecer na televisão representa muito pouco como prova. Além do mais, é sabido que os próprios especialistas na matéria não estão de acordo sobre aquilo em que consiste, exatamente, uma "lavagem cerebra l". A expressão tem sido usada como uma espécie de coringa para qualificar fenômenos dos mais diversos. Portanto, o rótulo vago de "lavagem cerebral" ou equivalentes_. em nada parece afetar a essência das revelações do Pe. Pellecer. Tanto mais que ele contestou tal acusação, dizendo: "Quando me lavara111 o cérebro? E,n quatro meses com a polícia? 011 e111 dezessete ,neses na subversão? Ou em quatro 0110s de doutrinação 111arxista na Universidade [onde fez seus estudos para sacer-

Populares salvadorenhos fazem fila paro votar. nas recentes eleições que deram a vitória a candidatos antiesquerdistas. Contudo. a guerrilha subversiva teima em se proclamar "PopularH.

Diante das câmeras da

televisão

guatemalteca,

o Pe. Pellece, denuncia o envolvimento

eclesiástico na subversão

dos pafses centroamorieanos

(30 de setembro de 1981) - - - - · - - -

nela. Mesmo porque não é nosso intuito tomar partid o em tal debate. Queremos apenas ressaltar um ponto. Diga-se do Pc. Pcllcccr - e do tratamento que recebeu dura nte seu desaparecimento - o que se disser, no seu conjunto ficam de pé as acusações que e le fez. SP. os fatos que ele a lega não fossem verdad~iros, seria fácil ao progressismo provar a falsidade dos mesmos. No farto material que a tal respeito chegou a nossas mãos, nada vimos de conclusivo cm termos de refutação, nem de explicação cabal. As tentativas de explicação deste ou daquele fato particular são pouco convincentes e apresentam-se sem força no conjunto das revelações do sacerdote jesuíta. Há até, aqui e ali, declarações vísando desmentir o Pe. Pellecer mas q_uc. na verdade, confirmam suas acusações, pois limitam-se a apresentar elogiosamente aquilo mesmo que o sace rdóte jesuíta condena. Trata-se de uma diferença de apreciação, mas a realidade do fato, ou seja, a subversão· promovida por eclesiásticos e leigos católicos, permanece de pé e sai até robustecida.

Procurando desmentir, confirmam... Assim são, por exemplo, algumas declarações feitas pelo Provincial da Companhia de Jesus para a América Central, Pe. César Jcrez, publicadas pela revista progressista madrilena "Vida Nucva", n.0 1298, 17-10-81: "Somos 11111 grupo apostólico e,11bora haja, 110 Companhia. u111 pluralismo amplo. Os dois extremos são JIIUitO minoritários". Notease o sibilino da frase. Não podendo deixar de reconhecer a existência da extrema esquerda na Companhia pois é uma evidência de furar os olhos - ele procura ameni,.ar faCATOLICISMO -

Agosto de 1982

lo11go prazo, tratar de somar luta ar111ada e Co,npanhia de Jesus supõe 111110 tlupla fidelidade, que não as faz con,patíveis". É só essa a razão? É de estarrecer! Como seriam incompatíveis, por exemplo , pertencer a uma ordem monástica e ser chefe de família! Se tal é o pe nsamento do Provincial para a América Central, não é de se estranhar as revelações do Pe. Pelleccr. O Pe. Jerez reconhece ainda que "membros da Companhia trabolha111 e111 obras de caráter novo, como as tarefas dos camponeses[...] também o fazem e111 centros de investigação de ação social, círculos de alfabetização, estudos da realidade nacional, formação de delegados da palavra [ ...]. E n ecessário formar pessoas mais capacitadas q11e, por sua vez, vão for111ando gr11pos fortes, comunidades conscientes de sua f é e da realidade em que vivem, pelo que são incômodos ao governo". Quem não vê, através de tal palavreado, a formação de uma rede subversiva de oposição ao governo, mediante as comunidades de base? O que os marxistas declarados não conseguiram , os sacerdotes progressistas vão fazendo. Outra confirmação da mencionada ação subversiva e ncontramo-la cm artigo da revista jesuítica "América", que procura refutar o Pe. Pellecer. O artigo admite que "grupos como o Exército Guerrilheiro dos Pobres. 110 Guate,nala. contê111 111uitos 1ne1nbros que se 1ornaran11nilita11res

por seu engajamento cristão [... ]. É con, repugnância q11e eles empunham or11ws. quando vêem que estão fechados os outros caminhos para a 111uda11ça" (cfr. "Figaro-Maga1.ine, n.0 159, 30-4-82). Ou seja, os ditos cristãos, quando não lhes é possível subverter as instituições por vias pacíficas, procuram fazê-lo pelas armas, em nome do cristianismo! Eis ai a nova religião progressista.

Como, depois disso. tentar rebater. de modo vâlido, as revelações do Pc. Pcllecer? Um último exemplo. O Pe. Henri Madelin , Provincial dos jesuítas na França, após repisar a tecla da " lavagem cerebral", informa: "A tíltima Congregação insistiu sobre a~ relações entre a fé e a justiçll. E praticame,ue impossível. :,·obretudo nos países do terceiro 1111111do. disse111i11ar a palavra de Deus se111 denunciar un1 sistenw político. Noss,1 ação útua-se 11a fronteira do político ("Figaro-Magazine", n.0 159, 30-4-82). Sabendo-se que a Congregação de que fala o Pe. Madelin é a Co ngregação geral da Companhia de Jesus, a informação torna-se particularmente importante. A atuação dos jesuítas na América Central não consistiria, pois, na ação isolada de alguns arditi, mas tratar-se-ia de uma orientação geral seguida pela Companhia de Jesus!? Se Santo Inácio de Loyola vivesse hoje...

Nossa posição A insistência na tese da "lavagem cerebral" mais parece uma cortina de fumaça, cujo efeito próprio é o de encobrir o fundo da questão: a subversão progressista. De fato, a situação descrita pelo Pe. Pellccer (ver matéria das páginas 4 e 5, nesta edição) é tã o semelhante a tudo quanto conhecemos da ação do progressismo no Brasil e cm todo o mundo que, lendo-a, encontramos uma realidade, lamentavelmente já nossa velha conhecida: a tentativa de demolição da Igreja e da sociedade civil empreendida pela ação da esquerda católica. As revelações do Pe. Pcllccer, provindo de um sacerdote que atuou diretamente cm favor da subversão. trazem consigo um calor de realidade que confirma na fé os que ainda poderiam ter alguma dúvida a respeito da orientação nefasta do • progressismo católico. E também sobre sua extensão, tão grande que, por vezes, parece confundir-se para espíritos timoratos, menos lúcidos e de pouca fé - com a própria Igreja, como uma chaga pode c rescer e tomar o corpo todo. Aliás, já cm 1943 o Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira. na obra "Em Defesa da Ação Católica". a lertava os católicos para os erros que se infiltravam no seio da Igreja. Seu brado não encontrou a ressonância que a gravidade da situação exigia. De lá para cá, ele não tem cessado de denu nciar os avanços do progressismo, e suas previsões têm se confirmado uma a uma. Agora parece m-nos próximos, muito próximos, os momentos em que a Providência Divina deverá intervir para que a Igreja não se veja aniquilada pelos que se dizem seus filhos. conforme a infalível promessa de Nosso Senhor de que as portas do inferno não prevaleceriam contra Ela. Enquanto tal intervenção. prometida também em Fâi-ima por Nossa Senhora, não se der, é nosso dever lutar cheios de fé, contra os terríveis males causados pelo progressismo à Igreja e à sociedade temporal. Esse combate pode ser conjugado a uma fervorosa prece à Virgem Santíssima, rogando-Lhe que por misericórdia abrevie estes tempos de calamidade e aflição para a Igreja e t~dos os ver~adeiros fiéis. E por isso que qu,semos trazer ao conhecimento de nossos leitores tais fatos (publicamos em seguida as revelações do Pc. Pelleccr). Não é mais licito a ninguém ignorar a Paixão pela qual passa a Igreja, cujo aspecto mais triste, talvez, é o fato de a lguns de seus algozes terem mãos consagradas. C: preciso sondar as chagas, medir-lhes o incrível grau de horror, a impressionante profund idade, para estarmos à altura do momento que atravessamos. A Igreja vilipendiada por tantos de seus filhos passa diante de nós. Em face do trágico espetáculo, permaneceremos indiferentes?

Gregório Lopes 3


. A

S REVELAÇÕES do Pe. Luis Eduârdo Pellecer Faena, foram feitas na TV guatemalteca, em 30 de setembro de 1981, perante um auditório em que estavam presentes o Corpo Diplomático acreditado junto ao governo da Guatemala, o Episcopado deste país, políticos, funcioná nos governamentais, empresários, jornalistas guatemaltecos e estrangeiros. Temos cm nosso poder a gravação de s uas declarações. A voz do sacerdote jesuita apresenta-se clara, firme, e sua exposição be m concatenada. Respondeu ele também, na mesma ocasião, durante uns 70 minutos, a perguntas formuladas na hora por jornalistas e outras pessoas presentes, demonstrando muito desembaraço. Entrevista de mesmo teor, apenas um pouco adaptada, foi publicada pela revista parisiense "F1garoMagazine", em seu n. 0 158, de 24 de abril de 1982. Na impossibilidade de reproduzir, devido a sua exténsão, o texto integral das declarações do Pe. Pellccer, selecionamos os trechos que nos pareceram de mais interesse para nossos leitores, entremeando-os de comentários nossos. As palavras do sacerdote virão precedidas por um número e entre aspas (os destaques em negrito são nossos). Os comentários serão indicados por um sinal gráfico (•). Os subtítulos são de nossa autoria . Queremos ressalvar que, mesmo frequentemente citada, por força do texto, a Companhia de Jesus não é por nós aqui especialmente visada. A chaga da Igreja que queremos denunciar é o progressismo. qualquer que seja a Ordem ou Congregação religiosa em que ele estiver, entre sacerdotes seculares ou mesmo entre leijlOS. O progressismo, que procura lormar uma igreja nova em lugar da única Igreja perene e verdadeira.

que era [... ) o Deus parcial. o Deus dos pobres, o Deus que única e exclusivan,ente assegurava a salvação para o p obre, para o necessitado. para o ind igente e deixava fora de toda possibilidade de salvt,ção o rico, o poderoso, o governante( ... ]. No ano findo, pregamos essa doutrina até o ponto de anunciar que somente os pobres deviam celebrar o Natal". • ~ bem o programa dos teólogos da libertação. Apresentar uma nova religião e um novo J esus dessacra lizado, voltados exclusivamente para uma pseudo-solução dos problemas sociais num sentido igualitário. Além do que o alcance de tais problemas é enormemente exagerado, e a luta de classes entre pobres e ricos promovida e exacerbada. 4. "O segundo princ{pio da teologia da libertação assim se enuncia: este novo Jesus tem um plano concreto e u111a 111issão. O Pai o enviou à terra para edificar um reino que nós - sobretudo os Jesuítas, e especialmente os d e n1inha geração deflnirnos co,no um reino equivale111e ao socialismo, que nos obriga a construir a sociedade socialista". • O socialis mo, corrio se sabe, é condenado pela doutrina tradicional da Igreja. Pio XI chegou a afirmar: "Socialismo religioso. socialismo ca16/ico são 1ern1os contraditórios. Ninguém pode ser ao 1nesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista·· (Encíclica "Quadragesin,o A n110", Vozes. Petrópolis, p. 44). A teologia progressista, chamada da libertação, faz tá bula rasa dessa doutrina.

Dados hist 6ricos sibnificativos 1. "E111

2. " Em 1980, em Puebla, no México, reuniu-se nova Conferência Episcopal latino-americana para rea1u11lizar os princípios de Medellí11. Sabia-.w . nessa época, que os elementos moderados da Conferência /:,piscopal tentariam combater as posições tomadas en1 Medellín, em 1968. Ante esta situação. a Con,panhia de Jesus da A111érica Central e do Panamá procurou radicalizar os Bispos que pendiam para a esquerda, impulsion1111do a teologia da libertação 111é seus ex1re111os'". · • Como membro, jã há muito tempo, da Compan hia de Jesus, o Pe. Pellecer está em condições de descrever e analisar a situação religiosa da América Central naquela época.

Primeira arma: "teologia da libertação" 3. "Foi primeiramente e,n F.I S11/vador, depois na Nicarágua e fi110/111ente na Guote111ala que eu experi-

1nen1ei. e,n pessoa, conto padre ca16 /ico, o poder destas três armas: a teologia da libertação, o i11strum e11111/ 111arxista-le11inista, o engajamento dos jesuítas entre os pobres. Elas contribuíram [ ... ) para fazer nascer o espfrito de subversão. [ ...] "Em primeiro lugar [dentro da "teologia da libertação"] a apresentação aos pobres de um novo Je!lus, um Jesus totalmente diferente da· quele que todos nós conh ecemos no ensinamento do Evangelho e nas aulas de catecismo com as quais nos prepararam para a Prime.ira Comunhão, um Jesus rebelde, um Jesus inimigo do sistema e11pitalista, um Jesus revolucionário ( ... ) Um Jesus

4

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8. "Era necessário mostrar que a injustiça se devia à existência de classes sociais". • Sobre a existência de classes sociais, eis um texto bastante claro e significativo da dou trina tradfoional da Igreja: "Os que ocupan, situações inferiores quanto à posição social e à fortuna deve111 convencer-se d e que a diversidade <Íe classes sociais na sociedade ve,11 da própria natureza. e de que se deve procurâ-la. em últi11111 análise. 110 vontade de Deus" (Bento XV, Carta "Soliti Nos", de 11-3-1920, .. Les E11seign eme111s Po111ificaux-Soles111es", "Descléc", pp. 293-294). 9...Um de meus erros f undamentais foi de crer que permaneceríamos .no pltmo teórit.:o, que não uti/iuJTlamos. a n ão ser em nossos escritórios e salas de estudos. este instrun1en1al analítico do 1narxis n10 [...]. Como teria eu imaginado - e co,110 não co111pree11di - que a teoria seria posta em prática?"

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viollncia dos pobr•snlo 6 viollncia. m•s justiça··. d&elarou um sacerdote guerrilheiro.

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• Já segu ndo o desejo do 100C e dos "grupos proféticos" - precursores e incentivadores do progressismo atual - a Igreja deveria ser uma "I greja-Nova", na realidade panteísta, desmit ificada, dessacralizada, desalienada, igualitária e posta a serviço do comunismo" (cfr. "Catolicismo", n. 0 s 220-22 1, abri lmaio de 1969).

Segunda arma: marxismo-leninismo 7. "A segun da arma é o instrum ental marxista•leninista sobre o qual se fundou a doutrinação de quase todos os jesuítas de 111i11ha geração. Eu e!ltudei essa doutrina durante quatro anos, no México e e111 E/ Salvador'". • A revelação é impressionante! O homem comum não imagina a que ponto o marxismo é incu lcado em muitos estudos preparatórios para o sacerdócio.

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Parada. -

po, 0".

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Luia Eduardo Pellecer Faena foi ordenado pedre em EI Salvador. no d ia 6 de dezem· bro de 1976

de sues vitima, em Puerto

S. "Este J esus se opunha à moral tradicional ( ...]. A partir dessa visão pregava-se uma nova moral. Para nós a única cóisa importante era a Revolução e o socialismo, e todo o resto viria por acrésci,110. O fato de os nu,trimónios não se constiruírem legulme111e, o fatu de haver div6rcio. o fato de haver toda espécie de libertinagens. tudo era tuciJa,nente per,nitido". • Esse é um problema pouco abordado, mas quão real! Em favor da subversão, o progressismo abando na a defesa dos princípios morais consubstanciados nos Mandamentos da Lei de Deus. Uma cínica degradação dos costumes vai devastando o mundo c pre parando os caminhos da Revolução, porque Pastores se omitem ou mes mo pactuam com o pcrmissivismo mora l. 6. "Esse Jesus era comple111me111e alheio à Igreja i11stit11cional; recusava todas as estruturas institucio1111is e hierárquicas da Igreja [... ]. Para chegar à tomada do poõer através de um movimento revolucionário, não é necessário uma I greja híe.r arquízada, mas uma nova Igreja: a Igreja da base, a Igreja do

Subversão ~ogi

: ~) . A~REVELAÇOE

Guerrilheiros sal• vadorenhos observam uma

1968 reuniu-se em Me-

dell{n. 1111 Colômbia, 11 Conferê11ci11 Episcopal da Igreja latino-americana, para atualizar e adaptar à Améril-a Latina as proposições do Vaticano li. Todos os Bispos estavam p~esentes e. pela primeira vez. foi duo que os povos es1t1vo1n oprin1i• dos. Eles estavam sem dinheiro e sem esperança de o ter; se,n cultura e se,n esperança de a ela aceder; .vem vida política e sem esperan ça de nela participar. O único m odo de .ta/vá/os era libertá-los". • É inegável que os progressistas invocam textos de Medellín para difu ndir s uas doutrinas, especialmente na América Latina. E também é um fato que, após 1968, ano em que se realizou aquela Conferência, a subversão eclesiástica foi se tornando ampla e s istemática cm nosso Continente.

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• A confissão é surpreendente. Entretanto, quão lúcida. Sente-se nela o palpitar da realidade que nos cerca. Quantas e quantas pessoas deixam-se amo lecer e m suas posições contra-revolucio ná ri as e depois, pouco a pouco, a rrastar para o esquerd is mo , levadas pela ilusão de que as teorias progressistas não se aplicarão. Ouvem um sermão pregand o a luta de classes e crêem que ele não será levado à prática; lêem uma autobiografia de D. Casa ldá· liga, cm que ele diz "posso e devo ir mais longe que o co111unis1110" (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "A Igreja ante a escalada d a ameaça comunista", Ed. Vera Cruz, S. Paulo, 1976, p . 22), e j ulgam que é s imples literatura sem consistência. .

Terceira arma: engajamento otícial dos Jesultas

10. ··A últi11111 das três armas foi " orientação dada há dois anos ao trabalho dos jesuftas pelfJ Congrega1ão geral da Compnnhia de Jesus. AI foi decidido que o trabalho incidiria prioritariamente sobre os setores mais pobres das populações rurais e urbanas [... ). Como jesuítas, nós éramos perfeitamente capazes de i111pregnar os espfritos da 'teologia da libertação' e do nwrxismo-leninismo. • E curiosa a alia nça que faz. o Pe. Pellecer entre a opção pelos "setores 11111is pobres das populações rurais e urbanas" e a "teologia da libertação", como também do marxismo-leninis mo. A Congregação Geral da Companhia de Jesus, aludida pelo Pe. Pellecer, foi a XXII , celebrada cm Roma. 11. "Transmiumos n ossos conheciJnentos corn cateci.s,nos esquerná· ticos e recorrendo 11 m eios audiovisuais. Usando nossa autoridade de padres, éramos bem sucedidos junto à massa simples. Semeáv_a mos o germe da decomposíçiio brandindo um Evangelho n ovo, um novo J esus''. • Eis aí uma terrível verdade. O povo s imples, que resistiria à ação de comunistas declarados, deixa-se enganar quando se trata de sacerdotes que, sob o nome de Jesus, introduzem o veneno marxista.

Convêm esclarecer que a Frente de Libertação Farabundo Marti é um movimento nítida e declaradamente marxista.

Na Nlcarâgua, jâ ordenado padre

Em EI Salvador, como seminarista 12. "Em E/ Salvador colaboramos con, um 1novilnen10 religioso chamado 'Delegados da Palavra de Deus', criado em 1968 após a Conferência Episcopal de Medellín [...]. Alguns dentre nós preparávamos os textos a serem difundidos. Outros. os 'pen etradores', deviam familiarizar-se com os costumes dos povos para aproximá-los com o maior sucesso possível. Enfi,n, os 'consolidadores' visitavam freqiienten,ente as comunidades rurais[ ... ]. F.ntretanto, ninguém organiza pelo si111ples prazer de organizar. Em E/ Salvador n6s tínhamos um objetivo. Tratavase, a partir dessa base religiosa popular, de edificar u,n segundo estágio: uma proposta poUtica. Dizíam os: 'Vós deveis vos defender contra patrões que vos exploram, deveis enfrentar a exploração'. Como? Prin1eira1nente corn os rudim entos de 1narxis1110 que lhes ensinam os. Co,no fazê-lo eficazmente? Unindase. Prevendo a resposta dos patrões, o que fazer? Saber defender-se. Com o defender-se? Familiarizando-se com os 111ecanism os ditos de 'autodefesa' que nada mais eram que um tra,npolin1 para a verdadeira violên~

eia". • Por vezes o trabalho dos progressistas pode parecer esparso, a algum ingênuo. Aqui o leitor pode perceber como ele é cuidadosamente planejado e organiz.ado: cada padre progressista, cada leigo engajado te m uma função. atua num d eterminado campo etc. Tudo para: a) arregimentar, usando a religião como isca; b) a rregi mentando, consolidar pelo ensino da d outrina marxista, ainda que disfarçada; c) consolidando, lançar os pobres - e os inocentes úteis - cont ra as instituições, através çia luta de classes.

13. "Nós preparávamos um terreno fé.rtil para a Frente de Libertação F arabundo Marli. N unca havíamos incitado realmente os camponeses à luta armada, mas o tema da luta d e classt!l e as doutrinações anteriores eram suficientes para fazê-los tomar a decisão de lutar [... ). "Numerosos guerrilheiros nos propuseram participar diretamente na guerrilha e aí lutar. Dentre os doze seminaristas jesuítas que éram os então, quatro aceitaram e passaram à ação militar[... ). Quanto a n1in1, jan1ais esteve e,n ,ninhas intenções militar, mas isto não hnpediu de conduzir à violência 11111 rebanho crédulo. Eu· sou daqueles que prepararam os camponeses ingênuos a s e deixarem absorver pela Frente de Libertação Popular". • Mesmo quando não pregam diretamente a violência, alguns progressistas, como o Pe. Pellecer, preparam seus aderentes, através da guerra psicológica revolucionária, para entra rem em movimentos guerrilheiros. Postas as premissas, tinha que se chegar até lá.

14. "Para nós. na Nicarágua. o essencial era, como em E/ Salvador, reunir os camponeses en1 torno da 'teologia da libertação '. que devia preparar o advento de u,n governo socialista. Nossa referência sendo o Evangelho, os cristãos da Nicarágua aceitavam facilmente o que lhes di-

zíamos''. • Mais uma vez: exploração da confiança que o povo tem no sacerdote. 1S. "Nós alertâva,nos o resto do mundo sobre a situação de injustiça na Nicarágua, sabendo que podíatnos contar corn o apoio incondicio11al de certos paires socialistas e de numerosos grupos de pressão liberais no mundo todo .._ • É importante notar a união das esquerdas, em â mbito internacional: governos socialistas, imprensa e associações de esquerda. Todos se unem quando se trata de forçar a implantação de um governo sociali~ta num pais. 16. "Poi nesta época que conheci o Pe. Fernando Cardenal Cha1norro, jesuíta como eu [... ]. Habi-

tâva,nos a 1nes1na casa na Nicarágua

e eu esto u. pois, certo de sua participação 1111 Frente de Libertação Sandinista, segundo ele mesmo 1ne disse. Atualmente ele é diretor das Juventudes S andinistas na Nicarág ua. Antes da queda de Son1oza. o R. Pe. Fernando Cardenal Chamorro trabalhou no 'Movimento Cristão', associação de jovens saídos de colégios católicos, considerada como o seminário dos futuros militantes sandinístas". • Mu ito interessante notar a ligação de sacerdotes e de organizações autodenominadas católicas com o movimento sandinista. O Pe. Pellecer a inda nomeia outros, que o mitimos por brevidade. Aliás, vimos aqui no Brasil o sand inismo ser entusiasticamente aclamado por D. Pedro Casaldá liga - que chegou a vestir o uniforme d e guerri lheiro sandinista - e por outros religiosos (efr. "Catolicismo", n.• 355/ 356, julho-agosto, l 980).

Na Guatemala: o auge da ação 17. "Na Gua1e111ala, u,n do.r êxitos notáveis do 'Comitê de Unidade Camponesa' na zona rural foi de chegar a uma ·conscientização de classe' das tribos ind{genas l"(il, Queckchi, Cackchiquel. Quiches, Mams, Pocomans e outras. Os índios se111ian1-se 111embros de tal ou tal etnia antes de sentire,n-se sitian· tes explorados. Os propagandistas do 'Con1itê de Unidade Camponesa' ensinaram-lhes o inverso e, pro111e1e11do que o futuro governo socialista respeitaria suas línguas, -seus costumes, suas tradições, chegara,11 a absorver suas diferenças e unificar essas tribos na luta de classes. Não creio que a Con1panhia de Jesus aceitaria ser tida com o responsável

Zonas de atuação da guarrilha

Golfo do México

O

100

-

200 300

km

1

HONDURAS N ICARÁGUA

loofie ld s

0ceano Pacifico CATOLICISMO -


~essista

na América Central

O estranho silêncio

S DO PADRE PELLECER pelo nascimento desse Co,nitê. Entretanto, sem n1anifes1ar - ao menos no inlcio - urna sustentação confessada, a Companhia abençoou a ação do 'Conlitê de Unidade Cam· ponesa', ajudou-o a fortalecer-se, e sobretudo, ela tudo fez para que o mesn,o adquirisse reno,ne mundial. O objetivo dos jesultas era [...]formar uma base que servisse de fundamento a u,na organização política revoluciondria. Este objetivo, n1eus cúmplices - meus associados meus antigos colegasjesultas, o atin' giram [...]. As regiões trabalhadas por essa subversão (as do Noroeste em particular) torn~ram-se agora bastiões operacionais da guerrilha". • Como o mencionado trabalho dos progressistas junto aos íridíos, para lançá-los na subversão, é semelhante ao que se procura fazer no

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Brasil! (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Tribalismo indígena - Ideal comuno-missíonário para o Brasil no século XXI, Ed. Vera Crur~ S. Paulo, 1977). 18. .. Desde minha chegada, fui enca,ninhõdo para uma co,nunidade urbana de padresjesuftas, conhecida sob o n o,ne de CIAS (Centro de Informação e Ação Social). Este centro é u1n organismo progressista que agrupa jesuítas mais ativistas [ ...]. Dois dentre eles tinham feito estudos universitários e recebido u111a formação particular co,no penetradores das massas populares[... ]. Nove desses Jesuhas dirigiran,-se a outros países latino-americanos[... ]. O Pe. Alberto Sily, por exemplo, partiu para a Argentina, onde con1inuará sua ação de apologia do 'terceiro-,nundismo' e da violência. Tr~ outros padres jesuítas, ordenados, irão para a guerrílha: Fernando Hoyos, Enrique Corral e J esus Bengoechea. Os dois primeiros abandonaram a batina e o terceiro contínua padre". • De certos centros especializados, tais sacerdotes deslocam-se depois para outros paises. Constituem uma internacional da subversão. Ê interessante notar, de passagem, como a pregação "terceiro-mundista" é apenas uma variante dentro da teologia da libertação, ao lado do sandinismo e outras. 19. "Assim se cumpria, se,n barulho, nas cidades co,no nos campos, este trabalho de preparação que devia, en, 11011,e do Evangelho, transformar inelur.avelmente os desfavorecidos enr descontentes e os descontentes em revoltados". • Perfeitamente sintetizada, nessa frase, a ação que visa aproveitarse dos pobres para transformá-los em revoltados; em instrumentos dó· ceís nas mãos dos progressistas para promover a revolução. 20. "Eu tinha, há um certo tempo, formado o projeto de desposar uma~jovem nicaragüense". • Ao que parece, para o então padre progressista, violar seu voto de castidade tinha pouca significação. Entretanto, ó sacerdote mais do que ninguém, por sua missão emiAgosto de 1982

nentemente espiritual, deveria ter em mente e viver este lum.í noso ensinamento: "A castidade liberta o ho1nem do jugo das paixões e. com isso, permite-lhe entregar-se com maior pujança à prossecução dos bens do espírito" (D. Antonio de Castro Mayer, Carta Pastoral "Castidade, Humildade. Penitência': in "Por u,n Cristianismo Autêntico", Ed . Vera Cruz, São Paulo, 1971, p. 181).

Adesão à guerrilha 21. "'Eu soubera, de outro lado,

que diversos jesuítas meus conhecidos, que trabalhavam comigo, pertenciam ao Exército Guerrilheiro dos Pobres. [... ] Eu estava disponível, e procurei Enrique Corra/ Afonso, ex-padre jesuíta, casado, espanhol de origem mas naturalizado na Guatemala. Dois n1eses após têlo infor,nado de meu desejo de juntar-me ao Exército Guerrilheiro dos Pobres, recebi uma resposta favorável". • Após um passado durante o qual preponderou a doutrinação impregnada pela "teologia da libertação" c pelo marxismo-leninismo, não é de se estranhar que o Pc. PeUecer tenha tomado a decisão de aderir formalmente à guerrilha. 22. "No plano intern acional, n6l agíamos como um!l agência de imprensa. Mas as notícias que difundíamos não correspondiam à realidade. Por diversas vezes, noticiamos atos de violência que atribuíamos ao governo e às forças de segurança, e que haviam sido perpretados por grupos revolucionários de esquerda.

Nunca tivemos a honestidade de atribuir a cada um o que era seu, de ser objetivos e de distinguir os ,nassacres con1e1idos pelos revolucioná· rios das represálias exercidas pelo governo"'. • A mentira, a calúnia organizada, são armas usadas com freqüência por grupos revolucionários de esquerda, com vistas a desmoralizar aqueles que se lhes opõem. 23. "Nossa propaganda dirigiase, de início, aos países da América Latina [ ... ] e é nesse espírito que haviamas criado e instalado u,na ampla rede de grupos. instituições, foruns, encarregados de veicular nossas idéias [... ]. É claro, tínhamos tambén, o apoio de organizações de extre111a esquerda. Nossa propaganda visava igualmente os países da Europa Ocidental e para isto contávamos muito com a 'A11111es1y lnternationaf' [...]. Havían,os pensado, durante algum tempo, que a revolução viria do Cone Sul[... ] mas isto revelou-se unr erro histórico". • O caráter mundial da ação das esquerdas - inclusive a católica - fica mais uma vez constatado. Muito ingênuos são, pois, os que crêém que o progressismo no Brasil é um fenômeno autóctone. Conforme as determinações de uma miste• riosa central, os focos de irradiação passam com toda a facilidade de um pais para outro.

Mais dados sobre a guerrilha: o financiamento

pressão progressistas e esquerdistas que ajudam - certamente com não pouco dinheiro - os movimentos guerrilheiros na América. O leitor poderá dar-se conta de como a grande imprensa não acentua, e freqüentemente até esconde, fatos como esse. Eles são essenciais, contudo, para se entender a realidade contemporânea. 25. "No que concerne às armas eu nada sei. Em EI Salvador havia armas escondidas em conventos". • A revelação é impressionante: conventos que escondiam armas des· tinadas à guerrilha. 26. "O que eu conheço bem são as fontes de financiamento do Exército Guerrilheiro dos Pobres. Há lrês fontes. Primeiramente há a ajuda material carreada pelos países socialistas [ ...]. Em seguida aquilo que se costuma deno,ninar - sem ter vergonha nisso - a 'recuperação', e que não é outra coisa senão o roubo puro e simples. Enfim. os donativos de certas instituições eu· ropéias de vocação social e caritativa que se encarregam de obter fundos e de no-los faze,r chegar. É o coso' de Carít~s (Itália), Cebemo (Holanda), Brot filr díe Welt, Misereor e Adveniat (Alemanha Federal), Oxfan (Inglaterra), Catholic Relíef Services (EUA), Christian Aid (Canadd), Developpement et Paix (França), como também afundação protestante Novib e o Conselho Nacional das Igrejas. Cada uma dessas instituições [... ) tem seus representantes nos países da América Latina; e são esses representantes que decidem rejeitar ou apoiar os projetos que nós lhes submetemos [...]. Mas na realidade, a totalidade da soma não era destinada ao projeto previsto. A n,aior parte dos fundos (mais ou nrenos 80%) era simplesmente desviada para organizações extremistas e servia à sua subsistência ou à compra de ar1nas". • Não surpreende que os países socialistas ajudem os guerrilheiros. Nem que estes roubem. Talvez sur-

N~O FOI SÓ 1\0 Brasil que se Jornalista de grande reputação, silenciou a respeito do "caso que 1rabalhou outrora para a 'AsPeUeçer". yejam--se!. a respeito! os sociated 1'ress' e recebeu no época textos abar,c.o extra1dos éla re<11sta o prestigioso prlmio 'fulitzer'por "Figaro-1\-fagazine'': suas reporta"(ens no Viet11ll, Reter L "Estamos de posse de um A.rneu não é homen1 de se deixar testemunho excepcional, mas sin- desmontar. Ele replicou que havia gularn,ente cer<utdo de silêncio enlfevistado longamente o '/'e. por todo a imprensa c;aidentaf, Pellecer [ ...] 'f:u rrão sou 'de didesde setembro de 198/'' (Edito- reita - continuou - e não tenho dai assinado por Louis Pauwels, nenhuma sin1Palili pelos governos n.• 158, 24-4-8~ , p. 31). n1ilitares. 'Mas es1ou convencido :2. "No iníêio tio m~s de março da si,1-.eridade do padre. e n ós em Mandgua (capital ila Niearii- reproduziremos a entrevista'. Nesgua). oito iforndlistas. na maior se mon1e1110 uni dos colegas-conparte americanos, Jantavon, num vivas, ébrio de raiva, Jogou seu restaurante[ .. .]. Repó,tqes expe- prato e deixou a mesa. Eis ate rin1e11tados, e)es cobriam para ande cheg'am, atualmente, as paiseus Jornais, rádios ou televisões xões à evocação do 'coso feflecer'. os acon1ecin1entos da América Mds. ,'sto concerne apenas aos iniCeniral[...],e as diversas guerrilhas c1atlospois, curiosamen1e, a gran· centro-americanas. Havia a mesa dé imprensa interndeivnal·- laica alguns grandes nomes do jorna- ou <:onfessional - até o mon1e1110 lis,no internaoionaf[ ...] Em deter- não se pronunciou. Nenhum quo111inado momento, a{guim pro- tidiano, nenhum hebdomadário 1111.nciou o no111e do 'Re. Peflecer (além dos do '4merica Latina) ate [---~ que 'Peter í4.rne11 aca/Yava de v momento fez eco deste acontecientrevistar, no Panamá, por conta 1rre1110." ( Dossier elaborado po; de "Cable News 'Network'. ltne- Jacques 13onomo, n.• LS9, 30-4iliatamente o assunto pegou fogo 8-2, p. 32). e Peter Arnetl foi tomado à par(e 3. "Faz-se o sifêncio na Europor alguns colegas que o censu- pa sobre este cdso [do Pe. Pelleraram por- dar- u1ha tribuna a esse ce~}. Mas ele não se apazigua" ·,raido.r', esse 'mentiroso', 'ven- (Editorial de Louis Pauwels, n.• dido à po/(cia da Guate,nala'[ .. J 161, l5-5-8i, p. 1l3). • Para um só movimento guerrilheiro, num pais pequeno como a Guatemala (onde há quatro movimentos guerrilheiros) o número não é pequeno. 29. "No que se refere à luta armada propriamente dita, sei que certos jesuítas combateram militarmente, como o Pe. Fernando Hoyos, ou o Pe. Enrique Corral Alonso, que pertencem ao Exército Guerrilheiro dos P obres há anos. Contando os que combatem em EI Salvador, o total deve ser de, pelo menos, oito jesuítas guerrilheiros, dos quais alguns têm responsabilídade de co-

mandanteº. • Esses são os mais violentos, os que chegaram às conseqüências extremas de sua posição comuno-progressista.

• •

O oecerdote bel-

ga Rogalio Poncel celebra miua entre terroristas da Frente Farabun· do Marti de Ubertaçlo Nacional~ em

preenda a revelação da existência de mstituições caritativas internacionais, algumas delas católicas, concedendo dinheiro que era facilmente desviado para a guerrilha. 27. "A Companhia de Jesus vo-

Boston que contava com diversos jesultas, entre os quais o R. Pe. Simon Smith (que eu conhecia pessoalmente) era encarregado, em Washington, das missões americanas. Ele concedia seu apoio e seu sustentáculo a todos os projetos que lhe submetíamos"'.

• O Pe. Pellecer nos revela a existência, nos EUA, de grupos de

ta, participando de perto o u de longe na ação subversiva".

apoio indire10 e incondicional a ele. Do mesmo modo, na Guatemala, deve-se mencionar as Religiosas belgas da Sagrada Fam(/ia - ou ao menos algumas delas - alguns Irmãos de La Sal/e, talvez alguma religiosa da Assunção, muitos membros da Ordem Religiosa de Scheun, alguns da Ordem dos Méritos". • Note-se que a enumeração é exemplificativa e refere-se apenas aos religiosos da Guatemala que davam apoio à guerrilha, portanto aos que chegaram ao extremo da sub· versão armada. O que será a totalidade da rede progressista na Guatemala, na América Central e em todo o mundo? Vislumbra-se por aí quão insignificante é, no Ocidente, o esforço dos partidos comunistas, se comparados a esse imenso polvo progressista. 32. "'Vós 1odos, que tendes filhos, não podeis mais vos permitir, hoje em dia, de escolher para eles a educação COlófico, unicamente porque a escola é dirigida por padres ou religiosas, pois isto não mais cons1itui unia garantia de ensino são". • A consequência daqui inferida pelo Pe. Pellecer é impressionante, é muito grave. Mas quem, de bpa fé, poderá recusá-la?

Universalidade do progressismo

EI Salvador: forma curiosa de conciliar fá e aubveralo , ..

tou -se a influenciar as organizações já ativas na Atnérica Latina. Foi com essa finalidade que se contraíram lanços co111 a Confregua (Conf~deração dos Religiosos da Guate1nala), com a congregação Moryk1101/, co,n os dominicanos do Panamá, os salesianos da Nicarágua, con1 as religiosas belgas do Colégio da Sagrada Família, com a Congregação Scheu/1 e várias outras Ordens Religiosas, a fim de atraí-las também para ,a 'teologia da libertação'. • Trata-se, pois, de um proselitismo em favor da subversão, q_ue procurava .aliciar religiosos de vá nas Ordens e Congregações. 28. "É-nre difícil dizer quantos religiosos faziam parte do Exército Guerrilheiro dos Pobres na Guatemala, porque eu não trabalhava necessariamente com eles. De qualquer forma posso dar uma cifra aproximativa, da ordem de vinte ou trin-

24. "Nós nos preocupávamos igualmente com a importlincia da opinião público 110s EUA, que procurávamos também intoxicar. Nesse país, diversos grupos de pressão, estreitamente ligados aos jesuítas de esquerda e a altos fu11cionários americanos da nresma orientação, traziam-nos u111a ajuda fundamental para continuar a guerra na Guatemala. condição primeira da revolução socialista. Um de nossos principais correspondentes nos Estados Unidos era o Center of concern de

da grande imprensa

30. "Quanto a nós, Jesuítas, é ben, certo que alguns de nossos superiores estavam a par de nossas atividades no Exército Guerrilheiro dos Pobres. De outro lado, certos superiores que, para não ver sua autoridade diminuída, diziam não aprovo, nossa ação no Exército Gue,;ilheiro dos Pobres, eram solidários com nosso engajamento, ao n1enos i11dire1ame111e. No que a mim concerne, os únicos dois superiores que conheciam meu engojamento eram o provincial dos jesuítas da América Central e Panamá e o Pe. Juan Hernandez Pico, espanhol de origen1 e hoje cidadão guatemalteco, responsdvel pela formação dos jesuítas". • Ê claro que os jesuítas que aderiram à guerrilha em grande parte o fizeram porque, de modo velado ou aberto, sentiram a concordância dos superiores.

Outras Ordens religiosas implicadas 31. "A Companhia de Jesus es· tava em estreita relação com o Exército GUl!rrilheiro dos Pobres, direta e indiretamente, por nreio de seus membros militantes e por meio de

A extensão da subversão eclesiástica na América Latina atingiu um grau inimaginável. Entretanto, o progressismo lança suas raízes maléficas por todo o Ocidente. Na Mensagem "O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabefa·de-ponte?", de autoria do Prof. Phnío Corrêa de Oliveira, que tem sido difundida como uma luz por todo o mundo, alcançando extraordinária repercussão, o eminente pensador católico acentua: "'Como católicos não pode1nos calar nosso asso,nbro - que, passada a atual confusão dos espíritos, será o de todas as nações do mundo até o ji,n dos 1e,npos - à vista de que, ante eleições aptas a abrir o caminho do poder aos ,nentores e propulsores do Partido Socialista, a Conferência Episcopal Francesa não tenha tido uma só palavra de advertência sobre o perigo que o país assim corria. E com ele a Igreja, bem con10 os escombros ainda vivos da Cristandade. [...] Considerando esses fatos - e tantos outros há no inundo conten1porâneo - compreende-se melhor toda a realidade de que o Santa Igreja se encontra hoje, conro constatou Paulo VI, num misterioso processo de "'autodemolição'' (Alocução de 7-12· 68), e de que nE/a haja penetrado, segundo o mesmo Pontífice, a "fumaça de Satanás" (Alocução de 296-72)."' ("Catolicismo", o. <>s 373-374, janeiro-fevereiro de 1982, pp. 36 e 38).

5


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Subversão progressista

na América Central;,:,,-..,...,...,...,...,...,...,..,. .,.,. .,. .,. .,. .,. .,. .,. .,. .,."°

Progressistas confessam intenção de mudar a Igreja •

"CATOLICISMO'" e a TFP têm lutado valorosamente contra o progressismo. Mas, ao mesmo tempo, têm deixado sempre bem claro sua total adesão à Igreja Católica de sempre, representada por sua doutrina tradicional e por aqueles q ue permanecem fiéis a ela. Alguns progressistas. hábeis pescadores cm águas turvas, aproveitando-se da confusão em que eles mesmos lançaram os meios católicos. têm-nos caluniado a ponto de procurar fazer passar, aos olhos dos fiéis, nossa atuação antiprogressista como sendo um ataque à Igreja. Ora, eis que agora nos chega às mãos uma publicação progressista

cm que fica claríssimo - ao menos para quem não queira negar a evidência - que os progressistas estão construindo uma igreja oposta à Igreja Católica de sempre. Como o documento é inteiramente insuspeito, julgamos oportuno trazer ao conhecimento de nossos leitores alguns de seus trechos mais característicos. Trata-se do livro-documentário "Morir y despertar en Guate1nala··· (seleção de textos por Mirtha Fernándcz de Lasserna; elaboração empreendida por Ana Gispert-Sauch de Borrei), editado pelo Centro de Estudios y Publicaciones, de Lima, em novembro de 1981. Como o titulo já anuncia, a situação analisada é a da Guatemala. Mas as analogias com a situação religiosa do Brasil e de toda a América Latina são tão marcantes que o leitor facilmente poderá fazer as transposições. Os trechos que transcrevemos da mencionada obra foram extraídos da Parte .li, sob a denominação" Periodización de la lglesia". Os subtítulos são nossos; a divisão em períodos é do livro.

1954-1962: a Igreja é anticomunista Punhos cerrados (saudaçlo comunista}: vínheta do livro ..M orir y desp11rt11r en Gu11t11mal•"

Nesse período, a Igreja pregava normalmente a doutrina católica:

Terroristas elogiam aliados: os cr,staos progressis tas li

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,,

conseguido levar à frente. A confrontação com o governo e com as classes dirigentes torna-se generalizada . Os crimes da subversão são calados e a repressão é qua lificada de assassinato. /\s comunidades de base passam a ser as células motoras da ação revolucionária, e o apoio à guerrilha. por parte dos setores mais avançados do progressismo, tornase direto. ..A Igrej a, em seus setores mais ligados ti pastoral popular. co111pro111e1e-se 11,ais (iireta,nente corn o po-

O pretenso anseio de sublevaçlo do povo guatemalteco para implantar o comunísmo

osté domagogicamonto rotratado .nesta ilustreçlo do livro "Morir y dt1spsrtsr on Guatt1malt1''

"'E1n 1954, o Arcebispo da Guatemala, Mons. Mariano Rossel y Arei/ano entrou em aber/a confrontação com o governo de Jacobo A rbenz, ao promover uma célebre 'Peregrinação Nacional da ltnagem do Cristo de Esquipulas·. co111 a qual se iniciava a 'Cruzadt, contra o Coinunis1110'. Nos ,nesmos dias. fundava-se o Partido Antico,nunisra Democrata Cristão, co,n a bênção do mesmo Arcebispo. o qual deu seu apoio à queda de Arbenz. A Carro Pastoral de abril de 1954 continha também u,n apelo a todos os católicos para lutarem contra o comu-

nismo.

'f ..) Um dos primeiros objetivos da Hierarquia foi incre111e11tar o número de sacerdotes e agentes pastorais estrangeiros (dos Estados Unidos e da Europa) para que co11solidasse1n a corrente a11ticomunis1a nos setores populares. [... ) En1 fevereiro de 1959 realizou-se o Prim eiro Congresso Eucarístico Cen-

"'DIZE-ME com quem andas ma Roma infalível capaz de ensie dir-te-ei quem és". Este sábio nar aos fiéis quais as verdadeiras ditado popular poderia facilmen- consequências de sua fé. E meste ter outra íormulação: dite-me mo apto a proclamar "dogmas" quem te elogia e te direi quem és. como: •· Em nosso país não é posAs transforma.ções operadas sível ser cristão e não ser revolutroan1ericano. cujo encerra1nen10 . . . nos meios católicos pelo comuno- c,onano . congregou quase meio ,nilhão de progressismo têm sido de tal monE o mais incrível é que o livro pessoas, expressão t(pica de toda ta que tais ambientes - outrora progressista que citamos publica uma pastoral de cristandade que se receptáculo do bem e da virtude o comunicado como se fosse um estava imple,nenrando ( ... ). - tornaram-se, cm boa medída, passiveis de ser elogiados pelos píores inimigos da civilização cristã. Nesse sentido o Exército Guerrilheiro dos Pobres; principal movimento subversivo armado da Guatemala, lançou um comunicado especialme.nte destinado a elogiar certos grupos católicos. Publicado cm julho de 1980 sob o título "Aos cristãos que lutam ao lado do povo", o mencionado documento foi reproduzido no livro .. Morir y Despertar en Guatemala", editado pelo Centro de Estudios y Publicaciones, de Lima, entidade especializada na diíusão de obras da esquerda católica. Com linguagem própria a terroristas, assevera o documento: "O governo de lucas e o exército nacional intensificaram a campa- Sacerdotes e religiosas fazem frente comum com guerrilheiros o trabalhadores em nha de assassinatos e intimida- revolta. segundo outra ilustraçlo do mesmo livro ções contra os cristãos. tanto sacerdotes e religiosas con,o cate- documento que merece ser visto e "Em fevereiro de /962, os Bispos quistas. [ ... ) Estes bons filhos da analisado com seriedade pelos cada Guate111ala publicara111 nova CarGuatemala e de outros países rêm tólicos. ta Pastoral para prevenir os fiéis sido vi/mente 111assacrados e conOs guerrilheiros reconhecem contra o perigo comunista ante a tinuam sendo ameaçados". também o grande papel da esagudização de contradições sociais Não se podia ser mais cari- querda católica na revolução soexistentes. e fomentar o estudo da nhoso: '"Estes bons filhos da Gua- cial: "'Os cristãos representa,n um Doutrina Social da Igreja" (pp. temala". grande papel na conscienrizaçãq e 53-54). O comunicado esclarece que a organização do nosso Povo .., conrazão de tais cristãos esta rem sen- tra um inimigo poderoso que "te1962-1970: a febre das do perseguidos é a de terem com- rá que ser enfrentado e destn,fdo"'. obras sociais preendido "que a sociedade de Prosseguindo com os mais rasexploração. repressão e discrimi- gados elogios aos mencionados A preocupação excessiva com as nação no qual viven1os, é inconi- cristão~, que ta,,to fazem pela obras sociais contagiou, nesse pepatível co,n os princípios e prá- vitória da revolução marxista, o ríodo, grande parte do corpo ecletica~· do cristianismo autêntico'". comunicado salienta que, há asiástico e leigo. Os problema.s funSão, pois. guerrilheiros que nos, foram esgotados os meios damentais referentes à fé e à moral têm a fórmula válida para nos pacificos. Assim sendo, "violênvão passando para um plano secunensinar, a nós católicos, o que é o cia revolucionária é legítilna· e dário. t a transição para o procristianismo autêntico! Por essa o jus1a gressismo declarado: leitor certamente não esperava. Que tais elogios se façam é de "'A pastoral da Igreja caracteriNem nós. estarrecer. E o fato de progreszou-se, fundamenta lmente, por seu Ainda na mesma linha de pen- sistas difundirem louvores oriuncaráter pro1nocional de obras sosamento, o documento qualifica dos de terroristas torna patente a ciais, que se apoiava numa visão seus elogiados de "cristãos con- situação inconcebível a que cheingênua do desenvolvimento proseqiie,11es", como se o Exército gamos, diante da qual não é lícito gressivo. Intensificaram-se notavelGuerrilheiro dos Pobres fosse u- omitir-se. 111ente os trabalhos e111 cooperativas. programas de saúde. colégios, esco-

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las e na criação da Universidade Católica [...). A influência do Concílio Vaticano li e da Encíclica· Populorurn Progressio constituíra111 fatores de renovação e ·aggiorname,110 · na pastoral eclesial dos setores mais sensibilizados à proble111ática do pobre'" (p. 54). 1

1971 - 1978: avoluma-se a subversão eclesiãstica O progressismo já começa a apoiar abertamente a subversão, sob o signo de "refornras", "opção pelos pobres"' e outros slogans do gênero. O aval concedido às guerrilhas ainda é indireto: elas ou não são condenadas ou o são de modo genérico. sob a denominação de violência, na qual se inclui a repressão governamental. A violência é considerada apenas em seus abusos e qualificada de ..sanguinolentt1"', ..brutal", "indiscriminada .. etc. Os progressistas maniíestam uma compaixão unilateral que se aplica aos guerrilheiros, mas não a suas vítimas. "l:.111 /970, assumiu o poder gover11a111e11tal na Guatemala Arana Osorio. caracterizado por exercer uma das ,nais duras e sanguinole11ras repressões, a tal ponto que os Bispos. em 5 de fevereiro de /971. em Carta Pastoral. exprilniram sua rotai condenação a todo tipo de violência. ( ... ] "Apesar áas limitações do desenvolvimentis,110, o ilnpulso que dava Medellín (1968) a uma mudança de estruturas e o pensamento teológico partindo da p erspectiva de libertação que con1eçava a se tornar presente 11a Atnérica latina. fora11i fatores que incidiram no questio11an1ento dá ação da Igreja e 110s 11ovas colocações pastorais que ia,n surgindo. ·•Ante a brutal e indiscriminada repressão do presidente Arana (1970-74) para erradicar as guerrilhas, houve un1a primeira resposta de protesto contra o governo, vinda de um grupo ecumê11ico, fortnado por Bispos. sacerdotes, pastores e leigos [... ). ··ourro gesto de denúncia profética deu-se e111 1975, através do protesto público do Bispo. sacerdo1es e religiosos da diocese de las Yerapaces. em virtude das investidas contra a vida e a terra dos camponeses da zona e da saída forçada de um grupo de missionários de E/ Peten, que realizavam uma tarefa pastoral co,n o mundo indígena, em consonância co,n o espiriro de Medellín. '1---1 Na Carta Pastoral 'Unidos na Esperança•, os Bispos guare,naltecos subscritores fizeram uma análise da injustiça esrrurura/" (pp. 55-56).

1978-1981: o progressismo substitui os PCs na vanguarda O progressismo, a partir de sua base religiosa e contando com apoio concçdido por eclesiásticos altamente colocados, passa , nessa fase, a liderar o movimento subversivo, que os Partidos Comunistas não haviam

vo opri,nido e sua luta libertadora. De outro lado. o governo exerce 11111a perseguição aberta e frontal contra este setor do Igreja. constituído por st1cerdotes. catequistas. delegados da palavra. agentes de pastoral e instituições educacionais. ·1...) Mais de 10 co1111111icados de grupos cristãos aparecerorn nos jor• nais (da Guatema la) condenando a matança de índios kekchies e denunciando clara111en1e seus autores: exército . governo e proprietários de terras. [... ] ..A Igreja hierârquica começa 11 fazer ouvir suo voz. como coletivitlade e. em abril de 1981. lança u111a Carta Pastoral na qual explica seu pensa111e1110 ante a i11justiça social e a série de intervenções por parte dos poderosos e do governo. Posterior111ente, em 6 de agosto do ,nesmo ano. o Conferência épiscopal Guatemalteca publica um documento 110 qual reitera a condenação à escalada dt, violência e exco1111111ga os que atentam contra a vida dos ministros da Igreja [ ...]. As dioceses de Escuintla. co111 Mons. Ríos Mont. de Yerapaces, com Mons. Flores. e a de E/ Quiché, com Mons. Gerardi à frente, foram as que manifestaram de ,nodo 111ois sinronuítico su11 de-

núncia e seu ,·01npron1isso co,n os pobres. A Confregua (Confederação de Religiosos Guate1naltecos) e o Co,niré Pro Justiça e Paz fora111 as vozes ,nais públicas da denúncia profélica ( ... ). "No can1po pastoral estão J·e desenvolvendo novas formas de organização e evangelização por parte das co1nu11idades cristãs.[... ] Foram abandonadas as grandes reuniões de cris1ãos e ca1equistas, e ent ,geral, estabelece,n -se redes de comw1icação e,n pequenos grupos [...)'" (pp. 56-58).

Note o leitor a rotação operada de 1954 a 1981: do anticomunismo mi li tante à liderança da subversão; dos Congressos Eucaristicos às comunidades de base!

Cid Alencastro

.Atotnc»SMO MENSÁR(O CAMP0S - ESTADO 00 RIO Diretor:

Paulo Conh dt Brito Fllbo

l)tmoria: Rua dos Goitac:az,s. 19'! • 23100 -C'.àmpos,·RJ. Admlnlstnçlo: Rua Dr. Martinico Prado, i11 • 01224 - Slo Pauto SP • PABX 221-S7SS (ramal 2JS)'. €omposto • impresso na Artprcss Pap6s e Artes Gnllicas Ltda., Rua Garibatdi, 404 - Ol 13S • São Paulo, SP. "Catolldsmo" 4 uma P,Ub~çJo mensal da Editoia Padr<: Belchior de Pontes S/C. Aalnatun anual:comum <l;r$ 2.000,00; coo~iador CtS 3.000.00: benfeitor <?TS .S.000,00: grande benfeitor OS t0.00000!); scminali,i•s ~ estudamos Cr$ l .,w.00. Exterior (Ylll a~mo): comum USS '20,00; tienfeitor USS 40,00. Os pagamentos, scmpr,: cm nome de Editora hcltt Belchior de Pontes SI<; poderão ser encaminh8dos à l\dministraçfo. Para mudança de eoderc,w de assinantes i ncqt$$Atio roc.nciona.r tamW:m o endere..(.Q an1igo. A corresª po~tncia re\ativa a assinaturas e venda avulsa deve ser cnvja(l"a à> Admlnl$tnçlo:

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CATOLICISMO -

Agosto de 1982


Confronto entre duas Franças: a tradicional e a socialo-comunista •

PARENTEMENTE,dir•se-ia não mais haver lugar na Fran· ça socialista de Milterrand para manifestações daquela forma peculiar de maravilha em clave gran· diosa, que sempre se salientou como uma das características próprias ao gênio francês. Entretanto. a parada militar do último 14 de julho, nos Campos Eliseos, foi uma flagrante prova do contrário: ela ensejou que, por ai· gumas horas, o esplendoroso do espírito gaulês revivesse e com sua força fizesse pulsar incontáveis corações saudosos e vacilantes da p{1tria de Santa Joana d' Are. Considere o leitor o referido des· file, através das fotos aqui reprodu· zidas. e responda à pergunta: quem poderia pensar tratar-se da celebração da data comemorativa do sepultamento de todo passado francês tradicional'? E máxime sob a gestão de um governo socialo-comunista? No entanto, tal é a pujança do senso

E no quarto clichê pode-se formar uma idéia da multidão que a-

A

correu ao ato.

A última fotografia que estampamos faz-nos sentir a singular suavidade da rampa de acesso ao Arco do Triunfo. Sobre o pendão não poderiam soprar brisas mais propícias a conferir-lhe clcgi,ncia no movimento...

No 14 de Julho. enfim, duas Franças se confrontaram: a tradiciona l e a socia lista. E não se trata

aqui de simples metáfora. Com efeito. notícias publicadas cm jornais parisienses relatam que. durante todo o trajeto rumo ao palanque presidencial. François Mittcrrand foi estrondosamente vaiado pelo numeroso público presente. E antes de chegar à tribuna oficia l, ao deparar com a multidão que avançava em sua direção, o prcsi· dente francês, fazendo jus às características da mentalidade socialista a que nos referimos acima. não encontrou melhor expediente do que bater cm estratégica retirada ...

do belo e <lo grandioso ainda vivo na alma francesa, que para comemorar um fato histórico - símbolo do contrário destes valores - os franceses de hoje. embora sob o jugo socialocomunista, encenaram um espetaculo que. sob muitos aspectos. evoca não a Revolução Francesa, mas seu contrário: as virtudes características do que há de mais tradicional e aú têntico naquela nação, "Filha primogênita da Igreja", Proporção, harmonia, gra11de11r (o vocábu lo português grande1.a não a traduz bem), delicadeza, manifestam-se de modo sa liente na fotografia do nosso primeiro clichê. A conjugação da lcvc1.a com a monumentalidade - predicados aparentemente cont rastantes - harmonizam-se de modo ímpar no fa. moso Arco do Triunfo. Sua altura não poderia estar mais proporcio nada com a das árvores. As dimensões da avenida, com sua prestigiosa rampa de acesso ao Arco, tem algo de indefinível que nos faz sentir, de modo imponderável. aquela gra11de11r incomparável.

JJt_ No segundo clichê o espírito se encanta na consideração do conjunCATOLICISM O -

Agosto de 1982

to do desfile cm marcha. Este não poderia ser mais oposto à mentalidade e ao temperamento socialistas, plasmados no horror ao risco e à dor, na adoração da segurança e no supremo apego à vida terrena. Com efeito, na parada que se desenrola reluz a afirmação da existência de valores que preponderam sobre a própria vida, e pelos quais se deve morrer: a exist!ncia de uma ordem moral na qual a condição militar se fundamenta, as idéias de honra, da força posta ao serviço do bem e contra o mal. Garbosos e cheios de distinção, reluzem pelo efeito de uma soberba iluminação, num segundo plano, os cois célebres corcéis de Marly, que do alto de seus pedestais evocam heróicas e leg'endárias batalhas.

JJt_ O papel das luzes no cenário apresenta-se de modo sugestivo na foto seguinte. O arco e a bandeira semi-iluminados, meio encobertos pelas trevas da noite, formam um original fundo de quadro, digno cenário natural para a categoria do espetáculo, ao qual vem se juntar mais um fator que sempre atraiu o espírito humano: o mistério.

Assim. embora a data celebrada devesse significar para os franceses o triunfo da trilogia revolucionária "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" - da qua l Miuerrand se proclama herdeiro, é bem o caso de dizer que, neste ano, presenciou-se um 14 de julho às avessas... Por momentos, de fato, o espírito francês sentiu-se tocado. no que tem de mais fundo, pela saudade indizível de seu passado histórico, cheio de glórias. E, provindo das fibras mais recônditas da alma daquela nação o mundo inteiro pa receu ouvir a proclamação: - Não tendes também vós, 6 povos. saudades daqueles tempos? Dos tempos cm que eu , França, fiel à minha missão providencia l no concerto das nações da Cristandade, vos deixava admirados ao contemplàrdcs as peculiaridades próprias de meu espírito católico,. que espelham na terra virtualidades particularmente requi ntadas do Criador? ''Expulsai a natural e ele retornará a galope". diz conhecido adágio francês. Não será o que está ocorrendo na França atual? O tempo dirá ... 7


-------------------------------* Plinio Córrêa de Oliveira

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ruN -~º SOCIAL, PORRETE E FACA

• O. Cláudio Hummas, Bispo de Santo André. fala aos metalúrgicos reunidos no ostádio de Vila Euclides, em Slo Bernardo do Campo. Em manifestações desse tiPo, com freqüência é instHado por setores esquerdistas. tonto do Clero quanto do laicato católico, o esplrito da luta de classes.

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PRIMEIRA VISTA, nada de mais simples, nem de mais claro: se A é proprietário de bens que lhe sobram, e B está em risco de vida porque lhe falta uma parcela desses bens e, ademais, 8 não tem com o que pagar A, estabelece-se entre A e B uma situação conflitual. Pois o direito à vida de B entra em choque com o direito de propriedade de A. Qual dos direitos deve prevalecer? Evidentemente o de 8, pois o direito que um homem tem à sua vida é preeminente em relação ao direito que outro tem à sua propriedade. Esta solução tão simples, que se prende à função social da propriedade, constituia matéria para investigações - obras-primas de subtileza e sensatez - dos moralistas católicos antigos. Assim, debatiam eles se a obrigação de A assistir a 8 pertencia aos deveres de caridade ou aos de justiça. Neste último caso, em que gênero de justiça se encai><avam: comutativa ou distributiva. E sendo na distributiva, caso o beneficiário adquirisse posteriormente haveres que lhe sobrassem, se era obrigado a reembolsar o benfeitor. Em qualquer eventualidade, ficaria 8 devendo gratidão a A, isto é, afeto, respeito, ajuda quando ocorresse o caso? E assim outras questões, algumas das quais nada simples, todas muito importantes não só para a boa formação moral do católico mas também para o adequado relacionamento entre os homens. Exemplifico. Se alguém não tem como pagar moradia, e outrem tem casas de sobra, o segundo deve franquear gratuitamente alguma habitação ao necessitado; ou se alguém não tem onde plantar, e outrem tem terras de sobra, este último deve facilitar as terras necessárias ao primeiro. "'Franquear", "facilitartl'? O que querem dizer exatamente esses vocábulos? Emprestar gratuitamente enquanto dure o tempo de carência? Ou dar? Opino que, sempre quando a situação de B possa ser remediada com um simples empréstimo, exigir a doação constitui autêntico abuso. Um pouco como se, precisando de pão um indigente, o padeiro lhe tivesse que dar a padaria, e não apenas o pão. Opino ainda que, podendo o indigente que consiga abastança reembolsar quem lhe cedeu o uso gratuito, ou a propriedade de algum bem·, deve fa1.ê-lo. E que, em qualquer caso, o beneficiái rio fica vinculado ao benfeitor pelos : laços do respeito e da graLidão. De:; ve-lhe homenagem e assistência.

A

i Bem entendido, assim não pensa ~a "esquerda católica". O carente dei ve ver em todo abastado um ladrão, .; o qua I está indebitamente de posse ~ de algo daquilo a que o carente tem .:! direito estrito. Pelo que, ao carente ;l: toca o direito de avançar pura e '., simplesmente - de porrete ou faca :; na mão, se for preciso - contra o ·e abastado, e arrancar-lhe o nccessá~ rio. Quem julga da quantidade e da ,:: qualidade desse necessário? Ê o ca~

rente. Tanto mais que ao lado dele está o berreiro demagógico da imprensa esquerdista e, muito frequentemente, o apoio ainda mais demagógico do Bispo local. Berreiro e apoio sem os quais o carente jamais ousaria empunhar a faca, ou o porrete ... Do papel da caridade cristã para resolver pacificamente situações dessa natureza, a "esquerda católica" nada diz. Ou quase nada. Da justiça comutativa, pela qual alguém deve pagar o que comprou, ou fornecer o que vendeu, e da distinção entre esta justiça e a distributiva, idem. Dos deveres de gratidão, de homenagem e de assistência do beneficiário, menos ainda. Ela pretende fulminar todas essas nobres obrigações com uma só injúria: "cheiram à Idade Média". E. munida de uma noção assim empobredda do que seja a justiça social, a "esquerda católica" investe contra toda a ordem sócio-económica vigente. Com gáudio, é bem claro, do PC, do PC do 8, e de todo gênero de socialistas, utopistas ou terroristas. O mais curioso é que, assim procedendo, a "esquerda católica" não hesita em afirmar que tenta introdu1.ir entre os homens a plena vigência dos princípios de igualdade e fraternidade, os quais, se olhados de certo ângulo, perdem o espírito subversivo que lhes deu a 'Revolução Francesa. Ora, é precisamente o contrário que se dá. Com sua justiça social falha de matizes, descabelada e agressiva, a "esquerda católica" não foz senão introduzir a escravidão entre os homens.

Vamos aos fatos. Até aqui se considerou como atributo essencial do homem livre a escolha da profissão. E do lugar, bem como das condições em que essa profissão se haja de exercer. Consideremos, entretanto, uma região sertaneja para onde tenham a fluido muitos desbravadores. Ali faltam médicos. E de vez cm quando alguém morre à mingua de tratamento. Ou ali faltam casas razoáveis, pois não há engenheiros nem mestres-<le-obra. Ou, enfim, ali pululam os crimes, porque faltam advogados que promovam a defesa dos direitos genuínos. Nas regiões vizinhas, pelo contrário, há fartura de méd icos, advogad~s e engenheiros. Em conseqüênc,a, dá-se um choque entre o direito à vida, à moradia condigna e à segurança pessoal do sertanejo, de um lado, e de outro lado o direit<, dos médicos, advogados e engenhe.iros de exercerem sua profissão onde entendam. Repete-se a situação conflitual entre A e 8 de. crita no começo deste artigo. Ora, não é só ao direito de propriedade que toca uma função social , mas a todo direito humano. Logo, a raciocinar simplística e demagogicamente sobre o assunto, caberia aos sertanejos exigir que os ditos facultativos se transladassem

para o seu sertão. O que daria forçosamente no direito, para o Poder público, de requisitar os facultativos que entendesse, e mandá-los - pobres mujiques intelectuais - para onde fossem designados. Mas, bem analisadas as coisas, não seria difícil descobrir cem outras situações análogas: dentistas, donos de aparelhos de radiografia, de laboratórios de análise, de hospi-

tais, de empresas de recreação (não é também esta indispensável à vida humana?), professores etc. Tudo isto podia ser agarrado com pinça nas partes "privilegiadas" das grandes cidades, para ser redistribuído pelos bairros, ou pinçado indistintamente nestas últimas, para ser atirado por esses sertões imensos do Brasil, ao encalço dos desbravadores, onde quer que esses se atirassem à busca de riquezas ... para si mesmos. Mais ainda. Se o afluxo de candidatos a certa profissão indispensável baixasse no país, o Estado teria o direito de promover nas escolas secundárias os inquéritos adequados para discernir as pobres c rianças que tivessem jeito para elas,

e obrigá-las a seguir essa profissão, até contra o gosto delas e dos pais: função social.

A função social, assim simplística e demagogieamente entendida, promete liberdade e igualdade. E cria uma nova classe de mujiques, de escravos no estilo da Rússia comunista. "Função social, função social, de quantas injustiças e até de quantos crimes vai sendo ameaçado, em teu nome, todo o Brasil" - tenho vontade de exclamar, quando penso em tudo isto!

Chile: TFP denuncia lei socialista EM SETEMBRO OE 1973 caía o governo marxista no Chile, sob os aplausos gerais da opinião pública. A partir de então, o pais se distendeu. A TFP chilena participou do gáudio manifestado pela população, mas não abandonou a salutar vigilância que sempre tem caracterizado sua atuação. Assim, com o intuito de alertar a opinião pública, a Socie• dade Chilena de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade fez publicar cm "El Mercurio", principal jornal de Santiago, na edição de 28 de julho último, um resumo de seu estudo "O Estatuto Social da E,npresa: Espada de Dâmocles sobre as classes produtoras e proprietárias chilenas?" O ensaio, que havia sido previamente distribuído a membros das classes dirigentes do pais, despertou no público vivo interesse. Demonstra ele que o chamado Estatuto Social da Empresa - lei que ameaçava tornar-se vigente no Chile - não só "abre as portas a um cabal dirigismo da econo111ia'" por parte do Estado, mas também "esquece. a po1110 de não 11,encionar, a finalidade privada da empresa; considera apenas sua função social". Enfim, "cria uma estrutura tal na empresa e outorga tais poderes ao Estado sobre ela que um futuro governante poderia, apoiando-se nela (nessa

lei]. insta1,rar legalmente um regin,e comunista no Chile". O estudo chama também a atenção para as a nalogias entre a mencionada lei e a autogestão socialista de Mitterrand, recentemente denunciada em Mensagem de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicada cm 46 jornais de todo o mundo pelas treze TFPs, inclusive a chilena. Os setores contrários ao estudo da TFP chilena sentiram-se, ao que parece, picados na carne viva, pois reagiram prontamente. Desagradou-os o fato de o problema ter sido levado ao conhecimento do grande público. Prefeririam, segund o se pode conjccturar, que a lei passasse a vigir çm meio ao adormecimento geral. No mesmo dia da publicação do resumo do ensaio da TFP num matutino, o jornal vespertino "La Segunda" traiia o parecer de "uma alta fonte do governo", não nomeada, que teria sustentado, com base em questões legais, serem infundados os temores da TFP. No dia seguinte, o próprio "EI Mcrcurio" transcreveu a opinião do advogado Ramón Rivas Guzmán, o qual também se referia à existência de problemas legais que tornariam inaplicável a lei em questão. As· sim houve outras reações.

Com base no Estatuto Social da Empresa. que ameaça entTar em vigor no Chile. um futuro govemo poderá literalmente transformar de novo esta naçlo em país socialista. Na foto. manifestação comunista em Santiago, no tempo do Allende.

Como ninguém contestasse a objetividade da análise feita no citado estudo, sendo apenas apresentadas dificuldades de ordem legal para a vigência da lei, a TFP chilena, através de seu Serviço de Imprensa, distribuiu um comunicado, datado de 29 de julho, no qual esclarece: 1. As afirmações feitas pelos seus opositores não entram em contradição com o que a TFP sustentou. Pelo contrário, "con· firmam a existência do Ertatuto em questão e acrescem que, em rigor. este Já deveria estar vigindo"; 2. O Estatuto Social da Empresa foi aprovado cm 1. 0 de maio de J975 pelo Decreto-lei n. 0 1.006 e publicado no Diário Oficial do dia 3 do mesmo mês e ano. A vigência do Estatuto foi subordinada à entrada cm vigor do novo Código do Trabalho; 3. Declarações feitas em I.º de maio de 1982 pelo Presidente da República, Gen. Pinochet, sobre seu desejo 'de adequar "o Estatuto Social da Empresa à atual normativa laboral e previdenciária", levaram a TFP chilena a elaborar um estudo sobre o mesmo. A própria imprensa chilena relacionou, na ocasião, o pronunciamento do Gcn . Pinochet com o Decreto-lei n. 0 1.006, sem ser desmentida; 4. Declarações recentes do Ministro do Trabalho davam a entender uma próxima aplicação do Estatuto em questão; 5. A TFP pôde comprovar, em contato com mais de uma alta figura do mundo oficial chileno, que suas apreensões eram amplamente compartilhadas por considerável número de pessoas; E conclui o comunicado de imprensa: "A TFP s6 se considerará inteiramente satisfeita se, de um ,nodo claro e insofis,nável - pa- · ra o que não é necessário que se afirn,e expressan,ente que temos razão -, fosse oficialmente declarada a revogação do Estatuto Social da Empresa, pois com isso os interesses do Chile terian, sido atendidos num nobre gesto de nossos governantes. Se não for revogado - ainda quando não aplicado - sua sin,ples existência pesará como uma espada de D!i· mocles sobre o futuro do Chile'",


N. 0 381 -

Setembr o d e 1982 -

Ano XXXII

Di retor: P a ulo Corrêa de Br ito Filho

TFP .afirIDà: CEBs, nieio

eficiente de in.filtração co ~. unista

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SÓCIOS e cooperadores da TFP iniciaram com grande êxito, no centro da capital paulista cm meados de setembro. ampla campanha de d ivulgação do mais recente livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, a respeito das Comunidades Eclesiais de Base CEBs. Colaboram nessa obra dois sócios da TFP, Srs. Gustavo Antonio Solimco e Luis Sérgio Solimeo. Trata-se do livro "As CEBs ... das quais muito se fala. pouco se conhece - a TFP as descreve como são", que denuncia. com base em copiosa documentação, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, através das CEBs, semeia o descontentamento na população, e especialmente entre os traba lhadores ma-

nuais, para transformar em seguida o descontentamento em agitação e, através dessa agitação, impor aos poderes públicos a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a Reforma Empresarial e alguns corolários. Em outros termos, o confisco das terras cultas e incultas, dos prédios de aluguel (residenciais, comerciais ou industriais), da propriedade 'das cm. presas comerciais ou industriais etc. Reformas essas pleiteadas nos documentos emanados das reuniões de Itaici. Em formato de álbum e fartamente ilustrado, o livro demonst ra o car{11er nitidamente subversivo das CEBs, as quais têm atuado em invasões de propriedades urbanas e rurais, agitação em fábricas, greves

ilegais etc. Essas ações-se caracterizam· pelo espírito de luta ile classes. Atraídas por ambien,{es religiosôs, pessoas de classe méd ia e sobretudo de condição humilde são arregimentadas pelo Clero de esquerda ou seus colabot adores mais chegados. Elas são ,''conscientizadas'', em nome da Fé, para serem lançadas em seguida à derrubada do atual regime social, político e econômico, segundo uma visuali1.ação marxista que as CEBs não·sc dão ao trabalho de esconder. Agora, quando transcorrem 40 anos da primeira denúncia feita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira contra o progressismo nascente, no livro ,"Em Defesa da Ação Católica", dois apelos diversos se fazem ouvir: um

clamando cm prol da civili1.ação cris- se, estão na linha do que pleiteava o tã, como a desejavam Anchieta, Nó- Pe. Camilo Torres e do que propugbrega e os primeiros gigantes de na atua lmente o Pe. Cardcnal. nossa História religiosa e cívica; o outro clamando por uma c.onvergência comuno-cristã como a pleiteada pelo Padre gucrrilh~iro Camilo TorNas páginas 4 e 5 desta edição, res e pelo Padre Cardcnal, ministro os leitores poderão ler substanciosa sandinista da Nicarí1gua. recensão desta obra, que está sendo As numerosas obras do Prof. difundida cm todo o Brasil por ca raPlínio Corrêa de Oliveira e a atua- vanas da TFP. O livro vem alcanção da TFP, em seus vinte e dois çando extraordinária repercussão, anos de existência, representam o sendo que nas primeiras quatro sevigoroso apelo cm favor dos valores ma nas de campanha já haviam sido básicos da civilização cristã, alme- vendidos 5.080 exemplares. As dijados pelo Apóstolo do Brasil, por versas fotos que figuram nesta págiNóbrega e pelos grandes vullos de na focalizam aspectos significa tivos nossa História; a outra conclama- da favorável acolhida do público, ção, no sentido marxista, lançada cm vários pontos do centro de São pelas Comunidades Eclesiais de Ba- Paulo.


icente e Paulo Facetas pouco conhecidas de um santo famoso

São Vicente de Paulo -

Pintura de Jean Restout

S

ÃO VICENTE de Paulo, cuja festa comemora-se no dia 27 de setembro é. com justa rauto. cognominado "o grande Santo do Grande Século''., na França. E todos os seus biógrafos e historiadores são unânimes cm reconhecê-lo. Vejamos alguns exemplos: '' É difícil depararmos. na História

Universo/, com uma figura de um santo que por 1111110s tlrulos renho merecido o

cognome de 'Pai da Pátrio· como S.io Vicente de Paulo. conselheiro de reis e

de bispos. semeador do Evangelho, o• rientador e forjador das classes altas em favor das (;{asses humilde.s, amigo do povo e criador de instituições encanli· nhodas a regenerar e a levantar os pobres, reconstrutor de amplas reglões de-vqstodas pela guerra, pela peste e pela fome" (José Hcrrcra, C.M., "San Vicen· te de Paul", BAC, Madrid, 1950, biografia, ,p. 368). E Rohrbach.er vai mais longe: .. Depois dos Apóstolos. 1alvez não tenha surgido um homem que haja prestado mais serviços à Igreja Católica e à hwi1anidade imeira" (" Histoire Uni-versei/e de l'Église Ca1holique", Gaume Fr~res Libraires. Paris, 1847, 1. XV, p. 240). . .

Obras materiais

eo sobrenatural

Não nos cs,enderemos sobre o papel do Santo no que diz respeito à sua ação caritativa. sobejamente conhecida. Atingem a 35 suas obras nesse campo, abrangendo desde os recém-nascidos abandonados (cerca de 400 por ano, na época, só em Paris), donzelas expostas ao risco de perder a virtude, pecadoras arrependidas, condenados às galés, débeis mentais, Oagclados de guerra, anciãos ele. Íi oportuno, entretanto, ressaltar que o "Pai da Pátria" entregava-se a todas essas iniciativas não por espírito filantrópico e menos ainda devido a uma visão sentimental e distorcida dos pobres e necessitados. Sua posição a tal respeito aparece bem dcíinida em car1a que escreveu ao pároco de sua aldeia natal, o qual solicitava seu desvelo para socorrer seus irmãos que estavam necessitados: "Porvemuro estarão mais pobres do que ou1roro. e. com os braços. não poderão trabalhar o suficiente para viver? São felizes assim (na pobreza) porque executam a sentença divina de ganhar o pão com o suor do próprio rosto. São feli.tes sobre.t udo por serem lavradores, um dos meíos mais inocentes e Uceis de se salvar" (Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cii,, p. 22). Ter sempre presente o lado sobrenatural de cada empresa constitui a tônica constante de suas palavras. Por exemplo, ao enviar seus Sacerdotes para pregar missões aos camponeses, recomendava-lhes: "Pensemos que Cristo nos diz i,ueriormente: Saí, missiondrios. e partl para onde vos envio. Estendei vossa vista pelos r,ampos e vede que as almas dos pobres vos esperam para que, com vossas pregações e catecismos. lhes proporcioneis a salvação ettrna" ( Pierre Costc. C.M., "Saint Vicenr de Paul", P3ris, 1932, XI, p. 134, apud Josê Herrera, C.M., op. ci1., p. 180). E, aoconíiar às Irmãs da Caridade os recém-nascidos abandonados, advertia: "Tendo sido estas criaturas com toda a probabilidade duplame111e concebidas no pecado ( ...) como cuidar destas crianças tão ban,,lhentas. tão .fujas. filhos de más mães que os deram à luz ofendendo a Deus e os abandonaram?" E acrescentava mais adiante: "Em certo sentido reparais a ofensa que tais mães cometeram ao aba,ulonar seus filhos, ao encarregar-vos de servi-los por amor de Deus e porque eles U1e pertencem'' (idem, ibidem, pp. 128-142, apud José Hcrrera, C.M., op. ci1., p. 281). Ou, ao enviá-las para Metz, a pedido de Ana d'Áuslria, para que, com o apostolado de caridade e de presença, impedissem o avanço do calvinismo. encorajava-as: "Ide (pelas vossas obras) tornar conheclda a santidade da Religião aos hereges e mesmo aos Ju·

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deus. que motara,n a Nosso Senhor'' (Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M ., Op. cil., p. 205). Mas o aspecto de punição divina que muitas vezes apresentam as calamidades públicas, também não lhe escapava. Ao tomar conhecimento da miséria que a guerra semeara na Lorena - comparada por muitos contemporâneos com a situação de Jerusalém durante o cerco de Tito - exclamou: "Eis o tempo de penitência. porque Deus aflige o seu ,povo. Não é nosso dever permanecer de joelhos dia111e do altar. para chorarmos pelos pecados do povo? Sim. é nossa obrigação" (Idem. ibidem, p. 302), Cremos que essas citações bastam. pois elas falam por si. Outro aspecto muito esquecido da atuação desse santo providencial foi o de ter estabelecido a harmonia entre as diversas classes sociais, incentivando os mais ricos a, por amor a Deus, socorrer os mais necessitados, através das Confrarias da Caridade por ele fundadas. E foi devido a essa benéfica influência do santo que "Porls viu com assombro co• mo a sobrinha do Cardeal ( Richelieu, então Primeiro Ministro), deixando de lado sua carruagem dourado puxada por quatro rápidos corcéis. ia pelas nlás e encn,zilhadas em busca dos tugúrios e antros onde o enfermidade e a fome estavam presentes; e. sem que a ofuge,11osse o espetáculo da agonia. ela era vista junto à cabeceira dos moribundos falando de D eus, <Orlando as blasfêmias i' à Dor dos 1,bíos, abrindo sua alma à esperança e· ajudando-os a merecer com sua morte santa uma vida melhor" (cfr. BouneauA venant. " Lo Duchesse d'Aiguillon". p. 129. opud José Herrera•. C.M.• op. ci1.. p. 237). Ou a soberana da França, Ana d' Áustria, .entregando boa parte de suas j6ias ao santo paro que este atendesse àqueles que a guerra tinha reduzido à pobreza.

Reformador do Clero Para se compreender o papel do "grande Santo do grande Século" na reforma do Clero, basta dizer que, até 1615, as diretrizes do Concílio de Trento não haviam entrado na França. E, depois disso, permaneceram longo tempo sem aplicação. A ação de São Vicente foi gradual. Em 1629, a pedido do Bispo local, pregou os exercícios espirituais e redigiu um regulamento de vida para os ordenandos da Diocese de Bcauvais. O grande fruto obtido fez com que o Arcebispo de Paris, Mo,ns. de Gondi, pedisse o mesmo cm 1631. Como São Vicente pensava que ''é inútil pensar em corriglr os pa· dres que envelheceram no hábito dos vfcios: seria trabalhar em vão. porque um mau padre q uase nunca se converte" (Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. ei1., p. 214), ordenou o Arcebispo a todos os candidatos às sagradas ordens que se apresentassem "quinze dias antes poro serem instruídos e examinados SO· bre as obrigações e funções dessa ordem " (l?ortaria do Arcebispo de Paris de 21 de fevereiro de 1631, apud Pe. J, Ferreira de Castro, C. M., op. cil., p. 215). Em 1639 o privilégio de participar desses retiros estendeu-se a lodos os ordenandos da França, e, em 1647, também aos candidatos às ordens menores. Entre os beneíiciados por 1al medida íiguram o Pe. Olier, Armando de Rancé, o historiador Pc. F leury e o príncipe do púlpito franc~, Bossuct. Dos retiros destinados aos ordcnan .. dos, passou o reformador do Clero para o dos Sacerdotes. Originam-se assim as Conferências ascético-pastorais e retiros semanais para o Clero, em 1633, ou "Conferências das Terças-Feiras", como íicaram conhecidas. Seus membros formaram uma associação sob a direção do santo, estando ligados entre si por um regulamento e sólida vida de piedade. !Este foi o corpo de exército que São Vicente empregou para inúmeras missões - onde seus saocrdotcs não po-

diam ir - a fim de angariar fundos para as províncias devastadas. Mas sobretudo visando a reforma do C lero e do púlpito francês. Os pregadores de enião estavam impregnados de um pedantismo contraproducente e estéril. Dentre os parti- • eipan1es das "Conferências das TerçasFciras.. saíram os mais aguerridos Bispos e Párocos que se opuseram ao jansenismo. Só cm vida do Fundador, pertenceram a essa associação mais de quarenta doutores da Sorbonne e da Navarra, sendo escolhidos dentre eles vinte e dois Bispos que haviam aderido àquela reforma providencial, Foi também o Apóstolo da Caridade quem logrou primCiro organizar duravelmente os seminários na França, segundo as determinações do concilio de · Trento. Seus missionários foram responsáveis pela direção de diversos seminários não só cm território francês como em todo o mundo. Já se dedicavam eles à evangelização do povo simples do campo, dos condenados às galés, à fundação das Confrarias da Caridade e à assistência às Damas e Filhas da Caridade. Em 1636, a pedido do Rei Luís XIII, seus missionârios acompanharam o exército francês ao front de batalha na qualidade de sacerdotes castrenses. Mais tarde, cm 1652. também as Filhas da Caridade imitariam esse exemplo, a pc· dido de Ana d'Áus1ria, participando dos horrores da guerra como enfermeiras coisa inédita até então - tendo a soberana mandado erigir um monumento a duas que sucumbiram ao tratar dos atin· gidos pela peste, no qual também inseriu o nome do Fundador. Mas o p apel mais importante do reformador do Clero na França começou a partir de 1643 quando, depois de ler bem preparado para a morte a· .Luis XIII, foi nomeado membro do Conselho para Assuntos Eelesiáslicos, ou Conselho de Consciência, arcando ao mesmo tempo com o ônus de dirigir espi .. ritualmente a Regente Ana d'Áustria, a pedido desta. Nos dez anos que ocupou o Conselho, foi ele "o salvaguarda. contra os j ansenistas. do dogma, da moral e "" disciplina" (José Herrera, C.M., op. eil., p. 26).

Integridade na Fê A ação do Conselheiro de Reis e Bispos contra o jansenismo encheria volumes. Amigo do Abade de Sain1-Cyran - · s6eio de Jânsênio na heresia e propulsionador dela - ludo para reconduzi-lo ao bom caminho. Quando constatou sua obstinação, cessou de procurá-lo (cfr. J . B. \Veiss, "His1ória Uni· versai", Tipograíia L3 Educaeión, Barcelona, 1930, 1. XI, p. 611). E quando a heresia começou a ganhar adeptos e a expandir-se, deu o alarme: "A heresia introduz divisão nas familias. cidades e nas univer$idodes. É um fogo que catla tlia aumenta em chamas, que torno coléricos os espíritos e ameaça a Igreja com uma desolação irrepardvel se não se lhe opõe imediato remétlio... Que não htweremo.r de fazer para apagar este fogo? Quem não se atirará sobre esse pequeno monstro que comer.a a fazer estragos na Igreja e que terminará por desolá-la se não se o afogar em seu nasc.imento?" (Carta a D. Pedro de Nivclle, Bispo de Luçqn, Seleción de Escritos, José Herrera, C.M., op. eil., pp, 843 e ss.). Para que o erro não contaminasse seus missionários, como penetrara no Oratório do Cardeal Bérulle, "mo111ou uma guarda vigilante e implacável... En· tre a verdade e o erro não admitia diillogos nem componendas. Os seus te· rlom que escolher'' (José Hcrrcra, C.M., Op. Cil., p. 561). A rcspeilo da mencionada a tuação de São V1cen1e cm prol da ortodoxia, eis a opinião do conhecido autor de História da Igreja, Rohrbaeher: ..Yimos esse benfeitor da França e da humanidade juntar aos seus outros méritos o de um verdadeiro doutor da Igreja. excitando os Bispos e os doutores a se reunirem e a se elevarem contra o heresia nascente, o persegui-la diante tio tribunal de São Pedro para que este lhe esmagasse a cabeça com seu bastão pastoral. (. . .) Vimos como, dóceis às inspirações de Vicente de Paulo. os doutores Cornet. Duval, Hallier e outros perseguiram a heresia até os p és do Juiz Supremo e lhe fizeram dar o golpe mortal" (op. eil., 1. 26, p. 151). Num terreno onde tantos outros varões virtuosos foram atingidos, pôde ele dar este testemunho: "Dou graças a Deus por ter-me conservado 110 integridade da fé em meio o um século que produziu tontos erros e opiniões escandalosas. e porque Deus me concedeu a graça de não aderir a nenhuma doutrina contrdria à da Igreja. De maneira que. apesar das ocasiões perigosas que se me

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hão apresentado paro desviar-me do ca. minho r'eto, por uma especial proteção de Deus, sempre me encontrei no parti• do da verdade"(cfr. Maynard, "Virludes e doutrina espiritual de São Vicente de Paulo'', e. 1. p. 2, apud José Hcrrcra, C. M., op. CÍI., P· 559). Para concluir acrescentemos o depoimento de um doutor da Sorbonne no Processó de Bea1iíicação do Santo: "Assim como Deus suscitou Santo Inácio de loyola contra Lut~ro e Calvino, suScitou o padre Vicente de Paulo co111ro o jansenismo" (Testemunho de Tiago Li· bcauchamp, apud Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cit., p. 256, nota 14).

Afervoramento dos Conventos Nada de importante, de grande ou de transcendental na França, no campo religioso, se fez na época de São Vicente de que ele não tenha participado direta ou indiretamente ...Um Santo nunca dei.ta tle aproveitar uma ocasião de acrescer o Reino de Deus. E São Vice111e era tlesta linhagem de Sa111os" (Pierre Coslc, ''Monsieur Vincent", t. Ili, p. 332, apud Pc. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cit., p. 287). Por isso trabalhou ele 1ambé01 em prol da reforma dos mosleiros femininos, interessando nisso a Rainha e mesmo apelando para a Santa Sé. Trabalhou para que neles fossem eleitas superioras virtuosas e competentes. Sob sua inspiração e inílu~ncia, rcformaram~sc inú· meras congregações femi ninas e surgiram várias outras na F rança. Já de comum acordo com São Francisco de Salese Santa Joana de Chantal, fôra ele escolhido para diretor do Mosteiro da Visitação fundado cm Paris. Após o falecimento do Bispo de Genebra. depôs em seu processo de beatificação. passando a dirigir espiritualmente Santa Joana de Chan1al. No dia da morte desta, 1eve uma visão da glória dos dois fundadores.

Companhia do Santlsslmo Sacramento São Vicente foi secundado praticamente em todas suas obras, quer cspi· rituais, quer temporais, pela misteriosa Sociedade do Santíssi mo Sacramento, fundada segundo alguns, pelo Marquês de Fénelon, segundo outros, pelo Duque de Ven1adour, Henri de Lcvi, composta de eclesiásticos e leigos eminentes, e que visava "abraçar. de modo omnlmodo. as obras de caridade e procurar o glória de Deus por todos os modos" (Pierre Coste, op. ci1., 1. Ili, p. 311, apud Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, op. cit., p. 341), Embora tal companhia tivesse um caráter secreto para o público, as autoridades civis tinham dela conhecimento, tendo a Santa Sé concedido a ela um Breve com indulgências. À companhia pertenceram São Vicente, Bérullc, Olicr, Condrcn, Bossue1 e grandes nomes da nobre1..a francesa. Sua ação discreta e eficiente sustentava o Fundador da Congregação da Missão e das Filhas da Caridade em quase Iodas suas obras, como também no combate aos vicios, aos duelos, à indecência no teatro, no cerceamento à ação dos hereges. no socorro aos Oa0 Cardeal Richeliau rejeita o plano da mover uma Cruuda contra a Inglaterra protestante, sugerido por Sl o Vicente

gelados de ~ucrra, no suslenlo dos Padres das Missões Estrangeiras nas Hébridas, Orcadas, China, Tonkin etc. (cfr. Pe. Jerônimo Ferreira de Castro, C.M., op. cil., p. 341}. · Um dos scús papéis mais importantes foi o de secundar São Vicente no Conselho de Consciência, mantendo-o continuamente informado a respeito do que sucedia no Reino, tanto no campo material quanto no espiritual, bem como sobre a orientação doutrinária e vida moral dos candidatos aos Bispados e demais cargos eclesiásticos (cfr. J. Cal: vcl, "San Vicente de Paul", Debedec, Ediciones Desclée de Brower, Buenos Aires, 1950, pp. 130 e ss.). O Barão Gaslon de Renly foi um dos membros mais destacados da Companhia do San!Íssimo Sacramento. Gcnlilhomcm normando, foi ele "das mais nobres inteligências e um dos corações mais ge11erosos de seu tempo, tão fecwulo em destacadas personalidades" (idem, ibidem, p. 150). Sob a direção de São Vicente de Paulo entregou-se ele inteiramente à boa causa, fundando a Associação de Nobres, versão masculina das Damas da Caridade, cujos membros recrutou entre a nobreza parisiense. Socorreu, durante a guerra, a nobtC"La empobrecida e envergonhada da Lorena, os católicos ingleses, irlandeses e escoceses. exilados na França. fugidos das guarras sanguinárias de Cromwell. '"Seu nome encontra-se mesclado a qua· se todos os grandes obras de seu tempo" (José Herrera, C.M., op. ci1., p. 348). Faleceu em odor de santidade, aos 43 anos de idade.

Pregador de Cruzada Quando se tratava da maior glória de Deus, nada detinha Viccotc. Assim, na época em que várias províncias estavam sendo dizimadas pela guerra, fome e peste, correu ele aos pés do poderoso Ministro, Cardeal Richclieu suplicandolhe que procurasse a paz. Como esta não era do interesse do Ministro, respondeulhe evazivamentc. Do mesmo modo. no aui;e da Fronda, foi ele â Corte pedir à Rainha que afastasse o Carde.ai Mazarino, pomo da discórdia geral. Como Ana d' Áustria suieriu-lhe que falasse ele inesmo com o Mmistro, São Vicente íêlo suplicando~lhe "que se jogasse ao mar para acalmar as ondas". Isto valeu-lhe. além do afas1amcn10 do Conselho de Consciência, outras represálias. Num oulro ·cpisódio podemos admirar a perspicácia e ousadia do "Pai dos AJli. 1os·. Apesar do iníquo tratado de aliança e não agressão mútua que a França manlinha com o Crescente, há muito tempo eram constantes as incursões dos mou· ros do norte da África às costas mediterrâneas européias, inclusive francesas. E inúmeros cativos eram levados para serem vendidos nos mercados de Tunis e de Argel. São Vicente mesmo, quando jovem sacerdote. viajando de Marselha a Bordéus por mar. foi aprisionado, per· manccendo por dois anos como escravo entre os seguidores de Mafoma (cfr. G. Lenôtre, "Monsieur Vince,11 en Barba~ rie", in "Héros d'Aventurtl". Bernarêl Grassct Edileur, Paris, 1957, pp. 34 e ss.). Isso levou-o, assim que foi erec1a sua Congregação. a pensar no envio de missionários para socorrer espiritual e m:uedalmcntc aqueles infelizes. Havia, entretanto, proibição sob pena de morte de entrar naquelas paragens para falar de outra religião que não fosse a muçulmana. O santo quis analisar os termos do citado tratado. nele descobrindo a faculdade que gozavam os cônsules de ter consigo sacerdotes da própria religião para atendimento dos seus. Escreveu então aos represen1an1es da França cm Tunis e Argel, suplicando· lhes que aceitassem como capelães dois ou três sacerdotes da Missão. Como, porém, os diplomatas depois de um cer10 tempo limitassem a ação dos padres por medo de represália dos turcos. o "Conselheiro de Reis e Bispos", com o auxílio da Duquesa d'Aiguillon, comprou esses cargos, nomeando para os mesmos dois n1issionários. E, como os islamitas procurassem pôr entraves à ação dos sacerdotes, o "Apóstolo da Caridade" trabalhou intensamente nos últimos dois anos de sua vida para organizar uma cruzada contra os mouros da África a fim de libertar todos os cristãos. Sua morte impediu a realização desse plano. Aliás, por ocasião da Revolução Inglesa, quando católicos brilâmcos e franceses propuseram tambfm ao santo mover uma cruzada contra a Inglaterra protestante, ele apoiou o plano e só não o levou avante porque Richclieu, não querendo romper com aquele país, opôs• se ao projeto.

Plinio Solimeo CATOLICISMO -

Setembro de 1982


No IV Congresso Eucarfstico Nacional. realizado em $Ao Paulo do 4 a 7 de setembro de 1942. comungaram nada menos que 625 mil pessoas.

Associando-se às co111emorações do â nqiientenârio. da Revoluçtio de 1932. "Catolicis1110" teve oportunidade de esta111par, em j ,mho p.p.. o text(j de u111 discurso prommciado durante a conflagração pelo então jovem líder católico Plínio Corrêa de Oliveira. Chegara,n a nossa Redação vârias repercussões de leitores. rej ubilandose con, essa publicação. e sugerindo que reproduzíssen1os com mais freqiiência textos e discursos antigos de nosso insigne colaborador. Neste 111ês, co111e111ora-se o 40. 0 aniversário do IV Congresso Eu carístico Nacional, realizado e111 São Paulo, de 4 a 7 de sete111bro de 1942. Pelo fervor, grande nti111ero dos participantes, brilho e esplendor-das sessões. pelo co1nparecünento oficial de representantes do Governo, esse Congresso pode ser visto <:01110 11111 nwrco histórico. Co,11 efeito, assinalou ele um dos âpices da influência do Movi111ento Católico. que vinlw nu111 crescendo desde /928. e que alcançara na Constituinte de /934 significativas vitórias sobre o n efasto laicismo de Estado. E111 1942. infeliz111ente.• fatores diversos jâ co1neçarm11 a agir nos ambientes católicos, de início velada111ente, depois con1 algu111a desenvoltura, e por fin1 . escancaratla,ne11te. Não é o caso de entrar aq11i na a11tílise do "'misterioso processo de autode111oli('ão'', utiliza11do-11os da expressão de Paulo VI, q11e pratica11u!nte destr11iu aquela magnífica realidade - o Movimento Católico brasileiro. Sobre suas r11í11as tenta-se agora ed/ficar 11 gigantesca n1tíq11ina de pressíío das Comunidades &:lesiais de Base. A propósito desse te111a. li111ita1110-11os a re111eter nossos leitores para 11 obra "Meio Século de Epopéia Antico111unis111". co111entada e111 nossa edição de junho de 1980 (11.• 354), onde poderão encontrar i,11porta11tes elementos históricos para tal anâlise. Para se ter 111110 idéia .tio extraortlinârio êxito do IV Congresso Eucarístico, considere-se que. 11111110 ddade que então tinha apenas 1.400.000 habitantes. co1n1111gara111 nada 1ne11os tio q11e 625 mil pessoas - / 15 n1il crianças 110 dia 5, 260 111il 11111/1,eres no dia seguinte, e 250 mil ho111e11s 1w madrugada do dia 7. Na terceira e ,í/ti11w sessão solene. realizada 110 Vale do Anhangaba,i na 11oite do dia 6, coube ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. então Presidente da Junta Arquidiocesana da A('ão Católica, pron1111ciar o disc11rso <la sa11dação às autoridades civis 11 .1nilitares. Os tópicos princip11i.,· des!'ll saudação. publicada no "Legionário" de 7-9-1942, te111os hoje a satisfação de apresentar a nossos leitores. Na presidência de honra da sessão estava o Núncio Apostólico e Lega<i1) Pontifício D. Bento Aloisi Masella. tendo à sua direita o Interventor Federal Fernando Costa. o qual representava o Presidente da República. Encontrava111-se presentes cerca <le 60 Arcebispos e Bispos. numeroso Clero, autoridades. representações de outros Estados e de alg11ns pai'.ses da A 111érica do Sul. além de i111enso ptiblico calculado e111 mais de 500 mil pessoas. afora as que acornpanhava,n as ceri,nônias pelo râdio.

e

santamente silenciosa, da adoração. Entre1a nto, ordena a sagrada au1oridade do Ex mo. Revmo. Sr. Arcebispo Metropoliiano que as nossas atenções se desviem por i1lguns minut os da Custódia Sagrada, e, cessados por instantes os louvores eu carís1icos, se faça uma saudação ao Chefe da Nação. e demais representantes do poder temporal aqui presentes. E fez bem. Não são apenas aqueles que dizem "Senhor, Senhor" que têm o reino de Deus, mas ainda os que ouvem a vontade de Deus e a cumprem. E é tão velho quanto o Catolicismo o preceilo da obediência sobrenaturalmentc respeitosa e filial, aqueles que têm o poder e o encargo de reger os interesses temporais da Crisiandade.

vidência reunir c m pleno coração de São Paulo, os elementos representativos de tudo quanto fomos e somos, de todas as glórias de nosso passado e de nossas melhores esperanças para o futuro, como uma afirmação brilhante dos altos e amorosos desígnios que tem sobre nós. Aqui está a Santa Igreja Católica. Em outros termos aqui está a própria alma do Brasil. Aqui estão sob a augusta presidência do Legado Pontifício aquele Episcopado e aquele Clero que desde os nossos primeiros dias. ministrando os Sacramentos, e ensinando a palavra de Deus, conservaram o Brasil verdadeiramente brasileiro. conservando-o fundamentalmente · católico. Há quanto tempo. a conjuração de to-

Saudação às autoridades civis e m ilitares

ONTEMPLANOO por vários d ias os esplendores desta cena que hoje se desenrola pela úl1ima vez diante de vossos olhos como dian1e dos olhos deslumbrados de nossa piedade. e pensando por certo nas emoções que sentiria o coração paternal do Sumo Pontífice se aqui es1ivesse, é possível que por uma natural associação de idéias vossa imaginação, agilmente conduzida pelas saudades através dos salões do Va1ica no, tivesse estabelecido uma analogia entre a imortal obra-prima de Rafael. na Stan1,a della Segnatura, cm que o grande pinlor figurou a "Disputa do Santíssimo Sacramento", e o quadro esplêndido que, não cm pin1ura, nem em imaginação, mas cm realidade e vida, agora se contempla neste local. O certo é que a analogia é frisante. E as diferenças de personagens passam quase despercebidas an-

'Tempo houve em que a História do mundo se p ôde intitular "Gesta Dei per Francos". Dia virá em que se escreverá ," Gesta Dei per Brasilienses" (A s ações de Deus pelos brasileiros)' te a identidade de ato mís1ico e sobrenatural que naquela pin1ura e nesta hora de glória e de vida se celebra. Figurou Rafael uma larga esplanada de mármore tendo ao fundo um panorama risonho da Itália, e ao centro sobre alguns degraus, um altar com a Sagrada Eucaristia. De um e de outro lado, em afciuosa e animada porfia, os maiores polentaCATOLICISMO -

dos da Cristandade, Papas, imperadores. reis, cardeais e doutores, contendem entre si, louvando cada qual o Diviníssimo Sacramento segundo toda a medida de seu fervor. Pairando sobre nuvens, as figuras mais excelsas da Igreja Gloriosa, no Antigo e Novo Tesiamento, coros inumeráveis de Anjos, o próprio Padre Eterno. e o Espírito Paráclito riguram de forma a atribuir o lugar central ao Divino Redentor. E a glorificação do Sacra mento do amor por todos os filhos de Deus, isto é, por todos aqueles que souberam ou- , vir o apelo austero e divinamente suave das bem-aventuranças. . Que impo rta que as figuras terrenas que aqui temos não seja m as mesmas que as da Stanza dclla Signatura? É sempre a mesma Igreja de Deus, é o mesmo o Sacramento que adoramos, e no mais alto dos Céus, são o Pad rc, o Filho e o Espírito Santo , a Rainha do Céu, as incontáveis multidões angélicas, os mártires, as virgens, os confessores e os doutores que nos contemplam. E como os atos d e piedade praticados pelos fiéis sob o bafejo do Espírito Santo valem inliniiamente mais do que a melhor das obrns de arte produzidas pelo engenho humano, força é reconhecer que há algo de mais e infinitamente mais precioso do que o inestimável quadro de Rafael que aqui temos. Estes grandes dias que estão prestes a se escoar foram luminosos instantes d e Tabor na história brasileira. E se no Tabor o tempo correu tão rápido que os apóstolos entenderam só poder apreciar plenamente suas delícias ali lixando morada, mandaria a lógica que também aqui aproveitássemos avidamente os minutos na tarefa

Setembro de 1982

O jovem llder católico Plinio Corrêa de Oliveira pronuncia seu inspirado discurso. perante 600 mil pessoas reunidas no vale do Anhangabaú. centro de $lo Paulo.

Permita pois, Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Legado Pontifício que as homenagens e as saudações de toda esta multidão subam agora , até aqueles que, encarnando a autoridade naiural do Estado , aqui representam a venerável soberania do poder temporal e, com ela o próprio Brasil. Exmo. Sr. Or. Fernando Costa . O.O. Interventor Federal; Exmo. Sr. General Maurício Cardoso, O.O. Comandante da li Região Militar; Exmos. Srs. Presidente do Departamento' Administrativo e Secretários do Governo; Exmo. Sr. Prefeito Municipal. Não seria preciso que ouvísseis estas palavras, p31ra que notásseis que, no curso Jª q uatro vezes secular, da história do Brasil.jamais se reuniu assembléia mais solene e ilustre que esta. No momento cm que a vida nacional caminha para rumos definitivos, quis a Oivina Pro-

dos os meios de descristianização, desde os mais poderosos às mais sutis, se estabeleceu nesta terra de Santa Cruz, a fim de arrancá-la ao regaço da Igreja. Mas enquanto quase tud o o que no sent ido humano da palavra pode chamar-se glória, poder, riquc1.as, se mobilizou no sentido de assim cometer esse estranho e tenebroso crime de matar a fogo lento a alma de um país inteiro - e nquanto isto a Igreja estava vigitante, e, depois de perto de 40 anos de um agnosticismo desdenhoso e de uma luta insana, de norte a sul do país soprava uma verdadeira primavera, e o renascimento religioso provocava a estruturação de um apostolado tão vigoroso e tão coeso, tão sedento de ortodoxia de doutrina e pureza de vida que, hoje já o podemos afirmar, o movimento dos leigos católicos, coesos e disciplinados, militantes e valorosos, já constitui por si uma •

vitória de imensas conseqüências e um penhor de que a Providência nos est~ armando para triunfos ainda maiores. Os aplausos que neste momento chegam até vós, são o eco do apoio que em todos os tempos a Igreja sempre tributou aos detentores da autoridade temporal. A magnífica cena que tendes diante dos olhos, está longe de ser inédita nos fastos da Cristandade. Ela não tira seu valor do fato de ser uma novidade sensaciona l, mas, pelo contrário, da extraordinária con·

tinuidade com que se tem repetido. Às margens do Jordão como do Nilo, à sombra das colunatas clássicas de Atenas como nos esplendores da grande metrópole de Cartago, no fastígio do poder da Idade Média como nas lutas tormentosas contra o proto-totalitarismo josefista ou pombalino, sempre que assembléias como esta se têm reunido, a Igreja repete ao Poder Temporal, com uma constância e uma uniformidade impressionante, a mesma mensagem de paz e aliança, em que para si reserva tão somente o reino do espiritual, ciosa de respeitar a plena soberania do Poder Temporal em todos os outros terrenos, dele pedindo tão somente que ajuste suas atividades aos preceitos evangélicos, ou seja, aos princípios <1ue constituem o fundamento da civilização cristã ca- . tólica. Essa mensagem é eco fiel do divino preceito: "Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus". Pelos aplausos dessa multidão, a vossos ouvidos chega agora esse eco, poderosa afirmação de princípios que as vicissitudes dos tempos, em todas as épocas, não puderam aluir. Católicos, não somos nem podemos ser partidários da doutrina da soberania popu lar. e por isto mesmo recusamo-nos a ver a augusta autoridade do Poder Temporal firmada sobre a areia movediça entre todas, da popularidade. Ela se era va na rocha firme de nossas consciências cristãs, e faz, de nossa submissão e de nossos : propósitos de ardente colaboração convosco nas sendas da civilização cristã, e na realização da grandeza da Terra de Santa Cruz, um fundamento inabalável que as tempestades da adversidade contra as quais ninguém está garantido - jamais poderão destruir. Contra os inimigos da Pátria que estremecemos, e de Cristo que adoramos, os católicos brasileiros saberão mostrar sempre uma invencível resistência. Loucos e temerários! Mais fácil vos s.eria arrancar de nosso céu o Cruzeiro do Sul, do que arrancar a soberania e a Fé a um povo fiel a Cristo, e que colocará sempre seu mais forte anseio, fará consistir sempre seu mais alto titulo de ufania cm uma adesão lilialmente obediente e entusiasticamente vigorosa à Cátedra de São Pedro. Mas esta saudação por demais longa não seria completa se não lhe acrescentássemos uma última palavra. Ê próerio do feitio que Deus deu ao brasileiro, que a suavidade de um ambiente de família impregne todos os atos de nossa vida, e perfume sem os deslustrar até mesmo os mais solenes. A despeito dos esplendores desta noite, estamos pois em família, e o ambiente é propicio para que se desatem cm confidências as esperanças que abr-igamos em nós. Produto da cultura latina valorizada e como que transubstanciada (continua 11a página 6) _.,. ..~

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CEBs: POTÊNCIA POJ A SERVI O DE UMA está pormenorizadamente descrito no novo livro que a TFP acaba de lançar, As CEBs... das quais ,nuito se fala, pouco se conhece - A TFP OPINIÃO nacional observa ca- as descreve como são. da vez mais desconcertada a As diretrizes doutrinárias e de ação emanadas da Conferência Napresença atuante de elementos ligados à Igreja - ou da própria cional dos Bispos do Brasil Igreja, e inclusive Autoridades ecle- CNBB - são captadas e diligensiásticas - em manifestações públi- temente postas em prática por uma cas de-toda ordem que discrepam da organização multifacetada e que se tarefa especifica que os fiéis cató- apresenta sob várias denominações, licos estavam acostumados a vê-la mas cujo apelativo genérico é Codesempenhar, e que sempre enten- munidades Eclesiais de Base deram ser a sua missão s'agrada. CEBs. Não só os pronunciamentos e Por trás das tropelias e agitações atitudes isoladas de muitos Bispos acima referidas, encontram-se semou Padres, sobre os grandes pro- pre as CEBs - ou elementos inequiblemas nacionais, como também vocamente ligados às CEBs - sem Documentos aprovados nas Assem- cuja participação tais manifestações bléias Gerais do Ep iscopado em ltai- não teriam condições de se realizar. Nenhum tema, pois, é mais oporci ou emanados da cúpula dirigénte da CN BB, especialmente nos últimos tem- tuno. para o público brasileiro, nepos, em vez de preconizarem a harmo- nhum é mais importante para a solu· nia social e a salvaguarda da ordem ção dos graves e prementes problepública, propugnam exatamente o mas nacionais do guc elucidar o que contrário, isto é, a dilaceração do são as CEBs, o que há por trás das convívio harmônico entre as classes CEBs, e quais são as metas que elas sociais e a derrubada da atual o r- visam implantar no Brasil de hoje. dem existente no Pais. E o fazem no Brasil de agora. Nenhum tema, não cm termos velados e ambíguos, portanto, mais urgente! mas em propostas claras e inequíA afirmação não é excessiva. A vocas, como, por exemplo, o d o- preocupação prévia de um médico c umento Solo urbano e ação pas- que vai tratar de uma ferida, é evitoral, aprovado pela Assembléia de tar que ela infeccione. Pois. do conltaici, de fevereiro deste ano, o qual trário, além da ferida, teria que tradiz rotundamente: ·· Recusar-se ao tar da infecção, muito mais grave. trabalho por essas refonnas. capaOra, como é sabido, a tática dos zes tle conduzir a rnna 1nuda11ça comunistas e de seus solícitos "comglobttl da sociedade. significa. na panheiros de viagem" consiste 'jusprática, provocar a radicalização do tamente cm infeccionar as chagas do processo de 1n11dança. ... . Pará eli- corpo social, para que estas não 1ninar a si1t1ação de injustiça esrru· cicatrizem, e assim constituam o éa Itural. i111porta visar a 11ovos modelos do de cu ltura onde proliferarão o de organização da cidade, o que descontentamento e a agitação, atraexige. por sua vez. rnudo11ça do nu,. vés dos quais se poderá chegar à de/o sócio-político-e,·onônúco vi- derrubada das instituições e à "1nudti11ça global da sociedtJde·· que pregente" (doe. cit., n. 0 116). conizam. A CNBB propugna. portanto, uma ",nudanço global da sociedaNada, portanto, mais oportuno. de", que se não for feita por bem, importante e urgente do que proisto é, p_or um processo legal, será mover a assepsia do corpo social feita por mal ; isto é. as massas ra- brasileiro, circunscrevendo essa caudicalizadas "virarão a mesa". sa virulenta de infecção que são as Não é de admirar, pois. que Con11111idade.1· E<:lesiais de Base. diante de um posicionamento tão Tal o objetivo do novo livro da claro como esse e o utros do órgão de TFP, que a partir dos últimos dias cúpula do Episcopado nacional, os de agosto vem sendo divulgado, com elementos de base da Igreja - Sa- grande aceitação por parte do públí· cerdotes e leigos - ajam em con- co, pelos jovens propagandistas da seqüência. entidade. Multiplicam-se assim as invasões de propriedades rurais e urbanas Metas, organização, (várias delas com atos de violência, doutrina e ação depredações e até mortes), sob a instigação e mesmo com a particiA obra consta de duas partes. Na pação de elementos estreitamente li- primeira. o Prof. Plínio Corrêa de gados à Igreja. quando não mem- Oliveira, Presidente do Conselho brôs do próprio Clero. Greves de- Nacional da TFP, apresenta As meclaradas ilegais pela autoridade tas das CEBs 110 contexto bra.1·ileiro competente tiveram o apoio osten- (título dado a essa parte do traConscionti:ia· da, uma orado• ra das CEBs dis-

semina om tor• no de si a cons-

c ient itação.Manifestação do M ovimento

Contra a Cares· tia em São Pau-

lo. em 1978.

sivo de altas Autoridades eclesiásticas, que cederam gostosamente não só o adro das Igrejas mas o próprio inte rior dos ed ifícios sagrados para a realização de assembléias grevistas, nas quais não faltaram os punhos cerrados característicos da saudação comunista ... Todo este panorama extremamente confrangcdot para o coração católico - diante do qual não cabe fechar os olhos e voltar a cabeça 4

balho). A Parte 11, intitulada Gênese. organização. doutrina e ação das CEBs, foi escrita pelos sócios da TFP, Srs. Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimco. O conjunto forma um volume de 250 páginas, abundantemente ilustrado com fotos. desenhos e vinhetas, que se folheia como se fosse um álbum. Apesar da gravidade do assunto abordado, o texto é va1,ado em termos claros e acessíveis, cons-

tituindo uma leitura leve a atraente, que prende o leitor - a ponto de terem sido vários os casos que chegaram a nosso conhecimento, de pessoas que o leram de uma enfiada ...

O livro que começa assim a abrir caminho na História de nosso País, procura levantar o ânimo dos que se sentem deprimidos com a investida aparentemente avassaladora do esquerdismo. No momento, os esquerdistas brasileiros parecem depositar espe· ranças especial numa vitória no pleito de novembro. que lhes permita

Vários fatores concorrem para criar o mencionado estado de espírito. Estudos de História sumários, feitos no curso secundário, criaram nessas elites a falsa evidência de que uma ordem de coisas nova nasceu com a Revolução Francesa. modelada segundo a trilogia liber1é Egalité - Fraternité, a qual se expande irreversivelmente, levand o de roldão todas as idéias e instituições do mundo antigo. A Revolução Russa de 19 17 representou uma aplicação ainda mais radical da célebre trilogia da Revolução Francesa, pois _çnquanto esta a pôs cm prática sobretudo no campo político (abolição da realeza e da nobreza) e apenas a meias no campo social, o comunis· mo vitorioso atirou-se por inteiro no

de que a catástrofe não ocorrerá. O novo livro da TFP procura romper essa visualização contraditória, mostrando que o perigo do comunismo é sem dúvida real, mas é a inércia das elites que ·sobretudo torna grande esse perigo. Se as elites naciQnais articularem-se em torno de seus chefes naturais com o objetivo de cortar o passo ao adversário, a ameaça do comu nismo reíluirá para proporções mínimas. O livro da TFP é pois um brado de alerta patriótico e cristão que, se for ouvido, poderá mais uma vez mudar os rumos de nosso País, mantendo-o nas sacrossantas vias da civilização cristã e habilitando-o a c umprir a luminosa missão que o aguarda no sécu lo XX 1.

1 As CEBs atingem setores refraulrios à pregaç_ão comunista direta: pacatos chefes de familia. tranqüilas donas-de-casa. ordeiros trabalh~doros. - Conce':'tração de 1.0 de maio de 1978. no Colégio Santa Maria (São Paulo): não feltaram os punhos cerrados.

conhecido gesto comunista~

alcançar o poder e derrocar a acuai ordem de coisas, abalando a fundo o regime de propriedade privada e liberdades individuais vigente, e avançando resolu tamente rumo a um regime coletivis1a. Terá esse livro da TFP o condão de evitar um tenebroso desfecho, como várias obras anteriores do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que levantaram barreiras inesperadas à marcha do esquerdismo e do progressismo, e assim mudaram o rumo de nossa História'/ - Qui vivra verra!

Desalento e otimismo das elites A Parte I do livro, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira a dedica especialmente às elites nacionais que se vão deixando tragar ind olentemente pelo processo de esqucrd ização, sem oferecer a ele a resis_tência que os superiores interesses do País - e o próprio interesse pessoal e familiar deles - pede. O estado de espírito de tais elites é curiosamente contraditório: ora embaladas pelo otimismo de que "nada a_contccerá", ora desalentadas pela impressão de que o avanço do comunismo é incontcnívcl. As reivindicações promovidas ou encaminhadas polas CE8s são con, dutidas de modo a criar um clima de dos• contentamento e tensão. - Concentração diante da Secretaria do Saúde do Es-

tado de S. Paulo

campo sócio-econômico. extinguindo virtualmente a família. abolindo a propriedade e implantando a ditadura do proletariado. Assim. para incontáveis de nossos contemporâneos; a vitória do comunismo no mundo de hoje pareceria 1ão inevitável quanto a da Revolução Francesa nos séculos XVIII e XIX. Essa visuali,_ação, resultante de concepções históricas nas quais se amalgamam verdades triviais e erros chocantes, é corroborada pela ação dos meios de comunicação social. Estes no1iciam as agitações sociais promovidas no Brasil, principal ou exclusivamente pela "esquerda católica", como o fruto de uma maré montante da indignação popular. Mas, de outro lado. tal agitação esquerdista 1ão noticiada, poucos a notam no âmbito concreto de sua vida diária. A agitação parece, desse modo, mais um fantasma do que uma realidade. Tanto mais q ua nto os noticiários de imprensa mal conseguem disfarçar o pequeno número de participantes das manifestações de rua a que essa agitação tem dado luga r. Forma -se. assim, o duplo estado de ânimo das elites, ora desalentado e pessimista, ora otimista e seguro

Ante as acusações, silêncio da CNBB O grave panorama até aqui descrito pede provas. Como afirmar que a CNBB - o órgão máximo do Episcopado Nacional - se mostra engajado numa reforma global de nossa sociedade que, cm última análise, representa a virtual introdução do comunismo no País? E, ademais, lança mão, para isto, das Comunidades Eclesiais de Base, que congre~am em nome da Religião os fiéis mais chegados à Igreja? E isto possível? Será possível que a Igreja esteja numa situação tão dolorosa? O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira lembra, antes de mais nada, que este não é o primeiro livro cm que aborda o assu nto. Já cm 1943, quando escreveu t.in defesa da ação Católica, denunciou a penetração insidiosa do progressismo e do esqu~rdismo nos meios católicos brasileiros. e ntão em seus primórdios. Desde essa época, numerosos livros, artigos, manifestos, cartas abertas. abaixo-assinados, interpelações todos eles com divulgação imensa nos jornais ou através de venda pública cm todo o território nacional pelas caravanas da TFP - vêm apontando documentadamente esse doloroso tropismo que afasta tantos e tão qualificados representantes da Igreja de sua sublime missão. Ainda no último livro, Sou ct1tólico: posso ser contra a Reforma Agrária? (Ed itora Vera Cruz, São Pau lo, 360 pp.), o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira analisou ponto por ponto o documento Igreja e problemas da terra, emanado da 18.• Assembléia Gc;,al do Episcopado, em fevereiro de 1980, demonstrando a inspiração marxista que transuda do documento. Em que pese a gravidade da impugnação, e o cerrado da argumentação, o livro não foi contestado por ninguém, dentro ou fora

CATOLICISMO -

Setembro de 1982


LÍTICA EMERGENTE CRUZADA . SEM CRUZ do~ quadros da CNBB. Entretanto, dele escoaram quatro edições. num total de 29 mil exemplares, espalhados por todos os recantos do Brasil. Silenciando, pois, sobre uma impugnação pública feita em termos doutrinários elevados e com a reverência devida a hierarcas da Igreja, a CNBB reconhece implicitamente que suas metas são as que se lhe imputam. Metas essas que provocaram o reiterado júbilo dos repre· sentantes máx imos do Partido Co. monista do Brasil, Luiz Carlos Prestes e Giocondo Dias, os quais, ape· sar de brigados entre si, concordam em afirmar que a Igreja - leia-se a CNBB... - é a maior aliada do comunismo em nossa Pátria (cfr.

estendeu por cinco anos, traçaram o quadro geral das Comunidades Eclesiais de Base, como elas existem e se expandem no Brasil, em 1982. O estudo pormenorizado e documentado ocupa nada menos do que 700 páginas datilografadas. Nestas condições, porém, fugia à exequibilidade editorial de uma divul· gação em larga escala. Assim, atendendo a novo pedido do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, os dois irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimco condensaram seu estudo em uma centena e meia de páginas, que tornasse a sua publicação exeqüível do ponto de vista editorial. É esse estudo que ora é publicado, juntamente com uma pertinente análise do Prof. Pli-

insuspeita, pois procedem ou de pessoas diretamente ligadas às CEBs, ou de elementos simpáticos às mesmas. Seria supéríluo dizer quanto a grande imprensa franqueia suas págjnas para a divulgação desse movimento. A relação dessa bibliografia consta também do livro pequeno.

Estrutura das CEBs As Comunidades Eclesiais de Base - CEBs - são pequenos grupos organizados po.r iniciativa do Clero ou de agentes pastorais, em torno de paróquias ou capelas. Agente de pastoral ou simplesmente axente pastoral é uma denominação relativamente recente que

do bem feito, a coloca acima da Freira e da mãe de família! Tomamos aqui um pequeno contacto com a estranha doutrina que circula nas CEBs, e das quais tratarse-á adiante. Cada CEB tem 10, -JO, 50 membros, ou até mais, como ocorre cm cidades do Interior e na zona rural. Quando muito grande, a CEB costuma ser dividida em grupos menores, conhecidos por "grupos de base", "grupos de oração", "grupos de renexão", "círculos bíblicos" e ainda outras denominações muito variadas. - Q_ual o número tot;il de CEBs no Brasil? Quantas pessoas militam no movimento? Não há dados oficiais, mas as estimativas veiculadas pela imprensa religiosa ou leiga variam de 80 a 90 e mesmo 100 mil CEBs, totalizando um contingente de 2 a 2,5 milhões de pessoas "conscientizadas". Há quem fale em 4 milhões de membros, mas esse número constitui evidente exagero. Quaisquer que sejam os números exatos. o certo é que as CEBs representam um contingente ponderável de pessoas, minoritário, sem dúvida, cm face da população total do País, e pequeno para os objetivos visados, mas cm todo caso suficientemente grande para promover uma-agitação que permita à CNBB e a certos setores políticos e da Imprensa apresentá-las como uma força irresistível, ante a qua l é preciso ceder. Tal é, pois, o instrumento precioso de que dispõe a CNBB para alcançar as suas metas.

Doutrina ruma para socialismo autogestionãrio Qual a doutrina que move as

A votação dos documentos debatidos nas Assembléias da CNBB é feita. item por item. mediante o levantamento de cartões verdes {aprovação), amarelos {aprovação com emendas) ou vermelhos (rejeição). Segundo O. Alberto Gaudêncio Ramos. Arcebispo de Belám do Pará, na pressa que caracteri~a o final das Assembléias. na tendência é para aprovar tudo o que apareça".

Sou cat6/ico: posso ser contra a Reforma Agrária?, pp. 95-96). Estas afirmações estarreccdoras foram. aliás, molcmcntc contestadas e m alguns insignificantes pronunciamentos .episcopais, quando merece riam - se não fossem verdadeiras autênticos brados de indignação.

S6lida documentação Bem definidas. assim, as metas da CNBB, restava provar que as CEBs são o instrumento de que o órgão máximo do Episcopado nacional se serve para alcançar as referidas metas. Tal é o objetivo específico da nova obra lançada pela TFP. Dois competentes e dedicados sócios da entidade. Srs. Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimco, foram incumbidos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira de analisar toda a documentação disponível sobre as CEBs, e depois de um paciente e laborioso estudo que se

CATOLICISMO -

nio Corrêa de Oliveira, do panorama naciónal cm que a ação das CEBs se insere. Lançado o livro pequeno (258 páginas), a Editora Vera Cruz apresta-se agora a imprimir o livro grande - o .. volumão", para os íntimos no qual todos os fatos aparecem cm seu desdobramento completo, com a correspondente documentação inteiramente especificada. O leitor interessado em aprofundar seus conhecimentos sobre as Comunidades Eclesiais de Base está convidado a adquirir o volume As CEBs... das quais mui10 se fala , pouco se conhece - A TFP as descreve como são - Come111ários e documentação 1otais. Sobretudo estão convidados a tal aqueles dos leitores que quiserem impugnar as apreciações e conclusões do presente livro ... A documentação compulsada, que não haveria exagero cm ser chamada de monumental, compreende livros, folhetos, jornais, revistas e folículas de toda ordem, de fonte

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abrange, em sentido amplo, todos aqueles que se dedicam às atividades pastorais da Igreja, sejam Bispos, Padres, Irmãos, Freiras, seminaristas ou simples leigos . Em sentido estrito, a expressão agente pasroral designa os "leigos engajados", dç ambos os sexos, especialmente treinados em Institutos de Pastoral, ou outros, para o trabalho de "conscient i1.ação" dos fiéis católicos. Isto é, para que estes "tomem consciência" das "injustiças" da atual ordem de coisas. se rebelem contra elas, e promovam a derrubada das instituições. De modo geral, as CEBs reúnem pessoas das mesmas condições sociais e econômicas. Na periferia urbana são, na maioria, donas-de- casa, operários, pequenos funcionários, empregados do comércio, um ou outro pequeno comerciante, alguma professora, e aposentados; na zona rural, são assalariado~, "posseiros", parceiros ou ,arrendatários, pequenos proprietários, e seus fa. miliares. As CEBs organizam-se, cm geral, segundo um critério geográfico: membros de uma família, vizinhos, moradores da mesma rua ou bairro, freqüentadores da mesma paróquia ou capela. As vezes, porém, agrupam-se por categorias de idade, social ou profissional: grupos de jovens, empregadas domésticas. lavadeiras, soldados, favelados, presidiários e até ... prostitutas! Aliás, o conceito em que estas últimas são tidas ·nas CEBs difere muito da opinião geral, formada segundo o senso moral católico. Para D. José Maria Pires, Arcebispo da Paraiba, e destacado prócer das CEBs, a prostituição pode ser entendida como uma vida consagrada ao serviço da comunidade, maneira excelente de consagração a Deus. Por isso. para o conhecido Arcebispo da Paraiba, o "holocausto" da prostituta, quan-

CEBs e as leva a investirem contra a atua l ordem·? Atraídos para as CEBs.pcla motivação religiosa, seus membros são persuadidos pelos agcQtes de pastoral de que a doutrina da Igreja em matéria socia l - e, <onseqüentemcntc, a atuação da Igreja em face das situações sócio-econômicas contemporâneas - mudou. A Conferência do Episcopado Latino-Americano realizada cm Medellin (Colômbia, 1968) deu alento a

uma doutrina, explicitada depois pelos teólogos Gustavo Gutiérrez e Hugo Assmann , conhecida como Teologia da Liber1ação. Segundo a doutrina acima aludida, a Conferência de Mcdellin, e depois a de Puebla, cm 1979, denun· ciaram uma "realidade" na América Latina que deve ser vista como uma ~·ituação de pecado, de opressão e de injustiça estrutural. Assim a Igreja não deve manter o statu., quo atual,

Uma enquete efetuada em fins de setem· b'ró pelos doia principais institutos fran-

ceses de P<)squisa de opinilo - SOFRES e IFOP - indica quê Mitterrand perdeu o

apoio da maioria da populaçlo. Para tal fracasso certamente concorreu., de modo ponderável, a M ensagem das 13 Tf Ps contra o socialismo autogostionério. Compreende-se. pois. que o presidente socialista francês esteja perplexo. como mostra a foto.

• corrigindo-o apenas no necessário, pois desse modo ela continuaria a pregar uma "religião alienante". Pelo contrário, ela deve ser revolucionária, pregando uma religião libertadora, cuja meta específica é, na prática, a derrocada do·s1a1us quo atual. Vê-se assim a grande afinidade que existe entre o pcn~amento sócioeconômico .existente entre as CEBs e as correntes socialistas ou comunistas. Diferencia-as apenas a natureza das respectivas motivações filosóficas ou religiosas. Os membros das CEBs deduzem da Religião (reinterpretada pela Teologia da Libertação) as conclusões sócio-econômicas que o PC e o PS deduzem da irreligião. Esta fundamentação religiosa confere às CEBs caractcristicas próprias e vantagens específicas, que a revolução atéia não possui. Assim, as CEBs têm uma possibilidade de êxito, pelo menos a longo prazo, que Lênin não teve. Com efeito, esse fez vencer uma revolução atéia, porém não conseguiu matar a Religião, nem incutir na alma popular verdadeira apetência pelo regime êoletivista. Pelo contrário. as CEBs fazem uma revolução em nome da Religião, e trabalham para a vitória de um laicismo (ou seja, de uma forma de ateísmo), pregado pela Teologia da Libertação. Qual o regime concreto que as CEBs, dócil instrumento nas mãos da CNBB, preconizam para o Brasil? - Ao lado de críticas sem rebuços do regime capitalista, circulam entre elas censuras limitadas e comedidas ao comunismo vi[(ente na Rússia. A análise da doutrina corrente nas CEBs indica que suas preferências caminham na direção de um socialismo autogestionário, fal-

samente apresentado como um meio termo entre o comunismo e o capitalismo. Como bem demonstrou a Mensagem do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário francês - divulgada pelas treze TFPs em todo o mundo - tal sistema não constitui uma barreira para o comunismo, mas é uma cabeça-de-ponte para ele. Mais-

(continua na página 6) --1111~ 5


CEBs: potência política...

ainda, a autogestão é a m~ta última dos utopistas do marxismo dito científico. Máxima e suprema coincidência entre as CEBs, o PS e o PC. Segundo tal concepção, o poder não deve residir no Estado, mas em corpúsculos nos quais este se esfar"1e, autogeridos pelos seus com{>Onentes, em todos os setores da vida humana: famflia, escola, trabalho, lazer, Igreja etc. ~ a anarquia, tomada em seu sentido etimológico (ausência de autoridade), imaginada como possível não sé sabe por que transformação da própria natureza do homem! Para lá nos encaminham as Comunidades Ec)esiais de Base. E, por trás e por eima delas, a CNBB.

CEBs e guerra pslcol6glca revoluclonãrla Descritas assim as CEBs nos elementos que as constituem, na sua doutrina e nas suas metas, resta dizer algo sobre a natureza da ação que desenvolvem. Fundamentalmente, a revolução que as CEBs promovem constitui uma guerra psicológica revolucionária movida contra as elites do Pàfs. A guerra psicológica pode ser muito sumariamente definida como um conjunto de operações psicológicas destinadas a atuar sobre o ânimo do adversário, de sorte a levá-lo à capitulação antes mesmo que qualquer opera-ção o tenha derrotado pela força. A existência da guerra psicológica é reconhecida tanto por especialistas do Ocidente, como por comunistas, os quais salientam sua importância a ponto de dizer que, em muitos casos, as Forças Armadas servem apenas para ocupar o terri-

tório conquistado pela ação psicológica. O papel esperado da forte e ágil engrenagem das CEBs não consiste em conquistar toda a massa que, dado o vulto da população brasileira - 120 milhões· de habitantes - seria p.o r demais longo influenciar. Basta que essa engrenagem conquiste, um pouco por toda parte, alguns segmentos da massa, ainda que minoritá~ios, para que a guerra psicológica revolucionária tenha êxito. Com efeito, bem adestrados, os componentes destes segmentos podem dar aos olhos do grande público - por meio de manifestações de massa, de operações de sabotagem e de violência de várias ordens etc. - a impressão de que toda a massa operária está convulsionada. Reforçada essa impressão pelo noticiário sensacionalista de tantos meios de comunicação social, as elites indolentes se sentirão propensas a concessões ditas prudentes, e por fim à capitulação. Tal o sentido mais profundo das agitações de que têm sido protagonistas as CEBs.

Teologia da Libertação Segundo a Teologia da Libertação, cumpre à Igreja libertar as massas da situação injusta em que se encontram. Para isto as CEBs as "conscientizam", isto é, lhes dão consciência de que sofrem injustiças, lhes incutem desejos de libertar-se destas e as aglutinam de modo a poderem operar a libertação que almejam. Mas esta libertação, segundo as CEBs, só pode decorrer de leis que reformem as atuais estruturas sócio-econômicas. E como as leis só podem ser mudadas pelo concurso dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o modo legal de

que dispõem as CEBs para tomar efetiva a desejada libertação consiste em contar com legisladores federais, estaduais e municipais que adotem o programa delas. Ora, como as CEBs se beneficiam do apoio, do fomento e do prestígio da CNBB, tudo parece indicar ao nosso Pafs a ltamente cató· lico, que as CEBs são a própria Igreja em ação na política. E no momento em que os partidos políticos legais e ilegais deixam ver sempre mais a exiguidade de sua estatura e de seu sopro vital, as CEBs vão sendo vistas por crescente número de brasileiros como a potência eleitoral emergente, que no grande prélio e leitoral deste ano dará rumo aos destinos do Brasil.

Imprecisões do triplice "sentire" Para se avaliar o alcance desta constatação, é preciso levar em cons ideração que a ação normal do C lero vai muito além dos simpáticos núcleos de fe rvorosos, de si mais abertos à influência da Igreja. Por meio de sermões, da confissão, das múltiplas relações pessoais a que o exercício do Sacerdócio dá lugar, é-lhe possível influenciar uma quantidade indefinida de pessoas. Em todo esse público. muitas pessoas M que, mais fervorosas ou menos, devido a uma deficiente formação religiosa, atribuem aos dogmas do Primado do Romano Pontífice e da Infalibilidade Papal uma extensão que de fato eles não têm: a máxima santa "se111ire cum Roma110 Po111ifice" é s implisticamente transposta para todo e qualquer ato pessoal do Papa; e daí para os escalões seguintes: "se11tire cu111 Episcopo". "se11tire cum Paroc/ro". "Se111ire" até com o sacristão, disse certa vez alguém ... Pode0 se compreender facilmente a que espantosas conseqüências con-

No IV Congresso Eucarístico ...

pela influência sobrenatural da Igreja. a alma brasileira resulta da transplantação. para novos climas e novos quadros, destes valores eternos e definitivos que, precisamente por que definitivos e eternos.' podem ajustar-se a todas as circunstâncias contingentes. sem perderem a identi· dade substancial consigo mesmos. A perfeita formação da a lma brasileira comporta, pois, duas tarefas essenciais , uma q ue mantenha sempre intactos os fundamentos de nossa civilização cristã e ocidenta l, e outra que ajuste esses fundamentos às condições peculiares a este hemisfério. Nossos maiores executaram com evidente êxito e ind omável valentia a primeira parte dessa ingente tarefa. Depois de quatrocentos anos de luta, de trabalho, aqui norcsec este Brasil que é para a civilização ocidental um motivo de esperança, e para a Santa Igreja de Deus uma causa de júbilo. Mas esse esforço de conservação, que ainda é e continuará a ser sempre necessá rio, foi até aqui tão observante que relegou para o segundo plano o problema da adaptação. Esmagava-nos a desproporção e ntre nossos recursos materiais que do seio da terra desafiavam nossa capacidade de prod11ção, e a insuficiência de nossos braços, de nosso dinheiro e de nossas energias para os explorar. A terra brasileira se aoresentava cheia de possibilidades fabulosamente vastas, de riquezas inesgotavelmente fecundas, que se adivinhavam e se sentiam mesmo antes de qualquer demonstração técnica e científica . E o mesmo se poderia dizer de . nossa história, toda tecida até aqui de acontecimentos políticos de alcance meramente contmen1al e transcorrida quase toda ela em um tempo em que não estava na América o centro de gravidade do mundo. Bem estudada, e despida das versões oficiais de um liberalismo anacrônico, aí podemos ver c laramente, na fidelidade de Amador Bueno como no espírito de Cr'u zados dos heróis da reconquista pernambucana, na fibra de ferro deste grande martelo da pior das heresias, que foi Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, como no coração maternal e suave da Pri!'cesa Isabel, as expressões rútilas de um grande povo que, a inda nos primeiros passos de sua História, já dava mostras de

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Aspecto da multidão que compareceu ao local do Congresso Eu~arfstico. por ocasião da Comunhão das mulheres.

ser um povo que Deus criara para grandes feitos. Essa predestinação se afirma na própria configuração de nossos panoramas. Talvez não fosse ousado afirmar qu·e Deus colocou os povos de sua e leição em panoramas adequados à reali1.ação dos grandes destinos a que os chama. E não há quem, viaiando por nosso Brasil. não experimente a confusa impressão de que Deus destinou para teatro de grandes feitos esse país cujas montanhas trágicas e misteriosas pencdias parecem convidar o homem às supremas afoi1ezas do heroísmo cristão, cujas verdejantes planícies pa-

recem querer inspirar o surto de novas escolas artísticas e literárias, de novas formas e tipos de beleza, e na orla de cujo litoral os mares parecem cantar a glória futura de um dos maiores povos da terra. Quando nosso poeta cantava que "nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá, e as aves que aqui gorgciam não gorgeiam como lá", percebeu talvez, confusamente, q ue a Providência depositou na natureza brasileira a promessa de um porvir igual ao dos maiores povos da terra . E hoje, que o Brasil emerge de sua adolescência para a maturidade, e titubeia nas mãos da velha Europa

duz em nossos dias o "jogo~ desse tríplice "se111ire'', entendido com tais imprecisões e extensão; e qual a amplitude indefinida dos c!rculos de influência que um Sacerdote pode desta maneira exercer. Tal influência é ainda acrescida pela verdadeira "reciclagem" doutrinária e psicológica imposta pela CNBB e pelas CEBs à massa da p-opulação, pela obrigatoriedade dos cursos de preparação para noivos, como para padrinhos de casamento. Quem não segue tais cursos fica cm situação análoga à de um excomungado, pois sofre a punição de não poder casar-se, de não poder ser padrinho de batizado etc. O que justifica a afirmação, feita no livro da TFP, de que as CEBs, beneficiárias e cxecutoras desse sistema draconiano, constituem uma verdadeira KGB religiosa no Brasil.

O V Poder da RepCibllca Carlos de Laet, o consagrado polemista católico, afirmou que a Imprensa constituía um quarto Poder, ao lado dos três Poderes da República (o Execut-ivo, o Legislativo e o Judiciário). A CN BB vai se constituindo assim num quinto Poder,. empenhada em fazer no Brasil uma verdadeira Revolução (no sentido lato da palavra), com sérias possibilidades de se tornar muito grande. É essa Revolução que as CEBs preparam. Já começam a ecoar nas profundidades de nossos sertões os brados-sloga11s "pega- fazendeiro". Está na linha de pensamento e de ação das CEBs, que a esses brados se sigam 011 se juntem, dentro de não muito tempo, os de "pega-patrão, "pega-patroa", "pegalocador", "pega-dirigente". "Pega", e nfim, tod·o mundo que agora dorme indolente um letargo profundo, embalado alternativamente pelo desalento e pelo otismismo.

e cetro da cultura cristã que o totalitarismo quereria destruir, aos olhos de to.dos se patenteia que os países católicos da América são na realidade o grande celeiro da Igreja e da civilização, o . terreno fecundo onde poderão reflorir com brilho maior do que nunca as plantas que a barbárie devasta no velho mundo. A América inteira é uma constelação de povos irmãos. Nessa constelação, inútil é dizer que as dimensões materiais do Brasil não são senão uma figura da magnitude de seu papel providencial. Tempo houve em que a História do mundo se pôde intitular "Gesta Dei per Francos". Dia virá em que se escreverá "Gesta Dei per brasilienses". A missão providencia 1 do Brasil consiste em crescer Jentro de suas próI?rias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civili1.ação genuinamen1e católica, apostólica e romana , e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o "lumen Christi" que a Igreja irradia. Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional, e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. Se algum d ia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro: "Sejam entre vós os que governam como os que obedecem", diz o Redentor. O Brasil não será grande pela conquista, mas pela Fé; não será rico pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. Realmente, se soubermos ser fiéis à Roma dos Papas, poderá nossa cidade 'ser uma nova Jerusalém, de bele1.a perfeita, honra, glória e gáudio do mundo inteiro. "Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus". Explorai, Senhores do Poder Temporal, as riquc1.as de nossa terra, estruturai segundo as máximas da Igreja, que são a essência da civiliz.ação cristã. todas as nossas instituições civis. Auxiliai quanto em vós estiver, a San1a Igreja de Deus a qué plasme a alma nacional na vida da graça, para a glória do Céu . Fazei do Brasil uma Pátria próspera, organizad.a e pujante, enquanto a Igreja fará do povo brasileiro um dos maiores povos da

Como resistir às CEB.s? É possível resistir à ação das CEBs? Tudo quanto está no livro da TFP mostra que elas constituem um perigo muito ponderável, mas ao mesmo tempo inteiramente contornável. Para isso é preciso que as elites brasileiras, as quais as CEBs têm em mira, compreendam a necessidade de começar quanto antes uma ação visando contê-las. De que natureza seria tal ação? À TFP não cabe dar diretrizes nem traçar programas para as classes a que ela alerta. Sobram a estas os recursos de inteligência, os relacionamentos sociais e políticos e as disponibilidades econômicas para arquitetar e pôr em prática uma larga campanha de esclarecimento do País sobre os problemas que as CEBs levantam. Para tal esclarecimento, a TFP dá com este novo livro o seu contributo. E este é de importância fundamental. A ela só resta pedir a Nossa Senhora de Fátima, que já em 19 I 7 premuniu o mundo contra o comunismo, que aíude nossas classes dirigentes a saírem de seu letargo, e a exercerem efetivamente sua missão de orientadoras de todo o corpo social. Se não o fizerem, a História alegará um dia que as massas foram transviadas porque as elites desdenharam de as orientar. Mas registrará igualmente convém lembrá-lo - que não faltou quem as alertasse na hora extrema. Com o presente livro, a TFP cumpre assim esse dever, movida por seu amor à Igreja, à. civilização cristã e à querida Pátria brasileira. Mais do que isso não pode ela fazer!

A. A. Borelli Machado

História. Na harmonia desta mesma obra está a predestinação de uma íntima cooperação entre os dois poderes. Deus jamais é tão bem servido, quanto se Cesar se porta como seu filho. E, senhores, cm nome dos católicos do Brasil eu vô-lo áfianço, Cesar jamais é tão grande, como quando é filho de Deus. Nessa colaboração está o segredo de nosso progresso, e nela vossa parte é verdadeiramente magnífica. Traba lhai, Senhores, trabalhai neste sentido. Tereis a cooperação entusiástica de todos os nossos recursos, de todos os nossos corações, de todo o nosso fervor. E quando algum dia Deus vos chamar à vida eterna, tereis a suprema ventura de contemplar um Bras il imensamente grande e profundamente cristão, sobre o qual o Cristo do Corcovado, com seus braços abertos, poderá dizer aquilo que é o supremo título de glória de u m povo cristão. Executai o programa de governo que Cristo traçou a todos os homens, e que consiste em procurar antes o reino de Deus e sua Justiça, que todas as coisas lhe serão dadas por acréscimo.

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CAT.OLICIS MO -

Setembro de 1982


s1st1a cm não contar com nada, com

ninguém, exceto com ele mesmo e com

sua própria ação. Essa atitude de alma fazia com que ele desse o ºespetáculo de um homem cm guerra consigo mesmo.. , no dizer de

Jacques Bainvillc, e fosse uma verdadeira "contradição encarnada... ' Um homem do qual - dizia-se -

todo o mundo temia "a espada, a pistola, a língua e a pena". Seu gosto de destruir valeu-lhe uma temível reputa• ção: o "derrubador de ministérios''. Combativo, autoritário, mundano,

Clemenccau era também um homem da moda. um dandy do fim do século, divorciado, frequentador de n;gJu club.r, enorntcmentc afeito às brincadeiras grossci ras. Sua corajosa atuação no decurso da

1 Grande Guerra alcançou-lhe a popularidade e a fama geralmente conhecidas (•).

Ctemenceau .. eos 34 anos. virulento jornalista revolucionário

O "Jornal dos Agricultores". do Rio de Janeiro, cm sua edição de agosto de J905, descrevia com os seguintes termo~ a impressão causada pela presença do Superior Trapista, por ocasião da visita que este fez à redação do referido periódico. cm meados daquele ano: "Tivemos a honra de receber em nosso escritório a visita de O. Jean Baptiste Chautard (... ). Tivemos a ventura de ouvir a sua palavra fina, eloqüente, reveladora de fidal,ga distinção. O. Chautard aos 39 anos

f; um Prelado moço de visivcl robus•

CONFRONTO ENTRE

.

REPRESENTATIVOS DE UMA ÉPOCA

M ASPECTO o mais das vetes não tomado na consideração de· vida, nem s.alientadoco1n todo rc• alce merecido poraquclcsqucscdcdicam

U

O primeiro ministro franc·As. aos 78 anos. por ocasião da Conferêncía de·Paz do 1919

à História sãç certos confrontos que, no decurso dela, não raro sccstabclcccm entre personagens rcprescntativ::1s. em seu tempo. de cenas instituições, men1alidades ou

estados de espírito opostos. São como que arquétipos de virtudes ou de vícios característicos de determinada era. Em tais confrontos - sejam eles de ordem moral, ou mesmo física - tcm-.sc a impressão de que, em presença de Deus e dos homens. tais. instituições~ mentalidades e estados de alma atingem um ápice, um requinte, na manifestação dos valores ou antivalores que os distinguem.

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tez, animado desse fogo sagrado que abala montanhas e opera maravilhas". Espírito íntegro, o Abade de SeptFons estabelecera em sua alma um peculiar equilíbrio entre a doçura e a for• talcza católicas. Dessa doçura dão-nos prova eloqUcntc as páginas de sua célebre obra "A alma de todo Apostolado", agraciada com os melhores louvores e bênçãos do Papa São Pio X, e na qual não poucos leitores julgaram sentir as suavidades da .. Imitação de Cristo". A força do varão nele ressalta, observando-se sua possante personalidade, impregnada da admirável calma do contemplativo, cm tudo avesso ·a /re11esis; constatando-se a decisão de uma vontade férrea daquele que desconfia de si mesmo e das próprias forças, tudo esperando no auxilio que lhe vem do Céu; como também, analisando--sc a imponente majestade de um espírito robusto, proíundo, inteiramente penetrado das coisas de Deus. Contemplativo por vocação, as cir.. cunstâncias permitidas pela Providência exigiram contudo que ele entrasse em muitas lutas.

Sim, D. Chautard foi um grande batalhador. E dentre suas pugnas, na situação a que nos referimos mais acima, destaca-se o fato de haver enfrentado com êxito Clemenceau. Como o "derrubador de ministérios" ridicularizasse sua pessoa e a qualidade de monge, o famoso trapista, com olhar de fogo, atitude enérgica e fazendo uso de sua palavra fácil, firme e convincente, discorreu sobre o ideal da vida do monge: o religioso apaixonado de Deus, guarda de honra da Eucaristia. O que então se terá passado no fundo mais recôndito $la alma do "Tigre" só

Deus sabe. Clemenccau, estupefato pela coragem do trapista, após tê-lo deixado concluir, disse: "Eu compreendo, eu compreendo, o

ideal ile monge quando este é vivido tão profundamente, que se pode estar orgulhoso de o ser. Considere-me seu amigo". A quem esteja suficientemente informado acerca da vida do ministro francês, é realmente pasmoso ouvir de seus lábios tal rc.sposta. E, sobretudo, é quase inverossímil considerar qúc, de tal maneira a grande alma do superior de Scpt· Fons se lhe impôs, que Clcmenceau votou a O. Chautard um respeito que perdurou até o fim de sua vida. Ah! o olhar nobre e dominador de O. Chautard fazia proezas! Ourante uma viagem pelo Oriente. o religioso en• controu um leão enjaulado e. fitando..o atentamente, hipnotizou-o. Como vê o leitor, O. Chautard não só subjugou o "Tigre". mas também outras feras... Nesse verdadeiro crepúsculo de personalidades que presenciamos cm nossos dias, a consideração desses dois tipos humanos é altamente formativa para o espírito. Máxime quando nos é dado analisar o càntraste entre uma mentalid~dc lamentavelmente plasmada por feroz impiedade. e outra na qual podemos contemplar a bele,.a moral de uma alma autenticamente forte~ enquanto sendo, de certa maneira, nobre reflexo criado do Poder, da Fortaleza e da Onipotência divinos.

(•) A respeito do temperamento" <lo ptr~ sono/idade do primciro minútró frtmds. con$ulu•-se "Cltme11teau··: Collec,iou Génles et Rlalités, tdltkms flar.lwut Rl<ilitls, Paris, 1971. 0

Foto do famoso Abade da Trapa de Sept-Fons. em sua maturidade

A História da França, no início deste século, registra o cnconlro e a confrontação moral entre duas figuras representativas desse tipo, as quais, cada uma a

seu modo. marcaram época. Referimo-nos à entrevista de O. João Batista Chautard, renomado Abade da Trapa de Scpt-Fons, na França, c:om Georges Clcmenceau. o ministro francês ( 1906-1909), cognominado o "Tigre". na véspera do dia em que o Senado daquela nação deveria resolver a sorte dos religiosos. Est~s, cm virtude da aplicação da legislação anticlerical aprovada nos tempos de i;milc Combcs, deveriam ser expulsos do País.

e I

. Jacobino furibundo, educado desde a infância no ódio à Religião, Clcmenccau era considerado no mundo político de então como um frenético, dominado pelo orgulho, personagem leviano, feroz e obstinado. Sua máxima de vida con-

CATOLICISM O -

Setembro de 1982

1


AfOJLICESMO --------------------*

ESTAPAFURDIA

SUSPEITA E JUÍZO TEMERÁRIO Plinio Corrêa de Oliveira TFP está lançando em todo o País um livro que informa o grane público sobre as tão faladas Comunidades Eclesiais de Base. seus fins, sua ideologia, seus métodos, etc. Esse trabalho demonstra que tais entidades são essencialmente - e por excelencia - os instrumentos da CNBB para semear o dcscontcnrnmento da po· pulação e especialmente entre os trabalhadores manuais, transformar em se· guida o descontentamento em agitação e, atravts dessa agitação, impor aos poderes públicos as reformas de base reivindicadas (ora explicitamente, ora apenas mediante insinuação) nos dep loráveis Documentos emanados das reuniões episcopais de ftaici. Ou seja, a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a Reforma Empresarial, e alguns corolários. Em outros termos, o confisco das terras cultas e incultas. dos prédios de alugue) (residenciais. comerciais ou in· dustriais), da propriedade das empresas comerciais ou industriais etc. Tud<'.> isso muito provavelmente com vistas a instituir no Brasil um regime socialista

"O São Paulo" falsificado, "a fortiori" digo-o de certas folículas do mesmo jaez, que foram, estejam sendo ou venham a ser difundidas por aí, não sei por quem. E se o livro da TFP contivesse apc, Qas acusações, ainda seria pouco. Mas ele vem apoiado numa documentação simplesmente monumental, elencada na íntegra em suas páginas finais: nada menos de 707 livros, folhetos, jornais, revistas. folículas de toda ordem. Digo com desembaraço ser monumental essa documentação porque, embora cu seja um dos três autores do livro, quem a coletou e analisou não fui eu, mas os · dois outros autores, lúcidos e vigorosos intelectuais que integram o quadro social da TFP: os irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo. Na primeira parte do livro, a meu cargo, traço o panorAma da atual situação brasileira, no qual mostro a função Q\JC assim vai a CNBB assumindo no Brasil. Ou seja, ela vai desenvolvendo uma invasão subvertedora de toda a boa ordem estabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo. quando instituiu a Igreja

quidiocesana) afirma ter pistas que bem podem conduzir à demonstração de que as falsificações de "O São Paulo" e de outros textos emanados da ..esquerda católica" podem vir da TFP! Ê p reciso estar inteiramente alheio ao que significa, ao que tem de si como peso natural na vida das idéias, das correntes de p~nsamento e de ação que imprimem rumo a um país, uma impugnação~ uma documentação. um livro, para imaginar que uma organização, a qual vem fazendo à "esquerda católica" uma oposiç.~o alla, compacta e extensa como uma serrania. lucre o que quer que seja em esborrifar agora contra essa mesma esquerda algumas gotas de água suja ou, em outros termos, um jornal• :cinho e uns folh.etos falsificados. Mas para quem possui uma noção IUcida e serena da importância cultural do livro. como da importância real da cultura~ pas esferas pensantes de um povo, a hipótese cai por terra "a priori". O Sr. José Carlos Dias não entende as coisas assim. E ei•lo a fazer tábula rasa dessa impossibilidade absoluta, e a

Hé quarenta ano$ o Prof. Plinio Corria de Oliveira vem alertando o público' brasileiro. através de livros. artigos, conferências e campanhas contra o progressismo esquerdista.

autogcstionáno ma1s ou menos análogQ ao de Mittcrrand. Essa ação da CNBB junto aos trabalhadores manuais das cidades c dos cam .. pos se complementa com a atuação de uma torrente de sacerdotes e religiosas que, atuando junto às demais classes sociais, procuram incutir nelas, cm no· me da Religião, uma dúvida de consciência sobre a legitimidade moral do direito de propriedade que essas classes exercem sobre os respectivos bens. f: absolutamente evidente que a CNBB tudo fa1., assim, na vastíssima alçada que lhe cabe neste País - em que habita a maior popuíaç.~o católica do globo - para promover uma incruenta mas· gigantesca revolução social. E. na ponta esquerda da CNl3B (estranho corpo composto de centro e de esquerda, no q ual entretanto não há direita). vozes se levantam para dizer ou para insuõuar que, se essa revolução não for avante por meios incrucntós. os ..oprimidos" estarão em seu direito de a lc· var avante por meios ~ruentos. "Na lei ou na marra", como'di1Ja a antiga expressão.

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distinta (se bem que não separada) do Estado. Pois nesta República cm que os lrês Poderes, Execu1ivo (1.ª ). Legislativo (2.•) e Judiciário (3.•), se vão adelgaçando e desbotando dia a dia mais. se hipertrofia naturalmente · o que Carlos de Lact chamou com propriedade de 4.• Poder. isto é, a lmprensa,.ao tempo dele escrita, e hoje também falada e "televisualizada". Mostro igualmente que.. no Brasil, por detrás do 4. 0 Poder) vai emergindo um 5.0 Poder ainda maior, pois conta com largo apoio dos quatro Poderes já mencionados. e tem ademais seu poder próprio, reconhecidamente imenso. Esse Lcviatã, esse 5. 0 Poder. é a CN BB, dia a dia mais ciosa de se n1cter em matérias que lhe competem cumulativamente com o Estado, e até exclusivamente ao &tado~e dia a dia também menos ciosa do exercício do Poder excelso, inigualável, que Nosso Senhor Jesus Cristo cóníiou exclusivamente à l~reja sobre matéria cspc~ificamente espiritual. É fácil ver como a _apresentação des- . se panorama é própria a agravar aos olhos do público a si°tuação da CN 88. Mas há mais. O leitor sabe, o Brasil inteiro sabe, percorrido como é. de Norte a Sul, pelas pacíficas e heróicas cara. Isto que cm ires ou quatro pará· vanas da TFP, que de 1943 a 1982 venho grafos deste artigo afirmo e assino como escrevendo livro sobre livro. com dopresidente do Conselho Nacional da cumentação irrctorqUivcl e com tiragens TFP, é imensamente mais denso, Jnais (exceto o primeiro) de várias dezenas de substancioso e mais rico cm alcance - . milhares de exemplares - neste País enquanto desacordo reverente mas, ao onde se multiplicam os motéis e defimesmo tempo desassombradamente po- nham as livrarias - mostrando desde ICmico - do que tudo quanto possa seus primeiros olborcs o nascimento da haver de impresso no número falsifica- "esquerda católica· e sua escalada para. do de "O São Paulo", de cujo conteúdo alcançar todo o poder na CNBB. E agora tenho apenas alguma noticia. Esse mes· no E.stado. mo número falsificado que o Sr. Bispo D. Luciano Mendes e o ex.presidente da , Comissão Justiça e Paz e advogado da Cúria Metropolitana de São Paulo; Sr. Tudo isto posto, o leitor poderá imagiJosé Carlos Dias, foram levar - prestigiados po/ aparatosa repercussão pu- . nar meu pasmo lendo cm dois números desblicitária - ao,:,r. Ministro da Justiça, te jornal (de 8 a 9 do corrente), desinibidas Dr, Abi Aekcl. e por meio deste, ao declarações em que o Sr." Josê Carlos D ias (o referido ex-presidente e atual Sr, Presidente da República, general João Batista Figueiredo. Se d igo isto de membro da Comissão Justiça e Paz ar-

acompanhar sequioso as investigações policiais na Artpress. gráfica pertencente ao Sr, Fausto Borsato, sócio da TFP. Segundo os próprios jornais. verificou-se que a Artpress nào tem máquinas capazes de imprimir o "O São Paulo" autêntico. nem o falsificado. O caso do tal Anuário católico. o qual servira de pista para o religioso que, soJcrte., foi denunciar a TFP à Polícia, está inteira· mente explicado pelos mesmos jornais. Foi esse Anuário pedido pelo Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer para um envio de correspondência a dois mil sacerdotes brasileiros. E. togo cm seguida, o mesmo Anuário foi devolvido ao dito religioso. Os tênues indícios jazem assim no chão desfeitos em pó.

Mas, insensível a tudo isso, o Sr. José Carlos Dias persiste nas suas suspeitas. Saberá ele o que é o pecado de juizo temerário? E que esse pecado tem uma agravante enorme quand9 o juízo temerário é divulgado por duas vezes no jornal de maior circulação de São Paulo, isto é, precisamente na cidade de maior população do. Brasil? Prefiro admitir que o Sr. José Carlos Dias não o saiba. Pois do contr-ário eu recearia cometer pecado de juizo temerário duvidando de que esse.cidadão (presumivelmente católico praticante) não se confesse... ou se confesse mal.

Mas esta minha conversa não é com o Sr. José Carlos Dias. f: com o público que ele assim procurou intoxicar contra a TFP, no niomento preciso cm que esta lançava, acerca das Comunidades Eclesiais de Base. um verdàdeiro livro-bomba. Incruento como todo livro, devas· tador como toda bomba. No largo público da "Folha", há por certo muitos católicos não praticantes. Outros tantos católicos ignorantes. E uma porcentagem indefinida de pessoas que, com ou sem a máscara de católicos. de fato não o são. Querem saber todos estes o que é um j uizo temerário? .Mais do que uma definição abstrata. dou-lhes um exemplo. As CE8s são organismos ligadíssimos às Comissões di·ocesanas ou arqui· diocesanas de Justiça e Paz. Imaginem agora que. baseado nisso, eu conjeturasse que o Sr. José Carlos Dias, movido por má fé, se üvcssc posto a lançar suspeitas contra a TFP. Suspeitas que ele saberia afrontosas e absurdas. E isto só para acobertar as CEBs contra um livro que nem a dita Comissão de Justiça e Paz, nem elas - as CEBs - ousam refutar. Seria a calúnia fa7.Cndo as vezes da ar;umcntação leal, difundindo-se pelas m,I vozes do 4.0 Poder, e depois do 5.0 Poder, Do simples foto de que as CElls. a Comissão de Justiça e Paz e o próprio Sr. José Carlos Dias. que assim aparece na ribalta do sensacionalismo. tiram vamagcm dessas falsificações. devo dedu1,ir a afirmação, ou publicar a suspeita de que é movido poc esses sentimentos e interesses que o Sr. José Carlos Dias difunde contra a TFP suas suposições absurdas, as quais, obliterado pela paixão. ele saberia falsas mas imaginaria verossímeis? - Não. Com efeito, ignoro tudo, absolutamente tudo acercá do Sr. José Carlos Dias. até o n~omento em que tive conhe.. cimento de que ele fora nomeado presidente da Comissão Justiça e Paz. Ele é uma criatura humana, uma pessoa batii'.ada na Santa Igreja Católica, um cristão, e1n relação ao qual tenho sentimentos de justiça e amor. e não a injus• tiça e o desamor inerentes ao juí7.o temerário. Sem me informar sobre os antecedentes dele, como poderia eu diíun· dir tal suspeita? Or-J, os antecedentes da TFP. o Sr. José .Carlos Dias os conhece, pela simplicíssima razão de que os conhece o Brasil inteiro, o Ocidente inteiro (cfr. "Meio século de epopéia anticomunista", Editora Vera Cruz, São Paulo, 4.• cd .. 1981, 472 pp.). Mais. O mundo inteiro. Em ratão de sua Mehsagem anti•socialista, até das Ilhas Fiji, das Ilhas Christmas. da Nova Zelândia, Nova 'Caledónia, Paquistão, Tailândia, Ne-

pai, Tunísia, Camarões, Bofutatswana, vêm recebendo as treze TFPs cartas de simpatia. Talvez mais ainda do que tudo isso, fala • favor da TFP o mutismo crônico de seus adversários. os quais a nenhum dos seus livros têm ousad o opor algo que tenha forma ou figura de argumen· tação. · Imagina .o Sr, José Carlos Dias - o qual, visto nessa perspectiva. melhor figuraria como presidente de uma Co· missão de Injustiça e Agressão do que de Justiça e Paz - que adianta de algo à TFP jogar um jornalzinho ou uns panOetinhos falsificados contra o 5.0 Poder. que. além de suas próprias tubas, dispõe das do 4,0 Poder, para os desmentir caudalosamente. torrencialmente, estrepitosamente pelo Brasil e pelo mundo afora? Oh. Sr, ex-presidente da ComissãQ Justiça e Paz! O leitor me perguntará como explico então o papel deste último. Não sei; nem me cabe explicá-lo. Trato mesmo de tudo isto precisamente para dizer ao leitor que, se eu o explicasse por uma hipótese carente de base, cometeria pecado de juizo 1emerário.

Querem os lcilores mais um exemplo de juízo temerário• O Pe. C harbonncau cscre\'(;u sexta-feira última. na seçlo Tendências/ Debates da "Folha". um arligo tão brutalmente agressivo contra a veneranda peS-~oa d o Sr. Bispo D. Antonio de Castro Maye'r e contra a TFI', que eu me ponh·o a perguntar o porquê dessa agressão. desse xingatório tão vazio de doutrina. lançado entretanto contra nós a titulo de divergência doutrinária. Imagine o leitor que me viesse à mente a susp<:ita de que esse .xingatório foi feito para. depois. alguns esquerdistas simularem um inócuo atentado contra o padre. e dai sair outro estrondo pqblicitário contra a TFP. Tudo. seria então comédia. com o rim de circunscrc.. ver a devastação de nosso livro-bomba. Jmagine ainda o leitor que cu fosse a Brasília (desacompanhado do Sr. Bispo O. Luciano Mendes de Almeida, que para este efeito nunca dos mmcas via· jaria 1=omigo) despejar a suspeita nos ilustrés ouvidos do Sr, Presidente da Repi,blica e do Sr. Ministro da Justiça. Seria uín pecado de juilo temerário. Estou certo de que conc-ordam com isso o Sr. D. Luciano Mendes, que por ceno sabe o que é um juízo temerário. E o Sr. José Carlos Dias·. acerca do qual me pare<:c mais eqüitativo supor que não sabe o que é juízo temcrjlrio. Ê o que, como presidente do Conselho Nacional da TFP. precisava di,.er.

Encerro pois o comentário. Não o faço contudo sem registrar antes quanto aprecio a coerência da ''Folha de S. Paulo" em seu liberalismo (com o qual não concordo). em publicar hoje este artigo. como. há cerca de quinze anos. minhas colaborações tantas vezes discrepantes do sentido geral das demais. Com isto só aumenta em rnim a conta cm que tenho a inteligência excepcionalmente lúcida, ágil e elegante que a orienta. E não só em mim - seria pouco - mas em toda a família de almas das treze TFPs, e de seus simpatizantes por este mundo afora.

A ~esa que presidiu a 20 ..• A ss~m~léia Geral d.a CNBB. em ltaici: O.Ivo Lorscheiter (centro). O. Clemente lsnord (esquerda). Luciano Mendes de Almeida {d11;e1ta), respectivamente Presidente. Vice-Presidente e Secretário do organismo episcopal.

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1 •

lL N.0 382 -

Outubro de 1982 -

Ano XXXII

) ~-

Dir etor : P aulo Corrêa de Brito Filho

A ''GALLARDA'' D E D . Esta edição já estava encerrada quando foi publicado na "Folha de S. Paulo'' de 4 de novembro um comentário de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que, com uma penetração extraordinária, analisa os aspectos mais profundos do resultado das recentes eleições efetuadas na Espanha. Julgamos oportuno estampar a colaboração do insigne Presidente do CN da TFP, como também reprod uzir a charge do quotidiano madrilenho "ABC" (edição de 30 de outubro) a qual íigura junto ao mencionado artigo do diário paulistano. Na última página deste número, é apresentada uma notícia sobre a cartaaberta que a Sociedade Cultural Covadonga - TFP, entidade autônoma e co-irmã da TFP brasileira, dirigiu ao Partido Socialista Operá.rio Espanhol - PSOE, seis dias antes do pleito. Tal documento foi publicado no mencionado jornal ibérico no dia 22 de outubro. Para o acentuado crescimento da direita e o esfacelamento dos partidos do centro certamente contribuiu a ação intensa de Covadonga-TFP, embora em seu campo especííico, que é estritamente doutrinário e extra-partidário. Essa atuação da entidade desenvolveu-se, durante anos, através de campanhas de âmbito nacional, comunicados de imprensa e difusão de publicações, no sentido de apresentar de modo meridiano ao público hispânico as tradições da civilização cristã - tão gloriosamente concretizadas na história daquele pais - bem como os sólidos princípios doutrinários que fundamentam tais valores. · O último manifesto de Covadonga-TFP repre.sentou um coroamento dessa larga atividade em defe.sa <!_aquilo que há de mais sagrado no patrimônio cultural da nação ibérica.

''V

er, julgar e agir": tal é, segundo São Tomás, a seqüência do reto proceder humano. Comecemos pois pelo .. ver·~.

E vejamos os fatos precisamente como se deram. Extraio-os do ''ABC", o grande, prestigioso ... e moderado ... diário madrileno, de 30 de outubro p.p. a) Na Câ mara anterior, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) dispunha de 121 ~deiras. Na Câmara agora eleita contará com 201. Ele ganhou, pois, 80 cadeiras; b) Numericamente mais importante do que a bancada socialista era a da União do Centro Democrático (UCD). que dispunha de 168 cadei-

ras. Na Câmara nova ficará reduzida a 12 cadeiras. A perda espetacular do centrismo foi portanto de 156 cadeiras; e) O Partido Comunista contava com 23 cadeiras na Câmara anterior. Agora não terá senão 5. A perda de 18 cadeiras é literalmente muito pesada; dada a já diminuta votação do partido; d) O partido que mais progrediu foi a Aliança Popular (AP), de direita, que contava com apenas 9 deputados e passou para 106. O ganho foi de 97 cadeiras, isto é, mais de mi I por cento. Abstenho-me de analisar a votação de algumas pequenas correntes que não alteram o quadro. Passemos ao "julgar":

a) A votação socialista proporciona ao PSOE a maioria na Câmara. Pois, no total de 350 cadeiras tocar-lhe-ão 201. Com isto cabe-lhe o direito a que seja escolhido em suas fileiras o novo gabinete. Quando este artigo sair, provavelmente o rei Juan Carlos - centrista quintessenciado, e por isso velado mas ativo simpatizante do socialismo estará em gostosas tratativas com Felipe González, o lider do bloco majoritário; b) A oposição de direita, aureôlada pela irradiação de dinamismo que lhe vem do fato de ser a agremiação que mais progrediu nas últimas eleições, poderá criar sérios embaraços à maioria governamental. Porém não vejo que, regularmente, possa impedir o PSOE de fazer aprovar uma legislação amplamente socialista. Em suma, a vantagem obtida pelo socialismo com o aumento do número de suas cadeiras é menor do que o prejuízo que lhe advém do desprestígio ocasionado pelo fato de que a direita cresceu (proporcionalmente às cadeiras da legislatura passada) mais do que ele. E passemos por fim ao "agir". Em nossas poltronas de espectadores brasileiros, agir é torcer. Coisa para nós importante, já que a torcida é uma das a•itudes prediletas do espírito brasileiro. Mas também porque nossa torcida, quanto a assuntos externos, condiciona em boa

...OCIO. SAI A.DO J0 Of OCTutU O( 1911

e,,, plena Puerta dei Sol. esquina com a Calle de Alcat6, em M adrid, erguem•se dois estandartes grandes e vários pequenos da Sociedade Cultural Covadonga - TFP. chamando a atenção do numeroso público para a campanha que a entidade promoveu. em fins de outubro, de distribuiçlo de uma carta·aberta ao PSOE. lepanto, que D. Juan d'Áustria, o heróico vencedor dessa célebre batalha naval, simbolizou (e que de nenhum modo equiparo, nem o melhor creme da direita espanhola jamais equiparou, com Francisco Franco Bohamonde). Ora , os espanhóis que do centro passaram para a esquerda ou para a direita não eram propriamente devotos de Sancho Pança. Cansados de tensões, quando em 1977 e em

Calvo-Sotelo recibe a su virtual sucesor

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América Central: estopim da subversão em todo o continente? "Catolicismo", sempre preocupado em apresentar a seus leitores uma visão inteiramente objetiva dos fatos, publica nas páginas 3, 4, 5 e 6 desta edição uma interessante reportagem de seu enviado especial a uma das regiões do globo das mais conturbadas em nosso dias: a América Central. Nosso colaborador, Alfredo Mac Hal le, tendo reali1.ado uma viagem de estudos e observações a vários palses da região centro-americana, oferece, de início, uma pe-

netrante visão de conjunto em que discorre sobre o processo subversivo, especialmente em ambientes

católicos, em curso na maioria dos pa ises daquela zona. Posteriormente, o-artieul.ista especifica . suas considerações sobre três países da América Central: Panamá, Nicarágua e Costa Rica. Na foto abaixo, um batalhão de milicianas uniformizadas desfila na capital nicaragUense. Na Nicarágua, 10% da população ativa está em armas. Tal mobilização chega ao ponto de impor às mulheres uma integração nas Forças Armadas do país, ruediante a formação de milícias femininas.

A charge do "ABC" representa o Pal6clo das Cortes (o Legislativo espanhol): à esquerda. um feio com ar tri1tonho apóia uma dai patas sobre o sfmbolo soclaliata (o punho e e roae); à direita. outro lelo. com a boca aberta. debcando ver pre1a1 afiadas, representa a AP (direita). N um canto. vê·se fugir r6pido um terceiro leio.em cuJa anca est6 gravado o símbolo da UCD (partjdo do centro).

medida nossas atitudes quanto a assuntos domésticos. Isto posto, vamos à nossa torcida: o que vai acontecer mais provavelmente? Como vimos, essencialmente o que de mais importante aconteceu foi a desagregação do centro. Este se fendeu em duas partes. Uma deslizou para a esquerda, e outra para a direita. Do centro, outrora onipotente, não restou senão um punhadinho de cinza funerária . O significado do fato não se esgota nos limites de uma mera redistribuição de cadeiras no Parlamento. Ela significa uma mudança no mais profundo da psicologia espanhola. Pende esta para Sancho Pança sempre que é centrista, para D. Quixote sempre que é esquerdista (a Passionária o que foi senão uma sinistra "Quixota" de esquerda?), ou para

1979 votaram a favor do centro, eles queriam simplesmente uma distensão. E fundamentalmente continuam a querê-la. Mas tendo verificado que Adolfo Suárez (até 1981) e Calvo-Sotelo (de então para cá) lhes impunham como ambientação da distensão (perdoe-me o leitor os dois ãos) a paz de Sancho Pança no reino de Sancho Pança, desgostaram-se. E foram procurar a, distensão alhures. Segundo simpatias instintivas, uns foram para a esquerda, e outros para a direita. Mas continuam a constituir um só bloco psicológico, dentro do PSOE como da AP, ligado por debaixo da fronteira partidária por invisíveis mas firmes vinculações temperamentais. Se os centristas que fugiram de Sancho Pança rumo ao PSOE forem solicitados pàra um programa definidamente socialista, vazarão do PSOE

para a AP. Como se, estando no poder, esta última quisesse realizar um programa muito direitista, os centnstas nela instalados vazariam para o PSOE. Ora, acontece que quem estará no poder é o PSOE. A ele é que cabe executar o programa. São dele os ex-centristas que podem vazar para a AP. E se ele não executar seu programa, a fim de conservar a adesão dos neófitos desejosos de distensão, outra desventura parece esperá-lo, inevitável. Pois começará a sofrer o apedrejamento da frustrada maioria quixotesca. Compreende-se pois que a charge do "ABC" - que reproduzimos nesta página - apresente tão fatigado e perplexo o partido majoritário. Para os direitistas ficam as alegrias da oposição, o deleite hispânico salgado de ser "do contra". Percebe-se no ar que os "pró-distensionistas" do centro que rumaram para a AP tinham, a crepitar-lhes no fundo dos anseios de distensão, renovados gostos pela tourada, pelas castanholas. Li certa vez que quando D. Juan d' Áustria venceu os turcos em Lepanto, agradeceu à Virgem Auxiliadora. Mas também dançou uroa "gallarda". Ê gente que tem saudades da "gallarda" de D. Juan d'Áustria. Tais ex-centristas darão menos trabalho à direita do que os distensionistas da esquerda ao PSOE. Mas aí aflora outro problema. Tudo se fez para inocular à Espanha de pós-Yalta o espírito otimista, pragmático, a-ideológico, supinamente burguês e falho de luzes cavalheirescas, que se espalhou pelo mundo. Esse espírito, que teve na era Truman seu cinzento apogeu, levou ao soçobro o anticomunismo no mundo, e prostou de joelhos um Ocidente trêmulo e desvirilizado, ante uma Rússia sanhuda, de "knut" em punho. A Espanha, a labareda de coragem da Cristandade, parece terse dado conta de que este espírito desfigurava sua identidade, a deturpava, a desviava de sua missão. Rejeitou o centro, fulcro dessa ideologia sem Fé e sem fibra. E se volta mais uma vez encantada,. a contemplar nos espaços dourados da memória nacional, D. Juan d'Áustria, o cavalheiro de Lepanto, a dançar para todo o sempre sua "gallarda", ante um mar coalhado de cadáveres dos vencidos. Esta centelha de "caballerosidad" encontrará no mundo outros espaços onde propagar sua chama brilhante e ágil? Assunto sutil, deslumbrante ... para alguns irritante. Fíca para outro dia. Talvez.


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CRIANÇAS MANIPULADAS NAS ESCOLAS

H

Á ANOS ESTÁ em curso na Alemanha uma verdadeira cruzada de deformação da juventude através dos meios de comunicação social e da literatura juvenil. Com o passar do tempo. porém. essa inve.stida contra a

educação Úm tonto tradicional que ainda se mantinha no âmbito familiar, foi se introduzindo cada vez mais e com insistência crescente nas escolas primárias e até nos jardins de infância. Em vários Estados da República Federal Alemã leis de c1\sino vão impor a obrigatoriedade da educação sexual para crianças no currlculo escolar. Em alguns cásos a assistência às aulas de educação sexual é posta sob regime facultativo. Porém, a educação sexual não é o único instrumento para formar nas crianças e nos jovens uma mentalidade mais aberta, emancipada dos "tabus de outrora"". rumo â formação de uma sociedade igualitária e anárquica. Grande parte do sistema de ensino oficial naquele pais está dirigido para a formação de um mundo de descontentes, que de um modo ou de outro já se vão entregando a uma luta de classes por enquanto não violenta, preparando assim o dia da reviravolta comple1a.

Na Alemanha: sistema educacional Infiltrado Nesse s,:ntido, o sociólogo alemão Prof. Dr. Helmut Schoeck . catedrático da Universidade Maiença (Mainz). nos apresenta ampla visão do que está sendo empreendido no campo pedagógico na Alemanha, pelo menos desde 1973, com o objetivo de. conforme o linguajar esquerdista, ·•emancipar" os homens dos conceitos tradicionais da sociedade. . Num de seus livros, "Manipulação de crianças nas escolas" ( 1), descreve ele pormenorizadamente os métodos e objetivos do que çle chama de ºverdadeira manipulação da memalidatle ;,ifanfil, rumo à lu111 de da.u es 110 /aml/ia"; Heducando" as crianças no ódio contra os pais ''e ti luta de classes 11a sociedade": conscientizando as crianças sobre as "situarões de l11justiça" que existem nas d ife renças entre as várias classes sociais. Segundo o Dr. Schoeek. '"o sistema etlucocional da Alemanha es1á infiltrado d e amplo e sólido aparelho marxlstaº (2), cujas ''figuras chaves elaboraram um plano global com o objetivo de transformar o fX!rsonolidode de 11ossosfilhos·· (3). Isso significa que desde o primeiro ano escolar e mesmo desde o jardim de infância ou pré-primário os instrutores deverão ter o cuidado de ''eliminar sisu~. maticamente rodas as influências. o mo<lo dé ser corocterfstlco. as preferências e aversões·· (4) que a criança tenha recebido pela educação paterna, para ir criando condiçõc,s de aceitar a "consciência socialista igualitária" (5). Os manipuladores querem pois liberta r. ••emancipar" as crianças de influências e '"dependências" adquiridas, para conduzi-las à formação de uma '"societlode inteiramente difere111e. como nunca hou\te". Crêem eles que. por meio dessa "emancipação'" das crianças de toda a tradição c de toda a moral, de algum modo surgiria como que por si. uma sociedade inteiramente nova e humanamente justa. para a qual, em via de regra, considera-se adequada a designação de "socialismo·· (6). Mas. como toda essa doutrina da "emancipação'' receia declarar abertamente que persegue metas sociais e perspectivas históricas neomarxis·t as. ela se acoberta com conceitos de ""solidariedade'". porque estes habitualmente correspondem aos anseios do instinto de sociabilidade do homem (7).

Destruindo o amor aos pa.ls Um dos primeiros objetivos da '"emancipação infan1il" é, conforme a ex_.. pressão do Prof. Schocck, a introdução de uma ··c,mha'" (8) entre as relações dos filhos com seus pais. Jádesdeojardimdc infância a criança deve ser levada a romper os laços que a unem, desde o seu nascimento, às pessoas que lhe estão mais intimamente relacionadas, ou seja, aos pais, irmãos (sobretudo os mais velhos). parentes próximos e inclusive os autores da literatura clássica infantil e seus personagens legendários (9). O único ambiente no qual a criança se deve sentir aconchegada e amparada é o grupo dirigido pelo professor, ou seja, a sala de aula. Aplicando métodos de dinâmica de grupo, que incluem também a chamada "terapia do choque'", o professor se incumbirá de "analisar as relações sociais e a pr6pria identidade da criança'" com o fim de "reestruturd~la", conforme explica um livro de orientação destinado ao

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professor do 3.0 ano do curso primário (10). Alguns exemplos concretos. tirados dos próprios livros didáticos para o uso das crianças e-citados pelo Dr. Schoeck, poderão dar uma idéia dé como se procura literalmente quebrar o afc10. o apego que a criança naturalmente tem para com os pais, a ramília, o lar. Um livro de lcxto, por exemplo. para o aprendizado da própria língua alemã no &.• ano, apresenta uma parte da matéria cm estilo de histórias cm qua• drinhos. Numa delas reproduz-se o conto de Robinson Crusoé ""adaptado'". Após alguns quadrinhos introdutórios; apareccm cenas de umsonhode Robinson, que se encontra cm estado ~e febre alta logo após o naufrágio . Umacspéeiededelirio. portanto. Aparece-lhe, no sonho. seu pai que o censura por sua teimosia: "A jus1iça de Deus te apa11hour. diz o pai. Robinson. exausto. suplica: "Meu pai, tenha pena de mim ... dê•me água ... só wn pouco de dgua..." O pai, porém, - no sonho - abandona-o sem piedade. Qual é a "mensagem•· dessa historieta? Para ..ajudar" as crianças a interpretarem o que leram, o professor está instruído para mostrar a crueldade da atitude do pai, no caso concreto. e. genericamente, mostrar a inutilidade de esperar apoio da parte dos pais. que não podem. nem querem ajudar os filhos, quando estes se encontram em situações d ifíceis (11).

quais sente uma natural inclinação, pelas situações de inferioridade, inibição, vergonha e deboche nas quais elas incorrem. "úmbra-te! rudo o que 1e acontece de errado também na escola. é wna conseqüência dos pais que tens'', AsStm. um Hvro de textos de leitura para o 6.0 ano apresenta uma historieta que mostra um pai estupendo. admirado e amado pelo filho e que passa um dia inteiro com ele empinando papagaio. Esta é a primeira parte. A segunda mostra o rpenino na escola_. mas hostilitado pelos colegJ1s: "Vi ludo!", diz um deles. "Oscasse1e1ts e a ambulância. Pelo menos ,fois m ortos. Esses policiais desgraçados". Na realidade. o menino feliz da primeira parte é filho de um policial. Ele se defende: '"Meu pai foi obrigado aesu,r lá... Mas a história dos morlos não é verdade". Ao que os colegas respondem: ·• É verdade, sim. Eles agem assim ,nesmo: todo mundo sabe disso··. E deixam o filho do policial a sós. E a história termina ... (15). Como não ver aí a intenç.i:o de fazer entrar na cabeça da criança, de que ela não deve coníiar cm seus pais, ainda que estes a tratem bem e a ajudem?

Para os novos "educadores", s6 Interessa pregar o õdlo Não é diferente a técnica de incompatibiliur as crianças com os ambientes com os quais elas não têm relação di-

Colegial deitado sobre 1.1ma mesa examina com colegas revista numa escola aleml. A nova pedagogia favorece a ..descontraç10· ·.

Num livro de religião para o 1. 0 e 2. 0 ano lê-se a certa allura o titulo '' Nem sempre é agradável estar em coso'', Abaixo, ocupando quase a página inteira do livro, figurâm quatro ,nãos enormes, quase negras. Debaixo de cada mão. o desenho de uma criança muito pequena, triste e assustada, acompanhada dos seguintes dizeres: ·• Papal 1inlra que ser assim?": "Serd que poJ>âi e mamãe têm motivos para se zangar comigo?": "Por que me proíbem tanta coisa?'',· "Ah. se eu não tt'vesse recebido uma irmãzinha!"... ( 12). Esse mesmo livro de religião mostra a certa altura duas fotos coloridas do interior de uma casa: um corredor e uma sala. O título da "'lição"" é '"Na minha casa". A primeira fot o. apresenta todo o ambiente bem arrumado mas vazio, sem pessoas. Na segunda. aparece a família: pai, mãe e dois filhos, sugerindo uma vida tranqüila. agradável, feliz. A última frase do texto que acompanha as fotos é: '"Mas, às vezes eu não gosto de casa'". Na página seguinte, ao lado, te-se o titulo "Na caso dos outros", impresso sobre a gravura de uma casa abarrotada de gente de alto a baixo, que não tem possibilidade de desfrutar do conforto de uma casa própria. Estimulo para comparação e conscienti1.ação de uma '"injustiça social" (13). A mesma tend~ncia se percebe nas duas páginas do mesmo livro dedicadas ao Natal: o desenho de uma familia de quatro pessoas da "sociedade de consumo" contemplando os inúmeros pre-sentcs dispostos debaixo da árvore de Natal: jóias, brinquedos, roupas, tudo do melhor. O texto que o acompanha diz: '"Conta-se-nos de Jtsus Cristo, qut ele se tornou bem pobre". E a seguir '"Olhem paro este quadro. O que é que vocês acham que estd bem? O que não?" (14). Uma das metas importantes da "manipulação infantil" é fazer ,om que a criança inculpe pessoas em relação às

çoncta. na qual o operário é comparado a um animal de trabalho. A h istorieta conclui mostrando que os aborrecimentos e o mau humor da mãe não são devidos ao comportamento do filho, mas ao árduo trabalho necessário na fábrica de robôs ... (17). Além disso afirma-se que ··a modificaçifo das condições de trabalho·· poderia melhorar a situação dos operários. Mas a razão pela qual essa transformação não pode ser levada a cabo, está insinuada no diálogo mãefilho: quem tem necessidade de vender seu trabalho, torna-se dependente ... Quem, pelo contrário, vende o produto do trabalho (de outros), desfruta de um lucro que lhe permite levar vida melhor e mais livre e, portanto, não tem interesse cm suprimir a dependência do operário. Este é o cerne da ""mensagem·· do trecho de leitura acima cicado, e que assim vem descrito no manual destinado ao profes.sor para ·orientação das lições ( 18). Mas, a aversão ao mundo industrial deve ser levada ainda mais longe. Os próprios sentidos das crianças são manipulados para fazer com que elas se lembrem continuamente, por uma espécie de rcnexo de Pavlov. do ""horror·· do ambiente de fábrica, mantido pelo interesse de uma classe. Vejamos outro exemplo. extraído de um livro de leitura para o 6.0 ano. O sétimo capí!ulo apresenta "Informações sobre o mundo do 1rabalho··. Sob o título ""Mulheres na produção em sér;e", assim se de.screve o ambiente cm que trabalha uma operária: "Elos não podem conversar emre si. porque com o barulho ensurdecedor tias mdquinas não se consegue entender uma palavra'". Trata-se de uma fáb rica de chocolates. Por que, veremos depois. ''As mulheres estão dlspostas de espaço em espaço dia,ue das máquinas ( ... ) e controlam o co111inuo andor do produ· 10". O chocota1c quente tem um ''cheiro forte e medonho" e "não há lei que obrigue os patrões a instalarem ambien• tes acústicos que abafem o barulho ou máqu;nas mais si/em:iosas" ( 19). Fica c laro que as crianças são jogadas contra toda uma si1Uação de trabalho industrial não comprovada, associando-as sensitivamente a um produto que conhecem bem, que ganham de presente dos pais e do qual gostam. Depois de ter rc-ccbido "a mensagem·• da lição. a criança passar:\ a se convencer de que '"cada vez que eu comi chocolate eu ajudei na exploração dessas pobres mulheres da fábrica de chocolates··. A criança passa a se sentir uma espécie de cúmplice do proprietário d:} fábrica, explorador dos operários, através de um alo o mais normal e natural para ela que é o de

Preparam mentalidades anérqulcas. S6 na Alemanha? Como produzir nas crianças ódio cm relação à África do Sul? A pergunta parece absurda. pois o que entende uma criança de curso primário sobre política internacional, ou que interesse tem para uma criança a África do Sul. tão distante da Alemanha? Os manipuladores da edu· cação infantil esquerdista encontraram uma fórmula que pode convencer facilmente criança. pelo modo brutal e agressivo com que é apresentada. Numa exposição de cartazes didáticos em escolas do Estado de Hcsse, cm 1975. podia-se ver um que mostrava a cabeça de um negro cm forma de laranja, sendo esmagada num e xtrator de suco. A África do Sul exporta laranjas para os países europeus. O cartaz visava o boicote à importação de laranjas daquele pais africano. imprimindo na criança a idéia de que tomando suco de laranja, estaria sugando sangue e suor dos negros expio· rados pelos brancos na África (20). Os exemplos poderiam ser multiplicados. Todos com o mesmo objetivo de instigar a mentalidade infantil contra o mundo do trabalho, incutir pavor de ter que trabalhar a(gum dia e indignação contra uma sociedade que tolera tal estado de coisas. A única sociedade que a criança deve idealizar é uma sociedade onde ninguém tem obrigação de trabalhar. se para tanto não sentir vontade e agrado. Vemos. atravfs desses exemplos. para onde os mentores do ··emancipacionismo·· querem levar a humanidade. A-liás, basta olharmos cm torno de nós para verificarmos que a manipulação das mentalidades infantis não se res• tringc à Alemanha, mas trata-se de um fenômeno que invadiu de pleno o mun... do ocidental. Em todas as partes cons1a1amos que uma tendência ..emancipac ionista" qualifica de arbitrária toda e qualquer regra. toda e qualquer o rdem ou norma. colocando-a cm dúvida. E. dessa fonna. estimula-se a transfonnação. Já não é mais o caso de perguntar para onde lais métodos condu1.cm. Pois o estamos percebendo a cada passo. A pergunta que se deveria fazer é: o que será dos homens, quando tiverem alcançado a meta trJç:ada por esses manipuladores? O que será feito dos homens quando estiverem inteiramente "livres" de tudo, andando soltos pelo. mundo. "emancipados'" de todo vinculo, de toda obrigação, de toda lei, de toda moral? Qual será a eonS<:qUência dessa negação de toda ordem? Pois sem uma ordem exterior. construida e mantida de acordo com a Lei de Deus, o homem se desordena também interiormente e passa a rccu.. sar aquilo de que ele é imagem e scmelhanço: seu Criador. Ele acaba por escolher um modelo exterior oposto a Deus cm tudo, a fim de reali1.á•lo cm si, para cníim tornar-se totalmente disse... melhante de Deus. O homem teria chegado a um estágio cm que o primeiro e mais alto dos Mandamentos. o amor de Deus, seria violado no que tem de mais profundo. Parece-me que é para a "grande anarquia, a qual, como uma caveira de foice no mão. parece rir sinisrrameme aos homens: da sole,·ra da porta de saldo do século xx·· - conforme expressão do P rof. Plínio Corrêa de Oliveira (21) - que os ""cmancipacionistas"" desejam levar a humanidade.

Beno Hofschulte

(1) Hclmul Schocck, A posição desses dois alunos alemães reflete o espírito de revolta Insuflado pela pedagogia de ''Venguarda'º.

SchOlcrmanipula-

tion - Wic man unscrcn Kindcrn das "ric:h1igc Bcwuss1Sein" beibringt - Aufklãrung fUr Eltern und Erzicher" ("Manipulação de alunos -

reta, como o é o mundo do trabalho e comer chocolate. Aliás, não só ela. mas das fábricas (16). Em inúmeros livros cúmplice também seria quem lhe deu o didáticos o mundo do .trabalho é apre· chôcolate de presente: pais, avós ou sentado de um modo global como sendo quem quer que seja. Alguém poderia objetar: mas isso se um ambiente de aborrecimentos, de. tépoderia combater organi,..ando ..sc visitas dio, de exploração, de superexigência. Num livro de leitu ra para o 5. 0 ano dos escolares às fábricas. Eles constatariam então •~in loco" que a realidade cnconlra ..se o diálogo da mãe - cmpre• pode ser outra, e o mais das vezes o é. gada na linha de montagem de uma Sim. Mas. também isso os mentores da fábrica de robôs - com seu filho. sobre a necessidade de ela trabalhar para ga- "emancipação infantil"' não esqueceram. Existem orientações especificas de como nhar dinheiro, não podendo dar-se ao os professores devem. organizar e preluxo de estar fazendo viagens .d e férias, como por exemplo o Sr. Trumm, seu parar lais visitas a fábricas com seus patrão e proprietário da fábrica. ··Mas é alunos, para também ai. ao saírem dela não levarem para casa impressões favoa senhora que monlo os robôs'\ objeta o ráveis. O Prof. Schocck expõe em sua menino, hpor que é que nós não ficamos obra as normas que devem ser seguidas ricos" como o Sr. Trumm, que apenas organiza as vendas da produção de sua nessas ocasiões. Enumerá-las aqui, torfábrica? A mãe responde com uma can- -naria o presente artigo muito extenso.

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Como se apresicn13 a noss;:is crian-

ças o "conhcc:im-cnto ceno"). Editora Hcrdcr. Frciburg im· Brcisgau, Alemanha. 3.• cdiç.'io~

abril de 1977. ISBN 3-4S l-07S6S•2. (2) Op. cit .. ibidem. (3) Op. cit .• ibidem. (4) Op. cit., ibidem. (S) Op. cit .• ibidem. (6) Op. cit.. p. 1S e 16. (7) Op. cit.. p. 17. (8) Op. cit .• pp. 28 e ss. (9) Op. cit .. pp. 28. ( 10). Op. cit., p. 30. (11) Op. cit .. P.· 34. ( 12) Op. cit., ibidem. (13) Op. cit., p. JS. (14) Op. ei1.. ibidem. ( 1S) Op. cit.. pp. JS e 36. ( 16) Op. cit.. pp. SJ e ss. (17) Op. cit.. P.P· SJ. (18) Op. eit.• ibidem. ( 19) Op. cit .• p. S4. (20) Op. cit.. p. SS. (21) "Obcdccct para ser livre", artigo publicado na ··Folha de S. Paulo". 20-9-80.

Catolicismo -

Outubro de 1982


América Central: futura URSS no Caribe?

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AMÉRICA CENTRAL NUMA VISÃO DE CONJUNTO O LONGO DOS últimos anos, a região centro-a"?ericana foi atraindo P-rogress1vamente a atenção da opinião mundial, graças a abundantes e continuas noticias a seu respeito publicadas pela imprensa internacional. Essa parte de nosso continente, esquecida durante muitas décadas tanto pelos americanos 'do Norte quanto pelos do Sul, parecia, a julgar pelas notícias, estar submetida a um cataclismo político, religioso e econômico-social que a levaria, gradativamente, a resvalar ·para o comunismo, e a constituir assim algo como se fosse uma "União das Repúblicas Socialistas Soviéticas da América Central"; e, a esse titulo, começava a atrair todas as atenções.

A

Precedente frustrado: a Amêrlca do Sul Algo análogo sucedera entre 1963 e 1973, apro,umadamente, com as nações do cone Sul, quando foram vítimas de uma ofensiva socialista na qual a Democracia Cristã, o Clero "progressista" e importantes setores burgueses articularam-se para com o apoio do esrablishment "liberal" norte-americano da era Kennedy - impor tendências que redundaram em beneficio do comunismo internacional. Nesse processo várias nações viram-se submetidas a regimes declarada ou virtualmente marxistas como Chile, Peru e Bolívia - enquanto outras, como Argentina e Uruguai, estiveram na iminência de cair em análoga situação. Ao mesmo tempo, os germens e sintomas do mesmo processo chegaram a fazer-se sentir em outros países, como Colômbia e Equador, nos quais foram promovidas e aprovadas reformas estruturais socialistas e confiscatórias, que repetiam, com as devidas adaptações, as injustiças impostas, de modo precursor, nas nações do Sul. Tal processo teve como líderes, em toda a América do Su l, os representantes da esquerda católica, os quais, muitas vezes protegidos pelos respectivos Episcopados, promoveram, deram vida e credibilidade - assim como, posteriormente, proteção na hora da derrota - aos socialistas e marxistas de todos os matizes. As TFPs se congratulam de ~aver estado sempre na vanguarda da oposição a esse processo fraudulento de comunização, e de haver obtido importantíssimas vitórias na batalha ideológica , legal e pacífica visando prevenir a opinião católica das respectivas nações, do embuste a que estava sendo induz.ida. Inicialmente, começaram a veicular notícias da insurreição contra a ditadura de Somoza na Nicarágua, as quais ocultavam sistematicamente aspectos capitais da rebelião: o pensamento nítida e declaradamente marxista dos lideres dela; o caráter

simplistâ e aideológico da repressão exercida pelo ditador; a articulação dos governos da Venezuela, Colômbia e Costa Rica com a ditadura do Panamá e a tírania castrista para apoiar o sandinismo; e, finalmente, o papel decisivo de Carter ao determinar o boicote a Somoza, ao mesmo tempo em que manifestava simpatia para · com a oposição guerrilheira. Uma vez submetida a Nicarágua ao poder dos sandinistas, que com crescente ênfase iriam manifestando sua posição marxista, o noticiário internacional passou a focalizar a situação de El Salvador, onde outrjl ofensiva guerrilhei.ra crônica ia conduzindo o país à beira da guerra civil. Meses depois, um golpe militar, aplaudido pela Casa Branca, instaurava nova ditadura, desta vez nitidamente socialista.

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(mviado especial)

América Central vista de perto: futura URSS no 0(!,ribe?

Na qualidade de enviado especial da TFP e de "Catolicismo", pude · conhecer de perto, na América Central, o quanto está cm jogo o futuro das nações ibero-americanas. Uma primeira observação que convém registrar é a palpável semelhança de raça, cultura e mentalidade de :,ovos da América Central

A AM~RICA CENTRAL vem sen.do apontada, há algum anos, pela grande imprensa, como um continente em chamas, proplci'o a atrair o inte(CSse não sõ de todos os americanos, mas do mundo inteiro. "Catolicismo" P.Ublicou, em seu numero 380, de agosto de 1982, · vasto material informativo, acrescido de comentários, sobre a subversão progressista nessa região, em especial sobre o rumoroso caso do

Pe. f!ellecer.

Grupo de meninos adestrados no m anejo de riflH no c.mpo guerrilheiro Cerro de

Agora, é com satisfação que nosso jornal. tem a po~ibi.lidade d.e oferecer a seus leitores um conjunto de reportagens de seu enviado especial à América Central, Alfredo MacHallc Espinosa. Nelas se encontra material informativo abundante e recente, de alto interesse, colhido diretamel)tC na região sobre o que, de fato ocorre no continente centro-,americano.

Guaupa, EI Salvador.

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Alfredo MaeHalle Espinosa

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Neste número, o leitor encontrara quatro dessas reportageJ1S: uma sob.re o contexto geràl daquele continente.e ttes, respectiValJ!ente, a respeito do Panamá, da Nicatágua e de ~ta Rica.

ESTADOS UNIDOS

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CaracH ;

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AMÉRICA CENTRAL:

Pequeno guerrilheiro aandinf•ta empunha pro•

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mante o revólver

com a mio direita

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Bogot,i

CENÁRIO CONTINEN'FAL DE SUBVERSÕ;::o~'Ú

Ao longo de meses de noticias incessantes a respeito da crise em EI Salvador, a imprensa mundial procurou dar destaque sobre a iminente queda do pais sob o jugo·comumsta; nesse meio tempo, na Guatemala surgiam e cresciam os sintomas de um processo similar, no qual também apareciam sintomas de ação eclesiástica revolucionária. Tal panorama, com seus exageros e seus mitos - mas também com a realidade mais profunda que, de vez em quando, se pode entrever apesar das deformações da imprensa internacional - atrai ·hoje a atenção do mundo. Essa situação importa também oum grave perigo para os três continentes americanos.

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Mor do Ct1ribt1

COSTA RICA,.· Sàn "°"'t

Provoca-se a sensação de caos centro-americano geral

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COLÔMBIA

com os pafses do norte da América do Sul. Em seguida, a importâJ,cia, sistematicamente silenciada mas muito ponderável, de um conjunto de nações que, todas juntas, somam um território três vezes maior que o do Uruguai, uma população equivalente ao dobro da do Chile e uma produção econômica análoga à da Colômbia.

Preliminar lndlspensêvel: desfazer mitos Outro mito que, como preâmbulo, é preciso desfazer, assemelhase àquele que circula na Europa e nos Estados Unidos a propósito das nações sul-americanas: o da manutenção de diferenças abismais econômico-sociais, cuja existência - afirmase - tornariam.,compreensfveis e-até justificáveis as revoluções. l, evidente que em todos os países há diferenças sociais que nos últimos anos acentuaram-se consideravelmente, em consequência de fenômenos cuja universalidade algum dia a História explicará: a migração de camponeses para as cidades, a perseguição da agricultura e o abandono da mesma, a imposição de padrões artificiais de vida e de consumo, a aplicação frequente de politicas econômicas erradas e descontínuas, que causaram a ruína de amplos setores da população. Como também o desestimulo das vastas e louváveis obras de caridade e assistência, outrora praticadas, sob o influxo católico, por pessoas de alta condição, o avanço da demagogia e fermentos da luta de classes; tudo isso contribuiu para apresentar as várias camadas sociais como adversánas reciprocas, ao invés de se ver nelas elementos hierarquicamente desiguais, mas destinados à colaboração harmônica entre si. A difusão desse mito das dêsigualdàdes abismais foi um fator tendente a paralisar as reações <;los países não afetados momentaneamente

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VENEZUELA

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pelo processo subversivo. Tornou-se claro, entretanto, que o vendaval da distorção publicitária, impulsionado por muitos elementos•da imprensa mundial, dirigir-se-ia sucessivamente às várias nações, tornando-as alvo da mesma deformação, tão logo o comunismo estivesse na iminência de conquistá-las. Por último, é necessário assinalar também outro mito, ou seja, o do suposto anticomunismo autêntico de certas ditaduras centro-americanas. Algumas delas não se preocuparam em apresentar uma sustentação ideológica, !.imitando-se à repressão indiscriminada contra as vánas formas de oposição, imaginando, com isso, manter sua própria estabi lidade. Tal fato ocasionou duplo efeito: de suscitar, a longo prazo, resistências muito maiores, e de abafar as vozes dissidentes anticomunistas, impelindo, desta forma, muitas pessoas a cair na esfera de influência marxista. Foi, caracteristicamente, o que se deu na Nicarágua com Somoza, com a agravante das concessões inopinadas e desproporcionadas que fez ao sandinismo, as quais $Ó poderiam fortalecê-lo.

As forças atuantes na Amêrlca Central Dito isto, cabe perguntar: quais são as forças que atuam na América Central, e em que sentido o faum na atual crise? De um ládo, é preciso destacar a existência de eclesiásticos - cujo poder c influência são, em todo caso, decisivos - que, com frequência, atuaram, desde que se tornou patente o processo de "autodemoliçã_o da Igreja", no sentido de transformar a atitude conservadora do povo, primeiro em "reformista" e depois em "revolucionária". De outro lado, as forças "reformistas" leigas, de lndole nitidamente socialista, como a Democracia Cristã, a Internacional Socialista, às

quais se deveria acrescentar a pressão do establishment norte-americano, que atua geralmente no sentido da esqucrdizaçllo. As forças afins à lnternaéional Socialista e à Democracia Cristã cm geral se alternam com o poder militar local no excrcicio do poder. Às vezes - não sempre'- o fator militar assume posição anticomunista, mas quase invariavelmente sem compreender que governar não é antes de tudo dominar. Mas sim, conduzir a opinião pública pelas vias da ordem e da tradição, tendo em vista o aperfeiçoamento que normalmente ela almeja. Em vista disso, os militares permanecem no poder por periodos muitas vezes longos, sendo forçados, contudo, ao cabo destes, a entregá-los a algum partido politico, mediante eleições, não raro, de autenticidade discutivel. Os partidos afins a uma e a outra tendência, quand'o conquistam o governo, buscam o fortalecimento do poder estatal, limitam a iniciativa privada, favorecem o igualitarismo e incrementam indiretamente a luta de classes. E na medida em que o fa. z.em, desprestigiam-se e abrem caminho aos regimes de fato. Em suma, nos países onde vigora uma democracia estável, os partidos pollticos alternam-se no poder, ao qual ascendem principalmente devido ao decllnio do grupo adversário, e não cm virtude de sua própria popularidade. De outro lado, onde a democracia não é estável, a demagogia dos pollticos de centro..:squerda conduz indiretamente os militares ao poder, os quais, por sua vez, se vêem dele desalojados, quando se tornam "desgastados". Nesse quadro, uma só força manteve durante ânos invariavelmente sua insignificância: a extrema esquerda, apesar de seu empenho em beneficiar-se dos desatinos praticados pelos sucessivos regimes. Para ela o problema consistia no seguinte: como sair desse crônico estancamento?

Simbiose da esquerda marxista com o Clero subversivo A escandalosa colaboração de grande parte do Clero nicaragucnse com o movimento sandinista, o apoio que concederam aos mesmos membros do Episcopado dessa nação - sem prejuízo dos conflitos que posteriormente ele manteve com o governo marxista - mostram suficientemente até que ponto a esquerda clerical e os movimentos marxistas agiram em função de ideais comuns. E, sobretudo, como o fracasso crônico dos movimentos marxistas foi compensado vantajosamente pela influência combinada dos padres esquerdistas e dos Bispos coniventes. Foi-se tomando notório, nos últimos anos, como os participantes dessa tendência, inspirados na "Teologia da Libertação" - e em aliança com marxistas . .• declarados constituem um nucleo duro dentro dá subversão.' E, ao mesmo tempo, tomou-se patente como tais eclesiás-

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(co111i11ua na página 4)

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++-::.--- - - -- - -- - - -- América Central: futura URSS no Caribe? - - - - -- - - - - - -~:---:-

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América Central... ticos preparam uma esfera de iníluênc,a para o marxismo, de forma que, apesar do fracasso deste quando se manifestou como movimento ateu e anti-religioso, em futuro próximo, o credo vermelho apresenta possibilidades de vencer graças à conotação mistico-subvcrsiva que começa a apresentar. A queda da Nicarágua, devido a esse esquema, e a insistência por parte da imprensa mundial, logo em seguida, de que os governos de EI Salvador e Gua temala estavam na iminência de se tornarem regimes marxistas, tendiam a provocar, na opinião latino-americana, uma sen-

sação de derrubada geral na região, de processo incoercivel de comunização.

Uma interrupção no "caos generalizado" Entretanto, até o momento, tal coisa não sucedeu. Por que? Terá o esquema ficado demasiado claro quan; to a seu caráter fraudulento ao eonhe· cer-se o que eram, na realidade, o sand inismo marxista e seus colaboradores eclesiásticos? Ou por que a extensão da devastação do incêndio não poderia deixar inertes os poderes espiritual e temporal do Ocidente, reclamando deles medidas eficazes de contenção? Ou por que a resistência da opinião publica salvadorenha contra a subversão e o socialismo, impulsionados pelo governo militar-democrata-cristão, patenteou que uma vitória artificial e de pequenas proporções do marxismo hoje, poderia significar-lhe uma derrota imensa amanhã? Poder-se-ia ainda apresentar outra indagação: a guerra pseudo-religiosa, desencadeada pelos sacerdotes subversivos, não poderia detonar uma verdadeira guerra religiosa dos autênticos cató· licos contra o comunismo. com incalculáveis prejuizos para este? As presentes reportagens não visam analisar a fundo t~is problemas, embora possam ta lvez esclarecer muitos de seus aspectos. Observando de perto a América Central, torna-se patente que na trama para comunizar a estratégica região foram articulados de forma misteriosamente sistemática poderosas forças e numerosos líderes das mais variadas categorias. Entre tanto, os setores mais humildes da população - apresentados habitualmente como pró-comunistas - tão logo notam estarem sendo conduzidos nessa direção, resistem, muitas vezes valentemente, pois não desejam cair sob o domínio vermelho. A pós essas considerações preliminares sobre o traumati1.ado continente centro-americano, analisaremos a seguir a situação de três simpáticas, pitorescas e conturbadas nações que o compõem.

PANAMÁ: PAÍS ESQUERD.I STA E PÓLO FINANCEIRO INTERNACIONAL PANAMÁ, como se sabe, viveu desde 1968 sob uma ditadura esquerdista, exercida por Omar Torrijos, de modo indireto mas muitas vezes brutal. Ditadura que não mereceu ataques nem dos defensores dos "direitos humanos" - apesar dos graves abusos por ela cometidos - nem do governo norteamericano, contra o qual se dirigiu a política torrijista, cm especial a propósito do Canal.

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O Panamã de Torrljos: pró-comunista e antl-norteamerlcano A posição internacional do Panamá, durante esse periodo, foi claramente "terceiro-mundista", próCuba, apoiando o sandinismo e outras formas de subversão nas nações

O Arcebispo da Capital panamenha, Marcos Me Grath. fe:z um pronunciamento na cMimônia de posse de Aristides Royo como presidente do Panamá. em novembro de 1978.

querda e a promulgação autoritária de uma nova Constituição foram produzindo bolsões de descontentamento, inicialmente mudos, e finalmente mais ousados; o que obrigou a Torrijos a proceder a uma aparente democratização, nomeando A· ristides Royo como Presidente, mas conservando ele, Torrijos, todo o poder efetivo.

I

Carter abraça Totrijos após a capitulaçio' dos Estados Unidos por ocasião da asai• natura do tratado sobre o Canal do Panamá.

vizinhas. E também favorecendo a constituição de um conglomerado de países, se bem que não claramente comunistas, entretanto profundamente hostis aos Estados Unidos, enquanto potência ocidental. Paradoxalmente, o grande apoio econõmico do Panamá, durante estes anos, foi e xatamente os Estados Unidos, formando-se no país centroamericano um importante pólo bancário, comercial e financeiro internacional que constitui a maior vantagem de que tal nação go1.a. Ao mesmo tempo, os créditos internacionais recebidos durante estes anos converteram o Panamá numa das nações de maior endividamento per capita da América, para o q ual contribuíram não só os governos das nações desenvolvidas, mas também instituições internacionais de crédito e os principais bancos privados do Ocidente. Internamente, o ponto de maior insistência foi a reivindicação da soberania sobre a Zona do Canal, para r

, I O abraço de velhos amigos em Havana: o tirano de Cuba e o ditador do Panamá.

a satisfação da qual concorreu a condescendência que o ex-Presidente Carter manifestara para com as esquerdas, ao mesmo tempo que demonstrava intransigência para com os governos e movimentos anticomunistas. Para alcançar tal fim', Torrijos mobilizou amplos setores populares, assim como a Guarda Nacional (exército e polícia), cuja liderança excreta, deixando os setores políticos !~adicionais mais ou menos cm recesso e mantendo não poucos de séus líderes no exílio. O Panamá foi assim, durante mais de uma década, de forma semelhante ao Peru, uma ditadura csquerdistá e anti-norteamericana, que recebeu do esrablishmenr politico e econômico dos Estados Unidos não uma resposta hostil , mas a tolerância e até o apoio. Sem embargo, a perseguição aos opositores, as medidas socialistas, a própria posição internacional de es-

Democratização aparente e aumento da confusão Morto Torrijos num acidente aéreo, desgastado o regime pelas medidas esquerdistas impopulares, o Governo de Royo foi perdendo consistência, enquanto a Guarda Nacional readquiria preponderancia. Após alguns meses, um novo "homem forte·:. o General Ruben Dario Paredes. ascendia ao poder. A renúncia de Royo à Presidên· eia e o acesso a esta de Ricardo De la Espriella, até então Vice-Presidente, vinculado aos meios bancários, foi considerada por diversos setores como uma guinada para a direita, devido à posição que se atribui ao General Paredes. Entretanto, a observação atenta dos fatos exclui tal explicação, pois vários ministros esquerdistas de Royo continuaram em seus cargos, tendo havido duas novas nomeações de políticos desta orientação: o ex-Chanceler Jorge llueca como Vice-Presidente e um militante comunista integrando pela primeira vez o Gabinete.

Como é de supor que todos esses fatos foram do agrado do referido Genera l - uma vez que este declarou que o poder real é exercido pela Guarda Nacional, e o Presidente De La Espriella se absteve inclusive de contradizê-lo - fica claro qual é o mais provável futuro político do Panamá: um regime socialista com certa apa rê ncia anticomunisla. sob a proteção milirnr, e com alguns partidos que o apoiem, sobretudo para manter a fachada de "democrati1.ação". J O que fará tal regime? Provavelmente continuará cm essência a política de Torrijos. com o mínim o indispensâvel de atenuações iniciais para ser esta tolerada pela opinião pública; e manterá as amplas vantagens de que gozam os bancos - c·m contraste com as nacionalizações que sofreram em quase toda a região - aproveitando os benefícios econômicos decorrentes dessa situação... até que c hegue o momento de dar novos passos cm direção ao socialismo radical. Mome11to no qual a estati,.ação dos bancos significaria que o Estado assumiria o controle quase absoluto da economia panamenha. Dará a "democrati,.ação" uma oportunidade real para que se mani' fcstem forças autenticamente antisocialistas, q ue possam ostentar à opinião panamenha tudo quanto lhe foi ocultado, isto é, o caminhar incessante rumo ao totalitarismo, durante uma década?

NICARÁGUA: CO NO CENTRO DAS AMÉRICAS A NICARÁGUA, obviamente, a informação sai filtrada e sistematicamente deformada. A comunização radical do regime politico é apresentada como sendo o "socialismo nicaragüense". A máquina estatal de policia política, movida por cubanos e comunistas de várias nações congregados em Manágua, é qualificada de "Defesa do sandinismo". Os meninos, convertidos em milicianos e soldados, são considerados frutos da "conscientização da juventude". Os esforços para a destruição interna da Igreja e sua transformação no braço espiritual dos sovietes nicaragüenses, com o fim de manejar as almas, tendem a formar o que se denominou "Igreja Popular". A doutrinação marxista das consciências infantis e populares é cbamada "alfabetiza-

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Segundo 01 prfncfpio1 menci11.a1, •• mulheres devem aer mobilizadas, como com•

prova este foto de cinco mlliclane1 undln11te1 p0rtendo metra!hador11.

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ção". A sobrevivência, apesar das medidas confiscatórias, de restos de propriedade privada, ou simplesmente a agonia lenta da mesma, juntamente com os bens controlados pelo Estado, cada vez mais numerosos, são considerados "economia mista".

Nova naçllo-cãrcere: fome, mordaça, prisão ou morte Mas os eufemismos e a linguagem sibilina dos marxistas não conseguem ocultar a pavorosa realidade. A economia está em ruínas. O racionamento foi estendido aos principais gêneros alimentícios e a numerosos remédios e, em todo caso, é discrimina(ório a favor dos sandinistas. O combustível é tão escasso que somente são vendidos 2,5 litros

de gasolina por dia para cada automóvel. No mercado negro o preço do dólar quintuplica o valor oficial. O setor da construção civil encontra-se inteiramente paralisado desde que os sandinistas tomaram o poder, havendo hoje um déficit de 300 mil moradias. O endividamento externo do pais elevou-se em 65% no mesmo período e chegou aos 2,5 bilhões de dólares. O número de empregados públicos duplicou. sem levar em consideração as forças armadas. Há ainda o pior. A liberdade praticamente não existe; há comitês de vigilância nos bairros e lugares de trabalho para detectar e denunciar os suspeitos. A imprensa é rigidamente censurada e os poucos órgãos que não concordam com o regime são com frcqllência suspensos. O direito de greve está virtualmente Catolicismo -

Out ubro de 1982


-:..:-~- - - - - - - - - - - - - América Central: futura URSS no Caribe? - - - - - - - - -- - -~~

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assumiram idêntica posição, constituem o grosso do Clero nicaragUense. Esses eclesiásticos formaram numerosos corpúsculos de base para difundir em meio ao povo seus postulados, procurando conduzir este a uma posição revolucionária. E na persecução de tal meta o referido setor eclesiástico acabou enfrentando o Episcopado nicaragUense. Em vista disso, alguns Bispos foram apontados como membros da "reação".

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Sessã-o preparatória da campanha de ..alfabetização" na Nicarágua. Da esquerda para a direita. o ex-sacerdote Hugo Asseman; no centro, o sociólogo marxista Paulo Freire. criador de tal mátodo de ..alfabetização.. ; Carlos Timermann. ministro da Educação nic.aragüense e o Pe. Fernando Cardenal, SJ, atualmente secretério•geral das Juventudes Sandinistas.

supresso. Os si ndicatos não sandinistas são perseguidos e asfix iados. Os partidos políticos estão reduzidos ao silêncio e à inatividade. Povoações inteiras são privadas de seu

Primeiramente, alardeou-se uma ofensiva dos ex-guardas somozistas, os quais, entretanto. nada de sério fizeram. Depois, insistiu-se no "iminente·· ataque nor.te-americano, que patrimônio e levadas a viver em nunca se realizou. Finalmente falou,·egiões distantes. desde que assim . se da guerrilha que Eden Pastora convenha à Revolução. As "turbas" promoveria, a qual até agora não s:111dinistas freqüentemente amea- representa nenhuma ameaça pondeçam e agridem quem demonstra es- rável para o governo. de Manágua. tar cm desacordo cm relação ao Com esses pretextos, o continregime. O Poder Judiciário sofre gente armado sandinista foi olevado implacável cerco, havendo fundados de modo desproporcionado, sendo temores de que de uma hora para hoje mais numeroso do que todos os outra dê lugar à "justiça revolucio- exércitos da América Central somanária'º. Até os documentos eclesiás- dos, excluído o de Cuba. Foi decreticos são proibidos quando não se tada a lei marcial e estabelecido um coadunam exa tamente com os inte- regime de exceção, tornando absoresses do regi me. E, naturalmente, luto o controle do sandinismo sobre todo anticomunista corre permanen- a população. Organizaram-se adestemente risco de sofre r prisãq e mor- tramentos populares cotidianos para te pelo simples fato de não se mos- a "defesa do pais", sendo convotrar entusiasmado com a Revolução. cados civis para cava r trincheiras e No campo cconõmico-socia·1, a efetuarem exercícios de luta. IniReforma Agrária já confiscou 700 ciou-se, enfim, a construção de bases mil hectares, grande parte dos quais militares cm diversos pontos do não estão sendo trabalhados. sob o pais, tendo sido admitidos milhares controle estatal. de forma adequada. de cubanos como assessores e soldaO setor publico, que antes abrangia dos, além de outros combatentes 40% da economia, atinge agora 60% internacionais. e continua aumentando. EvidenteÀ sombra de tal fortalecimento mente, os bens privados diminuem militar desproporcionado, cresceu a por causa dos confiscos sistemáti- agressividade Sandinista, tanto no cos. O comércio é continuamente icpoio à guerrilha salvadorenha, perseguido, sob pretexto de "acapa- quanto na promoção de numerosos ramentos" e "especulações", os incidentes fronteiriços com Hondu_quais são. segundo o governo sandi- ras e Costa Rica, como também na nista. a causa da crescente escassez. reivindicação das il has do Caribe sobre as quais a Colômbia exerce a soberania. Rumores e denúncias de Além disso, o regime de Manâataques inexistentes gua foi-se identificando c9m a RúsNaturalmente, ataques dos sia, sobretudo a partir da visita dos sandinistas aos Estados Unidos são ministros Humberto Ortega e Jaime contínuos. como se o governo ame- \Vheelock ao Crcmlin e da ratificaricano tivesse combatido ardorosa- ção dos vários tratados de coopemente o regi me revolucionário. En- ração firmados cm Moscou. naquela tretanto, a verdade é outra. É sabido ocasião, entre ambos governos. Sique Cartcr apoiou claramente a cau- multaneamente, os jornais, rádios, sa sandin ista, concedendo créd itos canais de televisão e ed itores ligados ao regime atual no va lor de 75 mi- ao sandinismo intensificaram semlh ões de dólares, quantia essa que pre mais sua campanha de penetrafoi aumentada sob a administração ção ideológica no seio da populade Rcagan, para 120 milhões de ção. tentando transformar cm codólares. Por outra parte, as instituições internacionais de crédito e dcsc·nvolvimento, éomo o Banco Mundia l e o Banco lnteramericano, que dependem cm grande medida dos fundos proporcionados pelos Estados Unid os, concederam à Ni·carágua empréstimos de mais de 400 milhões de dólares nos últimos três anos. Ao mesmo tempo, o sistema bancário aceitou a "renegociação" da divida nicaragliense antiga, em COSTA RICA é considerada termos sumamente favoráveis. Além a "Suíça centro-americana'\ disso. várias nações da Europa Ociem que todos manifestam sua dental, assim como a Venezuela e posição, onde se realii,am eleições México. prestaram auxilio ao go- periódicas. as quais, cm geral. são vernó sandinista. Em conseqüência respeitadas. Na verdade, salvo essa disso. considerada tal ajuda em seu diferença cm relação ao resto da conjunto, o governo sandinista rece- América Central, o processo de conbeu muito mais apoio do que o quista do poder ali desenvolvido pegoverno de Somoi,a, durante os ul- lo com unismo é muito parecido ao timos anos de sua administração. empregado nos países vizinhos. Assim como o atual regime manipula a deformação da realidade Liberdade de escolher entre econômica a fim de dar novos pas- esquerda... e esquerda sos cm direção ao socialismo total, também utiliza a propaganda para De fato, a tal "democracia perveicular notícias exageradas ou fal- fei ta" existente naquele pais merece sas sobre supostas invasões, visando muitas ressalvas. Os partidos imporinstaurar a ditadura policial-militar. tantes são de esquerda moderada,

munistas convictos grandes setores desta.

lmportancia do apolo de setores eclesUisticos ao sandlnlsmo Um dos principais aspectos da mencionada campanha é o religioso, realizado sob o influxo de padres marxistas que participaram da revolução, os quais propagam a Teologia da Libertação no sentido mais radical, exercem cargos de governo ou colab"oram estreitamente c9m ele, empenhando-se cm persuadir a opinião católica de q ue é um dever desta aderir ao que denominam "causa popular" (•). Tais sacerdotes que, juntamente com os membros de comunidades religiosas de ambos sexos, as quais

Em meio a tal controvérsia, entretanto, não têm surgido afirmações no sentido de que seja um dever dos católicos opor-se à instauração do regime econômico-social marxista. Isto é, combater o desaparecimento da prôpricdadc e iniciativa privadas, a absorção de todas as atividades por parte do Estado e a constituição de um regime inteiramente igualitàrio. A médio prazo, é plausível que se produzam e ntre o regime marxista e membros da Hierarquia Eclesiástica tanto atritos quanto distensões, o que traz o risco de constituir um. processo de sucção-das bases católicas para o marxismo e da demolição da autêntica Igreja na Nicarágua.

Oposição não ldeol6glca: ineficaz e ln6cua Também no campo temporal alguns colaboradores do sandinismo começaram a mostrar-se "arrependidos", sem chegar, não obstante, a manifestar mudanças decisivas em suas posições que, de fato, favoreceram o comunismo. E tal "arrependimento'" não inclui nenhuma atitude que, efetivamente, importe num combate ao credo vermelho. Ex-guerrilheiros, ex-funcionários de destaque do regime sandinista, hierarcas do mesmo, - cuja participação ajudou a revolução Sandinista a apresentar-se como libertadora , obtendo deste modo o apoio internacional - hoje em d ia passaram à "oposição". A ra1.ão invocada para essa atitude, evidentemente, é de que

os lideres do ~overno são comunistas, como se ,sso constituísse novidade. Mas ao explicitar a própria posição - cada um segundo seu estilo - manifesta uma ambigUidade ideológica que não permite alimentar esperanças de que venha a exercer-se uma oposição verdadeiramente séria. Esses pretensos opositores, por outra parte, continuam em entendimento com líderes da Internacional Socialista, os quais ajudaram imensamente o Sandinismo na escalada do poder. E ao revelar-se este abertamente totalitário hoje cm dia, lhe opõem algumas objeções sem qualquer consistência. Tais ataques ao regime sandinista parecem-se muito a certas ofensivas contra Fidel Castro, que não significaram para seu regime risco ponderável algum, ao longo de vinte anos. Essas oposições, sem raízes doutrinárias, nem atitudes conseqüentes - e até pelo contrário, com afinidades ideológicas com o objeto que é combatido - desempenha freqüentemente o papel de atrair muitos anticomunistas desejosos de resgatar seu país, e de conduzi-los a aventuras - como, por exemplo, a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, durante o governo Kennedy - de antemão condenadas ao fracasso. O futuro da Nicarágua e da América Central depende em grande medida da eventualidade de que elementos anticomunistas, numerosos e valentes, saibam discernir movimentos e lideres capazes de empre,' cndcr um combate coerente contra a presente investida comunista naquela área. e, em conseqUência, de se chegar à vitória. E assim, uma vez identificados, a eles se unirem para lutar contra o marxismo, sem claudicações, sem alianças espúrias nem práticas ilícitas. (•) Para se conhecer com mais detalhes a posição de tais setores eclesiásticos. ver "Catolicismo", n. 0 s 355-356, julho-agosto de 1980 - "Na Noite Sandinista: o inci1amento à guerrilha".

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O Pe. Armando Lopes. S.J. (••· querda). Reitor da Universida· de Centro Ameri· cana de Maná·

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gue. em íntima confabulação com Umberto Or·

tega. "coman·

dante" do Exár- .. cito Sandinista,

NA COSTA RICA: CULTO AO CENTRO DOMINADO PELA ESQUERDA

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Catolicismo -

Outubro de 1982

mas neles há também não poucos socialistas radicais. De modo que à opinião pública não resta outra sa ida senão optar por alguma das formas dessa tendê ncia: o Partido de Liberação Nacional (PLN), de posição socialista-democrática, ao qual pertence o Presidente Luís Alberto Monge; e a Coali,Jio Unidade, de tendência democrata-cristã, da qual fa1. parte o ex-Presidente Rodrigo Carazo. As diferenças programáticas entre ambas facções políticas são mínimas. Por outro lado, os fatores comuns são numerosos, a começar pela voracidade para a obtenção de postos adm inistrativos. Acrescentese a isto o anseio pelo crescimento

do poder estatal, as limitações impostas à propriedade e iniciativa privadas, o fomento de formas socialistas de organização e a tolerância em relação às esquerdas de todos os matizes. A tais fatores veio somarse, nos últimos anos, a promoção, por parte de ambos partidos, de diversas iniciativas autogestionárias. Com tal programa, facilmente se produzem a crise econômica e o desgaste político do partido que governa. A inflação, a estagnação econômica, os fatos que desdouram a administração pública e o aumento da virulência esquerd ista também cori"tribúem obviamente para isso. Assim, a decadência do prestigio da administração de Daniel Odúber

(1974-78) favoreceu o êxito eleitoral dos opositores com Rodrigo Caraio (1978-82), o qual, da mesma forma, tornou possível a vitória recente de Luís Alberto Monge. Entretanto, no último a no do governo Carazo, não reinou muita tranquilidade. Sua cumplicidade com os sandinistas, além do emprego de meios mais do que discutíveis e que não ficaram devidamente esclarecidos, quase lhe custou o poder. E se Cara1.o permaneceu no governo, isto se deve à intervenção do exPresidente José Figueres. caudilho do Partido de Libertação Nacio nal (PLN) e conhecido esquerdista, o (co111i11ua 110 pdgi11ll 6)

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N a Costa Rica...

qual, alegando defender a democracia, de fato favoreceu a impunidade. Para a vitória de Monge contribuiu , como dissemos, o desprestígio de seu predecessoc, tendo nele votado tanto esquerdistas categóricos quanto setores bem mais centristas. Estes não tinham outro candidato com probabilidade de vitória, que estivesse mais próximo de suas idéias. E assim, a iniciativa política está muito mais nas mãos da esquerda do que nas do centro.

Monge enfre·nta um dilema: a quem satisfazer? Nem bem tomou posse do cargo, Monge defrontou-se com uma difléil alternativa: continuar a defesa dos princípios "socialo-democcáticos", uma vez que é-um dos líderes da Internacional Socialista; e, em conseqüência, impulsionar os projetos autogestionános, assumir em face dos Estados Unidos uma atitude desafiante, propiciar a Reforma Tributária etc. Ou, _d e outro lado, corresponder aos anseios mais profundos - se bem que menos explícitos - do eleitorado independente centrista que contribuiu para elegê-lo, pondo fim às cumplicidades com o sandinismo, assumindo atitudes firmes diante das provocações deste, fazendo respeitar a ordem públic11, saneando a economia do país mediante um certo estímulo à iniciativa privada e impondo um controle sério aos gastos do Estado. Monge tinha ainda outro obstáculo a contornar: a crise econômica era tal que dificilmente se rtsolveria sem uma importante ajuda dos Estados Unidos. E o governo americano, por sua vez, pode ria conceder tal auxílio se encontrasse no. recém-eleito regime costarriquenho um firme aliado na atual crise centro-americana.

AmblgUldade: f6rmula de eflcAcla efêmera A viagem de Monge a Washington, sua disposição de participar da "Comunidade Democrática CcntroAmericana", as tensões surgidas com o regime marxista de Manágua constituíam fatores para alcançar tal fim . Em sentido contrário, o laoçame1,1to do projeto "Setor Econômico Laboral", bastante afim com a autogestão, o impulso da Reforma Tributária, com grandes aumentos de impostos sobre as empresas, parecem destinados a contentar ao setor mais esquerdista do PLN. Que aspecto pr~va(ecerá? Durará o anticomunismo do Presidente Monge mais tempo do que o prazo que os Estados Unidos utilizarão para concretizar os créditos p~ometidos? Terão as fórmulas "Socialismo intramuros / anticomunismo extra-muros" e "indolência interna / combatividade externa" algum efeito para preservar a Costa Rica da ameaça marxista? O problema tem importância para a região porque, ao longo da última década, a Costa Rica transformou-se, devido a seu regime politicamente permissivista, no cenário onde atuam numerosos movimentos esquerdistas e radicais que afetam as nações vizinhas. Movimentos estes

Um simbólico abtaço-aaudaçlo entre M onsenhor Romén Villalobos. Arcebispo de SJo José (Costa Rica) e Luís Alberto M onge. atual presidente costa-riquenho e um d'o s lideres da Internacional Socialista na América Central .

que ainda não se lançaram na tarefa de transformar o país que os acolhe, mas que poderão fazê-lo num futuro próximo. Diversos organismos de esquerda ali estão enquistados: a Internacional Socialista, entidade de defesa dos "direitos humanos" - é claro que sobretudo defesa dos pró-comunistas - grupos ecumênicos que defendem. a "Teologia da Libertação" no sentido marxista. A esses grupos somam-se numerosos exilados do Chile, Uruguai, Argentina e Brasil que contribuem para transformar as universidades mais importantes e outros centros de estudo em organismos de pressão e penetração comunista, em todos os ambientes da sociedade. Tudo isso sugere a existência de um ,nodus vivendi entre governo e subversão, com a finalidade de esta não transtornar o próprio país; tal hipótese explicaria a tranqüilidade da "Suíça centro-americana". Rompido esse modus vivendi, a carência de exército - uma das caracteristicas da Costa Rica compensada só de modo tênue por um certo fortalecimento recente da Guarda Nacional (polícia) - não é de se esperar que o ,pais tenha condições de resistir eficazmente a uma agressão comunista. Em especial, se a crescente agressividade da Nicarágua transformar-se em intervenção armada . É verdade que a Costa Rica esperá a solidariedade continental, no caso de vir a sofrer uma agressão. Mas, de que valerá tal solidariedade quando o comunismo resolver convulsionar o Hemisfério inteiro, através de um processo de ·vietnami,.ação~? O laissez faire - laissez passe, praticado pelos sucessivos governos de São José, várias vezes em prejuizo de seus vizinhos, poderá trazer para esse pequeno e simpático país conseqüências das mais funestas.

Impunidade dos pregadores religiosos da subversão Mas o laissez faire - laissez passer não só é praticado pelas autoridades temporais. Também parece ser a norma de hicrarcas eclesiás-

ticos. Os defensores religiosos da esquerda gozam na Costa Rica de tOt{ll impunidade e elevado apoio. O periódico "Eco Católico" que, sem ser o órgão oficial da Hierarquia, pertence a esta, merece> de vez cm quando, alguma advertência da Cúria quando seus editoriais produzem muito escândalo. Apesar disso. ele mantém a mesma posição, recebendo, em geral, o estímulo de Bispos. Da mesma forma, as publicações "Senderos" e "Igreja Solidária", emanadas da Conferência Costarriquenha de Religiosos (Concor), publicam frequentes elogios da-subversão marxista. De outro lado, vários organismos interconfessionais, como o "Departamento Ecumênico de lnvestigaciones" (DEI) e o "Centro Nacional de Acción Pastoral" (CENAP) difundem publicações das mais radicais, muitas vezes, diretamente a favor do marxismo. E seus colaboradores, leigos, sacerdotes secularizados ou protestantes, misturam-se com intelectuais, líderes sindicais e estudantes esquerdistas, para a penetração de tais idéias nos meios operários e universitários. Seus participantes viajam de São José a Manágua, para participar de congressos de "teólogos" marxistas a favor do regime sandinista, a San Salvador ou à Guatemala a fim de estimular os marxistas locais na "guerra popular". Visitam também o Panamá, o México e outros países da América e do mundo, levando a cabo uma verdadeira empresa idcológico-publi~itária. Orienta sua atividade o desejo de transformar a Igreja Católica - começando pelos setores já "conscientizados" - no órgão verdadeiramente eficaz para a comunização da América, depois de verificado o fracasso da esquerda laica quanto à realização dessa tarefa. Assim, a Costa Rica poderá ser facilmente arrastada na vocagcm que seus próprios líderes contribuíram para produzir. Nascerá ainda, no seio da opinião pública, algum movimento mais lúcido e sadio que lute para preservar esse país do vírus socialista e comunista e contribua para resgatar as nações irmãs?

Guiomar de Freitas Guimarães Sartini, Porto Alegre (RS): "Foi com renovada estima que ao receber o recente número de "Catolicismo" (junho-1982) me detive na leitura deste valoroso mensário. Qua.l não foi minha alegria quando vi, nele estampado, o caloroso discurso do então jovem polemista católico Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, proferido por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932. Tive assim a grata recordação de vários discursos que tjve o privilégio de assistir, do já ilustre e brilhante orador, entre os quais o de encerramento do Congresso Mariano de Santos (nos idos de 1937): no seu modo de ser e de falar, na sua argumentação cristalina e forte, transpareciam a beleza dos principios morais e da causa que defendia, a Causa Católica. E neste crescente zelo tem ele seguido aos olhos de todos ... Com efeito, como se vai tornando raro, cm nossos dias, ver gestos assim, análises sérias, comentários que nos façam entender com precisão a crise moral do mundo moderno. Bem afirmou o Prof. Plínio da necessidade de "por toda a parte ser disseminada a seiva de uma profunda moralidade" cujo símbolo, "O Cruzeiro do Sul, símbolo bendito da Redenção, a Providência desenhou em nosso firmamento". Fica aqui registrada esta minha gratidão e com ela um apelo: que publiquem mais artigos e outros discursos que haja, de nosso caro Professor, pois são de palavras assim, cheias de ardor e confiança, que precisamos". Maria Isabel de Azeredo Santôs, São Paulo (SP): "É como um precioso regalo que recebo cada número do Jornal Catolicismo. Neste último exemplar, mais do que nunca, vejo descrita em suas páginas a dolorosa crise por que passa a Santa Igreja: sacerdotes e B,spos que instigam a luta de classes e que levam o rebanho a eles confiado, não à senda alcandorada do Céu, mas. às vias do marxismo, caminho usado para levar as almas à perdição. No meio dessas trevas percebo um facho de luz: refiro-me ao discurso que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pronunciou em 1932. Admiro profundamente a retidão da linha de pensamento do Dr. Plínio, sempre tão firme e constante na defesa dos princípios da Civili1,ação Cristã contra as investidas do comunismo, do socialismo, do fascismo, do na1Jsmo ... e de tantos disfarces com que se têm apresentado na História os agentes do mal. E como aluna que fui na Faculdade de Filosofia "Sedes Sapientiae" do Prof. Plínio Corrêa de Oli-.ei ra, tenho um pedido a fazer: Que a face da atuação pública dele - suas conferências, seus discursos, seus artigos dos primórdios do jornalismo. fossem divuJgados, formando uma série com esta publicação que agora se fez. Com os cumprimentos à direção e a todos os colaboradores do glorioso jornal, formulando votos para que se prossigam na nobre missão de fazer brilhar a Verdade e o Bem. espero ver atendido o meu pedido".

N. R.: A publicação no nú,nero de sete,nbro último de "Catolicisrno" do discurso do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no IV Congresso Eucarístico Nacional procura atender ao pedido "de nossas prezadas 1nissivis1as. Aldo Moreira Cezar, Porto Alegre (RS): "Quero eor meio desta manifestar aos Srs. o júbilo por ver este destemido Jornal que tem publicado, de um lado, artigos sobre acontecimentos rccéntes trazendo junto a orientação sadia do Magistério tradicional da Jgreja; de outro lado, escritos históricos, culturais e distensivos, que nos convidam para pensamentos elevados. Como estas palavras do ilustre orador, cheias de cunho católico e galhardia, permanecem com atualidade. pois muito se faz necessário resguardar os exemplos edificantes de heroísmo e abnegação que enchem as páginas de nossa História. Entre eles o de "admirável abnega~ão apostólica" do Pe. José de Anchieta". J oão Marcos Porto Maciel, Novo Hamburgo (RS): "Parabéns pelo brilho das reportagens da edição n.• 378, junho de 1982, especialmente sobre a diocese de Lins. Jornal como esse deveria ser quinzenal e com preço duplicado. É preciso que haja quem lute por uma Igreja que caminha sem ir devastando seu patrimônio d e dois mil anos. tanto de fé quanto de cultura". Raimundo Cesar Goulart Graça, Rio de Janeiro (RJ): .. Ao ler a "Saudação às Autoridades Civís c Malitares" feita pelo Prof. Plínio Correa de Oliveira por ocasião do encerramento do IV Congresso Eucaristico Nacional em São Paulo, tive a ventura de conhecera verdadeira história não só d o Brasil, mas da América Latina. É confortante e a nimador. conhecer a predileçã o com que a Divina Providência nos elegeu no conj unto das Nações, para os grandes feitos nos dias de glória que hão dc·vir pal'a a Santa Igreja Católica." Anelando po r que CATOLI CIS MO continue sempre a divulgar tão grandes verdades da Fé, espero cncontmr nos próximos n~s deste mensâ~o. os "antigos" discursos do insigne pensador católico Dr. Plínio Con·ca de Oliveira. Sem mais, rogand o as preces de S. Sas., Subscrevo-me dcvornmente em Jesus e Maria.

CAMPOS -

ESTADO DO RIO

Dlmor. Paulo Conh d• Brito Fllbo

O Pre•ídente Monge entrevia· tou•se duu vezes com o Chefe do E,xecutivo norte· americano durante a viaite oficial efetuada aos E1tado1 Unido, em junho deste ano.

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Dlmoria: Rua dos Goitacaza, t97 • 28100 - Campos. RJ. A~ ç i o : Rua Dr. Martinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo. SP • PABX: 221-$7SS (ramal 23S). · Composto e impraao na ArtP"'"' - Paptis e Artco Gráfica.s LUia .. Rua Garibaldi, 404 ~ 0113S - São Paulo, SP. • · "C..to-· ~ uma publicaçlo mensal ela Editora Padre Belchior de Ponlet S/C. Alllnalura anual: comum C,S 1.700,00; cooperador CrS 2.S00,00; benfeitor CrS 4.000.~; grande benfeitor C,S 8.000,00; ,cmínarisw e estuclanlc$ C,S 1.200,00. Estmor (VI& a.!rca): comum USS 20,00: benfeitor USS 40,00. Os .,_gamcntos. sempre em nome de Edhon Padre Belclllo< dt Ponta S/C, poderio aer encaminhados à Administraçlo. Para mudança de endereço de uamantcs i neoie:ssArio mencionar tambtm o endereço antigo. A COrTCSpondblcia relativa a uainatwu e venda avulsa dett aer enviada à J.dmlnM1-çlo:.

Rm Dr. Mart1m1co Prado, :171 - Slo Palllo, SP

Catolicismo -

Outubro de 1982


O clangor dos clarlns anuncia o Inicio da apreaentaç.ão dos "Sbandleratorl", vendo-

•• eo fundo um aspecto da pitoresca cidade d$ Sansepolcro.

Na Aveni •

''ESTOU

VINDO DA Vila Prudente e não estou arrependido. Já estou cansado de ficar cm casa vendo futebol pela televisão". Este comentário sintomático partiu de um paulistano que, juntamente com esposa e filhos, deslocou-se até a Avenida Paulista, a fim de assistir os _espetáculos promovidos aos domingos pela Secretaria de Educação do Estado. Referia-se ele à apresentação dos Sbandieratori di Sansepolcro. que teve lugar no dia 27 de setembro último, na capital paulista. Constituem eles um grupo de jovens italianos que desfilam movimentando bandeiras coloridas. ao som de trompetes e tambores, segundo tradições que remontam à Idade Média. Sansepolcro é uma pequena cidade da lláalia, situada na Toscana, preservada, em seu isolamento, do processo de cosmopolitização. Este, em nome de uma modernidade revolucionária, padroni1.ou gradativamente homens e nações, eliminando, em larga medida, caracteristicas regionais, bem como costumes e tradições em todo o mundo, de modo especial, no Ocidente. Subtraindo-se a tal processo, os moradores de Sansepolcro conservaram, ao longo dos séculos, o modo peculiar de festejar suas grandes datas, com espetáculos coreográficos em que figuram trajes e bandeiras muito característicos e dé elevada significação cultural. A festa do Pálio de Siena consiste numa apresentação análoga, mundialmente famosa.

público aplaude trompetes e bandeiras medievais as bandeiras constituiam elementos que identificavam os diversos agrupamentos de infantaria ou de cavalaria . A ponta metálica do mastro no qual estava preso o pendão era utilizada como arma de ataque. podendo servir de lança em pleno campo de batalha. Certos movimentos das bandeiras serviam de convenção para indicar sinal de perigo, e atrair assim, o reforço de outros com· batentes. Tais recursos de comunicação empregados no campo de batalha não foram esquecidos ou abandonados até nossos dias, por ocasião de certas festividades. Devido às no· vas maneiras de guerrear, eles tornaram-se atualmente obsoletos, nos campos de batalha. Passaram então os referidos modos de comunicação a constituir um espetáculo coreográfico, apresentado cm praças e vias públicas para $áudio dos moradores de pequenas cidades da Itália como Sansc.polcro. Assim, eles repetem-se anualmente, tendo como fundo de

di Sansepolcro. Eis ai a razão mais profunda porque essa fase histórica foi e ainda é combatida por historiadores revolucionários de todas as gamas. O espírito da Revolução igualitária abomina uma civilização profundamente sacral, estruturada segundo uma proporcional e harmônica hierarquia . Apesar das distorções históricas com que tantas vezes é descrita a Idade Ml-dia, ·q uando o homem do século XX ouve os acordes de trompetes que lembram seus cavaleiros, catedrais, mosteiros e castelos frutos genuínos daquela era - ele pára, ouve e admira tais evocacões. E no caso dos Estados Urúdos - como aliás do Brasil - qué não tiveram uma Idade Média, nossos vizinhos conti, nentais do norte recorrem a débeis e imaginosas imitações para atender a essa nostalgia do maravilhoso: a Disneylândia é um exemplo, com seus castelos e torreões, seus pendões que tremulam ao vento, evo-

quadro as paredes austeras de pedra, marcadas pelo tempo, de um castelo ou de alguma histórica e secular igreja. As normas de movimentação dos figurantes foram codificadas em 1967 pelo escritor Fcrraccio Alfieri, em sua obra " La Piccia e la 8011-

+ •

diera".

• • • Um morador da Avenida Paulista, ao acordar com o toque de trompetes e ao observar o belo espetáculo, puxando um pouco a cortina de seu apartamento, ficou surpreso. E comentou: "Parecia um son ho ... ..

"Isso é coisa da Idade Média", dirá talvez alguém para contestar tal admiração e gosto pelo maravilhoso. A Idade Média, época das maje~tosas catedrais, das corporações de oficio, da Cavalaria, das Cruzadas, é muito combatida por autores revolucionários.

• • • A movimentação dos Sba11diera1ori di Sansepolcro. que encantou os paulistanos, tem sua história. Remonta ela às batalhas travadat entre pequenos Estados italianos, durante a Idade Média , quando

O Grupo Musical. composto por o· x ecutantes de trompetes e tam-

bo ros. acompa ~

Uma fase da demonstraçlo tradicional com duas bandeiras.

nha as evoluções

dos "Sbandieratori".

-

~ Tendo como fundo as pedras de secular edlllcio de Sansepolcro. um figurante dos ,.Sbandleretori" pratica a chamada "evolução de um oficial alferes''. uma demonstração que remonta ao ano de

1600.

·-•

No entanto, esse milênio que se cando uma época em que o materiaestende da queda do Império Ro- lismo, a padronização, o igualitarismano do Ocidente até, segundo al- mo nivelador eram · desconhecidos. guns, à conquista de Constantinopla Os Sbandieratori di Sansepolpelos turcos, em L453, corresponde à cro, que vêm percorrendo não apeépoca em que a Igreja Católica plas- nas países europeus, mas também as mou uma autêntica civilização cris- três Américas e até a Austrália, o tã. O espírito católico impregnou Hawa! e a longlnqua Honkong, já profundamente as instituições,· as estão atingindo também o público leis, os costumes e a vida quoti- espectador de televisão ou leitor de diana dos povos do Ocidente, como jornais. Importantes veículos de coacentua Leão XIII em sua famosa municação social, em todo o munEncíclica lmmortale Dei, de 1885. E do, têm apresentado esse fenômeno a graça divina, como seiva benfa- inédito em matéria de perenidade: 1.eja, tonificou a ação do Poder Es- um espetáculo cujos protagonistas, piritual, que sacralizou todas as ati- por assim dizer, saem das páginas da vidades humanas. De outro lado, a História - páginas, muitas vezes, vida temporal, em suas diversas ma- rasuradas e danificadas par11 não nifestações, também foi enriquecida serem objeto de admiração - e que profundamente por tal seiva, apre- manifestam aos homens do século sentando uma pujança e riqueza das XX uma forma de alegria pouco quais até hoje nos chegam efeitos, .conhecida hodiernamente, brotada como por exemplo, o artístico espe- do esplrito épico e da luta heróica, táculo oferecido pelos Sbandieratori aliados ao autêntico belo artístico. 7


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O SOCIALISMO ESPANHOL e a doutrina tradicional da Igreja Apresentamos abaixo uma noticia sobre a carta-aberta que a Sociedade Cultural Covadonga - TFP dirigiu ao PSOE, tendo esse docum~nto sido publicado no diário madrilenho "ABC", em 22 de outubro, portanto, seis d ias a ntes das eleições. Publicamos na primeira página deste número artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, no q ual é a nalisado o significado mais profundo do resultado do recente pleito realiudo na Espanha. RA VES interrogações acerca da doutrina e das metas do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foram levantadas, cm função da doutrina social católica, pela Sociedade Cultural Covadonga - TFP. Essas interrogações constam de carta aberta de quatro páginas dirigida àquele partido político. Foram elas p ublicadas no diário "A BC" de Madrid , edição do dia 22 de outubro. •· Dado que a grandíssima n,aioria dos eleitores espanhóis é católica. o PSOE não teria obtido os expressivos resultados eleitorais que já alcançou e,n votações anteriores - e recentemente na tão católica Andaluzia - se não houvesse recebido uma afta porcentagem da votação católica" - diz a carta aberta. Ora, '1olheando as 'Resolucioncs' do 29.0 Congresso do PSOE e outros documentos desse partido, observa-se que o 111esmo tem co,no objetivo uma polftica baseada em pressupostos doutrinários que acarretam. a curto prazo, a destruição da instituição da família. tal con,o ela deve ser, segundo a orde111 natural e a Doutrina Católica". Diante disso, Covadonga - TFP se pergunta: '"Co1110 pode suceder que um partido com doutrinas e reivindicações tão frontalmente opostas lt doutrina social da Igreja renha podido atrair tal votação católica?" Em seus documentos, o PSOE assume a defesa da homossexualidade, cuja repressão deplora, por considerá-la uma "liberdade de opção pessoal" ("Rcsolucioncstt do 29.0 Congresso, 1981, p. 217). O PSOE afirma ainda que "a sexualidade deve ser considerada como uma dimensão do prazer. independente da reprodução. Portanto. não poderá haver uma autêntica entrega ao prazer sexual enquanto existir te111or· q11anto à gravidez npo desejada"' (Resofuciones dei 28.0 Congreso - Resoluci6n Sectorial"·, 1979, p. 16). Coerente com tais princlpios, o PSOE propugna a planificação da natalidade, ensinada inclusive nas escolas, a promoção dos anticonccpcionais, a legalização e o financiamento estatal do· aborto, a equiparação entre filhos legitimos e ilegitimos, o fim da "pátria potestas" e ..11ma lei de divórcio q11e dissolva se,n nenhuma exceção o matri,nônio; qualquer que tenha sido a data e a forma de celebração do mesmo" (ibidem, p. 16). Tendo isso em vista, Covadonga - TFP pergunta: ··co11hece1n os católicos que votaram 110 PSOE a

G

Declaração de Princfpios, as Resoluções dos vários Congressos e o Programa Eleitoral desse partido para as próximas eleições? Etn caso afir111ativo. que entende,n por fa111(lia? Que entende,11 por destruição? Coma explicar que os referidos católicos cheguem a não constatar que o PSOE quer destruir a familia?" A carta aberta de Covadonga TFP assinala a conexão ínti,na existente entre familia e propriedade. e afirma ser '"totaln1e11te coere111e que. investindo tle tal forrna contra a estrutura da fa111ília, o PSOE invista de igual ,nodo contra a propriedade individ11af"'. Em sua .,Declaraci611 de Principias" de 1879. o PSOE propugna "a rransforrnação da propriedade individual ou corporativa dos instr11n,e11tos de trabalho em propriedade coletiva, social 011 co,1111111·•. Pelos Estatudos do PSOE, ··os ,nembros do Partido aceitam e estão obrigados a acatar a declaração de princípios. progra111a, resoluções e Estatutos aprovados por se11s Congressos·· (art. 2). A essas considerações talvez se objete que o Programa Eleitoral do PSOE é mais moderado no tocante à legislaç.'io familiar e à propriedade individual; em vista do que votar cm candidatos socialistas não significaria por em risco a c ivilização cristã. A tal objeção, Covadonga TFP responde: Programa Eleitoral pode não ter como objetivo levar a cabo todos os princípios da Declaração. por 111eras razões de circu11stã11cia: inoportunidade de alguma ,nedida no 1non1ento presente, sua impopularidade, que poderia retrair o eleitorado e1c. Mas deve o deputado socialista co11ti11ua111ente fazer aprovar ,nedidas q11e po11ha111 e111 prática os princípios con, ioda a a,nplitude e urgência que seja pos-

··o

sível". Ademais - prossegue a carta aberta - ··custa compreender co,no

pode ser considerado ,noderado tal progra1na. Moderado não o é; é. sim, um progra111a tático cauteloso; ma.r prof11ndamente sacia/is/a". Diante desse panorama, o organismo do qual poderiam os católicos esperar uma palavra de esclarecimento e orientação seria logicamente a Conferência Episcopal Espanhola. Mas esta deixou a juizo dos próprios eleitores católicos escolher o programa político que "conduza com ,naior eficácia ao bem comum da sociedade" (nota de 23 de setembro último).Àssim, a Comissão Permanente do Episcopado se abstém de esclarecer e ajudar o católico

TFP elege nova diretoria Realizo11-sc recentemente a 30.• Assembléia Geral Extraordinâria da Sociedade Brasileira de Dc(csa da Tradição, E'amllia e Proprie_dade, na qual foram eleitos os membr-os da mesa do &nseJho Nacional e os da Diretoria Administrativa e Financeira Nacional, qu·e dever-íto exercer seu mónus no bi~nio 1982-1984. A mesa do e onselho Nacional ficou assim constituida: Presidente o Prof. )'linio €orrêà de Oliveira (vitalício); e Secretãrio o Prof. Paulo Carrêa de Brito Filho. O cargo de Vice-Presidente pc:nnanece vago, como homenagem à me-

mór-ia do último titular, Prof. Fernando Furquim de Almeida, falecido no,arío p,assado. O Conselho llfaciopal é formado por 13 me mbr,os natos, que sã1> os sócios que assinaram a ata de tundação da e.ntidade, em 1960. A DAFN ficou composta da seguinte maneira: Sup,erintendente o Sr. Plínio Vidigal Xavier da Sil'ieira, Vicc-Superintet;1dentes os Srs. ©l'io Vidigal xavier da Silveira, Eduardo de Bar.ro.s Brotero e José ea,1os Castilho de Al).drade, e Vogais os Srs. Adolplio Linde.ober.g e Luiz Názareoo Teixejra de Assumeção Fílho. •

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Na Puerta dei Sol esquina com a Calle Mayor. em Madrid. vérios ti:anseuntes. após receberem um exemplar do documento publicado por Covadonga - Tf P no " ABC" de 22 de outubro. lêem atentamente o texto quecausou grande impacto sobretudo om Madrid, Soragoza e Málaga. No centro dessas cidades. Covadonga - TFP realizou campanhas de ampla distribuição de 150 mil volr.ntes da carta -aberta ao PSOE.

na apreciação concreta de cada programa, afirmando ademais. na mesma nota, que ··a Igreja não deve identificar-se com ne11h111na posição política nem impô-la autoritoriamente a se11s fiéis"'. Essa "prudente am·bigUidade" foi saudada com simpatia pelo órgão oficioso do PSOE (cfr. "EI Pais", 249-82) e somente poderá contribuir para que os amplos setores do eleitorado católico que, desencaminhados votaram no PSOE, continuem em tal posição. Tanto mais quanto o Cardeal Tarancón não hesitou cm declarar que "se o PSOE chegasse ao Poder. na Igreja espanhola não

sucederia nada··. aduzindo ainda que "con1 Governos ,nenos católicos. a Igreja vive 111elhor· ("A BC"', 22-8· 81). O que leva o e leitor a admitir que a ascensão do PSOE ao poder é, pelo menos, sob cc n os pontos de vista, indiferente para a Conferência Episcopal. E incl usive desejável sob outros pontos de vista. Tudo isso surpreende, dada a incompatibilidade tanto do pensamento profundo quanto da linha de ação concreta do PSOE com a doutrina tradicional da Igreja. Ante o periiio de ver a Espanha cair desta maneira em um socia lismo

inadmissível, e não q uerendo importunar indiscretamente a Conferência Episcopa l Espanhola com perguntas. a Sociedade Cultura l Covadonga TFP indaga oficialmente ao PSOE se ele reconhece estar bem interpretado na análise feita de seus documentos. E, cm caso negativo, quais são os reparos que faz a tal análise. "É u,i, convite ao diálogo. aftan,ente elut:idativo para os eleitores espanhóis. Ta,110 mais quanto, segu.ndo 110s parece. grt1nde parte do eleitorado não conhece as atitudes do PSOE aqui me11âo11adas" - conclui a carta aberta.

Plínio: CNBB é acusada mas não exige provas

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REIO QUE não haveria um só brasileiro que negasse à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil o direito de exigir de mollo público, solene e taxativo, ao general Moacir Pereira, as provas do que afirmou e m discurso proferido a 24 capelães militares, de que ponderável parte do episcopado está traindo sua missão, favorecendo a revolução social no País", afirmou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. "As declarações do general comandante da 4.ª D.E., de Belo Horizonte - prosseguiu - percorreram o Brasil inteiro, como um raio que ribomba, mas que purifica o ar. E, como sinal expressivo dessa repercussão, o deputado Erasmo Dias, em discurso proferido na Câmara, dava eco àquelas palavras, referindo-se ao livro recentemente lançado pela TFP, intitulado ··As CEBs. das quais muito se fala. pouco se conhece - a TFP as descreve como são··. Essa obra, que escrevi juntamente com dois sócios da entidade, os Srs. Gustavo Antonio Solimeo e Luis Sérgio Soli.meo, prova de antemão o que o general afi rmou, baseado, sem dúvida, em seus próprios dados informativos. Ou seja, que é

lndíferença ante as provas

O Presidente do CN da TFP. Prof. Ptinio Corrêa de Oliveira. ressalta que a CN BB ignora sistematicamonto a existência de proves que atestam a infiltração comu~ nista em meios católicos.

por meio das CEBs que a CNBB vem fazendo a obra de convulsão social no Brasil, a qua l já lhe valeu calorosos elogios tanto de Luis Carlos Prestes, como de Giocondo Dias, e ainda a simpatia e ntusiasmada de tudo quanto há de plutocrata, politico ou intelectual de esq uerda em nosso País. "Entretanto - observou o pensador católico - a CNBB, ante as declarações do general Moacir Pereira, limitou-se a dizer que ele estava mal informado".

E prosseguiu o Prof. P línio Corrêa de Oliveira: "Compreende-se esse mutismo da CNBB, pois esse órgão episcopal de há muito está habituado a ver provas e a não se incomodar com elas. Desde 1943, com o livro "'Em defesa da Aç,io Católica·· e em sucessivas obras que alcançaram significativa repercussão e tiragens, venho infatigavclmeme denunciando a infiltração comunista em meios católicos. Mas o silêncio da CNBB te m sido constante. exatamente como se comportam os peixes num aquário, que de nenhum modo se aba lam diante do que se passa fora. São sensíveis apenas ao que acontece no alvéolo de seu habitat. "Considerando as reações da CN BB ante fatos que concernem a fundo a vida não só temporal como espiritual dos 110 milhões de católicos brasileiros, noto que ela se limita a reações tão elementares, tão próprias a impressionar unicamente uma rodi nha de incondicionais, predispostos a acatar como dogmas do magistério infalível quaisquer de suas palavras. Isso, se bem que, fora do ambiente episcopal, o Brasi l esteja a cair aos pedações", concluiu o Presidente do Conselho Nacional da TFP.


) ~ N.0 38 3 -

Novembro de 1982 -

An o XXXll

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Dir etor: Paulo Corrêa d e Brito Filho

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Nova edição de "Revolucão e , Contra-Revolução" L,1nçada inicialmente cm 1959. essa obra do Prof. Plínio Corrêa de Ol iveira alcançaria uma repercus-

são e desempenharia um papel insuspeitados naquela árvore. ·· Revolt1ç(70 e Co111ra - l?e vo!t1rrio .. foi escrita um ano antes da fundação da TFP bra sile ira . Os ideais da entidade estão consubstanciados nesse litro providencial. A força de sua doutrina e sua 011odoxia - alicer,;,1das nos prineipios católicos tradicio nais c perenes - expostas com lógica férrea, mas apresentad a s, ao mesmo tempo, de modo atraente e psicológico, galva nizou os espíritos não somente dos brasileiros que formar,1111 o primeiro núcleo da Tl"P pátria. Gerações s ucessivas de nossos compatriotas que foram se juntando ao grupo inicial. St.:jíl t:on10 SÓCIOS S~Jª como co-

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o peradores da associação. sentira mse atraidos pelo referido ensaio. de imponância capital para se com-

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prcendcr com p,·ofundidade a crise co ntemporânea. Posteriorme nte. jovens de vários outros países americanos e europeus. ins pirados nos princípios de

·· Revo/11ç<iO e Co111ra-Revo/11ção ': foram e,·igindo S(>ciedadcs.{l utônomas. co-irrniis ou alins ü TFP brasileira. Hoje essa· grande familia de a lmas. que constitui o conjunto de tais e ntidades. escende-sc por tre1.e nações. Já existem escritórios de representação das TF Ps e e ntidades alins e m Ron)a, \1/ashington e Johannesburg (Africa do Sul). Atualmente esião cm fase de inswlaçiio cm Lima (Peru). Londres (Inglaterra) e S idnei (Austr.ilía). Na página 3. reproduzimos o perfil biográfico do insigne autor. que figura nessa nova edição do livro de cabeceira dos sócios e cooperadores das TFPs. o qual é focal izado de ,nodo sincético e bascante feliz.

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Escudo heráldico da TFP bordado sobre o estandarte que se encontra na Sede do Conselho Nacional da entidade, em São Paulo.

Solidão contemporânea e gregarismo tribal Interessa nte anigo publicado pelo "Thc Ncw York Times Magazine" analisa a solidão do homem contemporâneo. especialmente nos Estados Unidos. Nosso colaborador .Julio de Albuquerque comenta a maté1ia na 1nlgina 2. O mito do ··s,>{f..nwde ma11 ·: anaigado nn mentalidade do nortc·a mericano de nossos dias. gerou um 1ipo de pcs.,oa inca pai dê se vincular scriamenic a qualquer ou1rn . Esse gênero de "desvinculados" não se liberta porém d,, problemática do isolamento. mc.smo tratando-se.de pessoas que poderiam ser consideradas corno hl!m sucedidas pl'ofissionalrncnte.

Na década a111al. entretanto. já se está observ-<1udo uma nova tendência para o

Empalidece a estrel~ de Mitterrand Na F ra nç~-1, o Partido SocialistH

d<~pon1e?", escrita pelo Prof. Plinio

tendo subido ao poder há apenas

Corrêa de Oliveira , foi ode trnzcr ao

<.1c7.oito meses -

encontra-se cm

acemuada decadência nas pesquisas de opinião pública. A nov-<1 fórmula que François Mincrrand (foto ao lado) 1cria encontrado como modelo pal'a o mundo cm crise. a rost1 autogcstionüria, parece murchar-lhe na mão...

Que fatol'cs teriam con tribuído para toldar o céu sem nuvens que

pairava sobre o Chefe do Execu1ivo francês e seus ministros'! Na p<ígina 4, nosso colaborador Pêriclcs C•l panema foz uma análise chi situação cn1 que se encontra o PSF e observa que um dos méritos da Me nsagem das 13 TFPs ...Os<>â11/i:m10 t1111ogrstio11ório, en, vis1a do <'0111w1ismo: bt1rreira ou caheçt1..

conhecimento do grande público as metas e os métodos do Partido Socialist<1. conhecidos apenas por intelectuais e milit..tntes ·•arditi" d:i organi1.a<;ão.

O empobrecimento grad ual. decorrente da aplicação de medidas inspiradas na utopia igualit:'iria SO· cialista. está levando o público francês a rever o papel "messiânico" e as qualidad es administrAtivas de seu prcsidcn1c. Após a euforia da vitória de 10 de maiode 1981 ~a lgunsmcscsdcrcgimc socialista. Mincrrand e seus colaboradores j;í manifestam preocupação com o desprestigio do governo francês.

relacionamento com ouuos seres humanos. Mas se tal retorno não se reali1...ar concomitan.lc com a volta aos princípios da moitl l católica, não ser:\ restaurada a vida familiar autêntica, mas se consolida ,.í um gregarismo ncopagão, <1uc pode ser constatado êlltmhncntc crn grupos co01unill1.rios de tipo ··J,ippie" ou uibal.

A foto abaixo ilustra bem o estad o de solidão dos habiiantcsde uma mcgalópolc nonc..;:uncrica na.


SOLIDÃO: FRUTO DE UMA OCJEDADE NEOPAGÃ

--

.. ...

deixa ndo os pais sozinhos na cidade de origem, desfazendo os laços familiares e tornando solit!ui,,s pessoas que. antes não o eram.

Os métodos utili,.ados para tentar enfrentar a solidão são os já conhecidos: ouvir rádio. ver televisão. cuniprimcntar pessoas. tomar 1ranqUili1,antcs para dormir, ler. ir ao cinema, agregar· se a movimentos religiosos. comprar coisas que realmente não são nccessi,rias, ir a médicos com maior freqüência

que o indispensável etc. Assim agindo. as pessoas pensam que estão prmcgidas contra efeitos nocivos do isolamento. Mui1os especialistas. porém. consideram que. apesar desses cuidados. doenças atualmente observadas com freqüência podem ser classificadas como "doenças da solidão", especialmente casos de hi pertensiio arterial e enxaqueca. Necessidade de um mentor

Em recente pesquisa realizada entre adolescentes. preparada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (dos

J

A crise do Isolamento atinge não rato pessoas quê moram aglomeradas em colm~las humanas como os re-sldentes dos gigantes de cimento armado das babéls modernas.

homem. criatura de Deus, é um ser contingente. Ele não se basta a si próprio. ?ara realizar seu destino eterno necessita do auxílio da graça divina, que lhe é concedida por mediação de Nossa Senhora. Além disso, recebe ajuda dos Anjos. especialmente de seu Anjo da Guarda, e ainda é favorecido pela intercessão de santos ou mesmo de almas do purgatório. Porém, não é apenas de Deus, de Nossa Senhora, dos Anjos e santos que o homem deve receber auxilio. Os outros homens também lhe são necessários desde o nascimento atéà morte, e com eles deve estabelecer as relações adequadas para cada época ou situação de sua vida. Na infância como na juventude, na maturidade ou na velhice, a vida cm sociedade é urna disposiçã9 dos planos de Deus; se for realizada segundo seus preéeitos, será de uma utilidadé inestimável para todos; se !l<'io for, será marcada por conflitos e tribulação. Esquivar-se dela, porém, é procurar soluções onde não podem ser encontradas para o comum dos homens. Pois os solitários e eremitas constituem uma vocação muito especial própria a uma minoria; não constitui urna forma comum de vida humana. Para aceitar bem a vida cm sociedade - seja ela qual for, desde a familia até os maiores grupos sociais - o homem deve, antes de tudo, ter a humildade necessária para reconhecer suas carências e compenetrar-se de que necessita do auxilio dos outros para sua completa reali1.ação na ordem espiritual e temporal. A mentalidade de auto-suficiência, de julgar que pode resolver tudo sem o auxilio de ninguém, de ser um "self made man': é fruto de um egocentrismo que conduz à frustração e ao isolamento. O orgulho de desprezar um bom conselho, urna ajuda desinteressada ou uma advertência caridosa, vai afastando a pessoa de um convívio humano e sadio e a conduzindo a uma solidão geradora de distúrbios pslquicos e mentais. Solidão essa que é vivida, não em um deserto, no alto das montanhas ou numa ilha abandonada. mas em cidades superpovoadas, que dispõem dos meios de comunicação mais atualizados. Exemplo frisante de como esse tipo de solidão vai se difundindo em nossos dias é a reportagem publicada pelo

O

2

fazer tudo por si próprios e não depender de ninguém. pois o homem que subsiste na vida é aquele que o faz unicamente à custa de seu esforço pessoal e

exclusivo. Diz o Dr. Robert N. Bcllah. sociólogo da ll ni vcrsidade de 13crkcley (Califórnia): "liberdade pessoal. aww10111ia e independêtu:ia são os 11wis altos vai<>· res f)<lfft os norle·americanos. Cada wn t n•sponstivel 1u11· si 1nes11u>. Considera1•1vs prova de grmul,1 valor s,•rm o.'i dei-

,\·tulos xâs, não .,·0J;er111os inln:f(•r ên('iaj" a/heitts. O mais i111portante parti cada wn é Sl'f capaz d,, cuidar de si 111<•s1uo. Tão cnlo qu,11110 f)U'i.vivel, uma , ·ri<m('il dt!v,, conseguir viver sozinha. /; ilegÍli1nu depender dt u utr(J ser lumuuw ·: O

Dr. Bcllah acrescenta que o povo não tem nmis as comunidades às quais d e estavn irrevogavelmente ligado. elas tornaram-se inslêívcis. fnlgcis. causando um tremendo baque na vida de lllljj . tos. E poucas pessoas sentem-se felizes com tal situação. De fato. os norteamericanos scnlcm nosta lgi,1 das familias dos velhos tempos. das pequenas e bem cnlrelaçadas comunidades. O Dr. 13ellah conclui que o individualismo é uma "u,rrivel <'X(r;ênda ,., que. pot ioda " e.tU'nsã" du país exislt' uma <·<1111m/11 de• solid<io poucc, ahai..,\'o da supe,jiâe ·: Essa íormaçào voltada para a autosuficiência gerou um tipo de pessoa in-

capaz de se vincu!ar seriamente a qualque r outra. Isso provoca um desmoronamento da vida familiar. particularmente entre casais que j <í atingi-

"The New York Times Magazine" de 15 de agosto de 1982, se(Ção 6, págs. 24730, sob o título: "Sozinho - a,,sian-

ram a idade madura. Não sabend o mai~ o que esperar do oulro. um 11(,me· ro cresccnle de homens e mulheres re·

do por companhia na A.m érica''. A

solve dedica r-se inteiramente ao traba-

autora é Louise 8ernikow.

'

O mito do "Seff - M ade M an"

Segundo a articulista, um número crescente de cientistas sociais e de profissionais de saúde mental (que se presume sejam psiquiatras, psicólogos e psicanalistas) estão agora estudando a solidão do homem americano contemporâneo. Alguns di?.em que há mais solidão que no passado; outros argumentam que ela é apenas uma impressão. É porém evidente que as conseqilências flsicas e emotivas do isolamento representam perigos maiores d.o que se supunha. ?ois a solidão persistente e severa pode levar ao alcoolismo, ao uso de drogas, ou . mesmo ao suicídio. E até transformar a pessoa num vândalo, assassino ou terrorista. As pessoas mais solitárias não são necessariamente aquelas que o público julga q ue o sejam. Os adolescentes parecem ser mais atacados pela solidão que as pessoas de mais idade. O sucesso profissional não constitui um amparo contra ela, especialmente entre as mulheres. E isso não se deve ao fato de que as pessoas estejam fisican1ente mais isoladas. Pois o contrário é que se verifica. As comunicações eletrônicas, a era do transporte a jato tomaram os contactos mais fáceis do que nunca. Existe, entretanto, uma sensação de que as relações humanas apresentam-se algo inadequadas. A causa dessa insatisfação é indefinível. Os especialistas dizem que isso se deve, até certo ponto, a uma formação cultural que coloca sua tônica na autorealização pessoal em prcjulzo do rclàcionamento humano. Ou seja, que a pessoa adquire tanto mais prestigio, quando fica patente que ela venceu por si mesma, sem o auxilio de outras, mesmo que seja da própria familia. Esse "se/fmade mon" que se utilizou apenas dos "selfhelp" livros da lista dos "bestsellers~ ~ um exemplo de como tal expectativa exagerada, criada por versões ideafuadas da vida, difundidas especialmente no cinema e na televisão, leva a enfraquecer sensível.mente os laços fa. miliares, religiosos e sociais.

foram induzidos a achar que deveriam

lho. Porém, isso não os livra da solidão. pois estão sempre a u 111enrn11do us casos de "solitários" enu·e pessoas de ambos os sexos que poderiam ser consideradas como bem sucedidas proíissionalmenle. A rcponagem tc1·mina com urna

-.. . . . .,. . .. . Tt~d!~!"~A~~ . . . . . . . ..... .~~~º ... . . . .. ..~. .-~~~:r;~~ .,. . . ~"!~b~~=..

'!1:"lfostando-se cm todos os continentes

,1,1 ...... .,.,....

Comefei~.ocensode 1980mostrou Estados Unidos), 61 ,3% das moças e como, nos tados Unidos, tais laços se 46,5% dos rapazes disseram sentir-se encontram em estado de progressiva solitários. O Dr. Harvcy Greenberg, dissolução. Quase urna quarta parte da especialista cm psiquiatria da adolespopulação }'ive sozinha, <1a qual faz' cência, acredita que a solidão nos joparte um g'iinde número de pessoas de vens provém de "uma ruptura da menos de 40 anos que, por motivos família, do fato de que atualmente diversos, não se casou. existe um grande número de filhos As mulhe~es pertencentes ao meneio- únicos, de pais,'.nais .velho~ e de mães nado grupo são geralmente as primei- que trabalha'!' . A~~umasJovens torras de suas famílias a viverem so1jnhas· nam-se grávidas " fim de ter a se fossem da geração-anterior teria~ criança para_ c':i~ar. co,no proteção sido donas-de-casa. Agora trabalham contra a sobdoo . _ ou estudam. Seguir uma carreira pode O Dr. Grcenber(l c~ns,de~. que os proporcionar a mui.tas mulheres uma adolescentes de hOJC, co,ubc,onados sensação de reali,.ação. Mas também por uma cultun1 sem valores, preocupode custar um preço que, até recente- pan1-se ope'.,as consigo mesmos. Os jomentc, foi pouco considerado. vens 11ecess1wm um mentor. Os profasMuitos dos que vivem sozinhos são sores_costum~vam desempenhar essa divorciados, separados ou viúvos. o funçao . Porem, eles o J_azem ,11en os número crescente de pessoas nessas atualmente, porque estao esgot_~do.~; condições também é causa de preocu- zongad~s, _amargurados e paran01~0~ . pação. A taxa de divórcio nos Estados O espec,ahsta acresce~ta que a sohdao Unidos não é somente a mais elevada nos adolescentes é um importante fator do mundo; ela é também a maior que para o aumento dos suicídios entr~ ~s jamais houve: de cada dois casamentos Jovens, que se elevou em 300% nos ulll· um termina em separação. Uma de ca- mos 25 anos. da cinco crianças vive apenas com um Gregarismo tribalist a; nova dos pais. tendência? O número de pessoas de idade superior a 65 anos é cada vez maior, já Como causa desse aumento da soliatingindo 11,3% da população. Mais dão entre os norte-americanos, quase de um terço desse grupo é constituído todos os especialistas apontam ·a mupor viúvas, muitas vivendo sozinhas dança de mentalidade que foi imposta com pequenos rendimentos. No passa- ao povo neste sécul.o. Habituados até o século passado a do, pessoas com mais de 65 anos viviam geralmente com seus filhos e netos, ou viver em ambiente de família ou de pepróximas a eles. Atualmente isso é ra- quenas comunidades locais - onde ro. . procuravam e encont.ravam um convíAs condições econômicas agravam a vio agradável e acolhedor, além de amsituação. Muitos filhos são obrigados a paro e proteção para vencer as dificulprocurar trabalho cm outros lugares, dades da vida - os norte-amcriçanos

constatação histórica. Nos anos 50. a família ainda representava o ideal como sociedade fechada. sendo substiwida pelo grupo cultural nos a nos 60. Na década de 70. o ideal de cultura passou a ser o indivíduo solitário, homem ou mulher, realizando-se profissionalmente e sendo o melhor amigo de si mesmo. Enquanto na década atual já se observaria uma nova tendência para o relacionamento. ainda . frio na aparência, porém realmente motivado por um ele· sejo'de depender de outras pessoas. Concordamos que, qualitativamente, a evolução possa ter sido assim. porém negamos que ela se tenha verificado apenas de 1950 em diante. Pois bem antes disso. no período entre as duas gueri-as, a mentalidade norte-americana já era caracteri1.adt1 pelo individualismo autoasuficicmc do "self-niade 111011': laico e materialista, afastado dos princípios católicos que devem orientar a vida individual e social. E que, em conseqüência, foi perdendo o gosto pela autêntica vida familiar. O malogro do individualismo egocêntrico e o desejo de libertar-se da solidão podem estar gerando uma necessidade de estreitar novamente os laços do convívio social. Porém, se esse retorno não se realizar concomitantemente com a volta aos princípios da moral êatólica, não haverá mais vida familiar autêntica e sadia, mas apenas um gregarismo neopagão. manifestado principalmente em grupos comunitários de nossos dias. com características hippies ou triba.is, onde reina a mais completa promiscuidade, permissiva e igualitá1ia. t para essa deformidade espantosa que. lamentavelmente, parece estar rumando, hoje em dia. o desejo natural que sente o homem de viverem sociedade.

Julio de Albuquerque

CATOLICISMO -

Novembro de 1982


1

''Revolução e Contra-Revolução'', nova edição em português m fins de ou1ubro úllimo foi lançada nova edição brasileira da obra doutrinária b{1sica das TFPs e sociedades afins cm lodo o mundo: "Revolução e Co111raRevol11cão" de au1oria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Prcsidcnlc do CN d>i Tf'P brasileira. "Ca1olicismo" scnlc-sc honrado por ler sido o órg.io que publicou pela primeira vci~ no Brasil, esse ensaio 1ranscendcn1al. em sua edição de abril de 1959 (n!' 100). E 1ambém estampou com prio1id:1dc a Parte 111 da mesma obra. na edição de janeiro de 1977 (n.• 3 13). Além de uma segunda liragem do livro impresso por nosso jornal,"Revol11rão ,, Contra- Revolução" foi publica-

E

da pela "Boa Imprensa Ltda.", Campos . RJ, cm 195J). No ex1erior, a obra a lcançou cinco edições em· cas1elhano: duas na Espanha, duas no Chile e uma na Argentina. Na Itália foram lançadas 1rês · edições. Nos Esrndos Unidos houve duas edi· ções e uma no Canad,\ franci;s. A reccnle edição brasileira foi lançada pelo "Diári\) das Leis L1da.", São Paulo. Julgamos oportuno transcrever abaixo a introduç-;io dessa edição de· Revolução e Con1ra-Uevoluç<7o", a qual apresenta de modo mui10 bem condensado. o relevante perfil biográfico do autor, cujo renome):\ alcançou os cinco conti-

t

Na Espanha, a Sociedade Cultural Cova~

donga-TFP, dlnAmlca entidade afim da• vá-

ncmcs.

rias TFPs, efetuou em diversas <:Idades do

pais ampla campanha de difusão de 150 mil volantes da carta-aberta ao Partido Soclallsla Openlrlo Espanhol (PSOE), publicada no

PÚNN> CORRtA DE OUVERA um homem cujo pensamentp e ação se projetam em todo o mundo contemporâneo A História. mais ainda. o próprio

Deus julga os homens não só pelo que fazem, mas também, e sobrcwdo pelo que pensam, pelo que querem e pelo que s;;l o ao longo da vida. Vencendo ou sofrendo revezes: voltando f1 carga ou

recuando. mas sabendo. cm qualquer caso. manter alto o estandarte de suas

convicções. proclamando-as sempre com galha rdia . e servindo-as com coerência e com ttbncgação inqucbranti1vc1. Ou, quando seguem a via oposta,

dcfcccionand o vilmente nas obscuras sendas do comodismo. da ambição, da traição. ou da apostasia. E se unl varão levou tt bon, termo uma mê1gnifica epopéia. é porque antes de tudo ele

se cmpcnh<>u cm pensar e

querer retamente. E por isto chegou a ser aquilo para que a Providéncí:, Divina o destinou desde seus primeiros dias. fiel às convicções que seu espírito acalente e que o convida m a lhes consagrar a c:<istênch1 intcir.t. Sim. não se trata de pensar e. 4ucrc.:r. ser e agir reta mente tão só cm certos episódios da vida. mas de ser duravelmentc idéntico a si m4..'smo ao longo <la vida intcirn. reafirmando a todo momento a adesão a seus ideais primcvos. e procurando lornar a todos pal'tíciix--s da ::1lcgri:1 e do~ méritos dc.-ssa fidelida-

de!

/\ luminosa Mensagem sob1'c o socialismo autogestionário cuja sólida. documentada e bem cs1ru1 ur:1d:i doutrina não teve ftté o momento advcr.wí.rio que a rcíutassc é o mais novo norão. cheio de seiva e de cor. o <1ual desponta ,io cabo de mais de meio século de luta aguerrida que condu, essa figun, ímrar que é Plínio Corrêa de Oliveira. Segundo palavras de seu próprio pu· nho (•), desde qua ndo ainda muito jovem, considerou enlcvado as ruínas da Cl'istandade. a elas entregou seu coração; vollou ;1:,; costas ao seu futuro. e íci daquele passado carl'cgado de bênçãos

o seu Porvir...

É a tl"'.ijc1ória. assinalada pelas cores viva.s de numerosas balalhas. dessa vi-

da de co,uinua fidelidade aos princirios perenes e vitoriosos da civilização cristã

- vitoriosos porque Deus l riunfo sempre - que ven'I traçada a seguir.

4

Numerosos homc11s 1iúblicos, ou lideres no 1crreno da inicialiva privada. como empresários, cientistas. 'literatos. artistas, polílicos. se sentem honrados quando seus admimdores os qualificam de prof.:rns e apóslolos das 1ransformaçõcs pelas quais o mundo vai passando. Ou seja, da imensa revolução 1aicista e igualitária que vai convulsio-

Nasceu ele em São Paulo, a 13 de dezembro de 1908. Sua grande rcalii.aç.'ío é a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradiç,io, Familia e Propriedade TFP - resultado dacto de uma vida inteira de a1ividade como escri1o r, professor universitcírio, jornalista e orador. E também como homem de ação. como lidcr. Plínio CorrC;1 de Oliveira inicio u suas atividades de catôlico militante cm 1928. aos 20 anos de idade. quando era :1luno da Faculdade de Direito de São Paulo. A TFP, cn1rc1an10, não foi fundad:1 senão cm 1960, depois de um longo e cuidadoso processo de pl'eparn-

ção, desenvolvido ao longo desses anos. A partir dessa funda~·ão. ele vem projetando seus idcr1is suc.-~si~1mcntc cm toda a Amé,·ica do Sul. na Europa. nos Estados Unidos e no Canad,\. A partir de 1977. as TFl's lêm um escritório de represc,nrnção cm Roma. o l!Oidu Tnuli:ionc. /~1111iglia. /"ropl'ic ui. 1

e desde o ano passado'na capital

nortt-

nmcricana, o Tradilio11. Famifr. Pro-

Washi11g1011 Ourem,. bc1)"1 como cm Jolmnnc-sburg o 7i·tuli1iv11. Fun1i~,·. JJt'rt,1·

f>rof)l'rt,l' Brifl'tU1 JVr So111lr,)rn A.fi'ica. Recentemente .-tCêlbtun de ser instalÍ'tdos escritórios de rcprcscnta<;~1o rnmbCm cm Lima no Peru. cm Londres na Inglaterra e c1n Siclnd na Austr.ilia. l)j .. versas atividades das TFPs tiveram repercussões surpreendemes a1r.is da cor-

1ina de fcr!'o. De acordo com o miw - freqticmcmcntc aceito como inquestionável - a revolução igu:ilitária encontra campo mais fé11il nos novos países sem tradições. do que naqueles cm que a tradição ai nda imprcg.na possantemcnte as leis. as instituições e os costumes. Em OUlras palavras. as Américas seriam.

teoricamente campo mais fértil p\H'a a Revolução do que a Europa. A propagação das TFPs aba lou esse cliché. Formada inicialmcmc cm São Paulo, a "Nova York Brasi leira", a TFP foi const ituída por um grupo diversificado de .homens de meia idade e de jovens. Vários deles provinham de familias de classe dirigcnlc rural ou da alta burguesia industrial. Sua proclamação cristã. anti-socialism e anticomunista íoi se expctndindo. sendo recebida com entusiasmo por jovens

pleno cenlro de Madrid.

'NiPARA110N

revolução igualitária, laicista e avassa-

ladora. ,que surge a figura de Plínio Corrêa de Oliveira, pensador e homem público brasileiro, que desenvolveu e pregou idéias diamctrahncntc opostas àS tendências dorninantes nos dias que COrl'Cn'I.

( • ) Cír. .. Ml'iO séculó ,f~ l'JJOpéio omi· conuuiisra", Edi1or;i Vera Cruz. São P.aulo. 1980, 472 pp.

Novembro de 1982

cstudan1es, por funcion{,rios da administração pública, da indústria e do comércio} em sua maioria filhos e netos de trabalhadores manuais imigrantes, de todas as procedências. E as TFPs contam hoje com núcleos !linâ micos e dedicados de operários. Assim. espalhando-se de inicio através do chamado mirndo sllbdescnvolvido. novo e pobre cm recursos, o movimento cm favor da Tradição. Família e

O cfei10 acumulado de todos esses fa10,·cs resultou em outra explosão, a Revolução Francesa de 1789. Esta segunda revolução consis1iu essencialmente cm proclamar a trilogia "iguttldade. liberdade efraternidade", prepa-

ca de São Paulo (AlJC), uma primciri, vcr~lo do <1uc seria muito mais tarde a TFP. Deixando os bnncos univcrsilários. iniciou ele sua carreira profissional e pública. ao mesmo tempo 411c se projetava como o mais destacado líder dê1

rando e impondo a partir daí transformações na estrutura hierárquica do

juventude católica de São Paulo. cm cujo movimento começou a participar

Propriedade nlcançou paradoxalmente

O igua litarismo, e seu corolário, o

a super-indust,fal América do No,1c. bem como a Europa milenar tradiciona l.

Os ideais da Tf'P bmsilcim - que s.:'io os mesmos das dcrnais TFPs c.!stão consubstanciados no presente livro. pubhcado por Plínio Corr1:a de Oliveira cm 1959. pouco alllé-S da fundação da Sociedade. Este livro mostrn que detcnninad:t:i; forç~ts e correntes ideológicas convergiram. ,.1 partir do século XV. para climin:tr a nota <.:ristã d:.1 cultura e da civilinu;ãc.l ocidentais, destruir :1 lgrcj:1Católica e :1ssim vnrrcr da face da terra os fruws çla Redenção de

Nosso Senhor Jesus Cristo. Funda· menta lmente, essas forças ,panipulam as paixões desregradas do tromcm. cm especial o orgulho e a sensualidade. e usam o soíisrna. a urdidura 'política e a pressão econômica a fim de realizar s ua tarefa destruidora. A primeira gr:u1dc e por assim dizer coletiva cxplosfio dessas paixões ocorreu no século XVI com o Humanismo e a Renascença nocampocultur-ttleartist ico. e com a Reforma Protestante, no

campo religioso. A ação do orgulho como força rcvolucion:'!ri;i provocou no campo religioso a rejeição da s uprema autoridade do Papé1 como monarca d;, lgrcj,:,. e a dos Bispos c<lmo hierarcas desta . Em alguns lugares. ela chegou à negação do sacerdócio. No movimento humanista da Rcnasccn~,. a admiraÇtio fanática pela arte grega e romana serviu como prctcsto para imrodu1jr o naturnlismo e o hedonismo na cultura.

bem como nos costumes públicos e privados da Europa c!'islã.

"'RevoluÇão e Contra·Revolução" é o llvro béslco, cujos principio$ doutrlnérlos Inspiraram a fonnação de en1idedes autônomas e co-frmãs em vários paises americanos e europeus. Na foto. a pujante TFP norte-americana reallu. uma manifestaç.ão de desagravo a Nos.se Senhora na 1: Avenida, em Nova York. Uma organização pró-aborto publlcara um folheto blasfemo contra a Virgem Santisslma.

no contexto dessa omniprescn1c

CATOLICISMO -

foto, a bancada pauUsta nessa Constituinte.

cm Portugal. Espanlm. Frnnça. ltfüia e

nando toda a tcn-a.

!:

Pllnlo Corrêa de Ollvelra (sexto de pé, da direita para a esquerda) tolo deputado mais jovem e o mais votado em todo o Pais, nas eleições pa·ra a AS.$embléla Conatllulnto de 1934. Na

diário madrllcnho ABC, seis dias antes das Ultimas olclções gerais. realizadas em outu• bro p.p.. naquela nação Ibérica. Na foto, J<>vens sócios e cooperadores de Covadonga abordam o público na Puerta dei Sol, em

Es1ado e da sociedade arn\logasàquclas provocadas pelo protestantismo na cs1ru1um da Igreja. liberalismo. que a Rcv<>lução Francesa espa lhara pelo mundo, não tardaram cm atingir a llnic:a esfera de ordem cristã que havia ficado mais ou menos intacta, o campo econômico. Os germes do socialismo utópico. jii presentes na

Revolução Frn necsa. ao longo dos séculos XIX e XX se difundiram pela Europa e depois pelo mundo. Em mc:1-

dos do século XIX. tais germes produzin,m o socia lismo científico. ou comu· nismo. Em a terceira revolução. Esta revolução, materialista, atéia. completamcutc igualiuí.ria. está nestes dias alc~1nçando o seu zênite. pois j~l se vai desdobrando numa quana ,·evolução. a partir da proclamação da liberdade de todos instintos. A rebelião da Sol'bo-

cm 1928. Aos 24 anos de idade. foi elci10 para a Assembléia Federal Consti111i n1c. cm 1933. pela Liga Eleitornl Católica. sendo o depu1ado mais jovem e ao mesmo tempo o c1uc recebeu maior número de

vo1os cm 1odo o Pais. Pouco depois assumiu a c.cí.tedra ele História da Civilização do Colégio Univcrsi1ário da Faculdade de Di,-cito da Universidade de São Pa\1lo c. mais tarde. 1ornou-sc pl'ofcssor catcdrá1ico de História Moderna e Contemporânea na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo. Foi o primeiro Presidente da .!urna Arquidiocesa na da Ação Católic.1 do Estado de São Paulo. Católico convic10 e milit,111te, como orador e conícrencista. jornalL~ta e escri tor. esteve sempre ;:lo serviço das grandes causas que interessam;, Igreja nc. cm 1968. íoi a aw1,11-f}remiért> ulu· ou à civili1;1çào cristã. De 1935 a 1947. di,-igiu o jornal "Lclante, e quão caractcristica. dessa 4uargionúrio". órgão oficioso da Arquidiota revolução. cese de São Paulo. Em "Ri'voluçã" e Cn,11 rll• R,•v() /11Em 1951. o então Bispo de Campos. ('ãO ·: Plínio Corrêa de Olivcim coloca D. Amonio de Cas1ro Maycr, fundou o ênfase em que a grande revolução glo· mensfuio de cultura .. Catolicismo" bal. de cuja fosc suprema ~ta mos sen- principa l p,ublicação brasileira antiprodo testemunhas. não é só um fenômeno gressista e antiesquerdista cm cttjo político ou·sociológico mas. ainda mais co!'po redatorial Plínio Correa de Oliprofundamente. uma tra nsformação ,,,:ira ocupou desde o inicio lugar de de indolc moral e religiosa. que irradia destaque. seus efeitos em todos os aspec1os da É colabol"'ddor da "Folha de S. Paupersonalidade do homem. A panir des- lo". o quotidiano de maior circulação te, o gerrne revolucionário se introduz no Estado de São Paulo e um dos de na Igreja e no Estado. nos cos1umcs m:1ior circulação no Brasil. e também sociais. na arte. na cuhura. na ordem da "Úllima Hora", conceituado di{,rio política eeconômica da vida contempo- d o Rio de .l:meiro. Em seus ar1igos, que rânea. rcpc!'cutcm no1avclmc111e cm todo o Em face do dragão ,-evolucionário. a Pais, analisa Plínio Corrêa de Oliveira Contra-Revo lução - como i>linio 1cmas poli1icos. sociológicos e religioCorrêa de Oliveira a concebe - é mui- sos de atualidade. Esses artigos são to mais do que um livro: é um ideal que transcritos cm v;írios órgãos da imprcn· convida o homem moderno a rejeitar sa brasileira e de outros países da Améimciramcntc todos os aspcclOs da revo- rica e da Europa. lução laicista e igualiti1rla. e a restaurar em suas bases. ao mesmo tcrnpo perenes e atualir.adas, ,1 ordem cspiri1ual e a Além de" Revolução e Co111rll- R<-1'1>· ordem lemporal cristãs. luriio ". Plínio Cor rêa de Olivciril é 'Cada TFP propugna. na rcspecti"a Pálria. esse ideal conlra-rcvolucioná- autor de numcros,1s obras. várias delas trndu1.idas para outros idiomas. e cujo rio. substancioso conteúdo ··catolicis1110" j::'1 comentou cm números ;·1ntcriorcs.

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Enquanto intelectua l. Plinio Corrêa

Plínio Corrê.1 de Oliveira descende de estirpes tradicionais dos Es1ados de Pernambuco - onde procedia seu pai. o advogado João Paulo Con'êa de Oliveira - e de São P.i ulo~ o mais diná~ mico Estad o brasileiro, de onde era sua boníssima mãe, L.ucilia Ribeiro dos Santos. Fez seus estud os secundários no Colégio São Luiz, dos Padres Jcsuí1as de São Paulo, e se formou na renomada Faculdade de Direito da mesma

Sua personalidade se projeta cm todo o Br.isil. e fo,-a dele. como a de um homem de pensamento e de açiiodos mais notáveis cm noss:1 época de rc,ili1;1çõcs e de crises. de ap!'ccnsõcs. de catástrofes, mas tambémdc esplêndidasafirrnaçõcs da consciência cristã , bem como

cidade.

de CS(>Cranças sempre ,nais acc.~s de

Desde cedo seu imcrcssc foi despertado pela análise ·filosóíica, religiosa e prática da crise contemporânea, da gênese e das conseqüências desta. Foi o fundador da Ação Unive,·si1ária Católi-

que a vitória linal do espírito e dos princípios de "Revolur,io ,, Co111r(I-

de Oli vcira ocu1~1 lug,tr de incgá,-el dcslaque no panorama brasileiro. Na qua~ !idade de homem de ação. é o lidcr anticomunista mais dimi rnieo do Pais.

Rt~vol11('lio "não tarda para aqueles que

da Fé se r.zcram lutadorcsentusiasmados!

3

3


TouT COM M E T Oi, •

A ROSA MURCHA

.J'A I SOUHAITE LE

CHANGEMENT

DE MITTERRAND bem não poder cumprir. O governo Mitterrancl não íoi exceção. O aumenlo d<>s salúrios. a red ução das horns de trabalho. a mclhori,1 de ulguns pagamentos da Previdência Social. a indcni7..ação das cmpn::.·ms nncionalizat.las. constituiam um conju1110 de resoluções que. quando estivessem esgotadas -as l'Cscrvas de lfUC dispunha o governo. gera ria inílação. diminuiC<iO do ritmo da produ<;<io. ampliação do pttupcrismo. No início. o povo não sentiu a mordida. As medidas nind.:i não haviam pro· d llZido, cm csca la considerável. su;,s scqOch1s. Quando a inílação começou ~, subi r. o público inquietou-se. Na Europa. mio se olha a inílação com noss.i bonomia despreocupada de que "no fim se d."1 um jeito". Rapidamente. a perda do poder aqui~itivo irrita. O l'ra ncês inquietou-se. observou ansioso o Ju. 1\11'0. D•ii ;1 culpclr o governo foi um passo. Miuerrand havia g,rnho ;·1~ eleições. rromctcndo melhorar~, situm,:f10 das classc..-s modcs1as. E a piorei ,1a. O socialismo. l'ruto da utopia igualii;.'1ri,1. produ1.iu t.tmbém n.1 França sua constante. existente nos lugarc.:s onde é ~w tcnticamcntc aplicado: o crnpohrccimento.

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A desilusão

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Mui1os franceses sentem-se enganados. Forn m atnís de mni1 <1uimera . iludidos pela:,: 1~·11li:1s dos ladino~ r,ropag;111dist:is do PSI'. /\ reulidade lhes cstraç;1lhou os sonhos. A mir.igétn aca-

A

ASSIM COMO VOCE, EU DESEJEI A MUDANÇA .. ·

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ittcrrnnd subiu ao poder nimbado de popularidade. As 1ubas.da prorlaganda o ;.l prc-

scnrnvam corno líder generoso. c.aris--

m:itico. portador de no1•a fórmula apta a fascinar o mundo atribulado e desespcr:,nçado. Em que consisti~ o fascínio de tal rcttit~t'! N,1q11ilo que muitas vC·

1.c-s. cm 111::1térias como css.1. é seu componente mais dinftn,ico: sensação e <1S· piraçõcs indcíinida:-:.. nas t1uais h:j um núcleo. a esperança otimista de um fu . turo róseo. d,-spreoeupado. Tal porvir. a proposta do Chefe de l:é~tado francês atrairia ao mundo por uma sorte de

prodígio. LI 111 regi me súcio-cconômico diferente do burocr;.1 lisrno enregelado e policialcsco do l .cstc. distante do capit;tlismo. considerado pelos socia1istas como explor~1dor e desumano. A nova siluação teria virtualidades de cn(·aminhar os espíritos a um dcsarmarnento psicológico generali,.ado. ,Hne-sala de urna p;lz mundi:i l .segura. Seria. enfim. o soci.:ilismo de .. face hmnana'". o pu· nho fochado. expressão da rev<,ha. que não ma is segura o fuzil. n,as a rosa. Dezoito meses depois da posse. o desastre socialista. As pesquisas indicam acentuada e crescente baixa na popularidade do Presidente e de seus ministros. O mago está tmnsformado num administrador - e dos incompetcí11es. /\ íórmula de Mittcrrand - o socialismo au1ogcs1ion;\rio - dependia. para sua propaganda mundial, cm larga proporção. do sucesso, mais propagandistico que real. da experiência em casa. Que · fatores terão contribuído para torná-la de dificil trânsito?

A Mensagem das 13 TFPs Redigido pelo Pror. Plinio Corrêa dc Oliveirn. esse documento histó rico foi divulgado cm todo o Ocidente. Mais de 35 milhões de exemplares. impressos nos mais prestigiosos meios de informação do mundo livre. As formulas políticas velhacas vivem da indefinição. A lógica as exorciza. Os setores intelectualizados da opinião pública do Ocidente n,'ío conheciam a radicalidade do programa de Miuerrand, seu gradualismo cuidadosamente estudado. suas habilidades cm evitar choques com as fibras conservadoras. especialmente as católicas. do eleitorado francês. Os estmtcgistas do PSF adotaram a tática cl{,ssica dos socialistas: duas litc· ratums. Na primeira, os intelectuais escrevem especialmente para militantes 4

... ELA ESTÁ FEÍTA

bou. O mau humor t..:ll\'Clli.:na<lo de quem st: sc111c iludido h..·ncle a contagiai' os cin.:unvi 1i11ho~. J\ parte <lo pllhlic,, volou can Mith:rr:1nd. 11:in roi·,impatia ern rcla(;;io :10 :-.t><.·i:11i;nh), m:i:i. por acréditar na lik11Hl'o pia "g.enc1·0~,··

.,

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ávidos de conhecei' as metas e métodos da organi,.ação. Naltlralmcruc. quem tiver espírito inquiridor facilmente ohtcr:í esse tipo de publicação. Mas pCS· soas de t;:il g,êncro constituem parecia ínfima do eleitorado e suas vo1.cs. quan• do tcnwm falar. n~o :u ingcm comumcntc o gr,1nck público. P;,rcccria cxis· 1ir um acordo t::ícito entre aqueles que comandam tais puhlic.:1çõcs res tritas e boa parte dos t,rg5os de informa~·ão. O que nelas é impresso nfio repercute habituahncntc na g.r.rndc io1pri:nsa. Somente <1u,111do <>S politicos do pa11ido :,s adaptam - estava tentado a escrever camuOam - ao gosto popular do momcmo. frtzcl'n o " market inJ:," da

doutrina. é que e ntão esta é alê1rdcada f>elas trombetas da grnndc difusfio. Um dos méritos da Mensagem escrita pelo Prof. Plinio Cori'êa de Oliveira foi esse. Denunciou a fraude. Os socialistas nunc~t esconderam a radicalidade de suas metas. Mas o tom da propaganda c,-a baixo, dirigido a públicos pequenos e adrede escolhidos. Ostentada para o grande público a meta comunista do socialismo franct-s. estava rompido o quebranto, a suposição idiota de que o socialismo seria uma barreira a o avanço do comunismo. A opinião pública católica conhecia cm linh,,sgcrais. de mancirn vag_a, as rombudas proposições do PS contrá rias e", doutrina da Igreja. Seria contra-producente alardc.í-las durante uma campanha eleitoral. O silêncio pcrplcxitante do Episcopado da França permitiu o êxito da manobra manhosa.

Com a diíusão mundial do referido documento. não era mais possível páS· sarem silêncio as mc1:1schocantcs. P:1rtc do pôblico colocou-se contra a expctiência socialista e outrn parte. talvez maior, começou a rcOctirsobrcas reservas que passava a ter cm relação ao socialismo autoges1ionârio . embora não as manifostasse publicamente. /\ dúvida-paralisante nascera. Tais blocos já 11'10 mais acompanhariam a propaganda. fariam peso no comboio que deveria seguir os acenos de Mittcrra nd. A aura do prestigio inte,·nacional do socialismo au togcs1ionário minguava. Na França, além da repercussão vinda do Exterior, houvc,um ··nwss m11ili11g " de 300 mil exemplares. pois os jornais temeram publicar o documento, prova-

do

vcl mcnte por receio das rc1)rcs,Hias soci~llist~1s. A liberdade de imprensa. um dos 11orôcs m;1is al;1 rdcados do sociali~mo dcmoc1·;°11ico. saiu arm nlwda 11ti episódio. Nesse clim~'t. algun:s ou1ros fown:s som,1rnmrse e. cm conjunto. deram ól'i· gcm ao rnurch;unento cio prestígio socialista na França.

O desgaste natural do governo É comum os governos ascenderem ao poder num c1ima de euforia. sustcn..

tados por pro1ncssas eleitorais <1uc sa-

atu~1I

ocup:11uc do Eliscu. cli~l:.i nciou-sc dele cm lc\':t~ suo;:,.~iva;\. /\ base do go,crno 1c11dc :1 sc 1·ct.huir aos apoios de r..,i, idc,>lôgico. aos adeptos ou simp~1ti1~111tcs. cm wírios graus. d.i cosmovisfio socialista. E eles consti· 1ucm m1nona. llm cxcmpltl do dcsconlêntamcmo de clcito1'\:.s comuns. n5o ideológicos. foi a passeata rcali,,ada por alguns milhares de executivos m;sal:1riados de • • e, comcrc1:11s • • p..:1as empresas 'rncl ustrnus ruas cio ccmro <lc Pal'is. cm mc~u.los deste. mês. :1 lim protestar contr~• a política social <lo governo. Tal categoria prolís:sion:1I <lilicilmcntc sai :'1s ni,,s p(1ª r.1 fo1c1· proh..--s1os . Mas <lesta vc~.. de

Os 1rês des.enhos que figuram nesta p~gtna começaram a ser largamente distrlbuldos na

França, mes.es atrás.

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les F rancais le 10 mai 1981

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No fracasso, o aproveitamento minucioso das ocasiões O.s socialistas cspé111h()is dis1ancia· r:11n-sc. durante ~ rc<.:cnte campanha clciton:ll. de seus congêncrt.·s franccsts. Temiam que o frnc..isso além t.los Pirineus respingasse .14 uém ç lhes cstmgusst as possibilidi1<lC$ de vi1úria, Nfio impediu que logo proclamad~,s. os prin1citos resultados. os sm.:1ahstas franc.:..:scs. cm coro. acorressem sôfregos a cclchrar a vitúrh, soci;.1lista na Esp:-1nha. No e1)i:--údio. h;i dois lados a con:-.idi::l'al'. O pri meiro é : 1 n.,turnl alegri;1 que :,,,.,; sc111c q1111ndo ah) Ext..:l'lor vcrif'ic,1-:,:c ~, cxpans:.io da doutrina esposada. Em scc.uodo luc.ar. a alu.azai'l'a fcsliva serve. n,; c<:1so. rx.lra -.,balirem ca~, :., atoarda dos desco111c1lh:s. Tanto mai:i. que na~ clci<;ôcs da E.spanha. o contentamento dos socialistas é :tl.!l'Ídm:c. O..; l'("Sulwdo~ revclara 1n nolüvc""1 polari,~1çâo do rttblico. Os partidos du centro fora nl ,·.ir· ridos do JK11tor;una poli1icn. pon1uc .. ," cspa nhbis jü nfto o~ co11sidcr:1r:1m h;1rrciras v:ilic..las co1n1-:1 o av:1111,'. o <l n PSOE. /\ direita mais que decu plicou seus representa mcs nas Cones. O aviso é inct..1uivoco. Um bloco imenso do povo espanhol cs,~t desejoso dccné rg,ica oposição ;:1n1i-socialistt1.

Observando o horizonte Mittcrr:1nd sb é líder voltado par:1 o fuw ro. na 111edich1cm que inspire cspc1·anç;1~ ditu.:-.as ele :-.cr pol'tador de uma solução !\Cdu101a . Para m:.mter os atr:1livos de su:1 proposta. ele joga t'Olll a indcfinic;:io. as fon n ulac.:õc~, ,agas. :1~ alitm:1~c)cs (asc.:i n:1 lll c:i dt.·sacc,111 p:111h:1·

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acor(),, cc,m sclLs princip:,is dirigentes. :1 paciência se esgotou... O falto C que ~li ucrra nd scmc, hú alguns meses. os cJCi1os t.la \'ir.ida. l·oi vaiado nu dcslilc tfc 14 de j ulho. ao longo de todo o percurso. O., 11í11ncros das pc.-i:1..1uis;.1s dt opini;lo pllblit:;1 num ritmo conswntc rcgi!,tram s ua pcrd;1de popularidade. Para um politico cxpcl'icnte como d ea t1..:udê11cia par.i o ckcli· nio conla m:,is ~uc o número de 1·c pro· vação. 11 indício prcs.sago. O in:,.linto i ndic:11·-lhe-:i . com ccne1.a. mc:,:es ~1 mar· gos pela freme. pois de es1;"1entre d<>is fogos. A-:. ha~cs rnilitantcs do p"rticlo t.1uc o elegeu. dt.·scjo:-.o~ de uma aplic;, .. ção cl:,1 plataforma eleitoral. cohr:111doa . Na oulra barric.ada. o grosso <lo pllblic1.). Na medida que Mi 11crr:111d contenta os m..:mbros do partido. pcr<l~ c1poios nas ca rnadas 1najoritii rias. Se and:-tr. no sentido do progr,1ma socialis· ta. m•eda o conjun10. St nii o ;indar. azcdi1 seus companheiros cJc c..-arn inho.

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das de pr..w;1s. Quando o li:rn:1c do r~1ciocinio lúcido a nalisa ~u progl'aUl;1. o cnc~snto dcsaparcc..-c. A exposic_:o:lo da;\ 1net.1:- comu11i~tas pr,1du1 o rctraimc11to do públi..:o. A tvknsaJ!Clll das 13 TFPs e :1 t1tuul rcllc:•dio menta <lo púhlico fra ne<:s !\Obre os efeitos do sociali;\1110 o cstfül rcdu1indo 11:1 l·1·anç;1 aoq111..· mai'\ le me: o mingua111cnto d:1 mi-..,;lo. como t.;u<: mc.ssi:"snica. qul" ,.c conk 1·iu e o julgamento de :-.u:1s a1ividadcs en· quanto :.1dmi11istrndc1rda c,n~, pirhlic,J. Nesse úhimo campo. o olhal' rcalist,1 p,crcchc o nmlo,g.ro, () Pre:i.itknte rran· cês cst:'t p..:l'<kndo a aur.1 de líder t..·ari:,,. ,mítiCl\ e é a, ;1lk1ôo (lCl:t c:,pat.:idade ck solrn::ion:1r .is 411cstc'h.~,. do d1a-a-di;1 . J\ cohrança. com o tçmpo. nat11r:1l111entc <.: IX'.S.CCl'{I. :\"o co1tiunto. tu<I,) i:i.so <1poucou a rcss,m:i 11ci:1 i11tl l'nacio11;1I do lide!' fra11cé~. qué cessou de ser poderoso aglutinador de a~pir,u,:t"ks u1ópicas esr,arsas no mundo intf.!iro. A esperança de. com b;:1sc cm su;1 ação. difundir mundialmente novo modelo político supost:t .si ntcse genial da dcrll<.)Cntcia e do comunismo soçobrou. Postas as coistts como estão. frac;1ssou a rniss..i o qut..: a!- forças dir~ti,:as do ~oci,1lismo pretenderam atnbmr a Mntcrrar1<J. 0

Péricles Capanema CATOLICISMO -

Novembro de 1982


il

MANIPUL

IONÁRIO

E

o utras~ passaram a utilizar-se de seus serviços. A assistência psicológica fornccida por firmas de consultoria administrativa crcs:ccu rapidamente. Utilizando-se de critérios e métodos empregados cm dinãmica de grupo. sociodrama e psicoterapia de grupo, tais "especia listas" propunham-se a tcsar psicologicamente todo o pessoal da empresa - principalmente os maisquaJifi. cados - e estabelecer uma classificação. niio segundo a competência profissional de e.ada um . mas segundo a capacidade de adaptação para ser um eficiente "homem de equipe". Ou seja. um funcionürio seria tanto melhor quanto mais radicalmente se despojasse de· seu individualismo e adquirisse uma mentalidade coletivista. E tal critério íoi sendo progressivamente adotado. não só par-a a admissiio de funcion(,rios. como para a promoção a c:.trgos de maior responsabilidade. A competência profissional passou para segundo plano.

m sua luminosa e j,í célebre Men-

sagem "O sociali.~1nh m11ogl!stit111ârio: em visu, do co1J11111is1no. barreira ou cabe('a-de-po111e? "(Cír."01· tolicismo" nf 373-374. JAN .-FEV. / 1982). o Prof. Plínio Corrêa de Oli"cira salicnt..t a ncc<:.s:sidade ( !UC o Parti<lo Socialista Frnncês sente de proccdc1· a uma completa tn1nsformação do ho-

mem. p.:,ra que este aceite. Sem maiores rcsist~ncias. esse tipo de socialismo c1uc Mittcrrand quc1· impor i, F l'ança e cliíundir pelo mundo.

De tal maneira o referido regime vai <.:Ontra as uspiruçõcs mais profund:,s e naturais do horncm. que ele ruio seria aceito se cs1c mesmo homem não rc·

nunciar a cercos critérios de ordem nallll'al <1uc até ngorn oricnrnmm sua con·

<luta na vida particular. familiar e ::-ocic1I. no trabalho e no lazer. Ou seja. o homem não deve ter mais aquela mentalidade indil'idu11/isu1 de querer trabalhar para si, obtc1· lucros com o fruto de seu trabalho. ganhar n1;-lis que os outros. dcs1ac~u..sc na vida profissional. etc. /\gora. o principal objetivo de seu esforço deve ser o bem da colêtivida<lc 4uc. c m termos mais próximos e concretos. se constitui geral .. mente na empresa cm que o individ uo trahalha . A empresa deve ser o objeto principal das preocupações e a grande hcncfici,í ria dos c..,;;forços de ~u~ f uneiont1 rios. Ern seu proveito deve ele sacrific.:1r su;1s ambiç<)cs pessoais e atê nlcsmo MI.! vida fa mili;1r, O próprio l(tzcr. tão vinculado 11:1 maioria das vc~es ao ,1111hicntc íamiliar. também dcixaní de ser ele livre escolha do indivíduo e será oferecido a ele j,i planejado pela colet i\'idade. ConHl vemos. torna-se necess,irio transformar :1mcnrnlidadc do homem. tirando dele lodo resquício de individualidade e- incutindo nele. com<> apclência exclusiva. o desejo de servir êi coletividade e ser dirigido por ela. Em out rns r>alavrn:-:.. f:-11cr com que ele ~·livremente" queira deixar de SCI' livre e "livremcn1c.. aceite a condição de escravo. Pois, como afirma o Prof. Pli nio Corrêa de Oliveira cm sua Mensagem. " •.. na soc'iedtule m11ugi'... lit11uiria. 11 liherdttde tio i11dfritl1m .wí consi.,·u, no 11:((J da pttlaw·o (! do VOit> tl(JS (J,\',$(>JJ1bléias. Assim. o l·:.suulo é quem dispôe uul,, sohr<~a sodc,ladr m,10.ee.w ionâria. (... ) l:."m swua. t4e se in.wula 11<1 menwdo hu/fríduu. A t>.\'I<' ,w j re.,·w a <·ondiçtlo d,, 11111lnnnto, c11jos sinais de vida prâpria c01t.\'i.,·1,•1n ap,,nas (''" il!fm·owr•se. dit1·

lugar <' vou1r ·:

O longo processo de mudança das me.ntalidades E.'isa transformação das mcn1es não pode ser feita rapid;Hnen1c. Fiel ao principio de ação do PS francês, ela deve. ser r:tdical na meta mas grad uai na

execução. Realmente. n concepção indi"id ualisw segundo a qual o homem ocidental era formado. pelo menos até mead os dcs1c século. não permitiria urna transformação rápida no sentid o de uma mentalidade coletivista sem a cc1oS<1o de resistências que prejudicariam todo o processo. Para ser eficaz. este deveria ser gradu,,I e até imperceptível. de moilo a não sei' con$taiado nem dc--

nunciado. substituindo paulat ina mente

a amig:, n,cnw.lid.tdc individualista por uma nova, coletivista, abc11a parn asocicd;1dc autogcstio11{1ria. Trabalho lemo. a ser rcaliwdo ao longo de muitos anos. de vá,ias décadas. O que. de foto. vem acontecendo desde o fim da segunda gucrrn mun-

dial: mais especificamente nos Estados Unidos. A este respeito. como documcmaçào. é bem ilustrnlivo o livro de Vancc Packard intitulado ..The Hidde11 l'ers11/1tl<•1·., .. (Os Persuasorcs Ocultos). Pocket 13ook cdition. maio, 1958, 46'" cd .. outubro 1976. O fato de que o processo de transformação das mentes íoi obscr"ado h{, quase 30 anos no Estados Unidos. enquanto o socialismo autogcs1ioncírio só agora apareceu na França. não invalida o raciocínio de que deve existir um nexo entre ambos. Porque. assim como o "Proje, .. socialista declaro que seu socialismo não é apenas para a França mas deve ser difupdido pelo mundo (Cfr. "Catolicismo" n~ 373-374. cit .. p. CATOLICISMO -

Atingindo a vida familiar Nem mes mo

a privacidade do lar e

ela vida familiar íoi respeita'da pela pe.s -

- A manipulação psicológica tende a padronb;ar os homens, despersonatlzando os, procurando transformá-los em massa humana. 4

40). assim também o processo de transformação das mentalidades observado nos Es1ados Unidos nkio dcvcri,, fÍC4.l r rc,arito àquele país. O enorme poder de inllui::ncia. i1uc a nação nortc..amcricéma :1ind:i exerce cm todo o mundo ocidental é 1n.1is que suficiente p:tra exportar qualquer ahcração importa nte que venha a ocorrer n,1maneira de ver.julg;tr e agir de seu povo. Pelo que ocorreu e ocorre nesses dois pólos de iníluéncia -

Estados Unidos e Fmnça - pode-se perceber o enorme processo de prcpar:,ção dé todo o mu ndo oódcnta l para a accilnção pacííica e rcsignad" do socialismo autogcstiontal'io.

Ação do setor industrial Segundo o livro de Packard . o processo começou. j;\ em fins dos anos 40. Com a iníluência crescente de psicólogos e pesquisadores da opinião pública jun t<? aos mcioi- industriais norte· americanos. lnicfalrncntc apresentavam-se com a finalidade de auxiliar as cmpres,is na venda de seus produtos. Alcga,vam que as pesquisas rcalii~adas para se conhc· ceras prcícrências d.o público eram superficiais. não :uingindo os verdadeiros 1notivos que lcvav-J nl a pessoa a preferir este ou :1quele produto. Por issô, um lançamento baseado cm pesquisa do gênero resultava nluit11.s vezes nu1n incs:· rcrado malogro de venda. O que se devia fozcr. diziam aqueles psicólogos e rcsquisadores. era atingir os verdadeiros motivos de escolha atr,1.vés de uma aproximação cm profundid.idc tdepth {lfJ/ll'Olld1 ') de mente das pcs.11;0~1s visadas por meio de pcrgunrns adequadas. t razcndo ú luz a vcrdadci i..1

causa de stms prcíeréncias. Isso deu o rigem ú chamada "pesquisa motivacio-

na l" ( 1Wotivt11io11lll Resear/'11 • M R). que se basca,-.1 cm princípios segundo os quais o que move o homem c m sua condu1a . cm seus h;_\bitos e suas preferências. não é a logica e a m1...1.o. mas $iln as impressões. os instintos e as emoções.

A moldagem de uma mentalidade coletivista Na verdade. porém. o traba lho desses psicólogos e pesquisadores não visava apenas ensinar aos indust riais a maneir:i mais cfica;. de "cndcr seus produtos através do apelo aos instintos e emoções do público consumidor. Seu objetivo não se restringia a manipular a mente das pessoas de modo a indu,.í-las a adquirir utensílios sem uma ra,.ào lógica para fazê-lo.

Novembro de 1982

S u,, mern ia mais nlé m. ::1inda no ca,npo industrial. Er;.1 a de formar. ou melhor di;,.c ndo. moldar um novo tipo de íuncio1Hí1·io. Desde um trab•1lhador br~1çal ;ttê um gerente cxc.cutivo. ele deveria abdicar d..: uma mentalidade indivic.h1a lis1a e adquirir uurn outni cm 411c os interesses da cm prc~:i. ou seja. da cok1 ivid:1dc. c.s1ivc.:,:.scm hem acima de seus interesses pcssoa i!\ ou fa111ili;-11'Cs. Assim começou a ser moldada a mcnt:.t• !idade d o homem de C<Juipc ( '11,<1111· p/(Jyt•J' ').

No livro de Packard. a pa11irdoc;1pí1ulo intítul:Jd O :,;u,gcstiv:1mente " 1110I~ 1/mulr> ·l,onwns ,Je ,>1111ipe· paro a lfrr<1 <'mpr('sa ·: este trr;.h:i lho dos p:jicôlogos e mm1ipuladorcs é descri to com atumdantes citi,çOCs e exemplos concrc10:-.

Escreve ele: .. A

tc•11clt•11dll oh.tt•r wu/11 1w ,'im'ic•da-

d<> m,wrh'tma p11ra o /w11wm dirigülo por outro - isto é, o Jw11lf>J11 qw) ctultt \'('; 11u1b· p"r1<•1tn' a grupos e IJ'lllw/lw ,,,,, <'(fllifJ<'-" - foi muito he111 arolhida e {>sti11111/ada por um mnplo setor da indú:m·ia dos E\·tados Unido.,·. P(•.;;s,>ns qu<) .i'l' il},!,!111i11nm <'111 Kl'UJ)o.,·. ft>1no qualquN· J:<'ll<'l'OI stth(•. são nwix .fiír(•ú· de orü,uwr. d(• eontrolar. fie cmu/11:ir. A idéia de 'c,q111j1e 'foi um auxílio. ·'"('

não uuw absoluta nP<·e.,·.,·idtule. pnrtt

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tlllmtlo tio., lll•J!,idos. du tralm/1,v e tios altos éscalõt•s tio f.:O\'l!l'IU>. qu<) do1ui1U1ra,u o pmwrama nor1e-m11eri<'m w (•JJt ,neadvs do .'<-éculo. Charl,•s íVilwn1. 11111 ,,.,·pm•11t<' du 111mulo dos negôâos t/W' .,., . 1urno11 Se<ri!1tirio da l)('feso. c•xpri1ni11 t!l11 />(JIIC(tS f}tll(l\ '/'ll,\' li 110\'(I 111(!/lf(I•

/idade 1111mulu al,s:wu de st 11s prind1mis ,\'td>ordi,uulos qut'..,·,,ran, p,·opagar 11s 1;,·âpriu,,· idéias. l:.1e ro.wr1J11: 'Se ü(s:ué111 111io quiser traha/lwr pela t'(JllÍJI(' I' dt1sejar ,,:.1ic<1r .ww t'aheç11 de /Ora pode 1

culocar-s,• ,,111 situll('tio f)t>ri,:osu • ·:

Os próprios indus11·iais não reagiram co1no deveriam a essa tendência ~oc:ia li1.intc. Um deles. \Villi:11n 11. \Vhytc J r.. 101·nou-sc conhecido através de seu livro ··1Ju• Ot,:tmi:mion ,\1an ·: cm que denunciava o apan.---cimemo dessa mcnt:ilidadc colctivist:1. É dele o seguinte depoi mc.: 1110: " Uma colsa curio.,·a <•.wá {W(}lll( (·endo tte.\le ""':". (fll(IS(' Sêm 110.'ô1

.f(.)

,·011lleâ11u•n1,,.

Em uma 1wr,1o unde o i11dividuulism o - i1ulepe11dénâa e t1111oc01!fia11<'ª ~ foi o lenu, d11ra11t" tri'•s slculos. ,·<•m .w•ndo O<'('itu tt idéia de qm• u próprio individuo ,uio lt'JJI signijicado. a tuio S(1 f ( '0 1110 111('/Jlhl'O

t/('

11111 Jtfllf)O •:

/\ mencionada tendência coletivista. segundo Packard . foi d~1 maior importí111cia e intcn.:-..s:jt! p;1n1 todos aqucks empenhados c 111 ma nipular de maneira clicaz. o C<>mportamcnto huma no.

A influência crescente dos psicomanipuladores Assim a iníluência dos psicólogos. manipuladores de opinião pública e dos cl1;.11n(1dos .. engenheiros sociais" foi-~c tornando cada vez mai or nos meios industriais norte-americanos. Grandes e mpresas como a Sta ndard Oil. Scars Rocbuck. lnland S teel, Unio n Carb ide. Genera l Elcctric e

A terapia de grupo (foto) é um dos meios empregados no processo de manlptJlação das

mentes.

quisa dos manipuladores colctivÍ$HIS. Para eles. a vida doméstica do homem deve ser esmiuçada para ver se ela é conforme.os mclho,·es interesses .d a "equipe.. ou da empresa . Neste particular. o conhecimento da esposa de um executivo ou de um candida to a uma função-cha ve assume especial importância. Pois ela pode ter urna pcrsonali.. dade tal <1uc prej udique a completa declic.-,ção de seu marido à empresa onde traba lha ou na qual pretende trabulhar. Assim. <> psicólogo cntrcvisti:'I a cspos~1 do cand idato e. vem.lo que Sua pcrsona.. lidadc entra cm choque com os intercsse.s d;.1 empresa. consegue muiu:is vezes que ela mesma persuada o marido a não accit3r o emprego. Como escreve Packa1·d. "algwnas e1111n·esas tendem 11 ,·0111u umtJ p os.~·;vel rfral 110 tlevouum 11to do lw1ne111 ·: 11carar "

(1

,>,,'/JlJ.\'{I

1

Segundo a revisw "Fonunc". cirnda por Packard. as principais caracterísli· casq ue :.1s empresas gostariam de ver numa esposa são: 1) ela deve ser altamente adaptável. 2) alta mente greg;iria. 3) compreender que seu marido pertence à corpornção.

Um futuro que já é presente Levando cm consideração essa tendência. não seria difícil prever o c,itério de escolha dos funcionários nos a nos íuturos. Em junho de 1954 H revista "'Changing Times". dedicada principa.1memc aos crnpres.{1rios. previa a qucs· tão par:i 10 anos depois. ou seja. 1964. Ela explicava <1ue as grande empresas. o governo t :.}S gra ndcs associações tcndcrian, a nivelar o povo cm denominad or comum no qual seria mais dificil p.:1ra um homem "sér itulepe1u/(>111e. individualisw. s,·u próprio che./i: ': Uma categoria s u1>erior de cientistas. e ngenheiros e homens de negócios scri.:1m ,reinados segundo um critério muito mais técnico que individualista e sele· cionados pelas qualidades que íariam ddes bons membros de uma equipe. Quase todas as pessoas teriam que se submeter a um exaustivo teste psicológico para determinar sua$ aptidões ncsSt! ~cntido. Packard corncnta que essa previsão de .. Changing Times" não estava tão longe de realiza r-se como a revista Su· punha. Pois jà cm 1956. por ocasião da formatura dos cu J'sos universitários.. o critério domina nte utilizado pelos rccnnadorcs industriais para selecionar funcionários qualificados entre os jovens diplomados. era o da "conformidade dinâmica", Ou seja, ser bom membro da equipe valia mais que ser um profissional competente.

O planejamento do lazer Vemos porta nto corno desde a década de 50 o mundo do trnbalho, pelo menos nos Estados ,U nidos. vem sc.ndo ativamente pre pa rado através dessa "engcnh«ria do consenso" ('The engi-

11

Murillo Galliez 5


MAMERTINUM,

o último cárcere que abrigou São Pedro e São Paulo do Menino Jesus. que ali esteve c m romaria juntamente com seu pai. Monsicur Martin, cm 1887. pouco antes de ingressar no Carmelo. A mesma tabuleta a que me referi acima contém também uma frase cm tom de ~onselho: ··6 tu que passas. venera cm silêncio os ecos tcrriveis ou g.loriosos de 25 séculos de História'".

Perfil impresso na pedra

oi

Foto da e-se.ada que dâ acesso ao cárc-ere Mar melino, que mede aproximadamente cinco metros quadrados. com o teto ligeiramente cm forma de abóboda. Coluna na qual foram acorrentados São Pedro e São Paulo no cárcere Marrnetino, vendo~se na parte Jn1erlor da foto o poço surgido em virtude do.toque de São Pedro.

Paulo Henrique Chaves ROMA - Esta cidade orgulhava-se. cm seus primórdios. de ser tão civili1,ada que sendo os crimes pouco numerosos. bastava. para sl/a repressão, um cárcere de pequenas proporções: o Mamertin um, que remonta ao ano 600 antes de Cristo. Situado no centro de Roma. para visitá-lo basta-me cruzar as ruínas do forum de Trajano, alcançando a Via dei Fori lmperia li através de uma p.1ssarela que circunda a capela da Ordem de Malta . ali incrustrada. Para se apreciar bem o Mamer1i1111111 é questão, apenas. de escolher um horário adequado para não ser prejudicado pelo número excessivo de turistas que, nessa época de férias, aglomeram-se para conhecer

M anipulação psíquica ...

.

nterin.f: ,~{ conse,11 '' (oi um manual de

técn icas de relações-públicas editado naqueh, ocasião). levada a efeito com todo o empenho por psicólogos. pesquiS/ldores. manipuladores de opinião púhlica e engenheiros sociais.. Porém. a autogcstão proposta por Mincrrand não se red uz ao trabalho.

Também o la1.cr deve ser planejado e coletivizado. Na década de 50. estaria a mentalidade do homem já sendo prepanida também para a aceitação de un, lazer coletivo e pl'é-dcterminado'/ Embo l'a neste setor a preparação não fosse tão intensa, os focos pioneiros já surgira m. 8cm sugestivo é o exemplo citado por Packard: Um vasto conjunto residencial construído cm Miramar, na Flórida, íoi classificado por seus criadores como ··a mais per.feito co,uwtidade do inundo ".

Dela disse '"Ti(je", um jornal para negocitrntcs: "... a tendência para lares ·emJJ(Jé()tados' em co1m111itlades ·e,npacotadas · pode indicar onde e como o conswnidor de amanhã viverá': Mas o que significa exatamente o termo "empacotado". Não é apenas o fato de a casa já estar pronta, mobiliada e provida de aparelhos clctro-domésticos, roupa de cama e mesa, louças. prataria, mantimentos. etc. Talvez a maior novidade e o mais portentoso serviço oferecido por Mira mar seja a de preparar e determinar a própria vida social e o lazer de seus habitantes. Tudo já foi planejado em matéria de divertimento e de relações com os vizinhos. para todos os membros da familia. Ê o que seus criadores denominaram "recreação uniformizada". 6

suas depcnd~ncias: a Capela do Crucifixo e os dois pisos que se superpõem no subsolo, um dos quais constitui propriamente o cárcere Mamertino. Logo ao entrar, o visitante depara com a inscrição que o identifica: "'Prisão dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo". Tem-se a impressão viva de se esta r mergulhando na História ... Tanto a capela quanto a prisão são custodiadas pelos Padres O.biatos de Maria. Um religioso exerce a função de porteiro na escada pela qual se desce ao cárcere. e cuida da roleta que. mediante a inserção de uma moeda. permite a passagem dos visitantes. Entretanto, a bonomia romana faz com que ninguém seja barrado por falta de pagamento. Especialmente quem ali chegar com o intuito de peregrinação é favorecido com entrada franca, sem qualquer manifestação de mau humor da parte do religioso.

Segundo Packal'd. "na tl'ltdhwia /UI· rt1 tJ 111entalidtult) ,·ole11\•isw e par ti vida de grupu. 1\,/iJ'(toWI' pvdl' n~prl1.,·l•1u111· a ,í/Jinw palm·ra pm·11 o lumu,n, 1110,kr• 110 ·:

Hoje podemos nos pergunt.tr se essa "recreação unifonni,.1da"" de Miramar não foi uma preparação para o fazer

autogcstiorn\1io de Mittcl'l'and.

A eletrônica controlando as mentes Mas para que o homem se torne realmente dócil para aceitar sem resistência um tipo de sociedade em que sua liberdade se reduz a informar-se. discutir e votar. muiws vezes as técnicas psicológicas de manipulação mental podem não ser suficientes. A ciência eletrônica se~\ emão um meio v,l1ioso para moldar a mente de eventuais recalcitrnntcs. Essa nova ciência. denominada en• tão "biocontror·. serviria para controlar os processos mentais, as reações emocionais e as percepçõcs por meio de sinais bio-clétricos. Conforme relata Packard, durante a reunião da National Elcctronies Confercnc.:, rcali,Á~da cm Chicago cm 1956. o engenheiro eletricista Curtiss R. Schafer, da Norden-Kctay Corporation, expôs as surpreendentes possibilidades do "biocontrol". Segundo ele. a eletrônica poderia assumir o controle de seres humanos rebeldes. O que seria s.implcs e evitaria muitos aborrecimentos para os controladores. Assim como aviões, misscL~ e máquinas já são dirigidos·pcla eletrônica. o cérebro humano - sendo essencia lmente um computador digital - também o pode ser. Para Schafer, a última meta do "biocontrol" é o controle do próprio homem. Aqueles que fossem submetidos a ele nunca poderiam pensar como indivíduos. Alguns meses

Um grande mura l de madeira. colocado no lado direito. registra os personagens da Antiguidade que a li aguardaram a scmcnç~, final e a morte: Poncio. Rei dos Sanitas. no ano 290 a.C.: Quinto Plcminio. governador de Locri. supliciado no ano 180 a.C.: Vcrcingetorix. Rei da Gália, decapitado no ano 45 a.C. etc. No lado oposto, outro mural refere-se aos prisioneiros da Era Cristã , vários deles elevados depois à ho nra dos a ltares. a começar pelo Príncipe dos Apóstolos. "Daqui partiram vitoriosos pa ra o triunfo de Cristo os Santos Mártires Pedro e Paulo, Príncipe dos Apóstolos. sob Nero Im perador: Processo e Marti niano. seus carcereiros. sob o Imperado r Nero", lê-se com veneração e respeito. Ao lo ngo dos séculos grande número de santos que e m vida residiram ou visi taram a Cidade Eterna, estiveram neste local memorável, po· dcndo reconstituir um pouco o ambiente no qua l os dois Apóstolos foram encarcerados. Podemos imaginar, por exemplo. Santa Tcrezinha

Descendo o primeiro degrau da escada que dá acesso ao piso inferior. uma lápide registra um fato miraculoso: "'Nesta pedra Pedro bateu a cabeça, empurrado por seu guarda e o prodigio ficou··. De fato. pode-se contemplar o perfi l de um homem. impresso 1>el'fcitamcntc na superfície. e que corresponde de modo exato à íisionomia das mais a ntigas estátuas e pinturas do primeiro Papa. Desço mais a lguns degraus. de pedras polidas por tantos séculos de uso. e chego ao cárcere propriamente dito. Ê pequeno, medindo aproximadamente cinco metros quadrados. com o teto ligeiramente em forma de abóbada. Na parte central. mais alta. este alcança 1.90m de altura. Minhas impressões. quero confidenciü-las, foram no sentido de considerar a aparente contradição entre a promessa feita por Nosso Senhor a São Pcd ro - "Tu l-s l'cd roe sobre esta pe,dra edificarei a minha Igreja·· - e o estado. humanamente de um derrotado·. cm que ele se encontrava a li acorrentado. junto a São Paulo. Quantas tentações não poderiam têlo assaltado naquela ocasião'/ Não se pode excluir que o poder das trevas apresentasse a seu espírito. amparado por inabalí,vcl fé. a questão: a

promessa não teria sido um sonho? Uma fa lsidade'? Na verdade. contudo. aquela promessa realizar-se-ia plenamente. su· perando todas as expecta tivas humanas. Além disso. Nosso Senhor não os deixou sem qualquer consolo. Amarrados como estavam a uma coluna, que ainda hoje se conserva, suas mãos (oram mi1agrosamcntc desatadas por um Anjo. sob os o lhos atônitos dos carcereiros Processo e Martiniano. Tocados pela graça eles pediram o Batismo. Como atcndêlos, porém. se não havia i,gua no local'/ Consta que, batendo no chão, São Pedro fez brotar R água de que necessitava. dando origem a um pequeno poço mais tarde. Os dois carcereiros seguiram também as vias do martírio. O peq ueno poço tem uma tampa. atualmente. Dele me aproximo e abro-o. para poder tocar com a ponta dos dedos a água e depois fazer o sina l da Cruz. Aproximam-se alguns turistas a lemães e fazem o mesmo. Co m os meus poucos conhecimentos desse idioma. não consigo acompanhar o que o guia lhe~ explica: mas registro a última frase que ressalta claramente a fundamentação histórica desse fato. Pelo <1ue posso notar. seus ouvintes mostravam-se a tentos. mas não se dão conta inteiramente do significado profundo do que a li se passou: no ano 67. os dois insigncs Apósto los subiram pel;, última vez aqueles degraus. saindo à luz do dia. para, algum tempo depois. chegar ao termo de seu próprio Calvário. São Paulo foi decapitado e São Pedro. devendo ser crucificado. pediu para sê-lo com a cabeça para baixo. por considerar-se indigno de morrer do mesmo modo que expirou o Divino Salvador.

O desenho focaliza o local em que os apóstolos ficaram aprisionados. Na parte Inferior é reprodu.tldo um aposento menor c:hamado Tilliano, que significa manancial de água.

;1pós o 11ascimtn10. um cirurgião coloca1·ia cm cada criança. soh o com·o cabdudo um apal'clho montado cúm clctródios que alingiram :i1·c,1s selecionada~ do tecido ccrt>brnl.: J\s pc.:rcc1>Ç<ks sénsori;1is e a :.1tividadc muscular da criança poderia m ser m<>diric:uJas ~)U cc.,mplctamcntc controladas por meio de sin:.1is biü-clê-1 ricús c 111 i1idos por

transmis.sorcs.

Liberdade humana: ontem, hoje e amanhã Se essas possibi1idadts j:'1 crn m a vc11· t;ldas cm 1956. como csta~l.o nos dias atuais ;1s tcnt:.Hiw1s de cont role das mentes'! 1km :mhcmo:, como a eiéul'i:1 eletrônica se desenvolveu nesses 2{> anos e como o uso dos computadores

foi larg,imente difu ndido. Além .disso. é fácil observar como ;l gucr~, psicológic:1 rcvolucioni1ria vem incutindo <l ~1ccitação de uma mentalidade comunit.íria e colctivist;, cm todos os setores da atividade huma na. o ucu" já foi substituído 1>clo "nós"' e o trnbalho individua l pelo trabalho de equipe. A manipulação das mentes continua cada vez. mais in1cns~l ()am lançar o homem. sem resistência. na socicd.tde igualitária e coletivista. Pois. como refere Packard: Quando se cu,neça t111u111ipular, onde st) vai parar? Qut•m.fi.,·m·â o 1t>11ra1ivas 1nt111ipuladoras se 1or,u11u sol'ia/111en1e hulese,iâ-

1>01110 <:111 que (IS

veis? ''. Perguntamos ainda: quem controlará os con lroladores que. corno uma "gang" de clcil()S. submeterão o resto da humanidade à piordasescrnvidões'! Tudo o que foi narrado neste artigo ocorreu antes de 1957. A preparação vem de longa data. E hoje, o que sucede"? Os fatos são tantos que constituem matéri~ para outros artigos.

'e,'l)'!f~-,.~

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AtOJL!C]SMO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO Olttlor. Paulo Conia d• Brito FIiio

DtmO<b: Rua dos Goita=s, t97 • 2$100 - Campos, RJ. Admlnlrtnçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 • 01224 - São Paulo, SP • PABX: 221-$755 (ramal 235). Composto e impresso na Artpress - Pa~is e Artes Gnlficas Lida., Rua Garibaldi, 404 - OI t35 • São Paulo, SP. "Cato~o· t uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/C. Assinatura anual: comum Cr$ 2.000.00~ cooperador CrS 3.000,00: benfeitor CrS S.000.00: grnndc b<níciiot CtS 10.000.00: scminnris1as e estudante$ CrS 1.500,00. Exttrior (via aér<.a): comum USS 20.00: b<nfci1or USS 40.00. Os pagamentos, sempre cm nome de Edlton Padr, Btl<.hlor dt Pontts S/ C. poderio ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de a..ssinantes ! necessário menciona, tamlxm o endereço antigo. A corrcspond~nci.a rcla1iva a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à

Admlnb1rapo: R112 Dr. Mutlnlco l'r>do, 271 -

Sio Paulo, SP

CATOLICISMO -

Novembro de 1982


AMBIENTES,

COSTUMES,

CIVILIZAÇÕES

,,

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_on orto ISICO '"e

3lOIÍCi$nlú'" rcp,rodUi'.ÍU \!lll

sua edição de julho p.p. (n.• 379) uma secção que publicav.:1 regularmente até duas décadas atrás. denominada "Ambientes. Costumes. Civilizações". Embora sem figurar o nome do a utor. tal secção foi sempre das mais ;iprcciadas do jornal. devido à profundidade de análise que nela se notava. em qualquer dos mais variados temas abord.idos. Em nos.,;a cdiv'io de julho últ imo. estampa mos a sccc,:ão que havia figunldo cm "Catolicismo" n.• 42. j ulho de 1954. E depois de uma explicação dos pressupostos dout1in,1rios dessas brilhantes e originais colabornçõcs. rcvcla111os que seu a utor é o Prof. Plínio Corrê,1 de Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da TFP. As intensas ~,tividadcs, sempre crescentes. da cncidadc impcclirnm que seu insigne Presidente. h;:'t dois lustros. continuasse a redigir "Ambientes. Costumes. Civilizaçõcs~'.Ju l~1111os então. que valeria a pena reproduzirmos algum,,s dessas scc-

CATOLICIS MO -

çõcs mais sugestivas. que não tivcs.')(:rn perdido ;Hualidadc. embora fosse ncccssfüio introdu,jr pequenas adaptações. /\ publk:u;ào no mencionado nl1mcro do jornal de "Dois ideais: o Dirci10 e a m,íquina·· deu margem a que vi1 rios assinantes de ..Ca tolicismo" cscrcvc.s:· sem à Redação. solicilando que fossem publicados 01uros "Ambientes. Cosl\1mes. Civili,,1çõcs". Atendendo prazeirosa mentc a tais pedidos. estampamos abaixo. com alterações de pormenor. a secção q ue consta do n~ 46. outubro de 1954. sob o titulo " Conforto íisieo - 13cm estar moral".

-- ···-· ·-

COM PARAR é um dos melhores meios de a nalisar. Se qucrcmos pois: analisar nossa époc~,. é lcgitirno que :.1 comparemos. E com o quê'! Com o futu ro. ainda incógnito. é impossível. pois objetos desconhecidos não podem

Novembro de 1982

em estar mora

servir de tcl'mo de comparação. l .ogo :.1 comr;,1rac;;ão ..;ó pode sçr com o passado. lJm;, das mais not;ívcis uc ilidade~ da llistóri;1 consiste prccis.1mentc nisto: apresentar-nos uma fiel imagem do passa<lo. ; 1 1im de f.lUt melhor conheçamos o prc~cntc. E fazer 1al comparação não é ser saudosista. Ê ser claro. prfüico. direlo no nob1'C cxcrcíciodc<:spíri1 0 · q ue ,e' .i ana. 11sc. Confrontemos pois dois grupos de habitações populares. um de aldeia tradiciomil da lngla(err:1. \Varwick . e ou11·0 cc:rnstruido pelo Banco Nacional de Habitação (13N 1-1). j untamente com a Coh;1b. no bairro de ltaqucra. na capital paulista. As hahitaçõc~ r,opularc.s atm1ls. parecidas com ~ls Ll llC existem cm tant,,s e t;lnt;ls cidades moderna~, no mundo intci1·0. constituem casas que denota m gr~andc .simplificação e rmdroni1.ação. Em cada urna dcs.'ias vivendas. a ciência tornou possíveis as vantagens da ;ígua corrente. da lu?. clétric:.i. do gâs. o pas· satcmpo do r.:ídio e da televisão. o c<>n ..

forto do 1clcfonc. Ocssc ponto de vb;t;1. 4uc imensa tr::'111sformação cm confronco com ns c:,sas antig.is de \Varwick. as deficiências hig,iênic;,1s. as dificuldades de vida. e sob alguns pomos de vista. o desconforto físico que nelas sem iria por certo qu,,lqucr habitante de cidade contemporânea! Entretanto, de outro lado. quedesconforto J>siquico nessas moradias mo<lcrnas com sua cswndar1i1açiio desumana. a monotonia e a severidade de suas m;1ssas rctangülarcs pobres e sombrias, q ue fazern de cada vivenda uma carranca - , que desabrigo atrtís das paredes de tais casas, abcnas a todos os o lhos. a lodos os ruídos. quiçá a todos os ventos. Compare-se a essa frieza de linhas e de substâ ncia o recolhimento, o aconchego. a harmonia das casas velhas de \Varwick. cada uma das quais parc-cc considerar o transeunte com um plácido sorriso impregnado de bonomia familiar. e conter em si o calor de uma vida doméstica animada e rica cm valo-

rcs morais. Casas simples. dcsprctcnciosas. e agradúvci:; de se ver. imagem da própria existência quOlidktna de seus habitamcs. Casas obede<.-cndo a um mesmo estilo. nH,s tendo cada uma sua nota de origin;.1 lida<k. discreta e Vi~IZ,

Aproximados os tcl'mos da com paraÇciO. a conclusão é lógica. Qu:.mto ao conforto do co,·po. podemos estar mais bem servidos com as residências do tiro moderno. Mas do pont<> de vista do conforto d:i aln1'1. qu:11110 perdemos! Sctia poss.ivci harmoni1111' num c-s1 ilo novo ambos os coníortos. da ahm, e do corpo·! O estilo é muito menos produto de 11111 homem. ou de uma equipe de homens. d o c1uê de u11,a sociedade. uma época. uma civiliu1ç-ão. Não cremos que c.ssc cs1ilo apa l'cça sem que previamente o rnundo de hoje se tenha rccristiani1.ado. E ê para pn.·parar tal nmndo novo fundamentalmente católico. que olhamos com amor essas lcmOranças do passado cristão de nossa civilii..:tção.

7


AfOILX<CilSMO ------------------------------------- *

TFP uruguaia alerta opinião pública do país omo se sabe, o Uri,guai enfrenta hoje uma dilicil situação, na qual os fatores políticos. sociais e econômicos se confundem, sendo impossível ao homem comum fazer sobre eles uma análise serena e objetiva. Essa desorientação se toma particularmente grave no momento atual, cm que a nação elegerá - após 10 anos de interrupção da vida pol.itico-partidária - as autoridades internas das agrupações políticas. passo preliminar para a eleição do futuro governante em 1984. Nessas circunstâncias, a TFP uruguaia publicou uma análise da situação do país, assinalando os perigos e os enganos que, na atual encruzilhada, ele se vê submetido.

C

Voz Jovem e idealista a serviço do Urugval

Em várias ocasiões - às vezes críticas - por que passou o Uruguai nesses últimos 15 anos, a voz jovem e idealista da TFP se fez ouvir, sempre com especial transcendência: Seus oportunos e bem documentados pronunciamentos converteram-na num dos mais destacados pólos de orientação para a opinião pública uruguaia. Nesse sentido é especialmente digno de nota a histórica denúncia formulada pe.l a TFP a propósito da ação esquerdista de altos Hicrarcas do Uruguai. Contendo mais de 300 documentos. o livro" lzquierdismo e11 la lglesia: co111pmiero <(e ruta dei comunismo .. provou a colaboração de uma parte decisiva do Clero uruguaio no sangremo show tupamaro. No fim do mês de setembro p.p., a publicação de um número especial do boletim da TFP apresentou ao público uniguaio esclarecimentos oportunos sobre a situação do país. O documento

A USTRÁLIA:

intitulado" En la ac1ual encrucijada nacional la TPP alerta: autodemolición religiosa, vacío ideológico y crisis economica" é uma pormenorizada análise das tendências c dos perigos pelos quais atravessam o Uruguai e todo o continente sul-americano. Para conhecimento dos leitores de ·Catolicismo", transcrevemos alguns dos principais tópicos do mesmo.

abando11ar a pregação pública e <1ber1a paro reduzir-se a ·uma miríade de pequenas e enigmáticos Comunidades de Base... .. . O documento ainda adverte que "ao por desse vazio religioso. perdeu-se pa11-

latinmnenre. nestes últilnos anos, o ,·on· teúdo dowrinário e ideológico do anticornunisn,o·: Para ilustrar as terriveis

conseqüências que este vazio ideológico pode trazer, os jovens da TFP dão Autodemollção religiosa e vazio como exemplo a recente vitória dosoideológico cialismo na Espanha: "A esq11erda espanhola. ,·01110 a nossa, fingiu dormir, O cst udo começa por advertir que "a ,nas de fato re11ovo11 seus quadros e multiplicidade e co111plexidade defenô- hoje alcanço11 o poder. (... ) O processo rnenos. tantas vezes contraditórios, que eleitoral de novembro. segundo tudo for1nan, a tra,na do morne,n to. o vazio indica e· graças aos erros assinalados. ideológico com que se os tratam e o está se desenvolvendo de maneira acheduro acicate das necessidades econômi- gar a u111 resultado aparenre,nente nwicas, fazem temer uma reação equivoca- 10 vantajoso para o esq11erda ... mas 110 da por parte da opinião pública. cuja reli/idade' será ll derrota do vazio e expressão (nas próximas eleições) bem tuna vitóritt do nada... '1 poderia indicar o contrdrio de seus ver· Cooperador da TFP uruguaia distribui o manifesto da entidade no centro de Montevldéu. dadeiros senri,nencos..A.tsin,. corre-se o Vinculação da América L atina a risco de que 11osso País seja conduzido Moscou pais diários, convidando o público para mclhas e estandartes com o leão romde modo ar1íjicial. para onde ele não pante, difundiram o manifesto dura nte quer ir". Comentando a falta de orienTodo esse quadro. que de si cria con- visitar seu stand. , Paralelamente, a Rússia transfor- o mês de out ubro passado. na cidade de tação observada na atitude daqueles dições psico-politicas para levar o Uruque natura.lmcntc deveriam proporcio- guai inadvcnida rncntc a té onde não mou-se no principal cliente do Uru- Mo ntcvidéu. Os altofalantes ressoar-.1m ná-la, acrescenta: .. Que,n a11alisar as quer chegar, complic-.i-se com outro fa. guai; suas aquisições representaram, no no centro da capital: ·•Uruguaios. urudeclarações dos pri11cipais expoentes de tor: ;l Russia tenta explorar tal situa· primeiro quadrimestre do presente guaios, na mual enfruzillwda ,uu.:ional nossa sociedade 110 1no,11en10 atual ção. Nesse sentido, a escalada da seita ano, 15% de todas as exportações da sigmn a voz dos jovens que !u101n e inélusive os eclesiásticos - surpreende- internaciona l marxista é demonstrada nação, muito acima do segundo com- confiam 1111111 grande Uruguai cris, se pela falta de ideais ou pelo materia- por alguns fatos reoentcs: • Pela primei- prador, a Alemanha Ocidental, q ue al- tão·: "Na 111ual encruzil/111(/(1 ,wcional. a TFP aletta ~ Tomando contato com lismo co111 que. 11a 111aior parle dos ,·a- ra vez e,n sua história, a Associação cançou somente 9%. As intenções de domínio nisso evi- profissionais liberais. comerciantes, sos, s,io abordados os proble,nas da Rural do Uruguai o/erece11 uma acolhidentemente não se limitam ao Uruguai; oper{1rios, donas-de-casa e estudantes, atual conjuntura nacional". da não vigilante à propagonda ,!e MosO silêncio das autoridades eclesiásti- t"(Jll. l)t,: '-' 'llidades de eo111t!rcio ex- neste sentido, a TFP chama a atenção os cooperadores da TFP puder-.im cas. no momento cm que seria dever terior ,-ussas expuseram toda espécie de para um assunto que, além dê interes- constatar o inter• ·~~ em se conhecer o dos Pastores dirigir-se ao rebanho dos produtos. C{l{dlogos e prospectas de sua sar ao Uruguai, é talvez o problema pensamento da entidade, especialmenfiéis, também é lamentado pelos jovens economi{I totalitária·: O documento mais importante do continente sul- te entusiasta nos jovens. Como não podia deixar de ser. a da TFP: '' Dói como católico conswtar acrescenta que os soviéticos aproveita- americano no momento atual: as reiteesquerda não viu com bons olhos tal radas intenções da Rússia de fazer-se a orfandade religiosa de nosso povo. A ram tal oportunidade a fim de fa,.er hierarquia uruguaia (...) parece hoje uma aparatosa propaganda nos princi- útil e necessária. e, por fim , indispensá- denúncia. O scmanúrio ..Opin;u··. cm vel em suas relações com os países sua edição do dia 11 do corrente, publilatino-americanos. "Com esse propósi- cou uma carta dos leitores que tento. os diplomatas de M osco11 ta refutar o manifesto · da TFP; a argumentação - para chamá-la ast1proveiram-se da.r crises eco11(}111icas, politicas e t11é bélicas pelas quais atra- sim - ê tão primária q-ue não mevessam países sul-americanos. fM' quais receu resposta. Por seu lado, o matutino "El Dia" também comentou a ação - norural ou artifitit1h11ente - bem poderitm1 t1gn,var-se e,n futuro pr6..ri- da TFP, e manteve-se o mesmo prudente silêncio a propósito das sérias mo ·: denúncias enunciadas pela entidade. A TFP uruguaia dirige-se ao goverCom o intuito de dar maior difuslío no pedindo "que ro,ne en, consideração ao estudo. este foi publicado integra 1o pa11orama aqui descrito( ...) para co- memc cm .. EI País"'. o matutino de ordenar uma política la1i110-m.nerica,w maior circulação do Uruguai. Curiosaem face dessa 111a11ob,-a ". Dirige-se mente, no mesmo dia 5 de novembro, a também aos lideres de opinião pública, Co nferência Episcopal Uruguaia aos politicos, aos responsáveis pelos pronunciou-se sobre as eleições, fazenmeio~ de comunicação social a fim de do completa abstração do vaúoidcolóque haja um esforço para elevar, digni- gico e da conjuração marxista denunficar e esclarecer seriamente o debate ciados pela TFP. político do momento. A publicação no mencionado di:lrio 9,z O documen to fi nal iza pedindo a suscitou novas simpatias e adesões. ,~ Nossa Senhora de Fátima que apresse Nos dias subseqüentes, grande número G1 o dia tão esperado de sua vitória "e nos de cartas e de chamadas telefônicas fo'~ dê. entren1entes,.fortaleza câninw para ram recebidas na sede da TFP. L- ,..,..._,_,,,__ Jlrisbane perseverar 11est/l horo de defecção e Qualquer que seja o resultado das ->-~ 0111odemolição eclesiástica''. eleições, uma coisa é certa, depois dessa denúncia da TFP a opinião pública do Difusão do documento e ma~ país vizinho cstará-advcrt.ida a respeito estar da esquerda da manobra que o comunismo tenta lançar para a conquista da nação. E o Os jovens cooperadores da TFP, brado de alerta da TFP constitui para portando suas características capas ver- ele barrcir-<1 dificil de transpor.

Queensland progride mediante ·iniciativa privada BRISBA NE - Uma imigração interna tem condu1Jdo muitos australia-

nos para o Estado de Quccnsland, onde o número crescente de empregos e novos investimentos. o rccluzido valo1· dos impc.1sros e a relativamente baixa

taxa ele inílação, constituem caso (mico no pc:lÍs. O governo conservador estadual do I? ministro John 8jclkc Petcrscn, h{1 mais de uma década no pode,· (sinal evidente de popularidade), auibui esse sucesso à sua politic-.1 de estímulo à iniciativa privada que contrasta Cortemente com a do Partido Tl'abalhista (de orientação socialista). detentor dos go,,ernos nos dois principais Estados da Federação: Ncw South \Vales e Victoria. O Estado de 9uccnsland ocupa 1,7 milhões de Km , na região nordeste da Austrália ( o Estado d~ Amazonas tem 1,56 milhões de Km"). Seus 2,3 milhões de habitantes representam um nú mero considerável em relaçãoft população de 15.5 milhões de todo o país. De clima tropical, Quccnsland soma il p,·odução de cana de açúcar, cereais, frutas e à criação de gado, a exportação de carvão, urânio, bauxita e outras rique1.as do subsolo. Suas belezas naturais, principalmente o Great Coral Reef - cordão de recifes que se estende ao longo dos seus 5.400 Km de litoral - atraem numerosos turistas de todas as partes. A eoalisfío conservadora dos Partidos Nacional e Liberal comemorou com estatísticas otimistas suas .. bodas de prata" no poder. o que contrasta

I ~I

AUSTRÁLYA

O Estado de Oueensland fica localizado a nordeste do Contlncnte austratlano.

julho de 82, ,•nquomo que os Eswdos de Ne"' So111h Wales. Victoria. Sowh Austrália e Tas111011io, osempregosdi111i11uíram en, quase 30 mil. Em Queensland. nós gero111os agora quase 2/ 3 dos novos empregos da nação", disse. Lembrando que sua administração mantém "o l::Stado australiano d1.• mais bai.\'a wxação 1/e i111posros·: chamou também a atenção para o fa-

to de que "os índices de preços poro o c011sw11idor no trit11e.wre findo e111 j11nho/ 82. revelt,rtuu que nós te,nos a m11is haixa 1ax,1 m,ual de il?flnção tltts cllpiu,is da Austrália Co111i11e,ua/': Assim - continuou Bjelke Petercom o panorama cinzento, de pesada scn - " 11ãu é surJJre~·a que Queensrecessão econômica, que se fai sentir lt111/I o/raia mais de 40% d,• todo o cm certas regiões da Austr-.\lia, sobre- investimento e.wra11geiro 11a Austrâtudo nos Estados-membros domina- lia e que quase metade dos f'l"Ojetos dos por governos trabalhistas. de desenvolvi,uento dt1 nll('tiô e.wejtmt No discurso proferido na comcrno- agora aqui localizados. A wxa de den1ç.io dos 25 anos da coalisão conser- se111prego en1 Queensland. no mé.-. de vadora. Joh Bjclke Pctcrscn declarou julho. era <1 mais bai.,a do Pois. " E que "Queensland criou 22.700 novos acrescentou que cmbom o Estado empregos nos doze 111esl's anteriores a "não possa se isolar t·o1nple1a111e111e

dos prublenws da <'<-'<>nomia ,wdonal e internacional. ele te,n c.·11pacidade de resistir a J)fl'SSÕC!S externas tnf!lhor do que qualquer outro lf!rrit6rio australiano·: O 1~ ministro de Quccnsland atribui tal êxito econômico à política ami ..so<:ia1ista de seu governo dé eoali-

1.ão: "O sucesso (. ..) não Sl' de11 por {I_C(ISO, Ili{/$ pela (J/'O!IIOfãO de polítiC(JS sadias e e11cm·1,jame,uo do se1or privado, o qual respondeu à altura': Apesar de seu governo ser alvo per· manentc de campanhas difamatórias provenientes das esquerdas, o nú mero de australianos q ue têm imigrado para Quccnsland, vindo de outros Estados da Fedcmção, atua como um sufrágio a seu favor. Em 1980, a população do Estado cresceu 2,4%, enquanto q ue o índice global para o pais foi de 1,4%. Pcterscn se orgulha de que, atualmente, Queensland "concorre t·o,n 11111 terço do crescilncnto populacional da Austrália.,. (Agência Boa Imprensa - ABIM)

Receita para agressão soviética B.RISBA N E - "A ma1orio dos promotores rodícoís </às campanhas 0111ínualeares no 0ciden1e são sôfregos colaboradores do com1mismo. Eles procuron1 apenas o desarmamento do Mundo Livre para ajudar a construir o poderio do império soviético e suo capacidade de i11timidor os ntrçÕés livres·: declarou o p.rimeiro;ministro do Estado de Quce~d, Austrália, John Bjelke fetersen, por ocasiãG da visjta do desu-oier nucleai norte-americano "1:JSS 1'ruxton• a Brisbane. Efetivamente, mo"Vimentos antinucleares tem feit0 pressões· para que seja negado aos navios aliados q_ue pol1a'm armas nucleares,- GU mesmo aos q'!e são m0vidos poJ energia nuclear - o aos portos australianos. Em outra oportunidade, disoon:cndo so!>.re o mesmo assunto, Bjell<e Petersen lembrou que ~o aonge/an1enro de or,llàs núcleares foi inicialmente proposto pelos sovié1icos 'Para g-ora11tir sua superioridade nuclear estratégica". ''Se o Mundo livre uniloterol1ne111e depuser sutis armas e se-declarar uma,'zona não nuclear'~ perguntou ele a seus oposito;-és- votis defato cr&!m que o mundo comllllísta nos imitord? Ou, pelo·contrário, não serd ÍSSO, maispreeisall)ente, recêita poro uma agressão?, Por1muo. nosso 'woy of life' de iniciativa privada e nossas liberdodespolíticas serãopostas em risco". E concluiu o destacado poHtico australiano: "l)eyen,os rer aliados poderosos e alianças viáveis, ou seremos opa11hados co,no o Afeg'onísrão, Angola, Tibet, li1u!inia e uma multidão de ourras naç5es que foram livres'':

acesso


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Ll N. 0 384 -

Dezembro de 1982 -

Ano XXXII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

O SIGNIFICADO MAIS PROFUNDO DO NATAL

Bíblia nas CEBs: pretexto para incrementar luta de classes

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NFELIZMENTE, são hoje poucos os fiéis que consideram o Santo Natal cm todo o seu significado. Para alguns, a data é mero pretexto para comemorações mundanas. Para outros, é mera festa da família, cm que, por acidente, também se comemora o nascimento do Salvador. Como Ele nasceu menino, a data interessa especialmente às crianças. Esse o nexo único entre as celebrações domésticas e religiosas do Natal. Para outros, finalmente, o Natal é, por certo, uma data de imenso significado religioso. Mas a pala~ra "religioso" é tomada, neste caso, apenas em seu sentido mais estrito. Cristo, Senhor Nosso, encarnando-Se e morrendo por nós, franqueou a todos os homens as portas do Céu. Dentro do âmbito muito exatamente delimitado das Igrejas, o Natal tem, pois, um imenso significado. Mas fora dai, não tem importância. Pouquíssimos são os que compreendem que, se de fato o Santo Natal representa, antes de tudo e acima de tudo, com a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, uma honra inestimável para o pobre gênero humano e o primeiro marco da vida terrena de nosso Redentor - cujo termo seria a nossa salvação - além deste significado primordial e essencial, o Santo Natal possui outro. Jesus Cristo. encarnando-Se, evangelizando os homens, fundando a Santa Igreja. morrendo por nós e salvando-nos, abriu uma era.inteiramente nova na vida dos povos. Ele renovou a terra. E, a esse título, a Encarnação do Verbo é o acontecimento fundamental da História das civilizações, ó marco inicial dos tempos do homem renovado. Não é por mera ficção que se

I

contam os anos a partir do nascimento de Cristo. Realmente, Jesus Cristo divide a História em duas vertentes inteiramente diversas. O mundo, antes dElc era um, depois dEle passou a ser outro. São dois mundos. Poder-se-ia quase di1.er que são duas histórias.

Destoa profundamente da doçura, glória e suavidade do Santo Natal o aspeêto dramático que apresenta o mun$lo contemporâneo. O pecado parece dominar o mundo inteiro. O ódio, a sensualidade, a impiedade campeiam infrenes. E a própria Igreja, em sua pane humana, foi afetada por tal drama: o misterioso processo de "autodemolição", aludido por Paulo VI. A revolta das criaturas não aliena nem destrói o domínio que sobre elas exerce o Criador. Rebelde embora, o mundo continua a pertencer a Nosso Senhor Jesus Cristo. t Ele o Soberano, o Rei pacifico, o Rei misericordioso, que continua a exercer sua divina atração sobre topas as criatu ras. Junco ao santo presépio, externemos nossos sentimentos de profunda confiança na misericórdia divina. Em nós, em torno de nós, pela graça de Cristo, Senhor Nosso, será só Ele o verdadeiro Rei. Pelo ardor na correspondência à graça divina e nas fainas do apostolado, devemos subtrair-nos ao jugo do pecado e tentar atrair para Cristo todos que dElc se afastaram. No presépio, Cristo nos aparece bem junto de Maria, como que a lembrar que com a intercessão da Mãe que é d Ele e nossa, tudo podemos esperar, tudo devemos pedir em benefício das almas.

A RAPIDEZ com que se esgotaram as três primeiras edições de 23 n.. t exemplares do livro "As CEBs... das quais muito se fala. pouco se conhece-A TFP as descreve como são", testemunha o enorme interesse por ele despertado. Com efeito, um dos assuntos de maior importância e atualidade cm nosso País constitui a atuação das Comunidades Eclesiais de Base, com suas ações "pega-fazendeiro", invasões de terreno e tantas outras formas de agitação rural e urbana. Nenhum movimento como o das CEBs tem sido tão eficiente para arrastar setores da opinião pública católica para a esquerda - rumo a um utópico "Reino de Deus" confundido com a sociedade sem classes do comunismo - e para a "protcstantização" dos fiéis. No presente número, "Catolicismo" publica um artigo de Gustavo Antonio Solimeo e Luiz· Sérgio Solimeo, no qual os autores da Parte li do livro em questão analisam um importante aspecto da vida interna das Comunidades Eclesiais de Base: a manipulação da Bíblia (p. 2). "O São Paulo", órgão oficioso da Arquidiocese paulopolitana, publicou em sua edição de 24-4-81. p.

10, um artigo intitulado ':,Experiências pastorais na Semana Santa". Essa colaboração relata uma "Via Sacra" sui generis, promovida pela Comunidade de Base de Helena Maria e outras vilas das redondezas. O artigo explica que "num total de 15 paradas, em todo o percurso . ... ocorreram palestras de pessoas residentes no Bairro. falando de Direitos Humanos. exploração do trabalhador. necessidade de participação e outras". Reproduzimos acima o desenho caricato e primário que ilustra o artigo. Ele é bem sintomático para indicar a manipulação de temas bíblicos pelas Comunidades de Base: um pobre, em lugar de Nosso Senhor, carrega uma cruz, na qual figuram palavras que sugerem reivindicações sociais; o· algoz é um homem gordo - o rico - e a Verõnica ostenta a face do supliciado: uma caveira. Seria difíçil imaginar uma cena que conspurcasse tanto aquele episódio sacrossanto da Paixão de nosso Divino Redentor. E que fosse também tão apropriada para despertar o espinto da lula de classes, característico dos marxistas.

O Ocidente em face da . .... . crise econom1ca russa

O GASODUTO euro-siberiano é um tema que vem sendo bastante debatido na grande imprensa de todo o mundo. Os espiritos lúcidos, que têm algum conhecimento da agressividade que caracteriza o imperialismo soviético, consideram com apreensão justificada a construção do mencionado gasoduto. Este empreendimento já foi iniciado com o apoio de grandes capitais e avançada tecnologia de países ocidentais. Quais as conseqüências que tal iniciativa acarretará para o Mundo Livre, especialmente para a Europa Ocidental? Que vantagens esse empreendimento proporciona~á à Rússia, que atualmente se debate numa crise econômica crescente e de grandes proporções? Quando o gasoduto entrar em funcionamento, representará este fato perigo de "finlandização" da Europa Ocidenta l? Havia outras soluções para resolver o problema energético, especia lmente do gás, na Europa Ocidental, que foram descartadas para favorecer o regime do Cremlin? Quais seriam as causas da opção que veio beneficiar os soviéticos? Tais assuntos são abordados por nosso colaborador Ju lio de Albuquerque, no primeiro dos dois artigos que "Catolicismo" publicará sobre a complexa temática {páginas 4 e 5). Os referidos trabalhos baseiam-se cm sólida documentação, particularmente depoimentos e artigos de conceituados especialistas norte-americanos. A foto ao lado focaliza o trabalho de construção do gasoduto nas proximidades de Tioumen, na Sibéria ocidental.


MEMBROS, DAS CEBs: FIGURAS DE UM NOVISSIMO TESTAMENTO''? 11

Gustavo Antonio Solimeo e Luís Sérgio Solimeo

A

BfBLIA SAGRADA ocupa na vida interna e nas atividades externas das Comunidades Eclesiais de Ba,s c um papel d ifícil de imaginar por quem não acompanha de pert o esse movimento. 1níclizmente. desvios profundos vão conduzindo as CEBs e seus membros pelas sendas tortuosas de um exacerbado fundamentalismo bíbli-

co de sabor protestante, e de um falso misticismo de colorido messiânico e milenarista ( 1).

Como no protestantismo, as Sagradas Escrituras constituem para as CEBs 3 única autoridade. o único ponto de

referência. a instância última e soberana, com despre,.o completo da Tradição e do Magistério eclesiástico. A tal respeito comenta o sociólogo

norte-americano Thomas C. Bruneau, que as conhece de perto, tendo inclusive participado de seu I.º Encontro nacional: "Se a Igreja es1ti baseada 110 laicato

reunido nas CE8s. pouca j ustificativa sobr{I parll o resto da p"rafernália ins· tiu,âonal que se revela cada vez mais supérflu11. Isso é estimulado ainda mais pela énfase que se dá. nos CE::8s. ii leitura t/(I Bibli11. seguida de reflexão, pora oplicá-la à vida de todos os dias. O lelgo não preâsa depender do padre, putlt•ndo agora. t·omo 110 protestantismo. interpretar por si mesmo o mensagem ele Deus, E.vsas CEBs tendem a inverter a quesião de autoridade e estru· wra eclesióstic1,s .. (2). O sentimento de serem paladinos de

Entre os erros modernistas sobre as Escrituras, admitidos pela TL, está a concepção segundo a q ual a Revelação divina é fenômeno contínuo e progressivo, que se produz diretamente na alma do fiel. Deus falaria. assim, por meio do c rente. A essa concepção modernista acrescenta..sc a teoria marxista da luta de classes: Deus falaria por meio do "oprimido... do "marginalizado ... revelandoSe na sua luta para libertar-se da .. opressão... Mais prccisamen1e, Deus Se revelaria na "prática libertadora" das Comunidades Eclesiais de Base. i, por isso que a Teologia da Libertação vai buscar nessa práxis das CEBs o ponto de partida de s ua elaboração .. teológica...

Deus guia diretamente as CEBs? Nos ..círculos bíblicos"...cultos do· minicais", "reuniões de reflexão" e ou..

iras. adota-se o método "integração Bí· biia-vida": toma-se um texto bíblico e faz-se a comparação com a situação atual. com a vida da Comunidade e de seus membros~ ou o inverso: parte-se de um "fato da vida" e busca-se a semelhança com a lgu m episódio ou passagem bíblica. Subjacente a esse método .. fatos da vida - fatos da Bíblia", tal como é aplicado nas CE8s, es(il o já aludido erro modernista de que Deus $e revela do mesmo modo tanto na Bíblia tomo nos acontecimentos atuais: de que é Palavra de Deus rnnto o que es1á na Sagrada Escritura quanto o que acontece asora na vida das Comunidades e de seus membros. Nessa perspectiva, não só a vida deve ser interpretada ;\ luz da Bíblia. como a própria Bíblia precisa ser "'lida" à luz dos acontecimentos atuais. Em relatórios apresentados nos En· contros nacionais do movimento. lêemse frases como as seguintes: ·

Abr1H1o. caminha com ele. sem saber bem para onde vai a ,·,m,inhatfa .... Se Abraão acerum. nós 1ambém podemos poder a,·ertt1r. É só c:onrinuar e 1uio desanimar" (8), Assim, seria o próprio Deus quem inspiraria diretamente todas a.s inovaç.oos religiosas e toda a agitação políticosocial promovidas pelas Comunidades Eclesiais de Base. O que faz com que elas não recuem diante de nenhuma lei ou autoridade, civil ou religiosa. - Com efeito, que lei ou pessoa, por mais elevada que seja, pode interpor-se it vontade do próprio Deus. maniícstada nas CEOs? Tal concepção choca-se frontaln1cntc com a doutrina católica sobre a matéria . Esta é clara e não admite tergiversações: a divina Revelação está contida nas Sagradas Escrituras e na Trad ição. e foi encerrada com a mone do último Apóstolo. Sua guarda fiel e interpretação autêntica foi confiada ao supremo e infalível Magistério da Santa Igreja.

Manipulação dos textos sagrados Por outro lado. o método de "reílcxão bíblica" cm uso nas CEBs pode condu1.ir facilmente à radicalização política. Pois não é necessário demasiada perspicácia para supor que os bem treinados agentes pastorais c monitores de CEBs escolham textos bíblicos que se prestem a ser manipulados de conformidade com seus objetivos. E. na realidade. é isso o que acontece, cqmo se pode ver pelos inúmeros roteiros. fo lhe· tos bíblicos e litúrgicos, e demais ma.. tcrial para uso nas reuniões das Comu• nidades. Existem jâ prontos inúmeros "rccci• tuârios.. para as mais variadas situações e problemas, conduzindo sempre ao mesmo resultado: a luta de classes. inspirada na .. Palavra de Deus"... Isso, que vale para os textos bíblicos, vale também para os "fatos da vida.. rela tados nas reuniões: pois quaisquer que sejam eles (supondo-se serem realmente espontâneos e não "assoprados" pelos agentes pastorais ...). são sempre suscctivcis de interpretação segundo uma '-'ÍSão conílitiva da sociedade, conforme com o assim chamado "instnimental cientifico" marxista. de que se servem os mentores do movimento. t3nto para a análise da realidade como para a "leitura" da Bíblia.

uma luta sagrada. de caráter libertador, conduz não poucos membros das CE8s à mais grotesca mitificação de suas próprias vidas. levando-os a se ident ificarem com os personagens bíblicos e a se considerarem, como ele.s. investidos de uma missão profética, na qual são guiados pelo próprio Deus. Comenta Frei Carlos Mesters: ''A

Bíblia é usada por eles t"Omo imagem, simbolo ou espelho daquilo que hoje acontece com eles. Chegam ao po1110 de quase c:onfundir as duas coisas e dizer: 'A Bíblia ,111 gente é a vida da gen·

,e... (3).

Protestantismo, modernismo, marxismo Scn,clhantes desvios têm ori&em, de um lado, na aceitação dos pressupostos da Teologia da Libertação - TL, que se nutre dos erros já condenados do protestantismo e do modernismo, aos quais acrescenta os da dialética marxista; de outro lado, o próprio método de .. ,eflexão bíblica .. u tilizado nas CE8s conduz a tais desvios. e os exacerba. Frei C arlos Mesters é o principal divul• gador do método de reflexão blblica em· p regado nas Comunidades Eclesiai$ de Base.

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Amigo Te.uame1110 Jo; escriro por um Pº"º oprimido. ONovo Teslamenw. pelo vida de Jesus. um pobre de Nazaré. e o vida dos Apóslolos. 1odos pobres. Nós. os pobres de hoje. com o nosso vida. estamos escrevendo o Novis· simo testamento", Evangelho somos n ós q ue fazemos, anwu:i(mdo os Boas Norldas com o.r nos.<ns obras" (5).

··o

"A Phlavra de Deus. .... esrá 110 Blblio e nos acomecimenros que alime111am e guiam a caminhadã do povo .... A

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·11

D.esenhos cericatos representam cenas bfblicas em folhetos tfos-tinadoa a reulniões das CEBs. como o reprodu~ido aqui, de autoria do Secretariado da Pastoral Arquidiocesana de Goilnia . publicado em 1979 . .

l/l.11/!!m:.....i-..~

2

O mesmo Frei C. Mestcrs c ita o comentário de um sertanejo do Ceará: "Agora enumtli: a genft• é iguolzl11ho a

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Palavra de D eus se revela ígualmtnte pe)a história do povo .. (6). "A cre,liu,mos que a palavra de Deus expressa pelo povo l'ônsegue reolme111e traduzir o Evo11gelho 110 vida" (7). Conclusão desse princípio é que, assim como Deus inspirou e iluminou os Patriarcas, Profetas e outros persona&ens bíblicos, do mesmo modo Ele inspira e ilumina os crentes das Comuni· dades de Base. Isso conduz. naturalmen· te, ao mais completo livre-exame e abre caminho para as maiores aberrações doutrinárias e desvios de personalidade, podendo levar a um fanatismo de carã· ter messiânico e milenarista.

(1) O fundomt•maUsmo blblico ~ uma pos.. tura diante d3 8 ibli3, que vt nos Livros S:agrados - entendidos antes de tudo cm seu sentido literal - a UniC3 e suprema fonte de todo o saber e de toda a autoridade. lns· pira a maioria das seitas protestantes do tipo ··pentecostaltsta" e de fundo miltnarista. Os milenoristos. interprccando erradamen• te um3 passagem do livro do Apocalipse(Ap. 20, f •6): esperam uma nova "inda de Nosso Senhor Jesus Cristo à terra, que reinaria diretamente, cm pessoa, durante mil anos, instaurando um3 felicidade completa neste mundo. Condcn3d3 como herética, a idéia do mil~nio é continuamente re10mada por seitas reHgiosas ou filosóficas (mesmo, a seu modo, seitas atéias como é o caso do marxismo). as quais põem sua es~rança num e.'õ tágio de petfciç3o d.t hum3nidadc que eliminaria toda dor. todo sofrimento. faze ndo rein:tr uma

Leitura "encarnada" e polltica da Blblia

Os "pobres", chave para leitura da Blblia A Teologia da Libertação fornece às CEBs a chave para essa leitura não ..a lienada" e "política" da Bíblia: o "pobre", o "oprimido··. Com efeito, escreve F rei Gilberto Gorgulho: ·• É preciso fazer ess" leiluro a

par1;, de um lugar .totial bem detenninado: não podemos realizá-lo o parlir do lugar .-rodai do$ egoístas, pri ,1ilegiados e dominadores: o lugar social indit.:odo pelo próprio Cris10 é o lugar cios oprimidos e do.i pobres.. ( 12). Mais explícito ainda é o Pe. Beni dos Santos. referindo-se à leitura da Bíblia nas CE8s: "A chave poro a leilura ,ta 8iblio s11o os pobres e suo perspec1iva. uma vez que a opressão-liberração cons1irui o con1e.rro hisrórico em que se desenvolve a revelação divina .... l ogo. o co111exto mais natural para o lei1ura do 81/Jlia sao· os pobres. Ela é um livro escrito em função deles. a partir de sua perspec1iva. para ·defender sua cousa, ,·onscientizá-los sobre a sua situhção injusta, revel(lf-lhes o Deus libtr1odor. ,·onvocá·los o /ul(lr pela liberJação integral .... Sem 11 Bíblia. lido a par1ir ,ta .rituaçilo de pobreza. iluminando o caminhada do povo pt,ro a liber1ação. nossas Ct:Bs seriam IOfvez coisa muito diferen1e" ( 11). A "chave" para a leitura da< Escrituras não é, pois, Cristo. mas o "pobre". A Bíblia lida assim na ..ótica" do .. pobre". do "oprimido" transforma•sc em livro "conscicntizador.. das CEBs, na linha da " libertação'~ marxista.

Em torno do eixo opressão-libertação

e

em torno do eixo dialético opressão-libertação que - para a Teologia da l.ibertação - gira toda a H istória Sagrada. A libertação de Israel da Escravidão do Egito, narrada no txodo, é o paradigma para toda "luta libertadora.. : a opressão do Faraó sobre os judeus, é símbolo de toda forma de opressão que tem c , istido ao longo da História. até chegar ao capitalismo, o Faraó dos nossos dias. Como outrora. também hoje Deus intervém para libertar seu povo do cativeiro, através de novos Mois~, que promovem a união e a conscienti.z.ação do povo para libertá-lo (14). A luta de Davi contra Golias, por exemplo, é apresentada como a luta do pequeno (a Comunidade de São Mateus-ES) contra o gigante do reílorestamento (as Companhias reílorestadoras). O cativeiro da Babilônia serve para os membros das CEBs de São Félix do Araguaia se referirem à "opressão em

que vive o povo" (15).

Por outro lado, o recurso ao método "fatos da vida-fatos da Bíblia" é fator importante no processo de conscientiza.. ção. como se pode perceber nas palavras de uma integrante de CEBs, relatadas por Frei Carlos Mesters: "Agora. com essas reuniões ,le Biblia e de comuni~ dade a gl!11te vai percebendo que é gente

.... F.ssas reuniões são boas por que ajudam a geme a descobrir q11e foi fei1a para ser livre" (9). O Relatório das CE8s de Volta Redonda. para o 2.• Encontro nacional (Vitória, 1976), afirma: ''A r>edagogio é .... libertadoro 1ambém porque se dão instrumen1os para o povo fazer análise <la situação em que se acha envolvido, poro fazer critico do.t preconceitos religiosos alienonres a confronrar Biblio e problemas dh vida: 'estávamos culpando Deus da ,nó si1uação. agora descobrimos que os culpados iramos n6s que nada faziamos para transformá-la·, disseram alguns" ( 10). Já no relatório das CEBs de ltacibá· ES, para o mesmo encontro, lê-se: ..Como ont ldou, a uma cerra leiwra olie-

11ada da Biblia. 1em-se 1en1ado algumas experiências de leiturh encornada ou pó· /(1ica das mesmas .. ( 11 ).

Um fanatismo herético e revolucionãrio A luta de classes é que e,plica, para os mentores das CEBs, a própria Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. O jornal esquerdista mineiro .. De Fato" pergunta a D . Pedro Casaldáliga: "Cris10 .... não

foi ele próprio umo vitimo dti lwo de classes em seu rempo?" Ao que o Prelado de São Félix responde com ênfase:

.. Foi ,s.so. mos foi muito mais do que isso. Evidentemente que foi vi1ima do lwo de classes. PUaros era o Império Romano, era a colonização. Os escribas e fariseus erhm o.ç intermediários dessh colonização e eram a., oligarquias" ( 16).

Concluindo: as Sagradas Escrituras, reinterpretadas à luz dos princípios mo• dernistas e marxistas da Teologia da Libertação, podem condu1.ir os militan• tes das CEBs a um fanatismo a lumbrado, de fundo herético e de consequências revolucionárias imprevisíveis... 1:. na realidade, é o que se tem visto por todo o País, cm agitações nas periferias, nas fábricas. nos campos. em verdadei.. ras "guerras contra os patrões" e ..operaçoos pega-fazendeiros.. ( 17).

felicidade J)(ríeit.a sobre a terra (efr. Lt>s

(7) Idem, outubro 1976. col. 331.

R'"Hgions, verbetes FomlomemoUs,~$ e Mile•

(8) Idem, ibidem. col. 336. (9) Idem, novembro 1976. col. 551. (10) Idem, ibidem. eol. 548. (1 1) Idem. ibidem. col. 557.

narisme. Jules Monncrot, Soâalogie de lo Rfvolmion, 2.l::mc partic, L~$ Milltnium sur la urre ('t lc~.s l trreur:; dt fbi.HQire, Fayard. Paris . 1969; Pc. Gcorgcs M. M . Cotticr OP. Morx;sm~ ti messionis-me, in "Ateísmo e Diálogo", Bollctino dei Segz-ernriato per i non credenti. Città dei Va1ie3no, scttembre 1974). (2) Rtlt'git1o t Poli1iza(iío no /Jra$il: A Igreja e v Regimr Autorltório, Ediçôt'$ Loyo13, São Paulo. 1979, pp. 152- 153.

(3) Flor stm de/tsa - Ur o E\•Qligellto no vida''. in "SEOOC', outubro 1976. co1. 336..

(4) "SEDOC', novembro 1976, col. SIS. (S) ldcm. ibidem. (6) Idem, ibidem.

( J 2) J..tituro da Bíblia e compromisso com o justiço. in "Revis ta Eclesiástica Brn<ileirn". m3rÇO 1978. p. 291. ( 13) A Blblía e os pobres. in ··o São Paulo... 11-9-8 1. p. 3. ( 14) Cfr. Hugo Assmann. Opresslon•l.i• bé'ración. desafio a los cdstion o.'f, Tierra. Nuc-

va, Montcvidco. 1971. pp, 71 -72. (15) Flor sem defesa ... , Col. 337. ( 16) Jornal cit.. Belo Horizonte, setem-

bro 1976, p. 8. (17) Cfr. "As CE&... das quoi.s nUJit<> se falo. J)IJuco st eonhec~ - A TFP os dt.u revé r<Jm<> .silo", Parte li. Capítulo Ili.

CATOLICISMO -

Dezembro de 1982


oco

os

P li nio Co r rêa de Oliveira AS ÚLTIMAS eleições emergiu o seguinte rcsullado: cm três dos Estados mais imporrnn1cs do !lrasil São Paulo. Rio e Minas - a esquerda venceu. Além do mais. alc,rnçou ela expressivos progressos cm diversos outros Estados. É bem cxarnmenic o concrário do que. para o bem da civilização cristã e do Brasil, cu desejara. Desdenho o procedimento do avcscruz que, quando se aproxima o inimigo, mete a cabeça num monte de areia. Deixo pois de lado aspec1os importanccs das últimas eleições, como o descolamento - a meu ver certo - cnirc o rcsullado clei1oral obtido e as aspirações da grande maioria do Brasil au1ên1ico. Ou cn1ão o papel preponderante do esquerdismo da imprensa (4. 0 Poder) e das sacristias (5. 0 Poder) no fabrico desse resultado clciioral. Ou. por "flm. o papel mui10 singu lar dos pruridos csqucrd isrns nos

D

bairros ricos. e das tendências conservadoras

nos bairros pobres. Pois o fato palpável. cerlo. indiscu1ivcl. sobre o qual mais dircrnmcn1c incide nossa atenção. é esse incgüvcl progresso da esquerda. Impõe ele duas perguntas c lcmcnrnrcs. às quais quero responder fronlalmcntc: para o nde o progresso da esquerda conduzirá o llrasil? Em face dele. no que consiste o meu dever, e o de cancos que como cu pensam? Ambas as perguntas comportariam c.xplanações sem fim. Co nte nto-me. pois. cm destacar delas um ponto cm torno do qual, a meu ver. tudo gira. É ele de índole muico

"fuxico" e a "fofoca" do outro, grande ni1111e- . rode brasileiros preferiu as discensivas divc,·sões do livre jogo político. E por ai vai levando o Brasil.

O que nos ensioa isto? - Que o êxito da esquerda só tem possibilidades de ser durável na medida cm que ela o saiba compree nder. E. analoga mente, o centro e a direita só continuarão a representar um pa·

pcl marcante na vida brasi leira se souberem adapcar•se a cal. Quero ser ainda mais concrcco. Se a esquerda for ai;odada na cfccivação 'das reivindicações "popula res" e niveladoras com que subiu ao poder: - se se moscrar abespinhada e ácida ao receber as críticas da

oposição; - se for pcrsccucória acravés do mesquinho casu ísmo legislativo. da picu inha ;1d ministn11ivn ou da dev;,stação policialesca dos adversários. o llrasi l se sentirá fruscrado na s ua apecência de um regime "bon enfan1" de uma vida distendida e despreocupada. Num primeiro momcnco. distanciar-sc.-á c ncão da esquerda. Depois fitari, ressentido . E. por lim. furioso. A esquerda terá perdido a partida da popu laridade. Em oucros termos, se os esquerdistas. ora cão inílucnccs no Estado (Poderes 1. 2 e 3). na Publicidade (Poder 4) e na cs1ru1ura da Igreja ( Poder 5). não compreenderem a prcscncc avidez de distensão do povo brasileiro. deixarão de atrair e afundarão no isolamcn-

'

Carlos X . o soberano cavalheiresco ao qual faltava sutileza política

o gentil donou Carlos X, que caiu no vácuo. Subscituiu-o - grande "virtuose" em operar discensõcs - Luís Filipe, o rei burguês. o "reiguarda-chuva", o qual ficou no trono acé que. cansada por fim de pacatez, em 1848 a França o acirou ao chão .

O (lrasil d e hoje quer absolucamente 1>acalc7.. Se a esquerda vitoriosa não souber oferecê-la, eva ncscer-sc-á Se o cencro e a direica não souberem conduzir sua lula num clima de pacatez, terá chegado a vez deles se cvanesccrcm.

~.

Lu1s XV III. o mon&reéll votl&iriano e ladino

mais ccmperamcntal do c1uc ideo lógica. como. ali.is. corresponde ao fcicio de nosso povo.

lnco nc,iveis são os brasileiros a quem se persuadiu de que a repressão anticomunista

de há mu ico jií "limpou o ccrreno" entre nós dos poucos s ubversivos que rcscam. Qual<1ucr repressão anticomunista se tornou as~

sim .supérflua e inoporcuna. · Ora. essas quimeras, cssa.n,csma m;,i<>ria sc111iu delícias cm deixar-se persuad ir delas. Pois o brasileiro é cordato, e só gosca de assistir discussões e brigas quando não são "para valer" mesmo. Ai e las o encantam. Ê a hora da torcida, do "fuxico", da "fofoca" c1c. " Esquerdismo'' significava, para a gran<ic maioria. democracia, oportun idade para folar ou ouvir arengas bonitas, o u então para participar das "fofocas", dos "fuxicos" e da policicagcm. Co locados na opção enirc .a carranca. a repressão e a luca. de um lado, a li1cra1ura. o CATOLICIS MO -

Dezembro de 1982

10. Fah1rão para multidões silenciosas no

t

comc,,o. e pouco depois agascadas.

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A H is1 ôria di, inúmeros exemplos de regimes que não se mantiveram porque não souberam entender coisas destas. Soube compreendê-las. por exemplo. tuis XV I li. o

.

I

monarc<.1 cri ptocsqucrdista. vohairiano e la· dino. Por isto morreu tra nqüilamente no

lrl>no da França c m 1824. Sucedeu-lhe Carlos X. seu il'mào . cav~llhdr<:sco. distinto e gentil como um raio de sol. deleic;ível no 1ra10 como um Cavo de mel. Mas ele era um bom direitista. ao qua l faltava (como isto é freqüente entre direitistas ... ) qua lquer suti· k,:, p()lí!ÍC,L Pôs.. se ele a governar contra a esquerda com um alinco e uma precipitação que pôs aos hcrros o setor visado. A bcrn ..mnada modorr;.1se foi l'arcl~l'lt.'ndo. A m:tiori.:1 ab:in-

luís Felipe, o rei burguês, o "roí· guarda-chuva"

Bem concebo que algum leitor exasperado me pergunte: Mas. alinal, quem ganha com essa pacatez? - A1é aqui não 1ra1ci disto. Moscrei que perderá quem não a souber ter. Quem ganhará: a direiia? o centro? a esquerda? - Quem conhecer as verdadeiras fibras da alma brasileira e souber entrar cm diálogo pacaco com essas libras. Seja Governo. seja oposição. pouco impo rta. A iníluência será de quem saiba fazer islo. lnsisco. Se o Governo. a Publicidade e a escrulura eclesiástica não souberem manterse no clima de pacatez. e passarem p:ua a violência física, lega l ou publicitária contra a oposição, os pacacos lhes dirão: mas. alinal. qual é a sinceridade. qual a dignidade de vocês, que quando eram oposicioniscas reclamavam para si liberdade e respeico. e agora que são governo usam da perseguição e da difamação para quem é hoje oposição? E se os pacacos nocarcm acrimônia nos de centro e de direita, dir-lhes-ão: está bem provado que é impossível conviver com vocês, porque, nem vencidos, sabem se,· de um traio distensivo. E cuidado com os pacatos que se indignam. senhores da esquerda. do cenc ro e da direita. A hora não é para carrancas. mas para as discussões arejadas, polidas, lógicas e inteligentes. Os pacatos toleram tudo, exceto que se lhes perturbe a pacatez. Pois então facilmente se fazem ferozes ... 3


Como se mantém longamente um rE ATITUDE SUICIDA DE GRUPOS ECONÔMICOS OCIDEN' MA DAS C ITAÇÕES mais frcqüenles que se costuma fazer das arengas de Leni n é a de que o capitalismo venderia ao comun ismo a corda com que seria enforcado. Para mu itos dos mais lúcidos e cxpericnles analistas politicos e econôm icos do mu ndo ocidental, o gasoduto euro-siberiano, ora em construção, representa essa corda. Destinado ao transporte de gás nat ural desde as cercanias da península d e Yama l situada no exlremo norte da Sibéria, no litora l do Oceano G lacial Ártico. em latitude acima do Circulo Polar Artico - a té a Europa Central, essa obra gigantesca fornecerá, quando terminada, a dc1. países da Eúropa Ocidental, dos quais cinco membros da NATO, u m terço do gás utilizado para consumo. Porém, pior a inda do q ue o previsto por

U

Lenin, o mundo capitalista não vai apenas

vender a corda com que será enforcado pelo comunismo. Vai fornecer ao seu a lgoz o dinheiro e o material com que a corda será fabricada, e depois ainda pagará um aluguel por ela quando a estiver usando em volta do pescoço. Vejamos por quê.

• • • Realmente, a Rússia jamais teria a possibilidade de empreender sozinha uma construção de tal vulto, que exige uma soma de recursos financeiros e tecno lógicos que ela não possui. Tornou-se portanto imperiosa a ajuda do capita lismo para a construção desse gasoduto que, diga-se de passagem. não se destina a transportar gás apenas para a Europa Ocidental. Ele servirá também, através de ramificações e gasodutos secundários. ao longo dos 4.500 km de seu trajeto cm território soviético, para o desenvolvimento industrial de vasta região da Sibéria e da Rússia eu ropéia. Com uma extensão total de 3.600 milhas - aproximadamente 5. 760 km - o custo da obra ainda não está perfeitamente conhecido. Fala-se cm cerca de 45 bilhões de dólares. O que se sabe é que as nações da Europa Ocidental, lideradas pela França e Alemanha, fornecerão eq uipamentos e assistência técnica avaliados cm 15 bilhões de dólares. financiados por e mpréscimos garantidos peios respectivos governos e pagáveis a longo prazo, com j uros baixos, de 7,5o/o- O dinheiro para pagamento deverá ser obtido com a venda do próprio gás ao Ocidente, transação esta que, segundo os especialistas, deverá render à Rússia o mínimo de 11 bilhões de dólares anual-

josa de se colocar desde já sob o domínio soviético.

Vantagens do gasoduto para a Rússia Uma aná lise lúcida e perspicaz dessas conseqüências foi feita pelo Sr. Lawr~nce J. Brady, Secretário Assistente de Comércio para a Administração de Comércio Internacional, do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em diversas oportunidades, mais especialmente cm depoimentos prescados perante comissões do Senado norte-americano. Assim, a construç,ã o do gasoduto terá efeiios de ordem econômica, política e mi litar de benefício exclusivo para a Rússia e para a .c ausa do comunismo incernacional. Senão vejamos. O invcstim'ento de 15 bilhões de dólares ser{, um e mpuxe subscancial para a economia russa, cujas taxas de crescimento vêm caindo há vários anos. Segundo Brady, a taxa de crescimento do Produto Interno 8ru10 da Rússia, que cr·a de 5.3% entre 1965 e 1970. baixou para 3,8% entre 1970 e 1975, e para 2,8% entre 1975 e 1980. E continua cm dcclinio. A construção do gasod uto será um auxilio poderoso para a consecução de uma meta de desenvolvimento há muito tempo desejada pela Rússia e que ela jamais conseguiu alcançar: a industrialização d a S ibéria. O montante de capicais que deverá entrar na Rússia é imprevisível. pois ela poderá aumentar o preço do gás quando sent ir a Europa dependente. Alguns prevêem uma entrada anual de 22 bilhõc.s de dólares. Com esse dinheiro a Rússia 1erá meios de incerfcrir no mercado financeiro ocidental e de exercer forte pressão sobre um ~cgimc econômico que e la jurou destruir. Escava previsto que a Rússiá e ntraria cm crise de energia por volca de 1985. A construção do gasodulo a livrará não só desse Cren,lin. relaxar 1e1nporaria1nente suo /Jf(>ssão Olé '<1ue a tra11sferê11cia de teo,ologia se consunwsse. para então volu1r novotn(•111e a esrra11gul11r t, liberdade polonesa··.

OMosrou

mente.

Por volta de 1985, quando o gasodu to deverá e n1rar em funcionamento. a Itália, a França e a Alemanha terão respectivamente 30o/o. 35% e 38% de suas necessidades de gás natural dependentes do gasoduto siberiano. E como as reservas desses pafscs tendem a diminuir enquan10 o consumo propender a aumentar, essa dependência deverá ser maior ainda ao longo da última década deste século. Que motivos levaram tais países a se lançarem nessa aventura suicida? Os pretex tos alegados são principalmente dois: 1. A necessidade de diversificar as fontes de fornecimento de energia para não permanecer sob a dependência exclusiva do Oricnce Médio. região conturbada. de situação politica pouco estável. 2. A necessidade de criar empregos para fazer face à onda de desemprego atualmente observada na Europa Ocidental. As firmas européias encarregadas do fornecimento dos equipamentos poderiam criar novos empregos cm vista das encomendas. A empresa estatal Goz de Fro11ce, por exemplo. para justificar o cont rato para o fornecimento de gás siberia no, publicou maléria no Le Monde, edição de 2-9-82, e no L'Hrananité,.de 10-9-82. Alegando _que a parte do gás natural no consu mo e nergético total do pais vem a umentando progressiva mente, e que deve aumentar mais a inda, enquanto as próprias reservas do produto vão diminuindo e os contratos com outros países fornecedores chegam ao fim, a empresa achou por bem assinar com a Soyvzgas Export (órgão soviét ico) um contrato que prevê o fornecimento de 8 bilhões de metros cúbicos de gás siberiano a parcir de 1984. Em 1990 esse gás rcprcsencará, segund o a própria Gaz de Froncc, cerca de 30% do consumo do país e 5% das necessidades cm energia primária. Essa injeção poderosa de recursos técnicos e financeiros na Rússia acarretará conseqüências de ordem politica e econômica da maior importância, tanto no que concerne às vantagens a serem auferidas pela Rússia para a solu ção de seus problemas incernos e externos, como no que se refere à submissão crescente de uma Europa aparentemente dcsc4

ROSSIA

Apesar da debilidade de.~sa oposição. os defensores do projeto não seguiram a adverlência. E declaram que ceder· a ela seria quebrar contracos assinados com Moscou. Fi ngem eles ignorar a existência de comratos ameríores com firmas noric-americanas que contêm cláusulas regulando cuidadosame nte a Lransferência de tecnologia. Segundo Milton Copulos, "se as Jirnws curopéius ignoran, o embargo nOrl( ·(11nerica110 e violan, seus con1

traros co,n finnas nor1e-(11nedtai1as. deven, elas ser processadas e111 roda a extensão da ld".

M apa quo indica a extensão do gasoduto: mais do 5 mil km

problema, como também da bancarrota econômica cm que e la e seus satélites, pela própria natureza do regime, vão inexoravelmente afundando. Como parte dos acordos do gasoduto, o Ocidente fornecerá à Rússia equipamentos altamente sofisticados para permitir a difícil exploração das jazidas de gás e seu transporte ao longo das 3. 600 milhas. Com isso os sovié1icos terão acesso à melhor tecnologia ex istente. que será ut ili zada não apenas no gasoduto, mas cm iodo o pa rque industrial soviético, inclusive, é cla ro, no setor militar. Com o dinheiro da venda do gás, a Rússia poderá comprar com mais facilidade os alimentos de que está sempre nccessicando. Assim, poderá liberar mais recursos para o esforço armament ista. O gasoduto servirá para aumentar ainda mais o controle russo sobre a Europa Oriental. pois e la exportará gás também para esses países. O crescimento cspecacu lar do imercâmbio financeiro entre os dois blocos favorecerá uma 1endência neutralista no Ocidente, baseada na necessidade dos europeus de não melindrar os russos, pois estes poderão cortar o gás de que canto necessicam. Essa dependência da Europa proporcionará à Rússia a possibilidade de subverccr a Aliança Atlântica e de exercer pressões diretas ou indiretas na política interna de países europeus, onde já existem influentes partidos comunistas ou socialistas. Diante de uma questão pendente, mesmo que a Rússia não concrecize a ameaça de cortar o fornecimento de gás, a simples possibilidade de fazê-lo torna a Europa Ocidental bem mais· ílcxívcl para a consecução dos objclivos que os soviéticos têm em vista.

Ê uma ilusão pensar que. com a construção do gasod uto. a Rússia vai moderar s ua tendência expansion ista e suas inte rvenções veladas ou abertas em outras regiões. O Oriente Mcdio, em particular, deverá sofrer nova tc11ta1iva de dcsestat,ilização por parte dos comuni~tas a rim de tirar da Europa essa fonte de suprimento energético e deixá-la inteiramente depcndenle do poderio soviécico.

Perigo de finlandização da Europa Díante de tantas e tão clamorosas vantagens para a Rússia e para todo o comunismo internacional, é natural que muicas vozes. lúcidas e previdentes. se tenham levanlado contra a execução de um projeto tão tendencioso. a lertando para os riscos de u ma jinla,ulização completa da Europa. O próprio governo norte-americano vem procurando, de certo modo, colocar obstác ulos à sua realização, ao impedir que empresas norte-americanas o u suas subsid iárias européias vendessem à Rússia. a precexto da construção do gasoduto. mercadorias q ue pudessem ter fi nalidades estratégicas. Essa reação norte-americana foi, porém. bem menos enérgica do que seria de desejar. Como di, o economista e ana lista polilico Millon R. Copulos: ..O governo Reagon errou ao relacionar a <>posit.;ão nortl!-arncricana ao

gasoduto ,·0111 a pressão soviético 110 Polónio. A questão é muito 111ois básico: trota-se da segurança do 11lia11ça ocidental. O gasoduto se,npre será u11w arneaça estratégica. t'ndepen-

de111e do que aconteça na Polô11io. A oposição dos Estados Unidos deveria pernwnecer /ir111e. 1nes1110 que a situação da Polô11ia melhore. Pois seria fáâl para a ditadura n1ili1ar daquele poí.,. ou poro os senhore., do

Os governos europeus resolveram desafiar a decisão norte-americana e cumprir incegralmcnte sua parte na conslrução do gasod uto. Os bancos da Alemanha Ocidental já e mprestaram 1.$ bilhões de dólares garantidos pelo governo de Bonn, cnquanlo a França já contribuiu com 140 milhões de dólares cm equ ipamentos, comprometendo-se a comprar 280 bil hões de pés cúbicos de gás soviético anua lmencc, durante os próx in,os 25 anos. O governo francês chegou mesmo, num d esafio aberto ao embargo norte-americano. a requisitar a e mpresa Dresser-France, filial da empresa norte-americana Dresser l11dustry Jnc., para que ela pudesse entregar já os três primeiros compressores, de um total de vinte e um, encomendados pela Rússia para a construção do gasoduto. Esse ato de força do governo M ittcrra nd deu-se em 21-8-82; nos dias s ubscqUcnies a mercadoria já era embarcada no carguei ro soviétic-0 8orodi11e, ancorado no porto do Havre.

A posição pró-soviética de empresãrios norte-americanos Porém não é só dos governos e uropeus q ue chegam as crícicas ao embargo. Na própria cúpula dos meios empresariais e financeiros dos Estados Unidos há defensores da construção do gasoduto. Na Câmara de Comérc io, por exemplo, dois de seus membros mais salientes, Richard 1. Lesher e Donald Kcndall, criticaram abcrcamente a decisão do governo, classificando-a como um estado de ·•guerra econômica" contra a Rússia. Como diz Milton Copulos, ··.ie é co,1111111 que e111presas particulares negocie,n co,n governos hostis ao próprio, é estranho porém que 1ais e,npresários defend,1111 rão aberramen1e ,11,w politict1

evidente1nen1e contrária ao interesse nacional. A Câmara parece incapaz de compreender que os estrei1os laço.s econôn,ico.t que o gasoduto de Y/romal criaria entre a Europa Ocide11tal e o Rússia soviética só poderiam solapar a possibilidade de ca111erciar com nossos aliados o longo prazo. Além do nrais. encorajar a CATOLICISMO -

Dezembro de 1 982


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~gim e fracassado? TAIS, SUSTENTÁCULOS DA Rú

.t2

Lenin: "Os capitalistas vender.nos-lo a C·Otda com a qual os enforcaremos"

Europa a comprar gás sov1e11co é lin1itar o ,nercado para sua alternativa natural: o carwío norf<~•arnericano ''.

Aliás. o pretexto mais utilizado, pelos que desejam financiar a sobrevivência e a expansão do comunismo, é que o comércio com o mundo comunista vai proporcionar bons negócios c abrir novos mercados. Ê sempre a mesma cantilena dos "sapos.. no plano internacional: fingindo querer apenas ganhar dinheiro, o que desejam, de fato, é manter o comunismo que, sem essa atitude, se extinguiria.

Ê o que setores do capitalismo norte-americano vem fazendo desde os tempos de Lenin. Caso tipico desse modo de agir é o do Chase Ma11l1011a11 Corporation. Essa instituição bancária norte-americana tem procurado desenvolver a exportação soviética de energia para a Europa desde o inicio dos anos 70. Ela financiou a construção do gasod uto de Orenburg para a Europa Oriental, só recentemente concluído, que contribuiu poderosamente para aumentar o domínio soviético naquela região. O Chase também esteve envolvido cm negociações sobre um propalado gasoduto para trazer gás natural do Irã, via Rússia, para a Europa Ocidental. A queda do Xá Reza Pahlcvi impediu sua realização, tendo os soviéticos então proposto a exploração de seus recursos siberianos. Vê-se ai o empenho do Chase Manha11an em colocar a Europa na dependência energética da Russia .

Outros bancos ocidentais estão também interessados cm desenvolver a indústria energética da Rússia, como único meio de livrar as nações do Co,ne,·on de um dilema político e econômico que ameaça todo o sistema financeiro internacional. Pois o endividamento do bloco soviético para com o Ocidente sobe a 82 bilhões de dólares .. A Rússia seria obrigada, em último caso. a respaldar a dívida de seus satélites. Mas ela também está descapitalizada e tem poucae ;,ossibilidades de exportar produtos manufaturados, devido à baixa produção e má qua lidade. A única saída seria então. pensam os banqueiros, investir o capital ocidental na exploração das vastas reservas de gás natural da Sibéria. A comunidade bancária ocidental, por isso, parece ter um interesse vital no sucesso do plano quinquenal da Rússia e na continuidade de suas relações comerciais com os Estados Unidos. Para a construção do gasoduto siberiano, grandes bancos e empresas norte-americanas estão envolvidas. Por trás da empresa alemã Ruhrgas, figuram três grandes empresas petróliferas norte-americanas: a Exxon, a Mobile a Te.w,co. Atrás destas ficam quatro das maiores instit uições bancárias norte-americanas: a Chase Ma11ha11an Corporation, a Mor-

gan Guarantee Trus1. a Citicorp e a Manufaclurers Hanover Trust, as quais, por sua vez,

têm important íssima participação acionária, não só nas empresas petrolíferas já meneio-

nadas, como cm duas grandes empresas de manufaturas americanas que participarão do projeto: a Caterpillar e a General Electric. Existe portanto uma considerável interligação de interesses entre os bancos e as empresas petrolíferas, fabricantes e acionistas envolvidas no projeto do gasoduto. Todos auxiliando os interesses do comunismo e prejudicando os interesses do mundo livre, quc.-endo levá-lo para a órbita de- Moscou, e pretextando desejar apenas ganhar dinheiro. Eis a í um exemplo típico da manobra de que a Revolução sempre se serviu para sustentar o comunismo e o socialismo nos países dominados por eles. Utilizar os recursos dos países capitalistas para impedir que esses regimes antinaturais caiam de podres. É o que se obsérva no noticiário de todos os dias. E para executar essa triste missão de manter os povos de várias nações subjugados por seus algozes, não faltam "sapos.. que se disponham a legremente a fai.ê-lo. Se a tinalidade fosse apenas a vantagem econômica, esta poderia ser conseguida em outros empreend imentos que favorecessem os interesses do mundo livre e contribuíssem para libertar os povos oprimidos pela tirania socialo•comunísta. O caso do gasoduto também pode servir de exemplo para isso.

Descartadas as venJadeiras soluçlJes Realmente, se o motivo alegado para o recurso ao gás siberiano é a diversificação das fontes de energia para diminuir a dependênc ia cm relação ao Oriente Médio, existem no próprio Ocidente soluções alternativas que dispensariam o investimento de capitais em uma nação inimiga para favorecer um governo opressor. Dessas fontes de energia ocidentais, que deveriam merecer a prioridade de banqueiros "não-sapos... duas se destacam: o carvão norte-americano e o gás norueguês. Com o aperfeiçoamento dos portos americanos a fim de aumentar sua capacidade de carga e descarga, a Europa Ocidental poderià importar grande quantidade de carvão dos Estados Unidos, suficiente para suprir em equivalência técnica o gás siberiano, ou seja, cerca de 90 milhões de toneladas anualmente. Quanto ao gás norueguês, suas reservas no Mar do Norte são muito grandes, embora pouco conhecidas, pois faz-se um silêncio na grande imprensa sobre o assunto. Na exploração dessas duas fontes de energia poderia ser investido o capital do Ocidente. criando grande número de empregos e diminuindo a dependência do Oriente Médio. Também outros recursos poderiam ser mais explorados, como o carvão da própria Europa, o gás da Holanda e da África, tornando perfeitamente d ispensável o projeto siberiano pró-comunista.

Afrouxamento da posição norte-americana Antes de terminar este artigo, convém acrescentar mais um dado a respeito do embargo imposto pelo governo norte-americano à exportação de equipamentos para o gasoduto. Em novembro passado a imprensa diária noticiou que o Presidente Rcagan havia suspendido o embargo e revogado as sanções impostas a várias companhias européias que exportam equipamentos para o gasoduto. Isto porque os Estados Unidos e seus aliados ocidentais haviam assinado um acordo regulamentando o comércio com o bloco do Leste. Afirmou o chefe do Executivo norte-americano: "O acordo que alcança,nos 111ostra que

a aliança ocidental está coesa e que se propõe a analisar os aspectos estratégicos ao ton,ar decisões sobre o comércio co,n a União Soviética''. Acrescentou ainda que, a partir de agora, o Ocidente se "absterá de todo acordo comercial que contribua para dar vantagens CATOLICISMO -

Dezembro de 1982

111ilitares 011 ajuda preferencial à economia soviética". Disse ainda que agora, com o acordo "oferecendo medidas 1110is fortes e eficazes. as sanções são desnecessárias·:. Segundo tal acordo, as novas relações comerciais Leste-Oeste terão, entre outras, as seguintes diretrizes: Nen hum novo contrato para compra de gás soviético será assinado antes que todas as alternativas energéticas ocidentais sejam analisadas. · O Ocidente compromete-se a "reforçar os

controles existentes sobre a transferência para a União Soviética de bens estratégicos". Isso que, à primeira vista, parece ter grande alcance na defesa dos interesses do Ocidente, na realidade pouco ou nenhum efeito terá para dificultar a construção do gasoduto siberiano. Pois este está ligado a contratos já assinados, enquanto o novo acordo, ao que tudo indica, refere-se apenas a atos futuros, sancionando praticamente tudo o que j á foi feito até agora. Ou seja, apenas impediria a construção de um segundo gasoduto, sobre o q ual ninguém fala . Esse é o exemplo típico de anticomunismo desenvolvido pela administração Reagan. Aparentando muita energia, as medidas que toma são inócuas o u de pouca eficácia contra os interesses da Rússia. Até a exportação de cereais para aquele pais, que sofreu um embargo durante o governo Carter, foi restabelecida pelo atual presidente. Em 1979 as exportações norte-a mericanas para a Rússia atingiram 3,6 bilhões de dólares, dos quais 2,8 bilhões em produtos agrícolas. Em 1980, após o embargo parcial, as exportações caíram para 1, 5 bilhões, dos quais um bilhão c m produtos agrícolas. Em 1981 ,-já no governo Rcagan, as exportações voltaram novamente a subir para 2,5 bilhões no total, dos quais 1,7 bilhões em cercais. (Os dados de 1981 são cstimativos).

• • • Diante do exposto, qualquer comentârío torna-se desnecessário. Foi superada a previsão do próprio Lenin. O Ocidente capitalista não vende, mas fornece praticamente de graça a corda com que será enforcado pela Rússia comunista. E ainda coloca a cabeça no laço já armado por ela ...

Julio de Albuquerque

Para a redação deste artigo. além de órgãos da imprensa diária nacional

e estrangeira, foram utili·

zadas as seguintes fontes: 1. Lawrence J. Brady - Assistant Secrctary of eommcroc for lntcmatíonal Trade Administration: a) Statcmcnt beforc eommittee on Banking. Housing and Urban Ocvclopmcnt - United Statcs Senatc, Washington, o.e.. 12-11-81. b) Statcmcnt bcforc lntcrnational Tradc eommincc, National Association or Manufacturcrs. San Francisco, California, January. 13, 1982. e) Statcmcnt bcforc Senate Subcommittee on lntcrnalional Financc and Monctary Affairs. Washington, o.e.. 14-4-82. d) "East-\Vcst Trade: Thc Historical Oimension" - conferência para os Young An1cricans for

Frcedom, em Nashua. New Hampshire. 20-3-82. 2. Milton R. eopulos, Policy Analyst a) "Trans-Siberian Pipeline will bail out the sovicts, sink thc \Vcst". in .. Conscrvative Oigcst", March 1982. b) "Resising Pipeline Pressures... in "The Hcritage Foundation Executive Mcmorandum... 27-782. . e) "The Heritagc Foundation Backgroundcr". 10-3-82. 3. Scnator Bill Armstrong ºFrcc Trade" with Slavc Labor. in "Economic

Forum'". 27-8-82. 5


PALAVRA socialismo recomeça, paulatinamente, a adquirir atualidade cm nosso País. Jornais afirmam que certos políticos · brasileiros abandonarão seus atuais partidos para fundar um autêntico partido socialista. Entretanto, não apareceu até agora uma conceituação inequívoca da doutrina que orientará o eventual futuro partido. Não est-ranha. A palavra socialismo vive, em boa medida, da atmosfera de indefinição que a rodeia. Evita-se cuidadosamente defini-la. Em torno dela flutuam conceitos com um sentido aceitável corno justiça cm sentido cristão, preocupação com os que sofrem etc. Qual a razão desse interesse em manter o vocábulo sempre com uma acepção dúbia? Sobre isso desejo apresentar algumas reflexões ao leitor. Houve tempo em que seus propagandistas gostavam de identificálo com justiça social, expressão também ambígua e tautológica, pois qualquer espécie de justiça será sempre uma virtude social. Contudo, pode-se admitir o conceito, desde que se o entenda, como o fazem autores católicos, como sinônimo do terceiro tipo de justiça, denominado na filosofia aristotélico-tomista justiça legal. Entretanto, a analogia entre socialismo e tais expressões fanou , retirado precipitadamente aq uele primeiro vocábulo das luzes pu blicitárias, devido às renovadas experiências socia listas, invariavelmente trazendo cm seu bojo tirania e miséria, das quais são tristes exemplos mais recentes Moçambique, Angola e Nicarágua, nações a tantos títulos vinculadas ao Brasil. Já não se ousa dizer que socia lismo significa prosperidade e maior bem-estar. A H istória arquivou essa arma propagandistica. O que ficou?

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As f ilas constituem uma constante nos regimes socialistas, como a que observamos acima, na capital soviética

SOCIALISMO: embuste para atingir meta ~omunista ,

Sociedade sem classes, ante-sala da tirania O historiador Julius Braunthal, outrora mem bro ativo da Internacional So~ialista, da qual foi secretário de 1949 a 1956, afinnou em sua obra "Die Geschichte der lnternationale" ('A His16ria da Internacional'): "Para un,a definição houve e há uma série de 1eorias. Em todas e.ristiu e exis1e uma idéia comu,n: a idéia de uma sociedade se111 classes de livres e iguais. emancipada de qualquer for111a de escravidão econô111ica e polltica. Es1a concepção existia no começo e acompanhou sempre a idéia dos movimentos socialis1as e111 todos os países e par1es da terra, não importa os ,nétodos de sua realização. É o firn co,nu,n do movi111ento inglês como do russo, do chinês co,110 do escandinavo, do hi11du co,no do alemão. ainda que possam ser .fundamentais suas difere11ças 1e6ricas e políticas" (op. cit .. 3. 0 volume, Ed. J.H . W. Diet1~ Berlim, 1978, p. 566). O que significa essa idéia primeira, absoluta, postulado comum a todos da sociedade sem classes de livres e iguais? Inicio a resposta trazendo o testemunho de uma conhecida autora, Hannah Arendt, há pouco falecida (embora discorde de muitas de suas posições), q ue em fundamentadas críticas ao nazismo esclareceu: "Assinala-se freqüe11te111ente que os 1novimentos totalitários usa,n e abusa111 das liberdades democráticas com o fim de aboli-las.

Esta não é sin1plesme111e astúcia maligna por parle dos dirigentes ou estupidez infa,11il por pane das 111assas. As liberdades democráticas pode111 se co11siderar baseadas 11a igualdade de rodos os cidadãos perante a lei: se111 enrbargo do que, adquire111 iodo seu significado e funcionam orga11icamente s6 onde os cidadãos penencem a grupos e são representados por estes ou onde fonnon1 111110 hierarquia social e política. A rup1ura do sis1en1a de classes. a ú11ica esiratificação social e política das nações-es1ados europ éias foi, certamen1e, um dos 111ais trágicos acontecimento.< da recen1e hi.t16ria ale111ã" (Hannah Arendt, "Los orígenes dei 101ali1arismo", Ed. Taurus, Madrid , 1974, pp. 393-394). Tomando como base o raciocinio de Hannah Arendt, não é difícil conjeturar porque toda sociedade socialista, na medida em que radicaliza na direção dos próprios fins e destrói as classes sociais aumenta o totalitarismo, a tirania, a asfixia das liberdades públicas. A autora crê inclusive· que, se não fosse a débâcle provocada pela Primeira Guerra e - afirmo cu - alguns governos socialistas, a Alemanha estratificada em classes sociais poderia avançar rumo ao bem-estar geral sem sofrer os horrores do nazismo. A sensata opinião de que uma sociedade harmoniosamente desigual é eficaz bar-

Com4rcio privado na Rússia é sufocado pelo sistema: prateleiras vazias

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reira contra o totalitarismo raras vezes aparece defend ida no Brasil, embora se concedam amplos espaços da publicidade às posições de Hannah Atendt.

Mera dlssonãncia de métodos? Muitos afirmam que o socialismo que defendem não é o socialismo praticado na Rússia. Concedo. É realmente árduo quebrar lanças pelo comunismo soviético. Entretanto, desejo lembrar que a divisão entre bolchevismo e socialismo democrát ico não é tão profunda como habitualmente se apregoa. Ambos possuem comunidade de metas, distinção de métodos. Qualquer pessoa que tenha conhecimento, mesmo superficial , da história do socialismo sabe que Karl Kautsky e M.ax Adler foram conhecidos intelectuais marxistas que pertenceram à Internacional Socialista nas primeiras décadas do século. Kautsky teve violenta polêmica com Lenine. É certo que o chefe do partido bolchevista e do Estado russo não se moveria se Kautsky fosse pessoa de segunda importância no movimento socialista. Veja o leitor como ele iniciou sua resposta a Lenine: "Pela primeira vez na hist6ria 1111111dial, o Revolução ru.isa per,nitiu a t11n partido socialista tomar a direção de um gran de país [... ]. A posição das duas correntes socialistas não se fun da em rnesquinhas rivalidades entre indivídu os. ,nas é a oposição de dois métodos funda111entalmente diferentes: o método democrático e o mé1odo di1a1orial. As duas corren1es querem a 1nesn1a coisa" (Kautsky, "A ditadura do proletariado", Livraria Editora Ciências Humanas, São Paulo, 1979, p. 3). Max Adler, importante socialista austríaco, observou como partícipe de destaque das polêmicas entre socialistas e comunistas: "O social-democrQ/a revolucionário cons1ota subitan1ente a palavra 'co,nunismo·. que designava o ideal ao qual ele havia se,npre aspirado, afastar-se dele e ser utilizada para designar u111 novo partido que 'llãO se diferencia do seu, em úliin1a análise, senão por questões láticas e de fonnas de organização" (Max Adler, "Dé,nocrotie et Conseils Ouvriers", Ed. François Maspero, Paris, 1967, p. 62). Enquanto se desejar unir a palavra socialismo a seu significado histórico, não é possível deixar de lado a opinião de seus mais abalizados

intérpretes, que após a revolução comunista, cm meio a acesas polêmicas, sentiram-se obrigados a definir-lhe o escopo. E as afirmações de Kautsky e Adler não constituem opiniões isoladas. Ainda hoje, é comum tal opi nião. O deputado trabalhista inglês Eric Hefter, em livro comentado pela revista oficial da Internacional Socia lista ("Socialis1 Affairs", l / 80), escreveu ao trat'ar do curoco munismo: "O que queren, dizer então? J:.ssencialmente, parece, u111 co,npronlisso a longo termo estável pela abolição do capitalismo e da exploração do home111 pelo home111, a criação de urna sociedade se,n classes na qual os 111eios de produção, distribuição e 1roca serão propriedade comum. Mas não 1emos n6s, os socialis1as de111ocráticos. o ,nesmo fin1?"

entendida no sentido cristão. Expõe seus fins expressos com clareza apenas em publicações de pequena circulação, destinadas~ círculos de intelectuais que para ' lhe dar adesão inteira desejam estudar com profundidade seus fundamentos filosólicos, suas metas e técnicas de ação. Essa mesma tática, utilizada pelo PS francês e que auxiliou poderosamente ~ ascensão de Mitterrand ao governo da França, em maio do ano passado, foi magistralmente denunciada ao grande público, através da Mensagem do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "O socialis1110 autogestionário: en1 vis1a do co,nunis,no. barreira o~ cabeça-de-po,11e?" O famoso documento, redigido em nome das treze TFPs, foi publicado nos maiores d iários de todo o mu ndo livre. Certamente a questão ganhará atualidade nos próximos meses, com a ofensiva conjunta dos marxistas, esquerdistas de várias colorações e da esquerda católica para criar bases amplas que possibilitem a criação do partido socialista. Contra a totalitária igualdade antinatural sonhada pelos socialistas, o público seguidor da doutrina social da Igreja. no interesse da grandeza cristã do Brasil e da ascensão paulatina das condições de vida da população, deve ter em mente a verdadeira posição do Magistério Pontifício. Os homens são iguais por nat ureza e têm, em conseqüência, os mesmos direitos básicos, mas acidentalmente são muito diferentes. O que corresponde, na ordem social cristã, à harmoniosa e rica desigualdade socia l. Convém lembrar aqui o ensinamento de São Pio X, ao condenar o movimento político "Le Si/1011": "Não. o civilização não mais está para ser inve111ada. ne,11 a cidade nova p ara ser construída nas nuvens. Ela exis1iu, ela existe; é a civilização cris1ã. éa cidade católica. Não se trma se11ão de instaurá-la e restaurá-la sem cessar sobre seus fundamentos 11aturais e divinos contra os ataques sempre novos da ,11opia ,na/sã, da Revolução e da i111piedade" (" No1re Charge Apostolique", n.• 11 - Ooctrina Pontifícia, Documentos Políticos. BAC, Madrid, 1958. p. 408).

Camuflagem da meta Grande parte da força do movimento socialista provém de sua artificiosa dissimulação dos fins. Como quer ter at(ás de si multidões que o apoiem, na presente situação necessita encobrir a meta, pois a revelação total desta o transformaria em minúsculo grupo sem possibilidades reais de influir na determinação dos rumos de qualquer pais .. Para isto manipula sentimentos louváveis como o desejo de melhorar a situação difícil das classes modestas. Faz crer que compartilha, ainda que de maneira laica, das exigências da justiça,

Lenin

Embora na atual quadra histórica do Brasil pareça impossível atingir o ideal da plena civilização cristã, devido aos numerosos fatores de desagregação. o judicioso é desejar a manutenção e melhoria do que ainda resta daquele edifício venerável - a cidade católica. E não dar o pulo tresloucado rumo a utopias malsãs, como adverte com tanto acerto o santo Pontífice.

Péricles Capanema

CAMPOS - ESTADO DO RIO Dtttlor: Paulo

Coma

dt Brilo Ftllo

Dtttlorb: Rua dos Goitacaic,. 197 • 28 100 -

Campos. RJ. Admlnhtntçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 • Ot224 - São Paulo, SP • PABX: 22t-37SS (ramal 23S). Compo,io e impres,o na Artpr<Ss - Paptis e Artes Grificas Lida., Rua Garibakli, 404 - 01 IJS - São Paulo, SP. "Catolklomo" t uma publiaçlo mensal da Edi1ora Padre Belchior de Pon1es S/C. Assintlura anual: comum CrS 2.000,00~coopcrndor C rS 3.000.00: bcnfcitorCrS S.000.00; grande be:nfci1or CrS 10.000.00: scmin3risrn.s e cs:tud3mes CrS I.S00.00. Exttrior (\'i3 aért,3): comum USS 20.00: benícitor USS 40,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Editora Padrt kkhlor de Pontes SIC~ poderio ser encaminhad0$ à Administração. Para mud_anÇa de endereço de . ass1na~tes ~ nec:cs~rio mencionar tam~m o endereço antigo. A concspond~nc&a n::tauva a assinaturas e venda avulsa devt $tr enviada à Admlnlslr.,po: R,.. Dr. Martlnko Pr-odo, 271 - sao Paulo, SP

CATOLICISMO -

Dezembro de 1982


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O DIVINO ARTISTA E A CRISTANDADE

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põem a organizar a vida terrena: é o Direito, a estrutura do Estado, o Império etc.

O Império Romano esboroou. Os germanos o invadiram. Sob o influxo da Fé, eles herdaram a alta concepção das coisas da cultura católica greco-romana, mas seu espírito pedia que a ordem temporal por eles organizada fosse, o quanto possível, um símbolo do Céu. Enquanto o oriental visa mais o paraíso celeste, o europeu ocidental, nascido das invasões bárbaras, procura mais fazer desta terra uma antecâmara do Céu. E para isso concorreu seu notável instinto organizativo e a capacidade de contornar ou enfrentar, de forma sistemática, os problemas. E da conjugação de tais qualidades nasceu esta obra-prima de caráter político-social: o feudalismo. Transcendendo a todos esses aspectos, há outro traço característico

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S POVOS da outrora pujante Cristandade, em seu conjunto, poderiam ser comparados a um magnífico órgão cujas teclas seriam constituidas por cada nação ind ividualmente considerada ou grupos de nações, formando acordes. Essas notas, por assim dizer, tocadas pelo Divino Artista, através da ação sobrenatural da graça, harmonizarse-iam em sublime concerto que, de certo modo, "cantaria as glórias de Deus". Como o órgão postula a catedral para fazer-se ouvir adequadamente em suas inefáveis sonoridades, esta, para efeitos da metáfora, seria a própria História dos homens, no decurso dos séculos. Nessa perspectiva, considere-se sumariamente algumas áreas de civilização cristã na Antigüidade, como o Oriente católico; o contexto histórico greco-romano convertido ao Cristianismo até a queda do Império do Ocidente; a formação dos reinos bárbaros após as invasões; a Cristandade medieval e as ressonâncias que esta deixou na História ao longo dos séculos.

·• -

O primeiro Foro Romano (reconstituído na gravura abaixo. hoje em rufnas) é um ediffcio que simboliza o espfrito jurfdico dos latinos. Após a ascenslo de Constantino no trono imperial, em 312. o Direito Romano foi profundamente impregnado e vivificado pela influência do Cristianismo.

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CATOLICIS MO -

Para a referida situação, além do gênío próprio do oriental, já batizado e desenvolvendo-se em condições de existência próprias à sua área de cultura, concorrem os panoramas da natureza. Céus noturnos de um azul profundo, no qual, a bem dizer, cada estrela do firmamento tem algo a a noite no deserto... Por debaixo de todas aquelas areias tem-se a impressão da existência de um símile do céu material. E a sensação indefinível de se estar envolto cm vários céus toma conta do espírito! É um tipo de sacralidade que convida às renúncias magníficas, de varões frugais habitando grutas nos altos das montanhas em meio a um isolamentq indizível, e a altíssimas considerações do espírito, e onde se discerne um admirável desígnio da Providência quanto a determinado modo de encaminhar sua Igreja. É a Igreja no seu nascedouro, historicamente próxima do Filho de Deus que se fez carne e habitoo entre nós. Nossa Senhora, Belém, Jerusalém, a Estrela dos Reis Magos...

Já a índole gre~o-romana é diversa. O espírito grego não é levado a se desinteressar deste mundo, afirmando-se no que se poderia chamar de posição anacorética. Ele é voltado a refletir sobre o mundo presente, pedindo sobre ele uma altíssima explicação filosófica. É um outro gênero de personalidade. Os romanos, por sua vez, haurem essas explicações gregas e se

Dezembro de 1982

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O Mosteiro de Santa Catarina e a região des6rtica do Monte Sinai {onde Deus manifestou-se a Moisés e a Elias) retratam bem o espfrito contomplativo car8cterfstico da Cristandade no Oriente. O célebre Mosteiro foi construído no ano de 561 pelo Imperador bizantino cristão Justiniano.

''conversar'' com o homem, durante

De si, o espirilo oriental (especialmente o dos egípcios, persas. assírios, hindus e chineses) é muito voltado para as considerações transcendentes, à procura de um maravilhoso inexistente nesta terra, e que tal mentalidade tenta apresentar numa clave religiosa. Em decorrência dessa impostação, são esses espíritos intensamente meditativos, afeitos ao isolamento, encontrando razão de felicidade até em contemplar as estrelas. Tal feitio de espírito, vivificado pela Religião verdadeira, deu origem a uma peculiar expressão da sacralidade católica, norteada para a afirmação da absoluta superioridade das realidades espirituais sobre as temporais. Nesse sentido, é sintomática a tendência dos orientais católicos a ornar simbolicamente, e de modo super-abundante, mais as coisas religiosas que as temporais. E a inclinação para o anacorelismo, ou então para a vida cenobítica contemplativa, a solidão, a demanda do maravilhoso sobrenatural são outras manifestações da mesma impostação de alma. É uma intensa afirmação psicológica que se volta para o outro mundo, desdenhando e mesmo desprezando tudo quanto seja terreno.

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de sua mentalidade, que consiste numa espécie de emoção religiosa diante da seguinte realidade: o Verbo de Deus se encarnou. dignificando assim toda a ordem da Criação e assinaladamente o gênero humano! Assim, o europeu ócidental celebra a festa deste mundo, enquanto orientado por Nosso Senhor Jesus Cristo e por Ele elevado à ordem sobrenatural; e o homem redimido, a humanidade resgatada e podendo levar uma vida superior à sua própria natureza: a vida da graça, dom criado cuja posse possibilita a participação, · de algum modo, da própria vida incriada de Deus! No ccnt ro de ludo, portanto, está a Igreja, que nos abre as vias de acesso à vida sobrenatural, e que o homem medieval instala enfat icamente no próprio ápice da ordem estabelecida. E com a Igreja é a Revelação, o Magistério eclesiástico, a vida dos Sacramentos, a oração. E a catedral a que aludimos no início, equivale, assam, ao próprio coração, de onde é distribuído o sangue para toda a sociedade temporal.

Em nossos dias aquele órgão parece ter emudecido. Contudo, seu eco reboa ainda pelas alias abóbodas da catedral da História. E o peregrino que contempla hoje as ruínas da Cristandade discerne suas tênues sonoridades. Do mais profundo de seu ser uma certeza cheia de esperança e de Fé se levanta: o órgão não pode ler emudecido, pois sua melodia é imprtal e eterna!

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,,,~,AfOJLICISMO- - - - - - - *

ANISTIA NA COLÔMBIA: PACIFICAÇÃO OU DEBILIDADE? ,,.

A SOCIEDADE Colombiana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, publicou em vários jornais da Colômbia um manifesto a respeito da lei de anistia assinada no dia 19 de novembro p.p. pelo Presidente Belisário Betancour. O documento da entidade figurou nas páginas do diário de maior tiragem do pais, "El Tiempo" de Bogotá, cm sua edição de 9 de novembro último. O quotidiano "El Pais" de Cali, terceira cidade daquela nação, estampou na mesma data o manifesto da TFP. Reproduziram também o referido documento "El Mundo" de Medellin, segunda cidade do país; "Diario de la Frontera" da cidade de Cúcuta; "Diario dei Huila" da cidade de Neiva; "Diário de la Costa" de Cartagena, histórica e importante cidade do litoral colombiano no Caribe. Após a promulgação da lei de anistia, continuaram a se verificar atentados e diversos tipos de atos terroristas como, por exemplo, o assassinato da deputada pelo Partido Liberal, Gloria Lara de Echeverri, seqüestrada seis meses atrás; o homicídio do advogado Jaime Moslave Munoz, assessor do Instituto Estatal de Comércio Eltterior, ambos delitos praticados nos últimos dias de novembro p.p.

O Movimento 19 de Abril (M19), grupo guerrilheiro mais ativo da Colômbia, reafirmou cm 31 de novembro que apoiava a lei de anistia promulgada pelo governo, mas insistia na necessidade de uma trégua de seis meses para analisar os principais problemas econômicos e sociais do país. Além disso, os guerrilheiros começaram a eltigir posteriormente a desmilitarização das regiões ocupadas por soldados, no Sudeste do país, e a adoção de um amplo programa de reformas sociais e econômicas. A situação até o presente permanece confusa. A rnaioria dos guerrilheiros não parece disposta a depor as armas, apesar das concessões que lhes fez o governo na lei de anistia. Essa atitude de pressão por parte de movimentos guerrilheiros para obter ainda maiores vantagens do atual regime confirma a necessidade de firmeza e cautela que o manifesto da TFP colombiana preconizava, poucos dias antes de ser aprovada a lei de anistia. Até hoje o governo vem se recusando a atender à mencionada solicitação de seis meses de tréguas. Mas, se os dirigentes colombianos manifestaram atitude de fraqueza promulgando uma lei de anistia tão concessiva - segundo o

manifesto.. da TFP daquele país qual a segurança que eles oferecem, de futuro, em não vir a efetuar novos e desastrosos recuos diante do terror? Transcrevemos abaixo, para o conhecimento de nossos leitores, a íntegra do importante documento da TFP colombiana.

ENCONTRANDO-SE o país ·na iminência da aprovação de uma nova lei de anistia, que beneficiará os implicados na guerrilha, a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP julga necessário pronunciar-se a respeito do tema. Dado o caráter a político da TFP, habitualmente ela se abstém de pronunciar-se sobre assuntos muito candentes de caráter cívico. a não ser nos momentos em que, para poder atingir seu fim específico, seja absolutamente necessário fazê-lo; ou seja, o combate à influência socialista e comunista, nos termos da doutrina católica tradicional. Por essa razão, até o momento, a TFP esperou que as considerações abaixo fossem formuladas por algumas vozes autorizadas que recente-

Publicada em almanaque francês nota sobre a TFP O "Guia da Oposição" (''Le Guide de l'Opposition", lntervalles, 38. rue de Bassano, Paris) estampou nas páginas 35-36 urna nota sobre a TFP francesa, na qual apresenta os no,nes dos 'dirigentes da organização, seus objetivos e n1étodos de ação. Tal guia expõe as caracterí.rticas e osele,nentos essencais das entidades que se opõem ao atual regime sodalista da França. Sob o título "Uma análise do regime de Mitterrand colqcada no index pela censura socialista". a publicação parisiense relata do seguinte ,nodo. na página 50, as dificuldades que encontrou a entidade para publicar naquele pais a Mensage,n contra o socialisn,o autogestionário:

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"A TFP francesa, conjuntamente com as TFPs de 12 outros países, é signatária de uma obra cuja repercussão internacional é uma das maiores nos últimos dez anos.

e no "Washington Post". A principal ilustração da Mensagem (ao lado) aparece como fundo de quadro nos vídeos de televisão na França. Nesse período, um grande quoTrata-se da Mensagem do pro- !idiano parisiense já havia assumio compromisso de publicar o fessor universitário brasileiro Plí- do documento. Seis páginas de publinio Corrêa de Oliveira, intitulada um encarte a não ser des"O socialismo autogestionário: em cidade, pelo jornal. Aliás, o pagavista do comunismo, barreira ou denhado mento estava já efetuado. Entrecabeça-de-ponte?", que foi divultanto, em 6 de janeiro, o jornal se gada em 69 países e 155 dos maiores desdiz e recusa a publicação, aleórgão~ da imprensa ocidental. gando como única explicação a Qual foi até o momento o im- simples decisão do proprietário. pacto do documento na França? O Entra-se cm contato com todos leitor julgará. Eis os fatos: os outros grandes diários e revistas • Em 10 e 11 de dezembro de parisienses não esquerdistas. De1981, a imprensa francesa comenta para-se com uma enigmática frente um acontecimento da véspera: seis de recusas. páginas contra o programa auto• No mês de fevereiro, a TFP gestionário do PS francês, publi- organiza um "mass-mailling" com cadas no "Frankfurter Allgemeine" uma empresa privada. 31 O mil destinatários. De Paris e de todos os pontos do país começam a surgir os pedidos de outros exemplares. A TFP distribui assim dezenas de milhares de impressos. Manifestamente, a publicação da Mensagem pela grande imprensa se'ria acolhida com um vivo interesse por vastos setores do povo francês. Mas em nosso país qualificado como democrático, a liberdade, de tal modo exaltada como um dos ideais do PS, é recusada à TFP francesa e às suas associações-irmãs.

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• Em !Ode março e l5deabril, a edição parisiense do "lnternational Hera ld Tribunc" e o hebdomadário "Rivarol" publicam sucessivamente o Comunicado das TF Ps: "Na França, o punho estrangula a rosa". Excelente e abundante repercussão.

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• Em 5 de junho, o "lnternational Herald Tribunc" publica desta vc?. um resumo da Mensagem e do Comunicado. Da França e de diversos países que esse jornal atinge, os pedidos do texto integral inundam a sede da TFP, atingindo uma cifra que bate todos os records. Conclusão~ A França desejaria poder ouvir a voz da TFP francesa e de suas associações-irmãs. Mas elas estão todas amordaçadas".

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Sócios e coopera• ~ dores da TFP colombiana em campanha pelo ínterior do Pais.

mente se fizeram ouvir. Entretanto, ela constata que até agora tais reflexões não se apresentaram no debate. Constata ainda, com pesar, a enorme inércia da opinião pública ante um assunto que se relaciona intimamente com o futuro do país.

I. Parece indispensável fazer uma distinção entre os casos em que as vítimas dos delitos que serão perdoados foram militares, e aqueles cm que as vítimas foram civis. Pois, se bem que seja inerente à alta finalidade do Estado proteger com toda eficácia a vida e os direitos dos particulares, essa obrigação é ainda mais intensa em relação aos militares. Pois estes são mandados para defender o bem de todos e, portanto, se expõem por amor à Pátria, sem que interfiram, como habitualmente sucede na vida civil, os int~resses privados, legítimos ou ilegítimos. Em conseqüência, a TFP considera que, se fosse estabelecido que um guerrilheiro pode matar impunemente um militar de qualquer grau, ficaria consagrado um princípio de impunidade para todas as resistências à lei; o que equivaleria correr um grande risco de perturbar o cumprimento do próprio dever, por parte dos soldados, de desarmar portanto o Poder Público e, fina lmente, de tender à liquidação do Estado. Mais ainda; é claro que a vida do civil só excepcionalmente fica colo 0 cada em risco por causa da luta guerrilheira, enquanto faz parte da rotina militar esta existência estar exposta a tal perigo; de maneira que aqueles que servem à nação dessa forma, fazem-se credores a que sua segurança seja adequadamente protegida. A TFP, sem entrar na análise de quanto essas considerações devam pesar, de que efeito concreto elas devam ter, as formu la para que no debate nacional sobre a anistia, sejam tomadas em conta na medida em que as autoridades as considerem prudentes; pois seria incorreto e funesto para a vida nacional menosprezar assuntos de tanta gravidade. 11. A História demonstra que a atitude de clemência habitualmente só se toma em relação a movimentos já vencidos, cuja hora de ressonância na opinião pública já passou, e cujos últimos focos podem ser d issolvidos por uma medida de clemência; a qual, no caso concreto, largamente não sucede. Em conseqüência, a TFP deve manifestar o receio - sem dúvida compartilhado por incontáveis colombianos - de que nas atuais condições, dando liberda<le por meio de uma anistia textualmente incondicional a numerosos líderes da subversão que se têm mostrado ser superativos, estes se entreguem de imediato e preferentemente l! uma modalidade de violência em nossos principais centros urbanos, muito mais moderna que a guerrilha. Isto é, à agitação de massas para promover insurreições nos bairros ope-

rários contra os bairros patronais (*); caso em que o efeito da anistia não teria sido desarmar a guerrilha senão apents transferir a agitação do fundo da selva aos centros das grandes cidades. A TFP considera portanto que, para que a anistia não seja funesta, é preciso que aqueles que a propõem formulem todo um programa de pacificação social. Esse plano deve consistir na criação de um clima de tranqüilidade, no qual os problemas possam ser resolvidos, uma vez o uvidos todos os interessados; e não num clima de agitação social, no qual as concessões serão arrancadas por agitadores; concessões estas que em vez de aplacá-los, só servirão para alimentar neles a esperança de êxito, por meio de extorsões ai nda mais amargas, radicais e violentas; com marcha rápida para a extorsão total. III. Preocupa também muito a circunstância de que os guerrilheiros conseguiram atuar e resistir com tanta eficácia até o momento presente, sem dúvida pelo fato de receber armas e munições do Exterior, através de condutos que nossas autoridades não conseguiram descobrir ou não puderam cortar. Por tal razão, se a anistia fosse promulgada, a nação colombiana teria o direito de esperar que houvesse primeiro um ato de rendição formal dos guerrilheiros; seguido de uma entrega de todas as armas, cuja quantidade e características poderiam ser conferidas com aquelas que os técnicos militares julguem provável a guerrilha possuir; e, finalmente, que as autoridades informem sobre as medidas que serão tomadas para cortar com eficácia definitiva a entrada de armamentos na Colômbia. Porque não é possível que nosso país seja o único no mundo que, sem estar cercado diretamente por nações cm estado de guerrilha, não obstante tenha sempre armamento clandestino novo, como se brotasse do próprio solo.

A TFP pede a Nossa Senhora das Lajas uma especialíssima proteção para a Colômbia, e particularmente q ue Ela ilumine àqueles que têm nesse momento a responsabilidade pelos destinos da nação, a fim de que eles saibam decidir com acerto um assunto que se relaciona não só com o bem estar, senão também com a própria soberania do país. Pois, sabendo todos que a guerrilha de tendência comunista é de incitação estrangeira, tolerá-la e conferirlhe algum grau de impunidade significaria começar a renunciar à própria soberan ia nacional. (•) Sobre essa forma de ae,itação. o proícssor Plinio CorrCa de Oliveira, Presidente d;, TFP brasileira. acaba de publicar cm seu

pab um livro do maior interesse-: "As Comu•

nido<les Ec/t,slais de Do.se... das quais muitt>st falo e p<>u<'O se conliue - A TFP as d.-scrtvt como silo", o qual cm breve será editado cm

língua castelhana. Os pedidos podem str íei• tos à TFP colombiana.


N.• 385 -

Janeiro de 1983 -

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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FESTIVIDADE DO BATISMO DO R.E DENTOR '

A MÍ ME AP!:TECERfA

IR A VER ALGO QUE NO TWIERA NACIA Q(JE VER CON lRIÁNOOI.OS ~ .••

SAGRADA Liturgia celebra a 9 de janeiro a festa do Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo. No rito bizantino essa festividade recebe o título de Teofania, para realçar a manifestação divina. Muitos Santos Padres denominam tal comemoração festa da Jlu1ninação ou das L11zes, por ser o dia cm que a Divindade do Salvador manifestou-se sensivelmente. E, seguindo São Paulo, chamam o Batismo de iluminação, já que por esse Sacramento saimos das trevas do pecado e ingressamos na luz da graça. Por ele recebemos a luz da Fé e nos tornamos filhos de Deus.

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Desvarios progressistas com ilustrações ... "CATOLICISMO" comentou ern números anteriores (março de 1979, n. 0 339 e janeiro de 1980. n. 0 349), livros do Sacerdote espanhol José Luís Cortés. O autor dedicou-se à tarefa de apresentar temas religiosos, especialmente bíblicos, através de textos irreverentes, blasfemos e até heréticos. As redações são acompanhadas de desenhos caricatos, feitos pelo mesmo escritor, que procuram despertar, através da visão, os mesmos sentimentos e idéias que a redação provoca. A obra comentada por nosso colaborador Aloisio Peixoto de Castro, na página 2, denomina-se "Para servir a Dios y a usted". O leitor poderá comprovar por esse artigo até que extremos o progressismo dito católico está chegando. Cenas das mais sacrossantas da História Sagrada, como o Natal e a Epifania, são conspurcadas pela redação e ilustrações do autor. Mas este não se detém na irrever~ncia e blasfêmia. Vai além. Apresenta-nos a figura de um Jesus que suprime

toda a hierarquia e abole todos os dogmas. De um São João _Batista que escreve: "Deus é ateu". E o Pe. Cortés ainda admite que "no final, a coisa não acabe tão mal fpara os demônios}. como diz a teologia ortodoxa". Rejeita, pois, o Dogma da eternidade das penas do inferno. Assim, a nova obra do Sacerdote ibérico expõe, além de blasfêmias, doutrinas herélicas. E nesse sentido, aplicar-se-ia a frase da Sagrada Escritura: "Abyssus abyssun, invocai" -- "O abis,no àtrai outro abismo" (SI. 41, 8). A ilustração acima, que figura na p. 14 de "Para servir a Dios y a usted", é bastante significativa para indicar o teor e o nível da obra: ela representa ·a Santíssima Trindade. O desenho apresenta um jovem (Jesus), um velho (Deus Padre) e uma pomba (Espírito Santo), entretidos com a leitura de um catálogo de espetáculos. E, segundo a observação de Deus Padre, interessados em algum deles que "não tivesse nada que ver com triângulos amorosos... "

Em Berlim e na Alemanha defrontam-se dois mundos

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São João Batista pregava o batismo de penitência (Lc. 3, 3), uma preparação para o verdadeiro batismo. Difundindo o espírito de compunção e arrependimento, dispunha os judeus para a remissão dos pecados que só o divino Redentor podia conceder-lhes. A figura do Precursor e a pregação do espírito de arrependimento e penitência são particularmente salutares para a humanidade de nossos dias, dominada pelo orgulho, materializada, sedenta de prazeres e imersa na concuoiscência. Na era atual, Nossa Senhora transmitiu em Fátima a nossos contemporâneos importante mensagem, análoga à do Batista para os judeus daquela época, conclamando todos à prática da penitência e oração.

BERLIM tornou-se, no mundo pós-Segunda Guerra Mundial, uma cidade-símbolo. Nela co-existem dois estilos de vive'r, duas concepções de existência profundamente distintos, que, aliás, dividem a humanidade contemporânea: a do Mundo Livre, no setor oeste, e a coletivista, antinatural, na zona comunista . O contraste é chocante, especialmente para aqueles que nunca haviam tomado contato direto com o inferno marxista, como é o caso de nosso colaborador José Lúcio de Araújo Corrêa. Em interessante reportagem, ele descreve-nos suas impressões sobre a antiga capital germânica, dentre as quais duas sobressaem: de um lado, a crueldade, inédita na História, em construir um muro de 196 km de extensão para impedir que toda uma população se evada do "paraíso vermelho"; por outra parte, a perda do senso moral de alemães ocidentais que, indiferentes à tra·gédia de seus compatriotas de além M11ro da Vergonha, divertem-se assistindo aos espetáculos de um circo armado junto a este, ou fazendo seu teste cooper ao lado da linha divisória... As fotos documentam uma cena dramática: a agonia e morte do jovem alemão oriental Petcr Fechter, que tentou transpor a sinistra muralha. Na foto da esquerda, aparece a vítima, esvaindo-se em sangue, atingida pelos disparos de guardas vermelhos. Na da direita, um ·soldado da zona oriental transporta o corpo de Peter, após aguardar o fim da a~onia do fugitivo, que durou 50 minutos.

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BATISMO oe Juus, de Masolino da Panicale. Caatiglione O lona. 1436

Nosso Salvador dirigiu-se ao rio Jordão no prelúdio de sua vida pública, aos trinta anos de idade. São João Batista não O tinha visto ainda com os olhos do corpo, mas O conhecia profundamente. Reconhecera o Messias antes do nascimento de ambos, quando exultou de alegria no ventre de sua mãe, Santa Isabel, em presença de Nossa Senhora, que trazia em Seu seio imaculado o Verbo Encarnado. Quando o divino Mestre ia se aproximando do Jordão, São João Batista, esclarecido por uma luz sobrenatural, reconheceu clara e distintamente o Messias naquele Homem que vinha pedir-lhe o batismo. Sua alma profética encheu-se de gozo, admiração e adoração. Com profundo respeito, indagou: "Eu devo ser batizado por Vós e Vós vindes a mim?" (Mt. 3, 14). "Trava-se então - comenta D. Duarte Leopoldo e Silva - 11m adn,irável co1nbate de humildade. Quem poderá vencer, em semelhante luta, Aquele q11e disse: 'Aprendei de ,nim que sou manso e humilde de coração'?" Recebendo a explicação de que era necessário cumprir os desígnios de Deus, São João Batista não resistiu mais e obedeceu. Observa D. Duarte: "Não obedecer à voz de Deus a pretexto de humildade, não é humildade 111as orgulho" (cfr. D. Duarte Leopoldo e Silva, "Concordância dos Santos Evangelhos", Oesclée e Cia., Tournai, 2.• edição, 1928, p. 35 e ss.). Eis aí mais uma lição magnífica para a civilização hodierna d o minada pela Revolução. Este processo multisecular, que vem desagregando as nações e corrompendo os indivíduos, tem como suas fautoras principais duas paixões desordenadas: o orgulho e a sensualidade. Ora, a humi.l dade - da qual Nosso Senhor, nesse episódio de Sua vida, apresenta-se como modelo inigualável - é precisamente a virtude que se opõe ao primeiro daqueles vícios causadores da Revolução (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira. "Revolução

e Contra-Revolução", Diário das Leis, São Paulo, 1982, p. 30).

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D. Prosper Guéranger, o famoso Abade beneditino de Solesmes, em sua obra "L'Année Liturgique", convida-nos a glorificar Nosso Senhor Jesus Cristo pela manifestação do caráter divino de Sua Pessoa, nessa ocasião, e admirarmos a humildade do Salvador que se curvou sob a mão de um homem mortal para cumprir toda justiça, como Ele mesmo disse. Tendo o Verbo de Deus assumido os pecados dos homens, quis revestirse da humilhação para reerguer a humanidade decaída, em virtude do pecado original. _ Acentua D. Guéranger que Jesus Cristo, descendo ao Jordão, quis dar às águas a virtude de gerar - como canta a Igreja - uma raca nova e santa. Ele deixou-Se circundar pelas águas, para comunicar a esse elemento da natureza a virtude santificante que não perderá jamais. "Aquecidas pelos divinos ardores do Sol de Justiça - acrescenta o douto Abade de Solesmes - as águas tornam-se fecundas, no 1110mento em que a cabeça sagrada do Redentor é nelas mergulhada pela mão trélnula do Precursor".

Deus havia dado seu Filho ao mundo, não somente como Legislador. Redentor e Vítima com vistas a nossa salvação, mas para ser também o Santificador das águas. E era junto a elas que o Criador devia prestar a Seu Filho um testemunho divino. Foi nessa ocasião que se fez ouvir aquela voz potente, que Davi assim qualificou: "Voz do Senhor que repercute sobre as águas. trovão do Deus de majestade que abate os cedros do Ubano" (SI. 28, 3-5). E a adorável voz proclamou: "Eis o·meu Filho bem-amado, no Qual pus todas as •minhas complacências" (Mt. 3, 17).


LIVRO PROGRESSISTA ...

E BLASFEMIAS HERETICAS UEM JÁ NÃO experimentou alguma vez, a propósito de cenas da vida de Nosso · Senhor, como a literatura e a arte as representam, uma impressão que se poderia definir como de maravillu11ne1110? Tal impressão, q ue nasce ao contato da alma com certas realidades muito eminentes - nas quais jâ transparece algo da Perfeição suprema, e por isso nos maravilham atinge a vontade, despertando nela t rês movimentos: o enlevo, a vene-

Compare o leitor as imagens de Natal que guarda em sua memória com a "Festa do Natal" como esse sacerdote a concebe (p. 98): nela, Nossa Senhora carrega o Menino Deus acompanhada de uma figura feminina de aparência suspeita; São José, vestindo macacão, troca brindes com certo homem que bem poderia ser um marginal; um dos Reis Magos mostra a outro um cigarro do q uai se desprende densa fumaça; um anjo, piscando o olho, abraça um homem. A cena é animada pelo som de um batuque. O músico que toca o pandeiro diz para o companheiro: "Se aplicossen1 aqui a lei de periculosidade [ou seja, a repressão legal ao vício], ficávamos sen1 Na-

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ração

e a 1er1111ra, que são das mais

nobres expressões do afeto humano. Por essa razão encont ram, na Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Objeto próprio, o Objeto por excelência.

ra/".

Clima maravílhoso do verdadeiro Natal A partir dessa realidade psicológica e sobronatural, desde os seus primórdios a Igreja procurou exprimir o maravilhoso inefável do HomemDeus, sobretudo através da .Liturgia, da arte etc.; para assim melhor despertar nos homens o amor de Deus e a esperança do Cé11. Por exemplo, a cena de Natal. Desde os mais célebres a rtistas até os mais modestos artesãos populares a representam precisamente porque nela, a majestade sobrenatural do acontecimento a lia-se à singeleza pastoral do ambiente, fundindo o mais simples e encantador com o mais grandioso, e de modo tão suave. tão adeq_uado, que suscita a exclamação: "(.lue maravilha!'' Pense-se, por exemplo, na fragilidade e pcquenc1. desse Menino ... que é a própria Majestade infinita! Considere-se a Virgem-Mãe. de cujo seio puríssimo nasceu "Aquele que

os Céus e a terra não podem conrer". Contemple-se São José, o Varão cheio de força e de sabedoria, extasiado diante do próprio Deus que se submeteu à sua autoridade patriarcal. São contrastes prodigiosos mas harmônicos, que convidam para uma admiração sem fim. e que de algum modo estão presentes até nos menores det ilhes da cena. Pois dir-se-ia que a si ntidade e a inocência do Menino, espelhadas em Sua Mãe e São José, inílucnciam depois, com intensidades proporcionadas, todos os circunstantes Reis Magos, pastores - atingindo até a própria natureza animal. vegetal, e mesmo mineral. Nessa nÓite, o céu terá sido mais diáfano e as estrelas mais brilhantes, porque nascera o Salvador cuja presença restaura. maravilhosamente, a Ordem do Universo quebrada pelos pecados dos homens. Foram esses e outros numerosos aspectos análogos que a piedade católica sempre procurou exprimir a propósito do Natal. Eles reluzem como os mil reílexos que, naquela hora, a Estrela de Belém, pairando sobre o Mar da Galiléia, certamente terá deitado sobre suas ondas, à maneira de incontáveis pequenas luzes. muito intensas, mas suaves: nosso olhar não se poderia deter cm cada reílexo, mas guardaria a impressão do conjunto admirável de todos eles. Por esta ra1.ão, tornando sensíveis tais facetas maravilhosas do Natal, entendeu a Igreja exprimir mais adequadamente seu significado essencial: o advento do Redentor, o

Adoraçlo dos M agos. Pintura de Lorenzo Costa (1499}. Pinacoteca de Brera, Milão. Es..e quadro representa bem o esphito do adoração, dignidade e rospeito - presentes em todae as ilustrações da Epifania não progressistas - que se ospetha nas fisionomias de Maria Santfs.sima. Slo José. os Rois Magos o domais circunstantes.

Verbo de Esperado Assim tempos... recer.

Deus que se fe1. carne, o das Nações. fez a Igreja em todos os a té o progressismo apa-

Pode haver contraste maior entre o verdadeiro Nata l e a referida fesra na qual são realçados o frenesi. a vulgaridade e o vício? A oposição entre o 111aravilhoso e a n1ons1ruo· sidade é aberrante. Mas não é só a Divina Infância que o Pe. Cortés conspurca. Seus desenhos ca~icatos atingem várias fases da vida do Redentor.

iTE A5E6URO QUE SI APLICASEN AQUÍ lA LEY DE PELIGROSIDAD SOCIAL NOS QUEDÁ6AMOS SJN NAVIDAD !

A cena acima desenhada pelo Pe. Cortés. em que aparece a Sagrada FamUia e os Reis Magos, assemelha-se a um encontro de marginais

progressismo "moderado", que permaneceria numa posição de "equilíbrio", e não chegaria às conseqüências extremas de suas próprias premissas. Este sacerdote católico, que jâ publicara outros livros blásfemos caricaturizando a Religião, cm seu mais recente trabalho "Para .tervir a Dios y a Usred" (Promoción Popular Cristiana, Madrid, 1980), não só repete. mas cm alguns pontos requinta o caráter blásfemo das ilustrações e \extos anteriores.

SUPRIMIDO EL DERE<HO i QUEDA. SUPRIMIDA TODA CANóNICO: O SE AMA O NO JEAARQU1A : EL AMOR 5E AMA., NO HAY MÁS 1..EY / DA DE PUNOS CON LOS ....__ • HONORE5/ 'Ql./Etl6,

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Os desenhos inqualificáveis do autor maculam também a imagem da Igreja: sua estrutura, doutrina, liturgia etc. E vêm acompanhados da pecu liar "doutrina moral" do Pe. Cortés: para ele o santo seria, enquanto vitorioso sobre as paixões desregradas, um "recalcado. asqueroso" (p. 25); o "conceito de pecado", decorrente dos JO Mandamentos, é "equivocado" (p. 98); pois' "o caminho da perfeição é para baixo, para o profundo" (p. 104); e assim,

jQUEDAN ABOLIDOS TODOS LOS ~ : QUIEN AMA NO 51: EQUIVOCA NUNCA, AUNG.UE SEA UN HEREJE /. ,.

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O autor coloca noa IAibJoa oe Jeaua Criatô

f,a..,, herética• • No desenho (ao lado), o grande Precursor do Me11ia1, SloJolo BatJsta. escreve uma frase inconcebível: " Deus é ateu...

"onde algué,n ,nenos se perde, é nos locais de perdição" (p. 98).

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fala. pouco se conhece - A TFP as descreve con,o são", Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1982, p. 166).

Ao quadro desolador acrescenta-se a heresia Na concepção do autor espanhol, até os de,nônios são vistos de modo diferente: porque "riveram n1á soT1é", eles "se apresentam si1npáricos" ao eclesiástico, o qual manifesta também sua "esperança de que. no fin,. a coisa não acabe tão ,na/'', como a "1eologia orrodoxa" ensina, para os espiritos infernais (p. 29). Ou seja, e le esperaria uma composição entre o diabo e o Criador, o que é uma heresia. Mas para esta ser possível, Deus teria que deixar de ser Deus. E é isso precisamente o que a charge final do livro sugere: nela, São João Batista escreve: "Deus é ateu". Mais uma vez, a blasfêmia conjugada com a heresia! (p. 11 4). E o próprio Jesus imaginado pelo Pe. Cortés faz três asserções de imensa gravidade:

"Fica suprimido o Direito Canônico .... Não há 111ais lei"; "Fica suprimida toda a hierarquia"; "Ficam abolidos todos os dogmas" (p. 76).

Blasfêmia em Natal progressista Era forçoso que o progressismo, cm sua sanha demolidora, atingisse também o mencionado aspecto da Pessoa do Salvador. Basta lembrar como, já na década passada, surgiram as paródias de "presépios", nas quais o "Menino Jesus" aparecia rodeado de figuras representando chefes marxistas ateus, como C he Guevara, Mao Tsé-tung etc. O Príncipe da Paz foi assim associado, nesses singulares presépios. a símbolos da revolta. da destruição, da luta de classes etc. Quando essas e outras aberrações começaram a aparecer, como sempre alguns espíritos "moderados" julgaram que tais surtos blásfcmos não iriam mais longe, aca· bariam morrendo por si. E com ares de o,iisciência tachavam de "reacionários" e "extremistas" os que, pelo contrário, previam que o di namismo progressista não iria parar e chegaria forçosamente até o paroxismo da impiedade e da blasfêmia, pois ele é insaciável, como todo processo de ~orrupção da Fé. E,s que agora o Padre espanhol José Luis Cortés vem desmentir, mediante nova obra, a íicção de um

meo, "As CEBs... das quais muito se

Infelizmente, no Brasil as referidas teses em muitos não causarão perplexidade, já que elas apenas radicalizam o que, entre nós, um Bispo como D . José Maria Pires afirmou sobre o "serviço a Deus" que a prostituição representaria (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, Gustavo Antonio Solimeo, Luiz Sérgio Soli-

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A primeira afirmação propugna um pcrmissivismo completo em relação ao Direito Canônico. A segunda prega a anarquia e o igualitarismo, o que redunda em negar também a hierarquia dentro da Igreja, verdade que faz parte do depósito revelado. séndo pois, uma frase herética. A terceira afirmação representa também uma heresia, pois simplesmente rejeita a Revelação. · Tal é a doutrina religiosa que o Pc. Cortés difunde regularmente em revistas consideradas católicas, como "Vida Nueva" de Madrid e outras. sem que, até o momento, conste ter havido qualquer punição ou admoestação eclesiástica. Pelo contrário, um de seus livros - "A la Buena de Diosl" - teve como coautor D. Alberto lniesta. Bispo Auxiliar de Madrid (cfr. "Catolicismo", janeiro de 1980, n. 0 349).

• • • O quadro é, sem dúvida, estarrecedor. Mas dele podem-se tirar, entretanto, três conseqUências da maior importância e que, em certo sentido, são vantajosas para a Igreja: I.•) O progressismo, ao se distanciar cada vez mais da verdadeira Fé Católica, Apostólica, Romana, tira sua própria máscara e revela-se,

ipso facto. co1110 sendo o conrrário da Igreja fundada por Jesus Cristo. E isso só poderá rer efeiro salutar sobre numerosos fiéis, merg11lhados na terrível confusão, que é uma das características do misterioso processo de "aurode,no/ição" da Igreja, aludido por Paulo VI; 2.•) Fica evidenciado quanto era falha a visão otimista dos moderados, de que, contemporizando com o progressismo, este nunca chegaria às últimas conseqüências de s i próprio. Agora, tais corolários anoram às torrentes e cobrem a terra inteira, como uma erupção vulcânica de lava infernal. Isso prova que o progressismo, longe de constituir o utópico equ ilibrio entre a Tradição e a Revolução, constitui um precipício que atinge o fundo do abismo; 3. •) Por fim, nos faz ver claramente qual a opção que se apresentá para os católicos: ou a aceitação desse abismo, ou a rejeição total dele, que só pode consistir no anseio da volta à Casa Paterna (Lc. 15, 1132), ao maravilhoso sacra! e perene da Igreja, mesmo nestes dias, nos quais a "fumaça de satanás" penetrou no templo de Deus - para utilizarmos a expressão de Paulo VI - a nelo este que, afortunadamente, começa a germinar entre os fiéis.

Aloisio Peixoto de Castro CATOLICISMO -

Janeiro de 1983


'---1RIAS E ESPERANÇAS NO HORIZONTE ALEMÃO Reportagem de José Lúcio de Araújo Corrêa

Neate batlo de ar quente. evadiram-se duas feml1ias em 1979. sendo seus próprios

membro,

01

con11rutore1 do artefato.

BERLIM - O simples nome da antiga capital alemã evoca a confrontação entre o mundo ocidental e o comunista. A metrópole prussiana tornou-se como que um símbolo desse confronto, pois ai. se ,constituíram, frente a frente, em âmbito urbano, as duas sociedades cm que se divide a civilização de nossos dias. De um lado, o mundo comunista totalitário, ateu, coletivista, igualitário, produtor de miséria e opressão. De outro, o mundo ocidental, herdei·ro da civilização cristã, mas que está se desfazendo de sua sagrada herança; p_róspero, mas tornando-se cada vez mais socialista. Nele a Igreja é livre, mas o elemento humano nEla existente ·vai se impregnando, de modo crescente, do materialismo neopagão contemporâneo. Tudo isso se vê em Berlim num relance. Por isso, pode-se dizer que a antiga capital germânica é bem o símbolo do contexto cultural em que vivemos. A 13 de agosto de 1961, os habitantes de Berlim acordaram surpresos com a edificação repentina de um imenso muro - sem precedentes na História - com o qual os russos dividiram a cidade de ponta a ponta, isolando completamente a zona urbana sob seu .controle. Após a guerra, Berlim havia sido repartida entre os alidos: Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia. Mas deveria haver uma relativa liberdade de movimentos de uma para as outras áreas, o que efetivamente se deu nos primeiros anos que se seguiram à divisão. A Rússia, porém, foi pouco a pouco isolando Berlim Oriental, até chegar à atitude inusitada de construir o famoso muro. Qual o motivo da inédita iniciativa? Paradoxalmente, não se tratava, como no caso da Grande Muralha da China ou dos castelos da Europa medieval, de defender uma população contra eventuais invasores bárbaros. O objetivo era impedir a fuga em massa da população, sujeita às mais duras privações por uma economia segundo os moldes marxistas, da qual resulta um estado de completa estagnação. Some-se a isso a crescente opressão de uma ditadura política férrea, e se compreende que abandonass~m o pais praticamente todos os alemães aos quais se apresentasse a menor ocasião de fazê-lo. As caracteristicas especiais de Berlim - enclave Ocidental dent ro CATOLICISMO -

Janeiro de 1983

do território da Alemanha comunista - de algum modo favoreciam tais fugas.

O muro, com seus 196 km de extensão, continua ainda hoje sendo uma imagem sombria do que na verdade significa, para os comunistas, a "libertação". Nestas duas décadas, ele tem sido ampliado, reforçado com outro muro novo mais resistente, que o segue paralelamente, a pouca distância. É equipado com armas moderníssimas, inclusive metralhadoras automáticas que funcionam conjugadas com radares. Assim, qualquer pessoa que tente ultrapassá-lo é detectada e atingida mortalmente. Tentativas de fugas, cada uma delas com sua nota de dramaticidade, bem atestam a inconformidade dos alemães orientais com a condição de cativos que lhes é imposta. De fato, o muro não tem sido um obstáculo absolutamente intransponível. A imaginação humana, pressionada por circunstâncias adversas, acaba elaborando as soluções mais surpreendentes. Houve caso de quem cavasse túneis, num trabalho meticuloso e demorado; alguns operários conseguiram deixar o país escondidos, não se sabe como, sob o chassis de locomotivas ou mesmo de caminhões e outros veículos meno-

res. Também asas deltas e balões têm sido utilizados. Contudo, nem todas tentativas têm sido bem sucedidas. E assim seus protagonistas têm pago com a própria vida a deliberação de querer fugir de tal "paraíso". Por esse motivo, vêem« ao longo do muro, no lado Ocidental, numerosas cruzes assinalando os locais onde as infelizes vítimas derramaram seu sangue. A célebre frase de Shakespeare - "Há algo de pobre no Reino da Dinan,arca'· - aplica-se com muita propriedade a Berlim Oriental. Há ali muito de podre e extremamente doentio. Entretanto, posso assegurar que um aspecto que me impressionou profundamente foi a completa indiferença de muitos alemães ocidenta.is em face desse requinte de brutal crueldade que é o muro de Berlim. Antes de conhecê-lo, há alguns meses atrás, não imaginava que no parque situado junto dele pudesse encontrar um ambiente de festival, com pessoas no Tiergarten, fazendo o seu teste cooper, ou tomando banho de sol. E ainda, turistas com suas roupas carnavalescas, passeando, enquanto uma longa fila de pessoas esperava a oportunidade para ingressar num circo todo embandeirado, junto ao muro. Em outras palavras, enquanto a poucos metros dali uma parcela do povo alemão padece um drama e encontra-se em situação das mais dolorosas, do lado ocidental seus conterrâneos divertem-se na mais completa descontração, manifestando chocante insensibilidade. Tal perda de senso moral evoca o fenômeno que se passa com o organismo humano quando atingido pela lepra: os membros, antes de se consuma< o processo de decomposição, tornam-se insensíveis. Não posso, desse modo, esquecer-me daquele ambiente festivo, de vendedores de lembranças, de carrinhos de sorvete e cachorro-quente, tendo como fundo de quadro as guaritas com soldados armados e os fios de arame farpado que também fazem parte do muro de Berlim. Não é bem essa a situação do mundo ocidental em face do avanço comunista? Uma ressalva, porém, deve ser feita. Há, felizmente, setores sadios · do povo alemão que justificam esperanças de uma mudança dessa situação de passividade. Numa sexta-feira à noite, por exemplo, na A~enida Kurfurstendam, a principal de Berlim Ocidental, pude presenciar uma manifestação bastante auspiciosa. Seus participantes conduziam cartazes advertindo o público para o fato de estar a cidade cercada de um arquipélago Gulag, ou seja, um campo de concentração de enormes propor· ções. Pessoas atuantes que, desse modo, saem à rua para manifestar suas convicções, de fato representam numerosas outras que pensam

igualmente, assim como as ilhas indicam a existência, em suas proximidades, de toda uma topografia submarina .

A viagem de trem de ida e volta a Berlim é também muito ilustrativa.

O contraste entre as duas Alemanhas penetra, por assim dizer, "olhos a dentro". Nas fazendas e pequenas cidades da Alemanha Ocidental, a boa ordem, a limpeza das residências é uma constante. Não há casa que não possua seu jardim ílorido. Os campos são tão bem cuidados que mais parecem parques. Até mesmo na região de Ruhr as fábricas apresentam-se limpas e bem conservadas. Ao chegar o trem na fronteira e ingressar no terri.tório da Alemanha comunista, o cenário muda por completo, apesar de idênticas condições climáticas ou de estrutura geológica do solo. Casas que denotam desleixo, ausência de ílores, fábricas sujas e desordenadas, mato crescendo junto às vias férreas... a que situação ficou reduzido, pela falta de apoio e estímulo, esse povo, o qua) é tão capaz e dotado de iniciativa! As plataformas das estações onde nosso trem pára apresentam-se quase desertas, pois ninguém é autorizado a embarcar com destino a Berlim Ocidental. Apenas guardas ar, mados circulam pelas plataformas. Alguns deles conduzem cães que farejam nas proximidades dos vagões, tentando descobrir entre os eixos dos mesmos algum eventual fugitivo. Apesar do descalabro em que se encontram os prédios nas cidades da Alemanha Oriental e da aparência de cemitério que se nota nas ruas, o governo procura, em alguns pontos, causar impressão de modernização.

Por isso construiu-se em Berlim Oriental uma enorme torre de televisão em cujo topo·, que apresenta formato de disco, funciona um restaurante. Essa torre, muito iluminada à noite, mais parece uma visão fantasmagórica. Os comunistas tentam apresentá-la como o símbolo da cidade, esquecendo-se de ciue o verdadeiro símbolo de Berhm é seu sinistro muro. ' Além disso, as autoridades procuram também obter moedas fortes do Ocidente. Para isso fomentam o ingresso de turistas. Estes são rigor()samente controlados na fronteira, sendo _proibida a entrada de qualquer material impresso - jornais, revistas, livros - do Ocidente. Contou-me um advogado alemão este fato que me deixou perplexo: há uma tendência de alemães ocidentais oferecerem festas nos restaurantes de Berlim Oriental, "por serem mais baratos" ....

Por fim, é preciso fazer notar que, se o comunismo constitui a 3.• Revolução - sequência lógica de duas outras Revoluções, a Protestante e a Revolução Francesa a Quarta Revolução já se manifesta sensivelmente nas ruas de Berlim Ocidental. É a revolução representada principalmente pela Escola Estruturalista, pelo movimento dos "hippies" e, ultimamente, dos punks (*). Eles vão instaurando seu modo extravagante de se apresentar: um casal traja-se como índios peruanos, ostentando rostos e mãos pintados de branco; sentados na calçada ambos tocam nautas. Não muito distante, um grupo de rapazes imita a tribo dos índios moicanos, com seu típico corte de cabelos. Um dos jovens faz cair sobre a face, cobrindo um dos olhos, mecha de cabelos

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pintados de verde. Como se vê, um festival de extravagâncias que supera qualquer expectativa. Comparando tais cenas desoladoras, das quais participam tantos jovens alemães, com a Alemanha dos séculos anteriores, o contraste é o mais completo. Isso se considerarmos especialmente os antecedentes do Sacro Império Romano Alemão, na época em que as trombetas do ~xército do Imperador Carlos Magno ecoavam majestosamente quando as hostes imperiais enfrentavam com denodo os inimigos da Cristandade. Como o filho pródigo da parábola evangélica, a Alemanha, do mesmo modo como tantas outras nações, poderá restaurar suas forças e reerguer-se, no sentido pleno da palavra, percorrendo o salutar itinerário de retorno à casa paterna - a Civilização Cristã. (•) Cfr. Plinio Conta de Oliveira, ··Rtw>hlrã<> t Com,q,-RtW>lu(ilo'"• .. DiArio das leis

ltda.", São Paulo, 1982.

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SOVIÉTICOS UTILIZAM TRABALHO ESCRAVO NO GA: QUE FOI revelado no artigo do mês passado constitui motivo suhciente para que se leva nte uma onda de protestos em todo o mundo livre contra a construção do malfadado gasoduto. Pois ficou bem claro que duas conseqüências contraditórias serão observadas, segundo o projeto seja ou não efetivado. Com a construção segundo os contratos atuais, a Rússia receberá dinheiro e tecnologia suficientes para manter o comunismo tanto cm seu território quanto no de seus satélites, aumentar seu poder econômico, industrial e militar, e exercer sobre o Ocidente um poder de pressão até agora não conseguido. O comunismo sai portanto poderosamente reforçado, interna e externamente. Sem a construção, sem a injeção dos bilhões de dólares e a transferência de tecnologia estratégica, a economia soviética ficaria em sério risco de deteriorar-se, e caberia então ao mundo livre exercer pressão para libertar

A solução portanto era apelar para a mãode-obra não-livre, quer a proveniente dos campos soviéticos, quer a importada de outros países, como o Vietnã.

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Trabalho escravo Em junho de 1982, a Sociedade Internacional pelos Direitos Humanos, de Fran kfurt, Alemanha Ocidenta l, emitiu um comunicado de imprensa denu nciando a ex isiência de 100 mi l prisioneiros trabalhando no gasoduto Yamal, dos quais pelo menos 10 mi l seriam prisioneiros polít icos. Entre estes estariam: Semjon Glusmann, o psiquiatra que denunciou a existência de hospitais psiquiátricos de finalidade política: Sinowi Krassiwski, escritor ucraniano: Julius Sasnau kas. lituano católico, militante anticomunista; Juri Grimm,

tcuto-russo, defensor dos direitos civis, Vladimir Marmus e Alcxandcr Ussatjuk, pastores batistas.

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O número tota l de vietnamitas a serem deportados seria de 500 mil, em várias etapas, durante os próximos anos. Consta que os primeiros 7 mil já estariam na Sibéria. O utros vêm sendo transportados para lá, chegando talvez a 10 mi l aqueles que já deixaram o Vietnã. Devido às repercussões alcançadas poressas e outras denúncias na imprensa européia, o governo soviético julgou conven iente responder através de seu min istro do Petróleo e Gás, Boris Schcrbin, cm agosto de 1982. Este afirmou que não poderia haver prisioneiros trabalhando no gasoduto porque sua construção necessita de especialistas altamente qua lificados. O que ele não explicou é que os prisioneiros realmente não são utilizados pa ra esse tipo de trabalho, mas para outro, que não necessita mão-de-obra q ualificada: o de preparar o terreno, através de pântanos. ílorestas, rios e montanhas, onde deverá ser colocado o gasoduto com sua maquinaria sofisticada, importada do Ocidente. Na mesma ocasião, o " lzvestia" declarou que os 7 mil vietnamitas estavam gozando de situação semelhante a'os trabalhadores soviéticos e C)uc seriam lixados em locais de clima que melhor conviesse a eles, no sul do país. Ta l declaração foi desmentida por testemun has, como veremos. A agência soviética "Tass" foi mais longe. Após dizer que as acusa,;ões não passam de ..mentiras sujas", chegou ao cinismo de assegurar que não há prisioneiros políticos trabalhando no gasoduto pela simples ra1..ão de que "na União Soviética não há prisioneiros po· líticos". Sem comentários.

Re aç!les no Ocidente

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A denúncia de trabalho escravo na construção do gasoduto causou enorme repercussão nos países da Europa mais d iretamente interessados na sua construção. Assim. na Alemanha, França e Itália houve debates sobre o assunto nos respectivos Parlamentos. tendo sido exercidas pressões sobre seus govc,·nos para verificar a veracidade da acusação. Porém, enquanto o regime socialista francês dizia que autorizava seu embaixador em Moscou a pedir explicações ao governo russo. o então chanceler da Alemanha Ocidenta l.

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ores ·trabalham num trecho do gasoduto. na . • A ,foto (ao lado) tirada em Urengoy, ponto

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aquelas infelizes nações do jugo da tirania comunista. Existe porém outro mot ivo que torna particularmente execrável a construção dessa obra, e que tem merecido grande publicidade cm toda a imprensa in ternacional. Trata-se da utilização do "trabalho escravo", ou seja, da mão-de-obra exercida por prisioneiros que habitam os inúmeros campos de concentração espa lhados em todo o território soviético. No regime comunista o e mprego de prisioneiros para a construção de grandes obras é fato notório, desde os tempos de Lenin. Antes do gasoduto já trabalharam eles cm obras conhecidas, como o cana l entre o Mar Branco e o Báltico, a hidro-elétrica de Dnieper, a ferrovia Baikal-Amur-Magistrale, o metrô de Moscou, o canal Volga-Don e os enormes complexos metalúrgicos no Ural e Kasaquistão. Aliás, compreende-se que um regime comunista use cm abundância esse tipo de mãodc-obra barata. Pois sendo policia lcsco e vivendo em perpétua crise econômica, sem dispor de máquinas que subst ituam eficazmente o trabalho do homem, não lhe resta outra alternativa senão aumentar o número de traba lhadores gratuitos, aumentando o número de prisioneiros. Manobra esta que, para a policia soviética, não constitui maior problema. Especialmente para o trabalho não qualificado em regiões de clima hostil como a Sibéria, a dificuldade cm conseguir mão-deobra voluntária é muito grande. Apesar dos esforços do governo soviético para atrair trabalhadores, inclusive com o oferecimento de maiores salários, a grande maioria deles se recusa a ir livremente para lá. Basta dizer que antes do início da construção do gasoduto havia cerca de 2 milhões de emp,egos disponíveis.

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Sobre a "importação" de trabalhadores do Vietnã, a primeira denúncia surgiu no jornal inglês "T he Economist", em sua edição de 17-9-81, quando revelou que Brejncv e Lc Duan, secretário-geral do PC vietnamita, num encontro realizado na semana anterior, tinham resolvido a transferência de grande número de vietnamitas para trabalhar nas obras do governo soviético. Segundo esta e outras denúncias, tal exportação de homens teria por fina lidade o pagamento da dívida do Vietnã para com a Rússia, avaliada em 3 bil hões de dólares. Como o Vietnã não possui dinheiro mas tem mão-de-obra em excesso, com cerca de um milhão de desempregados, a transferência dos mesmos resolveria o problema dos dois países e ainda livraria o governo de Hanói de um excesso populacional nos "campos de reeducação, onde os trabalhadores-escravos seriam de preferência recrutados. Na Rússia, do sa lário desses infelizes, já de sí bem baixo, 60% ficaria em poder do governo soviético para pagamento da dívida, proporcionando assim u m grande número de "operários" a baixo custo.

Helmut Schmidt, negava qualquer valor às acusações. A atitude de um e outro governo não causa estranheza, pois ambos estão diretamente interessados na construção do gasod uto. Nos Estados Unidos, o Senador Willian Armstrong promoveu, em 18-6-82, uma aud iência perante o Subeom itê de Finança Internacional e Política Monetária do Senado norte-americano, para ouvir testemunhas sobre o trabalho forçado na Rússia, especialmente no que concerne ao gasoduto e à "importação" de trabalhadores do Vietnã. O mesmo senador, em agosto de I 982, patrocino u uma resolução no Senado, "pedindo ao Departámento de Estado para investigar as denúncias de que há tra/Ja/ho forçado e prisioneiros políticos em alguns dos 2 mil can,pos existentes em terrilório soviético. uti~ lizados nas obras de construção do gasoduto trans-siberiano Yan10/ e en, outros projetos similares". A resolução pedia também a investigação de denúncias de que 500 mil trabalhadores vietnam itas estão sendo forçados a se t ransferir, nos próximos éinco anos, para a União Soviética.

Tal resolução, que foi aprovada em setembro de 1982 por 80 votos contra um, solicita também que seja enviado um relatório ao Congresso dentro de 30 dias, com os achados preliminares, e um relatório final até 1.• de janeiro de 1983. Ou tras denúncias ainda existem, feitas pelo Comitê Internacional Sakharov, de Copcnhaguc, e também pela "Heritage Founda· tion··. de Washington, em trabalho da analista política Ju liana Gcra n Pilon, Ph. D. , divulgado cm 16-9-82. Entretanto, a documentação mais abundante parece ser a d ivulgada pela Sociedade lnternacioni,I pelos Direitos Humanos, de Frankfurt, por meio de dois comunicados expedidos em 23-6-82 e 16-8-82. As informações que daremos cm seguida estão baseadas principalmente, mas não de modo exclusivo. neles.

Situação dos prisioneiros Dos inúmeros campos de trabalho forçado existentes na Rússia. muitos ficam situados nas proximidades da linha de construção do gasoduto. Isso não quer d izer que eles ten ham sido implantados com vistas especiais para aquela obra. pois a maioria já existia antes de seu inicio. Entretanto, é provável que sua população e seu número aumente cm conseqüência dela. Alguns são isolados. outros formam um conjunto, chamado "centro". Nos últimos dois anos, surgiram novos centros ao longo da linha de construção. Só em Ustj-lschim, ta l centro é formado por oito campos. Outros centros existem cm Urcngoy, Surgut. Tawda, Tjumcn, lrbid e Lysva. Existem campos ainda cm Salcchard. Vuktyl, Scrov e Kungur, todos relativamente próximos ao gasoduto. Cerca de 70 a 80% dos que trabalham na construção do gasoduto são pris io neiros. Destes, os prisioneiros políticos são minorirt. A maioria é constituída de "pequenos criminosos". sobretudo criminosos "econômicos". Ou seja. pessoas que cometeram pequenos delitos contra as finanças públicas e que, por isso, são condenadas a trabalhar praticamente de graça para o Estado. As pessoas obrigadas a trabalho fo rçado na Rússia pertencem a diversas categorias: 1. Exilados. Depois de cumprida a pena cm campo de trabalho, vão para o local do exílio, onde podem se movimentar livremente sob a vigilância da polícia local. 2. Prisioneiros que trabalham no próprio campo ou cm local próximo a ele. cond·uzidos sob vigilância policial. 3. P,·isionciros cm liberdade condicional. Na primavera e verão são enviados para trabalhos cm "obras de economia popular", como os gasodutos. Não vivem nos campos e não são vigiados por milicianos, ficando apenas sob controle da chefatura de polícia local. 4. Pessoas que são mandadas, apenas por notificação administra1iva ou sentença judicial, diretamente para os traba lhos forçados nas "obras de economia popular", sem passar por prisão ou campo. Geralmente respondem pelo delito de "parasitismo" ou "vagabundagem". ou seja , pessoas que ficam mais de quatro meses sem trabalhar. ou aquelas que trabalham apenas para si, cm caráter particular, cm vci. de trabalhar para o Estado. Esses dois últimos tipos devem ser os encontrados com mais freqüência no gasoduto. Em seus depoimentos, as testemunhas muitas vezes falam de "prisioneiros", quando na realidade se referem aos que estão em liberdade condicional. sem fazer a distinção específica. Tais réus de "pequenos delitos" são homens e mu lheres aos quais foram retirados os documentos, o que lhes impede qualquer deslocamento. Porém . não estão confinados por arame farpado nem são vigiados por guardas. As testemunhas ouvidas pela S.I.D.H . , pela "Heritage Founda1io11", pelo Senador Armstrong ou por revistas européias são unânimes cm apontar as péssimas condições de vida nesses campos de trabalho. Os a lojamcnlos podem ser prédios de tijolo, barracas ou a té vagões de estrada de ferro. que pouca ou nenhuma proteção oferecem para os 40 graus abaixo de zero do inverno.

Em matéria de roupas, a s ituação não é melhor, pois os detentos devem enfrentar o inverno com as roupas de trabalho que usam durante o resto do ano, raramente recebendo vestimenta apropriada para o frio intenso. É de se notar que esses campos situam-se cm latitude superior aos 60°. A a limentação é deficiente cm qualidade e quantidade, provocando avitaminoses e doenças carencia,s. Os detentos que recebem salários também nada podem comprar, pois as CATOLICISMO -


SODUTO EURO lojas dos mencionados '"centros" estão quase sempre vazias. A situação só melhora um pouco quando recebem pacotes com gêneros alimenticios enviados por parentes. Os prisioneiros são obrigados a executar trabalhos forçados de preparação do terreno. Para a remoção da terra quase não são empregad~s máquinas ou tratores. Cargas pesadas são transportadas por homens. As roupas de trabalho dos prisioneiros são fabricadas em centros especiais por mulheres detentas. A carga horária de trabalho é superior à das fábricas comuns e quantidade de trabàlho está cm contínua ascensão. Isto porque conforme o depoimento de uma delas, como na Rússia o trabalho é baseado muito mais no número de homens que nas máquinas, quanto maior a obra, maior o número de trabalhadores. Daí a necessidade de produzir cada vez mais roupas. Até em hospitais psiquiá_tricos os doentes são obrigados à confecção de roupas, caixas e luvas de trabalho para as obras do gasoduto. Y:,,m.;il

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Os que têm direito a salário recebem uma miséria. Apenas o necessário para sobreviver no campo. As horas suplementares não são pagas. • As condições de higiene são precárias. Agua corrente quase não existe. A assistência médica é ultradeficicnte. Na maior parte das ve1.es o médico não é encontrado. Ou só atende quando o paciente, ou o acidentado, é . um voluntário, livre, bem remunerado. Acidentes de trabalho são comuns, pois a maquinária é velha, obsoleta, mal conservada, não oferecendo segurança aos que operam com ela. os quais sofrem continuamente traumas de div(lrsos tipos como cortes, feridas contusas, queimaduras e até mutilações, de~ido à má qualidade do material. As mulheres que revestem ou isolam as tubulações com amianto de lã de vidro apresentam bolhas e feridas nas mãos, pois apenas duas vezes por ano são fornecidas luvas de trabalho. Detentos que trabalham com amianto sofrem eczemas e os que lidam continuamente com lã de vidro podem apresentar pneumapotias graves. Os presos que vivem at rás de arame farpado são conduzidos diariamente ao local de trabalho sob vigilância de cães policiais. Terminados os trabalhos mais pesados de remoção de terra e outros serviços preparatórios, aparecem os trabalhadores voluntários, as "brigadas da juventude" para continuar as obras. Só então é permitido o acesso de jornalistas ocidentais aos canteiros de obras.

Propaganda soviética Exemplo frisante dessa visita de jornalistas ocidentais foi a presença do enviado especial de "L'Humanité" - órgão oficial do PC francês - às obras do gasoduto. Querendo refutar por completo as "mentiras" veiculadas pela imprensa de que havia trabalho forçado naquela construção, o referido diário parisiense resolveu enviar· à Rússia um de seus repórteres para verificar in loco a falsidade das denúncias. Dessa viagem resultou a matéria publicada na edição de 12-8-82, p. 5, sob o título. "Exclusivo: nosso enviado especial ao canteiro de obras do gasoduto siberiano - Vi ,,s construtores. jovens, especialistas que anulam o desafio do Sr. Reagan". A reportagem que só contém elogios ao gasoduto e a seus construtores, declara que na região visitada, Kazan, encontrou apenas trabalhadores Janeiro de 1983

RÚSSIA

jovens, especializados, alegres e entusiasmados. E para afirmar a honestidade e "imparcialidade" de sua apreciação, o autor da reportagem chega a dizer: .. Evidentemente não transmiro senão o que vi. Devo declarar. porérn. que 1nt> 1no.t1rara111 tudo o que pedi

para ver e que responderam a todas as perguntas que .formulei". Um trecho da reportagem muito significativo e que merece ser !ornado como verdadei ro é o que segue: "Os 111étodas. A tendência pore,·e ser de experirnentar nos canteiros de obras as mais progressistas riicnicas de tral>alho. como o rrabalho por brigada. que é u111a forma autogestionária d e produção. U111a brigada .... é livre para fixar o riuno de trabalho, repartir entre os 111e111bros da equipe os salários e os prêmios. E.sre método pennite uma elaboração coletiva do progra111a de rrabalho. tanto mais que cada 11111 é tributário do resultado final". Essa reportagem oferece o ensejo para se tecer algumas considerações. 1. O interesse de "L'Humanité". jornal comunista. cm defender e elogiar a construção do gasoduto mostra bem como este serve à causa do comunismo internacional. Pois os comunistas nada elogiam de graça. 2. A autogcstão, tão louvada por Mitterrand e seus seguidores, está sendo ucilizada cm plena Rússia soviética como técnica de produção. E com tendência a ser mais amplamente adotada no futuro. O que vem confirmar a denúncia feita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua mundialmente conhecida Mensagem sobre o socialismo autogestionário francês (ver "Ca1olicismo", janeiro-fevereiro de 1982, n.•s 372-374} de que a autogestão representa a fórmula do comunismo para o futuro. 3. A reportagem de "L'Humanité" cm nada invalida as denúncias feitas por testemunhas sobre o trabalho forçado executado por prisioneiros, e suas péssimas condições de vida. Pois a região visitada pelo jornal. Kazan,já fronteirica da Rússia européia, está longe dos campos siberianos citados por elas. É um local em que o trabalho mais pesado e perigoso - a preparação do terreno - que costuma ser executado pelos prisioneiros, já terminou; lá se cncoritram ag_ora somente os especialistas e operános quahficados encontrados pelo enviado de uL'Humanité'', Quanto à sua afirmação de que lhe mostraram tudo o que pediu para ver e que responderam a tudo que perguntou, . nada prova contra a existência dos trabalhos força-

dos, pois sendo ele e nviado de um jornal comunista, não iria pedir para ver nem perguntar aquilo que não deveria. Pois correria o risco de perder o emprego.

Depoímentos de ex-prisioneiros Os informantes o uvidos pela Sociedade Internacional pelos Direitos Humanos, de Frankfurt, e por outras entidades ou órgãos de imprensa na Europa e Estados Unidos, são, quase todos, pessoas atualmente vivendo no mundo livre, ex-prisioneiros ou parentes de prisioneiros atuais. Ou que têm informações diretas de pessoas ainda vivendo atrás da cortina de ferro. Dcnire as dezenas de pessoas ouvidas, apresentamos a titulo de exemplos mais significativos apenas quatro: • Peter Bcrgmann. 62 anos. técnico em 1.oologia. a poscntado, sentenciado a tr~s anos de prisão cm campo devido às suas tentativas de emigrar. Esteve como prisioneiro de 1974 a 1977 oum campo de Tyumen, e descreve as condições de vida e de trabalho naquele local. Reside desde 1980 na Alemanha Ocidental. Endereço a tual: Eutiner Strassc 14, 4800 Bielefcld 17, West-Dcutschland. • Avraham Shifrin, 58 anos, advogado, dirige atualmente o "Centro de Pesquisas de Psicoprisões e Campos de Concentração de Trabalho Forçado na URSS". Em 1953 foi condenado à morte por razões políticas. Comutada a sentença para 25 anos de trabalho em um desses campos, nele passou 10 anos, seguidos d.e 4 anos d e banimento, após o que recebeu permissão de emigrar para Israel. Seu depoimento versa principalmente sobre a existência dos campos de trabal ho na Sibéria. ao longo da rota do gasoduto. Segundo seu depoimento, há 3 campos em Surgut. 8 cm Tauda, 4 em Kungur, e muitos outros ainda cm Yerchoturye, l rbid , HantyManssiiskii, Mcdvcrshyc, Salcchard, Mikun. Ou1,·os. não dirctamcnlc na rota do gasoduto, estão cm Ust-Ussa, Workuta e Kotlas. Refere-se ainda aos campos para mulheres, destinados à fabricação de roupas para trabalho. É de sua autoria o livro "'71,e First Guidebook to rhe U.S.S. R. />riso,u· O/ui Co11ce11tra1ion Ca,nvs"' (Stcphanus Édition, Suíça, 1980; Bantan Boo ks. Ncw York. 1982). Endereço atual: 4 Hatcena Street, Zikhron Yaakov, Israel. • Doan Van Toai, antig<> oficial da Frente Nacional de Libertação do Vietnã do Sul. Depois funcionário do Ministério das Finanças do governo comu nista. Após sua detenção, serviu 28 meses cm prisões e campos de concentração vietnamitas. Emigrou para o Ocidente cm 1978. Autor de "O Gulag vie1na111i1a"', livro que relata a situação dos prisioneiros nos campos de concentração do Yiecnã. Em seu depoimento de 18-6-82, relatou a "transferência" dos cidadãos vietnamitas para trabalhos na Sibéria e citou nomes de alguns que já tinham sido deportados. Relatou ainda que. segundo as cartas que recebia do Vietnã, os que partiram para a Sibéria não podiam corresponder-se com seus parentes fora da Rússia. Entre depoimentos vindos da própria Rússia e citados pela S.I.D. H., encontramos: • Depoimento escrito da Sra. A.P., de Moscou, cm julho de· 1982. Salienta a grande vantagem q ue o gasoduto significará para fortalecer militarmente a Rússia. Nas páginas 17 a 23 da documentação da S.I.D.H. existe a descrição detalhada de um desses campos, o JAZ-34/ 2, em Tyumen: desenh o com planta do campo, sua produção, organi1.ação, e condições de vida e trabalho dos prisionei ros - acomodação, alimentação, vestuário, higiene, doenças, epidemias, punições etc.

Consolidação do comunismo Como último fato a respeito do trabalho forçado no gasoduto, a imprensa diária noticiou em 7-11-82, que o Departamento de Estado norte-americano, atendendo à resolução patrocinada pelo Senador William Armstrong, lanha enviado ao Senado um primeiro relatório a respeito da utilização de trabalho forçado, executado por prisioneiros, na construção do gasoduto. Segundo o relatório, "há claras provas de que a URSS está usando trabalho forçado em escala 111aciça, e isso inclui o uso de presos políticos. .... Te111os infor,nações de várias fo11res conjirn10ndo que os soviéticos e111prega1n rotineiramente parte de seus quatro milhões de presidiários condenados a trabalhos forçados - a 111aior população carcerária do inundo obrigada a executar tais serviços como operários não qualificados e111 proje1os de gasodutos e oleoduros n o país". Uma análise da CIA, incluida no documento, informa que a c.o nstrução do gasoduto requer trabalhadores especializados. Porém, os presidiários podem ser usados em obras preliminares, como desmatamento, nivelamento de terreno, construção de estradas e casas. A CIA acrescenta que há cem campos de trabalho próximos à rota do gasoduto, mas como já existiam antes do inicio da construção, afirma não ter condições de confirmar a denúncia feita por grupos de defesa dos direitos humanos. Essa conclusão da CI A não parece coerente e lógica. Pois se existem ós campos e eles estão próximos ao gasoduto, é normal supor-se que seus habitantes trabalhem naquela obra. O fato de já existirem antes não invalida o raciocinio, pois os comunistas não são obrigados a construir novos campos para cada novo e mpreendimento.

• • • Com toda a repulsa que o fato legitimamcn!e. dcperta, não nos parece, contu~o. que a uhhzaçao do trabalho forçado seja aquilo que torna a construção desse gasoduto algo de particularmente execrável. O pior é que ela vai manter no poder o regime comunista, em situação mais sólida do que antes, com maiores possibilidades de expandir-se pelo mundo e de exercer pressões sobre seus futuros escravos. Estes fornecem dinheiro e susten to para manter a existência de carrascos e escra v'?s no mundo comunista por tempo indetermrnado. Eis aí um dos grandes escândalos do século.

Júlio de Albuquerque Além de órgãos da imprcn$a diária n:1cional e cstran-

;eira, foram ulilizadas neste ar1igo as scguin1es fontes de 1nformnção: 1. Su;,.annc Labin, ..Le gou>dut· et /('s mar,Jumds d'fsclovts''. in .. Nouvcl éuro.v- Ma.,a1..inc.. n. 0 42 a6 bril 1982. ..• • . 2. ''O,·"rsig/11 lleor,i,g ()11 tht Propose,I Tran1-sibe1u111 NDlural Gas P1il(' /ine", l':'ridy, Junc 18. 1982. Unilcd $ 1:ucs Sc_n;ue. Commi1_1cc on Oraking. Hou$ing ;1nd Urban Aíía1rs, Subcomm1Hcc on lntcma,ional Financc and M onilary Policy, Washington. 0.C. 3. Senador Willian Armstrong a) P~css rele.ase de 17--6-82; b) Ocpoimcnto de 17-8-82: e) Oepo1men10 de setembro de 1982. 4. Sociedade lntern3cional pelos Oircilot Humanos de Fr,rnkfurt, Alemanha Ocidental. ' a) Comunicado de Imprensa, 23·6·82: b) Documenta• ç-ão sobre o cmP.rc~o de 1rab3lho forçado na construção do gasoduto S1bcna-Europa. Autores: Yuri Rclow-Tamara Waldeycr. 5. Jcromc Dumoulin. .. L,,: Goulog ,lu go.soduc··. in

"L"Exprcss". 13/ 19-8-82. 6. Joclle

Kun1t,

.. L'Hcbdo". 19·8-82.

"Ln esdoves du ga:oduc··. in

1. Julian3 Ocran Piton. Ph.O.• "Sla\•e labor ond the Sovict Pipeline'', in ..T he Hcritage Founda1ion Back· groundcr". 16-9-82.

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1

DELÍRIOS D'E UM·A NOIJE DE INSÔNIA: ''OS SENHORES DA DIREIJA''

I

MAGINE O LEITOR que algutm, numa noite de insônia e tomado de febre alta, resolvesse escrever um livro. Os fatos por ele conhecidos cm an(criores horas de lucidez: se lhe apre-

sentariam, nessa ocasião, incertos e sem

mínimo de atenção sobre o conteúdo do livro, e que poderiam não entender o fato de a TFP não o refutar, compreenderão facilmente porque ela não o faz.

ra nitidamente apreendidas. aparece-

Inverdades desinibidas num festival de absurdos

assim, tais fatos e imagens escorreriam

Uma das características mais frisantes do livro do Sr, Dclcio, no tocante à

contornos definidos; as imagens, outro-

riam. agora, trêmulas a seus olhos. como numa tela em continua vibração. E, atravts de sua pena, formando no papel um conjunto de meias verdades - e portanto de meios erros - refletindo de modo incompleto e deformado a realidade que deveriam fielmente retratar. E não é só. Nos momentos cm que a febre alta de nosso escritor subisse ainda um pouco mais, ele entraria diretamente cm

cs1ado de delírio, e passaria a escrever. como se realidades fossem, as invcncioni-

ccs absurdas criadas por sua 1.mag1nação

fobril. Só nos insrantes - raros - cm que a febre repentinamente baixasse em relação ao marco habitual daquela terrlvel noite, ele poderia apresentar algumas verdades. Mas mesmo estas se ressentiriam do estado não sadio de quem as

transmitia. E no modo de descrever e na

impostação dada a elas. por detrás da narração apareceria a vibratilidade fe. bril do autor. Que conjunto fantasmãtico formaria um tal livro! Correndo os olhos por essas páginas,

num momento de lazer. um homem são. calmo e ponderado teria a sensação de estar ante um pesadelo. Pois bem, tal é a impressão que se tem lendo o autodenominado "livro-reportagem" de Delcio Monteiro de Lima, Os Senhores da Direita (Edições Antares, Rio de Janeiro, 1980, 168 pp.).

• • • E, ao que parece. a febre não cessou de produzir seus efeitos devastadores mesmo após a publicação do tal "livroreportagem". Pois, no "Estado de Minas" de 8 de julho de 1982, encontramos, cm dois terços de pã,g ina, vãrios trechos do mesmo livro, novamente publicados e acrescidos de uma introdução na qual se diz: "Meses atrás. quando o governo francés pretendeu responder o manifesto publicado nos maiores jornais do mun· do pela · Tradição, Família e Propriedade (TFP) contra os diretrizes socia-

listas do presiden1e François Miller· rand, foi também em 'Os Senhores da Direita' que o Quai d'Orsay encontrou o único estudo continuado sobre a ação daquele grupo direi1ista". Pretensão à parte! Dir-se-ia, altm do mais, que o Quai d'Orsay sentiu-se mal servido com o livro do Sr. Delcio, pois não só o governo fran~ não ousou refutar a magistral Mensagem do Pior. Plínio Corria de Oliveira - a que se refere o texto acima - como, de lá para câ, o prestígio de Mitterrand vem caindo com passo célere, não só na França, como no mundo inteiro.

Indiferença displicente Quando da publicação do livro, o

inverossimil de suas acusações e a insignificante -repercussão que obteve não mereceram da TFP senão um brcvlssimo comunicado de imprensa de treze linhas, apontando a total falta de credibilidade dessa objurgatória. Assim, com in~iferença displicente, a TFP se limitava a registrar seu desdém por um ataque sem condições mlnimas de ser levado a sério. Entretanto, a reprodução no "Estado de Minas" de partes do livro, acrescidas da introdução nada despretensiosa acima citada, parece sintoma de que há quem deseje, contra toda verossimilhança, propagar os estapafúrdios nele contidos. E diante dessa insistencia ·..mentez. mtntez. toujours restera quelqu~ chose" - poderia parecer estranho q_ue a TFP ouvisse essas acusações em s,lencio. Nessas condições, passou a ser conveniente qu.e a entidade dissesse sobre o livro algo mais do que as treze linhas de seu sumário comunicado de dois anos atrás. Algo que não p retende sequer ser uma refutação no sentido p róprio da palavra, pois ninguém refuta um dellrio. Mas simplesm,:nte a apresentação de alguns dos disparates que ele contém. Pela amostragem, os leitores bem intencionados, mas com falta de tempo ou interesse para se debruçarem com um

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TFP, é a desinibição com· que faz afirmações direta e rombudamcntc contrárias à verdade dos fatos. Assim, segundo ele, a TFP estaria tão amedrontada com o perigo do comunisr:no que manteria cm suas sedes "vigia de 1elevisão em circuito fechado" {p. 25). Acredite quem quiser. Pouco adiante. para justificar sua

tese, aprioristicamentc concebida, de que a TFP é financiada por altos banqueiros. empresários, e tc., o autor publica, como quem faz uma revelação sen• sacionat, uma lista de nomes de "empre-sários de São Paulo que pres/am auxilio finan ceiro à Sociedade" (p. 27). Esclarece - para tornar ainda mais irripressionante a revelação - que esses nomes constam dos autos de uma CPI da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, num documento que "não sofreu qualquer contestação" (p. 27), Só que o Sr. Delcio não percebeu que os nomes publicados são do quadro de diretores da TFP em 1975; que esses nomes não tem nada de oculto, pois apareceram várias vezes na grande im• pren.sa. subscrevendo importantes mani• festos como membros do Conselho Nacional da TFP; que nenhum deles é um grande capitalista; e que um deles att já era falecido naquela época, o saudoso Dr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira. nome muitíssimo conhecido como autor do Hvro ºFrei, o Kcrensky chileno.., com repercussões internacionais até hoje.

nar o texto mais adequado a suas fi,nalidades anti-TFP, o Sr. Delcio não titubeou em apimentá-lo com uma inserção de sua própria lavra. O tal "corte de cabeços" não está cm São Lu[s Grignion, e a espada a que o Santo se refere é toda ela espiritual, é a palavra de Deus. Eis o texto correto, no qual o santo missio• nário francês do século XVIII se refere aos Apóstolos dos Últimos Tempos: "Trovejarão contra o pecado. e lançarão brados contra o mundo, fi,stigarão o demônio e seus asseclas, e. para a vida ou para a morte, transpassarão lado a lado, com a espada de dois gumes da palavra de Deus. todos aqueles a quem forem enviados da pane do Altíssimo" (Tratado da Verdadeira Devoção à Santlssima Virgem, Vozes. Petrópolis. 1971, 7.• cd., pp. 59-60). Valeria a pena, para rir um poucó. reproduzir todo o processo de "lavagem cerebral" (p. 30) na TFP descrito sempre sem provas - pelo Sr. Delcio. Para abreviar, damos apenas dois exemplos: o jovem da TFP, numa das fases do processo, teria "medo de dormir no escuro, choro convulsivo à noite" (p. 32). O processo comportaria expedientes macabros como mostrar ao jovem "um túmulo aberto" (p. 33). Risum teneotis!

O festival de a bsurdos prossegue: "O jovem tefepista é ensinado a odiar as mulheres, que são rnostrados (:omo critr turas inferiores, pecaminosas, sujas .... . Deve•se evilá·las como se evila a peste. o demônio" (p. 34). Afirmações ignóbeis. que a TFP simplesmente repele, pois quando o insulto, obviamente gratuito, procede de muito baixo, não merece resposta. O autor assim descreve a peregrinação a Aparecida promovida pela TFP em desagravo ao sacrilego atentado feito contra a imagem da Padroçira do Brasil: ''Alguns gritavam. outros choravam de ernoção. Era indescritível a excitação" (p. 37). Qualquer um que tenha visto as Continua o d eHrio e com ele a desinibição: a TFP. segundo "insistentes ru- • fotos dessa peregrinação publicadas pela imprensa se certificará de que essa exmores" (p. 27), exploraria "empreendicitação só existiu na mente febril do Sr. mentos do se1or turlstico no Nordeste e Delcio. casas de diversão eletr6nica (caça-niqueis) em diversos cidades do Pais, estas mediante concessão privilegiada da TFP americana" (p. 28). Após lançar o boato O Sr. Delclo "profetiza" falso, o autor reconhece melancolica.. mente: "não hã provas" (p. 28). Q11em as A TFP seria uma associação parativer, pois, que as encaminhe ao Sr. militar? A acusação, insistentemente veiDelcio, para uma 2.• edição do livro. culada pela máfia comuno-progressista, A TFP tem sido frequentemente a- sempre sem provas, sempre desmentida, pontada como tendo em suas fileiras jã estã passavelmente desgastada. apenas pessoas da elite social, filhos de Em Os Senhores da Direita não poplutocratas, etc. Mas. como contra a TFP vale tudo, o Sr. Dcleio sai-se com a deria faltar tambtm essa objurgatória. t o tributo pago pelo livro à falta de acusação oposta. Elementos <la TFP os quais ele capciosamentc chama de originalidade. D iz ele: "O corpo de tropa "aliciadores" (p. 29) - se teriam espe- tefepis1a exercita-se regularmente. tanto cializado cm recrutar novos aderentes em defesa pessoal Oud6 e karaté). quan"nos es1ratos sociais de baixa ou ne- to no manejo de armas defensivas e nhuma rtnda e nfvel cultural inferior .... ofensivas. prdtica de tiro. paraquedis-t nas favelas, periferias 1,rbanos, zonas mo e ação de 'comandôs'. O trelnamenrurais. internato.f gratuitos e es1abeleci- to é ministrado j,or especialistas de alto mentos de confinamento de menores" nfvel~ em diversos ponlos do país. no (p. 29). sis1ema de rodízio anual, de modo a despis1ar a vigi/Bncia das au1oridades" Nem os estabelecimentos de confina- {p. 43). Impressionante! não? mento faltam... t 'ridlculo. Mas o Sr. Delcio não se detém no ridJeulo. Ele Sem falar no esdrúxulo que há em desce att à ofensa vil contra as mães dos aplicar aos sócios e cooperadores da cooperadores da TFP, pois tudo t bom TFP a expressão "corpo de tropa", para quando se trata de denegrir a entidade: insinuar militarização, o Sr. Delcio pa"É inegável que os jovens que fo, ,,iam o rece também temer pela integridade das corpo de tropa da TFP . .. . são geral- instituições nacionais, porque jovens da mente 6rfãos e filhos de mães soltei- TFP se exercitariam cm "jud6 e karaté"! ros'Esta última afirmação supremamen- A prática desses excrclcios é livre cm te insultante e, aliás, mteiramente gra.. todo o território brasileiro, mas no caso tuita, basta para desqualificar completa- da TFP, aos olhos do Sr. Dclcio, tornamente o livro e justifica que a TFP não se um perigo. Ele certamente receia que tenha consagrado a ele senão treze li- um piquete de jovens, adestrados nessas nhas em seu comunicado-repúdio. Os formas de luta, tome de assalto o cães ladram e a caravana passa. Palácio do Planalto, e diante da guarda Capitulo a parte sio as citações. O presidencial inerme e aparvoada, se aslivro apresenta multas, sempre aitre as- senhorem do Poder! Mais uma vez, ripas, mas n ilo Indica a fonte e às veus sum teneatisl nem o autor , de modo que fica lmposO Sr. Delcio se refere ainda ao "maslvel ao leitor comprovar-lhes a auta,nejo de armas defensivas e ofensivas, lleldade. Como valor documental é de fazer corar qualquer calouro. Por excm· prática de tiro". Tudo sem qualquer pio, é reproduzido o texto de uma "pr<>- prova. Cabe dizer, entretanto, que não fecia" que, segundo o Sr. Delcio, de- se ve bem no ~uc consiste, na mente do Sr. Delcio, a diferença entre "prática de veria ser cumprida pela TFP no futoro. Mas nem sequer o autor da "profecia" é tiro" e "manejo de armas". Será po~lmencionado. Ei-la: os membros da TFP vel adestrar--se na prática de tiro sem manejar armas? Redundância esdnixuatuariam ..trovt}ando con1ra o pecado. la, cuja única explicação plauslvcl é que lançando brados contra o mundo, fustio autor, sentindo o vazio da acusação, gando o dem6nio e seus asseclas, cortando a cabeça dos pecadoru com a tentou preenche-lo com repetições inú· tcis. t a "torcida" anti-TFP. "Torcida" espada de IHus" (p. 34). que se manifesta igualmente na distinção Embora o Sr. Delcio habilmente não das armas em "defensivos e ofensivos". o diga, o texto citado t de São Lúls O que seriam as lalS armas "defensivos": Maria Grignion de Montfort em seu escudos de papelão ou casamotas? E as famoso Tra1«do da Jlerda,kira /Nvoçllo "ofensivas": canivetes ou bombas atômià Santlssima Jlirgmr. Só que, para tor- cas? Tudo fica no vago, como aliás

também a tal "ação de comandos", fruto nebuloso do estado febril do autor. E vai longe o Sr. Delcio. Nada o segura. Assim: "Bernardo Leighton, o Mlnlstro do Interior que de1erminou a eYvulsão do diretor da TFP do territóriv chileno .... recebeu um balaço na cabeça. em Roma .. .. . Não morreu por mUagre. Pormenor curioso é que o aten'"' tado ocorreu a poucos metros do Jlaticono. na mesma área onde a TFP italiana cosluma fazer concentrações de pro· testo" (p. 56). Se o autor tivesse - já não dizemos a vontade - a menor veleidadé de ser objetivo, ter-lhe-ia sido fácil verificar que não existe nenhuma T FP italiana; que não só a TFP não "costuma fazer" cm Roma manifestações de protesto, mas nunca fez ali nada que se parecesse com isso. Há apenas cm Roma um escritório de representação das TFPs, com um ou dois representantes que cm geral se alternam ... Fazer com este "corpo de Tropa" exercícios ou manifes1ações na Praca de São Pedro...

Ê tão incontrolável o desejo do Sr. Delcio de que a TFP seja mesmo terr[vel que, frustrado por não encontrar provas para suas quimeras nos 22 anos de história da entidade - ainda quando analisados sob a ótica deturpada de sua "torcida" - ele as transfere para o fu. turo e se põe a profetizar. Toma recuo, olha para sua bola de cristal, e vc os esquerdistas dentro de algum tempo, fazendo reformas sociais profundas e, de repente, aterrados porque "à suo frente, na grande bagarre, não estará apenas o inanimado leão <lourado que ornamenta os bandeiras vermelhas (da TFP), significativamente de goela aberta voltada para a esquerda. mas os aguerridos çsoldados do Senfror', sedentos do sangue dos hereges. Aos milhares. militarmente adestrados, modernamen1e armados, prontos para a 11oite de São Bartolomeu do século X X. E não escapará ninguém. porque têm o melhor ficbário de inimigos. Muito menos estarão sozinhos. Seus aliados surgirão aos milhares na calada da noite .... . 'Como no teinpo da Cruzada contra os infiéis' repetirá, então, o . líder dos fandticos. regozijando-se com o imenso banho de sangue para aplacar a ira dos céus" (p. 76). Bela cena para um filme emocional proibido para menores de 18 anos!

Amnêsla seletiva Toda essa saraivada de dellrios é para defender a tese de que a esquerda, no Brasil, estaria desarticulada e não teria mais importância. Enquanto a direita constituiria um perigo tcrrivel, pronta a "apelar para a violência, para as formas mais perversas de terror" (p. 5). Até o mais superficial conhecimento da realidade nacional urra em sentido contrário. Mas ainda assim essa tese dá ensejo a uma observação interessante, que fornece a pista para se conjeturar a fonte de tais dellrios. A quem aproveitaria a interrupção das atividades anticomunistas da TFP? Não t preciso ser muito ágil de esplrito para responder. Se o livro tivesse alcançado a repercussão com que o Sr. Delcio parecia sonhar, o

• comunismo poderia premiá-lo, pois ele mais do que ninguém, se beneficiaria. Mas, o que é o comunis mo no Brasil? t certo que o PCB, o PC do 8, os movimentos terroristas e outros congêneres conseguiram pouca ou nenhuma ressonância no povo brasileiro. Entre. tanto, nosso povo conta, entre suas qua· !idades, com a de ser profundamente religioso. E é esse fundo religioso que te.m s ido explorado pela "esquerda católica.... hoje mais numerosa e mais ativa do que nunca, a ponto de se haver transformado no verdadeiro perigo esquerdista para o Brasil. P rovas? Um livro inteiro, super·dO· cumentado: As CF.Bs .. . das quais muito se fala. pouco se conhece - A TFP as descreve como são (Editora Vera Cruz, São Paulo, 1982, 258 pp.), cm que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. com os Srs. Gustavo Antonio Solimco e Luiz Sérgio Solimeo, mostra, baseado cm mais de 700 documentos, o papel das Comunidades Eclesiais de Base como uma possante e extensa rede de esqucr· dismo, disposta a enlear toda a Nação. se esta se deixar apanhar cm suas malhas. Rede tecida, mantida e impulsionada pela CN B8. Ora. (; curioso e desconcertante para não dizer sintomático - que o Sr. Delcio, ao falar das esquerdas, esqueça a grande, poderosa e atuante "esquerda católica" que, no Brasil, e a seu modo em toda a América Latina, praticamente substituiu os PCs na direção e no empuxo da subversão. preciso sofrer de uma amnésia privilegiadamente seletiva para excluí-la do panorama das esquerdas no Brasil. E, ao falar das direitas - basta folhear o livro do Sr. Dclcio para constatá-lo - a grande visada é a iFP. quer pelo teor virulento da linguagem usada, quer pela fertilidade da imaginação. Contra a entidade são dirigidas 60 das 168 páginas do livro (mais de um terço, portanto), além de constantes referencias no restante da "reportagem... Fora umas poucas páginas de introdução e conclusão. as demais são consagradas a apreciações sobre outros movimentos e pessoas.

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Aliás, o autor não esconde sua determinação cm atingir a TFP, ao pô-la bem em realce, como quem levanta o alvo de longe predileto: "À incontestdve/ liderança da direita exercida no Pais pela TFP. agregam-se movimen1os de menor expressão, cujos doutrinas, no fundo, não são mals do que variantes das J>regações do grupo de Plinio Corréa de Oliveira" (p. 64). E também: .. Nenhuma ou1ra facção ou mesmo parlido político organizado do Pais se igualou até hoje à capacidade operacional. respaldada em solidez de organização, como a qui ca-racteriza a engrenagem tefepista" (pp. 24-25).

Assim, a palavra de ordem que o livro do Sr. Dclcio emite não parece ser outra senão: "Defenda est TFP" tA TFP deve ser destrulda). Com o que confessa, indiretamente, que a entidade t hoje cm dia um dos maiores obstáculos à expan-. são do comunismo no Brasil. Talve-.t seja essa a maior verdade. para não dizer a única verdade Hmpida, que se distila do livro.

Gregório Lopes

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AfOlLICJl§MO MENSÁRIO

CAMPOS - ESTADO DO RIO Dlnto,-: Paulo Conà dt Brito fll>o Dlntorto: Rua d0$ Goitae&7J:S, 197 • 28100 - Campos. RJ. Admlnlsmtçlo: Rua Dr. Maninico Prado. 271 • 01224 - Slo Paulo, SP • PABX: 221-87SS (ramal 23S). Composto e impteSSO na Anpl'tU - Paptis e Artes Grilicas Ltda .. Rua Garibaldi, 404 - 01t3S • Slo Paulo, SP. "C.IOlltllmo" t uma publicaçlo mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/C. AS!iin111tura 1nual: comum CrS 2,S00,00; coopera.dor CrS4.000.00; bcn(titor CrS6.000,00; g.raPdc- benfc-itor CrS 12.000.00: se:minaristas e estudantes CrS 2.000,00. Exttrior (via :u:r~;i.): \.Vmum USS 20.00; benfeitor USS 40.00. Os papmcntos, sempre cm nome de t:dlton hdtt lkldllo< dt P-.. S/C, poderio x:r encaminhados à Administraçlo. Para mudaDÇ:1: de cndcrCQO de usu1.1ntcs ~ ncoes:sirio mencionar tam~m o endereço antigo. A com:sponde.ncia relativa • usinatu.ras e venda avulsa deve ser enviada à Adw frl tr~o: Rua O.. Mart1a1co Pn,do, 271 -

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h-.

CATOLICISMO -

SP

Janeiro de

1983


AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Bárbaros, pagãos

·neobárb~ros, neopagãos

O Prof. Plínio Co~cêa de 0liveira cedigiu a seção ':-Ambientes, (:_ostumes, Civilizações", que transccevemos abail(o, paca o n. 0 19 de "Catolicismo", em ju)ho de l9S2, Transcortidos mais de trinta anos a,Pós a edição desse número do jornal, a extraordinácia comparação estabelecida pelo autor entre 6árbaros pagãos e neobárbaros n_eopagãos continua atual. Mais ain_da. A realidade, a partir daql!ela época, véio confirmar e como que ampJiar as palav~as do insigne pensador catõlico. © õdio espelhado nos olhares dos jovens comunistas da década de SO eca um P.renúncio do requinte de crueldade que os I\COb'á rbaros e n_eopagãos da Alemanha vermelha manifestariam em agosto de 1961: a construção do Muro de Berlim.

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A partir de ·e ntão, tornou-se muito difícil para os berli'nenses orientais fugirem da zona marxista para a ,zo,na ocidental da cidade. E mais tarde, em 1978, quando o Mu,o da Ver,goriha foj co.rn_o que estendido ao lollgo de toda a fronteira que sepaca l\S duas Ale,manhas, as fugas tornaram-se· quase impossíveis. A muralha de mil quilômetros, que yai do Baltico à 'Fchecoslováquia, além dos ÍLOS eletrificados, das torres de observação, dispõe de meti;alhadoras automáticas, localizadas ao longo do simst_ro muro 1 CJTI intervalos de seis metros. . Entretanto, é tal o horror causado pelo neopagamSIJ¼> ateu do século x,x, e tão profundo o anelo de liberdade nos povos subjugados pelo comunismo, que continuam as tentativas de fuga. 'Mas, infelízmente, COJD poucas possibilidades de êiiito, o que Veio.realçar o drama das v(timas mortas nesses intentos . .&das )li,timas vivas que eoiítin_uam a vegetar no p3ís..:cáreere, cujos tirall,OS não recuaram diante de um processo inédifo na Histó,ria: aprisionar a população não sõ de uma cidade, mas de um Estado inteiro, atra:vés de íl\étodos técnicos dos mais sofisticados, a fim de ,e vitar que praticamente totlo um povo escapasse para a parte livre de súa nação.

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©utra razã_o que nos levou a reeditar a presente seção nes.t e riúmer'o (oi a reportagem ijue n_oss-o colabo(adof José Llício de Ara.újo Corrêa escreveu para "Catolicis11.10", a qual estampamos na pagina 3 desta edição, sobre uma recente viagem realizada por ele à antiga capital germânica. A impressionante descri,ç ão que o visitante nos,apreseóta da Berlim atual e de seu famigecado muro constitµi uma confirmação prática e atualizada da proifunda anál.ise da alma éle comupist-as, feita trinta anos atrãs. E a reportagem acrescenta um doloroso elemento n_ovo: o desfibramento espiritual de tantos alemães ocidentais, ÍJldiferentes à tragédia tle seus ,c ompatriotas q_ue padecem além do Muro de Berli,n e d~ cercas eletrificadas, construidas em toéla a extensão da fronteira com a Alemanha comunisra.

ABITUALMENT E seminu, e aqui coberto apenas de modo ocasional; com todo o físico refletindo a luta dura e embrutecedora com um meio inclemente e materialmente mais forte; trazendo no rosto as cicatrizes dos horríveis tratos a que se expôs para se "aformosear", este pobre filho das selvas, marcado apenas de leve pelo toque da civilização, exprime a exuberância nativa da natureza humana desgovernada: instintos grosseiros, por vezes brutais, por vezes também generosos. É o bárbaro, o pagão, cuja natureza não se beneficiou da ação divina da Igreja, nem do influxo ascético e suave da civilização cristã. • A despeito de seu aspecto, que faria estremecer as crianças, incute pena: é mais um crianção exuberante e deseducado, do que um celerado.

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* •. * Jovens comunistas em uma manifestação em Berlim. Fisionomias impregnadas de ódio, em que transparece tudo quanto pode ter de sinistro a natureza humana, tornada mais determinada nas tendências e matizes que assume em cada pessoa, por uma educação qualquer. Ódio, desconfiança, ausência de qualquer sentimento que eleve, dignifique, suavize, capacidade para destruir, nunca para construir, extraordinária lucidez e estabilidade neste péssimo estado de espírito, mais chocante ainda nas fisionomias femininas do que nas masculinas, eis a própria alma do comunismo, que se espelha na face destes jovens, vítimas da infernal propaganda de Moscou. É a neobarbárie desta era de neopaganismo. O homem que tem a alma transviada por princípios totalmente errôneos, os instintos desenfreados por uma ideologia amoral, e que, com as armas forjadas pela civilização, se volta contra a própria civilização.

* * * Qual dos dois mais terrível? Pergunta ociosa! Os frutos da apostasia são piores do que os da gentilidade. Pois pode não haver culpa em ignorar a verdade: há sempre culpa em repudiá-la. O movimento comunista, enquanto realizado em nações cristãs, é uma apostasi.a . E como tal carrega muito mais culpa diante de Deus. Carregado de culpas maiores, de armas mais mortíferas, como poderá não ser mais terrível? CATOLICISMO -

Janeiro de 1983

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IOSOS

Plinio Corrêa de Oliveira ETORNO às considerações que fiz em meu último artigo (publicado na "Folha de S. Paulo" de 8-1-83) sobre "" posição assumida ante a legalizaçã't>do P.CB por cinco importantes Prelad.os brasileiros.

E. de outro lado, assim também se reduziria ao silêncio os adversários que o comunismo tem na direita. O que restaria então como obstáculo ao comunismo? Tão-só a democracia ditatorial centrista, inspirada por elementos de escol da CNBB. A qual CN BB, por sua vez. comanda milhares de organizações católicas infiltradas pelo comunismo com êxito espetacular. Seria pois a ditadura centristh, na qual teriam muito largamente voz e vez os inocentes úteis, os débeis, os simpatizantes, os teólogos da libertação e enfim os casaldáligas, a fulminar vitupérios contra a incômoda direita, e a deixar as portas do aprisco abertas para o lobo comunista.

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1. Em síntese, dos cinco Prelados que falaram a respeito à "Folha de S. Paulo" (26-12-82), a meu ver quatro exorbitaram da área que lhes é própria e pleitearam o estabelecimento de uma velada mas truculenta ditadura centrista no Brasil. Tudo i sob o rótulo de uma estranha demo:; cracia, na qual não existiria o direi~ 10 de discordar. E em que a liber.., dade, aliás laica, ficaria reduzida ao .ã. direito - que então se confunde ~ com uma obrigação - de bater pai!:! mas ao que os bispos querem. ~

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Concordo, como cm anterior artigo já afirmei com ênfase, em que ao. PCB não se deve reconhecer o direito de funcionar. E estou persuadido de que esse direito não pode ser reconhecido por uma democracia (como aliás por nenhuma das três formas de governo legítimas). E isto não porque a pregação comunista constitua necessariamente um grande· perigo. Na lnglaterra .e nos Estados Unidos, por

O Prof. Plinio Corrê,& dtt Oliveira demonstra que a posiçlo aHumide por quatro Prelados quanto à legalização do PCB equivale ao estabel&cimento "de uma velada ma.1 truculenta ditedura centrista no Brasil".

exemplo, ela é livre, e enquanto pregação aberta não ameaça ninguém. Como, a meu ver, também não constitµiria perigo no Brasil. Se eu tivesse a desdita de ser comunista, seria vivamente contrário (por detrás dos bastidores, bem entendido) ao reconhecimento legal de meu partido. Porque tal reconhe- • cimento

não conduziria senão a

mostrar a irremediável insignificância dos contingentes eleitorais de que ele dispõe.

Tanto Luiz Carlos Prestes quanto Giocondo Dias se têm manifestado favoráveis à legalização do Partitlo Comunista. A isto os forçava a situação de influência ou de mando que lhes toca no PCB. Porém não é nada impossivel que um e outro lenha telefonado àqueles Prelados, incitando-os "sotto voce" a advogarem a manutenção do PCB na ilegalidade. Pois assim se lhes esconderia a vexatória insignificância eleitoral.

dade para a irreligião. Para o comunismo, ateu por essência,

2. Encerro assim a análise da opi nião dos quatro bispos e passo à do cardeal D. Arns. Repito que nada desses ilogismos encontro na posição assumida por este. Como de costume, ele é rotundo. Subjacente ao que diz, está a aceitação da democracia no sentido em que correntemente se toma. Ademais, parece esquecer-se do "Syllabus" de Pio IX. E a partir dessas duas posições, com as quais lamento não concordar, lira uma conclusão que também lamento não aceitar. Entretanto, no plano teórico, sua posição é coerente. Posta em prática, esta deixaria em · liberdade o comunismo. mas também os adversários deste. Tudo "'""h,!fu-;;>~'l'~ conforme se pratica, aliás, nos EUA ~t __,,~ e nas nações européias que mais se Como podem Prestes e Giocon- ufanam de caracteristicamente dedo Dias não tJesejar isto? mocráticas. Com efeito: nestas o PC, Se, pois, concordo com aqueles ou tem representantes nos Parlaquatro bispos em que ao comunismo mentos, ou se não os têm é só pornão se deve dar liberdade, é porque que não consegue eleitores suficiencontinuo inarredavelmente fiel ao tes para eleger deputados. princípio do glorioso "Syllabus" de Repito. Discordo dessa liberdaPio IX, que condenou a seguinte de. Pois não é nisto que a verdasentença: "É: livre a qualquer um deira liberdade consiste. abraçar e professar aquela religião Mas reconheço que a partir de que ele, guiado pela luz da razão. pressupostos que não aceito, e que julgar verdadeira" (Oenzi.nger-U m- todos os prelados entrevistados pela bcrg, Herdcr, Barcelona, 24.• ed., n.• "Fol ha" afirmam explícita ou impli1715). E como não há liberdade de citamente, o único a ser lógico é o religião. muito menos há tal libcr- · cardeal D . Arns.

A morte da civi lizacão moderna nos Estados Unidos WASHINGTON - Tendo realizado uma viagem de um mês por algumas grandes cidades americanas da região dos Grandes Lagos e do meio-oeste, fiquei impressionado pelo avançado estado de deterioração dessas megalópoles. Elas sofrem de uma doença que se assemelha muito a um câncer que vai devorando gradualmente setores inteiros, ora na periferia, ora no próprio centro, de modo sempre irreversível. São quarteirões sucessivos de edifícios de apartamentos, casas, prédios industriais e até igrejas, que se encontram abandonados, depredados ou queimados. Sua reconstrução ou reaproveitamento torna-se inviável, sobretudo por um fator psicológico: quem desejará morar num apartamento recuperado, se ele está localizado numa região de edifícios abandonados, de aspecto quase assombrado?

Até há um ·certo tempo, à medida que esse câncer ia se alastrando, a parte mais sadia da população transferia-se para os bairros; mas agora, acossada também pelo desemprego - e talvez por uma espécie de cansaço da vida das grandes cidades - está migrando para o sul do pais. É de se recear, portanto, que os grandes centros urbanos do periodo áureo de Hollywood, tais como Chicago, Cleveland, Detroit, Toledo, São Luis, Nova York, a curto ou a médio prazo não sejam mais do que cidades fantasmas. E morram como criatura desprezada que ninguém ama e à qual nenhuma gratidão se deve ou nenhuma boa lembrança se prende. Outro cenário surpreendente é o das auto-pistas. O leiior deve t~r visto, ao menos em fotografias, aspectos das grandes estradas norte-

Na Argentina, abertura à esquerda Bl!IEN0S AIRES - Re:alizou-se em 30 de novembro último, na sede do· Episcopado, um enc6ntro que.se prolongou por, mais ~e uma ho-ra, entre Bispos argentinos e membros do eon\itê cent<al1do Partido € omunist·a . No final da reunião, os representantes do pe argentino ,fizeram declar açpes à imp.rcosa, qualificando o encontro de "cor,dial e positivo". Um deles, Rubens Iscara, afirmou qóe "isso é o correto, po,:que o Epü·copado qulr reunir,•se co111 ·todos os setores pollticos e, evide1!te111ente, as pros-criç/Jes e exclus/Jes J1ão pode,n conviver com o. reconciliação que se está buscando". Esse primeiro contato (ormal entre a Igreja e o, Partido Comunista, segundo o representante comunista, "se explica pelo ·grave momento por que estão pÔssando todos os ·setores a fim de buscarf m juntos uma solda para. a atual situação".

A atitude insólita daqueles Prelados em face ao comunismo contrar-ia o ensinamento tradicional da Igreja. A ~se propósito, o Sr. Cosme Beccar Varela (h), Presidente do €N da TFP argentina, fez a seguinte•declaração, p,ublicada pelo diá,io argel)tino "La Naeión", em sua edição éle 1.• de dezembro ,p.p.: "(') Pap,a Pio XI afirmou em s11a Encfclica 'Divini Redempto.ris' que o con1unismo é intrinseca111ente perverso e não se pode admitir, que colabore com ele, em t~rreno algum, quem deseja salval' de s110 ruína a civilização. cr.istã. O povo argentino, que é católico, sempre teve horror, ao comµnis,no. Receber seus representante1i'ê derrubar. em porte essa barreira de horror.. Co,110: católicos, nós 'membros da TFP, lamenta1nos que isso se possa dizer de n1embros do EP,iscopado ar;gentino".

americanas, largas, retilíneas, de asfalto bem cuidado e não raras vezes acompanhadas de grandes extensões de grama bem cortada e limpa. A preocupação de manter a continuidade e a boa aparência da zona verde era tal que até as partes de cimento que ficam sob os viadutos eram pintadas de verde. Em vários Estados que visitei, tais como Oklahoma, Kansas, Missouri, Indiana ou Illinois, essas imagens pertencem ao passado, pois o capim e o mato, com mais de meio metro de altura, jâ tomaram o lugar da grama. t mais um sinal de abandono e desprezo pelas coisas da civili1.ação moderna, pois se na raiz do problema estivesse a falta de mão-de-obra, jâ muitas pessoas apertadas pela crescente taxa de d,;semprego, teriam aparecido para trabalhar. Foi ao longo de uma dessas auto-estradas q1,1e parei num domingo para colocar gasolina no carro. Chamou-me a atenção um aglomerado de gente a pouca distância do posto. Tratava-se de um concerto "rock" improvisado sobre uns caminhões equipados com potentes aparelhos de som e uns indivíduos "cantando" qualquer coisa. A assistência era formada- por uns trezentos jovens, na sua maioria rapazes sem camisa e moças de shorts ou jeans. Constituíam uma massa sem coesão e sem vida, onde a euforia que outrora lhe era tão peculiar, dava agora lugar a um entusiasmo artificial , apenas necessário para encobrir a frustração que se lia em suas fisionimias.

• • • Fatos como esse ilustram bem o estado de decadência em que se encontra a civilização moderna. Civilização? Com efeito, não se pode chamar civilização a um esta<\o de coisas que desmorona com tal facilidade. Sobretudo quando é baseada em princípios que, propiciando a dissolução da família, o permissivismo moral, a droga, o crime, a aniquilação da propriedade privada, nada têm que ver com a Lei de Deus e a ordem natural.

Mário A. Costa

Ne ,e;gilo oeste do bairro de Manhattan. em Nova York. criança• brineam em meio ao

entulho de antigos prédioi eonstMdo1 no local.


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N.0 386 -

Fevereiro de 1983 -

An o XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO •

espírito estard no n1eio de vós; não temais. Por que isto diz o Senhor dos Exércitos: ainda falta um pouco. e eu cotnoverei o ct!u e a terra, o ,nar e todo o universo. E abalarei todas as nações. e virá (o Messias) o desejado de todas as gentes; e encherei de glória esta casa. diz o Senhor dos Exércitos. .... A glória desta última casa serd ,naior do que a da pri· ,neira. e eu darei a paz neste lugar, diz o Senhor dos Exércitos" (Ageu, 2, 5-10). O Esperado das Nações deixa Belém para tomar posse de sua Casa nesta terra. Pela simples presença no recinto do segundo Templo, o Messias confere-lhe uma glória incomparavelmente superior a que aureolou o de Salomão. Ele o visitará muitas vezes ainda. Mas, essa primeira entrada, conduzido nos braços de sua Mãe Santíssima, basta para cumprir a profecia.

O DIA 2 de fevereiro a Santa Igreja celebra dois grandes mistérios: a Purificação da Santíssima Virgem e a Apresentação do Menino Jesus no Templo. Quarenta dias após o nascimento de Jcsps na gruta de Belém. sua Mãe Santíssima empreende uma viagem a Jerusalém , cidade-sagrada cujo nome significa visão de paz. cumprindo assim uma das mais fa. mosas profecias sobre o advento do Messias. Por ocasião do cativeiro de Judá, o magnífico Templo construído por Salomão foi ~evorado pelas cha-

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mas. Regressando da Babilônia, os judeus edificaram um segundo Templo, sem conseguirem alcançar em sua nova obra a magnificência e os esplendores do primeiro. Para os consolar, tendo em vista essa impotê ncia, o Profeta Ageu proferiu estas inspiradas palavras, que indicam a época da vinda do Salvador: "Cobra forças, ó Zorobabel, diz o Senhor; e cobra força, ó Jesus. sumo sacerdote, filho de Josedec: e cobra força. povo inteiro do país. diz o Senhor dos Exércitos; e cum· pri o pacto que fiz convosco. quando saíeis da terra do Egito; e o meu

Como observa D. Prosper Gueranger OSB, em sua conhecida obra "1.,'Année liturgique", esses dois mistérios de nossa Redenção infligiram ao orgulho humano uma das maiores lições de todos os tempos. pela profunda humilhação a que se submeteram nessa c~:.sião Mãe : Filho. A lei mosaica prescrevia às mulheres que se abstivessem de entrar no Templo e tocar coisa alguma que fosse consagrada ao culto, durante algum tempo depois do parto. Esse prazo era de quarenta dias para o nascimento de um filho e oitenta para o de uma filha, decorrido o qual elas deviam apresentar-se ao

Templo e oferecer ao Senhor um cordeiro em ação de graças pelo feliz sucesso e um pombinho e uma rola como expiação do pecado, isto é, da impure1.a legal. Se a mulher fosse pobre, podia substituir o cordeiro por uma outra rola ou outro pombinho. O sacerdote os oferecia ao Senhor em holocausto, e ela ficava purificada. Além desta lei da purificação, havia outra dispondo que todos os primogênitos dos filhos de Israel deviam ser dedicados ao ministério dos Altares. Tendo sido escolhidos para tal encargo os filhos da tribo de Levi, Deus ordenou que os primogênitos das outras tribos Lhe fossem apresentados como primícias que se Lhe deviam, para depois serem resgatados a dinheiro. Maria, descendente de Davi, deu à luz seu primogênito, Jesus! Como deveria Ela proce'der? Era-lhe evidente que as razões pelas quais se impunham às mães a purificação não se lhe aplicavam de modo algum. Santuário puríssimo do Espírito Santo, Virgem na concepção de seu Filho, Virgem no parto inefável, sempre castíssima, e ainda mais casta após ter levado em seu seio puríssimo e dado ao mundo o Deus de tod a santidade! Se se considera o respeito devido a tão eKcelso primogênito, a qualidade sublime de seu Filho, esta majestade de Criador e soberano Senhor de todas as coisas, que se dignou nascer dEla, como pensar que tal Filho pudesse estar sujeito à humilhação do resgate? Mas as leis de Deus devem ser não só obedecidas. mas admiradas e

amadas com entusiasmo. Maria adora profundamente a vontade do Criador e submete-se de todo o coração. Apesar de sua augusta qualidade de Mãe de beus. consente Ela em mesclar-se à multidão das mães dos homens que afluem ao Templo para recobrar, por meio de um sacrifício, a pureza que perderam. São José conduz a humilde oferenda que a Mãe deve apresentar ao sacerdote. Sua pobreza não lhe permite comprar um cordeiro, substituível por um pombo ou uma rola: inocentes pássaros dos quais o primeiro simboliza a castidade e a fidelidade, e o segundo a simplicidade e a inocência. O santo Patriarca leva também os cinco ciclos, preço do resgate. O Filho de Deus e Redentor do gênero humano quer em tud o ser tido como um servidor, e resgatado nesta humilde condição como o ídtimo dos filhos de Israel.

Um ancião vivia em Jerusalém, já em extrema velhice, ao qual Deus prometeu, como prêmio de suas esperanças, que não cerraria os olhos sem ver o Messias. O varão privilegiado, explica D. Gufr..ngc·, , juntamente com a Profetiza Ana - dois representantes da antiga fidelidade - acorrem ao Templo nessa ocasião e unem suas vozes para celebrar o advento feliz do Menino que veio renovar a face da terra, o Qual, segundo a profecia de Ageu , neste local, no recinto do segundo Templo, confere enfim a paz ao mundo.

Movimento Punk em São Paulo I

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ATÉ HÁ pouco, o brasileiro médio conhecia o movimento Punk como a última extravagância surgida na Inglaterra anos atrás, uma manifestação de revolta promovida por mi norias de jovens, mais radical e desvairada que a explosão do "hippísmo", ocorrida algum tempo antes. Quando parecia que o punk ismo mesmo na Inglaterra e Estados Unidos entrava em declínio, eis que grupos punks surgem em São Paulo, realizam shows e festivais. A imprensa nacional começa então a se ocupar do movimento no Brasil. Em setembro do ano passado, os punks apresentam um show em salão da PUC de São Paulo. Após alguns atos de vandalismo, praticados por um grupo de punks, a polícia intervém, faz evacuar o salão e encerra o referido show. Nosso colaborador Nunes Pires, na página 4, analisa a raiz e as principais caracterfs. ticas doutrinárias do movimento, além de descrever sucintamente o que se passou no show punk, efetuado na PUC paulista. Num fim de semana de novembro p.p., teve lugar o primeiro festival punk, no SESC da Vila Pompéia, em São Paulo. Na foto ao lado, pode-se observar um dos participantes desse festival. Cabelo desgrenhado, alfinete atravessando a pele junto aos lábios, do qual pende uma corrente afixada através de um cadeado na blusa do punk. Essa fisionomia constitui uma amostra daquilo que os punks são e fazem. Minoria de vanguarda insignificante e inexpressiva? Convém lembrar que movimentos de vanguarda revolucionários costumam ser lançados por- minorias desse tipo e depois, em várias ocasiões, vão se impondo, gradualmente, cm diversos setores da sociedade, até contaminar o conjunto da mesma.

Bispos norte-americanos interpelados pela TFP dos Estados Unidos "BISPOS 11orte•a111ericanos: por que 111a· 11ifestais tanto pânico a respeito do 111orticínio que poderia ser causado por uma hecaton1be nuclear e 11e11hum te111or em relação ao 111orticínio causado pela legalização do aborto?", lia-se numa larga faixa conduzida por um grande contingente de membros da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, numa manifestação diante dos escritórios da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, cm Washington. Esta e duas outras faixas sobre a mesma questão também foram vistas por milhares de pessoas que participavam da 10.• Marcha Anual pela Vida, na capital daquele país. no dia 22 de janeiro. Na foto, aspecto da mencionada manifestação da TFP norte-

americana em frente ao edifício da Conferência Episcopal dos Estados Unidos. A TFP americana mostrou ceticismo a respeito de uma provável resposta dos Prelados, formulando a seguinte questão: "Excelê11cias. nós já sabemos que vós recebeis esta desco11certa111e mas filial pergu11ta com desdém. Por que? Por que? Por que?" A entidade manifestou em seguida sua preocupação acerca da perplexidade e confusão causadas pelo movimento ecumênico promovido pelos Bispos, que tem em vista muito mais os não-crentes do que os fiéis. Para externar tal angústia, os manifestantes encerraram o ato recitando os Mistérios Dolorosos do Rosário.


REVOLUÇÃO FRANCESA, ETAPA RUMO AO COMUNISMO? REVOLUÇÃO Francesa é, o mais das vezes. apresentada nos cursos colegiais sob luz simpática. E durante a vida adulta dos estudantes daqueles cursos, tal visão permanece, sonolenta, no fundo das cabeças. Com o passar do tempo, nascem algumas dúvidas a respeito do significado autêntico dos acontecimentos de 1789, mas a considerável distância histórica dos mesmos e sua pouca relação - é o que tudo dá e entender - com os acontecimentos atuais do dia-a-dia levam as pessoas a um adiamento desinteressado do estudo da questão. Entretanto, confusamente, boa parie delas percebe que· tais eventos foram imensamente imporlantes e mudaram a face do mundo. Não apenas na superfície, mas pelo fato de determinarem uma tomada de posição diante da vida, 11ma visão do universo. O homem comum, neste nosso utilitário século XX, tem a tendência de evitar a explicitação dessas impressões nebulosas e de reduzir a Revolução Francesa a mera troca de formas de governo. Para ·ele, os fatos poderiam, "grosso modo", ser assim resumidos: terminou o absolutismo, foi instaurada a república, apareceu um general briguento e talentoso, que acabou se fazendo coroar imperador. No fim, caiu porque, a partir de certo momento, a sorte não mais lhe sorriu. Veio então Luis XVIII, o irmão do infortunado Luís XVI, os Cem Dias, outra vez Luís XVIII, Carlos X, uma revolução pelo meio, Luís Felipe, a revolução de 1848, Napoleão II I. E, finalmente, em 1871 a república se instalou definitivame nte na França. Mas o homem comum deixa sem resposta a pergunta que dormita incômoda nos desvãos empoeirados de seu subconsciente: "Se fossem disputas apenas a propósito de formas de governo, porque tanta convulsão, tanta hesitação, tantos vaise-vens a ponto de a fprma republicana se estabelecer estavelmente apenas cem anos, cm números redondos, após 1789? Na França, naturalmente, o tema é enfocado com mais seriedade. Os fatos ocorreram lá. Aléin do mais, o francês tem maior necessidade de clareza no pensamento do que outros povos. Um historiador anarquista contemporâneo, Daniel Guérin, intelectual conhecido naquele país, com amplo instrumental de análise fundado em Marx, estudou a Revolução Francesa e publicou um livro, em muitos aspectos lúcido, do qual tenho o gosto de apresentar extratos, acompanhados de ligeiros comentários, aos leitores de "Catolicismo". Faço-o com o objetivo de facilitar dados elucidativos para o julgamento da questão que, bem vista, é da maior atualidade. Explicome. Boa parte dos que se opõem ao comunismo, fazem-no com base na trilogia ambígua, tomada famosa pela Revolução Francesa, "liberdade, Igualdade, Fraternidade". Evitam fundar tal oposição no direito natural e agarram-se nos frágeis ramos do liberalismo. ,Daniel Guérin, sem o dizer expl.icitamente, aponta as contradições dessa posição. Pois de sua obra se deduz que a Revolução Francesa, no terreno das idéias, é a mãe do comunismo. A quem a . defende em sua autenticidade, por imposição lógica, faltaria base para se declarar contrário ao comunismo.

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Na Revolução Francesa: embrião do governo soviético O livro a que me refiro denomina-se "/.A Révolution Française et nous" (Ed . François Maspero, Paris, 1976). Nas citações, darei dele apenas o número da página. Afirma Daniel Guérin: '!Durante a Revolução Francesa] vamos assistir à eclosão de uma nova forma de den,ocracia, nova to,nando em consideração a democracia parlamentar burguesa: a den,ocracia direta, de tipo comunal, ou, para usar unia palavra moderna, soviética, isto é, a 2

den,ocracia dos conselhos oper'á- priedade. O próprio Carlos X não rios" (p. 99). Ele considera que a ousou reto,nar dos burgueses os revolução russa foi, no início, auten- bens dos nobres emigrados e do ticamente soviética, mas degenerou clero. nem restabelecer os tributos em burocratismo estatista. O sovie- feudais ou ressuscitar as corporatismo autêntico ainda não existiria ções" (p. 28). Considera ainda o de fato. ~eria um ideal, uma ver,são autor com notória complacência o radicalizada, mas de mesma direção, papel de Napoleão, tido por obserdo socialismo autogestionário, tão a vadores apressados, como baluarte de bons princípios sociais: "Bonagosto dos socialistas atuais. parte 'revolucionário', na medida e111 Na ocasião, tal governo não era viável, pois "a maioria da população que ele es1abilizard a revolução burnão queria, en, graus diversos, levar guesa, i1npedirá com unia mão de a Revolução a suas últimas conse- ferro o perigo de un,a Restauração. qüências. .... Os "sans-culottes" não estenderá os princípios revolucionáconstituíam senão uma n1inoria da rios burgueses à Europa" (p. 29). Em população francesa. Mas eles foram, português claro, havia o perigo de num determinado momento, os de- pressões da opinião pública atcrrori-

Daniel Guérin apresenta como fato auspicioso da Revolução Francesa o exemplo que deixou aos pósteros da luta encarniçada visando extirpar o catolicismo do solo francês: "Num outro plano. a Revolução Fran,·esa, em sua ,íltinw fase. apresenta-nos uma lição. cuja i111portDncia não pode111os subestimar. O ano de 1793 nos oferece 11111 espetáculo quase único em seu gênero e que. visto com I50 anos de recuo, nada perdeu de sua possante originalidade: p tentativa da descristianização. .... A explosão anti-religiosa do ano !! da Revolução. merece ser ,nelhor conhecida e nós terfamos interesse en, inspirar ainda ,nais nesses aco11· 1ecin1entos nossa luta contra a Igreja'' (pp. 83-84).

A zombaria como arma consciente No cômputo das táticas contra a Igreja, é apresentada uma delas, à qual Guérin, analista cuidadoso, atribui importância primordial: o riso, a zombaria. O riso pode parecer exclusivamente fruto da casualidade. espontâneo. O autor vê nessa forma de desprezo uma arma que faz parte de um plano mais vasto. Nos a taques contra a igreja "este riso .... não era senão o ins1run1en10

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Os soldados do Ano li da Revoluçlo (1793). llustraçllo de Raffet. Esse ano da época do Terror é apresentado por Daniel Guérin como um per(odo histórico que deve setvU de inspiração aos anarquistas contempot&noos em sua lut a contra a Igreja.

positários dos intéresses superiores da Revolução efetivamente" (p. 109).

Revolução: processo multi-secular

zada forçarem a restauração dos Bourbons e provoca rem a desmoralização completa da Revolução Francesa. Napoleão, na ótica dos que comandavam os acontecimentos, teria surgido como um emplastro, um uersatz" utili1..ávcl para evitar o pior para eles.

Aqui aparece noção expressiva: a Revolução descolada do epíteto francesa. Dentro desse conceito, a Revolução Francesa é situada como um elo. Guérin define a idéia: ·..A A Revolução é anticatólica Revolução é um processo ininterHoje, o progressismo procura rupto unindo, con,o se diz, a 'liquidação da Idade Média à revolução sôfrego aliança com forças revoluproletária, através de uma série de cionárias: Muitos desta corrente são crescentes conflitos sociais'" (p. 23). parcialmente movidos pela ingênua É de Trotsky a frase entre aspas. esperança de que a Revolução amorContinua o intelectual francês: "A teceria seu ód io anticatólico, desde Revolução tal como ela é. esta velha que .se lhe sorrisse e fizesse contoupeira, como dizia Marx. prosse- cessões. Recentissimamente, constague eni seus empreendimentos sem tamos um fato desse tipo: o triunfo estrépito, sem pressa, e imedia1a- 'Sandinista, onde é difícil não ver n1en1e, através de uma n1esn1a crise cumplicidade cm si lêncios perplexirevolucionária; e, em seguida, de tantes. Na realidade, a cumplicidade crise revolucionária enr crise revo- foi até a participação ativa de parte lucionária. Mesmo quando ela pare- do Clero na obra trágica de impor ce ador,necida, continua a atuar. ditatorialmente o col)'lu nismo à inUma crise revolucionária não é se- feliz Nicarágua. não a continuação direta da crise precedente" (p. 24). Esse caminhar contínuo para extirpar toda a influência medieval teve um dos momentos ápices na Revolução Francesa, que em germe continha todo o comunismo. Exemplificando com o princípio de propriedade privada, afirma Guérin: "A burguesia, atacando a propriedade feudal e as propriedades eclesiásticas, abriu uma brecha no muro sacrossanto da propriedade .... Este germe de co,nunismo agrário .... que a própria burguesia havia semeado" (p. 17).

de investidas mais sérias .... Estes pequenos folhetos de propaganda finamente redigidos. bem entremeados de palavras fortes. tiveram 11111 poder ben1 nrais destrutivo do que as longas e pedantes dissertações teóricas" (pp. 96-97). Ainda hoje, quando católicos autênticos levantam com destemor seu estandarte, a arma do riso é em seguida acionada. Sua força psicológica foi . há muitos anos, bem avaliada numa frase que consta da via Sacra composta pelo Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira: "Não é bem exato que há certos homens que têm ,nais ,nedo de 111n riso do que de tudo?" ("Catolicismo", março de 1951, n.0 3). · Como se sabe. todos temem a zombaria. Basta acioná-la habilmente para amortecer e ntusiasmos, impedir apoios, cercear possibilidades de expansão. O que há de relativamente novo neste livro é que o autor coloca a zombaria como uma arma eficaz, conscientemente manejada por especial istas.

O receio dos revolucionãrlos Daniel Guérin não receia que o processo revolucionário proceda a recuos estratégicos, como vimos acima. São desagradáveis, na sua ótica, mas óccessários. Teme a parada, quando provocada fora dos planos de uma gradualidade sabiamente estudada: "Acontece que e/à [a Revo-

lução] estabelece um 1e111po de repouso. resultante ou do grau de conscientização ainda insuficiente de sua vanguarda, 0 11 de medidas tonradas por seus adversários para deter essa vanguarda. Mas. desde que ela faça es/a 'pausa', expressão usada por l.éon Bium e,n /937, ela está perdida. O ,novimento contínuo é para a Revolução um requisito necessário, tal como a circulação do sangue o é para o corpo. Imobilizá/a artificialmente é nratá-/a" (p. 24). Imobilizá-la equivale a romper os elos de união que há entre sua parte mais avançada e o grosso da opinião publica que marcha temerosa e como que a contragosto vagarosamente - cm direção à meta apontada pela sua facção mais extremada . Em parte o caminho é feito porque o público conhece apenas confusamente a meta. Velar o fim faz sempre parte da tática revolucionária. Se a opinião pública o conhecesse sem rebuços, recuaria horrorizada.

Razão do artigo Creio que mais de um leitor está se perguntando: qual o motivo dessas digressões? Não está tudo isso no livro "Revolução e Contra-Revolução", do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, já publicado por essa folha e profusamente comentado aqui? . O interesse está na comprovação. Daniel Guérin situa-se nas antípodas das concepções expressas em "Revolução e Contra-Revolução". A alguns poderia parecer que, baseada em outro ponto de vista, a análise de partes da História do Ocidente, nos últimos séculos, chegasse a conclusões distintas das enunciadas em "Revolução e ContraRevolução". Entretanto, isso não sucede. Guérin também insere a Revolução Francesa num processo multi-secular, tal como um elo que se prende aos outros elos de uma corrente. E descreve as táticas de atuar da Revolução, scus recuos estratégicos e os perigos a evitar. Numa época normal, terminaria o artigo na frase acima. Em nossos dias, preciso acrescentar algo. A doutrina social da Igreja reconhece a legitimidade das três formas de go-· verno - monarquia, aristocracia e democracia. Esta é a minha posição. A adoção de uma delas por qualquer país depende de circunstâncias concretas. Apenas afirmei que a aplicação coerente dos princípios da Revolução Francesa não pode dar origem a uma democracia que esteja em consonâ ncia com o ensinamento tradicional da Igreja. Assim, este parágrafo visa evitar qualquer mal-entendido.

P. Ferreira e Mello

Os recuos enganosos Muita gente crê que os recuos durante a Revolução Francesa, indo do Terror até o Império napoleônico, até mesmo à Restauração, com,tituf ram algo de muito profundo, que deteve eficazmente a avalanche revolucionária. Guérin, escrevendo especialmente para seguidores seus, explica essa sucessão de acontecimentos: "A Revolução Francesa não foi seguida de um recuo: nem a reação do ter,nidor, nen, o Diretório, 11e111 o Consulado, ne,n o Ílnpé· rio, nem mesmo a Restauração atingiram seus efeitos básicos no plano das formas de produção e da proCATOLICISMO -

Fevereiro de 1983


No cinqüentenário da ascensão· de Hitler como chanceler da Alemanha, "Catolicismo" republica:

A GRANDE EXPERIÊNCIA DE DEZ ANOS DE LUTA Plinio Corrêa de Oliveira NO D IA 30 de janeiro de 1933, porranro há 50 anos, Adolph ,Hitler era empossado como chanceler da Alemanha. O nazismo, que tantas desgraças acarretaria àquele país e a todo o mundo, iniciava sua trajetória histórica . .

Tal cinqüentenário, ocorrido recentemenle, levou-nos a republicar os rópicos principais do clarividente arligo redigido pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para o semanário carólico da Arquidiocese de São · Paulo "O Legionário", que o publicou em sua edição de 13-5-45. ''Catolicismo" estampou a mencionada colaboração em maio de 1965, n.• 173, quando se comemorou o vigésimo aniversário do término da segunda guerra mundial. O insigne pensador católico, nos tópicos que reproduzimos abaixo, expõe com lucidez e brilho a posição a um tempo antinazifascis ta e anticomunista assumida por "O Legionário", no decorrer do conflito. E também deixa prever os frutos que o Hitler assum e o cargo de chanceler da Alemanha em jen eiro de 1933. No centro Prisioneiros de guerra alemães nas ruas de M oscou. Foto simbólica que indica a um tempo o comunismo tiraria da conflagração, da foto. o M arechal Paul von Hindenburg e à direita deste Hermano Goring. sinistro fün do perigo nazista o o início do amooço do comunismo om oscala mundial. prevenindo os católicos contra os perigos que a nova situação criava. edifício de pedra, mas um edifício de guiar por sua vez a burguesia. Em das poltronas de couro modernas, Europa. Eram legiões os moços que, carne viva. um grande corpo. Era a matéria educacional passou-se do que diferença de beleza! Mas, cm desgostosos do curso das coisas, aesca lada de mu ltidões raivosas, que autoritarismo pedagógico da velha ,compensação, como se sente melhor briam os olhos para a Verdade ReTÉRM INO da conílagração cntravarr. pelas portas e pelas jane- escola. para o igualitarismo socialis- o corpo estirado sobre a lisura des- velada, c almejavam de todo coramundial, e o esmagamçnto las, saqueavam relíquias indefesas e ta e para o comodismo didático da ses couros, afagado pela flex ibili- ção o triunfo da civilização cristã. das potências totalitárias, tesouros abandonados, arrebenta- escola-nova. Em matéria artística e dade dessas molas! Evoluções todas As obras sociais cató licas, a imprennão poderia deixar de ser assina- vam vitrais, profanavam a ltares, des- literária. do classicismo rígido e for- bem dignas do tipo moderno de sa católica, o rádio católico. a ação lado pelo "Legionário" com uma truíam imagens, ou abatiam com um malista . para as convulsões do ro- habitação, cm que por economia se política dos católicos tri1Ínfavam edição consagrada, quase toda e la, só estampido de dinamite torres cen- mantismo, e daí para as extravagân- deixa de fazer sala de vizitas. mas o por ioda parte. Assim, na Alematcmírias, mural has imensas. contra- cias dos modernos sistemas artís- luxo não conhece limites para a nha, na Austria, na Espan h;a. na ao grande ~contecimento. Com efeito, a derrocada fina l do fortes até há pouco inexpugnáveis. E ticos. Em matéria humana, do tipo comodidade das cozinhas. das copas Itália, na França, no Brasil, na Hototalita rismo marca, para nós. o ter- a alguma d istância, aos aplausos dos semitisico, sentimenta l e "débrai/lé" e dos banheiros. Economizar no sa- landa, na Bé lgica. os êxitos eleitorais mo de uma longa e dolorosa campa- "gravochcs", dos vadios, dos petro- dos heróis e hcroinas do roman- lão de honra o que se vai gastar no dos católicos eram cada vez mais leiros, outros operários procuravam, tismo, parn o csportivismo. o espí- banheiro! A decrepitude dos salões estrondosos. E quanto mais crescia nha. na qual fomos obrigados aos mais duros sacrifícios. para escla- com o material roubado à Casa de rito utilitário e a ultravitaminosc dos dourados e o apogeu da sala de o perigo comunista. tanto mais se banho! Que tema para uma me- acendia o ardor da reação católica. Deus. construir em suas linhas extra- elegantes à maneira "yt111kee". T udo recer a opinião católica sobre o treA certas a lmas, Deus atrai ao Céu mendo perigo que ameaçava a Igre- vàgantcs e sensuais, a orgulhosa Ci- se tornou mais cômodo. mais acessí- ditação! vel. e o prazer que se procura nas fazendo-lhes ver o inferno. Foi desta ja. De 1933 a 1942, a vida do "Le- dade do Demônio. terapêutica que Ele se serviu com o Tudo isto não é senão alegoria. E coisas passou a ser muito menos do gion.\rio" foi. a este respeito, uma ~~ mundo ocidental, permit indo que se não IHí alegoria , nem imagem. nem belo que do "gostoso''. O hclo enverdadeira via crucis, ao longo da ca nta o espírito. Mas o "gostoso" Em 19 18 o sopro do csp1n1 0 lhe patenteasse cm toda a hcdiondcz qua l não houve provação que nos descrição que possa retratar a confosse poupada. De 1942 a 1945, a fusão daqueles dias de "pós-guerra". delicia o corpo. Das cadeiras elegan- rcvolucioni1rio vttrreu a Europa com a figura dos tormentos cm que o tes do estilo Lu is XVl para as pesa- singular violência. Deu-se o imenso comunismo mantinha a Rússia .. o luta, menos ostensiva e menos direta. não deixou entretanto de se fazer veladamente. O fim da guerra Mí sseis.sov_i é ticos . ~~ 1, ..,~ vem encerrar todo este passado, e num d8$flle militar em '-'l';, ~ abrir um futuro em que os proble1.""''''"'(! H• t um erro su por que a Revolu- Moscou. Projéteís po- , ~/ mas se apresentam radicalmente di- ção Francesa se encerro u com Na- tencialmente voltados ,-; ;Jt'versos. Aproveitemos estes instantes poleão ou com Luis XVIII. De fato, contra o M undo t,vro, l; . , ,. 3~ '1 t f r r. ,, i J, •: fugazes, em que os cadáveres ainda ela se espraiou ao longo dos anos, e estão quentes, cm que as lágrimas seus frutos mais imediatos não cesi'i ainda não seca ram, cm que a terra saram de se produzir até 1925 ou ainda não sorveu o sangue dos com- 1926, na Europa, ,até 1935 ou 1936 batentes, cm que os incêndios ainda no Brasil. Façamos, pois, um con.• 1 fumegam, e os canos das metralha- fronto entre a Europa de 1789 e a de doras ainda não esfriaram, para fi. 1925. Ao longo desses 140 anos . que xar cm um quadro geral ainda bem transformações assistiu ela na orvivo, a recordação destes anos de dem de coisas que nos ocupa? Puraconfusão e de tormenta. Ê este o mente· negativas. instante propício para tal tarefa. A Em matéria de Religião, as masexperiência histórica é muito mais sas. de cristãs passaram a revoluciosubstanciosa q uando colhida em um nárias, as elites. de deístas a indifepassado recente e palpitante. do que rentes ou atéias. Em matéria de filonos herbarios secos e fanados dos sofia, do cartesianismo passou-se compcndios e dos arquivos. para o materialismo evolucionista. Foto do ..Hospital psiEm matéria política. do Estado or- quiátrico.. de Orei. na ganizado à Rousseau, para a nega- Rús$ia. N esse dpo de ção niilista de todo e qualquer Es- estabelecimento aplitad o. Em matéria socia l a burguesia cam-se os mais recenSerá, por exemplo, muito d ifícil destruiu a aristocracia cm nome da tes métodos de desaque a História venha a compreender igualdade; e armada do mesmo prin- gregação da personatão bem quanto nós a época agitada, cípio a plebe se aprestou a estran- lidade humana. dent ro do sistema de crepuscular. indecisa. cm que irrom"goulay .. soviético. pernm no mundo os partidos totalitários. Ê preciso ter vivido cm 1920, ou cm 1925, para compreender o estrondo do desabamento do czaris- México e mais tarde a Espan ha. Não tremendo caos ideológico em que se mo, e se implantou o comu nismo na h{, lorrncnto ma ior do que esse de 1 debatia a humanidade. A CristanRússia. Toda a vida inte lectual e um povo a que se arranca dia a dia socia l se seccionou ainda mais do um~1 tradição. urp hábito, um símdade parecia um imenso prédio cm trabalhos finais de demolição. Não passado. No Ocidente, a hegemonia bolo. É um esq uartejamento terrí1 começou a se deslocar. cada vez vel da alma. a que estavam expostos havia o que não se fizesse para o mais, da Eur9pa tradicional para os a pouco e pouco todos os povos destruir. Aqu i, especialistas silenciosos e metódicos arrancavam uma a Estados Unidos niveladores. cristãos. uma ·as pedras, desconjuntavam as Em meio de todo esse desabamenlrnves, tiravam as portas a seus bato. que evidenciava cada vez mais o lentes, e as janelas a suas charneipróximo término da civilização crisras. Essa fama, que faziam com o r'-'" tã como tal, uma sa lutar reação se Sempre que o demônio está na mutismo, a solércia e a agilidade de produziu. Muitos espíritos perceiminência de perder uma partida. conspiradores, progredia com frieza biam por fim para que abismos cainexorável, sem perda de um insminhava o mundo, e quais os guias sua grande arma é a confusão. Utitante, sem desperdício de um seque o levavam para o abismo. Como lizou-a ainda desta vez. A História gundo. Revezavam-se os operários, escreveu Pio XI, um sopro universal talvez diga. algum d ia. cm que anmas de dia e de noite, enquanto os do Espirito Santo orientava para a tros o plano tenebroso se forjou. homens se divertiam, dormiam, tra-. Igreja os espíritos transviados. Em Mas o fato é que pctrn atender aos balhavam ou passeavam. a tarefa plena hecatoml;,c da civilização cris- anseios das massas sedentas de civinão se interrompia. Mais a lém, tã, a Igreja de Deus começava a li1..ação cristã, apareceu mi Alemamonstros de figura humana assaltaflorir novamente. produzi ndo reben- nha um part ido, logo copiado cm ,vam os muros vetustos da C ristantos que atestavam iniludivelmcntc outros lugares, que se propunha a dade com o furor delirante e impesua eterna pujança . O movimento tuoso com que se atacaria, não um católico se organizava por toda a ~

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CATOLICISMO -

Fevereiro de 1983

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NA PUC PAULISTA, DEPREDAÇOES EM FESTIVAL PUNK ,'PUNKS

outra ve't? Aquela demência de 1977 e 1978 retorna? Mas afinal, o que são eles, o que querem?" Perguntas naturais e quantas vezes formuladas cm silêncio por numerosos brasileiros. Roupas extravagantes, pinturas chocantes, gestos abrutalhados, expressão -facial indicando fastio e revolta, o punk é a mais radicalizada expressão da chamada revolta juvenil. Final da linha iniciada pelos plays-boys, pela beat generation. pelos hippies. Após o punk certamente virão outras expressões dessa propaganda de um novo tipo humano. Tipo humano que é a negação de civilização e cultura. Com efeito, no centro da idéia de civilização está a formação contínua e penosa de personalidades nas quais, harmoniosamente, a inteligência ilumina a vontade, a vontade comanda a sensibilidade. Portanto, as potências da alma hierarquizadas devidamente. Os atos humanos são assim regidos por princípios derivados de uma concepção da natureza humana. Há uma lei moral, que procede de princípios eternos, em última aniilise, de Deus, cuja aceiiação molda a personalidade e dá origem a instituições, as quais formam a sociedade civilizada.

No punkismo, e em grau um pouco menor nos movimentos que o antecederam, há a insurreição da sensibilidade, das paixões que se recusam a seguir os retos ditames da razão. A inteligência e vontade passam a escravas, a sensibilidade impera despoticamentc. Os atos humanos ficam sujeitos a caprichos, veleidades, desejos momentâneos das paixões. Não se aceita mais o comportamento segundo normas perenes. O homosse.xua lismo. as drogas, a promiscui-

dade sexual, a sujeira deixam de causar repugnância. Pelo con tn\rio, passam a ser admitidos e até mesmo admirados. Isso constitui mais um passo do processo revolucionário gnóstico e igualitário - descrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu magis-

.. A GRAND E EXPERIÊNCIA implantar um novo mundo cristão. À primeira vista, nada mais simpático do que o nazismo, movimento místico-heróico, propugnador das tradições da Alemanha cristã e medieval, contra a dissolução demagógica e corruptora da propaganda bolchevista. Os termos meramente negativos da doutrina nacional-socialista correspondiam em vários pontos ao que sentia de mais vivo a consciência cristã, indignada com o enfraquecimento do principio de autoridade, da ordem, da moral. e do direito. Mas, se se atentasse para o lado positivo dessa ideologia, lado que só aos poucos a maquiavélica propaganda parda revelava aos "iniciados", que terrível decepção! Ideologia confusa, impregnada de evolucionismo e materialismo histórico, saturada de iníluências filosóficas e teológicas pagãs, programa político e econômico radical e caracteristicamente socialista, intoleráveis preconceitos racistas. Em uma palavra, por detrás dos bramidos anticomunistas do nazismo, era o próprio comunismo que se pretendia instaurar. Um comunismo ardiloso, de máscara cristã. Um comunismo mil vezes pior, porque mobilizava contra a Igreja as armas satânicas da astúcia, em lugar das armas impotentes da força bruta. Um comunismo que começava por empolgar os espíritos por algumas verdades, punha-os em delírio sob pretexto de entusiasmo por essas verdades, e os atirava em seguida aos erros mais terríveis. Um comunismo, portanto,

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trai livro " Revolução e Co11tra- Re• volução ·· - de modo que a revolução punk pode ser considerada sua 4.• etapa. Na primeira. isto é, na Revolução Protestante, ocorreu a revolta contra o Papado. A inte ligência não quis dobrar-se à autoridade legítima da Igreja. Lutero, fundamentado no livre-exame, considerou tal recusa seu ponto de partida. Mais tarde, esses princípios ge-

Um cantor bem caracte• rfstico apresenta-se d ian·

te da assistência que compareceu ao primeiro festival punk, realii:ado em novembro do ano passada. no SESC da Vila Pomp4ia (São Paulo)

raram análoJ;ta revolta na sociedade

temporal, desta vez contra a supremacia aristocrática, mesmo quando proporcionada e Justa. Mai s adiante, a última desigualdade existente na sociedade - a da riqucr,a - está sendo destruída pelo comu nismo. E, finalmente, a desigualdade dentro do homem. em que a inteligência e a vontade devem gozar de um primado sobre a sensibilidàde, está sendo questionada, muito mais nos fatos do que em doutrinas. pelo punkismo. As dua_s potências superiores do homem vão sendo desbancadas por esse movimento mediante o turbilhão das paixões. Ê a anarquia nas personalidades que desembocará naturalmente na anarquia so-

cial. •

Em São Paulo, pequenos e insignificantes grupos punks tentam atiçar de novo o movimento. seguindo os passos dados nesta m;,téria por seus propugnadores instalados na capital britânica. É próprio a causar a maior das perplexidades o festival p1111k relatado por Antonio Bivar. e que teve lugar nas dependências da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no ano passado. Àquele recinto, edificado o utrora sob o dignificante patrocínio do Papado, e portanto marcado pelo símbolo sagrado e solene da Cruz, têm acesso os propugnadores de novos símbolos. de uma nova pscudo-civili1.ação qué denota, na verdade. evidente inspiração demoníaca.

Assim, Antonio Bivar. cm seu sub-estilo de redação. cheio de redundâncias. com frases mal-revisadas, nas quais aparecem também

que significava. não a obliteração dos maus, mas dos bons, a mais terrível máquina de perdição e de mistificaç.ã o que o demônio tenha engendrado ao longo da História.

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Ta l é o peso da verdade, tão duro é o fardo do bem, que infelizmente muitos espíritos. embora sinceramente católicos, se deixaram transviar pela manobra. Não ti·nham aquela fome e sede de justiça, que é a raiz da santa intransigência. Não tinham aquele apetite de Catolicismo pleno, que os faria rejeitar como elemento impuro qualquer liga com os fermentos do século. As coisas muito acentuadamente católicas, declaradamente católicas, exclusivamente católicas, lhes pesavam como o sol fere a vista das aves noturnas. Preferiam as formas pálidas, d ilui-

Nesta noite. especia/111e11te. o S<J· palavras de baixo calão. descreve o !tio Berta da PUC parece uma oficina que se passou na PUC: " Repe111i1101nente é sâbado e nes- de trabalh o. Grupo.~ - Passeatas. te s,íbado ten, show Punk 11a PUC. Inocentes e Ulster - se rev('Zfln1 nó Não é a prin1eir11 vez que o DCE tia palco: punks 11a p latéia . da11çam a PUC abre o saltio Berta para show dança selvag<•1n e exordzante. uma punk e 11en1 seria a últi,na. Os estu- dan("tl intlividut,I e conjunu, ao ,nes· dantes vêe,n o 111ovi111e1110 co,n siln- mo re,nplJ. t'Onro u111 levante por(},, plllia. e/ora'""ª 011 outra pi.w1ção11a guerrt1 ou contra elt1: Jornalistas e11parede 011 110 ba11heiro. nada de trevisl(111do ga11gs no saltío: ílashcs gr1ive acon!eceu. nas outras apre- estouram. com fotógrafos -· profissenUJ('Õl!s. E claro que sernpre existe sionais e amadores - fotografa11do o unw <'erra 1ensão pairada no ar. evento. Ern 11111t1 tios paredt.'S E<lu. o Prindpabnente na rua. em frenu? à fotógnifo dá Isto E. projeta. em PUC. Todos aqueles punk s. ce11te11as ta,nanho ,naior que a vida. os slides deles. chegando, 11111 ba11do vi11do de 'que, pela/alta de espaço. 11ão saíram ci,nll. ourro vindo de baixt>. Os publicados 11a revista. slides de muipunks do A BC. os Carecas do Subúr- tos dos punks ali prese11tes. Ao 111esbio. <1 ga11g do TNT do Treme,nbé, e ·1no ten,po que o.v estuda11tes do /11saqueles caras que 11inguén1 conheee tit11to Metodista da11çam.faze111 pes(nwis rudc•s, ,nais selvagens. rnais quisa. colhe,n JJUlterial. J:.i,qu,11110 pobres e vi11dos de mais longe ai11da). isso. 111na 1ninoria de vândalos(cinco E a tur1110 de Campi11as. e os punks deles. ex,aame11te). garotos por volta de São Carlos. e toda a t11rn,a da dos 16 anos, 11,11n acesso de entuzona Norte. se111 conlllf "os 111es111os siasnm destrurivo. estão quebrando de sempre" - Virão, Sé, Ticão. L11i- to<lo o banheiro. arranrando jios. zi11ho Rato .... todos, abso/111(1mente torneiras .... 10111mulo banho e tudo todos. vestidos de 11egro. é claro que é (co,no se nunca tivesse,n visto tanta far1ura de água). arrepiante.

das, indiretas, de irradiação católica, como os mochos preferem a luz da lua. E se entregaram de corpo e alma a essas tendências .de caráter nitidamente anticatólico. Na Itália, como na Alemanha, como em outros lugares. uma coorte de ingênuos, de desavisados, de pessoas entretanto bem intencionadas, se deixou embair e arrastar de roldão com facínoras e aventureiros de toda sorte. E só Deus sabe com que furor, com que iracundia. com C(Ue abundância de ameaças se a1iravam contra os irmãos de crença que se permitiam o luxo de ser mais penetrantest mais perspicazes, mais enérgicos na defesa da Fé.

Ruiu o grande sonho, está em pedaços a terrível construção elevada pelos arquitetos dos sistemas Mulheres lituanas e• xecutam trabalhos forçados na Sibéria

totalitári os pscudocristãos. Hoje em dia, ninguém o usaria sustentar a legitimidade dessa posição contra a qual clama todo o sangue que se derramou. todas as lágrimas que se chora ram, todo o suor Q\te se verteu nestes anos de guerra. Quando os campos de coneen1ração forem expostos à visitação pública, e se perceber que terrível oficina de ódio era o totalitarismo. é de se esperar que as últimas vendas ca iam dos últimos o lhos voluntariamente cegos, e que por fim os escombros e os restos de todo esse passado sejam removidos dos últimos espíritos que o fana1ismo ainda mantém cm uma a1itudc de obstinação desvairada. Mas, como dissemos, desse passado ainda quente, se desprende uma grande lição. Ê inútil querer fazer se m a Igreja ou contra a Igreja a obra de Deus. "Enquanto o Ser,hor não edificar a casa, trabalharão cm vão os que a constroem. Enquanto Ele não proteger a cidade, velarão inutilmente os que a guardam" (SI. 126. 1). O mundo não pode ser sa lvo por formas diluídas de Cristianismo, ou por sistemas que representem uma etapa comodista ou preguiçosa nas sendas da restauração da Cristandade. Nosso "lei, motiv" deve ser o de que para a ordem temporal do Ocidente, fora da Igreja não há salvação. Civilização católica, apostólica, romana, totalmente tal, absolutamente tal, minuciosamente tal, é o que devemos desejar. A falência dos ideais políticos, sociais ou culturais intermediários está patente. Não se pára no caminho de volta para Deus: parar é retrogradar, parar é fazer o jogo da confusão. Nós só queremos uma coisa: o Catolicismo completo. Esta a grande verdade que o fracasso do totalitarismo revela. Relembramo-la nesta ocasião memo-

Logo depois. 110 palco. 11111 músit·o de uma das bmul,,s ,·luuna os vlindt1los à tozão - ,1 eJStt altura ningubn sobe que111 arrasou co111 o ba11heiro - le111bra11dÕq11e, por cm1.,·a do ato. cerrmnente

111111cll ,nai.,· a PUC per111i1iró o show de punk 110 sa!tio 8ert11. E não den1ort1 111ui10 clu•ga <1 polícia. E ti polícia faz evacutlf o salcio Berra. 11u111d,11ulo os punks e111bora. encerrando o show" (""0 que é punk"", Antonio Bivar, Ed itora 13rasilicnsc. São Paulo, 1982, pp. 110-112).

Esses movimentos são vanguar• deiros. Mesmo quando não vencem de imed iato. iníluenciam a comunidade social. que adota certas formas de comportamen to mais ou menos vizin has de seus desvarios. Eles enfraquecem as barreiras de horror que ainda ex istem no Ocidente cm relação 11 anarquia total, tanto nos indivíduos quanto na sociedade.

Nunes Pires rável, não para reavivar dissídios com irmãos de crença, mas para declarar q ue, excetuada esta grave lição que contém o suco de toda a trágica experiência destes últimos anos tão ricos em e nsinamentos, tudo esquecemos, e que só queremos olhar para o futuro. Do passado, não trazemos nem queixas nem ressentimentos. mas apenas a convic-ção da vitória desta tese, que deve ficar: os católicos vencerão desfraldando inteiro o estandarle católico, e não ocultando-o sob as dobras de doutrinas políticas eq uivocas.

Ai está diante de nós, hiante, o grande problema do comunismo. Mais uma vez, e com uma acuidade maior do que nunca, exige-se a luta contra a hidra que representa, tanto quanto o nazismo, a quinta-essência do espírito da Revo lução . Os católicos devem unir-se diante do adversário comum, esquecidas todas as queixas e todos os ressentimentos, e, consoante o ensinamento de Pio XI, devem aceitar a leal colaboração de_ todos os homens d ignos, que estejam sinceramente empenhados na luta contra o totalitarismo rubro. Mas o segredo da vitória da Igreja · consiste precisamente. nisto: em renunciarmos aos ideais intermediários, e, ligados a todos os que nos ofereçam sua cooperação, vencer a hidra bolchevista com a única arma que a esmagará - a Cruz, que representa a Igreja de Deus e as mais antigas e legitimas tradições da civilização cristã. "ln hoc signo vinces", disse uma Voz a Constantino num momento cm que parecia incerta a sorte das armas. Essa Voz não se calou durante quinze séculos, e ainda hoje é a mesma a sua mensagem para o mundo. ·

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1983


ASPECTOS DA EUROPA ATUAL, NUMA VISÃO DE RELANCE ESPANHA vivia até há pouco um clima de espera. O governo socialista parecia estar ta teando. Temia o eleitorado centrista, de raiz católica, que votou nos

A

socialistas, por sentir um certo mal

estar indefinido e acreditar que caminhava rumo a um beco sem saída. Mudar era uma saída . Para este eleitorado. basta um sobressalto e ele volta à posição inicial. Nestes dias, a inesperada apresentação do projeto de lei que acarretará a legalizaçiio do aborto mudou substancialmente a situação. O governo. de repente, se vê acuado pela investida conjunta de duas forças poderosas: a Conferência Episcopal Espa nhola e o maior partido da oposição - que se apresenta como porta-voz da opinião conservadora e católica - a Aliança Popu lar. Caso não se verifiq ue um cambalacho político, a situação tende a cam inhar rumo a uma tensão de fundo ideológico.

Muitos espíritos na Espanha atual receiam a rachadura do pais em dois blocos. fenômeno que deu origem à guerra civi l de 1936. De um lado, a Espan ha católica, do Cíd, e do outro, a Espanha de pendores anarquistas, blasfematória. As bases do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) exigem a aplicação tota l do ideário socialista. Se houver, contudo , muita gradualidade e paciência em, mudar a Espanha, é possível q ue a opinião pública não se fenda . cada parte migrando para um polo. Por paradoxal que pareça, o Rei é o grande fator de descompressão. O espan hol conservador tem dificuldade cm acreditar que uma instituição tradicional. com raízes profun•

das no passado, represente pouca resistência contra a comunísti7,~ção paulatina. Por causa do papel de D. Juan Carlos. de moderar a marcha de parte da população em direção ao polo ant i-socialista. o PSOE. embora queira a destruição da monarquia, esquiva-se de tocar neste ponto. Aqu i não entra urn jui,.o sobre o Rei. mas a constatação do que seu estilo de reio.ir produz nas mentalidades.

Além da Espa nha, outra nação européia terá eleições próximas: ~ Alemanha. No dia 6 de ma rço as urnas dec idem a sorte do atual governo Ko hl. Em dezembro do ano passado. reinava muita calma nos setores conservadores. 1>ois julgavam eles que. desta vez. a situação se inverteria. e a coligação CDUCSU tomt1ria segura dianteira cm

relação aos sociais-democratas. mantend o a direção do país. Razão: o povo está cansado do socia lismo. desconfiado cm relação aos avanços da ala mais extremada do PSD, receoso de mais sobressaltos. Quer alívio.

Manifestação pacifista em Sttutgart (Alemanha) diante do principal quartel norte· americano na E.uropa

Paira ndo sobre as eleições. com repercussões mais importantes, flutua a d iscussão sobre o pacifismo. Na realidade, uma questão de consciência. ma is presente lá do q ue cm q ualquer o utro lugar da Europa e que influenciará a própria existência da Alemanha enquanto nação. A problemática apresenta-se de modo mais concreto, como a discussão sobre a instalação ali dos foguete.s americanos. De fato, sob várias rou-

pagens, discute-se a posição da Alemanha frente à Rússia e ao comunismo. Se aceitarem que os Estados Unidos coloquem os mísseis em seu território, os alemães estarão ímplic ítamente dizendo à Rússia que preferem correr os riscos da retaliação e continuar livres. protegidos por Was hington. do que se entregar sem luta. Se não permitirem a insta lação dos foguetes norte-a mericanos , de fato terão optado por uma gradual inserção na área de domínio soviêtíca , através do neut ral ismo e da fí nlandização. A decisão pela primeira hipótese representará a abertura de uma vía honrosa, na qual Deus certamente premiará a disposição destemida do povo germâ nico não querer aceitar o comunismo para evitar a guerra. Se a Ale manha tombar na segunda. para não en .. frcntar o perigo da conílagração. não o afastará, e entrará no futuro cabisbaixa e desonrada. Situação que lembra a apóstrofe célebre de Winston Churchill aos que dcscja\la m pactuar com o nnzismo; "Tí-

nheis que optar entre o vergonha e" ,:uerr<1. Escolhesu)s o vergonha e te· /'eis a guerra".

Apesar do movimento pacifista, observa-se na Alemanha um ânimo. uma tendência a arrostar galharda as d ificuldades da vida, que a coloca numa posição ímpar entre os pa íses europeus. A movimentação das pessoas nas ruas denota plctora de energia, sati sfação cm se exercer. Tal disposição de espírito au1orí1.a esperanças de que essa nação escolherá a posição sensata e preferirá correr os riscos da má-vontade russa a entre-

A E$panha de hojo caminha pera a polarização, como sucedeu nos anos de 1936 a 1939. Os "requotés.. participavam das forças que se opunham, naquolo época. aos socialistas e COJ!iunistas. Na foto. um capelão dá a bênção aos combatentes "requetés". cobertos com as características boinas và rmelhas. no front de M adrid.

gar-se sem luta. quando então receberia cm troca uma tranqüilidade cnganos;c1 e provisória.

Passo agora a outra naç.'ío de língua germânica: a Áustria. Viena, sua capita l, num fenômeno que talvez não seja gera l ao país. cm algo notó-

rio difere da Alemanha e choca pelos cont rastes. Muito se fala. a justo título, da amabilidade vienense. Há, vivendo ao lado dela, oposta à ela, um mau l)umor difuso, uma atmosfera de repartição pública decadente. Notase tristeza em Viena. Talvez parte dela provenha da diminuição de seu papel histórico. Nela foi realizado o Co ngresso de Viena que marcou por meío século e, compasso da Europa. Dali, Mctternich, como um· regente de orquestra, dirigiu o concerto das nações do continente. Francisco José, o último grande monaréa, reinou de 1848 a 1916. A Imperatriz Sissi atraiu a admiração geral por sua graça e beleza , a té sobrevir-lhe a morte tnigica, ocasionada pelo esti lete traiçoeiro de um anarquista. Viena, por tanto tempo a capital do Sacro Império e depois, do Império Austro-Hímgaro, sentiu-se conatura l à sua grandeza histórica e, de repente, viu-se compelida a se tornar a capital dos espaços acanhados da Áustria atual. O desaparecimento de tudo isso parece ser um dos fatores da tristeza dos vienenses de hoje. Mas cm ta l melancolia há algo que não provém das saudades de um passado que se foí. Há um travo amargo. ácido. Manifesta-se no mau hu mor em dar informações. na re-

esplendor em Viena. Habitantes da cidade informaram-me errado sobre hotéis, horários de trens, o horário cm que estaria aberta a Escola de Eqüitação Espan ho la, apenas pela preguiça de serem amáveis, pelo hábito de menospre1.arem o público visitante. Só uma vci., cm minha rápida estad ia na capital austríaca, é verdade, observei empregados atendendo clientes com grande gentileza, num café que fica em frente à Catedral de Santo Estevão. O socialismo está há muito tempo no poder, entrou na vida quotidiana, e como conseqüência - ao contrário da Alemanha ainda cheia de dinamismo, o nde o socíalísmo parece não ter entrado no día-a-dia - minguaram a vitalidade e o encan.to vienenses.

cusa de entrar em consonância com os visita ntes admirativos que pro

Terá sido impressão falsa'? Não tive sorte cm Viena? Entretanto, não é difícil conjeturar que a difusão do espírito de repartição pí,blica, mal cuidada e relaxada, espraiando-se na vida socia l. tenha produzido mau humor e desleixo. Gostaria que minhas impressões não correspondessem à realidade para o bem da Igreja e da civi lização cristã, poís seria da maior conveniência que Viena fulgurasse no pleno desenvolvimento de s uas potencialidades.

curam locais históricos. Muitos ali fingem não perceber o q uanto há de

Péricles Capanema

4

Na Lituânia, a foice e o martelo contra a Cruz PER COR R ENOO o interior de . Na estrada de Kapciamicstismuitas nações de tradição cristã. Gardi nas ele poderia ver os fiéis obscrva.csc com naturalidade .a prc~ aíasta rcm-se de uma capela recémscnça de c,·uzes ao longo das estra- construída. dedicada a Santo Antodas e dos caminhos. Ora se trata da nio. em memória dos que tombaram homenagem de uma fam ília a um de pela liberdade da nação, ser vandaliseus membros que rnorrcu nuff1 aci- camcn tc destruída. d uas horas dedente ,i beira de um rio ou em pois. alguma curva perigosa: ora a cruz Essa perseguição implacável da lembra uma missão frutificada pela foice e do martelo contra o 1>oderogr:iça. cm te mpos idos. Todas elas. a síssímo símbolo do catol icismo deseu título. lembram a Cruz que, terminou admiráve l reação: grupos erguida no cimo do Ca lvürio. torde fiéis da região. jovens sobretudo, nou-se símbolo de nossa sa lvação. propuseram-se a reerguer todas as 'fão sa lut;1r e tão ncccssál'io. t;il símbo lo não consegue ma nter-se de pé cm certos países. Um deles é a Litu~inia . rmção rm:inir subjugada pelo tacão comunista, de um lado implacável e duro, de outro lado • frilgil pelo seu cará ter antinatural, por sua impostura e pela miséria que gerei. Um viajante que pudesse percorrer as cs1radas daquele p:tis. teria a possibi lidade de observar cenas q ue

cruzes derrubadas e a sa lvaguardar as out ras. Assim é a Lituânia. com suas

cruzes e igrejas, seu povo heróico, incansável no comba te cm prol da Fé e do Reino de Deus contra a tirania comun ista .

B. Glowacki Nota: A fonte que serviu de base para o artigo acima ê o boletim da con1Unidadc lituan:1 de Roma. " Elta

l'ress", setembro de 1972. n.• 9.

o poderiam induzir a um equívoco.

pensando cncor11rar..se em uma na-

ção livre. Por exemplo, contemplar urna cru1. no alto de uma colina. picdosa1ncnte erguida por um pu-

i

nhado de fiéis. Observando bern, entretanto. ele veria mais adiante

outra cr111. caída em terreno revolvido ou nivelado por máquinas. E perceberia que aqueles mesmos fiéis

'

J

trabalhavam sob a vigilft nch1 de scncinelas armadas ...

O viajante compl'Ccnderi;i o significado dessas cenas se tivesse saído no día 18 de junho de 1982 para percorrer os caminhos das p,·ovincias de Plungc e Tclsiai (centro-oeste do país). o nde encontraria uma cru? 110 e nt roncamcnto de Anulenai e três no bosque de Rai naí. Poderia até observar íisionomías preocupa-

das que cn1ravam ou sa íam do bos-

que. Tudo lhe causaria profunda impressão. Seis dias mais tarde essas cruzes não mais exisliriam . derruba-

das por um trator ou picaretas. No sul, em Lazd iiai. o visitante assistiria a outro fâto: uma cruz que,

tendo sido erguida e derrubada por t rês vezes consecut ivas. e ntre os dias 24 de junho e 15 de julho do ano passado, foi su bstítuida por outras duas cruzes. a J7 de julho, apenas 2 dias depois.

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Os comunistas impediram que a igreja de Klaipeda, na Lituênia (foto). fosse consagrada. em 1960. Após destruírem a torre. os vermelhos transformaram o templo religioso em teatro.

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TFP arge nt ina·. propõe .debate nacional

.. EXISTE consciê11cia ge11eralizada de que 11ossa pátria está num caos para o qual 11en1 os mililares 11en1 os políticos parecen1 ter solução. ..Ante esse estado de verdadeira emergência 11acio11al, a Sociedade Arge11ti11a de Defesa da Tradição. Familia e Propriedade (TFP), embora sendo uma e11tidade civil apolitica, se111i11do que são os próprios fu11dame11tos da civilização cristã que estão· en, jogo 110 Arge,11i11a, considera-se obrigada a publicar esra declaração". Com tais palavras, inicia a TFP platina um manifesto, publicado no diário portenho "La Nación", de 2 do corrente, em que se dirige às autoridades militares, civis e religiosas, cobrando-lhes a responsabilidade que têm no atual estado de caos econômico e social em que o pais se encontra. •· Vamos entrando - diz o documento, queixando-se da ineficácia dos sucessivos governos militares -

m11na crescente anarquia e,n que as

unanilne,ntnte que v111nos n uno ao caos - do qual o único be11eficiário será o comunisn10 - é necessário bras de assistência social e outras deter esse curso fatal. Deve111 proinstituições que co11rrola. o clero n1over-se reuniões. encontros. debaprogressista é capaz de ,nover gran- tes. e outras formas de expre.~tão tles setores do país e· de 11e11tralizar popular ordenadas. fora do jogo pocírculos ai11da 111ais amplos ... lítico e dentro da própria 'platéia', se "Não devemos esquecer que os é que se pode chamar assim à i1ne11i11tegra111es do progressismo não sa maioria que observa os atores rio desdenlwm a própria orgmlizaç,io caos .... se,n conseguir fazer-se esdo terrorismo: o fi111dador dos cutar por eles". ·Montoneros·foi o Pe. A/berro Car"No final desw declaração bo11e. condenado por sua i111plicação insiste o manifesto - reiteramos a no assassi,wto do Gal. Ar(J/nburu ... sugesrão de que todos os t,rge11ti11os Tal fato, ju nta<nente com outros que que queira111 salvar ti pátrit1 do caos, o documento da TFP argen tina lem- se man ifeste,n, polemize111 se 11ecesbra oportunamente, "demonstram sário, e dêe11, orige,n a novos intércomo membros do clero. através de preres da autêntica opi11ião do pa,'.f'. un1 1né1odo llparenre,ne,ue inofen- tendo em vista a realização de uma sivo de ·difus<io da palavra' e de eleição representa tiva no momento 'conscientização·, leva111 inf7exivel- propício. . 111e11te à derrocada, até por 111eios .. E11trera,110. o governo deveria viole11tos se necessário, dos regimes abster-se de tomar decisões i11ten1ocidenu,is latino•arnericanos e à im- pestivas e sern consu/ra prévia desp/a111açiío de 11111(1 dirndura socia- ti11adas a impressionar a massa da listt1 que conduzird i11evi1aveln1e111e população e tJ agravar <únda nwis a ao co,nunis,no''. crise. Por exemplo. ações bélictJs 11as ..A nação está perplexa. atônita e Malvinas. o agrava,nento da disputa ao 111esmo tempo desarticuldda e sobre 8eagle. co,npromissos co,n a sem possibilidfides de expressar a Rússia e países não-alinhados. musua vo11tade. E' notário, 110 entanto. danças de estruturt1 etc. Ret,firnwo seu desejo de ordem para poder mos formalmente nossos direitos e trabalhar em paz: e de liberdade esperamos que, quanto antes. se epara poder atuar dentro do largo xerça nossa plena soberania 11as zoca,npo das possibilidades que é lí- nas de conflito. Mas devemos evitar cito ao ho111em dese11vo/ver. .... A estados febris de opi11ião pública TFP {/pela ao conjunto 'tia opi11ião co,no o que experimentamos tlesde pública para que deixe de lado sua abril até junho de 1982. pois eles ato11ia, para que os ho111ens repre- co11stitue111 o clima propício para sen1a1ivos se rnovmn. para que as todas as desgraças e as melhores forças que têm alguma vida i11ter- oportunidades para' o triunfo do codotai e conu,ndo com a vasta organização de paróquias, colégios, u11iversidades. editoriais, co11ve111os. o-

greves e as arruaças se suceden,_. o permissivismo e a repressão irracional se alter11am, e se prom11/gan1 leis sem eficácia para resolver problemas que vão surgi11do u,n atrás do outro . .... " Por sua vez - prossegue o documento - também os políticos nãó merecem a confiança da nação, pois ..as suas convenções e co11gressos 11ão são disputas ideológicas 11en1 escolas de alta política: são a ,nais crua tlen1011stração de suas ambições pessoais". venlu11n, con,o a TFP intl!rvé,11. PriJuntamente com tais setores. entretanto, há uma o utra força orgameiro. co,11 vistas a denu11ciar a falsa nizada, cujo poder e influência é situação e,n que esta111os colocados. ainda maior. Trata -se do ..progres- e depois. visa11da estudt,r e debater sismo cristão. profundame11te en- · qual a ,nodo pelo qual essa opinião quistado nas fileiras do clero cató- pode 111a11ifestar aos personagens do lico em todos os seus níveis". afirma teatro político o que pensa a ·plaa TFP argentina . .. Con, a autoritéia'". dade que Õi,torga a i11vestidura sacer..Se a opinião pública pe11s<1 qu{lse

1nun is1110 ".

Concluindo, a TFP platina pede a Nossa Senhora de Lujá n, Rainha · e Padroeira da Argentina. que inspire os que devem levar o pais ao caminho traçado pela Providência - que tão generosa tem sido para com e le - e o livre da atual confusão que reina no mundo.

Crueldades soviéticas no Afeganistão W ASHJNGTON - Embora o Kremlin nunca tenha revelado o número de tropas que mantém no Afeganistão, as est imativas dos serviços secretos ocidentais calcu lamno cm 100 mil homens atualmente. E do ou·tro lado da fronteira soviético-afegã, mais 40 a 50 mil soldados encontram-se estacionados, prontos a entrar em ação se Moscou considerar necessário. Apesar de um tão elevado (e escandaloso!) contingente - verdadeiro exército de ocupação são os guerrilheiros anticomunistas afegães, os "mujaheddin", que controlam a maior parte do território de sua pátria . Apenas a capital Cabul, a lgumas importantes vias de comunicação e várias localidades são ocupadas pelas tropas russas e afegãs-comunistas. l> digna de nota esta situação de relativa superioridade dos guerrilheiros afegães, considerando-se que do ponto de vista do armamento não têm como competir com o inimigo invasor que dispõe de efi-

cazes meios aéreos, forças blindadas em terra e até de armas , q uímicas, como é sabido. Em sua luta contra o domínio soviético, a qua l já perdura por mais de três anos, a resistência afe~ã assume um aspecto tanto mais heróico, idealista e até legendário, quanto maior é a perseguição que o invasor lhe move por todos os meios ao seu alcance: desde a chacina de populações inteiras até a cruel tortura de muitos dos seus elementos capturados, passando pelo uso das terríveis armas químicas. Os guerrilheiros afegães tudo s uportam, mantendo alto seu moral e sua disposição de combater. .. Enquanto houver u111 afegão vivo. ele conti11uará a lutar contra a ocupação soviética e,11 nosso país", declarou o exilado Saycd Mortaza ao Congresso norte-americano em Washington. A mesma testemunha narrou um incidente ocorrido cnt rc soldados russos e um grupo de crianças afegãs que andava com armas de brio-

q uedo. Tendo-lhes perguntado o que estavam fazendo, e las responderam que andavam atirando em · soldados russos. "Então ele.r levaram as crianças até à praça da cidade. jogaram gasolina sohre elas e atearam fogo", Episód io semelhante foi registrado na pequena cidade de Padkawabe-Shana a 56 km de Cabul, onde u m grupo de 105 habitantes foi queimado vivo dentro de um twnel de irrigação que lhes estava servindo de esconderijo para escapar-dos soldados russos. M.ais impressionante, porém, foi o depoimento de uma jovem refugiada, Farida Ahmadi, universitária de 22 anos. Através de seu intérprete, Michael Barry, que a trouxe do Afeganistão, contou ela em Nova York como passou quatro meses de cativeiro sob as torturas dos comunistas. Depois de ter passado uma semana sem poder dormir, tomando choques elétricos em · todo o corpo e ingerindo drogas -disse - ..fui levada para um local que. os presos ,;/101110111 de câmara Doi s resistentes afegãos carregam um companheiro f erido. por ocasião do uma dos horrores. O lugar estava coa· emboscada contra os c omunist as. 01- g uerrilheiros nunca abandonam seus feridos. 1/wdo de sangue. Eles me forçaram

em suas incursões bélica,.

.1-H ~ ~- -

Da. Lucia Campos de Oliveira, São Paulo (SP): "Aprecio especialmente, em . "Catolicismo", os estudos aprofundados sobre temas atua is, mas sobretudo a s ua luta em defesa da verdadeira doutrina". Da . Fátima Aparecida Correia, São Paulo (SP): ..Catolicismo" tem desempenhado muito bem sua missão, abordando temas importantes da atualidade. Agradeço a ded icação com que é defend ida a Santa Igreja. Gostaria muito que fossem divulgados os discursos e as conferências do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira desde o inicio de s ua atuação pública... Da. Antonietta Barbosa Titonelli, Miracema (RJ): "Cada vez que lemos este valoroso Jornal, cresce em nós o amor à Santa Igreja e à Civilização Cristã. É o único jornal que podemos depositar nossa total confiança. Que a Virgem das Lágrimas continue abençoando este intrépido jornal". Sr. Rubens Junqueira da Costa, Cam pes tre (MG): "Ótimo. Continuar como está sendo publicado". S r. Pa ulo C unha, Santa Ma ria (RS): "Aprecio muito as reportagens sobre os temas religiósos. Faço votos a Deus q ue continue a iluminálos para ·q ue não se percam neste mundo conturbado". Sr. Adesio Gustavo Viei ra, Florianópolis (SC): ''O jornal ·Catolicismo· é excelente sob todos os aspectos, sobressaindo-se na denúncia dos embustes do clero progressista . .... Como sugestão. vejo a necessidade de maior divulgação, a fim de que alcance todos os seto res das camadas sociaisº. Sr. Antonio Fernandes da Costa, Recife (PE): "Felicitamos essa Editora pela publicaç,io do excelente periódico 'Catolicismo'. sempre interessante e variado. intrépido no combate a adversários do bem comum e valoroso na defesa da boa tradição católica e dos justos interesses da Pátria e do homem", "Sr. Valdei Dias Nascimento, Belo Horizonte (M G): "Uma das razões da minha admiração pela doutrina católica trad icional é por e la ser lógica. irrefutável e sempre atua l, respondendo-me com clareza a todas as dúvidas que a confusão de opiniões e o relativismo contemporâneos procuram me suscitar. E minha admiração e gratidão por 'Catolicismo' é por ele refletir bem este aspcCt(l da Religião verdadeira, sendo ademais o porta-voz de um movimento q ue, dentro de uma perfeita coerência e fidelidade à Santa Igreja, , combate argutamcnte, destemidame nte e com sucesso contra os geradores e propagadores daqueles erros e desvios". Sr. Raimundo A ris tides Ribeiro, Fortaleza (CE): "Peço, por seu intermédio. a atenção do autor Plinio Solimco, para duas impropriedades que escaparam em seu excelente trabalho(" No 450. 0 aniversário d,is Aparições de Guadalupe - Surpree11de11tes constatações do ,nilagre", "Catolicismo", dezembro de 1981, n. 0 372): 1. Quando ele escreve no subtítulo "a cena refletida no olhar da Virgen,": ...... Chavez, com uma luptl .... discer11iu na sua pupilt1 (da Virgem) a figura de u,n ho1ne111". Ora. a imagem de Diego está fixada na' íris, pois a pupila éo orifício por onde penetram nos olhos o.v raios /11111i11osos. 2. Na foto que mostra a ampliação do miniquadrinhoe onde se vê a imagem de Juan Diego, a legenda elucidativa em negrito. diz q ue a ..·cena ocorrida na casa do Bispo, .,. está inteiran1ente gravada na retina dos olhos da Virgen,··. Aqui o equivico foi maior porque a retina é membrana mais interna do olho, onde se formam as imagens visua is. O linotipista deveria ter escrito córnea ou íris e não retina...

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. N .R. - Agradecemos as observações do prezado missivista. Houve realmente uma imprecisão de linguagem, tanto no primeiro quanto no segund o ponto referidos na carta do Sr. Raimundo Atistides Ribeiro. No primeiro trecho citado, o termo exato que o articulista deveria utilizar seria íris, cm vez de pupila. E no segundo o termo correto é igualmente /ris e não retina, conforme consta na colaboração de Plínio Solimeo. Na montagem do artigo ·pelos d iagramadorcs ocorreu um lapso. também notado pelo missivista. A lguns tópicos dão a impressão de terem sido truncados. Entretanto, no número 375, de março de 1982. p. 6, sob o tit ulo ..Aparições de Guadalupe.., a redação do j ornal publicou um esclarecimento apontando os lugares em q ue houve uma ju nção errada de trechos do artigo. Esperamos que o Sr. Raimundo Aristides Ribeiro tenha tomado conhecimento dessa nota, que retifié,ou o lapso de diagramação ..

a ver co,no ero,n arrancados os

r·'

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''

olhos de 11111 homem. Colocaram nos sobre t1111a ,nesa na nrinha frente e disseram qi,e iriam fazer o

,nes,no cornigo se eu não confessas.._

se". Os carrascos que eram afegães

supervisionados por interrogadores russos, queriam que Farida dissesse onde haviam sido impressos os panfletos anti-soviéticos que andava distribuindo quando foi presa pela KGB. "No e11tanto - concluiu a corajosa jovem - quando vi como arra11cav0111 os olhos de 111eu irrnão na resistência, firrnei ,ninho resolução de não for11ecer as i11for111ações que eles queriam",

..•

Mario A. Costa

CAMPOS - ESTADO DO RIO Dltttor: Paulo Coma dt Brito Filho Dltttorb: Rua dos Ooitacaus. 197 • 28100 - Campos. RJ. Adanlnlmaçl o: Rua Dr. Mar1inico Prado. 271 • 01 224 - Slo Paulo, SP • PABX: 221~7SS (ramal 23S). Composro e impmso na Ar1pms - Papéis e Artes Gráficas Ll<la., Rua Oori~ ldi. 404 - Ot t 3S ; Slo Paulo, S P. "Catollcilmo" t uma publicaçlo mensal da Editora P adre Belchior de Pontes S/ C. Assinatura a nu• I: comum CrS2.500,00: eoopcrador CrS4.000,00: benfeitor CrS6.000.00; ,,ande beníeicor CtS 12.000,00: $Cminarist3S e t;Studantes CrS 2.000,00. Exl~rior (via •érca): comum USS 20.00, benfeitor USS 40.00. O. pagamentos. scmpre cm nome de Edltoc-a Padre ll<khl0< dt Pontn S / C, poderio ,er cncamjnhados à Administ ração. Para mudança de endereço de assinantes ~ necessário mencionar tamlxm o cndc:rcço antigo. A eotrc.Spond!nci.a relativa a winituras e venda avulsa deve ser enviada à

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Sio Paulo, SP

CATOLICISMO -

Fe vereiro de 1983


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OMA

EM ALGUNS DE SEUS ''ESTADOS DE ESPIRITO'' uma vez mais, alva e borbulhante espuma. Com o olhar admirativo aco_inpanhamos seu avanço sobre a praia.

• • • Mudar, mudar, mudar numa sucessão de harmonias, de tal modo que o mar, a cada passo, supera-se a si próprio, como a nos dizer: · - "Queres a estabilidade? Está bem! Mas em certo momento, antes que comeces a cansar-te dela, eu te pregarei agradável surpresa. Conhecedor do fundo da tua personalidade, eu sei qual o contraste harmônico dessa estabilidade que daqui a pouco procurarás. E já me antecipo aos teus desejos oferecendo-te nova maravilha". O fluxo e refluxo das marés constitui outro aspecto das "mudanças de espírito" do gigante aquático. Ora ele se retira da ·terra, permitindo que aflorem conchas, mariscos, co-

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Em dado instante. forma-se um franzido que se avolume, transformando-ao em onda

e. após a arrebentaçio de.ata, resplandece branca espuma

espetáculos mais feéricos que a natureza nos oferece. Quando o astro-rei se aproxima da linha do horizonte, transforma-se num grande circulo de fogo. A luminosidade dos seus raios penetra nas águas e como que incendeia o céu, mesmo depois de ter a magnífica esfera incandescente desaparecido atrás do oceano. E o homem, observando tal espetáculo, sente-se impelido a prestar homenagem e glorificar seu divino Encenador. Sim, porque a beleza desse ocaso de tal maneira ostenta a magnificência da natureza, que é compreensível o ser humano, dotado de inteligência e vontade, exclamar enlevado: "Só um -Ente de infinita grandeza, poder e pulcritude seria capaz de criar tal imensidade de ãgua dourada pelos raios solares, esta amplidão da abóbada celeste e um astro de fogo que ilumina o ambiente, formando tudo isso um conjunto de elementos cuja beleza toca o sublime!".

Há momentos em que o oceano a.e avoluma e se lança com fúria sobre as pedras e os rochedos do litoral ...

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(NEGA VEL que o mar, em todas as épocas, afigura-se como algo à maneira de um sonho fabuloso, uma entidade mítica, especialmente quando- considerado por alguém situado em terra firme. E tal e ntidade apresenta transformações contrastantes e às vezes bruscas, que lembram alguns dos vários estados de cspiri to característicos do ser humano. Há momentos em que o oceano se avoluma , ameaçador, com aspecto agressivo, manifestando em seus movimentos um poder e uma força que faz lembrar um rei de legendas cncolcri,.ado. Em tais ocasiões, ele se lança com fúria sobre as pedras e os rochedos do litoral ou sobre os navios, como que açoitando-os de modo inclemente. Sem que se saiba como, pouco depois ele dá a impressão de haver perd ido a memória da sua cólera e de sempre ter se mantido num estado de calmaria. Tranqüilidade que se estende ao longo do horizonte, parecendo a ma~sa líquida tocar no firmamento, CuJas nuvens baixam para osculá-la , num ponto indefinido, apenas vislumbrado pela vista humana.

E

'

... ou sobre navios. como que açoitando-os de modo inclemente

Em dado momento, forma-se de rais, rochas carcomidas pela pressão repente num local qualquer - e das águas. Ora ele avança sobre o a regra geral é que essas mudanças litoral; em geral lentamente_, uma ou ocorram em pontos imprevisivcis pa- outra vez de modo avassalador, rera o observador - um franzido que cobrindo com seu manto líquido se avoluma, tran~formando-se cm aquele solo no qual deixara suas onda. E, após a arrebentação desta, marcas, à maneira de cicatrizes. resplandece branca espuma. • • • Em outro lugar, parte do franO ocaso, quando tem o marcozido se desfaz, mas nova onda se forma, ostentando em sua crista, . mo fundo de quadro, é um dos

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Em outras ocasiões. o mar apresenta-se tranqüilo. parecendo a massa Uquida tocar no firmamento

·Na foto aérea acima. as éguas da maré a• vençam rumo ao lito• rei na baia de Fundy (Nova Escócia) .. sob a

forma de uma única ·onda avaateledore de vários metros de alture

O

ocaso. quando tem

o mar como fundo de quadro. 6 um dos espeUlculos mais feéri-

cos que a natureza nos oferece. Na foto à di· reita, pode-se comprovar isso: põr-de-sol

durante a maré baixa na costa alemã do mar do Norte.

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1983

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/~IAfOIL!CI[§MO

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DEFECÇÃO DAS ·ELITES DEU VITÓRIA A BRIZOLA SOLICITADO pelo diário carioc.a "Última Hora", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira concedeu ao quotidiano a entrevista que reproduzimos abaixo, publicadá em sua edição de 3-2-1983.

abertura do Presidente Figueiredo, não no que ela tem sido, mas aquilo em que se pode desembocar.

O P'tof. Plínio Corrêa de Oliveira apresenta a posição da TFP dian-· te de momentosas

S. E em relação à política econõmica que acaba de Je·v ar o Brasil ao Fundo Monetário e a um estado de pré-moratória? · R. Como a imensa maioria dos brasileiros médios (e portanto não especializados nessas questões) sinto-me profundamente preocupado, mas também absolutamente carente de dados acessíveis e suficientes para opinar. Indiferença nenhuma. Pois nada do que interessa à causa pública deixa indiferente a TFP.

questões da atualida· de brasileira

1. A TFP não ergueu seus estandartes nas eleições de 1S de novembro passado. A que atribuir esse comportamento? R. Até aqui a .TFP jamais interveio diretamente cm pugnas político-partidárias. Estas assumem em nosso País aspectos personalisticos, dos quais deve manter-se distante uma entidade principalmente doutrinária, como a nossa. E só circunstâncias muito especiais·a determinariam a adotar outro modo de proceder. Tais circunstâncias não existiram nas últimas eleições. Explicome. Habitualméntc se reconhece que a TFP desempenhou papel saliente na preparação da Revolução de 64. Entretanto, ela não participou de nenhum conciliábulo, e nenhuma reunião preparatória. Não integrou nenhuma das comissões que promoveram as célebres "Marchas". Como agiu ela então? Simplesmente editando e difundindo o best se/ler "Refonna Agrária - Questão de Consciência", que definiu para incontáveis fazendeiros a consciência religiosa de seus próprios direitos, e contribuiu de Norte a Sul do Pais a que recusassem os rumos socialistas que vinham sendo trilhados pela Nação. Algo de análogo fez a TFP em 1981, quando publicou o livro "Sou

católico: posso ser contra a Reforma Agrária?··, do qual sou autor, com o distinto economista Carlos dei Campo. Excelente tiragem: quatro edições, 29 mil exemplares em quinze meses. Acolhida geralmente amável. Mas enquanto em 1964 a classe agricola tinha vontade de se defender, em 1981 muitos e até muitíssimos dentre seus elementos estavam profundamente desanimados, desarticulados e até obstinadamente desatentos ao perigo reformista. Sobretudo notamos que m·uitas cúpulas de associações rurais estavam a léguas do problema, o que tinha por efeito orientar implicitamente no mesmo sentido grande parte dos seus associados. Dois meses antes das últimas eleições, publiquei, com a val.iosa colaboração dos Srs. Gustavo e Luiz Solimeo, o livro "As CEBs... das

quais muito se fala, pouco se conhece - A TFP as descreve con10 são". Na boca da urna, um brado de alerta para o empresariado urbano. Igualmente ótima tiragem: três edições, 22 m.il exemplares em quatro meses. Mas as disposições que nos ala.rmou notar cm tantos fazendeiros, ainda se mostraram mais vincadas em largos setores do empresariado urbano médio-alto, e alto. Nessas condições psicológicas, não adiantaria lutarmos contra as reformas, no terreno eleitoral. A TFP, graças a Deus, tem podido fazer muito pelo Brasil. Nem ela, nem ninguém consegue levar à vitória classes poderosas, numerosas, organizadas, mas em cujas fileiras penetrou, em larga medida, a displicência no que tange à própria derrocada. 2. Como a TFP encara a· ascensão de Brizola ao governo do Rio de Janeiro?

6. Quais os governadores eleitos pela. oposição que merecem a confiança, ou, pelo menos, a indiferença, da TFP? R. A julgar por certas afirmações programáticas, por certas tenR. Como uma conseqüência na- dências mais ou menos anunciadas tural desse estado de espírito que antes das e leições, pelas atitudes eacabo de mencionar. Em nosso País, xaltadas de vários de seus "supP1>ra "ai/e marchante'' da esquerda con- ters··, os governadores eleitos pela siste em boa parte no alto e médio- oposição não podem deixar de desalto empresariado urbano e rural, pertar sentimentos de desacordo em no "café society" (como a "Última relação a quem esteja situado no ânHora" já registrou perplexa), cm gulo de visão da TFP. Mas essessen; grande parte do C lero, e em parte timentos não nos levam a esquecer ainda maior nos meios de comuni- que sempre existiu e ainda existe, na vida política brasileira, cação social. Isto é, cm todos os imanente um fator de estabi lidade que cirambientes que constituíam outrora. as cidadelas do centro-direita e da cunscreve, depois das eleições, pelo direita. O melhor do conservantis· menos muitas das ameaças do períopré-eleitoral. É o que c hamamos, mo está, hoje, em parte, na e.lasse do na TFP, "fator F'" (do verbo "fi. média e na classe laboral. car"). Tudo fica... Ficará mesmo, Mas, diante da inércia (para didentro da sarabanda universal trá1.er só isso) de tão grande parte das elites, a vitória de Brizola era ine- gica em que se abre este ano de 1983? vitável. Agora acontece que muitos dos 7. Fala-se, agora, em eleição disque votaram em Brizola não querem que este desenvolva na íntegra o trital. Que pensa a TFP do proce.s so programa do qual, entretanto, é eleitoral brasileiro e do atual quadro partidário? símbolo. R. Uma eleição só pode valer Brizola modelo-83 será mais sagaz do que Brizola modelo-64, e algo como expressão autêntica da saberá evitar as truculências ideo- opinião pública. Enquanto o eleitológicas e políticas que tanto lhe fo- rado não tiver a liberdade de não ram nocivas na época de seu cunha- comparecer às urnas, não acredito em .eleições autenticamente expresdo Jango? Há mesmo dois modelos sivas. O eleitor obrigado a votar é de Brizola? -;- Vejamos... como alguém que é obrigado a comer de pratos que não o atraem. 3. A TFP investiu contra o so- Este não almoça nem janta sem licialismo de Mitterrand, publícando berdade. É só quando os partidos matéria paga em vários veículos americanos e europeus. Os mesmos politicos se voltarem para idéias e argumentos se aplicam ao "socia- para homens que dêem ao eleitor vontade de votar... que o voto exlismo moreno" de Brizola? R. No Brasil as coisas costu- primirá o pensamento do e leitor. mam ser muito menos definidas do 8. Depois da abertura, sobretuque na França. Sobretudo em maté- do depois da anistia, e da formação ria de ideologia política. Não creio dos novos partidos, mudou muito a que a maior parte da massa eleitoral posição do clero brasíleiro a respeito que votou em Brizola seja favorável da política. Houve um evidente moa todo o programa sócio-econômico vimento de volta às igrejas, com explícito de seu partido. Quanto algumas exceções, é claro. A TFP mais ao programa; tão mais claro, melhorou suas relações com a de Mitterrand e do PS francês. CNBB? 4. Como a TFP se define a respeito do projeto de abertura do presidente Figueiredo? R. A ditadura militar, não a pedimos, e também não a combate• mos. Procuramos agir sob ela, em ) favor da civilização cristã, no Brasil. r - ~ ,- R T: Igualmente a abertura, não a pe- f"r" - T,:: ::: ) ' dimos riem a combatemos. Procura- -:- - -: mos, ponto por ponto, como na ;:~a ;:a: situação anterior, servir sob ela a :l : ,r ".:: e" civili1.ação cristã . ; e , :it Da abertura queremos que seja ê: 1.11 §1 coerente. Antes de tudo, não ado- ?!'"p--· -t • • lt " l="i·---- ........ tando uma politica de dois pesos e duas medidas. Isto é, dando liber- il:! t'II ~li dade irrestrita à esquerda, até mes- ' IJ! - , mo a mais radical - mimando-a inclusive - e cerceando (sob pretexto de .l uta contra a radicalidade!) a liberdade da direita, por meio de carrancas, picuinhas, perseguições administrativas e até policialescas. !; o desejo disto que, infelizmente, ouço rugir nos corações de certos·vencedores "moderados". Se enveredarmos por af, estaremos degenerando a abertura, transformando-a em uma ditadura virtual da esquerda. Se tivermos uma abertura autêntica, sem mão e contra-mão, sob ela será possível, e até fácil, servir largamente o Brasil e a civili1.ação cristã. · CÕmo vê, minha resposta à sua pergunta tem em vista analisar a

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R. Desculpe-me, porém em nenhum lugar vçjo esse "evidente movimento de volta às igrejas". Vejo, isto sim. uma mudança na posição política do Clero de hoje, em relação à do Clero de há décadas atrás. E uma funda perplexidade vai decorrendo em largos setores católicos.

"Melhora de relações co,n a CNBB?" - Depende do ângulo em que cu me ponha para responder. Se se trata de uma reaproximação de rumos, infelizmente não a vejo. Se se trata de uma melhora de relações dentro do fato de que esses rumos não se estão reaproximando, é preciso distinguir. Com efeito, há Srs. Bispos que de nenhum modo concordam conosco, mas que se mantêm numa posição de discreto silêncio. Outros exprimem ·seu desacordo em termos impessoais e polidos. São dois modos de relacionamento perfeitamente normais, dentro do desacordo que todos lamentamos. A TFP se manifesta em relação a eles de modo correlato, acrescido da peculiar nota de respeito que o fiel deve a todo Prelado. Pelo contrário, não faltou quem desse ouvidos a difamações torpes contra a TFP, e até lhes servisse de eco. A TFP se defendeu com brio, sem contudo faltar com o respeito devido à dignidade eclesiástica de quem a destratava. Aqui também houve relacionamento correto. Porém, só da parte da TFP ...

9. Como se mantém a TFP? R. A TFP se mantém com as contribuições de seus sócios e cooperadores, e com donativos de seus simpatizantes, numerosos graças a Deus, cm todo o País. O montante desses donativos é constituído muito mais de quantias médias e pequenas. do que quantias acima da média. Donativos verdadeiramente grandes, nenhum. 10. A TFJ,> continua recrutando

quadros ou seu pessoal está diminuindo? R. Espanta-me sua pergunta. Por pouco que se observe o nosso movimento, nota ..se que ele está crescendo muito. Especialmente em certo setor da pequena burguesia, o qua l começa apenas a emergir da condição operária. 11. Quais as linhas de força que, segundo a TFP, comandarão a evolução institucional do Brasil neste ano de 1983? R. É difícil prever antes de que os novos governadores definam inteiramente sua linha de conduta, e o nosso Pais, por sua vez, defina bem seu programa face à terrível crise cm que parecemos estar entrandó.

12. Como o Sr. define a estrutura de comando da TFP? R. As fileiras da TFP se compõem de pessoas de todas as classes sociais, níveis culturais, e idades. Nesse conjunto doutrinariamentc homogêneo, mas heterogêneo em quase tudo mais, o tempo de serviço, a dedicação e a experiência foram definindo um núcleo de estabilidade e de responsabilidade, no qual se recrutam habitualmente os dirigentes dos setores e dos serviços, grandes ou médios. Isto por eleição, ou por designação, nos termos dos Estatutos. E sempre com o consenso geral. Os dirigentes de setores e serviços dispõem de uma amplitude de liberdade que espantaria uma pessoa que imagine a TFP segundo a pinta certa contra-propaganda criptocomunista. Assim se formam os verdadeiros lideres, aptos a substituírem qualq uer pessoa que a livre escolha estatutária ou o chamado de Deus, pela voz da morte, retire de suas funções. O quadro não estaria completo sem dizer que todos os grandes assuntos da TFP são periodicamente expostos, e de modo meticuloso, às pessoas em idade de deles tomarem conhecimento. Isto se faz em reuniões gerais, nas quais é freqüente o uso do direito, que a todos assiste, de perguntarem o que lhes pareça necessário para a inteira ilustração da matéria versada. 13. Qual o nome, dentro do PDS, que, na sua opinião, deveria suceder o presidente Figueiredo? R. É o tipo da questão acerca da qual , como foi dito na resposta· à pergu nta n.0 1, a TFP só cm ocasiões muitíssimo excepcionais se pronunciaria.

14. Como vão a propriedade, a flll11ilia e a tradição no Brasil? R. Uma resposta a essa pergunta pediria quase tanto espaço quanto o que foi utilizado até aqui, nesta entrevista. O Brasil é vastíssimo. Esses três temas são,muito complexos, e as realidades contemporâneas são todas cheias de meandros, que variam segundo as diversas regiões do País. A Tradição, a Familia e a Propriedade irão muito bem, desde que todos os responsáveis por elas as defendam com proporcionado empenho. Isto é, desde que as instituições e famílias portadoras de tradições se mantenham fiéis a elas, e as preservem contra a torrente devastadora das "moderni1.ações" demolidoras de tudo quanto nos legou o passado; desde que os responsáveis pelas familias e pelo ensino se empenhem, com toda a alma, em lutar contra a degradação da autoridade, a (lttcrioração do ensino, contra o permissivismo moral debandado, contra a pornografia etc.; desde que todos os proprietários - defensores naturais do instituto da propriedade individual - não se omitam da luta contra o criptocomunismo, a ação erosiva dos inocentes úteis, o socialismo e o comunismo. Em todos esses setores há gente que o faz. Aplaudimo-los com calor. Mas isto não basta. É preciso que o façam todos, sempre, e por toda parte. Porque assim lutam os adversários: lutam todos, lutam sempre, lutam por toda parte. A vitória .não depende principalmente dos esforços em contrário da esquerda. Esta é microscópica. A vitória depende da boa união entre o centro e a direita, e da efetiva militânc ia doutrinária-política dé um e de outra. E a TFP? - Existe para cooperar com eles ardorosamente, na medida cm que estes queiram salvar-se. Ninguém ganha uma batalha carregando às costas um partidário que dorme ... E a nossos contendores, hoje vitoriosos, o que pedimos? Nenhum apoio. Nenhuma subvenção. Nenhum cambalacho. Tão-só coerência absoluta e adamantina no seu programa de abertura. Dêem-nos inteira liberdade, e respeitem-nos, como o prometeram a cada brasileiro.


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N. 0 387 -

Março de 1983 -

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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João Paulo li desacatado na Nicarágua O COMUNISMO nunca sedesmente a si mesmo. Em sua essência, ele é sempre perverso e anti.natural. 1 Visitando a Nicarágua no dia 4 de março, dominada atualmente por um regime notoriamente marxista, João Paulo II praticou um ato eminentemente distensionista em relação-ao comunismo. Qual foi a retribuição de tal regime ao gesto do Pontífice? Uma agressão moral inaudita. Durante a missa que João Paulo II celebrou nu.m a praça de Manágua, milicianos marxistas impediram que sua homilia fosse ouvida, bradando slogans sandinistas. E o presidente da Junta de governo da Nicarágua, por ocasião da chegada do Pontífice à çapital do país, aproveitou o ensejo para fazer diante dele um discurso eminentemente político de defesa da Revolução Sandinista; e assumindo tal posição, Daniel Ortega previamente já se solidarizava com as vozes de seus milicianos que, horas mais tarde - certamente com seu conhecimento e de forma coordenada - . bradariam lemas revolucionários, perturbando assim. mediante este grosseiro insulto, o pronunciamento de João Paulo II. Assim, nas poucas horas em que permaneceu naquele país centroamerica.no, infelizmente já subjugado pela tirania russo-<:ubana, João Paulo II foi vítima de dois graves ultrajes, bem característicos da brutalidade soviética: o discurso da primeira autoridade do regime nicaragüense e os brados dos militantes sandinistas, estrategicamente colo-

cados junto ao palanque onde o Pontilice pronunciou seu sermão.

• • • Pio VI, que evitou quanto pôde acirrar as desinteligências entre a Igreja e a Revolução Francesa no século XVIII, não conseguiu evitar com isso que os soldados da França revolucionária o obrigassem a sair de Roma. E após conduzirem-no a Siena, a São Casciano, nas proximidades de Florença, os revolucionários franceses arrastaram o Papa até a França. Este, depois de passar por Briançon, chegou a Valence. Os incômodos e as humilhações suportados durante a longa viagem agravaram as doenças do octogenário Sumo Pontífice, que veio a fa. lecer nessa última cidade, em 29 de agosto de 1799.

• •

Esse pungente fato histórico deveria abrir os olhos de sacerdotes como o Pe. Miguel D'Escoto, ministro do Extenor, o Pe. Ernesto Cardenal, ministro da Cultura, como também de outros eclesiá$tÍC<)~ e religiosas que lutaram a favor ,da revolução na Nicarágua (*). (•) '"Catolicismo", cm seu número duplo

de jutho-agos10 de 1980 (n."$ 355-356) jã denunciara, atra\'~ de pcnet.rantc análise do Pror. Plinio Corrêa de Oliveira, o caráter marxista. da revoluç.ão nicaragUcnsc. sob o lftulo: "Na noite sondinista: incitamento à gu~rn'lho". Apesar de tudo isso, n.!o há, por cn· quanto. o menor sinal de que padres ou freira.e;, engajados na Revolução Sandinis1a, tenham e.ardo cm si ou que venham a razt~lo.

Joio Pauto li. tendo ao fundo um poster no qual figure "herói" revolucibn.ério nica· regüense. interrompeu duas vezes sue homilia em ManAgua. pedindo silêncio. M ilicianos e soldados gritavam ininterruptamente lema a .andini1ta1. durante a mia.ta celebrada pelo Pontffice. impedindo que aeu ,errnlo foaae ouvído.

"' Aiiimàr os anticomunistas · lados, estimulando-os ~-,,.,,,. ~ ( ". ~ç~o,: portant~ t;~« ~ ~t d,., ,, ~I O ~.. ' I

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COMO t DO conhecimento público, e particularmente dos leitores de "Catolicismo", as Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e entidades congêneres, existentes em treze países, fizeram publicar, a partór de dezembro de 1981, a Mensagem intitulada O So· cialisn10 autogesrionário: em vista da comunismo. barreira ou cabeçade-ponte?, de autoria do P~of. Plínio Correa de Oliveira. O estudo do grande pensador católico foi reproduzido em 49 jornais de 19 países de todo o mundo. "Catolicismo" estampou-o no número· duplo 373374, de janeiro-fevereiro de 1982. Diante das dificuldades de toda ordem criadas para a publicação da Mensagen, na França, as mesmas entidades lançaram, em fevereiro de 1982, o Comunicado sob o titulo Na França, o punho estrangulando a rosa (cfr. "Catolicismo", n.0 376, abril de 1982), no qual o Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, autor da Mensagem, denuncia o cerceamento da liberdade que vai sendo implantado pelo governo autogcstionário francês. O Comunicado foi reproduzido em 29 órgãos de imprensa de 13 palses. Finalmente, um denso Resumo da Mensagem foi estampado em 94 jornais ou revistas de 49 países.

Os frutos dessa monumental difusão não se fizeram esperar. Aos escritórios de representação das TFPs em Roma, Washington e Johanncsburg, bem como às sedes das

várias entidades, afluíram dezenas de milhares de pedidos formulados por pessoas que desejavam receber mais exemplares da Mensagem e do Comunicado. Além disso, as publicações das TFPs provocaram uma torrente de solicitações de entrevistas, de contactos pessoais etc. A edição da Mensagen, efetuada por várias TFPs, cm seus próprios órgãos de difusão, e a posterior venda dos mesmos cm vias públicas, possibilitaram um contacto proveitoso com o público, constitumdo mais um meio de avaliação direta das repercussões causadas pelos documentos. As manifestações que nos chegaram, através ·de todas essas fontes, denotam, em sua grande maioria, uma reação calorosa, seja favorável, seja c o ' i à Mensagem.

"Catolicismo~ tem hoje o prazer de oferecer a seus leitores uma amostragem dessas expressivas repercussões. Tendo em vista sua quase inabarcável quantidade, pareceu-nos conveniente escolher, quase a esmo, certo número delas para publicação, de maneira a apresentar um panorama geral. Assim sendo, as reações que o leitor encontrará nas páginas 3, 4, 5 e 6 da presente edição não são todas as manifestações de simpatia recebidas. Elas apenas permitem .formar uma visão global do efeito provocado pelos documentos das TFPs. ê evidente que não faltaram manifestações contrárias. Mas foram elas

pouco numerosas, e, em sua grande maioria, a.nônimas. Calando-se ou ocultando-se, os adversários da Mensagem deram uma clara demonstração da impossibilidade de refutá-la ...

Que utilidade pode ter, para o leitor, o exame dessas opiniões, emitidas por pessoas das mais diversas nações do globo? Numerosas manifestações deixam entrever que muitos dos que se voltam com simpatia para as TFPs sentem-se como que isolados por uma espécie de carapaça. Parecelhes que somente eles - ou, no máximo, um grupo muito restrito de amigos - pensam da mesma forma. E, em consequência, desencorajam-se. Ora, nada melhor pará tais "isolados" do que perceberem que, por toda a terra, há numerosas pessoas que são como eles. E apenas o reconhecimento de tal fato poderá estimulá-los à ação. O que acarretará um empecilho ao avanço do processo revolucionário.

A fim de respeitar a privacidade dos que entram em contacto conosco, julgamos conveniente não identificá-los. Com isto, evitamos que contra as referidas pessoas se movam perseguições, veladas ou declaradas, dos que, embora se apresentem como defensores da liberdade, negam-na a quem deles ouse discordar.

Na Alemanha e na França, refluxo anti-socialista NO DIA 6 de março, reali,.aramse eleições para o Bundestag (Câmara de Deputados) da Alemanha ocidental. Os democratas-<:ristãos (CDU-CSU) obtiveram 48,8% dos votos e o Partido Liberal, que fazia parte da coalizão conservadora, no poder até a dissolução do Bundestag, alcançou 6,9%. O Partido Social Democrata, fi. liado à Internacional Socialista, atingiu 38,2% da votação geral, isto é, 4,7% a menos do que obteve nas eleições de outubro de 1980. "O Ocidente viu que pode con· fiar em nós con,o em firme pilar da

Aliança Atltintica", declarou o chanceler Helmut Kohl, llder do CDU, após a expressiva vitória alcançada, que alijou os socialistas do poder, durante a próxima legislatura. Nas eleições municipais francesas levadas a efeito em dois turnos (dias 6 e 13 de março), a coalizão socialo-<:omunista, presidida por Mitterrand, perdeu em 3 I cidades com população superior a 30 mil habitantes, anteriormente dominadas pelos partidos de esquerda. Esse foi o aspecto · marcante do pleito, segundo nossa imprensa, infelizmente muito pouco precisa quanto a

detalhes relativos a escrut(nios, como números, porcentagens etc. A presente edição já estava praticamente encerrada quando efetuou-se o 2.0 turno das eleições municipais francesas. ~ão quisemos-, porém, deixar passar sem um comentário esses significativos eventos: a Mensagem do Prof. Plínio Corri!a de 01.iveira foi o primeiro documento que denunciou, em âmbito internacional, o perigo do socialismo autogestionário de Mitterrand, até então desconhecido pelo grande público e enaltecido caloromente pelas tubas da propaganda...


A ATRAÇÃO DO ABISMO ANÁRQUICO '

Foto de Sigmu!'d Freud. na velhice

MULTISSECULAR processo revolucionário, descrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu célebre ensaio "Revolução e Con1ra-Revolução", prepara a difusão, em larga escala, de sua quarta grande etapa. Após as Revoluções Protestante, Francesa e Comunista, irrompe no horizonte o mais recente monstro da hidra satânica, disposta a destruir a Igreja e a civilização cristã e a não deixar delas sequer a lembrança. A revolta contra a hierarquia e a ordem no campo religioso, sócio-politico e econômico. presentes nas três primeiras grandes revoluções, soma-se atualmente a revolta dentro do próprio homem. O orgulho e a sensualidade - molas mestras da Revolução - tendem nessa etapa a negar à inteli~ência seu primado natural. transfermdo-o para os instintos sublevados contra as regras da razão e o império da vontade l>em ordenada. Nesse sentido constituiu-se em ambientes intelectualizados das principais metrópoles do Ocidente, já há algum tempo, a corrente freudistamarxista que advoga a revolução total, na sociedade e no homem. Serve como farol a indicar o rumo para onde poderosas forças preten- · dem fazer caminhar a humanidade. Escandaliza, assusta pela radicalidade das posições. Mas a presença contínua da mencionada corrente no panorama contemporâneo vai acostumando os olhos exaustos do homem de outros dias a tal visão. A corrente freudiana-marxista atrai paulatinamente aqueles que admitiram os princípios da igualdade e da liberdade levados a suas últimas conseqüências. Princípios estes - compreendidos de maneira errada por grande parte da população - que a meneio-

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um fim definilivo na dominação, era imperativo con,preender a psicologia do poder; e a psicanálise, parecia, tinha 1nais a dizer nes1e campo que qualquer outra teoria da mente. As 'várias escolas de pensamento da esquerda freudiana .... comparlilham a premissa central que a familia paJriarcal é a raiz da opressão organizada....: A crítica da família representa tuna das rnais constanreJ·

expressões ídeol6gicas da revolta".

Negar a Idéia de uma natureza humana Um dos mais destacados membros dessa corrente, o escritor francês Pierre Fougeyrollas, exprimiu em seu livro "Marx, Freud et la révolution 1010/e'' (Ed. Anthropos, Paris, 1972) os anseios recônditos da corrente que julga possuir as chaves do futuro. A noção tomista de que existe uma natureza humana é frontalmente contestada: "A revolução 10101 implica e111 que se renha renunciado ·definitivamente à idéia de uma nalureza humana e que se tenha reconhecido ao ser hu111ano como um processo ilimiJado de autocriação, como explicitamente o faz Marx a partir do trabalho social e Freud, itnplicita,nente, a partir da sexualidade". Negada a existência da natureza humana, negada a perenidade da Moral - reduzida a passageiras regras de comportamento aplicadas temporariamente a um homem que evolui - através da negação crescente de qualquer norma ou poder. Afirma o autor: "O pensamenlo de Marx e o de Freud 1ê1n ainda algu111a coisa de não-desvelado .... Procurando este não-desvelado, este não-descoberto, esie não-explorado é que tivemos ocasião de tirar das

libertação total. Concebe aprioristicamente o ideal da vida humana como send'o a liberdade e a igualdade levadas ao delírio, sem peias, arma uma cstrategia para implantálo e trabalha no sentido de impingilo à sociedade e ao próprio i.nterior do homem. Oue espécie de pessoas desejam criar'/ Pierre Fougeyrollas descreve as transformações na família e no trabalho, necessárias para fazer surgir o homem novo, já que a mera mudança social e politica realizada pelas revoluções comunistas, a seu ver, revelou-se superficial.

Esfacelamento da familia Desde a mais remota antiguidade, a familia se fundamenta psicologicamente na varonilidade masculina e na delicadeza feminina. Procurar-se-á estabelecer um misto repugnante entre os dois sexos: "Hoje, são os pr6prios conceitos de feminilidade e ,nasculinidade que são postos e111 questão e que devem sê-lo ainda mais radícalmenle porque são concei1os-obs1áculo". Levando adiante o horror. o autor afirma gratuitamente que a criança nasce com propensões ao incesto e apenas a repressão a impede de manifestar esta tendência. "O caráter inces1uoso da sexualidade infa111il nada 1e1n de 11ús1erioso .... to aspecto antagônico e radicalmente conflitual que a repressão social confere a, esta contradição que engendra o Edipo [complexo deJ sob as fonnas que n6s pode,nos observar, a amnésia atingindo os acon1ecimen1os de nossa sexualidade infantil e a condenação 111ítica e emocional do incesto. Se,n dúvida alguma. a educação do futuro deverá efetuar nesse domínio revisões dilacerantes''. Membros de uma "co• muna rurel" na Ale• manha de nOS$0S dias

evoçam mais a vida tribel do que a de uma famflia autêntica

cação que receberão as crianças? Seria a tribalização conduzida ao extremo, com requintes de degenerescência' e maldade que nem nossos pobres silvícolas, nas suas mais censuráveis maneiras de viver, não praticaram. Opinião de um louco? Não, livro de intelectual de destaque, com trânsito nos ambientes da intelligentsia parisiense... Se tais idéias fossem apenas dele, pequena seria sua importância. Entretanto, elas importam sobremaneira por expressar cruamente os anseios devasta corrente de opinião, bafejada pelas tubas da modernidade. Repito. Corrente que apenas caminhou até as últimas consequências das doutrinas admitidas por boa parte da população. Esta faixa popu lacional se assusta quando percebe até onde se pode levar as conclusões das doutrinas que adota. Assusta-se porque são feridos hábitos atávicos, maneiras de sentir, e até princípios que julga certos. Contraditoriamente, ao mesmo tempo esposa idéias contrárias. Pois a defesa da igualdade completa como ideal a ser atingido implica necessariamente no término das diferenças entre homem e mulher. E postular a liberdade total leva à afirmação de que é nociva a existência de qualquer barreira moral. Vejamos agora rapidamente como o autor concebe o mundo do trabalho futuro.

Trabalho autogestíontirio, "solução" para os dois mundos "A gestação de um ,nodo de prod_ução novo 110 seio de nossas snciedades diversamente integradas ao sis1e1na capilalista 1nundial não pode ser senão a t1utoges1ão. pelo ,nenos tuna tendência e urna luta geral para a autogestão das e,npresas e das econon,ias e,n seu conj unto . .... S6 a auroges1ão pode dar um conteúdo socialista, isto é, revolucionário e libertador ao processo de cole1ivização autêntica da propriedade dos 1neios de produção. .... Não está 111ais longe o 1e111po en, que " autogestão aparecerá às ,nossas co,no urna solução econon,ican,ente 111ais racional .... A autogestão fará seu caminho como processo posi1ivo pr6prio a subsistir à prática gestionária do capiJalismo privado e

do capitalismo de Estado, preso aos múltiplos bloqueios, co1no se sabe". No mundo sem patrões, nem proprietários, o ambiente de trabalho será formado por trabalhadores que "constituirão con,unidades de pensamento e ação visando substiJuir as relações de produção do capitalismo privado ou do capi1alis1no de Estado por relações con1uni1árias entre os produtores. Para agir e,n grande escala, essas comunidades não terão necessidade de um aparelho centralizador. Bastaráºefas consliluirem uma federação e criure,n ,neios que as coordene111 e articulern ".

Tal opinião anárquica (no sentido etimológico do termo, sem governo) parece dispensar a existência do poder público, meta sonhada pelos teóricos marxistas. Assim, na sociedade anárquica, tribalizada, amoral, seria alcançada a completa felicidade que, segundo tal corrente, reside no domínio dos instintos sem peias em ambiente de liberdade ilimitada e igualdade radical. Será isso a felicidade? Ou o inferno na terra?

Conclusão O que acontecerá com aqueles que ficarem fiéis às opiniões do senso comum, e à doutrina católica? Que sucederá com as pessoas que defenderem uma desigualdade proporcionada e harmônica entre os homens e a existência de leis morais eternas, fundadas nos 10 Mandamentos? Um vislumbre de resposta nos é fornecido pela figura mais famosa do anarquismo, Miguel Bakounine. Já no século passado afirmava ele: ''E para salvar a revolução. para conduzi-la a bo111 fim, no nreio mesmo dessa anarquia, (haverá] a ação de u,na ditadura. coletiva, invisível, não revestida de poder nenhu111, 1nas por isso mais eficaz e posstJ111e". (" De la guerre à la Commune", Michel Bakounine, Ed. Anthropos, Paris, 1972, p. 466). Através desse vislumbre não é dificil perceber o que significa a tão prometida liberdade ... Liberdade para faier exatamente o que os mitomaníacos da revolução igualitária e gnóstica impuserem, visível ou invisivelmente.

P. Ferreira e Melo

OPA retifica despacho sobre TFP A AGi:;NCIA NOTICIOSA alemã Deutsche Presse-Agentur (OPA) divulgou o despacho, que publicamos abaixo, para toda a imprensa da República Federal da Alemanha. no dia 30 de dezembro de 1982. No dia 24 de fevereiro do mesmo ano, a OPA difundira uma notícia, fazendo eco a uma reportage111-ficrio11 publicada pela revista "Manchete", cm 27 de fevereiro do ano passado a respeito de suposta atuação da TFP. , Essa entidade estampou um desmentido relativo à reportagem fantasiosa de "Manchete" cm vários órgãos de imprensa brasileiros e em "Catolicismo" (n. 0 376, abri de 1982). A própria "Manchete" publicou um desmentido de nossa entidade em sua ed ição de 27 de março de 1982 sem acrescentar nenhuma nota da redação, o que significa que aceitava como objetivo o texto da TFP. nada corrente também os interpreta de modo falseado e tira dos mesmos as conseqüências mais extremadas.

Causa da fusão da pslcantillse com o marxismo Na conhecida revista londrina New Left Review de setembro-outubro de 1981 o articulista Christopher Lasch, num ensaio intitulado The freudian Le/1 and Cultural RevoluJion, expõe os motivos da referida fusão. Comenta ele as revoluções comunistas do século, articuladas todas com a intenção declarada de difundir a liberdade e a igualdade e que instituíram a tirania. "As revoluções falharam em 010car o au1oritaris1no na sua fon1e psicol6gica. .... Modificaram instiJuíções sem quebrar o padrão de dominação e submissão que exis1en1 nestas ins1i1uições. .... Para compreender a pobre qualidade das revoluções no passado e para colocar os fundamentos psicol6gicos para uma nova espécie de revolução que poria

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obras de Marx e Freud isto que nossos conte111porâneos, em procura de uma libertação ilimiJada, podem esperar deles. O fim deste livro é esboçar uma estrategia e táJicas para a revolução 1010/ em gestação". Trata-se da renúncia à civi lização: "AnJes de Marx e Freud e depois deles, o Ocidente não produziu nunca nada que mostre melhor a essência de sua civilização e a necessidade para 10dos de se libertar dela":

Construção do homem ou sua destruição? Segundo a doutrina católica, o ser humano foi criado por Deus à sua imagem e semelhança. A natureza humana é a mesma através dos séculos. O autor, como foi dito acima, esposa a opinião de Marx e Freud de que o homem é, em alguma medida, seu próprio criador. "Ele se engendra como tal". Aqui emerge o carácter tirânico, totalitário, da corrente que preconiza a

O ser humano do futuro criado em tais condições não será "nem exclusivamente he1erossexual, nem exclusivamente l10111ossexual; será . concon111anten1en1e um e outro ". Logo a seguir o autor afirma que a repulsa à homossexualidade e ao incesto não provém do reto senso moral mas "ao contrário. de disposições afe1ivas adquiridas co111ra a natureza ...

Também o matrimônio monogâmico. naturalmente não terá lugar. O ideal de tal humanidade liberada serâ "ho,nens e mulheres vivendo em comum tão completa111en1e quanto possível e, no interior destas comunidades, as relações sexuais se produzem livre1nen1e e variavel111ente à von1ade dos parceiros mais ou menos 1nu1áveis. se111 que a pr6pria mutação seja uma necessidade". Imagine o leitor uma sociedade na qual sua célula básica seja assim formada. Que regras de comportamento, de conduta, que princípios m_orais poderão existir? Qual a edu-

A declaraçilo que segue, refere-se a u,na 1101ícia publicada 110 Rio de Janeiro. que a DPA divulgou em 24 de fevereiro de /982. co111 o 1l1ulo: "Soldados da Virge1n atiratn acuradamente". · · A DPA recomenda a todos os jornais. que 1e11ha111 publicado essa notícia, que es1an1pem também o Jexto abaixo. FOTO DO PAPA NÃO É ALVO DE EXERCÍCIO DE TIROS Rio de Janeiro (DPA) A entidade católica conservadora ·:sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade" (TFP) negou numa declaração à DPA, ler come/ido atos de violência ou praticado exerclcios pa· ramilitares. O comunicado da TFP des,nente uma notícia ilustrada da maior revista brasileira "Manche1e", de fevereiro deste ano, 110 qual supostos membro.s da TFP são vis1os fazendo exercícios de tiro lendo con10 alvo un,a foto de João Paulo li. A DPA havia Jeilo o comentário sobre a reportagem - o qual também figura na reportagen, de "Manchete" - de que ,nembros da TFP es1ariam sendo treinados para u,na possível luta de guerrilha. A TFP acen/ua "nunca 1er come1ido atos de violência ou pronun· ciado ameaças de violência contra qualquer pessoa que seja". "A TFP nunca pron1oveu exercícios para,nilitares e não organiza cursos paro uso de ar,nas de Joga". "Por isso uma foto de João Paulo li nunca foi usada para exercícios de tiro por parte de me111bros ou cooperadores da TFP", ressalta a declaração. CATOLICISMO -

Março de 1983


Lond,... - De um mlaslvl1ta entu1ia1mado: "Gostaria de entrar paoi a TFP e (\Onhecer o que l' montaram na lnglate"•· Continuem o trabalho. Estou certo de que a TFP voar6".

Mensagem de alta qualidade que d~co.n certou ·os esquerdistas ,r.i

ESPANHA Mãe de quatro filhos. - "Este estudo me faz mais bem à alma que um 'exercício espiritual' que fiz hã muitos anos. Eu tinha idéia de que os católicos não podiam votar no socialismo ou no comunismo, Agora estou convencida disso, confirmei as idéias que tinha, depois de ler a Mensagem. Deve-se fazer com que todos a leiam". Cônego de uma grande Catedral. - "Já vemos como vai o mundo, e que está tudo pronto para vir um cataclisma, ou desembocar no comunismo, que é perverso e satânico ... Deus nos tenha em suas mãos". Relígiosa reclusa. - Envia uma lista de personalidades religiosas e civis e acrescenta: "Como sou religiosa. e saio apenas quando é indispensável, não posso agir tão rapidamente como faria se dependesse exclusivamente de mim. Contem sempre com minhas orações e sacrifícios. Sou admiradora e entusiasta de Covadonga-TFP. Sinto-me muito feliz por poder participar de uma obra tão grata a nosso bom Pai,

Deusu.

Grande de Espanha. - "Não sabe a alegria que me dá saber que uma Mensagem de tal categoria e grandeza tenha conseguido sair pela imprensa de todo o mundo. Este lance desconcertou os esquerdistas". Empresário ateu e anarquista. "Muita gente ficou surpreendida e impressionada com a capacidade de atuação da TFP. Jamais imaginei que uma entidade conservadora fosse capaz de tal desafio". Missivista blasfemo. - Falando da Mensagem, descarrega blasfêmias, vivas a Satanás, e promete matar todos da TFP, pois quer ver "sangue de capitalista anticomunista católico" correr até se saciar. Professor. - Interrompe a aula ao saber da presença de cooperadores de Covadonga-TFP: "Não sabe como estava impaciente esperan-

do estes exemplares. É importantíssimo, mas importantíssimo! Nunca se escreveu uma coisa assim! O título é magistral!" E.~tudante de direito. - "Quase nin$uém e nfre ntou, até hoje, o sociahsmo de !"Odo tão convincente". Maq uinista de t rem. - "Agradeço-lhes muitíssimo o envio da Mensagem. Obrigado de todo o coração! Como o conteúdo dela está de acordo com meus ideais, sua leitura se torna mais agradável". Agente de viagens do Interior. "Desejo exemplares em várias línguas. Todos os clientes me perguntam sobre o assunto da Mensagem, e eu então lhes dou um exemplar". Cena em uma rua da Andaluzia. Um transeunte: "Dêem-me dez ou doze exemplares. Quero distribuí-los em Jaén". - Cooperador da TFP: "Senhor, já fizemos campanha em Jaén''. - Transeunte: "Não importa! Agora vou eu mesmo fazer minha campanha particular..." Diálogo de duas vendedoras de doces. - Uma: "Olhe esses jovens com estandartes vermelhos... Será que são socialistas?" A outra: "Não. Falei com eles. Compraram meus doces. Se fossem socialistas estariam almoçando cm algu·m hotel de quat~o estrelas ..."

FRANÇA Simeão dos tempos modernos. - "Quando eu era jovem, acreditava que não iria morrer sem ver a ordem restabelecida na França. A partir da Revolução Francesa, a França está em estado de pecado mortal. Desde então, ninguém a remiu desse pecado! A Mensagem é um brado. É um começo". Leitor persistente. "Alô! TFP? Estou chamando de Rennes. Gostaria que me enviassem exemplares para estudo e distribuição. Foi difícil obter o telefone dos senhores. Telefonei a um jornal que publicou algo sobre a Mensagem e tentaram me desanimar: 'São arqui-

conservadores' - disseram. Bravo! - respondi. Acabaram me fornecendo o telefone". Fidelidade e combate pela filha primogênita da Igreja. - "Acabo de ler a Mensagem dos senhores e os felicito. Sou estudante de direito. Acabo de fazer 19 anos. Meu pai . faleceu e minha mãe me inculcou a sede da verdade e a necessidade de combater por uma França filha primogênita da Igreja". Senhora s ublinha a omissão do Episcopado. - "Desejaria que me enviassem muitos exemplares da Mensagem. Vou enviá-la a membros do Clero. Mas antes vou sublinhar a parte referente à omissão do Episcopado diante do avanço do socialismo'\ Mulher não leme guilhotina. "Sou muito favorável às teses da 3 Mensagem e estou inteiramente de . acordo com a sua divulgação. É preciso mexer-se, sair às ruas. Sinto muito que ainda não estejam fazendo isso. Eu sei: estarei na primeira lista· dos que irão para a guilhotina. Mas não importa ..." Operário decidido. - "Aquele quadro (n.0 4) corresponde à impressão que se tinha do socialismo. Chapeau ! chapeau! Os Srs. não puderam publicar a Mensagem nos jornais, mas é preciso que ela se difunda. Creio que de boca a ouvido, cla•vai longe!"' - Sua mulher havia recolhido o exemplar da Mensagem da lata do lixo, porque o operário, furioso, ali o atirara, pensando que fosse propaganda socialista... Em "cassette", para a mãe que não pode ler. - "Muito obrigado pela Mensagem objetiva sobre -0 futuro ameaçado de nossa liberdade. Li com muito interesse e gravei uma casseue para minha mãe que é cega. Envio-lhe os meus melhores votos de bom combate".

ALEMANHA Nazismo, comunismo, socialismo, farinha do mesmo saco. - "Pe-

ço-lhes que me enviem a bem-vinda Mensagem do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário. Para mim não há diferença entre o nacional-socialismo e a internacional socialista, ou o comunismo. Fico doente e cansado quando observo o panorama político da Alemanha Ocidental. Quero trabalhar e lutar contra essa perigosíssima ideologia. Di'gam-me, por favor, o que posso fazer pelos senhores". Jovens alemães. - "Amigos nos mostraram seu anúncio sobre o pe-_ rigo do soçialismo e da revolução em geral, e na França em particular. É lamentável que não tenha sido tolerado pelos jornais franceses. Em solidariedade com os senhores, um grupo de jovens alemãe.s". Alemão da velha guarda. "Muito obrigado pela Mensagem dos senhores, que li. Seguem "x" marcos para assinatura do Boletim. Estou farto da igreja protestante da Alemanha. Venceremos... Fraternalmente, seu alemão da velha guarda" (segue-se a assinatura).

Março de 1983

D escendente de russos brancos. - "Finalmente aparece uma organização poderosa, preparada para denunciar ao mundo o socialismo. Sou descendente de russos brancos, bem como meu marido, filho de eminente Senador". Presidente de associação estudantil escocesa. - "Confesso que algumas metas que os,sçnhores descreveram como objeti'(OS temlveis do socialismo, eram antes atraentes para mim . O aspecto religioso é o que me fascina, e desejo estudá-lo mais". Trabalhista agrad~~- "A Mensagem me foi de muita ajuda. Muitas dúvid?S que tinha foram resolvidas••.

Entre duques e princesas. - '1..orde pede exemplares para seu uso e envia nomes e ende'reços de duques e princesas que gostariam de receber a Mensagem.

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Bispos francesas em Lourdes (198 1 ). - Da uma Senhora: ºVou enviá-la (a Mon• sagem) a membros do Clero. M as antes vou sublinhar a parttfreferente à omisslo do Episcopado diante do avanço do socialismo",

Um refugiado. - "Sou um estudante refugiado da Checoslováquia. Fiquei agradavelmente surpreendido ao ver, na Mensagem, a confirmação do que pensava". Pedem exemplares para distribuir. - Um professor nas proximidades de Hanover, para um curso de férias a empresários. - Uma in·stituição católica do Sul: "É nossa obrigação introduzir as teses <!o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no currículo dos· cursos". - Um instituto de Stutgart: cem exemplares para seus cursos. - Ministro de Estado. - Membro do Parlamento Alemão. - Fundação de filósofos e homens de ação. - Dirigente de associação agrícola. - Associação industrial da Baviera. - União estudantil nacional. - Um seminarista, que promoverá debates sobre a Mensagem.

• CATOLICISM O -

INGLATERR A

De um londrino. - "Como posso contribuir mais com os senhores ou até fazer parte de sua organi1.ação? Quero colaborar financeiramente para combater ativamente o

socialismo'~. A T FP voará. - "Muito obrigado por suas publicações. Gostaria de entrar para a TFP e conhecer o que jã montaram na Inglaterra. Continuem o trabalho. Estou certo de que a TFP voará".

ITÁLIA Não católico, mas anti-socialista. - "Felicito-os por sua obra anticomunista. Sou professor, e embora não seja católico, sou um cristão

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.. contrário ao socialismo, ainda que de face humana". Eclesiástico romano solicita exemplares. - "Como docente de Doutrina da Igreja, peço que me enviem 50 exemplares da Mensagem para difundir entre meus alunos". Dificuldades de uma Religiosa. - "Já conheço a Mensagem. Desejaria eKemplares· para difundir. Meus superiores me dizem que não devo pedir diretamente, mas ..." Contra os profetas do Anticristo. - "Faço votos de que a graça de Deus ajude os membros da TFP a denunciar, em espírito de caridade, os falsos profetas do Anticristo. Parabéns!" Batalha corajosa. - "Aguardoos com a esperança de conhecê-los pessoalmente quanto antes. Formulo · meus melhores votos pela corajosa batalha empreendida contra o regime socialo-eomunista".

PORTUGAL De um oficial graduado. - "Felicito-os pela posição tomada e os apoio inteiramente". Um engenheiro. - "EKtraordinárió! Belo! Sumamente maravilhoso!'' De um Irmão Marista. - "Quero testemunhar não só meus mais sinceros agradecimentos como também o· de todos os professores civis que trabalham conosco. Eles medissefam que nossos homens de Governo deveriam tomar conhecimento destas importantes e sábias publicações".

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. Iho '' ··~· ''PQr fi1m ' um pouco de azul num ceu verme u

ÁUSTRIA Vienense generoso. - "A Áustria está aberta para as teses que o Prof. Plinio eKpõe na Mensagem. Se os senhores não têm um escritório aqui cm Viena, ofereço-lhes o meu telefone para ajudá-los". Pedem exemplares. - Sindicato industrial de Viena. - Associação política de Salzburg. - O Comitê Central do PC austríaco, para que seus membros analisem o pensamento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. - O intendente de uma cidade do Interior. - Um nobre de lnsbruck. - Um grande comerciante de Viena: "Ofereço-lhes de bom grado minha . colaboração". - Círculo católico vienense. - Um nobre que como único endereço põe o nome de seu castelo.

TMPEDIDAS [;)E BIJB1.l<::ARE.M. ·sua Mensagem nos principais diários não socialistas franceses, as 'FFPs tiveram q.ue se contentar inicialmente com uma ampla distribui~o pelo moderno sistema do 111ass n1ailing ('310 mil exemplares). · A;ssim, ignorada emboJ'a do grandé público, a Mensagem chegou a um ce_rto seto~ selecionado da população francesa. De'poi,s d isso, as TFPs conseguiram a publicação do ©omunicado 0 punho es(r,anf11fa11do a rosa no ~International Herald Tribune~, jornal de Ííngua inglesa editado em Paris, com uma boa circulação na França, além de se irradiar po.11 diversos países da Europa, Ásia e 0ceania. Algum tempo depois, o mesmo joinal P,ubJicou o Resu,110 da Mei1Sa$Cm. , Mats tarde, o mesmo Co111U11icado foi divulgado no semanário "Rivarol" e o semanário "Minute~ (com 2-20 mil exemplares de circulação), pubJicou um Resumo da Mensagem. Em fins d// 1982, foi p,ublicado na França o Guide de l'Oposi1io11. que relaciona todas as e)ltidades e movimentos que se op·õ em, a algum titulo, ao governo do PS francês. Um bo,m destaque e! aí dado à Tf P francesa. Consta também do volume uma excelenfe J),ropaganda da Mensagem, Tal publicação tem pro_poJ"cionado à TFB f~ancesa valio-, sos contactos. Assim, pouco a pouco, CO'll\O a água que vaia poJ qualquer fissura, a Mensa,:em vai abrindll caminho na França e gofejando de cá e de lá, no.s mais diversos setores da população. Que eontliÍbuição isto teve no evidente declhüo da estrela de Míttcrrand~ - A Histó~ia o dirá.

IRLANDA Luz que esclarece. - "Este artigo é uma revelação e merece uma enorme publicidade. Já recebi outros exemplares. Meus amigos estão ansiosos, à espera dos exemplares, para passá-los a outros amigos".

BÉLGICA De uma senhora. - "Senhores: Bravo! Por fim, um pouco de azul neste céu tão avermelhado ... Bravo!

GRÉCIA

Médico de Lausanne. - "Estou feliz pelo fato de que os senhores existem".

Outra "Mensagem" para a Grécia. - "A Grécia está caminhando pelo processo que os senhores descrevem. Por favor, não se esqueçam de que a Grécia também está nesse processo rumo ao desconhecido inferno marxista".

SUÉCIA

FINLÂNDIA

Jovem antj-socialista. - "Sou um' jovem conservador. Estou muito interessado em suas idéias contra o socialismo autogestionário. Assim, decidi escrever-lhes manifestando meu apoio a suas idéias". Outro jovem incomodado com o socialismo. - "A Suécia é hoje um país onde os direitos foram restringidos cada vez mais por leis e regu-

Pedem exemplares. - Um funcionário diplomático finlandês, ao Ufficio TFP de Roma. - Um engenheiro, que escreve para Nova York. - Um missivista de Helsinque, que pede exemplares em inglês, valendose de um cupom de um jornal filipino. De além cortina de ferro. Tendo recebido pedidos provenien-

SUÍÇA

tes de países sob a ditadura comunista, bem como de refugiados q ue solicitam e xemplares para conhecidos detrás do muro da vergonha, julgamos prudente não reproduzir nenhuma indicação, dada a possibilidade de comp_rometer a segura nça dos remetentes.

DINAMARCA Precaução. - "Os senhores sem dúvida estão bem informados sobre o socialismo. Por favor, enviem-me exemplares para meu endereço na Alemanha, porque não sinto liberçlade política na Dinamarca".

NORUEGA Jovem escreve a Nova York. "Por favor, enviem-me mais informações sobre a TFP e como tornarme membro dela".

MALTA Combatendo o socialismo num baluarte da Cristandade. - "Sou de uma Ilha cristã e por isso estou interessado cm conhecer tudo sobre o socialismo, para combatê-lo. Peço exemplares da Mensagem e outros documentos".

''Jamais 1mag1ne1 que pudesse • haver um movimento

como o dos senhores''

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ESTADOS UNIDOS

Foto 16rea da gloriosa ilhe de M alta que pertenceu. durante Nculos. a c-onhecida Ordem Militar. - De um maltense preocupado: º Sou de uma Ilha crittl e por i110 estou lntereatado em conhecer tudo sobre o socialismo para combata.to".

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lamentos, onde não se trata de modo aceitável aqueles que criticam certos assuntos... Gostaria de entrar em contacto com os senhores". Uma "Mensagem" também para a Suécia. - "Os senhores não teriam uma campanha de esclarecimento para a Suécia? Este é um lindo país que está indo precipício abaixo. Por favor, tentem fazer alguma coisa antes que seja tarde demais. O tempo está correndo!"

Torres do belo ediffcio do Parlamento canadense. em Otawa. envios regulares. uma vez que eu os apoio 100%...

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Um estudo irrefutável! '

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Mudança radical a respeito do socialismo. - "Quero agradecer pelo tratado luminoso que vi no 'Los Angeles Times'. Li-o cuidadosamente. Mudei radicalmente minha visão do socialismo. Até agora eu era tolerante para com ele; agora sei quanto ele é ruim". Escritora elogia. - "Estudo o socialismo há vinte anos, mas estou muito agradecida de que tenham publicado esse artigo. Este professor brasileiro é o primeiro a mostrar a unidade filosófica dos socialistas com os comunistas". Professores universitários se pronunciam. - Um jovem ptofessor do

fndustrial canadense: "Ponham·me, por favor. em sua lista de

Sul: "A Mensagem parece uma Encíclica; é intocável'', · Catedrático de Universidade do Leste: "Peço-lhes 120 exemplares da Mensagem, pois vou introduzi-la em minhas aulas de filosofia. É uma excelente análise do socialismo". - Pedidos semelhantes chegaram de professores de Harvard, Georgetown e Yale. • Universidades da Califórnia, Tennessee, Kentucky, Minnesotta, l.llinois, Ohio e Nova York pediram exemplares para suas bibliotecas. '

Religiosa do Meio-Oeste. Sou de uma ordem de enfermeiras e desejo distribuir tantos exemplares quanto possível, entre o .pessoal que trabalha no hospital. Tentarei interessar tantas Irmãs quanto possa, mas parece que preferem seguir os Bispos e Padres que pagam tributo

aos socialistas, comunistas e outros inimigos da Santa Madre Igreja. O tempo é curto e há tanta coisa para fazer por nosso querido País e para a honra e glória de Deus". D ona de casa de Nova York. "Quero felicitá-los pela Mensagem. Meu marido e eu estamos chocados com a atitude do Clero. Outro dia, durante o sermão, um Padre pregava o socialismo. Levantamo-nos com nossos dez filhos e saímos da Igreja". Mulher empreendedora. - "Concordo em todos os pontos, e quero entrar, de qualquer maneira, na TFP". Jovem calíforniano. - "Jamais imaginei que pudesse haver um movimento como o dos senhores. Eu já não tinha esperança em mais ninCATOLICISMO -

Março de 1983


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guém. Creio que o Prof. Oliveira é um homem extraordinário. Quero colaborar, ajudar, fazer alguma coisa". Debate em torno da Mensagem. - "Em meu colégio houve um debate sobre o socialismo e a base foi o texto da Mensagem. Gostaria de visitar a sede dos senhores". Silenciosos preocupados. "Parabéns! Os senhores têm uma organização como essa na França? Precisamos dela! Sou cidadão americano casado com uma francesa. Desde as últimas eleições, nós, os silenciosos, estamos preocupados. Precisamos varrer essa ameaça da França". Em uma lanchonete, em Los Angeles. - Dois cooperadores da TFP: "Somos da TFP". - U,n cliente: "Ah! li!" - Cooperadores da TFP: "A Mensagem?" - Cliente: "Sim. Sou luterano, mas estudei em colégio católi'co. Nunca vi algo semelhante. Gostei muito, porque trata do tema tanto do ponto de vista religioso quanto político ... Sabe? Sempre estive procurando um meio de servir os valores da tradição, família e propriedade".

C~NADÁ Dona de casa transborda de alegria. - "Fiquei contcntissima. Era algo que hâ muito tempo aguardava no coração. Quando vi, transbordei de alegria". Freira não tinha idéia. - "Li e gostei muito, pois me mostrou algo de que não tinha idéia: o socialismo é tão ruim quanto o comunismo". Mãe animada. - "Alô! Ê dos Jovens Canadenses por uma Civilização Cristã? Estou telefonando para dizer que estou muito impressionada com o que publicaram hoje. Tocou-me diretamente na a lma. Isso nos dá muita coragem, porque muitas pessoas pensam que está tudo perdido. Quero que meus filhos leiam. Os senhores não fazem reuniões para universitários?º Jovens estudantes disputam o Ú· nico exemplar. - "Já era tempo de que os católicos denunciassem o socialismo. Desejo exemplares da Mensagem. Em minha sala de aula só há um, que passa de mão em mão". Industrial apóia 101 %. - "Obrigado pelo artigo dos senhores. Po-

nham-me, por (avor, em sua lista de envios regulares, uma vez que eu os apoio 101%. O Canadá está resvalando para a mesma posição que a França, e em velocidade frenética. Enviem-me 100 exemplares. Deus os abençôe". Operário de uma gráfica quer uma "Mensagem" também para o Canadá. - "Bem, agora que os senhores destruíram o socialismo na França, por que não fazem o mes• mo no Canadá? Creio que um manifesto no mesmo estilo resolveria o problema". Senhora lamenta o silêncio dos púlpitos. - "Este artigo deveria ser mostrado nos púlpitos, comentadó etc. Mas é o que eles não fazem ..." À saída de uma Igreja de Toronto. - U,na senhora: "A Sra. leu?" - Oulra senhora: "Sim. Tenho a impressão de que nossos jovens vão ter problemas com a Hierarquia". - A primeira senhora: "Í, claro. Estão fazendo o que ela deveria fazer.,.

MÉXICO Professor impressionado. - "A publicação dos senhores - que me deixou impressionado - quero ofertá-la a outros católicos como eu, já que é uma análise aguda do tema à luz dos documentos do Supremo Magistério da Igreja". Mexicano alerta. - "Estou convencido das ameaças do socialismo autogestionário. Assim sendo, com as publicações dos senhores, desejo alertar meus companheiros sobre a ameaça que se aproxima··.

Uma visão de Santiago do Chile e de montes nevados dos Andes, ao fundo. magadoral Nunca vi algo tão bem feito sobre o socialismo" .

COSTA RICA Três jovens querem a Mensagem para enfrentar a Revolução na América Central. - "Lemos apenas o resumo da Mensagem, mas podemos afirmar que nunca vimos algo semelhante. Íl a única maneira eficaz de enfrentar e vencer a onda revolucionária na América Central".

HONDURAS Rico de coração. - "Não tenho recursos econômicos. Se tivesse, boa parte estaria destinada à causa dos senhores. Não esmoreçam: pessoas de todo o mundo se ajuntarijo aos senhores".

Uma ''defesa de tese" de caráter mundial ... ER:A NATl!JRAL que uma publicidade como a que teve a l>fensagen, das 13 TFPs, nunca vista na imprensa internacional, provocasse nos mais dive~sos órgãos, com.e ntários favoráveis ou contrários. Diante do impacto inicial da pul>licaç.ío no "Washington Post" e no "Frankfurter Allgemcine" - os dois primeiros órgãos a divulgarem o documento, no dia 9 de dezembro de 1981 - a imprensa e a televisão de diversas J?artes do mundo, inclusive na França, manifestaram seu estupor face ao aconteclmento, Mas logo depois, como que dirigidos poF uma batuta única, todos os grandes órgãos de comunacação se calaram. Cabe observar que não houve em nenhum órgão impo.r:fante da imprensa em todo o mundo, refutação algum,a da · Mensagem. Sinal inequívoco da solidC7. e inex:pugna bitidade de sua argumentação. SoJi:citada a Mensagep, por incontáveis universidades dos mais divei:sos pontos da terr-a, de ,nenhum lugar as TFPs receberam qualquer refutação. Dir-se-ia que o monumental estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira passou em julgado. Terá sido talvez, pela pfimeira vez na História, uma "defesa de tese" de caráter mundial... E o silêncio dos opositores é eloquente!

ARGENTINA Um profissional da Capital. "Li com infinito prazer o luminoso escrito do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O caráter escravista do projeto marxista e a capitulação de amplos setores da Igreja diante da barbárie bolchevique estão firmemente documentados na Mensagem. Solicito vários exemplares, para"remetê-los a Sacerdotes amigos, os quais se alegrarão muito pela coragem e lucidez da Mensagem". Um Sacerdote da região dos An· des. - "Considero a. Mensagem ... esmagadora! Pelo seu valor extraordinário e pelo horroroso do mal denunciado ... Interpretação perfeita e justificad[ssima, de singular perspicácia e penetração ... Supremo empenho pelos direitos de Deus Nosso Senhor e da ordem querida por Ele ... Coroamento da obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e dos seus". De dois altos oficiais da NA TO, reformados. - "Os senhores são as reservas contra o comunismo, A Mensagem é muito lógica e coerente. O autor deveria ter atacado de cheio o Episcopado francês, pois este sim é o responsável por tudo que aconteceu na França".

Um distinto profi.ssional . "Que estudo impressionante! Vaime ser muito útil. Ê irrefutável. O comunicado da Embaixada francesa é um disparate. Ficaram muito mal. Pretendem envolver o povo francês como se afinasse com o governo. Esta Mensagem sacudiu as pessoas". Um juiz. - Ainda com referência à polêmica com a Embaixada Brasil. - A Mensagem resolvo: "Jé li vários livros sobre o socialismo. mas nenhum francesa: "Bateram na tecla certa e chega perto da Mensagem. Se alguém vier defender o socialismo, o que vou fazer é eles calaram a boca". mostrar a Mensagem e pronto. Nlo precisa mais nada". Jovem executivo. - "Íl monuA mental e sério. Quais serão o~ próVOCES PRECISAM •• . DEMA'SCARADô PELA ximos passos? A partir daqui, a coiMENSAGEM DO ~OF. PLINIO SABER! O SOCIALISMO sa pode tomar outra envergadura". AUT06E$TIOMÁRIO É ... CORRÊ.A DE OLIVEIRA! Um profissional. - "Com isto, o anticomunismo deixou de ser de revistas e folhetos e passou a ser um anticomunismo de vanguarda". Um -professor. - "Nunca vi um P acontecimento tão magnífico em mi,-. nha vida". ~ Uma senhora. - "Vou preparar um programa para a rádio da minha cidade. Ê assustador. ê terrível... Não acreditava que o socialismo fosse tão ruim". Filha acorda a mãe. - "1 nteireime da Mensagem às 7 horas da manhã, quando minha filha mechamou do trabalho para me avisar que \ comprasse 'La Nación'. Eu ainda estava dormindo". CATOLICISMO -

Março de 1983

Jornaleira de uma banca do metrô. - "Não sei o que havia, mas . todo o mundo vinha comprar 'La Nación' ". Outro jornaleiro. - "Quem é o próximo que vão destituir? Porque, com esta, Mitterrand pode se esquecer da reeleição". O povo ftancês repudiará Mitterrand. - '.' Agradeço-lhes a defesa que fazem do que é nosso. Os novos bárbaros não vencerão. Estou certo de que Mittetrand vai fracassar e o próprio povo francês o repudiará no momento oportuno".

BOLÍVIA Professor. - "A humanidade precisava de que algo assim aparecesse. O comunismo está continuamente avançando, e ninguém se lhe opõe na guerra tendencial e de conquista psicológica que desenvolve em todos os ambientes. Esta Mensagem é a contraofensiva que estava faltando. Causa-me admiração, sobretudo, a seriedade e categoria com que está escrita, muito ao contrário do estilo comunista de calúnia, mentira e baixe1.a". Estudante. - "Aqui estamos fazendo um debate, em nossa faculdade, para saber qual é o real alcance das 13 TFPs". Frade capuchinho. - Havia recebido a Mensagem cm sua cidade e confidenciou: "Ouvi novamente a leitura da Mensagem no convento de nossos frades na cidade de ..., durante as refeições". Uma senhora. - "A publicação da Mensagem coloca a TFP cm outro nível. As pessoas de minhas relações passaram a admirar este grupo, o qual, embora composto de jovens, tem tão boas idéias e dá tão bom exemplo".

BRASIL

Historiador. nA Mensagem é terrfvell ~ es.-

solução fora do que diz o Dr. Plínio". A Mensagem resolve. - "Já li vários livros sobre o socialismo, mas nenhum chega perto da Mensagem. Se alguém vier defender o socialismo, o que vou fazer é mostrar a Mensagem e pronto. Não precisa mais nada". Ar novo. - "Antes de o Dr. Plinio publicar esse estudo, a situação estava um pouco abafada. Agora houve um alivio".

Jovem Sacerdote oferece Missa. - Assim que soube da Mensagem, um jovem Sacerdote telefonou à sede do Conselho Nacional da TFP avisando que celebraria uma Santa Missa em ação de graças pelo acontecimento. · Sustentáculo do mundo ocidental . - "O Dr. Plínio passou por injustiças aqui no Rio Grande do Sul, mas hoje a TFP é quem sustenta o mundo ocidental". Muita gente pensava, mas ninguém tinha a coragem de dizer. "Era o que cu pensava. Acho também que é o que muita gente pensava . Mas ninguém tinha a coragem de dizer". De um engenheiro. - "Agradeço-lhes: eu achava a igualdade uma coisa bonita, mas vi agora que ela leva ao caos, à loucura ..." Ameaça anônima pelo telefone. - "Alô! í, da TFP? Vocês publicaram aquelas seis páginas hoje, não é? Pois bem, isto é um aviso: vamos pôr outra bomba na sede de vocês". Padre progressista, a um grupo de sócios e cooperadores da TFP brasileira que difundiam a Mensagem em via públic.a. - "Fora daqui! Sou o Vigário. Dou-lhes 15 minutos para se porem fora, pois do contrário serão expulsos. pela Policia". Um advogado visitado. - "Finalmente tenho a honra de receber alguém da TFP. Li a Mensagem e gostei. Lembro-me de vocês com os estandartes nas ruas cm J964. Depois eu os vi cm 1975 e nunca mais me esqueci".

Professor universitário. - "Depois da Mensagem não dá para ter dúvidas sobre a eficácia da TFP. Quero participar de algo na TFP. Se não puder ser membro efetivo, quero ser coHespondente ou esclarecedor". CHILE Militar reconhece. - "Alguém Ex-ministro, adversário da TFP. precisava falar! Todo o mundo es"O pessoal da TFP não serve tava indiferente e não dizia nada. O para nada, mas ... o que publicam é Dr. Plínio falou; foi o primeiro a sempre interessante, bem feito e doenfrentar a 'onda' Mitterrand". cumentado". Plantador de cana comenta. Empresário à procura. - "Estou " Agora o povo está percebendo o telefonando para pedir uma Mensaembuste e reagindo. O PS perdeu estas eleições cantonais (na França) gem. Alguém levou a minha do escritório, e do jornal dizem que não por causa da Mensagem ..." há mais exemplares. Estou de acorSó o Dr. Plínio tem a solução. do 100%". "Não adianta mais procurar uma

..

5


nalisar a realidade do socialismo na

Engenheiro agrônomo. - "Não faço parte dos quadros da TFP. Mas, na realidade?, pertenço espiritualmente à TFP há muito tempo. A publicaçã~, da; ,l\ll~ni a_geip ·me d~u a oportunidad'e' de cohhecê-los melhor. Creio que c:;ometeria um pecado de.'.negligência se não os ajudasse em,alguma coisa". Historiador. - "A Mensagem é terrível! É esmai:adora! Nunca vi algó tão bem feito sobre o socialismo''.

COLÔMBIA •

Tábua de salvação. - "Vejo na TFP a tábua de salvação no meio do caos contemporâneo que o comunismo p ód~ nas mentes". P oUtit<i- usa a Mensagem. :"Estou us,iindo a Mensagem nos discursos qúe'(aço, e também em peças de teatro" -qüe fazemos cm praças públicas"., " , • ,I ••' ·•.· .' Estudante dé Jorn alismo. - "Este estudo é éxcelén(e. Esmaga o 'projet socialiste' com argumentação católica. Nunca vi a direita fazer isso. Vejo que a Igreja Católica continua sendo imortal".

1

.

EQUADOR Político empresário pensava que sabia tudo. - "Francamente lhes digo: como estou metido em política,' pensei que sabia tudo. Dei-me conta, entretanto, de que nessa matéria estava desatualizado. Agora sei o que é o socialismo de Mitterrand". Funcionário de um tri bunal. "Somente aqueles que leram a Mensagem podçrão ter critérios para a-

Françaº. Outro empresário. - "Quero ver o que responderão os socialistas..." Senhora de Quito horrorizada. - "É um absurdo o programa socialista defender até o homossesualismo. A Mensagem denuncia isso, e eu aplaudo os senhores por seu trabalho". Monsenhor elogia, à saída de uma Igreja. - "Li a Mensagem. É magistral: O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira é sumamente esclarecido nessa matéria. Ele não só fala do socialismo de Mitterrand, mas explica toda a História do processo revolucionário". Comerciante entusiasmado com a condenação da Revolução Francesa por P io VI. - "Gostei muito de que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira tivesse recordado épocas especiais do passado: as 'Acta' de Pio VI me parecem magníficas. Não vi nenhum exagero njl Mensagem. O que vi foi uma análise correta e um . grande apego à verdade". Pequenos fatos assistidos p orcooperadores. - Em uma praça central de Quito, um homem do povo compra um exemplar, e se põe a ler, em voz alta, para um pequeno grupo pouco letrado, a parte da Mensagem que analisa a irilogia "Liberté-Egalité-Fraternité". - Num banco de jardim, em Quito, um homem lia atentamente. a Mensagem. Um cooperador da TFP equatoriana se aproxima, recebendo uma i:esposta cortante: "Não me atrapalhe. O que estou lendo é muito importante. Depois falamos ..." Hoteleiro distribui exemplares. - "A Mensagem me parece fabu-.

losa num mundo que não se dá conta do que está fazendo: cedendo sem se defender". Pediu exemplares para distribuir entre seus hóspedes. Industrial afirma que a Mensagem barrou o caminho à cogestão. - "Aqui só não aprovaram a lei de cogestão por causa da campanha da Mensagem. Quero contribuir para que possam continuar seu trabalho". A Mensagem é tema de estudos. - "Durante uma semana a Mensagem foi tema de estudos e discussão em nosso curso na escola. O professor ficou como moderador ... O próximo tema de debate será: Tradição, Familia e Propriedade". Francês envergon hado de sua Pátria. - "Estou envergonhado só de pensar que meu País se encontra nessa situação. Quero ajudá-los e ajúdar a França: peço um bom número de exemplares; vou enviálos a amigos franceses".

PERU Um educador. - "Felicito-os! Felicito-os! Felicito-os! Num momento de tanta confusão, isto pode ser uma luz para refletir. Anotem meu endereço. Quero que os membros da associação que presido também conheçam a Mensagem".

Professor universitário. - "Fantástico! Magnífico! Um modo de se exprimir bem corajoso! Darei a Mensagem como tema de trabalho para meus alunos. Gostaria muito de manter outros contactos". •

Jovem advogado. - "Desejo adquirir todas as obras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Como fazer? Admiro muito os estudos que escreve. Onde posso pegar esse material? Como posso ajudá-los?"

T. . 1

~ .• ....u

Jovem oficial da M arinha. "Acabo de ver a publicação. Basta olhar ·a primeira página que já se entende o resto. Tudo coincide com o que sempre pensei". Cônego limenho. - "Vai se repetir a parábola dos convidados para o banquete: os mais indicados para apoiar a campanha não querem se comprometer. Mas virá em ajuda dos senhores gente inesperada, dessas que andam pelas praças". De um funcionário mí.n isterial. - "Estou falando do Ministério em que exerço meu cargo. Seria fantástico se eu tivesse um bom número de exemplares. Sou católico e quero distribuir este documento o mais possível". Estudantes de assuntos militares. - "Estudamos matérias como a da Mensagem que os senhores publicaram. Interessa-nos muito. Somos 70, e quero um exemplar para cada um".

Uma senhoril•- - "Saibam que a Mensagem está sendo comentada de boca em boca entre os niilitarcs, e em todos os encontros sociais. Os senhores têm razão. Não deixa lugar a dúvidas. É irrefutável". Um conde. - "Hoje vou a um jantar na Embaixada francesa. Vou comentar a Mensagem".

UR UGUAI Um doador. - "Quero ajudá-los em tudo que seja possível. A Mensagem me pareceu extraordinária. Li-a em casa, com minha família. Foi uma vitória. O inimigo tratará de não falar dela, de parecer indiferente. Quando os senhores desmobilizarem a vigilância, eles irão atacarº. Confiança. - "Felicito-os por tudo quanto fazem .. O fato de que os senhores existem me dá confiança no futuro. Tudo que os senhores publicam esclarece o panorama''. Proprietário de empresa construtora. - "Li a Mensagem e fclicitoos. Antes esteve aqui um arquiteto esquerdista e me disse que a solução de tudo é a autogcstão. Eu não sabia responder. Agora estou tentando memorizar a Mensagem para poder repetir a ele".

VENEZUELA Médico e fazendeiro . - "Para mim a TFP é uma injeção de soro no momento em que tudo parece f umaça dentro da Igreja. Se fosse jovem, entraria para a TFP. Não podendo, contribuo com donativos". Um profissional. - "Essa publicação é importantíssima. Ela denuncia um mal tremendo, que, se não o combatemos, nos devorará". Juris ta. - "Considero isto um documento histórico, que servirá de referência a estudiosos do assunto". Protestante francesa. - "Sou protestante e estou de acordo com a Mensagem. Quero felicitá-los".

'A Mensagem em números

''Quando li a Mensagem, ~ ensei:. é o que procura Í '' '

n .

Outro professor. - "Eu estava esperando algo assim, inteiramente católico e anticomunista, para entrar em batalha". Publicista bem sucedido. - "Examinei meticulosamente a Mensagem. Textos, argumentação, fio lógico, fotos, diagramação, tudo está muito bem concatenado para produzir o maior impacto possível".

"

1 1

t ~'jl

'A CAMPANHA DAS 13 1lFBs de divulgação mun,dial da Mensagem éle seis páginas de autoria ~o Pro'f. Plini_a Co,rêa de Oliveira "0 soeialisn10 au1ogestio11árto: em vista do con,unismo, ba,reira ou cabeça-de-ponte?" teve cpm.o desdobram..ento as riublicações de um Có1nunicado intitulado"Na Fran-ra: o punho estrangulando a r:osa", de um resumo de página inteira de jornal de ambos os documentos sob o tltulo "Socialisn,o -autogesfionário: Hoje, França - amanhã, o mundo?", de um resumo também da Mensagen1 e do Comunicado esP,ecial para revistas do "R'e ader's E>igcst'' em todo o mundo e de um sintético resumo da Mensagem. A larga difusão d'essas mafé•iãs jornallsticas pode se, co,1,1statada pelos dados a seguir apresentados.

MATÉRIAS P'tJBLICADAS Mensagem na Integra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Camunicado: "Na França: o punho estranglllandp a tosar .. . ............. , . .. . . .. . . Resumo de página iilteira da MeJ1sagem e do Comunicado ... . . . . .. ................. , Resumo de ambos os documentos especial para revistas do "Reader's [i)iges~" . .... . .. , . . .

49 Jornais de 19 pafses 29 jornais de 12 paises

2J jo:rnais de 14 paises 31 edições, em

10 lfn-

guas, para 46 11alses Resumo sintético da M:e.nsagc-9.1 . . . . . . . . . . 34 jo,nais de 6 paises Tiragem dos ótgãos de imprensa que estamparam as matéria·s acima . . . . . . . . . . . . . . . . . Em quantos países diferentes ll.ouve publicações. Em quantos idiomas houve pubJicações . . . . . €artas e cupoJ1s recebidos com pci!idos de cõpias ou assuntos alinentes à Mensagem . Países do.s quais as TFPs reooberam reper-

ÁFRICA DO SUL Ministro do Governo opina. "Estou convencido de que o conhecimento de suas conclusões influenciará, de um modo ou de outro, as decisões em matérias relevantes". Estudante negro preparando sua tese de doutorado. - Pede a Mensagem para incorporá-la à sua bibliografia: "Só o resumo me deixou impressionado". Operários de uma mina de ouro. - Pedem exemplares para a sua sala de leituras, anexa à própria mina onde trabalham.

J ovem ofic.íal. - Pede 200 exemplares para distribuir entre alunos de um curso que ministra.

MARROCOS Membro da academia muçulmana. - Pede exemplares e afirma o prai.er de ler as obras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira.

ALTO VOLTA De u m diplomata. - "Os senhores são daquela entidade que está convulsionando a política na França, pondo em pânico o governo e os 6

políticos? Mitterrand ... em dois anos veremos sua queda!"

ÍNDIA Estudante empenhado. - "A análise do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo francês pode ser tomada como um aviso. Meus amigos e cu temos discutido o crescimento canceroso das organizações comunistas. Eu gostaria de organizar um pequeno circulo, iniciar correspondência, a fim de organizar um entendimento internacional entre os que apoiam a TFP. Contribuiremos rapidamente com sua organização". Banqueiro escreve.. - ºEstou muito interessado em conhecer o que é o socialismo autogestionário. Meu desejo é participar de suas atividades, Informem-me como posso fazê-lo". Relig'ioso católíco. - "Dou aulas nesta escola. Seu artigo foi um verdadeiro 'abridor de olhos'. Gostaria de receber material dos senhores, tanto atual, quanto passado. Ficaria muito contente de conhecer melhor a TFP".

FILIPINAS .l)e, um a escola para mudos. "E!lviem-me exemplares, por favor.

Estudo numa escola para mudos, e todos aqui desejam saber mais sobre os perigos do socialismo autogcstionário".

AUSTRÁLIA

Senhor felfa. - "Entendi o socialismo lendo a Mensagem. Sou um felizardo. Agradeço-lhes e peço mais exempl~res para distribuição".

Estudante de Sidney. - "Quando li a Mensagem, pensei: encontrei. É o que procuràva".

Em um Departamento francês de ultramar. - "Os senhores não sabem quanto interessa em nossa Ilha a divulgação do pensamento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira".

12

16.7'82

cu$sões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

SRI LANKA

NOVA CALED ÔNIA

33,3 milhões de exempl . 51

NOVA ZELÂ NDIA Jovem tem um "clíc;'.: - "Sou anti-socialista convicto. N111s estava tudo confuso na minha cabeça. Quando li a Mensagem se deu um 'clic' e entend i tudo. Precisamos encontrar- nos".

Vista 8'rea de Sidnei, A ustrália . -Outroes· tudante: "Quando li a M ens agem. pe nsei: encontrei. e: o que pro· curave....

fiifjAÍOL~Cil§MO ~

MENSARIO CAMPOS - ESTADO DO RIO Oirc:lor: Pauk) Corri.a dt Bri10 filho

Diretoria: Rua dos Goitacaics, 197 • 28100 - Campos. RJ. Admlnistn('io: Rua Dr. Martinico Prado. 271 • 01224 - Sao Paulo. SP • PABX 22 1-8755 (rom"J 235).

Composrn e impresso na Artprc$$ -

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CATOLI CISMO -

Ma rç o de , 1983 ·


Gm4NDE RESOLUÇÃO, apanágio do Bem-aventurado Ezequiel Moreno · y Diaz

FRUrO DA REVOIJtJÇÃO. FRANCESA, o liberalismo durante o sf.culo XI!C, conseguiu difundir seus erros por todo o mundo, Etambim se mulllpUoaram as perseguições contra a Ipeja movidas pelos liberais. A reaçio catõllca nlo se foi: esptrar. Em 1831 o Papa Greg'ório XVI fulminou os trros liberais em sua Encfcllca Mirar/ Vos. Pio IX, seu suctSSOr, condenou-os t m v,rtos documtntos, particularmente na Encfcllca (iluanta Cura (l~). , Seculndo o ensinamento dos Papas, católicos "'Cutram-se pa,:aJustfgar as ''liberdades de periliçio", conformt expressio empregada por Pio IX. Foi no contexto dessa grande' luta doulrlMrla gu.t, na Am'mca ao Sul, levantou-se uma grande vo:r, tcles"stlca: a cio Bem-11.vtnfUrado Ezequiel Moreno y l'.>iaz, Bispo de Pasto, na €ol6mbla.

* * *

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I '

Nascido ein .(8'18, na cidade de Rfoja (Espanha), dmde Jovt m o Bemaventqrado manlftstou dtseJo de tornar-se mlsslon,rlo. Aos 17 anos, professou os sap-ados votos na Ordem de Santo AgOttlnbo. Quatro anos depois, em 1869, ~ ulu l'ª~ª as FIUplnas. Após diversas viagens como mlsslonirlo, estabéltctU-H na Colômbia. Em 189~, foi t ltito Bispo da Diocese ae Casanare, sendo lransítrldo pouco depois para Pasto, no mesmo pais. t como Bispo de llasto, funçio na qual pernlane<:eri até o nm da ~Ida, que D. ~equlel Moreno y Diu travar, sua grande batalha contra o llberallsmo. Um dos primeiros atos do novo Pastor foi acolher em sua Ellocese ~ons. Schumacher, Bispo de Porto Vlejo, no Equador. Ele havia sido expulso des.1• pais, devido à defesa lntranslgenle da doutrina católica que o valOroso Prelado empreendeu contra os ataques do llberollsmo. O Bispo de Pasto nio se llmkou a abrigar Mons. Scbumacher. Lanwu uma Carta Pastoral em sua aeresa, na qual desftrlu violentos ataqu,s contra os libera Is. A rmposla desses consls11u em distribuir profusamente na Dloc,se dt Paslo pannetos anticalólicos. Mons. Etequlel fundou entilo o Jornal " Vo2 Evangfllea~, órglo destinado a defender a Rellglio Católica contra seus Inimigos. Ao mesmo tempo, proibiu aos néls a ltllura dos Jornais que haviam se pronundado contra o Bispo de Porto :Vlejo. Nesu época, existia tm lplales um coligia dirigido por Rosendo M o1·a, tx· religioso de orientaçio liberal, qut negava em suas aulas a Divindade d.e N.osso Senhor Jesus Cristo, a Imaculada Conctlçio e a Vlrpndade de Nossa Senhora. O Bufo Moreno y Diu reagiu enet glca11,1ente. Numa circular dirigida a seus néis, ordenou-lhts que retirasstm seus filhos do coligio liberal, sob ptna de incorrerem em pe11aliélad~ tcltslistleas. Além dJsso, promoveu o Bls119 de Pasto especiais atos de reparação contra os tseindalos provocados pelo exreligioso liberal. RO$enclo Mora viu-se obrigado a fugir para Tulcan, no Equador, ondt, eouco depois, fundou novo colégio. Devido à proximidade da fronteira, o t$tabeleeimento passou a ser freqüentado por muitos jovens colombianos. Des.sa feita, o Bem-aventurado fulminou com a ptna de e.-comunhi'.o os pais rtsiiltntes tm sua J}locese que màntiv....m seus nlhos no menclo)1ado eslabele<imento mcolar.

* * * O. Ezequiel Moreno y Oiaz, Bispo de Pasto {Colômbia)

,, Q

UANTA dignidade, força, serenidade e resolução tem este religioso!" Sem dúvida , é compreensível que tal exclamação aflore à mente e aos lábios de quem contempla a bela fotografia do Bem-aventurado Ezequie l More no y Diaz, que reproduzimos nest/1 página. Será objetiva tal obse rvação? Ou mera fantasia, que não resiste a uma análise mais profunda? A figura do Bispo de Pasto, na Colômbia, merece certamente um comentário que responda a essas questões.

*

Chamam a atenção, primeiramente, os sinais exteriores. O solidéu , a grande Cruz peitoral, o sagrado anel, portados com dignidade pelo Bem-aventurado, demonstram súa condição de Bispo da Santa Igreja. O hábito negro, que inclui capuz e cinta, denota que est3mos cm presença de um religioso da Ordem de Sa nto Agostinho. Ao contrário de tantos eclesiásticos de nossos tempos, D. Ezequiel Moreno y Diaz ostenta com zelo os sinais da dignidade de seu estado e posição hierárquica. A face do Bem-aventurado irradia paz, serenidade, distensão. Não se trata da distensão comum do homem que dorme, ou daquele que, por preguiça, afastou de si o peso das decisões. A distensão da fisionomia do Bispo de Pasto é do tipo daquela que os irresolutos não têm. Estes apresentam a distensão da moleza. Vê-se que o Bispo colombiano já tomou todas as grandes resoluções da vida. As d úvidas ficaram para trás. Ele avança no caminho para o qual Deus o chamou, e está decidido a segui-lo até o fim, custe o que custar. Ê um santo que se distingue pela grande resolução de sua vontade. Dessa resolução provém a admirável serenidade do semblante, também reflexo da grande paz de consciência. Sacrifícios, dores, provações? Por certo, virão. Mas já estão preCATOLICISMO -

Març o de 1983

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vistos, medidos, plenamente aceito~. E ele certamente terá invocado o Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora de las Lajas, dos qua is era grande devoto, para o ajudarem a não recuar na senda que a Providência lhe destinou.

Esse belíssimo aspecto da a lma do Beato Ezequiel Moreno y Diaz eleva- nos à contemplação, por analogia, do Modelo transcendental de todas as resoluções: "Pai, se é do

Teu agrado, afasta de Mim este cálice: não se faça. contudo, a Minha vontade, mas a Tua", orou Nosso Senhor Jesus Cristo ao Padre Eterno , no Horto das O liveiras. "Então

apareceu unr Anjo do Céu. que O confortava..." (Lc. 22, 42). '"Não se faça a Minho vontade, ,nas a Tua". Eis a maior e mais sublime deliberação da História. Pois ela contém em si a aceitação de todas as injúrias, de todas as dores, da morte sobre a Cruz. E la decidiu a salvação d o gênero humano. No Santo Sudário de Turim podemos admirar tão sublime resolução e a grande paz de alma dela decorrente. A Sagrada Face a presenta os sinais dos ultrajes recebidos. O Divino Redentor morreu no vértice de todas as dores. Contudo, cm sua fisionomia marcada por indizíveis sofrimentos, quanta resolução! A Virgem Santíssima, sem dúvida, íoi participe dessa g rande deliberação. "Faça-se em mi111 segundo Tua vontade" (Lc. 1, 38). respondeu Ela ao Anjo, aceitando a E ncarnação do Verbo Divino e tudo o que des ta decorreria. No momento augusto em que Seu Divino Filho exclamou. do a lto da Cruz - "Tudo está consu111ado" (Jo. 19, 30) - Ela lá estava, inabalável em sua santa resolução.

O olhar de D. Moreno y Diaz nos impressiona por sua firmeza. É bem o contrário do olhar de um

homem romântico. Enquanto o olhar deste é volúvel, capaz de se voltar somente para seus sonhos interiores, o do santo Bispo de Pasto focaliza um ponto fixo no horizonte. Suas cogitações abrangem uma ordem de coisas e levada, exterior a e le, e que D. Moreno contempla fixamente, com admiração. A figura do Bem-aventurado lembra-nos a fisionomia de um grande Prelado brasileiro, D . Frei Vital Maria Gonçalves d e O liveira, Bispo

Além de grande polemista, Mons. Moreno y Dl~x destacou-se por s ua gra.nde pledadt. Deitou tsptclal empenho na coleta de donativos para a construçio, em Pasto, ile Igrejas dtdlcadas ao Saa,ado Coração dt J ,sus e a Nossa Senhora de las u jas, invocaç~ estas das quais era grande devoto. Em nns de 1905, wn cincer atacou o santo Prelado. Viajou entio à Europa, lendo sido submetido a delicadas operações a fim de extlrpll'. os tumores localb.ados em sua face. Suportou tals lntervtnçôes com admlr4vel coragem, em estado de plena lucidtz. Tudo em vio. Em 19 de agooto de 1~, após longa agonia, velo a falecer o htróico Bispo de Pasto. Deus chamava a SI o grande soldado de Sua eausa. Stu corpo até hoje permanece Incorrupto na cidade de l',fonteagudo, na & pantia. NOTA: Os dados blogr,ncos do Bispo d• Puto adma expostos•íoram extraldos da obr• 'Jkat<>. Ezequiel Moreno y Dla~ EI Cap,ino dei Dl'.btr, de •utoria de An~I Ma.ttfn.. Cunta, 0,A R., Ed. Scuola tlp. Mia . Oomtnlca, Roma, 1'7S, 5'3 pp,

de Olinda e Recife, religioso capuchinho, que viveu durante o li Império, tendo falecido, em odor de santidade, no ano de 1878. Até certo ponto, pode-se dizer que ambos foram contemporâneos. Os dois Bispos distinguiram-se também como grandes polemistas. E é exatamente no modo de polemizar que eles divergiram. D. Vital entra por inteiro na polêmica. Coloca-se diante do adversário, como que a d izer-lhe: "Ousas levantar-se contra o Senhor Deus dos Exércitos e contra a Imaculada Conceição de Maria? Eu te enfrento, e tenho gáudio em te derrotar". O Bispo de Olinda e Recife lança-se na polêmica como um tufão que arrasa tudo em s ua passage m. A atitude do Bem-aventurado Ezequiel Moreno y Diaz di~nte do adversários da Igreja é diversa. Por certo, ele os com bate ideologicamente. Mas seu espírito situa-se muito além do inimigo, seus o lhos póusam em outros horizontes e sua vontade aspira a grandezas q ue transcendem indizivelmente o plano da polêmica.

Dois modos de ser, dois sublimes aspectos da alma católica. Eis ai dois admiráveis modelos de virtude. No entanto, eles representam apenas duas preciosas amostras das incomensuráveis riquezas concedida·s pela Santa Igreja a seus fi lhos, que para Ela se voltam com admiração e enlevo.

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-~ l AfOILICI§MO - -- - - - - *

Como se d11unde a moda punk'' em Londres 11

ONDRES é a capital do movimento Punk, como outrora abrigou os Beatles, corifeus de uma onda de contestação juvenil, que dali se espraiava pelo mundo. A característica desses movimentos que, de fato, têm filosofia, é se apresentarem apelando muito mais para uma mudança da maneira de viver do que se arvorando em paladinos de novas doutrinas. Tais princípios impregnam a nova mentalidade, os novos costumes, mas não são tratados senão em publicações de difusão pequena, destinada a circulos especializados. t uma revolução vivencial, adaptada a uma geração que detesta pensar, à qual repugna a abstração. E como hoje o movimento Punk se apresenta em Londres? Deixou de lado a particularidade ponteaguda, muito presente quando surgiu em 1977: a agressão boçal contra a sociedade. Daquele impacto primeiro,

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momento, distendeu-se e convidou o corpo social a adotar parcialmente seu feitio. Atualmente em Londres se pode observar o inicio do enlace entre a sociedade e o punkismo. A cidade começa a assimilar algo de sua mensagem anarquista. Como está se dando o fenômeno? Os punks constituem ínfima minoria da população. Mas, em torno deles, em graus diversos, há os "punkizados". Esta região periférica é muito maior do que o núcleo mas, muitas vezes inconscientemente, compartilha, em graus diversos, o anarquismo do núcleo. Não é diretamente adesão doutrinária, mas adesão aos costumes, que conduz, passo a passo, à concordância metafísica. Em Londres, é comum. rapazes com um brinco na orelha, o que insinua homossexualismo. Não que o uso do brinco, em si, caracterize o fenômeno. Ninguém acusaria antigos piratas, usando dois brincões, de

David Vanium do grupo londrino punk "Os condenados". Apresentaçto do mesmo grupo diente dt frenética a11iet&ncia.

restou ainda uma espécie de punk, que agride, que gosta de espancar pessoas sem ra1.ão nenhuma, que faz da violência seu "leit motiv". Grosso modo, o movimento adotou novo figurino, o da inserção na sociedade, quase se apresentando como meros adeptos de um tipo de música, de vestuário, de uma maneira de se comportar. Um movimento contestatário assimilado. Distendeu-se para se expandir. No primeiro momento, em 1977, chocou a sociedade pela radicalidade das m.etas - porém a levou a acostumar-se com elas. No segundo

praticarem esse vicio moral. Mas, na atual quadra histórica, com a acuidade que adquiriu nossa cultura, o uso do brinco para homens possui tal conotação~ Voltou também em Londres a tonalidade negra embaçada no vestuário, que é das características punk. Há um modo de usar o negro que lembra o movimento. Quem o usa, de certa maneira, seja homem ou mulher, habitualmente aceita um estado de espírito com filamentos punks.

TFP norte-americana apoia a Marcha pela Vida ENTRE 50 e 75 mil pessoas, segundo estimativas dos organizadores, tomaram parte na 10.• Marcha Anual pela Vida, em Washington, no dia 22 de janeiro p.p., para manifestar sua continua oposição à decisão de 1972 da Corte Suprema, que permite o aborto sob requerimento. A infame determinação desencadeou uma avalanche de abortos que, nos Estados Unidos, durante os últimos 10 anos, chegou a 15 milhões. Somente no ano passado a mortandade causada por abortos cm nível mundial foi inacreditável, atingindo a cifra de 40 a 50 milhões. Mais uma vez, sócios e cooperadores da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Fami.lia e Propriedade - TFP associaram-se à marcha realizada na capital do país. Seus estandartes e capas vermelhas já se tornaram componentes habituais desse evento, que vem sendo reali1.ado há vários anos. No presente ano, a TFP apresentou um contingente maior que o costumeiro, visando com isso demonstrar, com maior ênfase possivel, sua rejeição ao aborto legalizado e sua consonância com aqueles que participam da mesma recusa.

Sócios e cooperadores da TFP dos Estados Unidos portaram três longas faixas, que se referiam aos Bispos católicos norte-americanos, denu nciando a estranha atitude de quase pânico da Hierarquia a propósito de uma possível hecatombe nuclear, ao mesmo tempo que os Prelados guardam inexplicável silêncio quanto ao problema do aborto. O Presidente Reagan qualificou de "tragédia" a decisão da Suprema Corte, e afirmou que continuará a apoiar a legislaçilo que "acabe com a prática do aborto sob requerimento". Um porta-voz da Casa Branca citou palavras do chefe do Executivo, declarando: "Nós já esra,nos aguardando há dois anos o Congresso retificar a tragédia de Roe Vs. Wade (•). Eu vos asseguro que na 98. • Legislatura, apoiarei roda ação legislativa apropriada que restrinja o aborto". A iniciativa terminou com a dispersão da multidão no Capitólio, onde os participantes da Marcha procuraram entrar em contacto com senadores e deputados conhecidos. (•) Roe Vs. Wade foi o caso levado à Suprema Corte do p3ÍS, de cuja stntcnç.a d«orrcu a legitimação do aborto.

Outra caracterlstica é a maneira de pintar o cabelo ou as faces com cores despropositadas. A coloração artificial, quando usada como ornato., serviu sempre para realçar o s~udável. O punk deseja causar sensacionalismo dando impressão de doentio. Boa parte da juventude se pinta com cores assim, embora não se considere adepta do movimento. Nota-se uns amarelos nas faces, uns tons esverdeados nos cabelos que lembram a doença o u estados mórbidos. E assim por diante. Jeitos de andar, certos gostos, alguns locais frequentados são sintomas de um movimento que se estende, distendendo. Curiosamente, aconteceu o mesmo com o hippismo. No inicio chocou. Com o tempo o hippismo virtualmente desapareceu, mas deixou como herança seu estigma na sociedade. Maior permissivismo nos costumes. hábitos sociais menos educados, menor exigência intelectual e moral da juventude, redução do vocabulário. Em uma palavra, diminuição do tônus da civilização.

O punk não é senão o hippismo radicalizado. Revolta dos instintos contra a razão, anarquia nas potências da alma que, sucessivamente, provoca a anarquia na sociedade e no Estado. E inicia em Londres o processo para deixar na sociedade sua mancha. A capital britânica tem uma peculiaridade que a torna especialmente apta para abrigar tais movimentos: o domínio, pelo menos aparente, do relativismo, a quebra das barreiras entre o Bem e o Mal. Tudo parece ser admitido com indiferença. Estive numa livraria. O caixa ostentava no peito, pendente do pescoço por uma corrente, um disco negro no qual se lia: "Eu /Ombém sou homossexual". Ninguém parecia estranhar que fosse cstadeado um vicio que brada aos Céus e clama a Deus por vingança. Entretanto, um amigo, bom observador e que conhece bem a Inglaterra, disse-me que Londres dá uma falsa idéia do que é o pais. O interior é conservador. Observação plausível, pois seria dificil que Londres elegesse um governo como o de Margarct Thatcher.

Péricles Capanema

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Até hoje permanece no mesmo local a espada que Slo Galgano. no Hculo Xlt cravou na rocha

A Cruz de São Galgano ROMA - A poucos quilômetros de Siena, no vale do Merse, podem ainda ser admirados os vestígios de uma das mais belas abadias do mundo: a de São Galgano, que remonta ao século XII. Se bem que arruinada pela ação do tempo e abandonada pelos hómens, ela conservou uma aura de sacralidade e de imponente majestade. O soalho é um prado e o teto, o azul do céu toscano, desde que a abadia foi privada de um e de outro, devido à incúria dos homens. Mas esse estado atual torna a abadia, em certo sentido, mais fascinante e· adequada à natureza que a circunda. Seu estilo é o predileto dos monges cistercienses que a edificaram: uma feliz combinação entre a elegância do gótico e a harmonia do românico. A edificação do templo exigiu mais de 40 anos de labutas daqueles religiosos q ue rezavam trabalhando, e que sabiam imprimir na matéria os valores espirituais expressos na oração. O titulo da abadia foi dado para homenagear um santo, muito venerado naquela época, cuja vida causou admira_ção cm todo o vale do Merse. Galgano Guidotti, nascido em Chiusdino, no ano de 1148, oriundo de nobre família sienense, cavaleiro jovem e belo que, não obstante a educação que recebera de seus piedosos progenitores, se entregara à vida dissoluta. Sua conversão deveu-se a um sonho que teve, no qual viu o Arcanjo São Miguel, protetor de sua familia, apresentando-se à sua mãe e pedindo que lhe cedesse o filho para alistá-lo na Milicia Celeste. Ela, consolada com o _pedido, assentiu com alegria. Outro sonho, em seguida, confirmou--0 na mudança radical de

sua vida. Viu o próprio São Miguel conduzindo-o pela mão a fim de consagrá-lo à Cavalaria Celeste. Tendo então compreendido sua vocação, Galgano abandonou tudo - honras, ami1.ades mundanas e riquezas - a fim de retirar-se para o monte Siepi (aos pés do qual foi edificada a abadia), e passou a viver como eremita, praticando a mais severa penitência. Quando chegou àquele local, faltando-lhe uma cruz diante da qual pudesse rezar, tomou sua espada pela última vez e cravou-a na rocha, como se fosse num bloco de manteiga, chegando a enterrá-la quase até à empunhadura. E diante dessa singular cruz rezou e meditou longamente, sem dar importância às zombarias de pessoas mundanas que havia abandonado. Recusou ainda os insistentes apelos de sua mãe, que desejava sua volta. Chegou ela a apresentar-lhe uma noiva, a jovem Polissena, para dissuadi-lo da vida religiosa. Mas esta, depois de um colóquio que manteve com Galga no, surpreendentemente decidiu fazer-se freira, tendo fundado um mosteiro. Retornando de Roma após uma peregrinação, durante a qual havia obtido do Papa algumas relíquias de santos militares e a permissão de fazer-se oblato cisterciense, Galgano retornou à sua vida de oração e penitência. Pouco tempo depois, foi encontrado morto, junto daquela sua significativa cruz por alguns de seus companheiros, no dia 3 de dezembro de 1181, aos trinta e três anos, a mesma idade atingida pelo Redentor quando expirou no Calvário.

Paulo Henrique Chaves


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lL _ N.• 388 -

Abril de 1983 -

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Face à matança dos inocentes dentro da ordem e da lei: santa indignação

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Seis estandartes do TFP-Covadonga tremulam ao vento ne Puerta dei Sol. no centro de Madri

1. As tristezas-de uma previsão confirmada Habitualmente alegra-se o homem com a realização do que previra. Não por tolo sentimento de amor próprio, mas porque, sendo a previsão uma operação da mente, o normal é que esta última sinta o g,iud io reto de seu próprio acerto. Não é esse, entretanto, o estado de alma dos sócios e cooperadores da Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e PropriedadeCovadonga (TFP). ao constatar agora a confirmação pelos fatos, das perplexidades por ela formuladas cm Carta aberta ao PSOE ( 1). A TFP manifestou então sua apreensão ante a eventua l vitória daquela corrente política nas eleições que·se aproximavam. Entre outros motivos para tal apreensão, a Carta aberta salientava que: a) As Re;·olu,ões dos Congressos do PSOE prcconii.am a il)'plantação do amor livre ("divórcio se111 exceções", diz eufcmicamcnte o texto de uma Res9luçào), a miscr{,vcl --reabilitação.. da homossexualidade, bem como á --1egitimação" do aborto e da contracepção. b) É certo que essas medidas não se inscreviam, · todas, no Progra11ia Eleitoral, com o qual o PSOE apresentava ao eleitorado tão-só as medidas a serem postas cm prática a breve prazo.

c) De onde restava aos católicos propensos a votar naquela corrente de esquerda. a esquálid a e vacilante esperança de que as medidas alheias ao Programa Elec1oral acabassem por não ser propostas na presente legislatura (2). d) Bem entendido. tal esperança não repousava senão nas implicitudcs da distinção entre Resoluções partidárias, de um lado, e ProgN1· 111a E'lectoral, de outro, pois nada impedia o PSOE de. uma vez vitorioso, propor nas Cortes, já nas primeiras sessões, qualquer item das Resoluções dos seus Congressos, nas quais são fixadas as metas do Pàrtido, a longo, médio ou. breve prazo. Co nsiderando que a eventua l aprovação. não só dos diversos itens do ProgN""ª Elettor{J/, como das várias Resoluções importaria em uma ofensiva total contra os mjlcnares princípios cristãos com que a legislação até aqui vigente protege a moralidade pública e a famí lia, a TFP constatava com assombro que numerosos católicos se manifestassem tendentes a dar seu voto ao PSOE. E que a Conferê ncia Episcopal Espanhola . à qual incumbe por missão divina preservar deste abismo de horrores a nação dos Reis Católicos, pelo contr'.irio declarasse implicitamente, através de nota de sua Comissão Permanente, ser licito aos fiéis. do ponto de vista moral. votarem no PSOE (3).

NOTAS

"TFP-COVADONGA apela à cristã inconfortnidade do povo espanhol contra a n1ata11ça dos inocentes. A matança dos inocentes em pleno século XX". Esse era um dos slogans proclamados por sócios e cooperadores daquela entidade na Puerta dei Sol, no centro de Madri, a 6 de abril. Neste dia, foram distribuídos em 4 horas de campanha, 20 mil exemplares do texto completo do "Uamamiento", de TFPCovadonga contra.a despenalização do aborto na Espanha, publicado naquela data no maior diário madrilenho, o "ABC". Seis estandartes grandes, 12 pequenos tremulavam ao vento, na Puerta dei Sol, enquanto seis proclamadores bradavam slogans antiabortistas. A campanha de distribuição do referido manifesto, apresentado em forma de poster, estendeu-se pelas vias Preciados, Carmen, Carrera de San Jerónimo, Calle de Alcalá, Calle Mayor e Arena!. O público, em sua grande maioria, manifestou simpatia e bastante interesse pela campanha, procurando obter exemplares do manifesto, lendo-o com atenção e escutando atentamente os significativos slogans bradados por sócios e cooperadores da enlidade. Nos dias seguintes, o interesse da população não decresceu quando a campanha se concentrou principalmente na porta de numerosas igrejas da cidade. O tema do aborto continua candente na Espanha, ten<!o o "Llan,amiento" de TFP-Covadonga esclarecido muitas consciências e confirmado bom número de pessoas hesitantes quanto à verdadeira posição em relação ao tema. Reproduzimos nesta página e nas pp. 2, 3 e 4 o texto integral do documento.


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Populares procuram obter com empenho e lêem com interesse exemplares do menifesto da entidade. distribuídos por çooperadores de TFP-Covadonga.

--Ili~

uma aceitação integral de seu pro·

gra,no. .... Considero que o voto a favor do PSOE/oi. em muitos cristãos. um voto na esperança e nos aspectos que lhes pareciam positivos 110 programa do partido. o que não supunha voltar as costas à sua condição de cristãos. Viu-se bem isto na visita do Papa. Os milhões de pessoas que ,estiveram , li :r. ~ com e,e e ,e man&estaram sua adesuo e ablegria por se senrirde,dn cristdãos em ora não se posso e uzir af que sejam carólicos convie1os - demons1raram que não é comraditôrio o voto pelo socialismo e a recepção maciço ao Popa. " É hora de reflexão para tontas Mos não admito que o voto 110 pessoas responsdveis 110 Igreja. as quais PSOE equivalha a um voto pelo aborconcribuiram paro criar a situação que to. Tenho o tesiemunho de pessoas, ora se condena. Situação que. segundo crentes e não cren1es. que afirmam l ( r .re declara. mina os fundamentos de votado no PSOE e consideram o obor-: toda a ordem moral e da sociedade: 10 uma monstruosidade" ("Y·a.. e .. EI não sô pelo aborto, mas por todo o País", 20-2-83). contexto de ataque brut I à família, de Mons. Alberto lniesta, Bispo Auxierosão sistemdtica e ofic /mente/avo- liar de Madrid. admite como certo o recida do sentido crisr da vida, de voto de muitos católicos nos candid.!• corrupfão de criança jovens. .... tos do PSOE: "Se dez milhões vota· Esses males não 1 imprevisiram no PSOE. outros dez pelo menos veis, uma vez que seu romotores Já disseram S1M ao Papa. Mas nem aos pa,rocinavam e anú · vam abena- queles nem estes es1amos muito segumence hd anos. \ ,os de que subscreveriam um clteque Ficou dito que pe aivesponsá- em branco nem ao PSOE nem à Igreja veis na lgrt')d.• en1re a.J /J'{_Stores e em 1odos os seus PROGRAMAS, Sem con .. prelados ontribuiran ora tJ/pntar a sidera~er.»:m.!:!_itos casos. tratavadrvor ais fr•II Comu? Com se dos smo.s clilàdãos" ("EI Pais", riJi ios e neu1,oli- 18-1-8 • s. c:lim e!Jl,,a~ eO róJ>.rfo Preaidcn do governo, quívocos. e ~~ çl/üot/n'..'l.tos,-cd'ft1 FelipfonúlC'Z, dccl~que seu parrespostas le i401t6, ifes- tido r bou, nas illtima, eleições, 3,5 tações de s ~ PIJà ração milhõ de votos "de presente'', "prodos•catôlic ' ')l&i N-P,Ot/t étlt r que vavel te po1tme,-não tiniram outra algumas de 'Ó~'M~/!l?rodur1:f].~ que O.$ OJ:Plliesse" ("lnformaciozom nova,i~ a tm1111m ailijica de M• l17~2-83~ Sobre a proveniência quem leva 9_S efei d - 11oto,.s 'r!e presente", os depoitos, depois l1r. ltllff#l!tado'os cau mcn~í acima citados são bastante clusos. Estam dlanu d, iin,'/dmen cidai1vo "'. de levionfi li! ""1JIRlltli!uN cujas ão secd~pcrder de vista que conseqüf11 dimôlltll $/ló 1111 · lc11/d· cn do pró~rio SOE os cristãos veis" ("El cúar", 26-2-83), slo nu erosos, co le registra com Tamb~ produziu 11111 etol recon- lodll a nàturalidadc: "h/jpe Gonzdlez fortante '\\ 1u~ci01& e · C1Jg6rici1 foi taxalivo ao dizer que'>lão se devia declaração de HcrmiJ!d.ad Sal!erdotil sacr,a/lzar a doutrina dt o qual, Espanola qual clusilk:a o atio:fiodo em todo caso, repruthtou a contri· "assassinato" e "lna(onça dt lill11:drta'' bulc4o para o acervo dt to a a humo• lament'll ""' flilírflll(tS con1rddlç6t_s nld'ade, e n6o síJ paro o eia/ismo. de certosj'IOWl?lfllllú (/114 dlilO/I ti, Átuolme111e, este l?'°iblema nfo se põe terem lutado ardenttm,nte p;i/â abó/1· no PS0,E, porqµc n1~ 1/<Jt!;tem pacição do ptna dt TJI01/I para 0.1 (U$(U' flcamtnte i>,asoas qu defendem sinos, agár,a aca,lkmt de attltar 'dd/010 Mtirx, por.Em ·nffl ? conqecem~ com a pena de mor.i e pql'4 os u.m outro, tjue o CO'J.hé«m nu,s 1100 de!"Ois inoc'e11fu, ilibe t fndt/mn}f.,t:fr. fondtm com tant'i ar@r, #,ps teorias, "Fuerza Núevarf 2 de fevereiro 12 crut6os que yáer. '7fiodificar a de março de 983, p. 24-2~, socltdodt, mall por, cristianismo 1 que ,ob uma M va marxista" (4) Ao comenta noticiai corrente (l'lnformaciones 1 .:t; 3). nos meios pollticos, de c\íte~o PSO'B O Bispo de Oefo11&1 Mons. Jaime imporá a disciplina partidária /,a V'.Ota• CalJlprodõn, em e&$ berta aos Sação do aborto, o 'órgão oíi«ioso do cerdotee de sua Dioce(e, também se Episcopado "Ya" comenta: "O resMI• com])raz,em w i i que "atualmente 10, tão decantado e incensado, à lib;e,,. lid crlst6os em I d;,ós partidos, fato dode de consciincia. que os !!deres que r,llo se da,, anos atrás", e que socialistas proclamavam antes dos elel· ''multÔs crfs16os vptaram pela mudanções para tranqüilizar o voto de alguns f!', ~ a)çu,u o flztram por motivações catôlicos. vai ficar, com<> prevlamo'SI Cl'llt&".l ~nclw ,Mons. Camprodón: em dguas de barre/a. E até em algo "NIÍo póflemo.t cllçunscrever a Igreja a pior. Os milhões de eleírores catôliêos detí rminodo setor]politico, como se fez que deram seu sim ao socialismo. e qut em'loutros /tmt?OS" ("Ya", 9-1-83). assim lhe permitiram conseguir a ano,: mal maioria hegemónica de que ho].t (I_ (5) Po,uco aittes da revolução repudesfruta, terão também a lament~fel bJicana do s6çul<lpassado, quando era eficdcia de encadear o voto dos de().u· C9nfesso~ da R~nha, Santo Antonio todos catôlicos que hd 110 PSOE. <) lei Maria Clamconlieceu o socialismo na que institut a permissividade do a6or• ,t;hdaluzi'\J e o cóndenou em termos 10" ("Ya", 30-1 -83). calegóricl!s, E!D duas rêvelações proféTambém o presidente da Confere'!,,-. 1it'as, San;o1'A'ntol)io Maria Claret viu eia Episcopal Esj>anhola, Mons. Gabi- qµ~ os "lales que se abateriam sobre a no Olaz Merchán, Arcebispo de Oje-' Es11anha 1seriam ajdescristiani,.ação, a do, re09nhecc q11e milhões de católi~s p..tdclam,a~o ~a ~epública e o comuvotaram no PS©.)ê, não vendo porlm nismo (Cfr. St-N ANTosio MARIA CLA· nísso uma 1raicil'q à consciência crisl,: Escritos autobiográficos y espiri"Houve mÚifos cotôlicos que vo.ta- tuoles, ".,11.<!:., ~drid, 1959, pp. 381, ram·no PSOE, isto não signifl.aa 4, 39 393).

em to dos os Iugares, para que cesse quanto an,cs a clamorosa injustiça da matanca dos inocentes. Felizmente não faltou, nas fileiras do Episcopado, quem assumisse uma corajosa posição de enfrentamento ao aborto. Entre os que assim procederam. entusiasmou a opinião p\Jblica. recebendo gerais aplausos, Mons. Guerra Campos, Bispo de Cuenca, que no dia 28 de janeiro divulgou uma vigorosa Instrução alcnando autori· dades e fiéis para suas responsabilida.. des face ao problema:

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e) Diante desse quadro, que a displicência abobada do homem moderno considera mais ou menos normal, mas que a posteridade não hesitará em qualificar de dantesco, a TFP tentou ainda alertar a opinião pública, e mais especialmente os setores católicos propensos ao voto suicida em favor do socialismo. Para tanto, interpelou, na referida Carta aberta na qual previu o que haveria de $Uceder. o próprio PSOE acerca da fragilidade das ilusões com que ele adormecia esses setores católicos, trabalhados a fundo por imponderáveis , artimanhas da guerra psicológica revoluciontiria, na qual Moscou é mestra. A alternativa se punha clara. Se o PSOE respondesse à Carw Aberu,, daí nasceria uma polêmica na qual a TFP, tendo em punho a documentação editada pelo próprio Panido, facilmente esclareceria ainda mais o público. A não agir assim, não restava ao PSOE senão calar. Is10 é, confessar pelo silêncio o falso de sua posiç.ã o. Caminho este pelo qual optou significativamente o PSOE, Um ou outro res ultado da Carta aberta contribuiria para !ornar absolutamente evidente, a quem quisesse abrir os olhos, o que antes disso já era fácil perceber. Ou seja, que a vitória eleitoral do PSOE signi(icaria para a Espanha católica um perigo não menor do que o trazido pelas hordas maometanas que no longínquo século VIII lrnnspuseram o estreito de Gibraltar. Alcançado tal êxito. aos invasores só restava avançar contra a Espanha visigótica tolamente otimista, adormecida e dirigida por homens -cuja mentalidade e cuja polilica bem podiam simbolizar-se na mentalidade e na política entreguista do e nigmá tico arcebispo Dom Opas . Mas há estados de alma q.ue nem sequer a evidência corrige. Venceu o PSOE com nolá vel concurso de votos católicos (4). Esta a conjunlura em que nos encontramos. tão-só há quatro meses depois de inauguradas as Cortes. E, assim, as previsões da TFP se confirmam, mas com tanta força e plenitude, que eis-nos chegados aos mais extremos bordos do precipício. Diante dessa situação, como alegrar-se com a previsão horrivelmente triunfante? Não. Não é para isto o momento atual.

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Ili. Oração e penitência Diante do perigo, a a1i1ude do católico não é o pânico. E se lhe vêm as lágrimas, estas não são as do desespero estéril, mas as da fé. Lágrimas e apreensão que convidam antes de tudo à oração. Em nosso Pais. tantas são as igrejas monumentais como as catedrais, ou encaniadoras certas matrizes de aldeia, passando por todas as gamas intermediárias. E, ao mesmo lempo, é e le povoado por uma imensa maioria católica. A TFP se acerca aqui, reverente, da Sagrada Hierarquia, à qual suplica que ponha tão amplo povo a encher ião numerosas igrejas. Promova ela, noite e dia, uma cru1.ada de orações com o Santíssimo exposto, de sorte que ante Ele e as imagens da Virgem Santíssima se erga sem fim a súplica aíli1a, a rdente, confiante, e por isso mesmo desde já vitoriosa, ante o trono de Deus. Súplica , sim, de que seja afastado da Espanha o perigo abortisla. Melhor do que ninguém, sabem os Srs. Bispos, nossos pastores e mestres, o valor da prece cristã. Melhor do que ninguém sabem e les que todo o heroísmo de nossos oito séculos de Reconquista não teria culminado em vitória cabal da Fé, se não fosse o concurso incessante da prece e de sua nobre irmã, a penitência. Que, sem uma e outra, vã teria sido a resistência indomável da nação espanhola contra as tropas de um déspota ante o qual se curvara a Europa inteira: Napole.ã o Bonapar-

te, o disseminador dos erros da Revolução Francesa. Que igualmente vão haveria sido o nobre e heróico impulso do Alzamiento, o qua l libertou a Espanha do jugo do comunismo, filho genuíno da mesma Revolução. Reconhecido seja o mérito de tantos e tão abnegados heróis. de cuja memória se ufana a Espanha cristã. Mas. reconhecida seja sob retudo a importância · da ajuda de D~us, de sua Mãe Santíssima e de toda a Corte celeste. Assim, neste apelo à ação, não poderia faltar um apelo à penitência e à oração. Suplicamos aos Srs. Bispos da Espanha que tornem presentes aos fiéis, que a vitória da legislação socialista cm matéria de aborto, ·c omo nos outros lemas regidos pelo VI e IX Mandamentos, poderá renovar cm 1983 - nestas terras em que tantos viveram e lutaram pela oraç;io, pela morti(icação, pelo estudo e pela palavra - uma nova Cruci{ixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Oh quanto agrada imaginar o que sentiria, diria e faria, nesta conjuntura, o grande coração de missionário de um Santo Antonio Maria Clarcl (5). Enchei, Srs. Bispos. nós Vos pedimos, enchei de missionários ardorosos as vias da Espanha, conclamando os povos para os grandes e decisivos prélios da oração, da penitência e da ação. Se em uma ocasião como cs1a. !ai não se fizesse. quando mais se faria?

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.li. Perspectivas,de· fú,uro

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Uma ve1. vencedor o PSOE, a ele também - como à moraima de outrora - não restaria senão avançar. Se todavia não reagissem , com toda a força de impacto, os que ocupam os al1os escalões da Conferência Episcopal espanhola, bem como os postos de direção dos movi- Massacre dos inocentes. Fra Angélico (séc. XV). Muteu de Slo Marcos. Florença mentos de reação pública, contra o projeto de lei do aborto. Não há lugar para dúvida. A atitude das Cortes, do Governo e até mesmo ' IV. maJançll dos,1110:centes e a tlifala dos esquerdistas do Monarca será condicionada não só pela amplitude como pelo calor dessa salutar reação. Pouco adiantará à Espanha o protesto de granNada mais compreensível do que das vítimas inocentes, surpreendidas des multidões tristonhas e placida- tal reação dos católicos espanhóis pelo assassinato no claustro materno. mente silenciosas, cuja passividade ante a programada matança dos inoNão cairemos em 1al aberração pode dar aos abortistas a esperança centes. nós, católicos, que para execrar o de que até mesmo os setores mais Em nosso século que se ufana de aborto voluntário, teinos motivos católicos acabarão por "absorver" a . um igualitarismo absoluto e inílexí- dos mais graves? lei abortisla que a maioria parla- vel, não há ato de injustiça ... ou de Há pior. Essa matança é, em mentar socialista imponha ao País. justiça praticado contra esquerdis- cada caso concreto, o mais das vezes Como as manifestações frenéticas de tas, ainda que radicais na ordem do friamente conluiada entre pai e mãe, minorias inexpressivas também não pensamento, e terroristas ·na ordem e reali1.ada com a cumplicidade hilhe adiantariam. ·Pois pela sua pró- da ação, que não ocasione a erupção perespecializada da ciência. E isto a pria pequenez deixariam patente que em cadeia, de protestos -indignados ponto de que, "despenalizado" o aa grande maioria da nação não esta- do humanitarismo laico universal. borto, a interrupção técnica da gesria em desacordo com as inovações Instituições internacionais do máis tação será uma especialidade profissocialistas. alto calibre, governos, personalida- sional que dentro de algum tempo Se se quiser real e seriamente des das mais celebradas pela Propa- não causará mais horror. Ou seja, recuperar o terreno que a catástrofe ganda , programas torrenciais de rá- será tida por normal a matança de eleitoral do dia 28 de outubro fez dio e televisão, vozerio de imprensa, inocentes. perder à Espanha católica, é preciso manifestações de massa, tudo se moMas isto tudo, por péssimo que somar ao número o calor. biliza. E a esta mobilização acodem seja, ainda não será o pior. O crime Por ar passa o caminho da vitó- também vozes eclesiásticas sõfregas nefando de assassinato de inocentes, ria. Tudo quanto não seja isto im- de aplaudir sempre o que todos a- em muitíssimos casos não rouba às porta na aceitação da polltica de plaudem, e em obter para si um suas vítimas apenas a vida terrena. Dom Opas, e na rejeição do espírito quinhão de popularidade "mo- mas também a bem-aventurança eterna, já que, com grande freqüênheróico e cristão do Cid Campea- dernan. dor. Desse espírito tão coidêntico à Entretanto, todo esse humanita- cia, os abortados expiram antes de própria Espanha que, perdido ele, rismo parece emudecer - oh pas- ter recebido o Sacramento do Banossa nação deixaria de ser. mo! - quando se trata da proteção tismo.

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CATOLI CISMO -

Abril de 1983


Objetará alguém que todas essas considerações têm fundamento desde que se pressuponha que o aborto constitui um crime contra a vida

humana. uma grave transgressão do V Mandamento: "Não matarás". Mas que designação tão severa parece excessiva. cm se tratando da intcrrupç,ã o da vida de um ente humano

ainda

incompletamente

· constituído. Uma refutação a ta l argumentação teria cabida se o presente Ape· lo. além de ser dirigid o ao venerando Episcopado nacional e li opinião católica, se dirigisse também aos setores. minoritários é verdade. nos quais impera m o indiferentismo, o laicismo o u o ateísmo. Tal poré,m não é o caso aqui. Para o leitor cató lico bastará lembrar que cm todos os tempos os documentos pontifícios concernentes ao assunto verberaram severamente o aborto (6). Crimi nosos. sim, respons,,veis por "operações m orríferas'': a pa..

lavra íluiu da pena autorizada de Pio XI (cfr. nota 6). Católicos não podem. pois, a rg uir de exagerado o qua li íicativo aqui dado aos que praticam o aborto.

V. Apelo especial ã opinião católica: por que? É o momcmo de descrever aq ui as circunshi ncias que levaram ti TFP a dar ao presente doeu mcnto. não o caráter de um apelo a toda a opinião pública. mas tão-só ,, .opinião católica do Pais, desde os seus mais altos até seus ma is modestos integrantes. Ê que este Apelo visa tão-só ser uma voz dentro do conjunto de vozes q ue se vêm pronuncia ndo contra o aborto. Uma compo11e11te desta realidade mais ampla que é o movimento antiabortista visto em seu conjunto. A ta l movimento cabe mobi lizar contra o aborto cada parcela da opi nião naciona l. E, poi s, ateus in· clusivc. A esse esforço antiabortista global compete alertar os desate ntos. esclarecer os que duvidam e persuadir os q ue con testam. O presente Apelo tem um objc1ivo rnuito n1ais circunscrito. Volta ..

se ele especificamente para a opinião católica, com o intu ito de lhe oferecer. com todo o apreço e com cri_stão afeto, a lgumas rcílexões próprias ao momento.

VI. A participação dos católicos na catástrofe· Como já foi d it o (cfr. ite m 1), e como os fatos tornam clamorosamente patente. a vitória do PSO E constitu i para os ca tó licos uma ca ..

tástrofc debaixo de cujo peso gcmcn10s.

Conviva-se com eles cândida e dcsprcvinidamcnte nas a tividades de toda ordem. desde o ballet até a produção· industrial. Sobre tud o, nunca dos nuncas se polemize com e les. A era das polêmicas cessou. A do diálogo se abriu. E por diálogo se entenda um estilo de relações que comporta, d o lado não-com unista, todas as ingenuidades, todos os ma labarismos verbais, os pequenos e por fim os grandes Fa to tão supremamente anômafalsea mentos doutrinários (7). lo precisa ser explicado e removido Acrescente-se a tudo isso a infacm s uas ca usas. Pois do contrário. estas poderão pesar de modo igual- tigável e cada ve>. mais notória colaméntc desfavorável na conduta dos ,boração econômica do capita lismo católicos dura nte a campanha anti- ocidental com a Rússia soviética e as nações satélites. com a C hina e com abortista. Mais precisamente. o mesmo fa. quantos enclaves mais ou menos vetor que nos levou à catástrofe nos lados o comunismo tem pelo munimpedin\ de sair dela. Não espanta . do: c explicado rica como, ao ca bo Pois. por mais justo que seja o em- de quarenta anos, isso que se chapenho dos múltiplos dirigentes da mou de inicio política da mão escampanha antiabortista em interes- tend ida, depois de rrubada das barreiras ideológicas e. por fim, Ostsar no esforço geral as mais varia~ politik e déte11te, levou o mundo das correntes de opinião, é bem claro que a "força de impacto" do intei ro a um estado de terror diante movimento antiabortista é a opinião do perigo comunista , a tal ponto que católica. E se débil for essa força. personagens sérios sob outros ponfraco também será esse impacto. Ou tos de vista chegam a pleitear hoje ... seja. a campa nha antiabortista corre o desarmamento nuclear unilateral grave risco de não produzir toda a do Ocidente. Ou seja. a capitulação impressão necessária para a lcançar a vergonhosa do Ocidente diante do 111olocl1 vermelho! Esta "onda" mais vitória. Tal observação impõe a pergun- recente do pacifismo é o fruto mais ta: qual foi o fator dctcrminr, ntc da caractcrlstico da tática q ue aqui vem cond uta dos cató licos que votaram sendo descrita. De tanto agradar a fera, estamos começando a capitular cm prol do socia lismo? totalmente diante dela. Como se vê, a fo rça motriz de toda essa ga lopada de erros tem sido VII. Estado de esplrito um estado de espírito: o do homem ocidenta l obscd ado pelo pânico de nova g uerra, e propenso a a brir-se a Um louvável d esejo de preservar todas as ilusões. contanto que possa o gênero humano de nova guerra continuar alegremente o l11dus de mundial levou numerosíssimos ho- seu viver farto, seguro e despreomens de Estado contemporâ neos a cupado. promover, já cm Yalta, uma políTal estado de espírito contagiou tica "distc nsionista" cm relação à também os meios especificamente Rússia. Política essa a que o impé- religiosos, levando-os a ate nuar surio comunista~ continuamente assen· cessivamente a conduta da Santa te sobre as bases artificiais - e Igreja de Deus face ao comunismo. enquanto tais precárias - de uma Daí nasceu a política muito pecudi tadura feroz e o mnimoda. e devas- liar do Concilio Vaticano li, o qual tado por crises econômicas cada vez omitiu qualquer condenação explimais graves . •deve paradoxalrnentc cita ao maior adversário da Igreja sua triun fa l expansão ao longo das em nossos dias. isto é. o comunisquatro décadas deste pós-guerra. mo. Uma mensagem de 450 Padres Essa política consiste fundamen- Conci liares de 86 países pedindo a talmente numa concepção dos ho- condenação do comunismo não foi mens e das coisas. da qua l está ex· submetida à apreciação da Magna cluida a idéia do mal. Segund o ela, Assembléia devido a um até hoje d ir-se-ia que os homens (pelo me- pouco esclarecido "farol vermelho" nos os de esquerda) são concebidos na secretaria da Comissão Conciliar sem pecado original. E que. por- responsáve l pela preparação do estanto , se os de esquerda estão pron- quema sobre a Igreja no mundo tos a agred ir. tal se deve essencial- moderno (8). E a "Igreja Ortodoxa mente a que seus adversários de Russa", mera repartição eclesiástica centro e de direita não têm sa bido ao serviço dos senhores do Kremlin, tratá-los adequadamente. fôra convidada, já antes do ConciA cada exigência dos de esq uer- lio, a enviar "observadores·• a este da corresponda -se com uma atitude último. E. segundo consta, tais o bde "compreensão". de s impatia e de servadores "vetara m" a aprovação confiança. Façam-se-lhes conces- de qualq uer documento como o da sões. Não se lhes manifeste o menor sa lutar mensagem (9). temor. Em conseqüência, abram-scA po lítica de Paulo VI face ao lhcs nossas fronteiras, franqueicm- governo soviético tinha aliás evidensc-lhcs os nossos a mbientes religio- te correlação com o pacifismo de sos. cu.l turais. científicos. políticos, pós-guerra. E por isso mereceu chapublicitários e até militares. mar-se "Ostpolitik" vaticana (10). Tal catástrofe se deveu - sempre segu ndo já lembrado (cfr. nota 4) - à colaboração ampla de votos católicos. Ê o q uc se depreende, por exemplo, da anál ise dos resultados eleitorais das zonas mais marcada .. mente católicas do País. A importância da colaboração católica para a vitória socialista, transparece inclusive de uma declaração de Felipe González (cfr. nota 3).

(6)Para não citar senão Papas deste século. e tendo em vista as naturais

limitações de espaço de ·um documento como o presente. serão citados aqui -

dentre muitos - apenas um texto de Pio XI e outro de Pio XII.

Na Encíclica Costi Conubii, de 3 l de dezembro de 1930, ensina Pio XI: '' Devemos recordar aind{I, Veneráveis Irmãos. outro gravíssimo delito pelo qual se t1te111a contra a vida <la prole. escondida 1Jinda no seio materno. Uns julgam que isso é p ermitido e dei.wulo ao beneplácito da mãe e do pai. Outros. 1odavia, consideram•110 ilíci10. a não ser que haja g rovissimns causas (Jue chamam tNô tCACÃO médica, social, e11gê11ica. Todos estes exigem que. 110 que se refere às leis f)t11ais do Estado, pelas quais é proibida a m orte da prole gerada mos ainda não nascida, <ts leis púbHca.r reconheçam e declarem Hvreje qualquer castigo a t NOtCACÃO que · reconizarn e que wu entendem ser , ta e owros entendem ser outro. E 01 não falta quem peça

que as a,,rorid/1,iit fJIÍó/icas {)restem o seu au:dlio nes/qs operações mortíferas. que, ó dorV) 1 todos sabem quão

freqiie111issimaml nte st• fazem em <:er· tos lug ares. .... 1, Mas qul! ,.:av!a·potlerá j anwis bas.. tar para desculp/i\\ de algum modo 11 m orte dire1a d o ·11ocenrc? Porque é desta que aqui se rata. Quer a m orte seja infligida à mãe, (/uer ao filho. é contra o preceito Oé Deus e a v,9 ~d

.,,,rf,.

nawreza: 'NÃO R' (C.<..if{!f3'. "é'f. Decr. Santo Ofício, 4,de·míilo ij98. i~ tli' j ulho 1895. JipnutiP. f(841 í'I' vif!/i duma e t19-dld[ é dro/.atf>. t:di.ra ,/gu'li/· me11!l}sogâi<l9, qlJ,e. ningl,(ém, nem m ésmo a po'dei.!Jfúblifó, tet'dJtima/$ o diri'ito <le destr'llf,í"',@loçiriõa IPontifícia -. Oocumcnt s ! cialcs, •B,}5,C., Madrtd. 1964. vol. (, , ~-· cd.1 pp. S78-S79). Pio XII não e mei o ,v.'ecllt'cnte ;na

condenação do abort9.~Oi~çpt,sya Alocução de 29 de outubro dc'<l,9Slj s parteír.as: "Alem d,~10\ to do s~r /1!,uJir no. me mesmo ,, uumç!f no ~-e,o d,, Sl,q miíe, recebe o tlire,ro '{ }!itlll lmediafl,.. mente de Deus. e 11ãor_os pais ou de alguma sodedade ou 'Qutoridotle hu•

mana. Porramo. não l(f!. ,,en/,um /,o. mem. nen/11111111 m,ton"l/ade humana, nenhuma dênda. mmlulma ·tndictição' m édica. eugênfr:a. socia), econc>mica. m oral, que possa exibir ºi' conferir um tllu/o jurídfr:o váHdo para,, dispor tiireta e deliberodamenu• de u>pa vida /,u. mana inocentl!, isto é. f)álo d ispor dl!lo em mira à suo destruiç'to e,whrada

quer como fim, quer

,·omb meio paro

obter um fim que tol\tez eftt si mesmo absoluwmente não seja Uegltimo. As· stm, por exemplo. 'salvar o ~f'dt1 ,le uma mãe I um fim nobllísslm o~inas a supressão direta do filho c01;fo m elo de oluer esse fim não é pe']i(ti(/(1. A

des1ruição direta de uma prdfl,nsa vida 'sem w,lor·. nascida ou ainda hão nas· ddll. destruição essa pratico"li. há a/.

guns anos. em larga <•-scala. '1-.~ /ormr, algu~na pode ju,~riftca~-se. .... ,1 'i)lida <le um m ocente é m1a11g 1vel. e rorló aten• todo direto o u agressão comrd!,r/a viola uma tias leis fundamentais sem as tJuois não é p ossível a vida e, 1\seguran('a 110 sociedade. N,io pret~samos

e.~·por-,:os pornumorizodomem<\'â sig-

nificartio e o ol<,:ance. na vos.~:f&.'f/Jrofts.'uio. dessa /eifimdamenral. ~ 11,io vos esquerais de que acima de ,~ a lei

humana e ,,cima de toda 'irulrpJ\ ão' ergue-se. itulefectível. a lei d e W';'eµs" ( Discorsi e Rodiomes., aggi di §;u~ tità Pio XII, vol. XIII, p. 33,6)',!_\ \

tcm-

També_m o Magistério c<ipcili\f\ e

pós-conc,har. no qual cercas C(>n:t,ntc católicas afirmam a existênci.a\de clis

te. e até se chegc, a /aâlitar os m eios o u serviços. privados ou públicos. p ara tlestruir vidas lumranas indefesos? Ca• rôs esposos! Cristo vos confio u ao seu Espírito. para que não esqueçais suas palavras. Neste sen1i(/o. suas palavras silo muito sérias: ..Ai (i(lquele tiue es· candalizar li um destes pequeninos!... Seus anjos no céu contemplam semp re a fat·e do Pai". Ele <1uis ser reconhe· cido pela p rimeira ,•ez por um menino que vivia ain(/a no ventre de su(1 Mãe, um menino qde se alegrou e sa/1ou de gozo ante sua p resença" (E/ proye,·10 cristiano para la vida /mnilitlf - Ho· mi/la durante la Misa para las fami/ia,r cristianas. in Juan Pab/o 11 en Espam1 - Te.tio completo de to dos los dis·

,,ursos, 8.A.C., Madrid, 1982. p. 54). Por fim, tanto o Código de Direito Canônico de 1917. como o que acaba de ser prolnulgado cominam a pena de excomunhão latae se11te111iae para "o,r que procur(lm fJ abor10. qu(mdo <> efeito se segue" (respectivamente câno-

nes 2350 e 1398). (7) Sobre e.te tema leia-se o exce-

lente estudo do PROF. Pt.rNtO Co••EA 0 1; Ól.l\'EIR.A, Tr{Jt1SbfJrdo id,.,ológico i· tlt!olôgko inadver1ido ,. ditílogo. Edilorfal

C. 1.0. Madrid. 1971. 79 pp. (8) Cfr. PE. RA1.r11 M. W11.TGEN S. Vl..!E).Yf7te Rhinejlows ;,uo rhe Tlbt•r - A

flf<Íory of Va1irt111 li. Augustine Publi$hing Company. Oevon. 1978. pp. 272/ 278. A Constituição Pastoral Gaudium ~ Spes se limitou :1 inclusão de uma fil! a. no pontô em que se refere ao ate!tno. remetendo a documentos tle io XI, Pio XII, João XXII! e P3 o VI nos quais. encrc outros erros. é;,io~enado tambtm o comunismo. Seguó~a norma própria a codas as ~ ità'ê es os documentos em referência s-oqt!te s o aduzidos enquanto corro1\!>r~ff\ a ~ pro.~~ção ao ateísmo. Assun, 'I 6<iuitJo,;,.°'7ei Spes parece cir~un~cre:yer sua êo99,tnação exp1ícita ao ·atefs11(0 ~ 1111111/s!t/ ' Jl.css~ltc-se. ~liás, guc a Ga11di11m t SR,'/;; é*l~füi cu~tl'i/dosá'mcntc de emprega"r a palai(.ra CC,IJV\/lit,no. quer no tex to, Qu~ na JkOta. ~ r~(çr~ncia ao comunismo~ fcjta: P,O;tl: citétl,nlóquios: "20. .... É!)frl! as Jo.rfiràs dt ateísmo

nãll diJy~"i(e,:_ e!Úecfd" ,,qm·· la que espera d't/ib.erlaç ilo h omem, pri11cipalme11 f~ ~S,1(1 i erroçào econó1uic·a '1 ,'io,·iài. ~'lste,,r/r q'l,~ 'h reli·

lrodier,w

giâQ. p or suo nature~a. impede es1a libertação. ti medid11 que. estimuhm<lo o esperançll do homem numa quimérica vida fuwro. o ofasu,rill da cons· trução tia dtlade ll'rrt•s1re. Os p artidd· rios desta doutrina. o nde chegam ao governo da coisa pública. perseguem com "eemência a religião, servindo·.,·e na difusiio do m eísmo, .tobrerudo 110 educação do j uw?tu,#de. dvs meios di• pressão ao a/(-once do poder 1híblico.

21. [ Atit11dc da Igreja ont< o ,teis, mo.] "Fiel ,,uer a Deu,f e quer aos homens, a Igreja nãc pode dei.\·llr de reprovar dolorosamente. ,·om ioda a firmeza. como reprovou até agora (noto 16). aquelas doutri11as ,e a,ividades pernitifJsas que contradizem ti razão e i, experiê11cia humana rmiversa/ e privt1m o lwme111 d<~ sua g randeza inata"

(Goudium e, Spi'S, n.•s 20 e 21). A nota J6 do documento conciliar remete. sem maiores especificações, às Encíclicas Divint' Redemptoris de Pio XI , Ad Apo.rtolorum J'rim:ipis de Pio

XII, Maier et ,\1agistro de João XXII! e Ecdesiam Suam de Paulo VI. (9) Cfr. UussF. F1.0•11>• S.J .. Mosc~ et le Vatiran - Les dissidents si>vlé1i,1ues fiice ou dialogue. Í;ditions

sonâncias em rclaç;1o ao Magis1~l i1 'rancc-Empire, Paris. pp. 147- 148. Apré-conciliar tradicional, não tó)cfoli 1_i~.:9s bons historiadores e canoentrctanto, qualquer discrcpânc~es . nist~ indignam com o direito de ta materia. veto que os chefes das grande. moA Constituição P~~t,!l'a l Gil ~Jl'>,r ar'qu,as ~ tólicas da Europa exerciam et Spe.r, do Concilio vi ticanoi.'.l.11 ~u~11,<l~.,.\l.bs conclaves p;ira eleição dos firma claramente que "o o/JÓ~t( ~qm <N1tlftêesz8manos. E assim não pou" infm11iddio são crimes neJ011 ~ pàrit censu~~s. ali{,s justas, a Francisco (n.• 51). / ~ Jo~il$i'ãdor da Áustria, por haver 1 Não é ou,tr_o o ensinamento d; J.o~o vétbd -~ição do Cardeal Ri,mpolla Paulo li. min,strado quando da VIStta co~ sucessor de Leão XII 1. São J',o ao nosso Pais: ' 'lrimiu muito oportunamente tal 1 • Há ou1ro ospecw. oinclo ma grtJ• ~ ito de veto. ve e /wulomemol, que se refe .e , IJ I" Muito mais grave do que esse veto, amor conjugal com() fonte da ~,iJa ~·o objeto imediato foram pessoas e [lllo do respeiro absô luto à vi b o doutrinas, foi o veto exercido pelo mana, que nenhuma pessoa o, insmlin, através dos ··meros" o bscrvarituição. privada ou pública. pode l)~cs da "Igreja Ortodoxa Russa'". norar. Por isso. quem negasse a tlefes $9.'t>;e o pronunciamento, de imediato e tia pessoa humana mais inocente i),càlculâvel alcance doutrinário~ que d ébil, a {Jessoo humana já conabi 452 Padres Conciliares haviam j ulgado mas ai11da não nascida, cometeria wm, cCcssário.

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gravíssima violação da ordem moro/. Nunt:a se pode legirimar a morre de um i11ocenre. O próprio fimd(1memo do sociedade /ifaria mina(lo. Que se,uido 1etia falar da dig11i·

---

. edifícios da esquina da Canera de San Jeronimo com a Puerta dei Sol figurem ao fundo. enql!anto a Na foto maior: belos

dade do homem.., de .ft!IIS direitos fun• damenrnis. se não se pro tege o inot.:en ..

( 10) Cfr. A político de tlis1e11são tio oricano com os gover>,os comwtistas - Para a TF P: o mitir-se? ou resistlr?.

.

documento em que as TFPs e enlida. .

campanha prossegue na praça. Na menor: Seis cooperadores de TFP·Covadonga proclamam slogans anti-abortistas.

CATOLICISMO -

Abril de 1983

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De quanto foi dito, não é difícil tirar a grande conclusão. Se de um lado há vontade de se afirmar, de se expandir, de conquistar, e do outro só hâ vontade de se iludir, de se despreocupar, de ceder, forçosamente um lado acabará por eliminar o outro ... A tanto pode levar a ação de sapa dos estados de cspirito habil·mentc conduzida, a partir de Moscou, por meio da guerra psicológica revolucionária.

VIII. Doutrinas O homem é um animal racional. E, em conseqüência, sempre procurará justificativas doutrinárias mais ou menos bem articuladas, que lhe coonestem o modo de proceder(l 1). Não caberia nos limites naturais deste Apelo tratar de cada uma destas doutrinas. Basta referir as que se encontram mais difusas em vários setores do grande público. Segundo uma , por determinado fatalismo histórico, o mundo vem caminhando, de há muito - e caminhará cada vez mais - para a esquerda. Não adianta, pois, resistir hoje ao socialismo. O que contém, implícita, a afirmaç.'ío de que não adiantará amanhã resistir ao comunismo. Outra é a de que o mundo comunista tende, todo ele. para uma mitigação de suas doutrinas e formas específicas. O que, por sua vez, postula que o mundo ocidental faça o mesmo. Dessa reciproca perda de especialidades e de contornos dos dois mundos resultaria, de futuro, uma co11vergê11cia de filosofias e de regimes, de algum ponto ideal no caminho que os liga. Ou seja, uma ordem de coisas scmieomunista. A utopia autogestionâria socialista a· pregoada pelo atual governo francês seria talvez o modo concreto de

reali,.ar esse sonho. Sonho que aos inadvertidos pode apresentar-se como uma atenuação das metas de Marx, mas que os conhecedores da matéria bem sabem que constituiria pelo contrário, a efetivação da tran~ meta dele ( 12). Essas várias doutrinas errôneas parecem desfechar numa atitude que constitui matiz muito sintomático de várias manifestações antiabortistas. Este matiz é a quintessência mais carregada do pacifismo. Convém apontá-lo no seu efeito concreto.

IX. O fleugmâtlco mutismo das manifestações antlabortistas À vista da bofetada (outra pala-

vra não cabe) agora infligida pelo PSOE aos setores católicos que nele votaram -;- ou que declararam licito nele votar - a reação de certos antiabortistas não consiste em usar todos, absolutamente todos os meios lícitos para evitar a matança dos inocentes que ameaça começar na Espanha , dentro em breve, durando por tempo indeterminado - séculos talvez. Por certo esta preocupação está presente. Mas ela divide a atenção e o zelo dos seus mentores com outra preocupação inesperada: não contundir com os socialistas. Em outros termos, defender as vitimas da matança dos inocentes, sim. Mas, pari passu, evitar de causar qualquer trauma ideológico ou afetivo com os que trabalham por tal matança. Análoga postura seria manifestamente considerada inadmissivel se se tratasse de assassinos de crianças já nascidas. Por 11ue, então, considerála admissível em relação a nascituros?

mera peculiaridade extrínseca e aci-

dcnlal do PSOE, mas que. pelo contrário. o aborto fa, parte da ordêm de coisas ideal sonhada pelos socialistas. Assim se explica que a legalização do

des congêneres se declaram cm estado de resistincia face à "Ostpolitik" de Paulo VI. Publicada cm 73 jornais e revistas de onze paises, essa Decla·· aborto figure no programa e nas rcsoração não sofreu nenhuma contestação luções não só do PSOE como de oupor parte de qualquer autoridade reli- tros - e importantes - partidos sogiosa, ficando assim reconhecida im• cialistas. . plieitamente sua ortodoxia e conformiUma resolução do XI Congresso dade com as leis da Igreja. das Mulheres da Internacional SociaAs TFPs constituem uma fam!lia lis1a assim se exprime: "As Mui/teres de entidades profundamente pacUicas, tia lmernacional Socialista defendem não eorém concordes com o estado de

com todos os seus meios o progresso feito em diferentes países do mundo em relação às leis relativas à contracepção, aborto e divórcio"' ("Socialisl lntcrnational Women Bulletin", n. 0 1,

csplr1to e a polhica aqui ·chamadas pejorativamente de pacifistas, iniciadas em Yalta e que ainda em noss dias marca profundamente vários a ectos da vida inlernacional. 1981, P-14). Tal pacifismo penetrou, aturaiOut resolução do Congresso das mente, no assim chamado mo imen~o· ulhc da Internacional Socialista ecwnê1iico, o qual tend~ a ap ar ea 'l'anii ta solidariedade com as mulhev~, ma,s. no terreno rehg,oso a i:6- r~ d PSOE e "apoiam suo luta em tc1ras entrç a :vcrda~c e o err e- )'~or o ace livre e informado da o mal. SeJa isto d110 apen as· "7!!J,I/I ao '-qle de sua fertilidade. sagem C p~ra completar O Q d1ro,.r -o t; Q \l! iblfdatle de recorrer ao o ecumemsmo é extrmse o olunt ''Socialist Inter.. des1e Apelo. Onal W~11. . euin~, n.• 4-5, p.

(11) Diz PAUL BouRG lebre obra l.e démon c/1 nidi: "'Cumpre viver : omo se pens sol:> peno de. mo;s ced ou mais tar , acabar por pensar e mo se viveu (op. cit., Li-

brairie 375).

on., Paris,

14, vol. II. p.

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ver os proble,nos dos excessos de nota• /idade. Assegura,..se-ão rigorosas co11dições c/(nicas quando o obor10 for

Não se deve deduzir daí que a agressão física ou moral contra a pessoa do abortista seja legítima. Este gênero de agressões só pode desservir a causa antiabortista, conferindo-lhe ares de ilegalidade, e dando p~e1exto a perseguições legais que servn1am P!}ra_ torná-la antipá·llca, e para restrmg1r, em consequência, sua indispensável liberdade de ação. Mas entre este eventual antiabortismo exacerbado e fanático e um antiabortismo sem sal, sem chama e sem vida - em uma palavra sem verdadeira e crisu1 'hispanidad~ - a distância é muito grande. E é entre estes dois extremos que corre a via do bom senso, o qual sabe inspirar as campanhas que o momento exige. Campanhas cujas manifestações públicas não se reduz.em apenas ao longo e melancólico desfile de multidões silenciosas, ou a quase só isto, mas que encontrem meios de se pronunciar digna e naturalmente, com fibra, nervo e impacto. Aliás, não é compreensível porque. nesta Espanha onde há liberdade para tudo e para todos, a tal ponto que o abortismo incrente à doutrina socialista ( 13) pudesse galgar o grau de influência que hoje desfruta, o antiabortismo devesse amordaçar-se a si próprio, reduzindo assim muito notavelmente suas possibilidades de êxito. Em outros termos, as manifestações antiabortistas constituídas por multidões às quais muito espanholamente agradaria proclamar e cantar suas convicções cm altas vozes, e explicar cavalheirescamente sua nobre inconformidade, recebem a diretriz de desfilar em um silêncio lívido e submisso. Tais técnicas presumivelmente im_pressi_ona~em outros povos, em cuias veias cir_culasse outro sangue, e CUJOS filhos tivessem visto a luz de um sol menos ardente. Entre nós elas servem para reunir os antiabortistas mais decididos. Mas nunca para mover cidades inteiras. Alguém objetará talvez que essa técnica do silêncio de nenhum modo visa evitar ecumenicamente a ruptu· ra do diálogo, e a inauguração da polêmica com os socialistas; mas que a inspira, isto sim, o receio de agressões físicas destes últimos contra os antiabortistas. A ser .isto verdade, seríamos obrigados a constatar que, sob o signo do socialismo, a Espanha democrática já se transformou numa ditadura. Na ditadura de um partido que reduziria ao silêncio os que dele discordam. E isto sob as vistas indolentes ou simpáticas de um gabinete emanado deste mesmo partido. Não, não é de crer que já tenhamos chegado tão longe. Serão outros os motivos do mutismo oficial da tática antiaboríista', Simplesmente nãll é possível à TFP entrevê-los então. E como ela milhões de espanhóis que, interroga~ dos a este respeito, nada saberiam responder. Sirva então o presente Apelo para que os dirigentes das atuais manifestações antiabortistas - dignos de simpatia e de aplauso em razão das concorridas manifestaç?es que começam cm apoio ao mov1!'1enlo - venham a público e expliquem a~ razões do modo de agir que preceituam.

realizado" (item 3.7.2.4).

Também o programa do Partido Trabalhis1a inglês - integrante da ln.onal Socialista - é favorável ao · amos que é neces.stfria grav,

habitu lação" 104).

e OJsegure o todas a.-: o de interromper o os /im,'tes de tempo rmitidos pela legis: Programme 1982, p.

Po seu turno, os dois Partidos Socialis as i1alianos - o PSI e o PSOJ - apoiaram a lei abortista I94 no referendo de 198 l. Também é favorável ao aborto o Partido Socialista francês (efr. PuNro CoitReA OE 01.1ve1RA, O sociaHsmo autogestiondrio: em vista tio comunismo,

barreira ou cabeça•tle-ponte?, Mensagem das 13 TFPs, Nola 20). Quanto ao PSOE, cfr. EJ socialismo espanol y la doctrina tradr'cional de

la lglesia - Carta abierta de la Societlatl Cultural Covatlonga ai PSOE,

"ABC', 22-10-82, item 1, 2.

4

X. A Indignação,

um dever moral

O "llamamiento" de TFP-Covadonga, pu· blicado no ABC, o maior diário modrilenho, apresenta umo fo. to da célebr!J imagem da Virgem "Macar&· na" de Sevilha

XI. Um ap61ogo Imaginemo-nos em pleno tempo de Herodes. Para matar o MeninoDeus. o execrável exterminio dos inocentes começou. Imediatamente a indignação popular começa a ferver. Mas um influente judeu se interpõe, receoso não só de que, em conseqüência de tal reação, fique abalada a autoridade constituída, como também os ânimos se acirrem e o vinco da discórdia divida irremediavelmente o país por muito tempo. Esse judeu interpõe então sua influência para minorar a reação popular. Em boa medida ele o obtém, e a matança prossegue. É compreensível que Herodes, o qual já começara a vacilar, se sinta menos coarctado para continuar sua atroz perseguição. Não é dificil admi1ir que esse apaziguador influente passe então a gozar, junto a ele, de crédito e simpatia. Que ele o convide para seus festins e o louve publicamente perante seus conterrâneos. Mas é impossível não perguntar o que diriam a Deus, acerca de tal uapaziguador", as vozes cândidas desses inocentes. Com este apólogo encerramos o presente Apelo.

XII. Vistas postas no futuro Não o faremos, entretanto, sem deitar um olhar sobre o futuro da Espanha. De que efeito será sobre o caráter dos espanhóis o mutismo inexplicado de tão justa campanha? Quem, cm presença de uma ação de admirável valor moral, a ama e admira menos do que merece, ou exprime em relação a ela um louvor menor do que lhe cabe, peca contra a justiça. E, ipso facto, deforma seu próprio feitio moral. . Quem, diante de.ato atrozmente censurável, o censurasse metlos do que merece, incorreria em análoga falta. E deformaria seu próprio feitio moral. Seria o caso, por exemplo, de um varão que, inspirado por razões "prudencia1s", assistisse um

Em suma, diante de uma proposta como a abortista, a indignação dentro da lei e da ordem não é só uma atitude licita para os cató· licos. Ela é a resultante forçosa de um verdadeiro imperativo moral, o fruto nobre e pulcro do zelo. Como seria diante do extermínio em massa, de recém-nascidos. Por que não haveremos nós, católicos, de fazer uso, contra o extermínio dos nascituros, de todas as indignações com que se exprimem (é o caso de mais uma vez o lembrar) os protestos humanitários contra violências cujas vitimas são esquerdistas? · Enfim, por que dois pesos e duas medidas?

estrangeiro arrancar do topo de um mastro a bandeira nacional e calcála aos pés, e encontrasse como expressão de sua inconformidade apenas um melancólico silêncio. Não convém induzir a análoga conduta o que há de mais sadio na opinião _pública espanhola. Nem dar este nocivo exemplo às gerações que estão se formando para a vida.

XIII. Sfipllca da TFP A fé inspira denodos bem diversos desse mutismo. A esperança incute antecipadas certezas de ajuda

de Nossa Senhora em prol dos denodos inspirados pela fé. A caridade, ou seja, o amor de Deus e amor do próximo por amor de Deus, leva a sacrifícios muito maiores do que simplesmente esses prudenciais silêncios. Que a fé, a esperança e a caridade movam a todos os denodos moralmente Ucitos e legalmente permitid os, o conhecido zelo da Espanha cristã: é o que pede em favor da civilização cristã - à qual é intrínseca a garantia do direito dos nascituros - a TFP. Esta última, entidade cívica de inspiração cristã destinada a defender, no plano temporal, a civilização nascida dos ensinamentos do Evangelho, assim dirige seu Apelo: - à ilustre Hierarquia eclesiástica, com a veneração filial que lhe deve; - aos dirige11tes da campanha antiabortista, com a c-0nsideração, a simpatia e o desejo de colaboração ao qual fazem jus; . - a todos e a cada um dos participante~ da cal]lpanha antiabortísta, para que considerem nossas alegações e, se a ela acederem, procedam galhardamente em conseqüência; - a todos os católicos espa· nhóis, para que se dediquem a fundo . à campanha antiabort1sta, em boa hora começada, e em cujo êxito pode se depositar toda esperança; - a todos os espanhóis, para que a trágica experiência da ofensiva pró-aborto desferida pelo PSOE lhes abra os olhos para a verdadeira índole e as metas reais do socialismo.

XIV. Abaixo-assinado pr6referendum: uma Iniciativa que entusiasma Este Apelo envolve, ainda , um apoio entusiasmado às beneméritas entidades que estão iniciando a coleta de assinaturas pró-referendum. Ainda mesmo na hipótese extrema de que o Governo, procedendo antidemocraticamente, recuse consultar o Pais sobre matéria de tão imensa monta, é preciso, é absolutamente preciso que um número esmagador de apoios ao abaixo-assinado prove ao mundo que a Espanha não quer a lei que o socialismo lhe visa impor. Para as várias formas legitimas de manifestação de inconformidade

com a lei do aborto, a TFP, que de modo esp~íal já vai trabalhando na coleta de assinaturas, convoca todos os seus sócios, cooperadores e correspondentes em território espanhol. Este Apelo foi assinado na Sexta-feira Santa, no Cerro de los Angeles, diante da histórica imagem do Sagrado Coração de Jesus, ao qual a TFP confia o êxito da presente ini' ciativa.

Neste mesmo lugar, antes de assinar o documento, os signatários rezaram um Rosário pela grandeza e pela paz cristã da Espanha. Madrid, l.0 de abril de 1983.

CATOLICISMO -

Abríl de 1983


NTRE AS qualidades do povo alemão, figura a força de ânimo. Ao longo da História, ela manifestou-se através do espírito guerreiro, da disposição ao sacrifício, do desafio sereno ao perigo, da dedicação ao trabalho. Nas últimas eleições ao Bundestag (Parlamento Federal), essa força faiscou outra vez nos céus do país e foi atentamente notada em todos os recantos da Terra, especialmente pelos homens de responsabilidade. O fato ganha cm importância, porque nas semanas que precederam a 'abertura das urnas, a sombra do poder russo escuréceu a nação. Os socialistas prometiam uma política mais acomodatícia em relação a Moscou, aspiravam representar um ponto de encontro entre as posições dos blocos ocidental e oriental. Política de primos de ambos os lados. Os dirigentes do Cremlin sentiram as vantagens de tal posição, a ponto de multiplicar escandalosamente as interferências nos ,.negócios internos da Alemanha. Em claro desrespeito às leis e costumes do trato entre os povos, desejaram a todo custo provocar a vitória do SPD. De que maneira? Em última análise, ameaçando o eleitorado germânico com o holocausto atômico. A Rússia, vizinho poderoso, poderia arrasar o país, caso seus eleitores colocassem no poder um partido que se manifestava tão inequivocamente anti-soviético. Apesar da carranca ameaçadora dos vermelhos, o eleitorado fez ouvidos moucos às ameaças e infligiu pesada derrota aos socialistas. Este é o aspecto mais importante do pleito alemão de 6 de março. A disposição de resistir.

Ao lado, três a liados da coligaçlo conter· vedore: Strauss (CS~ UJ. Kohl (COUJ e Gensher (FDP). Embai,o,

E

Oendurecimento da resistência

-

Todo partido político é um conglomerado de tendências afins. A fortiori, as coligações. Quem ganhou as eleições alemãs foram três partidos: CDU. CSU, FDP (democrata-cristãos, social-cristãos e liberais). Dos três, o mais conservador é a CSU, agrupação bávara comandada pelo afirmativo Franz Josef Strauss, governador deste Estado.

na foto da esquerda: o

at ivista Trampert do Partido Ecologista ("\lerdes") defende a extinçlo doa impot-· tos. Na da direita: pare-oi ros do diálogo

CATOLICISMO -

Abri l de 1983

les-

te-oeste. Vogal. ocan• didato derrotado do SPO, e Andropov* pri· moiro ministro sovié-

tico.

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"Revolução e Contra-Revolução".

Ela foi a grande vitoriosa das eleições, obtendo 60% dos votos na Baviera. Ou seja, na coligação triunfante, ganhou mais quem era mais conservador. O fato teve imediata conseqUência na distribuição dos postos no gabinete. À CSU couberam cinco pastas. Antes das e leições este partido detinha quatro. O FDP perdeu uma, ficando com três. A da A~ri;ultura passou para os socialcnstaos. Estive na Alemanha em fins do ano passado. Era possível notar um ânimo resoluto nas pessoas, que contrastava com certo abatimento observado no resto da Europa. Presságio provável da disposição de enfrentar dificu ldades e desejo de afir-

O monge fez o hábito ...do queijo PARIS - Um dos orgulhos da i::rança são seus queijos. E é preciso reconhecer que são de fato extraordinários. Acessíveis a todos, variadíssimos em seus sabores (a França tem mais de 300 tipos de queijos e muitos entendidos falam de 360) pode-se a cada dia degustar um deles. í, bom variar mas, para quem q uiser prová-los todos, é pena não poder repetir os já conhecidos... · Semanas atrás, realizou-se no moderno centro de La Défense, cm ;Paris, uma exposição sobre o queiJO francês: "Hoje como onre,n. o queijo". Ali podia-se passar horas admirando os tipos de queijo, sua história, fabricação, suas regiões etc. Trata-se de uma deliciosa cultura, curiosíssima, tão cheia de subtis particularidades, que constitui um universo próprio. A respeito da história dos queijos, um ponto chamou-me ~- atenção nessa exposição. Eles foram fabricados e apreciados por homens das mais variadas épocas, até mesmo pelos frios e pragmáticos do século XX, porque na Idade Média, a partir de Carlos Magno, monges cenobitas, retirados : do mundo, imersos na oração e dedicados aos tranquilos afazeres do claustro, aprimoraram suas receitas e refinaram seus sabores. Muita paciência, muito cuidado e vontade firme de ofe·recer à Cristandade nascente um elevado valor culinário. Assim foram criados o "Camembert''• o ··Brisn• o "Münsterº•

Considerado o processo gradativo de decadência social, o ecologismo tem futuro. Os setores situados à esquerda dos social-democratas tenderão, com o tempo, a se deslocar deste partido e se juntar aos "verdes". O SPD csquerdiza seus aderentes e encaminha, como q uc automaticamente, sua parte mais extremada rumo a eles. A bandeira negra do anarquismo, pouco assimilável, foi incorporada à vida política alemã, sob outras formas e tonalidades, na estudada descontração "verde". O partido ecológico faz o "marketing" das idéias de dissolução total dá sociedade e do Estado, adaptando-as a um eleitorado insuficientemente preparado para elas, di luindo-as em fórmulas supostamente açucaradas. Uma das manifestações do fenômeno da 4. • Revolução, exposto no irrefutado e irrefutável estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira,

A região do Langu&doc na França distingue-se por ser grande produtora do famoso queijo tipo Roqusfort. Eugàne Paliés (foto), um tradicional provador de queijo, trabalhou 60 dos seus 76 anos nes adegas que armazenam o Ro· quefort a ser exportado para a América, Paris e Inglaterra.

o "Roquefort" e tantos outros. De preparação simples e nada dispendiosa, apreciados por nobres e ricos, acessíveis até aos camponeses - que aliás sempre foram seus fabricantes - o queijo tornou-se assim um hábito caracleristicamentc franc~s.

Caio V. Xavier da Silveira

mar com autonomia sua própria

personalidade, que depois se manifestaram nos resultados eleitorais. Fortuitamente conversei um pouco com uma senhora de mais de 60 anos durante uma viagem de trem. Estuantc de energia, tranqüila e segura, afirmou-me com seriedade que ela e o marido diminuiriam as férias anuais para estarem de volta à pequena cidade onde residem no dia 6 de marco. quando votariam contra os socialistas. Asseverou-me com convicção que desta vez era preciso derrotá-los para valer, pois o governo deles apresentava perigos. Suas esperanças tornaram-se realidade . .

Repercuss6es na Alemanha Oriental Talvez nenhum povo tenha tanta idéia de sua unidade como o alemão. Sem este sentimento, de fundas raizes metafísicas, teria sido impossível o trabalho - sobre o qual me abstenho de expressar um juízo aqui - de formação da Alemanha, como organismo político unificado, a partir daquela antiga e rica miríade de grandes, médios e pequenos Estados. Hoje ainda, o desejo de união permanece vivo naquela nação, lacerada por uma linha de fronteira artificial. Que repercussões terá havido na Alemanha Oriental, tiranizada pelos russos, quando seus habitantes tomaram conhecimento do desafio de seus irmãos de além-fronteira? Não é difícil conjeturar que suas melhores fibras se rejubilaram, tonificadas pela manifestação de inconformidade que conac,ionais deles acabavam de estadear diante de um mundo surpreso. · Nos últimos séculos a parte mais afirmativa da Alemanha foi a Prússia. Ali se exprimiu com mais gume seu espírito militar. Hoje, quase toda jaz anexada ao império comunista. Mas subjugar a alma de sua população é empresa mais árdua. É muito provável de que o domínio artificial e despótico do PC na Alemanha Oriental tenha ficado mais instável após as eleições do lado de cá.

A chegada dos "verdes" Viremos a página. Pela primeira vez, os ecologistas entraram no palco parlamentar da nação. De escassa representação regional, pularam para expressiva, embora minoritária, bancada no Parlamento Federal. Um acontecimento histórico.

O ecologismo é, em sua face política, uma projeção na vida pública da revoluçãO" da Sorbonnc de maio de 1968. Radicalização do socialismo, tingido de anarquismo. Não importa que seus adeptos se manifestem contra o modelo russo de comunismo. Atacam seu burocratismo enregelado, sua mentalidade policialcsca e sua vida asfixiante. Mas não a fundamentação doutrinária primeira. Ambos têm a mesma inspiração e o mesmo fundo ideológico. Para o autêntico ideólogo "verde", o modelo soviético constitui apenas desvio de um impulso saudável. Seu prestigiado interesse pela proteção da natureza, que constitui

Surgindo no horizonte, como conseqUência das três primeiras, a Protestante, a Francesa e a Comunista. Parte da nova geração alemã desinteressou-se do que atraiu as apetências das anteriores. Não quer saber de estudos, de carreira, de perseguir objetivos que atê há pouco foram muito prezados pela generalidade dos homens das últimas décadas. Na gíria da língua germânica, há uma expressão que caracteriza tal posição: "Nu// Bock". Literalmente, "bode zero", mas que soa como "Não me interesso, não ,ne im· porta". Esse magma informe, de idéias primárias e confusas, tende a se j untar desordenadamente no caudal do movimento ecologista. Massa amorfa, frouxa, que, tudo indica, se deixará arrastar sem entusiasmo para uma vida sem convenções, sem princípios, sem normas, sem horizontes. Vida espontânea, baseada em caprichos e apetências de momento.

As duas Alemanhas O resultado eleitoral deixou ver que na Alemanha começa a se esboçar u·ma polarização. Um núcleo deseja resistir, está disposto ao sacri-

.

O lfder do CSU. StrauH. num comíc io em Passau. Um partidário ostenta o cartaz com os dizeres: "Franz Jost1f Strauss. continue saudável. vá at6 Bonn s d8 o tom".

objeto da atenção de todo espírito bem formado, distancia-se do que habitualmente se pensa a respeito disto. O "verde" não quer a nature7-ll embelezada e ordenada pelos cuidados de uma sociedade num alto estágio de civilização. Deseja-a imersa no desleixo, suja o bruta, imagem significativa de sua apresentação pessoal cm desalinho e sem compostura. O ecologismo é, no conjunto e em profundidade, a ressurreição do anarquismo. Em consonância com tal pendor, seus representantes no Parlamento já anunciaram o descaso pelas normas legislativas. Não irão às sessões de terno e gravata, divulgarão, se lhes aprouver, segredos militares, farão oposição barulhenta e sistemática contra a lealdade do governo ao Ocidente.

fício, a correr riscos. Aspira a que a Alemanha mantenha laços com seu passado. Em posição oposta, o impulso ecologista leva à dissolução do país, aos desarmamentos psicológico e material frente ao expansionismo soviético. Duas mentalidades em choque que, pela força da lógica no espírito humano, caminham rumo ao pleno desabrochar. O primeiro cuidado daqueles apostados cm fazer da Alemanha uma nação apta à anarquia total, será trabalhar pelo amolecimento e posterior desintegração das fibras da alma alemã que produziram o resultado animador das últimas e leições. Para uma alma católica, o contrário é a meta. A salvação do país depende da tonificação dessas fibras.

Péricles Capanema 5


.

FILIPINAS

Plinio: op,inião pública

Infiltração comunista na Igreja

deve influenciar Legislativo •

'

/

Os espanhóis que, du-

rante séculos coloniz.eram o arquipélago das Filipinas, conver-

teram a quase totalidade de sua popula •

ção à Religião cat ólica e construiram muitas igrejas como a da fo•

to. no qual se nota a marca hispânica. Hoje o catolicismo das Filipinas se ressente da

nefasta influência pro· gressista e da infiltra• ção comunista. como

prova o episódio ocorrido com o Pe. Kangleon.

SYDNEY - Embora sem asescandalosas proporções que teve o caso do padre guatemalteco Luís Eduardo Pellecer Faena, profundamente envolvido na subversão progressista (ideológica e armada) na América Central, também têm tid o importantes repercussões, em vários meios católicos do Oriente, as revelações do padre filipino Edgardo Kangleon. Prisioneiro do governo de Manilla por sua participação nas atividades do Partido Comunista das Filipinas, o Pe. Kan"gleon tornou público seu arrependimento e foi libertado pelo Ministro da Defesa, Juan Ponce Enrile, que o entregou à custódia do vigário militar, o Arcebispo Pedro Magugal. Ao ser entregue a esta autoridade eclesiástica, o sacerdote declarou que, durante sua prisão, nunca foi torturado, nem

forçado a tomar qualquer tipo de drogas, como gostariam de alegar, para se defenderem, os progressistas comprometidos por suas declarações. Com efeito, ao tornar públicas as declarações juradas do padre, o Ministério da Defesa Nacional denunciou a participação de católicos - religiosos (pelo menos 4 padres e uma freira) e leigos - nas atividades do PC filipino e em seu ramo militar. o "Novo Exêrcito do Povo". O Ministério da Defesa acrescentou que o Pe. Kangleon confessou mais detalhes acerca de sua participação na subversão progressista das Filipinas, durante uma sessão de perguntas realizada pelo Ministro Juan Ponce Enrile, na presença de membros da Conferência Epíscopal e da oposição política. "Fui apresentado ao rnovirnenro revolucionário pelo padre Orlando

Tizon'' - revelou Edgardo Kangleon em depoimento prestado ao "Daily Express" de Manilla, em sua "O SISTEMA democrático que edição de 13-12-82. "Foi em meadas a abertura trouxe para o Brasil, se de 1979. Tudo con,eçou depois que dâ a cada homem o direito e o dever conversmnos sobre certos pontos re- de votar, lhe impõe também a obrilacionados com o papel de nossa Fé gação de pensar. E quando o hocristã. da Igreja e da função rele- mem pensa, necessariamente fala do vante do sacerdócio em face dos -que pensa, a começar pelas converrealidades sociais conteinporáneas". sas domésticas versando sobre políInfluenciado pelo modo distor- tica, religião, cultura e arte. Se as cido com que os progressistas (cm famílias não pensam, não educam, a contradição com a doutrina tradi- vida politica é prejudicada. As pescional da Igreja) lhe apresentavam soas só votam quando obrigadas, e as questões da desigualdade e da jogam dentro da urna um papel com pobreza, sempre analisadas pelo qualquer nome" - afirmou o Prof. prisma da luta de classes, o Pe. Plínio Corrêa de Oliveira, PresidenKangleon achou que o movimento te do Conselho Nacional da TFP. "Portanto, se excluirmos da vida revolucionário filipino constituía upública o fator pensamento - prosma resposta para esses problemas. De que maneira'? Os progressistas seguiu - daí decorreria simplesexplicaram-lhe sem rodeios que "a mente a ordem do curral, onde hâ luta armada era inevitável no desen- ração e tranqüilidade para que o volvimento histórico de' qualquer Estado exerça sempre mais amplanação, 111esmo trtuondo-se do Povo mente sua ação ordenhativa". Escolhido de Deus", E q ue o comunismo, embora ateu, deveria ser aceito como doutrina e sistema social, pois "o ateís,no é so,nente urna porte da filosofia subjacente do co111w1ismo. Ser ateu -:- desculpavam-se eles -

era 1nais u,n fito de escolha in-

dividua/", Ao chegar neste ponto, o Pe. Kangleon começou a refletir e a duvidar da luta à qual havia aderido. Pois em sua consciência, declarou, se punha. entre outras, a pergunta: "Co,110 pode um movimento que abraça o ateísmo, respeitar os direitos individuais que procede111 da lei d~ Deus?" Assim, somando as contradições e percebendo os embustes do movimento revolucionário comunista, o Pc. Edgardo Kangleon abandonouº· E por suas declarações mais uma vez se provou estar a Igreja de Deus penetrada pela "fumaça de Satanás", seg undo a expressão de Paulo VI.

Aloizio Torres

Sintoma auspicioso "Contrariamente ao que se viu no decurso da última campanha eleitoral, isto é, o alheiamento demonstrado pelos representantes do Brasil autêntico, tive notícia de q ue há alguns meses atrás as Associações Comerciais do Brasil"estavam preparando a montagem de um organismo denominado 'Ação Empresarial', e de unia secretaria destinada a seguir os debates nas Câmaras dos Deputados, e até participar eventualmente dos trabalhos das Comis-

sões".

"A notícia referia-se - continuou o catedrático paulista - a várias personalidades do comércio envolvidas no debate do tema, brasileiros de cujas opiniões discrepo em alguns pontos, e com os quais concordo em outros, mas que, a meu ver, representam muito autenticamente o pensamento médio da classe empresarial".

l

Em Lagoa Vermelha, ''educar'' para subverter O JORNAL "Diário da Manhã", de Passo Fundo-RS, de 10-10-82, noticia um acontecimento insólito que mostra bem até que ponto a subversão promovida pelo progressismo infel11.mente estâ se expandindo por este Brasil afora, confirmando assim as teses do mais recente best-seller lançado pela TFP: "As CEBJ·... das quais muito se/ala. pouco se conhece - A TFP as descreve con10 são'', de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e dos irmãos "Gustavo e Luis Solimeo. O fato ocorreu na cidade de Lagoa Vermelha, naquele Estado da Federação, no dia 7 de Setembro, durante o desfile da Semana da Pátria. Um dos maiores educandários da cidade, a Escola "Rainha da Paz", da Congregação de São José, "obrigou seus alunos o porticiporen, do desfile, não ,norchando nonnolmente como os demais estabelecimentos de ensino, mos caminhando silencioso,nente pelo Avenida, apresentando motivos, personagens e cartazes com agressões ao Governo e ao sistema polftico vigente no Pofs". As crianças desfilavam acorrentadas entre si para demonstrar que "o Brasil não é livre" e "vive sob uma ditadura". Segundó o "Diário da Manhã", as coordenadoras da passeata advertiam os alunos: "Porem de fazer ritmo, isto não é marcho, é uma caminhado. Marcho é militarismo"! Um grupo de alunos caminhou portando metralhadoras de brinquedo, para homenagear desse modo as 6

"

O Prof. Plinio Corrêa do Oliveira propõe que os vários setores da sociedade mn.nifos· tem se~s anseios ao Congresso Nacional

Em escala nacional "Não sei até que ponto as cir· cunstâncias terão permitido a rea lização do inteligente desígnio das Associações Comerciais do Brasil. Mas faço votos - salientou o pensador católico - de que todos os ramos das atividades nacionais trilhem o mesmo caminho: nossa indústria, às vezes tão ágil e empreendedora,' às vezes também parecendo tão ingênua e tão ent reguista; nossa lavoura, sempre tão benemérita, sempre tão sacrificada , sempre tão incapaz de se defender vitoriosamente neste País, onde, entretanto, ela é tudo ou quase tudo". E concluiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Não apenas as associações profissionais devem se organizar para a atuação na vida pública, mas também todos os homens para os quais pensar ainda é algo. Que eles formem associações e possam fazer sentir sua presença colaborante e viiiilante nos corredores dos Legislativos do Brasil".

No artigo inli1ulado "Nll fti. 1u(min, t1[Qice e o mar1elo co,ura a Crlli ", de 8. Glowac~i ("€ atoJicismo''· fevcrcíro de 1983. n.0 386) figura uma nota no final; esclarecendo que a ma1éria foi tiascnda no boletim "Elta Rress" de Roma, setembro de 197~. n.• 9.. Devido w um lapso de revisão, o ano (la eaiç;Io desse boletim constou como se1Jdo 1972. Na realidade foi 1982.

~AfOLICn§MO ~

MENSÁ RtO CAMPOS - ESTADO 00 RlO Oirelor: Paulo Corria de Brilo filho

Alunos de um colégio católico da cidade de legoa Vermelha-RS desfilaram no dia

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portando metralhadoras de brinquedo para homenagear as guerrilhas no Brasil ...

Na mesma passeata. crianças. matriculadas na Escola "Rainha da Paz" da Congro· gaçlo de Slo José. caminhavam acorrentadas entre si para demonstrar que "o Sra· si! n6o 6 livre ... (f) •

guerrilhas, que tanto sangue inocente derramaram em terras brasileiras ... Alguns cartazes protestavam contra a 'Jalto de liberdade", .a prisão dos Padres Camio e Gouriou no Araguaia, a falta de emprego, a entrega da Amazônia etc. Outros afirmavam: "O Brasil não é livre, não é independente porque ten1 dívida externo muito grande e é governado por uma ditadura militar", A noticia assinala que o acontecimento "chocou e deprimiu opopu-

lação logoense, provocando ,nanifestações de repúdio dt! muitas pessoas". No dia seguinte, alguns moradores da cidade procuraram a direção da escola pedindo esclarecimento, mas receberam respostas evasivas. Em Lagoa Vermelha, o mencio nado estabelecimento de ensino adota uma linha intei.ramente socialista em sua filosofia educacional e "os grandes heróis do Pátria 'são apresentados corno covardes. corruptos. enquanto os subversivos são trata-

7 de setembro, data da Independência,

dos como santos e heróis. entre eles "Cl,e' Guevara", Não teria sido possível reali,.arse tal manifestação sem o concurso de farto material de propaganda cartilhas progressistas, livros marxistas e outras publicações - introduzidas em colégios particulares. especialmente estabelecimentos de ensino religioso~ com a fi nalidade de "ed ucar" as crianças brasileiras para a prática da subversão e a reforma de estruturas, tão desejada pela esquerda dita católica.

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CATOLICISMO -

Abri l de 1983


A SUBLIME SERENIDADE

e

ELEBRANDO-SE nos dias I a 3 deste mês a Sagrada Paixão e a gloriosa Ressurreição dAquele que redimiu o gênero humano, julgamos muito oportuno tecer algumas considerações sobre o Santo Sudário de Turim. A impressionante relíquia tem sido analisada detidamente nos últimos anos por vários especia listas, os quais vêm uti lizando em suas pesquisas processos dos mais modernos. E elas têm confi rmado importantes dados fornecidos pela Sagrada Escritura e pela Tradição a respeito da dolorosa Morte e fulgurante Ressurreição· do Verbo Encarnado.

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~

Visão da pane dianteira do Santo Corpo de N OS$O Senhor no Sud6rio

Respectivamente. nas três f otos abaixo: uma vista not urna da catedral de Turim; a capela G uadni. que conserva o relicário no qual se encont ra o Santo Sudário. ó ane• xa à ébside da catedral do Turim; a exposição do Santo Sudário. no recinto da

catedral de Turim. em 1933.

O alvo lençol que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, após a descida da Cruz, constitui, sem dúvida, uma das mais preciosas reliquias da Paixão. Pois nesse tecido, por misericórdia do Divino Redentor, estampou-se milagrosamente Sua fisionomia e o aspecto visível de Seu Sagrado Corpo. Com isso, o próprio Salvador tornou possível a todos os fiéis, até a consumação dos séculos, prestarem culto à mais fided igna de todas as Suas imagens: o Santo Sudário de Turim.

Logo à primeira vista, é a Sagrada Face que mais nos atrai a atenção. Apesar de estar Ela um tanto desfigurada, de o nariz apresentar deformações provocadas pelos golpes recebidos, reflete ainda o Semblante do Homem-Deus algumas de Suas excelências. É fato que a sacrossanta Fisionomia, em sua forma originária, perfeita, revelaria a sublimidade do Personagem de modo mais excelente. Contudo, sob certo aspecto, na Sagrada Face desfigurada transparecem, de modo mai·s claro, determinados predicados do Divino Salvador. O adorável Semblante, estampado no Santo Sudário, denota grande profundidade de pensamento, embora não t ranspareça a menor tensão ou esforço para pensar. Nada mais explicável: o Homem-Deus, a Sabedoria Encarnada, raciocina com a abundância própria à excelência de Suas duas naturezas. A Sagrada Face parece medi tar. Poderíamos imaginar quais seriam suas cogitações? A fisionomia do homem é como que o escrínio de sua honra. A Sagrada Face exprime, portanto, toda a honra que jamais existiu. Ora, ao mesmo ·tempo, contra Ela foram lançados insu ltos inauditos, nunca dirigidos contra qualquer pessoa. A fisionomia de Nosso Senhor parece contemplar essa caudal de injúrias que foram proferidas contra o próprio Trono de toda a honra. Sem dúvida. o pensamento do Cordeiro de Deus, que se pode en!J"ever através do Sudário, volta-se para a perseguição que sofreu, e para as causas de tal perseguição. O Semblante divino parece recordar a mais atroz das ingratidões, a mais irraciona l das aberrações, o crime levado a um ápice inimaginável. A Vítima, o Inocente por excelência. medita sobre o crime e o criminoso. confrontando-os consigo mesmo. Partindo de Sua insondável Santidade, Ele ded uz a gravidade infinita do fato: a violência das viornncias foi praticada contra o Santo dos Santos!

A Sagrada face de Nosso Senhor Jesus Cristo

Dir-se-ia que a contemplação desse abismo de maldade produz em Nosso Senhor uma espécie de assombro. E deste provém a mais completa e inapelável das êondenações contra Seus algozes. Embora pareça que Nosso Redentor não esteja praticando o ato de condenar, pressente-se a condenação surgindo no horizonte de Suas cogitaçõcs. A natureza humana de Nosso Senhor foi mortalmente ferida. Contudo, a Nature1.a Divina dEle, Sua Glória intrínseca, Su~ Santidade permaneceram intactas, pois ofensa alguma, por mais grave que seja, poderia atingi-Las. Dessa intangibilidade provém a majestosa serenidade da Fisionomia. O Redentor está morto, mas em Seu Semblante transparece profunda certe,.a da Ressurreição que virá. Por um lado, a Santa Face parece dizer: "Tudo está consumado". Paradoxalmente, entretanto, há· algo que proclama: "Nada está encerrado. Tudo agora começa!"

Não ousamos comentar o pungente olhar de pálpebras cerradas. Como transpor para nosso miserá-

vel vocabulário algo que é superior a q ualquer cogitação? Sentimos que - se esboçássemos os primeiros passos em tal contemplação, enco'!trando-nos imersos num verdadeiro oceano de Santidade - dobraríamos os joelhos, baixaríamos a fronte e cerraríamos os lábios. Então, o que poderíamos dizer? Esse como que olhar de Nosso Senhor Jesus Cristo increpa e condena todos os pecados do mundo. Portanto, também os nossos. Há na iconografia católica representações do Salvàdor 'que visam realçar certa afinidade existente entre Ele e nós. Quis todavia o Divino Mestre que o Santo Sudário fosse, por excelência, um símbolo da assombrosa distância que separa Sua infinita Santidade de nossa miséria . Com que ftm? O de manifestar-nos, através do contraste, Sua profunda rejeição de nossos pecados e impelir-nos a suplicar à Nossa Senhora: "Minha Mãe, obtende que Ele nos cure!~-·

Os lábios estão cerrados. No entanto, quanto nos fala tal silêncio! Sentimos que o Divino Redentor teria a nos dizer coisas não compreensíveis pela inteligência humana, além de nossa medida. E por isso, Ele se cala. Nós O contemplamos, sem ousar interrogá-Lo. Mas nem é preciso. Compreendemos tudo quanto dizem os lábios cerrados, nos quais transparece o rietus da dor.

O Divino Redentor desejou que sobre Ele fossem d~scarregados todos os insultos. Mas não permitiu que alguém erguesse sequer um dedo contra Sua Mãe Santíssima. Em meio aos tormentos que denota o Santo Semblante, vislumbrase nEle uma quase imperccp1ível doçura, proveniente da consciência do Crucificado de que, ao pé da Cruz, estava intacta e intemerata, a Virgem Dolorosa. Condenação de Seus algozes e dos pecadores; doçura em relação Àquela que até o fim permaneceuLhe fiel: belíssimas expressões que parecem refletidas na Sagrada Face do Santo Sudário. CATOLI CISM O -

Abril de 198 3

7


i J. j\1AfOLICE§M9 - - - - - - - - - - - - * -.f.,IJ:."

A ANCIANIDADE MAJESTOSA DE OUTROS TEMPOS

A foto do recém-ordenado Pe. José Sar· to manifesta a retidão e a energia da juventude

MUNDOATUALépródigo cm desequilíbrios de toda ordem. Um destes, para o qual atraímos a atenção do leitor, é o c urioso conflito que. numa mesma pessoa. não raro se observa entre os quatro clássicos e distintos períodos da formação e desenvolvimento de todo homem: infância. juventude, idade madura e velhice. São cada vez mais frc{tüentcs os casos de jovens precocemente envelhecidos, e não menos numerosos os de velhos doentiamente iníanto-j uvcnis. Ora, numa civi li7.ação autenticamente cristã, as diversas idades não se atropelam nem se chocam dessa maneira. Muito pelo contrário, contrastam e se interpenetram harmonicamente, numa verdadeira soma das idades. Em uma palavra, para exprimir o que tal soma de idades possa ser. vem-nos à mente o elogio que Fléchier fizera de Tµrcnnc o célebre Marechal da França, no século XVII - cm sua Oração Fúnebre: - "Teve em sua mocidade toda a prudência de uma idade avançada e cm sua idade avançada todo o vigor da juventude". E. não tão distante de nós. houve quem dissesse do famoso estad ista britânico Winston Churchill que, na gravidade de sua idade madura, tinha "a coragem de ser criança". O conflito de idades acima mencionado, e que se reveste de aspectos não pouco caricatos, tem como corolário uma incompreensão cada vez mais acentuada e generalizada quanto às peculiaridades próprias a cada período da vida humana, individualmente considerado, e que devem reluzir de modo especial: a inocência da infância; o viço e a louçania da juventude; a gravidade e a experiência da idade madura; a sabedoria da ancianidade. Para não considerar senão as duas épocas extremas da vida, cada vez menos se admira, cm nossos dias, a inocência infantil e aquela forma peculiar de sabedoria que sempre foi o ornato honroso dos velhos de antigamente. Hoje em dia, multiplica-se ao inimaginável o infanticídio, em vir-

O

Aos cinqüenta anos. nomeado Bispo de M ântua. O. José Sarto acrescenta às qualidades da juventude o lastro e a experiência da maturidade

tude da p rática do aborto criminoso. mediante o qual se elimina, sem maiores remorsos de consciência, os inocentes de cuja inoccncia já não se tem saudades. Quanto aos velhos, considerados entes inúteis num mundo pragmático e utilitário. estão sendo eles relegados ao ostracismo cm asilos, na melhor das hipóteses, quando não são vítimas da eutanásia ...

• • • Não trataremos aqui das crianças. Vamos nos ocupar do papel dos velhos numa sociedade verdadeiramente católica. pois trata-se de reabilitá-tos. Bem entendido, evocaremos as sublimidades dos anciãos de outros tempos, porquanto são realmente raros. hoje cm dia. aqueles que não tenham sido vítimas do conflito de idades referido acima. "Realmente raros", dizemos, para ressalvar as honrosas exceções de estilo ... Para ilustrar este artigo. escolhemos três fotos significativas. Elas apresentam-nos São Pio X. grande Papa e cx traorilinário santo, cm três fases distintas de sua existência: na juventude, como sacerdote rccémordcnado. aos 24 anos; na idade madura, encetando sua vida episcopal, como Bispo de Mântua, pouco antes de completar 50 anos; e na ancianidade. como o intrépido Pontífice que enfrentou com sabedoria a heresia modernista, o governo ímpio e anticató lico da 111 República rrancesa e o movimento "Sillon", liderado por Marc Sangnier. A roto apresenta o Pontífice na fase final de sua existência. em que já se nota a debilidade das forças f'ísicas e certo cansaço. O o lhar, porém, reflete a firme,.a e a sabedoria de um santo. Nesse Pontificc, elevado à honra dos altares e que governou a Igreja

mos acima.

• • • Há no velho um certo quê. uma determinada forma de estabilidade q ue, a seu modo, íá-to transcender o próprio tempo, como que já o fi. xando na e ternidade. A ação civili1.adora da Igreja, em todas as épocas, foz com que ele fosse considerado e tratado, no âmbito circunscrito da vida familiar, como venerável relíquia. Tinha-se a impressão de que alguma força misteriosa ainda lhe conservava a vida, à espera de uma, duas. três ou mais intervenções ruI-

Na fase final de sua existência. já ancião. embora se note certo depauperamento das forças físicas. trans• parece na fisionomia de S ão Pio X a mesma retidão de olher de outras épocas. enriquecida pelo profundo conhecimento da vida

gurantes nos acontccimcnt<>S dc::;ta

terra. Por exemplo. um vaticínio que indicasse novos rumos às respectivas familias, uma premonição que lhes evitasse ca tástroíes, uma bênção. uma maldição ... "O pai é o rei e,n ~-ua família; o Rei é o pai dos pai.,·. afirmou judiciosamente o historiador francês Funck-Brcntano. Isso se poderia dizer, a fortiori, de um venerável ancião que exerce uma função análoga ao "pater familias" da Roma antiga. Há nele, realmente, uma certa rorma de grandeza . régia e majestosa. que lhe confere uma atração e um clwrn1e especiais. Carcom ido, cncarangado. encarquilhado, talvez não seja mais possível ao velho sequer arrastar uma cadeira ou desatar o cordão do próprio calçado. Entretanto, no fundo de seu olhar. discerne-se uma "tintura-mãe" de rorça de alma. certa vitalidade, uma quintessêneia de sabedoria, adquiridas med iante as

provações da vida, que são capazes de atear uma chama de entusiasmo na alma de um neto ou de um bisneto. E só com isso o ancião teria justificado sua existência. O velho não deve se envergonhar· da própria idade nem disfarçá-la. Suas rugas são estigmas de glória. A vista maltratada pelas moléstias da ancianidade. os dentes que lhe faltam, os momentos de semilucidcz. tudo isso enfim. são ornatos da majestade que lhe são próprios. Mas. tão logo uma ocasião propícia se apresente. e ele ainda saberá tomar a atitude, ou dizer a palavra capaz de retificar o destino de toda uma estirpe familiar. E se ele se encontra em tal estado, isso deve-se aos embates rudes da vida, neste vale de lágrimas, diante dos quais nã o recuou, mas

enfrentou-os erccto e altaneiro, como a proa de um navio viking.

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Para concluir. uma observação. Rcati,.asscm, a seu modo, os respeitá veis anciãos de nossos dias, algo do que aqui foi descrito e ter-se-ia evitado. em larga medida, o laruentável conílito das gerações! Enfim. diante de um mundo que "adora", de maneira tão desordenada e unila teral, a adolescência de moçoilas e moçoilos trêfcgos e faceiros, é-nos grato consignar aq ui uma rctificaç.ã o dessa visualização, reivindicando, afinal, não só o direito à existência, mas também as glórias da idade provecta.

Luís Carlos Azevedo

Comunicado da TFP platina

Dilema para a Argentina: por Deus ou contra Deus

''A

ARGENTINA está decidindo nestes dias por Deus ou contra Deus, ret·haçar ou aceitar a aproxhnação

co111 o comu11isn10", afirma o comu-

nicado da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP, assinado pelo presidente de seu Conselho Nacional, Dr. Cosme Bcccar Varela (h.). Estampada em "La Nación", de 16 de março último, sob o título "Por Dios o contra Dios", a publicação encontrou desde logo grande ressonância em largos setores da opinião pública platina.

Slntese do Comunicado

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no início de nosso sécu lo, pode-se observar concretamente como se aplica a um homem a doutrina da "soma das idades" a que nos refería-

O documento da TFP argentina esclarece que aquela opção em face do comunismo é cada vez mais clara. Cita como exemplo a atuação do General Bignone, presidente da nação, na reunião dos países "não alinhados", reali1.ada recentemente cm Nova Delhi. Sendo a Argentina um país oficialmente católico, seu representante não pronunciou o nome de Deus quando fez uso da palavra, "foi cordial com o tirano Fidel Castro e con1 A rafat, apoiou diversas causas internacionais caras ao Cremlin e não condenou o com11· nis,no nern tuna só vez". Sendo o único chefe de Estado latino-americano presente à reunião - além do tirano Fidel Castro - , o General Bignone prestigiou desse modo o evento. Afirma o comunicado que "associando-se a diversas posições políticas do Cremlin. entrou na linha de colaboração. E toda

colaboração com a Rússia só pode ter um sentido: o da cumplicidade". Poucos dias antes, uma missão soviética havia estado no país e recentemente a Esquadra argentina decidiu não participar dos exercícios conjuntos das marinhas do Brasil, Uruguai e Estados Unidos, tendo em vista a deresa do Atlântico Sul. Durante a guerra das Malvinas, as Forças Armadas argentinas uti lizaram foguetes soviéticos SAM-7 e o Cremlin ofereceu ajuda militar ou em armas "que não foi aceita porque houve argentinos de ben, que se opuseram". "Mas a tensão e,n 1orno do caso Malvinas n1anté1n-se ativa - pros· segue o comunicado - ainda que latente e o governo pode estar preparando unia surpresa. Nova guerra poderia começar a qualquer n101nento. Tambén, continua abena a questão de Beagle. da qual poderia se originar ,una guerra continental. En1 qualquer desses conflitos. não poderia suceder que a Rússia aproveitasse a ocasião para por ern pr<Í· tica seu patente desígnio de intervir do lt1do argentino? "Nesse caso, haverá os que, levados por u,n nacionalisn10 de vistas cunas. escolherão as Malvinas ou /Jeagle. mesmo que o preço disso

consista numa aliança co,n os co11u1· nistas. ofendendo asshn, gravemente. a Deus. "Esta,nos cerros de que 1ambém haveria os que, sem deixar de querer a recuperação das ilhas, ,novidos por sua fidelidade a Deu.v. rejeitariam a 'ajuda' comunista, ainda que

a custo de adiar a justa recuperação daquele território, em relação ao qual a Argentina reivindica o direito de soberania. Os primeiros tratarão de desqualificar e perseguir os segundos, e estes. Deus o queira, defenderão sua posição perante a opinião pública. com as arnras da verdade e da lógica. E assin, estará delineada. amplamente. a crise cujas premissas de.tde já estão postas". O comunicado ressalta que, caso continue a política de aproximação com o comunismo, haverá um enfrentamento interno prorundo no pais entre as duas correntes de opinião. "Os argentinos. que são católico.,· e an1icon1u11istas. e,11 sua i111c11sa

maioria, Já sabem qual é a única atitude possível. quando se trata de escolher a favor de Deus ou contra Deus. Trata-se apenas de perceberem que é isso o q11e está em jogo, apesar de todas as cortinas de /11ma(·a de 'patrioterismo·, de 'politicagen, · e de caos econô111ico que dificultarn o vi.sra". A TFP platina conclui o documento pedindo a Nossa Senhora de Luján, Padroeira da nação argentina, que lhe de forças para todas as lutas doutrinárias que rorcm necessárias a fim de evitar que o país seja desviado das sendas da civilização cristã.

Expressiva acolhida do pliblico O comunicado da TFP alcançou significativa repercussão. Dezenas de pessoas tclcronaram para a sede

do Conselho Nacional da entidade, na Av. Figucroa Alcorta, em Buenos Aires, a fim de manifestar sua solidariedade. Várias delas estavam interessadas cm conhecer mais prorundamente a TFP e passaram pela sede para travar um contato pessoal com os sócios e cooperadores. Alguns se referiam com simpatia e admiração a manifestos anteriores da entidade e desejavam se inteirar a respeito da doutrina da mesma e de suas publicações, bem como da a- · tuação exercida por ela. Pouquíssimas pessoas declararam-se contrárias ao texto do documento. E tais reações praticamente foram todas anônimas. Sócios e cooperadores receberam também um bom número de felicitações cm contatos pessoais. Foram igualmente remetidas à sede algumas cartas de adesão. O quadro descrito acima revela a importância do tema abordado e su~ candente oportunidade. Em vista disso. compreende-se a simpática acolhida do manifesto por parte do público argentino. Raras publicações anteriores da TFP obtiveram acolhida tão favorável como o presente documento. Etc aponta o gravíssi mo perigo que · ameaça atualmente a nação, com uma cl,treza e coragem inspiradas na expressão de Nosso Senhor no Evangelho: "Seja vossa linguage,n sim, si1n: não. não" (Mt. 5, 37). Além disso, foram distribuídos por sócios e cooperadores 12 mil exemplares do comunicado, cm forma de volante, na Calle Florida, centro de Buenos Aíres.


N. 0 389 -

Diretor : Paulo Corrêa de Br ito Filho

Maio de 1983 - Ano XXXIII

T FP estranha solo urbano

,

Plinio Corrêa de Oliveira

CAUSOU ESTRANHEZA e apreensão nos círculos da TFP em lodo o País, o projeto de lei sobre utilização do solo urbano, enviado recentemente pelo Governo federal à Câma.ra dos D eputados. Externando o sentir da entidade e de todos os seus simpatizantes, o Prof. Plinio Corr~a de 01.íveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou ao Presidente João Baptista Figueiredo, no dia 9 do corrente, o telex que a seguir é reproduzido na íntegra.

Exmo. Sr. General Jo~o Baptista Figueiredo DD. Presidente da Rep'!-b.lica '

l

_!'RbFUJ'!DAt):{E,!i!~ E-·preoc11,P;t!l,o co a~ov.e nt ~,l~ade da aprovaçao do proiero,ae 1Lê1d e1.'ú.,scrdo SoJ.o liJ-rb~, CJ)cam1J)l)ado por V. Excia: ao Congressó Ni1cioóáJí pê«o a :W., med'Ídas necessárias para que~e~am él.Íiúlgadâ'S',àmJ1l'ai:n_e_nte, e com a, ~àior urgência,1tõdas as est'atlill_~ t:e ó'u'fra~j!Íi)>.!'mll'ções 11.e qú\' o. P~er--~blico d1SJlOnha sobre as as's1m chamadas~fen:llS mbanas ,001._os@s c;xistentes no1.~à,!s. Ou, na carência de todo -~sei!!>caJeriã'.l, ~)q,m.eitô's iô-.concerne.fie àl cidades de ~ "slc;::i.u i:!h_m,iillão, a:e l;labiwit~. Có"m efejto,,na.aÍi~ncia de iãís êla<ló~ o iPãls'M,O~ lll'e.Q.l)~.ij_es de participar ao"'grandc d~bate0"pú_l!!i,_êo'~'(é por ~if? . ~éJ/1~ o Congresso desejam que a"Comparlh.e~_,.p an passu, as d1scussõ'"?,,,_'éíue--ílo Parlamento Nacional se fi:lljarão Sfbt(i:a nra(éria. 'l ife:iilra ispensãvel, entretanto, p~ra qu,e_ sej:3 '.a ;'recia~o de Q(oao(co,~se~ ne~ co.~ a~ dole de111,ó'krállca das ~nst.\!il ~s :>.1~el (és; ~!f,!;,il:'0~.!2,d!! _lei ílf gi,~~ ~ircnt~ ~o à trad,çao,Jut aica de·!l,.OSSo,fJj~ e ao:tesp1nto cnstão do p.~sso pQl(O, , . ___ . . ~ A este ult1mo1PrÕ)!õslf.o, m:rm1ro-; ge slllienJar gfle,o piq.t_eto de Le, de_ Us~ 1!/f~a"llo'f aÍenfi~•• '.~ ,vbf<lait,e, <le ~pitó~ -e, tf#t\J j tç\ )>;:_~iso, às re1vmdJcaç6es for.m\iladas pcla ,Oonfe~ê!lw.fl; ili~c~or.al1 dos.Jllrspos do Bras,I "(t:'NY3B:); 4 m~1982;'õ o í!dcuiõ.'ênto •dso1o;,u~ aií~ ,:.,ação pastoral".' 7. .:-, .,_., ~ . ,Jwf) ,'X. P.oi~ ~CJn--..,_,l.\rej_\ilzo .do aça_t/!~entp dévi\jo '. ij,f~n~a· entidade, po~l!Jo};.qll&'grapilc · n'ümg,o de êiit.6).icosi b1a_si!,e,iro~ 1,1ao vê neste, como· ~m"OÚtrõ.s 'pJo..nyn,ciam~nt.os/ ~óc\~:<r.ºnõ~1c;os áela, . u_ma conformida'ae-om'\ilmo'da co19 o Magistér!-,_i;>_,S-up.rew,AJC ·trad1c1onal da Santa lgr~j~, -'~ ~FC3 ~~] )!9.~~me.n~ ~, i!?,lltl'IJJ"*?iov d~~sa posição, a TFP pubhc'ou d!ve!sai;oo/as/que no.~~9)P.':ú_çle"!>:ero ~rJ1s1ha!ará chegar às mãos de v.• E,çí;1a. 'cÓm-a netessá_ya ur,gê,J)..cjh. A:ss1m, nao suponha V. Excia. que -ol'a111\íuso da, <ZNBB·em1faiior. cfô. p,ro)eto represente a unani_mida!le do apolô' dbs c'ató1icos- 6f asitptréf Este fato sem dúvida se ev1denc1ará, emª toda1a.4sua c\jl[e'zal'l51ifando do grande debate público que_ se aproxima. ~ , _ . Com efeito, nosso povo não dará c11nsenso a esse proieto de lei sem lhe analisar os aspectos éticos aos quais nossa opinião pública se honra em ser sensível. E a controvérsia moral, com suas indissociáveis repercussões religiosas, ocupará o lugar que lhe cabe dentro do debate. Apresentados atenciosamente a V. Excia. o pedido e a ponderação acima, a TFP se prevalece do ensejo para formular seus votos a Deus pela pessoa de V. Excia., por sua Exma. Famíl.ia e pelo cristão acerto das medidas que V. Excia. venha a tomar, no exercicio de sua alta magistratura, a bem da ordem e da grandeza -cristãs de nosso amado Brasil. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da' Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

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'fltll'NI êfe~·i\C'or•1-.o'• agitaôore1 qué deNjava'm"' •.,_,..·s;,;•

q~do auas vltri~es.

EM QUE cu conteste - de longe sequer - o óbvio talento de Goya, desagrada-me a maior parte de seus quadros. Neles manifesta o pintor uma tendência a delratar, a vilipendiar e a escarnecer, com a qual antipatizo a fundo. Haja vista o famoso quadro em que Goya apresenta Carlos IV, rei da Espanha. sua esposa. a rainha Maria Luisa, e mais outros personagens da casa real. Dir-se-ia que cada qual é um pesadelo de fatuidade e de imbecilidade. Inclino-me a pensar que Goya os pintou tais quais eram. Antipatizo

S

eu então com a verdade'! Não; antipatizo com certa alegria maldosa de Goya em que tais fossem esses seus modelos. Falei de Goya só para evocar um pequeno quadro dele, que admirei - e muito - no museu do Prado, em Madri. Intitulava-se "Pânico". Representava, vista pelas costas, uma tropa militar em debandada. Do pânico que infestava cada fugitivo parecia desprender-se um como que íluido que pairava pouco acima dos capacetes de todos. Aí, esses milhares d e íluidos se fundiam cm um só imenso íluído, do qual emanava uma espécie de fantasma. Um fantasma do qual só se percebia o busto possante, brutal, ameaçador. Era o Pânico, que enlouquecia e acelerava a de bandada dos militares fracassados.

• • • ~

Lembrei-me desse quadro quan-f do, nos dias 4 a 8 do corrente, senti ;,:: minha São Paulo tão ordeira, tão ~ operosa, como que envolta num ílui,,; do imenso, o qual, no estilo de Goya, ;l se desprendia das mentes pasmas, ": sacudidas entre a indignação e a ~ angús tia, e apreendendo a todo o ! momento o pior. ~ Qual seria esse vulto imaginário? \'- - Tal qual o "via" minha scnsibili-;J dade, era um ser híbrido, feito de g fome e de pavor. A fome dos que ·5 não têm, levantando-se como um g espectro a encher de pavor os que i!: têm.

..

Fantasia? Ou realidade, vista no que ela tem de mais fundo? p fato _é que, a durar uns p~ucos dia~ m~1s essa situação que Sao Paulo inteira viveu, as classes dirigentes e médias se desestabilizariam, e o edificio social ruiria por terra. Quem soltou pelos ares esse fantas ma? Responsabilizo pelo fato dois fatores dos mais rampeiros: uma conjuração mal ensaiada que, passado o primeiro impacto_. não conseguiu faze r-se levar a sério por nosso povo tão vivo e perspicaz; - e nossa clássica ignorância acerca dos verdadeiros problemas nacionais. Já tratei, nestejo(nal, do perfeito desconhecimento cm que está nosso eleitor médio, dos problemas econômico-financeiros do País. Nos dias 4 a 8, nossa ignorância se manifestou cm mais outro ponto fundamental: a fome. Na urbe mais rica do Brasil, o espectro goyano da fome se impôs como se São Paulo fosse um pequeno miolo de bairros ricos, cercados a perder de vista, de favelas famintas e enfurecidas. Pareceria que as favelas se punham então a devorar o miolo. Mas, desfechados os assaltos, verificou-se que e~ses famintos não eram senão magotcs bem organi7,ados, favorecidos e prestigiados, durante largo tempo, pela mais totalíssima (não há exagero nesta sobrecarregada ênfase) impunidade. Esses famintos miticos t inham realmente fome. Fome de jóias, que os levou a atacarem todas as pequenas joalherias de nivel médio ou popular, diante das quais passaram. Fome de televisões, de rádios, de máquinas de fotografar, de tudo que se vende em casas de ótica. Fome, enfim, de artigos de couro. De sapatos de bom nível. bolsas, pastas e cintos. A fome do carente autêntico, fome de comida, "fome" de remédio, de agasalhos, quase não se manifestou. Diante de muitas casas assaltadas pelos "famintos", estes atiravam à calçada o que não podiam levar. E a q uase totalidade dos numerosos transeuntes, mesmo em bairros mo-

destos, passava sem tocar em nada. .. Fome"... Diante de tudo istb, a ninguém ocorreu, que me cons'te, perguntar exatamente quantos ~ão, em São Paulo, os famintos. Nem por que padecem fome. ' Lendo-me, algum demagogo uivará de ódio: ''E os desempregados?" - O que é um desempregado? Desempregado não é ião-só quem perdeu o emprego, mas quem, ademais, não encontra outro. E por que não encontram emprego aqueles que hoje não têm mais trabalho nas fábricas? O Sr. Cardeal D. Paulo Arns (com o. qua l vivo em melancólico e geral desacordo) sugeriu bem, em declaração à "Folha de S. Paulo" (34-83), que essa mão-de-obra excedente fosse encaminhada para as terras devolutas pertencentes ao Estado. Essa solução, já a preconizei no livro "Reforma Agrdria - Que~ rão de Consciência" (pp. 10, 115; 127, 157, 185 e 219), que publiquei

Ba2ar depredado em São Paulo. no dia 4

de abril. Os saqueadores, pela natureze dos objetos em desordem que se vêem na foto. nl o tinham en, vista saciar a fome...

Nota: Telex com id!n1ico teor foi reme.tido :,;o Ministro da Justiça. Sr. lbraim Abi Ackcl

em 1960 juntamente com os Srs. D. Geraldo Sigaud e D. Castí-o Mayer, e o economista L. Mendonça de Freitas. · De então para cá, o que se fe-L em São Paulo neste sentido? Creio que ninguém o sabe. E mesmo d iante.do espectro da atual recessão, o que se fez? Também ninguém o sabe. Pol.íticos, literatos de sócio-economia, técnicos autênticos, teólogos em geral inautênticos, todos começaram a discutir se era o caso de reformar o regime sócio-econômico para atender a esses desempregados. Valeria a pena realmente reformar-o Brasil só para isto? Não teria sidó mais prático ter-se feito o levantamento das terras devolutas e t~r-se tomado medidas drásticas para que, aos primeiros sintomas do agravamento do desemprego, as vítimas deste pudessem ir céleres plantar comida cm tais terras, para eles ... e para nós? Em lugar disso, estadeou-se técnica, parlapateou-se, fez-se politicagem. Fezse um ·c onchavo. E o conchavo produziu um imenso show. O show sinistro que quase desestabiliza São Paulo, e com ele o Brasil...

• • • Fome? Quem em nosso público sabe precisamente o que é fome? Consultei sobre o vocábulo seis ex-

celentes dicionários da língua portuguesa. Todos fazem girar o e-0nceito em torno do de carência. Mas exatamente a partir de que ponto começa a carência para um paulistano de hoje? Não varia isto segundo o tipo racial de cada qual? Nessa São Paulo operária, que é um ,mosaico de raças, é seriamente possível estabelecer um limite "carencial" único para toda a população? Falei há pouco dos. desempregados. Refiro-me agora aos que têm emprego. Quantos padecem realmente em sua saúde, em virtude de carência de alimentos? Quando um grupo de ignotos articuladores quer lançar uma cidade como São Paulo no Pânico sobre o espcct ro da fome,_ pode fazê-lo à vontade, porque ninguém tçm defesa contra o Boato. Pois os homens medianos nada sabem que os defenda das balelas da subversão. Uma coisa pode-se dizer, entretanto: no obituário paulistano, o papel da fome parece bem menor que o da fartura. Quão poucos - se os houve - morreram de fome entre nós; quantos morrem por excesso de mesa? Suponho ter lido num grego, do qual já não me lembro bem, que a mesa mata mais gente do que as guerràs... . Será mesmo a fome a principal dizimadora dos paulistanos?


Aborto e contracepção: nova ameaça às famílias brasileiras O BRASIL, houve o reinicio dos trabalhos legislativos. O Congresso está renovado com o retorno maciço de políticos esquerdistas de todos os matizes. Este fato coincidiu com a volta à discussão de dois temas correlatos que representam dois golpes profundos na formação religiosa tradicional do povo brasileiro: a liberalização do aborto e uma política oficial de controle da natalidade. Na mensagem ao Congresso, o presidente Figueiredo já externava sua preocupação com o crescimento demográfiço, o que ensejou a imediata constituição de uma CPI sobre o assunto. Tal Comissão, que tem por finalidade investigar os problemas vinculados ao aumento popu laciorial, levantará amplo debate sobre a conveniência da instalação de uma política de controle da natalidade. Essa CPI foi instalada no Senado, já tendo sido indicados o ·presidente e o relator. Um de seus membros, o Sen. Murilo Badaró (PDSMG), pretende apresentar projeto mediante o qual deverá cessar o auxilio-nataliôade para casais com mais de quatro filhos. A orientação do governo é a de que todas as familias deverão ter acesso aos meios anticoncepcionais que desejarem, desde que o façam livremente, seguindo sua própria consciência. Para isso o Estado se obrigaria a fornecê-los e a ensinar a maneira de utilizá-los sem prejuizo da saúde. Tal orientação, por diversos motivos, ainda não foi posta em ação efetiva de larga escala.

N

• • • Além da limitação da natalidade, outros ventos ameaçadores sopram sobre o Brasil. Grupos de feministas têm saído às ruas de diversas capitais, chegando também a reunir-se em congressos, para apresentar reivindicações várias, entre as quais não poderia deixar de figurar a liberalização do aborto. Alegando que são "donas do próprio corpo", afirmam que em . matéria de contracepção e aborto a decisão cabe exclusivamente a elas. Com a proliferação desses grupos de pressão, é de se recear que logo apareça no Congresso algum projeto propondo a "descriminiliza-

que ocorreria, por exemplo, caso ele fosse permitido quando a gravidei causasse .algum "sofrimento" fisico ou mental à gestante. Tal aberração, existente na legislação de outras nações ditas "evoluídas", poderá vir a ser-adotada em nosso País, se contra ela não se levantar uma reação enérgica e eficaz.

Nesses artigos mostramos como o aborto e a contracepção são totalmente inaceitáveis por serem contrários à Lei de Deus e à Lei natural. Não vamos repetir aqui os argumentos e as citações que neles se encontram. Queremos lembrar apenas algumas noções fundamentais.

Sobre a contracepção

• • • Sobre esses dois temas candentes a TFP já tem posição firmada através de pronunciamentos nesta folha e fora dela. Em julho de 1972, a Comissão Médica da TFP enviou ao então Ministro da Justiça, Prof. Alfredo Buzaid, um significativo memorial alertando contra a introdução no novo Código Penal de cláusulas permitindo uma ampliação dos casos legais para a prática do aborto. De acordo com o Código Penal em vigor, o aborto só deixa de ser crime em duas circunstâncias: 1) Quando é <i único meio de salvar a vida da gestante, acometida de grave enfermidade; 2) Quando a gravidez resulta de estupro. O referido memorial, invocando os argumentos do Magistério Pontifício e de moralistas de renome, refutava as alegações dos partidários da liberalização do aborto e pedia a revogação daqueles dois casos em que sua realização é permitida, visto não haver fundamentação moral, doutrinária ou científica que os sustente. O Projeto de Código Penal, elaborado em 1969 mas que não entrou em vigor, mantinha os dois casos de impunibilidadc para o aborto. Entretanto, por lc, votada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República, publicada no "Diário Oficial" de 31-12-73, foi revogada a impunibilidadc para os

A difusão dos métodos contraceptivos não faz diminuir o número de abortos. A propaganda feita a propósito da limitação da natalidade, além de incentivar a liberdade sexual, cria uma mentalidade antinatalista, muito propensa a recorrer ao aborto quando falham os métodos contraceptivos. A limitação da natalidade não é solução para problemas de ordem econômica o u social. Não é diminuindo os nascimentos que se extingue a delinqüência infanto-juvenil, se resolve a questão do desemprego ou se restaura a economia combalida de um Estado. Cada um desses problemas exige uma solução própria, de ordem moral, econômica o u social. Um governo incompetente para gerir os bens de determinado país - que gasta onde não deve, faz despesas que não pode fazer, estatiza gradualmente a economia e leva a nação à bancarrota - certamente não é limitando os nascimentos que ele vai colocar as finanças nacionais em ordem. A delinqüência e o desemprego decorrem mais da corrupção moral e da má administração do que do acúmulo de novos ca ndidatos disputando o mercado de trabalho. A conseqüência social da limitação da natalidade é o envelhecimento da população, o aumento do número de aposentados, inativos e dependentes. acarretando a diminuição proporcional do número dos

J

.,... Menifostontes portam carta:r:es contrários ao aborto em frente a uma clínica da organiução pró•.aborto .. Planned Parenthood " na cidade de Saint Peul (EUA).

casos de estupro. Como porém o mencionado Código ainda não entrou em vigor, persistem as situações previstas no Cód igo anterior. •

Manifest&ç:lo antí-abortiata diante do Capit61ío. em W ashington.

ção" do aborto, ou seja, que ele não figure mais no Código Penal na categoria dos crimes contra a vida, tal como é considerado no Código vigente. . De,5sa maneira o aborto poderá vir a ser um ato inteiramehte legal, realizado por simples solicitação de gestante. Ou então com suas condições de legalidade de tal modo ampliadas que, na prática, equivaleriam a uma liberalização total. ~ o 2

• • •

Nas páginas de "Catolicismo", a posição da TFP contrária aos métodos contraceptivos e ao aborto foi externada nos artigos: - "Três etapas de um processo d e morte: contracepção, aborto, eutanásia", dezembro 1976, n.0 312; "Câmara italiana aprova massacre de inocentes", abril 1977, n. 0 316; "Controle da natalidade: um mito e um pecado", junho 1978, n.• 330; "Legalização do aborto: farisaismo e catástrofe", maio 1980, n.0 353; "Velha e rica, a Europa tende à extinção", janeiro 1981, n.0 361; "Causas da autodestruição demográfica", março 1981, n. 0 363; "Consequências funestas atin$em vários países e o Brasil", ma,o 1981, n.0 365.

que produzem. O que termina por gerar o e mpo brecimento global da nação. Por que existem índices ponderáveis de delinqüência e desemprego em países onde, há tantos anos, se pratica uma desenfreada contracepção e uma liberalização completa do aborto. como os Estados Unidos, Fra nça, Inglaterra e Alemanha Ocidental? Se a limitação dos nascimentos resolvesse o problema ...

Sobre o aborto A liberalização ou legal ir.ação do aborto não diminui o número de abortos clandestinos. Num pais cm que o aborto é legal, chamam-se "clandestinos" aqueles realizados sem obedecer às prescrições do Estado para a perpetração desse crime. A mulher que se submete a vários a bortos corre risco acentuado de sofrer prejuízos em sua sanidade

Crianças abortadas. de 18 a 24 semanas. em cesta de líxo: resultado do uma manhã de trabalho num hospital canadense!

física e mental. A legalização do aborto vai provocar maior incidência de problemas físicos e psiquicos na população feminina. O aborto "terapêutico" e o aborto "eugênico", ou seja, aqueles realizados para sa lvar a vida da mãe ou para evitar que o concepto nasça com alguma anomalia ou deficiência de ordem física ou mental. também são considerados como homicídios, pois o fim não justifica os meios. Não se pode utilizar um meio mau (malar o concepto) para conseguir um fim bom (salvar a vida da mãe o u impedir que nasça uma criança com defeito congênito ou hereditário). Igualmente criminoso é o aborto dito "sentimental", para por fim a uma gravidez resultante de estupro. A mãe não pode vingar-se no filho de uma violência cometida pelo pai. O feto é inocente e jamais é um injusto agressor. Não pode ser condenado à morte por um crime que não cometeu. As mulheres que alegam poder realizar um aborto porque seu corpo lhes pertence, provam apenas sua completa ignorância em assuntos de embriologia. Pois o ser que se desenvolve em suas entranhas já tem vida própria desde o momento d a concepção e constitui um organismo a parte.

• • • O aborto é um crime punido com a excomunhão automática pela Igreja Católica. Mesmo no novo Código de Direito Canônico, o aborto foi um dos poucos casos que continuam a merecer essa pena. Por isso é de se estranhar que o Bispo de São José do Rio Preto-SP, D. José de Aquino Pereira, ao comentar um·caso de aborto realizado por uma mulher de sua Diocese, com a finalidade de eliminar uma gestação resultante de estupco, se tenha limitado a declarar que a referida pessoa praticou um mal ao abortar, sem levantar sequer a possibilidade da excomunhão cabivel cm casos dessa nan,rc,.a, segundo a lei da Igreja ("O Globo", 7-3-83). Até há pouco, eram raras as pessoas que defendiam publicamente a posição que assumimos - a qual, no entanto, é a única consoante com a Lei de Deus e a Lei natural a respeito da contracepção e do aborto.

• • • Foi com satisfação, portanto, que vimos ser publicado em 1982 o livro "Aborto - O direito do 11ascit11ro à vida" (Livraria Agir Editora, 1982, Rio de Janeiro). A obra, laureada pela Academia Nacional de Medicina, tem como autore,s os Drs. João Evangelista dos Santos Alves, Dernival da Silva Brandão, C11rlos Tortelly Rodrigues Costa e Waldenir de Bragança. Abordando a questão da liceidade do aborto em nossa legislação penal, os autores salientam de modo especial o fato de não haver base científica para o aborto dito "tera· pêutico". enquanto o aborto realizado cm casos de estupro não passa de uma aberração ju ridica. Baseado no depoimento de numerosos professores e especialistas. conhecidos por sua no tória competência em matéria médica, o livro revela como nem a gravidez intercorrente em portadora de moléstia grave, nem o aparecimento de uma complicação no decurso de uma gra-

videz, constituem indicação para um aborto "terapêutico". Focalizando a questão sob o prisma meramente científico, os autores defendem uma posição po uco conhecida e divulgada, mas verdadeira e bem fundamentada nos progressos mais recentes da ciência médica. Devido /1 importância do tema, pareceu-nos oportuno transcrever os próprios trechos do livro que abordam o assunto: "Observa-.ie q11e. 110 co11cer11e111e ao aspecto estriUJ111e111e médico, as opiniões convergen,. cada vez nwis. na aceitação do fe110 de que se tornam ,nais raras as situações patol<í· gict1s em que se poderia concluir

pela impossibilidade de evolução da prenhez até a viabilidade fetal. Em tais casos é diftcil. se não impossível, afirmar-se que o abortamento salvará a mãe" (os negritos são sempre

nossos). "N,io faltam 110 Brasil ce111ros rnédicos sufide11h.unente desenvolvi· dos e aparelhados para oferecerem a m elhor assis1ê11cia aos casos mais graves. Não seria difícil a re111oção para tais centros das gestantes reside111es no i111erior. desde que. para isso. se voltasse a aten ção dos responsáveis. ·· Nrio pre1e11demos. 11es1e trabalho. a11alisar todos os problemas m édicos relacio11ados ao tema. ne111 expor e dis<:utir todos os recursos clínicos e cirúrgicos existe111es para a

orie111ação desses casos. "Nosso propósi10 é apenas demo11s1rar, e111 li11has gerais, que o apelo ao chamado 'abor1a111e1110 terapêutico· co,no n1eio de salvar ,, vidá da gesta11te não constitui recurso científico, sobretudo nos dias atuais, em face das modernas conquistas da Medicina. "Neste se111ido. nos alicerçamos em depoime111os cie111ijicos de personalidades médicas brasileiras de vasta experiê11cia e reconhecido saber profissional. Vários desses depoime111os, obtive11w-los através de co11sultas por nós forn,uladas" ilustres colegas de várias especialidades. que se dignaram respondê-las. Outros foraJ11 extraídos de trabalhos cie111[(icos publicados e111 re vistas ou apresentados e,11 congressos médicos brasileiros·· (pp. 61 , 62 e 63).

• • • Por outro lado, os autores da mencionada obra citam autoridades no setor jurídico que tornam patcnt.c a incoerência de um Cód igo o qual, pretendendo defender os direitos do nascituro - parâdoxalmente, permite que se o mate como penalidade referente a uma violência que ele não cometeu e da qual é mera conseqiiência inocente. O livro explica ainda, com notável cla reza, no que consiste o aborto iQdireto, permitido devido ao principio do duplo efeito (consagrado na moral católica), em que a morte do nascituro não é visada nem desejada, mas que pode ocorrer como conseqüência de tratamento médico o u ci rúrgico inadiável a que é submetida a gestante. O trabalho em questão revela-se, po rtanto, uma obra valiosa e de extrema utilidade, pelos sólidos argumentos e doeu mentação que apresenta, para a fase polêmica que se prenuncia com a dupla a meaça que paira sobre nosso País: uma legislação antinatalista e a legalização do aborto.

Murillo Galliez CATOLICISMO -

Maio de 1983


MAIS UM LIVRO QUE A

Maria, auxílio dos cristãos

ESQUERDA CATÓLICA NÃO VIU': .. 11

ÃO HÁ assunto mais cm foco cm nosso Brasil, nos dias que correm, do que as Comunidades Eclesiais de Base CEBs. Ou melhor, não havia. Porque, enigmaticamente, depois de ocupar co·m insistência todos os meios de comunicação social, quer leigos, quer religiosos, as CEBs desertaram do noticiário nos últimos meses. O movimento foi, de repente, posto numa tal surdina c numa tal penumbra publicitária, que é bem o caso de se perguntar se algo teria ocorrido com e le.

N

M

Capa do livro da TFP sobro as CEBs. o qual

alcançou significativa repercussão já tendo se escoado quatro edições do mesmo, num 101<11 de 30.000

obras vendidas .

Um livro incômodo No ftm do mês de agosto do ano passado, a TFP lançou um livro de autoria do Presidente do Conseiho Naciona l, Prof. P línio Corrêa de Oliveira, com a colaboração de dois sócios da e ntidade - os irmãos Gustavo Antonio e Luii Sérgio Solimeo - , justamente sobre as CEBs, que constituíam então assm\to obrigatório, com publicidade garantida. O próprio títu lo do livro referia-se à notoriedade (aliás, um tanto artificial) criada em torno das Comunidades Eclesiais de Base: As CE8s... das quais muito se fala. pouco se conhece - A TFPasdescrevecon10 St10.

Haveria relação entre o lançamento desse livro e o si lêncio embaraçado que se fez a respeito das CEBs?

Acusações graves, argumentação convincente, documentação irretorqülvel Não se podiam fazer acusações mais graves do que aquelas que o livro faz. Também não se podia apresentar argumentação mais lógica e convincente, nem documentação mais irretorqüívcl do que aquela que o livro apresenta. Lembremos algumas dessas acusações: • A Conferência Nacional · dos Bispos do BrasiJ - CNBB está se constituindo num V Poder, ao lado dos três Poderes da República Executivo, Legislativo e Judiciário - e do chamado IV Poder - Imprensa-Rádio-TV. (Por sinal, o IV e o V Poderes aparecem freqiientemente coligados, num entendimento pcrfcitÓ). • Esse V Poder (a CN BB) tem intervido continuamente na esfera temporal, chamando a si a resolução dos problemas políticos, socia is e econômicos, como se o Estado tivesse deixado de exist ir, e não houvesse no País elites leigas capazes de assumir tal responsabilidade. • O rumo que esse V Poder está procurando imprimir a tais questões é um rumo esquerd ista, que visa implantar em nossa Pátria um socialismo radicalmente igualitário. • A doutrina católica que justifica essa atuação da CNBB é a Teologia' da Libertação, uma interpretação marxista da doutrina católica, segundo a qual o verdadeiro redentor da humanidade seria o "pobre", o "oprimido", o "marginali1.ado", plenamente identificado com o "proletariado" da concepção marxista da luta de classes. • A CNBB exerce diretamente sobre as autoridades constituídas, as classes dirigentes e a_opinião pública em ge ral uma pressão de cúpula, e ao mesmo tempo promove - principalmente por intermédio das CEBs - uma análoga pressão de base. ' • Essa pressão de base se exerce sob a forma de invasões de terrenos urbanos ou de propriedades a gricolas, depredação de trens suburbanos e de ônibus, abaixo-assinados demagógicos, reivindicações .descabidas, assembléias, greves políticas e outras manifestações tumultuosas de descontentamento e de contestação das atuais estruturas politícosociais e econômicas.

As CEBs, imensa mãquina de agitação Com relação às CEBs, o livro mostra não se tratar de algo esponCATOLICISMO -

Ma io de 1983

tâneo, nascido do entusiasmo das massas ou de uma ação direta do Espírito Santo (como apregoam seus mentores), mas sim de um movimento cuidadosamente planejado, articulado e orientado por 1ecnocratas da pastoral, com o emprego inclusive de métodos psicológicos, como as dinâmicas de grupo e outros. As CEBs formam uma imensa máquina de agitação, que conta com agentes bem treinados e dispositivos muito bem estruturados, como os Clubes de Mães, os Grupos de R ua, Grupos de Juvens, Grupos de Teatro, Grupos de Saúde, Movimentos de Favelas. movimentos contra os loteamentos clandestinos, de reivindicação de luz, água, ônibus, creches, postos de saúde etc. Sobretudo, o mais bem estruturado e articulado deles, o ultra-publicitado Movimento Contra a Carestia (antigo Movimento do Custo de Vída), que tem seu nome ligado ao quebraquebra de ônibus em Salvador, em agosto-setembro de 1981, o qua l deixou o saldo de um morto, inúmeros feridos e prejuízos de centenas de milhões de cruzeiros.

AIO é o mês dedicado a Maria Sant íssima. Entre as festas instituídas pela Igreja cm homenagem à Mãe de Deus nesse mês, figura a de Nossa Senhora Auxiliadora, que se comemora no dia 24. Em 7 de outubro de 1571, na famosa batalha de Lepanto, a armada católica iníligiu arrasadora derrota à esquadra muçulmana. Conta-se que, no momento da gran'cle vitória, São Pio V, tendo recebido uma revelação divina, teria interrompido uma reunião que mantinha em Roma com Cardeais, dizendo: "Deixemos os negócios; vamos dar graças a Deus pela vitória que acaba de conceder ao exército cristão", Para agradecer a Nossa Senhora pelo triunfo obtido, e tendo em vista conservar a memória do aconteci: mento, São Pio V inseriu a invocação "A uxilium Christianoru,n, O· r" pro nobis" na Ladainha Lauretana. Embora a invocação da Virgem Santíssima como "Auxilio dos Cristãos" seja muito antiga, a festa de Nossa Senhora Auxil iadora foi estabelecida pelo Papa Pio VII somente cm 1816. O mencio nado Pontíftce havia sido feito prisioneiro por Napoleão, devido à recusa do Papa em ceder às exigencias do tirano frances. Foi então aquele conduzido d e Roma para Savona. Durante os cinco anos que durou seu cativeiro, nessa cidade e depois na França, Pio Vil continuamente recorria a Nossa Senhora como "Auxílio dos Cristãos". Uma série de acontecimentos imprevistos, debilitando o poder de Napoleão, possibilitou o regresso do Papa à Cidade Eterna, que ocorreu cm 24 de maio de 1814. Pio Vil não hesitou em atribuir sua libertação à ajuda especial de Nossa Senhora. Cm ação de graças pelo evento, instituiu, no ano de 1816, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora.

última, a Religiosa, apenas scrviriâ o Senhor, enquanto a primeira. a meretriz, seria "o próprio Cris10"! Acrescentou que a atitude inominável de uma mulher de má vida que, no día de Natal, se entregava gratuitamente aos presos da cadeia, apresentava "uma cunotação nova e clara do ver~adeiro sentido do servíço d e D eus "/.... As "operações pega-fazendeiro", a agitação operário-sind ical, o c n_gajamcnto político, a_perscguição promovida pela autêntica KGB religiosa (que só permite o Batismo e outros Sacramentos a quem aceita a cartilha política das CEBs), e muitas outras tropelias denunciadas no livro da TFP - a par da disseminação do espírito de revolta por meio da consc.ientização - tudo isso apresentava bem a fisionomia, as doutrinas, os métodos e a atuação de um movimento que se receia estar a ponto de to mar conta do Brasil. A denúncia vinha apoiada em mais de 700 documentos, provenientes, em s ua maioria, dos próprios arraiais das Comunidades Eclesiais de Base.

Um silêncio que não se explica Uma "Igreja-Nova-quenasce-do-povo" socialista e revolucionãria

D iante dessa verdadeira bomba, que é o livro da TFP, qua l foi a reação do V Poder? E a do IV? O mais completo silêncio... A esquerda A partir dos relatórios das pró- católica "não viu" o livro ... Embora prias Comunidades de Base, apre- dele já se tenham escoado mais de 20 sentados nos quatro Encontros Namil exemplares e quatro edições, cm cionais, bem como de declarações de apenas seis meses. O que, para o corifeus do movimento, o li vro mosBrasil, constitui quase um recorde tra como as CEBs fazem as mais para livros de não-ficção, nem didáduras críticas à Santa Igreja - a ticos. Sobretudo para um livro que "Igreja trad icional" - à qual connão conta com o apoio generoso que trapõem uma Igreja Nova - a o grosso do IV Poder (lniprensa"Igreja-que-nasce-do-povo" - inteiRádio-TV) costuma conceder aos ramente igualitária e engajada no livros de esquerda. processo revolucionário que visa imSe é verdade tudo quanto afirma p lantar - pela política ou pela for- o livro da TFP - e as acusações a li ça (a via fra ncesa ou a via Sandinista contidas não podiam· ser mais granicaragiiense) - o socialismo no ves, pondo cm juíio não só um Brasil e em todo o Continente. movimento "eclesial", mas a própria cúpula dirigente do Episcopado brasileiro - então, o silêncio é incomAberrantes concepções morais no ambiente das CEBs preensível. A única atitude nesse caso seria um humilde e grandioso O livro revela ainda espantosas m ea culpa. Um contrito pedido de concepções morais que circu lam nos perdão a Deus e à opinião pública ambientes das Comunidades Ecle- católica. siais de Base, como conseqüência da Se, ao contrário, o que o livro da aceitação, pelos seus mentores, dos TFP afirma não é verdade, menos pressupostos mar~istas da Teologia comprccnsivcl ainda se torna o silênda Libertação. Ao lado de outros cio. Seria o caso de mobilizar todo o exemplos, transcreve aberrantes e IV Poder (sempre pronto, de resto. a esca ndalosas palavras de D. José acudir aos acenos d o V), de soprar Maria Pires (promotor do 3.• En- todas as tubas da publicidade e escontro Nacional das CEBs). Admi- magar sob o peso de provas dotiu o Arcebispo de João Pessoa que . cumentadas os caluniadores. Mas, uma. prostituta, numa casa de tolenote-se bem, de provas docu111e11rância, teria mais merecimento ·que tadas. Não bastam negativas enfátiuma freira no convento, pois esta cas e "argumentos" do tipo daquele

Votação de um documento em Assembléia da CNBB realitada em ltaici. Segundo O. Alberto Gaudêncío Ramos, Arcebispo de Belém do Porá. na pressa que geralment e caracteriz,a o final das Assembléias. "a tendência é para aprovar tudo o que apareça .. ,

•,, f r

O exemplo de São João Bosco São João Bosco, falecido em

1888, foi o grande apóstolo da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora. "Os 1e111pos que correm - afirmava e le - são de ((1lforma /ristes. que temos verdadeira nec,:ssidade de que a San/ íssima Virge111 nos ajude a conservar e defender a fé cristã, co-

1uo e,n

Lepa1110,

corno e,n

Viena,

com o em Savona e Roma" ("Biografia y Escri1os de San Juan Bosco", B.A .C. , p. 289). D. Bosco repetia com insistência que a invocação "Auxilium Christianorum" era uma nova bandeira colocada por Deus nas mãos dos católicos para alcançarem importantes êxitos contra os inimigos da Igreja. A biografia do grande Santo fornece-nos uma prova viva da vera-

apresentado pelo Cardeal Arns e seus Bispos Auxiliares de que faltava autoridade à TFP para lançar tais denúncias, pois os autores do livro nunca freqüentaram uma reunião de CEBs ... (como se a vasta documentação proveniente desses mesmos organismos, citada no livro, não fosse mais do que suficiente para fundamentar suas teses ...). t indispensável provar: a) que os fatos a li narrados não se deram, ou se deram de modo diferente; b) do mesmo modo, que as doutrinas denunciadas no livro não circulam nos ambientes d·as CEBs; ou, se circulam, que elas não discrepam do ensinamento tradicional da Santa Igreja; e) por fim, que a documentação apresentada no livro não é autêntica, ou . não corresponde ao que se pensa, se diz e se faz nas CEBs. O que não se pode é ignorar o livro, guardar o silencio.

Velha tãtica jã denunciada por São Pio X Mas, a tática do silêncio, a ver. gonhosa tática do silêncio utilizada pelos progressistas vem já do tempo

Imagem de Nossa Senhora Auxiliadora

cidade de suas palavras. Por mais escassos que lhe fossem os meios, nunca faltou a São João Bosco nada que necessitasse para dar maior glória a Deus e salvar a lmas. E isso devido à sua devoção a Nossa Senhora Auxiliadora.

Grandes e pequenas graças Ao referir-se ao auxílio de Nossa Senhora, São João Bosco tinha em vista principalmente as graças espargidas por Ela nas grandes lutas que se travaram em defesa da fé, em prol da causa católica. Como vimos, ele lçmbrou a vitória de Lepanto, o grande cerco de Viena efetuado pelos turcos, o cativeiro de Pio VII em Savona e as dificuldades ocorridas no relacionamento entre este Pontífice e Napoleão. Mas tal alusão não é exclusiva. Nossa Senhora, enquanto a uxiliadora, gloria-se de conceder aos católicos toda esl)écic de auxílio. Tanto para as necessidades espirituais como materiais, grandes ou pequenas. Basta q uc Lhe peçamos. E, às vezes, nem isso é preciso. Mãe de todos os homens, especialmente dos cristãos, Ma ria Santíssima cuida de nós, dando-nos graças até mesmo quando não as pedimos. Que dizer então das graças que, com confiança, Lhe imploramos? Em uma de suas mais belas orações, o .. Memorare'', São Bernardo confirma essa solicitude maternal. Dirigindo-se a Nossa Senhora, o. Doutor da Igreja exclama: "Nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenha recorrido à Vo.rsa pro1eção, ünplorado Vossa assistência, reclamado Vosso socorro, fosse por Vós desamparado". Peçamos pois à Virgem Santíssima tudo quanto precisamos. E seu poderoso auxílio não nos faltará.

de seus an1epassados, os modernistas. Já a denunciara o imortal pontífice São Pio X, na Encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 1907: "Não é para admirar que os católicos, denodados defensores da Igreja, sejam alvo do ódio mais despudorado dos modernistas. Não há injúria que lhes não atirem e,n rosio; mas de preferência os cha,nam ignorantes e obstinados. Se a erudição e o acerto de quem os refuta os atemoriza, procuram descartá-lo, recorrendo ao silêncio" (Doe. cit., n.• 42, Ed. Vozes, Petrópolis, 3.• ed., 1959, p. 49). Compreende-se pois que As CEBs... das quais muito se fala, pouco se conhece - A TFP as descreve com o são seja mais um livro que a esquerda católica "não víu". E se compreende também que os dirigentes do movimento das Comunidades Eclesiais de Base CEBs tenham resolvido pô-lo um pouco na sombra, disfarçando sua atividade, com a colaboração, naturalmente, do IV Poder, sempre solícito - não é demais repetir - cm atender aos acenos do V.

João de Castro 3


Manifestações e

\

INÍCIO DE UMA SÉRIE PARA Cronologia dos três dias de

Es-te orelhão telefOnico estava na Prnça da Sé, sendo distruido durante os tumultos do di& 5 de obril. Os quebradores que o inutilizaram não deveriam estar famintos ...

OUVE QUEM dissesse que "a leitura do jornal é a oração da manhã do homem moderno" (maliciosa frase, atribuída a Hegel). Avidez de informações. Desejo de novidades. Busca de sensações ... Satisfazer estas apetências, com efeito, tornou-se para multidões um imperativo quase diário. Máxime, em efervescências sociais, em crises que lhes afetam de perto. Rádios, jornais e TVs galvanizam as atenções. A antiga instituição do "Jornal do Poste" persiste em continuar vivendo. Só que é a própria banca, com seus jornais dependurados para as "leituras de graça". E a freqüência é nutrida! Os jornais são atualmente pregões de pesadelos: crimes, conflitos, agitações, revoluções e guerras. Contudo, continuam a manter seus afeiçoados. Fazem chispar as notícias nos títulos, colunas. e. fotos, que depois se propagam de boca em boca. Fatos como os distúrbios de 4, 5 e 6 de abril p.p. são o supra-sumo para esses veículós da palavra. Comentam e documentam bombasticamente. Manchetes coruscantes. Fotos em surpreendentes "closes". Tudo calibrado para causar impacto no leitor.

H

Manuseio da sensibilidade e da Imaginação No entanto, um estranho fenômeno env-olveu e abafou o conhecimento e a lembrança desses fatos. Nem bem cessadas as violências, começaram elas, nos dias posteriores, a parecer coisas do passado. Envelhecidas ... Os jornais foram se emudecendo ... ! A avidez com que se acompanhou as depredações e saques foi cedendo lugar à sonolência mental, à névoa do esquecimento. Não se sabe por que sorti légio, por que misterioso processo psicológico, a recordação dos violentos e dramáticos dias de baderna foi se apagando. Invadiu as mentes uma ilusão de que "tudo está tão remoto ..." Como se aos "olhos" da mente se aplicasse um binóculo invertido, que distanciasse os acontecimentos. Os quebra-quebras assumiram aparências baças de um sonho de mau gosto! Estamos hoje na era das técnicas refinadas, sutis e eficazes da psicologia e até da parapsicologia... Os estudiosos da Guerra Psicológiêa Revolucionária bem sabem como há artifícios para mudar o estado de espírito .das multidões. · Que manuseio da sensibilidade e da imaginação do público terá sido exercido para conseguir amortecê-las, silenciá-las? As reações lógicas, perante os prolongados e sérios distúrbios, implodiram. Os reflexos ilógicos pleitearam cidadania, passo a passo: susto, descontração, desprevenção e, por fim, esperançoso otimismo. A Guerra Psicológica Revolucionária atuou ~e molde a espalhar ma-

Praça da República Pa1co fb mos

r,•,•,•.'Jsaques ou

4

quiavélica impressão: os distúrbios terminaram, e pertencem à poeira do passado! Verdade ou engodo astucioso?

Para dissipar a "cortina de fumaça" Escrevo este artigo no dia 17 de abril. Até vir a público, terão ocorrido novas agitações? O fenômeno psicológico, aqui descrito, se repetirá com outra "calmaria" e esquecimento dos novos distúrbios? Veremos. Por hora, fai-se necessário remexer os acontecimentos "tão remotos ..." de abril. Parecerá a alguns leitores obra de arq ueologia em pilhas estratificadas de jornais... (Palpável e triste sintoma da ação profunda do referido fenômeno psicológico). No entanto, recordar a realidade inédita da paralisação psicológica da imensa cidade de São Paulo; do domínio efetivo do Centro, de diversos 8a1rros, horas a fio, por agitadores; constatar que a capital paulista viveu três dias debruçada sobre si mesma, aturdida e espantada pela audácia dos tumultos; relembrar tudo isto só poderá contribuir para desfazer a "cortina de fumaça" que encobriu fatos patentes. E ser benéfica advertência a quantos dêem de ombros às previstas novas manifestações no Brasil. A perda da memória de tais fatos sugere, por fim, duas perguntas: a quem aproveita? E para que efeitos? Deixamos ao leitor a elocubração das respostas e passamos ao retrospecto cronológico dos três dias de depredações e saques na capital paulista.

Previsão ou ameaça? "O próximo passo é o saqueamento dos supermercados, pois o homen, com fome é uma fera". Com esta frase o deputado federal Aurélio Peres (PMDB-SP) comentou, em setembro de 1981 , a invasão ilegal da fazenda Itupu, na Zona Sul da cidade de São Paulo. Aurélio Peres, ex-seminarista, formador de inúmeras Comunidades Eclesiais de Base na Zona Sul da capital paulista, foi eleito deputado por estas. Havia sido líder sindical e mantém vínculos notórios com o PC do B. Nas manifestações de abril último, o deputado apareceu como um dos organizadores da Concentração no Largo 13 de Maio. E teve papel de destaque em seus desdobramentos. José Lima Soares, membro da Oposição Sindical dos metalúrgicos, foi outro organizador. Segundo ele, a manifestação seria a primeira de uma série a ser desencadeada em todo o País. A Oposição Sindical, que deu forte apoio à manifestação, é formada por sindicalistas opositores à política oficial dos Sindicatos, tida como moderada. Esta facção contestadora quer a "luta de classes" e a

Depredadores destroem barracas da feira de artesanato no dia 5 de abril. na Praça Clovis Bevil&cque

4 de Abril (segunda-feira] - A explosão da violência " Ninguém agüenta mais nem patrão nem general" 8:00h O "Movimento da Luta Contra o Desemprego e a Carestia" articu la a Concentração (ilegal). 150 pessoas estão reunidas nas escada rias da igreja matriz, de Santo Amaro. Pronunciamentos contra a crise, pelos altofalantes de perua kombi. 8:30h Cresce o número de pessoas. Assalto a caminhão da COBAL (l.800 sacos de laranja pilhados). Início de tumulto: quebra de luminárias e vidros de lojas com laranjas e pedras. 8:SOh 2.500 pessoas reunidas. Líderes procuram formar duas passeatas (para a Assembléia Legislativa, e para a Administração Regional de Santo Amaro). O prédio antigo da Administração sofre depredação. Outro grupo de manifestantes começa o quebra-quebra no Centro de Saúde do Bairro; depois depreda veículos, bares e padaria, e ataca revendedora de automóveis aos gritos de uNinguén1 agüenta ,nais ne,n patrão ne,n

general"'. 09:00h Supermercado Barateiro, no Largo 13 de Maio, é quebrado e saqueado durante uma hora. Seis viaturas da PM chegam tarde ... / Soldados sitiados por multidão enfurecida, com paus ·c pedras. / Loja Besni é saqueada (funcionários buscam refúgio). / A violência se espalha pelo Bairro. 12:30h Chega o Oep. Aurélio Peres (encarregado por Montoro para servir de mediador). Tenta dialogar com os mais exaltados para levá-los a seu escritório político e debater a situação. Polícia liberta os detidos a pedido de A. Peres. O centro do bairro vira "praça de guerra"

13:00h A agitação prossegue ... Chega tropa de choque e cavalaria. / Ocupantes de dois carros incitam passeata pelas redondezas. Um dos carros tenta furar o bloqueio policial, sem êxito. / A passeata sai por outro lado da praça, com depredações de residências, telefones públicos e vidraças de lojas. / Organizadores da Concentração mobilizam 300 manifestantes e saem com eles para a Assembléia Legislativa. 14:00h 500 pessoas cercam caminhão da CopaGaz (22 butijões de gás roubados). / Furgão da Cia. União de Refinadores barrado por piquete (235 kilos de café em pó roubados). 14:30h Manifestantes, jâ na Assembléia Legislativa, expõem seus problemas. Na volta a Santo Amaro ocupam e forçam 4 ônibus da CMTC a levâlos. 15:00h Saques no Supermercado MiniBox, das lojas e padarias das ruas Cap. Tiago Luz, Herculano Reis e Estrada de Itapecerica. 17:00h 100 manifestantes dirigem-se ao 11.0 Distrito Policial para libertar 70 detidos mas desistem em meio do caminho. / Ameaça de invasão do Shopping Center Sul. Polícia cerca o local e os manifestantes voltam-se contra ônibus e lojas (quebras). 17:30h Lojas CenterSul e Balaio do Povo R. Manoel Borba) saqueadas.

18:lOh 400 manifestantes tentam invadir o 11.0 Distrito Policial. Intervém tropa de choque e fracassa a manobra. 18:20h Jardim São Luis: mil manifestantes quebram e pilham totalmente o Supermercado NovoBox. Polícia não chega a tempo. / Jardim Vaz de Lima: invasão do Bazar Kassim (portas são arrombadas). Saqueadores dispersos pela polícia. 19:IOh Hipermercado Gonçalves Sé teve as vidraças destruídas. Polícia impede saque, com tiros para o ar. e prendendo ... 20:00h Destruição de açougues, lojas e padarias nos "Jardins" (Bairros mais distantes do Largo 13 de Maio). 21:30h Cessa violência. Grupos rondam por ruas do Bairro (mesmo pela madrugada).

5 de abril (terça-feira) - Palãcio do Governo atacado - 200 lojas depredadas no Centro da cidade 7:SOh Nova aglomeração nas escadarias da igreja . Comparecem deputados (PM DB, PT); di rigentes sindicais; líderes do PRÓ-CUT (Pró-Central Única dos Trabalhadores); líderes estudantis (UNE, UEE, UPES). / Discursos propondo greve gera l dos trabalhadores no Brasil; ataques à repressão e ditadura ... 500 pessoas assistem as arengas. / Polícia monta forte esquema para evitar saques. As Unidades do II Exército entram em prontidão. 9:00h Um velho, portando cartaz com anúncio de emprej\OS. é cercado por manifestantes. A fuga do plaqueiro dá início ao tumulto. / Tentativa de saque a farmácia e lojas. Polícia impede. Vaias. Discussão entre deputados e policiais. 9:IOh Perua Kombi encabeça passeata rumo ao Palácio do Governo. / Tentat ivas de tombar carro forte e arrombar Casa Ramos. 9:30b Integrantes da Passeata arrebentam portas e vidraças do supermercado Peg-Pag: invadido e saqueado. / Banca de revistas (cm frente ao PegPag) é destruída. / No percurso, rumo ao Palácio, manifestantes chutam automóveis e portas de lojas. Três mil participam já da passeata; gritos e ameaças levam pânico aos moradores. ll:20h Passeata chega ao Palácio. Portão dos Visitantes é forçado aos gritos de "Abre, abre!". / Deputados do PMDB e PT que acompanhavam os lideres da manifestação entram no Palácio (entre eles está A. Peres). / Gritando "A casa é nossa" manifestantes apedrejam os policiais. Manifestantes invadem o jardim do Palácio

12:20h A multidão se desloca para a frente do Palácio. Manifestantes sacodem as grades frontais e derrubam 100 metros. / Choque entre polfcia e grupos que invadem o jardim. José Genoino (PT-SP), ex-guerrilheiro ligado ao PC do B, e o Dep. Paulo Fratcschi (PT) colocam-se à frente dos invasores para conter a polícia. / Obrigados a recuar, parte dos manifestantes retorna ao Largo 13 de Maio quebrando semáforos, vidros de mansões e tentando saques. /

CATOLICISMO -

Ma io de 1983


m São Paulo ~

Há cinqüenta anos, êxito eleitoral da LEC

PARALISAR O ·BRASIL? depredações .e saques 12:SOh

13:20h

13:30h

14:00h

ex ti nção do próprio sistema capitalista, apontado como causa dos males dos operários e pobres (•)

Pouco mais de mil manifestantes voltam ao portão dos visitantes. Quando já reduzidos a menos de 500, o Governador recebe uma Comissão de manifestantes, integrada também por deputados. O Secretário do Trabalho informa os manifestantes, na rua, que providenciou ônibus para levá-los ao Largo de Santo Amaro. Em Santo Amaro, grupos saqueiam e depredam o Supermercado Pão de Açúcar. Verificam-se saques nos Jardins São Luís, Santo Antonio, Figueira Grande, Ângela, Piraporinha, Chácara Santana e lbirapucra.

Para 'ir, sem rodeios, ao cerne do assunto, foi comprovada a presença comunista e esquerdista nas manifestações. Assim o declararam autoridades de âmbito federal e estadual. O Serviço Naci'o na l de Informações identificou 30 integrantes do PC do B ("Folha da Tarde", 8-4-83). Aliás, o próprio secretário geral do PC do 8 admitiu a participação de sua agremiação, embora negue os quebras no Cent ro ("Jornal do Bras il", 8-4-83). O secretário da Segurança, Manoel Pedro Pimentel, revelou que a movímcntaçã9 não foi espontânea e houve infi ltração. Citou a Convergência Socia lista ("O Estado de S. Paulo", 9-4-83). Além do PC do 8 e da Convergência Socialista, grupos trotskistas (da a la rad ical do PT) e membros do movimento Alicerce da Juventude Socialista foram apontados pelo Superintendente da Policia Federal, Romeu Tuma, como envolvidos nas ações de rua ("Jornal do Brasil", 8-4-83). A pretensa participação de direitistas, para insuflar os distúrbios, não foi comprovada. E quanto aos aproveitadores, bandidos comuns e desocupados, são meros caudatários, nunca articuladores de agitações deste porte.

15:00h T umultos no Parque D. Pedro li , próximo ao Centro antigo. / Joalheria arrombada (Ladeira d'en. Carneiro). Jóias e relógios são roubados. / Um carro forte, de transportar valores, é tombado. 16:00h Generalização de saq ues e depredações: manifestantes arrebentam portas de aço de lojas de calçados, magazines e joalherias. A polícia se aproxima, interrompem-se os s.a ques. Após passagem desta , prosseguem as depredações. Mercadorias são atiradas às ruas. / São quebradas as vidraças de quase todas as lojas da R. São Bento e R. Direita. 17:00h Uma Rádio Patrulha é virada de de cabeça para baixo. 17:00h Na praça d a Sé, destruição de todas as ba ncas de ambulantes e de loteria; um grande posto da. Fotóptica é assaltado c incendiado. Lojas MicMac, Ellus, Riachuclo e Alegria: quebradas a golpes de ferro e pedradas. / Forte efetivo policial fecha vias de acesso para a Praça da Sé e controla as violências. 21:00h Início de depredações e saques cm ruas afastadas d o cinturão policial.

Desconcerto e apreensão face à atitude do Episcopado '

Declarações de expressivos representantes d o E piscopado causaram desconcerto e apreensão. "Es/(l111os decididan1ente ao lado dos trabalhadores e achamos que o quebra-quebra t! co111preensível. nun1 momen10 de gra11de tensão. onde gra11de pane da pop11laç_ão es1á vivendo sob pressão: não se estranha que uma pa11ela de pressão estoure. Aliás, a Igreja e D. Paulo, na Páscoa, já adver1iam para isso" - disse D. Angélico Bernardino, Bispo da pastoral da Arquidiocese paulista e conhecido impulsionad or de movimentos populares ("Jornal da Tarde", 7-4-83). Com efeito, o Cardeal de São Paulo, D. Pau lo Evaristo Aros. declarou à "Folha de S. Paulo", um dia antes dos d istúrbios: "Nós se,npre 1e1nen1os estas convulsões sociais_, que já estão se a111111cia11do, de certa forma". D. Clemente ls nard, vice-presidente da CN 88, considerou que o povo estava perdendo a paciência. Por sua vez, a CNBB - na ocasião, reunida cm ltaici-SP - aprovou moçãÓ condenando o desemprego. Os Bispos afirmaram também que não podiam deixar de ouvir o grito de desespero do povo ...

6 de abril (quarta-feira) - "Central de Boatos" amedronta a cidade Ocupação ostensiva do Largo 13 de Maio, cm Santo Ama ro, pela polícia. Dispersão de qua lquer aglomeração. / 90% do comércio permanece fechado no Centro da cidade. 13:00h A agitação no Centro estende-se por às 5 horas. P romovidas por 500 pes18:00h soas (maioria menores), correrias e gritos geram confusão. Ainda, quebras de vitrincs e anúncios. Formação e dispersão de grupos com bombas de gás lacrimogêneo. Novo tipo de terror: Nos bairros, boatos são gritados de dentro de pequenos carros, em correria. No Centro da cidade, pedestres surgem correndo e gritand o para os proprietá rios que haveria o reinício de saq ues. O pânico criado produz o fechamento de lojas cm ruas inteiras. Telefonemas a lojas, colégios e jornais avisam ataques próximos. Centenas de telefonemas à polícia acusam colocação de bombas, acontecimentos imaginários e "execuções" de a utoridades. Tática alarmista para aba lar psicologicamente a cidade. Balanço final dos distúrbios: 200 a 250 lojas, entre saqueadas e depredadas; 10 supermercados atingidos por danos ou saques; prejuízos estimados cm mais de 2 bilhões e meio de cruzeiros.

Uma observação curiosa. Os agitadores quebraram e saquearam, dando a impressão de falência do sistema capitalista; alguns líderes políticos e membros do Episcopado interpretaram a "impressão" e a justificaram: é preciso mudar o regime sócio-econômico do Brasil. Interpretação idêntica dos acontecimentos o riunda de dois setores diversos da sociedade. Mera coincidência?

Bernardes Tarragona ( • ) ·· A s CEBs'. .. d.is quais muito se fofo, pouco se

A 1·1~P as dc,scrcve como são". Proí. Plinio Corl'!~1 de Olivcir:1, Gustavo A,uonio Solimco. Lui1.

Scrg10 Solimeo. Editora Vera Cnn, São Paulo. 4.•

edição. 1983. p. 220.

Haviam desaparecido os dispositivos de a~itacão ..

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remanescentes dà República Velha, ao lado de agremiações políticas e sociais surgidas a pós a Revolução destacou a Liga Eleitoral Católica. Até então, o Brasil era rc$ido pela Constituição de 189 1, imbuída de um espírito la ico, positivista e anticlerical. Accntuàva~sc, porém. cada vez. mais o divórcio entre aquilo que poderíamos chamar o pais aparente. e o país real. Oficialmente, o Brasil era uma república laica. vivendo;, margem da quescão religio· sa. Na realidade, porém, os católicos eram esmagadora maioria, sem nenhuma expressão na vida pública , constituindo uma enorme força latente que os meios oficiais pareciam ignorar. e que nem sequer tomava. ela própria. consciência de si mesma. A partir dos últimos anos da década de 20. conl a expans.ilo do movimento católico. com o afervora· mento das associações religiosas de leigos. e muito · 1 d C · · cspcc1a mente as ongregaçocs Mana.nas. m..sc tor· nando insustenlêlvel a ficção do Estado totalmente indiferente cm matéria religiosa. .

;_~ ' •

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O jovem deputado e - d or mio orrea 8 iveira

pi· .

Foi a atuação da Liga Eleitoral Católica, insti1uida cm fins de 1932., que permitiu alterar

profundamente esse esrndo de cois~,s. fa zendo prevalecer os di reitos da gra nde maioria silenciosa. A Liga apresen1ava aos vários Partidos um program;, católico mínimo. cujos tópicos cada candidato dev<:ria se comprometer por escrito a respeitar caso fosse eleito. Excepcionalmente c-0nformc as c ircun::.tâncias peculiares de cada Estad o. a LEC podia. sem prejuízo de seu caráter' extra-partid<lrio. aprescniar ela mesma c..1.ndida to.s próprios. O sucesso que obteve foi marcante. Com seu a poio se elegeram, cm todo o Brasil. dez.enas de deputados. Talvez cm nenhum luga r seu s ucesso foi tão significativo como cm Sfi'o Paulo. onde fo i eleito. com 24.017 votos. o jovem lidcr católico Plinio Corrê.a de Oliveira . que já desempenhara papel de grande importância nas c,o nversaçõcs para a fundação da L,EC. Para se fo rmar uma idéia do que significou essa votação, espanwsa para a época. e suficiente para eleger dois deputados pe lo quociente e leitoral vigente cm São Paulo, basta lembrar que em tod o o Estado votaram 255.706 eleitores. f>linio Corrêa de Oliveira obteve assim. sozinho. qliase 10% dos votos d isputados a vida mente por mais de 100 candidatos. O 21) colocado. jurista e escritor de renome. obteve apenas a metade dos votos de Plinio Corrêa de Oliveira. que fo i clcilo quase exclusivi,me,He com os votos cató licos, enquanto os demais candidatos. três dos q uais làmbém aprovados pe la LEC. se beneficiavam ademais dos eleitorados dos respectivos Partidos. • Na Constituinte de 1933.34 foram vitoriosas iodas as reivindicações constantes do programa minimo da LEC - a indis,solubilidade do vínculo ma1rimonial, o ensino da Religião nas escolas públicas. a assistência religiosa nos quartéis e p risões - como também quase todos os pontos de seu programa máximo. Várias dessas conquistas. impens,íveís antes da LEC. atravessaram as décadas. e foram sendo incorporadas i,s carrns constitucionais posterio rmente promulgadas. Mas sem dúvida, um dos mais importantes efeitos da L.EC. a longo prazo. íoi c ria r na maioria conservadora do Brasil urna conscieneia de sua pró1>ria força. consciência essa que a té hoje constitui o maior obstáculo para a comunistização do Brasil. Isso explica. talvez.. a antipatia dos p rogressistas em relação à Liga, cuja a tuação é por vcze.~ duramente criticada. Para comemorar o 500 aniversário dessa bela vitória, "Catolicismo" oícrecc a seus leitores um artigo publicado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no .. Lcgioniirio", órgão católico da Arquidiocese de São Paulo, de IS- 1-1933. conclamando ard orosamente os católicos a apoiarem com todas as suas forç..ls a l..iga Eleitoral Católica. Notc~se que cm janeiro de 1933 o Autor a inda não era candidato. e nem tinha intenção de o ser. Além de sua pouca idade - contava então 24 anos - uma circunstáncia o incompatibili1..ava com a candidatura. Ele era Secretário da Junta

Estadual da Lisa. e, nessa cond iç,io. estava imll"dido, pelos estatutos da cn1idade. de se candidata r. Foi só meses depois que. por vontade expressa do Arcebispo D. Duanc Leopoldo e Silva, e a nuência da Junta Naciona l da LEC. o jovem líder católico aceitou q ue seu nome fosse ineluido na Chapa Úníea por São Paulo Unido. como representante do elci1orado que apoiava a Liga. O completo desinteresse pessoal do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira quanto à candidaiura à Assembléia Constituinte, comprovada pelo cmll"nho do Arcebispo Metropolitano para que ele concorresse âs e leições. torna mais admiráveis o ardor combativo, a coerência de atitudes e a L'uguc1..a de vistas do Autor do artigo abaixo reprod uzido. qualidades já bem conhecidas de nossos leitores. Es1amos certos de que apreciarão eles, devidamente, esta página memorável do passado que hoje transcrevemos. ·

liga Eleitoral Católica

Apostos! Plinio Corrêa de Oliveira

A

CABA OE SU RGIR cm Siio Paulo a Liga Elcilorat Calôlica . Bafejada pela simpatia e

aprovação das autoridàdts cdcsiásticas, .e dc-scnvolvcndo uma atividade rigor osament e conforme à.s diretrizes da Santa Sé, constitui ela a expr~-são mais eloqüente do desejo dos católicos, de que o Brasil não seja m:1:is um país cm que se adore Deus apenas no segred o intimo dos corações ou no recesso d os lares, mas cm todos os campos da atívidade humana. Os acontecimentos que se desenrolara m e que todos nós conhecemos, colocaram o Cato licismo cm tal siluação, que, do futuro pleito eleitoral, npc,,as um resultado não podemos esperar: a manutenção do a tual e.~tado de coisas. Ou o Cato licismo conseguirá vencer nas urnas, e fazer progredir resolutamente o pais no raminho de sua resrauração religiosa, ou o socíalismo extrema do se apoderará do llrasil, para íaze.r dele a vífüna dos numerosos Callcs e Lenines que pululam nos bastidores d e nossa política, sequiosos de •·mexic.anizar.. e "sovícHur" a terra de S anta Cruz. Ou o espiritualism o se afirma nas eleições. na sua expressão mais elevada e mais genuína. que é o Catolicismo, ou vencerá o materialismo. IWl s ua forma mais vio lenta e mais nefasta. que é o comunismo.

Ou, de que deJ>ende o resultado do pleito de maio? De1,ende dos votos do ekitorado brasileiro. O eleitorado brasileifo, portanto - e tanto vale dizer os c-atólkos brasileiros - tem em suas

conhece -

Loja de calçados saqueada durante os tumultos do dia 4 de abril. na Rua de S. Bento. No dia seguinte, seus produtos estavam expoS'tos sem a prot&Ção de vidro diante dos transeuntes que pas.savam tranqüilamente.

1

anos. rcali1.avam~sc cm lodo o País as e leições para a Constituinte Federal. Concorreram antigos Partidos

de 19)0. Entre estas. como grande revelaç,1o, se

Agitadores tarimbados ou aproveitadores?

Pânico e atos de vandalismo, no Centro

EM 3 DE MAIO DE 1933, hà precisamente 50

mãos os destinos espirituais do Brasil, e talve1. os do mundo. Dormir enquanto uma tal batalha ·se preparaJ viver sua vida de todos os dia~, indiferen1e a tudo quanto não seja a banalidade das ocupações de sen,pre, con.5'.truir egoísticamcntc s ua felicidade individual enquanto se tsboroa a fclil:1dade do Brasil e corre risco a prosperidade da Igreja, eis aí at itudts próprias certamente de um Pilatos, nunca porém de um cató líco brasileiro. e de um Congregado Mari-.1.no. No momento presente, :... ninguém é licito repousar com a consciência tranqiiila. c.n quanto não tiver empregado toda~ as suas horas vagas, todos os seus momentos de lazer, todos os seus recursos intelect uais e morais a serviço da LEC. E este strviço não é somente. próprio aos eleitore.~. Podem prestá-lo todos os católicos realmente ciosos da maior glória de Ocus. Uma discussão em favor da LEC no escritório onde se trabalha, ou no cJube em que se fa z esporte; uma pale.~tra a respeito do programa da L EC com um companheiro que encontramos na rua. ou um parente que nos visita em casa, uma oração feita cm rápida ,•isita ao SSmo. Sacramento pelo triunfo da L EC. quem não o poderá fazer? Ora é d estas de.d icaçiics perseverantes e ardorOSll-S, deste proselitismo combativo e prudente, que a l.EC precisa para seu triunfo, pois que é princ.ipalmentc dele que depende o sucesso do 1>lcito.

""'ª

Vemos, pois, que todos podem Jrabalhar pela LEC e que, portanto, todos DEVEM trabalhar LEC. Renitam todos os c.a tólicos sobre a grande respom;abilidade q ue atualmente pesa sobre seus

ombros. D ecidam-se a sair a campo pelos idesís da Igreja. Porque, se algum dia se ensopar o solo brasileiro com o sangue dasperseguições religiosas, ou se encher de luto a Igreja, pela crescente descristia nilação do Brasil. é sobre os inertes, sobre os indiíerente.s, sobre os Pilatos, que cairi:í toda

a culpa deste sangue, e pesará todo o horror deste luto. Como m1 narrativa evangélka, aproximam-se. os asseclas do farisaísmo semítico, para crucificar novamente a J esus. Entregá·Lo·emos como Judas? Dormiremos. como os Apóstolos?

Ncgá-Lo-emos, como Siio Pedro?

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EM CURITIBA, 1.500 OPERÁRIOS REPUDIAM O COMUNISMO CURITIBA - A TFP, através de seu setor operário desta Capital, comprovou uma realidade pouco noticiada pelos meios de comunicação social. Isto é, o melhor do conservantismo no Brasil encontra-se especialmente na classe média e na classe laboral. Sob orientação do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, jovens cooperadores operários da entidade visitaram, com êxito notável, 63 empresas industriais e comerciais de pequeno, médio e grande porte, solicitando aos trabalhadores que subscrevessem o compromisso de rezar uma novena com a qual repudiam o comunismo. A iniciativa, que teve inicio no segundo semestre do ano passado, aproveitando as horas de folga de cooperadores operários da TFP em Curitiba, obteve a adesão de 1.502 trabalhadores, de ambos os sexos, que subscreveram o seguinte texto: "Disponho-me a rezar. d11ran1e nove dias, 1rês Ave-Marias. etn desagravo ao Imaculado Coração de Maria, pedindo a Nossa Senhora para preservar o meio operário da influência cornunista". Esse trabalho junto à classe laboral nasceu do interesse despertado

pelos ideais anticomunistas e antisocialistas cm contatos ocasionais de sócios e cooperadores da TFP com elementos da classe operária. Sem se impressionar com determinada propaganda segundo a qual é intensa a fermentaç.ã o revolucionária nas camadas mais simples da população, a Sociedade constatou uma realidade notoriamente diversa. O espírlto religioso permanece vivo e atuante nesses meios, inspirando, em conseqüência, a idéia de que, na harmonia social e não na luta de classes, consiste a fidelidade aos ensinamentos da Igreja. Desta forma, fica demonstrado que pregações em prol da luta de classes, como as desenvolvidas pelas Comunidades Eclesiais de Base CEBs, constituem focos artificiais de fermentação subversiva. O Brasil autêntico não quer agitação, não quer subversão. O Brasi autêntico deseja permanecer fiel às tradições cristãs.

As visitas As visitas desenrolaram-se a partir de um contato inicialmente efetuado com a diretoria ou a gerência Operário curitibano subscreve o abaixo~ assinado da TFP. que

foi apoiado por 1 .500 trabalhadores da capital paranaense.

da empresa, no qual era exposta a finalidade do trabalho e solicitada a permissão para uma comissão de até seis cooperadores operários da TFP percorrerem o estabelecimento. Com a licença, iniciavam-se os contatos com os empregados. A presença dos cooperadores da TFP era acolhida com cordialidade e simpatia. As assinaturas sucediam•sc tão logo era explicado o motivo da visita. Não faltaram apoios entusiásticos: numa empresa metalúrgica os que assinaram chamavam os colegas para fazer o mes·mo. Em poucos minutos, foram coletadas 39 assinaturas. Os que não eram católicos, apesar de muitos deles não assinarem, frequentemente far,iam questão de frisar que apoiavam a iniciativa pelo seu caráter anticomunista. Muito próprias ao espírito brasileiro, as ''prosinhas" interessavam vivamente. Explicações rápidas sobre o comunismo, sua infiltração nos meios operários. a atividade do clero esq uerdista e a atuação da TFP, tudo causava vivo interesse nos operários. Algumas vezes a gerência manifestava o receio de que a coleta de assinaturas fosse motivo para perturbar a normalidade do trabalho. Infelizmente, sob essa alegação, alguns responsáveis não deram autorização para que os contatos fossem feitos dentro do estabelecimento. Receio completamente infundado, como comprovaram os fatos cm todas as empresas que franquearam suas portas. Muitos operários agradeciam a visita e o trabalho de esclarecimento anticomunista da TFP. Alguns trabalhadores de uma firma ex portadora de madeiras, além de ajudarem na coleta de assinaturas, manifestaram o desejo de visitar a sede da TFP em Curitiba, com suas esposas e filhos. Realmente, passados alguns dias, famílias de operários visitaram a sede curitibana da entidade, onde assistiram a filmes e projeções de "slides". A ocasião serviu também para longas e animadas conversas · sobre formação dos filhos, luta contra a desagregação moral e familiar etc.

Receptividade A estampa de Nossa Senhora de Fátima, ofertada aos signatários, era recebida com devoção e expressões de contentamento.

Doença misteriosa apavora norte-americanos EM 1981 , apareceu nos Estados Unidos a chamada "praga dos homossexuais". Espécie de câncer, já atacou 1.300 habitantes desse pais, mais da metade dos quais em 1982. Apenas 14 por cento dos atingidos sobreviveram ao terceiro ano da doença. Após atacar os homossexuais, ela começou a aparecer entre viciados em drogas. Agora já existem casos entre pessoas de vida normal. Não há cura à vista, embora os cientistas estejam pesquisando com afinco, e teme-se uma epidemia. Os casos estão aumentando e sobre a moléstia não se sabe nada. Ela é conhecida como AIDS, sigla de "Acquired lmmune Deficiency Syndrome" (Sintomas da Deficiência Imunológica Adquirida ). O tema constituiu matéria de capa da revista "Ncwsweek" (tiragem aproximadamente de 2.500.000) com o titulo " Epidemia. A misteriosa e mortal doença denominada AIDS pode ser a ameaça à saúde pública do século. Conro co,neçou? Pode ser barrada?" ("Newsweek", 18-4-83).

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Trabalhadores de uma empresa em Curitiba dão seu apoio ao abaixo-assinado promovido pelo setor oper6rio do N úcleo pnranaense da TFP.

Numa empresa pequena, onde todos os 12 operários assinaram, ouviu-se o comentário de que era oportuna a campanha, sendo necessário recorrer a Nossa Senhora em liusca de ajuda para a classe operária. Além das manifestações de devoção a Nossa Senhora, o repúdio ao comunismo estava presente cm todos os ambientes. "Nós assinamos!", disse um operário numa firma de construção cm que todos os seus companheiros assinaram e mostraram empenho em ficar com cópias de artigos anticomunistas do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que foram distribuídos na ocasião. A compacta maioria dos operários abordados, ouvindo a explanação de que a iniciativa era contra o comunismo, as-

sinava sem nenhuma hesitação. Numa firma coletora de lixo, todos os operários que estavam trabalhando

assinaram logo ·após a explicação.. Numa construtora de estradas, os 15 trabalhadores presentes, depois de lavarem as mãos em sinal de respeito, assinaram com muita satisfação. Fatos como esses repetiramse cm várias empresas. Numa firma de cosméticos a receptividade foi tão boa que os cooperadores da TFP foram convidados a voltarem outras vezes. Os operários desejavam receber novos esclarecimentos. A iniciativa de Curitiba veio enriquecer a ampla atividade que os núcleos operários da TFP já desenvolvem, notadamentc cm São Paulo, R,io de Janeiro, Belo Horizonte e Campos (RJ). Além da formação doutrinária, a sociedade propicia a jovens operários o aprendizado de ofícios e trabalhos artísticos manuais, próprios a desenvolver sua personalidade.

M anipulação pelo noticiário falseado 0 EMBAl:xiADOR norte-americano no México, John Gavin, declarou à Associação lnteramericana de Imprensa: "°É diflcil ler a imprensa sem concluir que a única intel'\lenção no mundo é levada a cabo pelos 5$ conselheíros oorte-amerieanoà em El Salvador. Não importa que haja vários m·ilhares de conselheiros militares da Europa 0riental e Cuba na Nicarágua. E 40 mil soldados cubanos em Angola e Etiópia. Não ímpo)'la que haja bem mais de 100 mil russos eomb'atentes te)ltando impor um regime rejeitado pelo povo d,o Afeganist'ão. Não importa qú~ os fuzis norte-americanos, c.ujos números de série os identificam como equip,amento deixado no Vietnã tenham sido interceptados a caminho de serem entregues aos insurgentes em El Salvado,. Esses fatos parecem dever ser descartados. "Eu me pergunto se podem.os dize.r cõm segurança q11e hoje a imprensa norte-americana e latino-americana não está suje'ita a manipuladores" ("Time", 11-4-83).

.B AtOILECESMO MENSÁ RIO CAMPOS - ESTADO 00 RIO Oirttor: Paulo Corrh de Brito Filho

,,,.

Jornalista responshcl: Takao T akah:ishi - Registrado no D.R.T.-SP sob nº 13.748 Oire1ori1: Rua dos Goirnc.a>".tS, 197 • 28100 - Campos. RJ Adminislração: Rua Dr. Martinico Prndo. 271 • 01224 - São Paulo. SP •

PABX: 221-8755 (ramal 235). Composto e impresso na ArlprCS$ - Papéis e Anes Gráficas Ltda.,Rua Garibaldi. 404 - 01135 - S:lo Paulo, Sf> "Catolicismo" é uma publicação mensal da Ediloro Pad re Belchior de Pontes S/ C.

A estranha moléstia esté atingindo mais recentemente pessoas sadias, como esta criança. Ahmad Carlisla. da cidade de Newark (N ew Jersey). Sua

mie. Caleste. disse que começou a sentir também os sintomas da doença.

Assinatura anual: comum CrS 3.000.00:i:OOperador CrS S.000,00: benfeitor CrS 8.000,00 grande benfeitor CrS IS.000.00; seminaristas ç estudantes CrS 2.S00,00. Exte.rior·: (via atrea): comum USS 25.00: beníci1or USS 40.00. Os pagamentos. sempre cm nome de Editora Padre Belchior dt Pontes S/C. poderão ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de assinantes é. necessário mencionar rn.mbém o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e \'cnda avulsa deve ser enviada à Admini.$tração:

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CATOLICISMO -

Maio de 1983


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Escultura do timpano de uma das portas laterais da catedral de Notre Damo representando a história do clérigo Teófilo. O homem medieval do Ocidente, que vivia numa admirável civilização católica profundamento imbu(do da distinção entre o bem e o mal - cultuava a Deus om suas atividades quotidianas, ao mesmo tempo que manifestava execração ao prfncipe das trevas. o grande inimigo da Criação e do Seu adorável Autor. Tal rejeição radical do pavoroso diabólico explica a existência, em várias catedrais góticas. das mencionadas esculturas. consideradas como um constante alerta para os seres humanos contra a insidioso ação dos espfritos infernais neste mundo.

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Qual nossa atitude diante do horrendo diabólico? AUDELAIRE dizia que "a pior manha do tlemônio é fazer acreditar que não ,nais existe". Desde o século passado, época cm que viveu esse poeta francês, até nossos dias os ardis empregados pelo eterno condenado se requintaram. De um lado. conseguiu ele. sobretudo cm certa literatura progressista, d ita católica. obter anistia, corno tivemos oportunidade de comprovar no artigo "Livro progressista... e bla~(êmias heréticas" publicado cm "Catolicismo". n.• 385. de ja neiro de 1983. Por outro lado, no século XIX. obras de arte e literatura, ao apresentar o maligno sob aparências humanas, íaziam-no. algu mas vezes. exibindo um ser inteligentíssi mo, bem constituído fisicamente e fascinante. Excetuando-se algum traço da perversidade inferna l, como um lampejo de malevolência no olhar ou d iscretos chifres na ca beça, sata• nás aparecia sob a forma d e um homem sedutor, dotado de capacidades muito supcrio.-es às da natu-

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rc1.a humana. Hoje em d ia, o espírito das trevas conseguiu o inacreditável: ele não at.-ai prepondernntementc por tais aspectos mas por caracteristicas nele ex istentes das mais repulsivas, abjetas, monstruosas, horrendas. E até já conseguiu plasmar tipos humanos à sua imagem e semelha11ça:

CATOLICISMO -

Maio de 1983

os beotniks. os hippies e. mais recentemente, os punks. Uma pessoa de d iscernimento não poderá negar que nesses ti1>os transuda intensamente certa forma de conaturalidade com a sord ide1. d iabólica.

Tais considerações ganham mais colo.-ido se considerarmos a cena apresentada pelo clichê principal desta página. Naquele relevo do tímpano de urna das entradas laterais da Catedral de Notre Dame, cm Pa ris (cuja construção iniciou-se no século XII), um clérigo de nome Teófilo - narra a legenda medieval fora emba ido pelo demônio, a quem se entregara mediante um pacto escrito. Porém, caindo cm si. recorreu à Mãe de Deus, que impõe ao demônio a restituição do pacto. A Virgem Santíssima protege Teófilo, e brande contra o demônio. vencido e apavorado, seu gládio cruciforme. "Catolicismo" de agosto d e 1979, n.• 368, já havia apresentado essa famosa escultura. não visando fazer uma análise da mesma, mas sim a narração do que ocorreu com o clérigo Teófilo. Hoje pretendemos comentar apenas a figura do demônio esculpida· no tímpano de Notre Dame.

É comum que se tenha tido, des-

de a infüncia , uma série de impressões fugazes a respeito do demônio. Seja através de gravura, dese nho, quadro. escultura ou descrição, a pessoa reconhece logo, a partir de certas características. que se trata de uma referência ao .ma ligno. Isso porq uc. cm todas as representações do pai da mentira, há sempre um denominador comum imponderável e difícil de definir, por onde se d isccrne sua marca. Quer nas representações q ue o mostram de modo sedutor, como sucedeu especialmente no sécu lo XIX, quer nas ilustrações que o revelam em toda sua hediondez, como a desta página. Nessa escultura, porém, há uma peculiaridade, mediante a qual, ela pode ser considerada uma das representações mais notáveis e realistas do d emônio. Tem-se a impressão de que todas aq uelas figuras fugazes, que se foram formando cm nosso espírito, desde a mais te nra idade, se corporificam e como que se sintetizam no ente abjeto ali representado . ·

ttt .

Seu rosto é de uma sordícic irremediável, de uma sujeira velha e ensebada. O ente realiza o paradoxo de ser ao mesmo tempo esquelético e

ostentar adiposidades asquerosamente sebosas. Os olhos segregam purulências. O topete dos cabelos forma tufos disformes. As maçãs do rosto parecem ter sido mais sa lientes. tudo, dir-se-ia' que fora m comprimidas a bofetadas. Talvez o que nele 1nais cause repulsa seja o t ronco. Sua forma abaulada sugere a impressão de um corcunda dotado de pulmões mal formad os e que respira com dificuldade. Ao mesmo tempo. ele parece digerir mal. ejetando continuame,1tc, de forma ofegante e atormentrada, um hálito pestilencial. Seus lábios. quando não tartamudeiam torpezas, blasfemam! Nos braços há qualquer coisa de hirto, por onde se vê que toda sua musculatura trabalha errad a e de modo dolorido, cm razão de algo que nela existe de profundamente malsão. Da mão que ele estende como que goteja maldade, malefício e maldição. A maneira pela qual os braços se encaixam no tronco sugere algo de doentio. Isso causa a impressão de que esses membros sofrem pelo fato de estarem pendurados no corpo, e este padece por estar sustentando os braços. Di r-se-ia q ue um fabricante inâbil confeccionou um boneco torto e errado, ocasionando o aparecimento

de tal figura. Suas pernas causam a mesma impressão .desagradável dos braços. Elas possuem umas saliências rcpe)cntes e inexplicáveis, encai .. xando-sc de modo esquisito na ba· eia: dobras de carnes d oentias que despertam horror! O modo pelo q uai os pés se trançam e se articu lam às pernas produz a sensação de que esse ente ao caminhar claudica de modo ignóbil com o corpo inclinado para a frente. Em suma, é o asco e a abjeção do universo inteiro. Certamente urna das mais expressivas figurns de satanás de que se tenha noticia.

ttt No início dessas reflexões referimo-nos a certa conaturalidade com o horrendo diabólico que, d e modo crescente se observa no mundo contemporâneo. Faça o leitor um teste. Até que ponto a hediondez aqui descrita têlo-á horrorizado? A resposta à pergunta apresenta ainda um delicado aspecto de foro interno, propicia ndo a cada qual conhecer-se melhor a si mesmo. E a constatar que tal conaturalidade, talvez, seja mais generalizada e difusa do que se imagina. numa época em que surgiram os punks, os quais vão se disseminand o sinistramente por todo o mundo, inclusive pelo Brasil...

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:,1~Af01LliCE§MO

Carta Aberta da TFP chilena a .três Arcebispos ignotos SANTIAGO - Em sua edição de 13 de abril último, o jornal "EI Mercurio" estampou a Carta Aberta da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP dirigida aos Arcebispos ignotos, isto ê, que ainda não foram nomeados, de três das mais importantes Arquidioceses e Dioceses do país: Santiago, Concepción e Valparaiso. A TFP andina afirma, de inicio. que os bons católicos chilenos têm esperanças e apreensões a respeito de seus futuros Pastores. Como também neles depositam SU!IS esperanças os líderes da extrema esquerda. Com efeito - acentua o documento - , "<1 imporilincia das futuras Sedes A rquiespiscopais, con1 suo natural influência sobre o resto da Hierarquia ca16/ico chilena; o silnultaneidade de sua renovação; a trajetória tão cheia de imprevistos e tão discutida do Arcebispo den1issionário de S11111iago. Cardeal Raul Silva /-lenriquez; a história recente e as

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moral contidas na carta - apresen- Em S antiago. sócios tando as autoridades como únicas e cooperadores da responsáveis - suscitou perplexida- TFP chilena d istribuí- t.·.. ~ ... ··~ 17.000 exempla· 13i6t \ de entre os fiéis. Sobretudo se con- ram ros da Carta•A berta ~ i . trastada com o apoio dado por aos t rês Arcebispos il! • ,:.,•., . 1! ,' vários Prelados ao governo marxista ignoto s • • de Allende. • Polêmica em torno da expulsão de três Sacerdotes de nacionalidade estrangeira. - Três Religiosos estrangeiros foram acusados de atentar contra as instituições vigentes, tiveram seus vistos cancelados e efetivada sua expulsão do pais. Se a acusação não ttvesse fundamento, teria sido fácil aos Sacerdote.s se defenderem. Em vez disso, os religiosos e seus superiores eclesiásticos permitiram a ambigüidade e deixaram crescer a tempestade. As autoridades religiosas ora afirmam que o Governo não formula de • • • modo preciso as acusações, ora sustentam que as mesmas são verdadeiA entidade ressalta que foi sob a ação "pastoral" do Cardeal Raul ras, mas que as sanções são desproSilva Henríquez que caíram as bar- porcionadas. As acusações são con- respeito do qual os católicos querem reiras religiosas e morais que duran- firmadas por um dos Sacerdotes que e têm o direito de pedir uma clarite mais de um século levantara se diz partidário da Teologia da dade 1neridiana, é o drama de conscontra o comunismo o Magistério Libertação. A opinião pública, aturdida, não ciência explicitado em "La lglesia infalível da Igreja. Como também, . dei Silencio en Chile - La TFP por meio de equívocos e sofismas, toma posição definida diante do proclama la verdad entera", susciesse Prelado submeteu a uma verda- problema. As m""ifestações de soli- tado pela atitude assumida pelo 0deira tortura moral a consciência de dariedade aos P'adres são episódicas Cardeal, a quase totalidade da Hiemuitos cató licos, pa~a forçá-los a e induzidas em sua maior parte. rarquia chilena e uma 1nuito consiAlém disso, não se pode reduzir colaborar com seu pior inimigo, o problemas muito mais vastos às pro- derável parte do Clero diante do regime marxista da Unidade Popue das estruturas Sociais lar, pondo em risco sua salvação. os porções da ação de três religiosos. A con1unismo do país". atitude deles, isto sim, é conseqüênbe ns eternos e o direito que lhes Em sua parte final, a Carta cabia de conhecer em toda sua cia da aplicação de principios, dou- Abe rta esclarece que é por tudo que integridade, e praticar até suas últi- trinas e diretrizes emanadas das já aconteceu que a TFP se dirige aos mas conseqilências, a verdadeira re- mais altas autoridades religiosas. Srs. Arcebispos, no desejo de ver ligião. sanadas tantas omissões e e rros do • • • "La lglesia dei Silencio en Chile passado e do presente, bem como La TFP proclama la verdad para que eles arrastem "por sua Após exemplificar o drama dos entera" prova com documentos a influência os outros mernbros do dita tortura moral e a demolição católicos chilenos, o documento con- Episcopado e se abran, enfim novas e eclesiástica das barreiras religiosas, tinua: "O problema de fundo. a morais e doutrinárias contra o comunismo. Essa obra, lançada pela TFP chilena cm 1976, foi referendada por mais de mil Sacerdotes espanhóis - entre eles teólogos e moralistas de renome mupdial - através de sua edição espanhola. A ação demolidora de grande A CARTA AB ERTA da TFP tário do Cardeal sustenta uma tese parte da Hierarquia chilena não andina foi publicada também na curiosa: os católicos que não conterminou com a caída de Allende. íntegra· nos seguintes diários: o ma- cordam em matéria sócio-econôDiversos acontecimentos ocorridos tutino "EI Sur", de Concepción; " La mica com aquele Prelado e os Bisnos anos subseqüentes ao lançamen- Tercera de la Hora" de Santiago, pos, estariam se insurgindo contra a to do livro "A Igreja do Silêncio 110 periódico de alcance nacional com autoridade eclesiástica, e por isso, Chile" não fazem senão corroborar tiragem de 300 mil exemplares e ipso facto, deixariam de ser catóuma perseverança nessa atitude. "La Estrclla", de Valparaiso (21, 23 licos ... Em tom respeitoso, mas firme, a e 29 de abril, respectivamente). Far• • • to noticiário sobre a matéria foi resposta -da entidade não se fez divulgado por jornais, revistas, rá- esperar: "A TFP sustenta que diante Como exemplos, a Carta Aberta dios e TVs do pais. do auge o que chegou a colabor,ação recorda somente dois dos mais reHouve numerosas manifestações eclesiástica co,11 a esquerda e consicentes pronunciamentos episcopais e de solidariedade ao documento da derando as conseqüências 11efas1as resume em poucas linhas a atual TFP, como também iradas reações que desta colaboração se originam, controvérsia entre a Igreja e o Esta- provenientes de setores da esquerda não só para o Igreja, mas tan,bém do no Chile. "católica". Essa atitude vivai da para a Pátrio. para a entidade cons• "Carta de Quaresma", de mar- opinião pública chilena em face do tituia uma obrigação falar, e assim o ço de 1983. - Esta carta do Cardeal tema refletiu-se nos meios de comu- fez. Essa consideração, se o Pe. Silva Silva Henrlquez lamenta e critica os nicação social. Assim, no dia 16 de opina que a TFP não deveria tê-la acontecimentos de setembro de 1973 abril, alguns diários da capital da- efetuado.. diga então por que: os - não este ou aquele excesso que quele país estamparam declarações fatos apresentados .... en , sua retenha havido · com esta ou aquela "de ·um porta-voz do Episcopado" cente Carta Aberta aos Arcebispos freqüência - como fundamental- que, evitando cautelosamente im- ignatos, são 011 não verídicos? Estão mente nocivo. Rechaça, dogmatica- pugnar as afirmações apresentadas ou ruio objetiva,nente analisados?" mente, o modelo econômico em seu pela TFP, reproduziu qualificativos ("Últimas Notícias", 24-4-83). todo. Nela, S. Emcia. tende a negar a que, na falta de argumentos, os Enquanto o grande público chiexistência da ameaça comunista, co- Bispos lançaram contra sócios e leno acompanha com atenção o mo também acusa os governantes de cooperadores da entidade que ha- debate, e às vezes intervém e toma cria r artificial e maquiavelicamentc viam colaborado na edição e difusão posição, uma nova investida "pro- para justificar o totalitarismo do best-seller "La Jglesia dei Silencio gressista" não tardou a se manium clima de guerra interna no país. en Chile - La TFP proclama la festar. Talvez a mais agressiva e A sensibilidade do Sr. Cardea l para verdad entera". altissonante, e por isso mesmo, a os que hoje padecem necessidades No dia seguinte, o Serviço de mais distante do "espírito de diáloeconômicas não se manifestou ou- Imprensa da TFP distribuiu um go'" que a ésquerda "católica" diz trora durante as marchas das pane- comunicado no qual constatava com sustentar... O Bispo Auxiliar de las vazias e as lilas intermináveis... tristeza: "Tanto ontem con10 hoje. Concepción, D. Alejandro Coic, leOs fiéis se perguntam se não será os Se11hores Bispos. tão solícitos, vantou sua voz para fazer as mais mais o regime e menos a fome o que paternais e dialogantes con1 os'Cris- g,aves acusações contra a TFP, sem hoje ele lamenta ... tãos para o Socialismo·..a esquerda julgar-se entretanto na obrigação de • Carta do Episcopado " EI re- cristã e os 1narxis1as ateus. ,no~ dar qualquer fundamentação sé ria nacer de Chile", de 17 de dezem- tram-se duros e refratários ao diálo- para suas palavras. O eco de tais bro de 1982. - Os termos nela go com os cat61icos respeitosos da deélarações ressoou por todo o pa ís empregados pelos Bispos chi lenos Mogi.stério Tradicio11al da Igreja". através de diversos meios de comusoam como um ultimatum: ou o No dia 18 do mesmo mês, nova nicação social: "Ataque grosseiro, governo reali,.a imediata e indiscri- tentativa "progressista" para silen- falso e mentiroso contra a Igreja"; minada liberalização política e uma ciar a voz dos católicos anticomunis- "(A TFP) por sua atitude beligevelada mas efetiva socialização da tas: o Pe. Luís Eugenio Silva, secre- rante frente à Hierarquia não se vida nacional, ou torna-se culpado tário do Cardeal Silva Henríquez, pode qualificar como cat61ica'': de uma explosão de violência que faz longas declarações, difundidas "Ofe11de111 publica111ente a Igreja", seria iminente. pela televisão cm Santiago e Con- fora.m títulos de algumas notícias, a A dramatização de uma crise ccpción, sobre a recente atitude pú- propósito das mencionadas acusaeconômica, social, institucional e blica da TFP. Em síntese, o secre- ções.

pelas Divinas palavras de Nosso Senhor: ·Que pai, se o filho lhe pede pão, lhe dará uma pedra? Ou. se lhe pede um peixe, lhe dará uma serpente?' (Luc.li., 11-12)". "Na verdade. como censurar que os fiéis anelem, rezem e expressen, sua esperança de que a Santa Sé, devidamente informada sobre pessoas e coisas, aproveite a ocasião que lhe outorgam essas novas nomeações para fechar, clara e definitivamente, um passado doloroso.modificando uma 'pastoral' que tanto fa voreceu e tanto facilita a ação dissolvente da subversão; uma 'pastora/' tantas vezes enaltecida sem dissimulação por Havana e Moscou, .... uma 'pastoral' que levou a Bispos e Sacerdotes a elogiar impunemente regin1es comunistas e ditadores marxistas?"

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luminosas pagmos na história da Igreja no Chile". E o documento acrescenta: "Tão logo isto se dê. proclamaremos publicamente ao Chile e ao 1111,ndo que com o fa vor de Deus, n,ercê da Santa Sé Apostólica e a vossa atitude, já não existem 111ais as condições que nos levaram em "La lglesia dei Silencio en Chile - la TFP problama la ,·erdad entera", a conclui, que como católicos. e em conformidade com as leis divinas e humanas, tínhamos o direito e a obrigação de resistir à ação demolidora do Cardeal e da quase totalidade da Hierarquia chilena. "Pedindo a bênção de Vossas Excelências para esta Sociedade, se sub.fcreve co,n antecipada veneração e apreço:·.

Ampla repercussão e ataques de eclesiásticos

No dia 28 de abril, forem distribufdos

13.300 volantes contendo o documento da TFP andina nas cidades geminadas de Valparaiso e V ilia dei Mar

dificuldades que no momento atravessa o país. conferern a vossas no· meações urn caráter muito especial.

Quanta obra para o bem da Igreja e· do pátrio podereis realizar! Quanta confusão estará en, vossos mãos esclarecer/ Quantos erros poro reparar e quantas vias a endireitar!"

E prossegue: "Anima n1ea sicut terra sine acquo tibi' (SI. /43). A alma do povo fiel parece clamar dizendo: esperamos vosso palavra e vossa oração assin1 co,no a ter1·t1 ressequida' espera a água da chuva", A Carta Aberta esclarece depois que, como membros da Igreja discente, os sócios e cooperadores da entidade não pretendem - nem lhes caberia fazê-lo - ensinar, nem indicar o conteúdo e o rumo da missão e das sagradas prerrogativas dos veneráveis Sucessores dos Apóstolos. Mas é o instinto de conservação do rebanho, aguçado nesses últimos tempos, que os leva a conceber tais esperanças e suscitar essas apreensões. Instinto de conservação de sua fé, de sua pátria e de suas almas, aguilhoado pela investida· comunista. Acrescenta a TFP chilena: •· Vosso futuro rebanho pede-/hes com confiança filial simplesmente o ali1nento espiritual que suas almas necessiton,. E foze,11 -110 alentados

Com respeito, serenidade e firmeza própria de quem sabe que defende uma causa j usta ante Deus e os homens (sob o titulo: "Se fa lei mal, mostre-111e em que; e. se bem, por que me f eres?' (Jo. 18. 23) Respeitosa resposta da TFP a declarações de D. Coic'), a ent idade respondeu ao Prelado: "A TFP pede respeitosamente ao Sr. /Jispo.A uxiliar de Concepción que tenha a bondade de dizer-nos ande precisa111en1e nossa Carta Aberta ata,·a. ,nente, enga11a e ridiculariza a Igreja .... Se ele nos ,nostrar alg11111 erro em que. por inadvertê11cia ou falibilidade humana. 1enhan10s caido, com alegria e humildade nos apressanros a recanhecé-lo e repará-lo. Se não, por que la11çar contra nós acusações tão graves?" . E o doc umento da TFP acrescenta: "Por outro lado, D. Coic desqualificou 11oss<1 condição de católi<·os - condição que co,n o favor de Deus e da Santíssimo Virgem é o que ,nais prezamos nesta te,;a - co,n o simples argumento de que não obedecemos aos Pastores, aos quais criticaría,nos e ofenderímnos se,n 11enhu111a dintensão de 01110,. ....

Co1110 se o afeto consistisse único e exclusiva,nente e,n palavras de a,nor e assentirnento quando, ern situação critica co1110 a atual, o afeto e o respeito consiste1n, a nosso ver, tan-

to em uma perfeita correção de ling11age111 e uma atitude in1eiran1e111e def erente e111 relação aos Pastores, quanto en1 ser rigorosmnente

fiel à verdade" (''EI Mercurio", " EI Sur", "Ú ltimas Noticias" e " Crónica", de 27-4-83). Desde Arica , ao norte do país, até Punta Arenas, no extremo Sul , a Carta da TFP aos Arcebispos ignotos contin ua ressoando nas almas de incontáveis chilenos. Nobre gesto que a História saberá valorizar em toda sua dimensão, quando forem escritas as páginas desta trágica crise religiosa, moral e política de fins do século XX.


_:-,;o. :l!JO - .Junho <IP l!Jll:! - Ano XXXII I lli n•tor: Paulo Corrêu de Brito Filho

Cresce o número de correspondentes e simpatizantes da TFP Com a participação de 400 pessoas, realizou-se em São Paulc) o I Encon.tro de Correspondentes e Simpatizantes da entidade

VÁRIAS CENTENAS de correspondentes e simpatizantes da Sociedade Brasileira de Oefesa da Tradição, Família e Propriedade TFP. proced entes de sete Estados da Feder~ç_ão e do Distrito. Federal estiveram reunidos em São Paulo. parl1c1pando do I Encontro Regional de Correspondentes e Simpatha_n!es d_a T FP. no ~ecorrer do qual tiveram oportunidade de conhecer v:ui:1~ Sede_s da entidad e, b~m como ouvir exposições que abordar:0111 os principais aspectos da crise em que se debate o mundo ;ll ual. . . Participaram do Encontro rurrcsp~ndentes e simpatizante~ de São Pa ulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarm a, Rio Grande do Sul, Maio Grosso e Distrito Federal. Na sessão solene de encerramento do Encontro o público de mais de mil pessoas - que lotou inteiramente o auditório "Brasílio ~t,u:h,,du ~r1c,·· - assisliu {1 exposição do Prof. 1>1inio ('orrêa de Oliveira sobre o tema: "Brasil: esperanças e apreensões". Na página 3 apresentamos os tópi cos principais desse <;!iscurso. . Nos últimos anos efetuaram-se em Sao Paulo, Belo Horizonte, Campos Curi/iba reuo;iões informais para a migos e simpatizan_ie_s da associação. Devido ao crescimento destes, tor~ou-se neccssana a realiiação, com maior porle, do I Encontro Regional de Correspondentes e Sim pati,antcs dt1 TFP. Abaixo e na página 2 expomos a nossos leitores alguns aspectos salientes do que foi o I Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP.

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Ao lado, o Prof. Plinio Corrêu de Oliveira agradece os apleusos calor osos do público que, de pá. manifestou sua adesão às palavras que o insigne ored_or proferiu em sua luminosa conferência. Abaixo. vista parcial da numerosa aSSiS· tência que lotou o auditório "BrasUio Machado Neto..

Santo Antonio de Pádua, ''Martelo dos hereges'' NO OI A 13 do presente mês, comemora-se a festa de um dos santos mais populares da Igreja. mas cuja verdadeira personalidade foi particu larmente distorcida, seja na hagiografia e iconografia católica, seja pela piedade falseada de não poucos fiéis: Santo Antonio de Pf1dua. Para muitos, o grande taumaturgo franciscano só é conhecido como o santo das criancinhas, do "pão de Santo Antonio" distribuído aos pobres, e cuja intercessão é comumente invocada a fim de se encontrar objtos perdidos ... Tais devotos - diga-se de passagem, sui generis - do grande filho de São Francisco, entretanto, desconhecem, em sua grande maioria, que o aspecto saliente da existência de Santo Antonio, a par dos impressionantes milagres que operou . foi a pregação. E nesta atividade, que lhe valeu o titulo de Doutor da Igreja, ocupou papel dl· realce o t=ombatc que moveu

ira os insidiosos hereges albigenses. especialmente no sul da França. De tal modo desmascarou ele os erros de suas abominâveis doutrin as, que foi cognominado "Martelo dos hereges". Eis ai um aspec10 fund amental do perfil biogrâfi-

co do grande taumatu rgo sobre o qual uma piedade adocicada, unilateral, e por1an10 distorcida, pro-

cura silenciar... Em janeiro de 198 1, ocorrendo o 750•. aniversário de sua morte, efetuou-se o reconhecimento e exposição do corpo do ~xtraord!nário Doutor da lgreJa. Suscotou especial surpresa a descoberta dos órgãos da fonação (aparelho vocal) ainda bem conservados e reconhecíveis: isto é, duàs lâminas da cartilagem aritenóide (cordas vocais) e o osso hieóide com grossos fragmentos cutâneos da região da laringe. Esse impressionante achado nos leva a relacioná-lo com outro. que teve lugar por ocasião do primeiro reconhecimento dos restos mortais do santo. cm 1263. Nessa ocasião, São Boaventura encontrou intacta a língua de seu companheiro de hábito. sendo que ela se mantém ,issim a1é nossos dias. Agora, permitindo a descoberta do aparelho vocal do Doutor da Igreja bem conservado. 1udo leva a crer que a Providência Divina teve um desígnio: glorificar as partes do corpo de Seu Servo fiel, que Lhe prestaram serviços insignes. isto é, a pregação do Evangelho e a luta contra a heresia.

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Na noite de 31 de janeiro de 1981. após reconhecimento o anélise do corpo de Santo Antonio efetuados por especialistas. seu s r estos mortais foram coloca· dos. durant e algumas semanas, na Basílica a ele dedicada. numa urna de e-ris· tal diante da qual desfilaram centenas de milhares de peregrinos. desejosos de ve~erar os osso, do pregador franciscano e Doutor da Igreja. cognominado em sua época nMartelo dos hereges"

SÃO PAULO - Na expansão que vem :olcanç.ondo a TFP nos últimos anos. está se ampliando. cm IO· do o tcrri16rio nacional. o número de seus simpatizantes. Isto apesar elas surradas e monótonas campanhas de insinuações e inverdades espalhadas contra a TFP por todo o Pais. Como é natural, essas pessoas desejam conhecer a Sociedade mais de perto, muitas delas com o desejo de participar das atividades da TFP, com contribuições, com trabalho ou com orações e sacrifícios. Correspondendo a 1ão benévolas d isposições, e também atendendo a numerosos pedidos, a ent idade julgou necessário fazer um simpósio para tornar-se mais conhecida, descrever seus panoramas, seus meios e métodos de ação, suas esperanças, suas preocupações, e para perguntar a essas pessoas quais é o concurso que lhe poderiam dar. Assim, nos últimos anos, realizaram-se em São Paulo, Belo Horizonte, Campos e Curitiba reuniões informais para amigos e simpatizantes da Tf P. Agora, a multiplicação dos correspondentes e simpati,.antes enseiou a que, com maior porte, se realizasse o 1°. Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP.

Faltou espaço para reunir a todos Desde logo os organizadores do Encontro defrontaram-se com um

problema quase intransponível: a falta de insta lações adequadas para reunir todos os simpatizantes que, do centro e do sul do Pais, estariam na disposição de comparecer. Os locais de que a TFP dispunha em suas sedes era por demais limitado para fazer face aos problemas de espaço para conferências, etc. Por isso, na sede que a entidade possui no bairro de Santana, na Rua Cons. Pedro Luiz, n• 313, foi montado, num grande pâtio, um toldo com uma bela decoração interna que serviu como auditório nas reuniões do Encontro, que contou com a presença de 400 participantes. Por força dessas circunstâncias, a TFP deu preferência a convidar os seus amigos de fora de São Paulo, porque os residentes na capital paulista desfrutam de inúmeras oportu· nidades de se informarem acerca da entidade. Os de fora de São Paulo, pelo contrârio, têm muito menos oportunidades, e vêem, às vezes, os fatos deformados pela distância. Por fim, a própria TFP surpreendeu-se com o número de pessoas que com· pareceram. Estiveram presentes correspondentes e simpatizantes dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paranâ, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espirito Santo e Distrito Federal. . A entidade espera 'poder realizar brevemente, para simpatizantes que agora não puderam comparecer, novos Encontros.

Para seus simpatiza ntes da Capital paulista, está nos planos da TFP levar a efeito. oportunamente. numa seqüência -de 2 ou 3 feriados.

ou ao mênos cm dias úteis. uma série de conferências i1 noite. Isso porque, como é notór)o, o paulistano tem o costume de sair da cidade nos fins de semana. O que, aliás, explica o comparecimento neste Encontro de um número proporcionalmente menor 'd os convidados de São Paulo em relação aos de outros lugares. A esse respeito a TFP aceita, de bom grado, as sugestões q~e seus co~respondentes e simpatizantes queiram fazer.

O programa O 1°. Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP constou de 4 conferências que tiveram como fundo de quadro as considerações do Prof. Plínio, Corrêa de Oliveira consubstanciadas em seu magistral estudo ,. Revolução e Contra-Revolução". No livro, publicado em 1959, são analisadas as origens da crise contemporânea e expostas as bases doutrinárias da ação anticomunista desenvolvida pelo núcleo inicial que, liderado pelo Autor, em 1960 daria origem à TFP. .. Vemos hoje em dia a quebra dos padrões de bom senso. da noção do belo, da moral e até mesmo da lóJ?ica.. - afirmou um dos conferen-


Reúnem-se em São Paulo 400 correspondentes e simpatizantes da TFP

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mosfera impregnada de vulgaridade, de irreverência e até de imoralidade. O Prof. Arnóbio Glavan, por sua vez, descreveu os principais pontos da história e pré-história da TFP, desde os idos de 1928, quando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ingressou no 'movimento das Congregações Marianas.

,·ente perseguido tem o estrito direito à defesa da parte daqueles que sabem que ele é inocente". Mais adiante, discorreu sobre a finalidade da associação, explicando: "A TFP é uma organização que sentiu a necessidade de combater a Revolução gnóstico e igualitária como um todo. Há ,nuita gente que combate aspe,·tos da Revolução. Um O papel dos correspondentes combate o divórcio, outro con1ba1e o aborto. outro combate as heresias e simpatizantes a respeito da Liturgia ou manifestaCoube ao Prof. Plínio Corrêa de ções da infiltração co,nunista dentro Oliveira usar da palavra para tratar da Igreja. Assin,. há de tudo, fraciodo tema "A unicidade da Revolu- nodamente. Outra organização que . ção e o papel dos correspoJJdentes e con,bata o todo e que tenha um pas, / simpatizantes". sado de 50 anos de resultados assim No deconer do Encontro. os coneapondentes e simpatizantff da TFP tiv&ram opor· Denunciando a existência de uma obtidos, os senhores não encontram". tunidade de conhecer v6riaa Sedes da entidade. como a da foto. na Rua Cone. central de boatos que cadencialmenNa parte final de sua exposição, Pedro Luiz. n°. 313, no bairro de Santana, om Slo Paulo te, e de tempos em tempos, espalha o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, calúnias contra a TFP em vários para responder à pergunta "dó que peixes que havia ali, in,·apazes desaMuitos convidados mostravamciar a 111ultidão. para fazer a multipontos do território nacional, o fun- adianta tudo que fazemos", obserse alegres ao constatar que havia dador da associação declarou: "O vou que o esforço da TFP - de seus plicação". E concluiu o Presidente simpatizantes da TFP em tantos luque pedimos dos nossos correspon- sócios, cooperadores, corresponden- do CN da TFP: "Assin,. muitas ve- gares do Brasil. Um simpatizante cadentes e sin1patiza11tes. na ordem da tcs e simpatizantes - deve ser rcali- zes, Ele quer fazer co,11 os esforços rioca ressaltou: "O Encontro foi ação? Só isso: se,npre que ouçam (( zado, p(:d indo de Deus o invcrossí- improváveis. Pleiteen,os por Ele o muito bom porque assim todos pofalar mal da TFP, amistosamente, mel. No episódio evangélico da mui- i11verossí1nel e Ele saberá fazer mul- den, se conhecer e a u11ião faz a forcordialmente escla1eçan1 as pessoas tiplicação dos pães, Nosso Sen hor tiplittJ(·ão do inverossímel pelo inve- ça". E, no final; foram numerosos os que ouviram aquilo". E justificou Jesus Cristo, "que criou o Céu e a rossímel. A vitória será d Ele". pedidos que a TFP recebeu no senseu pedido, recórdando que "11ão se Terra, poderia ter criado aqueles tido de realizar novos encontros. tem o direito, em sã moral, de não pães". Entretanto, "Ele quis se serUm médico dizia: "Há mais de 10 defe11der o caluniado. porque o ino- vir dns poucos pães e dos poucos Impressões dos participantes anos venho desejando e pedindo um encontro como este. Isso precisa se Um correspondente prove"Tudo que tJprendo com a TFP repetir''. niente de Minas comentava: "Pena me ajuda tJ e11fre11tar os problemas ,neus dois irrnãos não estarem aqui. da vida" - comentou um simpati- Chegando lá vou expor tudo a eles. zante que participou do Encontro, No pró.,imo congresso haveremos numa roda onde sócios e coopera- de trazer n1ais gente". dores d:, TFP, correspondentes e simpatizantes conversavam animaencerramento damente. "Tem que haver esses encontros de 3 em 3 n1eses" - foi o Na sessão solene de e ncerramenpedido de um correspondente vindo to do Encontro, mais de mil pessoas do norte-íluminense a um dirigente lotaram completamente o auditório do Encontro. "Brasí.lio Machado Neto", na Rua Esses e outros comentários aná- Dr. Vila Nova, nº. 228, para ouvir o logos ouviam-se com freqüência e n- Prof. Plínio Corrêa de Oliveira distre os participantes, que procuravam correr sobre o tema: "Brasil: espeos sócíos e cooperadores da TFP ranças e apreensões". para apresentar suas impressões pestambém da mesa soais do evento. Mui tas pessoas tive- queParticipavam presidia a reunião o Revmo. Pe. ram oportunidade de. pela primeira Antonio Si lveira, a Revda. Irmã vez. ouvir uma conferência do Pre- • Ana Eugênia de Sion. o Desembarsidente do Conselho Nacional da gador !talo Galli, diretores e sócios TFP. Um simpatizante exclamava: TFP brasileira e representantes "A reunião de Dr. Plínio poderia da TFPs e entidades congêneres da durar o dobro sern cansar ninguén1'', das Alemanha, Argentina, Bolívia, CaUma senhora, por sua vci. afirmava: nadá, Chile, Colômbia, Equador, Pera receber o grande número de participantes do Encontro. foi necossério montar um toldo com uma primorosa decoração "Dr. Plinio tem o dom da palavra", Espanha, Estados Unidos, França, interna onde se realiJ:aram as conf erências ' Portugal, Uruguai e Venezuela. No início da sessão, uma imagem ' . de Nossa Senhora foi introduzida por um cortejo de cerca de 40 sócios e cooperadores da TFP que, vestiI dos com traje de gala, entoaram o hino "Tradição, Familia e Proprie/ dade" e o "Salve Regina". O mesmo cortejo formou-se no final da confe- "Como é poss,vcl 11111 pad' re [referindo-se fiq'.'em tranqüilos porque não havera atraso". QUANDO MEU automóvel aproximou-se rência para a saída da imagem, Essa comunicação, feita por um dos orgada Rua Conselheiro Pedro Luiz. um movi- ao catecismo espanhol do Pe. José Luís quando foi cantado o hino pontifíCortés) blasfemar tanto contra Nossa Senizadores do Encontro, indicava que se apromento intenso de veículos tornava difícil o cio "Roma Eterna". ximavam os últimos momentos da programação. trânsito. Já nas imediações, de alguns ônibus nhora'? Estou indignada!" Em sua conferência, o Prof. Pli"Caso não fosse con hecida a doutrina da de turismo, com placas de Campos. Rio de nio Corrêa de Oliveira, numa forma indefcctibilidade da Igreja Católica. poderia • • • Janeiro, Belo Horizonte e Londrina, desciam leve, atraente, categórica e lógica, animados grupos de pessoas de todas as alguém se perguntar se Ela não morreu ..." analisou a evolução do perigo comuJá i,s 17:30 horas o auditório "Brasílio Em todas as conversas. cada um tinha idades. Às vezes. uma fam ília inteira. Cu nista no Brasil nos últimos 20 anos, Machado Neto" estava lotado. Um dos orgamuito que narrar. Numa delas, um senhor. estava diante da Sede da TFP, em Santana, a posição da opinião pública nacioni,~1dorcs dava instruções: "É preciso aquela onde se realizou o 1°. Encontro Regional de proprietário de loja de artigos óticos, comennal diante desse perigo e a ação da kombi ir buscar mais cadeiras para distribuir tava com satisfação: "Eu vendi , cm minha Correspondentes e Simpati1.antcs da TFP. TFP visando combatê-lo. O numenas alas !aterias. Veja se traz pelo menos loja, nove livros da TFP sobre as CE Bs ..." Transpus o portão da sede. Uma surpresa roso público presente interrompeu duzentas cadeiras, pois senão muitas sen horas agradável: grande jardim, quasi: um parque Outro, por seu turno. não -se cansava de várias vezes o orador com calorosos vão ter ouc ficar de pé". repetir: "Eu, com meus 65 anos. · posso dizer apresentou-se a meus olhos. Arvores fronaplausos. E grande parte dele só se - "Dr. Plínio foi ,·cspondcndo. durante a dosas e altas deixavam filtrar amenos raios do que Dr. Plinio é um batalhador incansável. Eu retirou do auditório depois de cumconferência. todas as perguntas que cu tinha sol de outono no gramado primorosamente o conheci cm 1939. já era um catól ico conprimentar o· Presidente do CN da na cabeça ..." victo e militante!" aparado. Sem que notasse ílores, a atmosfera TFP, ocasião em que ele foi distin- "O difícil, para mim, foi o momento em era de um jardim. guid o com inúmeras e entusiásticas que o apresentador disse: Senhoras e senhores. Alguns passos mais, pela pitoresca via manifestações de simpatia, respeito • • • são oito horas. passados dois minutos. Chegacalçada com pedras, encontrei uma imagem de e admiração. mos à dolorosa hora da despedida ..." Nossa Senhora das Graças em tamanho natu16· horas do domingo. Em outra sede da - "Eu esperei · 40 minutos Jlara poder ral. Ela é como um ponto de encontro para Fala um operãrlo TFP, na Rua Dr. Martinico Prado nº 246, em cumprimentar o Dr. Plínio. Mas, o ô nibus que todos que entram ou saem. Um pedestal de Higineópolis, ingressavam e saíam corresponatrase. eu não podia vir até aqui sem cumprimármóre branco realçava muito a imagem e Um fato inusitado teve lugar • 1o... .. dentes e simpatizantes. No auditório que ali a mentaservia também de genuílexório para alguns após as palavras do Prof. Plínio entidade possui estava em curso a apresentajovens da TFP que ali, de joelhos, recitacavam Corrêa de Oliveira. Um operário peção de um "vidco..;asscte". • • • o Rosário. diu para falar, querendo "agradecer - "Viu só o entusiasmo dos correspondenAproximei-me de um grupo de pessoas. à TFP pelo convite que ,nefez de me tes da TFP norte-americana na -Califórnia? E Esses foram alguns comentários que ouvi , - "A senhora. de onde veio?" trazer para participar deste encontro eram bem numerosos! ..." ao final da conferência, na porta do auditório. - "De Campos.:· regional. que eu gostei muito''. O Foi assim que fiquei inteirado de que o Quando o Presidente do Conselho Naciona l - "Quantas horas a senhora viajou· para operário, morador num bairro da "vídeo-cassete" era a filmagem do último da TFP saiu. uma sa lva de palmas e o brado vir ao Encontro?" periferia da Capital paulista e excongresso de Correspondentes e Simpatiza n- ''Pelo llr..tsiH 'fr:'ldi\·úo. Familia ~ l'ro- "Isto pouco importa. Estes Encontros militante da Pastoral do Trabalho, tes da TFP dos EUA, rca li1,ado na Califórnia, pricdadc!" - ressoaram no salão da confên· valem a pena, eu faço qualquer sacrifício para afirmou que "a partir de hoje eu no início deste ano. c,a e nas 1mcd1açoes. ·1nd1can<10 que o t:ncondeles participar. .." estou st,nclo u,n si111pa1izanlt e. que,n - "Convidamos os correspondentes e simtro chegava a seu termo. Em cada roda, as conversas eram sempre sabe. breve,nente um participante". patiia ntes a se dirigire m agora àquela sala cm Num ônibus, que estava prestes a partir, animadas. Cheguei ao toldo montado num Na ocasião, também friso-, que frente ao auditório, onde serão distribuídas ouvi um derradeiro comentá.rio: espaçoso páteo pavimentado, o nde algµns fizera parte da Pastoral Operária, lembranças do Encontro. A conferência de · - "Curiosa a TFP. Sempre faz a coisa participantes aguardavam o início da próxima acrescentando: "Eu senti, gente, que Dr. Plínio começará pontualmente às 18 certa na hora certa ..." conferência. A palestra anterior ainda era a Pastoral Operária não tinha mais horas. De modo q ue os que têm que viajar. A. F. motivo de comentários: nada ·tlv qu<' político ... Dl' religiâu. para mim. ali níio tinha nada".

cistas, Sr. Welington da S ilva Dias, ao tratar do tema "A Revolução nó campo temporal". flustrando sua exposição. a~uele sócio da TFP serviu-se de "shdes" e de uma trilha sonora para ressaltar a tendência para a loucura que, a partir da valsa, veio se acentuando nos estilos musicais que se sucederam. Notadamente nos ritmos alucinantes e caóticos q_ue caracterizam as expressões musicais nos últimos 20 anos. E acrescentou: "Essa sensação de que o mundo estdjicando louco faz com que as pessoas fiquem imobilizadas ou forçadas a seguir a moda··. Outro conferencista, o Prof. Antonio Dumas Louro, abordou o tema da "A Revolução 110 campo espiritual", destacando o esplendor da Igreja Católica ao longo da História, cujos monumentos atravessam os séculos, como é o caso das catedrais góticas. O contraste entre esse esplendor e a situação da Igreja em nossos dias foi acentuado pelo expositor, que projetou "slides" do catecismo ilustrado espanhol do Padre José Luís Cortés, onde as figuras de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem e dos Apóstolos são blasfematoriamente apresentadas numa at-

·o

Impressões nos locais onde se realizou o Encontro

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No encerramento do tº. Encontro Regional dos Correspondentes e Simpati~antes da T FP. ' em conferência pública pronunciada perante mais de mil pe.~soas, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. analisou o progresso do comuhismo cm nossa Pátria nos últimos vinte anos e o papel da TFP ao longo desse período. Apresentamos a segu ir trechos significativos da conferência. São Paulo -

"Tudo 110., in-

uoduz nun,a situarti'o 1nui10 nwis vaâlantl.' do qu,,. luí 20 mws fllNís. O perigo veio dé dt•ntro t> o perigo veio de• /Offt, O perigo nos ,·c•rc-<1 de todos os lados. Esta é a realidade··. - Tais pafavras foram pro1erimis pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. perante numeroso público. de mais de mil pessoas. q uc lotou inteiramente o auditório "Brasílio Machado Neto", no último dia 15 de maio. "Brasil: ,,.,·peranf(IS e apr,•en· sõt>s". foi o tema da conferência mardtdá por uma not.1 brilht1ntc.

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cheia de ent usiasmo e de fé. Depois de ana lisar o progresso do perigo comunista cm· nO:iS.-'l P{,. tria nos últ imos vinte anos. o orador mos1 rou q uc o papel dcscnvold ido pela TFP ao longo desse período consistiu cm de nunciar as invest idas do comunismo. "111twforça n1inoriuíl'ia·· <.1uc "(l\'(111<'ª sentpr<• ti soc{lpa··. E relembrando os efeitos produzidos sobre a opinião pública pela difusão mundial da Mensagem das 13 TFPs sobre o socialismo autogcstionário de Miucrrand e pela divulgação do livro "'As CEfJs... das quais muito se foi{/, pouco se <·onhec·e - A TFPas descreve ,·01110.rão", asseverou o ilustre conferencista: .. Este gênero de de11ú11cias à opinião púb/ic{I pegou. A TF P para a investida do m on stro. As garras do leão dourado da TFP poden, conter o ,nvnstro verrnellto!"

64 - 84: o que mudou? O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira confrontou a situação do comunismo em 64, ano da deposição do governo Goulart e. transcorridos 20 anos. a situação dele em 1983. Recordando que a pergunta fundamental é "o que o brasileiro mé-

dio pensa do conwnis,no. a,é que ponto quer cu·eitti-lo ou rejeitti-lo ", o orador destacou o proveito tirado

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'Na conferência realizada no auditório .. Brasílio Machado Neto". mais de m il pessoas ouviram o Pro.f. Plínio Corrêa de Oliveira discorrer, de forma leve. atraente. categó ~ica e lógica. sobre a evolução do perigo comunista no Brasil nos llhimos 20 anos. a posição da opinião pública nacional diante desse pe-rigo e a at uação da TFP visanw do combatê-lo ·

pelo comunismo da propalada distinção entre duas correntes suas, o PCB e o PC do 8, uma cisão que não passa de "um folclore, 111as um folclore sagaz", Com efeito, o PCB - Partido Comunista Brasileiro se apresenta como constituído "pelos i111ele<'tuais do partido. homens de doutrina, de gabinete. de ordem" e nquanto o PC do B - Partido Comunista do Brasil - se diz o partido dos "comunistas desordeiros. violentos". O papel do primeiro é o de ··encaminlu,r a sociedade bur.gues11 run,o 110 ,_·0111unisn10". vivendo no seio dela. Ao lado desses "co1111111istas de burguesia", o comunismo que adota a violência contra a burguesia "'trabalha de fora para dentro para derrubtí-/a". "'Eu não posso ,·rer - continuou o Presidente do CN da TFP - que eles estejam brigados uns co,n os outros. Parque uns ateiam fogofort1 e outros ateiàn, fogo dentro. i;,1es es1<io brigados com o bonrbeiro... Que es1ejam bríKados e,ure si é um

folrlore que eu 11ão passo crer··. Registrando que os "com111tis1c1s de escritório", de 64 para cá, cm nome da liberdade de pensamento não foram inquietados, enquanlo os ter: roristas do PC do 8 foram reprimidos, julgados, e depois foram comer "o gor<lo pão do exílio <·011for{(ível e turístico dado pelo comu nisrno internacional'". o conferencista afirmou que, durante esse tempo, os comunistas do PCB haviam penetrado "especi1Jl111enll, nos ,neios .

através dos quais se conquisro 11 opinião ptiblic·a: se,uintirios. uni ver· sidades. dentro das u11iversidades especial111e,11e 11s Faculdades ,!e Co-

1nunico('iiO Soâal. onde se fornuun hon1ens que vtio troha/Jwr na ilnvrensa. no rddio. 110 u·levi.wio. E quando se iniciou a (Jbertura. o PCB tinha este poder enonne: a di1ad11rll dos microfones".

O f enômeno Casaldãliga Constatando "o fato que estd diante dos olhos de rodo o 1111111do", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira discorreu também sobre a penetração da iníluência comunista nos scmi n{,rios. faze ndo notar que. ··em boa nu•dida". essa influência "prové,n da ll('Õi> de se1ni111írios de .fi>ra do Brasil'". Dai, por exemplo, o fenômeno Casald:íliga, para citar um nome: "rstuc/011 riu se,uinârios espanhóis e ou1ros lugare.;;, \~eio para cá. foi promovido a Bispo . e faz a propaganda que quer. e a faz enquanto Bispo".

Em torno do Brasíl, o perigo cresceu

Compunham a mesa que presidiu a solene sessão de encerramento do Encontro. o Revmo. Pe. Antônio Silveira. a Revda. Irmã Ana Eugênia de Sion, o Dos.embargador ltato Galli. diretores e sócios da TFP brasileira e representantes de Tf Ps e entidedes conQêner es de 13 oeíses

Também outras conquistas estratégicas do comunismo foram abordadas pela penetrante análise do catedrático paulista. Para ele, em decorrência do progresso cientifico e tecnológico, "o Brasil ficou · ao alca11ce da O(:ÕO 111ilitar de Moscou, pelo menos en, alg111110 medida, e todos jti estão se lembrando dos famosos aviões líbios carregando armamentos", A isso é preciso somar o fato de que "o Oceano Atlântico deixou de ser 11111 mar asséptico, e,n tóxicos co111t111istas. De norte a sul do Atlâ111ico, 110 litor<1/ africano, o conwnism o tem suas janelas". E sobre a situaç.'io cm nosso Continente, destacou que. "durante este tempo, algumas nações sul-11merrcanas como o Chile e o Peru ado-

1arar11 o cornunisrno e deixara111 de ser comunistas". E a Bolivia, "que entrou no co;nunismo. saiu do co .. 111111,ismo. hoje possui um governo que é pró-co1111111is1a",

Integridade nacional em perigo na Amazôni a?

,,•... O auditório aplaudiu com calor o Presidente do CN da Tf P quanpo este afirmou: "As garras do leão dourado da TFP podem conter o monstro vermelho comunista··.

Declarando q ue "ainda esta para verificar o 111is1ério de que, se hti tantos desempreg,ulos. com o é que nas casas particulares faltam e,npregadas", o conferencista indagou: "Quem mantém essa muralha psicológica por onde esta gente se vê obrigada - a acreditar 110 folclore

com1111is1a - a ir lutar de bo,nba na ,não para ,notar a / 01111! (' não quer pegar nu,na vassoura. 11111n aspirador de pâ para matar (J fome?"

E depois de comentar as dec: •• rações do Sr. Jeremias Lunardelli, presidente da Associação dos Empresários da Amazônia, s•gundo as quais a Amazônia oferece não apenas empregos mas amplos espaços a serem ocupados por pequenos e médios produtores. com a certeza de riqueza e de progresso. o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ~nfatizou: ··se nós não souberrno.,; enro,ni11/rar li.< populações desempregadas

para nos.,·os terriu}rios o,·iosos da A ,nuzônia. sabc•111 o que vai tu:011· te<·er? - f: c1ue ,w ONU, em outros órgãos dela, os povos que têm exces..so de populaçiio vão reclm11ar. en1 no,. rne dtJ refor,na axrâria. a A1naz611ia

para eles. t:: ~1ós não tere,nos u que respo11der. 1:: a i11depe1ulê111·ia do Bra,ril que esrri ent t·c,u,. E 11 integridade 11acional <1ue esuí em cena".

Que todos cumpram com seu dever Ao final de sua exposição, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira acentuou a receptividade que a TFP tem e ncontrado em amplos setores da classe operária, citando como exemplo o abaixo-assinado promovido pela TFP c m Curitiba, onde "nada menos de 1.500 operarios s11bscrevert1m 111110 prece pedindo q Nossa Senhort1 Aparecida que nunca o con1w1ismo se estabele('a no Brasil". Afirmando que a fidelidade à verdadeira Religião constitui garantia da proteção de Nossa Senhora Aparecida. o conhecido líder e pensador católico concluiu: "Do fundo da História, ,ne vern à mernória o prodamaçãv de '"]' brasileiro num m omento difícil. E a do Almirante Barroso 110 Guerra do Paraguai: 'O Brasil - e eu acentuo: o Brasil cristão - espera que todos cumpram seu dever' ".

Falam os correspondentes e simpatizantes Com frcqiiéncia, os sôcios e cooperadores da TFP foram procurados por participantes do Encontro, os quais apresentavam suas impressões pessoais. Expomos a seguir algumas das mais

significa1ivas: • Eu gostava da TFP, mas nunca imaginava que fosse o que vi. • Estou entusiasmado com o êxito do Encontro, principalmente com a quantidade de participantes de muitas cidades. • Quando o uço alguém fa la r na televisão, não entendo nada. Ao contrário. o que o Dr. Plínio disse. eu entendi tudo. Aquela história da mulher com a trouxa que foi abordada pelas CEBs é exatamente o que aconteceu comigo quando mudei para a vi la e queriam reivindicar um grupo escolar de alvenaria cm lugar do de madeira. • Fiquei encantada pelo Dr. Plínio. Como ele é bondoso. simples; ele tem a energia de um jovem. • Não perdi um raciocínio do Dr. Plínio, entendi tudo. Se a TFP não tem importância. porque os esquerdistas se preocupam tanto com ela? • A conferência de Dr. Plínio foi completamente o contrário do que cu imaginava. Não teve nada de hermético. Aquele modo de falar provava o contrário. • Um Sr. de São Bernardo comentou: "O que Dr. Plinio fez foi uma convers:, com o auditório. uma ~oisa leve e agradável". • Fiquei impressionado quando ouvi Dr. Plínio dizer que na Índia há pessoas que pedem ajuda à TFP. • Um contemporâneo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, ao cumprimentá-lo: "Plínio. você fa,. sozinho o que o Episcopado inteiro devia fazer!" • Gostamos muito. A conferência do Dr. Plínio foi de uma clareza muito grande. A TFP está de parabéns. Tudo que foi exposto nas conferências nós sentimos nos ambientes cm que freqüentamos. • Há mais de 10 anos venhos desejando e pedindo um encontro como este. Agora s im , isso precisa se repetir. • Uma senhora de Belo Horizonte, ao cumprimentar o Dr. Plínio disse: "Teu olho direito é combatividade, o csquçrdo é paciência, cha mo-me Maria Inocência. sou baiana mas pensam que sou mineira!" • Um simpatiza nte dizia que freqüentou algumas reuniões de CEBs mas se afastou. Agora esclarece os vizinhos e conhecidos visando interessá-los cm participar de reuniões da TFP. • Está tão boa a programação aqui que até parece que estou há muito tempo nela. • Como o Dr. Plínio descreveu bem a pressão das CEBs sobre a mulher com a trouxa na cabeça. A gente parecia estar vendo a cena. • Vejo que vocês são mesmo católicos dedicados. Estou muito contente por saber que meu filho pertence à TFP.

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QUADRAGÉSIMO J. QUE CONSTIT~

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O primeiro grupo de redatoros do "Legionário" em torno do Arcebispo de São Pauto. O. Duarte Leopoldo e Silva. A esquerda do Prelado. o Prof. Plínio Corria de Oliveira.

, , C ATOLICISMO~ comemora na presente edição o quadragésimo aniversário do livro que já se vai tornando histórico, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "En, Defesa da Ação Católica". Do muito que já se tem escrito sobre a obra, selecionamos hoje apenas alguns textos mais significativos. extraídos de: artigos que "Catolicismo·· Ja publicou sobre o assunto, estudo de conhecido progressista e escritos posteriores do próprio autor, focali1,ando a doutrina e as profundas repercussões alcançadas pela publicação. Dessa forma.o leitor poderá formar uma noção de conjunto, resumida embora, sobre o conteúdo e o alcance de "En, Defesa tia Ação Católica". O livro foi lançado em junho de 1943 contra o~ erros que. infiltrados na Ação Católica, vinham solapando o laicato católico brasileiro. Tais erros constituiâm o inicio de um processo tenebroso. que .o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira detectou ainda na origem, e cujos desdobramentos viriam a desembocar no progressismo. Hoje, com o avanço deste e as devastações que ele vem provocando, é fácil para um católico imparcial dar-se conta da trágica

situação em que se encontra a Igreja. Mas em 1943, quando os meios católicos pareciam navegar em um mar de normalidade - os Sacerdotes revestidos ainda de batina , a doutrina ortodoxa ensinada nos ca· tecismos e nos púlpitos. a obediência à Hierarquia vigorando plenamente, a moralidade vivamente fomentada, as igrejas cheias, o culto prosperando, confissões e comunhões numerosas - quem se daria conta? Quem creria que alguns desvios na Ação Católica, cujo alcance o público católico não compreendia bem, constituíam o germe dos excessos que presenciamos em nossos dias! '" E,n Defesa da Ação Católica" foi um marco verdadeiramente histórico. Ao trata r dos desvios da Ação Católica, encontramos na referida obni esta eloqüente afinnaçâo: "Muitas pessoas não percebem as conseqüências profundas que estão implícitas nas idéias que professam . .... estamos cm presença de uma idéia em marcha. o u melhor de uma corrente de homens cm marcha atrás de uma idéia, nela se radica ndo cada vez mais e de seu espírito cada vez mais se intoxicando" (pp. 337/ 8). . A história destes 40 anos é a

prova cabal da lucidez dessa visualização. Sabia o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que, se lançasse o brado exigido pelas circunstâncias, passaria a ser odiado pelos promotores dos erros e incompreendido por muitos amigos. Perderia seus cargos e o prestigio de que meritoriamente se servia para o bem da Igreja. Ficaria isolado e seria menosprezado. A retidão de sua consciência não vacilou um só instante. Quem conhece a história religiosa recente do Brasil não pode deixar de sentir emoção ao ler, hoje, nas páginas de "Em Defesa da Ação Católica", as seguintes palavras: "Assumimos voluntariamente esta penosa tarefa, já que os mais ingratos encargos são os que, com maior amor, devemos abraçar na Santa Igreja de Deus ..... Ainda que os cardos nos dilacerem as mãos. ainda que recebamos só ingratidão da parte daqueles a quem quisemos estender, por entre os espinhos dos preconceitos. o pão da boa doutrina. de tudo nos daremos por amplamente compensados, se o valor do sacriflcio que fizemos . for aproveitado pela Providência para a união de todos os espíritos. na verdade e na obediência" (pp. 14/ 15).

'Houve quem pretendesse que, indo a lugares suspeitos e escandalosos, faria apostolado, levando ali o Cristo. 'Vacinados contra o pecado, pe los efeitos maravilhos da Liturgia e do mandato da AC, pretenderiam certos membros desta, como salamandras, instalar-se em pleno fogo, sem se gueimar. 'Agasta-os tudo· que, lembrando a delicadeza feminina, acentua a diversidade dos sexos. 'Combatem, por exemplo, o uso de véus nas igrejas. Nã_o ce~suram o uso de calças masculinas paras as mulheres. nem o do cigarro. ' .... Tudo quanto signifique combate direto e de viseira erguida contra as modas indecentes, as más leituras, más companhias, maus espetáculos, passa, muitas vezes, sob o mais profundo silêncio. ' ... , Ao que parece, tantas e tão lamentáveis liberdades seriam privilégios inerentes à AC. Os antigos

métodos de mortificação e fuga das ocasiões eram certamente muito aptos para as antigas associações, onde realmente se pode ser severo e e,úgente. A AC, porêm, representaria a libertação de tudo isso. 'Estas precauções eram muletas sobre as quais se apoiava a insuficiência estrutural, jurídica, orgânica e vital das antigas associações ... De tudo isto, poderia e deveria prescindir a AC' ("Em Defesa da Ação Católica", pp. 99-100) . .... Mostrando a semelhança desses erros com o modernismo, acentua Plínio Corrêa de Oliveira que 'era preciso , que fizéssemos uma exposição conjunta de todos estes pnncípios errados, para que se percebesse claramente estarmos em presença, não de erros esparsos, mas de todo um sistema doutrinário baseado em erros fundamentais, e muito lógico em professar todas as conseqüências daí decorrentes' (p. 101)" (Cunha Alvarenga. artigo citado).

EFEITOS DE TAIS ERROS SOBRE O BRASIL, AINDA IMBUIDO DE TRADIÇÃO CATÓLICA "Naqueles anos havia uma grande e luminosa realidade que se chamava o 'movimento católico·. Nessa designação genérica se compreendia o conjunto formado. de norte a sul do país, pelas associações religiosas. t claro que neste, como c m todos os vastos conjuntos. havia

- caminhava para a frente unido filialmente a um Clero no qual eram numerosas as personalidades de valor e de prestígio, e a um Episcopado coeso e profundamente venerado. "Procedente de vários focos localizados na Europa, incubou-se, por etapas. em setores religiosos do

DEFINIÇÃO DE AÇÃO CA TOLICA: ALCANCE DO ASSUNTO PARA A ESTRUTURA HIERÁRQUICA DA IGREJA "Como se sabe, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Igreja como uma sociedade hierárquica. na qual. segundo o ensinamento de São Pio X. a uns cabe ensinar, govern;1r e santificar. e a outros ser governados. ensinados e santificados (cf. End· clica ·Vehe111e111er, de 11 de fevereiro de 1906). "Como ê natural essa distinção da Igreja em duas classes não pode ser do agrado do ambiente moderno modelado pela Revolução. Não é de surpreender, pois, que cm matéria de Ação Católica tenha aparecido uma teoria que. cm última análise, tendia a nivelar o clero e, os fiéis. Pio XI definira a Ação C:ltólica como i participação dos leigos no apostolado hierárquico da Igreja. Como quem participa tem parte,

a rgumentava-se. os leigos inscritos na AC 1êm p.irtt.· na m1s:sào e na tarefa da Hierarquia. Ao contrá rio dos fiéis inscritos nas o utras associações, os da Ação Católica são, pois. hicra rcas em miniatura. Não são mais meros súditos da Hierarquia, mas quase diríamos uma franja desta" (Elói de Magalhães Taveira, ·· Para evitar as prescrições da História".. .. Catolicismo... nº 150, j unho de 1963).

i'tt "Podemos dizer que a cabeça de fila de todos os erros que se infiltraram na Ação Católica era o igualitarismo, emanado da Revolução ê corporificado no tal mandato que fazia, dos membros dessa nova associação do laicato, participantes

. da Hierarquia. A esse erro fundamental dedicou Plínio Corrêa de Oliveira a mai or parte de seu li vro, mostrando clara e exaustivamente

como 'existe uma d iferença essencial entre os poderes impostos pelo Divino Salvador à Hierarquia da Igreja e os e ncargos cometidos pela Hierarquia aos fiéis' (p. 55) .... Mostra o autor que 'não ex iste uma participação da AO. nem na Hierarquia, nem nas funções hierárquicas'. Inteiramente gratuitas. 'ainda que as teses anteriormente refutadas fossem admissíveis, Pio XI não deu à AC a participação na Hierarquia o u em funções hierárq uicas· (p. 61)." (Cunha Alvarenga, "E,n Defesa da Ac:ão Católica. uma obra providencial". ..Catolicismo", n• 270. junho de 1973).

LITURGICISMO, PERMISSIVISMO E OUTROS ERROS QUE COMEÇAVAM, DIFUNDIDOS POR MEMBROS DA AC "Nas fileiras .da Ação Católica, ao mesmo passo que entrou um legítillJO interesse e zelo pela Sagrada Liturgia, se esgueiraram também vários exageros do chamado liturgicis,no. "A profissão desses erros - como é inerente ao espírito liberal importava numa franca independência dê critica e de conduta face à doutrina ensinada pela Santa Sé e às práticas por ela aprovadas, elogiadas e incentivadas. "Assim, a subestima da piedade privada e um certo exclusivismo em favor dos atos litúrgicos, uma atitude reticente para com a devoção a Nossa Senhora e aos Santos, como incompatíveis com uma formação cristocêntrica, certo menosprezo para com o Rosário, a Via Sacra, os Exercícios Espirituais de Santo lná-

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cio, como práticas obsoletas, tudo isto constituía mostras de uma singular independência em relação aos numerosos Documentos pontifícios para os quais não hã palavras que bastem para recomendar tais devoções e práticas. "Talvez mais frisante ainda se mostrava a influência do liberalismo na opinião sustentada em certos círculos, de que a Ação Católica não devia prescrever a seus membros regras especiais sobre a modéstia nos trajes, nem devia ter um regulamento impondo-lhes deveres especiais e penas ,para o caso de serem transgredidos tais deveres. "A mesma influência se patenteava ainda na idéia existente nos .mesmos círculos. de que não era necessário o rigor na seleção dos membros da Ação Católica. e mbora

paradoxalmente se sustentasse ser esta uma organização de elite" (Elói de Magalhães Taveira. artigo citado).

Visão parcial d<i vaie do Anhangabaú (São Paulo) - local onde se realizou o durante uma das sessões deste importante evento religioso

ce na heterogeneidade. Assim, a par de entidades inertes, esclerosadas pelo. tempo ou abortadas por fatores vários, havia outras de uma vitalidade incontestável, e algumas até de uma pujança extraordinária. Entre estas últimas refulgiam as Congregações Marianas. O movimento mariano, que começava a se expandir no período de 1925 a 1930, chegava então ao seu apogeu. Prestara ele à Igreja o incomparável serviço de - num pais como o nosso. em que a Religião só era praticada pelo sexo feminino e por uma minoria de homens de idade madura - atrair para a vida de piedade e para o apostolado legiões inteiras de jovens de todas as classes sociais. "Todo este mundo de associações novas e antigas - pois pela quantidade se tratava de um mundo

Brasil, desde 1937, aproximadamente, até 1943, uma mentalidade dominada por uma obsessão: resolver o conflito entre a Igreja e o século mediante uma capitulação completa, isto é, por uma reinterpretação da doutrina da Igreja, uma reforma de suas leis, sua liturgia, seu modo de ser. que a ajustasse totalmente com o que é moderno .... .. Bramindo · por uma ambigüa modernização, propondo de cambulhada coisas excelentes, coisas discutíveis e coisas péssimas, e fazendo em geral das excelentes e das discutíveis pretexto para as péssimas. esse espírito de falsa modernidade começou a se manifestar em alguns movimentos de si excelentes.. (Plí nio Corrêa de Oliveira. --como ruiu 11 pirâ,nide de Queops .., in "Folha de São Paulo". 8-2-69).

··Aprcscnll.:lllO!t- alguns exemplo~

de imodéstia e de igualitarismo em certos meios da Ação Católica (quão menos escandalosos que os desvarios progressistas de hoje]: ·Ninguém ignora os múltiplos perigos que os bailes 1razem consigo. Tais bailes. e ntretanto. não são tolerados mas recomendados. não são rccon1cndados mas até impostos: os retiros espirituais durante o carnaval. são considerados uma deserção. pois que o membro da AC deve fazer apostolado nas festas pagãs do carnaval.

EFEITOS DA DENÚNCIA-BOMBA NO MOVIMENTO CATÓLICO .. Notamos 4uc o mal vinha espalhado c,nn

Slllll.1

arte. hlbia e cópia

de prosélitos. Era preciso dar. em meio i1 dcsprcvcnção geral. um brado de alarma. que acordasse a atenção de t0dos. Assim. foi com o i nt\."1 ro apoio tk Mons. ~-1:i)...-, ..,. Jo

!'e. Sigaud. ,,uc publiquei o li1ro-

Defesa <Ili Acão Ca1óli<·a". Era um gesto de kamikaze. Ou

homha ·· f:m

estouraria o progressismo 011 esto ur.iríamos nós.. ( Plínio Corrêa de Oiiveint. ·· l\11n1ik,1:,, ... in .. Folha de Sâo 1'11111<1 ••• 15-2-1969). "Mais do que tudo lembro-me da profunda impressão que causou em mim, como em todo o meio católico, a leitura do prefácio honroso com que D. Bento Aloisi Masella, esse Prelado que o Brasil venerava como


INIVERSÁR/0 DE UM LIVRO .,,,

r.JIU MARCO HISTORICO o Núncio perfeito. e que por is10 mesmo o Papa Pio XII quis revcs1ir dos esplendores da Púrpura romana. aprcsen1ou o li vro a nosso público. Lembro-me 1ambém da reação cont ní ri" .... "Essa reação teve 1rêsc1apas. Ela fracassou na primeira. e novamente

fracassou na segu nda. Porém alcançou pleno êxito na terceira. "A primeira etapa foi a das ameaças. Lembro-me ainda que. de volta de uma viagem a Minas. meu então jovem amigo José de Azeredo Santos - que seria depois tão conhecido como polemista de indom/1vel c-oerência - nos informou bem humorado e divertido: 'Estive com Frei BC. que me disse estar cons-

livro conlinha erros. Até numerosos erros. Não se diziam quais eram . Mas que os havia. hav[a. Já não se

maioria a quem a d<.·ni"incia do livro

SEGRETERIA 01 ST-t-170

causou estranheza, ficou entretanto de sobreaviso com o progressismo

oi

falava de refutação. Era somente a

na~ccntc.. e não se deixou cmbnir

rear.rmação insistcn1c da mesma acusação imprecisa: há erros. h/1 erros. há erros. manelou-sc por. todo o Brasil. A esta forma de aiaquc não faltava certa c loqiiência: Napoleão dizia que a melhor r.gura de retórica é a repetição. Sem embargo dis10.

por ele. Se o progressismo não passa hoje. no Brasil católico, de uma algazarra infernal promovida por uma minoria iníluente e de grande cobertura publicitária. se a massa católica dele es1á arredia. deve-se is10. cm grande parte. ao brado de alarma precoce do "Em Defesa do Ação Católica", O sacrifício do ka-

"Ei11 Defesa''ª A('ãO Católica" COO·

1inuava a se escoar rapidamente nas livrarias.

mikaz.c va leu o muito ,quc custou,"

·· Por íi1n. (' Ji\:ro :si.· csco tou. /\,, longo deslc tempo, rcah1.àra e1e sua difícil missã o, sohrc a 4ual falarei adiante. Uma reedição não parecia. _pois. oportuna. O zu nzum também

(Plínio Corrêa de O liveira, artigo .. Kamika:e". ' já ci1ado). .

A pujança do movimento católico se manífestou na monumental procissão de cente• nas de milhares de fiéis pelo centro de São Paulo. no encerramento do IV Congresso Eucarístico Nacional, em 1942. No ano seguinte. o Prof, Plinio Corrê a de Oliveira. um dos oradores do Congresso Eucarístico. publicou. na qualidade de Presidente da Junta Arquidiocesana da AC de São Paulo. o livro-bomba "Em defesa da Acão Católica" f,I, '

• SUA SI\NTITí\ E:r, Aeélll>l,s Vaticanis, die 26 feb,rw,rii 1949. Praeclare iViT, Filii studio ct pietate permotus a , eatissi1110 Patr i volwm en. do,10 cledisU. cui i11sc~•pti'o "Em. defesa da ,! ção Católica", a /e sect1cl,1 cui a et diuturna diligentia e:r,a.

ratum.. Sa11clltll's Sua ga1utet tibi, !lt<Od Actione,,, eatho!lca111, q1(a111 v e11i t1ts 11ovisti. et magn! áestimils1·ac r,te et diser Le c:tpla11asti ~t defe11'il.istl, ita ut om11lbus su·111111opei e opor. teie apvareat huiusmoãi l!ierarchtci dpostolatus au:i;iliarem forma·11• aeque perpe11dl e! proveht. Artgus( r,s Pontifeo: eo; a11l1no vota t,acit,, ut e labor e tuo d!vltes 11,atr,rcsca11t /f~uctus et luruâ parva et pa"ca sol/ltia colligCls; l~Or> a11t ~111 111 auspicir,1111 Ubi Apostolic.1,111 8 e11edictió11e111 i 11111eri n . l n teJlca q(la par cst obscrvd11tia me proflteor

"Nosso pcriodo catacumbal durou qu;atro anos. Mas 4ua1ro que traziam constantemente consigo os

1ristes sintomas de um es1 ad o dcr. ni1ivo e sem remédio. Imagine o lci1or um pugilo de lideres já sem lidcrndos, um grupo <-IUCjü cumpriu sua missão. sobreviveu a ela . e íica sobrando.

Tibi addfctissünu,m

Esta a nossa situaç~1o

quando o muis velho de nós linha 40 anos e o mais jovem 25! "Reso lvemos con1inuar unidos, cm uma vigília de oração e ;mülisc

dos aco ,11ccimen1os até que Deus quisesse. "Alugamos uma pequena sede na rua Martim Francisco. e ali nos

reu níamos Iodas as noites. sem cx-

Fac-símile da carta que, cm nome do Papa Pio XII, Mons. Montiní enviou ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Ahaixo, a 1radução da mesma:

cessão. Recordação. sem amargura

foi esmorecendo. Dir-se-ia que pela própri.i ordem natural das coisas o silêncio ia baixando sobre todo o ,·aso. Era a terceira etapa que CO· mcçava. pl:kid;1. e nvolvente, domirn,dora .

"Mas cm 1949. o silêncio se in1crrompeu inopi nad:1mcnte. Oo a lto do Vaticano. uma voz se íc1. ouvir. <1uc haveria de dissipar tod.ts as dúvidas. e colocar numa situação

de invulnerabilidada " livro, quer cm relação ;'.1 sua doutrina. quer i1 sua oportunidade. Foi a Carta de

louvor de Mons. Momini, e ntão Substiluto da Secrc1aria de Estado. cscrila ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm nome do inesquecível

Congresso Eucaristico N acional - .

tilUída uma comissão de teólogos para refutar o livro do Plinio. Ele se arrependerá - diz Frei BC - de o ter publicado'. Descansávamos tranqililos. os que sustentávamos os princípios de Em Defeso da Ação Católico, pois sabíamos a obra analisada e esquadrinhada previ2mc n1e por dois teólogos já célebres no Brasil, Mons. Mayer e Pc. Sigaud. Resolvemos esperar a refutação. Até hoje e la não veio. Também penso, escrevendo estas linhas. cm um cartão de uma muito ilustre e respeitável personalidade. Diz o missivista que agradecia ao Dr. Plínio Corrêa de Oliveira o oferecimento do livro. e que em breve denunciaria de público os erros nele contidos. Vinte anos são passados ... e nada se publicou. Assim. quanta coisa haveria que contar! "Fracassadas as ameaças de refu1aç.ão; veio a fase do zunzum. O

Pio XII. , "Manda a verdade que se diga haver continuado. apesar disto. o s ilêncio acerca do livro. Que cu saiba é a única obra brasileira inteiramente e especificamente escrita sobre a AC. que haja sido objeto de uma caria de louvor da parte do Vigário de Cristo. Entre1anto. não me consta 4uc coslumt.· cl., ~cr citad;.1 nos ' trabalhos e nas bibliografias que, de quando , em vez, aparecem entre nós sobre Ação Católica." (Elói de Magalhães Taveira, artigo citado).

ttt

"Os adversá rios deste comprometimento - comprometimcnlo social dos militantes da Ação Católica - bem como das tendências para um igua litarismo e um neo-modcrnismo (tendências que hã muito tinham observado na Ação Católica), com ela romperam em 1943. O porta-voz da ruptura é Plínio Corrêa de Oliveira, e as razões do grupo são apresentadas no seu livro Em Defesa da Ação Católica". (Mareio Moreira Alves, "A Igreja e a política no Brasil", Brasiliense, SP, 1979, p. 228).

CONSEQÜÊNCIAS DA PUBLICAÇÃO DO LIVRO PARA O AUTOR E SEUS SEGUIDORES "Estouramos nós. Nos meios católicos, o livro suscitou aplausos de uns. a irritação furibunda de outros. e uma estranheza profunda na unen-

sa maioria. "A noite densa de um ostracismo pesado, completo, intérmino, baixou sobre aqueles meus amigos que continuaram r.éis ao livro. O

esquecimento e o lvido nos envolveram, qua ndo ainda estávamos na ílor da idade: era este o sacrifício previsto e consentido. A aurora, como veremos, só voltou a raiar em 1947. "Mas o progressismo nascente recebeu com o livro um golpe de que até hoje não se refez. É que a imensa

nem orgulho. das glórias da imolação dos dias idos. Aná lise solícita e entristecida. da delerioração discreta e implacável da si1Uação religiosa. Estudos dou1rinários cm com um. Convívio fra1crno e cordial. Assim. a Providência colocava as condições ideais para nos uni r. Veio daí um tal

e nrijeci mento de nossa coesão no pensar, no sentir e no agir. como

mais seria difícil imaginar. Escondida cm 1crl'a a semente germinava. "A nosso lado. organi>.ava-se a solida riedade preciosa e discreta de um pugilo de moça s que conosco lutara na Ação Católica contra o progressismo nascente. e também se retirara conosco para o ostracismo.

"E ai nda assim a morte ceifou 1rês lu1adorcs nessas fileiras tão escassas de membros. O primeiro foi o delicado, o irllrépido. o nobrc·filho de Nossa Senhora. nosso inesquecível José Gus1avo de Souza Queiroz. Lembro também com respeito e sa ud:ides a personalidade ardo rosa. mas ao mesmo tempo silenciosa e

" Pa lácio do Vaticano. 26 de fevereiro de 1949. Preclaro Senhor: Levado por tua dedicação e piedade filial ofereceste ao Santo Padre o livro "Em Defeso da Ação Católica", cm cujo trabalho revelaste aprimorado cuidado e acurada diligência. ..Sua Santidade regozija-se contigo porque explanaste e defendeste -l:'0111 1H: 1wtra~·:io l' l·lan.:1;1 :1 Ac;;io t'a túlica. ú~1 qual possucs u m conhccimcntô completo, e a qual tens cm grande apreço. de tal modo que se tornou claro para todos quão importante é estudar e promover ta l forma auxiliar do apostolado hierárquico. "O Augus10 Pontífice de lodo o coração faz voios que deste teu trabalho resultem ricos e sazonados fru1os. e colhas não pequenas nem poucas consolações. E como pen hor de que assim seja. te concede a Bl•111,,·:"1() i\ post•\ fil'a..

suave. de urna militante da JOC (J uventude Openlria Católica). Da. Angélica Ruiz. E o vulto bata lhador e tão distinto desse chefe de família modelar. desse cirurgião exímio que toda San1os admirou. desse professor universi táario saliente, desse pai dos pobres que foi Antonio Ablas F0 ." (Plínio Corrêa de Oliveira, "Nasl'é a

TFP", in "Folha de São Paulo", 22-2-1969).

POR FIM, NASCE A TFP, APÓS TODO O CASO "Ainda me lembro de um d ia de · janeiro de 1947. cm que noticiei a meus amigos que. segundo uma emissora, Pi o XII nomeara Bispo de Jacarc1.inho o Pc. Sigaud. Como? O quê? Nossa alegria era grande, mas a dúvida ainda maior. O Pc. Sigaud. durante o vendaval, fora mandado como missionário à longínqua Espanha. Voltaria então? Sim. voltaria . .E nossa alegria subiu ao céu como um hino. Uma estrela se acendia. a brilhar na noi1e de nosso exílio, sobre os des1roços de nosso naufrágio! "Con lra toda a expectativa, outra a legria nos esperava no ano seguinte. Ao chegar eu, numa noile de março de 1948. à nossa ca1acumba, um amigo me esperava à porta . ~fervescente de j úhilo. O Cônego Mayer, que passara. durante a tormenta , do alto ~rgo de Vigário Geral da Arquidiocese para vigário do distante, e a liás tão -simpático, Belcn1.inho, acabava de nos comunicar sua nomcac;fi o par., B1spocoadJutor de Campos. 1:: mut,I dizer com que exuliação fomos no mesmo instante felici1á-lo. .. A sucessão dos fatos tinha um signir.cado iniludível. Essas duas nomeações, uma cm seguida à outra, valiam por um testemunho de confiança de Pio XII, que envolvia obviamente a atuação anterior de ambos os sacerdotes ...

" Essas duas surpresas não foram as maiores. Exatamente um ano depois. um religioso muito amigo. cujo nome não ouso declinar sem consultá-lo (e ele eslá de viagem), me entregou uma correspondência vi nda do Vaticano para mim. "Era uma carta oficial, em latim, assinada por Mons. João Batista Montini. que dirigia então a Sccre1a ria de Estado da Sanla Sé .... "Desta vez tudo se tornava cristalino. Pio XII louvava e recomendava o livro do kamikazc ..... ) "O valoroso D. Maycr abria as

Os erros pré-progressistas. que começaram a penetrar nos am. bientes católicos e já heviam sido denunciados em 194 3 pela obra "Em defesa da Açlo Ce• tótica". constitufram os germes da atuei ..Teologia da Li• bertaçlo". Doutrina esta que levou grande número de eclesi• ásticos. religiosos _e leigos a apoiarem o Revolução nicaragüense. nitidamente marxista, Na foto, uma freira empunha o fusH junto à guerrilheira. na Nicarágua.

colunas d o grande mensário de cul1ura "Catolicismo", que fundou em 1951. Esse mensário levantou de novo o pendão da llna contra o progressismo..... "Nossas r.lciras se 1am engrossando ..... "Como as circunstâncias do País iam mudando, nosso interesse se ia ampliando cada vez mais para o campo social. Escrevi então. em 1959, um ensaio expond o nossas teses essenciais na matéria. Intitulou-se "Revolução e Contra-Revolução". O trabalho teve oito edições: duas em português, uma cm francês, uma cm italiano e quatro em espanhol. ºEstava criado o campo para se desprender de todos estes antecedentes uma ação de uma nature1.a diversa, isto é, tipicamente cívica e temporal. "Em 1960, se constituía a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), para junto da qual afluíram todos os amigos que ·o idealismo, a desventura, a fidelidade, e as recen1es alegrias tão intimamenle havia fundido em uma so alma" (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo "Nasce a TFP", já citado).


APE.LO DA TFP COLOMBIANA AOS DESPREOCUPADOS: PREOCUPEM-SE POR FIM!'' 11

ATUAL CLIMA de tensão generalizada na América Latina, patenteado pelo caso dos aviões líbios, retidos no Brasil, q ue transportavam de modo clandestino a rmas possivelmente para as guerrilhas na Colômbia e, ao certo, para a América Central, como també m os problemas fronteiriços entre alguns países, como por exemplo Venezuela e Sur:jname, ou Argentina e Chile. lOrna muito atual e oportuno o manifesto q ue a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP, publicou nos diários "EI Ticmpo", de Bogotá; "El Pais", de Cali; "El D iário dei Huila". de Neiva; "El Diário de Ia Costa". de Cariatcna e "Vanguardia Liberal", de Bucaramanga, os três primeiros cm 29-4-83 e os dois últimos durante o mês de maio, sob o titulo "A despreocupação vem senclo a maior aliada da guerrilha - Apelo da TFP aos despreocupados: preocupem-se por fim/". O documento repercutiu no exterior, tendo sido publicado cm EI Salvador pela Comisión Social "Pai: la tranquilidad dei Orden", formarla por senhoras anticomunís1as salvadorenhas. no jornal "El Diário de Hoy" de 4-5-83. Também na Costa Rica, o bureau de representação das 15 TFPs estan1pou o documento no diário "l..a Nación", de

O

31-5-83. Para conhecimento de nossos leito-

res apresentamos a seguir um resumo desse importante manifesto.

ttt De início. a TFP colombiana afirma que a l..ei de Anistia - promulitada há meses, com maciço apôio político. eclc· s1ást1co e publicitário - nao trouxe ao pais a esperada pacificação. Pelo contrário, a ousadia da guerrilha foi adquirindo uma magnitude sem precedentes. deixando entrever o plano comunista de convulsionar a nação. A entidade julgou seu dever res•. ponder às seguintes perguntas formuladas por inUmeros colombianos: "O que dizl!r desse pas:so dado pelas autori· dade.t? O que i'SpRrt1r do J>trt"o,lo que assim elas abriram no f/i.t1ória cio poí.r? E eom o enfrentar a om,,aca subvn.fivo que, em lugar de diminuit. 1e11,Je o detonar a 1.uf!rr(1 ,·fril?" Sendo o comunismo uma seita a1éia, materialista e hegeliana, com uma con• cepção peculiar do homem. da economia. da sociedade. da política, da cultura e da civilização. procurou e le realizar a conquista mundial. ora tentando persuadir da vcracid:.?dc de sua doutrina as massa_s populares para infundir-lhes ódio e la11ç{1·las na luta de classes. ora utifo,..ando a violência. A confrontação clara entre Oriente e Ocidente era a conscqUénci,:i da mesma impostação do comunismo. agressiva e feroz. Entretanto. na medida cm que a conquista avançou. as multidões foram r.cando apáticas em relação às promessas igualitárias do comunismo. ao mesmo tempo que crescia uma resis• téncia à 'sua índole coletivista e tirânica. A tática vermelha sofreu. en15o. uma adaptação e a guerra psicológica revoIuclonária converteu-se graaua1mente na arma capital. E graças a ela. o marxismo obteve vitórias que a n,era violência nunca lhe proporcionaria. ft por meio de uma série de táticas que o comunismo deseja obter que as nações se deixem condu1.ir até o dornínio vermelho. Para conseguir ta I objetivo. é nceês· sário provocar na opinião públic.a uma impressão análoga a que ser1a produzida por um protesto popular generali1.ado e tormentoso. :se esses setores da população não são vastos. ao menos devem ser muito violemos. A isso deverá somar•se a ação complementar de outras forças que pleitearão, de modo bonachão e condescentende, que o pais consinta que sejam feitas concessões à minoria violenta. Assim, a naç.ão vitima viverá nhcr· nadamcntc períodos de violência e laosos de pseudo-paz que se seguirão depois de obtidas as concessões. A opinião públic.l terá a sensação de que as concessões foram eficazes medidas distensionistas, mas logo surgirão novos episódios de violência.

ttt Dias antes da aprovação da l..ei de Anistia. a TFP colombiana publicou um maniícsto o qual mostrava que com à anistia vcrilicar..sc•ia a transferência da agitação "do fundo das selvas ao ctntró das cidades". A concessão. em vez de

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aplacar os guerrilheiros, "s6 serwtw para olimen1ar n ele.t a e.sperança de êxito. por m eio de extorsões alnda mais amargas, radicais e violentos, com caminhada rdpida até à extorsão total". O que sucedeu? Em certo sentido, muito menos que isso: cm outro sentido, imensamente mais ... Com efeito. constitui ria uma temeridade inaudita para os guerrilheiros recém-anist.iados dar cumprimento à previsão da TFP (e prestigiá-la dessa maneira era exatamente o contrário do que poderiam querer... ): alarmariam a (lpi· niâo pública. desacreditariam por com• plcto os · promotores das conccssõC$ e. em vez de abrir para si caminho a té o poder. fechá-lo-iam definitivamente. Entretanto, durante esses meses. os guerrilheiros obtiveram muito mais: alcançar acordo com eles convcrtcu•sc. para numerosas e destacadas personalidades do pais. no desitlerotum comw,. sem o qual nada de bom e estável. no terreno político, estas julgavam obter. Os criminosos tornaram-se "heróis" e "idealistas... Desta forma. sem necessidade de convulsionar· cidades. apoderaram-se. por assim dizer. do centro dos centros destas. onde se decide o futuro da nação. A anistia incondicioll[ll e gencra• lizada seguiram.se outras benevolências ainda mais desconcertantes. Com eíeito. no momento cm que as leis confiscat6rias e socialis tas vão atacando. sem piedade nem justiça, honrados proprictãrios rurais. o Governo conferiu a numerosos guerrilheiros. supostamente arrependidos. bens que nunca outorgou como prêmio a atos dos mais meritórios: o Instituo Colombiano d.s Reforma Agr{1ria fez-lhes cntreg.ua de propriedades agrícolas. bcnclíciando-os com créditos. muitas vezes. sem outra garantia que o aval do próprio Estado. Qual a origem dessas terras? Em alguns casos. a violência guerrilheira obrigou os proprictürios de a lg,umas regiões a abandonar seus bens e a renunciar momcruancamcntc s ua exploração. devido ao perigo iminente de sequestro e morte. O INCO RA havia arrebatado essas terras, sem :1dcquada compcnsatàu l'~ara ~us lqd1 imo:-. donos ... Em outros casos. as terras provieram da Cüria Diocesana de Florcncia. cujo Bis• po. 1). José Luis Sema. não só se destacou como mentor eclesiástico da anist ia. rnas até declarou sem rodeios haver orooorcionado diversas vei.cs asi. lo a guerrilheiros. Ainda pior. as mencion3das terras. por sugestiva coincidê11· eia. estão situadas precis:1men1e cm uma das- zonas mais atingidas pela guetrilha.

ttt Como era de se cspcr::tr, guerrilheiros presos que a lcançar:un a liberdade gra· ças à anis tia, voharam a empunhar armas par;1 prosseguir c m sm1 sinis1rn luta. Recrudesceram os assassinatos de camponeses (1uc não colaboravam com a guerrllha. como tambcrn os seqüestros de proprietários rurais com o fito de se conseguir resga,es. H{1 então, para os subve,·sivos, uma categoria t;io mi~cr~i \'cl de homens que 3 ela scj;:t negado inclusive o direito à vida? O que di1.er dos propriet;:írios cuja posse de bens implica em risco de vida'! Poder-se-á ohjc1a r q 1,1l· a eles se lhes está questionando só o direito de propriedade e não o direito ~\ vid~1. Mas a isso se deve rcspondêr que e necessário estabelecer se o direito de propriedade é ou não um direito au1êntico. A TFP afirma. com base na Doutrina Católica tradicional. que o direito de propriedade é um direito autintico. sagrad<\ e intan. gível. sém o qual não é possivcl constitui r uma reta ordem social: e que. se bem que tal direito esteja sujeito como absolutamente todos os direitos que 1>ossui o homem a tilulo individual. inclusive o direito ao trabalho - a uma função social, nem porisso é um dirci10 mais débil ou questinávcl. Então. quando uma pessoa, por excr· cer um dirci10 legi1imo corre o risco de vida. ela con1in11a tx-1,éÍlci~1<l:I n:iv sô por esse direito, (dnW t:unhém pdo p1·c',prio dírei10 ;) vid,1. Tem :ilgurn se n1i<Jo que J'>C· lo fato de sefem proprie1ário:,. t~1is 1>csso~,s sejam objeto de exigi:nci,1s por p.inc dos B'1crrilhc1ros e neg~tlldo·SC " :-iccit:í-las. scJam scqUcstrad..is e ;is,s;1ssin:1das"! 1-: (IUC o:-. referidos crimes permaneçam impunes'! E o direito à vida dos soldados? Mais que exercer um direito. cumprem e les com ,•alentia o dever de rcsgu:1rdar a ordem. Se. quando morrem no cumprimento do dever. os assassinos goz~m de

completa impunidade. então o direito ã vida dos soldados. •àpe$3r de terem se consagrado ,1 defesa do pais. não tem garantia alguma.

ttt Sobre a guerrilha, em tese. a Doutrina C.."ltólica faz o mesmo juiz.o que forma a respeito das várias formas licitas de guerra. Isto é. o que ar.rma da guern:,, cin si: pode haver uma guerra justa. dependendo de que sejam legitimas, tanto a caus.a que move uma naç.ão a empreendê-la, qua nto a auto· ridade que toma a decisão: e de que com a guerra se procure obter o bem e evitar o mal. • Então. cm concreto, é licua a guerrilha colombiana? A entidade torna evidente que. por várias razões, não o é. Não só aquela não se baseia cm causa justa. mas também o fim de quem as orientam e executam é intrínsecamente mau. pois consiste no desejo de insrnu~ rar um regime econômico·social coletivista e tirânico. Este traz consigo a negaç;:to de todos os direitos, a violaçé"io de todos os princípios verdadeiros e a supressão de todas as liberdades. A guerri lha não só não é movida por uma autoridade legitima. mas supõe a rcbc• lião contra a mesma. com o fim de estabelecer o dom ínio absoluto daqueles que, em virtude de seus objetivos. não podem possuir legitimidade alguma. Ela é um crime. pois na guerrilha combinamse a iniqiiidadc mtrmscca oa meta com a incscrupulosidade da forma de proceder. Chama a atenção que isso. tão clar~ ao ser exposto . no entanto permaneça silenciado por parte de numerosos movimcn1os e líderes "paeifisws". 1mHo civis como eclesiásticos.

ttt A TFP colombiana fo rmula um apc·· lo ,\s autoridades temporais. c ivis e militares. para que. 110 cumprimento de seu dever e de aco rdo com a Lei. combatam cncriieamente a guerrilha no pais, com vistas a un1a complcw e efcliva rcst~rnração da ordem e da r>az. ~ claro que n3o se trata {,!e exercer uma rcprc.ssão indiscriminada. nem mm .. pouco aplicar medidas cxagcr~1das ou ilícitas de coerção. Mas sim. tendo ccrtc1,.a de que. cm í:tcc. do delito a pena é indispensável. e considerando o foto de que, optando ::alguém pela violência. o faz sabendo que ser:í combatido pela força. e que medidas :1dc4 uad::.s dcvcdio $Cr tomadas pará fo:t.cr ccss:,r. em breve prnio. essa nefasta ação. A rcprcSS5o não ser{a suficiente . se não íor aco mp~tohad::t r>or uma maciça col;abornção e.las por,ul~1çõcs que vivem o nde a guerr'ilh;1 atua. a lim de priv:i•la de todo elemento qth.' possa servir para su~t manutenção e prosresso. Pois. ~llêm de obter os meios de s ubsistência naqueles locais. a guerrilha eíctu:1 neles seu rccru1amento. c ;1:,,.~11n . ..:n1.·omra meios de escapar à re pressão.

Sacerdote progressista em apuros... RECENTEMENTE, o Pe. Miguel D'Escoto, Ministro do Exterior da Junta de Governo Sandinista da Nicarágua. convocou a imprensa para uma entrevista coletiva no Hotel Hilton de Bogotá. Dela participaram, entre· outros. repórteres da Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, desejosos de conhecer detalhes da visita que João Paulo li realizara meses atrás à Niearái:ua. Tran.sercvemos ab.:,Í.'(ô ;1s perguntas fo rrnul:tdas pelo repôrler d~t TFP colombiana uo Chanceler sandinisw. pos-jultamos oportuno lcv.ar ao conhc• cimento de nossos lei1orcs as respostas descabidas dadas ror um corifeu do progressismo e da chan·H1da " lgrej:1 Popular" d.1 Nic,ir;igu.1.

A fi.sionomia do Pe. o·Escoto revela seu desconcerto durante a entrevista coletiva concedida à ímprensa colombiana

P.' - tF'P: Os Srs. (os Sacerdotes) receberam alguma censura por parte de João Paulo li por estarem participando da direção do governo da Nicar:igua? Se houve censura, como foi fei ta? Pessoalmente? Se foi por escrito. como foi? Qual foi o conteúdo dela'! Foi apenas uma recomendação? A censura foi só porque os Sacerdotes estão ocupando cargos fundamimtais da sociedade temportal ou pelo de os Srs. participarem de um governo esquerdisrn. como é o da Nicarágua?

raro

Pe. O'Escoto: Não houve absolutamente nenhuma censura.

F. TFP: Quais foram os frutos da visita de João Paulo li,\ Nicarágua? Esses frutos estão servindo para conter a onda esquerdista ou. pelo contrário. para estimulá-la'/ Pe. D'Escoto: Olhe ... cu não posso dizer, no momento. quais foram esses frutos. sobre a visita do Santo Padre à Nicarágua. Declaro·me inCompetente. P - TFP: Em relação à Missa celebrada por João Pauto li na Nicanígua. o governo picaragUcnsc mandou depois um comunicado de pesar ao Papa? ... Nesse momento, a pergunta foi abruptamente interrompida pelo Pe. D'Escoto. que disse: Pe. D'Escoto: Não há meios de informação sérios? Não há repôrtercs sérios? Que façam outras perguntas.

P • TFP:

t

assim que são tratados os repórteres na Nicarágua. senhor

Chanceler?

Pe. D'Escoto: Não, mas às pessoas como a que me acaba de.fa?-er a pergunta ... Aqui há repórteres interessados cm fazer pcrgun1as sérias e temos pouco tempo. Antes do término da entrevista. cortezmente se insistiu sobre o tema da pergunta anterior: P. - TFP: Sr. <;hanceler, talvez o Sr. considere minha pergunta não séria. mas eu a faço. com toda franqueza. como católico: Em relação à Missa celebrada por João Paulo li na Nicarágua. o governo nicaragilcnsc mandou depois uma nota de pesar ao Papa? Este comunicado foi apenas verbal? Foi por escrito? ... A pergunta n3o pôde ser terminada por h~1vcr sido novan,emc interrompida pelo Pe. l)'Escoto. que exd:1mou:

Pe. O 'Escoto: (; muito longa (a pergunta); é muito longa, não se mandou absolurnmcnte nada. nada.

P - TF'P: O quê? Pe. O'Escot o: Não se mandou nada. Assim não há interesse cm se pergunta r se foi verbal ou por escrito. Tais perguntas e respostas. que constam da entrevista concedida pelo Cha1tcelcr nic;;ir.-,gUensc. fornm enviadas respeitosamente. cm forma de carta. ao Exmo. Nú ncio Apos tólico da San1a Sé na Colômbia. 1). Angelo Accrbbi. para quc S. Ex4,,•1:1. Rc\m:t. lh.·la~ tomasse conhcc1mcnto.

Após a entrevista coletiva à imprensa, numa emissão da televisão colombiana, uma repórter propôs as seguintes questões ao Sacerdote sandinista: P : A res peito da visita do Pa-pa e de sua posição como Sacerdo1c: o que se passou qua.nto a es te assunto? O Vaticano queixou-se cm virtude do ocorrido? Constou que se faltou con1 o rcspei10 em relação ao Papa. Que resposta tem seu governo?

Pe. O'Escoto: 8em. que o dig'a o povo. Oi1.em que o povo faltou com respeito ao Papa. O governo não é responsável pelas manifestações de quem. pela pnmcil':1 ve:,.. :-1.· sctttt.' livre 1.· 4,,·om <lirc i1<, de opmar.

-ttt

P: Mas o Vaticano disse que os Srs. manipularam a informação e que o povo foi manipulado. O que. de fato. ocorreu?

Dando o exemplo do Bem-aven· t urado E.1.equicl Moreno Diaz. ::in1igo Bispo da Diocese de Posto. na Colômbia. que se destacou por sua fogosa combatividade con1ra os erros do libe ralismo do século passado e na defesa da Fé. conquis tando um lugar de excepcional honra n:, His1ôria do país e a bcmavenwrança eterna. a TFP formula votos de que o digníssimo Episcopado col<>mbiano. diante dos erros marxistas - que são os sucessores naturais daqueles emanados da Revolução Francesa :1ssi1n como ante a violência empregada pelos marxisias. assuma uma a titude de eombativid:tde. semelhante :.i de seu vencr:tvcl antecessor. E assim, conceda seu apõio :'ts Forças Armadas e .às autoridades temporlis. como tamMm cs1imule a população. cm geral, a rechaçar a agressão guerrilheira, por lodos os meios lícitos que estejam ao a lcance dela. A Sociedade - ao concluir - e leva seu olhar ;'t Nossa Sc11hora de Fátima - ouc oromercu o triunfo de seu lma· culado Co,·ação sobre o dragão vermelho - 1>ara que Ela queira toe.a r os corações dos guerrilheiros. das autoridades e de todos os colombianos. subir~lindo a nação da conílagrnção cm que se cncon· tra. parn que se resta belcç-a a verdadeira paz.1isto é. não a 1ranqüilidadc aparente e prcc:iria das capitulações, mas a tranqüilidade da ordem.

Pe. O'Escoto: Eu não sei se o Va tica no afirmou isso. Teria que me dize r em comunicação oficial.

IIAto11cnsMo '~~,..-

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ASPECTOS DA VIDA DA MÃE DE DOM BOSCO vio. Procuravam-na para se deliciar ouvindo-a. A todos recebia com naturalidade. nunca invejou ninguém. sempre quis ser e parecer uma camponesa. No entanto. uma superioridade natural de seu espírito a fazia sentir-se cm casa onde estivesse. O. Bosco ressaltou vária s vezes os dotes de narradora de histórias infantis que sua

Quadro de Mamma Margherita. aos 67 anos. pintado por Rollini (i 855). segundo um croquis de Bartolom4 Bellisio. A pintura foi oferecida a O. Sosco no dia de seu onomáttico. 24 de junho. naquele ano. Ao vê-la. exclamou: "I: ela. S6 lho falta falar".

PERSONALIDADE de O. Bosco surpreende. O que nele havia que o tornava capaz de tanta sabedoria no conhecimento dos homens. de 1an1a faci lidade cm alllar entre eles'? Como pôde fa7.er tanto. conservando-se sereno e continuamente homem de oração e pensamento'? Fundou uma Congrcgaç.'ío religiosa - os Salesianos - . íoi escritor. polcmisia, direwr de consciências. diplomata e conselheiro de Pio IX. Além disso. a~uou nos bastidores do Concilio Vaticano I. convencendo Bispos a votar a favor da infalibilidade papal. educou durante toda sua vida sacerdotal a infância desamparada. E ainda era sapateiro·. cozinheiro. a lfaiate para os jovens que recolhia da vida miserável. Fazia qualquer coisa. desde que os interesses de Deus o aconselhassem. Naturalmente, na origem de todos esses dons encontra-se a correspondência exímia a uma grande predileção divina . que já se manifestara na mais tenra infância. Seu pai. ao morrer, dissera à·mãc para cuidar de todos os íilhos. mas sobretudo do caçula. Giovanino. O menino tinha na ocasião dois anos e o pai. camponês atilado, já percebera que no lílho havia muito de extraordinário. Nesta predilação divina. ocupava lugar de realce a graça de possuir uma mãe a bem dizer incomoarável. Basta começar a ler a vida de" A1ammt1 Margherita" para perceber quamo foi providencial sua atuação na formação do caráter e da mentalidade de D . Bosco. Em várias ocasiões. o Santo. com a veracidade própria à heroicidade de virtudes, afirmou que sua mãe foi Santa . Alguém poderia imaginar ser esta uma expressão do afeto íilial ou até legítima liberdade de linguagem. A última palavra sobre esse assunto caberá. talve2. um dia à própria Igreja. Só o Papa é infalivel para declarar que alguém atingiu a heroicidade de vil'ludcs. Feita a ressalva. é legitimo a qualquer íiel entender as aíirmações de São João Bosco em sentido estrito, pois a vida de sua mãe não inclina o juízo noutra direção. Entre os dois se esta beleccu como que uma comunhão de cogitações e de vias. a ponto .de ela orientá-to sobre os próprios Padres da Congregação Salcsiana. Sabia-se que era dotada de uma inluição no1ável. Batia os olhos cm alguém e já não se enganava sobre tal pessoa. E ensinou a D. Bosco ser assim. Sua intuição era tão aguda que pressentia os perigos que ameaçavam o filho. Entre 1852 e 1856. época cm que o Santo sofreu vários atentados, padeceu atrozmcnte, devido a seus pressentimentos. No feito da morte, entre outros conselhos, advertiu o fillfo: Preste atençao porque muitos. em lugar da glória de Deus, procurant o interesse próprio. Rua. Cagliero, Durando. Francesia serão seus-preciosos e fiéis auxiliares. Não se .fie em... Quanto aos irmãos... fique de sobreaviso: o que preten-

A

1

tlen1 é ,.;e beneflcit(r da ...ua xenn·o·

sidade. Nada mai.,·. Sobre São Domingos Savio. disse um dia a D. Bosco: ·· Você u•n, 11111i10,\' jo\'(•ns bons. ,nas 11enluun supero Don,ingos S1wio". A vida de Mamma Marghcrita cm relação a Dom Bosco. pode ser dividid.i cm du,1s foscs hem dis• tintas. A íonn,u;ào infantil e~ anos

depois. sua ida p.ira o Orntúrio e, fim de a_iuda r o li lho a forma r e ahrigar 1.1 infúm: i:1 tksa 111pa rada.

A formação de D. Bosco Mamma Margherirn incutiu no filho o horror ii impureza. grande amor à pobrc1.:1. enlevo sem nome cm relação à Igreja Católica e ardente devoção a Nossa Senhora. Isto numa atmosfera de rija formação do caráter. onde e la fai.ia qucst,io que D. Bosco est ivesse,\ a ltu ra de todas as responsabilidades que s ua idade permitia. O fundador da Congregação SaIcsiana foi moldado especial mente pelo exemplo. Parn todos que conviveram com ela. o que ressalrnva i1 primeira vis1a era sua temperança.

Nada de febricitaçõcs. de maus humores. de atitudes extravagantes. D. Bosco quis que esta virtude fosse característica dos salesianos. cm boa medida. pela admiração que nele despertava a mãe tão temperante. Era capaz de enfrentar rodas de rapazes ou homens maduros que conversavam imoralidades. ex igindo imperiosamente q ue se calassem. e até de ser conselheira discreta e cíicaz de situações dolorosas. Fa7.ia o que era necessário para cada ocasião. Mamma Margherita tinha sua ação facilitada pela capacidade de encantar pela conversa . Já no fim da vida, no Oratôrio. era amiga de hierarcas eclesiásticos, dos Marqueses de Pallavicíni e de outros casais de alta situação social. cm boa medida. pelo atrativo de seu conví-

mãe possuía.

Formava .

contando velhas histórias sobre guerreiros, príncipes. castelos e princesas. além da liistôria Sagrada. a qual narrava de modo especia lmente cativante. A pior ameaça para ela. desde a infância até à velhice. era a conjunção das palavras revolução e Igreja perseguida. segundo afirma Louisc André-Dclastre. Analisando sua mentalidade. essa autora conclui que ela "conservou <1 titica da fé 111f1fi,,,·af'. Tinha o espírito de oração. Rezava constantemente. Tudo isso ela transmitiu a seu extraordinário fi lho. Sempre foi limpíssi ma cm sua pobreza. Vendo pessoas com vestes rasgadas. com jeito. muitas vezes. as levava para casa e lú costurava os rasgões. Limpa na apresentação. foi rnmbc;m modelo de pure1..i : Er" tão estrita que D. Bosco comcnw,1,, amiúde sua dificuldade cm pronunc iar a palavra c:,stidadc. tal a vigirn ncia de sua mãe neste aspecto. O lilho deel,1ro11 a Dom l.cmoync que aprendeu a admirar tal vi rtude

a várias. por vezes, no mesmo dia. Certa ocasião. Dom Calosso. Sacerdote afável. vendo-o tão pequeno. observou-lhe que os sermões eram apropriados para adultos. sendo o tema elevado: e que sua mãe lhe ensinaria melhor tais matérias. Respondeu D. Bosco que gostava muito de os escutar e os entendia todos. O Padre pediu -lhe que repetisse quatro frases de um aos dois que havia escutado no dia. O mcnin.o perguntou-lhe de qual deles. pois sabia ambos de cor. Dom Ca losso quase não podia crer. Uma criança de onze anos. que havia ouvido uma VC'l

apenas dois sermões grandes e densos. dizia que os repet iria de eo1··> Ao ouvir a repetição. fe1-se amigo dele e o ajudou na via que escolhera: o sacerdócio. Sua mãe que. por intuição. já percebera sua vocação. estimulou-a quanto pôde. mas advertiu-lhe: "Se ,.,,sofrer s, iuir <1 carreira de Padrl' !it)cular ,,. por desgrt1<·a. tornar-se rico. não lhe .ft,rei uma só visiw, nun<·a purei os pés na sua cas(J" No 1

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rl.;'<.:Chc.'ll o ltahilo. d;, c!\ti -

mulou-o a ser um pregador da devoção a Nossa Senhora e· lhe disse que não desonrasse a ves te talar. cm hipótese alguma.

~·ol'S. lutas e pcrseguiçõc-s 4uc sofria

o lilhn. Mas dep,>is de pensar. concluiu o Santo que podia fazer-lhe a proposta. porque "M1 madre e una sanra". Ela respondeu apenas: "Se te parece que tal coisa possa agradar a Deus. estou pronta a seguir-te". Atirou-se nas dificuldades com o íilho. Teve que vender a quinta, seu próprio anel de casamento, algumas jóias. fez de seu enxoval de noiva roupa para os meninos desamparados. Quando morreu, já não tinha nada. Apesar disso, D. Bosco afirmou que estava sempre de bom humor. No Oratório, ajudava a formar as crianças e era vista por elas como verdadeira mãe. Trabalhava incansavelmente nos afazeres domésticos. Quando sentiu que se aproximava a morte, chamou D. Bosc_o e o outro filho. José. para lhes dar os últiDeus os chamasse para outra voca fim com José. D1sse-The para eaucar bem seus filhos, c1uc deveriam continuar camponeses. a menos que Deus os chamasse para outra vocacão. /\ D. Bosco não conseguiu dizer tudo. Percebeu que o filho sofria demais com a separação e mandou-o sair do quarto para poupá-lo. Porém. ainda pôde dizer-lhe: "Sé você

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escola de sua mãe. A carnctcris1ica de sua pcdago· gia maternal consistia sobretudo cm fozcr os filhos amarem o bem e admirá-lo. E pratic,i -lo por causa desta admiração. Mas. quando necessário. ela era jnílcxível. Seus fi. lhos. e também a vizinhança. sabiam que não admitia ceder diante do pecado. Poderia tão-somente conlcmporizar. se as circunstâ ncias o exigissem . No Piemonte. a heresia janscnista havia deixado tr.\gicas seqüelas. Não existia Comunhão infantil (só mais tarde, no início do sécul o XX. São P.io X determinou ser sete iinos. c m média. a idade da Primeira Comunhão). nem o Clero a promovia. A mãe de São João Bosco julgava que quanto mais cedo esta se realizasse. tanto melhor. E forçou a· situação. Conseguiu que seu filho íizessc a Primeira Comunhão aos onze anos. Ela mesmo o 1,reparou. O Sacerdote surpreendeu-se. na ocasião, porque D. Bosco sahia de cor todo o éatccismo. "- Quem o preparou'"· perguntou o Padre. "- A1inha miie". respondeu o menino.

No dia da Comunhão. ela não o deixou falar com ninguém antes da Missa. ajudou-o na ação de graças e deu-lhe quatro conselhos: comungar sempre, dizer tudo na confissão. jamais cometer sacrilégio e fugir das más companhias como da peste. Pouco depois, deu-se o fato conhecido que e ncaminhou D. Bosco ao sacerdócio. ao qual tanto. aspirava .. O menino sentia entusiasmo pelas cerimônias religiosas. Assistia

Em substituição à antiga êasa-Pinardi, O. Bosco mandou construir esta outra. Sua mie ocupou somente por quatro semana$ os novos eposentos que ficavam no 3°. andar do prédio. Adoecendo gravemente, veio a fal&eer poucos dias depois. em 26 de novembro de 1866.

D. Bosco. em 1887. um ano antes de morrer

A vida no Oratõrio Marnrna Marghcrita criou três

filhos: Antonio (de quem era madrasta. nascido do primeiro casame nto de seu marido). José e João. O pai . como já foi dito. morreu quando D. Bosco contava dois ~1 1h,:r('om a lamilia ..:n:scida. cl~, pensou descansar. rezar e esperar a glória eterna na paz de sua modesta casa. Possuía uma pequena propriedade rural e vivia cercada pela consideração e afeto da familia de seu filho José. Corriam tranqüilos seus dias. Esses transformaram-se. de repente. quando D. Bosco, esgotado pelos trabalhos, foi a tingido por pneumonia grave. Foi preciso ir descansar por ordem médica na propriedade da mãe cm Castclnuovo. Pelo menos, três meses. Lá. os meninos que amparava em Turim não o deixaram sozinho. Em delegações iam sempre visitá-lo e exigir sua volta. Mais de 700 o foram ver. Um deles avisou D. Bosco de que si: não voltasse. eles se mudariam para Castelnuovo. O Santo prometeu estar em Turim "antes que as folhas caia111" (outono). O ,local do novo Oratório não era bom e orecisava de aleuf.ro ouc tomasse conta dele. Ex pôs o Santo sua dificuldade ao Vigário. Ele, Padre novo, não podia viver ali sozinho. O Vigário re.t rucou-lhe com vivacidade: "leve sua 111ãe". Era pedir rnuito: deixar a paz da vida que corria calma para Mamma Marghcrita ;l f11n de l_ancá · la nas pnva-

souh<•s.'-r ,·onu, <> m11ei. Mas na

erernidatl,• ainda será 111elhor. Fiz Judo qu<' pud<'. Se algunws vezes p,1rt ci severa. foi para o bt n1. Diga às critmça.v qu<· trabalhei por elas cv,no uma mãe··. Nascera cm 1° de abril de 1788. Fa leceu em 1856. Quatro anos após sua morte, cm um dos sonhos de D. llosco (de fato eram visões) Mamma Marghcrita apareceu-lhe e disse que eslava no Céu 'felicíssima". São João Bosco perguntou-lhe se havia ido direto ao Céu. Respondeu que passara pelo Purgatôrio e concluiu: "Eu o espero. porque você e eu não podemos estar Sépar<1dus ··. Pio XI l, em 31 de janeiro de 1940, festa do Santo, discursando cm_ sua homenagem, aíirmou: "A 111ãe que ele teve explica, e111 grande pt1rte, o pai que foi para os outros". 1

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P. Ferreira e Melo Bíblíogralia consullada: "Biografia y escritos de San Juan Rosco·~, BAC, Ma-

dri. 1955; "A mãe de D. Bosco", Fausto Curto, Editorial O. Bosco, São Paulo, 1979: "Mama Marguérite, Mere de Saint Jean Bosco", Louíse André-Oelastrc, Collcctíon Saintes Mêrcs e M~rcs de Saints, Editions & lmprimerics du SudEst, Lyon. 1953; "// sistema preventivo ne/la vito di Marmna Margherita". Eugcnío Valcntíní, Rcttor Magnifico dei Pomíficio Atcnco Salesiano. Librcria Dourína Cristíana, Turim, 1957; "La missione.. de Momma Mar~herita"·. Maria Bargoni, Librcria Dottnna Cristiana, Turim.

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PROFANAÇÃO E DESAGRAVO NA PARÓQUIA DE ITALVA (RJ)

''Q

UANDO SACERDOTES da têmpera de nosso Vigário procuram, com rato pas oral, cortesia, caridade, ,nas também com firmeza. n1anter no Te111plo Sagrado o respeito. a dignidade, o decoro - para desafogo e alento dos verdadeiros católicos há. por ·parte de alguns meios de comunicação, uma hostilidade inrplacável que os leva a faltar a roda objetividade. "É o que vemos co,n os faros acontecidos na igreja n,arriz de /raiva. no sábado, dia 23 p.p. "Em jornais de âmbito regional e nacional. os faros foram noticiados de maneira onrissa. deturpada e tendenciosa, em que o nosso digno Vigário, em suas atitudes 011 é acusado de excessivo rigorismo 011 é ridicularizado". Esse é um trecho do Manifesto divulgado por católicos de ltalva juntamente com um abaixo-assinado relâmpago, realizado em apenas dois dias, contendo 1.789 assinaturas a propósito dos tristes episódios ocorridos no recinto da matriz daquela cidade do interior do Estado do Rio. no dia 23 de abril último. por ocasião de um casamento ali realizado. . . Por sua vez, o Vigário da cidade. Pe. Antonio Paula da Silva, distribuiu aos fiéis uma nota de esclarecimento, agradecendo às manifestações de apôio e solidariedade recebidos por motivo da agressão praticada contra sua pessoa. Nela o zeloso Sacerdote declara que "de bom grado deixaria tudo no esquecimento. não fora a ofensa feita a Deus e ao Seu Sagrado Templo". Com efeito, uma das pessoas envolvidas nos tumultos - após desculpar-se de modo constrangido - confirmou as palavras sacrílegas por ele pronunciadas durante o incidente, como também o fato de a mãe da noiva ter tentado despi r-se na Igreja e: de alguém ter atirado imundícies no interior do Trmplo religioso. Esclarecendo os fatos como se passaram, pois muitas vezes foram distorcidos, Pe. Antonio declarou: "Apesar de rodos os avisos dados com antecedência, aparecem algumas pessoas con, trajes em desacordo conr a modéstia cristã e. portanto, impróprios para o Templo Sagrado. o que ocorre com certa frc4üência. devido ao mundanismo

de nossa sociedade paganizada. Advertidas. essas pessoas. quanto rê111 um pouco de bon, senso, costumam aceitar as ponderações. Mas. no caso presente, dando a entender que se tratava de ·algo premeditado. cer1as pessoas passaram não só a desrespeitar e injuriar as pessoas da Igreja. encarregadas da ordem. como rambé,n chegaram ao cúmulo de agredir fisicamente o próprio Sacerdote. usando ademais palavras e atitudes indecorosas e profanadoras da Casa de Deus. Assim sendo. pessoas da Igreja. de acordo com a vontade expressa do Sacerdote, chamara111 os policiais para que. contidos os baderneiros, o aro religioso pudesse ser realizado. como de fato

Ato de desagravo

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O Po. Antonio Paula da Silva coroa a imagem de Nossa Senhora da Concei· ção. padroeira da cidade. no decorrer da sessão efetuada no salão pritoquial

o,·orre11. depois. evidenre,nenre. de teren, aquelas pessoas cumprido a.r exigências da Santa Igreja quanto à modéstia nos trajes". O zeloso Sacerdote observou que as normas d e moral e modéstia nos costumes adotadas pela Santa Igreja sempre foram exigidas em sua par~quia, na Diocese, como na lgrcJa toda, antes de ter sido Esta, infelizmente, invad ida pela "fumaça de Satanás", como denunciou Paulo VI. E acrescentou: "Santo Tomás de Aquino diz que tolerar as injúrias feiras a si mesmo é virtude. ,nas tolerar as injtÍrias feitas a Deus é excesso ele in,piedade". E os católicos de ltalva, em seu manifesto, pedem "a ·rodos os ,neios de comunicação apenas a verdade e a objetividade; não exigimos nenhum favor. Será que e111 matéria religiosa esses 111eios de comunicação tomaram o partido do progressismo. rãa contrário à ,nora/ católica tradicional?"

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No dia 3 de maio, a população católica de ltalva pôde assistir e tomar parte numa cerimônia de desagravo que impressionou pelo fervor e sacralidade com que todos participa ram. como também pelo número de pessoas presentes - 18 Sacerdotes e 1. 500 fiéis. O a to teve início às 19 horas, prolongando-se até às 22:30 horas. Na igreja matriz da cidade. o Pe. Antonio Paula da Silva celebrou a Santa Missa e cm seguida deu a bênção do Santíssimo Sacramento. Durante o canto do salmo "Miscrcre", cm gregoriano, Sacerdotes e fiéis oscularam um Crucifixo apresentado pelo Pe. Antonio Paula a fim de desagravar Nosso Senhor pela profanação da Casa de Deus. Terminado esse ato, seguiu-se uma longa procissão, conduzindo a imagem da padroeira pelas ruas centrais da cidade. dur,ante a qual se rezou o terço e se cantaram hinos em louvor à Nossa Senhora. Através de autofalante instalado num carro que acompanhava a procissão, o Rcvmo. Pe . Possidente anunciava as intenções da manifestação: desagravar e reparar a Deus Nosso Senhor e a Santíssima Virgem pela profanação da igreja e pela agressão efetuada contra o Vigário. A segunda parte da cerimônia realizou-se no salão paroquia l. ao lado da matriz. Na ocasião, o Pe. Eduardo Ataide' Pároco de Santo Antonio de . Pádua. discorreu sobre a necessidade de se resguardar a moralidade e o recato na igreja. acentuando a missão do Sacerdote de combater a moda e não dobrar-se diante da imposição do mundo. Hoje em dia. há pessoas que desejam quebrar todas as barreiras· que se opõem à imoralidade. colocando Padres fiéis na situação de quem tivesse tomado uma atitude extravagante. sem propósito. Frisou o Sacerdote que "" igreja é um lugar de respeito: não é lugar P""l desjile de ,noda.,. Foi con,etido um sacrilégio. A igreja - onde se celebra o San(o Sacrifício da Missa - foi prefanada e atingida a pessoa do Sacerdote. O Padre tem o direito e o dever de defender o Templo Sagrado. e para is10 ele deve estar disposto a derramar o próprio sangue". O abaixo-assinado em solidariedade e desagravo ao Pe. Antonio foi

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A polícia parisiense investe contra os e$tudantes. descontentes com as refor· mas de ensino propostas pelo governo socialista de François Mitterrand

C omunicado dos estudantes da TFP francesa FOI LANÇADO no dia 29 de abril p.p., do alto de um dos prédios q'uc compõem o conjunto de edificios da famosa Universidade Sorbonne. crn Pans. o comu 111cado ...tlh o 1luito "l'cl:i ORDEM e não pelo

CAOS", de autoria do Grupo de Estudantes da• Associa11on Françaisc pour la Défense de la Tradition, Familie et Proprieté, entidade autônoma e co-irmã da TFP brasileira. Esse documento recebeu o apôio de estudantes de diversos estabelecimentos de ensino franceses, nos seguintes termos: "Os estudantes de várias/acuidades, de Malakoff e de Assas. entre our~as. conscientes da di,nensão histórica do 1novi1nen10, querer,, preservâ·IO de tudo aquilo que poderia enfraquecê-lo ou· cindi-lo. Eles apelam à coordenação e rejeitam o 'dividir para reinar' que o adversário declarado ou infiltrado coloca em ação Pª"' dispersar nossos esforços. A jornada de quarta-feira (dia 27 d~ Abril últim_o ) iá representou u,n evidt 111t sucesso. Nossa• /vi'<'" e nossa t1111ao: ,·Qnunuen,usl Nós só podemos encorajor análises da _situação que vão nessa dire,·ão. como a seguinte:" (Segue-se o comunicado dos estudantes da T FP francesa). Transcrevemos a seguir o texto integral do documento para que nossos leitores possam avaliar a importância e o rumo que vão tomando as recentes manifestações de protesto de estudantes franceses e outros setores da população contra o governo socialo-comunista de François Mitterrand. 1

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"Na França, cada vez mais, cresce a efervescência: os est~dantes de Medicina arrastaram na esteira de sua greve todos os profiss1ona1s dos hospitais· os agricultores manifestam-se ruidosamente, e atualmente, um após' outro, em Paris como no interior, o descontentamen~o e ~s greves d ominam universidades e grandes escolas. Mas os Jornais referem-se a tais protestos como se se tratasse de_ fatos separados enl!e si P<?~ compartimentos estanques. A s1multane1d~de, entretanto tao man1l csta, dos descontentamentos e da.s greves nao parece chamar a atenção dos órgãos de comunicação social. . "A simultaneidade estabeleceu entre esses movimentos um traço de unifio simplesmente de ordem cronológica. Mas não é o único. Outro traço de união, e de que proporções!, é o poder contra o qual se insurgem os protestos e as greves. O que há com esse poder para que ele chegue assim a descontentar ao mesmo tempo tantas p~ssoas, tantos setores diferentes, com tanta veemência? A pergunta se impõe. E ela nos conduz a uma explicação dos fatos. . "Com efeito, como não se dar conta de que um verdadeiro maremoto começa a varrer a França"! Maremoto que começou a se

manifestar pela rejeição ao socia lismo nas recentes eleições mun1cipa_is e que agora tende a se exprimir pel~ repulsa de uma ~rescent~ maioria de nossos compatriotas em relação as reformas soc1ahsta.s. Visto que o objetivo único de tantas greves e descontentamento_s e o Governo, empenhado em aplicar gradualmente o programa soc1ahsta, é porque a soma de todos esses protestos. apesar de sua divis~o artificial. põe em dúvida o socialismo considerado em sua globahdade. "Por que então fechar os olhos sobre esse aspecto preponderante da situação atual da França? . , . . .. "Estudantes! Cabe a nós à juventude, assumir energ1cas 1nicrativas. Prosseguindo vi~orosa'mçntc nossa ação contra a lei Savary, saberemos lançar um sina l fraterno de simpatia e de solidariedade a todos os outros franceses que o mesmo descontentamento faz entrar na liça. Temos com eles liames fraternos. E que sua voz associe-se à nossa para fazer soar até aos ouvidos do Todo Pode,r~so, dAquele que em definitivo tem em Suas mãos o poder de dec1sao. . "Convidamos os descontentes a ordenar de modo conJugado seu protesto e sua ação. antes que a totalidade dos descontentamentos, desprovidos atualmente de coordenação, não lance a França num verdadeiro caos psicológico. . "Eis a causa profunda da perturbação que agita todo mundo: o punho socialista estrangula a Rosa da França".

Limit es da im prensa No centro. o Vigário de halv3· RJ. duran · te a sessão roalizada no salão paroquial, ladeado por alguns dos 18 Sacerdotes presentes

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> Aspecto da concorrida procissão. da qual participaram 1 500 pessoas. No cen.tr.o. 0 Pe. Antonio Paula da Silva conduz o crucifixo. osculado pouco antes pelos f1d1s, como reparaçlo dos atos profanadores cometidos no interior da igreja matrii.

lido na ocasião. como também alguns telegramas e cartas de apôio ·e ami1.ade por ele recebidos. Em seguida, foi feita pelo Vi~ário dt Ítalva a coro,u;;:io da 1mag.cm de Nossa Senhora il:1 1maculada Conceição. como alo de 1·cparaçào à padroeira da cidade. Encerrando a cerimônia. o Pe. Antonio Paula da Silva agradeceu a todos os presentes. manifestando sua fidelidade aos princípios morais da doutrina tradicional da Santa Igreja Católica, Apostólica . Romana.

POR VEZES. parece que _os granacs .~cios de i~f<;>rmaç_ão_ jornais. rádios. TVs - são o mpotentes. Drngem a_opinião publica . Impressão que vai saindo de moda nos Estado~ Unidos. A tal J>Onto. que 30 jornais dos 1. 700 diários do pais já têm JOrnahstas cspcc,ahzados em ouvir as razões por que o público não acredita neles._Donald D. Jones. um desses especialistas que trabalha no "Star and Times" de Kansas comenta: "Os feirares não acreditam em nós - Jornais, rádios. · TVs. revistas. Não acreditam em nenhum de nós". Entre as razões enumeradas por editores. que com ele se reuniram na cidade de Phoenix para estudar o "descolamento" do público. foram aJ)ontadas as seguintes: imprecisão das notícias. arrogância de quem mforma. deslealdade. ofensas à religião, raça e_ sexo. glorificação do que é criminoso e bizarro. Afirma ainda Jones: "Os leirort•s não gostam de ver as a<·óes de uns pouc_o s 111anife.<1an1~s sendo coloc~d~s na pri!neira página. Muitas vezes. pensam que se da pouca aren,ao as op1111oes da maioria" ("Time''. 9-5-1983).


Nº. 391 -

Julho de 1983 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XXXIII

PREVENINDO PARA TONIFICAR Plínio Corrêa de Oliveira atitude preventiva em uma parte dos brasileiros cujo pronunciamento poderia ainda frear o mal.

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D. Pedro Casald~liga, Bispo de São Félix do Araguaia (MT). talvez tente implantar no Brasil um movimento de guerrilhas rurais que per&ee prestes a irromper no País. segundo pronunciamento do 4 .0 e do 6.0 Poder.

ESTA ORLA de borrasca será apenas orla ou já será mes mo borrasca? - em que nos achamos, julgo de meu deve r tratar de um assunto de atualidade absolutamente palpitante. Em recente livro(•), afirmei que no Brasil não existem só os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, mas dois outros, hoje em dia sensivelmente mais influentes diante da opinião pública. O 4. 0 Poder é a Publicidade, cuja base de prestígio é mais a credulidade dos ingênuos, do que a adesão dos leitores verdadeiramente cultos. O 5. 0 Poder é a CN 88, a qual - salvas as mesmas raras e honrosas exceções - pesa muito mais pela sua influên· eia sobre os crédulos, do que sobre os verdadeiros homens de fé.

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Ora, algo se passa no momento, cm virtude do que o 4. 0 e 5. 0 Poderes

predizem, explícita ou implicitamente, mais ou menos o mesmo quanto ao nosso futuro próximo, imediato quiçá. Por exemplo, um e outro Poder manifestam as mais graves apreensões quanto aos efeitos daquelas das medidas do "pacote" do presidente Figueiredo, até o momento ainda não anunciadas: agitações urbanas tendentes processivamente ao paroxismo. "Pari passu", o mau odor feito de pólvora e de sangue - das guerrilhas rurais parece prestes a irromper, segundo pronunciamento do 4. 0 e do 5.0 Poder. De inicio, nas selvas do Araguaia ... Guerrilh'a urbana e guerrilha rural à vis ta, pois; o que de maior atualidade? Não está cm mim passar o breque nas guerrilhas urbanas, nem nas rurais. Mas posso fazer aqui um comentário próprio a estimular uma

Não creio que à Rússia, cuja "longa manus" é o único agente claro dentro da imensa confusão nacional, convenha desencadear agora, no País, propriamente uma guerra civil. Ela sabe que nossas classes dirigentes ainda têm por demais influência para que esta guerra não resulte afinal numa derrota dos vermelhos. Ainda há pouco, o "camarada" Gregório Bezerra, destacado "chefe de fila" do PCB, declarava ao jornal "A União" de João Pessoa que "apesar da ajuda que a Igreja dá

às comu11idades de base, o coro11elato ai11da vai perma11ecer por muito 1e1npo. E11quanto as 111assas do campo e da cidade não estiveren, realme11te organizadas e conscientizadas, o coronelato da roça ainda será o mandão dos i,ossos ca,npos" (Co-

letânea de entrevistas ao "Jornal de Domingo", 2-2-83). Cientes disto, os comunistas não têm outro meio senão cobrir ó Brasil, de Norte a Sul, com uma imensa erisipe la de guerrilhas locais. Considerada cada uma em s i mesma, nenhuma guerrilha teria muita importância. E só alarmaria as classes conservadoras fixadas na zona assim imediatamente afetada. Aos·poucos, quando a erisipela da violência se fosse estende ndo, os espíritos já estariam meio resignados a conviver com ela. E quando ela cobrisse todo o País, já estariam preparados para capitular. O mecanismo guerrilheiro urbano e rural existiria pois, e de

modo capital, para amortecer gradualmente nos anticomunistas a vontade de reagir. Esta tática apanha em seu ponto fraco boa parte das classes dirigentes do Pais. Os nababos, por exemplo. Entre os nababos que mais se exibem, mais "promovidas" pelo 4. 0 Poder, e mais benquistas pelo 5. 0 Poder, figuras assim não são raras. Estas figuras até gostam de se intitular "'cristãs". Caracteriza este mau gênero de nababos um modo de ser que os coloca potencialmente nas garras do comunismo. Para cada um deles, seus parques industriais, seus bancos, suas lojas, ou suas fazendas, são o centro do mundo. Se tudo isso está intacto, o mundo nada tem que temer. Se se lhes procura provar o erro que há em tal enfoque, são insensíveis: eles detestam ouvir, a cultura dos outros lhes dá complexos, e a deles não dá para ver longe. Aliás, detestam eles igualmente a previsã o. Basta-lhes o dia de hoje, com seus deleites de mando durante a semana, e de gozo nos "week ends". Nada ajudam para que se abra os olhos do público para o comunismo. Abrir os olhos seus, ou dos outros, é coisa que abominam. Ora, acontece que este gênero de nababos tem logo abaixo de si uma categoria de nababetes que definham de amargura P.Or não serem nababos. E que procuram consolarse dando a entender aos subnababetinos abaixo de si, que eles nababe· tes são de fato nababos autênticos. Ilusão que criam imitando os nababos de mau gênero, no que estes têm de mais típico, isto é, os defeitos. E assim, o mau exemplo vai conta-

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giando setores inteiros das várias camadas da burguesia. O que torna muito difícil a esta última tomar diante da catástrofe nacional a grande e briosa atitude de conjunto que poderia abrir os olhos do País pllra o vácuo religioso (para dizer só isto) que há na CNBB e nas CEBs, bem como para a consequente inconsistência da força de impacto de uma e outra sobre a massa. Enfim, o 5.0 Poder é uma empada . vazia, ao contrário do que afirma quase todo o 4. 0 Poder...

Palavras ao ar? Não. Observação serena da realidade. De uma realidade sobre a qual tudo ou quase tudo já foi escrito. Mas sobre a qual a maioria dos elementos do 4. 0 e do 5. 0 Poder se obstinam e m ver miopemente. O que eu afirmo sobre o 5.0 Poder, c-0m a possibilidade de empanturrar de provas o leitor mais exigente. Por exemplo, assestando a luneta sobre a selva do Araguaia, e s urpreendendo ali, a cometer "feitos" e espargir ditos, d. Pedro Casaldáliga, que talvez tenha envergadura para tentar no Brasil, na lei ou na marra, a mesma revolução que na Espanha natal dele se vem fazendo mediante a "entcnte" da Pássionária ... e do Rei. Mas tudo isto fica para outro artigo... (• ) Plinio Corrb de Olivdra - Gwt:wo Antonio Solimc:o e l~ui1, Sérgio Solimc:o, ..As CEBs... das quais muilo se: fab. pouco se: oonhc« - A T FP :u

dC$crc:vc como $10- (Editor:i Vera Cruz, S!lo Paulo. 1982. 256 pp.),

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BALANÇO DA VIAGEM Em fins de junho, o con · DO KISS junto novaio,quino Kiss efetuou rápida tourn/Je polo Brasil. AO BRASIL Qual o balanço dessa via9eml paradoxal: las·

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cín,o exercido sobre certo público. mas fracasso se , - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ considerarmos a maciça publicidade fei1a a propósito de suas apresen1ações. e decepção a1é dos promotores das mesmas. Algumas das caracterís· ticas do grupo - devassidão. brutalidade. vulgaridade - causaram certo retraimento, mesmo no público j ovem de nossa

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Páttia. Embora o Kiss não desfralde nenhuma bandaira ideológica, seus integrantes propagam uma manei • ra de ser e de viver. Em suma, um novo 1ipo humano, pri mário e boçal. Na página 3. Périeles

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Cepanema féu. penetrante análise das características do Kiss. ressaltando aspectos que estão na raiz desse primarismo. A foto apresenta o principal integrante do con· junto, Gene Simmons. que. ostentando sua enor· me llngua. costuma vomitar sobre o público um u. quido vermelho. seme· .__ _ _ __. 1hante ao sangue.

PARA COMPRENDER CERTOS ACONTECIMENTOS ... O leitor desavisado de órgãos de imprensa diária brasileira po· de estar um ténto perplexo. confuso e auustedo em faee de determinado gênero mais recente de· noticiário naciõ'nal: invasõe• de terrenos urbanos. manifestações em virtude de ul6rios atrasados. grande alarido acerca de · movimentaç6es. de da·

eempregados etc. Tendo em vista apresentar aos leitores de ··catolici smo" uma vislo objetiva e serena. nos.so colaborador Bernardes Ter· ragona comenta nas pp. 4 e 6 o show publicit6rio encenado a propósito de tais acontecimentos. E. a tftulo exemplific,ativo. cita alguns fatos ocorrido, nos últimos meses. que comprovam sua visualizaçlo.

Até o presente. a maioria dos oper6rios e de outras classes profissionais nlo est.6 disposta a IPoíar a tentativa de aubver· ter a ordem estabelecida e o regime s6cio-econõmico vigente.

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A foto da direita focaliza no Largo 13 de Maio. em Santo Amaro. centro principal das agitações de de1empregado1 na Grende Slo Paulo. um cartaz oferecendo recentemente v6ríoa tipos de emprego•.. A outra à esquerda apresenta o ambiente da Assemb"ia Estadual dos Trabalhadores Paulistas. realizada no dia 25 de junho último. O representa nu- ~os des_em~reg_a_dos enverga. ao fazer uso da palavra, uma camisa muito Signrf,cativa ..• Tal aaaembléia conaeguiu reunir. no m6ximo. apenas 1.600 pessoas.


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O sueco Thomas Hammarberg. fotografado em 19 80 diante da sede da ..Anis tis Jmernscionar. em Londres. quando foi escolhido para o cargo de secre1'rio-geral da organizeçlo

D. Helder Càmara é generosamente elogiado no livro do J onathan Pow er. editado pela

..Anistia Internacional"

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A suspeita imparcialidade da Amnesty lnternational'

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O INTERIOR de uma supervigiada prisão, em Stuttgart, na Alemanha Ocidental, grupo terrorista radical de esquerda, através de sistemas eletrônicos, comanda morticínios e atentados: em abril de 1975, a embaixada da Alemanha Ocidental em Estocolmo é invadida e seus assessores militares e comerciais friamente assassinados; em julho de 1977, o diretor do Banco de Dresden é crivado de balas em seu escritório; em setembro do mesmo ano o líder dos industriais alemães é raptado e morto; em outubro, um comando seqüestra um avião da Lufthansa. A cada iniciativa das autoridades penitenciârias a lemãs para fazer cessar a insuportável situação, uma instituição com enorme repercussão internacional na imprensa, que se autodefine como humanitária, desapaixonada e defensora imparcial dos direitos humanos, ameaçava desencadear um estrondo mundial em defesa... dos terroristas que ordenavam os crimes! Por fim, o grupo, reconhecido culpado de quatro assassinatos e trinta e nove tentativas de homicídio, suicida-se em conjunto. Junto aos cadáveres, os guardas encontram armas e equipamentos elétricos de comunicação, além de TV colorida, mesa de ping-pong, uma biblioteca com mais de dois mil livros, obtidos graças a um regime carcerário tipo grande hotel, com liberdade de visitas e promiscuidade de celas, sem distinção de sexo, que a organização hu111a11itdria, invocando os direitos huma11os, havia exigido. Ainda mais. Tal organização equilibrada, Prêmio Nobel da Paz, tendo sido convidada a assistir à autópsia dos infelizes suicidas, recusa-se a tal. E ainda comunica a uma imprensa ávida em divulgar suas palavras, que a causa do suicídio era o "regime de isolan,ento" a que havian> sido submetidos os terroristas.

Pesadelo? ficção? Nesse caso, a realidade pode parecer fantasia. Mas não o é. É a A1n11esty lnternational, a Anistia !11ternacio1111/ em ação.

Como explicar o mistério? Depoimento de um detrator? Tampouco é o caso. A narração do affaire da Facção do Exército Vermelho, tristemente célebre, conhecida como o grupo .8aader- Meinhof. é apresentada por um admirador entusiástico da Am11esty International, Jonathan Power, cm seu livro "Amnesty lnternationa/ - A história dos direitos humanos" (Me Graw-Hill, New York, 1981, 128 pp.). Power é colunista, em Londres, do /111er11atio11al Hera/d Tribune, e muito ativo em matéria de direitos humanos. Com a ajuda da Fundação Ford, realizou várias viagens para redigir uma obra de apologia da Amnesty. Esta abriu-lhe seus arquivos e animou-o a realizar essa empresa.

Viva a Amnesty, ainda que meus olhos vejam o contrârio Seguindo as indicações da Amnesty, Power percorreu os países onde seriam mais violados os direitos humanos. Para a Amnesty não são, bem entendido, nem a Rússia, nem a China, nem o Cambodja , por exemplo, mas sim, as nações da América Latina. Apenas o jornalista inglês chegou à Guatemala, as evidências manifestaram-se contrárias .em relação ao que a Ainnesty lhe havia informado. O ingresso fácil, o estar à vontade com as pessoas, a inteira liberdade de movimentos, desconcertaram o preconcebido autor. Sem necessidade de apresentações e sem exibir documentos, pôde entrevistar-se com o encarregado de· imprensa do exército guatemalteco.

"Tudo isto é decepcionante", confessa acabrunhado em sua obra. Mas, a sombra da Amnesty o acompanha. Se a evidência paten· teava o contrário, era a evidência que devia estar errada ... E eis ali, Power. de um lado para outro, à busca de direitos humanos que estariam sendo violados cruelmente e em proporções recordes. No final, o encontro com sacerdotes revolucionários e s ubversivos exilados num país vizinho trouxe-lhe o sossego: a Am11esty tinha razão! O governo anticomunista persegue, tortura e massacra camponeses e religiosos, teledirigido por Washi ngton! Provas? Para que provas? Não são a Am11esty e a oposição, socorrida pela A111nesty, que declaram isso? E não é só na Guatemala. Situação análoga, e pior ainda, verifica-se em EI Salvador. É a América Central inteira! Power encontrará a ocasião para repetir os surrados slogans esquerdistas ...

Sandinismo com Amnesty, uma receita ideal? Na Nicarágua, o zelo hu1nani1ário de Power muda de sentido. É que a A11mesty sente-se chamada a desempenhar um trabalho especial no modelo nicaraguense. O governo sandinista encarcerou milhares de pessoas, mas - raciocina o autor não eram criminosos do regime anterior, violadores <los direitos humanos? Por outro lado, a junta revolucionária é de uma solicitude extrema aos apelos da Anmesty. Em contra-partida , quando os sandinistas prenderam o diretor de um Centro de direitos humanos, a Amnesty afirmou que seu representante havia distorcido os fatos contra o regime. É mais uma prova da moderação e equilíbrio da "humanitária" Amnesty! · Dos cubanos, Power viu na Nicarágua apenas insignificantes in-

Nette campo de prl1ionelro1 localizadô em Siktiwkar, na Ró ' la, ettlo confinados dissidentes por r1z6ee retl9ioae1. A respeito do enc.rceramento desse tipo de dissidentes. como tamb6m dos · opositores poJlticoa ao regime aovkltico, a1 lnformaç!Se1 do livro ed' o pela Amnesty,alo parcas e omíaaa,.

fluências e atribuiu as acusações que pesam sobre eles a Washington. Segundo o autor, a obcecação do governo norte-americano em ver Cuba por todos os lados chega à paranóia.

O Brasil no pelourinho Do Brasil, Power teve que reconhecer o que entra pelos olhos adentro: com a abertura, a esquerda desfruta inteira liberdade. Como, então, denunciar a violação dos direitos humanos de algum esquerdista, em nossa Pátria? O desventurado autor precisou então encontrar pretextos: D. Helder, D. Arns e outros Prelados não estão denunciando a fome e a miséria? No Nordeste não reina uma situação pior que em Bangladesh? Lula não é o Walesa brasileiro? Para Power isso é evidente porque coincide com o pensamento da Am11es1y. Dado que, segundo o colunista britânico, seriam tantos os direitos sócio-econômicos violados pelo sistema brasileiro vigente, pergunta-se se a A11111esty não deveria preocupar-se também com eles. E, mediante consideração desse jaez, Powcr amarra o Brasil ao pelourinho, permitindo assim que o chicote propagandistico da A11111esty golpeie à vontade nosso Pais.

Minimallzação escandalosa do universo carcerãrlo marxista Porém, a Amnesty é "imparcial". E muito! Por isso. Power interessa-se também pelos direitos humanos no mundo comunista. Na China vermelha, contudo, a Am11esty nunca colocou os pés. Nem Power. Um comentârio lacônico da constituição chinesa parece-lhe suficiente. Um casinho que acaba bem, alguns remotos indícios de uma possível melhora da situação já são bons pretextos para não se pensar mais no assunto. Da Rússia, além de escrever umas frases grandiloqüentes sobre Solzhenitsin - sem se aprofundar demas.i adamente - , Power anuncia que a Amnesty detectou mais de ... 600 prisioneiros, se bem que e la crê que devam ser mais numerosos. Com esta ridícula cifra, a A1nnesty vangloria-se de suas denúncias. Entretanto, para a legião de seres humanos escravizados dentro do mundo concentracionário russo, a Amnes1y não tem nem uma palavra proporcionada de comiseração. Por quê?

Um malabarismo que acabou mal Power viajou muito, respeitando sempre a lei de "dois pesos e duas medidas". Atingiram o paroxismo suas críticas contra as violências, reais ou infundadas, praticadas pelos governos que se opõem à agressão comunista. E ele fez vistas tanto mais grossas, quanto maiores eram as atrocidades cometidas pelos re-

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gimcs marxistas . Viu-se em sérias dificuldades para explicar obscuros episódios da história da A1nnesty, os quais ameaçaram condu2i-la ao fracasso. E fez prodígios de malabarismo para amarrar a máscara de eq uanimidade e ponderação que, com tantos esforços, a Amnesty quer salvar. Espinhosa tarefa quando os fatos como que bradam o contrário do que se diz. Essa acrobacia especulativa acabou mal, pois o livro d e Power registrou para a História o modo de proceder da suspeita organização, através da pena de um ardoroso admirador. •

Oprestigio artificial da Amnesty A Anmesty não encontrou quase eco popular. com a exceção de um modesto contingente nos países escandinavos e na Alemanha Federal. Nem mesmo em seu país de origem, a Grã-Bretanha, obteve ela um número expressivo de adesões. No mundo latino, quase ninguém lhe deu crédito. Sem embargo, o IV Poder (os meios de comunicação social) concede-lhe amplos e prestigiosos espaços. Isto lhe confere um poder de influência psicológico que não está na proporção nem de seu tamanho, nem da seriedade de seus critérios e métodos de trabalho. A A1nnesty não poupa críticas à administração Reagan, nem a q ualquer governo disposto a ajudar uma nação livre, e sobretudo cristã, vítima da investida marxista. Luta, assim, ativamente no plano propagandistico, sabotando de modo psicológico a política exterior das potências ocidentais não-comunistas. E isso se verifica a tal ponto que a primeira-ministra britânica Thatcher denunciou que táticas semelhantes prejudicam as relações da Inglaterra com países amigos. Não obstante, a ONU, a UNESCO e outras organizações internacionais, inclusive religiosas, acolhem as declarações da Am11esty como se elas fossem verdadeiros oráculos de nossos dias. Qual a explicação para esse contra-senso?

Paz, Lenine e Amnesty Sean Me Bride é um dos principais fundadores e um impulsionador moral da entidade. Me Bride é o único homem que ostenta conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz e o Prêmio Lenine da Paz. Lenine ... paz. Quem diria que o nome do sinistro revolucionário bolchevista poderia juntar-se ao da paz, e que ta l "prêmio" pudesse ser conferido por Moscou ao animador de uma associação defensora dos direitos humanos? Após essa constatação, compreende-se o profundo ceticismo que desperta no Mundo Livre a "imparcialidade" da Am11esty cm defender os direitos humanos. E a suspeita de que a entidade executa um hâbil jogo propagandistico em prol do comunismo internacional. •

Santiago Fernandez

CATOLICISM O -

julho de 1 983


• CONJUNTO norte-americano de rock Kiss, numa rápida excursão efetuada no Brasil, apresentou-se em fins de junho, ao público do Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Precedido de propaganda espetacular, conduzida com o fito de criar a impressão de que vinha ao pais algo de inusitado, o impacto foi, de fato, chocante, passageiro e ... muito aquém das .expectativas de seus promotores. Kiss atraiu pouco a atenção, seduziu minorias de seu público preferido - o dos muito Jovens - e certamente voltou com o gosto amargo do fracasso. Em São Paulo, sessenta mil assistiram ao show do Morumbi. Comparecimento raquítico, se considerarmos o verdadeiro bombardeio publicitário a que foi submetida uma população de 12 milhões de habitantes. No Rio, menos de 80 mil estiveram no Maracanã. Na capital mineira a apresentação foi adiada de um dja , sob a alegação de dificuldades técnicas. Comentou-se que era por temor de fiasco, pois um dia a mais na venda de ingressos engrossaria em algo a assistência. Havia 120 mil ingressos à venda, mas estiveram presentes menos de 30 mil pessoas, sendo que os portões do Mineirão foram franqueados ao público dez minutos antes de o show começar. Ainda bem. Pois, ao lado da bem montada operação comercial, o sucesso da "tournée" significaria grave sintoma para o futuro do Brasil. O Kiss - consciente ou inconscientemente, pouco importa aqui - pretende apresentar como normal e até sedutor, um novo tipo humano. Na mesma esteira de outros conjuntos musicais a propaganda em torno dele alicia as imaginações juvenis e adultas para um pólo de degeneração e dissolução geral de costumes, normas e padrões morais. O

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1/ Os integrantes do Kiss propagam um no· vo tipo humano e exercem certo fase(nio mesmo sobre crianças que imitam sua maquilagem

lado comercial não será tratado neste artigo. Alguns afirmam até que os promotores da ..tournée" !Jveram prejuízo. Certamente foi grande a decepção deles, a ponto de Cláudio Li1_a, da Artshow, responsável pela vinda d o conjunto, desabafar: "Desculpe eu ter que dizer isso a vocês. Mas Belo Horizonte é uma roça grande ,nesmo. Minas não quer aco111pa11har o Rio e São Paulo" ("Estado de Minas", 24-6-83). _ Certamente já viria incomodado do Rio a julgar pelo noticiário da "Folha de São Paulo": "Se o reduzido n1Ímero tle fãs que f oi ao aeroporto i11ter11acio110/ do Galeão for um indicio de popularidade do Kiss no Rio, o espetáculo do grupo no próxin10 sábado, no Maracanã, dijici/111e11te será um sucesso. Exatamente 111eia dúzia de jovens foi esperar os artistas" (l5-ó-83).

Fascinio que desperta o conjunto O conjunto veio ao Brasil numa viagem comemorativa de seus 10

CATOLICISMO -

julho de 1983

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Sedução produzida pelo Kiss no Brasil

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O aspecto dos integrantes do Kiss. com pinturas exóticas em suas faces e•roupas extravagantes. choca pela boçalidade

KISS: FASCÍNIO E MALOGRO anos. Surgiu, portanto, em 1973. O que está na raiz desta década de fama? Mediante que características esses idolos do século XX atraem, fascinam e enfeitiçam tantos? Até o fim dos anos 60, a revolta juvenil era fundada em princípios explicitamente proclamados e defendidos. Princípios errados mas, enfim, princípios. A explosão da Sorbonne, em 1968, foi densa de ideologia. A juventude atual, pelo contrário. considerada "grosso modo", já não luta por princípios explícitos. Enfadamna discussões ideológicas. Sente-se atraída por eles apenas enquanto conformando mentalidades, dando origem a uma maneira de viver. O Kiss é isso. Não se proclama bandeira ideológica de nada. Apenas estadcia seu primarismo. Mas, propaga uma maneira de ser e de vi~er. Em uma palavra , um novo tipo

Conjuntos e cantores de rock do tipo do Kiss costumam despertar em seus fãs dois movimentos de alma, os quais, em geral, se manifestam conjugadamente: a admiração e a tendência à imitação.

Caracteristicas da atração exercida pelo Kiss

compunham uma pessoa digna, a delicadeza prezada como valor querido por todos. Quantas vezes ouvimos o elogio: "Fulano tem muita delicadeza de sentimentos". Ou então: "Tal senhora possui traços delicados". Essas qualidades constituíam um adorno, mesmo nos homens, e se compaginavam com o espírito varonil, com a coragem e o desassombro. Dir-se-ia que, em sentido contrário, hoje a brutalidade boçal tem a covardia como companheira.

O conjunto apresenta uma mescla de talento musical, devassidão, brutalidade e vulgaridade. Choca e atrai pelo boçal. Sente-se bem retratado quando seus shows são qualifi- Sinais de satanismo no Kiss cados pela imprensa de língua ingleA insinuação de conluio com o sa como "ultrajantes". satanismo é notória no conjunto Os componentes do Kiss alar- norte-americano. As características deiam ~a devassidão. Nas letras de já bastariam para levantar a suspeisuas mtísicas, em entrevistas, auavés ta dos mais atilados: brutalidade, de gestos obscenos e por insinua- devassidão, vulgaridade, tirania dos ções, ressaltam continuamente sua instintos. Um dos componentes do verdadeira -obsessão pelo assunto. Kiss é comumente intitulado "o deServindo de complemento ade- monio" (Gene Simmons), suas poses quado à libertinagem atuam com lembram sempre o anjo das trevas. · repelente vu lgaridade. O principal Também suas vestes negras, sugecomponente do grupo, Gene Sim- rindo algo de morcego, de dragão e , mons, cospe um líquido vermelho de serpente escamosa. Declarações imitando sangue, e vomita sobre o deste expoente do conj unto rumam público que, pelo jeito, acha en- discretamente em tal direção: "Kiss é cantadoras tais manifestações de apre- 111ais do que apenas um grupo de ço. Falou-se que csgUelariam pin- rock. Somos uma troupe renascentinhos no palco, mas nada disso foi tistà, com tnúsica, magia .... Muita visto. O delegado Délio Capitelli, da 111agia. 111istério e rock" ("O Globo", Divisão de Controle e Fiscalização 9-ó-83). Algumas de suas canções de Diversões Póblicas do Rio de têm como títulos: "Mais quente do Janeiro, afirmou a propósito da que o Inferno", "Vestidos para 11;1aeventual matança de animais no tar". "Juventude em chamas", "Vipalco: "Se isso acontecer, todos vendo e,11 pecado", "Criaturas da os integrantes do grupo sairão do está- Noite", "Viver sujo''. Serã apenas um truque propadio diretamente para a tlelegacia da gandístico para atrair e fascinar pelo área" ("O Globo", 18-6-83). Continuamente agindo sob o im- · horror, pelo macabro? Ou há algo pulso dos instintos, denotam o dese- de real? A propósito de uma banda jo de parecerem primários. Pre- semelhante, o presidente de um fã. tendem criar a impressão de que clube Kiss no Brasil, A. Carvalho, executam o que é reclamado pelos afirma: "O Black Sabbath, grupo de rock inglês .... já participou de um ritual no qual foi imolado 11111 bebé .... Mas o grupo garante que todos pensava111 que se tratava de um carneiro" ("O Estado de São Paulo", 16-6-83). Um dos integrantes do Black Sabbath confe~a: "& sou Ozzy Osbour11e e, algumas vezes, nós falamos com o demônio". A história talvez desvende, no futuro, o que hã de real e o que seria recurso propagandlstico para produzir impacto, neste namoro dos conjuntos de música rock com o demônio. Não seria estranhável que muito de real houvesse. Segundo a Dout rina Católica, a estrada do vício tem, quase sempre, em suas últimas etapas, um comércio cada vez mais íntimo com o principe das foto do baterista do conjunto. em sua apresentação no Morumbi. em Slo Paulo trevas. Tais grupos, notoriamente, já estão longe, muito longe, nas verehumano. Neste sentido, o conjunto caprichos de momento, por mais das do vicio. veio de encontro à dita tendência de absurdos que possam parecer. Uma conceder atenção preponderantemen- amostra disso foi a entrevista que te à maneira de ser, e não mais aos concederam no dia 15 de junho, no O estimulo à maconha princípios. Nos dias que correm, o Rio de Janeiro, durante a qual Nas três apresentações do Kiss malogrado John Lcnnon, ex-astro gargalhadas e respostas disparata- no Brasil, a policia prendeu jovens dos BeaJ/es, com sua filosofia orien- das se misturaram. sob a ação da maconha e traficantes tal cm defesa de postulados metafíCom as características acima ex- que se aproveitavam do local para sicos e posições politicas, fruto de postas, a banda difunde um ideal de vender a droga. Em São Paulo, no vida /le pensamento, embora deee- comportamento humano frontalmen- Juizado · de Menores, o juiz Mário nerado, afigura-se pesado e até d is- te oposto ao que a cultura ocidental Fabrlcio afirmou que por ali pastante em relação ao primarismo apresentou durante séculos, como saram mais de 60 menores em virtuovante, imediato, manifestado pelos meta a ·ser atingida. O ideal ante- de do consumo de tóxicos e álcool ,integrantes do Ki.ts. rior, mesmo em suas versões laicas, durante o show do dia 25 de junho. Tal maneira de ser encontra-se fazia a inteligência primar sobre os Em Belo Horizonte foram institµlna raiz do fascínio exercido pelos instintos. A distinção era estimada dos 52 inquéritos policiais, sendo 47 integrantes do grupo. como partícipe das qualidades que por portaria e 5 flagrantes. No Mineirão, segundo testemunha ocular, havia forte cheiro da erva. O • Em próximos números de nosso jornal, alternando com a delegado Lara Rezende lamentousérie "Dramas de consciência na história de Papas", de autoria se: "Se tivéssemos mais policiamento na operação. acredito que o de Áitila Sinke Guimaries; este colaborador redigirai uma .senúmero de detenções teria aumentaqüência de artigos sobre "Gloriosos exemplos de Santos Padre$". do" ("O Estado de Minas", 24-6-83).

Restam dois pontos. Oual a razão pela qual o grupo seduziu parte do público brasileiro e por quê, apesar da propaganda maciça e bem feita, a "tournée" foi um retumbante fracasso? Em \lirtude de que fator existe tal fascínio, se a observação nas ruas indica que nosso público juvenil estã distante do paroxismo de decadência do Kiss? Este atrai pelo radicalismo, por desfraldar uma bandeira que corresponde aos anseios interiores e inexplícitos de incontáveis multidões: viver sob a anarquia dos instintos, numa atmosfera paroxística de festança contínua, de domínio dos caprichos. Cansados do império da razão, imporiam a cada hora um absurdo novo. O conúbio entre o devaneio utópico interior e sua suposta realização (o Kiss o concretizaria) produz a fagulha elétrica, o arco voltaico do encontro de dois anseios, um como aspiração outro como realidade. Apenas tal fato não justificaria o prestígio do conjunto nova-iorquino. Seria insuficiente para ~xplicar sua fama ,µima sociedade tão diversa, num país como o Brasil, tão diferente dos Estados Unidos. Nosso triste hábito do mimetismo, de olhar continuamente o que os outros - que julgamos ter pretígio, fama ou dinheiro - fazem, para copiar servilmente, dá força ao primeiro motivo e produz no Pais a notoriedade do Kiss. Uma vez que se presume ser ele muito festejado nos Estados Unidos, onde go1_aria de celebridade, então é aclamado aqui. A celebridade lã transforma-se em argumento irresistível cá.

O fracasso da tournée Contas feitas, o giro impressionou muito menos do que os promotores esperavam, frustrando as expectativas dos dirigentes dos espetáculos. A que atribuir o malogro? Algumas razões. entre muitas (um artigo não permite a enumeração e análise de todas elas para gáudio do leitor) poderiam ser alinhadas. Nós, brasileiros, não gostamos da brutalidade, da arrogância grosseira. Repugnam fortemente a nosso temperamento, naturalmente doce, acolhedor, afável. O Kiss violenta tal disposição. Como reaçãc, sucedeu um retraimento desagradado diante do martelar da propaganda. O público a deixou fluir. Não se manifestou contra, mas mantevese refratário à agressão publicitária. A decadência do Kiss é festeira, sugerindo uma alegria em turbilhão contínuo, própria a épocas em que a prosperidade econômica mascarava o plano inclinado em que deslizava a sociedade. No Brasil, o atual estado de espirito não é o despreocupado e satisfeito do início dos anos 70. A crise econômica atingiu um ápice, e o povo. no geral, está preocupado q uanto ao presente e inquieto quanto ao futuro. Não quis desviar sua atenção nem passageiramente, para considerar uma representação de jactância delirante, de barulheira agressiva, apesar dos insistentes apelos veiculados continuamente nos grandes meios de informação. Preferiu manter o olhar fixo nas suas preocupações quotidianas, o que provocou a sensação de que o giro nem mesmó existiu, tão logo o conjunto reembarcou de volta para os Estados Unidos. O público brasileiro, e especialmente a juventude, além do mais não desceu tanto a ponto de, em bloco, sentir-se fascinado pela pregação (pois, de fato, há um proselitismo) de um modo de viver frontalmente contrário ao nosso. O que, se em parte conforta, em parle preocupa. Afirma o adágio popular: "Água mole em pedra dura, tanto bate, até que fura". Paulatinamente, vamos sendo atraidos, através de shows sucessivos (musicais ou não) rumo a esse extremo do mal. A sociedade moderna, em sua decadência, tende ao já ref~rido tipo humano representado pelo Kiss. Uma oposicão saudável a tal desli7_ar, depois de conhecida a e nfermidade, exige que haja uma caminhada resoluta na direção oposta, ajudada, como é natural, pela graça divina, pela prece confiante e com os olhos fixos em Deus, Nosso Senhor.

Péricles Capanema 3


A ENCENA ÃO E A REALIDADE EM RECI ERPLEXIDADE. Este é o sentimento que domina o espírito dos que acompanham as atuais manifestações populares no Brasil. Elas acontecem e desaparecem. Voltam a acontecer e minguam. Intermitentes. Gota a gota. Calendário marcado! Mas sempre deixando, nos intervalos, alternadamente a sensação de que voltarão ou de que não voltarão. Até parecem conduzidas por algum mago ... Tem havido invasões de terrenos urbanos e de conjuntos habitacionais. Vêm ocorrendo manifestações por causa de salários atrasados. Mas, sobretudo, o grande alarido envolve as movimentações de desempregados. Alarido principalmente publicitário. Muito freqüentemente, certos órgãos de comunicação social têm amplificado os fa. tos. Há uma singular defasagem entre aparência e realidade. Descrição que aparenta borrasca, quando se presenciou ventania! Quem procurar ver, nas atuais manifestações, os sintomas de um povo indignado, enfurecido, cometerá indiscutível erro de ótica. A despreocupação e a índole ordeira do brasileiro se opõem, ílagrantemente, à cavalgata irresistível dos descontentamentos, veemente desejo dos orqucstradores de manifestações. Basta andar pelas ruas, olhar e perceber. Daí a oportunidade do elenco de not icias que apresentamos a seguir, em destaque gráfico. São fatos pouco comentados, em seu conjunto pouco conhecidos pelo grande pú· blico, próprios a deixar desenxabidos os promotores de arruaças. Eles vêm a calhar como constatação da artificialidade do fenô· meno "indignação popular". Constituem um atestado da pequena expressão do e lemento ºpovo~'. nas agltações.

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"Show", atê onde? Realidade, como? Devido à imensidão territorial do Brasil, onde vivem 120 milhões de habitantes, o pinga-pinga das agitações parece perder-se nessa vastidão-continente. Entretanto, tais agitações em pinga-pinga têm método, objetivo e razão de ser. E acabam produzindo efeitos previamente calculados. Em artigos para a imprensa diária, o Pcof. Plínio Corrêa .de Oliveira ana lisou ..os acon· tecirnentos tão artificiais e ao n1esn10 1e1npo tão perigosôs" das "jornadas tragi-apalhaçadas dos dias 4 a 8 de abril pp. ". Rotulou esses acontecimentos de "conjuração ma/ensaiada que, passado o primeiro impacto. não conseguiu fazer-se levar a sério por nosso povo tão vivo e perspicaz" ("FSP", 25 e 31-5-83). De fato, as manifestações que vieram então se sucedendo, no Brasil, ratificaram tal análise. De modo particular, as manifestações contra o desemprego vêm, cada vez mais .

pondo a nu !luas verdades: o teor, a um tempo, postiço e perigoso dessas agitações, e a desconcertante (para a esquerda) realidade de um povo que permance à margem delas. "Show" versus realidade! No pa lco das ruas, os agitadores procuram representar a peça do desempregado descontente (coadjuvados por a lguns tantos comparsas) ... Porém os "representados" os desempregados - não se interessam pela encenação. Fogem dela. Em São Pau lo, centro industrial do Brasil, os shows têm se repetido, esfalfando os líderes na ânsia de reeditar os distúrbios de abril. Não estão conseguindo reunir gente para estrondcjar e q uebrar. Nem mesmo com as portas das igrejas abertas e o recinto sagrado franqueado para as assembléias e arengas. As encenações têm se estend ido até o máximo limite, que os agitadores não ultrapassam por receio de dilacerar a sensibilidade brasileira. De momento, esta sensibilidade tem refreado e feito deslizar em falso as esteiras da máqvina demolidora.

"Alarido" - Real amplítude das agitações Em muitas ocasiões, recorrer ao "alarido" é indicio de debilidade ou inferioridade. Ele funciona como substitutivo à ausência de força, capacidade ou número. É recurso já constatado em polêmicas, revoluções e guerras. As agitações, hoje cm voga no Brasil, se beneficiam do "alarido", de modo proeminente. Duplo "alarido": baru lheira produ· zida pelos agitadores, e "alarido" publicitário. No afã de noticiar uma agitação, certos meios de comunicação social acabam recebendo o iníluxo da barulheira. E, freqüentemente, lhe servem de caixa de ressonância, propagando-a. O truque da barulheira desemboca, obviamente, numa confusão e exagero quanto ao número e forca reais dos manifestantes. Dessa forma, para se med ir com objetividade a amplitude das manifestações. cumpre-nos exorcizar o "ala rido". Reduzi-lo â sua verdadeira dimensão. Tomemos as manifestações de abril, em São Paulo. Em certo aspecto, foram as mais audaciosas. Façamos algumas comparações, e em função delas teremos elementos para aquilatar outras manifestações que se lhes seguiram. Para sermos benévolos, o número de manifestantes de abril, cm Santo Amaro, chegou, no máximo, próximo de 3 mil (na passeata rumo ao Palácio dos Bandeirantes). Quase não havena escala de comparação, se fôssemos tomar os 12 milhões de paulista· nos. Grãozinhos de areia perante uma praia. Ululante desproporção.

Desçamos, portanto, para números menores. Em fevereiro deste ano, havia 387.973 desempregados, na região metropolitana de São Paulo. segundo pesquisa do IBGE, divulgada por órgãos da imprensa. Evidentemente, de todas as categorias profissionais. S11btraindo o número de ativistas, de bandi· dos comuns e de menores (houve quem os julgasse nu merosos), o que resta de efetivamente desempregados, no número de manifestantes de abril, é de todo em todo insignifica nte, se fizermos o paralelo com o total dos mesmos existentes em São Paulo. A representatividade deles foi minúscula! Considerando que "grosso modo" os manifestantes tenham sido operários desempregados, de algumas categorias profissionais, certo é que muitíssimas outras categorias recusaram sua participação. Convém ainda destacar que o desemprego não at inge só o meio operá rio. Desempregados há em outras classes profissionais. Se os d istúrbios de abril se restringiram a operários, como salientou o noticiário, fica evident!! a acentuada dcssolidari1,ação dos desempregados de outras classes profissionais. O. Bairro de Santo Amaro, cm São Paulo, possui 600 mil operários, numa popu· lação de um milhão e 200 mil pessoas. As conclamações para reunir trabalhadores visando a concentração no Largo 13 de Maio, dem·onstraram empolgar pouco. No dia 4 de abril, a concentração começou com 150 participantes; no dia 5, com cerca de 500. Na verdade, as manifestações não interessaram nem aot.próprio ambiente operário, .no qual se reali,.aram.

Pouco realce no noticlãrio Seria natura l que os dados comparativos acima tivessem figurado nos not iciários relativos às manifestações de 4, 5 e 6 de abril. Provavelmente teriam contribuído para de· sinílar o ba lão daq uelas agitações. Entretan to, muito freqüentemente os noticiários pouco se detêm nessas análises. E, porisso, muitos deles dão margem a errôneas avaliações da realidade dos fatos. . Percebeu-o um insuspeito espectad or das badernas, defronte ao Palácio Bandeira ntes. O p róprio Governador Brizola assistiu a aspectos das agitações, das janelas do Palácio, e, de volta ao Rio de Janeiro, declarou: "O noliciário dos episódios de São Paulo está dando uma dimensão aos Jatos que não corresponde à realidade, talvez pelo seu caráter inusitado". Acrescentou ainda não acreditar q ue os acontecimentos na capital paulista representassem uma ''revolta popular": "Não vi multidões. quando lá estive, e sim alguns grupos que se 1noviam provocando agitação" ("FSP", 7-4-83).

Manifestações artificiais Desconcertante fracasso em atrair o povo Elenco de fatos pouco conhecidos • 1° de Maio: ato público sem presença do povo

• Desinteresse dos operários (São Bernardo-SP) - 250 mil boletins convocatórios distribuídos por cerca de 100 diri~entes sindicais, em estações ferroviárias, po.rtas de fábricas, Igrejas. Objetivo: arrebanhar 100 m.il trabalhadores. D. Cláudio fiummes, Bispo de Santo André, e Lula estariam presentes ("Diário do Gfande ABC", 1. 0-5-83). Após missa, passeata até a Praça da Prefeitura. Total de pessoas presentes (somando contingente vindo de Diadema): pouco mais de mil! Desinteresse geral que surp;-eendeu os pióprios organii.adores. • Nem trabalhadores cQ111porecem (Praça da Sé-SP)- Metrô gratuito, dupla sertaneja com canções de viola, missas na Catedral. Ainda assim, pessoas do povq não entram na concentração. ''O que a gen/e mais vê aqui é ativista sindical e partidário", excla1na um militante sindical. Os operários não aparecem. As famílias ficam à margem, passeando pela Praça. Discursos programados, slogans do grupo Ali-

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cerce da Juventude Socialista e do PC do B. Encerramento · com hino da Internacional Socialista (uma estrofe cantada; a maioria não sabia a letra) ("FSP", 2-5-83). Das 10 mil pessoas esperadas, estiveram lá umas ... 400. • Manifestação frustrada, 1nesn10 com Escola de Samba - O ato público, destinado a constituir gran· de protesto contra o desemprego, cm Campinas (SP), resulta em malogro. Pequeno número comparece ao Teatro de Arena. Três discursos, ato encerrado. E sem a peça teatral e a Escola de Samba programadas. Tema para próximas reuniões dos Sindicatos: a ausência dos trabalhadores no ato ("Jornal do Lar'', 8-5-83). • Tentativa chocha de nova manifestação, em Santo Amaro Toda seg11nda-feira, desempregados buscam serviço em firnws de trabalho temporário, 110 Largo I3 de Maio - Segunda-feira fo.i escolhida para nova manifestação de desempregados no Largo 13 de Maio. Só ctue, desta vez, o mtlx.imo con-

seguido consistiu em rea!Jzar- curta passeata, logo dispersada pela polícia . Perto de 500 .pessoas, apenas, participaram ("PSP", 10-5-83). 15 ativistas (do 'PT, Pastoral Operária e Oposição Sjnd.ical Metalúrgica) de· cidcm amanhecer junto às portas das principais fábricas, neste dia. Objetivo: convocar os operários desempregados p~ra essa manifestação... Crítica do Deputado Aurélio Perez (um élos organizadores das agitações de abril) aos preparadores da manifestação acima: "Coisas pequenas como esta não resolvem nada" ("Gazeta Mercantil", 10-5• ''O Nordestino é um homem muito pacato" O Bispo da Diocese de Pajeú, D. Francisco Mesquita, é da opinião de que os trabalhadores, espontaneamente, devem saquear lojas e armazéns para comer. Mas reconhece ser o nordestmo um homem pacato, principalmente !\O interior. Em Pajcú, o Bispo se escandaliza com c~sa pacatez. Declara que o nordestino com fome, desempregado e sem nada, às vezes tem medo de invadir uma cidade, um armazém, mas que

No Paço Municipal da Slo Bernardo. jun10 a carte: reduzido de manifes-tantea. pairava a bandeira do

D. Cláudio Humrrie•, Bispo de Santo André. dl rft re.aliiada no dia 1.0 de maio na Igreja matri% de Slo 1 fundo, junto ao altar-mor. pode•se ontrover uma fr deve pagar pela omis.s&o ~e eeus govornantos .. Con

,\ Manifestaçlo &squálide d& desempregados realiv participantes saíram do largo 13 de Maio. em Sant, foto registra o magote de manifestantes dirigindo

Sindicato dos Meta16rglcos. na R. Gelvlo Bueno.

isto seria seu direito; a fim de retirar o ne,cessário para comer. O trabalho de co,nscientização e orientação politica dos camponeses da região conta com a participação decisiva da Igreja. Mas apesar disso, lamenta o Bispo de Pajeíí: "Os camponeses sempre viveram aqui, dependendo do dono da terra; e ninguén1 n1uda u111a 111entalidade de repente, da noite p(Jra o dia" (Djário de Pernambuco". l 7·5·83). • "Temos qu·e tomar a praça" Brado de ilusão Outra vez, concentração marca· da para o Largo 13 de Maio, em Santo Amaro. A Secretaria de Segurança proibira o uso do Largo. O Bisoo da Zona Sul, D. Antonio Gaspar, franqueia aos manifestantes, a pedido do Càrdeal Ams, a Igreja de Santo Amaro. "Mais uma vez a Igreja se vi no dever de abrir suas portas, oferecendo espaço paro aqueles que querem 1nudar o capitalismo selvagen1", eis a justificação do Sr. Cardeal. 0 Bispo da Zona l!.este, D. Angélico,Bernardino, faz apelo para que não haja repressão contra atos p\'Jblicos dos operários ("JB", 16-5-83). Assembléia na Igreja, com cerca de 300 participantes. Membros do Comitê de Luta contra o Desemprego (ligado ao PC do B) pregam ida às ruas: "Te,nos que tomar a praça". Ato promovido na praya (contrariando a proibição), c1reunscrito aos p1óprios participantes da Assem· bléia ... Em conseqUênc,ia, resolução:

ir de ônibus (sem pagar) ao ~indi· cato dos Metalúrgicos, no Cent-r o da Cidade. Reu.oião no local, acrescida de outros membros do Comitê (vindos de um ato realizado no Largo da Concórdia). Passeata, do Sindicato à sua Sede Social, na R. Galvão Bueno. Participantes: menos de 300... ("JB", 17-5-83). • Falsa noticia de emprego reúne gente; agitadores aproveitam Em Teresina (Pl), cerca de 200 pessoas acorreram ao Batalhão de Engenbaria de Construção. Circula· raro noticias de convocação para trabalhos de emergência. Engano. passeata até o Palácio do Governo. Comicio. Policia e bombeiros dispersam os manifestantes. N01a ofi· cial do Governo: houve instigação por parte de pessoas ligadas ao jornal "Tribuna da Luta Operária" e de vereadorc,,; do PMDB ("JB", 17-5-83). • Cá e Ili, as mesmas espertezas há Manifestação de trabalhadores marcada para as 18:00hs, em Forta· leza. Local: Praça José de Alencar. Proibição pela Secretaria de Segu· rança. Por quê? O Comandante da PMCe, Cel. Hélio Luna Alencar, explicou a razão da proibição: naquele ponto se localizam terminais dos coletivos urbanos; e o horário escolhido era justamente o de fi. nal de expediente, quando conver· gem para a "José de Alencar" milha· res de pessoas; os manifestantes

CATOLICIS MO -


ENTES AGITA ÕES OCORRIDAS NO PAÍS Espontaneidade que nao convence

:e1 revoluclon4rio1. e aobropondo-1e e um nõmer.o

Partido Comunista do Brasil.

Hoje muito se fala em espontaneidade, como elemento necessário para convencer. Ora, precisamente é o que falta nas atuais manifestações em nossa Pátria. Ao se pesquisar suas articulações, esbarra--se inevitavelmente nos ativistas que, umbráticos, as mobilizam. Entre esses organizadores há os que a policia, pitorescamente, já intitulou inflamadores. São lideranças de rua, mais exaltadas, e que comunicam inflamação aos outros manifestantes. Por ocasião dos distúrbios de abril, em São Paulo, a obsessiva repetição de que as manifestações eram espontlineas acabou depondo contra elas. Os seus participantes, em uníssono, martelaram esta tecla. Virou slogan! Da mesma forma, nas manifestações que vão espocando alhures no Brasil, a espontaneidade é muito duvidosa. O esquema de funcionamento se revela o mesmo por t9da a parte. As entidades envolvidas são versões locais das existentes em outros lugares: Movimento de Luta contra o Desemprego, PRO-CUT, Alicerce da Juventude Socialista, entidades sindicais, partidos de oposição e associações da esquerda católica (Pastoral Operária, Ação Católica Operária, CEBs).

Eqüidade e bom senso: a realidade!

1• • palavra ao p_õ bllco durante a concelebraç!o

3ern.ardo. Na frente. conjunto musi~J de jovens; no 1ixa cujos db:: ores eram os seguintes: ºO povo nlo

,isslo elos Jovens da igreja do Senhor do Bonfim".

1aa no dia 16 de maio p.p .• em Slo Pauto. Os

:, Amaro.,, foram de õnib'ua atá o centro da cidade, A ·lf' do ponto terminal do coletivo para a sede do

no báirro da Uberdado.

dariam então a falsa impressão de q_ue reuniram muitos adeptos, sens1bili1.ando a multidão ("O Povo", Fortale1.a, 18-5"83).

• Entrelaçamento de ativistas; e o povo? Duas manifestações diversas se entrecruzaram, cm Fortaleza. Uma de estudantes, pela manute.nção de meia-entrada nos cinemas; outra, de entidades ligadas aos trabalhadores, 11ara tentar revogar proibição de manifestações em 2 p.raças da cidade. Estudantes po,tam faixa com dizeres de apoio à luta dos trabalhadores de todo o mundo. Trabalhadores misturam-se aos estudantes, cm terreno da Universidade. Manifestantes sae.m à ·rua: jatos d'água da policia contra pedradas. Apuçação dos promotores dos tumultos: llde.res estudantis e piquetes de estudantes; membros da Federação dos Bairros e Favelas, de Sindicatos e de agre.miações polfticas oposicjonistas ("O Povo", -Fo,tale1.a, 19-5-83). Singular COJljugação de ativistas e de interesses.

• Fisionomias mudadas, apreensão, fuga! Policiamento ostensi,.,o frustrou, e.m Recife, passeata f'caminhada da fome" ...) de desempregados. Em contrapartida, realizou-se ato público, em Praça defronte ao S.indicato dos Metalúrgicos. Çompareceram represe.ntantes de associações de classe, da Ação Católica Operária, de pár-

· julho de 1983

No fracasso em mobilizar o povo encontra-se a realidade mais recôndita das agitações no País. Mesmo desconhecendo os fatos que vimos comentando, o povo brasileiro percebe, sem dificuldades maiores, tal realidade. Com seu espírito pacífico, no qual há prudência e .senso de eqüidade, ele observa cautelosamente essas ruidosas movimentações. E delas se distancia. O alheamento do operariado brasileiro está desconcertando os promotores de concentrações. Sobretudo em São Paulo, as manifestações de 1•0 de Maio foram magras devido ao não comparecimento de operários'. Em vez dos 100 mil trabalhadores esperados, Lula acabou discursando para menos de mil, em São Bernardo... Fiasco! Lula esboçou a evasiva explicaçiro de que os trabalhadores estão bastante pol!tizados, e não se movem senão para dec1d1r, e de fato ... Alegação contrastante com o cerrado esforço para mobilizá-los: distribuição de 250 mil boletins, por JOO sindicalistas, no ABC. Foi observação corrente, de um lado, o fato de elementos da burguesia terem se deixado arrastar pelas agitações. São cmbaídos por idéias absurdas do socialismo, quando não do comunismo. Os agitadores em passeata receberam, por exemplo, manifestações de apoio de pessoas postadas em janelas

tidos politicos e estudantes da UM~. Po)ícia pres'ente. Ato público sem incidentes. Fenômeno constatado nas proximidades: o trllnsito de pedestres quase só escoa numa, direção (a que foge da Praça da concenttação); os camelôs mudam de fisionomia e ajeitam suas mc,cadorias, p.,rontos para sumir. Numa feira de artesanato e comidas tlpicas a apreensão é das maiores; a feira é desarmada às pressas. Reclamação dos comerciantes: movimentos desse tipo só servem para sacfificar um setor já em crise. Encerrada a concentcação na Praça, começa a voJtar a calma ("IDiáfiO de Pernambuco", 19-5-83).

• O. H elder ainda com sua espiral da viol~nda Um mês d.e vjagem. Q. Helder acaba de regressar do Japão (recebeu lá o Prê.mio Niwano da Paz). Mas suas cogitaç9es giram ainda em torno da violê,nc1a. Ou melhor, da não-violêJlcja ativa, através de pressões~morais ·libertadoras: denunciar as injustiças e encorajar a p,ómoção humana das massas. Para o Prelado, á miséria é a violência. Entra-se na ·espiral da violência quando a miséria expJode e vem a repressão. Para D. Helder, esta é a vjsão do Brasil-de hoje ("Diário de Pernambuco•, 22-5-83) • Desempregados há meses... de repente, .saque! Na cidade de Serra Talhada (PE), cen;a de 150 trabalhaé:lo.res rurais desempregados invadem arma-zém

de prédios do Centro da cidade, em São Paulo ("FSP", 17-5-83). De outro lado, atestou-se a maturidade e o bom senso do operariado brasileiro, que ,ião se' deixa enlear.

Encenação, "Show": o perigo! Um paradoxo: a realidade das manifestações aqui exposta poderia parecer desmobilização da vigilância, ao mesmo tempo em que se alerta para o perigo de manifestações "show". Nada mais que aparente contradição. A despeito da realidade do fracasso em mobilizar o povo, os orquestradores de arruacas têm em mira um efeito compensató~io. À. custa de sal_Picar o País de agitações, mterm,tente e contmuamcnte, pretendem dar a ilusão de descontentamento gcnerali,.ado. O pipocar de agitações, assim arquitetadas com astúcia, configura uma tática de bombardeio psicológico. Verdadeira ação de guerra psicológica revolucionária. E nisto está o perigo. Pois, esta ação psicológica não passa de "uma técnica de enfraquecilnento do poder e de desmoralização dos cidadãos. Esta técnica éfundada no_ conh~cim~nto das leis da psicologia e da ps1cosoc1olog1a, porque visa tanto a opinião ptiblica quanto o poder e as forças armadas de que este dispõe. . Ela é uma ação sobre a opinião por meios sutis e convergentes" (Roger Mucchieli, "La subversión", Ed. Bordas, Paris, 1972, p. 7). Sob a ação dessas técnicas de impactação psicológica, o público vai tomando conhecimento dos acontecimentos sem o tempo e os meios de exercer uma análise retrospectiva sobre eles. A ingestão de falsas impressões é, de início, fruto dessa ação. O entrouxamento delas cónduz a uma debilitação das resistências sadias da opinião pública. As atuais agitações têm procurado, nessa perspectiva, criar a impressão de que o Brasil está desgovernado e desestabilizado. Tim insistido cm exacerbar, levar ao clímax, essa impressão, de modo a colocar cm perigo de ruir o edifício social do País. Pela maneira como vêm sendo conduzidas as manifestações, de forma . alguma os agitadores pretendem resolver, de fato, os problemas. Para os agitadores, o importante é reivindicar e tensionar. "Toda reivindi'cação, 111esmo aquela que não dá certo, é uma etapa importante na conscientização dopovo {"As CEBs ... das quais muito se fala, pouco· se conhece - A TFP as descreve como são" - p. 202). Esta afirmação é de D. Angélico Bernardino, Bispo da Zona Leste e r esponsável pela Pastoral Operária de São Paulo, como também estimulador de manifestações populares.

da CO.BAL. €:ornem e levam alimentos. No dia anterio.r, 23-5, em Bom :Jesus, algumas pessoas já haviam carregado mantimentos do armazém da COBAL, deste lugar. Lamenta o saque o Presrdente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada. E acrescenta·: "Só não foi maior a invasão porque os trabalhadores são pac(ficos e não querem provocar violência'' ("Diãrio de Pernambuco", 24-5"·83).

• Promessa de nova "visita" Agrieulto1es dirige111-se à cidade de Viçosa (Ceará). São perto de 70, entre ho.mens, mulheres e crianças. O intuito é 'saqµear o armazém:, mas a poJicia evita o saque. A Prefeitura distribuiu-lhes gêneros alime.ntic.ios. Os ruficolas reto.mam aos lares, prometendo nova "visita"... à Sede municipal ("O Povo", ll-6-83). • Servjdores fazem greve, ma.s só líderes quebram Apedrejamento de vidraças de 2 postos dê benefícios do JNPS, em São Paulo. Os servidores estavam em greve. Segundo a Policia Federal, os queb1ado1es são os líderes do movimento ("JB", 14-6"83). • Nova concentração, mas dos mesmos Comith Uma vez mais, cerca de 500 manifestantes reunem-se no Largo 13 de Maio (SP). Ali estão os 2 comitês da Zona Sul: o Comitê de Luta e o Comanao de Mobiliza.ç ão,

O arlete contra os portlles Na Idade Média, a conquista de uma cidadela dependia, muitas vezes, do arrombamento dos portões, localizados em certos pontos das muralhas. E os atacantes serviam-se do aríete para golpear o obstáculo. Se este cedesse às eancadas, ocorria a invasão. Caso contrário, podia sobrevir a desistência-dos sitiantes e o levantamento do cerco. As · manifestações contra o desemprego vêm servindo à agitação como um aríete para abalar os portões do regime sócio-econômico vigente. Não analisamos aqui os lados positivos ou negativos do chamado modelo econômico brasileiro. Preocupamo-nos tão somente em patentear que o alvo das agitações, segundo os métodos da guerra psicológica revolucionária, é produzir a impressão do malogro do mencionado modelo. Caso tal impressão fique exacerbadamente vincada no espirito público, a caminhada para a comunistização do País tornarse-á rápida.

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Nesta emergencia, fica de pé a indagação de como sair da entalada: afinal, como enfrentar o desemprego? De fato, e le existe ou não existe? Sua existência ninguém o nega (expurgada do exagero das proporções impingidas pela esquerda). Porém, existem os que, incomprcensivelmente, se recusam a ver e empregar os meios eficazes para debelá-lo. Enumerou vários desses meios o Prol'. Plínio Corrêa de Oliveira, em artigos publicados na imprensa diária do País: encaminhar, através dos poderes competentes, os desempregados para terras devolutas pertencentes ao Estado (poderão aí plantar para si e para todos nós); buscar os incontáveis empregos em casas particulares; explorar todo o hinterla11d brasileiro. A este propósito, o insigne pensador católico elogiou e divulgou pelos jornais a incisiva declaração da Associação dos Empresários da Amazônia. Tal entidade assegura poder absorver os desempregados, nos milhares de projetos agro-industriais, agropecuários e de coloni1.ação implantados na região. · Contudo, é pn:ciso infelizmente reconhecer a existênda de um tipo de desemprego, difícil de obviar. É o dos profissionais do desemprego. E a essa categoria pertencem desinibidamente os agitadores de desempregados!

Bernar~es Tarragoria

ambos contra o élesemprego. Oiscur~os; agressão e chutes contra um p)aqueiro (emp~egado em anunciar compra de ouro); correrias. 40 policiais disP.ersam, em poucos minutos, os mamfestantes ("FSJ>", 14-6-83).

faixas, param diante de várias indústrias, convocando os trabalhadores para aderirem il s ua manifestação. O que conseguem é congestionar o trânsito. Fracasso em obter adesão de operários ("FSP", 21-6-83).

• Pão e banana acalmam os desempregados ...

• "Acho que o PT tem alguma coisa a ver com isso aqui"

Assembléia na Igreja de Santo Amaro. Oradores criticam governos Federal e Estadual. 100 desemp,egados presentes (entre eles ha,via gente q ue só queria rezar... ). 1!,ogo após, passeata destes perto de algumas fábricas. Impedidos pela policia de retornar ao 1:.argo, os ma ni(estantes ficam tensos. Distribu[ção de pã'o e banana (os Comit~s compraram o pão e Um fruteiro ofereceu as bananas) e a manifestação se d~sfez, espontaneamente ("FSP", 1•5-6-83). • Demora em atender pro~ocou

Em silêncio e sem faixas, cerca de 100 pessoas (maioria mulheres e crianças) percorrem ruas de Osasco (SP). Depois dirigem-se à Prefeitura e ocupam o salão nobre. O Prefeito promete distribuir-lhes alimentos. Mais tarde, declara: "O aaontecÍlnento já era esperado. Acho que o 'f>T ten, algu11,a coisa a ver. co,n isso. aqui'' ("FSP'', 23-6-83).

invasão Invasão do posto do Jnamps, na Zona Norte tRJ), por cerca de 500 segurados (maioria mulheres), Querem ser ateni:lidos, e os guardas demoram em ab.rir os portões. Os invasores ignó.ravam que os funcionários públicos tinham entrado em greve ( 'JB'', 15-6.83). . • f racasso em angariar adesões Liderados pelo Comitê de Luta co)ltra o Desemprego, cerca de 100 manifestantes percorrem aproximadamente 10km da Av. Nações Unidas (Zona Sul de Sã·o Paulo). Com

• O,egar ao Largo de qualquer fomul A policia designa terreno, a 200 metros do Largo 13 de Ma,o, para um gi,upo de umas 100 pessoas ali se mânifestar e.o ntra o desemprego. Mas o,núcleo,queria ir para o Largo. Os l)lanifestantes começam a sedeslocar, em passeata, rumo ao Largo. A polícia impede. Maria Arleide (do Comitê de Luta e ligada ao PC do B) afirma aos policiais que os manifestantes cl\egarian, lá de qualquer forma. A tentativa foi impedida pela policia ("FSP", 23-6,,83). Nota: Po, uma questão de brevídade indíca.mos npcnas as iniciais dos seguintes di4rios: 1) "'Folhn de Sio Paulo'" - FSf' 2) ..Jornal do Br1sil.. - JB

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Há 30 anos, alemães rebelaram-se

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contra o jugo comunista foram levados a hospitais da área livre da cidade.

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Esmagamento brutal do levante anticomunista

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FRANKFU RT - No dia 17 de junnho p.p., comemorou-se o 30.• aniversário do levante anticomunista na Alemanha Oriental. Nessa ocasião, estive em Berlim e pude assistir a algumas manifestações alusivas àquele heróico movimento que tentou libertar a parte da nação germânica, escravizada pelos vermelhos, do jugo soviético. Tendo em vista recordar o mencionado acontecimento, realizou-se, no dia 17 de junho último, marcha pelas ruas de Berlim ocidental, promovida pela Sociedade Internacional Pró-Direitos Humanos, com sede em Frankfurt. Dessa marcha participaram também muitos jovens da associação Konserv.ative Action (Ação Conservadora), tendo a caminhada terminado na Praça de Wittenberg. O clima era característico da primavera européia: céu bem azul e temperatura amena. No mesmo dia, à noite, a "Ação Conservadora" realizou outra marcha com grande quantidade de tochas, ao longo do Muro de Berlim, na Bcrnauer Strasse, onde muitos fugitivos de Berlim oriental foram mortos. Durante a caminhada houve discursos, sendo a voz dos oradores ampliada, através de altofalantes, a fim de atingir o lado oriental. Pude perceber, nessa ocasião, várias janelas se abrindo na zona comunista e muitas pessoas que observaram a manifestação e ouviam atentamente os oradores. No dia 18 de junho, efetuou-se outra manifestação diante do prédio da companhia aérea soviética Aeroflot, durante a qual _foram lembradas as vítimas do comunismo. Protestou-se também contra a presença de instituições russas no território da Alemanha Ocidental. No dia 19 de junho, desenrolouse diante do edifício do "Reichstag" (antigo Parlamento germânico) uma cerimõnia que contou com a participação dos movimentos Ação Conservadora e Juventude Conservadora Ale111ã. Nos discursos, os oradores realçaram a importância do levante anticomunista de 1953.

Em 7 de agosto de 1953, o Bundestag (Câmara de deputados da República Federal Alemã) aprovou, por unanimidade, uma resolução pela qual o dia 17 de julho passou a ser considerado a data da unidade alemã. Desde então, tal dia é considerado a data nacional da Alemanha. O dia 17 de junho e suas comemorações, evidentemente, não são apreciados pelos comunistas e esquerdistas, como também por tooos os defensores da ostpo/itik, isto é, aqueles que são favoráveis a uma política de distensão em face do comunismo.

Berlim: 17 de Junho de 1953 Parece-nos oportuno apresentar aos leitores de "Catolicismo" um retrospecto dos principais fatos históricos que antecederam e ocorreram imediatamente após essa heróica e trágica data. Em 5 de março de 1953, morreu o ditador soviético Joseph Stalin.

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Durante quase 30 anos, ele governara a Rússia e, através de regimes títeres, todos os países satélites. Fazia parte desses Estados-satélites a zona oriental da Alemanha que, em 1949, sem qualquer espécie de eleição ou plebiscito, havia sido declarada como constituindo a República Democrática Alemã. Após o falecimento de Stalin, muitos alemães do Leste esperavam que abrandasse a opressão reinante no pais e melhorassem suas condições de vida. Essa parte da nação germânica continha uma população de 18 milhões de pessoas, na qual estavam incluídos os habitantes da zona oriental de Berlim. Os alemjies orientais, evidentemente, estabeleciam comparações entre o progresso alcançado pela República Federal Alemã, do Ocidente. e as duras condições de existência que sobre eles pesavam. E

Em virtude dessas novas medidas opressoras, em 16 de junho de 1953, formaram-se grandes cortejos de trabalhadores na Stalin-Alice, que desfilavam e pediam a melhora das condições salariais e de trabalho. Tal manifestação cresceu rapidamente, devido à ampliação considerável de participantes, e dirigiu-se rumo ao Ministério do Trabalho. Os trabalhadores que participavam do cortejo exigiam, além disso, a renúncia dos dirigentes que se manifestavam incapazes de governar a Alemanha Oriental. Uma greve geral foi programada para o dia seguinte. Ao mesmo tempo, os operários pediam imunidades para os porta-vozes da greve. Solicitavam também liberdade de imprensa e de palavra. Postulavam a revogação das últimas normas sobre o regime laboral. Pleiteavam, ademais. salários que fo·ssem propor-

manha Oriental e a abolição do regime comunista no pais. Esse levante anticomunista também se verificou em outras 300 localidades da República Democrática Alemã. Em algumas delas, os presos políticos chegaram a ser libertados. Em Berlim, às 11 hs., diante da Porta de Brandemburgo, a bandeira vermelha foi arrancada do mastro pelos trabalhadores e substituída pelo pendão da Alemanha livre, em meio ao júbilo e aplausos gerais.

Inicia-se a repressão com tanques soviéticos Uma hora depois, ao meio dia de 17 de junho, os berlinenses presenciaram um sirtistro espetáculo. Ao longo da histórica avenida Unter den Linden , desli1.avam tanques soviéticos do tipo T-34. Nesse momento, já se haviam concentrado 50 mil manifestantes anticomunistas. Os trabalhadores, e sobretudo a juventude, atacaram os blindados com pedras e pedaços de pau. Um dos manifestantes foi apanhado pela estetra de um dos tanques e esmagado. As 13 hs., os russos decretaram o "estado de sitio" em toda a Alemanha Oriental. Na famosa Praça de Potsdam, os soviéticos começaram a disparar suas metralhadoras contra os manifestantes. Estes não se intimidaram. Invadiram o prédio da Segurança do Estado, isto é, da polícia comunista, na Friederichstrasse.

Do alto de plataformas como est a, pode-se observar a zona comunista de Berlim. Em contraate com o lado ocidental onde vigora a liberdade. observa-se na foto janelas muradas de um edifício, cuja parede externa passou a integrar o Muro do Vergonh&.

tiravam a conclusão óbvia de que era o regime socialista que não permitia a produção necessária dos bens que toda e qualquer sociedade postula para viver decentemente. Os comunistas alemães promulgavam leis após leis que visavam o estabelecimento do regime socialista. E com isso exigiam da população sacrifícios cada vez maiores. Esta, privada de liberdade, era obrigada a trabalhar sempre mais, não desfrutando lucros que recompensassem seus esforços e nem qualquer melhora social. Antes mesmo do levante de 1953, já era grande o número de fugitivos que abandonava a Alemanha Oriental. Em 1952, evadiram-se para o mundo livre 182.393 alemães. Em 1953, tal número ascendeu para 391.390. .

Aumenta a opressão comunista O Partido Comunista da República Democrática Alemã publicou, a 28 de maio de 1953, novas normas visando incrementar a produção econômica e a edificação do socialismo. Tais medidas, entretanto, oprimiram ainda mais a população. Pois elas implicaram na redução dos salários e, concomitantemente, no aumento das horas de trabalho.

cionais aos preços altíssimos já em vigor no país. Figuravam ainda entre suas exigências: eleições livres para toda a Alemanha; abolição das fronteiras patrulhadas entre as duas Alemanhas; retirada das tropas de ocupação soviéticas; dissolução da polícia comunista 9ue perseguia todos os alemães retratários ao regime; liberdade para os presos políticos. Os comunistas germânicos, em face dessa situação, apelaram imed iatamente para as tropas russas. Os blindados soviéticos começaram então a se dirigir para Berlim.

Manifestações Anticomunistas: reação popular No dia 17 de junho, os trabalhadores concentraram-se em praças públicas para realizar manifestações, nas quais planejavam pleitear as exigências acima enumeradas. Ao mesmo tempo, tanques russos cercaram a antiga capital germânica. Os operários de Berlim oriental começaram a destruir organismos e instituições soviéticas, casas de comércio, bancas de jornais, repartições do Partido Comunista da República Democrática Alemã. Enquanto eram incendiadas sedes do partido, os trabalhadores pediam aos brados eleições livres na Ale-

Os anticomunistas investiram, a seguir, contra as prisões localizadas na Alexanderplatz. Estas, entretanto, foram bem defendidas pelos vermelhos, e os manifestantes não conseguiram libertar os prisioneiros políticos lá encarcerados. Por volta das 14 hs., tanto os russos quanto a milícia comunista composta por alemães, dispararam cerradamente contra os operários anticomunistas. Muitos habitantes de Berlim Ocidental conseguiram socorrer seus compatriotas da zona oriental, retirando 100 feridos que

Durante toda a tarde do dia 17 de junho, a repressão soviética foi brutal não só em Berlim, como também nas 300 localidades onde se efetuaram sublevações anticomunistas. Foi assim esmagada a rebelião, cujo número de vítimas até hoje não é conhecido, ao certo. Estima-se, contudo, que morreram, no decorrer da repressão soviética, 267 manifestantes e 116 comunistas. Ficaram feridos 1.067 anticomunistas e 645 funcionários do partido e membros da milícia comunista alemã. Também 126 soldados russos sofreram ferimentos. Consta que, no fim do próprio dia 17 de junho, mais de 100 policiais comunistas alemães, bem como 18 soldados russos, foram fuzilados numa clareira de um bosque vizinho, porque eles haviam se negado a atirar sobre os trabalhadores e jovens que participavam da manifestação. Ainda no mesmo dia, os comunistas fuzilaram 92 pessoas dentre os sublevados. Mais tarde, foram condenadas à morte e executadas 40 pessoas que se haviam oposto ao regime da Alemanha Oriental. Após o jugulamento do levante, o número das fugas de alemaes orientais para a Alemanha livre foi aumentando sempre mais. Para evitar que praticamente uma população inteira abandonasse o pais, os vermelhos praticaram uma ação inédita na história: em 1961, edificaram em Berlim o Muro da Vergonh/1, que divide a cidade em duas partes: a zona comunista e a área ocidental. E, posteriormente, nos 1.300 kms que separam as duas Alemanhas. os comunistas construiram uma fronteira fortificada a fim de evitar êxodos em massa de alemães que rejeitavam o "paraíso" socialista e preferiam o mundo livre ...

17 de junho de 1953 passou para a história não só como a data comemorativa da unidade alemã. Ela tornou-se um marco, um dia simbólico da resistência anticomunista em todo o mundo. E o sangue das vítimas que tombaram em virtude da brutal repressão dos vermelhos não foi derramado em vão. Ele pode ser considerado um prenúncio da vitória sobre os comunistas, não só no âmbito nacional alemão, mas no plano internacional. Pois Nossa Senhora, em Fátima, após anunciar, em sua Mensagem, que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, acrescenta: "Por fim. Meu Imaculado Coração triunfará".

Nelson Fragelli -

nosso correspondente •

:,{fj ll~ AfOILliCISMO

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CATOLICISMO -

julho de 1983


COMBATIVIDADE CRISTÃ NA FISIONOMIA DE TRÊS VARÕES DE DEUS ALGUNS poderiam dizer que não vêem utilidade, para a formação espiritual de um católico, em examinar fisionomias de vultos históricos salientes por uma prática eximia da virt ude. A vida espiritual pensaria talvez esse gênero de pessoas - é fruto de uma sólida formação doutrinária. E não de análises de quadros ou fotografias ... Quem assim raciocinasse, manifestaria desconhecer singularmente o papel do exemplo vivo, da atitude concreta, como importantíssimo complemento do conhecimento dos princípios. "O exemplo arrasta", lembra-nos o conhecido provérbio. Ademais, cada virtude cristã encerra em si uma riqueza de aspectos, uma potencialidade de realizações. por assim dizer indefinidas. Consideremos por exemplo a combatividade cristã, a respeito da qual especialmente se ocupará o presente artigo. A Providência divina convidará certa alma para realizar prodigios de combatividade num contexto de circunstâncias em que a virtude se manifestará sob determinadas formas, com fulgores específicos. E convidará outra alma para operar diferentes maravilhas, cm circunstâncias diversas, de modo a patentear novos aspectos da combatividade perante os anjos e os homens. E assim, cumpTindo os admiráveis desígnios de Deus, os santos e os varões eminentes na prática da combatividade vão compondo, ao longo da História da Igreja, um esplêndido painel. Painel que cm seu conjunto manifesta o esplendor da combatividade. E que assim enriquece as noções que sobre essa virtude um fiel adquira no campo especificamente doutrinário.

precisa e sem ilusões. O Cardeal parece lamentar o estado da humanidade, o qual enchera de tanto amargor a alma de São Pio X. Mas tal lamentação não debilita no Purpurado a censura pela crescente recusa de graças, por parte de tantos homens. E a censura se concretiza na resolução de lutar. Essa decisão serena e inabalável de combater foi, com efeito, um dos

O magnífico hábito branco ressalta seu rosto - um rosto vigoroso, de traços muito definidos, no qual se destacam dois olhos profundos e dominadores, protegidos pôr sobrancelhas que têm um quê de asas de condor. A cabeça se liga ao tronco por um pescoço possante, poderíamos mesmo dizer taurino. O todo do personagem manifesta uma solidez que dá a viva sensação, ao mesmo

Cardeal Rafael Merry dei Vai

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Nobre impostação da cabeça e do pescoço. olhar que considera as coisas a partir de superiores concepções, dignidade que parece pousar sobre o peito e a partir daí envolver o personagem inteiro em esplendor - tudo revela no Cardeal Rafael Merry dei Vai a ascendência ilustre e a grandeza da virtude. Nosso primeiro clichê no-lo apresenta numa foto particularmente expressiva. Seu porte é altivo. :Sua face é serena. Seu olhar, de pensador e homem de ação, é profundo, sério, e manifesta a sólida humildade do varão de Deus. Ao explicar as razões da escolha de Mons. Mcrry dei Vai para o alto cargo de seu secretário de Estado, São Pio X ressaltava, entre outras qualidades do jovem eclesiástico, '"a modéstia. a retidão de caráter. o desinteresse 10101, como ·1a,nbém a pureza dos atos. isentos de todo o co,nprornisso''. E acrescentava: "t um santo!" (*). E assim São Pio X salientou, de um modo especial, algumas das virtudes principais do eclesiástico que com ele colaborou tão intimamente, num dos mais gloriosos Pontificados da História da Igreja. Essa despretensão e humildade exímia - complemento tão harmonioso da verdadeira altivez cristã - exprime-se perfeitamente, dizíamos há pouco, no olhar do Cardeal Merry dei Vai. Detenhamo-nos nesse olhar. Ele está fixo, e parece voltado para algum ponto remoto. O olhar exprime ademais, força e tristeza. Uma força e uma tristeza algo aveludadas, e que se disseminam pelo resto. E a par delas, o olhar do insigne Secretário de Estado de São Pio X exprime uma enorme e indiscutível resolução. Forte, entristecido, resoluto, esse olhar tem ainda qualquer coisa de doce. Merry dei Vai parece contemplar o mundo do início de nosso século, e dele fazer a análise -

CATOLICISMO -

julho de 1983

..,,, D . Chautard, abade da trepa de Sopt-fons.

traços mais assinalados do grande colaborador de São Pio X. Nele, o Pontífice encontrou um lutador indômito, um auxiliar intimorato, para o grande embate contra a heresia modernista, que foi uma das notas culminantes de seu Ponti.ficado. Luta memorável contra uma heresia que era "a síntese de todas as heresias", conforme a caracterizou São Pio X na Encíclica "Pascendi". Luta sumamente árdua. dada a pertinácia e as táticas dos modernistas - e qúe hoje vemos renascidas no "progressismo", que tão apocalitica mentc devasta a Santa Igreja ... Luta que exigia combatentes de uma têmpera toda especial, e que aureolou de glória para todo o sempre a figura vigorosa do Cardeal Merry dei Vai.

Gabriel Garcia Moreno. Presidente da República do Equador

O segundo clichê nos põe cm presença de um personagem chamado por Deus a uma vida bem d iversa da do diplomata e homem de ação exímio que foi o Cardeal Merry dei Vai: estamos diante de um contemplativo, o grande abade trapista D. Chautard, o autor de "A ahna de todo apostolado".

tempo, de coerência no pensar e continuidade hercúlea no agir. Se quiséssemos representar por uma comparação o conjunto de impressões que a figura de D. Chautard produi., poderíamos perfeitamente dizer que o célebre trapista se parece a um leão. Um leão com o olhar atento a qualquer perigo, as patas vigorosamente firmes no chão,

pronto a resistir, e conforme o caso, a avançar. O grande contemplativo é assim, ao mesmo tempo, todo ele força de impacto. Essa combatividade indomável a serviço da Igreja, bem se patenteou quando coube a D. Chautard enfrentar Clemenceau. O temivel estadista francês realmente mereeia o cognome de "o Tigre", com que

passou para"a História. Clemenceau. inimigo da Igreja e hosti.1 de um modo particular às Ordens Religiosas, sentiu porém claral)'lente a garra e o destemor do Allade da Trapa de Sept-Fons. E D. Chautard enfrentou assim vitoriosamente "o Tigre"... "Catolicismo" comentou em setembro de 1982 (n.• 381) tal cena magnífica, que se tornou histórica. A combatividade nascendo da contemplação, eis a grande lição que a análise da personalidade de D. Chautard nos traz.

Consideremos, por fim. Gabriel Garcia Moreno, o famoso Presidente da República do Equador no século passado. O solene fardão presidencial, a condecoração, a faixa branca que lhe cobre o peito, realçam adequadamente a fisionomia do estadista.Esta reJlete um alto senso da dignidade e da responsabilidade inerentes à Suprema Magistratura. Os olhos negros exprimem grande seriedade, e nessa seriedade há extraordinária resolução. Vê-se pelo olhar, constata-se pelo retesado da musculatura do personagem, que ele é todo voltado para a luta . Mas para uma luta cheia de ardis, de vais-e-vens, que exige de Garcia Moreno, não a força de impacto - magnifica num confronto de viseiras erguidas ..;_ mas o emprego máximo de todo o seu potencial de mobilidade. Nota-se aliás nesse olhar, que Garcia Moreno é, todo ele, desconfiança e· resolução, desconfiança e mobilidade. Dir-se-ia que, Chefe de Estado católico num século agitado a fundo pelos fermentos da Revoluçã!) Francesa, Garcia Moreno alia em si o éla11 de um santo com o , temperamento, pronto a todos os imprevistos, de um combatente numa guerra de guerrilhas! Ele avançará, ele recuará, ele terá lances de ousadia, como também empreenderá golpes de astúcia. E, sempre, firmemente resolvido a obter o que deseja: o triunfo da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, nas terras do Equador. Como é de conhecimento geral, Garcia Moreno morreu mártir, heroicamente, da Grande Causa que amara, e da grande obra que por ela empreendera no pais que governava. A maneira como enfrentou a morte bem atesta sua admirável fortaleza e combatividade cristã. Ao expirar. proferiu a célebre frase que reboou não só nas Américas, mas em todo o mundo: "Deus não morre/!'.

(*) Harry Mitchell, "Le Cardinal Merry dei Vai". Paris-Livres, Paris, 1956, p, <18.

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,;a)Af01ICISMO- - - - - - - *

TFP Equatoriana difunde oração a Nossa Senhora do Bom Sucesso QUITO - "Equatoria11os. equatoria11os, ate11dei à Men.rage,n da Virgem do 80111 Su,·esso e rezai a Ela pelo Equador e pela grandeza cristã de toda a América" - era um dos slogans, mediante o qual jovens cooperadores da Sociedade Eq uatoriana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP, em recente eamJ?ánha de rua, anunciavam ao público de várias cidades do Equador uma oração a Nossa Senhora, impressa no verso de duas belas estampas que reproduzem a Imagem da Santíssima Virgem que se venera, sob aquela invocação, no Convento da Conceição, na capital daquele país andino. Tal oração - que obteve aprovação eclesiástica - de tal modo reflete os perigos e as necessidades por que passa o mundo contemporâneo, que nos pareçeu muito oportuno transcrevermos abaixo alguns tópicos mais importantes da mesma. No início, ela refere-se à confusão dos espíritos nos dias que atravessamos, ''confusão que não só subverte a esfera temporal, desorde11a11do a fu11do os campos cultural, político, social e eco11ômico, mas. ó dor!, penetra também 11a própria esfera espiritual". E continua a prece: "Presenciaremos já ama11hã a explosão da 1errlvel guerra que constituirá o desdobra111e11to lógico deste caos? Ou veremos o 1111111do ocide11tal para obter u,n sin111la,·ro miserável de paz - capitular vergonhosa111e11te frente ao inimigo mortal da civilização cristã, isto é. o conrunis,no?

"Ó, Senhora da Ca11delária! Dia11te dessas aterradoras hipóteses, 11ossos corações voltam-se para o Vosso, e,n busca de uma luz, 1111u1 ajuda, um alento".

Em seguida, a oração recorda o que Nossa Senhora do Bom Sucesso. em 1634, revelou a Madre Mariana de Jesus Torres, fundadora do Mosteiro da Conceição de Quito. Naquela ocasião, a religiosa concepcionista rezava diante do Santíssimo Sacramento quando, subitamente, a lâmpada que ardia no altar apagou-se. Ao tentar reacendê-la, uma luz sobrenawral inundou a igreja. "Filha querida de Meu coração, sou Maria do Bom S11cesso. 1ua Mãe e Protetora. A lâmpada que .... viste se apagar tem muito significado .... ".... que no século X I X - em seu término - e seg11ir<Í grande parte do século X X, vârias heresias inundarão estas 1erras. então repúblicas livres. Apagar-se0 á a l11z preciosa dt1 Fé nas almas por causa da q11ase total corrupção dos cost11mes. Nesse tempo. haverá grandes calamidades físicas. morais, públicas e privadas. O pequeno 11úmero de almas. nas q11ais se conservarâ o culto da Fé e ".... Os sacerdotes se descuidarão das virt11des, sofrerá 11111 cr11el e ele seu sagrado dever. perdendo a indizível sofrimc11to e. ao mesmo Bússola Divina, dcsviar-.te-ão do tempo. prolo11gado martírio. caminho tra,·ado por Deus .... ".... Nesses tempos. a atmosfera ".... Para se libertar da escraestará repleta do espírito de impu- vidão dessas heresias, necessitam reza o qual, à 111a11eira de um 111ttr grande força de vontade. consuinimundo. correrá pelas ruas. praças. da. w,lor e muita confiança en, lugares públicos. n11ma liberdade Deus. aqueles a q11em destinarâ para asso,nbrosa. de modo que não lwve- esta restauração o arnor ,nisericorrâ no mundo al11ws virgens. dioso de Meti Filho Sa11tissimo.

Fotos de frente e da perfil da milagrosa imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso venerada no Mosteiro da Concepção de Quito. A Imagem. em tamanho natural. data do século XVII o apresenta na fisionomia o no porte . majestade régia.

Para pôr à prova 11osjus1os es1a Fée Confi<111ça, lwverá momentos durante os quais tudo parecerâ estar perdido e pttralisado, e então será o princípio feliz da restauração co111ple1a .... Terá chegado ,ninha hora, na qual Eu. de 11ma maneira ,,ssombrosa. destro11arei o soberbo Satanás, colocando-o sob meus pés. acorrenta11do-o 110 abismo infe rnal. dei.~a11do por fi111 livre /1 Igreja e a Pátria dessa cruel tirania" ("El Equatoriano", 4-4-1951). A oração termina pedindo a Nossa Senhora do Bom Sucesso, por intercessão da Madre Mariana de Jesus Torres e das beneméritas fundadoras do Mosteiro da Conceição de Quito, que Suas palavras tragam orie,11ação e segurança às almas que as lerem. A campanha de difusão efetuouse no centro colonial de Quito e nos bairros desta capital, estendendo-se depois às cidades de Guayaquil, Satacunga, Ambato e Riobamba. Até 18 de junho p.p. haviam sido difundidas 6.753 estampas de Nossa Senhora. A par de reações de apatia· de pessoas indiferentes, que não desejam reconhecer a evidência dos

fatos, houve manifestações de hostilidade, quando não de ódio, por parte da esquerda católica e de outros esquerdistas. Verificaram-se também repercussões muito alentadoras por parte de pessoas das mais variadas regiões, idades e condições sociais que manifestaram sua alegria ao ver jovens proclamarem a Fé católica, numa época em que os católicos encontram-se num estado de apatia e inércia, enquanto os protestantes trabalham. Muitas pessoas manifestavam-se preocupadas com a corrupção do mundo contemporâneo e viam na oração difundida pela TFP equatoriana a confirmação de ·suas convicções de que a Divina Providência castigará a humanidade. No centro colonial de Quito, duas relii;iosas, com hábito tradicional, dróam: "Admiramo-los devido à forma com que proclamam sua Fé, sem respeito humano. En, frente. jovens, rezarernos por vocês!". E um sacerdote, de clergyman, ao reconhecer os sócios e cooperadores da TFP, comentou: "Ah! São os jovens que comungam todos os dias na igreja da Conceição!" ·

ESPONTÂNEO~ CRIATIVO. • • INOCENTE? S PALAVRAS, como as pessoas, entram e saem da moda . Duas entraram e, pelo jeito, estão custando a sair: espontâneo e criativo. As coisas na moda atraem a benevolência. Quando saem, o muxoxo depreciativo, para quem as usar. Diria o conselheiro Acácio, que a palavra é o enunciado de um conceito. E idéias se combatem com idéias. Se houve intenção no lançamento de espontó11eo e criat_ivo, qual foi? Aqui deixo a palavra ao escritor francês, Henri Avron, autor do livro relativamente recente "Le Gauchisme" ("O esquerdismo') da famosa coleção "Que sais-je?": "Para provocar essa explosão de todas as es1r11111ras autoritárias a que aspira. o esquerdis1110 recorre ao valor fundame,ual do anarquismo: a espontaneidade'' (p. 37), "A palavra ,nâgica criatividade .... lançada pelo esquerdis1110" (p. 130). Estas_duas idéias-força - têm força porque lhes .foi dada por artes da propaganda - apontam o tema do artigo: uma nova forma de socialismo, herdeira da anterior, porém mais "vivencial", mais preocupada com as questões da vida quotidiana, com a atenção primeira no desejo de mudar a personalidade, os hábitos e os gostos humanos. É o que na França se poderia agrupar sob o vocábulo "gauchisme", insuficientemente traduzido pelo nosso "esquerdismo" que na linguagem corrente indica no Brasil uma posição CO!)l tinturas sodalistas. Na França, o "ga11c/1is1e" poderia até ser colocado à esquerda dp PC. O "gauchiste" típico é o baderneiro intelectuali1.ado da explosão estudanti l de maio de 1968.

A

não poderia deixar de atuar onde se passa a maior parte da vida quotidiana: a familia. Começa por aqui. Essa corrente é obviamente igualitária, deseja destruir todas as formas de autoridade. Considera que a principal delas é a autoridade paterna. A criança modela todas as outras autoridades que encontra pela vida, em parte, segundo o padrão da primeira: a do pai e da mãe. Para destruir todas, é preciso q uebrar o molde. O processo é executado pela exacerbação da noção-chave: espontaneidade. Quem se deixa governar pelos caprichos de momento contesta indistintamente a autoridade. Deixar a criança ser espontânea, incutir-lhe inesmo o valor desta conduta equivale, na prática, a pôr os fundamentos de um futuro anarquista. É o que querem. "Afan1ília é qualificada de fábrica de ideologias autoritárias' .... A destr11ição da ordem patriarcal é tanto mais necessária qua11to é certo que esta serve de fimda111e11to a toda a autoridade" (p. 78).

Depois da familia, a escola Onde vivem as crianças, na vida quotidiana, além do ambiente familiar? Na escola. O processo utilizado contra a autoridade na família, repete-se aqui sob novo sopro, o da criatividade. Quem exagera o papel dela , nega o do ensino. Quem ena, não precisa aprender. Pois o ensino pressupõe a idéia do superior, que sabe mais, que ensina ao inferior, que sabe menos, e que, como acontece com freqüência, ainda lhe é agradecido por aprender. É o normal. A gratidão envolve o relacionamento dos dois, éris1ali1.a uma relação vertical, que tal corrente pretende destruir. Se a criança achar normal e benéfica a autoridade do pai e dô professor, mais tarde tenderá a ver com bons olhos os patrões, os detentores do Poder Público e, no fim da escala ascensiona l, Deus. A admiração vai aumentando até se transformar em adoração, no

A pedagogia de cunho esquerdista leva as crianças a autogerirem•se esponta• neament~. em completa liberdade... e o professor a abandonar sua c1itedra.

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seu último estágio. Não se forma um ateu - não apenas nas idéias, mas um homem que se sinta vivencialmente ateu - sem romper esta escada de ascensão. "A tese esq11erdista co11de11a toda autoridade na escola .... A pedagogia i11.Hitucio11al deve o seu 11on1e ao esforço pol' ela tentado no sentido de levar as crianças a au1ogerire111-se espo11ta11ea111e11te e em completa liberdade .... O professor abandona sua câtedra, para se sentar no 111eio dos alunos" (pp. 132-134).

Finalmente, na vida de trabalho Após a familia e a escola, o jovem se encam inha para o trabalho. Lá o espera outra forma de modificação da mentalidade, completando o trabalho feito nas duas instituições anteriores. Se ele foi criado e educado segundo essa filosofia de vida, não aceitará disciplina no trabalho. Espo111â11eo na família e criativo na escola, será autogestionário no trabalho. Ou seja, só aceitará a direção de si mesmo. Para tal, o princípio de autoridade, representado em graus diversos pelos proprietários, diretores, técnicos superiores e operários qualificados será asfixiado pela implantação generalizada dos chamados conselhos operários, assembléias deliberantes que exercerão diretamente ou por delegação revogável a qualquer momento, as funções hoje executadas por pessoas de direção. Foi sob a influência da explosão de maio de 1968, que o PS francês autorizou seu programa e pretende hoje implantá-lo na França.

lmplodlr a familia

Formação de um ateu convencido e vivencial

Socialismo na vida quotidiana, como indica esta espécie de slogan,

A intenção é criar um novo tipo humano que, por c:onseqüêneia,

cnana uma nova forma de viver,

anárquica e atéia. O que nos ensina a doutrina católica, a propósito'/ A esponwneidade e a criatividade, quando frutos do que há de integro na na1urc1.a humana, devem ser estimuladas. Mas as três potências do homem inteligência, vontade e sensibilidade - foram afetadas pelo pecado original. Deixá-las a seu talante, sem que as orientem os ditames da reta lei moral , equivale a permitir que vivam sob a tirania das paixões e dos maus hábitos. Tal atitude levaria ao domínio do vício e à destruição da civili zação. No fim desse caminho, a uma vida que se poderia chamar triba l, tão prezada por movimentos do tipo hippie e de certos setores ecologistas. Em segundo lugar, o homem. é um ser contingente e, portanto, é natural que sinta sua necessária dependência, que o prepara psicologicamente a considerar amorosamente a dependência extrema, cm relação a seu Criador, a que chama de Pai. Pois a autoridade legilima e natural normalmente é benévola, atrai a admiração. Obstar que sinta a dependência - do pai, da mãe, do professor, do patrão, da autoridade pública - coarcta em sua alma o impulso para amar sua cond ição de c,·iatura. As superioridades na Terra , quando justas, são imagens da superioridade de Deus. Normalmente, é por meio das criaturas que o homem adora a Deus. Contemplando retamente criaturas cada vez mais perfeitas, ele passa os vários degraus da admiração - respeito, deferência, consideração, reverência, veneração - até chegar ao último, a adoração, que deve apenas a Deus. seu Criador.

P. Ferreira e Melo


1•

ll Nº. 392 - Agosto de 1983 - Ano XXXIII

DITATORIALISMO PUBLICITÁRIO CENTRISTA Plínio Corrêa de Oliveira

fraflC

Durante a campanha eleitoral de maio de 1981. M itterrand aceno para seus partidá· r ios em Montpellier. com a rosa em punho ·emblemado Partido Socialista •• tendo atrás de si grande cartaz com a própria figura. Essa foto tornou•so simbólica da faniosa Mensagem das 13 TFPs. redigida pelo Prof. Plinio Conêa de Oliveira. e cujo texto integral foi publicado em 47 grandes diários da Europa. das Américas e da Austrália. A denúncia que o documento faz do caráter internacional e .. missionário" do socialismo francês foi apresentada ao chanceler da França, Claude Cheysson. durante

sua recente visita ao Brasil.

DIGNIDADE da abertura consiste na neutralidade. Com efeito, ela é o contrário da ditadura. E esta última não consiste em fechamento para todos, mas so m para um dos lados do tabuleiro político. Isto é, abertura para o lado em que se e ncontra o Poder, e fechamento para os que discordam do Poder. Não vem ao caso se a abertura é 1>ara a esquerda e o fechamento para a direiia, ou vice.versa o contrário. Não é o colorido politico do ditador. que caractcri1.a a ditadura. E, por isto mesmo, a palavra di1adura se aplica tanto aos governos que fazem fechamento para a direita , q uanto aos que o fazem para a esquerda: "di1ad1,ra d<' direita'', '"diuu/ura de l!squt)rda" siiO expressões que se en<'ontran, a

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todos os jornais e se ouve,11 t!1n todos os rddios <' televisões. Reduzindo a essa clareza elementar e óbvia conceitos já tão conhecidos, tenho a intenção de levar ao úllimo grau da evidência a relação entre neuoralidade e abertura. Umc1 abertura não neutra disfarce-se como se queira - não é senão uma ditadura. As correntes de pensamento e os órgãos de com unicação soéia l favoráveis à abert ura lucra riam muito tendo continuamente em vista esta verdade tão elementar. Digo-o especia lmente com refcrência a personalidades. emissoras e folhas que se ufanam de intitular-se e111

.: centristas. Pois mais de uma vez

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violam a neutra lidade "<1ber111ri.1·10". julgando que ficam a salvo da pecha de ditatoriais pelo simples fato de usarem a cl iquem de centrista. Como se uma ditadura centrista constituíssc uma con1rad içiio nos lermos.

A mais ligeira a ná lise revela ser isto inexato. Se um governo, para executar seu programa centrisla. praticasse um fechamento tanto parJ a direi1a quanto para a esquerda, e le apresentaria evidentemente a gra nde caractedstica ditatorial, a qual consiste em trancar a voi dos discordantes. E não se julgue que a hipótese de

uma ditâdura centrista constitua uma quimera, um s imples ente de ratão. Para prová-lo, c"ito um exemplo histórico caracteristico. Em função da politica interna da França de seu 1empo, Napoleão foi essencialmente um centrista. A França estava e ntão esquartejada cm duas facções irredutíveis: os republicanos e os monarquistas partidários dos Bourbons. Instalado no poder, o Corso perseguiu e reduziu ao s ilêncio os lideres de uma e outra França. E, pela força bruta. impôs seu regime centrista, mescla violentamente contraditória de vulgaridade revolucionária e de aparato régio, justaposios pelas garras da águia imperia l nimbada de glória militar. No tempo, era esta a forma praticável de centrismo. De centrismo ditatorial. Numa perspectiva anacrônica, o que estou afirma ndo só concerniria ao Estado com seus três Poderes: Execu1 ivo, Legislativo e Judiciá rio. Mas, como já ti ve oponunidadc de escrever (1), o Estado de hoje máximc o do Brasil - não pode ser visto fora do contex to de mais dois o utros Poderes, estes não oficiais. Mas tão influentes na condução da "rcs publica" quanto os três Poderes ofici.iis. Os dois Poderes não estatais são a Publicidade (IV Poder) e o Episcopado (no Brasil, a CNBB V Poder). O Pa is não terá saído inteiramente da d i1ad ura enquanto

rcssaibos de ditatorialismo perdurarem no IV e V Poderes. E perduram. Paradoxalmente. foram o IV e o V Poder que mais fizeram pela aber1ura. E que mais agastados se manifestam com qualquer sobrevivência de ditatorialismo nos três Poderes do Estado. Sem que os meios de comunicação social e a CNBB, cada qual nos 1ermos e nos modos q ue lhe são específicos, tim brem invariavelmente numa nobre imparcialidade, o Brasil terá uma abcrlura comparável com uma túnica cheia de nódoas e rasgões. Menciono um caso. Quando da recente passagem do Chanceler francês Cheysson pelo Brasi l, a Agência Boa Imprensa - ABI M lhe formulou, em cntrovista coletiva que ele concedeu no Aeroporto Santos Dumont, a seguinte pergunta: - "U,11 tópico do Proje10 com o q11(1I o Por1ido Socialis1a Francês subiu ao porler diz: "Não pode haver um proje10 Soâalisw ,·ó par" " Fra11ço. O dilenra 'liberdade ou setvidão'. ·socia/;,çn10 ou barbárie', ultrapassa as fro111eiros de nosso País". Tal pensam e1110 é coere111e com as mrí//iplas a1i111d,·s de apoio à Nicarágua S(ln(/inisro. to11wdas pelo Gover110 francês desde que subiu ao poder . ..tln ,nuitos setores d(I opinião pública brasileira. quer essa máxima do Projeto socialisJa, quer a poli1ica francesa face à Nicarágua co11111nista. causa,n a maior estranheza. Pt,rece-lhes haver nesse ideologismo socialista "missionário" um Javoreci111e1110 universal do luu, de classes e '""ª ex1rapolação da ação do Governo Jra11cês p aro fo ra dos limi1es de seu país. "Serfo nruito pr opicio à boa 011,.. bie111ação da visiw que o Sr. efe1uo. e do jâ t1111111ciodo visi1a do P1eside111e Mi11errand. que o Sr. fizesse.

Diretor: Paulo C-Orrêa de Brito

TFPs telegrafam. a Reagan A SOCIEDADE BRASILEIRA de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, enviou ao Presidente norte-americano telegrama assinado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, expressando sua profunda preocupação pela designação do Sr. H enry Kissinger para chefiar a Comissão de alto n ível incumbida de aconselhar a presiêlência na polítíca para a América Central. A TFP dos Estados Unidos e· as demais TFPs das três Américas telegrafaram no mesmo sentido ao Chefe de Estado norte-americano. Eis o texto integral do telegrama do Prof. Plínio Corr~ de Oliveira: "A SOCIEDADE BRASILEIRA de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP - e todas as e ntidades congêneres existentes nas três Américas deliberaram telegrafar simultaneamente a V.Excia., a fim de exprimir em conjunto a profunda preocupação - mais do que isso o sobressalto - em que as deixou a designação do Sr. Henry Kissinger para chefiar a Comissão de alto nível incumbida de aconselhar a Presidência na política para a América Central. Com efeito. o processo d e vietnamização. caracteristicamente comunista, se vai desdobrando cada vez mais no s ubcontinente ce11troamericano. Também na América do Sul, as crises sócio-econômicas mais ou menos artificiais, as efervescentes agitações urbanas, o alastramento das guerrilhas rurais, os rumores de.tensões e de guerras entre as várias nações, tudo impõe o temor de uma vietnamização a breve ou médio prazo. .Essa situação evidentemente só se torna possível cm razão da política, dia a dia mais ativa na Ibero- América, do poderio soviétic~. e qual nele move uma guerra psicológica incessante. À vista de todos esses fatos, a nomeação do Sr. Henry Kissinger o homem público cujo nome simboliza, aos olhos da opinião pública universal, todos os desastres e todas as vergonhas que o Mu ndo Livre sofreu no Vietnã - só pode causar, nas três Américas, desconcerto, apreensão, abatimento. Pois o chefe da novel Comissão para à América Central simboliza todos os otimismos ingênuos, todas as imprevidências políticas, todas as fraque1.as e, mais ainda, todo o espírito derrotista que conduziram à entrega do Vietnã. Espero pois que V. Excia . encontre a lgum meio para dar solução à situação incvi1avelmente criada pela presença do Sr. Henry Kissinger cm tão altas funções. Isto parece absolutamente indispensável para a preservação, na Ibero-América, da Fé, da paz e da prosperidade: o fator hoje indispensável para a paz internacional. Queira V. Excia. receber o testemunho de meu subido apreço. P linio Corrêa de Oliveira Presidente d o Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade"

neste n1on1e1110~ un,a dec/(Jração ca-

bal111e111e e/11cido1iva a esse respeüo. Peço-o". Por requinte de cortesia, a pergunta foi apresentada pelo repórter brasileiro da ABI M. Sr. Heitor T. Taka hashi, através de um jovem francês, Sr. Guillaumc Babinc1, que lhe servia de intérprete. Na pergunta, o leitor nada encontrará que destoe das melhores praxes do jornalismo. O entrevistador pode e deve interrogar o entrevistado sobre todo e qualquer assunto que a qpinião p~blica, ou uma parcela desta, necessite conhecer a fim de formar-se uma idéia precisa sobre o pensamento, o programa e a ação do entrêvislado na vida pública. Normalmeme excluída, pois, a vida privada deste. Pode ser que a pergun1a pressuponha um desacordo entre entrevislador e entrevistado. Negar a legitimidade de tal desacordo impor1aria cm negar a liberdade de qualq uer jornalista de oposição fazer perguntas cortesmente incômodas a personalidades d a situação: o contrário d a abertura. Ditatorialismo publicitário genuíno, pois. Ê este o reparo q ue tenho a fazer a rcccn1c noticiário de um dos mais prestigiosos órgãos de imprensa de nosso País, o "Jornal do Brasil". (; o que veremos no próximo artigo. ( 1) Cfr. Plinio Corrêa de Olivcir:, - Gust:wo Antonio Solimco e Luiz Sérgio Solimco, ..As CE8s... dai qu:1is muito se foi.a. pouco se conhece -

A TFP as dcscrC\'C corno são".

Edi1or~1 Vera Cnli'.• São Pàulo. S.11 cd .• 1983. 251, pp.

Kissinger cumprimenta o representante do Vietnl do Norte. Le Duc Tho, após a assinatura do acordo r at ific.ado no mês de janeiro de 1973. em Paris; median te o qual o Vietnã do Sul foi virtualmente entregue aos comunistas. A rec:ente nomeaç.lo do ex-Secretário de Estado como conselheir o da política norte-

americana para a América Central suscita uma preocupante questlo: nlo se está cogitando em aplicar a essa região uma estratégia entreguista análoga àquela que c onduziu o Vietnã a seu trágico destino?

O CONHECI DÍSS IM O "Jornal do Brasil", órgão centrista ufano, que se publica no Rio, consagrou uma referência de 103 linhas - num noticiário sobre a visita do Chanceler francês C hcysson - à pergunta da Agência Boa Imp rensa - ABIM , a qual transcrevi em anterior a rtigo. Nessa referência, o repórter do jornal e ncontrou meios de empoleirar as seguintes críticas:

-

1. A agência ABIM é uma "desconhecida". Isto é coleguismo jornalistico pseudoccntrista! De fato, essa agência existe há t rinta anos, e transmi1e seu noticiário e seu pensamento a 130 folhas do Brasil que o

publicam regu larmente, como o repórter ··ce111ris,a" poderia ver no livro "Meio século de epopéia anti 0 comunista", com 4 edições e 39 mil exemplares vendidos (Ed itora Vera Cruz, São Paulo, 1980, p. 187). .. Desconhecida"? Dele, sim. Porém não lhe fica bem identificar-se com o mundo, e sentenciar que por isto ela é desconhecida de todo o mundo: 2. O repórter '"ce111ris1a" pôde saber posteriormente que ela é horresco reforens! - "gerid(I pela TFP". E daí? ... Ê bem o caso de d izer que esse inquisitoria l cen1ris1a descobriu o óbvio, consignado aliás


PROGRESSISTAS INSISTEM NA MISSA [)OS QUILOMBOS''

no próprio texto distribuido na ocasião, à Imprensa. pela ABIM; 3. Segundo esse mesmo repórter, a pergunta feita pelo represe111ante da ABIM era uma "11seudopergunta''. O conceito é novo. Tod o o mundo sabe o que é uma pergunta. O que seria uma pseudopergunta? Seria uma pergunta que não pergunta nada. Examine o leitor o texto apresentado no artigo anterior e veja se ele não resulta cm uma característica pergunta. De tal maneira e ra genuína a pergunta que, pouco adiante. o repórte r até reconhece que o Sr. Chcysson a respondeu "com certa (}preensão ";

4. Continua o repórter: "A TFP se referio o ' 11111 t6pii:o do projeto com o qual o Partido Socialista Froncê.t subiu Poder' (que co1J10 demOJ1stra a cópia da pergunlfl JIÕO se referia à luta de clflsses, conceito que foi in1rod11zido pelo trfldutor)". - Nesta ponta de galho há muita coisa empoleirada. Antes de tudo, a impressão que pode causar a afirmação de que o tradutor acrescentara algo de próprio ao pensamento do Sr. Takahashi. O que cheira a falseamento. A realidade é outra. A certa altura da resposta. o re presentante da ABIM. através de seu intérprete, lembrou ao Chanceler Cheysson que a pergu nta fazia também menção à luta de classes, elemento essencial do pensamento e da estratégia socialista, que o Ministro habilmente esquivava de tratar. O Chanceler francês retrucou que sabia perfeitamente o que estava dizendo, q ue falara dos direitos humanos e não da luta de classes. E passou a discorrer sobre a revolução sandinista na Nicarágua, deixando ao largo a questão da luta de classes ... Fazendo a propaganda socialista fora da França, o governo francês estimula implicita ou explicitamente a luta de classes nos outros países. Compreende-se, pois, que o Sr. Chcysson tenha querido a todo transe esquivar a pergunta. Daí a polida insistência do representante da ABI M a respeito. Tudo isto está gravado, Seria inútil, pois, contestá-lo. Sentindo provavelmente a inconsistência de sua investida anti-TFP, o rcpóncr ainda consagra bom espaço a um assunto já esclarecido por esta última (2), e velho de dois anos: os gastos efetuados com a divulgação da Mensagem das 13 TFPs, de cujo texto tive a honra de ser autor. A esta altura do anigo, verifico que já passei de muito o espaço-limite dedicado às minhas colaborações. Vou ter que "encolher o texto". E prevejo que um certo sabor d~ ironia, que está presente nas minhas referências aos comentários "empoleirados" na noticia do "Jornal do Brasil", ainda se tornará mais sensível. A esse propósito, um esclarecimento. Por tempera mento, feitio de e.spirito e educação, sou infenso à ironia. E ela não está presente nas minhas intenções, se 'bem que o esteja talvez no meu tex to. E que escrevi apertado pela preocupação de ser sintético. E a ironia encurta o caminho das argumentações ... Na realidade, quis apenas fazer notar ao repórter do "Jornal do Brasil" - presumivehnente um jovem com muito entusiasmo e algum tanto de bilis - que o uso dos métodos e estilos que empregou torna impossível a uma corrente de opinião, a qual não dispõe do imenso capital necessário para ter um grande diário, os meios para fazer chegar cômoda e decorosa mente seu pensamento ao público d os leitores do jornal em que escreve esse jovem. O que importa cm coarctar a liberdade de expressão de tal corrente e cm subtrair aos leitores do "Jornal do Brasil" o conhecimento do que • pensa uma ponderável parcela da opinião nacional como é a TFP. Censura de imprensa, pois; ditatorialismo centrista, exercidos por quem trabalha num órgão com grandes capitais, contra quem dispõe de recu rsos financeiros menos amplos. Tal importa em um ditatorialismo centnsta. Não pela força bruta de Bonaparte. Mas pela força do capital.

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(2) Cfr. "Para Pli,,io Cotri!a, meta do soc.ialismo francês é anarquia.., .. Folha de São P•ulo". 20-12-81.

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LGUNS ANOS atrás, D. Heldcr Câmara, o cognominado Arcebispo Vermelho. era tido por muitos como exceção dentro de um Episcopado naciona l que se apresentava como moderado. Visão tão ingênua tin_ha sua origem numa _simplificação da reahdade, a qual se considerava composta apenas daquilo que ela parece ser à primeira vista, i_gnorados seus aspectos e tendências mais profundos. Examinada, porém, sem preconceitos, tal realidade mostrava claramente o apoio discreto mas efetivo prestado já naquela época a D. Hclder por grande número de seus colegas no Episcopado. Estes . além disso, iam progressivamente tendendo para as mesmas posições adotadas pelo Arcebispo de Olinda e Recife. Hoje os Bispos vermelhos se multiplicaram. Chamam-se D. Cláudio Hummes, D. AIdo Gcri1a, D. Casald{1liga, D. Tomás 8alduíno, D. Waldir Grccchi etc. Ou seja, têm os nomes de quase todos aqueles, dentre os membros da CNBB, de que a imp re nsa não cessa de fa lar. O 4. 0 poder (a imprensa) de mãos dadas com o ~-º poder (a CNB~). trabalham cm favor da subversão no Brasil, confo rme explana o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu artigo "Prevenindo para 10J1ificar" (cfr. "Cato licismo", julho de 1983, n. 0 39 1).

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Caixeiro viajante da esquerda episcopal Assim sendo. D. Hcldcr viu-se dispensado de atuar com a mesma intensidade de outrora no cenário nacional, e tornou-se, já há algum tempo, uma espécie de caixeiro viajante, no exterio r, da esq uerda episcopal brasileira, derramando fartamente por onde passa sua bem conhecida loqüela, · Temos em mãos o exemplar de junho de 1983 da revista missionária italiana "Nigrizia", à qual o Arcebispo Vermelho concedeu ent revista sobre a "missa dos quilombos". Aquela mesma missa q ue, juntamente com D. José Maria Pires e D. Casa ldáliga, ele promoveu numa praça de sua Arquidiocese a pre texto de celebrar a "missa do negro". Dizemos "a pretexto" porque, como ficou amplamente provado n_a longa reportagem publicada por "Catohcismo", n. 0 372, de deze mbro de 1981, tal missa, de fato, cm nada favorecia o negro, mas era antes uma tentativa de jogá-lo contra o branco. Evidente p romoção de uma Juta de raças, como episódio da grande luta de classes q ue a esquerda eclesiástica por todos os modos procura incrementar. E isto realizado durante uma celebração eucarística, cuja encenação e cujos tex tos contin ham blasfümias que chocaram os católicos não contaminados pelo vírus do progressismo. D. Helder inicia sua entrevista atacando de modo injusto nossa Pátria: "Na verdade, o Brflsil deu. através dos séculos. um péssimo exemplo ao 111,mdo con1 o tráfico de escravos". O Arcebispo de Recife faz, para ser difundida no exterior, e.ssa critica contundente ao País, sem considerar sequer as poderosas atenuantes existentes, o que qualquer estudante de História do Brasil conhece. Como por exemplo, que muitqs dos negros para cá trazidos já eram, na Africa, escravos de senhores impiedosos; que o tratamento a eles aq ui d ispensado foi muito mais benigno do .que o concedido nos países protestantes; que por ocasião da libenação, muitos negros tinha m de tal modo se afeiçoado às famílias para as quais trabalhavam, e vice-versa, que se negaram a abandoná-las. Também não menciona que, na rebelião dos quilombos, os chefes da mesma escravizava m os outros negros. Tais dados, porém, e muitos outros, não interessam aos fins do Arcebispo Vermelho, e então ele os silencia. Mais ainda, chega a afirmar . gratuitamente que, mesmo no Brasil de hoje, o que "exis1e realidade é o racismo". Tais acusações a nossa Pâtria, se fossem proferidas por algum c·strangciro, diríamos que constituem grave ofensa. Sendo um brasileiro que fala no Exterior, o que dizer?

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José Mari.a Pires. Arcebispo de Joio Pessoa. elogia em publicação italiana, a blasfema " missa dos q~ilombos·H realizada em Recife, da qual foi um dos co-celebrantes

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Na " missa dos quilombos.. um coro o um conjunto de mú$ic.a moderna acompanham o texto blas· tomo. redigido especialmente para a cerimõnia litúrgica

Um Bispo deveria ser, pela essência de sua missão, defensor d a Fé e coluna da Igreja. Lamentavelmente. estamos na época e m q ue muitíssimos dos defensores se_ voltam abertamente contra Aquela que deviam defender, e as colunas não mais sustenta m o Edifício Sagrado. O . Helder, desgastedo no cenário nacional. tornou-se hâ algum tempo uma espécie de caixeiro viajante. no exterior. da esquerda episcopal brasileira

Além do mais, não constitui manifestação de racismo querer congregar os elementos de uma raça para, cm no me dela, afirmarem-se perante outra raça? Não é isso o que faz D. Helder'/ Não foi esse o principio adotado por Hitler?

Palavras de um anticlerical? Ê sabido que os negros vindos ao Brasil foram beneficiados também por um trabalho de catequese, q ue favoreceu a, c~nversão ?ª maioria deles. Nessa tarefa m1ss1onária d istinguiram-se· zelosos sacerdo tes, que assim ornaram a Igreja com seus méritos e salvaram muitas almas. Porém, de tal forma o pensam~nto do Arcebispo Vermelho e dos progrcs_s1stas cm geral é diferente e até oposto ao ensinamento perene da Igreja Católica, que D. Helder nã? titubeia em afirmar que os negros no Brasi l fora m "cons1rangidos ao batismo". Dir-seiam palavras de um perseguidor da Religião. Tal frase estaria adequada nos lábios de um daqueles rançosos anticlericais do século XIX! Entretanto, é um Arcebispo que assim fala. Esse constrangimento, segundo D. Helder, os negros o teriam sofrido "parfl poder sobreviver 0 11 para poder esperar un,a a.u:ensão social". E a acusação fica pairando assim no vago, sem qualquer prova histórica . Não fica esclarecido se se tratava de ameaças de morte (o que parece vi r insinuado ao dizer que a conversão era aceita "para poder sobreviver') ou de uma pressão exclusivamente moral. Sobretudo sem qualquer referência à graça de Deus, que só ela opera as_ ~erdadciras conversões. D. Helder preferiria, ao q ue parece, que os negros não tives_sem ~ido batizados, permanecendo nas práticas idolátricas do paganismo, herdadas de seus ancestrais. O Arcebispo de Recife apresenta a seguir a sacrílega "missa dos quilombos" como exemplo da posição que a Igreja deve adotar em nossos dias, em relação aos negros.

o. Pires

contra a Igreja

O citado número de "Nigrizia" traz sobre o mesmo assunto uma entrevista do Arcebispo de João Pessoa (PB), D. José Maria Pires. Também ele tece os mais rasgados elogios à "missa dos quilombos". Ao falar da Igreja, refere-se a Ela como "igreja católica brasileira". Nomenclatura a mbígua, uma vez que esse nome é us~do por uma igrejola herética em nossa Pátna. Preferimos crer que a revista não apanhou bem suas palavras. Seja como for, são incríveis os ataques de D. Pires à Santa Igreja. Dissertando sobre o que chama o pecado da Igreja em relação à escravidão, afirma ter havido "um pecado social do qual a Igreja se manchou", e que Ela precisa fazer "penitência pública" pelo seu pecado cometido no Brasil "nos últimos 1empos contra outras religiões, 'Outros povos e tambérn contra os negros", Em que consiste tal pecado contra outras religiões e outros povos, ele não o diz. Mas para quem conhece as elucubrações _dos progressistas, fica claro que é todo o glorioso passado missionário da Igreja que fica aqui insultado pelas palavras do Arcebispo de João Pessoa. As cinzas de Anchieta e Nóbrega poderiam ter-se remexido de horror e indignação, ante tais assertivas de um sucessor dos Apóstolos.

CNBB e subsidiãrias D. Pires fez, na entrevista, revelações interessantes. Disse ele que a própria CNBB tem agido no mesmo sent ido da "missa dos quilombos", promovendo e encorajando, "ai11da quando não de ,nodo oficifll", os encontros e ntre diversos grupos de negros. Referiu-se também a vários encontros promovidos por uma tal "União e Consciência Negra", grupo q ue, aliás, é composto "por alguns Bispos. religiosos e leigo!". que agem "sem(?recom o i11dire10 beneplflc110 da Conferencia dos Bispos". Engana-se, pois, qu_em julga ,,qu_e sacrilégios como o_s prese_nc,ados na. missa dos quilombos" sao devidos exclus,vamcnte a um pequeno número de Bispos esquerdistas. O simples fato de existir impu_neme~tc tal grupo, por menor que ele fosse, Já dana para assustar qualquer católico consciente de sua fé. Mas D. Pires autorizadamentc nos conta que é 'a própri_a ÇNBB, di~ctamcntc o u através de orga_nizaçoes subs,d)árias, por _ela geradas e ma ntidas, q ue se ded ica a esse tipo d e subversão entre os negros! D. Pires, entretanto, faz questão de salientar que é ai nda mui to cedo para a CNBB emitir um documento ofic,al sobre a pastoral junto aos afrobrasileiros. Estamos dando diz ele, os "primeiros pt,ssos", não é o caso ci'c "queimar ewpas". Afir~a9ão equivalente a dizer que os negros bras1le1ros estão muito longe de serem uns revoltados. que é preciso, aos poucos,pelo processo de conscienti1.ação, impor-lhes uma mentahdade de revolta que notoriamente não é a deles. Assim vêm agindo os Bispos esquerdistas no Brasil com os índios, posseiros, lavradores, operários, agora com os negros e_ com todos aqueles a quem rotulam de "marg,~a!17,ados" num desconcenante esforço anucnstão pa~a demolir, em nome do Cristia~ismo, as instillliçõcs pátrias e a própria lgreJa. Em favor de uma sociedade igualitária que eles se abstêm cuidadosamente de definir, mas cuja inspiração nos mold~s _m~rxistas é_patente. ~ a isso chamam de cnsuamsmo. Cnsuanismo 1 Vejamos a seguir. "A CNBB vê com boJ1s olhos", prossi:gue D. Pires, o estabelecimento d.: "u!" diálogo co111 outros grupos negro., 1wo-cr,s1ãos, n1es,no se estes nunca tiveron,. nen1 desejam ter, contatos co,n a Igreja". Para quê esse diálogo'? Para tentar a conversão d os negros, como já o fi1.cram tantos missionários? Infelizmente a pergunta se presta a risos. Quem a fizesse seriamente, demonstraria não ter entend ido nada sobre o progressismo e a esquerda católica. Se há algo que absolutamente não preocupa os progressistas é verdadeiramente converter alguém. D. Pires é explicit o: "O único fa10 de ser negro será. pois. suficiente para organizar encontros onde se deba1erão não assuntos de ordem religiosa e estriwme111e eclesial. m_as assuntos inere111es à negritude". Ou SCJa, assuntos que visem forma r uma frente negra para reivindicar, exigir, protestar, fazer passeatas, em uma palavra, promover a luta de raças. Quanto ao negro, tão simpático e importante componente racial da nação, Deus não permita seja ele contagiado pela maligna febre reivindica tória d a CN88 e suas subsidiárias. Que a Virgem Aparecida, Rainha d_o Brasil ternamente venerada cm nossa Pátria por t~das as raças, nos livre dos ca n:,inhos tortuosos que conduzem a uma sociedade inspirada nos princípios marxistas. ·

Gregório Lopes CATOLICISMO -

agosto de 1983


haviam aderido à manifestação. no meio do caminho. Na Zona Leste, um ato público no Largo de São Miguel foi realizado "por u111 grupo", cujo número a imprensa omite (5).

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ERMINEI A LEITU RA do últ imo recorte de jornal. Coloquei-o de lado. Eu havia acabado de compulsar nada menos do que 64 no ticias concernentes à fracassada greve geral do dia 21 de junho último. A leitura confirmou em meu espírito uma convicção que tenho há muito tempo. É a de que a respeito do Brasil os comuno-progressistas ainda se enganam. Eles têm, talvez, a impressão de que poderão facilmente tomar conta do País. E não é verdade. Nosso povo é um povo muito inteligente, cordato e pacífico, que tem no mais alto grau o senso da improvisação. Ele, muitas vezes, vê de longe chegar o perigo. E o acompanha com olhos mansos, com atitudes displicentes e despreocupadas. Por causa disso dá a impressão de que nada fará. Mas todas as vezes que o brasileiro, até o presente, se sent iu de fato ameaçado pelo comunismo, ele acabou dizendo NÃO às falácias esque~istas. Entretanto, convém ressaltar q ue os vermelhos prosseguem, com pertinácia, suas tentativas demolidoras. E por isso devemos pedir a N9ssa Senhora Aparecida. Rainha e Paarocira de nossa ?ãiria, que preserye entre os brasileiros o espírito de fé, para q ue a população do País conserve o bom senso e continue a rejeitar os intentos de comunistizá-la. O recente movimento grevista, baícjado por elementos vinculados a organizações esquerdistas, tais como as CEBs, a Convergênci!I Socialista e o MR-8, foi tido por alguns como um teste de força dos sindicatos trabalhistas, na primeira tentativa de paralisar o Pais desde 64. Seu propósito era exprimir o repúdio dos assalariados à atual política econômica governamental. Segundo registraram amplamente os jornais de São Paulo, Rio e outros Estados, o movimento paredista malogrou. Em São Paulo, restringiu-se a uma paralisação parcial no ABC paulista e em Osasco. Empresas localizadas no bairro de Santo Amaro tiveram suas atividades suspensas por decisão das respectivas diretorias. As faltas ao trabalho nas firmas estabelecidas no centro deveram-se ao fato de que o metrô não funcionou na parte da manhã. Mas, à tarde, as atividades foram normais. No Rio. o movimento grevista limitou-se a uma passeata e, em o utros Estados, ensaios de paralisaç,'io não tiveram resu ltado significativo.

A presença da esquerda "catõlica"

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Em Sento A ndré. alguns obstáculos foram colocados nas ruas, o que nlo impediu que muít os ônibus trafegassem no dia 21 de julho último

Fracassa g reve geral

Para o com unismo, Brasil este desconhecido. • • Mateus, manifestantes reali,.arnm um comicio-relâmpago na porta da garagem da Viação Carrão. Não conseguiram a adesão dos cobradores e motoristas. Na Zona Leste, um grupo de sindicalistas e membros das Comunidades de Base da região tentou paralisàr os ônibus. Não passou, entretanto, de uma tentativa frustrada. A ação em prol da greve encontrou também dificuldades cm obter a aerovação dos sindicatos. No ABC há 22 sindicatos. Apoiaram a greve apenas 12. Na região de Santos há 28 sindica tos. Mas só 4 categorias

aderiram. Essa s ituação desfavori,vel foi reconhecida por dois líderes sindicais, apresentados como os articu ladores do movimento: o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos

Mais uma vez, estamos na senda do fracasso. Uma assembléia de meta lúrgicos no páteo interno do Paço Municipal .de São Bernardo reuniu, segundo a imprensa, 1.000 pessoas, sendo que o s indicato local congrega 160 mil empregados. O ato durou 15 minutos. Em Santo André, uma assembléia foi realizada na Igreja do Carmo. Congregou, num clima de tranqüilidade, 500 pessoas. número que parece pouco expressivo se o compararmos com o total de 400 mil empregados que existem no A BC. Em São Caetano, a assembléia convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos da cidade rião chegou a se realizar. Motivo: poucos traba lh,1dores presentes. Teria havido, talvez, pouco tempo para preparar as classes popu-

Rua Direita. plono centro velho da capital paulist&. no dia da greve g(nel: encontram· se f echadas quase todas as lojas comerciais. por iniciativa dos próprios c·ómerciantes

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Bússolas funcionam mal

CATOLICISM O -

agosto de 1983

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Para quem examina o noticiário dos dias que antecederam a greve, sobre um ponto não paira dúvida: o movimento tinha tudo para fracassar. Se as bússolas dos mentores da greve funcionassem bem, tê-los-iam orientado a não desencadear a paralisação. Vejamos o que se passou. No dia 16 malogrou uma assembléia de desempregados em São Bernardo do Campo, marcada para o estádio de Vila Euclides. Só compareceram 50 pessoas. e o encontro foi adiado, sem data marcada. Apesar de a Comissão de Desempregados de São Bernardo. organizadora da assembléia, acred itar que existam hoje na cidade 60 mil pessoas sem trabalho. O fato suscita algumas questões. Onde estavam esses 60 n11I desempregados que não tiveram in teresse cm participar do movimento? Como os organizadores não chegaram a perceber esse desinteresse? E como não perceberam ~ue, hav~ndo tanta indiferença, era inconven,ente marcar o ato para um estádio de futebol, local próprio para acolher multidões? A categoria dos motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista é inte(:rada por aproximadamente 40 11111 trabalha~ores. No dia 20, véspera da greve, compareceram apenas 255 motoristas à assembléia q ue, apesar disso, acabou votando a favor da adesão da categoria. O presidente do respectivo sindicato reconheceu o "inexpressivo número de pessoas prese,11es". Mas garantiu que o serviço seria paralisado, acrescentando: "Acontece que haverá piquetes de outras categorias. o que impedirá a cir(:ulação dos ônibus" (1). De fato, o sindicalista tinha razão. Em vários pontos da Capita l os piquetes atuaram. Mas, a própria ação desses grupos de pressão foi mal sucedida. Por exemplo, em São

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presença dos funcionários nos bancos foi maior do que a esperada. Um jornal do Rio publicou que não ocorreram incidentes, entre outros motivos. pela "disposirão de trabalhar de que111 se dirigiu à região central". onde "os bancos funcionara111 11or111alme111e" (3). Um outro periódico forneceu curiosa informação. Por volta das 7 horas. no terminal de Santana do Mctrô. tiveram inicio as filas nos telefones p úblicos. Tratava-se de "traballl/1/fores que ligavam paro firmas e es,·,·üórios. justijic,mdo ti/rasos e até 11,esmo possíveis faltas" (4). Um líder grevista. por sua ve7~ tentou alterar o clima de modorra. Novo fiasco. O pres idente do Sindicato dos Meta lúrgicos, Joaquim dos Santos Andrade, te ntou fazer um comício em frente à Indústria Mecânica Jaraguá, cujos o perários trabalhavam. Com a chegada de policiais, o sindicalista decidiu desmontar a camioneta com equipamento de som, que ele utilizara inutilmente. Pois nenhum operário aderiu à palavra de ordem de sair da em presa.

Fagulhas de violência

la res para a greve? Não parece. A causa do insucesso deve ser outra, porque, sem indicar a fonte de sua info,·mação. um diário carioca de grande circulação noticiou que "a greve dos 111e1ahirgicos é o resultado de 11111 planeja,11e1110 de vários meses" (2).

Reações dos operários Em relação ao movimento grevista. o desinteresse foi a tôn ic.a no comportamento dos assalariados. Entretanto. em a lguns lugares, os apelos feitos em favor da greve encontraram uma obstinada recusa. Assim, grevistas tentaram reali1..a r

e o presidente do Sindicato dos Eletricitários. Faltando 4 d ias para a eclosão da greve, declararam à imprensa que ainda não tin ham certe1,1 do a lcance que poderia ter a pãralisação. E. no d ia da greve, que adesão receberam as assembléias que então se reali zaram?

um piquete na porta da indústria Vulca n. na estrada do lguatemi. mas desistiram rapidamente, ante a persistência d'o s funcionários da firma em continuar trabalhando. Um jornal registra um fato sumamente curioso: no ABC, trabalhadores reclamaram contra a presença de agitadores, que tentavam arrastá·los a um confronto com a

polícia. No chamado centro velho de São Paulo, 200 "piq ueteiros" tentaram. sem sucesso. impedir o aíluxo dos bancários ao trabalho. sendo que a

Apesar do policiamento ostensivo nas ruas, atos de violência. e mesmo de vandalismo, foram promovidos por agitadores. Só no ABC, 150 ônibus tiveram pneus furados, e 40 foram depredados. 50 ônibus de linhas que servem principalmente Diadema e São Bernardo foram parcialmente destruídos, sendo que 4 motoristas ficaram feridos, atingidos por pedras e esti lhaços de vidro. Um deles contou ter sido cercado por 500 baderneiros, que o feriram com um tijolo. Outro motorista teve seu ônibus ultrapassado por dois motociclistas, que atiraram uma pedra contra o pára-brisa . o que lhe p,·ovocou ferimentos no rosto. Até um carro da CMTC, que transportava soldados. foi atingido por um grupo de adolescentes armados de paus e pedras. Bade,1,eiros adolescentes ... Este estranho tator numa greve de trabalhadores repetiu-se cm outros pontos. Por exemplo. na Av. Antonio Pitanga , cm Diadema. um grupo de 100 jovens invadiu a indústria de concxõ•:~ metálicas Detroit, quebrando vidros a pedradas e colhendo canas plantadas nos fundos da empresa. T:opas de choque da polícia surpr~enderam alguns deles, espancando-os com a própria cana roubada.

Protestos de ru a, efervescência de minorias Protestos de rua verificaram-se durante o dia 21. Seus ,>rotagonistas'! Melancólicas minorias... Uma manifestação-relâmpago na escadaria da Catedral de São Paulo reuniu 40 pessoas. Em Guarulhos, uma passea ta de 40 metalúrgicos arregimentou 150 adeptos. Mas o a r>arecimento de policiais foi o suficiente para assustar e afastar os que

O noticiário revela que o esquerdismo "católico" deu seu contributo ao movimento grevista. Vejamos cm que sentido. Em São Miguel, em Santo André. em São Bernardo do Campo e cm outros lugares. assembléias foram promovidas em depend~ncias

paroquiais e até mesmo no recinto sagrado. Os mesmos locais servira,i1, e m a lguns casos, de refúgio a manifestantes que enfrentavam forças policiais. No j á referido ato de protesto realizado na escada,·ia da Ca tedral, o grupo protagonista foi identificado como de militantes das Comunidades Eclesiais de Base CE Bs. O Pc. Nelse Stcfanha, piíroco da Igreja de Nossa Senhora do Bonfim, cm Santo André, foi preso diante do templo e autuado cm ílagrante, por participação ativa na greve. Foi acusado por 4 motoristas da Empresa de Ônibus Santa Rita, que depuseram como testemunhas. de ter furado pneus de coletivos com pregos afixados num pedaço de eucatcx. Uma sintomática participação teve D. Angélico Sãndalo Bernardino, Bispo-auxiliar de São Paulo. Um grupo de sindicalistas e membros das Comunidades de Base da Zona Leste, que tentava paralisar os ôni· bus da Viação São Miguel, foi dispersado pela polícia e rcfugio u-se no salão paroquia l da Igreja Matriz de São Miguel. Com a participação de D. Sândalo, o referido grupo saiu do salão e d irigiu-se para o Largo de São Miguel, onde realizou um ato público de protesto, que terminou com o hino da Revolução Sandi nista.

Debilidade dos patrões favorece greve Na Zona Sul de São Pau lo , na região de Santo Amaro, as principais indústrias tiveram s ua produção afetada pela greve. Adesão dos empregados? Não. Segundo noticia um importante diiirio paulist~,

"1nui1as e11,presas da região de Santo Amaro fizeram acordos com os .teus funcionários para não traba· 1/wr. t1cl11111do que essa seri<1 111110 solução para os eve111utlis conflitos". O mesmo jornal declara que "os e111presários que fizeram tal acordo solicitararn nâ{) ter seus nornes cita· dos" (6). A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo confirmou e lamentou o fato. Um diretor da entidade patronal admitiu que mais de 100 empresas decid iram fechar suas portas, Empregados refratários à greve. Empresários capitulacionistas favorecedores do movimento grevista. Figuras e movimentos religiosos usam seu prestígio cm favo r de causas que só servem à irreligião... Contradições? Aspectos do caos que envolve amplos setores do mundo contemporâneo? Sem d í,vida. No começo d este artigo afirmava ser minha convicção que setores comunistas se enganam com o Brasil. Pois bem. Termino di1.cndo que essa afirmação deve ser complementada 1>or outra: brasileiros há que também se enganam com o comunismo ou que se deixaram enga nar por ele. Em outras palavras, o melhor do conservant ismo brasileiro reside hoje, predominantemente, na classe média e na classe operária. A simpatia pelo comunismo e a agitação de caráter esquerdista continuam sendo fenômenos de sac.ristias, de e lites deterioradas e das tubas da propaganda.

Atílio Faoro Nota: As iníonnações co,Hidas neste anigo

foram extraídas dos jornais "folha de S. Pau~ lo" (edições de 18. 21 e 22/7/83); "Jornal do Brasil" (17, 22 e 2617183): "Folho do Tarde" (18/ 7183): "Folha do Al)C" (24/7/ 83): "l)i(,. rio do Grande AllC" (2217183) e "G"zc," do Povo" ( 1617/ 83). (1) "folha de S. Paulo". 21-7-83 (2) "Jornal do Brasil". 22-7-83 (3) "Jornal do Brasil''. 22·7·83 (4) "Folha de S. Paulo". 22-7-83 (5) "Folha de S. Paulo". 22•7•83 (6) "Folha de S. Paulo", 22-7-83

3


O ASP;ECTO EPICO DA CAMPANHA A TI-ABORTISTA NA ESPANHA •

como os Srs. A culpa é destes miscrablcs que n os governt1111". E proclamando suas opiniões em alta voz, tomou ela mesma um punhado de textos do documento e começou a distribuir e ntre os transeuntes. Um esquerdista, rcdu?.ido ao silêncio pelo impacto da atuação da TFP, apenas comentou com um amigo : "Estes da TFPstio muito pouco 1u11nerosos: uns 2 n,il "!ili1antes! Mas

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os ativos. só u11s 400'', Entusiasmado com a campanha. um jovem aproximou-se do estandarte: "Estou 111uito contente em ver o que os Srs. es1<io fflz<,ndo! Não n,e clu1111e111 de a,nigo. mas si,n de c:0111pflnheiro de luta. Gente como os Srs. estd faze11do falta no 111111uio. e sobretudo aqui 11a Etptmha. Sigam, sigam /11w11do e eu os ajuderei 110 que possa". Contente como havia chegado, o jovem e comunica1ivo espanhol saiu, após apc.rtar a mão de todos os cooperadores da TFP que por perto

estavam .

Um senhor. também transbordante de alegria. dirigiu-se aos jovens da TFP: "Os Srs. sãofenome,!ais! Vejo-os por roda f)(lrte . até no Chile e no Equador. Aliás. um mnigo

com calor irrompiam c m aplausos. outros desciam /1 rua para pedir o texto do doc umento.

Os socialo-abortistas estavam tão surpreendidos. que não ousaram manifestar-se. Pelo contrário, estimulados pela presença da TFP, o s anti-abortisws eram loquazes. . Após passarem por Ávila, onde os habitantes da terra de Santa Teresa já esperavam os sócios e cooperadores da TFP. estes se dirigiram a Segóvia. terra de São

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l Os estandartes da TFP-Covadonga tremulam junto a uma das torres do legendário Alcácer de Toledo. enquanto sócios e cooperadores da entidade iniciam brilhente campanha naquela cidade. O toque do trompetes atraiu muito a atenção dos toledanos.

E REPENTE, na Puerta dei Sol, a praça mais movimentada de Madri, o efervescente burburinho cessa bruscamente. Cá e acolá, espanhóis de semblante preocupado vão pouco a pouco parando, e detêm sua atenção num conjunto de jovens que com galhardia bradam: ''A TFP-Covadonga apela à cristã in,·onformidade do povo espanhol contra a matança de i11ocentes! A matança de inocentes em pleno século X X!" Iniciava-se naquele momento a campanha de distribuição do manifesto "Face à matança dos i11ocentes, dentro da orden, e da lei: santa indignação" (Cfr. "Catolicismo", n.• 388, abril de 1983). Cerca de 400 mil exemplares do manifesto já haviam sido divulgados naquele mesmo dia 6 de abril através do "ABC", o mais importante diário madri lenho , com avidez recebidos em todos os rincões das terras de Santo Inácio e Santa Teresa. Numerosos cooperadores da associação se postaram nos locais mais estratégicos da concorrida praça, onde foram distribuídos 150 mil exemplares do substancioso apelo contra o aborto. Briosa e cheia de entusiasmo, com seus rubros estandartes ao vento sob um céu azulíssimo, a TFP espanhola lançava-se contra a despenali1.ação do aborto, na mais recente de suas campanhas.

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Ao propor a despenalização do aborto, o PSOE arranca sua mascara de bonachão O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) alcançara maioria absoluta nas últimas eleições legislativas com o apoio, inclusive, de ponderável número de votos católicos. Evidentemente estes votos e a abstenção havida eram frutos de uma propaganda que procurara apresentar o PSOE - tal qual o Partido Socialista francês - como moderado e bonachão. Mas tal visão otimista foi desmentida por um projeto de lei de despenali1.ação do aborto que traumatizou a ful)do a opinião espanhola. De começo, houve apenas algumas manifestações anti-abortistas marcadas por uma falta de entusiasmo pouco afim com a ardência da alma espanhola. Os líderes aconselharam os parucipantes a que desfilassem em silêncio, levando tão-somente uns inexpressivos cartazes de protesto. Assim, a opinião pública não encontrava quem polarizasse adequadamente sua indignação. Foi quando a TFP espanhola resolveu la nçar-se em mais um "cristão atrevimento", como dizia Camões. No documento, a TFP conclama a Conferência Episcopal Espanhola, bem como os dirigentes de movimentos anti-abortistas, a que empreguem os mais amplos e eficazes 4

meios de ação a seu alcance contra o projeto de lei proposto pelo governo socialista de Felipe Gon,.alez. Após recordar que, ante uma proposta como a abortista , a md ignação - dentro da ordem e da lei - não é só uma atitude lícita para os católicos. mas um verdadeiro imperativo mora l, a TFP da Espanha convoca todos os seus sócios, cooperadores e correspondentes espalhados por toda a nação, a apoiar as várias formas legítimas de manifestação de inconformidade em relação ao projeto de lei de despenalização do aborto.

Oliveira sobre o soci(l/ismo frm,cês!" Uma religiosa, digna filha de Sa nta Teresa, e que cm nada se fe1. adepta da "Teologia da Libertação", foi logo nos d izend o: "Van,os. valientcs. dêem-me uma pilha p(lra repartir! Isto era a Hierflrqui(I que deveria fazer ... ,nas te,n medo!" · um· pai de família orgulhosamente afirmou: "Tenho · /4 filhos, e ,ninha 111ulher j anwis abortou! Jd estou difundindo o 1na11ifes10 dos Srs. 110 meu b(lirro!"

Por toda Espanha ouve-se o brado contra a matança dos ínocentes E enq uanto por toda Madri a TFP ia, com seus rubros esta ndartes, despertando a sa nta indignação contra o aborto. 19 caravanistas da associação partiam para o in, ;

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"Animo, valientes! Slgan adelante!" Da Puerta dei Sol, os jovens da TFP espa nhola seguiram para os pontos nevrálgicos de Madri: Callao, Alca lá, Cibeles, Opera, Ca lle de Preciados, Gran Via, Carrera de S. Jcronimo, Mayor, Arena!, Princesa, Glorietas de S. Berna rdo, Bilbao, Alonso Martínez, Chamberé, Quevedo, Pla1.a de Colón, além de praticamente todos <is bairros da grande cidade. Assim, mais 150 mil exemplares do apelo em poucos dias se escoaram. Cumpre notar que em Madri, como cm toda a Espanha, apesar de um milhão de exemplares do apelo terem sido distribuídos, eram muito poucos os que se encontravam pelo chão. Os que assim jaziam, eram-no por obra de progressistas, socia listas ou comunistas exaltados. lndiícrença não havia . Discussões com os socialistas, praticamente não houve. O geral do público mostrava-se muito aberto à campanha, e os aplausos eram numerosos. Numa das velhas calles madri lenhas, um senhor de 40 anos, já há algum tempo parara para ouvir com atenção os sloga ns antiabortistas. A um outro passante, ele comentou: "Este espetáculo é próprio para ser contemplado, pois me parece muito belo. lógico, católico e espanhol. Esta é a Espanha verdadeira!". E, bem à moda da terra, saiu imprecando os abortistas. De pessoas de todos os níveis sociais, os membros da TFP espanhola ouviam: - Se na Espan ha houvesse muitos como os Srs., a situação seria outra! - Ânimo, valientes. Sigam adiante! - O aborto é o pior e o mais covarde dos crimes!

Um sacerdote que passava, após recolher vinte textos do apelo para difundir, exclamou: "Afinal! Já er(1 h ora que alguém saísse às ruas para/alar contra os socialistas!" Enquanto de um lado da Praça de Colón um casal argentino passava e, abraçando o cooperador da T FP. dizia: "Ah, também 11a Arge11ti11a temos uma TF/>, graças a Deus!", do outro lado, uma senhora de 45 anos, classe média, afirmava enfática: "Sou católica e os apoio, pois penso absolutame11te

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__i¼·1 _1 · Estandartes de associação. slogans bradados atravás de megafones por sócios e cooperadores da TFP· Covadonga atraem o interesse e a simpatia do público. no M ol'cado Central de Valencia

terior do pais e se uniam aos cooperadores da TFP de Sevilha, Zaragoza. Málaga, Santander, Valcncia e Granada. Entre as cidades maiores percorridas pelo sócios e cooperadores da entidade figuram Cuenca. Valencia, Teruel, Zarago1.a, Guadalajara. Toledo, Ávila, Jaen, Granada, Málaga, Córdoba, Cad iz, Sevilha, Badajoz, Cáceres, Salamanca , Zamora, Valladolid, Palencia, San-' tander, Viscaya. Guipúzcoa, Álava e Logroõo. Após Valencia . e Zarago1.a, Toledo, a antiga e bela capital espanhola, foi uma das primeiras a ver no alto das torres de seu Alca1.ar os estandartes da TFP a tremularem ao vento. Na Espanha, estava-se na primavera. E o tênue sol daquela manhã de começo de maio conferia ainda mais lu,.· e movimento ao dourado leão da TFP. O brado - "Por Espaiia: Tradición, Familia y Propriedad" - proclamado no centro da praça principal, atraiu numerosos grupos que vieram pedir o vistoso folheto. Em duas horas de campanha, mais de 5 mil exemplares do apelo foram difundidos. Nas sacadas repletas, após ouvir o toque de clarim que anunciava os jovens da TFP, os toledanos prestam grande atenção nos slogans que eram entoados. e enquanto uns

João da Cru1., onde o governo socialista local, através de uma interpretação totalmente estapaftil'dia da lei que regulamenta as ca mpanhas públicas, negou autori1.ação para a TFP distribuir naqueles dias o documento que vinha sacudi ndo a Espa nha. E j unto com esta a titude, a ameaça: "Se saíren , às ruas. nós os dissolvere,nos".

Na Andaluzia, calorosa receptividade a TFP A cantante Anda luzia aguardava, e nt retanto. a caravana da TFP. E Granada, o último bastião arrebatado aos mouros pela atuação dos Reis Catôlicos. viu quatro grandes estandartes da TFP domina rem suas praças. Pela manhã. os sócios e cooperadores da TFP visitaram a periferia da cidade e distribuíram, em 2 horas de atuação, mais de 6 mil exemplares do opelo anti-abortista. sobretudo para os que saíam das fábricas, dos escritórios e dos colégios. À tarde, percorreram o centro comercial, causando um enorme impaclo. Quando deram o tradicional brado da TFP defronte à estátua de Isabel, a Calólica. o comércio praticamente parou. Os a utomóveis - apcCATOUCIS MO


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M adri: megafones o estandartes marcam a presença e e atuação da T FP-Covadonga na Ca/ffl A/calá

por outro lado, era intenso o calor do apoio dos anti-abortistas. Abraços, felicitações, aplausos, era a nota geral. Alguns chegavam mesmo a dizer em alta voz: "Eu já conheço os jovenr da TFP-Cov"dongo. São magníficos!' E quando o sol se punha naquelas calientes terras andaluzas, o dever estava cumprido: 17 mil folhetos difundidos em um SÓ dia!

O brado anti-abortista na região mais infectada de comunistas Uma hora depois de iniciada a campanha em Córdoba , um grupo de agitadores, aos gritos. exigia que a TFP se retirasse da praça. Como não encontrasse ressonância no público, que apoiava com simpatia a atuação o rdei ra da TFP, preferiram retirar-se discretamente. Aliás. foi cm Córdoba que se encontrou uma das melhores acolhidas ao apelo da TFP: quase 20 mil textos do candente documento recebidos com avidez pela população.

Assim, animados, os caravanistas, no dia

Cooperador da TFP espanhola entrega exemplar do' manifos-to anti•abortista a um ttanseunte. na Plaza Espons de Zaragota

sar do semáforo aberto - não se moviam e a praça inteira se pôs a aplaudir. Mais de 15 mil folhetos foram divulgados cm três horas de campanha. Antiquera, com uma história grandiosa. pa lco de acirrados combates contra a moirama. era o próximo campo de batalha que estava na rota dos briosos membros da TFP espa nhola. A cidade estava dividida quanto à problemática do abono. A repercussão da campanha foi enorme. Em quase todas as esqu inas viam-se grupos cm acalorada discussão. Só pela manhã, 3.500 folhetos corriam de mão cm mão. A brisa primaveril continuava a correr 1 entre os aquecidos castelos e as encantadoras igrejas da Andaluzia. E seguindo esta brisa , iam os esta ndartes da TFP.

"Estou inteiramente de acordo. Sou dos vossos!" Na tarde do dia 3 de maio. a caravana c hegou a Málaga, o nde um grupo de jovens ma lagucnhos se juntou à carava na. Na manhã seguinte, os estandartes adentraram o burburinho tão pitoresco dos mercados de Málaga. Após o belo toque de clarim. os valorosos sócios e cooperadores da TFP, bradando os sloga ns, começaram a distribuição. O administrador do mercado, o qua l ponava uma insígnia do PSOE, pôs toda sorte de dificuldades contra esta pacifica campanha de esclarecimento. .. Estou inteirt1mente de acordo. Sou dos vossos/", clamava um. "Viv(J Covadonga!". bradava outro ao longe. "Sinto-me orgulhoso de ser colt1bOr(JdOr d,, TFP", afirmava, abraçando os jovens, um trucu lento malaguenho . .. Vamos. dêem-me vários folhetos. pois o documento i e.,tupendo e preciso reparti-los", declarou um outro. Os socia lo-abortistas, sem argumentos, procuravam insultar ou gritar em coro. na vã ten tativa de impedir que os malaguenhos pudessem entender os slogans da TFP. Tal foi a simpatia despertada, que numerosos foram os donativos para a alimentação dos caravanistas. ofertados com alegria pelos propriet:liios de estabelecimentos nos mercados. O clima estava assim preparado para a campanha à tarde, no centro da cidade. O tema efervescia. Os esquerd istas - sempre carentes de a rgumentos - chegaram a jogar pedras nos que proclamavam sloga ns. Mas,

,gosto de 1 983

seguinte, 9 de maio, ergueram seus estandartes cm outros três importantes pueblos da província de Córdoba, região onde se encontra o mais numeroso eleitorado socialocomunista da Espanha. Sucena foi o primeiro destes pueblos. Qua ndo os caravanistas da TFPentraram na cidade, logo se depararam com frases pintadas nas paredes, como esta: ..Que111 vota n o PSOJ:..~ vota 110 aborto!". "O que Deus criou. o PSOE destr6i", afirmava um folheto distribuído na cidade por anti-abortisias. A reação à campanha foi excelente. No pueblo seguinte, Aquilar, os caravanistas encontraram o mesmo calor. Em Montilla, rico e influente pueblo da região, o domínio socialo-comunista era total. Mas mesmo assim, desafiantes. os jovens que portavam o estandarte da TFP distribufram, em apenas duas horas, 4 mil folhetos. No final da campanha, um grupo de militantes do PC espanhol cercou os sócios e cooperadores da TFP e, rasgando alguns folhetos, tentaram provocar um incidente. O público presente dividiu-se, sem titubei os, entre a TFP e o PC. E muitos, inclusive senhoras, começaram a discutir em altos brados com os provocadores. Tal foi o ímpeto dos que apoiavam a campanha ordeira e pacifica da TFP, que os agitador.es tiveram que recuar e desaparecer na multidão. Em Puerto Real, Puerto Santa Maria, Cádiz e San Fernando, a TFP encontrou o mesmo entusiasmo anti-abortista.

"Quem não viu Sevilha, não víu maravilha" .. Que111 não viu Sevilha, não viu ,nora· vilha", afirma o adágio anda luz. Sob a proteção de Nossa Senhora de la Macarena , no dia 11 de maio iniciou-se a campanha nasiuelas plagas onde repousa o corpo, incorrupto dÔ Rei São Fernando. E entre as maravilhas sevi lhanas - a Torre dei Oro, a Giralda - junto às águas rumorosas do Guadalquivir e ao som de pitorescos e fogosos cânticos, os caravanistas da TFP proclamaram com ufan ia as verdades esquecidas da 'Fé católica. Logo que ouviram os primeiros slogans na cal/e Cerpes, numerosas rodas de sevi lhanos que conversavam começaram a aplaudir. Uma senhora mais ardorosa chegou a gritar: "Muito bem! Os Srs. têm toda razão: o aborto é o pior dos crimes. Tenho 11111 filho anornl(JI, 111as o quero com toda minha alma. Não abortaria jamais!" Um outro sevilhano, tez bastante marcada pelo sol, enfático afirmou: "Se todos os católicos fôssemos tão valentes como os Srs. , a Espanha seri(J be111 diferente e não haveria esta catástrofe na qual estamos submergindo". Tanto nos bairros de classe alta quanto nos populares, a simpatia era geral. .. Por favor. de 01,1de são estas músicas tão bo11itas

que os Srs. põem no alto-fala11te? N1111ca as ouvi em minha vida". As sacadas se enchiam de gente que, absorta, contemplava o espetáculo dos siinbolos da TFP que passavam! Em dois d ias, mais de 30 mil textos do "pelo da TFP foram divulgados entre os sevilhanos. Após passar por Cáceres, Badajoz e Mérida, os caravanistas chegam em Tala bera de La Reina. O povo estava em festa. devendo realizar-se grande tourada junto à Padroeira da cidade, Nossa Senhora do Prado. O apoio não podia ser maior. Camponeses e fazendeiros estendiam juntamente os seus braços para pedir os folhetos. Vários insistiam cm receber grandes maços para propagar em seus pueblos. "Adela11te, valie11tes", clamavam uns; "Vós sois os cruzados de Sm, Tiago", di1.iam outros. Em Salamanca, onde análoga acolhida foi dispensada aos jovens propagandistas da TFP, muitos sacerdotes solidarizaram-se com a campanha. Não só isso. Tomaram folhetos para distribuir, incentivaram os indecisos a lerem, atestando de público a catolicidade dos membros da TFP.

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Uma curiosa união: progressistas e abortistas

I

À medida que o mês de maio avançava,

novas cidades eram percorridas pelos intrépidos caravanistas. E milhares e milhares de exemplares do documento iam sendo lidos com avidez em todos os rincões da Espanha. Seguindo a rota do rio D'Ouro, a caravana passou por Zamora, berço de São Fernando de Castela, Valladolid, Paleneia, Aranda de Duero e Reinosa. Após levantar os estandartes cm Burgos e Torre La Vega, ela chega à costa norte do país. margeada pelo Atlântico, onde Santander a aguardava. Nessa cidade observou-se o mesmo clima de divisão pró o u contra o aborto. Umas senhoras progressistas extremadas, diziam: '' É 111elhor que as m11lheres abortem para que /ls_guerras não ,notem seus.filhos". Ou então: ., E preferível abortar do que ver depois as cria11ças 111orrere111 de fome". Evidentemente, essas hipócritas assertivas eram logo refutadas por outras senhoras e acalorada discussão se formava. "Animo. a11imo. muchaehos!", incentivava o prefeito da cidade, enquanto a Radio Santa11der transmitia o texto do comunicado da TFP sobre a campanha, e EI Diário Monta,iés. por seu lado, publicava na in tegra o texto do "pelo. Estandarte ao vento, a caravana prosseguiu seu itinerário: Bilbao, Vitória, Logrofio, até atingir a capital do antigo reino de Navarra: Pamplona.

"Isto é o que a Espanha estâ precisando" Os esquerdistas estavam furiosos. Sabiam que por toda a Espanha a TFP vinha sendo recebida com entusiasmo. Tumultos, proyocaçõcs, manifestos rasgados e até ameaça de agressão com porretes, os jovens da TFP encontravam. Mas, como sempre, tal desespero dos soeialo-abortistas não fazia senão crescer a N a Cal/o Allonso, em Zaragoz.a. vários estandanes da TF P· Covadonga despertam a atenção dos pas-

santes. que recebem com interesse o manifesto

... O estandarte da TFP espanhola aparoce na foto unido como que simbolicamento a uma das torres góticas da secular catedral de Toledo

adesão para com a rampanha da TFP. Nas ruas de Pamplona, entre apertos de mão e abraços, ouvia-se a todo instante: "Isto é o que a Espanha estâ precisando!". E numa casa de frutas, o pequeno proprietário de tal modo se entusiasmou com os cânticos e slogans, que presenteou os jovens com uma enorme caixa de cerejas. Bem no norte da Espanha, os caravanistas seguiam briosos o seu caminho. Em Oviedo, logo após ouvir os slogans, duas combativas espanholas aproximam-se dos estandartes: "Qua11do vão repnir esse brado? Pois eu quero bradar com os Srs. ". "Vamos. não parem de bradar! Siga111 em fre11te. Todos temos a obrigação de "companlwr os Srs. !" Em Gijón, alguns populares se juntavam à campanha da TFP. Uma scnlíora. por exemplo, acompanhou pr~ticamente o dia inteiro a caravana. defendendo a TFP contra os abortistas. NÓ final, após oferecer um donativo. desabafou: "Esw campanha i par" nâs como o oxigênio na âgua!" Passando por Vigo, na Galícia, bem próxima à fronteira portuguesa, e por Pontevedra, os caravamstas chegaram a Santiago de Compostela, onde jovens de ambos os sexos apoiaram com ênfase o documento da TFP. De Santiago, dirigiram-se a Lugo e EI Ferro!. Na ponta noroeste da Espanha. em La Corufia, terminavam esta parte de sua épica trajetória.

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Um fulgor não empanado pelas trevas .Junho já fizera correr os seus primei,·os dias. Sob o sol cada vez mais ardente do verão que chegava, a polêmica a respeito do aborto ia se polarizando. Como estavam as hostes pró-abortistas'/ Nos últimos dias de maio e inicio de junho, foram realizadas cm várias cidades tumultuosas manifestações favoráveis à ·'matança tios i11oce11tes". Estas pareciam encomendadas para tenta r empanar o brilho da campanha de âmbito nacional promovida pela TFP. Mas as trevas .não conseguiram extinguir nem atenuar o fulgor de uma campanha que alertara praticamente toda a nação contra a matança dos inocentes. Na capital, entre as associações que apoiavam o alarido pró-abono estavam as Comunidades Cristãs Populares. O ambiente geral era de especial ódio contra a instituição sagrada da familia e contra toda a Mora l católica. Mediante frases e canções obscenas, procurava-se ridicularizar a Igreja Católica. Em tudo. era o contrário da bela e ordeira atuação que a TFP com brilho vinha conduzindo. Só que, para com a TFP, quase toda a imprensa manteve-se num mutismo desconcertante. Enquanto as repulsivas manifestações pró-abortistas foram amplamente noticiadas por órgãos de imprensa.

Passará o projeto de lei que despenali1.a o aborto nessas terras o utrora tão vemurosas e católicas? Infelizmente, não é impossível. Mas, o certo é que ante Deus. neste conturbado e caótico século XX. houve ainda um pugi lo de verdadeiros espanhóis, ou seja, de verdadeiros católicos, que com destemor souberam proclamar alto - dentro da ordem e da lei ·- sua sa nta indignação contra a matança dos inocentes. A Virgem do Pi lar e o Apóstolo S&ntiago bem saberão recompensar a galhard ia desses anônimos heróis.

Wellington da Silva Dias 5


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ressalta importância da moral católica quanto ao aborto "A IGREJA FOI instituída por Nosso Senhor como mestra da Moral, e excluí-la de qualquer assumo de nalllrcza moral significa excluir o próprio Jesus Cristo. O que infelizmente não é raro acontecer cm órgãos de comunicação social c m nossos dias. ao apresentar para o

grande público a (JUeslão do abor10", declarou à imprensa o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Prcsiden1c do Conselho Nacional da TFP. "Devo ressahar - prosseguiu que me parece pelo menos muito questio nável que assumos desses sejam debatidos. por exemplo , pela 1elcvisão. Pois o formidável poder de peneiração desta põe-na ao alcance até de qualq uer criança curiosa . É portanto de se desejar que tal debate se dê invariavelmente nos lermos doutrinários e técnicos que o direito à vida impõe".

Clero "Seria falso dizer - assinalou o pensador católico - que o Clero de nossos dias se mostra inerte na pregação da Moral cristã. Pelo contr{1rio. noto que seus membros mos· iram-se ali vos e até excitados. Mas é

frcqiiente que essa atividade se concentre tão insistentemente nos pontos de Moral concernentes as relações

capital-tra balho. que os ouiros pontos essenciais da Doutrina Católica ficam relegados a um segundo plano. "Lembro-me, por exemplo. de certa declaração do Cardeal D. Eugênio Sales, feita cm louvor· do Cardeal Mola. Referindoase a uma enérgica intcrvcnç.'ío do então rece ntemente falecido Prelado contra o divórcio, o Cardeal Sales comentava que essa med ida destruidora da famílía talvez não tivesse vencido a nos depois, se a nova investida divorcista tivesse encontrado da parle dos Bispos do Brasil a mesma firmeza. "A vista da criteriosa observação do Ca rdeal Sales - acrescentou o catcd rá1ico paulista - sa lta-me à vista o contraste: vejo incontáveis

clérigos entregues a uma obsedantc insistência cm ma téria de relações capital-trabalho, aliás quase sempre num sentido esquerdista. E temo que na luta comra o aborto se passe algo ainda muito mais acentuado do que em relação ao divórcio".

Assassinato "Na Espan ha a Herma ndad Sacerdotal, prestigiosa organização que congrega membros do Clero espanhol, afirmou que cada aborto constitui um assassinato. Assim, à medida cm q ue a impunidade legal

Revmo. Pe. Antonio Paula da Sil va, ltalva (RJ): "Levado pelo dever de sincera e profunda gra tidão, venho agradecer-lhe penhoradamente a ampla e su bsrnnciosa reportagem estampada no prestigioso e universalmente conhecido, admirado e respeitado jornal 'CATOLICISMO' (edição de junho/ 83). A glória que isso dá a Nossa Senhora da Conceição, cuja Ma1ri1. foi profanada, a reparação que isso também representa, como um eco a ha mentc expressivo do que se realizou no dra 3 de maio p.p., não podemos desconhecer nem silenciar". Da. Estella Victor Do urado, São Paulo (SP): " 'CATOLICISMO' só pode merecer nossos aplausos. Seus artigos sempre atuali,.ados, nos orie ntam em todos os setores religiosos ou leigos tanto nacionais como

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

venha a favorecer no Brasil que o abon o se introdu,.a cm nossos coslllmes. ocorrerá um número indefinidamente crescente de assassinatos. Tud o isso abre como que um rio de pecados a 'bradarem aos céus clamando por vinga nça', segundo a expressão do Catecismo". E concluiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "No plano social. as c hamadas uniões livres só podem concorrer para a multiplicação do número de abortos. De outro lado. os vínculos do matrimônio são debilitados pelo aborto, pois quanto mais numerosos os fi lhos, tanto mais se robustecem os vinculos afetivos e morais enire os pais. Tudo isso redunda, portanto, cm mais um fator de debilitação da família e de toda a sociedade

internacionais...

Da. ~aría Helena dos Santos Nogueira, Cambuti (RJ): ('CATOLICISMO'J é um excepcional jornal, cuja leitura, a meu ver. é fundamental para se entender a grande crise do mundo atual. Gostaria que continuassem abordando temas sobre a manipulação psíquica do socialismo". Sr. Guilherme Pereira Cavalcante, São Caetano do Sul (SP): " 'CATOLICISMO' continua na sua trad icional linha de defesa da o rtodoxia católica, a titude que só pode merecer o apoio de lodos. Não vacilar, não compactuar, eis a questão". Sr. Jurandir Josino Cavakante, Sousa (PB): "Jornal católico, verdadeirameme a nticomunista. repositório das mais belas e caras tradições cristãs, combativo. divulgador de "verdades esq uecidas", fidelíssimo eco dos Santos Ensinamentos dos Doutores da Igreja, nortcador e líder do pensamento cristão no Brasil, .... 'CATOLIC ISMO' 1cm sido peça modelar - e patriótica - na reconstrução de um Brasil fortemente cristão". Prof. Francisco de Figueiredo, Salvador (BA): "A leitura das canas sobre a Mensagen, vindas de lodo o globo me comoveram até às lágrimas, especialmente as que vieram da Igreja do Silêncio pela qual sempre tive uma profunda veneração! Que a Santíssima Virgem os conforte e os confirme neste glorioso combate".

brasileira".

Guerra nuclear na América do Sul? M ABR IL DE 1982, no auge da crise provocada pela tentativa do governo a rgenlino de retomar as Ilhas Malvinas, pouca geme tinha a atenção posta na ingerência russa no conflito. A TFP po rtenha. cm corajoso pronunciamento, alertou o pais para o absurdo de '!;e obter a soberania. embora verdadeira, numa ilha distante, perdendo-a no continente, pois o apoio oferecido pela União Soviética velado - viria cm troca de 'compensações ponderáveis que importa-

E '

riam, mais cedo ou mais tarde, ··e,n

impor um gover110-1ítere". Porquanto, era pouco prov:\vel q ue a Argentina pudesse enfrentar sozinha o pode rio naval inglês. Só com apoios externos haveria possibilidade de fa1.er-lhe frente com sucesso. A a mpla divulgação do pronunciamento no país vizinho teve o efeito de somar aos j ustificáveis anelos patrióticos do povo, reílexões de ordem mais profunda. Surgiu a dúvida se era moralmente legítimo buscar apoio comunista, permitindo que os russos fincassem pé no país. Além do mais, o hipotético ganho da soberania insular equivaleria, na prática, à perda da continental.

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As TFPs sul-a mericanas, na ocasião, distribuíram o manifesto de sua co-irmã a rgentina e pediram a reílcxão dos governos e da opi nião pública de seus respectivos países para o movimento de solidariedade que se esboçava. Naturalmente, em igualdade de condições, os latinoamericanos apóiam-se mutuamente. Laços de religião comum, mesma origem ibérica e proximidade geográfica os levam a tal. No caso, as TFPs atra iam a a tenção para o sério risco

de os povos do continente servirem aos mancjos do imperialismo soviético, baseados numa mal ente ndida solidariedade. No Brasil, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou telex ao Presidente João Figueiredo e ao Ministro do Exterior, Sa raiva Guerreiro, pedindo-lhes que considerassem este risco na deierminação dos rumos da política brasileira. O mencionado telex foi publicado num diário paul ista de grande circulação, bem como num prestigioso quoli· diano carioca. Sócios e cooperadores da TFP saíram às ruas de São Paulo e Rio. em vistosa campanha pública. chamando a atenção da população das duas capita is para a suma importância e o portunidade da comunicação do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao Chefe de Estado brasileiro, naquela perigosa emergência. Ta is iniciativas, em proporção não facilmente mensurável, mas cerlamenle importa nte, produzira m um esfriamemo no espírito público em relação às reivindicações que, naquele momento. se faziam sobre as Malvinas, embora permanecesse inalterada a ami,.ade que unia todas as nações sul-americanas em relação à Argentina . O desfecho sangrento d os combates çlevolveu à Inglaterra , o domínio das ilhas. A Rússia não teve oportunidade de intervir. O caso. - desapareceu das manchetes, passando a ser uma questão apenas lalcnlc. Em janeiro d~ 1983, uma notícia d o "Krasnaya Zvczda", diário do Ministério de Defesa russo, forneceu dados para interpretação das intenções soviéticas, vitoriosamente cnfrernadas na ocasião. Afirma o jornal soviético que publicações inglesas asseveraram ha-

Pouco tempo entes de ter infcio o conflito das Malvinas. o navio aoviático de investi• gaçlo oeêanográfica "Knipovich .., que na foto acima é visto entrondo na bate de Ushuaia, extremo sul de Argentina. acompanhava os movimentos da frota britânica, segundo a UPI

ver artefatos nucleares na belonave britânica "Shcffield", afundada pela aviação argentina. Não tenho dados para considerar real o u falsa lal

... A tentaçãp do alinh·amento . ."

' Rob~rto Suazo Córdova, Presidente de Honduras:, "A subv,érsão

assertiva. No caso, interessa mais a

continuação da noticia. Por causa disso, a Inglatcrra - afirma o órgão comunista - "nmea('ou provoror um c:011jli10 nuclear con, 11s mais

vem da Nicarágua e de E/ Sâlvador. A confessada teoria,da 'iuo~e{l ão, afinna que se Honduras ,cai(, virá depois o Méx'ic'O:,' ~e a ·'A,nérica Central cair, e,uãp voc~s e_m }lo.va, Yqrk ou~irãr as /io,nbas da subvfrsão. ;remos , ·recçbido djuda /ia i'h;iciativa para 'o C:ad/Je'.. Entreta11to, esta ·'ajuda é ,insignificante se co,nparada co,m o gúe., a Nicarágua recebe dos poises comunistas. Se Honduras afirmasse que, se alinharia co111 Cuba .estou certo, de que amanhã récebe~id 50() milhõ~s· de dólares'' ("Time", ·13-6-83). '

catastróficas f011seq iiências par<, ,, humanidade" ("Saint Louis Post Dis-

patch", 23-1 -83). A insinuação é sibilina. A Argentina não possui armas nucleares. Os Estados Unidos não bombardeariam a Inglaterra. caso esta por hipótese - lançasse uma bomba atômica cm território argcmino. Conflito? Qual o ouiro participante? Só poderia ser a Rússia , que tomaria as dores da nação do Prata. Ou seja, o Ministério de Defesa do governo russo, através de seu órgão, declara que considerava a Argentina como aliada.

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Nos EUA, onda de medi0,cridade1 · "Nossá nação es!,,d e}n .iisco, Qs- f11nda111e111os ed/:,cació'nqis,. '(le nossa- so,ciedpãe. esu,,ó-.~endo erodidos por, uma onda orescenle de ·111ediocridade. Se um p'O'dér i11i1~1igo e estrm;geJro ten1asseJ111por ao,s Esmd.os Unjdos o nlv.~I 4e 111edioaridade edur;ativa19iJe.e:,;Jste);oje, nós "poderíamos considerar ·(sro c'01116 um aro dé-gue(ra. De'friró, _e'§ta,hos levando a, caco um ·ato de imp,ensado e unílatera1 qesqr.,namenld edúcacional. A História tf/ío l fav.or;'áv,C,',aqs,pre~uiçoso:('. Esté é um

Obstar que o ímpeto natural de apoio latino-americano à Argentina caminhasse rumo a um alinhamento cate~órico com as posições do Gen. Ga ltreri e, além disso, ler colocado o problema mo.-al dcniro da Argentina sobre a liccidade do a uxilio do comunismo e sobre a vantagem real da sustentação russa, terá desarticulado as etapas iniciais de um plano si nistro - agora vislumbrado pela noticia acima - que visava a sovie1i,. ação da América do Sul. A Rússia apareceria como aliada necessária, defendendo o con1incn1e de um poder e uropeu apoiado pelos Estados Unidos. Com o retraimento da opinião pública do continente e dos governos latino-americanos, agindo em consonância com ela, por causa do receio da intervenção russa (inconfcssada até então). o plano perdeu fôlego ao encontra r obstáculos imransponíveis. Fracassou. Se os russos tentaram uma vez. em 1982, através de um conílitÓ militar com todas as aparências da artificia lidade (por que, de repente, aquela guerra inesperada das Malvinas?), não se p<><le afastar a hipótese de que eles procurarão aproveitar outras rixas ex istentes (por exemplo, entre Venezuela e Colômbia) para, finalmente, encomrarem a ocasião de intervirem na América do Sul, visando inclui-la, segundo o · antigo e aspirado plano soviético, entre seus satélites.

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trecho de ~m · refat6rio (eilo , por uma comissão, form.ada. pelo, Secretário (Mini·s tro) da ,Eàu~ção 1Q pafs. para estudar 3:,qu~lidadi: da educação, nos ·~ tados Unidos, Por volta de 13%· do·s merpres (a poréentagem chega a 40% ' rios grup'qs étn(cos rninorítários), s~o, considerailbs virtualmente analfabetos. Verifieou-s'.e diminuição <lo' vocabulário, dificul<lades crescentes eni rcdaçã·o, menor aptiéfão para resolver os problemas de matemática e.m que constassem vário.s ráciocfnios. Leróy Hay, l'>rofcsso.r do A.no 1983, afirmá,u so'bre ·º.1: _relatório:'. "A~ re~omendações são atinentes ao 9ue era ,Asual.

Começa,nos a-e,ifatizar de novo a necessidade da educação, ir:xce/enie}'

(~Time", 9-5-83).

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P . Ferreira e Melo CATOLICISMO -

agosto de 1983


NO AUGE DAS DORES, UM GRANDE PODER ,.. 1·..,

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Tris aspectos de uma das mais renomadas escultu-

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ras de Nosso Senhor. em Sevilha. carregando a cruz: Jesus dei Gran Poder# atualmente atribuído a um dis• clpulo do célebre artista espanhol do

século XVII, Juan

Martinez Montanez ~

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Intoxicados por u ma falácia generalizada neste mundo ncopagão, não queremos compreender o significado sobrenatural da dor e da morte. O prazer e. o gostoso são o normal da vida. E a dor é um monstro q,ie não deveria perturbar a existência. Viver é gozar. Temos pavor do sofrimento. Deste modo, recusamo-nos a reconhecer a precariedade das coisas terrenas, a compreender o papel sublime do holocausto. por amor a Deus. a aceitar que a felicidade somente existe ao pé da Cruz.

Jesus sofre e não revida os golpes com que os inimigos O torturam com ferocidade satânica. Um espírito superficial pensaria que Ele tem, no mais alto grau, a mansidão e a resignação de um cordeiro, mas não tem a e nergia e a capacidade de ataque de um leão. Que imenso e funesto engano! Aquele que é capaz de suportar tantos tormentos, com tal fortaleza, é também capaz das grandes ofensivas. E somente o varão que está disposto a sofrer o inimaginável, tem o vigor de alma para os grandes combates. Nossa capacidade de lutar por Deus estará sempre na proporção da capacidade de sofrer por Ele. Para quem sabe analisar esta Sagrada Face - desfigurada pela dor, porém marcada por inabalável resolução de cumprir inteiramente a vontade do Padre Eterno - , Ela é a fisionomia do combatente por excelência. E que herói ou cruzado pode a História apresentar comparável a Ele?

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ADA NOVO PASSO em direção ao Calvário agrava de um modo insondável o dilúvio de dores que atormenta o Redentor. O sofrimento que Seus olhos exprimem é tão grande, que se diria que a vida está quase se extinguindo. Tal o lhar patece me dizer: "Atingi o auge da prostração. Minhas forças estão cm seu último hausto. A dor é tão atroz, que me resta apenas um lampejo de vida, e mesmo o refletir me é quase impossível. Mas Eu resistirei. Eu chegarei ao alto do Calvário. irei até o fim, porque essa é a vontade de Meu Pai!", Reflexão e determinação inabalável. Eis as duas primeiras notas que chamam a atenção, ao se contemplar esta face adorável.

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Sobrepairando o mar de ignomínia, de ingratidão, de infâmia dos homens, na face do Redentor transparece a determinação com que Ele carrega o madeiro da Cruz. Quer salvar os homens, e tudo sofrerá para dar a devida glória ao Pai e resgatar o gênero humano. Este é o pensamento dominante, a cogitação central. Os lábios parecem murmurar: "Sei que, sofrendo. Eu resgato os homens. Sei que Meu Pai aceita este resgate. Eu o quero!" "Seio et voto": sei e quero. Eis a síntese supremamente grand iosa das divinas cogitações.

Quais as reflexões que o divino olhar exprime? Parece.que neste momento da Via Sacra coincidem, na mente do Salvador, várias cogitaçõcs. São as cogitações que Ele foi fazendo desde o início da Paixão , e que agora formam um quadro de conjunto profundamente doloroso, pungente, e que Lhe envolve a alma numa como q uc bruma de dor. De um lado, fà1. um julgamento exato, e por isto mesmo severo, da gravidade do crime que contra Ele está sendo cometido. Acompanhado da sensação terrível da brutalidade com que está send o tratado, e da clamorosa injustiça que ela envolve. Soma•se a isto uma análise da ingratidiio dos que O atormentam . Pois todos eles, cada um deles, foi objeto do divino Apostolado, foi alvo do ardente desejo que Ele tinha de salvar. Muitos foram consolados; outros foram curados milagrosamente; e outros ainda, perdoados de seus pecados. De outro lado, Ele parece refletir sobre a expiação que é preciso fazer, derramando todo o sangue para redim.i r o gênero humano. E, na origem de tudo, a inabalável resolução, como se dissesse: "Esta expiação supremamente dolorosa, Eu a quero realizar por inteiro!" CATOLICISMO -

São Francisco de Sales fala do gáudio que experimenta, na "fina ponta da alma". o varão justo que é provado pela aridez. Analisando mais atentamente a augusta face, vê-se que há uma nota de felicidade por detrás desse oceano de dores. A certeza de estar cumprindo a vontade do Pai celeste Lhe traz, no mais fundo da alma, uma felicidade que as dores que marcam tão atrozmente a fisionomia adorável não ocultam a um observador atento. Que lição Ele assim nos dá!

agosto de 1983

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o

Os católicos espanhóis que contemplam esta imagem. cm Sevilha, denominam-na "Jesus dei Gran Poder". Como discernir nela as manifestações de tal poder? As forças do Redentor dim inuem a cada instante. De fato, Ele está quase já "quebrado, arrebentado, aniquilado", como exclamou Bossuet. A fé, porém, nos e nsina aquilo que os olhos da carne não conseguem ver. Ele é o Homem-Deus, e conserva, velada sob o trágico esmagamento, toda a Sua onipotência. Tudo quanto Ele quiser, obterá imediatamente do Pai. Bastaria um ato de Sua vontade, e todas as feridas se curariam, todo o vigor voltaria a Seu Corpo. Bastaria um gesto, e todos os inimigos cairiam fulminados. É porque Ele quer redimir os homens, que está reduzido a tão espantosa e pungente fraqueza. Seu desejo é salvar-nos. E enquanto Salvador, está triunfando! A epopéia do Divino Redentor não se encerrará nas sombras do sepulcro. Após três dias de luto sobre toda a terra, raiará o dia do triunfo esplêndido, a data da gloriosa Ressurreição! Nesta, o Salvador manifestou, por excelência, seu gran poder: o poderio de Quem, com as próprias força-;; derrota a morte e retoma à vida. •

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HEROÍSMO AFEGÃO, EXEMPLO PARA _O OCIDENTE PALAVRA heroísmo é dessas que a poeira da med iocridade contemporânea. que às toncl)ldas nos envolve e sufoca, procura sepu ltar de todos os modos. Poderia, pois, a alguém, parecer ousado colocá-la logo no título de um artigo. Entretanto, o termo é o mais apropriado para exprimir uma realidade freqüente em outras épocas. mas quase esquecida em nossos dias. a não ser no Afeganistão. Hâ mais de três anos, q uando os russos invadiram o Afeganistão, temia-se haver soado a hora do dobre de finados daq uela longínqua e para nós desconhecida 'nação. Entretanto. das simpáticas terras afegãs, o som que nos chega aos ouvidos não é o do sino que anuncia a morte, mas o do clarim que proclama a luta varonil e a resistência heróica. Por sobre os oceanos que nos separam, transcendendo raças e culturas, os ventos do heroísmo trazem até nós algo que o Ocidente se desacostumou de presenciar: o holocausto de um povo que prefere sacrificar tudo a ceder diante do brutal invasor comunista.

A

Sinistra comédia Quando Srcjnev resolveu invadir o Afeganistão, dizia-se que procurava

' um fácil corredor para apenas abrir suas tropas atingirem os campos

pe1rolíferos do Irã, de tal modo se menospre-niva a possibil idade de uma resistência eficaz dos afegãos. Entretanto, a rea lidade most rou-se bem diversa. Como tudo começou'? Em 1973, o então d itador sovié_tico conseguiu empoleirar em Cabul um governo títere, com o iatuito de transformar o Afeganistão em mais

uma nação-satelite. Mas o desagrado e a oposição populares foram muito além das previsões. Prova de que, conforme a população, podese até conseguir impor um governo pró-comunista; o mais difícil é mantê-lo. Recusando-se a uma atitude colaboracionista. que consideravam traição - e que muito burguês acomodado do Ocidente chamaria de bom senso. pois o deixaria ir vivendo ainda por algum tempo os afegãos opuseram-se. firmemente a esse estado de coisas. Brejncv resolveu então acionar as cordas de sua marionete. e o Presidente-títere do Afeganistão imediatamente respondeu ao estímulo pedindo ajuda aos dirigentes do Crernlin. Em dezembro de 1979 tropas soviéticas transpuseram a fronteira . num a to de "generosidade", a

fim de exercer sua "proteção" sobre o "desprotegido" regime pró-comunista de Cabul. Em meio a essa sinistra comédia, um ator continuou negando-se a representar no cenário dos sangrentos acontecimentos o papel que lhe era imposto, e resolveu fazer inteiramente o jogo da verdade, ainda qí:íc isso lhe c,ustasse a vida. Tal ator foi o povo afegão. Sem condições materiais de cnfrcntar o poderoso e bem annado exército russo, os afegãos reíluíram, cm grande número. para as montanhas, onde sua enorme superioridade moral e fibra combativa têm causado admiração cm todos que ainda desejam resistir ao imperialismo vermelho. E. note-se. sem obter das potências ocidentais uma ajuda rea lmente efetiva para realizar sua epopéia. As mesmas potências que vêm abastecendo a Rússia com cercais, tecnologia etc .• para que ela continue a armar-se. negam-se a dar um apoio decisivo a quem se revela um natural aliado. É preciso q ue tenhamos descido muito baixo para tais coisas acontecerem. As gerações futuras dificilmente compreenderão como essa autodemolição do Mundo Livre só comparável à que se opera no seio da Igreja - tenha sido possível.

Os valorosos "mujahidin"

. O jornal "La Republica", de Roma. cm sua edição de 24 de ~aneiro do corrente ano, publicou interessante reportagem de um enviado ao Afeganistão. Dela extraímos os dados abaixo. A reportagem demonstra que, a nte o presente fracasso das tropas soviéticas naquele país, o novo dirigente do império soviético, Andropov. procura isentar-se de responsabilidade pelo que está ocorrendo. Para isso, ele tem encorajado versões segundo as quais. q uando chefe da temível KGB, ter-se-ia oposto à invasão, cuja responsabilidade recairia inteiramente sobre as costas de seu falecido antecessor. Os mortos não fa lam! Já no enterro de Brejnev, Andropov resolveu ignorar a pressurosa presença de Babrak Karmal, o presidente afegão sustentado no poder pelas tropas russas. Um fato pouco conhecido e que merece realce, registrado pelo "Newsweek" (10-1-83), é que está locali1.ada no Paquistão a maior concentração de refugiados do mundo atual: três milhões de afegãos! Tantos são os afegãos que aba ndonaram trabalho, estudo, prazeres, fam íl ia, a fim de participarem da sacrificada vida da guerrilha, que, segundo informa "La Republica", num primeiro momento formaramse cerca de sessenta organizações guerrilheiras no país. Com o correr Guerrilheiros anticomunistas afeglos. ''N osso pois stuá o primeiro 11stágio na queda do lmpdrio sovitJtico ...

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COM P ITORESCO e característico turbante, longa barba patriarcal , fisionom ia grave e elevada. este vel ho das montanhas afegãs é um magnífico exemplo da ga lhardia de outrora. Mesmo sem a luz da Fé verdadeira. soube preservar em si certa retidão natural, fruto de urna plenitude humana de força, de equilíbrio, de bom senso_ Plenitude grisalha de quem lutou contra tudo, enfrentou tudo. dominou a vida e tem mais não sei quantos anos ainda para viver. Esse homem espelha determinado aspecto da alma de um povo que soube resistir com heroísmo à investida dos soviéticos, a qual tudo devora, tudo arrasa, tudo massifica. O que seria tal povo se fosse bati1.ado, católico fervoroso, não trabalhado, portanto, pelo germe comunoprogrcssista? Não daria vontade. caro leitor, de converter a nação afegã, como quem selecionasse um material precioso e o oferecesse ao verdadeiro Deus, Criador da humanidade e de todo o universo?

do tempo elas foram se aglutinando para alcançar maior eficácia na ação. No entanto, ainda hoje dividem-se cm sete grupos distintos, cada um com características próprias, nu.m total de aproximadamente 150 mil "mujahidin", corno são c hamados os guerrilheiros. Um desses grupos é dirigido por um experimentado líder de 62 anos, Khales, que comanda pessoalmente os combates e inspeciona as linhas de frente. Outro grupo é d irigido por um joveni de 34 anos. Diz a reportagem: .. E111 /973, após o golpe de Estado de inspiração sovii!tica que.alçou ao poder Daud, nasceu a nova guerrilha. U111a guerrilha mais motivada ideologic:a,nente. politica,nente orie111ada". Fora das cidades não há zonas estavelmente controladas por um ou outro grupo, nem pelos soviéticos. A guerra consiste toda ela num movi mento contínuo. Quando chega· à cidade a notícia de uma batalha, os guerrilheiros já estão longe, noutra região. Há também considerável contingente de população civi l que vive nas montanhas e que mais se apoia nos guerrilheiros do que estes nela. O poderoso exército russo, por sua vez, procura a todo custo evitar a formaç.~o de núcleos fixos de resistência e, para isso, recorre à implacável tática de terra devastada. Assim, onde quer q ue haja colheitas os comunistas as envenenam e o mesmo fazem com os condutos de água, exterminam os animais e, se notam qualquer fio de fumaça a indicar um sopro de vida não autorizada, despejam napalm sobre o local para destruir toda existência.

Por vezes, é tão horrível a situação dos guerrilheiros que eles chegam ao limite da sobrevivência. Em alguns deles já se tem d ifundido grave forma de deficiência proteínica, que tira as forças para caminhar. Nas regiões mais frias e nevadas do país a luta pela vida no inverno exige um esforço sobre-humano. Mas os "mujahidin" continuam confiantes!

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Convém notar que o povo afegão é, na sua quase totalidade, muçulmano. Assim, mesmo sem a luz da Fé verdadeira, soube preservar uma certa retidão natural, mediante a qual, colocado diante de uma tragédia de proporções apocalípticas (o comunismo o é para todo o homem relo) resist iu com galhard ia. O que seria tal povo se fosse católico fervoroso, não trabalhado, evidentemente, pelo germe comunoprogressista? Que homens de fé, que contra-revolucionários autênticos, talvez modelos para o mu ndo· inteiro? Quiçá a Providência, a rogos de Nossa Senhora, ainda prepare a conversão de uma população com tanta fibra, como prêmio de sua dedicação por urna causa justa: o repúdio ao comunismo, negador de Deus, da Lei Natural e de todos os direitos. Que lição para tantos católicos progressistas, tantos inocentes úteis, enfim todos que ajudaram a introduzir o imenso cavalo de Tróia vermelho dentro da cidadela do Mundo Livre!

Cid Alencastro


Nº. 393

A SOCIEDADE norte-americana de Defesa da Tradiçio, Família e Propriedade - TFP está dando seu contributo

Setembro de 1983

Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

JUMBO SUL-COREANO: RAIO QUE MATA, MAS ESCLARECE!

entusismado ao coro de vous que se: l e-

vantaram na América do Norte condenando o bárbaro crime praticado por um aviio de c-aç:a r usso. contra o Jumbo da Korean Afr Unes, fato amplamente noticiado pela imprensa interna<ional. Assim, sócios e cooperadores daquela entidade percorreram a S-. Avenida, a mundialmente conhecida artéria de N. York, desde a confluência com a Rua 42 11ti a Rua SO, em frente à Cll!edraf de St. Patrick e nâs imediações do Hotel Plaza, centro de convergência de personalidades do mundo inteiro. Portando seus caracterl,ticos estandartes e capas rubros, fizeram a distribulçio, entre os transeuntes, de 50 mil folhetos contendo um manifesto da TFP norte-americana inUtulado: "Jumbo sul-coreano: raio que mata, mas esclarece/" A opiniio pública mostrou-se multo receptiva à campanha da entidade, de tal modo q ue era grande o número de pessoas que tomavam a iniciativa de solicitar os folhetos. "Catolici:Smo" publica neste número, para conhecimento de nossos leitores, o magnifico documento da TFP norte-americana.

CRIME perpetrado há poucos dias por um avião de c.,ça soviético contra o jumbo sul-coreano produt.iu no povo norte-americano o efeito de um raio noturno: matou infelizme.nte a vários. mas - precisamente como fazem tais raios - iluminou com uma claridade tcrrlvcl um panorama então coberto de densas trevas. Densas trevas, sim, que há anos vêm toldando ·progressivamente os hori1.ontcs de nossa política externa, com óbvios rcncxos sobre nossa política interna. E com prejuízo incs1imável para toda a Nação. Convém que a realidade assim posta cm evidência com o fulgor irresistivel, mas tão transitório, de um raio, não seja esquecida pela nossa opinião pública. Lembrem-se sempre da tragédia do jumbo sul-coreano, é. o conselho que a Sociedade Norte-Americana de Deresa da Tradiçio, Famflia e Propriedade TFP oferece hoje a todos os norte-americanos. O fato tragicamente noticiado pelos meios de comunicação social no dia 2 do corrente contém para nós uma lição esclarecedora. a indicar por muitos anos o rumo de nossas cogitações e de nossas atitudes políticas.

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Bem ao certo, o que vimos? O que pouco antes de 1971 - data do anúncio da ida de Nixon à China - começamos a deixar de ver. O que já em 1945 - por ocasião da conferência de Yalta - teriamos lucrado muito cm ver mais claro. Sim, a doutrina comunista, e a histó .. ria do regime comunista na Rússia. não poderiam deixar cm nosso espírito a menor dúvida de que o governo de Mos· cou, animado cm todas as suas ações por um imperialismo ideológico implacável. visa impor o pensamento. o sistema de governo e de economia, a forma de cultura e o sistema de vida comunista ao mundo inteiro. Meta esta fundamentalParentes da pa11egeiro1 do Jumbo. barbaramente abatido pelos 1ovi4tico1, m.a• nifestam sua dor no aeroporto de Seul

mente atéia. materialista. aniquiladora de todas as nações independentes, de uma civilização que, por certos aspectos, é a mais alta jamais atingida pelos povos ao longo da História. Meta repudiável não só a este título, mas em razão dos métodos sem cujo concurso ela não poderia ser alcançada: a força bruta, a agressão às nações mais fracas. a espionagem, a promoção continua da agitação e da subversão em todos os povos e, por fim, essa obra-prima de perfídia e d• habilidade que é a guerra psicológica rtvolucion,ria. Em consequência da queda do regime c1.arista, algumas nações, anteriormente integrantes do Império Russo, haviam alcançado sua independência. Mas esta foi de duração curta, em alguns casos até efêmera, pois a bota soviética as esmagou de modo inexorável. Foram elas notadamcnte a Ucrânia, a Armênia, a Geórgia, a Lituânia e a Estônia. Posteriormente. cm Yalta, a Rússia soviética se tornou senhora de seis nações da Europa central: Polônia, Alemanha do Leste, Checoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária. Igualmente o poderio russo exerceu um papel de significativa importância para que o n;gime comunista se implantasse também na Iugoslávia e na Albânia.

Posteriormente a Yalta, a União Sovi~tica impôs o jugo comunista ao Vietnã ..!o Norte, Coréia do Nurte, Chiua, Cuba, lêmcn do Sul, Congo, Benin, Etiópia, Vietnã do Sul, Cambodge, Laos, Angola, Moçambique, Granada, Nicarágua. Todos os paises até aqui nomeados passaram a licar sujeitos à União Soviética - sem embargo da aparente independência de alguns deles, que a ninguém ilude - cm uma situação fcrrcamente colonial. Bem entendido, não se podem qualificar pura e simplesmente de colônias soviéticas a China comunista, a Iugoslávia e a Albânia. Entretanto, a lista das nações vulncradas pelo imperalismo soviético ainda é muito mais ampla. Ela inclui também Estados que, dotados outrora de estável independência, foram sujeitos a uma situação análoga à dos protetorados clássicos, com as ambigUidades e as mutabi .. tidades tantas vezes incrcn1cs a certos aspectos do regime de protetorado: Iraque, Siria, Llbia, Guiné, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Prfncipe, Tan1..linia, Zâmbia, Scyehclles, Guiana, Surinã. Numa instável zona de penumbra entre a cond ição de protetorado soviético e a de independência, se encontram ainda outras nações que, se cm alguma medida são independentes - e esta medida varia .de nação para nação, e por vezes de ano para ano - sobretudo não dispõem de uma independência inteira. E os pontos em que sua independência está coa.rctada são sempre determinados pela preponderância do interesse russo. São essas nações: Argélia, Zimbawc, Madagascar, Malta, Finlândia (a "linlandizada" Finlândia ...). Talvez cm nenhuma nação dessa zona de penumbra. o contrasle entre as afirmações de independência e a subsistência de alguns traços de dependência é tão acentuado quanto na Argélia . Bem entendido, nenhum desses países se reconhece como integrante da ~zona de penumbra.. a que acabamos de aludir: tal não lhes conviria, nem à União Soviética, sempre empenhada em disfarçar o mais possível sua expansão imperialista. Mas essa zona de penumbra existe. E todo mundo o sabe. Estão enfrentando presentemente duras guerrilhas para não se deixarem abarcar pela União Soviética cm algumas dessas infelizes categorias: EI Salvador, Guatemala, Honduras, Colômbia, Peru, Filipinas.

Bem entendido, os ingênuos. os ino• centes-úteis farão objeções a um ou outro ponto desta imensa lista. Alegarão por certo que um ou outro dos povos aqui mencionados é independente. Este não é o momento de discutir com ingênuos nem com inocentes-úteis! Para tranqUili2ã-lO$, concedamos que essa independência exista: tão autêntica quanto a liberdade de movimento do rato sobre o qual o gato deitou a pata ... E passemos adiante.

Sócios e cooperadores da TFP norte-americana com aua, cepas e estandartes rubros na 6•. Avenida. em frente à Catedral d& St. Patrick

Enquanto esse império - tão acabrunhadoramente ·, asto que, cm face dele, os de César e de Napoleão parecem pequenos - !e ia constituindo, a União Soviética conseguiu, com os recursos polimórlicot e subtis da guerra psicológica revoluCÕbnãria, um resultado quiçá ainda mais e:,pantoso. Ou seja, o de ir persuadindo sempre mais os povos do Ocidente. de que se passava na men• te dos chefes e dos pensadores dela um aliás bastante enigmático processo de dulcificação menial e moral. Assim con• seguiu incutir Moscou, cm numerosas correntes da opinião da América e da Europa, a convicção de que, se tratada a União Soviética com desprevcnção, e fa. vorccida pelo suprimento de recursos financeiros, econômicos e técnicos de múltiplas ordens, o imperialismo comunista se transformaria cm líricos propó· sitos de paz. A História jamais compreenderá como tal ilusão pôde ganhar pé no momento mesmo em que a Rússia comunis• ta ia estendendo suas garras em todos os continentes. Mais ainda, no próprio moM mento em que, no interior das nações sobre as quais soprava essa tépida e fa. tal ilusão, o proselitismo' ideológico, a agitação e, por vezes, até a subversão, iam fazendo progressos sem conta. Essa ilusão teve seu peso para levar o povo norte-americano a aceitar a pre• sença insolente e agressiva da garra soviética a d ois passos de nossas costas, na desditosa Cuba. Ela concorreu sensivelmente para que o Presidente Nixon, visitando a China vermelha cm 1972, abrisse a era fatal da détente com o mundo comunista. A "polltica da mão estendida", de hã muito lançada por Moscou, triunfava assim. A coexistência pacllica se apresentava como a única via razoável. A OSlpolitik de Bonn, como a do Vaticano. se desenvolviam em toda a sua envergadura. O esquerdismo começou a infiltrar..se celeremente cm todas as reli• giões. O que posteriormente veio a ser dclinido como a "queda das barreiras ideológicas" - mas que data de muitos anos antes dessa definição - não se operou apenas nas relações internacionais, mas abriu as portas das mais respeitáveis instituições do Ocidente, das mais ilustres ou influentes, aos comu· nistas. Mediante autorização, dada por Moscou, para que uma delegação de eclesiásticos da igreja grcgo-<:ismãtica, de obe· diência soviética, estivesse presente ao Concilio Vaticano li, com funções de observação, a ilustre Assembléia se absteve de condenar o comunismo. E sob a influência do Sr. Henry Kissingcr, durante as presidências dos Srs. Richard Nixon e Gcrald Ford, e, posteriormente, no período presidencial do Sr. Jimmy Carter, tudo isto produziu no âmbito de ação de nosso Pais, os frutos trágicos bem conhecidos, entre os quais são sobretudo memoráveis as q uedas do Vietnã e do Cambodgc, e a perda, para nós, do Canal do Panamá. A miragem da "dulcilicação" da psicologia soviética não apenas esteve presente cm tudo isso, mas ela tem considerável parte de responsabilidade pelo rato de que os países do Ocidente - e o nosso mais do que todos os o utros -

se puseram a fornecer, cm profusão cresctnte, à União Soviltica, às suas ..colônias", e a seus "'protetorados", bem como aos países da "zona de penumbra", recursos de toda ordem. De sone que o Ocidente passou a ser, em boa medida, o linanciador do inimigo que dia a dia ia tomando, face a ele, as proporções de um Lcviatã. Com o que se vem prolongando o cativeiro das nações cuja libenação tanto desejamos. ·

Nada disto, porém, abriu os olhos dos obstinados. E mais recentemente, nem sequer a agressão ao valente e já glorioso Afeganistão serviu para mostrar a inconsistência da apregoada "dulcilicação" mental e moral dos déspotas do Cremlin. Há pouco, os setores previdentes da opinião pública se sobressaltaram com o ato do Presidente Reagan conliando a direção de uma alta comissão cncarretada de estudar a nossa polftica para a América Central ao homem sobre quem pesa a responsabilidade da queda do Vietnã. Entrcta1)tO, em nenhum campo o mito da "dulcificação" do espírito soviético produziu efeito mais aberrante do que no tocante- ao desarmamento nuclear unilateral dos Estados Unidos. O mais elementar patriotismo leva o homem a preferir sua morte à destruição de seu pais. Com que adjetivos os grandes patriotas de nosso passado qualilicariam o emprego da fórmula "melhor vermelhos do que mortos", que enuncia. no fundo, o propósito de muitos americanos de entregarem a nação ao imperialismo sovi~tico, contanto que salvem a própria pele? Mais. E pior. Com que qualificativo os grandes gigantes da Fé, dos quais nos falam o Antigo e o Novo Testamento, ou cujos fei tos nos narra a História eclesiástica, haveriam de classificar os norteamericanos que, alegando princípios cris• tãos, ainda hã pouco pleiteavam o desarmamento nuclear unilateral da América do None, para salvar - como se fossem valores supremos - as vidas de homens mortais, e sem embargo de en .. tregarcm assim à fera do ateísmo comu-

nista os poucos restos preciosos que ainda existem da civilização cristã? O que diriam eles ao saberem que entre os lideres de tais none-amcricanos figuram não poucos Bispos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana quando nada cm sua doutrina e em sua tradição histórica dã fundamento a tal atitude? Sem embargo de já ter alcançado alguns expressivos resultados, a atuação desses norle-amcricanos dcdinou de momento, mas está pronta a erguer a cabeça na primeira ocasião. E teria todo propósito que, se tal se der, se lhes erguesse no caminho Mala tias exclamando: "Eis que tudo quanto nós tlnhomos de somo, de ilustre e de glorioso, estd devastado e/oi pro/a11ado pelos povos. De que 110s adianta pois. viver ainda?'' (t<>. livro dos Macabeus, cap. li, vcrs!culos 12 e 13). Ou, então, Judas Macabeus bradando: "É melhor poro nós morrer na guerra, do que ver os males de nosso povo e de 11ossos lugares santos" (1°. livro dos M,acabeus, cap. III, versículo 59).

O crime contra o Jumbo da Korean Air Lines, como um raio mortífero mas esclarecedor, nos faz ver o que hã de falacioso no mito da "psicodulcilicação" dos soviéticos. Ficou claro que os homens que tenham preferido liear vermelhos a morrer, cairão nas mãos dos verdugos opressores do Vietnã, dos artífices, no Cambodge, de uma das mais espantosas tragédias de todos os tempos. dos promotores da construção na Sibé· ria de um gasoduto foito por trabalho escravo. Esses mesmos homens, entre~ tanto, pregam por vezes, no Ocidente, a derrubada dos regimes vigentes, sob pretexto de que estes não são suficientemente liberais! A esses norte-americanos sirva de lição a tragédia do jumbo sul-<:oreano! Tanto mais quanto negamos que o mundo esteja reduzido à opção entre a capitulação ante o comunismo e a tragédia atômica. Esta tragédia, pode-se espe,rar que Deus omnipotente a poupe aos povos que saibam amá-10 mais do que à vida. Como pode ser que não a poupe aos que amam a vida mais do que a Ele.


cito. Contudo, o combate somente se generalizou às duas horas da tarde, pois o centro das forças católicas avançava muito lentamente. Tendo a cavalaria polonesa se adiantado muito, quase foi ela envolvida pelas tropas do Grão-Vizir. O exército imperial veio em seu socorro, libertando-a do cerco dos infiéis. Às seis horas da tarde, os alemães penetraram no campo do adversário pelo lado esquerdo. Uma hora depois, os poloncscs atacaram os turcos · pelo lado direito, destroçando assim seu exército, que contava na ocasião com cento e setenta mil dos duzentos mil combatentes do início do cerco de Viena.

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;; - --"'· • ---"-'" 'Ç Antes do esplêndida, vitória elcanç.ada pelos exércitos católicos em 1683.-os turcos empreenderam o cerco do Viena. bov,bar· doando ininterruptamente a cidade durante sois semanas.

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No 3. centenário da Batalha de Viena

SANTÍSSIMO NOME DE MARIA, SALVAGUARDA DA CRISTANDADE OMA, 12 de setembro. Corria o ano de 1683. Em sua capela particular, no palácio do Quirina l - residência pontifícia antes da unificaç.'io italiana de 1870 - encontrava-se cm oração o Bem-aventurado Inocêncio XI, Papa e santo. Segundo um de seus contemporâneos, o Pontífice "era de aspec/o venerável e majestoso, de estatura alia ,un pouco acima da co11111m dos homens; sua natureza era robus1ecida por uma séria e vivaz gravidade: a compleição rob11s10 e e temperamento jleugmático, inclinado um tanto à ,nelancolia, convinha bastante à dignidade de 11111 Vigário de Cristo. tornando-o prudente, pldcido e apto aos grandes empreendime111os. Tinha os braços bem feitos e compostos, se be,n que o esquerdo era u,n pouco lento e,n rnover·se~· a fronte era a111pla, a face alongada com olhos brilhantes, o nariz longo e aquilino. e seu queixo avançava um pouco para a frente. Se bem que seu semblante espelhasse algun1 tanto de austeridade, ele era todo benigno e venerando. e à prin1eira vista o Pont iflce aliava o amor e a reverência dos homens a seu respeito". Rezava o Santo Padre pela vitória dos exércitos católicos sobre os maometanos. que haviam cercado Viena com a intenção de invadirem a Europa e destruírem a Cristandade. Sua oração, dirigida a Nossa Senhora, foi decisiva para o triunfo esplendoroso dos exércitos católicos. Em comemoração dessa memorável batalha travada naquele dia 12 de setemt..·o, o Bem-aventurado Inocêncio XI instituiu para a Igreja Universal a festa do Santíssimo Nome de Maria. Comemoramos, portanto, no presente mês, o terceiro centenário de tão bela festa litúrgica, instaurada por um Papa santo, e que teve como causa um dos acontecimentos mais épicos e impressionantes da Históna da Igreja: a batalha de Viena. Tal evento tem analogias com outro, ocorrido durante o pontificado de São Pio V, no século XVI: a batalha naval de Lepanto.

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ti·t É oportuno lembrar q ue, em

1682, o Sacro Império Romano Alemão cncontl'1'v•~•e dividido. Naquela ocasião, ele quase foí dominado pelos turcos, por causa da revolta dos protestantes da Hungria e sua aliança com os infiéis. O chefe dos revoltosos era o Conde protestante Tekeli, que mandava degolar, à sua passagem, todos aqueles que permaneciam fiéis ao Imperador alemão e à Religião católica, sem fazer distinção de idade e sexo. O Imperador Leopoldo I tentou apaziguá-lo, fazendo concessões. Acreditava assim, 2

ingenuamente, ser possível estabelecer a paz com o inimigo. Mas Tekeli ratificou uma aliança com os muçulmanos, tendo sido reconhecido por estes como rei tributário. Em fins de 1682, o sultão Maomé IV partiu de Constantinopla para Belgrado, de onde seu genro, o Grão-Vizir Cara Mustaphá, guiado pelo protestante Tekeli, invadiu a Hungria com numerosas tropas constituídas por turcos e tártaros. Tencionava Cara Mustaphá conquistar Vitna e tr:insformar o Sacro Império num segundo império muçulmano, do qual tornar-se-ili o sultão. ü Rei da França, Luís XIV, esperava que Viena caísse sob a dominação maometana e se dispunha a apresentar-se como salvador, caso o elegessem Imperador. Não se atrevia a apoiar abertamente os turcos, levando cm conta a reação da opinião pública européia, a de seu próprio povo e a de lno<:êncio XI. O Papa percebeu a transcendência do perigo otomano e fez todo o possível para auxiliar a Casa d' Áustria ameaçada. Escreveu a Luis XIV nos seguintes termos: "Conjuro-Vos pela 1nisericórdia de Deus, que venhais em auxílio da opri111ida Cris· tandade, para que esta não caia sob o jugo do horrível tirano. Deus assinalou-Vos com tantas qualidades e a Vosso reino co111 tantas forças e recursos, que estais chamado pela Providência para rece9er a 111ais for1nosa glória. Eia, pois! Conquistai a /áurea que Vos outorl(a a expectativa dos povos, e sede digno da grandeza de Vossa vocação!" Luís XIV respondeu friamente, com vãs escusas, lançando acusações contra a Corte de Viena e a Dieta imperial por seus sentimentos antifranceses. Ameaçado pela França e pela Turq uia, Leopoldo I pediu auxílio ao Rei da Polônia, João Sobiesk.i. O ~mbaixador de Luís XIV e o partido francês neste país dissuadiram a nação polonesa de socorrer o Sacro Império, e projetaram até destronar Sobieski. Mas o santo Pontífice, por intermédio do Núncio Apostólico em Varsóvia, Pallavicini, ofereceuse como garantia às negociações entabuladas entre o Imperador Leopoldo I e o Rei polonês, prometendo ajuda cm dinheiro e ad iantando quantias consideráveis para que se providenciassem os primeiros preparativos bélicos. Os poloneses, por fim, atenderam ao insistente apelo de Inocêncio XI.

ttt No dia 1.0 de maio de. 1683, Leopoldo l passou em revista o exército imperial, que se compunha de trinta e três mil homens. " entregnu o comando a seu cunhado, o

Duq ue Carlos de Lorena, que havia sido despojado de suas terras por Luis XIV. Em julho, o Grão-Vízir Cara Mustaphá marchou sobre Viena, onde o Duq ue de Lorena deixara uma guarnição de dez mil soldados. Leopoldo I abandonou a capital, depois de ter nomeado seu governador o Conde de Stahrenberg, que por sua experiência na guerra, resolução e habilidade, era a pessoa mais indicada para despertar a confiança da gu~rnição in,,i·~rial. No dia 14, o exército turco iniciou o cerco da cidade. com duzentos mil homens. Durante seis semanas os infiéis bombardearam ininterruptamente Viena, tentando tomá-la de assalto, enquanto a fome e a doença devastavam interiormente a capital do Império. Os habitantes preferiam, no entanto, ser sepultados nas ruínas da cidade e verem correr seu sangue cm defesa da Cristandade, a se renderem ao terrível inimigo. O Duque ae Lorena, não dispondo de tropas suficientes, viu-se impossibilitado de combater os maometanos. Entretanto, aproveitou-se de todas as ocasiões para atacar o protestante Tekcli, enquanto aguardava o socorro dos Príncipes alemães e do Rei da Polônia a fim de livrar Viena do cerco inimigo. No dia 12 de setembro de 1683, Sobieski com seu exército postou-se diante da capital austríaca. As forças imperiais eram comandadas pelo Duque Carlos de Lorena, e as tropas auxiliares dos Príncipes alemães tinham como chefe o Príncipe de Waldeck. Todos esses contingentes católicos perfaziam 84 mil homens, enquanto o exército maometano compunha-se de 170 mil soldados, portanto praticamente o dobro do número de combatentes da Cristandade. O Rei polonês Sobiesk.i, comandante-chefe das forças que defendiam a civilização cristã, ajudou a Missa do Padre capuchinho Marco d'Aviano - q ue gozava de fama de santidade - . enviado pelo Papa Inocêncio XI para inflamar os ânimos dos cristãos e levar aos soldados sua bênção e felicitações. O soberano polonês, após armar cavaleiro seu filho e incitar os exércitos ao combate, afirmou: "A batalha de hoje vai decidir não apenas a libertação de Viena. mas a conservação da Polónia e a salvação da Cristandade inteira". A atenção dos povos da Europa vnltava-se para Viena, e em todas as igrejas do Continente havia sido exposto o Santíssimo Sacramento por ordem do Papa. Coube ao Duque de Lorena dar início à batalha às nove horas da manhã. com a ala esquerda do exér-

A derrota das hostes do Crescente foi esmagadora: mais de dez mil muçulmanos mortos cobriam o campo de batalha, bem como trezentas peças de canhão. Tendo sido o primeiro a penetrar na tenda do Grão-Vizir, o Rei polonês deparou incalculáveis riquc1.as. No dia 13 de setembro, o monarca vitorioso entrou na cidade. O governador Stahrcnberg, à frente de uma multidão, foi a seu encontro. Todos queriam abraçá-lo, e festejaram-no aclamando-o como salvador. Ele visitou duas igrejas, onde o povo também o aplaudiu, procurando beijar-lhe os pés e as mãos, ou mesmo as roupas; a maior parte da população teve que se contentar cm tocar-lhe a capa. Por toda parte ouvia-se a exclamação: "Deixai-nos beijar essa intrépida mão!". Muitos proclamavam o versículo do Evangelho de São Joã9: "Fuil homo ,nissus a Deo, cui nomen era Joan· nes'' (Jo. 1, 6). Tendo o monarca chegado à capela de Nossa Senhora de Loreto, prosternou-se com o rosto em terra e entoou o "Te Deu111". O Imperador Leopoldo l. à frente de suas tropas. foi-lhe ao

encontro, tendo os dois soberanos se cumprimentado cordialmente. Em Belgrado, no dia 25 de dezembro daquele ano, depois de sofrer novas derrotas, o Grão-Vizir Cara Mustaphá teve sua cabeça decepada por ordens do sultão Maomé IV de Constantinopla, pondo fim ao malogrado plano daq uele de tornar-se sultão do Ocidente. À medida que a vitória do Rei da Polônia e do Duque de Lorena e a libertação de Viena tornavam-se públicas, um clamor de júbilo ergueuse em toda a Europa. com exceção da França. Com a magnífica vitória de João Sobieski, o plano de Luís XIV de conquistar a coroa imperial fracassara ... Inocêncio XI, sem cujos subsídios pecuniários o soberano polonês não teria podido deslocar seu exército de Cracóvia, derramou lágrimas de alegria. Mandou iluminar a Cidade Eterna e fez percorrer pelas cidades italianas a bandeira conquistada aos turcos. O Bem-aventurado Sumo Pontífice havia sido, na realidade, a alma da liga católica contra os turcos. Do Imperador do Sacro Império, recebeu Inocêncio XI o seguinte elogio: "Felicitamos Vossa Santidade. pois por Vossa solicitude e cuidado pastoral p11de111os armar-nos e levantar-nos contra este bárbaro e poderoso inimigo, e iodo o proveito e glória desta vitória recai eternamente sobre Vosso no111e".

Em Roma, Inocêncio XI, para recordar a libertação da Europa do iminente perigo de dominação maometana, mandou construir uma igreja cm honra do Sar1tíssimo Nome de Maria. Pois foi por meio dEla, Medianeira Universal de todas as graças, que se alcançou o memorável triunfo contra os ini migos da Fé e da civilização cristã.

A PROP ÓSITO da emissão de um selo comemorativo do

s.º cen-

tenário do falecimento de Martinho Lutero, o P rof. Plínio Corr~a ile Oliveira envi.o u a seguinte carta ao Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos: _ São Paulo, 25 de agosto de 1983 limo. S.r. Coronel Adwaldo Cardoso Botto de Barros DO. Preside.11te da Empresa de Correios e Telégrafos SBN - Brasília 70040 - DF Senhor €:oroncl Com meus cumprimentos atenciosos e cordiais, sinto-me no dever de manifestar a V. Sa. o inteiro desacordo da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradi~o. Família e Pro1>riedade - TFP - quanto à emissão ele um selo comemorativo do 5.° Centenário do falecimehto de Martinho Lutero. Com efeito, a grande maioría dos brasileiros esrá pe~sua<lida, a justo título. de que a ação histórica do frade apóstata cindiu o Ocidente no terreno religioso, abrindo caminho para toda uma seqUeJa de acontecimentos catastróficos, quer na ordem espiritual, quer na ordem temporal. Entre c.stes últimos devem ser mencionadas as duras investidas protestantes contra o Brasil coJo.nial, durante ílS quais, com notáveis mostras de herojsmo, ao longo de lances trágicos e com lar,ga efusão de sangue, os luso-brasileiros tiveram de defender, à mão armada, a unidade espiritual e polít ica do grande e querido país que vinha nascendo. Assim sendo, a emissão de um selo comemorativo - com iniludível caráter de homenagem - não pode deixar de suscitar a discrepância de todo católico coerente. b bem de ver que essa emissão não teve o caráter de soltdariedadé com o conteúdo da pregação religiosa luterana. E tã'o-só de homen~gem à saliênda da ação histórica,de Lutero. Ela importa, pois, em uma posição de neutralidade. É precisainente essa holl)enagem dentro da neutralidade, que nos parece mais incomp.reensível. Assim como incomp;eensível nos paçeceria que, diante de algum inimigo capital de nossa pátria ou de nossa famUia1 tomássemos uma atitude de reverente reconhecimento de seus eventuais predicados, sem acrescentarmos, no mesmo ato, a renovada afirmação de toda a nossa discrepância em relação ao mal por ele feito aos que queremos. Receba V. Sa. essa apreciação, formulada co.m todo o respeito e cordialidade que a sucinta exposição da matéria comporta, como contribuição positiva, e como expressão leal do pensamento uuâoime dos sócios e cooperadores, da TFP esparsos pelas vastidões de nosso território. Reiterando meus cumprimentos, subscrevo-me cordial e atenciosame.nte Plini·o Co.rrêa de Oliveira Presidente do Conselho Nacional ENCONTRA-SE à disposição de nossos leitores a coleção encadernada da secção "Ambientes, eostumes, Civilizações'' de autoria do Prof Plínio Corrêa de O}iveíra. "Catolicis,no" estampou essa admirável ,natéria entre os anos de /95/ a /969, perfazendo ela um total de 217 números. Impressa em papel couché, o preço da coletlinea encadernada e que contém um índice, é de trinta·e cinao mil cruzeiros. O cheque - se,npre em nome da Editora Pe. Belchior de Pontes - poderá ser. encaminhado à Adn1inistração do j.ornal. Endereço: Rua Dr.. Martinica Prado, 2-71 - 01224 - São Paulo · SP. CATOLICISMO -

Setembro de 198 3


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Manifestações estudantis antí•socialistas em maio deste ano: 0 Em Lion. estudantes de Direito queimam um boneco representando o ministro Alain Savary; • Em Paris. manifestantes enfrentam a polfcia na Praça dos lnvslidt1s; 0 Seis policiais parisienses, após golpearem um manifestante e o envolverem num saco. transportam no pela rua. 4

Frutos amargos do socialismo autogestionãrio na educação RÓDIGO EM SUSCITAR desilusões, o governo socialista atualmente estabelecido no poder na França, em apenas dois anos de gestão defronta-se, no país inteiro, com toda sorte de graves e vultosas manifestações de rua, expressivas dos descontentamentos e inconformidades da opinião pública. Agricultores, médicos, motoristas de táxis, agentes de viagens, sindicatos da peq uena e média indústria. comerciantes, sindicatos de policiais, estudantes. professores e sindicatos do ensino livre, os mais variados setores da nação, enfim. protestam em concentrações exemplarmente cívicas, cheias de vivacidade ... e por vezes de cólera. O leitor certamente conserva ainda na memória as aparatosas manifestações de rua de maio último, em que professores e alunos do ciclo universitário externavam sua repulsa ao projeto de lei de reforma do ensino superior. apresentado pelo Ministro da Educação, Alain Savary, à apreciação da Assembléia Nacional O projeto marcou época nos anais da Câmara. As sessões intérminas, as discussões tumultuadas que se estenderam de forma insólita ao longo dos dias, constituíram o clima carregado no qua l os deputados crivaram os 65 artigos do projeto com {pasme o leitor!) mais de 2.00-0 propostas de emendas ... Esse projeto, que contraria a fundo as aspirações da maioria dos interessados, acabou sendo aprovado pela Assembléia, e deverá entra r em discussão no Senado dentro de algumas semanas. Além do projeto de reforma dos cursos de nível universitário, o ensino primário e o secundário também se encontram seriamente ameaçados. O Ministro da Educação francês já apresentara cm dezembro último propostas part, abertura das negociações, que examinaremos a seguir. Se forem concretizadas tais propostas, o monopólio estatal terá sufocad o a instrução de primeiro e segundo graus, na França sob o regime socia lista de Mitterrand.

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Financiamento e direção efetiva do Estado Talvez nenhuma outra nação tenha tido sua história tão profundamente marcada pelas lutas cm prol da liberdade de ensino como a França. E o governo socialista conseguiu reacender uma verdadeira guerra escolar na pátria de Santa Joana D'A rc. Já a partir de maio de 1981, com a vitória eleitoral do PS e a conseqüente ascensão de Mitterrand à Presidência da Rep ública, pendia sobre as escolas católicas a ameaça de um grande serviço público unificado e laico de educação nacional (Projeto Socialista para a França dos anos 80. Clube Socialista do Livro, Paris, maio de 1981, p. 284). Se concreti1.ada, essa meta socialista representaria, a prazo não muito longo, a agonia e a morte do ensino privado. No dia 20 de dezembro último o Ministro Alain Savary, com vistas à consecução daquela meta, apresentou as suas propostas paro o abertura das negociações, que atentam contra a liberdade dos pais na escolha das escolas para seus filhos, mediante a criação de um sistema de mapeamento escolar por onde eles ficam obrigados a matriculá-los no estabelecimento mais próximo de sua residência principal. Elas representam. in CATOLICISMO -

Setembro de 1983

concreto, a abrogação inconstitucional das leis Debré (1959) e Guermeur (1977), que dispõem distintas moda lidades de subvenções dos poderes públicos ao ensino privado (importa notar que, na França, 93% dó ensino privado é confessional católico, e 98% dele depende destas subvenções). As propostas prevêem ainda a representação majoritária do poder público nos conselhos de admin;stração dos estabelecimentos privados de ensino, o que redunda em um atentado contra as condições de autêntica liberdade para a gestão~ e a escolha da orientação pedagógica dos mesmos. Desta forma, o Estado ficaria com a faca (o financiamento) e o queijo (a direção efetiva) na mão; ou seja, é a implantação do monopólio estatal do ensino, por mais Gue os socialistas digam o contrário.

Manifesto das TfPs já denunciava sistema de ensino do PS Desde a apresentação das propostas, numerosos setores do ensino privado católicos e leigos - têm oferecid o abundante e vigorosa refutação. À vista dessas oposições, o Ministro da Educação conseguiu adiar a abertura de uma nova fase de discussões sobre as relações entre o ensino público e o ensino privado. Nesse grande debate, é forçoso notar que a insistência sobre os aspectos práticos aliás importantes - tem sid o maior do que sobre os aspectos teóricos. E no caso destes, poucos são os que consideram a própria fonte dos erros de visualização e de metas qlle conduziram à elaboração das assim chamadas Propositions Savary , isto é, a doutrina socia lista da qual elas dimanam. O plano socialista para a educação se insere, na coerência da doutrina socialista, dentro do sistema autogestionário propugnado pelo PS francês. Esse sistema foi objeto de um estudo aprofundado na luminosa Mensagem de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - O socialismo a,uogestiontírio: e,n vista do co111u11isrno, barreirt1 ou cabe,·a· de-ponte? - c ujo tex10 integral foi publicado pelas 13 TFPs, a partir de dezembro de 1981, e m 50 grandes jornais de 19 pa íses na Europa, Américas e Austrália, e em Catolicismo n.• 373/ 74, de Jan / Fev de 1982. Nela o leitor interessado poderá encontrar elementos preciosos para acompanhar os passos do governo socialo-comunista francês nesta matéria. Que interesse apresentam para os brasileiros questões internas de um país tão distante do nosso? A própria Mensagem das TFPs o esclarece: "A Providência deu à França 111110 situação tal no conjunlo das nações do Ocidente que os probletJws nela surgidos. be111 como os deba1es que a propósito destes nela se trava111, correspondem. co111 habitual freqüência, a proble111os universt1is. O gênio francês, ágil em conscientizar. lúcido no pensar. brilhante no expri111ir, sabe debater esses proble111as nu111a clave que os relaciona, em numerosas conjunturas histórict1s. com as cogitações universais da 111ente humana. Assim. tratm1do da atual situação na França, as sociedades que subscrevem esta Mensagem se dão c/ara1nente conta de que ,nuitas questões atual111ente em fermentação mais ou menos latente em seus respectivos países poderão ter seu curso apressado e quiçá arrastado ao ponto crítico, en, função da repercussão ,nundinl

do que na França destes próximos meses venha ti se passar".

Autogestão não só no plano polltíco, mas também na empresa e na escola O sistema autogestionário constitui a implantação dos princípios e da forma de governo da Revolução Francesa ê m cada um dos setores da sociedade, na empresa como na escola. De acordo com declarações do Primeiro Ministro Pierre Mau roy, "t, escola da República será amanhã aquela da liberdade com sua exigência de responsabilidade; aquela da igualdade verdadeiramente aceita com o seu respeito do direito à diferença; aquela da mais alta idéia da fraternidade. isto é. o solidariedade ativa" ("Le Matin", órg~o do PS francês, 10-5-82). A maneira de uma república democrática, cada empresa ou cada escola, regida em suprema instância pelo sufrágio universal dos trabalhadores ou dos alunos, terá suas assembléias laborais ou estudantis para recc-

uma das primeiras condições para que a mudança de mentalidades possa produzir-se. [A autogcstão] provocará uma ,nodiflcação das concepções atuais sobre a família e o papel das mulheres" (Quinze teses sobre a autogestão, adotadas pela Convenção nacional do Partido Socialista em 21 e 22 de junho de 1975). Ê precisamente com vistas à efetivação de tão profunda e radical transformação de mentalidades que os socialistas franceses intentam, gradualmente,jugular por completo o sistema de ensino na França. O quanto esse te,uamen colide com a doutrina tradicional da Igreja, salta aos olhos. Contudo, não será supéríluo registrar aqui o confronto entre mais alguns aspectos do plano socialista para a Educação e a Doutrina Católica (•). 1 - Para atingir seus objetivos, os socia listas querem apoderar-se das crianças desde a mais tenra idade. Eles assim disputam o terreno à Igreja, a qual ensina que a formação religiosa e humana deve ser iniciada pela família, por assim dizer desde o berço. 2 - A educação católica procura desenvolver nos jovens o espírito hierárquico, formando-os no senso de responsabilidade e de uma a utêntica liberdade; a "ed ucação" socialista quer formar o homem igua litário, cm revolta contra toda lei e autoridade. 3 - A escola é o terreno próprio para iniciar a criança no espírito da luta de classes, segundo os socialistas; a Igreja rejeita a luta de classes como abertamente oposta à sua ética social. 4 - Enquanto a Doutrina Católica exorta os filhos a respeitarem com veneração e amor a autoridade paterna, os socialistas preconi1.am toda espécie de medidas com o fim de despertar, enrijecer e perpetuar o conílito dos jovens com a familia. 5 - Preconizando uma falsa e ilimitada liberdade, os socialistas pretendem soltar todos os freios à sexualidade dos jovens pelo desenvolvimento considerável da educação sexual , livre acesso aos contraceptivos, be m como sua gratuidade, e o livre direito à supressão da autorização paterna para a interrupção voluntária da gravidez pelas menores. 6 - Radicalmente igualitário, o socialismo quer apagar, em toda a medida do possível. até a diferença entre os sexos; por isso deseja que, na escola, a formação em todos os níveis e campos de atividade seja mista. A Igreja . pelo contrário, condena a coeducação. 7 - Negando o dogma do pecado original - ensinado pela Igreja - os socialistas supõem os jovens capazes de se autodirigirem nos estudos; por isso preconizam a gestão tripartite das escolas, juntamente com os pais, professores ... e até os funcionários subalternos do estabelecimento escolar. 8 - Por trás e por cima dessa liberdade "paradisíaca", estará entretanto o Estado, que reunirá todas as escolas num sistema unificado e laico de ed ucação nacional. 9 - Aberrando inteiramente da Doutrina Católica. o grande serviço unificado de ensino significa na prática a imposição do ensino laico às familias católicas. Os socialistas vêem na laicidade do Estado o fundamento da imposição do ensino laico; a doutrina tradicional da Igreja rejeita a tese de que a sociedade humana possa ser constituída e governada sem levar em conta alguma a Religião. 10 - Essa tentativa de imposição da escola neutra e laica nada mais é, portanto, do que o estabelecimento da tirania da seita socialista sobre o conjunto da populaç,io católica. 11 - Mas os que quiserem se subtrair a essa coerção totalitária poderão fazê-lo ... às próprias expensas, sem nenhum subsídio d o Estado.

• Uma cenuma de professores universitários. trajan· do beca. participam da manifestação promovido por dez mil estudantes na capital francesa

ber informações sobre o curso de todas as coisas a ela a ti nentes, terá suas eleições de representantes. ou seja deputados, os quais constituirão um comitê diretivo (mais ou menos um sovie1). O PS parece ver nas relações patrãoassa lariado, professor-a luno, uma imagem residual das relações rei-povo. Ele quer "destrona r" o "rei", extinguir-lhe a "soberania" na empresa ou na escola, transferir todo mando ao nivel da "plebe" empresarial ou estudantil, isto é, o tra balhador manual ou o aluno. A Revolução de 1789 empregou diversas med idas para evitar que se reconstituíssem, no plano político e social, aristocracias de diversas índo les. Analogamente, o PS se empenha cm evitar que os diretores e os técnicos. como o corpo docente, sobrevivam como aristocracias na empresa ou na escola "republicanizadas". "Nós contamos co,11 duas coisas, ligadas aliás entre si: a descentralização e a mudança das mentalidades" (Declaração do Primeiro Ministro Pierre Mauroy, " Le Nouvcl Observateur", 15 a 21 de ju nho de 1981). " U111a estratégia global e descentralizada da ação educativa e cultural .... é ,1111a dimensão decisiva de nossa luta pela a11togestão. É essa

Concluindo, julgamos oportuno lembrar a metáfora do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no seu mcmora\vcl comunicado Na França: o punho estrangulando a rosa, publicado em 24 importantes quotidianos de onze países. a partir de fevereiro de 1982: o punho de ferro socialista vem estrangulando a rosa - símbolo das esperanças de quiméricas liberdades socialistas. E o estrangulamento não se efetua apenas nos planos político, social e econômico. Ele se estende a todos os campos da atividade humana , en tre os quais OC\lpa papel saliente a educação.

Luís Carlos Azevedo NOTA ( • ) A fim de poupar ao leito!' o ter que a todo momento remeter-se ::\s Noras, enumeramos aqui os

documentos cm que nos baSC".amos par-a impu1ar aos socialisrn.s: franceses as afirm3çÕC$ contidas no lcxrn deste 3rligo, indicando as respectivas pági,~as:

a- O l'rogromt1 Comum do gO\'t'lllO ,lo esquerdtJ lo/oposições sodolis ras para II otuaUzn(ão. Flamarion, Paris, 1978, prcfociado por François Mittcrrand, pp. 30, 31. 32. b - Proje10 Socinlisto para o Hort(O dos dnQ.t 8(). Clube Socialisw do Livro, P:il'is. 111:.io de 1981 , pp. 123 a 125. 11 3-1 14, 127.311-3 12. 313-3 14, 247,249,132,286, 284. e - Quinze tl!s,•s sobre o outol(estão. in "O Punho e a Ros~t'', suplemento do n.0 4S. 15 de novembro de 1975, pp. 10 e 11. d - !'/ano Soâafisro poro ,; F.dut:t1r1iQ Nocional, Louis Mcx:rndt:\u, pp. 178, 23·24, 71•72,

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Traduzido em oito linguas (alemão , espanhol, francês, húngaro, inglês, italiano, polonês e ucraniano), "Acordo con1 o regiJne comunista: para a Igreja, esperança ou a11rode111olição?" teve 33 edições num total de 160 mil exemplares. O estudo foi também reproduzido na íntegra em mais de trinta jornais e revistas de onze países diferentes, entre os quais cumpre destacar "li Tempo", o maior diário de Roma. Resenhas e comentários foram reproduzidos em um número incontável de publicações. A prestigiosa revista de filosofia e teologia "Divus 111on10s", de Piacenza (Itália), ded icou-lhe um comentário de três páginas, assinado pelo diretor, Revmo. Pe. Giuseppe Periní , C. M. (n. 0 de abril-setembro de 1964). É bastante significativo que até a revista "lnfornwrions Carholiques l11rer11ario11ales" cuja orientação extremadamente "progressista" é bem conhecida, tenha julgado dever publicar uma resenha do traba lho do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Reação característica - e que por isso merece um registro especial - foi a do Sr. Jea,1-Marie Domenach, diretor da conhecida revista progressista "Esprit", o qual chegou a afirmar, a propósito do estudo, que "a defesa da propriedade não pertence ao ensinamento de Cristo".

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O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira fotografado com um exemplar do "Kierunki''. por ocasião da polêmica com este órgão. "progressista" da imprensa polonesa.

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• Histórico de um ensaio

COROO co,n o regime co1nunis1a: para a Igreja, esperança ou aurodemolição?" foi publicado pela primeira vez no n. 0 152, de agosto de 1963, de "Catolicismo", sob o título "A liberdade da Igreja no Estado comunista". Por sugestão de diversas personalidades que leram o ensaio, e se interessaram vivamente por ele, o autor desenvolveu mais amplamente alguns argumentos que figuravam nessa primeira versão. O estudo assim ampliado foi publicado no n. 0 161 de "Catolicismo". de maio de 1964, sob o mesmo título. A enorme difusão que o trabalho teve e a repercussão que alcançou nos mais altos círculos eclesíásticos e na intelectualidade católica bem provam a transcendência do tema nele versado.

"A liberdade da Igreja 110 'Estado comunista" foi distribuído a todos os Padres conciliares presentes à 2.• sessão do Concilio Ecumênico, bem como, na versão ampliada, a todos os que participaram da terceira sessão. A propósito deste seu trabalho, o autor recebeu cartas alentadoras dos Eminent is-

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OMEMORANDO o vigésimo aniversário do lançamento de "A liberdade da Igreja no Estado comunista" (setembro de 1963), de autoria do Prof, Plínio Corrêa de Oliveira, "Catolicismo" apresenta a seus leitores o presente artigo, tendo em vista tr~ objetivos. Em primeiro lugar, prestar uma homenagem ao insigne pensador católico, que já naquela época teve o mérito único de expor um problema de importância vital para nossos dias e enunciar a verdadeira solução para ele, segundo os princípios perenes da doutrina católica. O ensaio do Presidente do Conselho Nacional da TFP, além de abordar com grande penetração e coragem um tema já candente naquela ocasião, no decorrer destes vinte a.n os tornou-se gradativamente mais atual. Pode-se mesmo afirmar que o autor, embora tenha escrito primordialmente para os leitores de 1963, previa o agravamento dos males exis-

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simos Cardeais Eugenío Tisserant, já falecido, Alfredo Ottaviani, então secretário da Suprema Congregação do Santo Ofício, Normian Thomas Gilroy, Arcebispo resignatário de Sidney (Austrália), de Sua Beatitude Paul II Cheicko, Patriarca de Babilônia dos Caldeus, e de numerosos outros Prelados. Entre todas ocupa um lugar de destaque, entretanto, a carta altamente elogiosa que a respeito deste ensaio foi dirigida ao então Bispo Diocesano de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, pela Sagrada Congregação dos Se,ninários e Universidades (hoje Sagrada Congregação para a Educação Católica). Como se sabe, esse Sagrado Dicastério da Cúria Romana é encarregado de incentivar, orientar e vigiar os estabelecimentos superiores de ensino católico em todo o mundo, e a tal título lhe cabe a supervisão da alta cultura católica. A carta, assinada pelo Cardeal Giuseppe Pi1.zardo e referendada pelo então Monsenhor depois Cardeal Dino Staffa, Arcebispo titular de Cesaréia da Pales tina, respectivamente Prefeito e Secretárío..daq uelc Sagrado Dicastério, afirma a inteira consonância do estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira com a doutrina contida nos documentos pontifícios, e constitui autêntico triunfo para este ensaio.

tentes então, visando assim esclarecer os homens que, de futuro, se defrontariam com uma situação cada vez mais an gustiante. E o previdente líder católico já dava, ademais, uma resposta antecipada aos movimentos pacifistas, cuja atu ação intensificou-se muito nos últimos anos, especialmente na Europa e América do Norte. Movimentos que fazem o j ogo do Cremlin, propugnando um d esarmamento n uclear unilateral e suicida do Mundo Livre em face do crescente poderio bélico comunista. Em s uma, uma onda pseudopacifista - na realidade capitulacionísta - baseada no lema covarde: "Antes ver111elho do que morto". Em segundo lugar, o presente artigo visa rememorar as teses capitais do luminoso trabalho, o que sempre será de utilidade para as pessoas que já o leram, além de - não vacilamos em dizê-lo - constituir leitura indispensável para aqueles q ue ainda desconh ecem o tema.

Porém, nenhuma tQ_mada de posição terá sido, talvez, mais 'ilustrativa da importância e atualidade do estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira do que o indignado protesto que contra ele lançou a Associação "Pax", organização de "católicos" esquerdistas da Polônia, cuja desinibida adesão ao regime comunista provocou censuras do próprio Episcopado polonês. O extenso artigo intitulado "Carta aberra ao Prof Plinio Corrêa de Oliveira", foi publicado na primeira página do semanário "Kierunki" de Varsóvia (n. 0 8 de 1. 0 -3-64) e mensário "Zycie i Mys/" (n.0 1-2 de 1964), da mesma Associação "Pax" pelo Sr. Zbigniew Czajkowskí, membro destacado desse movimento. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira respo ndeu através de "Catolicismo" (n. 0 162 de junho de 1964) e o Sr. Zbigniew Cza. jkowski treplicou por meio de nova carta aberta publicada nos mesmos periódicos ("Kierunki", n. 0 43 de 25-10-64 e "Zycie i Mysl", n. 0 9 de 1964). E ainda acrescer,tou: "Nossa discussão suscitou grande interesse no Polônia, con10 testemunham, entre outras. as noticias e informações publicadas o respeito em outros periódicos poloneses, que aliás ro,nam a mes,na .atitude que eu com referência às suas reses". A segunda resposta do Prof Plínio Corrêa de Oliveira apareceu em "Carolicisn10", n. 0 170, de fevereiro de 1965. O debate entre o Prof. Plínio Corréa de Oliveira e o jornalista polonês repercutiu em Paris, tendo nele intervindo, ao lado do autor deste livro, o Sr. Henri Carton, de "L'Homme Nouveau", e, ão lado do Sr. Z. Czaj kowski·, o Sr. A. V., de "Témoignage Chrérien", outro importante órgão "progressista" (cf. "Carolicis1110", n.0 165 de setem bro de 1964 e n. 0 166 de outubro de 1964). Por sua vez, o Sr. Tadeusz Masowiecki, redator-chefe do mensário "Wiez" e deputado do grupo católico "Znak" à Dieta polonesa, publicou em sua revista (n. 0 1112 de novembro-dezembro de 1963), c m colaboração com o Sr. A. Wíelowieyski, um artigo que procura ser uma réplica ao presente estudo. Essa polêmica deixou patente o quanto a repercussão de "A liberdade da Igreja no Estado con1unista" além da cortina de ferro incomoda às autoridades comunistas e aos católicos colaboracionistas.

Por fim, tivemos em vis ta ressaltar a larga repercussão alcançada por "A liberdade da Igreja no Estado comunista", obra que at ravessou a própria cortina de ferro, dando origem a uma polêmica do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira com uma publicação polonesa "progressistaº. O autor do ensaio recebeu em 1-9-64 sign ificativa carta de louvor da Sagrada Congregação dos Sem inários e Universidades da Santa Sé, o que bem demonstra a transcendência do trabalho. Para que nossos leitores possam formar uma idéia mais completa da obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e sua ampla repercussão, publicamos em quadro à parte o texto intitulado "Histórico de um ensaio". Este foi extraído da 10.ª edição em português, lançada em 1974 sob o título: "Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou auroden10/ição1'.

HÁ 20 ANC PRE DE ARDILO~ EGUNDO A DOUTRINA marxista, toda religião é um mito que importa na "alienação" do homem a um ente superior imaginário, isto é, a Deus. Tal "alienação" é aproveitada pelas classes opressoras para manter seu domínio sobre o proletariado. A esperança de uma vida extraterrena, prometida aos trabalhadores, atua sobre e les à maneria do ópio para que não se revoltem contra as duras condições de existência que lhes são impostas pela sociedade capitalista. Em conseqüência, ao Estado comunista incumbe o dever de exterminar radicalmente toda e qualquer religião. A partir do momento em que a d itadura comunista se instaurou na Rússia, e mais ou menos até o inicio da li Guerra Mundial, a cond uta do governo soviético não só em relação à Igreja católica, como em relação a todas as religiões, foi clara e cruelmente pautada por estes princípios. À vista de tal procedimento do comunismo, a linha de conduta a ser mantida pela opinião católica também se patenteava simples e clara: as "relações" entre os governos comunistas e a Igreja só podiam consistir numa luta em todos os terrenos possiveis e no que di,. respeito tão só à atuação da Igreja - com todos os meios lícitos. Por volta de l 960, a atitude de certos governos comunistas, em matéria religiosa, começou a apresentar novos matizes. A intolerância em relação à Religião foi send o substituída por uma tolerância malévola de início. que se foi tornando depois, se não benévola, pelo menos indiferente.

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Bispos húngaros prestem juramento de fidelidade à 1 constituição daquele pafs comunista.

Assim, apareceu pa ra a Igreja Católica. em certas nações além cortina de ferro, a esperança de uma tênue liberdade, consistente na faculdade, ora maior, ora menor, de celebrar atos de culto e distribuir os Sacramentos e pregar o Evangelho a populações até então quase inteiramente privadas de assistência religiosa. Liberdade tênue, na verdade, porque a Igreja continua, apesar de tudo, combatida às cscãncaras pela propaganda ideológica oficial, e permanentemente espionada pela polícia. Abrem-se desse modo, para a Igreja, duas vias: aceitar um ,nodus vivendi com o regime comunista, abandona ndo a clandestinidade. ou recusar o modus vivendi.

Anâlise de candente questão moral A escolha entre essas duas vias depende evidentemente da solução que se dê ao seguinte problema moral: é lícito aos católicos aceitar relações harmoniosas com um regimç comunista? Essa questão de capital importância para o mundo católico foi tratada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no ensaio Acordo co111 ó reghne co,nunisra: para a Igreja, esperança o,i aurodemolição?, que apareceu pela primeira vez nas páginas de "Catolicismo" cm agosto de 1963, sob o título A liberdade da Igreja 110 Estado comunisra. Comemoramos no presente número o 300 aniversário do lançamento da J.• edição da obra cm brochura, no mês de setem bro de 1963. Da Santa Sé, recebeu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira uma calorosa aprovação, em carta da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, assinada pelo cardeal Gíuseppe Pizzardo e referendada pelo então Monsenhor, hoje Cardeal Dino Staffa. "O denso opúsculo - afirmava a missiva - é um eco fidelíssimo de rodos os Documentos do supremo Magistério da Igreja".

ttt  primeira vista, o problema da coexistência entre a Igreja e um rejlime comunista "tolerante" assim se enunciaria: se em determinado país, as autoridades comunistas, longe de proibir o culto e a pregação. permitissem

CATOLICISMO -

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) .S, OBRA PROVIDENCIAL VENIA CATOLICOS iAS TATICAS COMUNISTAS uma e o utra coisa, poderia ou até deveria a Igreja aceitar essa liberdade de ação? Apresentada a questão pura e simplesmente nestes termos, a resposta é necessariamente afirmativa. E.~sa formulaç.'lo do problema é entretanto simplista, pois supõe que o governo comunista não imporia a menor restrição à liberdade de doutrinação da Igreja.

Os termos reais da questão O problema se coloca realmente nos seguintes termos: cumpre definir se é possível à Igreja aceitar um mínimo de liberdade legal, sob governo comunista, se este exigir q ue a pregação e o ensino católico para serem tolerados, se conformem com as seguintes condições: 1.• - q ue as pregações exponham toda a doutrina da Igreja de modo afirmativo, mas sem fazer aos fiéis qualquer refutação direta e explícita do materialismo e dos demais erros inerentes à filosofia marxista: 2.0 - que calem para os fiéis o pensamento da Igreja sobre a familia e a propriedade privada: 3.• - ou que. pelo menos, sem criticar diretamente o sistema econômico-social do marxismo, afirmem que a existência legal da familia e da propriedade privada seria um ideal desejável em tese, mas irrealizável na prática cm virtude do domínio comunista pelo que, dadas as circunstâncias, recomendar-se-ia aos fiéis que desistissem de qualquer tentativa para abolir o regime comunista e

conseqüências dos princ,p,os metafísicos e morais dom inantes. O espírito público vai mais longe, deixando-se penetrar à maneira de osmose por esses mesmos princípios, habitualmente entrevistos de modo confuso, mas muito vivo, pela maior parte das pessoas. A ordem temporal exerce pois uma ação formadora - ou deformadora - profunda sobre a alma dos povos e dos indivíduos. Portanto, é preciso instruir os fiéis sobre os males do Estado comunista. No Estado comunista, oficialmente filosófico e sectário, esta impregnação doutrinária na massa é feita com intransigência, amplitude e método, e completada por uma doutrinação explícita e incansavelmente repetida em todas as ocasiões propícias. Num Estado totalmente anticristão não há meio de evitar a má influência deste, senão instruindo os fiéis sobre o que ele tem de mau. Face a tal adversário, mais ainda do que face a qualquer outro, a Igreja não pode, pois, aceitar uma liberdade de c ulto e de palavra que implique em renunciar sincera e efetivamente ao exercício, franco e eficiente, de sua função apologética. Em outros termos, tal "liberdade" não seria liberdade. 2. 0 ) É tão evidentemente absurdo que a Igreja aceite restrições quanto à sua pregaç,io em matéria de familia, que a hipótese pode ser deixada de lado. ~ quanto à propriedade privada? A primeira vista, d ir-se-ia que a missão da Igreja consiste essencialmente cm promover o conhecimento e o amor de Deus, mais do que e m preconizar ou manter um determinado regime político, social ou econômico. E que portanto as almas podem conhecer e amar ~ Deus sem serem instruídas sobre o princípio da propriedade privada. Nesta perspectiva, a Igreja poderia, pois, aceitar como um mal menor o compromisso de silenciar sobre o direito de propriedade, para receber cm troca a liberdade de santificar as a lmas e instruí-las em outros pontos da doutrina católica, falando-lhes por exemplo de Deus e do destino eterno do homem. e ministrando-lhes os Sacramentos. Esse modo de ver a missão docente e santificado ra da Igreja esbarra com uma objeção preliminar: a Igreja não pode renunciar à pregação de nenhum preceito da Lei. Ela não pode aceitar, em sua função docente,

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Fato ilustrativo da poUtica vaticana de distensão em relaçlo ao comunismo: encontro de Joio Paulo li com Jaruzelski, por ocasião da última viagem do Pontlfice à Polônia.

restaurar na legislação. segundo as máximas do Direito Natural. a propriedade privada e a família.

A solução do problema Posta a questão nestes termos, a coexistência pacífica da Igreja com o comunismo deve ser absolutamente recusada pelos católicos porque: 1. 0 ) A missão docente da Igreja não consiste só em e nsinar a verdade, mas tam-

bém em condenar o erro. Nenhum ensi no da verdade é suficiente enqua nto ensino, se não inclui a enunciação e refutação das objeções que contra a verdade correntemente se fazem. Não há formação cristã adequada que prescinda da apologética. Ora, todo regime político, social e econômico se baseia , em última análise, cm uma metafísica e cm uma moral. As instituições, as leis, a cultura e os costumes refletem na prática os principiõs dessa metafisica e dessa moral. Pelo natural prestígio do Poder Público. bem como pela enorme força do ambiente e do hábito, o regime induz a população a aceitar como boas, normais. até indiscutíveis, a cultura e a ordem temporal vigentes, que são as

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um meio silêncio, uma meia opressão. para obter uma meia liberdade. Seria uma inteira traição à sua missão. Ademais, o claro conhecimento dó princípio da propriedade privada, e o respeito desse princípio na prática, são absolutamente indispensáveis para a formação genuinamente cristã das almas. Com efeito, o conhecimento e o amor da Lei são inseparáveis do conhecimento e do amor de Deus. Pois a Lei é de algum modo o espelho da santidade divina. E isto que se pode dizer de cada um de seus preceitos, é verdade principalmente quando considerados eles em seu conjunto. Renunciar a ensinar · os dois preceitos do Decálogo que fundamentam a propriedade privada importaria em apresentar uma imagem desfigurada desse conjunto e portanto do próprio Deus. Ora, onde as almas têm uma idéia desfigurada a respeito de Deus. elas se formam segundo um modelo errado. o que é incompatível com a verdadeira santificação.

Necessidade do conhecimento da propriedade pri vada Além disso, a noção do "meu" e do "teu" está na base mais elementar do conceito de

"Distensão" eatólico-comunísta no Ocidente: Georges M archais, chefe do PC francês. comparece a um congresso da Juventude Operthia Cristl (JOC). figurando como um dos oradores. Durante o congresso. os porticipantos cantaram a Internacional Socialista.

justiça. Ora, precisamente essa noção

do

umeu'' e do ..teu'' cm matéria econômica

conduz direta e inclutavelme nte ao princípio da propriedade privada. De onde, sem o conhecimento reto da legitimidade e da extensão - como aliás também da limitação - da propriedade privada, não há conhecimento reto do que seja a virtude cardeal da justiça, elemento indispensável da verdadeira santificação. Por fim, sendo naturalmente dotado de inteligência e vontade, o homem tende por suas próprias faculdades espirituais a prover tudo quanto é necessário para seu bem. De onde lhe vem o direito de, por si mesmo. procurar as coisas de que precisa e delas se apossar quando não têm dono. Em suma, é porque tem alma que o homem tende irrefragavclmcntc a ser proprietário. Ora, como o dirigir seu próprio destino e prover a sua própria subsistência é objeto próximo, necessário e constante do exercício da inteligência e da vontade, e a propriedade é meio normal para o homem estar e se sentir seguro de seu porvir e senhor de si, acontece que abolir a propriedade privada, e em conseqüência entregar o individuo, como termita inerme, à direção do Estado, é privar a sua mente de algumas das condições básicas de seu reto funcionamento mental, é levar à atrofia pelo inexercício as faculdades de sua alma, é, cm suma, deformá-lo profundamente. Daí, cm grande parte pelo menos, a tristeza que caracteriza as populações sujeitas ao comunismo, bem como o tédio, as neuroses e os suicídios cada vez mais freqüentes em certos países largamente socialistas do Ocidente. I; bem sabido. com efeito, que as faculdades da alma que não se exercitam tendem a se atrofiar. Sendo a santidade a perfeição da alma. bem se compreende de quanta importância é para a salvação e santificação dos homens o que daí se conclui. A condição de proprietário, de si, cria circunstâncias alta mente propícias para o reto e virtuoso exercício das faculdades da alma . Sem que se aceite o ideal utópico de uma sociedade em que cada indivíduo, sem exceção, seja proprietário, ou na qual não haja patrimônios desiguais, grandes, médios e pequenos, cumpre afirmar que a difusão tão ampla quanto possível da propriedade favorece o bem espiritual, e obviamente também o cultural, quer dos indivíduos, quer das famílias, quer da sociedade. Ponderados esses múltiplos argumentos, permanece firme a tese de que é contraditório e vão silenciar sobre a imoralidade da completa comunidade de bens, para obter em troca a santificação das almas a través da liberdade de culto e de uma rela tiva li berdade de pregação. 3.•) A terceira condição de um eventual acordo da Igreja com o regime comunista é igualmente inaceitável , pois a necessidade de tolerar na esfera mora l um mal menor não pode levar à renúncia -à destruição total dele. A fortiori quando este mal "menor" é em si mesmo gravíssimo.

Em outros termos. a Igreja deve formar nos fiéis, e neles renovar a todo momento, um pesar vivíssimo pela necessidade de aceitar esse mal menor. E. com o pesar, deve suscitar neles o propósito eficaz de tudo fazer para remover as circunstâncias que tornaram necessária a aceitação do mal menor. Ora, agindo assim em um país comunista , a Igreja romperá a possibi lidade da coexistência pacífica com o Estado.

Coexistência em regime de "pia fraus" Algué m poderia objetar que a coexistência entre a Igreja e o Esiado seria aceitável pela primeira em regime de "piafraus ... Isto é, se a Igreja quiser aceitar a coexistência com algum regime comunista, poderá fazê-lo com a "arriêre pensée" de fraudar quanto possível o pacto que com este estabeleça. Considerada a hipótese de um pacto explicito. deve-se responder que a ninguém é

r.ermitido comprometer-se a fazer algo de ,lícito. Se, pois, a aceitação das condições atrás enunciadas é ilícita, o pacto de que elas constem não pode ser feito. Quanto à hipótese de um pacto implícito, de um modus vivendi, cabe dizer - para não considerar s~não um aspecto dela - que há ingenuidade em imaginar que as autoridades comunistas, de feitio eminentemente policialesco e servidas pelos poderosos recursos da técnica moderna, não ficanam sabendo desde logo de violações sistemáticas de tal pacto. A 'fraus" deixaria pois de ser viável.

Os funestos frutos de tal acordo Para o comunismo, um pacto em que a Igreja aceitasse as já mencionadas restrições a sua liberdade, traria vantagens imensas. Pois se formariam novas gerações de católicos ma l preparados. tíbios, recitando talvez. o Credo com a ponta dos lábios, porém com a mente e o coração encharcados de todos os erros do comunismo. Temos o exemplo do que sucedeu com a liberdade de que goza a Igreja no regime laicista atual, filho da Revolução Francesa. Como disse Mons. Angelo Dell'Ácqua, Substituto da Secretaria de Estado, cm carta do ano de 1956 ao Cardeal D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, "em conseqüência do agnosticismo religioso dos Estados" ficou "a1nor1ecido ou quase perdido na sociedade moderna o sentir da Igreja". Se isto aconteceu no regime liberal, go1.ando a Igreja de irrestrita liberdade de palavra e de ação, como não ter por certo que, num regime comunista, em que os erros são inculcados pelo Estado com muito mais insistência e sem qualquer oposição legalmente admitida, as almas se deixarão arrastar em número ainda muito maior?

Pecados das nações: principal causa das guerras Se um acordo da Igreja com o regime comunista é inaceitável, muitos perguntarão a si mesmos: como evitar então a hecatombe termonuclear? - Pois é bem claro que, desesperançadas de impor ao mundo o seu sistema por via pacífica, as potências comunistas recorrerão à guerra. À vista disso, diga-se o que se disser sob o ângulo doutrinário, não serã necessário ceder? As guerras têm como principal causa os pecados das nações. Pois estas - diz Santo Agostinho - não podendo ser recompensadas nem castigadas na outra vida, recebem neste mundo mesmo o prêmio de suas boas ações e a punição de seus pe-cados. Se se quer evitar a guerra e a hecatombe termonuclear, é preciso combatê-las em suas causas. A corrupção das idéias e dos costumes, a oposição cada vei. mais freqüente entre as leis positivas e a Lei de Deus, isto sim é que nos expõe à cólera e ao castigo do Criador, e nos conduz mais do que tudo. à guerra e à destruição. Se, para evitá-las, cometessem as nações do Ocidente um pecado maior do que os atuais, como seria a aceitação de existir sob o jugo comunista e m condições que a moral católica reprova, desafiariam desse modo a ira de Deus e chamariam sobre si os efeitos de sua cólera.

Fidelidade heróica atrairia misericórdia divina Pelo contrário, um ato supremo e heróico de fidelidade, nesta hora. poderia apagar diante de Deus uma multidão de pecados, inclinando-O a afastar o cataclismo que se aproxima. Que Nossa Senhora de Fãtima obtenha para todos os que têm o dever de lutar, a coragem de exclamar "11011 possumus" (At. 4, 20) em face das insidiosas sugestões do comunismo internacional. 5


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Em face do socialismo

Resistências do

proletariado, entreguismo da burguesia EGUNDO a mitologia marx_ista, a sociedade está dividida em burguesia e proletariado, duas classes egoisticamente em luta de morte. Esta doutrina comporta ainda a convicção de que a burguesia luta pela manutenção dos seus interesses e privilégios, e que o proletariado anseia pela igualdade através da socialização dos meios de produção. Nada seria mais natural que a defesa acirrada dos próprios bens feita pelos proprietários. Para sua aquisição trabalharam com afinco, arriscaram-se ... por vezes até arranhando a honra. Poucas coisas costumam ser tão vivas quanto a defesa dos próprios interesses, a fortiori a da propriedade. Por outro lado, o sentimento de inveja moveria os operários a ambic ionarem para si tais bens, o que os colocaria em frontal oposição aos proprietários deles. A se levar até às últimas conseqüências. essa visualização - o choque onímodo entre duas classes em guerra - , bastaria que houvesse eleições livres para que O$ estratos modestos da população - maioria numericamente esmagadora - subissem tranqüilamente ao poder. Não é isso, no entanto, o que acontece. Tanto no Brasil quanto em outros países, as eleições livres têm representado contínuas derrotas para os -supostos líderes operários. A ponto de nos países sob o jugo comunista não serem permitidas as consultas ao grosso da população os trabalhadores - para determinar o grau de satisfação deles com a ditadura ex_ercida em seu nome.

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"Não é certo que a 1trande massa de trabalhadores aspire à socialização dos meios de produção". "Ninguém pode 1tfirmar que os votos dados aos socialístas provêm realmente de socialistas convictos".

Existe, portanto, algo de errado n,;ssa maneira de ver. Entre outros motivos porque nos campos não há senão uma ínfima minoria que se encontra envolvida por uma luta cujos objetivos ultrapassariam uma simples reivindicação sobre as condições de trabalho. A imensa maioria não aspira senão a se tornar proprietária. Também não é certo que a grande massa de trabalhadores da indústria aspire à socializaÇ.ão dos meios de produção. E fácil imaginar que afirmações tão peremptórias desagradem a a lgum leitor eivado de mentalidade socialista. Certamente não é o seu caso, prezado leitor. Porque as assertivas do parágrafo anterior (em destaque gráfico) pertencem a ... um socialista. E dos mais conhecidos. São de Eduard Bernstein, secretário de Engels durante algum tempo e destacado líder do socialismo na Alemanha. A citação é de obra que se tornou clássica, cujas teses orientaram, em linhas gerais, a política socialista no século XX (1). Ele vai mais longe: "Uma porcentagem muito pequena da classe operária totna parte ~letiva na obra positiva de en1ancipação socialista .... Ninguém pode afirmar que os votos dados aos socialistas provên, realmente de socialistas convictos" (2).

"Os burgueses ve.rdadeiros transbordam de sentimentos revolucionários e proletários". O socialismo é s ucessor e legítimo herdeiro do liberalismo. Se são verdadeiras as observações de Bernstein, como explicar a vitória do socialismo em muitos países? Seria um fenômeno burguês? Mas a maioria do grupo humano denominado burguesia adota doutrinariamente, ou apenas como estado de espírito, o liberalismo e não o socialismo. Bernstein no-lo ex_plica: "Se se considera o liberalismo um fenôn1eno histórico e universal. é-se obri-

gado a admitir que o socialis,no não suas metas. Põe a tônica na proé so,nente seu sucessor no tempo, messa de melhorias, o que na prámas seu legítimo herdeiro" (3). "Os tica é sua grande isca. Evita assim burgueses verdadeiros transbordam afastar de si o operariado, já que, de sentin1entos revoluciondrios e pro- como mentalidade, talvez se possa Eduard Bernstein, aec:ret6rio de Engela dizer que ele constitui a classe mais letários" (4). Portanto, não haveria oposição conservadora do Brasil e de vários real, mas intensidades diferentes na outros países. Uma campanha de silêncio aceitação das conseqüências de preisola os anti-socialistas irredumissas comuns, admitidas por amO ataque frontal e maciço tíveis. Se conseguem romper o bas as correntes. E choque apenas de aos interesses dos proprietácerco do silêncio, a arma coninteresses, que o tempo se encarrerios é uma inabilidade. Se os tra eles é o sussurro que desagaria de resolver. Um processo lendiversos elementos que comto, de destruição gradual de coscredita ou o estrondo publicipõem a burguesia se sentissem tumes sociais e hábitos mentais entário que difama. ameaçados, ela poderia torraizados através da tradição católica, carrearia blocos cada vez maionar-se compactamente reaciores das correntes liberais a fazerem Delineada tal tática do socialisnária . causa comum com o socialismo. mo, resta ver como se desenvolve o Atuando nas mentalidades, o Tal situação nunca escapou ao aumento de sua iníluência nos meios liberalismo leva os proprietários a olhar dos políticos socialistas, que católicos. Aqui ele age por duas tenderem a colaborar com o socia- moldam suas táticas de acordo com tenazes: o progressismo, s ucessor do lismo ou a diminuir a energia de a observação circunstanciada da re- modernismo condenado por São oposição. Em nossos dias, principal- alidade, sem o que afundariam seus Pio X, e o esquerdismo. Pode-se dizer que o esquerdismo mente o segundo destes efeitos per- partidos pela imposição de orientaé o progressismo no terreno sóciomite as vitórias socialistas. Embora ções ilusórias. proporcionalmente minoritária, a O experiente líder socialista ad- político, assim como o progressismo burguesia, por causa de sua influên- vertia: "Poderia acontecer que a é o esquerdismo na Teologia e na cia natural e meios de ação, derrota- burguesia se tornasse compactan1e11- Pastoral. São facetas de uma correnria facilmente o socialismo, se não te reacionária se os diversos ele- te, de idêntica inspiração e propóestivesse amortecido seu ânimo de mentos que a compõem se sentissen1 sitos convergentes. Quem promove resistência. ameaçados .. .. u11s no seu interesse um, por tabela ajuda o outro. O mesmo esquema é aqui apliAs observações de Bernstein ex- pessoal. outros na sua ideologia: cado. Inicialmente se atrai parte dos plicam ainda hoje o alto índice de religião, patriotismo, desejo de evi- católicos, seja do Clero ou dos fiéis, votação de candidatos esquerdistas tar ao país os horrores de uma aquela mais picada pelo espírito de em regiões cuja população burguesa revolução violenta·: (5). E outro revolta e sensualidade. Esta caminha deveria ser naturalmente contrária revolucionário, Georges Sorel, com- até assimilar toda a ideologia proao socialismo. Com o que os pro- pleta: "Não se pode ir n1uito lo11ge gressista. prietários conferem prestígio e po- porque a burguesia poderia desperOutra parte - a maioria - , der exatamente àqueles que têm tar e instaurar um governo resolu- refratária à aceitação em bloco e tamente conservador"' (6). A inabicomo progr~.ma destruí-los. rápida da ideologia, é enganada e lidade é o ataque frontal e maciço a Já nas áreas de predominância todos os interesses e atavismos dos mantida despreocupada, com afiroperária, o voto é mais determi- proprietários. mações de que a situação está sob nado por interesses de momento, Isto quer dizer que enquanto a controle, de que há sinais de retromuitas vezes em choque com o miragem socialista está à distância, a cesso, de que tais e quais autoridaestado de espírito habitual. As con- burguesia a vê com benevolência. des são muito boas e resolverão com siderações ideológicas pesam me- Mas quando ela chega perto, surgem sabedoria os problemas criados, etc. nos do <jue nas classes instruidas, o os receios, porque no dia-a-dia a Tal maioria vai se acostumando às que explica a presença do populismo utopia socialista espinha e chamus- novas condições, e a contragosto que apela simulta11earnenle para va- ca. Como na nossa era histórica a desli1.a devagar rumo ao progreslores conservadores e reivindicações maioria das pessoas vive de hábitos, sismo, se não é despertada por um de melhoria de padrão de vida. e não gosta de vê-los violentados de sobressalto salvador. Nestas condições, a propaganda do repente, há para os socialistas o A terceira parte. a dos irredutisocialismo disfarça habitualmente perigo de apresentar ou aplicar um veis, é isolada em virtude de bem programa que ofenda demasiada- conduzida campanha de silêncio, mente os hábitos de estabilidade que impede a repercussão de suas opiniões. Caso seJa rompido o cerco social. do silêncio e numerosos católicos Ao mesmo tempo que se toma essa precaução, é necessário, para comecem a escutá-los, prejudicando predispor a burguesia às conces- assim o desenvolvimento do plano, sões, manter a ilusão da irreversi- vem o utra etapa, a dos ataques pessoas não querem nen1 nos enter- bilidade do socialismo. "Seu poder furiosos. Do sussuro que desacrerar quando morremos", diz William [do socialismo) é e11orme en1 presen- dita ou do estrondo publicitário que Runyon, que perdeu seu empre$O ça de uma burguesia que se tornou difama. Para os irredutíveis, posta tal num laboratório de Minneapolis, n1ais ou 1ne11os tão imbecil quanto a circunstância, terá chegado a hora quando adquiriu o AIDS. "Isso faz nobreza do século XVIII'' (1). a gente sentir-se realmente inútil". Conseguindo desta forma a ade- de confiar na Providência divina e A Cruz Vermelha informou que são de uns e o adormecimento de continuar impávidos o caminho do se verificou a queda de 16,1% no outros, resta saber qual a atitude dos dever, indicado-pela adesão à Igreja fornecimento de sangue e citou uma socialistas com relação aos oposito- e pelo amor à civili1.ação cristã. variedade de razões, incluindo a res irredutíveis. Não se deve esperar Péricles Capanema desinformação sobre o AIDS. destes últimos adesão ou qualquer Os homossexuais masculinos têm tipo de favorecimento ao avanço sido assolados por ataques do AIDS. socialista. A tática consiste neces- Notas Em New York e Califórnia cada sariamente em obstar sua influência 1) Eduard Bernstein. ú:s Pressuposts du Ed. du Seuil, 1974, Pari,s. pp. 134"gay" parece conh.ecer alguém que sobre a maioria. Isolá-los, portanto. socloHsme, 135. morreu da moléstia. Pelo silêncio, quando possível, e 2) Op. CÍI., pp. 134-135. Devido ao longo período de pela difamação, quando necessário. 3) Op. ci1., p. 180. incubação, nenhum homossexual a- São as possibilidades de ação de 4) Op. CÍI., p. 57. 5) Op. cit., p. 190. tivo pode estar certo de já não consciências inescrupulosas, para as 6) Gcorges $orei, Rtflexions sur lo vfoltnr.c, possuir a enfermidade. Falar sobre quais inexistem os rígidos limites da Marcel Rivihc Ed .• Paris. 1930. p. 109. suicldio não é nada incomum. 7) Op. ci1., p. 109. reta moral. Algumas vitimas enfrentam outro trauma : ter que dizer a seus pais que são "gay" e que contrairam a enfermidade. O AIDS tem obviamente mudado a vida dos homossexuais. Alguns tentam abster-se sexualmente. Para os homossex_uais, o temor do AIDS é também uma derrota MENSÁRIO politica: depois de uma década de CAMPOS - ESTADO DO RIO vitórias sociais e crescente tolerânDiretor: Paulo Corrb de Brirn Filho cia, tomaram-se, de novo, repentiJ oru U.tta raponsávd: Takao T akahashi - Registrado no D.R.T .-SP sob nº 1).748 namente párias. "Isto é mais terrfvel Olrd0<la: Rua dos Goiiacazes, 197 • 28100 - CampQs, RJ do que a enfennidade, pois este tipo AdmJnlstnçlo: Rua Dr. Maninico Prado, 271 • 01224 - Silo Paulo, SP • de estigmatização durard mais do PABX: 221-8755 (ramal 2JS). que a epidemia". Composto e imprcS$O na Anprcss - Pa~is e Ancs Gráficas Ltda., Rua GaribaJdi. 404 Alguns homossexuais estão co- 01135 - Slo Paulo, SP meçando a sentir uma responsabi..Catollc:lamo" é uma publicação mensal da Editora Padre Sclchior de Pontes S/ C. lidade moral pelo AIDS. Aalnatura anual: comu"' CrS:4.000 00; cooperador CrS 7,000,00; benfeitor CrSI0.000,00 Sem dúvida o AIDS está remogrande benfeitor CrS 20.000,00: semmari.stas e C$tudantes Cr~ 3.000,00. Exterior: (vta delando as comunidades homossea~rea): comum USS 25,00; benfcilor USS 40,00. xuais e moderando muitos, assim Os pa~mcntos, sempre cm nome de Editora Padre lkkhlor de Pon1~ $/C, poderio ~r como a epidemia de herpes restrincncamanhados à Administração. Para mudança de endereço de asunantcs é nccessáno giu o sexualismo normal. A rcvolu0 mencionar tamMm o endereço antigo. A corrc.spond!ncia relativa a as.sinaturas e venda avulsa deve ser enviada à ção sexual não acabou, mas os anos Admlnlstraçlo: 80 estão se manifestando perigosos Rua Dr. Martlnko Prado, 171 - Slo Paulo, S P para os que desejam sex_o fortuito e muito sexo.

NOVA EPIDEMIA: CASTIGO DIVINO? "Catolicismo" publicou em sua edição de maio deste ano (n.0 389) pequena n oticia sobre o AIDS, sigla de vocábulos ingleses cuja tradução é a seguinte: Smdrome de Deficiência Imunológica Adquirida. Nessa época esta moléstia incurável, surgida em 1981 nos Estados Unidos, já ia assumindo características de uma epidemia. Julgamos oportuno apresentar a nossos leitores um resumo do artigo publicado pela revista "Time", de 4-7-83, no qual se afi.rma: "Alguns hon1ossexuais estão começando a sentir unia responsabilidade moral pelo AIDS". Em Manhattan, uma equipe da TV W ABC recusou-se a entrar no escritório dos "Gay Men's Héalth Crisis" para fazer uma reportagem sobre o AIDS. Dois outros grupos de ajudantes também se recusaram a entrar. Um dos técnicos disse: "Olha aqui, ninguém sabe nada sobre o AIDS. Como eles podem estar tão certos de que eu não o vou contrair no contato com o suor de uma palma de mão?". Um dos homosse-

nlo determinam a cura da moldstia. O olher deate enfermo norte•.amerteano reflete deM1peranç.a.

Injeções de lnterferon

xuais tinha sua própria pergunta: "Compreende agora que somos tratados como leprosos?'' Enquanto o número de mortes provocadas pelo AIDS continua a aumentar, também cresce a histeria sobre o possivel contágio. As vitimas e os membros dos "grupos de alto-risco" (principalmente os homossexuais) estão sendo evitados por suas coletividades, seus colegas de trabalho e, às v~es. por seus amigos e suas famílias. Os homossexuais em geral estão se defrontando com uma nova tendência ao preconceito. Certa família que jantava em restaurante de San Bernardino exigiu que um garçon efeminado fosse expulso na hora. Vários conservadores, incluindo o colunista Pat Buchanan, têm levantado a pergunta de se os homossexuais deveriam ser impedidos de trabalhar nos empregos em que se mexe com comida; e em várias cidades foram boicotados os restaurantes a respeito dos quais corria o rumor de possuirem "ma1tres" homossexuais. O diretor de uma prisão de Nova York teve que afastar todos os "homossexuais declarados" do serviço de refeições, a fim de acalmar os outros detentos. Determinada mulher de Worcester, Massachussetts, se perguntava se deveria pôr fora da casa seu filho "gay", apenas devido à possibilidade de ele ter contraído o AIDS. Os que trabalham na preparação de cadáveres estão assustados ao ter que tratar vitimas do AIDS, pois o contato com o sangue é inevitável durante o embalsamamento. O "New York State Funeral Directors Association" convida seus membros a não aceitar casos de AIDS até que o governo providencie instruções. "As

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Af01ICliSMO

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CATOLICISMO -

Setembro de 1983


SÂO LOURENÇO, , . o martzr da grelha

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.' .

~ A secular igreja da encantadora cidade de Amaseno# na Itália · cuja arquitetura externa é de estilo rom8nico - contdm o precioso relicário

Os cristãos ofereciam tributo de veneração aos mártires. recolhendo piedosamente seus membros mutilados e tudo o que podia sobrar deles, prestando-lhes culto e tendoos cm maior estima q ue às pedras preciosas. Mais tarde, construíram basílicas. criptas e capelas para abrigar tais relíquias. "E coisa louvável revelar e publicar as obras de Deus" (Tob. 12, 7). Para q uem crê. nenhuma explicação é necessária. Para quem não crê, nenhuma explicação é possível. O milagre, sem abertura de alma a Deus. não basta. Uma ampola contendo sangue de São Lourenço é venerada na cidade de Amaseno desde o ano de 1100, ou seja, pode-se documentar sua existência ali, a partir desta data . Naquela época a cidade não se c hamava Amaseno (nome de um pequeno rio que percorre a região), mas já se intitulava São Lourenço, permanccndo ta l denominação até o movimento de unificação da Itália no século passado.

Viagem a uma cidade medievaL. ROMA - São Lourenço, martírio, promessa ... talvez uma das primeiras associações de idéias que fiz · na vida. Explico-me. Eu tinha aproximadamente três anos de idade e vivia numa casa de fazenda no Brasil. Trabalhava para meus pais um rapazinho de cor, esperto e cumpridor de seus deveres. Certo dia, dei-me conta de que algo de diferente se passava cm casa. Zizico - esse era seu apelido havia regressado ainda cedo do campo trazendo palmitos. legumes e frutas. Deixou tudo com a cozinheira e foi ocupar-se de suas obrigações, avisando que não iria almoçar, para cumprir uma promessa a São Lourenço. Diante do meu interesse, esclareceram-me que São Lourenço havia sido queimado vivo sobre uma grelha. Como Zizico era devoto daquele santo, estava cumprindo promessa feita a ele, cm virtude de uma graça recebida: durante todo aquele dia não comeria nada que tivesse ido ao fogo. Nem tudo ficou então claro para mim , mas como aquele hâbito do Zizico se repetisse durante todo o tempo em que vivi na fazenda - e quiçá ainda continue - fui aprofundando aquela primeira associação de idéias.

Lourenço não encontrei sequer uma estampa . Absolutamente nada. Junto à sacristia havia outra banca com publicações, rodeada por turistas. Um capuchinho, atrás de um guichê, atendia os clientes. Recomecei minhas pesquisas, mas ainda sem êxito. Interpelado, o capuchinho-caixa dava-me meias respostas, enquanto seus o lhos atentos acompanhavam os turistas que escolhiam um ou outro artigo. Tendo cu insistido em saber se havia alguma publicação sobre São Lourenço, respondeu-me que não havia realmente nada . Mas, caso quisesse conhecer sua vida, que me dirigisse a uma biblioteca ... Agradeci e sai, refletindo sobre a inutilidade de me informar naquele local. que deveria ser o mais próprio para isso, e me dirigi a uma biblioteca. Procurava algo vivo. algo que pudesse transmitir-se através da tradição popular e - por que não? - algo de legendário. Queria ver referências à grelha em que São Lourenço fora martiri1,ado. outros instrumentos de seu suplicio, enfim, práticas de devoç.io popu lar como aquela do Zizico de minha infância. Os livros não me disseram nada sobre isto, mas algo do que então aprendi merece ser relatado.

lgnorancia desconcertante

Durante as perseguições. os cristãos eram presos e sujeitos aos mais variados sofrimentos, que visavam fazê-los renegar a Fé. Os que resistiam eram cond uzidos aos magistrados romanos, os quais, por meio da persuasão, tentavam levá-los à apostasia. Caso ainda resistissem a essa prova, eram condenados a suplícios como a decapitação, o fogo, ou eram lançados às feras. Em uma palavra, tomavam-se mártires da Fé. O nome mártir foi escolhido porque os Apóstolos e aqueles que os seguiram, verteram seu sangue por Jesus Cristo. Eram testemunhas (em grego, martyr) de Seus milagres e Ressurreição, pois mártir é a pessoa que padece e morre por amor a Jesus Cristo. São Lourenço foi o primeiro Diácono da Igreja de Roma que, além das funções próprias desta dignidade eclesiástica , estava e ncarregado pelo Papa São Sixto II da administração dos bens da Igreja. Que tenha sido espanhol, não se põe em dúvida , assevera a Enciclopédia Espasa-Calpe. Parece certo que São Lourenço nasceu em Huesca .- Contudo, pelo menos mais quatro cidades espanholas disputam esta honra : Córdoba, Valência, Tarragona, Zarago1.a. Parece igualmente certo que morreu durante o reinado de Valenciano, em 258. e não de Décio, seu predecessor. Após muitos tormentos, morreu q ueimado sobre uma grelha. O Martirológio Romano - relação das festas católicas que se celebram em data determinada - fixa seu martírio no dia 10 de agosto.

Ao aproximar-se a festa do grande mártir, fui até à principal Basílica a ele dedicada - São Lourenço Fora dos Muros. O local é encanta dor e abriga o conhecido cemitério de Verano. A Basílica foi construida por ordem de Constantino, em memória de São Lourenço, no local de seu martírio. Ali está sua tumba junto com as de outros mártires como Santo Estêvão, São Justiniano e São Tarcisio. Além de suas relíquias. encontram-se alguns instrumentos do martírio, como uma grande pedra de mármore marcada com seu sangue, na qual o corpo do mártir repousou depois que foi retirado da grelha . Atualmente a Basilia se encontra aos cuidados dos padres capuchinhos. Como tantos outros monumentos históricos de Roma, ela é muito visitada por turistas, sobretudo nesta época do ano. Sem dúvida, deveria ser local seguro para eu obter dados hagiográficos sobre São Lourenço e informar-me sobre como era celebrada sua festa, uma vez que em Roma este mártir é precedido apenas por São Pedro e São Paulo, na ordem dos patronos. A princípio. percorri detidamente uma pequena livraria que os padres mantêm ali, ent re a nave central da igreja e a sacristia. Encontrei farta literatura: "Seja moderna", "Renova,nento no Espírito e Serviço do Homem" do Cardeal Suenens e D. Helder Câmara, "Aquilo que u11,a mulher do século X X deve saber" etc., etc. Sobre São CATOLICIS MO -

Eis que chega o dia 10 de agosto. Era domingo. Quis prestar um ato de culto a São Lourenço, e dirigi-me desta vez à Basílica de São Lourenço em Dâmaso. anexa ao Palácio da Chancelaria. Ao transpor seus umhrais, de parei com a beleza e o ornato dó templo. Junto ao altar, do lado da epistola, havia relíquias expostas à veneração dos fiéis: três grandes tccas continham sangue e ci nzas, e um cscrinio abrigava um

foi percorrer os últimos 30 Km entre vales e curvas dos montes Lcpini. Sobretudo para quem tinha pressa. Mas eis que, de repente, deparome com uma cidade inteiramente medieval. Não faltavam nem mesmo as muralhas. Num extremo está o castelo feudal, e no outro a belíssima Igreja de Nossa Senhora Assunta ao Céu, onde se venera o sangue de São Lourenço. Sua população não ultrapassa quatro mil habitantes, que se dedicam especialmente à agricultura. Percorrendo suas estreitíssimas ruas, onde jamais transitaram automóveis, recebia cumprimentos amáveis das pessoas que se encontravam cm frente a suas casas, sentadas comodamente à procura de uma brisa, naquela bela tarde de verão da cidade em festa. Muitas senhoras vestidas de preto, outras que usavam o "copricapo" (cobre-cabeça) - espécie de toalha colorida tecida à mão - colocado transversalmente sobre a cabeça. Ali a tradição é viva. Nesse cenário tudo era enriquecido pela exuberância e vitalidade italianas.

Igreja gõtíca: relícãrio que contêm o sangue miraculoso O que havia visto até então era como uma moldura para o quadro. Entrei logo na igreja. A relíquia estava exposta junto ao altar, na nave central, mais ou menos no local onde outrora havia a mesa da comunhão. Achava-se à altura dos olhos de uma pessoa de estatura mediana, de maneira que qualquer

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gue de Slo Lourenço. confeccionado em estilo barroco

lho translúcido como o arte rial. Com o auxilio da lanterna colocada do lado de trás da ampola, via-se aquele líquido que mais parecia uma pedra preciosa, um rubi em estado liquido. Dirigi-me ao pároco, perguntando-lhe se podia mover a ampola. Atendeu-me prontamente, e pude constatar q ue tinha realmente a densidade própria do sangue. Depois disso observei vários fiéis balançando o relicário para ver o sangue mover-se dentro da ampola. Eu mesmo tive oportunidade de repetir aquele gesto, para satisfazer o desejo de muitos como cu. À tarde, na Basílica, uma fila imensa ia venerar pela última vez aquele milagre do sangue liqUcfcito. Pessoas de todas as idades. Os meninos não se continham enquanto não eram auxiliados por seus pais a tocar no relicário. E eles não tocam apenas levemente, mas com os cinco dedos e nos quatro cantos do relicário, osculando-o repetidas vezes. Assim expressa n9rmalmente sua devoção o povo italiano, que teve a honra de hospedar os sucessores de Pedro.

Antiga tradição dos romanos evoca recordações de minha infãncia

O martlrio na grelha

Setembro de 1983

O relicário, que encerra o milagroso sen

Uma pitoresca anciã. com vdu branco na cabeça. percorre uma rua medieval da PG· quena cidade

pedaço da corrente com a qual São Lourenço fora amarrado. Ali estava um padre idoso. certamente o pároco. Indaguei-o sobre a grelha. Não soube me escla recer nada a respeito do assunto. Após re1.ar, pedir graças e lembrar-me do Zizico, sa i da Igreja. Junto à porta, encontrei-me com outro sacerdote e recomecei minhas perguntas. Respondeu-me à meiavoz: "Esteve aqui nos visitando rece11te111ente o pároco de A1nase110. Narrou-nos que c,11 sua Igreja existe uma ampola que contém boa porção do sangue de São Lourenço. Por que o Sr. não se dirige aré lá?". Indicou-me o local da cidade, pequeno "paese" perto de Frosinone, a uns 100 quilômetros de Roma. São Lourenço pareceu ajudarme, pois do centro histórico da Cidade Eterna até a auto-estrada não tive que parar nem uma só vez o carro, pois os si nais - de 15 a 20 estavam todos verdes ... Até Frosinone, nenhuma dificuldade. O difícil

fiel, sem interferência dt> pároco nem de qualquer guardião, pudesse venerá-la . osculá-Ia , tocá-la e examiná-la o quanto e como bem o entendesse. Não faltava sobre a mesa até uma lanterna colocada expressamente para uso dos fiéis e de alguns curiosos. A igreja, na parte interna, é um grande relicário para tão portentosa relíquia. O esti lo é gótico francês. Este foi o primeiro templo ita liano que apresenta internamente o estilo ogival, introduzido na península pelos cistercienses franceses. Para pessoas conhecedoras de estilos arquitetônicos, as igrejas góticas são as mais belas da História. Tal privilégio e pioneirismo couberam à França, a Filha Primogênita da Igreja. Minha atenção estava toda voltada para a relíquia que se encontrava na ampola contendo cerca de 50 mi de sangue. Estava liquido, cor de sangue extraído na hora, não de uma cor escura, como acontece com o sangue venoso, mas de um verme-

Voltando a Roma, já noite avançada , procurei ver se os romanos o lhavam para o céu à procura da estrela de São Lourenço, pois havia lid o que naquela noite, nas venentcs do Palatino, do Janiculo, do Vaticano, do Quirinal, nos pontos mais altos da cidade, ao longo das margens do Tibre, centenas de romanos, ricos e pobres. patrícios e plebeus, com o olhar voltado para a cúpula do céu, observavam ansiosos e trepidantes a q ueda das "estrelas" de São Lourenço. De repente, estrelas caden tes sulcam o céu. Quem conseguir formular um pedido naquela fração de tempo, será atendido, diz uma lenda. As estrelas falam de Deus e nos levam a Ele. Os romanos amavam de modo particular as estrelas, a ponto de chamarem "Via de Roma" a Via Lác.tea, o grande facho luminoso de estrelas em torno do equador galáxeo. Mas, infelizmente, não vi nem uma só pessoa olhando para o colorido céu romano. Talvez os italianos tenham rompido com a tradição, esquecendo-se daquilo que servi u de pedesta l para a glória da civilização cristã. De uma coisa estou seguro: se eles freqüentam a Basílica de São Lourenço Fora dos Muros, onde sequer pude obter informações sobre o santo ao qual é dedicada, não me espanta que ignorem a ex istência desse terceiro patrono de Roma. Olhei fixamente para o céu em direção ao poente, seguindo a trajetória do sol. Meu pensamento cruzou rapidamente as águas do Mediterrâneo, na direção do Atlântico, e encontrou o sol deitando seus raios c m nosso Pais-continente. Não foi diflcil reconstituir mentalmente, no interior do Brasil, aquela casa de fazenda onde, em pleno século XX. uma alma cumpria a promessa de abstinência, cm homenagem ao glorioso mártir do século IJl.

Paulo Henrique Chaves 7


TFPs TELEGRAFAM A REAGAN "BLUFF' fabrica-se. Depois, inOado pelas tubas da propaganda, transforma-se cm mito. Alardeado, promovido e insunado em certas rodas de prestigio e inOuência, ele acaba matreiramente vestindo o traje da realidade. E o que não passava de mera espuma, simples "blufr·, toma os conspícuos ares do que é verdadeiro! Tal como se uma mulher de má vida quisesse transformar-se em honrada dona de casa. Ou um sanguinário malfeitor, no probo juiz de sua localidade. Os mitos foram produzidos cm série nos últimos séculos, por uma misteriosa fábrica. E os ventos da publicidade, obedientes, os conduziram aos quatro cantos da terra. Um dos que mais pesou sobre o ânimo dos bons, daqueles que procuravam resistir com altaneria à avalanche da decadência de nossos tempos, foi o mito de que somente do lado dos maus, dos corruptos, dos socialo-comunistas, dos revolucionários de toda sorte, estão a ousadia, o amor ao risco, a coragem e a ufania. Se se está numa roda de jovens, o mais impuro, com frequência, é quem determina o rumo da conver: a, enquanto o puro é silenciado. Se se trata de enaltecer feitos heróicos, raramente as medalhas ornarão o peito de um católico fervoroso. Se

O

Na esteira desse lance veio outro, todo ele também feito de o usadia e destemor.

As TFPs e seu mais recente "cristão atrevimento" "New York Times", dois de agosto último. O leão rompante da TFP sobressai em metade da página 7. Em matéria paga, a TFP norteamericana expressa ao Presidente Reagan sua profunda preocupação pela designação do Sr. Henry Kissinger para chefiar a comissão de alto nível incumbida de aconselhar a presidência na política para a América Central. "The Washington Posf', uma semana antes, já havia publicado o candente documento. E o "Los Angeles Times", dias após, tornava o telegrama conhecido em toda a Califórnia. Os importantes órgãos conservadores "The Wanderer" e "Conserva tive Digest" também o publicaram com destaque.

"Klssinger vai ajudar os comunistas a dominar a América Central ..." A empreendedora TFP norteamericana, todavia, não se satisfez com esses milhões de americanos

ardente,nente desejoso de contactá/os".

No Brasil e Equador No Brasi l, o telegrama inspirado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira também repercutiu. "A Cidade", de Ribeirão Preto-SP; "O Diário", de São Carlos-SP; a "Tribuna Piracicabana" e o "Jornal de Piracicaba", de Piracibaba-SP; o "Monitor CamP.is1a", de Campos-RJ; o "Jornal da Cidade", de Vitória-ES; "O Norte Fluminense", de Bom Jesus do ltabapoana-RJ; a "Tribuna do Ceará", de Fortaleza; o "Jornal do Povo", de Macapá, ·1odos publicaram o documento na íntegra. A "Folha da Tarde", da capital paulista; a "Última Hora" e "O Dia", do Rio de Janeiro; "O Estado do Paraná", de Curitiba, estamparam um resumo. A "Gazeta do Povo" da capital paranaense e o "Correio Brasiliense" de Brasília reproduziram o despacho procedente de Caracas, da Agência France Prcss. Enquanto isso, no Eq uador o diário "EI Comercial", o principal de Quito, com muito bom destaque, publicou o telegrama ao Presidente Rcagan sob o título "Preocupação de que a América Central se torne outro Vietnã". Apesar de o documento ter sido entregue a todos os

Dois jovens venez.ue• lanos bradam slogans

com megafones. du· rante a campanha de distribuição do tele· grama enviado ao Pre-sidente Reagan

,•

• ,

..

telegrama , apresentou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira como o fundador da família de almas das TFPs. E após informar os telefones dos responsáveis pela publicação do documento naquele dia, nas páginas do "EI Universal", acrescentou: "Aliás. os ouvintes já os conhecen,, pois deven, rê-los visto pelas ruas aos domingos, con1 suas capas e uma linda cruz de Sanriage>". De fato, naquele mesmo domingo, estandartes ao vento, estavam jovens venezuelanos a difundir o telegrama contra a nomeação de Kissinger. Os Srs. têm toda razão. afirmou de seu automóvel uma jovem senhora. O co,nunis,no na A,nérica Cen· rral é um perigo para a Venezuela". Um efusivo rapaz de 28 anos exclamou: "Muito be,n! Faço questão de ser doador dos Srs. !" O telegrama que as TFPs remeteram ao Presidente norte.americano lembra a tra· gédia vivida pelo Vietnl do Sul. entregue aos comuniatas pela política de Kissin· ger. O drama prossegue até hoje com os constantes êxodos de vietnamitas, que se evadem de sua pétria subjugada pelos vermelhos. A foto apresenta um barco com asses infelizes fugitivos ao chegar

a Hong Kong.

abrirmos as páginas dos principais jornais, dificilmente encontraremos homens de fé entre os nomes daqueles que têm nas mãos o acontecer. Nos dias que correm o mito, de fato, entrou largamente na realidade. Ora é a bandeira anarquista que presenciamos içada, em 1968, no alto da histórica catedral de Notre Dame, em Paris, durante os distúrbios da revolução da Sorbonne; ora é a arrogância dos russos que assinam e rasgam tratados e vão impondo a "pax soviética" sobre tantos povos.

"Uma força nova dotada de potência" ergue-se contra o mito Entretanto, neste Brasil da Santa Cruz, há mais de cinquenta anos uma semente foi lançada. Semente que teve coragem para vicejar, crescer e. ao cabo de décadas de luta. transformar-se em magnifico carvalho. Quando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e o grupo de ami$OS que o seguiu em seus ideais imciaram seus combates contra o nascente progressismo, mal poderiam imaginar esta impressionante famUia de almas que mais tarde nasceria, a desafiar numerosos mitos e a proclamar os ideais que tantos julgavam sepultados. Sim, a grande famUia de almas das TFPs espalhadas pelo mundo inteiro. E o mito de que católicos não praticavam ações ousadas rolou por terra. Prova Oagrante é a Mensagem escrita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário, publicada nos mais importantes órgãos de cinquenta nações dos cinco continentes, e que suscitou cartas e repercussões de 114 países.

que assim tomaram conhecimento de seu lance. Ela ainda queria mais. E os seus dinâmicos "correspon- . dentes e esclarecedores", por iniciativa própria, empenharam-se na publicação do documento em seus respectivos Estados. Assim, o "North· post Journal", de Long Island; o "Bakersfield Californian", da cidade do mesmo nome; o "The New limes", de Danbury, Connecticut; o "Arrada Sentinel", do Colorado; o "San Mateo Times", de San Francisco, Califórnia; o "The Journal", de Clevcland, Ohio; o "Kansas City Kansan", o "Bonner Spring Chefiam" e o "St. Mary's Star", de Kansas. Centenas de cartas chegaram à sede central da TFP norte-americana provenientes de 25 Estados. A grande maioria prestava calorosa solidariedade ao lance da TFP. • Uma Sra. do Estado de Geórgia afirmou: "Opo11ho-n1e tenazmente ao Dr. H. Kissinger. Ele não deveria ocupar nenhum posto governamental. Não confio nele. pois vai ajudar os comunistas a do,ninar completamente a América Central, o México e a América do Sul. Dever-se-ia estabelecer unta cuidadosa investigação acerca de suas atividades pelo mundo, inclusive na China Vermelha .... Kissinger deveria ser expulso dos EUA por ter permitido o domfnio do Sudeste asiático e ter entregue o Canal do Panan1á",

Enquanto um categórico Sr. declarava "antes morto que vermelho", o professor de uma Universidade texana escrevia: "Uma vez que a Tradição, a Famr1ia e a Propriedade parecem ser o objeto do ódio daqueles que considero meus inimigos, vejo que so,nos aliados .... Estou

jornais. rádios e TVs das várias tendências, uma misteriosa carapaça de silêncio desceu sobre o momentoso tema, e somente uma rádio quitenha transmitiu um resumo do telegrama. Entretanto, na sede central da TFP equatoriana, numerosas repercussões favoráveis chegaram de todo o país.

"O comunismo, na Am érica Central, é um perigo para a Venezuela Na Venezuela, a matéria foi muito bem estampada pelo diário "EI Universal", o mais importante de Caracas, e que com frequência publica arti~os do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e no "La Religión", influente jornal pertencente à Arquidiocese da Capital. No tablóide "Últimas Noticias", órgão de maior tiragem do país e dedicado às classes mais populares, o telegrama também mereceu destaque. E as agências internacionais UPJ e Associated Press elaboraram um despacho especial sobre o documento das TFPs das três Américas. Num programa de rádio de Caracas, bastante ouvido, o locutor, depois de ler o texto integral do

Um casal de 60 anos aproximadamente, classe média alta, de mentalidade suicida, afirmou: "Os Srs. precisam dar uma oportunidade ao comunis1110 na Nicarágua. Quanto a Fidel Castro, é um homem be111 intencionado/" Indignado, um Sr. aproximou-se do estandarte: "Foi um verdadeiro escândalo que ninguém dissesse algo conrra o barco russo que foi detido no porto de Maracaibo levando annas para a Nicarágua!" "Oxalá triunfe a revolução da Nicarágua. Depois vocês verão o que se passará aqui", ameaçou um fanático comunista.

"Um desses toques de sino lndlspensãvels para despertar a consciência do mundo livre" No Canadá, "La Presse", de Montréal, publicou no dia 6 de agosto, ao lado da página de editoriais, o telegrama contra a nomeação de Kissinger, "o homem público cujo nome simboliza. aos olhos da opinião pública universal, todos os desastres e vergonhas que o Mundo livre sofreu no Vietnã". No dia 18, "The Spectator", principal jornal da cidade de Hamilton,

em Ontário, publicou o telegrama. E o mensário "Speak Up", de Toronto, também o fez, só que em sua página editorial. Entre os numerosos apoios recebidos no Canadá, da costa do Pacífico à Atlântica, destacamos esta comovente carta de um refugiado vietnamita: "Foi com alegria e satisfação que tomei conhecimento de vossa sociedade TFP e de vossa respeitável -rnensage,n enviada ao Presidente dos Estados Unidos .... Eu queria expri111ir não só 1neus senti,nentos e

,ninha admiração pessoal para com vossa sociedade, nws e111 nome de minha pátria e 1neus co,npatriotas vos manifestar nosso profundo reconhecimento ante vossa clarividência~ vossa co,npreensão e vossa atitude face à guerra do Vietnã. Defendendo a Tradição, a Fa,nília e a Propriedade, vós não vos esquecestes de defender a justiça e a verdade. das quais, infelizmente, muitos hoje se esquecem ou procuram esquecer! ''Vossa mensage,n constitui u,n desses toques de sino indispensáveis para despertar a consciência do mundo livre .... A troika "KissingerNixon-Harrynran" deixou profunda marca não somente na vida da população do Viemã do Sul, mas també,n na consciência do inundo livre. Oh. quantos valentes 111ilitares. desde generais a simples soldados. quantos policiais e suas fa,nflias escolheram a morte para não to1nbar sob as ordens comunistas durante aquelas sombrias jornadas de abril de 1975!... Entretanto, raros foram os jornais e rádios que disso falara,n .... "Vossa to111ada de posição cavalheiresca, franca e imparcial, verdadeiramente nos reconfortou e isto fez reviver a esperança neste mundo livre, onde aindapuden,os encontrar gente séria, que não se intimidou ante os alaridos publicitários e que não se deixou influenciar pela auréola das "grandes figuras poUticas mundiais" da envergadura do Sr. Henry Kissinger. "Uma vez mais vos ,nanifesto a profunda gratidão do povo vietnamita, daqueles que n1orreram no campo de batalha ou estão a caminho da liberdade, dos que estão vivendo hoje nos chamados campos de "reeducação" da grande prisão que é o Viemã socialista, ou ainda errando apárridas por todos os cantos do mundo. con10 pobres exilados/"

• • • O brado da TFP continuou a reboar pelas 3 Américas. Na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Bolívia, no Peru, na Colômbia e na Costa Rica, o telegrama causou vivas repercussões. O mito revolucionário de que o Bem não é intrépido foi destroçado uma vez mais, com o auxílio de Maria Santíssima. Bem certo, pois, estava o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira quando afirmou, anos atrás, a respeito da ousadia das metas a que se propunha: "Os céticos poderão sorrir. Mas o sorriso dos céticos jamais conseguiu deter a marcha vitoriosa dos que tén1 Fé". De fato - contemplemos a pujança das 15 TFPs! - eles não a detiveram ...

Wellington da Silva Dias


Nº. 394 - Outubro de 1983 - A no XXXIII

D iretor: Paulo Cor rêa de Brito Filho

MARX E LUTERO NO NOVO MISSAL FRANCES Plinio Corrêa de Oliveira FRA NÇA. primogênita da Igreja . brilhou c m todos os tempos pela ação de insigncs filhos seus cm prol da conservação e expansão do Corpo Místico de Cristo.

A

Pois precisamente lá circula larguissima mentc, e também impunemente. o "Novo Missal dos domingos - 1983". Até agora. a obra. que conta com imprimatur (29-6-!12) de Mons. R. Boudon. Bispo de Mcndc e Presidente da Comissão Littirgica Francofônica. ainda não foi condenada. De sorte que suas páginas vão into,'.icando incontftvcis fiéis de língua francesa , que nelas procuram o

a lento inaprcci,ível dos textos litiirgicos conformes ao ensinamento perene da Igreja. mas encontram. mis.. turados corn estes. também trechos profundamente discrepantes do espírito ca tó lico. Limito-me a comentar aqui ires tópicos ca racterísticos do "Nou veau A'1issel".

• Burlas sacr11egas praticadas com paramentos e objetos sacros por milicianos marxi stas. durante a guerra civil espanhola de 1936-39. A perseguiçlo religiosa é um8 conseqüência prática da doutrina atéia e anti-religiosa de M arx, o qual é enfocedo, entretanto. com neutralidade matizada de simpatia pelo " N ovo Missal" francês.

da alçada do Magistério da Igreja. Ou seja . que não há incom patibilidade ent re a Doutrina Ca tólica e

No fina l da Missa do domingo d ia 13 de março, o "Novo Missa l". na p,ígina 139, trai o seguinte sobre ... Ma rx! Sim. Ka rl M,irx: o leitor não se enga no u: "Nâ 100 anos, no dit1 14 de março de 1883. e,n ú:111-

Neste texto, tudo estarrece. Se a s imples importância da obra de um ho mem j ustificasse ser e le assim mencionado cm um livro composto para os fiéis acompanharem as cerimô nias litúrgicas. então toda a galeria d os grandes malfeitores da História deveria ser lembrada aos fiéis pelo Missa l. Em rigor. e dado q ue a Enca rnação e a Rede nção

drtw, f "lecin1en1v di; K(lr/ Nlarx.

íoram fotos históricos infinita mente

economista e .filósofo tde111ão. AI· guns S<' surpreenderão d<• ver ,nen.. cionor e,n um missal e> r<>preS<'JJ/anre nwis conhecido do a,e,:srno mo -

ma is importantes d o que a ex pansão do marxismo, todos os que. face a

UIO\limentó <le idéi(IS QU f)OI

1 de,·110 .

A1as a rept1 rcussão do n1ovi· ; 111en10 por ele lon('ado se reveste d<• .. rmua in1por1â11cia. que wl lJC:Qnteci~ 111e1110 não pode ser passt1do sob ~ :-,·ilêncio. O oteí.wno 11wrxi:-,·1a f ui f várias vezes ,·ondenado pelos Papas,

ao passo que a ova/;11t;ão da análise ~ sâcio-e<·onlimica < >nunciada pelo n,ar~ xismo cai sob a ,,trada dt1s éiên<:itJs f hu111011t1s. Nurnerosas são as inter-

1)

~ prt!tações tio pensornento de Marx. : A mais corrente, e que d oficial nos E

• O belo chU.1$tro gótico do antigo convento agostiniano de Erfurt, onde Lutero viveu como monge. simboliza bem a Igreja verdadeira que ele renegou pero fundar sua seita herética. Quem poderia imaginar que o º Novo Miss.al'' francês. quinhentos anos após o nascimento do monge apóstata - arquétipo de herege apresentaria um texto carregado de mal velada simpatia em relação a ele?

Estados marxistas. con1ilu10 a ver no

religitio w11t1 alienoçiío da qual o e~ lto1nc•1n S(' d eve enwncipm·''.

uma o u a outra. atuaram a fundo crn

sentido negativo também mereceriam ser rele mbrados pelo Missal mais ainda do que Marx. Para só faltir d o Novo Testamento. deveria m ser lcml>rados Judas, Pilatos, He rodes. Aní1s. C ai fás. a série in términa dos hereges célebres. dos apóstatas famosos. dos pecadores que se imorta lizaram pelo escândalo. Não só lembrados, mas enfocados pelo Missa l com a neutra lidade matizada de s impatia , com que este disscl'la sobre Marx . Simpatia , sim . que chega ao ponto de afirmar que a doutrina sócio-econó mica de Ma rx está fora

o regi me marxis ta. mas tão-só e ntre

e la e o ateísmo marx ista. O que é e vide ntemente inexato. Tal ati tude é tanto mais de pasmar quanto na a presentação (p. 4) se lê q ue ..quando nossos c<11ne111ários reconhece,n sua simp,11 ia por rol /(ll

personagern. é porque ai se encontra la1e111e 111110 pedrt, de ângulo do Evangelho". Dever-se-á concluir dai que, em Ma rx e no marxismo, há uma "pe· dra de ângul<> do Evangelho ..?

~ Ancestral ideológico e histórico do ateísmo foi o protestantis mo (cfr. Leão XIII , Encíclica "Parvenu à /tJ ving1-cinquie111e année", 1902). Não espanta pois que o novo Missal também te nha instalad o em suas páginas o arquétipo de herege que foi Lutero. Assi m, na "Semana de ora1ões parti a unidade dos cristão.(', ele menciona (p. 8 1): .. Há 500 anos, 110 dia 10 d,• novembro de

Penha: bairro que preservou seu Santuário • Em 1969. diante da imagem milagrosa de Nossa Senhora da Penha. colocada no centro do altar-mor do antigo Santuário. os fi-éis, quo lotam o templo, assistem devotamente ao Santo Sacrifício. durante o qual alunas e alunos do Externato São Vicente de Paulo rocoberam a Primeira Comunhão

• Vinte e quatro anos depois: o venerando templo quase foi demolido. sendo preservado devido ao 1eloso empenho de moradores do bairro. como esta devota, entre tantas outras. da Virgem da Penha. Mas os quo colaboraram para a consel'\ra· çlo do Santuário desejam que o nicho. focalitado na foto. nlo permaneça va1io...

-

" ....

1483. en, Eisleben. na Saxônia. 11asâme1110 d e Mar1i11ho Lutero, cujo destino (sic) deveria pesar tanto sobre a unidade da Igreja". A palavra "destino" parece ter aí conotação estranhamente fatalista , como que a isenta r o heresiarca de rcsponsal>ilidade por sua obra de cisão e de luta. Mais frisante ainda a menção de Lutero na semana de 6 a 12 de novembro (p. 493): "Hd 500 0110s, em 10 de 11ove1nbro de 1483, nasci1ne1110 de Martinho Lutero. Monge agostiniano. doutor em teologia. deu relevo à doutrina paulina da justi· ficação pela fé, a qual será a chave de cúpula do pro1esta111is1110: só a fé salvt1, não as obras. Escandalizado pelo tráfico de indulgências e pelos t1busos dt, Igreja. Lutero publica seus grt1ndes escritos reformadores contra o supren,acia ro,nana. contra os socra111e111os (excetuados o batismo. a eucaristia e a penitência), contra a concepção da igreja visível. Sut1s p osições são condenadas pelo Papo Leão X. ele é banido tio

EM SUA FAM OSA oração Lembr(li- Vos, acentua São Bernardo nunca se ter ouvido dizer que alguém, recor-

rendo à Santíssima Virgem, fosse por Ela desamparado. Tal pensamento enconlrou cabal con• firmaç.io numa iniciativa empre.endida por fiéis, especialmente devotos de Nos·

sa Senhora da Penha, cujo Santuário na capital paulista mantém viva relação

com a História da cidade e do Estado.

sua vida. até 1546. defentlendo suas teses e orgt111iza11do sua l11reja . .... Com o recuo do 1e111po, é-nos lícíto deplorar que essa revolta - 1110 1ivt1da em grande parte pela situação tia l11reja 11<1 época - tenha desfe· chado en, u,na ruptura entre irmãos cristãos". - O textv uãô· poderia ,:,\!r rnai:, severo para com a Igreja. nem mais carregado de ma l \lelada simpatia para com Lutero. A tal po nto que, na frase final, o leito r fica sem saber quem tem a culpa pela ruptura, se o heresiarca com suas negações. o u a Santa Igreja com suas condenações. Muita outra coisa haveria que nota r nesse Missal tragicamente cens urável. Limito-me a evoca r aqui os milhares de fiéis assistindo à Missa com o livro em mãos, e comemorando, genuOexos, em termos re passados de benevolência, Lutero, o heresiarca, e Marx, o a rqui-ateu . A mim isto me parece mil vezes mais trágico do que o perigo atômico, a crise financeira internacional, ou qualquer outra coisa ...

As pessoas que visitam o evocativo templo podem reviver algo do recolhi·· mento, tão habitual nas igrejas antigas. Para tal contribuem os vitrais, cada um

deles representando cenas da vida de Nosso Senhor ou dos Santos. Os Mistérios Go~osos do Rosário encontram-se artisticamente pintados no teto da nave central, ptrfeitamente conservado, como também a oração Salve Regina, em letras douradas, ao longo da referida

nave. O altar do Santíssimo Sacramento conserva o conjunto de lamparinas de vidro vermelho agora apagadas, e as letras mehfilicas junto ao Sacrário lembram o Dogma eucaristko: ..Coro mes

Raras são as pessoas, em São Paulo, que não trnham visitado aqutla igreja no passado. e muitas recordam-se, hoje em dia. com gratidão. de alguma graça a elas concedida li pela Mãe de Deus. Por isso, qutndo esse singelo San: tuário esteve prestes a ser demolido, em

pow s" ( Minha Carne é verdadeiramente

agosto do ano passado, os moradores do

alimento e Mtu Sangue

bairro. organizados oficialmente em uma

ramente bebida).

Comissão Executiva para a Reforma do

Antigo Santuário da Penha, atuaram com decisão, conseguíndo preservar o templo. Atualmente, os trabalhos de recons-

trução prosseguem , graç.as ao generoso contributo do público, a despeito da

resistência oferecida pela anterior Ad-

-

Império. seus escritos s,io proibidos e queimados. Ele possa o resto de

ministração Regional da Penha de Fran· ça, como também pelo desinteresse ma-

nifestado pela Mitra Arquidiocesa.na de Sio Paulo.

vere est cibus l!t .ranguis meus vere esr

é

verdadei-

No altar-mor, o nicho encontra-se

vaúo. Os fiéis desejam que ali seja colocada alguma imagem de sua excelsa Padroeira. O Vig,rio, Pe. Carlos Ca· 111,ans, entretanto, reluta em conceder autoriução para lal.

São dignos de nosso apoio e admiração todos os que, demonstrando elo· gilhel zelo, conseguíram preservar uma obra arquitetônica de tão alto signínc.ado religioso e histórico, fato inédito na História edesiá.çlica paulistana.

As portas da veneranda Matriz pareciam haver-se fechado definitivamen· te, há lrls anos. Hoje, porém. após intensos e pertinazes esforços, elas se

Nas páginas 4 e S, nosso colaborador Colombo Nunes Pires apresenta uma

encontram abertas.

tema.

visão de conjunto desse signincativo


O I CONCLAT e a ''representatividade'' sindical EALIZOU-SE em São Ber- gados à clandestinidade, como adisnardo do Campo, nos dias sidência do PC do B, o MEP - Mo25 e 26 de agosto últirrio o I vimento de Emancipação do ProleCONCLAT - Congresso Nacional tariado, o PCBR - Partido Comuda Classe Trabalhadora. Quanto ao nista Brasileiro Revolucionário, a Encontro anterior, em 1981, teria Convergência Socialista e outros. sido mais propriamente uma reu• PCB - Partido Comunista nião preparatória. Brasileiro - fundado em 1922, legaPrecedido de ampla publicidade, . lizado em 1946 e proscrito em 1947. o CONCLAT de São Bernardo de- ' Exerce influência em alguns sindiveria ser realizado sobretudo com catos, dos quais o pri,ncipal é o vistas à criação da CUT - Central Sindicato de Metalúrgicos de SanÚnica dos Trabalhadores - isto é, tos, que não participou e foi conum organismo formado à margem trário ao CONCLAT de São Berda estrutura sindical reconhecida pelo nardo. Ministério do Trabalho, e que, se• PC do B - Partido Comugundo seus patrocinadores, terá co- nista do Brasil - dissidência do mo meta articular as categorias pro- PCB, considerado stalinista. fissionais do Pafs, lutando por rei• MR-8 - Movimento Revovindicações comuns a todos os tra- lucionário Oito de Outubro, cujo balhadores. Tratar-se-ia, portanto, nome é uma homenagem a Chede um organismo apto a representar Guevara, morto em oito de outubro os anseios de amplos setores da de 1967. Preservou a sigla, que ficou :,opulação. conhecida na luta armada no final Quando se compulsa, porém, dos anos 60. todo o volumoso elenco de noticias • Alicerce da Juventude Sociasobre o Encontro, algumas indaga- lista - Fusão das correntes Converções ocorrem ao espírito: gência Socialista e Alicerce; abriga- Em que medida os idealiza- se no PT. dores e participantes do Congresso • Libelu - Liberdade e Luta. seriam intérpretes ou porta-vozes do Trotsquista, também abriga-se no operariado brasileiro? PT. Ficou conhecido no movimento - Teria o I CONCLAT cunho estudantil em fins da década de 70 nítida ou preponderantemente tra- ("Jornal do Brasil". 26-8-83). balhista? O Congresso realizado em São Não consta que, entre os nuBernardo teve o patrocínio dos grumerosos comentários veiculados pepos trotsquistas que, através do PT e la imprensa, algum deles se tenha da ANAMPOS, defendem a greve ocupado com tais questões, cuja relevância seria supérfluo realçar. geral e a criação da CUT imediaAnalisá-las, pois, é nosso propósito, tamente. Dele não participaram os adeptos do PCB (de linha russa), do nas limitadas dimensões deste artigo. PC do B (de linha albanesa), remanescentes do MR-8 e mais os conCisão no Movimento? siderados "pelegos", como Joaquim dos Santos. Todos estes, que consPropala-se haver discórdias de tituem a chamada Unidade Sindical uma tal nature1.a e intensidade enlre (US), · manifestam-se contrários à as diversas cúpulas sindicais, que formação da CUT e à realização de estas teriam mesmo chegado à rup- uma greve geral, por entenderem tura. que não há mobilização suficiente A cisão tornou-se patente aos da classe trabalhadora no momento. olhos de todos. Fala-se oficialmente Em suas divergências com a ANA Mem dois ou três CONCLATs. Assim, POS, a US ameaça convocar outro o presidente da CNTL - Confede- CONCLAT para novembro deste ração Nacional dos Trabalhadores ano, quando, segundo crêem os seus da Indústria - pertencente ao gru- dirigentes, terão melhores condições po que congrega confederações, fe- para criar a CUT, em aliança com derações e sindicatos ditos "con- outros setores da sociedade. servadores", afirma que "também Fundamentalmente, seriam esses realizará um CONCLA T. pois está os dois grandes blocos cm disputa: em desacordo com as demais cor- ANAMPOS e certos grupos da Corentes" ("Diário do Grande ABC", missão Pró-CUT de um lado, e 3-9-83). Mas há quem vá mais longe, Unidade Sindical de outro. admitindo existirem quatro tendênComo se vê, existe uma luta, cias em disputa pela liderança da travada nos bastidores do movicategoria. mento operário; entre facções de Ao menos é essa a opinião de esquerda que procuram assegurar o Antônio Toschi, presidente do Sin- domínio sobre as bases trabalhistas. dicato dos Metalúrgicos de Osasco, Se diferenças há entre grupos, preno qual revelou que participaria do dem-se, quase que exclusivamente, CONCLAT em São Bernardo ao a questões de nature1.a estratéiica. lado de outro grupo "independente", Através do prisma doutrináno é por ter saido aborrecido do en- difícil saber o que os separa, a contro de Brasília, "onde o movi- fortiori considerando que o Partido mento rachou em quatro, de um Comunista se acha representado em lado o PC. de outro o PC do B, de ambas as correntes principais. Nesse outro o M R-8. e de outro nós, os sentido é oportuno ressaltar que independentes" ("Folha de São Pau- podiam ser adquiridos em bancas do lo", 25-8-83). Serão, deste modo, recinto fechado do Congresso, secriadas várias centrais únicas de gundo noticia do "Diário do Grande trabalhadores?... ABC" (27-8-83), jornais, panfletos, Segundo informam órgãos da broches, adesivos com a efígie de imprensa nacional, o movimento sinMarx (os broches "Pró-CUT" vadical convive hoje com uma série de liam Cr$ 150,00; os adesivos de organizações conhecidas por suas Marx, Cr$ 100,00) e livros de Trotssiglas. As principais são: ky, Engels e Marx. • ANAMPOS - Articulação Nacional de Movimentos Populares A atuação do e Sindicais. Criada há três anos, reú- Clero "progressista" ne sindicalistas identificados com o Partido dos Trabalhadores e moviTal orientação ideológica, clamentos da Igreja. Segundo declara- ramente esquerdista, não parece ter ção de Lula, reproduzida pelo "Jor- causado constrangimento ou embanal do Brasil" de 28-8-83, a ANAM- raços a uma preeminente figura do POS foi criada para articular os Episcopado nacional como o Carmovimentos populares - como gru- deal Arns, quando, pressuroso, chepos de favelados e Comunidades gou a oferecer o Campus da PUC Eclesiais de Base - aos sindicatos, Pontifícia Universidade Católica sem qualquer caráter partidário. Pa- para a realização do Congresso. ra o jornal quinzenal "Resistência" Mas, "elementos do PT afirmaram (pertencente à Sociedade Paraense que a proposttJ foi recusadtJ pelo de Direitos Humanos), de 16-8 a 31- temor de o CONCLA T ser capitali8-83, constitui um bloco que com- zado pela Pnstoral Operária. que porta setores do PT, do PMDB, da não afina com a proposta polltica da Igreja Popular, e de partidos obri- corrente lideradn por Joaquim dos

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.., • Entre os gestos apresentados por par1icipantes do congreSSC? nlo 'faltaram os punhos cerrados. caracterl.stica saudaçlo comu• nista. • O. Cláudio Hummes. Bispo de Santo André {direita}. e Frei Betto. representante de D. Arns no congres.so (esquerdo}. aguardam sentados o início do I CONCLAT. Na parede do recinto. pode-se ler uma frase ameaçadora: " Ou acaba o dosem· prego ou paramos o Bra.sil" . N,

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Santos Andrade e outras alas" ("Diário do Grande ABC", 6-8-83). Esteve longe de circunscrever-se a isso a participação do Clero no evento. Dentre as autoridades convidadas para a sessão plenária de abertura do Congresso, compareceram o Arcebispo de Santo André, D. Cláudio Hummes, Frei Betto, coordenador da Pastoral Operária, representando o Cardeal Arns. Frei Bctto tornou-se tristemente célebre, já no final da década de 60, por sua estreita vinculação com o terrorista Marighela, e mais recentemente, pelo papel desempenhado na "Noite Sa11di11ista". realizada no auditório da PUC em São Paulo. Na sessão de abertura do I CONCLAT, D. Hummes discursou, lembrando o dia 21 de julho, conhecido como "Dia Nacional do Protesto", movimento de agitação desencadeado em todo o País, e que contou com a ativa participação de organismos vinculados ao Clero "progressista", como as CEBs (ver reportagem em "Catolicismo", agosto de 1983, n. 0 392). Como um dos grandes marcos do Pais após 64, destacou o orador o papel da Igreja nos movimentos dos trabalhadores, e transmitiu uma mensagem a todos os participantes do Congresso: "Ava11ce1n que vai dar certo, pois vocês .são a grtJnde ex-

e Santo Dias da Silva ("Diário do Grande ABC", 27-8-83). Diversos participantes envergavam camisetas com a sigla JOC (Juventude Operária Católica).

Apoios oficiais "Mesmo que deixasse de asfaltar uma rua. duas, ou que não fosse posJ·ivel realizar ,una obra na cidade. destinaria o dinheiro à realização do I CONCLAT em São Bernardo. Temos 70 mil desem·pregados 110 Município e eles não se alimentam de asfalto". Assim o prefeito de São Bernardo, Aron Galante, manifestou-se sobre a decisão da Pró-CUT de realizar o I CONCLAT cm São Bernardo, e não mais na Capital ("Diário do Grande ABC", 14-8-83). Com efeito, dez dias depois, o prefeito anunciaria estar mandando para a Câmara Municipal, em caráter urgente, um decreto-lei para aprovação de verbas de 30 milhões de cruzeiros para o CONCLAT e outros congressos, comentando: "Na co11juntura econô1nica que o Paí.r vive é dever de qutJ/quer Ad111i11istração da oposição sediar um co11gresso como esse. Ainda nwis São Bernardo, que é uma cidade de trabalhadores" ("Diário do Grande ABC", 25-8-83). Já na véspera. a secretaria do Congresso

Dólares e delegações do exterior São reiteradas as denúncias de que o I CONCLAT foi copiosamente agraciado por financiamentos do Velho Continente. Sabe.se que uma central sindical européia enviou 26 mil dólares ao Congresso em resposta a pedido da ANAMPOS, hoje identificada majoritariamente com o PT, do qual Lula é presidente ("Jornal do Brasil", 28-883; "Folha de S. Paulo", 29-8-83). Lula, indagado a respeito do assunto, limitou-se a declarar que não pretende revelar os nomes dos doadores, pois "esse é um trtJbalho da polícia" ("Folha da Tarde", 29-883). Segundo o suplente de Deputado Federal pelo PT e Diretor do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais, Virgílio Guimarães, a ANAMPOS recebeu pelo menos USS 90 mil de centrais sindicais estrangeiras para financiar sua atuação no Brasil (resposta à acusação feita pelo Diretor da Federação dos Bancários de Minas, Jairo de Souza, durante entrevista convocada pelos organizadores do Encontro da Classe Trabalhadora de MG - Enclat/ MG). O sindicalista Virgílio Guimarães informou que os dólares vieram da CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), da UGT espanhola (União Geral dos Trabalhadores) e da LO sueca. Por outro lado, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Joaquim dos Santos, em entrevista à imprensa, condenou a ANAMPOS por ter, segundo ele, recebido US$ 400 mil de entidades européias para financiar suas atividades no Brasil ("Jornal do Brasil",

28-8-83).

pressão dessa caminhada. A Igreja agora StJbe que tJ luta de vocês é a mesma de Jesus Cristo, de liberdade e participação frtJter,w". A repressão aos grevistas foi um dos temas mais criticados pelo Bispo diocesano de Santo André, com parando as greves de 78, 79 e 80 ao "Dia Nacional do Protesto": "Essa extraordinária repressão nos fez lembrar que nada havia mudado. Tudo voltou a acontecer. co,n os mesmos pretextos. embora agora cha,nada de repressão democrática. Até a Igreja foi envolvida, com a invasão da Mátriz de São BerntJrdo .... Isso tudo lembrou que a Igreja pode e deve participar dos destinos dos trabalhadores. Se houve tempo en, que a classe trabalhadora e a Igreja estiveram distantes. não foi por culpá da classe traballládora 111as da Igreja. que não soube acon,panhar. Agora estamos satisfeitos em ver o povo brasileiro unido. n,as viemos apenas marcar nossa presença aqui, porque a Igreja não tem nada a ensinar nessa luta, não quer influir na organização e na liderança. apenas deve se pôr a serviço". D. Hummes terminou seu discurso lembrando todos os que foram e estão presos, os posseiros e os padres franceses à espera da j ustica,

fora instalada no Paço Municipal de São Bernardo, com toda "a infraestrutura necessária para alojar, alimenttJr e distribuir em grupos de trabalho os quatro 1J1il delegados esperados para o evento" ("Diário do Grande ABC", 24-8-83). Também a prefeitura de Osasco ofereceu alojamento e ônibus ("Diário do Grande A BC", 9-8-83). Estiveram presentes à sessão de abertura do Congresso um enviado do governador Montoro, o Secretário do Trabalho, Pazzianotto, todos os presidentes de partidos de Oposição, o prefeito de São Bernardo, Aron Galante, e o prefeito de Diadema, Gilson Menezes. No âmbito estadual, Augusto Lopes, assessor do secretário Pazzianotto, comunicou que o Estado destinaria, naqueles próximos dias, verba de Cr$ 10 a 12 milhões para o CONCLAT ("Jornal do Brasil", 278-83). À sessão de encerramento, estiveram presentes o líder do PMDB na Câmara Federal. .freitas Nobre, e o Secretário do Trabalho do governo estadual, Pazzianotto, o qual - segundo a "Folha de São Paulo", de 29-8-83 - "ten, trânsito relativa,nente livre entre as duas correntes" (isto é, ANAMPOS e Unidade Sindical).

Convém notar, por outro lado, que estiveram presentes ao I CONCLA T delegações dos seguintes países: Itália UIL - União Italiana do Trabalho; CISL - Confederação Italiana dos Sindicatos dos Trabalhadores; CG 1L - Confederação Geral Italiana dos Trabalhadores (Gian Andrca Sandri - observador). França CFDT - Confederação Francesa Democrática do Trabalho. Holanda FNV - Federação Holandesa dos Trabalhadores. Espanha UGT - Umão Geral dos Trabalhadores. Uruguai PIT - Plenária lntersindical dos Trabalhadores; CNT - Confederação Nacional dos Trabalhadores. Alemanha DGB - Federação dos Sindicatos Alemães (representante). Canadá CEQ - Central Nacional dos Professores. México CPUSTAL - Congresso Permanente de Unidade Sindical dos Trabalhadores da América Latina. Estados Unídos AFL-CIO - Federação Americana do Trabalho - Assembléia das Organi,.ações da Indústria; Central Latino-americana dos Trabalhadores. Não faltou também uma delegação da OLP.

CATOLICISMO - Outubro de 1983


..

QUADRO 1

"Ampla agitação" Apesar do "arsenal" financeiro e propagandístico, de que dispuseram fartamente, há razões para presumir que os promotores do Encontro não se sintam eufóricos com os resultados obtidos junto às próprias bases. Com efeito, se o leitor analisar detidamente os quadros ao lado, constatará que entre 1981 e 1983 o número de sindicatos rurais presentes diminuiu, embora o número de delegados tenha aumentado. Também o número de sindicatos e delegados urbanos decresceu consideravelmente, e enquanto o número de associações cresceu de 211 para 221, o das Federações caiu de 43 para 7. Assim, as "confederações" simplesmente deixam de existir, no espaço de dois anos, surgindo, de modo inesperado, enigmáticas "entidades nacionais", em número de 9. O aumento de delegados, ocorrido entre 1981 e . 1983, é inteiramente irrisório (4,5%). Sobretudo se considerarmos que compareceram ao 1 CONCLAT 707 sindicatos, apenas 14,3% do total de sindicatos de trabalhadores existentes no País. Dados extraídos do mapa do mês de Julho / 83 da Coordenadoria de Organização Sindical do Ministério do Trabalho (ver quadro anexo) revelam que o número total de sindicatos de trabalhadores brasileiros, incluindo os de profissionais liberais e autônomos, é de 4.942. Quanto às "associações" e "entidades nacionais" participantes, não se sabe que critérios foram adotados para admiti-las no CONCLAT, nem mesmo se representam exclusivamente a classe operária; tampouco há dados que per-mitam compará-las com o total existente no País. Notese ainda o comparecimento de apenas 7 dentre as 149 federações existentes. Sabe-se, ademais - co,1for-

Reunião Preparatória - 1981 - Reali1.ado em Praia Grande - SP ("Jornal do C0NCLAT', 27-8-83, n. • 2) RURAíS rr.0T.A;L URBANOS Delegados 4.073 963 S.ó36 Sindicatos 4lí9 363 832 Associações 211 211 ., Fede;ações 16 43 27 Co'n(ederações s 1-

ll - C©NeLAif - 1983, (ealizado em São Bernardo do Campo - SP ~!Dados coletados da imprensa diácia, contendo o número mais elevado dos partrcipantes nos três aias d.o Encontro) l!J RBAN'0S Rl!JRAIS TOT1'1L Delegados 3.601 1.66'4 S.265 Sindicatos 393 314 707 Associações Z21 221 Fed..etações 7 7 Entidaéles Nacionais 9 Confrontando os dados da Reunião Prepa(atória - 81 com os do CQNCLAT - 83, polle.se constatar o decréscimo quanto ao número de sindtatos urbanos e rurais prese,ntes neste ~no. 0 roeS!l\O o.correu no tocante ao número de delegados ,de sindicatos urbanos. Verificou-se, por outro lado, um certo aumento e.m comparação com a cifra dos delegados rurais

participantes da reunião anterior.

me veicularam alguns quotidianos - que vários participantes do recente CONCLA T também deverão comparecer, em novembro próximo, ao de Praia Grande, promovido pela Unidade Sindical. Confirmando-se tal notícia, não caberia alegar as cisões internas do movimento sindical como justificativa para o número pouco expressivo de participantes do Congresso de São Bernardo. Restaria verificar se as propostas formuladas são de cunho nítida ou preponderantemente trabalhista . Quando se lê o "Plano de lutas da CUT" (Jornal da CUT - Edição histórica, setembro de 1983, Ano 1, n. 0 O), surpreende encontrar itens como:

1) Luta cm defesa das estatais. 2) Contra a privatização das estatais. 3) Reforma Agrária radica l, ampla, maciça (massiva, no original...), imediata e sob o controle dos trabalhadores rurais, a partir da demarcação do uso coletivo da terra. 4) Ocupação imediata das terras dos grileiros, das terras do Estado, dos latifúndios improdutivos ou não, e coletivização das grandes empresas capitalistas nacionais e internacionais. 5) Contra a intervenção da policia nos problemas agrários. 6) Que as terras desapropriadas e destinadas à Reforma Agrária sejam distribuídas aos trabalhadores, sem direito à venda.

QUADRO li Mapa Oemonstr;ativo d,e 0rganiza.ção Sindical do Ministério do 17rabalho Enijdades c~istcntcs ate 31-1-83. Sindicatos existentes T0T•AL URBA;N'OS RUltAIS Prof,ssio11ais 2.266 2,Mló 4.672 Prof. Lilx:rais 226 226 Prof. Autônomos 4ll 44 Total 2\536 4.942 Participação 101 31~ 3 93 no 1€0.NCLAlf ,Po(centagem

15,50%

7) Toda e qualquer desapro-

priação de terras .... deverá ser feita com a participação das comunidades envolvidas, e a indenização feita terra por terra na mesma região. Abaixo reproduzimos outros tópicos do "Plano Geral de Luta do 1 CONCLAT', conforme folheto distribuído no local do Encontro.

A greve geral contra o Decreto-lei n.o 2.045 "1 - A Direção eleita neste Congresso deverá encaminhar ao Governo Federal a reivindicação pela retirada do Decreto-Lei 2.045 (que já está em vigor), contra a intervenção nos sindicatos, pelo rompimento dos acordos com o FMI e pe.la reforma agrária, estabelecendo um prazo para que o governo responda. Proposta para votaçio: sendo este no máximo até 14-10-83. 2 - Durante esse período (entre a entrega e o fim do prazo) deve ser

feita ampla agitação contra o Decreto-Lei 2.045, contra a intervenção nos sindicatos, pelo rompimento dos acordos com o FMI e pela reforn,a agrária, através de pixações (sic),

panfletos, cartazes e outros meios, nos locais de trabalho. nas ruas, etc. Ao mesmo tempo devem ser promovidas reuniões e assembléias, nos sindicatos, nos bairros e em locais de

13,05%

14,3.%

trabalho para preparar e respaldar a mobilização" (o grifo é da redação). Talvez a falta de receptividade junto ao público explique os atos flagrantemente ilegais que estão sendo preparados, o que nos autorizaria a formular uma hipótese: tentariam os articuladores do CONCLAT conseguir por métodos inlimidatórios o que não foi possivel obter pela persuasão? Procurar-se-á, desse modo, favorecer a classe operária, ou excerbar os problemas já existentes? Em caso afirmativo, estariamos diante de mais um lance da guerra psicológica revolucionária. À vista de tudo isso, é oportuno indagar: não haverá uma só e mesma encenação para ludibriar os incautos? É possível crer na representatividade dessas minorias estrepitosas e agressivas? Seriam dois bons recursos para velar o descrédito junto às bases: de um lado, simular dissensões internas, à maneira de "bluffs" demagógicos; e de outro, promover uma "ampla agitação", prenúncio do caos, objetivo visado pelos artífices do I CONCLAT. Auguramos que o Brasil ordeiro e cristão saiba rejeitar vigorosamente tais manipulações ideológicas, que intentam conduzi-lo aos antipodas de sua vocação.

Roberto Falconieri

Férias e manifestações anti-socialistas na França PARIS - Neste ano algo p.a recia ameaçar as férias dos franceses. Com efeito, as viagens ao Exterior nesta época, sobretudo para a Espanha, Itália, Alemanha e Suíça, eram aqui tão rotineiras como as interestaduais no Brasil. No entanto, para tentar equilibrar um pouco as finanças abaladas pelas medidas econômicas de cunho socialista, principalmente nacionalizações, Millerrand limitou em 2.000 francos (cerca de 265 dólares) a quantia que cada francês pode levar cada ano para fora do país. Houve protestos calorosos e passeata com mais de 3 mil manifestantes, que culminou em concentração diante do Ministério das Finanças. O governo não se moveu e. chegado o momento das férias, todos se acomodaram e procuraram gozá-las na França mesmo, contentes ainda com essa possibilidade ... Algo semelhante ocorreu em relação aos maciços descontentamentos populares que visavam o governo socialista. O mundo inteiro tomou conhecimento das manifestações quase diárias, realizadas entre maio e julho deste ano, dos mais variados setores, contra medidas governamentais. Assim vimos agricultores, comerciantes, dirigentes de pequenas e médias empresas e, sobretudo, universitários desfilarem pelas ruas de Paris e de outras grandes cidades, verificando-se às vezes violentas confrontações com os esquemas de segurança, 9ue se transformavam cm verdadeiras batalhas campais. Tudo era utilizado pelos manifestantes: pedras de calçamento, garrafas, barras de ferro, cercas de canteiros de obras. Por sua vez. a polícia revidava com gás lacrimogênio e com violentos golpes de cassetete que atingiam indiscriminadamente transeuntes, turistas ou estudantes. De repente, com a chegada das férias, ludo se acalmou, como se os motivos profundos do descontentamento geral tivessem sido eliminados num só golpe mágico, em virtude da ação de alguma fada benfazeja ... CATOLICISMO -

Outubro de 1983

Fêrias: "ldolo" moderno dos franceses Em caso de guerra, os franceses devem fazer votos para que qualquer invasão de seu território não se efetue durante as férias. ou nas proximidades delas. Pois, como as férias são sagradas, eles só poderiam pensar no invasor dois ou três meses depois, quando voltassem para casa ... As férias são ansiosamente esperadas e cuidadosamente preparadas durante todo o ano. E quando se fala cm férias, na Europa, automaticamente se pensa nas de verão, entre julho e setembro. São as mais longas, uma vez que o ano escolar termina no início dessa estação, e as mais concorridas, pois o clima incentiva as pessoas a empreender possantemente grandes fugas para locais propícios a evitar a canícula (que neste ano está sendo a mais forte do decênio). Para o bom funcionamento das "vacances" há uma mobilí1,ação geral, e dela participam todas as classes sociais e profissionais, desde altas autoridades a pequenos funcionários públicos, desde sacerdotes (que simplesmente fecham as igrejas ou, quando seu número é maior, restringem ao mínimo os atos litúrgicos para se revezarem nesse periodo entre o altar e as viagens) aos sacristães, dos profissionais libe rais aos comerciantes. Evidentemente, entre estes úllimos há um certo revezamento, de maneira a poderem atender no suprimento diário dos lares as donas de casa que não viajaram. Assim, toda a vida dos franceses, nesses meses, está impostada na perspectiva de descanso. As pequenas lojas e os grandes magazines oferecem as últimas novidades em artigos de campo, praia, montanha. As estações ferroviárias e o Metrô, além de grandes cartazes, oferecem cm pequenos folhetos sugestões de passeios, roteiros de viagens, programas de verão. Os jornais e re-

vistas passam a publicar artigos e FamUie francesa noticiários a respeito de festivais, efetua uma atrações locais e atividades culturais da$ ..eerimõnias" e artísticas das províncias, como o do "'ritual" férias: o "Son et lumiere" no castelo de Lude, das transporte de na Bretanha, ou a "Fête de Nuit", no bagagem de Versaílles. Para evitar surpresas desagradáveis nas viagens, repartições estatais mantêm postos telefônicos em toda a França, para que os problemas surgidos com a qualidade de alojamentos, de alimentos, de transportes, sejam comunicados à Operação lnterministcrial das Férias.

O "ritual" das viagens O ansiado momento do "départ" é preli bado pelos franceses com um ritual quase religioso. Os automóveis são carinhosamente inspecionados e preparados nos dias antecedentes, as "roulo1tes" (casas rolantes, reboques), limpas e arejadas, são reabastecidas, o material específico para a viagem é tirado das malas, das caves e ex posto ao sol. Tudo é acompanhado com alegria e moderadas exclamações pelas crianças, quando as há. Pois as famílias francesas são muito pouco numerosas - um filho em média - em decorrência do decréscimo do número de matrimônios pelas meras "coabitações", além do divórcio, limitação da natalidade e aborto. Teme-se mesmo pelo futuro da nação, uma vez que a média dos nascimentos já está um pouco abaixo da dos casamentos. Para não se ter preocupação com os automóveis, uma boa parte prefere viajar mesmo de trem, que é um dos meios de locomoção mais .utilizados na Europa. E a rede ferroviária da França é a melhor do continente, com a vantagem das inúmeras faci lidades que oferece no período de férias: redução de 50% no preço das passagens para os jovens de 12 a 25 anos, regalia extensiva a viagens cm familia ou em grupos, além de um serviço integrado de turismo muito eficiente.

O que fazer com animais domêstlcos? Um problema que aqui se põe é o seguinte: o que fazer com os animais de estimação? Sabe-se que, segundo as estatísticas, o número de cães e gatos na França ultrapassa a cifra de 40 milhões. "Pas de proble1ne", tudo está previsto. Esses animais poderão viajar nos trens, com seus donos, pagando meia passagem de segunda classe. Poderão mesmo ir em carrosleito (geralmente com 6 lugares), desde que os outros usuários não apresentem objeções. Caso contrário, há compartimentos especiais, nos trens, para acolhê-los... Mas alguns simplificam a questão. No caso de animais grandes o que tornaria embaraçoso seu transporte em viagens longas, sobretudo para o Exterior - são eles amarrados a uma árvore à beira de alguma estrada de grande movimento. Seus proprietários sabem que, freqüentemente, pessoas de "bo,n coração", encontrando o animal, conduzem-no a algum dos postos da Sociedade Protetora dos Animais. Aliás, esta já lançou, por meio de

grandes cartazes colocados nos corredores do Metrô, apelos patéticos contra ta l costume, afirmando que mais de 200 mil animais são abandonados anualmente no país. Os referidos cartazes apelam também a "pessoas generosas" para adotarem um desses infelizes.

• • • Pelo que foi acima narrado, podemos tirar algumas conclusões sobre a mentalidade dos franceses atuais. A reação popular anti-socialista foi particularmente intensa no presente ano a partir de maio e julho. A época das viagens de descanso segundo parece - arrefeceu a oposição ideológica contra o atual regime. Se a observação acima for inteiramente real, deduz-se que os franceses imolaram ao novo "ídolo", temporariamente, a sua indignação anti-socialista e os valores vitais que se opõem a tal regime. E entre eles figura exatamente a autêntica liberdade individual...

Plinio Solimeo 3


!aciona-se com uma aparição da Virgem para proteger diretamente um pastor que, há vários séculos. tendo adormecido sobre uma rocha próxima ao rio, estava prestes a ser devorado por um crocodilo.

FIÉIS IMPEDEM

DEMOLIÇÃO DE SANTUÁ RIC

Em São Paulo

Imagem autêntica de Nossa Senhora da Penha de França

De ermida a Santuário EM SEU LIVRO "Maria e Seus Gloriosos Títulos", Edésia Aducci ( 1) narra que, na Espa nha , na região de Castela. uma imagem da Virgem havia sido escond ida no alto de um rochedo. Era a época das perseguições aos católicos, movidas pelos invasores muçulmanos. e o rochedo chamava-se Penha de França, porque nele tinha se refugiado, em cena época, um grupo de franceses. Alguns séculos mais tarde, um piedoso monge, chamado Simão Rochão, te ve uma miraculosa revelação sobre o local onde se mantinha escondida aquela imagem. Dirigiu-se a esse local e realmente encontrou-a , erigindo para ela uma ermida que progressivamente tornou-se um ponto de peregrinações de devotos da Virgem Santissima, invocada sob o titulo de Nossa Senhora da Penha. Segundo relata Hedimir Linguiti, em seu trabalho "Penha de Ontem e Penha de Hoje" (2), há na França, na cidade de Pau, situada próximo aos Pirineus, uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Penha. Na região, essa devoção re-

Fala engenheiro que preservou a igreja

Na capital paulista a origem do Santuário está relacionada com a presença de um viajante francês que por aqui passou no remoto ano de 1668. sem deixar para a posteridade nem seu nome. nem qualquer traço biográfico. Legounos, entretanto, muitíssimo mais do que isso, ou seja, o lumen dessa devoção mariana . Como piedoso devoto que era. percorria os caminhos levando sempre consigo a imagem de Nossa Senhora da Penha. Contudo, tendo passado próximo à colina situada após o sitio chamado Tatuapé, notou, mais adiante, a falta de sua estimada imagem. Tendo retornado a fim de procurá-la, realmente encontrou-a na colina. Tomou-a novamente e prosseguiu a viagem, mas o singular fenômeno se repetiu. Não querendo absolutamente contrariar aquilo que tudo levava a supor ser o desejo da '7irgcm, decidiu deixar a imagem ali, para ser venerada numa ermida a ser ed ificada. Assim teve origem a bela 1greJa colonial, ern torno da qual, já no começo do século XIX, e ncontravam-se vários solares de residência e também hospedarias. Frequentemente os viajantes. mesmo vendo ao longe ,, cidade de São Paulo, preferiam, antes de atingíla, rezar aos pés da Virgem da Penha e repousar. Uma lápide registra a visita do Imperador D. Pedro I e s ua comitiva ao templo, cm agosto de 1822, pouco antes de proclamar a Independência do Brasil. A igreja passou â condição de Santuário Arquidiocesano de São Paulo, a 20 de julho de 1909, e m cerimônia oficiada pelo então Arcebispo Metropolitano D. D uarte Leopoldo e Silva. A re forma que modificou o estilo de seu interior data de 1935.

t?l llcdimif l.in!"lill. /'n1hct ~ (>m•11, l' P.-nlwl ,k llü}r,

A celebração de Missas no antigo santuário foi supressa, aos sábados e domingos. a part ir de 1975,

M

Slo huto. 1912, Oti,gin:al ~tlklg,-ibdo,

que ali foram colcx:adas instalações

P -

sanitárias. Com o tempo, a terra junto aos alicerces foi perdendo a consistên• eia, devido â água, e, portanto. o

futuro?

recalque da torre foi mo1ivado pela

difícil foi aquele cm que a torre en-

espécie de cortina de concreto cm redor da torre. Atualmente. esta se encontra inteiramente firme.

P -

Engenheiro Lacava, as autori-

dades eclesiásticas deram autorização lànto para a demolição quan10 para a restauração do an1igo Santuário? R - A Mitra jogou dos dois lados. Concedera anteriormente autorização

à Prefeitura para efetivar a demolição.

devendo receber em troca um terreno na z.ona Leste, cm ltaqucra. Esse foi um negócio entre a Mitra e a Prcfej. tura, de que nós tomamos conhe-

cimento apenas através de declarações de membros da própria Mitra. P - A que_ se deve a inclinação da torre da igreja? R - Há cerca de 12 anos foi aberta uma fossa no piso da torre, uma vez

4

contrava'"'sc condenada. O Vigário. Pa-

dre Carlos Calazans. opunha-se ao intento da população. e a Prefeitura e outros órgãos públicos, igualmente. O Condephaat (Conselho de Defesa do queológico e Turís1ico) devido às reformas que o Santuário sofreu em

1935. não linha condições de inclui-lo sua jurisdição. Então, restou para os

Não tem qualquer fundamento a

moradores o investimento, a Fé e a

alegação do então Secretário muni•

que deu início à demolição, re1irando os sinos da torre. numa custosa ope..

ração. O conjunto de quatro sinos nela existentes pesa l .'2 toneladas. cnquan· 10 a torre pesa, no total, 800 toneladas. Seria a mesma proporção que tem, no corpo humano, o peso das

orelhas para o peso t0tal. f um absurdo que os engenheiros da Prefeitura tenham assinado o laudo para a re-

tirada dos sinos. P - Até o momento como estão os

gas1os e as doações? R - O público fiel realmente pagou a restauração. Conforme demonstramos no balanceie, já gastamos o to1al recebido, no valor de CrS 16. 709.999.43 e temos, atualmente. uma dívida de CrS 8.000.000.00. Tivemos momentos de aOição, duranle o ano, com débi1os

-l

Estado .atual dos t,abalhos de reparação da p&rte ex1orna do &ntigo

segundo o esquema de fechamento progressivo. Em seguida, tal supressão estendeu-se para vários dias da semana, de tal modo que, três anos depois, a velha matriz teve definitivamente cerradas suas portas. Fiéis que desejavam ali pagar suas promessas. eram vistos rezando nos degraus de entrada, mesmo sem poder entrar. Mais recentemente. a Mitra Metropolitana de São Paulo adotou como norma não se empenhar na restauração de igrejas antigas. mas apenas efetuar construções de novas capelas e os chamados centros comunitários, em geral nos bairros periféricos. Por isso, através do Bispo Auxiliar D. Francisco Manoel Vieira, ela transferiu à Comissão Executiva para a Reforma do Antigo Santuário da Penha toda a responsabilidade de administrar o venerando templo. Essa procuração, devidamente registrada cm cartório, foi datada de 22 de junho de 1982. Um veterano militante das Congregações Marianas e colaborador da Paróquia, Sr. Hedimir Linguiti , teve sempre em vista a conservação e reabenura do antigo santuário, cuja história conhece detalhadamente, havendo escrito um livro, ainda não publicado, a respeito. Em 1980, preocu1>ado com manchas cau sadas pela água que va1,ava da calha, n\lma das paredes laterais, procurou ele o jovem engenheiro Marco Antonio Lacava a fim de pedir-lhe um laudo técnico que apresentasse fundamento para os trabalhos necessários à conservação do edifício sacro.

Patrimônio Histórico, Artístico, Ar-

agravamento da inclinação da torre?

cipal das Administrações Regionais,

reportagem de "Catolicismo":

R - Os riscos hoje são mui10 menores do que anccs. O momento mais

como edifício a ser conservado sob a

R -

respondeu, cm entrevista exclusiva. às seguintes perguntas rormuladas pela

Quais as perspec1ivas para o

A retirada dos sinos evitou o

P -

O ENGENHEIRO Marco Antonio Lacava, presiden1e da Comissão Executiva para Reforma do Antigo Sanluário de Nossa Senhora da Penha,

variadas, muitas pessoas que foram se afastando d.i prática religiosa, em virtude de circunstâncias diversas. Como o filho pródigo da par{,bola do Evangelho, elas guardam na alma a nostalgia do estado de graç,1 no qual anteriormente viveram. A casa paterna, ou melhor dizendo. a cas.i materna, cm se tratando de um santuário da Virgem Santissima, conserva para elas grata recordação e, ta lvez, a esperança de um salutar retorno. O santuário de Nossa Senhora da Penha, cm São Paulo, cuja história remonta ao ano de 1668, é um desses lugares aos quais Nossa Senhora manifesta sua especia l predileção, atendendo aos fiéis que a li vão suplicar-lhe ajuda cm seus momentos de dor e aflição. Por voha de 1940, o templo já se tornara pequeno para acolher o público comodamente. Por isso. um outro, amplo e cm estilo moderno, foi erguido no q uarteirão vizinho, e que passou a ser utilizado jâ na década de 60.

Abandono

Para sanar esse problcnta tivemos que fazer uma cravaç..i:o de 45 micro· estacas cm torno do alicerce, numa

,

bém, cm graus e por razões as mais

Nota.\

assustou, e a igreja foi abandonada.

O engenheiro M arco Antonio Lacava

A

(1) l::db.iJ Ad!JOCI. ~,\(d r/o (' S t111 (i/Qtk,J()I 1'flulü1M. Edrlo,a Lar C:uólico, Jui, 4k For,, 1,• J:dt('.lo, 19SS.

fossa. Quando a torre trincou e come• çou a se inclinar, todo mundo se .,

D ES IG NAÇÃO das várias áreas nas quais se estabeleciam novos moradores, na então vila de São Paulo, habitualmente se relacionava com o nome do Padroeiro da paróquia ou freguesia. Desse modo, as invocações de Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Saúde. Nossa Senhora do ó. Nossa Senhora da Consolação. Nossa Senhora do Paraíso, Nossa Senhora da Lapa, Nossa Senhora da Penha, escolhidas para serem honradas com a edificação de igrejas, no passado, deram também origem à denominaç,'io atual de seus respectivos bairros. Esses templos, carregados de bênçãos e marcados pela História, ainda hoje existem, geralmente remodelados ou ampliados, e são objeto de vivo apreço por parte das a lmas verdadeiramente católicas. Porém. desse afeto participam tam-

Confiança. E hoje nós 1emos a igreja restaurada, mas cu vejo que não vai depender da Comissão restaurar nela a

vida religiosa. Por ocasião da procissão de Nossa

Senhora da Penha. no dia 8 de se1cmbro~ confesso que diante de tanta alegria, também fiquei triste. Estava

fazendo um pouco de írio e garoando, mas cu me lembro de ou1ras pro .. cissõcs, nas mesmas condições, porém nas quais havia muito mais pessoas acompanhando. O que vem ocorrendo nestes últimos dez anos é uma descaracterização da Fé. Nosso Pastor

diverge do consenso dos fiéis de restaurar o templo. Tal\!CZ. pela primeira vez nessa paróquia. as ovelhas não aceitaram a decisão do Pastor.

O povo teve que construir. investir na restauração. E no momento de visitar. entrou numa igreja vazia. sem

uma imagcrn. sem o Padre. sem um

em relação à firma que executa ser-

banco para se sentar. ajoclh3r e orar.

viços especializados de subfundação, e

Foram momentos alegres e também

chegamos a correr o risco de paralisar

momentos tristes. e nós percebemos o

as obras.

quanto o rebanho está 1ris1c.

Desmoronamento Um episódio inesperado acelerou as 1rata1ivas. que até então se desenvolviam lentamente, apesar do empenho com que a Comissão dava inicio às suas atividades. A 23 de agosto de 1982, a parede do lado da torre, de taipa e infiltrada pela água das chuvas, desmoronou parcialmente. Além disso, a torre, que anteriormente já a1>rcsen1ava rachadura, começou a se inclinar. Dividiram-se, então, os campos. De um lado, a Administração Regional da Penha, com o respaldo eclesiástico, favorável à demolição. De outro, os moradores do bairro, empenhados na restauração de seu velho santuário. Entre as duas posições, havia, é verdade. os céticos e indecisos, cansados em virtude dos anos de interdição das ruas que dão acesso e circundam o templo. Assim. aproveitando o episódio do desmoronamento, o então Secretário das Administrações Regionais do municipio, Sr. Francisco Nieto Martins, determinou que fosse dado início à demolição, fazendo para isso retirar do interior da igreja as imagens que ali ainda se encontravam, bem como os bancos e outros objetos. Um guindaste especia l retirou os sinos da torre. e as

máquinas e operários jâ se preparavam para prosseguir a operação, quando, numa tentativa final, os membros da Comissão, tendo à frente o engenheiro Marco Antonio Lacava, o advogado José Roberto Galli e o comerciante Luís lmperalo, entraram com uma liminar na

3.-'

Vara de Feitos da Fazenda Municipal, negando à Prefeitura a faculdade de demolir a igreja. A liminar foi julgada favoravelmente e um oficial de j ustiça dirigiu-se logo cm seguida à Penha para intimar os responsáveis pela demolição no sentido de que interrompessem o seu trabalho. /,. Por sua vez. a Administração Regional da Penha ta mbém recorreu à Justiça,obtendo a anulação da liminar obtida pela Comissão. Na noite em que se iniciaria

afinal a demolição, membros da Comissão, juntamente com alguns moradores, colocaram-se jun to às

máquinas e operários. solicitando

aos responsáveis mais um d ia de i pra1.o para tratativa.s. Realmente,

nesse sent ido uma reunião teve lugar na sede da Administração Regional. durante a qual o Sr. Francisco Nieto Manins chamou a atenção dos membros da Comissão. mostrando-se receoso de que um novo desabamemo parcial do templo viesse causar vitimas e danos. Convencido de que o risco de tal acidente de nenhum modo apresentava as proporções apontadas por aquela Administração, e que. portanto, a igreja era perfeitamente recuperável. o engenheiro Marco Antonio Lacava assinou, sem qualquer hesitação. o termo em que assumia inteira responsabilidade civil e criminal pelos traba lhos de restauração. Além disso, atendend~ convocação que lhe foi dirigida pelo titular, passou a apresentar-se mensalmente na 10.• Delegacia Regional de Policia a fim de fornecer informações sobre os trabalhos da Comissão.

Donativos afluem "'Nós, que sempre fon1os prou,gidos por Nossa Senhora do Penha. t1gora deve,nos ajudar a arru,nar a igreja", comento u alguém do público, segundo um diário paulistano. Realmente, logo na semana seguinte ao desabamento da pa1·cdc, doações José Salvador de Oliveira exerce com gost o sue função de mostre de obras. e comente: "Este é a terceira o mais bonit.a igreja om que trabalhei".

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)

procedentes dos mais diversos pontos começaram a chegar aos cofres colocados junto à igreja, e à conta bancária aberta, visando a reforma. Até da distante capital do Ceará chegaram contribuições. (As doações por via bancária podem ser enviadas para a conta especial n. 0 087943-6. oo Banco Bradesco, Agência Penha, São Paulo, SP, em nome da Comissão Executiva para a Refor-· ma do Amigo Santuário da Penha). Diariamente, um abnegado membro da Comissão, Sr. Antonio Ganância dos Santos, proprietário de um bar nas imediações, recolhe as contribuições dos cofres, para depositá-las no banco. Como é natural, são numerosas as pequenas contribuições, mas que permitem seja atingido o total diário aproximado de CrS 50.000,00.

PACIFISMO E NEUTRALIDADE À MODA SUÍÇA os homens de 20 a 50 anos, sem exceção, são considerados cm idade militar. Os que objetam razões de consciência devem servir cm alguma un.idade não-combatente ou vão para a cadeia. Aos 20 anos há um treinamento intensivo de 17 semanas. De 20 aos 32, os contingentes servem em unidades de elite, com 21 dias de treinamento por ano. De 33 a 42 são transferidos para a I.A11dwehr, com duas semanas de adestramento a cada dois anos . De 43 a 50 anos fazem parte das Forças Territoriais, com uma semana de exercícios a cada quatro anos. A partir de 50 anos dedicam-se às atividades de defesa civil. O equipamento pessoal fica sempre em poder dos soldados, responsáveis legalmente pela sua manutenção. São inspecionados anualmente. Presume-se que cada suíço possui cm casa pelo menos tr~s armas de fogo. Há no país 3 mil stands de tiro onde os homens se exercitam continuamente. Declarada a guerra, a Suíça mobilizará cm 48 horas um exército de 600.000 homens, 100.000 a mais do que o alemão. A doutrina prescreve que a nação encontrará o inimigo cm todas as fronteiras, já cm guerra total. A população inteira toma parte, seja nas unidades regulares, seja em destacamentos guerrilheiros

Abertura ao público Os dias que antecederam a festa de Nossa Senhora da Penha, a 8 de setembro, foram de intenso labor para os operários que ali trabalham. Eles tiveram que limpar inteiramente o interior da igreja, não somente empoeirado devido ao depósito de tijolos e cimento, mas também pelo fato de o Santuário ter permanecido fechado durante três anos. Numeroso público participou da procissão e visitou o an~igo santu~rio. que tantas rccordaçoes faz reviver na alma dos fiéis. Em especial no período da manhã, muitas foram as pessoas que trouxeram ramalhetes de ílores para colocá-las no altarmor, junto ao nicho vazio diante do qual. ajoelhadas, elas rezavam. Uma senhora, a quem _o repórter de '-!m matutino pauhsta indagou a respeito desse gesto, respondeu: "Não faz mal. a in,age,n não está no altar. ela está na minha cabeça". Numa das portas, o mestre de obras José Salvador de Oliveira exercia naquele dia uma função diferente: a de distribuir ao público o comunicado da Comissão Executiva para a Reforma do Ant igo Santuário da Penha, em formato de jornal tablóide, comemorativo do 3 t 6. 0 aniversário daquele templo e publicado pelo Clube de Di~ctorcs Lojistas da Penha. Nessa publicação pode-se ler: "Oito de Setembro é uma data querida de rodo o povo paulistano. pois neste dia se louva Nossa Senhora da Penha. padroeira da cidade de São Paulo e se con,emoro o aniversário da fundação oficial do bairro da Penha de França, há 316 anos". . Ao cair da tarde, José Salvador comentava com a reportagem de "Catolicismo": "Estou aqui de pé. distribuindo esse jornal. desde as 8 horas da manhã. Cansa mais do que o tral,alho nos andai111es. ,nas vale a pena. A inda luí pouco, esteve aqui 111na senhora que rezou e, ernocionada, co,neçou a chorar. Eu fui batizada aqui - di.tse ela - e queriam derrubar esta igreja... " Num estabelecimento financeiro no centro comercial da Penha, por iniciativa do Sr. Hedimir Linguiti, encontra-se em exposição permanente um substancioso acervo fotográfico documentando o passado do venerando santuário, bem como de seus ant igos paroquianos e de aspectos da vida do bairro.

Agradecimento à Comissão A 6 de setembro último, para tornar público o agradecimento da população aos membros da Comissão Executiva para a Reforma do Antigo Santuário da Penha, que tão bc)n souberam interpretar e concretizar os anseios gerais. realizou-se uma sessão solene no Salão Nobre'do Forum Distrital da Penha, por iniciativa do Meritíssimo Juiz da 4.• Vara, Dr. Pedro Gaglíardi. Na ocasião, o historiador Tito Lívio P,crreira discorreu sobre as origens do Santuário da Penha, tendo em seguida sido entregues aos beneméritos membros da Comissão cartões de prata com expressões de agradecimento. Especialmente significativas foram as palavras do Dr. Pedro Gagliardi quando. cncer.-ando a sessão, ressaltou o vigoroso ressurgimento da devoção a Maria Santíssima em nossos dias. cujos famosos santuários de F,\tima. L.ourdcs, Guada lupe. Aparecida e Czcsiochowa atraem anualmente multidões de peregrinos.

Colombo Nunes Pires CATOLICISM O - Outubro de 1983

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Blindado do exárcito sufço

PACIFISMO tem voltado à ribalta, apesar do sério contratempo que representou para ele a agressão brutal dos soviéticos contra o Jumbo sul-coreano, perpetrada no dia 2 de setembro último. A sanguinária atuação dos caças russos patenteou para a adormecida e mole opinião pública do Ocidente a falsidade do pacifismo pregado pelos soviéticos e o cinismo de suas propostas de desarmamento. Mas como a reação dos governos do Mundo Livre, excetuando-se talvez o do Japão, àquele desumano atentado foi muito débil e não proporcional à sua gravidade, resulta que o episódio parece configurar mais um lance da gue rra psicológica revolucionária. Neste caso uma manobra mediante a qual o injusto agressor procura se impor cada vez mais pelo medo e o agredido se acovarda progressivamente, devido ao receio de retaliação à altura. Concomitantemente, se avilta. Esse é o quadro do momento, após a derrubada do avião da Korean Air Unes. Já anteriormente a tal acontcc.imento, a perspectiva da instalação dos foguetes norte-americanos na Europa deu ocasião a grandes marchas pela paz nos Estados Unidos e no Velho Continente, pedindo o "congelame,110" nuclear, que significa a cessação do preparo de novos artefatos atômicos pela super potência capitalista, ou até mesmo seu desarmamento unilateral. Há observadores da política norte-americana tendentes a achar que dois temas ocuparão o centro das atenções nas eleições presidenciais de novembro de 1984: a economir. e o debate sobre a corrida nuclear. Nesta discussão, um dos aspectos cm foco versa sobre o modo de, sensatamente, se evitar a guerra. Uns preferem desarmar-se para tornar impossível o choque. confessando implicitamente que preferem a derrota - "be11er red than dead" - melhor vermelho que morto - à possibilidade da guerra atômica. O "co11gelame11ta" configura uma forma d isfarçada e hipócrita de entrega , pois como a Rússia continua a se armar e aperfeiçoar seu arsenal, chegaria a ocasião de poder impor condições draconianas ao adversário que ficou para trás. De outro lado o bloco não-pacifista ambiciona armar-se , para atcmori1.ar o inimigo. excluindo de seus horizontes a rendição. Tomada a palavra neutramente, e não no sentido que adquiriu na linguagem corrente, exi stem duas formas de pacifismo. A primeira, exacerbada e delirante, dispõe-se a sacrificar tudo para manter a vida: Fé, independência nacional, honra. princípios. A segunda aceita os sacrifícios do armamentismo para preservar a paz através da dissuasão. Verificada a necessidade da guerra. eles a aceitam como recurso extremo para preservar tais valores. Recusam o Propter vi1an1, vivendi per· dere causas (para salvar a vida, perder toda a razão de viver), pois só lhes sobraria a escravidão sob o tacão da bota russa. Neste clima de atualidade do pacifismo, teria sido natural a seus

O

promotores considerar o caso de uma nação que se transformou em símbolo da neutralidade e da paz perene: a Suíça. Pois ela parece ter conseguido uma fórmula da qua l o mínimo que se pode afirmar é ser eficaz. Desde 1798, quando sofreu uma invasão de Bonaparte, vive cm paz, tendo sido garantida sua neutralidade pelo Congresso de Viena. cm 1815. Muitos pensarão que é uma felizarda, galardoada por cláusu las de tratados internacionais que a preservam d<.> turbilhão do jogo de Avilo da combate dos influências das grandes potências. Pequenina, teria sido mais ou menos deixada de lado por despertar pouca cobiça. Ela estaria fora da arcn~ como resultado de uma convenção. Desta maneira, a análise de sua situação seria inútil, porque obra da conjunção de circunstâncias ditosas, porém irrepetíveis. Não há dúvida de que há um consenso de a Suíça dever constituir uma nação neutra, oásis de tranqüilidade cm épocas de convulsão. par_a poder agir como elemento encaminhador de eventuais soluções. Seria um como que d ireito adquirido. Contudo, subestima-se a parte do país na aquisição dc.s te imaginário direito, porque o público não tem dados sobre a situação militar e a doutrina estratégica da nação alpina. Pensa-se (cu estava neste caso) que seu elemento armado seria quase só para cons1ar, tendendo a uma polícia civil. Excetuados os especialistas, a cujas fontes de informação habitua lmente não tem acesso o homem comum. o desconhecimento a tal propósito é praticamente total. Semanas atrás, veio-me ás mãos um relatório in titulado The Swiss l?eport, estudo especial da prestigiosa Westen, Goals Foundatio11 a respeito das concepções militares oficiais da Suíça e de sua força mi litar. Preparado por dois generais norte-americanos da reserva - George S. Panon e Lewis W. Walt - , foi distribuído a homens de responsabilidade e vendido ao público da supc,·potência ocidenta l em março deste ano. São dele as informações que passo a transcrever.

helvécios

Para indicar o vigor do povo, comenta-se que o inimigo encontrará, atrás de cada árvore da Suíça, um de seus habitantes armado com um fuzil. O Swiss Report relembra que durante a 2.• Guerra Mundial Hitler pensou seriamente em invadir a Suíça, por causa de certas vantagens estratégicas. Determi.nou ao Estado Maior germânico que preparasse a eventualidade. Os oficiais responderam que não era concebível, pois os suíços iníligiriam pesados danos ~ Alemanha, e os ganhos scnam m101mos. Assim foi sempre. Aproveitando a tenacidade de seu povo, ·a geografia escarpada e montanhosa, o país vive calmo, cuidando de suas finanças, relógios e quciJOS, porque conhece o potencia l riJO e ágil, utilizável a qualquer momento.

Formas de guerra moderna também preocupam Não só a ameaça militar preocupa os suíços. As armas psicológicas atraem também sua atenção, denotando modernização do conceito do que hoje é a guerra. Um relatório do Conselho Federal, órgão máximo do governo, afirma: "Potências e grupos de potência., tentam 11umentar suas esferas de influência por 1neio de pressões políticas. econômicas, propaga11dísticas e psicológicas. Os conflitos estão. de maneira crescenre. sendo levados a cabo por meios indiretos, com o fito de i11flue11ciar, enfraquecer e finalmente vencer o inimigo através de me_ios políticos. psicológicos e terroristas .... Os que conduzen, esre tipo de guerra .... apro_veitam-se das fricções exisre11tes 110 i11rerior da sociedade .... Esperam atingir seus objetivos por meio da difamação, inrimidação e emprego da força". Infelizmente, os autores do Swiss Report, certamente por falta de dados, não se estendem sobre as medidas adotadas pelo governo para reagir a esse tipo de ameaça. Enunciam apenas uma medida anti-chantagem: o empenho do Poder Público em que cada casa mantenha em

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Doutrina militar e potencial bélico da Suiça

Poderoso defesa anti-aérea na Sufça

A meta do país é manter a paz na independência. Para isso, ele renuncia a intervir ativamente na po~ lítica européia e mundial. O que é uma consideração sensata , dado que seu tamanho e recursos naturais dificilmente se prestariam a tal. Em segundo lugar, sua estratégia e forças armadas são concebidas com o fito de desencorajar qualquer agressão. Não permitir que cm nenhuma hipótese compense agredi-la. Os danos iníligidos ao a tacante ultrapassariam cm altíssima esca la as eventuais vantagens. Além do mais, caso o agressor vencesse. o país ficaria inutilizável, cm vista das med idas preventivas de neutra lização dos recursos que ele poderia ter interesse em usar. A nação helvética é concebida como uma unidade armada. Todos

ou unidades de defesa civil. Existem 4.000 obstáculos permanentes ao avanço de tropas inimigas, e 2.000 artefatos de demolição que explodirão imediatamente os túneis e pontes, impedindo o acesso ao interior. A maquinaria industria l, onde possível, seria desativada. Há cem quilômetros de túneis onde se guardam remédios, aparelhos hospitalares e mantimentos. O país pode proteger 85% de sua população contra a devastação atô· mica. Em 1990. protegerá a totalidade. O Exército mantém 40 hospitais, 10 dos quais subterrâneos, seiscentas bases, 170 centros de manutenção. O país possui 350 aviões de combate, 800 tanques, 3.000 sistemas de mísseis antitanques.

estoq ue alimentos para dois meses, o mesmo valendo para indústrias e importadores. O estado de prontidão das defesas militares e das civis indica a determinação férrea de resistir dos suíços, que construíram o espaço geográfico mais densamente defend ido da Europa Ocidental. Não há o vácuo de resistência que atrairia a cobiça. A nação fez de sua própria defesa um assunto tão sério, que desencoraja qualq uer veleidade de atacá-la . Conhecendo isto, facilmente se conse~ue explicar porque os líderes pacifistas preferem não citála como modelo a seguir... Ela andou na direção oposta à que aponta m.

P. Ferreira e Melo 5


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Alemanha patente Alemanha latente

.

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TI pico desfile comunista na capital otfope. A foice e o martelo estio presentes no pendl o e no peito de soldedos.

A libertação que nos espera ... CORRENTE progressista 1cm como inspiradora de sua pastoral a chamada Teologia da L.iber1ação. Um cios corifcus do progressismo no Brasil - Frei Leonardo Boff - afirma: "O que propcnnos n,io é reologit, <lt!ntro do marxismo, nws nwrxismô (materialismo hisiórico) dentro da teo logia ... O marxismo não é mera escola de pensamento, influindo, por exemplo. na 1cologia. Ele inspira ações concretas. Para cn1endê-lo bem. é preciso ver como são suas rcn li· 1~1ções, já que estâ sendo adotado como fundamento teórico ele numerosos governos. Defensores de tal corrente de pensamento (quando forn do poder) afirmam por vezes que suas atuais realizações concretas - por exemplo, as de além cortina de ferro - não correspondem ao conteúdo autêntico da doutrina, o que é falso. Ta l afirmação é errônea porque,

A

sendo o ma rxismo um mito, e seus

seguidores mitomaníacos, há duas possibilidades ao aplicá-lo. A primeira consiste crn espera r a mutação da natureza humana, para tentar

si nionizá-la com suas quimeras. Os marxistas afirmam que 1al mutação virá, e anseiam por ela. Contudo. não o conseguirão. pois a natureza

humana é subs1a ncialmen1c imutável. Criado por Deus como ser racional composto de alma e corpo. o homem só vive bem numa sociedade harmonicamente hierarquizada e onde haja uma liberdade proporcional e jus1a. A segunda possibi lidade seria impor o marxismo ditatorial e estavelmente a uma sociedade arredia que, apreseniandose-lhe qualquer circunstância favorável, procura arrebentar a carapaça repressiva. Para nós brasileiros, é úti l conhecer o tratamento que os regimes marxistas reservam à religião nos países onde se instalam. Em primeiro lugar, porque o clero proi;rcssista, seguidor da Teologia da Libertação, não advertirá o povo contra o governo marx ista. pois nui re sim: patia pelo marxismo e aecit.i-o como componente de sua doutrina. Em segundo lugar, porque esse conhecimento desfai. ilusões sobre o relacionamento de tal regime para com os cató licos verdadeiros. mesmo na hipótese de um governo marxista se impla ntar com apoio eclcsiás1ico.

A sinistra lição da Etiópi a Hú um exemplo que, por ser

recente, deve nos interessar de modo especial: a Etiópia. Desde 1974 esse país está sujeito a um governo marxista. Mas o que lá sucede internamente parece envolto pelo si lêncio da maior pane dos meios de informação. O conhecido diário alemão Frankfurter A llgen,eine Zeitun11 publicou minucioso documento de 27 pontos, no qua l um órgão do Poder marxista etíope (Centro de Formação de Dirigentes Políticos) traçou diretrizes, cm 1981 , para o combate à religião ( 1) . O documento foi transcrito na revista bimensal francesa La Documen1a1ion Catholique. de 15 de maio de 1983. Fala.por si. Transcreveremos extratos, acrescidos de um o u outro comentário. "I - Convocai as assem bléias municipais domingo de manhã .... 6

ln/7igi penas severas (multa ou prisão) a que,n ,uio cornparecer'', A razão da d iretriz é transparente. Como o domingo de manhã é o horário de maior freqiiência às igrejas. a convocação obrigatória e sob pena de prisão as esvazia ria. .. 2 - Designai os cristãos rnilitantes para efetuar o trt1balho volunuirio que deve ser f eito na comuna .... Se eles se recusarem .... j ogai-os na prisão". Voluntário, na acepção comunista, parece corresponder ao que executa a vontade... dos detentores do poder. O que não está distante do regime em vigor na Nicarágua, tão do agrado de Bispos e Sacerdotes progressistas brasileiros. "J - Tentai introduzir t·a,naradas do partido em todos os grupos cristãos e e111 todas as assen1bléias religiosas··. "4 - Dizei a todos os habita111es de cada co1nuna que devem decidir. de um a vez por todas, se são cristãos ou ,uio .... Se não quisere,n. jogai-os na prisiio. pelo menos por alguns dias. Quando fore111 liberu1dos. sua parentela fará pressão sobre eles para que reneguem sua fé

ou a man1enha111 secreta. para não crü1r inc6n1odos à familia". "5 - Proibi especialmente os jovens de ir à igreja .... Se o tem or de serem aprisionados não os 1110111iver à distância, serão os pais que terão medo e os impedirão de participar do <:ulto". '? - Quando aprisionare111 algué111, não dêe,n os motivos .... Fazei que os salários deles sejan1 suspensas. Puni os que ajudem as familias dos prisioneiros através de dinheiro ou alimentos ".

Podemos constatar aqu i demonstração 1angível do q ue rea lmente pensam os marxistas sobre amor ao próxi mo, comiseração e ajuda aos necessitados, slogans tão em moda. especialmente cm ambientes progressistas. "8 - Fechai as igrejas .... Nas igrejas, queimai ou destruí os altares ou qualquer outro objeto de significação religiosa". "9 - Aulorizai as autoridades locais a se ocupar dos cristãos em sua jurisdição da maneira que julguem m ais adequada. Fazei fechar as igrejas sempre por fu11cionários subalternos. Desta maneira, o governo não poderá ser acusado de anticristão. "I I - Para as promoções e a escolha dos estudantes que devem fazer estudos superiores. om iti os cristãos", ·· I 4 - Impedi toda reunião religiosa de grande importância .... Autorizai que algwna.r igrejas Ji· quen, abertas, paro que se possa ainda d izer que há liberdade religiosa 110 pa,'.<". "15 - Profanai os lugares que os cristãos consideram sagrados ... "/9 - Autorizai a publicação de alguns livros cristãos. Se eles se tornarem populares .... não per,niti que seja,n reeditados". "25 - Tendo e111 vista obter 110 futuro a ajuda do e.ttrangeiro, autorizai alguns m issionários ajicar no pais·; "26 - Se for absolutamente indispensável desembaraçar-se de algum d irigente cristão importante, fazei-o desaparecer. Não dizei que está m orto. Assim sua familia e a Igreja, na esperança de. que esteja

vivo. evirarão de se fazer notar. para não colocar sua vida en, perigo". "27 - Desmenti Iodas as acusações de perseguição religiosa .... Como prova de liberdade relig iosa. dizei q1u1nt,1s igrejas estão abertas e

quantos 11,issio,uírios há". Despotism o no plano espiritual prepara tirania t empora l O documento acima. verdadeiramente estarrecedor, denota como uma mentalidade marxista trata seus opositores. Constitui ilustração pungente e um exemplo instrulivo. Na medida cm que uma corrente se deixa influenciar pelas elucubrações de Marx, va i tendendo a aplicar a repressão. É a saída para fazer triu nfar suas concepções errôneas. Um dos aspectos preocupantes dos adeptos da Teologia da Libertação é este: o gosto de medidas coercitivas, de expedientes tirânicos. H{1 relatos referentes às mais diversas regiões do Brasil (2), ind ica ndo os métodos despóticos que o progressismo vem aplicando contra os fiéis católicos que apenas desejam manter-se na linha da Igreja de sempre. Não podendo ainda pô-los cm prática no Estado - meta de seus esforços - os progressistas já os vão introd uzindo na Igreja. Estamos certos de que grande pane dos leitores conhece casos de despot ismo eclesiástico progressisia: uma professora de catecismo arbitra ria mente afastada. um ba tismo negado, exigência de cursos col/scientizadores, associações religiosas fechadas, ataques públicos injustos contra a reputação de homens de bem, campa nhas de ca lúnia e diz-que-<liz. O crime, um só: não estar de acordo com as imposições da lgr.eja Nova. Observando tal desolação. que tende a se tornar onipresente, vemnos à mente a tristeza de Nosso Senhor: ."E velldO aquelas 11111/ti- · dões. co1npadece11-se delas. porque estavan, fatigadas e como ovelhas sem pastor" (M t. 9. 36). Católicos do Brasil inteiro, obrigados em consciência a d iscrepar de pastores imbuídos de doutrina marxista, estão como ovelhas fatigadas e sem guia. Por isso, certamente aqueles atraem o o lhar compassivo do Divino Mestre. que algum dia lhes mandará de novo pastores que os governem, santifiquem e ensinem nos ca minhos do Bem. Até que a borrasca passe, sua fidelidade consiste em resistir inq uebrantáveis, mas. na dor de suas almas. rezar e esperar.

Notu ( 1) Convém no1:u que 3$ diretri1.cs do govtr· no ctiopc parn combater a r-eligião rcferem•se não à Igreja C:nólica. pr:itic:tnlentc inexistente no pais. mas principatmente :\ Igreja eismá1ic~ oricn1al. de ri1<> copia. que congre· ga 40% dos 29 milhões de habitantes daquela nação afric..,na. Há também forte contingente muçulmano que agrupa 35% da população.

Aproximadamente 25% dos etíopes são ani· m,stas ou pertencem :-,t minoriM i.sraclit:t e luterana. Se o regime marxis.ta do país aplica normas dr:,conianas. como se pode comprovar por este artigo. para erradicar essas confissões religiosas folsas, é licito imaiinar o redobrado vigor com que aplicaria 1a1s diretri1.cs c-ontra a única lgreJa verdadeira: a Católic.,. Apostólica. Rom:rna.

(2) Cír. Plinio Corr!a de Oliveira. Gus1avo Antonio Solimc,o. Luls. Sérgio Solimco, As CEBs... dos quais muito u . fala, pouco u conhece - A TFP as descreve ,omo si/ó. Ed Vera Cru.z. 4.• edição, São Paulo, 1983.

HÁ ALGUNS meses, o atual c hanceler germânico, Helmut Kohl, chefiando a coligação CDU-CS obteve sólida vitória nas eleições federais alemãs. Seu p rograma era categoricamente pró-americano e favorável à instalaçj!o dos mísseis nucleares da NATO em território teuto, como medida anti,soviética, dissuasória. Quem considerasse as o piniões de imprensa reflexo idôneo do que pensa a população, aposta ria na derrota de Kohl, a julgar pela documentada notícia d o scman{,rio norte-americano "Time" (29-8-83) sob o título: Fazendo da hostilidade noticia de importâllcia. Na A lemanha Ocidental, o Tio Sam é um 'saco de pan cad<1s· jornalístico". Começa a nota relatando que numa demonstração da Força Aérea norte-americana em Ramstein, 300.000 espectadores entusiasmados regalava m-se cóm o show aeroná utico. Ta mbém 250 esquerdistas protestaram contra a presença dos EUA no pais. Foram presos, sem uso de qualquer violência de maior monta. As televisões e os jornais não noticiaram a presença das 300.000 pessoas que viam o .thow com complacência,

mas somente a detenção dos 250 contestatários. O mais importa nte semanário alemão, o "Der Spicgcl". afirmou: "Soldados. armados de ca:r-

seteres e con1 expressões c1JTr<u1cu-

das. seguravam os manifestalltes que não opunha111 resistência. e os atirava,n corno carga nos ctJtninhões do Exército". Segundo o semanário norte-americano, recente pesq uisa mostrou que a maioria do público cs1á preocupada com o militarismo soviético e vê com agrado a presença norteamericana no pais. Entreta nto. res-

salta a nota, para jornais como "Frank funer Rundschau" e revistas como "Der Spiegel" e "S1ern" o único assunto a merecer reportagem de capa é o minoritário movimento pacifista contra os mísseis. Afirma ainda o "Time" que o correspondente da televisão francesa, Miehel Meyer, relatou nu m estudo para o Instituto Aspen , instituição de pesq uisa sem fins lucrativos, sed iada nos Estados Unidos, q ue nos fins de 1981, observou intensa e cuidadosamente os noticiários da TV alemã e "não viu unta única emissão que poderia ser clwmada positiva ou amigável em relação aos Estados Unidos. n u,s muitos programas críticos". Informa ainda que a maioria dos correspondentes da Deutsche Presse Agentur (OPA), a poderosa agência de noticias, são de esquerda, a nti-norteamericanos. O que apareceu - a Alemanha patente - indica que o pa ís é majoritariamente esquerdista e antinorte-americano. Nas eleições, o que habitualmente não tem voz nos meios de informação - a Alemanha latente - . q ue não aparece. vota num cand idato com programa inequivocamente conservador e o coloca no poder. Hoje, !Ornou-se comum a afirmação de que há duas formas de censura: a do Poder Público e a da própria imprensa, ao impedir ou falsear a manifestação autêntica das várias correntes de opinião. Tal patrul ha mento ideológico efetuad o nos meios de comunicação social contrad iz de modo clamoroso o liberalismo q ue eles proclamam defender. O caso alemão constit ui mais um exemplo.

Na Espanha, 38 CEBs apóiam o governo: sim ao aborto! APESAR DE A PRATl€A antinatural do aborto ter sido sempre vigorosamente condenada pelo Magistério da Igreja, 38 Comunidades Eclesiais de Base de lvjadríd p,cssurosamente manifestaram seu apoio ao governo socialista espanhol poI sua iniciativa rombudam~te anticatólica: a descriminali7.ação do aborto voluntário. Tais associações vão mais longe do que o próprio pIOjeto patrocinado pela bancada do PSOE. pois pJeiteiam a extensão da dcscriminali7.ação do abor10 a maior número de casos. E t·am bém sua gratu idade. 0 próprio povo pagaria esta pratica criminosa, através de impostos! 0 docume.nto de apoio foi entregue ao Sub-secretário ae Justiça, Liborio Hierro, inform·a a revista "Vida Nueva", de Madrid (21-5-1983). Certame.nte, as referidas 38 CEBs proclamam-se defensoras dos direitos humanos. Neste caso, entretanto, como o piojeto governamental favorece uma das metas comuno-socialistas (eliminação da família e esfabelecimento do amor livre), aquelas entidades se esquecem dos direitos do nascituro e não vacilam em estimula,.- o assassinato da vítima inocente e indefesa.

AfOlLllCM§MO MENSÁR IO CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor: Paulo CorrU de Brito Filho Jornalisla respondvtl: T.-.kao Takahashi - Rcgis1rado no D.R.T.-SP sob nº 13.748 Dlrttorl1: Rua dos Goitacazes. 197 • 28 100 - Campos. RJ Adminlstraçi o: Rua Or. Mortinico Prndo, 271 • 01 224 - Silo Paulo, SP • \ PABX: 22 1-8755 (ramal 235). Composto e impresso na J\npress - Papéis e Artes Gráficas Ltda.. Rua Garibaldi, 404 - 0 1IJS - São Paulo. SP "Calolki.tmo.. f. uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pon1es S/ C. A.ssfnatura anual: comun\ CrS'4.000,00: coopera.dor Cr$7.000,00: benfeitor CrSI0.000,00 grande benfeitor CrS 20.000.00; scmmarlstas e estudantes Cr~ 3.000,00. Exterior: (via atrca): comum USS 25,00: bcnfci1or USS 40,00. Os pagamentos, s.cmprc cm nome de Edi1ora Padrt BtkhJor de- Pontes S/C, poderão ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de assinantes é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência rela1iva a 3S$inaturas e venda avuls.a deve ser enviada à Adminis1raç,l o: Rua Dr. Martlnico Prado, 271 - Si o Paulo, SP

CATOLICIS MO -

Outubro d e 1983


''CATOLICISMO" já abordou mais de uma vez aspectos de um dos mais insignes tesouros artísticos da Cristandade: Veneza. No entanto, tal é a riqueza do maravilhoso cm Veneza, tão variadas e multiformes são suas facetas, que nos pareceu oportuno voltar ao tema. E focalizar agora novos ângulos de jóias artísticas da incomparável cidade aquática.

Movem-se constante e serenamente as águas da bela laguna de Veneza. O sol nelas se reflete. dando-nos a impressão de estarmos ante um como que imenso vitral líquido, iluminado pelos raios do sol. Bem ao centro da primeira foto, na famosa "piazzeta", erguem-se duas colunas. Uma encimada pela escultura de São Teodoro, primeiro padroeiro da cidade; e a outra pela famosa estátua do leão alado, inspirada em interessante escultura oriental, e que simboliza o Evangelista São Marcos. atual patrono de Veneza. Da esquerda para a direita, aparecem o Palácio "'dei/a Zecca" e o de Sansovino. Por detrás, vê-se a torre do relógio - o "Campanilfe"· - alta, ponteaguda, construída com pedras um tanto rosadas. E ao fundo, mais à direita. a magnífica Basílica de São Marcos. A fachada da Basílica - e de um modo muito marcante suas cúpulas - nos patenteia outra nota constitutiva da harmoniosa arte veneziana: a nota oriental, a jnfluêneia de Bi1.ãncio. A gravidade e a leveza do gótico, de um lado, e o fantasioso do bizantino de outro, harmonizam-se assim esplendidamente, para compor a face de uma das mais originais cidades do mundo. Por fim, à direita da foto, em primeiro plano, surge como que reluzente o Palácio dos Doges , projetado por Giovanni e Bartolomeo Buon, em princípios do século XIV. Famoso em todo o mundo, esse edifício era a residência do potentado supremo da República aristocrática de Veneza. c também sede do Governo. As aberturas ogivais do andar térreo. a colunata do mesmo estilo que as encima, e as grandes janelas góticas do terceiro pavimento, atestam o papel saliente que o gótico ocupa na arquitetura da cidade. conferindo a esta muito do char,ne e do grandioso que a caracteriza.

A segunda foto apresenta um dos palácios venezianos mais famosos: o Ca d'Oro. Foi ele projetado pelos arqui1etos Giovanni e Bartolomeo Buon e Matteo Raverti, para servir de residência a um dos princípes da República aristocrática, Marino Contarini. Suas janelas estão agrupadas segundo o característico A ponte ~o Rialto

modo tão categórico. recolher-se nas horas da oração, do trabalho e do repouso; ser familiar e inlimo no convívio de todos os dias; e manifestar-se esplendoroso nas grandes ocasiões que a vida social de uma elite comporia. Ta I equilíbrio, distintivo de uma autêntica vida tempóral católica, exclui qualquer tipo de hipertrofias. A vida de pensamento e oração é grave e séria. A vida familiar desenvolve-se com todas as suas amenidades. A atividade social realiza-se com seus temperantes e naturais esplendores.

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Na terceira ilustração, deparamos com a ponte do Rialto. Construída sobre o grande canal dessa verdadeira esmeralda líquida que é a laguna veneziana, a ponte compõese de três partes: uma suavemente ascendente, constituída por seis arcos; uma parte central, que poderia ser comparada a. uma ''loggia": e uma parte descendente, também arqueada, simétrica à primeira. Trata-se de uma ponte eminentemente prática e até funcional. Construída sobre o canal mais largo de Veneza, sua forma arqueada permite que sob ela se efetue comodamente a navegação, inclusive comercial. Mas o Rialto, ao mesmo tempo, tem em vista satisfazer as necessidades da alma humana. Assim, quem o construiu desejou-o belo, e não meramente funcional. A cor branca da ponte - perpetuamente alva e limpa - em contraste com o verde . das águas, agrada profundamente ao . olhar do espectador. Compraz mais ainda, a quem a contempla, constatar a proporção da ponte com a criatura humana. Note-se a regularidade com que os arcos se su-

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modo vcne,jano de formar um centro para as fachadas. A arcada inferior. formada por cinco arcos que iluminam o profundo vestibulo central, é encimada por seis janelas ogivais enfileiradas, ladeadas por aberturas mais largas - também ogivais - e com balcões salientes. Acima dessa galeria e xiste uma terceira, com decorações mais leves. Dentre as três galerias, cada uma delas diferente das outras, a do meio destaca-se especialmente por sua elegância quase etérea. Em conlraste com esse delicado conjunto, a parte dircila da fachada apresenta uma ala lisa e compacta. Ela é forte. rija e séria. Constituída

por sólida alvenaria, é vazada apenas por pequenas janelas quadradas, uma cm cada andar. A fachada é encimada por um curioso teto com uma decoração cm forma de crista. que prolonga, com seu rendilhado de pedra, a nota de fantasia e leveza das arcadas. Assim, a fachada do Ca d'Oro explora o nobre e agradável con1raste de dois conjuntos de sensações que ao homem agrada ver distintos, mas juntos: a sensação do leve, do etéreo, do frágil; e a do forte. do estável, do permanente. Poder-se-ia conjecturar que nos três aposentos superpos1os da parte compacta e séria do lado esquerdo, O célebre palácio Ce O'Oro

o patrício que ali habitava gostasse de ter seu quarto de dormir, além do escritório e oratório. Abrigado, protegido, recolhido, isolado do mundo exterior, ele poderia assim elucubrar seus planos políticos ou comerciais, como também entregar-se a reflexões doutrinárias. Ou então, re1.ar e repousar. Na fachada das salas do primeiro andar da parte central , os arcos nos sugerem a impressão de aposentos próprios à vida de família, à vida de todos os dias, num ambiente leve, agradável, aconchegado. À oração, à vida intelectual, ao trabalho, como também à vida de familia, somava-se a vida social. O patrício veneziano compreendia a fundo a importância do esplendor da vida de sociedade, e Veneza a cultivava de modo exuberante. Assim, a fachada do Ca d'Oro evoca em nosso espírito uma forma de equilíbrio da alma cristã, que se exprime no fato de um indivíduo, apoiado por sua família, saber, de

CATOLICISMO -

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Outubro de 1983

cedem, e um quê de passo harmonioso, suave e sério em sua ascensão até a "loggia", e cm sua descensão. t natural que uma pessoa se detenha na "loggia", atraída pelo encanto das mil maravilhas da nature1.a ou da arte que, olhando-se para qualquer direção, dali se pode descortinar. Entretanto, o Rialto com seus arcos reflete a influência renascentista. E com ela, o espírito naturalista, mais voltado para a terra do que visando o Céu e o sobrenatural. E neste ponto, há um imponderável que distmgue a Veneza medieval, em que predomina o estilo gótico, e a Veneza do Renascimento e da época barroca. No palácio dos Dogcs e no Ca d'Oro vislumbram-se a temperança de vida e a harmonia. Nos monumentos construídos na Renascença e nas épocas posteriores torna-se mais difícil para o homem manter tal equilibrio temperante, sendo mais fácil ele deixar-se arrastar para a fruição e o gozo da vida.

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} AtotnCISMO

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A tragédia do Jumbo

Em Nova Yo·rk, impressionante ... acolhida a campanha da TFP A RUA, o tráfego é quase ensu rdeccdor. Nas calçadas, o vai-e-vem de wfos hu manos multiplica a fcbricitação. Es-

N

tamos no coração de Manhattan, cm

pleno centro de Nova York. Mais precisamente e ntre a buzinas, as freiadas e os ruídos de motores na 5.• Avenida. Neste ambiente, onde só o amarelo dos tiíxis quebra a tirania com que im pel'a um c inza poluído, irrompe inesperadamente, do meio da fuligem, o rubro e dourado de 35 estandartes da valorosa TFP noricamcricana.

Dezenas de sócios e cooperadores da entidade, postados ao longo dos qu.1rteirõcs, difundem o folheto contendo o texto da candente tomada de posição da TFP a rcs-

soviético trará para a humanidade uma era de distensão, bonomia e paz, E conquistou o apoio de amplos setores do capitalismo ocidental para toda espécie de acordos comerciais, programas de auxílio financeiro, missões culturais, técnicas e outras, mercê das quais a espionage m e o proselitismo do Cremlin se foram instalando em postoschavc. Enquanto isso, a Rússia se armava cm ritmo acelerado, dilatava suas conquistas pela Terra e multiplicava seus crimes. deixando entrever a ferocidade de sua autêntica fisionomia, Tal foi o caso do ato covarde e sanguinário do dia 2 de setembro, em conseqüência do qual morreram 269 pessoas completamente indefesas.

"Não é passivei! Atê aqui este pesadelo?!" A campanha da TFP inicia-se na coníluência da 5.• Avenida com a rua 42, esquina onde numerosos brasileiros, residentes ou em turismo cm Nova York, coswmam passar. A estupefação deles é gera l, tanto de si mpatia quanto de incômodo.

"Ah. que born ver o pensanrenro do Prof Pli11io Corréa afirmar-se assim JJUja111e nestas terras!", exclamam os favoráveis. "Não é J)Ossívef! Até aqui este JJCSadelo?/" clamam (ou reclamam) os esq ucrd istas ... Com desembaraço e alianeria a campanha se dirigiu, sempre pela 5.• Avenida, até a Catedral de São

cionário subalterno, após ler o pronunciamento, pede outro exemplar para afixá-lo cm sua repart ição. Urna secretária chama outras cinco e

as adverte sobre a import~incia do texto, enquanto um empresário afirma: "Desd do 1ne11 estritúriv sei para n,e solidarizar t;-OJJ1 a poSifão

dos Srs. Por favo;, envien,-,ne re~ gufarmen1e todas (1s publkarõe.1· tff1 TFP". E o por1ciro do Hotel Pla1.a, por sua vez, cnco ntra~se cm apuros. ao ser perguntado, com insistência, por hóspedes do mundo inteiro, a respeito do que tratava a campa nha da

TFP. Após ler com a tenção o comunicado, tranqüi liza-se e põe-se em cond ições de bem informar seus indagadores.

"O problema das pessoas hoje em dia é querer sorrir para os comunístas" O tema da campa nha vai correndo de boca em boca. - "A Sra. jâ leu nosso documento?" - interroga a uma dona de casa um jovem da TFP, - ··· Não. ainda não. Mas vi un, Sr. fendo-o com 1a11ta atenção no Central Park. que não resisti e lhe {Jerg11,11ei o que a., sim o atraia. Ele. t nttio. ,ne explic,>u o texto e aconsellto11-111e 11 vir pro<:urar ,,s Srs.. 11 Jin, de que eu nu .una obtivessc• 1un 1

l1xernf)l<1r".

Um experimentado policial, já com 21 anos de serviço, procura um cooperador da TFP: "O problema das pessoas hoje em dia é q11erer .•,;orrir par<, os con1u1lisu1s. o t/W! é 11

posição mais equivocada JJOSsivef.

Se se lhes sorri,

co1110 resposu, não

ven, 0111ro sorriso. nws o <111erer corwr nosso {Jescoço. Os Srs. não imagin10111 o quanto foz ben, ver

jovens como os da 1-PP combatendo assi,11 por nosso ptn'.r", Um motorista particular, com o mesmo bom senso deste policial, acrescentou: "E os russos. conw s11ben1 que ,uio poden, nos superor. vão tuocando oos poucos... Algum dia efl;s acal>an1 chegando aqui. co,no se nada tives-

,. sócios e cooperadores da TFP. no co· ração da grande metrópole norte-americana.

peito da derrubada assassina do Jumbo sul-coreano (cfr. "Catolicismo'~ n.• 393, setembro de 1983). t. 8 de agosto, festa da Natividade de Maria Sant íssima. Jubilosos, os sócios e cooperadores da TFP se encontram para poderem desta forma, c m plena luta ideológica, celebrar tão augusta data.

Grupo da estandartes rubros da Tf P na

Comunismo arranca a máscara de distensão, bonomia e paz O tema está no cent ro de todas as conversas, Comenta -se que por mais ílagrante que fosse a hipotética violação do espaço aéreo da Rússia, alegada pelas autoridades soviéticas como pretexto para abater o Bocing, é contra todo o bom senso supor que a aeronave civil, desprovida de qualquer armamento, tenha resistid o a uma intimação dos poderosos caças russos, e q ue o piloto tenha assim se exposto, bem como aos demais viajantes, a um gratuito risco de morte. Nas ruas, a TFP procura mostrar que esta bárbara agressão soviética desacredita em sua raiz a politica que Moscou vem adotando para com o Ocidente desde a morte do ditador Stalin, cm 1953. Procurando embair os povos do Mundo Livre, a Rússia organizou astutas e bem dosadas ofensivas diplomáticas e propagandísticas, sucessivamente denominadas "pofí1ico do ,não es1e11dida", "coexis1é11cio pacífico", "queda das barreiras ideológicas" e "ostpolitik". Com isso, incutiu no mundo não comunista a ilusão de q ue a vitória do imperialismo ideológico

ft>ito para isto .._ A TFP norte-americana pôde bem apa lpar a justa indignação que correu largos e sadios setores d.i opinião pública, a propósito da tragédia do Jumbo. Um habitante do setor negro do Bronx fala cm alta voz: "Fo i terri• vel este aro criminoso. Ten,os a obrigt1çtio de revidar. Eu 1u1u sei o que esses políticos fanio ... Mas nâs, algo {Jredsamos fazer", Um chofer de ca minhão, da janela de seu possante vcíc,!JIO, externa sua concordância: "E isto! Devernus falar '"l'nos e ,igir n10is''. E um homem de negócios é peremptório: .. Deveni11nos ct1ssar rodos os acor<los de envio de cereais t1os russos e forne· cer subsídios aos nossos fazendeiros". .. Fiquei chocado JJOr ver o l?eaga11 descansando ,w Califórnia afirmou um jovem - a{Jesar do que ocorreu com o Jw11bo. Afiâs. também em refoção à Nicardg11a e Ef Salvador, no.,so presidente demonsSl'lll

O público acolheu com especial simpatia e int eresse os volantes distribuldos por

5 .• Avenide de Nove York, durante a prestigiosa campanha reali:iede pela en-

tidade.

Patrício, onde, dada a exce lente receptividade, permaneceu por mais de três horas. Mais tarde, deslocouse até a prest igiosa região do Hotel Plaza, a 1.o na talvez ma is rica de Manhattan e centro de convergência de celebridades do mundo inteiro. Somente neste primeiro dia de a tuação, 45 mil folhetos foram distribuídos :\ população nova-iorqu ina, a qual, cm gra nde parte, tomava

a iniciativa de pedir o pronuncia• mento da TFP. Na 5,• Avenida erguem-se certos espigões frios e arrogantes, "ornados" de concreto, de vidros "rayba n" e aço aparente, que são, na verdade, despersona lizadas colméias humanas. Entreta nto, lá dentro, o tema principal não é a última oscilação da Bolsa, nem o fortalecimento do dólar no mercado europeu, mas o oportuno documento da TFP. Do "Rockefeller Center'' e do edifício-sede da "Genera l Motors", por exemplo, incontáveis funcionários descem para munir-se de uma pi lha de folhetos, a fim de que eles mesmos os distribuíssem cm seus ambientes de traba lho. Um fun-

1rou interesse apenas

,w aparência.

pois q,wndo os r11ssos ou seus fa11toches come(:ara,11 a ,nntar gente por fd. ele 11ão fez nada!", Uma jovem senhora é da mesma opinião: "Reagan precisa ir adiante, ()Ois devemos proceder contra os russos usando as san ções nwisfortes possíveis. Assim, eles não terão como sair :desta situação...

Nos arraiais pacífístas... Nos últimos tempos, a Conferência Episcopal norte-a mericana engajou-se enfaticamente numa campanha pacifista, sob o pretexto de que uma concessão unilateral dos EUA cm matéria armamentista atenua ria no mundo comunista o receio de um a taque norte-americano, o que minguaria fatalmente o ímpeto vermelho de invasão. Flagrante ilusão, só presente na cabeça de "i110-

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Os estandartes da TFP norte-americana tremulam ao vento diante do f amoso Hotol Plaza. em M anhattan. Em três dias de campanha. sócios e cooperadores da entidade distribuíram 112 mil exemplares do manifesto sobre o bárbaro ataque soviético con· tra o Jum bo sul-coreano.

Mais adiante, um grupo de secentes úteis". Aliás,· os leitores de nhoras inglesas conversa animada"Catolicismo" j{, bem conhecem o papel que ocupam, como "finita mc111c com um jovem que pona o m,xiliar" da seita comun ista. os moestandarte. Nisso um caluniador pasvimentos pacifistas que se espa lha- sa. dizendo sorrateiramente: "'Ntio ram pelo mundo inteiro. )hes dêe1n in1por16ncit1. São da seita Nos Estados Unidos a corrente 'ft1oon "'. Mas as senhoras, Oeugma1>acifista tem não poucos adeptos, ticamcntc britânicas. apcm\s rcspon• embora muitíssimo menos do que as deram: "Nâs con<'ordamos <'<>m eles. máquinas inílacion{irias do IV PoE gos,amos sobre111do do leão que esuí na h111uJt.,irt1 ··. der - a imprensa, o rádio e a TV Outro grupo de senhoras, com procuram mostrar. Um portorriqucnho de 25 anos, um sotaque totalmente diverso, aprocom ar despreocupado, manifesta xima-se contente da campan ha: "Ah. Fiducial Fiduci11 aqui!"'. São chium espírito poltrão e pragmático: lenas <1uc se referem i1 revista da "Não tem propósito cancelar a v1•nda ,Je cereais. {Jorque os negóâos TFP de seu país. Enq uanto um sírio de Damasco tleve111 co111i11unr apesar dn a111et1('tl de guerra. Os russos são 111ais forte.< pede alguns exemplares do docuque nós: não luí co,no detê-los. mento para distribuir cm seu país, um jovem equa toriano. que estava A de,nais. Cristo. quando veio ilO 1nu11tlo, não trouxe anuas.·· sentado nos degraus da Cated ral de São Pcuricio. levanta-se entusiasUma freqiíentadora da catedral mado ao ver os estandartes. e perde São Patrício, de aproximadagunta como foz.er para ingressar na mente 50 anos, aproxima-se furiosa: TFP. "Sou cristti ttJml)(•n,. Por que os Srs. não apóion, o pronuncia1nen10 dos "Os Srs, deveriam estar aqui Bispos o respeito do des11nn111nen10 nuclear? Tenho que me ofasu,r dos todos os dias da semana" Srs.. pois sou desta Igreja Catâ· Não só nesse primeiro dia de fica". Out ra pacifista, seguidora da cam panha, mas também nos subpolítica "antes vermelho que morto ", enquanto desce os degraus da seqiicntes, uma grande estupefação catedral afirma: "Para que tudo corria a 5." Avenida, bem expressa isto? A questão do Jumbo sul-co- por esta excla mação de um Sr.: "Co1110?! t i111po.fsívr.:>I jovens ,,o reano foi apenas um erro hunwno .. . A prol/ferc1ção d,1s bombas é muito ,ne:.i110 tempo <"atólicos e ontico~ pior. t::nq11f11110 hd pouto eu reu,vt, nualistt1st'. Depois de passar longo tempo a ante uma imagem de Nossa Secontemplar a movimentação da TFP, nhol'a. veio ao nu!u espírito que o 1nassacre de ft1i L.,1i, per(Jetrado por um novaior<1uino exclama: "(; disso nós no Vietnã. .foi 1n11ito pior que 11 que o povo gosta: pessoal decente. .fazendo can1pa11/u, sél'ia e bem orgaderrubada deste Jumbo". 11izad11 ". Mestres em sempre ignorar a Um advogado de 45 anos tamcrueldade dos comunistas, os pacibém apóia com ca lor: "Gosto m11i10 fistas não só procuram lançar sobre os anticomunistas ioda sorte de tle ver o qué os SrJ. estão fazendo. argumentos. mas evocam sentimen- Estejam certos de que quase f1 cidade talmente razões humanitátias que só inteiro está co1n os Srs.. pois, na ,•ef<lad1•, o que fazen, é muito oufa voreccm aos vermelhos. "Nós não sado", E neste mesmo sentido, popodemos parar de enviar cereais aos rém ainda mais taxativa, manifestarussos. porque os nos,·os fazendeise uma se nhora de 40 anos: "Os Srs, ros sofreriarn ,nuito com isto··. afir. deveria111 eswr aqui lodos os dias t/11 ma uma senhora de 70 anos. senwna, todas t1s hora., do dia, todas ,,s se11u11u1.-. do ano. en1 todos os "Apareça m lã pelo Cairo..." fmos. Porque a cidade de Nova York 11111,ca teve ,11a11ifes1oções cf1tólicas Nova York talvez seja a cidade mais cosmopol ita do mund o. En- como as da TFP". Um funcionârio público aposenxames de turistas são constante pretado, logo após ouvir os slogans da sença em suas ruas, mãxime na 5,• Avenida, onde um exótico desfile de campa nha, aproxima-se: "Concordo raças e nacionalidades não cessa um inreirainente con1 a TF P. Co1no é bo,n ver pessoas rão distintas con,u só instante. os Srs. 1111 luta tmticomunista. A tê Um casal egípcio, maravilhado, acerca-se do estandarte da TFP: hoje, vivemos recebendo desaforos "A(Joia111os inteiramente a J)Osição dos ver,nefhos. Mas agora. dêe111tios Srs. Clwmem-nos. escrevam-nos fhes no t·obeça !" ou apareçam /d JJefO Cairo". Uma fi li pi na de firme têmpera, 40 anos, d ignamente vestida, está insatisfeita: Distribuindo cm média 50 mil "Os EUA deveriam im{Jor sanções econ ô111icos ,11ais fortes. Estas de folhetos por dia do documento "Jumbo sul-coreano. raio <1ue ,nata, nwt Reagan não bastam". Emocionados ao ouvirem a voz e.rcfarece" a TFP norte-americana da TFP reboar pela 5.' Avenida cm impressionou vivamente a megalópolis nova-iorq uina. Desfra ldanprol de seu país, três coreanos memdo seus esta ndartes com ufania, uma bros da tripulação de um avião da vez mais ela proclamou, e m meio ao Korean Air/ines, com um crepe na mundo neopagão e sensual, aquilo lapela cm sinal de luto, felicitam que com tanto ga rbo canta um de efusivamente os membros da TFP, E um casal alemão, num inglês seus hinos: "Voltam os ideais que pronunciado com dificuldade, con- nunca m orrerarn''. Retornam. porfessa: "Este é o 111esmo proble,na que do alto do Céu está Maria q11e ocorre 110 Alemanha: 'Antes Santíssima, Rainha da História, a morto que vermelho'. Mos ent nosso protegê-los com sua bênção. JJOÍs a j11ve11111tle esqueceu-se do passado e das lições do História... " Wellington da Silva Dias

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ll Nº. 395 - Novembro de 1983 - Ano XXXIII

li Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes

EXPRESSIVO AUMENTO DE INFLUENCIA DA TFP

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Ourante quase duas hora,, o público presente na Casa de Portugal a11l1tiu at entamente admir,vel

e xposiçlo do Prof. Plinio Corria de Oliveira, Presidente do CN da TFP. acerca da necessidade de aprofundar aa co nvioçõe1 para combater •• icUia, comuno- Droares.siataa e sobre as possibilidades de vitória da luta anticomunista

D iretor: Paulo Corrêa de Brito Filho NASCIDA DE um grupo de amigos reunidos em torno de ideais que sempre inspiraram as páginas de "Catolicismo", a TFP projetou-se no cenário nacional e mun· dia! por sua contínua e proflcua atividade. Sua gesta em defesa da civilização cristã, sua denúncia contínua do progressismo "católico", do comunismo e do socialismo têm sido noticiadas por este mensário em inúmeras oportunidades. A obra "Meio século de epopéia anticomunista" (Editora Vera Cruz, São Paulo, 2•. edição, 1980) relata, com riqueza de pormenores, a história e a préhistória da entidade, narrando sua fecunda atuação. Ao longo dessa imensa atividade a TFP despertou a simpatia de pessoas das mais variadas condições sociais. Estas foram, pouco a pouco, constituindo em torno dela os atuais correspondentes e simpatizantes que a entidade possui nos mais diversos quadrantes de nosso imenso Brasil. Nos dias 22 e 23 de outubro último, aquela sociedade promoveu, na capital paulista, o li Encontro Regional de Correspon· dentes e Simpatizantes, com a presença de 735 P.articipantes provenientes de 85 cidades brasileiras. A iniciativa teve por finalidade explanar as teses e os métodos de ação da TFP, assim como mostrar os êxitos alcançados pela associação no combate à guerra psicológica revolucionária, instrumentalizada pelo comunismo. Além de participantes de 12 Estados da Federação e do Distrito Federal, o Encontro contou com a presença de uma delegação de 53 correspondentes e simpatizantes das TFPs norte-americana e canadense, como também de representantes dos correspondentes da TFP argentina. Nas pp. 3 e 4, apresentamos a nossos leitores alguns aspectos mais sugestivos desse Encontro, tão necessário para a difusão dos ideais perenes da civilização cristã em nossos dias.

Quatro dedos sujos e feios Plínio Corrêa de Oliveira PERPLEXIDADE se dá bem com macias cadeiras de couro, nas quais o homem sente afundar-se gostosamente. (; que há certa analogia entre estar atolado em questões perplexitantes, e em poltronas de molas macias. O homem perplexo, afundado em couros, fica atolado tanto de corpo como de alma, o que confere à situação dele essa unidade que nossa natu· reza pede insistentemente, a todo propósito. (; verdade que tal unidade não vai ai sem alguma contradição. As perplexidades constituem para a mente um atoleiro penoso. Um purgatório. Por vezes quase um inferno. Pelo contrário, os couros e as molas proporcionam ao corpo cansado um atoleiro delicioso, reparador. Mas essa contradição não fere a unidade. E diminui o tormento do homem, em vez de o acrescer. Para prová-lo ao leitor, bastaria a este imaginar quão pior seria a situação de um homem perplexo, sentado num duro banco de madeira ... Ocorreu-me isto tudo ao recordar que, numa noite destas, chegando ao termo do jantar, resolvi refletir sobre a situação nacional, atoleiro no sentido mais preciso- e sinistro do termo. E para isto me afundei instintivamente cm uma profunda e macia poltrona de couro. Comecei então a pensar ...

A

• A ronda macabra dos vários problemas " pátrios, ideológicos, sociais e econômicos, ~ começou a dançar em meu espírito. A fim de ;:. ver claro, eu procurava deter a feia ciranda, .,; de modo a analisar uma por uma as várias ~ questões que a formavam. Mas estas pare.a ciam fugir a toda avaliação exata, executan~ do cada qual, diante de meus olhos por fim •• fatigados, um movimento convulsivo à ma"2 neira do "delirium tremens". Pertinaz, eu ·e insistia. Mas elas, não menos pertinazes do ~ que eu, aumentavam seu tremor, e de repente 1retomavam em galope sua ciranda.

Febre? Pesadelo? O certo é que me senti subitamente em presença de um personagem muito real, de carne e osso. .. · E eu, que tinha intenção de comunicar aos leitores o resultado de minhas lucubrações, fiquei reduzido a contar-lhes o que este personagem me disse. O tal homem a-temporal me tratava de você, com uma certa superioridade que t inha seu tantinho de irônico e de condescendente. E, pondo em riste o indicador curto e pouco limpo da mão direita, como para me anunciar uma primeira lição, sentenciou: "Saiba que eu, o comunismo, fracassei neste sossegado Brasil. O PC é aqui um anão que dá vergonha. Por isso, evito de o apresentar sozinho em público. O sindicalismo não me adiantou de nada. Possuo muitos de seus chefes, mas escorre-me das mãos o domínio sobre suas bases bonacheironas ('pacifistas', diria você). Entrei pelas Cúrias, pelas casas paroquiais, seminários e conventos. Que belas conquistas eu fiz! Mas ainda aí, prosperei nas cúpulas, porém a maior parte da miuçalha carola me vai escapando. Noto, Plinio, sua cara alegre ante minha envergonhada confidência. Você me reputa derrotado. Bobão! Mostrar-lhe-ei que tenho outros modos de progredir. Você duvida'?" - Sim, eu duvidava. Então ele levantou teatralmente, ao lado do dedo indicador, o dedo médio, um pouco mais longo e não menos rejeitável. E entrou a dar sua segunda liçãQ. "Começarei por 'Um sofisma. Farei o que você não imagina: a apologia do crime. Sim, direi por mil lábios, através de mil penas, milhões de vídeos e de microfones, que a onda de criminalidade, a qual tanto assusta os repugnantes burgueses, raramente nasce da maldade dos homens. Nas tribos indígenas, os crimes são mais raros do que entre os civilizados. O que quer dizer que o crime nasce entre nós das convulsões sociais originadas da fome. Elimine-se a fome, desaparece o crime. Como, aliás, também a prostituição.

AO Flt "Quem você chama de criminoso é uma vítima. Sabe quem é o criminoso verdadeiro? (; o proprietário. Sobretudo o grande proprietário. Principalmente este é que rouba o pobre. "Enquanto um ladrão de penitenciária rouba um homem, o proprietário rouba um povo inteiro. Seu crime social é de uma maldade sem nome!" O delírio leva a muita coisa. Pensei em expulsar o jactancioso idiota. Mas o comodismo me manteve atolado em minha poltrona. Furibundo e inerte, deixei-o continuar. Ele levantou o dedo anular, feio irmão dos _dois que já estavam erguidos, e prosseguiu. "Há mais uma, 'seu' Plinio. À vista de tudo quanto eu disse, um governo consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão, e deixar avançar a criminalidade. Pois esta não é senão a revolução social em marcha. Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do furor popu lar. E por isso farei constar ao mundo inteiro que a explosão criminal no Brasil está sendo caluniada por reacionários ignóbeis. A criminalidade é a expressão deste furor justamente vindicativo das massas, que os sindicatos e a esquerda católica não souberam galvani1.ar". Suspendendo o minguinho, miniatura fiel dos três dedos já em riste, meu homem riu. "Farei entrar armas no Brasil. Quando os burgueses apavorados estiverem bem persuadidos de que não há saída para mais nada,

suscitarei dentre os que você chama 'criminosos', um ou alguns líderes, que saberei camuflar de carismáticos. E farei algum bispo anunciar que, para evitar mal maior, é preciso que os burgueses se resignem a tratar com aqueles que têm um grau de banditismo menor. "Vejo a sua careta. Você está achando a burguesia preparada para cometer mais esse erro. Tem razão. Assim se constituirá um governo à Kerensky, bem de esquerda. O dia seguinte será do Lênin que eu escolher". Levantei-me para agarrar o homem. Quando fiquei de pé, acabei automaticamente de acordar. Ou cessou a febre...

Escrevi logo quanto "'vira., e 'louvira",

pois só até poucos minutos depois da febre ou do sono, tais impressões se podem conservar com alguma vitalidade. Leitor, desejo que elas não lhe deêm febre. Se é que, antes de terminar a leitura, elas não lhe darão sono. Este não será, em todo caso, um tranqüilo sono de primavera. Mas estará em consonância com essa meteorologia caótica dos dias aguados e feios com que vai começando novembro. P.S. - A Polícia paulista parece hoje em reviravolta. Que diria a isto o hominho dos quatro dedos sujos? Em São Paulo, e pelo Brasil afora, que rumo tomará o buscapé da subversão? Parar, não parará ...


A NEOMISSIOLOGIA DE

A

algumas versificações de D. Casaldáliga ficaram conhecidas - não por sua arte, que lhes falta, mas por seu espírito de subversão, que lhes sobra - através da denúncia que delas fez ao público o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua obra "A Igreja ante a escala,da da ameaça co1nu11ista" (Editora Vera Crúz, São Paulo, 1976). Entre os prin1ores poéticos do Bispo pró-comunista encontramos versos como estes: "Chamar-me-ão subversivo. E lhes direi: eu o sou"; e "Tenho fé de guerrilheiro e amor de revolução" (op. cit., p. 15). A revista italiana chega a considerar D. Casaldáliga "um profeta que denuncia os males fundamentais da sociedade brasileira e. por isto. sabe que tem a morte como constante companheira de viagen1". Esta observação parece-nos suficiente para mostrar a que ponto são solidários os progressistas do mundo todo, glorificando-se mutuamente, sem temer mesmo ultrapassar a barreira do ridículo! Esclarecemos que a citada nota biográfica acompanha um artigo de D. Casaldáliga, intitulado "Nem ouro, nem prata", publicado no mesmo número do periódico missionário. A colaboração do Bispo missionário espanhol se presta a algumas considerações que fazemos a seguir.

O Bispo de s. Fêllx modifica ensinamentos recebidos na lnfancla O artigo do Prelado consiste mais l?ropriamente num conjunto de banalidades mescladas com am bigUidades e conceitos francamente revolucionários. Tudo tendente a inculcar no leitor a idéia de que uma nova missiologia deve substituir a tradicional. Em outros termos, as missões pregadas por São Francisco

Prof. Plínio Corrê& de Oliveira pronunciou no programa "Jornal ~ Constituinte", na qualidade de deputado, o discurso que reproduzimos abaixo:

Xavier na fndia, ou pelo Bem-aventurado Anchieta no Brasil, entre outros, corresponderiam a uma falsa noção de apostolado que ele, D. Casaldáliga, em união es.treita com os atuais progressistas, quer modificar radicalmente. Diz o Bispo de S. Félix ter ~prendido na sua infância que "ir em n1issão era levar Deus" aos povos "afastados de 11ós e da nossa Igreja". É, como se vê, expresso em termos despretensiosos mas claros, o con.:eito de missão que a Igreja ensinou durante cerca de vinte séculos, e no qual foi instruído na infância o atual Bispo pró-sandinista. Seu artigo é, porém, uma negação desse ensinamento católico que, como ele mesmo confessa, existia até a época de sua infância. D. Casaldáliga declara: "Nenhum continente tem a exclusividade da Igreja de Jesus". A frase é sibilina Ela tem um primeiro sentido que exprime verdade banal, ou seja, que nenhum continente pode arrogar-se o direito de conter com exclusividade a Igreja Católica, com prejulzo dos outros continentes. Pois é ensinamento o mais corrente na Santa Igreja, que Ela existe para todos os povos e nações. É mesmo essa a razão das missões: levar a Fé verdadeira a outros povos, em qualquer continente. Entretanto, no contexto do artigo, fica claro que o sentido dado por D. Casaldáliga a essa frase não é o banal. Ele quer significar que a Igreja no continente europeu, do qual partiram as missões para a lndia, a África e a América, agiu mal ao promover aquele tipo de evan,gefo-.ação que visava converter os indígenas. Pois a Igreja de Jesus - note-se que ele não fala em Igreja Católica - já está em todos os continentes previamente a qualquer evangelização. Esta consistiria apenas em conscientizar os nativos de que eles são Igreja. E quanto ao mais, convém deixá-los com sua cultura, seus hábitos, seus costumes. Não se deve inculcar-lhes novo modo de ser pessoal e social de acordo com os Mandamentos da Lei de De'Us.

Negação da cultura cristã "Não exisle - prossegue o Bispo de S. Félix - cultura cris1ã ou anticristã por na1ureza Seria o caso de perguntar a D. Casaldáliga se uma cultura - no sentido amplíssimo que ele atribui ao termo, incluin_do práticas religiosas, hábitos e costumes dos índios como por exemplo a dos aztecas, no México, que continha como um de seus elementos principais sacriflcios humanos oferecidos aos ídolos, não era "anticristã por natureza". E a "cultura" comunista, não é anticristã? Outra coisa, e esta verdadeira, seria dizer que toda cultura, mesmo anticristã, pode ter vestígios que estão em consonância com a Lei Natural. E que devem ser preservados pelos missionários e mesmo estimulados para chegarem à plena expansão de si mesmos. Nada do que é bom deve ser destruído, a não ser por razões imperiosas. Mas não é esse o pensamento de D. Casaldáliga. Defende elé a tese de que, para evangelizar, "não devemos possuir .... 'cultura ocidental cristã'". Como negar, de outro lado, que tenha havido u!ll.ª cultura cnstã, e portanto uma c1v1lização cristã? A história ai está a atestá-lo, os Papas muitas vezes o afirmaram e restos dela ainda existem! Conforme esclarece comf.rofundidade de pensamento o Pro . Plínio Corrêa de Oliveira, "é preciso não confundir grosseiramente o neopa· ganismo moderno com a civilização ociden1al. Esta última foi cristã du· ,ante mais de mil anos" ("Triba· )ismo lndigena, ideal comuno-missionário para o Brasil do século 11 •

• O Blapo da Sto ,,.llx, (na foto acima, • dlNtlUI) recebe o untfonne de guerrilhalro •ndlnlata, du,.nUI uma . . . .o p(o· bllca no auditório da PIJC de Sto Paulo, em 28 d• few<elro d• 1980

• O. Pedro CaukUUga em

,,.Je,

eplacopela

ºneomiuion6rfoa": por "Wculo". um remo; Por "mitre'\ um chap4u de palha; e estola.

2

discurso radiofônico EM NOVEMBRO de 1933, o

D. CASALDÁLIGA REVISTA missionária italiana dos padres combonianos, fortemente progressisia, chamada "Nigrizia", em seu número de julho de 1982, apresenta uma nota biográfica de D. Pedro Casaldáliga, Bispo de S. Félix do Araguaia. Nela, o Prelado é qualificado com frases altissonantes como, por exemplo, "um ,nístico da libertação total". "Nigrizia" não define o que entende por "libertação total". Mas nós. que sabemos com quanto gáudio D. Casaldáliga vestiu o uniforme de guerrilheiro Sandinista, dizendo que assim se achava tão bem como se estivesse paramentado (cfr. "Catolicismo", julho-agosto de 1980, n°s. 355-356), podemos facilmente entrever de que libertação se trata. Tanto mais que, após a declaração feita pelos dirigentes sandinistas de que sua re~olução era marxista, D. Casaldáliga não se retratou de sua atitude. Será esse o misticismo a que alude "Nigrizia"? Nesse caso teria sido mais simples, mais direto, e também mais intelig[vel, falar num subversivo - e não num mlstieo adepto da libertação total. t verdade que a frase chocaria a muitos. Mas, por certo, seria mais real. l)e qualquer forma, a nota biográfica a que estamos aludindo é muito sintomática do perfil apresentado no exterior, do Bispo de S. Félix. No Brasil. porém, D. Casaldáliga é suficientemente conhecido para que tal figura, ao menos pnr enquanto, consiga se impor. "É um poeta, autor de famosas poesias", prossegue a revista. Deixando à parte o aspecto um tanto redundante da frase, notemos que a palavra "famosas" trai o desejo de supervalorizar o Prelado. Se a publicação aludisse mais modestamente a "conhecidas poesias" teria sua razão de ser. Pois, ao menos no Brasil,

Há 50 anos, expressivo

ÃO PAULO PODE e São Paulo deve encarar com tranqüilidade confiante a seção de sua bancada, na hora augusta que se aproxima, em que a Assembléia Constituinte, definitivamente resolvidas as questões regimentais, pass~rá a elaborar a Constituição da Segúnda República. Um sem número de circunstâncias especiais contribui para dar aos trabalhos da atual Constituinte uma importância sem precedentes no Brasil. Em primeiro lugar. há a situação mundial, tristemente grandiosa, pela extensão dos cataclismos que presenciamos. e pelo vulto dos problemas que se rasgam como abismos. diante dos olhos do estadista moderno. Tudo vacila, no terreno dos fatos como no das idéias. Os próprios dogmas políticos e sociais. que a té há pouco informavam todas as mentalidades, são hoje submetidos a exame impiedoso, que, em inexoráveis sentenças, lhes aponta as falhas e defeitos. Não há uma única doutrina que se possa inculcar como senhora universal dos espíritos. Tudo se afirma, tudo se nega, e tudo se discute. Esta situação intelectual caótica vem dar à atual Constituin1e uma característica nova, que suas antecessoras não tiveram. Em 1824 como em 1891, as correntes de pensamento eram duas: havia os reformadores e os retrógrados. E presumia-se com uma convicção absoluta, de que os últimos também participavam, que a marcha dos acontecimentos haveria de esmagar os reacionários sob as rodas impiedosas do carro de triunfo em que a humanidade caminhava para a conquista da civilização integral. Como orientadora suprema da elaboração constitucional, existia, pois, a crença em uma civilização a ser conquistada em breve prazo, de que a Constituição deveria ser precursora, e que se realizaria com a aplicação dos princípios de Rousseau, ou seus sucedâneos. Em 1933 é outro, muito outro, o panorama. Desapareceram, em política como em sociologia, os dogmas rousseaunianos, que, de convicção quase geral, passaram a ser mera opinião de grupos ou de correntes. Nenhuma convicção comum coordena a atividade das inteligências, senão esta, de que a situação mundial, tendo criado problemas novos, exige rumos novos. e que às Assembléias Cons1ituintes cabe, antes de tudo, a tremenda tarefa de preparar o futuro.

S

XXI", Editora Vera Cruz, São Paulo, 1977, p. 21). Para o Bispo de S. Félix, "evangelizar não poderá ser ,nais - co,no o foi com mui/a freqüência - levar e implantar uma cultura estranha e colonizadora". Ele esquece, ou não quer reconhecer, que "cristianizar e civilizar são termos corre/a/os. É impossível cristianizar seriamenle sem civilizar. Como reciprocamente, é imposslvel descrislia11izar sem desordenar, en,brutecer e impelir de volta, rumo à barbárie" (op. cit., p. 18). Aliás, diga-se de passagem, é notório que a presente descristianização da sociedade, em grande parte levada a cabo pelos progressistas tipo D. Casaldáhga, _tem re~undado num retrocesso à 1morahdade, à superstição e a práticas antinaturais dos povos afundados na barbarie do mundo moderno. Na mencionada obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o leitor encontrará um estudo ao mesmo tempo sucinto e profundo sobre a

• O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na 4poca em que exerceu o mandato da

deputado na Assembléia Constituinte

As Constituintes anteriores têm sido, principalmente, consolidadoras de orientações e situações vitoriosas. A nossa, pelo contrário, deverá abrir rumos e traçar diretrizes para o futuro. A nossa não consolidará ape. ' nas. mas movara. E vem a propósito a segunda característica. Neste momento de divisão dos espíritos, São Paulo, que é um grande centro onde todas as correntes de pensamento têm uma expressão, São Paulo dá o espetáculo impressionante de uma bancada numerosa e homogênea, como a que se subord ina ao lema "Por São Paulo unido". Penso que São Paulo nunca compareceu a uma Constituinte, tão completamente e tão minuciosamente representado, como agora. Em 1891 , por exemplo, São Paulo monarquista, que constituía importante corrente, não se fez represen1ar. Em 1933, porém, no momento em que o povo paulista tinha reivindicações do mais alto alcance espiritual e nacional a fazer valer, todas as correntes ponderáveis e realmente paulistas se ligaram, para, por meio de um programa comum, levar à Consti1uinte uma série de teses que representassem o pensamento de São Pau lo. A bancada paulista não é, pois. o porta-voz de um grupo que venceu as eleições graças a uma maioria ocasional, ou a paixões de momento. Ela figura São Paulo na plerútude de seus valores espiri.tuais, intelectuais e econômicos. A bancada paulista outra coisa não é, pois, senão a encarnação de todos os anseios de São Paulo, um pouco da alma e do coração bandeirante, a pleitear na Constituinte em favor do patrimônio espiritual inestimável de suas tradições católicas, da integridade de sua autonomia e da unidade e prosperidade do nosso caro, do nosso grande Brasil.

neomissiologia e seus nefandos efeilos sobre os indígenas e os civilizados. Lendo-a, encontra-se a explicação clara do que vai ocorrendo nos meios missionários progressistas, dos quais o Bispo de S. Félix é um espécimen prototipico. O livro, além disso, contém um brado de alerta: "É preciso que os brasileiros oponham ao esquerdismo católico - inclusive à missiologia progressista e esquerdista todos os obstáculos /ícilos ao seu alcance. Isto feito a Providênciafará o que faltar" (J?. 122). Para concluir, uma última observação. Por incrivel que pareça, D, Casaldáliga enuncia, a propósito das missões, um princípio muito verdadeiro. Diz ele: "Ninguém vá, como missionário, para resolver a crise que não consegue resolver em sua

casa

11 •

Como teria sido útil para o Brasil se o Bispo espanhol houvesse aplicado a si próprio esse sábio principio ...

CATOLICISMO -

Gregório Lopes Novembro de 1983


REÚNEM-SE 735 CORRESPONDENTES E SIMPATIZANTES DA TFP II ENCONTRO Reiional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP é um acontecimento marcante na vida da entidade a vários tltulos. Ele o é mesmo no referente ao número de participantes, se se considerar que, em nossos diás, quase não há mais certames culturais com auditórios cheios. Já passou o tempo das conferências concorridas no Teatro Municipal, das exposições eruditas de lnstitatos como o Histórico e Geográfico, com a afluência de numerosa assistência. Contrastando com a tendência atual do público, na sessão de encerramento - à qual compareceu grande número de convidados especiais - cerca de duas mil pessoas reuniram-se para ouvir a narração dos progressos realizados pela família de almas que hoje constituem as 15 TFPs em todo o mundo e a esplendorosa conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na Casa de Portugal. O Encontro teve oficialmente inscritos 735 participantes de 85 cidades brasileiras. Como se tratava de um Encontro destinado principalmente à região centro-sul do País, visava bem mais os Estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. De onde, aliás, vieram mais de 90% dos presentes. Participaram do Encontro também delegações de outros 8 Estados e do Distrito Federal.

O

~ significativo registrar que todos os

participantes viajaram às próprias expensas e alguns com notáveis sacrifícios. Uma familia residente na zona rural teve que caminhar vários quilômetros a pé a fim de chegar até o asfalto, de onde tomou o ônibus que a conduziu a São Paulo. Uma simpatizante, encontrando-se em certa dificuldade financeira, para não perder o Encontro, preferiu vender algumas jóias, visando com isso poder enfrentar as despesas da viagem.

Delegaçlles de norte-americanos e canadenses Produziu sobre todos profunda impressão o fato de estar presente uma grande delegação de ardorosos correspondentes e simpatizantes das TFPs dos Estados Unidos e do Canadá. Essa delegação - de 49 norteamericanos e 4 canadenses - comprova que está em plena expansão o movimento de correspondentes e simpatizantes das TFPs daqueles países. A TFP brasileira teve ainda a alegria de poder registrar a presença de representantes dos correspondentes e simpatizantes da TFP argentina. Tudo isso significa que, para além dos limites do território nacional, já tão vastos, os ideais de tradição, de familia e de propriedade vão se expandindo no âmbito internacional.

• Uma atmosfera de júbilo marcou a solene sesalo de encerramento do li Encontro Regional de Corre•· pondentea e Simpatizantes. Na oeeailo. numeroso público de quase duas mil pessoa• ouviu. com not.6vel

intereue. a narraçlo doa progre1101 realizados pela TFP brasileira. demais Tf Pa e entidades congêneres o I Encontro Regional. atá

• Na unlo de encerramento. na CaA de Portugal. o Prof. Pllnlo Corria de Oltveira, efualvamente cumprimentado por correapondentaa e aímpatíuntea da TFP

Uma correspondente, favoravelmente impressionada após outra exposição, observa: "Afinal entendo como se usa de meios pérfidos para lançar e impor a corrupção na ,noda... ..

No almoço, ameno e alegre convlvlo O almoço, servido em amplo salão, oferece ocasião para os participantes des-

em todo o mundo. desde maio do corrente ano. quando r&ellzou•se meado, de outubro.

Durante dois dias, ambiente de entusiástica adesão , SÃO PAULO - "É nesta sede da TFP que será a reunião inaugural do Encontro?'" - "Não, senhora, tivemos que escolher um auditório mais amplo. Se a senhora quiser. este ônibus pode levá-la. Ele esrá por sair... " Estamos na sede da TFP situada à Rua Dr. Martinico Prado, n•. 246 no bairro paulistano de Santa Cecília. tf um sócio da entidade que presta informações a uma correspondente que acaba de chegar de uma cidade do interior paulista. Ela percorreu 320 quilômetros para poder participar, nos dias 22 e 23 de outubro último, do II Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP. No auditório, a atmosfera é festiva. Os alto-falantes difundem discretamente músicas cantadas pelo Coral da TFP acompanhado de órgão. - "Muito prazer! Veio de Brasília?... " t um correspondente da TFP em São Paulo que cumprimenta um brasiliense. A alegria de conhecer tão grande número de correspondentes e simpatizantes da TFP de tantos lugares do Brasil constitui a nota dominante neste primeiro dia do Encontro.

Em vista do grande número de participantes, formam-se dois grupos: um deles congrega os que participam pela primeira vez de um Encontro. E o outro é constituído pelos que já haviam comparecido a Encontros anteriores. '"Até que ponto chegou a crise na Igreja!... " - Comenta uma simpati,.ante da TFP, modesta dona-de-casa, após assistir a uma das palestras.

frutarem mais especialmente o convivio alegre, ameno e cheio de esperança que marcou o Encontro. A alegria resulta da surpresa de se reencontrar tantas pessoas atraídas e encantadas por um mesmo ideàl, quase uma multidão. E tal júbilo também se origina da amizade nascida entre os participantes que, apesar de não se conhecerem, sabem que todos têm um grande ponto de união: a TFP! C-0mo fundo musical, e em agradável consonância com aqueles momentos de inesquecível convivio. o Sr. Philip Calder, sócio da TFP norte-americana, durante o almoço executa ao cravo, com acompanhamento das nautas de dois cooperadores da TFP bra-

Explanaçlles doutrlntirlas No sábado e no domingo pela manhã, dias 22 e 23, intenso programa de exposições doutrinárias aguarda os correspondentes e simpatizantes da TFP. CATOLICISMO -

Novembro de 1983

• Servido em amplo sallo, o elmoço com maia de mil talhares ofereceu ocasilo pera 01 participantes desfrutarem o convfvfo elegre e cheio de esperança que car11cieri1.ou o Encontro

sileira, músicas de consagrados autores clássicos. Mais de mil pessoas estão presentes. Entretanto, a harmonia, a cordialidade no trato e a estima que sentem reciprocamente tantos correspondentes e simpatizantes das mais variadas idades e condições sociais, apresentam a curiosa impressão de que todos pertencem a uma só familia. A família de almas da TFP.

Na Casa de Portugal, brilhante encerramento Com a presença de numeroso público, a associação já havia promovido em 1968 e 1981 solenes sessões na Casa de Portugal. Mas desta vez a assistência é mais numerosa e o entusiasmo é impressionante. Assim, uma atmosfera de triunfo e de júbilo transparece na solene sessão de encerramento do II Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP. O ato tem início com a entronização de uma imagem de Nossa Senhora. Entoa-se a "Salve Regina" cm gregoriano. Estão presentes à mesa dois distintos sacerdotes, Pe. José Olavo Pires Trindade e Pe. Antonio Paula da Silva. Com notável interesse, o público ouve a narração, proclamada por jovens arautos, dos progressos realizados pelas TFPs desde maio, quando se realizou o J Encontro Regional, até meados de outubro. Em seguida, durante quase duas horas, os presentes ouvem atraente exposição do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, acerca da necessidade de aprofundar as próprias convicções para combater as idéias revolucionárias, como ttmbém sobre as possibilidades de vitória da luta anticomunista. E, além disso, de que modo os correspondentes e simpatizantes podem prestar valiosa colaboração à TFP. atuando em seus próprios meios. Repetidas vezes o insigne pensador católico é interrompido, no curso de sua exposição, por calorosos aplausos dos assistentes.

Correspondentes agradecem Em nome dos correspondentes e simpatizantes da TFP brasileira, faz uso da palavra um correspondente de um dos Estados do Sul do Pais, exprimindo a satisfação dos participantes pela realização do li Encontro. Representando os membros da delegação de correspondentes das TFPs norte-americana e canadense, uma correspondente da Califórnia, Estados Unidos, agradece a acolhida que receberam do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, dos sócios, cooperadores, correspondentes e simpatizantes da TFP brasileira, durante os dias em que permaneceram em São Paulo. Por fim, um jovem de SalvadGr, que há pouco conhecera a TFP, agradece toda a ação exercida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em favor da preservação da juventude. / Ao final da sessão, o Presidente do CN da TFP recebe os cumprimentos de grande parte do numeroso público presente na Casa de Portugal. Todos desejam exprimir-lhe apoio e formular votos de êxitos crescentes em sua luta de meio século em prol da Igreja e da civilização cristã. Assim, por exemplo, ao cumprimentá-lo, ardorosa simpatizante da TFP canadense dirige-lhe estas palavras: "Que o bo1n Deus vos dê sempre mais santidade e longa vida para que continueis a trabalhar pela honra de Deus e pala salvação do mundo!" ..

Atílio Faoro 3


REÚNEM-SE 735 CORRESPONDENTES...

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, J--..\·c:. • Na foto. membro, da delegeçlo norte-americana. momento, ap61 deaembarcarem no Aeroporto de Congonha1, em Slo Paulo

• Corre1pondente1 e 1impatizante1 chegam a Slo Paulo. provenientes de 86 cidades bra1ileira1

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• O almoço caracterizou~se por um clíma de ameno convfvío, causando a ímpreatlo de que todos pertenciam a uma só famllia: a famflia da almas da TFP.

consagrados autores cl611icos

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• A aesalo de encerramento, na Casa de Portugal, teve início com a entroniza,çlo de uma Imagem de Nossa Senhora

• A meaa que presidiu a aetslo. na Casa de Portugal, estiveram presentes. além do Prof. Plinio Corria de Olíveira e de diretores da TFP. dois dis1intos sacerdotes. Pe. José Olavo Pires Trindade e Pe. Antonio Paula da Silva. e o Dee,embargador ltalo Galli

--

• Um repreMntante dos correspondentes e . • falando em nome da, delega,çõet das TFPs norte-americana e eanadenae. uma correspondente da CaHfómia, simpatizante, da TFP expreaaou a aatisfeçlo Estados Unido,. agradeceu a acolhida que aquelas receberam da TFP breaileira. Na foto. a oredora cumprimenta doa pretentea pela reaHzaçlo do Encontro _ o Prof. PHnio Con6a de Oliveira.

Ocidente deve negar cereais aos russos "A PUBLICIDADE vai impondo cada vez mais a todos os homens um slogan, segundo o qual é melhor cede.r ao comuni.smo do que correr os riscos de um bombardeio atômico: 'beuer red rhan dead' (melhor vermelho do que morto). De onde se infere que o amor à Fé, à independência pátria, à dignidade pessoal e à honra deve ser menor do que o amor à vida . Seria a posição à maneira de Sancho Pança, descrita por Cervantes, colocada em oposição ao caricato lutador Dom Quixote" - afirmou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, ao ser entrevistado. · "Fala-se hoje tanto - ressaltou - em terceira via, terceiro mundo, etc., e ninguém se lembra de uma opção diferente das que são aí apresentadas, a qual evite a morte e sobretudo a capitulação diante do avanço soviético".

Tese "Nesse sentido, são muito oportunas as conclusões a que chegou o Sr. Dermot Healey, em tese apresentada para doutoramento na Universidade de Aberdeen, na Escócia, sob o título 'The grain weapon' ('O cereal como arma')" - assinalou o Presidente do Conselho Nacional da TFP. O entrevistado, a seguir, sintetizou a referida tese: "Os dirigentes russos sempre se mostraram muito sensiveis à ameaça do embargo do fornecimento de cereais, feita pelos EEUU. Pois a produção alimentar 4

dos soviéticos é insuficiente tanto para a população quanto para os animais. O embargo, acarretando pauperismo, greves e agitações, determinaria a queda do regime soviético, afastando assim o espectro do bombardeio atômico. "Entretanto, o émbargo encontra obstáculos nos EEUU, onde grandes associações de produtores e exportadores pressionam o governo, desejosos de obter mais lucros com suas vendas para a Rússia".

Estivadores "Se a causa do insucesso do embargo - sustentou o pensador

• Durente o elmoço. no dia 23, o Sr. Philip Cal• der, sócio da TFP norte-americana,. executou ao cravo. com acompanhamento das flaut.aa de dois cooperadores da TFP braaileire, música, de

católico - consiste na avidez de lucro de dinossáuricas companhias capitalistas, é oportuno mencionar um fato realmente luminoso referido por Dermot Healey: a oposição de relevo à venda de cereais aos russos feita pelo sindicato de estivadores norte-americanos, os quais, durante certo período, se negaram a carregar grãos para os soviéticos. E concluiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Esses trabalhadores mostraram mais bom senso, melhor noção de seus deveres e de seus direitos, do que a ·saparia', isto é, a burguesia endinheirada, nada hostil ao comunismo, porém muito hostil ao anticomunismoº.

• Um jovem de Salvador agradeceu toda a açlo do Prof. Plínio Corria de Oliveira em favor da p reaervaçlo da juventude

Na Inglaterra, sindicatos afastam-se da esquerda EM 1979, o movimento sindical inglês estava no seu auge. 12,2 milhões de membros e uma influência no governo trabalhista superior a qualquer outro movimento similar das nações ocidentais. Naquele ano, os conservadores, com Margaret Thatcher à frente, venceram as eleições gerais. Em 1983, obtiveram nova vitória, desta vez com maioria parlamentar esmagadora. Em setembro passado, reuniramse em Blackpool os 1150 delegados do T UC (Trades Union Congress), o organismo que congrega os sindicatos britânicos. Constatações decepcionantes para os dirigentes: o número de membros baixou para 10 milhões e, pior ainda, nas últimas eleições só 39% dos operários· sin· diealizados votaram no Partido Trabalhista, apesar da alta taxa de desemprego ( 13%), da legislação antisindical do governo conservador e de cones nos serviços da Previdência Social. A maioria dos delegados entendeu o aviso: cessar a retórica esqµerdista e dar marcha-a-ré rumo ao centro. O Conselho Geral de 51 membros tem .igora 35 moderados e 16 esquerdistas que ainda querem manter a linha anterior.

Os tais moderados avisaram aos políticos trabalhistas para não aparecerem nas reuniões do encontro de Blackpool, a fim de manter distância de um partido considerado muito à e.squerda pelas bases operárias. Censuraram o manifesto eleitoral do partido, por ser muito esquerdista e ter com isto assustado a maioria dos trabalhadores. Mais ainda, afirmaram que iniciarão tratativas com o Ministro do Emprego, Norman Tebbit, .um "linha-dura" do gabinete a quem a Primeira-M inistra confiou a preparação de projetos para diminuir o poder dos sindicatos. Essa mudança da cúpula sindical tem relação não apenas com o estado de espírito de suas bases operárias, mas com o sentimento dominante no público inglês. 83% dos consultados numa pesquisa Gallup declararam-se favoráveis à proposta de que qualquer greve deve ser precedida de consulta postal a todos os operários sindicalizados envolvidos, o que obviamente mina o poder das oligarquias esquerdistas geralmente aboletadas nas cúpulas destas organizações operárias. Apenas 28%, nesta mesma pesquisa, manifestaram-se contra os planos do governo conservador, destinados a diminuir o poder dos sindicatos ("Time", 19-9-83).

CATOLICISMO -

Novembro de 1983


A ATUAÇÃO COMUNO-PROGRESSISTA NAS RECENTES AGITAÇOES DO PAÍS NALISAR os movimentos de agitação que vão convulsionando o Brasil, principalmente as grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, é tarefa complexa e delicada. Em certa medida, também ingrata. É indiscutível que a maioria dos populares que participam de saques, depredações, manifestações e greves são manipulados por agitadores de esquerda que procuram lançar o Pais no caos. Entretanto, não se pode negar que estes encontram terreno fértil no descontentamento causado pelas crescentes dificuldades de ordem econômica e social, enfrentadas especialmente pelas camadas mais desfavorecidas de nosso povo. A grande maioria da população brasileira - de tendência pacata e ordeira - continua refratária aos atos de violência revolucionária, como os saques, as depredações etc. E a indignação dessa maioria manifesta-se através de protestos cada vez mais veementes contra a inércia das autoridades diante do aumento assustador da violência criminosa e banditismo. "Catolicismo" tem se empenhado, através de vários arti.gos, em manter seus leitores atualizados a esse respeito. Principalmente demonstrando o papel preponderante da esquerda "católica" na organização e direção das ondas de agitações que vão se estendendo l)CIOS mais variados pontos do território nacional. É nesse contexto que se insere o presente artigo, o qual discorrerá resumidamente sobre a atuação do c-0muno-progressismo nos principais episódios de agitações dos últimos meses.

O ato foi principalmente impulsionado pela facção dos sindicatos trabalhistas liderada por Joaquim dos Santos Andrade, contando também com o apoio do PT e de poUticos de outros partidos, do M R8, do PC do B e PCB, cujos membros levantaram um cartaz pedindo sua legalização. Após breve show musical - que sempre atrai mais do que as próprias manifestações grevistas - falaram pollticos e lideres sindicais. Ao término do comfcio, pequena parte dos assistentes dirigiuse em passeata ao Teatro Municipal, onde conseguiu assustar as pessoas que chegavam para assistir a um espetáculo ... Em outros Estados, o número de manifestantes fala por si só: no Rio

A

Odia em que o Brasil nllo parou Parece-me oportuno comentar, de inicio, um acontecimento que, cronologicamente, deveria figurar no fim deste artigo. No entanto, é psicológico narrá-lo no principio dele para ressaltar o fracasso dos articuladores de toda a agitação atual, especialmente num de seus principais focos que é São Paulo. É irrisório que, após tantos esforços e movimentações, o esquema de agitação - que pretendia desencadear uma greve geral no Pais - tenha se contentado com o com/cio-fiasco em frente ao Teatro Municipal, que não contou senão com a presença de minguadas três centenas de pessoas. Em vista dessa estrondosa derrota das esquerdas, compreende-se porque o dia 25 de outubro transcorreu dentro da normalidade para paulistanos e brasileiros em geral. As manifestações programadas pelos organizadores da "Greve Geral" - a fim de protestar contra o desemprego e o arrocho salarial haviam sido suspensas à última hora (certamente ,:,ara encobrir o insucesso do movimento), mas esperavase que alguma coisa acontecesse. Eram quase 18 horas quando cheguei ao centro da capital bandeirante a fim de observar pessoalmente eventuais manifestações. Passando pela Praça Ramos de Azevedo, onde se localiza o Teatro

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,.., . .... \. -;.,• Na Praça da Sé, durante a MI,.. celebrada por D. Arna no dia 26 de aetembro p.p., • comlulo da CUT convoca o, p,.Mnte, a aderl,.m à greve geral da 26 de outubro Municipal, percebi grupinhos de estudantes e desocupados que conversavam à espera de algo. Uns 50 policiais militares mantinham-se em atitude calma nas escadarias do Teatro Municipal. Por volta de 18:30 hs., lideres da CUT de São Bernardo instalaram numa espécie de barraquinha um altofalante, e teve inicio a manifestação. No local congregaram-se cerca de 300 pessoas nos momentos de maior afluência de público. Pouco mais de 100 manifestantes - em sua grande maioria estudantes - gritavam slogans, enquanto outro público de aproximadamente 200 pessoas - constituído de jornalistas, fotógrafos e curiosos - revezava-se continuamente. Era comum alguém transitar pelo local e perguntar: "O que é isto?". Após ser informado, olhava um pouco o grupelho e seguia adiante. Na discurseira, nada de especial. Um rcpre,s entante dos estudantes secundaristas - aparentando contar uns 30 anos de idade - após criticar a invasão norte-americana da ilha de Granada, no Caribe, disse que "Cuba, Nicarágua e Granada têm seus simpatizantes 110 Brasil". Falou ainda, entre outros, o deputado estadual Eduardo Jorge (PT), que se solidarizou com os que haviam ateado fogo em dois vagões de um trem de subúrbio e saqueado supermercados, no dia anterior, na Zona Leste da cidade de São Paulo. Membros da CUT-São Bernardo anunciaram uma "Greve Geral" para ... antes do Natal. O dia da greve será decidido numa reunião a se realizar na cidade de Goiânia, no mês de novembro. Por volta das 19:50 hs., o grupinho de manifestantes se dissolveu, enquanto alguns estudantes vendiam ainda exemplares do jornal "Alicerce", da Juventude Socialista do PT, de tendência trotskista. Não é necessário dizer que os organizadores da manifestação só a prolongaram até aquela hora para que o fiasco ficasse um tanto encoberto. Em Santo André, cujo Bispo é D. Cláudio Hummes, a concen-

• MonHeotantea Iniciam • concentraçlo g,.vi,ta do di. 26 de outubro dentro da lg,.ja No... Senhora do Carmo, na DlocaM de Santo And,., enquanto aguardam licença

d•• autoridade, para ocupar uma praça p6blica

CATOLICISMO -

Novembro de 1983

tração teve início no interior da Igreja Nossa Senhora do Carmo e prosseguiu depois em uma praça das proximidades. Segundo órgãos de imprensa, a manifestação congregou cerca de 300 pessoas. Ao que consta, a única colaboração do clero foi o empréstimo do edifício da igreja. Pequena, se a compararmos com as ajudas anteriores.

Na Praça da Sê, Missa ou comlclo grevista? Redundou também num liasco o show apresentado por D. Paulo Evaristo Arns no dia 25 de setembro último. Qualifico de show propositadamente, pois a Missa tinha como objetivo principal protestar contra o arrocho salanal, o FMI e o desemprego. Intenções incomuns para uma celebração eucarlstica ... O Cardeal de São Paulo concelebrou com seus dez Bispos-auxiliares, D. Cláudio Hummes, Bispo de Santo André, e 410 padres. Ou seja, todo ou quase todo o clero da Arquidiocese paulopolitana. Com a finalidade de fazer com que o maior número de pessoas afluísse ao local, foram suspensas as Missas vespertinas naquele domingo em toda a Arquidiocese, e podia-se notar cartazes afixados nas igrejas, anunciando a concentração. Caravanas de fiéis foram organizadas por padres, freiras, seminaristas e Comunidades Eclesiais de Base. Apesar disto, apenas umas 35 mil pessoas compareceram. A tônica da manifestação foi dada pela leitura das palavras do Profeta Miquéias (2, 1-4): "Ai dos que planejam fazer o n,al, apoderam-se das terras, roubam as casas dos pobres. .... A paciência do Senhor chegou ao fim". No contexto da Missa, essa frase, escrita em enorme faixa, poderia ser considerada como uma ameaça. Após o sermão do Cardeal, que consistiu na repetição de frases dos discursos de João Paulo li no Brasil, reproduziu-se a surrada oratória de comícios grevistas. Falaram Waldemar Rossi, pela Pastoral Operária, uma mulher representando os professores, e outra que falou em nome das donas-de-casa. Todos abordando temas trabalh.istas, arrocho salarial, FMI. D. Cláudio Hummes também usou da palavra e aproveitou a ocasião para externar sua solidariedade aos acampados do Parque lbirapuera. Mais tarde, em declarações prestadas ao "Diário do Grande ABC", de 27-9-83, afirmou: "Sabemos que terá [a Missa) impacto sobre a sociedade. Mas se a manifestação tem ou não caráter polftico, isso não vem ao caso. Foi uma tarde de oração, acima de tudo". Tais orações, na realidade, eram frases próprias a "esquentar'' os espíritos durante um comício politico. Entre outras, constavam esta_s, num boletim distribuído para o povo acompanhar a Missa: - D. Arns: "Pelosacordosfeitos com o FMI que causam tantas des-

• Durante• MI,.. na Praça da 54. a penoa que deseja comungar retira com •• pró· priao mio• a hóotia de Imbuia, 1.-radao por leigo, que M emb,.nham pela multldlo

graças e nos tiram o direito de decidir nossos destinos. Peçamos perdão; .... Pelo massacre dos trabalhadores que precisam pagar u1na dívida que não fizeram e que não lhes trouxe beneficio. Peçamos perdão". D. Celso Queiroz, Bispoauxiliar: "Para que lutemos por crescente organização das associações sindicais livres e partidos, defensores do povo, como verdadeiros instrumentos de libertação. Rezemos ao Senhor; .... Para que a força e o grito do povo se façam ouvir e pecaminosos decretos-leis sejam rejeitados. Rezemos ao Senhor".

"Dia Nacional do Protesto": fracassado teste de greve Dias depois, a Praça da Sé foi novamente ocupada por manifestantes. Em 30 de setembro, politicos e sindicalistas lá estavam para protestar igualmente contra o arrocho salarial, o desemprego, o FMI, e convocando, além disso, os trabalhadores à "Greve Geral". Apesar de seus esforços, não conseguiram congregar mais de cinco mil pessoas.

de Janeiro, menos de cinco mil desfilaram pela Avenida Rio Branco; em Belo Horizonte, pouco mais de mil concentraram-se na Praça Rio Branco; em Curitiba, cerca de 400 pessoas reuniram-se na Rua 15 de Novembro; em Porto Alegre, 600 pessoas participaram da concentração no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos, estando presente D. Antonio Cheulche, Bispo-auxiliar daquela Arquidiocese.

Acampamento do lblrapuera: "apenas o começo" Nesta visão de conjunto da tentativa de abalar os alicerces da atual estrutura sócio-econômica do Pais, conviria dizer uma palavra sobre uma iniciativa que poderia ser qualificada como um lance . da guerra psicológica revolucionária . Tal episódio procurou causar um impacto na opinião pública, dramatizando a situação dos desempregados da Grande São Paulo. Trata-se do acampamento de desempregados, reais ou fictícios, montado no gramado diante

Eduardo Queiroz da Gaf:u.

''TOTALISMO'' FRACASSADO EM ENTREVISTA concedida à "Folha de S. Paulo" de 27-983, o Prof. PUnlo Corria de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, analisou a atuaçio com11no-progresslsta que se pôde notar durante a Missa celebrada por D. Paulo Evaristo Arns, no día 25 de setembro p.p., na Praça da Sé. "REZAR PARA QUE cesse o desemprego? Ninguém pode ser contra isso. Nada mais respeitável, mais necessário, nem mais simpático. Mas, aproveitar o ensejo para fazer pura demolição, promover a agitação, deitar lenha na fogueira da luta de classes é o que d e nenhum modo posso aplaudir. Foi, entretanto, o que fizeram, conglomeradas, todas as esquerdas de São Paulo. Durante o ato religioso, elas não perderam uma só oportunidade de meter sua propaganda. E com uma radicalidade assanhada, a todo propósito, com toda a ênfase. Uma espécie de 'totalismo' agressivo. Só uma coisa faltou nessa linha. Não foi toda a São Paulo que compareceu. Muito e muito pelo contrário. Observadores de toda a confiança me relataram somente terem estado presentes 35 mil pessoas. Dado que a Grande São Paulo, largamente convidada, conta com mais de doze milhões de habitantes, em matéria de propaganda foi um fiasco. Fiasco total. Se bem que, segundo me disseram, até não foram celebradas missas vespertinas nos bairros, para obrigar a população a comparecer à cerimônia religiosa da Praça da Sé. O que deixa bem ver que quanto mais a esquerda se radicaliza, mais ela se isola do bom povo brasileiro. Constata-se também que os mais prestigiosos, como ainda os mais populares meios de comunicação não bastam para salvá-la da estagnação. Ouvi alguém comentar: se há tantos desempregados em São Paulo, é o caso de afirmar que eles não são contra o desemprego. Exceto os profissionais do desemprego, ponderou outra pessoa, que evidentemente acreditava nos profissionais, porém não acreditava no desemprego sincero, irremediável e vitima de cristã simpatia. O fiasco ocorrido no último domingo, na Praça da Sé, pede reflexão para esse ponto".

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da Assembléia Legislativa pautista. Ao que parece, o acampamento armado no Parque lbirapuera, no dia 5 de setembro. e desativado cm meados do mês de outubro, deveria servir de exemplo para todos os desempregados do Brasil. Cada um deles deveria acampar em frente à Assembléia Legislativa de seu próprio Estado. Entretanto, mais uma vez a manobra não vingou. Segundo um de seus organizadores, Antonio de Paula, a iniciativa partiu de um comitê de desempregados de Cubatão, na Baixada Santista, "idealizada pela PT. com apoio das Comunidades Eclesiais de Base e alguns padres da periferia de São Paulo" ("Jornal do Brasil", 30-9-83). Com efeito, algumas CEBs e o PT trabalharam para manter o acampamento. O padre Carlos Strabelli, por exemplo, pároco em São Miguel, na Zona Leste paulistana, organizou coletas de atimentos para os acampados com o apoio de Comunidades Eclesiais de Base de sua paróquia. Os principais lideres do acampamento eram: Antonio de Paula - ex-sargento da Aeronáutica, cassado pelo AI-1 por participar de guerrilhas cm Caparaó, no Espírito Santo. Viveu exilado 18 anos na França; há dois anos voltou ao Brasil, vivendo atualmente de artesanato. E Paulo Gianini - Almoxarife da Cúria Metropolitana. Cadastrou-se no Sine (Sistema Nacional de Empregos) como torneiro mecânico, por ocasião do acampamento. Vários eclesiásticos prestigiaram a iniciativa, mediante visitas. O vereador paulistano João Carlos Alves (PT) citou alguns deles: "É lamentável que até agora apenas a Igreja Católica e o PT tenham ,nanife stado claramente sua solidariedade a esta luta concreta contra o desemprego. .... A Igreja. pela visita de dom Arns, dom Casa/dáliga [Bispo de São Félix do Araguaia], dom Angélico e muitos agentes de paJtoral ao local, assim como pelo empenho da Comissão Arquidiocesana de Direitos Humanos, Comissão Justiça e Paz, vários bispos e sacerdotes na organização do apoio efetivo e na divulgação do acampamento" ("Folha de São Paulo", 24-9-83). A desativação do acampamento correu principalmente por conta do PT e elementos do clero. Participaram da comissão para desativá-lo

não devemos esperar apenas mais acampamentos: "Depois desse acampamento preparem-se para outros fatos, outras formas de luta diferentes dessa. Não tão pacíficas. Tal.vez ilegais, talvez violentas. Infelizmente, isso vai acontecer, não duvidem. O caldeirão está cheio e vai explodir" ("Folha de S. Paulo", 27-9-83). Na boca de um ex-guerrilheiro, tais palavras devem ter algum significado.

Saques: ensaios de guerrilha urbana Enquanto se rezava Missa e se realizavam comícios e se ameaçava desencadear greves, multiplicavamse em São Paulo e Rio de Janeiro os saques a supermercados e armazéns. Entretanto, apesar de alguns até aplaudirem essas ações de violência e outros manifestarem "compreensão" pelos atos de rapina, a ninguém se atribuía a responsabilidade de tais ataques criminosos. D. Angélico Sândalo Bernardino teria comentado a respeito dos saques - segundo "O Globo", de 249-83 - que "se não fo;em tomadas n,edidas sérias para a introdução de profundas reformas pollticas, econômicas e sociais no País, momentos ainda mais graves serão vividos". Conselho ou ameaça? Um mistério que paira a respeito dos saques é o de sua organização. Os responsáveis por ela fazem o possível para se manterem na sombra, certamente para dar a idéia da espontaneidade dos assaltos; "o cal-

já com eassagcm anterior pela polícia. VeJamos alguns exemplos: - Em saque a um supermercado de Rio Pequeno, em São Paulo, Silvério Banhado Neto foi identificado. Contava ele com várias passagens pela polícia. Durante o ataque houve troca de tiros entre o proprietário e os saqueadores, sendo um deles baleado e morto ("Folha de São Paulo". J.ó.l0-83). - Na noite do dia 16, um mercadinho do Jardim das Oliveiras, na região leste da capital paulista, foi invadido por aproximadamente 70 pessoas, dirigidas por dois homens armados ("Folha de São Paulo", 22-9-83). - No Rio de Janeiro, dois dentre os sete atacantes presos durante um saque, eram fugitivos da penitenciária, estando um deles condenado a oito anos de prisão ("Última Hora", 8-9-83). - Ainda em São Paulo, no Parque do Carmo, um mercadinho foi saqueado por 100 pessoas Lideradas por quatro homens armados ("Jornal do Brasil", 1.0 -10-83). - Bertilim Moreira, português, proprietário de uma panificadora no Jardim das Oliveiras, na zona leste paulistana, foi um dos comerciantes da região que acusaram a Irmã Carmen Julieta Rodrigues de estar instigando a população a praticar saques. Em declarações à imprensa, ele justifica o uso de uma carabina, com a qual impediu o saque de seu estabelecimento comercial: "Fiz e farei isso porque os saqueadores

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• Cinco dias após a M issa, a CUT volta à Praça da ~. apoiada pelo MR-8, PCB e

PC do B. com seus cartazes e bandeiras, manlfestando-ee novamente contra o anocho salarial

A linguagem e o significado dos fatos

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Da. lgnez Regis Emediato, São Paulo (SP): "Queremos parabenizar 'CATOLICISMO', pois, através da Verdade que norteia e do destemor que transmite, anima e orienta os cristãos desejosos de se conservarem fiéis às suas Tradições. Realmente, das 'r11/11as da cristandade' a TFP levanta um edifício inexpugnável, para a glória de Deus. Q_ue a Virgem os guarde, para nosso bem e o da Igreja Católica, Apostóhca, Romana". _ Sr. Alfredo Pequeno de Arraes Alencar, Rio de Janeiro (RJ): "'CATOLICISMO' é um dos raríssimos órgãos da imprensa brasileira que tem a nobre coragem de combater os erros da chamada 'Igreja progressista', para o bem da verdadeira fé cristã e do povo brasileiro". Sr. João Cezar Valle da Costa, Rio de Janeiro (RJ): "Espero avidamente o· mensário 'CATOLICISMO'. É nele que se haure a verdadeira doutrina católica, apostólica, romana. Gostaria, se possível, que fosse quinzenal, ou até mesmo semanal".

Sr. Francisco de Souza, São Paulo (SP) "Na página 2 do seu número de setembro, o nosso valoroso 'CATOLICISMO' transcreve a muito oportuna carta do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, manifestando o desacordo da TFP (que é também o nosso e de todos os católicos brasileiros) pela emissão de um selo comemorativo de Lutero. Ocorre que, certamente por algum 'chochilo' de datilografia ou de revisão, insinuou-se naquela transcrição, como também no 'nariz-decera' da Redação, um erro histórico que peço licença para retificar: fala-se ali em 'Sº. centenário do falecimento de Martinho Lutero', quando devia di.zer ·s•. centenário de nascimento de Martinho Lutero', uma vez que o infetiz heresiarca nasceu aos 10 de novembro de 1483 em Eisleben (Saxônia - Alemanha), onde morreu aos 18 de fevereiro de 1546". Nota da redação: Agradecemos ao amável e atento leitor a oportuna retificação, que fica aqui consignada.

estão aparecendo aqui na região armados e intimidando todo mundo. A polícia está armada e não pode atirar .... Estou cuidando do que é 111eu. Sei que existe fome e uma prova disso é que distribuo, diariamente, 80 [pães] bengalas a pessoas pobres. Mas esses saques que vimos não são movimento de pobres. São de aproveitadores, de bandidos armados"("Jornal do Brasil". 29-9-83).

representantes dos governos estadual e municipal, políticos, lideres dos acampados, Francisco Whitaker, assessor de D. Arns, e o deputado estadual José Gregori (Pl), expresidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese. A desativação salvou a imagem do acampamento, conforme declarou o próprio Antonio de Paula: "Foi uma vitória e é lógico que valeu a pena. N6s passamos por dificuldades, por negociações interron,pidas. A gente venceu uma barreira muito séria, principalmente a de ontem. Nós achamos que, agora, o acan1pame11to entrou num período de desgaste, não é mais notícia de primeira página na imprensa" ("Folha de São Paulo". 710-83). Depois de desativado, o acampamento do lbirapuera quase encontrou um substituto. Em Curitiba, no dia 24 de outubro, um grupo de pouco mais de 100 pessoas tentou armar barracas em frente à Prefeitura Municipal, sendo impedido pela polícia. A se levar a sério as declarações de Antonio de Paula,

Da. Amélia Me,:idonça Wilmers, São Paulo (SP): "('CATOLICISMO') é um mensário aguardado com impaciência pelas pessoas de minha família. Nada tenho a sugerir, pois considero-o perfeito assim como está sendo feito". Da. Neyda Esper Kallás, Passos (MG): "Este jornal é de grande importância para mim pois é através dele que tenho tomado conhecimento de notícias importantíssimas como o divórcio, o aborto na Espanha e outros como a Virgem chorando em vários lugares do mundo, demonstrando sua tristeza por tudo o que nos ocorre". Da. Lydia Cenati, São Paulo (SP): "Gosto de todos os artigos de 'CATOLICISMO'. Entretanto, aprecio mais 'Ambientes, Costumes, Civilizações' e artigos religiosos, como por exemplo, 'Aspectos da Vida da Mãe de D. Rosco', que foi publicado cm junho. Minha sugestão: manter-se sempre na mesma linha de comunicação que temnos ajudado tanto a enfrentar a época confusa em que vivemos".

deirão está cheio e vai explodir", afirmou Antonio de Paula, conforme aludimos. E o Delegado Regional da Policia Federal em São Paulo, Romeu Tuma, não hesitou em classificar de guerrilha urbana os métodos utilizados: "Os programadores dessa onda de violência urbana, movimentação típica de guerrilha urbana que está ensinada no livro de Marighella, já atingiram seus objetivos polltico-sociais" ("Jornal do Brasil", l .0 -J0-83). Por outro lado, em sua edição de 29-9-83, "O Globo" noticiou que o "relatório do Serviço de lnforn,açóes da PM[São Paulo) responsabiliza não só algun,as Comunidades E.clesiais de Base da periferia, como também suspeita que alguma organização estaria planejando os ataques". O relatório termina esclarecendo que os métodos utilizados nos saques do Rio de Janeiro seguem os moldes dos de São Paulo. Outro ponto curioso que convém ressaltar nos recentes saques é a presença de homens armados, protegendo os saqueadores. Alguns deles

Estamos, pois, diante de vários fatos que, analisados globalmente, ganham um significado. No ensaio de ··Greve Gera!" e no "Dia Nacional do Protesto" procurou-se levantar a classe trabalhadora, explorando temas como o desemprego e o arrocho salarial. No acampamento das CEBs e do PT. Antonio de Paula advertiu: ".... preparen1-se para outros fatos, outras formas de luta diferentes dessa. Não tão pacíficas. Talvez ilegais, talvez violentas". D. Sândalo Bernardino Bispo-auxiliar da região onde os saques mais têm ocorrido - afirmou que, se "profundas reformas" não forem realizadas, "n1on1ehtos ainda mais graves serão vividos". Vistos em conjunto, tais fatos apresentam inegavelmente algum significado. Ainda mais se levarmos em consideração que o Delegado Regional da Polícia Federal em São Paulo tem seus motivos para classificar os saques de guerrilha urbana. Como vimos, o português Bertilim Moreira impediu o saque com uma carabina na mão. A nós compete manter uma atitude vigilante, pois seria ingenuidade imaginar que os esquerdistas desistiram de dominar nossa Pátria. Eles poderão, talvez, estar à espera de nosso arrefecimento e espirito de omissão, para então atuarem mais eficazmente e alcançarem seus nefastos objetivos.

A guerrilha da comunicação "TRAVA-SE (hoje) até mesmo o que cbamarlamos de uma 'Guerrilha da Comunicação', tamanha é a intensidade das tentativas de subverter a o.rdem e con!estâ-la através de maliciosas técnicas de propaganda ideoJógica. Essa 'guerra' sem soldados e sem fronteiras lrava,se em nossa frente e não a percebe.mos. Quando isso aco.ntece1, já estaremos incluldos nas listas de baix-as emitidas pe)o inimigo. ''Nas entrelinhas dos livros didáticos postos à disposição da juventude, nas manchetes sensacionalistas que ofc11dem e desmoratizam, nas 'charges' e nas imagen,s com dup)o sentido, no pessimisnro levado a extremos, consfatamos que os 'canhões' desse conflito co.ntinuam a atirar granadas passadas no veneno da discórdia e da revolta. Esse inimigo quase inv,ísível espreita nas sombras e agua·rda a sua vez, esperando a debacle moral dos que podem reagir cm tempo. "Hm verdade)ro 'Cavalo de Tróia' moderno está seJJdo iQtroduzido entre nós, po~ forças interessadas em surpreender-nos no 'doce: sono de ilusão do 'tudo bem•• ("A l!>efesa Nacional", Rio de Janeiro, maiojunho, 19.82, p. 171).

.AfOJLECISMO M ENSÁRIO CAMPOS - ESTADO 00 RIO Ointor: Paulo Corrê.a de Brito Filho

Jornalista respon5'vel: Takao Takahashi - Registrado no O.R.T.-SP sob n° 13.748 Dirdoria: Rua dos Goitaca-z.es, 197 • 28100 - Campos, RJ Admlnislraç.i o: Rua Dr. Martinic:o Prado, 27J • 01224 - São Paulo, SP • PABX: 221-8755 (ramal 235). Composto e impresso na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Lcda.,Rua Garibaldi, 404 - 01135 - São Paulo, SP "Caloliclsmo" ! uma publicação mensal da Editora Padre Belchior dt Pontes S/ C. Assinatura anual: comum CrS S.000,00; cooperador CrS S.000,00: benfeitor CrSIS.000,00 grande benfeitor CrS 25.000,00; seminaristas e estudantes CrS 4.000,00. Exttrior: (via airca): comum USS 2S,OO; benfeitor USS 40,00. Os pagamentos, $Cmp~c~m nome de Editora Padre Belchior de Ponl!s SJC, poderão ~r encaminhados à Admm1s1ração. Para mudança de endereço de assman1cs é neocssáno mencionar tamb~m o endereço antigo. A correspond!ncia relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à Adminlstraçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 - Slo Paulo, SP

CATOLICISMO - Novembro de 1983


ESPLENDOR DA VITÓRIA ALIADO ..... A BONDADE

• Visão de perfil de "Virgen de los Reyea". ne cetedral de Sevilha

EGUNDO A TRADIÇÃO, a "Virgen de los Reyes" entrou triunfante em Sevilha, quando São Fernando III com seu aguerrido exército de cruzados conquistou aquela cidade, em 1248. A imagem foi logo entronizada na mesquita maior da atual capital andaluza, após o edifício ter sido consagrado como catedral católica. Na época havia uma crença de que a imagem era obra de Anjos. Outras fontes admitem porém, que a Virgem, esculpida por mãos humanas, fora presenteada ao monarca espanhol por seu primo São Luís, Rei de França. Mas um ponto que não padece dúvida é o fato de a imagem de Nossa Senhora dos Reis estar profundamente vinculada à cidade de Sevilha, desde o dia de sua reconquista. A imagem encontra-se no altar da Capela Real da catedral sevilhana, e a seus pés repousa o corpo incorrupto de São Fernando III, conservado em magnífica urna. A reHquia é exposta ao público no dia da festa do santo, em 30 de maio, ocasião em que recebe honras militares. Em 15 de agosto de 1946, atribuindo à imagem o titulo oficial de "Nuestra Senora de los Reyes", Pio XII declarou-a Padroeira principal da cidade e da Arquidiocese de Sevilha.

S

Examinando a venerável imagem, ao primeiro olhar vê-se que é a de uma Rainha. Seu porte é dominador e forte. Sua fisionomia muito séria, mas inteiramente serena e tranqüila. É uma soberana, no esplendor da vitória, magnifica figura de Rainha.

CATOLICISMO -

Novembro de 1983

Triunfo definitivo, porque é o dAquela que "sozinha esmagou todas as heresias" (Ofício comum das festas da SSma. Virgem, 7•. antífona do 3°. noturno). Sua face manifesta o poder, a força dAquela que esmagou para todo o sempre, com seu calcanhar imaculado, o dragão infernal. Tal domínio inabalável e incontestável da . Virgem Imaculada, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo - "Rex regum et Do,ninus dominantiu1n", Rei dos reis e Senhor dos que governam ( 1 Tim. 6, 15) - a alma espanhola o sabe sentir e amar com especial entusiasmo. Além de extraordinariamente expresso no porte e na fisionomia da imagem sevilhana, o poder da Rain.ha dos Céus e da terra vem proclamado na frase gravada sobre seu altar: "Per ,ne reges regnant" - É por Mim que os reis reinam (Prov. 8, 15). É uma Rainha boníssima, retíssima, dotada de um espírito imensamente lógico, que dirige os destinos de seu povo. E por causa disso, de uma grande intransigência. Uma Soberana que mantém muita distância em relação aos outros, mas que guarda, apesar de tudo, admirável benevolência cristã. Todas essas virtudes que transparecem na secular imagem são bem características de sua época: o século Xlll, em certo sentido o apogeu da Idade Média - era em que.floresceu a civilização cristã. .

A " Virgen de los Reyes" não está sorrindo. No entanto, a contemplação dessa imagem deixa em nós a sensação muito viva de que Ela é, ao mesmo tempo,

• Foto de frente focali7.endo a Pedroeire princlpel de capital andaluza

fonte inesgotável de doçura, de amenidade, de misericórdia, de acessibilidade. Esse segundo traço saliente de "Nuestra Senora de los Reyes" nota-se na tranqüilidade completa, na distensão inteira de todo o corpo, e em especial dos braços. • Seriedade eximia, força irresistivel, domínio inconteste da situação, vitória definitiva sobre o mal, resolução absoluta de manter esmagado o gra!1de inimigo de Deus - ao lado de bondade dulcíssima para com os filhos da luz e de exorabilidade incansável em relação aos pecadores - eis a admirável lição que ·nos apresenta a "Virgen de los Reyes". Se devêssemos sintetizar numa frase o principio de unidade desses esplendores da extraordinária imagem medieval, bem poderíamos exclamar: ó esplendor da vitória definitiva, transbordante de bondade!

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:[ l]AfO ICI[§MO Difusão dos ideais da! tradiçã família e propriedade 1 na Ãfrica

sado de ver como os desordeiros agiam impunemente. Tenho grande desejo de conhecer mais profunda,nente o pensamento do Prof Plinio Corrêa de Oliveira".

"Sou eu que tudo lhes devo"

E O BRAVO Vasco da Gama. ao transpor o Cabo das Tormentas e transformá-lo em Cabo da Boa Esperança, pudesse lançar suas vistas para além daqueles magníficos horizontes e contemplar o futuro, notaria ali fincado o estandarte da TFP. Pois recentemente, em meio à rota de uma caravana da TFP sul-africana que percorria o país promovendo reuniões. debates e conferências em mais de 20 cidades, jovens da entidade escalaram aquele rochedo imponente e majestoso que divide dois oceanos, e lá ergueram o estandarte da boa-esperança da TFP.

De Gana, na costa atlântica, destacamos a carta de um nativo que escreve com calor à TFP: "Acabam de chegar os livros que eu lhes havia pedido: são interessantíssimos. Estejam certos de que agora a TFP está se espalhando em Gana. O pessoal aqui, aliás, está querendo mais livros. De minha parte, de.rejo 10111bém algu111 histórico sobre o Presidente Plínio Corrêa de Oliveira". Um universitário de Port Harcourt, na Nigéria, consolado ao ver a grande família de almas das TFPs se estender por tantas nações, declara: "Acredito sinceramente que deve haver pelo ,m,ndo pessoas co1110 eu, entusiasmadas e interessadas e,11 ob1er cópias da Mensagem da De 28 palses africanos TFP". chegam cartas de adesão Outro nigeriano vai mais longe, pois além de insistir no recebimento Apesar de estarmos às vésperas de comemorar já o segundo aniver- da Mensagem e do livro "Revolução sário da publicação da luminosa e Contra-Revolução" do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, afirma: "Por Mensagem do Prof. Plínio Corrêa favor, enviem-rne o quanto antes os de Oliveira a respeito do socialismo autogestionário do PS francês, as seus símbolos, a fi111 de que 111e torne repercussões, adesões e aplausos en- um membro efetivo da TFP". Mas não só de Gana e da Nigéria tusiásticos não têm cessado de cheproveio considerável número de gar de todos os recantos do mundo, adesões às teses da Mensagem sobre inclusive do vasto continente afrio socialismo autogestionário. Cartas cano. E isto realmente surpreende os de pessoas que estendem a mão à céticos, pois a África, com grande · TFP, pedindo ou oferecendo auxílio número de países subjugados por na grande borrasca de nossos dias, regimes comunistas parecia decidida foram enviadas também da África a transformar-se no "continente ver- do Sul, Argélia, Bofutatsuana, Botmelho". Ademais, correntes moder- suana, Camarões, Ciskei, Costa do nas de "pensamen10" - como o Marfim, Djibuti, Egito, Gabijo, Estruturalismo - vêem na orga- Gâmbia, Lesoto, Libéria. Llbia, ni1.ação tribal de várias regiões afri- Marrocos, Moçambique, Namlbia, canas o tipo de sociedade ideal. Quênia, Senegal, Somália, SuaziMas, na verdade, são numerosos os lândia, Tanzânia, Transkei, Tunísia, Zâmbia e Zimbabwe. africanos que têm fome e sede da tradição, da família e da propriedade, tal qual lhes foi ensinado pelos "Depois da Mensagem, missionários católicos de outrora ... não sobrou mais nada

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de Mltterrand" • O emndorte do TFP 1ul-ofricano ho1tNdo no Cabo da Boa Eoperença. Dlonto de.te confluem dof1 oceano,: o Atli:n~ tlco a o Indico.

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Detenhamo-nos um pouco, caro leitor, nas terras do leão de juba negra, a África do Sul. " Deus abençoe a TFP!", escreve um Sr. de Johannesburgo. "Aqui na África do Sul, onde nosso clero parece haver desertado da Igreja, em rroca de alguma utopia. ver a TFP é um grande alento. Esta é a terra do Bispo Tutu, que chama os regimes comunistas vizinhos de... 'reino de Deus na terra', e do Arcebispo Hurley, que fala de sua profunda simpatia para com o marxismo. .... Com a ajuda de Deus, continuem seu bom trabalho". • Montanha "Cabeça do leio", naa proximidades da Cidade do Cabo

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De fato, a TFP sul-africana não tem cessado de agir nessa importante nação. Impressionado comeste empenho, confidenciou o ex-responsável para a África Austral de conhecida agência noticiosa internacional: "Depois da Mensage,11, não sobrou mais nada de Miuerrand". Um engenheiro muçulmano, após assistir ao audiovisual sobre as 15 TFPs em casa de amigos, procurou a dinâmica TFP local: "A Mensage111 do Prof Plínio Corrêa de Oliveira abre os horizontes e mostra aquilo que o soúalismo quer esconder. Mes1110 não sendo católico, vejo co111 grande tristeza as reformas do Concílio Vaticano li". E predispondo-se a aceitar as verdades eternas e imutáveis de nossa Mãe, a Santa Igreja, o engenheiro sul-africano pediu para tornar-se dedicado membro da TFP. Neste sentido, impressiona constatar como a Mensagem das 15 TFPs, nestes conturbados tempos de crise progressista, vem abrindo os corações para a Igreja de sempre. Um austríaco que hoje vive na África do Sul, por exemplo, escreveu-nos declarando ser protestante, mas que após a leitura da Mensagem estava inclinado ao catolicismo. Num contato pessoal posterior, citava de cor trechos do documento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, e afirmou: "A única sa(da para a situação apocalíptica de nossos dias tem que vir atravl• da Igreja Católica". Caso ainda mais típico é o do próprio responsável por um centro de divulgação protestante. Após ler a Mensagem, começou a considerar sua conversão ao catolicismo. Hoje difunde com zelo, além da Mensagem, exemplares do boletim "Newsletter" da TFP local.

Assim como certo filão de protestantes, também hindus vão se abrindo para o brilho e a força da doutrina católica tradicional que a Mensagem põe cm evidência. Sério, acostumado a considerar as coisas pelo seu lado mais profundo, um membro da numerosa colônia indiana da África do Sul, cm visita à entidade, afirmou taxativo: "Quero entrar para a TFP e ajudá-la de todos os ,nodos possíveis. pois eu odeio o cornunismo". Quando, na despedida, um jovem cooperador da TFP lhe agradeceu o fato de ter vindo à sede, ele redarguiu: "Não, não deve,n 111e agradecer nada. Sou eu que tudo lhes devo". Um político do sul manifestou efetivo propósito de apoio: "Tendo tido ocasião de ouvi-los expor as finalidades e os 111é1odos de sua organização. adquiri grande estima pelo valor de sua missão e paro ela desejo a bênção de Deus. Muito rne compraz oferecer-lhes meu apoio e assegurar-lhes que/arei o qua1110 em mim estiver para estimular a adesão de 111eus amigos e colegas". Um juiz sul-africano, católico, homem de cultura e fino trato, estava encantado com a Mensagem: "Sempre rne opus ao socialis,no. mas nunca vi ninguén1 lutando contra ele co,110 a TFP. Muitos chegam até a lutar contra o comunismo, ,nas poucos ou ninguém denuncia o socialis1110 enquanto comunis1t10 dis-

de que não se esquecerão de mim, e que teremos novos contatos". Tão impressionado quanto este casal, um escriturário de Johannesburgo procura a TFP: "Talvez os Srs. sejam a respos1a às minhas orações. Estou mui10 preocupado com a crise na Igreja e com o avanço do comunismo. Aguardo. com expectativa, o cumprimento da Mensagem de Fátima. Vou agora estudar con1 afinco a TFP para ver se é mesmo a resposta que procuro".

Zlmbabwe, Namlbia e Transkei Do Zimbabwe, cuja situação política torna-se cada vez mais preocupante, não se sabe se os envios da TFP têm chegado aos inúmeros destinatários que de lá solicitaram exemplares da Mensagem. Alguns que haviam se manifestado com calor, após a remessa permaneceram no silêncio mais completo ... Entretanto, uma ou ouira missiva tem varado a barreira, como a de um Sr. que nos agradeceu o quanto a Mensagem o ajudou a discernir a verdadeira face do socialismo. Ou a de uma Sra. que com insistência pedia para se lhe enviar "Revolução e Contra-Revolução". No Transkei, onde a TFP conta com diversos simpatizantes, uma funcionária do Departamento de Saúde, nativa de origem bantu, católica e anticomunista, asseverou: "Estou muito interessada na organização dos Srs.. especialmente 110 que se refere a Fátima. Gostaria de ver 111eu país reconhecido inter11acio11alme111e, e vejo com alegria que a TFP já o ve111 faze11do. Ofereço-lhes minha ajuda para organizar uma palestra aqui e111 Umtata, nossa capital".

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A Mensagem entusiasma refugiados de Angola e Moçambique Após a traição e a entrega de Angola e Moçambique nas garras de 1,, ')Pef1e1 africano, de onde proveio correapondêncie sobre a M~n.aagem do Prof. grupos guerrilheiros comunistas, a Plinio Corria de Oliveira contra o aocialiamo eutogestionlirio do PS frenei, tragédia abateu-se sobre aqueles dois rincões, outrora dos mais prósperos farçado. Quando passarem por miDa Namíbia um descendente de do continente. E numerosos por- nha cidade, contem sempre com a alemães, após ressaltar a necessitugueses, angolanos e moçambica- minha hospitalidade". dade de bem conhecer a doutrina nos que tiveram parentes brutaltradicional católica que a TFP demente assassinados, migraram para "Hã 30 anos que estou fende, para melhor lutar contra o todas as partes. No Brasil, rece- aguardando algo assim" comunismo, afirmou: ·' Para cumprir bemo-los como irmãos, de braços tão grande tarefa, é necessário que abertos. Também na África do Sul Um engenheiro mecânico e sua me equipe como um membro inteformou-se uma colônia . portuguesa senhora ouviam emocionados a his- gral da TF P. Ficar-lhes-ei n1ui10 sofrida, cujos membros viveram a tória da luta contra o progressismo grato se me enviarem tudo quanto amarga experiência dos efeitos da nascente empreendida pelos que fun- reputem fu11dame111a/ para que eu "libertação" que os marxistas e seus daram mais tarde a TFP. Atraía-os, me torne en1 nteu país um 1nen1bro "teólogos" apregoam. Ali a recep- sobremaneira, a explicação sobre o da mundial TFP". E outro Sr. estividade à TFP tem sido marcante. livro do Prof. Plinio Corrêa de creveu: "Estou muito interessado no Uma lusitana, no sul do país, Oliveira "Em Defesa da Ação Cató- trabalho do Burea,, que os Srs. patrocinou com dedicação uma con- lica". De repente, ele não se conteve: mantêm em Johannesburgo, pois li ferência da TFP sobre Nossa Se- .. Não consigo acreditar 110 que ouço. com total consonância o esrudo do nhora de Fátima. Dias depois, ela nos Os Srs. devem ter sido enviados por Prof Plínio Corrêa de Oliveira". telefonou, expressando um "proDeus. pois levantam a minha espeblema de consciência", por não ter rança. ;:u pensava que tudo estivesse • • • feito ainda mais pela TFP. "Resolvi, perdido. Há 30 anos que estou assim. visitar outros portugueses da aguarda11do algo assim. Foi nisso Ai está. caro leitor de "Catoliregião, pedindo contribuições para a que acreditei dura111e toda a minha cismo", um rápido vôo sobre esse TFP''. vida". Com o tom de voz já mais continente misterioso em cuja ponta Outra portuguesa, em carta, ma- grave, o engenheiro nos conta sua ondula, sob os ventos da esperança, nifestou a mesma preocupação: "Si11- história: "Em 1953 eu me converti o estandarte da TFP. Aí estão os 10-me culpada por 1er passado 101110 do anglicanismo, juntamente co111 efeitos que não se esgotam da Mentempo sem fazer nada pelos Srs., minha e.tposa, pois demo-nos conta sagem de Plinio Corrêa de Oliveira, que me enviaram a histórica Mensa- de que aquilo era comple1ame11te os quais, em meio à noite do caos gem do Prof Plínio Corréa de sem vida. Dirigimo-11os espon1a11ea- contemporâneo, vão cintilando coOliveira. Por favor, mande111 rnais me11te à Igreja verdadeira e pedimos mo estrelas que nascem, multiplipublicações para que eu possa di- para ser instruídos na Fé católica. cam-se e se unem para formar novas fundi-las". Mas hoje a ala progressista e pró- constelações... Estrelas que nos céus Um geofísico, que imigrou de comunista da Igreja me desagrada da África, como nos do Brasil, estão Moçambique, exclamou: "Quando tanto, que já não sei o que fazer. sob a proteção e a aliança do Cruzeiro vi a Mensagem. percebi que ela era Várias vezes tive discussões acato- do Sul... um e/ramado para se restabelecer a . rodas corn padres 110 próprio confesorde,u. Pcs.,·011/Ju,lnfl!, eu estava cansionário. Dos Srs. quero a gara111ia Wellington da Silva Dias


Nº. 396 - Dezembro de 1983 - Ano XXXIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

VENHA A NÓS O VOSSO REINO E EM TODAS as épocas da His• tória cristã a data do Natal abre uma clareira alegre e tranqüila no curso normal e laborioso da vida de todos os dias, cm nossa época, de crise religiosa tão grave que se desdobra em toda a vida social. essa celebração assume um significado especial. A lembrança do transcendental acontecimento que se passou na Gruta de Belém - o nascimento do Verbo de Deus. o Messias anunciado pelos Profetas vale por um universal sursum corda proclamado a uma humanidade tumultuosa e sofredora, que vai imergindo aceleradamente no caos da mais completa dissolução moral e social.

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JESUS -

LIVRO DE

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A CATÔLICA ~k. XV), P.tUdo RC'al, Madnd

De acordo com a palavra dos Profo1as, o povo eleito esperava a salvação por meio de um Messias. nascido do tronco de David. Todos os outros povos da terra, não tendo embora recebido as mensagens divinas por meio dos Profe tas, conservavam uma reminiscência da promessa de um Salvador, feita por Deus a Adão e Eva, quando da saída destes do Paraíso. E por isto também eles conservavam. ora mais ora menos deformada, a esperança tradicional de que um Salvador haveria de regenerar a humanidade sofredora e pecadora. Essa esperança, entretanto, chegou ao seu auge na época em que Nosso Senhor veio ao mundo. O Império Romano estendera-se pelas margens do Mar Mediterrâneo e também pelo continente europeu. O comércio se intensificara, mediante a ahértura de estradas ou expansão da na,ogação. Os homens haviam conseguido os bens que desejavam, mas depois de laboriosamente terem adquirido cs.scs instn1mcntos de felicidade, não sabiam o que fazer deles.

Tudo quanto haviam desejado ao longo de tanto tempo e de tantos esforços. deixava-lhes na alma um terrível vazio. Mais ainda, em muitos casos atormentava-os. Pois o poder e a ri9ueza de q_ue não se sabe tirar o devido proveito servem tão somente para causar anição e dar trabalho. Foi em tal ambiente. enquanto os homens de Estado e os moralistas da época discutiam gravemente sobre tantos e tão insolúveis problemas, que, no estábulo de Belém, durante uma noite tranqüila e abençoada, raiou para o mundo a salvação. A sociedade do futuro, oriunda da solução dos mais importantes e vitais problemas da época, nascia em Belém, e era das mãos virginais de Nossa Senhora que o mundo recebia o Messias. que haveria de redimir o mundo com seu sangue e reorganizá-lo com seu Evangelho. Qual a lição primordial que daí devemos tirar? Em primeiro h11tar é que, assim como para a humanidade do tempo de Augusto a solução dos mais intrincados problemas sociais e políticos não foi encontrada a não ser em Nosso Senhor Jesus Cristo, também em nosso tempo é somente em seus ensinamentos que de-vemos concentrar nossas esperanças.

"lnsraurare omnia in Christo" foi o le-

ma do grande Pontífice São Pio X, que reinou e foi elevado às honras dos altares em nosso século. Mas hâ ainda outra reflexão, da maior oportunidade. Os teólogos são acordes cm afirmar que, se a salvação raiou para o mundo na época em que raiou, devemo-lo às preces onipotentes da Santissima Vir• gem, que conseguiu antecipar o d ia do nascimento do Messias. Ninguém pode dizer quantos anos ou quantos séculos

teria ainda demorado a Redenção, sem as preces de Maria. Ela veio da oração humilde e confiante da Virgem Maria, que era inteiramente ignorada por seus contemporâneos, levando uma vida contemplativa e solitária no pequeno recanto onde a Provid~ncia a fez nascer. Sem com isso desmerecer, por pouco que seja, a vida ativa, é preciso notar que foi por meio da oração e da contemplação que se antecipou o momento da Redenção. E que os benefícios que o gênio de Augusto, o tino de todos os grandes políticos, generais c administradores de seu tempo não puderam dar ao mundo, Deus os d ispensou por meio de Maria.

++•IH'r-t• Genuflexos ante o Presépio, aprescntcmos ao Divino Infante, por intermédio de sua Mãe Santíssima, nossas mais ardentes preces. Antes de tudo, por aquilo que mais amamos no mundo, que é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Rezemos pelos santos para que se tornem mais santos. Pelos bons, para que se santifiquem. Pelos tíbios, para que se tornem fervorosos. Pelos pecadores, para que se tornem bons. Pelos ímpios, para que se convertam. Prece, depois, por todos nós, para que sejamos mais exigentes na ortodoxia, mais severos na pureza, mais fiéis na adversidade, mais pacientes nas humilhações, mais enérgicos nos combates, mais terriveis para com os impios, mais compassivos para com os que. envergonhando-se de seus pecados, louvam de publico a virtude e se esforçam seriamente por conquistá-la.

Domine, adveniat regnum wum. Se• nhor, venha a nós o Vosso Reino. Que o realizemos em nós, para que depois, com Vosso auxilio, o realizemos também en, torno de nós.

LIVRO PROVIDENCIAL LANÇADO Autogestão socialista: NA FRANÇA TFP-COVAIDONG.A TELEGRAFA AO REI DA ESPANHA

as na no na

cabeças rolam empresa, lar, escola

N'o dia 2 de dezembro p.p., a Sociedade Espan.hola de Defesa da TradlfiO, FamOla e Propritdade-Ci:ovadonga - TFl', que tomou Importantes atitudes antl-abortistu no curso do debatt púb[[co sobre a lei do aborto na Espanha, enviou ao Rei espa·

nhol, Juan Carlos 1, o seguinte telegrama: Majestade, A Sociedade Esp•nhola de I!>cfesa da Tradição, Famllia e Pro'priédade-Covadonga, apresenta-se respeitosamente a V.M. a fim de implorar em nome ae seus sócios, cooperadores e correspo11dcritcs, e dos inúmeros sim11atizantes existentes em todo o tcrritóYio nacional, que recuse assinar o decreto despenalizador, cm terras da Espanl\a, ela mata'rlça dos inocentes. I!>irigimo-nos a quem é, por definição e por excelêpcia, o Rei €atólico. Parece desnecessário encarecer quanto tem de cruel e antic,istã aJej que as €ortes.acaba1Jl de aprovar, apesar dos protei,tos de al&'!ns deputado~ e senadores, cujos nomes o coração dos verdadeiros espan)ió1s guardará. /i.. Coroa com a (\Uai o curso da Histó';:ia,cingiu a fronte ae V,M. se insere, na continuídade da .Espanha ae hoje e ae amanhã, com suas tradições de ontem. A conv(cção dessa co,ntin'uidade cor(erá grave risco de entrar cm decllnio no espírito de muitos dos es11anh~is mai~ fiéls, ~ partir do momento em que a matança dos- inocentes seJa sancionada por V.M. 01ba'ndo retrospectivamente para todos os santos e os verdadeiros heróis da 'Hislória de nossa Pátria, desae o mais remoto passado até nossos dias, parece,nos que.eles clamam aos dus protestando pelo que acaba de ser aprovado. 1:, eles rogam a I!>eus, a Nos.s a Senhora do Pilar e a Santiago, patrono deste Reino, que iluminem e dtc,m focças a V.M. para o repüdio que está cm sua régia m.issl!o fazcn agbra. I!>e nossa parte c)(pressamos a V.M. nossos desejos, de ardentes espanhóis, de que assim a Espanha, entusiasmada, possa aplaudir, no atua.! CO)ltinuador de São Fernando Ili, o varão Integro e sem temor que corta o passo à descristianização de sua Pátria. A esses aplausos juntaremos calorosamente os nossos. Apresentando a V.M. nossas ·ho,mcnagcns, subscrevemos a prese11tc respeitosamente. SO CIEDA DE ESPANHOM D.E D EFESA DA lfRADlÇÃO , F A'.ll!flllA E PROl'RIEDAD.E-CO'VADONG-A - 'JÍFP

Na contra-capa, a foto do autor A impressionante capa da obra rec4m-publieada

- Uma den(incla que deu a volta ao mundo O CONHECIDÍSSIMO boletim "livres de Fronce", n•. 47. de novembro/83, publicado pela Editora FÍÔmmarion de Paris, apresento na parte superior da página 22 o expressiva capa da mais recente obra do Prof. Plínio Corr2o de Oliveira - lançada naquele pais - e a foto do autor que figura na contracapa do mencionado livro. , A seguir, pode-se ler na mesma página uma breve exposição do conreúdo do obra, seu alcance e sua importância para o público francês na atual conjuntura do país. Por fim, foz-se uma alusão à viva pol2mica suscitada, através do mundo, pela histórica Mensagem que, em 1981, o mesmo autor redigiu. Esta edição já estava praticamente fechado quando ocorreu o lançamento do referido livro. Sua significação é de sumo interesse quonto ao combate ideoldgico tls forç0$ socialo-comunist0$, especialmente naquele pois europeu. Pretendemos, em prdximo número deste jornal, ainda

abordar esse importante temo. Limitamo•nos agora a expor acima a nossos leitores uma reprodução da capa da obra recém-

publicada, do foro do autor inserida na corrtracopa e uma tradução do texto que consta do mencionado boletim "Livres de France".

A AUTOGESTÃO - concepção entretanto completamente esquerdista - foi a promessa aliciante. quase se diria mágica, com que o Partido Socialista acenou para o eleitorado francês cm 1981. Promessa amb(gua, cujo alcance uma grande parte do público na França e no mundo não compreendia à primeira vista. Hoje em dia, essa promessa cm al$uma medida foi relegada ao segundo plano. Por que? Em quotidianos da maior circulação cm todo Ocidente, as 13 Sociedades de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFPs - publicaram a Mensagem de autoria do Prof. P línio Corrêa de Oliveira, desvendando o conteúdo comunista da ilusão autogestionária. E a autogestão deixou de ser o slogan da propaganda socialista sonhada para o mundo inteiro. Em consequência, é bem compreenslvel que, de momento, ela não seja mais um slogan muito atual na França. De qualquer forma, é para a autogestão, como para um ponto que se mantém filme no horizonte socialista, que olham todos os d irigentes do PS. Assim, continua da maior importância que essa Mensagem seja lida pelo público francês. O livro ''Awogestão socialiita: as cabeças rolam na

empresa, no lar. na escola - Uma denúncia que deu a volta ao murrdo" contém o texto integral da Mensagem, como também o histórico da grande acolhida e da viva polemica que a respeito se desenvolveu pelo mundo.

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• Em Florencia. a e.apitai da Provfncia de Caquet6. um doa focos da guerrilha. a TFP começa a campanha

• Em Puerto Barrlo. a principal cidade da zona de Magdalana Medio. os cooperadores da TFP travam contacto com o público

• A campanha da TFP causou grande impacto no povoado de Garzón, que h6 alguns meses foi assaltado por uma centena de guerrilheiro, comunista,

Na Colômbia, a TFP abre uma era •

Pela pr1me1ra vez, resistência ideológica e moral diante da guerrilha comunista na América

D

URANTE OS últimos anos, a propaganda internacional dentro dos moldes da guerra psicológica revolucionária, feita pelo comunismo contra os países livres do Ocidente, vem insistindo para conseguir que as guerrilhas cxpandam•sc incontenivelmcntc pela América, incendiando as nações. uma após outra, com o fim de obter a 101al conílagração social no Continente. A convulsão da Amfaica Central tem sido apresentada como o centro desse coníli10. Mas a Colômbia vinha se convertendo, para os palses do hemisfério Sul do continente americano, em nação por assim dizer paradigmática, no que se refere ao fenômeno guerrilheiro. Sob alguns governos colombianos a g-uerrilha foi reprimida, mas nunca o suficiente para extingui•la. Com fre· qUência, houve um evidente modus vivendi, mediante o qual as autoridades não permitiam à guerrilha transtornar muito as grandes cidades, nem as regiões mais acessíveis, mas não a perseguiam nos territórios mais remotos, rotulados de "liberados" pelos subversivos.

Impunidade e privilégios para os guerrilheiros A impunidade dos guerrilheiros tem sido escandalosa, se bem que não de forma sistemática. Mas com a eleição do Presidente Belisário Bctancourt, as coisas se agravaram. Há cerca de um ano, foi aprovada uma lei de anistia, pela qual a impunidade foi concedida, inclusive aos guerrilheiros que não a pediam. Os que estavam presos foram libertados e os que estavam prófugos da justiça foram indultados. E para isso o governo colombiano não exigiu que os guerrilheiros "arrependidos'' entregas· sem as armas, nem mesmo que libertas.. sem aqueles que haviam sequestrado. Mais ainda, o Presidente Bctancourt iniciou um plano de ajuda a esses guerrilheiros, concedendo-lhes créditos para estabelecerem indústria ou comércio. ou dando-lhes propriedades agrícolas e garantias diversas. Em síntese, a condição de guerrilheiro foi convertida em motivo de privilégio. Contra esse escândalo, só a TFP colombiana se pronunciou. publicando sucessivos manifestos - dos quais "Catolicismo" deu notícia a seus leitores - . com o que polarizou em torno de si a reação anticomunista indignada ante essas medidas cntreguistas. Além disso, a TFP iniciou uma campanha de esclarecimento da opinião pública contra a guerrilha. Nos Departamentos de Huila e Caquctá, onde a guerrilha vinha atuando intensamente nos úlllmos anos, visitou as cidades de Neiva e Florencia e os povoados de Gar,ón, Pitalito, La Plata e Campo Alegre, nos quais fe,. grandes campanhas públicas. Também se dirigiu à zona de Magdalena Mcdio - região onde a. guerrilha é mais violenta - e fci campanha cm Puerto Berrlo, Puerto Boyacá. Honda e La Dorada. Nesses lugares . . e ainda em outros assolados pela guerrilha marx is· ta, difundiam-se os Manifestos da TFP colombiana contra a guerrilha e contra a contemporização face a esta, e a revista "lnconformidad", a qual continha uma longa reportagem sobre a crise na A mérica Central.

A Tf P procl ama a combatividade cat6lica Até então, em todos esses lugares a população sofria cm silêncio a agressão comunista. Como se houvesse uma or·

2

dem taxativa, ninguém falava da guerrilha e de seus múltiplos crintes. Nesse ambiente, ouviram ..sc cm plena rua os slogans da TFP: - ··Alguns pensam que porque os guerrilheiros dão tiros. só podem ser combatfrlos a tiros! Não é verdade. não é verdade. não é verdadel!! O guerrillteir<> 1em necessidades: precisa ,ie comida, precisa ,Je d;,1heiro, precisa d e apoio logístico. preciso da colaboração dos populações que ele mesmo devasta. Para acabar com a guerrllha é necessdrio prir1cipolme111e que as populações afetados pela guerrilha lhe neguem pão e água. pão e água, pão e água. que lhe neguem todo o necessdrio para viver", - "Colombianos. por amor a vos· sos irmãos. que a todo momento são vltimas da guerrilha; por amor a vossos filhos. que a guerrilha submete a perma-

nente in:reguronça; por amor a vós mesmos. que a qualquer instanle podeis ser vtamas da guerrUlra; sobretudo. sobre• tudo. sobretudo, por amor ô Santo Igreja Católica. a grande inimiga do comunismo e Aquela de quem o comunismo é

um inimigo mortal: por isso -

oh.

colombianos! - negai aos guerrilheiros roda simpatia, todo apoio. toda forma de colaboração; n egai aos guerrilheiros toda simpatia, l(1do apoio. toda formo de colaboração!"

Diante da ousadia da TfP: surpresa e entusiasmo O acontecimento era insólito: aquilo que quase todos não se atreviam a dizer em voz baixa, e que alguns nem sequer ousavam pensar, a TFP o proclamava em altos brados pelas ruas e praças. Para milhares e milhares de pessoas, submetidas à tortura mora.1 c psicológica de uma perseguição prolongada, injusta e violenta. da qual até então não se podiam queixar. era como uma enorme lufada de oxig~nio que recebiam. Nas zonas mais gravemente confla... gradas, cada cooperador da TFP ficava com frequência rodeado por 20 ou 30 pessoas, ávidas de conhecer, cujos rostos sofridos revelavam quão exaustos se sentiam depois de anos de pressão da indolência coletiva. Ao mesmo tempo manifestavam verdadeira alegria em ouvir aquela voz que durante tanto tempo esperavam, e em ver que a reação não só era possível mas que, ademais.já existia. As sucessivas quatro edições de "lnconíormidad" esgotaram-se uma após outra, tal era a apetência de populações muitas vezes rústicas~ mas lúcidas, que desejavam conhecer as causas da tragédia que estavam vivendo. Comentando a estratégia comunista, numerosos cam... poncses deixavam transparecer o drama de suas próprias almas: "Em to/ povoado, a tal dlstância. o pároco ajuda o guerrllha": "/;in tal município, o can<Íi· doto paro prefeito pelo Partido Comu, nista foi um sacerdote''; "Em tal lugar. o l,uermediário entre os guerrUlteiros e as familias dos seqüesirodos foi o pároco" etc. Numerosas vezes as referências mcn· cionavam o Bispo de Florencia, que freqüentemente se mobilita para evitar que as Forças Armadas eliniincm a guerri· lha, e recentemente entregou uma fazenda da Cúria para que fosse parcelada e dada aos guerrilheiros anistiados. Naturalmente, por mais que o "esta· blishment" civil e eclesiástico tenha se caracterizado por chocantes entendimentos com a guerrilha, a reação vai crescendo, muitas vezes de forma es-p ontânea, e em tais casos com especial vigor. O que, por sua vez, leva a guerrilha a ser

especialmente sanguinária com aqueles que se opõem a ela. Na pequena cidade de Puerto Boyacá, à margem do rio Magdalena. a TFP encontrou uma reação particularmente intensa. Dias antes, o Presidente Betan· court estiver;i cm visita ali, para favo· rccer os entendimentos com a guerrilha. Várias centenas de camponeses o recc· beram com cartazes que diziam: "Presiden te, os FA RC ( o grupo guerrilheiro mais atuante e violento da região] nà<> querem a paz. massacram os campo· neses"; "Exigimos uma solução político• militar; abaixo as guerrllhas comunistas". A imprensa nada publicou, a não ser os despachos desinformalivos das agências oficiais. sempre favorecendo a ilusão de que os guerrilheiros se pacificariam, e afirmando que os camponeses acreditavam nessa possibilidade. Nesse clima de indignação coletiva contra a contemporização com a gucrri· lha, a população deu à TFP uma acolhi· da triunfal. As aclamações do público, à sua passagem pelas ruas, se sucediam: "É prefedvel morrer de um tiro que de fome sob o comunlsmo": "Não temos medo das FA RC. ma.ç exigimo.-. do Governo proteção". Algumas semanas mais tarde, um grupo guerrilheiro invadiu algumas aldeias próximas de Puerto Boyacá ecomeçou a fuzilar os camponeses que se haviam negado a colaborar com eles. Mas a brutalidade criminosa dos comunistas teria uma resposta adequada. Pouco depois, 600 c.1mponeses dessa cidade resolveram viajar a Bogotá, para mostrar à opinião pública da Capital o que realmente pensam e sofrem os camponeses do Magdalena Medio.

"Sim. sim. Parai e ouvi nossa tragédia. lmaglnai-nos vivendo no municlplo em que há tantos anos os inlmigos da Fé e da Pátria se habituaram a motor. a seqüestrar. a roubar e a depredar con· tinuamente. Imaginai-nos durante esse longo tempo sem uma só noite ou um só dia tranqüilo. Nos ,lias comuns, sem paz para o trabalho, nos domingos, sem paz para a oração. Imaginai os men;nos e os anciãos de r,ossos famllios dando os primeiros e os últimos passos de sua vida à sombra de uma ameaça permanente. Quão poucos agüentariam!... Nós su• portamos. E. graças a Deus, com tanta firmeza e tanta confiança em Deus, que aqui estamos, não para apresentar nosso último alento. mos para pedir•vos que nos protejais nessa luta contra os inimigos lrreconciUáveis da Colômbia inteira. .... "Nosso inconformidade, Sr. Presidente, é certamente contra as guerri· lhos, mos é também e certamente contra aqueles que. podendo ajudar-nos. o fazem às meias ou absolutamente não o fazem. "Que ot onltelos ardentes do povo façam s,ntir àqueles que s, ufanam de ser representantes dele. que o lugar de nossos dirigentes temporais é no campo de 'bau:llta e a nosso lado, e não nas cãmodos e espaçosas solos modrilenhos (onde o Presidente havia "dialogado"

semana depois, novas reuniões com os guerrilheiros marxistas, nas quais se continuaria negociando ..a paz na Colômbia".. . De fato, não poucos camponeses entre os quais havia numerosas mulheres cujos esposos haviam sido recentemente assassinados pelas FARC - pensavam, já antes de ir a Bogotá, que seria esse o resultado. Mas um deles reíletiu de modo realista: "Melhor que os po//ticos não nos recebam e mostrem quem são: pior seria se nos firessem promessas que não cumprirão". Algumas horas depois, os vários ônibus com os camponeses empreendiam o regresso à zona de Magdalena Medio, onde a todos esperavam a incerteza, o perigo e o abandono. Mas onde também encontrariam ao lado de seu heroismo e decisão, a ajuda da Provid~ncia Divina, especialmente eficaz para aqueles que estejam desprovidos de todo auxílio humano. Um germen de adesão de vastos setores da região demonstra que os camponeses compreendem cada dia mais o dever de resistir ao comunismo, ainda que o "establishment" não pense senão em ceder.

• • • A praio imediato, a imprensa poderá não publicar uma palavra sequer sobre essa resis1ancia heróica. Os pollticos

D clamor do sangue derramado sobe ao Céu Depois de uma manifestação diante da sede do Partido Comunista, os camponeses dirigiram•se à Plaza Bolívar, onde estão situados a Catedral, o Palácio Arquiepiscopal, o Congresso Nacional e o acesso ao Palácio Presidencial. Diante da Catedral, cujas portas se mantiveram inteiramente recl" : -1as. e do Palácio do Cardeal-Arcebispo de Bogotá, de onde ninguém saiu nem sequer para olhar, os sofridos camponeses bradaram, dirigindo-se ao Purpurado: "Eminentíssimo Senhor Cardeal: Do Senhor Cordeai esperamos. o V. Emcio. pedimos: de todos os nossos altares elevem·se a Deus orações constante:; a fim ele serem alcançadas para nós justiça e misericórdia; d t todos os nossos púlpitos, o voz dos sácertlotes incite o pO\IO a indignar-se com a injusta sorte à qual o agressor ateu submete estes povos_. especialmente filhos da Virgem". Instantes depois. os c.amponeses bradavam diante do Palácio Presidencial: "Senhor Presldente: Somos campo.. neses de Magda/ena Medio, de Puerto Boy ocá. Acabamos de percorrer centenas de quílômetros para visitá-lo. Atrds de n 6s deixamos famillares expostos à vlolência, bens sujeitos à depredação. Quando voltarmos. poderemos sofrer especiais vinganças: e111re1an10. Senhor Presidente. aqui estamos para visitd-lo. para apresentar-lhe nossa saudação e pàra manifestar-lhe nosso acatarnento. no coração desta grande capital. centro histórico. político e religioso do pátrio bem amada! "Não só para i.110, Sr. Presidente. mas também para fazer-lhe presente nossa tragéc/ia inteiro. a imensidade de nossa d or e nosso des,·o,H~er10. o calor indomável dl! n osso inconformidade.

Aspecto da caminhada de 600 camponeses de Pue.to Bovec6 por uma importante avenida de 8ogot6. em manifestaçlo contra a guerrilho

com os guerrilheiros], em torno de amigas mesas de negociações - e que inútil, que ruinosa negociação! - com os lnlmigos que só cessarão de lutar no dia ern que este Palácio se transformar na sede do sovier supremo da "Repúblico popular do Colômbia", esta Catedral se transformar num ,lepósito de viveres ou no central de alguma sinistra KGB. e nestas soberbas avenidas, onde borbu· lham hoje. alegres no regime de propriedade e do iniciativa privada, a riqueza e o iraballro de todo o Noção. andem melancólicos e subjugados os escravos deste pobre pais que. em /.As Lajas e em Chiquinquirá, Nossa Senhora chamou a um destt'no tão diverso". O Chefe de Estado, a quem se pediu uma audiência, avisou que por falla de tempo não poderia atender aos pobres camponeses. E. realmente, segundo noti.. ciou a imprensa no dia seguinte, o p re,, sidcnte estava ocupado cm receber, por duas horas. outros camponeses que pediam a Reforma Agrária.justamente nas regiões afetadas pela guerrilha! E ao mesmo tempo se anunciavam, para uma

poderão não lhes prestar atenção. Os Prelados quiçá continuem dissentindo de sua causa. Mas uma coisa é certa: uma vez que o comunismo não quer conquistar só uma região mas o mundo inteiro, é forçoso que as perseguições que hoje pratica em Magdalena Medio ou em Caque1á sejam o modelo das que realizará cm muitas outras regiões. E. assim, o exemplo dessa resistência será admirado por muitos. E será seguido amanhã, levantando contra a ameaça vermelha uma verdadeira muralha de inconformidade cristã. Com efeito, quando numa brecha do muro da Cristandade há alguns dispos.. tos a lutar até morrer, passarsse-á muito tempo antes que os inimigos da Fé tenham probabilidades de vitória. Pois a autêntica fidelidade aos princípios cató· licos pode detonar as resistências invencíveis que, fundamentadas no verdadeiro amor de Deus. operam as maravilhas da História.

Alfredo Mac Hale Espinosa

CATOLI CISMO -

Dezembro de

1983


"Catolicismo" reproduz, para seus leitores, a entrevista do Presidente do Conselho Nacional da TFP ao jornal "Edição Mineira", de 5/12/83

O PROF. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA FALA SOBRE A ATUALIDADE BRASILEIRA • Que rorça o Sr. atribui à esquerda no Brasil, e onde é especialmente Corte?

S

E POR ESQUERDA se devem entender as correntes cujo pensamento é esquerdista

tanto nas cúpulas como nas bases, creio que

a esquerda no Brasil é muito fraca. Bem entendido, existe o PCB e o PC do B. Mencionando os dois partidos, entretanto, não reconheço a autenticidade desta distinção. Ela presta ao comunismo - globalmente considerado - o serviço de ix,rmitir que os intelectuais façam propaganda ideológica à vontade e comodamente, ao passo que, de outro lado, os agitadores e mazorqueiros a serviço do comunismo fazem toda espécie de perturbação da ordem. Sem embargo, a repressão a estes últimos não prejudica os intelectuais, pois o PCB e o PC do B não se confundem. . Além do PCB e do PC do B, existem, em certos setores da opinião pública brasileira, laivos mais ou menos imprecisos de socialismo. Há mais ou menos por toda parte, mas notadamente na cam3da de nlvel sócio-eeonômico..n,aislalto,la ilusão de que o socialismo constitui uma tcnd~ncia rumo a uma política sócio-econômica voltada a favorecer as classes necessitadas. Enquanto tal, mereceria ele alguma simpatia. E, naturalmente, também alguma desconfiança, porque as próprias ix,ssoas que são levadas a interpretar deste modo benévolo a palavra ••socialismo", tem o receio de que - a pàr desse desejo de beneficiar as classes pobres - os socialistas abriguem na alma o desejo de inverter a ordem social. E é por esta

mesma razão que, embora os laivos de socialismo sejam, sob algum ponto de vista, generalizados, entretanto o socialismo progride pouco. Muitos dos que simpatizam com ele ... dele desconfiam. Além disto, há partidos que se dizem mais ou

menos socialistas, ou mais ou menos esquerdistas: que densidade de esquerdismo e de socialismo real apresentam? Sou inclinado a ix,nsar que é uma densidade muito pequena. Suas bases eleitorais não ttm sentido socialista. São levadas aos respectivos partidos por amizades pessoais. por prefertncias individuais a favor deste ou daquele candidato etc. Entre as próprias cúpulas partidárias, a tendtneia para da.r um colorido socialista ao partido exprime muitas vezes o desejo de obter o apoio dos meios de comunicação social. Nestes, sim, a influtncia comunista e socialista é bastante grande. E, afirmar..se socialista. com prudente modera,ção, é abrir para si as portas de numerosos jornais, rádios e TVs. Combater o socialismo ou o comunismo é, pelo contrário, fechar essas portas. Como o Sr. vê:, o socialismo e o comunismo são, deste ponto de vista, poderosos. e1es tem sobretudo apoios preciosos cm dispositivos eh.a .. ves de formação da opinião pública.- Mas, por mais que os grandes órgãos de comunicação social façam propaganda socialista, o grosso da opinião pública se conserva céptica cm relação a ela. Se, portanto, o comunismo e o socialismo ttm no Brasil alguma capacidade de inOueneiar e de agir - e isto eu não nego - tal capacidade provém de outra fonte. Isto é, da chamada "esquerda católica". Esta, sim, é bastante generalitada no Clero. E, com o apoio bem menos eficaz de setores da alta burguesia e dos c!reulos da chamada "intclligentzia" nacional, a "esquerda católica" constitui uma alavanca bastante grande. Mas que só tem verdadeira inllutncia popular em ra7.lio do prestigio eclesiástico, imensamente maior do que o dos lideres de salão ou de livraria. • Muitos no Brasil eonsldtram I Igreja Católica a força mais ativa no ••"-'rio nacional. Como é notório, ela se dividiu em vblas torrentes que s• <ombatem, o que I Impede de se manlltstar univocamente. Os católkos, em boa parte., aio sabem bem a quem seguir. O Sr. pensa que um vinde encontro das liderançAS ,atóli<as para um debate públloo de suas posições, seria benéfko? Pelo menos, ajudaria a esclarecer posições? SDE QUE esse encontro seja bem ordeado, e se realize com a seriedade e o méto,, do necessários, sou entusiasta dele. Já tive ocasião de propor um encontro desses cm mais de um artigo na "Folha de S. Paulo". Como o Sr. sabe, os artigos que escrevo para esse matutino são reproduzidos em vários outros órgãos da imprensa naciona1. Dos elementos da ..esquerda catól.ica" não tive a menor reix,rcussão favorável. Em rigor. isto deveria causar estranheza, porque a "esquerda católica" se gaba de favorecer todas as manifestações livres da opinião. Não posso compreender como, precisamente no relacionamento entre calólicos, ela não se manifeste também proix,nsa a tal. Na Europa é tradição que os intelectuais católicos, não só clérigos como leigos, se reunam periodicamente para debate dos grandes temas nacionais, debaixo do ponto de vista católico.

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CATOLICISMO -

Dezembro de 1983

Concordo com os que pensam que a Igreja é hoje uma das forças mais atuantes do cenário nacional. Mas sou obrigado a dizer que, infelizmente, a "esquerda católica" é atuante de modo todo particular, porque ela dispõe de meios de ação relevantes. São os que passam pelas mãos da CNBB. • Como o Sr. sabe, Dr. Pllnlo, 1 TFP t multo discutida e combalida. Qu•I o papel dela no Brasil oontemporlneo?

M

U CARO, NÃO sei porque o Sr. só diz ue ela é muito discutida e combatida, e ão acrescenta que ela é muito aplaudida. A realidade descrita pelo Sr. seria, assim, mais completa. Aliás, não se pode ser muito discutido nem muito combatido, quando não se é muito aplaudido. Pois numa atmosfera de rejeição unAnime. a discussão morre e o silencio cobre aquele que é rejeitado. Como o Sr. bem diz, se há uma coisa que não cerca a TFP é o silêncio. Logo, em torno dela hã também aplausos. Ainda que, a outros tltulos, isso · não fosse óbvio, pelas suas palavras se chegaria a tal conclusão. O que faz a TFP no Brasil atual? Todo mundo o vt. Ela é uma entidade clvica que luta contra o socialismo e o comunismo no campo temporal, inspirando-se na doutrina católica tradicional do Supremo Magistério. Os sócios e cooperadores da TFP são todos católicos. Estou certo de que ela presta assim considerável serviço à civilização cristã em nosso Pais. Quais são os setores em que a TFP é mais combatida, quais os setores em que é mais aplaudida? Paradoxalmente, o setor social em que ela é mais combatida - no qual, entrctantot tem também preciosas amizades - é a alta burguesia. Na burguesia média, o número de amigos é maior. o número de adversários é menor. Na pequena burguesia e no operariado. a TFP é especialmente benquista. E a exp~nsão que fazemos no setor operário é considerável. Registro com alegria toda especial que a TFP vai se expandindo extraordinariamente na juventude. especialmente entre os jovens muito jovens. O Sr. me perguntará qual a eficlicia da ação da TFP. tela um antidoto especifico contra a ação da "esquerda católica", pelo próprio fato de combater o socialismo e o comunismo com base na doutrina católica. Creio que além do grande núm<>ro de pessoas que aplaudem a TFP e que a apóiam - realizamos agora um Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP, residentes cm 85 cidades de 13 Unidades da Federação, e no encerramento desse Encontro tivemos um compareci .. mento de mais de 1.500 pessoas - é preciso notar o efeito da atitude da TFP junto à grande massa dos católicos., os quais, sem seguirem a TFP, pelo menos ficam com os olhos abertos para a "esquerda católica" e ~e manttm esquivos cm relação à propaganda dela. • Como resumiria a luta de sua vida e o sentido que ela tem I seus olhos?

Q

UANDO COMECEI minha vida pública, cu era estudante da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O ambiente que ontrei era de tal maneira laico que parecia não haver. no meio estudantil de São Paulo. qualquer possibilidade de apostolado. Inscrevi-me aos 20 anos no Movimento Mariano que então começava sua grande expansão. E, a partir desse momento, iniciei uma luta dentro da própria Faculdade de Direito a favor do apostolado católico. Fundamos um movimento chamado Ação Universitária Católica, que foi o primeiro movimento católico universitArio constituido naquela época em São Paulo. Quando terminei meu curso, tive a alegria de ·conseguir que aU se rezasse a Missa de formatura, e no próprio pátio da Faculdade. Foi pregador o grande intelectual católico Pe. Leonel Franca. Na atmosfera da Faculdade de Direito, uma brecha estava aberta cm favor da causa católica. No começo dos anos 40, a nota dominante de minha ação se alterou. Em vez de ser exclusivamente voltada para os que não são católicos, ela mudou, porque fui posto diante da realidade brutal da penetração do progressismo e do esquerdismo nos meios catóHcos. Dei-me conta imediatamente de que a salvaguarda do futuro do Brasil estava nas mãos daqueles que lutassem para que os meios católicos não se deixassem envolver por essas duas mlis tendtncias. E então, escrevendo o livro "Em Defesa da '4ção Cató· lico", rompi fogo, dentro do movimento católico. contra o esquerdismo filosófico-teológico, como contra o esquerdismo sócio-econômico. Minha luta, de lá para cli, tem sido uma defesa da opinião católica contra a investida, ora aberta ora velada, dessas correntes de opinião.

• Tem dlscordinc.ias com o rumo tomado pela Revoluçio de 64? O que esperava dela? NAL!SO AQUI a Revolução de 64 do ponto de vista dessa luta contra a infiltraão esquerdista na Igreja. Acho que a Revolução criou alguns óbices a essa infiltração. aplicando a Lei de Segurança Nacional - nem sempre com inteira justiça e senso de oportunidade - a eclesiásticos e civis que procuravam atuar em nome do pensamento católico. Entretanto, não me parece que ela, sequer de longe, tenha cumprido sua missão nesse sentido. Expli-

co-me. A Revolução de 64 não deveria ter tido uma ação ideológica apenas negativa, mas também positiva. Ela deveria ter aberto os olhos do povo brasileiro para os males e os riscos do socialismo. que proximamente conduz ao comunismo. Pelo contrário, a Revolução, nesta perspectiva. foi inteiramente a-ideológica. Ela adotou o principio, com o qual não concordo, de que estabelecer a prosperidade é extinguir o socialismo. O grande achado da Revolução, em matéria de anti-socialismo, foi o chamado "milagre brasileiro". Hoje esse "milagre" está no chão, e a obra da Revolução contra o socialismo resulta frustra. Mais ainda, pelo enorme apoio dado à estatização, a Revolução, cm vários de seus aspectos, tomou uma significação nitidamente socialista.

• E a abertura? Est, satisfeito com ela ou preftriria o rtgime fechado?

T

AMBéM SOBRE isso já tive ocasião de escrever mais de um artigo na "Folha de S. Paulo". A TFP não tem posição tomada cm matéria de regimes polfticos. Assim, ela colaboraria com uma ditadura que preservasse de fato o Brasil contra o perigo socialista e comun.ista; como também colaboraria com a abertura, desde que esta se fizesse cm termos adequados. Na realidade, estamos tendo uma abertura cada vez mais acentuada, mas não me parece que as forças politicas que conduzem o processo de abertura o estejam conduzindo bem. Elas em nada estimulam a manifestação das tcnd~ncias auttnticas da população, e por isso existe um abismo entre os partidos polfticos de todos os matizes, e o sentir efetivo dos eleitores. A maior prova disso é, a meu ver, a obrigatoriedade do voto. Num pais onde os partidos polfticos representem o povo, o voto não precisa ser obrigatório: todo mundo vai votar espontaneamente. Quando o voto é obrigatório, é porque as chapas de candidatos não agradam ao povo. O que seria das eleições no Brasil se o voto não fosse obrigatório? Elas expirariam por falta de gente que a elas comparecesse. Enquanto a abertura se deixar inquinar por esse erro considerável, não creio que ela corresponda a sua própria finalidade.

• Em 1933, o Sr. rol o constituinte rederal mais Jovem e malt votado no Brasil. 50 anos depois acha a P"Opoota de uma novà Constituinte e eltlçõa dlrrtas para a P resldtncla da República, propupada por Importantes setores polltlcos, uma salda para a crise em que o Pais vive? RESPOSTA ESTÁ prejulgada no Item nterior. Se, a propósito da Constituinte, s partidos polfticos, os meios de comunicação social e a CNBB encontrarem meios de fazer exprimir todas as correntes de pensamento do Brasil auttntico, talvez uma Constituinte seja um caminho. Pelo menos pode evitar o pior. Mas, se for para eleger uma Constituinte tão inaut~ntica quanto são inaut~nticos os partidos polJticos correntes, então não vejo nisso solução para nada.

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• Como o Sr, es!A vendo a cri•• econômica no Brasil e as últimas medidas tomadu pelo gover• no? T ffll proposta para resoluçio d tia? ÃO SOU ESPECIALISTA em matéria econômica. Minha contribuição neste assunto tem se cifrado a um ponto que, aliás, reputo de importância: o brasileiro médio não possui os dados necessários para formar um julzo a respeito de nossa situação econômica e das causas verdadeiras que empurraram nosso Pais, rico, a esta situação de pobreza. Eu mesmo tenho tido, com órgãos públicos, correspondtncia absolutamente sintomática neste sentido. Enquanto o brasileiro mediano não tiver opiniões formadas sobre a crise econômica e suas causas. o Brasil será manipulado por tecnocratas. E não me parece que na mera.tecnocracia haja uma solução posslvel para nossos problemas. P.a ra que o Brasil aut~ntico se represente cm matéria econômica, é

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O entrevistedo, Prof. Plinio Corria de Oliveira Presidente do Conselho Nacional da TFP

preciso que ele conheça qual é. autenticamente, a sua economia. E isso o brasileiro médio não conhece. • Que acha da atuaçio dos governa.dores Franco Montoro. L-eone.l Brizola e Ta.ncredo Neves, no atual momento pollllco nacional?

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OMPREENDO QUE, na perspectiva do momento polftico em que foram eleitos esses três governadores, podem ser objeto de uma pergunta global sobre sua atuação. Na realidade, me parece que hoje isto simplificaria excessivamente o quadro, pois enquanto vejo o governador Brizola caminhar resolutamente para a esquerda, e o governador Montoro tomar, face aos avanços da esquerda, atitude abstencionista e ineficaz, a atuação do governador Tancredo Neves é muito mais cauta. E por isto não creio que pÔssa ser vista como um elemento componen· te da política dos governadores de São Paulo e do Rio. Eu seria propenso a vê-lo mais como um elemento intermediário entre os governadores Brizo... la e Montoro. de um lado, e o governador Jair Soares, do Rio Grande do Sul, cuja atuação me parece muito apreciável. • Para terminar, o que pensa d o cunsenadorfs.. mo mineiro? E, na sua opinilo, qual a imagem que a Minas d~ f\oje projeta no Brasil?

C

ONSIDERO o conservadorismo mineiro uma grande força. E profundamente simpática. Mas afetada por aquela mesma letar• gia que prejudica·tantas outras correntes sadias de nosso País. Os mineiros conservadores deveriam falar mais, agir mais, tomar · mais quente a sua presença no cenário nacional. Com isto não estou nem um pouco pedindo que abandonem a proverbial discrição do mineiro em matéria polftica. Estou tão-só ix,dindo que, dentro dessa discrição, façam muito mais do que estão fazendo. A imagem que Minas projeta no cenário nacional é, a meu ver, triplice, debaixo desse ponto de vista. Antes de tudo, Minas é tida ainda como o grande bastião do conservantismo brasileiro. Mas, de outro lado, também há uma certa decepção dos conservadores do Brasil inteiro, porque a esperança que deitavam nos conservadores mineiros parece algum tanto comprometida, se eles não se puserem a agir desde já. Por fim, não deixa de ser verdade que as condições que cercaram a eleição do governador Tancredo Neves ainda deixam manter uma tal ou qual interrogação a resix,ito dele em Minas e fora de Minas. Qual será a atitude dele, na sucessão dos meses e dos anos, em face do conservantismo de seu Estado? A rcspo!ta a essa pergunta condiciona outra: qual será a atitude dos conservadores mineiros face a ele? São perguntas delicadas, que só a um filho de Minas tocaria o direito de responder.

3


COMUNISTIZAÇÃO DO CAMBODGE: FATO ESQUECIDO HOJE, ENSAIO DA ANARQUIA FUTURA PODER 10 do comunismo, cm nossos dias, não está principalmente nos exércitos de que dispõe, nem na multidão de agentes e espiões que articula por todo o mundo, nem na cumplicidade de movimentos afins. Reside, de modo mais assinalado, no otimismo imbecil e na atonia verdadeiramente inexplicável disseminada a seu respeito que, como um gás venenoso com o poder de expansão dos gases - intoxica a opinião pública do Ocidente. Tal estado de espirito impede a percepção objetiva da situação atual e a reatividade proporcional ao risco. O ocidental, via de regra. tem diante do comunismo as reações de um narcotizado frente a uma serpente venenosa. As manifestações de sua perfídia , suas crueldades no emprego da força bruta o impressionam fugazmente. Ao se distanciarem no tempo, deixam elas poucas marcas no espírito. Por causa disso, a rememoração é um exercício salutar para todos nós, filhos deste trepidante e superficial século XX . Ajuda a fixar situações de grande valor educativo. Assim, por exemplo, um acontecimento relativamente recente, a queda do Cambodgc, ocorrido oito anos atrás, patenteia a falsidade do lema suicida ",nelhor vermelho que morto". Se as lições que contém estivessem vivas nos espiritos, não teria sido possível, semanas atrás, a movimentação de milhões de pessoas, cm países ocidentais, protestando contra os foguetes Cruise e Pershing li, que começam a ser instalados na Europa.

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khmers rouges utilizurn meu prestígio e minha legitin1idade para conseguir a vitória". Sabia que era utilizado, como mero companheiro de viagem, e se prestou conscientemente ao indigno papel. No Ocidente, parte da grande imprensa - entreguista e fazendo o jogo do cómunismo - martelava contra a corrupção do governo cambodgiano e pela inutilidade de sustentar um regime apodrecido. Além disso, era preciso acabar com a guerra. As esq uerdas saudavam os guerrilheiros como heróis, destruidores da corrupção, combatentes da justiça e da igualdade. O conhecido j ornalista francês Jean Lacouture confes.sou a propósito da vitória do Khmer Rouge: "A maior parte de nds [jornalistas] depois de a haver desejado, saudava esta vitória". O "Le Monde", já em maio de 1975, um mês após a queda do Cambodge, afirmou que o dogmatismo anônimo dos khmers rouges lhes fazia correr o risco de perder o importante capital de simpatia que haviam recolhido durante cinco anos de luta corajosa. Dentro do Cambodge, o mesmo fenômeno se repetia. Havia a propaganda contínua contra o governo e a difusão de notícias alimentando a ilusão de que a situação melhoraria logo que os guerrilheiros vencessem. O missionário católico François Ponchaud. que lá viveu de 1965 a 1975, sabendo embora que os chefes rebeldes· eram comun istas, afirma: "Uma revolução que 11111itos, eu mesmo, desejavam que acontecesse. Por fim. o Cambodge iria se libertar das bugigangas da sociedade de consumo". Parte da população cambodgiana pressentia que estava próximo o fim de uma época, mas se recusava deliberadamente a se preocupar. Preferia continuar iludindo-se sobre a natureza do poder que aparecia no horizonte.

A queda: 17 de abril de 1975 Antes da rendição oficial do governo do general Lon No!, a partir das sete e meia da

ná-los. muitos deles arrancados bruta lmente de seus leitos. Nos dias seguintes, a deportação continuou. Poucos meses depois, a população da imensa metrópole estava reduzida a apenas vinte mil pessoas. Seus habitantes haviam sido distribuídos e m comunas rurais, onde viviam em cabanas toscamente construídas. Tal desterro forçado ocasionou, como é natural. centenas de milhares de mortes. As marchas sem alimentos, os esforços exigidos dos mais idosos, dos débeis e dos doentes, a falta de remédios e alimentação quase nu la, dizimaram a população. Nas estradas, o odor dos cadáveres era nauseante. Na confusão geral do êxodo, mulheres deram à luz sem assistência, falecendo pouco depois na poeira da estrada. Velhos expiravam esgotados, crianças choravam desesperadas à procura dos pais desaparecidos. Expressões de revolta, mesmo tênues, quando detectadas pelos comunistas, eram castigadas com a morte imcd iata. Os khmcrs rouges fuzilaram - ou mataram a pau, baioneta, picareta, para poupar munição - todos aqueles dos quais suspeitavam a mais leve oposição ou a mera possibilidade desta. Foram eliminados os militares, funcionários do governo e até os homens de profissão intelectual. Como o ideal imposto era a volta ao campo e à vida de lavrador, quem vivia do trabalho intelectual era tido como parasita, corrompido e era também fuzilado. Médicos, engen:1eiros, professores e estudantes perderam a vida pelo "crime" de saber mais do que o povo! Em conseqUência do fechamento dos hospitais, da pe rseguição aos médicos, da escassez dos remédios - jogados fora por serem fruto da cultura ocidental carcomida - e da alimentação muito deficiente, decorreu o inevitável: o aumento das doenças e uma mortandade espantosa. 80% dos camponeses contrairam malária. O pais foi organizado cm células de dez a quinze familias (ou seu simulacro) que tinham à sua testa um responsável nomeado

A fisionomia de Khieu SamphAn. chefe dos Khmer' rougos. monifas-to o sinistro radicalismo comunista

A longa preparação da queda

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Guerrilheiro Khmer com grande número de notas:

o dinheiro foi ebolido pelo Angkor

reações, o Angkar criou um verdadeiro exército de espiões, no qual as crianças exerciam papel de destaque, para informar sobre tudo o que viam. Pretendeu-se criar, pela força e diretamente, o comunismo integral, agrário e antiurbano. As cifras de pessoas sacrificadas ao igualitarismo, incertas pela falta de registros, vão de oitocentos mil a um milhão e quatrocentos mil, para uma população inferior a oito milhões. Como para o lidimo socialismo a pessoa não conta, mas sim a coletividade, seus líderes não vacilam em sacrificar os indivíduos, desde que suponham que, com isso, a sociedade, como um todo, lucra. Poderá o leitor perguntar por que "Catolicismo", tantos anos após a ocorrência desses tenebrosos acontecimentos, julgou oportuno voltar a abordar tal assunto. A resposta é simples. O Cambodge foi a primeira experiência histórica da marcha rumo ao estado de coisas desejado pelos comunistas adversários do 'modelo russo', ao qual acoimam de burocrático, industrializante e pouco igualitário. Favoráveis à destruição de todas as estruturas e instituições, os khmers rouges esperavam assim tornar viável a caminhada célere rumo à anarquia total. A invasão do pais pelo Vietnã do Sul (de linha soviética) interrompeu o processo, quando a nação agonizava na fome, na tirania e no caos. Tudo isso aconteceu há menos de dez anos - 1975 a 1978 - mediante espantoso massacre e um despotismo ainda insupcrado entre os já impostos a um pais pelos delirios do utopismo igualitário.

Indiferença até dos Justos

No Cambodgc, o comunismo venceu, prometendo a vida. E se estabeleceu espalhando a morte. Aqueles que preferiram cessar a resistência. esperando a compaixão, perderam a liberdade, e nem a vida conseguiram manter. Se houvessem lutado com destemor, sem desfalecimentos, talvez hoje estivessem vivos e livres.

Um dos infortúnios do simpático e martirizado povo cambodgiano fo1 ter um príncipe, antigo Chefe de Estado, amigo dos comunistas e comprometido com toda espécie de tcrcciromundísmo. O que, aliás, é característica do século XX, época das elites coniventes com seus inimigos j urados, a desencaminhar populações retice ntes. Estamos na era de Bispos, príncipes e plutocratas filocomunistas e de operários conservadores... O Príncipe Sihanouk, que gozava da simpatia popular, em virtude de sua alta condição, aliou-se com o Khmer Rouge (o Khmer vermelho; Khmer é o nome do povo que habita o Cambodge), o PC local, para derrubar o governo de Lon Nol, no poder desde 1970. As acusações, contínuas e martelantes, contra a administração cambodgiana de então, foram as habituais, usadas em todas as partes do mundo: corrupção e subserviência aos interesses norte....americanos. Os guerrilheiros não dispunham de verdadeiro apoio popular. Possuíam respaldo político e militar no estrangeiro. A derrubada das barreiras ideológicas dentro do país foi faci litada pela adesão do Príncipe Sihanouk, antigo Rei, ao movimento guerrilheiro. Em julho de 1972, ele foi inequívoco em Pequim: "Fui rei, con1 poderes praticamente ilimitados. Minha associação con1 os revoluciondrios é total". À jornalista italiana Oriana Falacci chegou a declarar: "Meus aliados

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~..~ nt ,.,..... Vftima de foguete Khmer rouge, dotante o cerco do Phnom Penh

manhã de 17 de abril de 1975, magotes de guerrilheiros silenciosos, com olhar vidrado, vestidos de negro, portando o fuzil chinês A-47, começaram a entrar, em colunas, na capital do pais, Phnom Penh, de dois milhões e meio de habitantes. A guerra terminava. O alívio transformou-se em alegria geral na saudação aos ocupantes que entravam na cidade. O povo nas ruas queria acreditar no fim das privações e dos sofrimentos. Só os homens vestidos de negro não se regozijavam. Refratários às comemorações. iam ocupando posições. Os festejos cederam lugar ao espanto. O espanto gradualmente se transformou em consternaç.ão. Da consternação nasceu a angústia. Tudo estava domi nado pelos pequenos homens de negro . À uma hora da tarde, os guerrilheiros, já donos de tudo, ordenaram a evacuação completa da cidade. Mais de dois milhões de pessoas, acostumadas à vida urba na, deveriam repentinamente mudar-se para os campos. Quem estava próximo da saída norte, abandonou a cidade por lá. Quem se encontrava nas imediações da estrada do su l. deveria seguir por ela. Não foi permitida a reu nificação de famílias que, por motivos fortuitos, estavam dispersas na ocasião. Os doentes nos hospitais foram obrigados a a bando-

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pelo sinistro An~kar, 'o órgão misterioso e anônimo que dingia o Cambodge.

Khmer Rouge: versão radical do comunismo No Cambodge a mitomania igualitária não fez senão concessões mínimas à rea lidade, no que foi além de outros países quanto à aplicação do socialismo. Os mesmos trabalhos - basicamente plantar arroz, cavar canais e construir diques - eram destinados aos homens e às mulheres. As crianças já não podiam reconhecer seu pai e sua mãe. Todos os adultos tornaram-se para elas indistintamente papai e mamãe. Também os pais não podiam conceder a seus filhos nenhum tratamento pessoal e particular. Deveriam tratar todas as crianças sem distinção, chamá-las de "camarada criança". A noção de propriedade, abolida quanto aos bens materiais, foi extinta também quanto às relações familiares. Não haveria mais meu pai, minha esposa, meu marido, meu filho. Tudo era comum, pertencente ao povo. As universidades, fontes de saber - e portanto de desigualdade - foram fechadas. As cidades, locais de influência ocidental e de vida civilizada, consideradas necessariamente corrompidas, foram esvaziadas. Para evitar

A desumanidade espantosa perpetrada por essa versão mais radical do comunismo deixou, entretanto, poucas recordações entre nossos contemporâneos. Por ocasião da queda de Phnom Penh as agências internacionais e a grande imprensa noticiaram sucintos relatos das atrocidades e do genocidio cometidos pelos sinistros e jovens guerrilheiros khmers. A reaç.ã o da opinião pública mundial, especialmente no Ocidente, foi, na época, de uma abu lia e indiferença revoltantes, diante de um dos maiores crimes praticados em toda a História. E como julgar a reação da opinião pública em nossos dias? A situação se deteriorou ainda mais. Se consultarmos um homem da rua e lhe perguntarmos algo sobre os referidos acontecimentos, ele não terá senão idéías muito vagas a respeito do assunto. Tal atitude demonstra a superficialidade de espiríto consternadora de nossos contemporâneos. E com tal superficialidade, a impossibilidade voluntária em que se encontra o homem atual de tirar proveito do mal que Deus permite para seu bem e conversão. Com efeito, tudo o que o Criador permite é para o bem dos justos, que deveriam auferir um benefício desses acontecimentos aterradores. Quando os homens justos da época em que vivemos tomaram conhecimento desse drama inédito, dispunham de todos os elementos para se impressionar a fundo. Infelizmente, contudo, eles não tiraram proveito espiritual de tais acontecimentos e rapidamente deles se esqueceram. Muitos não desejam fazer ilações entre o socialísmo cambodgiano e os estilos adotados pelo movimento comunista em outros paises. O Cambod~e teria sido um excesso da obnubilaç.ão fanática. É pelo menos temerário não fazer a ilação. A Rússia, há pouco. não permitiu a CATOLICISMO -

Dezembro de 1983


Exacerbação da esquerda causa seu isolamento ESQUERDA brasileira, apesar de in- povo. que já passa fome. O aniq,Jilamento gentes e continuados esforços, não dessa experiência é o extinguir de uma luz de tem conseguido arrastar após si as esperança. é uma derrota dos nossos ideais e multidões que pretende representar. Mesmo aspirações de autodeterminação e de indeas Comunidades Eclesiais de Base - menina pendência. A Atnérica Latina só deixará de dos olhos da "esquerda católica" - , impul- ser quintal dos Estados Unidos na medida sionadas por grande número de Prelados e,n que nos unirrnos''. E conclamou: "Companheiros! Todos brasileiros, não conseguiram incendiar nossa Pátria com a luta de classes, como era seu j untos contra a intervenção na Nicarágua", objetivo. E apesar de fomentar as agitações A seguir a Presidente da Comissão Justiça e que vão convulsionando o País, sua ação Paz leu uma carta de "uma entidade cristã da perdeu muito da força de impacto inicial. Nicarágua", pedindo apoio contra possível Essa notória debilidade tem ocasionado fra- invasão norte-americana. cassos, como o ocorrido na concentração realizada diante do Estádio· Municipal do • Pacaembu, no dia 27 de novembro p.p. A mencionada manifestação foi idealizada pelo PT - o partido político mais apoiado pelas CEBs - é a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, com apoio do PMDB, PDT, CUT-São Bernardo, ConclatPraia Grande e UNE, além de outras 60 entidades civis e sindicais. Apesar da ampla propaganda realizada vários dias antes, a concentração reuniu apenas cerca de dez mil pessoas. A expectativa era de que pelo menos 100 mil acorreriam ao local... O clima de festa junina reinante na Praça era contrastado por grande faixa, com dizeres de apoio à Nicarágua - um dos principais objetivos do evento - e inúmeras outras do PT, PCB e PC do B (os dois últimos, inexpressivos quanto ao número, rondam como insetos venenosos toda e qualquer manifestação de massa). Nos intervalos Margarida Genevois conclama oa presentes a apoiar a revoluçlo s.endinista dos números musicais, o altofalante anunciava o local onde as pessoas podiam entregar sua contribuição para a Nicarágua. Num folheto distribuído dias antes pelo PT constava: "Traga também um remédio e um brinquedo para ser doado à Nicarágua". Além de barracas de comes-e-bebes, havia as que vendiam toda espécie de literatura comunista. Até broches com a figura de Marx eram oferecidos, bem como panfletos turísticos anunciando vantajosas viagens a Cuba. 5 ••.,.••

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Os comuniste.s forçam um êxodo maciço da populaçlo da capital cambodgeana

visita da imprensa aos canteiros de obra do gasoduto euro-soviético. Havia denúncias contínuas, feitas por dissidentes da Europa Oriental, de que essa obra gigantesca era realizada com mão-de-obra e.scrava - européia e asiática - em condições precárias e índice de mortalidade altíssimo. E o que dizer da recusa do governo russo em permitir a visita de estrangeiros a extensas ãreas de seu território? Não será para ocultar a existência miserável de populações su bJugadas? Que é o comunismo em estágio ma,s avançado, senão a cambodgização da vida - uma existência constante na miséria e sob a tirania - da qual os fatos cambodgianos representaram um ápice? A revolução russa, a chinesa e a tomada d e poder pelos marxistas em outros países não ocasionaram fatos semelhantes? O Cambodge teve apenas uma peculiaridade. Pela primeira vez, uma forma comunista extrema e mais próxima da meta anarquista, inimiga da industriali1,ação, da vida urbana e de qualquer manifestação de cultura , chegou ao poder e procurou implantar um estado de coisas consentâneo com suas idéias. Foi a "ava,11 premiere" da fisionomia nova do comunismo, aparentada com a revolução anarquista da Sorbonne, com o hippismo, o punkismo e o ecologismo sem disfarces, em seus aspectos mais profundos. Lenine aí cede o lugar a líderes do tipo Marcuse, Cohn Bendit e Khieu Samehãn. O tirano russo incarnava a fórmula "sov,ets+elctrificação", a industriali7.ação forçada e galopante. Os novos tiranos aproximam-se mais do anarquismo - objetivo último do comunismo - , com a destruição das estruturas. da cidade moderna e a redução do povo a uma vida virtualmente tribal. Lenino representa o comunismo de ontem. Khieu Samphân, o lider khmer rouge cambodgiano, caminha nas trilhas do comunismo de amanhã.

Habitantes das cidades cambodgeanas obrigados a um desumano trabalho nos c.-ampos

Meditar os fatos para evltã-los futuramente Dos acontecimentos do Cambodge, as pessoas boas deveriam tirar, pelo menos, esta conclusão: o slogan da moda - ",nelhor vermelho que morto" - é falacioso. Nem vermelho, nem morto, mas resistir com altivez e coragem. E além disso, tornar-se vermelho equivale, cm sentido mais profundo, a aderir à concepção khmer rouge e a caminhar para a morte, perdendo já em vida todos os valores que justificam a própria existência. Tal proveito parece não ter sido extraído daqueles acontecimentos, ainda tão próximos, os quais eram próprios a impressionar a fundo a humanidade, durante séculos. Co.mo, por exemplo, se transformaram cm símbolos de horror e rulna a queda de Jerusalém, assediada pelas legiões romanas em 70 DC, e o cerco de Cartago. Tais acontecimentos ficaram nas sendas da História como monumentos perenes de destruição, como lições apocalíticas destinadas a advertir e ensinar os viandantes. O homem moderno, superficial, acostumado às correrias e à televisão, não registrou cm seu espírito a queda do Cambodge. Não a vê como acontecimento pavoroso, comparável à destruição de Jerusalém ou Cartago. Mas, de fato, foi além disso, também um acontecimento precursor, o primeiro e sinistro vislumbre de um novo comunismo que se prepara na surdina. Sendo assim, é sempre salutar voltar a relembrá-lo e sobre ele refletir. Especialmente, no mome nto em que a aceitação do lema "111ellror verme/Iro que morto" nos ameaça empurrar para o precipício da cambodgização mundial. D

P. Ferreira e Melo NOTA - Obras consultadas: François Ponchaud. ".Cambodge, onnée zlro", Juliard, Paris, 1977: Jean l..acouturc, "Sutw\,e le peuple combodgien!", Scuil. Paris-. 1978; Michcl Lcgns, "'le M onde" tel qu'll est'", Plon, Paris, 1976.

Mensagem prõ revolução sandlnlsta Depois de cinco horas de "show" musical, iniciou-se finalmente o comício, com discursos de líderes sindicais e políticos. Margarida Genevois, Presidente da Comissão Justiça e Paz da A.rquidiocese de São Paulo (que mais parecia uma embaixatriz da Nicarágua junto ao povo brasileiro), após breve digressão sobre a política brasileira, entrou no tema principal de seu discurso: "E o que /em a ver a Nicarágua com tudo isso? O destino da Nicarágua afeta a todos nós, povos latino-americanos. A derrota da Nicarágua será uma derrota de todos nós. O povo nicaragüense. assim como o povo brasileiro e todos os povos latino-americanos. foi continuamente explorado durante toda sua história .... pelas oligarquias ligadas ao capital ocidental e pelo imperialisn10 americano. A Nicarágua agora está e,n perigo e grita por socorro. ''Aumenta a agressão norte-americana

aos povos da América Central e do Caribe. Granada foi um balão de ensaio. Após a intervenção em Granada, os Estados Unidos se preparam para intervir na Nicarágua. com o objetivo de pôr fim à revolução popular sandinista. A política norte-americana a1ravés do bloqueio econômico e naval, da sabotagem, da infiltração de 111ilhares de guardas somozistas treinados nos Estados Unidos. através do apoio aos contra-revolucionários sediados em Honduras co1110 base de suas operações bélicas - busca deter as mudanças sócio-econô111icas duramente conquistadas pelo povo nicaragüense. "Aos Estados Unidos interessa manter a região co1110 centro abastecedor de matérias primas e alimentos a preços irrisórios. Há também os interesses estratégicos da região. Mas o fator mais importante e decisivo é o desafio político e ideológico representado pela vontade de luta desses povos para a construção de uma sociedade independente, soberana. igualitária e fraterna". E após historiar resumidamente, com indisfarçável simpatia, a revolução sandinista, continuou: "A revolução tem apenas quatro anos. E já conseguiu - com grandes sacrif(cios - i111porta11tes progressos, sobretudo nas áreas da educação. 110 combate ao analfabetismo. em melhorias da saúde e em organizações populares.. Todo esse esforço está prejudicado e poderá ser aniquilado, pois o bloqueio econômico e isolamento dificultam enormemente as condições de vida do

CATOLICISMO -

Dezembro de 1983

Apesar da intensa propaganda. apenas cerca de 10.000 pe.. oaa comparecerem à meniferteçlo

...._.~

r.••7:e-

Ourante o comfcio. barraca coiote remédios para a Nicar6gua

Lula, apesar de proferir discurso abordando principalmente a política nacional, julgou indispensável desejar que um futuro presidente brasileiro restabelecesse "as negociações com países co,no Nicarágua, Cuba e os países socialistas". E terminou prometendo uma greve geral para o ano de 1984 a famigerada "greve geral", adiada inúmeras vezes, à qual já aludimos cm artigo intitulado "A atuação con,uno-progressista nas recentes agitações do País", publicado em "Catolicismo" de novembro/ 83.

• • • Torna-se cada vez mais claro que a conotação nitidamente esquerdista é o que mais tem contribuído para afastar o público de todas essas manifestações. Em entrevista publicada em "Catolicismo" de novembro/ 83, sob o título "Totalismo fracassado", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, assim se expressou: "Quanto mais a esquerda se radicaliza, mais eTa se ísola do bom povo brasileiro". A esquerda - e principalmente a "esquerda católica" - parece não se importar com isso, e continua tentando desesperadamente lançar o Brasil no precipício comunista.

Eduardo Queiroz da Gama 5


AIDS PODE SER MAN· DA CÓLERA DIVINA E M SEU N°. 393, de setembro de 1983, "Catolicismo" publicou uma notícia acerca da AIDS sob o título: "Nova epidemia: castigo divino?'' - Tratava-se do resumo de um artigo estampado na revista "Time", de 4-7-83, abordando a preocupação, ou talvez o pavor, que se está difundindo entre a população norte-americana a respeito daquela doença, até agora incurável. No presente artigo queremos focalizar o assunto sob outro prisma: o esforço das autoridades sanitárias norte-americanas em determinar a causa, as medidas preventivas apropriadas e o possível tratamento dessa doença. E também considerar até que ponto, na medida em que os resultados dessas investigações se mostram improfícuos, a doença pode ser encarada como um castigo para a grande maioria daqueles que por ela são atingidos.

lnformaç«ias sobra a doença O que é· a AIDS? A sigla representa as iniciais do seu nome em inglês: "Acquired ln1mune Dejiciency Syndron,e", ou seja, sindrome de deficiência imunitária adquirida. Consiste ela em uma deficiência do sistema imunitário do organismo, aquele encarregado das suas defesas naturais contra os agentes provocadores das doenças. Uma deficiência do referido sistema torna o organismo muito mais vulnerável à ação de toda espécie de micróbios, vírus, parasitas etc, responsáveis por doenças que, em condições normais, seriam facilmente debeladas;· mas que podem tornar-se graves ou até mortais devido àquela deficiência. Esse tema, que pareceria mais adequado a uma revista médica especializada, tomou, entretanto, conotações sociais e morais devido ao tipo de pessoas que constitu~m a grande maioria dos atingidos pela enfermidade. Realmente, segundo publicações do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, pelos casos notificados até agora, ela se manifesta"j>rincipalmente nos seguintes grupos: 1) Mais de 70% dos casos cm homossexuais ou bissexuais masculinos de vida promíscua; 2) 17% em viciados que utilizavam ou utilizam drogas injetadas por via venosa; 3) 8% em portadores de hemofilia; 4) 5% em pessoas procedentes do Haiti.

Missa para homossexuais ASS0C.!,~ (j:ÃO internacional "Oigni\.l'" - fundada hi 14· anos cm San Diego, ,Estados Unidos, que conta com 5.000 membros e tem como finalidade influir na mudança de posição da sociedade e da lgreja em relação à Jio,m.ossexualidade - organizou 11ma missa na catedral de Seattle, da qual participaram 1.200 pessoas e foJ concelelirada p,01 45 sacerdotes. Antes da missa, os assistentes ouviram em videotap_e uma mensagem do BiSJ)O cat.ólico de Seattle, D. Hunthausen, que não yôde assjstir pessoalmente à celebraçao por encontr ar-se em Roma. A mensagem dizia: "Cc,no não posso estar convosco em p essoa, estou certamente· convo,.sco em espírito e oraçtio. Sabeis ,_ão bem como eu que voss-a presença aqui e, p_ara al!fUnS, fonte de estranheza e confusão, mclus1ve de i,a e ressentimento. Eles consideram diflcil, se não impossfvei co111preender por- quê a lf{feja deve dedicar um apostoládo esp ecial para,pessoas de orientação ho111ossexual. Estão confusos e perplexos em virtude de declarações de dtrigentes da Igreja, tais como a dos Bispos americanos, hâ vários anos pedindo compreensão e co,npaix ão a1 comunidade cristã, e animando as,p essoas homossexuais a desempenhar um papel imp,onante nessa coniunidade''. Durante a missa, 150 pessoas,. com cartazes e ~elas, rezavam o rosílrio na 110,ta da catedral1 em sinal de protesto pela celebração (' Vida Nueva'', Madrid, n. 0 I 398·, 15-10-83) .

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Nota - Após a leitura do artigo "AIDS" pode ser manifestaÇ,ão da cólera diyina", g,ue figura nesta página, a notjcia ac,ma - tradução de um texto· da revista progr_ess,ista espanhala "Vi.da Nueva" const1lt11 um escAndalo para todo autêl)tico católico. E fai lemb1ar a afirmação proferida por Paulo VI de _gue ''por a/gi,ma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás, no templo de Deus" ~Alocução Resistite fortes m fide, de 29 de junho de 1972). 6

Do número total de doentes, 95% são do sexo masculino. As autoridades norte-americanas consideram a AIDS como um problema de alta prioridade, se não a principal ameaça em matéria de saúde pública. Isto porque o número de casos notificados subiu de 101, em agosto de 1981, para 2.4l6em outubro de 1983. E destes 2.4 I 6, houve 40% de casos fatais. E há mais: tal ascensão não foi regular, pois enquanto o número de casos passou de IOI para 593 entre 1981 e I 982, no último ano elevou-se a 2.416, ou seja, um aumento 3 vezes maior que o registrado no ano anterior. E os casos novos estão sendo observados em uma proporção média de 40 por semana. O que faz supor que, "se a epideniia de AIDS continuar no ritmo atual, nos próximos dois anos estará co,n ,nais de 20.000 casos, já podendo ser considerada como um dos grandes mistérios n1édicos, uma das grandes tragédias do século" ("Discover", julho 1983, apud "Family Policy lnsights'1,

Loth foge com sua f amilia de Sodoma. O G6ne1i1 narra que osta cidade e Gomorra foram destrulda1

Providências contra a moléstia Em vista de tudo isso, o governo norteamericano resolveu convocar suas principais entidades sanitárias de projeção nacional para constituir uma comissão que deve coordenar todo o trabalho de pesquisa e investigação para descobrir a causa da doença, adotar as medidas profiláticas e, eventualmente, orientar seu tratamento. Para essa tarefa gigantesca, destinada a cobrir todo o território daquele pais, devem prestar sua colaboração: os Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health), os Centros para o Controle de Doenças (Centers for Disease Control), a Administração para Alimentos e Remédios (Food and Drug Administration) e a Administração para o Alcoolismo, Toxicomania e Saúde Mental (Alcohol, Drug Abuse and Mental Health Administration). Representantes dessas entidades, sob a presidência de um membro do Serviço de Saúde Pública (Public Health Service), formam um comitê executivo para dirigir o combate à AIDS em todos os campos. E para realizar esse trabalho, as verbas concedidas pelo governo têm sido cada vez maiores. No ano fiscal de 1982 elas somaram 5,5 milhões de dólares. Essa cifra já subiu para 25 milhões no ano seguinte, enquanto para 1984 deve chegar aproximadamente a 40 milhões.

O conhecido a o desconhecido na AIDS O que atualmente se conhece com alguma certeza sobre a doença é apenas fruto de observações clinicas; as complexas e sofisticadas pesquisas laboratoriais e investigações experimentais e epidemiológicas ainda não produziram resultados conclusivos. E há poucas esperanças de que os produzam cm curto prazo. A transmissão da doença parece dar-se por um dos seguintes meios: a) Contacto sexual; b) Transfusão de sangue; c) Utilização de agulhas de injeção contaminadas. O contá$io como fruto- de convivência diária rotineira , como por exemplo parentes que moram na mesma casa, colegas de trabalho dos pacientes etc, parece pouco provável. Esta opinião, porém, é contestada por alguns cientistas, os quais alegam que, como o tempo de incubação da doença parece ser muito longo, superior a um ano, muitas pessoas aparentemente sadias podem já estar infectadas (por tempo de incubação se entende o periodo que decorre entre a penetração do agente causador da doença e o aparecimento de suas primeiras manifestações). Caso a segunda opinião seja verdadeira, um número imenso de pessoas já pode ser portador da moléstia sem o saber. As mencionadas formas de contágio e seus mecanismos ainda estão no terreno das hipóteses e suposições, pois não foram demonstradas laboratorialmente, já que o agente causador da enfermidade ainda não foi descoberto. Tais conjecturas se baseiam unicamente no tipo de pessoas atingidas por ela. O fato de que viciados em drogas injetadas na veia sejam atingidos pela AIDS, leva a supor que ela seja também transmitida por meio de agulhas contaminadas. Assim também, sua presença em hemofilicos, cujo tratamento é baseado principalmente nas transfusões de sangue ou de seus derivados, faz pensar em contaminação pelo sangue injetado. O que não está bem claro, porém, é por que a grande maioria dos que contraíram a

por Deu,. através do fogo. devido ao, vfcios contra a natureza praticado, por aeua habitantes.

AIDS supostamente por meio de contacto sexual, seJa constituída apenas por homossexuais e bissexuais masculinos de vida promíscua. Isso porque, apesar dos esforços empreendidos no campo das pesquisas e investigações - e nós sabemos como os norteamericanos são competentes e bem aparelhados para tarefas dessa natureza - nenhum resultado positivo foi obtido, nem quanto à causa, nem quanto ao tratamento da doença.

Talvez o Ciltlmo aviso Sendo uma doença cujo principal meio de difusão é decorrente de uma violação da ordem moral, tornam-se ineficientes e ridlculos os meios aconselhados para impedir sua propagação, tais como: - Evitar contacto sexual com pessoas portadoras ou suspeitas de terem contraido A1DS; - Evitar a promiscuidade sexual ou contactos com pessoas promiscuas; - Impedir a doação de sangue por membros de grupós de a lto risco; - Os médicos devem prescrever transfusão só quando estritamente necessária. Ora, a AIDS sendo, ao que tudo indica, uma moléstia transmitida principalmente por uma vida sexual não só desregrada mas antinatural, a única profilaxia realmente eficaz para ela, como aliás para qualquer outra doença sexualmente transmissivel, é a abstenção de relaç_ões sexuais ilicitas. E por estas entendemos não só as realizadas fora do casamento monogâmico e indissolúvel, como também, e principalmente, as que não respeitam as condições naturais do a to , quer na vida conjugal ou fora dela, quer entre pessoas de mesmo sexo ou não. As noticias nos revelam que a AIDS não é uma doença do tipo da sifilis e congêneres, que se propagam na população em geral, sem preferência para determinados grupos. Mas ela se apresenta, quase que com exclusividade, em pessoas que praticam um pecado especialmente grave: o pecado sensual contra a natureza - cuja manifestação mais corrente é a sodomia - , classificado entre aqueles que "bradam ao Céu e clamam a Deus por vingança" (Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, Editora· Vera Cruz, São Paulo, 1976, p. 174). E a vingança de Deus pode tardar, mas não falha. Poder-se-ia a legar que tal revide divino consistiria na condenação ao inferno após a morte. Porém essa punição é um castigo comum aplicável a qualquer tipo de pecado mortal. Para aqueles que se revestem de uma malícia particular, Deus costuma e nviar castigos neste mundo, para que sua punição sirva de lição aos contemporâneos e às gerações futuras, como um exemplo marcante da manifestação da cólera divina. Entre os exemplos ,históricos de castigos para punir a homossexualidade, a destruição de Sodoma e Gomorra é talvez o mais conhecido e impressionante, embora não seja o único . Poderá Deus também servir-se de doenças para punir certos pecados? Não só pode, como já o tem feito. Ê indiscutivel que as doenças sexualmente transmissiveis não deixam de constituir um castigo para a fornicação em geral. Servirá tal punição divina - representada pela nova enfermidade, segundo nos parece - para a emenda desses pecadores que violam a natureza? Infelizmente não é o que tem acontecido com as advertências feitas por Deus aos homens nos últimos tempos. As doenças provocadas pela libertina-

gem não a restringem, nem amedrontam os que se entregam a ela. O pecado sensual contra a n·atureza adquiriu hoje tal difusão e cidadania, que os viciados nessa prática infame não se péjam e m constituir ligas e sociedades, realizar passeatas e manifestações públicas para defender seus pretensos "direitos", infelizmente tantas vezes reconhecidos por autoridades civis e até - é doloroso dizê-lo - por clérigos e autoridades religiosas. A mesma arrogância petulante manifestada pelos homossexuais a fim de impedir sua justa margi~a!ização, empregam e les agora para expnm,r uma queixa: estarem sendo tratados como leprosos. E ameaçam difundir a doença a toda a população, através da doação de sangue contaminado, caso não sejam concedidas as verbas exigidas por eles para o combate à AI DS. Eles também não modificam, diante do perigo, seu comportamento abominável. Pois, embora a lguns se tenham tornado apenas mais cuidadosos em suas práticas nefandas, uma grande proporção deles, mesmo aqueles já atingidos pela doença, continua a praticálas como se não houvesse a possibilidade de contrair ou transmitir a enfermidade. Diante de tal reação, o que esperar? Certamente não mais um aviso, pois Já os houve em abundância. Deles a Mensagem de Fátima e as diversas lacrimações recentes da Virgem Santíssima são exemplos bem significativos. O que. poderá vir agora será um castigo amplo e definitivo, em que a ira divina manifeste de maneira insofismável a reeuisa majestosa do Criador aos que tão acmtosamcnte O ofendem. O

Murillo Galliez NOTA - As informações e dados que constam deste artigo foram obtidos de boletins do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, de setembro e outubro de 1983, e do boletim "Aids: epidemie of the 8Q's", by David Becker, Washington, edição especial de outono - 1983 do "Family Policy lnsigbts".

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AfOL!CISMO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO

Diretor: Paulo Corre:a de Brito Filho J ornalista rtspons,vtl: Takao Takahashi - Regis· irado no O. R.T.-SP sob n•. 13.748 Dirttoria: Rua dos Goitacazcs, 197 - 28100 Campos . RJ Adminístraçlo: Rua Dr. Martinieo Prado. 271 0 1224 - São Paulo, SP - PABX: 221 -8755 ( R. 235) Composto e impresso na Ar1press - Papéis e Artes Gráfi cas Ltda .. Rua Garibaldi. 404 - 01135 - São Paulo. SP ··c a101idsmo.. é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/ C

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CATOLICISMO -

Dezembro de 1983


O REFLEXO DE DEUS EM TRES SANTOS BEM DIVERSOS O ROSTO - e mais precisamente os olhos - é a janela da alma. Estados de espírito, cogitações as mais variadas, a alegria e a dor, o enlevo e a repulsa se estampam, por vezes, nas faces de um homem, ou cintilam na expressão de seu olhar. Nesse sentido, ganham considerável significado as fisionomias daqueles que moldaram suas almas à semelhança do Criador. Analisando o rosto dos santos, perscrutando os olhos dessas faces veneráveis, temos a oportunidade de perceber algumas cintilações de suas almas, as quais refletem, de algum mo-

do, o próprio Deus. É pois com espírito de contemplação que analisaremos tais fisionomias mais particularmente. E procuraremos peregrinar dentro dos olhos e examinar alguns aspectos da figura de tr~ santos recentes: São João Bosco, o sa.nto fundador de uma Congregação religiosa e formador da juventude; Santa Teresinha, a religiosa contemplativa, modelo de amor de Deus e do espírito de holocausto; e São Pio X, grande Pontífice, exemplo de energia hercúlea aliada a um misto admirável de autêntico espírito de misericórdia e afabilidade. Santa Teretinhe

BUNDANTES reflexões nos ocorrem também ao espírito quando analisamos a fotogra.fia de Santa Teresinba do Menino Jesus. Fisionomia extremamente plácida, que não é sulcada por nenhuma contração, não apresentando, porém, nada de abonecado. É a fisionomia de uma pessoa solitária, que não tem o hábito de ser agradada. Neste rosto tão sereno encontramos dois olhos que revelam uma grande vitalidade. São olhos insondáveis, de uma luminosidade espiritual que impressiona. Penetrando nesses olhos, temos a impressão de entrarmos num vitral. A pureza é completa. Dentro deles crepita a chama de uma alma que pensa, cogita,

A

quer e deseja, e contempla de longe, na impassibilidade grandiosa da vida carmelita, os passos do Divino Esposo, Nosso Senhor Jesus Cristo, que caminha em direção a ela, pois sua morte está próxima. Nota-se que a carmelita de Lisieux oculta a dor, esconde o fogo de sua alma, que no entanto se faz sentir de qualquer maneira. Os lábios apresentam, a seu modo, idêntica característica. Lábios finos, retos, um pouco voltados para dentro, o que indica um senso de análise e de crítica muito exato, mas também uma grande reserva. Estáticos, silenciam aquilo que os olhos interiormente vêem e comentam.

Slo Joio Booeo

IS EM NOSSO primeiro clichê a fotografia de São João Bosco, a nos convidar a tal peregrinação. Pela aparência vê-se que é um sacerdote. A batina o indica bem, e o ar dele é sacerdotal. Mas nota-se também que é um homem do povo. Ninguém imaginaria que esse homem nasceu nas altas camadas sociais. Ele era um camponês que se fez sacerdote. Entretanto, há qualquer coisa nele que denota uma verdadeira majestade. No semblante nota-se uma atitude resoluta de quem triunfou e está vencendo toda espécie de obstáculos. E o triunfo dele consiste sobretudo em que não pensa em si mesmo, mas sim em Nossa Senhora Auxiliadora, sua grande protetora, que o ajudava a alcançar tais vitórias. O porte do pescoço e a posição da cabeça denotam uma segurança de quem confia nessa proteção vitoriosa. Ele parece exclamar: "Nossa Senhora, através de seu servo, venceu. Como é grande nossa Mãe!" No dia da morte do santo foi tirada a foto apresentada à direita. O corpo foi paramentado e colocado numa cadeira. A serenidade da fisionomia e o traçado retilíneo dos lábios - que indica decisão e energia - comprovam como foi definitiva tal Yitória ou a perenidade do triunfo.

E

CATOLICISMO -

Dezembro de 1983

Slo Pio X

E SÃO PIO X, o que podemos dizer? Vê-se que é um homem corpulento. Sua estatura é ainda ampliada pela belíssima capa que usa, a qual realça a nobreza do gesto com que ele abençoa o povo reverente, genuflexo e entusiasmado da Basílica de São Pedro. A fisionomia é de quem está compenetrado da grandeza de seu papel. Ele é o Vigário de Cristo, o sucessor de São Pedro, o elo entre o Céu e a terra. Aquele que representa Deus entre os homens, mas que na hora da prece é o representante dos homens junto a Deus. Sua fisionomia denota decisão. O olhar - firme - vê com clareza e exprime grande deliberação, de uma pessoa que define be.m para onde quer cami-

D

nhar. O porte ereto manifesta resolução, e o modo largo de abençoar revela a segurança de que suas palavras e seus gestos cobrem o mundo inteiro. Entretanto, essa grandeza comporta uma dose de bondade, um qualquer traço de misericórdia por onde se compreende que, colocado diante da fraqueza, ele sentase, ouve com afabilidade, e tem uma palavra de consolo, de afago, de ajuda para dizer. É todo um composto de energia sobrenatural e hercúlea, de um lado, e do outro, afabilidade, por assim dizer, materna. Esse era o Papa que atravessava a Basílica de São Pedro aclamado com transportes de entusiasmo, porque o povo sabia ser ele um santo. 7


,r7.,~,A!OJLICXSMO - - -- -- --

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EM ROMA, TESOURO DA GRUTA DE BELÉM

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BOM TEMPO que caracteriza as semanas de outubro - as "011obrate" - oferece ocasião única a quem deseja peregrinar. pela capital da Cristandade. O céu azur da manhã contrasta com a pátina áurea que banha a vegetação, monumentos e edifícios. Mas o dia é curto, e já pelas 16 horas o sol tem pressa em deitar seus últimos fogos de artificio. Tudo se doura, com exceção dos velhos pinheiros romanos, altaneiros, sempre verdes, em cujas copas filtram graciosamente os raios crepusculares. Completam o quadro milhares de Qássaros em migração, fugindo rumo à Africa para evitar os rigores do inverno que se aproxima. Por um capricho da natureza, parece que eles convencionam esse encontro vespertino sobre Roma. Nas tardes de outubro, eles constituem um cenário feérico, executando, aos milhares, movimentos acrobáticos que parecem simbolizar o auge da felicidade de situação. Nestas horas, o homem tem vontade de ser pássaro ... Foi numa tarde dessas que, pela primeira vez, caminhei até o monte Esquilino, uma das sete colinas de Roma, em busca de um tesouro. Convido o leitor a acompanharme nessa peregrinação.

O

santa Maria Maior, Igreja "toda de ouro" Concretamente, vamos visitar a Basílica de Santa Maria Maior, uma das quatro grandes Basílicas de Roma, além de São Pedro, São João de Latrão e São Paulo Fora dos Muros. Como se vê pelo nome, ela é dedicada à Mãe de Deus. Dentre as centenas de igrejas dedicadas a Nossa Senhora, esta é a que se reveste de maior esplendor e beleza. Sua torre é a mais alta dentre todas as existentes na Urbe. De acordo com uma pia tradição, foi a própria Virgem Santíssima quem inspirou a construção de sua magnífica morada. Aparecendo em sonho a um nobre romano de nome Giovanni e ao Papa Libério (353-356), prescreveu-lhes que construissem uma igreja em Sua honra sobre a colina onde encontrassem neve na manhã seguinte. Era a noite de 4 para 5 de agosto de 356, quando o calor dos piores da Europa - sufocava Roma. Cheio de surpresa, Giovanni apresentou-se ao Papa, que ficou maravilhado porque também ele em seu sonho tivera a mesma

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Fachada da Basílica do Santa Maria Maior

Dentro em breve, iremos comemorar a data magna da Cristandade, o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. E exatamente aqui há algo de precioso relacionado com Sua Natividade. A História narra que no dia seguinte ao da solene definição da maternidade divina de Maria, no Concilio de Éfeso (431), Sisto III quis realizar na presença do povo um ato solene para tornar mais evidente a homenagem à divina maternidade de Nossa Senhora. Foi então instalada na cripta da Basílica uma capela contendo relíquias da Gruta de Belém. A partir dessa época, recebeu o apelativo de Santa Maria do Presépio, ou ainda, a Belém de Roma. A cripta situa-se em lugar de honra na Basílica, sob o altar-mór coberto pelo baldaquino sustentado por quatro colunas, à semelhança daquelas de Bernini, na igreja de São Pedro. Uma escada toda de mármore leva-nos a ela. Também as paredes da capela

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Nave contrai da Basflica de Santa Maria Maior

visão. Saíram os dois à procura da neve e a encontraram abundante sobre o Esquilino. O Pontífice designou o traçado da Basllica e Giovanni concorreu com o financiamento. Advirto ao leitor que a igreja, tal qual a vemos hoje, data de uns 80 anos depois da época em que foi traçada pelo Papa Libério. Ou seja, foi construída sob Sisto Ili, entre os anos 432 e 440. Não é de ontem ... As reformas, "inclusive a construção do atual teto, ocorreram sob o pontifiçado de dois Papas espanhóis, Calisto Ili (1456-1458) e Alexandre VI (1492-1503). Consta que o primeiro carregamento de ouro proveniente da América foi doado à Basilica pelos reis católicos Fernando e Isabel de Castela. Somado ao esplendor dos mosaicos, o teto revestido de ouro faz jus ao comentário popular: "Santa Maria Maggiore e 111110 d"oro!"'

A Belêm de Roma O leitor poderia perguntar-me por que o trouxe aqui e não a outro lugar igualmente rico cm bele,.a e história. Respondo-lhe.

Estranha letargia moral...

Baldaquino do altar-mor. Na cripta, abaixo deste, encontram-se as relíquias do Presépio.

são revestidas por esta maravilha que são os mármores italianos. Apresentam eles, ao mesmo tempo, a unidade da pedra e a variedade das cores. Não é fácil ao artista agrupálos guardando certa simetria. Mas desta exigência conseguiu desincumbir-se o gênio italiano, deixando ali um reflexo de sua alma ri<:3 e criat!va. Ademais, a irregularidade dos veios mulucolores dessas pedras coaduna-se com a pouca afeição dos peninsulares aos rigorismos geométricos. Sobre o pequeno altar encontra-se o rico e artístico cscrínio que conserva três tábuas da manjedoura onde repousou pela primeira vez o corpo do Menino Deus, há quase dois mil anos, na Gruta de Belém. Ajoelhemos. Rezemos.

Homenagens às rellqulas da manjedoura Em oração, ali junto âs relíquias do Presépio, nas inúmeras vezes que lá estive, assisti a belas e alentadoras cenas. Presenciei grupos de africanos com seus trajes típicos

Urna que contém venoranda.s tábuas do Presépio de Nosso Senhor

prestando honras à memória do nascimento do Divino Redentor. Vi alguns grupos de poloneses que visitaram também a cripta. Rezaram e entoaram canções natalinas, certamente típicas, que aos meus ouvidos soaram um tanto langorosas, parecendo refletir o estado psicológico de um povo sofrido. Ouvi as mais variadas línguas, muitas das quais me eram desconhecidas. Estava ali rezando, por ocasião de uma dessas visitas, quando percebi que descia pelas escadas um grupo razoavelmente grande, de aproximadamente 50 pessoas. Pelas suas primeiras palavras, identifiquei-os Jogo como alemães. Após detalhada explicação de um guia, de repente um dos presentes entoou o "'Stille Nacht" (cuja versão brasileira é o "Noite Feliz"), a canção de Natal por excelência. A voz era melodiosa. Fiquei reconfortadíssimo ao lembrar-me dos Natais de minha infância. Aquela cena trouxe-me saudades de um mundo maravilhoso que procurava, mas que teimava em fugir de mmha memória. Mas, pelo menos durante aquele instante, revivi enlevado, como num sonho, um saudoso passado! E alimentei esperanças para o futuro.

santos que marcaram o venerAvel lúgar Nesta cripta, em outras épocas, ocorreram fatos memoráveis e extraordinários. Diante dessa relíquia pregaram São Leão I e São Gregório Magno. Ali os Pont ífices Romanos celebravam as Missas de Páscoa, da Assunção de Nossa Senhora e de Natal. Ali São Martinho I foi salvo da arma homicida de um facínora. E o grande Papa São Gregório VII sofreu agressão de um intrigante chamado Cencio, enquanto oficiava sua segunda Missa de Natal, sendo logo liberado pela intervenção dos fiéis. Oficiou então, Junto às relíquias do Presépio, a terceira Missa do Natal. Ali também, ao lado das preciosas tábuas da manjedoura do Redentor, rezou sua primeira Missa Santo Inácio de Loiola. Não haveria espaço suficiente, leitor, para descrever as mil maravilhas que aqui se passaram. Se um dia vier a Roma, não deixe de admirar o insigne tesouro guardado em tão belo escrínio. Ele merece tal veneração porque, sobre aquelas tábuas, emitiu os primeiros vagidos, sob os olhares enternecidos e extasiados de Maria Santíssima e de São José, o Filho de Deus feito homem.

Paulo Henrique Chaves

A SE COMEÇA a fazer campanha

para a implantação do aborto em nosso País. Depois do divórcio, tinha-se que chegar lá, pois não há nada que contente a sensualidade desbragada do homem, sua revolta contra a temperança. Bem sei que muitos vão exclamar que a necessidade de legalizar a prática do aborto não se deve a cssefrenesi de concupiscência que aponto, mas a problemas sociais complexos, à miséria ... E o eterno estratagema de deslocar as questões de suas causas verdadeiras e reais, para outras aparentes. A miséria material nunca conduz ao crime, a menos que seja acompanhada da miséria moral. Portanto, em última análise, é a falta de senso moral que se encontra na raiz da criminalidade. Estranhamente, combate-se muito a miséria material, mas pouco se fala contra a miséria moral. E grande parte do Clero, que vive a pregar e a bradar contra a pobreza, quase não se opõe ao mar de lama com que a sensualidade vai submergindo um País cm que os Mandamentos da Lei de Deus são cada vez mais desprezados e aviltados. Sem deter a imoralidade reinante, como combater eficazmente o divórcio? E uma vez aceito pacificamente o divórcio, como impedir o aborto? É de se recear que o Clero tome uma posição de negligência diante da legalização do aborto no Brasil, como assumiu, analogamente, posição muito frouxa em face da implantação do divórcio em nossa Pátria, no ano de 1977. Tal atitude foi descrita, de modo preciso e insofismável, pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em artigo publicado na "Folha de São Paulo", de 25-6-77, sob o título "Foguetório e não bombordo" - .,Em lugar de substanciosas e retumbantes pastorais doutrinárias [os 104 Bispos que fa. laram sobre o divórcio) deixaram cair sobre o público o chuvisco ralo e desconexo de meras entrevistas de imprensa ou breves con,unicados. repetindo com uma desconcertante pobreza de argumentos que eram contra o divórcio. Mera chuvisco, extenso na verdade, mas desconexo. Ou, a empregar 011tra metáfora. simples foguetório antidivorcista, em lugar da fronde bombordo doutrinária da Pastora coletiva que faro necessário detonar".

Não falta mesmo quem afirme que, em nosso País, o Clero, presumivelmente, se comportará perante o aborto com aquela desconcertante debilidade manifestada pela Hierarquia católica na Espanha, onde recentemente foi aprovada pela Câmara de Deputados das Cortes espanholas a despenalização da prática do aborto - o qual viola frontalmente a Lei de Deus e a Lei natural. Fala-se muito hoje sobre a violência, a tremenda onda de banditismo que assola nossas grandes cidades. Fica-se chocado quando é assassinado um adulto, ou quando se mata uma criança por causa de assalto. E, de fato, há razão mais do que suficiente para essa inconformidade. Por que não haverá a mesma repulsa contra a idéia da morte de uma criança, desejada pela própria mãe? Só porque ela amda não nasceu? Então, quando a vítima é totalmente indefesa, como o nascituro, não cabe a piedade e o horror em relação a seu assassinato? É preciso não nos deixarmos levar por essa estranha letargia moral que tende a nos tornar insensíveis aos atentados contínuos à Lei de Deus e à Lei natural, que se praticam às escâncaras, aos nossos olhos. Cabe a nós católicos mobilizar-nos, desde já, sobretudo internamente, sentindo bem a hcdiondez moral que reoresenta a morte legalizada dos inocentês, para impedir que o aborto seja aprovado em nossa Pátria. O

João de Castro NOTA - ··catolicismo··. nestes últimos anos. 1cm publicado véria.s colaborações atacando a contraoepção e o aborto, cspeciallTlcntc quanto ao seu cará-

ter anlicatólico e antinatural e às conscqUtncias ca.. 1astróficas de sua introdução no Brasil. E cal assunto

foi abordado de modo particularmente penetrante, por Murillo Galliei no artigo "Abc ,10 ~ c-ontractp-

ção: nova amtaça às /omllio.s bra.siltiras" ("'Catolicismo", n•. 389. maio de 1983).


Nº. 397 - Janeiro de 1984 - Ano XXXIV

LUTERO:

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

~O E Plinio Corrêa de Oliveira

IVE A. HONRA de ser, em 1974, o primeiro signatário de um manifesto publicado em cotidianos dos principais do Brasil e reproduzido em quase todas as nações onde existiam as então onze TFPs. Era seu título: "A político de distensão do Vaticano com os governos comunistas Poro o TFP: omitir-se? 011 resistir?" (cfr. "Folha de S. Paulo", 10-4-74). Nele, as entidades declaravam seu respeitoso desacordo face à "Ostpolitik" conduzida por Paulo VI, e expunham pormenorizadamente suas razões para tanto. Tudo diga-se de passagem - expresso de maneira tão ortodoxa que ninguém levantou a propósito qualquer objeção. Para resumir numa frase, ao mesmo tempo, toda a sua veneração ao Papado e a firmeza com a qual declaravam sua Resistência à 'Ostpolitik" vaticana, as TFPs diziam ao Pontífice: "Nosso olmo é Vosso. !)OSSO vida é Vosso. Mandai-nos o que quiserdes. S6 11ão 110s ma11deis q11e cr11ze1nos os braços dio11ie do lobo vermelho que investe. A isto nossa co11sciê11cia se opõe".

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Lembrei-me desta frase com especial tristeza, lendo a carta escrita por João Paulo II ao Cardeal Willcbrands (cfr. "L'Osservatore Romano", 6-11-83). a propósito do quingentésimo aniversário do nascimento de Martinho Lutero, e assinada no dia 31 de outubro p.p.. data do primeiro ato de rebelião do heresiarca, na igreja do castelo de Wittenberg. Está ela repassada de tanta benevolência e amenidade, que me perguntei se o Augusto signatário esquecera as terríveis blasfêmias que o frade àpóstata lançara contra Deus, Cristo Jesus Filho de Deus, o Santíssimo Sacramento, a Virgem Maria e o próprio Papado. O certo é que ele não as ignora, pois estão ao alcance de qualquer católico culto, em livros de bom quilate, os quais ainda hoje não são difíceis de obter. Tenho em mente dois deles. Um, nacional: é "A Igreja, a Refonna e a Civilização", do grande jesuíta Pe. Leonel Franca. Sobre o livro e o autor, os silêncios eclesiásticos oficiais vão deixando baixar a poeira.

O pastor Chrl.stoph M ey&r pronuncia uma alocuçlo s,or oca1ilo da vi1ite de Joio Paulo li ao tompto luterano Chtlstus , Kl,schl. d6 Rom1. no dia 11 de dezembro 6hlmo

O outro livro é de um dos mais conhecidos historiadores franceses deste século, Funck-Brentano, membro do Instituto de França e aliás insuspeito protestante. Comecemos por citar textos colhidos na obra deste último: "L11ther" (Grasset, Paris, 1934, 7•. ed., 352 pp.). E vamos diretamente a· esta blasfêmia sem nome: "Cristo - diz Lutero - co,neteu adultério pelo prirneira vez co,n a 111ulher

do fonte, de que nos fala João. Não se murmurava em corno dele: 'Que fez, então, co,n

ela?' Depois com Madale11a, en, seguida com a 11111/her adúltera. que ele absolveu tão leviano111ente. Assim Cristo, tão piedoso, também 1eve de for11icar. antes de ,norrer" (" Propos de cable", n•. 1472, ed. de Weimar li, 107 cfr. op. cit., p. 235). Lido isto, não nos surpreende que Lutero pense - como assinala Funck-Brentano que "certame11te Deus é grande e poderoso, bo,11 e 111isericordioso .... mas é estúpido ' Deus est st11ltissimus' ( Propos de table', 11•. 963. ed. de Wei111ar I, 487). É 11111 tira110. Moisés agia movido por suo vontade, como seu /11gar-te11énte, como carrasco que 11i11g11éln superou, 11e111 n1es1no igualou, e,11

assustar, aterrorizar e martirizar o pobre 1111111do" (op. cit., p. 230).

Santa Bernadette, a vidente de Lourdes Ao lado, Santa Berna deue Soubirous. a quem Nossa Senhora apareceu em Lourdes no ano de 1858. Não há fotos da Santa na época das apa ricões. Este cliché pertence à p rimeira série de fotografias tiradas da pe· quena pastora., entre ou· tubro de 1861 a fevereiro de 1862, e é um dos mais difundidos que se conhece da privilegiada confidente da Santíssima Virgem. O leitor encontrará nas páginas 4 e 5 deste número de "Catolicismo" alguns traços biográficos da famosa vidente, acompanhados de documentá · rio fotográfico. Foi ela a primeira santa canoniza-

da a ser fotografada em vida.

Tal está em estrita coerência com estouira blasfêmia, que faz de Deus o verdadeiro responsável pela traição de Judas e pela revolta de Adão: "Lutero - comenta FunckBrentano - chega a declarar que Judas, ao trair Cristo, agiu sob i111periosa decisão do Todo-Poderoso. 'Sua vo11tode (a de Judas) era dirigida por De11s; Deus o n,ovia com sua 011ipo1ência', O pr6prio Adão, no paraíso terrestre, foi co11stra11gido a agir como agiu. Escova colocado por Deus numa situação tal q11e lhe era impossível 11ão cair" (op. cit., p. 246). Coerente ainda nesta abominável sequência, um paníleto de Lutero intitulado "Contra o po111ijicado roma110 f1111dado pelo diabo", de março de 1545, chamava o Papa, não "Santíssimo", segundo o costume, mas "ill[ernalíssimo". e acrescentava que o papado mostrou-se sempre sedento de sangue (cfr. op. cit. , pp. 337-338). Não espanta que, movido por tais idéias, Lutero escrevesse a Melanchton, a propósito das sangrentas perseguições de Henrique VIII contra os católicos da Inglaterra: "É lícito e11colerizar-se qua11do se sobe que espécie de traidores, ladrões e ossassi11os são as papas, seus cardeais e legados. Prouvesse a Deus que vários reis do Inglaterra se empenhassem e,11 acabar com eles" (op. cit., p. 254). Por isso mesmo exclamou ele também: "Basto de palavras: o ferro! o fogo!" E acrescenta: "P11nimos os ladrões à espada; por que

11ão havem os de agarrar o popa, cardeais e todo a go11gue da Sodoma roma11a e lavar os mãos 110 seu sa11gue?" (op. cit., p. 104). Esse ódio de Lutero o acompanhou até o fim da vida. Afirma Funck-Brentano: "Se11 último sermão público em Wi11e11berg é de 17 de janeiro de 1546: último grito de 1110/dição contra o papa, o sacrifício da missa, o culto da Virgen1" (op. cit., p: 340). Não espanta que grandes perseguidores da Igreja tenham festejado a memória dele. Assim "Hitler n,andou proclamar festa 110cional na Alema11ho a data comemorativo de 3 I de outubro de 15 J7. qua11do o frade agosti11ia110 revoltoso afixou 11as porcos da igreja do cas1elo de Wiue11berg as famosas 95 proposições contra a s11premacia e os do11trinas pontifícias" (op. cit., p. 272). E, a despeito de todo o ateísmo oficial do regime comunista, o Dr. Erich Honnecker, presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Deresa, o primeiro homem da República Democrática Alemã, aceitou a chefia do comitê que, em plena Alemanha vermelha, organizou as espalhafatosas comemorações de Lutero neste ano (cfr. "German Comments" de Osnabrllck, Alemanha Ocidental, abril de 1983).

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Que o frade apóstata tenha despertado tais sentimentos num líder nazista, come mais recentemente no líder comunista, nada de mais natural. Nada mais desconcertante e até vertiginoso, do que o ocorrido quando da recentíssima comemoração do quingentésimo aniversário do nascimento de Lutero num esquálido templo protestante de Roma, no dia 1 1 do corrente. Desse ato festivo, de amor e admiração à memória do heresiarca, participou o prelado que o conclave de 1978 elegeu Papa. E ao qual caberia, portanto, a missão de defender, contra heresiarcas e hereges, os santos nomes de Deus e de Jesus Cristo, a Santa Missa, a Sagrada Eucaristia e o Papado! "Vertiginoso, espantoso" - gemeu, a tal propósito, meu coração de católico. Que, sem embargo, com isto redobrou de fé e veneração pelo Papado. No próximo artigo me resta citar "A Igreja, o Refor1110 e o Civilização", do grande Pe. Leonel Franca.


LANÇADA NA FRANÇA OBRA MEMORÁVEL

Boa parte das obras mais recente$ do Prof. Pl inio Corrêa de Oliveira foram esc ritas na Fazenda Morro Alt o {Estado de S lo Paulo). A foto acima foi tirada nesse local,

CONFORME anunciamos em nos.50 número anterior, apre.5entamos nesta p ágina um apanhado do livro "Autogestão socialista: as co· beços 1ombtm1 na empresa. no lar. na escola", assim como reprod uzi· mos a apresentação para o público francês da obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. FINAL os fr;,nceses podem conhecer a. já célebre Mens:1gcm de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário. que desde dezembro de 1981 as TFPs fi7,cram percorrer o mundo. Faltava ainda a difusão na França. que durante dois anos foi coarctada, ao que tudo indic:t, por presumíveis pressões do governo soc1alo-comunista. de Mittcrrand sobre os meios de comunicação franceses. Rompendo esrn cortina não de ferro, nem de bambu , mas de silêncio que pesava sobre o pais. a TFP da França acaba de la nçar o livro "Autogestão sm:laHsta: as l'abera.r tombam ,u, empre· sa. 110 lar. na escola". Atraentes notícias do lançamento da obra foram publicadas cm imponantcs órgãos de imprensa fmnecses: os quotidianos "Le Monde" (10-12-83) e "Lc Figaro" (6-12-83): o semanário "Minute" (5- 12-83): as revistas "Lc Figaro Magazine" (9-12-83). "Francc Soir Magazine" (3-12-83). "'Magazine Hcbdo" (9·12-83). "Livres de France" (nov/ 83). " Librairies" ( 14- 12-

A

ls·s o posto, adverte-se o leitor de que a luminosa Mensagem sobre o soci,alis:rno autogcstionário é o ma is recente florão, cheio de seiva e de cor. o qual desponta ao cabo de m;1is de meio século de luta aguerrida que a figura impar de Plinio Corrêa de Oliveira conduz. Se· gundo suas próprias pahwras. rcprodu~ 1.idas de seu próprio punho nils páginas 19 e 20: "Quando aindtJ mul10 jovem . (~Onslderei enlevatlo a.t r,dnas ,la Cris· um(/(lde. A elas eurreguei mi•u c·(,raç,io. Voltel os cosras ao mt•u futuro. t' fiz d11(1uef,, passado carrt•g<ulo de bênçãos o meu porvir... •·

Denúnci a que fez a volta ao mundo Nas páginas 3 e 47 dois painéis se desdobra m 1>ara ilustrar a repercussão mundial da Mensagem das 15 TFPs. que a fiz.e ram publicar cm importmHCS jornais e rcvis1as de 49 países. A históri.t dessa campanha vem apresentada nas páginas J6 a 59. acompanhada da lista nominal dos 117 países de o nde chegaram repercussões relativas às d iferentes pu blicaçõcs feitas.

A Mensagem e o futuro da França Na apresentação que faz da Mcnsa-

sem. a TFP francesa declara estar certa de ter tocado cm um tema suscetível de afetar profundamente, nos próximos anos, o fut uro do país. Desdobrando seu pe nsamento. faz notar que este estudo. aluai no momento de sua publicação. o é mais ainda no presente momento. cm que o horizonte mundial se carrega de nuvens e os rumores de uma crise financeira internacional ameaçam transformar profundamente o regime eapitalista. Na hipótese de uma bancarrota do capitalismo. virá ao espírito de muitos a idéia de urna fórmula intcrrncdi~líia entre capitalismo e comunismo. a qual será necessariamente de essência autogcstionária. Após a transcrição do texto integral da Mensagem. os leitores franceses ainda encontram o Comunicado "Na FranfO, o punho estrangulando a rosa", importante desdobramento da Mensagem. também amplamente d ifundido pelas

Foto da G$Crivaninha e escritório do autor. quo figura no livro recám•lançodo na Fr ança

TFPs. "Cato licismo" publicou a Mcnsa· gem na edição de janeiro-fevereiro de 1982 (n"s. 373-374) e o Comunic;,do cm abril do mesmo ano (nº. 376).

Histõria da TFP brasileira As últimas 50 páginas de "A111og,•s1tio so<.'lalisw: as t·abt.•(·as tombmn 1w empresa. ,u, lar. ,w escola" são consa-

gradas ;.i descrição sumária da história da TFP brasilcim. a qual ocupa o lugar de destaque correspondente à sua situaecio de berço e íoco de irradiação da família de almas das TFPs. Para distinguir a impo rtâ ncia do papel desenvolvido pela TFP brasileira e. antes dela, pela atuação do Proí, Plinio Corrêa de Oliveira e seus primeiros seguidores. chama-se a aten~io do leitor para o fato de que. nos últimos S-0 anos, a América Latina - e o Brasil como o mais importante pais do Con1incn1c - e a Igreja Católica vêm as:Su· mindo papéis decisivos com vist:'-tS ao século vindouro. Com tfci10. há 50 anos a América Latina dava a i,nprcssào, aliás carente de objetividade~ de ser um s ubúrbio do mundo. E a ígreja Católica, naquela

época de laicismo intransigente, era considerada pel.i generalidade das pcs· so;1s como estando à margem da vida política e social. Precisa mente ness.A mêrica Latina tão secundária daqueles idos tempos. e no campo especificamente religioso. t~o írcqUentemcntesubcst imado. l'linio Corrê!a de Oliveira realiza mais especialmente sua a tuação. Hoje os acontecimentos começam a pôr a América Latina no merecido realce. De ou1ro lado. mesmo os laicistas mais ícrrcnhos j:í não pretendem coorinar a Igreja nos estreitos muros da mera libcr• d:1de de culto. Todos se dão conta de <1ue o rumo a ser seguido pela América Latin:l e pela Igreja Católica ser{1. cm grnndc parte. o rumo do século XXI.

• •

Auguramos para a TFP francesa um grande êxito na divulgaecio da admirável obra do Proí. Plinio Corrêa de Oliveira escrita especialmente 1rnra a Frnnç.a . Que a Providência divina abençoe essa d ifusão tão salutar para a Filha Primogênita da 1i reja. cm nossos d ias. e para os elevados mtcresses da civilização c ristão no âmbi10 mundit1I.

83). Numa realização gnífica extraordi· nariàml!nte bem concebida e executada com primor. a capa do livro retrata, num só lance. a tragédia entretanto tornada realidade na França . Ao lado de uma monumental e ameaçadora guilho· tina. rel{impagos noturnos iluminam a efígie de M iuerrand, e trê5 figuras drantálÍCá~1~nte dceapitadas: si~bolizam o empresano. o e hefc de íam1l1a e o professor. Na página 2 o leitor encontrará a explicação deste cenário ao ler as palavras do deputado Paul Quil~. sccret;\rio nacional do P;ntido Socialista. por ocasião do Congresso de Valença. em outubro de 1981: "Não é o faso de ditl!r ·as cah,•ras vt1o mmbar·. como Robesp,'erre 11a Con vc~nçõo, mos slm dlzer quals .rtio t!l11s l' dlzer rapidamt•ute". O volume, de 218 páginas das quais 20" cores. é enriquecido por mais de 250 ilustrações. o que foz dele uma obra pró1>ria n atrair e c1ltrctcr os leitores n1ais exigente.~.

Quem é Plínio Corrêa de Oliveira? Um varão cujo pensamento e ação se projetam sobre todo o mundo contem porâneo - é osubthulo que abre a apresentação dos traços biográficos do autor. Antes de descrever a 1rajctórla de Plínio Corrê.a de Oliveira - pontilhada por numerosas batalhas cm prol da civilização cristã, iniciadas a partir de 1928 - focaliza-se sua personalidade. salient:HldO·SC que a História. e mais ainda.. o próprio Deus. julga os homens não só pelo que fazem. ,nas também. e sobretudo. pelo que pensam. pelo que querem e pelo que são ao longo da vida.

M itterrand com uma rosa - sfmboto do PS - na mio comemora a vitória de seu partido. encabeçando uma passeata pelas ruas de Paris. em maio de 1981. Hoje essa rosa e"stá murcha e seca.

De um continente novo, apelo aos ideais eternos

O

S IDEA IS El"ERNOS de que neste trabalho se trata são os da

cultura e da civilização c ristãs. A tradição. a familia e a propriedade individual, como o passado do Ocidente modelou sob a inspiração da Igreja. são eJemcntos essenciais da eivili1.ação cristã. E mantem com a cultura cristã uma interação multi-secular sem a qual estas não seriam o que são. e como são. Nos países de grande passado, como os da Europa. é freqüente que se tenha por provável e até por certo que tal interação inílucncia muito menos as cogitações e as vias: de nações novas. como as da América. Essa suposição é ícila não raras ve1.cs com melancolia pelos europeus particularmente afeitos a esses tr~ grandes valores. Pois presenciam a ascensão da América. neste lim de século, e se perguntam ansiosamente o que será da Tradição. da Familia e da Propriedade no século XXI que se aproxima. Século que registrará por certo o apogeu muito espccia lmcnlé das nações íbcro-amcri• canas. Assim, estamos certos de que consti· tuirá para todo francês de formação tradicional e cristã um motivo de esperança e de alegria ver que, de um país novo como o Brasil, e justamente na cidade moderna e feb ricitante de pro• grcsso como é São Paulo - a Nova York brasilcim - se levantou o estandarte do tríplice ideal da tradição cristã, da família cristã e da propriedade privada segundo o espírito cristão, como brado de alerta conira a penetração socialista e comunista em todo Ocidente. Penetração que se caracteriza hoje em dia especialmente pela gradual erosão destes três valores. Mais ainda. De São Paulo o apelo em prol da Tradição, da Familia e da Propriedade estendeu-se primeiramente a todo o território-co ntinenle, do imenso país que é o Brasil. Daí se projetou para as nações irmãs da América do Sul. para os Estados Unidos e o Canadá, e por fim penetrou na velha e gloriosa Europa. Pois já há TFPs na França, Espan ha e Portugal.

Em lug,ar de se debilitar ao lranspor o Oceano. como foriam os o.cordes de uma música. mais fracos à medida que se vão tornando mais dis1a,uc.ç, os ideais cristãos que as grandes nações descobridorns e povoadoras da Europa levaram à América nos séculos XVI e XVII, voltam agora a seu glorioso ponto de part ida. com igual ou até redobrado vigor. A Hislória desta reversão às pátrias~ mães é aqui narrada de modo sucinto. mas densamente informativo. Uma H is16ria ca.rregada de pensamen10 e vi· brantc de expansão doutrinária. de abnegação autêntica e de lutas incessantes. O leitor por ceno se congratulara ao cabo da leitura, de lhe ter tocado conhecer assim o passado e as esperanças de uma familia de entidades coirmãs e autônomtts q ue constituem cm seu con• junto uma das maiores. se não talvez a maior organi1.ação anticomunista de inspi ração cristã cm todo o mundo.

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"

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Cabe aqui uma reflexão sobre a eficácia anticomunista do mais recente lance destas entidades, do qual 1rata o prescn1e volume. 1ncontestavelmente, sempre que o comunismo se apresentou às escâncaras à opinião pública do Ocidente, suscitou uma minoria de adeptos entusiasmados e disciplinados. mas foi rejeitado pela maioria da opinião pública. O que, mantendo-se assim no curso dos anos. o rcduz.iu à situação de um tumor eircunscrito, o qual não consegue aumentar sua área no organismo em que surgiu. Assim, qualquer estratégia publicitária que o comuni$mo excogitassc para sair desse impasse, teria que empregar forçosamente algum disfarce. De 1945 para cá . tem este ensaiado sucessivamente diversos tipos de camuílasem. Cada um deles. ao longo de um pcriodo inicial de uso, consegue iludir um nümero ponderável de inocentCS·· úteis. Mas, pela força das circunstâncias, o comunismo vai se desmascarando, e pari pas.w vai perdendo no Oeiden· te seu poder de atração. Desse modo. se

quiser continuar avançando às ocult:is, é obrigado a trocar rapidamente o disfarce gasto, por outro que a inda não desperte suspeitas. Bem ilustram este sistema sorrateiro. as fórmulas sucessivas com que ele vai encobrindo sua ação: "política da mão estendida'". "cocxisttncia pacifica", "que· d a das barreiras ideológicas", d é1eme. OstpQ/ltlk. "eurocomunismo" indcp-endentc de Moscou. "convergência" e outros rótulos que se foram sucedendo ao longo dos anos bem atcs1am o rápido desgaste de cada camuflagem. e a prestc·za com que cumpre substi1uir um rótulo por outro. Uma vez que todas estas fórmulas obtiveram parcos: resultados e, no coo· junto. fracassaram rotundamente. qua1 o último disfarce que ao comunismo convém compor?

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é o sociflli$mO autogesliondrit,. Nos moldes como o Partido Socialista francês o apregoa. procura este infundir no público uma idéia "bonachona .. a rcs• peito de si mesmo. Mostra~se e le "liberal" e "conciliador''. apresentando-se como um ponw <le convergénâa adequado - e quiçá o único possíve l entre comunismo e socialismo de um lado, e capitalismo do outro. O socialismo autogcstioná rio apre~ goa um novo tipo de sociedade, cuja implantação eliminaria as rivalidades entre Ocidente e Oriente. asseguraria ao mundo a paz tão desejada, e afastaria dos homens o pesadelo da catástrofe atômica, Foi assim que Mitterrand. o candidato sociali$ta vitorioso, que atingiu em 1981 a Presidência da República francesa. incluiu como um dos pontos íun· damentais do programa eleitoral de seu partido toda uma ativa política de propagação internacional do socialismo autogestionário. E por isto. no mundo inteiro, os inocentes-úteis. os criptocomunistas, os socialistas e os comunistas declarados fostejaram as vitórias eleitorais do PS francês. cm 1981. como o

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CATOLICISMO

Janeiro de 1984


I

I

L .l .. f, INICIO da instalação na Europa dos 464 Cruise Tomahawk e dos 108 Pershing li, foguetes nucleares norteamericanos, marcou o fim da primeira etapa da monumental guerra de propaganda entre os Estados Unidos e a Rússia . Nestes dias de relativa calma, prenúncio de outras manobras russas para impedir o completo estabelecimento dos 572 foguetes no Velho Continente, uma visão de conjunto do problema ajudar-nos-ia a ver mais claramente o que de fato está em jogo. A instalação na Rússia ocidental de 243 foguetes nucleares SS-20 (cada um com 3 bombas atômicas que podem ser dirigidas a alvos diferentes) a partir de 1977, levou o exChanceler alemão Helmut Schmidt a coordenar ação diplomática destinada a convencer os Estados Unidos a fazerem frente à nova ameaça soviética. Em conseqüência, no dia 12 de dezembro de 1979 uma decisão da NATO determinou que de 1983 a 1988 fossem colocados na Alemanha, Inglaterra, Itália, Holanda e Bélgica os foguetes norteamericanos destinados a neutralizar o acréscimo do poderio russo, ocasionado p.ela instalação dos SS-20. A ascensão de Ronald Reagan à suprema magistratura dos Estados Unidos tornou mais viável a execução da resolução da NATO, pois o novo Presidente chegou ao poder com amplo programa de revigoramento das defesas norte-americanas. A Rússia iniciou, já em 1979, intensa campanha contrária à instalação dos Cruise e Pershing li na Europa. O motivo alegado era de que não os desejava lá, onde desequilibrariam a relativa paridade de forças que afirmava existir. Também outras ra1.õcs. mais importantes sob muitos aspectos, leva ram-na a esta guerra de propaganda. to que veremos a seguir.

O

Perder a vontade de ter força

FOGUETES ATÔMICOS, .,

PACIFISMO E FATIMA vontade forte de continuar a ser o povo mais poderoso da Terra. Assim, a forma de derrotar os Estados Unidos é, cm primeiro lugar, fazer sua população perder a vontade de ter força, o que é uma ação característica de guerra psicológica revolucionária. Em segundo lugar, conseguir que ela sinta vergonha de ser rica. Obtidos estes efeitos, os Estados Unidos tropeçarão nas próprias pernas, serão destruídos por dentro. Os golpes externos somente consumariam a liquidação. A opinião pública norte-americana está sendo atualmente pressionada para perder a vontade de ter força. Valerá a pena tanto esforço, tanto sacrifício, tantas privações, tantos r:scos para manter o poderio? Ou seria preferível, no fim de contas, escolher uma mediania, acompanhada de maior tranqüilidade e vida mais cômoda? Passar a ser um país com menores interesses globais, cuidando a bem dizer tão-só de si, e abandonando responsabilidades mundiais? Algumas ações propagandísticas dos últimos meses aumentaram esta tentação.

Th e Day After (O dia seguinte): f ilme derrotista Entre elas ocupa lugar de destaque o filme "The Day A/ter", apresentado pela

A intenção declarada das marchas e manifestações, realizadas nas grandes cidades européias (Roma, Madri, Londres, Frankfurt, Bonn, Bruxelas e Viena, entre outras), era impedir a chegada das armas atômicas, vistas como símbolo da determinação guerreira de Washington. Significariam o fim dos sonhos acalentados pela "détente", e o sinal precursor da 3°. Guerra Mundial. O fracasso das negociações entre Estados Unidos e Rússia para obstar a instalação dos chamados euromisscis indicaria que os dois lados não mais estariam dispostos a concessões. De fato, a movimentação visava efeitos mais profundos e duradouros. Constituía uma etapa muito importante nas ações destinadas a mudar o estado de espírito da opinião européia, até agora partidária da aliança com os Estados Unidos e agradecida pelo escudo anti-soviético que a proteção norteamericana representa. Os círculos diretores das manifestações pacifistas agem como se tivessem como meta enfiar duas dúvidas na cabeça do europeu médio: "Valeria a pena sermos aliados de Washington e arriscarmonos à agressão nuclear russa? Na hora H os Estados Unidos arriscarão seu território e população, ou preferirão um acordo com os russos, deixando-lhes a Europa como refém?" Os políticos soviéticos agiram de forma a reforçar estas dúvidas. No dia 23 de novcm-

A capacidade de trabalho dos norte-americanos, sua facilidade em levar a cabo grandes empreendimentos, a pujança da economia e as riquc1.as dos Estados Unidos, tornariam fácil suplantar a Rússia na corrida dos armamentos, caso houvesse no país uma

inicio de uma nova era mundial, que anteviam com entusiasmo. Saudaram inclusive es.sa vitória expressivas personalidades da burguesia. notadamcntc da grande burguesia indus.. triai e financeira. Assim, a camunagem mais recente do comunismo parecia ter obtido um ~xito csp'ctacular, e começava a ganhar

adeptos cm todo o Ocidente.

• •

Contra esrn ampla e :U'dilosa manobra de expansão impcri,1lis1a e propagand ística de contetido ideológico. lc.. vada a cabo pelo comunismo internacional. as Sociedades de OclCsa da :fradição . . Família e Propriedade de treze países Argentina. Bolívia, Brasil,

Canadá, Chile, Colômbia . Equador, Espanha, Estados Unidos. França, Portugal. Uruguai e Venc1.uela - com a cooperação dos seus burcaux cm Roma,

\Vashington e .lohannesburg, fizeram publicar cm cerca de setenta dos mais importantes jornais do Ocidente, a em-

polgante Mensagem do mundialmente conhecido pensador católico e homem de ação brasileiro, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, intitulada O socialismo au·

togestionário: em vista tio comunismo. barreiro ou cabeça·tle·ponte? E assim,

ficava desmascarada aos olhos do mun• do a nova camuOagcm comunista.

O já histórico documento provocou cm pouco tempo as mais vivas rcper..

cussões, não só naqueles paisc.s como até em rincões mais distantes como sejam o

Bangladesh, as Ilhas Maurício, a Nova Zelândia. a Bofutatswana, a Malásia, a Turquia, a Nova Calcdônia. o Transkei, despertando a reserva vigilante de mi·

!hões de pessoas a respeito dos perigos com que se ~,presenta assim camunado o

socialismo dito "bonachão"! Não parece que contra um ardil da propaganda comunista ou comuno-so ..

eialista, jamais se haja levado a cabo contra-golpe de semelhante amplitude. ~ claro que a sociedade autogestionária e sua expansão, bem como a

correspondente reação que contra ela desenvolveram as treze TFPs. lhe interessam. leitor. Por certo. $Ua curiosidade também

se volta, leitor, para os resultados que produziu esta operação de desmascara· mento não Só a nível internacional, como especialmente na França, onde. ao lado de um confundido silêncio doutri-

nário, a Mensagem do Prof. Plinio Corria de Oliveira vem encontrando

oprC$.SãO e até a perseguição. As páginas seguintes o aguardam. pois!

CATOLICISMO -

Janeiro de 1984

Em novembro último o Parlamento alemão eutori~ou e instalação de foguetes Pershing li em território germânico

2) Com o pavor da guerra, levar a população a ver com simpatia concessões suicidas para evitá-la. 3) Para não se tornar campo de batalha entre as duas super-potências, afastar-se dos Estados Unidos e ingressar no neutralismo. O falso dilema - guerra ou paz - que está sendo agudizado nos Estados Unidos por ações junto à opinião pública, é experimentado de modo mais candente na Europa, onde perdura a lembrança de duas guerras devastadoras neste século. A perspectiva de uma terceira, incomparavelmente pior, poderia, em certas circunstâncias, leva r a opinião pública ao extremo do derrotismo.

SIiêncio sobre a Mensagem de Fãtlma

M anifestação pacifista realiuda em 8onn, no ano do 1982

televisão no dia 20 de novembro p.p. Como foi amplamente noticiado, o filme procura retratar as conseqüências do bombardeio atômico na cidade de Kansas e arredores, onde está também Lawrence, local de um silo atômico. Cem milhões de norte-americanos viram o filme. Cópias dele foram enviadas a mais de 40 países. A fita induz o público a acreditar que o dilema está entre a guerra, tornada iminente pela corrida armamentista, e a paz, que poderia ser obtida pelo congelamento nuclear norte-americano, ou até mesmo pelo seu desarmamento unilateral. Por isto, foi saudada com entusiasmo pelos cada vez mais ativos pacifistas no país. O horror às conseqüências da guerra atômica, derivado da assistência ao "The Day After", provocaria - era o que eles desejavam - o aumento das correntes favoráveis a evitar a guerra a qualquer custo, alguns contemplando até mesmo a entrega da nação aos russos. "Melhor vermelho que morto", como afirma o lema dos setores extremados do pacifismo A fita oculta a alternativa real, dolorosa mas ineludível. A escolha não é entre paz ou guerra, caso em que só os maníacos escolheriam a segunda, mas entre guerra ou escravidão. Para fugir à guerra, os Estados Unidos aceitarão a cang.i do carrasco russo·? Aceitarão serem tratados como o foram, por exemplo. as populaçôes russas; o Cambodgc e o Vietnã'/ Somente enfrentando resolutamente o dilema, sem esgueirar-se por escapatórias pusilânimes que disfarcem a gravidade do problema, talvez seja possível evitar a guerra. O poderio americano, aumentado e aperfeiçoado, intimidaria a Rússia, agindo como dissuasor. O minguamcnto da força militar, pelo contrário, sempre convida o adversário à agressão: "Si vis pacem, para bellwn" (Se queres a paz, prepara-te para a guerra), já diziam outrora os prudentes romanos.

A campanha pacifista na Europa A iminência do inicio da instalação dos foguetes nucleares norte-americanos forneceu motivo para desencadear na Europa imensa campanha anti-norte-americana, estimulada a todo vapor por Moscou.

Cena do filmo "Tho Oay

Alter"

bro, menos de 24 horas após a votação do Parlamento alemão, autori1.ando por 286x226 votos a instalação. dos Pershing li cm território teuto, a Rússia abandonou teatralmente as conversações INF (lntermcdiaterange Nuclear Forces - forças nucleáres de alcance médio) de Genebra, destinadas a obter fórmulas para contornar o problema criado pela instalação paulatina dos 572 foguetes norte-americanos. Poucos dias depois abandonou também as conversações START (The Strategic-arms reduction talks - conversações sobre redução de armas estratégicas), igualmente reali1.adas cm Genebra. De fato, Moscou havia utilizado tais encontros como arma propagandistica para estimular o clima pacifista na Europa, e assim tirar o máximo proveito psicológico junto ao público. A suspensão das conversações, em termos concretos, não significa nada. Como propaganda, sim. Foi apresentada como algo terrivel, um sintoma da impossibilidade de os dois super-grandes chegarem a um acordo. A inexistência de canais de entendimento sugeriria a aproximação do embate. Concomitantemente, o secretário-geral do PC russo, Andropov, ameaçava instalar mais foguetes atômicos contra alvos da Europa Ocidental, a saber, contra os países para onde iriam os misseis norte-americanos. A lenla instalação dos euromísseis na Europa (1983 a 1988) fornecerá ainda ocasiões para os dirigentes do movimento pacifista repetirem encenações, cujos fins serão sempre os mesmos: 1) Incutir no europeu o pavor da guerra. "Melhor vermelho que morto", o slogan da moda. Nas versões ritmicas do inglês e do alemão, "Be11er red than dead" e "Ueber rot ais tot''.

O aumento da tensão nas relações internacionais conduz qualquer espírito objetivo a reíletir seriamente sobre a possibilidade efetiva da 3•. Guerra. A hipótese do choque armado entre as duas grandes potências nucleares, mesmo parecendo longínqua para alguns. assomou nítida no horizonte. Uma alma católica, face a tais perspectivas trágicas, não restringe seu olhar aos aspectos militares, diplomáticos e políticos. &tende-o, com sofreguidão, à esfera sobrenatural, na esperança de ali encontrar ainda mais luz do que na mera análise dos fatos naturais. Ê sabido que os homens, individua lmente, podem ser recompensados ou castigados durante o período de sua vida mortal. Mas Santo Agostinho ensina que as nações, não sendo destinadas a existir na Eternidade, são premiadas ou punidas nesta Terra. E essa punição, que seria arquitetônico acontecer, em virtude da sabedoria de Deus e dos seus 'hábitos', já observados no passado, foi formalmente anunciada em Fátima, dando ao quadro presente da situação mundial cores mais carregadas e nítidas. Nossa Senhora predisse, como um ílagelo, a expansão dos erros da Rússia e um terrível castigo, através do qual várias nações seriam aniquiladas, caso os homens não fizessem oração e penitência. A Rússia alastrou sua iníluência pelo mundo inteiro. Além disso, de 1917 para cá não houve expiação dos pecados, pois, a bem dizer, praticamente ninguém atendeu ao pedido de oração e penitência . A impiedade das multidões modernas nos faz temer para elas a sorte de Sodoma e Gomorra ou a de Jerusalém, destruída por Tito no ano 70 D.C. A 3°. Guerra, portanto, pende sobre nossas cabeças, como um terrível casligo. A Sagrada Hierarquia, a quem nonnalmente incumbe, cm decorrência de sua missão divina, o comando dessa autêntica cruzada de preces e éxpiações, está calada. Há ainda alguns estímulos à devoção a Nossa Senhora de Fátima, mas não se menciona a Mensa!\em , com seu inequívoco caráter anticomunista e moralizante. A tal ponto que quem não conhecesse a Mensagem poderia crer que foram aparições mudas. Como propagar verdadeiramente uma devoção, calando sobre o 9ue foi anunciado e pedido? A perplextdade vai além. O mutismo envolve ainda a Irmã Lúcia. Silenciosa, vivendo num convento carmelita de Coimbra, enquanto sobre a Terceira Parte da Mensagem - o Segredo de Fátima - parece pesar inex.plieado interdito. O muro de silêncio em torno de Fátima torna ainda mais inextricável e confusa a borrascosa situação contemporânea. O

Péricles Capanema 3


SANTA BERNADETTE, a quem Nossa Senhora apareceu

II

A imprensa também se manifestou durante as aparições. Penetrada de uma anti-religiosidade rançosa. tomava como ponto de partida o principio de que não h,í fenômenos sobrenaturais. Da í os a taques à pequena. e aos que criam nas aparições, sucederem-se nos jornais da época. Assim como hoje é moda ser pcrmissivista. cm maléria moral e doutrinftria, naquele tempo ficava bem ser livre-pensador. pertencer ,, categoria dos espíritos fortes que não crêem cm Deus. Um jornal de Paris comenta: "A pequena com edia,ue do m oleiro

de l .ourtl<\'t reunia ainda es1a nwnlui. 1°. de março. en, torno dela, junto ao rochedo de M11.,sabielle, perto de 2.500 tontos. lfllf}(J.uív,•I dl.!.ffrl' Ver o abe:ua/Ju11ne1110 e o crc1i11is1no ,nora/ deste.,· 1ílti111os. A visionârid serve-se

1) Não hé fotos de S anta Bornedette da ápoca des aparições. Entre outubro do 1861 e fev ereir o de 1862. foi tirada a primeira série de fotos. que so conhece. da vidente de lourdos. quando ola tinha 17 ou te1vez 18 pnos. A foto acima portenco o esta

tl<•h>.t co,no dtl 11111 bando de ,naca<:os. ~· llws f az <'X('<~11u1r ,nacaquice.,· t/1/ 1at/1) ,:énera. Nesu, manhã. a pitnnisa. não tendo gosto e 111 f azer· se de inspirada, e para variar os exercícios. não e111·011rrou nada nudhor do que fazer•se sacc·r· doti.w,. T'onwndo .,·c•us guuuh•s ares de muvridcule. éltt <'):igiu (los hearos a apresentação de s,·us rosârios e procedeu à bênção ger<IÍ dt

série. Nela. a Santo. a podido do fotógrafo. procur$ tomar a posição quo guardava nns eparições. o vesto·SO do mesmo modo. que o fazia quando viu Nosso Senhora ,>ola primeiro vez. O touc.ado branco que lho pondo da cab&çfl {"capulet"~ á coractotis• tico da região dos Pirineus.

todos

AQUELE DIA 25 de março de 1858. consagrado,\ Anunciação, milhares de pessoas vindas à pequena localidade d e Lourdcs comprimiam-se cm rrcntc ao rochedo de Massabielle, aos pés do qual Ouc~ rapidamente as águas do canal. que mais adiante se junta ao rio Cave. O local é inóspito e norma lmente não rrcqüentado. Entretanto. mais pressurosos do que as águas do canal. não cessam de chcg,,r homens mulheres e crianças. O que ocorre·? Um~ menina chega também. Aos 14 a nos de idade, pobre mas dignamente vestida. disti 11guc-a da muhidão a especial candura de a lma e a seriedade toda infantil mas já proíu nda de sua íísionomia. Todos os o lhares se voltam para ela. admirativos uns. perscrutadores outros É Bernadeuc Soubirous, que naquele mesmo local já viu e ouviu por quinze vezes uma Dama maravi lhosa, cujo nome ainda não conhece. Desde o início das aparições. cm 11 de fevereiro. os fatos mais extraordiná rios iem ocorrido. J orrou ali uma fonte de água e de milagres. As mult idões acorrem atraídas por algo de misterioso. Sem saber porque, Bcrnadellc suscitou contra si inimigos fero1.es que a ameaçam e a m:1llratam. 'T ornou-se incompreendida pela própria íamília e pelo clero de Lourdes. Ela. uma das mais pobres, indcresas e cândidas meni nas de Fra nça! E. apesar de seus re iterados pedidos à Dama. esta ainda não lhe disse o nome. Bernadelle chega . olhando diretamente para o alto da gruta. sem prcsrnr atenção cm mais ninguém. A belíssima Dama já a li se encontra à sua espera. A menina ajoelha-se (ver foto 1) e pede perdão pelo a traso. A Dama. com um sina l de cabeça cheio de bondade. dá-lhe a entender que não é preciso escusar-se. . .. Então ,·clata a vidente - t•11 /11<• expri111i tadtJ o meu tfeto, todo mn, r<·StJ(•ito <)

N

a atc~J!ria q11,1 <•u tinha ,,,,, rt•vé-la. Pt'f:lll'i a terfo... Hnjlm. por um 1n<H·i111<•1110 (Jll<' c•u não pude conu•r, as palavras saíram d<' 11,inlw bo"o <' (!li pedi ô /)anw de <YJ11des,~,,,uh1r ent diu•r111e quen1 Ela era. "Co1110 110s pre<·t>dent<-s apariçõ<1s. a Dama i11cli11ou a cabera. sorriu, ma.y ,uultí res-

p ondeu. s,,nti-,ne ,,ncorajadt1. e voltei a p<•tlir· lhe a grafa de fozt•r·nw Nn1hecer .\'l'll no1nt1 • Elt, rPnovou S<>u sorriso e s uo graciosa soudaçõo. 11111.,· cont inuou li ,:uardar silénâo. />('/a terceira w•z. cu,n tis m ãosjllnJas. eu recon,ecei o pedido.

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l)a11u1 .,.,,

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111os1ravo cú1110 Eln opnrrc(• 11,1 111(1d11/11t1

n,ilogroso. A ,nt•u ten:(•iro p('(/ido. Elo uunou 11111 111· grave l' pareceu lttunilhar-.o;e. Hln juntou flS ,não.~ e a.,· levou ti altura do p,•ito. Elo olhou 1u1ra o céu ... e em seguida. ,\'l'/Uirmulo le111an,e111e as ,não.,· .... e incli11a11do-.te Nn minha

direção, disse-me com voz trêmulo: EU SOU A I MACUI .A/JA CONCEIÇÃO'',

Nunca. cm sua até então curta vida e no incompleto curso de catecismo do qual participava. Rcrna.dcue ouvira ta l nome. Cessada a visão. com grande p1·cssa. dirige-se à paróquia de Lourdes. onde várias vezes antes c.stivcrn :1 4

eles··.

2) O Qntão despreudo e hoj o vonorado "cachot'', onde residia Sta . Bernadette à ópoca das apa rições

transmitir as mensagens e os pedidos da Dama. e onde sempre encontrara frieza e dcsconííança. E invariavelmente a pergunta: quem é Ela'! Como se chama·> Agora a pcqucrn:1 vidente con hecia o nc e da Dam;1. E corre parn transmiti-lo. J s pressente que ele é o selo decisivo par.. a vitória da Senhora. Na paróquia. Bernadeue encontra o mesmo abbé Pcyramalc. que até então só lhe causara medo, e conta-l he a boa nova. A Dama dissera seu nome: Imaculada Conceição. - "Você está bem cerra?" pergunta o pároco, surpreso e ainda cético. - "Sim, <' para não t,.u,,u·ccr ess,• nome, t•u

I

Bernadette na época das aparições: a perseguição

A época das ,ipariçõcs. BernadcllC passava pelas agruras da pobreza ex Irema. Numa ruela de Lourdes - a rua dos ··Petits-Fossés'' ha via uma velha casa que outrora servira de prisão de a ldeia . Seu proprict,írio. um tal de Sajous, ta lhador de pedras. nela habitava ocupando o andar superior e o cômodo m,iis iluminado d o térreo. Sobrava. ainda no térreo. uma cela mise rável, cujas janelas com barras de ícrro davam para um pequeno e obscuro páteo interior. Tal cela . de apenas três metros por quat r ô , Sajous emprestava. por caridade, a uma família que cm algo lhe era aparentada. Nesse loca l inóspito residiam. pois. o c:isa l Soubirous, a filha m,iis velha. flcrnadeu c. com 14 anos de idade, e mais três filhos. Em Lourdcs a cela era conhecida como "le ctu·ho(· (o calabouço). evidente reminiscência do tempo ern que l;í se encerravam os criminoso~ (ver ÍC)ló

2).

Bernadcuc ainda não sabe ler e escrever, pois h;í .ipcnas seis ~emanas freqüenta a c.s cola do convento de Lourdcs, habitado pelas irmãs da caridade. cuja casa-mãe locaJíz:t·SC cm Ncvers. Ao mesmo tempo recebe aulas de c-.ttccismo e se prepara para a primeira com\m hão. Após a primeir:, aparição. a mãe de Bcrnadcuc procurou di:,;,;1awdi-la de vohar {1 gruta. pois poderia ser coisa do diabo. Chama::1 de mentirosa. de beata. ameaça su l'r<i-la.

Dados sobre as aparições Durante a terceira aparição. cm 18 de fevereiro. Nossa Senhora diz a Bcrnadclle: "N cio t~' pron,eto qut• sertísfeliz n,•ste n1u1ulo. mas 11a outro" (ver foto 3). No d ia seguinte. durante a quarta aparição. enquanto a vidente rezava. ouviu vozes que chamavam, cruz,1vam-sc. interpelavam ..st..: reciprocamente e se chocavam. Dir-sc-ia mil pessoas tomadas de cólera. Era horrível! A vo1. mais rortc gritava: "f,'oge, Ji,ge". Ucrnadcttc temeu. Nisso "a /)1i1na levantou a n,ber" ,.. olhantlo em dir<~çtio ao rio. ffan ziu a., .tohrancelhax. As vozes ji1girm11 (•n1 todas as diri•rõe.(', Bastou um franzir de sobrancelhas de Noss,1 Senhora. e uma legião de demônios

fugiu espavorida (ver foto 4). Na aparição de 24 de re,•erciro. durante o êxH1sc, Bernadcttc volta-se para a mullidão e grita. repetindo palavras da Virgem: ,. Pc•11i1(!11~ ,:ia, p,•,titFncia. p<·niréncia". Este mesmo brndo Nossa Se nhora o repetiria cm Fl:ltima. em 19 17. Durante a aparição de 25 de rcvereiro. Santa Bernadcttc levanta-se, caminha três passos cm direç.ão à gru ta , cava a terra com s uas mãos. soh os olh<HCS espa ntados dos :issístcn· tcs. /\ pequena cavidade enche-se de úgua. Dessa água a vidente hcbc e corn ela lava o rosto. Tudo sob a orientação direta de Nossa Senhora. Até hoje tal i1gua não parou de brotar. Cresceu de volume. e é conhccid,1 no mundo inteiro cc,mo úgua de l.ourdcs. huvcn· do~sc transformado na mais espa ntosa fonte de milagres do corpo e da alma. produzidos cm série. como j<1mais a História registrou semelhante (ver roto 5). No dia 2 de março. quando j,í Nossa Sen horn aparecera mais de doze vezes e " fa ma dos milagres alc;rnçados na fonte das águas começava <1esf)alhar-sc, a Virgem m:1n- t, du Bcrnadcth:: levar nova 1nco:-:ugc1n :w f>.ÍroCt'.> de Lo urdes: "Hu qm~ro que w.mlwm aqui,,,,, prods.wio ", A menina. tcrn1.:ros,1 :,o lcmhrar-sc das :1111criorcs recepções. pede a sua tia que a ,ieompanhc. Lú vão a1nbas. tre mendo. O p<.1roco as recebe: "Que w?ns 111 ft1:< r tiqui? FtJ/ar-me ainda d,• teu ct1nwval de nparicciC's?" A vidente de 14 :1nos. arranca ndo de si toda a coragem <lc que era capaz. transmite sua mensagem. O p{u·oco cruza os b1·aços e com ar amcaçctdor diz: "Pois bem. n,iv nos falta va ,o;,•nãv isso. Ou 111 11w11t<•s. 111i11/w filha. ou a Dmnt1 (fll<) te jàla nãn é sc•nfío ,, 111d.,·caro daq11ilo que 1•lfl quer parerer·· (ver foto 6). De fato. só anos depois o pedido de Nossa Senhora seria atendido (ver foto 7). No dia 3 de junho Bcrnadcue f:11. sua primeira Com unhão. de mod o ediíícante. No dia 16 de julho, resta de Nossa Senhora do Carmo. e la veria a Virgem Santíssima pela última ve1. nesta vida. Era a déci ma-oitãva aparição. O que se terá passado naquele colóquio íntimo ninguém sabe. pois Bcrnadclle sempre íoi muito reservada ao ra tar dessa despedida . Os mil:igrcs na fonte de Massabicllc sucediam-se tão numcrosost que o prefeito de Lourdcs chegou à f11mi11osl/ conclusão de que deveriam ser águas medicinais. e que ele bem poderia estabelecer ali uma cswção termal. Mandou, pois, examiná-las. Oh decepção! A água era sim plesmente pot:ivel. nada de na tura l explicava as cur.ls que Jf1 se realizavam. O li vro de 550 páginas . .. ,Âs grandes g11ériso11s de Lourdes" (As grandes curas de Lourdes) . do Dr. Boissaric (P. Téqui cd .. Paris. 1900). muito bem documentado inclusive rotograíí1

o viln repetindo ao longo de todo u cü111inlu>'' - responde ingenuamente a menina.

Ela não sabia que três anos ,11ncs o f>;ipa Pio IX. verd,ideiramcntc inspirado pela Providência, proclamara em Roma o dogma do:1 Imaculada Conceição de Nossa Senhora. abrindo assim uma nova e esplênd ida era na J>icdadc marial. Ela não sabia também q ue a Dama. revelando-lhe seu nome. confirmava espetacularmente o dogma . Confirmação que a fé não ex igia. mas com a qual a piedade católica exultawt e se expandia ex traordinariamente. Era a benção de Nossa Senhora sobre <• dogma. que se íazia palp,1vc hnen1e senti !' por essa rnancir:1.

gruta. Quando Bcrnaclcttc vai levar a este último o pedido de Nossa Senhora para construir uma capela. ele trata a menina com bruta lidade. Mais ainda. todo o clero da diocese de Tarbcs - com exceção apenas de um jovem padre - mantém-se afastado do local. ignorando oíícialmentc os acontecimentos. Ordem nesse sentido chega a ser dada pelo púroco de Lourdcs :1 seus coadjutorcs. A superiora do convento o nde Bernaclelle ::,prende suas lições. cstigmati1..ava os "carnava is" feitos pela peq uena. As freiras mostram. se desagradadas, e uma dch,s. não conseguindo que Bcrnadelle desminta o fato das ap:,riçõcs, a chama de mcí menina. Uma religios:1 quadragen(iria lhe aplica um par de boíctadas "p11ra q11e "f"l'1ula··.

a viden1e manifosta •se triste e pen · sa1iva. mas profundamente calma e confiante no Providência 3} Nesta fo10.

Como. porém . o nümcro de pessoas que r,rocuraw1 11 gn1ta continuava a crescer. a imprensa liberal. como se tivesse recebido uma palavra de ordem. abandonou o tom de sarcasmo e começou a falar de Bernadellc como de uma doente. atingida por "ca1ale1>sia" e vítima de "alucinações". Os termos se cspal lwram rapid amente. Hoje diriam que são ícnômenos parapsicológicos. paranormais. etc. Os rótulos mudaram . o fundo da mental idade roi herdado. Quanto às autoridades civis. mostram ..sc igua lmente agressivas. Bcrnadcue é conduzida à dclegaci:1 várias vezes - lembremo-nos de <1uc ela é urna menina pura. de 14 anos e numa dela~ inlcrrogada d,irante duas horas. de pé. lntimam~nH a não voltar à gruta, ameaçam prendê-la. Só o medo dos peregrinos. cujo número cresce cada dia. irnpcde a execução desse arbítrio. Deixam-lhe uma .. liberdade provisória ... Após a aparição de 25 de março. proíbem o acesso á grurn. hem C()mO o recurso às águas milagrosas. sob penas severas. São lc\ antadas barricadas, e homens da lei se postam no local. Produz-se cr11ão um fcnôir1eno maravilhoso. O povo bontinua a ir por ca minho$ difíceis. Para contornar os obstáculos. a lguns atravessam o Gave a nado, outros simplesmente se atiram co ntra as barricadas e as destroem. Os processos contra pessoas se multiplicam cm Lourdes. H:i os que aproveitam a escuridão da noite para levar seus doentes o u para rc1_..ar sem serem vistos. O movimento de piedade é tão intenso que chega a criar um problema de opini~o püblica não só para o prefeito e o chefe de policia de Lourdcs, mas para o próprio Napoleão Ili. o q ual tem sobre si a liberação do local. a fim de evitar problcm.1s sérios piora o governo (cfr. Revista " Historio'·, nümero especial 394 bis de 1979). E o clero local? Tanto o Bispo de Tarbcs q uanto o pároco de Lourdcs negam-se a ir,, 1

6) A fisionomia do Bornadotte epresenta, por ve tos. um ar desconfiado o anedio. imprognado de sofrimento


camcntc. relata inúmeros casos de curas mila .. grosas comprovadas até aquela data (ver rotos 8 e 9).

.1

Reconhecida como santa em vida Após o período das aparições, Bcrnadcttc começa a conhecer outro tipo de d iíiculdades. Ela se vê assediada. dia e noite, por uma multidão de devotos que, impelidos por seu discernimento dos espíritos. a consideram santa: cm casa. no convento. nas ruas. na gruta. E não é apenas o povo pobre. São Bispos, políticos. altos íuncionàrios. Um velho Prelado dobra os joelhos diante da menina de 14 anos e pede: "Abn1("oa·111e··. O mesmo faz um sacerd ote. nouira ocasião. E o povo cm gera l írcqücntementc lhe pede a bênção. Torna-se dificil para ela dcícndcr suas própria~ roupas: cortam . como relíquia. pedaços do manto e do véu. a barra da saía e tudo que COll!iCgucm levar. Ao vê-la , exclamam: "Olha <1 santa", De toda~ as partes da França peregrinos anuem a

..

7) Anos depois desaparições, inúmeras

4) A imagem do Nosso Senhora venerada na gruta do Massabiolle. Acimo aparece P catedral construída em 1876.

procissões bordejaram o rio Gavo em di· roção b gruta do Massabielle, otcndcndo ao pedido de Nossa Senhora

, uio t(1 n, bo11 saúde. serd uma.frcqiientadvra de <·1~/l•t11wria. F::. depois, ela ntia s·af>t,Jazer grt11l·

tlt coisa ... 1

Apesar de tudo. cm 7 de ju lho de 1866. nossa viclcmc ..iil com 22 a nos de idade. chega :io convento de " Saint Gildard", cm Ncvers. casa-mãe dHs Irmãs de Caridade. para tornarse religiosa. Abria·SC uma nov:1 fase no ca lv{1.. rio da santa. A então Superiora Geral, Madre Joscíina lmbcrt . tem comv principal meta, em relação il jovem Bernadc11e. preservá-la do orgulho. Para isso. não só impede que ela seja vista pelas multid ões c1uc continuam a acorrer mas. sempre que se apresenta urna ocasião. inflige à vidente uma humilhação pública. Meses ctcpois de haver chegado a Ncvers. Bcn1adc11e cai gravemente enferma. T udo indic<1 que irá morrer. A Madre Superiora faz vi r o Bispo. \.' a n.:ccbe como professa da Congregação. A noite Bcrnadettc sente-se melhor, e cxcl,un:1: "1::u não 111orrttrei nesta noite". A Madre. no afã de humilhar a pobre doente. diz: "Tu t;s u11w pequena 1011tt1. t:u te dec:/111·0 qru) m,wnlui f}('la numlui. se 11,io esti\leres morta. eu te tirarei <> véu ele profe,\·s,1 que aca/J(J de tlar-U!. ,, te reenvit1Tei ao nO\'iciado". "Como quiserdes. f/ul rida Mãe"', responde Bernadettc com calma ante tão insólita atitu· de. Aq uela que íora agraciada pela Virgem , sofria agora nas mãos dos homens. De fo to, ela voltou a ser noviça. Por sua vez. a mestra de noviças. Madre Maria Thereza Vauzou, declarou cm certa ocasião que ..sóror Marie·Bt1 r11artl (Jlcrnadcttc) nada tinha tle extrt1ortli11ário em stw pi<•dad,•". A mesma mestra de noviças não 1itub1.:ou cm d iz.cr f, pobre moça: .. Agora pode1

1 1) Um ,eligioso sentencio: " A mais imp,oss,o, nante demonstração das aparições ó a pessoa de

Bcrnadettc''

l.ourcks para ver llcrnade11e. Segundo Michcl de Saint Pierre cm seu livro .. 8enul(/('ltl? l'I l .0111·,les" (La Table Ronde. Paris, 1958). ··a nw11i11a rornou~s,• un, objete) d e V<11t('fa("cio'",

F;11c111 .. na toc~,r cri;1nças. roséirios. imagens e os mais diícrcntcs objetos. El:i, que m:il sabia escrever. vé~sc com pelida a assinar atnís de "s~mtinhos" de toda cspêcic. ao que UcrnadcU\: se,; prc::sui de boa vontade. faicndo preceder seu nornc das letras ··p.JJ.... ou seja "ttri<•= (rogai por). Para satisfazer aos que lhe pedem. ela chega a d istribuir rios de cabelo.

I""',. ..

12) Bernadotte. irmã professo no convento de Nevors. sob o nome de Sóror M arie-Bernard

,le IJt•r,1tult•11""· Em o utubro de 1865 um sacer-

dote. o l)c. Cros. alinna q ue ela ''nm, u,n

,,,w ,:

channl· .,oh,·,·1111111r11J m,,,11,,.\fr"I 11úu se11rir, !:'la 111·,;1,rw ,: 11111u e1pm·1rtio'' (ver loto 11 ). No início de 1862. o Bispo deTarbcs. após um silêncio de ,1m1tro anos. publica um mandamento a rc)\pcito dos fatos ocorridos cm Lourdes. no qua l reconhece a autcnl ici· <fade d as ;,parições.

Em abril do mesmo ano. Bcrnad(:LlC cct i gravemente enícrma. A asma de que sempre sofrera torna-se aguda. Recebe os últimos sacramcn1os. Ai ~1brc os olhos e pede itgua da

mos bater em vucê ... Assustada. Bcrnadcttc apenas replico u: "/;'11 1•sp~ro que V6s o flrreis doc,1 111e111e". Ma is tarde, j{, como Superiora Geral. Madre Vauzou íani esta declaração espantosa. que demonstra não ter e la crido nas aparições de Nossa Senhora: "S,) a St1111íssi11w VirKl'III <tuisesse aparecei' <•m olgu,n lugar sohrt• " terrt1. por qut escolherfo Ela 1111111 cmn1u11u•sa grosst'iro <» se111 ins/l'ução. en, lugar de w11t1 religiosa instruída e virtuosa?"

8 e 9} Catharino Lapeyre. curada do câncer na língua mediante aplica~ ções da água de Lourdes. As fotos mosrram a llngua cancerosa antes do milagre e depois a língua sã.

Oltimos sofrimentos Em 30 de outubro de 1867 sóror Marie· Bernard foz s ua proíissão solene (a segunda, uma vez <1ue a Superiora havia cancelado a primeira), juntamenlc com outras noviças. A cada noviça e ra costume indicar~ nessa oca· sião. urna tarefo a que d evia se dedicar por obed iência. A Bcrnadettc nada é indicado. O Bispo, surpreso, pergunta a rai,io. Diante de todos os presentes, a Madre Superiora responde: "Não é possível indicar-lhe wna obediência, é t11nlt pequena 10111a que não serve parti nada". Que amargura para a pobre vidente, numc1 ocasião que deveria ser de tanta a lcgri,1 .. , (ver íoto 12). Em 1869, Pio IX proclama "11 lumi110s<1 ,,vidência da recente apariç,io da cle,nen· tíssima Mãe de Deus". Era a confirmação s uprema . Dc1. anos depois. atingida por uma tuberc ulose pulmonar, q ue se transforma cm óssea, com cárie no joelho, Bernadcttc sofre 1errivclrnente. Em 28 de março de 1879 recebe a extrema-u nção. Q uand o o sacerdote lhe pergunta se renovou o sacrificio de sua vida. a pobre vidente geme: ''Q11e sacrifício? Nlío é sacrifício deixar 1111,a terra onde se sofre 101110 para servir a Deus". A doença 11inda se prolonga. Na noite de 14 par:, 15 de abril, a vidente passa por uma agonia moral. Vêm-lhe dúvidas sobre a salvação de sua alma. Várias vezes ela grita com terror: "Vai-te Satan6s. vt1i-1e Sn11111ás", Até que na no ite do d ia 15 ela brada de a legria: "Agort1 l!Stou t rt1nqiiila ". Dia 16 de abril. às 3 horas da tarde, morre Sóror Marie-Bernard aos 35 a nos de idade, exclamando: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por 111i111. pohre pe,'!ldOrtt, pobre pecadora" (ver fo to 13). Seu corpo íoi exumado c m 1925, encon·. rando-sc incorrupto. Em 1933 o Papa Pio X 1 solenemente ca nonizava a vidente de Lourdcs. Santa Bcrnadettc Soubirous, rogai por nós. O

Gregório Lopes 'J:ODAS A:S FOTOS de Santa Berna· deite aqui p-ublicadas !foram ree,roduzidas da oJ>~a de René Laurentln, Visage de Bernadette~ (Íditio11s P. Lethielleux/ Oeuvre de la Grotte, Paris, 1978). Esse liv~oálbum, em 2 volumes, contém as 7S foto,. grafias conhecidas da vidente de Lourdes, acrescidas de anillisês científicas e de um estudo ila 1)$icolog ia da Santa com base nas fotos. O autor informa que foram necessilrios cerca de 20 anos de pesquisa par11 reuni-las.

13) Santo Bernadette em seu leit o de morte. E,u.1· mado 46 anos depois. seu corpo fo i encontrodo incorrupto.

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... -. . . - --

5) Gravura baseada numa· foto tirada om 1864. representando Bernsdette na g ruta. 011quanto atrás dela pessoas bebem da fonto milag rosa

O assédi<> é tal que o p:iroco e o Jll'cfci10, conjuntamente. pedem às irmãs de caridade do convento de l.ourdes que tomem Bcrnadettc sob sua proteção. Assim, ela é internada no convento cm ju lho de 1860, na q ualidade de pcnsionist:1. Mas as rcligios~s não podem cvi1ar-lhc as audi\!ncias. as visitas, os imcr· rogatól'ios... Certos d ias, é tal a muh idão que deseja ohsérvar a santa. que as freiras são obrigadas a lcv;\ .. Ja a uma j anela para ser vista pelo povo. A supcriorn do convento, Madre Alexandrina Roques. a 1oma como íntcrcessorajunto a Nossa Senhora para obter urnn cura pessoal de que necessitava. e a Oblém (ver foto 10). Um religioso sentencia: .. A mais iJupre.\·sio· nante demonstrttção das aparições e o pt•ssoa CATOLICISMO -

Janeiro de 1984

1 O) Bemadottc tornou-se ein vida objeto do veneração. A Superiora do ,conv ento de Lourdes, M adre A lexandri na Roques. que aparece na foto. a toma como sua intcrcessoro junto a Nossa Sonhota.

gruta e a bebe. Logo depois exclama: "Estou curada."'

A Superiora tira-lhe o véu de professa

O Bispo de Nevcrs. Mons. Forcadc. v~i visiwr Bcrnadc11c. Fala-lhe c m estabelecer-se no mundo. c m casar-se. Ao que e la decididamente responde: "Ah, qu,mto li isso não". O Bispo acena cmão para a possibi lidade de e la tornar-se freira. A vidente propõe-se a pensar no assunto. Vo ltando a Ncvcrs. Mons. Forcadc procura a Superiora Gera l das Irmãs de Cal'idadc, Madre Louisc Fcrrand e sugere-lhe receber Bernadcttc como rcligios:i. A supcriorn, pouco e ntusiasmada com :, idêia, responde: '' Mt1s. elo

Não é de espantar que cm dclcrm inado momc11 10 Bernadc11c tenha deixado escapar esta lamentação: "Dizer-vos o q ue eu tenho .w~/i·itlo. s,:ria "ºisa i111pos.\·ive/". De foto. fica· se com :1 impressão de que o mundo quis vingar-se dela. p<:I<> fruo de Nc)ssa Senhora lhe ter ªJ>"rccido! As postula ntes da Congregação religiosa. pelo con tr:,r io. tém Bcrnadcttc cm grande veneração: inventam mil jeitos para ía1.ê-la tocar objetos. para obter e guardar seus rios de cabelo quando corlados. ou. simplesmente, como diz M ichel de Saint Pierre, "comê-la com o., olhos" (op. cit.). Quando a vidente cst,i enforma. :1s postu lantes e noviças que vão visitá-la saem depois, de costas. para poder vêla o maior tempo possível.

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TFP ARGENTINA INTERROGA GOVERNANTES SOCIALISTAS

Pierre M au,oy, primeiro ministro francês

OR OCASIÃO da posse do Presidente Raúl Alfonsín no Governo da Argentina, ocorrida no dia 12 de dezembro último, Chefes de Estado e de Governo de várias nações - cm geral de tendência esquerdista - estiveram presentes: Silez Zuazo,. Presidente boliviano; Pierre Mauroy, primeiro-ministro da França; Felipe González, da Espanha; Mário Soares, de Portugal; Bcttino Craxi, da Itália; Daniel Ortega Saavedra, da Junta Militar da Nicarágua; e Rafael Rodríguez. vice-primeiro-ministro de Cu ba e, segundo opinião corrente em ambientes de exilados cubanos, o real chefe da revolução comunista naquela infeliz ilha , no presente. Ou seja, um festival da esquerda à qual pertence Raúl Alfonsín, que poucos dias antes das eleições que o levaram ao poder publicara o livro "Ahora" ("Agora"), que apresenta uma linguagem própria aos ambientes macxistas. Alguns dos expoentes da Internacional Socialista presentes à posse de Alfonsín marcaram entrevista coletiva com a imprensa. A Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP valeu-se da oportunidade para interrogá-los sobre alguns assuntos candentes. Para isto, o Dr. Cosme Bcccar Varela (H.), Presidente daquela entidade, o Sr. José Antonio Tost Torres e o Sr. Luis Maria Mesquita compareceram às entrevistas dos Srs. Pierre Mauroy, Felipe González e Mádo Soares. Apresentamos a seguir um resumo dessas. conferências de imprensa. Iniciamos pela de Pierre Mauroy.

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Socialismo francês: velada autogestão "missionãria" Após breve digre.ssão sobre a posse do Presidente Alfonsín, Pierre Mauroy liberou a palavra aos presentes. O Dr. Cosme Bcccar Varela (H.) interrogou-o prontamente:

"Senhor prin1eiro-minis1ro: lendo o Projeto Socialista, pode-se perceber o vivo desejo do Governo francês de disseminar a socialismo a11togestionário por roda América Latina e o mundo inteiro. Pergunto se sua visita à Argentina sign/(ica a esperança de combinar medidas a este respeito co,n o Presidente A /fonsín'.'· Mauroy, manifestando-se incomodado com a pergunta, começou por responder de maneira descortês: "Isto é unia pergunta demasiado política, quase politiqueira. Eu sou o Chefe de Governo fran cês e vi111 à A;gentina para participor de u,na investidura - t11na cerirnônia de posse do presidente da nação - Raúl A/fonsín. Unia cooperação vai-se estabelecer entre a França e a Argentina; ela se sit11a ao nível dos Estados, ao nível da política dos governos e dos Estados - do Estado francês e do Estado argentino. Não se trata de campanha ideológica. O sr. sabe quem sou eu: sou socialista; mas isto, eu penso que já o sabia. Ademais, sou muito cioso de minhas idéias. nws não sou aqui uma espécie de missio11ário. Aqui eu sou o Chefe do Governo francês. Há uma política que pretende respeiJar a política dos outros - e em particular a política que será conduzida na Argentina - . que não quer abso/11tamente interferir na política interior da Argentina, ,nas que leva e111 consideração laços tradicionais existentes entre a França e a Argentina para estabelecer as bases de u,na cooperação, em todos os campos, entre os governos e Estados - eu diria entre a Nação argentina e a Nação francesa". Embora tenha negado sua condição de "missionário". Mauroy traiu-se ao acrescentar logo depois: "Pennita-me dizer-lhe q11e esto11 aq11i para combater o subdesenvolvimento em todas as partes do mundo, par1icularn1e111e 11a América Latina. E sou do tempo daqueles que queren, verdadeirame11te combater o subdesenvolvimento. Compreendi que o Presidente da Nação argentina é 1ambéln do te1npo destes q11e querem combater o subdesenvolvimento. E11tão, liberdade. de,nocracia, luto contra o subdesenvolvi· mento: eis todo um programa". Programa para ser aplicado onde? Se Pierre Mauroy deseja que tal programa seja c_oncretizado além das fronteiras de seu país, a França - e como ele mesmo afirmou, principalmente na América Latina - , deixa transparecer o caráter "missionário" de sua visita. E q ual o significado dessa luta contra o subdesenvolvimento nos lábios de um socialista francês? Tal palavreado não visa disfarçar o desejo de que o socialismo autogestionário - meta do Partido Socialista e

Posição contraditória de González O RESPONDER perguntas sobre a violação da doutrina católica pela recente legislação espanhola autori1.ando o divórcio e despenali1.ando o aborto, o primeiro-ministro Felipe González procurou fugir do problema moral suscitado pela aprovação destas leis. Seu colega socialista de Portugal tentou, de modo análogo, elidir a questão referente à implantação do aborto no seu país.

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• • • Aproveitando a oportunidade de entrevistar Felipe González, o Dr. Cosme Beccar Varela (H.) perguntou-lhe: "Seu Governo tem prescrito e promovido diversas ,nedidas - como o aborto e a lega.lização das drogas brandas - que se ,o põem frontalmente à doutrina católica. Isto é possível devido à débil reação do Episcopado espanhol. O povo católico espanhol tem-se mantido mais ou menos calnfo. O Sr. não teme que seu governo tenha que enfrentar, no futuro, reações .mais violentas do povo espanhol?" González intentou negar a existência de tal reação: "Eu creio q11e não. Veja o povo espanhol. Digamos que tenha un, f eitio de povo que convive, que tem a mes,110 experiência que os povos vizinhos. Se roda a legislação que remos feito é uma legislação, em geral, muito n1ais prudente e cauta que as existentes nos países em volta, entretanto, e11 creio que há determinados processos, determinadas evoluções históricas que são assim. E eu creio que o povo espanhol está perfeitamenle preparado. Comentou-se o mesmo qúando se fez uma legislação sobre o divórcio, e a verdade é que há um número de divór-

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cios nruito limitado, a partir da lei. Pensava-se que ia haver 500 mil. O Dr. Beccar Varela insistiu sobre a posição dos católicos: "A gora, sabe-se que essas medidas são contra a doutrino cotó· lico. O Sr. está consciente?..." O primeiro-ministro espanhol procurou fugir da questão: "Sim. Bon, ... e11 creio que o p roblema da legislação civil e o problema da doutrina católica, não é possível confunqi-/os. Quer dizer, por exemplo: uma pessoa que se divorcia. se tem uma consciência caiólico, provavelme111e terá um problema ,nora/, mas será um problema moral individuo/. Não será a lei, ne,n a lei de um poder civil, que tenha que penalizar uma conduta que só corresponde ao âmbito da intimidade moral da pessoa e sua própria convicção moral". González admite, pois, em sua resposta, a possibilidade de conflito entre a lei do divórcio e a consciência moral individual dos católicos. E procura estabelecer uma falsa e absurda dissociação entre a legislação civil, de um lado, e a doutrina católica bem como "o Ombito da il11i1nidade ,nora/ da pessoa", de outro. Ora, segundo essa própria doutrina - a moral católica objetiva - toda legislação civil elaborada pelos homens deve se coadunar com os princípios daquela. Logo, as leis civis não podem violar os preceitos da doutrina católica, como sucede nos casos do divórcio e do aborto. E as questões individuais de católicos, que sentem um "problema moral" seguindo tais leis, não passam de meras conseqUências subjetivas inelutáveis do conflito objetivo entre leis anticatólicas e até antinaturais e a doutrina moral da Igreja.

do Governo francês para seu país - seja implantado na Argentina e em todo o mundo? O Dr. Cosme Beccar Varela (H .) julgou oportuno fazer um esclarecimento acerca da expressão "politiqueira". utilizada pelo primeiro-ministro. Entretanto, cm meio ao esclarecimento, o Sr. Antoine Bianca, embaixador itinerante da França . na América Latina. presente à mesa. exteriorizou todo seu furor, interrompendo o interpelante: "Não pode o Sr. monopolizar a palavra... " No que foi repreendido por Mauroy, que lhe disse: "Não, 11ão Antoine... A11toine, silêncio. silêncio". Pacificado o embaixador francês, o Dr. Beccar Varela completou seu esclarecimento: "Sr. primeiro-ministro: o Sr. qu11lifico11 de politica ,ninha perg11nta. Eu queria dizer-lhe q11e elo sit11011-se inteira,nente no plano intelec111al. No 'Projet' [programa do Partido Socialista para a França] consta: 'Não pode lwver um 'Projet' soci(l/ista so111e111e para a França: liberdade 011 escravidão, socialismo 011 barbárie superam nosso país' ". Pierre Mauroy esquivou-se de responder a essa objeção, sendo logo depois interrogado por outros jornalistas.

• • • Na primei ra oportunidade, o Sr. José Antonio Tost Torres, diretor da TFP platina, interpelou novamente Mauroy. Desta vez sobre a Mensagem do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, estampada nos principais jornais do mundo. a partir de dezembro de 1981, mas não na imprensa francesa que, presumivelmente, sofreu velada pressão governamental. Só agora - depois de dois anos de espera - está sendo ela divulgada na França, inserida no livro "A111oges1ão socialista: as cabeças tomban, na empresa. no lar_ . na escola", também de autoria do Presidente da TFP brasileira. Um exemplar desse livro foi apresentado ao primeiro-ministro francês enquanto se lhe fazia a pergunta: "Sr. n1i11;s1ro: teve n1uita repercussão 11ma Mensagem sobre o socialismo a11togestionório de Miuerrand face ao comunis1110, p11blicada pelas 13 TFPs - Tradição, ràmíli(l e Propriedade. Essas sociedades. Sr. ministro. alegam que estranham muito o retraimento da imprensa francesa em não publicar como 1natéria paga esse livro [isto é, a referida Mensagem1 que foi publicado nos mais i111portantes jornais do mundo ocidental livre. Isto levo11 estas sociedades a exteriorizar se11 te111or de que a publicação tenha sido cerceada na imprensa pelo Governo socialista francês ... " A pergunta não pôde ser concluída, pois armou-se um burburinho, durante o qual o Sr. Antoine Bianca, não suportando a interpelação, retirou-se da sala. Após ouvir a tradução, Mauroy respondeu cinicamente: "Em sun1a, o Sr. é pari idário de uma ca11sa que não pôde ser defendida na França? t isto? E o Sr. pensa q11e o Governo socialista tê-la-ia censurado? Este é o sentido de sua declaração?... " E confirmando ter visto a propaganda do rece nte livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "A111ogestão socialista: os cabeças tombam na empresa, no lar, na escola'\ nos jornais franceses, acabou evitando dizer se houve ou não censura, por parte do Governo francês, para impedir a publicação da Mensagem, cm 1981: "Eu queria dizer que isto [o livro recém-lançado na França) foi publicado na imprensa francesa, porq11e eu vi; eu ,nesmo o vi. A li4s, permita-me dizer-lhe. que falar de censura do Governo_ francês nestes dias... " Se não fosse tão sofista, o Sr. Mauroy reconheceria que esse é um tema bem atual.. . Aliás, o espírito de censura parece permanecer no consciente e subconsciente do Sr. Mauroy, pois evitando de tal maneira dar resposta precisa à pergunta que lhe havia sido dirigida, revelou uma tendência para censurar. Ou seja, a Mensagem do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o socialismo autogestionário foi assunto proscrito pelo Sr. Mauroy em sua conferência de imprensa, o qual procurou confundi-la com o livro recém-publicado.

Mário Soares. primeiro ministro portugui$

Mário Soares admite práticas abortivas MÁRIO SOARES. primeiro-ministro do Governo português, o Presidente da TFP argentina dirigiu a seguinte pergunta: "Entendo q11e está para ser debatida em Portugal a lei do aborto. Pergunto se houve algum entendimento prévio do Governo português com o Episcopado e se não é de se temer um choque entre a posição católico e o governo socialista a propósito desse projeto". Cautamegic, o entrevistado respondeu: "Si111. E. con, efeito, um problema. Um problema que é importante. É um problerna importante e um problema quente, se me fosse lícito expressar assim, para Portugal. O Partido Comunista apresentou um projeto na sessão legislativa passada sobre o aborto. e esse projeto não foi aprovado. E agora há um novo projeto do Partido Comu>1ista. E o Partido Socialista te,n preparado 1ambén1 um projeto, 11ão para pennitir o aborto - que considera um ,na/ e,n si-, mas sim para despenalizar certos tipo.r de aborto: o aborto eugênico, o aborto terapêutico e o aborto por ,na/ forn,ação do en1brião". Convém acentuar que a doutrina cat ólica não permite, em nenhuma hipótese, a prática do aborto voluntário. A afirmação do primeiro-ministro português de que o Partido Socialista considera o aborto um mal em si. não corresponde à verdade. Pois logo a seguir Mário Soares~ justifica a despenalização de trê.s tipos de aborto voluntário: o eugênico, o terapêutico e o aborto por mal formação do embrião. Ora, tanto a doutrina católica quanto a própria Lei natural não admitem estes, como qualquer tipo de aborto voluntário. O Dr. Beccar Varela voltou a perguntar se havia acordo com o Episcopado português, ao que Soares contestc>u: "A República portug11esa é 11111 Estado separado da Igreja. A Igreja não faz parte do Estado. Não estamos sob um regime de concordância. Então, não tem q11e haver 11egociações entre o Estado e a Igreja. A Igreja tem suas próprias opiniões, que são m11ito respeitáveis, ,nas o Estado é soberano, não tem que discutir isso con, a Igreja. Os deputados, como, homens de consciência, são os q11e irão votar a lei. Entretanto, não está ela ainda na fase legislativa aguda, os projetos não entraram ainda. Os deputados é que vão ter o problema de consciência: os q11e são católicos, de obedecer 011 não à Igreja. Mas não há 111na relação. nenh11ma negociação, nen, poderia haver. entre o E.ttado e a Igreja".

A

IJAtoLnCl§MO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO 00 RIO Diretor: Paulo Cor1l:a de Brito Filho

Jornalista respons,vrl: Takao Takahashi - RcglS~ trado no O.R.T.-SP sob n•. 13.748 Oirrloria: Rua dos Goil3c-3z.cs. 197 - 28100 -

Campos. RJ

Em sua resposta, ·craxi desvia a questão M RÁPIDA inter.pelação ao Chefe do Governo italiano, Bettino Craxi, também socialista, o Dr. Cosme Becca~ Varc)a (H.), perguntou sua opinião a respeito da política de distensãQ de João Paulo n com os governos comunistas. A resposta de Craxi foi geJtérica e evasiva, desviando-se do tema focalizado pela pergunta: "A Igreja Católica conduz w11a poll1jco em favor da paz, do compree11São entre os_povos. Usa uma linguagem de paz que, é comum ao Governo italiano".

E

Adminislratão: Rua Dr. Martinico Prado, 27 1 01224 - São P.iulo. SP - PABX: 221-8755 (R. 235) Composto e impresso na Artprcss - Papéis e Arles Gráficas Ltda .. Rua Garibaldi. 404 - 01 135 - São Paulo. SP "Catolici.1mo'" é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes S/ C Assinatura anual: comum CrS S.000,00: cooperador CrS 8.000.00: benfeitor CrS 15.000.00: grande benfeitor CrS 25.000,00: seminaristas e estudantes CrS 4.000.00. t-xlerior: (via aére3): comum USS 25,00: benfeitor USS 40.00. Os pagamentos, sempre em nome de Editora Padn

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CATOLICISMO -

Janeiro de 1984


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Dívida externa e morator1a

A

O LONGO DO ANO de 1983. duas corre ntes, no âmbito nacional. se ddíniram quanto â posição que o Brasil

deve tomar ante o problema da dívida externa,

Descartando cspccificaçccs de um lado e doutro, os adeptos de uma corrc,ue prcconi·

1.am que o Pais não deve romper unilateral• mente contratos já firmados. "Pacu, swtt Si!f• vanda". Os defensores da outra tendência propugnam a ruptura unilateral desses contratos como solução de alta conveniência para nossa Pátria (moratória unilateral)

Quanto aos efeitos que adviriam para a

nação. no caso da segunda hipótese. eles

seriam bem claros. Decretada a moratória uni-

lacerai - cessação de pagamen10s sem acordo com os credores - o Brasil não disporia mais de créditos em dólares junto aos bancos internacionais para comprar o petróleo de que

necessita. Como aproximadamente 60% do pccrólco vem do exterior e ' 72% dos transportes são feitos por caminhões, a rede rodoviária que se estende por todo o território

nacional e articula o Pais entraria em colapso.

Materiais importados sem os quais a ind ús-

uia nacional não poderia concluir seus pro-

dutos. também nos seriam recusados. pos10 que não disporíamos de créditos e divisas

internacionais para adquiri-los. Sem dólares para comprar e vender no

Exterior. nosso comércio internacional ver..scia paralisado. E credores internacionais pode-

riam apropriar•sc de quaisquer valores financeiros ou econômicos brasileiros que estivessem no exterior, a título de indcniz.açõcs. Por

exemplo. pccroleiros. aviões ou íundos de setores estatais que estejam fora do território nacional. Seria pois fazer a clarn opção pela

"lei da selva". No plano interno. os efeitos decorrentes da moratória unilateral não pnrariam ai. Em um cenário as..~im conturbado. o sistema econômico privado implodiria. A atual organiz.ação social viria abaixo como fruto da desagrcgàção e do caos a irromper em todo o Pa ís.

100 bilhões de dólares ... Dois 1crços desse io1al são fruto dos empréstimos que ele contraiu no Exterior para ampliar e estabelecer seu domi• nio sobre a economia nacional, Ao final desse drama. que desenho poli· tico o l)rasil apresentaria? Tal questão pediria análise mais rcíletida de n6s brasileiros.

• •

A corrente contrária à moratória unilateral julg.a que. ante o problema da dívida externa, o Pais deve continuar renegociando com os credores internacionais acordos sempre vantajosos. espichando-se o quanto se possa os prazos de pagamento. Aos bancos americanos, euro· pcus e japoneses não interessaria uma ruptura do Brasil. A menos que enlouqueçam. Toda a solide1. do sistema bancário repousa num elemento psicológico: a confiança. A

confiança de que o banco dispõe de fundos ou

recursos para saldar a qualquer momento valores sacados contra ele. O não pagamento do Brasil deixaria sem liquidez. esses grnndes bancos, desencadeando uma crise sem precedentes na história finan-

ceira do Ocidente. O público norte-americano, vendo-os instáveis, seria o primeiro a correr para deles retirar seus depósitos e vender suas ações, aprofundando ainda mais a crise. Tanto mais que. depois do Brasil. vários países cm

desenvolvimento, também devedores. poderiam ser tentados a seguir seu exemplo. A dívida global dessas nações cm desenvolvimento

(Brasil, Argentina. México, Venciuela, Chile. Nigéria cce) soma hoje mais de 600 bilhões de dólares. Os fundamentos econômicos do Ocidente arrebentariam se tal divida fosse recusada e não paga dentro de certos prazos•limite. Por detrás do ícnômeno econôrnico-finan• cciro assim esboçado, emerge, com efeito. pro· blcma poJítico da maior transcendência: qual potênci~ internacional iria auferir os super· dividcn,' .>s políticos com um ..crack" dessa

O Escado.já senhor de grande pane da eco-

magnitude no Ocidente? Não é difícil con-

nomia. deícnderia a urgente ncoessidade de

jeturar... Resta também para nós brasileiros, no

drás1icas medidas de segurança. de controles

meio disso tudo. 0111ro problema delicado e

sociais e econômicos de todo o gênero. para disciplinar a nação atormen1ada, explorando possivelmente slogans e medidas ''nacionalistas" contra "os capitalistas internos e externos que nos precipitaram neste inícrno", Co-

crescenle (2/ 3 de responsabilidade do Estado)

responsável por esta dívida externa de qua~c:.

Henrique Guerreiro Dantas

mo se não fosse o próprio Escado o principal

decisivo. Como saldar uma dívida externa com uma rece.Ç:são que se aprofunda e tende a paralisar a economia?

A foto apresenta o tnsignitlcante número de pessoas ne manifestação de solidariedade aos saques e de protesto pelo crescimento do desemprego

D esempregados não apóiam saques a supermercados PESAR da convocação insistente de d iversos Comitês de Desempregados da Grande São Paulo (cm número de 16, segund o consta) para que os trabalhadores panicipasscm, no dia 19 de dezembro últ imo, da manifestação de solidariedade aos saques de s upermercados e de protesto pelo crescimento do desemprego, somente umas 30 pessoas compareceram à éâ mara dos Vereadores de São Paulo, onde deveria ocorrer a manifestação. Na ocasião. a lguns líderes sindicalistas discursaram por mais de uma hora, principalmente para jornalistas e câmaras de televisão. O número dos profissionais de imprensa superava o de panicipantes da concent ração. O ato foi impulsionado por José Lima Soares (do Comitê de Desempregados do bairro da Lapa) e Joaquim Rodrigues de Sour.a (do Comilê do bairro de Santo Amaro), ambos brigados com os Comitês sob a iníluência de Antonio de Paula, que recentemente liderou o acampamento montado no Parque lbira puera. Em vista do fracasso - atribuído ao fato de se vincular o movimento de desempregados à onda de saq ues de supermercados que se verificava até aquela época - , os oradores mostraram-se moderados cm seus discursos. lnicia lmcnle, os organizadores pretendiam dirigir-se cm passeata i\ Praça da Sé e depois à sede da FIESP (Fcderaç:io da

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CATOLICIS MO -

J aneiro de 1984

Indústria do Estad o de São Paulo), localizada na Av. Paulista. Devido ao minguado número de par1icipan1cs, decid iram eles caminhar até o Largo São Francisco. Neste local, dia nte da igreja de São Francisco, uns 20 membros da Pastora l Operária da Arqu idiocese de São Paulo haviam montado acampamen10 no d ia anterior. Faziam eles greve de fome visando também protestar contra o desemprego e... a fome. Ta l greve prolongou-se até o dia 24 de dezembro. Mais polit izados e mais bem "oricnlados", os grevistas da Pastoral Operária, além de reivindicações demagógicas cm beneficio dos desempregados, exigia m a "Reforma agrária sob o controle do povo". O "aca mpamento" recebeu a visita de D. Paulo Evaristo Arns, e todos os dias oradores proferiam discursos na tribuna livre existente no Largo. D. Angélico Sândalo Bernardino, Bispo-auxiliar da Zona Leste, D. Luciano Me ndes de Almeida, Secretário da CN BB. e Jair Mcneghelli. da diretoria da CUT (Central Única dos Trabalhadores) de São Bernardo. foram algu ns dos o radores. Segu ndo no1iciou a imprensa diária. cerca de 100 pessoas i nscreveram-sc na !isca de "jejuadores" Destes. entretanto. apenas nove jej uavam em regime de lempo integra l. Pelo menos durante o dia ..

Bomba relógio anti-fazendeiro SIMPÁT ICA e sossegada classe dos proprietários rurais brasileiros dorme placidamente ao lado de uma bombarelógio, e não lhe percebe a presença. Julga que s ua propriedade está a coberto de expropriações atrabi li árias e injus1as. Porém, caso a bomba estoure, levará pelos ares seus bens fu ndiários. O homem do campo estima que a tumultuada era janguisla, com lemas do tipo "reforma agrária na lei ou na marra", é cap itulo e ncerrado da História do Brasil. O pavor das expropriações. vivido de 1961 a 1964, parece ext into. Vitorioso o movimcn10 militar. os proprietários rura is, cansados de tantos anos de sobressaltos, distenderam-se, satisfeicos, à sombra do regime que surgia fone, prometendo ordem, segurança e desenvolvimento. Com honrosas exceções dignas de e ncômios, os fazendeiros não levaram a sério a ameaça coníiscatória, representada pela aprovação do Estatu10 da Terra. Os homens no governo lhes pareciam d istantes dos corifeus da e rá anterior. Era patente que haviam ascendido no bojo de um movimento que não escondia sua inconformidade com o janguismo. Em conseqiiência, a soneira em relação i1 investida socia lista contra a propriedade fundiária foi imensa, apesar de a TFP, sob a di reção do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. ter advertido na época para o perigo representado pela aprovação do Esta· luto da Terra. Nocadamente. foram divulgados a respeito dois estudos concludentes. O primeiro. datado de 4-1 1- 1964, dirigido especialmente aos congressistas, sob a responsabilidade dos quatro a utores de "ReJor,11a Agrdria- Questão de Consciência". O segundo. um ma nifesto à Nação, de 24- 121964, dado a público pouco tempo depois de aprovado pelo Congresso Nacional o Estatuto da Terra. De lá para c;i, transcorreram quase vinte anos. A louvável prudência dos d irigentes brasileiros cvi1ou aplicar c m grande esca la o diploma legal expropriatório que o ilustre Marecha l Castelo Branco - quero crer sem lhe ava liar na totalidade as seq üelas funcs1as - deixou como legado ao Brasil. As csq,icrdas de todos os matizes pedem, com insistência crescente e irritada, a aplicação do Estatuto da Terra. Para elas, por cnquaÍllo. bas1a aplicar a lei. Com razão ... Pediu-o. por exemplo, o documento "Igreja e Problemas da Terra", aprovado pela Is•. Assembléia Geral da CNB B, cm fevereiro de 1980. Em fins do ano passado - sintoma expressivo - reclamou-o um agrorreformisrn. o Sr. José Eli Veiga, em artigo para a imprensa diária (cfr. "Folha de S. Paulo", de 9-11-83). Os dirigentes esquerdistas do Brasil sabem q ue têm à mão inesti mável instrumento. Uma de suas disposições. o perigoso artigo 15, estarrece quem analisa com senso de justiça o atual quadro brasileiro. Ele permite expropriações gcnerali,..adas e completamcnlc injustas. Determina textualmente: "A implantação da Reforma Agrária em terras parriculares será feita em caráter prioritdrio. quando se tratar de zonas críticos ou de

A

1e11~YiO soci<JI".

Produzida anificialmente a tensão social, o Poder Público disporia de base legal para expropriar até mesmo a fazenda mais bem cultivada do Brasil, independente do seu tamanho. Aos interessados em promover a reforma agrária bastaria acionar magotcs de agitadores, que começam a existir mais o u

menos cm todo o território nacional. espe-

cialmcntc devido à ação da Comissão Pas1oral da Terra (CPl) e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e m numerosas dioceses, e de grupúsculos marxistas-leninistas dirigidos por organismos tipo PC do B e Convergência Socialista. Eles criariam artificialmente os necessários focos de tensão. O noticiário, como de costume, a mpliaria a importância deles. Então o artigo 15 viria em socorro das intenções dos promotores da mazorca. Esse método (conjunção de ação legal com agitação revolucionária) não é inéd ito. Temos exemplo próximo e recente. Foi muitas vezes utilizado no Chile durante as administrações Eduardo Frei ( 1964-1970) e Salvador Allende (1970-1973). Com base nele, a propriedade privada poderia ser liquidada no Brasil. O artigo 15 é, além do mais, instrumento iniquo para reprimir a liberdade de expressão. Qualquer fazendeiro pensará duas vezes antes de manifestar em público suas opiniões. Pois organizações de esquerda, aboletadas ou não em órgãos públicos, têm meios de retaliar cruelmente, não através de argu.. mcntos, mas pela ameaça de confisco. Bastaria produzir agitação laboral nas terras do eventual opinante, ou até mesmo nas imediações delas, para o Estado d ispor de poder legal para expropriá-las, invocando o malsinado artigo 15. A liberdade de expressão, fundamento indispensável de uma abertura coerente com seus principios inspiradores, embora formalmente concedida a proprietá· rios rurais, poderia ser-lhes negada na prática, em virtude da pressão psicológica representada pela ameaça do empobrecimen10 repentino. Quem e ntre nós crê piamente cm indenizações justas, mesmo q uando estatuidas por lei'? Neste inicio de 1984. parte das premissas necessárias à aplicação de uma reforma agrária socia lista e confiscatória. com base na legislação vigcnte,já estão postas. O pipocar de focos de agitação no "hinterland" brasileiro tem por meta criar a impressão de que o ca mpo v,ve em situação de critica tensão social. Produzida a impressão, os governan.les futuros, com fundamento cômodo na lei, leriam meios de iniciar drástica reforma agrária. O que poderia fazer a benemérita classe rural para conjurar o perigo? Articular-se enquanto é tempo, manifestar seu justificado receio, fazer escuta r sua voz ordeira, mas calorosa e enfática, visando a revogação do Esta tuto da Terra, que representa um punhal encostado na sua carótida. Iniciando assim a necessária ação de legitima defesa. es1ará aj11dando o Brasil a se manter nas vias da civilização cristã e, indiretamente, estimulando o urgente aproveitamento de mais de 50% de nosso território, que jaz inculto nas mãos do Poder Público . Assim, as inteligências produtivas e os braços ociosos seriam encaminhados, com vantagens para eles e para o Brasil, a aproveitar os imensos territórios abandonados, pertencentes ao Estado, evitando-se, dessa forma, expropriações injustas de propriedades rurais particulares. Garantido o direito de todos e atend idas com larguc,.a as reivindicações legitimas, seria assim possivel conduzir uma autên1ica politica de melhoria agrícola, que beneficiasse realmente a fazendeiros e colo· nos, sanando com decisão e sensatez as dolorosas carências de nossa vida ru ra 1.

P. Ferreira e Melo

Eduardo Queiroz da Gama 7


,:[-:,fAfOlLICliSMO ~

Impressionante mostra de loucura com método:

celebrados pela imprensa internacional. Subindo ao seg11ndo andar do Pavilhão da Bienal, deparamo4nos com um letreiro: "Pintura acrílh.Y1sobre escada mecdnka - Obra móvel". Nossos olhos buscam a lal peça. Não a encontram. Algum aficcionado mais fanatizado tê-la-ia levado? Oujá. teria sido vendida por milhares de dólares atrnvés da ag~ncia bancária ali insrnlada e.~pecialmente para mi íim? Timoratos. acercamo-nos de um guarda da exposição. humilhados por assim externarmos nossa ignorância. Consolamo•nos. pois ele também não sabia nos prestar a valiosa informação. Até que. após cuidadosa invcstigaç..1o, descobrimos na escada rolan1c que nos conduzira ao andar superior. t rês tiras brancas pinrndas em cada frente de degrau. Ali estava a obra rpóvcl sobre escada mecânica, do francês cspeciahnentc convidado. Daniel Buren, que nossa faha de senso c,nlstit:o c<mtemporiineo não nos permitiu discernir no primeiro instante

Walter Merchetti, de Fluxu,, apresenta •ua '"M~sic1 de Ctmera": violino imer10 num equ6rio

Bom senso versus blefe

ÃO HÁ DÚVIDA! Kafka estava ali, a correr de um lado parn o outro. a exprimi r cm altos gritos o desespero que urn homem sem fé como ele sente ante a própria ex istência. Sim, ali estava ao meu lado um Kanrn atualizado. com os anti--trajcs deste triste fim de século. a proclamar o 11011 sc11sc1 o absurdo. a !ou· cura mais desvairada. como se fossem as mais puras manifeslàçÕ<!S do belo. Estamos aturdidos. leitor. a percorrer os três pavimentos da XVII Bienal de Arte de São Paulo, encerrada no último 18 de dc-,cmbro. Nela. 43 países, 140 artistas. mais de mil obras desfilaram como num pesadelo dantesco c1uc poucos entenderam, mas que as tubas do IV Poder - a imprensa - não cessaram de promover e ícstcjar, dedicando-lhes amplos e bem colocados espaços cm suas páginas e cm seus vidcos.

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Contando com substancioso apoio íinancciro

de onze dos maiores bancos privados do Pais. de multinacionais poderosa~ e de importantes mac ro-empresas brasileiras, esta Bienal procurou apre.'icntar ao público as últimas tend~ncias. as cíervescências mais extravagantes ~aquilo que se auto-intitula ami-arle.

Quando as formas e as cores geram estados de alma

"'Não dá para entender..." Outros. entretanto, mais iniciados. através de uma linguagem cmP.olada, procuram vestir com as roupas da credibilidade a cena ridícula que ante meus o lhos cstf1. Continuo. No centro do saguão uma mesa de ping-pong está posta sem que se compreenda a ra>.ão. Razão'! Esqueci-me de que e la está banida nesta Bienal. Na mesa. um conselho: .. N,io faça arte... Faço bogu11ço!" De fato. segon<lo esta norma, os artistas e.rperimentais de Flu.\'11.f expuseram estas obras-f)rimas, na realidade. absurdos para qualquer homem de bom senso. Uma dessas, de Walter Marchcui, é um aquário. Sim. um aquário com água até os bordos, na qual est:í mergulhado um velho violino. Titulo: "M rísica de C6mara". Outra é um monte de feno. com um aviso: ··regue o piano poro comer"'. Ou ainda. sem mais. um conjunto de pentes usados, justapostos e pendurados na parede ... E uma vitrola velha loca ao canto. com discos quebrados a seus pé.,;. outra obra. Garrafas de cerveja no chão evocam o cafajeste e abominável da macumba . t mais uma maniíestação da arte consagrada de Flu.tu.t. Junto a um reluzente Cadillac da década de SO. ergue-se uma muralha de pães cobertos com jornal. Um rosário pende. de modo irreverente . .da antena do veiculo. O titulo desta obra de Wolf Voste11, integrante do Flu.rus: '"Energia"...

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Colocada ao lado das principais bienais européias e considerada a mais impor(ante mostra de arte da atualidade na Arntrica Latina, a Bienal paulistana nos reservava ainda surpresas. Apesar de seus 57 anos, Takcshi Tsuchitani é considerado um dos grandes nomes da escultura de vanguarda no Japão. Destacado participante do Salão de Escullura jovem de Paris. de 1962 a 64. ele chegou•\ Bienal com suas mais ~.\'pressivm,ubr't1s. Tamon Miki, comissário da delegação nipônica, assim apresenta : ''A obra plástica ele 1:nu:hitmu· realizado no ferro e madeira é sólida e densa. contendó e lementos psicológicos. que im· pondo cerlo senso es1ranho de presença. cons11·. tuem o ponto de lllraç,io de sua arte··. Que obras sólidt,s e densas são essas'! - No chão, jogadas ao acaso. estão traves de forro com orighu,Hs.simo tilulo: "Frente". Na parede. encostadas de modo a dar a impressão de que algum ajudante de pedreiro ali as esqueceu. c-s tão algumas vigas de concreto. Trata-se de outra obra do mesmo autor. mais pocticamenlc rotulada de " Tr(mqüilic/(lde"'... Mas o pesadelo prossegue. Ao nosso lado passam céticos visitantes brasileiros. com uma ponta de sorriso de mofa e desdém. já c1uc . super· 111tuitivos, discernem o blt..fe que reprcscnrn achamada arte contemporânea. Mas também ao nosso lado. ares de entendidos. de quem, atravês de um sublimíssimo jogo de premissas e conclusões consegue penetrar no mundo esotérico desta tuu•.

Nos10 "Exorefcio do Ego nO. 3··. Ben Vautior. do grupo Fluxus. do,mo om pleno sagulo da Bion&I. Para quom não ontondor 0.10 obr11. hi\ um conselho ao tado: ""Olho p tir & m im. É o suticionto··.

traba1ho ''O Retorno da QuarJll Nau", utilizou d ivc rsOs animais. como ratos. 1artarugas e cobras. Elementos que retratam o satãnic-o. aquilo que bem poderia ter vindo dos antros inícrnais dirc· tamente para esta Bienal. Um dos artistas brasileiros mais cm evidência foi o fotógrafo e escultor bai:1no Mário Cravo Neto. elogiado de modo quase unânime pela imprensa. "Fundo Newro·· - a inspirada monta· gem de sua autoria - tem como elemento principal uma lona de caminh5o. velha. s uja e rasgada. Também do representante da França, a lógica se esvaiu ... Vindo das terras dos reluicntcs vitrais de Chartres. da monumentalidade pétrea de Notre Dame. das proporções simétricas e maravilhosas do castelo de Chambord. Bernard Pagts. o renomado escultor francês da Bienal. empilhou uns bMris de lata, intercalando-os de ferro retorcido e chamou este ajuntamemo de ··Coluna··!

Embuste ... Fracasso Apesar das grandes faixas que pela cidade inteira convidavam: '" Vd à /Jie,wl, ela t•stti infer·

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, cm sua magistral obra ''Revolu(.'à0 e Contra-Revoluçiio", nos faz ver que "como D.eus es1abelece11 misreriosas é admr'rávct"s relações entre cer1as formas. tores. soils. pl!r/uml!S. sabores e ,:erros eswdos de alma. é cloro que por estes m eios- se pode influenciar a fundo as mentalidades e induzir pessoas. fomllias e povos li formação de um esratlo de esplrilo profuntlameme revolucionário. Basta /em• l>rar .... as efervescências revolucionários de hoje e as presentes extravagâncias das m odas e das escolt,s t1rtlsricas tlitas avan('atlas .. (p. 36). Essa afirmação do insigne pensador católico comprovava-se plenamcn,e nos corrcdorc-.s da XVII llicnal. Por todos os lados, as obras expostas renetiam o mesmo estado de espírito, a mesma n1cn1alidade que vai assomando no horizonte já crepuscular deste sl-eulo. Mentalidade essa que chama cinicanicnle o horrendo de belo, o estapafúrdio de original, o ilógico de tronsvangt1artli.ua e assim por d iante. O leitor que me acomp;tnhc!

"Olhe para mim. E o suficiente". Logo à entrada, a loucura está instalada com todas as honrarias. Trata-se de amplo saguão destinado ao grupo Fluxus. c riado na Alemanha cm 1962. Os visitantes, olhares assustados, queixos caidos. não acreditam no que vêem. Numa cama. tendo por fundo pichamcntos que gloriíicam a anti-orle. o próprio artista dorme. Ao seu lado uma inscrição: "Olhe p11ra mim. É o sufiâem<~"! Peço a algum dos passantes que me explique o ·;conteúdo". a "mensagem" mais profunda de tal ''obra .. , que cu. anacrônico admirador da lógica e da harmônica sensação estética que o belo produ1.., não consigo captar. A maioria é íranca: "Concent,edoa", doia " ertlata,·• do grupo Fluxut com• p-6tm auH obraa

• Eates detritos <t. lixo pertencentn, sem ombtrgo. à Coloçlo do Britfah Council de Londrot. fo ram rocolhidoa por Tony Cr6gg quo 01 donomlnou ··canoa"

• Em motel onfonujedo o latões fvr,do,. 8om111rd Pao•• e rgueu ,ua "Coluna" nesta Bien,1. ""A o.colho doo-toa matoriai,. di:t ole. portonoo à minha história. ao meu p.auodo"".

Lixo, uma forma ºalternativaº de arte ... Mas o grupo Fluxus não foi a única vedete a chamar a atenção nesta Bienal. Um dos ortisws plásticos sobre o qual mais se voltaram as lu;,.c-.s da publicidade foi o inglês Tony Cragg, de 34 anos, que utiliza como matéria-prima de suas esc:1/turos n<lda menos que detritos· de lixo. No folheto oficial de a presentação da Bienal, contudo. não conviria apresentar tal abomint1ção de maneira nua e crua. Era preciso mascarar a linguagem. dando ao lixo direito de cidadania no mundo das artes. Ei-la: ..A escultura .... 1ambérn explo1Jiu em novas condições de e.risténcio. a exemplo de sei,s represe,ua,ues 11ue reinrervretam a imngem antropomórfica valtndo•se ,le mmeriais novos ou amigos o u que tron$mitem visõt?S singu.. lares da sociedade de consumo mravés do uso de seus tle1rltos cotidianos". Visões singulares ... tais quais a do mundo kojkia110 ! Após profícuo andanç,, por depósitos de lixo, Tony Cragg juntou a.r bitrari:unentc p-cdaços de baldes e pratos, tanques de motocicleta, galões de gasolina e. espalhando-os cm forma mais ou menos cilíndrica pelo chão, bati1.ou-os de ... "Ca1,oa". O Jeitór talve1.. consiga, por um intenso esforço de pesquisa e imaginação. estabelecer a complexa relação de ca\lsa e efeito e captar o sentido desta obra. Tarefa na qual o articulista, pouco generoso cm relação aos novos ventos desw (,rte, fracassou. Uma só coisa ele constata: a curiosa relação entre esta estranha maniícstação arrísrica e a moda miserabilista, com seus tecidos desbotados, desfiados, esfarrapados. c.,buracados.

A busca da obra "perdida" Mas a feira da loucura cont inua. Nós, pobres leigos, munidos apeua.r de bom senso. rctom3mos: nossa árdua caminhada em meio a estes monstros

• Graduado pele Escola de Belas Arte, de Tóquio. T1uchiten1 trouxe pora es10 Bion,1 1,6.a vige.a do feno, quo largondo•H no chi o. donominou-aa "'Frente"

desfilam a lsun.s críticos, a lguns com,oisseurs. que cm criptogramas ena.hecem a m ensagem mais profunda das obras. expostas. . Um articulista do "Jornal do Brasil''. de 9-1183. comentando o trabalho de Artur Barrio. intitulado ""Minha cabeço está vazia. meus ó lhos estiiQ cl,e;os", afirma: "O subjetivismo <lo (1rtisra pode tornar as obras enigmáticas, <1uamlu niio se sabe de amemão ó que o t,rrisra pretende. Bt1rrio realizou várias obr<1s rom este ocultismo psico ltJ.. gico. bem â m oda de seu tempo··. A enigmática obra dcsle artista é composta de círculos de saibro arenoso traçados no chão, os quais - afinal em algo concordamos com um dos nrtisuu da llicnal! - bem refletem uma ccbeça totalmente vazia.

A esquerda e os tribalistas presentes A XVII llicnal. como declaram os seus mentores, procurou, cm compartimentos classificados por analogia de linguagem, apresentar uma visão global de tudo quanto está emergindo no mundo das investigações plásticas e das idéias. Nela. financiada pelo alto capitalismo. podemos constat3r o "quatlró-pichamemo·· de Pcrc1, de la Rocha, representante da Nicarágua sandinista, intitulado "América Latina, um só clamor"" e marcado ao fundo pelo velho jargão " Yo11kee, go lwme''. Ou a 1>rescnça de p intores e cscullorcs que renctcm cm seus trabalhos a rnosofia tribal-cstruturalista de Lévi-Strauss. como o norueguês Per Kleiva e o alemão Rainer Wittcnborn. Este último. preocu· pado cm preservar o caráter primitivo dos indios canadenses, teve para suas obras uma a la inteira no 2°. andar do Pavilhão. Obras que, a li!,s. já haviam sido expostas no Museu de Arte Moderna de São Francisco, nos Estados Unidos, e cm n,uscus do Canadá. Há outras. como as do colombiano Jim Amaral e espcc.i almcntc a do ve· ne1.uclano Miguel Hcrtich, o qual. no gigantesco

PAS D'IRT ABAS l'ART

u,mundo a os.cadei-rolento de acesao ao 20. andar do Pavilhlo da Sionel, o french 8uren. pre,onto à 8ional do Vonou de 1980 e à "Do· cumonta" de 1981. om Kauel. Alomt nht Oci, dontel. pintou om cadt degreu tr6• faiua brancas. Era esta ,ua ""obre,móvol"',

11a/"; apesar do grande alarido publicitário em tomo do cvc11to. o brasileiro - perspicaz e inteligente - bem percebeu o grande emt"iuste montado. E desde turmas de colegiais que no Pavi. lhão do I birapucra aos mago tcs desciam. cm alegres excursões progn:1madás por seus professores, até conspícuos casais. como um que veio do Rio de J:wciro para u,na Feira no Anhembi, todos quase que unanimemen,c reconheciam ter a loucura tomado conta dos meios artisticos moder· nos. E discretamente, com uma justa ironia na ponta dos lábios. iam se afastando desses desvarios vanguardistas e voltando suá admiração para ;1 bclc1...a orden~tda da ::irtc tradicional, tranqüila, com cores e formas que se dão as mãos cm combinações cheias de harmonia.

• • • XVII Bienal de São Paulo ... Fenômeno isolado? Compartimento csrnnquc? Delírio de um só seto r do mundo atual? Ou gota dágua que se perde num dilúvio bem mais amplo e que assola o homein conlemporânco en1 todas as manifesta~ çõcs de sua a lma, de,sde a cultura até a vida doméstica?... O leitor. bom brasileiro, pers picaz e intcli-gcntc, bem saberá responder ...

Wellington da Silva Dias


Nº. 398 - Fevereiro de 1984 - Ano XXXIV

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

FESTA DA PURIFICAÇÃO DE MARIA SANTÍSSIMA SAGRADA LITURGIA comemora no d ia 2 do presente mês um dos episódios mais gloriosos da vida de Nossa Senhora: Sua Purificação. No Antigo Testamento a Lei determinava às mulheres israelitas permanecer quarenta dias sem se aproximarem do Tabernáculo do Templo, após darem à luz um filho. Expirado esse prazo, elas deveriam oferecer um sacrifício para serem purificadas. Tal sacrifício consistia num cordeiro que era consumido em holocausto. A Lei ordenava também que se acrescentasse uma rola ou uma pomba, destinadas a serem ofertadas segundo o rito do sacrifício. Se a mãe fosse muito pobre para fornecer o cordeiro, Deus havia permitido substituir aquele animal por uma segu nda rola ou pomba. Outra determinação da Lei declarava que todos os primogênitos constituíam propriedade do Senhor; e prescrevia igualmente a maneira de os resgatar. O preço desse resgate era de cinco moedas de prata denominadas siclo. Segundo o valor estabelecido no Templo, cada siclo equi-

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valia a vinte moedas chamadas óbulos. Maria Santíssima, fertencente ao povo de Israel, dera luz. Jesus, Seu filho primogênito e único, era o Verbo de Deus humanado. O respeito devido a tal nascimento e Àquele sublime primogênito permitiria o cumprimento da Lei? Se Maria considerasse as razões que haviam movido o Senhor a obrigar as mães à purificação, veria claramente que essa lei não havia sido feita para Ela. Que relação podia ter com as esposas dos homens Aquela que era o puríssimo santuário do Espírito Santo, Virgem na concepção de Seu Filho, Virgem durante o mefável parto e após este? Se Maria considerasse, além disso, a qualidade sublime de $eu Filho, a majestade do Criador e do soberano Senhor de todas as coisas que havia se dignado encarnar em Seu seio puríssimo, como poderia Ela pensar que tal Filho estivesse sujeito à humilhação do resgate? Contudo, o Espírito que residia em Maria revelou-Lhe que Ela devia cumprir aquelas duas determinações da Lei. E num excelso ato de humildade, a fidelíssima Esposa do

Espírito Santo dirige-se ao Templo de Jerusalém e resgata Seu primogênito como se fosse uma simples e comum mãe israelita! Tal é o mistério do quadragésimo dia após o nascimento do Redentor. O ciclo do Natal é encerrado por essa admirável festividade da Purificação. Ritos onentais católicos e o Rito de Milão classificam esta festa como uma das solenidades de Nosso Senhor. Entretanto, o Rito Romano sempre considerou tal comemoração como uma das festas da Virgem Santíssima. Sem dúvida, o Menino Jesus é oferecido no Templo, na mesma data, e resgatado. Mas é por ocasião da Purificação de Maria que esses oferecimento e resgate se reali1,am, como uma conseqUência. Os mais antigos Martirológios e Calendários do Ocidente atribuem à presente festividade o mesmo título de nossos dias. E a glória do Filho, longe de ser obscurecida pelas homenagens que a Igreja presta à Mãe, recebe um acréscimo. Pois somente Ele constitui o princípio de todas as magnitudes que poderemos torna.r a ver refletidas na Virgem Imaculada.

LUTERO PENSA QUE É DIVINO! Plínio Corrêa de Oliveira ÃO COMPREENDO como homens de Igreja contemporâneos, inclusive dos mais cultos, doutos ou ilustres, mitifiquem a figura de Lutero, o heresiarca, no empenho de favorecer uma aproximação ecumênica, de imediato com o protestantismo, e indiretamente com todas as religiões, escolas filosóficas etc. Não discernem eles o perigo que a todos nos espreita, no fim deste caminho, ou seja, a formação cm escala mundial, de um sinistro supermercado de religiões, filosofias e sistemas de todas as ordens, em que a verdade e o erro se apresentarão fracionados, misturados e postos cm balbúrdia? Ausente do mundo só estaria - se até lá se pudesse chegar - a verdade total; isto é, a Fé católica apostólica romana, sem nódoa nem jaça. Sobre Lutero - a quem caberia, sob certo aspecto, o papel de ponto de partida nessa caminhada para a balbúrdia total publico hoje mais alguns tópicos que bem mostram o odor que sua figura revoltada espargiria nesse supermercado, ou melhor, nesse nec.rotério de religiões, de filosofias, e do próprio pensamento humano.

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Segundo em anterio.r artigo p.rometi, tiroos da magnifica obra do Pe. Leonel Franca S.J ., "A Igreja, a Reforma e o Civilização" (Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 3.• ed., 1934, 558 pp.}. Elemento absolutamente característico do ensinamento de Lutero é a doutrina da justificação independente das obras. Em termos mais chãos, que os méritos superabundantes de Nosso Senho.r Jesus Cristo só por si asseguram ao homem a salvação eterna. De sorte que se pode levar nesta ter.ra uma vida de pecado, sem remorsos de consciência, nem temor da justiça de Deus. A voz da consciência era, para ele, não a da graça, mas... a do demônio! 1. Por isso escreveu a um amigo que o homem vexado pelo demônio, de quando em quando "deve beber com mais abundância, jogar, divertir-se e ,nesmo fazer algum pecado em 6dio e ocinte ao diabo. para lhe não

darmos azo de perturbar a consciência com ninharias. (...) Todo o decálogo se nos deve apagar dos olhos e da alma, o nós tão perseguidos e ,no/estados pelo diabo" (M. Luthers, "Briefe, Sendschreiben und Bedenken", ed. De Wette, Berlim, 1825-1828, IV, p. 188 - cfr. op. cit., pp. 199-200).

2. Neste sentido, escreveu ele também: "Deus s6 te obriga a crer e o confessar. Em todas as outras coisas /e deixa livre e senhor de fazeres o que quiseres, sem perigo algum de consciência; on1es é certo que, de si, Ele não se importa, ainda mesmo se deixasses tua mulher, fugisses do teu senhor e não fosses fiel a vínculo algum. E que se lhe dá (o Deus). se fazes ou deixas de fazer semelho,úes coisos?" ("Werke", ed. de Weimar, XII, pp. 131 ss. - cfr. op. cit., p. 446). 3. Talvez ainda mais taxativo é este incitamento ao pecado, em carta a Mclanchton, de I.º de agosto de 1521: "Sê pecador. e peco a valer (es10 peccator et peccafortiter}, mos com mais firmeza ainda crê e alegra-te em Cristo, vencedor do pecado. da morte e do mundo. Durante o vida presente devemos pecar. Bosta que pela misericórdia de Deus conheçamos o Cordeiro que tiro os pecados do mundo. Dele não nos há de separar o pecado, ainda que cometêssemos por dia mil homicídios e mil adultérios" ("B.riefe, Sendschreiben und Bedenken", ed. De Wette, II, p. 37 - cfr. op. cit., p. 439). 4. Tão descabelada é esta doutrina, que o próprio Lutero a duras custas nela conseguia acreditar: "Nenhuma religião há, em toda a terra, que ensine esta dou1rino da justificação; eu 1nesmo, ainda que a ensine publicamente, com grande dificuldade a creio em particular" ("Werke", ed. de Weimar, XXV, p. 330 - cfr. op. cit., p. 158).

5. Mas os efeitos devastadores da pregação assim confessadamente insincera de Lutero, ele mesmo os reconhecia: "O Evangelho hoje em dia encontra oderen1es que se persuadem não ser ele senão uma dou/fina que serve poro encher o ventre e dar larga a todos os caprichos" ("Werke", ed. de Weimar, XXXIII, p. 2 - cfr. op. cit., p. 212).

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O Concflio de Trento - Detalhe de pintura atribufde a Tlzieno {Nc. XVI). Museu do Louvre. Paris. Este c41ebre condllo - esteio de C.ontra~Aeforma - condenou aa doutrinai henhic.ea do Lutero

E Lutero acrescentava, acerca de seus sequazes evangélicos, que "são sete vezes piores que outrora. Depois da pregação da nossa doutrino, os homens entregaram-se ao ro_ubo, à n1entiro, à imposturo, à crápula, à en1briaguez e a toda espécie de vlcios. Expulsamos um de,nônio (o papado) e vieram sete piores" ("Werke", ed. de Weimar, XXVIII , p. 763 - cfr. op. cit., p. 440). "Depois que compreendemos não serem os boas obras necessários para o jus1ificação, ficamos muito mais remisses e frios na prática do bem. (... ) E se hoje se pudesse voltar ao antigo estado de coisas, se de novo revivesse a dou1rino que afirmo a necessidade do bem fazer poro ser santo, oulra serio a nossa alacridade e prontidão 110 exerclcio do bem" ("Werke", ed. de Weimar, XXVII, p. 443 - cfr. op. cit., p. 441). 6. Todas essas insânias explicam que Lutero chegasse ao frenesi do orgulho satânico, dizendo de si mesmo: "Este lutero não vos parece um homem extravagante? Quanto o mini, penso que ele é Deus. Senão, como teriam os seus escritos e o seu nome a potência de transformar mendigos em senhores, asnos em doutores, falsários em santos. lodo em pérolas!' (ed. Wittemberg, 1551, t. IV, p. 378 - cfr. op. cit., p. 190). 7. Em outros momentos, a opinião que Lutero tinha de si mesmo era muito mais objetiva: "Sou um homem exposto e impli-

cado 110 sociedade, na crápula, nos movimentos corna,s, na negligência e em outras molés1ios, o que vêm ajuntar os do meu próprio ofício" ("Briefe, Sendschreiben und Bedenken", ed. De Wette, I, p. 232 - cfr. op. cit., p. 198). Excomungado em Worms em 1521, Lutero entregou-se ao ócio e à moleza. E a 13 de julho escreveu a outro prócer protestante, Melanchton: "Eu aqui ,ne acho, insensato e endurecido, estabelecido no ócio, oh dor!, rezando pouco, e deixando de gemer pela Igreja de Deus, porque nos minhas carnes indôn,itos ardo em grandes labaredas. Em suma, eu que devo ter o fervor do espíri10, tenho o fervor da carne. da libidinagem, da preguiça, do ócio e da sonolên· cia" ("Briefe, Sendschreiben und Bedenken", ed. De Wette, II , p. 22 - cfr. op. cit., p. 198). Num sermão pregado em 1532: "Quanto a mim confesso - e muitos outros poderiam sem dúvida fazer igual confissão - que sou desleixado assim na disciplina como no zelo, sou muito mais negligente agora que sob o papado; ninguém 1em agora pelo EvangeJho o ardor que se via outrora" ("Saemtliche Werke", ed. de Plochman-lrmischer, XVIII, p. 353 - cfr. op. cit., p. 441). ·

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O que de comum se pode encontrar, pois, entre esta moral, e a da Santa Igreja Católica Apostólica Romana?


CARDEAL VON GALEN, INDÔMITO ADVERSÁRIO DO NAZISMO Á CINQÜENTA e um anos o nazismo galgava o poder na Alemanha. Abafadas pela Gestapo, poucas foram as vozes que ousaram bradar cm alto e bom som sobrc·o perigo que representava para a Igreja e a C ivilização Cris1ã a ascensão do hillerismo, cuja dou1nna atéia. materialista e estatolatra era tão afim com a do comunismo ( 1). Dentre essas vozes. a que calvez mais alio se tenha erguido foi a do Cardeal von Galcn, Bispo de MUnsler, cuja heróica reação contra o nacionaJ..socialismo abriu páginas douradas na história dos católicos alemães. Nes1es tempos cm que ondas imundas de pacifismo e de ecumenismo à outrance procuram submergir o esplrito de luta do Ocidente face ao avanço russo, o destemido brado de resistência do "leão de Müns,er" é exemplo e estímulo para todos os que se recusam a dobrar os joelhos diante do (dolo vermelho. A descrição deste embate, para os leitores de

H

"Catolicismo.., baseia-se cm duas substanciosas obras redigidas pelo secretário do intrépido Prelado germânico (2).

S6llda formação A familia dos Condes von Galen estabeleceuse por volta de 1138 no cas1elo de Welver, situado na atual aldeia de Gahlen an der Lippc, perto de Oorstcn, na Westfália. A chama da Fé católica jamais se apagou na familia, que deu à Igreja vários bispos. numerosos sacerdotes e religiosas. Mons. Clcmens Augusl, Conde von Galcn,

nasceu cm Oinklagc, castelo de seus maiores, cm 16 de março de 1878. Seus pais, o Conde

Fcrdinand Heribert e a Condessa Elisabcth von Spec, deram-lhe uma educação profundamente inspirada nos princípios católicos e marcada por

partido nacional-socialista era considerado pelos inginuos como uma força que só fizera o bem, que lutava contra o comunismo. que até mesmo conseguira firmar uma Concordata com a Sanca Sé ... Em j ulho de 1934. pregando aos Cavaleiros da Ordem de Malta, conclamou-os à lula cm defesa da Fé católica ameaçada: '' Perseverai nesia guerra santo. Deus o querr Em outubro do mesmo ano, prefaciou "S1udt'en zum Mythus", livro de dois intelectuais católicos q'ue refutava as doutrinas panteístas e racistas da obra "O Mito do Século XX", de Rosenberg, considerado o r.tósofo da sci1a nazista. Aquela obra, autêntico anti-.. Mito", saiu a lume cm primeira mão na diocese de MUns1cr. Posteriormente, outras dioceses a publicaram. Mons. von Galen tinha como um dever sagrado opor aos erros nazistas as verdades cristalinas do Evangelho. Em 1935 desfechou novo golpe contra a subversão parda do nazismo ao publicar uma Carta Pastoral contra o panteísmo.

Intrepidez diante da lntlmldaçllo Ainda neste ano. realizou-se. com a participação de Rosenberg. um congresso nazista em MUnstcr. Tentando impedi-lo, Mons. von Galcn escreveu ao governador da Westíália apresentando sérias objeções à reunião nacional-socialista. Os ânimos estavam acirrados de parte a parte. Rosenberg discursou num palanque montado na Ncuplatz. perante frenéticos nazistas vindos de todo o estado. A íim de criar a impressão de que o grosso da população e ra contrária à orientação episcopal. o som dos aplausos às injúrias de Rosenberg con1ra Mons. von Galen era exageradamente ampliado pelos

Olhando de frcn1e a perspectiva do marlírio, Mons. von Galcn pronunciou três sermões céle• bres nos dias 13 e 20 de julho e 3 de agosto de 1941 . denunciando os crimes da Gestapo e exigindo jus1iça e liberdade para a Igreja, bem como condenando severamente a eutanásia que era praticada em doen1es mentais. E profe1iiou que do nacional-socialismo não ficaria pedra sobre pedra. porque baseava-se na corrupção e no crime. Além dos trts sermões de incrcpação, que visavam alertar o público, Mons. von Galen pressionou também as autoridades. Telegrafou a Hitler. a Gõring, aos Ministros do Culto, do Interior e da Justiça, bem como ao Supremo Comando das Forças Armadas. Visitou o governador da Wcs1fália, urgindo medidas enérgicas que pusessem cobro a tantos crimes. A Gestapo tentou inutilmente impedir a difusão dos sermões. Em Hamburgo trissacerdotes foram guilho1inados por tê-los comcn1ado e difundido. Pelo mesmo motivo, um tenente do Exército foi degradado e condenado a dois anos de prisão. Os sermões, porém, vararam a barreira da Gestapo e a repercussão foi enorme. Rádios e jornais dos EUA. Inglaterra e Suíça os comentaram. No Congresso norte-americano, um senador referiu-se à con1cnda. Milhões de volantes com o texto dos sermões foram lançados por aviões ingleses sobre o território alemão e reco.. lhidos avidamente pela população, apesar da proibição. Em um desses folhetos, encontrado no Ministério de Propaganda, estava escrito: "O inimigo interno". De todas as partes da Alemanha c mesmo do cx1crior chegaram centenas de cartas de aplauso: " V. Excia. resga1ou o honra do Igreja··, escreveu um jovem, enquanto um alto oficial asseverou:

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O "Leio de M ünater" durante e ..grande pro~ ciaalo" que anualmente se realizava na cidade

contas, como sugeriu Goebbels, ficava para depois da vitória ... Assim, cont ra o Bispo, a única violência viável era a psicológica e moral. Foi posta em marcha uma campanha de calúnias. Começaram a circular boatos de que nos conventos havia aparelhagem para 1ransmitir mensagens, que dos muros dos mosteiros sinais luminosos orientavam os aviões inimigos, que até mesmo encontrara ..se um rádio transmissor numa chaminé do palácio episcopal! Com base nessas calúnias, os camisas pardas organizaram ruidosas manifestações de protesto nas principais cidades da Wcstfália, exceção feita de MUnster, onde nada ousaram empreender. Enquanto isso, nos escritórios da Gestapo cm MUnstcr, segundo revelou uma estenógrafa, coletava-se ºmaterial" para incriminar o Bispo. Uma comissão veio de Berlim para examinar as "pro .. vas". mas retornou sem tomar qualquer medida. O "Leão de Münster" continuava cm liberdade. Por sua vez. a policia - que vinha se negando durante meses a pôr o visto de saída no passaporte de Mons. von Galcn - avisou-lhe que poderia viajar para Roma quando quisesse. Porém, um oficial honrado alertou o Antíslite para a armadilha: a policia prelendia prendê-lo na fronteira, sob a acusação de contrabando de divisas... Infatigável, Mons. von Galcn continuou a luta. Em setembro de 1941. escreveu uma Pastoral contra o bolchevismo. e apontou para o fato de que os na~is1as. ao mesmo tempo cm que atacavam a Rússia, procuravam implantar os erros do comunismo no interior da Alemanha. Em 1942, combateu a descristianização da infância como resultado do fechamento das escolas católicas. Ern 1943, do alto do púlpito, verberou contra as calUnias, veiculadas cm todo o país, de que o Papa estava conluiado com os bolchevistas russos contra a Alemanha.

Cardinalato e coroa eterna

• A femllla Von Galen: Nntado1 01 pai, do Prelado, o qual aparece etr61, de 1)6. com 01

braço, cruudoa

férrea disciplina. Obedi~ncia, pontualidade, apli· c-.açãv e ordem eram implacavelmente exigidas. num ambiente de simplicidade e rudeu, como correspondia ao caráter do velho castelo. De estatura gigantesca, corpulento mas afável no trato, frugal, simples e sóbrio no vestir-se, Mons. von Galcn era ent usiasta da vida de sacriflcio e de renúncias. Todo o seu modo de ser era conservador e patriarcal. Um católico que o conheceu de perto cm Berlim disse dele que era "um santo inteiramente no estllo do século XIII". Teatro, música profana e literatura romântica não exerciam atração alguma sobre seu espirito. Agradavam-lhe marchas militares, livros teológicos e históricos. especialmente os que versassem sobre as convulsões produzidas pela revolta protestante, nas quais via impressionantes analogias com a situação conturbada da Alemanha de sua época. Foi antiliturgicista e grande devoto de Nossa Senhora e do Sagrado Coração de Jesus, ao Qual consagrou sua diocese. Estudou no Seminário Teológico dos jesuitas em Innsbruck e ordenou-se cm 1904. Exerceu a cura de almas em Berlim a té 1929, quando foi nomeado pároco da igreja de São Lamberto, cm MUns1er. Em setembro de 1933, aos nove meses da ascensão de Hitler ao poder, Pio XI e levou-o à plenitude do sacerdócio, destinando-lhe a Sede de MUnster. O novo Bispo escolheu para lema de seu brasàc a frase que bem define a retidão de seu cara ter: .. Nec laudibus nec 1imore".

O "lello de MUn1ter" Inicia a luta Mons. von Galen, que em 1932 escrevera um ··Ensaio contra a pes1e do laicismo'\ viu com clareza o imenso processo de descristianização levado a cabo pelas hostes nacional-socialistas. De inicio. os nazistas tentaram conquistar sua simpatia. Compareceram à cerimônia de sagração episcopal, procurando dar a entender ao povo que gozavam da estima do Prelado. Mas o período de reco11hecimento do adversá• rio não durou muito. Em janeiro de 1934, Mons. von Galcn divulgou uma Carta Pastoral atacando um dos princlpios da doutrina nazista: a adoração da raça. Semanas mais tarde, na Carta Pastoral de Páscoa. lida solenemente na Catedral. alertou para o perigo representado por esta "mistura de verdade e erro, idealismo e infâmia. awen1icidade e fachada, autoridade sadia e despo1ismo brulal''. presente na seita hitlerista. "Uma mistificação do inferno esui e111curso e pode desviar (Jle mesmo os bons", advertiu. Essas palavras catram como raios, purificando a pesada a1mosfêra de ambiguidade. Até então o

2

• M ona. von Galen mantém um af6vel conteto com crianças de ,ua

Dioceae

altofalantes, se$undo atestaram moradores da praça. Na ocasião, um funcionário do governo comentou: "Mas que ceguer'ra 01içar deste modo o 'Leão de Münster'/" A resposta de Mons. von Galcn não se fez esperar. No dia seguinte, uma segunda-feira, ao Cérmino da tradicional ..Jrandc procissão", sob calorosos aplausos, anunciou que havia chegado a hora de enfrentar os inimigos da Cristandade e os perseguidores da Igreja. Em se1embro de 1936 pronunciou na cidade de Xanten enérgico sermão contra a pretensão totalitária do regime de Hitler. No ano seguinte insuriiu-se contra o fechamento das organizações juvems católicas. Em março de 1937, quando Pio XI rasgou a mãscara nazis1a peran1c a opinião pública mundial com a Encíclica "Mil brennender Sorge". Mons. von Galen determinou que ela fosse lida nos púlpitos das igrejas de sua diocese. Ainda no mes mo ano, o regime hitlerisca quis filmar a participação do Bispo na "grande procissão" que se realizava anualmcn1e cm MUnster, com o objetivo de divulgar no exterior a pretensa liberdade religiosa existente no país. Entretanto, os agentes da Gestapo e os cinegrafistas ficaram a ver navios. Não contaram com a astúcia do Prelado que se eclipsara, evitando passar diante das câmeras, e retornara a seu palácio por outro caminho. Os nazistas procuraram intimidá-lo. O "Volkischer Beobaclller". jornal do partido nacionalsocialista com larga divulgação em iodo o país, em títulos enormes na primeira página, apontou o Prelado à execração pública. Os vidros das janelas do palácio episcopal foram quebrados por membros das SS. Sub-oíieiais da Luftwaffe (Força Aérea) enviaram-lhe cartão ahamente injurioso no qual diziam que a história passaria por cima do cadáver do "traidor". Prevendo a possibilidade de ser decido de uma hora para outra, Mons. von Galcn estabeleceu que, cm caso de sua prisão. os sinos de todas as igrejas da diocese íica,•am proibidos de toca r, exceto nos enterros. Porém, enquanto durasse seu cativeiro, diariamente, de 12 às 13 hs., os sinos de todas as igrejas deveriam repicar a fim de lembrar ao povo a violência de que era objeto o seu Pastor.

"V. Excia. é o único homem do Alemanha"'. E do sólio de São Pedro a vo1. de Pio XII fez-se ouvir: ..Os 1rés sermões de Mons. von Galen Nos proporcionaram uma consolação d uma sa1is· fação que d e hd muito não experimenuivomos". Um mês depois o governo nazista viu-se obri$ado a suspender a prá1ica da eutanásia que Já ma1ara 60 mil pessoas - e proibir novos confiscos de ins1i1u1os religiosos.

Nazistas, em guerra, nllo querem mArtlr... Confundidos. os sequatcs de Hitler quiseram revidar. O Gauleiter (chefe dis1rital do par1ido) de MUnster pediu a Bormann e a Goebbels que prendessem M ons. von Galen e o enviassem a um campo de concentração. No Minis1ério de Propaganda, um alto íuncionário exigiu o enforcamento. Himmler, o todo-poderoso chefe da SS. propõe o fuzilamento do "traidor da pátria". Hitler. a ludindo claramehte ao Prelado. c m dis.. curso de 9/ li /1 94 1. esbravejou: "Os senhores conhecem o m eu milodo. Espero um t·er10 tempo. É<> perlodo de provo. Depois vem o moment<> em que. com o um raio. desfecho o golpe. Emào de nada valem os camuflagens, nem mesmo a tio Religião". Apesar das ameaças. os na1.istas percebiam bem que um martírio. em plena guerra. lhes tiraria o apoio dos católicos. O acerto de

Ao fim da guerra. incontáveis documentos da Geslapo e do Ministério de Propaganda sobre o "caso von Galen" foram encontrados. Só o do.,.,ier do Ministério diri$ido por Goebbcls continha 544 páginas. a maior parce com notas marginais. Toda essa documentação é hoje c loqUentc prova dos tremendos dcsconccr1os e dos ódios furibundos que a rcsis1ência do Bispo de MUnster l?rovocou nos meios na1.is1as. O nacional-socialismo estava por te rra. "lm· pavidum f err'e,11 ruinae". Mons. von Galen con· tinuava de pé. e cm breve receberia o prêmio de sua intrepidez. Em fevereiro de 1946. Pio XII nomeava 32 novos cardeais. entre os quais o Bispo de MUnster. Era a consagração. por mãos do Papa. da luta sem tréguas empreendida con1ra o Rcich hitlcrista. Deus. porém. reservava ao'' Lecio de Mii11s1er" uma coroa de glória ainda mais rutilante: a 22 de março, depois de uma operação de apendicite. Mons. Clemens August. Cardeal von Galcn. entregava ao Criador sua bela e comba1iva al ma.

Guilherme da Penha Em nosu P$1ri:,, o Prof. Plinio Cor,~:i. de Ofü•cir;,. :atr:i, (:,. d:i..s- p.iginai de " O Lcgionitio"', M"M~n:irio oficio)(• J:. J\r'-'ui• diotcsc de Slio P:)ulo. tc,·dou (om d~1cmm :1ot c:11óliç." bras.ilcirc», dur:1111c 11$ dk-11d:1s de )O e 40. ;a vcrd:..dcua fisionomi3 do n:itismo e w:s alinid:adc do1.1m1\fui:1 11 ~·01mrnismo. (2) Pc. dr. lfcinrich Por1m:inn. º'Ktmlinul wm G1,1,,,,, •.,,, Got1t•:1mo1111 :1r-inu z";,·•, A,chcndor(, M Un,tcr. 1981. 17.• C'd .. J79 pp. c ''/)(1/,,•mntmr 1m1 ,tm 81.JrlNJJ wm Mtiflltl'f". A ... chcndorf, MiJn)tcr. 1948. ) 12 pp, ( 1)

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Foto do Cardeal von Gaten. após receber

o chapéu cardinalício em Roma. no m&s de março de 1946

Sermões aterrorizam nazistas Em julho de 1941 MUnstcr foi bombardeada. Julgaram então os nazistas a ocasião propicia para cxpoliar cs1abc lecimcn1os eclcsiás1icos, sob o pretexto de neles alojar os desabrigados. Assim a Ges1apo invadiu e confiscou 40 conventos na \Ves1fália. expulsando deles religiosos e até mesmo freiras de clausura.

Um mês após sua nomeação para o cardi nalato. o

destemido Pre lado veio a f eleeGr. Vemo-lo (ecima) em seu leito de morto.

CA1 OUCISMO -

Fevereiro de 1984


Nos Estados Unidos

DESCON CERTA NTE APATIA FRENTE À HECATOMBE NUCLEAR Mário A. Costa nosso correspondente IMAGINE-SE o leitor caminhando pelas ruas de uma cidade localizada em qualquer Estado brasileiro, q_ue abrigasse silos de foguetes intercontinentais com ogivas nucleares. Região, portanto, sob contínua ameaça de bombardeio atômico na hipótese de uma guerra. Qual seria sua reação ao ouvir as sirenes anunciarem que a guerra nuclear começou, e que aquela cidade está para ser destruída por uma bomba atômica? Terror? Pânico? Ou continuaria a caminhar tranquilamente em direção à agência bancária para descontar um cheque, ou para a casa de parentes a quem não verá jamais? Qual seria sua opinião a respeito de pessoas que procedessem como neste último caso? A hipótese que figuramos não tem interesse apenas especulativo, pois reprodu7, um fato real, ocorrido recentemente nos Estados Unidos. Um incidente com os sistemas de alarme contra eventuais ataques atômicos revelou total despreparo psicológico da população norte-americana em face dos dramáticos acontecimentos que podem se desencadear a qualquer momento, cm caso de confronto nuclear. Desta vez, o alarme foi acionado no Estado de Pensilvânia, localizado um pouco ao norte de Washington. Portanto, numa área próxima do centro polftico e administrativo da maior potência ocidental. É oportuno lembrar que se encontram instalados naquele Estado silos com mísseis intercontinentais, o que o coloca entre os alvos prioritários dos foguetes soviéticos. O falso alarme ocorreu devido a um erro de computador. lrrcílctidamentc, técnicos sobrecarregaram o sistema militar de computação local, repetindo um dado já existente na memória do computador, transferindo-o para o novo centro eletrônico da Agência de Administração no Estado de Pensilvânia.

I

O alarrne acionado a 5 de janeiro último chegou a funcionar durante quatro minutos, por volta das 11 hs. e 14 minutos (hora local) em 44 dos 67 distritos da Pensilvânia. Somente na área norte de Filadélfia - a maior cidade da Pensilvânia - 46 sirenes alertaram a população, que se manteve espantosamente apática, sem revelar qualquer indicio de preocupação. Nos colégios as aulas não se interromperam, os transeuntes continuaram sua caminhada, as lojas comerciais e demais locais de trabalho l?rosseguiram suas atividades, e o trânsito de automóveis não se convulsionou. As únicas pessoas alarmadas com o episódio foram os responsáveis pela Defesa Civil daquele Estado. Jerry Ouckctt, diretor da Defesa Civil do distrito de Lehigh, declarou ter recebido telefonemas de bombeiros e policiais, mas nenhum de moradores da localidade.

O fato, considerado em seu conjunto, é surpreendente. Tanto pela reincidência de alarmes falsos anunciando o desencadeamento da $':'erra atômica (há alguns anos ocorreu incidente análogo, em outro Estado da Federação norte-americana, detectado antes de ser alertada a população civil), quanto, sobretudo, pela reação do público, que faz supor um amortecimento do instinto de conservação. Constituindo a mais básica das inclinações do homem, o instinto de conservação é muito intenso mesmo nos animais que, destituídos de discernimento, não têm consciência da própria existência. Ameaçada a vida de um animal, este reage instantaneamente através de seu instinto de conservação, procurando evitar o perigo. Isto, conforme o animal, verifica-se com grande agilidade, a qual pode ser acentuada pelo medo. Quando ameaçado, o homem reage não somente impelido pelo instinto de conservação, mas sobretudo animado pela nobre capacidade de inteligir o principio pelo qual todo ser deve defender sua própria integridade.

Quando 40 alrenea do

alarme antinuclear ao·

aram 1 0 norte da gren· de cidade de Flla<Ul f le (foto). no dia 6 de janeiro t'.iltlm o. a populaçlo M portou cómo se nada eatíve1• N sucedendo

Tanto o instinto de conservação quanto a capacidade de intelecção parecem ter-se evanescido nos abúlicos habitantes da Pensilvânia. Só neles? Quantos outros habitantes dos numerosos Estados da maior potência militar do mundo reagiriam de maneira idêntica diante do mesmo fato? Mais. Haveria algum país ocidental cuja população, de modo inequlvoco, se comportaria diferentemente?

Uma última reflexão se faz necessária. Essa insólita apatia verifica-se em pessoas pertencentes a uma civilização que, até há pouco, c-0locava o prazer entre os principais objetivos da vida, bem como procurava prolongar esta ao máximo. Agora, entres tanto, essas mesmas pessoas parecem desinteressar-se disso e encaram a morte com a impassibilidade de um drogado. A euforia de viver e a voragem do prazer deram lugar ao tédio e a um desespero surdo, e os que cultuavam a vida e embriagavam-se com deleites rolam para a tragédia acabrunhados pela frustração.

É bem o sintoma da degenerescência de uma civilização sem fé e que já não encontra razão de existir. O prazer e a alegria desgastaram-se, perderam o poder de encantamento, e com eles extinguiu-se o sentido da vida. Quão diferente seria a reação de homens animados pela verdadeira Fé - a Católica, Apostólica, Romana - vivificados pelo espírito sobrenatural! Eles saberiam haurir renovadas forças para defender princípios cujo valor excede ao da própria vida ameaçados pela impiedade inexorável do maior inimigo que ousou levantar-se contra Deus e Sua Igreja nesta terra: a hidra comunista. Essa atitude de confiança e combatividade, entretanto, só a alcançam aqueles que crêem firmemente em Deus e recorrem a Nossa Senhora, implorando proteção e alento. Os que assim procedem estarão seguindo o conselho de Nosso Senhor, no Evangelho de São Mateus: buscar primeiramente o reino de Deus e sua justiça; neste caso, todas as coisas (necessárias para a subsistência] serão dadas por acréscimo àqueles que agirem com tal espírito.

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CH U VA AMAR ELA, a discreta e mortal guerra química habitantes. Hoje, estima-se que esteja reduzida a menos de 75.000. Não é apenas no Laos que os russos usam a guerra química. O Dr. B. A. Zikria, professor de Cirurgia na Universidade de Colúmbia, trabalhou na assistência aos guerrilheiros e civís do Afeganistão, onde encontrou grande número de pessoas com sintomas misteriosos. E afirma: "Há evidência esmagadora de que a guerra química está sendo usada. O envenenamento é um problema médico e clínico que pode ser diagnosticado p elos seus efeitos. O efeito do agente químico sobre a vítima é mais imporrante que a sua identificação. Não sabemos qual a substância que está sendo utilizada, mas a realidade tnédica é que milhares de pessoas estão sofrendo e morrendo. contando os mesmos fatos e apresentando os mes-

C.1tetete1. eatllete1 e W rios tiPo• de arma, fora m a prendidos pelos Policiai,. durante 11 acidentada, eleições para preside nt e do Sindicato de Metalúrgico, de Sl o Ceeteno do Sul. no d._ 17 de janeiro

Apuros da ''democracia'' sindical

e

OMO MUITO das coisas originárias Grécia, a democracia não se caracteriza por sua fácil exequibilidade. Por vez.es mesmo, toma o aspecto de verdadeiro "presente de grego". Ê o que parece estar ocorrendo com nossa "democracia" sindical, abalada constantcmen'te por convulsões de toda ordem. Desta vez, a crise manifestou-se nas eleições para a presidência do Sindicato de Metalúrgicos de São Caetano do Sul, no ABC paulista. Concorreu à direção do sindicato, além da situação, uma chapa única de oposiç.ão. A primeira foi liderada por João Lins, e encontra-se no poder desde 1975, apoiada agora pelo Conclat (Congresso da Classe Trabalhadora). facção sindical dirigida por Joaquim Andrade e que conta com a simpatia do PCB e do MR-8. A oposição é encabeçada por José Ferreira da Silva, irmão de "Lula", apoiada pelo PT e CUT (Central Onica dos Trabalhadores), que por sua vez é favorecida pelo PC do B. Disputada por essas duas correntes "democráucas", as eleições tomaram rumo trágico, senão burlesco. Logo no início do escrutínio, no dia 17 de janeiro. a polícia teve que intervir, a fim de garantir a tranquilidade. Dissolveu uma escaramuça entre partidários das duas facções, recolhendo armas de fogo e cassetetes em poder dos simpatizantes da chapa situacionista. Ourante a breve contenda , adeptos da situação chegaram a lançar bombas de fabricação caseira, conheCATOUCISMO -

Fevereiro de 1984

cidas como "cabeça de negro", contra elementos da oposição. Com a proteção policial o escrutlnio chegou ao fjm num chma de "democracia vigiada". Mas o drama (que também nasceu na Grécia) não terminou ai... A apuração das urnas realizou-se em meio a acusações de fraude, sem garantir a vitória a qualquer dos contendores. A oposição obteve maior número de votos, mas não com o mlnimo exigido - a metade dos associados sindicais mais um - para garantir-lhe a posse da presidência. Dos 7.876 associados, apenas 6. 787 votaram, sendo que 1.089 não exerceram seu direito de voto. Assim sendo, novas eleições foram convocadas, ainda para janeiro. Não se pode negar que a "democracia" sindical, apesar de pouco amadurecida, leva essa vantagem sobre a polltica brasileira: o voto não é obrigatório ... Não obstante, em vista do conturbado clima em oue transcorreu a recente campanha eleitoral, convenhamos que, se nossos sindicalistas conseguiram copiar as fórmulas exteriores da democracia helênica, demonstraram não ter assimilado o espírito da instituição ... A fácil exacerbação dos ânimos - causada pela disputa de correntes esquerdistas infiltradas nos sindicatos - tem caracterizado as pouco democráticas e muito manipuladas eleições sindicais no Brasil. São os apuros de uma "democracia'' estiolada e mal concebida.

1nos sin10111as". Vftlma da guerra qufmlca 1-ovWtic1 no Afoganittlo

AS MONTANHAS Phu Bia, no Laos, o professor primário Lee Mai, de 25 anos, estava passeando por um campo da vila de Moung Hong, quando viu helicópteros voando cm c!rculo sobre as 300 casas do vilarejo. Logo após, com horror, observou nuvens de pó vermelho das explosões, e um pó musgoso amarelo descendo do céu. As pessoas cobertas pela substância úmida começavam a girar loucamente, arquejando sem ar, e com sangue escorrendo dos narizes e bocas. Pouco depois, morriam. O professor Lee Mai vira mais um episódio da guerra química levada a cabo pelos russos, aliados do Vietnã do Sul, que desta forma eliminam as populações inimigas do país vizinho. A tribo Hmong, onde havia muitos aliados dos Estados Unidos, sofreu repetidos ataques da "chuva amarela", como forma de liquidar sua resistência ao invasor vietnamita. Em 1975 a população Hmong e ra de 400.000

N

O Dr. Bernard Wagner, professor de Patologia Médica, que regressou há pouco de viagem de verificação ao Sudeste Asiático, declarou: "A ameaça da guerra qufmica limitada é, pelo menos para mim. tão grande quanto a da guerra nuclear. Corno as toxinas 1ên1101110 efeitos agudos quanto retardados. um agressor pode conseguir seus fins sem os problemas causadós pela explosão atômica. Além do mais, as toxinas podem ser disseminadas de maneira insidiosa, quase indewNá-vel". · Especialistas militares e cientistas dos governos dos Estados Unidos, Canadâ, Grã Bretanha, França, Alemanha Ocidental, Noruega, Tailândia, Israel e Nova Zelândia confirmaram o uso habitual da guerra química pelos russos, apesar de os Estados Unidos haverem assinado um tratado com a Rússia em 1972, banindo as armas químicas. Mas, nas Nações Unidas, os soviéticos e os governos simpáticos a eles vetam toda tentativa de verificação

u;n loco".

Mais um tratado violado, mero instrumento passageiro de propaganda soviética (cfr. "Parade Maga:'.inc'', suplemento do "Washington Post", 26-6-83).

Eduardo Queiroz da Gama 3


PLANO COM NO VIEl ficada pelos comunistas, caracteristicamente. como uma força reacionária e recalcitrante. No Vietnã, até 1979, sucederam com essas forças dois fatos distintos: reduziram-se e enfraqueceram-se. Ou seja, reduziu-se o número delas e, dentro delas. o número de membros diminuiu. O que significa aqui enfraquecer? Não é uma repetição do reduzir, isto é, o óbvio enfraquecimento por redução. Mas é o próprio ímpeto de recalcitração delas que e nfraqueceu.

4. CENTRO "Échange France Asie" (26, rue Babylone - 75.007 - Paris), em seu dossier n•. 72, fevereiro de 1982, publicou um documento de extraordinário interesse para os católicos do mundo todo. Emanado do Partido Comunista vietnamita, o documento de 19 páginas - intitulado "Nossa tarefa en, relação à Igreja Católica" - explana a política religiosa do PC, que ora detém o poder naquele pais asiático. Tais são os termos dessa política, que nela o leitor reconhecerá, sem dificuldade, o plano do comunismo internacional, aplicável - e já freqüentemente aplicado - às nações onde a Religião católica tenha qualquer parcela de influência. Mesmo àquelas, como é o caso do Brasil, onde o PC não assumiu o poder político. "Échange France Asie" esclarece: "Foi só após tern,os obtido com cer1eza garantias de sua autenricidade, que nos decidimos a publicar a tradução deste documento". Ele é datado simplesmente: "dia da Jesra nacional", ou seja, 2 de setembro. De que ano? Por uma "crítica inrerna" do documento, "Échange France Asie" o situa em 1978 ou talvez 1979. · Um alentado resumo do texto foi publicado pela conhecida revista progressista francesa "lnformations Catholiques lnternationa· les", em seu n•. 576, de julho de 1982. Ao que nos conste, tanto o documento ·integral publicado pelo centro "Échange France Asie", quanto o mencionado resumo, não foram editados no Brasil. Nosso jornal apresenta hoje alguns dos trechos mais importantes desse documento. A introdução e os comentários são de autoria da Redação de "Catolicismo".

"En1retan10, até o presente. o natureza a111icomunista da Igreja 11ão mudou". • t admirável! Apesar de todas as decadências e defecções que o documento constata. ele ressalta ainda que a Igreja, enquanto Igreja, por sua natureza, é anticomunista. E isso constitui um obstáculo para os vermelhos. E uma consolação para nós católicos, tomar conhecimento de tal afirmação.

O

1I

- Um documento ,:evelador 1

O comunismo ascendeu ao poder cm vários países, mas vem enfrentando o problema de estabilizar seu domínio. Evidentemente, os vermelhos não podem se contentar com a mera ocupação militar, imposta a povos cada vez mais indignados, como é o caso do Afeganistão. Mesmo porque, tendo o projeto de estender seu domínio sobre a terra, devem compreender que são necessárias mais tropas para dominar à medida que tal jugo aumenta. E seria absurdo tenta ju$ular o mundo apenas através do man,fo militar. Para o comunismo 1ntcrnacional, portanto, a conquista da opinião pública e a destruição dos obstáculos qvc nela possa encontrar para tal conquista, constituem condiç.ã o de vida ou morte com vistas à realização de seu plano imperialista. Não se trata apenas da conquista de nações que não se entregaram ainda a ele, e cuja resistência possa ser diminuída por uma ação de caráter ideológico. Mas torna-se necessária também a conquista da opinião pública para manter a posse do poder onde o comunismo já o adquiriu. No Vietnã a dificuldade se coloca por inteiro. O comunismo é senhor do país pela força das armas. E naturalmente se encontra diante do problema: como manter-se? Sabemos que o Vietnã era religiosamente dividido. Hav,a pagãos de várias seitas - um misto mais ou menos ambíguo de bramanismo e budismo, o que aliás é próprio a toda a Indochina - em boa medida fracionadas, e que se espraiavam pela península indochinesa. Existia ainda, como resíduo das antigas missões, um forte baluarte católico que chegou a tomar conta do poder até o governo Thieu . Não queremos analisar aqui a atuação, enquanto católicos, desses governantes, mas o certo é que, ao menos politicamente, os católicos, naquela época, dominavam o Vietnã. Pode-se compreender por aí a importância da opinião católica no conjunto do país. E consequentemente, a vantagem para o comunismo em utilizar métodos eficazes a fim de dominála, após ter subjugado. pelas armas, os anticomunistas católicos.

• • • A politica preconizada pelo documento do governo vietnamita procura resolver este "ca-

4

Ao lado. interior de um campo de "ree-•

5,

ducaçlo" no Vletnl do Sul

so". Mas é interessante observar que o método descrito no documento é válido para o mundo todo. Não resu lta apenas de uma análise especifica da situação do Vietnã cm 1979, mas de um exame das condições de vida interna da Igreja Católica, em qualquer lugar onde Ela exista. De maneira tal que os fatores locais quase não figuram no plano. O que nele aparece é a Igreja Católica tomada em tese. Portanto, também a Fé católica considerada teoricamente, as relações Hierarquia-fiéis e as reações naturais da opinião católica enquanto sujeita a um inimigo. Tudo isso é considerado como numa partida de xadrês, em tese, e desenvolvido também nesse plano. Tal impostação, é verdade, por um certo lado empobrece a análise do problema, porque nada de concreto existe na pura teoria. A tese é uma coisa, o plano concreto é outra. E o concreto vem acompanhado de ci rcunstâncias que um plano de dominação bem feito tem que tomar em consideração. Mas, também é verdade que num plano bem feito, o qual tome o concreto em consideração, um dos dados a ser considerado, certamente o mais importante para as nações católicas, é a Igreja. Ora, enquanto método para dominar a Igreja, o documento está ferinamente bem pensado. Lendo-o, podemos e devemos reportá-lo às condições concretas do movimento católico cm nosso Pais. E perguntarmo-nos até que ponto um plano assim seria aplicável à Igreja no Brasil. Parece-nos que ele teria aplicação. Mais ainda. Munidos desse documento, muito mais facilmente podemos constatar, pelas analogias existentes, que a tática comunista, no que se refere aos católicos brasileiros, já está sendo aplicada. E, portanto, ajuda-nos ele a abrir os olhos a respeito.

I'I -

Textos e Co~ entiirios

-

Os textos do documento do PC vietnamita serão precedidos por um número, e virão entre aspas. Os comentários, a cargo da Redação do jornal, serão precedidos por um sinal gráfico (•). Os subtítulos são nossos.

Atual situação da Igreja no Vietnã

1.

"Duranre estes últimos a11os, par1icular1ne111e após a libertação roral do Vietnã do Sul. numerosas ,nudanças proveitosas às massas populares produziram-se 110 Igreja, e11quan10 se mulriplicavam as divisões". • O texto refere-se, evidentemente, a reformas eclesiásticas que os comunistas qualificam de favoráveis às massas populares. Adiante se verá que se trata da instalação do governo de massa dentro da Igreja.

2.

"A adapração aos rempos 11ovos. a obediência às leis do Estado, o cuidado em evitar os conjliros e con1i11uar relacionando-se com

"En1 certos lugares. perigosos reacio11á· rios impeni1e111es prossegue,11 sua oposição resoluta .... Imporia ser vigila11te e saber .... isolar e quebrar resoluramente os reacio11ários perigosos e impe11i1e11tes que segue111 uma estratégia .... . Nós sere111os de uma gra11defir111eza com relação às atirudes. declarações e práricas reacio11árias". • Note o leitor a palavra "perigosos". Os comunistas desfrutam todos os poderes. Esses recalcitrantes se julgarão umas pulgas em face do poderio adversário. Terão medo, talvez. Tal recalcitrância, entretanto, é poderosa devido ao jogo natural, intrínseco, das coisas na Igreja, e ainda pelo auxílio de Nossa Senhora. E os donos do poder manifestam medo. Temem que, de repente, esses poucos saibam tocar a clarinada que desperte, nas almas dos que defeccionaram, as fibras católicas que dormem.

Progressismo e PC de braços dados: pl anos para o futuro

6,

"Hoje. .... porque Ela quer Jazer esquecer seu antigo aspecto. porque quer enconrrar um lugar na nova sociedade e p orque. ademais, Ela estó influenciada pela nova linha de candura do Concilio Varicano lf. a Igreja Católica 110 Vietnã do Sul preconiza ojicialmenre a aplicação das concepções do G:oncilio

• • • Pelo fato de vivermos numa sociedade laica, somos levados à impressão' de que as pessoas não pertencentes ao movimento católico ignoram os problemas internos da Igreja. Que não só os desconhecem, mas menosprezam: seriam probleminhas de sacristia, sem nenhum interesse! Na verdade, aqueles que, hoje em dia, procuram dominar o mundo - como é o caso dos comunistas - olham para dentro da Igreja e acompanham com acurada atenção todos os seus fenômenos internos. Portanto, muita coisa pejorativamente chamada de "as.~unto de sacristia", pode ser influenciada pelo inimigo externo. Porque se ele tanto acompanha e estuda o terreno, organiza planos etc., não é para se divertir, mesmo porque divc~tido o assunto não é. Ele deseja tirar proveito disso, eis a verdadeira razão. Acompanhar tais fatos com olhar desdenhoso, como se eles não tivessem um grande alcance para o curso efetivo e geral dos acontecimentos, consiste, para um católico, em assumir uma atitude estulta, ou então... de inocenre-útil. Como filhos da Igreja , devemos acompanhar com a maior atenção e compenetração o que ocorre no interior dos meios católicos. E assim, por meio de orações e sacrifícios, e também de nossa ação, poderemos influir benéfica e decisivamente sobre os acontecimentos. E, desse modo, ajudar o Brasil a caminhar possantemente na direção desejada pela Providência Divina. As várias razões acima explicam o interesse realmente grande que apresenta o estudo do referido plano comunista a respeito da Igreja .

.

• Um ano após a conquiste do Vietnl do Sul ~tos vermelhos (1976}, nos magazin1 de Saigon, objetos piedosos. imagena religiosa• e terços slo expostos juntemente com fotos de Ho-Chi-M inh. o Uder comunista do V ietnl

os órgãos do poder e do Front .... conttiruem. daí em dianre, a orie111ação principal que se desenvolve cada vez mais entre numerosos padres e bispos". • Essas são, pois, segundo o documento, as três razões principais pelas quais muitos Bispos e padres adotaram uma orientação ma,s de acordo com a seguida pelo novo regime. Ora, tais argumentos, embora falsos, são realmente manuseáveis pelos comunistas, no sentido de influenciar a mentalidade de um católico eivada de pelo menos algo de progressismo, e que concebe a doutrina católica como flexível diante do mal e sujeita à evolução. De um católico que, diga-se de passagem, nada tem da coragem dos mártires! Mais do que três sofismas, são três técnicas visando pressionar a consciência de um católico militante, para torná-lo receptivo às capitulações diante do comunismo.

3.

"As forças reacionárias recalcitranres reduziram-se e e11fraqueceram-se". • O relatório é feito com cuidado. Há então forças que não se dobraram às táticas comunistas. São qualificadas de reacionárias e recalcitrantes. No Brasil, a TFP seria classi-

• Famllia católica, exibinc após fugir do Vietnã do

à siruação do Vietnã, a adapração ao n ovo

Rcgi111e. a fim de continuar a contro lar os fiéis. e de poder subsistir". • Que a Igreja - melhor diríamos. muitos de sevs membros - quer fazer esquecer seu antigo aspecto, comprovamo-lo todos os dias; não há momento em que não se veja isso por parte dos progressistas. Eles desejam encontrar um lugar na nova sociedade. Dia e noite estão se modificando para caber nessa sociedade, no regime comunista. A Igreja está influenciada, diz o documento, pela linha de conduta do Vaticano li. Então, quando csti- · vermos em presença de muitas das atuais reformas progressistas, devemos lembrar-nos de que, se elas são por eminência nocivas porque desfiguram a Igreja, também o são .em virtude de prepararem os católicos para estenderem as mãos às algemas dos adeptos do credo vermelho. Assim, quando se presenciam certas modificações impulsionadas pelo progressismo, é lícito pensar não só na ofensa feita a Nosso Senhor Jesus Cristo, mas também no tipo de sociedade que se prepara através de tal processo. t o próprio adversário que o assevera. Outra razão apontada para a aceitação do novo regime é o desej o de CATOLICISMO -

F,


' ._

UNISTA PARA A IGREJA íNÃ ... E NO MUNDO subsistir, custe o que custar. Estranha contradição: a Igreja tem que subsistir; e para isso, Ela tem que se suicidar!

Diversas categorias nas fllelras cat6llcas

7.

O documento do PC apresenta, em seguida, as diversas categorias em que se divide o Clero vietnamita. Poder-se-ia dizer que no Clero brasileiro, infelizmente, o processo de esquerdização já está mais adiantado, mesmo sem o comunismo ter ascendido ao poder. Assim sendo, comentaremos as diversas categorias, tendo em vista não só o Clero, mas o conjunto dos católicos brasileiros.

"Nossa tarefa em face da Igreja é .... de criar condições favoráveis a nossas atividades junto às massas católicas, de eliminar sua natureza política reacionária e de lin1itar o caráter retrógrado e conservador do catolicis,no". • Qual deve ser a tarefa do Partido? Eliminar a natureza política reacionária das massas católicas. Trata-se daquele "sensus fidelium" que ainda permanece na Igreja, cá, lá e acolá, encoberto pelo progressismo, e que su bsiste devido ao aludido caráter essencialmente anticomunista da 1ireja. Os comunistas temem que a massa católtca tenha se deteriorado menos do que certas cúpulas, e que seja ainda "reacionária". Eis o problema que se apresenta para eles: acabar com o que ~á de " reacionário" na massa. É uma ação diametralmente oposta àquilo que seria a missão de um verdadeiro católico, o qual procuraria reviver na massa esse fermento evangélico anticomunista que nela permanece amarfanhado. Quanto ao caráter "retrógrado" e conservador do catolicismo, os marxistas o querem limita r. Sabem não poder suprimi-lo de um momento para outro. Mas procuram eliminálo, mediante sucessivas limitações. A essa tarefa, à qual eles dedicam ta,:,to empenho, não saberemos nós, os verdadeiros catóheos, dedicar um empenho em sentido oposto, ainda muito maior, uma vez que lutamos em prol da verdadeira Fé? Libertar, psicológica e espiritualmente, a massa na qual ainda haja a fermentação sadia, "retrógrada". conservadora, tradicional da Igreja, é mais importante do que libertar o Santo Sepulcro. Nosso Senhor Jesus Cristo não teria vindo ao mundo para libertar o Santo Sepulcro. Mas veio salvar, redimir os homens, um só homem que fosse. Compreende-se então melhor o que é, cm seu estágio atual, a Cruzada para a qual foram chamados os católicos fiéis, no século XX (cfr. ."Catolicismo", n•. 1, janeiro de. 1951).

8.

"O objetivo global .... é o seguinte: transforrnar a Igreja, que até aqui era um instru1nen10 do ilnperialisrno e dos antirevolucionários. em uma religiõo a serviço do Estado, patriótica, próxima da nação e do socialisn,o: reformar sua doutrina, sua orga11ização, sua

1O.

"O grupo dos homens de progresso, ou progressistas: seu número é restrito: a maior parte é constitulda por jovens intelectuais que segue,n a Revolução e o socialismo: .... eles estão de acordo em viver com os comunistas. se bem que saibam que é preciso lutar contra o ateísmo do comunisn10''. • Sem comentário.

11.

"Os partidários da adaptaçio: eles

con1preenderam que serão obrigados a viver um longo tempo sob o novo regime e esperam salvaguardar a religião. Eles querem atualizar o cristianismo participando da obra co,num. .... São partidários da justiça social, mas não queren, o comunismo e não gostam do atelsn10".

A palavra "adaptação" deve aqui ser

entendida no sentido de uma resignação mais ou menos dolorida, enquanto na categoria dos progressistas há uma nitida simpatia pelo comunismo. Compreende-se bem a diferença entre as duas posições. Diferença, aliás, bem dosada no documento. Em nenhum momento se diz que os adeptos da adaptação têm uma simpatia direta em relação ao comunismo, como no item anterior. Eles não desejam o comunismo total, mas um socialismo avançado. Têm uma adaptabilidade a favor do comunismo, através de sua propensão para a "justiça social", da qual é um _elemento!' propalada função social da propriedade (veJa-sc o artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "Função social. porrete e faca", publicado em " Catolicismo", agosto de 1983, n•. 370). Toda a propaganda de caráter tendencial que se tem feito em torno de expressões como "justiça social", e"função social da propriedade" levou essa categoria de pessoas a ver o comunismo sócio-econômico como algo a que, a longo prazo, é necessário adaptar-se. Portanto, se os partidários da adaptação não são adeptos do regime comunista, nem a ele simpáticos, também não lhe votam a repulsa que deveriam ter. Não gostam do ateísmo, mas estão dispostos a viver longo tempo nesse regime.

12.

"Os indecísos: é a maior parte. Eles

não gostam do novo regime, mas são obrigados a viver com ele. Procuram a tranqüilidade que lhes permitirá praticar sua religião e salvaguardar seus i11teresses privados. É, pois, a contragosto que eles seguem a política e as leis do Estado. Evitam chocar-se com as autoridades. Apreciam pouco os progressistas e os partidários da adaptação: desconfia111 també,11 dos reacionários, se bem que sofram sua influência".

fo objetos de piedade# fotografede em Hong Kong.

Sul. sob o jugo vormolho. num barco pesqueiro

legislação e suas cerimónias segu11do 111110 orientação de progresso". • Pode-se perguntar: não é precisamente o que se está passando sob nossos olhos? Como comprovação documental de que este é o objetivo comunista para a Igreja, o texto é precioso. inestimável mesmo.

9,

"Orie11taçõe.r: .... estabelecer uma disti11ção entre a Igreja e os fiéis, entre a Igreja e ~s rearionários .... recuperar aqueles que sao recuperáveis e quebrar os reacionários religiosos". • Para falar do Brasil, é bem esta a política cm face da Igreja que vem sendo seguida pelos comunistas desde 1940, mais ou menos. O livro "Em Defesa da Ação Católica", de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, publicado em 1943, foi um brado de alarma contra iníluências dessa politica dentro dos meios católicos. Ainda em plena sociedade burguesa tem-se procurado distinguir entre Igreja e reacionários, tentando-se quebrar, o quanto possivel, a resistência daqueles nos quais tal epiteto é colocado.

ivereíro de 1984

Manifeata,çlo p(lblica de católicos em Saigon. antes da queda do Vietnl em mlo1 dos comunistas

• A afirmação é trágica: "é a maior parte". Quão facilmente isso poderia tornar-se

.

1

,

1

'

Desfile de tanques comuniataa no atual estádio denominado

Ho-Chi-M inh,

em

Saigon

nários i11veterados". São os que;. por sua fé, não transigem com o comunismo. t:. evidente que a TFP seria enquadrada nessa categoria da classificação elaborada pelos marxistas.

Planos para reformar Bispos e padres

14.

"Com habilidade e sob n,unerosos formas devemos ajudar-os bispos a compreender e tomar consciência das mudanças revolucionários que se produziram .... . Nós os mobilizaremos, nós os encorajaremos a declarações e comportamentos de caráter positivo. mesmo em se tratando de pontos mínimos .... . Com habilidade e resolução reformaremos os órgãos dirigentes dos bispados .... . Nós devemos, pois, ajudar os bispados; introduzir aí patriotas progressistas". • O PC vietnamita considera aqui o Bispo mole q ue, de boa mente e com certa resignação, vai cedendo a tudo, e que para se·dobrar depressa só precisa de ajuda. Naturalmente, neste contexto, "ajuda" significa pressão. Nota-se também que, no caso de o Bispo ter receio de perder as bases, ainda impregnadas de restos de verdadeira religiosidade, os vermelhos o encorajam a enfrentá-las, na medida do J?OSsível. Isto tudo parece supor a existência de um pequeno manual sobre a maneira de mudar um Bispo. Aproveitam-se até de "pontos minimos~ que podem encorajar muitos Prelados a caminhare m mais ainda na senda da Revolução.

15.

"Nós conduziremos o combate para dividir, reforn,ar os padres, atrair a maioria dentre eles para seguir uma orientação que se conforme à polltica e às leis do Estado ..... Cada caso pessoal será objeto de um estudo profundo, concreto e preciso". • O que se diz aqui faz desconfiar que os comunistas possuem outras diretrizes miúdas sobre como se atrai um padre, sobre quem é incumbido disso, se é uma "beata" que freqüenta a igreja ou um prefeito importante; ou se é um homem da cidade que é o "amigão" do padre nas horas vagas. Haverá pequenos tratados que expliquem isso? Por esses sintomas se entrevê como a estratégia está estudada ponto por ponto. Considerando-se o cuidado e o empenho que os comunistas empregam em mudar a mentalidade de um J?adre, podem os céticos aquilatar a importância que têm os meios católicos para quem quer traçar o rumo dos espíritos numa nação. Mas há mais.

16.

"Nosso trabalho j unto aos padres deve diversificar-se segu11do as categorias: a) com relação aos progressistas - sua importância é grande; sera preciso ajudá-los a desabrochar, a se formar, a progredir de uma maneira ainda mais firme. Nós cuidaremos de favorecê-los materialmente; confortaremos suas convicções ideológicas e pollticas .... Esforçar-nos-emos para os agrupar numa força progressista estreitamente controlada por nós". • ''Ajudá-los a desabrochar... " significa, evidentemente, fazê-los chegar às últimas conseqüências dos erros que jã professam. "Favorecê-los materialmente... ": são os trinta dinheiros de Judas. Por que não? A receita é velha. Como tudo isso tem analogias com o progressismo tal qual ele existe, no Brasil e em toda a América Latina! Mesmo no Vietnã do Sul a aplicação do plano jâ estava em curso quando o comunismo o dominou. Basta ver com que faci lidade organismos eclesiásticos vietnamitas aceitaram a queda do governo Thieu e entraram no magma comunista .

13.

17, "b) com relação à classe intermediária - Ela con1preende os partidários da adaptação e os indecisos. Com eles adotaremos o seguinte posição: e11cetar um combate que os atrairá a nós. que favoreça seu progresso e que contrarrestará os esforços dos reacionários para atraí-los .... nós os orientaremos para atividades patrióticos. de tal sorte que eles se desligarão pouco a pouco da influência dos

• Entre aqueles que os comunistas denominam "reacionários". haveria alguns que julgariam prático adaptar-se um pouco, para agir. E há os que são qualificados de "reacio-

• Trata-se dos que não são antipáticos ao comunismo. Pelo contrário, meio propensos a ele, resignam-se; situam-se entre uma magra simpatia e uma robusta resignação. São também os indecisos. Note-se mais uma vez o papel do "reacionário": está presente, obri-

realidade num Brasil que tivesse a desgraça de cair sob o tacão do comunismo. Os indecisos amam pouco a Religião, vivem em função dos interesses pessoais. Correspondem, de outro lado, a uma certa faixa da opinião pública ainda iníluenciável pelos bons. "Os reacionários: é preciso distingui~ a categoria dos reacionários inveterados daqueles que utilizam certa for,na de adaptação para agir".

reacionários.,.

gando os comunistas a moderarem sua tática, porque os incomoda. "Reacionário" de braços cruzados, e às vezes algemado, obriga os comunistas a adotar táticas que não são as que prefeririam, porque ele está ali. Se não fosse muito maior o papel dos que são qualificados ºreacionários'\ só c.stc já seria muito impor.. tante. É um papel glorioso! As chamadas "atividades patrióticas", segundo o jargão comunista, constituem uma das manifestações dessa mania, corre nte em certos meios eclesiásticos, de só abordar assuntos sociais. Falam apenas de sociologia e economia. Dir-se-ia que não há outro tema ou realidade no mundo. Falar de salvação eterna, de glória de Deus, das verdades reveladas, jamais! Tais a ssuntos são relegados. na melhor das hipóteses, a um plano ultra-secundário.

18.

"e) Com relação aos reacíonários devemos ser de uma extrema vigilância, golpeá-los sem piedade, paralisá-los para que eles não tenham m ais força de se opor a nós.

Assim .... acentuaremos as divisões nasfi.leiras do clero e impulsionaremos os partidarios da adaptação a seguir uma orientaçõo da qual as massas populares e a Revolução .t ó poderão tirar proveito" (o negrito é do texto original vietnamita). • Falam em "extrema vigilância", o que parece incluir a espionagem. Quanto a "golpeá-los sem piedade", é o que se pode observar, mesmo nos países em que o comunismo ainda não ascendeu ao poder. Note-se também a forma pela qual os marxistas procuram dividir: um pequeno núcleo de clérigos e de leigos permanece do lado bom - o que exige sacrifício - e todo o resto descamba para a esquerda. Os poucos que ficam fiéis são as uvas que vão para o lagar, a fim de serem pisadas e esmagadas. E dessas uvas, empregando-se a metáfora da Sagrada Escritura, é que surge o vinho agradável a Deus.

19.

"Quanto às religiosas. importa que estejamos muito perto delas, pois são capazes de transformações muito rápidas". • Nem é preciso comentar!

20.

"Quanto aos seminários, .... será pre· ciso tomar cuidado paro que o conteúdo, o progran,a e os métodos de e11sino sejam confor,nes a 11osso regime e nossa polltica .... Eliminaren,os do programa todo conteúdo reacionário, anticomunista ..... Quando for necessário convirá organizar reciclagens políticas e ideológicos para os diretores e prof essores". • Não pedem que o conteúdo do ensino seja ateu, pois sabem que formando o padre igualitário formam indiretamente o padre ateu. Não é necessária uma ação direta, o ateísmo desenvolve-se por s i na alma do sacerdote igualitário.

21.

"De um modo geral não se deve deixar a Igreja organizar associações, pois .... elas são muito facilmente utilizadas pelos reacionários".

• No Brasil pratica mente cessaram de existir as associações religiosas. Quase só restam - ou restavam - as Comunidades Eclesiais de Base. Mas as CEBs não são propriamente mais o que o texto denomina "associações religiosas". Embora sejam até comunidades eclesiais, elas não vivem mais para um fim espiritual. Constituem alavancas da revolução social, são instrumentos da ação temporal do progressismo, transformado numa força política (cfr. "As CEBs... das quais

muito se fala. pouco se sabe - A TFP as descreve como são", Plínio Corrêa de Oliveira, Gustavo Antonio Solimeo e Luís Sérgio Solimeo, Ed . Vera Cruz, São Paulo, 1982).

22.

"Entretanto, as ordens terceiras, os grupos do escapulário, as associações colocadas sob patrocínio de santos .... não fazem outra coisa que recitar orações .... , não formam um obstáculo à atividade profissional e revolucionária das 111assas populares. De imediato, deixá-las-emos continuar suas atividades". • O. mais interessante aqui é o "de imediato". Ou seja, no fundo, os comunistas consideram que tais associações são indesejáveis, sendo necessário liquidá-las, de futuro, em ocasião oportuna. D

5


1

Atlântico Sul

RUSSOS À ESPERA DE UM SINAL AS CINZENTAS fuselagens dos aviões, ou no topo dos mastros das belonaves, a mesma sinistra estrela soviética rasga o céu e as rotas maritimas do Atlântico Sul. Frotas espiãs, navios de desembarque, submarinos, aeronaves de reconhecimento, bases e satélites olqam para a América do Su). À procura de quê? Esperará o Cremlin uma ocasião em que possa ativar a jlUerra psicológica revolucionária e intervir inesperadamente, em apoio de algum movimento subversivo ou guerrilheiro que lhe estenda a mão, ou de alguma ala engajada em conflito local? Da Rússia, a declaração do almirante Gretchko, comandante supremo soviético, chega clara e implacável: "No momento atual, a função hist6rica das forças soviéricas não está restrira à defesa(...). O Estado soviético ap6ia as luras de liberração nacional (...) em qualquer ponro. ainda que distante, de nosso planeta" (Apud "A Defesa Nacional", n.0 699, jan-fev de 1982, p. 21). Durante a guerra das Malvinas, correram boatos de apàrição misteriosa, cá e acolá, de belonaves russas. Mas, após denúncia da TFP argtntina, o urso soviético preferiu encolher as garras. Na realidade, a crescente presença naval e aérea russa no Atlântico Sul não é segredo. Ela vem sendo observada, e denunciada, por organismos e publicações categorizadas. Porém, o mistério reside no vazio que os grandes órgãos do IV Poder vêm fazendo a respeito. Por que silenciam o perigo que ronda o litoral de nosso continente? Vejamos alguns dados de fontes autorizadas.

N

Crescem preparativos soviéticos em Angola Segundo a documentada revista "Naval Forces", de Bonn, a atividade da marinha de guerra soviética no porto de Luanda está em continuo aumento. Quatro belonaves, in· cluida uma fragata lança-misseis, t~m sua base nesse porto. A Rússia está por estabelecer base própria para ancorar uma força tarefa ainda maior. No mesmo número da r~vista, o vice-almirante (da reserva) inglês Sir jan M~cgeoch !lota 9ue a Rússia conseguiu abnr para s1 cammho no Atlântico Sul apoiando o MPLA. Agora, já estabelecida, está aumentando o número e qualidade de suas unidades (op. cit. vol. 111, fevereiro/ 1982. n.0 1).

A Batalha do AtlAntlco Sul numa Terceira Guerra Mundial Em caso de guerra, os soviéticos poderiam, facilmente, inutili1.ar as plataformas petroliferas do Mar do Norte, deixando a Europa Ocidental na dependência do petróleo transportado através do Atlântico Sul. A 2.• Frota americana foi encarregada de vigiar esta área. Mas, segundo "Naval Forces" (n. 0 cit.), ela encontra muita dificuldade em cumprir essa tarefa, pois suas bases, localizadas no Atlântico Norte, distam entre 6.000 e 7.000 milhas. O almirante americano Harry D. Train 11, quando comandante supremo da NATO no Atlântico, declarou para "Naval Forces" que as rotas sul-atlânticas estão também ameaçadas pelas bases aéreas soviéticas localizadas em Cuba e Angola. Segundo o almirante Traio, circulam pelo Atlântico 70 minerais ou matérias-primas de importância estratégica critica para a indústria ocidental. .

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a um detalhe do novo contretorpedelro aov66tico Sobr1m1nny

Cita como exemplo o cromo, sem o 9ual não se pode pensar em aços de alta quahdade; o manganês, fundamental para certas ligas de aço; o tunistênio, requerido para fabricação de projéteis perfurantes; o cobalto, para a indústria espacial, e o fósforo, indispensável para a fertilização agrícola etc.

Desprotegida a carõtlda do Ocidente "É certo que a União Soviética rem numerosas bases militares ao lo11go da costa arlântica da África, a partir das quais pode operar suas belonaves e aviões. A NA TO não está presenre ao sul do tr6pico de Câncer, apesar de que uma grande percentagem das marérias-prinras necessárias para a Europa e EEU U são transportadas por mar pelas rotas do At/antico Sul", assinala um editorial da revista "Tecnologia Militar", de Bonn (ano IV, n.0 3, maio de 1982). E assim descreveu a situação o TenenteBrigadeiro Nelson Freire Lavan~re Wanderley: "Sem contar a África do Sul, não existe n1ais nenhuma base pertencente às nações do ocidente nas costas arlânricas da África; nos últimos quinze anos, deixaram de se tornar disponíveis as bases inglesas, francesas e norte-americanas que lá existiam; por outro lado, várias bases começaram a se tornar di.ipdnYveis para navios e aviões soviéticos". No mesmo artigo, o autor oferece detalhada lista das pistas de pouso mais importantes à disposição dos russos em Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Guiné, Congo e os aeroportos angolanos de Cabinda, Lnanda, Benguela e Mozamendes ("Cadernos de Estudos Estratégicos". Rio, n. 0 1, jan/ 1982).

Ameaça de conflito nuclear no Hemisfério Sul? Durante o conflito das Malvinas, a imprensa informou que aviões russos do tipo BEAR, com base em Angola, teriam sobrevoado a frota britânica. Segundo o relatório "Soviet Military Power", essas aeronaves são bombardeiros atômicos intercontinentais, utilizados também em missões de espionagem. Embora até agora a hipótese de um ataque atômico a partir de Angola ou da Antártida não seja concludente, é bom lembrar que em caso de guerra total no Hemisfério Norte, a faixa industrial que se estende desde Rio-São Paulo até Buenos Aires, provavelmente intocada no inicio, concentraria o maior parque industrial remanescente no mundo. E, portanto, seria decisivo num esforço de guerra final. Não é de estranhar que a Rússia' teça seus planos ...

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• • Udalov. navio lfder de nova categoria de contratorpedelroa 1ovUtico1

Nas geleiras da Antãrtlda se espalha a mancha soviética Enquanto a África se encontra a distâncias superiores a 3.500 km., a Antártida dista cerca de 1.000 km. do continente sulamericano. E lá a penetração russa avança espantosamente. "(A Antártida) representa uma base pote11cial para araques de mísseis contra os países do sul da América Lar/na, a África, a Nova Zelândia e a Austrálía. Por outro lado, a Penfnsu/a Anrártica permite o controle das vias maríti111as entre os ocea11os Pacífico, Arlil111ico e Indico, por pafses possuidores dos necessários n1eios logísticos, militares e tecno/6gicos. (...) Por outro lado, a vulnerabilidade dos Canais de Suez e Panamá, o apareci,nenro dos supernavios em face da econon,icidade do frete e a crescenre necessidade de materiais estratégicos para a indústria das potências ocidentais, inclusive a dos Estados Unidos, tor11aram vitais, para o mundo ocidental, as rotas do Cabo, pelo sul da África, e as dos estreitos de Drake e de Magalhães, pelo sul da América do Sul. A proximidade do contine11te a11tártico dessas rotas. com perspectivas de urilização de bases nessa região, para controle ou interferência com o tráfego marírimo ocidenral, Jaz ressaltar a capital importâ11cia estraté· gica da região antártica, especialme11te na conjuntura da atualidade", escreveu em "A Defesa Nacional" (maio-junho/ 1982, n.0 701, p. 29 e ss.) o contra-almirante Mucio Piragibe Ribeiro de Bakker, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar. Por outro lado, em debate promovido pelo CEBRES, o prof. Aristides Pinto Coelho declarou ter visitado na Antártida a base russa de Belenhouse, onde encontrou o melhor sistema de radiocomunicação instalado naquele continente gelado. Segundo o Prof. Pi.nto Coelho, a base de Belenhouse mantém ligação direta com a base de Minie, localizada no outro lado da Antártida, e que estas duas bases formam um triângulo de comunicação com a frota pesqueira russa, que, por sua vez, está ligada com o sistema de satélites soviéticos (cfr. "Cadernos de Estudos Estratégicos", Rio de janeiro, n. 0 2, julho/ 1982, p. 23). A frota pesqueira russa de alto-mar (4.000 unidades, aproximadamente) e uma frota de navios oceanográficos em número superior ao total de qavios similares existentes no mundo, são consideradas, pelos especialistas, um instrumento de espionagem e de apoio logístico para a marinha de guerra em caso de conflito.

energia nuclear. , uma

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Sra. Juraey Bezerra, Fortaleza (CE): "Continuem dando o testemunho da verdade com toda a intrepidez". Sr. José Renato Quarto, N atividade (RJ): " 'Catolicismo' está ótimo. Em todos os números encontramos artigos palpitantes de atualidade. Assim deve ser um jornal católico, que se preocupa com os valores perenes da civilização cristã: combativo e intrépido!" Sr. Elias Holanda Maia, Recife (P E): " 'Catolicismo' é a expressão da verdade evangélica ensinada por Cristo. 'Catolicismo' é uma sentinela da pátria contra a investida do marxismo, principalmente através da ala progressista da Igreja". Sr. José Ramos de Almeida, Campos (RJ): "Um jornal como o 'Catolicismo'

não pode passar despercebido dos leitores, daqueles que acreditam na coragem de seus dingentes. Através de seu estilo direto e imparcial consegue pinçar os aspectos mais importantes do que ocorre no mundo atual, retratando-os em toda a sua magnitude". Sr. Judas Tadeo de Araujo, Petrópolis (RJ): "Venho agradece.r-lhe a genti-

leza em me terem enviado o último número de 'Catolicismo' de 1983 e darlhes meu humilde parecer sobre suas matérias: estão ótimas, principalmente a da primeira página, sobre o Natal, o paralelo feito entre os retratos de Santa Terezinha, São João Bosco e São Pio X, além do artigo sobre a AIDS".

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AfOLICISMO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO 00 RIO Dlrttor: Paulo Corr~a de Brito Filho

A espreita O cruzador de betalha Kltov, lmpullionado por

Não é pelo número de navios ou de aviões que a Rússia poderá tomar conta do Brasil e da América do Sul. Isso o Cremlin bem o sabe. E o heróico Afeganistão está a mostrar ao mundo que de nada servem armas sofisticadas contra um povo que psicologicamente não se deixou vencer. Entretanto, lances de guerra psicológica revolucionária bem jogados, servindo-se de agentes infiltrados no clero, na imprensa e nos centros de opinião, podem criar ambientação para um "show" espetacular, dentro do qual uma "inesperada" manifestação de força soviética acabe por instaurar um estado de coisas favorável a Moscou. Para tal, convém ao Cremlin que a carta decisiva fique envolta num véu de silêncio. E, por isso, cabe aos ca'tólicos anticomunistas denunciar, sem exageros nem minimalismos, que os soviéticos estão se preparando para o momento em que os agentes da guerra psicoló$ica revolucionária lhes aiitem os braços, avisando que a hora da intervenção russa chegou.

Jornalis:1A rt.5pon.d,vtl: Takao T3kahashi - Rcgis· Irado no 0.R.T.-SP sob n•. 13.748 Dlrttorl1: Rua dos Goitacaus, 197 - 28100 Campos, RJ Admfnlstraç,io: Rua Dr. Martinico Prado. 27 1 01224 - São Paulo. SP - PABX: 221-8755 (R. 235) Composto e impresso na Anpress - Papéis e Artes Gráficas Lida., Rua Garibaldi, 404 - 01135 - São Paulo. SP "C1tolicis:mo" ~ uma publicação mensal da Editora Padre Belcllior de Pon1cs S/ C

Assin11ura anu1I: ~mum CrS S.000,00: cooper:sdor CrS 8.000.00; bcníc,tor CrS 15.000,00; grande bcnícicor CrS 2.S.000.00; seminaristas e estudantes CrS 4,000.00. Exttrior: (via aérc;1): comum USS 25 00: bcnícitor USS 40,00. • '

Os pag-amcnlO$, sempre cm nome de Editora Padrt Bt-khl~r _de Ponles- SJC. poderão su encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de assi· oa~tes é necessário menc_ionar t~mbém o cndcreç.o antigo. A corrdpOnd!nc1a relativa a assinacuras e venda avulsa deve ser enviada à

Admlriistraçio: Rua Dr. Martinico Prado, 271 - Siio Paulo, SP

Santiago Fernandez '

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1984


Ambientes, Costumes, Civilizações

UE REACIONARIO! ••• Plínio Corrêa de Oliveira REPRODUZIMOS tsta colobor«(ão do Pr<>f P/in;o Corrêa de Olivtira. publicada em "Cau:,lidsnu>'' de agosto de 1964. n.0 164. a qual co11stn•a tm nossos dias atualidade tão grande quanto à do época em qut foi escrito.

M DOS VEZOS do chamado esquerdismo católico consiste em tratar da questão social, da justiça social, do serviço social como se fossem unicamente coisas de nossos dias. Os séculos que nos precederam teriam, pois, desconhecido por inteiro os deveres de justiça e de caridade em relação aos pobres etc., etc. Esta concepção é totalmente desacreditada pelos estudos históricos sérios, de nossa éPOc.\ como de qualquer outra. Mas as mentiras têm vida durável. E em conseqüência esta impostura revolucionária continua a circular.

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Correm tranqüilas as águas do Regnitz, na nobre cidade de Bamberg, antiga residência de Soberanos e Bispos. Nelas se refletem as fachadas a um tempo sérias e risonhas, destas velhas casas, quase todas com quatro pavimentos. Primorosamente bem cuidadas, adornadas com alegre vegetação, elas deixam transparecer um teor de vida sem pretensões, mas estável e farto, uma vida de família intensa, íntima e tranq!iila. Em suma, tudo aí se apresenta de modo a atrair vivamente o _trabalha?º' contemporâneo. E pudera! A vista de um tao apetec1vel conforto burguês.

Entretanto, não se trata de habitações de magistrados, professores, ou funcionários. T ra\a-se de ... velhas residências de pescadores! Que diferença entre esta graça, esta placidez, esta harmonia, e a vulgaridade, a sordície, os mil ruídos de tanto subúrbio de babilônias modernas. E assim, quantos o utros exemplos poderfamos mencionar.

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Mas de pouco adiantaria fazê-lo. Vista a foto, lidos os comentários, nosso "esquerdista católico" não argumentaria. Ele se limitaria ao seu desabafo habitual: que reacionário· é o homem que escreveu isto! E depois continuaria a repetir a mesma cantilena contra o passado.

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''Compaixão'' e ''justiça'' exclusivistas EM MEIO

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violência e ao b,rnditismo

que lavra pel o Brasil. um só fato conseguiu

sensibilizar deveras algumas autoridades eclcsi.isr ic.as: a morte do .. tromba<linha" .J oílson,

ocorrida rcceniementc cm São Paulo. Este. por pouco. não íoi declarado mártir e protótipo de ··irombadinha"' ...

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Na foto ao lado. fia · granto do um trombadinhtJ roubando a

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certeiro de um trens-eunte

possuem direitos

humanos. M11s us vítimas dos dclinqücnte.s

também possuem tais direitos. E quando estes são violados por criminosos. a ordem

jurídic,t deve ser restabelecida e a justiça apl icada. a1ravés da punição dos culpados. Evidentemente. a justíç~t deve ser cxer· cida por poderes compc1cn1es, cm qualquer sociedade civi l: a autoridade pública ou órgãos individuais ou coktivos que dela participem. E toda a pena justa sempre dcvcni ser proporcional à gravidade do delito. Não ternos ainda informações concludcn· tcs sobre as circunstâncias que cercar.im a

morte de Joilson. Se houve violência por pane de populares. que se apurem as responsabilidades e sejam punidos os responsáveis. Mas, se não é licita a '"jus1iça popu lar"' não aplicada por alguém que participe da autoridade pública - ela. contudo. tende a :,;e generalizar como uma explosão incontcM

nível. quando as leis penais, a ação do Poder .ludici,irio e da Policia ficam defasados cm rclaç:'ío à realidade. !ornando-se impolentes para sustar a maré montante da criminaliM dade. E este é o quadro que a atualidade brasilcir" vem aprcscmand o a nossos olhos. Por que pr:H icarncnte só delinq üentes e ··1rombadi nh:1s"' do tipo Joilson - morto <-1u:rndo fugia, após roubar uma corrente de ouro - conseguem sensibilizar alguns con1~ões eclesiásticos? O Cardeal Arns compareceu ao velório de .J oílson: o vice-prcsi·

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1984

PESAR DA CRIMINOSA derrubada do Jumbo sul-coreano. efetuada por aviões de caça soviéticos. no dia 1.• de setembro de 1983. o governo Reagan não está dando sinais de querer imr"' ao K rcmlin as sanções que merece. Pelo contrário, ignorando até a morte de vários cidadãos norte-americanos. passageiros daquele avião, o presidente dos Estados Unidos está fomentando o comércio com a Rússia. fornecendo-lhe cercais e máquinas. De fato, cm apenas dois meses (desde que foi assinado um novo acordo sobre cereais). Moscou comprou 4 milhões de toneladas. isto é, a mesma quan1idadc que tinha adquirido nos sete meses anteriores. Mas a boa vontade de \Vashington em querer ajudar os autores do crime (para mencionar só esse') que horrorizou o Ocidente in1eiro. também se manifestou pela presença de uma aparatosa exposição de maquinária agrícola norte-americana em Moscou, cm fins do ano passado. Dentre as 105 empresas que estiveram presentes, destacaram-se alguns grandes nomes como: John Decrc. lntcrnational Harvester, Caterpillar e Goodycar. Por sua vez. as autoridades soviéticas também parecem dispos1as a tirar proveito da debilidade norte-americana verdadeiramente suicida - , revelando a intenção de gas1ar bilhões de dólares nos próximos anos para adquirir moderno equipamento e "know-how·· não só dos Estados Unidos, mas 1ambém da Alemanha. da Itália e da F rança.

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Não nego que até os criminosos - e entre

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dente da CNBB. D. Luciano Mendes de Almeida. celebrou missa de corpo presente: e a ··Comissão de Justiça e Paz"' movimcn1ouse. pedindo ao governo a punição dos culpados. Afina l. a lém de "'trombadinha"', ele era assistido pela Pas1oral do Menor da Arquidiocese e vendia "santinhos"' próximo às igrejas do ccn1ro comercial paulis1ano ... Por que a compaixão desses eclesiásticos não se es1endc também às vitimas mortais dos "1rombadinh:1s""? Elas e seus familiares não merece m~ com mais razão ainda. as preces, o apoio e o conforto moral que recebem os crimin osos? Assim, por exemplo, o engenheiro alemão residente cm Salvador e

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há pouco lá assassinado por um ··1rombadinha"', deveria ser objc10, bem como sua familia. de trata mento análogo ao que foi dispensado a Joilson pelas autoridades eclesiásticas. Entretanto, não foi o que sucedeu . A compaixão dessas autoridades parece obe· dccer ao principio dos "dois pesos e duas medidas"'. E as co missões de "Justiça e Paz·· parece que só têm mão e não conhecem a contra-mão. ·Isto é, sua comiseração volta-se apenas para o delinqüente, sempre ficando esquecida a vitima ... Curiosa concepção de jus1iça e também de paz, esla última bem diversa do conceito que dela nos legou San10 Agostinho: "Tranqüilidade da ordem"'.

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AfOJLEC!SMO-----Líder sandinista mascara realidade nicaragüense CORRESPONDENTE de "Catolicismo" no Equador, Sr. Martin Viano, ao participar de entrevista coletiva concedida em dezembro último pelo chefe da Junta de Governo da Nicarágua, Daniel Ortega, na cidade de Quito, interrogou o líder sandinista sobre dois aspectos da revolução comunista vitoriosa naquele país. Primeiramente perguntou-lhe se era objetivo dos sandinistas exportarem o "modelo" nicaragUense para outros palses da América Central, através da promoção de revoluções sociais. E solicitou que o chefe guerrilheiro esclarecesse se a Nicarágua auferiu ou não vantagens com a vitória da revolução sandinista - como aumento de liberdade e prosperidade econômica - pedindo-lhe para apresentar, caso pudesse, estatísticas controladas por técnicos alheios ao governo nicaragUense. Ortega evitou responder com objetividade às perguntas, enveredando pela senda do despistamento e das evasivas: "Eu gostaria de dizei que esta é uma acusação que temos sofrido por parte dos Estados Unidos, que não entendem realmente que as mudanças na América Central obedecem à injustiça econômica que experimentam nossos povos. "Talvez convenha remontar um pouco à História para nos darmos conta de que, no

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século passado, a Nicardgua já sofrera intervenção norte-americana. E no inicio do século, também houve intervenções militares dos Estados Unidos. E não havia triunfado a revolução bolchevista e muito menos a revolução cubana. Há um pouco de subestimação da capacidade dos povos de poder determinar uma polftica de mudanças. E sempre se trata de atribuir a outro [a capacidade] {I) de impulsionar e produzir a transformação. Neste caso, dd uma revolução técnica. "A revolução nicaragiiense não foi feita para ser exportada, para expandir-se. A revolução. por princ(pio, não se pode exportar. As revoluções nascem onde há condições. Onde não hd condições, simplesmente não pode haver revoluções. Não se pode criar por assim dizer, de maneira forçada, artificialmente - as revoluções". E inicia sua tentativa de responder à segunda pergunta formulando um estranho convite: "Quanto aos beneffcios da revolução nicaragüense, vd à Nicardgua, se não tiver ido lá... "Há uma estatística, reconhecida por organismos internacionais - pela Unesco, por exemplo - sobre os êxitos alcançados pelas c'onquistas democráticas. [ Um deles] foi alcançado poucos meses após a Revo-

O apoio rua.ao à Nicar6gua continua sendo notó•

rio, conforme a testa a preaença do helicõptero aoviético (foto acima). utiliudo peloa aandini1ta1

lução, com a campanha nacional de alfabetização. A f se conseguiu reduzir o analfabetismo de mais de 50% a 10. 7o/<>"E outra estatística, reconhecida mu11dialme11te, sobre algo que sistematicamente sucedia en, nosso pais e que era tido co,110 normal: a ,norte de crianças com menos de um ano devido a polio,nielite [o que não ocorre mais]. "Foi uma medida democrática. E a revolução procurou dessa forma erradicar essa mortalidade infantil [causada] pela poliomielite. E os ori:_anismos mundiais de saúde avaliaram, ratificaram essa conquista da Nicarágua. E há três anos que na Nicarágua não ocorre um só caso de poliomielite".

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Daniel Ortega, chefe da Junta de Governo da Ni· car6gua. durante a entrevista concedida à impren·

N, em dezembro 61timo. na capital equatoriana

PRONUNCIAMENTO DA TFP ESPANHOLA SOBRE A CANONIZAÇÃO DE MÁRTIRES DO COMUNISMO EM NOVEMBRO passado, a TFP da Espanha distribuiu um comunicado à Imprensa daquele pais, assumindo enérgica posiçio em favor da iniciativa da Igreja de reiniciar o processo de beatl· flcaçio e canonização dos m&rtires sacrificados pelo comunismo nos anos de 1936 a 1939. Reproduzimos abaixo o texto integral do incisivo documento: ANúNCIO FEITO pela Santa Sé - através do prefeito da Congregação para a Causa dos Santos de reiniciar o processo de beatificação e canonização dos mártires do comunismo nos anos 193&-1939 provocou na Espanha as posições mais díspares. A respeito dos pronunciamentos eclesiásticos e civis contrários à reabertura dos ditos processos, a Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Famlha e Propriedade - Covadonga apresenta ao público espanhol as seguintes ponderações: 1. A Igreja sempre considerou como de suma importância sua própria liberdade. Esta liberdade lhe vem do mesmo mandato de Jesus Cristo: "Ide. pois. ensinai a todas as gentes" (Mt. 28, 19). 2. Em conseq Uência, a Igreja sempre se reservou o direito de exercer os atos de jurisdição espiritual, sem nenhuma pressão de caráter temporal. Emre estes atos, a beatificação ou canoni.zação de pessoas mortas em odor de saptidade figura como um dos mais caracterlsticos. 3. Assim, constitui uma verdadeira limitação da liberdade da Igreja a chuva de críticas por parte de personalidades eclesiásticas e c,vis contra a anunciada reabertura do processo de canonização dos católicos mortos no decorrer da guerra civil de 36. 4. Uma canonização ou beatificação não é simplesmente um ato de justiça praticado pela Igreja em relação a certos filhos insignes que morreram e que Ela considera dignos desta honra suprema. Há também outras considerações, como a necessidade de atrair a piedade dos fiéis para determinados intercessores, os quais, não sendo feita a canonização, permaneceriam no esquecimento e, em consequência, no desinteresse dos fiéis. A JgreJa ao canonizar ou beatificar, propõe o santo como exemplo para os católicos. Não sendo feita essa canonização, privar-se-ia o povo de modelos enormemente necessários e valiosos. 5. A reabertura do processo de beatificação e canonização dos mártires tombados _du~ante os anos da guer_ra civil é um primeiro passo para que seJam reco-

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~.- lido. O. n,caredo de tos llios . • FOTOS DE SALESIANOS MARTIR IZADOS PELOS COMUNISTAS, encontradas no Cemitério de Valencie e facilitadas petlo Serviço de Recupereçlo de Documento, da Espanha: 1 - Revmo. Pe. JoN Giménez; 2 - Revmo. Pe. Antonio Maria Martin, Diretor das Esco1aa Sale1iana1 de Valencia; 3- Revmo. Pe. Agu1tin Garcia; 4- Revmo. Pe. JuliAn Rodrigua1; 6 - Revmo. Pe. Recaredo de

nhecidos e proclamados pela Igreja numerosos mart1rios que, durante o Alzamie11to, escreveram páginas gloriosas da História da Espanha. Este reconhecimento pode fazer um grande bem às almas e atrair muitas graças do Céu. 6. As manifestações das mencionadas autoridades eclesiásticas e civis, preocupadas unicamente com as eventuais repercussões políticas desta medida, não levaram em conta as considerações expostas acima. Com efeito, foi dito que tais canonizações dividiriam a Espanha. Convém acentuar aqui que não compreendemos qual possa ser esta divisão, pois, de duas uma: a) Ou os comunistas evoluíram e hoje já não fariam o que fizeram nos anos da guerra; e, cm tal caso, não há razão para que se sintam censurados pelo fato de que a Igreja condene uma ação que eles também condenam; b) Ou os comunistas não evoluiram e, portanto, os de hoje fariam exatamente o

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mesmo que fizeram naquela época. Neste caso, é mais que legitimo que a Igreja procure alertar a respeito de sua nocividade a opinião púbbca nacional. E sem que se possa atribuir essa intenção principal nas canonizações em questão, é preciso dizer que tal efeito colateral tem bastante valor. Quanto a nós, que não cremos em absoluto em nenhuma mudança do comunismo, parece-nos que este último não faz mais do que reconhecer sua fidelidade a si mesmo manifestando-se tão incomodado ante a referida atitude tomada pela Igreja. 7. Nestas condições a Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - Covadonga protesta energicamente contra a onda de criticas que a noticia da liberação das canonizações causou, e manifesta seu mais caloroso aplauso às autoridades eclesiásticas que começaram a fazer justiça ao permitir o prosseguimento da canonização das vítimas do comunismo nos anos 1936-1939.

t importante consigna r que as palavras de Daniel Ortega carecem de objetividade. No tocante à resposta dada à primeira pergunta, convém acentuar que a guerrilha sandinista contou, como é público e notório, com o irrestrito apoio de Cu ba e da Rússia, sem o qual não teria alcançado êxito. Portanto, foi uma revolução exportada por esses países. Por outro lado, a revolução nicaragüense não constitui um fenômeno espontâneo, e sim resultado de um conjunto de fatores - uns naturais, como a inconformidade popular contra o governo precedente, ou tros artificiais e induzidos (2) - que foram canalizados e aproveitados pelos sandinistas para derrubar a ditadura de Somoza. E quando o líder sandinista afirma que a revolução nicaragUense "não foi feita para ser exportada", nega a evidência. Pois é sobejamente conhecido o apoio concedido pelo governo da Nicarágua aos guerrilheiros de EI Salvador. Por si só, o caráter comunista do governo sandinista já o coloca na posição de propagador mundial de revoluções, pois o comunismo é internacionalista e utiliza-se de suas vitórias como trampolim para novas conquistas. E o caráter marxista-leninista da revolução nicaragUense foi abertamente reconhecido por Humberto Ortega, irmão de Daniel Ortega e ministro da Defesa, quando em outubro de 1981 declarou ao jornal "La Nación" (9-10-1981), de São José da Costa Rica: "Nossa força ,nora/ é o sa11di11ismo. ,na.t n ossa doutrina é o r11arx isn10.. Jeninis1110". E a pobre enumeração de benefícios que o sandinismo teria trazido à Nicarágua, feita por Daniel Ortega, é de molde a provocar o riso até mesmo dos ingênuos. Empreender uma revolução sangrenta e alcançar como objetivos dignos de menção a redução dos analfabetos de 50% para 10,7%da população e a supressão da poliomielite, é ridículo. Talvez Ortega não se sentisse à vontade para falar sobre os temas de liberdade e prosperidade econômica, como lhe foi solicitad.o nas perguntas formuladas, pois certamente já conhecia - e com que riquezas de pormenores - o conteúdo do relatório da "Comissão Permanente de Direitos Humanos" da Nicarágua, divulgado recentemente por Marta Baltodano, coordenadora da instituição. Segundo o referido relatório, em 1983 ocorreram 1.169 prisões sem causa justificada, além de 15 mortes, 207 casos de desaparecimento, 104 casos de tortura, 99 violações do direito de reunião e 46 violações da propriedade privada. O documento não se refere aos presos políticos, cujo número, entretanto, segundo referências do próprio ministro da Agricultura da Nicarágua, Jaime Weelock, atingia sete mil já em 1981. Em virtude desses fatos e da evidente miséria reinante no país após a vitória do san<linismo, não é de se espantar que Daniel Ortega tenha evitado estender sua explicitação sobre as vantagens que a Nicarágua possa ter conquistado com a implantação do regime comunista ... (l) Todas as palavras colocadas entre colchetes visam tornar mais claras algumas exprcsSÕC$ ou substituir ralhas de gravaç!o. duranlc a entrevista. (2) Cfr. P&icles Capancma. ··Nicarágua: connitos entre

Episcopado e govcrnor . in "'Catolicismo" n.0 362,

março/ 1981).


Nº. 399 - Março de 1984 - Ano XXXIV

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Brasil comemora 450 anos do nascimento de Anchieta A 19 DE MARÇO do presente ano, completa-se o 450°. aniversário do nascimento do Bemaventurado José de Anchieta. Nascido em Sio Cristóvio da Laguna, na ilha de Tenerife, arquipélago das Canárias, esse insigne filho espiritual de Santo Inácio, por seu empenho na conversio dos indígenas, sua edificante vida e seus portentosos milagres, mereceu a alcunha de Apóstolo do Brasil. Nas páginas 4 e S, "Catolicismo" estampa artigo onde sio comentados fatos pouco divulgados de sua admirável existência: o ódio que votava à heresia protestante, seu espírito combativo e o papel que desempenhou na expulsio dos calvinistas franceses do Rio de Janeiro. Ainda em homenagem ao insigne missionário jesuíta, reproduzimos caloroso discurso proferido pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na Assembléia Constituinte de 1934, quando da passagem dos 400 anos do nascimento do fundador de São .Paulo.

I

Por ocasião da posse de Chernenko

Oportuno esclarecimento sobre sua atitude em face da religião PÔS A MORTE de Andropov, surgiram comentârios, registrados pela grande imprensa do Ocidente, de que se abria para os paises do mundo livre princiP.almente os Estados Unidos - a possibilidade de vantajosas conversações com a Rússia, rumo à paz mundial. Esta espe· rança se baseava no simples fato de que Chernenko, o novo secretário-geral do PC , ~ull.<~eriw1.lJ:l,1)0J.11e11J ..Q..0.11.co inteligente, 1náb1I, tncufto, nãó exercendo sequer o inteiro domínio do governo soviético. Portanto, facilmente manobrável segundo os interesses do Ocidente. Tais opiniões, veiculadas pela imprensa, expressas, de modo particular, por person_alidades internacionais que assistiram ao enterro de Andropov em Moscou, e por

A

A seguir, Chernenko supervaloriza os fundamentos sobre os quais repousa o trabalho desenvolvido pelo partido: "A ação teórica do PC é baseada nos rnelhores trabalhos de filósofos, economistas. histO· riadores, sociólogos, j11ristas e psicólogos soviéticos···.

Chernenko admite e)!termlnlo da rl!llglllo Além disso, parece indispensável analisar aqui outra questão. Na hipótese de se realizar uma convergência - de há muito intentada - entre países comunistas e não comunistas, coloca-se para os católicos anticomunistas uma questão: que atitude as-

,.' .. •

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Vilnius (Litu&nia), transformada pelos comunistas em Museu do Ateiamo

especialistas em política soviética, parecem não encontrar respaldo em anterior pronunciamento do recém-eleito governante russo. Em discurso ptonunciado numa reunião do Comitê Central do PC de seu país, e publicado na integra pelo insuspeito "Pravda" de 15-6-83, Chernenko, após afirmar que o comunismo se encontra agora na fase d~ desenvolvimento, declara que é riecessário lutar em prol de seu aperfeiçoamento e "conduzir para o real estado de conscien· tização e preparação toda a massa traba· lhadora". O termo "conscientização". tão caro ao comunismo, já o conhecemos, sendo difundido hoje em dia, em nosso País, especialmente pelas Comunidades Eclesiais de Base.

• Museu d9 Atelsmo, montado no interior da igreja de Slo Casimiro: comprovaçlo patente da perseguiçlo religiosa movida paios soviéticos

sumir em face da nova situação? Concederão os comunistas, nos territórios já dominados, verdadeira liberdade religiosa? Não procurarão eles, nos paises onde a convergêncja lhes facultar a propaganda de sua pérfida doutrina, solapar ainda mais nas almas católicas - amparando-se, evidentemente, no progressismo - a influência da religião? ( 1). Se, no tocante aos países do Ocidente, não temos dúvida de que o comunismo procurará concluir a obra iniciada por seus asseclas infiltrados hoje na Igreja, em relação à Rússia o próprio Chernenko confessa no mencionado discurso ao Comitê Central do PC soviético que, em determinadas circunstâncias, será "fechada" toda e qualquer religião:

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O mestre do Col6gio de Plratininge - Relevo de 0. MHttoi1nl O B&ato Anchieta. após • fund1çlo de Vila de Slo Peulo. mln.lttra aulH a filhos de portugueaea e lndlg9ne1

"Não se pode enfraque.cer o trabalho com os grupos religiosos [entenda-se, com isso, que o comunismo continuará a infiltrá-los e diminuir-lhes a iníluênc,a]. .... Parte do

povo, e não pequena. está ainda sob a influência da religião. Numerosos centros ideológicos do imperialisrno visam não só apoiar. mas introduzir a religião, e dar a ela un1a direção anti-soviética e nacionalista, sobretudo as religiões extremistas. Ao mes• n,o tempo. dif11ndem a notícia de q11e na URSS a liberdade de consciência é violada. Os con,unistas são ate11s, porém não in1põem s11a visão do universo a ninguém. Nosso 111é1odo é a instrução, a propaganda e a persuasão. Quando nos deparamos com a perturbação das leis socialistas, com a ação polítka de solapamento, "fechamos" as reli· giões. Isto é, agimos de acordo com a constituição". (O destaque é nosso). As palavras do lider soviético não deixam margem à dúvida: as religiões, de si, constituem um mal para o regime marxista, e só lhes é concedida liberdade na medida em que não pr~judiquem. os objetivos almejados pelo comunismo. Uma vez comprovado que elas os perturbam, deve.se cercear-lhes a liberdade. A declaração de Chernenko vem comprovar uma vez mais a tese do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, expressa em seu magistral ensaio"Acordoco,n o regime com11nista: para a Igreja, esperança ou autodemolição?", publicado em 1963 (2). Nele o autor demonsKonatantin Chernenko: continuador da po•içlo anti•religiosa da aeus antecessores

• Fachada da igreja católica de Slo Casimiro, em

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tra a impossibilidade de a Igreja Católica coexistir com um governo comunista. Analisando o tema - se a Igreja deveria ou não aceitar a liberdade a Ela concedida por um governo comunista - pondera o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Apresentada a questão pura e simplesmente nestes termos, a resposta é necessariamente afirmativa. .... E preciso advertir, entretanto, que essa formulação do problema é simplista. Ela faz supor implicitame,ue que o governo com11nista não imporia a n1enor restrição à liberdade de do11trinação da Igreja. Porén,, nada leva a crer que um tal governo concedesse à Igreja uma plena liberdade de doutrinação. Pois isto implicaria em permitir que Ela pregasse toda a doutrina dos Papas sobre a moral, o direito, e mais especialmente sobre a familia e a propriedade privada, o que por sua vez importaria ern fazer de cada católico um adversário nato do regime, de sorte q11e, na medida en, que a Igreja dilatasse a sua ação, estaria n,atando o regime. Ern conseqiiência, na medida em que este tolerasse a liberdade da Igreja, estaria praticando o suicfdio. E isto n,áxime em países em que a influência d Ela sobre a pop11lação é muito grande" (3). Quanta razão tinha o autor do ensaio em afirmar isso! Comprova-o agora o próprio Chernenko, pois, segundo ele, o comunismo não permitirá que "a perturbação das leis socialistas", e ··a ação política de solapamento" ocorram em virtude da atividade religiosa. Ou seja, o atual secretário-geral do PC russo propõe a continuação da longa ação anti-religiosa iniciada por Lenine e levada avante por Stalin e seus sucessores, "cedendo"·o regime marxista, quando assim lhe parecer estratégico, e endurecendo sua posição quando isto lhe for conveniente. Se essa é a tática propugnada pelo novo ditador soviético em face da religião, por que não a aplicarâ ele no plano temporal, isto é, em sua politica com os paises ocidentais? Parece-nos oportuno, em meio à confusão dos espíritos e à tendência entreguista que se observa no Ocidente, acautelar os leitores de "Catolicismo" para as possíveis manobras de desinformação referentes à personalidade e às reais disposições do novo governante supremo da Rússia. Notas

(1) Nesse sentido, parece•nos oponuno recordar aqui mat~ria estampada em "Catolicismo.. de fevereiro último. rcíerenle ao programa elabora.do pelo Partido

Comunista do Vietnã, visando dominar e instrumentalizar a Igreja CatóUca naquele pais:. (2) Plinio Corrb de Oliveira, "Acordo com o rtgime comunista: para a Igreja. eJpe.ranço ou outodemo-liç&>?". Editora Vera Cruz. JO.• cdiçio, São Paulo,

1974, (3) Op. cit., pp, 61-62.


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ocasião propícia, pedirão donativos às famílias simpatizantes. Como, após algum tempo de convívio com a TFP, nada nesta linha se pôde observar, o grupelho progressi~ta começou então, sem a menor cerimônia, a afirmar exatamente o cont rário: "Prestem atenção! Os n,embros da TFP vão querer comprá-los e farão polpudos oferecimentos para que a apóiem ... "

Slstemtitlca difamação contra a TFP

S DESVARIOS progressistas que, em avalanche, se têm sucedido no seio da Santa Igreja, provocaram, de um lado, a adesão frenética de uma minoria esquerdista, ávida de utilizar o Corpo Místico de Cristo como instrumento de sua almejada revolução social. Mas, de outro, suscitaram ponderáveis, inequívocas c dinâmicas reações numa faixa numerosa e imprecisa da· população que vê com perplexidade a crise que se desenrola na Igreja e na civilização atual. Assim, por este Brasil varrido de ponta a ponta pelos furacões desagregadores do progressismo, tem-se observado - ao par de outros fenômenos dignos do maior aplauso - um gênero de fatos cada vez mais forte e atuante: grupos de católicos infonsos à luta de classe e desejosos de se manterem fiéis aos ensinamentos da Igreja de sempre, os quais, cheios de determinação, se lançam, em seus bairros, numa reação cujo campo de a tuação específico é constituído por seus ambientes domésticos, de trabalho ou lazer. Prova dessa sadia atuação que começa a despontar em vários lugares do País, é o recente Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP. Quando aquelas duas mil pessoas, de pé, entusiasmadas, aplaudiam com convicção o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, após a magnífica conferência de encerramento, no fundo elas homenageavam a luta ideológica, a resistência vitoriosa de mais de meio século às investidas do progressismo, por parte do intimorato pensador católico e Presidente do Conselho Nacional da TFP, que ele fundou e dirige.

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Desconcertados, mas agindo com uma unidade impressionante, os socialo-progressitas, em diversas regiões e cidades, montaram algo que bem poderíamos denominar "brigadas anti-TFP". "Brigadas" que passaram a visitar, sistematicamente, uma a uma, todas as famílias com as quais a TFP e seus simpatizantes entabularam contato. Tais "brigadas" se organizam em duplas ou trios, na maior parte dos casos. Visitam mais especialmente aqueles que conheceram a TFP há menos tempo. Visitas que, em alguns lugares, são feitas diariamente à mesma família, por agentes diferentes. O que cochicham tais caluniadores qua atuam em rodízio? Evidentemente, nada de doutrinário nem que comprove o que difundem. Simplesmente, com timbres de voz ora dramáticos,

sistem à má orientação doutrinária difundida por eclesiásticos e leigos. Parece-nos interessante apresentar disso alguns exemplos. Numa cidade do su l do País, quando diversos simpatizantes da TFP rezavam o terço na casa de um deles, apareceram militantes de um partido notoriamente esq uerdista que, em outras ocasiões, têm se intitulado "agentes pastorais". Capitaneados por uma freira, armaram eles acesa discussão, afirmando não perrnitirem, em hipótese alguma, àquele grupo que ali se reunia, ocupar no bairro o "espaço" que consideravam deles, progressistas. O calor da discussão foi tal que os "agentes pastorais" desmascararam-se por completo, confessando serem favoráveis a uma sociedade socialista e igualitária. Aproveitando o ensejo, os do grupo conservador projetaram slides da chamada "Missa dos Quilon,bos" ( 1), encenada cm Recifo por

ora ameaçadores. ora de "vítimas'', afirmam

que a TFP é "da Igreja brasileira" ou "comunista". "Estão até querendo expulsar o vigário, a fim de tomar o l11gar dele"! Como se vê, um absurdo depois do outro. Entretanto, os mais perigosos não são os mencionados difusores de absurdos. Mas sim aqueles que, cavilosamente. vestem os trajes da "eqüidistância" e da "moderação". "A

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Por toda parte, sadias reações Tais grupos, que vão nascendo espontaneamente a um novo sopro da graça, o qual vai abrindo os olhos de numerosos católicos e desfazendo nestes mil ilusões, são constituldos por pessoas as mais diversas. Ora é um conjunto de pais que se escandaliza com a permissividade do ensino ministrado num colégio católico pelos próprios religiosos, a respeito, por exemplo, de moral sexual. Ora são antigos líderes e participantes de associações católicas tradicionais, como o Apostolado da Oração, a Liga Jesus, Maria, José, as Ordens terceiras, os Vicentinos e tantas outras, os quais, recusando-se a militar em organizações eclesiais mais "conscientizadas", são sumariamente postos de lad o no convlvio da paróquia. Ora são .ainda as--v.ltimas dos grandes aglomerados urbanos decorrentes de um processo de macro-industrialização induzida, pessoas que se vêem perdidas nos bairros onde residem, órfãs de autêntica assistência religiosa. Tais fiéis sentem uma saudade indizível da época em que os meios católicos primavam pela pureza da doutrina e pelo esplendor da liturgia. E assim, descontentes com o esquerdismo católico, com o progressismo e com a moral permissivista do mundo moderno, os mencionados grupos,. provindo de origens bem díspares e mesmo inesperadas, especialmente devotos de Nossa Senhora de Fátima, começaram a se constituir, a convocar parentes e amigos, para juntos debaterem os grandes problemas hodiernos. A fim de haurirem forças com vistas ao combate no qual com ânimo se engajaram, os participantes dos referidos núcleos praticam, em conjunto, a recitação diária do terço.

Uma complexa e refinada mtiqulna de pressão

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claro que a esquerda católica não poderia ver com bons olhos fatos como os acima enunciados. Assim, acionando seus poderosos meios de pressão, os esquerdistas têm investido contra esses católicos autênticos, os quais, para se manterem fiéis à Santa Igreja, re2

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---tiÃO ! PELO JEITO, SÃO DAS E>RIGADAS

último Encontro dos Correspondentes e Simpatizantes d3 TFP. Quando voltou, a pressão esquerdista a aguardava. Como uma de suas filhas estivesse frequentando na paróquia o Curso de catecismo preparatório para a 1.• Comunhão, esta Sra. foi ameaçada explicitamente por algumas catequistas e freiras "'conscientizadoras": "Se você não romper relações com a TFP, sua filha não receberd a Comunhão". Apesar de ter ficado um tanto abalada com a in.esperada atitude ameaçadora, ela, recorrendo a Nossa Senhora Auxiliadora, sentiu especial ajuda. Os progressistas não tiveram coragem de excluir sua filha da Mesa Eucarística. Após a provação e o fortalecimento de sua fé, esta Sra., muitas vezes com sacrifício de afazeres domésticos, não faltou praticamente a nenhum dos terços que diariamente são rezados em seu bairro. Continua, entretanto, a receber as visitas-pressão, mas tem refutado com desenvoltura os ataq11es dos tirânicos membros da esquerda progressista. Certa feita, rodeada de um grupo de amigas, esteve na sede da TFP de sua cidade, pedindo explicações ainda mais amplas e profundas a respeito da entidade, para que de vez fosse desmascarada a "Gestapo" progressista que tenta dominar ideologicamente todo o bairro. Reação ainda mais categórica exerceu um Sr. que, sem conhecer mais de perto a TFP, foi acompanhando o movimentar-se da máquina caluniadora e m seu bairro. "Estou disposto - afirmou ele - a enfrentar o ambiente e abrir as portas d,e ,ninha casa. não só no dia en, que estd ,narcada a récita do terço, mas todas as vezes que a TFP quiser. Co,11en1 co,nigo para enfrentar co111 voz bem alta os ele,nentos de esquerdu que estão 1u1nultuando nossa zona".

"Eu não aceito pressões!"

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Outro caso . típico é o de 'úma dona-<lecasa que recebeu a visita-pressão dos tiranetes de sua paróquia, os quais a aconselh!lra m a tomar cuidado com dois espiões que estariam atuando na região, com a capa de católicos, para enganar o povo. Um pouco assustada, já que não conhecia a TF P, a Sra. resguardou-se um tanto, até o dia.em que foi convidada a assistir a um audio-visual sobre a entidade, e m casa de uma ami· ,. Nesta ocasião, ela presenciou acirrada discussão entre os inovadores e os simpati1.antes da TFP, na qual aqueles deixaram cair a máscara. Na outra vez que retornou à casa da amiga, pediu com insistência que elementos da TFP fossem rezar um terço em sua própria residência. Quando a "brigada anti-TFP" de seu bairro soube disso , te ntou demovê-la de todos os modos. "Eu não aceito pressões". redargUiu ela com ênfase. E argumentando com serenidade e muita lógica, demonstrou aos "brigadistos" quão absurdas eram suas acusações.

Al,rn -TFP! •. .

próceres do progressismo, durante a qual foi notória a influência da umbanda e a instigação à revolta social. Após a projeção. os presentes declararam-se ainda mais categoricumcntc contra a religiosa e seus comandados, impossibilitando a realização dos planos iniciais de desarticulação que ali havia levado o núcleo progressista.

Uma lncrlvel farãndola de calClnlas Esse tipo de confronto às escâncaras tornou-se bastante prejudicial às CEBs. Em vista disso, os progressistas tentaram o trabalho de modo velado, sussurrando calúnias a respeito da TFP e de seus simpatizantes. "Creia no que lhe digo; eles não são católicos... ". "U,n conselho lhe dou: não procure esta gente de modo algum, senão você ficará ainda mais n1argi11alizado". "Cuidado, eles são tão esquisitos que não podem comer carne de porco, pão e 111açã" (sic). Até lá chegam os disparates dessa procedência! O frenesi das falanges progressistas, como se .constata, é patente. Em certos locais elas difundem uma ca lúnia. Como esta não encontra a menor ressonância, passam a disseminar, sem escrúpulos, calúfoa oposta. Assim, num bairro bem populoso de grande capital, alguns desses especialistas na calúnia veicularam: os membros da TFP são interesseiros caça~n(queis; sem dúvida, na primeira

TFP é um movimento bon,. mas meio esquisito... "', afirmou um integrante das CEBs a uma Sra. que chegava em casa após a recitação do terço na casa de uma amiga. "Não terão estes jovens algum outro objetivo por detrás destes terços? É melhor a Sra. se resg11ardar..... Como em toda parte tais calúnias eram rejeitadas categoricamente pelos grupos conservadores, os progressistas fracassados lançaram mão de claras ameaças .. Eles, os partidários da "não-violência''... "Se vocês apoiarem a TFP serão objeto de cochichos. serão apontados com escárnio na rua, serão postos de lado co111pletame,11e. Os sacra1nen1os vão ser recusados a vocês. quando

forem à igreja". Em alguns casos não se tem ficado apenas em ameaças, pois já houve até mesmo um caso de recusa de extrema-unção! A pressão, apesar de tão forte, tão contínua, muitas vezes rende bons frutos em sentido contrário. Pois já foram registrados vários casos de perseguidos que, desejosos de refutar ainda com mais vigor as calúnias, insistem com os membros da TFP para lhes ministrarem reuniões sistemáticas sobre a entidade e a doutrina tradicional da Igreja nas matérias abordadas pelos progressistas.

"Se você não romper com a TFP ..." Uma Sra., mãe de três filhos, dinâmica e decidida, participou com entusiasmo do CATOLICISMO -

Março de 1984

•,. '


"Curioso! Antes nlngu6m me visitava" Na afoiteza de prejudicar o trabalho de esclarecimento da TFP acerca das manobras do socialo-comunismo e de sua versão religiosa - o progressismo - em diversos pontos do Pais, muitas vezes os tiranetes de bairro acabam produzindo efeito inverso ao que esperavam. "Curioso/ - ponderou com bom senso uma senhora - Antes ninguém me visitava. Entretanto, desde que começaram a agir por aqui os jovens da TFP, todos os dias vêm pessoas estranhas à minha casa para falar mal deles. E estes desconhecidos s6 sabem me dizer: 'Cuidado com esse pessoal. Eles se dizem católicos. mas a Sra. nunca vê essa gente freqüentando a igreja daqui do bairro...'. Estejam descansados. redarguiu. Eu sei o que os progressistas fazem lá na igreja, e é bom sinal que os rapazes da TFP não estejam lá!" Em certa cidade, tentando embair os que começavam assim a se entusiasmar com a ação da TFP, o pároco de um bairro desenterrou de sua "pastoral" uma prática que há muito lá não se via: a recitação do terço. ·E no mesmo horário em que os simpatizantes da TFP marcavam as suas reuniões, ele programava sua inesperada devoção. Alguns paroquianos, para testar a súbita volta do pároco a um estilo de devoção que ele mesmo afirmara perempto, foram a estes terços. Um chefe de familia comentou: "Há algo de estranho nesta recitação do terço, pois quando termina. s6

... i;;· SAIBA QUE:

SE:

2i..-l...

VOCÉ CONTINUARA REZAR

AQUE;LE TERÇO EM CASA, 0 PADRE VAI T E"

.. -

PERSEGUIR!

MAS, IRMÃ ... G!UE PAORE É ESS~ ? ME MOSTRE: ONDI§ E QUE

A IGRE:JA PROIBE. RE::ZAR O TERÇO .. .

FESTA SOCIALISTA EM LOUVOR DE SÃO TOMÁS DE AQUINO Plínio Corrêa de Oliveira M AMIGO brasileiro, admirador aliás dos mais ardorosos da Espanha, de lá me enviou algumas notícias do que se vai passando sob o atual governo socialista. Para quem conheça a mentalidade, a doutrina e o programa do majoritário PSOE (Partido Socialista Obrero Espanhol), não espanta. Pois o socialismo hispânico (como o seu congênere francês) se empenha de todos os modos em destruir a familia. O divórcio, a despenalização da homossexualidade e de numerosos casos de aborto, a propaganda da contracepção são pontos-chave da atuação do PSOE. Escreve-me este amigo: A imoralidade na Espanha cresceu muito nestes últimos tempos. Neste inverno, os cartazes todos são profundamente imorais. Os programas de televisão são de não se fazer uma idéia. O amb:~nte nos colégios também atingiu o cHmax da i.moralidade. O que se vê -pelas ruas são cenas de uma imoralidade desbragada. Em suma, a imoralidade recebeu sinal verde, e está em um desbragamento total. Dou-lhe como exemplo concreto uma orgia com que, sob o signo do socialismo aboletado no poder, foi celebrada a festa de... São Tomás de Aquino. Sim, do inigualado Doutor da Igreja, do Doutor Angélico. Realizou-se ela das 12 horas do dia 28 até as 12 horas do dia 29 de janeiro p.p. Na noite do dia 28, centenas de jovens, frustrados em sua esperança de presenciar diretamente o 3.° Festtv"I do Estudante e do Rádio, que se realizava na Palacio dos Esportes, extravasaram sua indignação investindo contra os estabelecimentos comerciais da região. Dentro do Palácio· dos Esportes, a situação não era melhor, após a intervenção do prefeito Tierno Galván, o qual literalmente induziu os presentes ao consumo de drogas, dizendo: "Rockeros, si 110 es que colocaos. que se coloquen y ai /oro", expressões que significam mais ou menos: fumem a erva e não percam nada do que se passa cm sua volta. Extraio estas inform~.ções do sisudo quotidiano madrilenho "ABC" (29-1-84). Amesma notícia foi publicada pelo conhecido »El Alcazar», que escolheu para análoga matéria o seguinte titulo: "O rock de uma noite de selvagens passou por Madrid". E como subtítulo: "Vidraças quebradas, vitrines despedaçadas, lojas comerciais saqueadas".

U

ã! 1 ficam falando de conscientização... " Uma jovem acrescentou: "Eu não vou mais aos terços promovidos pelo pessoal progressista. Eu gosto 1nesmo é dos que a TFP reza. Estes, eu não perco nenhum". Sua cunhada confirmou: "t verdade, por mim eu passaria niuito mais tempo aqui".

"N6s aqui nllo vamos aderir lll greve" A pressão não se limita aos ambientes de

bairro. Uma professora, após decidir-se a reagir contra a maré-montante progressista, começou a ser duramente perseguida no colégio em que leciona. Entretanto, com muita ha bitidade, ela conseguiu resistir aos pequenos ditadores do estabelecimento. Lider natural, ela até conseguiu fazer fracassar uma greve que Comunidades de Base e comunistas haviam programado conjuntamente. Numa reunião presidida por deputado esquerdista, ela declarou com desassombro: "Nós aqui não vamos aderir à greve!" A diretora da escola, esquerdista militante, notou que após a participação no último Encontro dos Simpatizantes da TFP, a subalterna voltara ainda com mais vontade de marcar o ambiente com sua ação. "Onde você foi?" - indagou. - "A um congresso da TFP'', respondeu a professora. Desconcertada e boquiaberta, a diretora só teve uma reação: sabotar o desempenho anticomunista daquela que passou a ser sua grande inimiga. Entretanto, os funcionários do colégio, percebendo o que ocorria, abriram os olhos para o estilo de ação tirânico dos adeptos do progressismo, e procuraram a fiel professora, dando-lhe apoio e pedindo orientação.

"O padre vai te perseguir"... Numa capital brasileira, certa senhora foi visitada por grupo de conhecidas que visavam "preveni-la" contra dois jovens. os quais, - segundo elas - "recebem dinheiro do Governo para nos espionar". Intrigada, essa senhora discretamente foi assistir a uma CATOLICISMO -

Março de 1984

ameaça de bomba carac,erfstico dessas ocasiões, do lado de fora, na rua - onde mais de cinco mil pessoas gesticulavam, berravam e empurravam para conseguir entrada a qualquer preço - o panorama ia adquirindo cores de tragédia. O clima na rua foi-se expandindo paulatinamente, ate que estourou, concretizando-se numa série de vandalismos de diflcil (sic) justificaçao. Enquanto uns despedaçavam as vidraças do Palácio dos Esportes, outros começavam a quebrar os vidros das vitrines das lojas comerciais da região, sem diferenciação nenhuma. Sapatarias, joalherias, Bancos, lojas de comestlveis e de presentes, todas tinham pela manhã as marcas de uma noite desenfreada de rock e de droga. Cumpre ressaltar que esta festa foi organizada pela Rádio Nocional da Espanha,. emissora oficial, e patrocinada pelo Ministério da Educação e Ciências, pela Universidade de Madrid e a Comunidade Autônoma e Municipalidade da Capital, para comemorar a festa de São Tomás de Aquino, que é no dia 29 de janeiro". - Até aqui "EI Alcazar». Lapso, lapso terrivel, mas lapso único das autoridades socialistas? Não. Considere o leitor esta outra notícia._ No dia 26 de janeiro, em um programa das 20 horas, na TV Espanhola, foram apresentados todos os meios de contracepção conhecidos até o momento, descritos com toda espécie de detalhes. Este é um programa normalmente assistido pelas crianças que terminaram suas aulas algumas horas antes. No sábado dia 28 de janeiro, ao meio-dia, foi exibido na televisão um filme com matéria totalmente pornográfica. Esse filme foi passado num programa que é habitualmente educativo, para crianças. Ao terminar o filme, várias destas foram entrevistadas, perguntando-se-lhes o que achavam . Um

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E a notícia especifica: "Um grupo de baderneiros destruiu uma loja de bebidas na Rua José Juarez. A droga foi largamente consumida entre os assis· tentes do Palácio dos Esportes. Estes corriam e gritavam, atiravam pedras: era uma batalha de loucos. Assim que conseguiam entrar no local, alguns assistentes montavam seu próprio negócio para a venda de bebidas. A droga, o álcool e as notas estridentes de um rock geralmente (sic) mau, logo Jazem brotar o sangue. Depois vê"' as conseqüências: cadeiras quebradas, e lixo, muito lixo. lixo composto de desperdício e (intraduzivel), por todo lugar (novamente intraduzível). Se dentro do recinto a iniciativa de 24 horas de música ao vivo, organizada pela Rádio Nacional da Espanha, ia ficando mal, embora resguardados contra o pânico da

O primelro•minl1tro 1oclalltta Felipe Gon11lez e o

rei Juan Carlos I N6dam·M efualvamente: cena que bem 1imboliz1 • desconcertante coexlattncla da E1ponhe tr1dlclon1I e cat6llca com o 1oclall1mo dnagre,g1dor e ateu

rapaz de 14 anos respondeu que era normal, que o que ele vira no filme era praticado normalmente nos acampamentos de que participava.

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Tudo isso suscita censuras óbvias cm todos os ambientes brasileiros ainda não conformados de todo com a imoralidade sempre crescente neste nosso Pais, também ele, tão e tão sociali.zado. Encerro entretanto com uma reflexão menos óbvia. Aos socialistas da primeira metade do século, parecia-lhes que a vitória da deprav11ção, da boçalidade e· do caos, condição para que subissem ao Poder, só se poderia conseguir derrubando os anteparos sobrenaturais, naturais ou históricos, da Espanha tradicional e cristã. Hoje eles convivem com esses anteparos. A Espanha tem um rei . Nela as coisas da Igreja dir-se-iam intactas. E as várias classes da hierarquia social parecem comer, beber e dormir despreocupadas. Em lugar de demolir igrejas e imagens, o socialismo aclama o rei e festeja santos. São Tomás de Aquino, por exemplo ... i; que esses anteparos de tal maneira estão adelgaçados, e tendentes a se adelgaçar ainda mais. Para que, então, perderão tempo os socialistas em derrubá-los? Entende-se que melhor é _para o socialismo soltar desenfreada a orgia, de forma a dar ao povo a ilusão de que nem a corrupção é adversária irreconciliável de São Tomás, nelJl São Tomás o é dela. Tentando, pois, incorporar o Doutor Angélico no inumerável corteJo dos cúmplices da socialização vermelha. Como joga bem o socialismo festejando São Tomás! ..Follla dt $6o Pllulo': 1l dt /evtuiro dt 1981

das programações da TFP, quando presenciou ao vivo a ação de uma progressista que caluniava abertamente a entidade. Ao cabo de acesa polêmica, a agente progressista defendeu publicamente as últimas consequências de seus erros doutrinários, o que provocou salutar reação no ambiente e vivo contentamento na senhora. A partir daí tornou-se ativa simpatizante, conseguindo que várias familias a ela se juntassem. Com isso, atraiu sobre ~ia ira de uma das progressistas, que correu à casa desta senhora e exigiu que ela deixasse de frequentar as famflias pró-TFP. E ameaçava: "Se não, o padre vai te perseguir... ". Tomada da santa tndignação que Deus acende nos corações justos, a velha paroquiana prontamente redargUiu: "Afastei-me de vocês porque o que pregam já não é mais religião. Pelo contrário, é só açitação e imoralidade". Em seguida, convidou a intrusa a retirar-se de sua casa, para a qual, aliás, não fora convidada.

Bem-aventurados os perseguidos... Os casos de perseguição aqui descritos, ocorridos em todas as latitudes deste Paíscontinente, bem atestam o esforço inaudito,

e ao mesmo tempo o desgaste decepcionante, da bem montada máquina progressista. Na aparência, defensores ''à outrance" da "não-violência", são os progressistas, na verdade, tiranetes encapuçados que investem com inclemência e sofreguidão contra os que rejeitam as metas igualitárias e socialistas que propõem. Tal qual recentemente deramse a conhecer os progressistas da Nicarágua sandinista, do Pe. Cardenal e do chanceler Pe. D'Escoto. Quanto aos que são _alvo desta sanha persecutória, vitimas de injustiças, estes con-

Nolu

(1) _Cfr. "A 'Misso d~s °'1il'?mbos': A!i~.ro df? Negro ou incllomento à rebehão?". m ..Catohcnmo , n.0 372, dezembro de J98I. Nessa Missa blasfematória D. Hcldcr Cãmara, Arcebispo de Olinda e Recife, D. Jos~ Maria Pires, Arcc,bispo da Paralba e O. Pedro Cas.aldáliga, Bispo-Prelado de São F~lix do Araguaia, lidi:rando uma corrente de cc;Jçsiásticos e leigos. tentaram aglutinar os negros para lançá-los como força revolucionária coesa contra a sociedade brasileira. E isto com vistas a uma utópica sociedade igualitária. sem classes. Recordaram o episódio histórico do ..Quilombo dos Palmares" ocott1do no Brasil colônia, e mais

tinuam, como autênticos católicos, a trilhar o caminho da fidelidade e do dever. Serenos, confiantes e inabaláveis, tim a certeza de que a eles podem ser aplicadas as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo a seus discípulos: "Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e, men· tindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai. porque é grande a vossa recompensa nos céus" (2). D

Wellington da Silva Dias

cseccialmente a mo11e - que eles denominaram mar• tino - do chefe quilombola Zumbi. Durante A referida cerimônia foram cultuados Obatalá, Olorum, Oió; pronunciaram.se fórmulas aparentemente rituais, como "Ara wara kosi mi foro": vcrificaram·se: batuque de tambores. contorções rituais de dançarinos e dançarinas semi-despidos; foram entoados cânticos e houve tanto recitações quanto sermões em que se pregava a rcbclilo social; ludo acenava para uma outra igrtja. Não uma igrej a dos negros. mas da subversão e da revolta. O negro. o simpático negro, um do~ componentes raciais

de nosso povo. foi o pretuto. como cm outras ocasic'\e$

os progressistas utilizaram o lndio o u o pobre. (2) Mt. S, 11 e 12.

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No 450°. aniversário do nascimento de Anchieta

EVOCAÇÃO DA EPOPÉIA MILITAR DO APÓSTOLO DO BRASIL Em meio a tantos e tão belos atributos, preferimos consagrar nossos comentários a outros aspectos, como que o lvidados pela História, a respeito do Beato Anchieta: sua indomável combatividade e o ódio à heresia, que o levaram a pregar e a empreender aquilo que se podena denominar a primeira Cruzada em terras brasileiras: a expulsão dos franceses calvinistas do Rio de Janeiro.

Uma agressão da heresia A invasão à Bala de Guanabara ocorreu principalmente devido a motivos religiosos.

nova muito que entender aos portugueses e fndios daquela banda, e sobre todos a Anchieta e mais religiosos n1issionários, que consideravam introduzida guerra, dissipadora dos sossegos necessários para a conversão das almas" (5). Devido à inoperância do Governadorgeral Duarte da Costa, só com sua substituição por Mem de Sá, realizada em 1556 por D. João III, iniciaram-se os preparativos para expulsar os invasores do Rio de Janeiro. A nomeação de um homem da envergadura de Mero de Sá - a quem o Brasil deve sua estabilidade política dos primeiros

Anchieta ainda moço. Quadro de pintor anõnimo# que ae encontra em Tanerife.

e

OMEMORANDO-SE a 19 de março deste ano o 450. 0 aniversário do nascimento do Bemaventurado José de Anchieta, é particularmente oportuno ressaltar aspectos l'ouco conhecidos da vida e obra do extraordinário missionário, que tantos trabalhos empreendeu, além de oferecer ingentes sacrifícios para consolidar a vitória de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o paganismo reinante em terras brasileiras, no século de seu desc:-0brimento. O estado de barbárie em que jaziam os indígenas de nosso País, quando aqui aportaram os primeiros portugueses, é descrito pelo próprio Anchieta em seu poema épico "De gestis Mem de Saa", composto para celebrar as glórias e feitos daquele Governador-geral do Brasil: "Envolta, há séculos, no horror da escuridão idolátrica, houve nas terras do Sul uma nação. que dobrara a cabeça ao jugo i/o tirano infernal, e levava uma vida vazi(I de luz divina. fmersa na mais triste n1iséria, soberba, desenfreada, cruel, atroz, sanguiná. . na, mestra em trespassar a v111ma com a seta ligeira, rnais feroz do que o tigre;·mais voraz do que o lobo, mais assanhada do que o lebréu, n1ais audaz do que o leão. saciava o ávido ventre COnJ carnes humanas" (1).

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Origem da grandeza do Brasil Hoje, ao contemplarmos um mapa onde se delineia o perfil geográfico deste imenso Brasil, aflora-nos, com justa razão, a idéia de que a conquista de território tão extenso e a conversão dos ferozes indígenas que o habitavam só pode ter sido obra de gigantes. E sabendo serem homen.s de estatura fisica comum aqueles que, por especial desígnio da Providência, descobriram, dilataram nossas fronteiras e trouxeram ao grêmio da Santa Igreja os bárbaros habitantes desta nação, resta-nos somente considerar que tais intrépidos varões eram dotados de almas insaciáveis de grandeza. De grandeza temporal, sem dúvida. Bem o demonstram as imensidões e riquezas que conquistaram. Mas, sobretudo, sôfregos de grandeza espiritual. Prova-o sua constante preocupação em mater nas vias da Fé católica a Pátria que construiram com desmedidos esforços. Se o Brasil de nossos dias, apesar das graves e profundas crises - de ordem religiosa, politica, social, econômica e cultural - q ue o abalam até os fundamentos, vai emergindo no panorama mundial como potência de prime.ira grande1.a, devemo-lo especialmente ao vigoroso impulso dado pelos que iniciaram a obra de colonização e catequese. Não se contentando apenas em formar novo país, eles lançaram os fundamentos de uma grande nação.

"Um portento de maravilhas" Entre os que marcaram nossa História com o fogo de sua alma, o zelo de admiráveis trabalhos e a heroicidade de uma dedicação sem limites, eleva-se como gigante o Bemaventurado José de Anchieta. De tal maneira brilhou este apóstolo da gentilidade, que constitui difícil tarefa comentar sua pessoa e obra no exíguo espaço de um artigo. Pri ncipalmente se tivermos em vista o elogio feito a ele pelo segundo Bispo do Brasil, D. Pedro Leitão, o qual conferiu ao Beato Anchieta o sacramento da Ordem: "A Companhia é um anel de ouro e o Padre Anchieta é a pedra preciosa" (2). Um ,de seus primeiros biógrafos o descreve como "um José na castidade, um Abraão na obediência, um Moisés nos segredos do Céu, um Job na paciência, um Elias no zelo e um David na humildade. Um portento de maravilhas e um assombro do mundo" (3). 4

Casa em que naaceu o Apóstolo do BraaH. em Slo Cristóvlo da Laguna, na ilha de Tenerife. .erquip61ago das Canárias

Anchieta caracterizou, mediante candentes palavras, esse ato de agressão: "De há pouco tempo, com o correr silencioso dos anos, erguem a cabeça altivos, e arrastados pela cobiça querem para si o que os lusos con, grande trabalho alcançaram . .... Mais ainda: com o coração infeccionado pela heresia e com a ,nente opresso pelas trevas do erro, não sá se afastam do reto caminho da crença, mas procuram perverter. com falsas doutrinas. os míseros povos fndios. de todo ignorantes". Combatidos na Europa pela Igreja e por Príncipes fiéis a Ela, muitos foram os protestantes que tentaram estabelecer-se no Novo Mundo. Apesar das múltiplas tentativas, não lograram se fixar no Brasil. Acentuando-se na França do século XVI a divisão entre católicos e protestantes, um cripto-calvinista, membro da Ordem de Ma lta, o Vice-almirante Nicolas Dura nd de Villegaignon, auxiliado pelo Conde de Coligny, calvinista confesso, Almirante de França, empreendeu a invasão do Rio de Janeiro. Era intenção sua fundar a França Antártica, destinada "a servir a Deus de acordo com o Evangelho reformado e a servir de refúgio para todos quantos desejassem fugir às perseguições" (4). Os franceses chegaram ao Rio de Janei.ro e m 10 de novembro de 1555, fortificando-se na ilha das Palmas, hoje conhecida como ilha de Villegaignon. A 10 de março de 1557, uma segunda esquadra, comandada por Boisle-Comte, sobrinho do Vice-almirante, fundeou na Baía de Guanabara, trazendo reforços aos protestantes. Quatorze pregadores da doutrina calvinista, entre eles Pedro Richier, Guilherme Chartier, escolhidos pelo próprio Calvino, acompan haram Bois-leComte. Após discussões a respeito da doutrina da pseudo-Reforma, alguns desses pregadores e outros calvinistas dissidentes foram obrigados por Villegaignon a retornar à França. Obnubilado pela pretensão de seu conhecimento dos Evan(:elhos - na verdade desvirtuado - Villega,gnon estava mais propenso a fundar sua própria seita religiosa. Não obstante essas querelas doutrinárias, desde o início os franceses mantiveram bom relacionamento com os índios tamoios, aumentando neles o ódio que já nutriam em relação aos portugueses. Sob a influência d os franceses, redobraram os tamoios os ataques às fa,.endas dos lusitanos e a aldeias de índios catequizados.

Perigos para a Religião A noticia da chegada dos franceses preocupou enormemente os missionários jesuítas, pnncipalmente o Beato Anchieta: "Deu esta

tempos - ocorreu devido aos contínuos pedidos que o Pe. Nóbrega e Anchieta enviaram à Corte, solicitando q ue se adotassem medidas sérias e eficazes para livrar o Brasil da presença dos hereges. A alegria com que os missionários, principalmente o Pe. Nóbrega e o então Irmão Anchieta, acolheram o novo Governadorgeral, pode-se aqui latar por estas palavras: "Eis que, liberta dos perigos do mar e de há muito esperada, uma esquadra fundeia na bafa a que todos os Sanros legaram nonre. Trazia, salva das fauces do oceano. um singular herói, de extraordinária coragem, Men1, que do sangue de nobres antepassados e de seiva ilustre de longa ascendência, herdara o nome de Sá". Isto ocorreu no início de 1558. Em fins de novembro de 1559, enviado pela rainha D. Catarina d'Áustria (regente na minoridade de D. Sebastião, após a morte de D. João Ili), chega à Bahia Bartolomeu de Vasconcelos Cunha, comandando uma esquadra com reforços solicitados pelo Governadorgeral. Em janeiro de 1560, partia Mem de Sá para o Rio de Janeiro. Acompanhavam-no o Pe. Nóbrega e o incansável Anchieta, que comporia mais tarde seu poema épico, "De gestis Mem de Saa".

Começa a Cruzada Mem de Sá chegou à Baia de Guanabara a 21 de fevereiro do mesmo ano. A ocasião e ra propícia para o ataque. Villegaignon encontrava-se na Europa (para onde retornara à busca de reforços, em fins de 1559), e Bois-le-Comte estava caçando em Cabo Frio. Entretanto, seu plano de tomar a fortaleza de surpresa, num ataque relâmpago, não pôde ser executado. Logo após sua chegada, Mem de Sá aprisionou um navio francês surpreendido na baía. A pequena galé destacada para essa tarefa teve que enfrentar cerrado fogo lançado pelos canhões da fortaleza, os quais só silenciaram após providencial explosão num depósito de pólvora. O Beato Anchieta narra o episódio com um entusiasmo que poderá chocar progressistas de nossos dias: "A nau rendida é ligada à popa da nossa: a fortaleza tenta impedir-lhe a volta corn projéteis incendiários, e o monstro de ferro vornita suas bolas de fogo . Corn a ajuda divina, em vão as balas cortam os ares: antes. a pólvora explode no paiol inimigo devido a uma centelha, e o fogo em turbilhão num momento envolve e engole desprevenidos a sete soldados. fnfelizes! Começam já a sentir as chamas do inferno em que os ímpios corações. manchados pela heresia, sofrerão o eterno castigo que l'tus crin,es merecem".

Tal é a linguagem de um Bemaventurado, infelizmente quase desconhecida do grande público. Esta faceta da personalidade de Anchieta não terá sido silenciada porque ela se opõe frontalmente a um falso espírito ecumênico, reinante em ambientes católicos de nossa época? Reconhecendo não ser possível tomar a fortaleza devido à falta de pequenas canoas para o desembarque, Mero de Sá pede ao Pe. Nóbrega que viaJe a São Vicente a fim de consegui-las. A 15 de ma rço, com a chegada das canoas repletas de índios, o Governadorgeral iniciou o ataque, dominando a fortaleza após dois dias e duas noites de renhidos combates. Impossibilitados de resistir ao ímpeto dos portugueses, os fra.nceses e tamoios refugiaram-se no litoral. Dentro do forte, nenhum objeto religioso foi encontrado. Somente armas. E mais uma vez o indômito Anchieta, contrariando os espírito eivados de um falso ecumenismo de nossos dias, increpa a heresia: "Entram finalmente nas casas desertas. Dentro se achava número enorme de munições, cuja força não pôde segurar os Franceses. Mas não se encontrava ali a imagem da cruz resplandecente, nem a dos santos que habitam o reino dos céus. por cujos merecimentos e preces o Rei suprerno se inclina ao perdão e abranda piedosa a cá/era justa e santa, protege os reinos terrestres e enche de dons abundantes as almas humanas. Encontrava-se aí um grande móvel, cheio de livros que encerram doutrinas crivadas de irnpiedades e erros. Martinho lutero os compôs com mente perversa e rnandou a seus filhos observá-los à risca. Enraivado. muitas blasfêmias arrojou contra o Papa. Surno Pontífice e contra a Igreja, Esposa de Cristo. Muitas outras vomitou de seus lábios impuros João Brêncio, raça de lutero e digno de infômia paterna; e o petulante Melanchton. de coraçqo malcheiroso. Também af estava a fera que os abismos do inferno há p ouco arrotaram de suas vasas imundas. dragão inchado de todo o veneno que o mundo preparou em seus monstros. É Calvino, a serpente de coleio variado e horrendo. qu~. abraça no rolo de suas espirais o forte, vibra olhares de fogo e agita a língua tr(fida en, ruídos de ,norte. É este quem te protegerá contra a força celeste. 6 fmpio francês?"

Continua a epopéia Imprudente mente, Mem de Sá não fundou nenhum estabelecimento português no Rio de Janeiro, o que permitiu aos franceses continuar vivendo entre os índios e receberem reforços de sua pátria. Por isso, a tranqüilidade que gozaram os moradores das vilas de São Vicente e São Paulo de Piratininga foi transitória, pois os tamoios continuaram seus ataques a essas povoações. Pouco depois, o Pe. Nóbrega e o Beato Anchieta partiram para lperoig, a fim de ajustar um tratado de paz com aqueles índios. Alcançaram êxito no tocante às tribos mais próximas de São Vicente. Mas algumas do Rio de Janeiro, e principalmente as de Cabo Frio, continuaram hostis e sob influência dos franceses. Durante a mencionada estadia, como refém entre os tamoios, o Bemaventurado Anchieta compôs seu fa. "O (,ttimo tamoio" - Pintura de Rodolfo Olmoedo. Museu N acionel, Rio de Janeiro. - Pouco• anos após serem d errotadoa no Rio de Janeiro. juntamente com oa calvinistas france1e1, oe fndiot temoio, foram vitimadoa por grave epidemia que oa di2:imou inteiramente.

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CATOLICISMO -

Marco de 1984


moso poema "De Beata Virgine Dei Matre Maria", escrevendo os versos nas alvas areias da praia . Com a vinda do sobrinho do Governador-geral, Estácio de Sá, para o Brasil, recomeçaram os preparativos para expulsar definitivamente os hereges franceses da Baía de Guanabara. Após aportar na Bahia em fins de 1563, Estácio de Sá dirigiu-se para o Rio de Janeiro, onde fundeou sua esquadra fora da baía, em 6 de janeiro de 1564. Sem travar combates., navegou até São Vicente, a fim de consertar as avarias de suas naus e conseguir reforços. Quando partiu de ltanhaém a 22 de janeiro de 1565, recebeu as bênçãos do Pe. Nóbrega, que mandou o Beato Anchieta e o Pe. Gonçalo de Oliveira acompanhar o sobrinho de Mem de Sá. Anchieta seguia-o na qualidade de conselheiro. Nos dois anos de combates que se seguirão, o Ap6stolo do Brasil desempenhará saliente papel. Antes mesmo de começarem as batalhas, sua intervenção decidirá o rumo dos acontecimentos. Atrasando-se a nau capitânea da esquadra, devido a maus ventos, os índios comandados pelo bravo cacique dos Termiminós, Araribóia - batizado com o nome de Martim Afonso (que já desempenhara grande papel nas batalhas de 1560) - impacientaram-se com a demora em iniciar os combates e com a falta de viveres. Era intenção deles voltar ao Espíriío Santo, sua terra de origem, abandonando assim os portugueses. Descobrindo a causa do descontentamento, o Beato Anchieta tranqUiliiou-os, prometendo-lhes comida para logo, bem como a breve chegada da nau de Estácio de Sá. O taumaturgo e profeta, indicando um ponto no céu, afirmou que antes do pôr-<le-sol já teriam chegado navios trazendo alimentos, e que a nau capitânea arribaria logo depois. O que realmente ocorreu. Com essa milagrosa previsão, o Bemaventurado Anchieta reteve preciosos combatentes para a santa guerra que ele mesmo incentivava. A primeira providência que tomou Estácio de Sá quando chegou ao Rio de Janeiro Desembarque no Rio da J aneiro -

Relevo de D.

Ma,troiani. - Dando continuidade a ,ua cruzada. Anchieta chega ao Rio da Janeiro. em 1666. O Pe. Nóbrega o destinara para acompanhar o indõmito Ett.6eio de Sá, na qualidade de con1alheiro.

foí construir uma paliçada em terra firme, fundando a chamada "Vila Velha", no morro "Cara de Cão", à sombra do Pão-<le-Açúcar. Pouco depois de iniciados os combates, novamente o Beato Anchieta intercedeu para o bom andamento da empresa. Sendo os tamoios arqueiros temíveis, de força e pontaria prodigiosas, lndios e portugueses começaram a temer-lhes as setas. Anchieta e o valoroso Pe. Gonçalo de Oliveira encorajaram-nos com ardentes palavras. Logo depois entravam os nossos na refrega, pondo em fuga tamoios e franceses.

O embaixador da guerra Por ordens de seus superiores, o Bemaventurado Anchieta seguiu a 31 de março de 1565 para Salvador, a fim de se ordenar sacerdote. Quando partia do Rio de Janeiro, Estácio de Sá pediu-lhe que convencesse o Governador-geral da necessidade de enviar reforços da Bahia para expulsar definitiva e rapidamente os hereges. Dessa missão desincumbiu-se o Beato Anchieta com sucesso. Mem de Sá, em novembro de 1566, partiu para o Rio de Janeiro comandando uma esquadra para prestar auxilio a seu sobrinho. O Apóstolo do Brasil, recémordenado Sacerdote, com 32 anos de idade acompanhava-o, juntamente com o Beato Inácio de Azevedo (que morreria mártir em futura viagem de regresso ao Brasil). Este chegara a Salvador em agosto do mesmo ano, na qualidade de Visitador dos Jesuítas. A esquadra de Mem de Sá aportou no Rio de Janeiro em 18 de janeiro de 1667. Após descanso de um dia, moveu-se um ataque definitivo contra os franceses, no dia 20 de janeiro, festa de São Sebastião, Padroeiro da recém-fundada vila. Estácío de Sá comandou a investida contra a principal praça do adversário, o forte de Uruçumirim, construído sobre o atual Outeiro da Glória. Nesse combate, recebeu uma flec hada no rosto, vindo a falecer em consequência dos ferimentos, cerca de um mês depois. Embora condoido com o ferimento mortal recebido pelo sobrinho. Mem de Sá P.rosseguiu a luta, expulsando os franceses da ,lha de Maracajá (atual ilha do Governador), onde eles também se haviam fortificado. Alguns franceses ainda escaparam da morte, refugiando-se em Cabo Frio, sendo aí massacrados em 1575, por uma expedição comandada pelo então Governador da cidade do Rio de Janeiro, Antonio Salema.

Os séculos de gl6rla do Brasil O Bemaventurado Anchieta assistira a toda essa luta comprazido, abençando, rezando e incentivando os que defendiam a Fé católica contra o invasor calvinista. Ê possível que os progressistas reprovem sua conduta, considerando-a extremada. Um Bispo esquerdista contemporâneo, como D. Pedro Casaldáliga, considerando a batalha pela posse da Baía de Guanabara, possivelmente tomaria o partido dos franceses. E não seria uma hipótese absurda esse Prelado dedicar-lhes algum poema, análogo ao que compôs em memória de "Che" Guevara ...(6). Bem diferentes eram as c-0gitações do Beato Anchieta. Para ele urgia empreender todos os esforços para expulsar o herege francês. Uma vez realizada essa tarefa, poderiam então ele e os demais missionários empenhar-se tranquila e ardorosamente na conversão e educação dos indi$enas. Concluída a missão de incentivar e apoiar a autêntica cruzada, que empreendeu com ardor militar, continuou o Após1olo do Brasil a iniente tarefa de tornar realidade suas proféticas palavras: "Já teu nome se espalha até aos confins do universo, ó Cris10, como torrente de penetrante perfun,e, chegando até aos /apões, os mais afastados da /erra. Arrancada às trevas e iluminada pelo sol fulgurante da luz divina, também virá um dia adorar-Te a nação que se ceva agora em carnes humanas. A terra em que sopra o Sul, conhecerá o Teu nome e ao mundo austral advirão os séculos de ouro, quando as gentes brasflicas observarem Tua doutrina". Com as bênçãos de Maria Santlssima e as preces que no Céu a Ela dirige o Bemaventurado Anchieta, tais promessas um dia se cumprirão em sua plenitude - assim o esperamos - apesar das crises que hoje se acumulam como negras nuvens sobre nossa Pátria.

Eduardo Queiroz da Gama

O Prof. Plinio Corrh de Oliveire q1.1ando jovem

constituinte.

Há 5 0 anos, expressiva homenagem a A nchieta

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UANDO OCORREU, em 19 de março de 1934, o 4.0 centenário do nr..scimento do Bemaventurado J osé de A eta, encontrava-se a Assembléia Constituinte em plena atividade. Eleito deputado pela Liga Eleitoral Católica àquela Assembléia, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira encaminhou a seu plenário votação de u ma moção especial em homenagem ao Apóstolo do Brasil. Em sessão realizada nesse mesmo dia, o insigne pensador católico proferiu a rdente discurso em louvor de Anchieta, que reproduzimos a seguir. Desta forma, associamo-nos às comemorações que se efetuam, em nossa Pátria, pelo transcurso dos 450 anos do nascimento do grande taumaturgo.

Requerimento n. 0 1 - • Refletindo o sentimento unânime da população paulista, que reconhecendo embora em Anchieta um motivo de legitima ufania para todo o Brasil, sente-se, no entanto, ligado a ele de um modo particular pelo glorioso papel que teve na fundação de São Paulo; • Considerando que, no dia 19 de março, o povo brasileiro, justamente empolgado, comemorará o IV Centenário anchietano com celebrações entusiásticas, altamente expressivas da admiração que vota ao Apóstolo do Novo MuRdo; • Considerando que, a essas comemorações, já se associou o Governo Provisório, declarando feriado nacional o dia 19 de março próximo; • Considerando que a Assembléia Constituinte, por sua vez, não pode deixar de render o preito de sua admiração aos méritos e serviços do Padre José de Anchieta, que estão indelevelmente inscritos na gratidão de todos os corações brasileiros: • Requeremos que, na ata dos trabalhos de hoje, a Assembléia Constituinte consigne o profundo reconhecimento da Nação brasileira àquele que lhe dedicou todos os tesouros de sua virtude invencível e de seu engenho fecundo, elevando nossa História, logo nas suas primeiras páginas, a um grau de beleza que nenhuma outra Nação, mesmo entre as mais famosas e antigas, se pode gabar de haver superado. • Sala das Sessões, 17 de março de 1934. - Plínio Corrêa de Oliveira - Alcântara Machado - Cincinato Braga - José Carlos de Macedo Soares - Oscar Rodrigues Alves - Th. Monteiro de Barros Filho - Roberto Simonsen - Almeida Camargo - A.C. Pacheco e Silva - Ranulpho Pinheiro Lima - Alexandre Siciliano Jr. - Carlota de Queiroz - M. Whatelly - Henrique Bayma - Cardoso de Meno Netto - A. Hyppolito do Rego - Abreu Sodré - José Ulpíano Barros Penteado - A. Moraes Andrade. • O Sr. Plinio Corrêa de Oliveira -

Nctu (1) Pe. JôSeph de Anchieta. ··~ gestis Mem dt Soo ... edição comemorativa do IV O::ntcn-ário do nascimento do Pc. Anchieta, Ministtrio da Educação. 1934, pg. 93. (2) Ccl$O Vieira. '"A11rhit111". Pimenta e Mcllo & C.. Rio

de Janeiro, 1929, p. 17S. (3) Pc. Simão de Vasoonctlos. "A Vida do Vtnerd11el Pe. José de Anchieta". Lello & lnnãos, Editon:s, Porco, 1953, p. 90. (4) Jct1n de Ury. "Viagem à Terra do Brasil", apud Augusto Tasso Fragoso, "Os Franceses 110 Rio de Janeiro", .Biblioteca do Ex~rcito-Editora, Rio de Ja· neiro, 1%5, p. 31. (S) Pe. Simão de Vasconcelos, op. eit., p. 63. (6) Plinio Conta de Oliveira, "A lgrejo ante a escalada da ameara comuni.uo·•, Editora Vera Cruz Ltda., São Paulo. 1976, p. 20.

CATOLICISMO -

Março de 1984

Peço a palavra. • O Sr. Presidente - Tem a palavra, para encaminhar a votação, o nobre Deputado. • O Sr. Plinío Corrêa de Oliveira (Para encaminhar a votação) lê o seguinte discurso: - Sr. Presidente - Tendo eu recebido, da bancada a que me honro de pertencer, a incumbência de, em breves palavras, para encaminhar a votação, salientar, perante esta Augusta Assembléia, a oportunidade e a inteira procedência de uma homenagem especial a Anchieta, assaltou-me a persuasão angustiante da inviabilidade da tarefa para que fora destacado.

Realmente, louvar virtudes às quais o povo brasileiro vota uma admiração que já hoje alcançou o seu apogeu; engrandecer feitos que têm em si mesmos, e nos resu)tados que produziram, a maior das glorificações, de tal forma que se toma fraca a voz da maior eloquência, diante dos fatos que elevam seu louvor acima de qualquér elogio; não será isto temeridade, principalmente no seio de uma Assembléia em que tantos esplritos de escol Já têm aplicado seu talento em celebrar Anchieta em obras de um valor incontestável? E, involuntariamente, aflorou-me ao espírito a pergunta que o Apóstolo do Novo Mundo colocou no introito d<>-_poema que escreveu na areia branca do litoral paulista: "Sileam an loquar, Sanctissima Mater". Ele soube encontrar acentos próprios, para louvar a mais elevada das criaturas, Aquela que, cantada pelos profetas já antes de seu nascimento, viu-se chamar bemaventurada por todas as gerações que lhe sucederam. Deverei também eu procurar palavras novas, para celebrar aquele que, na grandeza de suas virtudes e na força de seu gênio, parece uma bênção viva dAquela a quem, com tanto amor, ele cantou? Não, o louvor só é necessário quando o esquecimento começa a cobrir com seu musgo uma memória gloriosa, ou quando a calúnia cobre de lama uma reputação ima- · culada. Nem o esquecimento nem a calúnia empanam o bril.ho da glória de Anchieta, que é hoje o sol que fulgura no zenith da História Brasileira. Seu vulto se er$Ue nas cabeceiras de nossa História, presidindo à formação da nacíonalídade, com seu vigor de herói, e com sua virtude de santo. As figuras congêneres, que vemos nas nascente de um grande número de nações famosas, brilham, em geral, num ardor agressivo de heróis selvagens e implacáveis, conquistando a celebridade ora em guerras justas, ora em inqualificáveis rapinas. Sua existência é discutida, e suas grandezas são fantasias tecidas pelo orgulho nacionalista, que se clissipam inteiramente pelo estudo imparcial da História. E isto desde Rômulo até Guilherme Tel1. Anchieta, pelo contrário, entrou para a História em um carro de triunfo que não era puxado por prisioneiros e vencidos, e nem a dor figurou no seu cortejo, nem os hinos de guerra celebraram seu triunfo e nem as armaduras foram seu paramento. • O Sr. Arruda Falcão - O vulto insigne de Anchieta se renova cada vez maior em todas as etapas de nossa história. • O Sr. Plínio Corrêa de Oliveira Serviu-lhe de traje a túnica branca de sua inocência imaculada. Constituía-lhe o cortejo pacífico uma raça que arrancara da vida selvagem e defendera contra o cativeiro, e uma Nação inteira, que ajudara a construir para a maior glória de Deus, abrandando o rancor dos homens e das feras, na realização da promessa evangélica: Bemaventurados os mansos, que possuirão a terra. Mas eu disse mal, Sr. Presidente, quando afirmei que a dor não figurara no seu cortejo triunfal: era ela o nimbo que o aureolava. Era a dor cristã do pelicano, que enche de amargura o mártir e o Santo, mas banha em suavidade quantos dele se acercam. Ele passara sua vida a distribuir rosas ... e os espinhos, guardara-os para si, nas labutas do apostolado. Em Anchieta, vas electionis, brotara uma flor de virtude, e esta flor, ele a semeou por todo o Brasil: é a mansidão suave ligada à energia serena mas inexorável, que é o eixo de nossa alma . Em seu livro sobre Anchieta, refere Celso Vieira: na Ilha das Canárias há um monte de cujo cume o excursionista pôde contemplar, graças a um curioso fenômeno visual, sua figura, projetada em sete cores sobre o Céu, numa visão magnífica de glória. Anchieta é vulto culminante de nossa História. E o fenômeno visual que Celso Vieira descreve, outra coisa não é senão o simbolo grandioso do seu destino, e d;t Nação que haveria de fundar. No momento presente, o Brasil atingiu, no seu roteiro histórico, uma culminância de onde se divisam, ao mesmo tempo, sendas \ortuosas que conduzem para vales sombrios, e caminhos luminosos para novas escaladas. Convém, pois, que, nesta hora de tremendas responsabilidades, retemperemos a fibra na contemplação reconhecida do maior vulto de nosso passado, e que, desviando nossos olhares dos abismos que nos solicitam, olhemos para o alto num gesto de confiança em Deus, antevendo, projetada em sete cores sobre o céu do futuro, a nossa Pátria engrandecida pela plena realização de sua missão história providencial.

Em seguida, é aprovado o requerimento número I, do Sr. Pbnio Corrêa de Oliveira e outros. (Anais da Assembléia Nacional Constituinte, vol. 15, pp. 516 a 519). 5


Em clima de ''moderação'' e ''diálogo''

ROLAM AS CABEÇAS NAS ESCOLAS DE ESPANHA MPELIDO pela força dç sucção de sua meta radical, o furacão socialista autogestionário investiu contra as escolas na Espanha. O impacto foi mais sentido pelas escolas privadas, nas quais estão matriculados mais de 3.200.000 alunos - aproximadamente 38% da população estudantil - , sendo a maioria destes estabelecimentos de ensino mantidos pela Igreja. A reforma do ensino, impulsionada pelo Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE), lesa a liberdade da Igreja e o direito anterior ao Estado - dos pais sobre os filhos. Além disso, o Partido Socialista pretende impor gradualmente aos jovens educandos uma mentalidade - a autogestionária. E também uma doutrina - a socialista - , sob forma de slogans bem característicos. Tudo faria pensar num embate renhido entre católicos e não católicos a respeito do assunto. Entretanto, considerando a arena desse enfrentamento ideológico, dir-se-ia estarmos diante de um touro sem chifres, de raça inferior, e de um toureiro sem capa nem espada. Não estão presentes ainda as milícias marxistas para confiscar os bens da Igreja. Ou para recrutar adolescentes e fazê-los marchar pelas ruas com a efígie da foice e o martelo no peito. o punho ao alto, enquanto suas vozes infantis bradam sinistramente: "Não temos pai nem mãe. so,nos filhos de Lenine!" Ao menos por enquanto, isso não sucedeu. De futuro, ninguém sabe até que extremos pode atingir a marcha gradual da autogestão socialista (1). Do lado católico, não faltaram os protestos de pais, professores, alunos, religiosos e até de Prelados. Porém, a chama hispâ nica parece evanescida. O repúdio não esteve à altura da ofensiva socialista. Virá a sê-lo ainda? A disputa a propósito da Lei Orgânica do Ensino (LODE), como sucede na imaginária confrontação entre touro e toureiro, acima enunciada, parece (fominada pelo poder talismânico do diálogo. Diante da complacência sorridente de autoridades eclesiásticas, os dirigentes socialistas avançam, tendo à sua frente o caminho aberto. Até que abismos poderá conduzir a &panha tal diálogo entre a cúpula episcopal espanhola e o PSOE?

I

LCiclda e dolorosa previsão da TF P espanhola Em 12 de outubro de 1982, na iminência de eleições nacionais, a TFP espanhola publicou Carta Aberta ao Partido Socialista

A m1nlfe1t1çlo católica contra a LODE realizada em Madri. no dia 17 de dezembro p.p .. reuniu cerca de um mi• lhlo de peuoeo

• Flagrante aimbólico do diélogo Igreja- PSOE: reunilo dos Bispos Yanea. Delicado e Sebastian com o ministro da Educ,açlo. Maravall

licos. De lá para cá, com férrea gradualidade, o socialismo vem aplicando seu programa. A matança dos inocentes, isto é, o aborto, foi aprovada pelas Cortes. A última esperança de ser evitada a promulgação da- ·lei reside atualmente na decisão que deverá tomar o Tribunal Constitucional e, em última instâ ncia, o Rei Juan Carlos 1.

Rolam as cabeças de proprlettirlos, professores e pais de alunos A 28 de fevereiro do ano passado, o quotidiano madrilenho "ABC'' anunciava na primeira página: "Sem religião nas escolas". Semanas depois, o ministro da Educação exibia o projeto socialista de ensino (3). Este expõe, logo de início, alguns principios do socialismo autoi;estionário. E, prudentemente, . numa primei ra fase de aplicação, ainda tolera alguns vestígios do regime anterior. Vários art igos do projeto concedem ao Estado os instrumentos para a extinção gradual desses restos. As propriedades. de momento, não serão confiscadas, mas os proprietários de escolas privadas - instituições religiosas, na maioria - ficam re<lu· zidos, na expressão de um religioso, "a varrer o pátio", e responder perante os tribunais trabalhistas por decisões cuja responsabilidade será de outros. Sim, por decisões que eles não tomarão, porque um conselho não faltou quem o chamasse de soviet assumirá, em virtude da lei socialista, o controle e a gestão da escola, mas não as responsa bi !idades ...

• Abertura da XXXVIII At-Hmbléia Plen6ria do Episcopado espanhol, em 20 de junho úttimo. A Hterarquia emitiu netta OJ)Ortunidade declereçlo sobre e LODE.

Espanhol-PSOE, sob o titulo: "O socialisn,o espanhol e a doutrina tradicional da Igreja" (2). Nela, a TFP ibérica expunha os pontos programáticos do PSOE - entre eles a reforma do ensino - perguntando aos católicos se conheciam esses pontos. Inquiria também se os textos do PSOE estavam bem interpretados. Por fim, o documento exprimia perplexidade ante a ambigua posição assumida pela Conferência Episcopal em face de um programa tão contrário à Igreja. A TFP espanhola prosseguia, com seu documento, a senda aberta pela célebre Mensagem de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "O socialismo autogestionário: em vista do comunismo. barreira ou cabeça de ponte?" Tal Mensagem fora su bscrita pela TFP hispânica juntamente com as outras doze TFPs co-irmãs e autônomas. O Partido Socialista ibérico não deu resposta à carta-aberta. A Conferência Episcopal não se pronunciou, e a palavra que in extremis poderia ter salvo a Espanha do Leviatã socialista não se ouviu. E o PSOE venceu as eleições, com importante - e talvez decisivo - concurso de votos cató· 6

O conselho autogestionário assume as funções que cabem ao proprietário da escola, podendo convocar este quando julgar necessário, sem conceder-lhe direito de voto. O conselho, constituído como assembléia, admite presidente, secretário e chefe de estudos nas escolas estatais, e diretor nas esc-0las privadas, nomeados pelo próprio conselho. Além destas figuras, formam parte do pequeno soviet delegados dos alunos, professores, pais, pessoal de serviço e uma representação minoritária do proprietário. Poderiam os pais, professores e alunos entrar num acordo para preservar, dent ro deste sistema, o caráter autônomo da escola? A lei, à sorrelfa, não deixa lugar a ilusões. O socialismo se reserva a regulamentação das associações de pais e de alunos, e instrui seus militantes para ingressar nessas associações e vinculá-las ao partido onipresente. Qual será a sorte dos professores privados, reduzidos pelo projeto a empregados estatais, q_uando o sindicato socialista UGT-FETE, Já combinado com o partido socialista, fizer-lhes sentir suas pressões?

• O ministro de Educaçlo, José Maria Maravall. apresenta ao plenário das Cortes a Lei Org&nica do Diretto à Educaclo (LODE}

Onipotência estatal Pairando sobre as miríades de conselhos, o projeto estabelece um Conselho Escolar do Estado. espécie de Soviet supremo das escolas, com a participação de sindicalistas, representantes dos governos nacional e regionais, de universidades, personalidades do mundo pedagógico escolhidas pelo partido, e também representantes das escolas. Porém estes não poderão constituir maioria. Por sua vez, esse original Conselho supremo não exercerá poder decisório. Será apenas um órgão consultivo. O governo socialista decidirá todas as questões. Para fechar o cerco às escolas privadas, o projeto socialista determina a suspensão das su bvenções públicas aos estabelecimentos que não se submeterem. Estes, para subsistir, deverão aumentar drasticamente as quotas cobradas aos alunos. Ora, só reduzido número de pais poderá pagar tais quotas, levando-se em conta a escalada de impostos com que o regime vem sobrecarregando o contribuinte. As escolas que se submeterem serão obrigadas a fornecer ensino gratuito, ficando elas na inteira dependência financeira do governo socialista. "Enquanto hou· ver um s6 vidro quebrado nu,na escola pública, não darenros uma ,noeda aos colégios privados", tinha já ameaçado o dirigente socialista Victorino Mayoral, durante campanha eleitoral (4).

Apesar do cllma de "dltilogo'', entidades religiosas sentem-se obrigadas a reagir A poderosa Federação Espanhola de Religiosos (FERE), que congrega sacerdotes, religiosos e freiras dedicados ao ensino, e a Confederação Espanhola de Centros de Ensino (CECE), que reune a maioria dos proprietários de escolas privadas, mantinham uma atitude d e diálogo e colaboração com o PSOE em matéria educacional. Assim o reconheceram o Pe. Martinez Fuentes, presidente do CECE, e o Pe. Aquilino Bocos, presidente da FERE. Este último também dera a entender que a entidade que preside ver-se-ia obrigada a denunciar possíveis abusos (5). Ambas organi7ÃÇÕCS pronunciaram-se nesse sentido, quando a estarrecedora notícia do projeto chegou ao conhecimento do público, embora elas procurassem manter invariavelmente o clima de diálogo com o Partido Socialista. A Conferência Episcopal Espanhola, em sua XXXVIII Assembléia Plenária, emitiu uma declaração sobre o assunto. Empregando uma linguagem branda - que não se coaduna com ó grave risco a que estão expostas as escolas católicas em virtude da LODE - a Hierarquia espanhola aponta a falta de garantias para as escolas privadas, ocasionada pelo projeto quanto a: 1) salvaguarda da autonomia e da identidade desse tipo de estabelecimentos escolares; 2) preservação da autoridade de seus proprietários. O Episcopado lamenta também no documento que se pretenda impor um modelo politico a tais colégios (6). As mencionadas FERE e CECE, na mesma época, formu laram criticas doutrinárias, denunciando o caráter autogestionário do projeto.

Manifestações de protesto e prepotencla do PSOE Além das duas entidades, também apontaram a a utogestão como princípio básico do projeto: 1) a oposição nas Cortes; 2) a Federação de Sindicatos Independentes do Ensino-FSIE; 3) a Confederação Católica de Associações de Pais de Alunos; 4) publicações privadas especializadas.

Muito incomodado, o Partido Socialista, sibilinamente, procurou, repetidas vezes. atenuar a acusação de que a lei é autogestionária, mediante a afirmação de que ainda não se trata da autogestão total (7). E Mons. Yanes, Presidente da Comissão Episcopal de Ensino, fez uma apreciação complacente da lei, afirmando: "Não se pode dizer. na verdade, que a LODE seja uma lei laica .... ou que seja uma lei que imponha a autogestão em sentido estrito" (8). A convergência dialogante entre a cúpula episcopal e o Partido Socialista não conseguiu abafar um mal-estar difuso. As demonstrações populares de protesto começaram. Primeiramente, centenas de alunos manifestaram seu desagrado diante do Ministério da Educação. As autoridades socialistas, tão compreensivas e dialogantes com feministas e homossexuais em circunstâncias semelhantes, ordenaram à polícia que dissolvesse a manifestação estudantil. Os jovens se dispersaram em face da mobilização policial. Sentindo o chão pouco firme, o PSOE imprimiu velocidade irrefletida ao debate parlamentar, apesar dos protestos de deputados oposicionistas. O Partido Socialista fugiu da polêmica pela TV (sob controle estatal) e ameaÇ-Ou prolongar as sessões das Cortes durante as festas natalinas, se os deputados não aprovassem o projeto. Manifestações de pars católicos foram organizadas cm Las Palmas, Bilbap, Valença, Valladolid e Santander. Simultaneamente, a esquerda sofria significativa derrota eleitoral na Universidade Complutense de Madrid, a maior da Espanha. Em 17 de dezembro, centenas de milhares de católicos de.sfilaram em Madri, debaixo de chuva, protestanto contra o projeto. Segundo os organizadores, participaram entre 800 mil e um milhão de pessoas. A policia da prefeitura socialista contou 250 mil. Portando numerosos cartazes, os manifestantes bradavam: "Marava/1 [o ministro da Educação] de,nita-se, o povo não te admite!"; "Uh, uh, uh, a LODE para Moscou!"; "Uberdade. LODE não!"; "Marava/1 den,ita-se co,n Guerra e con, Felipe [Gonzalez]". "Vai acabar a ditadura de Marava/1!". O governo concedeu apenas duas horas para a realização da monumental passeata. Quando um grup.o de alguns mi-

IJAfOLECK§MO ' MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO DO RIO Oir~1or: Paulo Corrêa de 8ri10 Filho JorntU.~ta rtspondvtl: Takao Taka hashi - Rcgis1rado no D.R.T.-SP sob n•. 13.748

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CATOLICISMO -

Março de 1984


Ambientes, Costumes, Civilizações

DUAS CONCEPÇÕES DA SOCIEDADE: família de famílias, e campo de concentração Plínio Corrêa de Oliveira APESAR DE ter sido redigida o prestmt coloboraçào 19 anos atrás. é oportuno rtproduzf.fo Junto com o ortigt> que analisa o projeto de lei soâaliJta - exterminador da educoçõo católica no Esptmlio. Embora .sem promovu sinis1ro.s dnfllts in/on1is. como se vê abaixo. o PSOE prettndt ituro11rar naquele pois uma tducaç4o de cunho marxista, andlogo à dos polus c<Jmunistas. a qual extirpará das olmo.s dos jovens o benéfico fr1Jluxo da lgrt}a CouJlicã.

MA JOVEM camponesa de <.:astela considera, solícita e enternecida, o filho que tem ao braço. Nota-se nela certa rusticidade, própria aos campônios. Mas uma rusticidade na qual é por assim dizer imperceptivel a tal ou qual aspereza que o conceito de "rústico" contém. Pelo contrário, a vida do campo concentrou nessa jovem seus melhores efeitos. Seu semblante, seu por-

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te, exprimem uma vigorosa plenitude de saúde de corpo e de alma. Mas uma plenitude à 9ual séculos inteiros de tradição cristã imprimiram seu cunho próprio. Nessa camponesa, que talvez saiba ler, há uma intensidade da vida de espírito, uma lógica, uma temperança, uma harmoniosa sujeição da matéria ao espírito, e ao mesmo tempo um frescor e uma delicadeza que só podem resultar de muita fé e muita pureza. Os traços fisionômicos, muito nítidos, são enérgicos. As sobrancelhas fortes, e de traçado muito definido, servem de moldura a um olhar penetrante e preciso. Mas há no rosto uma serenidade, uma candura, que o toucado alvíssimo parece acentuar com uma nota de !ouçama especial. Trata-se de uma simples filha do povo. Mas de um grande povo, grandemente católico. Há nele tesouros de toda ordem, étnicos, históricos, morais, sociais, religiosos, que fazem desta humilde e altiva filha de Castela um modelo digno de despertar o talento de um grande pintor. Todos estes tesouros estão voltados para a maternidade. Salta aos olhos o carinho delicadíssimo com que contempla seu filho, a consciancia que tem de sua função protetora, a dedicação com que ela está por assim dizer mobilizada em todas as suas aptidões, ell) toda a sua capacidade de afeto (afeto profundo, sério, sem moleza, diga-se de passagem) em prol do filho que Deus lhe deu. Feliz criança em cujo favor a Providência dispôs maravilhas da natureza e da graça, no desvelo de uma mãe pura e cheia de fé.

"Somos filhos de Lenin. não queremos pai, nem n,ãe... ". Fazendo vibrar os ares com esta miserável canção, desfilam pelas ruas de uma cidade comunista estes

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pequenos escravos do Anti-Cristo, que trazem ao peito as insígnias de seu sinistro senhor: a estrela de cinco· pontas, com a foice e o. martelo. São crianças que P.arecem formadas, não para uma _yida civil comum, mas para a agressão, o insulto e a brutalidade. Nelas se nota que a capacidade de odiar foi despertada, excitada e fixada num grau de tensão habitual muito alto, para constituir nelas uma segunda natureza. Os olhos fitam a objetiva do fotógrafo, ou q ualquer outro ponto do espaço, penetrantes de desconfiança, carregados de ódio. O andar deixa transparecer uma intenção malfazeja, que parece dar aos passos uma cadência feroz. Os transeuntes, que contemplam o cortejo, parecem animados de sentimentos análogos. Dir-se-ia filhos do ódio, cantando na cidade do ódio o hino do ódio! E é bem natural que, para conseguir formar assim filhos da ira, se lhes tenha roubado o. amor paterno e materno, se lhes tenha inspirado um ódio monstruoso contra a vida de família.

Piedade e impiedade, virtude e amoralidade, delicadeza temperante e forte, brutalidade desbragada e luciferina; em suma, civilização católica e comunismo, eis a alternativa trágica diante da qual o homem do século X.X se encontra. D

'-------------------------------------------------------------' lhares de populares quis se dirigir ao Ministério da Educação, a força policial cortou-lhe o passo.

Atitude desconcertante de Prelados Nenhum Bispo compareceu a essa manifestação. Notou-se a presença apenas de poucos sacerdotes e freiras. O conjunto do Clero brilhou pela ausência. Quão diferente atitude verificava-se, nesses mesmos instantes, em outra parte da capital espanhola! Grande incêndio lavrara num antro de perdição, na madrugada anterior, provocando a morte de 80 !)essoas, que se encontravam sob o efeito de álcool e de drogas. O Vigário de Madri dirigiu-se ao necrotério judiciário a fim de celebrar missa pelos que haviam morrido no ambiente de orgia (9). E o próprio Arcebispo de Madri oficiou missa pública pelos fale.cidos no antro do pecado (10). Contudo, não se celebrou nenhuma missa para evitar que o CATOLICISMO -

Março de 1984

socialismo autogestionário cortasse as cabeças dirigentes nas escolas católicas e se apoderasse das almas, desde a mais tenra infância! Tal atitude poderia prejudicar o diálogo com o governo socialista ... Seguiram-se manifestaçôes contrárias ao projeto, análogas à de Madri, em Barcelona e Cadiz. E realizou-se extraordinária passeata de 100 mil pessoas em Sevilha, paradoxalmente bastião eleitoral do socialismo!

"Pacto escolar": desvio da reação cat6llca Entidades católicas, influenciadas fortemente pelo Episcopado, procuraram desviar a reação católica para a posição que representa uma "terceira via": o chamado "pacto escolar". Este, na prática, aceita o essencial do projeto socialista e propõe a cogestão como meio - inaceitável e inteiramente ineficaz - de deter a derrapagem rumo à autogestão.

Ante proposta tão entreguista, rejubilouse o PSOE que continua a avançar, gradualmente, sem maiores concessões. Lançando mão do que se convencionou chamar de "rolo compressor", os socialistas conseguiram a aprovação do projeto na Câmara de Deputados. Atualmente, o projeto está sendo debatido no Senado. As entidades contrárias à LODE já manifestaram a intenção de apelar ao Tribunal Constitucional, caso ela seja aprovada pelas Cortes, isto é, o Parlamento espanhol. Neste caso a sanção e

promulgação do projeto ficará suspensa até a decisão do refendo Tribunal. Para concluir, uma constatação: é lamentável que o diálogo, manipulado como instrumento de baldeação ideológica inadvertida, venha proporcionando enormes dividendos à causa marxista, diluindo as energias morais dos que tel)tam defender os vestigios de civilização cristã em terras hispânicas.

Notas ( 1) Explicando a via gradual da autogestão, Luis Gómez Llorcnle, um dos ceóricos do PSOE, desabafou: "Se eu ui que itnho um tipo de mi/feia ma;s ou menos popular, então St p odt correr muito mais". - S~rgio E. Fanjul, "Modelos de uo,isición ai socialismo", Ed. Manana,

Nucva". n.'$ 1411 -1412, 14 e 21- 1-84. (4) "ABC', 9-3-83. (S) "EI Alcázar", 4-3-83 (6) "Vida Nucva", 2-7-83 (7) "Vida Nucva", 2-7-83 (8) "Vida Nucva", n.•s 1411-1412, 14 e 21-1-84 (9) "ABC', 18·12-83 (10) "ABC-', 20-12-83

Madrid, Col. Manillo Pilon, vol. 13, 1977, p. )3. (2) "ABC", 22- 10-83. Cfr. "Catolicismo", n•. 384 (3) "E/ Mâgis1t rlo Espanol", n.0 10708. 17-6-83; "Vida

Santiago Fernandez

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AfOILECISMO Em face da ação subversiva do Clero ,

TFP chilena põe em xeque o Episcopado de seu pais SANTIAGO OE CHILE. - O ano de 1983 foi árduo e diflcil para o país. Depois de uma década de aparente consolidação polltica e econômica, diversas circunstâncias - tanto de ordem interna quanto externa - concorreram para que ele fosse sendo envolvido por uma atmosfera de

~ ~___,__ / ," ,:·..... sêriio

confusão. de crises mais ou menos artificiais nos diversos planos da vida nacional, e de desalento em importantes setores da sociedade. Paralelamente, a fermentação revolucionária latente nas diversas camadas sociais -. que durante o período pós-Allende desenvolveu-se devido à áusência de um sadio debate ideológico - emergiu subitamente à luz do dia, golpeando fortemente a sociedade chilena.

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Galleguillos yCia.

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Foi o que se viu, no decorrer do último ano, a propósito das ''iornodas de protesto 'pacifico" convocadas por setores de esquerda, que conduziram o pais a um perigoso estado de tensão e violência. Os alicerces da nação pareceram estremecer. A população pôde presenciar, atônita e confundida, as investidas sucessivas de uma esquerda que aparecia com força, "élan" e audácia inusitados. A delicada situação polltico-institucional do país tornou-se conhecida além de suas

Fraocisco Fresno para que tomasse medidas enérgicas para o bem do Chile, a opinião nacional esperava avidamente uma resposta da autoridade cclesiástka. Ourante uma cerimônia religiosa, no mesmo dia da publicação da carta aberta, os repórteres presentes interpelaram o Arcebispo de Santiago sobre o tema. u Não li ainda o docume11to tie Fiducia", respondeu. acentuando as palavras e insinuando que não desejava ser consultado a respeito. No dia se~uintc. D. Fresno, juntamente com os demais Bispos do país, imeiava uma reunião na casa de retiros de Punta de Tralca, o que o manteria distante de Santiago por vários dias. Enquanto crescia a expectativa - e embora o Secretário geral da Arcebispado houvesse adianta.do que ;'haveria uma respt;sta" - no q\,!Ínto dia após a publicação, o Departamento de Opinião Pública do próprio Arcebispado emitia uma declaração, evitando abordar o mérito do grave assunto levantado. "Denunciamos - lamentavase - que através destas campa11has procuro-se, num sentido ou outro, constituir na lg,.eja Católica chilena um magistério paralelo".

fronteiras. e o continente inteiro percebeu com preocupação que o Chile estava arriscando seu destino de nação livre. Como teria sido possível chegar tão subitamente a essa situação? Como pensar que a esquerda política - tão diminulda e desprestigiada após o levante civico-militar contra o regime de Allende - por suas próprias forças pudesse pôr em xeque os setores sadios da nação? Por acaso haveria algum fator oculto. ou ao menos pouco realçado pelos meios de comunicação de massa, que desse a chave para explicar como se teria chegado a essa diflcil situação?

Diversas vozes fizeram-se ouvir pela imprensa diária, tentando dar explicações convincentes, mas repetiam h.rgares comuns, apresentavam in• terprctações superficiais, ou abordavam temas secundários. Os últimos dias do ano iam chegando, o clima político permanecia carregado, e as exigências da

esquerda tornavam-se cada vez mais arrogantes.

No dia 8 de dezembro - festa âa Imaculada Conceição da Virgem Maria - ouviu-se uma clarinada de alerta cm toda a nação. A Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Famflia e Propricdade-TFP publicou nas páginas do influente

diário ''El Mercúrio" uma Reverente e Filial Mensagem ao Arcebispo de Santiago, D. Juan Francisco Frcsno, manifcstando.. Jhe sua preocu-

pação pelo rumo que os acontecimentos nacionais

estavam tomando, e pedindo-lhe sua intervenção para solucionar o que constitui, na opinião da entidade, o maior e mais grave problema do país: a subversão eclesiástica. A carta aberta proclamava: '' Em nome da Fé. pretende,n levar~nos a um regime ateu, sanguhrário e despótico, um regime tltere de Moscou - A TFP documenta amplamente esta realidade e pede a Deus, à Virgem e à Igreja, remédio para rol .tituação, porque o Chile 1160 quer sucumbir··. Pedindo vania ao Sr. Arcebispo para ··expor

respeitosamente, com toda a franqueza que as circunstâncias exigem, um problema cuja ex· ' Em Santiago de Chile. mllharea de menlfuto, foram dlttrlbuido1 no, pontos eentrala da cidade

"NIio cruze os braços, Monsenhor!"

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Na cidade de u, Serena, a 600 Km ao norte de Santiago, cooperedorea da TFP chilena realizam uma brilhante campanha

tensão e gravidade cresce dia a dia·", a TFP andina passa a apresentar ''uma situação que dilacera nossos corações de católicos''.

Crise polltlco-lnstltuclonal encobre subversão rellglosa Fazendo alusão aos profundos anelos de estabilidade institucional dos chilenos, a entidade afirma desassombradamente: "Uma parcela do clero muito bem colocada na estrutura eclesiós. tica de Santiago, tendo à sua disposiçãO influentes meios de expressão da Igreja e aplica11do técnic~ e métodos c1uac1erísticos da guerra revolucionáda u>tal. prepara uma convulsão social e religiosa de um alcance que o homem comum nem em sonhos seria capaz de conceber". A TFP explicita em seguida o que constitui o maior obstáculo para a normalização do pais, afirmando categoricamente que o pressuposto fundamental da paz social consiste cm eliminar radicalmente a infiltração esquerdista na Igreja e erguer as barreiras ideológicas contra o marxismo. "Se tudo isso se desse, o comunismo ficaria reduzido a uma mlnima e controlável expressão. E,ste jamais conquistou por si sd o apoio das maiorias. Sua nocividade torna-se 1errivelme111e contagiosa quando conta com o colaboração eclesiástica. Razão teve ·che' Guevara ao afirmar que a identificação entre o catolicismo e a revolução a torno invencível".

Rumo il "nlcaragUlzaçllo" do pais A carta aberta da TFP assinala que "reduzido o comunismo a seu próprio tamanho. e ergw'das, altas e ufanas. as barreiras ideológicas, morais e religiosas que defendem o povo contra o marx ismo. torna-se /dei/ o entendimento sobre os destinos do pais··. "Ao conrrdrio. quando se cria o equivoco e a defesa dos direitos humanos se confunde com agitação social e liberdade para a guerrilha. catequese se confunde com marxismo e teologia com subversão. o problema da convivência pacífica torna-se hisolúvel". "Queira-se ou não, esta i a medula da crise chilena. Se a Igreja dissipasse com clareza meridiano tal confusão, a pacificação e a 11ormolização institucional se tornariam objetivos acessívels e fáce,'s de realizar. Mas se persistir este caos ideológico - cuja conseqüê11cia ldgica e natural é o caos poHtico - as medidas de exceção ser6o inevitave/menre o tínico meio para tentar arolhar em seus efeitos o mal que não foi corrigido em suas causas". .. Do contrário poderemos cair no 'nicaragiir'· zação· do pais, isro é. a implantação de um regime pró-comunista, com sacerdotts como Ministros de Esrado, e com 'Igreja Popular' e 'comunidades de base' como células de apoio na opi11ião pública. as quais rapidamente se transformariam em organizações de delação e intimidação con1ro os adversários do regime". "Portamo - adverte o documento - ou cessa a presente confusão ideoldgico~reUgiosa. ou não escaparemos à alrernativa repressão-nicaragüizaçílo".

Na senda de ume guerra rellglosa No caso de a situação descrita continuar se agravando, as apreensões da TFP vão mais longe: grande medo que vem assaltando os chilenos consiste em perceber que o pais encontra-se, não precisamente diante de uma explosão de desconrentarnentos populares, mos a poucos passos de

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um enfren1amen10 entre um po11derdvel setor da estruturo eclesiástica - que não duvi<iamos em considerar que seja o mais din/Jmico - e o Estado. Ou - o que no caso concreto seria pior - diante da capitulação deste frente àquele. ''Pois, como veremos, estd em germe uma guerra religiosa muito singular, na qual se ;,,. vertem os papéis tradicionais: a instalação de uma pseudo•ordem cristã correria esta vez por porte da religião. e a defesa de reslduos cristãos da Civilização Ocidenral, por parte do Esrado".

NIio hã subve rsivos mais radicais que certos sacerdotes A valorosa TFP andina constata logo "com tristeza. sim. mos com toda clareza", as atitudes escandalosas de uma parte importante do clero de Santiago, e passa a documentar amplamente esta realidade, citando trechos de boletins dependentes do Arcebispado de Santiaio, e que se difundem amplamente cm 60 paróquias populares, situadas em zonas onde as desordens. durante o ano. atingiram maior violência. A gravidade das afirmações feitas nas referidas publicações '·deixa claro que 110 Chile 11ão Jui atualmente instlruição nem pessoa alguma tão radicalmente subversivo quanto o são alguns eclesiásticos. Enquanto os partidos políticos e os dirigenres sindicais fazem esforço - ao m enos na aparência - para 1noderar suas posições. o tetor do clero mais diretamenre ligado a cerla 'pastoral agziornara· avança sem inibições até o exrremo do esquerdismo".

Alerta da TfP repercute em todo o pais Um manifesto desse porte, escrito com tanta reverência e repeito. mas chamando as coisas por seu nome, e abordando em profundidade a medula da crise chilena nos dias presentes, publicado numa data tão simbólica para os católicos - festa da Imaculada Conceição - não podia deixar de impressionar a nação. O impacto foi enorme, e não demorou em fazer.se sentir atra·vés das mais variadas repercussões e dos mais bo rbulhantes comentários. O país estremeceu de norte a sul. Boa parte das conversas girou cm torno do tema. Ficaram relegados a um discretíssimo segundo plano os debates sobre economia, tão enaltecidos pela imprensa; os devaneios de velhos políticos com um público que até agora se lhes mostra tão apático; e os débeis lances publicitários de uma esquerda política desgastada e sem originalidade. As conversas nos escritórios. nas rodas de familia, e até nos pitorescos cafés que se alinham cm torno do passeio ctntraJ Ahumada, giraram cm torno da polêmica político-religiosa levantada a propóS1to do manifesto da TFP. O país real, o Chile verdadeiro. pôde manifestar-se amplamente, dei• xando esquecido, por assim dizer. o "país apare11te", que os desgastados clichês publicitános, sem relação com os reais problemas do país. procuram apresentar. As numerosíssimas cartas de apoio, cupons de pedido, chamadas telefônicas e visitas recebidas na sede principal da TFP - situada na Avenida Holanda, em Santiago - tiveram o caráter de um verdadeiro plebiscito em favor do manifesto da TFP andina.

Rêpllcas do Arcebispo de Santiago e autoridades ecleslêstlcas Diante de tão graves acusações formuladas pela TFP, e do respeitoso pedido a D. Juan

Sob este título, a réplica da TFP não se fez esperar. No dia seguinte. os diários destacavam trechos significativos da mesma: "Qualquer juízo que fosse emitido sobre a conduta da TFP só poderia ser considerado sério e eficaz sob a condição de responder clara e categoricamente as seguinres perguntas: a) os fatos expostos na Mensagem a ,D. Fresno estão documentados?: b) São verldicos?: c) Estão objetivame11te analisados?" "Com efeito - assinalam - é es1ra11hdvel que em relação a este documento se proceda do mesmo modo que com "La lglesia dei Silencio en Chile", evitando cautelosamente o mérito do assunto".

Curiosa conflssllo Em entrevista de imprensa durante o encontro episcopal de Punta de Tralca, o presidente da Conferência Episcopal Chilena (CECH), D. Bernardino Piôcra, ao ser consultado sobre o pronunciamento da TFP deu uma resposta desconcertante: "De certo modo, todos nós nos estamos infiltrando uns aos outros. Porque as idéias circulam por todo o ambienre. Todos nos irifiltramos. Provavelmente também hd uma infiltração cristã nos grupos marxistas. com o pode havê-lo de marxistas em grupos cristãos. Quer dizer, uma i11filtração no plano dos idéias, do influência, é inevr'rdvel e é bom que ocorra". Diante de tão inédito reconhecimento de causa, e dada a alta investidura do declarante, a TFP decidiu, no dia 22 de dezembro, através do "E/ Mercúrio''. pedir um esclarecimento público de D. Piiíera: "Res,oeirosa interpelação ao Sr. Presidente da Conferência Episcopal Chilena: "Boa", a infiltração de idéias e influênda mor• xistos na Igrej a?" Nela se afirmava que, ·"como não houve desmenrido das declarações de D. Piíiera - que nos conste - elas causaram verdadeiro estupor. Pedimos com todo respeiro um esclarecimento ou uma confirmação das mesmos''. Porque, ··como pode ser bom que se propugne entre os católicos uma doutrina que nega a Deus e pretende erradicar seu culto da face da terra, dr'ssolve a fom{/ia e prega o amor livre, conculta o direito de propriedade e destrói a ordem social, mente, mato, tortura e vulnera todos os direitos de Deus e dos homens como jamais se ousou fazélo na hisrária da humanidade?" "Se 110s deixarmos levar pela sã lógica, deveriamos concluir que estamos diame do que Paulo VI chamou de ·misterioso processo de autodemolição da Igreja'. Porque, que maior exemplo de ourodemolição pode haver .9ue o de um Arcebispo comprazer-se com a difusão do câncer morra/ comunista no alma dos fiéis?"

A Rêdlo Moscou arranca a mãscara Tanto em Santiago quanto no resto do pais, a polemica levantada pelas publicações da TFP alcançaram grande repercussão. Um conhecido líder operário pediu recentemente às autoridades da Igreja que esclareçam os fiéis sobre as denúncias formuladas. ''porque julgamos que a Igreja não pode fazer polltica, e st nosso pedido não for atendido enviaremos wna nota ao Sumo Pontlfice". Por sua vez, o secretário geral da CECH, D. Contreras, entrou na polêmica tentando, de modo exacerbado, desqualificar o documentado estudo da TFP. A entidade ofereceu uma réplica imediata às declarações do Prelado progressista. Mais sintomática, porim, foi a atitude extre·· mada assumida pela Rádio Moscou, que num recente programa denominado "Escucha Chile" externou sua indignação cm face das atitudes públicas da TFP. Certamente, constitui um fato extraordinariamente significativo e revelador Que a emissora do Cremlin, a qual defende a causa do comunismo internacional, venha cm auxUio do Arcebispo de Santiago e manifeste tanto furor contra a TFP andina. D

Cristóbal Varas



















































































































































































"Lavagem cerebral" e "seita", duas palavras-slogan de significado indefinível que preparam no mundo inteiro a tirania total e a perseguição religiosa

ULTIPLICAM-SE POR todo o mundo, mas sobretudo nos Esta dos Unidos, organizações extra: vag1mtea, criadoras ou incentivadoras de ~itos e maneirasdeserexóticas,as qua1sdestoamdomododeviverdasociedadeatual. Várias delas têm conduzido a crimes ao mesmo tempo abjetos e

M

espetaculares. Entretanto, muitas outras organizações não conduzem necessariamente ao crime nem a práticas ilegais de qua l· quer natureza. Servem simplesmente de caldodeculturaàeclosãodesistemas filosóficosoureligio..oa,padrõesmorais e culturais nov03, muito censuráveis, por certo, do ponto de vista cristão, mas normais do ponto de vista da laicidade professada por todos os Estados do Oci-

dente. O intnlto de pôr cobro A criminalidade engendrada pelas primeiras, de um

~ª!~~=] :~Xdedd~u:~ã!e/e~;:;

culos que, embora não criminosos, dela se destacam freneticamente, querendo atodocustoconstruirumaoutracoisa, fezcomqueseconstituisse,maisoumeno.s por toda parte, o movimento snti·

:::J::·J::/d~:ee!;,8~}~ã!ª::::::i~ d:Sa:st

nslada proliferação de seitas criminosas ou exóticas que lá se verifica. Se esse movimet?-to visasse 3:penas reprimir a criminahdade, seria Justificável e atê louvável,pois onde quer que elaapareça,éjustoenecessárioque encontre a repressão das autoridades E apoiando a esta, a barreira de rejeição deconsensogeral,queassimfacilitaàs autoridadesocumprimentodeseudever. Já é bem mais delicado pensar numa repressãolegal àsseitasnaquiloemque elas não são senão simplesmente extra vagantes,e9u!'lde_sinão~ndemaengendrar a cnm.mahdade, pois ficam dentro dos limites da lei Dir-se-ãquecertotipodeextravagãncia conduz ~e si ao crime. E, portanto, é dever pedir, contra ela, que a lei estabeleça proibições preventivas. Seolegisladorarvoraesseprinclpio - salutar sob vãrios aspectos - em norma para uma polltica legislativa moderna , ele terá muita dificuldade em enfrentar a perfeita impunidade com que vicejam, pelo _mundo inteiro, fatores ~e corrupção evtdentemente responsáveis por crimes e perturbações sociais de toda ordem. Além do mais, como reprimirá o Poder Público algo que não transgrediu os limites pennitidos pela lei? Pensar-se-á talvez em promulgar uma lei anti-extravagância. Mas oEstado, religiosa,culturalefilosoficamenteneutro,noquese fundaráparafixarocritêriodemarcat;ó. rioentrenonnalidadeeextravagãncia? E, suposto que eleencontrassetalcritê~doc~':i~~:~nJ:i:~~:~~;11~~/~~~~ devÔ:n~ud:~::~1;':t:feuJ~~:~r~:~: trn da atual sociedade, se alguém usar em local público um chapéu de três bicos, nonnal no tempo de Luis XV, ou sairàruacomsapatosdemarajá,em que é que ofende, com isso, a.s atuais concepçõesdodireito?E sedois,trêsou cinco individuos se vestem de algum modo anormal e,juntando-se.resolvem cantar na rua cânticos adoidados, no queéissoreprovável,desdequeocanto não perturbe a ordem pública nem ofenda os bons costumes? Pretendendo queoEstadolegisieno domlniodetaisextravagãncias,omovimentoanti-seitalevantamúltiplasques tões legais delicsdas. E muitas inextri· cáveis. Todas, note-se, com implicações

<l:n°i:id~r: :~r:1

kd!jindl~

d!1k~fa~s~ veis.PoisseseadmitequeoEstadotem odireitodeentrarnesaasmatérias,atribui-se-lhetal amplitudedeaçãoqueeepecialmente em vista das tendências totalitárias hodiernas - se provoca inevitavelmente o aparecimento de uma espécie de doutrina oficial: sobre chapéus,sapatosoucasosdogênero,sobre ma neirasdesentiredepensaremtalou tal matéria, que se irá muito além, e mWto ·mais a fundo,doqueas !eis suntuárias da velha Bizâncio, ou da China imperial &b o pretexto de profilsxia antiextravagância, o Estado hodierno fica detentor do direito de elaborar, definir e fazer prevalecer uma opinião oficial sobre qua se todos os aspectoa da vida humana, com direito de reprimir todos

Objetará alguém, eventuahnente, que nos Estados ocidentais, essas atribui ções não configurariam uma ditadura tirânica , pois estariam em mãos de man· datáriosdosufrágiouniversal.Objeçào ingênua, pois se sedáaocorpoeleitoral talpodersobrecadaparticular,nempar isto o regime deixará de ser tirânico.

A soluçãoparaaproliferaçãodaextravagância tem que ser buscada fundamentalmente em outro campo. Tais extravagâncias são manifestaçõesextremasdadesordemquasegeral de uma sociedade sem religião. Em nome da verdadeira religião, não só se traçaumcódigodemoralperfeito,masé posslvel lançar no homem as sementes dasquatrovirtudescardeais-prudên· eia, justiça, fortaleza etemperançaquefazemcomquetodooagirsociale humano seja equilibrado. Sãoessasasquatrovirtudesquedão equiHbrio ao homem. Se elas se desestabilizam, decaem ou desaparecem nos homens que compõem uma sociedade, r~:i;:ton:c!b:~:~cfo~~u~a ~~~ travagância, alguma aberração, quando não diretamente o pecado. Ora, frutos daninhos como estes, não seevitamsenãopelaemendamoralda sociedade.Enãosemoralizaumasociedade a não S(!r com base na única Religião verdadeira, apoiada pela graça de Deus.

::s~~a~::?;~

do ~~~Jo~S: :s~;:SJ~e por si, e de modo laico, esses aspectos da vida humana, ele se transfonna em umaespéciede"Estado-Igreja" ,queem certo momento se achará no direito de julgar a Igreja. E então julgará se os paramentos que a Igreja usa em suas funções litúrgicas são extravagantes, ou não ... Edalpordiante,fariaacensu ra, não só do paramento quanto do cul· to. Não só do culto como da Fé. Por exemplo, no conceito de extravagante, freqüentemente está contido o de antiquado. O chapéu detrêsbicos,nor mal no tempo de Luls XV, não se usa hoje por ser obsoleto. Então, quem pode dizer se determinado paramento litúrgico, adotado há quase dois mil anos, usadoporumsacerdotedenossosdias, é antiquado ou não? Se é, pois, extravsgante ou não?

(j;AfOUC1SMO

~nfi:rn~ã:ss~v:;frriã~uofi!~/>ensarem No que o regime ~m _que vivermos diferirá então do totahtansmo russo, ou chinês? CATOUC ISJ\10 - Janeiro de 198ã


Ora, o movimento anti-seita, cuja motivaçãoanticriminalorigináriaéperfeitamente compreeneivel, em vezdese restringir à repressão das práticas i\egaiseeriminosasaquedãoorigemcertas seitas, cavalga celeremente rumo à

~S?l~1\!::~'F,!~:~Ef::~

de todos os aspectos da vida humana. Mais uma vez, é o despotismo "orwelliano" que surge no horizonte.

Curiosamente, o movimento anti-seitas lança seus ataques em todas as direções. Men~ em direção ao socialismo e ao comurusmo. Por que tal movimento não vê a estes como seitas filosóficas? Por que não qualifica de extravagante nenhuma das aberrações do movimento hippie, do rock (não obstante confessadamente satânico em váriosdeseusri-

:::~fa1:rmu::~:t~ :;8:~~:;~

movimento conSuz ao totalitarismo global. E com isto prepara para ocomunismo.Alémdomais,seusilênciofavoroce o comunismo. E, muito sintomaticamente, o movimento anti-itas se joga com freqüência contra os inimigos que o comunismo quer derrubar. Assim, a hipótese de que esse movimento, e o social~munismo, são complementares, parece dificil de ser recusada.

Nos Estados Unidos, a controvérsia em tomo das seitas - que por uma acomodação peculiar da linguagem são também chamadas de "cults" (cultos)produiiu uma_imensa literatura, pois da parte de opositores edefensores,houve rocurso aos cientistas sociais, psicólogos, psiquiatras e outros especialistas em temas conexos. O público brasileiro em geral não está a par dessa literatura, aliás recente. Em conseqüência, não dispõe ele dos elementosmaisatuaisparaajuiw.rade· quadamenteo tema que vai aflorando também em nossa imprensa, e desde \ogocomumacargaemocional,aqual ameaçaaturdirosespiritosedesvirtuar os julgamentos Segundo a tenninologia teológico, canônica, o problema se põe em tennos distintosdosquevemcirculandonalinguagem norte-americana corrente. Com efeito, segundoesta,umaseitasedefine como uma organização que adota uma doutrina estranha e que no modo de ser

~:gica,aseitaseconfiguraantesdemais =\~:J::~1~k~Ji:~'!.:e~á~~; 0

nada pela dissonância de sua doutrina com adoutrinadalgreja,ou pela desobediência àe autoridades eclesiáaticas legitimas. Numa palavra, pela ruptura com a comunhão na Fé ou na obediência, da Igreja. Assim, por exemplo, são seitaaas"igrejae"protestantes,asigre-

rro=d~~:tivi~

jas de hoje, a Fé católica, infelizmente, deixou de eerreconhecida como baliza comum de referência, e os esplritosdesnorteadoe procuramoutroscritériosparadefinirsuas posições em relação às seitas. Asaim,emvezdeocritérioseroestadodeuniãoouderupturacomalgreja Católica, em muitos casos passou a ser, CATOLICISMO - Janeiro de 1985

como foi dito, aconformidadeouaruptura com os usoe e costumee vigentes em determinada sociedade, ou em determinado ambiente, E a perseguição às seitas é feita, então,combasenumcritériofreqüente-

a::~~~:

:~~

:ee:a1~:Sª!~:i:iiJ~:: tumee,nãoéraroqueassociedadeseos ambientes tomados como padrão vão discrepandocadavezmaisdoqueenaina e manda a Igreja,

0

do f!~!~:t.;'~d~~i~iAU: ;ú~lT1:n~ termo "lavagem cerebral", lançado por um jornalieta norte-americano, Edward Hunter Jr. Numa série de artigos para o ''The Miami Daily News" e o "The Leader Magazine", deecreveu ele,em 1950, osproceuosdetortura a que foram submetidos eeus conterrâneos, quando cai· ram nas mãos do inimigo, na Guerra da Coréia.Comoesseprocessovisavaobter confissões falsas emudara11convicções ideológicasdosprisioneiros,epareciater produzido algum _resultado - emh?ra durante tempo limitado - o referido Jornalista cunhou a metáfora da "lavagem cerebral". Esta alcançou, pelo seu valor expressivo, grande suceseo não só nos Estados Unidos, como em todo o mundo. A metáfora aplicava-se definidamente aos métodos comunistas de comprimir a personalidade, para obter confi~sões faleas e mudara ideologia da yitlma.

tamento doe seguidores de uma nova e estranha doutrina. Os aepectos pretensamente lógicoe que podem ter atuado na "conversão"dapessoaparaaseita,não entravam por nada na análise do fenômeno. O aderente havia rompido com ~\!:~es~j~d!S::°g:~ar:~~~~~'. pimentoeraindiciosuficientedequeele havia sofrido um processo de "lavagem cerebral". Porque ninguém rompe com o ambiente em que vive a não ser por uma violência externa a que tenha sido submetido: essa era a tese. Aceita tal tese, aliáe gratuita, ninguém duvidava davalidade cientifica deeea conjectura. E à noeào de seita se acreecia assim um novo elemento: seita é o grupo que pratica "lavagem cerebral". De onde a definiçãoinversa,cujoerrodepetiçãode principio é evidente: "lavagem cerebral" éoquepraticamasseitasparaconseguir aderentes ... Cien_tistas de renome, profeesores em universidades norte-amencanaa de gran de prestigio, puseram-seaestudaroaseunto, e chegaram à conclusão, muito surpreendente para o geral da opinião pública, de que o conceito de "lavagem cerebral" é um al-Ogan jornalistico de grande impacto, porém completamente vazio de conteúdo cientifico.

Publicando hoje eete trabalho sobre "lavagem cerebral", "Catolicismo" pretende, portanto, reconduzir a matéria para o único terreno em que ela pode e deve ser eetudada adequadamente. As extravagâncias inquietantes de tantas seitas, nas atuais circunstâncias, devem ser combatidas de modo

eua8Ório, e seus infelizesseguidoreereconduzidoe aoúnicoeverdadeiroaprisco das almas que é a Santa Igreja Católica. Se todasascoi8asfaremrestaura-

:sv:1';a~:ei81~m-; dS:~tfi~d~bJ~n~,eã; Pio X, que é o de "Catolicismo": "Omnia in.staurare in Christo" - as ovelhas tresm_alhadas encontrarão no regaço da

~b':~~n~d/~ !~~':t~~~~\~t~:: almas poderão reepirar para o pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Esse ideal pelo qual lutamos conduz à consideração de outra razão de peso que levou "Catoliciemo" a traduzir e

~l~ié~mi!:::'dtJ:~d~~d'iWPr::r~ te-americana. Os comunistae, os inocentes-úteis do comuniemo,osesquerdistasdetodosos matizeseemespecialos"esquerdietas católicos" se unem em coro para classificar de "seita" vários grupoe de cat6licos,fiéisaoSupremoMagi,et.ériotradicional da Igreja. E para carregar o seu desprezo com uma.injúria _s1:1-plementar, acusam os católicostrad1ci,maisdapráticade"lavagem cerebral" em seus prosélitos. Tal qualocoroanti-seitadeecritonosEstadoe Unidoe. obj?tii:3::!n~:~ª!?:n!f~· J:siciJ:':. nistas, e eua calota de "companheiros de viagem" e "inocentes-úteis" (sempre muito úteis e freqüentemente pouco inocentes). O recente estrondo publicitário na Venezuela,cujodeefecho,porenquanto, a proscriçàodaAssoci<l('doCivi/Re· sistência, coirmã e autônoma das 14 TFP8, indicou que era o momento adequado de publicar o presente estudo. Já o fez, num opúsculo de 60 páginas, em dezembro p.p., a TFP colombiana. "Catolicismo" apresenta hoje a versão em português, feita diretamente do é

ori~~~::'a~l'f~~s~=sª /~~~~ndas são deste órgão, bemcomoote11Ctoda quarta capa. Paraopúbli,:,o venezuelano que porventura tomar conhecimento deste estudo, sirva ele de elemento de reflexão e de ponderação para vencer o clima carregado de turbulência emocional e de infestação preternatural que propiciou

~;::o;~~:~:J:a:~:aal~

=i:~

deirregularidadejurldicaedeinjuetiça, :iuma autêntica clave de persegu\ção 1deol6~co-re]~giosa (cfr. Persegu1ç(w ideoMgiro-rel1gu:,sa n.o Venezuela - Nuvem negro baixa sobre o pais irm&J, "Catoliciemo", nº. 408, dezembro de 1984). "Catolicismo"nutreacerteza-que é a de todas 811 TFPs - de que em tempo maie ou menos breve será feita justiça à Associação Civil Resistência, e o decreto governamental de 13 de novembro p.p., que suspendeu suas ativi· dadee, passará para a História. Eua certeza é fundamentada na confiança que,comotodos osvenezuelanoeetodos os amigos da Venezuela, depositam na poderosa interceuão de Nossa Senhora de Coromoto, Rainha e Padroeira do querido pais irmão.

Plinio Corrêa de Oliveira


Parte I

"Lavagem cerebral": expressão de grande efeito publicitário, mas .sem conteúdo científico A"ln!'(ffl' _cerebrarnloeonditui '1ellhum processo PNCOl/aico masle!Í0$0, mnsn um métododetonu,1 tww!, !ÍSlea. OâCOl~1 ~ moral qllt rlldw o homem .Is cond1çae, óo H·Pfi$ionei,o que fipr, Ili loto. Tnll-se de um tlispo miSS100irioitlh1no, D. .1/tonso Ferroni OFM. POIJC:Odepo,sdeserhberiado,ffllSfiuid11 umlon~ J)«lteSSOde ''llnaem cerebral" 1plitldo pelos comunistas ch1nesn

A es:preea:Ao foi aplicada, ainda, re-

ESiY~=~ir~ ~:;

A

EXPRESSÃO "lavai'em cerebral"

(brainWlUhi116), lançada pelo jornalista

Edward Hunter Jr., correepondente de jom&.11 norte-americanos em Hong-Kong,

do no ano seguinte, tomou-ee rapida· mente um be.t-1elkr.

em~!~1t!s!ad~~~:S::o~~:ti1i::~:

Sr°:]: ~ro!:a1~r~:!:

'1.lnrtm cmbral" nio foi uma Hprl!$$lG ~ por Cletlbstts, m,s por um ÍOflllhll IIOl1l!-lllleriel1111, Ed-nrd Hunter, Qll'lespondenteem Hon11Cof'1.q11111dizou,pelapr1111ffliftZ,em1rtteop.,no """'11111NeW$", em511embrodt\950. Aexpress.iosullffl1ímpmslo totllmfflleinlundldldeque6oossivtl"tmr"oc&ebro clt1l(llffllretim1do-lhenidh1$quetinha.nubstilu1ndo-n?01nO'<HidNs,tudosemoconsentimtntodo111-

nárioa confe11&&vam ter conspirado contra o E1tado 1oviético, e em con&eqüência agradeciam ao "Chefe" o castigo que mereciam(amaiorpartedele1foimorta). A vi.sta deatae vária.a aplicações, p0de-se dizer que, em linte1Je, a ezpreesão Mlavagem oerebra1" designava, em IM!UII primórdioe, um conjunto de técnicas empregadaa peloe comunietaa contra adversárioadoregime,emeituaçAode cativeiro (prieioneiroe de guerra ou presos politicoe), para obter confieeõee de crimee que não haviam cometido, ou a adesão delee a uma ideologia que rejeitavam.

e>111ll. lmpresslci11tuille1161b$.ird1.comodemonstnopsiquiatnJ.A.C.8rown

neee9:. Por meio de tal p - eles estanam obtendo 11urpreendente11 "con versões" paraa1uaideologia,depe,880ll3 atéentAodiametralmenteopoata.saela,

etipecialmente misaionárioa católicos europe\18 e norte-americanoa, bem como antigos funcionário11 e oficiail do Kuomintang (o Partido Nacionafuila de Chiang Kai-Shek).

apif~dC: ::ra;::idei:;::~e;::: ~e::. aignar otratamentoin:fligidoao11prilrion eiro11 norte-american08 de. Guerra da

C oM O FlM da chamada "guerra fri a " (inicio da dka.da de 1960) e aprorimação crescente entre 08 paieee ocidentais e oe do bloco comunieta, que conduziria à tlltente doe anoe 70, a expreuão ~lavagem cerebral" foi caindo em d~ueo e deaaparecendo dae pãgimur dos Jomaie1 poie pW111ara a ser "1;9ta como maténa eem intereei,e jomalleti.co. CATOLICISMO - Janeiro de 19&S


Em meados da última dkada, a envelhecida e desg,utada expres&ão foi

~~~r::n::ies~:t;:~iJ! ~~~i:: 1

Ela reapareceria, entretanto. numeon· texto aenMivelmente diferente daquele emque haviasidocriada. A"lavagem cerebral" já não maia de1ignava um proceeeod.iabólieoparalevarind.ividuOB ou pupoe a aderir h doutrinu mate~ 11u1: !,~~8:, ~: =~m;;i~: gicoe 1upoetamente empregadoe para conduzir p('8808.B atéiaa, ou tibiaa em ma~riareligiosa,àcrençaemDewi,ou à intensificsção da prática religiOBB. Talproceesoseriautilizado,segundo eata nova fioção, não maia pelo apa· relho policial de E1tado1 totalitários,

foidurlllleil',lel'ílllÚCO. ré1(1950,J9S41q11esedifllfld,unloi.6nosEstados

lkiidos,mntimbtmttn todoomunclo,omilopopu, l1rd1 '1n1riemcerebral"

comoumm~odoirrever1ivel,aun11m~.01rmis· tlcio, que p& tim àcluele eonftito,loiHSlnldonacidldecorunadel'lnnu,n. IC"l,ondlimillllmdepri-ilaf!HJlll!IICIIIOS,

dinladll1n1iemcere, br1r'comunis11-como .lollnPlochquetewlnafo. to - loram repitnados.

~~rre~::~~ªr;-po°U~:!~~ri~ aphcado não a priaioneil'Oe de.ruerra ou a preeoe polltiooa, mae a individuoe -

~1~:1;:nn:::::1=:a~v:r~

em ta.ia organizaçõee ou irrupoa, onde seriam mantidOB, eob coação fleica ou moral, ou mediante artif'lcioe e falsa.a promessas, em centroadetreinamento eepeciaia. Deu-a.e uma curiosa Inversão de Poliçõee: a expreasAo "lavagem cer ebral", que servia para designar um proceaso aplicado pelo1 comunl1ta1 contra 1eu1 op<>aitorea, paseou a ser empregada, com freqo.ência, por 1etore11 de e1J,Querda para denerrir aeua advereárioa da direita, em geral organizaçõe1 ou grupo1 anticomunistas.

escrito1CW1jornalistas. Qua1e,e meJ[• ceção, 01 livro, e1crito1 pelos cientietq têm sido angustioao, alarme, aobre a ameaça aos valore, huma· :::r':if.'!8:i~td:o;~~:re8!mcoC: um objetivo cientificamente verdadeiro' (art. cit., p. 547)(•), Oa efeitoe de88es enfoqueajomalis· 0

0 ::

''LAVAGEM CEREBRAL"conatituiu

durante largos anoa tema tratado quase exclusivamente por Jornalistas, de maneira desinformada e aenaacionali.ata, e não por cientllta8. Mru ao meamo tempo, era apre&entada como a11i'O de miaterioao, "que aamente poderia eer 1mtendido peloa paiquiatnu, p1icólogo, e outro1 iniciadln no1 mi6tlrios oculto1 da psique, bem como no1 mis· tlrio1 cÚJ Cremün" (ALBERT 0. BIDER· MAN, The lmagc of lhe "BroinWCUJhing", "Public Opinion Quarterly", vol. 26, n•. 4,1962,p.551). Comenta o cientulta IOCial norte-ame-ricano Albert Biderman no artigo que acaba de ser citado: "Na dlcada que se ,eguiu. ao aparecimf'nl-0 do Jivrode Hu.n-

:t:ie~,:i~n:to': ::t:'t;::t:!:ntf;''J:f:::":.

critos doa jornalistas e peku autobiografia~ das ultimai, maia do que pe/Q,JJ pe1qu1,a1 dos estudiosos e cientistas. l1to ê verdadeiro, tanto quando se em·

:::J:.:e i::;::i;~i:u;::;: ::;e::::t:.:11:s

comunútu chinaes e a eeu.s reau/todn1, como qwlUW o pa/aura l u.tilil.ada em 1enlid() abu.$iuo, porêm difundido, paro re{erir,se a qwk/~r tentatiua de per· Bt.<Ullo de que 1140 1e g~te. Ati h6. pouco, oe únicos üvros e,critOI por cienti1tu e estudioBQS da matlria quue n4o traziam - ou mW traziam absoluta·

;:~:e:;v{:;~:~: :X:f:;J:~~n~.:O= CATOLIC ISMO - Janeini de 1985

10

~C:al~'atle: ,:ntiS~e~o 0:~:;;'.~g~mm~

30:tecie~t:~~~:~~!ª1::c:t::

~ : ~~1:!;~ªdi~t~fo~ Llfton, em "Finalmente, e;i:i6te o auto-uame maia re,po~óuel - e me1mo torturante - que leva profis1ionais a 1e pergun· tarem 1e eles mesma$ n4o seriam cu/. pado1 de fazer 'lavagem cerebral' no desempenM de 8U08 atividade,: educa· dorel em 1e111 cursa$, p1iq1.<iatra1 du· rante o lua form~do e depoi, no e;,:er· cCcio da p1icoterap1a, tedlogo1 com seu, mll-Odol próprio• de reforma. Alguém

que 1eja contrário a ea1a1 atividade, , pode, 1em qualque r pe1qui1a a reapeito, 1impleamente acu1á-la1 de 'não ser eenão lavagem cerebral'. Outro. têm vi.ato 'lavagem cerebral' na propaganda comercial norte. americana, nos programai d e aper·

e;r::::::

~~ç:::r:.i;:::a~::!~ e na, lnvestlgaçõe& do Congre110. .... Mo, o Ulo promiscuo do termo ["lavagem cerebral"] rufo 01udo a eaclarecer a maUria. Por de1rd1 deita teia de aranha de con{utJ(J.o ltmdntico: (e mai6 do que ,,,. mdntit:a) e1td 1ubjacente uma imagem de ' lavagem cerebral' como um método todo-podero&0, lrreaietivel,

CEltE:i:;:~i~:;f~~i'::~

mente, de nada diHo, mas o uso eld1tico do ternw o ronverte num ponte de referlncia para o qual convergem o merif,, o re11enti~nW, o.s impul,oa d 1ubm1114o. aju.sti{icatiu,a d-0, froctul-Oa,

(•) Nu citaça.e,i, oa nel(l'ito. do no.-. 0.VtllSAl,VE~dodoprópriodocu· menio citado. Quando opon11nu, intercala·

moanoadocum.en"'-,entreoolchetM,alpmu notasexplicativu.

"11 era Gl ''d~en!t" - bem simboliud1 ptll troca df: brinde entre KissJnrier. Niun, Kosirum, em MoscOII - t1111m em de,.u$0 '1 Kusac6es de que os comunistn pralicl~am '1anrem cerebr1r·. Esll, oorem. continuou em w,p ..


4. Exagero de um medo latente

que interessa particularrrnmte t conhtt:er como a noUcia de tai8 técnicas /ai rtetbida pe/,o público nos Estadcis Unidn8 e alhures. ui8to que se e:cazerou o 1entimento latente no homem da rua de ,er presa de roda e1/Hcie de manipuladores ma/.intencionadoa, desde 01 rtdaWre, de anúncios comerciais, att 01 diretore, de grandes empre,a1 e 01 profeuore, de escolas privada, e públi· ca,. &uta que um jornal de dcimingo publique um artigo sobre o proceno de 1

'!oer::t:!oº~e~ ~i"a~~~n!:1't'r:t:r;:t~ de leuar as peasoa8 a escolherem sem saber o que estdo fazendo, poro lo tal jornal! ,er bombardead-0 por ct!nlena, de carta, indignada&, reueúindo usim

~:1i::ff~s·;;z~: i

ma.asas" (J. A. C. BROWN, Ttthnique,

a'r!~::;;t~,P!: ~Pkf.°M'1c.~u England, 1979, pp. 268-269).

1 :

,e:i:,

Mtu1, a serdadoeeteeentidoà expreuão"lavagemcerebral",oqueconetitui concretamente "lavagem cerebral''? Tudo. Ou, em outros termo•, ''lavaiem cerebral" não é especificamente nada. Com efeito, diz o meemo autor: "~ claro Que o público é frequentemente manipu/aoo, e a única coisa surpreen·

dente t que tenha levado tanto tempo para d,urobri·lo. Afinal de conta,, o que têm feito os sacerdote. em 1ua1 igreja.1 hA séculos, senão tenta?' modificar a.e pessoaB? Qual t a finali-

1:/;,ddop;,.'gl~dd::;r:1~u~=~~Z,~

Alt mesmo a ,tividloM çomum dos uctfdcte, católÍUII. e o simplei ensino m,n!Stndo RIS esoolu foram atlusm· mtntequa~cadosde '1avagem tll!tbnr'

Os Drs. Hinkley e Wolff obtiveram suasinformaçõetlpelaobaervaçãodireta depes&0asrecentementelibertadaedas

r: :::::1~~i::~ ~~:e ::::;:f: menta do paciente P0r semanu e meses. dW"anteosquais011doi1eapecialiata. procederam a complex011 examee fuico., neurológico.e~iquiá~co..eàapli·

A ss111, a "lavagem cerebral" &e tomara algo deimen&O, de confueo, de ~~~~M:!~ª!~:Un~:l~~ mitificaçãoestavapróximo.

policiai, corrente., e laborado, empiricamente.

1. E&apas da "lavagem

cerebral" praticada pelos comunistas

rt!:

tra!:o~~eeri~::;.,d:!o~.i&~: rence E. Hinkley Jr. e Harold G. :eº~;:.~'~toJ:!;3n~'f~~t!d: Unido,, elaboraram um imp0rtante re, latório eobre métodoa de interrogação e doutrinação ugados pela Policia Poli· tica comunista contra os "inimigo, do Eetado".

par ela, quer quanto à duração de lll!US efeitos nessa, meemaa vitimas. Em ,u-

fo~!ãtC:.1!!:'!~T, ~~i::i~f:I!~~~~ tamente mai, brutal, de métodos

P ARA Hinkley e Wolff os métodoa aplicadoapeloacomunistaachineset1não

nada de novo, nem de ml1terioso, não era irresi1tivel nem tampouco apre,entava qualqu er fundamenta• ção cientifica. Além do mais, era de pequena eficácia, quer quanto ao DÍI· merodevltima.1realmentemodificada.1

:'e~~!e

::i':i~l!ª~'.:rGã {:On;c:

::c::::~1~i::::i:·c: ~~

empregadas pela Ocrana, a p0Hcia pohtica aari,ta. CATOLICISMO - Janm<> de 1985


A "lavarem cer e bral" praticada pelos comunlatas é um processo que se desenvolve por e tapa, bem ca· racterlzadas, e para cuja aplicação ~fi:!f:deC:e~~~:u~i~~e:~~:; pelo poder público e m uni regime totalil.âr io, e m prisões 011 campos

o p~~~~tro~~~A;r!•=~d~j~~ bora"comseuscarcereiros,sua1ituaçlo napri11ãovai·setornandon"lativamente menos penoaa. Quando OB reaponaAveia pelo procesaocon11ideram que o prisioneiro já eatá auficientemente "amacia· e atingiu certo eatágiode "colabo-

1º"

de ~u:,~i!ti::·~?OeeMO de ~ri:ªf!Hi:k1'!;r:1! 0 ~~ada no rela·

* SUSPEIÇÃO: A

rigor, a " lava-

r:~o,~!b:e~~c::.~~u:::.~~:~~~ do 011 flmcionArioa do regimedepoato, 1

:::':A~1:

=~r~ ~it;f!.":' ;!iftti':

ouaocial)paraaeoJ??remaocomunUiu:io, paaeam a ser cons1deradoa auspeitoa. A NGÚSTIA: Ea1a lituação de IUI•

maia completa promiscuidade: u d.i· men8Õell delas eão sempre insuficieritee paraoriúmerodeseuaocupantea,oque impede qualquer privacidade; u cond.i·

~:lin~~:.:ti~::1:~:=~sr~.~

ment, a me8ma coisa'; ou: 'Eu nllo achava que um e,pillo, mo.a, afinal deconta1,1oue,trangeiro,eo1estran sei roa tlm cauead-OmuiWdanod China'. Tod<n OI ,inais de 'reforma' de 'con~nllo' 140 fomentado• pt"la ~ciente a1uda, e pt"/4s lk6e• que o pris,ornâro

"ª

e

~':!ªt:::=::=:::;::::;_

QWJ":J::finalrrnmte,oprisioneirose ,ubmete,recebeumar«-ampe,uaaubstancial proUC!'ru"en tl" de um 1entimento de actita,;llo e de inltl(~0. Subita· mente ,k tem 'amigos . Path meamo vir a ser um 'h,r6i'" (HINKlEY e WOLFP, Communiat /nterrogati-On and lndoctri nati-On of "Enemie,ofthe Sta te,"/ Analyai, of Metluxh Ulled by the Commun iet Statl" Polú::e. in " American Medical

*

::~as:1~~~~1ra:~~fl~t;

mento de amiiroa e parentee, 01 quais evitam contacto com o suspeito, por medo de ae comprometerem. O ind1Y1· duo paHa a viver na perapectiva da prisão, que ele não sabe quando, nem como, nem por que motivos imediato. sedará.

*

PRISÃO: A prisão ae dA, quase sempre, de modo inopinado e desconcer, tante, em circunstlnciu freqllentemente dramAticas,ejáconstitui,por1iaó,um fatordeintimidação.NocArcerecomeça propriamente o prooeNO de "lava_gem cerebral", o qual pode 1er aplicado mdi· vidualmente ou em pequenoa irrupoa, :~dbin= d:ai~r:~t.:;:~rego da

*

PERIODO DE ISOLAMENTO: HA um primeiro pertodo de isolamento com· pleto do prisioneiro, do qual ele aó é retiradoparasofrerintenn1nAveisinttt· rogatóri011,g1"ralmentenoturnoa,acom· & i : ~ i : s S : i~C:.rteu;~v~= detodaordem {faltadeeono,alimenta(:ão deficiente,roupqin1uficienteeeinade, quadaa,aueênciacompletadehigieneecc.). INTERROGATÕRI08: Noa interr.:)gatórioa, exige,11doprisioneiroqueele "confesse seus crimea",sementretanto d.izer-lhedequeeatá11ndoacuaado,nem

*

::ii:e;e~:inriJ:de~1:a q~~~~~~ri!!~~ individuo sente que pesa sobre ele a acusação, fundsda ou não, degrande1 crimM, pelo, quais pode ser condenado a longas penal, e mesmo â morte. Eaaa ameaça,alié.s,écontinuamenterepetida pelo, julzu-acuaadore,, como meio de pr~aop11!colõgicaparaarrancarao pmioneiroaconfiasãodl"sejada. RELATÕRIO SOBRE A VIDA PASSADA: Paralelamente aoa interrOi&tórioa, e,;ige,ae do prisioneiro que relate poreacritotodaasuavidapaBSada,e forneçaumaliatadetodaaaapM,aOu com aa quais teve contacto alll'\Jma vez; 1 : :!':J!~u=~ri!~C:ei~:iE!

*

~~':~~::c:~:=-i~º~:i: para a indicação de nomee de inimia-Oll

reais ou potenciai& do regime. Qualquer qul" eeja a extenaão do relatório, Oll interrogadoreeex~emqueopriaioneiro o reescreva 1uce1,11vas ver.ea, acreecen· tando pormenore.novoequeele"havia sonegado"naaredaçõeaanteriorea. CATOLICISMO - Janeiro de !986

um prisioneiro em eatAgio maia avan·

bªtJ?!t;~:n~~~~!n~'\~b~:tid8õ a um isolamento completo, eente pro. pen1ãoaabrir-11ecomseusnov011COffl· panheiros, 08 quais exercem, uns sobre ~3:=:~;do'::~d.;j~~ã~rt=l:r: mesmotempodoutrinadosevão-aedou· trinando mutuamente; todos devem "confeasarseuscrimea"e"aultiliar"o• demais a "confeaaar" oa delea: todoe devem demonstrar "arrependimento pela vida pa1111ada" e procurar infundir noe outrosoeme1m01111entimentos. EXECUÇÃO DOS RECALCITRAN· TES: Os muito recalcitrantee, ou não chegam aeuafa8(!,ousi\oenviad06a ela para eerem "amaciados" pelo trabe· lho doa companheiroa de cela, desejOIIOB, todoe,dea-anhar asboasgraça.11deseu1 captores, colaborando na "reeducação" do "mau telemento". Este, se não ae "converte" e continua a manifeatar,se hoetilaoregime,éeliminadofiaicamente. A execução dOB recalcitrante1111rve de poderoao elemento de intimidação para apressara mareha d01Jmai.8 lentoeou fazê-loecedertotalmente. "Mais cedo ou mais tarde - 1!8C7evem Hinkley e Wolff - a maioria doa prisimuiroa fa.z a neceasdria adapta,;4-0. Chegam até ao ponW de dizer e fcuer o qu.e se lhes pede. SM capazes de mudar seu peruamento o auficiente para come-meçar a ae identificar com 01 ualorea adotad-01 pelo grupo de prisioneirrn . .... O• prisioneiros fa.zem racionali::~1, ta_is como: 'Afin_al de contas, o comunumo e o crut1anismo s4-0 e11encial-

*

~!~~1?',An~h½6'.'81~~i~f and l i ~ :':~~do pari!:~=

~r!oo':

caçãopelotrabalho",ou,então,e:r.puleo dopa.!1,11eforeatrangeiro.

7. Os efeitos da "lavagem cerebral" QuAtS°'efeitosreaiada"lava· gemcerebral"aobretaisindivtdu011que aca~:::on:ii:ei1~:r:y

ª~'w:tff:

poa:::~~ªm°J9::0~:,:' aec:~id~'id! nlfo •••im chap,n,u,r

Hllf 11/t~ rodo A

mada 'lavaa-em cerebr al' não produz

:;~~Qu~::r=:~~~=

ramento pode produzir uma p11icose dl" prisão, e um trato deeumano pode causar danoe ff,ieos no ,istema nervoso. Mas eHe1 efeito• não ,ão pecullare. à ' lavaaem cerebral'. Ta.mlM>uco edite qualquer deficiência me:r.pllcável na memória d1>1 e:r.-pri1ione1ro,. Os priai-Oneirrn nllo se kmbram d, coiuu acont«idaa qWJn· do e,tauam em dellri-0 ou em outro e,u,.do p1icdtico. Podem eaquecer peq,-

:-~e:::hd: ~:~~ jf:;;~~~;te;o=,~ querem faú,r sobre alguM aapecW1 do tratamento, porqu.ee,aa lembrança lMs , doloroaa e faúi, di110 os pt"rturba..


Contudo, me1mo 01 ma i• bem 'lav a doa do cérebro' 1Ao capazea de lembrar-ae vivam ente do que aconteceu durante aeu tem po na priaão" {op. cit., p.165). Estas conclu86e8 do.doisespecia• lista.e desmitificaram a versão di-

d:=:

! ~!::::ºcrr: ~:: iP.ú: l~C: infalivel que produ.i "zumbia", que t rans forma .. peeao.. em mero& " robôa" lncapazea de pen sar. Nesse meamo ano de 1956, outro

porta mento pela mani pulação da reeompeWla e do cutlgo é obviame nte a me nos nova d .. técnica, , poia oa homens têm-ae controlado modo desde Assim, o únicorwuidadenosmétorhn chiMle8 foi a tentativa de USAR UMA

:!11!".!!:º~ rn;..::t:.

COMBINAÇÃO DE TODAS ESSAS Tl:CNICAS E DE APLICÁ-LAS SIMULTANE/tJIENTE pa-

ra obter o oontrole compleW aobre pa.rtes ,41ni{icativruidoombientefíi,.iroesocio/

wo r, "Bull N. Y. Acad. Med.'", vol. 33, n.• 9, setembro de 1957, p. 617). Entretanto, as conclueõea detl8f!8 especialietaa ficaram circunscritas a011 meioa cientificos, enquanto, no grande público, continua a pairar, ameaçador, ofantasmada "la vagemcerebral", método tido por misterio.a e ,upoetamente irreeiettvel, de mudar ai opiniões e o comportamento de alguém, contra a ,ua vontade...

Ef;

:~ui~he~~r:-~~cfir:~l~~ie entrevistaspeaeoaiscompriaioneirosde

ro~cl"Con•ideradni,. :l':t:!i:·~~:~i1:i:y~w:1!: n(l.o '"m ,.; m.,,.m,u,

exiate nada de novo ou de terrlvel na• ticnica& upedf~ 14ada& pelos chine,e•: e/eJJ n4o inventaram nenhum ~todo miaterioto para manipular pu-

,oa.s. Seu ~todo de controle da infor-

mo<:4o mediante o controle doa meios de comunicoç4o ,ocial i uma ticnica bem conhecida dos goverrws Wtal_it6ri<n no decurso da Hi1t6ria. Seu sistema de propaganda pOr meio de palestra,, filmes, ma.terial impresso e testemunho, peasoaia tem 1eus equiuolentes no, siatemu de educ~d'.o e no propaganda co~rei.oL Discus-4Q em grupos e outro, mltodo, que requerem portici~(l.o Um seus similarn no educa(:do e na paiquiatrio . .... Os mttodol chiM•n de interrogatório Um sido amplamente utilizados por outro, exército,. pelo poltcia, pelDs rep6rtere, de jornaia e por outra& pe18oal interessadu em arrancar informac&a de modo ogre11ivo. Tttmca, que envoluem con/ü•ôe• forçatüu e autocrlticas Um 1id,J ompla~nte usadu em movi~ntos religioto, como meio de oon· uers4o ou como recurao para perpetuar determinada /i. O controle de com-

8. "Lavagem cerebral":

um conceito vazio

~~::i{f!~~~~;:::::~~~:. "Comocientiatasociol,conaiderode e,peciol inten,ae o resulu.do tina e,tudoa que nó, e outro, grupoa fizem.oa recentemente a reapeito du tentativa, doa comunisl08 de extorquirem "confi•lôeB". A descoberta de noasos eatudoa , que de ve ria ae r acla mada como novi511 ima e e 1pet acul ari111ima, é a co n atatação de que, e811encialmen te, não h avi a nada de novo o u de

:::::!~

~:r:I::C:.º!!,Woa

7:;

ram out~ e1tudo1, t4ú como o.de Hinliky e Wolff, que o comportamenW hu-

mano podia Kr manipulado dentro de cer1a meooJa por ambientei controloà-0,. Descobrim-0squeo1comunistaachine1es empregaram m,todo1 de coerçd'.o do comportamento de noa101 homena que eram priaicmeiros deit!,, método& e811ea já u11ado1 por comunista& de outros paiae1 hâ décad .., e qu e a

eBfg::=.

r.u:~:;,!(~!~r11 Communiat attempU to e/icit fal.tie confe11ion.s from Air Force priaoner1 of A '11.a,em cerebral"'* munistaniol)iss.ideuma 1plicaçio-qulomaisreQW1tida,uslemibu1brutal!-devtlhosmi!lodo$

poioMs"correntHsobo

:.1_ __: 5..,....czlRStl. Talproces· ....~ . f~11npr1PIXlde$del!M911tlqe

eonuaol)Ol,IIOrndoreo,

me eom11111sta çh1nb. As vftim1sslo,l<lt1bodele. eondu1ol11Sl)ir1depor"li-

bremente"per1otetJibu· na,spopU1ore1,._

.eu11 seotença, çorn frt qtleneia éolutifamento

Q

QUE VEM a ser. propriamente, "lavaaem cerebral"'? Aa definições variam com o 1lBO da palavra, adaptandose àa neceasidadee de 9uem a wra. .. Uma definição concaa de doia cienti1tae eociaiA norte-american01, Alan

~e~~ibe:i ~~:=li~:~;·,,f:1':.esi~:

tanciaissu.,tentamoconceito delova· gem cerebral como sendo o descriçd'.o de uma forma e:drema de perauesão em um conte:ii:W de tortura" (AlA.'1 The Mind

$cHEFUN & EDWARD OPTON,

:t::'Gi:i::.r:: õ~~:· ~ã;:t~I~ McCARTHY, Legitimating Repre,aicm, in

DAVID G. BROMLEY e JAMES T. Rl

CHA!I.DSON (ed.), The Brainwuhing/ De-

tr;«;~~~N~°.;~~~:~f0~~~~1~ p.320).

Trudy Solomon. paicóloga aocial da National Science Foundation, m011tra que ae ab11110u do conceito de " lava• gem cer ebral" e doa derived011 semãn tiooa do termo("oontrole mental", "coel·

~::ue;' .1:1;'• :::~tfu>~·~,e f.(!.;;':Jili~di~::j "Jlara deBignar praticamente qual -

4:1uer forme ~e influência hu~ena, mc/u.,we a hipnose, a p8icoterop1a. os meioa de comunic~.to aociol, o propa gondo, a eàucaç4o, a ,ocioli.z~tw. a educoçclo das criarn;u, 08 mudarn;as de compOrta~nW e uma co,ute/açtw de !Wtru tknicu de mudarn;a de otiuuk e de comportamento. .. A. lo,,,oJJem cerebral era viata como um dlapo1Jitivo miaterloao e todopoderoso, um método irreaietlvel e mágico poro obter o controle total da mente humana ..... Ne realidade, o intenao ueo e o abuso do conceiw praticamente o eavaziaram de qualquer valor" (J'RUDY S0LOM0N, ProJJramming and Dep1'QJlramm11111 tM Moonte,: Social P1ychoÚ:>JJY A.ppúed, in BROMLEY & RICHARDSON, op. cit., p. 166). Thomas Szaaz, do Upatate Medical Center, da Univel'flidade de Nova York. autordenumeroao.livroeellderdeuma oo?Nnte))8iquiátrica.eecreveoomironia: "O que i 'lavagem cerebral'? Exialtm, como o term-0 augere, doía tipos de cirebro1, os lavado, e oa n.to lal1'1· doa? Como saber qucl i um e qual i o outro? De faro, I muiro 1imple8. Como muitos outro, term.oa dromátiooa, 'lavagem de cérebro' é uma metáfora. Uma pessoa não pode lavar o cérebr o de outra por meio de coerção ou da converaa, do mesmo modo que não pode fazer a lguém sangrar com uma obeervação corCATOLICISMO - Janeiro de 1965


lante. Se n4o exi8te a lauagem cerebral, oquequerdúeramet6./ora?Servepara de•ignar amai• univer•al da, e:rperiln· ciaa e elos atoa humanm, a ,aber, uma penoa influenciar a outra. Contudo, n&l chamama, lavagem cerebral a toelos o, tipo• tk influtncia penoal ou P•ÍC!'l6gica._ Re1ervamo, o termo ,1,ara

New York. 1983, p. 136).

di/:::~:~:P. ~~~:\~~ncr!:s~f: queelemento.pretental noproce830de

"lavagem cerebral" ai.o enoontradoe noe mll.Uldiversoaambienteaouatividadee. O 'lº" import.111 ~ quf! t.11i11 ,.1,.m,.nt....

~!ja ::id:i..f:v=:~:;::13:ue .e

"Ae forçae peicolóJicu encon· tradas na lavagem cerebral não aio excluaivu do proce110. Representam a expr e11io exagerada de elementos presente• em vários rraue em todae u atividadea soclala. Cada cultura utiliza preesõee um tanto análogas de controle do melo am· biente - culpa, vergonha, confi,s(lo, sanç(lcJ de grupo e linguagem peaada a fim de modelar aa crença& comuns e aa identidades ..... Foram feito.a comparações entre o proce88o de lavagem cerebral e a psi· coterapia, a propaganda, a educ,µ;(lcJ, a form,µ;flo religiosa e a propaganda comercial. .... Onde existem eemelhançu, ela.a ,e torn a m lneisnificante,, em virtude do ftm mo r al

O que t verdode - como Schein tambtm acentua - t que os chiMses, de fato, lrlf}•traro"f certa originalidiu!e em com· bmar udrw, métodos 'tradicionais' (coma, por exemple,, a di,cuss(lcJ em grupo, aautocritica,osinterrogatórios,p.-tmio

dt'·:!s,:;gc;:J~·:(Jd~ 1fn'io~'f:'~.rit~~

quadro geral de controle mental. Sem embargo, a de,peito ~e tod-0• ,eu, e,_. forço1,apena121 priswneiroa,entrem1· lhares, rttuaaram a repatri~4-0 quaTUW e1ta lhe, foi ofereck/4" (MARVIN KAR· UNS & HERBERT I. ABEUION,Per•ua,ion - HowopinWna and altitude, are chan,.

J~1~~i~i 1Po!g.~~- A9!\~~r.n~:

g~~Jt r!r::;,ª~!:t,/krE~~::~!: McGraw Hill, 1967, vol. li, p. 750). 9. " Lavagem cerebral": fomia de persuasão

comprovadamente pouco efeúva

Ü MITO da eficiência da lavagem cerebraltambémécontestadopeJ05pt1i· cõlogoe Dr. Marvin Karlina. profesaor na Univeniidade de Nova York, e Dr. Herbert I. Abelaon, da Univeraidade de Princeton, em seu livro aobre perauaeão. Embora um tanto longa, a citação é concludente; "Se perguntarmos ao homem da rua o que sabe sobre os progreuo, cientf· 1 ~~c:; u"!ac:=i~:op~:":,~4:Jo! ~s'J::. lógico, relatados ,ws capítulos prece·

~;~t1:,:::

1

d/i~r:~:::.hc":r°:b~:rhl;. nose e outr a• forma• de 11upo,to

~~::_t~ ::1~~'::S:.rt:i:::!!c?;!:ft :r.ada, pelo, meio, de comunicaclo 11ocial. .... Tal e,tado de coisa, t /amentdvel, pois tende a atrair a atençflo do plJblico para campas d.e controktk com· porlamento que (pelo meno, atualmente) não conetituem recurso. perauaalvo, altamente eficien te• e que, ademais, projelam uma imagem sini8tra sobre tocúJ o campo dapenuasflo (a qual n&i i praticada ,egundo tais tkniC(ll!). Um aspecto digno tk atenç(lcJ ,obre taia formas 'extrema&' de persua,flo i que, muita& ue:re,, silo me,ws efetiU4$ para obter mudancas de atit~e, durd~is, do que outras formas de manipul~4-0 CATOLICISMO - Janeiro de 1986

134-135).

JA

ODr.Tham1:1Smz,p,-olessordeps1Q1111trildilJnlwni. dldedoEsudodeHonYOfk,fCWJQ'Q,mordN; "hli"!Uffllpodelm•océlebrodeovtro,domesmo modoquenlopodefuf.lounar•pormeiodemposti c:Minla"_ TritHldeU1111$Ílllplesmelifo<1de li!!!..-· 11ff11 niodeu1111 leoril tientffitl.

meno, comentadas e meno1 'extrema&', de1crit<1$ rw, capttuk,s anteriore, deste livro. Consideremos, por exemplo, a lava · gemcerebralMai&OOquequalqueroutra forma de persuasão, a lavagem «rebral tem atra~ck, a imagi~lw dos ameri· cano,. O mtereue plJbl,co por eue tema aumentou com a Guerra da Cortia, quando soldados americanos foram 1ulr metido, pela primeira ue.i a ttcnica, de lavagem cerebral em grande eacalo; ,.,_• ., inUJrl!a." t"m •ido rmuwado o c,u;k, rwoofilmeoulivrosobreoas,unto.Na realid ade , a lavagem cerebral não é n em muito nova nem muito eficiente. I~to jt1 foi demonstrado por Edgard Schem num estudo, agora clássico, ,obre 08 saldado, ,wrte-americarw, repatria· elos em 1956. Baseando-se em entrevia· ta.pe,soaiacompriaWneinnd.egue"a libertado., Schein montou um quadro complexo elos procedimentoa de lava· gem cerebral utilizados no, campas no,-. te<orearws de priaioneiro1. Suas COn· cluões - de que 'não h á nada de novo ou de terrl vel na, técn ica, eepeclficas (de lavagem cer ebr al) 1U1adas pelo• chineses'; de que 'eles n ão inventaram nenh um artiftcio rniater ioeo para manipular peHoa•' - permanecem udlida, em noHOs dias.

10. Refulalldo a "miseificaçlo da lavagem

cerebral"

Ü PROF"ESSOR Louie Jalyon Weet, Chefe do Departamento de P,iquiatria, 1 :;~~ °faªu~i;~~i~:3e (EUA), analiaando o reaultado da apli· caçliodoproceHod_e\avagem?t'rebral no. aoldadoe amencano, prie1oneiros

t

~~';!;8~

tr~t:arr:

~:.~::i~i~~=aree::tr~~ mento aseinado por 21 eapecialiatae, entreoaquai1elepróprio; "(Na realida4e, a incidlncia extremamente baixa de comportamento cola:~~'c::~~~U:fai:lf:n~i::f/¾~~~i:Z~ idcol-6~icoa mc•mo "nlrc o• mcm{,ro., de minoria, ideologicamente uulnerduei8, entre o, pri,ioneiros de 6uerra, repre•enta um notável fracullO dos eomunletaa em eua tentativa d•.'lavar o cérebro' doe 110ldadoa norte-americanos). 6. - O caso doa 21 •o/dados norteamericanm n&l ref)Q.triadoa i t;;,mbtm um fraca.ao, mais dt,s comuni,taa fUJ que troe americano,. (Taú !1()/dados rona· titulam um gru~ ,urprttndentemente pequeno de ind1vlduo1 emocionalmente imaturos. Do /P'Upo original, romposto d.e 23 peUO<U, 08 chine,e, ntm sequer

:r::::t::;~i:~:r:::r:·:,::::~ur:::: ra o, E1tadoa Unido1J. E'fl contrapar· tida, elos 171.()(X) priswm!1ro1 rwrte-coreano, e chine,u capturados pela, forr;a8


,;::;.i:~:;

ri,. ~"f:~

Compam 1 '11n~m çen,br1r' 1 ~odos óe ~rSU1· siotkltorrenteiC011X11

u,n::;~,!/!00: paro. ll4o 1erem entreguei rni1 m4o,, rüJ. comunUt,u!). .... A11im, a miatificação da 'lavasem cerebral' eetá refutada de modo concludente" {LOUIS JOLYON WF.S'T, P1ychiotry, "BroinwMhi1111", ond the

prftfÇlolelicios,ltmlielri

mentt11i.trlno.Nlof1l>$Ufdo om1111111 que Skr

PloX,reoebMdonAssoell(llesCatblienroNnas

nopjmdeSkrD1maso. em l!Ml',tenh11pliudo1 "llv11emcer.t1.-al"'

:1r"}t:'.:i:n~a";J:~~~lroeft.~~ia~~ ci:n~!:/4 ~~1!64~i~~~i~

vo\)~:; brit.Anioo James A. C. Brown, escreve:

,u;'t:nina~, ~i!.°v::ei:nuec:r:b::r::

J:::~:e: :~~~ar~~~~:°::-:~~

permanente, uma idéia completa• mente estranha a esta, e aa91m influenciar o comportamento, deve ,er repelida como abaurda" (op. cit., p.221). "Toda a falácia sobre a lavasem cerebral (1e por Uto 1e entender que uma ideologia pono ur implanta.do de modo permanente na mente de uma peuoa, independentemente de 1uaa crenco1prímitiuo1edoscircunstdncio1 e:rteriore1) é uma noção eatranha, impllcita no livro de Sargant, 'Battle for the Mind', de que uma Idéia é uma 'coisa' localiu.da no cérebro,

29

~=e1~!t!d/,{;>~~~~d:. 1 ).etira• Há C8808, entretanto, em que a "la,

"J::! =iS~:.ªbª:~~=1:i~~= induzir peuoae u.temar pe11.1amen· a

aub1titutivo Mrfeito das antigas. Fora deuas aituaç6es, temos que concluir que o lavagem cerebral é, 110bretudo, convêrsa fiada " (op. cit., p. 292-293).

11. Um conceito que oonfonni,mo p<>de ser muito pena.o. Ele o é bem menos quando as oonvicç6N eaeatitudeada peeaoadiveriempouoo du que o ambiente dominante tende a impor. Pode dar-11e até que, a lém daa ruõee de intereeee, o oportuniata tenha tendênciQ, afinidades, simpatiae pua com o dilitat do ambiente dominante. Ne1te caao, o oportunúuno cria condi·

~ i:~~ocS:o (dikt~/d~'m'n!~:fe.ra e Exprime--o com clareza o meemo Dr. ~rown, já cita_do: "O que vimo, t que o mdivld!UJ aceitard uma crença sub.ti· tutiuo, seja porque esta t capaz dede· aempenhar o mesma funç4_o da crenca ant1fa - por exemp/,o, satisfazer a ne· ceu1dtuk de um credo totalUto que lhe proporcione certua, e que controle aeu.1 impulsos 'mau.1' -, sej~porqiu o crença u converteu em ortodoxia, e t natural confornu,,-.,e a e!a, a ndo ser que o indiuld!UJ ntejo di&posW a tornar-ae um pdrio 1ocial. Auim, em uma socied,uk comunista o lauogem cerebrolprouauel. mente (UN:ionard, m<» ll4o t nett886· ria, uma uez que, a longo prOZ-O, 08 .PH8008 undem a confarmar-&e aimp/es. mente por 1erem socidveia; m0& quoN:UJ

1::f/~;:°wt~Íu!' ::!~úfs"t;! ~~r;::~:~ o uma sociedade ndo-C?munieita, ela

absolutamente n4o funcionord. Auim a torturo fflico comum, elo pode l.euorunu,peuoaofazerconfU1ôe1uerda.deir08 ou n4o - ; tambl!m, como a torturo comum, não mudará seus pen1amento,. A único exceç4o o eato reira t, COm(I foi rrnmcWnado (U;Íma, quond4, a nova crença mmtra·1e um COm(I

nenhum cien,ista

pode aceitar

AUÁS,

o próprio termo "lavagem cerebral" nflo é aceito pelos =-~~;iaJid::~ :;:,~~=-der Eacreve o já citado Dr. Brown: "NfUJ t preciso dizer que nenhum pensador cientifico poderia aceitar ou utilizar o conceito de lavasem cerebral; a lavagem literal do cérebro ff1lco não poderia remover traços de memória, de algum modo comparável à desmarnetização de uma fita de P.avador; oUm do mais, a própria idéia de eliminar a, lembrança,, 'deix:ando a lousa limpa' e aubstituindo-a• por outra• nova,, é ridicula" (op. cil, p. 253).

IZ.Umam,lade

* "O homem i um animal racional" A

PROPóslTO

dae tentativae, ao

~~ !1h~!~~~~::e"!~~~c~r t:. °J~:

mea A. C. Brown: "A vioUncia direta ou a omeaco de vioUncio podem produzir a ,ubmUalkl à vonttuk de outro indi· vtduo ou grupo; ma.ir os penaamento1 84o crio®, e nwdifico®, sobretudo pela palavro., falado ou e,crita. Auim, embora na chamada 'lava1em cere-

bral' aa palavra, p()Ham eer complementadu por um tratamento ft. ,ico conetrangedor, e na publicidade comercial por múaica ou imagen• asradãvel1, é evidente que me11mo ne88e.lJ ca,oa a, arma, eHenciai11

:~bóií!:!~· e d:e~~l~~'!i':r ; ~ : : rado1 silo de ordem pelcol6gica. De 0

~~

maneira geral, e c_om /X?UCa& <;.>:cec&s, transforma.e&, p11col6g1C01 e:ngem técnica, psicol(Jgicc,,, e t principalmente com essu m{lldnci0&, anle, que com a obedilncio e:rUrna acarretada MW emprego exclusivo da força, que nos preocuparemo, neate liuro"(op. cil, p. 9). Isto porque, ,endo o homem uma criatura racional, é lmpo1aivel mudar-lhe aa convlcçõee eem 1e dirigir à sua razão, conforme comenta muito bem C. A. Mace, no prefácio ao citado livro do Dr. Brown: "O homem tem uma capacidade para raciocinar e ser influenciado pela razão, que um tigre faminto, por ex:emP,_lo, nào poe1ui. Ê intereuonte e aÍjfnif1cativo o fato de que os propogandillu religWsos e polltiroa, bem como os agenle& de publi·

~~a:::e~~:frcr::x:11::.J

0

:::::idc::c:~ Z4lJ do homem. E,tea argumento, con.s· tituem um teaiemunho involuntário da racionalidade do homem"(op. cit., p. 7). Ora, esaa racionalidade do homem é, implicita ou explicitamente, negada por aquele1 que afirmam ser poH(vel. preeeindindo de qualquer arpmentaçlo l6jíica e racio-nal, "remodelar coerc1tivamente a visão politica de um Individuo a fim de que abandone 1ua1 crenças anteriores", e levã,lo a "aceitar como verdadeiro o que ele previamente aceitava como fal.o e a considerar falso o que ante1 via como verda· deiro", o que conetitul, 1e1Undo Somit, o objetivo vi•ado pela "lavagem cerebral" (ALBERT SO~rr. verbete Broinwuhing, in lnternal,orniJ En,;y. CATOLICISMO - Janeiro de 1985


clopedio of tht Social Science1, The McMillan Co. & Tht Free Prese, 1968, vol.2,p.138). Por outro lado, oe eep,ecialietae em peicolotriaeociallembramumoutroprin~:!:1e,/~~!"f:nçi:;;.i~b'::~1~ 8 : : .a~~~·=uC:~!

~ci~I!~~.J axiomático que não p()dem ler eneinadu peeeou que, ao met1mo tempO, sentem estar lendo atacadae" (GoRDON w. ALLPORT, apud BROWN, op. cit., p.67). ÜIII métodoe bnltail de coerção eamstrangimentQ fàico ou moral e de pN!Ulo peicolõg:ica,contidoenoproceeeoconhecido por " lavagem oettbral", podem, segundo 011 cienti1tae, produiir m~ificaçOea (aliU1uperficia1-etemporAn as) d~oec:'mJ:~:a~°ato.:~~a~~h~:i:~ convicçõe•, é preci10 diri(ir-ee à aua racionalidade.

13. Uma lécnica and-econ6mica até para o Eslado

o

C IENTISTA aocial Albert Somit, depoi, de que.tionar aeriamente a eficãciada " lavagemoerebral",dltbase p11r11concluirquetai1técnica1,peloseu custo elevado, eeUio fora do alcanoede 11 ~~: :;:ct::e"!t::: gem cerebral tenha b ito faze m dela uma du técnicu maia caru e antiecon6micu ao alcance do E1tado moderno. Paro. aer bem 1u«dida, ela J)ffle um coniunta o.mb~nto.l utrtJ<1nii· nariamente e1truturado e controhuk>, t um enorme inutltimento de dinheiro e eh ptHOtu" (ALBERT S0Mrr, op, cit., p.142).

~~e~J:'

14. "Lava_gem cerebral". um conceito que

desrii as bases do Direi&o e despresligla a psiquiatna moderna

Ü

MudançatAorápidanotipodecom· portamento de 11ma moça mimada (pou· cos aabemqueelaviviamaritalmen!A!

S:..kere:;.~!~ª~~

:munfv1eni'T'J:t:d:e

:f;b::r:==1$.i:~11~= do contacto com se119captoreeerecebendo informações só atravH delee, iMo teriabastado paraqueseu cérebrofOMe "lavado". Preaa em fins de 1975 e julgada em 1976, seu caao apB.llonou a opinião pública não somente norf.e.amencana, mas m11ndial. Sobretudo porque eeu pai era dono de uma cadeia dejornail, o que tomava a p11blicidadt garantida. .. A defesa da herdeira Hearsl dirivida

~~]d!•..f=:~

:1pio~t'~~II~~~ cerebral". Na lógica do mito criado, Patrtcia não seria culpada, porque não teriaeidoelaquemagira,oumelhor,teria aido ela, maa dominada pela "von· tade" de Tânia, a guerrilheira criada pela "lav~em cerebral"... Aaaim, Patrl· eia não eriasercondenadapeloacri· me• de Ania ... Em nenhum outro caao, talvez, a noção folhetinesca de uma pee:aoaque ~ tranaformada em "zumbi" ou "robõ" teledirigido por outrem, foi tornada tão dara como neste. E talvez nunca IM! tenha pretendido tirar todas aa con1e, qOênciaa lõgicaa de tal conceituação. Na extrema ponta detlllllll CODHqllêndas .e põe razoavelmente a seguinte per-

r;:~ :m~raé=b i::!1~ dr: :::.0:1i:

terio.o proceuo que o priva de aua von· tade, pode ser culpado por eeae crime? Se tal hipótese~ cientificamente~ eivel, como se manterá o ediftcio do Direito, todo ele construido com base na reaponaabilidade pe880&i e, portanto, na vontade livre? Foi a advertência que fez na época o diretor da Faculdade de Direito da Univenidade de Berkeley, Sanford Kadish, falando lt revista "Newsweek" (What ia brainwtuhilllf?, 1.0 -3-76, p. 31): 'tE1111a hipótese) abre 11-1 porta., para abll6os t ameaça o, fu.n. damento• do direito, na medida em que este se baaeia no livre arbitrlo e na reaponsabilidade". O mesmo artigo da reviata "Newa· week"trazageguintedeclsrsçãodigna

1:umCht!;/~!r\~~!:!!irvi~r!fi?~I°é mito imposto ao público norteMITO

criado em tom o da "l11v11-

~:i1;~;·r;~~~::~E~l~1:~i~ na.ntenofolcloreoopular (enAoeomentA! popular, como se verlt) comofamoeo

americano. As peuoas pOdem ser obit· to de propagando e úllios nova., padem ser-lhes ensinadas, mas iaso nao I la-

vai;

~~=ri~~/id~~\;pecjalista em "lavagem cerebral", o psiquiatra John E. Nardini, consult0r da Aeronáutica doa Estad011 Unid011 para reabilitação

;a~~.tr~:~~~2i

(28-5.74, p. 30), "afimwu qiu um indi·

Algum tempo depoi,, a despreocupada e bltuh miliooltna tomou-.e uma pen. g011a guerrilheira urbana, IA!ndo,ee con· vertidoàideo\ogiadeeeuacaptol't!IJ. Com o peeudõnimo de TAnia, paaeou a enviar men11111en, revolucion!riu em fita• magnttica,, a deisar-ee foto-

fo8!fm\:k, 1!'x~~~~ºix~~S~bi: nêe e,oque ~ mai1grave,aparticipar de armadas, como o aualto a um bancoeaumaloja.

açõee

CATOLICISMO - Jaoeiro de 19M

vtduo que tenha ,sido objeto de lauagem cerebral, do mesmo modo que alguLm mb os f'(eitos da hipnose, não pode ,er for-c:ado a cometer um a to que vá contra aeua principio, morai•". Sendo auim, mesmo que ae admita que a "lavagem cerebral" produz algum eíeito narcotizante o u tran,formador da peraonalidade, não se p()de atribuir-lhe o efeito de dominar a vontade de outrem naquilo que lhe é maia fundamental, como

~1: =~· er~;:v:~

aio oa prlnclploe moral.a pelos quai1 1 0 :e:·:::.::af. r ealizar uma "conver,Ao for-cada", que é precl1amente o poder que lhe é atribuído, aliá, .em nenhuma base clentlnca, como foi VUito. A familia Heant conseguira, não obatante, que con hecidoe peiquiatru, 011 quais haviam eacrito eobre o auunto, testemu nh a.nem em defesa de Patricia, atestando que u açõee; dela eram fruto de um proce..a de " l,va11em oerebral'. Tal fato podia deixar o póblico ainda mail confueo 1obre a fundamentação cient1tl.cado1upoetamenteirreei1t1vele mi,terioeo pl'OCfflO de "lavagem cere-

:~~ Ted=:daq.t::~~~r:

americana. O Dr: Walter Reich, professor de p&iquiatna, Diretor do Programa de Edu· cação e Treinamento P1iquilttrico no · · National_Jnetituteof Mental

de paiquiatrae H apresentarem como "peritoe" em "lavagem cerebral", no decorrer de procea,011judiciltri011, uma vez que não hlt eatud011 dent1ficoa e formasdecomprovação.uficientetip!ll'8 habilitar tais peritqen,. Uma incur•lo deHe tipo em campo tão conte&· tado - alertava o Dr. Reich - só p()de trazer o de1pre11tifio para a seriedade da p 1lqulatrta forense. Por ou·

~~~ri~.!°~

}: 1: : ·r d~Fo:':z.!: do Direito criminal, ao deetruir o conceito de re11pon1abllldade decorrente da vontade livre,

tev~:~:-..:=:~~=x:~:= temente citada pel011 autol't!IJ que tratam

1~lógicc,!!!:Oou tpaioolóeico. ~~,~di=.'~~~·-~: Pela 1ua import.Ancia, e também pela cll!lUZacom queoDr.Reichfocalizao problema, convém citar aqui alguns trechoe de aua nota: "Enterrada como uma ameaça exter· na h4. mai1 dt vinte anos, uumada, examinada, t dt 110vo enterrada uma ou dua.11 Vtlll de1dt entll-0, a lavagem certbralrenu,citoudtnovo,edeatavtz para tomar lugar 110 palco dos horrore1 doml1tico1. O problema , que ntm tudo I teatro. Dua, imp()rtantee in1tituiç6es estio ameaçada1: o direito, que ter!

ª:.-i:!f~~r:ir:r~:~~

0

~=:.e:e! q~~ p()deri perder a credibilidade tio peno1amente conqui1tada. Bem po, de 1tr que nem umo; nem outra re,iatam d am.eaça. Evidentemente foi o julgamento Htt111t que trouxe o tema d baila. Em

cido,tr1,;'/iJ!1:;~i:~n::~:;:::::

Htt111t ndo devia 1er COTl$idtrada ,es,. pollldutl ~lo o.ualto ao Hibemia &nJi, .ob a alefO:Cll-O eh qiu tia hauia sido uma participante involuntária. Decla rou, antt1 de mai1 nado., que ela hauia 1ido coagida . .... &ileyconvocouumo;uerdadeirabtl· uria dt P1iquiatra1 para tt,ttmu.nhar em a[?<>io dt1ta linha de defe1a. Um J>$iquiatra preferiu chamar o processo


(akgadamente ,o{rido por Patrlâa) de 'p,er,ua,(focoercitiua';outrodi.Heque, chamt-1e como 1e quiser, o proceno continM o, me1mo, ekmento, que aquek aplictUU) 1iltematicomente pe~ reformadorel de penaamenUJ chine1e1 em civilocidentai1echine1e1lueelehavia e1tudado uinte ano, ante, "reforma de

pensamento" ê ainõnimo cerebral"i

e

"lav8.i'em

Por que e1te te1temunho é t4o omea• çador1

O direito criminal ee baeeia no

~~:::r:t•:~a:: u~e~:=~~~

1

~!~

ra.:T:~~to~r~!!~çi:d:u1iv~!7,·ª-:.. bitrio..... Pod.e-1e diur qu.e uma pe111or., corttt tu Uure arbítrio 1e elo é demente. Pod.e,e tambim di.zer qu.e uma pe11or.i carece de liure arbltrio 1e é coagi.da externa, mente - como 1eria, por exemplo, no co,o (U ter um reuóluer apontado para 1uacabeça,e1erfoçado.acometerum crime. Demtncia é demtncia; e 01 tribunais jd di11eram que nllo é mera Os ldvopdol de r.trieil Hnrst - m~ioiiiril no,te. 1merielr11r1ptM11por1uerrilhttoi.1qUllparbcipoud1 nsallOS-in•O(clr1m1tesed1'11n.aen11:erebr1r'par1 fflent.i.. C-ontudo, tia f o i ~ Ame llf'09(lsi· 111.00$iQuiatr1Wllt11Rlichdedlto11quea111Mda deru.lo$$eacerta,mfund1mentmdo0ireil01dal'si Q'lltnlfitlriaalbllldol,pailsem1nO(fiode"'lf'ltao. ~111o,pmswe1ti.-.e,-just:ÍÇI.Se1ps1ql.lltnawits. 1adllllbr1tesed1'1m!llfllcertbrll".1Npenleria5111 iw6pril,.,.,.,_,e~no~pofor-.Afo. 111-emque1parecef>ltn:IIHea,st-.npunhlndo111111 metrllllldar1,lendoaolundoodl$tiCGdo(J~Slr11biontsdeübelbçla-loitiradaq111IIOCll'ltricia111ld1 pal1ieipoadesse1rupoterroristl

(Ubilúlade ou suge1tlfo. E a coaç4o, por 1eu lado, é COG{"lfo; e n(fo uma ameaça vaga. Demtncia e ~ ( f o externa 14o, eh.te modo, a, duaa grande, brecha, no edifício kgal do liure arbtlru). &iley e ,uaa te1temunha, p1iqwátrictu abrirom uma terceira brecha - a

~~~ i;::~~~~~:;ou binoçdo da, uariante, normalmente inadmis•foeil dM duM primeiro,. E,ta

,;~~::fo~': ::

'f:~e•::J:"':1:: ~fii:':t~~!!"::":n": ~W::/::S~"~m~:i~ªé d°JbJ~~1'::a~~ tionâvel; afirma tambim que, uma ve: vitimada, a pe11or.i perde o liure arbítrio e é peniuodida a reali.zar atol que normalmente julgaria moralmente condenâueill. De tal pe1100, em •uma, n4o ,e poderiCJ di.zer que tem a oonto<k viciada. Ela teriCJ uma e,pécie de uontade- 1eu, ato, uriom em certo sentido uoluntário1 e empreendido• por ela me,ma - mo, 1erio como ,e •ua uonkide ou per•analúiade n4o fo11em real,rn1nte sua,, mM em ue: d/110 tiue11em 1ido implantodall cirurgicamente. A defe1a su,tentova que Tânia [paeudõnlmo de Patr1cia] era Patty Hear,t pouutda pe-

fid:d!~~:~~:~J~::.t~,!:,:

:a~

1altara o banco teria lido a uontade tu TdniCJ, e n4o a eh Patty. Fora neceudria roda a paciente terapia da equipe p1i-

=~=;:~

1f:!~~:e,/fh~f:~;J :~i~~e.!brec;e'::f!::ep~df:;!'!;

elea, ndo deue ,er ca1tWada pelo crime eh Tdnia. a e~:CJde}'::jrio o tribunal re1pon.der O juiz poderio ter dito que a lei

reconhece a demência. e a coação

ft~~d;~~i!!:,~':nªc':d)~~f_n}e~; rlQ

ter 1entenc,ado, portanto, qu.e o

~~-~~:11:~,-:a~~r:.1~i:1. ªfc?~~

bim poderia ter Ulualidado tal te1temunho ba,eodcJ na carlnci4 eh experitncia cientifico ne,te campo. De fato, ,entenciou que e,te era o co.10, quando mais tarde a tufe,a tentou apre•entar o te1temunho pericial - delta lll!'.Z eh um psicólogo - para mo,trar que o, men1CJg_en1 que a ac1;11ada hauia gra-

[~~i•:f~ia :~~ J:Ê!é:ti ~í~~: nêfl, Patricia enviou fita& gnvadaa, cri-

ticando seus pais como burgueaes e fazendo proclamaçõe11 l"t!Volucionáriui Embora o jui.z pudeue inuali.dar o te1temunho pericial do p1iquiatra, n4o

j/!fii ea! ~~:,i,u.ec!~'T~!~::,~oça

O direito e,tá a~ado, porque o conceito tu liure arbllrio ,obre o qual baleia jd é frdgil. Enquanto muito, p1iquiatrM IUlten~ar4o que o comportamento é CU/terminado por múltip~ fatore,, tanto ambientai, como genético,, equeo liure arbítrio é portanto t4o limitado que con1titui uma e1pécie de

1e

:;!'· u°m~~::i:Jeue/,! ';;~!r~:mi':::: mente seu comportamento, parece 1er euencial para o funcionamento do di· rei.to criminal. Sem este conceito 1eria impoufuel 1u,tentor a rtlpoMabi/idtuk pe11or.il e, porlo.nU!, lombim a 1ociedach. Se o livre arbítrio fo,1e um mito, ~ protege a

Oe oonhecimento1 aobre a reforma do peneamento (•inõnima de "lavagem cerebral"] chinee_a ou coreana

de conhecimento, que ntttuitam ,er mai, teatado1 e comprouado1. Mai, ainda: trazer um perito em lavagem cerebral a um tribunal para testemunhar ,obre a mevitabilidade da subminao da ré ,ob o efeito do lauagem cerebral, como foi feito no caio de Hear,t, pode equiuakr a tro.:zer um perito em de,enuolvimento p1ic;o.1e;r;ual info_ntil para te,temunhar ,~bre a inevitabilidade de um porrictd.u, cometúw ano, depois de v uc.,_.ú<k, hu1J<1:r, "ª infância, pre1enciado re~, ,exua.is entre o, poi1. A, teoritu ,obre lauagem cerebral - como a, teoria, ,obre o desenuolvimento da per,onalidode 1do marcadamente conflitante,. A euidtncia cientifica I di{fcil de Ber encon trada. E1tudo1 feito, durante a Ultima ::~1id!â!rftC:/1:i:~Jf::1;':;:tO:"G::: cúu sobre a i:ioc<20! lo11gamente ocaric,ada, eh que muariauelmente tu breues experitncia, do1 doi1 primeiro, anos ck vi.da, 1e tornam irrever,iuelmente chterminonte, do perllOnalidode e do comportamenW po,teMre,. As teorias

eobre lavagem cerebral nem 1equer foram submetidaa a maior generalização e eatudoa clentUloos, e, dea-

E!e:~r;;:1:S:!r:E:::!~

1eja ela feita oomo for, para determinar ai atitudes e o oomporta.mento 1ubseqilentes. A p11iquiatrla ae põe em perigo a. 11i mesma, rebaixa seu nome, entrando em campos no, quais não tem uma ampla baee de experiência.. O triste e,pet6culo oco,ionol eh um ch1fik de p1íquiatrtu em con{liUJ, em campo• opo,tol, em uma tufe,a •obre chml.ncia, oo meno, ,e baaeia no exisUncia eh um núcleo e,tobelecid-0 eh experilncia científica e cUnica. Ne1te C010 existe pericia. Contudo, se tais e,petáculol ooorrem em casos de la.vagem cerebraJ e deCeaaa aemelhan-

~ei:e o:ai':~~~!~rÊam n~:iat~i:,:-: experiência pelqulátrica é limitada, e não eatá 1uficlentemente teetada. Não chega. a. constituir pericia. lega.L Admiti-la no tribunal n4o 1erue a ninguim a longo prtl,Zl) - nem oo ac1Uodo, nem d ,ocied.ade, nem d profi11lfo p1iquiátrica . .... A k.i, no cur,o do, proccaao,, n.6.o chue nunar o próprio prmclpio que, em

!::!';::, °a

nd

~':e~

.!::J:J:.e:,:r':i'l/indo perlcio peculiar kue o, jurados a crer que, em termo, cientlfiCOII, porte, in· teira, do livre arbltru) po11am 1er encerradtu num armdrio fPatrlcia Hear11t

:;ioed~:d;J;: u~:m!ri:U:~r:: 0

ͼ~;h~:::1;~ ~h~Í~'w~~p~;~hlah~f.; vol.39,novembrodel976,pp.4Q0-403).

:C~:Jeui,V:,.?aU::,W:,.';;/~.

CATOLICISMO - Janeiro de 1985


)1

Parte II

Na "guerra às seitas", infiltra-se a perseguição religiosa rumo à ditadura do Estado totalitário psiquiátrico

..

Temper..ç,, equilíbrio. puc.ar-=lerium I n,ed~çlo l'"flDSI 1111 ffl111dnrot1!/Jlieo, eomodeiuffleslalamosa pintu" de Slo llamlfli"IS medibndo 1111 ph6a Cru:. otn de fra Anc'la (Mllltll deSlo "-rcos. FbeflçaJ. Entrellnto, pu1 os,_ psico-fflqwidon!s 1n1i-<eli1mos, 111 med1Uçlo lffll um "tr1nM psieop'110D" _

Paraumcatólico,aúnica.conceituação po111lvel do q11e venha a ser uma aeit a relicios a é a que reeulta da comparação dae doutrinas e das pràticaa de determinado grupo religioso, com aa leia e com oe erurinamentoe do Magieté~o

tradicional da Iil'eia Católica, &empre igual a 1i meamo, imutAvel em seu oonte(ldo (1). Em profundidade, o eixo de11ta concepçlo6aopoeiçAoentreaverdadeeo erro,obemeomal.A.relig:iõeaoueiate-

(1) No verbete Seita de J. CARROL, do Dicti,,,.,.rium. Mora/e et Carnmici,m, publica-

1tita1dt perdiç/l.o ... '(2Pe.JJ,l);tnameama Ep'-'t<>la,poi-coaboixo1tll:'Aud~e1,compraz,ndo-1, a11"mnmo1,n4orectu,mintroduzir noua1 ltila1' (2 Pt. li, 10). Dai em dianUa.,:1criton1«/ui,b1ico,11-1orameomumtnlt a palavra 1tilo com uu 1igni{lcodo.

do em Roma 11<1h a direção do ArceMllp0

(depoit Cudeal) Mona. Pedro Palazzini,"" lt:

soci ~ o:~~'~Jj~~1;:~~=n~,1~~~fi: ficaram de "guerra rel11w1a do1 i:u101 70"(DICK MTH0NY &TH0MASR0881NS,

"1. NoçAO:Apalo.ura 'uita'(...ct..)n4o

:m:;!ºd~"'/:,.:'::;u!:r1:t.:;~.;·,rêr:::t

;::::~;~~~iJ~ftar:"'itÊ :i::~J.::t;~=::t:tf:::ts:ra:~ d,:rad.o, portanto. o lentido ,:tinw/d11ico, a

nada_ ucolo. (,WIIIJ(,c;a_, a fim d,: _podt nm

;~1:~ t::::Jo1::,:,':. ~i.i.~;!,~ª:.:i t""''° u it<J ndo tnuia coruigo n,:nhumo

,._

univtnolcomcointtl'l("4odtdt(,:nd,:rob1ti,udo,prin-

""4comtnlte>u«llnciadt

not<J d,: uitupbio ou d,: dupruo para 141

pai arma de ataq ue do. movimento, or ganizado• que p romovem a lultl con tra o qu e q,uallficam pejo r ativa• m e n te de "ae1tae", e continua a d~ aempenhar ainda hoje Mte mffmo pa-

:hJio~' v!n~1:i'u:-'z!a;;~:~: ~~ q u e nunca.

CATOLICISMO - Janeiro de 1985

2. ACU(:AOTEOLbGJCO.CM>OJ,I/STIC1o.-Jd na Ept,~ d,:S<l_oP<Wlo..,,.. Gdlatu, a pa· lo.vrou•t<J•Wni/u:a.oJso,l;g,wdl':víti,plrio: '0-a. 111 obra, d,: C01'1t<'14omoni/ntu:ofornica.ç4o, a impurua, .... 111ti.r:u,a.rd;.e<,rdilll.111 Hit<U ... '(V, 19-21); 00 ""''mo ll'IOdo, na Si!gunda Ept.tola d,: S4o PNtO: 'Ent~ tanto,,wm,:i,,d,,pOV01ur/PNU71alrun1foJ'°" pro(l':tu, ....,.,,. como tamWm havad tntrt!VIH,(ol,a.OOutoru,qu,:introduzirdo

a,uitucodumcomntll"r..i,-..,,.,.,.,.,,.-.J,,,Ja rtlH!lcodu,,o/irrm,rob,til'Wldam,:nUalgumlll IHltl'IU Ultl ptrt,rinu; do mamo mo00, mmoo.ci.,,ldricol, ....,.,,. tamWmu uitumaqiu"m,mro,itraoouto,;,/,uktolUUd,,d,: da lgrtjco. Por tt>IUtl<liltU, o noc4o d,:

::~~"'c!:'n':"l1!=~s:t:~::,,,"':-

(op. ciL, Offidum übri Ca!.holici, Romae, 1968,p.~2).


ma,filoeóftcoeeivadoederelatiVUlmo ficam poi, ,em ponto de apoio ló(fico para conceituar o que é ,eita. E ueim, 1ua concepçlo de .eita deb:a de ter qualquer objetividade ou fundamentaçlo fllo-6flca e teo161ice léria, para nlo 1er 1enlo a expre11lo de uma antipatia. Antipatia motivada por preaaupoelol ideológicot, evidentemente, mu que procura aprt!6tJltar·H aoe olhoe do p6blico com uma motivação ap~ntemente "ciendfica". Tal motlv1çlo é bu.cada, de uma

:!tt:!u=~~,:e:~

mental dt:ntro dt: um meio ambi#nte estreitamenU controUJ<U). Contudo, I o Sl'III em que eHe• ekmentos sito apli·

;::1

~f!:ro:=':J:»'.'&n::a:!;:::~Íe:~ tista.a 1ériOtJ e cercadoa de todo o

problem1 teo161ico, fllo-6flco, aociol6aico, repre1entado pel19 aeitaa (e por movimento, católico1 ou

w.r~:z~:i:E!,:~;:~?í!~!:

~:!f:i~d~~!~;.:~~U:::e:~ a falacio1a inconsiatência da "lava-

:Tuti~t:r:l:1:~:;;::~

~~:rb:: ~- ,i;::~tt::t\;:t:=i:i~ ::v~:ira d:e:3:3!· 1tit:J:r.:o:;, como já têm notado v!rioa autorea, um

trolemental","coerçlomental","rapto mental", "menticldio", "pe111ua.slo coercitiva", "programação", "apriaionamen· to paicológico", "robotizaçlo" etc., etc. Aaaim, o velho e desmitificado con-

~~!°J~~~::tõe':, fofe!':!'::::11i!~ to em como s novidsde do momento, U.90

aobretudoem,uacaracterizaçlociber-nética de "programação". Com base em documentação recente,

ªC~=:;8u~i~

r;~;;~ra;e~~r~~ii:~F.

fundamentaill e legitimaa do homem.

z. Clima de alta emotividade: terrorismo

publicUãrio

É

ailo a partir de nonoe diu. Começa uaim a aparecer na ftmbria do horizonte o eepectro de uma ditadura de tipo psiquiátrico. Na flmbria ~o horironte? 9• fatoa

EVIDENTE que toda campanha movida contra as chamadu "eeitaa., (em inglês correntemente deeignadas como "culta") com base na acu11açlo de "lavagem cerebral", 11e deaenvolve num clima altamente emocional, em meio a 0

"f

cert-0 que tonto os ''programados" como o• "desprogramado, " • do igual· mente isolado• de 1eus ambientes nor, m.oi,, 1ubme1idos a uma WU!de tkn.icas dt: influtncia dt: grupo (incluindo repetiç4o, nwnopolil~o da in{orma.çao que

':t;ut:':· f~,;,etº'fe :f:/::iºJr.1c!º':f::i

pode ,er equiparada o: algum, a nenhum ou o omboeo1proceuo,em di,cu,s4o. .... Quando este proces80 de doutrinaçao é acelt&v~I pela aocledade, recebe o nome de 'formaÇão relilfio11' ou 'ln1truçlo religioaa'; contudo, quando uma 1elta ou movimento é novo, impopular ou inaceitável, etlfl meamo proce,110 tem sido chamado de lavagem cerebral ou subversão (Eiga, 1977). Algumas pes, aoos em nono sociedade e,uto querendo diatinguir entre tipo, de controle que a4o 'bon1' e o• que s4o 'mau,'. Se tal di81inç4o continuar a ser feita, no8sa 1ociedade pode começar a julgar as 1 ~: :~:·:u":!~

~:i!::

~~;1r:~~.ne~

~=tal.à~~

i~~~tel:ir:r:t: William C. Shepherd, da Unive111idade de Montana: "As reporlogeru do• meún de comunicacdo ~ia/ sobrt oe ~upoe religi{,aoe minoritdno. estclo redigida. numa gírúi carregada th prec,mceitos: 'aquilo que ae quer destruir, é primeiro rotulado

;~'l75t~~r:~r~ fii!~;~~

de propaganda; 01 mi11ionário1, de agentes aubveniivos; a. retiroe, mo• teiros e conventos llo transformados em prisões; OtJ rito• sa,rados, em conduta bizarra; a oblervlncla religio1a, em comportamento aberrante; a devOÇão e a meditação, em transes J)8icopéticos' (GUTTMAN, 1977, p. 210}" (WILLIAM e. Sl!EPIIERD, Com ti•

í~t~:t~/êt(edêR~M~~tj.!:~tºR~: .), The Brainwaahing De. CHARDSON

"iavagem Criou-ae uma infinidade de neologi11mo. para de.ignaro"mi11teri0&0"e "máaico" proceuo irreeiadvel de a pode, raNe da vontade alheia, que eeria a lavaiem cerebral: "reforma do ~nu· mento", "controle do penaamento' , "con-

';!;;:~eção" e "deeprogramação",

programmirig ControlH!Tsy: Sociologicol, Psychoiogicol, Legal ond Hi1t-0ricol Perspectiues, The Edwin Mellen PreH, New York - Toronto, 1983, p. 261). dy :~Ío:~n~Í!·N:i:!~~º~!~c:1F~: dation, falando aobre a discueelo que se trava em tomo d03 proceellOI de

itral.

~~~~fa!~!~!~~:a~t;;

dema, du quaia emana

II

opinião pú-

d~ t:J:

~:·J:::=!:~ib':fci~uriov! rotalit.àrio. Poia, em mloa de um ou de outro está, em ifau supremo, o poder de falar às multidões. Ou de falar em nome delu, com a autenticidad e tão discut1vel que ae conhece.

3. Uma perseguição religiosa - .. lavàgem cerebral.. como arma social

CoM

EFEITO, a paicóloga norteamericana inainua, no texto acima, que numa polêmica que ~ quer apreeentar como puramente "ciendfica", voltada apen8' para a anallae do1 métodos de


ê um proceuo de intenção, um novo

tipo;delnquiaiçlo... por iaao que Robbins e Anthony nlo hl'l!litam em afirmar: "A detprogramaçlo pode portanto ter viat a 1 :~·~..::,~:

e

:ai: Í0~~~: ~b~~'

8

ROBBINS,

:a!de {g~t~s:~.g:~ª&ªi~~~ New Reli.gi4~, Familie, ond

"Broinwaahing", in cit., p. 267).

ROBBINS & AN'l'HO.

NY, op.

vada, mo,tram que o emprego da acu1ação de "lavagem cerebr al" é fruto de uma opoalçAo Ideológica e não de uma constatação cientifica. O que reforçaaacueaçãodoeautoreaacima. de que N trata de um ambiente de peraeguiçlo em que "lavagem cerebral" é empregada como arma dereprl!!leão. Dizem e!l'l!I: "Algum, OOs qru se opunham ideologicoml'nte ao apareciment-0 dos novos srup08 re/igW10,, aplicavam aem wno. critica prluio. o, conceito• de lava·

EJfe~1ic~1:i&;ct!~S Contl'mpora,y ApplicatWM of Broin

~~~~ ~,~~~~t&m~~~n:,

op. cil, ~- 29). A j! atada pe.icóloga Ttudy Solomon enfatiza: "Rotular de .laua~em cer,.bro/

SerurdoosfdeplD$dDnvtDlll'11•1!ffl1Cfflbrll".11'1d1Í!IOlldle~dereip,sos1rdipJsas -como1n~ partU III totoquelatlliuum1 Pf(IQSSlocon'fflltul[nolllOslefGde l.lS Huelps (Esp,n~)-ftl'i(II porpidrles nplamenle 111$!!ros de c:omportarnenill, em que os llos cornunitioosse ~lffll lfllllimiente ,oloneodos 1nos, c:onstituóril'11•aaemaM1r.SemolosseHs1111,1Slnt1West1riap,llando'11-.,!lffllunbr1r1 bemdiie<

des<lfmp,11111ifdiosdoc:enooMIO,pelornenos.Nio,istll,1lijs,oqu111lrunsllllores11\rmamouinsin111mlSepma. leceromrtode'1n11jt111certbnir',seri1111pllnlld11piorpersepiçiordi&iosi,quejil!oullln1lüt6n1:1pe1$1!· (Uiçio blseld1 num1 ditadura de tipo 11$iqu1ilnco.

Eseea cientatu aociaia denunciam entAoaacuaaçloda"lavagemcerebral" como uma "armo. de repreu6o". tanto maia eficiente quanto d ei:ii:a 08 a cusados prat icame nte lndefe,01: "A en e ncial , ubJ etlv lda de d a. noçõea de lavagem cer ebra l e co ntrole mental permite lua utilb açAo como arma de r epreHã o. Poi, t sem· prep0ss/uel1u.1tento.rqrue1teouaqrule rrws teiro ou comunidade entrelaça de tal modo o• rito, , do~trina,, qu, aprisWno o neófito em rls1d1H podriks de penaomento . .... O 'livre arbltrio' dificilmente I um

1upre11lo de movimento• 11ociai1 e 1i1t emaa de cre nças impopu) a r e,. A noç6o de lavagem cerebral I uma arma soeifll ideal porque; 1) aupôe que os aut-Oridades n6o est6o qrurendo real• mente aup rimir a liberdade de opini6o, pois n4o estariam interessados no con· teúdo de nenhuma crença, mu sim no nwdo como esto foi imposto; 2) aua posstuel aplic~do nunca pode ser rea/.

::!~i! !:e':!!:í&.. JAMES ~;~~~1:: D1CK MCCARTHY, tft:~::J/;!c,t":;~·cit;,.i3Ji~OMLtY Deeenvolvendomai,aeuraciod.nio,

ctirebrol com.o arma .ocial provim l'm paruda supoak&)(U queapreocu~ de quem a usa mfo est4 centrada no conteúdo de uma crença ou opinúfo, ma8 aim no modo pelo qual euo cri'~ fôra deaenuo/uida (ou teia, mediante lavagem cerebral)" (THOMAS RoBBINS, DICK ANTHONY & JAMES MCCARTHY,

o,

t:::::1'j;:

':;~:::,.:~~utr;o.,r~rMvo&:./{:;!/ supõe qru os devotos da relisido s4o receptores pa88ÍUOll 00 condicWno,rnmto .ocial, ,. li.do pessOM que bu,cam um

3)

afirm.ameMeel'l!lpecialiataa: "A metáfora da lavage m cer ebral é melhor entendida co mo u ma arma ,ocial que o ferece um fu ndamento racional 'libertár io' pa r a a CATOLICISMO -

Ja.neiro de 1985

e,,,,nea,

H 11.io

perigo1a" (TRUDY

$().

LOMON, art. cit., in BROMLEY &R!CHARI). SON, op. ciL, p.179).

A ameaça apontada peloa cientiatu

IOciai1 é também rf!Ceada por dirigentes

a.Hunto de NU ponto peculiar: "P. - O ,r. estd preocupa@ com os afirmaç(Jes de que o.l/Juns membros de

~°t!~~1~~!~:1b~:tt:~

ui~~ rót ulo u1ado pa r a priva r a, pe11oa1 de 1eu1 dire ito,. O r,,r11umento I QUI' o, peH0OS 1ofreram lavagem cerebral e 1l4o 1'20 cap,ue, de decidir p0r Bi me,mas. Entdo nô& terM& que decidir por elat".

:n~1~~ 1~m~:;i::o /Z~d= v:::: Ro~e~~i':u~~li:=!;º::i~~:~ titucWnaiB. A utilidade conceito de laulJBtm do

MTHONY

7ri::,µar r:~~í'°;~~M:i:1:ee':!iuº:. tariamente, I cerlonumte uma prdtico

r~{E:!:i:a~~:p~=

de 80ciologia na Univereidade de Ne,

!ie~ :~e:u~i:; ?,lo~'::J;~~;:j~ provar a ocorrlncio. de 'fovCIJlem cerebral' ou. da coerç4o1O que para aieuém parece 11er coerção, pode aer de fato uma 1incera convicção religio,a. A U1peito de todo, 1eu.1 ooo/lÇ08, a ~ncio -midico. 1l4o pode di.stillllu.ir claramente entrl' o.a duo., coi,o.a" (apud DARR&L TRUNER, GoVl'rnment Role in Cult.a Po1e, Several Problenu, in ''The Catholic New1", jornal da arquidioce&e de Nova York, 7-12-78, p. 1-7).


4. lmpertante derrota sofrida pelos panldârios da "desprogramação"

N

08 ESTADOS Unidoa hA numeroeoe movimentoe orran.iiadOIJ pan o combate àa nova.e religiõea, 01J quah contam inclwiive com o apoio financeiro de fund.açõee. Euee movimentoe procuram orientar e dar apoio aoa paia que 11e moetram deacontentee com a participação de 11ewi filh01 na. ...im chamadu"aeiW"("eultt"),equedesejam afaaU.-loadelae.

Eminenlesl!:$l'.)O!CialistlsoortHmerielncs admrtem 1 ?(ISSÍWidmle dequ,lquer OrdemdetllUS11rJd11irej;,Ca16liclpoderqor1$er ati\iidlpc.-llO'II~ çio~.$0bopretn.· 1DdeQIM!O,Offl0'1'1!"1mltflllet<tbrlr'.Poruemplo.1prfticahlfóicldl wtudeeri$tlpc.-SinlllellSlllhl-1qllll1pmu

nalatDcomsu,s,rmbe ua,apnma,noC.rmelode ÜlfftlJ-poderiaSl!rllCll-

sadlde&ffluinGlnr!Dde IHIIJl)fflceff!bral.

Doi11lo 08 procedimento& adotad011:

o aeqUe.tro puro e 1imp\ee do filho,

:Oia~t~ t8t =:l)~~:::r:it~~ "deepro~amação"; ou o recurlO aoa 0

Tribuna:ia para obter a tutela deue1 filhoa maioree de idade, com o meamo objetivo. Várioa tribunail diatritaia ou etitaduaia vinham concedendo com alguma freqüência eaaatutela. Oprocenode"deapro11Tamaçilo",ao

i:nª~:.r~r~md!:~1:ªaª?o~!ib~d;ª~~ d~~,:!i~bi:~t~Y~~:~r=::i:: até a forma mai, dráatica, e também maiafreqUente,queconaiatenavirtual

:.::n~~o dri~!"Yu~!~reu ~1~-~~ d:m:ra:~ :~~b~ªdt::~ (~:ãa: 0

ou alguém que vive deue mltkr, aem nenhuma qualificação eapecial em teolotri,a, filoaofta ou psicolotri,a{3), procura

DAVID G. BROMLEY & ANSON D. 5HUPE,

rei!=.

JK., Stronge God.. - The Great Am~ rican Cult Scare, Beaoon Preaa, Boeton,

==

J:~n':~u: ~~d:9 são utilliad~ l:'cniCN como privação

1981, pp.186-190; En..EEN BARKER, With enemie• üJre that: •orne fu.nctioru o{ deprogromming a1 an aul W nctorian member1hip, in BROMLEY & RICH~ 0 SONÀ ~n~i~· de peaeou maioreedeidadeinterdituporrtuõe9 religioeae (transparentementediefarça-

~t!l~

:i!i:°J./r;!:B t~:à;~~~e·;i::J:~ de religião e de UllOciaçlo, cone~adoa

em praticamente todas a.e conatituiçõee do mundo moderno (inclusive u doe 00 Nou::~Jo~mt::!d~~Ü~~fo~ ela viola diretamente a famoea "Pri· meira Emenda Con.etitucional", que ver&a eepecificamente eobre esea matéria:

r::~~).

"Emenda I - O Congreno m!o poderá fazer nenhu.ma lei adotando uma reli11í1J.o como oficial do Eatodo, ou proibindo o liure exerctcW do• cult-01, crr• crondo a liberdade de polauro ou de imprensa, ou o direiW do pouo de ,e reunir pacificonunte ou. de dirigir o.o governo petiçôea para o reparr.u;IJ.o CU ogro~"(TM ConstitutWn ofthe United Stote, o( Anurica- Annotated, Unit.ed States Printing Office, Wa11hingt0n, 1938, p. 37}.

gemcereb-ral. O ÍamOIIO "ca.eo Kau" veio mostrar a incon11Ultência juridica das oonCffl!ÕN de tutela para eíeitoB de "deeprogra•

doª~~d!da ~JTi6~::rn:~~t~eº!

Comarca de San Francisco concedeu aoe paifl de cinco jovena "moonie•" (adeptoe da Igreja da Unificação Uni-

;:::1~i~ m~!n;;,~~i::rer1a:~~: -;:;;';'J~itJl;;,e!fe';!:J:':ieiJ4/: i:'::il:::J:. por uma aeita religWaa", conforme rezava a aentença. Houve recureo e a

Corte de Apelaç,õe• do Primeiro Distrito do Eatado da Calif6mia deu ganho de cauaa. a.08 apela?tes: "A Corte de Apelaç&• - d,z a novl?-

aentenço - pre1idida _por Sim,, cons1derou. tnt re outra1 co11a1; J.• .••.; 2.• o lei 1egundo a qual oproceuo foi instrui.do, era incon,titucionalmente vaga; e J.• a1 prov_a1 opresentadu neua cau.sa nlJ.o ju.sti(icavam a dtsignaçlJ.o de tu. tores paro a peuoa. A apel<u;i:t.o foi au.torgado . .... As prova1 apresentada1 nos autos para a de,ignaçlJ.o de pai, ~mo tu.tores de jouena adu.tw,, paro e{e,w, de 'desprogramaçcto· de idtla1 alegadame11-;te jn,tiloda1 ncn tuteladoa por umo seita religW,a, eram in1u.{iciente1para mo$· trorqualquerirulícWqiuju.atifica1sea deaignaç6-0 de tuWre• temporários . .. O fato de um tn·bunal tk,ignar aeu.s pa~ como tu.Wre1 temponlrios, para r/eil-01 IH 'deapro(Tamá-loe' de idéiaa alegadamente i.n.Btiladae por uma 1

::~~i~ei fl:::J:d! i;:ijri~ªX~~;': ven• adulto," ("Califomia Reporter'', n.• 141,p.234). Noe coneiderandoe da sentença, 011 doie juiZH que a e:a:aran.m citam uma outra deci&lo anteriormente adotada pela meema Corte de Apelações a retr· peito doe direitos do adulto: "O intereHe da liberdade de um adulto CATOLICISMO - Jlllleiro de 1985


pode ter um peeo 1uncientemente maior que o iotere11e do E1tado em promover uma 1aúde mental ótima; e que o Eatado nlo pode confinar um adulto nlo perilOIO, meramente para efeito• de tratamento de uma enfermidade mental de11a peaeoa" ("Califomia Reporter", n.• 141, PP·i!5!-:,1~ainda01ju1ieeque,a1ém da liberdade religioea, a Constituição americana 1arante também a liberdade de aMOciação e de expreMão às orga. nizaçõee qualificadaa como poUticu e nãocomoreli~Oflu. Foram ouvidoe pela Corte de Ap&lações um p1iquiatra e um peicólogo, da partedo1pai1,aoutroeeepeciali1tae,da parte doe apelantes. Sejundo conata dat con11deraçõea doe JU\zee, o pai· ~uiatra que te1temunhou a favor

.~!.~"ote~:~:1:;~:~n~:: Jo':~~~

de drofU, hipno1e, catiueiro fi1ico ou medo intento, nlo pa11ava de uma teoria especulativa, e que a& expe. rilncicu em que 1e bo1earam 01 ,nnt<Js dos pais n4o eram outro coi8a 1enllo as

1011" dea crenças "exóticu" que !hl!II teriam sido ali inculcadu por meio de artü'lcioe peiool6gíe011, oomo a "lava· rem cerebral". Entretanto, abertooprecedente,era

~n~~~a

~~e==e:~d!:9~= ~

:ee'!~~~Bzj~~a:a ei':1;3: eonveraõeeàsreligiõeldelivrepràtica no pais, como até meamo para reeolver problemaa familiarea aem nenhuma implicação reli,iosa. A.l!rim, regiBtraram·se ~ oomo o daquela mãe de Oregon q11e, em 1979,

~~:.~d~~:íft~,;=i= para "desprogramar" eua filha de 31

!W:iri!!e~~d:::~%::!1=:- :~: gi0110 ou crença estranha eatava em jogo: apenaa a mãe não g011tava do rapaz). O meemo Teci. Patrick {lira contratado ~!01 pais de duea moçaa maiorea de idade (21 e 23 anoa), porque elu reiristiem a aceitar o coatume tradicio,

~:: ~r!;~li=~:~ci: : 1:{"'i!: 11 filha.Bdevemmoraroom01pai.8atéq11e e,nee lhea arranjem um marido con· veniente (dr. BR0MLEY & SHUPE, op.

cit.;!a'r;~~tiooedegranderepercu• são foi o caso de Debby Dugeon, uma jovem canadense de 22 anoe que se convertera do proteetantiamo para o

~~e~:;~

8;~H:1:o~i:-~~re~~ diar a sua conversão. A jovem foi eon· duzidaa01Eatad011Unid011eaubmetida a "tratamento" par dll8a semaoa.B. Mu a jovem encontrou meio de se comunicar

E1te papel ne1ativo do1 movimento• anti-,elta deve-11e ao fato de que elea acirram aa relaÇõea entre pais e nthoe, ao procurar a aliança com 01 primeiro& em 11ua luta contra a atitude do1 filho&. Poroutrolado,,problemuded.iver1ência reli,:ioea não se 1'1:!110lvem com campaohu terroriltae de imprensa, comra ptoaou"detprojTamaçõee",mae comoeaclarecimentoaereno eobjetivo da verdade. Entretanto, para pel80a8 eivadu de relativitmo, o q11e11ignifica e 1

;::::::! ~erd!J:'1~t7o! ür.e=: !:!

aoluta, que movimento combate? Conforma Bromley, Shupe e Venti· mi1lia, profeaaore11 da Univeniidade do Te,cat. 01 movimentoe anti-lleita lan· çam mão de "h111t6r1011 de at,:ocuJade•" para detaereditar a, or,amzações às quaiaseopôem.O,referid01profeesorea ae11imsenpri111;em: "Pode-ae definir atrocidade como um foro que t co11,1idera® uio~ilo flagrante de um uolor cultural funda mental. Analogamente, uma história de atrocidade ta apresentacllo de tal foto (real ou imaginário) modo a: I) prouocar repugndncia moral, ao de,creuer circunatoncioda e pormenorizadamente uiol~1 de ualor; 2) ju,tificor, impllcito ou explicita mente, 10~1 punitiva,; 3) ~1em:adeorac6e&decontro/econtro a. 11upo11tol infT!J-t-Ore~" (The Role

de

°'

to:a7:::;!°,; :,t~i~~inmei~~u~i's: RICHARDSON, op. ciL, p. 140). O movimento anti·1eita 1e depara, poia,comoaeguinted.ilema:elepreciaa contarcomoapoiodoepai.8,muitoadoe

~~~!::.i/a~d~e~~~1itr:Jrida°. fu:mªO:~;t~: :Ii::.1~:!f~:ie: deatrocidadaa"("an«dotalotrocitiea"

:~e::~~àà1:SJ:r.:r~~~e~: KER, art. ciL, in BROMLEY SON, op. ciL, p. 340).

& RICHAllD-

6. Divisão da famllia e "lavagem cerebral" As "his'6rias

de atrocidades"

"Ro!JJllr comolnace,n ceretm!Qu,1Qi;erdl)Utrm1çlo eMioo,ouhklsoli1iQvlisetderevolunlln1ment.. ~ certl!Tl!n~urflneoeu1clus,,e ;ierieo,o". tdvtrte1 psiclilop norte-1meriean1 Trudy Solomon

ri~:

(?.é'alt

d:':~:'ecni~:aco~t:;~~:?.' íornin Repnrier". n.• 141, p. 250). A partir deaaa sentença, notâvel por seu bom senso e eqüidade, o número de conceaaõeadetutelade peNOumaioree so~ a alegação de "lavairem cerebral" c&u de modo muito 1i(l'tl1ficativo.

~- "Desprogramação":

um precedente ~oso.

de aplicaç6es ilimilãdas e inconll'Olâveis

EM

GERAL se ooetuma apreaentar 01 movimentOII religi0101 como grendee fatoree de divisão na11 familia.B (curio1amente não &e fala no proselitismo comunista, na decadência do, costumes, noa efeitos corroaivoe da TV e em tantos outroe fatorea ... ). E 01 movimento& anti·seitaa se aprl!M'ntli.m como oa grandes defeDJ10re11 das faml· liwr d.ivid.idR!I. Robbina e Anthony, en· tretanto, apresentam uma vilão maie reali,ta do problema: "O• membro• do mouimento anti· 11eita afirmam que o realidtuh 1ocial que e/e11 protegem I a inugridade do familia americarni. Porte do motiuacllo para conuerll&II ao, mouimentoa religicao11 popuk,re11 da atualidalk Ia decadl.ncia da uida fomi· liar norte-americana. Contudo, o movimento anti-seita não só fracaaea ao

::-fe:~

DE INICIO a "deeprojTamaç.io" vi•

~:e;~ro~e; ::~:;• dêncla" (THOMAS R0BBlNS & DICK AN.

:~~=de8J:p~1~h~;;~1;! aderido a al1Uma duehamada,"sei• ta5"ou"oov11rel.igiõel",para"libertá·

THONY, New ReÜgio11,1, Familiei and "Broin=hing", in RoBBINS & ANTHQ. NY, op. ciL, p. 268).

::. ::i:

CATOLICISMO - Janeiro de 19M

ou"otrocityta/e11'')are11peitodueeitas ou movimento& anticomuniatae, para j1111tificar 111a atlleçãocontraeeie..C:O. mo, entretanto, lazer ~ aem ferir a 1u&eeptibilidade d01 pai1 atribuindo aoa

filhr.::::~~= l!:-e~1:'!di"'i':

ma com qua se depara o movimento anti,eeita, e e a!Uda encontrada para ele: a técnica de rotulagem pejorativa doe JJrupoa ou seita.a. Lança·ae sobre tais movimento, a culpa d011 ale. 1ado1 ato, reprovivei1, poupando ao meamo tempo oa seus membroa jovene (mas não, evidentemente, 011 dirigentes), "No ca,o doa nouo1 mouiment-011 reli· gio,o,, o problema cam que se deparam seuacriticosaoaplicaroarótulo,pejo. ratiuoe l que o, noua, relig~asllo largamente compoatOll ~ jovent1 adul·

;:,!;;Z~ te

1/!~i°m":n~~tt~t:;,':r"::'.a~ dor'. Sustentar que u n.oua, relig~, 111'.o máa I, portant<J, difamar aqueku 'crianç011' que 1e 111,nra ,aluar e, indi· retamente, o, pai• que 011 educaram. Um modo re,olver dilema I rotular como mau• 01 movimento,, e nlo a 1eu1 membro., tratando-os indJvldualmente como vitimaL Um ruen te estudo (Shupe, Spielmann & StigoU, 19770: 951) deli,-,u quatro eta· pai progreHivu neHeproeeHo de rotu·

de

eue

:f4:q~~a~~{;1ti!'fJ!!t~ C:~~ por parte dos memb,..,,. daa naucu reli·

lilli&• parece redrair-,e ao 1eguin~ 1) meu (filM, filho, membro do familia) abracou uma relilli&J 't• tronha';2) somente ,nH00/1 intrinaecomente 'eatra


nhaa' seriam voluntariamente atraldas para tal religido; 3) meu (filho, filha, membro da familia) obvia.mente não é uma pessoa intrinsecamente 'es:~:~g1n1:l~~t::0s:~:ue'í:!:~

1

'6;!~

~~':rc~~et':.Í~ eYi;~~~:t'e.ºé: que Toch (1965: 226) chamou de 'a premiBBa da sedução'. Os amt-Os de

atroc_idades funcionam como uma etapa prtv1a, um prt-requisit-0 nesse processo de rotulaçiw, pois fornece uma 'prova' dramática de que 08 Moos grupos reli

t~';:df 1:if;:? ~'.11S~~;~ cy:~T 8: VENTIMIGUA, The Role of Anecdctal

Atrocities in the Social Coruitruction of Evil, in BROMLEY & RICHARDSON, op. cit.,pp.140.141). Comrelaçãoaindaàfacilidadecom aue oe pais aceitam a explicação de "lavagem cerebral", o controvertido psiquiatra Thomas SzSBz diz o seguinte; "Os pais de família querem tanto acreditar na lavag_em cerebral porque, de outro 1TI-OtÍ-O, teriam que reconhecerdian,. te de si mesmos que o filho, ao qual dedicaram 15 ou 20 anos, rejeitou a eles e a seUJJ valores" (apud TRUDY SoLOMON, art. cit., in BROMLEY & RICHARDSON, op. cit., p. 171).

tamente mau como ele agora afirma, por que ele abraçou essa causa anteriormente? Na tentativa de ex· plicarcomofdraseduzido, e confirmar 08 piores temores em relaçtJo ao grupo, o apóstata é levado a pintar uma car1catura do grupo, que é elaborada mais pela sua condição atual de apóstata, do que por suas reais experiências do grupo" (DAVID G. BROMLEY, ANSON D. SHUPE, JR., J. C. VENTIMIGLlA, art. cit., in BROMU:Y & RICHARDSON, op. cit., pp. 156).

8. Como comparar

mosteiros ou fazendas

com as prisões chinesas? PARA DAR alguma consistência à aua scusação de "lavagem cerebral" contra os movimentos religiosos, os adveniárioedestesprocuramestabelecer

:-::l~~:'~~~';.o':t! :: s=..~s ~~

~=

~1~:::~;!:g~:,e:;c~~!ã! fundir (ingênua ou maJevolamente), situações que, se de um lado guardam alguma analogia, de outro lado apresentam diferenças muito salientes para poderem ser tidas por coisas idênticas ou muito próximas. Segundo os promotores d08 eatrond08 publicitáriosedSBaçõeajudiciaiscon-

~o1:!J:~m~tr~~:~ uii;;~fts!:;1~~{:i dequeesteefariam"lavagemc:erebral" éofatodeconvidaremseusproaélitoa a pa.esar fins-de.semana em fazendas e iremmoraremmosteirosoureeidências que se lhes assemelhem. Com isso, dizem eles, 08 proeélitoe ou neófitos ficam sem contacto comomundoexteriore privadosdeinfonnaçõeB,anãoseraque\asfornecidasp,orseusgu.ardiães(como ~ prisioneiroe chineaee ... ), o que lhes tiraria a capacidade de julgamento para SBdoutrinMquelheesãoapresentadas. As analogiSB vão sendo assim for-çadas, e outros elementos novos, mais

Porqueok>sedenuncia oproselitismotomunista -•l~doptfmissMsmo mor1l,óaóewld1eiedos

7. O papel dos

costumes,óoselffl0$corrosivosd1teleYisioetc.-

de seu testemunho

quandoseenumer1mo:i litoresdetermin1ntesd1 desuoik>d1homili1,em

"após&atas" e o valor

vendo continuamente. E: um dos mecanismos normais da vida social. E: preciso ter sempre em vista

OOSSl~i?

BaoMLEY, Shupe e Ventimiglia estudam ainda longamente o papel do "ap,69tata" em propagar e dar con9Í8· ~nciaaessas"históriSBdeatrocidadee": "O papel do apóstata, que tem sido

largamente negligenciado pelos sociólogas, tem um peso significativo para desacreditar um grupo dissidente e para justificar medidas de controle social. Como um individuo que abanda,wu a ft ~ qual aderia anteMrmente, o apóstata t uma vali-Osa fonte de informação e pode representar o papel de testemunha 'astro' em processos públicos ou em campanhas de propaganda contra o grupo. Pode revelar atividades e segredns interrws rk movimento, de forma a confirmar as SU8peitas e as alegações contra este, condená-lo com um conhecimento e uma certeza que os de {ara ndo podem ter, e reafirmar os valores da sociedade convencional, ao confessar voluntária e publicamente o 'erro' e suas trilhas. Os a.OOstataB contribuem substancialmente para o teor inverossímil d-Os contos de atrocidades. Tendo despreza d-O os valores d-O sistema rkminante, o apóstata dificilmente pode esperar rtt0TU1uistar sua aceitaç4o na socwiade convencional mediante simples manifesta,;;do de que já perdeu o interesse pelo grupo dissidente. Cabe a ele mostrar, de modo convincente, que sua reafirmru;&. doii valoresrkminantestau tiintica, que ele compartilha com os demais os sentimentos de desaprovru;lúJ em relação àquele grupo, e que seu co,:t:::::i:~t:'::nio~mn:o;~r:si;Ocepr<á" blica aceitável, o apóstata senteprovavelmenteaiguma necessidade de explicar sua própria conduta. Outros poderdo perguntar: se o grupo é tão manifes-

interpretaçõeedoeautoree"clássicos" sobre 11 "lavagem cerebral.. chinesa, procurando identificar ali os elementos desta: isolamento, controle da informação, humilhações, dieta alimentar pobre, privaçãodosono,doutrinaçãocontinua, auto-acusação em público etc. Acontece que, oomo ficou visto na primeirapartedestetrabalho,todoeese proceseosedeeenrolavadentrodoscár-ceres chineses e sob a continua ameaça, quando não a efetivacão, de viornncia fisica brutal, e na perspectiva sempre presente do confinamento em um campo de trabalhos forçados para o resto da vida, e mesmo de fuzilamento. Não se pode estabelecer um paralelo entre a pressão violenta dos companheiros de cela (igualmente em processo de "educação coercitiva") sobre o prisioneiro, e a mera pressão doe pares, verificada em qualquer ambiente onde se encontrem regularmente várias pessoas da mesma condição. Entre oe irmãos, em uma familia numerosa, entre colegas numa sala de aula, entre amlgoa num grupo de esquina ou entre funcionários

w: ~ri~~~[~ª~~~~~:,º!::~

pressão doe pares está se desenvol-

subtis, vão sendo acrescentada$, para dar maior verossimilhança à afirmação de que se está em presença de um "8ofisticadométodo"de"coerçãopsicológica". Um dos autores maisabvose

~;d;::~r~t;~;::::::: :

Kilboumeíazemoseguintere6umodeesa montagem artificial, que passam depois a criticar: "A conversdo a tais grupos

tambtm é conceituada essencialmente em termos de um modelo de re,sociali zaçiw em três etapas. A primeira etapa consiste rw que temos chamado de controle d-O estímulo e no tlpico processo rk despojamento. Supostamente, os indivídUCJs que sao atra!d-Os ao grupo recebem interuia aw~ao personalizada, sõo submetid-Os a pressões sociais extremas, bombardeados com rituais e atividades, privados do sorw e da ali mentaçao, e sll-0 sistematicamente induzidos a estaoos alteradosdeconsc~ncia. Esta priffii!ira etapa é colculada para 'amaciá-los ' e fazer com qire o neófito seja mais receptivo ds idtia.s e ideologias, muitas vezes estranhas, próprias da 'seita'. Na segunda etapa, de controle da reru;do (isto t, treinamento e identificaçao), o neófito é submetido a uma


'maratona de oonferlncioaeointen,'!8 otiuidade, de piedade ou confenionaia, calculada, paro manter e fortalecer o receptiuidade 00 neófito' (Clarlt et oi., 1981: 14). O neófito I induúdo con1tantemente o odcitar e o e11,aior idliaa, pr6.tic<l8 e comportoment-0, aprovado, pelo ,eito. No terceiro etapa, de controle normotiuo e renaacimento do nouo eu.

o,

:e~!~'::f.fJ:le~~ª~1://_º:~c:c~

~mao pouco o pouco o adquirir uma certa autonomia, à meduús. em que ú,UI, com o aritisa per.cnolidode paro t-Omar po,Í· ,içlW preponderante na con,citncio' (Clark et ol., 1981, J7)"(RJCHARDSON & !'c:~U::t!.1i1:·~iJr:r,:!i:.t?f:s"'G:.

~~~~YC&mr:~::~:o:o~, ~;'.tâ~~'

p~

37-39).

Trata·&e, como ee vê, de uma boa moetra de verdadeira "science-fic• ~;:;~::ai:!:frtfci:1~R:doe:,~, ~e:':. cepção de duaa penonalidadH que lu• tam dentro do mesmo homem, como doi.s contendoru em puiina numa arena, pa· recetiradadiretamentedaalucubraçõee deFreud,doconllitoconatantequeexia· tiria na peuonalidade humana, pela luta implacável do [d e do Ego com o Superego (mito& criadoa pelo pai da Psicanáliee). Rigo~nu~1icJ~~~:,,t~t!°Z,~~= 00 proceuo de conuer,do feito por Clark ol ,erue como uemp/.o útil para

et

muitos cú:>, qucue,modelo, de lauogem r:,,rebral, na, conucr86e1 à, nouos reli·

o neóflto como um recipiente paHivo de mudança& de vida que recebe uma pereonalidade nova, como reaultante de um desequilíbrio das relações aociail gi&,. &te, apre8entam

rru~t!!~to: tt~=t~~~rr~ & op. pp. BROML.EY

RICHARDSON,

ciL,

37-38).

E, em outro lugar, fazem uma critica mai.e geral: "A personalidade do Individuo ~ vista, por 11q~IH que adotam uma

~~ra~~~~ d:e~{~:t,ªC:~~~ªr::;:

OPrlll.J.T.fliclllrd11111,d1LlmmSldldedeNevldl (E\JAI, lfilffll Kndllllel111 Qut tlS P1rtidir1t11 dt 1m d1"\lv1remcerebr1r'julpmqutohomem?()d1mudir seuserllr11isdetr1nsform1ç6es!!Jico.biolép:nt11J psicol/cicn, come o bicho da sel!1 ie tr1ndorm1 em m1ripo51. lrlll-R, pois, de uma eoneepçlo evolucio· n;~• e m11eril lisll d1 n1turtll hum1n1

Os m1is diYersoo 11-P')CWs d1 •id• reliaiou, desde I doutnn1çlo 1\~ 1 fruplidlde OI 1~ment1çlo !ICI rt1eótltio, são q<.1estll)n1dos peta 1!1111 prop>i1nd1 ''ter1pfutita" 111~-rei(IOSI. Asslm.1 dieta 1U"*'t1r1 que se wbmelemute mot11ecistercitnsesdaAbadildel'llbletfúpinh1lctrllment1tcntad1pek,sckfensoredelll''te11p,!utica".

determinada por podero•aa forças instintivas, biológicas, e11lturai1 ou aociais. O, indiulduo, 84c> aimple,men.· te receptores Pf188i1J011 de ,uaa peraon.a-

!'f::'r!'o!º;u!t/:;/i':o.So}:fe~t"; ~'::t

tenra in/6n.cia t1U à idtuh madura. A ,upos~ILo meta·teórica da autotra,uforma,;ILo I tam~m euiden.te em cada um dos quatro modelo, df! laua· gem cerebral [Sargant, Merloo, Lifl.on e Schein]. T,to 1, o eu da pessoa pode

•er transformado em novae formu do eu, como 01 bicboa-da-aeda ~ transformam em borboletas. E,ta 8

!~~·~!fo~ 1fenia~en:i~:e~a~ (RICHARDSON & K!I.BOURNE, art. ciL, in BROMLEY & RICHARDSON, op. ciL, pp.

"::t::,::::f{,;,::

,:i;::tere~o~~t: A parcialidade inerente a taú amostras, e a con{ia,u;a exagerada no, relato, biogr6.fico,, limitam en.or~mente a

34-35).

Oa doa cientistas aociai.emoatram quanto é forçada a comparação entre

o proeeuo de convel'!IAO nas eeitaa ou

movimentos religioaoa e o proce!ISO de "\avagemcerebral".Poroutrolado,cri· ticam ageneralizaçloee11tereotipagei:n daa seitas e movimentos religioaoa mal& diver&011, c:omo eeeetrataaaedeumae mesma entidade global:

,::!s::,:

10

ao ;;: ,Í., d~l~~e°:i':r~rtr:~ para explicar o ingreno de penoaa em nouo11 grupoa rel1gw,011 BlW: 1. USO DE NOÇ0ES ESTEREOTIPADAS 0

E SUPER·GENERALIZADAS DE SEITA: toda8 cu,eit<18allogenericamenteaprnentad<l8 em termo, de regime tota/Jstico, r:c:s~:1n.cia forçada, fraude e p8icopa2.• EQUIPARAÇAO IMPLJCITA DOS M(), VlMENTOS RELIGIOSOS OOM INST11VlÇÔES GOVERNAMENTAIS QUE USAM COERÇAO FORÇADA [priaõea e campoa de concen·

tração J: ten.déncio a ndo leuar em con.ta o fat-0 de que o proce,.c de reforma do perl8amenh> de,crito por Lifton, u,aua prenlJes de companheiro& den.tro de um contexto maú amplo de coerçlW (üica explícita e de con.fin.amen.t-0 forçado,

cr;:;:::::::-;:;~~~;;;,;::

Jo.:r:.a:te CATOLICISMO - Janeiro de 1985

3. 0 A SUPOSIÇAO DE QUE AS PESSOAS SUBMETIDAS A CERTAS TftNlCAS DE PER· SUASAO CARECEM DE 'LIVRE ARBlTRJO':

Hta ,upo,~60 isnora o fato de que o /iure arbítrio I maia uma premina fikr K>fica do que um c:on.ceito merl8urtfoel; /znora tam~m a realúlade óbvia de q~ ui11tem muiK11 individuo, na-~ dade atual que n.lW 16.0 inteiramente aut6nomo1: 4.• QUES'TÔES METODOLÓOICAS." IJ6.. riotl e1tudo1 que ap/icom 01 escrito, .cbre reforma de perl8amen.to ~ nooo,

Bromley e Shupe ressaltam que a doutrinação e a disciplina severa imPo•ta• a um conjunto de pessoas em regime de internamento (freqüentemente apresentadas como caracterlaticaa principais de "lavagem cerebral") não têm, na realidade, o efeito de transformar as peHoaa em meros "rob61", •endo adotadas

d:1 i~d~~[d~~~a':id~ ~:~!:cidad~i~: 1 1 1 ~:C~ ~~1af: J:: Fo~-:: I~~~-=!ª! também em oonvent.oa católiooa: "Em outro estudo cláuico, o ,oció/.ogo San·

ford N. Dombuach aaminou aa fkn.ica.s de doutrinoçdo utiliztuk,,, n.a Academia

Naval Guarda•Costeira doe Eatadoe

Unido,. 01 cadete, 84o primeiramente dHpojado, de 1uaa identidtuh, ciuú anteriore,:,uaacabe(aa,lloraapada,e lhe, entreg11m uru{orme,; ,eua antigo, emprego,. realiza.ç(Jes e Ja,;o, familiares, n.cto ,ó s4o de,ua/.orizad-Os, ma, mui· to.a ue:e, ,um lhe, I JX!rmitid,o referir-ae a ele,. Um novo 1i1tema de prlmio, e ca,tjzo, ,ub,titui gradualmente 8eUII ualore,,eeleuao,nouo1objetiuo1-01


intelectual e d flexibilidade; e que, por· tankl, aquele, que ,e 1ubmetem a a/suma

:6::J:! ~:ci~f:O::::!t::te::i:t: tºe:;_ tud-0, h4. ,teu.lo,, o, homen, tim aderido

voluntariamente a m.ouiment01 Wtalístico,; e inclu,iue muiU/1 dos ncritOI sobre o Cristianisml) em seu primeiro úculo de ,:xi,tlncia, apruentam os c:ri1tãa. primitivo, em termo, WtaU. fico, e auton·tdriol" (THOMAS ROBBINS & DICK ANTHOSY, op. ciL, p. 267). Finalmente, Stuart A. Wright, do Center for Urban Chun:h Studiea, refuta oargumentodanecNJ1idadede"deaprogramaçAo" coercitiva para "resgatar" oa membroa daa seita.e aupoetamente vitimaa de "lavagem. cerebra1". Conforme demonstram vánoa eatud011, o número de peHoa, que deixa volunta-

Os aenll$tu soc,11, 8rornlty • Shull' rmaltlm QUI 1 ~ e I discipli111 seffll imposll I um lfllPCI dl peuo1s em recimt de lnte.111tnefl!o IIJo lfm. na rulidlcie, o e1ei!D dl lranstor~, • peswa$ em llltí0$ ''robk". E .crescentllm que tllis t6cnicls ilo utilizadllS tofl'lfllemtflle nos e1mp;g de trei111mento de todn ai; lo<ças al'fnadH tcomo o~• ACldemil Miitar dl Wesl Point llos fstldog lJni:log,que se~ 111 loto), e em muito$ ~oentos ernosteir0$dll1re,1Ca!ólic:a

da academia militar - acima de quai1· quer outra, lealdades e int~reue,. O contacto com o mundo exterior , e,t ri· tamente controlado. A principio, a, cor· ta, e o, viaitonte, nao,aopermitidos. Ati me,mo a, ref/ex(Je1 pe11oai1 ,obre 1ua vida atual 160 de,e,timulada,; 01 dúlrio1 Intimo, ,ao proibido,. Segundo 01 padrDea civi, convencionai,, o 1i1· tema de vida eh! um cadete guarda· coateiro i re1tritivo e mumo reprenivo. Ele remodelo 01 valore,, altera a, per· 1onaüdade1. Dilciplina o, indivldUl)I e ~:l~m~:!Je"°::~~:~~':,n!i~ m.ilarea do utilizada, correntemente noa Clllllpol de trelnlllllento de

todu u f~rçu annadu, usim. co-

,~.

od1 - The Great Americon , Beacon Pre&1, Boston, 1981,

A

PSICÕLOGA ,ocial Trudy Solomon pergunta: "A coerção pode afetar claramente o comportamento, ma, como rodi·

w-

nente11:acre,centaqueumape,10aa61e modificarealmentequandopauaater uma motivação interna e nãoei:ierna.

~"..j:!:; ~~~J!r!!ªq:::i1:e~:.:~:: novo comportamento. Ora, não é i,to preciaamente o que earacteril:a uma converdo? Eil aa palavra.a da psieóloaa:

"O u,o exclutivo da ~rç4o ft,ico, tal como u dd na 1ituaç4o extrema de lovallem ur-ebral, num e•forr;o para mu• dar tanto a, atitude, remo o remportamento, tem deml)n,trado 1J0$1Uir pouca e{ic4cia no que diz re1peito ao, efeito,

permonente_s. Embora se poua obt~r de rrwdo relatwamente fácil a subm,ullo temporária dentro de um ambiente coe,. citivo, uma uez qW! a peuoa é retiroda de tal ambiente, suas atitude, e 1eu comportamento geralmente retrocedem uoltando a 1er o que eram ante, de elo ser presa. Embora a mera aubmiHão do comportlllllento {mudar de comportamento para obter uma recompensa ou evitar um cutigo) poa,a aer um re1ultado final apreciivel na 1ituaçAo de lavaaem cerebral, é claro que não configura o resultado desejado, tanto pela procramaçlo

;;::~~ªE:~tJ:r~:Fm::~{t~t; extremamente Wto.llatico, como i o ca,o

de um campo de prilioneiro, de guerra) qualquer mudança patente no comportamento tem que aer acompa· nbada por uma mudança, de ordem mais elevada, na• atitude,. Tail mu·

da~as incUU!m a úhntifi,xu;llo, mediante a qual a peuoa ,e amolda ao, outro, para e1tobelecer um relacionamento 1atitfatório; ou a internolizaçdo, mediante a qual a pe,soa muda porqW! reconheceu que o conteúdo r:/() novo com· portamento é intrinsecamente atraente, e portanto satitfaz a alguma neceui· dade (Kelman, 1978). Esta mudança da, fontes extrtnseca, de motivação para as intrinsecaa é de importAncia crucial para que a traiu formação 11e mantenha ao lonll'o do tempo. Uma vez q~ o comportamento ou a, cre~as não eltllo mail sendo com:ii· cionadat por fatore, externo, ,ubmil· 1tlo, refarr;o)ee11/e11,par11uu1111ez,(ura1n 1ubf!tituldo1 por ml)tiuaç&1 intrin,eca, ou internas, cu mudança, produzidas por tal proceuo podem ser baltante inten1cu e permanentes" (TRUDY SOLOMON, art. cit., in 8ROMLEY & RICHARO. SON, op. cit., pp. 171H79). AliA,, como res&altam Robbine e An· thony, portrá1 da alegação do emprego da "lavagem cerebra1" eatà impllcita a afirmação de que ninguém abandona de livn eeapontAneavontadesuaprópria liberdade. O que eatà em ~ ntradiçAo flagrante com toda a históna do mona· qlllllmo católico e do próprio Cri,tia· ni1mo: "A supo1ição impllcita daquele, que defendem a de,prograrmu;4o ~rei· tiva parece ser que nillllidm jamoil renuncia voluntariamente à liberdade

Se Ónúmero dos que aaem voluntariamente é tão irrande, como acusar de falta de liberdade, de"presdo f!!~lót~~·~~:J~;1a':m!:'o df~:r:i;

~hl:!, c:;J:: cerebral"?

:~:t ~-!~~:: ~

Neua me.ma linha, t interessante o e,tud o de Mlll'C Galanter, do Albert Ein,tein Colleae or Medicine. Acompanhando um pl'OCl!UO de J'eCJ'Utamento do, "Moona", numa aeqOência que dura 21 dia1,divididaemváriaeetapas,ele conatatouoaeguinte:àprimeiraetapa de 2 dia.a, comparecem 104 proaélitoa; deaeea, apena.a 30 aceitaram continuar o programa na faae.eguintede7dias. Portanto, Jogo de inicio houve uma da. 1i1tência de 7l'fl; para a nova etapa, tamWm de 7 diu, ficaram 116 18, ou ttia, 17<Jli do númeroinicia1de convi· dada.; no fim doe 21 diaa do programa de recrutamento, reatavam apenas 9 pe,aoa.(991>dogrupoinicial),queada. riram ao movimento. Quatro meses da.

=~~~:!1e!i:':i':! :}::

l:~a~~d! foi raptado e não retornou ao grupo. Aaeim o resultado final foi de 6% do total inicial de prosêlito1 (eh. MARC GALANTER, Group lnduction Techniques in a Charilmatic Sect, in 8ROMLEY & RI· op. cit., pp. 183·186). Ondeeet.ioa,10fiaticadu"téenica1 psicológicas", os "irreeistivei1" mei011

CHARDSON,

~~·~:f;~,~;:::8!i:O~rg~ 10. As con<IIIS6es impan:ials de um

rela16rio a:overnamen'81

!:J:.1!~~1:,V!i~~=:

de logo Daniel G. Hill, que vinha traba· lhandonoeeerviçoeligadoeaa.Direitoa Humanoa, de coiutituir uma comi.Não de tknicot para eatudar em alto nlvel o problema posto por movimentot religioaoa e p1icoterápico., ,urgidoe noe últimoe anoe. Sobretudo ae tinha em villta

CATOLICISMO - Janeiro de 198.5


giõee". Entregou a partepaiqu_iátricae

de aaõ.de mental a um conhecido estudioso de problemu da adole.cência e doe movimento& religiOIIOII, o Ih. Saul

i~:t:Jedi:d:tJ~!!:rtde d:

Toronto.

con~!f::: :~~':ui~~:a~d::Se11~: \istaa e instituições do Canadá.e doa Estado, Unidoa - o relatório foi entre~e ao Governo de Ontário. Seguem algumaa du conclw,<',ea duae cuida-

doeo e bem documentado eetudo:

metáfora altamente colorida e intrirante, para e:a:plicar o que acontece, não eomente no, movimentoe aqui e:a:aminadoe, ma• t.mMm em multa• outra, organizaçõe1 em que se e:a:en:e muita pre•llo, e que têm lidere• carismáttcos e causas particularmente motivadora•. Me,mo o, para/ele, que Robert J. Lifton, e outro,, traçam entre a lavagem ceubral clá•·

:~~:o:.·r.t.:::::~ª::t:: de'm":n~:

trar que amba.s sejam aJro mais do que proceeeos meraniente anlloeos. Como aa1inala o Dr. Levine, cada ca· racterl1tica CW controlernental[1inõni· mo de "lavagem cerebral"] indicada por Liflon e,tá ,ujeita a umo interpretaçOO ampla"(op. cit., pp.546-547). ..0

MUMU t'KUIJl..1'MA SI,' UÁ l.,'UM A

HIPNOSE - 0 problema I muito parecido no que dU u:,peilo d.li acu,aç6e1 de que o, grupo1 praticam hipno,e. .... A lkfiru'ç/Jo do termo, para efeito, legillatillOf, parece ser atualmente impoufuel. Funcionário, do Mini1Urio da Saúde de

~~ta~a d::t'':eª:J:C,, u;::,~

~~=:

nenhum con,enao de opini4o" (op. cit., pp.547-548). "CONCLUSOES GERAIS - •••• Nenhuma das fontes que o pre1ente estudo conaultou, incluindo muito8 pelquiatru, puderam definir conceitos como lavagem cerebraJ o u coerc:ão mental, em termos le,t1lativo, fun-

:~;:1~~':i1:t1:;:i/~~~~:':/,!:le:e:= uaam Ucnica, de desenvolr;imento rnen· tal e ,imilaru, de modo qualificad-0, e aqueks que a, Iliam de modo nOO-quali·

Z;:°~.;Ao~:1fr:kc~ J:edZ~i:om~uJ:: uma ,eit.a ou uma nova religião, para efeitos legielativos, em termos que satl1façam os ditames da ju.stiça" {op. cit., pp. 588-690). Por seu lado, o Dr. Saul V. Levine, peiquiatra chefe do Ho1pital de Crian· ç88 e profeuor de Psiquiatria da Escola de Medicina da Univeuidede de Toron· to, em aeueetudo ane:a:ado ao relatório entregue ao governo, diz o seruinte: AIIIÚIIII inftufocil,enlrt0$metl'lbf0$doilll'UpolS50CIIÍS

fumdos~lll$ll'IOS norm11Sdlnli..,~ EntrtlllnlO, lliuns q1111ibm Ili inllulndl - inll!ir• 111entellllllrllno~hum1no-lle"1n11tmC11"ebr.r'._ "LAVAGEM CEREBRAL E HIPNOSE -

.... Me1JT1UJ ospes1oaa moi1feruorosa,. mente hostis d8 seita.a entrevistada.a e,tud-0, não puderam apontar diferençtu1 aubltanciai.8 entre o controle de ambiente efetuado numa seita e 08 rigoree de um retiro monà1tioo lon,tnquo" (DANI!L G. Hll.L, Study o{ Mind Deuelopment Grouin, !kcu ond Culta in Ontorio IA Reporl to tlw Ontario Government, 1980, pp. 542ni!lte

545).

"EntiJo a lavagem cerebral e a hipno,e tifo fato, reai, que ,e d/Jo '10$ movimento.? Ou soo i,naseM inadequadaa que um e;r;-rnembro e 1ua família pode, riam utilizar para livrar-te da u1poruia bilida& 1k um epia6dio embora(Wo? O ntudo n4o apraenl4 uma u1poata concludent4? para euaa perguntaa, poi, parece não eristir um firme consenso eobre elas, mesmo entre 01 que se dedicam ao estudo da mente. Por aa:ora, o estudo admite a 'lavarem cerebral' eomente como uma

CATOLICISMO - Janriro de 1985

;:a:~cko':::::::~~u:::::rw":1:,~

ualU.ado muita, entuuiltu, e,tou con~ncido de que e;r;ilkm aJRun, ponto,; 1k coinádlnáa entu aa tática., de recrutamento e conver,00 uaadu por algun, grupos de desen~lvimen~ men· tal e ,eito.a, e as Ucmcaa cltmca, de hipno,e e lauagem cerebraL Semelhanças exietem, mas as diferençai silo 1uficientemente grandes para que u acu•ayõe• e denúncia, com base ni11110 Jl.f';!Rm qullllf! lmpn11,oivP.i11 ,1.., provar, e, de oull'O lado, sejam rela· tivamente fâceis de refutar" (op. cit., p. 699).

An~o!:"i :~~~evem Robbin,, '"A metáfora da lalXllfem cerebral euoco: o modele médico de um comporta· rnento diferente como ,intoma 1k pat;o. fugia ..... Este modelo médico e:a:erce atração aobre uma sociedade que ee encontra em crise moral, porque tem uma aura de objetividade cientifica e porque releca ao serndo plano os jubos morllls implimtoe inerente, ao uerctcio do controle aocioL Nu.ma lpaca de vokiu, em mudança, u autoridade, n4o :,e inclinam a reconhecer

~~ Ji:el~~ ,~~~~°:e ~~'{:~:J~

vez mala em psiquiatras que ju1tificam e11as intenções, baaeando-aa em argumente:, Ura~uticoa humanitd.· rio, que permitam controlar o, dit,i· dent4?11. A lavaa:em cerebraJ torna-se assim um conceito-Ullltnunento do 'E,i.do terapêutico' ..... Al,un1 psiquiatras reivindicam em noHoa dias o direito de decidir ~::i•or~IJ!!~:~giii:1~:. ~~e~ ANT!IONY& JAMES McCARTHY, art. cit., BROMLEY [ RICHARDSON, op. cit., p.

in

325).

=~:w1i~:;.~rd~uce::~~;

~e res,tirando,lheaalegitimidade,como demonatram Richardson e Kilboume: "0 rótulo de lavagem cerebral funciona eficazmente como uma fronteira para definir os comportamentos aceitáveis e os Inaceitáveis, e para aeparar o individuo de1viado de 8eu{1) grupo(,) ,ocial{i,). Maia ainda, torna-a e um melo eficaz para desleritimar reivlndicaçõe1 lerftimlll, e para atribuir falsarnent4? a origem de MI/Of uakiu, e itllia., a uma condiç/Jo ou e,tado patol6gicol. O palavreado wbu a lavagem cerebral tamblm oferece â ultima uma lk11culpa p,i-fabri-

Em l!M9o escntor in&lnGeor1e O,wdtsereveu1 IIOfftlmul\d'ilmtntti:onhecid1"J984".01UIO(im1· Ji111qutomunclo,aethepr11$$16poel,sen1dominldo por'*ruditldur1tfflque0Estadocontro111111Ddis1S 11MdadesdosCldadios.Aquelesquenloseeonf«rn.u, serncomlllordtrn6teoisz$serilmsullr'lletlclos1u111. mcn\0$psiQ...-neos1r.ideser11111IIICldifitldos.Nlo6 OQutic6S.-.111R6ssllrtulllS6111RlaSIIJCOm1u6lillçlo da "desp,-ocrfl!llçlo" nlo ~ p,1r11 dilldura do Estadolotllitir.. ps,quiíb'il:oqUl/l!Stlll'IOSCHllfthandol

li. Rumo à mela final: ~?polqulálrica

O

uso e o abueo da acusação de "lavarem cerebral" abriu o caminho para a crescente apreee ntação do problema dos comportamentos religiosos, politicos ou sociais, em termo, médicos, de patoloria ou sanidade.

11

~-

11,

r


cada (por uempl-0, 'sei qu.e o qu.e fiz utovo errodo, mos ndo i culpo minha" (JAMES T. RI CHAROON & BROCK &

Kir,.

BOURNE, art. cil, in BROMLEY & RJ.

::Eiº~hi~~o~~~~=ei:

In1titu.te o{ Ttchrwlogy- aponta 011 pe, rig011 de ,e aplicuem 011 oonceitoa de ,aúde mental ao oomportamento du pell,80all,poi,iatonãoe6invalidaeue oomportamento, fazendo a peuoa perder ,eu1 direitoa ou a capacidade de def"endblo., mu traz conaeqO.ênciu maia

tmgi.caa. Na Alemanha nulsta, 01 primeiro, a aerem ezterminado1 foram 01 loucol; na Rú19ia, 01 dia1idente1 do clau_iflcado1 como "lou-

dor, porpree1ãodotlldereereligioaoae da opinião pública, previa o tratamento forçado,a"de1progumaçlo",para011 membro1 de religiõ-e1 que pratica.sem o "engano"ea"coerçãopereua1iva"("la· va~: a':r;!{aªJ:~, do cientista do MIT: "Quando o conceito de 'doença mental' é aplicado ao comportamento, torna-se inválido. Poil vicia a ,upo1ição de que toda peHoa é re1pon1áve l por 1eu comportamento, ou é capu de defendê-lo. Nó, podem<J8 ,er ou lt4o copaze, de de{eruler noa,o comportamento de moda adequa· do ou. eficiente (q~r dizer, i po,1lvel q~ no,110 culpa ,,:jo provada), mo, oo m~ rim i dada o ponibilidade de ten· lar de/endl-l-0. Mo, a ,upo,içdo de q~ a/,glu!m i Wutti retira o ena peuoo o dirf!.ito de d.efe,a q~ todo. posaulmo,

no,

tu IIIÍl$ÍI, 0$ dÍ$SÍdefltes 1nlicomllnistas $lo Qu1ifados OI loutOI, Modo wbmelidos I tntlme11tos psiQu,ítncosem elÍliCn.Umaóestn,olnitituloSerlbskin,loc1liz.OOempleooce!ltroóe~011(fotol.Osreferid0$!J1t1mentos provoeamdesequOibri0$men~IIO$~íenttst1t•1rnorte

com<J cidadtJw. Por exemplo, em uma

ocasiões]. se diz _QI#! ,e um membro e certo grupo religioso n4o compreerule o necessidadede,ersubmetidooumtra· tomento para romper com ene grupo, i,to i um.o:prova de incompetlru:ia men· tal .... O conceito de invalidação é um ln1trumento terrivelmente podero• 10, que pode 1er utilizado também contra 01 diHidente•. Poi•, ae um diHidente é eficazmente rotulado de louco, 1egue-1e que nflo tem sentido prestar atenção ao qu e ele e11tá dizendo. Do ponto de viata politico, a inuolidm;4o do comportamento polllico de um diasicknte, 'provando' qru ene compor· tamento i fruto de um.o: doerl(:a mental, é muito mai11 eficaz do que matar o di1111idente. Matando-o 11e {orá dele um mártir. Tachando-o de louco, tud,;, o q~ ele di,ser ,oord suapeito, como suapeito 5erd quem quer qiu siga 1eu exemplo. Pode ,er algo du.ro poro nó,, aup<r nha, uer 08 semelhanÇ08 entre um /a· m<JI O di8sidente polltico na Uni<10 So· viitica, e um rapaz ou uma moço que

foge de ca,o P_Oro juntar·8f! ao mo~i· menta Hare Kr11hno, à lgre;o da Ur11{1· caçdo, ou o quo/q~r outro grupo do qual nunca ouvimos fala r. Mas nosso de,ejo de rotular a es8e rapu, ou a

f!tªe de~:;çf~1~:~s':&:it::!:' t~~:=

.:'1i.

:::~;eºrJr:on.!!~°:is~leS::::

q~os

tico/ p~:Ci~n::c:,t:!!~:~~ primeir<M po.880I para o e:rtermin~4o de doente, mentoi,, ou ,,:ja, doqiules con· 1úierodtn com<J n4o sendo mentalmente

ti:~ ~~c:::1/::~:-'=n~=r~:

prevalecia na ,oeiedode akm,J [dura nte o regime naziatai Mtu existe um.o:parte dtna história que airula n4o contei. Um do, argumento, maiB fortes u.,odo, na Alem.o:nha para matar o, paciente, men,.

:e:adCW:'::k1::t(ií194õj_ ::r::,':me~

toda por muita, problemas económico, uvtr<U. O argumento dod-0 era q~, em altimo análi,e, ,ata moi, borato m.o:tar o,piu:iente1doq~fo:zerqua/queroutra coisa. CreiQ ql#! ,erla um erro 11upor que e11e proce110 era fundamental· me nte diferente do proceaso ,ocial que rod eia a 'de,programação' hoje em dia. Isto, pen,o eu, con,titui maté· ria ora ,e IJ8ar 1eriomente" (STE-

1980,pp.18-19). A ameaça que eurge no horizonte, por detráe de toda e11a campanha d e acu1açõe1 de "lavagem ceNlhral", é a da ditadura paiquiátri•

~a!~!1::dieT::fif !!:í:t~1;!! 11

arma de repre11ão poUtica e reliJio1a. Se aa tendénclaa apc>ntadll8 neste trabalho continuarem a se acentuar, não e1taremo• caminhando apenai para um tipo de E•tado ditatorial em eupremo grau, mll8 tamMm para a maior peraepição reliJio1a que já houve na Hietória? E ena perepecti"'a "orwelliana~ nun· ca pareceu tão pró.:ima derealizar-ee comoneeteanode... 19&1!

CATOUC ISMO - Janeiro de 1985


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23


permanentemente o uso normal de suas faculdade,, não se pode dfaer o mesmo. Pois enquanto se encontran!m nea.se estado, eles não estarão em llituação normal. Assim, nada impede que se denomi· ne "lavagem cerebral" tal processo de tonura flsica e pressão psicológica e moral para arrancaroonfieeõesde um prisioneiro - ou mesmo fazb-lo figurar em "julgamentOll·show". Mas, como demonstram renomados autorea, cujas ci· tações constam no presente estudo, não se está em presença de nenhum processo novo, nem misterioao e muito men06 "mé.gico". Assim, defendem essa

t~d:; ~jfr~~~ew&1:~~~c:Tr°i:: ~:~!i ~!~,~~~d Mett'.:it~:iUi Nd~ Washington; Louis Jolyon West, Chefe do Departamento de Psiguialria, New-ologia e Ciênciae do Componamento da Univenridade de Oklahoma; e James A C. Brown, ex-diretor do Instituto de Psiquiatria de Londres. Convém remarcar

d:~~ PJ{:~: ép'af.':'.ft~~~s~ll-

~r~:q~!~ºJ?!~~/~U:·fur são moral, ou por terem sido privados temporariamente do uso de euas facu!dadeepelaaçãodealgumagentequlmico, confessem crimes que não cometeram, ou que tenham u~ p~imento contrArio àa euaa convicções, isso não

Quanto ao heróico Cardeal Minds· zenty, além da tortura fürica brutal que sofreu, da privação do sono por trinta ecincodiasseguidos-oguedesi,jáé suficiente pam levar alguém a um colapso pslguico momentâneo - foram lhe administTadae poderoaaa droga, pam o debilitarem ainda maia p11icologicamente. Portanto,ocaaodoiluatn!purpurado hlingaro, longe de confirmar o mito do "misteri0&0" e "mágico" procesao de "lavagemcerebral",nareal1dade.odes· mente. Poia o ilustn! Prlncipe da Igreja, em vez de ter sido conuencido de seus "crimee",tevequeaertorturadoedrogado, para que foss,? apreaentado no indigno e ultrajante "Julgamentoi!lhow" aguefoisubmetido.Alémdoque,como épúblicoenotório,umavezemliberda· de, ele renegou tudo aquilo que tinha sidoobrigadoadeclararsoboefeitodaa drogas, como também pode-se compro· varemauaa"Mem6riae". Parece-n011 oportuno citar abaixo a descriçãoqueovenerandoCardeal Primaz da Hungria fez de seu estado pai· guico,apósaatorturasaquefoisubmetido: "Meu poder de resistir dimínuia gra dua/mente. A apatia e a iruliferern;a cresciam. Cada uez mois os limites en· treofal.8oeouerdmkiro,entreorea/e o i~I, me pareciam illfÍtti-. Tomei me 1n11eguro em rneu.s J•ii:os. Dia ap& dia meus sup0aú:>11 'pecado,' hauiam sido martelados em minha cabeça. .... Meusistemaneruosodebililadoenfra· quecia minha resistência mental, turua ua minha memória, minaua minha con· fiança, obli~rava minha uontade . .... Uma an11iedade como n1111ca tinha sen tido alltes me oprimia ..... &ta sensaçdo

~::':: :rei:n~Í~~~:~~ds':a':~~~: tade,. Em C8808 de covardia e de fra· queza_, a personalidade pode ter mudado, amda que temporariamente, mas com acolaboraçAo,aindagueaoontra• iOllto, daquelaa pe88011$. Quanto aoe indh1duos que perderam temporAria ou

:~o/,!!~~/eei;;'to~! êorr:n meios m.!dicos, a pollcia con11eguia produzir um medo intenso que cada vez mais dominaua meus atos e minhas de· cisões" (Jó?.SEF CARDINAL M INDSZENTY, Memoirs, MacMillan Publishing Co., New York, 1974, pp.110-111).

Nalolo,d1uan!eo"JUli,1menlO~". pode-seeouem1bnrt11.dadedistorturnC*llunistn,,tri,ésd1

~111nsustild1 do Ca1dul MITTdszenty

O mito da "lavagem cerebral" A

EXPRESSÃO "la vaiem cerebral", que tem aido urili:z.ada ultimamente com tanta ênfaae e insiatência com vietas a desacreditar junto à opi· nião pública difenmtes movimentos e organizaçõea, não tem nenhum fundamento cientifico. As numero11as citações de psiquiatra&, psicólogos eaoci6logos, que figuram no presente estudo, oprovam ã 11aciedade. Ao contrário d011 mitos criadOII pela imprensa senaacionaliata e por autores pouco informados, não exiate nenhum métodomiaterioaoqueaejacapazdemodificar as crenças de alguém contra a sua própria vontade. Seiundo tais mi· toa, por meio da "lavagem cerebral", seria poealvel o "roubo" ou "rapto" da mente humana, transformando uma pe,,eoa num au~ntico "robô". Um da5 reaultados que se obteria 8

~mse~:nd~r~v!'i! q'J::t~meÍ!r:rf~;· mou - seria o de poder modificar a personalidade de prisioneiroe, levando-os a fazer confiaeõea falll8JI. Ailsim, acreditava·ee ter·se obtido esse resultado com

t preciso esclarecer que o !ato de alguém dizer ou fazer algoqueconlra· rieaauaprópriavontadenãoprovaque ela mudou ou que panou a acreditarem coill8Jlquesabeseremfaleasouopoetaa àa suas convicçõee. Demonstra apen1.11

::·r::/:~~~nd1~~~~:~~·ã: Ire~

habi1ual,contrasu11cnmç.aaese11t1va· loreemorais. Para ficar provado que tal pe8808 realmente se tran&fonnou, passando a

:~n~::~!; fo=i~: .:: r.=.

Je formeseusmei011normaisdeaçãoede locomoção Umavezapessoalibertada,énecea· sârio que transc:orra um tempo razoável paraguesepo881lCOllJltatarseela per--

~::e:u:n~d:~~~

~çAc':;:trân':,m.'ó~ poeslvel afirmar que foi um constrangi-

mo

húngaro, um dOII mai.e bela5 elmbolos da reeie~ncia católica face ao comu· nismo. Se um homem de semelhante têm· pera moral acabou confesaando perante um tribunal, crimes que não cometeu, diante de numeroso público e da impnnaa eatranieira, não seria verdadeiro o que o mito atribui à "lavagem cerebral"?

:~~jfe

Jiue~toa:~:t;:;~-:;~~r1ãrioq:! éhabitual.Eque,ceuadooefeitodetal fator,elavoltouaeuaaconvicçõesant.eriores eao modo de ser natural.

o~!;~~:

edro';a~to



Nossa Senhora dos Milagres e Virtudes, Padroeira de Rennes

R

E.NNES, capital d11 antiga re· giãodaBretanha.carreganarica bagagem de sua hiatôriadia,,;de

8urpreendidos eatemorizados.foramven cidOII

Santos a '"eneram, o fogo a poupa

ilóri11 edeopróbrio.Oaanaiadessa\o.

cal idadefazemremontartuamemóriaa épocaanterioraoCriat.ianiamo,postoque nolqardaatualcidadeoutrajá existia Ela foi conquistada por CraH ua -componente do primeiro triunvirato romano n~skulolaz:iteadeCris_to.Desdeentão,a atividadebéhca eetarâhgndaaseunome

~:r::;:1~~r:ad~i~~~!t': 1/~ii:J:~:

combates nàomeno1religíososentre chou.arue revo\ucion lllrios,destacando-se Rennes como importante centro d06 exél'· cito11republican01J.

Hoje,govemadaporumprefeitosociali1ta,Rennesprossegue,uavidaquotidiana,parecendoignorartodoessepassado, ufllnadodesenv?lvimentoindustrial que alcançounasúlt1maadécndae. Desenvolviment.o,sejadito,gra~·ementea meacado peloatualdescalabroe<:on6micoautogestionário e pelo alarmantedecréllci,nodo indicedenatalidade.

A imagem N011saSenhorad011 l\tilagreseVirtudes éa _Padroeiraoficialdacidade.Aorigem daimagemnãoéprecisa.Sabe-seapena8 queumescultordeaconhecidoaesculpiu noséculo XII, ae1t11ndooutilobizantino Ela representa a Virgem com majestade. Nossa Senhora está acntada.em atitude de soberana grandeza. ElaéRainha,mat aomesmotempoaen·edetronoaseuDivino Filho, querepousasobre..,usjoelhos. "Sedes Sapientiae", Trono da Sabedoria Jncreada. A belai nvocacliocorTespondeaosatributos intrinsecos de Maria, bem como à hi1tóriapanicula r de11aveneradaima· gem. De fato, Ela é, por um lado. a afinnaCào da proteçào que é capaz de ir até ao milagre.como11everã;eporoutro.otefitemunho da virtude do Coração Imaculado de Maria - ideal de toda beleza moral que São Joào Eudes e São Luís Maria Grignion de Montfon deveriam cantar diante da referida imagem

O Milagre Referindo-se ao cerco de Rennes,empreendido em 1.3.56-1.357 pelos ingle881l. comandadospeloduquedel.ancaster,as crõnicurelatamqueacidadefoisalvapor brav08 guerreiros bretões que resistiram ao sitio, tendo à fnm~ Du Guesdin, paladino da causa do Remo da Franca. Hà, entretanto, junto ao libenadorheróico e !iel.opapelnàomeno,importanteedecisivoda própria Rainhadoel!u, através da

A imqem q.., fillu!I M loto 1t1m1 - eonsider•d• ;or 1taun1como1 pnm~1u,r1mountitu1deNOSS1 Stnhor1dosMll1ueuVir1u<1es(lé(. XIQ-tncon11a-st na 1&f!!ldt~1ntSrnv~r.em Rermes

lmagemdeNossaSenhoradosMilagrese Virtudes. Como as cidades oe antiiamente. Renne1 era fortific11da e rodeada de muros. Os inglei,es,aoinvbdeseeitporemàsgraves perdrurdeumabatalha.preferiramsitiar osrennm11e11.EenquantoiS110.foramca vandoumagaleriasubtcrrAnea por onde entrariam.ocupandoucidadedesolada pclnfome. Duranteo referidocerco.nanoitede8de fevereirode1357,emtrhocasiõesconsecutivas. oscampanllrios du i)ll'eia Sain tSauveurfizeram-seouvir. 11em Que,;econheceue o agente nem o mo1ivo. Os habitantH acudiram em grande numero. Ai[Tandenavedai,rTejae1tavanamais completaei1Curidão,e86noaltarlateralde Noua Senhora dOII J\11\agree e Virtudes brilhavamduutochaaqueailumina-

"m f>ena,iente,napresençudamultidào.a

Virgem tomou ,ida. Sua mllo direita, que repousavasobreopeito.moveu·l!E'descre,·endoumclrculo.ecomeeudedoindicador apontou para uma ãrca precisa do chão. Grande6ensaçàoeeepanto!Nàoha,-ia dúvida.MariaSant!saimarespondiaàani,úStiada_cidade,indicandoo\ugardopeniO. Rapidamente. cavaram um poço no lugar ind icado ede!!Cobrirnm um tú nel Pen etra ndo por ele. os mais valentes lancaram-seàproeuradoainglesesque,

São Joào Eudes e São Lui, Maria Grig niondeMontfortrezaramdevotamenle diante da imagem milagro&a. Especialmente este último, quando jovem e estudante, a visitava diariamente. Foi diante de Noua Senhora dO!! Milagreae Virtudes q ueofuturomissionãrio,a011vinteanos. enquanto orava consagrando-se a Ela e pedindo-lheesclarecimentoasobreocaminho a aeguir na vida,ouviu nofundode suaalmaaspalavras:""Tuserds&cerd<r 1e··. t igualmenleprov{tvel.sebemque não seja certo. que a seus pés o grande tanto m11rianotenha recebido as graças paraexplicitarepõremprâticaaverda <leiradev0çãoã 1\-IãedeDeus,imortaliza duporeleemseucé!ebre '" Tratadoda Ver dadeira Devoçdo à Santíssima Virgem .\faria'". l=: provãvel,diziamos. po;itoque, duranteanos.elerez.ouquotidianaml"nte napreaençadaimagem,segundorelatam ascrõnicasdesuavidaeaadahistóriada igreja de Saint-Saunur. Outras graças insignl'l!aàode~-idru, à Padroeira dl" Rennes. como a de haver s.al\"O a cidade da peste.emcertaocasülo. Outra vez. durante o mh de deumhro de 1720.11cidadefoiquaseextermin11dapor umdevoradorincêndioquedurouseis diaa.Aregiãoondel'l!tavaaigrejacoma imagem foi a mais atingida. F.ntretanto. enqu11ntootl"mp\ofoireduzido11escombros. a imagem da Vir~em foi pre!!ervada da,chamas

A Hc\"oluç.lo francl'sa A celestial Patrona de Renne!! também conheceudias<leimpi~-dade,durantea fü. voluci\o Francesa. Comcfcito.durantees setrágicoperíodohUltórico,011revoluci<>nário.satacaramcoms11nhaHv,.>ciala Rehgulocatólica.fundamentoúltimoda ordem que queriam des1ruir. Assim. màos lmpia~e11acr11"1!"a~despedaçaramavenerável 1magt-m dt- Nossa Senhora. tendo sidoabolidnaConfraria emsuahonra;e na ijj"reja de Saint-Sauveur, onde estava entronizada a estátua da Virgem,foi cele· bradaaprimeirafestaemhonrada"deu sa" Razão Conta-se que uma piedosa dama recolheu os pedaços daimagem.eepalhados pelochãodaigreja,eoelevouparasua casa. E11taria a imagem de,nrulda para sempre?

Era pós-rernlucionária _Em lento e triunfal processo.uHeligião foisendorestabelecidanaFrnnçnpecadoCATOUCJSMO -

Fc,c~iro d~ 198S


ra e, em 1804, reataurou-se a Confr aria Em 1862 foram novamente reconhecidas, dema neiraoficial,asindulgênciaaeprivi· légiosdadevoçào. Em 1871 reatabeleceu· se oculto público a NONa Senhora dos MilagreaeV inudes.eesculpiu·eenovaee• tátua.Eml876.durante&ignificati,·aceri· mônia,anovaeiitátuafoientronizadana igreja deSaint..Sauveur. Porfim,estain· vocaçãoellpeciala NouaSenhoraakan· çou grande esplendor nesta era póa· re\"Olucionãriaquando,eml908.oPapa São Pio X decidiu que ÍOMe n imnicem coroada 80lenemente, "oburoond<r$e08r~· tos e as {órmulos de co1tume e re,pe1· tando-se ai pre1crit;(Je1 canónica,, que exigem que a cabeça do Menino JetU8 se-jo, da mesma forma que a de sua Jfde, ornado de diadema .. (extrato da cana do CardealMerrydelVal.Secreté.riodeEsta· dodoVaticano.aoArcebispode Rennes, Mons. Au11"U8te René Dubour11).

O certo é que a seus pés acodem peregrino• e curio80a, en tre os quais minionário, montíortia nos, reman escenteadaobra fundada por São Luis Maria Grignion de Montíort.Anoapósano,elea,·êmofertan· do flore. á Virgem, homenagem de pie,:la· defilial. O braço direito da imagem, justamente oqueaemoveuduranteomilagrede13S7, estábrntalmentecortado.Estebraçoque falta parece dizer: "Os mi/.agN!sjd ndo tém lugar nesta era "adulta' e 'desmitificada' da Reoo/U("do". E aJ11Sim. tal vazio aimb61i· oo ergue-11e como uma ameaça! Entretanto.nãoéadhidaarespeitoda autenticidade da primitiva imagem o que mais de,iperta o confrangimento nos fiéis. O mais lamentável é o esquecimento, quando não u ignonincia craasa. a_que e8t.áre!e1tadaumaantigaevenerá,·e!1ma·

Salvou-se a imagem primitiva? Apropósit.?dodestinodaprimeirai'"!la· gem, as opimõc, divergem. Há quem d11ra queelafoi fatalmentepcrdido.porocaei ào da Revolução Francesa. ma s há quem afirme e creia que a Virgem tenha sido meritori am enterecompoat.adepoisdesua destroição Com efeito,emumasacris tiasecundá· riadaigrejadeSaint·Suuveur.emmeioa outrasesculturasaacraserellquiasquea friezada,alma&relegouaoesquecimento. encontra-11e uma graciosa imagem da Vir· gem Santiasima. com toda& as caracter\&· tic,asdaestátuaorilj'inaldeNoHaSenhora doa Milagre.e Virtudes, quepeHoa& devotas-quãopoucas,infelizmente ll88egllrameera milail"Qllaimagemres· taurada.Não.esabebemprecisamente quandonemcomoaedeuauareap11rição.

{ffA'.f'oLICISMO

NosaaSenhoraeapera,noCéu,aplena reatauraçãode tua glória, previatanas apariçõe1 de 1''àtima,em 1917. Entntanto, quem conhece 01 milagre& e &1 mara vi lha1queElaoperaparoapreuare1111edia? AUeaoonfiançanoauaeguramque em breve tudo i880 aeré. conhecido. E que o eaquecimento,aiiJlorãnciae_desprezoque Ela hoje suporta aó temo eervi.do para realçar Sua1grandeza1,quando0Coração Imaculado de 1\1aria triunfar em Rennew, naFrançaenomundo.

Caio Xavier da Si lveira -nOISOt'Orrtspondtrllt-

Pobreza e deslgualdada no Brasil

D

E ACO RDO co m a mitologia "progressis ta", no Brasil existe umagra ve aituatàodeinjustiça, poisarendaeatáconcentradaempouca, màos,fazendocom queOllricosfiquem maisricoseospobre11mlllllpobre11. Aoadotarem essa posição,notoriamen· teinapiradanossloganscomqueoecomu· nistas impulsionam a luta declasse&.08 "'progressistas"se esquecemdequeosda· do,;;referenle:l!àdistribuiçãodarendanão all.oadequadOllparadefinireeumadeter-minadasituaçàosocialéjustaouinjusta. Umarendamuit.oconcentrada.ouseja, ofatodequerelativamentepouCOllindiV\· du011recebem uma parce\aoon,ideré.vel darenda,nàoindicanecessarirum,nteque npobrezacampeíanopaís.Tambémoin· ver80 é verdadeiro, pois a distribuição igualitáriadarendanãogarantequenão haja pobres em abundância. Para se compreender isto com facilida· de,bastafigurarmosduruisituaçõeshípotéticaa. Imagineoleitordoispaisesaocialmente homogêneos:umemquetodaapopulação érica,eou1roemquetodaapopu]açlloé p<Jbre.Comoéóbvio,emambo!losca8083 rcndacstádistribuida igualitari amente,e istoindependentedofatodeumdospa!ses e~ tar cons tituído por ricos e o outTO por pobre~. Tunto em um caso como no outro. asituaçàodoshabitantesserãjustaou inj ustadevidoafatoresquenàoadistribuiçãodarendaemsi - homogêneaem ambol!ospaísea-mas.porcxemplo.dcvidoaomodocomosechegouàquelasitua· çào. Portanto. pouco se pode dizer sobre a aituo.çãosocialeeconômicadosindivt· duos11partirdosdadossohreadistribui· çilod:,rend:1 No caso concreto do Brasil. os dad011 revelamquearendaestáconcentrada. 1it'msignificarcomissoqueosrie0111ica· rammaisricoseospobresmaispobres:ou 11eja. não se pode afirmar que a pobreza tenhaaumentado.Pelocontrãrio.nareali· dade1odasaarntegoriasaociaismelhora·

ra;~einsuspeitos ~~:::1ià:.ifei~ por economiade parcialidade e publica· ta~

~;t~~ u::re<;f:_ r:tm~~:~:t~al:e~u:; ·•,\'a pior das hi{}Vtese8. pode mm< diurque

CA TOLIC ISMO - Fe"tmro de 1985

gem, ponivelmente a milalrfOlla estátua HeulpidanoaêculoXII ede1pedaçada pelosrevolucionàrioaiconoclastaade 1789.

hd pouco base nos fato, para apoiar a afirmaçdodeaigunsestudiososnosentido de que as condiç6eade uidasedeteriora· ram e que a pobreza aumentou". Maie adianteacreecenta: '"Portanto,aseuidén· ciaasugeremqu.e,apesardapersistência demorcanteconcentroç4oderenda,adé· cada de 70 po.tll()u par uma red~do da pobreza. aparentemente em uma escala c<m11derduel"(l). Estadiminuiçãodon(lmerodepobres, desi.nAorefletetodaarealidadedaa.itua· çA01ócio·econômicada população. E la não considera o grau de facilidade com que uma peuoa em particular podemelho, roraua&ituação. passandoanivrissupe, riores dentro da eacala aocinl. Também não toma cm consideração em que medida aeituaçãodoafilhosvariaemrelaçãoã doa pais. Estes 1ãoelemen1osquefazem partedachamadamobilidadeaocia\,queé acapacidadedosindivtdu011demudarde nlvelaocio-econômicoao\ongodotempo. Vãri011et1tudot1, bsseadosem abundan· tes eatatisticas. revelam que no Brasil a mobilidade1ocial tem sidoalta,fazendo comquea~'>ltruturasocial.oomoumtodo, tenhamudadoail(nificativamentenasúl timasdécado.1(2).

Comeetescomentáriosnão,;epretende neí[araei<iatênciade8ituaçõesdep<Jbreza (lucn:.,guerem,;,oluçllo.Oquenàosepode aceitar~ofalscamcntodoquadrodasitua câo!IOCiulbrusilcira.porumaviaãoexage rnda e unilateral da realidade. Com fre (IUCnci1_1.011queunimpi1_1tan:,.area!idade brasileira o fazem com o mtwto dedeamo, ralizareacusarcomointrinaecamentecuJ. posooaislemasocialeeconómicovigente noPals.eassimjuatificartodadas.sede "reformai de eiitrutura" - Reforma Agrâ· ria. Reforma Urbana, etc. - que nos COn· duzirAoa.umverdadeiroregimesocialillt.a e comunista.

Rober/0 Guimarães

~~1i;~1:~17n~~~i~~~~~;n?:

económico. p. 863. ,'OI. 13. Dei. 1983, N~ 3.

s!~r:o~:·,j::_ ~~~~':i"r.:i:,~~J2f7 pp.


O

!\.1AR azulluimo de, Barra da Tij11ca,calmoecantante, vaievem. Ao hmdo, a Ptdra da Gávea e o Pico DoUI lrmã011 ee erg\lem, negros e imponenta... Diantedessecené.rioquedeslumbrou Anchieta, equefezna.scercatõlicasespe-

rançasnoabravot1deEst.áciodeSá,transcorreu,noú!timomêadejaneiro,uminsó litofestival '"Senti-me em meio a um lam"(al com

cheirockesgot,o-declarou-meumjovemeloooadan.çauomeuchofurdavamnesta lama. A sensaç4oera o deeslarrw meio de um chiqueiro. N4o aguentei mai.s da que IOminutos". Enamo1,caroleitor,no Rochin Rio,mastodõnticoempreendimentodemultinacionai1edecapitalistas cariocaa,apoíadomaciçaeuniversal mente pel011 senhores da imprenu., o 4. poder. 0

ACJDC: " O mundo é m ais divertido

com o demônio"

A.eatrelasdo"rock"oomecamachegar. O conjunto &116traliano AC/ DC é um do, maisfestejad011.Ementrevilltacoletiva, segundo narra o jornal "E\ Mercurio", de Santiago do Chile, o encarregado do gnipo afirma: "O mundo i mais dil,)ertido comodemtJnio".Antee,umd011integranie. já confessara: "Com /)eu.$, ndopodena haver ditcoteca, ... Com o diabo aconteeem coitas rrw.U diuertuiat". ,i~~~i~!:alit~:.~=:::: pai filfllrante Angua Young, aubatituto de Bon Scott, que morreu aufocado por aeu 8

8

fn~ita~~':i~.tr~fr~ d~~~~nt:C:~ ~ code5,60Qm2doRock in Rio. a fim de que pudeesei,natalarumainodeumatonelada emeia,oqualacompanhariaauamúsica "Sin011dolnfemo".coml)Olltaparacelebraracoodeoaçãoeterna de BooScott. Neata compoeição, ACI DC. em meio a gninhid011, declara: "Vocl i ainda muito moço. mas ooi morrer. Eu. te /.evarei ao inferrw. Sataná, l,)ai te ~gor.l Sino, do inferrw. sinos do inferno!" Ao terminar BU!lB apresentaçõeti no Rock in Rio, apó1 espaamoaecontorçõeepelochão,semelhantes a011 da macumba, Ang113 se ergue e,com011olh011vidradoe, põe80breaua cabeçaoadedoeámaneiradechifres.A pla~iafanatizada WTI1e levanta a mão direita,comosaudaçãoaodemõnio O álbum mais conhecido do AC/ DC intitula-11e"Auto--e1Jtradaparaoinferno". Nacapa,umdoaintegranteedoconjunto. comchifresàcabeça.dançaaenaualmente,Begurandoumrnbodedemõnio.Freneticamente.ovocalistacanta: "Eu estou irui-0 paro baixo.lÉ lwra de (t,ta./Me.,,.omigo,e,rardoldtambim. Ettou na auto-ettrodaparooinuerno. /1.'do hd ainaia de 'pare', nem 1Jelocidade limitadaJ Ningu.tm uai me frear .. ./Ei, Satanás, estou pagando minhasdtuidas · Tocondo num conjunto rock ... · Eatou rw meu cominho paro a terra prometida. Estou na auto-eatroda paraoinferno!" Numoutroarranjo,comgritoslancinanteaesonsguturaitprópriosaospoallell80II durante oe exorci&m06, ACIDC repete 18_ vezes: hEsrou .ob OIJ cuidados '!o dem6nro". O prezado leitor consegue diArinlfllirentreum ve?dadtirocultosatânico eestearitoseletra1? Arevista"Afinal"auimapresenta outradaB"celebridadee'"presenteeno Rock in Rio: Ony Osbourne. "Fundad-Or da banda satânica de heavy metal.o 'B/ack Sabbath", ele encarna o demtJnio

scmnha. De&de 1979 .e ded,ca a enlouqueeer plat"a.tl inglesas e norte-am,,ricanas com o corpo coberto de 1an11~ dos rrwreelJ08 Q~ 1Josta de deooror",

Oõrgãoespecializado''Livronegrodo rock"acn:!llcentaqueOzzyraapaacabeça, apanhadechicotenopalcoetemcomo principaldilJco "Afaladodemõnio"'. "ÚltimaHora",doRio,dizqueapaixAo de Ozzy por SatA é velha. Para 11e1111 seguidores. ele é um enviadododemõnio,que ::~~aauairaat:ra\·ésdoairrunhid0&do Fazem pane de seu cenãriocaateloa mal assombrados,gatospreto8,vampiro11sedento1de sangue.

Uma objeção infantil : "O satanis mo é inl"ólucro publicitário" Oleitorporcertoconhecegentequea\ega sertudoistoumameramontagempublicitária,umaousadatécnicade"marketing""paravendermait.Nofundo-dizo objetante-este11cantoree8t\obon11rapazea.Atelevieàoéqueei<ajlera.Neg6ciode demõnioeoculti8moé8Õfaehada ...

A refutação não a dou eu. Deixo-a aos cuidadoedeumaafamadaex--cantorade

::t~ 3~~~~~~'::~~~es~,~I!~~: ~

tadoe Unidos, declarou que antesdeentrarnopalcoelasentiaqueauafiaionomia mudava,adquiriaumaforçanovaeent:ra va numa espécie de transe. Conhecedora dequuetod.aaaschamadaagrandeses trelaadorock,elaafirmouquetodaaprati cam meditação antes do show, dirigida porlfllrus. Lembra-se adepoentedequecertocantor,durante um show, não conseguia entrar em sintonia rom a pla~ia. Ele parou, mandoutrazercincocãese,lançandü-0-'!à multidão,di11sequenãocontinu11riaenquantonàorecebeueoecincoanimais moTUlll e enungijentadoe. Su,penwe. Até que,afinal,algunssedecidemamataros animai,. 01howentA01eanima,eoaudi tõriovibraemunisaonooomocantor.

Esclarecedor depoimento de Charles Gugel Outro depoimento insuijpeito é de Charlu Gugel. ex-roqueiro norie.americano CATOLICISMO -

Fe-~mro de 1985


Sesu!ldoare.lSl.lnpecll·

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tim11ttf0,t111alilodeàncoblt,;tl$10peCCICOtYOlumedesomem.urdeoedol,constaQueele1rr1n-

coocomos pr0,;1nosdentes IClbeÇldeUffll'l'l(l(CfiO-

queabandonouorockquandotedeueontadequeauagra.ndemetafina16ag\orifi· cação do demônio. Em ~n~ ··R?c:k Se-min ar". naó dadede Snmt-Lou111, n o1 Estad011Unidos,ele,opropó11itode"men· 1agen1"gravada.sdetrA11parafren~noa di!l()OII 1atanista.s. alertou: ··Tenham present,: que o Urebro tem o oo.pacidode de ouvir 'backwards' e '1orward.s", Os o/~oa podem ver obje/Qll de ca?"ça para baixo, maa a mente reverte a f,gura ,:.ara e,ma. Em templot1 soUinicoa os o(U)rodores de Sotonda contom oraçóe.sdetr<Upara fren· te. Frtqílenteme11teeles viram a cruz ao conlrdrio,poisSatandsgostadeinvertera ordem naturol de Deru" CharlesGugeJ.quedurante 1411n011con· viveucom0>1conjunto11deroc:k,continua: "Jimmy Page, au1ordas müsicase líder do grup0 Led Zeppe/m, admitmabertamente, por diversas ve.z~a. suafasemaç{l.op0rmagia negra e {e,tu;aria. Ele p0s,w uma li· v rario ocultista em Londre,, chomoda 'TheE(Juinax'.Evilienumcosteloinfe_sto· dape/odem6nio,quepertenciaa Al1ster Crowly. Pa ro quem nàa.1wbe, Al,sler Crawlyt o 'popa• negro da ,greja satdnica rnn EUA. De tda ruim. t chamado freqüenlemenie ck a 'besta 666" "'... Em auadocumentadaconferência, Gu· gel fomeceoutroadados: "t1abfr!oqueo canj,mtoB/ackSobbathcelebrarrtuoisde missa ~gra noscamarins,antesdasapre::;:!ª~~~!'(;s~:t:;~;:;,ª;:1~die"i::S;~ em 1981, toda a aucMncia foi solicitada a controir uma aliança com Satands,atror;,€• de um sinal com o mdo. Na capo do último /o.nçomenlo do ba11~a. há um dem(mio-bebê mu1âdo com ch1fre11 e olhos verdes.Nacon tra-capa ,umacruzenvolta por um demónio". Oódiodesse,iarautosdodemõniovoltasee,identemente,oontraaautênticalgre-

~~:: ~~t,i~tto~~!·c~ªl:ig:~h ~Z~!~ "Nós eli/amos atrapalhamÍ-0 o padre!" Na 0

~=-::~a

:::orad;~s:

~:ni~ A~~n:' ma das mãos, caindo sobre um ,acerdote que está seafogandonumcursod'água

Seita satâ nica por detrás do "heavy

metal" N011 Eitados UnidOli, esta proliferação dosatanis moutrn\'hdorockchnmouu a tençãodealgunscienti.stasereligi~M O jA citado diâ.rio chileno "El Mercuno" CATOLIC ISMO -

Fe,·cr~iro de 1985

informa que foi descoberta m• Califõmia umaseitaaatAnicadegrandepodereconõmico, que estaria por detrás da maiori'.'d011 grupo11'rock' ,espe<:1almenteosdeest1lo "hea\'y metal", os m1111 populare~ do momento. Enttt elea. AC/ DC, lron Mai deneOuyOaboume,todosprelll!ntesno RockinRio. ca;;:~,

~c~~~7s:ªj1~:~1,;

!:~:::;;:.

=te~! OC:ui~:~oan:i°raºt':.mP~':i~l:::C'f.: um jouem que durante onos_ f<l! grande admirador desses grupos. ass,st,a a todos o, seus concertos, drogava -se com eles e participaua de suos orgias. Em certo momenW repudiou tudo 111'! e mmeçou a mueatig~r até que ponta ~a,a grupos inflU!m na compOrtamenW da Juventude de hoJe, e a se perguntarsee/es_ndaes:ariampre gando,conscienteoumcansc1entemente, umo re/igltJo satânica. Apd• me11ea de tra balho,exp6ssuasdescaberta5eteorias num programo do.Conal 45, _quecausol! comoçdoe foi repetido em vá nas oporwm dades"

::1::;:;~~~:°i!

qu~::à~i°:o~rr:,~d~ :: ouviralgumasdasca nçõesmaiapopu!a re11 entreaj uv entu de, m verten do,entretanto,arouu;-ãododi11CO.Mensage.n1satã nicasforamdaramentepercebida1. ~ DenunciouvAriosgrupos.eomoa··EJectric l..ight Orchestra" (1ua 1igla ELO é uma antiga forma de i~vocar a. Satané8), cuja música"FireonH1gh",tocadadetrãspara diante, faz- nos ouvir: ªValia a Sotd, volta,volta".

Em "Snow blind", do grupo Styx, tam· bémde trAsparodian te11eouve:"Moslro· te, 1otd; m onife,ta-te por nonas voze,". Em outra móaica, esta da banda "B\ack Oak Arkanaaa", ou\'e-ee o clamor: "Sot4, 11at12,,atd",eletdeua,eletde,u,eleédeua", apóeoqueirrom pe terrlve]gargalhada.

No Brasil, um poderoso guru O n°"° objetante volta à carga: "&ti.é bem! Ma,;r iato se dá somente em meio àa extra"agãncia, norte-american a,;r, ou entreaqueleaeuropeusnoeqJaisarevolutão hippy deitou ra.lzes mai& prof~da.s. Aqui no Brasil. eu não conheço nmguém H· alm". Deixemo, que o "J ornal do Brasil" noe apre1e nteum c uriosopenonogem,celebradoemre1tnto1rclrcul011deocultiamoe parapsioologiadenosaapâ.tria. "A estrela nacional de maior brilho no Rock in Rfo ndo rubiu ao palco nenhuma uezendasobetocar qualquerinstrumen· to,dancaroucantar.Ficaunosbastidore,, transformado em guru mdximo da, ta· queirosbrasileiros:ThamazGreenMor· um de Souza Coutinho, 37 anos, capaz de proezas como entortar talheres, duplica r abjetoseotétransfarmaru.lsqueemdguo de rosas. Criador do Rá (aaudaçdo cósmico que passa ao seme/honle energia positiva), jd {oTIIOIID nas uous de Pepeu, Baby Conruelo e agora Rita Ue, Thomoz mora em Pouso Alegre, sul de Minai, e tem ,eu Núcleo de E11ergizaçdoe Mentolizaçdo numa chdcora de 24 mil metnn. Agora, depois de IO dias de demonatraçóas paralelas oa Rock in Rio, a fama de Thamaz chegou ao au;(e, Hd até quem (como Denise, da Ga11g9Q)jurequeuiu 'ele transformar um frongo congelado em galinho, uivo ouira uez' ". ~ Ney Matogrosao, cantor homo,sexual que troca de roupa anteopúblico,o me.mo diário afi rma: "Em dois daB ensoios que precederam o estrtia do espetá cu/o, algumas pesliOOs preuntes ab1erua rom uma espécie defumaca bronca, muito t.!11ue, que ,ala da cabeça edoambrode Ney,oqueeleselimitaaexplicar: - Eu ndo vejo nada. Mos vdrias pe,aooa me dium que veem tipos diu-ersoa perto de mim. principalmente quando en· troem cena" A paraibana El ba Rnmalho , agitada preaençanoRockinRio.declarouàrevista Manchete: "Eu sempre medito me,a hora a11/es de entrar em cena ... Em certa esrrflia tranquei-me no camarim e senti um astral meio esquisita. Senti que alRuflm estava /d dentro", No Rio de Janeiro, certatKangs datei ta doe:"metaleil'Oll''(adeptoirdorock"heauy


metal'1. hll tempos vinham11epreparanda para o Roclt in Rio. Segundo o M Jornal do Brasil~, "nos l,tra1qi<ecantomaóh6.u ;io, dragas e demônios. Qu.andodi,cordam

dealgo,sentam-,eMchdo,abremoatensi vamente imen,as ~orras e fingem que eatdo vomitando. Marcelo Magalh4ea, e,. tu.dante d-O Colégio 7.acaria,, do, padres elaretian.o,, anda com o sim bolado rkm6nio, isto I, a criu de ca~ça para bo.ixo, ,empre ao pe1coco e pertence ao grupo Lu.zbel, Qi<e curte o aspecto ,atdnico do rackpe,mdo" CarloaL;,peadaSilva ,guitarriatade22 anosqueestudacomunicaçlo,eepéciede lfUnJ. para oe maia jovens, afirma: "O rock I tudo. E uma religiào. Ningu.im precisa entender. Tll'm qUl! panar uiolênc1a, ll'ner· gia. Polltico ndo faz nada. fJJ,zja ,ô uplora. &~ada e lg~eia sdo a maior repress/Io ". Vllnas medida• fora m tomadas materialmente pelo1 impulsionadore1 do rock 10.tAnico,afimdenlochocardemaiso públicobrasileiro.OcomentaristadaTV· Globo, Nel1on Mota, procurava provar, atra,·hdeforçadoaorriaoefracaargu· mentaçào,queoeconjunto8nãoeramtào demozúacoequantoaedizía. Depoia,para edulcorar oambiente,foramtrazidosal guns cantores maisdadoaaojazz romAnti·

Medina, o empreúrio do Rock in Rio. respondendo à revitta "Viaão", explica porqueo1jovensdehojeaeembalamnoa "laueo1 dei/rios d-O rock": "E,tamos nu.ma lpoca de guerra branca, o mundo ,em per1peclivapol/ticaeeconômica.H6.hoje uma tretmrnla rk,esperanca". Nina Hagen, com 1uas perucal! ,·ermelha1 e seus gesto• frenéticos, procura apontarumasolucãoparaesta"dese11perança":oapeloa1upoatos1eresextra· tetreatrea,oaquaia,paran6a,quaseaem· pre-naficçllomodema-!it!apresentam 10b ,formw, demon!acas. Ela canta: "Uma noite (011 di1COS 11oadore1] apareceram po·

EltonJonea,cantorqueineentivanuma de1uulttrasolesbianismo,cantablasf& mamente: "Se existe Deus no Ciu. o que Ele está (auri.do /d f Dei:rou uxlas o.t seus filhas aqui, em mew àsgtu!rras. Ele ndoas leuau poro a terra da promessa, ma,para a casa da chacino". Umconhecidoeonjuntonorte-america· no vai ainda maia\ongt: "Sevoctespera alguma mi1ericórdia do Homem de No~o ri, ndo confie, porque Ele ndo lhe dará nenhuma". E vão aparecendo oe novos sacerdotesdeataeraqueaurge,poiajãhá um conjunto intitulado ··os senhores de nova igreja",

06dioehcioded-peroaeacentuano conjunto Led Zeppelin, um doe cinco mais fam080II do mundo. "Deus me abandonou. Ndo hd e11capatôria. Canro para meu doce sald. Todo J)Oder I de meu sat/I, que n.os dar6.a666. Qu.eroirporaa,n(erno ... " Estedesesperolevaossatanistasàsfor. masmaisextremadasderevoltacontraa ordem que Deu.a colocou na criação. Deas Kennedy, bandanone-americana,canta: ··Eu qi,ero matar as criancas. Quero =r ,uas mde1 chorar. Quero ouu/./01 gritar, espremida, debau:o de meu carro". E o conjuntocalifornianoW.A.S.P.. cujasi· gla, traduzida do inglês, significa "N6s BOm0$ peruertido, sexuais", come carne crua,bebenumaca"eirasangueanimal,e tortura no l}ll.)cosuasadmiradora1. co, meloao e amolecido. Além diaso, Rober to Medina,oorganizadordoevento, a.firmou a ··veja": "Ndo gosto de heavy metaL.Ma,canvideiuáriosconjuntas heavy metal porque esta é uma onda, I qua1eumaaeita".

''Sou meio santa, meio deusa, meio profe1a. Sou do outro mundo'' Nina Hagen,umap unk a\emlltrealou cada, que já 1108 onze anos pertencia à Juventude Comunista, foi outra das ,·ed& tes maia celebradas no Rndt in Rio. Uma jornalistada"FolhadeS.Paulo",apropó. trito da vozdacantora,pel'i'unfa.ae: "Foi Deus ou o diabo? Ndo importa: venha de onde tenha vindo, nda (ai da gar11anto de um ser humano qualque r.,,", Com milhões dedi$CO$ vendidoanomundointeiro,ela aeapresentounofestivalcantandoeom uma cruz na mlo e um objeto imoral preso ao corpo. "Sou meio santa, -io deusa, meio profeta. Sou do outro mundo", foi umadesuasafirmaçõesementTevi8tacoletivaregistradapela"FolhadeS.Paulo".

ro mim, bem como virdo a ~ - Eles 1do meus amigas. porque s4o gentis. Vou vi, los novamente. Para os discos voadores samoa mcrivelmente importantes. Ele100nhecem O segredo da vida. E entendem nouo mundo com grande compaixda Sim, ele1 udo nos ensmar tudo o que qu.erlamo11ober. A crise fin11\mentechega ao término!"

Uma nova religião vai tomando contornos definidos Outro1conjuntoa presentes no Rio, como o "lron Maiden" (''o Molden nàolum grupo, I uma religido", afirma Pepe.Escobar na "Folha") e a banda ..ScQrp10n1", descambaram abertamenteparaocabalismo,atllnieo,reOctindoaexistênciaoutroraoculta,hojedeclarada-deuma no"areUgião. Religiàoquebuscadetodas as fonnll.8 deatruir a Santa Igreja e fazer com que, de seu trono de fumaça, Satanh reine10breoshomen1. Maia provu? Elaa surgem aos borbo·

....

Aiestá,caroleitor,agrandeeavussala doraondaquehajeseerguecontraDeuse Sua Igreja. E omaisdoloridoéquequase nàoseconhecempastoresquezelempelo aeurebanho81simemperigo.Eopovode Deus, tornado anim órfão. vt em seus lare>JaagressàodeshowscomooRockm Rioentrar.atravélldovideo,quasesem ouvirumapulavradealertaecondena· çào... Tais são as afirmações escandalosa· mtntesat.dnica1,tã.oamplase11brangen· dotantosgnapoedf:rock,queemsllrazào de,·&se.af,utarah1pótesedequetaissin· tomas não paMam de iso\ad111 mnnifesta· çõesartistícuoudeliberdadespoéticruide expressão. Pareeequcahoraêdoprlncipedastr& vas. Parece. porque ante ele - serpente etemamentee;;magadaaospêsdalmaculada-estáapromessadequeasportasde seu8infernoejamaisprevalecerãocontra nona Mãe,aSanta Igreja Wellington da Silva Dias CATOLIC ISMO -

Fevneiro de !985


O verdadeiro pensamento da "esquerda católica" lrdndiDdeumwetllllldlSIJIESPdur1nteailCl~ç6esdemaio.doanopaw,do1111Gu1ribl, dMQOl1SPlrtie.lCJOUOf'e.~8<1ilH!III

A

"ESQUERDA católica" estA abeolutamente resolvidaa empregartodoaosesforçosparaarrastar0Brasilnasvü1scalamitosasdomarxismo, Esta afirmação, que há algum tempo poderia parecer ousada aos esplritos exc:essivamentecautosou!imidos,hojeé uma evidência que se impõe. Impõe-senão 116pelaconstataçãodosfatos -invasõellde lffrll.ll,operações"pega-fazendeiros"etc.· maq também porviadeconfisaõesde porta-vo1.esque.lificadosdamesma"esq11erdacatólica". 0.aetoreaditos"avançadoa",na fgnija, jé agora ditem e proclamam abenamente -paraquemquiserouvir-quesuameta~o eociaHsmo. toquefioouclartssimonoconjuntode paleatrns1obre" lgrejaeProces1msde [j. bertaçio",realizadasnaPontiflciaUniversidade Católica de São Paulo· PUC, de 25deag011toa20dcoutubrodc1984(•).

Ali de~filaram conhecida1 fig~raa do "esquerdismo católico". como fui Betto, Pe. Bragheto, o Sr. Pllnio de Arruda Sam· P8;ioeoutro11. Ano.liseo\eitorosreeumoeecomentArioadaareferidaspalestrasquea9eiuir expomos,everificarãcomoa'·eequerda católica"seidentificacom011q1,1e,hé.pou· coa anoe apenas, eram conaiderados oa piorea inimigoe da Igreja. Q1,1anta razão tinha o Pro!. PlinioCorrêadeOliveira (e. eobeuadireção,aTFP)q1,1andoalertavaa opiniàocatólicasobreoema\"eofolll!O dainfiltraçãocomuni11tanàocombatida, noaeiodalgreja! (")AacitaçõeAquefaum08druoconferfnciat baaeiam-""n""folhet08q11e1111tranacnvem,di· vulgadoo pelo "DepartamentodeTeolo11i"e Ci~nciu da Relil[ião da PUC-SP" ·e nel!~caao indicanmo• ..,mpre o nfimero da p(,.~na • ou nuprOpri1111firosgrnvadB11naocuilo.

Sacerdote insufla revolta entre os bóias-frias

O

Pe. JOSt DomingO!! Bragheto.da CPT (Comissão Pruitoral da Ter· ra), vai se tornando conhecido peloincentivoq11edààsinvasõesdeterr11 (vide "Catolicismo"', de julho de 1984, n.0 402). Con taeleq uefoi liberadodosafnzc. resparoquiruspelasautoridade11oclesiàsti· cascompetcntesparat.raba lharnaestru· turnçào da CPT no interior de Sào Paulo. Dizqueviajamuitoefazarticul11çõe1de bóin.t-frias. Extra.im08deumafitagrava. danaoc&1iàoostópicosmaisimportantet1 de1u11exposiçào. O ?e. Bragheto alude em s1,1a pal('!Jtra a um"projetopopular",quecon11istenuma "reformo ogrdrionabose.pefobo•e" Trata,ae. na verdade, de um11 impo11içào ext.ra•legal.apoiadape\a"esq ueniacatóli· ca"': "Eue projeto pane do resistêncfo no terra. em todo o território. Sdo os poue1· ros". Está ligado, diz ele, ao movimento dos"sem·tcrra",que<'ium"'mouimento autónomo que tem oopoioda Igreja ... Mes· mo aqui. no Estado de Sdo Paulo, eue 'proJe/0 popular· está em andamento. Nós tilli!mos aqui uárWS exemplosdeocupocdo de terra, e que deram certo". ~pois de cic.ardi,·enasocupaçõesoconidasemSào Paulo,acreacenta:'"Euacreditoqucooon· CATOLIC ISMO -

F~.-ereiro de 1985

~,lo de reformo agrária t,ol por ai. O pró· prio lrobafhadorfazendo essa reforma agrária naprótica··. Portanto, para a CPT, a reforma agTA· riadeveserfeita"namarra".segundoo vc\hoeconhClCidoslogan

Bôias-frias não se engajam na agitação Sobre o trabalho de organização do, bóia11-frias, diz o Pe. Bragheto: "Otraba· lho de orgoniw,;do paro uma übertaçdo i muitodi{fcil". Umadasdificu ldade.,que eleatribuiaosistema,éadesuniAodoa trabalhadores: "Sedezquerem umocm,o, temcinqüentaquendoquerem.Entdo,01 que querem ficam ma~odos"', Mai1uma,·ezéaoomprovaçàodequeo povobrasileiro · atémesmonumadcsuas camadasmaispobres oomosãoosbóius· friuS·nAoésubversivo, e chegaaresistirà '"organizaçdo para übertaçdo", feita por lideresadredepreparados,comoéocaso dessesacerdote.Atéquandopenistirâta! re9isténcia?Porenquanto,lamenta0Pe. Bragheto: "A coriscil.ncia de c/oue omdo ndo i Ido forte ... . Ainda ,! uma d,{iculdo· de"'.

Semuito3padres,aoinv&idepromo,·eremessa "oonsciênciadeclaMe",pregas· 11emaverdadeiradoutrinacatólicaefizes. sem umin~nsoapoatoladoreligioeojunto àsbasesellscíipulas!Seelespromoves· se mumaverdad eíraco n córdia,subo rdi· nada ao cumprimento doa Mandamentos da U!ide~usedacaridadecrietã,al entàotodRBRBclasae.lOCiais1ebeneficia· riam rui$ ~nçà08 divinas. E mesmo os problemru,mat.eria.ie-Mcluidaautopiade uma solução total, imJ)Offlvel neste vale de !Agrimas muito 1e ameniz.ariam. E: Noaso Senhor que no,lo afirma.: "Ndt) 008 oflijais dizendo:queoomeremo, ou que beberemos ou com que ll-08 vettiremos1 Por· que os pagãos é que procuram rodas essa~ ro,sos. Vo,so Pai sabe que tende, necessidade de todas elas. Buscai, poi1, em pri·

;t;"~U:::s~a~":~~:: ~.U:e:a~ d:°Ja":~~

acrúcimo" (Mt.6,31-33),

Organizar um sindicato a partir de uma Missa O Pe. Bragheto fala de uma r.lisa.a que celebrou numa localidade, onde conse!,ui~ab~':.~ott:~u~Ta:"~:!ici!i·nt~!i;; rural "essencialmen1ecompo1lopor bóias·frias".AexperiMciacomeçoupor meiode"oontato11"rom011trabalhadores Osa cerdoteexplicaque,apartirdal, seguiu-se "a ce/ebrot;{to de umo missa no ponto de embarque. EsHa Misso gerou re· unióes dentro do so/{to poroquio/, e nessas reuniões se partia paro umodiscussdoda 11/uot;do de uido do trabalhador. Na dis custw.odi!sso1iluat;doconseguirrwsportir paro uma organiiot;dO mais efetiuo. En tdo surgiu o proposia de um 1/ndicou, ... Masnàoperaeoleitorqueloifácilao Pe. Braghetoobter tal arregimentação. Os trabalhadoresmostravam..earrediosa<ll! intuito11dosaceniote.A"esquerdacatóli ca'',porém,éperseveranteemteusdesíg Assimédescritaafundaçàodosindica to: '1 Eslo] só se deu depoi1 de lrls anos, onde no meio disso tudo houue momentos em que o gente pen1ou otiem desanimar. porque num dia uinhom cinco trabalhadores. noutro uinhom dois. noutro dia uinte, noutro dois. Agcntesemprejogaua a ques tdo para ele,: por queopeuoal ndo está comparecendo?" E o Pe. Bragheto, muito mal A vontade, ,·ê-llE!obrigadoareconhocerqueauniãono 11indicatosó8eefetivouporqueelefeivaler


l111a condiçãoaaoerdotal, na qual o povo católicoaindacrt. A~dberqueadiretoriadoirindicato ficou compoeta por 12 trabalhadores, dos quai• oito mulheree, aCl'ffeenta: "Eu n4o

Assem~üdosc,nnieiros nodi117dt1111io,emGu1rib,.Dis(urs,ndonofi!llll ol't.Brapeltldedlrou: ""Arue111cantinU1".

vou diur partJ vocf1 qiH I wno uperiln-

dll a,1im, QIH o gentti pode imagirnJr. 'Pu:ra! ~ peHoal bacarnJ! QiH con.,ci.lncia th claue qiH u,e peuoal ttim! A1 mWMrn •4o me11no combativa.!' Olho, n4o I ~m ouim. N4o wnio, cria.r iluaôe1. N4o Hi ,e I o padre QIH voi ld e chomo ope, . llOOL Euochoq1Ho{iguro tamlw!m mJ1tico do podre, ela influi muito neuo que1r.1o ... A gentti, com.o padre, tt!m ol,rumo, fociliclade, e th1oontogen.1: focil.idode no medido em qiH HCOn,eg1Hoglutinaropeu<>0I, ,e con.1eg1H com focil.idode reunir o povo. Por outro lodo, há um perigo muito forú (eu acho que aconteceu no minha experilncio in o) de umo dependlncia da Igreja. Tantoq1H, antti1deeu1«irdaparóquio. euprocureífozertudoporo queosindicoto re independentiiane. Porque, uejo: funcionando no soll.f-0 paroquial, com infra· estruturo do Igreja, com oueuorio dopodre, como I que eue sindicato ia ,er um sindicato livre?" ComofkaclaroneHadescriçào, 01pobresbóia1-fria1foramatratdoepela1apari!ncia1ca_tólica1-padre,mieea,1alàoparoquial- e iam lá mai10u menoacomo quem vai a uma e.a.sociação re!igio1a tradicional. E foram neceseárioa eaforÇOI inii:entea do Pe. Bral!"heto para lhes enxertar alioqueelechamade"'conflcitnciapolitica". Pordetrá8deasadl!Krição,entreta.nto, emer11e uma realidade que não pode deixar de f'mocionar uma alma católica: o povo bruileiro - e o latino-americano em geral-foidotadoporDeuadeumaféprofunda,deumeeneoreligi0&0vigon»a, que re,,iate por vuee longamente aoa aualt.ol!I mai11 inesperad01 e mai1 cruéia do e.plrito aubvenivo, meemo sem se dar inteiramente conta de que tati rni•tindo, e meamo quando aa inv11tida1 provém de 1acerdotee. Prosaegue o Pe. Bragheu>: "Eu comect i, thpoia dt fundado o ,indicoto, um p l'OCf',,o /entn fr/aro 01Hogen1P n4o ,xxlt cortor de uma vez o cordao umbilical) poro o peuool mudar do salaa paroquial para uma 1eth oruk ek1 pogouem 14 uma ,alinho, nem qiH fo,1t3:c3 m, pediuem ajuda à FETAESP. e dtfatotlt1oJudarom. Hofe o 1indicoto e1td ai. Mais ou menos, ndo '1 Eu acho que n~o e~td aque_la1 coisas, porqll{l houve m111to mtriga mtema. O pe1soal à1 vezes se desentende". Infelizeebóiae-friaa! Propen101àreligi0lridade,nãopuderame\ee1ati1fazeroa ariseioadeeuaaalmaa,aendodeformados pelo eeplrito de l11ta de da111e1, além de imergirem no ambiente !amaamt.o de daputaa pe!!80ai8

~~:~rantaneidade" da greve de Sobn a gn,ve deflagTada na cidade de Gu.ariba em maio do ano puaado (~r "Catolici.lmo", n ~ 402, j6, citado)dizo Pe. Bragheto: '"Aconteceupraticomentepor

uma e1pontoM.idadedopow . Mpontoneidode eu co/oco oqui entre O,/lpa.,, porq1Hjd havia em Guoribo algum tipo de trobolho dn Sindicato de Jaboticabal, que a CPT oP(>iooo.

E.toua DTf'tenttiolpumaaueze,

::;:te::.~:~~~ ~:d!C:t:=:::

ta: "N61 também, quando fazíamos reuniót1 tm Jaboticobal com o, bóio1-fricu,

ogenU!conu.idauoosindicoto,"eo,indicota levava tro bolhodore, de Guoriba tam bém. De medo qll{l a espontaneidade do greveéumtantoouquantore/ativo". Afirmando que "eu fui te,temunhae participe dessa greve", o Pe. Bragheto condena a viol~ncia policial, acrescentando que ela "ocorreu anU!I, no.li ocupações de ttrraemqll{leutombémfuiparticipejunta com os trabalhadores, donda opoia e te,temllflho". Como se ~-ê, as invaaôee de terra 110frem

~~!~::

!~m:,~p~,;:~~;}~~::ae~0 doabóias-frillll.MllllaquestAodeGuariba

'maoeacerdote. ::~/:::".t :!~:!:i,'~";=t;a~::1o;. A julgar pelo que afirma o Pe. Braihet.o, me11mo u autoridade& da regiàonào imaginavam que a ação da CPT, conjugada com a do sindicato, pudeBIM! chf'gar a euea re11ultadoa: "Todamundofoipegopratico-

mente de 1urprna, inclU&iue o PoUcia Federal, qiHjarrwi, e1peravo qiH em Guaríbo foue arontecer urrw coi&a thuo,". Nodialldejaneiroúltimo,novllllagita• çôel se verificaram nesea cidade. Que papel deeempenhou nela.e o Pe. Bragheto? Limitemo-nOO!latranscreveraquitrechode um manifesto publicado no jornal MA Gazeta Guaribense", em janeiro paHado, subscritopeloapresidentesdeseillentidade11deG11ariba,entreaequai1fi.gurama A!lsociaçào Come-rcial e " Santa Casa de Mi$erieófflia: "Tudo la saber: a11rtic11laçào da ifre~-e e a prática de atos de violência) era orientado por grupos de forasteiros, inclusive uma lamentável figura th 1acvdoU! que, no es~o de seU! me1es, la 1e11undo vez que aqui oparece para incitara intronqüilidadeemnossacidadf'".

Beneficiar bóias-frias constitui "apadrinhamento" ... Ooiordoamale&l1Jll'80!!8f'r,para"ea· eerdote,q11eoapatroeabeneficiem e1 trabalhadores.. Poisai,dizele,estet1õltimoa perdema Mconsciênciacritica",ouaeja, nàoficam·predispoato11aojogodalutade cl8Nt8. E i.8IIO 8f' dà quando a CPT não pode "acompanharº ou "asseeeorar"odeaenvolvimento doa sindicatos. Eia a.e palavras com que o Pe. Bragllet.o combate o que ele chama df' "apadrinhamento": "Tf'mo.f, poruempú,, um 11indicato que I típico, que incliaiuecomeçcni com o trabalha da CPT, que I o Sindico to do.

Trobolhadores Ruroi, df' Taquaritingo .

Sindico to euencialmenle de bóios-frias, nós n4o ti vema, ccmdiç{Je, de acompanhar, de 01111e11orar muito bem esse sindicato. Aconttceu umo coiso muito triste Um sindico to patronal ab<>conhouo sindi cato do, trobolhodore11, com opadrinhomento de,overgonhado. Dando foi/Ores, isto l , paga o aluguel do sede da sindicato, paga a fum;ionti.rio, botou ld um ambutório mMico, botou ld um denti1ta, leua-seo trabalhador para lá t poro cá de corro Entao estd dificil. Os patróes est4o, ao que parece, numa tt!ntotiua organilada, cooptando u lideranca., da, llreve11, QIH n4o tl m oquela oon16'ncio critica, histórica, qiH o gen tti poua imogirnJr qll{l ttinho, mo.a n4o tem . .... E a gen tti eetd perdendo e , ~, poNJ~ rn» n4o temo.f o elemento humonopora trobalhorjuntoa es,epooo." ~ede.apontadooPe.Bragheto: "Um d01 moioreslidere1dagreuede Guoriba, totalmente com o ca~cinhofeitn pelo pre11idente do Sindico to Rurol th Guoriba. A g enl e eateue 14 quutiononda as apodrinhonumtOII qiH ntdo acontecendo /d em Guariba tomlw!m. e o caro ,e uolta contra o llente em público. Por e:umpla, domingo po,sado o Lula e,t;,ve ló e fez um com ício lá na praça. Ene trabalhador so~ ao palanque, th,ce a lenha no Federaçdo, desce o lenho no CPT, ,impksmenU! poNJUt a CPT n4o utti. aceitando que eks aceitem 01 bene(Icio1 que os potrot, eltdo querenda dor: para fazer lwrta comunitó: rio, dondo adl-'bo, donda te/o ..... E nós não e81amo, tendo quadro& &ll(icientes para ftu.erfrente d inuellidapatronal". Para a CPT, pois, benefü:ar o trabalhador é inveatir contra ela! Vê-i;e daramente que, no1 arra.iai1 da "eaquerdacatólica", na realidade, não se tem em vista favorecer o trabalhador, poia o bem deste pouco importa, e pode ser mNmo prejudicial à , ubver'IAo. O queaedesejaéarevoluçào igualitària e ..x:ialillta. P11.rae81Jefimtenebn»a e pr«::U10 a~ lutar para queou-aoalhadornAoac,eíte01beneftcioaquelhe!lào conoedid011, poia, ~011aceita,podedeixar deaeruminatrument.odalutadedasaes na.B màoe da CPTou deoutroaorganiam011 dol!"énero.Deondeficaclaroque,enquant.o proueguir a ~taçAo promovida pela •·eequerdacatólica", serAdiftcilmelhorar avidadotrabalhadorechegarãplena harmonia dedaai;eacomotradicionalmenteenlina a doutrina católica. Quanto b uaina& (ele cita vári,..) que dão"o/gumbem eltor110Ciol" a011bóiasfrillll, o Pe. Bragheto aa contidera "um CATOLIC ISMO -

Fc,·creiro de 1'185


sistema mais 1ofisticado de explDraç&,". Falando doa b6iu-fri8.ll que recebem boa, condiçõe1 de nutrição, acrescenta: "Na medida em que eú:1 u alir,umtam bem e hd um uak,r nutritivo maior, eles re,ukm muito mais, e o lucro (da Wlina] ooi ser muito maior. Enti1.o eu aclw que a relaç&, de depernilnda continua a mesma coi,a, embora mais wfisticada". O trabalhador bem ali men tado: aituaçào que o Pe. Bragheto, segundotudo indica,ndodea.eja.Elepa recequerê-locarenW de tudoefaminto·éoque se ded uz deauae palavra,· para poder maia facilmente lançâ-locontraoregimeecon ômico-lJOcial YÍiente. E dai ,e infere t.ambém que &0~nte o sati1fat o igualitarismo socialil-

Formação de elites revolucionárias Para o Pe. Bragheto, un.oasa aiuaçdo se deueria voltar um pouco fTUJÍII para a formaçdo de liderança.s. Nót1da CPTde Jaboticaba/, por exemplo, estamot1 preocupa-

dluimot1 com isso, e ellamo, prosramando reuni&s com 01 liderança, do1 bóiu-frias. Temos que inue,tir muito nill,o oí. Porque umo. /.ideraru;o fTUll con.,cienti:zoda pode Ili! voltar contra o pr6prit) mouimento íW trabalhador rural". Cv.rioa.amente, o Pe. Braeheto, tão contré.rio é.8 elites sociai.s e tAo favor.ê.vel à! baae&,eBfon;a-seporformarnova.liderançaa,quenadamaiseàodoqueumnovo tipodeelites,sóquedeetavezrevolucioné.riat. Eliteeeujosmodel0Bideai1parecem ,er homens como Fidel Castro e Chernen· ko. A p011iç~o do Pe. Bragheto veio conlu-

~e:

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u0~:ec~'rolic:.~::~';;~ :ua;-:d~ trabalhapelarevoluçdosocial. Ooradorelogia,porfim,o Estatuto da Terra como uma brecha queuabre para a aubvereào no campo: HN(n ndo acha=• que o Et1tatuto da Terra ujo uma w/uçda ideol para a questéfo agrária no B~il. Mt1t1 tJ.Chamosqueéuma brttht1,epode,e co11.t1tituir num espaço mt/Mr do que e&· td".

Uma concepção marxista do mundo e da divindade

f,n'tla1I$1110deS.flt\lt"

" terceira via"

Frei Betto confessa que a "libertação" por ele deeejada para a América Latina 111põe a ins11rreíçio do povo co n tra a11 autoridades: "Os pobre, deue continente seorganizamemfunçdode,ualibertaçdo, desde uma peql.l.l!na luta de umt1 fdbrica por melhores condiçOe, de trabalho, ati a i11.t1urreiçl!o de ,._m pouo pe/4 derrubada de um aparellw de Estado e construçdo de uman.ova,ociedade"(p.10), EmqueconsÍ8tee611a"novaaociedade'7 Até há bem pouco tempo a "e.querdacatólica" defendia que o regime de uma nova IIOC:iedade não deveria IM!f "nem capitaliata, nem oomunista": crata.va-iae de uma "terceira via". Como eempre acontece no proceaaorevoludoné.rio,oerrodeontem aparecehojeoomoumavelheira,objetode desdémporpartedoenov011arauto11da modernidade Frei Betto, um revolucionário atualiza· do,assimdeSCTevea novasociedade:"A leo/ogio da libertaci!oem linha,gcrais acredita quehit1toricamente .... ar,uperac4o d-O capitalismo •isnifica um ingres110 no 1istef1Ul ,oculli,ta .... Ndo uanuM" ser inglnU0'1 a ponto de acrtdi1ar qia 1uperado o sisUma capitalista, M, urtmo• ca·

CATOLICISMO -

Fc,-c~iro de 1985

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os dominicanos e a morte

,.

Socialismo substitui máscara da

frei8tflo ruu~11D0S11dClli:rer comunim MM1chtll

F

REI BETIO, o tristemente afamado religioso dominicano, atacoudurament.eodocumentoda Congregação para a Doutrina da Fé ,obre a Teologia da Libertaçào,de 6deaeoato p.p. E à medida que o foi criticando, expôs afundamentaçé.odeseuprópriopensamento, Esta é a que pa.ssa.mos a analisar, poitéoquemai1n011importaaqui-endo suacrtticaaodocumento. No. auto-apreaento.çdo que fez logo de inicio, Frei Betto revelou: "Faço também 'biscato' pastorais e educacicmai, por ,li, inclu,iuena Nicartigua"(p. 5). Maa eAqueceu-sedeapontar osacontecimentos queverdadeiramenteotomaramconhecido,relacionadoecomamortedolldercomunisto.Mariihela,reeponsáveiaporaua prisàoem1968. Ooradorinicio11111ae:<posiçdocomuma frase de efeito, inteiramente demagógica: "Hti tre:enlOII milhões de laiino-Gmerica-

not1 que uivem em condiçOe, ,ub-huma 11011" (p. 7). Conaeqlllncia diao, 8efrllndo ele, A que 'Ou a /1 rtspo,wk oo grande anseio da maioria do povo da A""rico Latina, queiat1ua libert4(&}, ouagenuattito que a ftloópiodopovo. Ntlo umo1nutra ,aída"(p.10). Paraentenderconvenientementetal afinnaçAoconvém fazeraliumaaobaervaçôee: a)"IibertaçAo", aqui, significa conduzir toda a América Latina para uma aituaçdo an é.loga A de Cuba. Poia, na meama paleetr11, oreligi030observaq11e"emCuba, a Igreja jd uitd elaborando uma teolDgia da reroncili~o dentro da Reuoluçtlo. Ele, falam qW! em Cuba n4o tem sentido folar em liberta.ctlo,porque a fibertaçdojd Jwuve" (p. 30). De onde. é bcito concluir nõsbrasileil'Oll,q11eaindanAoexperimentamos o "paredAo" de Hdel Ca1tro,não estamos ~ - 0a cubano., porém, jé. estão! b) Frei Betto a.ueversquea tal ~libertação" constitlll "o grand• anseio da maioria do povo". Entretanto, 1!6118 "descaber· ta"s6encont r afundamentoem aua própria imaginação. Poi11 ne&1e meemo ciclo de conferências quee,tamoeanalisando,toma-sec\araoeeforçoverdadeira mentehercú!eoquea"e-.querdacató!ica" vemfazendosistematicamentepara,eobo rótulode"conllcientização",tornarrevoltada.ea.eclassesmai1pobree.Ecomree:11ltadoeatéaquimuitomodeatoe.Poiae888.ll eimpé.ticas cla11se18Ao, de modo gera1, roneervadora.s,po.dficateafé.veia.Over-dadeiro perigo par& o Bruil eat.à na inércia, quando não na coniv~ncia aberta, de certosricosaoo.modadoe,ede~de influlncianavtdanacional,diantedafebril atividadedoesquerdi1mo,upecialmenteoclerical. c}ParaFreiHettoatarefadaféconeiete em levar àcubanização(oumarxistização, se se preferir) a América Latina. Caao talndosefaça,aféaeráo"6piodop,ovo". Pefll'llntamoe: qual é a fé de quem pensa aseim? Que relação tem f!lllla tal "libertação" de tipo cubano com a 1a1vaçAodu alm8.ll q_ue se obtém pela irraça de De11a e pelo cumprimento doe Mandamentoe?

de Carlos Morighella


pau, de criar um n.ovo túttm.a que ,ufa ujao,ocia/u.ta.NatN:rdade,oq.a1edn· tN:nda neua critica ao capitalúmo I o acJ. tN:nlodotocialitnw. E na minhaopinidot muito importante o empenho doa CTittdol noaduentodosocialismo"(p.30 e 31). Anteta! quadro,oompreende-se a afir. mação do orador de que a '"teologia da libertaçdo na A mhica Latina .... MC€Ssa riam4!ntetemql.ll!recorrerâtcategoriai1 mor.ri.otm:"(p.35).

Deus lranscendeme e ..idolatria" A8egllir, Frei Bettoapreaentaumain terpret a çãomarxi1tada Hi,tóriaed~ lgreja.N08soSenhorteria1idoUder)X)liO· coqueiniciouum alibertaçãodetipomar xieta, chamada "Redenção". Ma1 a Re· denção, ao contrário do que ena in a a Igreja Católica, não foi levada a cabo só pelo Homem·DeWI. Ela prouegue na Hi.s. tória.Elaéaoontinuidadeda"libertação" polltica.Nesse11entido,obeervaoorador, ..a t«>logia da über~o enttnde que a morte eh JeslJ.IJ foi real~nte uma morte polltica. A redençdote deuecontinuase dando atrauls de toda lramapo//tica. NtJo e.rúle uma realidade 1a/vlfica desligada da rea lidade pol/tica"(p. 16). Apr6pria.Eucariatia '"tum sacramento olta~nte1ubver1ivo:cadal.><!zqueagen U ctlebra o Eucorútia e,td denunciando todaa,ociedade.ow:k08pe88~,aocon· 1rt1riodaEucari1tia,ndoflmace1aoàcomicla t àbebida" (p.11). "O Reino do Se· nhor .... t uma aoeiedadeonde todo• tenham igual a,:e,ao à comida e d bebida, aa.benada vida"(p. 17).

r/:i~-;~:!g~;~ ex:~di~:

gi~~~;...

namenteosuficientepara1iepara1ua familia. Ficaaubjacente11eu6dioemrela· çloatoduudeligualdadet,aindaquandoju81ueharmônicat1.Deoutrolado,co, mo1enota, ooradormanifeetauma concepçãomaterialàtadoque11eja'"0Rei· nodoSenhor".Completamentediferente, pois,d11.queleque NonoSenhorJ esus Cristo ensinou: '"O meu Reino n4cl t chste mundo"(Jo. 18,36). De fato, oreligioaodominicano, embora nAoodigademodoaberio.nloparKecrer n0Deu1tr11nscendente,infinitamente bome1ibio,jll8toepode?010,adoradope, la Igreja Católica. Ee11e Deu&, visto11penaa nasuatranscend~ncia,eportantode11vinculado do plano hum11no.80cial,écompa radoaumldolo.Quem11eajoelhaedirige prece, 11. Eleé um idõlatra.Amanifesta· clo primordial do'"deW1"defui.Bettoêa revoluçãoiwcial.NAoédivino,éumdeus humano. O religioao afirma que, na América Latina, "a ídolo urve para rwgar o humano. O idoln t diuiniuulo porqueelel uma forma de o ho~m alienado tnron trar uma lógica entre o sua vida peuoal e a aua rela{;ilo transcendenu sem J)IU,&ar para o socia/"(p. an "Alienaçilo religioso e.rittequandoumapessoa.nasuaft.lWo con1e.l(uesea rticularcomomundosocial que a rodeia. Enlão ela supervaloriza a tronacendincia"(p.38).Assim,idolatria,

nl'll!ICOncepção,êaque"legitimaminha ft por si mesm.a:ofinaleu reu:i.acreditoem Del/4 e Dera me orienta. me abençoo"(p.

'"

Segundotalconcepção,umanacoreta adorando, inteiramenteafaatadodooon vtvioiwcial,0Deuijtran11eendente,eataria praticandoido!atria?Nestecaao.todoaos grande11antosan11coreta1com0Santo

Violento adepto da Teologia da Liberta ção Wlldemu ROSM, d1Pffl11111IOpcriNdaArquodoocese ae Sia Paulo. dewrouq11t brind,pdoqunlo lt!lodoall!lffll0d1Conppçiopau1 Ooutr1t11daífsobr•1leolot,1d1L,bert1çio

D

ENTRE OS oradoru do ciclo "lgrej a eProcea808deLibertacào"'. quemtalvezmaisfogoaa mente tenhaexpressoeeupensamentofoi Waldema r Rossi, da Pa1toral Operária da Arquidiocese de São Paulo, o meemo que. em nome dessa Paatoral,,audouJoàoPaulo Jlquandode euavisitaaoBrasil,eml980. Falando ao lado de Frei Betto (amboe criticaramenergicamenteodocumentoda Congregaçã o para a Doutrina da Fé sobre aTeologia da libertacAo), WaldemarRoli· 1i afirmou: "úona rdo &fiestá aendochamado a Roma para uma inquiaiçilo. que ,entima. como diri111da a nós" (p. 26). E assim eiternou 1ua indignação: "Eujá n1a11<1 indignado com 11convocaçdod0Boff paro a inquisictJo e, aolereue documento do Vaticano fiquei m11i1 indi11nado" (p. 26). Apo,riçãoé,poia,clara.Nàoseadmitem diacordãnciaa.Oueepensadeacordocom a1'eo]ogiad a l..ibertação-emoutroster· mo1.aegundocategoria1marxista s-ou

qualquercogitaçàoum)X)ucodivergente delaprovocaindignacão.Mesmoqueacolfitação venha do Vaticano. O Cardeal Ratringer é acusado de estar de mà fé· "Acho que isto aqui t de1/eo./;Jade, Ndo ocreditoq~umCardeal,qu.eudizenkn dsdo, tenha feito isto porde1COnhecimenlo da.documen/o$..... Setledesconhett,des· conhece tambim por se11und11, inlenÇWs, porndoquerersecomprometer .... Acho queodocumentotmalintencionado" (pp. 26e27J, O orador, entusiasmado com a própria ênfose.abreentãoolequeda1acusaçõese avança con tra todososCardeai1euro· peus:"Peloqu.econhe(Odrncardeaisda Europa, todo.,; eles ido muito bem llfilSte /ada.". Ora. o documento que tanto indignou Roeai foiaprovadoporJoàoPauloll.Comoexplicaentãoooradoraatitudedl'l!te? O representan te da Pa,toral Operária inveate decididamente oontrn o Ponúfice "A caminhada da lgr~ja ria Amtrica Lati

Antão e São Paulo Eremita teriam sido id6latru. OI! conceito8 de Frei Belto são mnrxi1t.a1. Ma1eleoa enunciaoobumanomen· da.tum religi011a. Fala em Deus, Jeaus, cita o Evanielho etc. Só que tal nomenc\a tura parece nada tera vercomoensina· mento mu lti111ecularda Igreja. Encobre,

~1°:J:t!~ºenu:::n:tJo":i:d~ ~: r,::;

ou Lenine. Alib,provémdeatea. A utilização de tenn011 religioeoe para eiprimir t88etipodeperuiamento vem se tomandohabitualempail!e9católicoecomoo8ra,iLQuandoapr6prialinguagem êabertamentemarxista·comoaemprega da pelo PC, PC do B, MR.8 etc· ~e resultado1 obtido1 têm se m<l<!!trado mu1to parcoe ou meemo nulos. A "esquerda católica" tem pr0<:urado,demodogeral,utilizar uma term inologia o mais poulvel aparen· tadaàcatólicatTadicional. Pori880oeconceitoasobreafé,expre1ao1 por Frei Seno. parecem configurar umanovarealidade.Paraeleafé"temseu fundamentonumaexperiénciateologal, que é noesa comunhão com Deus" {p. 19) E-.sa fé, entendida como" comunhão real, experimental, vivencia\'"(p.19)parece nàoeeralheiaásconcepeõe1modemiatas condenada1 por São Pio X no inicio de nouoséculo Como é natural, a influência marxi1ta na concepção de Frei Betto nãoee reetrin· geaoãmbito)X)Utico-social.SendoomarJrulmoumac:oemo,isão,éumaconaeqüên· cialógica,embor adoloro1a,queo re\igioeodominicanoimpregnecom eleaté mesmo conceitoa básicos de tw!ofia, como 11idéiadeDeuaedeum atrihutodivino,a saber,atranacendência.

na,queiramoun.4cla.corde11i1dalforopa, ql.U!ira ou ndoJQOO Paulo II. ela tirreversf· ve/"(p.28). AmeaçaderupturaemrelaçãoaJoào Paulo li? As pala..,.,.,.acimaparecemcon· firmar eua eventualidade. Ou João Paulo II alinha 1uaatitudepelaTeololfÍada Li· bertaçào,ouesteadeptoda"'e&qucrdaca· tólica"prosseguiriasemele. Nol!llpaçodaconferilnciadl!lltinadois persunta1,alguémindagouae "o1mili1an· t.-.opertJriosc11tálioo1"nãoficaramdecepcionadoacom ofatodeJoAoPauloII terdado"um vivaàAmlrica.quandoele uencon1roucomRea1<11n"".Aoqueorepre.,..ntantedaP111toralOperãriade11inibida· mente respondeu: '"NíJohouuedectKdo, p0rquedepoisd11que/apassagemporoqui. oPapajáfeilantascoisas.queopessoa/ foiuendoquendohouve.l(ronde1mudon ças"(p.40).Emoutraspalavra1:1abiamoequenãopodemoi;contarmuitocom ele. ERo11ioonduiusuaret1poeta comuma ameaça: ""Meamo que porte da hierarquia ndono,compreendaendonoaapoie.vamtnp(lraofrente"'(p.40). Ülldeavio,doutrinãriosque11eob1erva· vamemambientescatóliC011,dcnuncfodos em 1943 pelo Prof. Plinio Con+a de Oliveira na obra "Em Defesa da Açào Católica", avolumaram-1eextraordinaríamentede làparacá.ejàatingemumauge.Ouas autoridadeeeclesiásticasrea)X)naáveiatomam medidas urgentes e efica:rea para debelar ea.a 1ituação, ou a .. ~uerda católi· ca"poderàconduziralgreia·etambémo Brasil e a América Latina . para crise• imprevislveis.

Gregdrio lopes CATOLICISMO -

Fc,·ettiro de 1985


TFP reúne, em São Paulo, Correspondentes e Simpatizantes J7 Estados e 19 países representados no IV Encontro de Correspondentes e Simparizames da entidade

"COMO

faço p~ra ajud~r a TFP?" - "Cona,derem mrnha casa como a sede da TFP em minhacidade"-"SeriaP0'lllvelalugarum salão no nosso bairro para reuniões da TFP?" · "Minha casa e1:1ti aberta até para fundar a TFP na nDltllla cidade, &e for o caeo"··'Estouronstruindominhacaaae reservei umq11artoe6parah011pedar011

jovensdaTFPquepllJ!.8arempelacidade". Eataa sintomáticas manifeetaçôeti de dedica.ção e adesãoà Sociedade Brasileim de

Defesa da Tradição, Familia e Proprieda de - TFP indicam bem as disµosíções de CATOLICISMO -

Fc,·ettiro de 198S

A$

--

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eontf<ene~. q .......,..m sobre temn de 11ar>cie •tlllllidlde, lotam sqUldn tom atençia e ~ I 11'1\erlme l)eloi part,e,pan!H do Encontro

almad011presentesaoIVEncontrodeCor reiipond cntese Simpatizantl'fldaentida de, realitado ne~tacapituln03dias25,26e 27 dejaneiroúltimo,comoeignificativo númerodel.500participance.. Eativeramrepresentadoso&Eatadosdo ParA, Cearli. Maranhão, Para!ba, Pernambuco. Bahia. Minas Gera.ia. Espirita Santo, Rio de Janeiro.São Paulo, ParanA, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. Mato Grosso. Goiás e Distrito Federal. Assistiram também ao Encontro delegações numerosasdasTF'PHdoaEstados Unidoa eda Argentina.incluindo corres

pondence.. além dedelegaçõeeanAlogae da Espanha. Uruguai, Chile e Colômbia. Compareceram igualmente eorreeponden· t.ea e simpafü.antes das TFPe da F'rança, Alemanha, Portugal, CanadA,Cuba. Equador, Bol!via, Paraguai, Coeta Rica, At'rica do Sul, MOÇSmbique, Auatrilia e Nova Zelândia.

Significado do IV Encontro EsteEncontrorepresentouaignificativo progresaodomovimentodecorre1pond1mtes e 1impatizantes da TFP, que conta


atualmente com eslM.'tl amigoe:em 4l4cidades bruileiras. M longo de 25 an011 de txiatênéia a Socitdade foi de11pert.ando, pt]a 911a posição doutrinltriaepela1memorltvei•campanhas que reali:tou, grande nú.mero de simpatiH e adesõe!I de pessoas 9-ue comu~gam oa mesmo, ideaiacatóhcoae ant1comunistas defendidos pela TFP. Um trabalho paciente e incanlável, ao longo de anoe,foiaglutinandotaiaaimpatiu, coordenando-aa.all&'erindo-lhe1umrumo, Sobretudo foi fazendo com que 08 simpatiUllltl'II da TFP, em meio ã confusão do mundo atual, encontra88em vigor, alento e esperança na doutrina tradicional da lgreja,queinapiraeorientaospassosda entidadedesdeauafundação. "Tudo aqui é católico. E:aprimeiravez que venho, mas e8se ambiente é um convi· te para voltar outr9:a vez.es" - comentou umaaenhoradarell'.llonorte-flumineill!le durante uma das refeições. Doi1outroa aimpatizantea diziam, no mesmo sentido: "0 contato com a TFP me ajuda a enxer· gar melhor. Agrad8Ço a Noqa Senhora~ encontrado a TFP''. "A TFP responde a uma pergunta que eu me punha muitas vezee:quedire,;ão,querumodaràminha vida?" Anim, o IVEncontrodiatinguiu-seta.mbém por uma união de preocupações, via1 ecogitações,ouefezcomq,ue 09participantn tivessem um conviVlO alegre, ameno e como que familiar: "A refeiçãoeetava boa, mas a convena foi melhor" -exclama uma entusiasmada corn!flpondente campista. Um operãrio simpatizante da TFP obaervou:"lmpreesiona-meoagrad>'i.vel convlvioentreoeuoa&detãodiversas claneae9(:iais,.:'Eumacorrespondente paraenst 8llSÍm exprimiu suas impl'l'IISÕell sobre o Encontro: "Aa peuoaa, apeaarde nlo ae conhecerem, não se olham como se olhariam se se encontruaem na rua; elaa peroebem que tod08 têm opiniõetl afins~.

o rnostruirG d• obrn dl TFP

'°' muM VISIUdo pelos

partJapantts

do Eneontro

Explanações doutrinárias Oacorrespondentcseaimpatizantes compartilharam de um intenso programa de confer~ncias, durante a.e quaia foram exibidOB slides, painéis e uideo-tapes que ilustravam e documentavam as matéria.a tratadas. Uma d,u conferência.a, com no-tâve\ bito, serviu-ee de uma rãpida repre11entaçãoteatralcomorecW'80didãtico,o quefoimuitocomentadoeap\audidopeloe assistentes. Naconferênciainaugural,oProf.Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira e inspirador daa demai• TFPs, focalizou a evolução da aituação mundial desde junho do ano pQllado, quando 118 realiiou o último En-

:'~~CTl~~lCn~~1:T~=.: e dai oútras TFPa e entidades afins, 14

informando, com pormenores. o curso do estrondopublicitltrioedainjuetapereeguição movidacontra a Sociedade Civil Resist!ncia.entidadflvenez11e\anacoirmã autónoma da Tt'P brasileira. Como se aabe, o governo pró-fl.ocialista. da Venezuela, com o apoio do PC local edeoutraacorrentea de eequerda, declarou, em novembro último,aW1pen11411a111tividadesdeResi.8t!ncia. A entidade recorreu à Suprema Corte da Venezuela da ileiral, arbitrária e tirânica medida 11:ovemamental. Em outra conferincia, no dia 26,o Presidente do Conselho Nacional da TFP reepondeu a pergunta1 que lhe foram dirigidaa pelo plenério. Bem demonstra o

"

grandeinter8$sedoaudit6riopeloatemae abordad08peloautoraduraçlodequase trêahorasdeex:posição. Nasess!odeencerramento,nodia'n,o insigne Jldercatólico abordou a1pectosimportante. da miuão de um correspondente ou simpatizante daa TFPt, comúderando a acirrada opOS;ção doa adversàrioe, a deplorávelsituação~ligioaaemoraldo mundo atual e a proteção palpável que NouaSenhoratemconcedidoparaaimprenionanteexpanaãodeaaa1 auociações.Aex:posiçãodooradorfoientn<:-orladaporfreqllentesapla\1808. Foram tamMm conferenciataa: l::ng. Plínio Xavier da Silveira, Sr. João Chi Dias, Eng. Antonio Auguato Bore\li Ma chado, Prof. Antonio Dumaa Louro, Prof. Am6bio José Glavan, Dr. Murillo Maranhão Galliez, Dr. Antonio de Lnra Duca, Eng. Nelson RibeiroF'ragellieProf.Gustavo Antonio Solimeo. Entreoutroatema1,aapaleetruversaram sobre a criaeprogneai1taque11eob.ervanalgreja,aguerrapaicol6gicarevolucionltria,aaçãoe_miulodo1corre1pondentee e simpauiantes da TFP. Oe as1untoaforamacompanhadoecomvivo intereaaepe\a.presentes:"Nãopenseique acriaenalgrejaeBtiveeaetãograve,os jornai, nlo mostram ino anim ... Eu achava que tudo começara hã 20 anos,

maaagoravejoquevemdemuitomaia longe." ·"Eusentinaprõpriapeleaguerra peic:ol6gicarevolucionàriapelovazioque 08progre11sistasfazemenitomodoscatóli· coefiêiaeem relll(àoàdoutrinauadicio-nal da Igreja" - '"Fiquei eapecialmente bem imJ)relaionado com a firmeza doa jo-vene da TFP venezuelana: é de juventude assim que precisamos, aem mtdo e com fé!"

Nossa Senhora de Coromoto O IV Encontro foi colocado sob a proteção de Noeaa Senhora deCoromoto, patrona da Venezue\a. Umaampliaçlo fotográfica de grandes proporções da imagem de mãrmore de Nossa Senhora de Coromoto, queseveneranojardimdaaededoConse· lho Nacional da TFP,em São Paulo,presi diu n 11tsaões. O Proí. Plínio Correa de Olh·eira, em uma de euae conferênciu, narrou rletalhadfl.menteahi~t6riadas apan~ da Virgem bantlamm.a, no !léculo XVJI, ao caciqueda tribodelndioa veneiuelanoe chamad08 Coromotoa. Oeilvicola,ingratoeinfiel, chegou a apedrejarN01111aSenhoraquandoElalhe apareceu, afável e sorridente, na porta de 1ua choça. Mas a misericórdia da MAe de DeUBvenceu aimpiedadedocaciqueque, nahoradamorte,apavoradoanteaperspectiva da condenação eterna, começou a CATOLICISMO -

Fe~n:iro de 1985


implorar perdão da Mãe de Deus. Naquele momento pauou por perto um homem branoo,eobatizou.Eoindiomon-eu,reco. mendando aos demais que também recebesaem o Batiamo. As graçu e prod.igi.01 operados por Nossa Senhora em beneficio dos lndioa Coromotos pOdem 11er comprovado&, co m aaaombro para os fiéis que A veneram no Santuário na região do Guanart!, na Venezuela, pela impresaão da própria imagem da Mãe de Deu1 que se lixou, de maneira indelével, numa pedraque,ap6eaaparição, u tavanumãoedocacique.Apedra foi inúmerll-ll veze11 anali1ada por cient:istu, que não chegam a explicar como a figumdeNoeeaSenhorafoinelagravada.

Delegações presentes No que diz respeito àe delegaçõe9 presenl.e!I, o IV Encontroregi1trou notável progressoemrelaçãoaoanterior:17E1tados,all-mdoDiatritoFederal, e l 9naçõea ea ti veramrepresentadoa.NolTIEncon1

troé :~~!::i:~~i~::Sqdu':~!a ~~ ~-

gens foram custeada11 pe\os própri011 participante11que,alémdi1so,arcaramcom as despesas de hoapedagcm e refeições. Nãoob11tantensdiliculdadeaquelonga1 viagens acarretam, era opini1iogeneralizadaquetod011011&11criftciostinhamsido recompensadoalargamente. Eamidde ouviam-se expreüõea de comprazimento em participardoEncontro:"Eatoufeliclasima - comenta uma correepondente mi· neira-eeua011tariadeficaraquimuitoec diuconverss ndoeconhecendotudoda TFP." Outro• participantea depunham: "Oqueeulamentoénão1ere11tadonos Encontros anteriores'" - "Golltei de tudo, e de Dr. Plínio e&pecialmente, que mechamou a atenção por sua bondade"-"Pena queforamll6trêsdias.Deviatersidouma seman~" OlVEnconlrofoiaindapreeti,iado~ la presença de quatr(I zelOIIOII .-cerdo1e11 da re,ião norte·ftuminense, oa Revmoa. Pes.Ola voPireaTrindade,AntonioPaula da Silva. David Francischini e Gervásio Gobatto. 0a dignos eclesiásticoseatimularam os participant.tll do Encontro como :xe~:fi!:;;>;.1palavraadepiedade,fervor

Sessao

de encerramento

Um ambienteeolene,jubiloaoeentusiasmado marcou a &eHãodeencerramento, que teve lugar no amplo auditório da CasadePortugal,comapresençadequasetrêa mil pe.11SOaa,entre86cio1,cooperadores.corre1:1pondentcaesimpatizanteada TFP. Depois da confer!ncia do Prof. Plínio Correa de Oliveira, falaram. Mnresentnn· do01Jmaioresbloco.ling{ll8tieo.preaen• tea, correspondentu daa TFPa no rteamericana, upanhola ebraaileira.0 representanteden0880Pa.i1,porém,coneedeulogoapalavraaumcorreepondente da TFP de Portuaal, n011Sa Mãe Pátria.

Anl.e!ldeencerraraaeado,ufllramda palavra também uma correapondente ehilena, wna co\ombiana e outra eapanhola Que agradeo>ram ao Prof. Plinin Corria de Olh·eira arealizaçãoaomagnlficoEncon· troeenalteceramaenergiacomqueodetltemidopensadorcató~temseded\cadoà defe!la da Jgrejaeda civiliu,çã.ocnstã. AIÍJio Faoro CATO LI CISMO -

Fevereiro de 1985

Um 1mboentl! 1menc e cordial cu1cterinn os ilternlos entre H oomtf&ieiu. Our1nte o Encontro

Solução para o mundo é seguir a Mensagem de Fátima A SESSÃO inaugural do IV En· controdeCorrespondenteseSim· patizantes da TFP,oProf. Plínio CornadeOliveiraa t>ordou,entreoutroa temaa,aalternativaquesevaicolocando para o mundoocidental,diantedoCI'('!ICente perlgo comunista: é melhor ficar vermelho ou morrer? Para o insigne llder católico, a mensagem de Nosaa Senhora reveladaemFAtima,eml917,a preaenta_a verdadeirasoluçãoparaoproblema..P01a "aalternotivaprimeiralobedecer11menBC1gem de F6.tima!" Em 11ua conferência, o Prof. Plinio Corrêa deOli\·eir11 historiouocrescimentoaasuatador do comunismo em duaa etapa.a: de 1917 111'! 1939,e dofimd11 Segunda Guerra Mundial até nOSllOII diaa. Neue

N

rorl.:~x::oa:~-i:;ni:o.~~!:n~~~

por meiOf! violentos, ia se ll.8senhoreando do mundo. E prosseguiu: "'Enquc,nto, de um lalUJ, NOBBCI Senhoro de Fátima iodesdobrandcJ a luz de sua mensagem pelo mundo, ocomunismo io trabalhando o mundo em duas pistas: Na sociedade temporal, quer dizer, nos Estados e nas naçôes;em segun• do lugar, nas sociedades espirituais, e por exceli!nci a, por antonomásio, a Santo fJlreja Católica, Apost-Olica e Romana. E depois, tombém as outras rel,giôes. Ent4o, o romunismo penetrou na sociedade tem· poral durante este tempo, incutindo o medo de combater, e na sociedade espiritual eliminando a vontade de romhater, Pores ta forma, o munao "tllmutoesubmisso" foi sendo conduzido a uma aituaçào tal que, "rw orw passado ainda, too-O o Ocidente 8e pôs dionte desta pergunta: o que l melhor: morrer a ficar vermelho, ou ficar uermelho e ndo morrer? 'Red or dead' -agrandeolternativa.Ouseja,lmelhor nós nos entregarmos ao comunismo e salvarmos nossas vida$, evit11ndo o bombardeW at.6mico, ou l melhor todos nós morrermos e evitarmos, por esta forma, de ficarromunistas?"

A alternativa de Fãtima Pa.raoilusueorador, "ofuturondorompreenderá como l que o, homens contempordneos m!o encontrarom a uerdadeiro

•aldaparaeuoalternativa",pois"aiest6. a mensagem de Fdtima, na qual Nossa Senhora cfiz: 'Igreja Cotólica, amada mi· nha, converte-te! se ae pode dizer iuo da ~nla Igreja. Fa2 a consag~o da Rúss,a, de rom que {o, mandado Cons°'!ra-me o mundo - todos os BisP?B em umdo com o Papa - no mesmo dia, numa mesma solenidade. Os homens comecem a praticar a virtude cristlf, os bons costume,, A ntroceder, portanto, das modas imorais, d08 cmtumes imorais, da, peruersôe1 de toda ordem em que estao imerlOB. E Eu conll<!rterei a Rússia. Eu, diz Noua Senhora - Eu me encarrego desta obra maravilhosa. Eu/arei reinara paz no foco da guerra. Eu trarei a Rú.Hia paro a Santo Igreja Ca.Mlica Aposté!lica Romana, que h6. tantoa 8'culo, elo obondonou. E, num mundo pacificado, reinarei rom meu Coroçdo de Mde!' " "A etto altura, a ol!er1U1tioo primeira n4o l morrer ou ficar comunista. A alternatiua primeiro l obedecer d mem;,agem de Fátima ou mio. Mas, tamblm, se NOJJsa Senhora apo.rece e/ala ao mundo, indica o caminho, e o mundo recuso eile cominho, oquehásernlodescaminho?Ore,tornlo intenBSa.Asalternatiuasquesedesdobramaportirdeumarecusainteressam pouco. O que intereBSa é nd'o recusar, é seguir a mensagem de Fátima. A grande a/ternatiuaé:católicooundocaMl1co, bomcatólicaoumoucaMlico" Depoia deobl:lervarque "oshomensfechamo,ouuid08eessa alternatiua"e"seguemocaminhoquendolodosa/uaçdo, já ndo digo das almas, mas dos nações <fa Terro," o Preeidente do Conselho Nacional da TFP reasaltou que "aindo que o mundo rido siga a mensogem de Fátima, Noua Senhora continua Mde do mundo". Eencerroucomeataapalavra.adeesperança n11. mi.lericórdia de Maria: "O filho pr(Jdigo pode ab<indonar a casa J!Cllerna. O pai n4oabondona o filho pródigo. E a mde - se o pai mio a~ndona - a _m4e, que npresenta, por au,m dizer, a qwntesslncia do carinho do pai, a mdi; abo.ndonard o filho?Comoiexcogit6.V<!I uso? Logo a Mdedetodosasmde,,oMdedeMi,ericórdia, a Mde de Jesus Cristo, ab<ind,,nar os fi/Jtos que Jesus Cristo comprou na cr!Ll com seu SangueinfinitamenUprecioso? E totalmenteimpossiuel!"

ocordo o

])


Tirania, despotismo e perseguição religiosa na Venezuela socia lista 16 personalidades venezuelanas denunciam como ilegal, arbitrário e usurpatório dos Poderes Judiciários o procedimento do Governo contra "Resisténcia"

H

ÁALGUMASsemanu.nanação innAvenezuelana.oeacre,vento& de uma pe111eguiçãoideológic~religiosa trouxeram àmemóriad.,juri,tas, de estudi011011deci;l,ncias"')Ciaie.depoliti

cosedejomali,tllll,bemcomodaopiniào p(lb\ica em geral, WI draminicae penregui· çõe,i idooJógicaa que marcam a fundo a História de nouo akulo.

Aseóed1Assoc:11çlo CIYil ~ci1etn1insllll· d1no1mploim~ldeoomin1d0Qu1nt1Moren1,co1osi1rt,n$faum .nvadod0$

porai'lld«es

Com efeito, no dia 13de novembro p.p., o

MinistrodnaRe\ações lnterioreseoMini.s trodaJustiçadaVenezuelaapuseramsua assínaturaemumdeo::n-toclauaurandoas atividadee da Aa!IOCiaçào C ivil Resis ti! n cia, entide.decoirmã autônoma da smpla familia de Sociedadu de Defesa da Tradição, FamlliaePropriOO.ade.existentes em 15 patsea da América, Europa e África.

Easedecretofoiprecedidoporuma campanha publicitâria de mllU de um mh de acusa~•aterradoraseinveroestmei.ft,diíamaçõe• e eal(miH, divulgadat torrencialmente pela maior parte da imprensa, rádios e TV, venezuelana,. Em ,urna, os 6rgàos do IV Poder - a Publicidade- que emnadainvejamopoderiodo,trl!11Podereaoficiaiad0Eatado,entraramqua11etodOII na liça, obedecendoàconaigna: Dele n da nt RES ISTENCIA"; "Seja extenninada RES!STF:NCIA".

teriamsidoelessubmetid011,porocasiào de recente ou anteriores viagens de f~rias ao Brasil. em visita à TFPdeste pals. Nê.o obstante outr&1119famlli&11maniíestarem sua alegria por terem 08 filhoaem RESISTt.NCIA. este íato quase nê.o recebeu acolhida nos 6rgàoa de comunicaçào &OCial.PelocontrArio,ocoroestridentedas mencionadas oito familias descontentes pareceterimpressionadoasautoridade1e, seri1supérfluoaCTe11Centar,oszelOSllS6rgAoado l VPoder. Movidaporumadenú nciatelefõnica... anônima, a Polícia Técnica Judiciária (PTJ)inicio uinvestigaçãoeobre0111UJ)OII· toeseqUestrosdejovens,aqualredundou em ganho de causa para RESISTE:NCIA, em primeira ins~ncia, e logo depois também em segunda in,t.ància. Eata se,runda .entençafoientretantoembargadapela

!ªR~;r:~fNê~

Acampanhacomeçouooma atrozcalú nia,difondidapelosórgàO!ldecomunica çàosocial,dequeaentidadetramavaum 1acrilego atentado contra a vida de S.S. JoãoPaulolI,aM!rperpetradoquandoda visita à Venezuelaemjaneirop.p. A absurda acuaaçãodeque RESISTE:N CIA seria uma organização paramilitar e terroristasejuntouimediatamenteae!llla calúnia.Bementendido,ambaaasver11ões vinham desacompanhadas de provu. Logoemseguida,oitoíamlliasinconfor mesoomap,enencençad eseu11lilhos maiore11 de idade - à Associação Civil Resistência, desencadearam um estron d0110escândalopublicitário,p,eloauposto "seqüestro"e"lavagem cerebral"' a que

:n~:}'.:v~::.:: :re~:: lecerAse.aostrintadiaadoembargo,a Fi8Callanãoapttsentarrazõesquejustifiquemoaeuato. Logo depois. a PTJ iniciou outra investi· gação,destavezsobreaapretensasoperaçõeade''\avagemcerebrar·.submetendo oa jo,·ens de RESISTE:NClA a truculenwa

~=:~I~~:s:::~~!t~~i~J~

eantropométricos.Osresultadosainda nàoforamdivulgadot1,nemsequerfornm alegadosparafund11mentarodecretoinlquo contra RESISTE:NCIA, oq~e noa d{I o direitodesuporquenàocondUZiramancnhumaconstataçàodeculpabilidade. Concomitantemente,aOireçãodeSer.'l• ÇOII de lntelig~ncia e Prevenção (DISJP) abriui1_1vestigaçãosobreaapretensasati-

vidadesparamilitareseteTToristasdeRESISTf:NClA, bem como 80bre a mirabolante trama para assassinar João Paulo ll. Os resultado• da investigação foram enviado!' 1108 tribunais de Justiça para pronuno.amento. Também a Câmara de Deputad08. atravéfl de sua Comissào de Politica Interior, abriuumainvestigação,chegandoarealiwrumatumultuudaseasào,noticiadapela TV para todo o país. Realitaram-se mais duas IM!UÕH, em que foram ouvidas outrastestemunhas.àsquai,estranhamentenãofoidadoacessoaobeervadores de RESISTE:NCIA Por seu turno. a própria Associação Civil Re11iatê n ciatomouainiciativade acorreraottribunuis,solicitandoquea Justiçasepronuncill!lsesobreeuaconduta ea procedénciadSJ1aeus.açôescontraela lançadaA. O procesao!!!!tAemC'l.lf!IO. Assim, 08 Poderes Executivo, Legislati\"o e Judiciário in\"e&tigavam as denúnciasdistiladaapelovirulentoestrondopublicitãrio. A AHociação Civil Res istência estava notoriamente sub judice

Semesperaroveredictosereno,deupaixonadoeapollticodessesorganismoa. os MinistrosdeRelaçõe,ilnterioret1edaJustka-aoqueparecereceandoofracasso da investida anti·RESISTJ:;N CIA - optaram por uma medida de caràter administrativo e emitiramodecretodeclausurada associação.de•respeitandooprinct.pioda inviolabilidadedadefeaaeoapotegmado Direito Romano: '"Audiatur el altera pars"" {""Oui;;a-seta mbémaoutr6parte"') CATOLICISMO -

Fe~reiro de 1985


Preci11amenteestaCzltimafraeeeraotitulo de uma doclara\'àO que R ESISrtNCIA pubHcou algu ns diaa antff do decreto,na q ua.l previaeS&amedida\lnilateral e arbitré.ria, e pon derava que o Presidente Lueinchi certamente não quereria dar a &eUiOVem o,com uma atitude deNegênero, uma imagem fortemente anâloga à dos pa\&e&detrásdacortinadeferro . De qualquer ma neira. a a rb itrariedade N con11umou. O governo emitiu o decreto. Ele 1ilenciou RESISTÊNCIA. E eis que, mal começa a baixar o pó levantado por NH r e vue lo queobaedouecontinuaobtiedando a nação irmã - a proscrição de RES ISTÊNCIA tem sido o grende a 88unto naclonal na Ven ezuelad urantecercade dois me11es e meio - nu mero11a11 vozesde juri11t.a1,poltticos, in telectuaisecolunistas dejom aisae ti!m íeitoouvirem protesto contra o ocorrido, e denunciado a ilegali· dade flairanteda medida tomad a. Hã quem levante o problema da própria in· co~e~!u:o: ~ª1~.:!;:=:~de deSSBB atit udes: explicavelmentedesejososde

, OhlldeentrldldiOi,.nt1Moleb.11qlSllfoluinchd11 pela l'Clliaalkna JIXliallwenezuellna,a 3deai')St0 pp.-pnmelf0110deperstfU1çlaodeol6C,co-reliaJos,

moYMll con11a·11eswm:.,",pelopernopró-socoalis!a dtquellpall

nlloaedeixareme nvolverpeloestrond o publidté.rio desa tado &obre RES ISTÊ N· CIA,que.aetodosoaqueemitiramessas declaraçõesfi zeramqueatàodemarcar,de modomuitofrisa nte,tudoaquiloemque nàoeatàodeacordocom a entidade.

f: de justiça, para IHllVaiUflrdara inocência em nenhum momento de11merecida de R~;SISTf:NCIA, e por ricochete , das demais TFPs, que o pôblico brasilei ro to· meconheci mentodes!ie&diver808pronun ciamentoe,preveni ndo-seaS&imcontra a di.storçãoque,protegidapeladistància,a unilsteralidadedecerto11meio11decomuni caçàosocialimprimeaoauunto. l. Rafael Caldera: '·improcedentes as medidas tomadas" O pronun ciamen todemaierea lce é,sem dôvi d a , o d o ex-Presidente RAFAEL

(1)

A ~1scalia Ge r al da Repú bl ica~ oór

fj"Aoencanegadodev•larpelsuataOOM,...·án· cia da Con•tituiç,J.o e du Lfil da lt.pi'.J.blica

,;enet.uelana, epelor.1peito -

dittit011 e ga·

rantiae c:onorilucionaUI

-

(2) NWJcit!IÇÕel008 negri tot11-Ao.empttn"" -Ülli ublinhado• dododocumentociuido. ~ ums a~llo q ue se

(3) Hecu.,,o de Amparo

promoveante umtri bunal porviolaçAo.q ual

quer que otejll. da Con~tituicllo.

CATO LI CISMO -

Fev,:reiro de 1985

CALDERA, llderdemoc ra ta -e ri 11 tào , oqu11lauinala11- inoorreçãoproceteualdo de,,;retodogoverno. A88im apresenta " EI Nacional"'( IS-11 84)easadeclaraçãodoex·Preeidentevene;zue\ano: "Em primeiro lugar, fa:undo a

reualuadeque eraeleumdosmaisflrreos opositores ao grupo 'Tradiçela, Famf/W e Propriedade', considerava lmprocedente11 aa medidas tomadas , que, 1egundo diue. deviam ser executadas pelos tribu· naiscompetentes., (2).

2. "Antecedente perigoso para a vigência do Estado de Direito" O c onceituado penali11 t11 e profes• or d e Direito Constitucional, Dr. AQUI LES MONAGAS, aponta a, graves incoerência,,a faltadefündamen toe a s falhatprocetsuai sdetodooepieódio,que

t!~To â:'::erJ~f~:~~::~:

~ae~:r::i:: Suae declarsÇoel!I a pareceram no eemaná rio .. El,te", de'r7denovembro: "Auisti a isso com viva p reoc upação, tanto oomo Profeuor de Direito Constitu·

cional, quanto como cidad.40. (... } Fiquei cstupe/a1ocomtodoesse aparatopublicitá rio dirigido. (...) Depois, que 1e diga publicamente, sem aduzir proua1 oonclu· dentei, que euea jovens (...) oometeram delito, t4o grave11 como o, q!U/ /hei sdo imputado,, e de cujo conhecime nto IIÓ 11io co mpe t ente11 o s ó r gãoa Judi ciãrio1 do E&ta do. Dil·&e que em um doslkr de mil pdgma1 q!UI levantou o Gouerno estlJooonsignadOJ1 as proua1, ma11 nàose d á c onhecimento dela , ao público. Tendo entendido, e isto nelo H dit11e publi· camente.queforamobjetodeumainuesti· gar;eloJudiciale (...)umJuiz. (... }declaroua inveetigaçeloconclufda e outroJui:z (...) confirmou tal deásd-0 (.. .). DepoÜ aegue-se outra in ueatigaçd,:) perante um Tribunal, e durante esta ae solicito um Ampa ro (3) qu e caus a pelo meno11 estra nh e za. Tud o itso é uma 1marquia d o ponto de vis ta processual" ··Quemauistiupelateleuiseloaoatoin· uestigat-Orio do Congreuo, com critério ra· cWna/, teria quefaura si mesmo esta pergunta: 11ão declarado11 antecipadam e n te inc urso11 em deli toa eviolaçõe11 d a Constituição e depois s ão inte rrogad os? (...} Em um E11tado d e dire ito, q ue m aleg11 um fato tem que prov á-lo (... }. tum prindpio mara1.1ilho10 do Direi· to Penal e também Conatitucional que 'ninguém lculpado, a ndoserquetenha sido decla rado tal por um Tribunalcom pe· tente e atraub do proces8o legal devido'. Repito que, porenquanto, ndo julgo a mlri to das acusaçCes, mas n e1111ea casos que pod em criar anteced e nte11 pe rigoso11 para um futuro democrã tico e para a vi1ê ncia do Estado d e Direito, cabe a pergunta: O que há por trá& de t\ldo i,so? (.. .) f: espantoso, simples mente espantos o".

3. "O Estado não pode violar seu próprio ordenamento juridico" Outro d estacado ee tudi o80, process u a lieta e técnico em Oireho Penal, J ESUS RAMON QUINTERO, levanta questõe& análogas e é muitoafirmsth·o· "O Ee tado não pode \·io la r ee u próprio o rd e namento jurídic o "". Taisdeclarações foramfeitasaojoma· lista Luis l.l uitrago Segura. de "EI Nacional"' (15-ll-84), que o entrevi11tou

Nonarizdeceradesuamat&ia,ojorns listade"El Nacional"observaque"op{Js vinte e quatro horas do fechamento da seita (1ic), a medida começa a serque11tionada porque viola princípio11constitucíonai1". Antes de responder às pergun tas . Q pen alista dei xa bemdaro quené.o pretende defender a T FP, a qual con sidera "uma seita defon6.ticoa"(no decorrerdae ntrevista, ele obsequia a TFP cOm out ra. "amabilidade,.,do genero): "Oqi.utpreten· do ! defender a institucionalidade jurldi Importa acompanhar a expo11içio dosr. J. R. Quintero: "Sese provarqi.uta as,ocia· çdo tinha po r fim cometer delitos, cstefu.UJ

~rto~=1l~0

constituiria por s i o delito defraude. O que o~J:,~:ii!:!~i:;:di:~;~vf!~; de formalidade11. O respeito a e ua1 form a lidad e111 con11titui uma Jarantia à liberdade individual. Se Hta auocia·

çdodelinqUiu,o tratamenUJdeu1aaerpoJicialepenal". E mai1 adiante: "Em um 1i1tema liberal, as liberdades individuai, colocam-1e acima das razões de Estado. N4o apro1.10 de modo algu m seitas fanatizadas como a TFP. (... } Mas n4o quereria que este prece dtnte de fecha r cuiministratiuamenteeua organi:O((lo fosse aproveita.do pora agir da mesma maneira em relaç4o a forç<a que fksejam uma muda~dase,ttutura.t sociai,. (.. .) Preocupa-me a v iola ç ão da fonna, poi1 não ee pode ig n o rar o direito de a s80Ci11ção. O decreto que fecha a auociaçelo l romântico, pois ,eaorgani· zaçelo fooe uudadeiramente aguerrida nela se extinguiria, co mo n ela !e exting!U· rdo as g~rrilhas nem o tráfico dedrosas, enqua11tonão1eeliminaremascousas11ociaisq1U1asgeram". Jmportanotarque noprocedimentoarbitráriodoiovemovenezuelano ojurista vêumperigoeventualatémesmoparaa liberdade daecorrentesdeesquerda. Ojomali,taproeuraalegaraevidêncie d011 fato& imputados à TF P,oquejusúfica· ria a medidatomsdapelogoverno.Openaliatades faz enaconcepçAopri má.ria do jorn alista: ·1:neceaaário e 11ta b e lecer pre vi am e nte e m juízo a e xilltê n c ia deeeee fa tos. Porque o ato admini11trati vo é perigo80, p0i11 fatos d ena ou d e o utra n a tureza poderiam se r argüldos c ontra organizaçõe1 que 11e;am inOO modai-. para o Es tado ". O jornalista, firme na sua conce pç ão d iecricioné.ria d o P ader Pôblico,inaiste em queforamfeitus den ôncias deincontA· veit tranegreuões lega is con tra RES JS. T f:NCIA. "'atl d saciedade", e pergun ta: "Enesndosclafalos$u{icientesparaju.sti· ficoraacdoqueacobade1omaroE5ta· do ?". Openalistaresponde: ··- A meu modo de uer, ndo. A única cois a qu e se pode justificar n e etecaeo é o julJ am e nto par todoa esses delitos , co m todas ae garantias pre vl 11ta11 por lei. O E s tado não pode co locar-se em uma situação que viol e !U! U próprio o rde namento jurídico. Te m s e u s próprios m ecanismos paru. ta l, na justiç a p e nal ordinária. O fato d e que 0 11 tribun a i11 não tenham toma d o as providê nci as n ece11sáría11, só reve la que n ão íuncionam. Diante de todu e&· fl.aJlevidencias,jé.sedeveriamterproduzi do sentençall, auto,;; de detenção. não a medida administrativa que ques tiono (...).

"'O fiBca/ Geral da Repú.blica, oo in~a de promover a ~do penal, promoue um


rl!Curso de amparo. Um mecanismD que serve para proteger as garantias indi vi· duais está senda utilizado de fo,:ma um pouco anómala pela Fiscalía. Nás WmDs um sistema para reprimir as condutas contrárias d Lei mediante açdo penal". "Segunda o senlwr - pergunta ajorna· lista - a medida de fechamento de seite é vulnen'i.ve). (...} Mas fica de pé a grande dúvida: se o Poder Judiciária e a MinistirioPúblicondafuncionaramneste coso, pode.se esperar que agora funciolll!m (.. .)?".

O penaliste deixe escapar sua visão pouco otimista do PoderJu.diciArio: "O Po der Judiciário está entravada, obstruída e por esta razdo suas deciS<'Jes muitas veze~ se aparentam mais com a injustiça que com ajustiça". Ojornalista,quepoucoantesacusaraa TFPde várias "transgressões legais", não sepejadecairemcontradição,epreconíza aviolaçãodaordemlegalpretensamente para alcançar a justiça: "Voltamos ao ,ru,,smD: a decisd-0 administratiua cumpriu uma furn;da sadia que nda realizou o fu. der Judiciário". ODr. Quinterotorna·seenfático,econ· clui: "E uo/to à minha insisWncia: O Estado não pode violar seu próprio ordenamento jurídico".

4. Em uma nação culta e civilizada, em um Estado de direito, não se procede dessa forma O sr. ALFREDO TARRÉ MURZI, exembaixador da Venezuela na UNESCO, emite opinião análoga. De permeio não faltam insultos à TFP, pois o ex· embaixadordAdebaratoquetodasasca· lúnias assacadas contra a entidade são verdadeilas.Oqueimportaentretantono· tar,paraosefeitosdeateartigo,éaafinna.

~~s~ ~~C:;ict:!f!!ªt:i~\iS;?l~CIA

por um l!imples decreto - com a vigência efetiva de um Estado de direito: "Ndaseiseépiororemldioqueadoen ça. lgrwro se é mais censurável a seita TFP (sic} que o procedi,ru,,nto empregado para persegui.la e dissollJ€./a. Mas a certo é que houve um excessivo zelo autoritário, uma batalha policial incrivel, uma proliferação de medidas restritivas, ume exibição escandalosa de publicidade, pera matar uma pulga. "Uma nação culta e civilizada, oom um sistema democrdtico e um Estado de direito que andem normalmente, diante d-O aparecimento de uma seita de.fanáticos ,ru,,tidos em uma mansd-0, sem p,ojeçiic p0pular alguma. não deve proceder da forma como o fez o governo de Lusinchi face a esse grupo de jauens transuia dos da TFP. Mobilizou.se o gabinete, mobilizou-se o CENda AD (Comitl Execu tiuo Nacional da Açdo Democrática), mobi/izau-se o ministro da Justiça, mobilizou.se o Poder Judicidrio, mabili· zaram·se todas as policias e montou-se um 'show'nosmeiosdecomunicação, oom o único objetiuo de desmantelar um círculo minúsculo de inadaptados, intran· sigentes, possu/dos pelo fanatismo cego e mDvi<U!s pek, ódio. Talvez o único delito aparente tenha sido o seqüestro de pessoas, e para isso aí estão os tribunais (...}. "Aliás, esta seita somente conseguiu unsquantosincautosedesprcvenidosque ca/ram rw desacreditado anzol do antioo· munismD. (...} Creio que se poderia coarctar suas atiuidades através da p0llcia mu

nicipal ou com a interuençdo de um juíz, com base rws tais seqilestros. Mas o governo converteu o assunto em um 'affaire' maiúsculo e nacional. No fundo, o que houve com a TFP foi uma grotesca manobra de distração (da opinião pública), em um clima politico desgastado pela crise e pele inércia do Governo.(...) Mas o Governo necessitava de um 'show' e o montou com essa caça desproporcionada à chamada seita maldita. Foi o que hou ve" (Diário de CaracM", 18-11-84). Deii,amosdeladoaavalanchedecalú niasqueoDr.Tarreendoasa,poisjãforarn refutadasadequadamente,enomomento oportuno. pela Associação Civil Resistência, bem como pelo Bureau-TFP em Caracas,emsucessivosmanifestoseco-municados de imprense (4). Registre·se apenas,depassagem,ateseinoongruente do show publicitário montado pelo gover· noparadesviarssatençOCl!desuaincom· pe~ncia. Qual o chefe de Estado que se lançarisnumjogotãoperig08o,expondo seugovemoàpechsdeprocedimentoarbi· trArio,comovemocorrendodentroefora daVenezuela,sóparacamuflerfracasaos administrativos? Oartigvde"Izveslia"dodia20denovembro p.p., conhecido na América ai· guns dias depois, mostrsria o júbilo de Moscou pelo fechamento de RESISTeN. CIA,tentadováriasvezes sntes,enunca alcançado, devido aos obstáculos encon· trados,segundoodepoimentoinsuspeito do jornal do governo soviético (cfr. Sobre o estrondo enti-"Resistência" ne Venezuela - O Kremlin deixa cair a máscara e canta vitória, Comunicado do Serviço de Imprensada TFP, "Folha de Silo Paulo", 29--11-84). F: difl.cil imaginar que o Kremlin se rejubilasse com odes· mantelamento de um adversário sem im· portll.ncis,oomopsrececreroex·embai· xador da Venezuela na UNESCO.

d~n:~irir~~i~A,

0 !t!ç~f?1~ra~ por que não as apresentou?

tcompreensivelquedeputnd08daCO· PEl,opartidodemocrsta-<:riatãodaVe11ezuela, aproveitassem o ensejo para cnll· caropartidodogoverno.Interessa,para os efeitos deste artigo, analisar como o fazem. GODOFREDO GONZÁLEZ, presidente do partido e ex-presidente do Congresso Nacional, bem eomo EDUARDO FERNANDEZ, seeretãriogeral da COPEI, batem na tecla ds "oor tinadefumaça"paradesviaraatençãodo públicodeassuntosmai.sgraves. tt J A Associação Civil Resistência des-

fsz coníusões e esmuga as calúnias (I 0-1084); A TFP informs liObre as 15 TFP·s (10-

10-&l); Ret!istêncla àá s público llmpidos e serenose11Clarecimentos (l &. IO-&l): Escls· rece a Associação Civil Resistência: As Declarações de Monsenhor Porrttsnão ~-ontribuempsrsajus1ica (l 9-10-84):Rcsistência dispastaacolaborarcom investi· gaçãodoCongresso (21,l0-84); 14pergun• taMqueintereuamaquemaindenão conhece "Resistência" (23-10-84); As Hi TFPse8CU Bureaucsraquenho: visão de conjunto (23'l0-84 ):Resistência ums vez msisemlegitimade(esa (2·11-S4);Senho· resconrendoresdeResistência (6-11·84); Seja ouvida a outra parte (6-ll-84); Ante terrorismopublicitário:AssociaçãoCivil Resistência n;,corre aos tribunaio àejustiça í7-ll -S4);U mdiscurso... proibido(9-ll-S4).

Exernplo rn1t1e rtilioodo1b$urdoeslrondopublic~ár,o movido oontr• "Remt~ocil" ': primeira p1iln1d1 ed•çkl de l4de novembrop.p.dodiáriosensicionalist1 "2001"', noticiando a invasão da Quinli Morell1 ea proscriçklda entidade CATOLICISMO -

Fever<,iro de 1985


Dizoprimeiro:"Ein.crfwl.&ram~/a· undo o jogo do gowrno. Não há outra coisa com qu e se ocupar que não eeja o caso TFP. O ca nal 8, ontem à noite, não Informou 110bre o utra coh,a q u e não foase o (1ic) TFP. E, enquanto isso. secobrecomeslocortinadefumor;aczcon· tecimentos mais grave,, profundos e fun· darMntais qu.e afligem o pczls ... " ("El Na· cional'',IS.11-84). Eosegundo;"NIJoconheconemestudei os fundamentos jurídicos da decisdo do goverrw, mas conco'!1-o plenamente com o opinido expressa Mie a ·El Nacional'.pelo ex-presidente Ca/dercz, ao ofirmor que o pa/1 tem problemM muito mais importem· tesegraw1"("E\ Nacionar·, IS.11-84). TJ'AA~daºló~~f,~~la~;'~~~ovi';,~ ncz montou "um e1petácuÚJ de1propon:io-rw.CWº' e ob11erva: "Tenho a impressdo de que o goverrw montou um ,how, u_m espet6.cufu que come('Ou por in/ulr a 11tuacdo, apresentando--a com.o algo diobdlico. ma· qu.iollilioo, que punho em perigo uxlo a sockdtuh wnezue/0110, quando o certo , que era um pequerwgrupo, que sem maior et1/orço podio. ser extirpado" {'"El Nacional", 15.11-84).

orti~~~o~~

m!!:i:sxt!i~~i:·.. cia,~ (lS.11-84), no qual selê,alémdojá tran,crito,queogovernomontoueue show publicitário "ea~ialmenlt com o opow do canal de telev11da do l!.$/ado". E acrescenta: "Supomo, qu.e o governo tem prova, da situaçlJo legal da Tf'P e deve !:~i:;ouP~ri:~:~t~~!J::/l: ! :tig':; o caso Tf'P}. Se não o fez, fol por ee u ollmpico despr ezo pelo Co ngreHo Nacion lll". Co mo nvê,oineuepeitodeputado democrat.a.-cristãotemporevidentequeo governo montou um ehow publicitário con tra RESISTtNCIA, eem alegar pro· vas. Equee11&1sprovas,elenemsequer forneceu ao Parlamento. Evidentemente porquenãoa.spo1W1ula,comentam011nÓ8. Esteêoprocedimentocllu111icodasditadunuideesquerda,comodedireita.

&. ··o que se passarã quando surgirem queixas contra outras organizações cuja existência não convenha ao governo?" Outro deputado d a COPEI, HENRY BF.NCID, e!ICN!Ve em eua coluna no 'ºDiá· riodeCaracas" (21·11-84); "OJm calmo e flOHegO, vimos analison· CW o, dois casos qu.e moi1 comoVf'rom cz opinidopúblicaº'.(...). CATO LI CISMO -

Fe~reiro de 1985

"Na ca,o do (1ic} TFP, uma a,w,ciaçdo de extrema direi/a com concepeôe1 do •'· eul-0 passado acerca da sociedade, do poil· tiea e da religitw, vê-se ela atacada por ,eus inimigos da e&qu.erda, oa,11U1totoma grande amplitude, a repe~usl~ de umcasocomasp,!cU,s1en1ac1onaluta8 atraiaaten('dodosmeUlSdecomr.<niro.çdo e comeca uma cadeia dein/or~s que co/ocaaa,sociaçdo,seusdefent10reseacu· 1adore1 rw centro de um deba.te que man· ttm em 1U8pernit a opinioo pública." (..J. "MMeisqueaaltaalebre,oporecea li&UJdecontribWnteseoGoverrwvlnela ml<itos rwme, importante,. (... ) O ri acode que a manobra não contribua para distrair o pais mas tome-se um ele· mento incontrolável e aumente a pressão é muito grande. I>ecuh 'cortar pel-0 sdo ', tomo a deci.$do de tornar ilegal a 1111ociaçdo". Portanto, ao ver do sr. Bencid, à.8 tanW ogovemoperdeuocontroledo ahow que havia montado, e foi obrigado a tomar uma medida de emergência. ~8ll_ela n~oé semperigos: "Poréma./goma1B/1cou.u1vo, uma decisão de juridicidade muito duvidosa que llbre um prece d e nte; o que se passará quando surjam queixa s contra outrllS organizações politieas, laborais ou religiosas cujll existência n ão convenha ao Governo ? Podem ,er postas fora da lei adui:indaos me,m.os mo· tiuos,ououtms,qu.eairvamdebasepara uma decisdo parecida" ("El Diário de Ca· mcas",2Hl.&I).

7. Na "convivência pluralista" do governo Lusinchi não hã lugar para a TFP Odiário"2001"delS.ll-84, na sec,;-ão '"o que se passou na semana que pasllOu?", t:ra2 a declaração de um conhecido político esquerdista, ex-membro da Ação Democráticll, e que rompeu co m o partido ora no governo. Segundo 'º2001", o "DOMINGO ALBERTO RAN· GEL nda concorda com a diuoluçdo da TFP. n4o porque de1conheça a rw.tureza direitista e inkmoáonol da aeita dú:r.b6li· ca, mas porque acredita que nem o Pre· sidente, n e m muito m e no 1t1 L e page (Mini4tm de Relações Interiorea) e Manzo (Miniatm da Justiça) tem poderes para decretllr ll ileg,didade de associações o u partidos. Rangel abriga. o temor de que com a mesma rapidez pod c riRm amanhã, os do governo, pôr fora da lei orl(anisrnos de esquerda: 'Nem sequer Betancourt, em plena insurreição - ouvi-o dizer - atreveu-11e a decretar a ilegalidllde do PCV e do MIR. Declarou-os inábeis para funcionar e deixou nas mãos da Corte Sopre mil a se nwnça definitiva'". Ocoluni.staautordessasec,;;Aododiário ··2001 ", Jesus Sanoja Hemández, dá uma notlciacuriosaefazumcomentãriointt' ressante.EleinfonnaqueopresidenteJai· me Lusinchi felicitou o comandante Da· niel()rtegapor,uarecente eleiçãoeomu presidente da Nicarágua, exprimindo o desejo de que lá se desenvolva "om4!lhor a.mbientedepluralismoconviuente". EdepoiA comenta: "A di&so/uçdo da TFP indi· coquemesm.ono'pluraliamoconuivente' h6.organizaç{je1q,u,umademocraciando tolero"{"2001",IS.ll-84). EIISII é a lógica claudicante de certos e,querdista.BpamOllquaiaháplenaliber· dadeparatod011, men011para 011adversárioaincômod011 ...

~:R1:~íirr~t1i~ foi decidida antes pelo Comitê Executivo

Nacional da Ação Democrática O mesmo politico DOMINGO ALBER·

!&l::.!GJo~ci~" (2&~~~ ;~~~ intromissão do Comitê Executivo Nacio1

nal da Ação DemOCTátiean011ato11do go-\"erno do prttidente Lusinchi: "No gover· no do doutor Lusinchi. o mais débil em face d e 1eu partido dellde 195~,o CEN da AD (Com1tl Executivo Nacional da Açdo Democrd tica} tomou a, deci11Je1 maia tra,111:endente,. Foi es,e organúmo que diue a li/timo palavra com relocdo à& medida, de reajll8te da tconomia impo1ta1 à Admini1tracdo LU8i~hi pelo crúe crônica que o paf1 padece; a.o CEN roube decidir, em última irnitlfn.cia. o referente ao refinanciamento da dluida; de (mlJ-01) 1cziu acaba.da, com~ retoque, fi· nais, a Lei de Custos e Salár/0$. Até a

•=•

~:r:{:t~t:i;~~a~:s:n ::~!t~.fri tendo es tudado o assunto, nem o Pre• 1t1idente n em seu Ministro da Justiça se 't1.treviam' a adot.a.r uma atitudedeci'6ri11. Marchamo, em direcdo a umgo-uerno dual, com uma cabeca em Mira/lo--

d: :i~~id~~ ff:d:í:~c~~i~'êEN 1/fj; Nenhum11 m11 téria d e Estado parece ch egar hoje a 1eu termo antes de sofrer o rigorolO estudo e a resolução fi n a l no '1anhedrln ' do partido oficial. Governo e partido tendem a ser entidade, amalgamad as. E o CEN se at ribui, por usurpação, aa mola11 fun• d a mentais". Uma tal 1ubordinação do governo às deliberaeôN do Comitê Executivo de um parúdo moatra como, no caso de RESIS. TêNCIA, a decisAo tomada serviu às sa· nhas ideológica, eaoainteressesdeue partido.Oquecomunicaumanotadeil': ealidadeamai1,edeperseguiçãoideológica, ao iniquo decreto contra RESJSrtN

CIA.

9. Medida ilegal, sem nenhum embasam_ento jurl~ico_. e que fere as garanl1as const1tuc1onais 0 advogad o ALVARO. RODRIGUEZ BES ellCl"eve para "El Umveraal" (17-11

~~~ri;rci~~ eREiiSTfNCí~~:=~: violsçàoda1 normaaconatitucionais. "A Constituiçdo auegura e/aramente, entre os direitos doa cidaddos, o de df:eu/!:i:~t:Sde:J:}~~ft':!;::i~:m~~~ nhia. andnima para explorar um ramo mercantil, até constituir um C/rcu/ode Adoradores de Ra. Di1to ndo há nenhuma. dllvida,e rnmhu.m funcionário público, e en· tree/eaincluo,comomaiorresf)'!ita,ose nhor Preaidente da República, tem o direi to de ob1tar tal liberdade nem de limitá·la mais aUm dt)queopróprioprectitoe,tabelece. Exise-sesomentequeofimsejalici· to". "Pois bem, ao tomar-se a medida, certamente ilegal, eem nenhum embaaamento juridico e contrârill à norma oon11 titueional, (_Jseexpuseram uá· ria, razôe, e alegaçõea, mas nenhuma que quallficaue seu, fins de ilegais. (.. .) O que defe nd o n ão é um grupo (__) mas um p rincipio que, assim co mo agora é violado para erradicar do corpo 110Cial uma facção minoritária


~

COIICttlufda ,orn1hm

M1T11tz1lnsmelldiMllchllt,1tn•fsd1imprenu 1diltel~vtnm1elil· n,s.defendeu "Resistln· c,1· eom1llilntnil1npinto de jufbça, d111i1nll o ,niQuontrondopulkltlno 1,t,O.,lilÓ(ICOOlrilllSS00,. .

e e:ii:travagante, pode servir amanhà para proibir o funcioname nto de um • indlcato, uma associação de profi&• sional&, uma câmara de produtores ou uma dessa11 religiões um pouco e&• tran hu que conhecemos porque ve• mo• ,eu11 templos. Penso na Igreja Batia ta. no Opus Dei (. .. )e indusiue na Anociaçllo de Produ~res de &tato• ou no Sindicato de Motoristas de Cammhdo

(... ).

''Penao que~ aqueles que aplaudi· ram a medida p ensassem com um pouco de 1ttenção nasjustificaçõe, de todo tipo que nascem de uma açào CO· mo e11a, mo,trariam meno, júbilo e um pouco mai, de prevenção. (...). "NIio !XM'IO imaginar que um gruJ>!itcU· lo rdo pouco influcnte na vida nC1C10na/, eom télo f>ow:o• adeptos e com r4o pouca11 pos,ibilidade, de ,er mais do que eue pe,· queno grupo de direitistas acérrimos. te· nha conseguido atrair sobre si todas as irasetodaaatuaçãodeumgou.,rnoque em coi11as muito mais importonle11 se mos• IM raopouco ativo "Ou algum fator que se ocultou ao público e,tá por trá, d1ts rllZÕea que o governo teve para desencadelll' uma campan ha de opinião pública como a qu e levantou, ou positivamente •e perdeu o aen110 dll8 proporções". Eoadvogadovoltaàeua_preocupação centl'al,emrelaçãoàqual,abàa,sem01tra umobeervadoratilado:"Nosúltimosdia1, o próprio Ministro do Defesa, q111: ~ mo•· tro em geral U!.D pondeMdo, auum,u uma atitude belicosa em face da tal TFPediue, sem rodeios,qi,eeles,eqi,emc·omoelea atuam, deuem ser presos. Imagin o que moi• de um de,sescidadàos(...) terll aplau· dido o senhor ministro, ma, 1e olhasse paro trllsemnossa hi6tória(...) deverla, em ve"tdeap laudir,ala:rrner-;ie".

10. Insuportável a intromissão do Congresso em assuntos de competência do Judiciário O jornafüta ANTONIOJOTAVE:,em auecolunano"DiãriodeCaracaa"(2().ll· 84).manifeatapreocupaçiloeepecia.loom a introminào do Congresso em a.111unw1 queaãodacompetênciadoJudiciéizio: "Recorrer ao Congresso para tratar de uma questão presumivelmente delituosa, é uma intromissão Insuportável em qualquer Estadc, de direito. Os deputados silo fabri cante& de leia e não tribunais de juiitiça. NIJo tlm mindo policial nem fhica/i:zadora em no11aaocieda.de".

18

"A inues1igaçl10 de uma poulr,el tran•·

grend-0 do ki oone1ponde âl diverso11 po/iciQ.11. E a aplicação da lei, castigando a ;ieus transgressoret, é função dos tribunais de justiça ". "Utilizar o punho pe,ado do Congresso da República dil Venezuela para golpear um11 in1Jtituiçi\o religiosa, política, soci1tl, familiar ou de qualquer outra natur eza, é pura e 1imple,mente atentado àfl liberdade, consagradas em n o.!18a Constlt ulçào". (.. JSe um ou mil ex-membroadauita tlm queixasoureslriç<'Juofaur, devem ra:i:ê-las pelos canais reiuJares da admininração da justiça com que conta a aoci.edade r,ene:zuelona. E não recorrer a ele, é panar por cima dos regulamentos que existem em todo Estado de direito" ''Não podemos permitir que o t:on gresso se imiscu11 ~o tema ~r ,imple, pressões. Se hoJe sepreurona para alsoqueresu/tarábené/icoparaasocieda: deuene:zuelona(oq11endoponhoemdúu1· da), amanhll se pode preuionar p(lra obter algo que ,reja duvidoso, em outro dia, algo indubitau.,lmente vergonhoso". "E o que se deve deuar bem claro t que OI presslJes ndo condizem bem com o e,pt. rito thmocrátiro que difunde musa Co111ti tuiçdo. E que utilizar o Conare110 ne;ita ocasião é um desaforo " (...). '1>o que está ocorrendo, à caça das bruxas, não há maia que um no de cabelo"(...) "Jll sereconesistematicamentedscomisslJes do Consresso paro interpe,/ar ou inueBÜJlar. .Vélohópollcias,fiscai1outri· bunois? Que última motivaçã o ou m11· quinaçào há por detráa de toda ena montagem cont ra uns supos1osfa116.tico11Ser fanático é um delito? Entdoao cdrcere com e/es.r Mas, por favor, formulem acusações co ncreta, co ntra e,tea aprendizes de bruxas: 'Enganam ~ fazendeiroa', 'mio cumprem ,eu.s con· rrato1','traficamcocolna','formamum Jlrupo paramilitar', 'desrespeitam 08 tlmbolo1pdtriol!'etc., e quea acusa('4oetleja tipificada em II0680 código como thlito Não venham com acHações néscias como a de que têm o cabelo curto, eaoram a um brasileiro ou são miaóginos". ·Porque, na fund-0, do mesmo modo se poderia acusar os mulherengos. os que adoram a ou troou nllo adoram o ninguém ou,simplesmente,osque 1111amocabelo 00

':'to":!:::eºJe°/::::::J:;s(~{itas' (..J e se ac6.ba sendo ·sectários' ".

11. "Violou-se o principio ~~~~~=~ad!n~~!~ªJ!°E~~do de direito ..

~~1(°R!~;!~=

ib~bAI'-~tÕ~1T}J;,;E lectual de esquerda venewelano, em "EINacional"(23-ll-84),depoiade"tamar a distância neceuán"a e natural em face do Associaçôo Civil Resisténcia", uoolo· ca "entre as p0u.cos{es1amo1 vendo que ndo são poucas nem co rentes de importán· cia)vozes dissidentesquantodproscriçlto daorganizaçdae(etivadape,loE:xecutiuo A meu juízo, a deci1ão foi precipitada e em co n 8'1qllénch1., inoportuna e !:,nteligente, Eis aqui meus a1TUmen '~ g l l i r ! , - Com a medida violou-se o principio constit ucio nal da separação dos poderes, pedra angular do Estado de Dire ito na Ve neniela. Com efeito, o resolll(llo d-Os douto· res Manw e Lepage tem como [11nda· mento uma inueatigaç{lo aegunda a qual sedeveteruerificadoacontradiçiloentreo objeto de A socire-TFP, declarado ante as a11toridades competenres no momento de suaconslillliçdu,eaotualfuncianamenta daorganizaçélo"(... ) "Admito o i.Udilo da 1itua{"lto para o Direita Adminiatrolioo, regulado na Lei Orgánica de Procedimento Administrati· uo, mas, apesar de rudo, nilo faltam nesse mesmo instr<1mento legal os mecam&mos 10brecujas base1,1111tentaraoberturade um procedimento e,pecial que de8"'e à ve rdade a insubstltuivel prova da co nfrontação. Em seu lugar. pelo contrário, os doi1 ministros 'pagaram e receberam o troco', esquece ndo-se de que o direito é um instrumento para restituição da justiça, ma s não é a própria justiça. Quando falta o instrumento (querdi:zer oprocedimenta) não há direito, mBIJ arbritrária auto· ridade. Eisaquiodetalhep0rcujoorificio 1e podem introduzir pro,criçõel e inobili lações, ndo 116. da TFP, mas de partidos poUticos ou 1indicatos" (... ). ·~ - Ob11iomente devemos começar por indagar a qucm ocorreuessabrilhanteeBtratlgiadeprovocara dÍJlpenillodoexércitode Plinio (..J. Só hdtrêsre1posta.1possfveis;/.Aum irresponsável desconhecedor do direito e da política; 2. A um politlcointeressado em escandalizar, mas nào no destino final dos jovens virtualmente seqüestrados; 3. A outro não convencido da investiaação por razões in· confessáveis". "Enfim o certo t que muiw melhor resultado oferecia a inte rvenção do tribunal Ch-il. no qual foi inrrodu:zido ore. 0ei-prellden~ftMllltúnoR,lilelC,ld111.lílefdemottm--Gistio. canslÓffou "illoro,:edentes u medidas lomi0:lu" - 1prosa1çkidt~" - q ~

, seu w. "dtwm w Hetui.d.1$ pelos n-iburnois eompelente$"


cur,o de Amparo. Serenamente, sem escânda los desp r oporcionados, in· t e rroa:ando as partes e a valiando com um a equipe multidisciplinária s uas r eações, o juiz: tinha a po11 ibili· dade de conduzi r esses jovens 110 r e· e ncontro da tradição, da familia e de propriedededeondesairam. Ho~pana· rom do O11roci1mo ao limbo, um dilema parecido com o de escolher tubercul-Ose ou câncer". Comosevi,orepresentanteda intelll~~;je:~=n~ed:ít"ÉkiST~Ngif.%i:!;u~J~ fadl•lodeformalegal.apósopronuncia· mentodaJustiça. E1ta hipótese agn1da às TFP1, ~ertas comoest.Aodeque.pela.sviaJilegata,somenteficariacomprovadaainocênciade RF.SISTE:NCIA O governo aocialist.a também tào certo ettavadisao,quepl'f!feriusaltarporcima da11 leis,comobemdescreveoer. A.J. Herrera.

12. "Acontecimento contrário à liberdade e ofensivo dos direitos do cidadão" O arguto jornalista CARLOS A. BALL MENDOZA. gerente do "OiArio de Caracaa",enumeraentreosúltimos "acontecimentos contrários à liberdode e lesivos dos direitos do cidadão'' a "colocação da TFP na ilegalidade

judiciário quando se tome uma medide administrativa contra a TFP- in· dependenlement,, do ronceito que no, me· reça a ,eita"("Diário de Cara.cai", 29-11-84).

14. Uma re\'ista jesuíta: "O ato de prepotência do Exe<:utivo violou o ordenamento legal do País" Não poderia faltar, neste elenco, um repreaentante qualificado da "esquerda ca, tólica",comoêa revist.a "SIC"doCentro Gumilla, da Companhia de Je,u• na Venezuela. Também manifestou seu deta· cordacomodecreto,apontando-ocomo umatadeprepotênciadoExecutivo,que violou o ordenamento le&"al do pala elevantadúvida1aob..eofuturopollticoe..,. cialdaVenezuela. ··toque/U!Unumartigod-Onúmerode deumbro: '"Ndo acreditamoa que ,eja ne· ceuário demonstrar que lemoa uma poai· cdo muito distinta O: da TFP·Retittim:ia. Poriasonos/U!ntimoscomomaiorlibercia· de de manifestar nosso desagrado com o procedimento utili zado para s uspender euas atividadee. Trata-se de uma n ova demonstração da pre potência do Executivo na vida polltlca n11cion11l, e do injustificado poder que pode exe rcer o núcleo central de um partido politico que, por maio r que seJ11, não é senão isso: um p11rtldo po Utico ae m poderes para jula:ar o u le -

O minislfo da Justiea, Josf M1nzo Gonnlez, assioou junilmentecom om inist,odasRel1~sl~r1C1reso 1oiustodecretodep,oscr,çlode'"Resist!nc1,1",oonden,doporl6persoo1hdldesweneluel1n11.eu,np1reçeresfi(U'lfflOOP,esentl!lrtr,C

15. "A medida governamental inicia um novo estilo e estabelece um precedente perigoso" Aguisadeconc\u..a.o,mereceaercitado um artigo da distinta e conceituada jornalista ANA TERESA. ARISMENDI MELCHERT, que, depois de tomar com al taneria a defesa da TFP, mostra. em es· tiloirônico,aincongTuênciafundamentnl da medida tomada contra RESISTE:N. CIA,queconduziria à,conseqüências maissbsurdBll: "A medida a-overnamental inicia um novo estilo e estabelece um preee-

!=:!~f!~~!~~; ~;;ful°:i'~e,:;,rª!:'e';._' plo portas do C'Olluento das Canneli· OJ1

ta, DescalcaJI para uer 1ua, filhas: que eBlaasejamo.c:u1ada1devadiaaemalfeitora1 por ndo t,,rem emprego, ou demernlici dade organizada. A1 me.mal medida& p,r derdo aplico.r.se à1 urua1 do Sanlfuimo, as quais, aUm diuo, correm perigo de ser castigadas com. pri8do de 6 a 12 an0& por inte rpretoçdodo ar!. 174 do Códiso Peno./ rderenteáe8crauiddo.(...)O,je,uftas es· t<!o expost-Os a ,;er acU8ado8 de thscon/w. cer a autoridade papal por COMentir que se chame a seu superior 'o Papa negro' eo. ttr

• joveM. 1:r~;ü½~:'A Zmedida s ~ª::r::O!e l:{:i';q~·~o~= dd margem para que Stauodo o acntor Oomm,c

AfbertD

Rlntet, foi o Comd Eacutr,o lfilaonal do partido lllfflno$U Açlo

[lemo.

tritlC1, pres,chdo por Manuel f'en1t>ier li esqu,erd1I. que deco:h,11 prostneiO de ''Rnlstffle11", 1nttc~lndo· H t l!Krdo do prõpno Presidente d1 Repúbhtl )lyme Lusmchi li d<reJU)

por ordem do Executivo, sem se lh e permitir defe nder-se num tribunal de juniça" ("DiAriodeCaracas'",2!Hl-84),

13. Até o llder do PC aponta a violação do Direito No dia 29 de novembro- pasme o leitor! - o próprio ca ndida to do Partido Comun i81a à preaidência da república nas úldmaa eleiçõeti venezuelanaa, JOSE VlCE;\'TE RANGEL. alinhava·11e entre oequecritie11mamedidatomadapel0Go, "erno contra a TFP,passando porei ma do aparelho judiciário do Estado: "Attonde ,e clwgard? Que limites tem isso?(... ) O CEN (Comiti Executivo Nacional do. Alio.nçalJemocrdtica)estdseconuertendo em um quo.rto - paro. ndo dizer primeiro poder. Decisões que são de. competência dos poderes públicos, Execu1ivo, Leg:l11letlvo ou Judiciário, são assumidas pela m áxima direção da Ação Democrática. Passa-ae por ci ma do CATOLIC ISMO -

Fevereiro de 1985

g islar dentro de nosso Eatado de dir e ito (5), Se as otw1dades da"TFP violaramoordenamentolcga/venezuela· no - auunto que ndo tratamo1 de dil~i· dar (porque tampouco ,w1 compete) - e•· 1e me1mo ordenamento contempla 01 procedimenws e fórmulu paro. o.gir. Não é coeren te forçar a Lei para fazê-la cumprir, A República tem Juh:es e tribunais para decidir conforme a1 leis, se procede a swipensào de atividades e qu e m e como se de\·e executar a sentença. (.. .J O procedimento uti/izado deixa multas dúvidas 110bre a capacidade dos 'poderosos· da Venezuela de aj_ust.ar s uas atuações às Leis quedeverrnm reger-nos e levanta grandes inte rroa:o.ções 1obre a subsistenáa de atitudes sectárills na vida polltica e !IOCial ve• nci.uelana ", í~) Um partido politicoquejul1aelegi1l1t• ditaduradopartidodoir=ttno:túoquecarac· ~istipicamenteoF..ot.adotot.alitArio.

amanh<!poslltJm,igua/mente,urinvesti gados, por acusaç6e1 ou IU8peita,, OI e1coteiro1, os rotario.no1,01membro1do LionsC/ub (.. J.Equemaabettrn!oocorre a a/sulm perseguiraquele1 que e,peram a chegado dú MeB1ia1, em vez da chegada do Papa!" ("OiArio de Caracas", 22-11-84).

Um abismo clama por outro abismo" As últimas noticia, procedentes da v,,. nezuela mOJ1t.ram que a unha anti-TFP dasctrcul03govemamenta.isnãoaediaaolveu.Eparecequenãoder,can1arâenquan· 40 ~~n~ d e a memória daalJ&OciaçãodeveRrelimina·

,..

Rifs~tY~ê1~~ ~~~:~i: ~:

A violação do E.ta.do de direito tem exa· tamente essa com;eqUtncia: caminha pa· raoespezínhamentodetodoodireito.co. mo já advertia o ulmiata: ''Aby,~us abyssum invocat" · "Um abi8mO clama por outro ahismo" (Ps. XLl, 8). ta constatação desta verdade que faz levantartantasvozea,nadireita,nocen· troenaesquerda,contraamedidaarhitrA· riaeilegaldogovemoaoeialietavenezu,,. lano.

Mariano Amonio Ugeren


Cúpula realça esplendores do ocaso

EM FINS DO SÉCULO Xlll, a Basllica de São Marcos, principal igreja da cidade de Veneza, pareceu aos venezianos modesta em seu aspecto exterior, face ao crescente esplendor da uida pública local. Tornou-se necessário então aumentar a imponência e a beleza da fachada e do teto. Para essa tarefa decorativa contribuíram, sobretudo na primeira metade do século XIV, numerosas artistas de renome, mesclando-se na Basllica reformada naquela época elementos bizantinos, como as cúpulas, e elementos góticos. Na foto desta página podemos contemplar um pôr-de.sol magnífico. Os raios do astro-rei circundam e penetram o alto de uma das cinco cúpulas da BasElica de São Marcos. Fausto da natureza criada por Deus, fausto da arte excogitada pelo homem numa civilizaçdo católica. O sol, desde os primeiros fulgores da aurora, até o esplendor do meio-dia, uai desdobrando ante o homem as magnificl!ncias de sua pulcritude. Mas em sua majestosa descensdo rumo ao ocaso, ele continua a apresentar novas belezas. E seu poente é, ele mesmo, magnifico, régio. Magnifico e esplendoroso, o ocaso, entre· tanto, ndo deixa de ser ocaso. E ele nos lembra o dito francl!s: "Tout passe, tout casse, tout lasse et tout se remplace" (Tudo passa, tudo se quebra, tudo cansa e tudo termina por ser substitufdo). Essa melancólica lei da vida, neste vale de lágrimas, o p6r-de-sol, mesmo o mais esplendo-

roso, nos traz d recordação. Tal lei, porém, não elimina outro aspecto da realidade. As coisas que nos maravilham também passam, é bem verdade. Mas o fundamento de sua beleza está em Deus. E no Céu contemplaremos, nas perfeiç{Jes infinitas do Criador, a Realidade insondavelmente bela, da qual as mais deslumbrantes belezas da terra nifo passam de reflexos. Como reconforta nossa alma tal pensamento, sem o que todas as felicidades terrenas, todos os esplendores que possamos contemplar - necessariamente transitórios - terminariam por ser uma fonte inevitável de melancolia e frustraçdo para os mortais. A cúpula de Sã.o Marcos em estilo bizantino focalizada na foto, por cujos vazados de sua colunata passam os raios de sol poente, fala-nos ainda de outra verdade, supremamente consola· dora. Por cima da beleza artlstica, paira a beleza da Cruz. E assim, encimando cada uma das cinco cúpulas, aparecem cruzes altaneiras. Superior e i7!diferente aos dias ou ds noites, sempre vitonosa, tanto em meio ds piores tempestades como nos belos dias, a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo nos prof!lete novas e magníficas vitórias da Santa /greJa . E nos assegura, para além de todos os sofrimentos e frustrações desta vida, aquela visdo gaudiosa do Deus trls vezes Santo, fonte e modelo infinitamente perfeito de tudo quanto existe!


AfOlLJCISM

Sancte Joseph , Protector Sanctae Ecclesiae


Até isto sucedeu Plínio Corrêa de Oliveira

N

A VELHA F'aC11ldade de Direito do Largo São F'ranci.sco, em que mediplomei,eramodaentreo8

professoreB dizer-te ec lético. ·Faceaoa

grandestemaa,dava nota de elegante atualidade o meetre que, depois de enumerar 1U1 múltipl11J1 correntes de juristas divergentes,acabavatambl!mpordiscrepar deumasedeouttaacolhendo.emesplrit.o conciliador,e!ementosnestaaounaquelaa,paracompoT1uap011içãoprópria."Somoaeclético"-explicavaflleeiramenteo me1tre,certodedeepertarcomiuoabenquerençadosalunoemais"novento". Entretaisaluno1,positivamente jamai1 e1tiveeu,semprenveHoà&&oluçõescômodas mas incongruentes, contraproducentes ou, por rara exceção, simplesmente an6dinas. RevendotodoeoelanCffdesseinsuCf.'flQ doecletismootimista-faceaosquaisfui chamadoar.omarati1udeaolongodeminha vida - poüodardemimestetesie. munho:ecl'1tico,jamai1ofui, emnenhuma ocasião, de nenhum modo e sob nenhum ponto de vista. 8

ui:~e:':: JJ:i:!ocs"f~~~:e ~~Je:c!éti: liantedeumnoticiàriopublicadope!a "FolhadeS. Paulo"{l7-2-85)sobredi\·eril'~ncia entre o oril'anismo de cúpula da CNBB. e altos PN!ladot como o cardealarcebispo de Sào Paulo, d. Paulo Evaristo Am•, d. Karl J011eph Romer, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e outroa, acerca da eventual convocacAodeumaConstituin~

Tal convocacAo, a CNBB, em nota comunicada oficialmente ao sr. Tancredo Nev.,.,Pn-sidenteeleitodaRepública,proclamadesejá-laparajá. Pelocontrário,o Purpurado de Sào Paulo apontou nessa com·ocacàoumincon..-enientegrave:ela absor..-erianoBproblemaapolltiC08aatençãogeral,adiandoaaoluçAodosproblem11J1 sócio-«onômicoe. ma.is urgentes. Assim, tal Consti tuinte deveria ficar para depoisdaimplantaçàodasrefonnassócio. econômicas. Reforma, que, 81!forem precedidas, segundo 011 estil011 democrátiC08 e11senciais ªºfiêgime, de\ong011eacurados debatesdeopmiàop(lblica,paraemsegui, dapa1111arempelatramitacàoburocraticamentelentadasCAmaraa.echegarempor fim à aua implantação em todo o Pais. acabariamporafundar.nasnévoasdeum futuroindefinido,aconvocaçAodaConsti· tuinte que s CNBB tllo açodudamente quer

c~atg

emA:;;;:~o'::d: 1aiadd!ªac;1:-i: çAodetodoum,istemadevotaçãoemque otOr11"anism06dequenteexpressãosocial ha..-eriamdeinterferirlargamentenopleitoeleitoral,dispu1andofaixapollticacom O!I Partidos. A CNBBparecenàoponderar queistotam~mretardaeportantoadia nllopoucoaconvocaçãoctaConstituinte, que ela tanto deaeju Ne:Ste ponto, o Purpurado de São Paulo parecemaiscoerente.Poi&.dl!l!ejoaot.am·

PlinioCor1bdeOlin111, fo!Oil1f1d0 Quando desu1eleiçkliCorist,1u,n1e de 19~. En ele depot1clc. 1presenhdc pela LipEleito<1IC1tólitid1 Sk1P1ulcn1"eh111,11611c1·. Efoi.1Gmnmotempo, ocan<hd1tom.aisiovemtm.ais 'fttfdcnoBrnil.

~meledainterferénciaeleitoraldoaorga niamosnãopartídArios,nàolhe preocupa entretanto o adiamento da Constituinte, queda!deeorre. Diantedetudoisto,pelaprimeira\·ez em minha vida senti-me eclêtico. E eis-me a cogitar, então, como meus mestres de antanho, de uma solução... intennediãria! Paradebatercomaautenticidadedemocrá1ic:a,queéaalmadoregime,temasda ma1_init11depinacularcomoasditasreformu,proponhoumatcrceirnsoluçào Aparticipaçllodiretadoscorpossociais nupugnaeleitoral-patronaís.operãrios. culturaiseoutroa-aoladodospartídos politiCOJl,equiçáoommaiorforçadeimpactodoqueadeste&,meparecesuma mente simpática. Depoisdeumlargo,cortêaeaprofunda dodebfltesobree:S,11a.srefonnaa,porque nAohaveriamdeelaborarasC4mara.s (re-novadorasou nào,PQucoimPQrtaria) uns doisoutrêsprojetolldiferentessobrecada reforma? Esses projetos haveriam de repre~ntarastend,',nciasmaiacaracterlsti· casque se mani!e:Stassemn oadebates.E: entreelesoptariaocorpoeleitoralconvocadoparaumaampliasimaconsultaplebillcitAria.lstogimplificariatudo,eemri· gordelógicadeveria contentarprincipalmenteosmaisradicaisdemocratas. Poi, pode haver uma solução mai11 democrt\tica do que e:Ssa? Mas tal contentaria tam~m os mais lUcidoa dentreosqueseoponhumaessas reforma.s.Poisdevema11berque,emnosso queridoPats.osocialismoeocomunismo têmaeusmaisfervolOIIOliadeptos,nàona maua,porémnosclubesoonfortávf.>Íllde "aapos".naasacristia&dotteólogosdalibenaçào á Frei Boff. e nos pequenos eená culosuni,·ersitáriosejomallaticosãvidos de esquerdismo Contentarassimosextremoa.apartir deumaposiçãoeclética,quel-oi11asingu lartm meu extenso curriculum. O caos contemporâneo é t.llocompleto queat!istosucedeu

@AfOLICISMO

Aparti,doJml;rimomkde ..bril.ontrad ...,via:.,,.ataboladop,_•<1m•

CATOLICISMO - Março de 1985


A "esquerda católica" e a articulação das revoltas APRES E NT A MOS em nona edição de fevereiro uma a nálise crítica de três pale s t ras pro íe ri d11s na P o nti nci11. Un i,•ersidade Católica de S à o P 11ulo · P UC, na sé ri e d e conícrê n ciae r ea liza d as de 2 5 d e agos to a 20 de outubro do a no p a ssad o, so b o titul o gera l " lgTej a e Procet11110s d e Li bertaçã o". J ulga mo11 Ol)O rtun o an a li sa r n a presente ed ição mai s du as p a les tras: a d e um religio so, 1-'re i Ro meu O a le, OP, e a d e um leigo ven ezuelano, Otto Ma duro. Os su btítulos !là o nos-.

F

REIROMEUDa.leéumvet.erano sacerdotedominieano,queatua\menteédi~tordo"CentroPastorai Vergueiro". Para a.naliea.rsua paleetra, hlllleamo-noe numa fitagTa.vada na OCüião. No ciclo "Igreja e Processos de Libertação .. era fac ultada ao pl'.lblico a gra vaçi\odasexpo11íçõe11

Comentandoaarticulaçil.orevolucioná· ria\evadaacaboemdivertaaâreaada wciedade, Frei Romeu afirmo.: .. No luto pe/alibertoç/foope11ool<'Bt6começondoo seunir,asearticularcada uel mais em todos os setores:setordefauelas.setorde loteomenlo11clandestinos.Aindaeste1 dias o pessoal da zona leite (Sda Migiu/), quelemumaarriculacilode,aúdebastan· teboo,temenf.nn1a(U)aPrefe11ura,0Gouernador, e tem rorueguido uma Urie de roisas.E/eses/ilalentandaumaarticufa. çdo em plano de cidade de Sdo Paulo, da grande S<toPauÚJ. E111aL•a lend-Oem "OS/fo Pau/o· que a penoal do, mouimento, p<r pulores da regido su/.lludcste esrd 1entan· do o mesma coisa.: u articular. Nó, 1em011 uns omi[!Oll lá no Vergueiro. um grupo de arquitela,,quee111dotrabalhandojun1oao mouimento popular.... e ogora ele11 esrdo oontond-0 para a gentecom.oopeuool está se articulando. Até a11 domé&ricas esrdo se orticu/ondo em plano nocional. No GoidB. n0Acreaslauadeira11jdestd0Bearticulan· do para defender seu1dire1to1. Atéa11pro1· titu/asestdasearticu/ando.Deusseja/ou· uado'•(rillo1).

Tal articulação-fcit.anascomunida· desde base - visa enfrentar niiotóa PrefeituraeoGovernador,oomofiooudi· to. mas tambl!m a policia, o e xêrcito e o patrão: "O tema do último encontro das comunidades de ba~efoi muito rico: Comu, n idade d e Ba se, seme n te de uma noua sociedade ... O peuool discutittdo juntos os seusproblemas,enfre11tond0Gauerno.en· frcntandopolício.enfrentandouército, enfrentando patrdo. enfrentando tudo".

Quem&enegaaentrarneeaaarticula· çãoe,poro.l$plritocrist.1ia,&eacha feliz na suapobreza,nãoteminvejaevaiprogre. dindolentamente.eaaeéumobatAculopo.· ra a "e11querda católica". t precisoextif· paro&entimentodefelicidadedaalmado pobre,paraqueele&erevolte.FreiRomeu narrateridovisitarafam\Uadeumafaxi· neira (cuale daisfilh011).quemoranuma cHa pobre alugada. O marido "me diz com o maior1ranqüilulade: 'Pois é, Frei, eu soufelizaqui;quandochegue1aSifoPau/o tiue que ir durmir em baixo da ponte; a110ra eu tenho essa ca11inha aqui; sou feliz'.

CATOLICISMO - Março de 1985

n

Enldo J um problema, mio O fulano é feliz11aquelacasinha.Comoéqueuoclvai r,u,bilizaressefulaoo?Elevaidizer:'lssoé besteira,bobagem,estouldobemaqui' ". Comoacaharromta lfelicidade?Segun· doFreiRo meu, aspessoasquee\equalifi· ca"denossoniue/"- ou seja, dclidcrança da"esquerdacatólica" - jáestãoatunndo para isso.Eiss uaspalavras:"EnldoEume pergunta sealgunsgrupas ndo est,foco, meçondo o superar isso, com o apoio de pessool de nossa nivel".

Desconcertante concepção de moral e da traição de Judas Ap611 ler depoi mentos de prostitutas, poesia11populares,etc.,freiRomeudefen· de a autonomia dos grupo11cat6licoeem face dos vigários e da CNBB: "Agente tem vUlto grup,n que comeÇarom um trabalho ligada ti diocese ou ligado o uma paróquia, mo.s no fim de algum tempo uiram quendo tinham condições. Vieramconuersarcom a gente lá no Vergueiro. AgentedUlse: ndo tem dúvida, fa.,;a. um negócio sepa rado, autónomo. independente. O importante J prestarseruiço. Seovigárioncloquer,,e atrabalha, uamos por conta. da gente. A UCBC (Unido Cristã Brasileira de Comu· niroçdo Social), eu ndosei h6quanro, anos a CNBB uiuia em cima da gente: 'Par

que o UCBC n4o ,e traruforma nu marga. nUlmo da. CNBB1' Ndo! Para qul? Os pa dres e o, leigo, na Igreja podem ter seu.a mouimen/JH próprio,. Nóa ndo e1ta.mo,i contro OI Bi8po8, nós e,tama,, na romu· nhdoda Igreja ... MO$ ndoqueremosser 6rgdo do CNBB, queremo,, ter nmi'Sa. liber· dade... EnldO uomos /1.08 e1crouilardentro da Igreja? Ah n4o, espera al.1'' Daqui e dali Frei Romeu deixa trnnspareeer 1eus estranh03 conceitoe 80bre moral. Porexemplo,di:tele: "N61,nanossa c/0$11e mldio, 1empreq~re11UJ1J mais algu. ma coisa. Queremo11 mais um liuro, uma uia11em, tem o/guns que querem mais uma mulher (ri808), 1n-a.is um marido (risos). O peuoaljá conta. até par 6, 7, 8. O nossa grande poeta Vinicius de Mora.iB, quondD mvrreu,estauanono11a(riaos).Nifoémes mo ? Aqiiela a.grad6.ue/ ca.ntura, coiladi· nha. que se suicidou, o Ellis, estaua no terceiro" Nenhumacen1uraaoadulU!rio,aoamor \ivre,aodivórcio,nemsequeraosuicldiol Taleraoambientemoralreinantenaque, leauditório,emquepredominavampa dres,freiras,agente8pastorais.Oscomen· tê.rio& malicio101 dooradorfornm recebidoscomtodaanaturalidade.eaté romriMla. Em tal ambiente n!io é de npantar que Frei Romeu tenha cheiado a apresentar a própria traiçãodeJudasdestemodoina creditável: "Ndo J de a 11ente se e,pan1ar rom con· flito, na. JgreJa. E1te ndo ioprirn~iro, nem serd o úfomo. Os primeiros ron{l,tos estdo no 11rupo do, doze, /d com Jesus. Por que Juda, u afasto? l:ntrou em ron/lito com Jesu.s e com o grupo". Arupturaetraição-amaisabjetae aacr11ega que houve na História - perpetrada contra Aquele que é "o Caminho, a

.

O be•fO de Jlld!IS - Pintura de Giotto (,k XIV - Pidu1, IUliaJ. A~1r1fil crt$11 lpm,e!ltl I tr1,çlo de Judn, ot..i1menll!, como um dos mais nefandos pecados da Hostóril. h'um1 ~csull,uç)o 11'08/a.l~tl. 1 1,;lo 11Dminhel dotnidor !QU,1lilicid1 como um ·connito com Jnu11 com oarupo" ..,


Um11oto11pdiçatriaclr• 11 pep O f\lZÍI ICI lido daiuerr.i.ewa.poroeasiio óatew*lçloillldi!IISII.St"'ndoMlduro,lt.Jrante·o pnn,e,rosenle$!redarMluçio. o clero e:itn1 mifO" nt1Rlffltl'tte1flvor!dell)"

Verdodee a Vida", o próp rio Verbot:ncarnado - é apresentada como um timplet "conflito""entrealgumaapessoas!

O sandinismo triunfou devido ao apoiodoscris1àos O maTXlJlta-'"católioo" ,·enezuehmoOtto Maduro{l)de,::lsrouquetrabalhouna "reuol"('donicarngiknsecomoeatóliro,mais do que romo t1ot:ialist11 e marxista "(p. 18). Segundoele.alutadeclas,,e,;;seiniciouna Am!ricaoomadescobertaecolonizacdo - que e\echamade"'invado" - por parte de eepanhóit, portugueses e outrOll poVOII. De acordo com es,;a çcmcepcao, Cristóvão Colombo, Pedro Alvure.11 Cabral e outro.,ttriamsido"opressore11".Pedimot aoleitorquedei:,;ede!adooaspectoridlcu-

~~~~~ ~~i;::::~s:~~~~~~·~:~~~~:~

mentosdanossaHistóriaquel!àoaseim fo rçados-reinterpre tado,,diriamos marxist.aa-p11rafacilitarhojeemdiaa tubversdo genil dos prindpirn1 e dat intt.itui~. Apóaapreeentartodaumavi.sãodistorcida de noua história e de nOha gente, MaduropU11aafalardo"projetoaocialista"eda"libertação"daNicar~a.Ne&te pais deu-11e, segundo ele, a "oproxim~o deumareuoluçlfo1K>t:ialistacomo{tcnstd ecom111isrejoscristds"'(p. 18) Confirmando o que o Prof. Plínio Corri-a de Oliveira afirmou documentadamente (2), eue admirador do sandiniKmo declara; "Se nlfo tive,;,;e hovid-Oaporticipaçdo q1U1reolmentehouuedosrristlfo1,11Prente Sarni/nista [como ela própria reconhece] nlfo teria triun.fodo" (p. 19). Durante "o primeiro semestre do revolll(lio", pl"'OSIM!rue Maduro.o "cleroestauo ma.joritaria• mente li fouor do reuo/U(lf,o lond;nisto" (p.23,destaquedooriginal). E:mruaumaprovadequeoeman:iat.aa, por ai flÓe, nada conseguem na América Latina.E:precisoquee\essedeclaremcriatAoa, freq!lentemseminAri011,seordenem padres, paraentàoimpressíonaropovo. Pode o leitor constatar, em face dessa declaração, a importância da atuaclloda TFP na defe11a du civilizacão cristã, ao deema11Cararo,lobosveatid011deovelha. O que pensa o conferencista da atual poaiçãodeJoão PauloII?"JodoPauloll retrocedeu em muitos aspectos. não em todo• (1 bom frúior) d mentalidodede Pw Xll"(p.28-destaque dooriginal).Eproe· aeg,,ie: ''Jodo PauJo li, atéaConferlne,a de Puebla, nos apoiava. Mos. de repente.

foi como se n011 diuene 'porem e retrocedam' "(p. 29) €bemocasodeobservarquea"e&quer· dacat6lica''nemretrocedeuncmmC8mo parou.Continuaeladesinibidamentep= movendo o marxismo. Virão medidas efi· cal!cs do Vaticano? Aguardemotcomesp!· rito de oração

Um problema Lá1ico para a

"esquerda calólica" Osrecentespronunciamento1rd0Car· deal Ratzinger e de João Pauto li - 11 C01U1iderarmosoteord11sconfer~nciaad~ tasérie,pronunciadasnaPUC-nãoabalaramemnadaa"fé"da"eaquerdacatólica·· no marúsmo. Mas criaram-lhe um µroblem11 tãtiro. Esse problema é aseim descritop,eloesquerdistavenezue!ano:""e1 tamos mire a espada e a parede. E ainda ndo sabemos o que fazer. Mas lpreri~o 11ea/asituaçdopensormuitalH!ma1movimentos. Hrí 15()() onos, de modo especial neste1últimos30onos,quenosocusluma moa a ndo questionar os Papas. t porlan to muito difícil inaugurar uma omudf'er(tica, como a de Paulo frente o Pedro, sem

sair efuMarautra /IJreyo. Mfll/ aehoje Pau/J:J funda outro Igreja no América Latim,, Reogon invade e mauocra tanto Pau loquantoPedro"(p.29), AoaludiraPauloePedro,oaradorquia referir,seaoepisódionarradonaSagrada Escritura, em que Sdo Paulore11istiu a São Pedro,notocanteàqueetãod11prãticados ritosjudaicos.Maduroconsideraa"esquerdacatólica"como11endoPaulo.Entretanto,oaut.oromitedediurqueSãoPaulo jamais pemmu em fundur outra igreja. Ele resistiu num pontoditciplinarimportan te, não porém em queetào de fé. Ora. Ma durolevantaclaramente11possibilidade dea"esquerdacatólica""enveredarpela senda do cisma e da heresia, fundando outraigreja.Eoqueodetémantetalsen dasãor8ZÕellmersmentetática.11.Avirtude da fênàolhediz nada?Seucredo parece :7~~~~--11\mbolo de Niol!ia, mato credo Porfim,nllltandoa.epreesõesintcrnacionaisqueau:,;iliamogovernosandinista,dizoagitadorveneiuelano:"Aposiçào da Igreja Católica nos Estados Unidos leve um impacto enorme em intimidar o IJOVNno de Reagan"" (pp. ;34,3.õ). Ou S<lja, nointeriord03J::&tadosUnidos11"esquerdacatólica'"dificultaaadoçdodeumapollticamaisdefinidamenteant.i-sandinista porpartedogovemonorte-americano. Ott.oMaduro.nãopodendonegarapreaençade"asseMOrea··90viéticosnaNicarágua,procuraminimizA-laoom11obsl>r· vação: '"Certamentl'6dopoucos"(p.36).

Gregório Lopes Notas (l)AµaJ.,..trafoiprofcridapo,OttoMaduro sobotitulo'"/.utadedas11C1~proceHMdf'libertaç<lo na Amlrica Llwna··, ~m 25delljlostop.p..

Para,.nalioate>180exposiçAo,tw..,.-,amo-noono opúsculoque11tr11n.crtveu.editadopelol.lepartamentodeTeolojpneCi~nct11..1daReligiaodn

PUC - SP.

(2) Cfr. ··c,uoliciluno"". julllo ago&w 1980(n~ 355-356): ··xa noue Sandm1.ia, iná1açdo à gru,rnlha"", anAl.itee ooment.11.rioOI do Pro( Pli nio Corml de Oliveira. Prelidem.e do Conselho

:-:arionaldsTl-"P.

No klllle!D MI QUt fiturl I conl!rtno1 de Mid\rro, Uffi de$enllO llPl'fflOVO:

ilretnomntanlloolerr1f1111du11st.; "Pitn1 lr,rfou morrer"


A grande alternativa de nosso tempo - dead? or red? na perspectiva da mensagem de Fátima Plinio Corrêa de Oliveira "Catolicismo" apresenta abaixo o penetrante prefácio que o Prof Plínio Corrêa de Oliueira redigiu para a recente edição norte-americana da obra ''As a parições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", de Antonio Augusto Borelli Machado. Estamos certos de que nossos leitores se beneficiarão lendo um texto que comenta, com tanta clarividência, problemas-chave do mundo contemporâneo, d luz da profética mensagem de Fátima.

Uma lraduçio "1Clffl ela obu de Anton111 AucuUo Sorti! Mldlldo. qut ~ lll"nçou no 8rlSII 1 ~!l&tmde120lllllpempl..a, loillnç,d.lrecentemente110SEs!Jdo$UIIICkllpeltTFPnorte,1/lle,'ie.,n1

A

S APARJÇÔES e a men.,ogem de

F,Him(J conforme os ma11u1cr/tt)s dalrmiJLúciaaaiagoraemed1çAo

norte·americana. Publicado no ano de

1967 no Braail, onde alcançou 19ediçõee,o livro circulou também em Portugal (em edição\ocal),bemcomonomundohi1pã· nico (atrnvês de caton:c ediçõea em idioma caetêlhano)eneltA\ia(quatroediçõea). Tran1pô1 ele igualmente 01111mbraie do mundoanglo-&al<ônico,ondefoitranecrito na1revi8tfl8""Cru1adeforaChri1tianCi, vilization" de Nova Yorke"TPP Newslet-ter" de Johanneeburg. Auguro acolhida tambémel<celenteperaapresenteedição. Com efeito, a obra. do eng. Antonio Auguato Borelli Machadoestil.baaeada em uma investigação muito ampla de fon· tee. e em uma anàlise penetrante da, me. mu. Com 011 dad011 a.nimobtidoeeselecionado,, ela conuitui uma compilacão inteligente,àgilevitori011a,detudoquanto integra realmente a Mensagem de Flti· ma. E.apardiMO,apraaenta\lmainterpretação,aumtempoargutaeprudente, devàri011B11peetoedela. Quilleram o autor e a Editora que eu precedessedeumpreíàcioapresenteedi·

,,,Acedendo aoamàvelconvite,pareceu·

mequenadapoderiaint.ere11aartantoao homemcont.emporãneo-enotadamente aoleitornt'fte.americano-quantorela· cionarocont.eúdodaMen1agemcomo, CATOLICISMO - Março de 1985

problemudapazedagueJTaconsi(lera· d03dopontodevistada.cruelalternativa: - lktter red than dead? - lktter dead thanred? ltoqueexperimentareifazeraseguir.

Para. uma grande ma.ioriadeno8808 cont.emporâneoséint.eirament.ecla.roque euaé11alt.!rnativafundamentalant.!a qua.ltodosnoaencontramoa.

A Men11agem de Férima n011 proporciona conhecer com clareza sobrenatural a 1olução da Providência para essas per· i\lntalaneustiantff. Em 1917, meea antes de o comunismo ascender ao poder na Rúuia, e2811Ilo1 ant.eadeaprimeirabombaetômieaexplodir em Hiroshima, a Mensagem de Nossa Senhoratrsn1mitidaaomundopormeio dos tr~e p11etorezinh03 da Cova da Iria contém ot elemento& de uma re!:!po11tacris· talina.aeeeaegra.veeinterrogacões.

Ca/llo$ucedetodosC1S1nos,um1mu!bOoimll(ess.oo1ntedepe<qr1noscom111rete111Fibm1 flOdii 13 Oem110do 100 111su0o


Porém a Mensagem ainda vai maia lon· ge. Elaadvertedequeseistonãoforfeito, aJustiçadeDeuanàomaisreteràOCllllti· go iminente: "Se atenderem o meu, pedi· d0&,0Rú&siaseronuerterd e terdopo.:;H ndo, espalhará seus errospelomund-0,p,o. movendo guerras e pereeguiçôe, d Igreja; O& bon., 1,eríw martirizado&. o Santo Padre tercímuitoqu.eeofrer,uáriasnaCOe&strdo aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Co. ra("4atriunfará".

lmpona notar que a Menaaae'll não afirma que, cumprido quanto a Rainha do CéuedaTenadesejaparaaplaearacólera de Deus, o flagelo do comunillmo serà afastado do mundo sem luta, pelo menos incruent.a. El:t deixa ver, isto 1im, inter· venções admiráveill da Providência not1 acontecimentos humanos, que usegurcm avitóriasobreoflagelocomunista.

De um lado, a Men1~em fala a reepeito d011"trro1da Rúuia" -ocomuniemo -e indicaomeiopeloqualaexpandodeste pode ser evitada. Com efeito, o oomunie· mo,elaoapontacomoolfl'andecastii(lao 3~~~ni~~!8!:S~o~rr011ta;i:or,~: aparece,portanto,claramente,comoum flaK"elo da Provid~ncia para clllltigar os pov08, eeepecialmenteoedoO<:idente. E tal flagelo, oe homens podem evitá·lo .ee se emendaremdairteligil!.oedaimoralidade emqueseachamato\ado1,evoltaremà profiadodaverdadeiraFé,eretomaremà prãticaefetivadaMoraleriatA. Em termos maia preci.&oe, paraquefOllse cumprida a vontadedeNOlilla Senhora, nAobwitaria-seirundoaMenaagemumgrandenúmerodeconvenõespes· 1oai1. Eraneceadrioquea1vária&nações,cadaqualcomoumtodo,notada· mentewidoOcidente-a.eeumodoele também tAodevastadoptlaitTeligiãoe pela imoralidade - voltauem à profiuão d.averdadeiraFêeàpráticadospreceitoll morai& perene1 do Evanielho. A Menaaaem não se limita, poie, a apon· taroperiao,masindicaomododeobviá· \o.Estemodoni\oêmorter,muitomenoe aceitardelicarcomuni.llta.Elecon.si1teem seguir a vontade de Deua, em atender a Menaagem da Mãe d Ele e. de todos n6'. Entre e111111 condiçõee - é preci&o não eaquecer-e11táaConu,TaçAodaRú1&ia aolmac:uladoCoraçãodeMaria,n011ter· m011emqueNosaa$enhoraapediu.

Mas, ao mesmo tempO, deixa aberta a porta para ahipótesedeque08homens tenham quedar st'Ucontributones;ia luta, panicipandoelesmesmoa,heroicamente, doegrandesprélioen011qua.isaajudasoberanaedecisivadaVirgemalcançaráa vitória. Com efeito, a Mensagem exclui a hip6~ sedeumavitóriadef.nitivadocomunis· mo:seoshomensatenderemaoapeloda Virgem, o comunismo aerà vencido sem ca&tigoparaeles:seni\011tenderemae&11e apelo,ocomunismof1agelarãoahomens, mastambêmacabarávencido. Emumaououtrahipótese,avitóriaserá da Mãe de Deus Convém notar que, na perspectiva oe Fátima, não são principalmente 08 arma· mentoe,pormaiapoderoaoaque1ejam, queevitarãoocastigo.Adiuuadoeven· tualmente alcançada pelo armamentiemo das naçõee do Ocidente pode .eer um meio legitimoenecesaárioparaprevenirsguer· rae,portanto,paraalcançaroprolonga. mentodapaz. Contudo, a expanaão do comunillmo é deacrita por N068a Senhora como umapu· niçãoquereaultadospecad09doshomell8. Ee11tapuniçãonão.eeráevitadaseoeho. meia não se converterem. Pode ocorrer - illto IJim - que um doe meiot1pe\osquaill0Clllltigode11abeaobre os homens impenitentes venha a ser um antiarmamentismo incondicional, de ca· ráter puramente emocional, eportantoim·

previdente,queeetimu!etodasortede agreseõeeedeataque11deumadversãrio cada vez ma.ia armado. Entretanto - no~se bem - o modo preferido pela Providência para fazercea· •ar o flagelo comunieta, de nenhum modo é uma iuerra. Eue modo consiste na emendadoahomeia,nocumprimentodo queaMensagempede,enaronversãoda R6ssia. Pode ser que a Providência queira 11ervir-11e de uma guerra para preparar as condições para uma converd.oda Rússia. Porém,illtoni\oeetádeclaradonaMensa gem. Em todo caao. a aimple!! vitória mili tar1obreaR6uianãore1<>lveráoproblema, nem afastaráoshomensdaalterna·

le,·arUltoacabopormeiospadficos,per· suuiv011,religi01011.Evidentemente,oque a Menaagem prometeéaconveraãoda R6ssia á Religião Católica, com a conseqtlente J)Ollição firmementeanticomunista queaHierarquiacatólicatomavacompa,:,. tamente ao tempo em que a Mensagem de Fátima foi dada aoa homens.

Qualarelaçàoentreestaautl!nticacon· ve"ãoda Rú1111iaeaextinçãodof1agelo comunieta? - ~ evidente. Está no Crem· linoprincipal focodepropagandaoomu· nista no mundo. A convel"8ão da Rússia trariaconaigoaparaliew;Aodessaforça. Adernai&, uma R611ia convertida se abririaprontaeinteíramenteparaoOci· dente. Seriaentãopo611ivel atodososh~ mene conhecer muito ma.ia objetiva e proíundamete do que agora o abismo de malea,denaturezaeepiritualetemporal, em que e11ta• muita& e longas décadas de aplicação do regime com11nilta lançaram •infelizR6uiaeae\18&atélites.Oqueabri· riamuitomaiso1olhoedollpovoedoOci· dente para o que hã de falto na propag:an· da oomunin.a, imunizando-<>11 contra ela. Por fim,e mais uma vez,i.n8illtoemque, na penpectiva de FAtima, a conversão da R6uia tem como condição prévia uma conven.Ao do Ocidente. Deua conven.ão linoera e profllllda, como obviamente a Sandaaima Viriemadeseja,reeultaràque oOcidenteeerá,jãdesi,totalmenterefratárioaocomunillmo. CATOLICISMO - Março de 1985


Fátima nào noa fala da China, do Viet· nà, do Cambod,:re. nem da deedita doa deo mlmpov0& sobiu aocomunista.Maaéób,·ioque NouaSenhon,aqualUo admiravelmenteterâprotegidoaemguer· raumOcidentecon\·ertido,nàopermitirâ quee1111aagrandes edesdit081111 naçõesfi· quem à margem da efuaào de gnu;aa que oonverteràoo Ocidente e a Rú..iaoom seusaatéliie.(poiaaneanàoteràooondi· çõetideaemanterememregimecomunista dentrodeumaEuropaconvertida). Tambémpara08demaiapov011,paraas nações nào mencionadu naa revelações de Fátima. a virt1.1dedaeaperançacriatA nosproporciona-eudiriaqueno11impõe - a certeza dequelheapropiciaràoa meios de romperem aeus grilhões, bem a,. modeoonheoeremepraticaremaverda· dcira Fé

Adoutrinacatólicamostraque,peloin· feliz dinamismo da natureza humana decslda em conseqUencia do pecado oriri· nal,oomodaoperaçàododemónio ede 11eua agentes te1Tenos, na medida em que o homem se afasta da Fé, tende a um modo deaeredeagiropostoaoqueaFéensina. Quanto maior a distância, tanto maiore11 aa transgre'8Õff. Algo como a lei de Newton. Aei:periencia aliWI o confirma. Edemodomuitoparticularemn08110f1 dias. Qual a escola po\1tica,aocia1oueconómica que poderia evitar, sem o awúlio da Religiào,aexplosàofinaldeumaaocieda• de que, impelida pelo próprio dinamismo dade$Crençaedacorrupçào,chegW1Seà

tran8i!'eHàototaldoaprindpioaemque

u funda a Cidade de Deus dellCrita por SantoA11011tinho?

Sem que°' homens voltem a e1111e,, prin· clpi011salvtficoa, nãohàcomoevitupaTS,:.,.indivtdu011eparaaaaociedadea1.1ma deterioraçàoglobal,denatureza e propol'(Õefl indefinivei11, mutanto maia temiveiaquantomaiorduraçàoeprofun, didadetmhaop-dedegenereacên ci~ Que011homenaouunaçõ,eamen0&afetadaaporeuadeterioraçàoqueiram defender-ucontl'aoacometimentoadOII homensedunaç6etimai.lilafetadu,que

f:bemdeverqueessaavli.riaaconsidera,

;t:J:J:~i!~~; ed~de:d~~.toa uma Os homen11 sem Fê- e seus irmãos, isto l,,osquetêmpouca. Fé-sorrirão diante do que lhespareceráumaaimplificaçào desconcertante. eatéinfantil.doaproble, mashodiernoa.queempu1Tamo0cidente paraocomuni&moeeventualmenteparaa guemi..Procuraraeoluçàodeleanacê.ndi· daMenaagemanunciadaportrellpastore1.inhosanalfabetoa.lhespareoeràrid!culo. Mais talvez. do que i8ao. demencial. Nàoneroacomplexidadeinextricltvel dos problemas contemporâneos. Penso, pelo contrário, queeuacomplexidadeé ta\,queeleii me panam insolúveis por mão humana. E iaso tanto maia quanto a intervenção d011 homens um Fé, ou de pouca Fé, nalil peaqui8811edebateadet1tinadoaareaolver taiaproblemaa,oacomplícaaindamaia. Superficialidade?-Elameparecepresente. Nào, poN!m, em n0880 campo, maa preciea.mentenod011oéticoa. Com efeito, ,·ejo-oa engajadoe em uma oonCl.'pçàoomai1dasvezesproíundamen· teignorante,esempreapriorletica esuper· ficial.doqueeejaareli~ão,dopapeldela navidadll!lsociedadee,d011hornenaedos indivtduoa,enaavaliaçàodupotenciali· dadeaevirtualidadesdela,forttaaimaae in9ubstituivei1, paraaaoluçàodoeproble, mll!lqueoecéticoaprocuramemvàoreaol· Nàol'!ltAaquiaocaaiãoadequadapara :~~:nar ainda maia eate ampltuimo as· NàoreeiatopoN!maodeeejodefazerver aaventuaialeitoreecêtiC011algodes1a,in· substituivei&poeaibilidadesdareligião,de póraoalcancedeleacomoqueumburaco defechaduraatravéedoqualdiviaemalgo deseevastleaimohoriwnte. Santo Ag011_tinho traça.º perfil da socie, dade \·erdaderramente cnatil - a Cidade deDeus-edoabeneftcioaquedalresul, tam para o Estado: imagine-11e - escreve ele - "um exlrcitoconetituldode,oldadoa como OI forma a d-Outrina de Je1u8 Cria to, govemadore8, morid-01,eapoaoe,poi,,fi· lho1,me11,ea,1ervo1,,ei1,ju.!ze8,ron1ri· buinfe1, cobrado~ de impo,to, como 08 qlM'r a doutrina cria/4! E 0111em ainda [08 pag4o1] dizer qU-1! u1a doutrina, opoala aoa intereueti d;J E1tado! Pelo contrdrio, cumpre-/rn/a reconrnl«r ,em rn/ait~d-Oque ela , uma 11rarnh ,alooguarda para O E1· lado, quando fiel~nteobserva.do"(Epi,t. 138al.5ad Mareel\inum,eap. II, n ~ lô).

CATOLICISMO - Março de 198ô

O heroísmo dos montanheses afegãos DO BANDA Y, UM VILAREJO afegão, como Cl.'ntenaa de outrllll comunas do pais,vivianacalmaquasepatriarcaldeumaeconomiapaatorilatéabrildel978, quando um regimento apoiado pel011 tom?U o poder em Kabul. Imediatamente começaram na vila as mvestia:ações, espionagent e prisÕCII. Dois anci,los foram presoa, e as novaa autoridadee exigiram que todllll 1111 c~sa, fossem deixadas abertas para inspeção. Oa aldeóee se rebelaram com fmces, porretes,machados,onzeantigosriflesing\eaeeealgunamoequetôell."Conláva· mos nos,a, canções enquanto combatlamOI os comi.ini8tM'", lembra uma espécie depatriarcadaa\deia.Duranteoitomeeespelejaramcomobatinaçào,utilízando aindametralhadorascapturadas,granada.sdemãoecoquetéisMolotov. Osheróicosresistenteslogoaprenderamque011comuniataanilosesujeitavam àsnormasc'.'lvalheirescasdaguerra,reapeitada.spela.ingleaeaquando,d~adas antes, invadiram o Afeganistão. Compara o aeptuagenârio Haji Khan: "Os ingleses ndo matav<_1m velhos, crianças e mulhere,. Nd-Oalirovam contragenteinocen· te". Os comunistas, pelo contrário, manacram 011 civis. Em novembro de 1978, o poder de fogo eamagadoramcnte euperior do governo pró·sovi~tico modificou a situação. Cerca de 220 habitantes de Dobanday haviam sidomortos,quarteirõeseatavamarrasad011.Foiconvocadoumcon11elho,durante o qual se decidiu mudar a vila inteira para o Paquistão. O êxodo começou na mesma noite. Na aurora, com as criançaa e mulherea chorando, a lenta caravana abandonou a terra de seus anceatrais, demandando a fronteira p,1.quiatane11a. O, refugiadOII foram amontoad011 em doi• acampamentoB de ba1Tacaa, nall imediações de Peshawar, na fronteira noroeete do Paquistão. LA. vivem até hoje, dependendodaajudadeorganizaçõesintemacionaia. Muitoll homen.!I voltaram Ali e,,oondidu para Dobanday a fim de reparar oa canais de irrigação e preparar 04 campo11, onde plantam legumes e cereais para alimentar as guerrilhllll anâoomuniataa. Uma ou duas vezes por semana, durante o verão, háataquesaéreoarullll09.

ruaao:a

de~':tr°!sri!~.~=~aidii:~~·ca:d~~~:~8!'~h~;::

:do:~~:.1:~de::!~t=~s::::~~:r::~~~s:~:=i: ~dente amolecido pela corrupção ideo\ójpeaemoral um lumino.oeir.emplo(cfr. Time.10.9.84).


pirra iuo ge armem em uma atitude vigi. lante,1ua.eória,amiiadapa2,ma&emati· tudetam~mprontaAlegltimadefeaavigoroflae,·itorioaa: nadamai1ju1to. Porém.tais homen1, tais nações não conseguir.ãoeatancar&ópori11ooafermento11dedea1?11içAopoato11emauaaentranhu pelo neopaganiamo moderno que ingeriram. Eata é uma afirmação implicitaem toda 11Men3agemde Fátima. Diantedeataconaideraç.lo.percebe-ae melhorumaapectodoacaatigoa:é11eucaráter1aneador, regenerador e reordenativo.lntervindoaolongodeuminfindável proceu0dedegr11daç.lotantoindividual quantocoletivo,oqualexpõeaoamaiores rÍ8COS a 1alvaçào de incontávei1 alm8f.l, o C8lltigoalteraa1ituaçào,abn! oaolhoadoa homen1pirraagravidadede11eu1pecadoe. 011elevaatéualtuparagen1dacontrição edaemenda.E,porfim,lheadAaverdadeirapaz. Quantoaperecerão,infelizmente.Mas teràomelhoreacondíçõellparamorrerna graça de Deu1, como escreveu São Pedro sobre011quemoneramduranteodilúvio (cfr!Pt.llI,20). r-.Iorrer: oh dor! Ma1 as a lm as nobres sabem que a morte não éneces.ariamente omalmaior.Dil!ll!H)JudaaMacabeu:··,ue.

lhorlparo n61morrprnaguerradoque uer oa mo.lei do nono pouo e da• /l0Ua8 roisllJlsontos"(lMac.III,59). Em~011atuai9,éprefertvelmorrera ficar vermelho. M811 melhor ainda é viver. Sim, viver da vida eobrena.tural da graça neataTena. paradepotlvivere~amentenaglória de Deua. Euu últimasa.loconaideraçôel;de bom 11eill!O,facilmenteaceaslvei1aoaesp1rito1 deaprevenidoa e eouita1.ivna Encontrar.lo elaaalgum fundamento na Menaagem? - Náo me parece. E1tanarraoquefaráDeu1parapunir oape<;adoadeumahumanidadetenazmenteimpenitenteaoloniodaaset.!dêcaduemqueaMenaagemrebooupelomundo 1em converter oa homens. Mai1 eapecificamente.11emconverteroacatólicos, pois é com aa orações d~lea, auu pe~itencia1 e 8ua emenda de v1da que a Virgem Sant!uima conta de modo todo e,ip,ecialparaobterdoDivinoF'ilhoasuspensãodQ.8efeitoedeauacólera,eoadven· to do Reino d'Ela. A men.1111gem nada diz doqueaProvidênciafaré.emfavordos

~:ª=;es~:

~~eJ~:!~nrl~/_'.:~~dr~~~

~e:'/~i!s1Ar;;id:~~a!c~~~-çào, nem o que Bementendido.não&Judoaquiscnll.oà parte públicadaMenaagem.Nenhu'!',a conjecturaconheçoab10\utamcnte1nquestionã'"cl eobre o que realmentccontémaparteaecretadaMenaagem,aqual aó a Santa. Sé conhece. .. S,:,ja-mel!citoextemaraquiquantodei,rntriatea eperplex011incont.ávei1fiêia.do1 mai1devoto1 dentre o1 "fatimit11.1", em vistadae\·entualidade d e que011homena l)Oll.88mnàoconhecerestaparteaindanào revelada,meemoquando elapoderiap~ 1umi'"elmente dar alento aoa justo$ econtriç.lo a011 extr11.viada.. Comefeito,nàoéfácilcompreendercomo a Mãe de Misericórdia. tão empenhada em ajudar por meio da Mensagem a todQ.8 011homens.nào~nhatidoumaparticular palavradeafeto,deeetlmu\oedeesperança para aqueles a quem Ela reservou a

Ardu11.egloriosamissãodeael.Jieconservaremfiéisne1<t11.terrlvelconjuntura. Nadaimpedeadmitirqueeuaapalavrll.118'!enoontremnaparteaindsnãoreveladadoSegredodeFátima.

El!!a oonsidcraçãolinalmedee,ioudo cursodauposiçãoquevinhaseguindo. Poucore11taadizersobre ela. Continuando a aprofundar a hipóteae da impenitência d011 homens e do ca1tigo. ooontextodaMel1.'!lagemnoaindw:apensarque,setalseder,oac>mtig011aerãopelo menos de duliS ordera: gu,:rras - e pensa· m011queent:ree11sll!l&edevemincluirnào sóosoonflitosentreospov08,m8'tam· bémaaguerrascivi&defacçãocontrafacçào, dentro de um mesmo povo - e colacfümos ororridos na própria natureza. Euas guenasinternas terãocarãter ideológico? Constituirão uma Juta entre fiéis e infiéis de todo gênero: hereges ou ci,máticos,J11rvadosoudedarado1,gruposoocorrentesdeprofiuãonãolTÍ8t.i\. ateus etc.? Ou serão guenas sem conotação ideológica, pelo menos oficial (como o conflito franco-prul!-l!iano de 1870,oo a I Gucm1Mundi111)? AdistinçãoentreguerrasecataclismOII parecia muitoclar11.em 1917, quando a Men3ngem foi comunic11.da aoa homens. Poisseafiguravaentãoimpos1:1lvelqueoa homen11provoca1semcatacli11mos.01 quais parociamclaramented1111ti_nadoaa resultar de meros atos da ProVldl!ncia. atuandodemodojusticeirosobreosvãrioa elementos da natureza. Na realidade, es,11. distinção continua vAlida,m!llldesdequeselhefaçaaresaalvadeque,oomadisaociaçãodoAtomo.o homemad.quiriuapossibilidade.deprovocar cataclismos de proporçõesmcalculá•

vei1. Sem que, ao mesmo tempo, ten~a ~:~iridoopoderdefrearesseseatachsEmoonaeqÜéncia,acatAstrofeatõmica, hlli:d:d:::i:r:.u;:i;~rar~m~rsierro: c1111tig011eóllmiC011queaMensagemdeixa entrever. Ma11épo1111\veltambémqueaos eíeitoa da hecatombe atõmiea se juntem OUt:rllllperturbaçõesnaturaisordenadas por Deua. Uma observaçllo final ainda está por serapreaentada. Dentrodapenpectivafatimita,averdadeira garantiacontracatástrofesqueas110lem a humanidade está muito menos (e,

:; ::ctr:~:;.!::::i:.à~:i~~ ~e~:.zetc., doquenaconversàodosho-

Ouseja,11eestesnàoseconverterem,os cutigo1virào,pormai1queoshomensse esforcem por evitá-loa com mciOf! outros quenàoenaconven.ão. Pelo contrArio, se ge emendarem, nào só Dcusafaatarádelesaplcnítudedesuacólcravingadora,comohaverãentreelestoda1aacondiçôe1própriasapromoveroma paz verdadeiraeduré.vel.ApazdeCristo no Reino de Cristo. Especificamente a paz deMari11.noReinodeMaria.

EaperoqueeMa11 vária11reflexões,relacionando com a Mensagem de Fátimaproblemae de atualidade euprema, ajodem o leitoratirartodooproveitodacompilação fatimita.damaiaflagrant.!oportunidade, que o eni. Antonio Augusto Borelli Machado noa apresenta em seu estudo, já tão eonhecido no Braail e no mundo iberoamericano, e que merece sb-lo tam~m no mundo inteiro.

Um turismo perigoso WAS HI NGTON· O1enormeacarta7a turisliC011em vári.uaa:il-nciasdeviaa:em. convidando o brasileiro a conhecer a Rússia. podem exercer. 1111m dúvida, ala:um fru,cinio. Fortalez1111 da Ru&lria eunllta. torreileB feéricoa. adN1lumbrantecatedral de São BasUio e um 1imp{itico ureinho sào ull(urui doeJ atrativOI! da propaganda. A ";ª!idade. pori-m, é bem outra. Recent<'fl m00idll8 coercitiva,; impoo<lru! pelo Cremlm proíbem 08 russo,, de ofel'ee\'r transporte, ho;ipt.'dfll(Cm ou qualquer outro au~lio a et<trangeii:o5, O infr~to~ poderA receber.pcaada1 mult_a.il ou aW mesmo a tem1d_a"advertênçrn".ques1gmficart\oprel6d1odeuma··vu1g:é"mgratu1ta"à Sibéna... daqualpoucosretomam E811a foi a terceira emenda introduzida no ano passado no Código Penal Soviéü co, intensificando o rigor ca~Ario, restringindo ainda maiij toda forma de relacionamentodopovooomomundolivre De fato," partir de janeiro de 1984 tornou-se crime dur infurmaç~ 1:10bre o foncion,imento do Estado soviético e Ileu ~i11tema eocial. O trabalhador que falar sobr"' ,;eu local de tTabalho poderã i,er condenado até a oito anos de cadeia. Em 1978 o Minist.!riod113 Relaç~ F:xteriore& diatribuiu Uembaixadas acml.itadas em ~foscou im,trução ,·edando a turi81a8 o inl(NhO em 11l1,1Uma8 árt.>as de s.eu território. Os ocidentais só,·~ oqueoCremlin l!Chaconv.-niente. A situação do turista tomar-fM:'-á vexatória ge procurar eomumcur·..e com aliruém do povo, A policiaestásempl'f!atentaparaeoJl!elleventulli$COntlltol!I Nem o vice-eonsul norte-americano em l.eninitTado, Ronald lfarma. f!8C"apou à violl>ncia policial. Em abril ílltimo. saindo de um re11taurante, foi 1ubitamente agredidoporronveraarcumalgunet:ran,-euntes Casos como esst', ocorrido& às dez.ena. n08 (lltimos roet>l!II, levaram o Ueparta· mento de Estado norte-americano aedit.at um '"con11elhàrode \Íagem"" para quem deseja conhecer as ttpúblicaa carcerárias ao,iéticas. O livmo aponta. aa prt"Cau çõesqueoburguêsotimistaocidcntaldeveteremvt.taparaevitarhoatilidarlesda onipresente policia comun ista. Essa é a '"erdadeira fiaionomia da grande priaão a qul' o romuni11mo reduziu a Rússia. Bem diferente da ilUIIAo criada por certa pro1>aganda turilltica.

CATOLICISMO - Março de 1985


As vésperas de uma agressão publicitária orquestrada? tam~mpessoasdeoutroa:&ne~, manonetea vis:.Osas, bem enaaiadaa, afetando aueto, para "confirmar11ensacionalmente"aaacuaaeõeejãfeitu,ouparaelamar•ua eurpreea,..,udesroncertoe,ua ap~nüo,epedirprovidl!ncia1,

··pe.:t2:lS: ~"::;a eer feito pa-

ra ir abrindo, a propóllito de cada "novamarionete",mai•umat'nntedecombatecontraavltima.Poia cadamarionetefazecohanterioreaelançanodebatealgumasacu1açõeanovaa.Avttímaficanavirtual impouibilidade de 1e defender contratantaagTe93ào1imuhAnea Modo e:u:elentemente eficaz para queainvtrdadecirculeimpune,ea verdadenloconaigaíazer-..,ouvir.

Aaçãoda1marioneteeniio1eria vié.velsenãocontas11ecoma

d:~~li~:. ~'::~~j!~!rE foiemprea:adacoms_uce1111onoca_10 da e.sem prova.sediatoroendooa fac.o..,~ fácil e rápido. Reíutã-laa oec:le, por v~:te11, reflexão, e deta lhadaexpDAL('àodefaloa. Se o ocorrido aUaqui 11edee vírtuar em 11gre1não publicitãria orquestrada,apardepe,&0,usem segundasintençôe1edeavíncula dll8 de qualquer plano de ataque, entrarão,! maneira de eurpreea, CATOLICISMO -

Março de 1985

da A..ociação Civil Riai1~ncm, coirmã das TFPe na Venezuela. porque aa marionetH contaram comoapoioapaixonadodopartido governamental (Ação ~mocrâti· ca)filiado!lnternacion;i]Soc,.ali1ta, coadjuvado pelo PC local.

iª~~ª ~~rj;".najº~~~:'T~ e.quenla,enogovemotodoomi-

~ld!~~ ~uu:~~'wi~: iirt1ff Pé:; falollpo1teri0Te11demonl!traramque

011ovemoet1tavaresolvidoâ1mai. de1pótica1ilegalidade11,paraex-

tinguirnopal1uTFP.Oque levou

~!!iecrr.:r:~~i~rat.!~ltt!

domundo1urldico,politiooeio~nall.11ticovenezuel1no(cfr.''Catohci1mo", n•. 410, fevereiro de 1985). Mas co.m oa aplau80II caloro901 do "b;veaua" (dr. ''Folha de S. Pau, lo", 29-11-&t), 1do6rglocomu~i1ta editado em Cuba, ''Bohenua" (7-12:84), o qual preconiza que "o medido vene.zue/ona, como brado de alerto, dever/o produzir açôer similareanasdemoisnoçõe,onde opera. o TFP,ante1quesu.a1atividade•fa,c,11rucontinuemcre1cendoeo1pre1ui.ztU110brerujoven, cegamente doutrinado,r se tornem irreveNJlveil". Exatamente a mama medida oec:lida pelo-,. G. Folena ... 08 ?afo~~l~~.~·~:i;e!:~:=~~~~~ formaràocomea11ee11quema. Opreaenteconviteaopúblicoê a primeira providência da Tl-'P Amanhl, neatejomal,sairã am, piamente mai.outra. Experiente em ae defender segundo a.e leie de Deua e doe homen, contra HH gl!nero de agreasôe9,ela1aberâ-ape,,ardamodicid1de de Moa rec\UllOB econõmicrni -empregartodos0Bmeio1110 se11.11leaneepararet11P1ard.11r11eu bom nome, e continuar de p6 na liça, ímpAvidaealtaneira. Dentre Hff9 meios, o mai• po-

~~:t~cr:::~1~:'J~~1:

cional,inelu.eivecontraosquedo

;;;; ::n~ii! J:°1e~tl\ aqui 0

"Por (,m, o meu /moeu/oda Co-

raçdo triun(ar6.". São Paulo, 18 de mnra;;o de 1985 Paulo Corrb de Brito Filho D,retor de lmpre=a da TFP


Estudo apoiado em pareceres de um teólogo e de um canonista de fama mundial

Sobranceira e serena, a TFP enfrenta o XI estrondo publicitário

* Narrando * Argumentando * Desfazendo objeções quevoltamo.prioritariamenteNta noaaprimei.. an/LliK. Com efeito, quem 1~ a matéria na

folhacampi.sta,emui10eepecia)mente quet11ltaalnteHquede_lafiur&m011 ~mencionad011001idianoepauli.

:;:.~~-~:~:T~v: íocaliz.adoeenpo11tofle&t.ea,oom011 importanie. a.e~ que neeeu in-

O documento do 1r. G. Folena, no

v«tiv .. p1,1blicilériaa não fi,ruram,

qual pululam afinnaçóea fal.u,eatli 1u~11U parti o fim que ele~ em

nàopoderãdeiurde011vercoDK1aão eerntod.ej11eliça~lllôemRrVÍlltofl. Por ein.ruJer ooin.cidência, e11ta-

viata,parecequertrfaura.eveze11de reaposta ao li_vro &fu.~4-0 da TFP

vam

o uma inve,tida fr14tra., em doia vo-

:da'I'FP,~total. &~i:1!ie:!~lí~~~ci:o!"v~v:i:

Hndoconchúd011 preci.o~nte

nocU:aU(emq11ee1únunuprimeiraa p11blicaçõeetobreoeu11nto)011úl timo1 epreetoa pera. o encaminhamento à imp.reuão de 11m livro

lumet, lançado poreetaSociedade em mead01 do ano panado Se ueim t, impõe-H a afirmacão .

porta 1MO em

nova upe.a,

oomquenãoestamoacertoede~ arcar.Seacharoportuno,aenbdade dará a oonhecer, numa f1Ublicação

~':o~fa!aª·.!:.,a.!~e!º e=.

aVJsaremoeaop6blicosobreoluaar e o horário em que encontn, eua n,futação.

U,mbramo11deedeKlj'oa1uperficialidade de up1ritoque mostraria quem opinaMe 11<1bre o ,...unto etm

~s:ec:x~.:!~ ~:i;~~

- "Audio:turdolkroparsw,,opre-

.,.,;tojuridicoelementardetoduH naçôe8 oontempon1nea. q11e nAo N-

tejam sob o jugo comunisbl,.

IJvro da TFP aobre tema.•• " aecreto"t

;

~~ pr6:icime

terça-íein,

W..:.

Também e - livro con ta com parecer favo~vel eacritodoeminente te61o,o Pe. Victorino Ro-

drlC ?~~dido, nlo pode aer

tom.da a Ncr:lo, daqul por diante, qwtlquer objeçlo que aeja feita 0011tz-aaTFP.obreo.-mt.o,-

t~C::':e1:"n1m:'-Z! ~:!e~

·-·

Comwiieado, como o q1,1e o livro

10

CATOLICISMO - Março de 1985


Fim - eruiinamentot tradicionaia: do Supremo Mftilltério ecl~lul-

~~:oe:i:oi=~ttóif!º:O

intrinBecamenteinoompativei..E,em c:on,;ieq~ncia, é por amor à Fé c.tólica que movem o. rrandee oombate.doutrinárlo.daenúdade. Ainda em roruionlncia com aDoutrinaCatólieatradicional,aníma-<>11 e,ipecialment.e neMB luta a confiança em Noua Senhora, Medianeira de todaa 1111 graçQ, p>r inttt-

3.

~~'fo.ea:i:!:.~~~ ~a&il"aç!Ulquesua1n1teriOOrdi.a noaconcede.

::~;J=::!a[rE em 1917, na Cova da lria (Portugal), al..ó.cia,Jacinta e Francieco,oe'6cioa e rooperadomi da TFP tf,m em vi8ta 11ervir, eom aua ação antloomu-

niata, Aquela que mlvertlu a t-odoe, por meio dOII uh pa.ttorinhofl,

3:e:}.':~an!=aei::S:: pe lo mundo", acreaoentando, entn,,. tanto,apromeeeadeci.9ivae alenta· dora: "Por f'l.m, o meu Imaculado Coração triunfará".

1. ComolOdooBraai.l, e abem

dizer, todo o Ocidente u.be, a TFP

temporfünorombate,porviaapad-

~'!,ei~i:'~o!~S~tlo do romuNeata árdua J>U,il\a,aolongode duud6caduemeia.,oea6ci<illee,» penodOJM da TFP tlm enfrentado vitorioeamenteoav liat.emA-

CATOI.JCISMO - Março de 1985


eklllo XIX, "" am frito lllCeMÍVU

~~:a~~~i=

costumam, como o meemo Sanio recomenda, oonaagl'1U'H oomo "rtcrc>· voachomord &ntluimo Vi,grm",a Quem cada qual diri1re 11ma oração noaaeguint.e:1tennoa:"Enrrqo,Vo. e coruu,~ V08, n.a qualidadr eh ri·

crauo, m.iucorpo e m111haalmo, 11W'U8 ben.,interioresee:i:trrioret, e aUo 1,1(1/,;,r ck minha, obr~ boa• pauadaa, presenks e futuro,, de,,:on;Jr.,Vo1 dinito pleno r inteiro ch diapor ch mim ede tudooq!JJ!meperkrict,

#me~,a1X>&M>pta,paro.moior Deu.s, no Umpo e na eterni•

gltm·o de

dade".Eataspalavrud.odotexto da conaagraçàoredigidope\oSanto. 5.Seeundo,nonnal,deedeque aereconheçanocombateaocomuni•

mo um aerviçodeMaria, l.aloombate, com u boNI açõefl interiorea e exteriores em que implica,connit\li atua · çjo pela qual ae põe em prática a conaagraçào montfortiana do

"eacrovodeom.ordSantluimoVir, JJel!I"· Pois,semdõ.vida,6atomerit6no e oonfonne à vontade dEla, cornbateroinimi'-'!!.ueEla aponta

~.ro°:u~;~~]Ti;~~h=!'. Dado que ell8a atuação antioomu• niata i conforme à F, e à MOMll criltA, e à vontade de MariaSantiuima,e dadoaindaquedNenvolVfftalaçlo

1upõe esforço concatenado e dl•· ciplinado, 11em o qual nenhuma açio é fnttifef'a, obedecef', na ~ a anticomunUlta, oe que, na

lotrk~:::Vo~":cí': ~: -:r~:·l ~i: oo, de amor", dentre oa tóeioa e

G,."8====-~'!1c,C:.

cooperadoresdaTFP

Poranalogiaaeeta·eecra,idAo~vi.amentelOda elareli&i~eeepintual, conv,m talvez repetir - a con.aagraçãocomoeecravodeMaria

laboreaesaerifl.cioaqueomai1alto

diri&ente da pugna anticomuniata lhNindica.,..,comon«:el!Jté.rioepara a.eu~entonadevoçAoàSantte-

:=J:'1:;,;or~S:;ra ~~;:n~

traa Revoluçloigualitária,&nólrtiee. e comuniata, eram paraelee decor-

Pen$() qi:e se trata ck 11mo e1ptc1<1

~..!'n~,! E:::~~~~m:/i/!~~

doa.,palaura.,'santaeacrauid4o'qlll!I

n6an&>p,xlniamt>1rt0luarmaisprrr

f~noualiberdalk,omaior

nasmã011deDr.Plinioimportavaem constituir entre ele e quem &econ ,w.gravaaMariana,màoedele,uma

~:~~º i:~:Jef,!18C:!"t/t l.:~:

tlasima Virgem de Slo Lul1 Maria

mlciadaauacon.agraçA011eJW!dO oel*'li1a1deSdoLul,,MariaGrifrnion deMontfort.'J'ratava.e,portanto,de

wnaconeagraçlocornoMCnlvoade Maria Sant1asima, feita nu mioado Dr. Plinio.Eecravid.Ao, jiNvt. lOda ela 1ubetanci~te no Rntido n,1ig:iotK1 e e.apiritual em que o Santo frande

empret:• o termo. Ea-

pecificamentedive.-....- equanto! -davil,crueleinjuataeecravidio dotnd.ioagarradoàunhana11elva para11ervirao~ullellhorbranco,e ~ nAo menoa vil,

~6.:'c;:r=·

11

('*) Com efâto, ftlllDlefandO 011 moeivm qoe ,-.1.am a "UCl'Otli-

l á Maria ~OD de Montfort; "E,to prdlica

rUo ck amor", da Slo

=-1=~::~ili: {iJJto. ü I.u (.,f,, Rom. 8, 21). Vi•to

qw,porat,sdet>o(do,ll<Ht.of/14/1101

t1cro.uo,ckJ•,,,,..Cri,to,ro,w""711n· do-,.,,.todooEknurocondl~,ote bom ~,t", lltl l'KO"',IWIIM do cati· t>tiropor01110roq11<1111M,11bm ... kltlOt, tira, prim.aro, d IWll4 todo ae,,.,,..i,, "kmar ,..,,,;J, qw II co,u.

,,..,,......, ...,.,...,WIIII

"/Hrt,,.rba.m;

=:"°rotlf°f:: :,,.co~t::,::t:.! ~d-Loro1t10Pai;terttúo,üa12

CATOLICISMO - Mar~ de 1985


Grignion de Montfort, podia deno-

minar·eedesenhor~vo A afinnaçàopoderácausarsur-

P""':9-. às pessoa.s explicavelm~te nAo

familiarizadas com essa temunologia especialirada equaJJed.irtamos técrú-

ca. Mas ela é inteiramente consoante com a Doutrina e a Moral católicalJ, e com a consagração montfortiana. E o que sem esforço reconhecerão tantas dasalmasmariais queeventualmenteleiamopr,,. sentecomunicado.Eétambémoque demonstra - como acima é dito -

oom abundância de argumentos hi11tórioo11 e doutrinários, o livro do ar. Atila Sinke Gu.imarAes. Maior ef!tranhew ainda poderá

aer a de mentalidades a-rdigioea.8, habituadas a ver as coisas numa perspectivalaicaenaturalieta.Enão naspen,pectiv11.11 lumin068.8e110bre-

ea com a da TFP, nae fileiraa ds TFP, e sob a direção do fundador deadt;'J~fe=!~:~~~çAo. feitansfortemaioriad011caJI08,no ano de 1967, tevevidaefi!mera.Depoil, deumsurtodefervor,elacomeçou rapidamente l!' entrar em decadê_ncis, pela 11uperficralidade de esplnto _e pelainconseqUênciaquejásemam· festavsm em tantos elementos da "geração nova" de então. Poucos meses depois, a obediência decorrente dessa OOrtlilagraçAo já não tinha senão e8Callso11ve1ti• gi0& de vigência. E também ieto f~i ces&ando. Em 1972 houve ums cen· ~~~o!e ~~f~uan8:n~:~ reuni.ão, a não lll!l" uma muito esporádica em 1976, num ambiente de deaa.lentoquetomoudefinitivsm~nte imposslvelqua]queroutra.VAodisso

naturai.H, nas perspectivas cristAe da Fé. Mlllll como entender e julgar

i<J~:Za~{tt ~~u~ ~te~se{ru~

favon,.velmente, em unta peni-

:edi~~cir:.\queerainerente

~é!e'::1ic!.'f° que

à !ui:

Confirmando deade jA a doutrina do que aqui vem expoato,

~~ks:k~ G::..~.!'r.~~ pareçerea favoráveis de dois lu0

minares da intelectualidade cstólica contemporânea, o canonista Pe. Arturo Alonso Lobo O.P., e o teólogo Pe. Victorino Rodri-

6:i1!e?;i~~J:·~~~:an~~-OOJe~ meiro.umdoscolaboradoresdosfa. mo- Comenta rios al Cl,digo de IJe. reclw Canónico da BAC (Biblioteca deAutoresCristianos) eautordenu· merosas obras; o segundo, C?m mais de200estudOBsobretoolog,aefilosofia publicadoaemlivroserevistas :~;:!~z::~~::.principaiscentros

"

e)

;,roc11_ra vam, o Prof. Plioio Corri!a de Oliveira nàoquiiirecw,arseuapoio ao bom propõsilll.. Mu, ao me11mo

~-~~te~~~

~=,::,~;~º=~ to:

detod011011!1êcu.l011,tantoegenero<1011 aurtosreligioaoeouideo]õgicoe,prin· cipalmentequa_ndo nRl!cidos,como eraocaso, _emiovenaoupe8808Bde uma matundade ainda muito próxi· madajuventude,recomendouelea cadaqualqueoprocurava,quenão propag888e s idéia entre outroe. De

i~Jr,~i~~r~~~~

=~e&tagraça,dela"6fslsvam O que demail, prudente? Em si mesmo, os fato!I po8teri?fe8 provarsm queemmuito!l,opffl nomoviment,,

TudoisllldeixounualmasdOII · ' naamãoedo Oliveira,m. esperança. ?-Estedia...

SIO Franci$CC óeSales, ifl ndemestre d• vid1 esp111tual

r---..,.----------.

Umbém se COnsaifOO

como escu vt1 di1VirgemS..ntissim1

7.

Por fim, importa res,,altar cincoSJ1pectoode"8acon31lgTaçãoa No""8Se~ora,feitan811mAoedo Prof. Plimo Coma de Oliveira:

Senª~o;:,~o .~;::.r-::.c:oa:: grado não ficava 11ujeito a qual· quer presllAo moral. Em outroB term<111, qualquer ato de desobeem ai não conati-

~:~J't~·

b) E ee, por eventuais e grave,i razõesdeconllci~ncia-porexemplo,

~ ou naobservância5;;:E~catl,. t:1;e~;;?e'v~~· J~~!rW.:s!;esi: tua.ção, poderia fftd.Jo licitamente a qualquer momento, e sem li~nça de quem quer que fosse Po1.HaP""""aque11econaagravanão renunaava {e nem poderia renunciar) aestafaculdade,noatodesuacon· sagraçào.Como11ev~,tmtava-6ede um vínculo livremente constituído, e mantido COllliltantemente livre pelo consenso sempre espontaneamente renovado de quem o contraiu. O que é diame• trai.mente o contrário do escravo segundo a lei da força e, a brutalidade dos homens. c) Oconjuntodaspess,:,asassim COllMlÇffldSII constitw.u algo como um vem, um setor, dentro da TFP. Nunca uma associação distinta da TFP. Pois 08 IIÓCÍOII e cooperadores assim consa.gradOB, tencionavam exercer sua consagração por uma stuaçAo antioomunieta coidêntiCATOLICISMO - Março de 1985

e_gracioasqueeMReitperançanostál·

fu~:i :~~~nv"ef1i:hd!1i:=::oi: ~; trimbolo.Oquedecensurávelnisto? 8.

Aseociaçãoee,:,reta?f:oque publicaram oaootidian<111 acima men· clonados. Ora, vimos que não 11e tratava de uma aasociação, mRII deum 11etor.deumveio,eesteveio nãoerasecreto,nãooonlltitulauma camarilha fechada de exclusivistas comfinseódeles,dOl!quaiA011outroB deveriam Iler afsatados sem sequer 011Rberem PSl':"°u-l!.eoseguinte. Depois de muitomstadoevendoosurtodeen· tUlliSBmoqueaidéiae11pontãneadessa oon88.Ç8.çAoiscausandoem sJ. gunesóciosouoooperadoreequeo

aliAa nào prova (dit,, sejadepa""8· gem) contraela. Atendênciaaoabusoreaulta,em todohomem, dopeca.doorigínsleda açãopretematursl. Desde011tempoe apo11tólicoe houve Santolrquecerto.a ouvintesousegu.idoresexageradOII

d::!ia~i:8~~~:~t::'8~? Por certo não. MRII do homem.

';r'.i'::e !8

ab~ t!:;<1p~~ei:'. S6aimpunidsdedele~queécul)l08a. De qualquer forma,~ e,ipers· vamque,atomarverdadeiramente

~:~~~~~~1:d~sl~~:

te, lll!Ill SrTOuboa, e ...,m con~tituir para Íll80 qualquer pressão mora! 13


90bre~que,pormotivOt1peuoai,, nloqulHIIK'mfazertalconaagraçAo. O novo veio na TFP tra, e.Mim, eHencialment.e n.lo .ecreto, poa wtdiade1i.enatw-almente,aabraniier tod011,obterv,ndounieamente a J?lldualidade neceuària para que lMONfizeeNdemodoli~enormaL

:'"med:n8.~ai:rian1:':ia~~::

~-·· /i~ª<IJe~: ~[: !~ ~:~:eni:; ~ a d e ! ~ : tomououtroail(Tlifieedo,lembrando riaivelmente um cat~o de criança. "Tapa"? O tenno deailfila mais ou =noe a boíeiada na bnaa entn criançu que caminham para a adole&-

Ê~~~~~:i\::o ~~ Eram de eed.Jo tl'êe bofetadu durante o ato da con,.,._,raç.lo a Maria nu m.1011 do Dr. Plinio. Com efeito, na e,-ecçto do cavalàro medieval, o nobre que o armava dava-lhealiru mu pranchada.e com a espada no f1aneoounaee011w,elheaplicava (ou ietoíuiaoprópriopaidocava leiro) uma bofetada (dr. LEôN GAU· TIER, La CMva.~~. Anhaud, f'Ylln.

~~~~~d~~ ª~~~ie~n:!f=j

t1~=J.~!-'!':i~t~º=tAmC:. EeeHiiolpeeebofetadaatinhamwn c_anherpuramenteritualeprotocolar, hgado a izadi,.00 à1 quais aeria por demai1longodarexplicaçãoaqui AlgodeantlasoexiltenabofetadapuramenteritualqueoBi,p0dà aocn1mando Nãonp,nta, poi1,que também •lgode 11emelhante11eencontra1111e no,todeeonlalJl"a('io.oqualtinha ~11eurit.oaliiode,nllogo(enãode idêntico)à~odeumcavaleiro oudeumReligioeo...

10. Conft81àoentrtleia011na

TFP:?

Alerou-o o 1r. L. F. Ablu.

::n~~.~::~!1_ue

a6

meftCe

wn ro-

Ee!ffd.oe1Clarf!cimentoeque.de momento, a TFP jlll.ga oportuno dar aop1lblicoparaevitarudiatorçôe8, chicanaaefa.laaefocalimçôel!,lào freqUenlffnaextensahiatóriadoB eetrondoepublicitéri011movidoecontraela. O que aqui fica dito, complemen té-l!HI, em muito larga medida, o ,nunciadolivrodeautoriado1r.Atila SinkeGuimanlea. A TFP continua tempre diapoeta

.

.

C! :~"!"'ci!~u<!:.:w~:~ n à o u ~ a001dit.ameeda

Ainda como reminieoência da ca· valaN medieval, t.omouapontanea-

Macravidão marial". Nota.damente 888lllltoaooneit001oomo VlelXMandamentoll estavam exchddo,i d_..

~v~l(uq': une a011outroe mu1uamente u faltas. Tal "oonflldo"'\embrava aquefaziamentre1i011cavaleiroa.emcerta1

Por fim, e ainda 11egimdo • tradi· çãoda Cavalaria,quemdeclarava deete modo 1u811 faltas podia pedir uma penitencia. bem entendido m6-

ea':!~,=~~

"

ocasiões,comoemvésperudebatalhas etc. Ainda como entre 01 cava• leil"08,esta"confillllllo"nlotinha entre os "escravoa"ocaréterdeSacramento,masodeumaaimpl_eadedaraçãodeíaltasfeitaaummnão de armas, como nobre e tocante exerdcio de humildade criatA. Por iat.o mesmo.a palavra "confiMão" j.amlla foiw;adaporeleepamdl'8ÍgnarOq\le ~"" m\lito adequadamt:nte chama~'tllll "aC11saçf,ode faltaa". Entre001 "acraV011", em talpré,óca era abeol\ltamente vedado, ee-

''confisaõe,,".

5a.oP,ulo.25demarçodel985 Fatada Anunciação da Sant1uima Virgem

Poulo Corrlo de BriUJ Filho Dil'flOr de lmp~nsa da TFP

CATOLICISMO -

Março de 1985


Socialismo autogestionário francês: anacromsmo político

P

ARECEQUE\lmacortina1epara

bresdeCuba aàoosgrandeadeserdados da Amélica Lat.ina. Aànsiajrualitàrianàolevaemoonsideraçdo a situação dos pobre., por uma m· úlomuitosimplee.Talàn11ianàodecorre dategitimacompaixào.queéamigada.s ju1taahittarquia11edahumildade,ma.sdo orgulho,inimígodequalquer11uperiorida· deepropensoãrevolta.Oorgulhosotem 10bretudopenade11i,nàod011outros. Oirualitálionàoauport.aaidéiadeter 1upeliores,mesmoquandol?l:!tAem11ituaçãoeminente. Deondedecorrf!queoom· preenda facilmente a indignação, na lógi· cadelesemprejuata,dcqualquerinferior. O foto oc~iona um fenômeno paradoxal. Normalmente, em no11s011 dia.s, as classessuperiores,comdignasexceções, estAomaisinchadudeorgulhoesensuali· dade,sendoport.antomaiMígualitáriasdo queascamada1mode11tas.PorÍllsoasprimeira11 tendem ajul1are.11tasdeaoordo comasreaçõesinternashabituai11deseus esplritosinsatisfcitos.Eacham,equivoea· damente,quearevoltacorróioetrnbalha· dores manuai.11, jll que - pen11am - 11e eati>eHem no lugardele.11,11/!Tlam focos ardente.11dei1111atiafacAo.Comoestejuizo decorredeumaexperiênciainterna,i.Btoê, daanãlisedoepr6pri011sent:imentrn1,mui· todificilmenteêmodi.ficadope\arealidade que,defato,édiíerente.Hllemn0ll808dias maiaconservadorismoeresignaçãonos quetêmmenoedoquenoequepo1111uem mais.

oqueaconteeeunaFrança,nestet últim01Jmesee,doqueaucedeentre nó& t estranho. Pois pelo menos desde mead011 do século pa.nadoacoetumamonos,comrazão,anoeinteressarpeloque acontecelá,entreoutroemotivoe,paramelhorjulgaroqueocorrecâ. Quando François Mitterrand ganhou 8..11 eleições presidenciais cm maio de 1981, .wguindo,11,t,Jogodepoisaeepetacularob-

tençàodefolgadamaioriadoblocodee1querda na Anemb léia Nacional. em junho do me11mo ano, eete1 fotoe repercuti· ram no Bnuil como o inicio de uma era de

igualdadeeromantismo,nàoi,ónaFrança, mas em todo o mundo. Em Paris, a humanidadeestariaensaiando011primcir011pa11llOsdeumcaminhonovo. Quatroan0fldepoi11...

"O Presidenle [MitterrandL ,egundo pe1quisas de opini(Io p!lblico,, o Chefe di,

EM ado francl.s moi, impopular desde e1 ll GuerraMundiaC'(º), "'Oventondoe1tdcono1co,seje111e1cam· poda• idéiC18. seja no terreno dC18 (a/01 .. , comentou o!ider11ocialiataJacquesDelon,ex-Mini11trod11-11Finançaanoplimei· rogabinetedoatualgovernQ. Porquemurchout.antoaroea.emblema dosociali11moautoge11tionãliofraneêa?

A pena do pobre Aindaexisteemlargoe&etore11dopúbli· coaimpreMàoinfundadadequeavitõria do~nlismosirnificariaadoepobres,ea ,itõnad011part1do.anti-eociali11ta11repre, sentaria o triunfodo1 ricoa. Comoa cau· sadospobrceatroinaturalmente,eajusto tltulo,asimpatiagera!,muitagentecon11i· deraoêxitosociali.111acomoumadecorrên· ciadosensodehumanidade.Quemaindn u.saalinguagemcatólicaconaidera•ofruto

ce:r:t::a

:n::riad::;~;·o: ~l!ia!1a:: O socialismo seria então uma caridade compulll<>ria, imposta pelo Poder Público Abasede.staopiniãoe,quívocadaéque, na ordem prática,oeocialismobeneficia realmenteospobres. NaF'rança,foiestaarazi\oprincipaldo triunfodeMittemmd.Eomotivoprimeiro deseuestrondosofraca11&oéooposto:apó11 quatroanoedegoverno,ollOcialismoem· pobreceuaindamaisoepobret1epioroua situaçàodoericoe.Paraimpediraderroca· dacompleta,orovernoviu-seobrigadoa abandonarseuprogramae\eitoraleapli· carre<:eita11preconízada1pelaopo11içAo COill!ervadora. Ou aeja, da parte dele hã umaconf1"ãoimpUcitadequeaefetiva• ção do sociali.8mo caminha junto oom o desa,s1reeconõmicoeapauperizaçào.A situaçàofoimelancolicamenteexpoata por LaurentJoffrin, umeconomi11tade tend~ncia.ssocialista.11:"Oqueerasocio/is· (•) As citaç-õee do do artiiio de John Vinocur, Fnmce', lAfti,i lAader• Vttr From Promind Poth, in '"I'he New York Times", de 24 e 2&12-84. pp. 1 e 4.

CATOLIC ISMO -

Março de 1985

A massa dos impre,·identes M,nenand e Marchlls. o llder comurus111r1ncts, $0lrtram J1il)lficltJY1 derroll 111S rtcentl!J eletçfles tanto-

naas!rancesas

tandofun<:ionavaeaquefuncionavando era11ociali11ta". OqueaconteceunaFrancanãoerapre, vislvel? Oaesp!ritoaobjetivossabiamqueaca· tAstrofe viria. Pois, nos pa\S{!s em que a 1wlicacll.odosocialismofoíquasecompleta,istoé,oscomunistas,apobrezaexigte por toda a parte. Na medida em que se extingueointeresseindividual,aprocurn dolucro,etodosvào.sendotran.sformados emfuncionãriospúblicos,vaicaindoa produção. Havendo menos para di.lllri· buir.mesmoqueadi.stribuiç/1.o!!{!façade maneira mais uniforme, a carência

A ânsia de igualdade Os11ocialista.sdedireçãotambémsa· bemdÍ!lso.Ma.s,defato,oqueoemovenào éacompaixàopelospobres,nemodesejo de acabar com a fome. É a mitomania ilfllalitária. Temos bem próximo um exemplo frisante. Em CubahAmuitomaisfome do que no resto da América Latina. Mas, ~mo na infortunada_e simpá~ca nação o igualitarismo comumsta domma, a fome dos pobrell cubanos nll.o tem o oondào de de!ipertaraM>licitudeeaindignaçàoda1 correntessocializant.es,me!itrasnaartede enc,,narcampanha.spublicitária.s.Ospo-

Hou\·e na França&etore11doeleitorado que, 11em 8/!n!m socialiatll!, sufragaram o candidatodoPS.Consideraramelesqueo &Ocialismoiriarealmentemelhorarasorte dos menoe favorecidoe. Foram a grande legiàodosesplrito11quiméricos,tomados oom frequência por um mau liri11mo, que nàotemohãbitodeolhardefrente0<1fatos quandoesteacontundem11u11sdiiiposições temperamentai11edulcomduenebulosa.s. Parae.stessetores,osoc:ialista~osimpa· ti1.ante d03 pobrea. Ocomuni11taseriao entusiaatadele11,ma&comoa.ssociamqu11· seeemprecntusiasmocomfanatiamo,preferemporsegurançavotarnoscandidato8 queconaideram!tl!l'11.penwio1simpatizan. tesdapobreza. EHacamadaeleitoralfrancesamudou departidoe,decepcionadacomapauperizaçàoieneralizada,estlldiapoet.aagoraa votarnoecandidatoaconservadoret1. Ofenõmei1oétâoamploqueopróprio secretário geral do PS. Leonel Joepin, ad vertiu: "Seaatualrelaçdoenlredireitae esquerda ndo se modificar antea de 1988 [datadaseleiçõespresidenciai11inds1.1<1· mos perde,~.

A situação do Brasil O bruil~ro é um povo de inteligência râpida.intuicivo,deetronaarted1111correlaçõee.Umad1111prov1111de11aalucidezéa atenção e11pecial com que acompanha os acontecimentosfrancesee. Serianaturalqueofraca.sM>IIOcialist.a na França -ra:i:ào,segundoooonhecido

15


ses,com9.759.000eJl:el!lp\ares.Oco~uni· cadoaobreaimJ)Ol<Sibilidadedeelacm:u· lar na França sai11 em36 publicaÇUP.8de 19 P~~~1::~·,~l\~8~x;;,:}~fundida tam~mdentrodapróprianaçAogauleaa em vAriosórgãosdeinfonnaçãoeporin· termM.iodaediçAolrancea.a.darevistaSe-

~~ men8agem constituiu o maior gol·

m:qua Oekn, e,;.MinlSlro da finlnm no 1111111t~o pbuiN do llutl ljO'lemo, tdmillu: "O •ento nlo esti eonosco,sejanoetm1J1dllioba.11111no t"renodoitfl0$"

peideo\6gico-publicitãrioaofridopelo PS francheogovernodeFrançoisMitter· rand. que significativamente escolheram o8ilênciocomorespo8ta. Deade011fiJ18del98l,aopiniãopú.blica do Ocidente pôde infor mar-!JI! assim da fraudeedoperigocontidoenapropo11ta aliciante de François Mitu-rrand,o':l,ue lhe minguava seriamente as ponibih~ade& de repen:u.ssãointernacional. A11d11i~l· dadesinternasacabaramportornarm· viávelaexport.açãodo''mode\o"francêe.

A não ser que haja umasurpre,;;a,ou manobra11malfeita11daaforçasconserva· doras, o PS e&pel'a trê1 derrotas conse,:uti· vas:naaeleiçõumunicipa,sdeste.ano, naale(Íslativaa de i986enaspn.•,11den· ciaiadel988,encerTandonaconfusãoena vergonhae1tecidodopodersocialistana França.

Péricles Capanema P.S. - EateartigojÁHtava r~do quandoeerulirou,eml0demaroo,opri meiro turno das eleiçóee can~naie franc,e. aa1. Como 81! previa, os pamd011 da opo-

it~, !:~=:~ia~~a~v~;."'d~º~.:!: O. partidos de eaquerda, que apoiam o

ra:::í'!°s:f!li~ª=n!!~~a :°:r~':;~

gem de 2ft e o Partido ComuniBta, 12,5%. EHea re1ultado1 con8tituem, poia, uma confinnação da tendênciapreviatanoar· tÍjO.

l100elJoSP1n. secretino eer1ldoPS, reconheceu, "Se 1111111 rel1C1Dentredirett1 1esquerd1

nicsemodif;mantes

de l988,no!Gv1mos ptrd""

Sem umeaforçodeatualizaçãoede adaptaçãoágilbliçõtapropicindnapor ouU'Oll,comoS<l\'ê,corremoeoriscodesó aprender por experiência própria, num t:ri&teexemplo-queira0eu.spa$9.Qgeiro -deincnpa.cidadedeassimilação.

A Mensagem-denilncia do ProL Plinio Corrêa de Oliveira Nesteponto,aeqUidademandaaereiJ. centarq11enãohánoquadronacional11Q, mente co res negrfl8. Partiu também do Braai! o primeiro brado de alann~, de repercuuão mundial, contra o aoeialismo 1111toge8tionário ~o PS francl!s. E.m deiem· brode 1981 foimiciadnapubhcaçáoda Menaagem daa 13 TFPil - "O 11oeia/ismo autogestiunário:em uista do comunismo,

~:d~'P~f. iJi~~~acfoe~ttJ!';l~e1:a~~:

principaisjol"JaiadoOcidente Ohojehiatóricodocumento,comargu· mentaçãoaerenaeinconeuua, alinda A 11mpladoeumentaçâo,m011travaqueest11 fonna desocialiamoera umafalâcinpropagnnd!aticacuja aplicaçãocon.duziria gradualmenteaf'rançaaocoletivl;Bmoin· tegr11l.àde110rganizaçãoeàanq1,u\oeeda economia. Provava também que o progra· masocia\istacontrariava011enainamen· toedoMagistêriotradicionalda lgreja,em virtudedea11aconceJ)('ãodafamllia.da ed11caçãoedapropriedade,decorrentede 11ma noção da pei;aoa humana e da aociedade,defundoateu,laico,igualitlrio,rela· tivista e amoral. A Me1U1agem teve ampla difu.s.Ao em todo o Mundo Livre. O texto integral foi pu· blicadoemõ26rgã011deimpre1U1ade20 pa!aea, totalizando uma tiragem.de 10.942.000exemplare&.Seure&11mofo1et1· tampado em 39 publicaçõea de 6 ::,a!BeS, totalizando 2.044.500 cópia.a. Na revista Seleç&s do Reader', Digest atingiu48pai· 16

Doenças da devassidão NAS D_UAS ÚLTIMAS décadas, pareceu.a al"':'n• que a impureza não .tinha inconveruentes para a saúde. Numl'l'OII08 meioe demformaçdo tratavam a hberalização dos costumes como a!go inO<:uo e até aconselhável. As conseqüências para a saúde do corpo (já que a da alma pouco cont.a para o homem materíalist.a e pragmático) começam a ficar patentes no pais da moderni dade,osEs tados Unid08, Um em cada quatro norte-americ.anos contrai ahiuma ~oença transmillsl'.'el sexualmente, em uma et.apa de 1ua vida: 27.000 peeaoaa são mfeecion~das dian'.'· mente por doenças ven<'ireas, no pala. Hã 10 f!!ilhões de conHult.88 médicas anuais a respeito desi,as enfermidades. E 08 medicamentos comuns, êfica1.es para o oombatedealgumasdela11,l!àoin0<:uosparaváriaaouu-aa. Muitas são in=ráwis, causam câncer, dorea crõnicaa, ll!8Õefi cerebrais em crianças e esterilidade. O Dr. Wendy Wertheimer afirmou que este ano haverá mais bebk sofrendo de doençassexualmentetransmilllllveiadoqueonúmeroafctadope\aepidemiade póliodurante toda a década de 50. Centenas deeriança11 nallCem anualmente com aterrlvelherpes.Osaobrevivente11delamuitaaveies90fremdiatúrbi<M1neurol6gi.

Assim como C011tumea p11roe facilitam o nascimento de crianças saudáveia, a devassidão tende a produzir bebês defeituOIIO& e doentell. As crianças são 8ll vttimasinocente11dalibertinagemd011adult011. O câncer dos homossexuai9 {AIDS) afetou 2.635 pe880all em 1983. 45.000 em 1984 e continua em al!Cl!:nsào. Não hã cura à viata. A profilaxia de tais doenç8ll ~ facllima e vi&vel: a pureza de constumes. Conti· nência perfeita para oe 90lteiro. e fidelidade conjugal impediriam a transm(saào dosviruscausadol'C!ldasenfennidade11.Aeaeravidãoaovtcioestltrazendo1unto aproliferaçãodasdoenças.E01EstadosUnidoseatàoperdendoacapacidade.de preservar o binómio virt11de-saúde. Eia um tema para séria reflexão, no Brasil...

CATOLICISMO - Março de 1985


SWAPO cavalo de t r óia do comunismo Liuro da TFP norte-americana

lança nova luz sobre o continente negro

"CATOLICISMO" publica abaixo a tradução d e Importante artlgoeau1.mpado no boletim da TFP norte-americana "TFP Newsletter" (Vo l. IV, n ~ 6 1984). Desse modo noua publicação apres e nta II se us leitores uma d oc umentada e obje ti va visão a re s peito da SWAPO e da Namlbia, t e ma s freqüente mente abordados de forma d istorcida por órgão6 d e imprem,a.

A

Df:TENTE trou. xe conai~o uma

novaerade"acordoanegOC1adoe", que podem mwto bem ser denominadoe de"rendiçõeanegocisda.i:i"- ~U· ma11tm011feradeoonfuMloenmb1gt11da des,osauto-prodamadoe"movimen1:<>3de libertaçàonadonal".uti!iiandoaviolên ciaeoterroru!mo,têmassumidoooontrole deaeue~spectÍ\'Ol!palseepregandoº'ind': pendência"e"democracia",masnareali· dadeimpondoosociallllmoeaditadura coletivista. Uma atmosfen1 de ambigllidade as&im formou-se agora na Namibia, no audoeste africano, onde a organização SWAPO (So uth Wcst Africa People', Organization)etotâ engajada numa?ampanha para ob~r. pelafor,;;a,asu a"mdependência" emrelaçãoA AfricadoSul. A fim de mostrar claramente à opinião p(íblicanor1e-americanaaaverdadeira11 intcncõts da SWAPO, a TFP norle· americana publicouoe11udointitula1o ··rodo o Verda,k Sobre a SWAPO - Cruitda. Idealistas e Heróis da Liberdade e Justiçar Ou Instrumento, de Agressão Comunista /ntemaciana/ 7' Ao longo de 66pâgina11,a publicaç_Ao_analisamai11de 200documentos,amruonadeleseditados pela própri~ SW APO, que foram obtid°" noaescritlmosdaorganizaçAoenaONU. Outra importante fonte de referência f~i um eetudo publicado em 1982 pela co~ceJ.tuada Fundação Heritage, de Wuhmgton, intitula~o "Como o ~NU 1Jjuda us grupo,grurn/lu:iroll marx11ta1".

Necessidade de esclarecer O estudo da TFP assinala que aimprensa. ao noticiar o que se pll.86a na Namlbia - e11pecialmenteasnea:ociaçõesparaa independênciadaq11eleterritórioadministrado pela ÁfricadoSuleuatividades terrorieta11 da SWAPO- raramente traz à luzdodiaosefeit011reai1deneeaconteci mentOII. Oquadrocompletodasituaçàoenvolve nãoapenasova11toepoucopovoadot<:rrit6rio (aproximadamente do tamanho da Françaelnglaterrajunt.a11). ma11tambo'.m adesestabilizaçàodaprópriaÁfricado

CATOLICISMO - Março de 1985

Sul. Tal catástrofe colocará em nsro não sóofuturodapopulaçàonaregião,mas igualmenteafontede!uprimenwparao Oeidentede70matér1a11primases11enciai11,asvia11marítimascmtornodaAfri caeo1mercadosdeouroediamante11 Sementraremso!uclle1pol1ticu11e11pecl fic11Spar11aquestãodaNamlbia ,ol'tltudo da TFP afirma que ante, de se ad,:,tar qualquer110luçãoparaoproblema,opC.bliooprecisasaberclaramente: H) Se a SW APO é comunista ou nAo; 2.") Se um governo da SW APO 11eria oomunilta ou não; 3.•)Se a ameaçasoviéticaâ África do Sul aumentaria no c/l.(jo de a SW APO obter o controle da Namlbi a. Tal como muitos 011t~ movimentos r.,. volucionári011portodoomundo,aSWAPO procura apresentar-se como organiz.a-

A organizaçAonãonegatambém,ua ade11Aoaocampo1ociali1ta. De acordo com Jeaaja Nyamu, um membro do Comitê Central da SWAPO, '"nó• umpre obtiuemo1 o opoio d e ~ - aliado, naturais. a comumdade socio:li,ita. th na,;61!1, lúkrada pela grande terra ,k Lenin e primeiro &tadoaocioli111ado Terra.a UnidoSouil,. tico .. (""NewPenpectivea",3-81). Baseada em amplaeconsi11tentedocumentaçAo do grupo reJTorista, a TFP demonstra que. apesar de a SWAPO freqüentemente utilizar aliados ··moderadoa" pata di1farçar ae11s obje1i vo1 radicaia,ela,nAoobstante,trabalhaeon1cientementeeomoforçaa11xiliardaagressãoruua, lutandonocontextodaguerra paicológicarevalucionária.

Pais e '"padrinhos" O documento da TFP afirma q ue a SW APO é um cavalo de Tróia docomuni11mo, produzido nos laborat6ri011 da "paywar''(")revolucionária.ARússiasoviéti·

~~~~~::;;~i;.,,.~r:.:!1~d~:n~j~ :11!~ro~i:.~~1;:!~~:i: ih~~~:i~ ob1etivoéexpul11arloda1asforça111ultrib11na internacional e ao defend~la de africanaseinstalarumrqrímedemocrático. 011 lideres da SW APO a.legam que são

~~~d::a&afa~~mm~ni!:.b~~~~a~ roristas da SW APO são aprc1entad08 como '"cri1tãos praticanres", em 1ua maioria,alega-1eq11enãoháperigodeo ;:~~mento ,er influendado pelo manis-

0 eetudo da TFP mOfltra documentada mentequeaSWAPOsedefinea1imeama de modo bem diferente. S11a Con1titlllção, aprovadaeml976,declaraqueelaé11m movimentodelibertaçAonacional,dedica do ã "foi o pele, independlncia lota/ e pela libertacdosoci1JI".Emseu\ivro··po rr,.que naaçoumoNa('do",ogrupopropõeuma "rerorn11ruçdoeconómiC1J~,quecon8llltirâ na "'rompleta elimin<J{lkl de U>d08 as formaB dedominacdoimperialilta ena tran,i farmaçlkl da e.xpk,r<J{doc1Jpita/,11a numa genulnademocracia 50CUl/i8ta". Tal trandormaçã o claramente eociali~ta, modelada eegundo oa ideai1 comuni11ta1,criariaoqueogrupot<:rrori11achama de"um11.1ociedadcscmc/asses,nd.ocxpk>radoraejusta,queasscgurará11.re1tauraçdoda propriedade soci1Jl".

11e11~ adversári09 Háan011aONUreronheceoiTUP0tem:>rista comoo"úniooe1Juttnticorepresen(")Fórmula Hbreviadadaexpre11lo"ptycholo11icalwnr"(lfll«rapo.icol6aica).111iliz11da poree111dioe01norte--american011. Jawens d1 Nlftl ilu ceielr•m o 112'" an,,enJ,110 do nncomentodelemn


tonte do povo namlbio", Além diuo, foi concedido A SW APO o at.atua privilegiado deobtiervador naONU,eseuarepre11en· tantearecebemaliment.ação,roupas,hoa· pedagem,tratamentomédico,urviço1admini1trativo1, eacrit6ri01, treinamento

~~e~s~ ~:~t~:=~~~:trS&:E~~=

1979e 1981 aSWAPO reoebeu maiade50 mi\hõe. de dólartfl da ONU, e em 1982 a ajudafoide4lmilhõe8ded6lare11. Em 1eus confortá veia ucritõrioa novaiorquino1, 1ituado1 na 2.• Avenida, a SWAPO vem recebendo ajuda da ONU paraplanejaremdetalhetpropoet.aacomo adeumgovernodetrantiçãoparaaNa:u':!:-.'projetoa dere!o rmaagráriae Boletins ofici&ia da ONU publicam Hoomunicadoe de l(Uel'l'a" enaltecendo ae operaçõeeterrorifltaanaNamibiacomo~ patriõticaeecorajoeae. Eua atitude pouco imparcial da ONU colocaemque1tAoaeae"elriçõea",.oba 1ua1upervid.o,serãoefetivamente "livni'8 ejusw".

entreo"pesBOaldaigreja"citado. Emlua-ar de pedir o testemunho das numerosas efreqüentementeinocentet1v'ltima1doterroriamo,orelat6rioapenasmencionaaei1 pes110a11quealegamter.ofridonaamãoe da, Forcas de Segurança, devido à 1ua colaboraçãooomoeterroriatasdaSWA-

PO.

O relatório,otimiilt.aenão-document.ado, e1Ta na aua avaliaç4o da SWAPO e aerveparadesmobilizaravi(ril.AnciadOII fiéi. com relação à SW APO e aocomunUI-

RelaLórios e conclusões Um doe upect.08 mai.l deaconO!rtanttfl desaatàticadocavalode'rmiatemsidoa falt.adeden(mcia1por partedoclerocris· t.i!.odoauldaAfrica. A l~ de junho de 1982, a Conferência de Bis.po11doSuldaÁfricapublicouumrel~ tóno sobre a Namlbia. SobreeHerelatóno o eatudoda TFP asainalaqueeleparece conter uma velada negação do caráter marxista da SWAPO e de aliança& com a RúMi a aoviética. Baseando.se nas opiniões do "peNoal da igreja" na Namibia (ceca de 180 pee110u), o relat6rio alega que o programa politicooficial daoraanizaçãonãoreflete as idéiu do movimento como um todo, ma, apena. o trabalho de1eu1intelectuai,, equeauu afirmacõee manittaa aão meramente um truque para 1ati1fazer 11eu1aliadoedoPactodeVara6via,quea auprem de armu. O. biapoe aleram que aa Mtendências maniaw~, tAo caracterl.aticaa do grupo, devem Mcausar pouca opreeruao entrt a ma.wria doa cr~tao,", poil u,e ho1.11.>eUe

tendlnciumarx~lunaSWAPO.e/a.s,e. riam dominadu pela ft cri,ta, tao larga· mente 1uatentada e aprttiada pel-0. 1eu.1 membl'OII".

O relatório da TFP a,ainalacompN!OCU· paçãoaíalt.adeprova1ubatancialpara apoiar eeaaaalegações,bemcomoanotóriaa~nciadettfltemunhasanti.SWAPO 18

Clareza e desafio Publicando esse estudo, a TFPnorteamericana espera acabar de uma vez por

todaa com a ambigüidade e a confusão com relação àSWAPO, reinantes no público americano, bem como no11u1-africano e namibio. Junto com u demais forças sadiaedoOcidentecri1t.i!.o,a TFPdesejaevitara implnntaclio de mais um rl"8"ime romuni1t.a no hemisfério aul, erelembrarao comuniamo ateu um deufio que ficou

::w :-i:o-~c:~ . r1i: j;, i::: ~~~~:·º'é~:U'rr:idf~

re:.~:

dua do que de1truir o wberania e a Ft <h umpouo fiel a Cri1to" (PlinioCorrêa de Ohvrira, diacurao àa autoridade& civil e militarei no encenamento do IV Congreaao Eucarl1tico Nacional do Bra,il, a 9/6/42).

Busca imoderada de sucesso corrói a infância EM RECENTES DECLARAÇÕES à imprensa, o profe1eor José de Lima, eminente membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, revelou serem cre11centes osca.sosdeúlceradoest6magoedoduodeno emcriança,.Eissoporpres8ÕeSde familia - disse o profeuor - que de.eia que a criança.seja aprimei~aem tudo: na escola, no esporte, no cuniinhocomplementar. Eiá vem.deade \ogoditoou insinuado que deverá também brilhar maie tarde na vida IIOClal. O que 1ignifica, obvia· mente, a obrigatoriedade de i:ree preparandodeadejã para obter aucesaona carn-ira e noe neg6ci011. Euaa pnesõee pe11am marcadamente .obre a criança, produzem angústiu e antiedade, que e1tão chesando até à t\Jcera. . Cresce pois o número de úlceras infantil... Em outroe tempoe não era ~un. Sobretudo não era assim n011 lléculoe em que a finalidade prectpua da famlha era eduC&T a proleaegundo aconcepçãocri,ta.. Cada um buacava, no quotidiano, uma forma de vida que, sobre todas a1 coia.at, honrava a Deu1. A formação do caràter infantil era ent.i!.o feita atravh do gosto pelo sublime e heróico. Hilltórillll de cavaleiroe, princeau. luta& e aventuras em terras longl.nquas, encantavam serenamente a criança enquanto a preparavam clicazmente para avida. Hoje,afebricitaçAoC&Tacterl1ticada bu&eade~rreira,íama,111Ce11110, Pres~o financeiro, está extirpando a despretensão própna à iníãncia,causandoangúsna na alma da criança. Quem não busca o Reino de Deu1 não o terá, e naturalmente, também ficará privado de .seus acreacimOll neate mundo.

CATOLICISMO -

Março de 1985


"Desinformação": método maquiavélico da KGB LENINE AFIRMA VA q ue "dizer a ~ rdode i um precon· ceito pequeno-burgul~. A _men-

!:;fu 1Cti~~~!b!~:1rt:r~~~~d Sablier, "ú Fil Rouge", Plon, Paria, 1983, p. 278).

Combasenea.seprinclpiomaquiavélico - comoobservacom razão esse conhecido jornaliata

frand11,especialistaemterroriaa KGB

mo contemp-oraneo -

ruHa pon1.11 atualmente um de-

~i~;r~ :'~~l~Z:.Ae: "d:.

iªa ed~!~t1~'.'.ªJ!fi!! ;d:~~t mação"comoaendo "adissemi·

naçdo pela impren,o, pelo rdd.io, pelo/ivro etc., de falsa,informa· ç(>e1 destinadas a impren ionar o público'' (op. cit., p. 277). Ela é atualmente prati cada peloe toviético1 como um a verd ad ei ra ciência: "A desin/ormaçito e, fá paro a luta de classe, como um gli8 de combau para um ex i rcito

em campanha. Ela enveneno o

orgoni11mo político e toeial, en {raqiu:«a re1i&1l ncia e termino poraniquild-Ul"(ap.cit.,ibidem). de 9dtrn~=a~',1;1ro::err: ad~~

!~fa~~;u;1E2EE:otFit?it~~ a mollf'r a opinitlo pública ocidental. ... Seiu agente, condu-

!e;,~~::ífdahd~! don&~re:::~'.r:. mentam manife,taçôel ou greu~s par~ acompanhar uma ofen_11ua p,,cológica . .... Seiu ,eru1ço1 mantlm em dia gigantescos fichdrio, contendo todos 01 detalhes sobre: ~r,on_alidades po/fticas, admm11tratwa~, mil1tare, , sindicai, e }-Orna/ltt1ca, de toda,

ê~:er;~a~ :~~nt, J:~esin2

os formaçào vi~am "enfraquecer o Ocidente, mmando 1u.a1 forca,

=~f;.~,(~nJZ:ifgfJ=ttam e Promovem também oe mencionad011 8gentes "operat;ões clan de1tina1, como a, manifes ta f(Jel

1::.~¾

1 ~~:·:••

~b,lZ~~;l,~1;:,-;e:.

te, pacifis tru" no Ocidente, e contam com "o co ncur,o de eclesiástico,, pregadores, c:ienti, tas e 1Jenerai1 da reserva", com o obJetivo de dar um a certa cre, dibilidade a 1ua camJ)&nha.

CATOLICISMO - Março de 1985

Rtante 1nlisl1 di&i(1I de fotos (lo SoJd;l,io de Tunm (tolo tcimt) consta11iu idenUfior H moeda, eobcad1s sotl<e os othos (lo Redentor 1ntes do lepultfmen1o: ~n remontem to 1no 29 A.C, s.i0 do enUo pe,n,dor rom1r111 d1 Judéi•, P~ncio Pil1tos

Santo Sudário: mais uma confirmação DES DE 1898, a no em q ue pela prim,:,ira vez foi fotogi-afado, o Sa nto Sadário de Turim tem sido objeto de inten sllll pt11quisa1 cientificas. ··Catolicismo" já noticiou osresultadosdealg umasdelas Recentemente. cum o a uxilio de sofisticados comp11t.adort'II. o Spatial Da ta Ana\ysis Laboratory. do Instituto Politknico de Virglnia, Estados Unidos, efe!llou maís uma descobena na s11gr11da rellquia. Com eíeito, a análise digital de fot.o11d0S11dário,processadasporcomputadore.,conseguiuidentilicaras moedas que.seguindoan tigatradiçàoj11daica,furamoolocadas110bre 011olh011doOivino Salvador antes do sepultamento. Segundo o Dr. Roben 1',1. llaralick. diretor do referido Instituto, &li letras adicionais que foram de1JCObenas nas moedas revelam que e11tW1 sàodo ano 29 D.C., do então governador romanodaJ11déi11. Põncio Pil11to11. Essefatoê mais um dado que vem corroborar a tese da \"eracidade do Santo Sudário, uma , ·ezquetorna patente a ligação da pre.-;iosareliquiacomoperiododaCrucifixão. Paraielammte às inúmeras comprovações cientificas jA realiiadaa, através de análises dosagradotecido.aincfá'"el majestadeeaincomparávelserenidade expressrus de modo lào sublime naquela martirizada fisionomia constituem poderoeo indicio de autenticidade.OSantoSudário.alêmdeimpressionanteretrato. ésohre1udoumapresenca.diantedaqualmilhôe#decabeçaatêm!ll!indinado.110 longodosséc-ulos.ematitadedeprofunda\•eneraçào.

19


São José, mártir da grandeza

P

ARA FORMARMOS uma idéia de que~ foi ~ão José - o Patrono dalgn.•1a,cuJafest.aseoomemora nodial9deetemêl! - foceà~ruisezde dadoabiogrAfioos,preciaam011oonsiderar doisfatotiimen!IOIJCelefoiopaiadotivodo MeninoJe111111eoesposodeN<:W1saSenho-

"·Oesposode,·eserproporcionad0Ae1po, sa. Ora. quem é Nossa Senhora? Ela é. de longe,amaiaperfeitadetodW1aseriaturua,aobraprimadoAltíssimo.SetomarmOólllllvirt.udesdetodososanjos,detodOII

osaantoeedetodososhomensatéofimdo mundo, nMteremossequerumapâlidu idé iadasublimeper fei çàodaMAede Deu~.

Masumhomcmfoiesoolhidoentret-0dospinaattpruporcion11do11es1mexcel&a

criatura. Proporcionado, naturalmente, por seu amor de Deus, por sua sabedoria. porauapureza,porsuajW1tic11,portodas as virt1,1de. enfim. Es;,., homem foi Sào

'"'· Missão grandiosa

Hlt alao 11inda mais insondável: o pai deveaerproporcionadoaofi\ho.ErapreciflO um homem que carr,:gaue com toda dignidade a honra de ser pai adotivo de Deu11. Ehou,·eurnH-0,críadoespe<::ia!mentepuraisso, com aalrnaadornadadetodasaavirtudcs,inteiramenteàalturade tAoaublimemissào. Esse hornemfoiSAo Joff , Era proporcionado a Jesus Critto, era proporcionadoASuaex~\saMAe.Quanta grandezaiasoencerra!f:taladesproporçAocomorestodoshomens,quen6*nAo podcmosfazeridéia.f:pene1rardetnlma-

neira na alma santluima de Nossa Senhora, é ter tal intimidade com o Verbo Encarnado,que ovocabuláriohumano nàoencontrapalavrllllparaexprimiradcquadamente. Costuma-serepresen tar,porexemplo; Santo Antonio de Pádua com um livro e o MeninoJesussentadonolivro.Eosanto embe--ecido,porqueoMeninoJeausesteve u1111instantesemseusbraÇQ11. En6&olhamoa admirados para Santo Antonio: como eleéfelizportersidodistinguidopore,isa honra sem nome! Ora, quantas vezet1 São Josi!tevenosbraçosoMeninoJeeu,? Mai1ainda:SàoJosêteve011!Abio&BUficientementepuroseahumildadeauficientementegrandeparafazeressacoiaaformidável: responder a Deuij! imaginemos a cena:o MeninoJesuspâradiantedelc e diz.: - "Peço,lhe um conselho: como devo lazer tal coisa?" E o patrono da lirreja Unin•nial, mera criatura, s abendo que é De1111 o interrogante. dA o con11elho! Imagine. leitor, 11e lhe for pou!vel. um homemquew,·ebastanteeabedoriaep\l· reza para governar a De\18 e a Virgem Jl,faria. Então compreenderé a aublimidade da virtude de Sào Jo!lé.

Grandeza rejeiiada pelos homens Falamos dagrandezadeSãoJoaé. Como foi e\a recebida pelo1 homen1 deseu tempo? DizoEvange\ho:"t."(Morio) deudlu,o

seu{ilhoprimag~nito.eoen{aixouerecli· mou numa manjedoura: porq~ Mo havia lugar para ele& na estalagem" {Le. 2.7). Afrase-··ndahauialugarparaelesna e1ta/agem" - en~rra uma verdadeamarga: os homens li'm uma par1iculardificul·

dadeem receberaquiloqueégrande-a /ortiorioqueédivino-por causadesua mesquinharia.Pensamoe.Asvezeg,queos homens se comprazem em tratar com o que é importa.nu-, alto, 1ublime. f \lm gos toqueexiste.11im.masapenassuperficial eporinten-,;,f!('. Os homen s não sentem grande atração pelagrandeza,maaaimpelarnediocridade.particularmenteseéummistoheterog~neo de bem e ma l, com um g08to mais acentuadope!omalquepelobern.Háuma tendênciaprofundanohomemparaotri vial,paraabanalidade,equcéa vessaao grandioso.ao sublime. Então compreendemos por que nào ha viavontadedecederlu11"aril.SagradaFamilia.Nãoh11vialug11r.especialmenteporqueNossaSenhoradeveriaconservar,ao lado de um upectadeexcelaabondade, umardegrandemajeatade. ComoSA0JosédeveriamanteTome11mo aspecto, era umcaaal sumamente distinto, mas pobre. Ei~aquiacausamais profun da da recusa Aceitar adiatinçll.ocom a riqueza. ainda pas~a, pois a segunda faz perdoaraprimeira.Eointeresseemwnseguirdinheiroincuteumavontadedebaju· larquefazasvezesdere&peito.Musquan doéumagrandedi&tinçAo. umavirtude salientequebate!\aportaa.&Obrctudoseê pobre,entAonãohãlugar. Entretanto,dai acincominutosépossh·el quesurjauma acomodação para um amigo mediocre ou umricaçoquenãop,osauisenAodinheiro.. Acomodação que perfeitamente poderia tersidorocusadaASagrnda FamHial Masseeles110 ubc1semqueNossaSenhoraes1avaparadarAluzoMenino,Jesus? - Também nào receberiam. f:: bem o casodelembraraquiafam08aapóatrofe de Donoso Co rtei: "O espi rita humano

tem {omedeabsurdaedepecado". O MeninoJe~us era parecido com Nossa Senhora. Ela era a prefigura do Redentor. São José também parecia-ae com Ele. Aquelagentenll.oqueriaNOll8aSenhora. nemSiloJ ()jjtl,nemoMenino.Apeteciao ~ª~:~a\~%~a~s~~~~-:~h~~:'. Ê o primeiro momento em que Nosso Senhor jã estA na Terra e que. pela vozdeSAo Josi>, bateAaportaadoehomens,sendo recw.ado. SãoJosé-prlncipedacasadeDa,.;d, principeda famllia realdeposta,decaden te, masqueestavanoaeuapogeuporque dela n a.sciao~speradodasNaçOO>!-bate àportaeéreJeitado!E,taé.tambémaua primeiraglória.Elerepresentavaalgoque avu\garidade.oeeplritopro,micodOl!j\1de\lS detestava. Deu•se então o primeiro lancedese u martlrio:conduzirNoS11aSenhora a uma gruta. própria de animais, ondeoMeninoJnuanasceu. Sobre esta primeira glória- negativa, por certo - acumularam-se muita& outra8: a glória de aer um homem apagado, embora se lhedevea&etodahonrapú.blica;aglóriadequemtomousobreaitodas as humilhaçõe1, todas as ii!lom1nias, todo o peeodoopr6brioquehaviadecair 10breNo-50Senhor.Eleteve, de11deocomeço.abem·aventurançae~pecialdeeer ;i:~:ºsfaid::ºdeàa/::iª~'.ça e porque Eis um aspecto esqueddo, embora sa!iente, da figionomia moral do Patronoda lgreja.cujavirtudeéeepecialmenterejeitada pelo hoinem contemporAneo, o que noe induz a dizer; São JOR, mârtir da irrandeza, rogai por nÕII!



fora extinta t renegada. Eu era desse

~~ms~:-a!Z~~:·;~:~i~:fo~.d;,;r;t~ acontecimento me impres,ionou tão for. tem~nte, que pensei serem a Relitrião e a JgreJa Católica u única, a formar homen, deata têmpera Aaeim que a porta ae fechou atràado Arcebispo, o porrete desceu mai, forte do que nunca. marcando com su!COl;as nouas co,ta,, e as blas~m iae mai, horrlvei, ec:oaram na prisão; pontaph fize ram-nos voltar As nouas cela,. A comida, já tão !nauficiente, tomo11-um ais uca..ssa ainda. Aaeim, por qua8t aeis mesesnãopudemoareeebernempacotes, nem vi1ita1 de nouoa parentes. Mas tudo i110 1uportamoe facilmente , pensando queentrenósestavaonosso

fa~n~:,::i:,io;i~:. ~arti~f:h:fiz;t;;S:s~ boçou-ae de novo a luz da pafé;

as

zee com a Santa lgrejaeagoraeou seu filho fiel. Deo gratia..s!"

Esteepi eódio, narradonolivro"Um

~:=- ~~~=

0

~º:~Siti~~ :Ur;1=de:~·~1doe

l:t!~

Vencedor do Oriente", da eKritora ita

C:,~::

~J;ªê:~;l~ra:e São Pa~lo, 1975, pp.103e 104), mo,tra a grande influência da IgrejaCatõlicano ~ais, bem como a estima _e a veneração

ameaçado de morte vària, vezes. Opósee também vigorosamente ao Estado co-

:~;!'::/1º':a:::~::;:,~it

::1u':~1': lrioeo e a da propriedade privada. Sentindooobstãculoquea,uaatuaçAo representava, o regime comllllUlta ~eTitoelaborouaf1U11adeumprocesso mlquo, co~de nando-o a 16 sno,de pri-

Há vinte e cinco anos :':J:sa!~~u::::!:~ªjj~ :~:~!~: falecia o Cardeal Stepinac :ª!l:p~r~e~~:"dog~:~~ ~0 ~hbj~~ po-mártir enche de pânico oa comunistas iugoalav09. Por ocasião do Congre110 Eucarlsti~!~ ~. !! :J:1~ec:~i:: mi 'fd~ra·:!.ed~\droe~v~1t~=~: nieta de Lepo1Java (lua:oalá8

"e

via), no final da manhã havia um ner•

==t~s:;

: , v:~:biC:•cFe!°t!n~:'e~~ntiO:~ ram -nos em fila dupla a o longo do cami-

bf:~~1!!.1J:k~: ~:

~:~::1·~-:,

mc~':~:v:s=:d:,~taE~ seguida o comandante de l.epoa:lava di· rigiu-no1 a palavra neste• termoa: 'Hoje tro.r4o paro. có o gra ruk inimigo do pouo e do E,Uldo. Ctuia um de uoc.!1 re-

de~'; tt'?f/~ f:n":d°f/;::!:S::ü.

bertado imediatamente ; Q~m o atacar meno1 teró apen.a, reduzida a metade d a pen.a, e Q~m n4o a tirar nada seró punido Htltl'ClrMnk'.

Nós trocamo& olharei cheio• de interrogação, poi, era proibido falar.

~~!~ro ::

1

~~~ª

:."t!"ri~~ºgrC:~cde d~º;~: trada eapareceuafi.a:uras1mplee,mas nobre e imponente, do Arcebispo de Zagreb, D. Luis Step1nac. Entren61 ae le• vsntou um munn6rio consternado: "Meu Deiu! Ma, I Sua Exce/lm:ia, o

b~~:v~:~~~':71f'6L!~~r,,'.1(:!o~~ amado Loysek!). Ele deu alguns pa1&01, lançou sobre n61 um olhar muito triste, e com calma no, aaudou: "'Sejam louvados Je,ua e Marili f' O que aconteceu naquele momento? Nenhuma mão ae levantou. Os projétei1 calram por terra, e n61 todos nos puae moa de joelhos. E não 16 nós, mae até

~,:~Kci~~ª:~

~1~~b!~n:ug~~~

feª:':ih~~~:o1::~:ier::i~r:=~ir:~ tristesma,chei011deamoredetemura.

~::!J°i !i1:i:~ lra'!t~~t~tén~:::1t.li~~.~~:: todo:,;01,ateusede~graçadamentetam· bémaque!eeemcuiae a\maeareligião

menção do nome o Cardea Stepinac atéhojeprovocanoscomuni1tas1ugoalavoa, e asainala que a sue lembrança continua muito viva no povo: "Co=ideram o Cardeal Stepinac um mórtirda FI, vítima de um proceuo-,haw, e seu túmulo I meta de peregrina~ , e,pon· td11ea1", CATOLICI SMO -

Abril de 1985


A Refor m a Agrária fracassa em m ais um país: EI Salvador SITUAÇÃO aócio-econõmica cata1tróficaem que 1eencontra El Salvador é um eaao tipico du con~llênciaa da aplicação de medidas aociahataa para reeolveroe problemllll de uma nação. EmEISaJvadoratera~utical-Ocia·

A

::::~i/cfi~:tJ:~!rC::e~~:od:: gruJ)O!ldeeequerdaOeia-eepartidoapo, llticw, clero propeeei,ta etc.). Rea~midamente, eue d1agn611tico é o M(l'Ulnte;

l-A1m1miíeataçõeadedeecontentamento e o aparecimento da guerrilha têm auaorigem na1ituaçAodemi1ériae opreaaAoemqueaeencontra_opovo;~-

contentamentocon1i1teem1ubatituiro

aiatema vigente, fazendo reforma.a de estrutura como reforma &IITAria, N!Íorma bancãria, reforma dae empreeu etc.

Seguindo e11ta orientação, no ano de 1980 o governo de El Salvador decretou a nacionalUaçlo doe banco., a reforma agrária e a Htatbação do comércio

exteriordocaféeaçucar,produtoepre-

do~!I'':nn~d:xr~~d:oafc~~:

çado? Vejamoa a conclu,Ao a que che-

gou o Banco Jnteramericano de Deten· volvimen to,. organilmo in1u1~to por &111 tend~ncia claramente &OC1aliu.nte: "O• propó,iWI que H biucouam com a reforma agrária e o 11ocionali:racd-O 00, banco, e 00. conoi.l paro o comer· ciolizoç&J internoci.01101 00 cofi e 00 acucar, decretodo.1 em 1980, 11,1{) pude· rom ter atingido,, devido da dificuúio· det pollticot e ecoMmico.,, Penitte um certo grau de de,orticuloçd-0 da produ, çcla, o abandcmo <k fazenda, e o quedo

do producclo. 01 efeit-01 deuo ,ituoçclo foram: uma continuo enntlo da rendo reo/; increment-0 do taxo de deaocupa· çclo aberta, co/culodo atualmente em 19%; reduçclci no diaponibilidode de bena; oument-0 da toxo de in f/oçclo; e11· gotomento doa re111rvo1 i11ternocicmoi11; parali,açclo de empre,011 induatrio/11; peculoçclcicombioleumcre1ce11teinue1·

e•·

f?E;,f~;·rnEtE;~i~~;;c;I &envolvimento, "Progre,w Econômico e Sociol no Amüica Latino", Informe 1983.p.229). A citação acima não poderia Iler 11

=eà: Salvador.

':1:d:i-::Sª :ft:i:re':nfr:j

El Salvador 6 um paUI eminentemen· te agrlcola. Mai1 de 509!, da mão--de--obra

::~ei:::~~~~ro~1;;:.:8i;.~ du por caf6, açucar e al1odão.

ria~:nd~U~!8le'Efi~~~r:~ CATOLICISMO - Abril de 1985

~·~

rendimento.li por hectare auperiorea aoa de todoa 011 pailll!!I da Ammca Central, quanto aoe principai.9 produto.li agrlco.

Ju.

A aplicação da reforma devedar-ae em tre1 fasea. AfWll'l,jânec11tada, conaiatiunaespropriaçãodetoduu propriedades com àreu auperiorea a 500 hectares, e daquelas que, aendo de tamanho inferior, entretanto perten· ciam a proprietáriDS de maia de uma ÍI· zenda que. em seu conj11nto, excediam o limite máximo de 500 hectares. A. fa. zenda.s a&Bim expropriada.e foram trana• formadas em cooperativa.e. Esta fase I afetou426fazendas,querepresentavam 15% da terra a rá vel do pais. Coneti· tulram·ee 317coopérativas,comnúmerototaldemembroeequivalentea8'lbdo totaldasfamiliascamponesa8. AfaseII,aindanãoexecutada(pelo

too~:;:

e!1~~n~1!e{~vfr:~ed~9fa'~ te na expropriação de toda.e aa fazen· dat de tamanho entre 100 e 500 hecta·

~'."ti::~e:

:ia'i:n~~a~~~~s=~ã0o;:1 com a lei, 011 proprietáriOII que se en• quadram neata categoria não podem vender nem hipotecareuaaterrae. Pela nova Constituição, promu11J'ada em dezembro de 1983, a Area mhi.ma de terra que um individuo pode po1111uir 6 de 250

Retrato® l'rewfnte de Els.tviOOI". N1po/eloOu1nt. f tr111$P(lfU(lonume11111,dur,ntt1lmP111ad,cam~nh.a elertortl de ffllllO dt 198-t O o,1rneiro1111nd1tinosalv• <b'enhofoo,,r,e,l)llo,or,,,,lsordl~osaRrior1111 A&rt11111111)11nttdll\8QutltD1!s.

~ri;3~~i1 ~°!°o~q;~e11W:u;::: J'e3

anOII para vender o exceaeo, sendo proibido vendê,]o a parentea. Caso não cum· praoeatipulado,oEatadotemodireito de expropriar o exce&IIO, sem nenhuma compensação. AfaaeJII,emexeeução,afetatodaa aquelasterrasqueestavamarrendadaa na data da promulga~ão da reforma. e con1111te na entrega de at6 7 hectare,a todOII aquelee q11e eram arrendatli.riOII em tal data. Até dezembro de 1983, cer· ca de 16'.)bda.e familiae camponesae ti· nhamfeito requerimento,paravaler·ee deseaprerrogativa. Qual o re&ultado conseguido depoi& de 4 anos de vigência da lei de reforma agrária? Apeear do maciço apoio poli. ticoeeconômicoconcedidopordivenoe O'i&nitm011 internacionais e pelo pr(,. pno governo norte,americano,o re1ul· tado tem sido um completo fraca.eso. Vejam011 011 dados que noa fornecem rela· tóriOII du própriu instituiçõea norte, americana& propulsora.s da reforma agrária. A Atea cu1tivada com 011 principai, fem:~r:.~!a:o ~ma~~tjl::n~~ druticamente. De 739.421 hectaree J>tantado. em 1980/81, diminuiu para 679.404 hectares em 1982183; ou seja,

tada com arroz

&e

manteve eetlve (op.

cit.Jâ:o1tmen08 dramática a 1ituação econômicad0& ' 1avorecid-01"pelareforma agr~a. Cito textualmente: "Muittu1

cooperatwaB da fo$e I Mm: - 1) ma· ciço dívida de capital; 2) nenhum eapi tal de trabalho; 3} grande, .extensões de terra qiu n4o 114o produlwo.1; 4) uma forço total laboral 1ub1tancialmente maior que a neceuário para operar eua11 unidode1; 5) administraçof-0 dibil. (... } ,Pedem empré1tim<n para produzir e apl1cor 110 P!inclpio do p/ontio, mtu1 e•· ,,. empré1t1mo• ,ao u.atl001 em gronde

:::t:ri!~r::g=~~~- t-~-~ a:~~;:;~ :::.t!;'°,:t::~: r~e,,:;:';s::~g~,v:~

la, IIUlt vendas quantiOII in,uficiente• para pagar 01 empré,tim<n que pediram

outra., dluida,. E,ta, dfuid011 incluem encorlfOI onu~ia de a1'1UJrlizaç4o de sua propr1edode, JUT'OII ocumuuuicn ,obre a dfoida. cridiw, de produc&J recebiM, em 1980 (conhecido, CO/'JUJ crédito, de emergtncia), e cridit-01 de producd-0 prlui<n, qiu foram refinanciado,; nd-0 tlm recurto, para c:obrir enuirgbu:iq, novo, i,111etliment-0t e poupança. (... ) Co, mo o divida aumentou, o, membro, das cooperatiu~ e,td-0 muito preocupod-Oa com •IUI ,ituoçdo. A11 expectiHiua, ori ginai1 de melhor 11/vel econômiro e ,o. cial 14o percebidru por e,1es nuimbro11 CO/'JUJ unicamente atingíveis se forem aliuioda1 de alguma maneiro tuas d/ui·


daa e 11e forem reduzido. 01. eust-0, ope. racionaia_(Escritório do lnapetorGf!ral ~ara Auditoria -América L8tina, AII), Departamento de Eatado doa EUA : Auditoria da reforma agrária de El Sal· vador; tradução do Centro de Estudo, Econõmicoa e eodaia, Guatemala, Fev. 1984, pp. 21 e 22). Emoutraspalavraa, oe "fouorecid-01" pela reforma agrária eatAo na falência, e aua sobrevivência ~tádependendo_do,favoreedoEstado. E o paralso aooali,ta ... O fraeallllO da reforma agrAria de EI Salvador não deveria aurpreender a ninguém. Como moetram 8.11 experih-

coe do govemo, semçonhecimentoreal dasoomplexidadesdaexploraçAorural. Emterceirolugar,oarecureoafinan c:eiroa são deetinados aem ae tomar em coneideraçãoosaapectoatknicoaeeco-

Por outro lado, u áreaae:r.propriadae panam a aer trabalhadu 110b adi· reçlo de peB&OM sem capacidade e experiência. NAo se poda eaperar outra coi.sa

de trabalhadorea manuais ou de técni-

II

Catecismo e catequese" ENSINO DE CATECISMO àll c:riançu ,empre foi uma das atividades a que a Igreja ,e dedicou com maia carinho e empenho, poia a alma infantil é particularmente propicia a que nela.se inscrevam 011 primeiro, caracterell da 18· grada doutrina de Noeso Senhor. Por Í8IIO o grande Pontlfice São Pio X 1f0&tavadeenainarcatecismo pessoalmente lta criança& de Roma, quando euu pesadas ocupações lhe

O

t':!tir~~ ~e,~e ~;te~~~~!~~~~ deliciu,paraalegriadaquelesqueo ouviam. Muotufãoproi!Te&&iataquepenetrou na Igreja não poderia deixar intacto o cuidado com 11. formaçlo du almas inocentee dae criançae. Para que do antigo cateci.Bmo não reatassem nem me.mo o. imponderltveis amenoa eo clima afltvel que o cercavam, trocaram-lhe até o nome: hoje,echamacatequese.Nãoqueo termo aeja incorreto. Pelo contrltr:io, ele sempre ae usou na Igreja. Porém a 1iatemltticaaboliçãodaexpreuão "o catecismodaecriançae".queeratão

pecadores. Igualmente não fica claro por que um p0bre ou marginalizado não poderia uaar da religião para aparecer. E haveria ainda muitaa outrae perguntas, queaa!lógicaclamaria por ver respondidae. EHe modo de fon;ar a realidade viaa, evidentemente, encaixâ-la no

;!I:,

~::.:e~ S:u%':'~loaocial marxista que se bueca inculcar na tenra mente infantil com o objetivo de fazer a criança escolher por uma cla.sae contra a outra, jamais pela harmonia ~ai, como prega a doutrina catóhca. Por iHo, o fasclcu\o acrescenta: "JeeU-11t1tauadoladod-O 1e11u.ndo grupo, d-O /ad-0 doa oprimi d-01". Então uma criança. pelo fato de aer cria.nça, 4! oprimida? Singular apreciação, que leva o menino ou a menina a ae identificarem com uma

~:o:d~~~:j::t.---;:~

~~~t:i~tr~ paia, aeja seus profeaaorea, que seriam, em face dela, 08 poderoa0&. Um doente é um oprimido? Alguém que pec1 1{1"avemente paaaa a ser oprimido 8Ó porque pecou? E :7~~e:::d:~e'wn:~~n:m,re:~: Jesu, HtA do lado dele? O mal esUi de aer muito aintomlttica do novo em ter o poder e a riquez,, e nlo em ofender a Deua pelo pecado? Que reconteúdo da ca~ueae infantil. A diocese de Lina, em São Paulo, ~;;:~gJ~~:r~ atravét'I de sua "Equipe de Catequ.e- ~::, ~e:;'ªJã~ ee". e!aborou um cur,o em vãrios fasAntetaia premissas,aconclusão clculoe, em nlve\ infantil, intitulado da "catequ.eae"se impõe: "A bonda"Encontro de Cateque,e"_ Mais bem de de Jesue deu ia C?nuencer os pode;poderia chamar-se "Luta de cla.e1e1 ro,a. qll.<! elee deu1am mudar de uipara criança,". No fa.sctculo 12, por exemplo, se ::; ~~d~de~~:~~!!:a~E diz: "Vonwe uer com.o uiuiam a, pe1- a mudança de vid• destes não aigni-

:e:l!

';:p0""J:mÃ/x,~7c,t~~ J;;a~tº'~~i-0!

gru.poe de penoa,. De u.m lado, e1tauam aqueles que mandavam rwe ou.troe; aqu.ele1 que u.1auam da re/i-

f!r«:ª:~ ªii;~::;. ªC/~!1'::e1~~: eltauam pobre,, 01 marginalila01

0011, ae crionçae, o, doente&, a. ti· trangeiroe, oe pecadore, etc.".

Não vamoa aqui deter-noe na ,bsoluta falta de coerência e homo1feneidade da claaaificação acima, na qual, por exemplo, H crianças ricu poderiam estar ao mesmo temp0 noa

::~• FoJ:.:!; j:er:;:'e't:,~~~;ei:o~ci~

~::n~~:r::~:: ~::;e

~=

i:ca~~o em deixar de ter poder. Auim, um

~~eJ~~ee:gã~1eriÜ~ric~.e~i:~u~~ desavergonhadamente,eãomauaporque,ão chefes, mae não porque rou-

nõmicoa envolvid~ no processo de produção. Da! ouso.mdevidodoaempréatimoe, aincapacidadede.Pa.glt-josetc. O reeultado final é 8 d1m1nU1ção da produçlo, o aumento da pobreza e do deecontenl.llmento. O contré.rio do que o, propuanadorea da reforma agrltr:ia prometem. Rol,trla G111marãts

Um comentário da TFP A TFP cll8tou crer que o texto da nota da CNBB, publicado em órgãos de imprensa em suas edições de 20 do corrente, exprimis se realmente o pensamento do ilustre órgão episcopal. Tal é, no texto, o acúmulo de afirmações carentes de realidade, bem como de apreciações unilaterais e apaixonadas. A TFP não renuncia à eventualidade de ainda fazer uma anãlise mais pormenorizada do pronunciamento da CNBB. Se ela a fizer, será entretanto, fiel a sua inquebrantável tradição. Isto é, prestará à Autoridade eclesiástica toda a medida de respeito e de cbediência preceituada pelo Direito Canônico às entidades dvicas de inspiração católica. Desde já afirma a TFP estar, como sempre esteve, disposta a acatar a vigilância da Sagrada Hierarquia no concernente à Fé e aos costumes.

b!!

TF~e:.i~~~1!i:~i~:i:o rodoxo, ou praticou uma só ação que seja. na linha do comunicado de ontem, queira especificar qual: a TFP, sem dúvida, acatarã o reparo desde que provada a autenticidade do erro ou a iliceidade da ação imputada. Entretanto, por um imperati-

::~ j:Z~Ja;i":â:11v!:z!s~

5~:~~NBB~tr~

vel especificar fatos e exibir provas. A enumeração de tais fatos e provas,. a T~ aguanla, pois, com

bam. E o nome de Jeeua - ao enunciado do qual "aeMbretodoojoel/wrw Cli,, no: terra. erwinferrw"(F\p. 2,10)

-

é uaado impunemente para aco-

bertar o marxismo maia descarado.

Caroleitor,oSr. goetariaqueeeu filho ou sua filha fossem vitimas de uma tal "catequese''? ...

Grrgório Lcrrs CATOLICISMO - Abril de 1985


"Processo de regeneração" na China vermelha N1Clllll1-mme!h1.u.ntoe1111ponesestom0111-

tt1ecN1issubrnendoi.., "111ocessodere11tner1 çlo". em seu tul>alho 1ui:<M1, Jazem tarefas C(lffl

as 111óPr•n mh:;

"capito/i1mo" de Deng? O camponh produz,ante1detudo,par a0Eatado, tal C<1monaR6seia.Aquiloquepro· du:riralémdoqueex.igeoPoderP6.-

~~c~Jp~:bed~~ Ki:tqAu:~f:~C: ~~rci!ªcr~~!·!:,!:~:~-=~~

ê altlaaima, segundo os hábitoa IOcialiataa.

Fala-ae tambo!Jm, de um modo um

::{: c~~~~e~ l!11:!11!:o/:~1:'"m':

lhorprodutividade,alémdelibenia-

!~ d~i~~~~~ ~~! !te~i!'::1:u~ contudo, ~l ''movim.(',itc,"repreH

.entaverdade1raliberdadedeempttgo, o que IÍlíllificaria então uma tran,formaçAo na linha capitali1ta. ANim sendo, taie "re/orma11" aU agora nlo ~aum de palavra. vagae que podem aervir de biombo para ve-

lar a manutenção do ,tatua quo do &Ociali,mochinh. Entretanto, aa decantadu "refor-

mai", alardeadu por uma oonaider6vel tncenação publicitária própria a imprfflionar o Ocidente nlll'OOtizado e otimi1ta, eati.o 1urtindo efeito. JA flu\ram para a China verm~lha significMivu so mas em invest1mento1

â:"J!ff.':f/=~:aiiJ1~i:~!~~ indo aocorrer o pahl, atolado numa situação de primitivismo e penúria.

Para enganar maie facilmente OII incautoe do Ocidente, a encenação pttcisa cauear impacto: na China de hoje dança-ee o ''roe.\", \1.88-ee "bl~ jean,", bebe-se Coca-Cola, expõem-ae naa vitrine, rlldiot1 de pilha,apare\hoe de TV, mllquinaa fotogràfica,, e a~aQttm-eedieeotecaa... Enttttanto, na essência, quaae nada mudou deadeoa tempo, de Mao Ta&-Tung, de ~odo particular no tocante ao anbnatural igualitari1mo marxi~ta. O próp~o Deng n uma con-

CATOLICISMO - Abril de 1985

ntta, e m!o a criaçdo de uma nova cla11e midia ". E acreecentou: "St no11a política reindtar em dua, c/a11e, i porq~ {racaHtimt)I. & ela produzir uma nooo cla1111 co.pita/i1ta i porqi,e demt), a m4o para o diabo". NaépocadeMao,011inteleçtuai1, para ee "curar" definitivamente de

::~ -:c~:c~~x~

=g~~d~d::'~afaª:::; do falecido tirano - um "Wngo e doloro,o proce,so de regeneraç(J.o". Nãobaetava aot1intele<:tuaiaobede<:er. Deviam ele, comportar-ee como ee eetiveseem imen,amenU íelizea. O jornaliata francêti .Lucien &. dardtranacreve,apropóa1to.emaua obra "La Chine du Cauchemar"(t:lition, Gallimard. traduzida pela Edi-

l°OO),~t~~~=~~~:IPJá ~~

:o

I;f/i~~s:b~d:.

d;r;~c:n~'â:1 ni,ta chinh: "Numa manhit comecei a e,pa/har e,trunu! humano num campo. Compreendi, olhando o, outro, trabalhadore,, q~ o nu!lhor instrumento ainda sito mitos. Com ela1 enchi até acima um cesto de palha que te11:tei pór o_o ombro, maa com d~z qlllÚJld~ 'co<Bas'deq~e,tauochew, ocutofu:ou-nu!dolturadopeito.Or mttei entdcr o. espalho.r o estrunu! com a, m4oa pelo chdo ... Contudo, em nu!rn>S de um ml1 o Htrlllm! tornara-,e para mim e para 01outro1 intelectuai1 uma riqueza e um te,ouro. Um doa meu, camarodo1. q~ o prin_cfpio tlnhamt)S alcu· nhado de 'menino' por causa de seu ar enjomlo, dizia me,mt): 'Começo o sentir nu!amo 1impatia pela matéria'. E era uerdade: qUC1ndo, dbeiradocominho,vimo,01monte1 alinhado, cama num desfik ,entimonos orgullwsos. Que grandio10 ,o/lo paro o frente n4o proVOCa)'.'á e,te e,petáculo na nono ideologia! Um entu,iasmt) ultropauora tanto a,

iw,

no1101previtroe1comt)oBd01campont ses". Lucien Bodard, que conheceu in locoaChinamaoi•ta,arHpeitodo, deua inacreditável miniva comenta: "Pobre, intelectUC1i1 doe,trunu!! A q~ baixtzol ndo tlm dt su• jeitar-ae para mo,tror a ,ua 'boa mentalidade' e apreuar anim o regreuo d civilizoçdol Mas a, outoridadea sdo desconfiados, t para a, conuencer t neceuário ,er genial na obdicoçrl-0. Levo tempo o chegar ao ponto de dar a nota ju,ta nos SUCII açtiea, palavras, exclomoç6e, de alegria e arrependimenW. A estadia 110 ~~~.._duro on.oa e por ueze, n4o

term011

Quando

Oll

jomaie do Mundo Li·

~echi~~~:-Õe:, J;d:Sf:{.':iª:t!:

o "!U?Wrosoproce11o<h regeneraç4':i (Ú)smtelectua11".Emuitomenot1infonnam se naquele pala se en~ltecem as excelênciu do trabalha mtelec-

~:~~~~r~1sirJ~;~;:1: Mao. E constitui um desaee princi·

fe~~~~:.: ~~'h:

1

fi~~ri:m: mens que exereem atividades e88fD· cialmente desiguaia. Como, por sua própria natureia, o 1

~:zt ~::~~~:!fxt~e:t~::i!1h:;

aque\ee que o ,,..erceram e extirpar definitivamente seu "complexo deletrodos'1

selhadores ~:~~~:~tei~~~=a~htoe:et~·ai:~ manuais! Na China vermelha - esteja ela aubjugada a Mao ou

~a~d~;.f<>~~ ~m!:~~;!

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Enquanto milhões de inocentes são assassinados, nasce um absurdo "direito dos animais" .. .

e

ONVIOO o pre~ado leitor a lazer comigo uma viagem. Ma& TilCO· mendo-lhequeseprepare,porque vam011descerlundoilsobecuraaehipócri· taaviruidesteacabrunhadorfimdeséculo paraapresentar·lheumaducontradicôell maia eacandaloaae de todoa011tempo1: chacinam·se inocentes ao mesmo tempo queHdifundevtrdadeimcultoaosani· mais! Conhecidaatrizdocinemabr!lllileirodeclaracom friezaàrevista .. Veja"alguns detalhe8de l6abortosporelaoometid011. Informa a revieta "New•day" que em

e ensolarados e/muito verde e ar puro, tudo iNO . . margens da represa. Possufmot amploa box en ~ cada um, todos e/solários individuais. Estrada M• saranduba. no 12 - Sete Praias - Eldorado - Sto. 4.maro - TeL: 523--3048. 5'if11!1Cilrloinúncioputlbcidonum,~pert1oopiuhm

Ohio, E11tados Unidoil, uma clinica estA fazendoexperiência11comcérebrosecora• çõesde!OOcriançaaarrancadasdovemre matemo. Já o "New England Joumal of Medicine"descreveoutrotipodeexperiên· cia,naqualcrianca11abortadas,aindavi· vas,sãolançadasnummoedordecarne, atéseobterumapa.tahomOj'.ênea. De.te11eis mil fetoe foram encontrados num caminhão de Cllria. em Loe Angeles. Pelomenoscercadedoismi!hõe•deinocentessAoassa.,;,;inadosporano,noBra· si], pela pràtica do aborto. Em Turim, lt.á· lia,asei1tatlsticalloficiaisaeusaram,n08 1rêsprimeirosmeeeedoanopauado. maiornümerodecriancasabortada.sdo quenaecidas.Eo"Aboutlssuea",deStaf. ford, Estados Unidos, descreve fato abo,. minável acorrido na cidade de Richmond: cães!amintosviraram011sacoadelixode um h011pital; a))<¼ o que se travou briga entreelee,eofrutodoabortofoieilpa\hado pela rua. DepoiBdissooscàe1comerama carne.oaossoseplaoentadascriançaa! KaFrança,aalfàndegainterceptou,na fronteira com a Suica, um caminhão de feto1destinadosAfabricaçàodeC011mêti· cos.NaAlemanha,oMinistêriodoSaúde investígaumlaboratórioqueadmitiuw;;ar ,1timat1 de aborto em um de lil'Ufl produtos. O "Daily Telegraph" afirma que a mais podcro11aindClstriaquimicadalnglaterra utilizacomocobaia1criancasvivMabor· tadas. E o Parlamento sueco - segundo a revista"Pross''-énotificadodequecer· tas fàbrieu,já há mai• dedezeseete anos, recolhem fetos humanos e os mantêm VÍ· vosduranteotemponecessárioparaobter materialapropriadoparaoscoemêtioos Assim, nãopareceinverosalmilodado quenot1fomeceaconhecidarevistaeconômicanorte-americana"Fortune":osinis· trocomércioestabelecidocomomusacre de inocente!! atinge hoje, só no11 E8tados Unidos, aimpre!l3ionantecifrademeio bilhão de dólares.

A onda é universal. poisnàohánaçào quenãoeatejaatingidaporela,emgrau maior ou menor. O homem moderno vai sendoaaaimconduzido,comoqueirrever· 8ivelmcnte,paraumeatadodeeoisasdia• metralmenteopostoàcivili:iac11ocristA Aabominaçãoeopecadoestãocomo<la· mentein•talad011.eoclamordaindigna

çào,dasantacóleraantetantasinfllmias, quasenlioeeouveemparteahcuma. Cumprelembrarqueonucituroéaujei todedireito,desdeomomentodaooncep, çdo, como qualquer homem. Segundo a doutrinaeatólica,atentarcontraauavida constituihomicldio,talcomooéeliminar a existência de um homem já n11scido.

Animal: sujeito de um pretenso direito Parece que sobre essas vltimaaindefe, aas nàosevoltaozelod011chamad011deftnsore11 doe direitooi humanos. Hoje em dia. eles estão assoberbados com outrat1 ocupaeõe&,comoporexemp!ode!enderfreneticamente o"direitodos animais" Emmeioatantoaabeurdoseabomina· ções morai•. êoportunorecordarallfllmae normas de bom senso. Só a peNOa h.umana - ser inteligente dotadodealma1mortal-ésujeitodedi reito.Osanimaísbrutoe-seresirracic,. nais-jamaíspoderào&ersujeitoededi·

""""-

Então.éllcitoaoahomensmaltratarO'I! animais? Segundo 8 doutrina católica, nào. Qual a razão? Uma vez que o homem ê dotado de inteligência, todas aa auas açõrs devem ae conformar à reta razão Oi:a, é_contrério aesta,eponantoã pró, pna dignidade humana, praticar crue\da descontraoaanimai.e. Assim, não é um pretenso direito dos animai.li que toma illcitoe oa maua traque o homem possa lhes infligir, mu é a próprianatur~aracionaldohomemoque prolbedepratícartaiaatoa.

Oaborto,grande~adoaOHolhoede Deus, é aind9: C?nsiderado crime pela legi11laçào bra11ile,ra. Maa a eançãocontra eue crime praticamente nào existe. Tal· vez porque a atencão e11teja voltada para oe"crimee"... contraoepassarinhoe!Poi.s o"DiáriodoCongre1M1-0Naciona\"(4.s.83) informa que tramita hã meses naC/imara um projeto de lei quevieaproibiro"opri 8ÍOnomtm/O de pás.saro, ou de qua,squu

outrasaue1··e"deciduobruualibertaç60 compuls(ma .. (sic). Ou seja, ter em casa umc11ntantecanArio.criadoporOcuapa raalegrarohomem,poderátrazercom,e· qllência11 dcsagradéveis. Poder á? Em Campo Mourão, no Paraná, um comer· CATOLICISMO -

Abri l de 1985


ciantejt,foisubmetidoainquéritoesujei· toéprisàode3mesesaum ano, oumulta de um a dez salàrioe mínimos. pelo "cri· me" de ha,·er espantado algumas andori· nhasquesujavama.smesa&desualan· chonele (cft. "Estado do Paranà .. , 26684). OinstitutoJurtdirolnternaciona\para a Proteção doe Animais, rom sede em Bor· deaux, na França, chegou a publicar um manualcomin&truçõesdecomodenun·

~:•o! ~~i~~t ~t~s~·~~u':;;~Í.~{},~TJ: me1", de Londrea{27/ 7/ 83) - na Irlanda 1

de~rill~~.ci:t~.:n!:~~~

de S. Paulo" nos informa que 116 na capital paulista, com os animaill registrados, os don0111rW1tam cerca de 1,6 bilhôee de cru· zeiroepormês. Salões de beleza, hoúis, colchões, rea· taurante&, cirurgiaplAstica, teatro, tudo o quedeeofisticadoasociedadederonaumo engendrou,.-,itáhojeàdisposicãodecàese ca valos "Deixo de comprar coisas para m,m pa· ra comp rar o que os cachorrotJ precisam. Gosto mais d..t..s do que de gente; 11dofiéi11, morrem por uo~", declarou A repórter da "Folha" Gisela Bisordi, uma jovem paulis· tanade2Janos. NapropagandadeumhotelparacAe1e gatos, noJardimPrudência.namet1ma cidade, constam, entre outros, e,elet; itena:

~~~v~:=i um ialO. Na Suécia, outro jovem. denun, ciado pela própria noiva, foi lançado à prisAoduranteumano,porha,·er"aJ;Su· 1inado" uma ratazana. Na Franca, por haverabalroadoseucAo,umsenhorper· maneceuquinzedia&noxadrez. Ena ln· i!aterraumoomerciantedeStocktoneett,

de rec~do com uida &0eial inlen$a". Em Porto Alegre. umadaslojaedoramo ofereeexampus,chiclete11,palito11etravea· seiroeespecialmente feil03 paraoscani·

pormenornoséfomecidupeloórgãonorte, americano "Rocky Mountain News" (4 / 1/ 84). O portn·vozda "Real Sociedade para Prevenção de Crueldad<! comraoe Animais" declarou que a "idéiadehauer

Em Nãpoles,Itália.há.umserviçoeapecial de taxi para animais. Na França, chegou.seaodisparatedacriação.em 1982. de uma"agl!nciadecasamcntoa", S\la idealizadora, Solange HuHcr, decle.· rou à Agência "France Preu": "As per,.

~:';1::~~~b~; !:i:filti~:~:~~~~

na água m4a& portadoras de germes é perturbadora. extrtmam ..nte repugnanre". Eua Hextrema repugnAncia", entretanto. nãoexiatequando&ell'atadeutilizaroomo cobaias,neetemesmopais,c:riancasabo!'tadas vivas!

Nasce um no\'O e sofislicado mercado Para atender a essa supervalorização dmanimais,enquantofetoshumanos8Ao disputadosnolixopelosdies,umanova indôatriaeumnovoromércionilllCTlram,e já.est.ãofatura.ndolargamen te . A"Folha

"dietobalanceada,.iru:lividUlllizada,6reo

,~.

peetivoa1dodeslumbrante11,poillomerca· do 'matrimonial' compreende na Franca mi/Mes de cães e gatos" (cfr. "EI Uni· ver10", Bogotá, 25-9-82). Mas essa nação foi ainda mais longe em 1ua lo11CUra. O ministrodaCultura-logoele!-insilltiu paraquefouemmontad011espetàculospa· ra oa "marginalúadag culturalmente". A prefeituradePariseaUniveraidadeSor· bonne apoiaram então a criação de um teatroparacachorros,oomonosinformao "Eatadodei\1inas"(l3/ ll /83)e" ODia" (22/ 10/83),deLi~boa. OresponsAve)pe]a peçafoienfãtico:"E/es[OBcliee]tlimuma culturogigantesco,dcsconhecido". Ri1

Na Alemanha, noe vóoe da "Lufthan· 1a··. hã agora uma espkie de"!.• daue" destinada a011 animais VJP (Very impor· tantpt'rson).NHlepaia,atéoratofoire. abilitado. "O Globo.. (1619 84) afirma que "o nouo moda /01 mtrodu..ndapelol punks,

qu,.usamorotocomomascoteeslmbolo da sujeira de seu estilo de vida. Ma& agora eles sdo também bichlnhOII de estimacdo

dascriancoseobjetodecultodosortistos .... Criall{'as bonita~ e bem vestidas, com um o dois ratô/J aparecendo no manga do casaco". Hãcentro8revendedoresderoedoreo1,espalhadosp0rtodaaAlem>1nha.O de11variofoitâolon1renlL8terrugermAni· cas.queemMuniquedoiecãeeacabamde herdartrt'sbilhõe.decruzeiroe,eumcAo pastor recebeu habilitação oficial para guiarvclcul08!... O semanário non:e--americano "News week" (18/5,84) publirou matéria eobre umrntau ~an teparacãea,aberlono "Beach Regency Hotel", em Nice, na França: "O /-Oca/ oferece a sell8 clientes uma sola de jantar decorada, com vista para o Medilerráneo". "L'Humanité" (14/5/84),órg/iooficialdoPartidoComu· nist.aFrancês,publicacomdeetaqueuma fotodesteestabelecimenio,aHinalnndo queocardápiopropôe"aperirivo,prolode /rfos, servkode carnes brancos e verme· lhos, peixe e Queijos, tudo servido ,.m por· CJ#lana". Em Chicago, n011 Estados Unidos, foi tam~m inaugurado o jt, famoso ~Fido's Ooggie", reataurante que IIÓ no primeiro dia recebeu 2 mil cAee, como informa ·'Vi são"(95,83). Nos Estados Unidos, onde o prof. Tyzuik, da Universidade de Ohio, ooncebeu um novo i;orvete para caninOB, a aber· mcllo vem de longe. pois a Nvi&ta "Time'.', em seu número de l 4 de maio de l979, Já. estampava mat~ria em que a '"vidente" JeanneDixonanunci11quee11tàescreven·

O pu1ante mOl'1men10 "Pnl4.de" norte-ameneano d1V1jlp, estarrf«dora loto ,m que IPl!etl! uma pobre n:,ma abonada, 11nta fie str ,nanerada no f.'l'ffll'16no fie eJes ablndonfdos da Cidade fie Wiclnl, no esiado fie Kanw. Nenhum P<Oleslll, nerihuma c:oml)lllicl_

CATOLICISMO -

Abtil de 1985


do Hhnróscopo para cachorros". "Afinal de rontaa - diz ela - eles vivem sob as mes· muestrelasque ntn ... A ílcugmãtica Holanda nOli revela um iibaurdomaíor.PelaspAginasdosemané rio"NieuweRevue" (l:I / J/84),deRoter· dam, tomamos conhecimento da existên eia da " Fren ie de Libertaçôu dos A ni· mois .. _queameaçouenvenenarnoúltimo Natal todos Ofl perua, frangos e eoelh011 expoetoe nossupermercadoe,em protesto rontral:'!!te"abusofeitoaosanima;," .

Amparo na velhice Na \"elhiceena morte, também o "desvelo" eo"amparo"envolvem o&animais.O in:iportante_ diário "La Prensa", ~e Buenos Aires.nosmformaquenaBélgicajáestá funcionando. desde 1979, um asilo para cava](llj velhos. Cerca de 45 mil dólares sãogastosmensalmenteoomoscorredoree apose-ntedos.. ··um ~terinánl) visito o local diQriamente, paro ottnderaos enfer· mosefaurcheclr-upnoa14os.Leooconsi· IJO um fichário, onde anoto o circufo,;IJ-0 so n_gulneo. o ritm o cordlaco, estodo dai articulaçôes etc. O o mor pelos ammais é t4o grande qu<' há casos de pessoas que compram os cavalos à1 portos do mata· douro. pa_ra enuiá·/oa a elleasiloondea morte lhes chegará num ambiente de má· xima felicidade". Eatênasseçõesnecrol6fJica.sdealguns órgãos de iníonnaçào 011 a nimais figuram !adoaladocomoeh omens. Arevi.sta"Veja"(5/ 12/ 84),porexemplo,trouxerecent.emente a noticia do falecimento de l\li!I.!! Baker. Trata-se de uma macaca que havia sidoen\"iadaaoeapaço,mortapor''.comp/ica.r;ües renais ograuadas po r lua idade avançada··. Cemitérios de cAes, o• há por todo o mundo - Brasil. AUBtrâlia. Portugal, Colômbia e EstadOfl Unidos. por exemplo. Epitâfi0i!lromol':!!teodomam08luxu0808 túmul011decãl':!!deUsboa.:"&nequinha querido dos donoB,jamoi1 serásesquerido. F:tP.mas saudades". Em Sidney. AWI· trália, hánastumba•dizereii quetcrmi· nam assinados por "papai e mamãe" (Cfr. "The Sydney Moming Herald", 7-l-s4).

Eis. caro leitor, uma pequena mostra. colhidanos último1an011.dofarisal.smode nouo século: enquanto milhões e milhôel! de seres humanos. inocentes e indefesos. donssassinadO!!porseusprópriospais sem que um clamor se erga em sinal de protesto, pelomundointeiroosanimai11 \"li.O auumindotoda a aortedepseudo· direitos e privilégios... Simbolos.semdúvida.deumadecadên· ciaquecomeçouquando.noefinsdaidade Média. oshomensdetviaramseusolh°" de Deus. voltando-011 para si mesm0$. O humanismorenascentistotriunfou:os chamados"'direitolldohomem"foramo decálogodaRevo]uçA0France11a;ocomunismo"salvador" vei o para terminara ··exploraçãodohomempelohomem" ... Eia-nos no fim do procC!l80: o homem matandoofrutodeauuentranha11,cometendoassassinatosdeeereecriadosAima· gemesemelhançadeDeus,enquantoglorifica. demodoirracional.omundo irracional dos animai&! Maisumpeso.por certo,nabalançada Ju11tiça de Deus. Do Deus que tanto no • uma,apontodeseterfeitol lomemehabitadocntrenós ...

Protesto e desagravo da TFP espanhola MADRT - A Santa Miaaa é o sacrif1ci_o do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo oferecido sobre nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do aacrif\cio da Cnri. Entretanto, hé. quem a considere tema para represe-ntações teatrais grot1· aeiras e blasfemas. "Catolicismo.., em sua edição de julho do ano p111111ado (n• 403) já noticiara uma reconfortante manifestação de desagravo a Nosso Senhor Sacramen· tado, realizada em õ de maio daquele ano. no centro de Madri. Tal ato foi organizado pela 1111110ciação de leigos "Campanha Nacional de OracAo"e teve 1 i~t~:i~ili~1:rt:~.fe~~~:s~~ ~:t;;::i::d;s:~: cenada duas semana. antell, na capital espanhola. SóciOfl e COOJ)@'radoree da TFP-Covadonga participaram do ato. enver gando su1111 capa11 e portando estandartes da entidade. Cooperadore11 desta conduúram, durante a procisaão efetuada no decorrer da Ol'rÍmõnia. uma imagem de Noua Senhora de Fátima.

:~~ d~i:!":i~ó~ir~:

ttt A companhia de teatro "EI Joglars", da Catalunha (Espanha). voltou are· r,resentar, com o apoio de várias_ orifanizações socialistas. a mencionada 'Teledeum", precisamente nos pnme1ros dias da quaresma deste ano, em Valência, Algeciraa, Sevilha, Jerez e outras cidades espanholaa. Com o objetivo infame de ridicularizar o Ofertório, na peça blasfema aparece um "celebrante" dizendo que em seu pala utilizava-se para a Con-

~t~~°o up~/Teu!'r ct:r:!~a:\~:h~~r!t~, :eu!*~'!t!, v:;'!::f111i~~ parecida com o molho de tomate conhecido pelo nome de "catchup".

Em seguida, uma "freira celebrante" faz uma espêcie de aanduiche com duaa hÕlltias grandes sobre 1111 quaie verte o "catchupc"!"'et". En_quanto as come e as oferece a ou troa, um dos atores referHe a esse alimento dizendo que ele "ndo ero mais do que um asqwroso homburguer MacDona/d". Em outro momento, uma pomba (slmbolo do Esp!rito Santo) que preside a "celebração., é grotescamente empurrada por um dQS "celebrante&", que a insultauaandotermosdoemaiabaixo11. Reagindo contra tais práticas blasfematórias. membro11 da TFP espanhola - Sociedade Cultural Covadonga aalram às ruas de Sevilha, durante dois dias consecutivos, di$tribuindo milhares de textoa de um manifesto que protelltava contra a mencionada representação aacrl.lega. O volante convi· dava também 08 aevi\hanoa a fazer um ato de desagravo ao Santlssimo Sacramento. Numerosos transeunte&, ao passarem pelo grupo de cooperadores da 1'FP· Covadonga que di11tribuiam o manifesto, para\"am para ler o cartaz

:r~i;;,.;: 1:f;~':z~~ -

e

traIJ,Tr1J:!i.~C::~;~e;~ ~~t~s~~ze= diont<' de Deus d<n homens -contra o obro teatro/ blrufemo "Tefedeum'. que uoftará a serrepreaentada esta tarde em Sevilha. "Nesse espetáculo, q~ é uma burla ob,cena do &nto Sa.cflftôo da MiHa, n4o se poupam a.s maiorea ofensas à &,grado Eucaristia quando aparece uma 'freira· a comer hóstiru com molho de tomo te. "Perguntamos-te, sevilhano: Como achas que i,to pode ser recebido no Cork Celestial? N4o temes que a profanoc{J.o do Sanl-0 Sacrific10 da Missa, efetuado para regozijar e olegror alguns, venho a diminuir sobre ti e sobre tua familia a difU!llJ.o das misericórdias de Deus? Ou, ainda, que fiquem.Qs ex· poal-Os a algum ca.stigo r "Por rsso, oa membr08 da TFP-Covadonjla estar4o em uigllia de desagravo ao Santíssimo Sacramento durante a reofizoçdo de ato "Sevilhanos: assoC101·ll0$ a este de,ograuo, pelo menos com uma breue oraçd-ointerior··.

ttt Aos pée da Virgem Imaculada, na Praça do TTiunfo, a TFP·Covadonga en· cerrou a campanha com a recitação do Santo fu»:àri.o, para avadeci!r A Mãe de Ot,us as numerosas manifestaçõea de apoio recebidas, prova de que ainda exiatem muitos e1panhõis diepoatos a impedir que sua nação se-ja descris· tianizada. Em Valência, o Arcebispo O. Miguel Roca Cabanellaa difundiu uma nota condenando a repreaentação e lamentando o apoio que deram a ela alguns organismos oficiai•. Entidades daquela cidade, tais como a Adoraçdo Noturno e as Mdes Cotólicru, efetuaram al08 de de.agravo ao Santiseirno Sacramento. Também foi digna de menção e aplauso a queixa pública apresentada contra essa peça O.Ofl tribunais, e que contou com a adesão de maia de õOO penoas. Pedro Pau lo dt fig14firtdo - 110>><1 (orrr<rP11dmt,

Wtl/1"glon daSi/r,11 DiM CATOLICISMO - Abr il de 1985


Na visita de Ortega ao Brasil, Moscou aufere dividendos Estiveram ainda nesse Agape bur·

~~u::J: :,~~i:~:~Í.:~~;&~ teónco da "Toologia do Libertar;4o", e

Frei Betto, o reliiioso dominicano vin-

em São Paulo foi certamente 1ua viaita ao Sindicato doe Met.al(u-,ricoe de São Bemardo. 1 1

- t=::u\:tô~~~: ~i~t:f~t'~~

culado na década de 7_0ao llder co~unista guerrilheiro Manghell~. Ou &eJa,

bem como daquele 1indicato) e Lula (presidente naaonal do PT e diretor do

qual a Nicarágua sandini11ta tem sido apontadaeomoaplaudidoexemplopela 1 homena-

clarou: "Eapero

~·~u:"a~" :i::~;~~~a'.',fib:'~~'.i:JAd~ prób~~i~{êJ.%~~- r~f t!,~ li~dde PJ~~eY~i(úEtifeA~:~:l

fr~~ 11eado inócuo, ogovernantenicaragüen-

oom muita forca, oom muita g~ rra, que eal_e '!-º!'<'801Jerno atu~ oom m_u1to mais ob1etw1dode, com m_u,-

Fn!0fnj~{::i:~rt::~i4!~~!~;~,~

estão incorporados à produção e ao oombatepeladefe11adarevolução(cfr. "O Globo", 26-3-85). Ele omit111 qual-

]:"[Jef.~~~~;~:fo~eoa de11pótiC011 Fazer greve é caminhar rumo à Nicarágua De Brullia, o llder aandiniata seguiu para o Rio de Janeiro, onde permaneceu dois dia.a, tendo 1ido fet1t1vamente reeepcionadopelogovemadorBriiolae politicoa esquerdiatu daquele Eetad o.

Ofatodearevoluçãocomunietaser

~~&~1!~ia~?dr~~~~es~~:U:~! ·~::

No extenso programa que cumpriu em São Paulo, Daniel Ortega encontrouae com o Cardeal D. Paulo Evari1to Ama, Arcebiap0 Metrop01itano (1eu anfitrião em 1980), com quem manteve conversa particular de cerca de uma hora, nodia21 de março. No dia de sua chegada a São Paulo

~fn~Íc~lf.it~eeu;:C:a~P~~~ ?/j,~~d;~~

te Orttga, aqui no Brasil, a cad_o greve

7;;,?:: ;:li~ÓBm:,n~if,~::0';:":~3! trabalhador que t oonacienti:lado, tum 6trme, t uma semente de um proce110 hilfórioo; de um proce,so que o pooo ni-

dt:f/!"::ir~~":a:: :1!°/Ã:~::~ Latina: de que, defir?-itivamenfe, P?; 01

tente 11ma vez maia, na capital carioca.

Embora procure ae inculcar como repre-

~·>d[:!: !:i~Ktlos,=•;.,":..~n~cfo.''d!: ranU N

•-õet de homenagem a Ortega, em

Slio Ptiulo. De t.ait gnveç6H elta redaçl,o ponui u filu coneepondentH.

Ameu que ptei.clw I sesslo no 11ndoe110 dos melllúraocos d! Sio Sern•rdo: lul1. 01n>el Otte&,1. J11r Mene&helh, Aron G1l1nte (Pr!fe1t0d!SklBern1tclo). R1m,roMe,eslPresidented • CimmMurncip1Q,D.C ll udK1HummeilB11POdeSAndrt)effe<8m0

CATOLICISMO -

Abril de 1985


o solidariedade efetivo. Ajudar o desen-

:,'cor~,-ua, ~r:J::00ajudar ~:~i5iuji~;:cio~Í°fo~: o irullâtria do Nicard•=. 1

:!re,~

0

:i~e~:ttn~~!n6~'!1s~1eiros

i;~ º:eJ:::/~!.oJ:]/ícu™;,:,~J'~! :::

prominos da sua fé (11ic) ene e,forço libertador". E como ee isso não baataaae, o Bispo de Santo André acabou apresentando o regime sandinillta como ideal cristão: Eu;:a~1í:fªef~i~'::,t;:J:~e;:i:,a:;'m~ capitalu,nl,, nem propriamente {•_ic) o comunismo . .... E ela pro~ (e eu ,e, que essa é a grande f!APiraçdo também _do

~~i::;tor::;i:::;,:.t: c.~;';~~: de encontrar caminhoa, uma cin)

nol>Oll'

novo alterrUJtiuo, nol/08 sútemu poll-

corogflerue já tem emprundu:ú:J com tantoa resultado. e QU4!, de _alguma for-

l)flJd:do ~:.~~Fot1e:ii::r:~:J:~: forço dei povo nicoragaerue. E ne,ae

maior, envoluente, que ultrop~so aÚ mesmo essa, mu que stmpr~ a me/ui ~ que, necessariamente, deve_ mcluir .º libertoçlJo po/ttica, econ.,m1co, social". Ap611 homenagea~ oa "cri1tã.01" da

ponto é um grande exemplo para o Am~ rico Latina, de procurar novos caminhos e alternativas". Que modelo novo vê D. Hummee na Nicarágua, cujo regime, eegundo decla, raçõee de Humberto Ortejía (ministro da Defesa e irmão de Daniel Ortega), é "marxista-leninisto''? Terá o Prelado querido aludir ao IIOcialismo -talvez

<~=

~~:r~~~11,:rtJ~cic:::ri:ç:!,~~~:

giá;:;~ i:mcri~: ªrr!1aWefr: mente oe membros daa CEBa): "A nos0

"Cruzada" anti-americana que favorece o Kremlin

A tônica doe diacu.rsoe de Daniel Ortega no Bruil foi preponderantemente anti-norte-americans, Para o \\dersan~i~~atar~':é~,~ici!':X~~~ç:o: te-americana. A.sim, repetid1111 vezes sugeriu s formação de uma "frente om pia" doe paáee latino-americanos contra oe E,tadoe Unidoe que, de&aa maneira, ver-e-iam i9oladoa no continen

...

Oi.MO tira evidente proveito, a m#Jdio ou a longo p~azo, s penetração aoviética na Aménca Latina. Em 1ua "cru.zado" contra oa Esta·

~:'~m~~~~ l~eRt:Sn:d~ 6°u\~1E 11

~~1t:

11 6 ~~i1:n~o \ ~~l~a~ren:ih:?em Asaim 1 diafar<:ado de arauto antiamericameta, Daniel Ortega, na re alidade, preatou em 1ua viagem ao Brasil valioaoaervicoaMoaco11. EHaéacon-

~11l!° ~n~~f:~~ chefe 1andini.eta á n01111a Pátria.

~bj:i!d~~~i:an~~

'ª homenagem também o. eles. E eles para rtó• ,eruem de inspiroçlJo, poro

Edu ardc, Qu t iroidaGama

PCB, PC do B: da clandestinidade ao fiasco ... Os

DOIS PARTIDOS comuniaw PCB e PC do B - promoveram comi· cios-1hownscapital pauli1tacom o objetivo de "provor" que contam com reepaldo popular. Tais iniciativa, redundaram, portm, em rotundo fracauo. De aua parte, o PCB organizou uma querme83e-nãoháoutroqualificativo para o que ele mesmo denominou "Fe,tlJo da Voz da Unidade" - noe diaa 23 e 24 de março p.p. Quanto ao PC do B, montou não propriamente um comlcioshow, m8JI sim um ahow-comlcio no Gináaio do Pacaembu.

Os s\Jnlh que olertc11m llttutu ra e produtos PfOfflloetlltS de pafses comunrsm no Pa,que di 411 fur.rb foram vtlllldMflO[umpúlkorilo t mniabureues,do

da de paile& oomunietaa: R6.88ia, Alemanha Oriental, Checoslováquia etc. Um teatro ao ar livre animava una ?.:'_li· eo11 que. em meio á aen1aboria do 'Fest4o ". ainda pretendiam sorrir. N~m aud.itôrio, freqüentado por um p6bhco que em nenhum momento ultrapauou ~ casa dos duzentoa, conferenci1ta, discutiam temas "atraentee" a"atuaia",co~~otci~~lrit~i!g~l~i':~~ 10

::c~~irx:

\


Depois de uma vasta e prolongada :;,ª~~tu~~~~i~ ~~~c~r~ªn:e;:

panfleto, que poucoe , abem pertencer àquele.partido)o ato promovido para reivind1caraua\egalidade. O PC do B, ape,aar de contar com maior apoio, não alcançou melhore& re,ultadoe. Quem compareceue ao Ginã&io do Pacaembu por volta das 14 horas do dia

C.o!J!~:,~i:: ~~r::

:/tnib~1

1

Arall'.Uaia. A frota de velcul0& ~ue tran&portou

:~::a lªáJiõ¼ii~:!e3~ éMTC°~~:~ panhia Municipal de Transport.ee ColetivCN1 - e, aproximadamente, 40 ônibus de outra& companhia&, aill'.Un& condu-

U:~a ~~:!~a~'J!°t),'!::,ciJ!:: ~as, São JO&é d0& Campoa:, Jacarel Por volta das 15 horas, regia~u-&e a maior prl!flença ao ,how-comlcio: apro:a:imadamente 2.500 pes&OU. E,te n6mero foi diminuindo gradativamentfl durante u quatro hora& e meia de show m118ical que anteeedeu ao comlcio, até alcançar a cifra de aproximadamente 1.500 peeaoaa: em sua grande maioria faveladoe (principalmente mulhereil com

;:;:_~O:,\b!e"!~~h~e~et;~~

ii.

.t.specto m assmb,c,a que com pareceu III Jhow-a,mó:,o do GonUIO do PK1embu Nele p6d~se nc11r o predo.....,IO de

f1veladMtr1nspo<Udos1J01m•i,;de806nobuJdaCMTC

DO& participantff iniciai&, aliiuru -permaneceram u,istindo ao ,how muaical, outl"Ofl diaperaaram-H pelo Ginàllio de Eeportee (entretendo-se com um aimulacro de bateria de eacola de aamba), outl"Oflaindadirigiram-1eaoe&-

~t] ::ir:ºfo~\~;~~n~j~fii! ~~ São Paulo e Minas Gerai,. Cerca de

duzentas pe1180as, que não puderam (ta\vezporfaltaderecuraoa)entrarno e11tAdio do Pacaembu, uaiatiram ao prélio pendurada& na cerca ou poatadas ~ outroe locai, elevad01, como a arquibancada da cancha de buquete. No ahow-comlcio o clima era da apa-

~=

J':

1

i!.

00

:n:=;:J~~ºu:a ~ eou - certamente u 6rucaa adeptu do PC do B - procurava transmillr, aern 8ucesso, alguma eletricidade au is-

ª°'

=~=vi~'J:.anC:i:.:;J: cipalmentemWlicaanoeatilo"{orró",à nordeetina), nlo havia necen1dade de claque para entuaiaamar o p6blico. Então cantava-se, aaracoteava-,e e agitavam-ee aa bandeiras do PC do B.

1!1i::=:~~h~~~

deuE:1C:~~7e micio do PC do B. Numa arquibancada, quando H anunciou o inicio do ehow propriamente dito, uma favelada residente na Penha gritou: "Eu. quero i ir CATOLICISMO - Abri l de 1985

oão Amazonas - procuran o fazer crerqueeeupartidocoruitituiumaforça democrAticaepopula:r -declarou que no Braail só haveria de fato democracia depois que o PC do B fOIIH legalizado. Evidentemente, não convém a011 eomunistaa declarar que, ee conseguirem conquistar o poder, eua me11me democracia deixar! de existir ipeo {o.etc.

Tais acontecimencoa aervem para patentear o quanto hA de fictlcio na pretensa popularidaded011PC1, qu e procu· ram 1einculcarcomor,artid011 da"m.u .a " e d011 "oprimidca '. Entretanto, a "maiu,a" não compa rece a aeua comlci08-ehow equermeuee, e 011 preteru011 " oprimidos" afluem - em pequeno n6mero - somente quando são arrebanhadoe e transportado, em õnibua çatuitoe...

Ro{ArlMrn rus

-Foram - -íeitu - oat.erurivamente - - - gravaçõet (º)

A Aaeembléia Legielativa de São Paulo promoveu, doiadias depoi,,ses-

do oomlcio-ahow do Ginúio do PllCllembU. bem como da -1o da A.uembl~a ~ lativedeS lo Pa ulo. Detaa1P"• vaç6eaNta red açlo pouui utitaaoorrNpondmtN.

li


Doutrina anárquica da ETA 11

Conscien tização" rumo à autogestão total e global" II

Que interesse haveria paraolertorde ..Catolicismo" em conhecer semelhantes do:utrmase planosdeação?Parece-nos ut1lveraqueabsurdosdesceohomem quandoseafastadaSantalarejaCatôl ica efechaosolhosàluidesuadoutrina sabia, perene, eterna. Por outro lado, é Irisante a identidade entre várias metas de tal arupo com as metas de outros, aparentemente "moderados": socialistas, "teólo&os da libertação", Comunidades Eclesiais de Base etc. Radicais na meta, diferem apenas no método. Assim, a refe. rida revista anarco-comunista tem um "mérito": di:zeroqueosoutros nãodi iem ... ou não acham oportuno dizer Bem sabem, os que não dizem, que só caminhamàcustadeocultarametapara ondevão.

A me la: anarquia aulogcstionár ia.

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Paulo G1rr111 Glrt11, cl>Oler'de 1.. 1 b l~u'lldo t!ffl dUl!fflbrO 1)1' 1983 px terronstn d• EIA. n110cllidlde de Rente,11,110pa.iibnco

A IMPRENSA, o rádio e a televisão relatam com freqüência atentadosterro. ristasocorridos na Espanha, por vezes de umaferocidadeestarrececlora:autoridades ou pacíficos transeuntes metralhadosa ..queimaroupa", vek:ulosouedifl. cios,eatémesmoescolas,destruidospor poderosas bombas. Famílias inteiras, inclusive crianças, são ass1m barbaramen te ass.assinadas, mutiladas ou gravemente feridas. Taislatosestãomu1tasvezesligadosa uma sigla: ETA (em dialeto basco: "Euskadi Ta Askatasuna", ou seja, "Pátria basca e liberdade"), que identifica um grupo terrorista que diz lutar pela independênciada provincia basca,anordeste da Espanha. O que está por trás dessa sigla? Quemconheceaprovlnciabascaeo seusimpáticopovo,sabequeosbascos se caracterizam, em sua maioria, como pessoasdeumafésimples, profunda e robusta, por ter um caráter franco e impetuoso,massabendolevarumavidaem queessesaspectosseharmonizamcom a hospitalidade acolhedora, a amizade sincera e a piedade verdadeira. O que faz , portanto, entre tal povo, esse arupo terrorista? O que p!'etende? Quais suas idéias?

Veioter -nosasmãosa "Revistacomunista libertária de Euskadi -Askatasuna" (1),cujoautornãoousaafirmarclaramente que ela pertence a ETA, mas o deixa entrever. Afirma sua própria mili· tAncia na ETA e outros corpúsculos comunistas (p. 124), refere -se a ETA com simpatiaemlodaaobra,einsistesobrea liberdade para uEuskadi~ ("Pátria bas ca''). Liberdade, bem entendido, é para ele o mesmo que comunistizaçãototal, oumelhor,anarquia.Pregaoautor:"Anarqu1a .... , cujo significado errmológico é NE~i;Ao DO PODER" (p. 161 - em destaque no original)

De acordo com o mal velado "portavoz" de ETA, éprecisoiralémdocomunismo.aedremosqueelemesmoenun· eia: "Negamos portanto, como etapa de transiçlopara o comunismo.a necessidade do chamado 'Estado operário' "(p 164). E propõe "a destruii;Aodefinitivade todos os privilégios e de seus defensores, os pr,vi/egiados, até à aboJiçlo das classes e à reo,ganizar;Aoern esc;,/a i/obal da vida a toclos os niveis das rela~s humanas, .... aorganizaçloautogestionáriada sociedade pelos próprios trabalhadores .... A construçAQ da autogestlogenera lizada passa pela OfSTRUIÇl,O OE TODAS AS ESTRUTURAS políticas, econômicas e SO· ciais" (pp. 114, 115 e 117-destaque nosso). Destruldos esses valores, a meta é a instauração de pequenosgruposautõno-mos (tribos?) em que haja igualdade completa. e cujos membros reger-se-iam a si próprios, segundo deliberaç&o da "maioria".

O m~ R1miro C11as,, 1Sl,ftSl/lldo bru!llmane pt1,HAt111l982.n1iou. hCltdedeP1pai,.1\Skm

deSIIISehlsnin

Rejeitadospelamaioriadapopulação e vivendo na clandestinidade, tal grupo, comoépróprioaosfilhosdastrevas,nao ousaapresentar-seporinteiroeàluz dodia.

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CATOLICISMO -

Abnl de 1985


O obstii.culo: a indife r e n ça dos traba lhadores Semelhante "paraíso", segundo a mi. tologia ma!'l(ista, deveria despertarentu· siasmo entre os operários "oprimidos" Desde 1848 se vem proclamando, com Ma!'l(, QueeresoQuerem. Tal entretanto não acontece, e a revista comenta: "A grande maroria dos trabalhadores e o povo simples contmva observando e n.Jo sabe Que al ternat1Va tomar, ou simp/as· mente se absthn - (p. 25). E concl 1.1 i mel;mcolicamente: "A al rerna11va socia· lista ou comunista. que é a nossa, se apresenta de imediato como dificilmente realiláve/- (p.32). Como superar tal obstáculo? Se os próprios interess.ados-ostrabalhadores - não se revoltam , o que fazer? "Nlo significa começar aqui e agora a pôr bombas a torto e a direito .... , mas pode mos buscar o caminho inteligente do enfrentarnento múltiplo e simu/t~neo de cada dia em nosso pr6t}rio terreno, que crie organizaç.Jo e CONSC1tNC1;. revolucionária" (p. 136 - destaque nosso). Aqui constatamos a defesa, portanto, do trabalho prelim inar de "conscientização". taonossoconhecidoaprop6sitodaatua· çãodas Comunidades Eclesi;,is de Base - CEBs. Sobre issooautorémaisexplicitoao dizer que essa indiferença da classeope, rária "nos impôe um RECUO rArico. ao mesmo tempo que um intenso trabalho prévio de informaçJo.format;Jo" (p. 172 - destaque nosso).

substituldas por "milíeiasoperárias", em que "a auto-disciplina substitui a hierar· q1.1ia. O uniforme e a ideologia da obe· diencia são abolidos .... , cada trabalhador deverá portar urna arma permanente mente", E conclui, paradoxalmente, LOGO NA fRAS[ SEGUINTE: "Na sociedade comu• nista mundial, as milícias e as armas j á n.Jo tem razaode existir"(pp. 119-120). Talvez a causa dessa contradição seja o Que o autor diz em certo momento: M. . . cu 1.1ESMO, todos, estamos em crise " (p 88 - destaque nosso)

Apoio da .. esquerda católicu" Para a instauração dessa socied<1de anárquica, opostaemtudoaoEvangelho eaoensinamentoperenedalgreja,que aliados úteis enumera o artigo da "Re· vistacomunistalibertária"?Entreoutros,

autor nessa fase de "recuotM:ico" é, ecn muitos pontos, semelhante ao desenvolvido pelas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs (2).

Ditadu r a em nome da liberdade Na "plataforma" de ação proposta, o autor anarquista aponta como meta "a transformaç.1o da sociedade atual em umafralema,1gua/itáriae livre ". Tãolivre que dá, oficialmente, até o '"direito de erra,- (p. 178). Mas há um erro Que, nessa '1iberda de-, é imperdoável: diSCOfdar da maioria. "Para todos vma obriiat;lo: cumprir os acordos tomados a nlvel de COl'lgresso " (p. 162). E acrescenta: "Depois da con· qv,sta do poder por parte do proletariado, os sindrcatos adquirem um caráter de O/:lf?!G;.TOR1co,,oc: devem incluir moos os

Grad ua lidade, ct1m inho para a radicalidade Uma vez que nao podem caminhar com a rapidez deseiada ("Temos que apressar.nosr, dizem) .éprecisoresie:narem·se a ir devae:ar, por meio de "uma conqvista sucessiva .... de parcelas de liberdade e gestlo direta .... , até a auto· gest.Jo total e global'' (p. 121) Oqueéa"autoe:estacitotal"?Aoenun• ciar sua plataforma, o autor anarco-comunista propugna claramente adestrui· çáodasclassessociais, dapropriedade, dafamilia,dasleis,damoral,dasForcas Armadas e do próprio Estado (pp. 119, 120. 126, 163, 184 ss.). Em essência, essa é a doutrina enunciada no Projet Socialistepovrla Francedesannées 80. Essedocumento-éoportunolembrarfoi profundamente analisado e refutado em seus fundamentos pela já célebre Mensasem das 13 TFPs, de autoria do Prof. Plinio Corrb de Oliveira. Tal mani· festo, s.aído a lume em 1981, foi publi· cado em 46jornais dos maiores doOci· dente, tendo 23 outras publicaçOes es· tampado um nutrido resumo do documento. Desta forma, trh e meio milhões de exemplares de órgãos de imprensa estamparam, no todo ou em parte. o tra nscendente ensaio das 13 TF Ps. A re· percussão alcançada pela refenda Mensagem, em ãmbito mundial, foi impres· sionante, conforme atesta o artigo "Re· percute no mvndo inteiro a Mensasem das TFPs ", publicado no n•. 379 de "Ca· tolicismo", iulho de 1982. Sobre a "paz". é curiosa a contradição em que incorreoautorespanhol: procla· ma -seafavordapaz. eporissoqueras Forças Armadas não destruídas, mas CA TOLICISMO - Abnl de 198 5

furieral porum.od,mado1em111smo os"católicosdeesquerda"ou "progres· sistas". Com efeito. comentando as lutassin· ditais, o autor diz: ''Com o desenvolvi· mento de UM NOVO T!PO OE COl'/SC/lNC!A social-cristã, foram caracterizados os passos de um sindicalismo mais autônomo e SOC!AUZ4NTC, nossindicatoscató/icosbe/· gas"(p.55-destaquenosso).Paranão ficardúvidadeque t al coisasedátam· bém na Espanha, diz mais adiante: "A maior_parte dos revoluc!onários .... que mterweram para constrwr de novo a CNT (confederaç~ sindical anarq1.1ista espa· nho/a) desde seus alicerces mais e/e. mentares. havia militado em orgamza· çõesrnarxistas,nacionalistas, CATOI.ICASe SOCW.ISTAS--CRISTAS. etc" (p. 85). Para o sindicato nacional comunista espanhol não perder a pouca força que tinha, foi preciso ser "1orlalecido, dinamizado e orgamli!tdo por operários católicos ~ (p.

107). Na tarefa de "conscienlização", sue:e· re o tivreto comunista: "Localmente. uma seção sindical, uma IGIIC.M. etc., podem ser utilizados como centro de reunr.Jo e trabalho ~ (p. 113). É de se temer que o uso de igrejas. de modo análogo ao que ocorre no Brasil, seja feito com o apoio mais ou menos claro do clero "progressista". De fato, o trabalho suserido pelo

~i

ETA

operários - (p. 46). Mesmo os Que náo queiram, portanto. Ou seja, são todos ~livres", desde que abaixem a cabeça,reneguema Fé.violem a moral e os bons costumes, dêem suaadesãoãmetaúltlma:aimplantação daautogestãototal,comoformaavança· da de comunismo. Numa "sociedade" assim concebida, não haveria lugar para os Que Querem permanecer verdadeiramente católicos. Estariaimplantadaaditadura .. emnome da liberdade.

Encerrandoopresenteartigo,lembre· mo·nos de Que a verdadeira liberdade é, para o homem, a submissão amorosa e solicita aos Mandamentos de Deus e aos ensinamentos perenes da Santa Igreja Católica, Mãe e Mestra da Verdade.

LúâoMmdrs (l) l.fik.. Orr.rn,1 -r...-,"Fb-....,.,.1rwrw1wi,,blN t.6n1 11lobll",in R..-,st11 Corru,wst1 Ul>Mk11 0I! Eut.klcli-AsutasuNl,Col9c;c:l(Wl"lff y O,scute-,n". 89, Ed.Z.0,S.bao, 1978,190 PPS (2) Ck. "As CC&. .. dU<J<M11m...to sef..i1. -,cose ,;onn«;1-ATfPHdMc,..,.como1.lo", P1 inio

CorrNO.Ql..,..,a,Gust...., Solimeo t luis Sohmeo, EdVe,1 C,uz,SloP_,io. 6'«11ç6o.!984, pp.79 e ss.;p . 202tH,

13


···wrmsc1

Significativo fracasso e grande lição:

Experiência autogestionária em escolas italianas AI.Fl'OGESTÃO, denunciada i;,e; ranteaopinilop1lblicamund.ial pelahistôricaMensagemdeau• toria do Prof. Plínio Corrfa de Oliveira - "O ,ociolisrno auWgestionário: em visto do comunismo, barreira ou cabe· ça-de-ponle?" - não constitui uma fórmula cataetrófica apenu no campo

A

~;a6~~;!":rC:~1éd~~~:01;:~1 ~~;~

~~1:~· =i~l~[:ªJ!J~ºdefrr~fi:e: d~

enamo,propostoeml982,bemcomo!s

~';f.OJ!º::,'riaº d:;!~~:i°:tr"o'~~~

Savary, apresentadas em dezembro daquele ano. Tai.11 propo.içõee, q_ue es~beleceriam autoge~tlo no enemo umveraittrio, sufoeanam a inatrllçio de primeiroe11egundograu11, ª!lua! permaneceria 110b o juio monopolizador do Estado aociali1ta. "Catolicismo", em tua edição de ee~mbro de 1973 (n• 893) analiaou e criticou tai~ propoata,, retirada, pelo governo M1tterrand devido A forte reacão da opinião pública franceea. Na Etpanha um projeto de lei ané.lo~i

'or~~º.!fC: d~Ec:t~~UM:~ i~

~rz:l ~1~,ª~::i~te:~: :tdo~í:~!Ja':'!in~ Fran ,praticamenteelimma _aautono-

Na Itália, fracasso rotundo e rápido da autogesta.o Aexperiénciaautogeationãriaitalianaébem anterioràtiniciativudo1sociali,tu franeffff e e11panh6i1 neate sentido. Em 1974, u Ctmaru italianu aprovaram o Decnto Ma1fatti ("/ Decreti

~~eã:!i'2at~d::=:~~ªe ªp:,::~:~

na direção dot in,titutoe 1ecundãrios italian011. Eata lei foi qualificada como "fronde reooluc~o tikm:i(na" _pelo min1Btro que lhe deu o nome ("II G1ornak", Milão, 19-9-74). O apoio do, partido11 polltiCOII ao referido decreto f01 praticamente unlnime. A chamada eequerda extraparlamentar opõe-te à "moderaclo" da nova lei. Poucot foramoeque,éõmdeaeortlnio e coragem, viram o fundo radicalmente eaquerdi1ta da \ei~alertaram a

fuú:1~~:r:r::

011ulllpnrne,r.ii1111isuo~BeninoCr'1~1pesar do hc:1Sso dlS ,t formu ele tftS!flD na ltál,a. nm se empenh1rióoem1mphH"

14

~~1ra':!:::

~~~il: ~ª~~ De modo eepecia\, um movimento aa lientou-eenaprevi,ãoenalutacontrao cao1queeeprocuravainstalarn&1escoCATOLICISMO -

Abril de 1985


lu: foi o CNADSI (Comitato Na:tlonale Aalociatlone Diíeaa Scuola Italiana). Com aede em Milão, a partidário e apolitico, o referido movimento reune proíea· aoruepaisdetodasaeclaai,eaegraua que "tenham uerdadeiram_ente apre~

anOfl vem ae eapeeialíu.ndo na en · ciadaviolf:nciaàaeacolaa,promovida eela contestação comuno·proirre-siata. Com baae em publicaçõe1 e boletins do CNADSI, tomou•se poaetvel "Catolicismo" apre11entar hoJI! a ,eu11 leitores alguns aspectos da ftacaaeada expe-

~:::i~~i:i::i~r:;~~::, :rni;::tb,i~~ brasileira. J6 em setembro d_e 1973, a_rtia:oda

Prof". Rim Calderini denunaava "A legali:açd-0 dos souieta e,col.ares" no projeto em cunlO no legi1lativo ("La. Voce dl'I CNADSI"". Al(O Set., 1973).

tx~

rav!,p:27~! ~~f!b~o~fi9'Vt~~ Congreuo Nacional da entidade: "O min!stro responsáue/ (~lhor se· ria dizer 1rresponsáuel) de/iruu como

:;:a~~~:":e~~':o:. ~~rei::t:!d;~ 0

crer que aerá silencioao, quando já, em muito& liceu.s, a11embt.!ia, tumu/tuoaoa, ot.!m do mais realizadas contra a vontade e sem permind-0 da direç4o, protes tom porq!U! ndo se concedeu o direito de uoto para a conse/lw dos institutos aos rapa:e, menores de 16 anos".

EsCola transformada em perpétua assembléia

,,~

quoi1 esldo preuiluu 98 opera~• e/eitorai1; 18 no timbito do inatitu.to, 15 no

diltritol, 34 no prouinciol, 25 no nocio-noJ, e mais uma outro meia dú.iio de q~ ndo li! conaeg~ e11tobl!ll!Cl!r a uota lod~~!ª f.:~~ J;_iJz.r;:;,:~',1::n':.r~~~~·j;}· ramente 011 cidadd-011 de uma noçdo, ou ante11 os inquilinos de um manic6mio que se cri uma naçtl-0". "Imaginai uma escola reduúda a

~e~."

/ee:::,;;:n':::~m,}1,!%~:.::e1~'J':,,ª:'c;. feucre, e pais, de pai, e e1tudontes, de Iodei OI trh com o direç&J, da direçlJo com uário, conae/hos de di1ciplino, de conaellw de disciplino com os profeuo-res e a, pai11 ... Easa1-<I01,q1UJm o,d6.? A11torefa1e1colare11,quema1pauaea1 coris;f~unfo da aindicatocracia, acreacenta Montanelli, na qual oa jovens,

ciU.b~~~~!r:ºd~u~t:r:,1~,!!°cf:'a~~o~

dade ", ,erio eubmetidOfl à ditadura da maioria.

Instrumentalização dos órgãos colegiais pela esquerda O leitor pode vialumbrar facilmente a conaeqUentepolitizaçAodequeforam palco a, eaco\8.11 atravéll das continuas usembléiu, e a instrumentafü.açAodoe 6rgAoa oolegiaia pelo, partidoe de e&querda (PCI-PSI), di&ciplinadOfl e ati-

::·, :: !~~ ;~def::f~a N::n~: aadoadaparticipaçAoo!erecida,devido aos inõmeroe problemas de ordem eocial e econômica que oasobrecarreiam.

lãt:

1

!~~J:

!~~:i~~etp;;,&~°!.\~C:S~ tuiram a, chamadas "Comi116e1 Didática11"". Segundo o Prof. Alfieri, eram "grupoa de estudante, arrofonlH e pre1u.nço1cn que entrauom orb11rol"Ulmente 11011ola1 de o ui.a e su.b~tiam 01 profes_ ,ore, o umo e1pécie de proce,,o pilb/1co", pedindo 11atisfaçAo 90bre o que ecomo enainavam. Quantoàparti~paçAodoeprogenitore,, a1 pNqu1a&S indicavam que, de um total de 23 milhões de pais interessados, pouco mai1 de 5':lbteriatemPQ para dar conta de aeua novoe deverea. A realida· dedoefatoaveioaconfirmarff88.pet1qui~a.conclui o Prof. Alfieri: "Numa palavra, o caroderfslica da noua refor· mo e,cotor, desejada pelo populismc pa· ro-1mdicol,1eredu.zoi1to:iumaordenaço!o q!U! instru.mentolúa o indiuldoo, ne a q1-<,alq_1UJr respeito à uida prwada e

r,

"

Duran!t1,tbellioest11dlnulocomd1111IU~u111l 977. 11111eom.ndode111Jnosdeextrem1esQl/tfd1. 1c,Dlldo pc.- Ofltlllll(Õe5 pollrt,s de lffil)llltio hl!Klunesa. cheiQU 101ot1n11e,uoh1osnollceucienti~Ol)'Vrtl0rl0 Veneto"óe M,I~

~~Cª~'~u~:;

!:tud~n~;s;~~e::::,, compla~nte daa autorioadea iOYemamentais. Tal movimento, que conatituiu na

~~·d:1:1~ ~i,~~e; ..~re.~,li~~d! ~!~d~ªe~C:u: forma in11titucional. tanto _no referente

1~t:::aª~ª~1:~~·~:= entre outroe objetivos: a refutação de

raasemanais;aberturadae,colaparao bairro e para oa trabalhsdore. (em nome da i~aldade entre o trabalha ma· nual rintelectual);educaçAosexuaJ; debatee sobre as drogas e o aborto; avaliação de trabalhoe ~mpre coletivoa, evitando fazer emergir o inatinto indi· viduali1ta;aceitaroeprofeaaoreacomo mero1inter\ocutoresqualificadoaouco-mo coordenadorea ou animadores doe

di:~:~::ã.76:·a~~gr:eJoªà:i:: mentol de lazer doeestudantefl(cfr.op. cit., p.132).. ç_onvém reNaltar que o "Pra;et Soc_1al1ste"elaborado pelo Partido Sociaheta Franch doi1 anos de~p6su m11mmblé11 ..1uda nt,L11 n1ed m1, 1 do ~a b<iot1e do 0<11$1den1e do Ins1,1ut-0 P1t 1,iott( de M<I~ ton$!J1~1ijm1irTibokodoll\Ol'll!lffllOeoiitestJ!linoae1g77

CATOLI CISMO - Abr il de 198 5

Com efeito, menos de dois anos depoi1 da reforma, em março de 1977, as e,colas eecundárias italianu, eobretu-

~~E{Ê:

!r:~~/:u~i~!t~~ 15


Conseqüências desastrosas SelJUlldO a impnm,a italiana, a N!belião e11tudanti.l de 77, duranteot diaa em queaeproceaeou,apre.entoucomore~~taj:C:::::ea'!,

~t;:~: !aU::.

d:~~11!~i.dr:.~~1e°i'~!!.~'1y:;:p:~

~='=i:~~~-:0: ~i:::~~e::!: tatou, como no cuo do jl citado "CHare

=~f~·:,;rÊf?:~:al~

readonlrio.. Diantedainérciada1 autoridade.e da audácia do. agitadol'ff impunes, a opinião p!i.blicaaealarmou;otpai,, ind.ignad08, pediram a volta á normalidade e a repreaelo ao. nvoltoeo.. Porfim,a9demaio,46d.iretorHde eecolaa romana& decidiram tomar po,ição contra o fenõmeno da au_togeetão. Aprovaram documento gue foi encaminhado A imprensa, no gual, dirigindo-se ~ autoridades, pediam medida& contra

Nacional de Pastoral &colar" da Co' misaão Episcopal Italiana de6creve a rejeição geral, em notadifund.idaant.ee de recentes eleiçõea e&eolare• ("Avvenire", 21-12-84). Preciaamente taiJI eleiçõea para 01 ConaelhotEscolares(renovlvei,acada 3ano.)conetitulramnovaedecididademon,tração dessa rejeição. Realizadae apóel0ano.devilj"fflciadaautogeatào, houve muita movunentação para reaniml-laa: a mencionada nota da "Oficina PlUltoral &rolar" reHalvava "o importãncia vih>.l da. participat;do" do. pila nu eleições, para "criar uma cultura departiciPGt;do". Além disso, na campanha eleitoral

~~õ:mU:::cis:1c"ri,td:~ r~!n:ro-ã:

muni,ta, tendo osecretArio geral deste participado de uma manifeetação. Também 011 Sindicatoe (comuni•ta, aocialie:ai: ~nteer~d:::~~=rtici;::ª~!~ panhaqueprecedeuavotação. Todoee2 e:o ;0~}:

f~o:t°J';'\~;!~~~:~~=da d~tJ:l:i~r::. ~~:~tiitrie~~ de la Sera", 14-12-84).

;:t;:;:;,.ee

APe3ar desse empenho, a imenea maioria se abeteve: 16 milhõee devotantes não compareceram. E a maioria que votou - 5 milhõee - deu a vitória à8 chamadas "liBtOJ1caMlica•",deorien~ç~o coneervadora, qu~ obtive_ram

seetãotripartite(paisefilho,,funcioná· ri01ecoletividade1p!i.blica.11),aaeraplicada upecialmente em estabelecimen· tot1deen1ino.Aeeaeprop6aito,comenta o Preaidente do Conselho Nacional da

~~~ "~::::,/::c:(id~f:}º:.':t;~/;:jf;,

'le':!':i:1 :e:ie~::::,,e,::;p,:::~~r::d°:. cat;4o. A 'plebe'eecolar, i&t-O é,o corpo

~-~r: :oJ:' : :::'ed!f~d! 1::a:;~t~!~~ até muito do inimaginável - direi 1

em

to. onálo1101

001 do• trobalhadnN!• da empreBO autogeationória._ Mais ainda. Na eecolo como na fameü.a. a 'plebe' ln· fa11til ou juvenil .erd motivada e e,timulada d luta de clone, •i•temática contra 01 autoridade, docente, ou <Jo. mésticoa, ter6. IU-4& auembUiaa, 1e1U1 órg(lo1 de apelaçlJ.o e de julgamento

eu."

Felizmente,talprogramafoirejeitadonaFrança,comojávim011,emvirtu-

~~~e !';: rn~ii::d~ ~õt!°l.~~~h~

~~~~':~ã~;:~Ía~~ ~~:

~~d~~~:o~ºJ; cacional.tlaetlmávelqueacomprovadamente desastrosa experiência italiana, iniciada em 1974, não tenha eido ~tói:.eitada pelos legi,ladoree espaA det10rdem eetabelecida no eneino m~io da Itália (qu~ o eociali,mo ameaça eetender aoen,moelementar)deveria1ervirdeliçãoatodo101paleesque, como o Bra,il, começam a ensaiar aem uma opinião p!i.blica alenada e esclarecida - 011 primeirot1 Paa&OS na aendacataetróficadaautogestãod.idática.

Grtgôrio Corrf<1 aaltar que o voto do. estudantes foi o

Desejo socialista de ampliar o malogro O atual irovemo italiano - cujo primeiro-ministro é o tociali1ta Craxi vem ae empenhando em ampliar u reforma.e no en,ino, ape11ar do notório fracaeeodaexperiênciaautosestionAria edaecrlticaaquee.tatemrecebidodae maiore• inetituicõea culturais do pala. Ietoeemfalardacateg6ricarejeiçãodo. paisdealunoa,profenoreaeestudantee que, de fato, reduziram a eplicação da autogeetão à aua menor exprenào (•). Hi um fastio da "gestao democr~· tica na escola", um "con,oço da part1cipoçdo", preci.amente por parte de aeue1upoetoabeneficié.rio1-nareali· dade v1timaa -, conforme reconheceu o preeidentedaCominãodelnstruçãoda Câmara de lnputado1 ( "Avvenire", 19-9-S4): "Uma verdadeira ho,ti/;dade produ:z.,e, cada vez qiu ,e (ola de 'democracia e,oolar'"(nomedaoutogestãono en1ino). Com ene, term011 a "Oficina

~ 1:iºilt·!:!~j,~~~~~o;:=..-:, foram eprovadu quatro moç6ee cricicandooo pro;eto.deN!form1daNOOlam6dia1uperior, o "ouiomom111U>"doc:orpodocenueoanovoa prop-am.u, como tamWm a inlrodu,;:lo da inform6tica na NOOla elementar.

M 1m primeiru moç6Q foram bem fun. damentadH pela Secretlrie de entidade, Prof'. RitaCald1rini,q uedemon11rouquan·

toaprimeiradtet11refonna1intere11ava,de

l6

s~ci~

i::iuu,:;

~=~ªe1~f~ .. brusca queda na participat;4o do• pai• (10,'191, men.oa que naa eleições de qu.a· troono, atrá.s)"("Avvenire", 19-12-84). E note-&e que tal participação já era eacasaa. anteriormente. Eeaes são indlci011 promi•eoree de uma reação ,audável e vigoro11a por parted"?9"benl!(iciário,"dasutoge1t.Ao,

~AtOLIC!SMO

trumentosesta lecido.paraaau emolição! Na já mencionada Mensagem sobre o IIOCialiamo autogestionArio, que alcancourepercussàonaimvreneadomundo inteiro, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira faz uma penetrante análise critica do

"Projet Socialiste pour la Frana dH

annú• 80", elaborado pelo Partido Socialista Francês. O "Projet" propõe•

r:.~:r~;:;;.::.~:~~E. democrata ~ npublicano) e pelu opo11iç0N (fuci•l.a e liberal).

~1.ambmidicnad1no1.aainten'fnçl,odo Prof. Mana.-., que ch11.mou a aunçio para H devuta,;,õe8men;aUl1intelectulaqueaintroduçio da infonn6tica, previ•ta na reforma, ~ente provocar6 noa 1.lun01("Lo Vo« dei CNADST". XXII, n• 2t 3. nov.edu. 191W).

CATOLICISMO -

Abril de 1985


Dois pesos e duas medidas na persegmçao político-religiosa contra "Resistência"

ista - ao abrir a sessão da mencio-

nada Comiuio, nalizada em 7 de novembro de 1984, condenou enfaticamente a Aasociação Civil Resistência, meamo antff de ouviro que eata tinha a dec:larar.

Co-irmã das 14 TFPs existentea em todo o mundo, "Resistência" eslava sendo investigada pe!a referida oomiaaAo parlamentar, após um mêa de ince11aante e crescente estrondo pub\icitàrio

~i~:~~;~1~i,~iirf1*lt~{fi: nias sobre "Resistência".

Uma investigação que começa ... pelo veredito! O tribuno aocialista começou a in•·eatigaçào... pelo veredito. E naturalmente, um veredito cruelmente contrário à associação. Disse em suas palavras inaugurais, entre outras coisas. que; a) a entidade era contrária A inati· tuii,º,!ª nacional;

u~f!~; de desvio da unidade

d)contráriaà"convivênciadafaml· lia venezuelana", e)contráriaà"pluralidadedemocrã· tica" ... -eportanto,deviace,;sarsuasotivi· dades. A entidade, que estava sendoinves·

1

1

~~!dF1J (loi~tiT~!~:v5!~f~,Wi ~ DISIP (Direção doa ServiÇ09 de lnteli· gência e Prevenção); pelo Legislativo, atravh de uma comissão parlamentar; e p,e\oJudiciãrio,em várioatri_bunaiae diferenteam11t.âncias,foireduz1da11011i· lêncio {antesquequalquerdeesasinve11tigaçõe11 chegasse a seu termo) por um atoexecutivoqueaduzia,entreoutras, as mencionadas razões. Poder·ll('-Ía esperar igual zelo "pa· triótico"dasautoridadesdopartidoofi• dai, filiado A Internacional Socialista, em relac!io a um movimento comunil· ta? O comunismo não é contrário A "convivênciadafamiliavenezuelana"e A 'Jlu~~~~:U dd;:'a!~ca~~ada em con11ideraçào. Com efeito; a) o comunismo n!io a6 se declar

quico eilfllalitárionoqualse pratique o amor livre.

d)Osjovenadoutrinado11pelo11Parti· dos Comunistas alimentam-Be - para usar a tenninología de David Morales Bello - de "orientaçlles e milo1 nas· cidos muito além de nossa, fronteiras". 6

f:aíª~~!fiev~~e;~:t!ª~

~~ºJi~!~

:is~fn~~!::n~Íi~[e:,!~~:'m:f:~n~~

àse::s:i;::;:::tl~;f::i~ft{~!.:

::abnh:i: e) Quanto à estabilidade das in11tituições, é notório que, em 11ua vertiginosa ànsiadedestruiraeinstituiçõesquelhe sãocontrárias,ocomuni1monàorespei tanemsequerasmaisveneráveis. f)Nãoédemaislembrarasuatotal

f~!dedd :~~1fic!J!l. r;~~~à~ Ap?,l~rã: existemaisdoquea"democracia"proveniente do di ktat monolitico de seu poli t buro. Con~iderando estas verdade, paten· tea e conhecidas por todoa, aeri9: de se esperar acoerênciada.sp,ersona\Jdadea venezuelanas que se manifeetaram con· tra "Resistência". Se se amorda,;ou a 1 ::~tt,!:b ~ d~u~:1~~r~ ~ sªieº~~dpims, quanto maie en~rgicae deyeriam .er essas pessoas persnte o Partido Comunista, que os nega radicalmente, e de maneira óbvia e comprovada ... Não é o que a;correu por exemplo,

divfJ/~~:~~~i_!ª:•fiW:!;~ba~J~~:~

?a"::~?~dilttJ:':!.':! ;~n::,lfe;~~~::. ~~d!/eª diª~e~fh:ss;~ nn a c~çã~e"J~ 1

d)faziacomqueseusmembrwcressem em "orienloç&s e mitos noscido, muito czUm de nouo, fronteiros"; e)submetiaseusmembrosapo11içõea estranhas "d l'IOU(I próprio nQcionQ/i· dode".

8

1 11 prº%iª~ ::i~u~1t::oes:ri!.ªaJ::~t:. oon• traaunidadenacional.Lutaadec\asse, movimentosguerrilheiros,reivindicac.ó-

faC::' J:~ft~etºt~:ue ese;~:i:~

~odt.~ve~~n: r~~\~:1:1º ,i{~!fsf~ncia''

O diário "EI Nacional", !Ao pródigo durante o estrondo pub\icitârio em invec--

O "veredito"semjulgamentoprévio foi E~vit; C~o!e~b~dºe 1984. menos deumasemanadepois,osministroado Interior e da Justiça, por indicação do Presidente Lusinchi, o qual por sua vez foi impelido por uma re60luçào unAni· me do Comitê Executivo Nacional do partido Atão Democrática. assi11aram um decreto susprndendo as atividades da Associação Civil Resistência. Esae decreto - qualificado, em declaraçõe• A imprensa. como arbitrãrio e ilegalpornumero&a.juristasepersona· !idade., inclusive contrárias a "Resi8· tência" - continha, em sua exposição demolivo1,acu11açõescontraaentidade no mesmo diapasão que as proferidas por Morales Bello. Segundoomencionadodecreto,"Resietência" era uma associação· a)dedicadaaatividadescontráriasA unidade nacional: b) contrAria à ·'estabilidadedaaíns· tituições": c) contn\ria ao "enaltecimento do trabalho", à ··dignidade humana" e ao "bemeatarnacional"; CATOLICISMO -

Abril de 1985

Para o líder comunista Gustarn Machado, todas as honras de "EI Nacional", diârio furibundo em suas im'ectivas contra "Resistência"

Pwoc1~iod1 mortedop,egdented0Puttd0Comunist1 d1Vene1uel1, GustavoM,ch1do.ooomd1 em 1983.$UI memór11 fo1ex1lt1d1 ;,::,1 órg)osóe imprensa, mst,tu•· ç6ts.1u101td1óese~wn• ltd1despotb:ttóoP1is

Anúnc10 fúneb<e pubf1Cldo n11mprtnu pekl Con1:resso sene1uell110oomunicandoot1ltc1mtntodop,es,aente d0PCdaVene1uet1

CONGRESO DE LA REPUBLICA DE VENEZUELA Dirc:cci,;ndc:JnfOIDàC>lln

, Rcbclonesf,;,bll<:a•

-·----·-D ~ .... - - - -

GUSTAVO MACHADO


~N1$ededoPCY!lleluflano. sobfe1um1~IH:'ton 1bnosrtstosmort.1isde Gust1voM1<:haclo1ban· den1com1loicet0

martelo

compartilhe suas úUias em matlria JXr /itica, fui amigo pes110a/ dele e pude apreciar que t um homem integro em todo o amplo sentido desta p(llaura. Sua morte, r1t1 realidade, deixa um uazio, e

va a do, 11acW11al pela morte de um dosuenezuelan.osd-011tculoXX".(Note.e, nio ae trata de algu~m alheio à "ve-

h~~~::

sua coerência reuafocWnário e apego a 8

•eirth~:l: n::11,:::;~cia revolu-

~~f:a~d~~ó;:~~:iru~i°v!a~gi~ de1:: nat11mo?

!:~;~L~1~z1?d:!!~;li:~1~EE~~

Contudo, segundo o mesmo diário, havia fanatUimo TIO$ cooperadores de "Reais~ncia" quando eram consequentes em relação aaelUI ideais. "E\ Nacional", o diário de maior circulação na Venezuela,lidoporumpl'.I· blico variadlssimo em seu, modos de penaar,masfundamentalme'!-tedecen· tro, utiliza, como vem0$, dois pesos e duas medidas.

co~~!~:~ti~:í~::'oross:~==

Personalidades e poli ticos da AD unem-se em coro e elogiam calorosamente o lfder comunista

Curaçao e suo po,terior inuas4o da Vt· nezue/a em 1929, concedem•lhe um des-

de familias endinheiradas. Gozaua de grande apreço e profundo respeito em todo• o• dreu/o1 d-O pais".

~r;o ~~i:;u ~~~.::~~~~i~~5!

açõe11bélica1:111tricrosensudofa\ecido l!der comunista, "em 11ua luta ao lado de Sandino na N icar6.gua",. "a _tomada de Curaçao" e "sua posterior muasão do Venezuela". Não q ualificou como intervenção em assuntoa próprios de outros pal&e& "seu papel como fundado r d-O Partido Comunista de Cubo" - partido que

~~: ::~:::::tI~/~!ã~~- ~ºe~~

tràl'io, tsllll-8 açõee "lhe concedem um destacada lugar na hist.6ría oontinentol".

1

~!~ '/:i~d}s/::n't/:s flf~d: rl::i~n~ ~/~~'!':r ~br~!~d~ :in~ ideologiaqueponulao6diodeclalllll'8e, sa/l:~~~~ :s~e: endinheiradas" - comenta o diário. Ne-

portanto, uma posição violentamentecri-

tiea da burgueeiaeapitalietaaquepertenciam 11eus famiharee. Nem sequer umarE"fer~nciaaque,comolldercomuni,ta, incitava continuamente a juventude inscrita no PC a que destruísse a establidad~ de todasasfamilias, incl u11ive as próprill-8. Aa páginas do meamo matutino, pelo contrãrio, vituperavam a Asaociar;ão Civil Resistência diariamente, com ódio,

!:T;::c!d! pdr~~~~iWth;!e:n~~! pais. P.ifNa~~~~j., iii!~J.n~:"!!!

ció~!'; ticiar a morte eteetemunhos de vária.li personalidad es sobre Gustavo Macha-

:~;:::;;"! ;~Ãe~e':'~':tMa::¾~% aua honestidade e valentia pessoais, 18

Os elogios doa membroe da Ar;Ao DemocrAtica ao ex-guerrilheiroellderdo PC venezuela no são calOTOIIO$. Suas afirmações manifestam certa conivên ciacomai_deologiadofalecido,malvelada por duicrepAncias de caráter po!itico. JaimeLusinchi,naocasiãocandidato preeidencial- hoje Preaidenteda Venezuela - aempR de_ acordo com "EI Nacional"(19-7..83), ~d,nelomentarprofundamente o falecimento do //der co:d~:s~~i:1 q:°;oYr~f):/,/_coÃtiC::::oº/"J}~i umhomemfielasua,idtiaa,i;alenteem sua expressão, e por cima de todas as coi1as, um homem c1.1bol. Gustavo tinha

C:::{/~1;

~":fnt;ª;::a ;,~m:e~d~~/'/oe: certo. Gustavo formo p(lrte da coTl.flciln eia uenezuelana de,te, iempos, e isto ninguém poderd retirar-lhe". O atual chefe do Executivo, cujoa dois ministros declararam "Reaistência" ilegal por ter ela uma poaição "antagônica oo que ta tradiç4o do modo de 1er veneluelano", admira como "parte do conscitncia uenezuelono" o d.iftclpulo e porta-voz s ubmiseo de M0600u. Sem entrar em maioree anê.li.aee, nota-se, o

~:;~8;~w!:~~nscÍ~t~Ê~':iite quem devemos rende r tributo e hom e naa:em p ela lealdade de 1ua1 idéia,, que semp re defendeu e ntimu lou em toda& as atividade• de ,ua vida. Tiwmos momento• de grande confron faç4o, mas Gustouo Machado sempre se distinguiu peú: fidalf!uia de um homem quetinhaconscitnc1adoqueeleera,do que ele significaua, 1obrerudo do grande

~~:r:.~ª

c::t

;~i:i:.c:ut:: a~~:t:udes taua Machado, acima dai bandeiras po· //tica1, devemos senti-la como todos os ueneluelanos que lutamos pela liberda de e dignidade do n.o1sa povo". Os três senadoree da AD ~m um ponto em comum: al~m de reconhecer sua "lealdade", louvam·n0 como "um

fo~~~~

:e~: í,~:àe' c1::

1

0

1 ~;~:~;

"pelaliberdade e dignidadedenoS!lopovo". Ai está o substrato deconcordAncjaideolõgica entre ospartidárioadosoc1alismo. No convite pa ra o enterro, entre outros membros da AD e junto com o Cardeal Joaé Ali Lebrún, auinam como "amia"oe" Carloa André, Ptl't't, Jaime L~ai_nchi, Simõn Alberto Conaal.vi (atual Mm11tro da Secretaria d.a Preaid~ncia, Q.Ue ee manifestou hoatil a "Resiatênaa"),CarloaCanacheMat.a atual chefe

máuomoa, general te continuaremo• chamando. Aqui estamos. teus ,o/dadas, p(lro o que mandes ..... Guerrilheiro da

peno, cuer r ilheiro do fuiil, n4o te el· qiuceremoa jamais. Gustavo, 11d em p(ll. Coroa r e mos t ua obr a". ~ inflamada esortação-Quecon-

!

Guarda de honra junto ao ataúde

:i::~fde~~a raan1ó

priõa i:c::~d~~ü honorãrio da Internacional SocialiBt.a deadeque tal partido foi aceito como membro pleno deate organ.ismo trans nacional, Dr. Goi:izalo Barnoa, "opmou que Machado foi um exemplo de leal· dade a ,uas idtias". E foi maia longe: "e tambtm um exemplo de lealdade a uma conduta reta, porque, ainda que não CATOLICISMO -

Abril de 1985


LUIS HERRERA CAMPINS PRESIDENTEDE LA REPUBLICA Y ELCONSEJO DE MINISTROS

GUSTAVO MACHADO MORALES

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representante11d~Nicarãgua,Çiranada, Cuba, União Soviética, Hunirna, Rumà· nia, Checoslováquia, Polõma e Alema· nha oriental. Se con11iduamo11 que também em Granada governava então um comunista, vê-se o reconhecimento de qual é a "nacionalidade" dessa "venezuelanidade" de Gustavo Machado.

Depois do íechamemo de "Resistência". mais honras a outro llder comunista venezuelano Em data recente, 4 dejaneirodeate ano, fa\eceuollderdoPartidoComuni11· ta Venezuelano, Emeato Silva Tellerla, co-fundadordesse partido em 1931 O Presidente Jaime Lusmchi e seu Conselho de Miniatro. emitiram um decreto de luto por "quem /oi um honeato lutador 80Cial, con,eql.lente em suas idéias, e que part!ci~u em grandes jor·

~ft':·~d~õ:vtl:1~::i~:tn:~~o~~~i~ ~~/oa;l~::1a~~~~~~r:;:,t!~~!i:t'.a: 1deaisdi&tanteadoqueviriaa!ll'ra"venezuelanidade". Entretanto, a respeito deases dois proeminente.a oomuniataa, fundadoretie membros attva. de um partido que n!io eaconde ser dirigido por Moarou e ade. rir a ideárioa enormemente afastado, da noção do q~e é a Venezuela auttn· tica, majoritanamente católica e que fonna parte da cultura ocidental. não existe a mesma condenação. Efetiva· mente, oa ideaia - ou melhor,aa utopiaa- transnacionaisdeMan: naaceram na Alemanha, gozaram um doce e:dlio na Inglaterra, e fennentaram e se levaram a cabo na distante São Peterburgo, para le!'f!m irradiadaa hoje, a partir do Cremhn mo11eovita, a todaa as nações, através dos partidos comunia· tas locais e seus "companheiros devia· gem", Essas utopias são o contrário da Venezuela de Noasa Senhora de Coromoto: buacam a implantação do atei&· mo obrigatório num pala majoritari~· mente católico . Buscam o estabeleci· mentodeuma contlnualutadedasaea numa nação eminentemente pacifica e cuja textura social iozou por muito1 anos de uma harmonia que, se bem que tenha muitas deficitmciaa, é louvé.vel enquanto pautvel de melhora dentro da m1uor consonlncia. Buscam o confi1CO, a opresaão, incluaive a guerra de guer:

~r~~' :°n~: ié~~s~~ J:tdi~~~:: r .

@

La Cort e S uprema de Jusdeia

Ernesto Silva Tellería

___ ............... -·-

......,_. __,

_ _ _____ ,,_ ............. .,...__CI-

. . .. .

.-..

~fnJ:t!,A00:o",1t~~oª uo Tellerfa constitui uma grande perda paro opals.jd qW!{oi um_conseq/Jente lutador por suas idll,os e isso é nlfo só profundamente respeitduel. corno tom bémnecessár10.Nessamedidoele cons· tituiu um exemplo. Era um homem auttntico em toda sentido. e no que a mim pessoalmente se refere, éramos bons

~:~:~f=;:~g~i!;t~trei~=~

SupremadeJusn,;acomun~ndoolaleomentode

ErnntoSduleler11ee.pr~ndosu.1condolbv::1Z$ oos111,1<M1 rttdo ei!01tll

Seiundo o d,,lr,o "E I N1oon1r', de 6 óe)l neiro úlbum 11lh1rdo iesio. nStSllU ,o ~lóno e la, 1nrd1iio no monutode~pe(hd1"deEmeto Si,.1lt,Jler11

~~f1~3:~!:::d:3t:'.:!mfip,:: aqueles que fecharam " Reais·

De onde ee poderia concluir que, ou a.1autoridadet1eocialiata1venezuelanas nãoforamsinceraaeooerentellquando atacaramaentidade,eaalegada"anti· venezuelanidade" de "Resi1tência" foi umpretexto,ou,oqueémuitomaisgra· 8iy~~=~e1!el0 v!!~~i~!Jenezuela

;e

ção~er a p~:;.:~

.~111!

,:e~~ª1::;

~ti~~e: J~~~ii!i~~~:~:~fr!~~R~i:: tência". Pensam realmente os opositores polltico1 de "Re&Ultência", que qual· quercomuniataéautenticamentevene-

Múnc,o hinebre publiciC!o n• ,mpitll$.1 pell Corte

mo,o"Pre~telusintho [iesq-da, n1Joiglcom

opo3toaotipohumanovenezue\anoque

t~:::t::e:t! ~if: ~=-~da·~.

;,ElUniversal .. (6-I.SS) traduzd e mo-

,. "

Em que consiste, para os dirigentes social-democratas, a "venezue\anidade" do PC? Fizemoa um apanhadoda11 declara·

âr:: qi:T!8!J:hojeª~~~~e:~r:~':umi1;:'. tegram o Congresso Nacional da Vene-

zuela, para destacar o fato.de que, no recente estrondo publicitáno contra a Associação Civil Reliiatencia, que redundou no arbitrãriodecretodeproibi· çãodeeuaaatividadeeeml3denovem· ~;itr;PJe ~u~ti!(~i:::n:i:.~cà~fod:v~ dos valore.venezuelano1,doaentirna· cional. Auim, no inicio deue artigo

~~=~i:ºdae v~~=!~~f;nid~~~muniata se Eseiatoéverdade,peneame\esque o modo de entender eua venezuelanidade é o modo como o entendem os teóricoa docomuniamo? A força da lógica no1impõeeaU1.1 perguntai. A força dos fatos nos mos· tra, nas declarações mencionadas, qual é arespoeta:

nos principio& imutáveis com que !l lifeia Católica formou os povoa do ÜCJ· dente.

M 11ri1maA11ta11 ia l.tgrrt11 19


Em meio a dores atrozes, a bondade A

FLAGE'U\ÇÃO 'º"'lilui o primtiro dos misltrÍIH do ro51Írio tm qut l'tmo5 so{rtr o Corpo 111mlissim11 dt Nosso St"hor ]tsus Cristo. N11 11g1111i11 o primtiro mi,lirfo do1"rffil - 11111 /\/m11 1,utfssim11 50frt11 i"t1111rr11i,tlmt11/r, t o s1111r dt s1'"g11t foi 11m11 rtptm,ssãa dmt 50/rimtnlo d11 J\.lm11 5ebrt o Cor,o. M11s o Corpo S.,gr11do 11i11rl11 11i11 /or11 11/ingiú ,lirtl11mt11ft,

A

p11rlir d11 F/11gd11fii11

,11mrr11m propri11111mlt os sofrimrntos corponis, t luto ntn como os sofrimtnlos dt Alm11 for11m u i11/r11sif,r11nlUI i mu/i,l,:, q11t u dnnu10/i,i11 11 P11Uio, 11/t 11/ingir 11111 ripiu q111111do fl, dint 1111 npir11r: "Co11s11m11l11m tst .1" Aí Su 1for dr Alma, como II do Corpo, li11h11 ehrg11do110 11ugt. J\11/ts d11 Ffagtfario os sofrimmlos tspirilu11is fornm st siutdrndo rstinltnsific1111do./\""11v11m·lhtri111dH, q11rE/tdts{iui11 com infini/11 s.ibrdor/11: ··011i II Ck,,r o qu,; dr CW,r ta DtwJ o qut; dt Dtus". DifunJiam (11/Mnias contra E/t; g/wlio, (onaiw mm mtrtlrius, ambicioso, bajula os riras, ltm parlt com o itmõnio. Houw 11 trair@ i, um "'5 ku, ronumaia par mtio dr um 6sculo infamt. DtK·St o al,,z,rifu,ro tm qut os amigos m11ÍJ /iltlos O ilri.r11r11m. Ocorrtu a nrgario it Slo Priro. Howl/t, i 11trdair. uma ftJla: a tntra,la tm }truui/im, no Domingo dt Ramos. foi uma grandt ftJ/11, t uma ma,rifnlatão d, quanto o povo O apmia11a. Mas niío o foi na mtdida do ,r,cm,íría ntm do jus/o. A,fama1111m-nO, mas Elt mtrtâa aclamapin t adorar.ia mwilo maiorts do 11"' a11ur/u. Foi uma mtia fnta, na qud Elt tn/ra

com triit,ia. Elt stnlia-St mwS!ldo ptlos homtnJ, ptlo pwo rltito. Stnlia a ingratidão, Elt qut d1<rnnlt Ioda a 11ii11 1ó {tz o brm Com,r11 ,n/jfo a Flagtla(ifo. E/rs O amarram com bruta/iiai,. prO(urandotodos m mtiospu11 inltnsificara,SwasdorN . ..1(ha11am q1<t am11rr11ndo Suas mios Elr não r,tNfrria rtagir, tmbora soubtsStm qut no Hlmo da, Oli11,ir11J proslr11r11 por lrrra os so/i11dos, com um• simp/n p11/1tt1r11. Haoia, ir um /11,lo, 11 muJidi,,, 11 bonJait, 11 ao/1<n/,iri11 incaF•riJai1 J1 dtftndtr-St, t Jt owlro o ódio bru/11/, tstMpido. trutl. Aroilam-nO com Ioda a forra, to Stu corpo sr (onlorcr dr Jor pt!a bru/a/iJadtdolormtnlo. Priarosdtcarnrratm no chio. 01angur jo rra aos borbo/Jts. E E/r st mantim Jt pi, digniuimo, ,rm wm proltsto. aptnasfalandocom o PaJrt Etm10, 11wr tra Stu rt/Mgio ,raq1<1/aocasi,fo, O pooo brnsiltiro lomo1< o h,ibilo Jt chamar Nosso Stnhor Jm,s CriJ/o, ,wim m11nit111/o r toroirdo dt npinhos, dt o Bom ]tns. Por quil PorqMt Elt ptrmantcf sumamtnlt bem, paâfiro t miStTirorJioso ntslasi/uQfifolifo,lolor0$a. DtizOM·Stamarrar,dtiroM•Stf/agtlupor nM. E Elt ltria sofrido tMdo 111/Milo por Mm só homtm, por qMalqMtr homtm. Elt nos fila com bondadt, I o Bom ]nus qut nos olha. Ali mtsmo qua,rJo nós impdimo, qut Sru5 braros nos loqutm. não conugwimos impdir qwr Stu olhar nos arnmpanht. Ó Bom Jnu1, padtnlt t sofrtJor, trnJt pitdadt Jr nós!



imprensa franc:Qa tem e.campado a respeito, bem como uma critica do filme do ponto de viela da doutrina católica, com ba&e em excelente trabalho publicado recentemente pela TFP frllnc:Qa . Ea&a viaAo global fala por ai. Não hA ne«11sidade de nenhum coment.Ario para explicar a um filho por que ele deve ee indiirnar quando vii aua mAe a~ida de modo brutal e injusto. No caao pre&ente, a ag1"1:!ssão n.lo poderia ter aido mais cruel, nem maia infame e caluniosa. E a mãe que é objetodntaafrontaéaMãeincomparAvel,queauperaqua!· quer louvor.

tele~ama a pel!cula também é condenada, uma vez que ela "afronta temas fundamentais da fé cri8t(I., tergiversa e ofende seu ,ignificado e~piritual e ~e_u uc,lor hi1tórico e fere profundamente o se1mmento re/,g,010 do1 crentes e o respeito pelo sagrado e pela figura da Virgem Maria".

::;.-:;~{:1:!i~ ~,1!

:i:~&~C::

cul? ~d:iti~n!~ee~~:!'ua: sen_te na manifertacao efetuada peWa fiéia que contestavam o filme na porta de um cmema romano". AlémdareferidacondenaçAoemanifestacãoderepulsa, detãoalto aignificado,verificaram-aeproteatoa porpartede católicos, tanto na França qua.nto na ItAlia. Entretanto - pasme o leitor - outros filhos (e que filhOll!) aplaudiram a afronta dirigida à aua Mãe. Alguns alegaram o talento - que eles atribuem a Godard - na arte de agredir o sagrado. Outro, dep loram o ultraje, n.lo porque tenha sido feito a Maria Sant!"'ima, ma.a aimplet1mente porque tran.11 grideoa direitos do homem!

o

Ao leitor OSSA CAPA apresenta a art1atiea imagem da Vir· em das Llirrimas que &e encontra na capela lateral ~o Criato da Caridade, na Bastlica de São João de Deua, em Granada (E1 panha). Eua bela escultura barroca - obra de José de Mora 011 aua HCO!a (séc. XVIII) - verteu lãgrimaa de aangue no dia 13de maio de 1982, conforme no. "Catoliciamo" 111a edição maio da·

N

:i%i/:~~c(~~·ar,)_

em

de

~ Ante a onda de b\aaflmiaa e aacrilél;loa que assolam atualmente a Eapanha (cfr. "Catoliciamo", julho de 1984, nº 403 e abril de 1985, nº 412),compreende-se_adordeNossa

Senhora,exteriorizadaatravé&doprantom1raculosoepungente deHa expreHiva imagem. 1

imp~::i~~nno:_ fo~ 1:i::;::d~~r:~.~~~~\hid~'n~

cação. Analisando a referida blaaflmia cinematográfica A luz daa noções maia elementares da Fé católica, vê-e&e que ela conatitui um abismo &em precedentes e &e in&ere numa onda

!~c:!t~~~ :1;:d~::~~u~ama~~ :i:~~:áºgi~. S:~: i!:~~~ ~j!r!ü::~ 1};~,,ª~~~i~'::·/oº}i~~:n:!!;u~l~11/':::ªe:

sendo apresentada em $Ao Paulo. "Je oous ialue, Marie" é o mai, recente episódio da avalanche blaefematória que te abateu 1obre o mundo em nOll!J(ll dias. Levantar-ae-A na França uma barreira de in· dignação proporcionada A infámia do filme? Ou tudo cairá no amol~mento geral que caracteriza o Ocidente hoje? O que se deseja _não aAo, obviamente, indignações efer· vescentes e panage1raa. Ainda menos e.toa de violência ma· teria\, que freqllentemente não servem senão para empanar a import.i!.ncia de se levantar uma barreira moral. inq~ei~:~r:!Aª~:·:,n:-Jºu:te~':i~~~ r:n~~~d'is~r~i~~:: ção dramática em que ee encontra o Ocidente cristão, devastado por uma operação de guerra psicológica, insÍ· dioaaeapoca\lptica.

~

re,~

senta tal pellc:u a, a qual, lamentavelmente, em b~ve paderá

Nltareetreandoem noasoa cinemas. "Catoliciamo"julgouseudever apreeentardeiulejAaseUB leitores, para prevel\t.loa, uma viaAo de conjunto do que a

~ poaalvelqueaaeriedade deetasconaideraçõesprovoque oaorrisocéticodo1 et1plriio. auperficiaia. Eateseráopri· meirofavorquenoeprestam:afastardaqueleaqueverdadei· ramente querem reaiiir, vigiar e orar, a falacioea colabo, ração deeaplrii.c.irremediavelmente frlvolos,queosci.lam entre 11.1 petul!nciaa da irreflex!o e aa defecçõea íreqllentes damoleu. Atravée da torpeza deaae filme, o leitor poderá aquilatar o grau imen.so a que chegou a decadência e o pecado do homem contempor!neo.

CATOLICISMO -

Maio de 1985


fr1 An&ffic:o 1Jk. XY). Mulof<I de Cartomi. - O filme de Godwd pro,wrou ainspu,c,r o sublime MIRSoo d1 EnClfll1çkl do Veibo, ~pi1f!ltl'lle reprl!Sf!nlldo por 1ftlSt1S de todos os lempos. como pode-se obserY11 nem ~bre puuura de fr.1 Al\il~

A Aounci~ -

"Je vous salue, Marie"

Escândalo na França: filme blasfemo elogiado até pelos que o deveriam impugnar UEM SE BASEASSE apenas na ficha técnica.publicada pelo boletim semanAno do Oífice Catho-

Q

toe •uficientee para uma avaliação pre, liminar: um ventre nu de mulher, em di~r:a~º qual ae estende uma mão mas•

obancfona Josi e Maria. O tio Gabriel tambim se voi, e Maria se prepara po ra levar uma vida de mu.lher". Apwar do 11eu proaailmo brutal, a dea.criçãofica bem aquém da realidade que repreeenta esae filme intencional mente blufemo de Jean-Luc Godard, cujo lançamento te deu na França no dia 23 de janeiro (IJtimo.

m011QuPi~e do aemanArio ..Familie Chrétienne": "Da Virgem - o próprio sfmboú, da pureza - ele fez uma espécie de exibi· cioni11ta, que se apresenta completa· mente nua em diuersaJJ cena,, e deixa a cdmara percorrer Wngamente seu corpo em cloee-up. Pior ainda, ela incita aeu filho a obaerva, aeu. corpo nu., o qu.e ta· candaliza o próprio Joaé e o leva a in tervir''. Todoa OI penonagent te exprimem numa linguagem V11igar, freqUentemen·

= r;i~~:ii:Ê1{!:.'á2~1~c::~r:

filme }!ci,,:eu:~iJ~:~::,,.r:,r;,JJ~~i:,:

:i~r:~~~aªq~a~=~~:

?:8~:~~s~j;:l,:::lZ!C,!%'e1iu:~ Como Eva, por e.rempÚJ, u.ma jovem qu.e, na vila Paraíso, se entrega a um tchtt0, q= ~ dá um curao aobre o uni·

nu algumllB ooincid~nciu de nomes e

alusões um tanto malicioea.a em rela·

ção a pe?'8onagen11 da Sagrada Escri· tura. Ei,Ja: "Maria, filha de um proprietário de poato de gasolina, go1ta de basket· ball. Joeé, chofer de ta.ti, ama Maria. Elff 14o n.oiuos e velo 1e casar ÚJgo. Um

i::,a,,,;~~1~/d:v~~a ~ e:; apro.r1mam de Mana, e Gabriel IM anuncia que eUJ terá uma criança. Ma· ria ae espanta. Mai, tarde um mMico e<m{ir'!la que Maria e1,tá grávida. Jos~, com ciúmes e persu.adufo de que Maria havia cformido com algum ou.tro, está profu.ndamente magoado. Ainda mai&

!~nf:.br}Í;;

CATOLICISMO -

Maio de 1985

d,r:it=:obcr:~:i:;

Imagens obscenas, lin guagem vulgar e suja

E;E.~~~:i~~:1:fi~t;

pro~acg~1:ÍaPJ~v=t~~~::;:re~::.

:ã_:;:~:eJ:t~1:'.nJ:,!~

exemplo, nos termoe mllÍll crua, aoa 6r·

r:;:;~~


lia, onde a Virgem Santlaflima é repreaentada p0r uma mulher de tal ma· neiramareadap,!lap,ecadooriginalque, a todo instante, proferepala vruderevolta eobllcenidadee, além deagircon· caçõee. Ela o trata de "frouxo", de "vampiro", e ainda exprea1õea maia baixu. Ao longo dene contexto repugnante, váriu frases do Evangelho aão pronun· ciadu textualmente, como no momento da ,audação do "anjo Gabriel" a "Ma· ria":"Jeooua,alue, Marie",àqualeeta

:Sr.:i"::1a·:r:r.~v~: ::Z':a':::::;

~a!'~!lfe:~i/ti;im'~~-:~otlv, as pala·

Uma blasfêmia explicita contra a Santíssima Virgem Um iconocluta furioso que deeb"ul.ll· se um quadro da Anunciação, e lançu· 1e <>li fragmento. em um mar de lama, : : = :ã~~o · ~! êt~J:::fório e~ filme. A intenção de atingir 01 dogmu da

~r:l~d:e:i:~~:~r:s::e~!:r:!::

vi.eta ao "Nouvel Obeervateur": "Sempre que ,e trato de hi,t6ria, th meninas ou moça,, t talvez normal que acertaaltura,edigo: 'tnecendriofa· lar da doruela da, dcin.ielaa', o que •is· nifica ir até Maria ..... lr portantodp ri· meira!"

tinrn1:~~da~C:ºe1~~r:~eea~~:r: nidade divina, quando termina o filme comuteguintel!palavru,proferidaa p0r "Maria" a re&p,!ito de seu filho:

"NfIE{a,'~::'to?:~e

:r::/=~~,: :ir::

::8mU:uti~i;.8E!ra~.:.~~e:Tr~.Ji preender, de uma campanha de dessa· cralizaçãototal,minuciosaeconfe,u,a· da, au1tentada p0r adepto, daa piores heruiM.

Freudismo e dou1rina cósmica A inepiTação freudiana , declarada.

;~É~~~:~;~;:~::t ,e. Uma du.8 fontes de 1n11pm1ç4o de Godard foi o liuro de Françoise Dolto L'Evangile au riaque de la P11ychana· lyae. E a filme estd ,emeado de sim· boli,nw, que o Dr. Freud teria faci/,. mente reconhecida como 1eia. Desde a lua clássicaquenoscecomregularidade, até ao nascimento figurado por um

gramada",comosefoaaeporumcom·

:~~°:' pore~: i~~~~~~~1f/?.:1: :: longe, J:'!spaço: todos somo, extra· terrestre,".

Orquestração publicitári a

drê Roger comenta: "Mai, ainda, Godard parece entender a geraçdo diuina

De.de o lançamento, oe comentArioe 10bre a filme, compactamente laudafh. rio,, têm ocupado pãirinu e pãginu dosjomaie. Atelevi,ãotemprojetado

m::i1l~1 l~~~~~t~ia/J;:E:

~ºuS~Ei;f;~~r:.s:. tanto, através dos meios decomunica-

limK'tidft~aiJ~~cliS:~t;t~~!~:

rada". Eaeain11piraçãofreudiana,easll0cia no filme atodaunadoutrinaCÕllmica,

::18~r1:~u!~i~ei:a1t~~~~ tudante, " Eva", que mora na vila "Parot,o" e recebe aulat de um profeBSOr tcheco. Segundo e,te a vida foi "pro--

::!~rt;~Fs?iii

~:n~ t~:n°tofi~~~ai~nfa~:~:à:: aedizerque,nomomentoemqueofilme havia 111do villto apenu por algun,

1 dJenlameada ~ilho,!t !í:&:~"!: ~!!e;~~~ pelo eacl.n~afo promovido

pela orquestração pubhcitãna. E a imprensa mundial, ,empre Avida de matéria para e11cl.ndalo1, imediata· mente fez ecoaoecomentãrioe daim preneafrancesa. Atê me.ama 011 órgãos da imprensa católica, dosquai.esedeveriamesperar palavra& deesclarecimento,alertaerepulaa contra o filme, dedi~aram·se a l.'D· groeaar a onda laudatóna. A titulo de exemplo, citaremO!I algum8ll de1118ll pu-

anteriormente denominada "La Vie ca'. tholique". Como exemplo ainda do teor dos elogioe ao filme, limitamo-nos a mencionar alguns dOB tltuloa de matêria.s pU· blicadat em "La Croix" noa dias 24 e

31+85: "Godard tocado pelo mistéri-0 de Ma· rio"; "Filme criattWou religioso?", "A infância da arte, a infr1ncia de 0óespo11S(J,od1Virtem Sln1iilur.1-Delllheda 1trtKadeGiotto[sk.IIY),

Capel1 Ate111. PM!ui. Ewf1mos.ip.nturare~ete blm1elençiodeesp i"M e1~rmilibid1deNou• Senhor1 eSioJ~é.eu1 .s ti1ur11ofilmeblutemo tentoum.c.il1r

~ua"·

"O.filme maia puro d-O mundci".

Autoridades eclesiásticas em apoio a um film e blasfemo Vozea episcopais ae fizeram ouvfra propóaitodofilme.Bemaooontráriodo queije deveria esperar, até o momento em que nOII chegaram aa fontes de re-

CATOLIC IS MO -

Maio de 1985


ferênciaparaapreparaçãodeateacomentArioa não havia sido divulgada uma dnica palavra de condenação categórica e absoluta. Pelo contrário, muitaaeramaapalavraadecomplacênciae de convite A tolerllncia.

~t~~cr~~~rvé~~!~d~

con~~~ Jeudi" noa aeguinteti tennoa: - "Suponlu., que o Sr. ndo tenha afo da uiato o filme 'Je ooua ,alue, Marie', de Jean-Luc Godard? - "N4o, mas tenlw de1ejo de ui-lo! -"Aceruiuraincide,obret111efilm# porque n~le se apre1enta a Virgem nua. A interd1ç4o IM parece /egftima? - "Eu tenlw pouco dtlltJO de que ele seja interditada. Dada a qualidade do cinema de Godard, parece-me interes11ante que ele tente exprimir o 'MistérW' na ,ua arte. Eu ndo ui o filme, mas a

ie~~~J!~e~O$q~·:e 1J:é,:~euf::!S:,.;~:: ria e1candaloll1I em torno dele". O semanário "VSD" (31-1 a 6-2-85) tranacreve o pronunciamento do Pe. Boul\et, que é ali apreae_nt.ado como "o porta-voz _da Conferlnc1a Episcopal, a voz do, b,spos france1e1": "tnecessáario ndocorrerori1code abafaracriaçdo,sobpenade,ecairna int-Olerdncia artística. A herança reli gio.a n4o I apanágio IUJI cri1ldo1. De--

::,::,s;:~Ji':te:aC!:1º!;~,agem bíblioo em /ilm#I como ·L'Amour ã mort', de Resnaia, ou 'A la poursuite del'étoiled'Olmi'.Certamente1ecorreo ri,co de ser clu:,cad-0. Mas ndo 1e pode exigir que os criadores sejam cem por cento {ilis ao d-Ogma. A maior imora !idadel,1obretud-O,fazerumfi/meestúpido, que estupidifica o e1plrito em lugar de conduzir a pessoa o levantar qunt{k,. "Porlantn, ne1te contexto, a campa nha de,encadeada [contra o filme de Godard] ndo nos pQreceu uma boa cam panha. Parece mesmo inoportuna, por· que no dia em que for necessário in tervir sobre algum fato profundamente repreen,lveloscristdollndomaisterào credibilidade".

e peremptóriodequemfalarealmente emterm011deexcomunhAo:

..Por q11e aviltar as coisa, da religi4o em um filrM baru/~ento e escan dalo,o que explora o nud11mo e" , exua

~:.:tt.1ttr\~ ~:er~:~ri:~ ::ir:: coMcitncia dos crente,? .... A menos que eu ,eja o~rigado e forçado, nunca ire, veressef1lme". Recebemos também as declarações d011 BiBJ)Ol:I de Nancy, Nanl.e6, Dijon,

::J~:e ~~~t-~ti~~~. ~!!!l:S ~'li:

prias a deixar os fiéis na maior perplexidade. Comefeito,aarestriçõelquetaisBiapoa fizeram pareeem buear-aeapenaa ~:e~=i~Mld'!~·ddif:'.inf!!.Q~t:i::~r~ riscamumacensuraaofilme,fazem-na fi~J~:ºcg~~:~-~e:u~ b~~i:~l~~lrgd~: hipótHH, '"ficamos choca.doa". O prin-

seja, 67% da população trance.a) não aceitam o filme. E a revúita comenta:

;·~~~~~~ii;;~·~:L~r;!8}:~l:

ja se,. Todas as outrall proibiç&I fOrQm varrida, peÚJ grande vento de 68. .... Resta apenlll! um verd~eiro pecado: to-

f!:a;~:;t/!,~-!' t~.··;;,~ ;:g:~/::tt::/!! deve tocar na Virgem Maria". Na realidade, o filme de Godard se insere numa verdadeira eecalada de obr11.11 do meemo gl'nero, deetinada, 11em dúvida,aerradicarareligiAo,"o último verdadeiro tabu doa france,e, ". Nela ae incluem oa aeguintes filmee: "Concilio de Amor" - Apresenta 8JI trhpenoas da Santt&simaTrindade, a V1rgemMaria,odiaboeoPapa unidOllparacastigaroVatieano,queee acha mergulhado na orgia. "Ave Maria" - Lançado em outubro de 1984. Representava um Padre e

:~ºt!~~-~~e:J::~:1~~~~r:e~~ ~ri:: sarnento OJ)Ol:ltas, dentro de uma sociedade pluraliata: que cada corrente se abetenhadeofenderaoutraoudeach~

,u.

Mona. Bernard, presidente da ~~ min_Ao Episcopal de Opinião Púbhca,

:!~1~~t},:8!~/~~ei~:~.·-fJ::n::r::::; a que cada categoria de cidaddos - os cristdoll e os outros - •eia respeitada naq11ÍÚJ que é muiro importante para as 111asconscitncias "("LaCroix", 9-3-85).

A escalada da blasfêmia, um processo dosado O M1nistr0d1Cultun,J1ckL1nE,TlvG1eceu11present1C)Od0tilm e nafanç, e ~resumi-;eln,entecontederl ,trba p,ar1 out11pelicul 1 bl11lem1: "Aútt1m,ttn· t1ç)Od1Cnsto··

CATOLICISMO -

Maio de 1985

div~1~:d:~,:i::m~~li~i~,es&~?~dica que 849b dos católicoa francesee (ou

~gi=td/;:p~~:~: : presentava uma mulher nua aobre um crucifixo. Os proteat-0$ levaram a jus· tiça a condenar o cartaz., obrigando a sua retirada. "9 Diabo na P/a de Água.benta"

~ ::!~::ª;:r~e!:N!f~ den:Js:.cr::!n~ "ver1ao cômica da vid'1 de Cri,to". Um abaixo-S111inado com 30 mil S111inaturu, aeguido de 40 mil cartaa de protetlto, obrigou o adiamento da projeção. '·A Ú ltima Tentação de Cri ato" ~~:id:i;;bf:dearNik!~·~a"::~~°.ki~S~ realização e6tã dependendo apenas de

~t:t:1:

d!r

:;e:~!~~ J:!k t';;;'.ro ao-


A

TRAPA: REINO DE SILÊNCIO E

ORAÇÃO À FORÇA de 11e verem as múlhplu devastações causadas pelo progressismo nos meios católicos, poder-se-ia toldar de algum modo, no esplrito dos fiéis, a lembrança dos eiiplendores com que No.11110 Senhor Jesus Cristo quis adornar a Santa Igreja. "Catolicismo", tendo em vista rememorar alguns desees aspectos, convida seus leitores, por meio deste artigo, a uma visita a uma abadia trapista, ou Cisterciense da Estrita Observância. Isolados do mundo e vivendo silenciosos, só para a

contemplação, a oração e a penitência em sullS abadias, os trapistas constituíram ao longo dos tempos um "santo escândalo".

Monee,ssacerdotescelebum

A

ABADIA trapista assemelha-se a uma minúscula cidade cujo centro é a igreja e o mosteiro propriamente dito. Nas proximidades erguemse edificações, destinadas aos afazeres dos monges, e os campos para o cultivo, constituindotudoistoumpequenomundo. Nas horrui de trabalho manual, 06 reli~osos dedicam-fie A9 ocupações mais vanadas, que garantem sua subsistência e - por expreeaa determinação da Regra - pem11tem seu isolamento em relação ao mundo. O silêncio é outra caracterbtica da Ordem. Excetuadas poucas ocasiões, 06 trapistas invariavelmente guardam si~~~d:1~~;ij~raanote ;~~;:ª!eJh·o~~

condições de recolhimento, para a meditação e oração. Nunca falar ... que fonte de renúncias, que ocasiões de penitência! Entntanto, 011ilêncioé algodepositivo: neleo trapista emudeceemrelação às criaturas para melhor poder ouvir o Criador. Oisolamento,osilêncio,a vida de oração e o trabalho manual são pres que é

~â~t!C~a ~:e_~e São Bento, Vida de oração

il

miss1

:~:~ d?i:1~_i::~:ug;::a~e~ro:e: ~;bram a Missa, e há um tempo dedicado às orações individuais. Segue-se nova hora de Oficio (a Prima), a leitura de um capitulo da Regra e leituras individuais. A Missa t10lene e o canto da hora Se:d.a do Oficio encerram o perlodo de orações matutinas. Depois da refeição matinal, os mon-

'1âo ~~ir: i~:, io1[:;r~~it~!id!1; da horta e dos animais. Há monges ferreiros, alfaiates, marceneiros etc.

~!:1::i:3:~ab1:1~~

ta/aº~~~:/s: rez.am o Oficio ou o Rosário.

e

b!~s

r~~ªu~~~~~f;~::

CATOLICISMO -

:e~:~

Maio de 1985


:S:~i:°3/~1l!:e1:;

ca:!e:Coen:,~n~~ di1põe apenas de uma pequena cela de 1,5 m por 2 m de área, onde, a1'im da

::::i!~~:·

~~asS:h:'a~fixoe Prórimos ao prédio principal,eapar· .a1decáedeacolA,eatàooaloeailde trabalho. Nele1, por exemplo, um reli· rioso encaderna livroada grande biblio-

=~=-001::i~

~{:i:a?;º:/i:::!~~tetec::f:Om°o"n~

~~=:r::ci~

:,=~~=

d'!,nât:.' ~~~~i:~ oondu~ ao claustro, o Abade, pai doe monge8, abençoa'<II um a um.

A abadia tr apista, seus usos e costumes Façamoaumavisitaé.adiveraaepartesdaabadiatrapiataeobservemoade

Na horta, várioe tmpisl.all tratam do 3ue serâ depoisoalimentodaabadiae

º1Mai:~raa~doa~~~ !e :Sm~":~

::!R :;:~a~~C:!~xi!e!:. nado ao gado etc. Noa referidoa lugares oa mongea trabalham com afinco, silenciosoa, a mente e o coraçãopostoans contemplação de Deua.

:edt:1~1!lt~Fi:ª:o~~~

:it~=~ claustro, ondeestranhoa IIÓ podem pene• trarcom licença do Abade. Psra o claustro está voltada a tala do Capitulo, aaeim chamada porque ne· la,diariamente,élidoumtreehoouca· pltuloda Resra. Serve também para o "capltulodeculpas":diantedetodosoa

Ab,:~o~:1eJf!:O: q~Z1!i~:~::i ~f

guma infração contra a Reirra pro11ter· nam·ee. Chama.doe um a um, acu&am-i,e

·osoa panam .abre o pro.ternado sem o tocar, e e.te só.-e \evan~ depois que todoe já entraram. SIio usua11 as pe, ni~ncias de tomar a refeição de j,oelhoa ou mendigaraoomida,apreaentandoo pratoacadaumdoaoutroamongee,que depositam nele alsodeaua pr ópria co. mids. No amplo refeit.6rio o Abade preside orepsato,eaeulugarnuncaéocupadoi,e ele eatá trneente. Durante u refeições um monge lê em tom aolene a Sagrada ~':~l::\ê~º~:t!~~i~~=~'éioEi:rC:Í:

~~~R~~

~o,:~ u:re ~~e~~r:e~ári~

AhallO,, vinde piosl!m1çk,dc monte n1ivei11bicial

Voltemoeaomo.teiroepercorramoe oe judins. Sob o arvoredo não 6 raro ver um monse rezar, caminhando recolhi-

do,E~ 1:nn:u:.~~~:O.~ata!1!n!~f::

de está voltada para eue jardim.

A1ra1ivos do silêncio

CATOLICISMO -

Maio de 1985


Origem e bis!ória da Trapa

Duran_te a guerra civil de 1936na Es· panha, vinte e um trapieta, do mostei· rodeViacelieãofuziladoaejogadosao marpeloecomunistas. Na lugoe.!Avia e na China oa verme-lhoe fecham, saq~eiam ou incendeiam rnoateiro11;0&trapistaeaãopre-o~ex· pul-. Neete último pala maia de tnnta dele1 Ião rnartirizadoe.

chama com que pregou a Segunda Cru· zada, São Bernardo eapalha mosteiroa cillterciellSe!l por toda a Europa. A sua mortejAeiiatiam360abadia.dessaobHn'incia. Séeuloa depoia, a decadência gen,.l

Omon1einclina-sep1ri rectbe< a tinçiodoAba· de.1n!t$des.erecolhef• lUICell pa,1 óonrm

Aobserv!nciadeumarigol"Olla_regra religioea,o amoraDeuaeàlgreJa,le-varam eases religiosoa contemplativos

:ê~~!e~; ~~~ de i~~~~~rtrii:°oi aerv!nciada regradeCi.llterconatituiu

~:!1r.!r r:!&::e~A~ &!f!a1o~"':::. rio.

Lúcio Mendes


Terrorismo e guerrilha: fonte única

T

ERRORISMO e guerrilha. Du· rtmte algum tempo amba, a, mo-

dalidades estiveram na ordem do dia no Brasil, e a poaeibilidadedeque voltem de nenhum modo pode eer colai·

dera.da afastada. Cesearam, como por efeito de uma va rinh a mágica. A mesma que as poderá reativar. Ma1 conti· nuamaatormentaralgunadenonosvitinhoa, como o Peru e a Colômbia. E intermitentemente, de todaa as partes do mundo,noavêmnoliciaedeguerri\hase terrorismo urbano ora em andamento, oraemret.roceuo

noavãoá

frica, tupamarosuruguaioa

~LPma~~a~º~:~~~!~% ~~~:~:!! Israel etc_. "Kada/1 e:i~araja abertamen· 8

teonwv1mentopac,/,staalutaroonlra ainstalaçdodemlsseisamericonas na Eurapa "(p .81).

Quandodain:,,asãoisraelengenosul do Ubano, em Junho de 1982, contra campos terroristas ali inst.aladoa, "os documentos apreendidos _nas JX!Slo1 de comando e Junto aos prisioneiro, Iro· zem o .prova do, ligações estreita, n· tobelec1dos pelos palestmo11 com 3~ Or·

em su 1 obrt. Slbhet 1pr11ent1 o dit1dor líbio K1d1~ comoummecen,sdoterro,"mo

c!aues' revela as1im e1te paradoxo: os /Ilho• de (om!l,os abastados oto~am, com o~ encorwamenfos do comun111nw f1!Und1ol, os forças do ordem democrd·

~;ªr1ih~;'f'íf/h:,º :/:i: :/a':ie~c;:;;;//j,~e dora,. Eito anomalia uai ae manifestar 1

inicialmente na Amlrica Latina·· (p.23). O livro se estende .abre a ação

FnJ~~hs1:IÍr~~k' !d~ i:eti~·A: continentefoitomadocomolaboratório (p.125). Contingentes de alemães orientais

A internacional do terrorismo Só em 1981, 91 palMt foram atingi· doa por ações terrori,ta,: "cada w.i,

em cada paf/1, o pOJi!!ia obre um inqrd·

"repret1tnW.ram um papel essencial pa·

::u':!f.°i:ª:,: .½!:;:&J ..d~_~:~~'fa::

rito. A pi11to do, crimimMOI condu: o lf~p_eitor de terroristtu de e19~rdo, de direita, de separati11tos, de u1ngodore1, de prooocodore,, de iluminodo11. Cada caso. forade1eucontex10,n4ochegoo nada. E no maior porte do, wze, o pro· ceuoéorqJJiuodo". Na verdade, a finalidade de cada atentado é "criar um clima revoludo· ndrio e ~ mcç~r a const ruçllo do apare·

!~i;:=~;:cg:i~~a;~:~i~::e~FJ. tais presentes no Afegani1tão. t a.inda

Isto tudo é conheddo, diz Sablier.

romente dominado pelos judeua"(p.162). Parece, assim, que tais movimentos nAo passam de um dostentiiculosterroria-

!1~ ':Fl1~:~':!d 1Y:í,i:r:ç~~~-2(;~ ta).ct: seja, da revolução comunista. "Hoje, porim, um elemento nolH? 1urfiiu.

'f'!'I'odos_osterrorismos[eele1nclu1a

guemlha] conco rrem para um me1mo

objetiuo: derrubar a 11ociedade liberal e os regime11 que uiwm em torno dela·· (p.14). T-cata·se, poi1, de uma grand~ montagem para desestabilizar o ÜCI· dente. Foi na Confe~ncia de Havana, em 1966,queaintemacionaldoterrorismo na!ICeu: 513 delegadoa de 88 paltH. A ~i~2.tiÂll!n~ r:c~:~ata:~·e1:g~~-~ chilena. VArioa campos de treinamento forampreparadoaapartirdeentAo:em Cuba, no Oriente Médio, na Coréia do Norte.Muoaperfeiçoamentofinaldos "melhorell"elemento1deveriaserfeito

CATOLICISMO -

Maio de 1985

"atrás do porauentotk tropD,11 cubanas"

que a Rússia se infiltra na África. Ll.1tadosàaçãoterroristaencontram• se também movimentos neo·nazistas. Paradoxalmente é o regime de Berlim oriental (com unista) queprotegeosmovimentos neo-nazistaa no Ocidente. Um neo-naziata alemão, Roeder, afinna: "E,. "1.m?B prontos o col0;b<Jrar co~ o Uni ao So111ético contra o swnismo mternociO· na/ e o poder dos Estados Unidos. intei·

~:,,d~~~v;;=~~~a~'.11da lol{~B.ma· Muitos OC1dentais, por ingenuidade una, por cumplicidade outro1, conti· nuam atomarcadaaçãoterroristacomo um fatoi5?l_ado: "Anteo1go/pe11q~

atingem m- 111zm hos, cada um procuro· ráconuencer·udeq~nd_ocorreri1co".

Ora, "os atos de terro r11mo ndo Ido

mai1 crime, iso/odos, mos o desen11ofoj. mentode uma guerra 1ubuersiua". Aaçãoterroristaencontraseuamili· tantesprincipalmcntenacla11J1tburgue-1a, enquantoooperariadoeoscampone11tamostram·se conservadore9earredio& ao comunismo. "A novo 'luta de

de experiência. Entretanto o grosso da ação terrorista - na cidade como no campo - fl'acall80U por falta de apoio popular. A obra de Sablier narra a more.e de Che Guevara, a prisào de Re

~=uttªf ~g~ ~i~~rii~\!~

~er!: cassodoatupa~arot.Oautorreasalta como nota bá,1ca do terrori&mo e da guerrilha o controle não tanto do ter-ritório_como do1 e~plritos. Dal o papel easencial da publicidade, como fa~r detenninante na tentativa de iníllllr sobre a& almas. "Le Fil Rouge" di!ICorre ainda longamente 11obre a atuação terrorista no Oriente, Médio, em especial no Ubano. O• ncntórioa de representação_ da O_LP,

S:1~u~ih~~ ~:&ib,ri~:me~~!~~~:~

f:~ªe d~~!:~=â~Y!;,!º;j~b~~s/:~r~ dee1tudoaparaosterroristae,afimde introduzi·los e fixá·los no, palsea onde deverão atuar. A obra insinua certa complacência de a!g?n• govem08 oci· dentai• com o terronsmo provindo da OLP (pp. 53 e 54). "08 grupo, procedente• do ter~ri11

mo internacional raramente dir1gem

,eu1 golpe, contra os regime• moi,

ror;,:J;::~i~ro-~;tá6t!.~~u;~:a~~~:~ ~• que8ededicaramoo terrori11nw recebem do URSS e de outro, E111odos comuni1to1 o ormomento, o treinamen 10 e a, indicof()t1 ,em o, quai• oçdo º(;.ifff.tude que adqJJi.

~!º~i":,:;.

,ua

Jackson Santo.J


Serviço de Imprensa da TFP põe condições

Controvérsia: só com objetividade, elevação e densidade doutrinária NÃO TENDO a "Folha de. S. Paulo" anufd.o *!m publicar a e ru ente m1sswa na 'A Palavra do Lei-

tec7,4o

tor ', olegand-0 a desproporC4o entre a extens4o dela e a da carta do tr. Orlc.nd-0 Fedeli divulgada 1UI mesma sec--

;J:· rFJeí~~a1"P~bt;;:=

em1ecaolivre:

Direito, ação que o acusado hcitamente praticou. Neste cuoaacusaçãov~rsasobre matéria doutrinaria.. Obviamente tem o acusa-

dor a pouibilidade de ftuer simultaneamente acusações defatoededireito. Tudoiatoémuitofácilde compl't!t'nder. E geralmente conhecido. A defesa do acus ado é 1 0 :ia, ~ deve defender no campo ou n03campoa - onde este

don:~~::lo~~ &:

São Paulo, 7demaio de198ô Senhor Redator

:11;1:1:~ ;~:!i!11

Monta-ae uma acusação

1

inj~~t~~i~i~fo_fh;m, acào que não fez. Dita acu&acão venaentàoeobremalériade fato; 2. ApreaentandodemOO.o deevirtuado - pelo men011

::idti~ Ta!~q:~ :::

portodoe. Para,ua.sinve11tidll8contra a TFP. descabelada11 e tran,bordanteedeódio,o,r. Orlando Fedeli: 1. compõe (digamos astim) algun, fatoe. E desfigurou uni tantos outros;

aui:ati;:;!~~c~a~6; ~~ ca&odeaedefender: l. namatériadefato,con testando ou retificando no que cabia, sua.a narrações ofegantes; 2.namatffiadoutrinâria, desfazendo, por meio de argumentoe concludentes e com ap,oioemteólogo, emoraliatascélebres,auasdesacertadas argumenta~. Vendo-1eu11mdeaarmado, o ar. Orlando Fedeli queevitadetodososmodos a tréplica doutrinAria, na Qualparecesentir-Beexplicavelmentemalãvontade-se restringe ao campo doa fa.

1açãoverta1obrematériade

fato:

coJ~~~~~~~."CS"n:c;: de foto,. Porém os interpre-

::1,n~~~/d:SJt~f1~~08d~

~~:era~61fc!~~s~ficf:n?e~u~ malfeito11.

8. Qualifi_cai:ido infun~adamentede 11\Ctta, oude1le-

Prof.Phnio Corrfl de Oliver11

PCs lucram com a clandestinidade REPRODUZIMOS abaixo a Integra das declara çõet que o Prof. Plínio Coma de Oliveira concedeu à imprensa a propósito d!3 legalizaçãoda&dua11facções doa comunistas braaile1ro3; "Em principio sou contrãrio à legalização do PC e do PC do B. to que deduzo da Fé Católica que professo Se, porém, eu foase comunista, em tese sena favorável a tal lewal iz11çâo. Contudo, em concreto, seria muito contràrioaesta. No Braail, é preciso diatinguir entre o comunismo e oe doía partidos comunista,. Poi,, em noeso Pala, o comunismoconstitui~e11l perigoqueavançacamuflado naa fileiras d~ socialismo ~ do progreaaismo religioso. Este constitui um verd'.1de1ro poder. Os partidos comunistas, no entanto, são meros 1 0 ai~:~\\~:~:.

:rx:~: ~=~=i: 1~:ie::Oª~ri~ 0

t;::1~:; ª~~:~';,~~1;:A:!;

~~ªJl~:.S~~ªJ:i>1:c!!~b~ ~ : ~o"!reato,Ó~~m/;:e~~~nte. Assim, com a leg11.liz11

Entretantosentindo,pelo menosconfusamente,Queis tonãolhebastaparaalcançar ganho de causa junto ao público1 ele carregou amào emma1aoutrorecurao,tambémfâcil.Esdoto11,emsuas última, canas, linguagem particularmente grosseira· Quiçâ a impressão que a lógica não causaria, a causasse a grosseria. E é para um debate de TV nesten!velqueeleconvidou então ("desaliou'") o Prof. Plínio Coma de Oliveira! lnútil,sr. Fedeli. E1!8enão é.º nlve] em q11e _o.Prof Phnio Coma de Oliveira si-

$~.:

~:io1~::Uro.1t~1:Ílq~:i Que o preferiu pura si. Se QUiser,esgi-imanaaolidào.A TFP não o acompanhará )ll.aia nessa polêmica, a não serqueoer.aabordee_mtoda a dupla e natural dunenlão, i1toé, não16adoafatos como ainda ada doutrina.E aobacondiçãodequeofaça com acompoataaerenidade queoeapiritobrasileiro t"xi ge. Enquanto n~ o fizer, a TFP o deixará girar a sós, quanto queira, a manivela de seu monótono realejo. E ae se mantiver longe dessaa prâticas da boa controvêraia, eetará 'ipso facto' fugindo ao debate, em que pesem suas declamações em oontràrio.

d~~; ~iz:~:c:1r li, nada menot que U'M li-

IO

vros. Pois bem via que tais acusações dele iriam ser exploradas indefinidamente pela esquerda, eatólica" não católica, pelo Brasil afora. Aoquelhepareceupreferlvel dar paradeiro. a)A mat&ia de fato em

uma oomieaão desõciosd a entidade, ! 0 vol., pp.39a67; 97al54;231a389;"Servitudo ex caritate", por Atila 1 t~kÍ54G~i~~,JP~ 262 a 273; 291 a 298. b)A mat.ériadedoutrina, ela a refuta em todo orestante das referidaa obra11 e ainda no vol. II da "Refutação da TFP a uma investida fruttra". Eases livro., que perfazem-ditosejadepaHagem -omuitoconaiderAveltotal 2 ~:~~ vtn6fann8:"s!fe ':t'1aC:~: tidade ã Rua Dr. Martinico Prado 271, tel. 2:Z0.5900. O ;eitor da "Folha de S Pa11lo" que se contente com textoamaialeves(eemcon· seqüênciamenoecabais)en-

iss~

:~~r:~Ab~!fa~Z1:omt: vreneate6rgão,aob0i!rtl· tulDll: " A TFP afirma sua po, siçãodoutrinAria e interpela opositor" (17-8--34); "Voltando ,u costas a uma controvén1iarealejo" (28--8-84):"Sobranceira e serena, a TFP enfTentaoXlestrondopublícitflrio" (2G-3-85). Mas,dirAalgum leitor. é estademaisleilursparamatériaqueniiomeinteressaa

seomaterialquejãleuaa'. breoassuntonãolhedeuele-

i:~~1foi~~]~~il~:t:

oaprofundar,aaibaquefalar sobre o que não u conhecedevidamentenAooonstituiumdireito.Anteecons·

~e:~~ ~~u~i!d~~

r~

~~\~iç~:: que a moral católica chama emitir um julzo lêmerário. Saudaçõet, Pa11lo Corrfa de Brito Filho DiretordelmprensadaTFP

CATOLI CISMO -

Maio de 1985


Campanha da TFP pelas vítimas do t erremoto:

"Socorrer as vítimas é ajudar a Deus" SANTIAGO - A aprazlvel tardedominicalde3demarço filtimo, aõbita ei.neapera-

damente interrompida por

umterremotoquedeixoueegüelaadedeetruiçãoemorte,

permanecerá para

sempre

gravada na memória de incontáveis chilenos

Oambientededeeolaçlo, a.e-

o qual nào poupou nem

1sÓri;eji:smfolr°:md!e~!:,; te danificadaaoudeetru!daa -foiacreacidopor umruido

contlnuodeeireneedeambulAncias,carroadebombeiro11 e da policia, como também pelo manto de treva.li com queanoiteaeencarrego u de envolver a tragédia. Logoap66tomarronhecimento dOII primeiros infor-

5 ;~...e~ie~hi:a~io tante1:1zonasdeAtacamaeomodasauattaisilhasdeChi-

d~iªJí~

10<!.

Em comunicado de imprenll8 enviado a todos 011 meioe de comunicação so-

i1riod?.E1uM1,!t~~e~rã~ dio "Cooperativa", a TFP afirmava: "Chileno: nesta hora de prouaçao e catástrofe permi tida pela Providência, n(l.() endureça, teu coração. Recorda-te do irmão necessitado e ajuda-o. Auxilia-o primeiramente com orações, e depoil!I com o socorro materfol que te sl.'ja possíue/. A TFP pede t~a rolaboraçdo c:ristiJparaa1udarJlenerasa-

mente, ajudar rom fl, na certeza de que Dei/$ sa~rd recompensar teu awcllio ne1ta

e na outra uida". A campanha de coleta de

bens, que se eetendeu por quinudia11,decasaemcasa, nacapitalchilena,emtodoo bairro de Providência e parte de UUI Condee, não tardou emrecebergenerosareepoe-

Pelas ruas, o ambiente X!1~~r~d~~ZJ~:t~1: sa Santander, um fotógrafo da revi11ta "ffoy", enquanto fiu:ia funcionar sua máquina a toda velocidade, pôde comprover a rapidez com que 11e enchiam os furgões de re<» lhimento de donativ011. Um conhecido 1acerdot.e, profe111or univereitário e intelec-

~et:ÍO:~~:~fo:t~~A! mais variados gêner03 fo-

à~~=~:~tr~J~e:~FP

~~te na Calle Holanda, formando montanhas que cobriram seus extensos jardine. A daeeificaçAo e dietribuição dOII donativo• recolhido. roupu,comida,móveie,artí-

~rot

1 it1io°11m~~e!::s se efetuando 111multaneM1ente, para nAo atrasar a entga da necee1ária ajuda. Ali repercuaeõetl favorA-

~f:a :

::!p6:n~:~\i:r!: i~cl.!1~! desdobramentos ineeperadoe. Assim, por exemplo, um casal que se aproximou de noseasede com 11eus trfffilhoe, oferecendoopróprio\arpara

colaborar ne,ta campanha pela, ultimas". ""Já dei t/JOO."', OUVÍU·Se por um pórteito-eletrônico sem poesibilidadederéplica - a voz de uma 11enhora. "Ah, mtia sao de 'Fiducia'? Esperem um momento, na reat1dadt 1empre haverd alga ma~". acree«ntou ela, enviando em pouco tempo seusfilhoecarregadosdepaoot,a. NAofaltaram,éclaro,ee~~':t!ect~'.!;Ffe,iJ::;: ram-ee verbalm1mte oonu-a membroe da entidade, 11em

::~!::~: t~~::ir:: ~ml:~~::r~:: r::i:!::

S6c.ose coo~r1d011sd1TFP1nd1n11cumul111mnosj1rdm~d1 ~eda ent,dllle 111nde qu1nM1cit de donat,~os olerudos .os 1il~el1clos do terremoto

se necesl!Ario.O telefone da &ede não cee11ava de tocar, comofertwidedivenaaeep6cie11. Um conhecido juri1ta telefonoucedoparaaeede, deseueecritório: '"Hdmuito que ndo manttnhamos contato, ,e bem que 01 sigo de pertoemsuasatividades,com estima. Tomeiconhecimenlo desta iniciatiua e peco que passem por minha casa para retirar um enueloeecom minha colaboraç&l.1'

gua ideológica para ajudar

a, com o roeto avermelhado, um 11enhor com aspecto de pesl!Oa abastada. Porém, de outra 11acada ao lado, replicou com vivacidade uma senhora: "Que bom conhecer finalmente os vizinhos! Vou dar minha contribuíçdo

:ar::· c:.q:;;,:r,!o~:r che-

rec:Zbidt~::

cia, decidiram tomar uma drútieadecillã.o; convocar todosossócioaec:ooperadon.'Bdaentid11depararelP'easarem a Santiago e,e integrarem à campanha de ajuda As milhareede vitima,. ~~:=~;!d~;!n;:·~:~J: de, que neetn êpoc~ do ano tradicionalmente viajam até os eonfin11 do pala, começaCATOLICISMO -

cÍ~sifi~d~~:~ minhõee cedidos por orga· niamoe c:oordenadoree iam eaindo earregadoa da Sede da Calle Holanda. Seu dee 1inoerae11pecialmentEaacomunidadea de Pudahuel e Cerro Navia, como também escola.a e adminiatraçõea re, gionais utifüadaa oomo a1 bergue. Em cada um deesee locais, a entrega da ajuda fez-sejuntoaumaupreasiva imagem da Santlssima 1 ~r!dberoardose:!1~ por cooperadores da TFP.

l

~f~t;~~t

Jooemd1TFPch ltn1entrepdooauvos1um1stnhoudob11nocitf'ucl1huel

Maio de 1985

Cristóbal Varas -nosso correspondente


São Gregório VII INTRÉPIDO DEFENSOR DAS PRERROGATIVAS DA IGREJA

e fora

OMEMORA-SE a 25 deste mêtl o

nono eentenúio da morte de SI.o Grea{lrio VII. Em Salemo, onde ·

~

.....

SloGretõrioYII ($k.lQ,natatedr1I ck Salerno, alade ondo

liltetuo

untoponth:.,

noSalmo44:"Amo11ojUJJtiço,e tio11a iniq!Jidade; por iuo te ungiu Deiu, o teu Deua, com o óko da alegria" Seu último

t:::l:\~:=:::· ;:acom~:~1:; ;~;.11:aa~e;;e:::Ji:'!l:;:.d;:a ·3~ ªter~,tanto, ~~

que nee.ea terra freqOentemente o qui nhão do juato 6 a perseguição. E 6 na

a realidade nAo M! esgota nino. Slo Gregório VII foi de fato vencedor, ainda net1te mundo, podendo .er con1iderado um verdadeiro Carlos

:1~f~:l ~~ ~'::j!b!,~~~~id~º~~;::~n~

"reforma gregori a na", criou ralu• pro· funda.a, perpetuou-se e produziu aeue

~\f:o!~:t!~:;!i~~ci~·aE~~fa1StaJ

do Papa.

o, aenhoree temporai1 - imperadores,

:::·Jeriin~:tit:~-ae: ª:r~~~ ºC. f;;ja~~foee~ ~u:J~riau~~g:::p~, eofria ell8a influência. Ao lado diseo, a corrupção no clero generaliz.ava-se:compradecargotecle-

Awuerre e Verdun - publicaram man'. d1 mentoe anAlogoa aos decreto, doa Pa:rlamentoe citadoa. Bento XIII, por um Breve Ponti11.cio, anuJou 08 decretos doa Parlamento. franceses, e mediante um outro, oa mandamentos do1 Bi1p011 jan&eni1t.M. São Gregório VII obtinha

:1:c!: ::::

~!:J::t{~S:E~~;~;a::a~t;l: aiástiC011queviviamnãocomuniacon· cubina, maa diretamente com meretri· zea.Alémdieso,eracomumtacerdotea dedicarem·se a negócioa mundanoa, à caça, ao comércio, e havia meamo oa que traficavam mulheres para fina im· puro1.

ªv:~ra=~~ rª~~1f:

A refonna gregoriana No Meu.lo XI, e meemo ante,, havia· se e.tabelecido o abueo mediante o qual

12

T%~v:~ =~~n~: ~1ti\3a F~::i~:~~ lipe I, a quem chamou de "tirano que 1

manchou toda sua vida com pecadoa e crinua". lncrepou OII BiaJ)OII franceeea que, segundo suaa expreaaõea, "ae e•

condem no siUncio como cachorros que rnfo sabem ladrar". Sua luta foi incan· sAvel, encontrando o indómito Ponl1fice oposição em todaa aa parte.. Meemo em Roma teve op<>3itorea.

A luta das investiduras

radiaçãodeauaextraordinàriatantida· de incomodava a fundo a heresia da é7~: ~ªoJ:~:::x:~ oe deeatino1 pó•· conci .iarea não conseguiram deafigurar inteiramente a face da Igreja que emer· giu da reforma gregoriana do lléculo XI.

dignitàrioe eclesiàaticoa, 01 quaie pro

Ao celebrarem·ee 01 funeraia do Papa Ales.andre II, a multidão irrom·

~1:~;r:Éi:;1~1:~:l:~:

Compreendeu São Gregório VII que oaresultadoede11&ueaforço86eeriam eatàveisaeedirpaaaeofocofundamen· tal doa males que combatia: aainvestiduraedoedéngo1efetuadaapeloago, vemantee temporai,. Pois era noa maue prtncipee que 01 clérigoa devaHO!I en· contravam apoio. Para ieso reuniu um Concilio em 1075, Apó• ei:comungar diveraN PrelaCATOLICISMO -

Maio de 1985


Mães que trabalham voltam para o lar ção de guerra a todoa quantoa peni,-

tinem noa mencionadoe abu-. Para a luta que 1e avitinhava, São Gregório VII concentrou o poder ede1iistico em Roma e forta\eceu au.a ação no exterior, atrayja de leJ&doa. Era a Cúria Romana - inatit~ção hoje tAo combatida pelos pro~11ta1 - que ia assim sdquirindo aua fi1ionomia.

Henrique IV1 Imperador alemão libertino e ambicio.o, negou-N a aceitar

!lllpropof!W do Papa no&entidodeque

"01actrdócioeoimptriot1i11amemuni-

dade e cancórdia"1e nomeou grande nú~ero de novo1 B11po1 e Abade,, Reu-

Antigos ofícios revivem e encantam Carlos Albl-rto S. Corrêo - nosso correspondente de i:n1'~~~ife;!;;lª/~:~..r:!:::~t~!~~~:: ~~i!~:!:i2oci~ diveuidade de seu trabalho. No ROmer, centro histórico da cidade, cerca de trinta corporações instalaram 11eu11 "stands". Mostravam em detalhe 11eu11 produtos e, portanto, sua arte. De um total de 126 profissões arte1anaia do pala, aproximadamente 100 8110 exercidas em Frankfurt. Em aeia mil pequenas empreu.a, 54 mil artesãos exercemseusoflcios. A exposição era dem'?natrativa, 011 arteaê,011 trabalhaval!I ali meamo, como ae estivessem no retiro ailencio10 de auaa oficinu. Marcene1r011 e carpinteiros,

:~t~~:ni=~t:1~:~:

1

0

de:· ::!~to:e~r:;;;:!ª

d:::;;i~! etr:i~:t!t: Jimpadoreg de chaminés (imortalizad011 em tantos cont011 de fadll3) e cons-

:::;~es;fJ~;;:;;,.tt~:t:1;t~~~Ef:: ~l~rE:t;::eiE moaa.1

propoeiçõH con ecidaa como

aua criação,desdeaconcepção at6o arremate final. E neladell:avam tanto de seu espirjto! Tempos que não C:Onheceram a 1repidaçlo industrial, nem a

"Dieta.tua Popae", que explicitou e consolidou as prerrogal!.vaa do Sumo Pontificado.

co: ~: ~~~~~-~~I :e:x~ªS!ic:;:

fel.a Jeremias: "Ei, q~ Eu k con.1tituJ hoje sobre e ,obre <n reiMt, para arrancore, e deatrulrea,para arru.i-

a,~• ;fa~:«~=f!(.t.i:· iô{ª'º tdi/icare1 e CATOLICISMO -

Maio de 1985

chM, expunham bol011 e torta.a, confeite11.Bastanteapetitoa1111... euma on,iaevariada villita aos pitorescos oficios do passado, que ainda se impõem a noaos contempontneos e tanto encantam.

13


Fracassa manifestação de 1° de maio em São Paulo

E

STAVA MONTADO o Cffl6rio para umalfl'ande"feeta"napra• ça da Sê (centro da capital pau-

li1ta) maa 011 principlllll convidadoa OII

optrãriOfl -

nã.o compareceram. O

&~~~mL~!~·J.1":=~~N::i ra~c~::: nem Lu.la, nem ninguém, conaegue fa-

zer quo/.qiur coi.ar, por uma claa,e trabalhadora que n.SO ,e mo~"- Em meio ao p6blico, umafreiraextemavaauad• oepçAo em vilta do pequeno número doa

pueentel, lembrando que em 1980 oa 1indicali1tas e religio80II haviam conll'fl,lido reunir maie de 100 mil peeeou

par~tM ~~::::f~caddo~·-r::b~~~:

Luta pelo socialismo, por " uma sociedade sem patrões"

Mel,rnoec,mometr6i[lluito.numaalldedel2mtlh6esdth1b<Untes,1pe1113IOm•ptS1,011duir1mno(lil]• de 111110 i Praça d1 Si, o Qllf d e c ~ p,otund1mente os arpmndores d1 marultsl,çlo

"O dia J•, mo.U:, é romemorodo em todo o mundo como dia de unidade e de lu· ta do, trQbalhadorea contra o e:xp/,oro-

C4o capitali.ata. Noti paúel que fizeram orevoluç4t.11ocialUlto.[leia-eecomuni1tal é comemorado como data 1imbolo da r;itória do luta operária rumo à const rução da sociedade soclaliata mun dial". DeFJaa maneirao"PiquetAo" ~:n~~l~~~t/é~'~di.~tu?ro~~ comlcio) define o que entende por "dia do trabalhador". E o folheto traça aa metaa: "Nono caminho I o da luta e da ,midade de todo, o, trabalhadore, pela liberdade de organiza,;&, política e ,indic:al. .... Uma lu ta incan,Avel contra nona condi• ,;4o de explorado, e por uma ,ocieda·

i~~ffLft~~. i ;~i~!~~~~a~

iii~tt~~~~?§!?:~!!ti~!fi

O Cardeal ~rcebrspo de Skl Paulo <Kebe I caiu de stmço de um ener,1.ult. deOOSIUdl wn amtr,npnento sotw-eolltlr,dur1ntt1MIUleelet111d1nodi11".demm111utedrll

Missa para a circunstancia Antee do comlcio, O. Paulo Evaristo Arne, Cardeal Arcebispo de São Paulo, concelebrouMissanacatedralcomseus dei Bis pos·auxiliarea e D. Cláudio Hummea, Bispo de Santo André. ~ncon·

nova ,ocledade o nde não e:1Jsta a propriedade p_rivad a, onde a produ·

k°srÃO'ls'óf!1EDÃ'Y,'t°/õªs°cicÍÃiiS: MO" (tipoeemversaldoprópriofolheto, n~to n011110). Et.alveinaesperançadedivulgar es· te panfleto (que poderia ser uainado

~

:rm~h~t:~:~~h°:d:1!1:~ perava atrair ao comicio, a CUT escla· rececomoche,aràaociedadeaocialillta: "Ela aó aerd alcam;Gaa atrauú de uma ~!tªi::~1~:ror':~ }::e:=~::o~~~ derrubaram o siatema capi·

ÇÔf!I (aic)

taliatae conquiataram importantes ui•

°!~~hoq,~e o

!f~}'/:;/:d;,ª;":m ideal soEvidentemente, na concepção dos autores do panfleto, as greves e a~ta· ç6e& naa capitaill e interior do Pala já cont1tituem"alut.aeemtréguaa"rumoá para inllt.au:rar o "ideal ,o.

d!J~!:~º" 14

propriedade e s co-geatão IOcialist.a; "Conuocamo, toou a., no,sa., Comu,..· d ades, Wda.s a.s ,wua., organiza,;&,, Ur dns 011 no,sos grupol, para com o mitodo nda. violento levor para a frente o que nóssab<!mosqueserduma_uit6riacerta: a longo erazo, o c:o-propriedode e a oogestM ... ' O "método nã~violento" ~nunciado

receram ao ato litúrgico (membro, as

:~:o~~~;,t~r1Kri1iJ:

quantos ndo estO'l nem em aindícato, quan_tl>$ ndo r:ompare«m em no,1a.s reum~s [dllll CEBei O Cardeal de $Ao Paulo fe:r. de ,eu sermão uma pregação po\!tica, exter· nandoeuaeeperançanaeradahe,emonia aindical; "E se chegarmos a esu ponto, de todo mundo se intereBBar pelo sindicato, por M'8M organíza,;&s, por nonos f'"POf dt fdbrica, aí muda uma coisa importante no Br(l.tlil: oe pol/tic:o, ndo 1140 mai, •e •eruir do aindicaW, mo.1 011 sindicat011 u4o orientar a política". Paraopreladopaulopolit.anoameta du CEBa e sindicatoe deve eer a co-

18

rv~ui:ve~d~d: n~ro:-8~oan~udidos pelo Prelado, nenhuma c:rltica fei ele aos piquetes de metalúrgico. e ao seqllestro que etit.efl efetuaram naqueles dias sob a inapiração da CUT. No Ofertório da Mi&aa celebrada por S. Emcia. ocorreu algo de inusitado. Antesdeseremdeposit.adaasobreoal· tarasespéciesqueseriamconsagradas, foi organizada uma "procissão" forma· !;r!!1" aª~'ê~:d:~J!ris"::·p~uuÍoe~;~ "mstrumenl.oll de trabalho": o pedreiro, a colher-de-pedreiro: o metalúrgico, a chave-de-fenda; o a(ricultor, a enxada; o desempregado, a carteira de trabalho; um operàrio, eeu envelope de pagamen CATOLICISMO -

Maio de 1985


to; um "doente", a receita médica; a empregada dom&!ltica, o avental. D. Ama: recebia todu fftaa coi1u, er· guia.uparamoetrA•luaopõblicoedepoi1udepoeitiva110b~oaltar. Ao fim da Mi&ea, o Ca:rdeal de São Paulo convidou com empenho oe uai•

t~=~~J:eE~r:r:.:~~

Realmente, fermentar uma "muaa" reunida peJa CUT, CONCLAT, PT, PCB, PC do B, MR-8 e PDT, não , diftcil minão pa:ra aa:ente. paatorai.a e mem• bro. du CES., "engajadoe" no "proce1110 de libertaçlo" ...

No comício, desânimo e vivas a Marx e Lenine Por maia que agita11em auu bandei· ru os participantee e o~anizadorea do comlcio não coraeguiam etc0nder ,eu ded.nimo. Um dos locutorea chegou a anunciar

~i;.!~i! :t:~!;\~n~:v~~~de12 rava, em face do minguado põb\ico presente. Ao com!cio, na hora de maior afluência, compareceram somente 8 a 10 mil peasou. Note-aequeagrande São Paulo tem maia de 12 milhõee de

' piqueteee"millcia.smetalúrgicas",iniciouo :arÔ : : : :C:a=~~~~~:SO~~~:ià fn~; algllm eaquerdiat.a. Sese invade a terra, por que não a fAbrica? Por enquanto, 88 fàbricu eetão aendo invadidu com o objetivo de paralisar os trabalhoe. Quem iiarante que amanhii du niio o 1erão com dando-011 como heró1.1 internacionaia. Assim, ao comlcio faltou põblico, munãocoloraçé.oideológica. ..

Até quando resistirá o bom senso? Parece evidente que 0111indicato11 e partidoedeeequerdaqueriamqueama• nifeataçãode J• demaiofoseeumademonatração de força. E tal 031.entação não viaava um objetivo pacifico. Para comprovar aemelhante afi~a· ção, bR11ta lembrar que naqueles duu e11tavam em andamento u violenta.

fa~~ ~~~c~et~~6:ffe.~:· ;f:ç;~ ~

"millciasmetalõ~cae",havendoocor·

~~~~~co d~nt~~e're:\":~~:,e ~~ ~â~ Jo8é doa Campo&, efetuado por grevistu. O fracauo do comtcio põe ainda maiaemevidlnciaaartificialidadedas greves que vim proliferando no Pal1. E11tas d.o mantidll!I, em boa medida, fu!çf!~!:a~Aoo~~c!':rJ'~~1.; trabalhar. Felizmente, at6 o momento, amai~ ria doa operé.rloe mantffll·se à margem

~:'nJ:ºd:ei;,:. ~~ad~~b:.~~~:

~=

bem como das escu1as intençõel deaell3

~~~cl:.~u::a,Ari~~:

::::'°ee~ PalscoMerve eaprofundeettaaalut-ttt deeconfiança.

~:1:~~~ºn1i~EK~~d:.A!~~ ~~Jd~'!

:~::oTaAIRSo:::

aei?!'"J~: ~en§:Oj!:l1:' &~• ~ ~~::i ::/~~~~Arioe da

Numa ação caracterlltica de g\lerri~ urbana, liderff ,indicai.. impeli· ram iirevist.aa a aprisionarem, no, dias 25 a 27 de abril O.ltimo, 370 funci~ ntrios administratiYos que não estavam em greve, mantendo-011 em cAroere privado como re!ênE por maia de 50 hora1. 01 prilioneiroa do que ae poderia denominar "guerrilha metalúrgica" só foram po&tol em liberdade quando a Policia Milit-ttt - depoÍII de muita indecisão - ameatou invadir u inatalaçõeadaindlJ!ltria. Em documento entre&\le à imprenaa no dia 6 de maio, oe refên1 doe 1eqtle&· tradore11 metalúrgiCOII narrar~ oa mau1 tratos de que foram objeto: "lmpedidns de sair da fábn_ca, eS1es empregado• foram d~poi, arranca· dos, pela força, de stlU/ escritó~•os e obrigados a marchar debou:o de orde'!I e apupos, até o grame.do do pátlO, onde foram mantidos ao relento, sob e(e,t-Os da chul!a, do frio e do fomf!, E durante iadu a madrugada, acobertados pela escur1ddo, dezenas de utwistas sindicai,, upurentemente enlouquecidos, 1 ~:n~~~;i;.,m.t°:!: «Fth'~~':b~1;:nv:;~: :~~~t~~~i~!ntoedei~: zerem suas neceS11dades fzsioló1J1.cas no próprio loool. "O clima de terru continuou durante todo O dia 26, 1exta·feira, com o cár· cere muntido e u ol,rigaçdo do, reféns de participarem ,ob omeaca,, das 1 ~~~iôe~ ~~~ ~h::t:ie;:::-~:i'f::: suportáuel, com os ameaças®• otivitta, de fuzerem explodir u fábrica, e com ,3:s~a~"::tf~ºt:º';,e'f:,;t~:~,~ otivi8ta, indicavam ao, réfeM "A angúStia, a ltll.8do eo terror_86 itrminariom por valia dat 18 IIOras de 1ábaoo, quon<W 011 reféns farom l,bertado• 10b a garantia policial. "Humilhados, oftndioo1 e ainda troumati.:adot, 011 370 empregado• man· tidos em cárcere privado fa.zem hoje eito denúncia, com um único objetivo: o Ih alertar 11e1U1 companheiro, IIOrittas para o aç4o deue, otiv/8111# poltti.cot - e ndo sindicai, - qlU! nada tlm a ver com os /egftimo1 aMeiot do, trabalhadores e que, atravú Ih açôe8 crimino1as como e11a1, podem pór em ri,co sua vida, 1ua,egurança e o bem estar de 8ua8 familia," Se hoje Ofl lider~ sindicais ou11aram levar tão loniie sua tática de iiuer· ri lha urbana, como procederão quando peroeberem que o Poder P6blico, já tão d6bil e omill80 agora, não 011 reprimirá de nenhum modo?

~-~fre,::

d~e;i,t~~ira:

:"i:::,~:1!1Z,~~

~1:;, d6:Ji O:

Eduardo Queiro: da Gama CATOLICISMO -

Maio de 1985

IS


SUBVERSÃO EM MAUS VERSOS

D

PEDRO Casaldáliga, Bispo de São FélixdoAraguaia(MTI, e fezpublicarnaEspanha,seu paisdeorigem,umlivrodepoesiasintitulado "Fogo e Cinza ao Vento" ("Fuego y Ceniza al Viento", Editorial Sal Terrae, Santan der, 1984,95páginas).Quemaprecia boa literatura jamais deveria ler essa obra. É bastante enfadonha, quer como co nteúdo, quer como forma. Enfim, nin guém é obrigado a ser bom poeta. Mas todos deveriamtersuficientesensibilida de para poupar a alguns o tra balho de publicaresse generodeobraseaoutrosa decepcàodel~las. Napágina9,umafigura - parciaimen· tereproduzidanacapa - pareceservir<le

s\mboloaolivro.Dir-se-ia umfeiticeironegrocomamàoesquerdalevantada,magro,cabeloespetadopara trli.s, olharfixoe atormentado, lábiosgrossosesemiabertosnumrictusdeteJTOr,barbaralae espantada. A túnica cinza chega-lhe qua seaospésdescalços,bemseparadosumdo outro,epossuiumdecoteemformatrian gular,cujapontadesceatfJàcinwra Oestranhopcrsonagemtematrásdesi, naalturadaspernas.umachama negra, comoa indicarumprecitosaidodosinfern0/1.Napanesuperiordodesen hoaparece uma pomba branca Nàoobstanteessaestranhaconfigura çào,a legendaaolad o éumafrasedeNoasoSenhorno Evangelho. Napágin a67a mesma figura, semelh ante a um pajé negro, é apresentada. de modo inquestioná·

~~~~~~~,.°,: !'~h{a!e//~~~

9

("No ventre de Maria / Deus se fez h~ mem / E na oficina de José / Deus se fez também classe"). Em setratandodeclasscsocial,D.Ca saldáliga poderia acrescentar ainda que Deusscfeinobre, poisquisdesc,:,nderda estirperealdeDavid.MasessassãoconsideraçõesincômodasparaoBispovermelhodeS. Félix do Araguaia Não falta também umapoesiaemqueo autor canta "A prostituta"' e se imagina dand~lheumcopodeãgua (p.52), eoutra emquequalificadeprofetaofalecido= cialista hind u, Gandhi (p. 81 ). Tomado por é/an ecumênico, D. Casaldã liga, numa poesia intitulada "Oik umene" (p.8S), é!evadoadissolverosdogmas num magma que ele chama " graca" e "nosso amor" . Eis seus versos

"Cerremos, por fim, hermarws aquel/a herida mayor Todos k,s dogmas se cifran ensuGracia y nuestroamor" ("Feche~os, por fim, irmãos / Aquela ferida maior / Todos os dogmas se cifram / em sua G raça e nosso amor" ). Isto édito com toda a scm-c,:,rimônia. como se os dogmas não fossem, de si - a AssuncàodeNossaSenhora, porexemplo, parasófalardoproc\amadomaisrecentemente-donsexcelcntesconcedidospor Deusprecipuamenteparailuminarsua Igrejanocominhodobemedaverdade

J\,lelhora nos " modos", mas poucos " poetas" e " profelas"

Odl!l.l!nho 1cim1,queé aprestnt1do r,oli,rode O. Pedro Cas1ldl lii,1, serl 1fitur1 deum feoucei ronegro oom a mioesquerda levanlld alNão. Ele prete11derepresen\ar r,osscsubl imeRedentor

~AfOLICISMO

ein:':;ebí~:e~ queserepresentenossosub limeRedentor com tal aparência! ~

Subversão, pros1imição, ecumenismo Naspoesías, emmeioamuitabanalid a· de, ambigüidadeemaugosto,aquieali afloram elementos de su bversão. Assim , h averia um "Vento do Espírito", que "'reduz a cinzas a prepotência. a hipocrisia e o lucro" (p. 8). Como se vê, a obsessãoda"esquerdacatólica" em acabarcom todotipode lucro.mesmoojustoe legl.timo,fazcomqueD.Casaldá ligaocoloque em muito má companhia, ou seja, irmanado à prepotênci a e à hipocrisia A !Ao decantada "opção pelo,, pobres" - que na prâüca se tem revelado uma

~

~ ~ ~- re~=ta~~ classedos pobres rebeladacontra adosri coe,seguindoovelhoeem boloradot11Quema marxista. A esse chavão das esquerdas atrelam-se as poesirui em questão. Umadelas, compoatadequatro desgra-

~~~

sev=: {p. 11). Ei-la·

~! i::e1~z~l:s~

"EneluientredeMaria Diossehizohombre Yen e/ta/ler de José Diossehizotambiénc/a,;e"

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CATO LICISMO -

Maio de !985


um dos irmãos Boff "nosto teólogo, ami• goefrancisconoLeonardoBo/f' oautor afinnadesinibidamenteque"ametadedo mundo morre de fom e". Maa o maitcef:811· rãvel,talvez,ne1111esme1moaverll03,8eJaa de11criçãodaSanta Igreja Católica.: ~Nuestra madre lgluia mejoródemodoa, perohaymuchocurio ycarif'mopOCO"

1

d~~~~ h:~~~~n:1~ ~=~d~:

ma ..). Em tempos normais, nunca alguém, referinda.seáauaprõpriamãeterrena,di· ria que ela "melhorou de ffl()aas", A eit· pressào,nabocadeumfilho.,ébutante desrespeitoaa.Ora.oBiapodeS.Fé!ixnAo recuaempubliai·la para quem a queira ler. aplicando.a A Santa Igreja. Noa últimos ver101 há umaaluaãoa p~ tenBOa exces!IOa de organização ou bura. cratização-dosquaiaad1ria1eri1um sim bolo - e ao pouco caritma. Ora, sehã umarealidadena&deva.ataçôellqueopra. gresslllmot.emlevadoaca~dentroda lgreja,éexatamenteademohçãogradual detodaorganização,autoridade,hierar· quia.Emesmooqueaindaaohrevivcpa~ ceincomodaro?relado! F.:verdade-eninooBiapodeS.Fêlix temrazllo-queoprogreaaiamo,profa. nandodeuaformaalgreja,comoque obrigouoEsp!ritoSanto.paracaatigodoa homens. a retrairoscariamaa que, cm tem· poa pasaadOII, eram concedidos a certas almas.tendoemviataobemespiritualdo& fiéis A estrofe seguinte ainda aborda tema religioso: MFroileayconuenlos

criaronvergW!nza más en t ia modo/e, que p<>ruida nueuo " r ·Frade11 econvenl.os / criaram verga. nha. .· maillemseusmodoe doqueadqui, rindo vida nova"). Criar vergonha. para D. Casaldáliga, scria,poracaso,oareligiOII08 ereligioaae setomaremMaggiomati"11egundoacarti· lha progrenista? E algun, aU 1e toma· remcaudat.6.rioade Marxe1euaa.aseclaa, invocandoa"Teologia da Libertação"? i-.fas,not.e-11CnoaC,.ltimoedoievcr80$CÍ· tadoB,0PreladoaindanAoe11t/lsatiafeito comojáreahzado:êpreci,oira!êmdo1 "modo8··parachegar"avidanova".Ora, l!eessa"vida"'e1:1táname11malinhados tais"modOll",nàoédiflcilconjecturnrpa• raondequereriaD.Casaldáligaconduzir o que resta doa antil!'08 conventos Transformá·los, talvez, em comunidades tribaisoucomunidadesmarxista,mistas, dotipodaquelafundadaporseuamigoda Nicarágua.oPe.ErneatoCardenal,noar· quipélago de So!entiname... (Cfr. "Catoli· cismo"",aetembrodel9S4,n.• 405). A estrofe seguinte parece referir-se já não msis à Igreja, ma.a ao mundo em geral (namedidaemqueeleaceiteeuadiatin· çAo.oqueéfrancamenteduvidOIIO): "TecnócratMmuch-os y poC06 pof!l(lf.

Jfuchcndoctrinorios ymenosprofetu." (''Tecnocrata.mui1.os / epouco.poetaa. Muito11doutrinadoree / e menoaprofetaa"). Um mundo de ''poelas"e"profeta11" pa· receaerautopiacasaldaliguiana.Aaversão ã doutrina. aqui manifestada, coaduna-sebemcomadissolucAodoadQi· masaquehâpoueonosreferimoa. CAT OLIC ISMO -

Maio de 1985

Mas ee os profetas desse mundo novo apresentaremumaqualidadedeprofecia semelhante, em seu gênero, A destas poeaiu, muito mal servidos ficarem08!

A posição de nossa Hierarquia Conclusào?Nãoéprecisoumanova. Bute-nosoquejãfoiditocomtantaprec:i· IIAo e clareza pelo Prof. Plínio Coma de Oliveira, ao anafular anreriores poesia.ade D. CasaldAliga. anâlogas à.e: de "FW!go y Cenizaol Viento". "Nem em seu conteúdo, n.em em suo fo,.. mo, estes textos U!m vOWr. O pensamento deles poderio normalmente escorrer da pe.

na lhqualqW!ragitador pepufur, N;1ZDOve/. mente alfabetizado. A modesta chamo qia os animo ndo vai oUm do que inspira

osÔ<i::~.,::::,a:tt~.s=: o Preeidente da TFP,êoun-acollla: "Como pôde um cUrigo portador de tais opiniões, e capo.Z de tais atitu.de11, chegar a Bispo da Igreja de Deus? Com,:, reage a CNRR diante desta escondalmla exp/osfJo

do e8pfr~to 8Ubver11ivo na pena de um_Bi!f pecatólico7 Venda.se tdoc/oromentem(i/.

'f/'(/,~!';~io :t:~:i~acg;::;ki,:f_rj;t:

de tudo isto, vem de menteaperguntaextrema: qual l ofina/ a posícdo de nossa Hie-

ro,quiaontea,ubver,do7"r'Afsrejaon· te a Escalada da Ameaça Comuniata ", Editora VeraCru.i, São Paulo, 1976,pp.'Zl a29). Oitoanoase passaram dl!lldequeoin· 1ignepensadorcstólicofe"Z.publicamente eeaaa perguntaa. NAoforam eJas....,pondi· das com palavras maa, lamentavelmente, com fa1.os. Depoit, dia110, por exemplo, D. Cualdáligafoi eleito,em 1981,vicepreeidente nacional da CominAo Pastoral da Te1TadaCNBB. Eeaaeorganiamo,diri gidoporeclesihti<X*,tempromovidoou dadoapoio011ten1ivoapraticamentetoda agitação agrária que vem tentando abalar o Pais (Cfr. "Catoliciamo", edições espe, ciai1 de junho. n:>402,eoutubJ"o.novem bro,n.• 406-407,de 1984). Gregório Lopes

filadehahitlntesdeBucarestparacompmvfvms,llur111teoúltrnom..-en10: im12emsimbólic1de uma Rombuadellllrtrtnda

Romênia : Paraíso comunista? A ROME:NIA foi, durante anoa, elogiada na imprensa ocidental como uemplo de nação comunista com deatino autônomo, que 88bia enfrentar oa ditames de Moscou. Tais elogios serviam para disfarçar a miséria do aimpA· tico e de6venturado pala. A situação pi orou ainda maia no Ciltimo inverno. Era a ee11uinte: - Oe s utomóveia particulares foram proibidos de circular de janeiro atê março. - A il uminação dos logradouros p6blico1, jã eacaua, foi reduzida. - Proibiu-se o UllO de aparelhos eletrodoméaticoa atê que o clima melho

- Só era permitido em residência particular acender uma lãmpada de 40 watte, onde os moradre11 achassem maia necelllário. - Houve racionamento de açucar, óleo de cozinha e carne. 8

i::.~::~~ri~eS::~:::, d:~~! 1

Alê°m ;:r::ac:t: ;r!~de quartei rões inteiros de Bucareste para economizar energia. Oa moradore, .., arran· jaasem como pudessem. Como a Agua gelava nos canoa por falta de aqueci· mento, muitas instalações arrebentaram, deixando IJt!UI u1uãrioa .em Agua, A11 vezes durante eemana,. Noa hospitais, acolll!f!lhava..e aoa doente. dormir doi, em cada cama, para que um aquecesae o outro. Como ee sabe, o inverno europeu ê cruel, nada tendo da benignidade do n0880. O quadro é de um sofrimento pungente. Além de caatigadoa pelo frio, oa romenoe sofrem a ação de um minuciOBO

::!:nr:1

1

:ti~er:

~:!:~~~a~hAº~Íii:!~~:: ô:d!u:~~!r iiovemo é habitualmente punida com detenção. Dai ter surgido um novo nome na Rom~nia para deeignar a eituação do pais: o "regime ártico" (Cfr. New1week, 15 de abril de 1985).

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Droga: arma comunista para desagregar o Ocidente COMUNISMO, como movimento internacional, visa conquistar todoaospalselldomundo.Para aleançaresaameta,decorrentedoeimperativos de sua própria doutrina, os adeptos do credo vermelho não consideram obstácul?s morais, uma vez que

O

Assim, P'?' exemplo, "a resistência que ao marx,smo op(Je o fundo de bom senso natural que constitui o patrim(mio milenar e co_mum da hu1!1anidade. Nos povos de cwilizaçiio cristd, a esse fat-Or se acrescento a incompatibilidade da dou-

Alêm da violência, que tem céifado tantas vitimas inocentes ao longo das Meadas, o comuniamo emprega outro eficaz meio de expansão: o entorpecimento moral do mundo livre. Minando pordentroasoci~adeburguesa,osvermelhos consegull'ào amolecer a resistência de numerosos adversários, aca· bando por anular o próprio instinto de defesa de nações inteiras.

Montesde eoc.,loembe- . . , , . _: - " " '"' bidoscornqueroseoee Q~imados110Peru

I

daç~~t~o~!t~~~a~ :r::r:n~ed~efi!

óci:

~:d~:;:.t;ijf~~': ~:~:i=eJ'ote den~. Não estranha, portanto, que ocomumsmo procure fomentar o quanto posslvel o nauotráfico intemacional.

Ventos desestatizantes bafejam a Europa

Tóxicos e subversão castrista

das~~!~!~~~~~i:~nÊ:~:~riJ!d:~~~ :~: :~~:n:cJ~~~ªe:Jr~~zd: suas costas. • _Itália - O setor público, em boa medida herança do fasci11mo, está sendo parcml1!'ente vei:idido a partieulare11. O IRI (Instit)!-to per la Riconstruzione lndustnale), a gigantesca 'holding' estat.al, nos últimos anos está perdendo 1,5 bilhões de dólares anualmente. A ENl (empresa pública de energia) e o IRI engoliram 7 bilhões de dólares de fundos públicos em 1984. Em conseqüência, o governo mandou tr~nsferir và_ria& empresas à iniciativa particu)ar. No ano pa11sado foram vendidos 300 mil~ões de dólares de propriedades ,ndustriais do IRL Planeja-se vender 500 milhões este ano.

Em 6 de maio de 1983, o Presidente Reagan afirmou: "Temos provas con

eludentes de que funcioná Tios de alto ni· uel do goue71W cuba,w estiveram enuol· uid-Os em contr~bando de drogas pora os Estados Unidos". Esse envolvimento escandaloso do govemoca11tri11t.anotráficodedrogasé revelado com abundante documentação em "Castro and the narcotics connec. tion - special report", uma publicação da "The Cuban American National Foundation", que veio a lume em outu ~~sfr~}~~;:od~i~:(jfoc! Jeu~~~:Jt~o: pelo governo cubano para financiar e promauero terrorismo". No prefácio da obra, a senadora Paula Hawkina, presidente da Comis são do Senado para a Repressão à Droga, ~ech_1ra: "Esta reportagem especial é a primeira ~ocumenta{;da ampla sobre o uso extenswo que Fidel Castro fez dos narcóticos como arma contra as Esta c:;,~,is,:e_ª'ª financiar Extensas senões de depoimentos no Congresso americano revelaram: 1. O governo de Cuba está diretamente envolvido na produção e tráfico de entorpecentes, com a finalidade de

:º;,;',:::it;:

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o ~:~:~~s~F:ír~ºóo~~í:11:ri~: ~:!:!ru:~~í ::i:i~!~f~~~ de elefantes brsnCos". • Alemanha - Um dos compromissos da campanha eleitoral do atual Chanceler Helmut Kohl foi diminuir o setor público da economia. Já vendeu 300 milhões de dólares e pretende chegar a 700 milhões. • Inglaterra - O governo conservador inglês promete vender a parti·

T~s:1::~ j~~~ue'.I1biih~spc~~c:;_Í11nie~d~º: de 11 bilhões de dólares. O

• Suécia - O Chefe de Governo, Olof Palme, colocou à venda estatais no valor de 170 milhões de dólares. • Turquia - O Primeiro Ministro Turgut Ozal prometeu transferir s maior partedasestataiijparamãosprivadas. • França - A oposição, majoritária, incluiu entre suas promessas um enérgico programa deses_tatizador, a serexecu~~o _logo que cheg~e ao poder. Os governos da Suécia, Espanha e ltáha, dmg,dos por sociahstas, estão agindo contra seus princlpíos coletivistas em virtude da pressão popular, irritada contra a necessidade continua de pagar impostos para sustentar um setorqueproduzcaroemal. E$tá aqui um bom exemplo para imitarmos. nós que somos tão facilmente mimetistas e seguidores da última moda (cfr. Newsweek, 8-4·85).

CATOLICISMO -

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Trabalhldortsoe,-uanos«r1ncaml)ftdeeoea

áre~;nr:~~i/~t~:,!ludà ~~ ~u~i:; curam inculcar-se como "Robin ~ood", eepalhandodemagogicamente beneficiOll por toda a parte, em certos pahses da América Latina, sendo clara, porém, a ligação deles com movime nto. revolucioná ri os, tai, como o M-1 9 n a Colômbia e o Sendero Luminoao no Peru. E a ballcia especializada a mericana de com·

1:gêu~ (~tr:;:: :~::~~: 8

mªe~~ acima) e da Nicarágua nei,H lrlfico, que, além defavorecer muitoocomuni amo enquanto promovendo a corrup-

âf:::.

promover o vicio,o crim eviole nto, acorrupç ão,eobter, p0rtudo iato,altaremuneracão. 2. Es ta renda é utilizad a para finan· ciar e promover o terrori s mo nas tr<'!s Américas. 3. Em 1980, agentell do Serviço de Inform ações de Cuba (DGO entra ra m nos Estados Unidos em meio a gTande nõ.mero de cubanos que deixa ram o pais atravé8 do Porto de Marie\, com destino à Flórida. Tais agentes, infiltrados por

A publicação norte-americana refere-.eadoiseeqUestrosdeagentesperte nce~tea ao corpo especial da po\ic1!l a men cai:iadecombateàdroga,oco~doanac1dadedeGuad alajara,no Méu· co. Segundo "Newsweek", "Camarena e Sa/ozor - 06 dois agentes seqUHtrados -s4oapenas'!llmaisrecentesvlti~as

::re;;~rn:

~!:!~~ e:a~:e~fe::ti!~~!\!id~ ~~fi:

de entorpecentes. O embnixador T homas O. Enders,

~9s:e:

:te;~:

r~=: d~toCa~~a~~ uma cadeio colombiana de tro{icantes para fornecer armas e dinheiro ao movimento guerrilheiro M-19, naquele pals". O embaixador T homaa D. Boyst r:~!~~eq~~;of~d:-"n~ c~::t~~b=~d~ii;r; entorpecentes pars oa Estad os Unidos, enquan tocon trsbandeia 11. rmasefornece11 uerrilheir~parao1movimentos ter· ronstas man:1stas. Declarou: "Os Esta dos Unidos tlm agora o mais detalhado e C0!1/iáue/ co"!'proua_,;do de que funcio-

nidos;e utiliza oessesme8mos trafi cantes,s uaprópriainfra·estrutura ,seus barcos, auWes e seu peuoal. pa ra controbandea r arma• e guerrilheirrNl para grupo, terroristas marxi1tas dedicados a derruba r ogovernocolombianolivremente eleito". F rancis M. Mullen, admini1trador

s~~1~

~~1sÚ~iÍ0~~1ecl~~ : ~~!°!!a~:s obaerv ado um envolvimento crescente

: JescÍ:::s ~.!:p~: ;~~~1os, :s~~mente no Oriente Méd io, E ur opa e Caribe. E que existe uma relação defi nida entreaatividadeterrroristaeotráfico dedroga11

Na América Latina. entor pecentes fa,•orecem subversão Areviata "Newsweek"de25 defevereiro p.p. spresenta extensa repo rtagem 1obrea produçàod11drogaeo narcotrá fico na América Latina. CATO LI C IS MO -

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~li\~

õ\ª~'!'~ ~~te~ =~ã~ das para o fi na n ciamen to da aubveraão comunis ta na América La tina, O Brasil,in (elizmen te,e11táae ndoen· volvido gradativamente par e88e mercado ilicito. 9 Dr. Juarez ~avare11, ~romotor pt\bhco federal no RiodeJane1ro, reconhece que nouo Pai1 tem-H toma d~ "um centro de distribu~4':> 1ul-americana de coca/na para fi111 de exportaç4o" (cfr. " Tim e", 25-2-85). Tantoogovemobraaileiroquantooa deoutraa naçõea do contin!!nte,apó110frerem pre88ôefi desestabih zadora1 provenien tea do narcotráfi co, vt m aaaumindo atitudea cads vez m ais enérgi cas no combate a este mal. Neue .entido, o Bnu1il e a Venezuela a provaramemjaneiroúltimo,aofinal deumareunião mista sobreotràfico de J;se~u:i! º pa'::,.P~'fni:

~:6!~t:: c~~

1r~~~i:m6u:O~i!ip:ra Junta mente o narcotráfico. O Mini stro da J ustiçadaColõmbia,

:if!:~;~?c+i:~n~;::;1~:~~:

~~1

madreada vidainstitucionaloudaati· vidade poli rica q~, de algum modo, n4o e8teja aff!lada pela corrupe4o da droga".

l!J'dbi~:~;:.

atu~~d!~!t!í a~~:te.° te, tal aituação111ópodetrazerbeneflci011 para o comuni111 mo internacional que consegue, mediante a droga e ou tro111 ~e::r~, ~e;:';fcf/e!~~· o entorpecimen-

Brtiulio de Aragão

Na Austrália, crianças drogadas FOTOGRAFIAS CHOCANTES foram eatampadu noe jornais australia· n011 ''The Weekend Auslralian" de 29-30 de deiembro de 1984, e " Sun" de 28 de deumbro do meamo a no. Tr:ata-ae de um be~, fotografado em l.rtl poaiçõea,: com um cigarro de mariiuana na boca; &entado ein meio a fol haa de marijuana; e enfim ,egurando nu mã011 uma p0rção de11te en torpecente j é preparado. En~ fato estarrecedor foi con8tatado pela polícia a ustraliana em uma batida efetuada na loca lidade de Joyton , 111búrbio de Brisbane. Um porta-voz da p0Ucia declarou que o flagra nte ~rreu dura nte a íeeta

chocante acootedmento provocou a ~iruinte reação de um policial par· ticipante da opera~o: "Eu nunca tinha vtSto algo OIB!m.. Ocasiorwlmenu 1e encont ram {0Wgrof1aa de crianças de 1fJ ou 11 a1101 Já fuma.ndo, mu noda como esse caso" Ainda o jornal ''The Auatralian", em s ua edição de 9 de janeiro 6ltimo, informa q ue pelo men011500 crianÇSIII, anualmente, já nascem viciadas em heroln a, na Auatràlia. Em eeua olhoa percebe--ae claramente a tragédia d ~ vicio, que tem afetado uma nova geração inteira de a11111tralian011. A. a utonda0

cai~:

deeOd:ro~~a e:à:;: : i =~~';;'3:q u~m::=afia:! ::1:!í~m lar quanto8 8à.o 011 bebêe - ainda no ve ntre matemo - afetad0& pelo vicio doa pais. Ei1 ai um doa mail im preaaiona nt.ea sintomu de degen~ncia moral de nona época. E ee.eaa incriveis noticiaa indicam também o abilmo em que se precipita m pe&108B que repudia m a Deu, e a Seua ditames.

19


simplesmenW: "Se nda estou, queDeusmeco/oque;e se estou, queDeWJ me conserve". E acrescentou: "Eu seria a pessoa mais amargurada d-O mundo se soubesse IJue '!,do estou na graça de

OUEN, 30 de maio de 1431. Após resiBtir com argúcia, durantetrêsmeses,aoacirrado intermgatório de um tribu· 1

R

~=I ~~ ~1~c'tdiv::~t1::· ~h~ei:::,a j~v~a~~~/'~~~

Emrespo3taaoutrasquestôes que!hecolocaram,e11pecialmente sobre o segredo que ela compartilhava com Carlos VII, ela dÍllse: "Durante três semanas, emChinon ePaitiers, (ui examina da por pessoas da Igreja. Enuiai alguém a Poitiers para procurar as d-Ocumentos d-O processo". Cada vez que ela !"encionavaesseepisódio,os Julze11mudavamdeassunto, poisofatodeasantatersido e~aminadaejustificadapeló tnbunal de Poit1ers incomodava enormemente a corte de Rouen. Emoutraoca11ião,propuseram à Donzela um conselheiro, a ser escolhido entre osju\zesquecompunhamo tribunal, e que eram todos

Joana D'Arc, la Pucelle. Em 1909 São Pio X beatificou-a, e Pio XI canonizou-a em 1920. Suafestacomemora-se no dia 30 do presente mês. A vitória da França contraacoligaçãodosing\esese

!ij~~teõesp:~:tde~~Jª~~

Históriadaigreja.APseudO" Reforma já estava em gestação, e a França "inglesa" seria a França protestante. Quempoderiapreveraextensãodoprejulzoqueemtalca80 a Cristandade sofreria? A missão de Santa Joana d'Arc deve ser considerada aobretudo desse ponto de vista sobrenatural.

AFrançaatravessava,no séculoXV,umafa11ecrlticae tormentosa de sua história. Rouen tinha sido dominada pelos ingleses, e toda a Normandia também lhes haVJa caldo nas mãos. Na batalha de Azincourt foi dizimada a finaflordanobrezafrancesa. O vencedor, Henrique V da Inglaterra, casou-se com Ca tarina, FilhadeCarlosVIda França. Com o enlouqueci-

(

nhece Henrique V como regente do reino francês. Comaentradadosinimígos em Paris, o ~elfim Carlos -queeraolefitJ.m_oherdeiro dacoroa-fo1obngadoase refugiar nas provincial! do além-Loire. Quando em 1428 oe ingleses armaram o cerco diante de Orleans - cidade chavedaregião-todoscom-

f;:nJ:;1~': VII ::Vi:;~º~: tadM Para salvar a França, [)(iuaeuscitouumajovempastora, ignorante e sem nenhuma experiência do mundo,

:dt~~t~~hou~ e;1!ffd<!:

comunsdeseusexo:ematenção aochamadodoCéu,e/-la transformada em guerreira, emtrajesmilitares,aatrave8Baro.territórioinimigoemde-

::~~~e

c~!i~d~ifi~~;~! convencê-lo da santa missão recebida através das vozes que ouvia. Correspondendo plenamente à sua vocação, declarou ela: "Nasci para ia ta.r'' Fora "enviada por Deus para saluor a França'.'

:a~·

A epopéia de Santa Joana d'Arc Emapenasoitodias {del a8demaiode 1429), Santa Joana d'Arc libertou Orleans.Alcançousobreosexércitos ingleses a fulminante vitóriadePatayeconduziuo delfim aReims, ondefoi coroado Rei a 17 de julho. Santa Joana d' Are, augedesuasvitória_s,foipr curada certa ocasião pr 11eus conterrâneos de Donr my, que lhe perguntaram de onde tirava tanta audácia Respondeu ela: "Só tema a traiçda" A 11anta sucumbiu real·

i

~::ii~~ Õ~~~Joà~~d~~: dor contra a coroa francesa foiopróprioReiCarlosVII, quesedeixouvencerpela inércia e abandonou aherolna à sua própria sorte na tentativadereoonquistarParis, bem como em suas _o~trasescaramuçascomosmt· migos. Presa na cidade de Com pi~gnepe\osexércitosdoDu· q~e de Borgon~a, a Puc.1;lle fmvendidaaosmglese11.Pier· re Cauchon, bispo de Be~uvai11, apresentou-se para Jul gar aquela que tanto bem fi zera à }<'rança. Esse bispo franãs havia sido expulso

de sua diocese na marcha triunfal daOonzela,eporis 110alimentavaum6dioindi· zlvelcontraela.Poroutrolado, servindo ao partido infl!~aj~Pj~ª~u~~~~r o arceReuniram-se naquela cidade nonnanda se11senta ju! zes, clêrigoseadvogados,todos pagos pelo govemo ing!êe. Umdoajulz~,H~uppeville, protestoude,n\ciocon

[~IT~roi:~f~~~?: !E

cere. Outro juiz, que pediu um defensor para Santa Joana d'Arc, fugiu apressadamente da cidade, pois os ingleses haviam queimado uma

ci~~~efa~~ia:~:e~~:~s:: ta. O processo foi conduzido com a maior irregularidade Apesar de tudo, a Donzela aniquilou todas as argúcias dos julzes. Suas respostas às per~ntas capcio~as eram cheias d_esabedona. Quando lhe argtllram: "Credes que estais na graça de Deus ?"(se dissesse que não, confirmariaquesuas revelacões não eramd0Céu;sedi11sesseque sim, estaria expressando uma heresia), ela respondeu

;:n1~~:~~E~a~;l~~t ~ selheira que vós me· ofere· ceis,euuasagradeça,maseu n4a tenho a intençd-0 de me afastar da conselho de Nosso Senhor". Certa vez, os julzes lhe perguntaram se Deus detestava os ingleses, ao que a santa observou: "Quanta ao amorauódioqueDeussente pelos ingleses, nada sei. Mas

i~::i:~ ;:.

~,{t:xt~Íso~e~: cetaos que aqui morrerem". Ainda outro exemplo: "Quereisvossubmeter_àlWS· sa Santa Madre lgreJa por tudo a que fizestes, quer de bem ou de mal?", pergunta ram-lhe os juizes. Santa Joa· na d'Arc respondeu: "Quanto à Igreja eu aamo,equereria SWJtentà-la com todas as minhas/orças".

Aquele tribunal irregular não representava verdadei ramente a Igreja, essa mes

~=

~~~:jaà ~~:bhft':i~1~ Joanad'Arceelevá-laaosaltares

f~~~:

go:iri~~~~~~ri~~ do os ingleses que a Santa morresse devido aos maus tratos, apressaram o julga mento. Cauchon condenou-a a morrer na fogueira. No local do suplicio, a Santa invocou piedosamente a Santlllsima Trindade, a gloriosa Virgem Maria e todos os santos do paralllo. Enquanto as chamas devora vamseuoorpo, reafirmouque agira "por ordem de Deus". Por fim, o grito prolongado enquaf!toinclinavaacabeça e rendia sua alma a Deus: "Jesus!"



Ao leitor M UITOS BRASILEIROS esperavam QIU! o falecido presidente Tancredo Neves, com sua longa experilncia e seu renomado tino político, lançasse desde logo um ungüento sobre as múltiplas crises que assolam o Brasil, e encaminhasse assim para elas, soluções que não traumatizassem o Pais. E foi com a mesma esperança que aclamaram o novo Presidente José Sarney. Entretanto vai-se tornando cada vez mais claro tal niio ser o curso dos acontecimentos que os fatos vão tomando. As crises, tanto no plano temporal quanto no rç,ligioso, acrescidcu da profundidade de circunstâncias adversas e emaranhadas, se udo tornando dia a dia mais graves. Nos ambientes católicos de nossa Pátria, todo

F!:'t'so1!. :0~':!r~: :: §~~~:ts~~':te ~~rn:e~t~~ a: , relinfi-

alsituaç4o oibir abusos gritantes praticados por adeptos da Teologia da Libertação, tornou-se patente, de outro lado, a determinação de setores progressistas, de contestar ostensivamente a medida disciplinar de importante conteúdo doutrinário tomada pela Santa Sé. Mas alguém poderá perguntar: haverá relação entre essa profunda crise religiosa - pública e notória - e a crise temporal polimorfa que assola o Brasil? Não versam elas sobre dois gêneros de problemas, inteiramente diversos, e sem qualquer mútua vinculação? Para responder a essa questão convém lembrar as duas edições especiais de "Catolicismo" sobre a agitaçâo agrária no Pais (nº 403, de julho de 1984 e nº 406-407, de out.-nov. do mesmo ano). Baseada em opulenta e incontestável documentação, nossa folha exaustivamente traçou o curso de tal agitação desde abril a outubro do ano que findou. E demonstrou que esta, vista panorami· camente e analisada no seu espirita, suas metas e seus métodos, obedeceu a um plano que abarca todo o território nacional. Tal plano, arquitetado principalmente pela "esquerda católica", envolve até elementos fo rtemente atuantes na Hierarquia eclesiástica, e organismos representativos, a um ou outro titulo, da CNBB, como a Comissão Pastoral da Terra - CPT - e as Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Na mencionada ediçdo de "Catolicismo" de out.-nov. do ano passado são aduzidos tex· tos em que Frei Leonardo Boff prega a utilizaçdo do marxismo pela teologia e propugna "caminhar rumo a uma sociedade do tipo socialista". Mas - indagará alguém - ndo seria de esperar que tais propostas permanecessem pairando no terreno abstrato, sem aplicação concreta? Já de si seria consideravelmente grave o fato de um eclesiástico - ainda mais quando favore-

if

F~ef

f%r/oº;,t~':):i~t! ~º;cz!~dd! Jfo{Íi~v~!{e~â!t princr,ios claramente opostos d doutrina tradi·

~~J~g~ª Z:tib:i°:ç:,in,:ir~raé:;t~~~i~ª v~i

além. Membros das CEBs e agentes pastorais, ativistas do movimento da Teologia da Liberta·

ção, têm se encarregado de pôr em prática aquela doutrina malsã em nossos campos. Nesse sentido, é oportuno lembrar, a titulo de ~i~~~eu~c~1:t:1;1::::,~~ªF;!?Cl:d!~f:B~J;:f:. mdo e íntimo colaborador intelectual de Frei Leonardo, relata as verdadeiras "caçadas" aos fa-

!!~~trdi Ácr:e;;:la~'êfÉ'ifs~~~ </u~iih:if::::si~ 8

conscientizadas por ele próprio, junto com outros agentes pastorais. A essas "caçadas" Frei Clodovis chama sem rebuços "operações pega-fazendeiro". Eis a! um fato palpável e fortemente sintomático que deixa uer a profunda ligação entre a crise espiritual e a temporal: teses da Teologia da Libertaçdo, aplicadas no plano sócio-econômico, provocam a subversão da ordem estabelecida.

Não é fácil para um brasileiro compreender toda esta complexa problemática, em que a crise do plano espiritual tem profunda conexão com a crise do terreno temporal. Se esta dificuldade de intelecçdo é 6buia para a média de nossos compatriotas, a fortiori ela terá sido muito maior para os participantes de um congresso de destacados intelectuais e homens de ação, realizado recentemente nos Estados Unidos, o qual contou com a participaçdo especialmente de norte-americanos e europeus, em geral pouco familiarizados - uns e outros - com os problemas ndo só brasileiros, mas latino-americanos. E alguns com exíguo conhecimento da grave crise que o progressismo instalou e vem ampliando nos ambientes católicos do Brasil, como também de outros palses latino·americanos. Convidado para fazer uma conferência nesse encontro da Junta Diretiva do "International Policy Forum", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira não pôde comparecer, mas enviou, para ser distribuido no certame, o texto escrito do que diria. Tal texto apresenta uma uisil.o de conjunto - notavelmente penetrante e concatenada - de roda essa problemática. A reunido da Junta Diretiva do "lnternational Policy Forum" realizou-se em Dallas, Texas, nos dias 26 e 27 de abril último. Julgamos oportuno reproduzir nas páginas seguintes a Integra desse importante trabalho, cuja leitura certamente será de grande proveito para nossos leitores. O "lnternational Policy Forum" é uma entidade que congrega destacados líderes conservadores e anti-socialistas do mundo inteiro. Seu presidente, o Sr. Morton Blackwell, um prestigioso amigo do Brasil, foi assistente especial do Presidente Reagan durante três anos, e é lider exponencial da conhecida corrente intitulada Nova Direita. Esta é um movimento que abrange políticos Ms dois grandes partidos norte-americanos, além de lideres dos mais diversos grupos sociais. Sua atuação a favor da candidatura Reagan em 1980 foi considerada decisiva para a derrota do Presidente Carter. O Prof. Plinio Corrfo de Oliveira é membro do "Board Governors" do "l nternational Policy Forum". O trabalho do insigne pensador católico brasileiro causou profunda impressão nos participantes do Encontro dessa entidade, realizado em Dallas. CATOLICISMO-Junhodel985


A importância do fator religioso nos rumos de um bloco-chave de países: a América La.tina Plinio Corrêa de Oliveira

f'rof.Plin11Corrlalle0lrn1ra.PresldentedoComelhoNICIO!l1ld,TFP

~~l~·

1 - A IBERO-AMERICA NO MUNDO DE HOJE STOU PERSUADIDO de que eate !l'Tande bloco - aliãa indiasociável do todo \atino-america no, que inclui tamWm a Amêriea Central e o Mlixico - tem, no mundo de hoje, um peso m uito maior do que imagina considerável número de europeusenorteamericanoa, ainda inf]uenciadoa porclichk e hAbil.olJ mentais deaatuahzadoe.

E

l. Persistência negati\'a dos velhos clichês Estou longe de i.er adversário siate• mático de todos os clichês e hábitos mentais. Ele1 têm seu papel benéfico na continuidade da elaboração intelectual e do agir humanos. Mas de quarido em quando é fon;:080 atualizll.-loaouaubetitui-los.

Estou certo de que, no referente á América Latina , a necessária substituição (que seja, portanto, mais11inda do que uma mera atualização)esu\aendo feit.acommoroaidade. Tal morosidade se e xplica. Poi11 11 aten~Ao do homem contemporâneo é 11-0licit.adaem toda11ud1reÇÕes. pelOll as-i:,ectoecadave,;mai11gravesdacrise univer,al de no,aos dias . Isto levo. a que,porveze11,elenãoterntemp0p?-ra

:e~~~;t~~Íad~~ a1:~:~s~l:t:°J:~ maBR media, muita, vezes incompleta& quantoaoe fatoe latin<ramerican°'i.OU então tmilateraie na apreciação deles. orientamhabitua!menteosesplritoepara meras elucubrações dedamatóri aa. CATOI.ICISM0- Junhodel9&5

decaráterhumanitário,acentuadamente '8lpicadasdedamagogiamo. Sem dar aqui um elenco completo do. clichês e hábitoa mentaia concernentes á América Latina, cuja 11Ub1tituição me parece neceuária e ura-ente, digodesdelogoqueo.trêstemaalatin<r americano., os quai11 maia freqllentemente aparecem no noticiãrio intemacional - o problema du dividas dunações da área, notadamente da Argentina, do Brasil ou do México, os riscos

rai~

~~~~u~u~iii:;~~ia~~:::Ji~~~ correr à eatahihdade da América Central e da Amêrica do Norte, e o eetado de indijfência em que se encontram ponde-

~oci~!~~ºs e:J::~~~~:°J~ globo). Todo este progreeao tem sua base em umaagriculturaracionaliu.da,mecaniu.da e expansionista, a qual vai invadi ndovitoriosamentetonaeoutrorad<r minadas em parte pela modoTTB e pela rotina,eempart.enlodeabravadaepelo homem. De tal sorte que ae pode afirmar, já hoje, .er o b loco la t inoamericano d ee tin ado a con atlt uir a t :c ~ee!:~ gi~i:o~ear~~e:~~ lo XXI.

==

3. Um aspecto positivo, especialmente importa nte para o futu ro: a unidade la tino-americana

í!;:~• d:e::~rt::ªeC:~i~~ :tAriqul811imo. aspeetoa da realidade nee&a área do mundo, e nas nações que nela vicejam.

2. A face positi\'a da realidade Com efeito, a realidade também tem outra face. Istoê, a facepoaitiva. Para que alguém se dê conta diato, baata enumerar oa recursrni incalculavelmente amplos (n a terra como no ma.r)de quasetodaazona ,o proceesodedeeenvolvimento que se vai estendendo com paHo sempre mais célere por áreas cadavezmai,extensas,desorteajáfazerdemuitascidades ibero-americanaa ct"ntl'(Nj populacionais pujante,, em fmncae xpan&AoindW1trialecomercial (por exemplo, Buenos Aires, RiodeJa-

influenciou a fundo as colõniaa americanas deS11as naçõee. Mai1 ou men o1 como a procedência britânica, étnica e cultural, ae faz sentir no, Estadoa Unidos como n o Canadá inglh. A isso a creacem outl'(Nj valioeosfatoreedeconcórdia. Quaaetodoaoapa111e11 ibero-a mericano. ainda dispõem de

:~l:;!l~:/O~':e~:!:!:~:t:: lidadetodas ouquaaetodaeaequestões limitrofee entre ele,. E ae1uaemõ.tu111


ll.rioa, o ~ue, por , ua vez, beneficiou a unidade religiOBa. do bloco. Aaeim ae pôde asseverar em lema ibero.americano (com ênfa.ae oratória

OI

~: i:i':: :

! e~O:ªk~~~-dJ~u~~

todo caao, muito dificilmenU! se poderia dizer, com igual realidade, de outras gra ndes Areu da Terra. Importa acreecentar que eua nota católica romana se coneervou na América Latina com um matiz e.pedal· mente ibêrico,dep rolu ndoacatamento à Sede roma na e á• autorid ades edeeiáaticaa locais. Eatão aseim a:po8tal alifuma.a dai principa.i3 f1lZÕell pelaa quaia imporia ao eetudi080 du queetõea contempon'i· nea1 conhecer a pogição latino-america· na ante a alterna ti va comuni,mo-anti· comuniemo.

11 • OS METODOS DE EXPANSÃO COMUNISTA SE MODIFICARAM A PARTIR DOS ANOS 40 1. As vias de expa nsão do comunismo até os a nos 40 ESDEMARX a~oaanoa 40,em que se deu oténninoda JIGuerra Mundial, o C<1m Ufilllmo utili• zou duu vias de e:a:panaão mais ou menoa iri.multâneas. a) o proselitismo d o utrinirio, a:msiatente na pregação aberta e cate· a-6 rica da critica de Marx ao sistema capitalista,edoregimeaócio--econõmico (totalit.Ario e por fim anarquista) por ele preconizado; b) o assalto a o Poder pela violên· cia 1 concreti:ia.daoraematentadoster-

D

~\~~s=~-i~à:f:d:::u:: mo contragolpe uma "reação igual e em aentido C<1ntrário", pois aaeim ae pode qualificar, de algum modo, a "revan· ehe" nazista e fuci11ta .

2. A tã tica comunista

a pós a II Guerra Mundial

ealame", a "queda daa barreirftll ideológiir:~:C:n~~~~; :: e "companheiroe de viagem", es1ueitado1 em po3tos e em ambientes dingentea da 1JOCiedade butgueaa, desempenham. por vezes, a par de uma imponderAvel ação prose: litiata, também outra forma de ativi

~!·, ~~~r!Mri!:~~b1iJ~c;;~, ~tl: gioaoa ou outros, conael[Uem elea põrem cireulação, em momentoa~have, "infonnaçõee" e "coneelhoe" ardiloeamen· teadaptad011 àsconveniênciaadeMos0

~Ín~':fc!:o ; ~ !:!n~~eli~.u~i:: tão transmitir aos compa!'las comunista& o conhecimento de fatoa importan· te,; a-)apresaãodecertoameio,publici· tárioadeeeq uerdae, menoef~llentemente embora, de certu penonalidades ou correntes que ee afirmam contradi· toriamentedeoentrooudedireita,leva OI Eatadoa e as economias públicas e pri vadas a assumir, com ,-radualidade

Após a II Guerra Mundial, a tática comuni.ata pas110u por alterações impor· tante,: a) toma muito maior importância a upanllAo im periali11ta, não 96 bélica b) quanto à e:a:panalo Wlica, conti· nua ela a desempenhar um con,iderAvel

~!!:r mna~ 1!~'m'!!8ui':':~~=~:ir:~: 0

Wtr: ~~::~ra::=~~~: !~ri~ha~; com um caráter proaebtiata preparató-

rio, .ubjaoente e impllcito. Será ma.i3 íAcil à pregação comuni,ta explicita (à qual a grande maioria da• populaçõee 1e moetra sempre mlllll infensa) recrutar em seguida ae peaeoaa desta manei ra preparada.; e) a tática de infiltração naa organizações não comuni1ta, 1e toma aemr.;::i:e~:::!~daJ~ja~:f,~~~~ ::ii~:;:~:=ci~1:o~8:ffild~d~

cada vez mais rApida. formal maia estati,tae,com oquesevãoaproximando mai, e maia docapitali,mo deE,tado in'j.fa--~ aae.im a " guerra paicolófi· ~=·~::lu~~~c:::.~!~~:di!J~r;;:~ também abrange, aliás, muitoa outros a,pectos que não haveria espaço para enumerar aqui.

111 • OS AMBIENTES E OS TEMAS RELIGIOSOS. NA "GUERRA PSICOLOGICA REVOLUCIONARIA DA IBERO-AMERICA

:~bê<!: :ifti!'.r:o~=c'aªe~~::!.J; ~j~~~lo"·se~n~t:d~,~~vJ!• :~ tra a Cruz", com motivações "patriótica." geopoliticu, econõmicas e outra.; c~ o proeelitiamo ideolõgicoexpllcito contmua, mu al,wn tanto adel$açado. Em geral oa povoa liVl'ff &e manifeatam im UJ1ee a ele; d) u ideologias vizinhas do comu·

HossiSttlhora die Guoclalupe, hdroer 1 d1Amé"u~ n.1 - blocodtn1çõe&tlt.llliusdestlnldo1coost1t1ur1 rr1ootpotfocr1 de pr01eçiomund11l,1emtri1fnOS 1lbo<es i,o skulo XXI

S AMBIENTES e oa temas relifioeoa (como tambémoe a epectoa religio1101 e morai1 decer· toa U!mas não intrinsecamente religioaoa) têm na América do Sul (como na Ibero·América em geral), uma import.A ncla muito con eideravelmente

O

=~ºdo.~ ie:~ . ~ i:rme~':e~ ~ ~t~~~~! mo~~funnC::U~d~

~~~ti!~ e~:n~~~~tie:S:,"~~º:i:~: longinquos anoa 40 - e mesmo desde meados da década de 80 - ns infil·

~:!~:!;t1:t:~:.~f:t~:,

1. Mã distribuição da riqueza: velho clichê da propaganda comunista 1 rica\forirut:~: ':i'a ê~:ri~\~~~~ no México, a rnA distribuição da riqueza teria criado uma eatrutura econõmi· ca mon,truoea, na qual U!l)H poucas lortuna, nababescas conabtu.iriam um pólo, e a multidão íaminta o outro pólo. Aa camada. intermediáriae não exietiriam. De onde uma continua fricção entre o, doi, polos, geradora de a tritoa que estariam prontos atualmenU! a degen~

o comWllllmo terá ganho ipllO{act,o a batalha.

Para compreender bem e.ta reali· dade, é preci110desembaraçaratemáti· ~nt:r:~~!i:~~14:~~ª:e!li~~d~.~ que alo inculcadas como contendo a realidade inteira:

!r:t~1il:Í!~::r:p~;:J!~u'!1:~~~7 aerviram pam e:a:plicar aomundoatõnito a revolução comunieta da RúHia. EHe quadro, no qual o fator econômico é a presentado como o único motor da revolução IIOcial, dei:a:a tran aparecer CATOLICISMO - Junho de 1985


aNim a influência da ideologia comunista, 11egundo a qual a economia é, em última anlliae, a única mola-mestra da História,

tro1. Sua, respectivu influência.a se compenaam. De ta1 eorte que a nenhu-

!·'~V ~~!~9.uia eclesiástica,

se de, loca diacretamente de um Poder a outro segundo !UI circun,t4nci!lll, e é

Cumpre agora relacionar com ei,te quaf~!' v~~~t!t°::e.;10 da Argentina, a qual mantém um regime de união entre a Igreja Católica e o Estado, alih principalmente timbólico e quase inteiramente vazio de conteqüênciujurl.dieaa, todaaaaoutraa naçõea 1ul-americanat são oficialmente laieat.

ti:a C:~v~áv~í~r.:e;~~~d!~:n~t sempre exercida pelo Poder preponderante com moderação, relativamen te aos outros Poderes.

3. Os três poderes do Estado em face do comunismo 0a trêlJ Poderea do Estado têm aido emprej'adoe, áJI vezes pró e As vu.ea a:m-

~!r

r:a~º~~m:i~rt?lori~::r:~ ~~: sileiro - PCB (pacifico, ideológico, proselitista), lal'&'amente infiltrado nos meios intelectu.ahi, inclu.sive aeminários católicoe, e noadn:ul011 a,wba decerta alta e média burguesia. E infiltrado também - jamais seré suficiente realç4-lo - nat equipeade colaboradores e redatoree da grande imprensa, como entte 011 artistas, atoreeelocutoreader4· ~ºN:te r~~~."'.!b eo n~~~°!i~~é uma liberdade quase completa.

mista

:~d~~)~=m~~~ãNfo6~i~aCh~~ t:nSiJ:d~ea:1:i~ ~ ~r:,:me': d_e Velaaco Alvarado e a_ Bolivia em vé-

/e~

>.. forçai comuni1tae tiveram assim um papel aparato&O (insisto na palavra, ~~r: ~"ad~:CÍi~~ed:'!!aY~~l~o~i~8~a~~'.

dia) 110 lonro do proceno de abertura.

ANov1 0ITT!rt16, 1mu,tos tmdol.benem6rff1deS!UJ)lis. ecomlslottmbb,, do Dcldl!l!lttJ)ll'lltullrllltnttdosltlaintivers homtnS e mu1htra nloeomumsttsQue 11m· ttmufflllex1St!netl~dttrisdo Mu,ode8ftllffl(to1oj, bem como 11t$ n~· mnmon, $11UldlS além dllS ,;orhnnde/tfroedeblmbo.t

proclive ao comunismo. Pon!m, até o momento isto pouco re.ndeu. Com efeito, o IV e o V Poderes aJ udaram sem dú-

Ambo. o. PCa vêm sendo utilizadoa 11tu11lment.e corno eapantalho pelos comunistas e poraeua aeeeclaesocialis-

:!:ªd! l !~;.~ ~~~n::!1:ciJ~:: ta nciais autênticas, o IV e o V Poder julgaram necesaério, nestes pai!ll'B, não seen1ajaremdemodototal,01tensivo e enfébco, em favor do comunismo. O Po-

~:. s::~::d!1!:!~~!~:i~lur:fu~!'~ comen:iais,berncomodeimóvei,urbanoe, que serão em breve tragados pela violência comuniata, ee não consentirem em "reformaB sociaia" urgente,, ae quaiadeixarão mutilado,falhodeequillbrio intrlnaeco, e portanto cambaleante, o instituto da propriedade privada. Agrande, a 11.nicaforçaverdadeiramente decisive de1ae movimento refor-

~:~ ~~~rizid:.~~~~:c: bertura 011tensiva destes Poderea. Ele tentou aNim dar "passos maiorea do

!

?o~~:': r~:·~r~inªhirl~~ca re-

No Brasil e no Chile, pelo contrário, oa Poderes do Estado foram larj'amente utilizadoe para a ação anticomunista.

4. No Brasil, o Episcopado se cerrou a qualquer colaboráção com a ação anticomunista do Estado

:totaÕ ii:J/l!~u': a:ª~v ~~~~~~ xaré concretamente a poucos pas&08 do ~me tócio«onõmico comunista), é o V Poder. A HierarqUJa eelesiâstica tem ~(o~/::;,_~do fortemente o movimento Como adiante verem011, para tal não tem faltado a C?labor_ação doe quatro 8

àe{

No primeiro dell8l'I países, o Episcopado (o mais numeroao do mundo, atualmente com 368 Bispos) se cerrou a qualquer colaboração com a ação anti• comunista do Estado. Grande parte doe dirigente• do V Poder favoreceu di1JCre· tamente (e em algune CIISOII muito india-

~::'Àri:n:~~fa~: :!~;ffd~.~~~:: ni,taa: isto é, não o Partido Comunista do Brasil - PC do B (violento, ten-o• Missffl SOl'I~= percorrem, Pr1 Ç1 Vermelha em Moscou, rlu,1nte um óesfi~ milittr. ~plis 12•. Guem Mund1 ol I e> J)lnsic bflic.a continua I desem~nh11 um constderá~el DI~ na ntr.ie&11 eomun,sta.

CAT0LIClSM0-Junhodel985

• O encontro de N11on com M10 Tsa-tun1 em 21 de !e.erer,o de 1972 ifl1aoo , mllfa. dida 11:.e da "dltet11e'' nn rel1çôes l'rl1te o Mu ndo lin e e o tlloco comumst1


A Mli!nc1 Lllln1 p:,de

stf aH11P1rad1 - do ponta ele wlSI, nom--,c,no - , um ,n,en50 pbldulo, ele ,rnportlnaa ponderi'l'el. q11eosall enlreWAhlnctoot~

"avançadiuimo", fortemente proc1ive ao comuniemo, é essencialmente impulsionada pela eaquenl.a católica. E por isto mumo dependendo fundamentalmente da &egu1ntequeatào; - Até que _ponto a imensa maioria católica ee deixarA guiar neste rumo

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1 Br~i~~ê1.intB> c~r~~:-~~ ~:!b~

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6. Brasil e Ch'.'": diversidade de at!tudes

guma medida. a guerra peícoló!Pcarevolucionária naquel_e pale. proporcionando ao regime militar cond1çõe1 para =~e~U:.çã~~u:ersc:~ fª:nd ~ condiçõee para que, em determinado momento, ~ma revenAo do pais para o regime CIVll se faça em condiçõee em que eate po888 defender-.e por 1i mesmo, e de modo eficaz, contra o comuniamo.

~~

:: rc~a ::'ci:~: ~:

çõesqueaimprud@nciadesteoudaquele Bispo ou Sacerdote. individualmente coneiderado,tomavainevitAveia. No Chile, o regi.me militar, maia clarividente, nio tem recuado em enfrentar atrito. globai• com a Confertncia Episcopal do Chile (CECH) e, de outro

!:~! : !!;_:~5:.. qd~ ~m!J:!~ ~~l: lenoémenor. Últotemcerceado,emal-

r!:!cio~ =°"~X:mU:n~:~r=al~: de minha parte, não estou de tal maneira informado da aituação interna daquele pais, que me ainta animado a dizer algo 110bre ele. P0680 apenae afirmar que a colaboraçlo do Eatado com o IV e V Poderea se vem deteriorando gradualmente, o que talvez conduza a problem86análogoaaoaqueeedelinearam no Brasil e no Chile. Ma, o Clll"llO eventual doa fatos no Paraguai l.'lltA profundamente condicionado ao eetado de .a(ide do idoeo Preaidente da Rep(i_bHca, General Stroessner, cujo prestigio penoal no pala ê tão r;=í~ueaco~~t~~~~~r~~:;~

IV - O FIJ11JltO - FATORES RELIGIOSOS E PO~E DESSES dadoe, reata lan~ar agora um olhar interrogativo sobre o dia de ho~e; que dia de amanhã nos prepara ele. Naturalmente, conheç,o melhor 01 fatoe que ee pasaam em meu próprio Pala. Reporto-me, pois, especialmente a ele, no que pa'80 a dizer. Maa conheço o , uficiente da realidade ,ui-americana para afirmar que , em linhae gerais, o quadro é o mesmo para oa demais paiaes deste eubcontinente. Cumpre-me advertir preliminarmente que começarei a me referir a "politizado", uando o vocábulo em um een·

D

:~:lir:d!· q~!°m

ê;.~t=:~rm!~i:

1.

Católicos politizados:

progressistas, conservadores e reacionários Do Paraguai, onde também tem vi-

divenidade fundamental. O regime militar bra1ileiro evitou -

minar da politizacão. Conscientizado será o individuo que tomou "consciên eia" dae suas neceeeidades e de se u~ direitoe (reais ou fictlcioe) indi'"iduuis. in clusivena medidaemqueest11existcm também para multidões. e cons1>1u.-m aseim problemas da polis. O ind1nduo plenamente conscientizado é ip~o fucl u politizado.

habilitadoaooneiderarointereaeecole-tivo, tantoem aeu aepectodeconjunto, como em aeus fatore& capitais; maia ainda, aobaervaraarelacõesentreobem comumeobemindividual,eaavaliar =c:t:=ed:ier::i~ ::~ido e harEm rigor, a politização assim entendida pode concernir tanto a sociedade temporal (o Estado) quanto a eociedade eapiritual (a Igreja). O individuo total· mente po\itizadoaerá entãooquepoesua acapacidadedeconheceredeponde-.-ar adeq uadamente o bem comum de umaeoutraeociedade. Falarei também da "conacientizacão" no aentido de um estágio preli-

Neste sentido, oa católicos politizndoa formam dentro da Igreja uma minoria dividida. Une se dium progressis:::·c~:-i~h~daº la1:eja(e~~~:-ª~~~:: da eociedade_temporal) run:io a urna

ses politizadoe tendem analogam enlt' a uma aociedade cada vez mais igualitá ria , cujo tenno final seriaaautogestão integralmente horizontalizadae igualitária, preconizada por Man: como eta

1!~':~~ro:=::tZ1t

pa ;r:e~~;:r:;nC:'ht 08

~~"r::ro~~~~q~ e e~ex:::tt:1e!;ri~una•l desejam não ir além das reformas do Vaticano II. Na eefera temporal, é fre3!e~ilf!d~na~~:l,~~eªz ~:a:~~~ reformada num ponto ou noutro Por fim. há os cntólicoe ret1 cio n 1•· rioa,nCM1tálgicoedasituaçào religioija tal qual estaseconaervouatéoPontificado de Pio XII. Na esfera _temporal, nlo éraro quedesejemaabohçãodesocializaçõesedelei,igualitáriaspromulgadae a partir doe anoa quarenta aU! agora.

2. Distribuição desigual en1re progressistas, conservadores e reacionãrios, no Clero e no laicato

CATOLICISM0-Junhodel985


maioria indecisa e indolente, eos l't!acionárioaquaae nio 011 h,. No laicato, entretanto, a situação é seneivelmentediverea. Com efeito, oe proen'niataa leigoe constituem uma minoria proporcionalmente muito menor do que no Clero. E l!l!1U1componente8eãomenoert!soluto3. Pelocontrãrio,oeconservadort!88lo muito mais numeroeoe, e ainda mais irrt!110lutos no laicato. E 011 reacion,rio. algum tanto maia numero&08, e &0brt!tU· domuitomlWdecididoe. Oecom1ervadort!ad0Cleroedolaicato, pacato3 por lndole e quase por definição, 11e manifeatam pouco. Seu peto, aliás principalmente eat&tico, é considerável. Progrt!uistaeel't!acionários polemizam bastante entl't! si. Move--oemuito menossesperançadeconqui1taradep-

O futuro da América do Sul ae e1tá decidindo, pois, no momento atual, em função do debate dentro da Igreja. Se a maioria católica pender, em nome da Fé, para o igualitari emo teológico e llÓci~nõmico, a Américs do Sul será comunista. Se ela l't!siatir a tal igualitariemo em nom e da Fé, ela será contrária ao comunismo. Faço notar de passagem que, no primeiro caso, ela será antinorte-americana, e suas doze nações serão tãointeiramente l1tert!8 de Moecou quantoa Tcheeoelováquia, a Hungria, a Rom!-

~~';!~

~~â:U~ul/eá ~ ~t:~°a~n~~ infeizes nações sob o jugo

~':::;1J:~~e

Auim, a América do Sul pode ser compa rada - do ponto de vista norte-

:in~~~rrer:!:fr.~ao (cfr. n•, UI, 2), Ma.s, IM!ll"Undo me parece, eaae fator terá, noerocesso deopçãoquees&aO!I· cilação a1mboli za, o papel chave que neste trabalho estou me empenhando emdetcl't!verconcatenadamente.

4. As duas fi guras da Igreja entre as quais o católico conservador é chamado a optar Em que tennoe lól!"Íeo& e psicológicos ae põe, então, para o católico conservador, a opção que deve exercer? Por sua fonnaçlo reliJi0!18, ee&pecialmente pelo matiz ibénco desta (cfr. o•. I,3),elenãoprocurarárt!solveroproblema segundo 1ua1 mera.s prt!ferênciu pes&0ai1.Ma1aledeeejará1aber,acima det'!-do,comqueme&tãaHierarquiada

01 ensin amentos ea condutado Vaticano e do Conei!íoeegundoeeses ensinamentos;

~}::d~

011

8

venb~d:~, o~guf~o~:J:: maia do futuro do quedo prt!eente,que lhe é deecrita pelo1 que procuram interpretar tudo quanto a Igreja vem ensinandoefazendo,apartirdeJoãoXXIII

:io":'ur::ra ~~i~~

11

:~ ~:ç:~i~ 11impatia de novoe 81leptoe nesta verdadeira "terra-de-ninguém" que ê o eetor conaervador. Eiiteúltimoéconetituldo,nasuaforte maioria, de peeeoae escauamente politiui.dae, quando não deepolitizadae det.odo. A po~ição delae ê muito menoe uma

di;à~~~ h:~i~~::~a1~3:r~:d~ g~: do da alma.

3. Peso do fator r eligioso na determinação dos rumos da América do Sul Poristo~esmo,aeminoriaaprogre&• 11ieta e reaeionária vão lj"anhando graduslmenteter"l't!nonama1oriaconserva dor11. Qus\ dele, ganhará a luta? Ali potencia11, 011 meioa de ação e ae tática1, de unaedeoutroe,sãotãodeeiguaie,quea luta entl't! une e outroe lembra algum tantoadogladiado r comtridenteeeecudocontraogladiadorcomelmo,couraça.escudo eeepadacurta. Dequalquerforma,oêxitofinaleerá

~i i~:'!e~~~af.i~iru!~f/'~°a?:'df!t.

;:;:t~·e::e.

micl d~rc::::cr:·c1aros, que se podem prt!ver, J?88IIO a pano, os rumos J)0611ive11daop1niãocat6lica no Brssil e, mufafit mutandi1, noe demais p1<iee,i:da América do Sul.

~dá

Ma~U::~ :~e 1in~~eirr~~~: uma du outru naçõea) por int.eiro. Poi11,no11ubcontinente,amaioria católics ee identifica (cfr. n•. 1. 3) quase comolet.Amentecoma Nação. CATOLICIS M0-Junhodel985

amencano - a um gíganteeco ~ndulo de 260 milhões de habitantes, com 17,8 ~~~te~ci;w:i!de!U:Oni~~~d':ee~ g:itf=u~caJ:~~i{ue oscila enTal oscilação, de alcance internacional, politico e sócio-econômico imenso, não determinará eeu p0nto eetático pela mera ionuêocia

(e inclusive o Concilio), eegundo o sentido progreui,ta, e até mesm_o interpretando, ne&te eentido, oe enemamentoe da llll't'ia prf,,medieval. Ena 6ltima concepção apn.'llllnta 01 r::a°!e'!!:tta'í~~= !"d:::ite~.~ºq: horroriza OII con i,ervadort!e. Como também horrorizam os coneervadort!I algumaecrlticaedecertoel't!a-


para nãofalar11enãodeall!!) e11t.fl sujeito um Papa? Preel!ôe, ... PTesllÕes estas as quaisavirtudecriatàmandaquei;et<>mem algumasem co ntaeoutras11ede· safiem com Fé e confianca em Deus, como se de nada valeuem. Com que graças abundante.ou superabundantes assistirà o Papa.a todo passo.a l'rovidência IJiv1na,11empreamorosadaSan ta Igreja? Comoreagirt, a cada instai),· te o livre a rb!trio do Pontlfice'? Augustos e sublimes mistérios. os

d~

:u:~:f:;~?~1~;;zo~Jt~::Ao Deus, já que nem um pauannho cai semqueE\eoqueira,e até011cabe]09de noasa cabeça estão con1ados (cfr. Mt. 10,29-30). Masêigualmentebem certoque.por

3:à~sj~f~i:.~~~~

1 \:~

IO!la !ijura da lt,$ Q.e se apresenu, para o rnóli<:OCO<IW•ado, f >Q.e!a , m qu, 1~tt11 cont,nuidW. ffli ~1ou e rut,l1nte do em,no Woo-econõmico d1 Elooi,a oe Cnsto. ót$Ot Sio P,óro • p., AII Na TOIO. , ,1e Pon1,l,tt proclama so1er,ernentttffllqSC0Do1:m1d1~un,;iodeM11,a S1ntir.s,m1 o..ttunoda H,itór,101 l1:,e~ 1té nos~ d11s

cionárioaàlgrejadoVaticanolleéera ~-«>nci!iar. da ~~~ti;!°poif~c:e~=:!::~~fc~~ :eJ:11o~~j(;!1fS:iv~!:~ ~-!J:1i~!

!idade à Lei de Deus e O lgreja ),curno

r.::~

~j:ªn~!u';!~~:·~!uE~1,'a8jh~~~ terrenolilÕCi~nômicoquetenhoem viata.

5. Na ordem concreta. toca a João Paulo li o grande papel na opção dos conservadores

suu atriJ,,uiçõ_es, nessa imensaencru· zilhada históncaemqueseencontraa América do Sul. En cruzilhada es1a, a partirdaqualospassoadelaprova'"elmente nào poderiam levar atrâs de si ummundoorganizadoeunido.Maa.tal· ,·ez, levematrásdesi,emdada&circunatAncias, fragmentoedeci11iv03den09so mundo hodierno, profundamenll! con· turbado e radicalmente dividido. Sejacomofor.quempoderlacalcular a pluralidade de presllÕes contraditó· rias As-q11ais. (ace a e11te problema (e

f~d~1ni~~0/[;1i;i:~:=~ A

~:l!~!~ ~~~1:i~~o~~~~riaC:~~: coisa&aerãocomoelequiser.

~ie~f3aéof!it1ar~:iiitf~~ que

fará uso de suas atribuições

Ma& a realidade bem pode não 11er e•· ta, ou pelo menOJ! bem pode não ser in• teiramenteesta. Com efeito, consideradas as coieas apenas no_planohumano. inconllwei, isào-máXJmenaaépocaadeconfuaàoe deconvuldo-osfatoresquepodemlevar um Papa a não dizer ou n ão fa:;o:J:;, º.~e:~ito!led;tia~: ~~ei~!M>8:"~ PioVIePioVll,quesuceu,vamentere· f{~ªn~es! !gi:~r:u~:;;!ÍJni~tt;i~ - e prestando embora, de muito bom

i~~~:·i?i1~;ª~:1

rªF1~;ª~!1r!~ véll do Prefeito da Congngação para a

~itina~!ªr!c~i ~:'e':e~ª!,;·q~~~i':Ía~ atual Pontifice quererá fazer uso de

~~

°"

V - VISTA DE CONJUNTO

Entre 03 católicos, é reduzido o nllmero doa sede-vacantistu, isto é. doa que.- talvez maisnumeroaosdoqu.e

exe~am uma influencia muito ponderà•·el neeta trágica opção dos católicos conservadores Eficaa111impatentequc.naordem concretadosfatoa,a JoãoPaulo ll toca

·=~=.~

decuf!IO da H,,tóna da JgreJa. como Já temacont_eeidonopas88dodela,~nto desastree1mprevia!vtiaqueaterronzam, quantotriunfoaqueaurp~ndemede~ lumbram mesmo esplritos mais cn ticos O cer to é que. na o rdem das realidades em curso na Amér ica do Sul, e em toda a Amlirlca Latina, a luta doutrin ária en tre c11tó li coa progressistas e reacionários. e a atit ude do8 consen·adores face a essa luta, se rc~·ela, em seguida a um11 análise a<'urada do panorama atua l, reve,i;tida de uma importân · eia capi tal. O que me pareceu útil s ubmeter é atençãodosparticipanteadesteprovec· to encontro.

PRESENTE vista de conjunto ~a:"!~m~: ~~~!;!i~e~ªt!

ri:~ri~:·

~r:!d~ãie1i!1~1i:h:nc'o'!: eairrados,queestariamapedirdemons· tração. E~tretanto, como llóeacontecer com as Vistas de conjunto muito nm· pias. elas correm o rieco de tomarem propo?ÇÕ('sdeencidopédia.!eseembre· nharem em tais demon~traçôes. Tais vistas de conjunto podem ser üteis a leitores qoe possuam sobre o

~~= :~u!~ ai::~~[::si~"ri~.t°ia:~ demajudta.Josasesituaremcmumân· 0

guloapa nirdoqualesseselcmento8es· ~:..~:em se tomar explicáveis e Com i880, uma vista de conjunto podeservirdeestlmuloparaareílexào, a análiseea11mtesequeoleitornor· malmente deseja operar. E o pode e11ti· mularp_araapesquieadedadosnovos. a respeito dos quais ele tenha cntào meios de encaixar dentro de um todo bem concatenado. Para co~cluir, apraz-me dizer que tenho em vista o faú.ldequeuteCon· greel!Ose realiza na Amênca do Norte, comainiciativaeacolhidnfraternade no11SOecomunsamigoed_a NovaDireita, atantostitulosbenemêritosdeseupale, e com isto também do Ociden te e do mundo inteiro. E notadamente dos Ín· cont.Ãveia homens., mulheres não comu· nistasquearraetamumaexietênciape-

nosanasnações-ma11morrasituadasde· trés da cortina de ferro. ou localitadas em tantos outros pontoeda terra. Por fim. também beneméritoe. com tudo is· to,doaprecio110Sre11tosdecivilizaçilo cristàqueaindaseachameapar!l(lspelo mundo. Sou brasileiro e sul-americano. Ois· correndol!ObreproblemaedeminhaPá

~~Tc~~~i?ult

É~S:!hJn;~~~~l~!

p;,~tmã!;";~:mtJ!~ n:Ós ~~;~~ ; Américas. Por que. ao concluir este traba!ho,me110\hurnàosealongapois, 8

d: JfJ:: J;ef{io

~~:.~deª,!.m::· ,:;::,:Grande? Ponhocordi11lmenteasl"l:'ílexõesque ele contl:m em mãos dos norte·america· nos e canadeneee presentes ao Congres· 110. Quem sabe 11eoquadrodelineado nestetrabalh o. pelassnnlogiasedi· ,·ersidadesqueaprescnteemrelaçãoao que ocorre nOJ!palse1111tlt'ntrionsi11de 11 ~í:i~;°~!i~la~· ~~e

e~b:J~trd: ~rn~:

8 1 : : aFe~:Sri;3i!;~tii: d~~ii!

l<(!JIIÚtil!

Nisto também haverá. de uma forma ou de outra, vantagem para as nações de nossa que rida Europa, nae mãos de cujos representantl!II também deposito o presentetrabalho. ao mesmo ll!mpoque, comsentimenlO!ldea rd orosasimpatia. ossaüdo. CATOUCISMO - fonlH:idei98S


Na Espanha socialista

Ensino privado em vias de extinção NOTICIÁRIO dOII jor-

O

nai, bra,ileil"Oll tem 1ido paupérrimo quanto

BOfl.~&ultad011dauperiência

eoc,ahsta em patu. do Velho

~----

F'r"_,.,

~;;i:~~ ..~~ ;!rri~o~!43o~uv Poder: o socutlismoanda ate,. ladi1~~~~~~-ttiundo pesquisas recente,. o governante fran&amai1impopulardetde a2"GrandeGuerra-enfren-

tacreecenteopo1içào.Ebu11<:a

e!ea1Cora,portodoeosmeioe,a terapia intensiva capazde ma_ntê-lo no poder. apóa as e!e1çõee parlamentares de 1981:i. A tAo decantada auto-

ge~tão, exoreiiadu e~pecial-

d:,"\' 1 íi,'t-Pti"~~t/·l:~:;:~~ aapare,cido do vocabulâno e1querdiata na França. O fraca,&<> de Mitterrand

é mais facilmente percebido pelo6viz.inho, europeu1doque na Am~ca Latina. Por aqui. oaociahsmocontinua,porora. noventodamod~midadepara rieusoorifeuspolitioo1ereli-

gio-

NaEspanha-daqualnOfl ocuparem011 no pre.entean.igo-odeiw:ontent.amentopopular tambtm vai abalando gi-a.dativamenteogovemode Fehpe Gon~J.,.. Este. receoao dequeaaphcaçãoimediatada autoge.1-lo no campo aócioeconômioo -meta prioritària dn P'SOF. - provoca- a mi· sfflaeocaos,?HO]veuinvutir~rimeiramentecontraain• titu,çlo da familia.

ãe

1 ;

~i}!ib?!~~3!:

põedemaioriaabeoluta,gri,.. çasaoinconceb!velapoiode

J~ri~~~l~\ i:i~o;;~:~ã: ~

la n,fenda agremiação polluca, em outubrode 1982. Agora, mediante a Lei OrJ(ãnica de Oi~itoâ Educação

A$

tnlldldn orpn,aaons ol.l tr•nae m•nf...i•çio. r,•hi"MII em lide ,wwemblo PP n• cljlllll escr,i,nholf.. procum•m atenua< a. IJIMCN. que :le eh!IUOU em IMflCMI t COffl fa11H pouco t•P'ffll"o"M

O CM~ •l"ICIC'M'IIlllU

A maioria da população ~LSi~:;.\;;;~:,; t~íei;:: vaatadoraobreaaescolaspar~:,Sr!:t\~:ioTaci:~.rl:Ei:ta~ ticularea.catõlicaanagrande maioria. ~~=~~- 8~65,d~:~~~ª~.!é!: rência pelo enaino pnvado.

Agoniza o Ensi no pri\'ado A LODE ataca brutalmente oseatabe!ecimentoll priva dos.noaquaiaeitudam:*!''tdu totaldoaalunoBespanhõ,s.de todosoagrauB

As1if1•liut,v1""charge"cie"'EIAl(:111('deM1dn(20-ll·8Al<tPrHen11111s.mth•m•· d1ti1<cado""rolocompressor"":omml$t1od1Educaçlov111pllC1ndo1LODEa~ar d,s mK1çu m1n1lestar;llescontri11uj oov11t,

Por outro lado. outras pe11quisa, demonatraram, em 1983, iueum terço dos que tinham

p!~feri:~n~~é_fo~• a ~~J~~

privados. E 63'1bdOII paiscon· sult.ados confe1t1-1111v11m estar 0 ~:i:riabu!a~ ~~:

~i~~iteª çào da e11CO{'. privada (Informe FOESSA - ABC de la Educaciõn. 11º 33, 20-11-84). A subvenção pilblica ao1 est.abelec!mentos privados nãoco111nderao1gasto11como pessoaldocente,OBdereposiçào,oadeamortizaçãodejuro& etc. Deumanoparaoutro

~~í~rEíF1~~~~1~

sumidor{IPC). Euas l't'lltriçôes aào coerentes com OI! princlpiossociali1ta11,quereivindieam11ma eseola(mica, laicaedecarà· terpilblico. A propó8ito~oportunoad11ziraquia1 re90lueõN do XXV111 Congreuo do PSOE, realizado em maio de 1979:

.. Propug11orno1 um e111,no públiro; poro 11.S... socioli1to1.

,muitocloroque,aemJoaEdu caçdo um direito (1mdame11tal de todos 01 lwme/18, ndo pode neg6âo poro a empresa privada, nem Í11$lru.-

,e, objeto de

~:C/:J. ct,.: c;Ji'::,~}ihf',;n:e~

7E~~1li.~<t:t~?f:~1~

uma política que tendo o su pr,m1r o, 1ubuenç,!le1 que tro,M{erem fundoaparamdos prwodos. '"Nem profeuore,. nem olu lierfJ.o di1crimi11odo, por

no,

[k::t:t::c.e~

:~~ a~Oll~~t~:~ obr,gatór,as,w,centro,epla nos de e8tudo". Viaando tal objetivo o govemo aocialiata vem construindocontinuamentenovoaestabelecimenl0tldeen1ino,mui tae veue conúguos aoa centro& privadoajá exiateni.es. A

E::!;=º:t~.~d:

extinçãodae11COla privada, tanto moUlque.parasersubvencionada, eata íiltimadeve conta r com um mlnimo de 35 alunoa por aula (ABC de la Educuti6n. n•. 35, 20-11-&0.

:J6.iº :::.":leci~

anoSo;.!~o~m mentoa particu\are,,

foram


obria:ad011afechar1u1111portu, devido ao eatranlfUhunento H:Onômi~ do en,rino privado.J á exphcamoaacimacomo vem IN'lefetuando tal e11tr•i,,::1~'!:,1~toã Eepanha caminhando tl'Utemente rumo à Eacolantataldee,itilorwu,o ou cubano.

A oposição di alogante

tembhn uma fónnula inteiramente inaoeitável por 11er ineficaz e nociva. O mais recente lance da opoaiç!io à LODE ocorreu no dia 18 de novembro ~timo, 1

~~=.°rt2d:::~IThro d: ~; f:b:J:: d:cf;:ifv~i! luruaadeMadri,pedindoliberdadedeen,inoe... o"pacto escolar". Pouqulaaimoa !lllcerdotea e religio&01 comparecerama essa manifeataci.o, a maior da hietóriaespanhola. NenhumBi.&poeetevepn,,,ente. "EI Pala", jornal de maior ti_ragem na Eapanha, pouCOII dias antesdesaa maciça marchadeopoaiç!ioaolOCialiemo, informava que a c6pula epia-

:~:!vt~º~!°p~b!l:,ª: ~ NH a 11e tran,formarnum ato

Enquantoauririamtaiamanifestao;:,}ea de protesto, a ct1-

f?J\lifala",i.f.fi°.ã:rªmen~ Aemaoniináriaafiuência de p6blico, incon~onnado com o.rumoeque vai tomando o

&1::J~~:t~~~i

Eml8de110vembroij'11rncm1,sdeumm1lhieaepe11~sdesfümmtm"11driem

protestocootra1lOOE eoed1ndol1be<d1dedeensiflO

manobradeconveqrência ecapitulaçAo. infelizmente. pare-

doaa1111imchamadatáticado "rolocompreaor". Aaprovaçãodoabortoeda LODEooneti111iverdadeirabofetada desferida no1cat6licos quevotaramnoPSOEnaelei ç.lo de 1982, e uma compro-

ce ganhar te~no_. Ela~ bem o

contrário da re11stência, im

~ri~~~!,dde'!:'u:SS!~a~ ~~~i~s~ entre outros, um Cid Campeador e \lm São Fernando de

ci~~~!~~~~'!g!~! ~":r~ri~ do com a tática paic.Hiulcifi-

vall,aemconae,iuir,m~tanto,abafar o malfltardifueo que IM'! notava em todoopaia. Em der.embro de 1983 e em fevereiro de 1984, foramrealizadaapW1aeata1-mon1tro,em Madri e outraacidades,proteatandocontraoprojeto,.vma preeençademembroadoEpiacopado. A. entidadea católicas, preuionadu pela Conferência d<111 Biapoa, de,iviaram a reação, reivindicando uma "terceira via" - o chamado

cante - empreJada pela Hie-~,~i:.,~le~i~~~a:ro~~~~~ didaaseW1adverd,rio1.

Resistência ou com·ergência capitul acionista?

J'C:c':=~:r·~

- ~!ci:ipd! LODE e propugnava a cogestAo como meio de deter 11 ofensiva autogeationária do aocialismo.ParfCedesne«'llaário ressaltar o deaacerto da manobra , poia a cogestão ê

Na Alemanha, museu dos açougueiros

A FIM DE DOCUMENTAR e apresentar ao p6blico as tradiÇQN de seu oficio multiuecular, a corporação dOIJ açougueiros de Bõblingen, localizada na cidade de Stultgart. na Alemanha Ocidental, inaugurou recentemente um

:~=tr=!iaU:Ui~:: d: i~bf[:g~r;; ::1~~~r!~

O Muwu do Aç,;1,Jcw de Boblmifll fco ,nstalldo num1 bela US1

deestiloeouunel.eddicldlentre 1580e 1590

11 0

~ri:a~a ~

~:;::~::1:w~:~1;a'd:

:=~~a:::;

1~e cfJ~/eri~e~~~~~~d!~~~!t°!~ ~1!>i aasi1tiam ao deefile, ao preço de 5 marcos o pedaço... O dinheiro arrecadado destinou-se a uma obra de 111111i,tência a crianças deeamparadu.

s::i::ra~.

ban~!esd~~t~ic::'.°:~hlev:a!~;i~~~l~~=~i::o°:f:nd:ª tes e carrw alegóncos. ~ cortejo dirigiu-se ao prédio onde seria instalado o mu1eu. Trata-se de uma hnda casa de estilo enxaimel, construida entre 1580 e 1590, que oferece uma moldura muito digna e adequada para abrigar a hi,t.(iria da aecu\ar profissão. Cerca de mil peuoas do paú: e do exterior foram oficialmente convidadaa e

:!~=~:d~1;,.~ dts~r:~n= ::~~:U~ªtare: d:~~~~r::!r:~::: temaa divera08 relacionados com a carne. 0

0

No andar têrreo, vê<!m-se objetos relacionados com a produção e venda do produto. O viaitante pode acompanhar ali o proceeeo das mudanças de venda, daidadeMédiaaoenoe.soadias:desdea"ofertadoanimalinteiro"at.éaatual venda de partes e pedaços. E: apresentado também o continuo aperfeiçoamento da fabricação de linglliça, cujaa variedades hoje oferecidas são inoontãveis. No primeiro andar os açougueiroa explUleram os objetoa precioeDIJ da 1 Z!i~~ªst:e~~ à:-~:e~ª~~~~er~::~f':8, "arte gráfica da profiasão" (Agência Boa Imprensa · ABIM).

~r::~\:~i~ :e::~:a:~!

CATOLICISMO-Junllodel985


A TFP alerta o País para o agro-reformismo igualitário DENTRO DE poucos dias, a TFP porá à venda o estudo: A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista. O texto é de autoria do grande pensador católico tradicionalista, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e do distinto economista Carlos Patricio Dei Campo. Do ponto de vista da doutrina social católica e do atual contexto s6cio-econômico brasileiro, analisa ele de modo sereno, penetrante e documentado, o Estatuto da Terra (ET) e o Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) do Governo José Sarney. A argumentação dos autores

demonstra que a eventual aplicação da reforma agrária nos termos do ET e do PNRA constituiria impressionante passo no caminho do socialismo. E, ademais, tal eventualidade conta desde já com o franco apoio do PCB e do PC do B, bem como do "Pravda"

~Íl~t'd~~~:1cl~: J:A;~~~i: Ta:~; "Rio de Janeiro - Acaba de r ealizar-se, nesta cidade, uma

reunião dos quadros diretivos do PCB. Em mais de 60 anos de existência, apenas por um período insignificante esse Partido permaneceu na leRalida· de. Após a reuoluçdo de 1964, foi ele obrigado a atuar clandestinamente, e a primeira reunião legal de sua direção é tomada no país como um marco notável na vida dos comunistas brasileiros. No documento resultante da reunião destaca-se que os comunistas con sideram tarefa fundamental garantir a unidade de todas as forças prog r essistas do país. Atualmente - diz o documento - o PC preconiza o fo rtalecimento da Luta contra a inflação, a realização da reforma agrária, a estabilizaçdo dos niueis salariais, o direito à ç-reve, a maior aplicação de capttais

~rs~;Jor!is°te:i8;1!

2

'!:i':!s~:e~ outras medidas econômico-sociais correspondentes aos interesses das massas trabalhadoras " ("Pravda", 5-6-85).

O livro demonstra também a grave inoporlunidade dessa apli· ~~r:!i;~u;!l:nci!1~!~fert~:~~ dia mais acesas em vista da cri·

.e1C:{;~

:e~e~~ºCri~itn~~~o~~• Eósito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira focaliza a relação da oontrovérsia agro-reformista com os erros apontados pela Santa Sé em certos filões de adeptos da Teologia da Libertação bem como na obra do teólogo Leonardo Boff. Nesta perspectiva, meneio-na também ele a "inconformidade" declarada, face ao ato da Santa Sé, por cerca de vinte Srs. Bispos brasileiros. E, analoga. ~~~tÍii~ai:~:ir1i~~8~r~a:~:~

ifr:[

~~~~.~u:~fiffistiria'sd: O novo estudo da TFP ê um apelo ao Governo federal para que tome urgentes medidas no sentido da revogação do ET e do PNRA. A publicação, de vibrante atua· tidade, profusamente argumen· tada e documentada, estará à venda dentro de poucos dias.

TFP pede dilatação de prazo de debate sobre Reforma Agrária O PROF. PLINIO Corrêa dt: Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da TFP. enviou há pouco carta ao Presidente Josl: Sarni:y. na qual ponderava que o pra,o de 30 dias concedido pelo governo para o debate relativo ao recente Plano Nacional de Reforma Agrária era absolutamente exíguo. E solicitava ao chefe do Executivo. intcrprernndo os anelos de todos os sócios. cooperadores e corrcspondemi:s da entidade. que o pra10 fosse ampliado desde logo para 90 dias

Transcorridos cerca de 15 dias, o Presidente do Conselho Nacional da l"FP dirigiu nova missiva ao primeiro mandatário do País. tendo em vista que o intere~s.-: nacion,11 ~lo tema da Reforma Agrária cst:i tomando proporções sem precedentes. CATOLICISMO-J11nllodel985

Acentua o Prof. Plínio Corr~a de Oliveira que nosso intuitivo povo "já se deu ,·uma de que a aplicuríio do E11a11110 da Terra e do PN RA desfedwrd de imediato na mai!i profunda e ren,fsfra 1ra11sformaçiio ocorrida 11u País desde a fndepe11dência", Ressalta ainda que. fazendo ato de esperança na efetividade da abertura política em curso. o Brasil todo aspira a um grande debate sobre o assunto. proporcional à extensão do PNRA, cujos artigos e parágrafos são prenhesdegravesconseqüências E vão despertando na lavoura apreensões justificadas e dia-a-dia generalizadas. Em face disso. o missivista reitera o pedido feito na carta anterior. propondo a dilatação do prazo de debate sobre o documento. de 30 para 90 días.

A míssiva lembra que ninguém ignora a luta que, há mais de vinte anos, a TFP desenvolve contra a Reforma Agrária. com irrepreensível respeito à Ui. Assim, no mencionado pedido o Presidente da República poderá ver a expressão de um desejo comum a quantos, nos mais variados pontos do território nacional. têm manifestado paralelamente seu descontentamento e suas objeções à Reforma Agrária. Por fim, ao Presidente do Conselho Nacional da TFP parece compreensível que os patricios agro-reformistas só possam somar seu coro à solicitação de uma dilatação do prazo. Pois, quem está persuadido do bom fundamento da causa que sustenta. não pode deixar de considerar favoravelmente qualquer oponunidade para manifestar seus argumentos. li


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,.. A emocionante descoberta dos ossos de São Pedro no Vat icano

"TUts

"PEDRO ESTÁ AQUI"

PEDRO, e sobre t1ta edificarei o minha /greja" (ML 16-18). A.a divinas palavra.e de Jeaus concedendo o pri• mado a São Pedro convidam os cate> liet>:'detodoaoetempoaaseintereuar, che101 de veneração, por tudo o que u refira ao primeiro Papa. E, pelo contrário, oa anticatólicos tendem a atacar o quanto podem o primado do Prlncipe dos Apóetoloe. Oa maia odientoa ataques provieram doe protestantes, que chegaram a im-

nas, e acima delu u da Renascença.

!~~d~r::,~..~vr::r:~:i"~ f:ÕOco;:,: 3;1hÍ!~'ria~ª eido aberto em

J)ffiro

Anacleto eri\leU no oca! um monumento fúnebre, aproximadamente vinte

!i~1ai;;:r~~~l~~::;, ~;:ttu~·J:~=1~~1; r. junto com racionalilltaB e comun~tu. que ele tenha e11tado em Roma e, por, tanto, que tmha exercido IA o papado. Mu atravêe doe lléculoe foram eurr:indo documentoll provenientea doe mai1 dive,..011 pontos da criatandade

fi~:iti,rC:v":ro=o tã::~J:ha~a1!

tef, que oa anticatólicoa praticamente ficaramreduzidoaaosilêncioquantoa eeltelJ ponto.. Um dos principaiahisto-

~h=q~~ji:-~~:"~~~~!~hd:r:f.:

~=~~:r::=Joe::~V:~~~0 e1: 8

R<>mL Peniatia porém entre m11itofl hiato,. ria~oree um~ queetão. O túmulo do Vi-

mando que no local havia um "troaion" - monumento fdnebre (a pa· aVTa portui\le&& "troféu" não COrrMponde exatamente ao .sentido da pala· vra grega "tropaion''). ANim que foi concedida liberdade aoe crilltãoe, multidões de fiéi8 começaram aa.fluirdetoduupa.rteepara venerar u reliquiu do Prtncipe doa Apóetoloa. Por volta do ano 330, o Im· perador Constantino e o Papa São Si!· 1 1 1

fi~;r: =~~i!!s~il1:'. 0 ~rÔprioªfn!:

peradortrabalhou naobra,carregando doze ceetoa de terra em homenagem ao1 Ap,óritoloa. O local era aumamente inconveniente para a construção, poie o aub-eolo era mole e cheio de Ái\lll. e o terrenoemdeclivenecefl.8itavaaterroe colonai.a. ~l~ ~ . ~a.e lei.a roma·

Um intereaaante livro, The &nea of St. Peter ("Oa ouo. de São Pedro"), de John E. Walah {Doubleday, N.Y., 1982) narra, pela primeira vez, u peaquieae cientificas realizadas no túmulo nos fil.

~.'!~~:;:.~ª :::er;:o\~~-et!teg-uem foAs escavações

Em 1939 foi decidido rebaixar o eub-

nasi.:~s!~~/~!ú~:~ºa/h!:f~~am

:!~Ã1;~: V!~: ~:t~:°\~:I~~li:~: exemplare11 já descobertos do periodo

:~::cEfi~~;~:1;11;;;~;

ma1ãpideveiooutraoonfirmação:uma

~:'~J!,~ª que ao lado ei,tava o devia tomar-ae o centro da grande &· 8ilica - põde ter levadoCon,tantinoa enfrentar tantas dificuldade& técnicas, jurldicasepaicológicasqueaeopunham é. construção em local tão impróprio. Maistarde,naRenascença,aatuale ainda maior Basilica de São Pedro foi construida nomeemo sitio, ma.a tem in· terfertncia nas conatruçõea anterioreti, erg-uendo-se num plano mais elevado. Aallim, sobre o túmulo primitivo eri\leram-11e u 001U1truçõea oonetantinia-

12

Verificou-ee que o cemitério era anterior à morte de São Pedro. Mu oe ricoe mausoléua eram pouco poeteriorea a ela. Tudo havia sido soterrado intacto ~~svi~\:é. ~o:ú:ui~~~ntinianos, para 0 Comtodoaeaseeindiciosfavorãveis, PioXII autoriiouentãoqueeeabriHeo túm11loesefiiee1eum e1tudocompleto det11do. red~:~:~e ::u~ape~~:rc!~l!; !~~1.~!i des~o~t!':::ui~~d~~:: CAT0LICISMO-Junhedel985


Apõec p1188a:r pelas mesmas par es, che,anmaoutroaltarprecioao-eet.e havia 1ido o altar.mor eriJido por São Grea-ório Magno na Basllica velha de São Pedro, no 1écu.lo VI. A parede vermelha, neua local, estava recoberta de Rtelente:e mármores, 11inal de importância. Tentou•se, então, do lado opoato.

.

~:.-:n°C:,':i~~~~~:1"a!u)~~:;:!:~

::1~edd:;:::aq:;i:~e~~~facl'~

RKOOStr.,çlotsq.1emititadotúmuloori1illlldeSloPtdr0 testruturasadj1Ce11tes:Al Parei:leVermelha: BIO"TroNion"; f) T(inulcsdospn!ltiro:1 Papas; Gl funclaç(les d1 B1.,_coristruidl pcrConstanbno.

que o túmulo estava bem maia fun o, e

~:~!°e:! ::J~ ::r~r:'ad:J! :f

choa em estOo cláaeico, 11em nenhuma decoração crietll. Eetava confirmado o "tropaion" referido por Gaiue, no ano 200. Aa dura.e pereeguiçõell religioaa11 durante o Jmpéno certamente forçaram l'IIBe di.aflll'OO e a au11ência de eimboloe crietãoa.

va:~ ::.!~ri:[t:=rz:!1 c:'e~!Ío~

que ela eetava coberta dein.scriçõell cri11--

~': :J:: r~::~!~~~~~~8:e eram pedidoe de orações d011 primei"°'

~n1!:'·~U:ifa1!f~a=!°.:_esõa~: bolo codificado de(:ri&. to(aaletrugregaachi· ~ rho1upel1)0lltaa,como 11e vt no desenho ao la·

~~- ªM8:.eci: ~:~!\"u~

peadoa violentamente, uma co\uneta partida. No chão encontrarq,m•se mui· tal! moeda11 romanu e mediev8l1, con· firmando uma crônica que ee refere a uma ~uena abertura no t6mulo, onde se podia introduzir a mio. A,, moedae provinham de todo o Império, ateetando a devoção generalizada 1:10 Ap61tolo. O exame minucioao do local revelou na ba.se do nicho uma pequena abertura em forma de "V'' invertido, entupida de terra. Revolvendoointeriordesaaabertura, encontrou-se enorme quantidad e de oaaoa antiqüluim03. Eram mai11 de 250. Se~am 03 do Apó&tolo? Em caso

ee procurava não foi encontrado:Petrua.Ne. · ele naquela floNl!lta ·a o indecifrãve)1j.

~~~!ri==:-u!~d:Zbaixo

da parede uuJ era oca e revestida inter-

namente de excelentes mármores. No chlodeuacavidadehaviamuitop6.Pa· recia ter lido algum túmulo engenhoaa·

r::.::::f!º

:UiJ:rl:m~~;~~ pequeno buraco, o que destruiria as inecriQÕell. Com isao, u atenções .se voltaram

~~:~~:i:::~j~

~lll't: to à parede vermelha, para se chegará câmara mortuária. Logo foram encon· tradaa algumu sepulturu cri8tã.l eim·

~l:nqd:e;:'e'i!:d~':.w-ta:: de um tocante indicio: todoa OI! COll)Ol ell--

CATOLICISMO-Jun00del9S5

11ico_ robUllto, o que correspondia à deecnção de São Pedro. Dai ter-ae pro. pagado, na ocalJião, a venãodequeoa oaaoa eram dele. Maa eua localização l'lltranha exi· gia maiott11 pesquiaas. A,, Ncavaçõet continuaram, revelando que a parede vermelha era a peça chave de um complexo deCOBtruções.Tratava•sedeuma ed!cula comemorativa. no centro da qualhaviadua.scolunetasauetentando umalajedetrave~o.parecendou~ 81

f!h:d~mpo~re;1~!t::r:·. E:: ot!!: mente uma construção ideal p~ra ce\ebraÇÕl'II clandeatinu d03 prime1ro11 ena• tãoe. Como o cemitério era pagão e aberto,aocontrãriodascalael!mbaa,111 preeauÇÕl'II tinham que aer m111orea. Dai a aullência do nome de Pedro e de aim· boloe criatãos nessa área (éa! que està a parede azul com011gr1fitoe). testa

Plino s,mplilulo, ITIO$ll1Ado1loalizai;Jod1 Parede Vermelhi edi Pil'edt"11111compatitos.11111relaçak estruturut11Stentesdebao.oOOabr·m6rllu1I

também a raz.lo do 1il~ncio aobre a loca· lização dotWllulo, na literatura criatã da época.

Petros eni

"Eni" é a contração do ver grei'o antigo "eneoti", que&ilJllifica "e1tar den· tro". A inscrição e1gnif'icava "Pedro e1td aqui". A es11a altura, um dos maiores espe, ciali,tas em inacriçõe,t antigas, a dra. Margherita Gua:rducci, passou a estudaroagrafitoedaparedeazul.Comoee eabe, os cri1tloa tinham toda uma lin· g,,,agem codificada de 11lmboloa e letrae -opeixe,uletraagres:aachi•rho,oM ~~mM~'ii:

~ Sr':_ª ~:á!:fi~

13


briu o código utado para São Pedro: um

tente na época conetantmiana, ficava daroqueolmperadorautorizaraenvol i:periJreciosae rel!quiae na púrpura

=~~:~':~=:~do~"o\t~hªO (~i~~ de Jai~. tocanteri~1:'bºl:-ª eenho ao lado). Além disso, a descoberta provava oontra 01 an• ticatólicoequeadou•

:J:!~·

cin~n!:o!"'a/0:b!~aif:i: dentes verificaram tudo o que havia si· dofeitoederam-1epor_eatiafeit.oe.Mas, quando foidadasp6.bhcoanovateoria,

i~=dt~:~h~~ti~

inecriçõee com e8Se ,tmbofo pOd.iam aer obeervadae na parede dos grafitoe. E1tudoa posteriores revelaram que São Pedro era invocado com grande freq0ência, mediante tal ,tmbolo, pe\oa pnmeiroe cristAoa, poi, ele era muito usado na.a catacumba.a, em cartas, em moaaicoa, em pintur88 et.e. Estava explicado o "eil!ncio" eobre São Pedro. Ena deeooberta fez com que adra. GuarduccificS11,eintrigadaoomainex• plicávelparedeocaoomOBgrafitoeeo "Petro, e11i"'. Chamou sua atenção um fato que passou despercebido soa de::::ado~ud~1°if:ui:~n~s~~S:~:1~~ noite verificar os andamentoe dos tra· balhoa. Acompanhava-o G. Segoni, o chefe doe "tampietrini" (operários do Vaticano, cujoa oHcioa paseam de pai para filho). Mons. Kaaa, neeeae in1pe-~~=~::i~:10::r:qe: i ~ eendo enoont.radae. Colocava-a.a numa caixa, ajudado por Segoni, identificando com uma etiqueta o loca1 de onde fo.

~~~i;E~h?:i~:!f~E~

se bem ee não se encontrariam oesoa dentro da cavidade. Por baixo da poeira, Segoni encontrou numeros08 08808, restos de tecido e uns fios metâlieo5 Tudofoiiuardadonuma1;1maeidei:i,ti· ficado. Outro "1ampietrim" preM;nc1ou aremoção,ma.eoademai,arqu eólogoa nem souberam disso na época. Em 1950 foi divulgada a grande noticia: o t6.mulo de São Pedro fora dee· coberto. O próprio Papa Pio XII fez o an6.ncio, aesociando--o ao Ano Santo. Maa explicava--.e que, segurado o modo como oe ouoe foram enoontradoa, não H podia concluir ae eles SE"riam ou não do Apóetolo. Ao par do lfl"andejõbilo, ~i~.~~i!°:OYici~v~ d~~m=m~e~: gorosodetodosoeoS$08,d"80000rtoena pequena abertura em formade"V"in· vertido na parede do túmulo de São

rt;~1, =t~Pi:rxn:n~o:~:~~;

nomeado o dr. Venerando Correnti, um 0 doeº ~~~~oToli~~ !:i:or:i: tavam várioa oaeoe import.anlell. A conclusão, em 1960,oonetituiuumasensacionaldecepção:trat.ava-sede088oade tr!a~aa- doiehomenade meia idade e uma mulher idoaa. E j unto, encon· travam-eevárioa oeeoe de animai,. Todoe antiq111.saimos, talvez do século J. Para OI arqueólogoa, 11 situação ~.ex• plic11va:oomoasleierom11naspro1b1am aremoçãodeouoédeuma,epultura, eeses haviam eido encontradmi e amon• toadoa no pequeno buraco ao pé do nicho.

~ft:i,

dr. Ad:~:s8!:rifi~~~fdi!~~~~ demais ouoe daa tumbas pródmaa. Ao analiear oe 08&08 enoontra doe na cavi· dade revet1tida de mármore, da parede dOIJ rrafitoe, chamou-lhe a atenção o ee· 14

::s::i~~~IH~:i~~tfC:.d ~;~z~:

d: ~~~~:;~e

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:oeu~~~~:n~~i~d~~~xt~d~~~:

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p::eM:i/ K~a~. ~dr:1a~ Guarducci procurou cobri r com um mantooincrtvelepie6diodoeclesihtioo aorecolheroaoe8088em avisar aos

!

go mais rigoroeo. E, eobretudo, argu· mentava-se que não havia nenhuma prova que demonetraaae não. ter 11ido violado o repoeitório marmóreo. -~"im, nova série_de_peequiaas foi

Ped1coóe1rpm,~encoi,t11,dotJ(llferru1,io,nteroor da cmdade da Par~ "'1u~ eon"ndc l)lrtt da ,nsc,-,(Jo emif!iO"Petruseni"-"Pedrontia<iu•"

~ : f:a~;a~eÕa8J:~u"':t;r"a~ºd: :n1i~~f dade, decidiu eetudlt-loa melhor. Eram 135ossos.aendoquep0ucoeeetav11minteiroe. Conatatou que, provinham de um e6 individuo, do seJto maaculino, defi. 1ico robusto e falecido ent.re oe 60 e 70 anoe. Anteedeestarnacavidademarmõrea, eles estiveram enterradoa na terra nua, mas depois, durante muito tempo, permaneceram bem protegidoe e envoltos por tecidoa purp6reoe, que mA!h~;~ ~nr:i:e~~~d:Ssaa condueõee. adra.Guarduccifiooueobres· ealtada. Ela revelou que a expresaão grega "Petros eni" ecoa~a continua•

ria. A razão doesconderijo1eri11 evitar profanações. O dr. Correnti logo apoiou a t.e6e da dra. Guarducci, e amboa obtiveram de Paulo VI, que havia eido eleito recen· temente, permi.i,eão para reabrir aa pM· qui1as. O teete cru~al foi o doa frag· mentoe de terra existentes noe o,.eoa. Sua compoaição quimice revelaria ae era II mesma terra que se encontra no piso do túmulo vazio de São Pedro. Uma

J:~:

~f=!~cifmt;:1t::~~:et!;::;e mulo é de tipo cakárea argiloea, bem di· ferentedaqueseobeervaemtodaaregião vizinha, indueive doe túmulos prõximoe. Conclusão do exame: a terra é a mesma ~o tú.mu~o de ~ão P8o/O.

lado. A dúvi a ,uririu porque fora en· oontrada uma moeda do inicio da Idade Média no local. Uma equipe deemontou a parte de baixodaparedeuuldoagrafitoa,afim depenetr11rnorepo9itórioeemtocarnas paredes e no teto. Tudo foi u:aminado minucioeamente,e a conclusão foi que ele fora fechado no eéculo IV, e jamais fora aberto. Váriaa moedae foram ali encontrada.a, tendo penetrado atrav~ de fui~ uraa da paredecausadae por acomodação do terreno.

convincentementeaúltimacriticaque aindapairava:comoexplicararemoção doa 08IIOII da sepultura, meamo por mi>" ti vos de segur ança, uma vez que 08 COI!· lumes romance não o permitiam? Na realidade, 08 oeaoe não foram removi doe dl! sepultura, poia a parede azul é parte mtegrante dela. 1 de rável podia apresentar, e vendo que oa

:~liª~~ª ~~ra·mC:~ ~~ª~:i:

0

t'!:ri!d~J:!~c:;~~i,~!~~vr:

0

fe : a 26 de junho de 1968, anunciou solenemente ao mundo que, apõe longoa e extensos estudos "11:8 re/lquias de Silo Pedro foram identificadas de um modo que julgar1WB co'!uincenl~"- E, poriaso, elefazia"e,tefe/izanifocw"aoafiéiade todo o mundo. No dia aeguinte, em cerimõnia presi· d.ida por Paulo VI, aa reliquiaa de São Pedro, guarrl.adae em caixas com tam poa transparentee, Coram reoolocadaa no repoeitório onde haviam 1ido eraoontradas.

de ambo, oa tipos é conhecida. Outra

o/a~1t~ªi!~

~!~i~~ªted::o\:cfu~~~rJa l)erial em raras ocasiõee. Resultado do exame:erapúrpuraromanaverdadeira, decorada com finluimaa pla~aa de OU· ro. E os fioa que estavam Junto aoe ouoa eram fioa de ouro. Este foi um ar·

rr:~~a:u~~~fs '::~d:

:'v13a~: marmórea foi considerada como já exie-

Jmm 1/IJ(itd \111111,·,

CATOLICISMO-Ju~nodt 1985


No perlodo decorrido entre

1ua

re-

~fo~cid~f~:/e~d!ºa,~r:4:ma~:t que lhe fariam HU.8 inimigoa, de ser

w:~J.ª~ª

.i;iro:-n!~r:g:: ~e::d'=

:,ar0: b c : ~ ~ ~ ~ : oa pro~:= ~a~e!i~a!..d':J:!1!!~ ~ a perA firmeu doutrinària e a rejeição da heree:ia, que caracteriu.m et1eet1 eecritoe do gnnde mártir inglhl, conetituem certamente ealuta..ree: ei:emploa para católicoa de no.- di11, CUJ08 eeptritoe eetlo eivado, de erro, do progreui.1mo.

Negando-ae a aaainar o Ato de Suceed.o, pelo qual o Parlamento proclamava a nulidade do matrimônio de Henri-

fo8t::i:~~gp::t1~

~~:O~~[,ª;':i~~md: fice, o ex-Chanceler foi apriaionado na Torre de Londree. Na1 vi1it11 que lhe faziam seu& familiare.,vãriaeveuetevederepree'"!·

Um modelo para os católicos de hoje

Mártir glorioso arrosta o anglicanismo O DIA 16 de maio de 1532, Sir Thomu More ae demitia do ear11"0 de Chanceler de Henrique VII~ ~ da lnJlaterra. 0

N

cio de Catarina de Araião, e iniciada a via que condiziria ao ciema anglicano. A consciência de Sir Thomae não podia aceitar a submiaeão do clero ao mo-

h:~~· e~e:'da~~s~eo~u~:~:/o=~a~! evitareeaedesenlace.

c~ncia e mondá-lo ao, inferTIOll l " (op. cit.,p.410). Até me.mo aua eapo11a, Lady Alice, o invectivou. duramente: "Sempre fo•te• um hom4!m ,enaato. Muüo m4! ,urpreende que foçai, (l.60ro _o pa?!_l de tolo. fechado aqui nesta IUJCI prulw, conviuendo o/egrem4!nte com ,atose_ratazanas Bem erteU e,tar fo'!'- e lwre. gou,.n-

"Todos est4o muito penali:«Jdo, por demiulw, porqllf! jamoi, houve nem haverá Chanceler t4o lumrado e per/eito" - escreveu o Embaii:ador de Carloa V em Londree: {"Sir Thomas Moro", Andréa Vásquez de Prada, Ed. 1 :~!ren~~i~;, ~~d~\~~ ~~ih~-= fonte,,reproduzcomfidelidadetei.to1e afirmações do santo britânico). A 6 de julho de 1535 - portanto há 450 anos - o grande Chanceler foi martirizado, test.emunha ndo com o próprio sangue ,ua inabalável adesão A Igreja Católica. E há 50 anos, no Consistório de. 9 de maio de 1935, São Tomé.8 Morus foi canonizado pelo Papa Pio XI.

,ua

Sua intransigência "causou incômodo aos hereges" A intransigência de São Tomás Morui e~ relação A heresia era conhecid~.

rijam. Cada dia qllf! passa me dou conto de qllf! eles ,ão tai,, que preninto com terror o mal qllf! viro ocasionar ao mundo" {op. cit., p.387).

811$~':;t!u!rindes~~~~=d':5 d~i::ia~ esea, 01mantidaaaaimatéoaécuo XVII. Maia tarde alguém a alterou. suprimindo a palavra heretici8Qllf!. A propõeitodeeta lnscrição.elemeemo comentou em uma carta: "Com altivez coruiignei o que deckiro M epitáfio, wbre havercau,adoinclJmodoao, herege,. Porque tanto detesto este tipo de fll!noas, que a ningidm mostraria maior hostilidade, a ndo ,er qi,e ,e corCAIOLIClSMO-Junnodel\18~

"De,de qu.e começaram a ,urgir herege, e ci,mático,, a lgrejo cn expuúou ou ek, ,e ,epararam dE/a dec:laradamen· te. Mas a Igreja, como verdadeiro rebanho, umpre continw:,u e sub,istiu, e M ramos destacados, cedo ou tarde secarom. Anim tenninardo todcn e11te,, ao pa5,o qu.e a Igreja Católica permaneurá, firme com Deus e Deu.s com Ela, de acordo com a prorrn!na do Senhor, até que o mundo chegue ao ,eu fim" (o p.cit.,pp.371-372).

O julgamento O. atos po1t.eriorea do Parlamento, :mq~rn=~~q~e ·~í!r~r:~~:d~ chefe da iirreja anll"licana,piorarama eitu.ação lega ldoex-Chanceler.Negavateele aacatá-loapormotivoedeconeciência, mae não declarava aoa julzee

~tr~:::i, =:~~t:'~~!~ê~~lo~~

!~~i:

:-n:,e:~eª~~nrC::nh~J!º catóhooin111borná\'el,1AbioeVIrtuoso. Com 1ue .l!tit.ude ele ,acudiu a consci~n· eia da Inglaterra e do mundo 15


No dial 0.de julho del534. foi conduzi do a Westminsia- Hall, Era acusado, em primeiro lugar, de repudiarodivórc:iodoReieoAtode au·

parajulgamento

r;,~~,:· -1:!1ü'::io~~=:nt! ~: rM podem c:ondeMr morte. Porque d

Mm a, vo,aa, lei, nem toda, aa leia do mundo podem condenar uma peuoa, a neto , er que tenho dito ou fe1t-0 o/go". A segunda acuea~o incidia sobre suas carte.a para o Bispo de Roche,ter, John Fi,her, que havia eido decapitado pela aua úbhca diecordllncia em rela•

orma a um a pergunta. Alegou o rtu que u cartu não tratavam dOfl auuntoA peloe quai.l eetava11endojulgado,equea coincidtncia de reapoe:ta8 não se devia a algo premeditado entre oa doía, mas a uma coincidência de pensamento. Emvirtudede,uadefe.am~g:iatral,

lamento. Oirigindo.ee então à audiência,.,~to;:,,~,~~0~enhore,, que em oHunto teto gnwe eu me orri.acorio inoàoeriidorMnte o confiar no Sr. Rich, horMm o quem ,empre tiue como e,cc,. 80 de oerocidade, paro obrir o ele <Morcano, de minho con.,ciln.cio no toconte d ,upremacio do Jki, que to ponto con· crtto e o único prova tm poder, que hd tanto tempo procuro.ia?" No momento em que Lord Audley lia atentença,Morosointerrompeupara declarar: "Ccn,iderondo que vo• r.,ejo decidi· do, a con.denor-me - e De"8 , obe como! - para de minha. con,cilncio monife,Ulrei clora e üvrerMnte rMU parectr80breaocU10Çl1oeoaUltutoem que, t&J. &t4 visto que a ocu,oç4o u butia em um Ato do Porlomento que repugna direUlmente d lei de Deu, t de

~1oto,0R!!Gelx~VI

Pllll'MIC"ahladolro. no.porousricldaabef Mi do Pwmento, llfP autubro ót 1950, no WestrutSter H._ N~

rr,ndioso~i')hto.

cu11eon~ruçJo 1oiirucrid1noléetrlo Xl ,o chaocdef-mirtir loi ju~ ploecondenldoi per,1 capr!al

coàa Bitpa do, vono, conto tu com moi, dt uma centtno do, Santo, Bi,po, mtncionodo,. E por um Parlamento do, VOH OI - Deus sabe que claHe de forlarMnto - conW com o, demoit remoa cri.atcto,.

,erere mei". Em 11eguida levantou·te e falou brevemente ao povo, di~ndo qu~

:~r:!'Sirva.:n;~~~:t!k:~r t;.~t-~~l5i: ,eu exemplo, 450 anos depoi,

q"!:et'~'°.:,:;:e~ i::et:~

eia·:: n4o quU me dobro, no referen te oo a.,. , unto do diuórcio".

O martírio

tºi~:~ Pf~ J~i

16 :r:I~tac'!da~ falso, rewu de joelhoa o Salmo 50: " Mi·

como o penhor do retomo da nobn nação in· 1_leea à verdadeira Igreja, da qual São TomAa Mom, foi um doe maiores ,ervidorea. Mariano Antonio U gl'fen

meu

Lourdes: os milagres continuam

de,encargo

:::. ~n:'/fr;~'u,c:f, !e°'::::,!!',t':,

:i~,.:~ra~::it:, t;::r;::::::ee z:i;;: Roma., mamente d St de por e,ptcial prerrogatiuo concedida tifo tó o Pedro e a ,eu, , ucenore• pel-0 próprio Salvador,

1-:~Re7uho '%:., e:=v~ 11::e;ir,::. 1

fic~n te, t:ntre cri,t4oii, paro acu,ar a quolquer cri, tcto" {op. _cit., p. 463). E

~~f?i:~:

1 :ºJt':~~:!'irva~~:

~~=1;:ii.:::~s:~

Com o all][Uio pecuniàrio de amigo& e reunindo grandea eeforçoa, a modNia Ctunllia Cirolli rHlizou a peregrinação ao Santuàrio. Lá chegando, a

==er~;.~ m!~~:~r::~:~:~eiae~~e~d!s~l;,"J: =~S:!ra"~ : ~q:~:e::.ea

~m~

,ido um

!~~ttõac::a~i:: deram-lhe poucoa diu de vida. Foi então que oco1Teu o fato surpreendente: ouvindo ruidoe da filha. a mãe de Delizia acorreu prenuro1a. Ao abrir a porta, uma forte emoção aualtou·

•ida eain,Jleeuopinavamcontra ee, replicou:' "Se 11m lado estivease eu ,ozinho, e de outro lado o Porlamento inteiro, gron.de me':' terrwrde apoior-me no rMII próprio critério. MtU conttituem maiorio o, horMnt virt~o, t o, d·

de

=

,eri~

e!'.'f.°t! ~~';':;!~ ~':it=n;~ª':,!l;,

morto,, ,: muito, dele, tonto, no Clu. Portonto, Lord Chanceler, neto e,tou obrilado a poutar minha corucifncia peki Ccnnlho de um reino contr-(1: o Con· ,elJw Geral Cri,tandode,jdqueparo

do

16

~Q::·1evantar,

lhe~ mamãe", dillee a menina, saindo bruscamente da 1 Oªc!!ot:i;~º=:tº~~~º~~'f>ei~vêi!títíºi fica.mente inexplicável" pela equipe mêdi~a de Lourdee. Como se ~11be, a investigação doe fatos excepc:ionalll venficadoe na Gruta dos J:'irineua comporta longa série de examee e está a cw:go de centena, de eapec:u1liata1. Pw:a ser con,iderada miuculoea, ~ necea11Ario que a cura ,eja inetantãnea, 9emoconcunodemedicamentoa, e duradoura. Em qradecimento à 1ua eeleete Benfeitora, a jovem Deliz.ia Cirolli tomou·

':t'!l::~ ~J!:~

:=~~=',':~::=~=-":

dem;ri~:a:~·}':l!o'!.11~

[m41eulada Conce~41J"

CATOLICISMO- Junho del9S5


Cerimônia de Corpus Christi marcada pelo espírito de agitação social

Festa de Corpus Christi e a Eucaristia

=-

~~~·-m:n:EW: ~.:n1:a~:°de~ =~o~~~~if!:,~

Igreja umituiu

WD

dia especial

~Te.!e~.~'.O:

t~.:&ri:.~:i:;e:::b::. la com toda a pompa. A festa do Deus vivo A fMta. de Corpwi Chriati -

~~~~i~::n~d: a a

honrar tão .arntt1te adorivel Pessoa, aua preHnça viva entre n<:.. Enquanto u outra. feetaa liU1rgicu celebrun algum mi.~ rio da vida do Salvador, elta diz respeito à Peaaoa de NONO Senhor, vivo e p...ente entn nO.. E por U80 ela , comemorada de modo partiC11lar. São

Pedro Julião Eymard, o

t:~e~~!° ,:~ ob~~*8~':•e

de Adora,;!o" afirma: "Nlo

At11oc!UiodeCor11tnChn$1i,,ealilad1nodia6óeJUnhoemSioP1ula,muielhav1-se1uma(lt$$1iltlpr0!a111, e$1.ando,usenteanpl'ltodes,crllidldt

D ESDE OS PRIMÔRDIOS de nona história, a devoção ao Santlesimo Sacramento deitou raizces profun• daa na alma do povo brc.aileiro. A prociuão de CorpUB Chriati - manife,tação inaiane dl'l!aa devo,;ão, que se realizou este ano no dia 6 de Junho conserva ainda no Brllllil um misto de piedade e solenidade. Vérias cidade, manUm até n011aos dia.,;osalutarcostume de honrar o Santíasimo Sacramento, na feeta de Corpus Chriati, mediante enfeitn, em forma de desenho1 florido,, coloeadoe no leito d811 ruas pelasquaispasaaocortejo.

São pied011a11 tradiçõee que tei~am em não morrer, embora o progreu1amo

~ia~~'à':°c!:J~~j~ª

~~;E í!?:~;n==~;;~Ef! 1

presente. Apeear dill80, o número dOII

::.oo_mroi'1:í~~~.ªs!2,~~ CATOLICISMO-Junhoclei985

E~º

11m

ap(letoloda

d=~~:t~d.!1v~1~. em desfigurar e Emmuit.aacidadesbruileiraaaproci1JSão de Corpus Chrlllti ainda con, aervaall!'odeseusaspectoetradicionaia. Ap1edadedosparticipantea,11eolenidade do cortejo conduzindo o S11ntl111imo Sacramento e a ornamentação primorosa das ruas caracterizaram a festividade. 1 tua~: &Ocial.

!8:~:1.feªi~::rf:~';';~ !~~e;~

Povo simples e piedoso convidado ao "engajamento" A comemoração de. Corpus Chri,ti organizada pela Arqu1d1oceae de Silo Paulo conatou de trell atos: Mi811a campal, ~lebrada na Praça da Repúblice; a prOCIHAo até a.Praça da Sé, distante cercadetrésqm]Ometroadolocalonde foi celebrada a Missa; e a Mnção do na Preça da Sé,

e:.:p&m nate dia rellqu.iat, ou embkm.a.t de Umpo1 idos, ma.a o

! ~ v i ~ º d4 fnta, que i

eue

rpo,. tornou-se ll08ao alimento, llO&aG 1rm4o, nono lwaped.. Fe,ta do Corpo de Je,,.. Cr~to.' Qua.,ilo tJmOr enoolw tal nome, por aer hwnilde e proporcioMdo d noHa miairio.. Nono Senhcr deiwjou

~:~ª~=e::;,::N"fo"'::/: ~

uer o:, fillw cekbror-lM o aniuertdrio, por fhe dar occui4o rk prouar com maior uiuacidade •eu amor patemal e l~ po,kr coru:t(Ur allfUm favor partic"'!ar? Seja eito feita toda de o~gria, e •er·no•-&> concedidmi im1gne, fouo,es". raif' da Arquidiocese (Pastorais "operária", do "menor abandonado", doa&afredorea de rua", do "negro", da "juventude" etc),deram otõnu,Acelebraçloeucarlatica.. Nloob!ltante,ospanicipanteseram, emauamaiorparte,pesaoasdecl!IIIN aimpl", cujo semblante refletia devoção e piedade tradicionai,. T'inha•&e a

Proclamação da Pre·sença Real

17


que • Santa l,reja e a.eu. aantoll

~f~era~J:"~i~8! ~~ mento. Pode.ee me.mo dizer que

:UCU:"':~raJ:d~~~u:~: tica pregada pela Santa Igreja. E:

do;a~=~n::Í~: Noeeo Senhor J•IIB Crina na Eucarr!inu Slo Pedro Julião Eym.ard que obMrYa: "Vedeconw

,ua 6;::.

'J:°li"g;::SJ::~~'::',:a~":o unca e pro8tro-1e d JJ(U!Ba gem, enquo,:ito 01 própri-01 CmpU)s, kmerofJas, 1m:linam-,e".

O significado profundo da Eucaristia O culto a Noaeo Senhor Jetu. Criato Sacramentado e a devoção A Santiafima Virgem conatituem caracterleticae marcante8 da Reli.silo Católica. Por "to motivo, 011

::~r:T!.'s:~mrr:::,ra~ari:

de liaório, Doutor da lgnjaefer· VW090 devoto de Noqa S!'nhora, l!flttl!!veu eua1 admiré.veia palaVTU a reapeito da Eucariaita: "No,80 bom SaluOlÚJr antes de ,hixa1ate110,fkpoi•detercumprúio pela Suo nwrle a obra de no,..o Redençdo, n4o quis deixarno, •óa ne11le uale de l(VrimOB. Nenhuma 1/ngua - di.zia São ~ro Ih Akdntara - pode exprinur a grandl'za 4() amor qw Je1,u rúdicaatotuua,alm,u:nofimde ,ua uida, k ~ q , u uua/a.sta.mento no-lo fizent e,quecer, nte

knw E,pt)M) de1MM1,a.s aJmo. no, deixou por lembrança o Sant!f•imo Sacramento, orwk re11úh em

::ae~1:k :~~=,.::~;:

("Almaiabeluon Afon.o", Pe.. Saini-Om Ed. v-. Petrópolu,

Hest1 pn,e,$SiocleCorpui.Omst1,ocornd1 em Veneu no1node 1953. pode-se obsernr I ucr1w.le qu, d....e ml)rt&Jlfl" IS o;enm6rnas dl

As CEBs tentam

"conscientizar" o público

l&re,t,

~AtOLICISMO

Durante a Misea, concelebrada na Praça da República por D. Celso

zaoras". Um membro da Pastoral da Juventude da Arquidiocese leu uma "prece"; ""Pai, sofremos o peso do desempre-

bmlé:.8:;i ~~:~f~i~~~,:S!: f:g:°c::ob:a"J~~'l,°; ~~~N~'~i~P<'"s"! nas cidades /lllmos submetidos a um ref::t!it~ C:!:/:11:!~20":i!.~. ~ºr"::;:~ fome de terra, de C011a paro morar.

organiamos, certamente nlo estavam aindacompenetradaadoeeplrit.odeluta de cla811e& que eles difundem. Tal público acompanhava com piedade todos os momentoe do oficio relilPoao (l',-liHa, prociull.o e Bênção do Santl&Bimo) que apresentassem algo de soleneou<_:0mp.lguma.spectodeaacrali-

ri:~~~~1~~=1df;~~;tr::d~ a cerimonia. Estas eram acompanhadas com entusiaamo somente pela cla~~By""luena e bem or1anizada das

Os encenadore11, utili:r;ando-se da Religião, nlo perderam nenhu_ma oportunidade de tentar a participação das pessoa.ssinceramentepiedoaaaque!Ase encontravam, no esplrit.o de revolta diaaeminado durante a cerimonia.

li

Temo,fomedejus1ica". E terminou sua "oraclo" dizendo: "Temos fome de pão, de repartição, de igualdade" Um psrticipante da Paat.oral Operária rezou a seguir, com nltido sotaque italiano, outra "prece" na qual se per-

Ei:;J;ra;~~~::m:: talúrgicos: "N6s, trabal~adof!!!•, pedimos per-

d4o, Senhor, pois, d1anle da persper:tiua do desemprego. ficamos com medo. Com medo compreens!uel, mas QW! 111:uitas uezes nos paralisa . .... E assim, C1Ceitamos qua/,q'-"!r impo,içd-0: cornJi

CATOUClSMO-Junhodel985


ç&1de traba/ho1ub-humar.u1,, ,alário

~~f!;',.~ d~ ~:~~~~:;i::P~:s:~~:: tivas de nossa claste. E muitas pra. po1ta1 - romo par exempla - da~ 40 hora, ,ema nais [a principal reivmdi caçãodo1indicatodos metalúr~cosna última greve da categoria] - que poderiam contribuir contra o doemprego, no, aaaustam". Dh·ersCN1 repre!letantes das CEBs, em outra pane da Mina, também proferiram ..oraçóell'": As CEBs do bairro de Santo Amaro

Éti~Z~i~~E:if:/':?)ª~P::;!~ 9fo~~:~

:,:,~z:,roe~

dir:~ ~~~~~u~~~ por lran,porte melhor e mais barato, pel-0 pane-desemprega". E, entre outraa, u CEBs do bairro São Miguel Paulista, _além de "orar" con tra "a fome e a \"lOlência", rende-

:~~!~tiecfeª!:~r!!c'i~~~)ª:~ vai s~rgindo naqu ~la re~ão: "MM ueja a res,,téncia e a te1mo1ia do pouo que ,e une, que se organiza em muti"'es: grupo, de ruas, grupos de mu/here,; hortas, oficinaseconse/hoscomunitdrios".

Sermão inspirado na Teologia da Libertação

c;~:~

me~~ ~~Teo't~~dattt!e~~~ຠproferir seu sermão, em q_ue o tema reli~ososerYiuparaencobnrou1uavi~;dc p,oorimfl:1 da proc ~sio de Corpus C~mb em Sio Paulo: 11 drversu tmn p11~m ind1c1 r um• passeata rerv,lld1utllrii de algum, dasse profü.u,nal ou de oestmprepdos...

r

zar reivindicaçóell de caráter polltico11ocial. O P'N!Jado assim definiu o Sacramento do Altar: "A Eucari,dia l na Igreja o gra~e ainal. Por isso mesmo ela l denúncia :i~·~ª:f;d~e;;::'u~i~i.ºoY:r:~d/!r;~~ {;;~~~~{~~edo··;;ei~~~c3;t~~lo~!~~ Libertação?} é 1obretudo pai, para quem tem fome". E: diirna de ~ota que tal conceito de Eucaristia omite aquilo que é mais básico no referido Sacramento: ela éo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. sob asespéciesdepãoevinho. f:.por_exceléncia, o Sacramento do Amor, pois, através dele, o Verbo Encarnado manifesta toda Sua dileção pela humanidade. Valendo-se desse augu11to Sacramento, o Redentor quis permanea-r na Terra junto aos homens, depois de 1ua gloriosa Ascensão. Auim, a Eucaristia não é "sobretudo pão para quem tem fome", espe-

~~~3~~m8!e~:i\io ~t!:riaY.ª~~~~/~!

:r~~~~ ~. :;~;~. S:1:~TE. i~t~~~F:2i::!

sem terra . ... EumaigreJaquenasua caminhada se solidariza co m a luta do, irmão, operários por melhore, aalárloa, pela luta cont ra o desem· prego".

eucarlstico: "'Terra é uida: teremos de iutar pela nossa terra"; "Ocapitolis mo mata pela fome a uida dada por Deu11"; "D. Paulo, profeta da justiça e da esperança "; "Pai, para quem tem fome" (lema da Campanha da Fraternidade organizada pela CNBB, e também do próximo Conçesso Eucarl.ltico Nacional, a ~er realizado em Apareci~a). Depois da Bênção do Santlas1mo

v;:,~b~~n:~ror~:!oç~o i::

ampa~ para os que &ão de alguma forma miustiçados, a Eucaristia é infinitamente mais importante, é transcendental: a manifestação sublime do amor de Deus humanado em relação ao homem, que foi redimido por Seu

Corpus Christi: "Nosso Deus e Senhor: oouo pooo 8

h~~~~:a::fnfarc:~nido n:':s;:::n:a~s~:

:r:de, n1; r;~r~/~:::;r:i°do~~~~:: nos direitos humanos,nacatequese,na

Saêfu~elado lançou também suas "maldições"~ externou suas reivindicações, inclusive a da Reforma AgrAria, "Maldito o mundo da fome, da terra que não é de todos. Maldito o mundo do de,emprego. Suprimir a maldiçdo do mundo, eis o objeti&o de nossa

pastoro/ operária, em toda nOHa uida, lutando com alegria e esperanca paro que todo, tenhamM pdo, par~ 1;1ue ~aja reformaagrária,paraqueho1a1uat1çae trabalho paro todos".

trabalhar".

~cin~!'.iE~t:et:~~de

dieo5:d~,tei~~ 'i~!an!os~~:O:;:, ép~~aª~

~~~a~ã~er3:dl!~~/[;ig~7ci,dê~r:tt

~:~i;t~t: q~:=rvfa~uf.ª(:rrat~~~ qu em mora, trabalho para quem quer

:i:~

o!

1:u:i~a~:e,::;sd!u~!·ir:~d0ão molde.de um sistems comunitárioou coletivista. E que a utilização ds terra

~:d:c;~:a:m_ o~~:c~~d:!in~~~ doutrina social da IgreJa - ocorrena apenas num mundo maldito ... Ao ,de8crever a linha pastoral da Arquidiocese de São Paulo, D. Celso Queiroz pareceu solidarizar-se com as :-:~~~dicações dos grevistas e dCNI gem

CAT0LICISM0 -Junhodel985

"NoHo igreja de S4o Pau l-O reafirma

nena Eucari1tia o seu compromis,o . ....

!idaª a't:f: J~! i:1mâu;II cf~~~j=d~:

Talvez o leitor tenha considerado

;1:~:

0

t~~ªcco~re~

P~~~u1ii o ~~~ !~e latar a de,·oção ardente ao Santluimo Sacramento, que abrasava a alma de SantoAfonsoMariadelig6rio-piedadetranabordantedoverdadeiro1enso católico -entenderáporquenoaparece u oportuno tomar patente ~uai o esplritodeagitação80Claldifund1doem certo.ambientes católicos noadiaade hoje. 8

º~!\!!E

Eduardo Qutiro:: da (]ama

19


A estátua de bronze de São Pedro Paulo 1/t,iriqut Cha1•ts

nosso çor~~po11<:frntc

R OMA - Não é tarefa fácil escolher um tema sobre São Pedro na Cidade Eterna., tantas sdo as opções. Tendo que optar, escolhi um assunto que sempre me atraiu: sua estátua de bronze. Na verdade, ela ocupa posição secundária na Basílica de São Pedro,pois no lugar de honra está seu trono, sfmbolo da continuidade de seus sucessores. A estátua representa o Príncipe dos Apóstolos sentado, com sua mão direita levantada no gesto papal por excelência, que alguns interpretam como ensinando, outros - incluome entre estes - como abençoando. A esquerda segura junto ao peito a chave de ouro, sfmbolo do poder espiritual, e a de prata, símbolo do poder temporal. Os pés, não distantes um do outro, apresentam uma particularidade: o direito está ligeira e nobremente estendido, e dele já não se distinguem os dedos. Séculos de ósculos, que sedimentaram e robusteceram a Igreja, desgasta ram aquele bronze. Seus pés são de tempos em tempos substituídos, pois a devoção de lábios em súplica os consomem. Estudos recentes demonstram ter sido a estátua fundida entre os séculos XII e XI V, sendo atribuída a Arnolfo di Cambio. Há uma lenda que afirma ter sido fundida com o bronze da estátua de Júp iter do templo do Cap_itólio. Mais um símbolo da vitória do G_ristianismo sobre o velho paganismo sanguinário e decadente. No dia 29 de junho, todos os anos, a estátua de bronze é revestida de bellssima capa de asperges, recoberta por um pluvial adamascado de ouro e púrpura, portando riquíssima tiara, cruz peitoral e anel pontifício. A figura hierática é cheia de vida . Tem -se a impressão de ver um Papa em sua plenitude. Dian te de/apus-m e a pensar nos esplendores da Santa Igreja em outros tempos, pois este costume de revestir a estátua data dos primórdios do século XVIII. Os homens, conscientes de que deveriam procurar antes de tudo o Reino de Deus e Sua justiça,

ofereciam d Igreja o que havia de melhor, não só de suas fibras morais e espiritua is, mas tam bém de seus bens materiais, concorrendo assim para o esplendor e brilho das coisas sagradas . É comovente contemplar o cortejo contí-

d~°J.1[~~!-:: J:seJ;J~;:J:/:~~ad~~i1:~i: fe~~ ta. Ele parece estender com mais solenidade

seu sagrado pé ao ósculo dos súditos. A lguns o fazem quase por rotina, alguns pedem graças, outros agradecem beneficias recebidos, outros ainda pagam promessas. Após incontáveis visitas a Selo Pedro, verifiquei que há uma predileção por parte dos fiéis de ;odo o orbe católico em relação ti_quela Basílica. É, sem dúvida, u templo mws uisitado do mundo. E, na Basílica, a estátua de São Pedro é a mais venerada de todas. Os romanos, em sua bonomia, manifestam o calor de sua venera ção ao grande santo. E num misto de intimidade e reue· rência, eles colocam-se em fila para beijar e sussurrar alguma coisa aos pés do "Vecchio Simone", a eles tão familiar.



Apresentação Apropritdlldeprimia et li~rtiniciativa,no lufio 1gro-rtfonnista ~a obra que a Sociedade Brasilei11 de Ddaa da Tradição, Família e Propriedade- TFP -acaba de editar. Abor-

dando oomclarividênciac profundidadcocandcncetcmadaReformaAgrária propostapelo GovernoFcdcral,oestudo estádestinadoaalcançarcxpl'ts.'iivarqim:us.sãojuntoàopiniJo pública. Aprimeirapanc doli vro,clrnominada Rtíorm1Agniriasorialtwl tronf1SC11tóri1 - ronsidtraçõcsdoutrinárias, t dcauioriadoProf. Plínio Corrfa de Oliveira, Presidente do Consdho Nacional da TFP. A segunda, redigida pelo economista Carlos Patrício dei Campo,

in1imla-seRtform1 Agriritsorilllistarro nfiscatóri1- considmçõtstt0 nômicas.

Caatolicismo tem o prazer de apresentar aseuslritorcs,nestaedição,cxctrtosorganizadosdcmodoafornccerumaidéiadcronjuntode Apropritdadtpril'lld1e11ifrtinici1titt,notufio11ro-rtformista.Comaautoro.ação da Editora Vm Cruz, Catolicismo

aJ)IO',titou a capa e a quarta capa da obra, bem como o caderno dc ilusiraçõcs, o qual foi inserido nesta edição especial.

Os Autores Plinio Corrêa de Oliveira NasctU em São Paulo. em l9C»I. Diplomado pcla Faculdadc de Dirci10 da Uni\fflida,de deSâoPaulo,dcstacou-scdcsdcajuYC11tudccomoorador,coníerencistacjornalistacató!ico. UmdosíundadorcsdaLiga Elcitora!Católka, FoiodtputadomaisYOladodoPaisparaaA~ scmbltiaConstituintefcdcralde 1934. Professor de História da Civilização no Colégio Univmitário da Uni1-trsidadc de São Paulo, bem como de História Moderna e Con· ternporáncanasFaculdaclcsSãoBentocScdes SapicnliacdaPontificiaUnil-fflidadeCatólica de São Paulo. fui l'rtsidcnle da Junta Arquidioccsana da Ação Católica dc São Paulo c diretordosonanáriocatólicoMI.qionári(.t.AlualmentecscrcveparaomensáriodcculturaMCatolicismct.Apanirde l968foicoovidadoaco,

laborarna"rolhadcS. Paulo"cemváriosou· trosórgãosdeimprensadoPais. lniuncrosartigosseustànsidotranscritosnofutcrior. É ainda autor de numerosos livros.

Católiroconvictocmilitante,suapalavra csuapenasemp!?tsliYCralllascrviçodecausa.squcin1=wnàlgrtjaouâcivilil.1çàoaisl.L Em 1960,fundoua Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, e tem sido, desde então, Presidente do ConsdhoNacionaldacn1idadc. lmpiiadasem Pnoluçri}cCoo1ro-~cemou1rasobras do Prof. Plínio Corrêa de Oli1-tira, TFPs e associaçõcs congêntres se dcsenvoll-eram igualmente em quintt países das Américas, Europa

e África.

Carlos Patrício dei Campo EngcnhciroagrônomopclaUnivmidadc Católica do Otik Formado em Eronomia Agrária (M.S.) pela Univenidade da Califórnia, Bcrkeley(EUA). ProfcssordcF.conomctliadaEscoladc &:onomia e Administração da UnivcnidacleCatólica do Chile: profcs.sor de Economia Agrária c Dcsenvolvimento &onômico do DcpanamcntodeEconomiaAgniriada Faculdade de EronomiacAdrninislraçãodaUnivcnidadeCatólica doChile.

ComornembrodoCentrodc lnvtsligaçõcs Econômicas da Universidade Católica do Chile edo Departamento de F.conomia Agrária da mesma Univmidadc, panicipou e dirigiu vários 1Jabalho.çnaircadcde5emoolvimemocconõrnico ea\-aliaçãodeprojetos.

N>iroordenadoreproí=doPrograma dcPós-GraduaçãodaEscotadcEcooomiaeAd· ministração e do Depanamcntodc Economia Agrária da Universidade Católica do Chile. roitambém~can'imicodoDcparlamenlO de Economia da Produçào do Mini~ \trioda Agricultura doChilredeváriastn!i· dadl'Sprivadas. RadicadonoBrasildesde l972,trabalhou romo~econõmirodediversascmprcsas eYemprtStaridoassistmciaadmini~rati1.1elinancciraàSocicdadc:BrasileiradcDdcsadaTradição, Família e Propriedade. Em1981,escrevcu, juntamentecomProf. Plínio Corrêa de Oliveira, o livro Sou rotólico: po550surontraaReformDAg,riil?,noqualtrata do5aspca!liccooonico.sdodocumen1olgteylJ eproblemll5dalerra,da CNB8.

CA10LICISMO -

Julho/Agosto d e 1985


Ao leitor

No momento em que A propriedade pn.

Yadaealivreinidativa,notufííoagro-reformísta saialume.cstende-scpeloPaisaagitaçãorural. Bandos ~ não raro sanguinirios, invadem as terras pcnmccntcs a particulares. Aquieacoliproprictários, cansadosdcaptlar inutilmcruepar.aasaulOridadcscompctentCS,sc proclamamm:luridosàcontingênciadcdcfendcfJ)Orsiprópriosseusdircitos. Precisamente nesse momento pode pare. cerdcpoocoakanctpráticoapublicaçàodcum livro escrito com o propósito de esclarecer os leito1t1sobrcalegislaçAoagráriavigente,sobrc oscntidoradicalmcnteigualitárioque inspirao movimentoagro-reíonnista,ecomeçaatéaoontagiaralguns\51udiososdosproblemasdosolo urbano,tendenda,emúltima análi.sc,asujeitar 0Brasilaumrtgimcinlriramenteopost0àpropiitdadeprivadaeà lit1tiniciativa. Ptlocontrário,todascs.sasàmmstãncias dãoàl)ftStllteobraumaatualidadcflagr1:ntc. Com efeito, por maiorquesejaao:tensão dos movimentos de violmcia agro. reformistas, uma pane considemYC!mcnte majoritária do tmitório nacional ainda não estA infestadapelasinvasõcs.E,entretamo,adachcga,dctodososquadrantcs,ainsóliranoliciadc quenossopadficoPaisest.isendotun:ultuado porinvasorcsdepropriedadcsindividuais,os quaisprocuramjustificarsuasUl\'CSlidastomando por base toda uma fundamentação doutrinària, prcstigiados, quando não incitados, por pmonalidadescdcsiáMicaseoipmzaçõcsrdigiow, ante o olllar indoknte dos Poderes estal1is! Tudoislolcvaosbrasik:iros,eooiadamcrnc osagro-proprictários,ascinterrogamnsobrc avalidadedosdireitosquesempretiverampor indiscut/Yciseviramrcspcitadosportoda a sociedade. Ajudarosagro-proprietáriosamanttrinabalá'<daeonsciênciadesscsdireitoséeondição indispensável para que queiram e saibam dcíendê-loscom aprudênciaeaCflCl'giaquea horapre,$C!ltcm::lama,paraobcmnãosódcles próprios como do Brasil. Sódcsstmodoaaçàoroesadosproprictirios. pondmda, ÍlllTIC e darividentt, terá possibilidade de faz.cr sentir, de modo pmua.sivo eporviaskgais, quenasuaimensamaioriaos propritt.áriosruraisdiscemiram opcrigoq ue ronda em torno deles, e reclamam das autoridades competentes todas as medidas urgcntementenecessáriasparaquecesscestasituação.

CATOLICISMO -

Quando o País inteiro vai entra ndo nas grandescontrovérsiassobrematmasdoutrin!rias,técnicaseoutras,preparatóriasdaelcição dosconstituintesda~República,estelivro dedefesadapropriedadeindividua!edalivre iniciativa-cdas~iYa<ifunçõessociais-

esaitocombasenosmsinamentostradicionais doSuprcmoM:igisitrio&:lesiástioo,sópodescr útil. Acrcsa:queoagro-igualitarivno~onnistavaicorucguindoavançarpdoimpulsodegruposartieuladosdeagrcssorcs,apoiados,nos grandesccn trosurbanos,porintelectuaisdeesquerda5e!'Vidosporincontávcisórgãosdecomunicaçãosocial,atravésdosquaisdifundcm paratodool'aissuapropaganda. Conseguemdcsassimcriarailusãodcq11e os proprietários rurais constituem uma das.se isoladadamassadoPais,eimpostadaexdusil'lftlmtenadefesaegoisticadeseusdiscutidos dirtiws e libndadcs. Assim,porcxonplo,D.11'111..oocheiter, prt:SidentedaCNBB, aiticou os empresários brasileirosquescopõc:maoPlanoNacionalde

RcformaAgráriapropostopeloatua!Ooverno, afirmandoque"suafl!Sislência lirrdevilulti"di/tre"ltàsensibi/idtxksocia/"(MJomaldoBrasil",27--6-SS). Êbomqueesiudioso.sinteiiamentcdesvinculadosdosintcrcsscsdosagro-proprietários,e com uma longa folha de serviços prestados na luta lllHglO-ltfommta, chamem a si mais uma ~a tartfademosuarao Paisquewim não é. Essa.wefaincluiademonstraçiodeque a propriedade fundiária se baseia nosinaltmlveis principios cristãos, e dispõcde toda uma laipjustifiaçãodoutrináriaquetemodirtito de se fam ouvir de modo altissonante, no ambiente nacional; bem como a demonstração de queéhoradedefendertaldircito,dentrodalei. A deixar passar esta hora, édesetemer queo Brasilcaianamisériaqucassolatodos ospalsesnosquaisimperaoij;ualitarismoto. tal. Mi<biaq11eo(".aidea!JoscphRatzingff,PrefeitodaSagrada.CongregaçãoparaaDoutrina daR,niohesitouemqualificarn:mlkmOtle de'wtronhadonossoiempo~(/~sobtr aigu,uaspfffOSda "TtOlogiadaübma;iio~ Sagrada Congrcpção para a Dou1rina da R, 6-8-84). Umawitac fortcillCO!lfonnidadecomessaperspectiv.1, édeverdt todo brasileiro. Oxali

eonsisaAp,opriedodeprivado t alivrei"iriotiva,no(efooag,o-rejormittocooperarcomefi-

Julho/Agosto de 1985

cáciaparaqueessainconformidadescafirmc evença,semprecom rcspcitoàordemcàtranqüilidadepública. Êprcsumivelqueeste livropoucarcper-cu.ssãotenhajuntoàgrandemaioriadosóipos domacrocapitalismopublicitário. Mas de tml uma fonna dt; difusão que ICllajudando p0SWlkmfflteaqueasobrasda TFPalcancem,emscugffit!0,1iragensdebtstseller. São as campanhas de rua, feitas ao amparodalei., pdosgruposalcgia, idealistasedestcmidos,dosjo,,'Cllssócioscooopcradorudaentidadr, e que conseguem reboar amplamente a1é

nos mai.sextensosccntros urbanos.Sãotamb6n ascampanhasgloriosasdospropagandistasitinerantes da TFP, os quais, ora em grupos, ora de dois em dois, palmilham incessantemente, comiecntusiasmo,nossotmiório-continmtc. EWOatalpontoquc,500l3dosos itinmlrios quepem:,rmamnosúl1imosquinzeanos,perfaztmoequiv.ilentcadezvemadisllnciada lerraàlua,ou96YOltasaorcdordenossoplancu..Conho:calguémepopt:iaigua]nogênero1 E-no1e-se-essaação,detiofccundosresultados,setemfeitoinvariavdmentccom talrcspeitoàlei,queaTFPpos.suimaisdtquatromilcartasdtdelegadosdepolícia, prtfeitos eoutrasautoridadesmunicipais,a~aperfeitaordememquesercalizamcs.sascampanha.i. Dcixarinertetodoestepotencialdepmsamento e de difusão, no momento em que o Pais é invadido,maisdoquenunca,pordoutrinaçõcstãooumaisperigosasparaasoberaniaoaciooaldoqueasarmasbaicas;podcria tiavermaisccnsuriYdomissão?

Aquiestá,pois,deestandarteempunho. a TFP, para ser.ir conforme a suas finalidades, seusmttodoscsuas metas. o Brasil cristão. Paraessaatuaçãoaentidadepcdeaajudadinâmicaegmerosadctodososbons

-

E,maisdo quetudo,paradaimploraa protO;ão,asgraças.osm'IOfCSdeNos.!aScnhora Aparuida, Rainha desla Terra de Santa CruL SãoPaulo,2dejulhodel98S Fesla da Visitação de Maria Santíssima Sodedadtllrasiltin1deDtfes11d1 Tl"ldi(io,FHúliatPropritdadt


Excertos da parte doutrinária

Plínio Corrêa de Oliveira

Liberdade dentro da lei: um direito da TFP

Nc:stahoraemqucaTFPlançaaoPaís umbradodealcrtaparaaeventualidade,nadaremota,daaplicaçãocmtodooterritório nacional de uma Reforma Agrtria socialista e confiscatória,aprazrcrordaraná.logaatitudc qucaentidadcusumiuvin1eano:sa1rás.

Um irresistfvd movimentodcinconformidadccomaoricntação fortementecsquerdisu.doGovcrnoJoãoGoulartdesfecharana RM!uçãode64.Ecntrcosgravamcscnlãoformulado:spelaimcnsa maioriado:sbrasileiros contraoPresidcntcdcposto,tinhaacentuado rcakeainconfonnidadedetodooPais - o:ccçãofeitadeamigo:spolíticosa-ideológicos, dercmanc:scentesdcPartiôoscentristasquedelesschaviamafastado,doPTB,dcpequenas minoriasfortementeidcologizadas,constirnlclasporeclesiásticos,plutocrataseintelectuais, bem como dos aderen tes do sem pre esquálido PCB- com as intenções agro-rcformi.stas que aqueleCi<Mrnoacalentava. 'ilgro-,eformis1ar",acabadeserdito.E oqualificativotoorreto. Pon!mquiçáinsuficicntc,poisdesignaarcformascm lhccspccificarocsplritoeorumo.Dir-se.iacommais prt.cisão''ltgro-ipalitárias",cxpressàoquefaz YCr,ademais,ostn/idodorcformismoagr.1.rio nacional,poisestctcndedesdelogoparaasupressãodaspropriedadesgrandes e mtdias, e atransformaçãoclenossacstruturafundiária em uma imensa mie de assentamentos compostos de individuo:s niYda.do:s no qucdiz respeitoasuacondiçàopes.soalcnquanto''asscntados"(cfr. Partell,Comentárioaon~ 137).

AvitóriaalçaraaoPoderoMarcdla!CastdloBranco,aurcoladopeloprestígioquclhe valera scudesempenhonoscampos delutada ltália,emqucatuaraocorpocxpedicionário brasileiro. Mcsadepoisdcempossado,onovochcfcdeEstadoaprcscntouaoCongres.sooprojetodc ltidoEstatuto da'Jcrra,oqualabria asporta5doPa.ii;paraumadristicaReforma Agiária! ApopularidadcdoMarechalcootimismo desavisado dos l'COCCdorcs fücram com que ninguémnoBrasiltomassca strioapossibilidacledaaplicaçãodetalEstatuto.Paraei:plicarsuapromulgação,sclheatribuiamasmais variadascausas,mcn05acxplicaçãononnate lógicadcqueoGovtrnotinhapuracsimplesmente propó1itos agro-reformistas. De wrte quedelançavamuitonaturalmenteoE.statutodalerra,prestesaaplicá-loquandoasdr· cunstãnciasopropiciasstm. Ficlasuaposiçiodoutrinária,definida poucotempoantesemvibrantecampanhaantiagro-reformista, a TFPconsidcrou.scudever lançaraosCongressistasquciriamvowoprojttoum "5pcitosomasfranco brado de alerta. E,apósaaçodadaaprovação,peloCongrcsso, do Estatuto da Terra (lei n~ 4504, de 30-ll-64)csuapromulgaçào pcloGo11crnofcdcral,aTFPquisconsignarante1 Históriascu rcspeitosomasfonnaldesarordo,pormriodc um Manifesto ao povo brusiltiro sobrr a Rtforma Agrdria, largamente divulgado pela imprensa. EfoiavozdaTFPalinicaquetcvcacoragc,ndcconclamaroPaisaumaposiçãode previdCnciacalertacontrao''ianguismo.sem Jango",qucacabavadcpenctrarassimnavidadocampo.

"Corqern":écstcotcrmoadequado.Pois ochcfedcEstadonãoteriatidodificuldadcs, .scassimodcscjasse,paraesmagarestaSocicdade.Ma.sdandomostrasdeumagrandczadc almaqucimportalembrarho.ic,soubedcentendcrapurcudcintenç&sdacntidade,ocaráterapoliticode.scubradoeoamoracendra· doaoBrasilcristãoqueamovia.Edeixouqlll ecoas.sclivrcmente, por codasas vastidões do Brasil,a vozinconformemaspolidadaTFP. Naprcscnteconjuntura,anteapcrspectivadaaplicaçãoaol'aís,deformacumulativaegeral,doEsta1u1odaTtrru(ET) edol.º Plano Nadonal de Reforma Agrdria da NOWJ Rq,ública (PNRA), os mesmos ideais, os mcsmos propósiios, a fiddidadc aos mesmos métodosdcaçiodcsaswmbrados epadficoslcvam esta Sociedade a análoga conduta. Anima.ancstepassoaconvicçãodcquc oilustrcPrc$idcntcJosi:Sarneyproceda, face acstenovolanccdaTFP,inspiradonoprccedcntcdoMarcchalCastcllo Branco. Tanto mais é isto de esperar quanto o atualchdedcE.stadofoiconduzidoàvictPrcsidênciadaRcpública,deondeasctn<kulcgalmcntcàPrcsidmcia,porummovimcntodc opiniãodcbascintrinsccamcntcdemocnltica. Ouseja,a "abcrturapolítica",mercêdaqual é proclamadaalibcrdadedefalar cdcagirde absolutamentetodososbmileiros. S.Exa.prcstigiou hápouco,comaconcessãodeumaaudiência,osdirigentesdomcsmoPCquehávinteanosatuarade modo a arrastar o Brasilaumacriscdramática. Não écrivdque,goi.andodelãoamplacCOQf()IU. YC!Hberdadcoscomunistas,deiguallibcrdadenãogozccambémamaiorcntidadecivilanticomunistadoPaís.

CATOLICISMO -

Julho/Agosto de 1985


O debate nacional sobre o Plano N acional de Reforma Agrária /. O Congresso, simples "caixa de ressonância':.. Promulgadoem.lOdcll(Mfllbrodc 1964, oEstatutodaTerra(lein~45<M)at!agoranão foicfC'livamentcaplicadonoBrasil.Ou,mais prtci$llllC!IIC, só IM aplicações ram. circuns. critas,csparsasecsportdicas,dc11lfonnaq1JC n.ãochegouaatingirnoscutodonossatradi cionalestruturaagr.iria. Sendoimençãodoatua!Govcrnorcali-

sai propriamente debatido no Congresso. A participaçjodesteúltirno-dizodocumento deapresentaçãodoPNRA-''tbuscadapt/a manifestação dos parridos t das suas lidero11ças, jd que se 1rota de simples operacio11ali1A· çõodeleijdvo/adaeemexecuçãohdmaisde QUatrolustros". Sdccionandododeb.ateoquejulprmais aproveilávd,osr.NebonRibeirodaboraráurn llOl'O~lodoPNRA,oqualscri.lMdoàaprcciaçlodoPrcsidtntcdaRepública.E.seaprovadopores1e,corneçaráaimensareformado agerbrasileiro.

zaradrásticaReformaAgnlria(l)p=itua-

dapeloET,osr. Nelson Ribeiro.Ministro da RefonnacdoDescnllOlvimcntoAgiário,divulgoupelaimprmsa,nodia28demaiop.p.,uma Propostoporaot.• PfanoNarionaldtReforma Agrdria da NOYa Rtpública (PNRAJ. Assinava o documenio, com o sr. Ministro, o sr.

JoséGomcsdaSilva,presidentcdolnstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Ernboraalcgis!açAoemvigorpffllliti~ ao(io,,,ernoSarneyaplicaroETccstabclcccr umplanoparatalaplicação,foilou,-áYddcscjodochcfcdcEsta.doqucoPaísstmanifcstasst prcviamrntc a respeito do PNRA. E assim o convocou para um debate nacional que dcveriadurar-nostermosdaconvocação30dias. Th.l debate repen:utini naturalmente no Cortgr?S,SO Nacional. Mas o PNRA deixa bem claroqueopapddoCongrtS,SOncsscgrande debate sera o de uma simples 'brim th msonânda", 5Clll função dccisória algwna, ou poucomais do que isso (cfr. tópico 128 do PNRA, transcritonaintcgranaParte!ldcstctrabalho) Com efeito, ao divulgar o PNRA, o Ministro Nelson Ribeiro afirmou que o Plano não

2. Procedimento em desacordo com a abertura política Ernboradopontodevistaestritamente constitucional,oGo-icrnopossaagirdessamaneira, 111111a-se, como é fkit ver, de um procedirnentoque dcstoa fortementc da abenura, cm nome da qual o Governo justifica, cm face da Nação,asuaprópriaaistCrlcia. Com efeito, o ET só teve até agora - segundo já se observou - aplicações parciais e esporádicas,dasquais,aliás,poucotirnfaladoosrneiosderomunicaçiosocial. P'araoBrasil, é elc ogrande desconhecido. Ademais, incon!Avm brasileiros só têm aceradoagro.reformismoemgcral,noçõesvagas.Quandodctodonãoastêrn. E Vffldo o PNRA afirmar muito à vontade que tomou por base o ET, não irnaginarn qualéofundodarealidadc:éimpossivel,já agora,consideraroETtalcomooaprovouo

(l)RefOllllllAttliriil~.Otcmaandoumaisoo IIICDOllaQuccidollC5lt$úhimos11101,IIIYttanc:011tcqlifflciadosilCOl!tcrime1uoslll®llliseinltfnaeio. nai1que5etmldesenrolado,tloabsorventespmo graodepúblico.Odcbatenacional•bfflnexabrup. 10,deDOr1eawJdoPals.pelapublicaçlodoPNRA f:u1"fiverotf!lll-demanciratensiva,eatécom

de5i&niíir;a,;io.Stbmlqueesallloesuj1~ lllffllti!ldukuntn1anrtf«,nallffl1tmO,IIÍrif,o bruikiromédiomtmdc:porRefOllllllAlnúiallJllll

algodedran!J:1ico-11.1.atc11ÇiDde1odos.E,rrvil'Clldo,1-dtsiJniíicadoidàltico10quejtlbc

traodircitodeproprieda&,porttnto. Stmdlivida,poder-1t-iaíalardeuma1trorma a,rWllllia,quea;DUlliaeaulêotko~an lwmooiaeomllOl:Sltrwçioaisli.Mullloéeste osipiíicadororrtntedeRefonnaA&rifia.

matribvldoanteriormm1t. Aopressiol/ef<!nMA1llmlltillha,desdehi muito,"' Linguagem quotidiuu, um conteúdo de

con1omosnlointcirammtedefinidos,l)Olt1lldcnso CATOLICISMO -

remoddaçiocomp.dsóriadeD0$$1estruturtfullditri1,medianteadtsapropriaçãodetmascomindeni-

u,çio5eosiYClmen1eioferioraopreçodomercado. Umcooí1StOdráslicoeinall'tlado,umateol.Mlocoo·

Dcq1111Q.11e1fonna,paracvitarpow'l'tiscon-

íus6u,íadedmdoquc,11t:11testudo,11tíor111,1

Julho/Agos10 de 1985

MaitdlalCastdloBranooeindepcndenttme11tc dol'Olurnosocontextodca1osoficiaisquese seguiram. Na verdade, em uma atmosfera de d$· tençãogeral,houvedesdeentãoumcontinuo borbulharkgislativo.Foiclcaliástãocautoc di.screlo - refleito da averslo dos agroreformistasàpublicidadc-queabemdiztr nãoonotouograndcpúblico. Seriaportantol'ICttSSárioq11t,praiamen1caodcbate,0PoderexccutiYOpublicas.se11ma codificaçãodoET,cdetodaa!egislaçãobaseadaneste,oucomplcmentardeste,afimde queaselitesintelectuaisdoPa!sdispusessem dcumtextocoercnteecompleto50breoqual cxtn:erasuaami.list. Sem 1.11, nem das oern o grande público, para o qual filtram normalmente os conhecimentos dos mais doutos, terão condições de panicipaçãoau1Cr11icanograrnkdebatenacionalqueo~noacenadamenteconvocou. Comefeito,simplifica-semuitoafirmandoqucoETdcvcpermaoccerintactocomono dia de sua promulgação, e só está em discussão o PNRA. O ET é indissociávd de uma legislaçio posterior queo oondiciona e a e!e estáaderidaoomooscrustáceosàquilhadonavio, ao cabo de umalongana~o. Notempodecorridocntresua promulgação, em l964, cabrilde l985,forampublicadosnadamenoo de6961cis,dccTttos,decretos-1cieoutro5atos oficiais50brematrriaagrária,todos,ouquase todos,próximaouremota.menterelacionados comoET. Efesseoonjunto- noqualasdisposiçõesseempilham,secircunscreYem, sertvogamousertvigoram-quesetrat1deaplicar,enãoapenasoET(2). Essavegetaçãolegislativaexuberanlc,até o momento não foi codificada. Pelo que, atualmcntc, nossa lcgislação nessa matéria consti-

acráiaigualiuria,tsqumlislaemalsl,tlffll!lRmmcioudaeominiciaismaiusculas:RefonnaA&rifia. (2) Desejosa de coob!m toda a legislaçto aari· ria•iJmtr,parapxlc:rOJJirw50breoPNRAIIOSterlllD$daa)DYOCIÇlofritaaoPaís,aTFP,ediri&iupa11tal10StrviçodtCootroleelnformacôesdoStlladofcderal.Altlldidaeomcordiali~epct:11eza, daobte-t, aliispatuitamtotr, lladammosde 1.m folhudea)ll'lpuladofOOIIICDdooc:merdriodesaalegislaçlo.Porootrola(lo.aTFPeompuboutambbn vtriaeompilaç6csdalegislaçiol&ftri.llvmdaw timriuesixciaJiwias.Oque-bern poder.aliar o ltitor - llio teria absorvhd por ninguffll no curto ts])IÇO de 30 dias.


tuiumcaos(l). Pondcrou-obcm,cmc,ipressivotc,ito,oanterior Ministroda Justiça, sr. [brahi mAbi-Ackel, naAprese111açãodolivro Ufis/O(ÕO Agttíria(Coleção lb:tos Legais, Ministério da JuSliça, BrasHia, 1984, 18~ ed., 2 YOl.,116Jpp.): "O problema daconsv/idoção das leis ergue-senoCf'nlrodonrusoDirritoposÍlivo. "Oexrensonúmerodetextosnorma/il'()S iaca11Saprimordia/dascrr:sctntesdificu/dadt:s(l((lrrttadasnãos6aosjuristas,~is/ado/'l'S, j11/us e tueulort:1, como ao ,mo em~ rr,(pri'ltldodarapadda<kdeenttndtranat11,naeaextensãodosseusdirtitos.Nes1eúltimoca5qocipoo//egislotivosei11S11rgecontrt1oprinc(piosegundooqua/ninguémseesnwmídecwnpriraleisobalegaçãodtquenõo acon/rer:e,consagradonaúidtln1rodu(ào ao Cddito Civil _ ~Essaplelorode/eis,ponrilhod4dtincógnilM, dúvidas e obscuridades, compromete e omeaçaot:stadodeDireito"(op. cit., p. V). Essaspalavras,oonctrnentesàlegislação brasiltiracmgeral,desmvempcrfeitammtca situaçãocaólicannqucscencontraalcgislaçioagrária nacional. Anãohaver,pois,arodificaçãosugerida,queconsistênciaequealcancepráticopodeter o debate? NJ ser elaborada tãocompl~ rodificaçio das leis agririas cm vigor, partttria mais consoan1ccom o espírito de abertura, que o Poderexecutil'Oacomplemeniasstcom asmclhoriassugeridas porestcs vinteanosdeptquenasc,ipcriênciasagráriascsporádicas, bcmco-

(J)MIUloboasoolelinelsesiolescsdessema1eriil 1e!ll sidoeditadas. Destacam-se. poraemplo: - ADRIANO CAMPANHOLE, U,i.slaç6o Agldrill,Atlas,SioPaulo, 1985, 13~ed.,'92pp.

- INCRA, lllldt-m«llma,nirio,CmtroGriflct1doStudoFeclml. l971. 7 ~~ JJ9Jpp. - JUAREZ DE OLIVEIRA, Esl.1tul61M lff. "'·

~:1~~~ :ST~io~~ffio

PARA ASSU1"TOS FUNDIÁRIOS, Colttã11t11, fuul. lit,l98J, 7S4pp. - MINISTÉRIO DA JUSf!ÇA, U,is/oçdo Azniria,Coleçiolb.to11.egais,Bmllit, l9M, 18! ed~2-.oL. 1.161 pp. - PAl.llD TORMINN BORGES, Es/aflllO d# 1tr111-romgltfisforiopmiMtlltfflltllll/ldll, PróL.iY10, São Paulo, l979, 2U pp. Pomn, por mdhorcs qlle sejam, essas coktl11W !lãoapresc:nWn toestudioso I posslbilkl,dcdc abarci-lastodu.

Assim. nlo t Ílllpossi>d qi,c 11111m cnidito, mv*>t:sptrialiiadocmtraosiwrimaftur,lt,entOD· trtmcspmdarnefltcdmtrodel&algumdispo5ifr,olcplquedeYcssetersidoromadoem liohadcconla 11C513ou"aquclapartedoprest111etra~ho. Scissosedcr,oautorficariapatoquelbefosseC(llllulliadotalacbado.Podm,nlooacotheria

mo ptlasvertiginosastransformaçóesgerais ocorridas no Brasil e no mu ndo. Seria de rigor, ademais, segundo o esp/rito da abertura política,quco<Jovernoaronvcrtcs.sccmproj,ctodtlci,paraoqualptdissc1colaboraçio eaaprovaç;lodoPoderlcgisla1iYD(4). Então,csóentão, aolongodatramitaçãodoimportantíssimoprojetonaCàmarac noScnado,cabcriacom toda a adequação o grandedebatenacionalqueoGovtrnoconvocou.Umltgislatil'Oquc.seja,nocaso,maisdo quca'bl-ixadtrmonância"aqueoqucrrcduzido, para efeitos de Reforma Agrária, o PNRA; um público largamente informado, e porissomesmovivamenteintercssado na temática agro.reformista - eis as condições que .seriamconformcscomocspfritodaabcrtura politica. Poder-.se-iaobjetar,aisto,qucascondiçóeshodiemascôgemporvezes,doPoderpúblico,delibcraçóesrápidas eatéfulminantcs: qualidadesimpossíveisdeobternomorosoprocessoaquisugerido. Cadartgimcpoliticoaimeniasuasvantagens e suas desvantagens. A demotn1cia tem oinc:onvenientedasmorosidadcs,scmpreque aopiniãopúblicanãocstcjaconl'Cllcidadaagudaurgênciade uma deliberação. Ora,oBra.silnãocstApcrsuadidodessa urgência.

Entio,ou.seaceiteamorosidadedemocr.i1ica,c.seprocurenalega!idadeenacoerênciacornasinstirniçõcsdemocnltiwalgumasoluçãodcstraparata.!situação;ou.serompacom aabertura-oquc,pode-scestarcerto,não

1m1rt:SCM1.Poi$dificilmellleollfÓl)fioeruditopo-

~~:Uo'::1::~~i~~e~:i~: achado. .. (4)Umprimriropassoparaei.satodií~foi d.sop011ct1111tcsdtcnmru-scoperlodopccsidnl· dalanlOklr,a:,mapublicaçioDOMDiàrioorlCial" dlUllilo,emlldc~dclffl,doEsboçof'/11·

rialdtimlq,rojttodtcoruo/idaçlodtdiplommatnlrios,el1boradopdoMínistériopanAssuntosFundiários.Oto.todcYcriasc:r''tlr~iodo11oslidtrr$dos

=·~=~:s:~ dil'fflM Portidos Po/11itos, ao, GowrnosatadlNlú.

iG\odtlndosA~do&vsil,,o/llSliflllOdos

Old'1XStpt:S$0'1$1ambiminttrf$fOOJ$11t/a~iDürio

Of"ICial~, Brtwi1, 13-l-SS, p. 4~)- lllCOIJ)Ol3d,u u

~=t:::: :,.::.:c;i~: dt-lti 1!/tf Albmttidooo C11111mso N11tio,111r (id.,

ib.i 0 PNRA pmce ter ip:ndo complctamtotc cssctrabalba,que,poroutrolado,enapma$par· cial,comoindicaollfÓl)fiotí1ulo,1bran!ffldotio-

s6oslil'TOSVeVldafu1uraconsolidaçio legísla1íva

agiiria,projetadapdoG<Mrnoanterior, Ocariteriní=lpropricdadcprivadafalW mmiftstoncsse&boçvpo,cit,I.

édetemerquefaçaoatualGovcrno. Não.se ~outrasaidaparaistoqueameaçaconstituirsc num'ICl'dadeiroimpasscnacional.

J. Outra condição para a

autenticidade do debate: o conhecimento dos motivos que fundamentam os prop6sitos governamentais DtYc--scacrescmtarquctalrodificação nlobastariaparaq11todcbatcconvocadopel0Governotivcsseau1en1kidade e animação. Poisparaconhcceramotivaçãodosmúlliplos disposítivosdctãoimportantcrodificação,scriaprtcisoqueoCioYcrnopublic:as.scparipauu aresptctivajuSlificação. Sóoonhcccndo,albndosdcsigniosdoExmo.sr.Pre:sidentedaRtpUblicaedeseuMinistrocompetente,os motivoscmque .se fundaram - istoé, a realidadeagrárianacional comoelcsavêcm,asestatlsticasemquctalviYo.seapóia,eosmotivosdocumcntadosptlosquaisdcscsperamqueacodifteaÇãopropostaretifiqucoquehápararetificar,atirpt oquehá-parac,itirpareimplanteoqueháparaimplantar-!qucpoderiaaopiniãopúblicaformarumju!zoobjetivoescgurosobrea proposituragoYCrnammtal.

4. Aspectos morais controvertidos na temática agro-reformista Asercomplcta,amotivaçãodospropósitosgovernamentaisteriadeiricluiraindauma substanciosac,;:planaçãodoutrinária.Pois,com freqüência,oPNRAalcgaprindpiosdejustiçapa,afundammlaJoque,desuapartc,aTFP - em uníssono com milhões de brasileiros não hesita em qualificar de confücoagrário. Eosmesmosprindpiosdejustíça, ele os invoca também para denunciar como radicalmcnte inactitávcl o atual regime fundiário, consti· tu!do de grandes, médias e pequenas

-

Ora,pelocontririo,milllõcsdcbrasileirosestãopcrsuadidosdeque,cmsimcsmo,nada hádeinjustocm ial formadedistribuição daterra,contantoquea propriedadcprivada - quaisquer que sejam as dimensões - cumJ)l"l dtdicadammle sua funçio social.

CATOLICISMO -

Julho/Agosto de 198:S


5. Inoportunidade da controvérsia nacional sobre a Reforma Agrária - crise na Igreja o caso da Teologia da Libertação Hi,lnstmclopmtakmtnlrnoBruil, um llalcotdo r,N1111t1lal r 111pbmr11tr dtfHdido sobff o roncrilo &, jusliça. Ao GOYttaO, q11t fu do 1obrt tmrio &, jl!Stiçaaowapo11madasllllisimportan1tspil1S1rasdossrusdní11ios1gro-ig1111itírios,e1be,poi1,drfinirutr1N1çiooqutentrndt porjustiçtl,ttmq11r11111111rntosestriaaw seutnltlHlilllffllO.

Tal llrtfl, J' de ~ ddictda, t1n10 mais o f pani o Gomno &, um Pais oítdalmtolt nculrorm mallria rtli1iosar ídosófict. Com tfrito, a palllni justip nprimt u11rollltritomOl'II. Etsttsrdrfinrrmfuoçio cb Ttolop t b Fdosoí11. DBso lliostpodtcsquhv o Gomno, rvja 111iuio rsptciílCI ', r11 um &, SNS prindpais asptctos, 1'du por qur rtiot a justiçtl oo

.

~

priopo111ott,istalako,lllasw-H1Mlffra to11lll1íNldidadc11"1ttll1tC'Ut11Ulfft11rt,laçfio ao 1t1li111t1lo urionl. Sr.do e116tiCI 1mllilopsadrmioriadopovobfflilrir,o,aglri dt., pois, sq.ndo o scatir do Pais. E, portallfo, roaforwt o espirilo da abtrtun, nortmtm m11lri1 dt justiça priu mbinm subli11esd1 moral crisli. O1,t11101tros trnnos, squado oroll«itorri.stio&j1stjça. ítlim os trmpos em qw llll mpos111cria basu,do pani dirill.ir, 11esmo II pmptt1inlalcisla,tslllqKStio.Ml!itodotosbfast. lrirossabtm 11-, iafdiulcalt, prof11du di~do.1riúriasa:ii1WD pmnkllttlk 1 ullidadt dos e1t61iros t• ~ Pais. Dttinislo-r11COISidmfflpar1tdu ~taçÕfS opmdas ptla Teologia da Ubtrt1çio, d1 qual l'Íirios trros 1e1b111 M srr 001dtn1dosrmrtttntes1tosd1Sant1Si(S). Orumoroso'"ta50Bofr-que'1'rsallllispre,. dslmtatrsobl!1n:lrsiolo&i1d1Teologi1d1 Ubnuçio, port111 não f btalo &, vi11CUl1ções com malmasócio-«onômicas-dtu OClllio a qlt quase liak Sts. Bispos bmildros Jt ltnbm deda!WO publiculf11t "i11C01fonnes" ro111ábialltdidadaSul11Si1mC1doleóloeo pttro,olilllno. A aütlltk ,m prtttdtnks drlllisPrtbdosMmi1dia.11mpli111Mdma

st-'

gmtdesuniio. Hi que kTnttnlar, a ts:st mpcilo, mais

AltJlri alguém que o Governo oio trm qurtsrolhtrnfSU!mat&il.Apartirdrstupró-

umd1do:équteutamr11ttoco11Ctilodcjusliçtl, esuua plicaçõtspriticas,sãol1rg1mrn-

(5)1!moutubrodel976,aTtologiadaLlbet·

AD1eriormerue.1CongrepçloparaaDoutri111daR}isrhaYiapro11unciadoeoar11oanprego dawlilemarxistapdaTI.,cmeoaíemiciadtimPffl"dlptlididapdopróprioCardealRalZin,c:r,utmOndopdoAlt:diispoJêromeH.nmcr,bojtCardeal, smeurio d a ~ Coapqa,çio (cfr. '"L'()s. SCM!OR Romano", [4-4-3,1,p. S).

taçio(Tt)foiobittodtestll005porpanedaComiJ5io"ftol6sicallllffllaciooal-rup.funçiotusa-

sorua5a&radaQ,agrqaçiopa!llaDoucrin,,daFé. llilei1111bíor1111,:on,;:iul,belCSWIOOOlioomaDtdaraçlo datada de J0.6.n (dr. COMISIÓN TEOLÓGICA INTUNACIONAL, Tto/orfadt (a lblllCÍ6il, BAC, Madrid, lffl,pp. ll!Ja 210). Al5io aponlldas00DCq)ÇÕt$errõneasdaTI.,como,por =pio, "uma JJ#rft impo,ra11~ dm aMlút:s i,upirodas IIO marxismo t 110 /tliinismo~lp. 190).

Nodiscuooinau,uraldalllCoofermciado EpúcopadoLa1ino-americanoeml'uebla,a28dejaDrirode l979,JoJoPaulollapontouCITO$daTI., particultrmcntequanlo_àcristologi.leeclesiologia (dr. "La Civi!li C111oüan, o~ l230, l6-J-8S. pp. [20-121). Emltlffllbrodc 1911laSanust-..ottou1sc OC11p1rdaTl.,emminiioqureoa1oua1111apram. çadcS.S. Joio Pauloll. Naoasiio, oCardcalJo,cpb~, PttffilodaCongtcgaçliopan1Dou1rinadali,"""5fflloutnbalhodcSU11utoria,mais Ulderei,rodw:iclopordivmasmisw(p.e1. "La[)o.

cummwionCathotiquc",de7-10-S4,pp.902Sl.e "SEDOC'"demaiodeJ984)emaisrttt111tmcD1eem seulivro-aul'M$ll/wppor1owllaFtdt(Ed.Paoli· nc,Milano,19@5,pp.lkss.).Muiwidéia!dessc:lrt-

balho,quecriticaparti<:ulilmlfflteaopçiomarxista daTL.fOl'llllacoihiduna/11SI/UfÕOKIMa/sulll11.1P«losdaítolorl/ldaU~",divulpdapda

mesmaCon,repçioa:xndatadt6dcagos1odel984, eaJll'O"JÇioopllciudtJoioPaulo ll.

Emrnaiodomcsmo11100DiclSll!riococrvida· IIWDOO$fll)OfllteJdaTI.,fff!ilconardo8off OFM.1~-felre$pCÍ\Odesculivro/irt,ia.C. risllul t Podtr. Após colóQIIÍO do Cazdeal J>rtfeito comofr1defrtnciscano,ocorridoemsetembrode 1984,aque!aCongrepçãovolcou a tomarnOYamedidaoon111otcólolodcf'ttrópofu,enviando-lhe,em m~dcl98S,IIOlifiaçãoapropósitodecnwopçõel; ~illSMSltntáwis~ do seu 1llalcionido limi (cfr.

"UDorumenwionCathotiqlle",S.5--85,pp.4&4sc.). Poucotc:mpodepois,aSal'lttstimp&aofradebn· silc:iro~"ptriododtobltq,liososiJbtâo"i.lomal

doBrasiln,}0.}..85).

NaYisittedlimiMdo$BisposdoPmúifflia dol't.QuslffOGatiém:z,cllmmdo"opaidaTLH

Rt-,rtpdospdaTINllogilálLilltttaçio,Nt njacoalrofflsilo~"casoBofr ÜO f stlio O COllt HltfltDlr. Oslldtptosd1Tffllogbd1U~f1ttm &inr sobrt mm1 ro11ttpçio radicalmntr ig,alit'ria de jutlça, 1 parte . .1s lmporlntr desna11umtnl.lçio1gro-rtformlst1. Emjustiçtliguali1iria.foposl110001ttllocristiobilaikur,5tpadooqualprasa111 oscat61icostrsdkiouisco11ririosàRrfon11 Agriria. ~1tandopruisaaealtatS1t•H1tt1lo1qur:stioagriria,0GcMl-.oliocoa5t1MI t"\'illlr 111a coaaio nilrt o ckha1t t&rGrtfon11ista c o dtbatr 1tOlógiro-ntosófloo i11Stalado aos 1111bicw1es e1161ifos. O PNRA estabrittc aliis esta roaaio, porqn ai,& nove vr:zes& modoo:plídto ijustiçtl, i maoti"' &, fundam,nto filosóft00-1110TSI do que dispõt. Eavolvtado-stcomumaqutStioMjustiçtl, o Go,tn10 lako 5t situa usim ao ttt1lro Mumaronlroffl'siartliglosaefiloséí1e1ca1du1e O PNRA d' palpil111tr atualidade ao tr11:1 ~ tio ffl1'0. IO pl'Kiso aollltllO t11 Qlt DO M11ir.001t 5t 'li driianodo U. . Mll1alfristrtligiosa,por5111VtttiO trnsin011111is. Eporquto rut1t?-É difidl tncontnr respost1. Srj1romofor,niottri.tle11on1out11 roisaafutrstniottntudtflnirmalsafun"L'OsscMtoreRomaoo'',24-lO-S4,p.4k1011lispos daBolíviaemrisita//d/ÍmiJWl(cfr."L'OsseMlorrRo-

mano",l-12-M,p.3kdoolnoaosCardeaisePrda· dosdaOiriaRomana(cft."L°OslcMlon:llomano",

22-l2-S4,pp.1,4eS);aosBispos.Saomloles,Rdigiosol.Rdiposa,esrminarisw,naaled!lldeQui·

to(dr."L'Os:sm"atoreRomano",28/29-1-IS,Suple· lllf9!o,p.XVlkaoClero,RdiJM)IOl,Rttigiosa,,:minaristas e 1cip, cm üma (cfr. idem, p. XXXl!k aosflm,emA)Xll(ho, ~(cfr. idern,p. XXXIX);

aostrabalhadores,emll"ujillo,~(cír.idem,p. XLIV);aos1111iYOS,rrnlquilos,~(dr.idem,p.

xtvni

Nomomcntoemqueestttivrot$ll,rndocon-

chúdo,cin:ulapeiaimprt1U1,comvisosde•utOl11.1· da,aootlciadequeaS&nttst,impmsiooadacom

oq:,dodosSn.BisposiDCODÍOfflltl,smpcodmOU 11CDuadilCIISi~teamedidadbtiplinar10DYd,. em~aFreilmiwdoBoíl.Oqueinsumiwl-

merueaarfflaria~atitudedoSt.CatdtalO. EugmioSales,ArocbispodoRiodcJ&neiro,ffllltbçloaFl!iClodo>isBoff.

etambémobjetodcprtOCU~porparttdaSaa-

ATfl'llioeitiQbilii.daatonflfllllfllCIII•

ttst)..loloPaulolleoafirmoullffllD'.jui-.OCOS llad-.mhlciudalllll"'fD/JdaCooirepçloparaaOoutrinada R (cf1. "'L'Ossem.tOR Roma1Kt, S-10-k, p.

conlflWess;a.llOOOI.E1DCD011indalhetdtdopn:,cD011icaremque~indsosocorrcriaoeYeNIIII caJICC:blnentoooatem1açlodamedidadisciplinar. Contlldoparuecenoqueoll()(icildoatoda SuttaSéilioimporta!i,0111DdesautoramenlOdasceo·

1).

JoloPauJollvolt0111ra:omendar,mesma /,u/l'Ufcioeml'árioiloutrospronuociamenl0$, en1re osquais:homiliadul"illteaMU,lapelaEYa11Jtliu.· çlodo$Ptwos,cmSioDomingoi.RepóbliaiDominicw(cfr. "L'OsseriuOR~, ll-10-34, p.4k

101BisposdoEquadorc:mvisitaed/illli1111(cfr.

CA10LICISMO .... Julho/Agos10 de 1985

$111lSpore!aniesmafeittsacertosCITO$emCUrso nosambienteiioRIICllciad01poreJ$1teologia;CITO$ essesenullciadosnosdocumcnt01acimacitad01.De tortequcat1usa!Wquerelasen1reçatólia)solo1erilffllOl'idaromWG.


do 5U posiçio ta IDllffll dt j1stiçl, niHdO p!lllsil'p!III OPaist111bil"'ffl JHlflll..

6. No Brasil em crise, a presença semilegalizada do comunismo A CNBB, a mais influente força propulsora agro-igualitária do País A prtSCDÇa scmilegalizada e orpnizada

do PCB, e a perspectiva de legalização também doPCdoB,sóaumentamagravidadedeste quadro,desijátãocritico. Alheia a temas estritamente políticos, sempre que não sejam relacionados com os principiosdoutrinárioscollCmlClltesàordcnaçãocristãdasociedadetemporal,aTFPproC'Unl convi\'Cf bannonicamente com todos os ttgimesix>litioos. Em conseqüência, viu ela chtpr t implantar-scaabenurademoaitica,tdispôsscaajudi-lanosseusasp(ciosposi1ivos,comoscjaaLivreeinteiramanifestaçãodopensamento do homem mediano da rua. Comefeito,dehomtnSdesseséconstituidoumsetoramplissimodenossapopulação. Enclcsecncontraho)Camaiorreservadcequilfbrio e de bom sen50 do País em matéria .sócioeconõmica. Cumprt cstimulá-lo a fazcr uso de seudirtitodevoztvc:z,nograndedcbate nacional. Thmbématitulodccooperaçio,a TFP nãoseomitiudcoorrvidarasautoridadcsaquc abrissemosolhosparaoscorpusculosemmscen1eferlllffltaçio,dain1elligtn1Siadcesqucrda,do.snobismosocialisa,facciramente-melhorsediriadoidamente-apoiadoporctrto veiodepessoasdosbairrosrcsidenciaisdeluxo, pcloscorrilhosdemagógicoscncastoados (6)Jicml9'10,haviadeltdadorssefato1revista "Ammcl Latina~ (editada em russo). cio IIISli· lulOpmaAmbica ulioaWI Academia de Cimcial WIRilssiatol'itlia: "Op,om,olfffllwiotuiriodtlibtn(lfioni,.

cionlll11t1A""1inl UliM 110:JIÍl1imos-ro,efr1• m,rqw1~dtmllitosp,oblo,msorirm,«on6mkwtpo/lm,s110COII/ÚltnktStilipdadtm1>-do illdimcwfwl 1/0J prol,Jrmas ,qrários. A,,.../orç.polítiaMl""fi6al'llt'IIJI "'11MM11trfr,tjac.t61ia. ModmiÍl1lndo 01""1odos dt t111bolho, tia l'ml ampliar $1111 ~ jllft·

IOaOJtniballlado,nNosúltimruttmpos,wbrthldoosirp,t.StMOttttsdalll4tsqutrdodolg,rjaC,16liclltbndtstmf)fnhodotllllldtlltillidadt,uqua/111/.

nospanidospolitioos, pdosttcnocratas"no veruo",pclos"conscimtizadores"dc51Crisi:W como de rtt1niões das Comunidades Eclesiais de Basc(CEBs). Essesmlihiploscorplisculosintcrligados einterefervesccntes,qucreciprocamentesee:logiam e se sustentam, montam à uma o assalto aoprincipiocristãodapropricdadeprivada, ensinadopcla[grtjallá dois mil anos,epostoem pnlticapclasnaçõescristãs. Mas.sem embargo de sua robusta inte· rarticulação,seriamelespoucacoisasenão contasscmromoapoiodegrandepartedaquilo q111:Carlosdelact-obrilllantepolemistacatólicobrasileirodasprimcirud«adasde!le.século-intitulavao4~Podcr. lstot.umapotência a existir o.tra-oficialmente ao lado dos trtsPoderesoficiaisdoEstado:Exccutivo,LegislativoeJudiciário.Esse4~Poderera,em1C11 tcmpo,almprcnsa,hojeacrescidadoRádioe daTc!C\lisão. E em pane, também, de um outro Poder quiçá ainda maior. Ao4~ Poder, a realidade dos fatosacrcsccuumS~Poder,aConfertnciaNacionaldosBisposdoBrasil(CNBB),queétalYCZamaisinflucnteeproputsoraforçaagroigualil.t.riadoPais(6). Quanto ao PCB e ao PC do B, mingua. doscomo tstão,cabe-lhest111rttanto,noconjuntodestedispositivodeataque,umatarcfa ponderadaeaté cômoda.Consis1eestatão·SÓ emmanterdepéseusestandartes,paraosquais sopra, nolem voltm, mediata ou imcdiatamente, todo 01-tnto publicitário produrido pclo mecanismode foltsag.ro-reformistas. Ptloqueospartidáriosdedaradosdocomunismo,dentrocforadoPais,nãotmlpoupado aplausos à Reforma Agríria tal como a pm:oniza o PNRA (7). Jáantes,osooraçõesdoscomunut.as ha. viam pulsadoalegmnentequando,em 1980, umdocumentoaproYadopclal8~Asscmbloa Geral da CNBB reunida em ltaici conclamava o povo - em vão - para a Reforma Agrária socialistacconfiscatória(8).E,depassagem,

mas em termos muito categóricos. defendia tarnbémaalteraçiodoregimedtpropricdade urbana{9). Nãosurprecnde,pois,queoscomunisias brasileirosvibrtmassanhadoscomapcrspectivadaaplicaçãointegralcC'UmulativadoEstatutodaTcrraedoPNRA,propostapclosr. NelsonRibeiro,MinistrodaReformaedoDc~volvimentoAgnlrio.

n,111i.r(oqwriwlNrfw/0"1ruckristil:Opa1110Chi·

ríodo iJuiiniftcr1nlt r:w Purtido pmnonttt11 M Jt. 1<1lidodf.A,od$llrrvolw;do<klf64.foitltobripdo 1atwud1111dati11/l11ltn~ r1prlllttw muiiia lq.J

lt),lip,dtCtlfflPOllt!l4SÍJldÍ(I/01dt/r11bo/lllldom, 01p11/:,lpfodtro,nfurfflllrdmllllcidalt(tom0,

por~"°~ 1t0~dosa110:J(i}r(A. D. GA.LKINA, ~ tt)lllmlpOriflfOS dt ~daAmlricl!ÚlliNl,in-Ammca l.ainl", M4*0U. 1 ~ 1, juàro-femeiro de 1910, pp. 47-48).

7. A TFP cone/ama à estabilidade e à pa1. ATTP,stmprtfltl1seusprópriosideais tm iodas tssu ocasiões, dnlro d1 mut1bilid1de dos regimes, procun 11mbh1 110n aler1ar u 1utorid1des p!ln I inopor1unidadt da aplica\i0 do ti e do PNRA, no prtcisomomeiitot111qutffll!líorçudesest1biliudons - to menos q11t K pode dizer dtlu - K conj11gui, 1mu p!ln promO\'tT de nor1t I Sll do Pais 11111 l1t1 dt cwstl agliria, 1 111111 ,li st lli lnosfona111do cm rtrolta, t 01lm pan j1stifiar 1os ol~os do pU büro. nos 1nltdest 11tdiosmitros ur1Maos, t:SJ11 l'f\"ol1a.111cdiln1t 1mats1n1ba lnffl'Sio publkitírildt p!lpris. lstoi, oim1Wr q11t1J:ridt1 propried1de seria o homem padíico t onleiro. E opropritürio,quedes1jud1dodas1uloridadesdefendeseu dirtito, Stri10111msor!Comoseodirtitodepropriedldeji esti\'fflt abolidono Bnsil. Nma co1formidadc, • TFP alffl1 1qui 0Goffl-notopovop!1nof1tobísicode11ac o Bll5il mcdilao, o Brasil st!ISIIO, o Brasi Ili• lhltifo nio q1t1 11t11 o IT 11tm o PNRA. Qu.10 10 Estal1lo dl Tm-a, lio falia q-pondtrtqur,urta1Wlde,dt tacro rt!id10, ta pka 1bertun, dt •• 110 al'Kltristll'o d• cn mililar, promulgado is pm:w t sob prtSSio, com o constoso de um i.q:isl1tivo enlào inst1uro e pouco lahut ntt.

dt1111dirtfjol/Ollllild,..Ofl#/ÚC_llllt_OIICl-

lmf 1M rirM fk>s«ll!IIIIWW bnrsilth,, No doourlmto lfflllril11lf dll dtsloca-

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lsto,queesaWIIC!lta'IClmentt~pm OSlflOl60,st'lciowmanclotlda..ezllllistl[,IO

IM,--ir•llllidldt*todlJ•/«fGPfOrrmif.

loagodasd111.1liltimas~

Atlllllmtnlt - di: odocvmr111a - a PC prr· coniuofert4/«imtnlolkl/11/aC011/1Gail\llllfdo,ll ~dil,f/on,M.,,..,a t11abilil#íWdos11i.

(7)Distoleremplooseguintc<k,pichoda

t.ldofl#/Ú.

~TASS,publicadonnprimcirtpqinapdojor-

VtÍ$$(1/4riais.adltntoiptl'f,amoioruplkoç4otk

naJ"Pravdi',deMosoou:

copi1oisnos t mpraas ts111i'!Jldru,1Zrno/slodo sisttmo dt impos/03 t OWIIVS mtdOOtro11dmK'1nociais

/ilJI. na hltuptloscompont:StS, 1odos osmtimpossi-

"RioMJ011tiro-AcabGdtlffllU1NtMIM cldld,, """' rn,IQIIOIW qrMld,oJ dimlwndo PCB.

ffi1. taúro,no1MO(do dt Jindicatas, cooptrQtiwu

Em,noi.rdt(i)anosdtmslffl0/1,llptNZSp(lfMmpe-

romspondmtoaosinttrwt:Stii1s11111SS11Sl111balhldona" ("PrFWI", S-6-8S~

CAlOLICISMO -

Julho/Agosto de 1985


Mas - objetar-se-á-qualaprovadc qucagrandemaioriadosbrasilcirosmedianos nãodtsejaaRc:formaAgruia? A rcspostaCsimplcs. &mpn: que a Rtforma Agrária tenta implantar-se,usadcartiriciosqucfogernàconsultapopular. Viu-se isto no passado. E com mais clareia ainda no presente.

Sim.deexemploohistóricodoET. Maisdeumóigãodcimprtn5ardataque, ouvindo fu.tndeiros sobre o PNRA, obl~ de umoudeoutrocstarcsposta:"Soucomrao PNRA,nãopori!mcontraoEstatutoda Terra". Tuis bral'OSagricultorcs só têm demonstrado mim que não conhecem bem o ET, pois este importa cm uma autêntica e muito radical Reforma Agrária, como adiante st l'Cl'á (tfr. Pane l,Cap. IV). OprojetodoEstatutodalerra, cnviado aoConBf'SSONacionalem26dcoutubrodc 1964,causoudcsdelogocstranhezanaopinião pública,porsero:tensoeprolixo,eporusar umaterminologiaporvezcsconfusa. Mesmo paraossetorcsespccializadosnostemasagrofundwios, a leitura do documento se manifestM irdua e rebatbativa. Em cooseqiiência, não podiaserelcestudadoemenosaindaassimi!adopclaopiniãopúblicademMiacpcquena cultura,.senãoaocabodelo111adivu!gação. Osdebatesnol...egislativoseriamentãoa ocasiãonormalparaqueopúblicosecsdmcessesobrtoconteúdodoprojeto.Poisanatural rmonãncia que eles despertam na imprtnsa escrita e falada Cdc grande alcancc para esseefeito. MasaurgênciaentãoimpostapeloE,tc. cutivopan.atramitaçãodoprojetodoEstatuto - como aliás tambtm da emenda constitucional n? 10,queotornavalcgalmente possivel-estrangulouosdebates. Senadorcscdcputadoshaviamdcixado ffl',desdeoinicio,suainquietaçlodiantedo Projeto,aprcscntandoacstc42Semcndasc9 substitutivos. Entretanto, cm cxlguos trinta dias,oCongressoNacionaltinhaquecxaminar,emendareYOWum projetodc l))anigmemaisdc500parágrafos,incisoscalíncas. Mu asintençõesdoGovernosurgidoda Revoluçãodc3ldcMarçodel964-dotado dcpodcrcsparasuspendcroCoogrtSSO-cram

(S)Ojomalcomunista"VoldaUnidade",ócglo oficial do PCB, em seu n~ l, de JOde março • ,deabrilde1980,fuo:smllHfllllCO:ldogioslOdocumemoCll\lodil'lllpdopelaCNBB:

ír.,:,ct,,e!111111111uêntica RdormaApiria, a li~ Af1e111bléiaGeraldaCNBBdcuumavaliosaronuibuiçiopan,oomodiloprópriodocummtodeltaici, 'aCOQStniçiodo HomemDOYO,bascdewnall(Wll

Sfiudo • akp, rotilil1i o Estat1to da Tttn11111ro11niiçio1bm111tllrelrodo~ paltdt1btrtffl. E11pliclçiodo F.Trom bl· st 110 PNRA só 1gn.nri til silu.çio.

Ora, em principio, a contradição consigo mesmo Ccausa de ruína cm qualquer campo no qual se introduza: na prnonalidadt individual, nasrorrentes de pensamento ou de ação,cmtodasuforçassociais,enaspróprias naçõcs.SabiamenteadvencoEvangelho: "Se um rtinotslddivididoconltfl si mtslll(\ um tal rtinoniiopodtsub.Jis1ir~(Mr. Ili, 24). Pmnunirorcgimc,qualqucrqutstja,paraqucnãoentrccmcontradiçloconsigomesmo,nâoCcombatê-lo.Éprestar-lhecolaboraçin Assim,umaabenuraqueimponha,por força de uma lcidcumgovcrnofortt,a 130milhõcsdcbrasilciros, umairnensaRefonnaAgnlriaqueagrandemaioriadclesnãoquer-e isto sem tcmposuficienteparaqueclcsse informem, opinem e debatam - tal abertura atentacontrasimcsma,poisdciudcserabertura. É o que a TFP deseja cordialmente fazer ver a todos os setores da população

8. O País não quer a Reforma Agrária socialista e conf,scatória

"Odocumc:nto'[Dtiaeproblcmasdatcm'podts,crcoo$idmdocomoumm.arroderdcvãncia 110tiabalhoquehJeercade281110S1CNBBvcm <kdicandoaoproblcmadater11,tamoanll'ddecs-

ludosttóricoscoroo11mésde11uaçloprttica,com 1Pwnldalitm.AÍffll)Oftlnáadodocumen10sc IIM,1Dtesde1udo,aoincquhocopo:siciorlamcnlo crititoemrdaçiOaorqimccapitalistaecmrdaçiO

aomodelodedescnvolvimmtoecooõmicoqucvcm scndoimpostoaol)llspelosvários10Ycroosmililllrcs. Ntstest11tido, a 'IOUÇàorom I qual o doounento f o i ~ - 17hoco:s1 favor, (cont1te( abf[eDÇÕC$-1$$11111CUmsignifadorspecial,jtqllC nUQCl,ehariaconseguidnrtUIIÍl'Wll05VOIOSantor-

noàs posições l)l'Olf'CS$ÍSUIS no ieiodaCNBB~. Eoo11Clui:"Aocondenarclaramcnteocapita·

lismo,omodeloecon6micovigntecaodeclarar·sc CATOLICISMO -

........... OdorumcnlodaCNBBfanalisaclopormcr,o-

riwlammte no livro de PUNJO CORRt.-\ DE OLI· VEJRA / CARlDS PATRIClO DEL CAMPO, Sou ('tltóiiro:ptJQO!lff'C011lflla/l,efor1MAgniria?,&litoraVm.Crm.SioPlulo. l9Sl,Xi0pp. (9)Cír.SOIIC'lltóiiro .. ~p.189. ACNBBconsagrou à ReformaUrbanaodocumentoSoJoMr/Janoell{'ãoposloral,emanadode suaA.!sembléiaGmldel982.Umabrt-.tanili5eaí-

tiCl.dcSKdocumentopodtxrmconuada110tivt0 de PLINIOCORR~ DE OLIVEIRA / GUSTAVO AN'TONIO SOLIMEO - WIZ ~ RGIO SOLIMEO, As CE&.. dasqugism~ilo:s,tfolo.~Rronhtct - o TFP41:!'dtsr:!'fflromos4o, Editora VeraCrm, SioPaulo,1982,pp.'81,0.

Julho/Agos10 de 198S

impcrativa1.Foimistcrpas.sarsobrctudo.Em 22diasdedebateevotaçio,oprojetodoEstatutodaTcnatMdeseraprovado,paraoque colaboraram os congressistas panidários de Jango, com rtprcsentantesdascorrcntesque acabavam de drpor este último. Foi assim votada, e logo dqxris promulpda sob apla11505 departedosgoverniswedetodososjanguistas,aleideReformaAgrária. Vcnciaoagroigualitarismoquc Jango impulsionara: neste panicular, acabava por pre-,-aleccr um verdadeiro '1ontuismo stm /01110~.

9. Face ao Estatuto da Terra, a voz isolada da TFP se ergueu Masofatonãochocoumuitoaopinião pública,adormccidasobrcoslourosdavitória de31 de março de 1964, porqueoagroigualitarismo-sempretemcrosodosdebates doutrináriosecientifirosscrenoscimparciais, servidosporumapublicidadeautênticacim:strita-consq:uiraimpingiraoPa.is,atoquc decaixa,queaccitasse,naeuforiaenolewgo da vitória, algoqueelcnãoconhccia. Quiçá tudoissopud~tcrsidocvitadoseasentidades privadas, 1 que incumbia tal miMão, timscm alcrtadocom a necess.tria amptitudcopúblicoparaoquesu~ia. Damassadapopulaçlo secrgueu,isola· da,avozdosquatroautoresdolivroReforma Atrária-QutslàodtC011JCiincia(IO).os quais,antc5de5COOIWll!Wlaproo,-açãodo&. tatutodalerra,cnviaramatodososdeputados e .senadores o documento O direito dt p,rr priedadtea/i~reiniciotil'flnoprojetodeemtndoconstitucional n.• Jt64 enoprojetodeEs-

(10) PLINlOCORRt-\ DE OLIVEIRAtm colaboraçio com O. GERALDO DE PROENÇA S1-

GAUD, O. ANTONIO DE CASTRO MAYER e &ooomisla WIZ MENOONÇA DE FREITAS~ raVm.Cntz,SioPaulo, 1962,(: ed.,XX.fflpp.~

Cabcresiltlll'aquiqueoSr.O.Gmldode Proen,;aSiplld,ArcebispoEm&itodeDiamantina, desdel9691USumiuposiçioquecootrasta111com1

linhadepensamentodeRA-QC,distanciando-iena matlriadoJdemaisautomdolivro. DoSr.O.AntooiodeCastm~Bbpo Emm10 de Campos, nio conh«e esta entidade rie. nhumprooullCWDemoqucindiqucmodiflCIÇlono mododepenw.lObff:aquestioagro-rdormUU.. Mas,distanciadoprescotemcotedaTFP,e&lémdiJ. toiatàramenteabslJrYidoporOlllrasltividacks,S. Exa. nio tcm parti,:ipaçio na pmcotc otn. Quanto110ccooomistal..ui.tMcndooçadeFl'aw,apcsudenioSCtmaissóciodatFP,anr=nte comunicaçlo10au1oriníormouq11eoon1inuainteiramenteKllidárioClllllas1tSCSdolivro.


faturo da 'lmu. Ncsce, analisavam os í011c:s 1111ços conflSClltórios dc ambas as proposituru. Odocummtom.dawkldc4dcll0\'tlflbrodc 1964(11). A24dcdu.embro,aTFPconsignoupe11111tca Históriasuaconstemaçãopela promulgação do ET no Manifesto ao f)(WO bra5ileiro sobre a Rtforma Agniria, quccirculoulargamentc pelo Pafs{l2).

10. Um véu prudencial sobre o radicalismo do ET e do PNRA Dadaainsistênciadccertosmtiosdecomunicaçãosocialcmi11C11lca!aimpressãode qucamaioriadosbrasileirosapóiaalegislaçãoagro-reformistavigente,nãoscrâ dcmais acresctntar,àdemonstraçãodocontrário,dois outros argumentos. Umaproo1dcqueoPaísnãodc:stjaaReformaAgr.iriaéofatodeque,apanir dapublicaçãodoPNRA,váriaspcrsonalidadc:sagn> rcformistas,maisdeumaocupandosiluaçio oficial, vêm íattndo dcdaraçõc$ à imprensa, nas quais atribuem ao ET e ao PNRA disposições sensiYdmentc mcnos radicais do qucdes efetivamente contêm.

Rtgislnndosimplesmentcofato,nãocabeaquiindagarscascontradiçõescntreessas dedaraçõc:seoste:«osdosdocumcntossãodc rcsponsabilidadedcssaspersonalidades;ousc resultam-pelo menos em consideiivel parte - de uma desinformação otimista e favorável à Reforma Agrária. Ncstcaoo,é precisoconviremquelaldesinfonnação,bcncficiandosempreo mesmo lado,pareceporsua11CZresultardeumtrabalho metódicodcpes,soasimposr.adasemcvitarque opúblicoscchoqucconhectndotodaavcrdadesobrtoPNRA. Quiçáessa!idcdaraçõcsnàostjamdcuma autenticidadcatodaprova,masscdcvam,em certo número de casos, aoradicalismoagroreformisu. de j<Wens rcp6rteru empenhados em salvaraqualquercusto,dcumnaufrágiodcpopularidade, oPNRA. E1stéum problemaq uecalx-ráà Históriaresolver. Dequalqucr fo rma,nãosecon hecepor enquantocasoalgumdcentrcvistadoqueha.iatornadopúbLicoseuprotesto,atravésdaimprcnsa,rontnaapresentaçãodeturpadadcseu pensamento. TodoonoticiárioaCS,SCrcspeitotorciona os fatos wnbém .sob outro aspecto. Se a imensamaioriadosbrasilcirosdchámuitobra· da e dama pela Reforma Agrâria eem ainda não foiapticada,alega-seoomoexplicaçãoa forte oposição da classe dos fazendeiros. As-

sim,onoticiárioapre:smtaaforçaanti-agro. reformista como scodo exclusivamente dos faztndeiros e dirigida contra I classt dos 1rabaU1adores. Que alcance ooncrdo tem essa imputaçlo?

Num regimededireito,nãosepodefalar adcquadamenteemforçaa nãoseremtcrmos deiníl uênciaeleitora l,porqucesta!quctem ocondão dealçarouderrubargO\ltrnos,de abri r oacessoacargosoudefechá,lo.Oque, tudo, importa maximamente aos políticos. Scsecompararaforçaeleitoraldosíaztndeiros e de suas famílias, com a de seus assalariados, aquda é patentementt mui10 pcque-

"·

Scosfaztndeirostêmforça,éporqucdcs têmaconfiançadcpartepondcra"'oudaqua. setotalidadedeseusassalariados. Nãoé,portanto,apenasaclas.sedosfazendeirosq uerejeitaa Reforma Agrária,mas uma pane pelo menos muito oonsiderivcl, scnão a grandc maioria, da classedos quc seriam os "beneficiários" da reforma. O que dcscamteriza a luta anti-agro-rdormista como um lancedalutadcda.sscse,pelooontrârio,aca111C1eriza oomo uma luta entre uma minoria de emprei1eirosdoesquenlismo,teóricoseanifices da dcstruição do 11ual rcgime, oon1111 a maioriacristàest11satad0Pais,naqualcstá incluidaagrandcmaioriadostrabalhadores.

O Estatuto da Terra, árvore daninha da qual o Plano Nacional de Re/onna Agrária é apenas um fruto nocivo J. Rejeição do PNRA sem revogação do ET? Podetcr causadoestranheza, a ccnonümerodc!eitorcs,aafirmaçãoantcsfeita(cfr.

Cap. [, 8) de que o ET, independentemente do PNRA, implica por si mnuma autêntica e muito radical Reforma Agrária.

(ll)Odocumm1ofoi r-ablicado11a íotcgnnn "Catolicismo", o~ 168, dezembro de 196-f. Resumos forunpubwdo5110"00riodcNoúcw",Riodel1lldro. l~ll-64; "DitriodeS. Paulo'', 15 e 19-11-64; "Diário Popular", Siol'aulo, !6-ll-M; "O Globo", Rio de Janeiro, 17-l1-ó4;"FolhadcS. Paulo", 17-ll-64; "Estado de MUII$", Belo Horilontt, !7-ll-64: "AGama", Floriall6polis, l&-ll-ó4; "00rio do Parw.",

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Comefeito,éfrcqi.ienteouvir-seem rodasdcfazendciros-efazcndeirosderea!ce: l.queoEstatutodaTcrrarcspei1aintcgi-almenteodireitodc propriedade,bemcomo ode livre iniciativa; 2.queol~ Plano Nacional de Reforma AgrâriadaNowRepública,pelorontrario.golpeiaarundoodireitodepropriedadcealivrc inicia.tiva.

J.peloqueoslavndorcsdevcmpedirao Exmo.Sr. Presidente da República, Dr. José Sarney: a) quc mantenhaoEstatutodaTerraeo aplique; b)querejeiteo 1~ Plano Nacional de Reforma Agrária da Nova República. Po.ra essc:s bravos fazendeiros, o PNRA parece conterem si toda a presente ameaça

C'urilib&,19-11-6t;"OEA.adodol'anm,..Cllrnu,.,, 22-11-ó4;"DwioPopular",Cllritiba.24.28c .'.I0-11-64; "Liberal", Santa Vitória doPalmar(RS).

CAMPO,Sollamllico:pomatrront~11Ref()nl!O A1nmll~,&litonVmCruz,SloPaulo, 1982,4!ed.. pp.2lla2.l7. (12)0dorumtntofoipublicadon1intcgnicm ''Catolicismo", n~ 169, janeiro de 1965; "Diirio de Notlcias",Riodc Janciro,2S-12-ó4:"DitriodeS.Paulo",Z7-12-64;"0EstadodeS.Paulo",)O.l2-64:"DiJi. rio do Rio Doce", GoYemador Vawlarts (MG).

28-ll-ót;i.Jnitário",Fortalaa,29-ll-ó4(dr. MtloSiflllode~UJA nricomunis111,&litonVcraCruz, Sio Paulo, 1931, 4~ fil., p. Ili). O tcx.to inteira[ do

dorumentopodeserencootradocmPLINIOCO Rli,\ DE OLIVEIRA - CARLOS PATRlCIO DEL

CA10LICISMO -

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qro.igualitári.tcconfücatóriacontraapropri«ladtprivadaealivreiniciativa. A realidade é bem outra. O PNRA f 1praas o lnlio dt um1 , 0'0rt d1ninba que podr-riprod.iir1inda11uitosoulros,tiooumais aochos. F&ta '"ºrt to f.111tuto d1 Tem. Com efeito, o PNRA existe para.dar cumprimcntoao ET, o qual dispõc, cm scu an. 33, qucaRtformaAgiiria,taloomoaliestácstabclecida, "seflf INliVJda por mtio dt planos ptriódiros,nacionaistregionais, comprazos tobje1iYOSde1erminados,deacordoromprojetosespedf,ros". Eacrcscenta.oart.34domcsmoET: ''O Pllino Nocional dt ReformaAgrdria [scdl e/abonxloptlo INCRA taprrmdoptlo Pmidenltda República". E não só o PNRA erige cm cumprimentodo ET, mas a s ~ do PNRA sãoco. mosão,porqueestefoielaboradocmconsonãnciacomaquele, embora vá além dele. Umestudocomparativodosdoisdocumentos pode facilmente comprová-lo. Cabe pois faia aqui uma anj)ise do ET, aindaqucsumária-ao.tensãodoprescnte livro não compona mais do que igo - para mostrarcooioartjriçiodoPNRAnãorcprcsmtanisenãoumailusóriadilaçãodtprazoda agoniadapropricdaderuralindividualnoBrasil,enquantonãoseobtivcrarevogaçãodopróprioET. Arecordaçãodealgumasdisposiçõesdo ETtornaricvidenteoque foi dito.

2. O ET institui as desapropriações confiscatórias Rtza o art. 22 do ET que '1 o INCRA (Instituto Nacional dtColonil.PfÕO t Reforma Agrdrio) autorir.ado, para todos os efeilos /t. 1ais,oprom~rasdts'1prop,ioróantte:ssdriasaocumprimen1odap,t5tnltlti"(I). Fucndousoirrcstritodafaculdadedee,;prop{iarqueoEsta.tutodaTerralheconfere,

J0.12-64; v.....obu",kloocJanaro.H65; ·Ulário deNotltias",PortoAlcgrt,B,9elO-l'6S;"Esudode MUIIS",BdoH~IOel2-1'65;"0Diário",RtbeirloPrtto, lO-l,65; "ANa,;io",Bllllllffllu(SC).14, IS, 16 e 17-l~S; "Jornal da Manhã", Ponta Grooa (PR). 16, 20,21, 22, 2J,2-4c26-1'65; "Diàrioda ReJiio",SioJoKlloRio Prtto(SP), 17-l~S; "ANot/. da",Sio JOKdoRiol'tclo(SP).17-1,óS;"OCombdd', Amparo(SP). 17-1-45; "Corrriodo Cem", Forlaleza, IS.1-45; "A l'bíài', Campos (RJ), 21).1"5; "'imdol'owo",Otimpll(SP),2J-l,6S;"GutadeNG. titias", Rmleza, 24-1-45; "A TribuDI", Bhuneoiil (SC),ls.J, l~,8,1Sc22-US,l ~t8·J-'S;"OEsudo

oPodero.ccutivo(doqualolNCRAnãofscnãoumórgio)rcgulamentouparcialmenteo próprioETnoDccretoSS.89l,de3l-3-6S. E ou!orgou ao INCRA, nesse decreto, poderes onímodosparaimporovalordaindcnização, quenuncapodcnisuperarovalordt.claradopeloproprietárioparaefeitosdepagamentodc impostoterritorialrural.Poroutrolado,seo INCRA, ao expropriar a terra, come1n algum crronacstimativadovalordapropricdade,csta nunca l'O!Laráao proprict.irio. Apenas o INCRA pagará, por ela, um valor retificado.

A. O INCRA impõe o valor da indenb.açílo ODearto-Lc:in~ 5S4,de25-4-69,quedispõesobredesapropriaçàoporin1eresscsocial dclmóvtisruraisparafinsdcRtformaAgniriaestabcleceque: ':-t,1.J.•.Nodesopropriaçãooquesereferroartigo /.~ COMidtra-stjustaindenizaçào daprop,itdode: 1- O wilor fwxJo por arordo enirr o expropriante e o expropriado; 11-Nafa/rodtarordo, ovalordop,opritdodt, dtt/aradopeloseu1itu/orporajins dtpagamentodoimpostoterritoriolruratse aceito tnlo expropriante; ou flf-Owilorapurodoemai-aliação, le11ada a e/tito tnlo expropriante, quandotslt nâoaceitar o va/ordttlarudopelo p,opritfdrio,na/ormodoindsoanttrio,;ouqu,indointxistiressadtdaração". Como se vê, se o INCRA ofcrectr ao proprieú.rio uma,indcnização por preço inferior aopcdidoporesteúltimo,opreçoscráavaliado cm definitivo. .. pelo próprio INCRA! B. Por lei, o valor nio pode superar o declarado para deilos do impos10 lerrilorial rural

Do mesmo Decreto-Lei n~ 554: ':-trt./1.Na rrviràodovalordaindeni:ação,dewráStrrerpeitodo,tmqualquerca-

dol'arw",Curiti~JI.J-'5;"fullu,doComácio",

Caaq,os(RJ),20,2-6S;"OPlodeSalltGAnlonio", Cur,do (MG). 21-2-65 e 1-US. R.esuDIGS foram publicados em "A Gazcta Es;,ortiva", Sio ?ilulo, 2'1·12-61;"DiárioPop.dar",Sãol'lulo,1.8-JMl;"Estado de Mirw", Belo Horizorne, )1-lMI; "0 Dia", Sio?ilW0,31-12-61;"Urútirio",Fortaleza, 10-1-65; "ACiaffla",Floriaoóixi&,ll·l"S;"DiúiodeNor:1· cias",SalYIOOr,17-l-65;'1nb\lnadoCM",Fortalaa,t,.J,6S;"CoaidaComtn:ial",JuizdeR:n(MG), 9-2-65; "Diário Metea11til", Juiz de R:n (MG), 10-l-6S;"CidadcdeBarretot',llarffl1111(SP),lH6S (cf1.MtioSicwlodtEpop&AMiromMnii:ta,Edi10-

CAlOLICISMO - Julho/Agosto de 1985

.lt\ roma limitt nuirimo, o WJlor dedarodo pelo proprietdrio,paroeftitodtpofamtntodoimpos101erri1oria/ruraleeven/ua/menttreqj11S1adonostermosdo§J.ºdoart.J.'". O próprio PNRA menciona que os n;. bunaisfflllapontandoocaráterinconstitucional,cportantodcspóticoearbilrário(paranio íalardirctamcn1Ccmditatorial... )destasdisposiçõcs. Com efeito, ndc se le: ''O Puder Judicidrio tem tnltndido que ajusJa indtrriu,riiororrrspondtao valor fwdo empcrícia/twldaaotfeitonocursodaaçào dedesapropriaçôo. uPorfo,radtssttntendirnento,osartigos J.'tlldoD«rtto-lLin." 554/69,que[IXam ojuslopftfOnadtsapropriaçãopo,intem.st social para fins dt Reforma Atrária. tbn sido considtradatintt!Aflitucionaispe/o 1nbullllis" (tópicosl73e374).

C. O valor da lndenlzaçio

será pago em títulos da dívida pública

Aindadoo«reto-lcio! SS4: HArt.4.~Porágrofoúniro.Owlordottrra nua.strddtpositodotmtftu/osespeciaisdadlvidapública, e o das benfeitorias, emmotda correntedof'oís". D. Os Mns expropriados

nio podem ser objeto d e reivindicação 0Decrcto-Lein?554estabcleceainda: ':-trt.14.0sbtMexpropriodos,umavtz transcritosemnomtdoexprop,ianlt,nãopodenio :m obje10 dt rrivindicoção ainda qut fundada na nulidadt da desapropriação. Pordfrafo único. Quolqutraçào,julioda proctden1e, rrsolm-st.J em perdas e danos". Ou seja, quando o INCRA tiver deitado agarracmuma!crra,aindaqucinjustacilr-galmente,oproprieúriojamaisarecuperará.

11 Vmi CM, São l'lulo, l\1<11 , '~ td., pp. 131-132~ Otc,;tointqraldodocumm1opodcJa"fflCOlltlldo

cm PLINIO CORRtA DE OLIVEIRA - CARLOS PATRICIO DEL CAMPO, Soll católiro: posso ser cMl/11 a Reformo Agniria?, Editora Vm Cruz. Slo Paulo, 19&2, 4~ td., pp. 239a 244. !l)AoolandoocrilériolCgllidoporAORIA. NO CAMPANHOLE (U!b:lordo Aqrírill, EdilOrt AtW,SloPalllo.1981, ll!td.),mitoduascillÇÕC:S

& ET IQUi fatu ,e .Rlbstituiu IBRA por' INCRA.

Comdâto,oOCl:fflon~ l.110,de9deiu[bodel970, ati11111iu o IBRA e o INDA e aiou, tm seu lupr, o INCRA.

ll


3. Que é um imóvel não sujeito à expropriação? Em que condições subsiste ele? A meta do ET é, confessadamente, eliminar as diferenças entre as propriedades agropc,cuirias,cimplantarnoagtrbrasi!eiroum sulema igualitário. Nada, ou como que nada maisdcpatrõcseemprcgados,deemprcsários cassalariados.Nadamaisdepropricdadc$de valordc$igual. Com efeito, diz o ET em seu art. 16: "A Reforma A.grdria visa a estabelecer um sistema dt rtlaçdt:s entre o hamtm, a propritdadt rural tousotUlttrro, capq:depromumajusliça social .... com a graduo/ txlinçào do mini/úndio t do /01ifúndio". Mas,porabsurdoque parcça,paracfeitosdedcsapropriação,1té1Pf(l11t111propriedldtdtdi11Hsõesf1m.ilbn:spodt!ltttoll.SÍdtn,a, toao lltifíltdio. Quanto mais certamente podm !ltt qualiítcada como latifúndio a mMia ou a grande propriedade. Pois, segundo o ET, latifimdio é tambem oimóvdruralquc "ttndoáttoigual ousuptrioriidimtnsãodomódulodtpropritdaderural~ "stja dt[1ritntt 011 inadtquadamtnle tx· p/oroda"ou ''stjamontidaintxp/oradaemre/oçioàspossibilidadtsfisiaJs,econOmÍCIZ'/ e.rociaisdomeio,comfinsrsper:u/otivos"(cfr.ET, art. 4?, V, b; e Decreto 55.891, art. 6~, IV, b). As.sim,oprópriominifúndio scriqualiíicado delalifúndio.OqueiMOC!ltementeforçar,aU: àabcmçio,oscn1idodcminiede/a1i(dolalim mima, isto é, ~ueno, e /atus, isto é, grande!). Segundo o ET, estão Íieotos de dcsaproprilçlo: a) ''i>sim61'tis ruroisqut~ .. rrãotxctdertm dt trh vms o módulo de propritdadt" (art.19,§l?,a). Nãoobstante,scestivcmn ''def,c/enteou irradequodamenlttxp/orados"sq:uadooscriliriosdolNCRA,scrãoconsidcradoslatifúnWOS,cparioopassiYCisdedesapropriação(cfr. ET, ut. 4~, V, b). b)''i>si/lW\'tisquesa1iif,urr,,,osr,quisi1ospmintnttsiiemp"sarural"(art.l9, t )~. b). c)Adcmais, "nãostCOllridtrolotifúndia~ (1rt. 4~, parigr1fo único): -''aimóvt/rurolqualquerqutsejaa suodimtnsõo,cujascaracteristicos recomendem, sob a panlo dt vista técnico e ecarr6mico, a exploroçãof1QftSto/ rocio11almente l'f!Q/izodo, mediante piantjamento adequado;

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- "o im6i>ef rural. aind, qut dt dom/. niopaninilor,cujoobjttivodtprt5t1Wfiafloratalaudeoutros1m1rsos 11a1urai.flraj,sida lfflJllltecidoporofursdetambámento, f}tio6rgão campttentt da admirrís1rarão público". Ora,osrcquisitosimpostospclaleipara adquirircssa''nãoe<propriabilidaclt"lnnsfor.... oproprietí.rionumvirtulltrnprtj:ldodo INCRA, órgão do Estado. E com isto su pri· mem toda a Livre iniciativa. ~ isto fácil de provar. Porexemplo, o ET C$1abd«equcnlosc considm. la1ifúndioo imCMlruralap1o para a exploração Rorestal a !ltt rtaliz.ada "mediante piaMjaml!nto rukquado'~quem cstabelct"t os padrões desse planejamento? O INCRA. Quem julga st o planejamento adotado pclo proprietá.rio é ''adcquado", dc oonformidade com os padrõtsdo INCRA? Oproprietário e o INCRA? Só o INCRA? Em todo caso,scasidéiasdoproprietá.riosobrctalplancjamento não concordarem com as do INCRA, este fica coma faculdade de disparar contra oproprietá.rio. .. umadesapropriação. Outro exemplo. Que condições 00°C satisfaztr o proprietá.rio para que sua fazcnda, sitio ou clticara seja qualificada de ·~mpf'llsa rura/''? Por um lado, o ET deíinc: "Empresa rural é o empreendimento .... que explore ecom5mica e raciona/mente imóvel rural, dentro de condiçllo de rendimento econômico da regiilo em que se situe e que explore drea m(nima agricultdvel do imóvel u1undo padrões fixados, pública t prtviluntntt. ptlo Poder Executfro ~(art. e, VI). De outro lado, o regulamento do ET, Decreto n? SS.891, de 31-3-65, an. 25, ICl'5ttllta: '!-4.rt.lS.Oimúvtlrura/strtirlmiftroda comotmpresa ruraf _dtsdtqutsuatxplaroç6oestejqSl'ndoreoli1.odatm o~ii ncU1 às seguintes uigincias .... · "I-Queaórtautilizadanasvóriastxp/0{(1çôes rtprertn/eparcentogtm igual ou superior o SO'!lo d, sua átto agricu/távei _ "li - Qut obtenha rtndimento midio, naJ váriatotividadadttxp/olflfÕ()iguo/ausuperior aos m{rrimos f wxJos tm ta/Hla própria, ptriodicamtntt revista. "111-Qutadattpnilinzsronstt'WICÍOllis• 1astquetmprtg11trramínimaa1«nologiade usocorrtnttn11tzo,rosemqutst>situe. "IV. Qut mantenha as condiç&s dt administrarão tos formas dt txp/aroção .rodai estabelecidas como mfnimas {XJftJ cada regido" (Decreto n~ SS.891, art. 25). Quem é o autor da ''tabela JHriodicamtnte revista"? O Poder pliblico.

"Esta~lecidas como mfnimas" - por quem! Naturalmente pelo Poder público, i também a resposta. NaYCrdade,.sonquemuitosproprictários runiliprcsumivclmcnteotcnhampertebido,as exigênciasparaadassiíicaçãodesuapropricdade como ·~mpresa rural" vem sendo cada 'ltZ mais apertadas, cm suctS.Sivos deactos. Comefcito,oDecreton?72.106de l8de abrildel97l(art.44,l)elevapara70'Vtaporccntagemdoincisoldoatt.2S,acimatranscri to. E o Deema n? S4.68S de 6 de maio de l980(an.22, IJl,a)fixaumllOYOaumcn10,pa-

•"""·

Por outro lado, o mesmo Decreto n~ 84.68Scstabdectorcquisito,paraadassiíicaçlooomo ''tmpresarural", que esta "ttrrlra graudtt{tciêncianatxploraçào, Ct1/cu/adorra formadoart. /0, igualousvptriora /00 '!1," {art.22,lll,b).

Tudoisfoconsidmdo,pcrgunta-sc:quc libcrdadcficaaoproprietá.rio,comrelaçãoao scu il!IÓl'd!Dcscnhordcsuas tcrras, passar.!. ascrumvirtualemprtpdodolNCRA, ao qual devcr.i. obedecer sob pena de YCf sua "tmpresa rural" transformada em "latifúndio txpropriáwl". Análogasobstrvaçõcs!Cpodcriamfazcr sobrearcgulamcntaçãodosimóveisruraisde o:ploraçãoouprcscrvaçãoílorestal. Éaténoonalque,paracvitaralguma"má surprcsa"dcdirctrizcsarbitniriasdo lNCRA, oproprictáriooonsulteesscórgio.parapedir aprovaçiol)rMdescusplanos.eacépm.coisa dc pormenor. Ou seja, de agir.i. face IO INCRA, como oadministradorfactaofazcndeiro.

4. O INCRA, o grande patrão da terra brasileira AcxplariaçãoatCaquifcitajáésuíicicnte para comprovar que, ro• 01 st• o PNRA, •c!irttioacrimbrfethadosillfflismwisD sllriros.111eS1110011iod11ioapmpri1dos,J' aúemmiosdo INCRA. Dctalsoncquc, uma vczcfetivamenteaplicadosoETeosdccrctru qucorcgulamentam,scosproprietá.riosnão dirigirem seus imóveis rurais ·~m alndiincia às ..•, txigincias"dolNCRA (Dccrcto n~ 5S.891, an. 2S), ficamsobameaça dedcsapropriaçãoconfi.scatória.

CATOLICISMO -

Julho/Agos10 de 1985


AMim,praticamcnteatintasapropricda. deindividualealivreinicia1iv.i,apolí1icaagri• colaintcmadapropricdadenualpassanlastr dirigidapeloórgãocstatal,eoproprirtiriostri paraoPoderpúblioo,noquedizrc:speitoao seuimóYel-convémrepetir-oquetradi· cionalmenteoadministradordafazendaéem rclaçãoack Alguémargumcntaráqueoproprietário podesemprer«0rreràJustiçacontraascxi• géncias desmedidas do INCRA, e cm especial quandoocorramei:propriaçõesinj115tas,oufei· tas mediance indenização irrisória. ~portm ncccssárioconsiderarqucnem todoproprittiriotemoondiçõcsdeJ1fOCC:$5ar o Poder público. Tanto mais quanta, por lei, o lNCRAestáobrigadoarecorf?f ''de o/feio paroo»ibuna/FtderoldtRecursos"dc "IO· dadtdsio qut[IXIJr o preço em quantia supt· rior à oferta formulada pelo órgão exproprú111lt" (ET, art. 19, § S~)Ademais, já.sc viu quc ainda quescja nula acxpropriaçãa,olNCRAoonservaapropriedadc(dr. Decreto-1..ri n~ S>i,art. 14). Umatonuloqucproduzefeitos!...

5. "1tnsâo social" e "zonas críticas" como causas de Reforma Agrária Porfim,énotóriaaimportânciaquetan· to o ET quanto suas regulamentações posterioresconferem às "toMcrilicas"ou dc u1ensãosoda/"paraadeterminaçãodasá.reasdc prioridadeparafinsdeReformaAgriria. As.sim,paraoET, "a implantação da Reforma Agrdria tm ttrras parricu/a~ smJ /tita tm tardltr prioritário, quandosttratardt wnascrfJic4soudttmsão socia/~(art.15). E o art. 43 do mesmo ET diz: "O INCRA promovmí arra/illJfãodtts· tudos~-- ~isando a definir: "/·As ngiões crfticas queesrào txi· gindoReformaAgrdriaromprogmsivaelimi· IUIÇàodosminifúndiosedos/atifúndios". Por sua parte, o Dccrtto-1..ri n~ 582, de l~s--69, estwl«t (an. 1~. parágrafo único): ''Constituirãorequisitmbáocosparoa idtn1i[ICOÇ«)dasárrasondtsttxtn1farãoos proje1osdoReformaAgrária,enlreou1ros,os .rquin1,s:_ 't) Manifesta tensão social". FicaclaroentãoqueoPNRA,ao1omar esses conceitos de "tnuõo social"edc "n1140 crltica"como apelos à Reforma Agrária, não estáscnão r«0lhendooque estipulam oETe5uavutarcgulamentaçào. CATOLICISMO -

Apardaimprtcisiod05tffln05-])0ÍS nãosãodcsdefinidosdemodoclaro-cum!ffres.saltarafacilidadecomquetaissituações podem sn artiíicial, ou até dolosamente conSlitu!das. Distodánumerososcxemplosoórgãode cultura "Catolicismo~ (n~ 402 de junho de 1984 en?40&-407deoutubro-n(l',ffl]brodel984)que elencademodoperfeitamentedocumrntadoas invasões de terras em curso no Brasil.

plet.amnodelaçãofundiáriaintcmadoPaís, tantoruralquantourbana.Etudo.squndocri· térioestritamenteigualitá.rio(cfr.SC,pp. 89 a91,t00,I0J,179,l89;CE&,pp.47aSO). A partir disso. nenhuma oonsideraçio doutrinária impedirá que o mesmo critério igualitáriosejaimpostoàpropricdadeempre· sarialexercidanaindústriaounocom~(dr. CE&,pp.48a50). ApermaocceroET,a.savcnidasdeaccs· soàaboliçãodapropricdadeprivadaedali· vreiniciativaestãoabcrtas.

6. O ET. uma verdadeira espada de Dâmocles OET,portudoquantoseacabadever, constitui uma YCl'dadeira espada de Dãmodes, suspensasobreacabcçadofazc:ndciro. Poisaindaquesejarevogadooatual PNRA, o Executivo pode a qualquer momento promulgar, com basc no ET, outro Plano de ReformaAgráriaigu.al ... oupior.Semquccon· traissotenhaqualquerdcfcsaopropriet.ário. Poder-sc-áobjetarqueecrtasdisposições doDc:cmo-Lein~5W69,aplidYeisà.sdesapropriaçõcs feiw com base no ET, não t~ sido aoolhidas pelo Judiciário, fundamentado es1c na Constituição Federal. Sementrarnaaná.liscdcssaobjcção,basla rcalçarquequalquerinadvcrtêncianarcdação dealgumartigodafuturaConstituição,alusivoàmatéria,podcjogarporterracstaúhima e discutível barreira... Parasófalarem"inadvertências",enão aludira])!tS.SOO,oficiaisoupublicit!ria.setr..~ Aposiçiodosproprietáriosruraisscma. nifC5la assim a mais prcária, ainda sem PNRA.

Acrcscequeoprtclriodasituaçãodos proprietáriosruraistendcacontagiarapropriedadeimobiliáriaurbana.Comcfeito,oarqui· tetoSami Bussab, presidente da EMURB de São Paula, declarou que "nàosepode/aur umadisamio[adarcformã'.agrária]semaoutro lsobrcdesenvolvimrntourbanoeocupaçio dosolo]"("OEstadodeS. Paulo",29485). Segundoanoticia,essafoiaprincipaltcscdeftndidapdosurbanistasetmiicosdeórgãos degovernommid05no6~EncontroNacional deEntidadcsdePlanejamentoUrbana,rcal.izadoemSãoPauloem fins de junho p.p. Assimtcnltidointeiroatendimentopor panedoPodertempora]odeliberadopelof'o. der espiritual - a CNBB - nos documentos lgrejaeproblemasdalerra(l8! AssembléiaC,e. ral, 1980) e Solo urbano e ação par torai (20~ Assembléia Geral, 1982~nosquaispcdcacom-

Julho/Agosto de 1985

Comopõdeorcgjmemilitarinstituidocm 1964promulgaroET,ealuxuriantelegislação agro--igualitiriaquesclheseguiu? Comopôdeaaberturarevosartodasu medidasrt:stritivasdalibcrdadcdosprostlilos intelectuafüados (PCB) e à mão annada (PC doB)dooomunismointemacional,edeuarintactaalcgislaçàofrancamentepersccutóriada propriedadcprivadaedaliminiciativa? Maisainda:oomopõdeaaberturaconduriraque,enquantosoci&listasecomunisw hojeClCfOCfllsua.satividadcssobasviswbcnevolamenteconc:scsdoPoderpúblico,scromcceaap!icarmaciçamentcalqislaçioa1cn• tatóriaàpropriedadcprivadaeàlivreiniciati· va?EcomopodeonovoGoverno,instalado sobaégidedaabenura,oonduzir•sc:comofiel continuadordorrgimemilitar,emprcendendo oqueesteúltimopromulgara, mas só ousara aplicardemodoesporádioocrestrito,istoé, a legislação agro-igualitária? Intrincados problemas contemporâneos, queumdiacaberta05historiad0rt:sapticar. Nãoéoportunorcsolvê-losagoracom ruriminaçõesestéreiseaplicaçócsforçosamente J)OIICO documentadas. O momento pedtque se voltem u costas a essas q\lestões. E que se unam irmãmente, para pleitear a revogação indispensável, não só do PNRA como do ET e de todas as suas scqüelas lesais, quantosqueiram $3.lvaro Brasil eosprcciososrt:stosdetradiçãocristãnele aistentes. Assim, St' tNrm•necu em t'igor o Estatuto da Tern1, co- ffflladtin apadl dc Diaodn 10brt I lnrmirila CWR àos flJ:tNCiros, ese coaliluro INCRA I dispor doslM*ffl~dilcridonriO!ldc

situaçio dos •grkultorrs continuará ('Omo est,, alad• que o

•• dispõt, a

Got'HOO fttkn/ tklt'mdM O •rqui"1t-

meato do PNRA. Ou St"ja, • mais prrdria posslrtl qu•nto à est•bllld•de de St'U direito de proprled•de, e • sua IIYre inici•li'71 u galio tk StllS l•óffll ruU. 13


Em vez de uma Reforma Agrária imposta autoritariamente e contrária à abertura, uma ampla consulta popular que exprima os desejos do País A conseqüência de quamo foi exposto é que a aplicação do ET e do PNRA importaria em contradição flagrante com o espírito da abertura, na violação frontal do Direito Natural e da Lei reve-

lada por Deus. Além do que, do ponto de vista da prosperi-

dade nacional, constituiria uma verdadeira aventura. Ou seja, um lance que, da aventura tem a temeridade e as perspectivas sombrias, e de nenhum modo as correspondentes possibilidades de êxito. Assim, sob todos os pontos de vista, o ET deve ser revogado mediante deliberação do Congresso. E o PNRA arquivado. Isto posto, no rumo das cogitações deste estudo só pode estar a sugestão de que a classe agrícola do Brasil - tão numerosa, tão respeitada e

bcnquista, e por isto mesmo tão influente - peça que o Governo íederaJ encaminhe ao Cong~ e ponha ao alcance do pliblico um projeto de consolidação de tod• a nossa legislação agrária, para que sobre este posü decidir a Nação. O povo brasileiro ficaria enlio dotado dos meios necessários para formar uma idéia crislalin11 da situação leglslati"1l agrária vigente, das reformas que nda qllein introdurlr o Governo e da rtglllamentaçio com que ele complementaria essas reformas. Assim, e só assim, poder-se-ia dizer que, consoante os princfplos democráticos de que se llíana a abertllnl polítil'II, a Nação teria meios de debater o magno lema agrário, e de decidir sobre ele_ Es.sa solução, a TFP a deseja com o maior empenho. Entre muitas razõts de maior tomo, porque se nos evitaria assim a amarga contingência de anrmar que o Plano Nacional de Reforma Agrária governamenlal era mero produto da vontade do Poder exct:utlvo, sem o consenso delibe· ralivo do Congresso, e sem os enriquecimenlos que lhe adviriam do amplo debate, evidentemente necessário.

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Os fazendeiros que estejam de acordo com as aspirações da TFP aqui externadas, além de fazerem uso do livre e direto acesso aos salões presidenciais e minis1eriais, garantido pelas leis cm vigor, agiriam sabiamente se, nesse sentido, procurassem mobilizar pan uma açio dentro da lei as mlilliplas associaçôe'S rurais, oficiais ou privadas, que norescem no Pais. Dispõem estas de largo prestígio cm todas as camadas da sociedade. Ademais, gozam de boa audiência junto aos mais altos órgãos governamentais. E está na missão delas defender a classe cujos direitos e interesses a legislação agrária vigente - máxime se aplicada com a alarmante amplitude prevista no PNRA tem em vista golpear.

E aqui rica consignada mais uma sugestão da TFP: se os agro-igualitários estão certos de que a Reforma Agrária é popular; se estão persuadidos de que ela só está sendo contida no Brasil por misteriosas forças econômicas, que aliás jamais indicam concretamente quais sejam, peçam ao Governo que aguarde as próximas eleições legislativas ou promova a realizaçio de um plebiscito, depois de seis meses de iniciado o debate sobre a Reforma Agrária. Pois sua vitória seria lrrtfragável. De outro lado, os órgãos das associações rurais patronais cuidem de 1er uma imprensa anliagro-rtformls1a que, ao menos em alguma medida, possa contrastar com o pendor nitidamente agro-igualitário, ou tendente à Reforma Agrária, de quase todos os nossos jornais. Que, nesse sentido, façam um grande es forço, junto ao Rádio e à TV. Enfim, que também eles apresentem ao Governo, como aspiração veemente da consciência nacional, o pedido de que o magno assun10 da Reform11 fundiária não se dedda lilio-só no ga~ binele presidencial, mas seja entregue às urnas, em seguida a eleições prevlslas por lei, ou a votaçio plebiscitária.

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Excertos da parte econômica

Carlos Patricio dei Campo

A Refonna Agrária: uma falsa solução

Poucos leitores terão tido tempo de ler comatrnçãooPNRA.Suaextensãoeocmaranhadodcscusitensdificultamavisãodara dcscusaspcctoscsscnciais. Porisso,transcrtYCfffllosaquialgunstrechos,ordenadosdemaneiraadaraoleitorU1111 visãodeconjuntodcsscsaspcctos,decspecial interess(P31"10pl?:Sell!tlrabalho.

menteatravé.sdadtsapropriaçãoporintemse social dos latifúndios, admitind<Nt, tamblm, tm rondiçóes especiais, a utüilJIÇào dos demais mttanismosprevistosnoEstatuto''. e) Tipos de estabeS«imentos a im pla ntar

1) Objetivos da Reforma Agriirla

'!A.impiarirOíiotkum'sttorrefo,mlHio; rtprt:$trltadabasictimt,rteptlosassmtamenJru

"M1100ratstrut11rafundidriadoA-lis,distrib11indoertdis1ribuiridoa1erro,eliminando progressivamenreolatifúndioeominifúndio e as:scgurando um regime de~ e uso que atendaQQSprindpiosdeJustiçaSociol''. ,_ ''ll)contribuirparaoaumentodaofer1a dt alimtnlotede ma/Irias-primas buscando o atttldimtntopriori16riodoml'mldointer11o; ~b)possibiliuuacriaçliolknovosttrrp,rgosnosetorn1raltkfo,ma aampliar omtrcadoinlffl!Otdiminuirasubutüiwçiodofo,ra lklrabalho; "e) promover a diminuiçôo do êxodo do campa,procurandoarenuaraprtSSãopopu/arionalsobreasdreasurbanastosprob/emas deladl'COrrentts''.

dtRtform1Agmi1,serí10:prtSSioconcrrt1 dessas IÇÕes t de,M Strsuílritnltmenle ampla pt1B rtprtstntar o núcleo d1 ncmi tstrulu-

b) Onde a Reforma Agriiria ~ni realizada

ra1aríriaqueseiríconsolid1rnosquinqíitnlos5ttui nlts". "A Rtfom1Apíril1tCOIICltfiwd111ra-

WJ da Otflllliução drn trablllJuJdora ruraú m, IIOWll'1111idadtsdt1rubalhotprodurõoromes-

tmt11111 associatil'll e lldminirtn,;ão Dlll&romm; que constituirão os Aut11tamento1, r:ujll:s dimt,u:6,ts, formas f}OSStSSÓriaS e de ge:sfào ts1aniorondiâonadasinclusi11tàrdecis6t:sdos prdpriosbenef,cidrios,àdivmidadttàrtspt· cif,cidadts/ocaiseregionais''. ·:... ntfmu/oatodasas/armasdtasso,iatMsmotorgani:AfiiOtrupa/das assentado1,emrelaçiioàterra,produ(iio,ins1rumen1osdeproduçiio,comerciali.açàotbensestrvl('l)Sromunitários'~ ítssim,as11/1trna1ivasdtorganb.ordodo

"A Reforma Agníria, por outro lodo, ~ nf rtaüt.Pd11 tn1 Órtl1S de domínio prfrado, situlHiu mi rqiôts já ,xupadas, dotadas dt

ín/ra-mrut11ra, com dtnsidadt demogrd[IOJ aprrddve( ande prewi/«em gl'llvtS disto,rões datstru/uraagníriaetensãosocialttridopor bastprocedi~ntosoperarivossimpltsqueasseguremocupoçôesruraisprodutivasdebaixos custos, com agilidade e amplitude': '!A.sterrasnecessóriafàrealizaçõodosAssen1amer11os dtvtrào ser obtidas prioritariaCATOLIC ISMO -

asi:tntamm1opodtmoS1tconat1it,a,-sobasjo,. mm,k

"unidade familiar, "unidadtdtpropriffladennco,rulJU1ão; "unidades assocúJti~as; "ou unidades mistas. "Sãoasseg11inltsasdiretrizesqueorien1aràooprocessodeassemamentadetrabo/hadortsfllrais: ·~.. mimu/ar a uploração c:ooperatfristll wndominial e/ou wmunilbia d11 terra, da

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p,odufào,dawmtrellllilJ'fÕOtdlltransfarmaflioqroiridustrial': d) Preço e condições de "pagamtnlo"

ítCottstituiçõoftdtruldtftrminaqwas desaproprÍIJ(Õt:sporinttrrsS1tsoda/,parafins dt Ref0tm'1 Àg11Íli7, Sltjam tfel.ivodas mttlitutlt jus1aindtniu,ção''. "Osentidodaupressãojustaindenii,arão dew ser apurado em /«e da naturt1.11 da desapropriação por imemse s«ia/ paro fins de Reforma Agrária, queseconstituinumasançãod0Es1ado à irifri,iginciade disposilivo rons1ituriona/q11erondicionaapropriedade privadaaoexocic:iodeumafunrãosocial''. "Taisva/ores/orame:stimadosttndopor btut II upectativa dtqllt llS ttmU urlllm obtid.u, primordia/mente, via dtsapropriot;ãodt /atifúndW, a,m O.fftl valor rrpraenllllldo c:er"' dt U«. da wlllfão do mm:ado (midi11)': ''.... Ar

ums Sl1UUII pagAr m1 TOAi~

"Em relação aos TDA's, cabe tsdarear quto prozo de resgate dos mesmos deverá ser negociadoem/11,rçãodopreçodallfTOquefor acordadoemreaspartts''. e) O apoio ao setor reformado

'7odoumronjuntodtpolí1klls,owrna111tnlaisexpresso1Ulfpo/lticasf1SC11( c:ombia( dtcrtdito, energética, dtprrros, dtromttria/ii.ação, dtimpottoçâottxporfaçõo,prtrisará !iltf11/ttradoparaqueolatifúndionõoS1tjaman-

1idoar/if,cia/men1eptlosrtc:Ursospúbliros,t sepossoga111ntiroplenodesenl'Olvimtn1odos pequenosproduwres•: ''.... eslabt/ec:imentodeprog111mae:spec:ia/ deC1álitoc:omoobjetivodeatenderàsdemandasespeci[icasdosasser11adospelaReforma Agttiria;

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'!....as/inluudtcrlditoespttlalparaos assniladasMprocesrodeReformoAgráriadtvtriiostroptrOCi<>ll4/iuidasatnvbdtpratt· dimtntOlsimpli/ka,dosaipa;.esdtviobilizorrm QSUOl/{i/ilJIÇÕO;

'!.... dtflNfÕOdtcandiçõaaptciobdtj11rasctornfiamonttáriaparaa.rdifmnlesm<>dolidadesprevislasdtcrtditorurot· '!.... estabtl«lmtnlo dt novas condiçOO poraocrlditogruf"U inlrod11;.ind<>-.stabtrl11roparaar,:sponsabilidodtindividwl /amando assim mais ágtis os proadimtntos bonairios".

da a s11a autonomia tias utarão prtstntts em todMN momentMeem /odMos nlveisdof)lfr cesso: nalndicaçãodasárta1a1tmnobjtto dtinltn'tnfiodol'bdtrPublko;naditausão do/Hffddo11Wt111MntnlOJ;IJllsdtfàodtknt{ltlárlo1,notlmntamtnl01patafundtdtsaproprl4fão, na bitSCII dt w luçóa poro conflito dt ttrras e em todas as demais situações emqutosin1eressesdM1robalhadoresestejam enl'Oividos''. g) Algumas medidas cm relação ao

setor não-rdormado

f) Mobilizaçio camponesa

cm prol da Reforma Agniria 'jfos principais inltressados na Reforma

Agrúria,os trobalJiadorunuaiJ, estárrstrVOdopapt/ctntro/nosuoefetivoção.Asentid11desreprestntativmdostroba/hadorrs,alémdt participar, como todas a.r dtmaisforrm sociais, dadist:itssàodosproposta.rtda.rpo/l1icasdt RL/OlfflilA,niria.utrerioosn,dirtitodtrti1·indiurtf,su/JllU11suau«ufão.ResPtita·

'!..E/aboraçàodtProjltode Lt~ a ser Sllbmetido ao Cong,mo Nadonal, dnttminando~ antes dt qualqutr dtspejo ou dtsotu/HlfÕO judiciais incidentes tm imtweis rurois, o/NCRA ~tt1tj4cimtif/aUWpa,a man/ftslar inttrtSSt na dtsapropruJ#o da ártaoureas.smtamtntodo1ocupantt1,hip6.1tsttm qutsusperukNH lnst&ir#lptlo fJfl· to que.a lticonctdtr,w INCRA paro viabilitlJfÕO dt 1air ~idtm:ias".

':.4tributoçio,deap/icaçãoindislintatm todo o tmit6rionaciona(dtvmíserusada,lal remo fJlf:SCfffl o an. 47. /, do &Jatuto da 1mv pan 'd,s,slimular OI q11t uortm o dirtito dt p,opriedDik1tmobstMIICiadaf/Ulf(IOIOdol , twn6miu da frm: F.Ja fflmbim constiruiní uma das fontes dt r«unos, fHU1l a Rtfonna Atrúria, ta pflSSQ()fiscal deladecorrtnttconlribuird paro evilar artag/utinação dos lalifúndios que /o,rm a/tlados pela Reforma~ "OIIVbalhodtCM(fflÇ40d4apon.Jiodo '41i/lUldio COmprttfldt bosialmtnlt /IS mtdidas dt rombatt li opropriorão dt terra com fins npeculalivos (desapropriação dos larifúndios com maiores txlens6ts de terras aprovtitdvtis stm utili$t;ão;tribulai;ào;proposladtnO'l'as mtdidas ltgais, como o instituto da 'árra md:dma' ta rrplamnitaçjo e cobranÇQ da Contribuifào dt Mtlhorla; revisào das r o ~ dtgl'flndesdrrasoparliallares), arorrtÇdodas po/ilicasstloriais,indusivedosclwmadosf)ffr fl'flmastspedais,tst11ajuslome111oaos objtli\lOSdo Reforma Atrúria (mudança da po/ili"' dt inctnlivos ft.SCais e rrdim:ionomento do crMitofllfOlr

Reforma Agrária na América Latina: um carrossel de fracassos Ninguém pode afirmar que a Reforma Agráriatrnha sidoumbitonaAméricaLatina. A título de amiplo, basta analisarmos a sua apLicaçàocmalgunspaíses. Mas,aniesdttudo,importaconstatarquc oPlanopropostoparao Brasilscasscmelha, cmsuaslinhascsscnciais,à.s RcformasAgr.\. rias aplicadas na América Latina: -EJ.propriaçJodupropricdadesgrandestm&liu"improdutivu"; - lmplantaçlo de uma estrutura agrária baseadaempequenaspropriedadesfamiliar?S e/ouem regimccoletivodeexploração(asscntamrntos,coopcrativas,propricdadescomuni!irias etc.~ ou então cm sistemas mistos, em quco1WC11tadotraballlaparaproduzir seuprõ. priosustentoemrtgimedcpropricdadeindividual,esimultaneamentecmárcascolctivas, para a produção comercial; -Criaçãodeummoloc estatalpa.radar assistênciacomcrcial,financciraet!cnicaaos "beneficiados" pcla RcformaAgr.l1ia; -Fonnaçiodenovoscanaisdecomercialiniçãodeinsumoseprodutos,sobadependênciadiretaouindiretadoEstado; - Formação deorganizaçõcscamponesasdcstinadasa"vigiar"C"controlar"aaplicaçãodaRcformaAgr.tria. l6

Por outro lado, podem destacar-se três traços comuns à generalidade das Reformas Agr.triasna América Latina: l)Sãoelasaprcsentadasinicialmcntecomo uma solução pa.n a violência e as invawel de fazendas (mais ou menos isoladas, e na maioriadasvezes criadasartificialmente)que precedcmosmovimrntospr6.rcfonna.Aplica. daaRcformaAgraria,orcsultado!agenm. lizaçãodosconílitostinvasôes,cspecialmentepelosatri1ostprcssõcs dospróprios"bencficiadosn,enãotanlodevidoàaut<>-defcsados proprietários afetados. 2)AReformaAgrária é inicialmenteaprcsenladacomoatingindosóaqudaspropriedades consideradas pelo órgio competente como improdutivas, especialmente as de lamanho grandt e m&lio. Na realidadt., depois dtcwto esparo dt /t mpo tia I flf)licada tambim mu proprlt<kulaconsidtradasproduti11Q.S,dtqll{l/qutr tamanho, pois nestas OI r/scaJ dt fraCOJ· so na tx«ução da Reforma Atrriria são

atrás,resultandoumacstruturaagr.lriadual: o setor não.rcformado,sobrC\·ive1uedo naufrágio, que mantml uma ayicultun comercial eficicnletcomaltaproduiividade;eosetor~ formadoremanescente(muitosassefltamentos epequenaspropriedadesdesaparccemnoprocesso),cornumapequenaminoriapróspera,e amaioria produzindopa.raoseu próprioconsumo e trabalhando paralelamente como assalariada no setor agricola não.reformado, ou, porfim,indoemprcgar-sen.ascidades. Em outros termos, a Reforma Agrária na AméricaLatinatemsidoumafontedeviolênciaecaos.Ante-saladaimplantaçãodocomunismoemalgunscasos,enamaioriadospa.isesumpesadeloquepassa,masdeixaraSlros laslim!YC!s. Passartmosaanalisaraei:periênciadaRcformaAgráriaemalgunspaiscsindividualmenteconsiderados,começandopelasmaisrecen· tes(25).

mtnort.s.

l)AnteorcsultadodesastrosodaRcfor-

CHILE

ma Agrária, têm ocorrido duas a1itudes; endurecimento do rcgime agro-socialista e implanlação do comuni5mo em brM prazo (Cuba e Nicar.lgua~ ou, rtSpcitando o dcscontentamento genmlizadoda opinião pública, uma volta

1) Período e amplitude

A primein lei de Reforma Agrária foi promulgada em 1962. E a segunda em 1967,

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pelo ))lt:SÍdentc dcmocrata<rislio Eduardo Frri. Essalegislaçãopermi1iuaosovernomarxistadeAllendeaimplantaçãointensivadaRefonna Agrária no periodo de 1970 a 1973. Nosanosde l97lel972foramapropriadaspra1icamcnte1odasaspropriedadcssuperioresa80hectarcs de riegobásico(l hectare dc riqobdsiroéasuperflcicdcterraequivalcntc,cmcapacidadcprodutiva,a I hectare de lireairrigadas/ondord'). Foram redistribuidos 47'1 do total das terrasagriculúveis. R:iram"bmefJCiados"5l~doscmpitgadospermanentesn11fazmdasc l3'hdasíamíliasca mponesas. b) Caracteristkas

Estavamsujcitasacxpropriação todasas propriedadcs superioresa8011ect.arcsdcriqo btifiro.Poucoantesdaqucd.adoGovernoAIJcodc,estavatudoprontopararcduziraárca máximaa40hectaresdcriegobásiro. A terra era "paga" IOf/t à vista,cosaldo em bônus com 20anosdepru.o.. Dcsdcoinicioficouproibidaparaainiciativaparticularadivisãoouparcclamentodas propricdadcssuperiorcsa80 hectarcsde,kgo básico. Também foram promulgadas leis impcdindoqucos trabalhadores fosscm dcspcdidos(inamovibilidadcnocargo)eleisqucorganizavamoscamponeses(sindicalizaçãocamponcsa). Es.sas leis foram complementos es.senciais da eucução da ReformaAgriria. Afazendaapropriadamtraruformada emasscntamento.Ouscja,cmumasociedade entreoscamponcscscoEstado,pelaqualestc último se com prometia a dar wist!ncia t&nica c financ:cira aos campones,cs. Posterionncnte foramcriadososCcntrosdeReformaAgrária (CERA), Comitês de Camponeses e Fazendas Estatais que, na prática, funcionaram como assentamentos. Nosasscnwmniosscdestinavaaoscamponescsumaáreaparacxploraçãoindividual

(2l)Umaproporçlosignífica1ivadali1mtlllll espccialiradamanifcslHepanidtri1daReforma Agruil. Scusautom pttlfflCOll,em suigraodt maoria,bmailueconõmiascstm,lllisutmarxiSLa.Dcmodogmi,des1prcsmwnduplaYisuali· za,;:iodaRefonnaAgrtri,.:umaquandoret"OIIIC1ldam aplíci·ll.cou111.quandoll'lli.amstu1rcsultados. Quando1eua11dcrtromcndarsui•pliclçio, 11Sa111c,specialmmleargumm1osdcna1urcza«oll6. mica:1umcn1odeJ)fOduçlocempiqo,mdhoraD1 produtividadeercndae1c.Mavaliarosrcsultados, oomtanto,1lnfw1edcslocaparaaspc,;tosumtanl0 colatmis:inclfflnocspíritowociatiYOeputicipab'IO, ~ polilica, alllDClllo da !Olida· ritdadceesplriloromunilirio,qllCdadol)llemalis·

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cpastorrio.Orcssoficavaparaaaploração comercialcolctiva. Oasscntamcntocradirigidoporumcomitêdccamponcscselci1oscntres.i mesmos. Dtpoisde trêsacincoanos,osprópriosmcmbros cb-criam decidir se continuavam cm resime oolctivo ou sc transformavam o asscntamenta em pequenas propriedades familiarts. e) Res11 l11dos

- GrtH'I qwda 1111 p,odução Enquanto na Meada de 60 o aumento anualdoprodutofoi2,6'ltnapecuáriae l,8'lt naagricultura,noanoagrfcolal971-72aproduçãoagropccuáriadiminuiuJ,6'!1(-6,8'ltna agricu.ltw-a, +0,8'ltnapccuárial,enoanoagricola l972-73arcduçãofoidc 13,7'lt(·22,S'9 naagriculturac-6,4'ltnapecuária).

- Gro~cuistuimbW eesgolflmlnloda.r muras internacionais

Ambos os efeitos foram - em boa medida - causados pela necessidade de importar alimentos. Entre os anos de 1965 e 1970 gastavam·SC lS'h das aportações para importar alimmlos. Durantc o perlodo l971·7J chcgouaSO'ltototaldasexportaçõesconsumidas para im portarviYCres. - Gravt/altadea/imtnloJ Aquedanaprodução,adiminuiçãoda capacidadeparaimportaralimrntos,eoaumentodacapacidadedcoompradapopulação urbana,provocadoporumapollticasalarialirrcsponsál'tl,produriramgral'tfaltadealimentoseaformaçãodcmcrcadosparalclos.. - C4oJ t dfflHfaniv,ção nos a.utnromtntos Os assentamentos não cumpriam as aigências conlábcis, ncoessâriu para se conheecr o rcsultado final da produçio. Não sc sabia quais eram as dividas para com a CORA (CorporaçãodaReformaAgriria)eoBanco

.,

....,_

Os financiamentos para inYCSlimmtos e capita!deo:ploraçãoeramgastospclosassentadoscomo''adiantamentossatariais",preju-

moe1cA..alia,çlo!'COOõmicafic1reiegada•KJUn·

dop4IIO,edtn1rodeklimitlda1wospanicularcs,

mratizandoupecialmcocearedllÇlonadisparidade damida.Qu,ato1101rcsultadoseeooomia.isdobais,

qUJKKmpreakpmittfaltadotempoparaquea e:i;perienciaproduziSM: 1odososseusfrutos. Emoutros terroos,paro1Promtndi,r11RefOl'-

11111A:núia•11111om/~«on6niiro.tMIIWllit,.. fllo""'1tr$Ultodof~iNloffl/oqueidfolótiro,,

man:irdopct~111espfri1oqw/i16riots«iirlis1a. Paraosdei1osdon0$$0ts1Udo,sekcionamos

osau!Ofaqueemprqam!Mlodosdcmáliseobjcti· YOS.Ena~deks,cmaimosdcoutn:1101da· dosnecasirioipm.íormaroquadmllllÍ$objcliYO posshddaitalidade.

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dicando aproduçãoctomand<).osincapaz.es dcpagarasdívidascontraidas. Tuldoosaláriogarantido,osasscntados cmpregavam 5C1ltempona a ploraçãodaparctla individual, em detrimento da aploração coletiva comercial. - Qwda do invtstimento prfrodo Osctornão-reformadooompropri(dades entrc40e80hccwtsdcritgobdsko,queainda cultivava mais ou mcnm 30'lt da área agri• colatotal,diantcdocaosgcneralizadocdopcrigodae,;propriaçãodcixoudcin~ tireminiciativas que exigiam lonio período de maturação. - AumtntodapobmAtditnlnuifjodc oportunkladt1dcm1prqo Vários estudos rcaliLldos entre manos de 196Sc 1970-portanto,em tcmposdoGovcrno Freicantcsdaaccleraçioda ReformaAgriria,ocorridanopcr!odol97lal973(GovernoAllcnde)-jámostravamqueoganhodos uscntadm,considcrandoosa111osdccapital, crainferioraoobtidopcloscmpregadospermanmtesdosctornão-reformado.Enamaioriadoscasoseranegativo.Areccitaobtidanos assentamentos representava, em média,

_

......

71._

A situação se tornou ainda mais gral't quandosc acclcrouaReformaAgráriano l)eriododcAlkndc.Umaanái.iscdorcsultadodc 10) assentamentos, no período agrícola 1970-7l,mostraqucsóem7dclesasreceitas foram superiores aos gastos, sem considerar nestes últimos a depreciação e os juros do capi1.al. TalcomonoBrasi!,osbobõcsdcpobrczascconct111ravamentrcos empregadostcmponirios,muitosdosquaisminifundisw.Elcs reprcscn1.avam mais ou menos SO'lt da populaçio 11iva agricola. Suas possibitidades dc emprego diminuíram, tanto no setor reformado comonosctornão-rcformado,comoconseqiien1e agravamento cm rdação à situação anterior. Aumtnlo do1 "latifúndios improdutfros" No setor reformado, no ano agricola 1971-72,só forama.piorados 19"'daárca apl'OYcitávcl.Aindamais,62'ltdaárcao:ploradaeramdcdicadosacercais. lstorcvclasul>-utilizaçãodaterractendênciaacultivoscxtensivos,agravandoosul>emprego agrícola. - Aumtnto da ~io/incia no tampo Entrc l9líl c l966houl'tgrc-,'Clem827fazeodase36invasõesdcpropricdadcs.Entretanto,jánoGovtrnoFrci,sóem l969tioul't greve em 1.127 íucndase48invasões. Apartirdel970as.ituaç!oscagramuainda mais. Ncs.sc ano houl't grM cm 1.580 fa. zcndas,esónosultimostr?Smescsdaqucleano tioul't \92invasõesdefaundas.

l7


Eml97lasgm'esafetaraml.758fazendas, e outras l.278foraminvadidas. Dezoito escritórios da CORA foram também invadidos (27).

PERU a) Período e amplitude A primeira lei de Reforma Agrária foi promulgadacm1964, casegundalci eml969,

época em que propriamente foi posta em execução. Maisde 9S'l, dasáreasagricolasdos42 vales costeiros, equasetodaaáreaagrícolada serra, tinham sido atingidos até 1980. Foramexpropriadosll.664cstabelecimentosagricolas, e foramcriadasl.300cooperativasdeprodução. b)

Características

lnicialmenteestavamsujcitasàexpropriaçàotodasasfazendascomárcasuperioral50 hectarcs,irrigadasouequivalentes.Depois,em !97S,oslimitessereduzirama50hectaresna costa e 30hectaresna regiâoserrana. Qualquerfazendanâoexploradadiretamentepelodono,independcntementedotarnanho,podiaserexpropriada. O proprietário era "indenizado" como pagamento de IOOf, àvista, c osaldocm bônuscom 2S anosde prazo. Afazenda expropriada cratransformada cm Cooperativa Agrária de Produção - CAP ouem Sociedade Agrária de Interesse Social - SAIS. Em uma minoria dos casos as terras

(27) RAFAEL YRARRÁZAVAL, "Reforma Aira,il CllChile'',Citncia e/nvestigaciónAgraria6

janeiro-março !979; SOWN BARRACWUGH (coord.), Diagnrjslirodt/a RefQf111aAgra-

(l): J-!3,

ria rn Clriit (NQVitm/'Jle/97()..Junio/971),Pro)fflo ~RrlormaApariayOcsanotloRlll':llH(PNIJD-FAO), lnsti!utodeCapaciiacióneln~igaciónCllReforma Aparia, Santiago, Chile, 1972; ALBER10 VALDÊS, ~La transición ai socialismo: ObscMciones.lObre la agricultura chilena", &minario de Dewrollo yfmpleo Rural, lbadan, Nigcri&, abril 1973; WORLD BANK, úmd Reform in úitinArntrira: Bo/Ma, Chi· lt. Mexico, ~ and Vtllfiutla, World B.ank Staff WofiingPapern~ m.abrill978.

(28) JOSt A. l'OlmlGAL VIZCARRA, Cri· sit ypo/íticaagraria tnt/ Pm1:Probltnu,ysch,ción, Coiuultoriadcl'roycctosAgro,lndmtriales, Lima, 1981; CARLOS AMAT Y LEON et ai., Reo/idaddtl

carnpoptnianodespuh ~ la ReforrnaAg111ria, Cffi. tro de lnvcstigación ~ Capacitación·Editora Jtal Ptru, Lima, 1980; WORLD BANK, úind Reform in úi· tin Arnerica: Bolívia, Chile, Muiro, l'Pn., and 1-lne· v,e/il,WorldBankStaffWorkingPapern ~m , abril 1978; Wo,ldBank Tabla , 1984; FAO.Prodw:tion

YNrboo.t,1981.

18

expropriadasforamdestinadasaoomunidades camponesas oudivididasemparcelasfamiliarcsindividuais. DeotrodasCAP5 c SAlS,oscamponescs mantêm o direito de explorar individualmentc umapequenaárea e criarumcertonúmerodc cabcçasdegado.Orestante - ou seja,amaiorpartedaárea -éexplorado cm regime coletivo. A administração é feita por um comitê eleito entre os componentes das CAPs ou SAIS (nesteú!timocasoparticipamtambémascomunidades camponesas vizinhas da propriedade).

0contráriosedeucomapopulaçãoagrícola economicamenteativa.Aumentoul2'1t na décadadc60e lO~t nadécadade70.Emoutrostermos.aumentouoêxodoruraleagra\/Ouse o problema do emprego no setor não agricola. -Piorodasi1uaçiiodasfam11iasrurais ARcformaAgráriasóconseguiuatingir JO'lt dasfamíliasrurais.Salvoexceções,estas têm apenas man1ido sua situação, ou até piorado. Os ?O'li restantes ficaram à margem e comsuasoportunldadesdeemprcgocompro, metidas, resultandodaíoaumentonoêxodo rura1(28).

e) Resultados

-Qutdadt1produção A agricultura havia crescido durante as décadasde50 e 60ataxasanuaisde2,S'li e 3,7'7i,respoctivamente.Nadécadade 70ocrcscimentofoide0,4'7i aoano,ou seja, praticamentenãoaumentouaproduçãoagropecuá· ria depois da Reforma Agrária. Aproduçàoperropi1ad.iminuiu20f!1nos lOanosposteriorcs. Oquc cvitouadiminuiçãonaprodução totalfoioaumentoe:qfosi110verificadonapro, duçãoavioola(l7ll/, aoano),obtidoemumnúmerorclativamente pequenodegranjasmodernas,!ocalizadasnavizinhançadasgrandesci· dades. Essasgranjasnàohaviamsidoatingi. das pela Reforma Agrária.

(8AfOJLICISMO D1 .... .., .... 1o Cotrh d<lln<-0 F"ill>-O

- : Ruo M artim F-.,,~-OIZ2'i - SI-O

,_sP, ""'""'Ooitacaiec. 197 - ll•ro - eam.

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Gnt- : R"6 Martim fr1o<i1<-0, 66! - Olll6 Siol':oulo,SP -ll:1:(011) 111 .ll!! (R ,lll l

- Nttt uidadt cmcentt dt importação dtaümtntos Nadécadade60eramgastosem média 60milhões ded61aresanuaisnaimportaçãode alimentos. Em 1977 o dispêndio em alimentos ultrapassou200milhOC5dedólares. - Graves problmias de or,ani[AfiiD nas cooperalivasdtprodrção AsCAPs origim\iias das fazendas comerciais litorâneas, de alu produtividade na épocaanterioràsuacxpropriação,aprescntaram gravedéficitfinancciro e incapacidadeparapagar seuscompromissos extcrnos c internos.

Tulsituação é atribuidaàmáorganizaçãocaoagravamentodosoonílitosinternosnas cooperativasdc produção,resultandonaperdados seustécnioos c administradores mais capazes. Algosimilar suco:lcunasoooperativasorigináriasdefazendasagrkolascpecuárias,nas quais aproduçãocooperativadiminuiu,adistribuiçãodoslucrosccssou,esónãofaliram porcausadomaciçoapoio estatal recebido. - Agrova111entado "i:codorura/~ A população economicamente ativatotal aumentou nasdécadasde60e70ataxasdc 23 e 32'7i,respectivar.iente.

O . • - éumapubhc•clo,,.,.nWda Em,,.. .. l'lldr< ll<lchk,,d< PontcsUda ... - •. . •••• roàlum C,l <l ,oo;; """"'*"'"" CflSO.OOO-, benf< ilorC'1 IZ0.000; 1,.od<benf<00<

c,1no_ooo., ,em;,,.,;,,., , mudan«,c,1 J1.00l

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CATOLICISMO -

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Teses econômicas essenciais do Plano N acional de Reforma Agrária e as respostas correspondentes do presente estudo A. Acesso à te r ra • Posição do PNRA : Com o passar do 1empo, um número pequeno de proprietários e íau-ndciros dct6n uma proporção cada vez maior da lcm, fazen-

do com que o acesso a ela se torne progressivamentemaisdiíicilparaamaiorpartedosque vivemnocampo,espccialmenteparaostraba!hadoresrurais.

* Conc/usiiodtstttltudo: Oacessoàtcrranãotemsidodificultado pelaes1ruturaagráriavigente.Pclocon1rário, tcmhavidoaumentonadifusãodapropricdadedaterra,podcndo-seafirmarquccmtorno deSO'ltdosquevivemnocampo,suscctivtis desmmproprietários,dcfatoosão.Ovtrdadriroproblema,quc muitasvtiesdií1CUlcao actS50àtnra,!abaixarentabilidadeeprodutividadedaspequcnascxploraçõesnocampo. B. Ap roveitamento da terra • Posifão do PNRA : Graivkpanedosproprierário6nãoaplo.

ram adequadamente suas terras, e outros as mantêm inexploradas como rcsnva de valor, comoquemaisde70'ftdastermdo Brasil constituem os chamados latifúndios improdutivos. * Co11e/usão dtsrt u1udo: Com base em numerosos csrndos, provamos quc a agricullura brasileira é eficiente e rcspondeaosinccntivos econõmicos,equeo concei1odclatifúndioimpro<lu1ivoéumainvcnçãoarbi1ráriad0Esta1utodalerra,ambíguaeprcnhcdccrros.Muitosdoschamados latifúndiosimprodutivosnadatrnldeimpro. dutivo.As1cnasmantidascomorcservadcvalor,nomod0Brasil,cmprincípionãoprejudicamoacessoàterra eo bem-estar da Nação. Alémdomais,o Fmômcnoéprc,,mdmcntc de magnitude menor doqucrorrentementc se imagina.

C Os bencíícios q u e 11 atual eslruh1 ra 11grári11 le m t razid o 110 P a ís • fwifõodoPf>INA: Abst6n-sccomplcwnentededogiarose1oragricola.l'doron1rário,a1ribuiadearcs-

CATOLICISMO -

ponsabilidadepclosprobkmassociaiso:istmtes tantonocamporomonacidadc.

* ConclusãodutttSludo: Aatualestruturaagráriatemlidoumpapcl fundamental no progresso da Nação. A agropecuáriafinanciouodesenvolvimcntoindumialpormciodeoncrosatransfcrêndadc rendaLContribuiucommaisdeS0'11dasdivisasparaaimponaçãodebensdecapital,matériasprimas c tecno!ogia.Suaprodução,tantodcbcnsC(portávciscomodealimcntos,crcsccu mai.sdoqueapopulaçào. Tudo isto sem sacrificarostrabalhadoresdocarnpo,quetêm tido um aumento real de salários.

D. Os problemas sociais existe n tes

• l'ruiíão do PNNA: Atribuiaviolêncianocampoàmi.séria eàíaltadeoportunidadcsdoscamponcscspara oaccssoàtcrra.Paraodocumcnto,osbolsõc:s depobrezacristmtcsdecornmdacstruturada propricdadcdatma.

* Co11clusãodrsttrstudo: A violêocianocampo1emsidodescri1a romcugero.Narealidadeelascdevtesptcialmenteàatuaçãodeagi.tadorcs.Muitasdosronflitosdcterrassãoprovcnicntestambémdedemarcaçõcsconfusa>, própriasapaiscs dedimensõescontinentais eem fascdcdesbravamemo,comooBrasil.Osbolsõcsdepobreza cxistentesdccorremespecialmcntedapenalizaçãosofridapelosctoragrícola, fruto de uma politicacconômicadesfavorá1·el. E . Os objeti vos d a Reforma A g rária • Posiç'liodo PNNA: AReformaAgráriaaumentaráarenda c oempregodosquc traballlamnocampo,diminuirá o âodo rural e aumentará a produção de alimentos.

* Condu.sõodtsltatudo: A Reforma Agrária provavclmetllC nio aumentaráarendanemoempregonaagricultura,nemaliviaráobodorural.Pclocon1rá-

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rio,apróprianaturezadasmcdidaspropostaS eac:cperiênciadospaiscsonde.scc:xecutoua Reforma Agrária mostram que os resultados sãoopostosaosqueosau1oresdoPNRAimaginam. Araz.ãodiiSOresidenofatodequea ReformaAgrária,desi, nãoatacaocernedo prob!ema,queéa produüvidade e aeficiência agricola,cspecialmcntcdopequenoprodutor rural. 1-"'. M e d id 11s d e p o lítica agrária • f'osi~ào do l'NRA: Propõeumconjuntode medidasromerei3isefinancciras,deassistênciatécnicaec:ctensãorural,mastendoromoprt-«lndi.çãoa Reforma Agrária. Oprioritárioseriaarefor· madaestruturadapropriedadcdaterra. •ContlutãodtstttSludo: Aprescnta sugestõcsparaum planopositivodepoliticaagrária,qucpermita aumm· todaprodutividadeedacficiênciaagrícola. Considera absurdo c:xecutar uma Reforma AgráriaqucprovoqueaummloC(plosil'Odo nUmerodepcqucnasprodutorcs,sc:ndoqucos atuaisjápadcctlndeséria:sdeficiê:nciMcmmaté-ria tccoológicacemassistêocia financeira.

Osdadosanalisadosnotccstudolcvam aconcluirqueabsolutamcntenãotemqualquer justificaçãoatribuiràestruturaagráriaarcsponsabilidadepcla másiluaçãosocial ettonõmicadcalgunssctoresda população. Pelo contrário,reprcscmaumagraveinjustiçaperseguircespoliarumaclasscquecontribuiue contribuiprepondcran1cmcn1cparaoprogrcsso daNação, equenaatualconjuntura,pormeio dasexportaçõescdaproduçãodealimcntos, vernminorandoasronscqüênciasdareccssào econômica. Ê um espantoso paradom que se proponlla um plano verdacleirametlte socialista p.ara ocampo,romoqual.scaniquilariaum dosstgmetllOS mais compe1i1ivos do Pais, tendo em vistaqucacriseeconômica.alcgadaeomomo. tivop.araaapticaçãoda RtformaAgrária,em boapartcfoiprovocada,csignificativamcnte agravada, pelosmonopóLiosouquasemonopóLiosaiadosexatamcntcpelac:statwiçâocdi· rigismosocialistu. 19



O BRASIL, país galardoado com a Fé católica desde o momento bendito da Primeira Missa, chamado, juntamente com as nações jovens do hemisfério, a se destacar algum dia entre todos os povos pela sua grandeza econômica e seu esplendor cultural. E, mais do que isso, a fazer brilhar aos olhos do mundo a verdadeira Luz de Cristo, que as trevas jamais conseguirão apagar.


Vista do pantanal matogrossense: fauna e nora exuberantes. Praticamente inexplorado, ele constituc, com seus 160mil quilômetros quadrados, urna região de extraordinária beleza natural e de grande potencial econômico.

CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA AO REI D. MANUEL

Cataratas do Iguaçu: Deus brindou com caudalosos rios o imenso território brasileiro.

"Es1a terra, Senhor, ... tem. ao longo do mar, nalgumas partes, grand'es barreiras, delas vermelhas, delas brancas e a terra por cima toda chã e muito cheia de arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo ser/ão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender o.~ olhos, não pod{amos ver senão terra e arvoredos, que nos parecia muito longa. .... Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece que será salvar esla gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar"

Estas terras que PcroVazdeCarninhaencontrou incultas, !Ornaram-se fontes deriqueza,pcloesp!rítoempreendedordeincontáveísprodutorcsrurais.

PERO VAZ DE CAM INHA Escrivão da esquadra de Cabral


A Primeira Missa celebrada no Brasil, a 1~ de maio de 1500, poutos dias após o descobrimento. - Óleo de Victor Meirelles, Musc:u Nacional, Rio de Janeiro.

No ltculo XX. um fruto do impulso evangélico doli primeir01,missionário1:lndiod a

Poucas são na História as na- 1ribo Xavan1c, convertido à Ft católica, ções que receberam de Deus. lo- reza íervorosaimnte diante do Cruzeiro. go ao nascerem, a graça inapreciável da Fé católica, apostólica e romano. O zelo ardente de missionários como Anchieta e Nóbrega Os índios acolheram bem os descobridores expandiu a verdadeira Luz de portugueses. Desembarque de Cabral cm Cristo entre Os gentios aqui en- ~~:a~ ~!:::·d~ ~~':a!:,.~car Pereira da contrados. E, pari passu, os bro- ~ vos missionários catequizaram os .a silv(colas que. desde logo, se mos- i Iraram abertos à influência da Igreja. ,. Com uma força de alma nascida da Fé. nossos antepassados, sem as comodidades oferecidas hoje pelo progresso, dilataram as fronteiras do Pafs, galgando serras, vencendo florestas, atravessando rios e transpondo pânta-

Í

nos.


Desde o ~u lo XV I, a colonizaçlo do ~hinterland- brasileiro foi favorecida pela prosperidade da lavoura canavieira. Os antigos engenhos do, ainda hoje, na paisagem nordestina , remin iso!ncias vivas daquela tpoca. (Gravura baseada em tela de Franz Post).

No st.:ulo XV III , cm torno das cid ades, forma va-se um colar de sí ti os e fazendas. Mineiroscpa uli stasbuscava m agoraterrasfé rt eiscpossibilidadcs de enriqueci mento. poisoouroscesgotara. Na foto.ocasarão dctaipa quc servi u de solar da Fazenda l'cdro/\l vcs,co nstruida por fazendeiros mineiros cm São Luis do Paraitinga. SI'.

A história de nossas velhas estirpes de proprietdrios rurais é a hislória de uma asce11sãa Sem perder suas raízes 110 terra, o fazendeiro ampliava seu raio de ação em benefício do País. A drea plantada, o número de fammas vivendo do trabalho na lavoura, o volume da produção e da exportação iam crescendo. E o Brasil, outrora atrasado e sem recursos, se ia apetrechando e se adornando com todos os produtos do mundo civilizada


O arado puxado por cavalos ou bois, junto com outros instrnmer.tos primitivos de trabalho, foi uti lizado. durante stculos, no lavradio da terra Pastos verdejantes e á rvores frondosas unem-se para formar uma bela moldura desta tipica fazenda fluminense na Serra dos Órgãos, perto de Petrópolis.


A lavoura sempre foi a base da prosperidade nacional. O impulso

que ela deu ao Pai's se

tornou notório ao mundo inteiro. Daí veio a reputação de terra de far-

tura que o Brasil começou a ter já desde os fins do século XIX. Éramos, { com os Estados Unidos .1 e a Argentina, a Canaã f para a qual aflu{am, l

cheias de esperança e de dinamismo, as multi-

, 1

~~;:nt~0P,!:;:te :~ ! Extremo Oriente.

Ide e povoai toda a terra ... As valentes oorrcn1l'S de imigrantes que vieram 1cr no Brasil nllo temiam a natalidade. E, em conformidade com o mandato de Deus, concorreram poderosamente para o povoamcn10 do solo e par.1 a rique-

za do Pais. Na foto, uma familia de imigrantes italianos da colônia Barão de Antonina (SP).


Colonos pioneiros cm Rolãndia. O norte do Paraná recebeu uma colonização organizada por companhill5 oficiais e particulares, que transformou, cm poucos anos, \'ll.Stas regiões de mata vi rgem cm an1ros de produção, progreno e dinamismo.

Dentre os paises cm de~nvotvimcn10, o Brasil to que tem maior porcentagem de proprietários. Na foto, um pequeno proprietário rural. ufano, se deixa fotografar com seu trator. Nele se maniíesta o desejo ,,

1r:i~~:~~::-/; ::;~i;se~~~:· r~;:~ ; garantido contra as incerteiasda vida~ 0

Oinfaughclespiri1odcsbravadordopovo brasilc1rocontinuaasecxpandir.agora rumo ao muito amplo alargamento das fronteiras agrícolas do País. Em junho de 1984. colonos para11ac11ses partiram de Curitiba. com destino ao Amawnas. onde se instalaram cm terras do Projeto Novo Aripuana, a convite do governo daquele Estado.

Com a Segunda Guerra Mundial cessaram as migrações estrangeiras. Ao mesmo tempo, o surro Industrial exigia a concentração, nas grandes cidades, de importantes contingentes populacionais. Forneceu-os o interior brasileiro. Esta contribuição em gente foi realizada num clima de progresso tumultudrio. Resultado: os problemas urbanos de tantos bairros operdrios. É o momento de atrair para novas epopéias de desbravamento o superdvit de população das cidades e das zonas cultivadas, afim de tornar o Brasil cada vez maior e mais rico.


Aspectosdalavouradcumasuper.fazcnda• empresa, A mecanização tornou·se sua principal caractcrislica, subs1i1uindo o árduo labor humano que ouirora marcava avida rural. O pa,norama t morcado por galpões para armazenamento da colhei ta e abrigo da maquinaria. apresentada aqui cm ai· gumas fases de sua atividade. Dele estão auscntcsascde-solarparaascstadasdo propnctário e sua famili•. E as casas dos colonosnãosãomaisdcgrossasparcdcsdc alvenaria.


A agricu ltura brasileira, apesar dos consideráveis sacri fícios co m que arca em prol da economia nacional, vai acompanhando satisfatoriame nte a expansão demográfica. Dela procedem em magna parte as divisas com que se tem feito nossa ind ustrialização. Vai ela cumprindo assim normalmente seu dever para com o País.


São Paulo

1-"/oshe.• do desenvolvimento urbano e industrial. No Brasil, destacam-se cidades históricas e mundialmente famosas por seus monumentos e bclaspai.'lllgcns como Salvador, Rio de Janeiro e Ouro Pn:to - bem como grandes metrópok:s industriais. a exemplo de São Paulo, Belo Horizonte e Pono Alegre. Nas últimas dkadu. em nossopaís-contincnte,dcsenvolveu-seumpossanteparque industrial, modernasautopistasencunaramasdistãnciase !iC implantaram avançadas tfcnicas de telecomunicação. Entretanto.a agricultura constitui imponantcc indispenllávcl pi lar da economia nacional

Em muitos lugares, a pobrew das habitações ilude. O caráter pn:clrio das construções. favorecido pela amenidade do clima, engana o visilante. Dentro delas se lcvaumavidadaqualnãocstáe.xclu!dooconforto.Asantenasdctclcvis.ão se multiplicam. E mui1os dos moradores têm automóveis.


Vista aérea da fábrica de equipamentos Villarcs (S. Bernardo <!o Campo • S P) Prensa de forjar, instalada na unidade da Indústria Villarcs. em Pindamonhangaba (SI').

' aarragcm da CES!' sobre o Rio Paraná. Lagoas( MS).

cm Trh


Impelidos por llderc:s filooomunistas - como o ex-deputado Francisco Julião {cm destaque)- camponCSC'S marcham pelas ruas de Recife em apoio a Fidel Castro, no auge da agitação agnlria promovida pelas Ligas Camponesas, cm 1962. No comício do dia 13 de março de 64, no Rio. com a presençadcJango,oradorcs,carta1.cs cmanifestantes deiuram bem claro quanto o PCB contava lucrar coma implantação da Reforma Agrária

O AGRO-REFORMISMO INVESTE... No início da década de 60, correntes comunistas e esquerdistas, esteadas no governo janguista, tentaram - já então com apoio declarado de íiguras da "esquerda católica" impla ntar no Brasil a Reforma Agrária socialista e coníiscatória. Durante sensacional programa de TV, cm dcumbro de 1960, O. Hclder Câmara, o Arcebispo vermelho, então secretáriogeral da CNBB, íu a leitura, em nome do episcopado paulista, de um documento de apoio ao projeto de Revisão Agrária, de cu nho nitidamente socializante, do governo do Estado de São Paulo


... A TFP DEFENDE A

PROPRIEDADE PRIVADA E A LIVRE INICIATIVA

Os autorC$ de RA-QC pronunciaram confcrtncias sob~ a

tem.ética do livro cm v:irias cidades do Pais. Na foto, o Proí. Plínio Corrta de Oliveira dirigc-$C à classe rural de Bragança Paulista (SP)

Opondo-se à primeira tentativa de introdução da Reforma Agrária no Brasil, nos anos 60, a TFP difundiu o best sel/er "Reforma Agrária - Questão de Consciência" - RA-QC. Quatro edições no Brasil, num total de 30 mil exemplares. À medida que RA-QC se difundia, ia entrand o ar novo na atmosfera confinada que asfixiava as classes produtoras. E o público em geral começou a ver que a força de impacto da principal corrente agroreformista, isto é, o "esquerdismo católico", não passava de mito. Atingido o "esquerdismo católico" - centro nervoso da propaganda em favor da Reforma Agrária confiscatória - achava-se comprometido o próprio resvalar do Brasil rumo à esque rda. Em outubro de 1964, a TFP começa a difundir, por todo o Brasil, a "Declaração do Morro Alto", um programa positivo de política agrária. Duas edições, num total de 22.500 exemplares. Em Belo Horiwnte. o Sa:rctário da Agricultura de Minas Gerais, Sr. Paulo Salvo, e lideres rurais conversam com o Prof. Plínio Corrb de Oliveira antes da eonfertncia na Facu ldade de Medicina da UFMG, cm 1961.

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira com íazendeiros que subscreveram a "Dcclaraçito do Morro Alto".


O cardeal[). VicenteSchercr,arcebispo resignatárie de Porto Alegrc:"Nóssempuíomosfavoráveis à reforma agrária e o bispado gaúcho um-se batido por isso há muito tempo". ("O Es1ado de ~o Paulo", 1/7/78). D. Ivo l..orscheiler, Bisl)O de Sama Maria (RS), defendendo uma rdorma agrária mais abrangente,quealcarn:ci nclusi~oslauíúndiosprodutivos.,declara: '"Todo latifúndio, l)Or maisprodutivoqueseja,l:concemradoreporissogcraproblemas .wc,ais". ("Jornal do Brasit", J0/ 5/ 85).

D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félilt do Araguaia (Mn, "Monsenhor Martelo e FoiceM. como se autodenomina em um de seus li1ros, declara: MMalditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas..... Malditas seja_m todas as kis, compostas habilmente por umas poucas mã_os para amparar cercas e bo1sM ("Tierra Nuestra Libcrtad.., Editorial Guada lupe. p. 129).


A partir da reunião da CNBB realizada em Itaici em fevereiro de /980, um verdadeiro incêndio agro-reformista se propagou pelo Brasil. Na vanguarda dessa investida encontravam-se influentes personalidades eclesiásticas, cujos pronunciamentos favoreciam a implantação, no País, de uma refor'ma agrária socialista e confiscatória, bem como da agitação social. lançado num mamemo em que o perigo a muitos parecia distante, o livro "Sou católico: posso ser contra a reforma agrária?'; de autoria do Prof Plinio Corrêa de Oliveira e do economista Carlos Patrício dei Campo, preveniu nosso meio rural contra tal onda de agitação. Recebida com calorosa simpatia, a obra alcançou, em poucos meses, uma 1iragem de 29 mil exemplares. Nela, os autores sustentam, com base em sólida documentação doutrinária, que o católico contrário à Reforma Agrária socialista e conjiscatória pleiteada pela CNBB tem não só o direito, mas o dever de se manter nessa posição. E isto em conformidade com o ensino tradicional do Supremo Magistério da Igreja.

Nacapitalpau!is1a,olançamcntodacampanhaderuaparaadiíusãodolivro "Sou católico: posso ser contra a reforma agrária?".

Caravanas constituídas por sócios e cooperadores da TFP, destinadas à difusão da obra "Sou católico: posso ser contra a reforma agrária?" estiveram presentes cm o.posições rurais, onde milhares de pessoas foram informadas das tcsesesscnciaisdaobraanti-agro-reformista.

Stand da TFP na Exposição, Agropecuária de Londrina (PR), cm 1981.


Em lvinhcma {MS), invasores da gleba Santa ldalina assistem a uma Missa celebrada no local por D. Teodardo Leiu., Bispo de Dourad05 ( MS). A invasão recebeu franco apoio do Prelado e contou com a participação das CE Bs e a orientação da CPT. A faixa sugere que as invasões de propriedade fau:m parte da Reforma Agrária pleiteada pela CPT.

NO QUE CONSISTE A "OPERAÇÃO PEGA-FAZENDEIRO" Frei Clodovis Boff, assessor pastoral do Bispo de Acre e Purus, O. Moaci r Grccchi, narra na "Revista Eclesiástica Brasileira" (dezembro de 1980, pp. 600-603), algumas ~operações pega-faze ndeiro~, rea lizadas pelas CE Bs daquela região. Vejamos uma: "Já fazia algum tempo que um seri ngalista do seringai 'Guanabara', no Alto lacó. maru.:omu-

nado a um desses fazendeiros paulistas que es tão invadindo, ·~rllando' e ocupando a Ama• 1.ônia, estava ameaçando de expulsão os se ringueiros e lavradores de uns quatro se ringa is da quela área. Estes re sistiram cm co njunto .... Armaram-se com suas espingardas de caça e fora m prender por conta própria o paulista e o seringalista. Depois de pegos, montaram-nos em dois

jumentos e co nduziram-n os. sob armas, cmtrtsdias deca minho, até um batalhão do exérci to situado na fronteira com o Peru .... Impo rta notar neste caso que a maioria absulula daqueles homens estavam ligados b CEBs da região. A própria iniciativa e a estratégia da operaçio 'pegafu.cndciro' foi discutida e lídcrada pelos membros n1aisatuantu das mes mas C[Bs",

O fazendeiro Honório Oliveira Corrêa, juntamemc com mais três de seus empregados, foi barbarame nte assassinado pc,r invasores de sua propriedade, a Fazenda Jandaia, locafü.a dP no município de Ourém (PA). Seu corpc, per maneceu inscpullo pc,r vários dias, pc,is os invasores, num requinte de maldade, não permitiram que seus familiares o retirassem do local. Será esta mais uma vítima da"opcraçãopcga, fa.zendeiro"?



Em BrasHia, a TFP presente em congresso sobre a Reforma

Agrária

o

CONGRESSO Nacional d<' Reforma Agrilria. promovido ~la Confederação Na· cional d<' Agricultura e ffalizado em Br;uília

no.sdias27e28dcjunhop.p., con/Qucom a presMça de c,:rca de 4 mil fiucnddro,. ali reunidos para ddendtr ~us direiws ameaçados pelo Plano Nadon/1/ de Reforma Agrária. Es5a rcforma , 5q1undo o jornal ' ' Pra,·d11" dcMoscou, dc5-6-85, tum11d11smcdida,fond11met11ais prcconiz11d11spe/o PCB no Brasil atual.

Na oca.síJo, sérios e cooperadores da TFPdistribuíram, aos assis1cmcs um prospcc-

10 anund:mdo o pró.limo /ançamcmo de um livro sobre a Reforma Agrária. de autoria do Prof. Pli/Uo Cortêa de Olfrcm1, P=id..nre do

Con~lhoNacional da TFP, e C11rlos Patrido dei Campo, Moster o/ Sclrn,:e em Eronomia Agrária AlémdiSjo.osSóciosccooperadoresd,1 TFP cmr~aram aos partiôp.,mcs do congresso um e:;ç/;mxecfor fo/hr/0 mostrando romo o Estatuwda Trrra abrr as porias para as (k. sapropriaçrksronfisca1ó,ias. E romo no reripo d«orridon11rr 196,J- ano cksua promulgacl-O- rabri/ tk /985, foram publicado5 nadamt'nosdr696/cis. d«reros•lris. d,xre10s coutrosa1osoficiaiswbrrmar1'ríaagr:iri11, todos ou quase todos pró.~ima ou ,,.moiamen. tcrelacion adoscomoEstarutoda Tu ra. Isto, e,·idemementt, tornou impos,frcl, jtla11ora.rom;iderar0Estatutoda Terraapc·

OEng.PllnloV idiga l XavlerdaSllveira,due!orda ll'P,duron1e,uo deci,ivo ln1ervenç0ono Cong reHo reo li,ado em Br0$ll lo, nos d ia s 27 e 28 de junho úlllm o nasemst'u1exworiginiirio.indepcnde,uedo 1-olumosoconjumodca1osofici11isnoqu11/se inscre;drssam11neira,asi1uac.tos6.1eremediaria pela urgente sub5tituklo do buuuto da Terra e da posterior ICiJÍS/a~o 11rilri11 - rào ca6fi,:a - por um Códiga Agrârio que rrsprillSSt' OS dirciros de proprird11Ue - rom sua func.toscxia/ - ,.ali1•reinici111i,a;c111cndessr ramo os direitos do.• proprkrllrios romo os dosrrab11/h11dorcsrurais,p11rn11prospcridadceagranduad0Brasil A oposiçàoao B1atu10 da Terra foi objcrodt uma candente intenenc.to d-O Eng.. Plínio Vidigal Xa,-i,.r da Si/,efra, fazcnd..iro <'m MaroGrosso.durameadiscurnloc,·maçilo dodO(·umcntoascrapro,·adoprlocongr<'Sso. O orador manifestou sua oposiçJo à for. ma como cs111,·11 redigida a primeira proposiç.to do documemo posto em di<cu.mlo pela Confcdcraç,ioNacionaldeAsriculrura . dac:umemo rsse que dava um d aro apoio aa E,ra. turoda Terra. Tamb<'mso/icitou que os fazendcirru de base fossem ou,·idos e que fos. sem mudados os 1umm do docum ..mo. A judiciosa imerwn-'o foi r«rbida com aplausosecalorosamemeapoiadap..lasrande maioria do audi1ório de .s mil fazendeiros B1e apoio ,·cio sobretudo porque a inconformidadc dos as,ic:ulrorN, queesra,a/atcntc. wrnou-scparcmeapó,upa/avrasdo5r.Plí· nioXadcrdaSifreira,quc1amlx'm1'membro do Conselho Nadonal da TFP. Esrimu· ladop0rcstceumplo.um1randenúmerode

oradores manifestou seu repúdio ao agroreformí,mocsuainronformidlldccomoabalo queoinsri1u1odapropriedadepri,.tda,cmsofrendono Bruil. Crrtieas ~ posiçilo da CNBB cm mat~ria de Reforma Agrária, à Comiss4o Pas1oral da Terra - CPT - ,. ás Comunidades Eclesiais de Base. assim roma à posi1·.to de conC"l:'SSÓCS ado1udap0rcet1osproprierários.for11m,.x1er· nadas pelos oradores. Nofinaldocongresso.ourrodo1:umcmo foi apresemado pela ConfcderacAo Nacional deAgrieu/1ura.scmfazerrefcrfodaaoB1a· w1odaTcrra:porcssarazão.1amb<'m=sclUndo dcxum<'nto nào foi /lpron,do. A imen-o:·n.,lodoSr. PHnio Xa,·ierda SiJ. ,·eir,foimuiropráticaeefieaz.jiiqueamu· dançadcaritudrqucproduziu non)/lj/ft'SSO - ado1ando es1c uma linha marcadamente ami,agro,reformisra-scn·iuparamosrrar:is nossas mais alras auroridades a suma impo· pu/aridade da Reforma Agrária. Asiim, uma scmana depois do congrt"SS0.1010 após dccre· 11.rarc,iAod,.Londrinaprion·1árfaparafins de Reforma Agrária, o Go•-erno hou,·c por bt'm1?•·01arodecre10;111lvuc/eenfremassc afirmcrcaçlodmagricultorrsdeLondrina, sepudeSSt'Nperarqueserra1asseapcn11sdc umareaç.tol0<:al;mas1endopresemeaa1iw· de manifestada no Congresso de Reforma Asrárfo. cm Bras!1ia, vendo qui• a rcaçAo anti agro-reformisrnera dosagrirnlroresd,.todo o Brasil. o Gor,.rnorccuou.

CATOLICISMO -

Setembro de 1985


Plinio Corrêa de Oliveira: um cruzado do século XX

o

TITULO OESTE artigo éodeumadissertaçãodemes1rado-em1ermoscorremes,uma 1ese-defcndidaem31deagm10 de 1984, na Universida<k d-,

São Paulo, par pn.S(la int~ramente estranha aos quadros da TFP e dr seus simpatizantes. E em muitos pontos adH,rso b idéiasdoProf.PlinioCorrCadc

Oliveira, como ~nnos. Trata-se doProf.LizlniasdeSouiaLima. queclaborou,em220páginas,na âreadeHistóriaSocial,sua "Diswrtação de Mestrado apruentada ao De/){lr/Qllll'IIIQ de His1ória

da Faculdade de Filo:;afia. letras eCilncias Humanas da USP'', e adefendcuoralmeme,merea,n do no1a "9,S CQm dis1inção".

Édescnotarquetesesuni,·ersitá~,·er$8.ndosobrepeswas

vivas-emcsmonoaugcdcsua a1uai;ão,comofocawd0Prof.

Plinio-sloinc:iincntcs,oupclomcnosmuilor.uu.Pore:ccrnplo,dadosoficia!mcntefornecidos~laUSPdãocontadequc, no período de 1'173 a maio de 1984-mai,dcll anos,portanto-Foramdcfcndidas 1711escs. oudisscrtaçõcsnaárcadcHis1óriaSocial. ~s1as.ncnhumavcr.ousobrc~$$oaainda,·iva.O qucindica.evidentcmc,ntc,umrcconhe<:imentodaposiçàoabo;olutamente impar que ,·cm sendo ocupadapeloPresidemcdaTFP nomundocontemporãnco.

lineamentos gerais da disse rtação Aqui es14, a nosw ,·cr, um primeiro mérito do Prof. Lizâniu: o 1cr sabido vcr e pôr em rcalccpartcdacxccp.:ionalobra que o ilumc pen~ador católico, com impressionante coerência, vem realizando ao longo dos anos,noBruilcnomundodc hoje. Aesi:olhadoaumrdat= r«aiu5(1brcoProf. Plinio,cmrc outras razões, porque "emreas figurasronhttidasnomeiocutó/iroronscrw,dortaqucprovorou maiOl'ff pollmkas. Suo açdo O<'Qb()upordaror11cmoumaorganiz/lf4oqueftidurahámoi.sde duas dkados - TFP - tendo mesmo se espalhado por vários paf.ses,principalmtntedaAmérica. En1reosmililan1es.,joma/i.s1as,esui1orestJ}l'nsadoresco1Q/icosleigos,tafrezsejaoquemoi.s reflita,pe/asuooposiçiioaelas, as 1ran$Jormll(M ocorridas no Igreja". Otrabathodcpesquisaéucclni1e,oquescnotanãosópe-

CATOLICISMO -

~:;1 ~1~~~~ i'=u:';~~;:~a~o:·~'1:~~~\;~;/~~0d~0o~:!~~"::ee~~~~t~,d~ ~~~~~~~

a dlreçôo doquele semonôrlo cot61;co

loarandecaudaldematerialcompulsado, como pela variedade e adequação das citaçõa. O autor consigna um agradecimento à TFP,porlhc1ttdadollCCS$(IIIO· doma1crialdcpesquisaquede§Cjou: liwos,jornais,cópiasxero~.microfilme,ete.OProf.Lizãnias apresenta também um bom apanhado do pensamento do Prof. Plinio Corrb de Olivei· ra,baseadosobremdonolivro "Revolu~o e Contro-Revolução". Entretanto a dissertação nãoé-noscntidoemqueos meios cientmcos modernos tomama palavra - imparcial. Pclocontrvio, elaéidcologicamen 1eoricn1adaparaaesqucrda.üas1adiurque,para1raçaroslinca· memosacnisdoperiodohistóricodcquetrata,oPror.Souz.aLima sc fundamenta em autores conhecidamcme "pr0gres,is1as", comoéocasodeMlircioMorcira Alves, Frei Clodovis Boff, RalphdellaCavaeoutro,dogêncro. Apesar disso o esquema fundamemaldat=perman«e verdadeiro, e poderia ser assim cxpreno: t.OProf.Ptinio,noprimciroperiododesuaamaçiopública,es1av1intcirammteidmtifica·

Setembro de 1985

docomaoriemaçiogeraldasautoridades«lesi.t.s1icas; 2.Apartirdadécadadc40, mais ou menos, essas autorida· des,deummodogeral,comcça· ramamudarsuaorientaçãonum sentido de abertura para o mundo; 3. O Prof. Plinio nãomu· dou,continuoufielàorientação tradicionaldatgrejaepas,oua seromaisr!aidoopositordas idéias''progre$$istas'', Oautordadisscr1ação,tal,·ezpor faltadeumcertorecuo 1)5ico-ideotógico,deixou·sclC\·ar, por vezes, a uma ,•isão homoacnrinlda c simpliíicatne dos meios católicosbrasilctros,çrilicada, alilll,pelosprópriosexaminadores,duranieadcfesaoral.Assim équeapalawa/grcja,eleoraa uiilizapararcferir·sedcfa1oà [grejaCatôlica,oraparadesignar acorremeprogressistaqucscen· carapitou no poder.cem larga mcdida1ransformouainstituição «lesial-nafelizcxpressãodo escritorfrancbPloncardd'Assac -numa"igrejaocupada". Mas,dcoutrolado,elecons, tatacomacertoquea "milir,fo. âa cat6/ica de Pli11io "° longo

dcstc pcriôdo (l9J0a 1980) rolorou em e~idlrrcio as rontradif&s da Igreja no mundo moderno". Reconhece o empedernimento de certos meios ''proaressistas", poiimesmoquando "Plinioaprescntao,apra,·asdosdcs~iosdoutrinários e do idenridadt de princfpios de certos cardllcos rom o comunismo, aarirudcdo Igreja foidcntJoucei1arasdenríncias. Aocontrário,apoiuvaedefendia auç,iodeJeusmembros. ls1ofez com que Pllnlo opomoue a CNBB romo conivente com a subveniio". E o Prof. Lizãnias deixancaparascauirncapreens.to: "Nes1ejo1oparaganharo mundoelu[alsreialscarrisn,a scrgonhapore/e".

à frente do " Leglon~rto" Embora resumindo com fi delidadea1rajetóriadoP1of.Pli· nioCOrr~adeOliveiraàfrentcdo " Legionirio"( !'130-1'147)e,ua consaaradoravitôriaelcitoralpa· raaConstituintedc 1934,oau· tordateseengana·scao,upor queofuturolídcrdaTFPapoiou, naépoca,aditadura1e1ulista. Talvez por isso, um dos examinadores fez nocar, durante a


dcfcsaoraldatcse,queoCardcal Mota dcstimiu o Prof. l'Jinio da direçãodo .. Legionário"porquc o Cardeal crageiulista. Aliás. diga-s.cdcpassaacm, cau$0uestranhczaàbancau11mi· nadoraofatodcoautordadis· scrtacãonão ler solicitado uma cnlrcvis1aa0Prof.Plini0Corrêa dcúli,·cira. Di,·cuospontosdc suatcsc - oomoorcferemcao &ctulismo-qucs.ccncontram malfoca1izadosoumalimcrprc1ados,ccrta5aíirmaçõcspr«ipi. iada.5 ou dcmMiadamcnte tímidas. podcriammsidodevidamenlc ajustados numacon,·crsa esclarecedora A di ssena,ão constata com clarezaalutadcsenvolvidapelo insi1oepensadorca1ólicocontra onazismocofascismo,natpocaemqueesscsregimcs,noau1c dcsuaa1uaçãocpropa1anda.cs1a"am francamente na moda e atraíamassimpaiiasdcadeptos e oportunistas de toda cspé<;ic: ''O mizismo e o fase-ismo enc-onmm,m nos páginas do Lcaioná· rioasmaisferrenhasc-r1~ic-as. Todasas.semanasasatiludesdeHitftrtl>fus.solinieram.sereramen· ltrtpudiadas.Plinioded1rounumerosw artigw pura mwtrar a Incompatibilidade entre o nazismo e a doutrina católica. Esforçando-se. inclusive. para demons/rar suas .seme/hanças com ocomunismo"".Aliás.seoquisesse. adimrcaçàopoderiatcracrcsccntado que o Prof. Plínio previu com muita ameccdfoda, numa époeaemqucofatopareciaimpossi\"cl,opactocomuno-nazista Ribbentrop-Moloto". "Otemorqueolegionãrio rt,·ela"'1emrelaçàoàd1rt1tafascis1aeraexplic1frelpelasuuposiçaa de defesa da instiluiçifo Igreja"" Antes mesmo da publicação, em l!N3. de seu livro-bomba '"Em Defesa da Arao Ca1óliro" - do qual o Prof. Souu Lima apresenta um bom resumo - a infittraçãodccrrosnosmci0$calólic:ospreocupavaoíundadorda TFP.Jácm 1938.mostraatcsc, oProí.Pliniodcnuncia'"aquc"o grundeproblemanaoeraacon,·nsàodosateus. pro1es1a111ese espirilas,massima("QIOllâ:;aÇ(io dos católicos". O açerto des~ constatação-pre\"isãotorna-s.cr·•idcn1cparaqur,m, neste atribulado 1985.anatisacomiKnÇiOdc inimo o que de lã para cá se pai.sou.

A partir do "Catollclsmo" Como"Ca101icismo".fundadocm l95l.inicia-&eno"afasc.aqualadi=rtaçlodemestradoaccrtadamentepreci~lo110 naprimciralinh.adcdicadaaoperiodo ]95 1-1964: "Os Ob)f!IÍ\"05 do Catolicismo são CIS m~mO!S do Legionário". Ato!a dkada de 60, apesar dasenormcsinjustiçasquepes$0almcntc sofrera, nenhum ress,emimento. por mais legitimo que

-l2ualmcn1cnuq uc st1T· fcrTil imprensa: '"Plmiodãumo 1mporrânc1aenormeaosmeiosde romunic-açdoe/Jprapaganda. É arra,·ésdl'lesque.comrao'esp{ritodanaçào".seddu 'revo/upio comunistainvisfrel'eu'munipu lação psicológica das m11flidões'"" -Eaoslntel«tual,::""Plinio un,sa,·aosintell'('tuaisesquerdis· tas bem instalados, de imporem idtfias reformist11S que rondu:.i· riam, oos pauros, às metas

Em ··11at0<m0 AgrOrlo - QuestOo de Coniel6nc1o·· e ""DecloraçOo do MOfro Alto"", obro, que o Prof. Pllnlo Conêo de Olivena escr•v•u Juntamente com O. Geroldode Proenço Sigaud. na época Arc•bl~ pode Oiomoni,no. O Antonio de Como Moyer. entoo Bispo de campose o economl$IO Luiz Mendonça de FreltO$, é exposro a dovtrll"ICI !rodiclono1 do Igreja no re ferente O Re10fmo Agrôrio. E5SOi publico· çôes provocorom grande polémlco. opondo-se o elos setOfes p,ogressl1to, do Clero e do loico!o cotôllco. Na roto. componha de dl· 1usôo da ··0ec1araçôo do Morro Alta". na Viaduto do Chô, em ouTu· brade 1964

íoss.c,pôdcdcmo,·croProf.Pliniodeumaaiiludepúblicadesilênciodoloridoercspci1osocm rdaç;ãoàHicrarquiaeclc5iá&ti,:a Foisóquandoo"pro1ressismo·· sernrnoudcbandado,attmesmo nas altas cúpulas, quecks.c ,·iu nodc,·crdcquebrar1alsili'ncio Éoqucregima. em ouirostcrmos,atc.<ecmqucstâo: "Adespeirodetersidoafas1adosuma· riamentt do Lcgionãrio, Plinio não atacou nenhuma figurada hierarquiacotóliro.f5/oocorrenisomet11enadlr:udade61).Suas er1íio:Jssediritlamaosse1orescu tôlicosfeigw". Falandodarcfonnaagrária: "'Plinioaprol'eitoubemapotenciolidade do 1ema. O engojamen10 do Catolidsmo na lu1a contra oreformaagniria uumemouos possibilidades de arei1aÇ(io de suas idiias. Ampliou o lequedw 5"US pos.sive,s simpa11u,n1es . .... A fundorao da TFP e o eng,,jamento na luta contra a reforma agrâria marcaram uma mudanra namilitânciadel'linioeseugrupo. Ndose limitaram a par1irdaf àprod11çdodeilléias. masfizeram comqueasidliusgerassemc-ampanhas,debQ1e.s,mobili;açóes'". Rcronht«ohitodoliwo "Reformo Agrdr,o - Questão de Consciinc10":''~oobje1i,-odo lfrroerapro,vx:arum11c-irramentodosdebQ1eseumamobili<llÇào contraaRejormaAardria,elefoi atingido''. A amplitude imernaçional do'"proi)"cssismo"facilmemecxplka.aosolhosdoautordaie,;c.

qucol'residcntedaTFPsctenha ,ohadoparacomba1ê-lo1amb,!m no Exterior: "Porse1ra1ardeum fenómeno fo "prOjrcssismo"I quenàosert.slringeaoBrasil,w artigosdeP/inioniíoselimilaram acritÍCf/rapenasoepisrof)Qdonacianal. Acompanharam a1e111amen1e o awaçiío da IR reja no E.x1erior, princ-ipalme111e t1u Améric-aLalina". Rcronheccqucocombatedo Prof.Plinionâofíooucircunsai10 ao nqucrdi~mo na l&rcja. A dissertação tc\"e também cm ,u. 1aapluralidadedeaspcctosdcs· sanobrc!uta: -Cum re:açio:iburti;utsia: ··uma das preocupações primor, dia Is de Plínio serâ com a impre, l'id,ncia da burguesia diame da ameaçacomunis1a". - Tam~m no C'llmpo monl: O l'rof. Plinio comba1ia "a

~:=1::

a,:;;;;~~~a::so mosimplesregis1roparaefei1w c-ivisstc-undârios",comosendo "alg11ns 1xm1os em romum c-om wc-omunistas.Oidea/ro,,11111/s• 1ade,·idasexua/10rnou-seaas· piraç'7o de mui/Os no Ocidente''. - O mesmo nO!l arniaio anlkomunlstu: ""Plínio .... 1emia a ameoçacomunistatkridoàmo. le~a e à imprevidência dos an1komunis1as··. - Quantuaon,ntrismo: "O cenmsmo teria uma posirdo in· CQf'renteporquequerc-onriliaro inmnciliâwl. Orno pensa111m10 1emq11e1erlógic-a".

-Quan1oipoli1;c.1nternaciun~I: "As constantes anã/ises quePliniofe~dapol//lcainternacional /aram uunbtm c-a/cadas numa ,·isào polarizada, onde qualquer pofl~ic-a que ndofosse Jranro, dara e constantemente anti-so,·ii1iroean11romunis1oem ltf!ral,eraduramen1ecri1icoda"" AcrcsccntaoProf.Lizània,i: "'Entre1an10.elenãosehm11ava a aponlar immigw diifarçad05 .... Com efeito os disc11rsw de Plinioron1inhomo111roselemen1osderonve11cimen10,queeram osapelosadeterminadosl'alores romoafaml1ia"'. E ainda: para l'linio"algrejaCa1ólic-aeaCi,·,/i-JJÇ(ioCris1àporelainspirada, a qual tem como modelo ideal umasociedademtdie,·ulldeali::ado. sdoa5express&sdobemeda <'erdade. Tudooqi.econ/rariaou negaosvoloresdes.mciviliwçtio cris1iieasverdadesimu1d,·eises1abeleâdas por Deus a1ra,·és de sualgft'ja,representamomal,o p«odo,.ttfraque:J1Shumanase aprôpriaaçàododem6nio.Própric,s da cMli:.açdo cristã, sendo por1antostKrafluuias,es1tioa propriedadeprfrado.ahierorquia soc-ialqueeslabeltc-tdesigualda des legilimas. a Jaml1ia de aror do rom o modelo cristão, a autoridade etc.". Por fim, como obsef\ador arguto.notaoPror.Souzalima: ••0sgm·ernosmili1aresnãoreali;:arama1arefaquePhnioconsldera,·a mois 1mpor1an1e: imfJ"dir a presem;a controladora dw 'esquerdistas' 11(:IS me/o$ de romun icapio, nas uni,·ersidades, na imprensa, nalgreJaedemaisselOres importantes de produção e difusão ideológica'".

Idéias que marcham para a futuro Adiss.crtaçlo,aoquepareceacontragosto. não querendo contundirdcfrcntearealidadc, oonfosa: "AsidéiasdeP/iniopa rec,,msuperadas.anacr6nicas,in c-apazesdecon1in11aft'mronvenc-e11doedecriaremno1·asral;t!$ Mas.nasprinripaisruasdesao Pau/oedeoutrasnumerosascidades aindo nos deparamos com grupostkjOl'fflSl~ridosromcoposvermelhas,("Qbe/Oscortados rentes,portandobande,rastkinspiraçàomedie,·al, gruando 'slogans" em defesa da tradiçao, /a· m,Ua e propriedade e dif11ndindo comentusia~moosfivrasepanfletos escritos fJ"IO /(der. A TFP

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Setembro de 1985


A opinião dos examinadores A BA NCA QUE ru mln nu I dissrr1açio "Pllnio Corrb de Ol in ira : um Cru zado du Sk ulo X X " r Ma• Mcomposta pelos pro Frswrn Cândido Pr ot'Ó?io •·errelra de CamMrjlU, r..k:olau &-•nnlm e Aui ustl n "trnfl. •:s1r último, lt ndo iildo o orirntadordalcst. pttferi unio Fa,tr oWt">açõe,;wbrto mirilo d1 mHml. Ab1i~o nproduLimos. H um1 fi11irav1d1111 oca~o. •la.• ma, obsef'\·~c,n esparsas do,i dots 011 11"1H oaminadom, ambos dt' orknlaçiO ldNllógica diferente dt do Prof. P11nlo Corli1 de Oli>rira. furm&-lo 1 1il11 lo mt,n,mHtr infor.., .. l,o, sem no,, prn1u11darmM sobre posóçõe$ tom1das ou lllpó1ews ~··an1adas .

Pak:lvras do Prof. Cbndldo Proc6pl0 segundo o Prof. Nicolou S.vcenko. membro do banco Hamlnado1a, os cong•e= eucorlstlcos soo ,eolizoçõm eo,ac1er1.i1eos do m~ 111onc10 de Pllnlo Corrto de Ollvel,o. No loto, cena grandioso do IV Congreuo Eueorlstlco Noclonot, reolizodo em SOO Paulo no ano de 1942. doouol esse insigne líder cotOllco foi um dos oroÓOfesoliCiOi•

continua org11111:.:ada e a/Uanle. Os seus membros n4o parN:em estar aba1idus ou desanimados, uu con1rdrio,d4oaimpress4odeeslurem/ortestconjiun1es"

.

ATFP.$00adlreçoodoProlPlln10 Corréo de Oliveira, 1em ,e,o. Uzodo componhas e olos pUbll· cos conlfo o comunismo e o pro-

greulsmo eotôlico. No 1010. o Presidente do Conselho Nocional do TFP discurso, duran!e o o Toclvlco realizado em novembro de 1973. ooPõriodoColéglo, ~~u~ls~l:o pelos v!Tlmos do

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bceluadasJc-,·niruinuaçôcs -queéotribulopagopcloautorà5posiçõt:sidrológicasque adotou-nãosepodencgarque arcalidadentábcmobscf'\·ada. E ante tal realidade, o autor da te5ecomideraapossibilidadcde as idéias do Prof. PlinioCorrêa deOli,·eiraviremainíluenciaro futuro.Eisaú!timafrasedadissenação: "O/u1urod1rómoiswb~suo [dessas idéias] ropacida de de sobre.-ivlnC'la". ~ fato elepodfflateracrescentado da,, já prosperam na Amtrica Latina, fatados Unidos, Canadá, Europa e Austrália AindaumaobservaÇãofinal torna-se necessária. Trata-se de lembrar uma omissão e.~istente na tcsc.Paraquem-comooautm dadissertação-ntudoudnida menteopensamentoeaaçãodo Prof. Plínio Corrb de Oli,·eira. é impcrdoá,·el não mencionar uma,·ezsequeropapelabsoluta men1ectntralque1em,noscscritosenavidadoinsi1nemestre, a dcw,çào a Noss.a Senhora. Com .-srnomisiãoficanegligenciadoo fator primordial da propulsão queanimaoespiriioeaobrado PresidentedoConselhoNacional da TFP: a confiança em Maria Samissima. &oProí.Uziniaschegasseacompcnetrar-sedoquesignificaeniiodasuaamplitudeaação deNoss.aScnhoranaHistória,teria mair; facilidade para compr~nderp0rqueasidéia5que oalógicador.principiosqueele adma-deveriamtstarperemptaseaoacrõnicas.têm.entrnanto,narealidadedehojetan1a,·ida. E entendeTia também por que ohomemqueseiden1ificacom taisidéias,sendode!asoJimbolovi,·o,apropulsãoconstantee crescente,estápene1rndop0rtanta cenezada vitória!

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Grtgórlo Lope;;

··0Sr.tseolMu lparasuadi1<1:rtaçlo] .. .. umpersona1em queuerceuee,erceumpapclli1nific1ti•·onavidacuhurale politicado Pai.. "Um outro mo!,-ito do seu trabalho, de maior ampliwdc, é que quase todos o,, histon1dorn, 0§ wrióloXOli e os 1eóloaos que estudam o catolicismo no Brasil, estão muito elcitados pe!a \inha progr.-ssista da Igreja ..... É ummtritodoseutraba!hoode pcgara ponta utremada ou1ra faceda Igreja. ''Aminhahipótcse~queamatriz dopen,amentodtlefdo Prof. Pliniol está ne~st peo5amcnto .... anti-liberal, an1iburguh, um pen s.a memo que questiona a igualdade das ~S· soas.... O que ele pensa é eutameme a rea~ào católica face .liRc•·oluçãofrancesa,faceàsidéiasdeigualdadecmrcos homens. ''Um indicio que tal.-ct ,·oci não obscr•·ou tanto ..... mas na LEC [Liga Eleitoral Católica] o Plinio foi um fuor importante. "O i\rcebi>po (D. Cario-< Carmelo] subiu. foi posto em Sio Paulo. e d~i, de at1um 1empo o Plínio foi expulso do 'Legionário' ... .. O Arcebispo era ge1u!i,1a . "Todaacontrovérsia[sobreareformaagrária]airouem lermos econômicos. O único que falava realmente nos termos qucvodu)couJosreligiosos] foio P linio. EscrC\'euum!is·ro especial sobre isso. Eo Phnio foi tido e meditado'·.

Palavras do Prof. Ntcoktu S.vcenko "Você enfrcntl! dolS grandes tabu~ desta Uni,nsidadc. Um dos1abusétratardereligilo,cmaisparticularmemedareligiãonoseuaspectooomervador:eoutrot abuéodetra1arde um!íderoonservador , maisparlicularmen teultra-conscrvador: e mais: reacionário. "Eu acredito que a Universidl<k também tenha nsa prrocupaclo pmitiva de não .... dei:ur de lado o quc é a grandr família, a grande fortaleza que é nse pensamento constrvador no8rasil.E,'O\Xfoil01onofulcrodcle,noladomaisradicaf "A oomunltão CO!Ulante, a questàoda primeira comunhio. 1qucs1AodoSagradoCor~Jo.aconstituiçãodosCongressos Eucaristicos.que .... c:stãoden1rodorecortcimedia1amentemodernodalgreja, .... eéaelnqucdiz rnpeitoa militãnciade PlinioCorrhdeOlivcira ..... Entloo Plinioéamodcrnidade . Ele é o homem dessa máquina e ele quer levar essa máquina àsirhimasconseqúfocias. "Dainse1i1u!oinstiaantequevoctdáascutrabalho ..... 'Um Crui:adodo Século xx·. Cruzado? Sem dúvida. Do século XX? Sem dúvida ..... Nio se trata do mesmo cruzadismo dos séculos XI, XI I ou XVI, traia-se d e um cruzadismo de na,u~u rornplctammte diíeren1e, de um crui:adismo do século XX ..... Dai a relação dino com o ultramontanismo. "É uma utopia organizada como um uércico para lutar contra ou1ro nército. O utrcito do Bem contra o exército do Mal. Toda essa coruuução é basicamen te iraniana [maniquéia]. Na Idade Média ela foi reformuladaapartirdes!.ll matri1da Anti1uidadcpclosmilosdacavalaria.dalitera1urade1es1a. . ... queéabascdetodanos.saliteraturaatélloje ..... EoP!inioentracomtodaaforçanaraizdessaforçami1ic1milcnar. .... E~ tem uma força m/tica npantosa. É atraordinário como ele eonsegue arlicular eontetldos transteniporais, aos quais nossa ci•·ilização tem se agarrado com todas as forças. "Você também não eotra na queitão da TFP, • organii:ação imerna da TFP. É uma wcícd;,de enorme, "Acho[seu trabalhoJumacomribuiçãofundamentatpa· raoconhecimemodahistóriada lgreja,e mesmodenossahi.s1óriapoliticano5últimosSOanos".


O Escapulário do Carmo,

~

Morlo Santíssimo cone.de o escopulOrlo do Carmo o soo Slmoo Stock - Pintura de A!euand10 fronchl

socorro seguro para a salvação ' 'o

QUE ORDENO niJo comporto ro11-

trodi(do 011 demOf'(l. E para que dhfé às mi-

11has paün·ras, $lli/xu que, nesta m<'smo noite, 1,usjuíus, inimigos de minha religido. r6o 111/ngidos pela vingança ck !Nus, e mor-

rer-ao na mesma hora de morte :súbito". Nesscs termos imprenionames se exprimiu a San, líssima Virgem Maria cm uma apariç.ão ao Pa,

paHonóriolll,em1226,ordenando-lh<"que aprovas:K" a regra e protegnse a Ordem Carmelitana, ou de Nossa Senhora do Mon te

Carmelo.

Nodiascguinte,30dejaneiro.Honório Jll soubc damortedo•juizesquetinh.am •i· dooonvocadosprloSobcranoPomificepara resolveroassuntorderent eàaprovaçaodaquela Ordem religiosa. O Papa chamou então

0$reli&iososcarmelita.s,abraçou-oscombondade,eredigiuaBulaqueconfirma,·aareara eaprovavaddínith·amente o instituto. Os filh.os do Carmelo renderam açõe$ de graçasao1omaremconh.ccimemode1scprodla;ioedainsigncproteçãodaVir&cmMarla para com sua Ordem. A lembrança desse arontecimentoíoipcrpctu.adamediantcuma festainstituídaporaquclePontífkeapedido deSãoSimãoStock,naépocavigârio-geral dos carmelitas do Ocidente. Trata-se da r.:omemoraçJ,o,;olcnedcNossaScnh.oradoMonteCarmclo,qucficouconsi1nadanocalcndário litúrgico a 16dc julho.

O Carmelo é uma bela montanha situada na Palestina, quc faz pa.rte da cordilh.cira doLíbanoedominaavas1abaíadeSãoJoio d' Acre,no Mediterrãnco.SituadacntrcaGaliléiaeaSamaria,distal0quilômctrosdcNazaré,clevando-scaSJOmetrosdonivcldo

"Carmelo"emh.ebraicosignifica"Vinha de Deus'', "Campo florido '' . Osârabcs odcnominam Monte de Samo Elias. Ali habitararo. n a ~ do Amigo Testamento, os santos profcta.s Elias e Eliscu. Ainda existem asgru1asondeclesscrccolhiameana~eme d'iguaqueSamoEliasfetbrotardattrra, em virtudedesuasoraeõcs. O profeta Elia.s, que naso:,,, no ano dc980 a.C.,haviaencmado4~falsosprofetasdc Baal,àbclradatorrentedeCison,quecórre aopédoCarmelo.Ossaccrdotesdaquclc deus pagão haviam seduzido o povo de Israel, fazendo-ocairnaidolatria. Emcons«iüCncia, soba.sordcnsd.-Elias, ocfo sc fechou por umpcriododetrêsanos.catcrra,S('mchm·a nem orvalho, tornou-sccst~ril como o coração do pc,;ador. Apósagrandecsolcnecxccucãodajustiçadivinacomraosinimil!'osdafé.ocorrcu um fa10 miraculoso, çu.jo significado simbólico, scaundooscxegctas. era a fisuraexcelsa dcMariaSanti!>Sima,queviriaaomundomui toss&ulOi depois. Quando Santo Elias, com sua espada. deu moneaot$aCCrdotCS de Baal, disscck aAcab, reide Israel: "Vai,comeebebe,p0rque jáse ou,·e o rufdo dumu grande chuva", Ao mesmo tempo, rnbiu ao alto do Carmelo e prostcrnou-scdiantcdoScrihor.Apósterrezado,oprofctadisscascu.scrvidor: "Vai, e olha para a bQnda do mar", O servidor foi, eapóstcrromempladoatranqiiilidadcdasondasdomar,voltouedisseaosan10,·arão:"Eu nãowjonada".SamoEliasmandouqueelc ali,·ohasscSC1c,·ett1. E na sétima, uma pcquen.anu,·tm,scmelhantcàpegadadcumhomem,lcvantou-scdomar. E disse o Profeta:

1,

"V11i, e diu

II

Ac11b; 'M1111d11 merer os c11v11-

losno 1n1carro, ecorrt, n6o 1e111xmht11chu,·a'", Enquan10Aç;ib,assus1ado,olha,·aao

redor de si, océuobscu rcceu-secomviol~ncia, e caiu umagrandetcmpesiade(cfr. lll Reis 18,41-46). No Ofício de Nossa Senhora do Monte Carmdolê-scqueapequcnanu,·emquesccle,ou do mar era. o símbolo da Virgem Maria. Assim como a nuvem que se eleva do mar não levaconsigoopcsocoamaraodesuasiguas, do mesmo modo Maria saiu da raça humana dccaídaecorrompidapelopcçadoorisinal, semnadaroncrairdcsuasmanchas.Dcsxmodo,adoutrinada [maculada Conceição foi sempre particularmente venerada na Ordem do Carmo. É tradição constante na Ordem carmcli1ana quc, 1cndo o Profeta Eliassidoins1ruidosobrcnaturalmcn1carcspci1odosi3ni!icadodaque!anuvenzinhacomosimbolodapurczadcNos$aSenhora.rcsol,·cuimiti-lascm conhcd-la,tendoíundadoumacomunidade relijiosa. SantoEliastomouEliscucomoseudiscipuloesuccssor,eváriosfiéisisraehtasaclcs se juntaram. Foi no Carmelo que o santo Profeta fundou sua Ordem. a fim de formar homens dc zelo para combater Baal, scu.s falsos sacerdote5c profetas.

Nazart, onde Maria Santíssima passou umagrandcpartedesuavida,cravil.inhado Carmelo.Narraumapiedosatradiçãoque,no retorno do Eaim,aSagradaFarníliapcrmaneccualgunsdiasnagrutadaEscoladosproktas,equeNossaScnhora.natpocaemquc rcsidianaqudacidade,sccompraziaem ,·oltarfreqüemementeaopédasamamontanha, paraconversarcomoseremita.seosinstruir nosmiscbiosdaftena.sregrasdepcrfciçJo.

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lhe dizia rom /ernos suspiros: 'Flor do Carmelo, Vidl'jlorida,l'Spfl'ndordoCiu, Vir,gem depois do pano, inrompardvtl, ó fl.fk amd•·el e sempre Virgem; dd aos rormelitas priviligios de pro1~0. ó Estrela do Mar·, t1paren>11-me a Scbl'rana Sl'11hora. esroltadt1 de inumerá,·eis Ar,jos, e tendo em suas miios a hábito da Ordem [o Santo Escapulário]. d~me: 'Recr!N!, filho meu mui1ot1mado, o Escapulário de lua Ordem, smal dt minha ron· fra/ernidade, privilégio para li e para todos os carmelitas;oquemorrerrome/e, não pode· ará o fogo eterna. Ele i um sinal de salva. pia, proteção nos perigos, simbolo dl' paz e depac/asempiterno"', ComesS<'auxi!iotãosubJimcc podero· so,SàoSimãoStocktcveafelkidadedcvtt odesagradodosseusinimigosoon,·c,ner·sc,em btncvolCntia. e os moti,·os de desprcw lornarcm·S<'causade,·enttação.

Aindadeacordooomareferidatradição. muitosf11hosdctliasou,·iramapre1açãode SãoJoãoB.a.tinaerea:bc,ramseubatismo.Por ocasiãodePentecostes.láes1avamdesaouvirosapós1olosf;i.larememdi,·ersaslin&uas e oomeçarem a ~rar milagres: em nome de Jesus. Creram no Evangdho e u ~neraram oom umaafeiçãotodaparticularN=Senhora, aquemti,·eramaa!egriadc,,·er,edeoomEla com·i•·ernamomanhadeSion.Jumaram-5-l' ao1 Apóuolo1 para pregar na Judéia e na Samaria Foina>encostasdoMonteCarmcloquc desoonstru!ramumapcqucnacapclacmhon· ra da Vir&em Maria. sem dúvida o primeiro tc,mplod«licadoaNossaSenhora.Alisercu· niam cada dia para cama, louvores à Mãe de Dcus.OsíiéisqueparaláaoorriamcomeçaramalhesdaronomedelnnàodaSamaVir· 1em,1ituloaJoriosoquefoioonsc,n·adonaOr. dcm, conuirado pelo Papas. E Urbano Vt concedruindul&iflciaaquemchamaMl'osC"armelitasde lrmãosdaBem·a,c,nturadaMãedc, Deus, Maria do Monlc Carmelo.

Oscarmeli1astivcramrnui10quc,sofrcr, duramcapcrS<'guiçãopagãdosrnmanos,ena épocadaconquistada Tc,rraSantapelosrnu· çulmanos.Seusmártiressãonumer{).SOS. FO· ram obrigados, durante n,no tc,mpo, a dd;,ar o hábito religMXO. Oir--se.ia que o Carmelo iria perderosúltimosvestÍi,Í0<dc,suaglóriaebc,. leu.Nesta~osíilhosdoprofctaEliMle"ª'ªm,·idadc,erc,mita5eanacoretas. Libtrtados pela espada dos cavaleiros autlos,eltSreuniram-sc,no"amentc!.Obaau· toridadcedireçioespiritualdcs.ãolknoldo dcLimoges,,randccrulado.dcfensordatid.:idedeAmioquia.quchaviaabandonadosua cspada,cscudocarmaduramatcriais. para armar-sc dos instrumentos espirituais, própriosaumavidaascéticapassadaaospésdo MonteCarrnelo.GrandenúmerodepercgrinosdoOcidentecntraram então para a Ordem,sejanaquclcloca],sc,jarn1S<'uspróprios P:3'isesdeorijem,comoporcxc,mplo,Sã0Cinlo, SantoAnaclo, s.ãoSimào S1ock. ComaqucdadoRdnolatinodcJerusaUm, novamente correu o Carmelo o risco de sc,utinauir. Maseradesí&niodc Nossa Senhora que, sua Ordc,m se upandissc pelo mundo imc,,ro. Os gerais da Ordem - São Bertoldo e Samo Alano - em·iaram cmisiários p.,ra Chipre,. Sidlia. Alrn1anha e lll.f!laterra. Slo Luís[X,Reid11França,~lvodcurnnaufrágioporintercess;lodcNossaSenhoradoMon• tcCarmelo,rccebcraahospitatidadedosmonges carme li tas, e por rcconh.ccimcnto construiu·lhescmParisumconvc,ntoqucfoi oberçodcmuitosoutros. Masporseruminstitutono,·onoOddente, a Ordem Carmelitana foi objc,10 de muitas oomrariedades e pcrs,oguições. htodncio Ili llavia estabelotido, em 1215, no IV Concilio Geral de Latrão, GUC nc,nhum outro ins1i1u1oreli1iosopoderiaser íundado semaaprovaçlopontificia. Em 1205.dnanosantcsdoConctlio, SamoAlbc,rto, PatriarcadeJcrusalérn,havia oon.cedido uma regra escrita aoscant1"li1as, cm nomedoPapa.dequemeralcgado.Considc,. rando a antigüidade da Ordem do Carmo, a elaboração e concessão da Regra feita pelo SantoPatriarca,tranqiiilizaram-seosreligio. soscm relaçãoaodccretode l noc<!nciolJJ. AinesperadaupansilodoCarmcloprovocou.porém,airadodemõnio,queexcilou c,m toda pane homens animados de um ielo indi$Cl'elo. Sob pretexto dc,adesào às leis da l&rc,jaeàsnormuoontitiares,passaramaa1acar a Ordem Carmclilana. viundo sua exiinçi.o.

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A devoçoo o Virgem do CQrmo-6 multo Or· ralgadoedi!undidonoBrosll,deKlea•po. co colonial. No foto, o belo Imagem barroco de Nosso Senhora do CQrmo - Museu do CQrmo, Solvodor(Bohlo) Tendo o Papa Honório Ili sucedido 1 lnocênciolllnogo,·crnodaSantatgreja.nomrouoSumo Pontíficcdoisjuiies.qucc,le acrcdita,'ll.sercmadmlradoresdoinsti1u10,para «aminaro caso. Esses dois personagens procuraramrc,tardaraoonclusãodoproctSSo e multiplicar u dificuldades. Os atruos.i' duravam dez anos, quando a Samissima Viracm, aroso5dcSãoSimãoS1ockcdetodososcarmc!i!as. tomou a causa rm suasc,xcelsas mãos. Tendoaquclcsdoismcrnbrosdacúriaroma· nasidocasliaados,comojáíoidescritonoinl· dodesteaniao,osrcligiosospuderamaour al1um1cmpodcpaz.

Em 1245,SãoSimàoStockfoic,leitosul). prioraera,I daOrdc,m Carrnclitana. Apesarde1odososfavoresd0Céueda proteç.ão do Papa, continua~• a oposiçio de muitos eipírilos â Ordem Carmelilana. A pcr5t11ulção aos filhos do Cannelo se in1ensií1COU. OaílitoGera!,vcndoqucaperseguicio niocessava,oonvenceu.sc,dequesónaintercessàornisnioordiosadeMariaSantissimapoderiaencontraroamparodequeneçessi1ava. Recorreu,pois,asc,ueficaipatrocínio. Em12,1,nasvésperasdaFesiaSolenede Nossa Senhora do Monte Carmc,lo, Maria Santissimaaparo:ccuacste1randefilhodeSantoElias,truerrdo-lheoEscapuláriocarmelitano.ElavestiaohábitodaOrdrm,cstavaooroadadecimilantescstrclas,ctruiaseudi•·ino Filho nos braços. Dc-ssc, modo, a Mãe de Deus ou1orgou à Or<km Cannditana esse ou1ro ra,·or as.sinalado, o qual, alérn de ser ooncedido aos rdigiosos, c:stendia"5C também a todos os fiéis. sem distinção. quc, o quíses$<,m reçeber. Em cana dirigida a sc,us irmãos de Ubito e filhos cspirituais, dC5CTcvia o santo o grandioso aoomeçimc,mo: "Quando derramava minha alma em presença 'do Senhor, aindu que sendoeupdecinw, ecamtodaconfiançasupficava t1 minht1 Senhora, a VirgemMt1ria, que,assimromoquerit1qucnôsnoschamdssemos seus, moslrasse Ela qucert1 nossa M!Jt, livrt1ndo-nosdt1perseguif4oedando-nosalguma mostra sensível da ronsidcrtl(QO e esfima partin,/arque nos /em, para ro,ifundiros que nos pen#gucm; no momento em que tu

À sombra da vandc, Ordem do Carmo surgiuaConfraria,;1.,NossaSi:nhoradoMonleCarmclo,paraoscatólicosleigosque, não podcndoabraçararearacarmelitana.quisc,ssem entretanto colocar-se soba protc,ção da Santíssima Virgem, honrando·A sob essa invocação. Masoprivilégiomaisno1ávelooncedido a quem portar o Escapui.rio do Carmo, além dojárc"eladoaSãoSimloS1ock.consistena indulsênciasabatina,prometidaporNossaScnhora numa aparição ao Papa Joio XXII, aos quesc,re,'fS1issemdeseuSan10Escapulário. fs5aindu!gêncialibertadofo,od0Purgatório,nosábadoscguinteàmorte.1odo,aqueks que t"'1ham portado cm vida o Escapuli· riocprcenchidoasrondiçõesparaobtercmes· sagraça. A gloriosa Mãe do Carmelo ainda fez mais. Confirmou esses imensos favores çom milaarcscélcbresqucvarreramasrnenorcsdúvidassobrc,averacidadcdacíicáciadoSamo Escapulário. Entretanto,quandosedizqueaquclcs quoportamoEscapu!,rioserão!ivresdofogodoinferno,nãoJi&nificaqucoseuusosejasuíicientcparae-.·itaracondc,naçãoeterna. Énccessárioquc,ofidcumpraMobripçõcs da vida cristã. Os católicos que, usam o Escapulário carmc,li1ano, além das iraças oomuns rea:bidaspor1odososíifü,liofor1alccidos <kmodoespccialpetaproteçiod1Mãc<k Deus. para alcançarem a própria 1alvaçio. Parartteberaindulg!nciasabatinaénecessárioquc,o fiel rccitetodososdiaso p.,. qucno Oficio da Viracm Maria, faça almin€ncia nas quartas-fciras e sábados, c, auarde a castidadesc,gundosc,uestado.Asduasprimeiraspr:iticaspodc,mS<'rcomutadaspclosacerdotc,autorizadoaimporoSamoE.scapulário.

Para o homem do século XX, imerso no corre-corre, vivendo sob o innultO do noopaganismo, sujeito a morrer do modo mais inopinado, estar revesiido do E.scapul.trio c,quivatcaumaprcdisposiçãoparaobl:erasalvaçioctcrnaeS<'rlibtnadodo Pur1atóriono sAbadoS<"guinteaodiadamorte.EssesinsiJ· nesfavorcsdevuiamconstituirpodcrosocslÍmulo para a convttsilo e a prática da Rcli1ião. Não foiS<"m propósito que.a 13dcoutubrodel9l7,NossaSenhora,naú!timaapariçãoaostrCSpastorinhosportuaueses.emFá tima,oonfirmandournavezmaisessasgra,;a,i queElaooncedcuaoshomc,ns,manifestou-se sobain\'oc.açàodc,NossaSi:nhoradoCarmo. JosiFr1r1ciscoGou u<ia


Ver

para

crer L EU

APRESSADO, porccr1a rua central~ Slo Pauto, quando mt chama a aitn,10 1tm

lfrroeme.,posiçlona 1•irrincdc

umali,·r•ri1.u,-~10,mdhordi· ría.Olitu/ocoasp«ro•eralindicanim cluamcntc tratar-se dt uma publica cio popular de propaganda com,mimr. Compro-o,

intcrnsadocmconh~rasarrimanhasno,·ascomqutasesqucrdas prctMdtm manipular o espírito popular. Ponho-mcall-locdcparo. cnfasriado,com11ssurradascdc-

sacrcditadas ,·isua/izaç<Hsda filosofiamar1risra,acompanhadas dcdcscnhosordinárioscporvc-

zcs arégrossciros, como o que apresenta uma mulher faminta, cmcujo,·cntrcv~~umacri11nc11cm1cst111;Ao(p. /11).Alicsta-

vamasrosrumtirasafirmar6cs graruitas,qucrobriríamdcrcr• IIOnha a1t mesmo um marir,sia maisins1ruídoeaiualizado. Dir=·iaumpanlkloootl«'bido por um ime/1:'Cfua/óidt dtlirame, milirame do PC do 8 ou doMR-8. Comcfci10.oaurordopanf1cro, noafl dcc.talraroseu ídolo. Karl Mane, susrema proposi· çôcsqucncm m.-:smo.-:steültimo ouwu defender. Aprrscma, por exemplo, mu pJginas J() a 47, o ugimefcvda/dafdadtM«liaro. morirankamtmccxp/oradordos trabalhadOllf manuais, quando o próprioMarxrcronhcccquewb ouferidorctímc,nos«UloXlll. orrabalhadorman11al.nalngla1erra. vfreuamelhor(asedes11a hisrória.Éc/aroqucMar.,repú· dilm1 o fc11dalismo, apesar de propiâaraosuabalhadoresmna boacondiçlfo,porfundar•seesre emumaoonccpç/fonawralccris· t.idasu/aç&shumanas,qucse op&ao materialismo dia/trioo fündamcmofi/OS-Ofioodadou1rinamauisIa. Ono.ssos11pasromiliramedo PC do B. portm. p,1m1•• porei, ma diS50, bem oomodm mais ekmcmliíO':S oonh«imentos de hisrória, de filosofia etc., e brandia seus "dogmas" uvo/udonários. Opannerofigura uma rc11ni.lo - quiç, de uma dlula do PCdoB-naqualum dospartidpamesseproplícamostrarcomooomeçou II história da huma, nidadc(p.22}.lniciaralnarra..to oomaid6•dcque "noC'OmtrO, as pasoas •frittm gm moiora P""°'JNJnkS".DcusCriador~. logo de saída, o grande ausente dcsl.ahiscória.N/fosefaladacria· ção, do P•raiw, do pecado de no55os primeiros pais. nada!

Que a religião servia para anestesiar a cabeça do povo. O povo ficava {>Cnsa11;d~ . no céu e não via as mJustiças da terra.

Dcus nAo c.o:.iste.' Aliás, nAo podffla ser de ou1r11 maneira, pois se se 1111111 de apresem.ar a ronapcJlo marxisra do mundo ... NJloscfaladaorig,-mdohomcm.masoautordcixainsinuado.pclosdcsenhos,queprofrssa adouIrinac,·oJuâonisramaIerialis11,poisapresc111ac-sscsprimcirossereshumanosoomIraçosfi sionômioossemdhamcs aos do macaco (pp.1Ja 31) A história continua.sempre wbreostrilhosdo"matcrialismo hisIóriro"marxisia. Passa agora para a consideração do feud.,/is mo e da sociedade medieval. Enru o mundo amigo e a ldadc Midia,xor1cuaEncarnaçáodoVerboeaRC<knç.iodogfnerohumilno.MasoaurorígnoraNossoSenhor Jr..us Cristo. Ignora? Digo mal. pois numa das pouquíssimas ,·cus cm qllC Ele é lembrado~ para ser insu//ado. A página 105, onde se represem a Nruw Divino Sab'ador,;rucificado,areligiãoé apresentada como "ancstesiadora" dopo ..o

Prossigo mính;, lciwra r,esadclo. Vt'ma~11irosdesgasradoscha,"ÓC'Swb«aorigcmcru male(i,;ios do capi1alismo. sem pouparscq11erasblasfemasacusaçôcsA Igreja, de pactuar com os "e.~ploradores do po.-o". As· sim, à p. 19 se lê: ''.4 rehjião t!

muito imporlanlt' pan1 o cupito·

sdseug,wtebotororo11111nis1110 oq11i". Oinfclütraba/hador, mui· significatframcmc chamado "Zé Brasil", salta desusro: - ''Quet!is1o?Ekfocom11·

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nismo/ t! o /im do mundo! -"E,'OdronltttY<'SYôi· cito chamado ro111uni.s1110? - ''/\'tio... E llt'm q11t'ro. - "Poistk,·iaronhi't:W'.'"

E com uma rom·crsa mole e ardilosao ..ronscicnri;cador"•ai desenrolando sua doutrinac.lo: ''Ahumanfdadt'gmpr,so-nhou rom um mundo qur foss, mrlhorpal'tl rodos..... ,11111/as homens pensal"tlm num mundo .f<'m ,njus11"'5. Um deles pensou

numa sociedade ondt- rodos=· bt'riomdearmo::tlnssociaistudo o qur Pf"t'rÍS11SSem. O111ros /10· /l/e"l'ISSOllllofl1/flCQ/11Cffl""her, bef. rdrios. ,·órios .un·1ros rom11111i11r10S. "(!ueriam 11C11bur roma ái1·is.io en1,-, ,ro/JulhofiSico c rra· bull!omen111/. ''. 1/ose,saysociedadesf=· rr,n1.stinosonlro. Atéqur(lpaft'«u na Alemanlt11 um homem chomodo Korl ,\far.r. Ele 11<ltou qi,r- o par111SO poderia ser cons1ru,rlo e111 c,ma da 1t'f"rtl. "lf11rxroni,roues1uáon1oa histdnodohu1111111idl1tÍt'. .... Ewii tlllfo oqu1l0 Çlll' estudomos "(pp.

96•100)

Nodlõlogo obObro en11e dois protogonlstos do folheto, tico Insinuo do o lmplontoçõo do comunismo no 8rosll

/ismo..... Sabt'm[oscapi111listas/ que, s,df)minuremardigi,io, eles

podem IM seu lucro com mulfo mais ln111qiiilidade. Usom Deus poradeixoropol'OQIIÍf'IO. Enrão oreligúJ01emq11eserespiriti,o/. Tem qur e,zsino, q11e o que imporrat!o Ct!u. (!ueahumddude, resígn"fdo, paciência... 5Jo ,·,rtu· de:Jdobomcrisrão. Qut'1rrontl'tloaplort1ÇPO t!odiaro patrão, isso t! vio/incia, e Deus t! um Deus /t'ito fsic/ pal'tl a pa;, asermidatk... Enquanto 11 Igreja/a:: isso, polira. bi.Jpostbn11ami;:otkáo.s 1ronde:J". Tudoi$$0ér,gurado. na ral hisrória em quadrinbm.. por meio deumarcuni.lodcrrabalhadores, na qual um "ronsriemizado" ··conscicntiza"rudcmais. Apresentada assim pelo "conscienti;cador" a siwaçào atualdahumanidadc,,'CmapcrlJUnla dcumdosparricipante5·

"Essol11srôriaÓl1humaniámkesrderrado. Serdqueotl'tlbulhmlor ll/llll't11'aÍtt'f"•Y::?". Umou1ro ''conscientizado" apre$$11·stCmre5pondcr: "/km,

CATOLICISMO -

Setembro de 1985


O auwr confc-ssa, portamo, quc-rudooqucaprt'$C'1t1ouépc-nsamrn1omar.1isr11. Maisdaronão

pode-ri• C'S/ilf, Passa c-mJo a aprese-mar mais dcfinidamc-nrc- algumas carc-gorias marxisras. 'Ol//11/Woo p(lSStldoeo pn>.sente, ,tf11rx vi11 que o m otor que f u;11!tisrdd1111nd11rera 11 '/11111de

d llSSt'.S'.,(p . 10 1). Numrcq uadrocomotitu/o "Parare flcrir" . ,·em e-sra afirma, çllo: "l:: Al11r.r«h111·11 q11l' puru terminar rom u e.rploru,õo de llll/Odll.lSeSOÓrtUOlllrU,U dus.s,,,io,mni1dotie>'t'f'lllpgurnasurmasederrubor11d'1SSt'dominun (p. 101).

,r ..

A oladodcumsugc-s1i<'odesenhocmqueumabandeirarom a foiceeomartrloderrubaados Estados Unidos. simboliundo o capi1111/ismo. ,emc-sraafirmacllo: ')lfua«llouqllt'11h11m11nidadr. purasufrl1':;. dt'>'C'f'1'1derruboro rop itulis111oeimp/un1urostX1/l1,smo dl' 11po rom11111s111".

Segue-seen11loc-stc-esrarrecc-dorromem ário "p11r11 rc-f1c-tir .. "Puro Alurxi'/1'1/ rlo mio mudu u socl<'liude. .... f:"nt<ioeru preciso 1011111r 11s armas 1111s mãos e d erruborosopreSSOrl'Sp,losurm(JS"

(p./01)

Cominua a cxplica,;ilo do ehcferc- ..ronseientizador":

viv,;_~ PR.OL~ 1'"1\RiAJ>o

''Cunquisumdo o poder p,los11rntos, ostmbolhudort":Jde,'l'rrom ,lllpor SUi/ d11od11m $0/Jre o untigu closSI dom111on1e. Srrill 11 'ditadura do prokt11rilldo : Quundo tontafSl'lll o pot/er os trabullm~fH'>-mtKVborromuprrr priffiudr dt!' 11po et1pit11/isto. ~ bt!'ns dt!' produ{'do, romo li tt!'rrll t!'Oil/d/ÍS/r/'1,fiet1r1fltnlll1SlllliOS do Est11do t!' Si'flfJ/11 ro11troludos pt'lo po,'O"(pp, 108- 109).

É. porra m o, a afirmaç1lo da nro:ssidadc do E.S111do r01a /i1ário etirfln iro,oio/adordalrinarura1 edosdireitosindfriduaiscmnom eda noeioaréiadlfilualdade absoluta enrf<' os homens. E.55-3 si waç;io. Marx I apresenta romo tranMtória,paraumc-s/adofinal de anarquia , em que o próprio ~~a~o,:;:,~~ri:~~;;oE:,,~:: scma a11ri;:~~~C:,":;;i~J~~or " 0 termina sua arenga com e-si/Is palnwas: "T111pnSoul.'Es.wCOt!11111ismo ro111i11111111p('n(JS11mso11/to para alguns t!' p,s11delo para outros, •·1rumosdiscu!lr, pessoul.'"

-

rcdar10iuum "conseicmiza-

do"- "J.'1111tOSl{llt!'t'lllÓrom /080 ordendo nu lingu11 .. (pp.

No Uvreto. o desenhooclma Ilustro o l&guln!e rrose, "Conqulsto ndo o poder oelo s ormos. os rrobo lhodaes deveflom lmpo,r suo d11od u10 sobre o o ntlQO c lo sse dom lno nle. Serio o d 1to dur0 do prole!ono~~;~r~ op ôseu1o po,ece 0present01 este Id eal c omunlsto c omo

Fazendas coletivas na Rússia A GEÓRG IA, NO CÁUCASO, tem sido labora16rio pa ra algumas e~pcriências de reforma da agric ultura rus§a. O Mínimo da Agricultura. Mgdadzc-. concebeu um plano para aumentar a produção. A§ fazendas coletivas do loicadas. e ~da famllia rettbe um lotc que fica 1,0b Sua rc-sp0nsabi!idade. Os camp0nese§ assinam ron1ra1 os de produção, pd05 quai l scobriaamaplantarcenasquamida<ks deprod ut os de irnninados. Se cumprirem os rontralos, r«ebcf!lo , alem do salário atual. dc 10 a ~,. da produção do lotc- que plamaram (a p0rcenta,cm varia segundo os produtos), podendo rc-,endê11 oomo qutSC'l'cm. E 5,C a produçào for maior que a c-snpulada nooon1ra10,elesfkarãocom50a70"odoc1<CC'dentc-.Ofa1a do fornece--lh.cs sementes. fertilizantes, máquinas agrícolas etc. Os contratos do válidos par vário, anos. Aahaprodutividadcdosierrenosa»imconfiadosàiniciativa particular das famitW.s comp0nesas oontras1a com a bal~a produção das fazendas coletivas. Ena t mah uma eonfirma çlodofracas!.Odosistemacoletivistacdaeficáciadosprincipios da pro,,rkdade privada e da livre in1cia1i•a no plano da produçãoeronõmica. Poroutrolado,amormcburocracia qucoontrolaasfazendasroletivasc-stásmdosímplificada. Háoitominl5ttrios cuidando da a,ricul1ura. Só os três minis1nios principais enviam I c-ada fazcnda 001cti,·a 5.240 documen1es p0r ano. Ou 5fja , 14pordia! f'oramaiad050rganilmosdiilricair,au1(mom01 e des.cenualiudos, para mmar mais '3eis as deeisões de cadafatenda.Masmuitosburocra1a,nloacei1am c-nasituaçlo. Por ucmplo. o Ministtrio d05 Legumes (!) rccu§OU·<;C a entrarncnacxperiênciadc-dcs.:entralizacão. fata nOIÍCia, veiculada por '' 1 ·Humanité'', órgão do PC francê5,em9dcjanriroúhimo,atescaanecc;r,idadedcsein crcmclllar a produção atrav6. de- um ecno retorno a princípios do capitalismo. E comprova tamb.:m a absurda e arraigada ooncen1raçlo burocrá1ica, inerente aosis1emasovittico. Dc 1al formaela!arraigada,queuminíciodcde5burocra1iaçlofoisuficien1c para determinar a reação do Ministt rio dos Lcgum~. o qual nunca de-veria ter sido criado .••

CATOLICISMO -

Setembro de 1985

J/1-11]). Paraquenilopairedú,·idas sobrequa/ocomunismoqueo au1ordofo/he1oquerimpingirao "ZIBrasil", aprescntadesenhos da foice e martclo (pp. 90, 95 e /01}, gravuras prcsrig1'osas de Kar/ Ma rx(pp. 99. l 01e 110),

~1,º1J'.º:~,,~is:;•0 ~~';!~":i0 1f; parafso(pp. 98c 120).

A C'5raalruraoleilor.pro,·a,·cJ,r,en1eaind11 maiscn1endiado

quccu,dir,: M asporqucpc-rdcr seu /empo e o meu cm dcscrc,-cr umpanfletocomunisra?! Nilo 5,C irara disso, lá1or. Massim-pasme!-dcumapu blica,;Ao "earóliea". /l fclhordiria ••comuno-progrC'5sista'º. T rata-sedcumlivreto inrirulado "O Po>'O desrobrt' 11 soârdude -

et1pit11/ism o

x

romu11is-

mo ", promovido ~la diocese de Juazeiro (BA). de autoria da ··equipedr pascorar·darcferida diocrse . O prdtlcio I do Bispo, D. José RodriguC'S de Souza CSSR . e imprimiu-e as Ediçóes Paulina5. Des1ina-se11sen-ir de "subsídiopararenc.,&s"àsComunidades Eclesiais de Base (CEBs). E a figurada reuni.to de m ili1am c-s do PC do B nio é ou1ra roisa senJo uma rcur1iio das CEBs. O leirordesconcertadohc-si1a cm crer? Procurc uma das livrarias das Ediç&s Paul/nas, e ,·cjaccim osprópriosolhos. Ver para crer! T ermina,·a cu csrc artigo quandomel't'ioàsmllosum aou rra public11çi1odomesmo1tnero, rambém das Edi#C'5 Paulinas. in1/tuiada ''Batl'-pupo sobre PoJ,: tiM"-Clldl'rn<> .l. Esta, cnrrc tanto, da A rquidiocc$e de Vitória. Niloseassus1e,IC'i1or.Nilo ,·oulheimpingirmaisumasonifera."li11:ra1ura".Museemscu c-spíri10 aindapaíradüvid1sobre rudooqucaquifoidiro,proeurc as Paulinueecrrifiq ue-5,Cpor si Hou,·c rc-mpo cm qur o comuno-prosrfflismo bem se disfarça va rom •·éus - q ui o 1/nucs - de pirdadc e re/igiilo. Ta is réus, rntrrtanto, paraalívionos.so, ,·Aocaindoumaum... A rnóbio Glav•m

Mães norte-americanas reagem contra o erotismo na musica rock WASHlNGTON - O mais imp0r1a111e jornal desta cap!tal, o "Wa.shmgion Po,1", por meio de sua redatora Donn.,c Radcliffc-.informou cmsuaediçãode2Jdcabrilp.p.wbrc um grup0demicsde Washingtonqucdivulgouamplamenic uma canavisandoprcssionaraindús1riamulic1lparaquc-dimine a.s lecra.scadavczmail eróticasepomoarilificasd11cançõcs " rock".quccircula~,5,CmqualquC'1'rC'S1riçlo.En1_r~as mães si1na1irias es1io v.½nas esposas de imp0nantcs p0lmcos amC'1'1canos. Citam exffltplos como o do e5eandaJI)!,() cantor Prince. que fala r xplici1amen1c em§uascançõessol>reatosKxuaisabcr· rantes(Prinoe j.l ,c-ndeu 14 mlllwxsdccópiasdc5C'lldisco "Purple Ram ''), Mcncio~am o gruP? Judas Priesl (Sa«Td(?IC de Judas) c o cantor pnncipal do coniumo W .A.S.P. (inicia1s dc 'ºsomos todo~ pervertidos sexuais"), como c-xcmplos da cultura "rock"quc1!mmui1oaveroom a difuslodasd:ogasecom oqueal'Ollle<:ehojccomseusfilh.o.l". "A música tOCk - diz a missiva - tem-u /Ornado por· no1rtifiro e u xualmtnle exp/(d/a, mas mui/O$ pais dC$ronheam ll$ pa/a,·ras qul' s,,usfi/1,osesauam rnquamodançam, fa· um a1 tarefa t.s<olart":J ou adormer:em. Al1uns 1rupas tOCI: defl'ndt m n1uois sa1âniros. outros roniam .wbre rr1NIW011bC'1'-t11 con1ra 1111u1oridadtdM pais, t outros soM ma111r bttlhºº.


No V Encontro de Correspondentes e Simpatizantes A Imagem que presujiu o V Encontro A IMAGEM DE Nossa &nhora

de F~tima, peregrina na fapanlra, é

um, OOpia das primití>a'> irmgens perqrinas que foram r$rulpid11s de aror·

do rom as ck5Cn~ da ,·Jdcme. Ir ,nf Lúcia. Ena im.q-em perlen<Y ao

E~&dto Awl de Nowi &nhora ck F'1una da Espin,ha. O ,apoos;h d ~ la lm~ fflli o Sr ManuelJord.1 11.SO. /ano, qlU' • n modi11 rJestk 1967. Por oca5illo do cinqil<'Dl<'rnfrio das ap11ri(Õfi mr Co,·11 da Iria, &vlpiram-sc dou imagMS de N<»sa S<-nllor11.Esr11,cks1inada/l&p,anlr11, fof produzid.l no Es1údio Nossa ~ nhora de Fil1ima, de A•clino Mor<'ira

Vinhas, em S.to Mamt!<Je de Coro11a , do(Porrugal). A~mrdcmaiode !967/nidou SIUl~naçâoporterrashispjni.as.

Su.t~m ~snnpremOfi,·ocJeinu mmhris r,,·orcs do Céu. npecialmtnte rk ol'Mm cspirirWU. Prof~•anpn.uld,,, ~Joan• 111/ffY#tfflda Vir,1rn1Man, aRe>trmdaM11dreMara~illa5 dc]CSU$, carmtl/111 dnal~. fundadora de , árias ron•·m,os da Or<km e 1cmu dcfmJOr11 da rorrcmc c.a.rmdi1a que propugN, depois do Coorilio Vaticano li, a rKklidackdaOIOOllaoni,iriwráre1r11deSanraT,:r~deJrsuf. A lmagr m P,:rrgrina dr Fárima ,,..rmanere longil!i 1emporad1u no Comtnw r:arm<"lir11 do Crrro dr los An,..irs,siruadonos11rrrd01"esd<"Madri, ondr foi su,,..riora Madrr Mara•illas. E.itr lusar é o crntro srottráficodafsp;inha,rais,rrm:omraoMonumfflto Nacional ao S111tr11do Cora-

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A TFP em açao ' 'EsTES DI AS passa.ram muito dcpress.a. Está acabando o Encontro, c cu ji es!ou pensa.ndonopróximo" Estaobservaçãodcurnacorrespondente da TFP reíle1e~moc,1adodccspiri1ogeral dospartid pamesdoVEncontroNacionaldc Corre5pondcnteseSimpatizan1e5daen!idad~ Aadmiraçãoqucsen01a,·anosquev1nhampelaprimcira,e~,podc1.ersintetiiada nestu frase de uma jovem: ••!: um outro mundo! Que ambiente! Já me tinham Filado. mas eunãoe5peravaisto". Cadanovo Enoomroaa:ntuaauniãode espírito emrr seus panicipantes. corno u1mbcm umaoompenrtraçãomaisproíundadosideais daTFP . Podi a-seobsenar pessoas.as mais di,·er!<lspelacondiçãosocial,raca,idiomaou cuhura,con,·er.aremanimadamentcouprocurandode algumm odosecomunicar,como scfosscmvelhosconhecidosou membros da mrsm a fa milia. Cena sin tomática nesse semido: umascnhora cspanhola, dcati acategoria social,trocaidéiasafavclmentccomumcasal deoperirios, residente naperiferiadeSão Paulo Ccrcadcmi!equinhcntoscorrespondcn1csesimpa1i.zamesaíluiramaSl0 Paulo,pro,eniemes do Amazonas, Pará. Ceará, Maranhão, Piauí, Paraíba, Prrnambuco, Bahia, Minas Gerais, EspiritoS.anto. RiodeJaneiro,São Paulo, Paraná.Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso doSul,GoiáseDimicofederal. As.Jisti ram também ao Enconcro dele;açõcs numerosas de corresp0ndentes du TF Ps dos Estados Unidos. Canadá, Espanha, Argenti nacChi!e,alémdcsirnpati1.antesdoUruguaie Paraguai. Participaram igualmente do Encomro grandenúmero de5'Xiosecooperadorrsda TFP brasilei ra , ~m como de entidades coirmãs dos Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, Chile. Uruguai, Bolívia, Colômbia e Equador. lnduido esse cominsente, o númcro dc peswas quc cfcti,·amente panicipa-

ram do Encontro ul1rapas,;ou doi~ mi!, o que repre..,,nta um pro11resso cm rclacão ao antcnor

Temas candentes num programa variado NaconferCncia inaugural, cujo1 tópicos principaisapresemamusne-staediç:'.io,oProf. Plínio Corrta de Oli>eira, analisando acomccimenlos-<:ha,·c do panorama imnnacional e nacional. wunciou o /ri1-mo1ivdo Encomroca,iga-mcstradoroteirodasdemais cxposiÇl)õ: o mundo cm que ,.;,·emos rstá cada ve~ mais dCM"Stabiliudo e caminha para o c.ios. E.uctorna-secres«me,1amonoplano cspirítual_quancono.1cmp0ral.N~Brasil_,um fa!orbá.1ocodcss.acn1.eêaTcolo11,,adaL,bertação,noterrcnoespiritual. Enoplanotemporalpodc-r.caludir,comofatore1essenciais dacrise, àagitacãopromovidapelaesqucrda católica.ao início de implantação da Reforma Agrária e ãamcaça deaplicação das reformasurban aeindustrial.Diantcdes1equadro. delincia-r.c a providencial atua<;ão da TFP, cm drfesada civifüaçãocristã. Seguindo esta trilha. os conferencistas apresrntaramocontras1echocancecntreprogrcs.sismoe tradicionalidade na tircja Católi ca. cm nossos dias. E aprofundaram a face!a mais imponame e atual do progrcs.sismo: a Tcolog:iadaLi~r1açã_o.Expu.seramsuadou 1rina. seusmétoóos.amfluênaaqucclae..erce nasC Efü, ce~plicaram a rclacãocmrecs1a corrcn1cccol6gicaeochamado"caso Boíf''. A imensaagi1açilopromovidapela "esquerda cacólica·· no Bruil,i11spiradanaTeulogiada Li bertação,foitambémmcticulosa mentcde5crita. A narração de cp0péia rea lizada pelas TFPs em meio século, bem como das sua.1 ati vidad~nosúhimosseismescs.foiobjrtode umaconíertnciafacili1adaporum1lohode doismetros dcdilm<'lro,reprncntandonossoplanrta.Nclcfi&uravaimpr~ionantenú-

CATO LICISMO -

Setembro de 1985


A numero!<J ossistênclo que encheu o o ud ,tó rlo do Coso de Ponugol, no sessõo Inaugura ! do Encontro, ouve atento o confe rênc lo do Pro!. Pllnlo Corrêo de Onve lro merodeílâm ulas, indicandoa lo-:a lirnçào dc sedes das 14 TFPscoirmhcautônorna, edo, vário,bureauxpara represcma~·àoda,,emidades.comoamdadosmiclco\deoorresponden1es e timpatizantes. Tambhn slides, painéis e quadrosau.,iliaramasexposiçõcs,tornandoa5ma,<;acess"·eisca1raen1es.

,·Jod,·Jous.011deaC,pa11l11,foiaE/e ,·ous.igradapclo Re, Afonso XI// Em dtlerminada oca<iJc. Madre Mara,illa<pre1iuq11ee<1a/magi,m= ria instrumen1odemui1a;11n.:a,;. e que o demónio ~ja,a destrui-la. ApóJ algumas semana.< 111 religios.as d<'$CObniam a lmll8tm Ioda cn.-gre.:i· da. cm ,·irtudc de um indnd,o na sa ladorom<enloondcseenc·onrra,·a.O fogocarbonizoutodooumbicn1e,indusivc a mesa omk csrn,-11 ro/ornda almugcm.B1a.apC$!Jrdeeoegrccida dc.-idoAfuma.;a,rinhaficadoapcnas com um dos dedos dos pés queimado Da mesa onde a fmag,,.,,, rcpou.sa,·a.só rct/ou uma roluna. queasu11en1ou e,ir11ndoqueelac11f<scporrcrr11. Afa. dreMara,·illuin1erprnou111/fa1ocomosinaldequeaProvi/Rncial.Jfrina dcsrina~acsta venerá,·e/fmagempa ra sc-r objeto de muito) (a,·ures do

Ctu Anosd<epois,morriaemodorde s.imidadc,noron,·emodcAfdehuela, em Madri, tambán fundaçlo sua •.\fa. d~ Maranllas de Jesus. A lmqem Pcresrioaprcscnciou sua ;11onia e mone exemplar. O Exército Azul da E<panha au· rorizou a TFP espanhola a pcrmancctr roma venenfrel Imagem, de /Jde junhoa20dejulhod//imo. LJc,,cndovi.aJarparao8rasi/uma numeroJ.adelcgaç,lodesócirn.coope· radore;erorre5ponden1csd1J TFPcspanholaparaparliápardo \'Enron· Iro de Correspondcmcs da TFP bra5ileira. o Ethrilo Al.ul da bpanha ,;cdcu,debomtrado,alma,cmAquela repr<':W'ntaçiio para rru~-/a ao Brasil. Durame o EnconfrO, a /111a1t<'m de Nossa Senhora de Fá1ima ocupou /ug11r de honra. sendomuiro >entrada pclosparticipaml'S

CATOLICISMO -

Setembro de 1985

05 correspon den tes 1-Cf.uiram com mui to in1ere<1e as expl anações do Rc,mo. Pe. O la•·o Pires Trindade. que n pôs a doutrinacatólica1radicionalparaacducaciodoslilhos e robre questões morais conuas. Tarnbtm honrl\am o Encomro com ,ua rrescnca o Rc,rno. Pe. Amoniode Paula, o Revmo. Pc. Oa,i Franceschinieo Re,mo.l'e.JostAnto-· nioCollaço. Al~m do Pe. Olavo Pi res Tr indade, foramconfr renci1tas:Rrof. Paul0Corrêa de Bri10Fi lho . Eng. Am onio Augu,10 Borelli l\fachado,Sr. JoãoC!áDias. Prof. José l\1 an ini, Prof. Antonio Dumas louro, Prof. Amóbio GJa,·an e Sr. LuizstraioSolimto.

Flashes do Encontro Para os que pan icip:i-am pela pri meira ,·ei. um dosfrutru mais salientei foi a com· preensãodapungentecrisequeasr.olaernnos· ws dias a Santalgreja. at acada~ loge rme pro1rcssis1a. Édignoderegiitro,aes1e respei10, o 1e11emunho de um simpatizante de Mato Grruso do Sul: " Ou vimos ensinamentos que ,·lo i-crvir para noua ,ida. akrtando paraoquee;táarontettndoden1roda lareja Católi~eno Brasil ... Oentusiasmoeo zelogeram o espírito apostóliro.Co mpr..,nde•'>l',emvis1ad í,w, a obser,ação deum rorrespo nd~ nte catari nen· '-C : ··Cada um deveria ~ir oom o com promisw de trazer pe lo rnenos mais um . E dc rninha parte fica registrado: mais um vir1i!" E um correspondented0Cearácomen1a,a:" Euve· nhocomournapc550a quebuseafogoaqui. pa.radepoisoespalharnosambien1csondeeu freqüento". "O que me impressionou - dine uma professoradoi nteriorpa uli$taeassiname,·e1era na dc " Ca1olicismo" -foiapre.scnçados es1ran1dros, participandooomtan1oemusiasmo e ardor, (!ando assim um ãni mo mai or pa ranóibrasileiros. Ali naldecomas,éo Brasil queest.iexportandoidéias,epessoasdeou· crospaisesasestãoassimilandoassim, atécom maiorentusiasmodoqllenós". Eraconfortador ou,·iras,·ozes,·ibrantes queprovinharn doscorrespondentesda TFP nortc·amcricana, dandoob radocuacterislico: " Tradi tion. Family, Propcrty! " . Vozes enlUti.i,ticas proclamavarn em cas!elhano: " Trn· dición, Familia, Propiedad !".Oraa delega. çloda Espa nha , ora ada Ar~en tinaou a do Chile,codas numerosas, manifestavamdcsJ.a

Duronte o componho de lo nçomen10 do recente obla do TfP con1fo o i:!efofmo Agrõrlo. três cooperadores do entldo~ d irigem pro-

clo ma çeet oo p Ublleo, no i:iuo Sôo Bento forma sua adesão aos ideaisdasTFr s. hoje preient es em 14 países. Os participan tes do Encontro puderam admirarabclcza d as mant i!hasquca,correspondemes espan holas apres.entaram, em cet · ta ocasião. As m:amilhasexpresiam.de modopar1icular,aca1cgoriaeodona,redeuma moda fominina1rad icional. Tambtmfoi muito aprcciadaa "joia". cançãotípica espanhola. Uma corre,ponden1eibéricadeleimu an umerosaassis1encia na sessão de enctrramcnto, emoa ndorom a ran dc ,!lunversos que aludiam à.gcstadai TFl's. Aardentecantoraassimext ernousuaadmi· raçãopeloEncontro:"Esloulitera lmentees11


1up<:fa1a.CadaEncontrodequeparticipamo; rnpcraoanterior". Uma mãe de familia canadense comentou: "Tcnhoaimprcrn1odces1arnumac!teada,naqualcu$uboparatransporaponado Céu". Uma correspondente mineira ob!-CT\'ou: ··oor. Plinioédeumaclarezamuitogrande,deumaespiritualidadcmara,•ilhos.a··. E outracorrespondenteconfirmou: .. OEncontro íoi uma cois.a muito a~rta. com uma~tacão muito próxima do Dr. Plínio com o público" Tendo panicipado de todos os enoonl~ anteriores, um mMico do interior do Paraná afirmou: ··A impressãoquethe íoia melhor po!-!ível.Jáêoquin1oconsressoaqucoompareço.eesperocompareceratodos,seD.11s quiser".

Os correspondentes em açõo no centro de Sõo Paulo Acampanhaderua,realizadanoccniro ,·elhode sao Paulo durante o En~ontro. possibilitou a muitos correspondentes prestar à TFl',ncstaocasi4oexcepdona!.umacolaboração púbhca, o que refon;ou sign ificati,ament e sua união com a entidade. Eles auxiliarnmossócios ecoopcradoresno!ançamcnto do!iv,o"'AReformaAgr<iriasocia/i51al!Cónídcu1ória - A propritdudl! pri,·udu t II lfrn inicio1i,•11, l[Q 1,if~o agr<>-rrformis111'°, de au-

toria do ProF. PJinio Corrb dc Olheira c do Sr. Cario; Patrício dd Campo, Musttr o/ Scienct em Economia A1rliria pela Uni,er,idade da Califórnia, Berkeley (EUA)c !,OCio efetivo da TFP. Foi difundida também uma edição especial de ··Catolicismo" (julhoa;osmdc 1985,n~s415-416), que publicou excertos da mencionada obra. Foram reconfonantes as manifestações de entusiasmo dosoorrespondemes. quando o Prof. Plínio Corrh de Oli\·eira. no 1~rmino daconfcrhtriainau1urnld0Enoon1ro.anunciouquc1odoses1a,,amconvidadosaparticiparda campanha. Ocomcntáriodeumcorrespondemcreflc1e ~m o lnimo de !-Cus companheiros: "Nlopodiaima&inarqucnes1eEncontrocu iria1eragraça,quc1antodcscjava.defazer umacampanhadaTFPnarua.eaindamais em São Paulo", Profissionaisli~rais.profes.sores,opcrários,respciul\"cismãesdefam!liacmocas,das maisdivcrsasre&iõcsdol'aís,dislribuíamcom entusiasmoosfolhctosdcpropaganda.AsurprcsaeaadmiracãodcencontrarpeSSOaSmais idosascmulhcrescolaborandonacampanha efet11adaporjovemcoopcradorcs,dcsarmavaalau masprc1·encões.Mascomojáehabi· tual,algunspoucostranscumesnãocon1inham seuódio.Oquelcvouumacorrcspondcmea comen1ar:''Aa;oraseicomotdurofa1,crcampanha.Enquantodistribuíafolhctos,ouvicalúniascontraaTFP.Ma1foimara•ilhowpoderpanicipar,eespcrotornara fazer no1as campanhas"". Umaoorrcspondemcquedis1ribuiaosfoJhetospcrdeuocquiUbrioecaiunochão. Tripudiando$0brcasmaisclcmcntarcs normas dccivilidadc.umgrupoderapazcsoonlrários .i campanha começou a rir, em ,·ez de ir $0C0rrf.la.Aoorrespondcntelcvamou-sccos in,·ecti,·ou: ··Eu cai fisicamente e me lc,·antei. Vocb caíram moralmente e não se lc,·antaram··. Em·ergonhados. os participantes da rodascdispcnaramimcdiatamcnte. Em freme ao Teairo Municipal es1acio11ou sobre a calcada um carro de uma grandc emissora de TV paulisia. que Ili permaneceu paraafilmagemdccenasdacampanha.Quandochcgaram,osrcpórtcrcsaborda,,amuci1adosossócioseoooperadores. Depoisque,·á-

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rias senhoras e moças lhes ofereceram o fo. Jhcto de propaganda do lino. preferiram aqucles cnt rarno,·ciculocfecharol'idro J\lesmodcpoisdissooutrascorrespondcnte1, que desconheciam o que 1-C ha\'ia passado, aproxima,·am-sedocarroparalhcsnfereccr ofolheto.Abai~andoos,·idros.osreJ)Ór!cres uplica,·amquejáohl\'iamreccbido.Eracuriosoobsen·aressaatuaç.ãodascorrespondcntcsd.a TFP ,chciasdcidcalismoccmusiasmo. colocandonaddensivaosrcpóncres. Uma das correspondentes obsenuu: ""Para m.im. só es1a oponunidade de fazcr uma campanhanasruaspa.gaavindaparacli.Nuncapoderiaimas:inar1s10.Quemara,,ilha! tu par1icipardeumacampanhadaTFPno,iadu1odo Chá!. . .'•

Ence"amento coroa espléndldo Encontro Na =são de encerramento. apro.~imadamente três mil pe5soas, cntrc as quais fi&ura,·amconvidadoscspcciais.lotaramograndc auditóriodoClubc fa péria. dccoradocome,tandarte5daTFP. Em lugar dehonraaima-

1emperegrinadeNoua Senhora de Fátima, provcniemeda Espanha. O Prof. Plínio Corr~a de Oli,·ci ra focali zou cm sua e~p05kllo a imponilncia da açào dcsenvoll·ida pelos correspondentes da TFP paraqueesiaa1injascu1objc1i,·osdedefe!a daci\"ili1.1çàocrist4.Ooradorfoifreqiiemememe interrompido cm i;ua "posição por grandes aplausos. Trh oradores 1ambém dirigiram a pala.-ra ao público em nome dos maiorcs blocos lin1uistioos rcprcsen1ado1 no Encontro. Um correspondentcdaTFPnorte-americanauwu dapalaHacmnomcdospai1-Csdclinguainglcueuml-orrespondemeda TFP argentina íaloupelasnacõcsdcidiomacastclhano. Finalmente, uma oorropondcmc do Rio de J aneiro representou os países de língua poriuaucsa. Umjo,cm,queassistiuapcnasà=.<âo de encerramento, e~tcrnou coná>amente a impress!o que anima,11 lodos os assistentes· "Qucalegriasccstampavanaspcssoasaliprc1-Cmc1! Eraumaalegria,.erdadeira. Aqui fora.ninauémlemessaalcgria!Parcciaqucn3o scc,111,·a nc,tc mundo. Era um Céu'"" llamillon d"Á,ila

As quatro revoluções em teatro UMA FELIZ /,,OVAÇÃO do V Fncontro foram os sJ:nchõ1earnús. As qua/ro etapas do processo re,oluciomírio do Ocideme.desdeader;adC,,ciadaldade\lé-dia atê nos.sas dias, foram abordadas pOr meio decenasreprcsenrandoas (aS(':l'.da História. Um primeiro sJ:r1ch reprod!u. o ambienre de um rastelo medie,·a/. Um nobre represema bem o ideal das cruzadas e da ca,·alaria,eourrojámanifes111indiciosdo amolec:imemodeespiritoquccondu7iriaa Cris111ndadcmcdie•aládc,:adência Numscgundoquadroanobreamo/ecidorejeitaosidcaisheróicosdascruzadas e,0/111-scparaoprazer.Saida,-..nae,dos bastidores. ariraaspeçasdescu1rajemedieva/.Logodepois,ap.1rt'Cl'nopa/çocom

a/egresvcsrimc11rnsrrn115ecmi,1ase1ocando11/aúdc.Ace"acxprimcacnormc1ramformaç.foqucsofrcuohomemmedic,11/, cujoespiritocrapornadodenobrcsidcai.1 csea1inh3aum3,·js.Jor,·o,:ên1rieada,·id11. O homem ,c,,3sccn1is1a, imbuído de idéias h1,mal)ÍSl3S, ,-0/111-semaisparaas coisasdesremundocparaoprazcrdoque para Deus Ourracenarela1i,·alprimcirare,oluç.,lo. no campo religioso. mosrra a rc,·o/ra deLu1.,.rocon1raoP11padoea/gumasdas ronseqüi'nciasa/Uaisdcssa a1itude. Em ~uida a açlo sc passa cm um 1ribunal re.-olucionário. procurando simerizar o conjumo de iniqüidades pralicadas durame a Re,·o/uç.lo Francesa. O mi10 iguali1áriodaquelaépocaêbemcarac1erizado, 1ornando--scpa/enteatiraniare,o.

Nc peço 1ecrro1, "Lflnin"' orengo ó "mofo

w'"debolel'le...t-(lues arengar à ''massa'', mamfm um diálogo romou1rochefcromunis111,quc/hcaconselhaaulilizaçlodcumapo/íticadi!itensi,a e de modcraçlo em re/açJ.a aos ad.-i!r·

s.lrios,11fimdeenganá-loscrm1isfacilmen 1edominá-los. l lninoonoordaoomapropos111,prcferíndonaemamoqueourrod.,. sempcnhe o papel de moderado. c11qu.11J10 ele se man1ém coma radical. li cena mos lr&1'aassimosulmratodapoli1icade"roe xistfocia padfka ", e mais r«emememe da

"di!lensAo". Oúlrimoquadrofocalizaaquar111re ,·o/11çlo,cnunci11danofllcapítulodoconsagrado ensaio "Re,·olu("tlo .,. ContruRe,-o/u("do '", do Prof. Plínio Corrêa de 0/i,.,.ira. Um jo,crr1 frustrado, depois de passar pt"/as faSff do l11ppismo, do punkismo e do J"(l('k ripo ml'lol pr.rado. car11cteris1i cu des111 e1apa da He,·oluç4a tcndemc .1 an11rqui11,srmi11naalmaumgra11de,·uio. As ronhccidas e Cómpro,·adas influências s.a1.tnic.asen1reosaf'i«ionadosdome10/p,e-

sadoWres.sa/111d.upeloemusia.,moeam, çlooom que CS$<'fOqlll'lrDT<ffbc um pcrsonagem mmcr,oso que l/par.ff na cena, dc asp«to dominador e sinistro ...

ludonária,qucprocurani.-c/arrodososho-

/n1erca/adacomasclar1se.1"p/icações

mens por bai1"0. NosknrhSCRuimc. ummagoredebo/che•·iqucs entra no auditório rarregando seuídolo,aosgritosde··Unin!Lfoin!''. O lider re,·o/ucionário russo. depois de

de um apreRntador, a peça foi muito apreciada pt"los pankipamcs, ie,-arrdo uma corrcspondeme. que ünha pt"la primeira •-cz, a etc/amar: ··/sro.;. uma aula. A.uim de ,·criamsernOffllscscolas!".

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Nos planos espiritual e temporal, desestabilização que tende para o caos OP1or PllnloCorrkide

1 con1erê~~~~ ~u~~~::'~ Encontro. tendo o seu lodo o ~evmo Pe. Olo~o ?lresTrlndodeeoOr. Eduordode8orros8ro1e,o

\,t CO,\H.Ri:.\ CU 1/t' "brr11,r11 do l fCnr<tnlm \11dnnal d!! Corre,pundl!PI<'• e fSlut,:edorn d11 Tfl•, "l'ruf. l'!i11Jo Curt'fa d,: 0/i,dn, ;an,i/í_,ou, em ,,;_.,;,, de ronjunto. os flll<» n•dm111/, t lnlt rrrM,·/unu/) dt maior impur1inci11 <><:<>rrido., nu~ li/limo,...,;, mf'~, I! q~ lk11or1tm um11 dbit~labi/iLi,fio irra/. Jull{umus ,·on•rnirrrle lnrn>Crr•rr • ~uiru,: lrN'lwsmai>~1tnif"it·111/,<J$Uf'>Usub,1am,ú,.-a confn-ênd11. p:,n, nconlltci~nlo

tkno-kil<>l'h.

P ENSANOO E..\! ALGU.\IAS palamu p.1ra ,ui; dirigir na inauguraçAo dN1e !:nron1ro, p;itrl:('t1-me que nada seria melhor do qul!

aprcscmar-H½ um resumo dos ,,andes e tormcnrosos aoonr«imrmos, primhes dl! rantn ameaC.tSl!lkt11nt11sesr,tr11nr:11s. que ocorreram ri-OS Ulrimos mtSN. Todos nós. de mais ou de menos longe. presenciamos esses aconr.-cimenro.<. Todm nós. por ª"im dizer, os •fremos. Ê-nos gra· to.entreramo.remr:morll-losjunros.cfazcr umaordenarAodetodos,pa,11nosr,trg1mr11r· mos a nós mesmos que sentido de ronjunro. a55im ordenados. eles 11uumem, para qur: fu. ruroronduzem.queprovasdefidelid11deedc dcdicaçtlac/espedirAoa nós, no scrviroda SamalgrejaCarólicaed11cidliwç;Jocris1A, a scrvirodo Brasi/cdosdi>'crs05pa/scscm que a Pro,·id~ncia nos (eznns~r. CaMuma-se diier que os meios de comu· nica ç,lo social narrMn os aromecimentos. l bem ,·erdade. Hd mui/os ar:onrecimemos que ntlo conhnxriamos se nlo fosse II arll'u ddc;. Mus robrewdo quant05 desse; mcios de comunica,;Ao ,damos aronrecimentos~ Nlo ianro pelas ,·erdades que mio romum. mio 1a1110 r,t· /asim·erdadcsqueafirmam.quanropelosas· pcc1osdeconjumoqucnA_orewlam. É para_ ,·osdaressa,·isJodecon;unroquee,·ocare, os1randesfatoses,endaísdesscsseismNeI, relacionadoscomaquiloque~.paranó;, CO· mo o que foi pari, os Reis M111os II estrela de Bellm:afJl[Cjaeacfrilizac:Jorris1l,qucnos conduzcmaoll.lMinoJcsus. A primeira série de aronr.-c1mentos, dos quais nos ocupamnos de modo rodo e<pccial, ia ,·/siradoSantoPidreA Holanda.110Luxcmburgo e A Bti,ica. Como rudo passa d~ pressa hoje! ... Foram dias 1enebrruos para nonos coraçóe,s de ca1ó/icos. A /ai rnpeiro, os jornais nos 1rounnm diariamente noticias inimagjnll•'Cis. Eas nol.iciasmim ainda de pe,r, 1e menor do que a realidade que o noricilirio dosjornaisholi,ndcscsdescre,ia!

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Foramdiasdctormenra,quescránCCN· sârionóscon<idcrarmoscxarameme.paralcr• mosidiiadoquerepresemou. e.cm profundidade. ronúnua a rcprcsc111ar para o mundo conrcmporánro.

O prosrcssismo. infclilme111e. minou a Holandaafundo.Equa11doJOOOPaulolldclibcrou,·isilaresscpaí.,ha,·iaen1reeleeccr1afa.iuidcolô&icadeholandeses-osca1ôliros progr=istas - uma como qur frincha. ArazAocmergell/econsisreemqurparaduas dioccscsholandcsasqucva.garam.JolaPaulo li momeara dois Bispos de orienraçtlo an• fiprogrcssi.<111 - mais exatamenre progressista moderada. Tal escolha enfurea:u rnmo os pr0JlrCssistu e.urcmadm - os q<1ais, emre1a1110, sc afirmam católicos - qur decfararam mio reconhe,:er um deles rnmo seu Bispo. Em ouuos rerm os, alegaram ser nula a ,wmcac;!a fcirapcloPontífi~. O que é um ,·erdadriro absurda. Um Bispooomeado por um /'"papa· radererminadolugaréo8ispodaque1elugar dianrede/kus. E isro basta. Alll(':l"ed<1rantea•'ÍsitadcJoAol'au/ol/, 11smanifes1a,;ócsdehostilidaderonrra0Pon· ll'ficcforam,naHolanda . absurdasearéini· mqiná,·cis.Umapcsquisadeopinilorc,·e/ou queapcnas)"•dmca1ólicose,-amfa,·or,heis ac:uavisi11,.Manif(':l"tanresrolaramcarrazes cm muros e tapumes, ofCTccendo rccompen5,11 a qucm assassinassc 0 Pomificc. &ndos de jo,cns in,·adiram ccmi1üios católicos. ocupando-D$ dia e noi1e, profanando tümulos, d(':l"lruindoimagens. sujando e ofendendo monumentos e i&rejas. Hou,-equcm a/ir.use objcms cm dircç;jo ao au/Omó•·cl que 0011du,ia Joio Paulo li. Sob nírias formas. foram fci1os prole$· 1oscontraaposiç;iodaSantaSénocasoBoff, oquedemons1ra.a/iás,umaevidenre,·inculaçào emreas manifes1a,;ócs do ptOJlressismo na Holanda e no Brasil. Até mesmo nos dis·

,:ursa.de•11udai:lloha,'iapal11,·rasdecomes · taç.loostens1"a.lsposiroc5domrináriasrcccntesda Santa~. Eradese(':l"perarque,pelomenos,osca· tó!irosnáoprogressisras,ouoscarólirospragressis1as qur se dium moderados, prcparassem para o chrfe d11 l&rcja. que ,·inha ao enromrodclcs.umarcccp,:loopo1e61ica ,enru siásrica. Pelo contrário. infelizmeme. eles se ma111i,er1m inef/N ame Nlas ignomínias!

Como seri.a acolhida uma tal série de agl'CS56es morais. porelemplo. no reinado de LeAo Yt/1? Ou dos Papas pos1eriorn? Tcria suro1adoumaind,gna~o1lograndc.quepcrc,rinacCN domundaimciro afluiriam a Roma. para dcsaMra,ar o Papa. Todos os Bispos do mundo 1criam mandado IJJ<'DSlg<'DS, 1criam chefiadoasr,trc1rinaçóe,spor1adorasdepro1estmdetodososcató/irosdescuspaíscs.res· ponckndo aos Bispos holandeses! I-la veria CO· mfcios em iodas as cidades do Brasil. profes· randoconrr11oqucscpassaranaHolanda! E scrill bem feito, porque o Papa é uma figura uni,·crsal. NAoédiicrqucis1ocompcresó11osho landeses.Scmcupaifo"c,·isi111racasadooizinho,cllloofcndcsscm,cu,naminha,far. lhe-ia umdcsagra,o Oqucscscsuiuaoocorridon,1Hofan da? Esper11,11-sc que as Bispos holandeses fi lCSS<'mumpro/esto;qucoscarólícosholandesN se Jc,·antllnem â uma e e.ncrnancm sua indi11n11ç.lo, que pelo menos os episcopados de Lu.rcmburgo e da 8él11ica, visitados lo&o cm seguida por Joio Puu/o li, o dC$116ravanem Nada! QuctcnhacheJadoaonossoronhccimcn to,apcmuumi,confcrênciacpisropaldomun. do - a do Chile - mandoo um telegrama de cJesa1ra,·oaJoA0Pauloll. Maisnada!Do episcopado mais numeroso do mundo - o episcopado brasikiro - ro MO tenho no1icias dequ11/qucrmanif~1a~odedC$116ra•·o Mais ainda. Arrcbcma aqui no Brll5il o caso Boff. Frei Leonardo Boff é um dos padres mais em destaque da corrente chamada Teologia da Libcr1sçAo. Frei Boff cscre,·eu umasériedelfrrosna/inhadaTcologjadaLibcnaçio. E. nesses lfrros. ele tem fonnu/açóe,s inaaitá•·eisparaumcaróliro. Atuirobrandamcmc, oCardca/Rarzin· ,cr.prcfeirodaSagr1daCongrcgaçloparaa

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Doutrina da Fé. escre•?U-IM uma carta apon111ndo õSCS crros, econvidando-oparaentmdimentos e111 Roma. Quando de lá chegou. enrootrouapreS<"nça uronfoname dos Sn. Cardeais D. Paulo Evaristo Ams e D. Aloisio Lorscheider. EJ/IIVII presente tamb.!m o Sr. Bispo de Santa Maria e presidente da CNEJB. D. Ivo Lorschei1er. Eles deixaram notório que iam lá para amparar a causa de Frei Boff. Como n.Jo chegaSS<"m a um arordowbre um documento a Sff IISJ/ffldO por Frei Bof(, esse Srs. Cardeais e Bispo brasileiros ,·olr11ram para nasso Pais. Frei Bofftambim. Mais tarde o Cardeal Rarzit!gcr escre,·eu uma carr11 adte,indicando-lhequemamfrc»eumsillncio re,·crencfa/ duram e um ano. Eu vou poupar aqui aos Srs. a lista cnorme das manifes111ç6esdeapoio11 Frei Boff, pro•·enientesdo mundo inteiro. Os mesmos que n4o pro1es1aram comra os u/1r11jcs feitos a JoJo Pau/o li, protestlll'II"' rontra II dccislo da Congregaçjo para II Dou1rina da FI sol,re Frei Boff. Entretanto, es111 última njo cons1irui um u//raje. mas era uma mttlida dcjuniça. Porém, no caso de Frei Boff, ~rca de duu dezenas de Srs. Bispos brasileiros acharam qu~ era preôso tomar uma aritudc.

tem~nte, de modo imediaro ou de modo mediato, S<"O'e ao comunismo imcmacional. Frei Leonard0Boffafirm11quealu1adec/a.ssn, apontada por ,Warx na sodfflade de S<'U tt:mpo, txis1e e deve exisrir rambim na Igreja. ~ n11sociedadecivi/exi51ea/u1adtpobrescon/raosriros,nasociedadeeclesiásricadeveexisIir11/uradosleigoscontr11osp11dres, os Bispose o Papa. Quer diur, Ia re,·olucJo igua· 1i1,ri11eromunist11denrroda/1reja.Quernga nha com wdo iuo? O comunismo, e•'identemente! Constituiu acontecimento doloroso para rodos nós que. quando Frei Boff foi objeto ciffsa medida da Santa Si, dez Sn. Bis,x,s br11sileiros 1enham 11ssin11do um documento oficial,declarando-seinconformescomasresoluç&s ramadas pela Santa SI. E depois, a titulo indfridual, mais um seteou oÍtoSrs. Bispos pronunciaram-se no mesmo sentido. ~ria natural que a CNBB por sua •-ez protesfll5$L" COntra esses Srs. Bispo$. Ela firou qui~ ra dur:mte tempo nlo pequeno. E, ponanto, tomou uma atitude ambfgua, qu~ mlUs rarde um romuniaulozinhoainda mais ambíguo nào concorrcuemnadaparaesclarc,;er.

Estamos, portanto, diante de uma crise uni,eMldentrodalgr~ja,que'jAousouna Holanda o que os Srs. nunca imaginaram que S<"OUSllnerontraumPontifin,, Ousou/áeousou aqui! E. se um polipo 1~m 1/lntas ramificaçócs num corpo, a ponto de 11111car ora a cabeça, ora um braco. e depois um pi, tem -S<"

~e::r:= i~~;;:~~~~ ~!s~~";i:!~/:;i:

ESle 1..everen1e "poster" 101 anxado em v1oi pública,. duronte o v1,11a etetuodo po< Joõo Paulo li o Holanda, Nele o Pontl!iee é opresenTodo usando um punho de ferro Frei Boff~rmanec('u quiefO. /1.fuito humilde... mas II fogueira de prorcsros que se 11n,ndeucmhonraaelclcolossal!Oqueindka isso? Tirem meus ouvintes as CODclus&s.

~ os Srs. tomarem o cuidado de procurar um livro que foi publicado no Brasil em 194J, inüwlado ''Em Dcfeu daAçáoCat/Jlica", ~rilo qu~ nekjá estio apontados J vigillnci11 dos ca16licos muiros t-rros que hoje fazcm pane da Teologia da Libertaçjo e outrtu ro,rni1e,cm ~nos meios <:atôlicos do mundo iodo. &111m05eml985,porrantoháquaren111 e11111tosanoses1aerros,·imlavrando,la,·r11ndo e lavrando ... É um cupim vtlho, que comeu mui1a e mui1a cois11, anres de ap11rccer .é luzdosol. A situaçlo,port11nto,lgr11v{ssim11! Aquemestasiruaçilouaz,·antagtm?A quem savea Teologia da Libenaçlo? Evidcn-

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nos encontramos. Concomitantemente ou pouco depois disso, foram S<' multiplicando no Brasil as inva$ôes d~ ferras, tomando as proporçôes de um alastramemo enorme. por efeito da propulsJo de bandos ckdesconh«idos- comodói didlo! - dirisidos pelas CE85. Digo ainda com maior dor, mas 11 ,·erdadc precisa 5CI' dita dirigidas por sacerdores e por certo número dcSrs. Bispos. Esse movimento de invasões desenc11deiaa1Ualmentcresistincias1Aoac'<.'n· tuadas, que podemos dizer que o Brasil, quase de ponta a ponta, esr, na orla de uma guerrilha a,rária. Apam:mi também, simulraneamente, no1fcias de queo movimento de im·1s&s de terrenosurbanas,·airt,;0mtÇar.°'"maneiraque todo o solo do Brasj/ está ameaçado d e uma com·uls.lo de ponta a ponta, que W aos muito impre•·identes nJo fará remer que, de um momento para owro, es1ejamos dentro de uma rcvoluçáocomunis1a

Ao mesmo tempo, nós 1cmm a ques/,fo da Reforma Asr:íria. O Presidente Cas/~/lo Brancoes/abeln:euumalcimuitomarcada· mente a,ro-reformista, chamada Esta1wo da Terra. Naquela ocasillo, a TFP /ançou~la imprensa diária um comunicado inrirulado "Jan11uismosemJango",noqu11/e/11f11ziano111r quto8rasilpareciaestaraind11sendogovernado por Jango. Ato corajoso, em raziio do 1rande prestigio de que o Marechal Caurllo 8ranco,oza•'ll.Atocorajoso,sobretudo.porquces1á,·.tmosemdir11dura. O Brasil dormiu 10 anoJ sobre o EstawfO da Terra. Avisamos aos f11zcnde/ro5; Cuidado! NSa lei salta de dcnrro da caixa do regime de e.,.açào romo uma cobra, de uma hora p11ra 0U1ra! Ao cabo dos 10 anos sa/rou! E o PNRA do Sr. Ministro Nelson Ribeíronào é senllo uma r<'gulamentaçlo, um plano para tfrabeln:ercomodeveS<"r11pl,cad1111quclale-

JO em setembio do ano p0$$0da, quando eheg(MJ de sua Ylogem o !tomo, FrOI Leonor do 9,011 lol ,eeeo;do no Ilia eom eortale$.. O "obsequioso silêncio" lmposlo meses Oepais pelo SOnto Soé o e!.Se religioso susel!ou da p0ne de se!ore,i progressistas no 8rosll e no exterlorabsurdosprotesToi gislaclo ~ro-reformina do Pres. C11S1ello Hranro. É um documento qu~ pur1t e simplesmente ,·isa p6r em ,·igor no Bruil o socialismo agnlrio. Mas um socialismo qrário tllo /ICC'nruado, tio pronunciado, que, dCS51l form11, lar1a parre do caminho par11 o comunismo ficará permrrido por nossa infeliz Naçii.o. Porassimdizer,esreP/,1non05deixanossu búrbiosdocomuni5mo. Ele/ev1111indamaislon1eoprojerodeHeformaA1rária, doqueofezo&ta1utoque o Marechal Comei/o Branro deiA·ou. ~ a Reforma Ap-ária for po51a em prática, •·amm 1er no Brasil a rufna, a nm&ia que da causou em todos os demais países do mundo em que foi aplicada. Eram pllilts prósperos, al11uns exporradores de •·freres, e passaram a ser rm pobrrddos e importadores de •freres.

A TFP nAo nieve 11/h~ia a nenhum desses casos. Ela é n,llada para as horas e ôrcunstlncias em que II boa causa mais prerisa dela. Assim ~ndo, julgamos oponuno editar no,·aobrasobreocandcnret~ma. ~utí1ulo I '~ Reform11 Agrária s«illlisl(I e eoeflSCtl-

tórill - A proprin:lade prMllf(I, li li,'" ini,:-i(l//1'(1, no lefdo 11gro-,eformis111'', da qual sou autor juntamente com o Sr. Carlos dei Campo, que se encarregou da parte econômica. (Aplausos prolongados). Aargumentaç.iousadanotfrrodemonstra que a e,·~mual aplicaçlloda Reforma AV4ri11 nos 1ermo.,- do Es1aw10 da Terra r do Plano Nacional de Reforma Agrária cons1i1uiria pllr/1 O Brasil impressionante passo no cami· nho do socialismo. O novo livro demonslta ram~m a grave inoporwnidadedNSa aplicacm razio do narura/ ne.l0 do asroreformísmocomaspec1osd11Tcologiad11Liberr11çlo,eporrantocomacrísereli11iosaque assola hoje o Brasil e toda li Cris111ndade Dcmro em pouro, os presentes rerAo a oponunidade de assistir ao /ançammto da no1·11 obra, na ci1mpanha pública que S<" realizará no n,nrro de Sii.o Paulo. Com·idamos os correspondemesaquipresentesparaassistira esselançamrm1oque1uzentoss«iosecooperadoresestlo prestesainiciar. Eoscorrespondentes que S<" sentirem em condiç&s de amar, podcrloprestarsuacolaboraçlonestenovo lan~ que a TFP vai empreender. (Aplausos entusiásticos).

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CATOLICISMO -

Setembro de 1985


Aborto praticamente livre na Espanha

Legitimação de um crime o

BOLE:TIM OFICIAI, d,, Bisp:lldo dt

CwlK2 p<Jlllirou 11ma pastonl fk Mons. Gllff"• C•mpos. 1111 qual, j /111 d• "; mon,/ t d11 1Jinj11, •nali!lJlPlnlfi<:la~mcnto dos fiéA • ~iWlfÇ,io cria d" pt-/1 rrantt u nrio d,iU,idoA.borton11Espa11hs.Olt m:llccrt11• mtnlt t de lnlt~ pan, os /ti/ores dt "C•n,

TFPCovadong~ em face do aborto

doutrina da

lolki51110", pois tamblm no Bnuil jli N f•I• tmliben,l/iaro•borto. ~,·emas pedir in$iSUffltmtnlt a ~us que 11fia!ilt de IIOM>l l'illri:ll ffN flllgtlo, bf'm dc5eritorlm·ntfr11donasubst1mcloSJ1pas10n,/doBispodcC11t>nca. RcproduzJmm alnllxo o turo illtl'J:1'111 do documento, u/n,fdo do jornal ''EI .-.kuar", ~ /1,tadri, que o

17-7-85.

pubUrou em sua ~lrfn de ·

ENTRE AS ASSOCIAÇÕES 4• welpl)rm ao~lll«fllffffltodaaa, talf(Sdos/a ocealt$-Oal/lono-u l':spa1tlla, ,·emw'*staai..,.~iarfrpkl• atit.fktsi,a ro.tía••flffJll'ltf8J••lojo,,Wn,,.,,_.,aS..

Lei imoral O Chefe de Estado e Rei da Espanha acaba dc s.ancionar c promulaar uma lci - aprovada na!i Cortes Gerais e propOsta pdo Go-

vmio - mediante a qual fica permitido na Espanhaoabortoprovo,:ado,emdeterminada.s situaçõcs(''BolelimOficialdoEstado'', ]2dc julhodeJ98S,diancgronahistôriada Espanha). Destcmodo,apnarduadvenêneia.sdas maisaltasinstlnci asmorai s,co nrnmou-sea lcgitímaç!odea&res.sões "rontrqqvidqdoser humanomoisindefesctinocente"(Episropadof5panhol); "rrimeqbom/ndvel"(Concílio Vaticano li). "quenunro,emnenhumcaso, se,xx/e/qilimor"(Papa João Paulo li ). Fi:temosumacxposiçãodocumentada sobrcalcimoralcadoutrinadal8reja.aplica· daàsituai;ãonpanhola, no Boletim do Bispado de CUcnca, cm janeiro, fevereiro e mu, çodel983.Nãocabcaquirciler.trasdo,minas,massima.ssinalaragravíssimasituação qucsecriou,einterpclarosagressorescoma forçaquecxigemajustiçaeosanguedosinoccmcs. Com a dureza implacável com que NossoScnhorJesusCris1ofustigouosquese 1utojustificavam enquanto induziam cm ,:rros opovoeosque=ndalizavam osinoceme5. O Papa Jolo Pauto li, falandosolenemcntcàEspanha,:rcfcrindo-seprecis.amente àsautoridadesea11malcidoiipodaqucagora foi promu!11ada. disse: "Quem negasse a d~ /t:illàpasoahumonoma/$/nocemeefroca, i'J pes:soa humana JÓ concebida, porim não nasdda, romtttria uma grrwúsima violaçrio da ordem moral". Os poderes pllblicos na Espanha, con!rariando a sua missio primária, ncgam proteção à vida dos mais fracos. Mais ain, da:facilitamcommciospllbticosaaç!oho• micida. Por isso não cabe falar só de despe~~~~º· Estamos anti: a lejalização de um Não vale invocar o pluralismodcparecc:res nem conformar-se com uma simples manifestação de opiniões, como se tudo fo!R umaamá,·eltertúlia.Porque,s.eaundooensinamentopontificio, "'qvi(fadtumacriança prevalttt sobre rodas as opilliôn". Prevalcce sobre todas as oonstituições. Prevalcce, a /ortiori,sobretodasasar&úciaspropagand(sticas. Prevalece sobre toda.s as simulações diplomáticu. Dizcrque t5taleiésópermiMi,·a,eque não obrip ninsutm, é uma falkia cruel: por-

CATOLICISMO -

Setembro de 1985

o. José Guerro CamP0$. 81tpo de Cuenco quetleipermiui,·adeumamatançadeinocemes e condena à carência de defesa as ~fti• mas da a11r'"10 injusta. Legitima um crime. A rcwição da lei a alsumas condições nãomodifica sua qualiíicaclomoral,poisem ncnhum casoépcrmissíveloabortovoluntá· rio. Mas além diWJ, o juízo moral não seres, tringt"aaparhlciasformalistas.Encaraobcm comalreais:eénotórioquenooomextosocial em que a lei se implanta sua projeção abortistaémuitomaisamplaqucoconteúdo deseutexto:Aleinàofuncionacomoe~pressiodcbcnisnidadepcnal,ma.scomoincenti,·o e justificação. A semença do Tribunal Constitucionalcolocouemtvidêociaaomit• siode&aramiasporpartedosleg!sladores. Numcrosu declarações de governantes (alsu · masmuitorcccntes,erclacionadascomasentençamencionada)easdepublicistasepes. soasques.ejactam impunnnentedepromovererealizarabonosdemonstramqueosintcressadosemapro,·citar-sedaleideinmdc ladoascondiçõcs"oficiais",queapenastomam cm consideração, e acolhem a lei como umaportaparacon!icguiraimpunidadcdo abonocmmuitasoutrascondições .Odcsejo de"proteçlo"do5"nascituros",queaCons1ituiçJ.oexi1e,ntádebilitado.Des1aca-se,ao contrário,avontadcdefavoreccrasabonan, tes.ampliandoalgunsdosmoiivosparapodcrusá-tosatécomopretcxtounivcrs.al.Para maiorirrisio,amesmalei•u1orizaa1rhida a abonar, $C1ll ni:nhuma das gar:antias que a leiestabcleceeoTribunalConstitucionalcxi, gia(!!).Abortopraticamentelivre. Emtodocaso,aabund!lnciadeabonos praticados, comaagravantcdamonstruosa utilizaç.\ocomercialdosfetos,fazcomqucno mundodchojcoproblemamoraldo1bono sejaquali1a1iva cquantilativamentco mais sravc;maisqucotcrrorismo:eestalei não contribui para remediá.lo.

N6o pod• cHsa r a opo1l9ão ã l•I AOpOSiçloaoutrasleiscessanomomen1oem quc!lo promulpdas;clas são acata•

~ ~ d e D tfffllôTnrdlçlo. l ...m i l i a t ~ - "1'Co •ado1J61f.A.~1a-•1t1•lr 11m ,_mo dr a.u flrllldpah toaa,

IBJdtposiçao,ro.,IJlloa/Jona: 0.hlltn> J. i - No dia 12. pouco an1es das eJtk(J,cs ~s/a1i•11S par11 as Cortes, a entidade publica no dijrio "ABC", dt Madri, uma C11rra A~rta ao Partido Socialisra, "Odi1lisnto Dpt1nllol, a doutriml mrdl-

d:<"""Mf.rwfa': na qu.11 analisa ecri1,c• os pomos m,Us pu-es do p,~r#m11 eleitoral deste parr/do; um dts$t$ pontosfaziareferlnciaJdespena/iza. ç,lodoaborto. No mesmo dia 22, micia-se 11 campanha de difuslo, em M;,dFi, da Carr11 Abc-rra ao PSOE. Em squida. •·lfriascaravanasde$Ó<'W$eCOOf)C'ra-

domdeTl'P~perrorreram asprinciP/lÍscidadtstspanho/as,distribuíndo mais de 500 mil exemplares do docu111ffll0. ,Orll 1#.J- Depois dt alcançar uma maiorul dc:sroncmanre na C.ima-

ra enoStnado-romoapoiodtoorrentesda "esqucrda ratólic.1"-osoci/1/ismo prc/endtu aprovar a lei de •borto,scm/evaremconsidtraçJoo.s s,en,imtnroscriu1osdose:spanhóis. Aosplsda/m/16fflldo5qrado CCQÇ1o de Jesus, no Cerro de 1m An· lffl:$, tm Madri, a dir~MJ da TFP ts• panJ:o/11firma,nodi115.odixumen10 ''A1t1'tlmt11i11i{'tldo.s1flon-1t1t!:S-

brt,/ro tk (Ntk-m r d., ki.· _.,,,,, illdizlNl("tio''.

Nodia6,inicia-~11graadcamp.1nha dtdifusJo do referido doeu· mtnlo 1111 Puer/11 dl'I Sol. Durante uma Sffilana,11rozdaEsp.1nhaca1óliai~ fu ouvir e proclllfflllr ao roniç.lo da apitai õ ~ . O dijrio "ABC" esl*'lpa em wi$ P4inn o documrn· to dt 117-Co....,_, que o pubJia ramb,/m no boletim "Covadong.a /n· forma". A campanha eutnde-~11 outru re,i6ts do Pllfs. ~ o o totalde91(JmiJ~disuibu/dof.

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das. mesmoquenil.or.ej am satisfatórias. Es· ta,nlo.Depoisdesuapromulga,;iioéque<:O· me(aopior.oinioknhel. Enquantoaleidurar. ela 1em queser denunciada. repud1ada. ee,igidaasuarC'\ogaçil.o Pessoaseinstiiuições.quemanlfmruidosase interminá, eis batalh as em defesa de interes!ln de menor monta , s.c mostram mui· tosolídtasem conseguirosilCncionesteas· sunlo.Emtramcom , ergo nho,acump!icida· dcnaconspi raçlo do silêncio.Comor.esetra-

''EIAl<:azar'º,de/'.fadri ... Lasl'ro•in· ciasº".de Valencia. ''Her.1ldod.-Aragôn", deZaragoza, e ..E/Diariode Cuenca" publicam, r esumfü do

d«utnffllo. Ainda no mesmo mês, atra•h de carr.11 diri1id11 ao Cardeal Primaz dt Toledo, a TFP espanhola fclkir11 o Purpurado pelo ~,mio pronunciado no dia de Co,pusC/tristi. no qual mosrra 11osJO•ens mgra,·,ss,mos mromt·

nienresdoaborto. Dtumbro 191.J -

No dia 2. a

Sociedade E!p11nhola de Ddesa da ·rradiçAo, Familia e Propriedade dirige-semiCar1aAbc'r1aaS./\f.o

Rei Juan Carlos/, fuendo um ulrimo 11pdop11r11quemio.usitl('a/ciquea111orizaam1tançad()jin,xen1n.Ae11r1afoipublirndanQjdiários··E/Alea• zar". de Madri. e " Hojils dei Luna'", dacapi111Jed!'Zaragoza.

Jlllllo l ,U -

TFl'.Co• .,,_,.

ron1ra1u/11-5('pelllronstiruic.1oda t n· ridadt UDEVIDA (Union !'n Dd!'nsa dtl11Vid11},apro,11dapeloArC!'bi~ ckM11.dri,par11ddenckra , idahunia' :m~omomentodaroflC('J)Cloaté

I>e~mbro l n.4 - P atrocin11d11H pelo ArC!'l'!ispado de Madri e dirigid1u por UDEVIDA, r!'alium-se as Primri• rasJortllldasDiocnanas=l)('fesad11 Vid11. TH•.Co•·HOapl parrir:ipa da oolftadt:fundostJ,11raoscrnrrosdedef~d111ida. Abrll lMS - Durante a inaugu,11,;lo da 1101a 5fflt wria1 de Tf 'l'Co....:lc>.,., mi Zarago:t1, sev Pr!'<i· ckntt ,llll pttS('nç.!doBispo emhi10 dt: \lirória ed!' llulllffO.SOBrupo de r:oop!'l'tldom;esimpa1iza111esdaenti· dadc,fvrt:fertnr:iaár!'<Xnt!'5!'nt!'n· f11 d o Tribunal Constiwâo~ sobrt: 11 apro•açlo da matança dos inoermes:

casscdcumcpiwdiojiitcrminado,qucseria mdhoresquc-cer. \las esse silêndoencobre uma matança de inocclll~. É mui!O cõmodo para alguns, enquanco jorra o sansue e a~ eriançassãoesquar1cjadas,prt:tendercalaras ,oze$dcpro1cs10,manejandoco1ncinicaele, sànciadclu,·abranr:a..ixábuloscomo"1oleráncia", "ton\'h·ência pacifica··. ··modcraç!oº', "rcgu!amentaçãodeumareaHda-lcexis· tente".Quc,ignificatudoi.1,0.quandooque sefaiéamorizarcfacili1arocrime,àcus1a dos mais fracos e inocentes? Que S('11tido tom tlofalso pala vread o,a não~crcomos intoma deumasocicd adeemderomposiçlo? Podem .ser1aispalavras a rca,;àodoumorganismo1,11. dio?Pode-scadmitira,inceridadcd~salin. auagem? Aceitam que outros a U1ili1cm. quan. doos que assim falamsesen1em,i1imasda aaresslo?

I Imoral cooperar na aplicação da lel A cooperação nos aborto, legalizados é 1r11vememe imoral. Como ad,·eriiu o Papa na Esp11nh.a,~ imoral facili1arosmeiospúblicos eprívadosparadarmort e àsvhimasindefc· sas. OEst adonào te m autoridadeparaobri· gar os méd icos e enfermeiro,. como tam~m anenhumfuncionário.aessacoopcraçào,á qualemconsciênciade,·cm.senegar.Umaordem dopoderpúblironessescntidonlosóM'· ria errõnea. mas tam~m radicalmen1e nula e per,·ersa. Diant!'delascrianc«»áriodiur com os Apóstolos: º'Cumpn obecle<-v '1l)('usqutooshomrns". O Reidit: "Ordt·

""'ts

noa1odosostspanhóis,p,,mcularestau10rid"drs, que CUmJJrtlm t Joçam cumprir l'S/D

lt,'orsíiniro''. Estcmandaio.inctusi"eocon· tcúdodalei,sóexigeaobedi<!nciadospodc· resjudiciaisquantoaniloimp0rpcnas:en1rc outras razões, po rquefkampri,adosdafa. culdade parafazê-lo.Qualqucrmanda1oque implica.1se cooperaçiloseriar«:us1hcl . Um Jfü. poespanhol, dosórgãosdirctivosdaConfe· rência,e5ere,·eu aoscranundadaalei:''Niio j/{ârncoop,,rar ni,m naelaóoroçdonemna promulgação ni,m n" coloroçdo mi prdriead!'

umaleiqut l'oie/<1romtmrromruusnormas primdrios do moro/ humana".

Ruina moral da sociedade AConstiluicilo~nh.ola,aodiurque "1odosrbndirei1oàrida",nãontabelccedis1ineões.Taldireim1emdeserprotegido.É..,;m:mho que o Tribunal Constirndonal interprete Que os de uns sim. eosdeoutrosnão. E que onde a Constituição c~clui, em tempo de paz. apc nademoncparaosassassinoscou. trosdel inqúe111e,.autorize0Tribu nal a mortedos inocemescmcerto<ca5o~. Ma., orroblcma nào~" imerpretação. O grande problema é qu!'sea Con>li1Ui1:ão, em sua concreiaaplicaçãojuridica,pcrmitedarmortea al1uns,rcsuhaniden1cque,nl0Wosgo,cr· nan10. ma.1 a própria ki fundamental. deixam ~mprote(ãoosmaisfracoseinoccnt0$.(E apropósito:t!ina]&oanosdizerosso..·emant..,;,maisoumenosapoiadosporclêrigos,que o,moraen1:anararnopo..-o,solicitandoseu,·o· tocomascgurançadequeaConstituiçãonão permitia o aborto? E digam o que dis,ercm. ,aiimpcdiri,~oam111ancaquesele1alizou?). Enquantod urarenasituacão,umprc-ci piciotemivelamcaça osalicercesdasocieda. dc.OPapaa,ü ou na E>panhaq ue,le11itiman do a morte de um inocente. "mino-se o p róprio fundami,1110 da socitdode''

Minaofundamenlo. Portanto. é patente o erro dos que tratam isto como um ponto isolado. Repudiardemodoabsolutooabormobrigaare,·isarapregaçiomoralsobrea ..,;mnuradasociedade.Obrigaçioqueincum· bei1:ualmemcàCoroa. Econtraditórioacei· tar romo bom um sincma que conduZII legiti· mamenteaefeitosinadmissh·eis. Nãoépos· sh·e!.emconsci~ncia,a!1uémseinstalartran(1Üilamente nele. sem faur o nccenário para orientá-loeparadesligar-sederesponsabili· dadesq ue não se podem compartilhar. Ma s nào é estco momcmodedcscn.-olvcrq ucs1llo dc!antoaka nce. Osresponsá-eisdc"criam, pelo menos, ::;;rp~~;:r~·..i:i::.~c~'. i"s:f:i~:_i~:-r!:~~1:-: rontinuarãoprocurandosuaprópriadcfesa

"O (li#' t':flá Ol'OntttMdo felt(H 11 11mo,ucwnop,ibliro, e,itc/,a/l'enos bons, o sentido do gn1~1'dmk ,me= dop«'il(ÍO f/~KcomrltuporQCllSid() IÍil despe-m,/i::IIÇlio do 11/.,orto ''.

J •IIN 191$ -

Tf'P.Con•d_,a

par1idi,, dam;u,ifn1açãoderepúdio 110 abono promo,·ida por Vllrias enri• dade5dt:dt:fesa da,'W.a.cmMadri,su

Cillff SuralW. J•llto l <JIS- A proveir11ndo .ts fh11u de ,-mo, o Rei assina (sem que Mnhum j {)(nlll desse publicidade 110

r1110/11/!'ique11utori;uiamaram"ados jf!OC('n/c,, A T f'P 511i ás ruas

de /1111•

dri, p0rta11doe$randartesne1,1rru·, !'m si1111/delu1opelaapro,açlo dainiqua Jeiqut 1t1raidar:ól!'racklxussobrt 11 Esp1mh11, Em ,·árias p0111os d11 CII• pirai. sócios e r:ooperadom; de TFP·

Co,·. .,,,..rulizamarosdt:~ e fllZ<"ffl proclamações. causando pro(1md11 impressAonopúblico.

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CATOUCISMO -

Setem bro de 1985


ido/os?", ..NUo podl!is lxlxr o cálice do Se·

nhorconi/icrdosdem6ni0$''(l Cor. 10,21 e 2 Cor. 6, 15-16).

Os c atólicos em sua re laçll:o c om a Igreja Aposkãodoscatólioosrcspons.hcispe· lo aborto ame a Igreja 5C define em dois planos: a)OCódigodeDireitoCanônico.nocâ non l. 398.estabcleceparatodaalsreja:

o, estondor1es de COvodongo·TFP dominam o monumental man lfesroçôo onli-obortl,to con~~l~dú~t:1º or go nlzocoo ADEVIDA. 1oollzodo no centro do copirol espanholo. em 25 de

cont ra os aaressorcs. E se isco é justo em si, 5eriaequi1acivoquandodci.~amsemdcfcsaos mais ne<.:essitados? Conscnam alauma credibilidade os que cs1ão patrocinando a lei do maisfortcàcustadcoutros,quando apclam aos valores morais? Nilo perderam eles roda autoridade moral para re<.:lamar rcspeim às suaspróprias~iducparaprotcs1aroon1rao terrorismo? Os terroristas aplkam aos seu,; in· tercsscs.emdetcrminadascondiçOO.omcsmocriLério moral que os legitimadores do abortoaptkamaosou1rosin1c rcs,;cs. Agoramcsmo1odasaspcssoaseinstituiçõcsresponsá,eisscooligaram naindi11nidadc:daqualnãosairãocnquamocominuaro clamor. embora sufocado. das •ícimas inocc,mes. l:nccessirioressahararcsponsabilidadc dos que repudiam como absolu1amcmc imo· raloabonoeafaltadcprotcçiloàssuas•iti· mas. mas oontribuiram ou cont ribuem ainda paraqueosculpadosdessccrimescapoicm emvotoscatólicos.Oquefoifcito.emdeter· minadosambicntcscclesiáuicos,dastãopropala<lu"'denúnciaprof~cica ··. ''voz dos que não têm voz", "con~i!nciacrilkadasocic· dad c"?OndccstáJoãoBatista.dizcndoaos poderows:niloteélkito?Ter·sc-ãotornado osprofctascomplaccmcscor1esi'.101? Nãosclivramdcrcsponsabilid adeosquc .. legitimaram" a votacão da lei do aborto. qualqucrque1cnhasidoosemidodeseuvoto. Não se negaram a participar na votação de outra lei, pOr não se 1ornarcm cúmpli= daaprovação.·•ncmsequerporviapassiva"'? Enquanto for legal matar os que vivem nasentranhasdesuasmiies,todaaNaçàolí· camanchada:emuns,poraçillooucumplici· dade,cmoutros,poromissào.Ficainterdita· dasuacondicãodel'átria.Ficaespcda!men· 1eferidaaCoroa.cradicionalamparodosfra. cose do direito nacural. Ê bem lamenuh·cl que esse amparo.se tenha interrompido à rusta dos maisindefesos.t1nmscainsciluiçãoqucrc nãopod,c:quan1oscpo,dccnãoquer.Es1acha· 11asópoderiícchar-sc,cnãosemhumilha· ção,oomarC\·ogaçãodaleiearcpulsados comportamentos homicidas. E oom o sanca· mcmoesmuuralaqucamcsaludimos. A lei foi promulgada no m~ de julho. m1 quesccclebraafestadoApóstoloSantiago. naqualaNacàoespa.nholafazascuPatrono

CATOLICISMO -

Setembro de 1985

uma das dua~ofercnda~anuais. innitu(das há maisdetr~sé<:ulos,umapelasCones,outra pclo Rei,suprimidaseml9Jlerescabc1«idas m11937. Podeu manaçào fazeroferendasa um Apóstolo de Cristo, e ao mesmo tempo imolarcriançasnoaltardeMoloc?OApóstoloSão PaulororrcaollOS!,OCOCalçodamando: "QucronrordiDháenrrcCristoeBeliDI?",

''Queocordo há en/rc o 1emplode IHuse os

..Quem procura o abono, se este se produ:r., inrorreem txromunhao lau,e Sl!n11>n1iae·· (isto é. pelo próprio fatodeoometcrodclito). Aucomunhioimplíca,entreoutro!ôefeitos, a proibição de receber os sacramentos e de celebr,·loseadcterparticipaçãomini11erial cm qualquer a1odcculto. Dadas as co ndi ções de imputabilidade, contracmes1aexcomunhãotodososqueprocuram , rcal ium, cooperam para realizar um abonocfeti,·o:01 queindu~cmamãe,ouque providenciam ou preparam os mcim para ruliU-lo,amãequequeroudcixareali1.á-lo, osau toresfiJicos.osmédicoseajudantesté<:· nicosedemaiscolabora<lores,osquepropor· cionamosmciosdeclínkaseoutrasinstitui· çõcJsanitáriasccconõmicas. Note·scqucse o aborto não se efeti~a. não se incorre na ex· comunhão.emboraalentativaineficaztcnha a mesma malida moral. b)Oscató!icosqucfavorccemoaborto empostosdeautoridadcedcfunçãopú blica. namedidaemqucoooperamparaarealizaçilodcum abortoconcre1ocefc1i,·o, incorrem e·•idcn1ementc na mesma excomunhão. Ás ,·czcsnãoscpoderádeterminar~ea ação das autoridades recai cm um abono concreto e ektivo. ou sc sc rescrinae a fomcmar pOSSibili-

TFP-Covadonga: slogans contra o aborto EIS ,U .GU,\ 'S slog•11s qut SOCios e cooperadores d11 r,;p tspaahol• proc/11maram nas r uas das principais cid11dtS do país para prolf'!illlrrm C"Onlra 11

despt>naliuçio do 11bor10 na Espanha: O que ditiam? O que diriam as grafldts personalidades cristãs da história. cspanho/a: São Fernando, Santo (nácio, Sanra Ter~. Sanro Antonio Maria Cla.ret? O que diriam tles sobre um projeto de /ti que n4o só arranca aos inoctntes a vida terrena, mas também pn\·a a maioria deles do batismo~ Ninguém ignora. quantos infelitcs nascituros caminham dos alborcs da l"ida para a morre, sem lerem recebido o sacramento que prepara as almas para o Ctu!

A omissão, a omissão rambém constiwi culpa! Também co11s1itui culpa! Prestai atenção, ó omissos. que de um lado para ourro passa.is pela rua: quem presenciasse o assassina/o de um inocente na rua. e mio o deftndesse, carrega ria um remorso na alma até o fim de seus dias. Quem 1·ê um projeto de /ti que atenta contra os direitos .1 vida de ctntenas de milhares de inocemes. e não se mm·e para apoiar a lura contra essa lei. poderá conservar tranqüilidade cm sua comciência?

A TFP a.pela .1 crisrã inconformidade do po.-o espanhol contra a matança dos inocentes: a matança dos inocen1es em pleno séc;ulo XX!

A propaganda das esquerdas in1ernaciona1s dcspcfla o protesto mundial contra as reprcssõei à guerrilha e ao terror. t, pois, profunda.mente ilógico que alguém se mantenha indiferente diante da des~naliuçjo do aborto e da matança de centenas de inoc~ntes cm roda nossa nação. Para uns, proteção. dcs· Yefo, solidariedade. Para ou/ros, prt('isamente os inocentes, indiferença. atroz! 17


dade$cfacilidade$gcraisparasuaconcretizaçlo. Ne$tC caso sc,rá duvidosa a cxcomunhão;ma$nloédu11idosasua1rcmcndare$ponubilidadcmoral,ordinariamcnle maior queadoscx«ut0fe$,ncmtdu-id(Kl)quemerecemrepro,·açãopú.blicacpmase$pirituai,, embora não .se çomraiam automalicameme. Cenasmanifestaçõesdeeclesiástk0$50brces1epon1odnoricn1aminde,·idamemc0$ fitis, porque. embora os munciados ..,jam ver· dadeiros, no contexto soam necessariamente comoatenuaçãodercsponsabilidadeoucomo lnterpmaçãobcntvola deatuaç~5que,ao contrário,t!mdc5erdenunciadasdeacordo com sua enorme gravidade. Trh uempl0$

oponunos mosuam como é n~rio evitar equívocos: Primeiro exemplo - X alauém proda· massc: "OqucmataroRei,aRalnhataFa. mi1iaRnilniioinrorre,mexromunhtJo",diri• um• ,·crdade; apnar di»o, 1odos admiti• riam oom nuão que esta pr0<:lamaçlo, ftita desse modo, sc,ria imprudeme, amblaua e iniolcrAHl. Segundo uemplo - O crime de uma mãe que,comatosimputáveis.assassinas.setodos os membro$desua família. ou ode um mMi· coquefizcsscomesmocomdezcnasdedocn· te$dcumhO!ipilal,ninguémdiráqueémenor queodcumaborto,emborapornteincor-

A TFP entra na liça em defesa da propriedade privada e da livre iniciativa Brasil eiro! És contrário à Reform a Ag ril. ria? Ela colide com leu bo m sc-nso?

Eh• dn loa d a intuição qu e te ns dos supre mos lnleresscs d o P aís? - Ê bom, porém não bosto. t preciso que dés teus argumentos, para que /Hrsuados os que pensam de outra maneiro. Fne ndriro , Hllis con victo de que a n inguém é lícito a rra ncar- ledas mlos as lcrns q uC" l't'CC'bC'stC' por lcgítim a suCC"SSiiO hcltd itá rla, ou que ga nh astc co m o suor de IC'U ros10 C' culfiv:as para o be m dos teus C' d o Brasil?

-

Tu dr,:es agir. Agir romporta discutir, demonstrar, persuadir.

Q ueres tcr 11. teu 11.k 11. nCC" 11. a rgum enl açiio doutrin á ri a e tk nica, 11. u m tempo I CC'SSfvel e t1 a r11., queteh a bililC"11.defe ndcrcomfxitotu11.scon vicçõn, tcusdl rci• tos, a ua nqüillda de e a grandeza cr lstii d o Bras il ?

A TFP o prometeu, e e:std cumprindo Uolivro

t

REFORMA AGRÁRIA ~i~1~~~~Ô~IA

A - APROPRIEDADE PRIVADA EALIVRE

\

'.~l~~'~:~~~: NO TUFÃO AGRO-REFORMISTA P LI NIO CORRf:A DE OLIV EIRA, Presidente do Conselho Nacional da TFP, pc-nsador católicotradicionalistadcrcpc-rcussãomundial,professor univer~itário, C"scritor..

ram em excomunhão, e não por aQuela matança. Tercdro exemplo, que n0$ aproxima do tratamemo prático de nosso caso - O códia;o dt' Oirei10 Canõnico não estabelece pena automática para "osJ,bsquepcrtcnçamaassocú,çôesm<l('Ônicas"; m•s•SantaSideclarou cxpte5sameme que ·•a,:ham-sc cm es1ado de pecado gro,·ce nliof}Odtm aproximar-~da

santa comunhão''. Aautoridadedalgrejapodedecerminar demodos11ariá11cisaspcn11.scanõnicas. Ne· nhurnaautoridadedata;rejapodcmodificar arulpabilidademoralnemamalíciadoescândalo.Àsvezcs5Cprem1deelidirasrcspon$abilidade:smaisaltru,oomoscaintcrvcnçãodos Podcre:spúb!ioosscreduzísscafazcr-scdetestemunhas,r~s1radordounotãri0$da"vontadcpopular".Elcs,·crão.ADeusnãosc,en· gana.Occnotque.pore,emj:,lo,ochefcde Estado,aopromut,araleipara0$e5panhóis, não diz: "Dou fé". Dizcxpreuameme: 'ºMando a todos os t5panhóis qut a cumpram ... Os que implantaram a lei do abono são autores conscientes e oomuma.i:n do que o Papa qualifica de "grav(sslmov/ol(IÇCodoordem mora/",comtodasuacaraadenocividadee de escândalo social. Vejamoscatólicosimplicadosscosatingeocãnon9lS,queexduida comunhãoosquepcrsistemem"manifes1operodogrove". Podem alegar algum atenuante queoslivredeculpaemsuadecisivacoopc· ração com o mal? E~istees.seuenuante? Se CXUl:ir,scriacxccpcionalissimo,e,emtodocaso,transitório. Epcnsamqucosreprcsc,ntantesdalgrejanãopodemdt'ar•dar!iCIJ minis1érioclevandoarom,,nit:o1ioinsacrisamera relação social ou diplom,1ka. A regra gcral é clara. Os católicos cm cargo público, que promovem ou facilitam com leisouatosdego,·crno-eemtodocll50protegem juridicamcnte - a prátic• do crime do abono,nãopcxiertocscaparilqualiíicaçilo moraldocrimedoaborto,nãopoderãoe$caparàqualificaçãomoraldepecadorespúbli. cos.Comotai~terãodescrtratados-pani rularmenteno uso dos Sacramentos- enQuamonilorcpararcmsca;undo suasponi bi!idades O gravíssimo mal e cscãndalo que produziram l3dcjulhodel985 José, Bisp0deCuenca

~AtoUCISMO

CARWS PATRICIO DEL CAMPO, Mastcrof Science em Economia A1rária pela Univcrsidade da Califórnia, Berkeley, E51ados Unidos.

Para adquirir.este livro, premcha o cupom abablo e o cn,ie ã Socit'd4dc Brosilt'1ra dt Deftso d11 Trod~, Fam11ia t Proprit'da(h- TFP, Ru.a Dr. Maninico Prado, 246, CEP 0 122", Slo Pau to, SP, anexando um cheque dc CrS ~.000, nominal, cm fa.-or da me$maSociedade.

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CATOLICISMO -

Setembro de 1985


Jornais comunistas solidários em difamação à TFP APÓS O ARBITRÁRIO t injusto dttrt lo dt fec:ha mt nrn da A,..

wdaçlo CMl Resistência - entidade ,·enuuel11na coirm il t autônoma das TFPs - , nada menos dr 4 periódicos comunl stMS K rcaozija ram com essa atitude do eo•·trno pró-soclafüt a da Vt nrzu ela. " Ca lOJlcl ~m u" transcrr~eu em ,ua edlçil o de d ut mhro último

(n? 408) o tu lO pubtindo pelo " h,·e,tia " t m 20-11-~. T razemos

aorn nhtd mtnt o dos nossos lt ilorts ,nes ta p,lllna,a in1 fir11 das notidu publicada1 por ·· No.-e·d a du dr M oKú" (n? IO , m arço dr 1985) r" \ ' oz da U nid adt"(Joroa ldo PCB. 9-1-tlS).enctrl os do arligo

"Sl-itas anllco munlnas", publiffldo pela rr~ts•• cubana .. Bohr mia'' rm 7-ll-34, Ao tomdtrt101ijoos periód icosacrn(,tnt1m as mtsmasacusaçôts f1'1l lohas e injustas com que o IV P odtr proc,o rs dt nt-grlr a Ima-

ge m du TFP$ em todo o mund o.

" Novedodes de Moscú"

Os fascistas anseiam pelo poder O DIÁRIO "Komsomólskaya Prn,·da" publicou o artigo neno pardo", enviado de Caracas pÓr Sapozhko':· A chamada associação civil "Resillincia" exme na Vene,uela h:iquasecinroanos,céumadasfiliaisdaor11anizaçãoneofascista internacional "Tradição, Familia e Propriedade .. (TFP). a qual se dedicaarncrutaradoltteemesdel3al6anos,inmui•losidcológica e militarmente, e formar oom do 0$ mais fanáticos destacamentos anticomunistudechOque. Organizai;õf:s anáto1a.s operam em uns 20 países, mas oom particular força as seitas semidandestinas da TFP atuam precisamente na América Lalina.

Mais omissões na campanha pelos direitos humanos A S RA. KWOK YUK·TIM ,ive numa canoa de 10 m. de comprimento. toda molhada . jumamcme com mais 6 ad.uhos e acrianças. no por1ode HongKon1. H, 5anoshabitaesse larflutuante,ondccozinha,fazfloresdeplá.sticoparaseman!er,ecuidadeseui;doisfilhos. Larqucé11mbémsuaprisão. reiu leis de Hong Kong, ela não pode pisar a terra §Ka. Juntamente com 850 out ras mulheres chin~. também ca.adas com pc$Cadores. ela pode vi,·er nesse barquinho flutuante no porto, mas está impedida de entrar em Hona Kong. ln fcli,:mente, o marido da Sra. Kwok Yu ~-Tim cont raiu tuberculosec1er:ide abandonar aprofiss.ãodcpci.cador. Ela emãoseràcolocada nacategoria de"imigrameilcgal"eobri· aadaa vol!a rpara as miséria1; da China comunista, de onde fugira, deixa ndo at rás os filho1; e o marido. Com ela 13 outras csposasdepescadoresteràodefazeromcsmo.Oesposodcuma delas, YcungSkck.dcclarou: '"Estam()SnJNrandoummilagre· ·. Asautoridadesde Hong Kongesiãoinflcx!veis,ctudoin. dicaqueentrtgarãoas mulheTcsaopOdercomunisia.Argumentam que se deixarem as 14 mu lhero:s ficar em Hona Kona com osmaridoscfilhos,prnva,..,1menteloaoha,·er,so.OOOou1ras chinesas vivendo nas mesmascondicôesnas 11.guas do porto. na esperanca de um dia tocarem na terra e levarem uma CXlltblcia normal. Essas pobres esposas e mães, por serem vitimas da cruel· dadcromunisttedainscnsibi!idadedasau1oridadesde Hona Kong que pret"Hlcmerurcgá-la,de,·olta à China, .sóconsc guiramromo,·cralgun'ipouco, habitamesdc Hong Kong,0$ quaisacusamogoverno daquela cidadc dcestarviolandoaDe· claracão da ONU relativa aos di reitos hu manos. É incrível que apen asalguma1compassivast estemunhasocu larcssesensibi!i. zemcomasorte des=i nfelizes.Será queodestinodas desafortunadas mães de família não tem o oondão de comover o Ck:idcme, e especialmente o, o rganismos que se dedi.;am à de fcsa dos direitos humanos? Ou ser, que tais entidades aplicam seuuloapcnasaesquerdistasesàoinscnsí~cisemrelaçãoaos fu&iti>·osdo"paraisovmnelho"1(Cfr."News•·cek".22-7-!l'5).

CATOLICISMO -

Setembro de 1985

Na Venezuela, o es-ãnda!o em torno da associação civil ··Resis· 1enda"ei;talouao1erempublicadasnaimp rcn1adacapitalasdenúnciasdepaisindignados, Qu e acusamestaorganizacãodc scqüe!lrar scusfilhos.intlamarnelesoódioàs,uasfamilias,vc., arfisicaemoralmenteosadnlcscemcs,utilizandonovissimosprocedimentosdepsiquia1ria para con,·erti·lO~ em cego instru mento de "Resistfoda".

"Vo2 do Unidade"

A TFP , de novo SOB A BATUTA de Plínio Corrta de Oli\·eira, expoente impar do obscurantismo medieval, a famigerada TFP (Tradição, Família e Propriedade) anda muito ativa. Na Ultima semana de janeiro, cm SãoPaulo,rcalizouumcongre»oqueduroutrkdias.rcunindoquase 2.000pcssoas-brasi!eiroserepresemamesdeoutrosl3paisesondc atua. E agora, noimeriordoestado, ajunta 300 "mili!an!cs" para exercícios de natureza nebulosa (inclusive fisi~os). A TFP, como se sabe , nào at ravessa seus melhores dias. Além decisõcsnamatrizbrui leira.1evesuasa1ividad es qucstionadasc/ou proibidas em v,rios paisc, democráticos {a Veneiuela foi o último deles). Noentanto,oquejácnm~aafazerrarearoestranhooligtnio daorganizaçàoé,na,·erdade, acaminhadadopo,·obruileironoru· moda democracia. Vi,·cndosuafase,urcanospiorestemposdoreaimcauiocrácico,a TFPnãotcmperspec,:h·asrisonhasnaquadrada transiçlodemocrá1i,:a. De qualquer forma, a agitação d0$ sc-quazes do pro,«10 Corri!a de Oliveira~ sintnm,tica e dC\·c ser acompanhada com cuidado. Afinal. quando esta aeme se mobiliza, aos dcma<:ratas cabe redobrar a atenção.

" Bohemlo ''

Seitas anticomunistas A DECISÃO 1·enezuelana de proscrever as atividades da asrupação dc uhra·direita "Trac!ição, Família e Propriedade" (TFP) põe cm foro uma série de antettdcntes que tomllID manifesto o upedicme fascistóidc dessa seita estreitamente 1·inculada a mais de um 1olpe mi. litarnaAmérieaLatinaeaoapoioatodas-uditadurasdocontinente. 01itular,·cnezuelanodajustiça,JoséMaruoGonzalez.aoanunciar a proibição nessa nação da TFP, oonhN.:ida localmente como "Resistel'lcia". e~p!icou a medida dizendo quc "consti1uíaumaameaça pelofanuismode$CUsin1carantcs,pelad1r«ãoes1rangeiraepelos lars0$re<:ursosfinanceirosdisponiveis'' ..... Umjnvem,queabandnnouaseita,confessouquefoi "obrigadoapenetrarnasForçuArmadasda Venczucla'',cporissoingres-

:~-~e~

:~~:i:oc~~::~~:ic~~;::çcã::~~~~~:~: lec~~mi;ss~t~~~~f; sisi~ncia" . .... Tradição. Familia e Propriedade surgiu no Brasil, em 1960, lendo como ideóloao o professor universitário Plínio Corrh de Oli,·eira, que continua ostentando csta posição. Poucos anos depoi s de seu surgimento, a TFP cons!ituiu-sc em umdosinstrumentosqueareaçãoutili7.0uparapropiciarogolpede estado comra o Presidente brasileiro Joào Ooulart, em 31 de março del964 ..... "P,1riacLiberdade"foiumdos&r3ndcsinsti1adoresdo1olpe de estado.que derrubou o Presidem e Allcnde. em sct"!"bro de 1973. Connnuando suas aii,idadcs anticomunistas e ÍIISClstas, cmprcende no finat dc l98l uma fonc camp:mha dc imprensa oomra o 10,·er· no do Partido Socialista frands. encabeçado por François Miuerrand. Na ação comra a administração Mitterrand, a T FP publicou um documento ami-socialisca ,imul1 aneamente cm 49 diários franceses, a um custo de 50 mil dólares .... A seita Tradição, Família e Propriedade. com este ou outros nnmcs, sabe·se com toda a segurança que funciona em 16paises:Estados Unidos, Brasil. Colômbia. Bolívia. Canadá. Chile, FraMa, Equador, Argemina. Grã-Bretanha, Rcpúbljca Federal da Alemanha, 11,. lia, Portugal, Espanha. Uruguai e Venezuela. Sobreamagnitudedesuasfinançasjáad,·cr1iramuau1oridadcsda Venezuela. paisondeasedcdaor;11:anizaçioseencontraem umaluxuos.amansãodoaris1ocráticobairrodoCoumryC1ub.

19


"Vocês hoJe dominaram o centro da cidade '' S EXTA·FE[RA, di• 2 d<: a1os10, 17:00 horas. O Centro de São Pau lo apresenta seu aspecto habitual. Advogados transitam nas imediaçõcsda Praça João Mendes rumo ao Forum. Compradores percorrem u ruas Direi-

ta, São Bento e Libero Badarócmdcmanda das casas de comércio. Na Praça do Pauiarca , longas filas aguard am paciememem e ache-

gadadosõnibus.EalgumfiéiscntramnaigrejadeSanto Antonio. Acostumeiracaudalhumanaaua,·es,;ao ,·iadum do Chá cm ambos os sentidos . Al sumas barraquinhas de partidos políticos, armadasnascabeceiras do,·iadu10,procurama1rair um público desinteressado. Vendedores de

quadrosencostadosnabalaustradadoviaduto,bilhetcirosde lm eria,pl aqu cirosanunciandooompradeouroprocuramdesp«1araa1ençãodos 1ranseumes. Na PraçaRaIDO$deA.z~·tdo,na RuaSa•

rãodeltapciininga,naA,·c,nid alpirangaena PraçadaR epú blica oíluxoaa;itadodostranseunteslo habimal.

Inicio dQ ccimpanhci: orcições e cãntlcos Eis que, inesperadamente, suraem dczessetc gru p0s dc sócios e cooperadorcs da TFr envergand o su as capas rubras. Aquela babel humanarontemplasurpresaamovimentação rípidadosdivcrwsgruposquescdispõcmnos locais dcmaiorconcentraçãohumana.dcsde a Praça Jolo Mendes att a Praça da República. Loa;oq ue, emcadaumdaquele1pontos. ialçadooa:randecstandane.deseismeiros dealtura,umgrup0desóciruecoopcradore5 se diopõc mi forma de rarpa, tomando p0r vO:rticeocstandartc.Ochefedogrupodáin!cioàsoraçõc:s,rccitandoemvozahaumaAve Maria cjaculatórias.Sc1ue-scocintico .. Vivaa MàedeDeuscnosro·· . emhonradeNossaSenhoraAparecida. cntoad oaplcnospulmõcs . para desconcenodru cfticos e alento do.s,-crda~roscatólicos.sufocadospelonco-paganismocontmiporlncoepcloprogrcssismoqucpcnctrounosambicntcscatólicru.O espetáculo érealm cnteboelo esignificativo.

O Impacto dos brados Masoque iráaTFPapresentaragora ao público.ncsscsmesmoslocai,emquccla vem realiz.andocamp,anhashámaisdcvintea nos1 Trata-se do lançamento da obra "A Reformr, Agrárir, sociali5tae ronfisrot6rir, -A propritdade privadr, ea li~TP inicir,1/Vr,, no1uf,iar,g,o. reformista".deautoriado Proí. PlinioCorrta de Oliveira edo Sr. Carlos Patrício dei Camp0. bem como da edição espttial de ··ca1olici1mo" Uulho-agos10 do prcscntc ano). que comémexcenosprincipaisdesselivro

Muitospassan1 o:sparameobscrvamatcn1amcntcosjovenscooperadorcsque.aospa· rcs. erguem numa das mãos o exemplar de "Catolicismo", enquamo bradam atra,·ts de megafones: ''Leiam o último lançamento da TFP! A RcformaAgráriaésocialistaeconfisca16ria! Comprem e leiam! O mais t-me livro da TFP! Sensacional!". Eprosse1,1uemosprop,agandi>1ascomvoz cadenciadaevibramc: ··oPra,·da.oórgãodo Partido Comunista ru!SO, o Pravda que se imprime em Moscou. o Pra,·da proclama ufano: 'Atualmente o Partido Comunista brasileiro preconizaarealiução daR cform aAgrária'. IÕoquedesejaoPartidoComunistarus,o,é o que deseja o Partido Comunista brasileiro!··

Clima de slmpcitlo Enquanto al1uns cooperadores conti nuam a chamar a a1enção do público mediante sugestivosbrados.osoutrosabordamostran· scuntcs e. mostrando·lhes a contracapa de "Catolicismo'',exp!icam:''OSr.jàconhecc es1equadro:nasmar1ensdolpiranga,D.Pe· droproclama a Independência de nossa P:I· tria. Aqui. Nossa Senhora Aparecida, Pa· drocirado Brasil. Aqui éo 'Pravda'.jornal do Part ido Comunista ru!SO. noticiando. com iati.lfaçio,qucoP1rtidoComunis1abrasileiro apoia a Reforma Agrária. E por fim uma dascaravanasdaTFPquepcrcorrcmtodoo Brasilparaapregoarosideaiscatóhcosealer· tarcomraocomunismo. lÕoBruitindependentc em luta romra Moscou. o Brasil de Nossa Senhora Aparecida . o Brasil que D . Pedro Iquiscqucquiseramtodososquccomclc es1avamnaquclahorahistóric1daproclamaçào da lndcpend!ncia" . - "Não é preciso me explicar. Se éda TFPeu apoio de antemão'' - diz um senhor. naPraçaJoàoM cndes,aoadquirirum exem plardal'CVista. Eumof/ke--boy. apomando paraoleãoquefigu rana ,:apadocoopcrador, pergunta: "Então,,·oc!mecons..gueum desses aí?". Alguns homens. ao passarem po1 uma das bancas na Rua Barão de ltapctininga, dirigcm·SCarujovenscooperadores ecxcla· mam: "Vocês hoje dominaram o centro da ci· dade!''.Eumdclesacrescen1a: ''Se a Policia fizesseissocontraadclinqüência.cs1a,·aresolvidoopmbkmadeS!oPaulo". Na Praça da República. um senho r aproxima-scso rridemedossóciruecoopcra

dorcseobscrva:··Ah,osSn.aqui?Euesta,·a com muitas saudades da TFP". Tais repercussões constituíram uma cons. tamc da campanha. O pübtico acolheu, de modo 1eral. com inter= e slmpa1ia a a1uação do,sóciosecoopcradoresdaemidade.

Umci descigrcidãvel surpresci parei os comunistas Mas, como era prcvisi,·el. m csqucrdistas,sebentqueesp0radicamcn1c.nAodcixaram de manifestar s..u ódio. No laraodoCaíé,umadüziadecomunistu,compunhosccrrados,comccouabradar"ReformaAgrária!ReformaAsrária!''. Uma pequena multidão foi-se formando cm tornodrupropagandistasdaTFPedos,·ermelhos. Esiestcntavameletrizar oambicnte com seus urros frentlicos. esperando obter apoiodopüblico. Qualnàofoiadc«'J)Çiiodosa,itadores. quandoou~ iram da pane doscircum1ames um fone brado: "VivaaTFP!" ... Esse apoio à entidade,parddodopúblicoprcscnte,deixou inteiramente desconcer1ado o magote de marxistas ...

No encerramento, cano emocionante Às20:J0M.todososgrnpos,com.'óC\ls es1andanesemegafones,aíluíramparaacal· çadajuntoaocdificíoMaiarazw,nacabect:ira do viaduto. Era um espetáculo imponente. Maisdcquatroccnto!sóciosecoopcradorcs da TFP. reunidas naquele local. levantando uemplares de "Catolicismo" e dando, compassadamente, os brados que haviam prodamadoduranteacampanha. Tendocomofundodequadroorcferido edifício.ilu minadoporholofo1es.cmmcioa umaflores1adealtoses1andanesrubros. os mc&afonesazuis,,·oltadosparacima,denunci.-amopcri10da Rc formaAgráriasociatis• 1a econfisca1ória. ChcgaoProf. PlinioCorrêadeOliveira, queserongratulacomossóciosccoopcrador05,crez.acomelesA,·e·Mariascjaculatóriu Emse11uida0Presidented0Consclh0Nacional da TFP brada: "Pelo Brasil!". Quatroccmasvozes reboam no viaduto: "Tradição, Família.Propricdade!Brasil.Brasil.Brasil!". Comaquelaccnaemocionantc.quejásc repelira no mC5molocal em ocasiões análo1as, cncerra-s..oprimeirodiadcmais uma campanha da TF P



Em face da Reforma Agrária modelo 85

Eficiente atuação da TFP N

AEDIÇÃOórsaemhroliltuno,"C11oliâslllo"jiaprtlftllOllumrd.alodl-óoi!iml'OI

wueslaDC5dalli1Kilde&no~o,rtfomumdaTFP.Trm-wdapartiápiçiodaen!idi& DCJ(ongrmo Brnilrirodt Rdonna A&rw reali:idomi Bmilil., IKII diti27 • 2Sdcjunbo, ••&fm.kcampanhldt,·mdldcrmru11i,-ro"ARefonr.,,t:,órl,rl«io/if14reot1{00l1MI/ - A ~p,t,~u/i1r,11110,m.,, rllf«!qrt>-rtformisia", realizada oodil.2

deqWop .p.,DC1<:tntro-XSio1'1ulo.

"°

Iniciativas da TFP e primeiros ataques da imprensa agro-reformista • 11 dej1IIIII - O jornal "Ztlo Hoia", dt Pono Al~e. ~u blica mema ! fan1~iosa r<p0rtagm1, 0C11pandotr~p.lJi1111 in1eir11, 111 qual est1 Sociedadetacusadadc infü1rar-lf a.a clas1t 111rill 11iict\a d níluir e11 ,ida interlli douindicatos. Am11éri1 tinhio darointuitode prejudiar I imatm1 da TFP di1n1e da opi niio püblit1, no m10 momm10 mi qut a en1idade m1prfflldlair1nótcampantlinaclonalwmr11 R•form1AJrirlalOCiali111eronfüa.t6ria. • l.l ilf jl.11111 - A ror1,·i1• da romillio o,µniudora 00 Congrmo Estodual de Produtom

• lldt -br9-Confrr&lciadoProf. P•~loCorr!adr Brito filho, SmrtíriodoCo!lldho NacionaldalfP.IOOl'c1po!iciodanMidadem1nmiriadrReformaAgríria,;,.ar1230alu· 1101do(oligioTiai,:o,¼ricol&Bffledilo&oolli,drJundili(SP).ohmmeum...unodc1pa· r~o.Oronfrr~witr1101tdtmodorsp«ia!osasptt1os!Ociili1r.uccoofilatli, rio5doE.st.1tmodaTm1 • Jt óe tffl11br9- Diallt! iloripidoosaramnnodapr,mrira ed;.io doti•'IO,dt 11 mil mm plaros,1TfPlallÇlum.11ttur.:laedrçlo,dtlmilmmp!Mts • L5 dt 01t1bnl - Em romunicado dt imprei,11, a TFP romrma I rtctn11 tprn,tÇio, pelo Prõidenteda Rtpública,dotrnodtfiniti,·odoPl1noNlcionaldtRcform1AJriria.Odc,;u. mcmodaTfP, qutt[lllbli(ailoM$11ed,;lo,chama111t,t;i-Odtmodoeip«i1lpar11>tn11· çiog,orr1liudadcambi10idadc.dtcar!nci1dc11r1ntia11d1dnconfii"-'1,Pl'oduzidi.1 pd1 di,11t11ctodo1c,.1odortlcridoPlario.promn,Mopronurlciar.,eernh<N, demodoab.al 1 1r1tro,sobrers;ac,.1en111confu11m11tn1.

A campanha em números

Rw~.do RioGrl.DIXdoSul,odirr101daTTP.P~nio\'idiga!Xa1·iffdaSilr6ra, prorm ronferrnci.inaq\ltkr,m10,or11nizadopd.ifARSlll.pdoSindic:atoRurlldtSw1 Maria, p e l a ~ RurildtSamaMariatpd.iA!.IOciacioBruilriI1<bCriadoreid,:C,ado(ha. rolês.Acoaf«iacia,·ffw.lObr,os~~r!IM;QÍsdaRrfOf!DlAgriria,~ lfmllo,oombastnaOOIIIIÍIIIC11,l,lita,ftrill<k>ida1inu~daCNBBt111matémlffllporll romo1 Rrforma Açúia, llim dt que d.a o fusrm ll)l'tlffl!ll p,o,-a:i dt que a e,uunm, qriria5!ja~<tlpdlilai:una.sdrJIOUI~. • 2&•J1Ao -Ojomal"ZffoHot1",óePorioAJesrt,publkloo;omunndo':.lalrtnu,Q t111/fflXdmPCJ,di/MMfllro,uraaTFP.''',noqualionl>iadrr<lpODd,10fllll.UÍo!oaori· ciiriacoouad.l,fÍC'llladopociqudtéqkldtilnprrn11 • l• ,sO!ill-OProí.PlimoConêldrOlh-ar1miaww10Sr.PmidmJ.tdaRepúbtica, 10Sr.l'lúoooApoS;ólicor10Sr.}IÍMU'odaRrfon111rdoD!Kn,'Ohi111t1110Açino.aprejC!li.indoromocoomDUtodaTFP101rllldtdrbatrllWOJlalpropt1110pdoGo.-t1110.01ino ..A Ref- ,4z1*ir toN!im tnleflSCVrdnl -A ~ p m Q M t a ~,,, Miro11r<a, /IOll,/ioa,,tNtjll(fflWQ"

• Ll • acosi•-OdifflordaTFP,Sr.Pliruo\'idiplXa,ltfdaSilràra,immffllnosdeb.a:os dUl'llllroEDroCl!roóel'fodutom Rum,IObr,a Rtforma "&riria, raliudo em R<cifr,oodr romparM1J11111ilfl.ffl'ldriroido~r.Du,u11oro1,dN,foifeót1!ar11di1t11Dllição dtíolhrlosdtpropapnda,IIIOl!flrlÓOOIISCOquer!!M't1mlpart1apic,,h1111bmilàra1 '1WlutrnçiodoE1t.1tutodaTtm.

Propagandistas da TFP iniciam campanha de âmbito nacional • llM11w-0 -Apó!1cdtbraçiodaSant1 M11sa.p.lnemdeSioP1ulo pir111m1i1 di,a, 1111o.ilid1drsdoPai1rnadt~d upl11dtpropa1100i1md1TFP,pir11difu1ãodoti, ro ",! Rt/orma Azrdria M>Nlim t ro,if=iórla -A propntdadt p,l,·ada ta /i1w inicia1fra, Ml~f&,qro-ref(){/ll/JIQ"

Ao 111t1mOtt:npo,q111uoar1,·111,11dtlÓCÍO!rcooprra.dorts,]'lOllando1111Sapai, eitm.lann,?t1rorr1111d~·=Ewoo1dahóaiçlo,di,ulpl>,loon1imffotspeci,ldar,:,i1,!J"C1l0tici1111o'',rontmdoe:\CfflOSPm);ipaisdamdria1t-ordad.lnoti,~o.

Uma concomitante propaganda pela imprensa e televisão • ll •tJWt-ATFPpablica,miwçtoliln111"follladtS.Pau1c,",~d:a

atn ..A Rt/1J11M,4z111t11JOClfliislot(Ol{ucv~-Aprop,wdadtpriTomto/irtti.oitior~ Tl',IIOIM/iollVf>""/O{ffllMO". ~propq1ndlcomm1arda?ocb5lilnn11daapnal p1111ilaoml,oln10poo!N1r1mronuado. • 11•Hlfllilr9-An'Caprt&l,Canall.dr8milia,la11Ç11011.aopo,r1ma"\1,w~rm aol'midm!t",W111mu,:,illaóel6111nu1os,e,i,queoProf.PlillKICorràdtOlnm1tbor· d:aopolêmial1tm1daRrform.1AÇUU.

MobiliniMOSOduplasdtlÓCÍO!CtoopmÓ(trts,11fPdirul10t,111éqor1,rmlldiu dtCllllplWII; - JO.OOlrumplarosdo b\ro "A RtJ(){ffla AfrárilSOOIIIÍJlo tíOll[IJllllóna-A ~ pritd,,dtpriTOtJiito/i,1tÍllll'lfr11'0,.Wlwfloafro-ttfflfffllllO ...

-29.00lrumplarnda1,:,·iw1''C11olicilmo"ro111rndocmnosda1Dt11111obr1 for.m-'suibuidOILlDlbém.dr!drolan,;amm:odolilTO,lO~.OOlfolbrtosr,·olarues depropaaallda Alrmdeilal?(lprOJ!*Pndi$1ic,,IÓCÍO!C(OOpCf1doresdamticbdrtsll>ttampr...me, ffll llmmiôõóefumdci.Ol.~ffll l4Ellados,lr--andosrmprtocomrit..:odoutri DmODOsnnidodrproporcionlrtdl!Krwlloalntor1aoçio-illdispn,\.i,dpir10bom b:iiod:a luta lDIHÇ<Hrfommta -dalqltlllW1lórclr1Mdirftfos, iqundoadowrinaa:ii, lia.rtspccialmrat1almandoCOD1r1osriscosdaapliadodoEw111todaT(ITT.,indcpa,d,n. tm1mteda1PfO\"IÇiodoi'!anoNanoaaldcRtformaA&rinl.AatiodaTFPrrua!touum biin1~dtospodu1oresnu1111t11W1temntutmdian:eda1meaçadequalqua !M01111.1A(IÍnllOCWÍllltoonf!illoriaqor1rprett!ldailnpllmar110P111.

Repercussões na imprensa: notícias Comot na:urll. ocan4m1r tm.a da R1fo1m1 Agrírit l'flel'Cllliu tuµmrme l'II impre, 1,1,W1todos1m;ltsetllt!OSrorrtoda1prq umulocal idadrsdoinrrrior.Nelle,11tonotici.ário figurouoomdrsll(lutlll~dl TFP.Alioprr~nt! momenlo, cnrrecomrn1irios ra,·oni ,n1,""'1r01ourontririos . th'1lllmaooonhtcimemodoSrr,ioodelmprm11daTFPum totaldt l~notíci11.~ublicadasporjornáiserts·i1t11detodooP1;1,dnd(oAmuonasa1i 0RioGraOOedoSu l. focali tando11111.1ctodmodad1mm111nti·a1ro,.rcformi111drs1aSoci, d1dc Adm>is,um,mnsoromumctdomosuandoori!Cllq11trtprcirnt1para11griçul1ura bra1ikira,m.nu1rnçiodoE1111YtodaTaraíotpllblicado1101~uimtsór1ioidtimprm1a ''(o,r"° do Estado' ', Campo Grande- ~IS r-H!); ··o Imparcial'', Pmidm:, Prudm1, -SP(ll-Hl):"ATriblil'll",Samos-SPll·IO-il):"OiiriodaR'1i.lo",S.10JolrdoRio Prrto-SP(7.J0-8J),

Revides do adversário: prova eloqüente de eficácia da ação da TFP Um<b11D1oawmaile11xttfÍ\11COSdatfr,."i..'iad:aa:ua.kld,,,m•ohidapcbTFPi aradoqortsta>ffllplO>lXlrlÓODOSl/1'11111doswm;,.allw1:tsdo1(I(l-rdormi11110ipafui~deanrtdapcirn1enomp1nha, 1TFPfoill•"OM11aqwo;por paneóeõrposdt imprrn111deumoaoouopolniro Somera-1r1iooosrodlidlo!rlllffl-Ml!01liJUUdosoon1111TFP,aqlli,litxoli, 10loqodaamp,anlll,P«dmtmlosqor,lliod11pondodrupmmtos;,.ar11mfrtn!i-!ai lu.t do dia, li.lo nnhim outro remNio klllo r«or1ff a ~ nl)!dimles.

CATO LI C ISMO - Outubro de 1985


O vigente Plano Nacional de Reforma Agrária:

O Pais, ansiando por clareza e garantias, recebe confusão e insegurança A TFP promete pronunciar-se em breve de modo cabal e sereno

Os

ÚLTIMOS ANOS deste 5«u/o, inici11-

do rom o roque dos carrilh&s, 35 harmonias das,·a/sas,cose5p/cndorcsdasfe5tiudvic11s e mi/iram da &lleépoque. •'Ao correndo tor-

os dedos". Ou, um pouro mais modernamen· re,empa]avrasralismllnic:uromo"disllogo", "irenismo", "«umcnismo"crc. Porfim.cparaalémdos··otimisrasror·

vps, tumulluados, sempre mais ~jados~ in-

daros",csrav11mos"otimisr11sfcs1fros "'.Es-

có11nilas, ckcriM"S<"dcca1á51rofcs. E. ffll mrio a wdo isso. o fim dcs1c mill-

1cs espen,,·am tudo. Ou seja, que o Presidcnrc Sarncy cnconmuse. para llSOfrcr a an,al situaçJo, uma daquelas fónnulas má$it:as que a /e,cnda llCluliana - a qual comp<ma>·a alguns rraços chulos - dcfinia com fórmulas comaest11:"Jcirinhopararirar11smeiassem rirarossaparos".

nio sc 11pro.tim11. Ar(' em seus fundamcnros, a 50Ci~adc sofre Htccui•·os •Nlos. próprios II eriçar de

sus10 OS mais otimistas. &nrcm-no mais ou menos ronfusamcnu todas as m1ç6cs Ne!irc momcnro. o Plano Nacional de Rc-

form11 Agrilri11 or11 aprov11do 11bso/uramcn1c n4o produiiu o ddro psicológico arejado e dis1cnsfro,qucdekpar«,:m1crcspcr11do,nAo

sem boa dose de ingenuidade, os seus aurores. &me-o o imuirivo e /lic:ido po,·o t,rasi, láro e diJSO a TFP •·cm r«cbcndo resrcmu. nhos de rodo o País. Com tfcito. cm seus quase cinco 5«ulos dcHisrória,n.faJJ!il50ura/,·cz=Paisuma só ,·cz por um suspense igual ao causado pelo 1.º PNRA. De si, esse esrado p5icol611iro 1arna o hamem scdcnto de scgurança. declareza, de 1/llrtmrias. De tudo aquilo. enfim, que e.tI)UlsaJ)arabem/011geofamasmadorisço

qu(oa/ormema. DiamcdoanúnciodequcoGo,·(rnoin• traduziria profunda, modifica,;tXs no dO<:U· menro,definiram-se,nagrandemaioriadas brasileiros,trbl)Osi~.11/iáscxplic,frtis. Uns ,atidna,·am que nada mudaria. Eram principalmeme os ""põ5Ímistas··, que nawralmcnreasiprópriosscqualifica,·amde ··prc•idemes ... Ousros esper11n1m mudanças capazes de aealmaros''pessimis1as··r.u:endo-lhcsa/gumu ronccSSÕ<'$, e de rontemar - scm os dect'pcionar dcrnais rom aurras ronccss&$- os ··otimistas··. Eramcsscsos··orimistasc:ordato<''quc asimt$mOSSCincuica1·amromo ..prudentcs'', "equilibrados", "sensaros .. crc. Su11111itudc poderia dcfinir,sc roma inspirada cm máximas tAo •·c/hasquanta ,-clho éo mcdo, n11 cri111urahum11na: "Vào-scosanéis.m:ufiqucm

CATOLICISMO - Outubro de \98S

NOTE-SE QUE CSSIIS três I)OSiç()cs nAo equfraliam ao trinómio dírti111-ccntroesqucrda. Emrc os "pessimistas" havia, por exemplo, ,ama dirciti5111s temcroSOi de que nada fosse mudado no projero do PNRA. quamocsqucrdis1asaprccnsi•os .t ,·is1adahip6resc de que nele fosse mudado tudo. Entrew ''moderados'' ba,·111 dircitiSIIIS que /emiam perder a/é mesmo o I)OUCO que lhesresr11uc,cesquerdis1:uqucrcmi11mnão obter - se exigisst>m tudo - uma razoihcl parte do que d.- e:<cclcnte podiam csp('rar na prcscntcronjumura Ecmreos''01imisrasfc5rivos'',ha,1aas dirciris111squeespera,·am da habilidade mágica do Presideme Sarney II co115ervaç.to do su11usq110. E ainda os csqucrdis111s que csper11•·11m da mesma habilidade do chefe de Es1/ldo II derrub.Jda inteira - pelo menos ,·irrua/ - do mc,,;mo status q110. De1od11scssasaprccnrotshcrcrosêneas rcsutia,11 um mcsmos11spens,, no qual a d11nn.-1ado.sesquá/ido.sotimist:uquascn.tochc-

6a11111sefozerom·ír. E desse suspense se c,ola,·a. de moda 11 s11ruraraa1mosfcrabrasi/eir11.umaansiedadequccn1algunscasos1oc11va.i<raiasdaaniçllo:romoseriaono votexrodoPl.:mo? Nesraconjumura . osràoexplicJ,cisa11· sciosdesegurança,darczacgaramias.sec.lllS· p,era,·a m ao máximo. E era mi.<.<&o indccliná· ,e/ dos autores do Plano agora rc•·is10, resa/·

ver adequadamente o grande suspt- na qual oPaisnàopodcriaperman«crI)Ormaisrem-

po sem prejuízos e até riscos d0$ mais c,idcntcs e considcrá•·eis. Mas. dói dizi-lo, o resullado da promulgação do texto inrcgral do Plano, bem como dm; noririárim; ecomrntáriosdos mass-mrdio sobrcoassunro, prodw:inam uma scmaç,1o gcncralizada d.- a.mbigüid11dc, dccarincia d.- ga r;mti11s, cdedcsconfi11nç11, que já ro/dou o BrasildeNaneaSu/. Sensaç.foessaque,·ai rumor.-jando largamente n:u fileiras, /amo da dircirnq uamod11 csquerd11,escmosrr11scmprcprescntcnocentro,scbemque110modo deste. E ntla poderia ser de outro modo. Pois jáaumatcntocorrcrdeolhos,odocumento r.iocsp,eradopartX"CquascfcitopataprodulÍr rcsu/rado oposro. S..m .-mrar por ora na análise do conteüdo do viseme PNRA,já se pode afirmar que, quanro;iform11.es1cnlofoisimplesmcn1crc1ac:ido, mas remodelado a fundo. Foi refundido a pomo de consriruír no,·o documenta Ncsrarcfus.to,aordenaçllod:upanesfoi dcsloeada,cemmuitonum(rososarrigasquasc rodos, rah-ez - hou,·e rc1oques, ou substiwiçóes . Tudo de maneira II fazer do co1ejo cntrc a primcir11 c II scgunda rcd11çtla do Plano,um.-crdad<"iroqucbra-cabtç:,s,noqua/ a vis.to de ronj11nroparccc fugir ao leitor, .:mboscanda.sequascatéafimnosmeandros deumte:<toe:<rcn so,proli.l oen.toraras "C· zesronfuw.

Í: :VA TUIU. L QUf: sendo a TFP conhecida cm todo o l'J1is por duas dk1du t me i.11 de /ui:, d:,,-,, t m prol d11 pruprltd11dt lndivldm1/ c da inkfa th-11 prfr11d~. conduâd:,rom con,·icçâo, l'Ol.'tênda e clareza, lnrnnl:h-cis b,-,,sileiros se perguntem - t nus prf/(un l em - <Jque/emelaadizcr n11prrscnte cmcrginEs111 pafa,·n, :,qui ,·rm: .. Ver, julgar e agir''&ioasrrêserapasindisp,ensã,cis110/ü-


cido, hcmGlo tMnsaro posidom,mmtodo~ mtm, squndo Slo Tomás. Ncstt irintrário, está a Tl-"P faundo o culdados-Ocoftjo enttt o projttodol.~ PNRA. e o próprio PNRA. lsto fcito,tcráchegado a,·czdtformar um juízo wbrr o Plsino rrt#m promulgado. E, por fim , fo rm ado esse juíw, ,·ini o mo,rnon fodt ot11 unciar e difundir. Scgundo já pudemos conmuar tm rápido relanct, da cridênria dC5Stl difuslo nos fala - rom implicitudc parado,:a/mente muito d a ra - o próprio documento firmado pelo Presidente Sameye pelo Ministro Nelson Ribeiro. E disto tambtmnosdá tcstcmunhoaexcelcntc acolhida (IOmil c,:cmplarcs >'tndidos em 52 dias) quecs1áenron1r11ndocm te>do0 Brasiloli,,,0A propried11de prfr11d11 t a lfrttfok/a1J~•, 110 /ufio agro-rrlormlsta, de autoria do Prof.PlinioCorrêadcQli1~ira,Prcsidcn1cdo Conselho Nacional da TFP, e Carlos Parricio dei Campo, MosttrofSâencrem Eronomfa A,rária pela Uni~ersidadc de Berkeley, Califórnia, btm como II cdiçlo extra do mcn5"r)o de cultura "Carol/cismo" que ront~m uma condensaçJo d~ li>'ro (29 tru/ exemplares já difundidos). O esludoagoratm cursocslá11tndofci1ocomtodaactlt rldadt quea prrmt acla do a5Su111omcrrce. No momento cm que• aç.io da TFP M 1111i desdobrando cm roda a sua ampliludc e firmeza, ~ocaso de dirisir, à margem do prr5tnleromunicado, uma inurpelaç.Jo a oposi. tores ideológicos dela. Veiculam c!SCS opositores a ridícula baJt/a de qut a TFP j extremista de direita e, com bll5C cm tal. pleiteiam de quando cm quandoaadoçAodcmtdidugo1·crnamenra.is contraacntídade.Oquc111mbtmniloM11bs1lmdefazer... ose.Ttremistasder:squerda! Nesra campanha, 1lm 111is opositores mais uma ocasi.io de observar a TFP "ao vivo". l nrerpclamo.fos, pois, p.1ra que rcspondam dcfinidamcntc: o quc, n11s dou1rinasc nos mttodos dessa campanha, ~ exm:mi$1a.7 Porventura~ exrrcmismo defendcr a intcgridadc d11propricdadcpri>'ad11cdalfrrrinicia1fra, ronmr oa1ua/111tl10116f"O-rrfomtiS1;1.? E, acrcscrnurmos, porquenossosnposirotT:sn.foqua· lificam por sua 1·ez simetricamcme de exrrcmisras os propulsores da Reforma Agnlria? Numa pala>'ra, porque dois pesos e duas medidas?

EM SU/\IA, m ais uma •·e'f, ~ Deus qui• sn, e com w da • brr,·/dadt po!lSfrel. a TFP cumprirá alln Jmrate stu dc,·er para com a ci•·llizafio crislã to Brasil. Que assim a ajudt Nossa Senhora A pare-e-ida, Mác e Rainha deste l'ais. cham ado a Lhcdartantag}óriano].ºmillniodacracris1.1, o qual, porenue as amarauras e tragtdias deste fim de ~ulo, ji/1 M fu entre1'Cr radio-

w. Slo Paulo, 15deoutubrodc 1985 Sociedade Brasileira dcDtfcsa da Tradição, Família e Propriedade

Constituinte comentada pelo Presidente do CN da TFP Ol'tol. PlniltContedtta-

....... . ........lilllW'l'inl• wh ........

~

o

PROF. PU NIO Confa dt Olin in. f 0~ ucn1re,·iHasobre o 1ema dafulu n. Constiluinleà rnisla .. Manchete... tendoesta publlaido inircialmente a matéria. t m sua edi· çlo de l9 docorrenre. Esrampamosabalxoo ttx lO lnll'l:ral da mencionada t nt"' ~isra .

• Poderia o Sr. enumerar alguns ponlos mois importantn a=m incluido,s ou mudados na no•·aConstituifâo?

PCO- A grande maioria de nos$0:S meios de comunic.açãosocialsopra,·en1osqucrumam continuamente para a esquerda. A CN BB, aindamaisin ílucntedoquetodoscks juntos, fa;:omesmo.Por isso.ascircunstânciass.lo mui1op0ucopropícíasparaMacrescentarou Mriraralgode\"erdadciramenteMnsatoeproficuoe~ntceSS.árioquealgunsseroresdaopiniiosepreocupem!iObrctudoemronsen·ar. • NQ sua opinião, qual ~ria a melhor formo dt compor a As.scmbMio Cons1i1uin1t?

PCO - Não compreendo outra form a senão aelelçllodiretadosrepresentante$,pclovoto universal e secreto, para uma Constituinte que.elaboradaaLciMaana,automaticamentesedissol,·a. Pois na presente conjuntura qualquer ~otação indireta deixaria o Pais à mercê de pant/QS de dcmagosos, 1e,:nocra1as, capicalistasdecsquerda.ousacerdmestamWmdecsquerda:MriaumdesaHre. • O&-. tendo sido constiluinlt tm 19]4, poderia avo/iara influéncia do Comissão tnrão pllSidida pelo ministro AfrfJnlo dt Melo Fron co,no1cxtojinal apro1•adopelaCons1i1uin1e?

PCO- São Paulo sangrava ainda com as íe· ridasdcJ2.Eufaziapartedachapaúnica, muitíllimounida. Todasasnossasdelibtraçõcseramtomadasemreuniõt$dab.ancada. O lidcr dc5ta. o Prof. Aldntara Machado, era nossorepresentantcnaturalnasron,·crsações oomoutrascelebridadesdoPais.Entreessas, estavaAfr.!l.niodeMeloFranco,(ujainfluência foi naturalmente mui10 grande. • FiztmosumapesquisanoArqufroNacional do Congrrsso t tomamos conhttim<'nto

de wiriascartosd<' populom, escri1Mem 1932 el9JJ,comsugcstótsparoo,sconstitum1csincfulre111 rra/u1uro Constituiçdo. Ali que ponlo aqutlosc-ortosinflutncioramnatlab<Jrç,Joji"º'do Consti1uiçiio?

PCO - Dava-se, então, muito menos import!lnda do que hoje às cartas de simplcs pan iculares,poisnossopovonllotinha.comoh.oje,ohábitodeenviarmissivasaosdetentores dos poderespúblicoscórglosdeimprensa. Ep0rissoos p0pularesquecscreviameram J)OUCO rqiresmtaLivos do pensamet110 de qua]. quersetordaopiniãopública.Nuncativeindiciosdequc estascanasti,·esscmridomais especialinfluincianaelaboraçlodaConstituiçlo. • Esld h(lvtndo uma grondt mobi/iu,ção popular tm /ermos de debolts, stmindrios, ti!· comrossobreaConstituiçiJo. Acrtdiwqut dcs1a ,·cz o pollO, a socicdadt rtrti rcal par1ici~o no projclO da Constitulfào?

PCO-Es1a··arandemobilizaçãop0pular" pare«- estar despcnando por ora interesse bem reduzido.Nossopcwoététiroquan1oàrcpresentatividad,ideológlcadosqueforamõeolh.idos.Quasctodasascha-passàocompos1as dedirigmtespart idários.Eaquiospolitkos. cm lugar de representarem as diwrsas clas5CS, $.ãoomaisdas"ezesreprcsentantesdaclasse poli rica. Nosso povo nào gosta de faier opapel do homem reduzido a comer de um menu quenloesco lheu. Permila-seacadaqualo direitodecscolher-naschapasdospartidos ouforadclas - osnomcsqueprefira.Erenores<:eráointcressepelaselcieõcs. • A TFP pretendi'rio ltr algum represtn1a111t ouporta•vozou algumcanalderomunicaçào paradt/tnderasreil'indicac-óeSqueaen1idadt considera ,-mportanltS paro a futuro Consti1uiçdo?

PCO - No paoorama ideológlco-p0Htico dos brasilcirosa T FPocupalugar-próoucon1ra-muitodefinido. Es1a$uaaçãodeprescnçafmaisconsiderá,·cldoquemedian1ea escolhadeumoualgunsporta-,·oze$delana Con•tituinte. Porémentretaltipodeinnuêrlciaeackiçãodealgunsporta-voze!lpróprios. não há incompatibilidade. De qualquer modo,~ cedo para pensar nisto. CATOLICISMO -

Outubro de 1985


No "Cerro de los Angeles"

A Paixão do Coração de Jesus E NTRE AS DEVOÇÕES que a piedade c.ttóli,;a presta ao Di-

la

vinoReden1or, a do5a&radoCo-

No skulo em que vi>~mo,;;, p,ortm, a pervenidade humana parettqucrersobrqiujarabon-

raç.ãodeJesus$0bress.aipelanota de bondade e misericórdia divinas. Innin.iid.aporNossoSenhor

emaparíçõcsaSamaMaraarida MariaAlacoque,cstasublimtde+ voçlo-àqualsccon581rouo mtsdcjunho-enoon1rouuma

acolhidaespccialcn1reosfi8sde 1odoomundo.Expri:ssaelaami-

scricórdialcvadaalimi1esquesó aSabedoriaDivinapoderiaexcogitar,!aladcmonstraçAodeamor

aoshomem, deardentedesejopeloafervoramcntodosbonsepe-

sintua

ton ,·ersio

dos

pe,;adores.

dadedivina,pormeiodecrirne:s deumaatrocidadequaseincon~bivel. O 5,1criléj:io perpetrado

porcomunis1asdurantcaGucrraCivil'5J)ilrlholacontraoSag:radoCoraçàotdissoumexemplo doloroso e formativo. Formativo? - perguntar:i a!gu~m. Sim, formativo. Num mundo habituado a julgar que ·•nofundotodossãobons",a ltmbrança de =tu maldades pode ser formatíva e servir como predoJa liçào.

O Sagrado Coraçõo no coraçõo da Espanha Situadobemnocentrogoo• gráfico daca1ólicaEspanha,es1áo"CerrodetosArtJ:eles".pe· quenaoolinauistenteemMadri. que a piedadedopovoespanhol escolheu para nela ersuer um monumento nacional ao SaJrado Coração de Jesus. Nodia30demaiode 1919, naprnençadoNúncioApostóli· oo,doCardcalPrim.u.,de228is· pos.numerosoclero,nobres, autoridades e uma entusiasmada multidão,aospésdaimqemdes-sc: monummto o Rei Afonso Xltl coraagrou oficiatmeme a Espanha ao Sasrado Coração. A par do entusiasmo que peroorreuaEspanha,ouviram-sc

decáedelávozesliberais,socia· listaseanticlerkaisdetodaespéde, a vociferar contra ta l ··exagero". Anosdepnis,quandoascenderam ao JOYCmo, esses inimigos da Ff católica permiti ram que founn lançados insullos comra ptre&rinosque,no"Cerrodelos Angeles",iamrezarpor.i,pelos i,euse pela Espanha. Mas a sanha anti-rdiJiosa nlo se d<:te•,e niuo. Em toda a Espanhactntena.sdeigreja.se oonven1osforamsaqucados,prof1nadoseincendiados. Cerca de $ele mil sacerdotes, religiosos e

:=.-::r..:::.::::-.~c!:':':.~,.,,,,_,.,dlo~Cfreiras foram maniriz.ados. Oitenta mil fifis sciuiram o seu uemplo, derramandoo'8ngue em defesa da Hcatólicae da Espanha. Nessa convulsão, o MonumemoaoSagradoCoraçãonào seria poupado: a 28 de julho de 1936,umgrupodemilicianoscomunistasformouumpelotãode futilamento e alvejou a imagem. Apartirdeoiião, foram quase di,riasaJprofanações. A imagem foi vitimacons· 1ame de uhrajes. Atiraram-lhe imundfcies,cuspiram-lheepicha· ram i,eu pedestal com frases bla.demaJ.

Do que o ódio 6 capaz •.. Trk dia.s depois, cn-ca de cemmilieianosoomunimuchegaram com alarido, traundo e,;plosi,·os. Espalharam-nos junto ao pedestal,aoaltareàsimagensl.a1erais. Tomaramdis1ãnci.aeacionaramosd<:tonadores.Ouviu-sc enorme es1rondo e levantou-se umaimeni.anuvemdepoeira. Passados alguns instantes, di s.sipa.daapoeira,verificou-sc CATOLICISMO - Outubro de 198S


queoominuavaimpassívelemajeStOü a imagem do Saarado Coração ... De,s.animados e perplexos, promneramos sacrílqosdes1ruidoresvoltar nodia seauinte. E voltaram, efetivamente, traundoespecialistasemdemolições e arande quantldade de explosivos. Enquanto<:0locavamcuid1dosamente as cargu de dinamite em lup.res esuat~aicos, atauns subiram10pedes1aleinsultaram oDlvinoRedemor. Horas depois, ooncluido o sacnlcaotrabalho,umatremendaexplosãoabaloutodaa,:olina, 1 tal ponto que, num povoado próximo,S<"ushabitantesimaainaramque nlosóo Monumento, masopróprio"Cerro", haviaidopelosares. Baixadaacolossalnuvemdep0eiraefumaça, do alto do pedestal a imagem continuavaincó!ume.Obraoodireito,estendido,osabençoava,.. Nãohaviaexplicaçãonaturalposslvel!Eradeconhecimenioaeralque,antesdaGuerraCivil,oMonumcntoestivcraameaçadodecair,d,:vidoadcfeitos nosalicerceseitinstabilidadedo tcrrcno,gucestavacedendo. Um reforço provisório fora colocado. Agora,cntretanto,aspoderosas cargas de dinamite nio o abalaram! Uma onda de temor espalhou-seentreosprofanadores.Comoouuoraosjudeuscom oSepulcrodeNossoScnhor,destacaram umaauardade miliciaD05 para manter as pessoas afastadas. Passaram-S<"ala:unsdias.cos espíritosotimistuj, supunllam que os comunistas não voltariam. Contudo,aSdeag05lo,ccn1enasdemílicianossaquearamo conYcntoderclisiosasearmclitas, pró~imo ao Monumento. Êbrios deódio,anunciaramelesgueno diasq:uintederrubar,amdefinitivamcntea imaacm. Um caminhão com milicianos e um poderoso trator chegaram na manhã seguinte. Em meio a bladêmias, ataram o pescoço daima11emcomumarossoc:abo deaço,cujaextremidadefoiprcsaaotrator.Omotordesteru1iu emmeioaumaalgazarrainfernaleb!as~mias.Apó$v.,;astentatlvas imiteis, o cabo de aço partiu-se ... Foradesipeloódio,osmilicianos recolheram no povoado pró~imopicaretas,marretasetc. Nàodcscaruariamenquantohouvesse pedra sobrc pedra. Ao cair da noite, porém, apenasal1umasimagcnslaterais estavam parcialmente danifitadas. Vencidos mais uma ,·cz, retiraram-se.

" Consummatum e st" Ourametodaamadru1ada, ouviu-scoroncodecaminhõesa trasportaremmáquinas,e~plosivoscrerramcntas,Scauindopla-

nocuidad05amentetraçadopor especialistas em explosi,·ns, ao amanhe«rasperfuradorascntraram cm açio. À tarde colocaram culdado~cn1easgrandescargasdedinami1e,asmechaseos detonadores. Era noite quando evacuaram toda a rcdondeui e acionaram os detonadores.Uma sêricdeviolcntasCJ1plosõc:sabalou1odoo"Ccrro". Doseurefúgionasrcdondea.s,asrdi&iosa.sc;armelitasobscrvavam.Oescidaanu,·emdepóc (umaça,nioseviamaúasilhuetadaimagemdoSagradoCoraçio. Era 7 de agosto, primeira suta-feiradomês. Poder-se-iadizcr como Nosso Salvador, em sua SagradaPaixio: ··Tudoesráronsumado!'º Todo o Monumento estava porterra.Aima,;emdoSagrado Coraçãoj11.iadesfeitaeminconuiveispedaços. Por um desígnio da Providênda,acabeça estava int acta, bem como a pane central dopeito,comoSagradoCoração esculpido. Ena última não foi percebida pelos !mpios profanadores. Como cães raivosos, !ançaram-scelessobreacabeça daima1eme,agolpesdepicare1a, deixaram-na irreconhech·el. Com satinica alegria, desceram a elevaçãobradandoemaltas,·ozcs: "Vcnctmru! Vencemos!'·.

Ressurge o Monumento profanado Quatromesesapósasacrílep. profanaçào, no dia 6 de no-

vembrodomesmoano - novamenteuma primeira$CXta-fcira do mh - o "Cerro de los Angeles" foi libcnado pelas forças antieomunistas.Estasconquistaram acolinanumaúnicain'"estidae içaramabandciraespanholasobreasruinasdogloriosoMonumento,aosbradosde'"VivaaE.sponha! Viva Cristo Rei! Viva o CoroçiJodeJcsus!". No "Cerro de los Angeles" ergue-sehojeimponenteoMonumento reconstruído. No alto, a imagem do Sagrado Coração AospésdoMonumemovêem-se acabeçadesfiguradadaamiga imagcmeapedraondeestácsculpidoocoraçãoqueserviudealvoparaoburlescopelotãodefuzilamemo. VinteeduasperfuraçõesdebalascircundamoCoraçlo Sagrado. Nenhuma o atinaiu ... Nacapela,naparteinferior doMonumento,háaindahojea imaacm da ··virsen de los Angeles'' (Nossa Senhora dos Anjos). Quando o "Cerro" estava em miosdoscomunistas,estesprofanarammdooquehaviadesaa.rado.Entrctanto,naimagemde Nossa Senhora não tocaram. À semelhança da Paixão, Nosso Senhor tudo suportou, mas nlo permitiu que tocai;sem em Sua MleSantisslma.

Ã9""jlllÍNSodilonuil .... illlpondo~·~·mugiadc,o·plilff .....-.111.- ......... dllolO

Países cansados de ter pena A FOME, A TIRANIA e o terror, frutos da implantação do comunismo no Vietni, La0$ e Cambodja, geraram um fluxo continuo de íqitivos. Mais de 1.400.000habitantesdesscs trhinfelizespaísesdeixaramsuasp:itrias,procurandoabrigo nasnaçõesvizinhas,especialmtntcnaTailindia,ondeeramproviwriamenLe abriaados em çampos de refusiados. Umaaçãoconjumadeorganismosinternacionais,govcrnoslocaisenaçõesocidemaisdesejososdeacolhcressamultidãodeinfortunados,encaminhava-ospo1teriormenteparaalKUm pais não-comunista. Mais da metade deles escolheu os Estado1 Unidos como sua nova p:itria. Tal situação modificou-se. Os Estados Unidos estão restringindodrastic.amtnteatntradados fugitívos doSudcsteA.!iático. O mesmo fazem o Canadá e a Austrália, dua!l outras na çõcs que os recebiam. Al~m disso, a Taillndia está devolvendo pc:lafrontciraoscambodjanos,vietnamitaselaocianosqueprocuramrefúaioal.Asautoridadesrcspons.inispeloamparoaos refuaiadostememqueameranotidadequeasportasparaos fugitivos do comunismo C011tinuam abertas, provoque: uma a,·alanche dc fugas, tornando tr:igica umasituaçãojámuitodeliaida. Um fundon,rio norte-americano comentou que, se não hou,·er medidas restritivas, "nós aca/:J,anmru esvaziando a Indochina". Apcsardetais medidas,ofluxodospobresdescsperados conlinua.Atualmentchíi400.000fu&itivossobrevivendopeno~cntenoscamposdcreíugiados,àesperadasautorizaçôcs para,·iajar. Abandonadas pelos poderes da Terra, as vítimas do comunismo olham o mundo com desespero mudo, pois seu wfrimento infelizmente nAo tem o condão de comover a opinião pública.Paraelas,parectmniouis!irdireitmihumanos(cfr. "Ncws,.·cck", 8-7-85).

L úcio M endes

CATOLICISMO - Outubro de 1985


México: prédios desabam, certezas se abalam ' ' LirR,1,._\lf,DEUS.d,,qwwdil~.q.,u,doosffldt1,mg1,,_".0s •~l?O(llipti,;mclo"Dmlnc.. ecoamlorrheispdas11a,·esdl!i&ftJ11mn:icul$.Oalw IIIOfdt&siljgdtGuwJupt-olldeie&cbaaim.q;emdaPadroàraóoMklcotdaAmmt:ll Ui1ie11-nti1ncr,IIOO!)lt1Mi1sa1d1i11.1111émarçocloprólimoll10,cmm(m6rn,do!mor·

Bast1ri1portlllt1JLll'IOSolhos, eitvcri1mmw1meaçador1.1:um idilkiodt1in11an. dart1pt1isosanim11indinadopa11 1frem1;mai1adi1ntf,noutr11111.umpredioiMilllGO P"!ltril,mqlllllOWlltt1.ciroünh1umafmilemfoc1111dtV,be:mnomrio Obommiron11ml)!)ll!ICO,bibi1UIÓCl10dim1dr:daprtsmçioocimi!ll11aieJdeJll)l111 mtplóf,olis, lm.podidol'DÚI' qdolmciosi I pr!Cári:a ! !ai !Opltm,::a, pos!llffi fac,: de~(OIII0$1.Sio!nlidwpamnidalpdaPro,ióinciaDi,uu..1mdoC111ma llllPÍl"U nos bomma11di>tl temor, IDO'>'e-6il!I icon•fl'lio, romowntni puaà' mptadol. Ãqudtsqutpo!SlllfflonobiliuimomcarJ0d,:M1mi,w,ptn1111~ÍICIIM-0Clfro -:rompniri.a rtlmibr"! W5 •?r(bdes. noe,umo tlqU«idl.l e!ilmciidas l)!)lowiliodau1.· gtdi.looridanoMillco.

O fO"tmO fala t111 doi1 ou 110! mil nl()IIOI (o que par~ muno ao.~ da realid1\!d, a!Juns alcul:im ffll da, vime mil: ht Qllffll acr~tt cm pdo !!lfflll ci!Xlumll mil! O totil d!,lltsit,npdoluhrtpa111mnmil Allwu bticadoslOho:-i•"'1n, Qdi,·~a mi procmodtlXCO!llpo$içio, 1udoómol.l

Swprmdt, po,1, coruutar no~~ ro1idlar.o a au;rncia qUl.ll completa de rdtrrnci&i im11tênc:ra npiri1ual por pa111 iloCJrro mnic1no, !fja p,ar1 miti&lf l! ilores mo,ai1 lk11ntmlarndelfei!Ol,1tjapara tranmtitirronlortoe1lmtonpiritual1Svit,mu,apon1ll'IOOlhn O,·ttlblklro alan.."'t !Obrmatur&] da lmnmda pra--açk, !O/rida. \krm:tindi~comolÍDlormd.imenulidaóelaiciiarobslilladUlflll1011misla. 1dedarlÇlode11111reprfSCl!aDllilofO>"trn0:''0Jo,,r,,o,:do/~1dxJIMOJ1tdtiurlrmqvitl1t;

IIÍlll!dt$obçio,lllllllllUIIIOSÍa1de""1!br1ts1up01.

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1os-mformium!-mrdo!t.

pt... "("l'/2Elprm".Pms,

"Talvez haja Deu s"

.l-l~)-

Esquecer a tragédia 7

Trêlti:rrf!!IOlosqi.we1~~•os-oprimnrormp\m::l11'1/im,iu1i110,co1t1undo

it dwanie 1110i1c - arraw1m ctntrnas de edifícios da Cidad, do Mh:ico. 1 qual parecia, minu1os&n1a, iI>dffinuivd. Um "atro/ldo«1111oodo1ro,oo"- informam asa,h>rin -

~mm.thi1U1tnaidiaokprop;,rçõa~.P0<todapanc.cbnrodt1~:bombàrmel'lllllnwiosre-,·~nawd1de~cornllliÇllltOSasl'l&»ilt1ÇOdo!tdifi-

cios:nt0IIIO'o'rupanicular.. 111D!formdolC11.&m~:mui:osNiíteimrmlillAÇXl!lo incirildews::ffllll;io. qwos bdi~ttOJ IW!III p0dim.500!r-"0Hos. PffilUI', ,itnçia óe llllSturtiinuammaitcpr0>-oanaDOVOSbhlmmm;,-aum<lll01i:kP1~.

C0111tl'(MIDllid'1Xóc~:falt.adelaz,&,U,qua;osicnlÇl)ide1dtcomu~pW~ amt111tdei.wrldeemtir,nu!lllc:11Mblórdtn1111i,rtj11ÍZ01mall:IW$dif1Ct1Sdemliar Pmadomiiorprojclotlabi11Cionalforamrtduzidu10qurumjon11lloaldtoomi. !JO\Jdt"túmulorolttiw".\'olun1.iriosformar1mfila.lr,ar1pa,sa,podaçosderoncreio,de mMlC"1m!o,do 1ltod.lmon11obadede!uOÇ()$1tioctlio,nae1pmn,;adeOU>ir,(11üdos QUfiadlwltm1'ida.Oc,rmjadort110m111111-KK>St1íorçoibuDW10111tW1mi1·t1orK:io. Al(n11100:I maí.amip boltiidi cidldtruir;ua. Pelo 111tDOSdl:Zdmueimporuntt1

COll!ll!ffmtt1óoJmt1no1rrwr l)!)lin1riro1.1ron111tingidl.l,criandoem!fll lupr um ruta "?lrQLlt à;,::,lóiiro" bm ao JOS!o dos modtrll05 1 discuti1·N padr6el wbariliticos, proa!O'('!)ÓOWÍmumanpécildede!cmu&liuç,loadminisuam'i,,útoK1altiulm.i1demid.idldemop.iíicanacaprWdopaR. SnnromidtrarolláiiodapnlllOIII-OqllflSCJllillll!IOl!Oobjetn-o-,impom1p1rrai.alimtMqurWlltdid.i2coachw1111atlllllfl!1com1IDIDWidadclDOÓmll,1'ffll.i recordaçlodeintaUStolts"fll!OI ~WIIIOdo:'lopc(211oOfi&inaldfÍlOIIA111awasnanatur~bwnana,queC10a11111i1 fa.::ilwdlpasllDIOl1 r1fktireindipr1C11C1dl$ruilesm.m&111.1d.inillmciaquando1101 >l!DOlllSOladosporprCl''IÇÕe:l,1S,1«s1trom. l'ol'is!o,1lembrarr;:ailo 1mnno1o maieanopodma<klllOdooportLIIIOl>'/l'lfffllfflUÍW PfflOII rd\o:ões de orlkm rdigiosa, frtqümlfflll!ltt rdqada.l a segundo pj.lno noturbilhio d.i•idamolkrna.

RobertoF•lronieri

ediíotio$ilol(l'ffllllÍO<UIIÍfUÓOI..

~~e1,,toda1ia.fUWll-lfno1ar,DiD~ofurordi~-zwçio Al.lm.obbamm:o~dfslõ,·mllil1""édioiniopat;irbou..mtrtOIIUO$,llll..:Wro~dtwi,qoe1tlimitOOll1«llllfflW',,qonóounum'Íltllln$iltul: '711htt/wjo

!Nvi.-eJlflCJ". Cf!-tadeóumil~rolow111t-Knnirrudeslruldupdo1mnnoio,iwanw,. ttt os~eslidi1lirlci1,,:si1a1S1Ques i~itirq\lfo númrrocrtltffltidefuncioninos 1 •·olunlÍl'iOloore11a1,~·•>lfltabo1111mcf1. Ennttan10,sini111osJr11l)O$annados, mi1t.rll'IOO-se1Sequipesd,sat.-.menio, p!l,lfrlffl·<e I pil~ kl}llealll abandonadas, Uldi· fcrmtesaollo<Tof(aodestsp,:,-od.ipop11ll(lo

" A Copa Mundial n i o será abalada" Opm10IOOOtolllqllfp11m!esdtdeu.p11ecidosin•lSl1~.m1CW.umOO:lqu..i· uon«rotm0/límpro,;l.ldos,ith11il(l)Mtcidosentrcosrorpos.pois,tffll('!)Ó(lcpid,mial, pllllC)Oli lfP'.!ltll o quilnto ama os monos do identif!Q.dos, m ,·ala! romum Dmrw dr mil~es de pruoai q)ommir1m·lf nas nm, commóo unilukhes 1111i1 tinóo10u1biltlodr:=pcra.lo00:lrorpos-11lat11imprmsa.Jo,·rnsnamocam.f1mílW di•ldtm '"tortillas", aliuns bomnu ffll!Wffl - !,IJIIIOS, latas de rtínJt!Hlel l)llllffl de mloeaimlo.NJl.poucos.lllllllestranlla~dfindiftrm,;:aapoua·lfÓlfflUltOS

CATOLICISMO - Ou1ubro de 1985

A "popularidade'' dos soviéticos A ruAL\IE.'fl"l: ESTÃOSI.DJAOOS111AlrmanhaOn,,:u1lSO.OOl!Olibdm!O<i!ticos, J/tndooomiilmdaniatmaiorronctltlraçiolkuop1.1esmir,rirasemp1:11NrOp111, Rara 11111111t1tsMO,i!lmempliblicomas,OCISÍOllahlln'l1,srllflO!deles,dtl'OIIOScsltW!ll011l.!IÍ· ticol.dwnando1iimçiopcbSerr1111iíorwillWTOlll',il'IBlur.llD.-itl>llÍW'd,:~ldoHaraldluiddfntlu..n1ondadtrmq11n1bl!Gliliwt!!O'ifflalibSoaedadi AkmtOcide!lllldtRdaçõnE:<.tniores,"o$Old4do~ni'liroripiro,..,,Ut1rro"IIIIOnmrlll, •i~romo 2ntinut numa jaula. Elt MO es1abtl«t ronroto com a JIOPll/llfio, ,wm ,:;ra o dtgja"

A1101ieiatlio0fiudcr1p1tsmtlfsi,nmca11>01J111omada"populiridaól"Queto1.1.m 0$IO>'Íi!ÍCOlffl1plÍJ/tl<Xll'DOIAlftnanbaÔ!'imi.aJ,"6bi,wlo,"háó!acbido"t,i1t111tlClpl· taliltaop«IIOI'"


Na Inglaterra: elite aceita blasfêmia, povo a rejeita

o

JOR.'<AlCATÔL1CO'üCrOU",&Parú,emlll.ltdiçiollt19&11wop.p.,

ooticia que 1 "Comi!sãoda! lcis do Rcioo Unido", fomilda por dnoomlinmln juITTW. em rtbtório m•'iadoiCllllMll dos Comuru llt(liu I aboliçio da lci contra a bla.lfémia, •dha &drtoS!fflllos, equt puotcommulme ~dt prulotoda Jlt$101quc irnu.ltarou ri~kuW\W" Cri110, o CM1iani5mo e marno a lgrtji Ani]ica!I.I. AP"'k:k>daComissioi!lfflilhadainfdizmm1epdallllioriadosproítllóiooai1qutse drdicamà$111,lda.óe!juridica.l,oqucnioocorrecomoplib!io:lin&lêsan1ml.Apro-·1dilso fquedel.lOOlllllÍfostlçÕl:lescriwen,iJda!IID$~.1.?00cnmaft•ordal!Wl111eDÇl(ldalei.All:mdiuo,l7lpc!iç,xs,respaldadasporJl.700lS!ÍIWurai,lp.U121111romim,iaç:loda~fflllÍJOI Eilmaisumasoq,z,sCOllfllllllt1deurioraçiod&smle$eoeslJOOdtmaiorpresa· \-açioalqoZK!DCOllll'alll:llamacbsmaisaodt$laldapop,laçiD.

H0111·ettmpo1:111queotu:mplo,oomoimrmal,nlbadtama.Noa1"ertidotaótiromundo11aal,llimaisliçõts1K:guirmasamacbsillfmort1dasoc:itdaik.

Têtrico suicidio em Paris RuuxooAHEDIONDfl& wnmundo~ft.ilomillldoporwndnespcro11ást1, to aso <Xll!Tidora;n11rn>m1r111 apil.11 Íl'l!IM.l,1!111 q1;1e foi llfOlaioai\U.Mar~ Picioo,

a-raoddodoc&lnro11wrirolw;iuesf1tk.COl!l61U01,da~deformama· tn.f«lww-Kmte11aaicóriooosmoududrumediíic:ioloalindow''/t! ~ Jt111t111".0liiriaparisimst"'LtMw",delliltlJOIIOaltimo.DOUcilque1~1epri voudtqmlqlleralimtolotlllOl011[riamnl!eaolliióosuult!IYÇIXSílliwemmildiam•

damonequewll)rOlÍm,l.-a.

Heróico "contrabando" para propagar a fê C oMO SE SABE, u na.çõn comunistas restringem ao máximo - quando não proíbem - as atividades católicas, indush·e a impresllo de Hvros religiosos e at~ das Sagradas E..Krituras. Aúnicac:x~çio f a Polõnia. cuja populaçio f maciçameme católica. Em vista disso o rqime comunista de Varsóvia f forçado a tolerar atividades de católicos que são ,·cdadas nos demai$ países de alfm canina de ferro. Ut1imamente tem havido na Checoslováquia uma strie de inciden1cs envolvendo ca1ólicos, que arri1,eam u.1do para obter e difundir 1e.t1oseobje1osrrligiosos.Osquesãodescobcrtospefabrutalpolicia checapagamcarop0rsua dev0çào.Casosrecentesenvoh·emgrup0s decatólicos,emgeraljovensdecididoseimaginativos.Eisalaunscasosrela1adospclobolc1i md e 13dejunhoúltimo.n~227,doconceituado Instituto Keston, da Inglaterra. Tr!s uni,·enitários eslovacos -Alois Oaraj, Bronislav Borovsky e Tomás Konc - foram pu:sos ao voltar da Polônia para !óeU país. ApoUciadafromcira,aorevistá-los,encomrou&randenúmcrodc folhetos católicos escondidos cm Rus sacos de viascm. O julgamento dos jo,·ens cm Bratislava causou grande impacto. Durante todas assessões,&randcnúmerodejovensrulizaramumavigfüadeoraçõcs diante do tribunal. Sete mies enviaram ao juiz uma cana de protesto, provandoqueoatopratlcado pelos trêsnloconstimicrime. Essa miuil·a correu de mão em mão pelo pais, em forma de sami;da1 clandestino.Certamentcdcvidoàgrandcrcpercu~oqucakançou ofato,aditaduracomunistacondcnou-osapcnardativamentckvc porRu .. crime": umanoemeiodeprisãoee~pulsãodaunivcrsida

,,.

Amesmasortcnãotivcramoutrostriscatólicos,cujocasopassoumeiodesaper~bido: GcizaSandor.Juraj MilenkyePavel Badto. Os trh foram presos em flagrante no úl!imo im·emo, ao cruzar apéoriocongeladoDunajec.gucRparaaPolõniadaChccoslo,·áquia. Os objetos "contrabandeados" por ele:s eram mais perigosos para o rea;imcman,;istado que folhetos: 400cruciíi~ose200rosários. Em vista disso. não foram julgados como contrabandistas, mas comosubversi,·0$, $C11docondenadosrcspccti,·amemcaçíncoano, e meio, quatro anos e meio e dois anos de çadeia (Idem, Boletim de 8-8-85).

A igualdade entre os sexos, essa utopia socialista FOI

ELABORADO na Suécia um '"Plano Nacional para a Igualdade tnlrt o Homem e a Mulher" (J). Lendo-o, cnrontram0$ propostas da seguinte natureza: após o nucimento da criança. também O pai {e não só a mãe) d~·c gozar um mês de licença remunerada no trabalho, para cuidar do recém-nascido. E ainda e:sta: se n=rem gêmeo$. a licença do pai {romo a da mãe) d~·e Rr de quatro meses ... Taispropostas.paraaconstímiç:ãoobriaatóriadeumpai-babá, à primeira vista podem provocar o ri~o. E. de fato, t~m muito de ridkulo. Mas elas se tomam preocupante:s se as consideramos no conjun10 do plano, 1odo ele vohado para iiUalar, contrariamcn1e à naturczahumana,todasasmanifestaçõcskgitímamentediferenciadas do homem e da mulh.cr. Vejam-Restas outras sugc:;tõcs do mesmo plano: as pens6es que sepasamàviúvan=itada,emfunç.ãodotrabalhoexercidopclo íalccido marido, d~·em ser abolidas; ela que 1rabalh.e. E mais a secuin1e: deve-se i1ualmente abo!ir a re'duçio de imposto de quc 1oza o irabalha~ casado, cuja esp0:$11 não tem renda própria; ela que ganhe dinh~1ro.

Repressã o das características naturais Mas.aftnal,paraquetalplano"?Embora,perantealegislação sueca,osdireit0$edcvcresdoshomcnsemulheressejamidênticos, napráticaasdifcrençasentrc0$SCXOSmanifestam-seprofundasemúltiplas.Diferençasnãos6biológicas,maspsicoló&icas,sociaisemcsmo de missão. Dentro da igualdade de natureu, Deus dotou o homem e a mulher de caracter!sticas e modos de ser muito diferenciados, para que cada qual cumpra especificamente determinada missão, que Ele, em sua infinita Sabedoria, determinou. Assim, já no livro do ~e:sis. se diz que a mulher deve ser para o homem "umouxi1ioquefheMjaadf'quodo"(2. 18);e, dirigindo-se a Eva, o próprio Deus acrcscc,ma: ··es1an& sob o podn- do marido" (Gfn. 3, 16). São Pedro diferencia claramente a missão de cada sexo: ""As mu11,eres sejam submilla$ a StUS maridos, para que, sta/guns nào crhm na palavra, sejam ganhos pelo proc«fn-deswos mulhera. .... Do mamo modo. veis, maridos, convivei sabiamente com VO$SO$ mulher~. 1ra1ando-<l$ com honrQ, como seres maisfraCO$ecomo herdeir0$convosco na 11raça do vida eterna"([ Ped. 3, 1-7). Os elotios à mulher virtuosa, que compreende perfeitamente sua :1.s10 e a vive, são abundantes no Antigo como no Novo TestamenOra, 01alplano, por sua índole 50eialísta, dc-sejaabo!irasdiferencas entre o homem c a mulher (só não fala das biolósicas. mas tamb&n nlo as c:xclui. como quem espera uma etapa furura ... ). Para isso su&ere • realização de uma 56-ie de pesquisas que verifiquem onde e como as desi1ualdadcs se manifcsuun: na educação. no trabalho, na íamília, na "planificaç.ão comuni11iria .. , na sociedade. no 10verno, etc. Primeiramente trata-se de detectar a diferença !ndc-sejável. como par e.,emplo em ~nas profissões: 92«. dos que trabalham em momagem de máquinas são homens, enquanto 9~'1, da5 que trabalham como babas Jão mulheres. Dos carpinteiros de conmuçõcs, IOO'ltsãohomens,e lOO'lldasempregadasdom~ticassãomulhercs. Tam~m o número de mulheres que pennan~m no lar para cuidar dai crianças e afazcres domtstic~ é bcm maiorqucodoshomens. EasestatisticasdesseteorRacumulam,poisoplano. como 1odaobrasocialina,épródigoemestatisticasefahodebomRnso. Chegadasaspesquisas a es5es"geniais" resultados,nata-!óecm Rguidadeesmdaromodomaisadequadodeachatartaisdcsigua!dades. Para issoelabora-R um plano. que o Es1ado deve aplicar compul$oriamen1e. Ou seja, num mundo em que 1amo sc, fala comra a repressão Rxual - incluindo. por exemplo, nesse rótulo antipaticamencc frcuCATOLICISMO -

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trm sido impiedosamente percorrida por ta! sopro revolucion.trio. tanto na sua liturJia e 005 seus C05tumes, como até no plano troló1ico. Nesse ,s.cntido, nlo deixa deSCTcuriosa a ooincid~ncia da tescdefendida por proaressista.s ··arditi". de que o saccrdócio d"'.nia screon ferido à$ mulheres, eom a proposta oomtante no refendo plano de seimtituira"mulher-dériga"! E:stánaoriaemdesscmovimentopelalauald1deantinaturalentre o homem e a mulher um impulso de ódio a toda a natureza tal como Deus I criou: diferenciada, complementar, harmônica, hier:irquica. Quer-se impor - a fer~o e fogo se necessário, mas de ~rcfer~ncia passo a passo - o iguahtansmo em todos 05 eamJ)05. A igualdade entre os sexos~ irmã da igualdade social e de codas as outras igualdadesqueoespíritorevolucion:irio soprascmcC1isar. Só que, nocasodaiaualdadedossexos,éanat urezahumananasuauprC1l· silomaisíntimaquescqucrviolentar. Aeapadolivroquc publicouotalplanosueco(versãoinglesa) apr~nta um desenho com vário$ homens e mulheres. Os homem com criancinhas 10 oolo, dando-lhes mamadeira; mulhnes vestidas de macacão e usando eapacctcs; uma menina s,cgura um arande alicate de operi.rio,enquantoummcninocarregaumavassouradelimpczadomk1ica. Há mesmo uma mulher ,...stida, ao que parece, de pastor protestante. Tod05. sem uceçllo. com um SOJriso idioia nos lábios, como se tives.sem atinaido uma alegria sem nuvens. Éo paraiso - melhor diríamos a mi~agem - da iaualdade, ob-tida às custas de comprímir as caracterimcas próprias de cada sexo. Talódioàna!Urezacriadapor Deus, bem poderia ser qualificado de satânico.

A voz da Igreja

llo ........ QU1'91it11"""'dolwo''Stepbfnep' , ~ °'*"dec,lançMt..-U ~,.,_Ili,

diano,afidelidadeconjugaleapráticadacastidadepcrfeita,sempre tão recomendada pela Igrej a - quer-,s.c agora tamMm, eonLraditoriameme, a reprcssão organiz.ada das lcaltimu c nl'«SSárias difcrenças entre um e ou1ro sexo. Assim, ao mesmo tempo cm que eonsidcra um mal combater os desregramentos ,s.c~uais e acon,s.clhar a pcrfci,;Jo da castidade, o Estado onipoteme e opressor ckveri CT1trar na vidadccadafamíliacdccadaindividuo,para1li,eommãodefrrro, r~rimirtudooque,s.cjaacxpressloordcnada,naturaleorgânica da difnenciação cn1rc os sexos. O carinho, a amenidade e a graça femininos dcvniam ceder lugar ao abrutalhamento. A proteção varonil e a força do pai dC>·eriam escorregar até o cfeminamento, juntando-setudonumaespéciede,s.cxoünico.intnmcdiiiriocabjc10,profundamenLcantinatural NaSuéciajácxistcacéumMinistrodeEscadoincumbidodepromoveraiaualdade,inclusiveentreohomeme a mulhcr,

A "mulher·clériga" CoisasdaSuéc\a,diráalguém. Taisabsurdosnadatêmaverconosco. Somos latinos. escamos nou1ro contincmc, temos diferente cli ma. outros h.tbit0$; numa palavra. não somos suecos. Nossosupostoobjetante,altmdepoucozclosopcloqucatingc seus irmãos de outras latitudes, rC\ela-se carrqado de um otimismo irracional. Primeiramcnce, eon>'o:'m que ele saiba que o plano sueco foi elaborado para acender ex plicita recomendação da ONU, feita a todos os países do mundo. E.,sa mesma organização inccrna~onal ''inútil e ron1rt1produt:?nle'", na fdiz cxpressilo do Prof. Phnio Corr~a de Oliveira - elaborou um ''Plt1no Mundial de Açdo para" lguuldt1de entre o /loml'm e a Mulher" (2), no qual recomenda a cada país apreparaçilodeumplanonacionalsc,melhance.Quempodegarancir queamanha,sc,0Brasil1iveradesgraeadcres1alarparaumregime socialista. não teremos aqui também um plano do mesmo jaez? Mas o mais gr_a1·e não está nisso, e sim no fato ~e que cm todo o mundo - mais d1lu1damcntc cm alguns lugares, mais intensamente em 01uros - há uma orquestração persistem e. que já vai penetrando noshibit05ccosiumes,visandodcmolirasdiícrençasleJítimasenaturais entre homem e mulher. Quantas das reivindicações dos movimcntos feministas n:'.lo correm sobre cs,s.cs 1rilhos? A própria Igreja CATOLIC ISMO -

Outubro de 1985

O ensinamento do Magim'rio da Igreja I respeito da necnsária desigualdade entre os ,s.cxos i: inequívoco. Damos trb exemplos, extraídos dc documentos pontifici0$: ''Os /l'lffmosrnestrrsdo erro, que poresait()Seporpalavrasofusrom a pu,nJJ da Ji e dt1 r:astidt1de conjugal, jt1Cilmente destroem a f~ e honesta sujei(do dt1 mulher ao marido. Aindt1 mais audavnl'nte, muitos deles efirmam com levit1ndade ser elt1 umt1 indigna escravidilo . .... filem es1t1 emt1nciJ1Qçiio da mulher i ,·erdadeif'1, nem Ia rt1<.cxfrel e dignt1 liberdade que convim à nobre missdo da mulher e espost1: lantes a rorrupçiio do {ndolejl'minina t da dignidade mt1ler"" ea peners6o de toda afam,1it1 . .... E.ssafolsa liberdade e esst1 t1nli· no1urol igualdade c-om o homem redundam em prejufto da própria mulher .... E.s1aigua/dadededirl'ilosque1t1moseexageral'Sel'nol1er:e, deve reconhecer-se em tudo o que I prdprlo da pessoa e do d/g. nidode humt1nt1 . •... Quanto ao resto dl'W! existir uma certa desigut1/· dadecmoderaçda"(P IO XI. C11StiConnubii, Volt$, Petrópolis, 1951, pp.32-33). "N6o hd na prdpria nalurew, que os/t1Z [ao homem e à mulhe] diversos no \irganlsmo, nas incli11t1ÇQeS e ITl1S t1ptidM, nenhum '1/'fU· mtnto donde se deduw que possa ou de~·a ha1-er promisnlidade, e muito men()S igualdade nt1Jormaçào dos dois sexos. Estes, squndo os admirdveis des1inios do Criador, .Wo desrinados" c-omple1t1r-se mutuamente nt1 Jamflia e nt1 sociedt1de. precisamente pelt1 sua di\'ersidade, a qual, portanto, dl'vt ser mt1ntidD cfa,·orecida na formação edut:t1tivo''(PlO XI, DMni 11/ius Magisiri, Vo~es, Petrópolis, 1950, p.2&). ''A estruturo atual da sociedt1de que /em por fundamenta" quaSI' ub.solulo paridade emrl' o homem e a mulher, baseit1-Se num pressupQSt0 ifusdria. l:verdadequl'ohomemeamulhers4o, peloqul' se refere à personalidade, iguais em dignidt1de e honro, valar e es1imt1. Mas nem em ludo s4o iguais. Cer1osdo1es, inclina(des edispasiçM nt11urais são próprios exclusivt1menre do homem ou dt1 mulher ou lhes .s4o atribufdos l'm grt1u e ,·t1/or di>'ersas, umas ,·ezes mais"º homtm outras mais à mulhl'r, dt1 me5mQ muneiraque" nt1tureza lhn deu 1t1mbim disti111os campos de postos dl' atMdt1dl'. Nào se trata t1qui de capat:idades ou disposições nu1uruis Sl'Olnddrias, c-omo seria "propensão ou t1ptidào part1 as ll'trus, "s artes ou as cilncias, mt1s dl'dotes dl'ejicdcia essrncia/ na vid" dt1ft1m17/Q edo po1·0" (PIO XII. Discurso "La ll'tizia" proferido nas bodas de prata da Ju,·cncude Feminina Italiana. em 24-4-1943, Vo~es. Petróp0Jis, 1954, p. 8)

Jackson Santos NOTAS

/) "PlanaNoriolt/HdrArdop11rot1/gualdade " elaborado pela "'Cami1t Na~icna/ da l1ua/dadecnrrc a Homem e a Mulher'º. cm·iada ao Min,1-1ra ,ueco competente, e publicado cm livra, MI li~u• ,un.• f"S,q ptl ,wr.. , '1 e <amMn cm lin,111 lt!iltsa f"S,epbystcp'1- "Prlssot1p11SSO", Ciol,b. Kun sah,l'J80.198pp.> 1) O plana da ONU (oi ada1ada na ,..,ni.la qll<' • orpnu,rja ,.-./irou 11.1 ~do,\U~iro. MI /91J, m, romnnondo do "Ano ln,~m,cÍ()lll/da Mu-


Três episódios na história da Padroeira nacional EM OUTUBRO de 1967, comemorou-se o 2SO~ aniversário do descobrimento Imagem da

a Padroeira e seu fraturamcnto. cm 16de maio de 1978.

deNossaScnhoradaConceição,naságuasdo

Rio Paraíba. Apequcnaimagcmdcterracota escura foi mirada do rio por trh humildes pcKadores, Dominaos Garcia. Jo!o Alves e FdipcPedroso,quc!ançaramsuasredcsparapcscar,cntreosdill5 17e30deoutubrodc 1717.

AJ.5'Xiando-se às comeinoraçôe5 daque-

lc 25if. anivcrsJ.rio, "Catolidsmo" publioou,

rmsuaediçãodeoucubrode 1967, substan, ciosocdocumen1adou1igosobrcohis1órioo dadesoobcnadalmagcmedaproíundadevoçãoadadedicadapclopovobrasílriro(I).

Transcorrendo a L2deoutubfoafestaliuhgica da Padrocira Nacional, ~re«u-nos

opOMunoaprcstmaran0$50Slriioresalguns dados.nlo 1uficicmcmcn1eronhecidospclo p,iblico,rda1i,-osàrealczacaoPadroadodAqudaquefoicoroad.aRainhadcnossaPá1ria cproclamadaPadroeiraprincipaldctodoo Brasil.E.poríim.foramacrncidasalgumas oonsidcraçõessobrcumaoon1ecimcmodra· mático ocorrido com a lmaaem - hoje pra ticamente olvidado- e que te,·c profundo silnificadosimbólioo na História rdigio.11do País:osacrílcgoa1entadopcrpc1radocontra

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A Realeza de Nossa Senhora Aparecida Por que Nos.sa Senhora Aparecida é Rainha do Brasil? A resposta a esta pergunta nos éofcr«idaporumimportamcfatodenossa Hinória. D.JoaquimArcovcrdcdcAlbuqucrque Cavakanti, Arcebispo do Rio de janeiro, havia s.ugcrido na reunião dos B~pos da Pra>ineia Meridional, realizada cm São Paulo no anodei901.acoroaçàodalmagcm,tãovenerada pelo po,·o brasileiro. Os Bispos, apro,·;mdo aquela proposta. tinham mi vii.ta ratificar. mW.iamc o ato Mllenc oficial da Coroaçào - prcrrOgativa concedidapcl0Papaaimagensinsignes -aa1itudcdcpiedadc filial do povo, quchavlacolocado, dMco iníciodadc-oç:lo, mamo e coroanasuaqueridalmagem. Para obter o mencionado privilégio, o Arcebispo, com o apoio do Núncio Apostólioo, dirigju-sc ao Cabido da Basílica dc Sào Pe-

drono Vaticano.Odocumcntoauiorizando aooroaçlofoi winadoa 21 de dezembro de 1903,cchegoucmAparccidaa2dcfcvcrciro dcl904. Accrimõniasolcncdccoroação, rcalizada no dia 8 de dezembro do mesmo ano, coincidiu com a cclebração do cinqiientcnário da proclamaçlododogmadaJmaculadaConccição. Ncssaépoea, Apar«idacraum povoadocomapcnasduasmilalmas,ealiscrealizouumadasmaioresoonccntraçõesrcliglou sdoBrasilatéaqucladata.Quinzcmilpcssoas assistiram ao$OlcnePontifical cclebradonapraça,diantcdabcla(vcjacolonialquc abriga,·a a Imagem. Após a cerimônia religio.11 os fifü íitcram, comovidos e dc joelhos, uma oonsaaração à Mãe de Deus. Avcncrandalma1emhaviasidocolocadanum1rono,momadosobreumgrandctabladoquesearmaradiantedopóniçodaigrcja. Um $ilmcio profundo pairava no ambiente quando D. JOR de Camarao Barros, Bispo de Slo Paulo, subiu os degraus até o trono da Viraem. Tomando cm suas mãos a ooroa de ourocra"ejadadcruhiscdiamantes,doada 1nos1n1espclaPrinc:esa lsabel,0Prcladocoroou solenemente a Imagem, enquanto pronunciava estas palavras memoráveis: "Como por 11ossos milo.s sois coroada 110 1ura, assim por Vds t por vosso Filho lPsus Yjamo.s coroados dt gldria t honra no Céu". A muhidãoprorrompcuentãonumentusiásticoviva a Nossa Senhora Aparecida (2). Scguiu-scoTeDtumcamadopelosqua· torzcBisposcnumerO!-OSSaccrdotcsprcscntes,scndodepoisinauguradonaPraçaoMonumcnto cm homenagem à Imaculada Con ceição. Umasolcncprocissão,daqualpaniciparam o Núncio Apostólico, O. Júlio Tondi, os Bispos,osSacerdotcscaenorme massapopular, completou majestosamente aqudas solenidades. que fizcramépoc.1 na História do Brasil católico.

Padroeira de todo o Brasil PorqueNossaScnhoraAparccidaéPadroeira do Brasil1 Outro memonh·el fam religioso oícreu rcsposca a cssa perguma. Aoonfiançacadc,OÇioaNos.saSenhoraApar«idacrcsciamcarlavczmais nocoraç:lodosbrasilciros.Assolcnidad~ mcmorá•·eis da Coroação da Imagem. m1 1904, oonscituiramumfaiorimportantcparacssc acrtsdmo da piedade popular. A Imagem e 0San1uário1ornaram-seumsimbolodareli-

CATOLICISMO - Outubro de 1985


sa gentt. Paz ao n0$<0 po\/0!- Sol\>OfÕa pa· gi0$idade nacional. Isso i' era patente em ra n ~ Pdtria!- Senhora ApaJTCida, o Bra\929,duranteoCona:ressoMaria no~liz.asil Vos ama, o Brasil em Vós conjkl! - Sedoporoea5iãodoJubileudePra1adaCoroanhora AparN:ida, o Brasil Vos ~lama. Solção. Nessa ocasião, o Episcopado do País dccidiu pcd.ir ao Papa Pio XI que de<:larassc ofive, Rolnha/"{4) cialmmte Nossa Senhora Aparecida como Pa droeira pri ncipal de toda a Nação. A frente O sacrílego fraturamento dessainicia!ivaei;tavaoCardcaJSebastiãoLeda Rainha e Padroeira me, Arcebispo do Rio de Janeiro. OSantoPadrealcndcuàsolicitaçào,medianteoMotuPropriodel6deju!hode\930, Nodial6demaio~l978,Apare,;idafoi no qual $e ll: ""Nada nosparttt mais oportuaçoilada pdoventoechuva 1orrencial. no doqut a«duaos \/OtOS ndo.só dnte< An Terminada a tormenta. tudo voltou à tútiln. mas ainda dt todos wfilis do Brasil, tranquilidade.Entrctanto,aviolmciad0$e]equt c-om ro,utante fervor t picdadt t/m vementosdanaturezaeraumsimb61icoprenúntitrodo o Imaculado Virgem Mãe dt Deus, ciodoatentadoqueseriacometidocontraa quou dnde os primeiros anos do desroQriveneranda Imagem. mtnl(> do região brasileiro otl nossos temPoucashorasapósotemporal,faltouhu po.s". E, mais adiante, com sua linguagem clétricanaBasiiica,comotambémem todo majestosa,declaraodocumcntopapal: "Ten1 0 do, pois, consultada a 0,rrkf,/ do Sanro /gf"f!jo ~.~:~ena~t:~~~~ 0 Romano, Comi/o Llmrtnli, Didcono de SanRogkioM!U'WãdeOfü·cira,protestante,após to Maria dt Scala, Prefti10 da Congrqoçàa dos Sogrodr» Ritos, 'molu proprio'¼ e por ronhtdmtnto cuia e madura reflexão Nossa, pltnitudt dt Na.uo podtr Apo.s1d/ico. pelo ttt>r das p~ntts Lerras, COMlitufmos t dtclaramosa Beatíssima Vir,tm Maria concebida stm maticha. sob o tüulo de Aporecida, Padroeiro principo/ de todo o Brasil diante deDeus,acrescet1tandowprivillgiosli1úrgiroseasou1ras honras, que,xlacosrumecompetem aosfWis no Brasil, e para aumentar cada vn mais a sua devoção li Imaculada M~ dt Dtus, dttnlamos que as ~ntn Letras ntão t ficom umpre Jirmn. vd/idas e tfico· ~nt surttm seus plenos e inttiros efti1ose /a· 2

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o Br~il p':o';'~·ã~~j~~;c:~;~~:~ eida, oraaniwu _uma grande ctrimõnia rcligío- ~ sanacntiocap11ald0Pais,paraaproclama- çãodeku Padroado Nacional. A I ma,em da Padroei,-, no dia 30 de quebrar o ,·idro que prmegia a Imagem. maiodel931,foiconduiidatriunfalmentede ancbatou-a, procurando evadir-se com ela. Aparecida para o Rio de Janeiro. lnterceptadoporumguardadoSanLuário,o No dia seguinte, umadasmaioresprosacrilegoladrãodeixoucairsuaprtciosacarciuõcsdequese tem noticia na História da lª·quescespatifounosolo anliaacapitalbrasileiraacompanhoualmaEmadmirá.-elartigopublicadona"fogematéaEsplanadadoCastelo, Calcula-!iC IhadeS.Paulo"dc29demaiode 1918,após que mais de um milhão de pessoas aclamaram apresentarumbrevchistóricodalmagem,esnessa ocasião Noua Senhora Apareçida creveu a rcspeitodadram,ticaooorrlnciao Em tablado C$pecial armado junto ao alProf. Plinio Corria de Oli,·eira: "Tudo isso tar, encontravam-k o Chefe de Estado, PreltvavaoBrasüinr~aemociotlar-sc-trom sidente Getúlio Vargas, os membros do oorquanta rauJo - onrt a pcquetia imagem dt podiplomátioo eas mais altas autoridadesciftrracota ~,a, vendo ntla o sinal palpdvtl vis e militares. A Im agem foi colocada no aldaprotcr4odeNossaSenhora. tar, e o Cardeal Leme iniciou então o solene "Easinalsequebrou. atodcproclamaçãodaSenhoraApartcidaoo"Por sua vez, essaquebranãowrdum mo Padroeira da Pátria. A imensa multidão sinal?Sinaldtquê?" re~tiu com entusiumo as palavras proferiMaisadiante,oinsigne~nsadorc.atólidas ~lo Prelado: ''Senhora Apor«ida, o BracorelacionaainfaustaoconCnciacomaensillvo.sso. RainhadoBrasil,abtnroaianostio recente aprovação do di,·órcio no Pais, efnivadacmmeioaumsonoeindifercnçagenera!izados.Ecommta: "Essasontiratmhora1ãogra,·tvcprime.porsua vc;, umajlagrantt/altadezelo. Poisnãonosbastaniio Jazer uso da /ti: se não a quedamos, por que ndaa impedimos? ''Porsuavezaitida,comonãortccmhectrnesstctnsur,frelindi/trtntisma, nlloum estado dt np{rito de momtnta, mas uma atitudt dt alma ntSullanre de tJeitos muita mais profundos?" E acrescenta o Presidente do Conselho Nacional da TFP: 'E impoufrtl não pergun1ar st exis1t uma rtlaçda en1re aso 1rdgica t ma1emaprevisâo[fcitaporNossaSenhorana terceiraaparição deFátima,emjulhodc\91] . desatendida pelo mundo ao longo dos li/rimos Effl16dtmoiodt19781•-ondtml9tffi<lll'ldrooir1 ilo stsstnlat,mOS,tatombémtráglcoacorrência BrHllllflwuorttgc,1t•!lda.quoocellonouo-t.1twt_.,._podaços de Aparte/da. Não urá es10 um tca daquc-

CATOLICISMO - Outubro de L98S

la? Um cco destinado espeâalmtntt ao Brasil, pois qut ttllrt nós, e contra a Imagem de nQ.S$Q Padroeira, o crime u deu".

Romaria de desagravo e pedido de perdão Comprecndendooprofundosia:nificado dodolor0$0a<:ontecimento,cerca~quinhentossóeioseooope.radorcsda TFPemprecnderamnodia21 dcmaio,cincodiasapóso ocorrido.umaromariaaAparecidaemdcsagravoà Padroeira nacional. Asonzeemeiadamanhãdessedia,habitantesdeAparecidaeromeirosdivis.aramintermin,,·elcortcjoque!ieaproximavadacidade. distinguindo-se o.-ermelho dascapas que cnverpvam seus par1icipa,11es. O corte· jocruwuopontilhãosobreaViaDutra.Estandanesdc quatro me1rosdeal1ura foram alçad0$ à medida em que os grupos chq.avam, tr=doconsia:odezcnasdeoutrosestandartcs menores e um fac·sfmilt da lmaacm de Nossa Senhora Apare<::ida, canea:ada em um andorornadooomorquideas.Acenaémui• to bem descrila numa edição de "Catolicis mo·· daquclatp0<:a(S) Os romeír0$ da TFP, procedentes de São Pa.ulo edeoutr0$ Estad0$brasileiros.haviam caminhado a manhã inteira, percorrendo a jX Yinteedoisquilômetrosdesdeomunicipiode Pindamonhangaba,ondesehaviamconcen1,adoporvohadasseishorasdamanhã.Com essacaminhada, ossóciosecoopcradoresda entidadetimbravamemdaràsua~regrina· çãoumcarátcr~nitcncialede(ksagra,·o,quc estava inteiramenteauscntcdoespíritodas pessoas que afluíam naquele domina:o à


Cidade-santuário. Os duzentos mil romeiros qucláchcaaram,avisi1avamcom0Knada deanormaltivesstocorrido. Dir-K-ia,tanto pelo número de vuitantes quanto por sua mentalidade, quc era aquek um fim de semana inteuamente comum. Mas como? Um dominao normal, apesar de, cinco dias antes, a lmaaem lairada ter sidocspatifadasacrilegamente? Chamandoaatençloparat$Ktrágico aoontecimnito,qucseproeura\'asilenciar,$6. cio, e cooperadores da entidade proclamavam cornvigor,enquamopercorriarnasruasda cidade rwno à Basílica nova: ·'6 Virrem M& Aparecida: pelo sacri/tgio que Vo.sfoifci10, rrabci IIOSsa/ílilll rrpol'QfiJO! RcpofllÇfi<,! Rcpof1lr4o!"

O povo via admirado aquela numerosa ç&nvaM de perearioos, e ouvia COtnovida quinhcmas vozcs bradarem aqudas sianificativas pa]aYTas.Eraurnpúbliooqueassistiaaumfa10inédito:peregrinosqueche1avamàcidade paradesagravarNossaScnhoraApar«idae pedir-Lhepcrdftopelo atentado abominável perpetradodiasantes,oqualjápu«iaquascesqu«ido.Quesrtenhaconhecimento,estefoioprimeiroatodereparaçàoprestado àVirgemApar«idaemtodooBrasil.depois daaírontadequecla foi vitima!

Nas duas Basílica•, o impacto da presença da TFP

O cambaleante império soviético Ü st'mos._ ... ,...._ ... _,.,~~ ,rilNl!lfib . . . . •<tpN1-ilo,;'-.l"..sllftlf9\'l'itt,erialln1t'""i6rin ...... 1•,nllmsilmm'....,1t,Hli1rtS1alll,mnoa,.,. t'Olllliiao,illllfli'l,.to..,...Monesorikitw. P111tM,rMl!m,.,.111111flill1!iUlfflCNGlo:b-

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. . . ~1,"1ÍINIIOlltilotlril111t''.hnlimNr•• tlri111t,1priariroptSS1Wffllf'9KOflfflí-11111UÜ· •ort ti! llld1 poqlfliN. A,- •il 1tat11M1 ds ptnr,tq,1r.tlt"romprttadt"qHlio,odfq""'1roj1&i) tt-r-ittin,11111111;11tt.l:ltioolmudorpodtsott6-lo.

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W'".rtlri1n11Dioesqtm.Elt1•au~tm11rílqlr,n1llorldilpoll~adtlllriospanfllHO. OOódnl1ttfflUjt .. di11111r1dodtl11so!dinh, •Ho,-nli!l••lRimpedt!l1,um,çio,igoroa,1l111ri11dl111tNtOlllitln!IIO•fflltlHq•1•11ç1, mMKI lllillo

Dna1111iNo tais 11i10J, o f110 r qH, • lt nos part d,1allori1dos•o,ianl01l""1ÍlllrirOS111m1ndo1r9.si-

poi51111Woqundotkrn!ltfttdqlirt1!~11rffl1tpa-

luplltlll I lorçs f Ili rftlr,QS IK$inol ,... tal mçio,

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Dianteda8a$ílicanova.osromeirosda TFP cantaram o Hino Nacional e o Hino à PadrociradoBrasil-aoompanhado$eaplaudidospelopúblico-paradepoisdedirigirememconejoàvelhaBasílka.localondeti.-eTalugarodolorosoíraturamentoda lmagem.Nessaocuilo,coopcradoresdaentida, de di51.ribuíram um comunicado em que a TFP maniíestavasuaoomtemaçiocrq)Ul$lemre1açàoàqucle íato. Entoandoproctamacõt:sednticosreliaiosos - como "Viva a Mãe de Deus e nossa'', ''Ó Roma eterna'', ''Queremos Deus'', "Levamai-,·os,soldadosdeCristo··-ocortejodaTFPcllcgou,porvoltadas 13horas, àtradicionalBasílica,queKtornoupequena paraconteraque!amuhidão de romeiros. Dispuscram-scnopresbiufriooProf.Plinio Corrb de Oliveira, Presidente do Cons.elho Nacional da TFP. bem como outros diretores. DuranteaMissareparadora,ossóciose cooperadores da Associação, acompanhados pelosfiéisprescmes,camaramnovarnemehinosreliaiosos. TodososromeirosdaTFPreccberam a Sagrada Comunhão ApósaMissa,osparticipantesdapere· 1rinaçllovoltaramincorporados,comossim• bolos da emidade, à Basilita no~a, cm cujo interiorencerraramacerimõniadedesagravo. reundoa Ladainllade NouaSenhora diamedo/ac•slmiltda Padroeira, colocado noahar-mor. Hamilton d',hila NOTAS IJOimavoAmonioSoJ,rnm... 1111-1961-Rai-

nh.o~l'adrM,NldoBNlJi/"',in"C,ro/icii.rno··.ou· rultrod<tl961,n.• 1fJl. l)h. JuJjaBres/olo,ú, C.SS.R.,A~.:WC.,... mfWApannd,,,Edi1onSantwirio,Apar,,,.-.da,S. l'au/o,19/U,p.//U, 1) Ap,,d P~. Joio Corrh M,~Ndo, Ap,,/WÍdll 118 Históri,~- Liln'/lfllf"tl, Campinas, /975, p, JSl7 .t)Cfr.Pt.Júlio8rt51olonl.C.SS.R.,c,p. cir.p. lB9. 5J''Em<kJ.i$NlVO,romariadaTFPaApa=ida",

in "Ca1o/iciJmo",ju/hode/97B, n.º JJO. 12

rortdtslffl4illl'llisa11•iaHle,oosllNlld1opiliiopibli-

n..W..lll.''\"t,mn1tll>rt~-1r.-w .. Íli•liltkalfflWt1111oaMnltsta1tr>'Hllft:I ~ • iffO c-M1 •

C---* Trrrilotr

1111illroill~-rNfro,flrfS#wo,,1.lina1,trPM #jtdrl",

Em Angola, regime títere de Moscou Com1dere o lenor o exemplo de Anaola Oquenosd1zolVPodersobrecs1aoutrora próspera pro,~ncia lusa do Ullramar? Por

Cabinda,nacostanone,etc.• etc.Sóumaou ouuarara vez filtram notícia,;a respeito de seqües1ros e 35.S3llos por pane de "guerrilheiros'' ou "bandidos". Masuhrapa,;semosestadensacortinade sillncioedcsinforrnação.Qualéa,·erdadci· rasituaçlloreinameemAngola? Ao regime colonial ponuguês sucedeu, em 19n, um go,·emo uipanite, formado pelo MP LA (Movimemo Popular de Libertação de Angola), a UNITA (Uniào Nacional para a lndependencia Total de Angola) e FNLA (Frente Nacional delibenaçãode Angola).

Mas loso a facção mais radical - o MPLA -comtotalapoiodaRússiacdemilhares demercenárioscubanos,dominouogoverno eupulsouosoutrosrno,-imni1os.estabelettndoumaférreaditadura,qucnloesrondeda naçào a sua condição de colônia russa. A UNITA ea FNLA 1omaramarmasnovameme. Desta ,·e1 parac:<pulsarocomunismo e estabel~r um regime democrático e pró-ocidental. Após 9 anos de luta, a UNITA detém o controlelotaldel / 3doterritórioangolano, es1ta1ualmenttlu1andonaou1Tacscassaparte CATOLICISMO -

Outubro de 1985


doterritóriodopaíseplanejaocuparorcs1antedele,ondejieíetuarotineiramenteataques,cmboscadases.abotagens. Ela dispõe de JSmil50ldados,dosquais20milsJ.01uerrilhcirosmuitobemtreinadoseorganiados,e 15mil5io50ldadosregulares,pc,rfcitamente cnquadradosnumexércitooom·cncional,que utilizaattumaoolunablindadae~uadrõcs dee!ile.ls~scmoontaroutros35milguerrilhcirosocasionais. Ocontro!edaUNITAsobreoterrilório liberadoétãncompkto, que possui até uma capital,Jamba,ondeoond:.izumapoHticaex!criorqueincluinc1ociaçõeseoonõmicasde ,mportação e e~portaç!lo, com paísc, curopcus. ~. portanto, um país em gestação, es1abelecidonumterritórioondeapresençado governo de Luanda é absolutamente nula. O regime estabelecido pelo MPLA, mesmo com o apoio de 30 mil soldados cubanos, 5mllsoldadosalcmãesoriemaise500110vié-ticos. contando com o armamento mais modemo do ar5enat russo e tendo o Ku exército 50bocomandodcgeneraise "auincntes" russosealcmãcs-orientais,estádaramentena defensiva, re1rocedendocm1odasasfrentes. Agu~rraest.1.deixandodeserumaguerrade guernlhas. tornando-se cada vez mais uma guer~a_civilconvcnciona!,com engajamento dcd1v1sõcsinteirasdcambososlados. Parase1crumaidtiadasituaçAo,basta lembrarqueosdiplomatasestrangcirossão ad,·er1idosanãoseafa.s1aremmaisdeSOquilõme1rosdacapital.poiscorremoriscodcscrcm emboJCados pela UNITA e 1omados como reféns. Se nio fossem o madço apoio da Rüssia, a prevnça dos 110ldados cubanos e 1s divi$45oblidasmcdianteae:,.ploraçãodor,e1rólcodeCabindaporcompanhiasestrangciras, especialmente norte-americanas. a Hisiória já tcriaassinadoocertificadodeóbitodogo,·ernocomunista do MPLA. A julgar pela situação atual, mesmo com essesapoios,oóbito parecenloestarmuitolongc

estava lutando somente em~ provínci1.1, e contavaapenascom8milhomens. Embora sem manter o wntrole toial de arandc pane do território, como a UNITA, a RENAMOestá ativa em todo o país, e con1a com o madço apoio da população rural. Elajiest1\ameaçandoacapitalMapu1o(antigaLourençoMarques)eou1rasarandesci• dades.Ogovemon!lodispõcncmdclongcda forçaedoapoiopopularparavencer. Em começos de 1984 a RENAMO cheaou mui1opertoda vitória. T!loperto, que todoopcssoa!técniooestrangcirorcsidcnteno paísfoiconcemrado, comvistasàsuaevacuaçãofinal. Nestasituaçãoatrerna,cvcndoopoder lheescapardumãos,olídcrcomunistaSa· mora Macllel assinou o .. Acordo de Nkomati" com a África do Sul. privando a RENAMO de suas bases de opcraçlo nessc pais. Mu talacordo,que,·is.avaes1raniulararesin!n, ciaanticomunista,nãotrouxenenhumprejultO à capacidade bélica da RENAMO, a qual coniinuaimpenurhávelasualutaix,rumMoçamblquelivrc.eforadaórbitaruHa, AtéquandoMachclconseguir.il.seequilibrarnacordabambadacriseedodesprestígio?Otempoodir.1..

Situação de abandono doa movimentos anticomunistas AoloDJ:odas24lpia;il1lUdolivro,oleitorésuc:essivamcnteintrodurido no históri· co.doutrinaselut1.1dcinümerosmovimentosdeinsurreiçloanticomunistanopequeno eheróiooAfeganistão.atémo,·imentoscomo o KPNLF (Frente Nacional de Libenação do

Confrangeoleitorconitataraorfandadcdctaismovimcntos,de$providosdcajuda ma1erialàalturada1orrentedearmamcntoc dinheirodespejadapelaRU»iatobrcseusrcgimes va»alos. O Mundo Livre pmnanece ce-go, átono e cn1reauis1a cm racedaexpanslo avassaladoradop0lvovermelho,quevaideitando scustentáculospor todpoorbc. O livro Combate em Ttrritdrio Comunis1a prctcndc scr um primeiro pa.s.so "rumo à elaboroçàodeuma1eori11deinsurrtiftJoan1icomunis1a"(p. 190). E também procura realçar algumas verdades encobertas pela guerra psicológicarevoludoniria:oimpériosoviéticonlloémonolítico;aHistórianlocaminha inuoravclmentcparaocomunlsmo;épossívelresga1armuitasnaçõesdojuaorusso,atra,-~daajudaamovimcntospopularcsdcresistbtciaanticomunistaj,uistentesnelas.E, finalmente,ajudiciosaobscrvaçioq\lCfiguranaadverthlciainicialdaobra: ..Artti.Jtlncio dentro do territ6ri<J comunis1a lo melhor garonlia contra a upons6o dacomuni.Jmo".

Por último, seja-nos permitido apontar uma séria lacuna em Combale em Território Comu11is10,tãolouvávelsoboutrospon1osdc vista.Reíerimo-nosàcanduracomqucapresentacertosmovimento,anticomunistas,comoaUNITAea ARDE. sem íazcrasrcssalvas que uma apreciaçio inteirarnenteobje1iva exigína. _ Anticomunistas, 1ais movimentos cm principioosão,na medidannqucestãolutandorontraditadurasmarxistas,evisarninstaurarrcgimes pró-ocidentais. E o Ocidente -porrazõespoliticaseestratégic.as-deve dar-lhesapoio.Nãosepode,nocntanto,dci-

Domínio comunista abalado em Moçambique Situaçiosimilar,cmboramenoscspei.cular. encontramos em Moçambique. Em 1975 Ponugal entrqou o governo à FRELIMO (frente de Libcrtação de Moçambique), quel01oinstaurou um regime marxista. As conseqüfnc\asnãose fizeram esperar: após maisdeumadécadadecrescimentodc2,6'!t anua!,aeconomiavemaprescntandoumindicenega1ll'ode8,6~1 anual;aagriculturacolctivizada não conscguc atingir 2511• da produçãodaépocacolonial,oscamposdeconcemração, eufemisticammle chamados ··Centros de Descolonizaçio Memal", lêm-se mu!tiplicado;aproduçãoindustrialn!loa1inac W'i'ldoindicedoperiodocolonial;onúme• ro de médicos caiu para 20 em todo o país, Kndoquenn 1974 eram eles 366. O go,·erno comunista moçambicano desencadeou uma brutal perseguição religiosa. Em l979foramnacionalizadastodasaspropriedadesdalgreja,incluindohospitaiseescolas.Os menores de l8anosforamproibi· dos de ir à \areja, e forçado$ a r~cebcr aulas dcdoutrinacão,nar~ista. Muitos sacerdotes foramencarceradosoucxpulws Foincsseclimadecomoçãoquesur1iu um movimento anticomunista, o MNR, também conhecido como RENA.\1O (Resistência Nacional de Moçambique). Após nove anos, a RENAMO es1i lutando nas 10 provinciu do país, e tem 15 mil homens em armas. Como termo de comparação, a FRELIMO. quandolhefoientrq;ueogo,·erno,em1975, CATOL IC ISMO -

Outubro de 1985

Povo Khmer), que 110b o mando do ex-Primeiro Ministro do Camboja, Son Sann, tenta expuls.aroinvasorcomu11istado1erri1órioquc, outrora, foi o Reino do Sião. Feitosheróicos,líderescarism,ticos,renhidas batalhas. mas também às vezes derrotas triaicas, desfilam diante do leitor. Tudo isio~em oconcndo1antonasgeladasestepes daLituãniaedaUcrãnia,ondeoLFA(ExércitodeLibcrtaçãodaLitullnia)eoUPA(Ukrainska Povstanska Armia) combateram durante quase 20anos, após o término da li Guerra Mundial, o 8:ército Vermelho (e ainda hoje se mantêm cm estado latente, à espera de ajuda ocidental), quanto nas tórridas seivasdaAméricaCentral.Nestarq;ião,grupOS como a Força Dcmoçrática Nicara,üense (FDN) lutam contra a tirania comunosandinis1a da Nicarágua.

xardeteremreLaçioaclescertasrestrições. Cabem ressalvas. por exemplo, ao programa polftica da UNITA, que é social--democrata com tintas wcialistas. O mesmo pode-se dizer do programa deíendido pela RENAMO e por alguns outros movimemos estudados no livro. A vitória deles.sem dúvida, represcntariaumgolpeas.sestadocontraoexpansionismo soviético. Emre1an10,sóoretardariade algunsanos,poi$, por sua própria dinâmica interna. osocialismotcndeaocomunismo. Averdadcirasoluçãoparadebclarocãncerromunistasópodeseraplenarestauração dacivi.liz.a.çãocristãnoscoraçõcs,nosambientes, nasinstituiçôes. E esta verdadeestiau sente no livro

Jav/er lturbid~ 13


Reformas e negócios da China A

IMPRENSA ,·cm dedicando amplo cs• paç<>àsmúltiplasrcformasdooomunismochi-

n~.mui1as ,·ezcsnãoescondcndoverdadciro cmusiasmo por elas, mas Km uplicar c:xatamen1c no que consistem. Estaria se tornando

capitalis1aaChinadcMaocdauhra-radical RevoluçãoCullural? Julpndoapmasp0ra!1umasapar!ncias, osotimistasseaprcssamadizcrqucsim:ru slogansmaoíscasforamdcixadosdclado,as comunas foram eliminadas. 1olcra-sealgum 1iposdcnc116ciosprivados. boaparccdopais foiabcrtaaos111ris1as, que podem até beber Coca<0la, e - 6 rnara,·ilha! - Pequim aceita de braços abenos im·cstimcntos, empréslimm (sócmcondiçõesfavor.hris)ctransfcr~ncia

detecnologiadospai!ieScapi tafüuu. A5 multinacionais SQnham com o mcrca

dochinêsdeumbilhãodcooruumidorescoom suamão-de-obrailimiladacbara1issima.Ei1 comoarcvista'' BusinessWeek'',queéuma espkicdcporta-vozdocapitalismo ianque, v!asreformaschinesas: "'AChinaestáseli· lwrtando de sua camis'1 de força comunista poro se /romformor num d{namo «onómic:o. O ü1grtdien1t btisiro do rtn0$C'lme1110 do China i o capilafümo" (14-4-8S). A "conversão" da China foi oonsumada.aosolhosdosotimistas,pelofamosoeditoria!do"JornaldoPovo",dePequim,ór· gãoofidal doPC.emsuac-ditãode 7-12-S4, queafirmavacstaremMaueLl"ninultrapas sados: ''Marx morreu hd /OJ anos. Suas obras foram tscri1as há mais de 100 anos. Mui/Os mudllnças rx:orrerum, t alguns de seus prasupostos nâo sâo necfflllriQmenit upropria dos hofe. Há mui/os coisas que Marx, Enge~ eUninnuncauperimen/arum, coisas que m,nro encontraram. Nãu podemos esperar que o que ,Warx e Lenin tscrtverum para u iprx:ade/esreso/,·anossosproblemasdeho-

Je". Nodiascguintc,porén.,ojorna l jogou umpoucodc águafrianosotimistasaocorriair.restrinaimlo,oeditorial davéspcra:o editorialqucriadiicrque11em1odos05problemu modernos podem kT resolvidos pelo marxismo. Pelas explicações a respeito du reformas, dadupelospróprioslíderescomunistas,ficou claroqucalinhaascrseauidaédeummarxismo modernizado, prqmá1ico, adaptado às pe.:uliaridadcschinesas,mucominuandoa "' fundamentalmente marxismo. Os prindpios búicos do comunismo continuam cm viaor: a propriedadc estatal dos ~ns dc produção,oiaualitarismo,aditaduratotalitáriado PC. o mau:rialismo. a luta~ classes etc. Os comunistasde Pequlmdifercnciamosis1ema social,queconlinuaam marxista, dos me canismos eoonõmicos secundários, que podem scrprovisori amcntccapitalistas.Assim . !iNraliumosmecanismossecundáriosdaeconomia,visandocorriai r ascrõnicasdcficiências do sistema marxista. ~m como objetivam atraircapitaise1ecnoloaiadospaisncapita listasafimdcminorarsuamistria e atraso.

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Eucmesmométodojáforaadotadonos anos20porLenin,comscup!anoNEP.ODr K.Y. Chana. diretor do "'lns!irniebf lntcrnational Rclations"dc Taiwan,pub!icouconcludcntenllldodcmonstrandoasimilitudeen· treaamalrcformadcPequimeade Lenin. Trata-5Cdc"válvuladccscape",usadaquandoos fracassos econômicos do comunismo se 1ornampor~maisaritan1es.Essaerajustamen1c1silllaç.\odaChinaapósodncalabro da Revolução Cultural maoista. Sná f,ici] para o reJime - depois de reaber ampla ajuda o.:identalcdcpcrmitirquca:nainiciativaprivada inlerna recupcrc um tanto a economia -voharaendurecer.climinarasrcformas, estatizardcnovoos~nsprivados,e!c .. como fez Lenin após o seu NEP. Alaunssinólogosvãomai1longc.como o Dr. R.H. Meym, do lnstitulo Hoo\"er da StanfordUni,·ersity(Califórnia).Squndoclc, oregimechinê!ifoiumlksastre,dnpcrdiçandocnormesquantidadcsderecurS05eparalisandoaeconomia comins1ituiçõesburo.:ráticaslneficien1~. Em face dessa situação, a mudançaeraindispensávelparasuaprópria sobreviv~ncia Hádcclaraçõcsdcliderncomunis1asin diretamente confirmando isso. Um do.:umcnto do Comitê Central do PC (junho dc 1981) afirmaquchavia"umude:sonhminrerna"no PC,equeaRevoluçãoCulturaltroUJ(c "gra,-e1 dtsas1rc pura o punido, pura o Estado epuraonon-opu,·o"("lssuesand Studics". n~9. 1964). Olidcr Hua Kuo-fengrcconhcceu em 1978,noiniciodasreformas. que a economiaes1a,·aà~iradocolapso.Eodiril1enteLiHsien -nicnconfessouquefa!tavam alimentosacercadelOOmilhõesdechincsn. apesar do riaor050 racionamento então cm vigor e da enorme imponação de al imentos do Ocidente.

Reformando a Reforma Agrária Tal como por toda parte, tam~m na Chinaareformaa.gráriafoiumcolossalfra

casso.Porisso,aprincipalemaisuracntedas rcformasfoia dosistemaaaráriocoletivista. Maohaviainstituidoumdossistemasagricolascomunistasmaisradicaisquescconhece. A base eram as comunas populares. Os camponeses se amontoavam nelas aos milhares. mobilizadoscomosoldados.semtcrnadadc seu. A!~ a fam!lia fora abolida. Os homens e mulheres viviam ffil dormitórios comunais SC'])Uldos,eascriançaspcnenciamaoEstado. Tudo era feito cm comum, sob comando miütarizado,eotrabalhocrabru!al.Odinhcirohaviasidoquaseabolido. Cada um reabia numacuia um poucodealimcntoracionado. além de unspoucosmc1ros dctecido dcalgodãoporano,parafazer seu"unifor me Mao" padronizado (Lucicn Bodard, A China, - pesmltlo, Editora Meridiano, Lisboa, 1964,pp. 202c u.). Aproduçãoagopecuáriaestavaestagnada em níveis baixiuimos. Por CJ1emplo, a produçlo dc ccrc.iis por camponb em 19)6fora dc660catn(apro:<imadamcmeH0quilos), masemi978diminuiupara6)6ca1es.quandonomesmopcriodo,nospaiscsquere-spcitamapropriedadcprivada. aprodutividadc crcsceuvertiainosamente.ea1éa l ndiapassoua1erellcedentcsahmcm(ciosellpon,veis. Eno1e-sequcosdadosacimas.ãodopróprio regime comunista. conhecido por "'emNlc· zar"suases1atis1icas.Comcfeilo,sinól0g05 ocidemais~timamqueasituaçãoeraainda pior. Dados obtidos cm cerca de 20"'. dos mu nicipios aaríoolas do pais indicaram para 1978 umaproduçãomédi a dcapcnas450caccs, c nurea:iõesmaispobresdonorteoindicechellOU a m!seros 300cates. menos da me!adc do indicedel936. E del9J6al978apopulação dobrou ... Apariirdc!978começou-scareformar a_rcformaagrár_iamaoísta. Noinkioas medidas foram tímidas, mas ul!imamenie 1~m sido mai!L dccididas. A maioria dascomunas foi cxtin1a.AJfaicndascolctivasforamlo1eadas cntreasfamiliasdescusmembros;maselas foramapenuas.senradasncsseslotcs.osquais oominuampropricdadcesta1al.Oslo1~deca daex-fazendacolc!i,·afazcmparteobrigato riamentedeumacoopcrativasocializada,com

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Outubro de 1985


alsumascaractcristicasau10scs1ionáriu.Essas coopc:rativa,; de1erminam o que as familias dc,·cm plantar coque podem fucr. Há,·irio,,sistemasdecomcrcialit&Çàoda produç.locdcrcmuncraç.lodoscampoi:icscs. O sistema preferido pela grande maiona dclcs to da ,·cnda à coopcrati,·a de uma cota dcprodutos(cmscral=eais) previamente combinada. Tudooqucéproduzidoalémda cotapcrten~aocamponts,quc_pode~end~locomoquiscr.Fornm_cstabelec1dasfcuashvresnascidadcsealdetas . paraavendad1retaaocomumidor . ComosevC.trata-scdcumartlf!cioprocurandodaraoprodutoral1unsin~ntivosda propriedadeprivada,semporémrcstaurá-la. (Os dados referentes à reforma agrh:ola fo. rame,ctraidosdc··JssucsandStudie$'',n~I0. 1984). Os camponeses foram autorizados a C!tCI"· ctraindlls1riaeocomércioprivadamente,a nlvel familiar. Podem se awxiar ou formar coopc-rativu.Oobjctivodcssalibcralizaç.lo éabsorvcraenonnem.ão-de-obraexccdcntc, mas sem remo,·ê-!a do campo (na China. ninauém pode mudar dc local de rcsidência sem autorizaç.ão,ee!araramcnteéconccdlda) lmcdiatamentefornmformadascentcnasdc milharcsdcmicro-<,mprc..as,indust rializando alimentos. roupas,an csanato,ctc. Noinlcio del985jáhaviamaisdcummilhàoddas,nas quaistraba!ham\:Cfcadc33milhõesdcpcs$0as("lssucs and Scudics", n110, 1984.c "lnsidcChina Mainland", n~ 4, 1985). Apesar do ~icismo que se dc..-c ter com rclaç.ãoàscstatís1icascomunistas,osprimcirosrcsulladosda,;rcformasparc«msercncorajadorcs. Oscspccialis1asconcordamcm que a produç.to ,·em aumentando. tendo o

Fragorosa derrota socialista em Portugal

o

PARTlOOSOClALlSTAPom,gllãacabtldeioírer111~teahDcln110"iltilDOdia6de011ub!-o, 1llllll dmwqa.,ai a:roit0lltmdoqvc íuwa pmert11comcntiriOI poliua)s•·tlCUbdtllptb,mprmia. OpamóodeM1noSoarc,.'lllt'!ll!clc,çõe!;del9"ldlt&Oll&obterJ!"dos•ott11,• iwlitlim1SMÇÕIS.dol!lU.a,ndlloonscn-:a,;al6,mdoelencndo.do!p,inq"'11hrupr1 mm:t?m20.lli.Slir&m1it01ioso!os!OciaiHkmocra1as.q11eak:antvam29.l-.dos,oi:os (2,81i a mm do~11t Ili! lilumas elciçõcs). Con,im rmiltar q111 o Pl!lido Social Danocrata OC111\11110&liWÍlrllWllt11topoli1icoponuguêsumaposiçiodtm11ro-dirti11 NiosóparaoPSPsiodm11rosas1Sron;iq~doplftt0.Tarnbmipar1MárioSoo· rn,i™füidu.almt11tt,1dtmK1ripmentadun11imo1olf1!,poiStlrse,·!apeadodoflodne lotDttronMlo,1ahudefmni1arnrntr.o.aminhopir11pre!idmci.ldlR!pliblica-,elhosor.llodehimuiK1Kllen!ado. t .urlOIO qut a quatc 101alidadr dos sufrqiol pndidos pdol IOcilliuas UO foi OOlt· qaisudadifflwm!epdollOCiais-demo.:m11.~parmltr-stbmtflCildoddelíoioPRD - Panido Rmo>·ador Dnloc:rilico, óo pre;idmit Ramalho Earlts. Dtsla l&Ianido politi a,htndadahi1pnwdoi!~.cqutjjaPJobtt1?17.9«oóodenorado.oJ[indotrw1fo niCJfoprôpno&nts,fi!urainl:q,rCl'il>11.ede!pllarlapdoaercic,ododoi!rund.a:t11C1111K-~-tDlli$111csp,ll,l.Oa.Marurrb.fanc,,queorf1lnou.pda~roaqutf,t. qr.im110SintuiriodeFÍtlllll;oqueoioimpcdtoPROdelffOOIISlderldoamparudode nqunda.oupdomtflDldemitro-nqotrd1.Poondttm1111oíone1berancadlRt1'0b;io dosO"l\"OI, d11rant,1qllll ojo-,·em ta.mbicioso.apilio Ram1lhoE&Ma!o;oH<rq::,mlillameo1t ao lffltl'lWO, pn,ar ~ postos intermediário! Anim. o n,11.ZWllento do dtitotaóo \OCl1ÜS!a oio flod• lff ,ml'rpf!UOO. ptlo mroos pormq111mo.romoopçjodefirudapeladirti!1.mas111rmft')!rt!tfltarodnnicantoque, atu-."iodoPSlmt.a~llllO)liniiopúhli.a

=

Soares abandonado pelas bases Oelnt,:utodtlido.1a1tdú,·id.i.àmooho.:id.ii11a111tpnmcildopl'rll0socialimpa· 11-ll)t!ll'dasfortes'"malidaldea111tmdadt""-iiraropat1doMIIIID01qutoCODdUZ:U. 1polt11a!COIIÕallcl~adolada DOIIIIOlqut!tiqWIID IICI ?Sdo>.brildo lt'~. M11dnaanto.i0brttado.llllllift!!Jdopdi1Sprópnaslrale'.!5CIO:llmW.

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paissc1omadoq uascau10-suficiemccmali mcntos.Aproduç.lo~aipi1usubiupara8l0 cata em 1~3.Asafradc 1984foi5,L'ltmaior qucapreccdeme.~aundoo"Economist''. de Londres (5-1-85), a produli,idade dos camponeses dobrou. Mas note-se que cs.sc crescimento na fase inicial da reforma de,-c scr romparado com abaixaprodutividadcantcrior.Aproduç.ão provavelmente não crescerá muito mais, pois cmsuaes~nciaamáquinaburocráticaeparalisanledocomunismocontinuadcpt.

Chuva de dólares Logonoiníciodasreformas,cm 1978, o reflimc rtpudiou a Rtvoluçio Cultural maoistados''guardas,·crmelhos''.Elahavia .sido uma brutal radicalização do maoismo, le,·ando o igualitarismo às suas úl!imas conseqütncias. Umadelasfoiomovimcn1oanliintclectual. Como 1odos tinham de ~r iguais, osqucscdiferenciavamporsuacultura,aptidãoanisticaouintelia:fnciaforamsumariamcntcconsidcrados"readonários"eenviadosacamposdcrccducaçàoatrav,!sda"rns· tificação".istoé, embrutedmento(cfr."Cato!icismo", n?412,p.5 ). Asunlversidadesforamfechadas,bcmcomoosinstitutosdcpesquisas.Alunoseprofcssoresforamcxilados para campos de uabalhos forçados, onde muitos pereceram. (Dados 10bre a RC\-·oluç.ão Cul tural c~traidos de "A China, -~adtlo'", de Lucicn Bodard). Imaginem-se os prejuizos causados ao paiseàsuaculturamilenarporcssasmcdidasdclirames.ChenYina,umdoslidcrcsvcrmelhm,confcs50uqueaRcvoluçãoCultural

Com d tito. Soarts. que1m1prt1taprqNram1n;istaron1·icto1 militan1e(mtbofanio lcainis!1,ílliaqU!!llodtíril.at).nosúltimosOOl1out1â1nosreoll'tlldaruma"ruiDada pa,udireiu".Ap,-oxiniou~deR,aganrdaalufüunça.api!alilu.,íadldarlÇÕCl!lllfa,·01 dl 111icia1i1;a paniNlar ,. para etpulo 1ml, dlegou a rl'rltpl publiltmmte o man.iwo Cca eua 1Utpr!Clldtnlt rt1ira•'Olu.. oqutobtt1tSoam para si!Qlaax nada de bom. emui!odoniu11. Da~dt1e111Dti,;\wallmllDOeknio~001t•?DCt1niDguéar,.l'oii1opiJÜOl)Üblicaportvptt1UO!tnqutm1di'"~runtplar",atra,ésdiqualSoa rac>.llltidlSi!ltos-olflllDdobomnnóoPSP-m1poucoirant1mt!qlrlmdetÀOI bi:ija11S IICI ~TIISIO as pn,,lDCÍII uhnmuiaas, qut hl<11111 o:mtado a Portupl ÓIICOliadtlldt11QP.IIIOl'•li&nmasfon1oàsbtlM:lsociwlas.1pmadadeiua1cipul11reperar1iupruu1w11tDt1.Parat1-111 bwi. ela foi uma injllstií1cf>"el 111içao 1t01 ide1is do panido tat!!t!!$tltl~nt1ÓOlmili1ln1tsquiSoaresdel·epriocipalmm:t1111dm011.É wnhtm1elnq11toeasalEat10Sdtle11urpretnden1e1·0t&Ç1odoPltO.

Poderia ter sido muito pior o desastre do PSP Soam r polit1COapm!lllc. qiJC d~l)IX detodoi oi rmr= pm wadw. tahu m,. lbordoqutningllâll.11tmó!ociastlWlprolalWldi09Íruioprilllicaluia.lldmuii,acom· pinha alllt lindo OI 1111Doti qtl! !011111 política Cllt OUUOI Pil!tl 11a Ew0p,1 C do mWldo. Niolbepodt1espllSldodtsptlctbda11mdiaciapm,oraorDC1101padró!ll:Oll!tl'l-.clott1, qut1tDWUft!!o.r10SBtJdoriUlidoidoRcap11.aa lncJa,madtllll1cke,naAkmanlu dol:olll.EuaOllda,naturalmat!r.llUÍladooumailiarde,~maioro.-intffllidaóe. oiodriuriadtrepermuumbmtmtPortupl Poroutrolado,obderdoPSPYC!IIW)ll!Jllnlu!IÓodepertOOIIRMKfflOlduoutr11 "~IOCWÍ$!11'"-aafrlDÇldeMi11mllld,nali.i!r1dtCrui.111E!pinhldoFeli· p1GoMilt:!.P1r1niof1lar,rmai,elpm!IÓ!aStiro.do111ndtíwcoq1JtrtprnftltOU,no RiodtJaneiro,o"50Ciali!mOmorrno''drBrirola A11im,f,eao10PSPJ)0Stodian1,drumdill'rl\l:ousemanunh.aíiel11CUi<ld.riomar l.i!11,ouentlo,jei10S1ml'rl1t,1,n1a,apaswparaoou1rolldo,afimdtJ1tbi11un10,;om1 Ollda1e,-i1uumilollmrntot01aldt$!Upanido Soarti op1oud!cidtdarntllt,., desde loao. pela !tJUTllla al1nna1h1. Sio foi ICltl pt,ar ~1!odOlt11prósrt11rocurasq111eltlCfiiomado1aldeaYO. ACfflou!Aóm<:u!lln)DOO§lllfflllekiçõc,?II«tilldarq111nio.Mas,1nio1n procedidolll,!lll.apruolidiooaloqo,odmwrl«WllllniCJlffll&rDdanwor? A. de A ndr11de M onleiro

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ca1,1w1,11randcssofrimen1osa1odoopovo. Eosccrr11irio1n-al do PC, Hu Yao-pana, reoonhcccu queoatrasotrcnológicodasempresiuchinesas deve-se à falta de ed1,1caçlo de se1,1squadros,eq1,1elulaaudafa!tadeemprepdosqualificados. Emcons.cqübici1,as1,1niversidadcseinstitutos foram reabtnos e os intclcc(l,lab foram reabili1ados.A(l,lalmentch,até1,1matendênci.aadaraosintclci:tuaisp0Stosdedireçlo. Panitrntarr«uperarosanospcrdidosnaed1,1cação de seu.s quadros, o relime tem a1,11orizado a saída dc milharcs de universi1trios c técnicos para estudar em universidades doutmor (cfr. "111$Íde China Mainland", n~ 4, 1985).

Paralelamente,wloemc:ursooutrasreformas. r:xperibicias de 11,11c,aetloem milhares de emprff&I; admitem-se diferenças salariais maiorcs: h.t bonificaçào para os que u-abalham mais e melhor: simplificaçlo da burocracia cstatal; maior aben1,1ra do país ao (l,Irismo,àsmodasocidcntais, ctc. Masllls.randesnovidadesforamaabert1,1ra del 4 imponantcscidadesportuárias,incl1,1siveShartjai,à.sfirma.socidentaisquequeiraminvestirali, bemcomoaaberturadecertosramosdeatividadesaocidentaisemtodo opals-petróleo,carvão. hotéi s.Firmaschines.u podem agora firmar aoord05 de cooperaçjo t~nica, de prod1,1ção e de 1ransfertncia de tecnologia com firmases1ran11eirll.!. Entre 1979,quandotiveramin!docssas medidas,el983,oschinesesauinaram2.53l contratos com firmu estranaeiras, num total dc21.5bilhõesdedólares. De$setOl:al,quase 12bilhõcsforamempréstimos.e2,6biLhõe$ foram lnvestimcm05 diretos. O resto oorresponde a 01,1tras formu de i:ooperaçlo, inclusive uma s1,1bstancial ajuda de aalnciu da ONU e do Banco Mundial (Cfr. "lss1,1cs and Studies"n!4, 1985,p.Jl). Em 1984, por~. com a consoLida,;io das rrformlll,oritmodeentr1dadecapitaises1rangeiros tomou-se bem mail intenso. Foram coocluldasneaociaçõc:sparaacntradadetffca deSbilhõesdedól•res,e100companhJasusinaramcontra105deinve51imemoparaoperarnaChina,reprC$Clltando41~amaisque no ano anterior. Só para investimentos em Shcnzhcn(ponoabertoiseompanhiasestrangeiras, próximo a Hona-Kona) foram auinados 2.330 contratos de investimemo com fir. mas estranieiras. Nloécxa&ero, portanto, falar-se em "corrida do ouro., rumoàChina.Sóquenlosecorreparabuscarouro,ma.s paraentreaá-loaoscomuni5tas ...

H,

Entrcmrntes, companhias petrolíferas dos países capitalisw operam c o m ~ hina China (investimemos de 2.4 bilhões de dólarcs),conseguindoaumentars1,1bstancialmemeaproduçjodccombustfvel.Eo J apio nea:ocia no momento um emprts1imo-j1,1mbo de3,5bilhõesdedólarcsparadcscnvoh-eraindamaisaindüs1riapc1rolifcradaChinabem ,;orno a do carvão ("IIWde China Mainland", n~ 4, 1985 e Yin Ching-yao, Red China Forrign Po/iey, 1985, pp. 29 e 40). Altm disso, 0Japloempres1ouhõi.p0uco470bilhõesde yms para melhorias~ ferroviu, pon05 e telefoncs da China. Mais de 2 bilhões de dólaru foram emprestad05 para 01,1tros planos entrr l919 e l 9S4, e o Japlo exec1.u.a numerosos ou1rosprojetosecontratosdeajuda,coopcraçloeinvcstimcnto.AcolaboraçãodeTóquiocomaChinajátdetalmomaqucsefal.a numaentenrt: cntreambasasnações. AChína cstá setornando a príncipal abasteeedora demaiériasprimudoJaplo.Ocomérciobi· 1ateralanualjáéde maisdcl3bilhõesdedólarcs. 10

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Um bilhão de consumidores, mas sem podar aquisitivo ... Todaessach1,1vadedólares, yen,ctecnoloaiaffeitaem nomedomiticomercado deumbilhãodcchinesn.Masháum"pequeno"detalhe:esscmercadonão1emdinheiro? O Primeiro Ministro chinês Chao Tzu-yang reconhece1,1queem 1984(portanto,apósos grandes "êxitos" das reformas) a mé(lia de renda da p0pu!ação rural foi de 320 JMP (moeda chinesa). A média de rrndapera1pitu no pais foi de apenas ~29 JMP, ou seja. oequivalenteal96dólarcsp0rano.OBrasit, com todos os 5etU pobres, tem l"Ct"lda per a1pítude quasc2mildólares,enaChinali vre, em Taiwan, ela é de 3 mil dólares. Dois deputadoschincses, YanaHsiao-yuneHu1n1 Han-tao, afirmaram no Congre$$0 chink: "Constatum0$ que um camponls gasta por uno<'ff"tYldeJOOJMPt:mulimentQfào,roupuestnith. Ct:rcadeJ5'/i,dasfamfliasdecamponesn não pode suir dt1 indiglndu" ("Horirome A$lático", julho de 8S, p. 36). Com esnwmairrisória,etodaelagastasópara sobrevivcr,quedinheirotemcssccscravomodemo para comprar Coca-cola, televisões. calc1,1ladoras e todo o mar de b1,1gisansas da sociedadedeconsumo? Além di11SO, Pequim poderá. mudar de polftica repcntinameme, como jâ fez tantas vezes(ecomo fez Lenin com seu NEP), en10· lindoe5sc5bilhõcsdedólarcsdeinvcstimcntos tempréstimos,altmde1,1tilizaratecnologiall'C<'bidanãoparabcncflciarscupovo,mas simparaaCJCp,ans.ãocomunistanomundo.tal como o fez a Rússia com adétente.

... E a China continua comunista Apesardagrandeconfusãoem meio à qualslofeituasrefonnas,q1,1cS<"vlosucedendoesea1ropclandoumasà$0utras,1,1ma coisaéc:enaeclara:aChinacominuacomunis1a. Eisoquc dizS<"u lídcrm.t:o:imo, lxn1 Hsiao-pi n1: "A~r dt: qut: nós irem0$ imponar das pui'st:s capilulistas temologiu an1nçada e outras roisas títeis poru nós - selt:rivamt:ntt: t: segundo o plano -, de nenhum modo irrmost1bsor"verou impor1ur osislt:mu capitulistu proprklmt:nlt: ... "r··obras St:/etas dt:Dcn11fsiao-ping",pp.17S-]76,apud"lssucsandStudies", n! 3, l98S, pp. 39e40). Emmarçoúltimoeleafirmouquedeseja\'aCS-

16

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clarecerqueoobjeuvodasrctormasnloércvi"erocapitalismo,ma.smelhorarosocialismoe sua "metufinuldt:utingiroromunismo"(''ThcNcw York Times .. , 3-9--IS). Ecm outraoc:uilo,resultou: ''Tt:mosef,rffl(Jc{orept:tidumente que dtvem0$ pt:rsislir no a1minho do murxismo t: dosoâu/ismo . .... Entrr· tunto, este muntismo dtveser integrado ã realidade prârico da Chinu, t: este socialismo deW lt:r Olr(l(tt:ristii:us chint:$a$" ("San Fran cisco Chronicle", 8-12-84),

Luís Mene:u-s de Carvalho

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CATOLICISMO -

Outubro de 1985


Irmã Zeca, uma freira emancipada NA l'(WíffÍCIA Ulirmilbdt C.1õdtSiohllo -l'UC,dtri•rtaddl,"/trtfatl'rol:ml1sdtü/Jtmfú", rr,lúJdot111rt15dt 11"1'0•16 dt 011rd1odt lnt,1mJ.prplt:llndt...,.lflitirna,fll'Ól'tHllltd411pnt.1ro<IO

a,,IU!lilrtp0ttagtmsobreaTtoqillda~romamand,t1t'OEstadoM<liordaTL'.Masalni-Oapartetlltlfll6wna dasmuitasmulhms,;uteitão1raba/MrrdoromaTtolo,Ulda Ubtttaç4o"(j).18).

lllllll.m.0.1mu~dtsst-oadojífom11ro,..tld&fm''Cltolma.t"(••u." ' 418 t 4ll,mptefi"1Jllttlrt iltf,,mi,o ,SIIJ'Otltl915).0"Di;,1'1161ft!todtftolop,

tOhtialdt/ldiporb PUC.SP"6t-,0.lfotlM IIUlm,tw1otlis~t11rttsqnhfJ11t1llkmfrrin.Os

:.-fltspizi-q11tritu10Sront!p(HldtllllMdof'1Mt,.

A igreja das CEBs Apesar de IM WQues t lvcia ede 1\11 doutrini fcmi nistarom~opostaàcatólk.i,lrmilr:adiz,·rr 1

mlZtcaeorontraotalespaçoq11eprocw1,par1pr~ com11Wluminosasidiiu.E,defa10,olooosesgueçamosde quedaCSIÍfwndonumaU!n\·,nidadeCttólica,pan:umauditórioclteioóepadrc1~frein.r,agn,tes]')l.!IOrlÍ!,etc.,que 01!\'erDtlpb.udem ... Pmt!$11 1 rdiJiosa pelofatodeque"ai111/lltll!({Utst tlllldt11m.1frtiralai11U1ttmdtumanjo"(p.J8).Ctrtamenteoãotei.!atim2zernqtteel1 projelldeli.Ebqll!!quell re!itiowscjamVÍIWoomo''lllaJlttmadwt<i! t ~ · · (p.J9) .0queternderelípo!Ooude50brmaturllei.!aVÍ!i<l1 Par1que,entio,ierírrira1

A EXPOS!TORA,wandocaJçucornprÍdil,dclinibi-

da, ~por mw I lgtja Católica, dc-,ido.l "siiw,;,io S11bordiMdadasmullitmntS1aiffl1j1ujrdo"(p.l6). CitatC1 lOildtSanwAg011inho1SãoTomi.ldtAquino,emqll!o:i doisluminaruaplicam admirmlmrntequal óel'tsera ~tU11çioda mulbcr na [grcja, 1as1im os critia: "Comopodt •mo rtlirú!Q,romu,J~,oftttetrilmu//Jtrw,itspQÇO/ibtr1ador?EutplUS4l(iof)t$<isobrto((I/O/idslflo tcol!dicioMo rDIICfl'\Wl!!f$mOfl'JtWUllldomul~11algr,ja"(p. l1) Pm, lrmi Ztta, o papel sublimt da mulberromo5-

posa1mãe, ou=virzemronsap-lda 1 DM, nadadii:. P~ loromrírio,daaplicitwenttOlcita crtÍ(Íta.Osalt011 tddiaóolvaloreifo:nini11011dc~bilidadt,óed~,doçur11 borw.ildc,da0:s&esprm.N0553Smhora,1quemDrus111sua Sabrooria=lhaloomo amaildt,,ad.adalcritturas,lnn.i

Zccil 1 procur1 pinwoomoumare.olucioniria.O"M"lllif"111"iYÍ.ltocomoumbradoóesubl·eri.loda "ordtmpo/~ OOl"tda"ordtmtt<Ja6miô!"(p.lS), csq~1frr:ira dtqll!llrn(clulioo1VirgmSant!ssimaseapr&011como abumildtes.:m·adoStnhor Aliás,111bmi!.llooãoéoom1 lrmã Zea.Elaupir11 ú1ho:"Euertioqut110dÍllffllqutasmwlhtmd1tg/J1'ffll aopa;,ado,ÍSS<IJmllumsiMldtqutopapadotslmt/in1tiramcr1treformu/ado.opa;,adonãostrUlmaisdt1ipomonárquko.Ttrfamasro1U/ruid-Ooutraf()(r,u,dt,i;wa ..1oridadt dmrodafgreja"(j).48).Em.lo,aoquepauce,emluglrda im.aginíriap,lpÍ!IIJoana,taílrll0$,1Woondiçôc:icitadas,uma papwoo,merodalrm1Ztca... TWaberraçôes,oontrária.l l iD$1ituiçiodivinadalgre j1. s.loaindareaírrmadas=&ifase,··,.-OS$1lfral!lk/u1a t para ~arts1ats1ru/1111! liiuarqui1'Wl/d4 fgnja . .... A qutsrolo t m.,Jar a ti/rutura dt prxler. a{IQ!lir d4 basl, num~ {$()dtmocrati1,11nltt l4CÚ/li1,11ntt"(p.'8). Umii.,-ejisocwistaefeministadc-,·ml,l)OO,nacon~clessa frein,sub!liurir a lgrejaCiló!icll. Pois, p.ada, ··a,t:ipti1odopre,b/tr,u,doN;»do. ofa1otquta lgnfanâo =imcamu/htrpltnamcr1tcomomernbrodaftrt}1"(w. 449).E!.saesmnurai"/!itrdrquicrltmasaditw,pa,alldodiu, m«ililro"(j) . 3-1). Mu,objdlriai.l(llém,C01110podc: umamulbervir15el" p,pisa,secb.oemUctróotepode.er?lrmilea,queoãose mapalhaemrefuwronjwnammteSlmoA,oslinboeSàoTotllÍ.l. llioicomruaobje,;ãoque•aiseem!waçar: "Nàcluí 11m.1ru:.ii<J.,Jlidaparotxrluiramulhtrdo~,IÍ/1{1QS· sibi/MlldtdtrtltbrarattiadoSenhor..... Q,,.,mion11m.1romunidw dtbasl 1Gd1'!1'lstrVÍÇOSiles311rom••idadl,todaa animaçdoatsS/lro,fllnii/adti/titaporwrrkiioou/tita, ídi· fi,i/,r,ronirarni.óes1rolótimválidaspa,aimf}tdirts1aptS· $()(1 dt validamtrltt altbrar rom 1t11 i rupo, mmido tm nO/l!l dtl.ltus t CWJi,artúldoStniwr"(l'.48) lmpossibilidadesdeOfdemleológica,1-0rig,mdivinada admi'1i!!raçlodo!.acramm1odaordemió t homms,ruõcs me1mOl>:lplanonatural,nadadis.omcontraguarida!le.1.13parlap.tia:.queoãomer!Cfflloonsw:em"Ca1o!ici.lmo"oãofossanosll1os1]!0~deque&<Jl.l,eniofo,scdiindk.itivi,dos 1bismospan:osguaúao,guerdaca1ólk.iqUCTle>~ a lvtia Eno,.an1011uardaomornmtocmqueumimulber]!Oilsaoeltbmmiisac1a.lgar0Sum0Ponrifoado,lrmll.caredam.a]'IO:IÍçÕelm.aú~ta!c"Nafollia,kS.P11Uloapart-

CATOLICISMO -

Outubro de 1985

"lgrtja üuJ/ieaMBrasü, ,romtsmottmf'I), romo um tipaço dt tll!Oncif)Qfão ftminina" (p. 16).

Comopodc:scri!lo1Cootradi,;:io1Nâo.ElaooselpliC1 q11( 1lyeja"t11CC11t~searra>ffllll!Rporro111rodiçóes,po, Cllflfliroointentr>Squt!ltêm~,rosli/timoo1tmpOS.Asúm.quando!lfo/Qdt/trtjaü1ólka, tntmlárilltsdartm dtq11tlgnjaC01óiiraei1omosfQ/,,mfo"'(j). !9) Hi ,poi,;,,.,,&i,:rdd.i,,íria:i011pelo-diw"lgeja:IC.uóliw"'.Uma, 1delefflpre,fundadapo1No>IOSenhor JemsCIU!o, i qu.olidtrimosdetodaoow.ilma,daAatm ,iokntammte.Acusa-Adepropapr"ideo/OfÍll.lmocllilrA!" (p.21)

Qulli1ou1ra,1dalrmiZtCl?Ela n.lorc1pondee:q,liciwnm1cà)'l!l'gun11.Mas,·i-seqL11:.par1 cb.,al1reji asciuiriadasCE11$.POO,lof;ow]lmg,afoseguimeiqudeem queduh.avtr"lgrcja!Cat6licai",ronrim11:"'Ao1oma,as CE& ronw ob_jtw d4 pruenlt rtf/txio [ICflm fa ddimilados osront()(n0Sdataref/6rio.. ,,.Nriose1ro1odefolardasmulheresmrgtto/,masdtssasmulhtmqutptmlripi,mdasrom111Udodt3"(1'. 19). E mai$: "AsCE&1êm st l1Pftlllltadoparo aimWN!re:$qwe111freq,,fff11JJ11romoW11~1Íl,/Qrgamcrto dtJWroasriinriapo/íti<atse<ial..... AiCE&timpumit1dolZlmul/tmso~wilvimtn1odas,aaroniciincwdedasse"'(p_.20)

Enei.sai.,-eji lU>CE&, 1 "lgrej,a J'IOl'UIU",1ivej1 da"t~datibertaçio'".1"igrejaS11b>e11iva'".que1lr-

Plr11 lrmiZtcaare!ÍJÍ0!,110freumadupb.oprm.âo: ])Ol"sermulhert])Ol"serrelip>sa: "stndodasr,u,isoprimidas dtmrodaft rtja, 1tndoumas11.aç,lomui1omaÍl'1'd>ortii"'1da.1immais~dtmud111r91"(p.2l). Recla!ll.l]'IO!qtte is frri rll "IXrlbamstndcNUdiQcms mrio-d«!bra/JGro1a,rtndoM111st!llirilldtsigllllit"1rel/lÇQ0110S /llldres.Iiastcmbimrimmt110Spodtrtmiómiro"(l'.41) Pôi:emni,elde maiorou menor salirioo tra~hode urrll freira, quandoffir deveria ier tod<i e l e ~ ededicaçio 101 stmelhante1 JlOl amorde Deu!! Onde ficao eipí ritodermúncia10vzlord.adcdiaçio reliposlokverí11or1 scrnteruuradoporlri1 tnbalhi11111 Comotllilongcistodaroncq,,;1ocat61iadafrtiraoomoeiposadeCri!lo,renunciandoporarnordeDo:usc111a1·és

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OOl•0101rt!ip);Olil(lllbco!m11m3.!lCIICI\W.t'(Of'l11 10DIJCk.ro111ip1!1do-,rnllllO>lffmll"!""IÓOE'{!(Nl0.· 1i110qDt1•111buKll"noliltimodi.a.S.1W1,di'.Oqotd,r11 coqDtí1N1plld,Sam1Tcm1 • .e1tlbcptr1111:"""r •1m1ou,iru.lpale:lm!

AIDS: um castigo divino?

Nem as m ães de famíli a são poupadas

E srLDOS RECE~ ·1 ES 1n<lkam que o ,;ru, da AIDS. a 1crn,cl do.:n~a que am,.i e-.~ialmeme os homo~suuai.. le>e orig~m noi. maa,-o, <la .\fri,;a Cen1ral. roque ;:,~la o ~emanário none-amcri.:ano """1c",wcd ... cm sua cdi,·Jo <le n de a~o,10 ulli-

O que fmm 11 CEBl oom ai mães de W!liha) ()uq. moi1 rd,giOllpr0gr$i~1. ElallOlron\iilcUm.llCll~IQ\II. 1mesilcconhrur1sCEBs.ron~d,r11·.1-,cum.ióon.1-dc·n11 rumpW".""(IIXq,,,tm,"rmM<1dlliodiic,u,,~.ospl1M1as lfl~IIO lmdm, l#lflprrmuito l"!lidad"' ta a i ~ , 11~10, ftfflf}rt,:rf/fl/OS.111~ar1a··.fl!Wromo":sti./lldllico.,pt110SOS[JltM.tlt,u,m••lhtmdari::uiMl!(llt,lflrt:.o,,..

ndo"'[p.11).

Poubnn.pmournaltlihm."daJ>rllO!liodtbo. · ~ · , ; . , , od1111111wdolllOfo•11,uodoC11Wdt<1duJII0111MIIIUll.tmlwilldtlfflllisdtJ111,l/lfflO(IS,. .... C fota1rort1dcl1ttJ111{11tdaNlllCftaoM<m111N1odono10

dt•llfo""(p.lll Í illlpOl11111Cn(Oraqui çomoum IC\\~i -que dfy oonhemnosqum11til-d~!1oomc~11cboamltdc fom11ilpoócJ.nilcreprntcirmtod1noturbilhiod.iC1Qund.im6hca. Comq11eronl(<lu(ricia1 Pil" o lar' Êailida JfTT\I ÜCIQllfflOOITClpo!Mlt: ""A1mlllhtrt1lqotemrun!lllCE8jp,,:1S<>mtfflÕO/ltx1l"4Wlllll!i>tmtfflfllSdoJ11ap,kfro1'11Mpn1J. f111JqwMlllttOU<ldosptlos1Mndos,'1""""MrlratodOlromor

A conhecida rc\'ista dedica uma rcronagem espe<:ial ;obre e>'a mol<!,tia que tem cau1adopâniconap<1pu\açãodo<brndo-1Unidosedevário1ou1ro1r,;1i1c,.cjJ.:omcça

a ,,.w,tar a nossa. A maihia de capa. que !rata e~clu,i,amentedo tema. aprc,cn!a uma legenda com um loque aPQcaliptko: '"AIDS; o pior prohll.'mo dl'.\'/UÍde públirn du 110çõo. Nmguim se r«uperou du d,x,nÇIJ. t o número dl' w.w>s e.<1/J llo//runda todas os onos. Agora, cresITm o.< 1e11mref de que a epidm,io dl' AJDS pr>.uu e.1polhor-sl' olim ui/o paro ameuçor o //Q/>ulurJo ,-01110 um rodo"" ·\milisr.; rcrem~ Fei1a1 cm am~tra~ d<: <angue colhida~ cm São l·ranci,,-o. na C-ali.

dos homQ5Sl!:ruois e 0111ro1 gr11JKJl' de

"""U

fórnia, cm 19?8, quando ainda não ha,ia a epidemia de AIDS. indicam que 1~ da, ~cmãoem tra1amcmo numaclimca dedo.,nças ,enérea, mo,ira,am-,c po,i1i,as ao \'ÍrU<. 'lo ano pa.«ado, cmre1amo, tal numero aumentou para 65•:•. Embora o rc· suhado po5i1i,·o d05 t~t~ não in<l1qlK' n~..:,..,.riamcme que a pn-oa ,·,1cj,1 atingida pela doc,nça, 5 a 10"'• do, homo,scxuai, cujo, e.xam~ de laboratório foram PQ"ti,01 haviam se 1ornado ,·itima, da doença após três anos. Há õtima1i,a1 de que. emre um mi~~ã~n~,:was cxpo,1a, ao •iru,, cem mil poderão contrair a <loc,n,·a no, pró~imo, ón E,sa moléstia sui 11c11u1.< de,1rói a, ddesa, naturais <lo organi,mo con1ra a, infccções. O, sim orna, ini,·iai, ç.J.ra1·1crilam-,e pot fcbn· ,·on,iamc. emagr,:~;mcmo. mdoração noiurna, prurido1. can,aço e!c., !tl:guido1 por inílamaç;'lo do1 gãng1io< tinfáticos SobrC\indo a AIDS, o oraani1mo fica ,ulnerável a ioda "'pé.:ic de moléstia,, ,irus, parasilasc1c.,comraindodoença1qucpodcmvira,.._..rmonai,,cquc.empc«K1a1normais, seriam facilmente curada,

lttdrsrta1trS11111opwMmpt11«lasr""'bt,,,.o,wi,,rbt-

10.&lm10Srmm,isso1tn1~.rosn:wiJl,10St111rros moD.pollOS--JIOlllllm1a1110110rt1poslll1Qda•III/Jtr" jp.29)

Eufória.1fm!1C1Ql)Cldis1.ipra;5t1ue:'"\'osCE&o Pl)lltOdttll('OOUO!'fllrrosqwM6tldtdassttos'1lltll6n/t"'I.WIOSitolQNdoptMptt1n dtlt,,-,<Jh,da(/Nl mw/lttm PotrtiJtabrt...,.brt<Nlimp1anrtf1(11aoprocrmt!t ruptMra rom o/lllJ/t{dtt1pruarmiie. 1tadlri//llalmt111tmtr· rodolllm•llit,tsrJor1rmrn1rronfrmutdoptla!JrtjoC1roliC11"(p.29)

Nloseriap;)SiivdJ.nmaisdaro.Tm1-1tdtromperrom opapelilc~emk.P1r1quemaindaguarilc 1lrodcc11olieidadc.oomõ1DOdc~mpltlbom-,QIWQt1trromm-

1iriofn,pérlluo EJ)ffllllodciwomhuma.dú,idalObrequtmpromo"ma rup1ur1..cb.tnf11.1ZJ.: ""l;a/t--stQWtsJllfWPllll"IJt•. par,p,mdosllhll.li,mdaptriftnll111/Jolratdtlll'tll$'10rlll, 1111lf"Jlc.,<ilit,"(li.l0).0u.5rji,é1u.li&ttjadll1CEBs -Qotl*lttl'lirOiinc:lutoiliDdausaolll)ll>rdta!óba - que le\"11 tio miP™ rup1um JrmiltaporemC!dartcrqur~""'ª!iotlmc)ldi, pl"ll qual I! mulbMc! ""f'IISWII • mlldar wromp1a.,,.ro romosfd/t(J,j,co,,,05.,,idostoSllila1"'1\llo110própnobw, ro""(p.l~).pO;lcwnbrniserobtidaoos'"mo,imemoiltmil'IÍSlaf", ""EM6o. Ml!isó11/frtjo,ortliflQ{)ifWJtal!rt~pot· riâpo,6o ftm1m,w.Dodai,porim.osrondiçóaptr,Jliarrsdo Jo,mgção soria/ br<llilnro r l01'n1Hmrri<a•o, rm qut Jtal!dt P,rltdc/11)11"l~1prtstnta wmo,isii<Jdomu"®prtdom,. M•-1trt/4tÍflSl/,m11/qil,m~dtw11111p111n,,wd,,r. fWbt{;Qtdtl•11.tffllfflll<lSrtl1tio5os,podtapa,tttr~ ~ui/"' IJ). l•~ EmponupisduoÍIIOlignif,a~aab!«ttod.i lllff pan, u1ballw pela n,b\"fflio- com os dcsallres flllli

bmque1 rdiposaaponn,.- pod,c11trfn111amo por11111 IIIO"lfflC!aOÍ-.&l!NQlllll!OporlllllJ~dtbaJt

dt1ónOOa.161ioo.Poucoimpon.i.oonwi1oq11e1tCl)l!!4.IO obJCU",o.ArolltcaqucnaAmma.la!ina.JtDÓOeDOflllee!ll· uanhada1mn~ada l1rejiC1cólica.101oa-scfulldimm· 1alu111ol\OCl'ledalgrrjip;>r,,>1i~irN1""muda11Ç11dcrompon1111CT1to"'d.imulher. CrC!!lOIQ\llpovc;l!,·,mumdorummtopro1iododa rsqucrd.ica16liafoiiiodaroemf1m,su.di1til!Çi(l.Ou.c. ja,1utilil1Çio<klll1\lca?3rditiosa,IICC&aril1pt,11!por cau11d.iaroliadaóróopo,o.par1rnbr1rfin1Qt1C\!lll,.1"U ptrfntllllfflt!~l!iDJir.toCDtSmDruod.i'"T(()losild.i

l.ibemcio ..,qut111&:1110~.P1rcctu,óobnnd.l·

Expansão a u ustadora da moléstia Att ag01a. a AIDS já atingiu praiicamemc todos 01 pai= europeu, Para ci1ar apena, O"l principais. foram regi11rados 300 casos na frança, 162 na Alemanha Ocidental e 184 na Grâ.Brrtanha. Adcma1<. CS!á·IC esp.a!hando no laribc, onde."' no Haiti. há mais de 500 caro, Aquilo que era inicialmente uma doc11~.i de homossc.,uai>. a,1ora a1in~c a, mais variada> pessoas. indu,i,e .:rianca,. Só no; EUA, há 148 criansa, PQrtadora, da AJDS. Dc"e,casos , 701:'o,ãofilho,dcpc,;oascomAlDSouapcna>portadora,<Jo,·ltu\. 140/, adquiriram-na através <le transfu~õts de sangue, ~·'< são hemofi!ico, e 11 O/o do.1 paciente, foram contaminado, em virtude de omros motivo,. Emre o, ad1.1lt0> vilimas de½a epidemia, ainda predominam homo,scxuais ou homen, bis.1Cxua1>. tm 11.9 19 caws de adultos ponadore,, da AIDS nos E,ut<Jos Unidos. a moléltia manifnta·>C principalmente nos1q:um1esgrupo5· 1) 73"11 cm homossexuais ou bis.c>.uais masculinos de ,i<la promiscua; 2) 17..-. em ,·,ciado,, que utili,am ou utiliz.a~am drogas m1e1adu por ,·ia ,eno<;.a; 3) 1,51:'• cm !'C"'$03~ que reubcram transfuWCS de s:onguc; <4) 11:>,emponitdorndehemofilia; 5) 1--. ,m ~.oas que ii,cram rdaçócs hncros<,exua1> rom •í1imas da AIDS ou ponadorc,,; 6) 6.5"11 de,ido a ou1ros fa1orcs.

Repúdio doa doentes, mas nio do vício A população nonc-americana considera as vitima, dessa nova peite como párias da sociedade. o.; portadorc, do ,-irus perdem emprego. casa. amigo~. etc. O; hospitai> 01 e>.cluem e os empregados da, ca.as funerárias recui.am-se a ,epuhar ai vhima1 falais dc>sadocnça. Em todo o mundo, en1re1anto, órgãos de irnpreni.a 1êm recomendado uma M:ric de J'lr«au,;ões faris.aicucdc supcrficie J'!Ua '>CC\i!ar a AIDS. É ,imomá1iro. comu<lo. que a imprcn1a, indusive a bra;ilrira, não indique a prolíla,ia mai, efkat para a molél1ia. como aliás. para qualquer outra doença .sc,ualmentc 1ran,mi"ivd: a a~tcn~-ão de rcla,;õõ '>C..,uais iliciia< e. a fomori. de rda,'Õõ antina1urai1 Eis ai um sinal dos 1empo,. Proeura-sc, de 1odos 01 modo, criar condi,~ para .\C e-·i1ararnoléstia,sc,mquemnauémap0mcaabs1ençãodo,iciodalu,úriacomorcmédio realmente eficaz. Em nOl\a época neopagil. e materializada. cm que o pcrmissi,ismo moral atinge um clima,, a única coisa oh·ida<la é a recomendação de \C praJICar a purcLII - ,irlude particularmente rcpu<liada . Infelizmente. no charco de sen~ualidade cm que ,·ai imergindo cada vei mais o homem contemporâneo, não há dima pJra medrar oliriodapureza! Diante do sempre crei.çen1e número de casos da mol~iia. aié mc-;mo pe<,soa, com muito POUCO senso religio~o come,;am a ~-.,nsidcrá-\a, conforme rela1a a ;mprcnsa diária norte-americana, como um naaclo divino para puniçilo dos ~ado,. A Vi riem de Fátima. cm 19 17, alcnou o mundo para um ca51igo qu~ viria, e indi,-ou os meio, de sustálo. Entretamo. não .se deu ou~idos à5 palavr,u da Rainha Cel,;,<,1e, e o castigo par~ comcçarasc,aba1cr1.0breahumanidade.

P1r1alna.ilcca,a ..,_n,rjr,dtu,~iv-

/tftrd"'du•ulbcr~di1C""dt...,_,,llllllS/or1t.111__,,.

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CATOLICISMO -

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1odoror,/tf!llro1.rpiimoC'Oll01/0f(tlf',do5il1ma"'1r C!) E pi,)fll:1101 re1olucàol0!:ialq,xdoo<qlla' k<:u. l'or 111(1 d11e!1qur .... ,.,.,,,,,..,f'll'IK'fllKÕOdas mod~rm_fo,1W boiu:o"'!P- ~!) C1ll lllll h,ro em Qut "lll/ttUm opmm11 -~l,Wllffl)IIJ!llfdopromsr,libttrodar"ip.

'' l-llllllll•«daoxnm1 \ ,cararoa1ron1nt1.Ellquei-11 alcm.CocooDCi~kl.!ip.N1D1""deltj:uir""al<mdoromut11llll0"".01ubqut"mtSIIIOnw<Mwon!adtqutlw1014c fo,t(fflff!lt/lNJWlflltfJtlafro/trniJ«lt"'.romoa -:,...,i. (11i.ldifiril11umei-amulMempédct@ ualdadtromohorn~ al)(isofltli(»:)re1oluciooilio. de,,ido""(J()rom{)Or1amtn-wldtoldfirotrulMoldomD(hJ!mô""fp.J!J

ni/il/Í4(0llítlfdo"".equ1.111ladl.inhalaur11ana.ld111t111 daromo1··11'11""das1irmcr'" CondcniodooqurctwnadeOKKal .. -t\J•ll'"a:ólrca. Jnnl Zeca •li a)m da T~ d a l1~io; ' 1/ISJIIOUIO· /M,.dt,libtrrOOX> .... pa,,cr,um1robti/lllldo110JflmdodttJt. ""*•""'rta~f-•Mm..,r/llmltqw/Offlt l'fllro,rs,/Jtrlf!Wof11odt,p,011N1ion,dt/"5/hlo1t111n,1110 l"f/JtlOdtnd<ioallbo10··1r;: 1··~11rWl(Wdl!tn..,,~ dtl111ullttr/JllfVf)tl,~dtlllllst-""'ltdil«'"lp.JJI Pregiurnadi1.""1,io""ampla.li,·rr.romum111ar,dr p1m.::i(Jll(6orkls111u/hnts '".!Oel•1em11romco1bo!toeo roruroledanmlid1dc.Srmi<10.di,rl1."ol1rrJa "tiQ roitstf Wlida1umapala,·roju11arol!rtaqutJ1Jo"'(p. JJ)

Vai longe, essa freira ... lrm.lZec1del,.-ie1e.rom1'qril.1""JIUtr(Wdll:ll'ffil<tl!<IIJIOSllll'IO:lpt)f/lM/tl"1pr01!S!aromraou1000b3bito 1dip,IO.porquc!lt1""tw,;i.-111Nlllldn"'/or"""doro,po. r111orqw1rtl"q10S0~1a1"""'111tr-J11r/1rtr··1p

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~ um drlmo! A rdip:11,1 deu cn!io ir 111011r1ndo '"lll fotn"11dororpa""H1.infrlinnr-:r.uma a.,~1dtm .. lhan.Q11tprtfn~i,:;uintomcn.;on:u.qu,:mnnn•1>tl !lltn:bi..""ionillllO.Aomododc,ntndcb.1.qu.c:r lnn.lZeca 11u.al.1ra1qucs,con111r•m1Dm~Eind1111J.n1el Stmprefalanóo a umaudi:óriotheiod!oum\fT~ra, di1:'"Prr.'llltttmM lfr(jo roa,·turxomiquad"'noqut strt-

Or1,!lln\àlllemaimtqu11mor1lmóhn1emf'W· çioi ntrirarntnUIO!Tl!da. E.emb<lr1 lrm.!Zec1ttnMduolci· 1111q111nio11111ta1ad,umad,ft1-1doaborto.aqu11b1~• campopirall&u1i.\o.((ll!IOdi1.11:il1moralca1óli,;asol!r1 oabono.11"1pr11iadõ!r.alémdtmndmada.11M11110p11>11rld!noomunhlo?.\1.a!para""írnt.1dtsinibm.ep111 oiq~110U11111romplmn:nnen:,.nklb3problem.annd,m 1a11bubandlll!I'

Preconceito feminista se estende à Encarnaç:ão do Verbo

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Eor,i:o, i que 11isidnl1.romo111qa d.amnh1., lo st di1=inandolinnncntc11J.1CEB1.Pore~nnplo,loj:0ar,:il lrm;lleca .faloupara om11rno1ud116rioum1"milit101edo rno1im(mop:,pular'",pa~111t1.ndo111fll!l!!\i1~m.11ror111 di· 1111)!lafrrir1deinibiJ.a l'r0\idmri>ld.a11utoridad!leclt!a.l~OCl1rnporuí1'tis? ()u!S1ibamol.lltM\Lma.A1iolidtdltpmr,o\?

""05-"'"-!»ÍIUlinnplo..a{ibt,1:irm.anrba>llpa,tJt.

Gregôrio l.opes

Piquetes, a tropa-de-choque da ditadura sindical ' ' P REC ISAMOS de 200 ·companheiros' para formar uma ·oomi ssão dr esclarecimcnco' para ir paralis.ar os trabalhos dc compen· s.açâo no Banco do Brasil, na rua Lílxro Badaró. ·Combsão de c,clam:imento' ... não! Agora nào precisamos mais usar cs1c nome. É piqu~temesmo. Então, 200"oluntáriospara formar um piquete·· Desr.emodoumlidersindicalconvocava,por,·oliadas 18:30hs., os aproximadamente 8 mil panicipan1e1 da a.1<emb\o!ia dos bancários, realizada no dia 12dcsetembro(últimodiada arcvc),naPracada St.centrodeSãoPaulo. "Comissão de =larccimemo·· foi o nome-íama;;ia utiliaido para encobriraaçàodepiquctesdurameagrcve.paradaracntendcrquc a mesma era ··pacifica". Realmente, .. p•cífica"agre,·cofoi.10memcpa.raosgre,is1a'I. que oomaram com a ilimicada compreen'lào da Policia Mili!ar. a qual íez,•is1a11rossasàcoerçãoquc ospiquctesde1re-istascxerccram wbrcosbancáriosque,d=iososdccntraremseuslocaisdclraba· lho. foram,defaio,impedidosdefazê-lo.A PM reconheceu o direi· todesre,e. masnãogarantiuodireitodetrabalhar. Porvohadas 12 hora,doprimeirodiadegreve(ll desetem· bro).umpique1ecommaisde50pe,,oas.lidcradopordoisdirctores doSindica1odosBanc:lrios.formavaumacompac1abarrcirafrcntc àporcadaastnciadoBanco l!aú, localizada naRuuCondeda Boa Vis1a.um a dasprincipais20nasband.riasdacapimlpaulis1a.Quandoalgumfuncionáriotcmava1ransp0ropiquctc,craímpedidopelos ··piqueteiros". Ao mesmo tempo, fazendo uw do microfone. um dos 1íderessindicaisdiri11ia-..-ao " tr:ans,iado"'queni'.loaderiraàgrevc: ''Nãoadiantapro,·ocar.companheiro;nào\'aipodcrentrarnaai:ência: nósestamosemgres·c ... Assim,oemprcgadoquetinhaaincenç.t.odetrabalharnatachadodc .. pro,·ocador··. Eospoliciaisiw.istiamaiudoisw'>CmesCATOLICISMO -

Outubro de l98S

~::1910,1do1bardrio1. 01piqt;e1ongi!omoob1donorninaç&o<lo '"C<HTM0Mffdo1Klal•

t>o.,arqualquergcstodcrcpres5ão ... poisagrc,·ccrn"padfica'".Os 11rc,·istuesta'"am apenas c~crttndo '>Cu .. direito de gres·e·· Sim.odireitodcgrc\"cfoircalmemcreconhecidoao!ibancários, que cm seus piqueces eram au~illados por mnalúraicos liaados à CUT e ao CONCLAT. por membros da Con'"ergfflcia Sociali!ita e do PT. osquaiscompa.reciamiubsembl~asrcalizadasànoi1enaPraçada 5'.

Duramedoisdiaso Sindicatodos Bancários. em nome da de· mocracia, rrh indicou para sua das5eo direi10 de íaier are,e. Orsa ni,.ou..-uspiquetcs-sobodisfarc.,de"·comiss.ãodcesclarecimeo -e, em nome 1am~m da democracia. impôs a ''ditadura sindi· cal" nas ponasdos estabclecimcmos bancários. Tinha·se ,o direito dcfaicrare"e,masnilo1ttinhaodireitodediscordardelacir1raba· lhar Democracia, só para os grevi,tas. Aos que deles discordavam diantcdoolharcomplacentedaPolícial\li lítar-eraaplicadaa"lei" do dcspotbmo~indical: a repressão das tropU-dC·Choque "píquctci· ras" Semd1hidaalauma,tra1a-r.edcuma,·isãosin1ulardoque..-ja democracia.

10··

Eduardo Queiroz da G11m11 19


Um "retrato n de São Francisco de Assis A

ÚNICA PINTURA de São Francisco efetu ada ainda emvidado"Po1•erel/o" é oadmirá vcl afrescoqucrcproduzimos nesta página. El e se cncomra na ,apela de São Gregório, uma das que compõem. o famoso complexo de capelas de Subiaco, inserido no rochedo como um ' 'ninho de ando-

rinhas", segundo a cxprcssão ·do Papa Pio li. Elas foram ,onstruidas sobre o "Sµeco", a gruta na qual São Bento habitou como eremita no século VI. Um conjunto de mosteiros beneditinos foi constru ído, cm épocas dl\ crsas. nessa região onde ainda pairam as bênçãos do Patriarca dos monges doOddcnt ecope:rfum c de suasinsigncs virtudcs. Embora grandes mcsucs da pintura universa l tenham dcixado afrcscos c quadros cé!cbrcs rcprcscnt and o São Francisco, como Ghiouo e Simone Martini, nenhuma dessas obras de arte se equipara à imp ressioname pimura da capela de São Greg ório. É provável que o artista , comemporànco do fu ndador da Ordem franciscana, o tenha conhecido pessoalmente. podendo mratá-lo com uma objetividade ímpar, impossível de ser atingida por famosos pint ores que vi\"cram após a mone do "Po~erel/o". Apinturaapresenta sensíveisdiferençasemrelação àiconografia corrente do santo. 1'-las depois de uma análise mais detida, observa -se que de tal maneira ela coincide com orelato autêntico de sua vida - tão deformada por certos autores de oricn tação progressista - que se compreende a exdamação de um observado r lúcido: "Ele deve ter sido assim!"'. E considerando-se o fato de o pintor possivelmeruc ter vi sto Sào Francisco. também é explká\"cl que se considere o afresco quase como um retraio do Samo que inspirou os "Fiore11í "

Afirmar qu e a pintura, com simplicidade de traços. reíl ete a alma humilde do Santo, que desposou a ··dama pobrei:a" , é uma verdade. mas ao mesmo tempo poderia considerar-se um lugar com um. Pois, quando se escreve sobre São Francisco, em geral acentuam-se de modo quase excluSi\'O suas incomparáveis simplicidade e humildad e, aliadas à virtu de que mais ocaracterizou: a pobreza.

Slofroncisco<IIAM-~,.. ....,.._, ..,_l!ll_~deSlo(Mgório. s.i.c.(llj. l. OmtcOlolpi,!ldo . . -.idada ''Pow""°"· ll'llfldo122~ . ... ..,qut ......... ot HIÍllffll1, Coml)l-·M, p(lil, qut HIH lllo '9-0fll MUI ldffliri, tl do arlt

Há, porém, um a série de outra, virtudes que esta fisionomia mais rellete. Ela denota grande fortaleza e extraordinário domínio de si. Mas é uma fonaltza que não contém nada de força bruta . É uma força que provém toda de ar raigada convicção. Além disso. nt>stc rosto transparece inocência virginal, sumamtnte reta. Ele também re'"ela uma alma profundamente- convicta de sua própria inocência e disposta a chegar às últimas conseq ü!nci as em todas as suas acôes. E stndo inocc nt e. compreen de-se que na mcsma füionomia haja igualmente pureza ilibada. quase inexprimi'"el. Tudo isto \"Cm aliado â doçu ra. Se um homem irre>oluto fixa este afresco. é natural que eleperctbacomoqueumacensura .O olhardcSão Franciscodcnota uma retidão que parece penetraroímimodoobservador. E o confronto se tstabelece: de um lado, a alma dotada de certezas in a baláveis, de com icçôes profundas; de outro. o espírito rela tivista. hesi1amc e débil. E para concluir. poder-se-ia p,:rguntar: qual a relação entre a virtude rectrix praticada por São Francisco - a pobreza - t esse rico complexo de out ras virtudes? A pobreza é ummeioparascatingiressegraudcforça,dtpurei:a.derctidão. de firmeza de tspírito. O "Povere/lo"' de Assis, praticando uma inigualável pobreza . desapegou-se tanto dt todas ascoisasquesctornou possível tal ascensão espiri tual.


· AfOJIJCliSMO 1:

N' 4ll


A REALIDADE, concisamente: • Sob rajadas dt mtlni lh.adons. dois romenos e.s,;aparam da Hungria comunista para a Âumia, onde pediram asilo poli1ico, neste mês de novembro. E cm Pamplona. capita! da Navarra, na Espanh.a , doisjovenspolonem;,imcgrantesdeumgrupodedançasqueseaprescntavanaquelacidade.pcdirama.silopoliticoàs autoridades espanholas, Episódios como n1es, que se n:pctem oom freqli~ncia, são úteis

paralembrarainutisfacion:inantenospaí$e$ondco1acãocomunis1a =rce

~

domínio.

• "Su icidio. modo de u$ll r" f best-sel!er na França. Es,;rilo por lvcs Lc Bonniec e Claude Ouillon, o absurdo livro akançou ex pn:niva difusão: mais de cem mil exemplares >'tndidos. Ocmn:asvària.sreceitasparasuicidaMe,uma(inges1ãodcbar

bitúrioos) atraiucenoj°'·em da pequena cidade de Castres, que es.:m-euaumdosautoressolicilandopormenores.Osuicidaseauiu os conselhos da resposta à sua carta e matou-se. A As!óOCiaç.lio de Pw.-ençlo ao Suiddio de Montpdlier - re1iAo onde se localiza Castres - emrou oorn uma qurixa..çrime nn janeiro de 1984 Pouco mais de um ano dtpois o caw chC1ou aos tribunais compcltntes. l..e Bonniec vinha se rrcu!klndoa atender as convocações daJustiça. alc1andoquc Juicidionãotcrime,ees.:m-ersobreele nAopodeserconsideradoaçãocriminosa. Condenadoporfahadeprestaç1odcsocorroapessoaemsitua çãodifícil,l..eBonnicc, noentanto,acabouem liberdade. Parece incrivel.masadiscussAoairaemtornodoseguinte:acar1acnviadapeloau10rdaobrafoiumaincitaçàoaosuicidio?Poisháquem duvide. ..

• A rsn nd1los1 m1 nlpu l1çlo d1 linguage m. na Rússia. tem consternado o diretor-responsávd danfüora dos Dicionários de Oxford . Com efeito, dois desses dióon;lrios - o Esrudantil e o A-.mçado-quandotraduzidosnaquelepais,sofremfalsifü:açõe, quantoao1i1nificadodcccrtoslcrmos.Assim,,ocialismoédcfinidocomo"sislemal'ÇOnÔmicoquecstásub51iruindoocapilalismo'";capíuclismoéqualificadocomo"sistemaquesubstituiuofeudalísmo",etc. Se o empenho dos comunistas em esconder I vrrdadc e disforccr os fatos se estende a1é ao terreno da lin1iiística, quamo maior não seni ele cm matérias mais importantes, como a História. e em tcmasmaisvitais,comoostratadosintcrnacionais... • Nio está prolbid uo uso dt brincos no regu!amentodofaércitoedaMarinha norte-americanos. cm qualquercircunstância. ape»rdeorefrridocostumeabsurdotcrentradonoshábitosde militares. Umae--n11ualproibiçãode1algêneroficaacrilériodo comandante da,rea. Apenas na Base Aét-ea de Ramstcin, Akmanha ocidental, somcnte agora - por decislo expres!óa do Comandante da Força Aérea na Europa, General Char les Donnely Jr. - foi ,-etada aos soldados a utilização desse adorno feminino. A informação consta no jornal das Forças Armadas Americanas. "The Stars and Se ripes". É d ificilconceberqueasoldadosdessaesl)«iescjaconfiadaa defesadairnportanteBas e Atrea, cmzonatãopróximadosinistro Muro de Berlim. • Oi ga"1llhtiro1 lup amaros trocaram pfO\·isoriameme avio· lrncia armada pelo proselitismo sorridente. E nisso mostram-se bil$tante ardilosos e atualiudos. Muito mais propa1andis1ico do que assassinarad,-ersáriosourefénsseqüescrados,comofaziamnadécadade70,étomar chimarrãocom popularesempraçaspúblicas,

distribuindopaníletosquehistoriamsuasangrenta'"tpo~ia"dc anos atrá!. Porim esse procedimento, rrám-adotado. é apenas uma medida tática; por enquanto os tupamaros acham mais úti l aproveilando-sedalcgalidadequedesfrutam - fazerproselitismo juntoaopovo.Mais1arde,seascircumtãnciasmudarcm,r«:orrerão novamente à violência. Exemplo caracteriscico da utilização d o binômio medo-simpatia naacãocomuninainternacional. • ÜKOStopelosvi! ralses1,tttorn1nd oemnossosdias.ecresce onúmerodeseusapreciadores.Segundoam·ista""l..ePoin!"",de Paris, "os americanos do gulosos deles-': Oriente /'o.f~io os aprecia, e do Japão chegam cncomendas de lilmpadas fabricadas com vl!rais. Nafrançaaistemamalmentecemoevimeardiersquefabricam vitrais. empregando 360 PfSSOllS. O ,idro soprado à boca. conforme a tradição medie--al, torna•se raro: um ID atelier em SaintJl.ls1, no Loirc, o fabrica ainda. UmabclaproduçãoanisticadaldadeMklia,suraidanaaurora doanolOOO,os,i1raisest!loconseauindoperfuraracspessacrostadeconcrc10 armado ede asfalto deste triste so!culoXX ... • UmUvro sobtttdu e1t,;io!ltX Ul l parncriançaseadolescentes, contendosravurasedcscnhosimoratíssimos,foipostoemcirculação recentemente. Acividad~ de Programas e Saúde para o Primeiro Grau - editado e distribuido nas escolas da Capital e do imeriorpetaSecretariadaEducaçãodoEs1adodeSA0Pauloéonomedaobra.que,·emcausandoesmpornospaisdealunos. conformenoticiaaimprensadeSorocab.t. Comlcirurasobrisatóriasdesseaênero.quescopõemfundamentalmenteà moral católica, quão maior seráocstimuloàprà1ica deatoslibidinosospelajuventude,jliasscdiadaporumapropagandaabtrcaeirrcscritadalibcrtinagem,c,iua! • O mi rmott milen• r dt Rom1 está perdendo a consistência. dC"iidoàaçãodafumaçadeaparelhosdeaquccimen1oedoses.:apamentosdeau1omó••cis,depositadasobreosmonumentospelo orvalhonocurno. Numerosos arcos estão embrulhado!> por material protetor ou demro de tubos. Essa proteção sen-e também como andaime para osrt$tauradores,queprocuramdefenderdadestruiçãomtal-perdadaconsisc~n cia,transformaçãoem gessoeesfarinhamentoosmármoresdos baixo-rele-1» queos adornam. O poder de destruição de ~rios disposici,·os do conforto moderno parecc bcm maior que o das inconuh·eis lcgíões de b.trbaros que SUCC$si,-ameme assolaram o lmptrio Romano nos séculos IV eVdenossaera... • AMU!Uado rdeclinio da laxa denata lidadtpreocupagovernos europeus. Estatísticas da Comunidade Econômica Européia infot· mam que o nú mero anual de nascimentos por mil pessoas caiu de 18, em 1960. para 12.2 em 1982. Nesse mesmo período a 1a,;a de mortalidademantc-,-e-r.cpra!icamenteinalterada. A situaçãomaisgra,-eéadaAlema nhaOcidemal,ondeapopulaçloeaiude~cade38 milhôes. em 1972,parapoucomai§ de56milhõ,es.hoje. Este é mais um sintoma alarmante da crise do mundo contemporlneo. Conr,cqü~ncia, em boa medid.a. de um cstado de espírito egoistaeneopagão.sesundooqualonascimentodefilh05deixou deservistocomoumabfoçAodivina, para ser encarado apenas como um fardo.

CATOLICISMO -

Nm-embro de 1983


Imprensa soviética já não oculta carência e desordem na economia russa "CAlOLICISMO" 11presenta hoje umasériedenoticiaspublicadas nos últimos doi s mesespelo''Pr.n·da"e"lzvestia",Oprimelro é o órgão oficial do Partido Comunista russo, e o segundo é o di:irio do re· gimedo Cremlin. Porque são expostasaquitantascitaçõesdosdoisórgãosmaisimportantesda Imprensa soviética? De algum tempo a esta parte, a imprensa russa, que é totalmente dominada pe-

lo hrtiao Comunista, vem admitindo sérios defeitos no funcionamento da econo-

mla da União SovMtlca. Esse assunto já vinha sendo abordado há alguns anos por

publicações especializadas e grandesórgãos deimprensadoexterior. No Brasil, o mesmo tema também tem sido focalizado não só por publicações de

caráter econômico, mas tamWm por jor-

nais de grande tiragem. Mas, atitulodedocumentário,é sobretudodignode nota onúmerodenotícias ecomentários arespeitodoassunto,que vêmaparecendonaimprensarussa. As-

sim,pelas.imples leiturado " P!'ln'da" edo " bvestia" pode-se comprovar-coma confwão do próprio réu - a situação cada vez mai s critica em que vai imergindo a Rú ssia. Segundo esses Insuspeitos di 4· rios,pululamexemplosdeioeficiciada est atizaçiio nos mais diversos pontos do territóriosoviético. Siiotiionu merosase Vllriadasas reclamaçôes,tâo ex tensasas queixas deindi víduos c dospró priosórgiios govemamentais, que se podeconcluir: a produtivida de e II eficiência de umatalorga nização eco nômicaestá mui10 abaixo doqu ese ri a razoável espera rse dela. Emvista disso,pareceu-nos interes.sante colher,atítulo deamostragem,na a bundantedocumentação co leta da pelo Serviço de Imprensa da TFP, alguns excertos maissignificativose recentes das própri as fontes soviéticas.. Elas niiopoderiiosertachad as de parclals pelosesq uerdistas, o s quals costumamlançar talac usação contraqualquerpubli caçâodo Mundo Livre quem aotenh aati tudecriticaa respeito do comunismo. Se parcialidadeho uvernesta maléria estampada pelo "Pravda" e

"ll\lestia",cla seráobviamenteafavordo regimequeiofelicitaaRússiab:i quase 70 anos. Parece lógico e comp reensível qu e os dois diáriosnioapresentem a situação emto daasuadrama tlcidade. Arealidadedevese rpior,emboraoqueédescrito abaixoconfigureum estadode coisasbasta otecritico. Segundoovelboh á bitode certoses piritos - umverdadeiro cacoetemental o radlcalismo igualitilriodadoutrinaedo regime comunistas deveriaconstituirum pólodcatraçãodequantosse interessam pela sorte dos pobres. Pois tal radicalismo Igualitário lhes resoh·eria, em toda a medida dopossível,os problemasessenciais. E assim, qua nto mais próximo algui m estivesse do comunismo, tanto mais dn ffla ser considerado amigo dos pobres, Ora, talimpostaçãode nenhummodo corresponde à realidadedos íatos. Eoque atesta, atra,·és desuaimprensa,opróprio regime soviético. Focaliza do sobestc liogul o,odocumen tárioque transcrevemos é de grand e alca nce para o Ocidente, e muito es pecialmente paraoBrasil.

Carência de frotas e legumes d~

" T~:a~; oEd~~;~c~~:!~u:~:~:j::C~fC:i~~n~:~ :aª\?!: produção de legumes. Sobre isto falam as cifra, dasesta!Ísticaseas realidadeslocais.Emcomparaçãoentreoanopassado eestcano,até odial 2 deagosto, avendade legumesbaixoucm299miltoneladas, e a de frutas em 56 mil toneladas (A. Sokorcv, "Avaliação, quem faz é o comprador", "Pra,lla", 22·8· 85). ''O~e~E~~~~i ~::1~~i~ac~:g~i;h~od~a~~~~: k"t;t!~ ~[~ frcqüemcmcmc malogra. Defeitos sérios são m ·elados, em particular nas regiões de Alma-Ata, Vinnitsa, Thshkent, Gorki e Novosibirsk. As vezesédificilcomprar ummaçode verd uras,batatas,ccnourasebcterraba. Outros setores da economia sistcmatícameme frustram os projetru de oompra de tomatcs e pepi nos. Observa-se o fracasso no comércio de melõescuvas.Porcausa da pachorra e lentidãode alguns trabalhadoresdo ramo, quebra-seoritmo defomecimento,aproveita-se mal o transporte e outros recursos( ... ). "A produção atinge sempre o consumidor? O erro de cálculo na organizaçiiodacolhcitanali nhadc produçãoll:'<1àperdade grande partedru!eg umes e frutas.Freqüentementcosagricultores, transpor· tadores e trabal hadores do coméix:io agem isoladamente. Com isto só l,:vam ,,1ntagemruinteresses decada instituição.Ouseja, nãohácolaboração entreo MinistériodasFrutaseLcgumes,0Ministérioda Agricultura e a União Central(...) "Agora é colocado em marcha o potencial imeirodas fábricas de conservas.Porém,di,1:rsas indús1ria,não,;.ãosupridasdematériaprima de modo co nstame. Não é possível conformar-se com o fato de CATOLIC ISMO -

Novembro de 1985

queastarefasnaproduçãodc oon.servas fracassemde anoparaano, e apareçam reclamações por causa do sortimento e da qualidade. Produzem-r.einsufíciemernenteervilha~compotasefrulas c legumes congelados "A pane línaldalinhade produção das frucas e legumes é o oomércio. Paraacenderoscompradoresexistem milharcsdearrnazéns especializados.Cadavezmai~sãointroduzidosmélodosnovo5deatcndimento. Portmnosbalcôes aindahápouoostiposdcprodutos.Frc-


NÃO SE PRJ;OCUPE: AL.&UNS MA.RREc.05 E: PERDIZES RESOl.YEl-1 ...

qOentemente há filas, e o comén,io dopequenovarejo~cscnvolve-~c de modo fraco. Outros armai.éas são apertados e mal ~u,p_ados" ("~ra a mesa dos lrabalhadores", " Pravda", 19-10-8,,ed,tona!, 1~ página).

"I:~:1~~:~1:t:~\:'R~::'r~:1~l~;~:s:; ~~~~:

duzidos no verto e na primavera) o armazém de legumes e frutas comercia desembaraçadamentc com ... conservas. Nós vimos. E não cm um lu,ar qualquer, mas cm uma das ruas cmtrais de Moscou. No haldio estavam beringdas endurecidas e maçãs enruaada$. Não havia outras fruw e lcaumC$. E ino no começo de setembro. Quando, cmão, obaldoestari.replctodeabundantespepinos,mclões,pimemõesc todasortcdeverdurascfruta$? "Porque,apesardo!irigidosplanosctarefas,.cda1mcdid~opcra1ivutomadascmcadaestaçàodoano,oshabnantesdacap1talnão sãoahsolutamentcsu pridos devcrduraseírutasdeacordocomane«ssidade?Esteproblema,onossojomaljáolcvamoudiantedcigua! situação no arti10 "No mercado e no armazém" (veja " lzvestia". n~• 267e268,del983).Apósapublicação,ocomitfe,;eçu!ivodoSoviet deM0$COu,nasuareunião,discutíuoarti1odo"lzvestia"(... ). Pa$$aram-sc dois anos. Portm a estação de lq:un,c, e frutas não causapraur.Tudoficoucomoames,ou..:· Vejamos concretamente exemplos de al1uns armazéns: "Armazém n~ 9 do bairro de D=iinsk - Dentro. duas filas enormes. Uma para melões e outra para outras mcrtadoriu. Gasta-se oo mínimo quannta minutos cm cada uma delas. O sortimento de legumes e frutas. apesar de tudo, não é pobre. ~ verdade que os tomates pare«mpequcnasmaçãsYCnlcs,cabsolutamcntcnãoháccbolas(... ). "Armazém n~ 13 deste mesmo bairro - Nio hé cebola, nlo há repolho. não há abobrinha, não hé pepino. falta muita coisa. Mas o quctqueexistc1Exisleolivrooficial,noqualtanotadooquepedir diariamente à base de abasteçimemos (Base de Dzerjinsk). Na maioria absoluta dos pedidos está anotado "não cumprido". "Armazém n? 47 do bairro de Sverdlovsk - Na vitrinc de 'frutas' estão alauiu limões não maduros. E nada maü. ''Arma'l:ém n~ 61 do bairro de Lenin - (•••) No pedido de S de se!cmbro estão: pepinos, melões, cebolas, uvas, peras, maçãs e abobri· nhas.Masnãoseconseguiunadaalém.deuvas. ''Arm&UTTI n? 7 do mesmo bairro - Uma grande sala comercial vazia. Batatas.,ccvidentemeotcbeterrabas(beterrabasJ.ãoabuodanu:s na Rússia]. Eis todo o sortimento. "Armazém n~ 9 do bairro de Scva.stopol - Grande edificio di,idido em duas partes. NOYC décimos do local t ocupado pela sccção dc bebidu. Somente o restante do armazém é destinado aos legumes. AJmi disso, no balcão só Ili pepinos e repolho em conserva. Compra-'IC bebidanobalcãocotira-go$tOnasccçAodcle1umes... "(... ) Depois que esta reportagem for publicada, irerJ?OS novamente aos endereços ac1ma referidos. EntrffllntO. terá transcomdo e,;atamente uma semana. Mas a situação não tcrâ melhorado. Bairro de Dzcrjim k: manterá o comércio na " ração de fome". Bairro de Sevastopol (aquele armazém com lc1umes que se vendem junto com bebi~): estará fcehadoparareformu.Bairrodcl..cnin:navitrincestlopmtadasmclanciu, pomfl não havcr.i nada à venda. Em compensação K tcr.l formado uma Lonaa fila para compra de pbsqos da Bulgária" ( 1. Ab.akuJJIOY, V. Ko<,-alcvski,O. Pavlov, ''Ou filaoubaleãovazio", "Jzves. tia", 15-9-8~).

" B~uf!'~~!~:e~~~~\~~c~~m(:,td: ~~:~:m~~:;c;i;~~~~~lt!~ rin1elas.abobnnhas,cenourasevcrduras)haviaceru1s,1çucar,pe1~c

em conserva, bombonJecia:arros.

"l).mbbn no arma.a:tm n? 2 o sortimento de fruw e Jeaumes era

=

"E como estaria o suprimcnw de legumes para os re$tauranies1 No restaurante n~ 27, de Oda.sa, como no restaurante 'An:édia', do Mar Negro, 1 salada está nocan:lépio, mas na realidade não há. "Quase con1inuammte, nos balcões de legumes há ]onp$ filas. Api'.,5 o ttabalho. a.s pes$OaS devem permanecer nelas ao lon10 de uma hora e meia I duas horas. Os p0n1os comcn:ials são evidentemente poucos·• (A. Am.ibachcv, V. Vasilets, "Maratona doi produlos de horta", "Pravda",21-9·8')-

Baixa produtividade

da acrlcultura ~o~~~~ ~~~~:O~â~i:u~t~

' ' B ~Em~s:~~~~ faltam1osagricultores1knicacadubo. Eelest~m boae,;peri!ncia. Hi deles cm Dnepropetrov, Vorochilovgrad, Harkov e outras regiões. Enun111to,noto!.al,arcpUblicanãocumpriu osplanosdevendadas honicultUT3$ CStataisno~últimosquatroanosdoquinqilfflio.Eagora, cm comparação 1:0m o ano panado, att à metade de $Clembro a provisão dessa produtos bai;wu em mais de 220 mil toneladas( ... ). "Con-.,:rsamos com o chefe da emprei.a 'Chersonplodovochthoz', G. Lisitsci. De acordo com mas palavras, sobreveio o tempO das chuvas, primavera tardia, baixa temperatura ... Por isso, no fim do verão aempresasóhaviacumpridol4',', doplanodepr0\lisãodcvcrduras.

CATOLICISMO -

Novtmbro de 1985


"Então a culpa é do tempo? Não. Não é ,ó ele o culpado. No sovkoz 'Maiak', da reaião de Bielo:zcrsk, para onde fomos rom George Ale:xandrOYich, vimos este quadro: cm BO hectare$ os tomates estavam ceifadoa. Pon!m, a maior pane deles não foi colhida. Ao comércio enviaram tós,eisasete!oncladiu, quando o plano de venda de

tomates na«onomia pmt mais de 4 mil toneladas" (A. Artsibachev, v. Vuilets. "Maratona dos produtos de horta"', ~Pra,·da", 21-9-SS).

1~;~::~·~i~~r:d~~ ''M~!~~~~~i?~~~n::1:~~t aoEstadosomcntc40'!tdoestabclecidonoplano.Acolheitadeccreaisdcumalittapadrãodese:11ead\lr;ibaixounosú\timosanosem mais de 4 quintais métricos (qumtal métrico • 100 quilogramas). fa. te é o pior índice obtido na Toma Preta Cntral'' (A. Starllhin, "Medidu sobre os ccreais", "Pravda", 31-10.85).

"P~T~! ~~ :~~:!~i~~~·~:1t:a~ !ª~r:~~ 1

à lavoura( •.. ). O caminho é llm W: cm condições concmas e às veics dificeil. é prteiso encontrar meios e métodos mais efetil'O$ para con-

se1uir boa colheit.1 ( ... ). "Estasmedidas!,,loe>ttraordinariamrntcimportan1esparaasreaiões d.a Sibéria, Urais e K.azakiHão. A instabilidade da lavo\lra é dcmonstiada ~los 1Uult.ados dos kolkozcs e 50'l'kotes destas reaiões. Nos quatro anos do quinqüênio não foram cumpridos os planos relativos à maioria dos produtos do Kuak.iilão. ~ grande a divida du repúblicas referente à venda de cercai~ Em diversas localidades pioraram tarnbém os indicadores de qualidade, e baixou a produç.t.o dos campos cadapreuliria. "Nos últimos anos sistematicamente nlo foram cumpridos os planos da produção e venda de cereais ao Estado, em muitas regiões dos Urais e da Sibéria. Os kolko~ e .sovkozcs das retiões de Altaisk, Krasnoiank, Orenbu11, KuJ'&III e Tcheliabinsk, após quatro anos, têm uma 1randedívidapan.como&1ado.Elcsdeixaramtamb<!mdtproduzlr 1randequantidadtdecamee leite. "Omalogrod05planosnaproduçãoeVC11da de=ais causatenslo no atendimento das necessidades do pais. Isto nos obriga a impon.i-105 e a gasw consider.t--eis reci.irsos" (Discurso de Gorbachcv, "Pravda", 11-9-SS).

Carência de material de constrnção e moradias

''O~~~t:~~~~~~:.;~(-~.;~.,i;·f~~;i::~: ~~~:t~~

dificllldadesemconseguirtijolol,cimemoetelhas.Ptrtodeum1erço das famílias não podem tenninar de omament.ar suas casas a tempo, de-iido.ifaltadetinta,vidrosde janelaepa~ldeparedc(A.lachin, "Pan.construirnavil.a","Pravd.a",9-9..SS).

''P~~1,u~:J::w:0H~j:~1~~!~::~%~~:~; :'a~

sa mais de 600 pessoas, a quinta pane de todo o pessoal das empn:sas. Na í.ibrica principal, há muitos anos não conseguem n:solver o problema do transporte. Â noite não hé troca de turnos, pois. como ir para casa? (S. Riabov, "Dcfcitonalinhadcproduçlo", "Pravda", n-9-85). " l~h:;~~~; q~~\~:c~ei:'~~t;~~~t~~h;~!1:~:: J~~!lid~ra!~: radia(cidadedeNoril5k). "Em1ornodo1abinetedovice-dirctorE.Chtek,daadministração dasecçlohabitacionaldocomplexodeminasemetalúflícaA.P.ZaVl:Tliqin, h.i uma enonne fila. São fundamentalmente pessoas de idadc, que procuram tmcar suas casas (o vice-diretor é uma pcssoa destinadaespe,:ialmen1epararesolverestesproblemas).AJ&unsconscguiram suascasaseprcparamdocumentos,outrosestão.iprocura.Entre eles esu\ Vasili h'allmitch Bazillk, su~rvisor técnico de minas nas indllstria.sdemlno!riosdurantetrintaan05. Hli1r!sanosele1entavol1arparaaUcrtnia,sua1erranatal,eprocuratrocar a suaamalcasa de dois cõmodos por omra semelhante. "Tudo em vão,queixou-seo 1r;ibalhador. Havia diversas, mas pedem acréscimo de tr!s a dez mil rublos. [na URSS as casas ~rtencem ao1ovcrno,enlopodemsernegociadas]. Eestedinhciro.eunàotenho (... ). "EmNoril!kaindasãoinsuficientesosjardinsdeinfi.ncia,oshospitais,asinstituiçõesdecultura,eprincipalmenteasmoradias.Éverdade que aqui esie problema se rcsol,-c melhor do que em rea,iõe! mais afastadas( ... ). "Não é o amor• natureza nórdica que mant~m lá as pessoas( ... ). Pane dos aposentados não pode sair de Norilsk, por causa da falta de casas cm todo o país CATOLICISMO -

Novembro de 1985

"OEsladopromt1cuàspes.soasquetrabalhamn.art1iãodoExtremo Norte e adjadncias fazer chq;ar a elas, cm dez anol. o direito deinircssarn.acoo~rativahabitacionaldamaioriadosp0n1osp0pulacionaisdopals. Masrealizarcstedin:itoéotremamentedificil {E. lsakova, "Coo~rativa habitacional para os habitantes do Nonc", "lzvestian,8-9-85). ' ' lr.~:n~~r~:'1i:Sn~~e~aúl::osm~:.C:r:ª:~:: truçlo,osrccursossãoinsuficientes.As5im,ooonsumodemadeira, ncsteanofoigarantidosóem78'ít c,sobah1llnsaspe,:1os,osoutros ar1i1os aimla menos. Os pedidos de artigos meta!úT1ioos para casas foram atendidos só cm 63 '!,. O conjun10 de peças para acabamento decasas,sóemS4'!t.Blocosdevidro,47'!•.Muitosoutrosmateriail, oomo laca, lnstalac.t.o elétrica e artigos técnicos sanitários, só em lo-óO"i't do oi&ido. Menos da mttade do indi1~ns.tvcl foram os tijolos, cal, 1esso e ourro. materiais de construç.t.o local. Freqümtemente não,eaprescniamàvcndabrita,artiaepedrasdeconstruçlo. "Acontecequcoquefoidcstinadopara,-cnda .i populaçlo,d.avcrba do material de construção, os fornccalo1U entrt1am fora do prazo, e inoompleumente. A fornecedora de madeira de Krasnoiarsk, durante os últimos tr!s anos, entregou somente \1'11 terço daquilo que prometeu. "AsforncoedorasdemadciraVostotchno-Sibirskl,Sredne-Uralski, Habarovski, Dalnevosiotchni, Kirov,;ki, Tillmenski, Gorkmlki e outras atendem às coo~ratiras de consllmidores de modo insuficientc. "No corrente ano foram tomadas medidas importantes para que as organizaçõesoomerciaisdemadcirasproduzissem7007tdeespéciesconlferas.~íato.dasmadeirasconiferasquesãou1ilizadasporcausa doaumentodademandadapopulação.enviam-sesó404S'lt doprevistonoplano(A.lachin,"Paraconstruirnavila",'"Pravdan,9-9.ss).

Prodnção insnllciente de calçados

"l~,.°i~~

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C::cr~~~º!:=t: crianças,nloforamatendidos.Apósosqua1roúltimosanosdopn:scn1equinqü!nioocn:s.cimentodapro,foçlofoiaotododeoitomilhõcsdepares,eaprodllçãodossapatosortop&licosbaixouem 1,4 milhõcs.Scsecakularqueascriançasnonossopa!saumentamde anoparaano,entloeisarcspostaà~rgunta.Porqlleaspessoasnão oonsq;uemencontrarsapatosdecrianças?Elcssimplcsmentenlosão fabrieadosdemodoJ\lficientc.Adcmandauhrapassaaprod\lçlo. "A sltu• çlo pion. também porque o plano estabelecido para a produçlo de sapatos ortopédieo:s para crianças ulo é c:umprido. Somentenosúltimosanosasorganizaçõesdocom&ciodel):aramderccebcr


"V. Kazakov, membro da brigada: 'Os polidores não con5eguem pre· pararl)Slaminadosdcmadeiraparanós,laqueadores.Aspcssoasnlo sio suficientes. É ne<:ess,rio até mesmo tjudi!i·los a cumprir a tarefa. Noregimedepressanlosepodeespc:rarboaqualidade lstoéaprimeiracausa.A1e3undaéqueoe:uuS1ortrabalhamal,ouabsolutamentenlofundona. Porissoabrimosasjanelaseponas,eacorn:ntede ar,rom,;,se51,he, inílui na laea que foi aplicada .. :. "(... )Maso:isaopiniiodomntn:datrocadetumosdaoficinade rebaixos, V. Groc~'Oi: (... ) 'uma du principais causas da arriimÍ:i' é a freqüente inutihzaçjo de equipamento. ltffl que se tomem medi das adequadas para o COn$CrtO. Em Iodas as reuniões esles problemas w, levantados, mas o multado t pequeno~ (C. Riabcw, "Defeito na linhadeproduçlo","f>Tr.-da",17-9-8,). · " l~A~~~:::~~:/!°~ºi:i:::.!!1~~=: fortéveisedealtoronfortoeosequipamentosdeengrnhariatb:nica sanitária. As casas continuam a ser ronstruldas de acordo com proje-

l)"rtode!0milhõeldeparesde51,patl)S(resposUldovi,:e-ministrodo comtrrio da URSS. S. Saruhanov)" (G. Bilialitdinov:a, "Calçados para Masha", .. Pravda", 2-9-85).

Má qualidade da produção "O~~~~~i~i~~ !e:~~1~ºd: ';,~sdl~1::. ~~:C:l'::·~

dável de se ver. Se eu fosse vosso visitante, certamente não diria isto. Mas estou aqui como Presidente do SoYiet Supremo da URSS. E robre ino que j, falamo1 aqui, a nossa prrocupação é 1eral; é prrocupaçlodoswYietsemtodososnfveil.Oproblemadorortimentodas mercadoriasdcconsumopopular,eoutrasdeproduçloindustrial,é hojemuito,nvc''{Disi:urso deGromikonacidadedeGorki, .. Pravda",, 14-11-85). " B: ! ! c ~ ~ : ::1~~~~: :::;~::::1~º.~::itd~!~~~ ed1 cxpcrimcia acumulada dos kolkozcsesovkozn. "Euat!diriaqueoproblem.adaqualidadedcvesercolocadoasora em primeiro lugar. As pcsquisu de controle mostram que, por cam.a da blliu qualidade do Jado. mi muitas rqiões do pais perde-se 20 a 30'\ du substincias comcstí~" (Discurso de Gorbachcv. "Pra,,.. da", 11-9-SS). ' ' B~~E!~~er,:i~~ :~~d~df::t~~~t:;~:a'."~ fomo:«dores estio longe de ser disciplinados. Muitos, infelizmc-nte, entrcpm produtos de baixa qualidade, que e:x.ia:em 11510 suplementar na ctaboraçjo do sortimento de ka:umcs e frutas" (1. Abakumov, V. Ko-.-alcvski, O PavloY, ''Ou fila ou baleio vario", "lzvestia~, IS-9-85).

"A ~?~;~o~~~~~~~tou o marido resolutamente para a saJ. "· 'Tlllvez a $Cnhora queira ver outro ronjun10'. Com pouca esperançaovcndedortentavareterosvisitantcs. ".'Qbrigada,j,estétudovistO:-sorriuamulher.'Por queocon · Jumoédcumacorcocriadomudodeoutra?Eoarmáriopararoupabranca,porguenlotdoconjuntooria:inal?Eoburacodafechadura,porqueest,1orto?Paa:ar840rublosporumamercadoriadefeituosa?' De novo a mulher arrastou $CU marido pela mão: 'slliamos daqui'. "Quando contei este epiwdio ao diretor da Gormebelroztorg da-~1dade de Ptrm, A. Unanianu, ele suspirou profundamente: .. · Infelizmente, isto é uma situaçio típica. O comprador não quer adquirirartia:osdaindústrialocal.Osdepó11tosesalascomen;iruscs· tlon:plctosdemóveisdamarça'ln:m'. "Entretanto, os rompradores assediam o vendedor: 'Quando csta.-á à venda a produçjo da ret:ião dc Ivan? Pode inscrevcr-me na fila doronjuntode Kiev?' Eis a snuaçlo: a re1tãode Permt uma das localidadcsfundamentaisparaaelaboniç.iodemadeira.Elapn:cisa fabri~maisde20'iodosmóveis. "Se a admm~traçio das empresas~ 'Pttmmebel' sea:uisse a lógica., entio h, muito tempo j, teria urado a concluslo. é inchspend.,-el melhorar, por todos os meios, aqualidadedaprodução( ... ). "A d1~0 da empresa nlo $C p6$ de sobrea,-i)O. nem mesmo com os resultados da última impe.:ção levada a cabo pela inspetoria esta tal,quedescobnudefei1oscmcons1denl\.'Clguantidadedeartigos.A 'Permmebel' publicou um.a ordem, admoesia.odo um lar&o circulo de trabalhadores da f,brica de BahaJ"CYSk, e outros foram pri,'ldos de prêmios por um m~. Assim tem1inou o çaso. "lnteressou·nossaberoqueoscasti1adospemamsobn:aqualidadeda produçioe sobn:ascauw dosdefeitos.

tos antia:os, usados att 1977. Muitas queiM.J Y!m da populaç!o. por causadesuablliuqualidadeAspeçudeconstruçãofreqüentemente ingrtSSam no mCTC1.dO aos montes. sem mibalaaem e rom equipamento técnico sanitlirio incompleto, sem os materiais de fixação e ~m u JUamições. "Defeitos de produçlo slo enrontrados em materiais como cerâmicas, •idros de janela e blocos de vidro" (A. lachin, "Para comtruir navila","Pravda",9-9-8:!).

;i: ~ :J:

0 1 1 " P~o~::~~ª~:~iae~ª~~:: n~ n~U:1 prarasbotinaseassandáliasdequcprecisamos.Quandoéqueos Japatosdeboaqualidadccstarãoportodaapartenocomércio?'(da cart.adeN. Chilovoi, da cidade de Kastroma). "'Comprei sapatos da fAbrica Tibilsk. de número 12,S - escr"'·e T. Brislalova, da cidade de Gqra - mas as erianças não con~guem usá-los. Eles são feitos de couro muito rude'. Canas como estas são muitas. A$ pcssas $C queixam da pobreza das rores, da falta de bom 1osto..:(G.Bi!ialitdinova,"CalçadosparaMasha","Pravda",16--9-85).

~;~~ª!á

"S~~:C.:s~~:

0°1::~~~:~!~o[~~u:_:;~,: ;~ o crescimento seja att mesmo acima da meta. qual é o resultado no que concerne à qualidade? Com isto poucos $C prcocupam - diz uma trabalhadora de uma du indústrias de Kuan, O. Sattaro\11.. Con~1uimos saliriose plffllios proporcionalmente ao que pstamos de matériaprim.a,ettCfliaemateriais. Porissof,;1nttjosoparanósfa2er anigoscarose 'aos montes·. "As conseqülncias des!a roncepçlo de 'montes', na planific.açlo, sàocvidetttes paratodototronsumidores(... ). "Asestantesdenoswlojasestloeheiasdecasacosdesbotadose de mau te,:ido. E$tC$ caJ&COS, ningutm ot 1- (V. Brovkin, "0 que exis1ehojenaslojas"."Pravda",2l-9-8S). "U~~R~Btr:~.i~~n~ep:~7;~1:~~~:!:~ ' l~-Sahalinsk', e teve de devolvf-los em ses;uida oom o diagnósti· co'defeito'.Emleningradoadquiriuumri.diocstéreosuper-modemo. Escolheu cm incon1,,-eis lojas, e afinal comprou. 'Alui dusc'. Funcionou ... !:.'la.tamente uma hora. O ronjunto e11<!rco da fábrica PIJ, compradomaistarde,funcionouaindamenos:1otodo30minutos. Comprador sem sorte? Não, ele não é o único. A má qualidade dos aparelhosderom,dealgumasa;c!adtirasedeou1rosartia:osdomtsticoséobjetodereclamaçãodemuitos Outros. J. Vajenina, da cidade dePtrvouralsk,S. Kabakinoy,dacidadcdeOmsk,M. PurovaeN. Chaimuhametova, dan:&iãode Bachkiria, N. lakubi, da cidade de ZaporojieeG.Ocio,dacidadcdeMo.ailcv,dizemquenalutacontra 011defeitossãonecessâriasmedidasradicai1.Elessãoapoiadospor V. Nikolaicv, da cidade de Krivoi-Rog, S. Romanov, de Moscou, e o escritorZ.Altcv,daregiãodoAzerbaidjlo"(V.Brovkin,"Oquecxiste hoje nas lojas", "Pravda", 21·8·8~).

Desordens e Irregularidades no trabalho " l~~~~Fno~~:~d:~·~i:~::u~o;::r;!~: to.nabrigadadetrabalhadon:s.deA.Klima'IOi.Quempoderiasabcr oodefoiamulher?1).lveies1ivessedirit:indoaadminU1raç!oemoutra empresa. Somente no vi&i!esimo quarto dia Klimavoi apareceu ~o loc.alderrabalho.Eenllo$C~uquesetratavadeumavachagmihabitual.Ostrabalhadoresficaramperplcxos.Porêmespantaram· CATOLICISMO -

NO\lffllbro de 198S·


seaindamaisquando,poucotempodepoi$,avadiagemfoitransformada em férias sem remuneração, com data anterior ( ... ). "Como constataram os controladores populares, um em cada cinco trabalhadora na administração t Vldio. Dos 122 destes infratores nos últimos tempos, somente contra uma dezena deles foram tomadas alaum.as medidas 'pm'tntiVlf. O cálculo do aproveitamento do tnnpodctrabalhoaquitfraudulen10,easvadia1enssão'cobertas' comosefossemdiasdetrabalho. "De fronte à administraçlo n~ 101 es1ão os vitinhos do complao de material de construçlo. Quem folllcia as declarações wbre fê~ rcmuncn.das,comachanceladoseudiretorV.Strotchilin,cvtaspa· lavrai 'de acordo' e 'scm objeção', íiea ,;om a impressão de que nesta empresanãofaltamtrabalhadores( .•• ). MOsdiri1entcsdaadministr1,;iodceonstruçloedocomplc-;KOnJo puderam nos e,;;plicar o mi5tério da transformação du vadi;igens em férias, com a penniulio da administraçlo. MNodecursodainspecçlo,osparticipantesconhcccramdirisentes que publicamente criticaram e castigaram os culpados atra\is de medidas financeiras, mas depoi$, extra-()ficialmentc, no sil!ncio, concederam pr@mios a eles. Assim, na r,brica metalll.raica de T.apnroa;sk, porcaUYdasaidaantccipadadotrabalbo.osopnáriosBaiciukeSacnko foram privados oficialmente de plttnios. Todos os membros da brigada $8.biam disto. Porém, quando os dols ex.uaoficialmeme receberam p~mios, e na lista dos p~iados foram deK<:lbertas também as famíliu dos castiaados, o espan10 foi aeraL O mu exemplo foi con1agioso. Na oficina comigua de Litey foram regímados 35 caros dc atrasoe$a!daantecipada( ... ). "Situação semelhante também aparece nas empresas de Kamenski. Na fábrica de tijolos, por e.umplo, um cm cada dois trabalhadores t vadio, e um em cada seis, nos últimos tempos, visitou o médico. De tais infratores contamos 270. Porém, por mais que pareça estranho, somenteumemcadacincofoirepreendidope!aopiniãopúblicalocal e pela administração( .•• ). "Na administração de Kamcnski da 'luJtehmont.aj', os Vldios também thn chance de rtceber prhnioi.. ~los dados oficiais, aqui há 230 de!es,masquandooscontroladompopulare$c:wninaramafolhade papmcnto, ..-erificawn que somente vincc foram pri'ados de primio5, cosrestanteshaviam1idointroduz:idos nafolhapor'lrabalhoapli1:,1do'e 'conduta e.umplar' ( ... ). "Não 1,11bemos como o contador considera a, irreaularidades ( ... ), porém,oomosno»osprópriosolhos.~osquedurantcoanointeiro uma boa meia dilzia de j~ns não trabalha. Mas oomo t prttiw cumprir o plano, d,:,,-emscrrecupcradasnose,uiidoturnoashoras perdidas, e tambtm anqaçar as manias logo ao nascer do sol. Mas os,-adiossioimpassívris:podc-screprttnd~-los.queelessesaoodem em.ai5adiantevohamàlrresponsabilidade(... ). "Nodiadainspecçlodacmpresade6nibusn~ 1722,cmlugardos 506nibus colocados nas linhas i.airam wmcnte ló. 'O que t que houve7' - pcrsunta o diretor da emprcsa de õnibus, A. Sliusarenko. E ele próprio responde: 'cinqüenta motoristas nlo bastam'... "( •.. )Nodiadainspecçlodo poniodaquintacmpresadetransportedepas$i.SeirosdeRo!tovnoDon,aqualcobretreuitinerários, sairam87õnibU!..lstodeaoordoeomosdadosdaadministração.Mas de fato, nas linhas cimdaVlm wmcnic 48 õnibus. Assim foi no pri· mcirorevezamcnto.Poucosforamosqucrcvczaramnohorâriodatar-

~~~,=;5i~::t~ ;~-~:~cn::~~~~~ Pa~~~~~~~~~~~: 0

tradaemoutrositincraJ"ios.Algunsandavamdcsembaraçadamentedc umladoparaoutro,semoslctreirosindicativosdositinerários.Seus motoristas enchiam os próprios bolsos. "Aadministraçãorc1ional'Rostovpassajiravtotrans',especialpara ocontrolcdotrabalhodetransportesocial, põscmcin;ulaçãomais de cm1 automôveis GAZ-24. Portm, a maior pane dessas limusines com faixa amarela não se vf nas linhas, nem de dia nem à noite. O itinnáriodclasnão~declarado, etornou-seummistérioattparaos trabalhadoresdainspecçloesta1aldetransporte. "Falamos sobre dias, horas e minutos perdidos. Mas o que isto significa em rublos? Uma hora de trabalho nas empresas do Don repre· sentariaumaproduçiode4,5milhõesdcrublos.ou75milrublospor minuto. MNos$Cis primeiros meses desic ano, nesta rtaião. somente por ca\1511 da vadia.sem perdeu-se acima de 97 mil homcn$1dia, e co115CQiicmemente Mi produziram 9 milhões de rublos diirios. "Entretanto, somente um nll.mero limilado de vadios sofreu cuti10 strio \no cálculo de 8 horas de trabalho dili.rio esuu empresas deveriam produzir 36 milhões de rublos por dia] (V. Sa.wnov, V. Fedorenko, G. Gubanov, "Prfmios... por Vldiagem~, Mlz,,-estia", 28.-8-SS).

"S~eG:!:~J>;c:~~~:~ c:r~it:: r~,:, f!':'

p~i;l~~ chegam a Mo5COu (... ). ''Sexta fe[ra, armaúm n~ 7 da empresa estatal Bremev de legumes efrutas-As20,30horas,'&eiscarrosclttricos aindaestãodcscarrelªndo um caminhlo com maçãs.. O trabalho Vii bem, mas o motoris-

CATOLICISMO -

Novtmbro de 1985

t.a est.i de mau humor. Ele cheaou ao ponão da empresa às 5,30 horas, oonseguiu chcgar, balança às 7 hort1S, c só começou a descarrepr às 9,30 horas. Não h' mesmo motivo para estar alc1re [às 20,30 horas]( ... ). "No pcs50al da empresa h' perto de 800 homens. 470 destes s.ão operiri05, e o restante diretores. Em mklia h'- um diretor para cada canqador ( ... ). "Os ferroviários servem os vasões lcntamerue. Se b tr& ho= da tarde ouvimos o sinal de chqada na platafonna 'Construtor Vcrmelbo', isto significa que eles não estarão aqui (armutm n~ 7 da empresa Breznev) antes d.a$ 20 horas. E I distlncia da estaylo do trem até aquitdeapenasalaumquilõmctros(... ). MV. ThclikoY, diretor d11 feçlo d.a procun,doria da cidade, t0mando pane da visita noturna. à empresa.. chamou a atençio para este fato: as bases de abastecimento e as lojas começam a trabalhar no mesmo hon\rio. Eotrecarrqamento e tcmpo de estrada gastam-se duas a tr!s horas.Enessctcmpo,comores:ra,niohéilvnid.averdurasfrescas. "'Sibado, 00,05 hora, Base de Abastecimento n~ 1 d.a cmprcsa de kgumes e fruw 'Lenin' - À meia noite o viaia V. Guskova, comespanto. descobriu o des.apartt:imento de tr!$ VIIÕCS de mclancias. Os vagõeschegaramàs20horu,quandotodosj,haviamsa!dodabase.

O pesador chc1ou a J)CU-los. Como à noite nio hé dcscarreaamentos nabase.,os\-aa;õeidcveri1mfiearat!ocomcçodamanhã. Porém, emlugardcles,descobrimos1secçloderefrigcração,l1Zia:quatro

~va:~~~-~~

re~?f':s~~~u~ base de abastecimento n~ \: altm dovi(Pa,h!oauardaeomiliciano,eiinoitcnin1uêmtraba!ha.Dcsapartternvagõesinteirosdemelancias,mastrabalharparadescarrca;ar, nina;utm quer (1. Abakumov, V. Kovalevski, O. Pavlov, "Ou fila oubalcãovazio'',"lzvestia",15·9·85). ' ' P:~z~~~:i~~c~r.i~d~!.e~t~~~u1:n~oª~iã~n~es~: ;~::: dirdcles.Portm,sesedesviamaspessoasdassalasdcestudos,dos cscritóriosdeoonstruçãoedasoficinas,deveriamscrcriadasparae!as condições de trabalho. Mas sobre isto M pouca preocupação. Eis um aemp!oo:videme: nokolkozChevtchcnko, nobalrrodeJovtnevda região de Nikolaiev, paiamos em um campo em que colhiam tomates cercadeoltodezenasdeestudantesdo l nstitutodcPediatria. ~ Chegamos aqui no prazo marcado - conta o profeswr A. lat senko-eninautmveioaonossoencontro.Nãoexplicaramatarcfa. Passamosdobdiassemtrabalhar..!. "làmbém nio souberam aproveitar I ajuda dos citadinos, de modo econõmico, no sovkoz 'KrasnOl)OYstantcheski', da reli.ão de Ode:ua.. Nlo tw material para empacoWncntO nem transporte. No IO'o'koz 'Kamemki' compartceram muitos coletores, mas os tomates aqui estavam verdes. 'Nlo convinham'. AtJ mesmo tempo os diretores do sovkoz 'Tchernomorski', vizinho da res:ião de Bcliamk, quebram a cabeça: como colhcr 260 hcctares de tomates ceifados7 Nio há homens (A. Aruibachcv, V. Vasileu, "MaralOOI dos produtoS da hortaM, MPravda", 21-9-85). N.,... ,:ap,,.: ~ ""1"mc:lha m, Moscou. vendo« l dimuo o Kremlin {Porta do S.J.,,do,-) e ao f1>ndo a ça1tdral de Sio Bas,1io. A p,aça e o anlilO palicia :!::nJ:':;;;;-.=.~.dollO"ffll(>sovitlko- ,orn.an.m« símbolos doa,.


"TUDO COMEÇOU tm Armtro onltm (IJdtn<>vtmbro), às"l8horos. qu,mdocaiu umachuvadtdnui. masnosd/Jsuwnquttuio ,ra nadagrov, , que st trotava de umjentJmeno naturrsl e que J6sstmos paro ca5a dormir. Às22horas,achuvadtelnuraumentou. 1bdo mundocoml'('Ou a 1ri1ar, eu orordti minho filha t w,íno.s correndo tm di~o a um do.s montes que dominam o ctmflirio t ali ficamm Jon, dt perigo, ali que nos =gatarom. Mais da meladt da populor6o foi :soterroda por uma torrente de lodo que chtgou Jazy:ndo um ruido espanto.soe ,·eio alTQStando CQ$as, gado, plantaçàes, troncos e ped= gigarue:s. Nilo houve Umpo para nada e ficaram sepul111dos a igreja, ocol~lo, 01ta1roeníJosei quan1ascasa.s"{"JornaJ doB-rasil", 15-11-85, dtstaquesoossm). O ~lato é de Marina Franco de Huc:z., que conK,:uiuescaparcomafilhade!0anos.

~\~:~~e~7~~ :1a~

coY:~~a~~~i~:~; m!lia.Eleconscguiucorttrqu11ndopressen1iu atraa:édia,masoutrosnãofua:iramporquea cinzaardemedovukãoquei mava seuspés. Sobrcviventesdacaté.strofetambém narrararn queaJ1umaspcs$0&SConsc1uiramcscaparlanç111:,do-sc1ts,guudoriolagunillae agarrando-se a ITODC05- EssaJ teslemunhas acrucent.aramqueosriospróximos.comas ã,:uu amareladas devido ao enxofre. traziam du montanhas corpo$ desmembrados. O piloto da pequena empina comercial LAC, que voa,11 peno do vulcão, num DC-8, transponando quatro passaa:eiros, observou que,nomomemodaerupção,ascinzaseafumaçaforamlançadasa8milmetrosdealtitu-

,.

Denominada a "cidade branca" devido às plantações de arroz e al,:odão, Annero foi so1errada pela lama ains1ada pelo rio Laaunilla, que nasce justammte ou proximid.ades do vulcão Arenas.. Este e outros rios forarnalimentadosp0rcentenasdeiooeladasde n~ desprtndidas do Nevado dei Ruiz, em comeqü~ncia da alta temperatura provocada pela erupção. Osriostransbordarame,aoromperasbarn,gens naturais que impediam seu deslocammO:tens&s

to,provocaramumaavalanchedelama.lodo e pedras. Numa atensão de SO quilõmetros, pelomenos,arrasaram,empoucosminutos. tudooqueencontravampelafttnte. Armeroesta,-anocaminhodetala,·alanche. A"cidadebranca"transformou-seagorana "cid.adcneira..,p0rquealama,des.sacor,encobriutudo. Damonesóescapar11maqueles que tiveram tempo de ~fuaiar-sc nos locais m.aisaltosdacidade.Porironia,umdelesera ocemitéTio. Ptritos calculam que, cm algumas panes, Armerofoiencot>er1ap0rcincometrosdelamaelodo. O total de mortos - nesta e em outras ddadcs da rtgião - é de 2S mil pessoas, havendo o mesmo mim~o de feridos e mais 60 mil dcsabri&ados.Asperdasmateriauforamcs1imada$eml00milhõc:sdedólaressón1região deArmero.

Não h6 perigo

Em5etcmbroúltimo,ovulcãodoNe--ado del Ruiz começou a entrar em atividade. Uma eominlodeperi1oscolombianoseestrangcirosfoiconsiituidaparaanaliú-lo.concluindoqucnloaprc5CT1ta,11risc:0 MnllumdeNUpçto,Porcautela,acomiuão1lertouapopulaçlodartgiãosobrechuvasecinzasque poderiam serprovocadaspeluatividadesdovulcão,asquais poderiam causaraindaumaenxurradadelama. Seguodoacomisslo,emca sodenece$SidadeArmeroSt'fiaevacuadasem perigoemduuhoras,poisavelocidadedolodoé lentL Ala:umu autoridades quniam o«knar a rttirada dos moradores da rqilo, medida que osespecialiswjutgan,mu«ssl.-.. mais. Dezdiuantesdatragtdia,o,:overnoorde-na11 a 1Ttl11dadosinsln11nento1 qu e mediam uosellaç6esdo vuldo,p0rfahade,-erbas, sea:undoocorrespondemedojornalmadrilenllo "EI Pais".

H,

Duasllorasantesdaaval1nche,osmor11doresdeArmero ticaramsobrnsalladoscoma primeintcrupçilodoArenas.Masasautoridadeiostranqüilizaram ... Seaundoaag~nciaAP, uma menina de 15 anos que se salvou, embora bastante ferida. confirmou que várias famí!iu foram tttiradas deumarqiãopróx.imaaorioLaaunilla,h, eerea de um mls, como medida prevmtiva devido a uma posslvel inundaçlo. E acrescentou: "hgrtmm1m hdquinudiaspor acredltarqw o,wriJoh,wlapassado. A menina. queperdtu$ua/amflia,só:sew/vouportercon.seyuidoaa:arral'-/ltllumaórvore"(destaquesnosS-OS).

Convématentaraindapara0Rguinte:dep0isdosprimeirossintomasdeerup,çãoiminente,houveoi1ohorasparaalmarap0pu!a-

<I•

Entmanto - informa o diuio "La Razón", de Buen,os Airn - ''s-Omente muito poucos habitanttslnquietaram-se, poisopdroco dt Amrero lhes auer,,rara qut n.o!o hawiaporqut pre()(upal'-st. Conftantts, os 15 mil habltan/,tJ da âdadt ài.sttnderam-se, tm meio a um calor$Uf<XTmle,ese pusemma assistirpe/ilTJ-' a uma animada panlda de /uttbol co/ombia110 (_). Um es/rondo despertOU-()J pela madrugada; mal tivtrum tempo ~se /n>an1ardascomas e corrtr poro qualquer lado, jd que da,·a no ~mo. A a,·alanche de lodo iria che,:ar: de a1oro em diiznte cada qual w,uiria o cami11ho que o dtsfino lhe havia 1rarodo" (des1aqu~s nossos).

Saques e comércio de crianças Emmeio.tLra,:edia,ospiore5lad05daalmahumana,corrompid.apelopecado~nal. emer,:em com virulência: o diretor do hutitu iode Bem-Estar Familiar da Colõmbia {18FC), JaímeBenetezTobon,pediu.tsau1oridadesmilitaresquepro1ejamosccntrosder«epçàode sobrevlventts,porquecriançaSórflsestãoscndoscqllestrada., para po$terior venda Ascri1nçuqueperderamseuspaisnaeaLU1rofetstlos-endooferccidasp0rpttÇosque

CATOLICISMO -

Novmbro de 19115


variamde90a400dólarcs.scaundodenúnE~pl011llldO a pSÍcose dos que conseguiram escaparàcaWtrofep0rque residiam nos locais mais altos de Armero e Chinchina - u cidadesmai,afnadas-, bandosdesaquead-Ort1perçorremessesredul0$agricolugritandopaqquc:todosdeiJCemSUlSta.511.5(0\IOQUe restoudelas),advmindoqueovulclocst!de OOYO em mipçlo. Alarmt falso: o que eles descjam t apcnas lC\'ar aquilo quc, 1 muito eusto,es-sobrcviventcsconsquiramsalvarda

•=·

O prefeito de Urida - wna das cidades próÃlllWde Armero, q~ $Cl'VÍu de p0nto de apoio parasocorreriuritimas-afirmouque "saq11Ndoru pa.uam por cima dt feridos, a10nizantes na lama, paro ~robjttos que s,esal· ,:aram da avalanche" ("Jornal do Brasil",

19-11-85). Agora, poucos $lo os que confiam nas mensagens tranqüilizadoras das autoridades, dcscartandoqueoNevadodelRuizYOlteacntrar emerupçionumcurtoCJpaçodetempo.Por ino, milhares de penou estio dormindo ao re!entonaspartcsmaisaltasdctodaaregião atingidapelatragtdia. OMinistrodaSaúdc,RafaeldeSubiria,advertequcapopulaçlodoloca!correriscode comrairfebrcamarcla,doençasrnpira16rias egastroenteritc,enquan1ooscadávtressedecompõem no mar de lama. Alguns cadáveres jáfonunsepultadosemvalascomuns,nocombateàdisscminacãodeenftrmidadCJ.

"Quando Deua quer perder alguém, primeiro lhe tira a razio" Diantcdaquelaquefoiapiorerupçloderoda a história sul -americana - faiendo lem· braraquedestruluPomp,!iaeHem.,lano,no ano79dcnossaera-asmilha.rcsdtritimas. pouco antes, ~-elavam t:Mranho cntorptcimcnto dos rcnaoi narur11is de 1u1 ocon!len'llçlo, próprios ao homem. Ttstemunhasocularcsrtlaiamquc,cnquanro pc:s.soasdiscutiamxconviriaounãofus:ir,depani'"<'m com gado cm desaba lada carreira. Eraoinstintoanimalquepressemiaacatástrofc,jápraticamenteemcurso. Agueatribuiressareaçllo-oumelhor,essa a~ncia de reação - em race do perigo Iminente? Os ~nexos e ínstintos humanos pa=m, no caw.tãodesordenadoseconfusos,quecausa pasmo. Estaríamos em facedeumacomoquede5agregaçãopsíquicaouinsensibilidademoral gritantc,quelevaohomemasedescuidarde seus próprios interesses imediatos? Habimadoaxsubtrairdetodllllassituaçõcsincõmodasedcsagrad,,'CÍS, mesmo das ineviuiveis - em suma, a fuair da Cruz de No!-SO Senhor Jesus Cri51o - o homem contemporãneo, levado tama.s ''CZC5 p0r um otimismo ccgo, prefere não aertdirar em catU1rofesoudes1r11ças,jul1andoqueestas.pelo xuprópriocará1erextr11ordin'1io.de-'Cmser postasnaca1e1oriadereali<lades sumamente impl'O\"liveis. Assim consideradas as 1ragnlias, t como x elas n.lo ex.istiucm. Emcon,cqümci1di1-SOascaWtrofes,quan• do ocormn, colhem os espiritos na mais complm. despm,cnção. Faz-nos recordar o pensamcnto de Eurfpedes, expmso mediante conhecida frase: "Quando C>rusq..u pmkral1uim. primeirolMtiraaro.40'! Roberto Fafconf~ri CATOLIC ISMO -

N011embro de 1985

Protesto contra filme blasfemo

~Jd:~1~ ~~mé:~~[~~;~:~

A:,~~::,>o~:r."~~ia~~:!::'d:;i/i~[~ da TFP, emiou ao Prelidente Jo~ Sarney e ao Ministro da Justiça, Fernando l.yn, o seguinte telegrama:

"CONSTANDO ATRAVÉS de nmiciu de imprensa que eventualmente xja autorizada no Brasil a projeçlo do filme Je 1-'0ILJ salue Marie, de Jean Luc Godard, pem1ito-me rncarc«TjuntoaV.Excia.aara,'Cncccssidadcdeserb1oproibidop0rdecisãofedcral. Pur certo, não ignorará V. Excia. que se tr11ta de u~ filme aattWvamente blas!emo eimoral,cujaapresentaçãonaCidadeEtern1foicons1derMi1detalm.ancir11ultraJante à Religião Católica. que motivou CJpccial ~raçlo, publicameme feita p0r S. S. João Paulo li cm ato difundido pelo mundo inteiro a t ~ da Rídio Vaticana. Ademais, em todos os paiscs em que - como na França e na lt!l.ia - 10\"ClllOS wcialistas tbn autorizado CJs.a infelit projeçlo, ~mela xnd-0 obje10 de veementes protestos dapartedoescoldaopiniãocatólica. V. Excia. está em condiçõe$ de analisar melhor do que ninau~m o trauma profundo queessaprojeçãocausarianaopiniãopüblicadcnosso Pals.tlocompactamcntccatólico. ManífCJto,pois..minhaesperançadequeV.Excia.1fas1cdocen,rionacionalessefator de discórdia e ronfusão. E impedinl. que ao Brasil - deKObe_rto por naus em cu_jas ,'elas figurava a Cruz de Cristo, intitulado Terra de Santa Cruz, e 1nstituldo como Reino deNossa.SenhoraAparccidap0r~lebredecrctodaSan115';-sc:jalançadaessadesonra".

Cinqüentenário da Intentona Comunista A INTENTONA COMUNISTA - quem nlo ouviu falar lida? Poucos. cnm:tanto, ~ m seu principal resp0ns4vel. O leitor o eonhcoe? Um pouro mais adiante iremos 1p0nlá-lo.Antes,p0n!m,,'8fflolarcnderàeuriosidadedosmaisjc,,,cns,par11quemalntmtona se: perde na noile dos tempos, confundindo-X oom a morte de Ju.lio Ckar ou oreln.adodeTutaocamon... A lnteutona Comunista foi um romplô que explodiu em novembro de 193~ 1185 cida~ de Natal. Recife e Rio.. Sctcota e um m.ilitarcs t quarenta t cinco ci,is tombaram ,1wnas das atrocidades comu.nisw.. Crimes de san,ue e de: tniição, que iodiptaram profundamente aopiniio nacional. !\.1a5qurm foi o re$Jl0m:Í.vcl por nx monicínio xt.-aaem ocorrido hi exatamente meio skulo! Não se assu.Jtc, leitor, masogn,ndeculpado foi... Sancho Pança! Quem denunciou Sancho Pança, em 1935, nas l)qinas do "l..qionário".•roi o então nOYClprofcssorunivcnitárioP\inioCorrh.deOli>'Cira,haviap0ucoodeputadomais voudopmaaComtituiotc. leia com muita atcnçlo, caro leitor, os tópico$ do artigo que fazem I descrição dnx gralldc: criminoso. E no fim responda a urna questão que lhe- iremos propor. "Se mm-o Pms ndo estilWM sob a proterda tsptt/al da Vi,irm Apam:ida, mio duvidarlamos muito que, demro de olgum umpo, st lhe pudess,e cuaar II stpultuffl em :sua.s t-Jecundas. E. como justo epit4fio, pothr-~iam tsC/YVer 1'0 11im11l0 esfes lris/es diu,es: Aqwi ja;: uma N ~ fundada por 1-óis, C'iv,li:,ada por Santo.s t destrvldo pelo comodismo imprevidente tk al111m dt .Jl!US filho.,. "Nda Sancho Pança ,itJo morreu. Sancho Prmra rn>ivtcm esp/rito. l,upirarulo milharu de memalidodes. dita 115 a11tudcs de .seus filhos esp/r/ruois ,ios parlamtntos, nas cdtedras, ,iosbancos, naaltaadminis.tf"Q(lo. "Sancho Pa,rçu rn>i\lC romodismo dos im1'""1de,ites qut f«ltam os olhos às nu\lCM de ho}t, q~ SICrdo temr,t.$fadts ama,ih4. simplesmtflte poro 1ou,r tm paz o momento que pa.ua. Julga que o /JUÍIO ndo aistt, simplesmeme porqwe ,ido lhe atingiu ap,I,. "Sallcho Prutça rn>ivt' terror dos poltn'Je;s q~. OSSl<Stodos pdas primeirvs chamas do incbulio, UDlffllffl m propo,rr'J,,$ do perito, npallrando tm 1arno de si um terror q~ (onre dt rotldu:ú à rtOÇdq. ronduz ao abt,tímtnto e à inbria, parvlisarrdo todas m mu:iat1wzs boas e i,wti/ivmdo toda.s GS ralstlnci#s. '!otlt! Sonl""/ro Pança. 11, qw, \ICSl/lulofarda, b«a, 10111 o u ~ (hoje ac=ntarlamos; camisaesponc, bcrmuda,c:alções), bri1tCmc-omofoto011felndi#n1tdoadYtrsdrio; hc. qw ti,nbo/iw$ 11 llfl/J'"idbrri,. a innína, o comodismo, a ,:uplda imdiarista, omedo;tu~p,of,"'""_,,#oBrmiL ~schqGS"qwwllbrvanlnoRioGrtmtkdoNone, em Prrna,mbiico, R1odelaMiro (reíeK-R à ID1t11to111. Comuoistal,/ol ltM ,,m,,.e ~ iml"'ro quca.s ro:srow"'.

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O artiao dcKn:vi& uma realidade de 19JS. Mil$ não senl. rilido para os dia.s de boje? Nlo Rn verdade que estamos presenciando uma r-essurrtiç,Jo dt Sancho Al,rçu? (•J órpoof"lciosoda Atquidiocaiede Slo PluJo q~ M>b a dirc,çio do Pror. Plínio Conta de Oli,.;ra. a pu1if drasosiodc l9JJ.dau.cou-x nocombate ls tmdlr,çias q,,. dcram or~ à cb.una· da ""esqllmla ca161icaM. O. seu n6cleo de ~tora maia wdt. os fundadora d.a TFP.

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ORRIA O ANO de 1084. Sai!to Hu&o, Arcebispo de Grenoble, tivera um sonho para o qual procuravaaplicaçio:võra cair,seu1))hscteatrclasque, erJUendo-se, foram pairar num ,-ale em mrio a alw montanha,, ondeanjospus.eram-scaconstruirumm05triro. No dia seguinte, =n à J1u1 procura um üeerdote chamado Bruno, 5eiU-ldo de sri., companhriros. Aspiravam dedicar-se totalmente a Deus e queriam scuoonsclho. Sal110Hu1opcrcdleu,porinspiraçto divina, scmn eles aquelas estrclas,elevou-osao localindicadonosonho.Ali,fundad.apor Slo Bruno, surgiu a Ordem dos Cartuxos, uma das mau austeru que I Históri• da Igreja conhece. As.sim, o "deserto da Chart!"fll5e'',mai,próprioabesta.Sselvageruquclocalpara homens, deuscunomcatod05osmosteirosqueapartirdaqucladatasc fundaram pelo mundo. SloBrunonasceuem !030.FllhodanobrczadcColõnia,rorsou •escolada Catedral de Rcimi., Cl!Jcbrc cm seu tempo. e aos 26an05 tornou-se Mo:stre. com o titulo de "e$<:Ol'5tieo". Os

eomoaprcgaçto,oensinoetc.;a vocaçlod0$cartUXOS,porán,t cxclusivamcntcdclouvaroCriadore in~er por 1.a11tos que dElcseesqueoemO\IOofendem.

Uma visita à Cartuxa Deixemos por momentos o burburinhodcnossascidadese facamos uma visita à Gran de C,rtuxa. casa-mãe da Ordem. Rcpousacla1ilcnciosaeimponmtc aos pés de altas montanhas, numestreitocisot.dovalccobcf10dcbosques. Nopórtieo,uma aoolhedoralmaiemdeN=&nhorasatidaovisi1an1c. Ase<li· ficaçõesd,,h0$prdaria,dosirmãoslelaoscdaadministração domostciroestioànOS5afrcntc, vindoaKJUiraCartuxapropriamcntediu,,composu,dedaenas dcermida.!quecircundamograndcclaus1rocaiarcia.Umaar1ísticae aunera aradedA acesso a estapartc,rcservadasóaosrc!illÍOSOs,cparatranspõ--latn~i.árialic:ençadoPrior.Obtidaesta,pcnetrcrn01noimcnsoesilcnciosodaustro.cuj• pcnumbrat

A vocação sublime dos cartuxos

BUSCAR A DEUS NA SOLIDÃO ,_

discípulo.lo1oaíluíram,emui• toSdentrcelesforamele-.-adosb maisalwd~id,,desdalgrcja, ,;omofocasodoBemaventura· do Papa Urbano li. Alartiapassava,naquclctem· po,porumacriseterrivel:crao pcriodonoqualSloGregório VII, na memorável luta entre o Saeerdócioco lmphio,sustentava OI direitos de Deus, opondosea que 05 Bispos fosscm scrvidorcsdeCfiar.SãoBrunolutou tambémcontracsscmal,quequcriadominaroBispadodeRcims. Nessaluta,clcpc:rdeusuafortuna, scustitulosce1JJos. E 1evc mesmoquefugir~escaparde &randelpcrseg11~Enfim,a

boacausatriunf0\lebrunorctornou1scuoficiosob0$aplausos unãnimesdeincontiYfflamigos. Nosso san10 =vwu a honra episcopalquclheofereccrampa,.oBispadodcRcims.Suaalma procuravaa$0lidão,paranelaencontrar a Deus. Foi, então, para o "deserto da Chartrcuse". Em fevereiro de 1090,osanto foiobripdoasairdesuacarasolidlo, poiso Papa chamou-o a Roma, pedindo-lhe sua ajuda. Emjulho,UrbanolltevequefugirlUIQdadcEtmia,sobprcss.io do lllltipapa Guiberto, que era apoi.ilopclutropasdolmpm1-

dorlUIAlemanha, Henrique IV. OPapardugiou-seaosuldapcnlnsula i1.tlica, e Bruno acompanhou-oncstcàodo.Ali, =usandoll0\"alllcntcoutrahon111episcopal-0Arcebispadode Rcqio -. mirou-se o o santo para um dest:rto, na Calibria, chamadoTour. Oenomlnou-secstanova fundaçãoCartwuidcSaínteMaricde JaTour.FoinelaqueSãoBruno cntrcaousuaalmaaoCriador,em 6deoutubrodcll01.

Comaaenialidadcprópriados santos,SAoBrunosoubeunirna Cutuu a vida solit.tria dos ere-miw do deserto c, vida em comum dos mouciros. A solidão propiciao~lhimemo.aolõlÇâo eacontcmplaçlo,enquantoavida cm comum tem o mérito da obediblciaaumSupcrior,garantemaiorisolamcntodomundoe oalheiamcntocmrclaç.lioàsncccssidadcs materiais. Outrasordenseon1emplatíva.s tlm também um fim secundário.

iluminadadiscrctamcntcpclosvi-

Ettamos no conçio da Cartuxa. Em tomo deste da11S1ro alinham-scascnnida.!indi>iduais dosreli$iosos.consti111idasdcum pcqucnooratório,saladeestudos,quarta,atelicrparatl"abalhos

manuaiseumj•rdimcircundado empartcporumpequenoclaus-

"" Na ermida o cartuxo passa a maiorpar1edodia,saindoapcnasparao1atosprevis1osnaRcgra:Missa,Ofkiosolencànoitc, ufciçlo cm eomum aos domingos e o,paciamenwm - pa=io =~n~~ rc'1iudo uma ~z por Pouro antts do amanhecer, o mon,e eomeça o dia recitando pancdoOflciodeNou.Smho-ra. PatronadaOrdem. &guc-se 1Missaeonventual,c:elebradacm rito próprio. Ao aprmimar-K o momento da Consagração, num atosimbólicodavidacartux.a,o Diácono e demais acólitos retiram.se, deixando o celebrante compleiamentesó no altar. Estandoprevistaarcccpçãode algumnovorcligioso,accrimõnia dA-se durantc aMi!is.a. No momcntodoOícrtórioonoviço aproxim1-se,cantcclcummon1e segura o escapulirio. símbolo

CATOLICISMO


de sua eotrqa total a Dew.. O Prior,queoessediaéoeelebnmte, o interroga se quer, Iivre e conscientemente, abraçara vida reliJiosa. Após a respo5ta afirmati~, o noviço auina de joelh.os o tatodosvotoseencrep-oao Prior.E.steabençoaocscapulário ecomelere.e$1conovoreligio$0.Paraap,a.saraimolaçãoque talatorcprcscnta,otatoassinadoficajunto aocáliceeàhóstia durante a Consaara,;ão. Com o sacriflcio infinito de Nosso Senhor. Deus Pai reeebe a vida de mais um cartuxo. làminada a Miuacon~tual, cada monge celebra individualmenteou1raMi55aeretira-11eparaacrmida.DelasairáapcnasparaoOflcionoturno. N1crmida,rezaráoOflcioDivinoeodeNossaScnhora,0Rowio, bem como O\ltras ~ pmaiw pela Reira. A vida de picda<keestudoéintm-ompida paratrahalhos manuais viaoroso1,comocortarlenha,jardinagememarcenaria,ouocupa,;õcs maislcves,comoesculturaeartesanato. Por volta do melo dia o monac toma a primeira refeição (no pcriodoqucvai de 14dc5etcmbroàl':isroa,es11éallnica).Ao anoilecer,fazr.l.pidarefei,;ão,reuuúltimaspartesdoOflcioe ~lhe-se. Próximoàmeia-noiteograndcsinode:Spcrtaatodos. Rezam na mnida a primeira pane do Ofício de Noua ~nhora e diriacm-scàigl'l'japaraoOfício danoite,cantandocom''voidaracfortc'',comoprescrcvca Rcgra.Thit.ando-scdcumatooficial da lvcjacmlouvordoCriador, seomongccrranoeanto, deve indinar-sccoscularodevocion.1rio.NostrcchosqucalitufKladcnomina Liçôcs,casocomCU1algumcrro, dcvc oscularochão. A interrupção do sono, osscverosjcjuns, adiscip!ina cosillncioserioobscrvadostodosos diuatéofinaldavida.

acusando-osdesn-cm ... umascitasecreta!NaRevolu,;:ãoFrancesa foram diJpcrros. e muitos

mon,es SOfmllm o manírio. No in!cio d.eJte KC\llo, o aovcrno anticlerical os e<pulsou da França, csóem !!MO puderam retornar. Os clemmtos n.atllflÍ$ tambnn Oqdaram a Cartuxa. O mostciro erigido por São Bnino foi destruido por uma avalanche, que rcspcitouapcnasoaltarondeo Santo costumava celebrar. Rcoonstru!do,omosteirosofreuoitoinc!ndio1, queoredutiram a niínu. Pmeguldospcloshomcnsepc.

losekmcn1os,oscart11X01soube-ramsempreenoontrarnacspiritualidadedoFundadorasforçm neccssariasparal'l'!inu-dascinzas umainstituiçãoquepcrcorreos séculos. Dele$ p&lc diur o Papa Pio XI na Bula Umm!irem: "€ roisabttnStlbida~os~ no dtt:Mr.ro de q11asc n!M! skulas, sou~rum guardar tão ~mo

tspirito de seu Fundador, dt seu Pal tLtgislador, qutaoi:ontrdriodoqucaconttauaoutros!n.sfÍIUIOS,SMOOrdtm,num160/ongoaparodetempo, nu11N1nl!t:tSSidadt de q11alqwr refo,,.

mo':

"Pai de nonas almH" "Quand0R'oonh«ia Bruno, n'll diflcil nlo ~ -lo. e m/W dir,ciJ,inda 1fastar-suJelc~ (l). Por isso, quando o Papa Urbano li

Exagero!'' Todaestaausteridadcpoder.l. parecerumexa1eroanãopoucas pcswas. E não só a e$píritos mundanos. .. Viriasvu.es, Papas pmcndcrammitigarosfi&oresdaRcgra. Aumdcle:l,maisdecididoqueos ameriorn.oscartuxoscnviaram umadclcga,;ãoparasolicitarquc mantivesse as austeridades, scaundo o espírito do Fundador. Nloforamncccssáriosmui1osaraumcmos:dos27mongcscnviados,om.ais_io,,,cmiinhal8anos, ccsta,-amuitobemdisposto. ..

AJisrnar. ..~dt"'*ICltrnn,nl·VQ--foltlcto, l ~ d l ... ~ •lizlftllldlffillSlor;rn,u'IDln

chamou Slo Bnino P2" aju<lilo na luta contra os abu50S e arbitraricdadcs do Imperador da Alemanha, JCUS monges re,;:earam pcJofuturodaOrdcm.Afundaclot:Tartea1tecoãotinhamRe,raescrita,poisoSantotra1&gnvio;t.EracomumoscanUJ10S referirem-k a ele como ''llnico Paidenossasllm115,n0$$0mCS1recm 1odasascois.as"(2). ObcdtccodoporémaoPapa, São Bruno partiu. E nlo ma.is voltou. Osmon,csconservampiedosamenie lembnlnças do amado Pai, cspccialmcnieoalwondecelcbra~ e a fonte de SJo Bruno, próximaaolocaldaermidacm que viveu o Santo. Nos passeios semanai1,osmongcssaciamne$sa fontc1 sedcdocorp0. E nadiscreta~sobrmatural quc pa.ira oodc ou1rora vivcu o Fundador, apapm • sede de suas almas, poiJ apeur- das imcns.is rramfonnaçócs do mundo, 5.lo Bruno continua atraindo iniímeras pc$$Oa$, ca1fradas por scucncamo, easconduzacsu vocaçAollnica, oomoi'ohaYia fciioascusprimarosrompanbdr0$(3),

Aorlgemdeuma tolidaz que atravessou séculos

lúcioMtndes Notas

ACartuxaconheçeu momcntosdificriscmruahistória,oomo asprofanaçõcsfciwpelospmt~ iantcsouascampanhasdecalúnias por partc dos jansenistas, Novembro de 1985

I.Rot>enSerrouoPitttt\lals.Enol

'dosío-1o'*laCvi1'jl.-U"W,oliraril~lcM~*SanBnmo,S.udium, Madrid, 1961,1>-12]. 2.(<k-m,p,.127. ],l<k-m,p,.126


NÃO

LEIA este aniso, caro leitor, se, a respeitodal8~Bimallntmi.acion.al, atualmentc cm curso cm São Paulo. voc:f quiser sabff aquiloqucosjornaisercvista.sj.6tlmpublicado: nümcrodeobras,scçõcsemqueseclassi ficam, nomes dos autores, roteiro a squir nos corrcdorcs,oqucinovocoqueian1iao.e outros dadostknicos. Leia-o, pol'ffl\. sc vod esd"ff interm.ado em conhcocruimp~sugend.upelodtmffl. tarbomsenso-romumao&ffllldoshomeru - de alauml que, sem ser entmdido emane, aosta como vod de apreciar um bonito quadro ou uma bela escultura. Foijuntamen1ecomumdiletoami1oque pcroorrioslonaos e estafamesoorredoresdos quatroandaradaBicnal. Eambo$tivcmosu mesmas impressõa.. Al~m do mais, pude observar com .iençlo, durameu,'áriuhorasdavii;i1a, ,a1i1udcdo pübliro-aliis,rarefeito-quealioomparecianaque!a terÇa•feiraàtarde. Passcavapelo1corredorucomoquemandad,:yaprpeluruasdeumacidadenumatardcdominaueira,scmarandepreocupacaoem deter-separaolhare11aouaquelaobra.Mo-çu namoradeiras, que mais pare<:i•m querer scrvistasdoque,-er'1f;umaroisa,cons1itulam o arosso do diminuto püblioo presente. Havia tam~m algumas panelinhas de comprometidos com os ;m:anosda ane moderna. ~repente,entretanto,no1amospequeno aglomeradodepes$0&$emumcanto.Fomos ver. Alaumaobra consquira a proeza de atrair especialmente111ençlo? Não. Tra1av1Hede uma sala- umacaixa-quesópodiaserobservada atrav~de uma pequena janela, ,uarnecidadeconinapreta.Erapreciwlevamar uma ponta de cortina para olhar, como nas antigas mãquinas fotogrificu, o que só podia Kr feitoporduasoutràpessoasdeçadavc1.-Assim, 1curiosidadearespci10 dodesronhe<:i· do,aliadaaopouro espaçopara,-er.produzill ceno-.juntame1110.Levantadaaeo11ina,oquc sc ,ia?U1Uboncquinhos mó',.~s, ituminados de pni.o por potentes llolofotes. projetu11m nuparedes1llllldes &0mbra.sbalouçantes.Tltulo da obra: As sombras (Christian Bolranski ~ frança). Os espe<:tadorC5 baixa'-am a cortininhaeretir8\-am-se,decepcionad0$.Alguns romumrisinhodeeseárnion1po111adosllibios.

Monstros e blasfêmias Osrarosquadrosoufotografiasemqucsc podiaapreciaralgodaartetradicional-in• teli&iffls,ponanto-aindaeramosqucmais a1raiamaa1enção.Pn:,va,afüi.s,dequearacionatidadenãoabandonoudctodoos ho-mens.MesmoaquclcsquevisitamaBienal! Num outro quarto obKuro - neste podiasc enu·ar - a luminosidade era apenas suficienteparadistinguirvultosmonsm10$0$.AS ~qucnãosaíamimediatamenteda,-am• scconm.apó:sa005tumarumpouoo a visu., de que os taU morutlOll eram fonnas de metal de tamanho desproporcionado. Havia também a ca,-erna da borracha (Ptr ln1e Bjorlo - Noruqa): o eh.ão, o teto, as pi· rtdes,osobjetos,ochciro,tudoc111deborr11cha,numtotalde\8toncladasdessem1terial! Completamente sem graça. ConhecidosromoSerthomtnspa/radores (Jonathan Borofsky-EstadosUnidos)Sete fi1ur1.1imitandohomensdetipomonstruoso estavam distribufdos num ha/1. Por um efeito elétrico, movimentavam mecanicamente o ma• xilar inferior como se estives.sem dizendo alao, aomesmotempo quc seouvia um cochichodesagradáveleconstante,masininte!ia!· vcl,asair-lhe-lhespelapscudo--boca.luoéarte? Porfim,aolongc,di,-isamos~losquadros. Uma concenão ao bom gosto1 Aproximamo· no11. Mais uma decepção. Um deles, por =m· plo,n"prescntavaparcialmenteofamosoquadrodo pintor espanhol Velasquez, AIMeninas. Mas,misturadosromosperwnaaensti· picos do s&ulo XVI retratados peloarandc pmtor,cnrontravam-senamcsmacenaperso-na,aens do s&ulo XX, como uma mulher oom ..-estidoli5tradomodemo,dcs,;,:ndoatiosjoethos, mando bolsa a tiracolo, e um homem de touca vennelha e óculos cs,:uros, além de um enormecachorro.Maisainda,oconjuntoera fiauradonacalçadadeumarua,enquantoo fundoreprestnta,11umapaii;a1emcampescre. E o titulo - É proibido e5tacionar, squndo \lélasquez (Herman Braun.\'ep - Puu) nãotinhanenhumarelaçãocomacena. Nlo podia faltar, evidentemente. a blasf!mia,oomoscjam figuras caricatas de Nosso Senhor e da Semana Santa. N= linha havia

uma Pierl Ru$.'Ja (Dick Watkins - Austrália) quereprescntavaumoperariocarrtilJldouma caveira,aqualusavanoi.eucomoquepcscoço-esterepresent.adoporumcompridopedaço de madeira t0$C8 - um lenço, na vcrdade uma bf.ndeira comunista em que a foice e o martelo apareciam com destaque. Como se s.abe, PiNA f o nome oomumente dado à cena em que a Vir&em Santbsima recebeu nos br;1çosocorpode Nosso SenhordeKidoda Cruz..

Arta e "re lelture" Atotal íal ta debom st:ruotalvezscap,imissc com q udeu particular na obra Um qumo em um quano (Daniel Burcn - França). nata-se de um conjunto de compartimentos sem teto, cujas J)lredci s.lo de tecido listrado, e 1od01 incerromunieames emn" si, pois

"f'IN-·:,...,._, .......

_!1,foa

., .....-ll linlo11S11·-·""-·--

CATOLI C IS MO -

Novembro de 1985


nlo thn ponas, embora 1enham as aberturas correspondentesàsmesmu.Dtmodoquese J)Odeficarandandoládcntro. deumquano parao1,11ro,semrumo,comon1,1maesptcicdc pequeno labirinto. Onlimcrodcquadrosconstitufdosporrabiscos,manchasininterprctál'('iSetc.,cracnorme.Haviacorredoresintciros-chamadosa grandc1el,. - cobenosporessesquadros,dos q1,1ais pnnicamentc ninguém se apro:<ima,.t. Entinanto.quandosebusi:avarcprescntaro m111i$mo, ai il5 fi&urascram inequí,'l)Ç,OS. a,. rioso comibio de imoralidade com a ane modcrna ou contcmpor.lnca. Aqui e ali, nessa andança, com cena frc-, qüfn<:iaosoorrcdo=oonduziam-no5àspa~desde vidro da Bienal, dando para o parque externo. Eram momcmos de al!vio e espai=imcnto, podcndo-sc ver, lé fora, a natureza como Deus a erio1,1, snn deformações "artlstieas". Jácuustos.mcontramo-nosan1eumbalão ~elllo, l'C'l)l'C$Cntando a cabeça multichifruda de uma espécie de dcmõnio. O balão ficavaotempotodoestufandocdcscstufandoporcfcitodeumamáq1,1inadcsopro.Scria próprioparaumpes.adeloinfantil.Seunome:

lcaro=clho . Haviaconjuntosdcroupasvt!haspcnduradun1,1maespb;icvaral,outrosdeconinasusadu,C01t$1ituindocadaqualuma"obradearte''. No gbicro, talvez o mai5 atrnagamc seja 1,1ma extensa tcla pintada - melhor diriamos bomuia - sob~ cujos bonões foram pendurad.llli~dcvcstu'-rio,oomocami5&, aravatas e até chinclM. O "artista" denominoua Mural insranrãnro (Silvano Lora - Rcpúb!ica Dominicana) Emhomenagcm(!?)aofalccidoPrcsidcnte elcito'IlmcrcdoNe'\ics,uma"obradcanc''cra constituidaporummontedetenaoolocado 50bre o pavimento de um dos andares - suposiamcnte rq,rescnumdo o tlim1,1lo do c:,;tin10 - do qual saía um.a vama luminosa {Kria seu espírito?). Na pamle pró:,;ima ao monte de tem, vários maus dncnhos - dir-sc-iam caricaturas - de D~ Risokta Ne'I/CS. O titulo. para maior "sofisticação'', trn cm franch: limcr«/inho,monamour N1,1mambien1cfechadocesquisito,má~ca· ras bolivianas que par«iam fi&uras tomadas

pdodc$apero.cau.,r,am lftritaimprc:ssão. Tal seçlomaitparccia1,1macasadehorrorcsou 1,1m local de macumba {Mam'ttn Bisillial Brasil). Haviaaindaaseçãodai;chamadas "~~ituras~.Assim,aoladodeumquadrotradicional - como por exemplo um beUssimo cla1,1stro de convento onde alguém, com aparl!ncia nobre.!!paranumerososfrades.,semadosoom dignidade,1,1mtrcchodosLus!adas-havia ouironoqualo''anista"cxtcrnavasuainterpmaçlo subjcti,.t, sua "n,leitura" daquela mama cena. Nem é preci$o diur que se 1ra1a,11 de 1,1m horror. Noc:,;emplo<:itado,a"Rtci1ura" RpRW11ta>,1. um t.omem de aparência vu[aar,vestindoumamini-saia;scguravacom uduasmãos1,1mlivroquclhc1.&pavalnteiramen1eorosto.Asculado,apenasumdcsc,lcpntecachono.Co\adanor;iuadro.aindahavia1,1maesptciedcetiqueta,comodcscnho de uma caravela. Titulo: Rclcitura dos Lwiadas no Atelier 411 anos dcp0i1 {Glauco Pinto de Morais-Brasil). Al1uosqu.adrosdoconhccidopintorbra.silciroAlmcid1Juniorforamsubme1idosà1orrnrante "releit1,1ra". Sem c,xçeção, n6KS oonjuntos, o q1,1adro tradi<:ional c sua "~leitura" cxemplificavambcmosi1nificadoprofundodo ditofranc!s,scgundooqualháoois.asquehurlcnrdc~troul'('rcnsemble{urramporsccncomrarcmj1,1ntas). Espalhada pnr todas as seções, havia "arte" brasileira. como um cnonne painel do tipo denominado grafite, imitulado ftnona,gcm brasileiros (Carlos Mand. - Brasil), com figuras dcformadas, cntre as q1,1ais as de MachadodcAssiscM4riodcAndr11deEaíndaafflir1111 Casa da RainhadoFrangoA.uado(Ala Vallauri-Bra.sil),qucscreduzfundamcntalmemeàapresentaçàodcumarcsidfnciasumáriadecoradaoomoorcsberranta,ondcapareceumageladeiraaberta,contcndodcntroal10 que pOdnia ser um franao usado. Sobre a ,cladeir.a um despertador, e ao lado dela uma cadeira e uma fiiUI& feminina vestida sem pudor.

Momento de alívio O momen!O de desafogo na Bienal, para meuamigoeparamim,foíq1,1andodclasaí-

mos.Doladodefora,olhamo-nos,adivinhamos nossos rcspccti,~ pensamentos e respiramos fundo. Sentia= como 5e um fardo psicoló1ioo nos houvessc sido ~irado de <:ima dos ombros. No parque, os sorveteiros,ospipoquciros, os vendedores de frutasdavamumpoucoo tomdavidacomoclaé,scmdeformação.felizcsclcs! Nllohaviamacravessadoa cAmara dchorrompelaqualpassáramosnós. Uma consideração final, portm, se impõe. Asartaplástic.assemprcoonstitu!ramuma dasmaisalwc:,;pmsõc:sdarohura.cpOl'Wlto daalmadcumpovo.Ora,q1,1anJonlosóum poYO, mas toda uma civilização Cllprimc i;ua ancnuma Bienal comocstadeSlloPaulo, o que é feito de s1,1acuhura? De sua alma? Os homens se, refletem nas obras que faum Setai1sloasobras,comoscrãooshomens? Que homens? Os que as fazem, os que as admiram e tambán os que ficam indifcrmta ante tais monstruosidades. A Bienal t tri$1c reflao, no campo da anc, daapostaSiadasocicdadcmoderna,aqualdolorosamcntemcreceoqualificativodec:,;-crislll. Maslal1posta.siajáétioprofonda,queela nãosclimltamaisànegaçãodasvcrdadesda F~ Éda própria condição racional dog~ncro humanoqucaartcditamodernaoucontcmporlnea acamcce Ao apresentar como arte o incompree1Uivel, a loucura, o absurdo, o mons!ru0$0,odefonnado,oqucnavcnlade scprodamatqucarazlopcrdeuw.afunçlo navidadolloinem.A.tern:lbi<:ianawraldoser humllll0paraqucrerencontrar1,1m.ac:,;pli;;aç!oem1oduascoisastviolentadllpclaartc modcrna,q1,1etimbracm~jei1arora<:ionalc o sensato. E assim a razão - o prcciosi$Simo dom natural concedido pelo Criador à sua criatura-caminhaparaaatrofla. AviJitaàBicnaldeSloPaulooonvida-nos aumadolorosareflc:,;.ão.Seconsidcnlfmosa grande,auniVffSa!Bienalcmque5etransformouomundocontcrnpor.lneo.ondeosfatos se pa»am cm meio ao caos e il ausbicia de e,,,:. plicação 16ttca. poder-se-ia di.ttr que o homem é1entado-suprcmopceado!-aabdicardc sua razão por ooruidcrá·laimlül.

Grrgório LoJHS


Estudar catecismo: infantitidade e velharia? ou nobre atividade intelectual "PRECISAMOS trobulhar por que se dissipt o triste prtr:Oncti/O de que o Cat«is-

mo é /JJ)l!nas p,,ra crümÇQS. Nenhum católico de n(ve/ universitária pode sentir-se em dia

com sua oonsciincia, se não tiVf!r uma formação catequética correspondente. E insistimos na palavra 'catequético'(__ ). Consideremos a

importância que deu ao assun/0 São Pio X. Como Papa, Siio Pio X deu ao orbe católico

um exempla magn(flCO, ensinando durante oiro 11nos,pessoalmente,0Ca1ecismoaopovoromano no Páteo de São Dãmaso, onde até ho-

je se assinala o ponto em que falava''. EssaspalavrasdoProf.PlinioCorrêadeOiivcira,c:xtraídasdcartlgoseupub!icadoncste órgão (!), bem exprimem a pr«>cupação e o cntusia$modograndcp,,nsadorcatólicopelo

ensinodoCa~o.Mashoje,oomonaq)Ocadess.apublicação,quantoscatólicosnãote-.

rãosorridooomcertodcsdémantccsseentusiasmo cante o procedimento ardoroso do grande São Pio X, em relação ao Catecismo... Comcfcito,écadavczmaisgcncraliz.adoo prcoonccitodcqucestudarCatccismoécoisa dopusado. Sãoinoontávcisoscatólicos-c nãofalamosdosaderentesdo"progres.sismo" -inteiramenteindifcrentesaumasériaformaçãore\igiosa.Deoutrolado,muitos,estudantesunivcrsitários,ouportadoresdei:iplomasdecursosuperior,scntir-se-ãodigníficados se puderem dizer que estão realizando ~pesquisasbiblicascomumgrupodeamigos". Ouqueestãoinvestigandoesteouaqueleponto dafl.losofiaoudasociologiacatólicas,oumesmodasagrada.teologia.Masolharãocomdcsprezoalgumcolega,scestecontarqueestáestudando com afinco o Ttrooro Catecismo da Doutrina Cristã, ou o "Catecismo Romano"... Quandomui10,taiscató!icoscu/ros(cin10llicadosde orgulhointclcctual,ébcmdesevcr)aindaenviarãoscusfilhospequenosàsaulas de catecismo preparatórias para a primeira comunhão. Mas mesmo esi.ccatccismoparacriançasvaihojcscndodespn:zadocomovclhciraporumcresccntenúmcro depessoas. Não caur.a estranheza, assim, que em tal clima pi;icológico se mul tipliquem "c,;perifncias"ou••técnicasmodcrnas"de catcquese. Na Alemanha,criançasdcescolaprim:iriasão"iniciadasnacristologia" pe!oestullodimodaBib\ia,semterantesreccbidoqualqucrinstrução sobre os anigos do Credo e sobre os ensinamentos do Dogma católico a respeito de Nosso Senhor Jesm Cristo (2). E infelizmente, não é só na Alemanha que tais ''catequeses modernas'', pmcnsamente científicas, fazem suas devastações nas almas.

Como uma inadequada "iniciaçio bíblica" pode conduzJr A perda da N!i, a mesmo ao comunismo Imaginemos então um menino de curso prim:irio, sem ser instruído nas vcrdadcs quc a Santa Igreja ensina sobn: nosso Oivino Sa!vador,cconduzídopclamãodeumacatequesc revolucionáriaàpesquisadiretada Bíblia. Guiado pe!oscânoncspscudo-cicntíficosdctal catequese, a pobre criança nãol~a Bibliaàluzdoensinamento da l_greja,masporumainvcstigaçãopessoaldo1extodaEscritura. Suponhamosque eladepare,porexemplo,comestaspalavrasdeCristo: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom s.cnão Deus só" (Me 10, 18). Mais adiante o menino examinará esta súplica de Jesus no Hono dii:sOHveiras; ''Abba, Pai,todasascoisastcsãoposslvcis: afasta de m1mestccáhcc;porém,não(s.cfaça)oqueeuquero,masoquetu qucn:s"(Mc.ll,36).Poucodepois,elcencontraráobradopungeme

e sublime de Nosso Senhor no alto da Cruz: "Deus me u, Deus meu, porqucmcdesamparaste?"(Mc.15, 34). Sem possuir um conhccimemo sólido da doutrina católica, e sem serassistidoncsta"iniciaçãob!blica" pclas!uzesdoensinamemoda Santalgreja,oinfelizmeninohesitaránaconclusãoatirarde,;.$3.Spas· iagensdaf.scritura;outalvczmcsmoconcluirádelasqueJesusCristO era um simples homem. Mas ei-lo_quc acha outros t,:-;,;to,; do Evan· gelho que afirmam a divindade de Nosso Senhor. Por exemplo, Mt. 16, 15-20,onde figuraaprofissãofeitaporSãoPcdro: "Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo". Ou então Jo. 1, 1-5: "No principio era o Verbo, e o Verbo estava cm Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no principio cm DeuJ. Todas as coisas foram feitas por ele, e nada do que foi fcito,foifcitoscm ele. Nclc cstavaavida,eavidacraa luz dos homcns.Ealuzrcsplandece nastrcvas,eastrevasnãoaoompn:endcConfuso,então,nossopobre"pcsquisador"duvidarátalvczdaautenticidadehistóricadosEvangelhos.Quantorisconãoestaráelccorn:ndodeprestarouvidosaalgum "teólogodalibcrtação" (lue, com arcsdcsuperioridade "cíentifica",lhedigaqueostextosbiblicosforam''re-<'laborados"aolongodosséculos,pelascomunidadcscris· t.!.s.EqucporistooJcsusaprescntadopelodogmacatólioollãocorn:spondc aoJcsw "rcal'', "histórico". PO$taa5$Ímnestarampadeperdição.adesditosacriani;a - ouum adolescente, ou mesmo um adulto - ouvirá esse "teólogo da libertação" dizer que é preciso ''reler" o Evangelho, e compreender que Cristo (sobn:cujadivindadc taÍlifilõesda"tcologiadalibcrtação"silcnciam, quando não a negam de um modo ou de outro) foi um homem com· prometido politicamente, um lutador contra a dominação romana, um lidcrdalutadcclasses. Em síntese, que Cristo foi "osul,,,-ersivode Naz.aré" (3). Luta de classes, ação subversiva ... paracujohitocmnossosdias -prossegucmos"tcólogosdalibcrtação-aanálisemarxistaforneceo "instrumento cientifico" que fa!tano Evangelho (4). CATOLICISMO -

Novembro de 1985


O leitor teri certamente Lido com gáudio essas íormulações daras, pm;isu, que 1presm11n1 à inteligfflcia, numa linguagNR aces.sí>Tl e diret.a,verdadessublimesemistmosassobrcnOMOadorl.velSalvador.

Um.a vez de poue delas, o católico pisa sobre o solo firme ao investipr t<::<tos blblitos. artiaosteológicosetc. Um comp,!ndio das verdades fundammtall da Fé e da Mora.! católicas, apostas com clareza e precisão doutrintrias - eis pois o que é o Catecismo. É óbvio, ali às, que nlo pode haver um único Catecismo dntinado aontudodecriançasedeadultos.Numprimeiroesuclntocomp,!ndio,1deruidadedemattriaeatcrminoloiia<::<positivadevemseradequadas à mente infantil. A este Primeiro Catecismo deve-se seguir um Scl\lndo, mais desenvolvido e profundo, e um nroeiro. conforme a capacidadeintelcctualdoj?VCIDedoadulto.EaindaCatecismosde grandedensidadcdoutrinária,destinados/upessoasdeC1Jltur1.Éadmirivd aemplo deslll úl1ima categoria o C11ecismo Rom.wo, ffliigido por dccret0 do Co!ldlio de Tunto e publiçado por ordem do Papa S1o PioV.

Mas - poderia aljuffll objew - o método de perguntas e m1post.as é didaticamente ultrapassado. Alffll do mais. os C1Jrsos de catccis-

A...-~racMlll ....... tàep.n ...... • ..... ll:,na;ill...,..

IIIMldD-.1-,_,,__., .. ..,_,_dDEawnl!IISIIIVmnt* PMl. . . . . . ,..,..Slill'Ml. .. 1959.

E as.sim, de erro cm erro, o daditoso menino teri sido ç0ndurido àaceitaçlodll$concepçõesdo ç0munismo. E isto. a partir de suas "pesquiS8$dacris1ololl,iabíblica".

O Catecismo: compêndio des verdadas da Fi a da Moral, expostas em formuleç6a• c:laras e pN!lcisas Quio difemitc éa situaçlo em que se mcontra a criança. o adotes-. c:mtc, o adulto. que fez um sólido curso de Catecismo. Ele teri apmi· dido com toda darna e precisão, por e!lffllplo, estas 'ffdades sobre nossoDivinoSalvador,quetran=dolert:eiroC11tecismo(C1techismo Mas,iore) promulgado por Slo Pio X: MP. Que nos ensina o segundo artigo (do Cfflio): E (creio)em Jaus Cruto,seuFilhoúnico,nos.so·Senhor7 R. O seaundo arti10 do Cfflio nos ensina que o Filho de Deus i 11 squnda pessoa da Santlssima Trindade; que Elei Deus eterno, onipotente, Criador e Senhor, como o Pai; que Ele se fez homem para not salvar; e que o Filho de Deus feito homem se chama Jesus Cristo. P. Como i.abcmos nós que Jesus Cristo é verdadeiro Deus? R. Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus: 1~. pelo testemunho do Pai quando disse: 'Es1etmeu Filho dileto. no qual pusas minh&J comp/11dndas. EscuU!i-o'; 2~. pela afirmaç.lo do próprio Jesus Cristo, confirmada com os mais estupendos milqres; 3~. pela doutrina dos Apóstolos; 4~. pela m1dição constante da l;ttja Católica. P. Elústcm portanto em Jesll$ Cristo duas natur«as? R. Sim, em Jes1U Cruto, que é Deus e homem, existem duas natureza: a divina e a humana. P ExistNR cm Jesus Cristo tambml. duas pessoas, a divina e a humana? R. Nlo, no Filho de Deus feito homem só existe uma pessoa, ou seja,adivina. P. Quantas YOntades existem em Jesus Cristo7 R. Em Jesus Cristo <::<i1tem du.u vontadn: uma divina, outra humana. P. Jesus Cristo não teria podido livrar-sedas mãos dos judeus e dcPilatos7 R. Sim, Jesus Cristo teria pOdido livr.u-se das mãos dos judeus e dePilatos. Masconhc,,;endoqueavontadedeseuEternoPaicn.que Ele sofresse e morreue ~la nossa salvação. submeteu-se volumaria· mente a eles; e inclusi>T caminhou Ele mesmo ao encontro de seus inimi1os. e se dCUOu espontaneamente prender e condurir à mom," (5).

CA TOLICJSMO -

NOYetnbro de 1985

mo,osmanu1isdeca1ecismo,apresentan1a>Trdadecatólicasemcalor, sem alma, como que ffliuzida a um esqueleto. E completamente alheiaàsrealidadesdavida. A estas questões daremos resposta cm próximo-aniso. Mas. ao encerrar o presente. transc~os um trecho do mais importante catecismo católico, o ramoso Cateci$111o Romano. Pois ntle vercmot como antecipaçlo das m1posta.1 que deveremos dar - quan111 profundidade de pmsammto, quanta inteiuidadc de amor a Deus, comporta o ensino do catecismo. Diz o ,rande Catecismo. publicado por ordem de Slo Pio V; "Convinha que o Filho de Deus morresse, 'a íun de aniquilar aqueleque tinha o poder da morte, istoi, o.demõniO( .•• )' {Hebr. 2,14). "O que houve de <::<traordinirio em Cristo Nosso Senhor f ter morrido, quando Ele mesmo decretou morm-; é ter sofrido II morte por um ato de Sua YO<lladc, e nlo por viol~cia ntranha. Foi Ele mnmo que determinou nlo só a própria morte, mas atf o luaar e o tempo emquehaviademorrer. "Assimpoisprofetiurals.aías:'Foiimolado,porqueEleprópríoo quis' (Is. 53, 7). Antes da Paixão, o Senhor mesmodissedeSipróprio: 'Eu dou M!nha vida, para que a tome de novo. Ninsutm a tira de Mim, mas sou Eu que a dou de Mim mnmo. nnho o poder de d•-ta.ctenhoopoderdetomâ-ladenovo'(Jo,10, 17-18). M(... )Esta • a circunst1ncia que mais nos deve empol,ar o co11ção, quandonospomosameditartodasasSuasdore,epadecimentos..Se aljuim tivell sofrido por nós todas as dores, não esponlllneamcntc, massópornlopodereviti-l.a$,tcenoquene»aatitudenloveriamos uma merd de arande valor. Mas, quando aljuém sofre a morte sópornossa"c:ausa; quando o faz de bvre ~-ontllde, ainda que lhe seja possl'<Ti esquivar-se, entlo i que nos dá realmente uma prova de atmn.a bondade. Pormaisreconhccidoquc fosse. nlnguffll tcria meios de lho agradeoer, e muito menos de lho retribuir condignameme. Por tal critério podemot avaliar o soberano e atttmado amor de Jnus Cristo,05direil0$divinoseinfinitosqueadquiriusobre "n015ocorção"(6).

Antonio Dumas Louro NOIU:

~.!:':'r9~

de um Órand<' Pootifieado", ''Catolici1mo" n~ •H.

2.Cfr."LaDonimenr.ariO<ICatholiquc",Paril,t,.}.U.p.26l. l.ElluDOntlCpÇÕclfooam~t<'dfflunciadast,;ondenadupor.lolo PaulollemM111Alo<;uçiodeabcrtwadalllConfcm>CiacloE~Latino-

Ammcano em Puiebla, Mlsko (""' lns,i,wnmli di GKMl!ni Paolo li. Libmia Ediuic,o Vaticana.. Vol. li. 1979. pp. 192-191). 4. Diz.Fl'al..conardoBoff,oconhcàdo"t<'Olóaodalíbertaçlo": ..A I ~ dalibma("lo(.•.)mlein1erpttflareali/UdeJOclalroan,·1;,,a.Eaqui•f1on oprobl<m11:lmp,orqcoru!<!<1!1"dt:modoomaiJcifflrJroropou/'>'tlena,n/idade. ( ...)A OpÇlopOl/1/ca, bica tt:Val1p/icap,t,,;, tm favordmpcbracon1ra a,,upo/,ralla,judaa esrolhtraque/einsm,mmu/quef)lçaju1riçaaa,rec/111ZKJ:1dedi.nldadeporparreda,explorad0<. Nessemomenroderaclon•lidade e ob~ividadt, o 1..6/0,0 pOde K u/iliur do apene da leori• rmniJU da hi•-

r6ri.o" ("Jornal do Bruil", 6--4-80) . EoPc.F'nlncisco'D.borda,S.J.,aflrma: "O meu ideal~ o que má no t:VaJllélho, a fra1unid:idt: e o.amo,. mu o =n~lho nlo=dá oinstrumemaldemifa:ode.1n.1lliK da ,u//dade. ( .•. JA análi-

m.1r.tilu da rtalidark / uma aquúiç,lo du dh>ciai1 ,ociai•" ("Jornal do Bruil ..,24-1-11()). ,.O.l<'dtismot,f~pmmu.(p1o<kSanPioX,EdizioniAm,Millo,l979,

K

pp,.26-33.

6.C..1«ismoRom1no,Ed.Vous, 1'1:trópolis.l!l6l,l/fdiçlottfundida. pp.lOS-109.


empregado dunmte os últimos anos, sem ifu-

Na Colômbia: se uma voz de alerta tivesse sido ouvida ...

N

COMEÇAR na Colômbia, há trê,; anos,apolíticagovernamentalimpulionadapeloPresidente BelisarioBe-

tancoun de distensão com a guerrilha marxista. a TFP colombiana fez ouvir fflteradas ve-

us uua voz de aleru, prevenindo a nação sobrcosefei1osqueissoteria,defortale<:ffasub-

versão e colocar proarmivamente o país nas mãos dela. Em 1982,diasantesdaconcnsãodaanisti a aoi;guerrilllriros, a TFPpublieouomanifcstoin1i1ulad0Ani$1ioaosguerril~lros;Me-didade paqflCOflJo? Ou tronsferlnt:io da guurillw do fundo das uivas para o untro dasri-

dudes? Não obs11ntc. centenas de subversiVO$, oondcnadosouacusadosdeerimcs,nàosófo· ramlibertados,miuobjetodemedidasdepro-

teçãogovcrnamcntais.

Em abril de 1983,cstandojáo país sob o impactodas suoessiYlUmanifcs1açõesdeimpunidadedostenorisias,eatédepriviltgios

dequepassaramagozar,a~dcKusmterados crimes, a TFP publicou novo manifesto: A d e s p ~ vem undo a maior alit1da do guerrilho -Apelo oosdesprtOCUpados; preocupem-se por fim/ O documento foi luxamente difundido cm todo o território colombiano. Os destemidos cooperadores d.a TFP dutribuiram-r10 atl nas zoo.asmaisronn~em ru.lodaauerrilho. 1w aproximar-1oe o Natal de 1983 a TFP em-

preendeu uma campanha de pedido de donativosparaasv(timasdaguerrilha,osquaisfo-

ram dimibuldos na resi i o do Madalena M~dio. EmdWlrrênciadess.aspublicaçõesecampanha, aopiniãopública iaCQmprecndendo cada vez mais o imponame apoio que u CQn• cu.sõet$istemáticasdas autoridades haviam rep~ntado para os a:uerri!hcin)$. Avio!!nciaauerrilheiramanifesta,-a-seintens.amcnte,masdemodolmermitente,dctal formaque,aquiloqueoscolombianosdcbom sen50 viam com toda c!areu, - o agravamen• todaofensi,-a1uerrilhcira-osincondicio~~osdadi5teniãoneaa---am-noperNoprnemcano,omovimentogucnilhciro 19deAbril(M-l9)rciniciouoficialmemesuas holiti!idadcscofaércitovoltouacombat~-lo, porserjápatemequenãohaviadapartcdos 1uerrilhciro5autêntioodnejodcpacificação. Are«nteim.uiodoPaláciodcJustiça constituiuademonmaçiodefinitivadeque, acontinuamnascapitulações.osgucnilhcil'05 se com'fflcriam vinualmcntc cm cogovcrnantesmediantcachantqcmca~torsão;emvlstadoquenãohaviaoutraaltc-rnativasenlooExércitoretomarpclaforçaorecintoim-adido. Aoproduzir-seodoloro50 mas neccu.irio ~nlacc, a TFP colombiana fez ouvir mente sua voz atn.,i, do manifesto A Gue"J. lha, lúgubre /u~ de um cri- imenw, publica• do em Bo1oui no último dia 9 de novembro. Odocumcntoassinalaque,seorigoragora manifelitado pelas autoridad« "ri,·esse sida

"º"ª·

s6a a rt;SJNil0 do idrologÚI, da indalt moral

e dos hábiros mais profundos do espírito dos subversivos, ter-se-iam poupado ao pafs esta e muitasoutr-astrogldias''. Após prestar homenagem às Forças Armad;u pela sua d~inaç.ão de não aceit.ar quc 1sobc-ranianacionalf055evioJwpdossequausde M0$00U,edccitpres.s.arseu profundo pesar pela monc daqueles que caíram no cumprimento do dcwr, comlxnendo heroicamente pela lc1alidadee pe!aciviliuv;ãocrinã. o do<;.-umcmo ressalta: '"Em conseqülnc/a. a TFP dne maniftsUir o re«io - sem dúvida compartilhado por Incontáveis colombianos - de quenasotuaiscondifde;.dandolibtrdadepor meio·de uma anistia lv./ualmentt incondiciona~ a nume/'"OSos líderes da su/Jvers4o que demanstraram Hr S11per-ativos. es1ts se en1reguem de imediato e prtfertncialmtntt II uma modalidade de vio/lncia em nossos principais centros urbanos, muito mais moderna do que a1uerrilha. lstoi, 1111gi111çãodemassaspara prom(Wl'r in.surrtiçóes dos bairros operários rontro os patronais; NSO em que o tfdto da onisrt4 nllo ttrfasidadesarmara1utrrilha. mas só tmn.sferlr 11 111ita;âo do fundo do selv11 ao núcleo das gnuides cid11des''. E prossea:ueo manifesto· "Com estas palavras a TFP comentava ljá em 1912) 11 nt«SSidode de uma radicalização da reoçda antiguerrilheira. 'IwdicrflilPfdo~ I Villtame111e esta a pahrvra, lrojt fora de moda t indusiveu:ecrada, quednigttaVII a indispensável energia para evitar /11/0.S dramáticos como o que agora tnsungüentou as póglnos da história de nossa Pais. ':-lofaur uma umilise s1Jperf1ciol do.saro111ecimentos /er--s,./1111 impress~o de qut II so/uç4o radical L semprt a maist-ruel. Trislt i/us,Jo dos espiritos vacilunttS t indefinidos, aos qu11i:s pode panctr que toda atirwle categórica i, por isso mesmo, cen.sunfrtl. À luz do trágico e recente tplsódio, fica bem cluro o contrririo. Muitos vem mdicaliu,r i prevenir, I evitar desastres e dermmumentos de sangue, i pr0tegerosdirtitos, i defendt raordtm!e!llll O que so~tudo i vnrl11deiro qua11do se 1em diante de si odwrsários implocóveú, como o silo os gutrrilhtiros colombionos. "Nâo11osesqueçamos - concluiodocumento - dt que muitas vezes a crutldadero,rs'!re tm ser brando, e não em ser definido, n·g,do e, numa palaw·a, homem dt princ(pios".

~AtOLICISMO """•: P....ioe«tb <1<Bri10Filllo

:=.:-o~ . : : ,:-::-:JT:: : - - l -

a..c-, l oa M1t1ia f ruciKo. 16.! -

OIU,S -

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A política da mi o estendida e seus frut os - Por ocasião do ato em que foi empossada a "comissão de diálogo" entre o Governo colombiano e a subversão marxista, em julho de 1984, o guerrilheiro Andrés Almaralcs (à esquerda) sorri laraa e dcsanuviadamente, e apena de modo enfático a mão estendida do Presidente Belisario Bctanooun. Eitc, numa atitude de ''relax'' psicológico completo, sorri descontraído. Bctancourt é a personificação da política de distensão, anistia c ingenuidade cm relação à guerrilha. Após pouco mais de um ano, o guerrilheiro encontrava-se entre os chefes do alo de banditismo praticado no Palácio da Justiça, cm BO&Otá. Scpcrmancccs.scvi"o,talvczelecs1ivesschojescprcstandoparanovanoca de sorrisos e novo apeno de mão com o Presidente do pais vizinho. Pois há certas ingenuidades indcstrutÍ\.'C]s e simpatias irremediáveis ...

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CATOLICISMO -

Ol l!li - Sã0 Poolo. SP

Novembro de l98S


TFP reúne correspondentes e simpatizantes em ltaquera

E~~Jt~~;::;e":~~~~~!\d:p~~/!l

sede d.a TFP: a Casa de Es1udos Nossa Senho-

ra de }asna Gora, Pudmeira da naç6o mártir polonesa.

~riodicamemc,alisereúnemcorrcspondmtcsesimpatizantesdaTFP,paraouvirconferênciascparticiparde estudos e debates. Os divcrsosaspectosdagrandccriscdacivilizaçàoocidentalsãoconsiderados,berncomoa obra contra-revolucionária que as 15 TFPs coinnãs vêm realii.ando, agoraj;I nos cinco continentcs,cmproldosvaloresperenesdacivilizaçãocristà. A 13 de outubro p.p., mais uma vez a TFP acolheualicercade=correspondentesc simpatizantes,vindosprincipalmcntcdazona Leste,paramaisumajomadadeestudoseora-

<à•

Aconferênciadodiavcrsavasobreacrisc da fam!lia no mundo contemporâneo, vista à luzdaMensagemdeFátima. O auditório da sede estava repleto. Com muitoimeresseeatmçãoosprcscntesouviram ac:.xposiçãosobreaFamílianomundomoderno,ilustradacomfartadocumentaçàoepro· jeçãodes/ides. O ambiente caracterizou-se por uma notável unidade no modo de ver e julgar os acontccimento1denossosdias,à luzdaobraRevo/uçiiotContra-Rl!>'O/uçào,doProf. Plínio CorrêadeOliveira.Ecomoconseqüênciadisso, vcrificou-se tambtm uma calorosa e entu-

siásticaadcsãoaos esforços que a TFP vem cmprccndcndo pelos sagrados ideais da Tu· dição, Família e Propriedade, e a disposição deativamentecomelaoolaborar. Em homenagem a Nossa Senhora Aparccida, cuja íesta transcorrera na véspcra, foi rezadoumterçoportodosospresentes,diante deumaimagemdaPadrocira.ApreceaEla dirigidaconsideravaasituaçãocheiadeincertezasepcrigoscmquevivenos.soPa!s,epcdiaparaelcarealizaçãodosdiasdeglóriacris1ã,quecer1amcntelheestarãoreservadosno séculoXXl,sesouberserfielàv,:rdadciradoutrinadaverdadeira l grejaCató!icaApostóll· ca Romana.

Velhas amizades se fortalecem. Amizades novassetra>'3JII. NopátiodaCasadefutu· dosforrnam-segruposdeanimadaconversa. Num deles, duas senhoras manifestavam sua alegria de estarem com a TFP: "Aliscnhorashámuitoseoonhecem,não?", pcrguntouoomcuriosidadealguémdaroda. "Não - respondeu uma delas - acabamos de nos conhecer!" "Quandoseestáaqul,nàosetemvontade de sair". comentava um correspondente da TFPem Jtaquera. "Muitoobrigadopclooonvite",diziacom efusãodealegriaumsimpatizante,quepcla primeiravezpanicipavadeumarcuniãoda

TFP. "Garanto.lhes que de agora cm diante nãofaltareianenhumprograma" E rcginramos aqui ainda um comentário sintomático: "Tudo aqui atrai" - observa um jovem. "Ali pessoas,oambiente,orespcitocomquetodo mundo é tratado, aelevaçãocomqueoscemassàodesenvo!vidos.Mas ... navcrdade,o que atrai mesmo é o desejo de servir à TFP eserútilàcausadacivilizaçàocristã".

E• 21 11t apn,, ""'"" • pn,ag11dil111 111 n, ioici111• IMI comp11 .. 11cl111I N Nl'I

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"'wflc~!otmin,. No 1010

os.,..;,,,,.io,p-~a<diln1tdoútâdioMCl"Qllldo

~.ns.ior'u:l,.-,coantallo""'* • r:wn?OMO doop-o:,i,M1lar1,.,,,.ó>is mna, na qi.a,i knm ..-.dodo> qunn mi1 o:umplor01 do Jl\l,ndo h,ro

Em nova edição, livro sobre a Reforma Agrária EM APENAS dois meses escoaram -se onze mil exc,mp!arcs do livro A Reformr;, Agrária socialista e ooef,scatória - A pro.

priedadeprivadaea/ivreiniciatíva,notuflíoag,o.reformisra,dcautoriadoProf.Pll· nio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, e do Moster of Scienu em Economia Agrária, Carlos Pa· triciodelCampo.Emvistadisso,umase· gundaediçãofoilançadaevendidanos maisdiversospontosdoPaís,cstandoela jávinualmenteesgotada. Alguém familiaritado com o mercado de livrosnoBrasilpoderiamostrar-sesurpresooomac:.xcdentevendagem obtida pcla referida obra. LuisFélix Borsato, um dos coordenadorcsdacarnpanhadesuadivul· gação, ressalta: "O tema é da maior atua· lidade,pode-sedizermesmov:italparnasobr~ivinciadaagricuhurabrasileira,oque explicaaboasaídadaobraemlivrarias.E ooutrofatordee,i;coamento,importantis· simo,éotrabalhodesenvolv:idoporjovcns propagandiswdaTFP,quepercorrcmincansavelmente nossoimenso1erritório''. "Ca!olicismo" lançcuduasediçõesdo númeroduplojulho-agostodesteano,que publicouc:.xccr1osprincipaisdorcferidolivro. As duas edições, totalizando 35 mil exc,mplares,iambtmjáseesgoiaram.


~~áeffY~.~da,,~~

<Q/t

rquimu.ra cólo-

ni.al brasileira ~ • tal p0n10 rkaevariada,queobriia,qu.alqueradmi-

radordesejosodeanalisli-laadeteraatençãosuceuivamentenas diversasfasesdesuaevoluçlo. E para se fonnar mais facilmente

uma idtiaderonjuntodoselememosprincipaisdccadaumdos vários estilos arquitctõniCO$. ~ aconsell\ivdo('Xaffleck~ificios

proiodpkos,guecontenhamem liascanicmislicassalientesde cada

tpoca anistica.

Obwcccndoaessaorientaçlo, nlosetcmcmvista, noseidguos limitesdesteartigo.abordar aeneric.amenteotemad;,.arquitctu-

racolonialrmnossoPab.O rstilocolonialfrioe~deinspiraçloítalian.a,dosesu.belecimenl0$ jesuíticos das Mi55ÕCS do

RioGrandedoSuledascidades ealdeiasdart'gÍãoamuônica, nlo$Cnl.temadopr=tetrabalho. Como também o barroco do Maranhão e o tão afamado de MinasGerais.,gueseinspiraram naarquitcturasetecen1is11do

18

none de Poru,pl, Apmas de passagem cabe ~rque, •P"U doinfll,lll()quesofrrudaMctróp0le, o barroco mineiro foi, em

toda a história artística brasileira, o que mais inovou, aprescntandoimportanteselementosoriginais, como as cékbus torres ovai!ieredondu. Todaaarquiteturabarrocado Nordeste impira-se em modelos portugueses,podmdo-sedi5tinguirduastradições;aquetende aimiwoes1ilodasi&rejururais d.uprovinciastusas;eoutraque pnx:uraseu!iliurdepormenoms deconstruçloedecoraçãoda arquiteturaoficialdaconedeLlsboa,bemcomodostcmplosquc sofr= a influtncia metropolitana du ddades da Bahia c Per-

-,-

Nàosecogitaránestctrabalho doricoa!%1'VOarquitetõnicoda BahiaedeoutrosEsllldo5nordcstlnos.Sóserlofocali:tadosalguns aspec!ossalicntcsdet~stemplos pernambucanos:aSédeOlinda, comotdiílciocaracterfaicodoestilodaContra-Rdorma;acape-

JadouradadaOrdffll'Il,n:eirade Siofr&nciscodoRecife,ex.emplo 1ípicodobarroco;caBasílicade Nossa Senhora do Carmo da capital pernambuçana, obra arquitetõnicacaractcrlsticadoestilo ro=ó. Compreendeu a imponlncia históricadasigrejaspcrnambucan.asGennainBazin,ornK>mado conservadordoMuseudoL.ouvre,aofazeroseguintccomenuirio: ~o miclro anfsti<:o ~rnambucano merrec:. na realidade, um lu,llf'igulllaoqueoropaonúc/ro da Bahia ou de Mimu. S mesmo súnicsregilodoBrasilondehoje

époufrelestudar, sem falha, a evoluçlodaarrere/igios.ad1rerradeS.tn1.1 Cruz, desde as suas

ori1tns~

(1).

A S6 de Olinda NumaprimeirafasedaHis1óriado Brasil, asobrasdearquiteiurasacradenotam,atravl!:$da relativapurezadesuaslinhuedc seusperfis.oimemodeimítaras

disposiçõessimpleseri&idasdo eslilodaContra-Reforma,oqual çonserva elementos nsenciais do rena1ttntista. Aquele estilo foi implantadoemPortugalpelodlebrearquitetoitalianoFelipelb-zi,edepoispeloengenheiroarquitetodeFclipell,l.eonardo Turriano,eseusdoisfilhos, Diogo e Frei JoloTurriano. Infelizmente, nioseencontra templo algum em nossa "'tria edificado nessa fase- sb.:ulo XV I e primeira parte do sb.:ulo XV II - cujo exterior setenlta coll5CT\-adomaiJoumenosintacto. As ricu igrejas e conventos dcssaépoca,emOlindacSalvador,foramdestruídospelosheregcs,durantcasinvasõesholandeJ&S.srisccntistas,oudevidoàreconstruçlo,nosdoitskulosposterio~detodas u primei= iueiasdacapitalblianacdaugiiodoRecôncavo,naqueleEsradc

ASédeOlinda.construfdaaindanosécu!oXV l,éumexcmplar preciosodoes!ilosimplescausterodafaseinidaldacoloniu-

CATOLICISMO -

NO\-'e'ffibro de 1985


scntarcommaioraraudeau1enticidadcw;carac1cris1icuessenciaisdocililodaépoça. OWificioatraiporsuasimplicidade. A grande porta ccnu11l, quc1erminaemarro,tladeada pordoisparesdecolunas.Como explicaoilustttescri!OrpeTDam• bui:anoF't..AntonioBarbosa{2). asalmofadutrabalhadasesa. lient~ cntalhadu na própria porta.sàodignudeadmiraçlo. Decadaladodopon.a]háuma portaqueaprescntanapartesuperior uma ornamentaçAo caracteristica do estilo ttnasttntista. Acimadecadaumadelu\temscharmoniosasjaneluquadrangularc5domesmoestilo. Sobttoportal.ofrontlo.que tcnninacmformatrianaular,ostcntanoccmroumajanelacircular,denominadaóculo,quenlo apresenta nenhuma ornamenta• ção. Esta abertura será utilizada com frcqü~ncianosestilosbarrocoe rococó. que surgiriam pos1eriormen1cemobruarquitetõnicao;dc paiseseuropeus,esp«ialmeme ltália,EspanhaePortuaal, bem como de colônias dessas duasna~sib<!ricas.Oócutoem igrejasbarroçaserooocós, emtt· tamo.serádrcundadoporuma série de elementos ornamentais. como veremos mais adiante. O corpo~traldotemploéladea, doporduastorresquadradase a1arracadas,comumajanela1erminadacmarronapanesupcrior decadaumdoslados.Nos,irtices das iorrcs emCT&em quatro jarros de cantaria. terminando aquelas em formadepirãmides mai1oumcnosalontadas.

·-·~T-•fr-

D,aa llll<ll*.•hlffll MIIIO-IIIIIIIÇO.M_...,.._....,,..dtAdt!S

~c.W:tsísrado ... lllC..:,n.Ro/ormo........- ..,.,td!M,_1$jlllC.. ...........!.lp,..,Dklldo l'lis,dauridodo*- XY!

ção. Em 16300 templo foi pro· fanadopeloscahinistasholande, ses,sendotransformadoemes1rebaria! Após a &loriosa Insurreição Pernambucanaquee:o:pulsou de nossaP:icriaoss.acrlleaoshereaes, a~nerandaSi!foielevadaaCatedralem 1676.Duranteoséculo XVll,0Wifkio1-0freuprofundas ~~~~w;, concluídas 1-0mente em Em virtude de todas essas transformações, a edificação atualnãoseprestariaaumaaná· lisedoprimeiroesti!oarquiletÔ· niooempregadoemarandestem· plosbrasileiros,nãofosseaoom· petenterntauraçãoreatizadape, lafundaçãoNacionaldeArtede Pnnambuco - FUNDARPE - . conduídaem\976.equerntituiu à~deOlindasuaprimi1i,11fei-

<I•

AssimKTido.temosllojea,"tD• turadecontemplaradmiradosas linhassin,:etueumtantorudes daquelafachadaqueencantouos petnambucanosnosalboresde nossahistória,aindanoprimei· ros«ulodacolonização.Seni. ana!is.adoa scgui r apenasseu fromispicio,poisele pare«apreCA TOUCIS~IO -

No,-cmbro de 198S

Jlinesscprimevotemplodaartecolonia!pode-scnotaracombinação da pedra -colocada t.amonasmoldurasdeportaseia· nelas, como em cimalhas - com a alvenaria caiada. Todoooonjuntodee!ementos acimadescri1oproduiumasensaçlodeforçaecs1abilidade,quc C\'OCaafasehistóricamatina!da Naçãobrasileira.iniciadaaos~ do1oscoal1ardaprimeiraMissa rezada por Frei Henrique de Coimbra. O frontispicio da~ de Olindanosfazrecordaroabne1ado trabalhodecatequescempreendidoporumAnchieca.um Nóbre:aaeosprimeirosmis,;ion.i.rios, cujozeloapostólicoarraocoudastrevasdopaganismotri· boslnieirasdeindígenll5.

A capela dourada Umaobraarquitetõnicafamosa,quebemreprescntaoesplen· dordobam:,coemterra.spemam. bucanas, • a capela da Ordem TerceiradeSãoFrancisco,assim qualificadaporserparteinte· grantedalgrejadoConventodos Franciscanos.comaqualsccomunica diretamente. A capela ttmumaünicanavecobcrtapor umaabóbadadebcrçodemadeiraesc-ulpidaedourada.Foiconstruldaeml696el697,recebendo adenominaçãode"dourada"devidoaofatode 1odu ll5partn de 1,euin1eriorquenioestejamocupadu por pintura,; de s.antos e mártires da Ordem "RTceira FranCÍ$cana ou azulejos, apresentaRm entalhamenio oobcno de ouro (l). A deeoraçio esculpida no

ahar-mor,nosseisaltareslaterais, bcmcomonoforroenuduu corn ijasprincipaio;,ébcmtipica does1ilobarroooquepredominouno8rasilenaMe1rópole,em finsdoséculoXVlJ. É digna de notaarelativa1-0briedadedesua ornamentaçãoedoemalhamentoraso,secomparadosaosdeoutrasigrejasdamesmaépoca Ascornijasdaricacapelacont!m elementos decorativos, fttqüentesnoentalhamentobrasileirodo finaldoséculoXVIle inicios doséculoposterior,1aiscomoosdenteados,osornamemos circularesentre!açadoseosdesenhosanelados,repctidosaolonaodanave.Esseselementosscrão substituidospel115conchaseguirlandasdeflores.caracteristiC1.1do esti!orococódemeadosdoséculoXV[ll.Encontraremos1aisornamenios na Suílica do Carmo, edificio !(pico dessa ~poca. que scrádescri1oa5eiuir. V.i.riasootunasean:osinternos, tancodoalt.ar-morquanmdoslatmis. rome:spiraisiorcidasepro. tubcrantn,recobcr1115derobus· tas parreiras. consti1uem orna· mcmações própriu ao início do barroco. Acapela,querncantaatodos os admiradoresdessentilo,felizmcnte não foi descaraçterizada pelos redccoradores,em1cu1288


anosdeexistência.Elare-.-elaoespírito rcligiooo e o gosto artisti co doo irmàos da Ordem Ten;eira de SàoFranciocodeentào,os quai1noslegaram es1apequena mas preciosa jóia da arte sacra

A Basílica de Nossa Senhora do Carmo Ofrontispidodotemp!o,que éatualmenteaCatedraldoReci fe, foi concluído em 1767. data que figuraabaixodonichoonde seencontraumaimagemde Nossa~nhoradoCarmo.Oestilodo edifkio é rococó, e seu construtor foi o mestrcdeobras AntonioFernandes de Matos. Comosucedenagrandemaioriadasigrejascoloniai,(indusi ,-e as primeiras, como a Sé de Olinda,acimadescrita).a.spare desdabasilicasàodealvenaria caiada, que se conjugam com um rendilhadodecantaria,oqual surge apenas nas molduras das portas e janelas, bem como nas principaiscimalhas.Aharmonio saoombina,;:ãodaalvenariabrancacomocinzentodapedraproduznoespíritoumaimpressàode simplicidade - causada pelo branco-aliad?àno,;ãoderiquezaeforça,surgidadacomi deraçãodapedrapacientememe cinzelada. A fachada apresenta cinco portas, emolduradas de cantaria. Acimadela1,cincojan elasguarnecidas também com um rendilhado de pedra. As três janelas centraissãoseparadaspordois óculos,queigualmenteapresentamricasmolduras dcpedra,das quaiscertosclementosdeescultura, formando uma espécie de cruz, saem para abraçar outros detalhesdafachada e lhes dar uma nova unidade. É frisant e a evoluçàoarquitetônicaque,partindodoóculosingelodofrontão da Sé de Olinda, desfecha nessaselegantesaberturasemestilorococó Acimadastrêsjanelasccntrais, localiza-seumgrandebrasãotrabalhadoempedra,querepresentaoregimedopadroador,,gio,vigemeemãoemrealgreja e aCoroa portuguesa. Ofrontão,noqua!salientamse duasgrandesvolutas.-oltadas parabaixo,ostentaonichocom aimagemdapadroeiradaçidade. Sobreele"eleva-scumacruz do século XVII!, adornada por jarrosdecantaria'"(4). Aigrejaapresemaapenasuma elegame1orre doladodirei1oda fachada.aqualterminaemformaarredondadaeoriginal,çomportandocomoqueváriosoobrados de formas sinuosas e perfis caprichosos A nave do templo comporta duascapelaslaterais,destacando>eado&nhordosPassos,com rico trabalho de ornamentação emtalha,cujadouraçàofoiconcluidaem 1"197.

Sãoaindadignosde notas.eis ahares laterais, emcada ladoda na,-c, localizados em pequenas ree ntrãncia.edentrodeumelevadoarcodecantaria.Jgualmentc,nessesahares,sobressairico trabalho de entalhe Bcmanalisado,oprcsbitérioda Catedral do Recife impressiona pelaimponênciaque ressaltade sua,·isãodeconjunto.O espírito do observador sente-se atraido pelo harmonioso contraste entre acor escuradasestalasricamentetrabalhadas,obrancodasparedeseaabundantedouraç-ãod o al!ar-moredoleto Seaatenç!iovolta-separaos pormenoresdoprcsbitério,estes despertamadmiraçãoporsuabe!eza e harmonia. Majestosassão as cstalasdejacarandànegro,ricamenleentalhadas.Sãodignos demençàoosdoisgrandespainfü, à esquerda e àdircitadas duastribunas,adoladodoEvangelhoe a do lado da Epistola No altar-mor, deforma semicircular eencimadoporumaabóbadacomdarabóia, esplandece a imagem da padroeira, como qu e pairando sobre um feérico conjuntodenu~nseanjos,sobressaindoatrásdelaumaaurtola

J

(S~scolunasecapitéissãoenriquecidoscom um_a profusão de

J

::i::~:.~~a~~r;/fo::i~

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elloresdasmaisvariadas Ocrucifixocolocadoacimado tabemàculo éencimadoporgraciosobaldaquino,sustentadopor pequenas colunas coríntias. O

No~lfi!IO<da llasikallDCarma,t.eform,..,,.,-atulor.encrnadopar ,11,.,l>Óbadacomclor,bÓla, R1<1f,

,,.,..,OL<O. tes<ac1 ... 1t!tla,r:a;ierr,doP*Crato1do

~~~~;1s~':; ~~o'i!~~ ~~~[: ~::O"':::°""

nação de elementos decorativos detalhadourada.figurandoncle umapimuradoProfe1aEliassubindoaocéu emcarrodefogo. Dessclongopercurso,iniciado emfinsdoséculoXVl-desde o austero estilo da Conlra· Reformaatéosesplendoresdorococódaoegundametadedoséculo XVIII-. emerge um principio que unificatudo:aricacriação arthtica do mundo lusobrasileiro,emépocasnasquaisa Fé católica fmpregnava os ambiemes,osco!tumcseacivilização.

Hamilton d:Ávila

t.GcrmainBazin."'Originalidadeda ArquiteturaBarrocaemPernambuN"". Arquivos. Re<ife, n? 7/20.pp. l43-170.ano,194S-19S1.

2. Pe.AntonioBarbosa,"ReHquias<k Pernambuco"".Ed.FundoEducalivo BrasilciroLt<la.,SãoPaulo,J9S3,p.4.

3.Cfr.RobenC.Smich."larejas.ca,a,emMt, - aspectosdear!ccolonial brasileira"", MEC. Uni,·ersidade ~~~~~o7{i~:;t~c;~~);::~~o:a~ CÍônal,Re<ife,1979.p.104 4.Pe.AnmnioBarbosa.op.cit .• p.49.

.l.Cft. -bf- F.A.PerciradaCosta."A OnlemCarmditanaemPernambuco". E<!içã<>d<>ArquivoPlibliooEstadual, Rrcifc,1976. p.134

8asíica do Na,.. Stnoor, da

C.mo

11D

R1t1f,. cC111Cüdo orn 1161, la,orli!woorn



Loreto, a nova Nazaré Jmrn/'tllgur/Morrres no,,ororr.-sfX)l!d~me

ROMA - ,\ singela casa na qual Nossa &. nhoradiss,,5imaodi•'inocon,itcparasnMãe

do Redemor,c naqual,·i,·eu ao longo dos anosjumamentecomseu FilhocSãoJos.õ. Hioasermiraculosamenteiransportadapelosanjos,deNarnrtparaapro,·inciaitaliana :

~:~~;t~jnuo:'.º ao mar Adriático, há quase

1

Amanhccia o dia 10 de dnembro de 1294

quandos,,cspa!houentreosmoradorcsdaque-

laregi.t.oanotkiadequcumacasacuriosa conmuidacommaterialsdcsconhccidosna hátiacniccrrandoemstuinteriorobjnosan1igos e caracteristicamcn1e orientais, havia apam:idojumoaumbosquedclourciros(dai se originando a denominação Lorcto).Elame~!~ 9,S m de comprimcn10 por 4 m de !argu-

Sabia-sc quc, a!guns mests antes, id.!mica connruç.ão-narcalidadeeraaprópriah.-iaaparmdonasmesmascin:unstâncias.no outroladodomarAdriA1ioo. na,·izinhaDal· mkiL U, na cidade de Tersatz. onde apare~ra, o Bispo Alcxandre li,·era a respeito uma re,·elacãodaSantissima Viracm. que lhe a;seaurou$eraquelaa$uaprópriacasaque,·iern de Nazaré Para colher informações. paniu então de Lorcto uma comissão de dezesseis homens ilus1rcs.quescdirigiuaTcnatzedcpoi,àGaliléia.Elcsoonfirmaramqucneslcslugarcsrcsta,·amaJauns,·cs1iaiosdaperman~nciadacasa. inexplica.-elmentedesaparccida. Em Nazaré.segundooonstataram,asmcdidasdoali· ~;~~ coincidiam com aquelas da casa de LoA partir de então começaram a cresceras peregrina~õcs ao local. No século XV o Papa Paulo li fezerigirumaBasilicaem torno da SamaCasa. Scgundoascrõnicas.jáeramali habitualmemerccitadas1.1in,·ocaçõesaNossa~nhora,quescestcndcriamcomo1empo atodaaCristandade,hojcconhccidascomo Ladainha Lauretana(delorctoJ.Entreasnumcrosissimas manifcstacões de apreçO com qucosPapasdi$tini;uiramoSamuário,dneseassinalaraindu$ãodcsuafestanol\fanirológio Romano.a !Ode dezembro. Fê-loo Papa Clemente Vlll. cm 1667, com estas palavras: Em Lorcro. noierriróriodeAnoona, rransfadaçJodasanracasadeMaria,MJede Dtus. na qual o Vubosc fez carne. SobopomificadodeBcntoXIV.cm 1751, quandosecxecuta>·amtrabalhosdcre,tauraçtodopisodacasa,arquilctoscpedreirospuderam fazer uma impressionante oonnatação: suasparcdo:scsta\'amapoiadasdiretamentesobre a terra. 5em aliccrces! Emnossoséculo.háscssentaanos.oPapa BcntoXVescolheuNossa&nhoradeloreto comopadrociradosaviadorcs,10mandoem oonsidcraçãoqucsuaçasafoiuamponadapelosares.Porcsscmo1i,·o,enrontrarnoscmn11· merososaeroponos-tambémnoBrasila presença da imagem da Santissima Virgem. sobcssaim·ocaçlo. Quando visitei o Santuário de Lorcto, há algunsmeses.osolcomeçavaaKpôr,num Nlod iadeverão. Umafilaconsiderá.-el de

doen1es.algunsconduzidoscmmacas.ou1ros emcadeirasdcrodas,sobacuidadosaorientaçãodc lrmãsde~aridade, ia tomando seus luaares no interior do templo. para a Milsa diánacolcbradana5$Ul.lin1encões A presença de Santa Teresinha do l\fonino Jesus.que,·isitouoSantuárioempcregrinacão oom 1ua familia, no sêculo passado. é lembrada por um quadro numa das capelas lateraisdaBasilica,cmqueclaapare«rcco,Nndoa SagradaComunhio. Eiambém algo relacionado rom ode:scobrimemo da América csul anis1icamente reproduzido cm afresco de uma das capelas: o marinheirorcdroVilladepo1itasobreoaltar arépliçadacara,·elaquccstevcprestesanau fragarsobtcrríYclt cml)('Stade. Erauma,·ia· gemderetornoàfapanha,conavegadorCristóvãoColombo. com sua1ripulacão. promc1cu•aradcccràVirgemsuapro1eção.cm,·á ri01untuiirios.en1rcosqu•iso dcloreto. A Casa da Virgem. no imerior da Basihca. pordetnminacãodoPapaJulioll.cml51l. íoirevestida cxternamcntedcmármorc.oom csculturasdcpcrwnagcn1eccnasdaHis1ória Saarada. No interior da ,·cncrável habitação oambienteremete-noiáGaliléindedoismil anos atrás, até mesmo cm pormenores domésticos: ao lado do ahar do saarado recinto oonKrva-scm.emrelicáriopro1eaidoporgradn,pcquenastigelasoutrorau1ilizadaspclo próprio Menino Jesus.

fllCNdldallas,Jadliloie1~.no,11enordlOJ1lermi:ra

se,Cw111Naml!. - AIW no111enord1Sani. Casa de Lo•e~

Contente por tomar a estrada de Loreto Em sua Aut obioi:t11fia, San la Tt re5inh a do Mt nino J esns assim narra sua ,isita à Basílin. d t Lor e10:

Não m-, admiro que a Samiuima Virgem tenha ~olhido este lugar para tran5portar sua casa beodita; a paz, a alegria, a pobreza reinam aí. como soNraoas; tudo é ~impleJ. e primi!i,·o, as mulheres conKrvaram !>CU gracioso !raje italiano e não adotaram. como as outras cidades. a moda~ Paris: enfim. Lore!o encantou-me! Que direi da Ca~a Santa? ... Ah! minha emoção foi profunda, achando-me sob o mesmo teto que a Sagrada Fami!ia. concemplandoasparedessobrcasquaisJesu,fixara.cusolharc$di,·inos,pisandoatcrraqueSãoJosércaaradcsuores,ondcMariacarregaraJesuscm.<eus bra•;os. após tê-lo trazido cm seu se;o virginal ... Vi o pequeno quarto onde o Anjo descera junco da Santíssima Virgem ... Coloquei meu terço na 1igelinha do Menino Jesus ... Que cncantadoraslcmbrancas! .•.. Todavia. nossa maior oonsolaçào foi receber Joui mesmo em sua casa e sc:r r.cu 1cmplo ,·ivo, no próprio lugar que Elc honrou oom 1ua pr~nça. Segundo um uso na llália, o ~nto cibório oonKr•a-i.e cm cada igreja. num único al1ar. e wmenrc ai se: pode re« bera Santa Comunhão; este altar cstaYana Basílica ondcK encontra a SamaCa1,1, encerrada como um diamente precioso num e,;tojo de mármore branco. hto não nos agradou! Era no diamanre mesmo, e não no ~tojo. que queríamos comungar ... Papai, com sua doçura habilual. fez como toda gente. mas Cclina e eu fomos procurar um padrequenosaoompanha"apor'todapartccquc.justameme,preparas·a-!óeparacekbrar a Missa na Santa Cala, por um pri,·ilégio especial. Ele pediu dua. hostiazinhas e 00101:ou-as na patena. com sua hóstia grande; oompr~ndci1, minha Mãe querida, qúal foi nosso júbilo ao re«Nrmos, llOS duas, a San1a Comunhào. nesta casa bmdila! ... Era uma felicidade "leste, que as palawas ~O impotcntci; para lradu.cir. O que será. pois, reccNI a comunh:lo na eterna morada do Rei do<; Cius1 ... E mão. não mais ,cremos acabar nosu a!e,ria, não ha,·crá a trisieu da panida, e para lc-.armos uma lcmbra11ca. 11ão scrá nccnsário ra,par furtframen1eas parcdcs5antificadas pe!a Di\"ina prcscnça ·· (Santa Teresa do Menino Jesus, Manuscritos aurobjagráficos , tradução do Carmelo do l.C. de Maria e de Santa Teresinha. Colia. São Paulo. 1960, pp. !67-168).

CATOLICIS~to -

Dezembro de 1985


Ditadura colegiada, não Plinio Corrêa de Oliveira

HÂUMA ILUSÃO emrc muitos dos que propug-

nam pelacon\OCação da Constituinte. Imaginam que ela

é uma panacéia. Soberana, ela teria o direito de pôr e dispor à vomade, desde a Federação e os Estados até os

Munidpios, desde as familias até os individuas. Omnisciente, ela saberia rcSO)\CT todos os problemas nacionais, desde os da cultura aos da l-ducação, dc~dc os morais atê os sociais e econômicos, desde os conccmemcs à saúde

públicaatéosdapazedaguerra. Ora,essasilusõespodcmconduziraqucarcuniàoda Constituinte implamaria ipso facto uma ditadura cokgiada, na qual o termo "cole-giado" - que hoje goza das simpatias líricas e incondicionais da Publicidade - amorteceria o impacto da tão odiada palavra "ditadura". Com efeito, se se tratasse de pedir à Nação que a1 ri· buissc tanto poder a um só, o clamor de protesto seria geral.Curiosamente,desdequesetratedcconfiaromes· mo poder às duas ou três centenas de deputados que com· ponham a Constituinte, o clamor cairia para o nivcl do mero sussurro ... Oir·se·iaque,paramentalidadestais,omal não éa ditadura, mas o fato de esta ser e.~ercida por um só. Uma vez exercida por muitos, ei.[os que a aplaudem! Como se a História não registrasse abusos de câmaras legislativas absolutamenle não menores do que abusos de ditadores individuais! Basta pensar na Constituinte da Re\·olucão Francesa, da qual brotaram, por via de conseqiiêrn::ia, todo o deli rio, todo o desp<>tismo e toda a san&ueira da década revolucionária subseqiienie. E verdade que os ditadores ordinariamente têm mais tendência a se perpetuar no podCT, do que as As5embléias Constituintes. Mas, mesmo quando estas cessam, pode

CATOLICISMO - ~zembro de 1985

ser que muito de ditatorial subsista na Constituição que deixaram aprovada. Importa lembrar, pois, que o próprio poder das Constituintes C limitado. Ou seja, que cada homem tem direitos que lhe provêm de sua própria condição de ente ra· cional e dotado de livre arbítrio. Direitos que, assim, lhe \"êm do próprio Deus, Criador do Universo. Exemplos? Antes de tudo, o direito de conhecer, amar e praticar a verdadeira Religião, isto C, a Católica, Apos· tólica e Romana. Como tambêm o direito de não professar nem praticar outra religião que não aquela que, cm seu foro íntimo, cada homem tenha por verdadeira. Tam bém o direito de o homem constituir família, basca· da no casamento monogâmico e indissolúvel, e de que essa familia . tendo por chefe o esposo e pai, possa dis· por da educação dos filhos, desde que sem prejuízo para a ordem pública e os bons costumes. E igualmente o di· reito à livre iniciativa e à propriedade individual. E tudo isto porque a família monogâmica e indissolú•·cl, centrada cm torno do ''pater'', com o condigno respeito do papel da mulher enquanto e5posa e mãe, o di· reito de educar os filhos, o direito a praticar a religião que se tenha por verdadeira, o direito à livre iniciativa e à propriedade, decorrem da ordem natural das coisas: ordem esta instituida por Deus, e que ninguêm pode abolir. O Estado não tem o direito de agir contrariamente à lei de Deus. Aliás, se o Estado - teia.se Constituinte - o fizer, 5-0 poderá ser ma lê fico. Pois tudo quanto se faz. de contrário à lei de Deus Ccontrário à ordem profunda das coisas, Cnoci~o a essas mesmas coisas. A fonte de todo exilo C a conformidade com a vontade de Deus.


Inocência e civilização cristã

A

ll'iOCE'::,,:C1A chtlo u a constiruir, soboMnignolnflu.mdathilizaçt,o crisli. todo um clima espirilual no 11ual lmtl'Jilllm a, alma, ,,·,11óllus d~t qut 10ma,11m consdt'ncia dt seu ex l1tir ne,;te mund o. As crianças! Sim, 1-0brTtudo par,1 t lu pn,><,ura,11-cWpre>r.,,arumdi111at um • mbien-

ttimprTJR1dosdtrelldlomon1.l. dt purTta. dt t~11çl,o dta lmatdtman,·iJhoso 1-0brTnlltunil. Quando a crfança corlbP(lndi a i 11,nça, coloa,11-se t m condiçõn. dtpols. cnmo jowmecomoadulto.deprt~ r•11rem sla1io fimd1,·ld1tsse sLKodoe~piritoedamcn1alidadtcrislA1n.quei11inocfncbdealma. O santo rri lliis IX. dt ~.._nça, e• ,trg:inal e com, bati,-. H nta J 011 na ll'Arc, do utmplos C11nK· terhticos,tntrtoulrosqutnosofurce aci•·itizaçàotrlst A. Essa mtsma rontinuidadt na lnocinda f ad, mira, elmtnlte11 ntadapor S. n11Ttttzlnha,cm sua potila " 0 q11t f ll ama,,.·· (""Ct q~ j"amais""): ''Oh! qu tj'aime la snu,·tnanct l)n;joursbtnisdtmnnrnfancr Pour11ard tr la íleurdt mon innocrntt U StiJnt11 rm"tnto111'111011joursd"a mour," (1)

(Óh! tomo tu amo • ltmbnmça Dos dias btndicosd t minha inf:inda l'ua guudar a flor dt minha inocfn cla OStnhorstmpll' me ctn:011 dr amor.) Mrsmoquando.a1raidopelasstd uçõndo mundo.d aaornrrdasobtrbadt,·lda.o homrm dtsa rrilu,o da ,·ia rtla. aq uel a form1çlo qu e ll'Ctbrn, na aurOl'II de ~u ni.,rlr pnman«:ia no fundo dele próprio. acompanhando-o ac;ad1pusocomoumS11luta r ll'morso. t fll'qütnttmtnltlam bimcomoumauudadtt11ma tsptrançadtreslluni?o.

f.loqütnlflt5temu nh odtlalll'alidadtsh ulncon1,,·,i,manifr-taçõc-squtdtlarncontl'llmos n1ptnatl r mul1"sr...,,irnus.Querna potsia,qurrnapro,1-bn1sileirasou t> trangeil'lls - a iodo mmnrnro deparamos co m ..,.. minl ~fndas saml osas do, ,utfrs anos. •:m rspt dal d as 11bundam nos 11,ros dt me mória).. O lema r fflfimO c1,ssico na UltnUura, dt 11lmodo rorttSpondra um problema agudo dr a lma. \ ' h r u-o dr modo maramlt, por uemplo. o poeta Fnmçols Villon (!>« . XV), rir próprio ladriotassusinosacríl~ot qur,not nlanto. compôs 1ocan lrsbaladas11No!ósaStnhon1ptdindo pfrd:liodc,stuspeados.faprimtme-!11s a forç11d,talraçioqutntn:iasobll' t lt11Hudade d a lnocf,,cia perdida.

-

Quanl°' pradllffS ltoio. no úl1imo momrnaraça da ptrv•,rraoça final.ptlof1todrn iolftt mapagado inltiramrn1e - tm11lgumreao ntodc,u:.1:.1lma.ocul1oaosolhosdoshomen1- um fl'lltOt dcs• boc ado traço dr lnocf nda, obstinadamtnlt const-nado.contra ,~n,ose mark.. ptlaaçio maltroa l dr Nossa Stn hol'll? Í:fist' um ~ll'do dt Dtu,. ao qual ta h·rz lenhamos acnso nodi a doJuizo. Alndahojr.i,en:orrendon!rnossolmcnw Bl'llsll. os ""''llnistas da TFP nos lruem tt• ptn:u"6ts destt.. daq11elt..daq ueleou1 roq ut. ao"'"''" uma fotn da Sagl'llda l m1111rm dt Nossa Senhora df Fitlm•. 110 di~i~ll'm o n1andartt da TFP ou ao le1l'm al11um lrt'thO f' · ll"lldoduobrnsdol'rnl.l'linioCorrhdcOli,·tlra, rstll'me<:tmporlnlriror ste mocion11m. Por,ntt.>f m razi:101pall'nltmtntrproporcionad11. K p~m • chonir. Tocado no mai, fumlodf sua,;al mas.desptrta umll'Slodt in.,. 10. corttspondido i

cindaa ,.;e n1iio exi l11donrslemun~ ott,u luclonirioe m que •i•·e m~. f.porfsso qura Re>oluçiol{n•htlc,,rigualil ii ri a o5o só procura t.\lirparda a lmad ec,,d:.1jo,·emouaduhooll11trtstadainoctncia primt•ll. mas quer l1mbém banir completa• mr n1edoambicn1td11crlançacodos os rawl'l'> (llltpossamcon1ribuir1Jlll'll:.llimtnlar e dtsro,·oh'trtal estadodtll lma. Dai, pOrnemph a famigfflld:.l td~çio K >.ual para cri an ças. ~m como cer1os mftodos de ptda~ogia in fa nlil, pelos quais, a prete~to dt ll'llll\mo e cspon1aneidade, amp,ua-..- do horho n1emt nl11ldosPN1 ut nosaqur ladimtnsJo m11ra,il h05-lltttlesttda cria-tio. qutos pll'para para amua De us. Ampu1açjo muito maisKn,,·tt prtjudkialdoqut M" lht,ri,e:ssemcorta doum bl'llÇOOuumap<.'rn M, l'orls,o rcuam como um a mald içiio •• p!il1nas d t I\o>soStnhor: "Oquten,:-:o.ndaliarumdtsft'S p<-queninos Qutcrhm t m Mim, mtlbor 1/Jt fo,.quteStlllel)t'"dul"IISM•o,:N'SCO('oamó qutum asnuf:Jz1.il"llrtqueol•"f8SM•ofund11durnu·· (M111. 18, 6).

F.ss11,;ura:u'ir,;qutenos~,.,.,.,,.,,.n;;c,... ,·rra11ulumron10Jnf:ln1i/,ou1n,,.m11 /todlfuodido, ""OMenlnndnTambor"(Z),dt11u lor/11dtfunclsSc-ti111/,Ainspll"llf'Od0 aU/nr, l"1dtntcmenle.foilr11urid11nom11n1,·i//ruso 11mbltnfttullu1"11ld•cfri/itafincrii;1I. T1"111:0.•St dt um ron/0 mulro adtqu.do p•,. fif• i(H>Cll do ano. Qu/Stmosfitampi-lo .-om •·h/a1lsromtmnr.çót,J n11/i1/in•s.,,.n11jud11r ultilor a ,,.-n,.,,.,m11is11 fondo tm11/flodo tsplrllod11inuânel11crlstl.1a l romotlt ll ls• torlnimrnft ,;e m11nlftsfou. Ao ron10 H'flut m comentirim.,i5amJopl,rtmrt11ltt•l1u11sdos aspttros de lnocl-MI• fl"" nek se tlK'OO/l'lm.

O pequeno tambor

V

ivtuoutrora,bemlonge daqui,tánosdesertosda Arábia, um memno muito pobre. SuamAezinhahaviamorrido quandoelrnaaindabemprqucnino.tK11 papa1, quecra auardiào de um poço onde vinham d t'lsedentar-seoscamelosdo,·ilarejoeosdascaravanas.nunca fücradinht'irosuficitntepara comprar•lhebrinquedos. O 1uardiào do poco ama,.,, muirostuprquenofilho,epara quct'l!epudessedi,~rtir-secomo rodososmeninosdomundo,ele lhe fizera um tambor com uma pcledccarneiro,esticada sobrc um,dhoepeq11cnobarrilqucjá perdera seu fundo. CATOLICISMO -

Dezembro de 1985


O menino. a partir desse dia, nâoseseparoumaisdeseupequc• no tambor. To<,:ava-oduranlc o dia cnquanco - permanecendo r.cu pai jun1oaopoço-ckfica,-asówba tcndaquclhcsse.-·iadchabita-

""

Eteomcavaparaacolh~asca-

Fànoitc.cnquantonod=no seestcndiaosilfncio.omenino im-cma,-aascançõelõquccantaria nodiastguimc.acompanhandosedcstu tambor. Al11umashaviaqucerammui• tobetas! Ecm 1odac,;tensãododescr10,dcsdcomara1famomanha. opequenonãoeraconhccidoa niostrpelonomcdc ..omcnino do tambor" Certanoi1c... Certanoi1coshabitantesdodeser1oavis1aram no du um"- bem estranha esu-cla. Umaestrclaquebrilha,-amuito maiidnquetodasasoutrasesu-clas.equcpam.:íacaminharemdircçãoaopovoadovizinho,quese chamavaBclém.Anteesr.cprodí1io. as pessoas que haviamdcspert.adodciuram-seim-adirpelo pinioo. Sóopequcnonlo!C\--Cntedo. Essaestrela.quebrihavalábem noaho.crap0rdemaisbelapara traur algum mau pressá.gio. Parccia-lh~aocon1rário,queela sóhaviaapar«idoporquealgum famauspiciososepa.sarasobre E tomando seu tambor, oriequeno tocou cm homenagem à estrela. como sempn, fazia para aoolhnascara,-anas. Aestrclaaindabri!ha,-a.quandoumalongaseqii~nciadesombrasapareceusobaclaridadcda lua. Era umacara,-ana ,;orno ninsldrnalijamaisvira! Oi animais. ajaezados com ouro e pedras prcci0$as. ,aminha,-ammaismajesl0$antentcqueto-

CATOLICISMO -

Dezembro de l98S

d0$ 0$0utrosanimais. Es111·am carrcgad0$depcsadosfard0$.n,plctosdemaravilhas.Eeram1rCs Reis quc,inham à frente logo que o cortejo se dc1e>·c diamc dastcndas,cq...:o~ animaisha,"iamterminadodesed~ scdcntar,0$Rcisc:1plicaramàs pcssoa1,qucsecomprimiam cm tomodcles,quejáhámuilosdin e!C'i esia,·am a caminho. Ha,·iam~istoaestrela,lálon, ge, cm suas morad_as disian_ics. e ha,-iamcompreend1do-po1Squc elescramMagos-queclabri\havaparasuiá-losa1o!ocstábuloondenasceraoi\leninoJcsus. Opequcnomeninodotambor nàoeraumsábiocooioosMaaos. elenãorobiaqueesseMcninoJesuscraoMcssiasanundadopelosprofetas,mascleescutl\"~com lodOSO$SCUS0UVidos. Eclcseemocionava6idtiade quecsseMcnmocradctalmodo pobr-c.pobrequ~porfaltadcbnço. tiveram que recornl-lo na manjcdouraondccomemosbois CO$il5nOS. fülizmenteos~le,,a-.-amconsisoouro,inccnsoem,rra,eera paraprncmei-Lo. Opequcnoiambor.elcpróprio, teriadesejadoir,·eresr.cMen_ino JC'ius,cle'>'ar-lhequa!querco,sa. Mas. .. clccrapobrcenadatinha para ofc-m:cr. Repentinamente o pequeno pcnsoucmseuiambor. Porque nãoiriaclctocarparaoMenino damanjcdoura?Porquenão!ria eleofcrecer-!he.emnomedetodososmtninospobru.amais~ la desuas~nções? O pequeno partiu com os Rtis pelo caminho de Bcltm. Elogoquceleschegarnmdiantedoes1ábulo.logoqucdcsep6s acamarparaoMeninoquewrriaentrcoboicoasno. .. começaram anjos fazer-seou~ir. cantando eles tam~m para acompanhá-lo!


Comentando O wmo ap~nta-nos um mcmno órfão de mãc,viYcndonae:onrcmapobrua.ecujopai nâopOderiaterocupacãomaishumilde:guardiiodeum poç<>nodcseno! Entmamo. note-.

se. nloh!nopequenoncnhuma~·oha.Os

,.

vn11os'"progressis1as"n!lohaviamsopradopor

An1jenhosidadcdoamorp11emoé1ocan1e. Não o~ mmos a alegria do menino em p(>$• 1uirtiopouco. Ainoc!ncia nãoprms.ade muimsbnsparascrfefü.. Reconhe~.cmtudo o que

tem, um dom de Deus. \'ohada para

os,·alorcsdoespirito.clapossuiuesirelasdo ctu,aimeMidadedodescrto,obrilhodosol E ÍMo lhe basta

Em=~-1equericascaravanaspassampor lá.Omcninonão1eminveja,nAoes1áazeda-

dopelasfcrmenta<;óesdeprctensosdirei1oshumanos, suaalma~virsemdeespiri to rc-,·olucionário.Eleasacolhcaosomdescutambor, com alegria. Percebe-semesmoqueachcgada de uma cara,r~na t para de uma festa. Gosta de comempl:1.-las como a alao d~ muito maior do qucc le,cqucotransccnde.Eletinocen1e. A inoâncianãoéestagnada. Ela tcriativa. Aal,Tiain0çcntetendcaexpandir-se,aC(lmunicaraosoutrosaprópriaale&ria.OmcninotorompositorcointtrprnedcsuascançOO. AD mesmo tempO ele sabe comprazer-se em qualquer parcela de bem. como em qualquer pcquena ful&u~ do belo. Não estâ embotadopcloprazerdustiC(lca,-asi.aladorda sensualidadcdesrearada,ncmpclo,·i nhodelirantcdoamorpróprio. uma irradiação própria i ino«ncia. que nloéar1ificialcomoaproduzidapelosmeios de comunicação ,social. Ela se propaaa como owmdossinosdcumaiarejadealdeia.quc seestendepelocamp0afora,despmensioso, alegn.ndooC(lraçiodosbonsepcnurbando os que tramam o mal.

H,

Enquanto aalma1rivial move-se em função desimesma,ju laaascoisasapcnaspclas ,·amagm1 ou desvamagens que ehu lhe podem trazer,h:i.u masabedoriasuperiordaalmainocente feitaparadiscernir, logoaos primeiros indícios,obemdomat,obetodofeio,a,-crdade doerro.Elasente-secon at uraleafimcom 1odobem.todabelezaetoda,-cnlade,aomesmotemp0quesepcn:ebchetcro1!neaeop0staem relação a todo mal, todo o horrendo e todamemira.DaítamMmarc--'Cr'Sibilidadeque omeninodotambor notaentreomundodo beloeomundodobem.Seaestrelaera"por demaisbela"',e!asópoderiaanunciar obem. Esse é o movimento primeiro da alma inocente. Outra roisa - esta mais dificit - t di.scernir aquiloqueé,-crdadeiramentebelodaquiloqueaparentasf-loenãooéOdemõniopodet ransfi11ur1.r-seemanjode luzpar1.eng1nar. Mas tambo!m aqui a fidelidade i inoância. lC\11da até o Uhimo p0nto. t de molde a rooduziraalmaaemrequintcdeperttpÇão. Mai1 uma ,-ezo menino coloca-se ante uma m=ibilidade. Toca com emusiasmo para acolher aquela m&J11ífie& estrcla quc ch.ep. até ele dofundodamis1eriosanoi1e,romo1ocapara ascanr.11nasqueassomamdofundodomis1eriosodese-rto.Eletoúnico1fazê-lo.enão se importa com o medo dO'l cin:unnantcs. Não pororgulhO.m&spOrestardeposstdeuma

cenez.a entusiasmada que brota, bel a como umanor.datcrradadiwsaeboadesuaino, cência. Osmistériosdanoiteedodcsenoparccem ter-seconjugadoparaproduzirestan0'111ma• ravilha.Noüllimorastrodeluzdaestn,Jamilaarosa,delineia·seuma longaseqii!nciade wmbras.queaospoucosvai11anhandonitidc1..até1uraircomoumaesplendorosacaravanadcn,il.Etaisl-ãoes.sessoberanos.que mesmoosanimaispanicipamdc sua riqueza emajes!Mlc.NOS10pttjUCno,acostumadoemboraa,-crtodotipodecara,11na.s, ficacx1asiadoem face desta. Nunca ,·iraiaual! A alma inocemeparccenãoter limites. Quanto maioragrandcz.aqucdiantedelaseapresen1.a,malselasedilata.Nadaaapequcna:elanão comparasuapobn,z.aàquelariquez.a,nemsua pttjueneziiquelagrandcza. Elasimplesmemc admira. E admirando, aquela superioridade penetranclaeaenchedcgáudio.Elasetorna semelhante àquilo que ama. Édehciosaacenadealtosepodcrososreis cxplicandocomtodanaturalidadeaopovinho miúdododesenoafinalidadcsagradadaquela caravana.Osrcisniiol-ãoorgulllosos,nãodes• prezam,pelocomráriosãoafh-eisebondosos. O povinho não experimenta temor, não se scmeesmagadopela prcsençaddcs,pdocontr:i.rio, procura-os, aperta-r.epara v~-loseouvilos. Evidentc imagcmde uma civiliuçãocris1ãidcal,transplantada.noconto.paraosdesertosdaArábia.Lembra-nosSãoLuis,sobo carvalho de Vincennes. julgando bond0:l3ntente seu povo. Reis e po.-o cncontram-se unidos cmfacedeumacenaqucossupcracostranscende:onascimentodoMeninoJesus. Entre os que ouvi am os reis. no»o peque· noesta,'ilespecia!mente arrebatado. Aqueles reis,qua.sefruto domilagre,surgidosderepcn, 1edanoite,emplenodeser10,prccedidosp0r uma estrela quase di,ina, falam de um Menino. E um menino ainda mais pobre do que ele. Pois,afinal,elealndadispõedeumatendaparaprmeger-sedofriodanoiie,deumpedaço dclonaparaestendersobreela5CUcorpinho, eatédealgumas1âmaraspararomer.EaquelcoutroMeniooroirecostadonaspalhasdc uma manjedoura de animais. por nada possuir.Nossopcqueno,quenloin,-cjouasriquctMdosreis,apieda-seeseenternccecomapobrczadoMeninoDeus.Oh!asriquezasdainodnda ...

Consolou-o o fatodcqucoMenino Jesus seriapresenteadocomouro.incensoemirra. Nemlheocorreudcsejarparasiumapartedaquctesrcgalos. Elen!lopensavaemsi,pcnsavanaqueleadorávelMcoino. Tanto pensava. qucclcqucriatambémir,'C-lo.lC\11r-!hcalguma coisa. E, - ó dor! - pela primeira ,ez sua p0brezalhepesou.Nloporsi,nàopelosofrimentoqueelalheocasiona,11.masporquecle nadatinhaaofereceraoMcninoJesus! Como um raio que ilumina o ctu em plena noite.assimemsuamemeinfantilsurgiualcm brançadeseutambor,ducançõel;quecompusera. Eram todasuariqueza.Porqucnão ada1?Claro: Eraoóbulodaviü,-a.Abandonouele1Udoquan1otinha: atenda, opoço. alonaeastimaras, Deixou seu próprio pai para ir ,-cr o Menino Jesus. Aquilo que o moço 1ico mais tarde se ncgaria a fazer, este mcnino pobre o fazia na atearia transbordante de umaa!madesapc1ada,oferecendoas1;imao Deus Menino uma reparação antecipada.

Eali,antc oestábulodeBelt'm , cnquamo tocavaseutamborparaalegraroDivino Infante, Nossa Senhora pediu para o pequeno 1ambor-eelerecebeu-aquclarecompensademasiadamen1egrandepelaqualsuspiram osça1ólicosdetodasasépocascdctodasas idades: um wrri!,O do Menino Deus. E os próprios anjos, vendo tanta candura de alma naque!epobrcmenino-tantaino,:;ência,refle110puroelamesmadatnocinciadaquclaou1raçriança,àqualhomenagca,11-misturaramsuasvousan1tliçasàvozinfantil,num k)cãntirode lou•'Or. E Nossa Senhora. bem baixinho,demodoaSCTou,·idasôporseuDivinoFilho,~us.surra,-aamesmacançlo.Aioochçiacriada,emstus,-:1.riosgraus,retribuía assim,ilnocérocialn,;riada,Seupreci050dom.

Gng6rio Lopes (L)-drSU. Tilmotdrl'E,11--.C::-F,..._ ca,19'1.p.lll

\if''"n,.,...,Dnlb<>ur:Ecl.Caueman,Tou,ll&i,8élpc;I.

CATOLIC ISMO- Dezembro de 1985


GENEBRA: marco de uma nova "détente"? U MA CERIMÔNIA pública de vinte mi11utos e uma com1:rsa ripida com jorna!inas

-pelaprimeira,·ntransmitidasaovivopela televisãoruua-encerraramnodia2ldcno,-cmbro p.p., rm Genebra, a mais esperada reuni lo da dtcada: o encon1ro ReaganGorbachev.

Trb mil $Oldad0$ SUÍÇO$ em roupa de campanha e totalmente equipados, mais miJ e quatro«ntos policiais. altm dos serviços cspcçiai!

suiço.amcricanoesovitlico.constitu!ramo aparatodesegurançaduranteosdoisdiude m.iniãonocuteloFleurd'Elu,localizadoem Ge!lebra,cidadequetemsidooctnliriodecon-

ffffflciasimm1acionaisdesdeos1rmposdcCtAs tlis malorn cadeias de TV noneamericanas - CSS. ABC e NBC - dispenderarn maisdetrk m,lhõesdedólarespara

trarumitir o acontedmento ao públioo da maior potrncia mundial. Assim. milhões de laCATOLICISMO -

Dezembro de 198S

rcsamcricanMforaminundadoscomimagens deGorbachevsorridenlc,brincandocomum Reaaanclaramentereceptivo. .. omcsmoquc, h.tapcnasdoisanos.,qualificavaaRüssia50viética de lm(l<'riodo MaL O püblico 1clcspectador mmbém pôde,-er as primeirai dam.u norte-americana e russ.a lançarcmjunt115apcdrafundamentald0Muscu da Cruz Vermc,lha. R.aís.a - coanominada pcla impren.a suiça de curina vcrmc/lla prcgou.naoçaSião,abuscackumalinauagem oomumcntreosregimcsoomunistaccapi1alista,porquca-vida,asaUckcofu1t1rodallumanidackeic1.loem perigo; tudo cm meio acalorosos cumprimcn1os c oordiais rettpÇÕCS. como se este encontro fo= uma ,-ersào frminína. dc canitcr $0CÍ.al, das con,-ersas (dc rnuuma política) mantidas oonoomitantcmcmc por seus maridos. Scgundoaimprcn.a,11-:,.,,1va-secntreamba$ uma guerra de estilos (style ..-ar), paralela à

chamadaaucrranasemclas(star..-ar),oque scprcs1aaevidcntctrocadilho. Ocani.terdescn,-ol!ocpolídodcGorbachcv, aliado ao pretcn50 charme de Ralsa - que acompanha • ühima moda de Paris - mercccram dcstaqucs da imprcnsa, como se cstivésscm0$ em face de uma nova Rússia, rccém''con\.fflida" ao estilo dc vida ocidemal c, por1an10, mcn0$ a&ressh,1c pcrltosa ... Na1prescnt1çio~nN--look.comunisll,&imprcnsadcscmpcnhourclc,.,1ntcpapcl. muito 1cmpo antes, os meios de comunicaçio f()("ial Jusei1aram e nu1riram apectativasdc1oda1ordcm$0brcor.-emo,cuj0$prcpara1ivossccsienderampor quinze meses. A.Rú.ssiatoubeavaliaroalcanccpropagandis1icodeua mis-n-scine. Anim, cm novembro, o "NN- York Times" e o "Washington Post" publicaram lon1M artig0$ - um deles, de p.ta:ina inteira - de autoria do ehcfe do E.11ado-Mainr d115 Forças Ar-

J'


melho.inspirou.como!Csabc,asucciloãode malogrosnapoliticanorte-amcricana.dcsdc 1945 ,:,n v.,Jia (Quando Roose>~h comcntiu cm queaRmsiaocupaMCmctadcdaEuropa),passandomaisrcccntcmentcpelosacordosdeli· mitaçlo das armas csmuigicas (SALT [ e SALT li), os quais deram nítida ,-an1agem nuclear a Moscou. no con1c:1to da dcsas1rosa po· lilicacapitulacionistadcCartcr,dequcsebc· neficiaram largamcntcossO\·ié!icos. Porisso.cspccialistastememqucareunião dcGcncbratenhareprcscmadoum rmmciro passorumoà, ilusõesdopassado,quetanto ansustiaramanaçãoamcricanaeomundoli-

Reagan na sen da de Carter7

Nancyflllp:l1Ra111~~~·

Plllfllpn Dclomadl "dctensio·coaooer,, Genellra

madas soviéticas, Akhromye11, defendendo as tesesrunassobrcasarmasnucleares. Asmatérias foram pa1as pelacmbaixada russa. Rea1anpleiteoui1uald ireitodeocuparespaçona imprensa soviética. Como era de se esperar, não r«eNu -po•aa do Cremlin

Quebra das ''barreiras p sicológicas'' Transcorreu,assim,oc-,-.,ruonumaa1mosfmiqua!ede"acitaçlo~ publicitária;mas os rtSultadosconcmosforambastamecsca.s.sos. Nooomunkadooonjuntonni1idoap6$oencontrodc(xnebra.nlo!ealudeaosconílitO'i regionais estimulados por MoKOU na América Central, África. Orienle MMio, Afeaanls1ão e Sudrnc Asiático; tampouco ao crucial problemadasnaçõescati,·as. subjugadas pelo comunismo,nol.esteeuropeu.Sobreaescanda!osaviolaçãodoschamados""direicoshumanos"{entreosquaisapráticadavcrdadeiraReligilo) na RUnia, nem uma W palavra. Nadadcpositiw,igualmentc,foidecidido sobredcsarmamcmonuclcar.aforaupro10colarcsmanifo:s1açõcsdcboavo111adedeparteapanc,consubstanciadasnorciniciodomlfegoatrcointernacionalcmn:asduaspotênciuenapcnpectivadeumnovoencomrode cúputaparaop~imoano,quarnloha,ffltroca de vi$i1asentrc Rcagan e Gorbachcv. De quem a vitória? Oclimafrancamenteamistosoreinantena ocasiftodetcrminou.semdúvida.umamudança de atmosfera no relacionamento entre os doispalses, fazcndoviràmcnccoes1adodc espiritoqueinspirouadé1ente, tcrmoquepa«da até há pouco !epuhado, cm função da ma~con!Cr.·adoraresponsá,-.,lpclaas«nslo de Reaaan ao poder. cm 1980. Ora,talmtmalidadc,carac1e1izadapeladesprc;.·ençloebonachciriccdiantcdourso,·er-

Sct:,..rd.adcqueReaaanpmcndccominuar de!etwolvendooproj01odccscudocspacialan· timiJ.SCis(podcro\aarmadefemi,·aquccon1rariafortcmcmcosplanosdeMoscou.como Gorbachcv tem ressaltado inúmeras ,~ics), por ouiroladot:mui1opreocupamecons1a1arquc cssainílcxibilidadtnonc-amcricana nocam• pocs1ra1t:giconão1emcorrespondcncenotcrrcnoeconõmico. Exatamentcosetoremque osrussosseencontramnumasituaçãocritica. como demonstra o artigo Imprensa so,Ntka jlimloocullaca"nciacdcsordtmna=nomi11ruSS11.publicadonacdiçlodenm·embro de""Catolicismo".Éincomprecnsívelqueessa crise. =onhccida pela imprensa SO\iélica. não !Cjaap=-citadapcloOcidenteem ra..ordas ,ítimasdocomunismoqucanseiamporliberdadc. Bemaooontrário,parc,ceserumaprimeira conscqu~nciadono..-oo:stadodcespiri10,dirundldoapartirdc'xnebra.aretomadados emplnlimosbancáriosàRússia,porpancdos principais bancos norte-americanos. Comcfcito,semasolenidadcouospronundamcntos públicos que freqüen1ememe acompanham tais tram;ações, quasc na surdina, quo-

iro dos maiores bancos americanos - o Hm Narionallliln1'ofChicaso. o MorganGua raml.oBankn-TrusrcoJr,·ingTrus/-cuma subsidiárialondrinadoRoya/Ban1'ofCanada firmaram acordo pelo qual cmprntarão mais de~ milhões de dólares à Rússia. a juros muito bail<Ol, para !Crem emp«gados na compradccucaisamcricanosecanaden!CS Essesbancoscstãocon\"idandooutrruaparticiparcmdocmpristimo. Ora.estaúnicatransaçãosupcraototaldo débito soviécko com bancos americanos. de 121milhõe,ded61ares,,uspei1andobanqueiroseeconomistasin1emacionaisqueempris1imosaindamuitomaioressãopro,.-a,·cis. Tal probabilidadeéoquecausama,oraprttnsão. porquanto as cifras admaenunciadasainda sãorelmi,-amc:nccpniuenas. EssapoliticaédemoldeafortalCCCTocomunismo, no .-xato momento cm que ele mais nc«ssitadoscridicosocidemais.. Cau5apasmo.porcamo.queSC'jarccnce1adacomos1,0Viéticos.emarandccscala.ainfc!izpoliticadecolaboraçãoccon6mica.com ocnviodecereaisefinanciamcmobancário a juros bai~os. quando se sabe que tais facilidades haviam sido cotai ou parcialmentcsupmsasem!979,peloprópri0Car1er.comore presáliapclainvasãosoviéticadoAfeganistllo. Depoisdc1antoscrrosca1astróficoscometidosporg0\-.,rnosantcriores-dcsdeRoosc:-

,~lt atf Caner -, t desconcertamc essa recente

mudancadapo<;içãonorte-americanacmrelaçãoa0Cremtin.A1calami1osasconscqiiênciasdoreg.imedc"'toexist!nciapacifica"eda Hdétcn1c'·pareccmnão1erscrvidodcliçàopara aamaladministraçàodosEstadosUnidos. Tal acitudcfazlcmbrarafrasccomquclàlleyrand quatificavaoestadodce<píricodOlicmigrado,. apósaRcstauraçãodosBourbonsna França. no início do século XIX: Nada aprenderam. nada esqueceram .. Roberto f"a/cor1íeri

Discer nindo, distingu indo, classificando...

Olhai os lírios do campo... ""OLHAI OS LJ°RIOS do rump0 romo crescem; eles nào lt"tJlxilham nem fiam.

t.

tn·

1re11sn1a. digo-,·os que nem 5',lomão em toda a .ma glória se ,·es1iu como um deles." (Mt.

6.2829). A poesia contida neste pcnsamcmo e de uma beleza sem par. Ao 1e-10, cem-~ a imprc,são de sen1ir o perfume for1e e agrad.lsel do campo.'11.drnira·1e a 1lória ("itraurdinà ria de Salomão. cm suas ~stimentu de púrpura e ouro, mas é-<e atraido, sobretudo. pelo esplendor do lírio cm 5Ua alvura e simplicidade Urio para o qual Deu\ olha comprazido. e na Su11, munifkênda o >'t5lc com um tecido suncuoso, que a mão humana nlo sabe tecn. Não e preciso que ele trabalhe nem fie. Deus cuida dele' Quanta riqueza de ensinamento nesta simples fl'be de Nosso Senhor! "lum mundo cm que o espírito sociahsia elC\'OU wbrc um pedeslal o trabalOO, e o in<.'<:m,a como se r - um dcul, esse pensamento de Jesus é como a bri1,1 fr=a da manhl a acarkiar nc»wrosto. Ele nos fucsqucccr por um momento a corrida louca dns profi"ionais da estatí>cica. apos1andopara,nqualconscsuenosconvencermaisprofundamen1edequconúmero dcd=iprcgadoscresce;amassaaterradoradasnmiciastenden,·io1,1<.ano,inculcar que o flagelo da fome sc lewnta como um fantasma wmbrio; a ;uperprodução de 1eorias marxistóidc:s, a aaltar o 1rabalho como a principal fome de dignidade humana; o movimen to frenético dos clirigos esquerdistas, a coaxar ncnosamen1c e sem ccs,ar que otrabalhadormanua!iumexplorado. porquch.lquemtcnhamaisdnqucclc. A todo ts!C dcs\/llirado clamor - sopr~do. dia e noite. pela~ tuba, da propaganda - que procura inculcar falaciosamente, acé nru subconscicme1. !trem monmm todo~ os que não pcncncem à classe d"os trabalhadores manuais; a toda essa orquestra.:âo. enfim. de um mundo sem Deus, a mclhot rc;pos1a é res;altar. como o foi r.osso Senhor Je,us Cristo. q~ o mais importante não é trabalhar nem fiar, ma. amar a Deu\ ,;obre toduascoisas.Olhaioshriosdocampo?

C. A.

CATOLICIS~IO - D<,zembro de 1985


A REALIDADE, concisamente: • Cef'Cll de 1rinta mil crianças aítt:is foram d~nadas para a Rü,sia nos Uh imos uh anos, conforme denunciaram. na Dinarnar ca,dirigen1csdomo,.imen1oafeg.loden,5inênciaan1ioomunista. Batinshah Safi e Sayd Majrroh, ex-pmfeuorn da Uni,-.,rsidade de Cabul. acrescentaram: "Os ruuos nào ~ limitam a ferir ou assassinar crianças, lançando brinquedos minados sobre as cidades afegãs. Elesdeportamedo1.minamcriançasdednooaquatorze anos, para transform;i-l.u em combaten1n i-onlra ~u próprio po-,-o~. As comissões de dín,itos humanos do Ocidente. tão ciosas na defesadalibtrdadeparacomunistaseterroristas,parecrmdes.:onhe.:crmaisessecrimebrutalpraticado))flossoviéticoscomraindefes.ascriançasafcgãs,;ub1raidasaopátriopodcrc"rcrdu<·adas"

pdoscomunistasnoódioàsuapáuia. • Os ,·erdadtlrosca1óllcost~tào ,·ol1andoi.ica!acu mbas na Ni. caráguasandinis1a ... Eisumasi1uaçãosemelhameàda1infclizcs nacõcs de além Coriina de Ferro. Saccrdotcsintcrrogadospelapolicia(à.!,ucscspancado,).membros de anociações religiosas citados para d~r em situações rnm1rangedora1, católic01i pe~guidos no dia-a-dia. numa 1emati\'a ,·à dccsmagara,·crdadcira Fé:csscéoperfildore1imcsandinis1a instauradoanosaull.scom Oitensi,oedccisi,oapoiodascornunidades cclcsiais dc base c da ''esquerda católica·· em geral "Ébomquesemprthajaigrejasparaos,'("lhinhosqucqucrem irrczar"-comen1a.comirl'C\'("rtn1cironia,umdoschcfesdego,-erno,Ba)-ard0Arce,duramereuniiocomjomalistas.E0Ministro do lmerior. Tom4s Bo<1c, "justifica"". cm cmmista =ente. a pcrscguiçàordia:iosa: "A lareja não dispara bala!.. ma.,;dispara idéia.s". Confissão a~rta de fracauo: o regime não persuadiu os fiéis emfavordaesqu~rda. Por isso. 1cn1anlsiknci4-lospclaforta! É o,-ethodilcmamarxis1apersuasAo~rcpre,!-ão,1ransplantadopara ainfeliz naçto~n1ro-americana

• O PC da Alt manha o!'M'ntal t.wlora a o:scassezdc bens do consumo no pais ofcreccndo, por mcio dc uma firma própria - a Gcnc.i su~içode Prenntes -. os artigos que o regime comunista niio consegue produzir. Um autom6'-el, por exemplo, t, para o alemão oriental. um wnho que significa uma cspcra dc até 14 anos. Masseacompraé efetuada airasés de encomenda à Gcncx, e o preço~ pago em mar· cosocidentais.aesperapassaaserdeapcnasalgumas,;c,manas. Também motocicletas japonesas (~leu los que um habitante da Alemanha comunista só conhece nos filmes) são oferecidas nos catá· logosdafirma.Nes1ecaso,qucmdáoprcscmeprccisascrduplamentegencroso, porquepajla.alémdopr<:çorcaldoproduto,o lucro da Gene.•. Desse modo, o rico Es1ado alemão-capnalista financia o dn1.11roso pro1e10rado comunis1a do Les1c que, graç1.1 a tais "gencrosos"subsidios.,111imantendocscraviudasuainfelizpopulação.

• Edaqunnm o pai, mu fonm absohldm per.mie a Câmara Ju,-enit do Tribunal de Munique. os irmãos Stcfan e Michael w;. su§dril,de 19e20anosrespecth-amentc. Umadaspcritaspsiquii.1ricasencarregadasdcanalisarasmO{i,-açõn do abominável pilrriddio, Elisabeth Mütlcr-Ludunann, formulou esra "C;(plieação": o pai, ,r.1,·cmemc neu!Ófico. mantinha a família sob hermética ttdoma de vidro. causando cominuo s1res.s psicológico.Porisso,'"umaou1r.11so/uçloqucnJofosscocrimc não era irnagimfrel p.ar.11 os te'us'". A id~mka conclui-ão chegou o prof.WerncrMendc!.psiquiatradcMuniquc. Admitir como plausi,·el e lejilimo, il luz da psiquiatria. que um filhoassauincoprópriopiiiporsernteneufÓlico,risumaafir-

CATOLICISMO- Oetembro de 198~

mação que contunde o mais elementar instin10 filial. presente até nos animais! SOmeme depoi5 que o hedonismo ntopagão, o em bot.amcn10 do senso moral e rtli1ioso e o horror a todo sofrimcnto chegaram ao clímax cm nossos dias, coroou-se possi\'("I formular jus1ifica1i,-a.s comonta!

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• "Nlotenhonenhumaobjeçtopessoa l auprojc toroch11is1a". afirmou o Bispo de Ha"ana. Mons. Cespcdes. em declarações a ''l.:Huma nité", porta-,-oz do PC francês. Após umae1pantosaeeloqüen1capologiadotiranodcCuba. uma ressalva apenas: Fidcl t arcu. cu sou um homem úc rr (sic). Depois. uma sinsular queixa: "Os carólicos dc-'Criam tu o direito de participar da •·ida polltica do pai$, e e.tcn:cr normalmemc qualquu tipo dc arfridadc. inclusi<'C fi!Íilr-sc ao P:mido Comunis1a". Quepcnsariadiuoa,éri,cnormedemárlircsca1ólicos,fuziladosjumoaosinistro ··paredón" porscrecusarcmaapos1a1ar da Fé cm fa"or do comunismo? • Os Prínclpn dt Galts, Charles t Diana. cm ,isita a Wuhing ton, foram entusiasticamente recepcionados. Capas de "Time", "N=1.,.'Cà","Lifc'',"l'eoplc''ecentena~deou1raspublicaçõcs, indusi,-.: a primrira p4gina do "'New York Timn". cons!itucm ai amu =plm caraci:erísticos da ,-asta cobertura que a midia nortcamericana conecdeu 10\'\'("n!O. Discussõesem1ornodaelcglncia ou d cseleaAndadcchapéus c,-cstidos,oudoscorl\-"idadosparaumjamar,ocuparamtoda.,;as atenções. nos joma,s e na TV. Dezenas de milhares de pessoas concnuraram-scnosarrtdortsdaBascAéffadeAndrcws,nalcn1ali,-ade,·eroherdtiroda Cor<» britlnica e sua esposa. O imernsc pelos hóspedes de Rea,an e Nancy foi tal. que a rt· visia '"Life" consagrou 21 piginasde umacdiç.lopara esmiuçar todososângutosda,isita. HThe New York Timn" J>ClllUnll como um casal sem poder político, com uma fortuna que certameme nào faz in,·eja aos miliomiriosamcricanos,podealcançartantob;itonos81adosUnidos. Ecxplicaqucosucnso~causadopelorccncon1rocom a tradição - Imagens de nplendor e requimc que deslumbram, cm COntra5tc comarotinabanaldenossosdias...

• Um ,-adt•mtcum pano asplnoniu I nnlbais é Mr-sd/er no Ja. pào:'"KirinoNal;.a"('"Na 8ru ma··)iothYlodol ivro,quejá,·en· deu 300 mil exemplares! O autor, lsseiSagawa, perpetrou na França, quatro anos atrás, um crime hediondo, amplamente noticiado pela imprensa: violen· tou uma jm-.:m holanóesa, matou-a e d\'\'Orou seu cadáver. Tendo si do cxtraditadodaFrançaparaoJapão,asautoridadesoint'<na· ramnumsanatóriodedocntesmentais. Recém-concluídos os exames médicos, foiconsideradopsiqui· camcnrc normal. Em li~rdade. pretende ,oJtar a Paris e posteriormente visitar Heemsied, subürbio de Armsterdili. para cncontrarse rnm os pais da moça sacrificada. DurantesuaC$tadanosanatório.Saaa.,.-amantc--ecorrespondênciacomum rcputadocscntorjaponk,JuroKara,sur&indodcssc canriooliwo,quenarraalonga premedi1aclodocrimccseus pormenores. Oautorafirmaqueaantropofaaiaprackadaporelecomlstiu numatodeadoraçlo.umcuhoreligiosoilnamo1111da,inteiramcn-

::r:::::~-e;;,!~/

~:j~0:::i~~:f:o:cl~;.~:i~!s:~,:';;; Saga"'-a manifesta. ainda. intenç.lo de uansformar cm filme o

5atãnico episódio, satisíenocom I receptividade: alcançada pelo li~ro

juntoaop\Jblicojapone$. Quandoumasociedadcabsor.-ecom naturalidade pcr.'Crlidos dcsses!nero,pc11unta-scoquemaisapodmideternarampaparao abismo final.


A

DECADfNCIA ~liaiosa e a1 con,;,:qüemcs l111 ... intemas dos ~inos ,·isigodos cstimularam os muçulmanos a invadir a ~ninsula lbmca no ano dc 711, subjugan~ qWHC kmenoontraroposição.Osca1ólicosquen;lo queriam ~frer submelidos aos infi~is refugiaram-scnasmontanhasasturianas, de onde o Rei Dom ~layo iniciou a Reconquista, com ..spedal auxí!io da Samissima Virgem, apartirdamilagrosabatalhadcCm·adon1a. Da coragem na~da da fé e do milagre, com que Deus assiste aos que nEle ;,&m toda a s\l.il confiança, começavam assim a formar-,;,: os IIO'VO•~inos,qucdariamorigcmàfapanha caPortupl. No ano de 844, o emir de Córdm'll, Abderram,n U, cujm dominios rodeavam afronteirasul doRcinodasAmiriu, exigiu do Rei Dom Ramiro um tributo infame: a ent~ga de ccmdonzclas. afron1aquc0Reirechaço11oom indignação. Ochefemuçulmanoim'lldiuentãoostcrri, tórios fronteiriços. dc-.'lstando,os com um enorme exercito. Dom Ramiro ~uniu os homens quc pôdc c saiu dc enoontro aos rnaomC1al)os.PouooaosuldeLo1rono.noscamposdcAlbdda.dcu·scoprimcirochoquc,no qua!DomRamirofoidcrrotado.Ocairdanoi!c separou os dois ex~rcitos. e o Rei cristão retirou·SCparaosmomcspróximosdcL.aturcccCla,·ijo. Afadigaoca.sionadapclabatalhaeragrande.Porém,oqucmaisoprimiaoo:ércitoçristlocraaim:crteadoqucsu«derianodiascguinte.

Santiago e a batalha de Clavijo AlgumtempoantesdeskSfatOJ,duranteo rcinadodeAfonso l l,Joberanoda.sAstúrias, v.i.riasvezesscavistara,numcampodaGali· da, certa luz marnsilhosa, como a de uma es· m,la,enquantoscouviammúsicas,ub!imes. O Bi,poTeodomiro 1oorreude Iria, a,·isado porumemnita.tendoenoontradonolugaro scpukrodoApósroloSioTlqoMaior.cujo oorposagradoscusdiscipulos ha~iamtramladadopormar,apósseumartírioemJcrusa· !mi. YciotambtmoRci.quedecidiuconstruir umaigrejaparahonrartãopre<:iosareliquia, íundandonaquelelugaracidadedeSanriago de Compostela (do latim Campus S1el/ae, Campo da Est~la). ComeçaramlogoaspCN:Jrinaçõesdosfiéis. tornandofamosoaquelelu,arattentãodcsoonhecido.OApóstolooomcça,'lll.5.$irn11ma nc,,.'aeeficienteprqação,com1tacasemilalRS que favoreciam os que acorriam ao seu kpulçro.Era1ãoeficazaintercessãodogloriosoApóstolo,queSanüa1odeCompo,tela scconvcrtera,juntocom RomacJerusal~m, numdoslugaresdepi:regrinaçãomaisvisita· dos da Cristandade. Tudo isto ..S!l''I posw em risco com a in1,,:s1ida maomctana. e pcndcme do rcsultado da iminente luta de Dom Ramiro. ORci,jârctirado.acha1'1-senurncstadode soporccansaço-dizacr6nica-quando tC\'Cumaapariçioquclhtdissc:~SouoApóstolo de Deus. São Tiago. Quando Nosso Senhor Jesus Cristo distribuiu as provincias a meus irmãos Apóstolos, encam:1ou,me da tutela e protcção da Espanha". Prometeu a vitó-

,o

riaparaodia,;cguime.a<»t"gurandoque oaju darla,montadonumca,'8.lobranco.llimbtm ordcnou-lhc0Após1oloquefun.dasse11mami· Ueia (ou Ordem) de Ca,.,kiros a ele con1J1gra da,quedc-.-eria1erporinsigniaedinintivoa çruz-espada ,-ermclha. Afirmou que scmp~ ooncederiaajudaevi16riasàqucl..sguerrciros. osquais,im·ocandooseunome,seriamoterrordoinfernoedosinimigosdaft. Favor1:l.oinsignefortalcccueanimou0Rei. quenomcsmoinstantecomunioouàstropas a aparicão do Apóstolo. bemoomosuapromessadeimcrvirna batalhaeoonceder-lhes a vitória. ~lamanhã,nocampodeC1a,·ijo,ashos1escri$tã.sencomraramo5mourosc. api:nas começado o entrechoque, o firmamento incc,ndiou-secomosfulgoresquesaiamdeum ca,'llleirosurgidonol'.tu:eraoApó!loloSiio Tiago.montadosobreumcl'·alobranco,rnm aespadadesembainhadanamãodireitaesu5· tentandocomacsquerdaumestandartetamWmbranco.noqualfigura,'lacruz-espada •-crmclha. Com os olhos voltados para as tropa~. pareciaanim:i,las. oomunkando·lhesumfe.--·or sob~natural. A~im estimuladas, elas im·es1iram comra o inimi10, ao 1rito dc "Diosayuday Santiago". llimbém os muçulmanoi vi ramoApóstolo,infundindo,lhesesteumterrortal,quclhestirouuforçascosconfun diu. Os que puderam, fugiram ..spavoridos, deixandosctentamilmoriosnocampodebatalha. ACrõnicadcAfonsoX,oSãbio. filho do ReiFem•ndolll,0Santo.1ssimdescm-ea apariclo: "E viram o Apóswlo 5.fo Tifl&O wbrc um ca>-alobranoo(... ),emmourosderamf~e1e,ltmunho disro, porque viram. E quando os cristlos •"iram o A póstolo, foram muiro rnn· forr1dose1omaramgrandeesforçorfrriam rijamenreosmouros,dandograndcsbrados, d,"undo: 'Dios aJvda y Samill6o!'. E foram os mouros,,:ncidosnaquelahot11,ccipulsosdo ,:amp0eomeçanunafu11ir,eoscris1los.1oencalçodelcs, ma1andoeferindo, e durou-lhes

1f1in.11.111t.11/ranof1e(•••J.Efoio~iRamiro romsu.111ropaconrraacidadedcCa/ahorra c1omou•apc/aforça,c1omouC/avijoeSlo Pedro de l~nguascAlbcldacmuiwsourro, luga~s daquela comarca. E daquele dia cm dianreado1arame10maramorostumededi· uraoenrrarnasba1a/has:DiosayudaySan1ill60!':

FoiemC1a,ijoqueoApós1oloreccbeuaalcunhade"SanliagoMatamoros",mediamea qual,desdcentão,oomcçouascrim"Oeadocm todoopcrigo.edemodonpecialnosoomba1..scomraosinimigosdaFt. l:rep~sentado tal como apareceu na batalha: a cavalo.com umacspadadesembainhadannmllodireita,e naesquerdaocstandar!cbrancocomacruzespada""rmclha. FoiconslituídoPa1ronodaCr11udadcReconquis11daE.'ipanha.e1amWm. posteriormentc,daconquistaec-.'an&eliuçlodoNo..-o Mundo. Adevoçãoa"SantiagoMatamoros"foi-sc estendendoàmedidaquca,'lnçavaaReconQuista. Nafapanhataldc-.·oçloo!maispopulardoqueain"ocaçllo ..SantiaaoPcrcgrino'" (reprcscntadodepé,comum bordftonamão dircita).Aolonaodossi<:ulosforamsendode-

Santiago N protetor d: e terror d


:atamoros, L Espanha os infiéis

·zembrode 1985

dicados ao Apóstolo paróquias, igrejas e ca-

~las, altaresem catcdraisc igrcjas dcoutrm titu!o.,mitodaageografiar,;panhola,predominandonclasaimagcmde"SantiagoMa!a•

moros", Na Basílica-Catedral de Compostela

cncontra-r.eamaisantigadessasimagcns.an, tcrior ao5b;ulo XI Paract"lebraromilagredaBa1alhadeC1a-

vijo,al1rejaesta~leceunodia23demaioa fe5ta da Aparição do Apóstolo São Tiago, com Mimi própria, cujas orações m:ordam a pro· teção do Apóstolo e a confiança cm Deus que dcmonstra,'aJll Dom Ramiro e seus auem,iros contra inimigos da Fé. "O Senhor mvioo wrorro do céu e no.< li,

barou:n>briudcopróbriososqu<'nospi$11• ,.im. Onbararou o poder de nos.soJ inimÍ6(1$. N=-udw,asba1alhas,asgut:rras"(lntróito). "ÓJ'.k1L5,queourorgasu· mjJlmrordiosamcn, re a n-u Apóstolo Santiago a missio de prorcgcr 115 E.ipanhas, e por cle as livraste de imincntc t:t/erm/nio. .."(Oração da Cokta) "-Clllmario ao Senhor na pre:scnça do oprnwr, e lhes enviani um defensor que 05 li~re.

Tuadlltra,Scnhor,os1emoumasnifi,;ameme su11forralu11:w11darraqucbramouoinimi-

10. Lfrrasre-nos,~nhor, dos que nos oprimiam, e cobriste de ignomínia as que nas odia>llm" (Salmódia, Is, l3;Gradual, Ex.IS). E na Epí11ola da mesma Missa recorda-se a imervençio de O<uJ em au~ílio dos que defendem Seu Nome "O M111:&bcu espcra>a 5emprr com firme confiança, que Deus o assisriria com se11 socorro. e exorta.1111os S<"iu que n.lo 1emasem o enoonuo com as paaàas, e pe-

lo corm2rio rtrord-m bem as

~= que o

~ash11'1a-1udado,eesperaSS<"mqm-11so1"11 1ambc'm o lodo Pbderoso lhes amcrdcria 11 ,i16Tia (••. ). Expllt1ha-lhes II perfldia dos pagà0$ (... ) e 111ma.1111 cada um (... ) rom adminh-cis

ll1Jllmenrosee.-cor1.açdd.eroma11;1maç.lode uma vislo encheu II rodas deaJgri11 (...). Considel"llndo o M11ca~u II mu//idào q~ rrazía o inimi10.invocou11 D-cusqueopcraprodiaios (... ): "Th,Scnhor, quercinandoEztquir;em Jud,, erw/r;/e 7eu Anjo (. .. }, envia rambém

qo,a, 6 Dominador dos Clus. 7eu Anjo bom di11t11eden6s,com11força1emf>'eldel<-ubra-


ço formidá,'t:I. para que rfl"mam a,; que, b/u. femando, ímr:smn contra 'ku .sanro po,o• (... ). e mqnifír:amenre se alqra~m com a pro1eçlo de Deus (Da Epistola, Livro li dos Maca-

~us, 14, 7.lJ; 12-27).

O voto de Santiago Depois da batalha, em agradecimento e romo vinculo de vassalagem ao Apóstolo, o Rci Dom Ramiro ofere«u pOr si e por todos os seuS>'llMaloso,-omdepagartodososanos.. p,er~uarneme,isuacatedralemCompostela.umacenamedidadegrãosO\lde,-inhooor1up0ndenteacadajuntadet:>oisdelavoura detodo0Rcino.Estevotofoisemprecumprido,eosmonarcasp0s1eriorcsoestenderamàs novasterrasronquisiadas.Eisalgunsdosmais exprt"Ssivos: - Dom Ramiro tt, no ano de 939, oonfirmO\I cm Compostela o voto e nomeou o Apóstolo Padrociro da Espanha. Pcdiu a a.ssistên· cia de Samiago Matamoros para a campanha quemipreenderia,prometendoi:stendero,o-to.Nosdias6e22deagostodessemesmoano.. oSantolhedcumemonlveis vitórias: Simancu (onde São Tiago apareceu como cm Clavijo) e Alllandcga, na qual foi destroçado o exércitodeccmmilmouroscomqueocalifa oordobtshaviainvadidoosreinoscristãos.. -Fcmandolll, oSanto,dlstinguiu-sepor suadevoçãoaoApóstoloSãoTiago,durantc ostrintaanosdebatalhascomasquaisrecon· quistouatensosterritórios..~tn-ouo,otomi l232,estendendo-odepoisa1odasasn011aS1er· ras.PõdeoferearaoPatronodasEspanha.s um di:sagravo e,ctraordimirio: em 987 o emir Almanzor,emnumerosaenlpidaincursão,cn· traraemCompostcla,afrontandooApóstolo eaCristandadccomaprofanaçãocinciéndio da Catedral. Ao fim de uma ,emana de rapinas e desmandos, fizera carregar até Córdoba, por católicos que escra,izara, os sinos e as ponasda Ba.lilica. a fim de usá-los na mesquita.Séculoemriodep0is,SloFcrnandolll rec:onquistouCórdoba,mn-andotriunfalmcntc oomoestandanedaCruideSantiago. Uma desuasprimeirasdisposlç0<1foiobrigaros mourosacarregarcmdevoltaaCompostela ostpicossinos,anteagratidloeaalegriade todososcristãos,quesepunhamnocaminho paraverpassaromemorávelcortejo,dando g]óriaaDcusevivuaSanliago.Elerecomendava a sem sucessores: Quem quiser conserl'lll" o R,:ino de Espanha e dila1~-lo, esre ronmho 11' de se,uir. que pl'OCl.lte rer propicio ao

beu/ssim0San1iago,caroee,pecia/pa1rono das Espanhas~. Os Reis católicos, Fernandoe lsabel, p,ere11rinaram muitasveusaosepulcrod0Apóstolo;quandocompletaramaRcconquist.acom aquedade Granada.em 1492, estenderam o votobtnrasconquistadas,edOUanosdepois envi1n1m aoaltardoApó.,.toloumagrande llmpad1depra11,comosrendimentosneceswios para mami.ta perpe1uamemc acesa, bem comoaosseisciriosqueláhaviarnordenado põrantes. No século XIX, as Cortes de Cidiz, li~rais, interromperamopagamentodovo10,duranteapri$ãodosreisdaEspanhaporNapolcão. Logodep0is,pol'l!m.opagamcntofoirest.a~le,;ido. Tumbml a li República suprimiu o votodeSamia10,oqualloao~voltouadar comooferendaanual,nodia2Sdejulho.festaprincipaldoApóstolo.

Um Castelo na rocha EmCastela,20quilemetr01aosuldelo1rono,no vakdoriotregna.queirrigahortas ep0marachóosdecoloridodospovoadosde Albelda,Alberi1eeVi1uera,scdest.acaumro-

chedoalti,-oeconadoabruptamcnte. Sobreele el"'-a-seumcuteloquepare,;eumprolongamento gracioso da pedra. Hi uma torre maior - da Homenagem - e tR5 menores. unidas por uma muralha, na qu~l rtt.saha uma enorme cruz-espada de Sanna110: to Castelo de Clavijo,eacruzlembraaapariçãodoApóstolo a Dom Ramiro. A batalha ocorreu no ,·ale de São Prudênclo. em que está situado o pcqueno povoado de Clavijo, e onde se encontra umatm1ida·basílicadedicada a São Tia· 10.Om.ibulodoaltaridedicadoa·~ntia. go ~fatarnoros", assim como a imagem processional. A vitória em Clavijo foi decisiva.. Elasal•-ouo Reinocristãodcscraniquilado, eforjounaalmadaqueles ,·al"Õe$católicos,ena próprianaçãoquescenavaformando,acer· 1ez.adoauxihosotrena1uralconccdidopelo Santo;acertczainquebrantáveldcquc,cum· prindo com o d"'~ que lhes impunha a R ca· tólieadcresistirecomba1erodominiomaometano,podiamedeviamesperarmila1res.se fossem necessários para se obter ouiunfo.

làlcertezadomilagre,que"Santiago~la· tamoros"robusteceucominfinidadcdcpro· digios m, toda a Península, era indispenshel para suslemaroespiritodecomba1i,·idade. PorquenaárduaeheróicacruzadadaRecon· quista,durantcoitosécu!os,ashostescatóli· cas eram sempre menores do que as dos infifo qucd"'·iamenfrentar. Eestades\'antagemd~ forçaspoderiacausardesalcnto.masosguer reiroscatólkossou~ramconfiarecombater, enlodesfalettram.

Pedro Paulo Figuti"do nossororrnpon<knu OBllASCO:-õSULTAOAS l. C,Lópo,-C.. ,ro.Lolh11"1/a~C~•iJ<).lnr<••i>l O""Ei<T

i'.'f~t~d~;.~~".\'.,9f,lud/a .,i.iua,.., C.,mino~S..n

1ia,a,l'ubt.,acion<>E,pal.olo<.Madrkl. 1911 ~~ ~;:?"I• E/ ,1p,;n,<>1 S.n<jazo y d ,l,r~ Ja.rottO, Ma· O.Al>ldeD.A.Ad~,:,OSII.MiuJO.,,;,,pa,.,1~•.Ed.Ou&dalup,:,lil><DDIA,m. l951. 5.M.\'.W-...,,.i..-d<f,1p<luo/-....,_s.,.. ·~19?-a

Bienal procura influenciar crianças od~t:::;~~l~m~:~~·~~:~~~s~~~!!~e:~~~a~~l:~~~

dos<?o~!:'r!sT.:~~:~~ cerrada a 1Sdes1emk. Emretanto,rettntcmente,umnovohorror,·eiowmar-seaosalidcscritos.Apartirdo fim de no,·embro, também obras infanto-jm-enis foram acrescentadas à cxpOSição de ar· te contemporânea. Desse modo, crianças e jovens, na faixa dossetcaosdezoi1oanos, foramfeitosparticipantesdaquclasaberraç~s. Aparticipaçãodccriançaseadolescemcs-i.egundoosresponsá,·cisp,eloprojeto"A criançaeoJovemnaBienal"-sedeuemtre5planos: a) no primóro. colaboraram S.SOO crianças. de 91 escolas: consistiu em visitarem a Bienal, dirigidas por monitores especialmente treinados, permanecendo em ~guida no atelif da e,cposição, durante uma hora, par11 criaçio de seus próprios trabalhos, num processo de •·releitura" das obras vistas; b) do segundo participaram apenas 4S crianças - a maioria na fai.-.a dos 10 aos B anos - que não se limitaram à "releitura", mas descnYOlveram um "trabalho pessoal"; c)noterceiro,envol"eram·seclassesdcquintaeoita,-asériedequatroeKolas;durantc um m~ as crianças pintaram e desenharam cm seu próprio estabelecimento escolar, Job estimulo dos coordenadores Dasobrasassimproduzidasforamselecionadasseiscentas,queestãoi.endocxpostas nestafasefinaldaBicnal. Evidentemente, todos p,erce~m que é muito ficil envolver t'iSt'i jovens escolares nos trabalhosdaBienal.Bastaqueodiretorouproft'iSOresdaescolasuspendamalgumas aulas, aluguem um enibus especial, e lá ,-ão as crianças, como i1ualmeme iriam para um circo ou um wolós;ieo. I\ tarefa 1:. ainda mais fácil quando os trabalhos $lo realizados no próprio e,1a~lecimcnto de ensino sem os inconvenientes do deslocamento. MasanossaatençãoseYOltaparaumasp,ectomaisgravedaquestão.Sendoa"arte" modernaoucontemporãneaumaexplos1odeirracionalidade,decxtra,-aginciaemes· modcmonstruosidade,elaéanegaçãodaverdadeirainspiraçãoartistica.Tende,pois. adeformarafundoasensibilidadedaquclesqueaadmiram,c,apartirdasensibilidade utiliuda como um canal, introducir tal deformação em todos os aspectos da mente hu-

0.., que milhares de crianças e jO'l--ens, desde os sete anos de idade, sejam submetidos a esse comam ;Hioologicamentc poluente com a Bienal, que sejam l"'-ados mesmo a colaborar com ela, t alarmante. A formação de sua mentalidade pode ficar dcfiniti,-amente comprometida por uma tal exp,eriência. Numa rp<Xa como a nossa, em que o espírito infantil já ''effl sendo atrozmeme bombardcado pela dita cducação sv:ual, pela .. nova ped3iogia", vi1imado pelos freqúentes exemplosdclaresdesfeitospclodivórcio,pclaimoralidadcgalopante,equan1acoisamais sequcira, aintroduçãodoscritériosda "arte"con1emporãncanatenraalmadacriança oonuimi um grave fa1or a mais de per,·er:são cultural e mental E toda aquela gama de esquerdinas, ou que faz eco ao esquerdismo. sempre pronta a alarmar·se quando um jO\fln resoh·e aderir aos ideais da TFP, fica perfeitameme indiferente - ou att apóia franeameme - quando esse mt"Smo jO\-em paS$.1 a ser innuen· ciado pelos coordenadores da Bienal. Por quf? 1: p0rque a Bienal, cm matéria de arte, estánalinhadadesaarepçãodoquerestaderivilíuçi ocristã,caminhaparaohediondo; em uma patawa, comribui _para a R"''Olução. NOTA:

u,.,, m:,;..-,o mo,,,._ m 1a ixl•• <•i• •.a~ puOHcada"" ,cmo,,t,;o "CI<~ r-... ,..,

Ytr !<f)<><lqcm Paulo,em ll·l!·U.

da

CATOLICISMO -

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Dezembro de 1985


Ü SOC IALISMO habltualmence é considerado como promocorda igualdadcnaesfcraeconõmica.SeusobjetiYOStm~lação à familia ficariamnumseaundo plano. Porissomuicagcmcnem osconllett.oudeletemasnOÇÕe$ imprecisas,difundidaspelapropapnda socialista. bem difr~n1e,; daquelu enunciadas peloi autom;socialiscasmaisrepre.sen1a1ivos.Portm,bastacompulsarum pouconsaliteraturaparasepercebcroódiosanhudoqueaiste em suas pqinas contra a família. E arazlotsimples. No interior de um lar bcm cons1i1uído,as,:rianÇUthnoprimcimcontatocomduasrealidade,;detcstadaspeloe,;piritorevolucionirío;ahim1rquiae1111utoridade..Masel;unAoaistemaí

comoo1 clichhrevolucionários gostam de apresemá-1u-tirãnicas, odiemu e dc$denhosas. No lar,osuperior(ospa.is)representaparaoinferior(osfilhos)uma aucoridadcacothedora,bcnb--ola e protetora, que naturalmente atraia estima. Oesp!ritoinfantil,observador cassimilati\-o,a!óSOCiaencãoinstintivamenccasnoçôc,$deautoridadeehicrarquiacomasdeproteçloeben~'Ol!ncia. É suaprimcini ma1riz do relacionamento humano. Porumjogoaptic,h-el dcanaloaias, ao longo da ,ida u pessoastcndemaaplicaraossuperiores. suardadas as proporçõcs. ma macriz primeira. Os profe,;sores, os pacrõcs, osdecentore:s doPodcrPllblíro,eacéasupcrioridadcinfinitaetransccndente.

CATOLICISMO - Of,iembro de 1985

De-usN=Senhor,sãovistoscomobcnévoloseproteto~s. Éóbvioqueumesp!rí10assim fonnadonA01em,dcsi,propensões acen1uada, para a luta de dasseseparaoódioemrelação aosquesiomais. De outro lado, temmaisdefesascomraainveja. queéatris1ezapelobcmalltcio. jáqueviossuperiom;combons olhos.Sendoassim,IOOtaserenamenteahierarquiacaauioridadc,tendo-aspornaturaisedesej.h"cis.

Ora,osocialismoeocomunismovi,-cm dodeussosse,oe do ódio. A paz social é sua asfixia, poisprlaJUCTr11detlamspretendemdes1ruirahierarquia50Ciale udi,-etta1situa,;õesdemándo. Alo!m do mais, colMTII 1ambmt lembrarqueosocialismo.queren-

doa i111aldadetotal,odeiaoque Cindividualep,:rsonaliz.ante.só porserfontcdede$igualdades.Só umasociedadccolctivistapermiteaiaualdade..Eafamíliatonifiea as caractcrfsti\:15 individuai~ dasptSsoas, formandopersonalidadesmuitomarada,ediferniDe$saforma,aaunosfm1personatizanteede1preçoà1utoridade.ainentenolar,dificuhaa implantacloefetivadosocialismo. Oa!oódiocontrada. MiehelRap1is.sociali1taa1rem1do,an1i1os,e,,:n:târiodaIV lnternacional.~1sociedadefuturasemainílu!ncia familiar: ':A wd«Jaderkc/asscscnronrn:mna

r,mm1,dlulamai1conscrvado-


Uma revitt• dl CNBB descreve oomptaccmemeotc este ideal comunll.trio. capu de horroriur quemtenhaominimoderetidà.o moral: .. Vári11sfam11ias(na&candinávi1), suficientemente c:onscien11udas, d«idiram rea/izar mllis ou menos o ideal da comunidade. ( ... ) No inicio.

oolo,:il\'am,se em comum alguns obje1os1pen11s:c1sa, mesa, carroe1c.(... )N11maisalraerapa(.. .) c:oloca<11-seform11/menretudoem comum, inclusive I intimidade pessoal.detalformaquedcsaparec-eria a dis1inçlo dos próprios CIISllis. A idba básica nonnalmcn te 1-eicu/adal1dequ.-rufilhos nascidosdasuniõeslivresteriam como pais e mies o 1ropo todo. ( ... ) Aos filhDI nJlo seria também rr-'tfadoquem seria I m.lecarnal.

(. .. JAromunidadetumagenui-

na UI Opia. Nlo cess,i de arrair 05 homense~capndeinjetarneles umenrusiasmoscmprecedentes" (6).

Semi-«i111'!1a10 em E$tr,c,Jffl) O ITTéuldo

~

1l)iead0 nas mrnuo;t,es

5llEICll:s

U!odl! a 111esandr do ..,f'uxo q,ue o:s Ili" mrcem

lOtlrlOlh.

,u,

t11. de es1ru111ra. (... ) Na no,,a $0Ciedadcs«i11lisr11m1mdial(...) ha•-c1'eugcniacedu'3ç.ãosocial d11$cri11nças..(...)l\>reducaçlo $0CillldllscriançaJ,cmcndoo5ellUÍntc:ascriançassenlo,dca/gu· mamaneira,deWldaswboscui dadosdacducaçlocoleti<11.org11nizad11 por especia/isras. (. .. ) Ik<-erlo ser comp/cram ente 5epara du dos pais? Nilo p0sso responderesta qucsrlo. que depcndedo d<"5Cnvo/vimentofuturodap«JalOIÍll"( I).

lsso,,Us,íoitcntadonoinicioda~-ol11çiorussa.LladOI-', 11m de scus lídCT"CS. afirmou a~ peito dene objnh-o: "É pc.wí,-c/ educar o homem colctiw numa farm1ia individu/11? R~pondcmos cafC60ricamentcquená.o. Uma criançaquepcnsacolctframente sd pode ser ctiUQdll num ambicnte ro/ctivista. (...) Quanro mais rapid11mente uma criança for tomada de sua m ie e confiada a uma creche,1an1om11isreremosag11t11.nti11desaberquc~flisaudá.ve/" (2).

htoes1,conformeaoquedizi•Z.I.Lilin11,mulherdeZinovievleseievitch(l883-l936),que foiimportantea11Xi1iardcl.enine epresidemcda lntcrnacionalComul\Ut•: ''Nósd~mossalvaras criançasdainflutnci11nef11st11d11 f11m11i11.De<-.:-mosnacionalizá-las. Ser-lhes-' eminado o ABC do comunismo e elas se 1ornarâo ,-erdadeiros comunisras. Nossa rarefa l obrigar u mAes a entrrgar seusfilhosanós,0Es1ado"(3).

AlsutmpOderiapen!illrgueistotdefcndidoapenasporromuni5tas.qucs.loosradicai5dosocialismo, mu não pelos chamados 50Cialistu dcmocráticos. Nada mab falso. Os 50cial1stas demorniticos t~m div,:rgências com

osoomunistuquamoaosmftodos,munloquantoàsmetas. Pot- isso, naSuécia-ochamado "Pllf'aiso dosoc:iafamodrmocritioo"-hámilharesdecriançasqueforam,rrancadasdesua5 familiaspeloE.s1ado,para11Crem educad11.1oolni,;,rnemce11Cadaptaremao··mandamcntodaigualdade".Afirmaare5pcitoumjornali$tabra$ileiro: "Aonipor~nciad0Es111dosucoo em que;/ÕCS sociais alingiu nos últimos1nosdimens6esor"'-.:-llia· nas.Asdcnúnciasmaisgravesdi1·ul,adaspclaimprensaeuropéi11 com 1rantk desiaquc; n.u iilrimas 11Cmanas,f'tfcrtm-seA11CparaçAo de p.ais e filhos, comp11/sorf11men1e.. com a lllili,:;açjo aré mesmo da

fo,çapo/ici/1/.(... )Dilff'SIISOUfrli.! ins1i111ieóCSpúblicas,comosindicatosep.artidospolíricos.uniram seaoEJ1adonafilosofiadccria çlodoquescpoderi11chamarn 'sersocialsucco'.&gundouma definiçlopublicadapclaLigadas MulheresSociaisDemocra/as, o inicio de um udnamrn/o sü1emá1iro ro/e1i.-o de 1odas as crianças a panirdDI 1rts11nos, cuidando deseud~n>-olvimenros«ial,é um importante mandamento da i1ullldadeede<-eserumdosobjttivos principais da sociedack Ou seja, um 1mnamen10 'coletivo' e 'sis1em,1iro' só pode pratic11menre 11Cr ofcrn:ido ~/Q Es1a doenlo~I01pais.MuistoseriaqucsrlosecundáriaJU1rasetoressindicais encarrcsadosdoes1udo de quesrôes educacionais: 'Criançasnloslopropricdadede seus pais, mas um bem da sociedade'.(... ) Cerca de 24 mil criançasfo11mrc1istrndusobru1c/11 es1ailllno•nopassado, dru;quais mais de on.u mil arrancadas de forma compulsória d/IS mlos dos

pais, sem que cs1cs pudeüem rea,f,//1Sart11.,"t!1deproces-50s/e.

1ais"{4J. Amesmasituação,oonfrangcdon.pan.quemtemanoçãonaturaldcqueháumacomoque apropriaçiom\ltuaentrepai1efilh0ã,exinetambtmemlsrael, onde o socialismo dos pioneiros criouo1J:ibburzim(fazendascoletivu),nosquaisháumaprecedênciatirinkadossuposto§direitOS50Ciaissobreosda famíliae doindivíduo.Oescritorga\lcho l:riooVcrissimo.convidadoavisiw lsrad,descre\leuamffioque viunumkibbutz: "~aoProf.Avigdorquemc di1111/1umac:oisasobreosis1emade«Jucaçlodainfânciadas l:ibbutzim, tloelosiadoporum etlocriric1doporourros. E ele fala. - :4 primeira vista pode JUlf"r·

ccrcrue/,11nrinarural,sepa.ra1os filhosdcsu11smlesdcsdeahora em que nascem. Na minha apinilo. C5SClo proccsso mais racianal.(... )Educamos.scusfilhosde m11neit11.11prepa.1'-I01para,iver numtipode$0Ciedadecolctivislll como a do Gam C/lmuel" (5).

Oódio,opes$0lllcaoindividual,eo,imttriooapcgoaorolctivocaoimpcssoal,chcgaaíndamaislongenascorRmesque ho)Clevamosoc:ialismoa5a.15\JJ. timos extremos ló&icos. Nelas. alérndcnãohavcrpropriedadcindividualsobreascoisas,d.-sapam:etambtmacomoguepropri.-. dademoralquelul.nafamília,por ondcomaridodiz"minhaesposae meus· filhos". a esposa diz ··mwmaridoemeusfilhos~,eos filhos dizem "meu pai e minha mãe''.Af•miliafoisubstituidapelacomunidade, no sentido mais amplo.

De paHaacm, t bom lembrar quetodascssucomunidadeses· candinavasfracassaram, tãoantinaturalcraavidaqucalmejavam. Ficaram apenu como uma espcn.nça, umobje1ivofuturo. Paratcnnin,r,convidooleitor adciuracãmaradetorturasdos ideaissoc:ia!iuaseentrarnaatmosfcn saudi\~t e calma da doutrina católica, lendo um ensina mentodoPapa PioXllsobrea qucstlo: ':4.di11nid11de,osdim1oseos de>-ercsdo/11rf1miliar, es111belecidopcloprópriolkuscomocé/u/11virllldasocied11de,s/lo,porisromesmo, tloanri1osquantoo mundo;sloindependenr~dop,oder do Esrado, que deveria protC6ê-losedefendê-/oscasosc achem ameaçados.(...) Precisa menre porque~ o elemento org.fnieo d11 sociedade {A fan111i11J. 10doa1rnradopt:Tpttradocontrada

éum11en1adoromraahumanidack Deus ro/ocou no coraç.;lo do homem e da mulher; como um

ins/intoina/o, oamorronjugaJ,

o amor paterno e materno, o amor filial. Por conseguinte.. querer11rrancarepa.rali$111estem"pliccamoréumaprofanaçloque horrorizae/evafaralmenteapá, rriac1humanid11de j ruin11"(1).

Plrlcles C.pasema

1.M,ct,,IR&p.ll,Sodamm,Dmloaa<y

S<IM""-.-8"'bJ<Londrn, 198Qpp.$1-4I

?.APll(!YpCbof_,.il<ll.

U-

-Sociam,,. S...il. hri<, 10,17. p. :!Sl.

:.~~-=':~:::. Po,;,1976.p.J~.

4 , A,.;,.Mmd()IIÇ&. tlmjuú•dod<m<n<>--

~::~..,,,cln"OEotldod<S. Paulo'". S.1Ôrico\'erlw,M0, /lrà</<1DAbri!.E<l1to-

raGlobo,l'Mo>Jqtt.l970,pp.:!91<296.

t~"""'==~~ Po.ulum.,$AoPol>lo,197S,pp.104-l07. 1.1J«u,ç1,o-Od<pdo,datJniiol11-

~dc~ramllwn.

CATOLICISMO -

Dezembro de 1985


Na França socialista, governo contra a família númeroúniood~,·hamadareJef6 NESTA 1::UIÇÃO, .. C11olicismo" a prt.wn l• pent1nnlt ulilí[o dt Pfrlcln Capantma, no qual sio apontados os objdl•·os do soda llsmo a respel10 da famílla. Ol-nlff as citaç oks dt autorts sotla lls1u sobre o assunto. do Hp«ialmt nlt co ntundentes as dt Lido~. um dos lidtres da -oh1çlobokllr>·ls1adt1917,tdt'L I. Llllna.mulhtrdtZi no,Íf'V 1~ ·1tch.lmpor11nttauxiliarde l..tni nttpmidtnttdaln1trnational Comunlsla.t::SWS IHI0S dtixam d :uv a inttnff,o dt Hlati1.ar a fdunçiio in ftntll, confi.ca ndo •• fflanças OH Sl'us pl'Ojttnl tofff. O10-1111osodallstafn1ncfs,~mmali;iando1n1,"fS im-estld astendt ntn

aimplant1rocon1rolt'wa1alsobreatduar,çloinfan1ll,dtacordocom as mtllS ,·!$adas pelo socialismo. Em =.ntt t$1 udo t labn.-.do t am-

plamtnlt dh·ulgado pela TFP fran~. fica dtnundada mais uma dnHS lt ntali>llS. Qut

11,t

lpN:ii,tO!a wb I mhcara dt ddtsa da.1 crianças

maUn1tadu ptlns pai s. E:mbon1 rsse problem a seja lllll•·t, t mt n'Çll a alonçl o dt p~kólo&o~, mi'dicos r rduodorrs dr ~nomt lntrrnacional, vem rN:t ben(lo ultlm11mtnle uma dl,·ulga~o e~ctss.i •11111n1,"t'S dos meios d t comunlt*Çio ,;lt massa. 1gon1 ins1rumt n1a1iza(los pdo go•·trno fn1n-

,h.

A TFP fnlntff>I. dtnunda a apllC11~0 dt um amplo projt lo ln1erm inisltri1I. t ujo objtth·o llltimo i tstabel«er a sodalbaçio ou nadonalizaçio d1 infi ncia, dandn r nsejo i ~rwgu lçio rditiou e 10 ts11beledmtnl o dt uma ,-.rdadti1'11 dit1dun1 psõqulitrka. Tn1n~mos 1 5t1uir aiJ:u ns Hctr1os do lmportan lt dotumt nlo.

F OI UMA SIMPLES cir cularadminis1ra1iraquedr,prr1011nouaa1ençãoparauma,·a,tacampanhainiciadaprlogover· no em escala nacional. embora comumadiscriçãocxcmplar.Da· tada de 4 de abril de 198~. a cir· cular da Diretoria Drpanamcntal dosAssuntosSanitárioseSociais dtslina·K a todo o pruoal médico do dtpartamrnto de Moselle. Umacin:ulardrsseaêncronunca ,~msotinha.Elatapenasap0n1a ,isí,~I de um enorme ir.:r~rg. Napis1adestacirculardeMt11. nósdescobrimosumaamplaini· dativa do sovemo socialo comunistaparaatinsirumdeseus &randcsobjttivos:asocialização dainfincia.Cincominimosçonjugaramseusesforçospara daro impu!soinlcial,atravkdacircularintcrministerialde 18-3-83,assinada pclosSrs. Dcferre, Badinter, Hernu, Sa,ary, Ralitee Sra. Gtorgine Oufoix. Eles colocaram em ffl(J','Íffltn!O todo o apar,,lho administrati,u Cinco circulares ministtriais vieram cm se1uida confirmar o lançamento deu.a ofensiva. Esseconjun1odecircularesminis1eriaisvisaprincipalmcnte: 1) O lançamento de uma 1rande campanhadeopíniiopúblicasobr,, a infinda maltratada; 2) A coordenaçiodasimtâncias locais parafacilitarasintcrvençõcsna!i famílias. Acampanha,ébomnmar,tomacomop0n1odepartidacasos indiscutlveis de maus tratos a crianças.Cakula-setmtr,,zcntos o nilmtTO das que mom,m anualCATOLICISMO -

mrn1edt'l'idoataisviolhlc:ias.E.$se,,infantiddiosmons1roosos1~m chocadoaopiniãopública,eas socia~quctratamde"'paiscar· rascos" e "crianças mártires"' já estão muito difundidas Osub1erfú1iots1ilnofatode qucoE.stadosepropõcumaintcn-mç!oqucraimuitoalémdrs~casosc:..trcmos.Nactn:ulardc !1.-letz, bcn\ como na maior parle deuai circulares ministeriais, p0dr-seob5enarqueatônicanlo es1,colocadantsscscasosc:<tr,,mos-oinfan1ic!dionemsequer émencionado-pol'l!msobr,,casosqucrcqueremumainterprc\açãodelicada,prop/ciaatodasorte deintervcn~abusivas.Acin:ular intermlnisterialfala,porcxcmpio. de "maus tratos psicológicos"", de crianças ·-abandonadas por suas famílias em condições pr,,judiciaisaoseudtsenvolvimento"".demenorescujaMmoratidadcoueducaçloes!ejamcompromt1idas". Essa campanha toma, dclinidamente. as caracttristicas dc uma verdaddramanobradcflum-apsicoló&icaparajustir1Caraintcrvençãodo Estado nas famílias. Otraballlodecoordrnaçàoa nivellocalfoitraduzidoconcr,,tamente pela instalação de um serviço decolttadedenllnciasem cada Departamento. Um número dcttlefoneconlltcidodetodos dtveni])O$Sibilitaraciualqucrpessoa,duran1eas24horasdodi a, denullciarasfamíliassuspeitas: i portantoindis~nd•-el,noscasos d e ~ como rambém nosca· W$dtSimp~susptitas,tcrum

Dezembro de 1985

Ascircularesapontamaneccssidade de "encercemu r,,sis1ên ciasparaestabeleceressesistcma dcdtlações,epropõedifundfra idtia de que I denúncia ium meio de ajudar a famflia ea criança. Com vistas aos midicos e assistrnttssociais,1cin:utardciu dam que I proreç,oda e-dança empCTi1ojusiifieaes111,·iolar.fo do se,troo profüsiona/, e 1amb<!mqueumsi!fociopodec:<põIosàsunçõespcnaisprcvisiaspara o delito de não assis1~ncia a pc,ssoaem periso. As circulares nlo estabtle<:cm nenhuma pr«aução para evitar denúnciasabusivas,nãodrscartamasdenllnciasanõnimasenio prevttmnenllum1sançioparaas denllnciufalsas,Auim,aporta ficaabertaparaaarbitrariedade e panl a pcrst&uiclo politica Dentro em p<:>ueo, pOdcr-se-il ameaçarcomoasilopsiqui.itrico ospaisrca.Jcitran1a.H1•ffl5Cll1P"' uma escola psiquiátrica cm nomcdaciualscpodaícondenar suaatitude.Thm-scaimpressãodc estar ante a famosa "lei dos suspri10$'', dt 1793.

Dessa forma o Estado se en· contraemviasdeimporàsfamí· lias sua concepção de educação. Como toda educação su~ uma visãodohomtmedeseudestino. istoé,umaconcepçãodamoral cdarcliflllo.doEstadosocialistasó scpodcespmirQueimponha uma educaçãoi1uafü6riae atéia. Odesejosociatbtadcinlcríerirnaeducaçiodascriançasj.tsc manifestou claramente quando prttcndtuacabarcomocnsinolivre.Paraimp0raeducaçãolaica. 0Es1adoquisabsorvtrae!iColaJi. vre,isto~namaiorparledoscasos. a escola católica. Agora de· scnvo!vcumatentatiraaindamaii radicalparaatingiromesmoobjetivo:tltprocuraabson~rafam11ialivre,ouscja.namaiorparte doscasos.afamíliaaindaimpreg. nadados princípios cristãos. Eisaíoperiso.Sobam.tscara atraemeesimp,iticada .. protcção à infância"', a>-ança o inimi10 monaldafamíliacdacivilizaçào criml.Denunciando-<>.nó$1hees· tamosarrancandoamáscara, e comclaasuamelhoroportunidadedebito.

Circular do Diretoria Departamental dos Assuntos Sanitários e Sociais do Departamento de Moselle Seihoro, Smhor.

Todos us s<Ki«lada modern'1S admitem ututllmtl'lft qu.i a criall(lln4o~rtrnctfltm{IQ$seusJK1isnemaoEstado, mosque tia perlenct 1,Jo-só a si mesma, sob a proteção de seus ,x,is. ~ndo afam(lia mulogra, ru próximos da criança, bem como todos u, od11/tos, s4o respon.s4veis pela suu prDlt-(iJO, pôr ~ia das atl1lturas de ajuda à illftneia, dos mrdiros, das enfemwiras, dOI educadores, dos 1ribunuis de menOIP$, ,Ja p01,: e-UI e tk IOdtn aquela que lhe podem forflt<YI" ajuda. Em ceda 1tb CIISOI de violbieia contra crianças. dois atin, - me,wn:s(h 1th an/U. Ela po,k prO(lutir-s1 em lodos os tn1io$;só111tomapo1n111emeasosex1remuseraros. Avio/ln· d(J pode ccprimir-# por meio de golpes ou outras bn,1a/idJI. da, lffllS t/Hnblm por meio de polanw ofensivas, de afflft>ÇOS rrpetidas, tk falta dt inreres:re ou de nqlirtnciu eonn'nua em rela(do,lcrlanru. Os SIU$ 1/Ulólef n/Jo s4o. na maioria dos casos, pa,s ''potold1ícos": mas~= com dlf1n1/dades dil'trsas ou sofrime,,tos que provocam ttt>Çôes impmiÍ${veis, per vttn brutais. Isso podt acontecer com todos nós. Por isso I imp0r1an1, criar uma rede diwrslf,eada, paro que n:-sn pais em dificuldades possam encontrar um inr~/ocutor. SI ti Vir eonheâmento de casos em que a erian(Q estrju em ~rlgo,iimpo,ran1enão1uQrda,ronsigoeems1/lncioopeso deump,-obllmalàQpesado.


EVANGELHO e Teologia da Libertação Ü

BOLETINZ INHO pr0gri:s5is1a "O Do-

minao" , editado pclru paulinos, conhecido nosmeiosparoquiaisporqucdistribuidonas missas de fim de- semana, colo,;a.nos diante

dosolhos,emsuaedi,;ãode7dcjulhodcl98:I. sin1omA1iea1preKntaç!o,cmní,·ddcdivulgaçãopopular.doqucsejao"ev;u,gclho"derivadodaTeologiada Libc-rtaçào. Parttai-nos inte,-essantc dar conhcdmen10 a nossos lcitore:s dc 1al fato, poi5 ainda hojecmdiahAqucmtenhaumafalsaidéiado que rtalmente é a Teologia da libertação.

E$aetldoclo-*,odosl)ÚIIO$~oan1QOcom ,efertneil$1fflpi ta1 fr• llOnillcloBolf

Crhmal1uns-oraporingcnuidadc,orapor fal~a de informação, tah"cz até me:smo por pregu1ça ou medo de vcr a realidadc - quc essa doutrinaéapcnasumfcnômcnocsquisi10quc

nasceunacabeçadcalgunspadresmaisoumc• nos inílucnciado1 pdo marxismo, ou emão OpOrtunista.s que rew!vcram meter-se em po-

lítica. Ponanto um problema circunscrito ao campopolítíoo-social,nadaoupourotcndo a,·crromrcli&iiopropriamemedita. <>r., com o ucmplo fornecido por esse número de "O Domingo", torna-se fácil ronsta1ararcla,;io!ntimaen1reTeologiadalibcrtaçioenovarcli&ilo. Dcfato,parajustificar,cmnomedocato• licismo,umaconcepçãosocialcaudatáriado maoúsmo - como o é o aspecto social da Teologia da Libertação - torna-se ncccnério aprescn1arumno,..oevangelhn,autônomodos outrosqua1roca1éaelcscomrário. E nesse quintoevangclho,aprópriafigurad0Rcdcn1or tem descrconvcnientemente maquilada paraadaptar-scaoscunovo''papcl".Nãosc tratamaisdoDivinoSalvador.cuj.oRcinocspiritualscuera,principalmcntcsobrcasalmas,eque.aomodelá-las,configuraindiretamemc a sociedade temporal; mu é um agitador polítiro, lidcr dc massas inoonformcs, bem de acordo com o cmbolorado figurino marxista.

O "•vangelho" segundo o P•. Virgílio Para o arti1ucte de "0 Domingo" - assinado pelo Pe. Virgilio, SSP - Cristo "apareccu como um pregador sub ...crsivo". Ora, schi.algoqucrcprcscnteoopostodoensinammto de Nosso Senhor, é precisamente a subvcrsio. Ele reafirmou os pr~itos antigos e foi ainda além. como por exemplo quando disse: "O11visrcoquefoidifoaosan1Í6<)1:mlo

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romererásadulrério.Eu,po~m.digo,~·osquc 1odooqueolharparaumamu/htr,robiçandoa,j~cometcuadullériocomclacmseurora-

çJo"(M!. 5,27).A castasacerdo1aljudaica daép0ea,estasim,équchavia sub,·er1idoa ordcmdasroisas,apcgadaapenasàscx1crioridadcsrituai!i,deixandodeladoocernccspiri1u1ldareligião.ENossoSenhor, cio pa,.,n1aurarcparaoomple1ar.NãoparasubO Pe. Virl]lio toma como se fosKm ver da· deirasuacusaçõcsqucosfariscuslançavam oontraJcsus.casreproduzascumodo:"Nifo rcs~ila as leis. m!lo rcspci111 as 1r11diçôes dos anrÍ6<)s". Ecsqucccqueo Divino Mestre K dcfcndcufirmcmcntcdessasacusaçõcs: '"Nilo julgueisquevimdestruiraleiouosproferas; nlovim(paraos)desrruir,massim(paraos) cumprir. Porque em verdade vos digo que, enquanro nifo passar o ~u e a rerra, nlo deJa· fNl{CCCrldaki umJdjoraou umsóifpice. Sl'm

que111doscja,;-umprido"{MI. 5, 17-18). Comose vl,oe.-angelhoJCgundoof>e. Vir111io é bem diference do E.-angelho Kgundo SioMatcus! Paraosacndotcpaulino,Cris101eriasido cricicadoporfalar,cntrcoucrasooisas,da ''dignidadedohomem,dosdireitosdosmais pobres".Ora,scélicirndizerqucnossoSalvadordcfcndcuadignidadchumana-c,de fato,nobomsemidooé,cmboraacxpressão não conscc nos E,..angclhos - muito mais Ele \·ciopararedimiroshomcns,escravosatécntãodopecado,eelcvá-losàdignidad.edefi!hosdeDeus:"arodososqueOré«bcram, deupoderdesc1omaremfilhosdcDtus"(Jo, l,12).

Quamoaofatodc,NossoScnhortcrdckndidoos"direitosdosmaispobrcs"',istoé,"ffdade,earigornãoha,·eriaen-ocmaccitarcs-

laafirmaçãodoPc. Virgílio,seelanãoapareccsse num comc.<toquc insinua a lucade classes. Pois nosso Redemor.cmboraamandopar1icularmcntcosmaisneccssi tados,dcfendcutodososdireitos,cnãosóos dos"mais pobres". Dckndcu camWm os direitos dos menos pobre$ e até dos ricos. Dai, por nem plo, a parábola: "Um homem nobre foi para um país dís1an1e !Omar posse de um reino, para dr-pois >'Ditar. E, chamando dez dos Sl'11S Sl'n·os. deu-

(llAfOLIC!SMO l>iff,.,, P,ulo Conb <lt Bt~o FHhO

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CATOLICISMO -

Dezembro de 198S


lhtsdezmatCO$dtpra1a, tdisse-lhts;Ntt;o-

ciai (com eles) at~ eu vir (. .. ), E quando tle voltou depois de ttr romado poue do reino, mandouçhama,aqutlffsen·osa quem dera odi11heiro.11fimdesaberqu11nroc11daumli· nha /uçrado. Veio pois o primeiro e disse; .SC,. nhor. oreumarcorendtudtzmarcos. E ele diut·lhe; E5rãbem, scn·o bom. porque frmc fielnopoucoKnls10•-ernadordede11.cidades. E•riooscgundocdissc:Stnhor. oreu marrorencku cinco marros. E respondtu·/hc: sê111rambc'm10•-ernadorckc,ncocidades. Veio depois o ou1ro, e disse: Stnhor.eisoreumarcoqueguudeiembr u· /hado1111mltnç<>.porque1fremcdodc11.que és um homem ausrcro. qut tirasdonck não pll· 5nlt,trerolhesoqucn.foscmea.sre. Disst-lht (0&11hor): Scn·omau , pt/11111abocattjulgo. Sabias que eu sou um /lomcm aus1cro. que 1irodondt11.fopuser«Olhooq ue11Joscmcti: toso. por que 11.fo mtttstt 1u o meu dinheiro 11umb.J11ro,paraquc,quandoeuvitSSe. ortcrbeuccom os/uçros?Edisseaosq11tts1avam prestllfts: Tirai-lhe o ma rro de praia e

dai·o ao queremdtz " (Lc. 19.12-2$:rradu · çãodoPe. Mat osSoarcs). Es,;.atingulljemtod a - rei nos ,nobrcs , scrvos.11 egódos. grandes riqueias,colher oq ue nj o scmeou, lucros.bancoctc.-pa ra uma pcsroa quc tenha asconcepç~sdo Pe. Virgilio, parecerârefl ctiru ma mcntali dadcafcita

ao impcria!ismo político c àdominaçãoe.::onõmica. Entretanto, a li ngu agem - por mais quccladcsagradc aosprogressis1as-éde Nosso Senhor. Eatravés dessa par:i bola. romo ramMm atra,·t-; de outras análogas. Ele quis simbolizar o Rci nodosCtus! Muitas outras passagens do Evangelho podn-se-iamreproduzir.quc demonstramà sacitdadcquãoa nti-cvangélicoéo"cvangclho" do Pc. Virgfüo.

Frei Boff: um subdesenvolvido 7 Paraosaccrdote pauli no.o.chcfesjudaiCO$qrn,:acu,a,·amNossoSenhor teriam seusí• milehojcem dia numa"!llnta inquisiçAo", qucsco;nceria " mloarespeiro dcCristoe sim a respri1odos seguidores de Cristo··. Como um tspkimc des.sts no,·os ··:;csuidores de Crisro " , hojc perscguidos. eleaprtsen111Frci

LeonardoBoff.

E a p,mird= pon/o o artiguete pôt na boca dos imaginários inquisidorcs uma sirie de pcrgumas -qucdcfatotqui,-a/cma açusaçôcs -dirigidasaostais''seguidorts dc Cris10" cmnossosdias.Ea1ra•·ésdessas perj'un1as (ouarnsaçõcs),0Pe. VirgHiodcixa cntrt,·er de modo insofismá,~/ qual seu pensamento sobrea siwaçàoarua.ldalgrcja Assim,todoesse novo c,·angclho,q11cosactrdo1epa ulino veioaté a.q11i c1boçandoem

termosrudimt nlll res, preparaa pcrguntaque

eleafinal roloca nal,,xa do"inq uisidor "· " Como pode um Frei Leonardo Boff qualquer, filhodeummundosubdtsen,·olvido, 1emar oscaminhosdcumanova 1eolo1ia ?" Chepmos, pois, ao ponto dolorido: as ad,·crt!nciu quc têm Jido fci1as a respcito da TcoloaiadaLibcrtaclo-ao menosemsua,·erslo mais corrente, a manista - e a imposicln de sil!ncio a Frei Boff. Qu.ãoforçada,cntrctanto,é a pngumado inquisidor imaginado pelo Pc. Virgilio! Por quenAopOderia.scrteólogoal1uêm .-indo de um "mundo subdcscn,·olvido"? Para ser tcóloao basta, na ordnn na1Ural, tn um feitio de intelig~ncia adequado à espcc:ulaçào 1eolt¼;icaemantcr coerência com a fé . luo nada tem a vn com subdescnvol.-imcnto. Vê-se, porém. queainsinuaçlodosacerdoteédc qucaJmcdidastomadaspcloValicanoconcraFrci Boff tcriamsidocaUJadaspor ropost.aopress.ão que um mundo desenvolvido (Roma) exerceria sobre um mundo subdcscnvol.-ido (Brasil). 0 auror omitepura csi mp!esmemcdc diicr quc tais mcdidasse d....·eramaofaco de quea eclesiologiad efendidapclo fradc franci scanoerade moldc a pOr emriscoa própriasanidadc da féc11 tólica , 1al como cla t profes1.adahádois mil anoJ pcla lgreja. Prossegue o in quisidor criado pela imaginação do Pc. Vir1ilio: " Exisrcm os ricose os pobrts,osforrtseosfracos, oscxploradorcs eoscxplorados:por queeliminaras difcrcncas~ " . Ladinament e o sacerdote paulin o co-

Ataque comunista comprova eficácia da TFP I MAGINANDO armu C$00!1didu atrás de estandartes, e rompi& maqui/1\ilicos da TFP para orpnizar, junto com os latifundiários, uma guerra armada contni a Reforma Agrária, o semanArio do PC do B, "Tribuna Operária". deitou seu fd em trh quartos de pjgina contra a nnidadt, cm sua edição de 28·10 a 3-11-85. O artigo intitula-se "TFP se arma com latifundlo para barrar reforma agrária". Acionando de uma só~ os realejos ga!los e surradO'l que têm ~ido tocadO'l em ór· gãos de impTCll!II do Pais, a ~infonia <ksafinada que da! s.aiu foi um mal·articulado coro de difamaçõc-s e de calúnias. de quem pouco tem a dizer e mui!o a injuriar. Fábulas dn1utadas como a de que a TFP fu treinos paramllitarcs com armas prfra tiv;u das fo,,;n armadas. se alinham com cilaÇÕC'S to.tu.ais de ex-cooperadores, curiosamente bem acolhidas nas folhas desse jomal do PC do 8. A "Tribuna Opcniria" usina recibo, a contragono, do prejuiw que \ffl causando aos designiosde!.CUSpatrõesencapuçadosascampanha;an1i-agro·reformi~tasdacncidade, diicndo que ntslts 25 anosdea1u11ç.fo, a TFP fez fogo cerrado para ckfendt r a ts/rurura agrária elitista dopafs. E se enfurece com a a1ual campanha da TFP oontra a Reforma Agrária. afirmando que a entidade P8"0U a 1/KBf com viru/lnda o Plano Nacio11JJ de Reforma Agrária (PNRA} assinado por Sarney ", Mal à ,-ontade, o órgão do PC do B constata que, "para fazer proselitismo de suas idéias a TFP dis1ribui milhllrtS de suas public.açôn nas rapitais e 110 interior". Mais incômoda para o PC do B foi a campanha mundial de desma;caramento da "via autogestion,na" aprqoadapelo~itadoPf"!,idcntc francês. François Mitterrand. Tão incômoda, que seu órpo de divut,açlo, até c·ruio ""boso e dnembaraçado. diz apenas qUC" a T FP "sasmu 111$ milhM de dóJarn para divui,u um sup!tmcnro de seis Jdginas nw principais jornais do mundo çapi,a/ista". Como nlo pOdut deixar de SCI', c,,n1ou loas e hosanas ao JOYefflO socialista da \Iene· ruela, pdas medidu arbitririu que este •omou contra a TFP daquele pais. Afirma no corpo do artiao. que "a Tf"P foi criada em 1960- num momcnro cm que as luw SOCWS se a"Olut1111lam - e prqava um anticomullÍffllO rairo,o e a dt(tsll da propri,:dark pm-.da, mais panicularrmnte díl5 latiftindios". E referindo-se à legen,.b que acompanha um faç-similt de uma l'C"'is1a cm quadrinhos da TFP sobre as CE&, es,;an,daliza_-se e vela a race por considerar qUC" chcpmos ao "absurdo dt diur qut 05 /anfund1A= 1rabalham... e duro!" Connatando tn a TFP "1e~htldop01 /6paisa", oar1iculi'lta.do PC do B ~e.a que a tntidadc estJ definhando. P'rol11? Atualmcme n.io ulrrapa.lil _l.500... E imaai_na dar Pf0'11 adiaonal dtsMi ddinhammto, afirmando q,..., a TFP possu1u anco mil r.ócios ccooperadores. Em suma. o ataque furibundo do órgão do PC do B 'ffll aiestar uma ,,:~ mais que aatuaçãoanticomuniitada TFPécficaz.. •.

loca numa mesmaca1esoria os ricos, os for. tcsco,-exploradores,como a insin uarquc to· do rico é um uplor.dor , e tambbn todo for· te. E ficasugeridoqueé um bcm "eliminar asdiferenças .. ,ou seja, chegar à igualdade. Or1,oidcalcomunistada igualdadeto1aléo queh.fidemaisconmirioàdou1rina$0CÍalcatólica. AsdesigualdadtsencreOJhomcnspro,fflld1próprianatureza.es.loportanto dcscjadas por Deus. Que dt\·em ser combatidas udesigualdades injustascabuJivas,éóbvio. poistudoquamoéinjustoeabusivotmau. Mas as dcsi1ualdades justu, harmõnk as e proporcionadas são condição necessária de uma ciYilização cristl. Pois. "se Jesus çhamoo junroaSi,p.araosconso/ar,osafliroseossofrcdorts,nlofoipara/hc, prc1aro11nseio dt umai1ua/dadequimérica.St/cva111ouoshu· mildes, nlofoipat11/hesinspirarosemim cn1odcumadiBnidadc indcpcnden1eertbtldt li obedilnci11" (São Pio X. N ortt Cha.r1c

Apcmolique.dc 2S -a-1910, Vozcs,Pcrrópolis, pp.25-26 ). Ainda o imagínário inq uisidor: .. Pratica -se uma rcli1ilo 1radicional,11ind11quc formalista: porquebagunç~·/a?" . Singular raciocínio! Sc o inqui sidorp cm :gueos tais" scguidores deCris!o" porqu etstcs "bagunçam"areligillo , isto parccc qucrerd iurque umaccrta "bqunça'' éboa. poisacabaromos " formalismo:s". Mas , per1untamos nós: é "bagunçando " are!i1iAo quc scevltaformalismo? Ou épor mciodc uma vid1 int criorau1êntica,vol1ada para am ar eservír sinccramentcaDeus, edandoaosoutrosoucmplo nlo dasubvcrslo. mas daoraçloepcnithcia?

,·f.

Como se Teologia da Li bcnaçlo e novo evanaelho and am de mAos dadas. E - ai Jim o Pc. Vi r1ílio tem rado- a religião fica ''bqunçada''. Maisvavemcnte : clafica dcformada. E a tal ponco dcfonnada que muitos csp!ritos sirios vAo se pondo o problema: hAainda1 lgu maidentidadccn tre anovat eol<>aiaproareuis1a e a daSanca t11cia CatólicaApostólic1 Romana? Jackson Santos

CATO LIC ISMO -

Df,zem bro de 1985


Nos Estados Unidos, reação contra o rock Seguodc o "New York Pau", o nome do cor.,.to ACOC rons11t"' as n,aa~ Ili! e,pre!:130 ·MteCOnst. Oeví1 Child" IMtic11s 10. flho do DemÕOMll A~ wrlli!(lera a,nforrn,çk . ma dencrn,na,ção nda llffi&e>Clente"'f~ cq~ SQbr• um do$maGo;rieadosccqunull:norte·ltl1ene,nosderod: metaJ.pesado WASHINGTON -

Acé há pouco. as P"·

soassemawquele-.'3.ntavamavozparacntiura.rmisinrodeadvertiropllblicodeseus mau.s d ritos rostuma,.im ser tachadas de "fanA1icu". "retró1rada.s'' c ou1ros epitetos 1endentesa11epultá-lasnumsi[~nciotn,'tTJ0nha•

do.Mas1gora,aoqueparece,ascoi5,1ses1.lo mudando.Não~maispossívelnegaroób>iio.

NosEstadosUnidos-terradamodernidade-orockestácausandoumacrcS(:ente pn.-ocupaçll.o cm ~o~ governamentais. Tomo

a"Comissãosobrepornografia",instituJdapclo ministro da Justiça, como tambtm várias comi»Õe$doSrnado,1~mrcaliz.ado~es-

pKiaisampeilodoassumo. Estãoemcausadenúncias,cada,·e zmals freqiien1eseau1oriz:ad;u.dequeamú1icarock incen1i,,a as droau. o alcooli1mo, as a~rraçóes sciuai1, a imoralidadc. o culto u1ânico. aviolfocia,osuicidioea~lta.Sãoespecialmen1ea1ingidosporntainfluênciadele1tria as crianças e adoleKcnccs nor1camcricanos.osquaisou,fltlemrequa1rocseis homdemú1icarockpor dia. Estáliderandoamalmentees1emovimen10 anti-rockumimportamegrupodeKnhorasdenominado "Centro de lnforma~lio Mu sical de PaisdeFam{lia". E>te organismovemcausandoimpactonanpiniliopúblicanão$6pelaca1caoriadcKuscomponentes-aespo1ado ministrodasFinanças.Sra.SusanBal.er,ea espasa do Senador Tipper Sore, por e:icemplo -mas1ambtmpelan:pcrcu!óSàoquesuasinicia1ivas1imalcançadonosrneio!idecomunicaçto.. "CatoliCÍimo"' publicou naediçlode Ktcmbro ilhimo a noticia de uma carta de mãesdacai:,italnortc-americana,noticiadape-

lo"Wastlin11onPost"de23deabrilp.p.,viundopressionaraindústriamusicalparaque elimineasletra.1cadavczmai1eróticasepor• no&r'lieasdascançõesrock. Taliniciativapartiudoreferido"'CentrodelnformaçloMusicaldcPaisdcFamília". De faro - comcma o prc!Higioso Kmanário conservador " Human Evcnt!i' ~ as ~nhorude Uá.shin1ron' (denominaçilo j'- b,u1an1e conh«id,nopajsJ, •i'mabalandoaindtistria ~ rndsica rod: desde que abriram Kus escritórios cm Washington. em maio úhimo. A imoralidadeeaviolênciasempn:foram marcascaractnisticasdorock-e:iiplicamas

18

Sras. Baker e Sore, - em enire-,·ista concedid1 ao "Washington Timcs", de l0 de ou1ubro p.p. -. mas têm elas che1ado • um ra/ ,:ra11 decplieiwdee,·irulê~ia,quenlou-permi• 1em11is1indiferenç;,du•ntedoproblem1. Os pais de flm,1ia 1lm que inteo·ir em defesa da integridademoralde~us filhoJ. l um absurdo permnir, por aemplo, que criançaseadolesccntcsouçamle1rascomoes1a, tran'!Critapeloconhecidojornalina John Rofton, na sua coluna do "Washington Times", de30desetembrop.p.,exuaídadacapadodi'!Co"Benvindruaolnferno".doGrup0 Vcnom· Estamos po55CSSOS por 111do que ~ mau, fTdimO! a 111a mone, Deus. Cuspimos por cima da Vil]lffll qlU' vocês adoram, Esiamos u-mados A aqueroa do u-nhor S.arl. Ou1rasle1rass.ãosimplesmenteirreprod1ni,-eis,de--idoau-u ap1ícitocon1eüdopornográfico. Masnliosómãesdefamlliacs1lopreocupadas.Apromoçliodaimoralidadcedosatanismoatravésdamús1carockéum1emacada vez mais cm pauta nos Estados Unidos. No programa"Zo/Zo",dcl6demaiop.p.,dan:de ABC, Tom Jarricl euminou o problema. Obscrmuele:Amensa1ems11llnic1~dara, t1111onacapadosdiscos.romonas/e1rasdas canç,)es,queatin,emmenresimpressiomhris.

(•••) O simbolismo es1á presente: si1nos Slll.1nicm, cru=< im-enidas, olhos •-.zios da be.s1a, m-0l1a comra o Cristianismo.(... ) Squndo mui1os grupos de música rock, el~ o fazem po1 brincadeira. ~tas Kgundo a palicia, is.so cu, cau!iando efeito em mui1as crianças, alimenlando o crescimemo de uma subcultura quemis1uraorockpesadocomdro1aseocultismo. "RocksatJ.nico, rocl:pornotráfiro,são al gunsdos epiteloscada,-ezmaisem voga nos Estados Unidos. para referir-u-desdcnhosamenteaorock'n'ro/1.Ejácomeçamasefazerouvirvoze!iquepedem a interwnçlodo IO"CffiO. A!iSim, o S<-nador Ern~ HoUings. da CarolinadoSul,apósterquahlicadonoSenadoorockcomo ""cscandalosa imundicie", 50\icitouàquclaallaCâmaraqucencontra.w:

"meioconHitucional"para a soc,edadeamericanasc,-er tivn:dela. Umaprimcira,itóriaobtida pelas"senhorasde\\'ashingtonHconsistenofa1odeque,'árias companhias de discos têm começado a colocar cm suas capas um a,'iso, ad,-ertindo con 1rao"'contcúdovulgareaplicim""dealgumas letras das canções. Algunsdi5eos\rar.lo,ainda,umaviso sugerindo "conKlhodos pais", ca50ummenorvenhaaouvi-los. Opróximopasso,KgundoaSra.Baker.seráobmqueosdiscossejamrotulado!icomo os!oa1ualmcnteosfilmcs,res1rin1indo-u-assim!iuaaudiência.les1e o1emaquea1ualmen1eestáKndotratadocomadin:toriadaA!i50ciaçâo Norte-americana de lndúmia do Di!i· Serãosulicienteses&a$medidasparapresc:r,'ll!ainfinciaeajuvm1udenor1e-americanas dainflueDciadesagn:gldoradorock?Ccrtamentenlio.Masn:vt:lamumasadi1n:açâoda opiniliopúblicanaprópria1errana1aldn!ill música alucinante E, finalizando, uma n:fle:do. Os 81ados Unidos,paraincontá,:c1sbra.lileiros,sãoa1erra damodernidadc.opadr.loqucdcvenortear tudoq11antoéawal.Ora,seorocktumamanifcstaçãodemodernidade,apujanten:ação contracletambtmrepresentaou1raautêntica aprcssliode modernidade.surgida naquele mesmo tenitório. Por que cmão órgãos da imprcn!ill bl1l5ileira, que foram tlo pródigos em propagar os dn,~rios do Rocl,·in-Rio, silenciam completamente o mo,.imento anti-rock? ÉruriosocsteKD50Kleti,udcumaparcela da mídia nacional e de, Wl\05 de nOWJs compatriolas.. O molde norte-amC'ricano §6 deo.-e ser imitadoquando1pon1aparaoladopermissivista,revolucionáriocdesa1n:11ador. Na medida em queou1ro molde. mesmo que Kja ponderável e at~ predominante, tenda para o oposto.comoKjam \'alorestradicionais, ele de-,·eserpuraesimp!esmentcignorado... Cu riosapráticadedoispesoscduasmedidas empregada por órgãos de comunicação que se pretendem objetivos e imparciais. como também por npíritos que se jactam de serem a~,tru e liberais!

Mário A.. Costa nosso ro,rnpondente CA TOUCISMO -

Dezembro de 198~


TFPs em ação fstados Unidos: encontro de correspondentes NOVA YO RK - Com o objeti,·o de manter atualilados seus rnrrcspondemesarespei1o do1grn ndesproblemas(laa1ualidadc, bcmcomo ae<rca dm de,·eres da América do Norte cm relaçào à Igreja. à ci , ilização cristà e às naçõrs do continente. a Soc iedade Americana de ~rn.a da Tradição. Familia e Propri.-dade realiwu em Ptthlill. N.Y .. mais umconsrcssoanual. Com a presença de quatrocemos representantes dos mai.< dh er.os

pon1os dopaise1ambfmdoe.\ terior.oconcla,e1c,eaduraçãode1r~ di.t.1.duran1cosquais foramtambêmaprcsemadasas principais iniciati,·as da TFP ao longo dos últimm doze meses. bem como 3.5 exprenh·as reperco~~ akancad as. Emrc estas ffltaca-se a campanha de desagravo a Nossa Senhora , blasfemamente aprcsemada no filme francêsJe,·ouJ.sa/ue Maric O congre,sofoi coloc ado soba cspcdat proteçlodeNo,,aSenho ra da Esperança de ~1acarena , pad roeira da ci dade espanhola de Sc" il ha , cdaq uat uma réplica id êntica foi sole nemente ent ron izada no amplo salilodercuniõc>.

Mensagem de Fátima para reanimar os fUA NOVA YO RK - Por oca.ião do an;,crsár\o da úhima aparição de Nossa ~nhora em Fátima, a 13 de outubro, os semanários católicos norte•a mericanos .. The Wanderer" , " ldea lnk .. , "Today's Catholi c" e "Cathohc Lifeti mc" incluíram um suplemcnco especial da campanha empreen dida pela TFP dos Estados Un idos, com o objetivo de apOntar a candente atu alidade da mensagem de Fát ima para os dias atuais. "A América rcm sede de um rumo claro. uma çrande meta e ru mdos para akançJ .Ja, e é ex.atamen/c o que a Virgem Maria ,·cio ronuder. Mensagem ~uedda pelos ,c/hos e de$ronherida pelos jo.-ens'', ressalta o suplemento, que apresenta tambtm a obra Nossa Senhora de FJrima: profcciaJ de r,.agNJia ou de e!peranca para a América e o Mundo?. de au1oria de Antonio Sorelli Machado. Publicado inicialmemeem 1967, nas p;lainas de ··catolicismo", es1,a obra de Borelti Machado ,·em se escoando em su«'5s1\u edições no Brasil e em outros pai= lacino-americanos, totalizando já 700 mil c.:crnplarn. A atual ed içào norte-ameri,ana es1á acrescida com substancio w mudo no qual o Prof. Plínio Correa de Oli,·eira analisa a ameaça comunista inc ernacional, co nsi deradaàl uzdadoutrinatradicional da larejae da Mensage mde Fácima.

Canadá: campanha contra filme blasfemo TOROITTO - Jo,·e~s sócios e cooperadOre$ da TFP canaden~ ~arlidparam de uma manifestação, em setembro ultimo. nas pro~1m1dades de um dnema dena capital no qua! nta,·a .scndo apresemado o filmeJe,·oussa/ue Marie. Portan do faixas eproclamand oslogans,osmcmbrosda TFP afirmaram de público o repúdio do C anadá cristã~ con tra o pecad? ~!rol que const itui a refer ida proJeção . No mesmo dia , em se u not1ciano da no ite,a te le\'isàoanunciouque "paraa liviodoscatólicosofí/me não seriaprojera donosânemas da pro víncia de Ontário". Além disw. um resumo apo ntan do o conceúdo blasfemo do fi lme foi também en"iado pela TFP canadense, através.de mala direta , a_dez mil peuoas. às _quais era solicitado e~press.arem tambtm seu repudio ao filme, npeoalmente atra,·és de canas às autoridades e órgãos de imprensa. CA TOLICIS MO -

Dezembro de 1985

Pres,~,u

DCim~ressa ~• Corr.,,dente. 9 Siml)a1llllntes da TfP rlOflt·amer~

lfll8

pkl, da Imagem da Virgem M~car!na. d€ Sf'<1lh!

Chile: tensões entre Igreja e fstado SANTI AGO- A SociNlade Chi lena de Odes,, d1 T radiçf,o, Fam i· lia ~ Propried ade tsll mpou no jornal .. U11imu Noliciu" dtsll ta pital , um cumuniodo do qual u 1raímos os wituln lH trtthos: "Épúbliroe notórioqueeli>te uma tensão entre o [piscopadoe o Go,·erno. As vezes aflora com vigor in11sitado, às vezes permanece lateme. " Omaisintercssantenãoéanalisarcsteouaquelefatoisolado,em que a tensão se manifeste com particul ar efen·es«ncia, mas analisar acausaproFundaesubjacemeaesta tensão. No fundo , o problema nãoéentre0 Episcopadoe0 Govern o. A 1ensãocncrces1asimticuiçõesércílexodadi, isãoentreoscacólicos. Uns, fiéis ao ensinamento tradicional da l11reja, sabem que o comunismo é intrinsecameme per•·erso, e que nAo se pede colaborar com ele em nenhum campo "Apes.ardisso.outrossàocondescendentcs.simpatizantes,eatése identificam com o mantismo . .É s.obre esta inr'iltraçJio do comunismo na Twlogiadalibertação - tãodifundidanoesquerdismocatóliro chikno-queaSantast,'Cmu!timamentead'"mindooscató!icosatra,·és do Ctrdcal Rauinter, p0is nela se encontra um ,ra,'issimo perigo paraafé. ''Entrees1ascorrcmcsdccatólicoséinevitá,·elumatenslonoterrenosocial,familiarecu!tural,querepercutenocampodiplom:l1icoou po!!tico. "Senoss.osbispos.acolhendoopedi dodeJoãoPaulol l atravésdo Cardeal Ratzinaer, mostrassem aos catól icos uma imqem limpida desse cãncerqucéaTeologiada Liberc açâodesabor marxista,enil.ope rmitisscm queem nomedadoutri na cat ól ica scprcgueatesecomun ist a da rc~olução e luta de clanes - como infelizmente é tlo freqüencc entre nós - poderiam desempenhar um papel importantíssimo numa au tlmka rttonciliaçlo entre os chilenos. "Mas se não se,·~ nos Bispos uma imparcialidade sem manchu e umasuperiorele,·açãode\"is1as,suas,·ozescorremoperi1ode aumentaraconfuslo.


E

M ROMA, por ocasião do Santo Na•

deAracocli, quecs1a,11 aos cuidados de sua Ordemrcligiosa,daquelainsiancrclíquia.An· tcs,porim.tinhaintenç.lodeescu.lpirnamadcira uma piedosa estátua. Seu coração indinu11-se a reproduzir uma imqem do Menino Jcsu-. mas a madeira. ,•inda do Jardim dl5 Ol i,Tiras, pafma.Jhc ser mais própria a rcprõCntar o Sakador cm a1onia. O superior franciscanod«idiuquesetscu!pisseor.lcni. noJesus. Termin ada rna missão cm Roma. emba rcou o frade cm Civitá·Vecchia rumo a Jerusalém. Masona,·iocmq ucviajavanaufra&o udiante deAlc~andria .Opobf('fra nciscano mal conseguiu agarrar-sc aos destroços do navio e. apó,grandeaflição,foilançadoásconas do Egito.Masfi çara .eao! ChcgandoaoseucomentoemJerusa!ém. fez.scconduzirloaoàsuaccla,paraa~gurar-;cdequeapr«iosamadeiraaliscencomra ,11. Ao abrir a arca - ó mara,·ilha! - rccobrou a visão e põde comcmplar. talhada na madeira. uma 1t111ciosa imqem .do Menino Jesus. E51a,11 ass1mcsculpido. m1la&rosamente. oSantoBambinodcAracocli!

tal.ti lgrcjadeSan1a1'1ariadeAra-

c~liqucumamuhidãodeperegrinos aoorrepara,~nerar,nummagnificoprcséplo. uma im3&ffll de Nosso Senhor menino, ronllt>cida com o nome dc Sanco Bambino.

Umfammuitocaracteristicodade-.-oçlodos

romanosaestaim·ocaçãoaoMeninoJesus deu-se cm !849. foiduramcacfêmera Repú-

b!icaromana. Reina,·anotronodeSão~ro o Papa Pio IX. que se ha,·ia refugiado ~m G~eta. no Reino de Nápoles. Os revoluc1onános daépocaquiscram lançaraofo1:oascarrua11ensdoPapaedosCardeais. Para sal"ardas çhamasamaisb<:ladas,·imura1doSobcrMo Pon1ifice.ctendocm,·istaçon!enrn ropo,·o romano,oS<"nadorSlurbineuibradou: "E1ta

carruagemS<"ráckslinadaaoSamoBambino!". E mandou chamar :U prnus o Pro,,incial dos capuchinhos.encarrcgadosdaguardadaimagnn, para que a trou~ a fim de .sah-ar a car· ruqempontificia. Emtodai;asruai;poron. depassouocortejoconduzindoaima&emmilagrosa.ou,·iam-seexclamaçOOentusiásticas de"Vi,110Sam0Bambino!··. E todos-homens, mulheresecrianças-punham·sede joelhos por ,cneraçào. Nilo só em Roma, mas na Itália e em todo oorbeca1ólico, essade-·oçil.oaoSanto BambinodcAracocli,conh.ecida.OsfavorC1idis· pcn.sadospclaPm'-'idênciaOivinaàquelesque recorrem a ena in\'l>eacão de tal modo são abundantes,quenacapcl adc ex-votosdos.an• tuáriopodc-scobscn·aradi,-crsidadedepai· $C$ de o,,dc proudem lembranças por graças alcançadas. A origem dessa de-ajo, no entanto, f('mOfl· taaotenipoeniqueopróprio\'crbodc~us encarnado nascia cm Belém de Judá.

Pl'Óltimo ao Capitólio, dominando quase t0· da a cidade de Roma, erguia-se outrora um templodcdicadoaodeuspag:loJúpiterCapi• tolino. O imperador Otávio Augusto, no S6~ anodeseu reinado.quisofcreccraosde uses 1unsacr\ficioso lenc.afimdeconhecer seusuccssor, uma ,·c1.quc nãodcixavadcl(endcn· m.Subindoosdegrausdotemplo,dc rcpcnte IX'~unosarcsuma,-cncrà,"Cl&nhora._tendo cm seus braços um grac10so menino. Dinelhe ela: "Rtsl)('ita es,;c lugar consagrado ao meu Dh·ino Filho. É ele qu e em b~c f('jna.

,..

Auaunoimcrrogoucmãoumdcuspagão. pormeiodoqualodemôniolhed«larouquc ummcninoda Judéia.descldodocéuccon· cebidoscmmancha,logorcinarianaquelctm,· plocsobrcaquelacolina. E m memória desse prodigiosoacontccimento,o ímpcradorfueri· ~ii~ãu: ~~n~~:~o cª~;~~~i:":1i1:!~lu:S~' :r~ Dei" {Aqui~ o altar do Filho de Deus). Após aquedadopaganis mo,umamagnificabuilicascergueunaquelelocal,comcn·andoonomt de Aracodi. Hoje~ o Santo Bambino que rcinacmseusantuário.aoladodoaharconstruido por Au1usto. Masscaori1cmdaigrcjadeSantaMaria dcAracoclicstáligada aoimperadorO1ávio

ªfl~i

® janto ~muhiuo õc J\racocH Auaus!O, a histórica imagem do Santo Bam· binoproccdedeumaantiaa1radiçãodosfi· lhos de São Francisco

ttt No século XV ou XVI, entre os religiosos franciscanos que habi1a,11m o com"Cnt0 do SantoScpulcro.cmJerusalêm,encomra,·a·.se umfradcconhccidoenitodaaOrdcmporsua ,·irtudc. Uma noite m, que rcza,·a no Jardim das Oti,·eiras. ouviu uma ,·oz cclcs1c com·idando-oaesca,·ara1crrabcemnolugar ondeseencomra,11ajoclhado.··Nesscluaardiziaa ,-oz-encontra-seescondidoumtc· souroprccioso". O piedoso frl!nciscano colocou-~ à obra imediatamente.Apcquenaprofund,dadc.cn·

~:~r~~n~~ a~:~~s~;.~::d~.1

i~º!~~~r~·r!

souroquc reanunciei. Essa madeira foi imprcsnadadosangueadonívc/dcnossoRcdM·

ror". Osantof('!igiosoprosternou·scc.bceijando com respeito aquela preciosa relíquia. transportou ·apara.uacela.ondcaconscr,.·ou comdcs,"Clo. Algum1empodepois,1endosidochamado l)('lo Geral dos Franci,;canos a Roma. relatou· lhe a v.isll'ncia dcue ttsauro e a maneira ma. ravilhosacomooha,•iaencontrado.Dcclarou a0Gcralquceraseudõejodo1arocon,·cmo

ttt Anot iciadcsseprodlaiologopcrcorreuto · da Jermal~m. e uma mul1idão de peregrinos acorreu para ,·encraraprcc,osa,magcm. Entmanto.ofradedes·eriacu mprirsu apro· messa. Embarcou de volta a Roma, le>·ando consigo seu tesouro. Nas cosias da Toscana umatempcstadefczcomqucocapit~odona,·iojo1asseaomartodasubaaaacnsquets· 1avamabordo.Al)('sardospro1cs1osdorcli gíoso franciKano. a urna com o Samo Bam· binofoitamb..:mlançadaàs.iauu. Aternpcstadc,tongedcamainar,redobrou em,·iol~ncia.fazcndocomqueaembarcaçào fosseàderi,-aalfl)('r!0deli,·orno.Aequi pagcm c os passaaeiros conscguiram s.ah·ar· K. Masa,urpresacocspamodc1odosfoiquandopercebcram, !1 utuandosobrcuá1,iu asque banh am Livorno. a pequena arca quccon!i· nh.a0San10Bambino.Adver1idospcl orcligio· so,oshabilantcsacorrcramparatentarresga· tara imagem do Menino Jesus. Mas somente ofilhodeSãofranciscoconseguiurelirá·ladas águas do mar. Osromanos.tendoconhccimemodetoda a história da imqcm miraculosa. tsta,11m im pacientesparart-cebt•lanaCidadeEterna. As· sim. acolheram,na com entusiasmo indizh·cl. Ast.'«:lamaçõcsdealr&riaeosaplauwsrcssoaramportodaapartequandooMeninoJc· sus foi exposto para ,"Cnct11çãodopo,·o. Todos rcza,11m com fcr,·or. pedindo e obtendo graçasassinaladu Des.de 16-17. o Samo Bambino era lC\'3do aos doemcs1odasasocas;õescmqucfossesohcitado. Sobretudo aos moribundos e pacien!ts scmcspera,nçaséqueElecumula,·adegraças efavorcs.Asquimas.feiras.aimagcm doMenino Jcsus cra Je,,11da numa carruagcm para ,·isitarosmaispobre5einfelizes.Assim.adc,'0Ção à imagem miraculosa tomou.se das mais populares cm Roma. Sobrc1udo no tempo do Natal. essa dcs'OÇão se utcrioriza cm tocantes ccrimõnia~cm honra do Divino Infante.


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